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Numero do processo: 10875.002303/2005-44
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 08 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Feb 11 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/07/2005 a 31/07/2005
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PROVA.
Cabe ao contribuinte o ônus de comprovar as alegações que oponha ao ato administrativo.
Inadmissível a mera alegação da existência de um direito sem os documentos fiscais comprobatórios de suas alegações.
COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA
Somente os créditos líquidos e certos são passíveis de compensação nos termos do artigo 170 do Código Tributário Nacional.
Recurso Voluntário Negado
Direito Creditório Não Reconhecido
Numero da decisão: 3302-002.894
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
Fez sustentação oral: Dr. Carlos Eduardo Marino Orsolon OAB - 222242 - SP.
[assinado digitalmente]
RICARDO PAULO ROSA - Presidente.
[assinado digitalmente]
MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Prado, Hélcio Lafetá Reis, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo. Ausente justificadamente o Conselheiro Paulo Guilherme Deroulede.
Nome do relator: MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR
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PROVA. Cabe ao contribuinte o ônus de comprovar as alegações que oponha ao ato administrativo. Inadmissível a mera alegação da existência de um direito sem os documentos fiscais comprobatórios de suas alegações. COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA Somente os créditos líquidos e certos são passíveis de compensação nos termos do artigo 170 do Código Tributário Nacional. Recurso Voluntário Negado Direito Creditório Não Reconhecido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Fez sustentação oral: Dr. Carlos Eduardo Marino Orsolon OAB 222242 SP. [assinado digitalmente] RICARDO PAULO ROSA Presidente. [assinado digitalmente] MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Relatora. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 87 5. 00 23 03 /2 00 5- 44 Fl. 924DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2015 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 11/02/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 29/12/2015 por MARIA DO SOCORRO FERREI RA AGUIAR 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Prado, Hélcio Lafetá Reis, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo. Ausente justificadamente o Conselheiro Paulo Guilherme Deroulede. Relatório Por bem descrever os fatos, adoto o Relatório que embasou a decisão de primeira instância, que passo a transcrever. Tratase de Declaração de Compensação protocolada em 29/08/2005, na qual a contribuinte buscava compensar seus débitos relativos a tributos administrados pela Receita Federal utilizando crédito de Cofins nãocumulativa, relativo ao período de apuração julho de 2005, no importe de R$ 1.583.555,19. Analisada a pretensão da contribuinte, o Seort da DRF/Guarulhos emitiu o Despacho Decisório n° 544/2009, por meio do qual não homologou a compensação, sob o fundamento de que a documentação apresentada pela contribuinte em resposta às diversas intimações seria insuficiente para reconhecimento do crédito pleiteado, registrando ainda que o contribuinte não atendeu integralmente as intimações nos prazos fixados, deixando de apresentar elementos essenciais ao exame do pleito, notadamente:(grifei). Contratos de Fechamento de Câmbio e telas do siscomex de todas as operações de exportação; Notas fiscais de serviços utilizados como insumos; Comprovantes de despesas de armazenagem e frete; Documentos comprobatórios de créditos a descontar de PIS importação, entre outros. Argumentou a autoridade do Seort que, nos termos da lei n° 9.784/99, caberia à contribuinte provar os fatos que tenha alegado, e que a autoridade da RFB competente para decidir sobre a restituição, o ressarcimento, o reembolso e a compensação poderia condicionar o reconhecimento do direito creditório à apresentação de documentos que comprovassem o crédito, conforme o disposto na Instrução Normativa RFB n° 900/2008. A autoridade salientou que, embora a contribuinte tenha atendido parcialmente às intimações, a documentação apresentada ainda careceu dos elementos imprescindíveis à análise do direito creditório, tornando inviável a apuração do crédito de Cofins referente ao mês de julho/2005. Finalizou o Despacho aditando que, uma vez não comprovados os créditos informados na declaração de compensação, tornou se obrigatória a cobrança dos débitos compensados. Cientificada do Despacho Decisório em 15/12/2009, no dia 14/01/2010 a contribuinte apresentou manifestação de Fl. 925DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2015 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 11/02/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 29/12/2015 por MARIA DO SOCORRO FERREI RA AGUIAR Processo nº 10875.002303/200544 Acórdão n.º 3302002.894 S3C3T2 Fl. 811 3 inconformidade acompanhada dos documentos de fls. 256/521, alegando, em síntese, o que segue. Inicialmente, a contribuinte alegou que a declaração de compensação foi protocolada em conformidade com a Instrução Normativa n° 460, de 18 de outubro de 2004, norma vigente à época do feito. Entende a interessada que o crédito em questão possui um tratamento próprio e específico no que diz respeito à sua recuperação, que está previsto no § 2° do artigo 22 da referida instrução normativa. Sustenta que, de acordo com este dispositivo, a liquidez e a certeza do direito ao ressarcimento de créditos dessa natureza é verificada, em princípio, no Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (DACON). Segundo afirma a interessada, as informações contidas no DACON seriam completas e detalhadas e a IN SRF n° 460, de 2004, não exigiria da contribuinte a apresentação de qualquer outro documento adicional a fim de demonstrar o seu direito creditório. A contribuinte prossegue alegando que, “de acordo com a disposição contida no artigo 24” da referida norma, “depreendese que a autoridade fiscal competente para analisar o pedido de ressarcimento nestes casos, poderá, se for o caso, exigir do contribuinte a apresentação de outros documentos comprobatórios do respectivo crédito, assim como determinar a realização de diligência fiscal com vistas à comprovação do direito creditório do contribuinte” (o destaque é do original). A contribuinte alegou ainda que o DACON possuiria, por si só, presunção relativa de veracidade, e seria, portanto, o único documento exigido pela IN SRF n° 460, de 2004; assim, apenas em caso de necessidade de verificação da exatidão das informações prestadas no DACON é que esta instrução normativa faculta às autoridades fiscais exigir outros documentos para a apreciação do pedido de ressarcimento; reitera que “em princípio, o DACON conhecido pelas autoridades fiscais já lhes fornece todas as informações necessárias à revisão do direito creditório requerido, não sendo, via de regra, necessária a apresentação de outros documentos”. Na sequência, afirmou: (...) A contribuinte prosseguiu exaustivamente neste tema e concluiu afirmando que: não havia obrigação legal de apresentar qualquer outro documento conjuntamente com o formulário de Declaração de Compensação e respectivos formulários de detalhamento de crédito, uma vez que a IN SRF 460/04 somente exigia, nestes casos, que o DACON fosse conhecido pelas autoridades fiscais; Fl. 926DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2015 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 11/02/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 29/12/2015 por MARIA DO SOCORRO FERREI RA AGUIAR 4 em caso de dúvida adicional acerca do direito creditório devidamente informado no DACON, caberia às autoridades fiscais requerer a apresentação de documentos adicionais ou, então, determinar a realização de diligência fiscal à sede da empresa (conforme artigo 24 da IN SRF 460/04); não se dando por satisfeita com os esclarecimentos e documentos adicionais apresentados, as autoridades fiscais deveriam emitir um Despacho Decisório justificado, apontando detalhadamente as inconsistências não comprovadas que levaram a sua conclusão pelo indeferimento do pedido de ressarcimento. Depois, registrando que o fazia “apenas para evitar qualquer alegação no sentido da preclusão de seu direito a apresentar uma documentação que (...) entende não estar obrigada a apresentar”, a contribuinte afirma estar juntando documentos, e discorre sobre os documentos que juntou à manifestação de inconformidade. Ao final, pleiteou que, caso fosse determinada por esta DRJ a conversão do julgamento em diligência, fossem respondidos os seguintes quesitos: (i) Os documentos fiscais e contábeis da Requerente estão em conformidade com os valores de créditos por ela informados no DACON? (ii) O detalhamento do crédito informado nos formulários “Créditos do PIS/COFINS” anexos à DCOMP estão de acordo com a efetiva utilização do crédito feita pela Manifestante no período discutido no Despacho Decisório? (iii) É procedente o crédito de PIS/COFINS utilizado na DCOMP analisada no presente processo? Em face das alegações e, especialmente, dos documentos apresentados pela contribuinte junto com sua manifestação de inconformidade, a 3ª Turma da DRJ/Campinas decidiu converter o julgamento em diligência, por meio da Resolução nº 2.969, de 14/06/2010, da qual destacamos o trecho a seguir transcrito: Como já abordado anteriormente, somados à presente manifestação de inconformidade, a contribuinte juntou outros documentos que não haviam sido apresentados à autoridade da DRF em Guarulhos que analisou inicialmente o processo. Sendo assim, por conta da glosa total dos créditos calculados sobre insumos, e, por terem sido juntados novos documentos pela contribuinte na presente manifestação de inconformidade, voto no sentido de converter o presente julgamento em diligência, encaminhando o presente processo à DRF de origem para que a autoridade responsável designada por esta verifique: se as exportações contidas na listagem de fls. 114/121 verso realizadas pela contribuinte estão, em quantidade e valor, confirmam as informações contidas no DACON para o mês analisado; Fl. 927DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2015 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 11/02/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 29/12/2015 por MARIA DO SOCORRO FERREI RA AGUIAR Processo nº 10875.002303/200544 Acórdão n.º 3302002.894 S3C3T2 Fl. 812 5 se foram observadas as normas para o rateio proporcional indicado pela contribuinte, na relação percentual existente entre a receita bruta sujeita à incidência nãocumulativa, auferida no mês, para o cálculo do crédito de PIS do mercado externo; se as importações contidas na listagem de fls. 123/141 verso foram de bens utilizados como insumos nas mercadorias exportadas, e se houve recolhimento pela contribuinte da contribuição nestas importações; se são comprovados os gastos com energia elétrica, com base nos documentos apresentados de fl. 358 verificando a correta correspondência ao mês de janeiro/2005, considerando que a contribuinte pleiteou o direito creditório deste mês específico, e não do trimestre (o crédito de COFINS do mercado externo referente ao mês de abril/2005, por exemplo, foi pleiteado no processo n° 10875.721093/200911);(sic). se são comprovadas, através de documentos hábeis e idôneos, as aquisições de bens utilizados como insumos, da listagem de fls. 247/349; se são comprovadas, através de documentos hábeis e idôneos, as despesas de aluguéis de máquinas e equipamentos locados de pessoa jurídica, da listagem de fl. 357; se são comprovados, através de documentos hábeis e idôneos, os serviços utilizados como insumos, da listagem de fls. 351/361; se são comprovadas, através de documentos hábeis e idôneos, as despesas de armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, da listagem de fls. 353/356. Ficará a critério da unidade de origem a metodologia a ser aplicada nos exames solicitados. Ao final, manifestese conclusivamente acerca do trabalho fiscal, informando acerca da existência e disponibilidade do crédito aproveitado na DCOMP, cientificando a contribuinte do resultado, bem como dos respectivos demonstrativos das comprovações acima solicitadas, e reabrindo o prazo regulamentar para a interessada, se for de seu interesse, complementar suas razões de manifestação de inconformidade. Os autos retornaram à DRF/Guarulhos, que adotou as medidas que entendeu necessárias ao atendimento do solicitado na Resolução n° 2.969. É oportuno registrar que a autoridade competente procedeu conjuntamente à análise relativa a diversos processos, que tratam de créditos de PIS e de Cofins não cumulativos referentes a vários períodos de apuração. No decorrer da análise, após diversas intimações não integralmente atendidas e dilações de prazo solicitadas e concedidas, no dia 02/07/2013 a autoridade incumbida da diligência emitiu Termo de Constatação Fiscal, no qual reafirmava a impossibilidade da análise que se fazia necessária, Fl. 928DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2015 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 11/02/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 29/12/2015 por MARIA DO SOCORRO FERREI RA AGUIAR 6 em face do não atendimento integral às intimações e, consequentemente, decidia por retornar os autos à DRJ/Campinas com sugestão de não reconhecimento do direito creditório. Cientificada em 03/07/2013, no dia 01/08/2013 a contribuinte manifestouse acerca do referido Termo procurando justificarse quanto ao não atendimento integral das intimações e solicitando que os processos permanecessem por mais algumas semanas na DRF/Guarulhos, sob alegação de que, em assim sendo, teria condições de apresentar os documentos faltantes. A autoridade responsável pela diligência não se manifestou expressamente sobre este pedido, o qual, no entanto, foi acolhido, posto que novos documentos foram apresentados pela contribuinte e, no dia 05/05/2014, referida autoridade apresentou suas conclusões em novo Termo de Constatação Fiscal. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento sintetizou, na ementa a seguir transcrita , a decisão proferida. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/07/2005 a 31/07/2005 DIREITO CREDITÓRIO. PROVA. DILIGÊNCIA. O reconhecimento do direito creditório pleiteado requer a prova de sua existência e montante, sem o que não pode ser ressarcido/restituído ou utilizado em compensação. Apresentados novos documentos com a manifestação de inconformidade e, mediante realização de diligência fiscal, comprovado parcialmente o crédito alegado, e no silêncio da contribuinte acerca do resultado da diligência, reconhecese parcialmente o direito creditório. Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte Assim, inconformada com a decisão de primeira instância, a empresa após ciência em 16/10/2014, conforme Termo de Abertura de Documento, fl. 706, apresenta tempestivamente em 12/11/2014, fls. 711/744 e documentos anexados, fls.745/807, Recurso Voluntário a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. Inicialmente recompõe os fatos que deram origem à apresentação das Declarações de Compensação apresentadas pela Recorrente no anocalendário de 2005 visto que estava sujeita ao regime nãocumulativo de apuração da Contribuição para o Programa de Integração (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS), tendo apurado nos termos das Leis nºs 10.637, de 2002 e 10.833, de 2003, créditos referentes às referidas contribuições no tocante às suas receitas de exportação, os quais foram utilizados em compensações administrativas com tributos federais; destaca que em 2005 a Recorrente auferiu tanto receitas no mercado interno, sujeitas ao PIS e à COFINS de acordo com o regime nãocumulativo, como receitas não sujeitas ao PIS e à COFINS, visto que decorrentes de exportação de mercadorias ao exterior ou Fl. 929DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2015 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 11/02/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 29/12/2015 por MARIA DO SOCORRO FERREI RA AGUIAR Processo nº 10875.002303/200544 Acórdão n.º 3302002.894 S3C3T2 Fl. 813 7 de vendas a empresas comerciais exportadoras com o fim de exportação ou ainda a empresas situadas na Zona Franca de Manaus; aduz argumentos já colacionados à Manifestação de Inconformidade, notadamente quanto à suposta ausência de fundamentação do Despacho Decisório nº 544/2009; reproduz os quesitos que motivaram a o pedido de diligência pela DRJ; porém a matéria nuclear de sua peça recursal consiste em demonstrar o equívoco da decisão DRJ ao ratificar o segundo Termo de Constatação Fiscal e a elencar segundo seu entendimento os equívocos do referido segundo Termo de Constatação Fiscal, como a seguir se resume, exemplificativamente, o item 52 da peça recursal: a) o aumento do débito de PIS e de COFINS nos meses de 2005, antes do desconto de créditos é indevido, em razão da decadência do direito de se rever em 2014 a base de cálculo do PIS e da COFINS de 2005; b) a glosa de crédito do mercado interno é indevida pelos mesmos motivos, já que serviu apenas para majorar os débitos de PIS e de COFINS de 2005. Nesse sentido, a diligência foi solicitada para se verificar os créditos de PIS e de COFINS apenas vinculados às receitas de exportação; c) o direito das autoridades fiscais de analisarem os créditos vinculados ao mercado interno está decaído, já que nunca houve DCOMP pleiteando tais créditos. Ainda que a análise dos créditos vinculados às receitas de exportação pudesse estar correlacionada com a verificação dos créditos de mercado interno, ainda assim estaria decaído o direito de a fiscalização se utilizar do novo valor apurado (menor) de crédito de mercado interno, na medida em que ele acaba alterando o valor do suposto novo débito de PIS ou COFINS apurado para mais; d) não se mostra preciso o método adotado pela fiscalização para a apuração de diferenças entre as despesas incorridas pela Recorrente informadas em seu DACON e aquelas consideradas no Termo de Constatação Fiscal; e) há erros pontuais cometidos pela fiscalização , como, em relação à COFINS do mês de janeiro, o valor da linha "NF não apresentada" está erroneamente duplicado; f) no tocante aos créditos de PIS e COFINSImportação apropriados pela Recorrente na apuração de seus créditos, verificase que a fiscalização verificou recolhimentos de tais tributos de valores superiores àqueles indicados em DACON, mas não houve apropriação dos valores pagos a maior na reapuração do PIS e da COFINS, o que demonstra uma total parcialidade na condução da diligência por parte da fiscalização; g) os créditos de PIS e COFINS não englobam todos os meses de 2005, assim não houve o protocolo de qualquer DCOMP visando compensar créditos de PIS e COFINS relativos às exportações referentes aos meses de março e agosto/2005, ainda assim a fiscalização efetuou a reapuração do PIS março e agosto em um procedimento sem qualquer base legal, com impacto os meses seguintes; Ainda complementa que : Fl. 930DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2015 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 11/02/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 29/12/2015 por MARIA DO SOCORRO FERREI RA AGUIAR 8 Não se alegue como pretenderam as decisões de primeira instância administrativa da DRJRibeirão Preto que não existia controvérsia acerca dos valores creditórios passíveis de recolhimento, pois a Recorrente não teria se manifestado acerca do Termo de Constatação Fiscal; Referido tipo de presunção não encontra guarida no processo administrativo fiscal. O Decreto nº 70.235, de 1972 é muito claro , no sentido de que concluída a diligência, o processo deve retornar à DRJ para análise, independentemente de ter havido não manifestação contra o relatório de conclusão da diligência, uma vez que o processo administrativo é pautado pela legalidade e pela busca da verdade material; Ao receber o segundo Termo de Constatação Fiscal e ter sido informada verbalmente que ainda poderia apresentar a documentação indicada como faltante, entendeu a Recorrente que, semelhantemente ao que havia ocorrido quando recebeu o primeiro Termo de Constatação, os 12 processos não seriam remetidos à DRJ; A recorrente está em vias de concluir a localização da documentação e que apresentará organizada e integralmente a E. CARF, a fim de refutar as alegações do Termo de Constatação Fiscal, em vista disso, em prol do princípio da verdade material, protestase desde já pela posterior juntada da referida documentação. Ao final requer: a) a apensação do presente processo aos processos nºs: 10875.001972/200507, 10875.001032/200518, 10875.001627/200565, 10875.002155/200568, 10875.002303/200544, 160875.721091/200921, 10875.721093/200911, 160098.000064/200955, 16098.000065/200908, 16624.000479/200508, 16624.000858/200590; b) a reforma do acórdão proferido pela DRJ Ribeirão Preto com a consequente anulação do Despacho Decisório, ou caso assim não se entenda, pelo menos a anulação do segundo Termo de Constatação Fiscal e da decisão da DRJ Ribeirão Preto que o ratificou. Quando da sustentação oral, entre os argumentos apresentados da tribuna, notadamente quanto a não apresentação de inconformidade quando da ciência do segundo Termo de Constatação Fiscal, arguiu o Patrono: a Recorrente não apresentou manifestação de inconformidade visto que não houve encerramento da ação fiscal, apenas a emissaõ de um mero Termo de Constatação; em face do grande volume de documentos coletados não foi possível fazer a solicitação de juntada destes antes do julgamento. Em 15/12/2015, através do Termo de Solicitação de Juntada, fl.810 apresenta petição e documentos diversos. É o relatório. Voto Conselheira Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Relatora: Fl. 931DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2015 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 11/02/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 29/12/2015 por MARIA DO SOCORRO FERREI RA AGUIAR Processo nº 10875.002303/200544 Acórdão n.º 3302002.894 S3C3T2 Fl. 814 9 Dos requisitos de admissibilidade O Recurso Voluntário é tempestivo, trata de matéria da competência deste Colegiado e atende aos pressupostos legais de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. Do ônus probatório Da análise preliminar da peça recursal verificase que o litígio prendese a duas questões principais: a responsabilidade sobre o ônus probatório no caso dos autos e o direito de litigar acerca de matéria não suscitada em sede de primeira instância administrativa. Com o intuito de balizar a discussão inicial é importante trazer à colação as disposições do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão.(Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) § 1o A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) § 2o A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) § (...) § 5o O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) § 6o A declaração de compensação constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados. (Incluído pela Lei nº 10.833, de 2003)(grifei). Das disposições legais acima citadas inferese que há dois pilares essenciais na discussão acerca das declarações de compensação que podem ser identificados nas seguintes questões: a) deflagração do pleito pelo sujeito passivo [entrega pelo sujeito passivo de declaração quanto aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados]; b) a extinção do crédito tributário sob condição resolutória de sua ulterior homologação. Fl. 932DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2015 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 11/02/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 29/12/2015 por MARIA DO SOCORRO FERREI RA AGUIAR 10 É digno de realce que os pilares acima destacados como a seguir se verá têm importância tanto no aspecto material quanto no aspecto formal, já que a partir de tal disposição normativa verificase que no tocante ao direito creditório pleiteado, conforme o primeiro pressuposto indicado, a deflagração do ato é do sujeito passivo mediante a entrega da declaração de compensação, sendo esta uma confissão de dívida, atribuição conferida pelo § 6º do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996. O segundo pressuposto é de que o crédito tributário é extinto sob condição resolutória de sua ulterior homologação. Com os pressupostos acima estabelecidos, em se tratando de direito creditório pleiteado é importante demonstrar em breve abordagem a questão quanto ao ônus probatório, bem como o regramento processual quanto à via contenciosa na esfera administrativa. Utilizandose subsidiariamente as regras do Código de Processo Civil CPC, verificase: Art. 333. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Art. 396. Compete à parte instruir a petição inicial (art. 283), ou a resposta (art. 297), com os documentos destinados aprovarlhe as alegações. Disciplina o processo administrativo fiscal, Decreto nº 70.235, de 1972, em seu art. 9º que [a exigência do crédito tributário e a aplicação de penalidade isolada serão formalizados em autos de infração ou notificações de lançamento, distintos para cada tributo ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito]. Já o art. 16, III, do citado diploma legal estabelece que a impugnação mencionará [os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir]. No presente caso, a regra acima quanto ao ônus probatório, se inverte, incumbindo ao autor a prova quanto ao fato constitutivo do seu direito. No caso em exame, a interessada declarou à Administração Tributária possuir um montante de crédito, utilizado para extinguir os débitos compensados. Nesses termos, cabe à interessada a prova da existência de seu direito, demonstrando a liquidez e certeza dos créditos alegados, utilizados para extinção do crédito tributário sob condição resolutória, através da apresentação ao fisco, quando solicitado, dos livros e documentos estabelecidos pela legislação para a comprovação da exatidão de suas informações. Nesse sentido disciplina a Instrução Normativa RFB nº 900, de 30/12/2008, DOU de 31/12/2008: Art. 65. A autoridade da RFB competente para decidir sobre a restituição, o ressarcimento, o reembolso e a compensação poderá condicionar o reconhecimento do direito creditório à apresentação de documentos comprobatórios do referido direito, inclusive arquivos magnéticos, bem como determinar a realização de diligência fiscal nos estabelecimentos do sujeito Fl. 933DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2015 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 11/02/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 29/12/2015 por MARIA DO SOCORRO FERREI RA AGUIAR Processo nº 10875.002303/200544 Acórdão n.º 3302002.894 S3C3T2 Fl. 815 11 passivo a fim de que seja verificada, mediante exame de sua escrituração contábil e fiscal, a exatidão das informações prestadas.(grifei). Cabe ainda destacar que o dever de apresentação ao fisco da documentação exigida repousa em base legal como se verá, a título exemplificativo: · Código Tributário Nacional CTN, artigo 195: Art. 195. Para os efeitos da legislação tributária, não têm aplicação quaisquer disposições legais excludentes ou limitativas do direito de examinar mercadorias, livros, arquivos, documentos, papéis e efeitos comerciais ou fiscais, dos comerciantes industriais ou produtores, ou da obrigação destes de exibilos. Parágrafo único. Os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os comprovantes dos lançamentos neles efetuados serão conservados até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram.(grifei). · Lei nº 9.430, de 1996, art. 34: Acesso à Documentação Art.34.São também passíveis de exame os documentos do sujeito passivo, mantidos em arquivos magnéticos ou assemelhados, encontrados no local da verificação, que tenham relação direta ou indireta com a atividade por ele exercida.(grifei). Conforme relatado, a DCOMP apresentada foi submetida a análise pela autoridade competente para decidir acerca do direito pleiteado: · Seort da DRF/Guarulhos emitiu o Despacho Decisório n° 544/2009, por meio do qual não homologou a compensação, sob o fundamento de que a documentação apresentada pela contribuinte em resposta às diversas intimações seria insuficiente para reconhecimento do crédito pleiteado, registrando ainda que o contribuinte não atendeu integralmente as intimações nos prazos fixados, deixando de apresentar elementos essenciais ao exame do pleito, Restando não homologados os créditos pleiteados, demonstrase a seguir de forma sumarizada os desdobramentos e tramitação processual respectivos. Uma vez nãohomologada a compensação declarada à Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), é facultada ao sujeito passivo a apresentação de manifestação de inconformidade às Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento DRJ contra a não homologação da compensação pela autoridade competente para decidir o pleito (no prazo de trinta dias da ciência da nãohomologação), assim como a apresentação de recurso ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF contra o acórdão das DRJ que manteve a não Fl. 934DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2015 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 11/02/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 29/12/2015 por MARIA DO SOCORRO FERREI RA AGUIAR 12 homologação da compensação (no prazo de trinta dias da ciência do acórdão), conforme previsão dos §§ 7º a 10 do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996. Usando da faculdade que lhe o confere o referenciado dispositivo legal, o contribuinte ingressou com a Manifestação de Inconformidade acompanhada dos documentos de fls. 247/349;. Na sequência, a 3ª Turma da DRJ/Campinas decidiu converter o julgamento em diligência, por meio da Resolução nº 2.969, de 14/06/2010. Da diligência solicitada temse os seguintes resultados: 1) Termo de Constatação Fiscal, fls. 585/588, do qual se destaca: Decorrido 7 meses da solicitação da apresentação das notas fiscais (15 de agosto a 26 de março) e maior tempo de outras intimações anteriores, a empresa ainda iria pedir as caixas no arquivo externo, demonstrando a falta de dedicação ao atendimento às solicitações feita pela fiscalização.(grifei). É importante ressaltar excertos da decisão de piso acerca do referido termo: No decorrer da análise, após diversas intimações não integralmente atendidas e dilações de prazo solicitadas e concedidas, no dia 02/07/2013 a autoridade incumbida da diligência emitiu Termo de Constatação Fiscal, no qual reafirmava a impossibilidade da análise que se fazia necessária, em face do não atendimento integral às intimações e, consequentemente, decidia por retornar os autos à DRJ/Campinas com sugestão de não reconhecimento do direito creditório. Cientificada em 03/07/2013, no dia 01/08/2013 a contribuinte manifestouse acerca do referido Termo procurando justificar se quanto ao não atendimento integral das intimações e solicitando que os processos permanecessem por mais algumas semanas na DRF/Guarulhos, sob alegação de que, em assim sendo, teria condições de apresentar os documentos faltantes. A autoridade responsável pela diligência não se manifestou expressamente sobre este pedido, o qual, no entanto, foi acolhido, posto que novos documentos foram apresentados pela contribuinte e, no dia 05/05/2014, referida autoridade apresentou suas conclusões em novo Termo de Constatação Fiscal, a seguir transcrito: 2) Termo de Constatação Fiscal, fls. 680/684. A decisão de piso assim se manifesta: A contribuinte não se manifestou sobre o resultado da diligência solicitada. Todavia, o silêncio da interessada não afasta o dever de examinarmos as alegações apresentadas na manifestação de inconformidade e a repercussão, sobre o Despacho Decisório, das conclusões a que chegou a AFRFB responsável pela diligência acerca do direito creditório pleiteado. Fl. 935DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2015 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 11/02/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 29/12/2015 por MARIA DO SOCORRO FERREI RA AGUIAR Processo nº 10875.002303/200544 Acórdão n.º 3302002.894 S3C3T2 Fl. 816 13 Ante o exposto constatase que foram feitas várias intimações, antes de ser exarado o Despacho Decisório não homologatório de fls. n° 544/2009 e ainda, após instaurado o litígio, a instância julgadora a quo, diante da novel documentação apresentada na Manifestação de Inconformidade converteu o julgamento em diligência, em razão de sua competência regimental, nos termos do 1art.233, inciso IV, da Portaria MF nº 203, de 2012, DOU de 17/05/2012, que aprova o Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal do Brasil RFB para julgamento de litígio instaurando em decorrência de apresentação de inconformidade contra apreciações das autoridades em processos relativos a compensação, para que a autoridade jurisdicionante, competente para decidir o pleito procedesse a análise da documentação apresentada, ensejando em decorrência os dois termos de constatação fiscal acima mencionados, sendo importante ressaltar que ao exarar o primeiro Termo de Constatação, após cientificado, o contribuinte solicitou prazo adicional para apresentação de documentos, sendo acolhido, se não expressamente, de maneira tácita, já que novos documentos foram apreciados, resultando no segundo Termo de Constatação Fiscal, fls. 680/684. Verificase assim que quanto ao aspecto material, visando conferir a liquidez e certeza do crédito alegado, foi procedida a verificação junto ao contribuinte do suporte probatório que lhe competia demonstrar, conforme dispõe a legislação de regência, quantos às operações que ensejariam referido crédito, no entanto como já sobejamente explicitado, o contribuinte ofereceu apenas parte da documentação, que se mostrou insuficiente para homologar totalmente o crédito pleiteado. Digno de nota que embora regularmente cientificado do segundo Termo de Constatação Fiscal, declinou o contribuinte de exercer o seu direito de defesa, já que não houve a contestação na Manifestação de Inconformidade quanto ao referido termo. Inferese portanto que o contribuinte não desincumbiu do ônus probatório que lhe competia para demonstrar a certeza e liquidez de seu crédito. Inexistindo contestação acerca do segundo termo de contestação a instância a quo procedeu ao julgamento com a apreciação das matérias litigadas na Manifestação de Inconformidade apresentada e o resultado da diligência solicitada, cujo conteúdo decisório se demonstra a seguir, por alguns excertos: Conforme já anteriormente mencionado, a autoridade fiscal responsável pela realização da diligência analisou conjuntamente os créditos de PIS e Cofins alegados pela contribuinte em 12 processos administrativos. Nesta análise conjunta concluiu que os créditos a que a contribuinte tinha direito eram inferiores aos pleiteados, pois a interessada teria 1 Art. 233. Às Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento DRJ, com jurisdição nacional, compete conhecer e julgar em primeira instância, após instaurado o litígio, especificamente, impugnações e manifestações de inconformidade em processos administrativos fiscais: (...) IV contra apreciações das autoridades competentes em processos relativos a restituição, compensação, ressarcimento, reembolso, imunidade, suspensão, isenção e redução de alíquotas de tributos, Pedido de Revisão de Ordem de Incentivos Fiscais (PERC), indeferimento de opção pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte (Simples) e pelo Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Simples Nacional), e exclusão do Simples e do Simples Nacional. Fl. 936DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2015 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 11/02/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 29/12/2015 por MARIA DO SOCORRO FERREI RA AGUIAR 14 substimado as bases de cálculo das contribuições devidas e superstimado as bases de cálculo dos créditos a serem descontados. No Termo de Constatação Fiscal de fls. 680/682, integralmente transcrito no Relatório deste Acórdão, e nos arquivos digitais que o integram e complementam, referida autoridade detalhou as razões das glosas relativas aos créditos, bem como as receitas que a contribuinte teria excluído indevidamente das bases de cálculo das contribuições devidas.(grifei). Nos arquivos digitais denominados “Dem. Apuração Saldo de Créditos –Cofins” e “Dem. Apuração Saldo de Créditos – PIS”, nas planilhas denominadas “Saldo de Céditos pCompens.”, a autoridade fiscal apresentou, para cada um dos meses em exame, os valores dos saldos de créditos disponíveis para utilização em declarações de compensação. No quadro a seguir, reproduzimos as informações constantes das referidas planilhas:(sic) Como vimos, a contribuinte, regularmente cientificada, não se manifestou acerca das conclusões a que chegou a autoridade responsável pela realização da diligência. Assim, não existe controvérsia acerca dos valores dos direitos creditórios passíveis de reconhecimento. Consequentemente, deverão ser reconhecidos os créditos pleiteados, limitados aos valores constantes do quadro acima. No quadro a seguir, relacionamos os doze processos examinados na diligência, os créditos neles pleiteados e os valores dos créditos a serem reconhecidos: Fl. 937DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2015 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 11/02/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 29/12/2015 por MARIA DO SOCORRO FERREI RA AGUIAR Processo nº 10875.002303/200544 Acórdão n.º 3302002.894 S3C3T2 Fl. 817 15 Do ponto de vista formal, com fulcro no art. 17 do Decreto nº 70.235, de 1972, com a redação da Lei nº 9.532, de 1997, [Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. (Redação dada pelo art. 67 da Lei n.º 9.532/1997), assim os argumentos de mera presunção quanto ao direito à via recursal, ainda que silente em relação à primeira instância, não podem ser acolhidos, uma vez que as matérias submetidas à primeira instância determinam os limites do litígio na via contenciosa administrativa, de modo que a matéria não contestada em primeira instância administrativa, suscitada pela recorrente somente na peça recursal, tornase preclusa, visto que não instaurado o litígio quanto à essa matéria, condição, segundo a norma que rege o processo administrativo fiscal para submeterse ao duplo grau de jurisdição. Por oportuno, cabe registrar que quando da sustentação oral, entre os argumentos para justificar a não contestação do segundo Termo de Constatação arguiu o Patrono que não houve encerramento da ação fiscal, apenas um mero Termo de Constatação. Compulsandose os autos, verificase que não assiste razão à defesa haja vista está expressamente consignado no segundo Termo de Constatação Fiscal de fls. 680/684, a informação quanto ao encerramento da ação fiscal bem como quanto a abertura de prazo de 30 (trinta) dias para apresentação de manifestação de inconformidade, como a seguir se demonstra através dos seguintes excertos: "Dos exames realizados para atendimento da solicitação, com relação a existência dos créditos aproveitados nas DCOMPs, esta ação fiscal está sendo concluída, com os resultados discriminados abaixo:"(grifei). (...) Acerca dos fatos expostos, dos demonstrativos e dos novos valores dos créditos a serem aproveitados na DCOMP, fica Fl. 938DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2015 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 11/02/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 29/12/2015 por MARIA DO SOCORRO FERREI RA AGUIAR 16 facultado à contribuinte o prazo de 30 (trinta) dias para apresentação de manifestação de inconformidade.(grifei). Digno ainda de nota que a solicitação de juntada de documentos em 15/12/2015, conforme relatado foi efetuada após o julgamento do presente processo, corroborando a fundamentação já delineada quanto a não apresentação de manifestação de inconformidade relativa ao segundo Termo de Constatação no prazo legal estabelecido com os motivos de fato e de direito para fundamentar sua contestação, bem como os pontos de discordância, as razões e provas que visassem infirmar o referido termo. Assim os documentos apresentados somente em 15/12/2015 não encontram respaldo nas disposições excepcionais previstas nos §§ 4º, 5º e 6º do art. 16 do Decreto nº 70.235, de 1972 e alterações respectivas: Art. 16. A impugnação mencionará: [...] § 4.º. A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a)fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b)refirase a fato ou a direito superveniente; c)destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidos aos autos. (Todo o parágrafo 4.o incluído pelo art. 67 da Lei n.º 9.532/1997) § 5.º. A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. (Incluído pelo art. 67 da Lei n.º 9.532/1997) § 6.º. Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão nos autos para, se for interposto recurso, serem apreciados pela autoridade julgadora de segunda instância. (Incluído pelo art. 67 da Lei n.º 9.532/1997).(grifei). Nesse mister, ante os fundamentos acima expostos deixo de conhecer a contestação somente em sede recursal quanto ao segundo Termo de Constatação Fiscal, fls. 680/684, mantendo in totum a decisão de piso, bem como os documentos cuja solicitação de juntada foi posterior ao julgamento do presente processo. Por todo o exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário. [Assinado digitalmente] Maria do Socorro Ferreira Aguiar Fl. 939DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2015 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 11/02/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 29/12/2015 por MARIA DO SOCORRO FERREI RA AGUIAR Processo nº 10875.002303/200544 Acórdão n.º 3302002.894 S3C3T2 Fl. 818 17 Fl. 940DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2015 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 11/02/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 29/12/2015 por MARIA DO SOCORRO FERREI RA AGUIAR
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Numero do processo: 10120.003120/99-23
Turma: Segunda Câmara
Seção: Segundo Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Thu Feb 05 00:00:00 UTC 2009
Ementa: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP
Exercício: 1992, 1993, 1994, 1995
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ERRO MATERIAL.
É de se prover os embargos a fim de sanar o erro contido no
acórdão recorrido, passando a ementa a ter a seguinte redação:
PIS. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. DECADÊNCIA. INCISO II
DO ART. 168 DO CTN.
O prazo para pleitear a restituição ou compensação de tributos
pagos indevidamente é sempre de 05 (cinco) anos, e se o indébito
se exterioriza no contexto de solução jurídica conflituosa, o
prazo para desconstituir a indevida incidência terá início com a
decisão definitiva da controvérsia, como acontece nas soluções
jurídicas ordenadas com eficácia erga omnes, pela edição de
resolução do senado federal para expurgar do sistema norma
declarada inconstitucional, ou na situação em que é editada
medida provisória ou mesmo ato administrativo para reconhecer
a impertinência de exação tributária anteriormente exigida.
BASE DE CÁLCULO. PRESTADORAS DE SERVIÇOS.
SEMESTRALIDADE. INOCORRÊNCIA.
Até o advento da medida provisória 1.212/95 a base de cálculo
do PIS para as pessoas jurídicas prestadoras de serviços é o
imposto de renda. Com a declaração de inconstitucionalidade
dos Decretos-Leis n2s 2.445 e 2.449 de 1988, cabe a aferição de
eventuais diferenças entre os valores efetivamente pagos e os
devidos de acordo com a sistemática do PIS-Repique, não
havendo que se falar em semestralidade.
Embargos de declaração acolhidos.
Numero da decisão: 202-19.602
Decisão: ACORDAM os Membros da SEGUNDA CÂMARA do SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de , declaração para sanar o erro material na ementa do Acórdão n° 202-16.445, excluindo a menção à semestralidade ata base de cálculo.
Nome do relator: Gustavo Kelly Alencar
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CONFERE COM O O - F.:1'Gl!VAL CCO2/CO2 Eir, sí i t ,„ c..2 9 Fls. 267 MINISTÉRIO DA FAZENDA SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES 4*(1":0-c? SEGUNDA CÂMARA • Processo n° 10120.003120/99-23 Recurso n° 126.417 Embargos Matéria PIS Acórdão n° 202-19.602 Sessão de 05 de fevereiro de 2009 Embargante PROCURADORIA DA FAZENDA NACIONAL Interessado Laboratório Atalaia S/C Ltda. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Exercício: 1992, 1993, 1994, 1995 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ERRO MATERIAL. É de se prover os embargos a fim de sanar o erro contido no acórdão recorrido, passando a ementa a ter a seguinte redação: • PIS. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. DECADÊNCIA. INCISO II DO ART. 168 DO CTN. O prazo para pleitear a restituição ou compensação de tributos pagos indevidamente é sempre de 05 (cinco) anos, e se o indébito se exterioriza no contexto de solução jurídica conflituosa, o prazo para desconstituir a indevida incidência terá início com a decisão definitiva da controvérsia, como acontece nas soluções jurídicas ordenadas com eficácia erga omnes, pela edição de resolução do senado federal para expurgar do sistema norma declarada inconstitucional, ou na situação em que é editada medida provisória ou mesmo ato administrativo para reconhecer a impertinência de exação tributária anteriormente exigida. BASE DE CÁLCULO. PRESTADORAS DE SERVIÇOS. SEMESTRALIDADE. INOCORRÊNCIA. Até o advento da medida provisória 1.212/95 a base de cálculo do PIS para as pessoas jurídicas prestadoras de serviços é o imposto de renda. Com a declaração de inconstitucionalidade dos Decretos-Leis n2s 2.445 e 2.449 de 1988, cabe a aferição de eventuais diferenças entre os valores efetivamente pagos e os devidos de acordo com a sistemática do PIS-Repique, não havendo que se falar em semestralidade. Embargos de declaração acolhidos. • Vistós, relatados e discutidos os presentes autos. -ss- ¥ Processo n° 10120.003120/99-23 CO2..1-- CCO2/CO2 Acórdão n.° 202-19.602 - EAF ---------7- SEGUrN0DOÇ_CEORNF HO D ç CONTRIBUINTES Bra-3ili:..,. ::,_C31_LC_) L_______— Fls. 268 to-m o ORIGINAL ÂCLUXitt ‘ ACORDAM os Membros— da SEGUNDA CÂMARA do SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de, declaração para sanar o lefío material na ementa do Acórdão n2 202-16.445, excluindo a menção à semestralidade ata base de cálculo. / , , ANTÓNIO CARLOS KWLIM Pre idente GUS VO KE_./LENCAR Relato Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Antonio Zomer, Mônica Monteiro Garcia de los Rios (Suplente), Antônio Lisboa Cardoso, Carlos Alberto - Donassolo (Suplente), Domingos de Sá Filho e Maria Teresa Martínez López. Relatório 1Trata-se de requerimento formulado pela Procuradoria da Fazenda Nacional, recebidos como embargos de declaração, cujo objetivo é ver corrigido erro material no v. I acórdão embargado, que contém menção à semestralidade do PIS, quando a matéria é estranha I à discussão dos presentes autos. É o Relatório. Voto Conselheiro GUSTAVO KELLY ALENCAR, Relator Conheço dos embargos por verificar a necessidade de correção no acórdão embargado. A contribuinte é empresa prestadora de serviços, sujeita, portanto, ao recolhimento do chamado PIS-Repique, apurado a partir do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica. Outrossim, a ementa do acórdão faz menção ao art. 6°, parágrafo único, da LC n2 7/70, que cuida da semestralidade. Assim, a correção é necessária, e a ementa passa a ter a seguinte redação: "PIS. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. DECADÊNCIA. INCISO H DO ART. 168 DO CT1V. O prazo para pleitear a restituição ou compensação de tributos pagos indevidamente é sempre de 05 (cinco) anos, e se o indébito se exterioriza no contexto de solução jurídica conflituosa, o prazo para desconstituir a indevida incidência terá início com a decisão definitiva da controvérsia, como acontece nas soluções 2• • MF - SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES • CONFERE COM O ORR."3:NA' • Processo n° 10120.003120/99-23 CCO2/CO2 Acórdão n.° 202-19.602 Brasília, o r 09 Fls. 269 '1n0-LX-01ft' jurídicas ordenadas com eficácia erga omnes, pela edição de resolução do senado federal para expurgar do sistema norma declarada inconstitucional, ou nasituação em que é editada medida provisória ou mesmo ato administrativo para reconhecer a impertinência de exação tributária anteriormente exigida. BASE DE CÁLCULO. PRESTADORAS DE SERVIÇOS. SEMESTRALIDADE. INOCORRÊNCIA. Até o advento da medida provisória 1.212/95 a base de cálculo do PIS para as pessoas jurídicas prestadoras de serviços é o imposto de renda. Com a declaração de inconstitucionalidade dos decretos-leis 2.445 e 2.449 de 1988, cabe a aferição de eventuais diferenças entre os valores efetivamente pagos e os devidos de acordo com a sistemática do pis-repique, não havendo que se falar em semestralidade." Assim, conheço dos embargos e dou-lhes provimento para retificar o erro contido no acórdão embargado. Sala das Sessões, em 05 de fevereiro de 2009. \ # G 'VOKLYALENCAR • 3
score : 1.0
Numero do processo: 10283.000212/2008-87
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 09 00:00:00 UTC 2015
Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Data do fato gerador: 27/12/2007
MATÉRIA OBJETO DE PROCESSO ADMINISTRATIVO DIVERSO.
Não cabe reapreciar num processo administrativo, ainda que conexa com a que nele tratada, matéria que seja objeto de processo administrativo diverso. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA E AO CONTRADITÓRIO. DESCRIÇÃO DOS FATOS.
Não há que se falar em cerceamento do direito de defesa e ao contraditório, quando o contribuinte tem acesso à detalhada descrição dos fatos e a todos os elementos e provas que embasaram o auto de infração.
ARGUIÇÃO DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS PARA APRECIAÇÃO.
As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente no País, sendo incompetentes para a apreciação de arguições de inconstitucionalidade e ilegalidade de atos regularmente editados.
FASE LITIGIOSA. IMPUGNAÇÃO.
A fase litigiosa do procedimento começa com a apresentação da defesa. A fase anterior é meramente inquisitiva e serve para a coleta de provas pelas fiscalização.
Recurso de ofício provido.
Numero da decisão: 3201-001.963
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso de ofício.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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ementa_s : PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 27/12/2007 MATÉRIA OBJETO DE PROCESSO ADMINISTRATIVO DIVERSO. Não cabe reapreciar num processo administrativo, ainda que conexa com a que nele tratada, matéria que seja objeto de processo administrativo diverso. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA E AO CONTRADITÓRIO. DESCRIÇÃO DOS FATOS. Não há que se falar em cerceamento do direito de defesa e ao contraditório, quando o contribuinte tem acesso à detalhada descrição dos fatos e a todos os elementos e provas que embasaram o auto de infração. ARGUIÇÃO DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS PARA APRECIAÇÃO. As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente no País, sendo incompetentes para a apreciação de arguições de inconstitucionalidade e ilegalidade de atos regularmente editados. FASE LITIGIOSA. IMPUGNAÇÃO. A fase litigiosa do procedimento começa com a apresentação da defesa. A fase anterior é meramente inquisitiva e serve para a coleta de provas pelas fiscalização. Recurso de ofício provido.
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Não cabe reapreciar num processo administrativo, ainda que conexa com a que nele tratada, matéria que seja objeto de processo administrativo diverso. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA E AO CONTRADITÓRIO. DESCRIÇÃO DOS FATOS. Não há que se falar em cerceamento do direito de defesa e ao contraditório, quando o contribuinte tem acesso à detalhada descrição dos fatos e a todos os elementos e provas que embasaram o auto de infração. ARGUIÇÃO DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS PARA APRECIAÇÃO. As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente no País, sendo incompetentes para a apreciação de arguições de inconstitucionalidade e ilegalidade de atos regularmente editados. FASE LITIGIOSA. IMPUGNAÇÃO. A fase litigiosa do procedimento começa com a apresentação da defesa. A fase anterior é meramente inquisitiva e serve para a coleta de provas pelas fiscalização. Recurso de ofício provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 357DF CARF MF Impresso em 29/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 2 2/12/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso de ofício. Charles Mayer de Castro Souza - Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Winderley Morais Pereira, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto e Tatiana Josefovicz Belisario. Relatório Trata o presente processo de auto de infração lavrado contra a contribuinte acima identificada, constituindo crédito tributário decorrente da aplicação da multa de conversão da pena de perdimento, prevista no art. 23, § 3º, do Decreto-lei nº 1.455, de 1976, no valor de R$ 2.018.932,00, com origem em fato ferrador ocorrido no ano de 2007. Por bem retratar os fatos constatados nos autos, transcrevo o Relatório da decisão de primeira instância administrativa, in verbis: Trata o presente processo de auto de infração lavrado para exigência de crédito tributário no valor de R$ 2.018.932,00 referente a multa equivalente ao valor aduaneiro de mercadorias não localizadas. Depreende-se da descrição dos fatos do auto de infração, resumidamente, que: Atendendo a decisão judicial em Agravo de Instrumento foram devolvidas à interessada 285.455 unidades de aparelhos eletrônicos, partes e manuais que se encontravam apreendidos, conforme Termos de Entrega. Duas unidades de cada mercadoria ficaram retidas à disposição da Justiça como prova técnica pericial. Proferida decisão favorável no Mandado de Segurança suspendendo o ato liberatório das mercadorias, a fiscalização compareceu ao depósito da interessada com o objetivo de recolher as mercadorias anteriormente devolvidas. Conforme Termos de Entrega de Mercadoria, emitidos quando do recolhimento das mercadorias, foram recolhidas 212.408 unidades de mercadorias (aparelhos eletrônicos, partes e peças e manuais). Houve divergência, mercadorias em falta e em acréscimo, que resultou na falta de 73.047 unidades de aparelhos eletrônicos, partes e peças e manuais, conforme demonstrativo “anexo I”. Verificou-se ainda que existiam 324.979 unidades de mercadorias (aparelhos eletrônicos, partes e peças e manuais) que não eram objeto de recolhimento, ou seja, não constavam Fl. 358DF CARF MF Impresso em 29/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 2 2/12/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 10283.000212/2008-87 Acórdão n.º 3201-001.963 S3-C2T1 Fl. 2 3 dos Termos de Entrega, mas que também foram recolhidos por meio dos Termos de Entrega de Mercadorias, conforme demonstrativo “anexo II”. Constatou-se ainda que haviam 27 caixas de papelão contendo mercadorias, que estavam molhadas e rasgadas. As mercadorias recolhidas através dos Termos de Entrega de Mercadoria ficaram depositadas sob responsabilidade da Empresa de Revitalização do Porto de Manaus, que ficou como fiel depositária das mercadorias. Em um dos Termos de Lacração foram descritas 80 unidades de mercadoria a menos do que efetivamente recolhido. A Empresa de Revitalização do Porto de Manaus e a empresa DM Eletrônica da Amazônia Ltda foram intimadas a prestar esclarecimentos sobre as divergências. A Empresa de Revitalização do Porto de Manaus alegou que não poderia ser imputada responsabilidade a ela pelas divergências no recolhimento das mercadorias, pois essas mercadorias haviam sido entregues à empresa DM Eletrônica por ordem judicial, permanecendo fora o recinto alfandegado. A Empresa DM Eletrônica alegou que houve equívoco na descrição das mercadorias e requisitou a restituição das mesmas e acesso de seus procuradores para realizarem a conferência das mercadorias. Intimada a apresentar a descrição correta das mercadorias que pudessem ser idênticas para efeito de falta e acréscimo de mercadorias e a identificá-las fisicamente, a empresa alegou não ser possível identificar as mercadorias sem exame físico das mesmas e reiterou o pedido de devolução das mercadorias. Foi instituída uma comissão para promover perícia técnica visando identificar os produtos, subprodutos e peças arrecadados (recolhidos) na Empresa DM Eletrônica. Conforme Relatório da Comissão de Perícia foram constatadas divergências, conforme anexos “A” e “B”. Ajustadas as quantidades de mercadorias recolhidas, os “Anexos I e II” foram retificados, restando 62.041 unidades em “falta” e 313.968 unidades em “acréscimo”. A empresa DM Eletrônica foi intimada a apresentar documentos comprobatórios da entrada legal das mercadorias no País, todavia, não logrou fazê-lo. Assim, foi lavrado Auto de Infração e Termo de Apreensão e Guarda Fiscal (Processo 10283.000150/2004-80), concluindo que as mercadorias foram importadas irregularmente. Durante procedimento de destinação das mercadorias apreendidas (dos Anexos I e II) foi constatada divergência, falta, de mercadorias. A Empresa de Revitalização do Porto de Fl. 359DF CARF MF Impresso em 29/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 2 2/12/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA 4 Manaus foi intimada a apresentar as mercadorias faltantes. Não tendo apresentado as mercadorias faltantes foi autuada, conforme processo 10283.005906/2006-49. A responsabilidade pela falta das 62.041 unidades de aparelhos eletrônicos, partes e peças e manuais, no valor de R$ 2.018.932,00 é da empresa DM Eletrônica da Amazônia Ltda já que recebeu as retrocitadas mercadorias e quando obrigada a devolvê-las não o fez. “Sendo assim, tendo em vista que a Empresa DM Eletrônica da Amazônia LTDA não apresentou, não disponibilizou e nem localizou mercadorias, que já foram objeto de pena de perdimento. que estavam sob sua guarda e que estava obrigada a devolvê-las, sujeita-se a MULTA NO VALOR DE R$ 2.018.932.00 (dois milhões, dezoito mil e novecentos e trinta e dois reais) equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias não localizadas, de acordo com o art 23, § 3o, do Decreto-Lei n° 1.455, de 07 de abril de 1976, com a redação dada pelo art. 59 da Lei 10.637, de 30 de dezembro de 2002, regulamentado pelo art. 618, § 1o, do Decreto 4.543, de 26 de dezembro de 2002, com a redação dada peio Decreto n° 4.765, de 24 de junho de 2003, in verbis: (...)” Cientificada da autuação a interessada apresentou impugnação na qual alega, em síntese, que: FL 282 a 297 Suas importações sempre ocorreram de acordo com as disposições legais vigentes, todavia a fiscalização, entendendo que elas eram irregulares, apreendeu, inicialmente, 285.455 bens importados, dentre eles, componentes, partes e peças. A Justiça Federal determinou a liberação dos bens aprendidos pela fiscalização que foram, supostamente entregues à impugnante, contudo ainda restaram apreendidas duas unidades de cada mercadoria para que ficassem “à disposição da Justiça, como prova técnica e pericial”. Portanto, foram entregues supostamente somente 285.369 bens e não 285.455. Ao retornar para apreender os bens a fiscalização, que estava autorizada a proceder à apreensão de tão-somente 285.369 bens, apreendeu 537.387, sem qualquer autorização. Esse fato causou enorme prejuízo à impugnante. A própria fiscalização aponta equívocos ocorridos quando da apreensão inicial dos bens, conforme Termo de Lacração nº 98/2003, quando apontou 80 bens a menos do que o efetivamente recolhido. Demonstrando sua boa-fé a impugnante se colocou à disposição para realizar a conferência dos bens, a qual somente se faria possível com o acesso físico de seus procuradores, todavia a fiscalização recusou autorizar o contato físico com esses bens e determinou a realização de Perícia Técnica em aludidos bens. A perícia foi realizada por profissionais que declaram não possuir conhecimento técnico suficiente para a correta descrição dos bens e concluiu, equivocadamente, que ainda restavam ausentes 62.041 bens, cujo valor correspondia a R$ Fl. 360DF CARF MF Impresso em 29/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 2 2/12/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 10283.000212/2008-87 Acórdão n.º 3201-001.963 S3-C2T1 Fl. 3 5 2.018.932,00. E ainda depois dos ajustes derivados da perícia técnica restaram apreendidos 313.968 bens em acréscimo. O auto de infração e nulo por ter sido cerceado o direito de defesa da interessada, pois não foi autorizada a realizar a conferência física dos bens. “Evidente que a suposta ausência dos bens apontadas no auto de infração em comento é decorrente da equivocada descrição dos bens apreendidos! Em outras palavras é de se dizer que, acaso aludidos bens tivessem sido devidamente identificados, não haveria qualquer ausência!” Como os bens já foram destinados, resta impossível a verificação dos bens. “13) ainda que atestado pela r. Fiscalização: A) os equívocos incorridos quando da apreensão dos bens importados pela Impugnante (conforme Laudo de Lacração que aponta número de bens inferior ao efetivamente recolhido - fls. 98), B) a apreensão a maior de 313.968 bens (que não eram objeto da apreensão), C) a impossibilidade da correta identificação e classificação de alguns bens apreendidos pela própria Perícia Técnica (o que é comprovado do Doc. 02), D) o fato desses bens terem sido destinados (ADMs n°s 114 e 023), o que impossibilita qualquer análise deles; E) a constatação que alguns bens foram recolhidos, porém não localizados junto a empresa que ficou nomeada como depositária fiel dos mesmos, F) e a desconsideração da quantidade de bens que sempre se mantiveram retidos à disposição da justiça, ainda assim busca- se imputar à Impugnante a suposta ausência de 62.041 bens, perpetrando-lhe a exigência de multa no valor de RS 2.018.932,00, correspondente a 100% do valor aduaneiro desses bens.” Inquérito policial instaurado com o objetivo de apurar a ocorrência de crime de descaminho ensejou no depoimento dos Auditores-Fiscais que participaram da diligência de apreensão desses bens. “Observando o depoimento do I. Auditor Fiscal Sr. Paulo César Damiano, exarado nos autos do IPL 007/2005, importante verificar a seguinte observação: "(...) 2. apreenderam-se, em consequência, ditos produtos; 3. por decisão judicial liminar que estabelecia prazo e multa para o caso de descumprimento; 4. ao que se recorda, em virtude do exíguo período fixado para devolução, AS MERCADORIAS FORAM DEVOLVIDAS SEM UM CONFERÊNCIA MINUCIOSA;(...)” (grifos) - Doe. 03. Fl. 361DF CARF MF Impresso em 29/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 2 2/12/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA 6 Não bastasse a declaração da r. Fiscalização no sentido de que os bens não foram conferidos minuciosamente, o que, per si, já indica o equívoco incorrido, de modo que qualquer ausência não pode ser imputada à Impugnante, a r. Fiscalização, outrossim, atesta a dificuldade na conferência desses bens. Essa é a conclusão que se pode extrair do depoimento do I. Auditor Fiscal Sr. André Luiz Oliveira Trajano também obtido nos autos do IPL 007/2005 - Doc. 03: "1. O DEPOENTE PARTICIPOU DA EQUIPE QUE RETEVE AS MERCADORIAS DA EMPRESA DM DEPOIS DE CASSADA A LIMINAR QUE DETERMINAVA LHE FOSSEM ENTREGUES DITAS MERCADORIAS, 2. COMO A EMPRESA NÃO ESTAVA FUNCIONANDO DESDE A ÉPOCA DA OPERAÇÃO RIO NEGRO, PRESSUPÔS-SE QUE A TOTALIDADE DAS MERCADORIAS ENCONTRADAS FOSSE AQUELA ENTREGUE EM VIRTUDE DA ORDEM JUDICIAL, 3. ACREDITA QUE A DIFERENÇA ENTRE AS MERCADORIAS RETIDAS E AQUELAS ENTREGUES À DM CONSTITUI UM PROBLEMA RELATIVO À CONFERÊNCIA, NÃO ACREDITANDO QUE OUTRAS MERCADORIAS TENHA INGRESSADO NA EMPRESA A PARTIR DA DATA ACIMA REFERIDA (...) (GRIFOS)-DOC. 03 A veracidade dos depoimentos tomados pelos I. Auditores- Fiscais, inclusive, fez com que o I. Membro do Ministério Público Federal requeresse o arquivamento do IPL 007/2005. Para tanto, o I. Procurador foi categórico ao afirmar que a própria r. Fiscalização atesta a possibilidade da diferença "para menor" dos bens apreendidos ter decorrido de equívocos quando da conferência dos bens; "(...) UMA VEZ QUE O SR. ANDRÉ LUIZ OLIVEIRA TRAJANO, AUDITOR DA RECEITA FEDERAL O QUAL DESEMPENHOU SUAS FUNÇÕES NA AÇÃO FISCALIZATÓRIA QUE TEVE COMO CONSEQÜÊNCÍA A RETENÇÃO DAS MERCADORIAS DA EMPRESA EM QUESTÃO APÓS A CASSAÇÃO DA LIMINAR, AVENTOU A POSSIBILIDADE DE TEREM OCORRIDOS PROBLEMAS RELATIVOS À CONFERÊNCIA QUANDO DA PRIMEIRA APREENSÃO. EM TERMO DE DEPOIMENTO DE FLS. 271/272, O REFERIDO SERVIDOR CONSIDEROU A HIPÓTESE DE ANTERIORMENTE HAVER OCORRIDO UMA "DIFERENÇA PARA MENOR", NO MOMENTO DO REGISTRO DO CTMA (SISTEMA DE MERCADORIAS APREENDIDAS)", (grifos)-Doc. 04. Veja-se, portanto, que a ausência de bens que o Auto de Infração busca imputar a responsabilidade à Impugnante, nunca ocorreu!” Ademais, a multa lavrada possui caráter confiscatório, atentando contra a Constituição Federal, art. 150, inciso IV, além do art. 5º XXII e XXIII. A doutrina e a jurisprudência vão nesse sentido. Requer seja reconhecida a insubsistência do auto de infração, julgando-o improcedente. Fl. 362DF CARF MF Impresso em 29/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 2 2/12/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 10283.000212/2008-87 Acórdão n.º 3201-001.963 S3-C2T1 Fl. 4 7 É o relatório. A 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Florianópolis julgou procedente a impugnação, proferindo o Acórdão DRJ/POR n.º 07-35.929, de 5/11/2014 (fls. 340 e ss.), assim ementado: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 27/12/2007 INFRAÇÃO. SUBSUNÇÃO DOS FATOS À NORMA. PENALIDADE. A caracterização da infração depende da subsunção dos fatos à norma legal, sem a qual fica impossibilitada a aplicação da penalidade prevista. Impugnação Procedente Crédito Tributário Exonerado Em vista do valor exonerado, recorreu-se de ofício a este Colegiado Administrativo. O processo foi distribuído a este Conselheiro Relator, na forma regimental. É o relatório. Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator. O recurso atende a todos os requisitos de admissibilidade previstos em lei, razão pela qual dele se conhece. Segundo noticiam os autos, trata-se da multa de conversão da pena de perdimento de mercadorias estrangeiras que fora aplicada noutros processos administrativos, mas que, depois de apreendidas, foram liberadas por determinação judicial, decisão que, todavia, foi posteriormente revertida, no Tribunal Regional Federal, em favor do Fisco. Suspensa a decisão, a fiscalização tentou novamente apreendê-las, porém não conseguiu localizar todas as mercadorias que antes haviam sido entregue à contribuinte, daí a aplicação da multa de conversão quanto às não localizadas. Impugnada a exigência, a instância a quo considerou procedente a impugnação e exonerou o crédito tributário lançado, ao entendimento de que haveria um vício de motivação no lançamento, qual seja, a ausência de explicitação dos motivos que desaguaram na cominação da pena de perdimento. Afirmou, ademais, não constar, entre as hipóteses consideradas de dano ao Erário, o fato de as mercadorias não serem localizadas (conforme art. 23 do Decreto-lei nº 1.455, de 1976). Discordamos. Fl. 363DF CARF MF Impresso em 29/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 2 2/12/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA 8 É que, no caso ora em exame, a pena de perdimento já havia sido aplicada noutros processos administrativos, todos expressamente referidos na descrição dos fatos do auto de infração. Confira-se: No dia 14 de abril de 2003, a Alfândega da Receita Federal no Porto de Manaus foi intimada pela Justiça Federal no Amazonas a devolver mercadorias apreendidas em nome da Empresa DM Eletrônica da Amazônia LTDA, CNPJ 01.523.413/0001-13, em cumprimento decisão judicial no agravo de instrumento n° 2003.01.00.010205-0/AM, folhas 16 a 20. As mercadorias apreendidas, objeto de devolução, são 285.455 (duzentos e oitenta e cinco mil quatrocentos e cinqüenta e cinco) unidades de aparelhos eletrônicos, partes e peças e manuais, que correspondem a R$ 15.892.514,50 (quinze milhões, oitocentos e noventa e dois mil, quinhentos e quatorze reais e cinqüenta centavos), e se referem aos processos administrativos de apreensão n° 10283.004218/2002-38, no 10283.006526/2002-06, n° 10283.004774/2002-12 e n° 10283.006527/2002-42. As 285.455 (duzentos e oitenta e cinco mil, quatrocentos e cinqüenta e cinco) unidades das mercadorias apreendidas (aparelhos eletrônicos, partes e peças e manuais) no valor de R$ 15.892.514,50 (quinze milhões, oitocentos e noventa e dois mil, quinhentos e quatorze reais e cinqüenta centavos) foram entregues à Empresa DM Eletrônica da Amazônia LTDA, através dos Termos de Entrega n° 0227600/0003/2003, no 0227600/0004/2003, no 0227600/0005/2003, n° 0227600/0006/2003 e n° 0227600/0007/2003 emitidos pelo Fiel Depositário do Porto de Manaus, folhas 21 a 30; sendo que duas unidades de cada mercadoria ficaram retidas à disposição da justiça, como prova técnica e pericial, consoante informações às folhas 231 a 242. No dia 30 de abril de 2003, após entrega das niercadorias à Empresa DM Eletrônica da Amazônia LTDA, foi proferida decisão judicial no mandado de segurança n° 2003.01.00.011626-4/DF, favorável à Alfândega da Receita Federal no Porto de Manaus, folhas 31 a 34, suspendendo o ato liberatório das mercadorias proferido no agravo de instrumento n° 2003.01.00.010205-0/AM. (...) 3.1. PENALIDADE(S) Sendo assim, tendo em vista que a Empresa DM Eletrônica da Amazônia LTDA não apresentou, não disponibilizou e nem localizou mercadorias, que já foram objeto de pena de perdimento, que estavam sob sua guarda e que estava obrigada a devolvê-las, sujeita-se a MULTA NO VALOR DE R$ 2.018.932,00 (dois milhões, dezoito mil e novecentos e trinta e dois reais) equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias não localizadas, de acordo com o art. 23, § 3°, do Decreto-Lei n° 1.455, de 07 de abril de 1976, com a redação dada pelo art. 59 da Lei 10.637, de 30 de dezembro de 2002, regulamentado pelo Fl. 364DF CARF MF Impresso em 29/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 2 2/12/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 10283.000212/2008-87 Acórdão n.º 3201-001.963 S3-C2T1 Fl. 5 9 art. 618, § 1°, do Decreto 4.543, de 26 de dezembro de 2002, com a redação dada pelo Decreto n° 4.765, de 24 de junho de 2003, in verbis: Decreto-Lei n° 1455, de 07 de abril de 1976. Art 23. Consideram-se dano ao Erário as infrações relativas às mercadorias: § 1 ° O dano ao erário decorrente das infrações previstas no caput deste artigo será punido com a pena de perdimento das mercadorias. (Incluído pela Lei n° 10.637, de 30.12.2002) (...) § 3º A pena prevista no § 1 ° converte-se em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria que não seja localizada ou que tenha sido consumida. (Incluído pela Lei n° 10.637, de 30.12.2002) (grifamos). Portanto, a pena de perdimento já havia sido aplicada nos autos dos processos administrativos de nº 10283.004218/2002-38, 10283.006526/2002-06, 10283.004774/2002-12 e 10283.006527/2002-42. No processo ora em julgamento, discute-se apenas a conversão da penalidade já imposta, mas cuja efetividade foi à época obstada por decisão judicial precária, posteriormente reformada pela instância superior competente. Não se fazia necessário repetir todos os motivos que resultaram na pena de perdimento, pena de reapreciá-los quando já finda a discussão na esfera administrativa. O que remanesce discutir aqui, isso sim, é tão só o fato de as mercadorias não terem sido localizadas ou terem sido consumidas. Nulidade, portanto, não há, assim como não há, é oportuno registrar, em relação ao fato de a contribuinte não ter sido intimada a acompanhar a perícia técnica destinada a identificar os produtos, subprodutos e peças arrecadados no estabelecimento comercial da contribuinte. Isso porque a fase acusatória do processo administrativo principia com a formalização e a ciência do lançamento, de modo que, na fase anterior, porque meramente inquisitiva, a fiscalização não estava obrigada a cientificar a contribuinte de todos os seus passos e da obtenção de todas as provas por ela recolhidas, salvo se julgasse imprescindível à realização do procedimento fiscal. Não há confundir a perícia técnica realizada nas mercadorias apreendidas, a fim de verificar possíveis incongruências, com a perícia de que fala o art. 18, § 1º, do Decreto nº 70.235, de 1972, esta, sim, determinada, de ofício ou a requerimento, pela autoridade julgadora e que prevê a expressa participação do sujeito passivo. No mérito, o lançamento deve ser mantido. Mas antes de expor o motivo do nosso convencimento, cumpre observar que este Colegiado – dado o amplo efeito devolutivo que caracteriza o recurso de ofício – não está restrito a apreciar apenas as razões encampadas pela instância a quo para exonerar o crédito lançado, de forma que aqui tanto se pode julgar prejudicado o lançamento por fundamento diverso, como se pode – e é o que se fará – julgá-lo procedente. Fl. 365DF CARF MF Impresso em 29/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 2 2/12/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA 10 São os seguintes os fatos que demonstram existir a comprovação do motivo indicado pela fiscalização para a aplicação da penalidade – a não localização de 62.041 itens, da qual resultou a exigência da multa no valor de R$ 2.018.932,00: 1º) As mercadorias apreendidas objeto da pena de perdimento foram entregues à contribuinte sem que esta tenha feito qualquer ressalva, assim como sem ressalvas foi a devolução (exceto os registros feitos pela própria fiscalização); 2º) O fato de terem sido apreendidas mercadorias em número maior que o antes devolvidos à contribuinte por determinação judicial não autoriza afirmar esteja contaminado o procedimento, tampouco autoriza concluir não exista a falta que desaguou na aplicação da multa de conversão. O que surgiu desse fato, e não poderia ser outra a solução, foi a lavratura de outro auto de infração e apreensão e guarda fiscal; 3º) A apreensão a maior foi o que permitiu as compensações de que fala o auto de infração; 4º) Mesmo que houvesse uma diferença de apenas 86 (oitenta e seis) produtos entre o que foi inicialmente apreendido e entregue à contribuinte e o que foi posteriormente devolvido à Alfândega – diferença, aliás, não demonstrada pela contribuinte, mas apenas alegada em face do que a própria fiscalização afirmou –, isso não infirma o fato da não localização de mais de sessenta e dois mil unidades de produtos diversos; 5º) As divergências constatadas pela fiscalização foram por ela própria corrigidas, quando promoveu a compensação dos produtos “devolvidos a maior” e o somatório dos que apresentavam a mesma natureza. Esses são, enfim, os motivos pelos quais entendemos comprovada a procedência do lançamento. O alegado caráter confiscatório da multa aplicada é matéria que, como se sabe, escapa das atribuições deste Colegiado Administrativo, a quem não se incumbiu a competência para aferir a compatibilidade vertical de normas legais vigentes com a Constituição Federal (Súmula CARF nº 2). Ante o exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso de ofício para manter o crédito tributário lançado. É como voto. Charles Mayer de Castro Souza Fl. 366DF CARF MF Impresso em 29/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 2 2/12/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Relatório Voto
score : 1.0
Numero do processo: 10930.907121/2011-06
Turma: Segunda Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 25 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Oct 20 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do Fato Gerador: 15/03/2001
INCONSTITUCIONALIDADE. LEI Nº 9.718/98. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. DECISÃO DEFINITIVA DO STF. APLICAÇÃO.
O Tribunal Pleno do STF declarou em definitivo a inconstitucionalidade do art. 3º da Lei nº 9.718/98, que promoveu o alargamento da base de cálculo da Cofins em virtude da alteração do conceito de Receita Bruta (REsp nºs 346.084/PR, 358.273/RS, 357.950/RS e 390.840/PR).
Considerando o disposto no art. 62, parágrafo único, inciso I, do Regimento Interno do CARF, fica facultado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação de Lei que já tenha sido declarada inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal.
REPERCUSSÃO GERAL. APLICAÇÃO DO ART. 62-A DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. OBRIGATORIEDADE DE REPRODUÇÃO DO ENTENDIMENTO.
Conforme o disposto no art. 62-A do Regimento Interno do CARF decisões de mérito em sede de repercussão geral e recurso repetitivo proferidas pelo STJ e STF deverão ser reproduzidas pelos conselheiros nos julgamentos
ANÁLISE DA MATERIALIDADE DO CRÉDITO. JUNTADA DOS EXCERTOS DOS LIVROS DIÁRIO E RAZÃO EM SEDE RECURSAL, APÓS PROVOCAÇÃO PELA DECISÃO RECORRIDA. POSSIBILIDADE DE APRECIAÇÃO.
Nos termos do art. 16, § 4o, c, do Decreto 70.235/72, é possível a apreciação de documentação comprobatória do crédito suscitado, caso esta tenha sido juntada para embasar direito já alegado mediante planilha em sede de Manifestação de Inconformidade.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 3802-004.181
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário, determinando o retorno dos autos à instância a quo para apreciação do mérito.
(assinado digitalmente)
Joel Miyazaki - Presidente da 2ª Câmara/3ª Seção.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra Redator designado ad hoc (art. 17, inciso III, do Anexo II do RICARF/2015).
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Mércia Helena Trajano D'Amorim (Presidente), Waldir Navarro Bezerra, Claudio Augusto Gonçalves Pereira, Bruno Mauricio Macedo Curi (Relator), Francisco Jose Barroso Rios e Solon Sehn.
Nome do relator: BRUNO MAURICIO MACEDO CURI
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Data do Fato Gerador: 15/03/2001 INCONSTITUCIONALIDADE. LEI Nº 9.718/98. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. DECISÃO DEFINITIVA DO STF. APLICAÇÃO. O Tribunal Pleno do STF declarou em definitivo a inconstitucionalidade do art. 3º da Lei nº 9.718/98, que promoveu o alargamento da base de cálculo da Cofins em virtude da alteração do conceito de Receita Bruta (REsp nºs 346.084/PR, 358.273/RS, 357.950/RS e 390.840/PR). Considerando o disposto no art. 62, parágrafo único, inciso I, do Regimento Interno do CARF, fica facultado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação de Lei que já tenha sido declarada inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal. REPERCUSSÃO GERAL. APLICAÇÃO DO ART. 62-A DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. OBRIGATORIEDADE DE REPRODUÇÃO DO ENTENDIMENTO. Conforme o disposto no art. 62-A do Regimento Interno do CARF decisões de mérito em sede de repercussão geral e recurso repetitivo proferidas pelo STJ e STF deverão ser reproduzidas pelos conselheiros nos julgamentos ANÁLISE DA MATERIALIDADE DO CRÉDITO. JUNTADA DOS EXCERTOS DOS LIVROS DIÁRIO E RAZÃO EM SEDE RECURSAL, APÓS PROVOCAÇÃO PELA DECISÃO RECORRIDA. POSSIBILIDADE DE APRECIAÇÃO. Nos termos do art. 16, § 4o, c, do Decreto 70.235/72, é possível a apreciação de documentação comprobatória do crédito suscitado, caso esta tenha sido juntada para embasar direito já alegado mediante planilha em sede de Manifestação de Inconformidade. Recurso Voluntário Provido em Parte.
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LEI Nº 9.718/98. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. DECISÃO DEFINITIVA DO STF. APLICAÇÃO. O Tribunal Pleno do STF declarou em definitivo a inconstitucionalidade do art. 3º da Lei nº 9.718/98, que promoveu o alargamento da base de cálculo da Cofins em virtude da alteração do conceito de Receita Bruta (REsp nºs 346.084/PR, 358.273/RS, 357.950/RS e 390.840/PR). Considerando o disposto no art. 62, parágrafo único, inciso I, do Regimento Interno do CARF, fica facultado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação de Lei que já tenha sido declarada inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal. REPERCUSSÃO GERAL. APLICAÇÃO DO ART. 62A DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. OBRIGATORIEDADE DE REPRODUÇÃO DO ENTENDIMENTO. Conforme o disposto no art. 62A do Regimento Interno do CARF decisões de mérito em sede de repercussão geral e recurso repetitivo proferidas pelo STJ e STF deverão ser reproduzidas pelos conselheiros nos julgamentos ANÁLISE DA MATERIALIDADE DO CRÉDITO. JUNTADA DOS EXCERTOS DOS LIVROS DIÁRIO E RAZÃO EM SEDE RECURSAL, APÓS PROVOCAÇÃO PELA DECISÃO RECORRIDA. POSSIBILIDADE DE APRECIAÇÃO. Nos termos do art. 16, § 4o, c, do Decreto 70.235/72, é possível a apreciação de documentação comprobatória do crédito suscitado, caso esta tenha sido juntada para embasar direito já alegado mediante planilha em sede de Manifestação de Inconformidade. Recurso Voluntário Provido em Parte. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 0. 90 71 21 /2 01 1- 06 Fl. 92DF CARF MF Impresso em 20/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/10/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 19/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário, determinando o retorno dos autos à instância a quo para apreciação do mérito. (assinado digitalmente) Joel Miyazaki Presidente da 2ª Câmara/3ª Seção. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra – Redator designado ad hoc (art. 17, inciso III, do Anexo II do RICARF/2015). Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Mércia Helena Trajano D'Amorim (Presidente), Waldir Navarro Bezerra, Claudio Augusto Gonçalves Pereira, Bruno Mauricio Macedo Curi (Relator), Francisco Jose Barroso Rios e Solon Sehn. Relatório Preliminarmente, ressaltase que nos termos do artigo 17, inciso III, do anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF/2015, fui designado como redator ad hoc (fl. 91), para formalização do respectivo Acórdão, considerando o resultado do julgado, conforme o constante da ATA da respectiva sessão de julgamento. A Recorrente MOINHO GLOBO ALIMENTOS S/A., interpôs o presente Recurso Voluntário contra o Acórdão nº 0641.504, proferido em primeira instância pela 3ª Turma da DRJ em Curitiba/PR, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade declarada pelo contribuinte por recolhimento vinculado a débito confessado, negando o direito creditório. Por bem explicitar os atos e fases processuais ultrapassados até o momento da análise da impugnação, adotase o relatório elaborado pela autoridade julgadora a quo: Trata o presente processo de manifestação de inconformidade apresentada em face do indeferimento de pedido de restituição (PER), de nº 16087.04663.300605.1.2.045659, nos termos do despacho decisório emitido em 02/12/2011 (rastreamento nº 013472255). No aludido PER, transmitido eletronicamente em 30/06/2005, a contribuinte indicou um crédito de R$ 909,30, referente ao pagamento efetuado em 15/03/2001, de Cofins, código de receita 2172, no valor total de R$ 65.388,37. Segundo o despacho decisório recorrido, a restituição foi indeferida porque o Darf indicado como crédito estava totalmente utilizado para extinção de débito de Cofins, 2172, do Fl. 93DF CARF MF Impresso em 20/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/10/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 19/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10930.907121/201106 Acórdão n.º 3802004.181 S3TE02 Fl. 93 3 período de apuração de 28/02/2001, de acordo com a informação da DCTF transmitida pela Interessada. Cientificada em 22/12/2011, a Contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade em 19/01/2012. Alega que recolheu valores indevidos de PIS/Pasep e de Cofins que incidiram sobre outras parcelas que não se compreendem no conceito de faturamento, relativamente às competências de 07/2000 a 01/2004, 03/2004 e 07/2004. Diz que nos referidos períodos (anos de 2000 a 2004) informou em DCTF os valores devidos a título de PIS/Pasep e de Cofins levando em conta a legislação vigente à época, que alargava a suas bases de cálculo ao considerar as receitas financeiras como integrantes do conceito de faturamento. Aduz, porém, que o STF considerou inconstitucional tal ampliação da base de cálculo. Anexa jurisprudência do STF e do CARF. Em função disso, entende que as “declarações prestadas à época da vigência plena do §1o do art. 3o da Lei n° 9.718/98, hoje declarada inconstitucional, hão de ser revistas de modo a se adequarem a tal entendimento, em prol da realidade material que passou a existir com a declaração de inconstitucionalidade pelo E. STF”. Anexa planilha demonstrando as diferenças pleiteadas, as quais “correspondem exatamente às receitas não operacionais, não integrantes da base de cálculo do PIS/Cofins após a declaração de inconstitucionalidade do §1o do art. 3o da Lei n° 9.718/98”. Argumenta que para o deferimento do pedido de restituição basta que a autoridade julgadora exclua das DCTF apresentadas as receitas não operacionais (financeiras), tendo por base a planilha anexa, a fim de adaptar à realidade as declarações prestadas. Pede o provimento integral do presente recurso. É o relatório. Indeferida a Manifestação de Inconformidade apresentada, o órgão julgador de primeira instância sintetizou as razões para a procedência do crédito tributário na forma da Ementa que segue: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do Fato Gerador: 15/03/2001 RESTITUIÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RECOLHIMENTO VINCULADO A DÉBITO CONFESSADO. Correto o Despacho Decisório que indeferiu o pedido de restituição por inexistência de direito creditório, tendo em vista que o pagamento alegado Fl. 94DF CARF MF Impresso em 20/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/10/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 19/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 4 como origem do crédito estava integral e validamente alocado para a quitação de débito confessado. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE. CARÁTER INTER PARTES. É perfeitamente aplicável a disposição § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, até a sua revogação pela Lei 11.941, de 27 de maio de 2009, uma vez que o julgamento do STF pela inconstitucionalidade da ampliação da base de cálculo contida naquele dispositivo não tem efeito erga omnes, só atingindo as partes envolvidas. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido. Cientificada acerca da decisão exarada pela 3ª Turma da DRJ em Curitiba – DRJ/CTA, a interessada interpôs o presente Recurso Voluntário, no qual reitera os argumentos apresentados em sua manifestação de inconformidade, anexa trechos de seus livros Diário e Razão nos quais constam as rubricas de receitas financeiras, requer a homologação da compensação declarada por evidente a origem do crédito e, por conseguinte, o direito à compensação do mesmo. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra, redator ad hoc designado para formalizar a decisão (fl. 91), uma vez que o Conselheiro Relator Bruno Maurício Macedo Curi, não mais compõe este colegiado e que a respectiva Turma Especial foi extinta, retratando hipótese de que trata o artigo 17, inciso III, do Anexo II, do Regimento Interno deste CARF, aprovado pela Portaria MF no 343, de 09 de junho de 2015. Ressalvado o meu entendimento pessoal, no sentido de dar a este e a outros processos nessa situação tratamento diverso. Preenchidos os pressupostos de admissibilidade e tempestivamente interposto, nos termos do Decreto nº 70.235/72, conheço do Recurso e passo à análise das razões recursais. Conforme exposto nas linhas acima, a Declaração de Compensação da Recorrente teve como causa a tributação indevida de PIS e COFINS sobre receitas financeiras, especialmente diante da inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo da Cofins promovida pela Lei nº 9.718/98, tendo em vista a ausência de mandamento constitucional (ou, doutra maneira, a edição de Lei Complementar que estabelecesse novas fontes de custeio da seguridade social) que validasse a incidência da contribuição em referência sobre receitas financeiras e outras receitas operacionais, não inseridas no conceito de faturamento. Como bem observado pela decisão recorrida, o Tribunal Pleno da Egrégia Corte examinou os Recursos Extraordinários nºs 346.084/PR, 358.273/RS, 357.950/RS e 390.840/PR, declarando, incidentalmente e por maioria, a inconstitucionalidade do §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, na forma da ementa assim redigida: Fl. 95DF CARF MF Impresso em 20/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/10/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 19/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10930.907121/201106 Acórdão n.º 3802004.181 S3TE02 Fl. 94 5 "CONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE ARTIGO 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718, DE 27 DE NOVEMBRO DE 1998 EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1998. O sistema jurídico brasileiro não contempla a figura da constitucionalidade superveniente. TRIBUTÁRIO INSTITUTOS EXPRESSÕES E VOCÁBULOS SENTIDO. A norma pedagógica do artigo 110 do Código Tributário Nacional ressalta a impossibilidade de a lei tributária alterar a definição, o conteúdo e o alcance de consagrados institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados expressa ou implicitamente. Sobrepõese ao aspecto formal o princípio da realidade, considerados os elementos tributários. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PIS RECEITA BRUTA NOÇÃO INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98. A jurisprudência do Supremo, ante a redação do artigo 195 da Carta Federal anterior à Emenda Constitucional nº 20/98, consolidouse no sentido de tomar as expressões receita bruta e faturamento como sinônimas, jungindoas à venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços. É inconstitucional o § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, no que ampliou o conceito de receita bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvida e da classificação contábil adotada. (Supremo Tribunal Federal, Tribunal Pleno, RE 346.084/PR, Relator Ministro Ilmar Galvão, Julgamento 09/11/2005, Publicação 01/09/2006)." Ainda que, como destacado pela DRJ, a decisão não tenha efeito erga omnes à luz da legislação de regência das decisões exaradas pelo STF, o art. 62, parágrafo único, inciso I, do Regimento Interno do CARF, autoriza este Colegiado a afastar a aplicação de tratado, acordo internacional, lei ou decreto “que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Superior Tribunal Federal”. Ora, não é outra a hipótese do caso sob exame. Portanto, sendo a observância do decisum proferido pelo STF facultada a este órgão julgador, devese reconhecer o direito de a Recorrente pleitear a restituição do montante indevidamente recolhido a título de Cofins em virtude da aplicação do art. 3º da Lei nº 9.718/98, declarado inconstitucional pelo STF, em consonância com o repertório jurisprudencial do CARF, do qual se traz, a título exemplificativo, a decisão adiante: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/02/1999 a 30/11/2002 DIREITO CREDITÓRIO. RESTITUIÇÃO. PRAZO. Para os pedidos de restituição apresentados até o dia 08/06/2005, o direito de pleitear a restituição de tributo ou contribuição pago indevidamente, ou em valor maior que o devido, extinguese com o decurso do prazo de cinco Fl. 96DF CARF MF Impresso em 20/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/10/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 19/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 6 anos, contados da data da homologação (tácita ou expressa) do pagamento antecipado, nos casos de tributos lançados por homologação. Observância ao princípio da segurança jurídica. INCONSTITUCIONALIDADE. DECISÃO DEFINITIVA DO STF. APLICAÇÃO Tendo o plenário do STF declarado, de forma definitiva, a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, deve o CARF aplicar esta decisão para reconhecer o direito à restituição das importâncias pagas com fulcro no referido dispositivo legal. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. FORMULÁRIO IMPRESSO. AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO NO PER/DCOMP. INADMISSIBILIDADE. Sem que haja impedimento de utilização do sistema eletrônico, considerase não formulado o pedido de restituição apresentado em formulário impresso após 29/09/2003. Recurso Voluntário Provido em Parte. (CARF, 3ª Seção, 3ª Câmara, 2ª Turma Ordinária, RV 501572, Acórdão 3302001.245, Relator Conselheiro Walber José da Silva, Julgamento 06/10/2011)" Assim é que, em tese, assiste direito ao Recorrente. No entanto, ultrapassada a questão de direito, tornase fundamental apreciar a matéria de prova. No caso em tela, a análise da prova restou prejudicada, pois a DRJ não aceitou a planilha apresentada pelo Recorrente. Como forma de fundamentar a planilha apresentada à época da manifestação, o contribuinte apresentou excertos de seus livros Diário e Razão para buscar comprovar o direito de crédito indicado na planilha que anexou em sua primeira peça defensiva. Tais documentos podem excepcionalmente ser juntados aos autos, diante da previsão do art. 16, § 4o, c, do RPAF, que permite a apresentação de documentos posteriormente à peça defensiva inaugural para contrapor razões trazidas em momento processual seguinte, pelo que se vê abaixo: "§ 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos." Todavia, a análise da documentação acostada aos autos pode levar à supressão de instância. Fl. 97DF CARF MF Impresso em 20/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/10/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 19/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10930.907121/201106 Acórdão n.º 3802004.181 S3TE02 Fl. 95 7 Assim, e considerando que a supressão de instância somente pode ser realizada se esta for favorável ao sujeito passivo, forte no art. 59, § 3º, do Decreto 70.235/72, entendo que devem os autos retornar para julgamento da DRJ quanto à matéria de prova, de modo a se averiguar a liquidez e certeza do crédito oferecido à compensação. Nesse mesmo sentido já decidiu essa Eg. Turma Especial, no Acórdão 3802 001.857, de relatoria do Conselheiro Solon Sehn: "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/04/2002 a 30/04/2002 COFINS. BASE DE CÁLCULO. ART. 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718/1998. INCONSTITUCIONALIDADE DE DECLARADA PELO STF. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. APLICAÇÃO DO ART. 62A DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. OBRIGATORIEDADE DE REPRODUÇÃO DO ENTENDIMENTO. O §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/1998 foi declarado inconstitucional pelo STF no julgamento do RE nº 346.084/PR e no RE nº 585.235/RG, este último decidido em regime de repercussão geral (CPC, art. 543B). Assim, deve ser aplicado o disposto no art. 62A do Regimento Interno do Carf, o que implica a obrigatoriedade do reconhecimento da inconstitucionalidade do referido dispositivo legal. COMPENSAÇÃO. CRÉDITO DECORRENTE DA DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718/1998. MATÉRIA NÃO CONHECIDA NA INSTÂNCIA A QUO. PRELIMINAR QUE IMPEDIU O CONHECIMENTO DO MÉRITO. AFASTAMENTO. RETORNO DOS AUTOS À DRJ PARA EXAME DA MATÉRIA. A DRJ, ao acolher a questão prejudicial relacionada à incompetência para a declaração de inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/1998, não chegou a apreciar o mérito da existência do direito creditório, isto é, o valor do crédito e do débito e outras circunstâncias relevantes ao desate da questão, inclusive a efetiva inclusão das receitas financeiras na base de cálculo da contribuição no período alegado pelo interessado. Destarte, os autos devem retornar à DRJ para exame da matéria de mérito, sob pena de supressão de instância. Recurso Voluntário Provido em Parte. Aguardando Nova Decisão." No mesmo sentido, aplicáveis à espécie os somase os nºs Acórdãos 3802 001.959 e 3802001.960, de relatoria do Conselheiro Bruno Mauricio Macedo Curi. Fl. 98DF CARF MF Impresso em 20/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/10/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 19/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 8 Conclusão Diante de todo o exposto, conheço do Recurso Voluntário para darlhe provimento parcial, determinandose o retorno dos autos à instância a quo, para fins de apreciação do mérito. Formalizado o voto em razão do disposto no artigo 17, inciso III, do Anexo II do RICARF/2015, subscrevo o presente. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra – Redator ad hoc. Fl. 99DF CARF MF Impresso em 20/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/10/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 19/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA
score : 1.0
Numero do processo: 13855.002107/2005-04
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 24 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Mar 08 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Importação - II
Data do fato gerador: 01/02/2002
DRAWBACK SUSPENSÃO. PRODUTO EXPORTADO DIVERGENTE DAQUELE DESCRITO NO ATO CONCESSÓRIO. INADMISSIBILIDADE DE SUA ACEITAÇÃO PARA COMPROVAÇÃO DO REGIME.
A exportação de produto cuja descrição diverge daquela constante do ato concessório de drawback suspensão, implica não aceitação da operação para fins de comprovação do compromisso de exportar.
DRAWBACK SUSPENSÃO. VINCULAÇÃO FÍSICA.
Restando comprovado nos autos a não aplicação dos insumos importados ao amparo de ato concessório sob o regime de drawback-suspensão, nos produtos exportados, é cabível a cobrança dos tributos, além de multas e juros moratórios.
REGIME ADUANEIRO ESPECIAL DE DRAWBACK. EXPORTAÇÃO FORA DO PRAZO ESTABELECIDO EM ATO CONCESSÓRIO. INADIMPLEMENTO.
Somente serão aceitas para comprovação das obrigações assumidas por ocasião da concessão do Regime Aduaneiro Especial de Drawback, exportações realizadas dentro do prazo de validade do Ato Concessório (AC).
Numero da decisão: 3302-003.084
Decisão: Recurso Voluntário Negado
Crédito Tributário Mantido
Recurso Voluntário Negado
Crédito Tributário Mantido
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencidos o Conselheiro Domingos de Sá e a Conselheira Lenisa Prado, que davam parcial provimento ao Recurso para reconhecer a fungibilidade dos insumos empregados na fabricação dos produtos exportados.
[assinado digitalmente]
RICARDO PAULO ROSA - Presidente.
[assinado digitalmente]
MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Prado, Paulo Guilherme Déroulède, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo.
Nome do relator: MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR
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decisao_txt : Recurso Voluntário Negado Crédito Tributário Mantido Recurso Voluntário Negado Crédito Tributário Mantido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencidos o Conselheiro Domingos de Sá e a Conselheira Lenisa Prado, que davam parcial provimento ao Recurso para reconhecer a fungibilidade dos insumos empregados na fabricação dos produtos exportados. [assinado digitalmente] RICARDO PAULO ROSA - Presidente. [assinado digitalmente] MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Prado, Paulo Guilherme Déroulède, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo.
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PRODUTO EXPORTADO DIVERGENTE DAQUELE DESCRITO NO ATO CONCESSÓRIO. INADMISSIBILIDADE DE SUA ACEITAÇÃO PARA COMPROVAÇÃO DO REGIME. A exportação de produto cuja descrição diverge daquela constante do ato concessório de drawback suspensão, implica não aceitação da operação para fins de comprovação do compromisso de exportar. DRAWBACK SUSPENSÃO. VINCULAÇÃO FÍSICA. Restando comprovado nos autos a não aplicação dos insumos importados ao amparo de ato concessório sob o regime de drawbacksuspensão, nos produtos exportados, é cabível a cobrança dos tributos, além de multas e juros moratórios. REGIME ADUANEIRO ESPECIAL DE DRAWBACK. EXPORTAÇÃO FORA DO PRAZO ESTABELECIDO EM ATO CONCESSÓRIO. INADIMPLEMENTO. Somente serão aceitas para comprovação das obrigações assumidas por ocasião da concessão do Regime Aduaneiro Especial de Drawback, exportações realizadas dentro do prazo de validade do Ato Concessório (AC). Recurso Voluntário Negado Crédito Tributário Mantido Recurso Voluntário Negado Crédito Tributário Mantido AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 85 5. 00 21 07 /2 00 5- 04 Fl. 335DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 04/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREI RA AGUIAR 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencidos o Conselheiro Domingos de Sá e a Conselheira Lenisa Prado, que davam parcial provimento ao Recurso para reconhecer a fungibilidade dos insumos empregados na fabricação dos produtos exportados. [assinado digitalmente] RICARDO PAULO ROSA Presidente. [assinado digitalmente] MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Relatora. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Prado, Paulo Guilherme Déroulède, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo. Relatório Cuida o presente processo de lançamentos consubstanciados nos Autos de Infração, fls.05/12, por meio dos quais foram formalizadas as seguintes exigências concernentes ao Imposto de Importação, no valor de R$ 157.155,34 acrescido de juros de mora e da multa de 75%; ao Imposto sobre Produtos Industrializados, vinculado à Importação, no valor de R$ 66.063,45, acrescido de juros de mora e da multa de 75 %, totalizando o montante de R$ 534.564,35. Por bem descrever os fatos, adoto o Relatório que embasou a decisão de primeira instância, que passo a transcrever. O importador, por meio da DI 02/00945380, registrada em 01/02/2002, submeteu ao regime aduaneiro especial de drawback, na modalidade suspensão, 6.178.662,00 kgs. De “fio máquina, na especificação SAE 1.006 5,5 mm.”, classificável na Tarifa Externa Comum no código 7213.91.90, por meio do Ato Concessório n° 250301/0001317, emitido pelo Banco do Brasil Ag. Ribeirão Preto SP em 28/09/2001, sendo que foi concedido prazo (incluindo prorrogação) até 22/03/2003 para a utilização dos bens no processo produtivo do beneficiário, sendo que, ao seu término, deveria ocorrer a exportação. Ocorre que, findo o prazo estabelecido no regime, com o intuito de verificar o adimplemento do compromisso, a autoridade fiscal intimou a beneficiária a apresentar documentos que comprovassem a utilização dos insumos importados nos produtos exportados, conforme previsto no AC acima citado. Verificouse, conforme discriminado no Relatório Fiscal anexo ao Auto de Infração, do qual faz parte integrante, o descumprimento parcial do compromisso de exportação, e, não tendo o contribuinte adotado nenhuma das providências elencadas no art. 342 do RA, resolveuse a suspensão, exigindo se os tributos devidos, relativos à parcela inadimplida. As irregularidades constatadas pela autoridade autuante, conforme Fl. 336DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 04/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREI RA AGUIAR Processo nº 13855.002107/200504 Acórdão n.º 3302003.084 S3C3T2 Fl. 335 3 constante do Relatório Fiscal de fls. 11/41, são as abaixo elencadas: 1 EXPORTAÇÕES NÃO EFETIVADAS RE's VENCIDOS UTILIZADOS PARA COMPROVAÇÃO DE ADIMPLEMENTO A fiscalização lista 08 (oito) RE's às fls.16/18, na referida situação. 2 RE's UTILIZADOS PARA COMPROVAÇÃO DE ADIMPLEMENTO, RELATIVOS A EXPORTAÇÕES PERTENCENTES A OUTRAS EMPRESAS. Ver tabela abaixo, de RE's listados pela fiscalização às fls.18: (efl.20) 3 RE's RELATIVOS A MERCADORIA EXPORTADA DIVERSA DAQUELA ESPECIFICADA / AUTORIZADA NO ATO CONCESSÓRIO UTILIZADOS PARA COMPROVAÇÃO DE ADIMPLEMENTO. Ver tabela abaixo, de RE's listados pela fiscalização às fls. 19.(efl.21) 4 EXPORTAÇÕES DECLARADAS MAS NÃO EFETIVADAS (INEXISTENTES) RE”S UTILIZADOS PARA COMPROVAÇÃO DE ADIMPLEMENTO Ver tabela abaixo, de RE's listados pela fiscalização às fls. 20/21: 5 RE's RELATIVOS A EXPORTAÇÕES EFETIVADAS APÓS O PRAZO FINAL DO ATO CONCESSÓRIO, UTILIZADOS PARA COMPROVAÇÃO DE ADIMPLEMENTO Ver tabela abaixo, de RE's listados pela fiscalização às fls. 21/22:(efls.23/24) 6 RE's RELATIVOS A PRODUTOS EXPORTADOS NÃO ATENDENDO AO PRINCÍPIO DA VINCULAÇÃO FÍSICA (NÃO INCORPORAÇÃO DOS INSUMOS IMPORTADOS AOS PRODUTOS EXPORTADOS) _ UTILIZADOS PARA COMPROVAÇÃO DE ADIMPLEMENTO Ver tabela dos RE's listados pela fiscalização às fls. 23/30:(efls.25/31) e efl.148, 156 De acordo com a documentação apresentada pelo contribuinte, a matériaprima importada sob o regime de Drawback Suspensão, através da Declaração de Importação (DI) n° 02/00945380, registrada em 01/02/2002, às fls. 88/92, foi desembaraçada em 06/02/2002, conforme Comprovante de Importação, e contabilizada através da Nota Fiscal de Entrada 004701, de 07/02/2005, tendo tal mercadoria importada ingressado fisicamente no estoque da empresa em 28/02/2002, segundo explicitado através do Livro de Registro de Entradas , Modelo I, às fls. 101/104. Tendo em vista que o ciclo produtivo dos bens a exportar é de 07 (sete) dias, conforme declaração do contribuinte as fls. 47, temos que os referidos produtos a exportar não poderiam estar finalizados antes de 07/03/2002. Desta forma, concluiu a fiscalização que todos os RE's utilizados pelo contribuinte no Relatório Unificado de Drawback,, para Fl. 337DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 04/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREI RA AGUIAR 4 comprovação do compromisso de exportação, anteriores a 07/03/2002, não utilizaram a matériaprima importada em sua fabricação, descumprindo o princípio da vinculação física entre os insumos importados e os produtos a exportar, sendo assim desconsiderados para comprovação do Ato Concessório. Diante dessa situação, a autoridade fiscal procedeu a lavratura dos Autos de Infração, fls. 02 a 10 (Relatório Fiscal às fls. 11/41), exigindo os tributos suspensos quando da importação dos insumos amparados pelo beneficio do regime de drawback, acrescidos de multa proporcional e juros moratórios, tudo conforme tabela constante deste Relatório, em seu início.(grifei). Ciente do teor do referido Auto e inconformado com o mesmo o interessado apresentou sua impugnação tempestiva às fls. 146/165, cujos argumentos , em síntese, são os seguintes: 1 Quanto ao item 01 do Auto de Infração (Exportações não efetivadas RE's vencidos), o interessado não se manifestou em sua impugnação. 2 Quanto ao item 02 do Auto de Infração (RE's utilizados para comprovação do adimplemento do AC, relativos a exportações pertencentes a outras empresas), o interessado alega que cometeu equívocos ao informar os números dos RE's. Os RE' corretos seriam os de n° 02/0629336002 (anexado às fls. 227/230) e 02/0957771001 (anexado às fls. 231/234). 3 Quanto ao item 03 do Auto de Infração (RE's em que a mercadoria exportada difere da autorizada no Ato Concessório), o interessado admite que tal afirmação é válida para o RE 03/00371512003, mas não para o RE 02/0351120 002, onde, embora a mercadoria não conste no Ato Concessório no que se refere à sua descrição, o NCM confere com outras que lá estão incluídas. 4 Quanto ao item 04 do Auto de Infração (Exportações declaradas mas não efetivadas inexistentes), o interessado não se manifestou em sua impugnação. 5 Quanto ao item 05 do Auto de Infração (Exportações efetivadas após o prazo final do Ato Concessório, ocorrido em 22/03/2003), o interessado alega que houve equívoco de sua parte ao registrar a data do embarque das mercadorias, que teria sido dentro do prazo de vigência do AC, e não em 05/03/04, conforme constou.. 6 Quanto ao item 06 do Auto`de,Infração (RE's com produtos importados sem atendimento ao princípio de vinculação física insumos importados não foram incorporados aos produtos exportados), o interessado admite explicitamente (v. fls. 149 e 150 e 151) que não atendeu ao princípio de vinculação física, utilizando nos produtos exportados insumos nacionais em tudo similares aos advindos do exterior.(grifei). 7 Alega ter admitido que inadimpliu, em parte, os compromissos de exportar assumidos no Ato Concessório em comento, motivo pelo qual efetuou, em 28/11/2005, recolhimentos de tributos com multas e juros moratórios, Fl. 338DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 04/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREI RA AGUIAR Processo nº 13855.002107/200504 Acórdão n.º 3302003.084 S3C3T2 Fl. 336 5 conforme DARF's que anexou às fls. 249/251, relativamente à parte da autuação que considera realmente devida. É o relatório. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento sintetizou, na ementa a seguir transcrita , a decisão proferida. ASSUNTO: REGIMES ADUANEIROS Data do fato gerador: 01/02/2002 DRAWBACK SUSPENSÃO. ADIMPLEMENTO PARCIAL DO COMPROMISSO DE EXPORTAÇÃO. Constatado o descumprimento das condições estabelecidas no ato concessório e na legislação regente em virtude das exportações comprovadas terem sido inferiores às quantidades ali comprometidas, considerarseá parcialmente adimplido o regime aduaneiro especial de drawback, o que motiva a exigência, de modo proporcional, dos tributos suspensos e respectivos acréscimos legais. DRAWBACK SUSPENSÃO. COMPROVAÇÃO DE EXPORTAÇÃO. Somente serão aceitos para comprovação do drawback Registros de Exportação devidamente averbados, vinculados ao Ato Concessório e que se refiram a operações de exportação realizadas pelo próprio beneficiário do regime, dentro do prazo de vigência do AC. Quanto às mercadorias exportadas, as mesmas deverão ser as previstas no Ato Concessório. DRAWBACK SUSPENSÃO. VINCULAÇÃO FÍSICA. Restando comprovado que os insumos importados ao amparo do regime de drawbacksuspensão não foram empregados nos produtos exportados, é cabível a cobrança dos tributos, além de multas e juros moratórios. Cientificada da decisão de primeira instância em 02/03/2009, conforme Aviso de Recebimento de fl. 301, a interessada apresentou Recurso Voluntário de fls. 303/323 e documentos anexados, fls.324/327, em 01/04/2009, reiterando os argumentos já aduzidos em sede de impugnação, merecendo destaque em cada matéria litigada os seguintes argumentos: 1 Desnecessidade da vinculação física; Se não houve a utilização de parte dos insumos importados por ocasião das exportações correspondentes à autuação fiscal aqui impugnada, tal questão decorreu do fato de que a Recorrente é empresa séria e cumpridora dos compromissos assumidos, que, receosa da impossibilidade de cumprilos em decorrência da demora na importação dos insumos, fato este sobre o qual não tem a Recorrente qualquer controle, utilizou em seu processo produtos outros insumos exatamente iguais aos importados, em Fl. 339DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 04/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREI RA AGUIAR 6 gênero, quantidade e qualidade, como determina o princípio da fungibilidade. Privilegiase, assim, o contribuinte que efetuou a exportação, como forma de se dar efetividade ao objetivo da norma! Como os insumos possuem natureza fungível, nada impede que seja utilizado um ao invés do outro. O que não se exige é a vinculação física. Cita respeitável jurisprudência na linha de sua defesa; 2 Equívocos nos RE's utilizados para comprovação do adimplemento do AC A Recorrente, por sua, em sua peça impugnatória, argumentou que, por um lapso, os números dos relatórios de registros de exportação foram informados incorretamente, devendo constar, respectivamente, os nºs 02/0629336 002 e 02/0957771001, ao invés dos nº 02/0609336002 e 02/0957774001. (...) como comprovou a Recorrente, pela simples análise da documentação, se pode constatar que os Registros de Exportação posteriormente corretamente informados de fato pertencem à Morlan S.A., inclusive como comprovam as cópias acostadas aos presentes autos. Basta uma simples análise da numeração dos registros de exportação para se atestar que ocorreu mero erro no preenchimento dos relatórios. (...) ao contrário do que determinado na r. decisão recorrida, são vinculadas ao Ato Concessório nº 250301/0001317 e referemse a mercadorias exportadas também previstas neste Tomemos como exemplo a mercadoria “arame zincado macio”. Como consta do Registro de Exportação nº 020629336002, sua NCM é 7217.20.9000, ou seja, “outros fios de ferro, aço, ligados, galvanizados”, com descrição de mercadoria como “arame zincado macio BWG 14 coml./ BWG 16 coml./ BWG 20 coml”. Se verificado o pedido de drawback de 28/9/2001, na relação de itens a serem exportados pelo regime aduaneiro especial, lá está designado, em primeiro lugar, “fios de ferro galvanizado”, NCM nº 7217.20.90. Esta mesma mercadoria foi ainda objeto de alteração em aditivo nº 250302/0000275, item 19, no qual se postulava alteração de valores do ato concessório original. E mais, foi postulada uma nova alteração de quantidade quando da apresentação do aditivo ao Ato Concessório nº 2503 03/0001352. O “arame zincado macio” consiste em um tipo de fio de ferro galvanizado, como demonstra a Nomenclatura Comum do Mercosul NCM, que, como comprovam o Ato Concessório ng 250301/0001317 e seus termos aditivos, foi indicada como a ser exportada desde o início, não havendo que se falar que a mesma não estava prevista no Ato. Fl. 340DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 04/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREI RA AGUIAR Processo nº 13855.002107/200504 Acórdão n.º 3302003.084 S3C3T2 Fl. 337 7 3 Realização de Exportações previstas no Ato Concessório nº 2503 01/0001311. Como bem consta de sua peça impugnatória, com relação ao Registro de Exportação nº 03/0037151003, a ora Recorrente reconheceu a falha ao deixar de constar do Ato Concessório, bem como dos termos aditivos, razão pela qual, consoante guia acostada aos autos, recolheu os tributos suspensos por ocasião da importação, com os devidos acréscimos, encontrandose, portanto, neste aspecto, o crédito tributário extinto. Por sua vez, com relação, ao Registro de Exportação nº 02/0351120002, equivocadamente alega a Delegacia Julgadora que a Recorrente teria se manifestado em sede de impugnação no sentido de que, para tal registro de exportação, “esqueceuse de incluir no aditivo a mercadoria 'distanciador de cerca ', mas que o NCM de tal mercadoria está previsto no AC. Ora, apenas a mercadoria importada ou exportada há que coincidir com o autorizado no AC, não apenas com o código tarifário de outras, ali previstas. Portanto, os RE 's mencionados no item 3 não se prestam igualmente à comprovação de adimplemento do compromisso de exportar”. Como demonstrado na peça impugnatória, basta simples análise dos documentos acostados aos autos para se verificar que a Recorrente comprovou que exportou efetivamente as mercadorias que estavam previstas no Ato Concessório. Basta uma conferência da Nomenclatura Comum do Mercosul NCM para se atestar que ele 7313.00.00 constava do Ato Concessório nº 2503 01/0001317, de 28/9/2001, encontrando se dentro da classificação do tipo de arame farpado, porque o distanciador de cerca é um tipo de arame farpado. Portanto, devidamente previsto no Ato Concessório o produto exportado, ao contrário do que afirmado pela autoridade julgadora. 4 Realização das Exportações dentro do prazo previsto no ato concessório, considerada a prorrogação constante dos termos aditivos Em sua impugnação administrativa, a Recorrente alegou que tais exportações ocorreram dentro do prazo do Ato Concessório, qual seja, até o dia 22/3/2003. O que teria ocorrido com tais registros foi um equívoco, já que os registros de exportação deixaram de ser baixados no SISCOMEX, mesmo as exportações tendo ocorrido dentro do prazo do AC. Para tal comprovação, a Recorrente juntou os extratos de despacho DDE's.(grifei). Tomese como exemplo o Registro de Exportação nº 02/1336770002. Consoante Extrato de Declaração anexo nº 2021006017/4, a data de validade do embarque era 15/2/20003, portanto, ANTERIOR AO TERMO FINAL 0 DO ATO CONCESSÓRIO EM QUESTÃO, QUE ERA 22/3/2003. E, Como tal, não _ poderia ocorrer após esta data de validade. Da análise da consulta do histórico de despacho também anexa, verificase que em 3/1/2003, foi concluído o trânsito sem exigências ou Fl. 341DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 04/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREI RA AGUIAR 8 divergências, procedendose ao embarque. O único ponto foi que a baixa no SISCOMEX ocorreu tão somente em 5/3/2004, todavia, tal fato não é de competência da Recorrente já que é um problema do sistema utilizado pela Receita Federal do Brasil.(grifei). O mesmo ocorreu com o Extrato de Declaração de Despacho nº 2030063139/1, referente ao Registro de Exportação nº 03/0043632001. A data de validade do embarque era 17/3/2003, portanto, A EXPORTAÇÃO NÃO PODERIA OCORRER APÓS ESTA DATA. E como tal, era anterior ao termo final do Ato Concessório, qual sela, 22/3/2003. Como consta do histórico de despacho, neste caso, a baixa no SISCOMEX também só ocorreu em 5/3/2004, todavia, o trânsito da mercadoria concluiuse sem exigências ou divergências em 7/2/2003, realizada a exportação, TAMBÉM ANTES DO TERMO FINAL DO ATO concessório. Ou seja, em nenhum dos dois casos a exportação ocorreu após a data determinada no Ato Concessório, mas sim em datas anteriores, já que as datas de validade de embarque de cada uma das declarações de despacho eram anteriores à data do Ato Concessório, não podendo, dessa forma, ocorrer após a data mencionada nos extratos. É o relatório. Voto Conselheira Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Relatora: Dos requisitos de admissibilidade O Recurso Voluntário é tempestivo, trata de matéria da competência deste Colegiado e atende aos pressupostos legais de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. Do Regime Especial de “Drawback”modalidade suspensão Analisarseá a seguir, à luz da legislação de regência do presente regime especial, as matérias postas em exame, na ordem arguída pela Recorrente. 1 PRODUTOS EXPORTADOS NÃO ATENDENDO AO PRINCÍPIO DA VINCULAÇÃO FÍSICA Quanto à primeira matéria arguída observase que a defesa após ratificar que utilizou em seu processo produtivo outros insumos exatamente iguais aos importados, tem como principal núcleo argumentativo, a fungibilidade dos insumos, visto que segundo seu entendimento, nada impede que seja utilizado um ao invés do outro. O regime aduaneiro especial de Drawback, modalidade suspensão, de que trata o inciso II do art. 78 do Decretolei n.º 37, de 18 de novembro de 1966, assim dispõe: Art. 78 Poderá ser concedida, nos termos e condições estabelecidas no regulamento: (...) Fl. 342DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 04/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREI RA AGUIAR Processo nº 13855.002107/200504 Acórdão n.º 3302003.084 S3C3T2 Fl. 338 9 II suspensão do pagamento dos tributos sobre a importação de mercadoria a ser exportada após beneficiamento, ou destinada à fabricação, complementação ou acondicionamento de outra a ser exportada; Referido dispositivo que foi regulamentado nos artigos 317 a 319 do Regulamento Aduaneiro (RA), aprovado pelo Decreto nº 91.030, de 5 de março de 1985, vigente à época dos fatos, permite a importação de insumos sem o pagamento dos impostos incidentes. No entanto, fazse necessária a comprovação, dentro dos critérios estabelecidos, de que tais insumos, depois de beneficiados, foram objeto de exportação. O art. 314 do RA(1985), assim, dispõe: “Art. 314. Poderá ser concedido pela Comissão de Política Aduaneira, nos termos e condições estabelecidos no presente Capítulo, o benefício do “drawback” nas seguintes modalidades ( Decretolei nº 37/66, artigo 78, I a III ): I suspensão do pagamento dos tributos exigíveis na importação de mercadoria a ser exportada após beneficiamento ou destinada à fabricação, complementação ou acondicionamento de outra a ser exportada”; Do cotejo dos artigos 314 a 319 do Regulamento Aduaneiro, cuja matriz legal é o art. 78 do Decretolei n.º 37, de 1966 acima destacado constatase que todas as disposições pertinentes à concessão do referido incentivo à exportação foram rigorosamente disciplinadas, podendose inferir que o texto regulamentar impõe de forma clara a vinculação entre a mercadoria importada e a mercadoria a ser exportada no regime seja quanto à espécie, quantidade, valor e prazo, bem como ainda quanto ao beneficiário do regime. Sendo o regime aduaneiro especial de Drawback suspensão um incentivo fiscal à exportação, é necessário que a importação e a exportação estejam devidamente vinculadas, de tal forma a permitir o efetivo controle pelo fisco do emprego e destinação dos bens, possibilitando a exigência dos tributos suspensos caso não sejam atendidas as condições que levaram à concessão do regime. Os requisitos legalmente determinados para admissão das mercadorias no regime de drawback materializamse em cada caso na emissão de um Ato Concessório. Expedido um Ato Concessório, o beneficiário do regime drawback, modalidade suspensão, responsabilizase pelos termos nele acordados. Ao beneficiário é dado o direito de importar com suspensão de tributos os produtos ali discriminados, desde que, cumpra com o dever de exportar os produtos também ali determinados, nas quantidades, valores e prazos constantes no referido Ato. Com efeito, tratase a espécie, de ato jurídico celebrado sob condição, no qual o evento condicional é a ocorrência do cumprimento ou inadimplemento do compromisso de exportar por parte do beneficiário, as mercadorias, nas condições avençadas no Ato Concessório, do que resultaria, respectivamente, a extinção da obrigação tributária ou a constituição do crédito dela decorrente Desse modo a suspensão do imposto está subordinada a uma condição, ou seja a um evento futuro. A ocorrência desse evento, implemento da condição a que está Fl. 343DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 04/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREI RA AGUIAR 10 subordinada a suspensão, resolve a obrigação tributária suspensa, o que significa dizer que o imposto relativo à operação realizada não mais será exigível. Outrossim, quando não forem satisfeitos os requisitos que condicionaram a suspensão, ou seja, não ocorrendo o evento previsto como condição, o imposto tornase exigível como se a suspensão não existisse. No caso em espécie, conforme já ressaltado, a desoneração tributária tem o escopo de estimular as exportações, logo se faz mister o cumprimento das condições e requisitos estabelecidos na legislação, visto que em matéria tributária, qualquer situação excepcional, ex vi do art. 111 do Código Tributário Nacional – CTN, será interpretada literalmente, tal qual disponha a legislação. Aclarese que a interpretação estrita que se impõe na hipótese desonerativa de tributação, longe de ser uma imposição de mera aplicabilidade da norma em seu aspecto gramatical, visa exatamente resguardar a finalidade esboçada pelo diploma legal, visto que sendo a tributação a norma ordinária de aplicação, atendidos os pressupostos fáticos, a exclusão desta, circunscreverseá aos estritos ditames legais e regulamentares. É importante ainda para o deslinde da questão a observação da fiscalização no Relatório fiscal, fls.13/40: A empresa deixou de apresentar à fiscalização os livros/fichas de controle de produção, detalhando a entrada dos insumos importados e a saída das mercadorias a exportar.(grifei). É digno de realce que a matéria ora em exame tem sido decidida por esse E. Conselho conforme ementas e excertos dos acórdãos a seguir transcritos: 1 Acórdão nº 3102002.220, de 27/05/2014: ASSUNTO: REGIMES ADUANEIROS Período de apuração: 17/11/1995 a 06/08/1997 DRAWBACK SUSPENSÃO. PRINCÍPIO DA VINCULAÇÃO FÍSICA. INOBSERVÂNCIA. INADIMPLEMENTO DO REGIME. EXIGIBILIDADE DOS TRIBUTOS SUSPENSOS. POSSIBILIDADE. 1. O cumprimento do princípio da vinculação física é requisito essencial para o adimplemento do compromisso de exportação assumido no ato concessório do regime drawback suspensão. 2. A não comprovação que os insumos importados, sob a égide do regime drawback suspensão, não foram aplicados no ciclo de produção do produto final exportado, com vista ao cumprimento do compromisso de exportação assumido, caracteriza o inadimplemento do referido regime e imediata exigibilidade dos tributos suspensos, acrescidos dos consectários legais devidos. PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE. INSUMO ANTERIORMENTE IMPORTADO COM PAGAMENTO DOS TRIBUTOS. INEXISTÊNCIA DE PROVA. IMPOSSIBILIDADE. O princípio da fungibilidade não é passível de aplicação se o beneficiário do regime drawback suspensão sequer apresenta as provas que os insumos anteriormente importados, com pagamento dos tributos, e utilizados nos produtos exportados, em cumprimento ao referido regime especial, eram da mesma Fl. 344DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 04/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREI RA AGUIAR Processo nº 13855.002107/200504 Acórdão n.º 3302003.084 S3C3T2 Fl. 339 11 espécie, qualidade e quantidade dos insumos importados com suspensão dos tributos, para fim de utilização na produção dos citados produtos exportados. Recurso Voluntário Negado. Excertos do voto: Na prática, a adoção da alegação da recorrente representaria a substituição do princípio da vinculação física pelo princípio da fungibilidade ou da equivalência, que permite a substituição de uma mercadoria importada ao amparo do regime suspensivo de tributação por outra de mesma espécie, qualidade e quantidade, inclusive, podendo esta ser nacional, nacionalizada ou estrangeira, afrontando o disposto nos referidos preceitos normativos. Não é demais ressaltar que o princípio da fungibilidade tem aplicação restrita ao regime drawback isenção, conforme estabelecido o inciso III do art. 78 do Decretolei nº 37, de 1966, a seguir reproduzido: (...) Tal princípio, por falta de expressa previsão legal não se aplica ao regime drawback suspensão, que é regido pelo princípio da vinculação física, conforme anteriormente exposto.(grifei). 2 Acórdão CSRF nº 9303002.833, de 23/01/2014: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Data do fato gerador: 06/02/2001, 25/05/2001 05/06/2001, 19/06/2001, 03/07/2001, 05/10/2001, 19/12/2001. PRINCÍPIO DA VINCULAÇÃO FÍSICA. No regime de DrawbackSuspensão, é condição para a regularidade do regime que os insumos importados com benefício fiscal sejam efetivamente empregados na industrialização dos produtos a serem exportados. RECURSO ESPECIAL DO CONTRIBUINTE NEGADO Excertos do voto: No regime de DrawbackSuspensão, é pressuposto essencial que os insumos importados com benefício fiscal sejam efetivamente empregados na industrialização dos produtos a serem exportados, o que é o princípio da vinculação física citado.(grifei). Na esteira desse raciocínio, pelo teor das determinações emanadas dos artigos 314/319 do RA, inferese que o Princípio da Vinculação Física norteia como diretriz fundamental as regras que disciplinam o regime em debate, podendose concluir das disposições referenciadas, que a vinculação física se impõe de tal forma a permitir o efetivo Fl. 345DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 04/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREI RA AGUIAR 12 controle pelo Fisco do emprego e destinação dos bens, possibilitando a exigência dos tributos suspensos caso não sejam atendidas as condições que levaram à concessão do regime. Nesse mister, à luz das normas legais e regulamentares, podese inferir que a mera comprovação de que exportações ocorreram não pode ser considerada como argumento capaz de vincular um Registro de Exportação a um determinado Ato Concessório amparado pelo regime de Drawback, modalidade suspensão. Conforme já assinalado no presente voto a Vinculação Física, entre os insumos importados, beneficiados pela desoneração tributária e a exportação dos produtos acordados no Ato Concessório com a utilização dos referidos insumos em sua fabricação é ínsito ao regime drawback suspensão. Assim, não há reparos na decisão de piso quanto à essa matéria. 2 RE's UTILIZADOS PARA COMPROVAÇÃO DE ADIMPLEMENTO, RELATIVOS A EXPORTAÇÕES PERTENCENTES A OUTRAS EMPRESAS Quanto a essa matéria, notese que a autuação identificou dois REs pertencentes a empresas diversas, porém já na impugnação ressalta o impugnante que houve um equívoco quanto à numeração e anexa dois REs supostamente corretos. A decisão de piso ratifica a vinculação dos dois REs ao AC que se examina porém destaca que as mercadorias exportadas não estão previstas no AC já referido. Argui porém a Recorrente quanto ao RE nº 02/0629336002, de 21/06/2002, fl.253/254 que a mercadoria de fato exportada, na realidade é um tipo de fio galvanizado, tendo inclusive a mesma classificação fiscal. Quanto ao RE nº 02/0957771000, de 16/09/2002, fls.257/258, nada argumenta especificamente. Para melhor cognição da matéria é importante o destaque dos dados a seguir: Mercadoria a ser exportada: 1 Compromissada no Ato Concessório n° 250301/0001317, fl.54: a) Fios de Ferro galvanizado classificável na Tarifa Externa Comum no código 7217.20.90; b) Arame Farpado; c) Telas de Arames classificável na Tarifa Externa Comum no código 7314.41.00; d) Telas de Arames soldados classificável na Tarifa Externa Comum no código 7314.31.00. 1.1 Aditivos ao AC : 1º 250302/0000275, de 16/01/02, fl.58 altera quantidades e valores importados e a exportar; 2° 250302/00001352, de 24/05/02, fl.60 altera o prazo de validade do AC; 3º Aditivo nº 250303/0000162, de 21/02/03, fl.62/63 altera mercadorias, quantidades e valores: Fl. 346DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 04/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREI RA AGUIAR Processo nº 13855.002107/200504 Acórdão n.º 3302003.084 S3C3T2 Fl. 340 13 7217.20.90 Arame F. Galvanizado 7217.30.90 Arame Cobreado 7217.90.00 Arame Revestido 7217.10.90 Arame Recozido 7217.20.90 Arame Ovalado 7313.00.00 Arame Farpado 7314.31.00 Tela Soldada 7314.41.00 Tela Hexagonal 2 Identificada pela FISCALIZAÇÃO: a) RE nº 02/0609336002, fls.163/164 b) 02/0957774001, fls. 165/166 · empresa e produto exportado diferentes do compromissado no AC 3 Reclamada pela DEFESA: a) 02/0629336002, de 21/06/2002, fl.253/254: 10 CÓDIGOS DA MERCADORIA: a NCM.: 7217209000 OUTROS FIOS DE FERRO/AÇO,N/L1GADOS,GALVANIZADOS (...) 11 DESCRIÇÃO DA MERCADORIA: ARAME ZINCADO MACIO BWG 14 COML / BWG 16 COML / BWG 20 COML b) 02/0957771000, de 16/09/2002, fls.257/258: 10 CÓDIGOS DA MERCADORIA: a NCM.: 7317002000 GRAMPOS DE FIO CURVADO, DE FERRO FUNDIDO, FERRO OU AÇO (...) 11 DESCRIÇÃO DA MERCADORIA: GRAMPO POLIDO BWG 09X1 Fl. 347DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 04/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREI RA AGUIAR 14 Os dados acima demonstram que embora os REs apresentados na impugnação estejam de fato vinculados à empresa Morlan, não podem ser aceitos para comprovar as exportações do produto compromissado no Ato Concessório, pois demonstram a exportação de produtos diferentes do compromissado, tampouco estão abrigados pelos aditivos acima destacados. Com efeito o fato de terem a mesma classificação fiscal tornase irrelevante para comprovar a exportação compromissada visto tratarse de produto diverso como expressamente se distingue pela descrição da mercadoria. A esse respeito se pronunciou a decisão de piso: Analisandose tais RE”s, notase que, embora vinculados ao Ato Concessório em comento, referemse a mercadorias exportadas não previstas no Ato Concessório, ou seja, “arame zincado macio” e “grampos de fio curvado, de ferro fundido, ferro ou aço”. Portanto, não se prestam igualmente à comprovação de adimplemento do compromisso de exportar. Ante o exposto não há reparos na decisão de piso quanto à segunda matéria em exame. 3 RE's UTILIZADOS PARA COMPROVAÇÃO DE ADIMPLEMENTO, RELATIVOS A EXPORTAÇÕES DE MERCADORIAS DIFERENTES DAQUELAS PREVISTAS NO ATO CONCESSÓRIO Quanto à terceira matéria examinarseá somente o RE objeto do litígio abaixo identificado, já que quanto ao RE 03/0037151003 (fls.157/158) a matéria é incontroversa. Documento de exportação RE Data de embarque Quantidade declarada 02/0351120002 (fls.136/138) 22/04/2002 50 FEIXOS/940 kg Os dados a seguir demonstram a situação fática: Mercadoria a ser exportada: 1 Compromissada no Ato Concessório n° 250301/0001317, fl.54 e objeto do 3º Aditivo nº 250303/0000162, de 21/02/03, fl.62/63 altera mercadorias, quantidades e valores: 7313.00.00 Arame Farpado 2 Identificada pela FISCALIZAÇÃO: a) RE 02/0351120002 (fls.136/138): Analisando os dados constantes do Registro de Exportação RE acima citado ( às fls. 110/112) , no “Sistema Integrado de Comércio Exterior SISCOMEX” , verificase que a mercadoria exportada ( 50 feixos de “distanciador de cerca” ) não corresponde àquela autorizada no Ato ' Concessório , tendo sido Fl. 348DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 04/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREI RA AGUIAR Processo nº 13855.002107/200504 Acórdão n.º 3302003.084 S3C3T2 Fl. 341 15 utilizado indevidamente para a COMPROVAÇÃO do ATO CONCESSÓRIO. o grau de inadimplemento foi TOTAL. 3 Reclamada pela DEFESA: a) RE 02/0351120002 (fls.136/138): Basta uma conferência da Nomenclatura Comum do Mercosul NCM para se atestar que ele 7313.00.00 constava do Ato Concessório nº 2503 01/0001317, de 28/9/2001, encontrando se dentro da classificação do tipo de arame farpado, porque o distanciador de cerca é um tipo de arame farpado. Portanto, devidamente previsto no Ato Concessório o produto exportado, ao contrário do que afirmado pela autoridade julgadora.(grifei) 10 CÓDIGOS DA MERCADORIA: a NCM.: 7313000000 ARAME FARPADO E OUTROS DE DE FERRO,AÇO, UTIL. EM CERCA (...) 11 DESCRIÇÃO DA MERCADORIA: DISTANCIADOR DE CERCA 100 PC Quanto a esse item de apreciação valem os mesmos fundamentos aduzidos na segunda matéria analisada, não merecendo reparos na decisão de piso cujos excertos pertinentes se transcreve a seguir: A utilização, por parte do interessado, de RE°s relativos a exportação de mercadorias diferentes daquelas previstas no Ato Concessório, foi parcialmente refutada na peça impugnatória. Embora admita explicitamente que tal ocorreu para o RE n° 03/0037151 003, alega que para o RE n° 02/0351120002, “esqueceuse de incluir no aditivo” a mercadoria “distanciador de cerca”, mas que o NCM de tal mercadoria está previsto no AC. Ora, a mercadoria importada ou exportada há que coincidir com o autorizado no AC, não apenas com o código tarifário de outras, ali previstas. Portanto, os RE”s mencionados no item 3 não se prestam igualmente à comprovação de adimplemento do compromisso de exportar.(grifei). 4 RE's RELATIVOS A EXPORTAÇÕES EFETIVADAS APÓS O PRAZO FINAL DO ATO CONCESSÓRIO Quanto à quarta matéria em análise verificase que o Ato Concessório n° 250301/0001317, emitido pelo Banco do Brasil em 28/09/2001 teve seu prazo de validade prorrogado pelo 2° aditivo, nº 250302/00001352, de 24/05/02, fl.60, para até 22/03/2003. Constatou porém a fiscalização a seguinte situação quanto aos 2 REs abaixo identificados. Fl. 349DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 04/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREI RA AGUIAR 16 Documento de exportação RE Data de embarque/averbação Quantidade declarada 02/1336770002 (fls.147/148) 05/03/2004 370 rolos/14.160 kg 03/0043632001(fls.155/156) 05/03/2004 980 rolos/42.238 kg Da exegese do art. 317 do RA, já destacado no presente voto inferese que expedido um Ato Concessório, o beneficiário responsabilizase pelos termos nele acordados, inclusive quanto aos prazos constantes no referido ato. O art. 318 do mesmo diploma legal, que por sua vez, estabelece: “Art. 318 – De conformidade com o artigo 250, o pagamento dos tributos exigíveis nas importações efetuadas no regime previsto nesta Seção poderá ser suspenso pelo prazo de até 1(um) ano, prorrogável por período não superior a 1 (um) ano (DecretoLei nº 1.722/79, artigo 4º). § 1º – Nos casos de importação de mercadorias destinadas à produção de bens de capital de longo ciclo de fabricação, será observado o disposto na letra “a”, do § 4º, do art. 250. (1) § 2º – Os prazos de suspensão de que trata este artigo terão como termo final o fixado para a exportação, no ato concessório.”(grifei). Verificase das disposições dos artigos 46/49 da da Instrução Normativa SRF nº 28, de 1994, vigente à época dos fatos que a averbação é o ato final do despacho de exportação e consiste na confirmação, pela fiscalização aduaneira, do embarque, de modo que somente despachos de exportação averbados podem confirmar a efetiva exportação da mercadoria para o exterior, para todos os fins, portanto, de fato procedeu a fiscalização aduaneira naquilo que lhe competia . Com efeito, ressaltese que a averbação do embarque ou da transposição de fronteira, no SISCOMEX (Grande Porte), confirma e valida a data de embarque, de modo a arguição de equívoco não se mostra suficiente para desconstituir a prova dos autos. Anotese ainda a decisão de piso quanto a esse aspecto em análise: Anexa, para comprovar suas alegações cópias dos DDEs (extratos do despacho), às fls. 253/254 e 255/56. Examinandose os documentos anexados, notase que nos mesmos consta a data de embarque; como 05/03/04. Se houve equívoco do interessado, o mesmo não providenciou sua correção, motivo pelo qual tais REs não se prestam igualmente à comprovação de adimplemento do compromisso de exportar.(grifei) Por todo o exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário. [Assinado digitalmente] Maria do Socorro Ferreira Aguiar Fl. 350DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 04/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREI RA AGUIAR Processo nº 13855.002107/200504 Acórdão n.º 3302003.084 S3C3T2 Fl. 342 17 Fl. 351DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 04/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREI RA AGUIAR
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Numero do processo: 10783.720365/2012-90
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 28 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Feb 04 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/10/2009 a 31/12/2009
COFINS. NÃO-CUMULATIVIDADE. PEDIDO DE RESSARCIMENTO E COMPENSAÇÃO. GLOSAS EFETUADAS NO PROCESSO DE LANÇAMENTO. DECISÕES INTERDEPENDENTES.
Mantidas as glosas no julgamento do processo de lançamento fiscal, referentes ao mesmo período de apuração, por consequência, devem ser indeferidos os pedidos de ressarcimentos e compensações advindos dos créditos glosados.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3301-002.785
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. Vencida a Conselheira Maria Eduarda Alencar Câmara Simões que dava provimento.
Andrada Márcio Canuto Natal - Presidente relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrada Márcio Canuto Natal, Francisco José Barroso Rios, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, José Henrique Mauri, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Luiz Augusto do Couto Chagas, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/10/2009 a 31/12/2009 COFINS. NÃO-CUMULATIVIDADE. PEDIDO DE RESSARCIMENTO E COMPENSAÇÃO. GLOSAS EFETUADAS NO PROCESSO DE LANÇAMENTO. DECISÕES INTERDEPENDENTES. Mantidas as glosas no julgamento do processo de lançamento fiscal, referentes ao mesmo período de apuração, por consequência, devem ser indeferidos os pedidos de ressarcimentos e compensações advindos dos créditos glosados. Recurso Voluntário Negado.
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NÃOCUMULATIVIDADE. PEDIDO DE RESSARCIMENTO E COMPENSAÇÃO. GLOSAS EFETUADAS NO PROCESSO DE LANÇAMENTO. DECISÕES INTERDEPENDENTES. Mantidas as glosas no julgamento do processo de lançamento fiscal, referentes ao mesmo período de apuração, por consequência, devem ser indeferidos os pedidos de ressarcimentos e compensações advindos dos créditos glosados. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. Vencida a Conselheira Maria Eduarda Alencar Câmara Simões que dava provimento. Andrada Márcio Canuto Natal Presidente relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrada Márcio Canuto Natal, Francisco José Barroso Rios, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, José Henrique Mauri, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Luiz Augusto do Couto Chagas, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 78 3. 72 03 65 /2 01 2- 90 Fl. 17329DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10783.720365/201290 Acórdão n.º 3301002.785 S3C3T1 Fl. 17.296 2 Relatório Por economia processual, adoto o relatório elaborada na decisão recorrida, abaixo transcrito: Tratase de pedido de reconhecimento de direito creditório (ressarcimento) de Cofins do 4° trimestre de 2009, no valor de R$489.980,10 (quatrocentos e oitenta e nove mil, novecentos e oitenta reais e dez centavos), oriundo do sistema de não cumulatividade (fls. 2/9). A autoridade fiscal decidiu pela improcedência do pedido, conforme Despacho Decisório de fl. 15, com fundamento na Informação Fiscal SEFIS/DRF/VIT/ES n° 12/2012, às fls. 10/14, onde alega que: 1. NICCHIO SOBRINHO CAFÉ foi objeto de procedimento de auditoria amparado pelo Mandado de Procedimento Fiscal Fiscalização n° 07.2.01.00002011014792 que teve como escopo a verificação de pretensos créditos, oriundos principalmente da aquisição de café para revenda, deduzidos contabilmente dos valores devidos das contribuições não cumulativas para o PIS/COFINS, bem como utilizados na compensação de tributos e contribuições mediante pedido de ressarcimento/compensação por meio de PER/DCOMP; 2. a auditoria fiscal comprovou à saciedade que a Empresa autuada apropriouse de créditos integrais fictos decorrentes da compra de café, razão pela qual foram objeto de glosas; 3. a Empresa autuada lançou mão de um ardil disseminado por todo o estado do Espírito Santo e de Minas Gerais, que consiste na interposição fraudulenta de pseudoatacadista para dissimular vendas de café de pessoa física para empresas exportadoras e torrefadoras, gerando créditos ilícitos; 4. as investigações originadas na operação fiscal "TEMPO DE COLHEITA", deflagrada pela DRF/Vitória, em outubro de 2007, resultaram na comunicação de tais fatos ao Ministério Público Federal; 5. em 01/06/2010, deflagrouse a operação BROCA parceria do Ministério Público, Polícia Federal, e Receita Federal, onde foram cumpridos mandados de busca e apreensão em 74 locais, dentre os quais os estabelecimentos da NICCHIO SOBRINHO CAFÉ; 6. a criação e utilização dessas meras figuras formais, travestidas de atacadistas de café em grão, provocaram e provocam notável distorção no mercado de café, beneficiando torrefadoras e grandes exportadoras; 7. na NICCHIO SOBRINHO CAFÉ, o valor das notas fiscais em nome dessas empresas de fachada "laranjas" ultrapassou o valor de R$256 MILHÕES; Fl. 17330DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10783.720365/201290 Acórdão n.º 3301002.785 S3C3T1 Fl. 17.297 3 8. provas e documentos produzidos durante os trabalhos fiscais constam do processo fiscal n° 10783.720371/201247, desse modo, a Informação Fiscal e Despacho Decisório, bem como o aludido processo serão cientificados simultaneamente à Empresa, por se tratarem do mesmo objeto, qual seja: análise, glosa e recomposição dos créditos a descontar. Devidamente cientificada, em 12/03/2012 (fl. 24), a interessada apresentou, às fls. 30 e seguintes, em 11/04/2012, a correspondente Manifestação de Inconformidade, onde alegou, na mesma linha da impugnação nos autos do PAF n° 10783.720371/201247, em resumo, que: 1. se impõe a nulidade da decisão, pois houve cerceamento do direito de defesa e do contraditório, vez que a autuada não pode participar da produção da prova, o que gera a invalidade do MPF; 2. a Autoridade Administrativa em momento algum oportunizou à empresa o direito de participar da colheita dos depoimentos prestados pelos produtores rurais, corretores e maquinistas; 3. o mesmo raciocínio se aplica aos documentos que a Receita diz ter recebido do Ministério Público; 4. o direito de crédito decorrente da nãocumulatividade está de acordo com a legislação, pois adquiriu bens de pessoa jurídica domiciliada no País para posterior revenda; 5. as aquisições de bens se deram por intermédio de pessoas jurídicas ativas no CNPJ e no Sintegra, com documentos que não foram declarados inidôneos e pagamentos efetuados por meio de transferência bancária; 6. não há atribuição legal, nem possibilidade de a empresa exportadora verificar a atuação da empresa intermediária, pois tal procedimento cabe à Receita Federal; 7. as empresas citadas como supostamente laranjas procediam por intermédio de corretores de café, vendendo para todo mercado brasileiro, sendo a Impugnante uma das adquirentes; 8. ao adquirir 'café cru em grão' o revende no mercado externo, em alguns casos, antes da revenda, o rebeneficia, sem o exercício cumulativo das atividades de padronizar, beneficiar, preparar e misturar tipos ou separar por densidade dos grãos; 9. o adquirente das sociedades cooperativas de produção agropecuária tem direito ao aproveitamento integral dos créditos da contribuição em referência, porque estas não têm direito à manutenção dos créditos ordinários originados da aquisição de bens e serviços; 10. a cadeia produtiva do café a ser exportado pressupõe três etapas; 11. na primeira etapa, a venda de café de pessoa física, produtor rural, não há Cofins incidente sobre a venda para cooperativa, mas a venda de pessoa jurídica (cerealista, agropecuária e sociedade cooperativa) para cooperativa de produtos do código NCM 9.01, fazse mediante suspensão da exigibilidade; Fl. 17331DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10783.720365/201290 Acórdão n.º 3301002.785 S3C3T1 Fl. 17.298 4 12. o adquirente necessita ter os requisitos apontados na legislação para que a suspensão citada seja aplicável: lucro real, exerça as atividades citadas no §6° do art. 8°, caput, da Lei n° 10.925/2004, e utilização do produto in natura ou insumo na fabricação de produtos classificados no capítulo 9 da NCM; 13. em virtude da suspensão na etapa anterior sociedades cooperativas de produção agropecuária têm direito ao aproveitamento presumido dos créditos da contribuição, visto que produzem "café cru em grão"; 14. a sociedade cooperativa de produção agropecuária, inclusive agroindustrial, antes adquirente na 1a etapa, agora, fornecedora, vende "café cru em grão" beneficiado para empresa exportadora, no caso, a empresa ora impugnante; 15. nesse caso, a recorrente/adquirente tem direito ao aproveitamento do crédito integral, se a venda decorre de ato nãocooperativo; 16. se a venda decorre de ato cooperativo, a recorrente/adquirente também tem direito ao aproveitamento do crédito integral, mas a legislação prevê ajuste na base de cálculo; 17. a autoridade fiscal desconsiderou uma das etapas do processo produtivo do café, mais especificamente, a 2a etapa; 18. somente na saída do café in natura, destinado à utilização como insumo de produção do café cru em grão, é obrigatória a suspensão da exigibilidade da Cofins, assim, o aproveitamento do crédito presumido ocorre apenas na segunda etapa, não sendo o caso da impugnante que atua na terceira etapa; 19. se os fornecedores da impugnante deixaram de recolher tributos ou apresentaram declarações falsas não cabe a esta qualquer responsabilidade; 20. responsabilidade solidária aplicase somente ao sujeito passivo e decorre sempre de lei, não podendo ser presumida; 21. a impugnante, se solicitada, entregaria os documentos de registros de CNPJ e Sintegra a respeito dos seus fornecedores, e, ainda, notas fiscais e comprovantes de pagamento; 22. a responsabilidade solidária não pode ser presumida, deve ser provada, como não foi provada, a compensação/ressarcimento deve ser deferida; 23. não há prova de dolo, e, além disso, a multa de 150% viola os princípios da proporcionalidade e do nãoconfisco. A inconformada cita legislação, doutrina e jurisprudência e, com base na argumentação expendida, requer: 1. produção de novas provas mediante diligências para conferência das notas fiscais, pagamentos efetuados e cadastros das pessoas jurídicas fornecedoras; Fl. 17332DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10783.720365/201290 Acórdão n.º 3301002.785 S3C3T1 Fl. 17.299 5 2. deferimento da juntada de documentos que acompanham a Manifestação de Inconformidade; 3. reforma da decisão exarada e reconhecimento integral do crédito de ressarcimento pleiteado, visando homologação da compensação declarada; 4. reconhecimento integral do direito creditório de PIS/Cofins decorrente das aquisições de cooperativa. Ao julgar referida manifestação de inconformidade, a 17ª Turma da DRJ/Rio de Janeiro1 proferiu o Acórdão nº 1255678, de 09/05/2013, com a seguinte ementa: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/10/2009 a 31/12/2009 Fraude. Dissimulação. Desconsideração. Negócio Ilícito. Comprovada a existência de simulação/dissimulação por meio de interposta pessoa, com o fim exclusivo de afastar o pagamento da contribuição devida, é de se glosar os créditos decorrentes dos expedientes ilícitos, desconsiderando os negócios fraudulentos, a fim de fazer recair a responsabilidade tributária, acompanhada da devida multa de ofício, sobre o sujeito passivo autuado. Uso de Interposta Pessoa. Inexistência de Finalidade Comercial. Dano ao Erário. Caracterizado. Negócios efetuados com pessoas jurídicas, artificialmente criadas e intencionalmente interpostas na cadeia produtiva, sem qualquer finalidade comercial, visando reduzir a carga tributária, além de simular negócios inexistentes para dissimular negócios de fato existentes, constituem dano ao Erário e fraude contra a Fazenda Pública, rejeitandose peremptoriamente qualquer eufemismo de planejamento tributário. Cooperativa. Regime de Suspensão da exigibilidade. Obrigatoriedade. A obrigatoriedade do regime de suspensão de exigibilidade do crédito tributário, no âmbito da nãocumulatividade de PIS e Cofins, nas vendas da cooperativa agropecuária para a agroindústria, não se desqualifica pelo descumprimento de obrigações acessórias impostas às partes envolvidas no negócio, havendo, por outro lado, o benefício fiscal do crédito presumido para o adquirente. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/10/2009 a 31/12/2009 Nulidade Não padece de nulidade a decisão, lavrada por autoridade competente, contra o qual o contribuinte pode exercer o Fl. 17333DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10783.720365/201290 Acórdão n.º 3301002.785 S3C3T1 Fl. 17.300 6 contraditório e a ampla defesa, onde constam os requisitos exigidos nas normas pertinentes ao processo administrativo fiscal. Juntada de Novas Provas A prova documental deve ser apresentada na impugnação; precluído o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, exceto quando justificado por motivo legalmente previsto. Diligência. Perícia. Desnecessária. Indeferimento Indeferese o pedido de diligência (ou perícia) quando a sua realização revelese prescindível ou desnecessária para a formação da convicção da autoridade julgadora. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Não concordando com referida decisão o contribuinte apresentou recurso voluntário, fls. 17.113 em diante, por meio do qual apresenta basicamente os mesmos argumentos colocados em sua manifestação de inconformidade e que podem ser assim resumidos. nulidade do auto de infração e processo administrativo fiscal em face do cerceamento ao amplo direito de defesa. Argumenta que não foram observados o art. 5º, inc. LIV e LV da CF e os art. 2º, inc. X, 3º, inc. III, e 38 da Lei nº 9.784/99. Isto porque os depoimentos pessoais de testemunhas colhidos e utilizados foram realizados à sua revelia. Afirma que a fiscalização parte "de constatações fáticas particulares, pontuais e unilaterais para, com isso, construir uma 'conclusão generalizada' sobre o mercado e a empresa fiscalizada. Cita doutrina e jurisprudência do CARF para fundamentar as suas razões; nulidade da decisão recorrida por ter se valido de provas ilícitas. De acordo com o recorrente a decisão se valeu, em alguns de seus trechos, de provas colhidas no inquérito policial que embasou a ação penal da Operação Broca, autos nº 2008.50.05.005.383, ação que fora trancada por força do HC nº 2012.02.01.0143115, impetrado diretamente no TRF da 2ª Região. Transcreve ementa do citado HC a qual afirma a inexistência de crime de estelionato e de quadrilha; que deve ser mantido o seu direito ao aproveitamento dos créditos de PIS e Cofins, uma vez que foram cumpridos, por parte do recorrente, todos os requisitos necessários à utilização dos referidos créditos, quais sejam, "a) aquisição de mercadorias de fornecedoras enquadradas na situação jurídica 'ativa' na RFB; b) emissão de nota fiscal de venda e registro das mesmas na contabilidade da empresa interessada; c) pagamento integral no preço via TED na conta corrente que as fornecedoras mantinham nos bancos mais tradicionais do País e d) real ingresso da mercadoria no estoque da adquirente". Relaciona, por amostragem, o nome de uma série de fornecedoras que estariam regulares na época da aquisição das mercadorias. Cita jurisprudência do STJ no sentido de que a obrigatoriedade de verificar a idoneidade de documentos e de regularidade da empresa é do fisco e não do contribuinte; Fl. 17334DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10783.720365/201290 Acórdão n.º 3301002.785 S3C3T1 Fl. 17.301 7 afirma que "não há nos autos qualquer documento ou outro meio de prova que vincule a empresa recorrente às fornecedoras de café, senão na condição de compradora das mercadorias que lhes foram vendidas". Que na condição de compradora, a regra era a utilização do "corretor de café" para intermediar as operações de compra e venda, não sendo comum um relacionamento comercial entre o produtor e o adquirente do café. Desta forma, não havia preocupação da empresa em buscar maiores informações a respeito da fornecedora, sendo que todas as operações de compra estão devidamente registradas na contabilidade e escrita fiscal, fazendo prova em seu favor; sustenta que a Receita Federal, está tentando de maneira oblíqua fazer com que o recorrente repare o erário por obrigações tributárias que seriam de responsabilidade de suas fornecedoras de café. Defende que a legislação do PIS/Cofins não atribui como requisito para manutenção dos créditos tributários "ter ou não ter a vendedora armazém, imóvel próprio ou alugado, quantidade mínima ou máxima de funcionários, etc.". Cita doutrina para concluir que cabe ao fisco o ônus de provar o fato constitutivo do lançamento e também a improcedência do fato impeditivo de seu direito ao crédito, com base no art. 9º do Decreto nº 70.235/72; que enquanto a Receita Federal não declarar a inidoneidade, ou inaptidão, das pessoas jurídicas, atribuição que lhe é exclusiva, não há que falar em invalidade das aquisições dos créditos tributários efetuados, uma vez que foram adquiridos de empresas com seu funcionamento regular perante o cadastro do CNPJ; não há prova de fraude ou dolo, e, além disso, a multa de 150% viola os princípios da proporcionalidade e do nãoconfisco; cita a legislação de regência no sentido de garantir o direito ao aproveitamento integral do crédito nas aquisições de café das cooperativas. Cita, o que segundo ele seriam as três etapas de beneficiamento do café, para concluir que na aquisição das cooperativas ele não atua na 2ª etapa, que seria o beneficiamento propriamente dito, e nesta condição a aquisição do café das cooperativas seria integralmente tributada gerando por consequência direito ao integral aproveitamento dos créditos de PIS e Cofins; insiste na realização de diligência para "i) conferir todas as compras da RECORRENTE, sobretudo as notas fiscais dos fornecedores, ii) os comprovantes de pagamento das operações via depósito bancário na conta corrente das empresas, bem como iii) os cadastros das pessoas jurídicas atacadistas de café nas Receitas Federal e Estadual, no período em que ocorreram aquisições de bens". Segundo a defesa a diligência também seria importante para "conferência da legalidade das aquisições provenientes do estado de Minas Gerais, principalmente do Município de Manhuaçu". É o relatório. Fl. 17335DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10783.720365/201290 Acórdão n.º 3301002.785 S3C3T1 Fl. 17.302 8 Voto Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais pressupostos legais de admissibilidade, por isso deve ser conhecido. Conforme o que tudo dos autos consta, a glosa de créditos de Cofins realizadas no presente processo é decorrência da fiscalização realizada no contribuinte a qual gerou o processo administrativo fiscal nº 10783.720371/201247, no qual houve toda a glosa dos créditos e recomposição de toda a apuração do PIS e da Cofins no regime da não cumulatividade, gerando os correspondentes autos de infração. De forma que o destino do julgamento do presente processo é totalmente dependente do que for decidido no processo nº 10783.720371/201247. Mantido os lançamentos naquele processo, forçoso é manter o indeferimento do pedido de ressarcimento e a não homologação das compensações constantes do presente processo. Da mesma forma a anulação de glosas constantes naquele processo gerariam efeitos correspondentes no presente processo, de acordo com o período de apuração a que se refere. Esclareço ainda que os argumentos de defesa utilizados pelo contribuinte no processo nº 10783.720371/201247, são idênticos aos utilizados no presente processo. De forma que já analisei aquele processo, proferindo voto pela manutenção do lançamento, o qual peço vênia para transcrevêlo abaixo, utilizandoo como razão para negar provimento ao presente recurso voluntário. (...) Nulidade do Lançamento O recorrente solicita a nulidade dos autos de infração e do processo administrativo fiscal em face do cerceamento ao amplo direito de defesa. Argumenta que não foram observados o art. 5º, inc. LIV e LV da CF e os art. 2º, inc. X, 3º, inc. III, e 38 da Lei nº 9.784/99. Isto porque os depoimentos pessoais de testemunhas colhidos e utilizados foram realizados à sua revelia. Esclareço que não vislumbrei nos autos de infração constantes do presente processo, qualquer mácula que pudessem tornálos nulos. Prescreve o art. 59 do Decreto nº 70.235/72, com a redação dada pela Lei nº 8.748/93: Art. 59 São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa; Fl. 17336DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10783.720365/201290 Acórdão n.º 3301002.785 S3C3T1 Fl. 17.303 9 Todos os atos praticados no presente processo foram executados por pessoa competente e sem preterição do direito de defesa. Cumpre verificar que foram observados os requisitos fundamentais à validade do ato administrativo. Art. 10, inc. III e IV do Decreto 70.235/72: Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: (...). III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável. Por sua vez, assim dispõe o art. 142 do CTN: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. Verificase que constam adequadamente descritos os fatos apurados pela autoridade, a fundamentação legal, a matéria tributável, os valores apurados e os fatos motivadores da autuação, permitindo ao contribuinte conhecer todos os elementos componentes da ação fiscal e, assim, propiciandolhe todos os meios para livre e plenamente manifestar suas razões de defesa. Não há nem incerteza e nem falta de liquidez na autuação, pois o valor exigido está apontado e a matéria tributável devidamente caracterizada e fundamentada. A análise de mérito destas questões podem levar à improcedência do lançamento e não a sua nulidade. O contribuinte insiste que houve cerceamento ao seu amplo direito de defesa e que não teriam sido observados o art. 5º, inc. LIV e LV da CF e os art. 2º, inc. X, 3º, inc. III, e 38 da Lei nº 9.784/99. Vejamos o que dispõe estes dispositivos constitucionais e legais. Constituição Federal Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindose aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) Fl. 17337DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10783.720365/201290 Acórdão n.º 3301002.785 S3C3T1 Fl. 17.304 10 LIV ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; LV aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; (...) Lei nº 9.784/99 Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: (...) X garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações finais, à produção de provas e à interposição de recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de litígio; (...) Art. 3o O administrado tem os seguintes direitos perante a Administração, sem prejuízo de outros que lhe sejam assegurados: (...) III formular alegações e apresentar documentos antes da decisão, os quais serão objeto de consideração pelo órgão competente; (...) Art. 38. O interessado poderá, na fase instrutória e antes da tomada da decisão, juntar documentos e pareceres, requerer diligências e perícias, bem como aduzir alegações referentes à matéria objeto do processo. § 1o Os elementos probatórios deverão ser considerados na motivação do relatório e da decisão. § 2o Somente poderão ser recusadas, mediante decisão fundamentada, as provas propostas pelos interessados quando sejam ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou protelatórias. Fl. 17338DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10783.720365/201290 Acórdão n.º 3301002.785 S3C3T1 Fl. 17.305 11 Vêse que a Constituição Federal garante no processo administrativo o contraditório e ampla defesa e que ninguém seja privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal. Ora o contribuinte está exercendo o seu direito de ampla defesa. O Decreto nº 70.235/72, o qual regulamenta o processo administrativo tributário, garante duas instâncias administrativas para apresentação da defesa ao lançamento fiscal. Para tanto foi apresentada impugnação ao lançamento e agora, diante de improcedência da impugnação, está sendo apreciado o recurso voluntário. E nem há que se falar que o contribuinte esteja sendo privado de seus bens ou de sua liberdade, sem o devido processo legal, pois o objeto do presente processo é a exigência de crédito tributário e seus consectários legais, cuja exigibilidade está suspensa até a trânsito em julgado do presente processo. Não foi negado acesso ao contribuinte de nenhum elemento de prova constante do presente processo. Tanto é que ele faz referência aos depoimentos pessoais utilizados para compor a convicção da acusação fiscal. No caso a lei não determina que é direito do acusado de participar da tomada de depoimentos e demais diligências realizadas previamente ao lançamento fiscal. Ficaria até impraticável a realização da fiscalização nos contribuintes, caso eles tivessem que obrigatoriamente estar presentes em todos os atos fiscalizatórios. Não houve qualquer afronta aos dispositivos legais da Lei nº 9.784/99, acima citados. No presente caso, o contribuinte está exercendo o seu direito de defesa de forma plena. O fato de os autos de infração terem sido lavrados após colhidos os depoimentos de terceiros e coleta de provas e informações diversas, mas sem intimação prévia do contribuinte, não implica em qualquer ilegalidade. O contencioso administrativo só se inicia, nos termos do art. 14 do Decreto nº 70.235/72 com a apresentação da impugnação ao lançamento por parte do contribuinte. Inclusive, nos termos da Súmula CARF nº 46, "o lançamento de ofício pode ser realizado sem prévia intimação ao sujeito passivo, nos casos em que o Fisco dispuser de elementos suficientes à constituição do crédito tributário". Portanto afasto a preliminar de nulidade do auto de infração. Nulidade de Decisão Recorrida O contribuinte pede a nulidade da decisão recorrida por ela ter se valido de provas ilícitas. De acordo com o recorrente a decisão se valeu, em alguns de seus trechos, de provas colhidas no inquérito policial que embasou a ação penal da Operação Broca, autos nº 2008.50.05.005.383, ação que fora trancada por força do HC nº 2012.02.01.0143115, impetrado diretamente no TRF da 2ª Região. Transcreve ementa do citado HC a qual afirma a inexistência de crime de estelionato e de quadrilha. O objetivo do julgamento no processo administrativo é aferir a legalidade dos atos administrativos, para que estes coadunemse o mais próximo possível com a legislação tributária. O art. 31 do Decreto nº 70.235/72 que regula o processo administrativo fiscal, assim dispõe sobre o conteúdo da decisão de 1ª instância: Art. 31. A decisão conterá relatório resumido do processo, fundamentos legais, conclusão e ordem de intimação, devendo referirse, expressamente, a todos os autos de infração e notificações de lançamento objeto do processo, bem como às razões de defesa suscitadas pelo impugnante contra todas as exigências. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) Fl. 17339DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10783.720365/201290 Acórdão n.º 3301002.785 S3C3T1 Fl. 17.306 12 Por sua vez, o art. 59, inc. II do mesmo decreto aborda as situações quanto à nulidade dos atos adminsitrativos: Art. 59 São nulos: (...); II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Vêse que a decisão a quo foi proferida por autoridade competente, está devidamente fundamentada e aborda todas as razões de defesa suscitadas pelo contribuinte em sua impugnação. Não houve preterimento do direito de defesa, tanto é que o contribuinte em seu recurso voluntário denota perfeita compreensão do que foi decidido. Quanto a afirmativa de que a decisão teria sido embasada em elementos de prova declarados ilícitos pelo TRF da 2ª Região no HC nº 2012.02.01.0143115, concluo que esta afirmação não está correta. Neste sentido é relevante transcrever o trecho do recurso voluntário: (...) "Não obstante tais transcrições serem um absurdo por si só, é imperioso registrar que esses elementos probatórios encaixamse no conceito de prova ilícita, pois ação penal na qual se encontra vinculada (autos nº 2008.50.05.005383) foi trancada, isto é, extinta, por força da decisão proferida no HC n. 2012.02.01.0143115, impetrado diretamente no colendo TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2ª REGIÃO. (Doc 02). No referido habeas corpus, a egrégia Primeira Turma Especializada do TRF da 2ª Região afirmou categoricamente a inexistência de crime de estelionato, bem como afastou com todo acerto a existência de crime de quadrilha. Eis a ementa do acórdão, cuja relatoria foi confiada ao eminente e culto Des. ANTÔNIO IVAN ATHIE (doc. 02): EMENTA: Princípio da especialidade. Ações visando redução e/ou não recolhimento de tributos não configura estelionato, face estarem tipificadas na Lei 8137/90. Artigo 12 do Código Penal. Tampouco existe eventual crime de quadrilha antes de existir o próprio crime que, em tese, fora praticado. Adaptação do voto do relator neste sentido, adotando a tese desenvolvida pelo Des. Abel Gomes, no julgamento. Ordem concedida, estendida aos demais acusados, para trancar a ação penal. (...) Da leitura da ementa resta claro que não houve qualquer declaração de que as provas obtidas e disponibilizadas à Receita Federal sejam ilícitas. A conclusão é evidente no sentido de que, pelo princípio da especialidade das penas, o crime que Fl. 17340DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10783.720365/201290 Acórdão n.º 3301002.785 S3C3T1 Fl. 17.307 13 pode ter sido praticado pelos acusados é o previsto na Lei nº 8.137/90, ou seja, crime contra a ordem tributária. Portanto a ação penal que tratava dos crimes de estelionato e formação de quadrilha foi extinta. Claro que o crime contra a ordem tributária de que trata a Lei nº 8.137/90 não era objeto daquela ação penal, pois nestes casos, a denúncia só pode ser oferecida após a constituição definitiva do crédito tributário, a qual se dá após o trânsito em julgado dos processos de lançamento fiscal. Desta forma, afasto a preliminar de nulidade da decisão recorrida, suscitada pelo contribuinte em seu recurso voluntário. Mérito Glosa dos Créditos de PIS e Cofins nas Aquisições de Pseudo Atacadistas. O contribuinte argumenta em sua defesa que deve ser mantido o seu direito ao aproveitamento dos créditos de PIS e Cofins, uma vez que foram cumpridos, por parte do recorrente, todos os requisitos necessários à utilização dos referidos créditos, quais sejam, "a) aquisição de mercadorias de fornecedoras enquadradas na situação jurídica 'ativa' na RFB; b) emissão de nota fiscal de venda e registro das mesmas na contabilidade da empresa interessada; c) pagamento integral no preço via TED na conta corrente que as fornecedoras mantinham nos bancos mais tradicionais do País e d) real ingresso da mercadoria no estoque da adquirente". Relaciona, por amostragem, o nome de uma série de fornecedoras que estariam regulares na época da aquisição das mercadorias. Cita jurisprudência do STJ no sentido de que a obrigatoriedade de verificar a idoneidade de documentos e de regularidade da empresa é do fisco e não do contribuinte. Afirma que "não há nos autos qualquer documento ou outro meio de prova que vincule a empresa recorrente às fornecedoras de café, senão na condição de compradora das mercadorias que lhes foram vendidas". Que na condição de compradora, a regra era a utilização do "corretor de café" para intermediar as operações de compra e venda, não sendo comum um relacionamento comercial entre o produtor e o adquirente do café. Desta forma, não havia preocupação da empresa em buscar maiores informações a respeito da fornecedora, sendo que todas as operações de compra estão devidamente registradas na contabilidade e escrita fiscal, fazendo prova em seu favor. Toda esta argumentação já havia sido apresentada na sua impugnação e foi rebatida de forma didática pela decisão recorrida. Da análise dos elementos apresentados pelo contribuinte em sua defesa constato que o conjunto de provas trazidos pela fiscalização são contundentes no sentido de que a recorrente efetivamente participou conscientemente de um esquema fraudulento para burlar a legislação tributária, sobretudo o aproveitamento de créditos de PIS e Cofins de maneira indevida. As inúmeras notas fiscais de aquisição de café apresentadas pelo contribuinte e sua escrituração contábil e fiscal não afasta a acusação fiscal, ao contrário, o aproveitamento dos créditos depende efetivamente de todo os elementos apresentados pelo contribuinte, quais sejam: a) aquisição de mercadorias; b) emissão de nota fiscal de venda por parte do vendedor e seu registro na contabilidade do adquirente; c) pagamento do preço; e d) real ingresso da mercadoria no estoque da adquirente. Ora, a acusação fiscal não nega estes fatos, ao contrário concorda que foram realizados, mas relata com detalhes impressionantes, que tudo isto foi orquestrado para simular a verdadeira operação engendrada na compra do café, ou seja, foi colocado artificialmente entre o produtor rural e os verdadeiros adquirentes do produto, empresas atacadistas que só existiam para emissão de nota fiscal intermediária para permitir o aproveitamento indevido de créditos de PIS e Cofins. Fl. 17341DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10783.720365/201290 Acórdão n.º 3301002.785 S3C3T1 Fl. 17.308 14 Longe de escorada em simples presunção, como argúi a Recorrente, a autuação encontra suporte fático, restando comprovada a simulação nas operações de compra às pessoas jurídicas atacadistas, já que de fato eram realizadas aos produtores pessoas físicas. O Termo de Encerramento da Ação Fiscal, fls. 1660/1962, é bastante detalhado e não há razão ao contribuinte em afirmar que não foi cumprido o art. 9º do Decreto nº 70.235/72. Por economia processual e considerando que o contribuinte não rebateu especificamente as conclusões decorrentes do acórdão recorrido, transcrevo abaixo parte do voto, no qual fica evidente sua participação no esquema de fraude. Portanto com base no § 1º do art. 50 da Lei nº 9.784/99, utilizo partes da própria decisão recorrida como razões de decidir. (...) No quadro legal de regime nãocumulativo, que então se instituía, passou a ser tributariamente interessante adquirir bens e serviços de pessoa jurídica, e não diretamente de pessoa física/produtor rural. Assim, optar por uma pessoa jurídica, no caso atacadista de café, em detrimento de um produtor rural pessoa física, pode situarse de fato no domínio do assim chamado planejamento tributário do adquirente. Embora, claro, a introdução de um elo a mais na cadeia produtiva eleve os custos desse adquirente, pois aquele atacadista intermediário, além de seus custos operacionais normais, deverá recolher as contribuições incidentes sobre as receitas auferidas nas suas alíquotas normais (1,65% e 7,6%), podendo se creditar no percentual de apenas 35% do crédito, calculado com as mesmas alíquotas. Evidenciase, então, que a aquisição da mercadoria da Pessoa Jurídica, ao invés da aquisição direta do produtor rural, embora, resulte para o adquirente creditamento integral, o seu custo de aquisição necessariamente será maior. De qualquer forma, a escolha por uma forma, ou outra, poderá fazer parte de um planejamento tributário, sem qualquer óbice legal. Situação bem diferente é aquela em que a pessoa jurídica atacadista introduzse nesta cadeia sob os auspícios do adquirente, sob uma aparência de regularidade formal, apenas para gerar crédito para o comprador; porque, neste caso, o procedimento só gera uma vantagem global apreciável, para ambos, se este atacadista não cumprir com ônus tributário que lhe será próprio. Tal situação nada tem de planejamento tributário, tratandose de pura fraude fiscal. As provas dos autos militam a favor de que esta situação tenha de fato ocorrido. Devese notar, em primeiro lugar, que as pessoas jurídicas atacadistas, fornecedoras do contribuinte autuado, constituídas como visto quase todas já em pleno regime da nãocumulatividade, estiveram, quase sempre, em situação irregular no período em que foram fiscalizadas, seja por omissão em relação as suas obrigações acessórias, seja em relação ao pagamento de tributos... (...) No conjunto as empresas deste quadro movimentaram R$ 1,75 bilhão de Reais mas praticamente nada recolheram de PIS/Cofins, no período de 2003/2007. A este quadro de incompatibilidade entre volume financeiro movimentado e total recolhido de tributos, acrescentado de situação de omissão e inatividade declarada inapta, nula, baixada ou suspensa , junta Fl. 17342DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10783.720365/201290 Acórdão n.º 3301002.785 S3C3T1 Fl. 17.309 15 se mais um fato, constatado em diligências nas empresas, nenhuma das empresas diligenciadas possui armazéns, nenhum funcionário contratado e, nenhuma estrutura logística. Ora, tudo que se espera de uma empresa atacadista de café é a existência de uma estrutura que a capacite movimentar grandes volumes de café. Ofende, portanto, a qualquer limite de razoabilidade a inexistência de depósitos, funcionários e logística, encontrando, ao invés disso, escritórios estabelecidos em pequenas salas comerciais de acomodações acanhadas. A fiscalização exemplifica a exiguidade e precariedade das instalações constatadas nas empresas diligenciadas, com a fotografia do estabelecimento da JC BINS (v. fl. 1675), cujo nome fantasia é Cafeeira Colatina, um imóvel de minguados 40 m2, com equipamentos e material de escritório: uma mesa, um armário, meia dúzia de pastas, telefone, fax e um computador. Vale sublinhar, contudo, que este mesmo atacadista de café movimentou mais de 149 milhões de Reais apenas no período de 2006 a 2007 (fls. 1674/1675). A fiscalização fornece outro exemplo de precariedade das instalações, com a fotografia do estabelecimento da Nova Brasília Comércio de Café Ltda (fl. 1678), onde o mesmo quadro de exiguidade das instalações constatadas nas empresas diligenciadas se repete, um imóvel de minguadas dimensões, com equipamentos e material de escritório: duas mesas, duas cadeiras, um armário, meia dúzia de caixas, telefone, fax e um computador. A Empresa, dotada de tal patrimônio, movimentou mais de 300 milhões de Reais, apenas no período de 2007 a 2009. Como fornecedora da Nicchio Sobrinho teria negociado mais de 8 milhões de Reais, apenas no curto período de janeiro a agosto de 2009 (fl. 1679). Tudo indica até aqui que as autodenominadas "atacadistas" são empresas de fachadas, que se prestaram a uma simulação/dissimulação de uma operação de compra e venda de café, pois financeiramente movimentavam grandes somas, mas não tinham como operar com as mercadorias. Além do fato de ter, como se viu, um existência fantasmagórica do ponto de vista da tributação, descumprindo obrigações acessórias e também a principal, consistente em pagar tributo. É cedo, porém, enunciar esta hipótese como provada, embora seja inegável sua plausibilidade. A impugnante alega que se o esquema ocorreu, não foi com sua conivência, que procurava tão somente adquirir café de pessoas jurídicas, afirmando nada ter a ver com qualquer fraude, ou prejuízo que as atacadistas, seus fornecedores, tenham perpetrado contra o Erário. Não é bem assim, como se verá na seqüência. Antônio Gava, inicialmente sócio e depois administrador da Colúmbia, no depoimento que se encontra às fls. 230/232 dos autos, corrobora a tese da auditoria de modo expresso, e, sem peias ou meias palavras, esclarece o modus operandi das empresas envolvidas: Que a Colúmbia funciona como recebedora da nota fiscal do produtor e emissora da nota fiscal de saída, que vai para o real proprietário do café, ou melhor, o verdadeiro comprador de café; Fl. 17343DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10783.720365/201290 Acórdão n.º 3301002.785 S3C3T1 Fl. 17.310 16 O real comprador de café adquire o produto do produtor rural por intermédio de corretores de café; Que os compradores de café efetuam depósitos nas contas correntes da Colúmbia, e esta efetiva o pagamento aos produtores rurais.(destaquei) Registrese que Thiago de Resende Gava, filho de Antônio Gava, antes de fundar a Colúmbia, trabalhou na Nicchio Sobrinho. Logrou a Colúmbia negociar mais de 55 milhões de Reais em fornecimento de café para a Nicchio Sobrinho, apenas no período de 2006/2008. Em outro depoimento à Fiscalização, agora de Alexandre Pancieri, sócio da Do Grão, encontrase apoio para a hipótese de uma ação coordenada no sentido de fraudar a Fazenda Nacional. Todavia, o apoio desta vez vem no sentido de esclarecer outro aspecto da situação sob suspeita: a de que as empresas (ou pelo menos algumas delas) eram previamente montadas, não nasciam de um acordo livre das vontades dos sócios para atuar na mercado, mas eram engendradas por terceiros interessados: Indagado pela fiscalização, ALEXANDRE PANCIERI confirmou figurar no quadro societário da DO GRAO como interposta pessoa e revelou que, na verdade, é classificador de café na FONTE RICA, corretora de seu irmão Paulo Pancieri Júnior. Assegurou que DO GRAO foi constituída a pedido de LUIZ FERNANDO MATTEDE. (fl. 1687) Destacamos a afirmação do sócio da Empresa Do Grão, cujo quadro societário compunhase de apenas dois sócios, que a empresa fora criada "a pedido" do Sr. Luiz Fernando Mattede. A Empresa, dessa forma constituída, movimentou milhões, entre 2003/2006, mas não recolheu absolutamente nada aos cofres públicos a título de tributo, no período. Entre 2006 e 2008, a Do Grão teria negociado cerca de 9 milhões de Reais em café com a Nicchio Sobrinho. Porém, toda a estrutura empresarial da Do Grão restringese a uma pequena sala em Colatina. Vale notar que o Sr. Luiz Fernando Mattede Tomazi, citado no depoimento de Alexandre Pancieri, era um dos administradores da Do Grão, exercendo a função mediante procuração. Foi também um dos sócios fundadores da Acádia Comércio e Exportação Ltda, o outro era Flávio Tardin Faria, que, aliás, era o outro administrador da Do Grão. A Acádia Comércio e Exportação Ltda apresentou recolhimento nulo entre 2003/2009. Luiz Fernando Mattede Tomazi é ainda um dos sócios fundadores da L&L Comércio e Exportação de Café Ltda (fl. 1688), empresa que movimentou milhões entre 2003 e 2006, e apresentou recolhimento ZERO no período. Entre 2008 e 2009, a Do Grão teria negociado cerca de 12 milhões de Reais em café com a Nicchio Sobrinho. Fato notável é que as empresas Do Grão, Acádia e L&L funcionam no mesmo prédio (Av. Silvio Ávidos, Ed. Silver Center) , e ainda têm a Fl. 17344DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10783.720365/201290 Acórdão n.º 3301002.785 S3C3T1 Fl. 17.311 17 companhia de mais quatro empresas fiscalizadas na mesma operação: Colúmbia, JC Bins, Stange's Corretagem e a V Munaldi ME. Fato apenas curioso não se tratassem de "atacadistas de café", atividade que por sua própria natureza exige espaço, funcionários e logística sofisticada. Quanto a esta última empresa citada V Munaldi ME, no depoimento de seu titular de direito Vilson Munaldi (fl. 1689) à Fiscalização é declarado que o verdadeiro proprietário é o Sr. Altair Braz Alves. O Sr. Altair Braz Alves confirmou o depoimento de Vilson Munaldi, admitindo ser o verdadeiro proprietário da V Munaldi ME, embora figurasse o nome daquele nesta condição. Mais esclarecedor ainda é o depoimento de Altair quanto ao modus operandi da engrenagem que vai se revelando como esquema fraudulento para vender notas fiscais e simular elo na cadeia produtiva inexistente, tendo por fim ultimo gerar fictícios créditos de PIS/Cofins no regime da nãocumulatividade. No ano de 2006, a Nicchio Sobrinho registrou mais de 4 milhões de reais em notas da V. Munaldi. O depoimento completo de Altair está às fls. 275/278. Na seqüência, destacam se alguns pontos. O citado depoimento estabelece os seguintes pontos cruciais. Afirma que a empresa V Munaldi ME nunca foi atacadista, nem mesmo sequer atuou no seguimento de compra e venda de café, pois, a empresa foi criada unicamente para fornecer notas fiscais para os verdadeiros compradores de café, que adquiriam a mercadoria diretamente dos produtores rurais. Neste sentido, ao receber a nota fiscal do produtor rural por intermédio de officeboy do verdadeiro comprador, emitia Nota Fiscal de Entrada, e, na mesma data, emitia nota fiscal de saída para o verdadeiro comprador. Afirma ainda Altair que a operação real de compra e venda se dava diretamente entre o comprador final e o produtor rural, funcionando a sua empresa como repassadora de recursos financeiros dos compradores para os produtores rurais. Nesta linha, afirma que nunca teve qualquer contato com os produtores rurais, no que tange às operações descritas nas notas. Decorre logicamente, do que fora dito até agora, que a Empresa V Munaldi ME não era remunerada mediante lucro resultante da atividade de compra e venda de café, porque não realizava tais atividades, mas recebia "comissão", conforme admitira Sr. Altair, que precisou o valor na faixa de R$0,35 a R$0,50 por saca de café, pagos pelo verdadeiro comprador. Destaquese que Altair fora empregado da Nicchio Sobrinho, antes de se tornar o "proprietário" da V Munaldi (fl. 276). Em resposta à intimação da autoridade fiscal, as empresas Colúmbia, Acádia, Do Grão e L&L confirmam a dedução acima (v. fls. 248 e ss): Vale ressaltar que em alguns casos, a Fiscalizada nem mesmo procurava o vendedor/produtor, pois o comprador (seja indústria, exportador ou corretora), depois de fazer a negociação direta com o produtor ou com a corretora de mercado futuro, apenas informava a Fiscalizada que iria precisar de seus serviços, quais sejam receber a Nota do Produtor, receber o dinheiro, pagar o produtor e emitir Nota Fiscal de Venda/Viagem. Fl. 17345DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10783.720365/201290 Acórdão n.º 3301002.785 S3C3T1 Fl. 17.312 18 Os recursos transitados pela conta da Fiscalizada são dos compradores do café, sejam estes corretores futuros, especuladores de mercado, indústrias torrefadoras, cerealistas, atacadistas ou exportadores. Os sócios e/ou gestores da fiscalizada, na realidade e em verdade, são e sempre foram agentes de comércio (corretores de café), sendo por imposição do mercado (empresas que atuam do mesmo modo que a fiscalizada) transformada em pessoas jurídicas, para continuar ganhando pelo serviço prestado e sujeitandose a situações como a presente fiscalização por exigência e imposição dos compradores, posto que esta seja a única forma de sobreviver em sua atividade comercial (gn) O depoimento denuncia a fraude, confirma seu modus operandi, e, ainda, demonstra a participação efetiva dos compradores, entre os quais está a contribuinte, ora impugnante. Não se trata de depoimento qualquer, mas dos próprios fornecedores da contribuinte. Observese no item 4, fl. 289, citação expressa à Nicchio Sobrinho: Dependendo da necessidade do Comprador em baixar seu caixa "dois" ou de gerar mais créditos de entrada para caucionar as vendas, solicitavam a emissão das notas com valores acima do mercado, inclusive acima da pauta fiscal, que via de regra já é mais elevada que o preço comercial. Todas as empresas fizeram e fazem uso desta prática, podendose destacar .... Nicchio Sobrinho, ... Algumas empresas Exportadoras/Indústrias comprovadamente, pelo que foi registrado até agora, efetivamente participaram da montagem e do uso do esquema fraudulento. Há prova documental neste sentido, e os depoimentos também convergem perfeitamente para este ponto. Por exemplo, no depoimento do corretor de café Arylson Storck de Oliveira, às fls. 412/414, textualmente se declara: "(...)ligava para as exportadoras com o objetivo de vender café de produtor rural e era informado de que não havia a menor possibilidade de que as exportadoras adquirissem café de pessoa física, que as exportadoras respondiam ao declarante que somente estavam aceitando café de pessoa jurídica" (item 2) "a maioria dos sócios ou titulares das empresas constituídas para guiar café para as exportadoras e Indústrias são ex Fl. 17346DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10783.720365/201290 Acórdão n.º 3301002.785 S3C3T1 Fl. 17.313 19 funcionários das próprias exportadoras do Estado do Espírito Santo" (item 3) "pela emissão da nota fiscal para guiar o café para as exportadoras as interpostas empresas recebem um determinado valor por saca de café, que o 'mercado de nota fiscal' chegou a tal ponto que há uma disputa para ver quem vende a sua nota fiscal por um menor preço por saca de café " (item 4).(gn) O depoimento esclarece que as próprias exportadoras somente estavam aceitando café de pessoa jurídica, isto é, recusavam o café da pessoa física. Na verdade continuavam a comprar dos produtores rurais, apenas utilizavam pessoas jurídicas para "guiar o café", expressão, que neste caso, não passa de eufemismo para a prática simulatória/dissimulatória. Noutro depoimento (fls. 449/454), do corretor Luciano Arpini Gobbi, o depoente afirma que houve uma fase em que o produtor rural guiava diretamente o café para as exportadoras e indústrias e recebia diretamente o pagamento, mas depois estas empresas, exportadoras e indústrias, passaram exigir que o café fosse descarregado nelas com nota fiscal de pessoa jurídica. No depoimento do corretor João Carlos de Abreu Zampier (fls. 441 e seguintes, item 12), identificase os intermediários como empresas laranjas, cuja finalidade é vender nota fiscal: Que o declarante afirmou que o mercado de café se "prostituiu"porque alguns corretores começaram a negociar café dispensando a cobrança da comissão de corretagem, e devido ao aparecimento de empresas laranjas que entraram no mercado de café vendendo nota fiscal para ganhar um percentual sobre as vendas de café; (gn) Em mais um depoimento, de um outro corretor Valério Antônio Dallapícula , novamente de modo muito explícito é descrita a fraude (fls. 529/534), afirma, por exemplo, que os reais compradores (exportadoras e indústrias) perguntavam aos produtores quem iria "guiar" o café, muitas vezes elas mesmas indicando um nome, denunciando até uma reunião entre as reais compradoras e os corretores para passar "orientações", entre as quais, a de pulverizar o café guiado em várias empresas, diminuindo o volume da Colúmbia, a de não mencionar o nome do produtor rural no fechamento das operações, nem deixar pistas (telefone, email, MSN): Que a interposição de uma pessoa jurídica para mascarar a operação de compra de café das empresas acima relacionadas diretamente do produtor rural iniciouse com as próprias compradoras de café, que no inicio as notas fiscais do produtor eram trocadas pela nota fiscal da interposta pessoa dentro do próprio armazém da empresa compradora, que nessas operações o corretor Fl. 17347DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10783.720365/201290 Acórdão n.º 3301002.785 S3C3T1 Fl. 17.314 20 recebia das compradoras o nome da interposta pessoa jurídica pelo qual o café do produtor rural era guiado para dentro do seu armazém;(gn) (...) Que então se criou um círculo vicioso: o comprador satisfeito com o café sendo guiado em nome de uma pessoa jurídica passou a solicitar que os corretores indicassem "empresas" para que os produtores rurais guiassem o café; (...) Que confirma a ocorrência de uma reunião na NICCHIO SOBRINHO, na qual o declarante estava presente, juntamente com outros corretores, onde foi dito que os corretores teriam de diminuir a quantidade de café guiado em nome da COLÚMBIA, pulverizando com outras "empresas"; (gn) (... ) Há, nos autos, outros depoimentos de corretores todos convergindo para os pontos acima destacados. As declarações dos produtores rurais esclarecem pontos adicionais e confirmam outros já sublinhados por corretores. É o caso do depoimento do produtor rural/maquinista Sr. Fernando Plantikow Neto (fls. 307/308): (...) 4)(...) que realizava venda de café de sua propriedade e de seus familiares, assim como, intermediava a venda de café de meeiros e pequenos produtores rurais da região diretamente com as seguintes empresas que por ora se recorda: (...), NICCHIO SOBRINHO e (...); 5)Que, a partir de um determinado momento, o declarante se recorda que os compradores dessas empresas, (...), (...) e Sr Edinho (Nicchio Sobrinho) indicaram que o declarante procurasse as 'empresas' Do Grão, Colúmbia, Acádia, L&L, dentre outras, para que guiasse o café do produtor rural para uma dessas empresas listadas; que, ao depois, era efetuada a troca da nota fiscal do produtor rural pela nota fiscal de uma das empresas indicadas guiando o café para a (...) Nicchio Sobrinho e (...); (...) Fl. 17348DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10783.720365/201290 Acórdão n.º 3301002.785 S3C3T1 Fl. 17.315 21 7) Que o declarante afirmou que é descontado um determinado valor, que chegava a R$1,00, do produtor rural, para pagar o fornecedor da nota fiscal que guiou o café para as empresas acima citadas; 8) Que o declarante afirmou que a troca de nota fiscal do produtor rural ocorria em um determinado ponto, previamente estabelecido, sendo que um moto boy comparecia para efetuar a troca; (...)(gn) Notase aí, na citação expressa à Nicchio Sobrinho pelo produtor rural/maquinista, o papel ativo da autuada na operação, fato que refuta a hipótese de fraude sem sua participação, exceto se é admitida a teoria conspiratória, onde "atacadistas", corretores do ramo e produtores rurais de café conspiram com o único propósito de prejudicar a contribuinte, ora impugnante. Mas diante da convergência irresistível dos depoimentos de personagens, que atuam com funções distintas na cadeia produtiva, a teoria conspiratória revelase mera fantasia. O exame de mais um depoimento firma mais ainda esta convicção. Tratase do depoimento do produtor rural Jarbas Alexandre Nicoli, a descrição detalhada torna inteiramente plausível a hipótese de uma intermediação fictícia com a participação ativa dos reais adquirentes (indústrias e exportadores) (fl. 322/323): 1) Que o declarante informou que é produtor de café na região de Jaguaré, com uma produção anual média em torno de 10.000 (dez mil) sacas, sendo a mesma em parceria/meação; 2) Que o declarante afirmou que a comercialização de seu café, produzido em meação, é feita por intermédio de corretores localizados em Colatina; 3) Que Paulo Zache, Junior Preti (RP COMISSÁRIA) e Fernando Alvarenga (CASA DO CAFE) são corretores de café em Colatina e que com quem o declarante, preponderantemente, mantém contato para a venda do café; 4) Que o declarante afirmou nunca ter negociado pessoalmente com a COLÚMBIA, (...) V. MUNALDI (...) ACÁDIA, DO GRÃO; (...) 6) Que o declarante afirmou que os corretores acima citados, por intermédio de FAX, repassavam o nome da empresa que deveria constar na nota fiscal do produtor rural; Fl. 17349DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10783.720365/201290 Acórdão n.º 3301002.785 S3C3T1 Fl. 17.316 22 7) Que o declarante afirmou que nunca pagou qualquer tipo de remuneração ou valor de corretagem para os corretores acima citados; (...) 10) Que a partir de 2003, ainda por intermédio de corretores de café da região de Colatina, o declarante não mais conseguia vender sua produção diretamente para exportadores e indústrias, sendo o declarante orientado pelos mesmos corretores a guiar seu café em nome de outras pessoas tais como: COLUMBIA e V. MUNALDI:, (...) 12) Que os corretores informavam ao declarante que as notas fiscais de produtor rural seriam trocadas quando o motorista chegasse nas redondezas de Colatina. que preferencialmente se dava em um posto de gasolina; que neste momento o próprio motorista ligava para determinado número de telefone, fornecido pelo corretor, comunicando a sua chegada a fim de possibilitar o recebimento da nota fiscal para o local onde o café era descarregado; (gn). E, finalmente, o depoimento do produtor rural Américo Barbosa Martins (fls. 295/296): (...) após concretizar a negociação, o café negociado por Junior Pretti é guiado por meio de nota fiscal de produtor do declarante em nome da COLUMBIA, e poucas vezes em nome da C DÁRIO ME, WR DA SILVA LTDA ME e WG DE AZEVEDO BRASIL COFFEE, (...); (...) após a descarga do café o corretor Junior Pretti informa ao declarante que o café foi descarregado/armazenado nos armazéns do (...), NICCHIO SOBRINHO e (...), em Colatina, e (...), em Vitória; O produtor rural (Américo Barbosa Martins) afirma que "do total dos recursos depositados na conta corrente do declarante por cada operação de venda de café é descontado o valor de R$1,00 por saca;que o declarante afirma queopróprio Junior Pretti dizia que esta quantia seria destinada à própria COLÚMBIA". Júnior Pretti aí referido é o corretor encarregado, no caso, da transação real e direta do produtor rural com a Nicchio Sobrinho ( e Fl. 17350DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10783.720365/201290 Acórdão n.º 3301002.785 S3C3T1 Fl. 17.317 23 outras empresas), mas que também operava contatos entre a real adquirente e o pseudo adquirente do café do produtor rural, pois o produtor rural afirma na seqüência que "não conhece e nunca negociou com a COLÚMBIA, (...), ou seus sócios, sendo que o único contato do declarante na negociação do café era com o corretor Júnior Pretti" (fl. 296). A fiscalização intimou vários outros produtores rurais para esclarecer pontos dos negócios respectivos, dos resultados obtidos concluiuse, em resumo, que (1) os produtores rurais desconhecem as pessoas jurídicas que constam como destinatárias das suas próprias notas fiscais. Ou seja, eles negociavam o café com a adquirente Nicchio Sobrinho e outros compradores, mas nas notas eram substituídos pela Colúmbia, Do Grão, Acádia, L&L, Miranda Com. Exp. e Imp. de Café e outras pseudoempresas; (2) as notas eram ou preenchidas pelos reais compradores (Exportadoras e Indústrias), ou preenchidas pelo produtor com dados que lhes eram fornecidos pela Nicchio Sobrinho; (3) o café era retirado da propriedade rural pela Nicchio Sobrinho, e nos seus armazéns descarregado, (4) Sr. Carlos Henrique, genro do Sr. Nicchio Sobrinho, participa ativamente no setor de compra da Nicchio Sobrinho. Repitase: as 'pseudoempresas' que constam nas notas fiscais de venda dos produtores rurais não participam da negociação, são desconhecidas dos produtores rurais, mas aparecem no momento de preenchimento da Nota Fiscal por exigência do real comprador. Quando a Autoridade Fiscal requisita às Empresas Do Grão, Acádia, L&L e Colúmbia informar se era do "pleno conhecimento" dos comerciantes, exportadores e indústrias, ou seja, dos compradores de que apenas forneciam a nota fiscal, para respaldar operação, que na verdade se dava entre real comprador e produtor rural, a resposta corrobora o que já está fartamente provado: "Sim. Os grandes atacadistas, assim como os Torradores e os Exportadores tinham e tem pleno conhecimento de que as notas fiscais são vendidas, como também sabem que nossa empresa nunca recolheu nenhum valor de PIS e Cofins. Vale dizer que eles até incentivaram a abertura de varias empresas (...)". (v. por exemplo fl. 258, item 2). Acrescenta, em outro momento, que "regra geral, é o comprador (torrador, exportador ou atacadista) diretamente por si ou por meio do Corretor que o assessorou no negócio, que determina qual empresa vai faturar, ou melhor, emitir a nota Fiscal para guiar o produto da lavoura para os depósitos dos compradores". (v. por exemplo fl. 258, item 3, fine) Em outro momento ainda, relatam as empresas citadas Do Grão, Acádia, L&L e Colúmbia, que após fiscalização da Receita, as Torrefadoras passaram a exigir que os antigos maquinistas, "que antigamente faziam uso da nossa empresa para guiar o café, constituíssem empresas suas para guiar o café". E assim, explicam, surgiram outras atacadistas, "que na verdade são a personificação jurídica dos antigos maquinistas". Estas novas empresas "passaram a fazer os mesmos atos que os Grandes Atacadistas, Torradores e Exportadores, ou seja, comprar notas de pessoas jurídicas para acobertar as compras feitas diretamente dos produtores, já que os Maquinistas, só compram café dos produtores rurais de suas comunidades locais" (fls. 259/260, itens 6 e 7). Claro está que as empresas fornecedoras da empresa, ora autuada, tais como Do Grão, Acádia, L&L, Colúmbia e outras arroladas nestes autos, não Fl. 17351DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10783.720365/201290 Acórdão n.º 3301002.785 S3C3T1 Fl. 17.318 24 operam no mercado de compravenda de café, mas atuam em outro 'mercado', a saber, 'mercado de compravenda de nota fiscal'. Esta conclusão sobejamente demonstrada por farto suporte documental presente nos autos, é constantemente ratificada nos depoimentos dos próprios envolvidos na fraude. Veja, por exemplo, o depoimento (fls. 539/541) de Thiago de Resende Gava, assistido por Advogado, sócio de fato da Colúmbia, admitindo que a W R da SILVA (para quem trabalhou) " nunca comprou nem vendeu um grão de café..", esclarecendo ainda a finalidade de toda a engrenagem montada: "que o objetivo das operações realizadas desta forma é proporcionar um ganho maior para as empresas exportadoras e/ou torrefadoras de café, pois se fosse emitida nota fiscal do produtor rural diretamente para as empresas exportadoras, estas não teriam direito ao crédito de tributos de 9,25% sobre o valor da compra de café. Que alem disso as empresas exportadoras/torrefadoras teriam que recolher o valor referente ao FUNRURAL sobre a nota fiscal do produtor rural (..)" Empresas como Nova Brasília, Colúmbia, Do Grão, Acádia, L&L, V. Munaldi, e outras funcionam como 'laranjas', termo, aliás, corriqueiramente empregado no meio, como se registra no depoimento dos corretores. Por exemplo, em seu depoimento Devanir Fernandes dos Santos "afirmou que as empresas exportadoras e Indústrias, compradoras de café, para os as quais o declarante atua como corretor de café, tem pleno conhecimento de que as empresas que constam nas notas fiscais como vendedoras de café são laranjas" (fl. 423, item 5). Quanto ao preço da nota fiscal vendida, até final de 2003 era de 1%, o valor de Hum Real por saca de café vigorou entre 2004 e 2006, pois conforme explicaram Do Grão, Acádia, L&L e Colúmbia "quando abriram muitas empresas novas, o preço foi caindo'" para R$0,50 ou R$0,30 (v. fl. 259, item 5). Observar também o que declara a Colúmbia à fl. 32, item b: "para a nossa empresa o que importa não é o preço da saca de café, mas sim a quantidade de sacas, já que a nossa remuneração (é)pelo número de sacas". A face financeira da simulação consistiu, conforme demonstrou a Fiscalização, quase sempre na abertura de contascorrentes pela real compradora (Indústria ou exportadora, por exemplo, Nicchio Sobrinho) em nome de uma "atacadista" (por exemplo, V. Munaldi), mas para ser movimentada por um procurador, corretor ou pelo próprio produtor rural (exemplo, Fernando Plantikow Neto): Por exemplo, a conta n° 52.1914 aberta em nome da V. MUNALDI no SICOOB unidade de BAIXO GUANDÚ ES, era movimentada pelo produtor/maquinista FERNANDO PLATIKOW NETO. Indagada sobre a origem dos depósitos na citada conta da V. MUNALDI, Adriana Lopes Dal Cól Soares, então tesoureira da unidade do SICCOB, esclareceu que, em sua maioria, eram da NICCHIO SOBRINHO (fl. 1709)(gn) Fl. 17352DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10783.720365/201290 Acórdão n.º 3301002.785 S3C3T1 Fl. 17.319 25 Às fls. 1723/1724, no Termo de Encerramento Fiscal, há uma lista fornecida pela própria Colúmbia de contascorrentes abertas em seu nome, mas movimentadas por outras pessoas. Como prova documental (v. fl. 1731), a Fiscalização cita dois cadernos contendo anotações de Edson Everaldo Bortolozzo (o citado Edinho), comprador da Nicchio Sobrinho. No caderno de compra da Nicchio Sobrinho aparecem o nome do produtor rural e o nome da empresa "atacadista" contratada para guiar o café, isto é, para vender a falsa nota fiscal. Observese o exemplo destacado à fl. 1731, onde aparece o nome Mazolini (produtor rural) seguida do n° 999 (pedido) e da abreviação "Col" de Colúmbia. O diálogo reproduzido na seqüência, fl. 1732), confirma a real compra e já fecha a simulação. No caso a compra é do produtor rural Ocimar Gomes, mas a nota fiscal deveria ser da Ypiranga. No diálogo "Edinho" da Nicchio Sobrinho adverte o corretor duas vezes, primeiro com a expressão "acorda" e depois, mas diretamente, com "e se espalhar já sabe que acontece". Os diálogos mais completos encontramse reproduzidos às fls. 904/908 e estão recheados de expressões análogas às citadas. No trecho citado no Termo de Encerramento Fiscal (fl. 1732) aparece o número do pedido (nv 112): edinns (14:18:27): cafe do ocimar fica fechado edinns (14:18:31): qual firma? edinns (14:19:24): acorda Sidnei VG (14:19:31): Ypiranga edinns (14:19:38): nv 112 Sidnei VG (14:19:46): Agradecido... edinns (14:19:57): e se espalhar ja sabe que acontece Na nota fiscal da Nicchio Sobrinho aparece todo o combinado no diálogo, vide sua reprodução à fl. 909. O suposto vendedor é a Ypiranga, mas o número nv 112, referente ao pedido fechado do corretor com o produtor rural, aparece no canto inferior esquerdo do engendrado documento, e o transportador é o próprio Ocimar Gomes, o produtor rural! A prova da simulação/dissimulação é cabal. Entre outras provas documentais, há as planilhas de "controle diário de compras", que foram anexadas nos emails de Edson Bortolozzo (o Edinho) para os dirigentes da Nicchio Sobrinho. As planilhas encontramse às fls. 1103/1374 dos autos, e no relatório da Autoridade Fiscal concluise que: Essas planilhas de compras foram anexadas aos emails e encaminhadas por EDSON BORTOLOZZO aos dirigentes da empresa: SÉRGIO NICCHIO, JORGE NICCHIO, MAXWEL NICCHIO, NICCHIO JÚNIOR, PEDRO NICCHIO e outros. É mais um tipo de documento, onde restou, portanto, comprovado que os dirigentes da empresa tinham pleno conhecimento acerca das compras de café de produtores/maquinistas documentadas com notas de empresas laranjas. (gn) Fl. 17353DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10783.720365/201290 Acórdão n.º 3301002.785 S3C3T1 Fl. 17.320 26 Também a planilha de fl. 1594 demonstra a existência da operação fictícia, pois ao lado da quantidade de sacas registrase o valor de R$1,30, que representa a aludida remuneração por saca do (pseudo) atacadista para "guiar" o café. As notas fiscais citadas na planilha (2a coluna) simulam a venda de "PJ" para outra PJ, encobrindo a venda real do produtor rural para a PJ: Por exemplo, a planilha mostra que no dia 26/05/2010 foi emitida a nota fiscal n° 4843 com 180 sacas de café ao preço unitário de R$234,00 para a NICCHIO SOBRINHO, referente à compra NV 0684/10 Confirmação n° 0197/10. Compulsando a nota fiscal n° 4843 , da RODRIGO SIQUEIRA, que fora apresentada pela NICCHIO SOBRINHO em atendimento à intimação fiscal, verificase que se trata de venda de Domingos Perim que conduziu o seu próprio veículo de placa MPO 1651 até o armazém da NICCHIO SOBRINHO (fl. 1.613). De documentos recebidos da Polícia Federal (fls. 224/225), a planilha de saídas da Colúmbia (v. fl. 1759 e ss) para a Nicchio Sobrinho deixa claro a distinção entre o vendedor ficto (a própria Colúmbia) e o vendedor real, pessoa física/produtor rural. A origem da mercadoria é o produtor rural, no caso Edmar Muller, e o destino é a Nicchio Sobrinho. Edmar Muller, no entanto, declarou que sua produção é negociada diretamente com Nicchio Sobrinho, mas que em determinado ponto era efetuada a troca das notas fiscais (fls. 304/305). A Fiscalização comprovou que a própria Nicchio Sobrinho depositava os recursos que a Colúmbia necessitava para o pagamento exato aos produtores rurais (fls. 1765/1766). Comparar a planilha de fl. 1764 (Razão Analítico da própria Nicchio Sobrinho) com a planilha de fls. 1765/1766: É curioso notar que a "venda" do café para a Colúmbia, e a "revenda" desta para a Nicchio Sobrinho eram efetuadas pelo mesmo preço, situação comercialmente muito heterodoxa. Antonio Gava (já citado sócio da Colúmbia) confirmou a mecânica de pagamentos da Nicchio Sobrinho aos produtores rurais e, simultaneamente, aos (pseudo) atacadistas (reproduzido parcialmente às fls. 1771/1772): (...) QUE, para pagar a NICCHIO SOBRINHO, mais precisamente para os sócios SÉRGIO, MAXUEL e JORGE, foi orientado por eles a vender nota fiscal, com vistas a possibilitar o creditamento das contrubuições PIS e COFINS por parte da empresa. QUE, esclarecendo melhor, passou a fornecer a nota fiscal de sua empresa, em virtude da compra de café da NICCHIO SOBRINHO diretamente para o produtor; QUE, ficou acertado com os sócios da NICCHIO SOBRINHO que seria abatida da dívida de R$0,80 a R$1,00 por saca de café guiada por sua empresa (...). QUE, fazia contatos com SÉRGIO, MAXUEL e JORGE por telefone, (...) QUE, para pagamento dos produtores rurais de café adquirido pela empresa NICCHIO SOBRINHO, os sócios dessa empresa depositavam os valores em uma conta da COLÚMBIA e Fl. 17354DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10783.720365/201290 Acórdão n.º 3301002.785 S3C3T1 Fl. 17.321 27 lhe mandavam posteriormente uma relação dos produtores de café que deveriam ser pagos, com os respectivos montantes discriminados (...). O depoimento resume com coerência tudo o que a documentação extensa amealhada pela Fiscalização (e também pela Polícia Federal e pelo Ministério Público) e constante dos autos confirma. Do Ministério Público do Espírito Santo Grupo GETPOT a fiscalização recebeu e analisou um relatório financeiro correspondendo a uma espécie de livro caixa ("caixa 2"), documento apreendido na Operação Acádia deflagrada "com o objetivo de coibir sonegação fiscal de ICMS" (fl. 223), que detalha ganhos das 'pseudoempresas' Do Grão e L&L, Acádia e D'Cristo. O documento reproduzido (fl. 1866) mostra que a receita é claramente proveniente de venda de notas. O total de ganho no fechamento geral relativo à Empresa Do Grão corresponde à diferença desses créditos (provenientes de pessoas físicas) contra as despesas (nada a ver com compra de café) (vide fl. 3706). Documento ainda mais conclusivo se isso é possível quanto ao efetivo uso do esquema pela Nicchio Sobrinho é o que transcreve conversas efetuadas mediante MSN. Neste voto, parte de tais diálogos já foi citada. Um dos diálogos é travado entre funcionário do setor financeiro da Nicchio Sobrinho e o corretor Edson Pancieri Filho da Clonal Corretora, que confirmou a conversa (fls. 432 e ss) e entregou o arquivo correspondente (fl. 435). Ali são tratados pagamentos da Nicchio Sobrinho a produtor rural. Ocorre que o pagamento ali registrado (R$59.722,00) é depositado na conta de WR da Silva (vide cópia do extrato do Razão analítico à fl. 1719) no valor de R$59.800,00 (2 X 29.900); onde a diferença devese a quebra de peso (fl. 1719). Examinese o que diz Weverton Rosa da Silva (WR DA SILVA): Que a WR DA SILVA não é empresa comercial de café, muito menos atacadista, conforme consta no contrato social; Que na verdade a WR DA SILVA fornece NOTA FISCAL para guiar o café do PRODUTOR RURAL para as empresas exportadoras e indústrias, que são as reais compradoras do café dos produtores rurais; Que pela operação de fornecimento da nota fiscal a WR DA SILVA recebe R$0,30 (trinta centavos) a R$0,50 (cinqüenta centavos)por saca de café; Que o declarante afirmou que as empresas exportadoras e indústrias (para as quais a WR DA SILVA guia o café) compram o café diretamente do produtor rural ou, mais frequentemente, por intermédio de corretores ou corretoras; O papel fictício das "atacadistas" na negociação direta entre produtor rural e a Nicchio Sobrinho evidenciase em muitos documentos nos autos. Mas, apenas os diálogos transcritos bastariam para refutar a tese de conspiração, ainda mais que se compatibilizam perfeitamente com todo o resto do conjunto probatório, inclusive notas fiscais, pagamentos via transferências eletrônicas, e depoimentos de corretores e produtores rurais. Fl. 17355DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10783.720365/201290 Acórdão n.º 3301002.785 S3C3T1 Fl. 17.322 28 Ressaltese que a mecânica desvendada pela Fiscalização extrapola os limites do estado do Espírito Santo e atinge outros membros da Federação, particularmente, atinge Minas Gerais, onde as autoridades fiscais também diligenciaram e colheram provas que apontam para a mesma conclusão: as empresas "atacadistas" são chamadas no último ato para representar a cena final, sem qualquer participação efetiva do ponto de vista comercial (capítulo 6, do Termo de Encerramento Fiscal, item 5.10). Finalmente, a impugnante tenta fazer crer que não há liame algum entre a recorrente e algumas empresas atacadistas, seus fornecedores, assim, os créditos derivados das aquisições destas empresas não poderiam ser glosados. Alega que se os fornecedores da impugnante deixaram de recolher tributos ou apresentaram declarações falsas não cabe a esta qualquer responsabilidade. No entanto, a alegação não procede porquanto a caracterização daqueles fornecedores como empresa atacadista sem capacidade operacional, com existência fantasmagórica do ponto vista fiscal, mas com movimento apreciável de recursos restou incontroverso. Além disso, encontramse bem definidas como empresas criadas com o propósito de vender nota fiscal, não com o propósito de comercializar café, logo, não seria crível contrariando o que afirma seus próprios sócios e administradores que teria vendido café somente para a Nicchio Sobrinho. Uma vez confessado pelas próprias "atacadistas", fornecedoras da contribuinte, que não vendiam café, mas apenas forneciam nota fiscal para uma operação eufemisticamente chamada de "guiar o café", concluise que a correspondente compra do café pela contribuinte não passa de simples arranjo documental com vistas a vantagens tributárias ilícitas. Em suma, se não houve a venda conforme confessado por quem podia confessar tampouco poderia ter havido a compra, a contrario senso, estarse ia diante de fenômeno único no mundo jurídico, onde uma compra não se conecta com sua contraparte lógica, a venda. O simples fato de que "comprou, pagou e recebeu a mercadoria", o que seria suficiente para garantir o crédito de PIS/Cofins, na forma do parágrafo único do art. 82, da Lei n° 9.430/96, não é eficaz, porquanto a Fiscalização investiga resposta à outra questão: "de quem ?". E as provas dos autos direcionam para a resposta de que "comprou, pagou e recebeu a mercadoria" de produtor rural (pessoa física), não de pessoa jurídica, no que pese as notas fiscais tenham sido construídas para mascarar a realidade, fazendo nelas constar "empresas" sem qualquer vínculo com o mercado de café, mas criadas para participar de um estratagema de ataque à Fazenda Nacional. No quadro probatório assentado têmse ainda por irrelevantes as alegações da inconformada quanto à inexistência de declaração de inidoneidade/inaptidão das empresas fornecedoras; ao tempo em que efetuou as transações, e de que tomou o cuidado de verificar a regularidade das empresas fornecedoras no CNPJ ou Sintegra. As alegações são irrelevantes porque independentemente da declaração de inaptidão, em ato oficial adequado emitido pela autoridade competente da Receita Federal do Brasil, a documentação fiscal pode ser considerada como tributariamente ineficaz, quando comprovado não ter havido a transação a que se refere, permitindo concluir que os documentos apresentados mascaram uma aquisição fictícia de Fl. 17356DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10783.720365/201290 Acórdão n.º 3301002.785 S3C3T1 Fl. 17.323 29 mercadorias, impondose afastar a faculdade de a interessada calcular crédito de PIS/Cofins na incidência nãocumulativa. A alegação da contribuinte de que não é possível concluir que teve conhecimento da prática ilícita de fornecedores não prevalece diante dos depoimentos e da prova robusta reunida pela Autoridade Fiscal. Da mesma forma, a alegação de que responsabilidade solidária aplicase somente ao sujeito passivo, decorre de lei e não pode ser presumida é irrelevante, pois não há imputação de solidariedade. Nem a Fiscalização está responsabilizando a autuada por tributos que não foram pagos por seus fornecedores, nem está aplicando penalidade por infração cometida por terceiros, mas essencialmente glosou créditos da nãocumulatividade, que entendeu indevidos, porque decorrentes de negócios inexistentes, meramente simulados, enfim, imputou responsabilidade por atos cometidos pela própria autuada. A infração tributária cometida, independente da repercussão penal dos mesmos atos, consistiu basicamente em se apropriar de créditos fiscais indevidamente, pois já se explicou, neste voto, que a compra de café diretamente de pessoa física dá ao comprador um direito de crédito presumido, correspondente a 35% do crédito que seria devido se o negócio fosse realizado com pessoa jurídica. (...) O contribuinte, em seu recurso voluntário, não contestou especificamente nenhum destes argumentos. Como disse combateu genericamente a acusação de que não teria provas no processo de sua participação. A única questão específica que argumentou nesta parte, em relação à decisão recorrida, é que ela teria utilizado provas ilícitas, situação esta que já foi explicitada neste voto na análise da preliminar de nulidade da decisão da DRJ. Mérito Direito à Manutenção do Crédito na Aquisição de Café das Cooperativas. Após fazer um diagnóstico bem detalhado das aquisições efetuadas diretamente de pessoas físicas, produtores rurais de café, conforme tópico anterior, a fiscalização concluiu que nestas aquisições a recorrente faz jus ao crédito presumido do PIS e Cofins nos termos do art. 8º da Lei nº 10.925/2004. Portanto, nestas aquisições de café in natura diretamente dos produtores rurais, mas com intermédio da interposição fraudulenta de pseudoatacadistas, a adquirente beneficia este café in natura para venda no mercado externo. Concluise assim que o contribuinte exerce a produção agroindustrial, consistente no exercício cumulativo das atividades de padronizar, beneficiar, preparar e misturar tipos de café para definição de aroma e sabor (blend) ou separar por densidade dos grãos, com redução dos tipos determinados pela classificação oficial, relativamente aos produtos classificados no código 09.01 da NCM (art. 6º da IN SRF nº 660/2006). A partir daí, ao analisar os créditos decorrentes das aquisições de café oriundos de cooperativas de produção rural, a fiscalização conclui que as vendas deveriam ter sido efetuadas com suspensão da incidência do PIS e da Cofins e que o contribuinte somente teria direito ao crédito presumido, efetuando a glosa dos créditos integrais apropriados pelo recorrente. Assim se pronuncia a fiscalização: (...) Fl. 17357DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10783.720365/201290 Acórdão n.º 3301002.785 S3C3T1 Fl. 17.324 30 Desse modo, a NICCHIO SOBRINHO preenche os requisitos estabelecidos para a aplicação da suspensão nas compras de café efetuadas com as cooperativas, a saber: a) apura IRPJ com base no lucro real; b) exerce atividade agroindustrial definida no art. 6°, II; e c) utiliza o café adquirido com suspensão como insumo na fabricação de produtos de que trata o inciso I do art. 5°. Portanto, efetuouse a glosa dos créditos integrais sobre tais aquisições e apurouse o crédito presumido previsto no art. 8° da Lei n° 10.925/2004. (...) Em atendimento ao Termo de Início da Ação Fiscal, no qual o contribuinte foi intimado a detalhar o seu processo produtivo, a empresa assim se pronunciou (fl. 6): (...) Item 2.7 Informamos que a empresa é uma produtora na concepção da lei, uma vez que em relação aos produtos classificados no código 0901.11.10 (Café em grãos), adota o exercício cumulativo das atividades de padronizar, beneficiar, preparar e misturar tipos de café para definição de aroma e sabor (blend) e separar por densidades de grãos, com redução dos tipos determinados pela classificação oficial. (...) Agora, após o lançamento consumado, o contribuinte quer alterar totalmente a realidade antes afirmada. Agora ele não é mais um típico beneficiador de café na concepção da lei. De forma inusitada ele agora já adquire o grão beneficiado e é somente um revendedor de café que nesta condição não tem mais direito ao crédito presumido e sim ao crédito integral. Que sua principal atividade é a revenda de café já beneficiado. Para tanto traz como prova, uma amostra das notas de aquisição das cooperativas, nas quais não consta o carimbo indicativo da suspensão do PIS e da Cofins. Junto com esta pretensa prova, apresenta como se fosse uma realidade óbvia do mercado as três etapas da comercialização do café: 1ª) a compra do produto in natura; 2ª ) o beneficiamento transformando o café in natura em "café cru em grão"; e 3º) a revenda do "café cru em grão" pela recorrente no máximo exercendo sobre o produto algum rebeneficiamento, o qual não atingiria as condições cumulativas previstas no art. 6º da IN SRF nº 660/2006. Contrariando o que declarou expressamente, em resposta ao Termo de Início de Ação Fiscal, agora ele afirma que atua na 3ª etapa, o que caracteriza simples revenda. Muito oportuno esta mudança, não fosse uma necessidade essencial de fazer prova efetiva em seu favor. O ônus da prova, na caso é do contribuinte, primeiro porquê ele altera uma realidade antes por ele afirmada e confirmada pela fiscalização. Segundo porque estamos falando de apuração de crédito de PIS e Cofins, cuja certeza e liquidez deve ser comprovada por quem afirma. Veja o que dispõe os art. 333, inc. I do CPC e 170 do CTN: Art. 333. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; Fl. 17358DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10783.720365/201290 Acórdão n.º 3301002.785 S3C3T1 Fl. 17.325 31 (...) Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública.(destaquei) Quanto ao que ele diz ser as três etapas do processo produtivo do café, não vejo qualquer óbice de que qualquer contribuinte, ou membro da cadeia produtiva do café, realize as três conjuntamente, ou somente duas delas, ou até mesma uma em cada elo. Esta situação relatada como óbvia, da realidade do mercado, longe de ser um elemento de prova contundente, não passa de uma afirmação banal, que não traz nenhuma utilidade que possa alterar a realidade fática e a consequente utilização da legislação tributária. Portanto, entendo correta a apuração realizada pela fiscalização e confirmada pelo acórdão recorrido. Vejamos o que diz a legislação a respeito da suspensão do PIS e Cofins e o consequente aproveitamento do crédito presumido. Lei nº 10.925/04 Art. 9o A incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins fica suspensa no caso de venda: (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) I de produtos de que trata o inciso I do § 1o do art. 8o desta Lei, quando efetuada por pessoas jurídicas referidas no mencionado inciso; (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) II de leite in natura, quando efetuada por pessoa jurídica mencionada no inciso II do § 1o do art. 8o desta Lei; e (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) III de insumos destinados à produção das mercadorias referidas no caput do art. 8o desta Lei, quando efetuada por pessoa jurídica ou cooperativa referidas no inciso III do § 1o do mencionado artigo. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) § 1o O disposto neste artigo: (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) I aplicase somente na hipótese de vendas efetuadas à pessoa jurídica tributada com base no lucro real; e (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) II não se aplica nas vendas efetuadas pelas pessoas jurídicas de que tratam os §§ 6o e 7o do Fl. 17359DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10783.720365/201290 Acórdão n.º 3301002.785 S3C3T1 Fl. 17.326 32 art. 8o desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) § 2o A suspensão de que trata este artigo aplicarseá nos termos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal SRF. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) (Destaquei) Da leitura desse dispositivo, entendo que a suspensão não é uma mera opção dos contribuintes, ao contrário, estando atendidas as condicionantes impostas pela lei, a suspensão do PIS e Cofins é obrigatória. Note que o § 2º da Lei autoriza que a Secretaria da Receita Federal estabeleça termos e condições para aplicação da suspensão. Neste sentido foi editada a IN SRF nº 660/2006, a qual regulamentou a suspensão das contribuições e o aproveitamento do crédito presumido. Para melhor clareza, transcreve se abaixo trechos essenciais da referida instrução normativa: DO ÂMBITO DE APLICAÇÃO Art. 1º Esta Instrução Normativa disciplina a comercialização de produtos agropecuários na forma dos arts. 8º, 9º e 15 da Lei nº10.925, de 2004. DA SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DAS CONTRIBUIÇÕES DOS PRODUTOS VENDIDOS COM SUSPENSÃO Art. 2º Fica suspensa a exigibilidade da Contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda: I de produtos in natura de origem vegetal, classificados na Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) nos códigos: a) 10.01 a 10.08, exceto os códigos 1006.20 e 1006.30; b) 12.01 e 18.01; II de leite in natura; III de produto in natura de origem vegetal destinado à elaboração de mercadorias classificadas no código 22.04, da NCM; e IV de produtos agropecuários a serem utilizados como insumo na fabricação dos produtos relacionados no inciso I do art. 5º. § 1º Para a aplicação da suspensão de que trata o caput, devem ser observadas as disposições dos arts. 3º e 4º. Fl. 17360DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10783.720365/201290 Acórdão n.º 3301002.785 S3C3T1 Fl. 17.327 33 § 2º Nas notas fiscais relativas às vendas efetuadas com suspensão, deve constar a expressão "Venda efetuada com suspensão da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS", com especificação do dispositivo legal correspondente. DAS PESSOAS JURÍDICAS QUE EFETUAM VENDAS COM SUSPENSÃO Art. 3º A suspensão de exigibilidade das contribuições, na forma do art. 2º, alcança somente as vendas efetuadas por pessoa jurídica: I cerealista, no caso dos produtos referidos no inciso I do art. 2º; II que exerça cumulativamente as atividades de transporte, resfriamento e venda a granel, no caso do produto referido no inciso II do art. 2º; e III que exerça atividade agropecuária ou por cooperativa de produção agropecuária, no caso dos produtos de que tratam os incisos III e IV do art. 2º. § 1º Para os efeitos deste artigo, entendese por: I cerealista, a pessoa jurídica que exerça cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar produtos in natura de origem vegetal relacionados no inciso I do art. 2º; II atividade agropecuária, a atividade econômica de cultivo da terra e/ou de criação de peixes, aves e outros animais, nos termos do art. 2º da Lei nº 8.023, de 12 de abril de 1990; e III cooperativa de produção agropecuária, a sociedade cooperativa que exerça a atividade de comercialização da produção de seus associados, podendo também realizar o beneficiamento dessa produção. § 2º Conforme determinação do inciso II do § 4º do art. 8º e do § 4º do art. 15 da Lei nº 10.925, de 2004, a pessoa jurídica cerealista, ou que exerça as atividades de transporte, resfriamento e venda a granel de leite in natura, ou que exerça atividade agropecuária e a cooperativa de produção agropecuária, de que tratam os incisos I a III do caput, deverão estornar os créditos referentes à incidência nãocumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, quando decorrentes da aquisição dos insumos utilizados nos produtos Fl. 17361DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10783.720365/201290 Acórdão n.º 3301002.785 S3C3T1 Fl. 17.328 34 agropecuários vendidos com suspensão da exigência das contribuições na forma do art. 2º. § 3º No caso de algum produto relacionado no art. 2º também ser objeto de redução a zero das alíquotas da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, nas vendas efetuadas à pessoa jurídica de que trata o art. 4º prevalecerá o regime de suspensão, inclusive com a aplicação do § 2º deste artigo. DA APLICAÇÃO DA SUSPENSÃO Art. 4º Aplicase a suspensão de que trata o art. 2º somente na hipótese de, cumulativamente, o adquirente: I apurar o imposto de renda com base no lucro real; II exercer atividade agroindustrial na forma do art. 6º; e III utilizar o produto adquirido com suspensão como insumo na fabricação de produtos de que tratam os incisos I e II do art. 5º. (...) § 3º É vedada a suspensão quando a aquisição for destinada à revenda. DO CRÉDITO PRESUMIDO DO DIREITO AO DESCONTO DE CRÉDITOS PRESUMIDOS Art. 5º A pessoa jurídica que exerça atividade agroindustrial, na determinação do valor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins a pagar no regime de nãocumulatividade, pode descontar créditos presumidos calculados sobre o valor dos produtos agropecuários utilizados como insumos na fabricação de produtos: I destinados à alimentação humana ou animal, classificados na NCM: a) no capítulo 2, exceto os códigos 02.01, 02.02, 02.03, 0206.10.00, 0206.20, 0206.21, 0206.29, 0206.30.00, 0206.4, 02.07, 0210.1; b) no capítulo 4; c) nos códigos 0504.00, 0701.90.00, 0702.00.00, 0706.10.00, 07.08, 0709.90, 07.10, 07.12 a 07.14, exceto os códigos 0713.33.19, 0713.33.29 e 0713.33.99; Fl. 17362DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10783.720365/201290 Acórdão n.º 3301002.785 S3C3T1 Fl. 17.329 35 d) nos capítulos 8 a 12, 15 e 16; (Redação original) e) nos códigos 1701.11.00, 1701.99.00, 1702.90.00, 18.01, 18.03, 1804.00.00, 1805.00.00, 20.09 e 2209.00.00; f) no capítulo 23, exceto o código 23.09.90. g) no capítulo 3, exceto os produtos vivos deste capítulo; h) no capítulo 16; II classificados no código 22.04, da NCM. § 1º O direito ao desconto de créditos presumidos na forma do caput aplicase, também, à sociedade cooperativa que exerça atividade agroindustrial. § 2º É vedado às pessoas jurídicas de que tratam os incisos I a III do caput do art. 3º a utilização de créditos presumidos na forma deste artigo. § 3º Aplicase o disposto neste artigo também em relação às mercadorias relacionadas no caput quando, produzidas pela própria pessoa jurídica ou sociedade cooperativa, forem por ela utilizadas como insumo na produção de outras mercadorias. DA ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL Art. 6º Para os efeitos desta Instrução Normativa, entendese por atividade agroindustrial: I a atividade econômica de produção das mercadorias relacionadas no caput do art. 5º, excetuadas as atividades relacionadas no art. 2º da Lei nº 8.023, de 1990; e II o exercício cumulativo das atividades de padronizar, beneficiar, preparar e misturar tipos de café para definição de aroma e sabor (blend) ou separar por densidade dos grãos, com redução dos tipos determinados pela classificação oficial, relativamente aos produtos classificados no código 09.01 da NCM. DOS INSUMOS QUE GERAM CRÉDITO PRESUMIDO Art. 7º Geram direito ao desconto de créditos presumidos na forma do art. 5º, os produtos agropecuários: I adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País, com suspensão da exigibilidade das contribuições na forma do art. 2º; Fl. 17363DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10783.720365/201290 Acórdão n.º 3301002.785 S3C3T1 Fl. 17.330 36 II adquiridos de pessoa física residente no País; ou III recebidos de cooperado, pessoa física ou jurídica, residente ou domiciliada no País. (...) Verificase que a Instrução Normativa editada pela Receita Federal, em atendimento à exigência do § 2º do art. 9º da Lei nº 10.925/2004, estabeleceu alguns regramentos para o cumprimento da suspensão nas aquisições de café para beneficiamento e fica evidente que a suspensão na aquisição era obrigatória da simples leitura do seu art. 4º acima transcrito, pois a recorrente preenche todas as suas condições conforme constatou a fiscalização. A ausência da expressão "Venda efetuada com suspensão da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS" em algumas das notas fiscais de aquisição não são suficientes para fazer prova de que o produto não foi adquirido com suspensão. Pode ter havido somente um descumprimento de uma obrigação acessória, a qual a recorrente poderia ter exigido a sua correção no momento do recebimento da mercadoria. Em seu recurso o contribuinte afirma "da impossibilidade jurídica de aproveitamento do crédito presumido em duplicidade na cadeia do café". Em síntese aduz que tendo a cooperativa já aproveitado do crédito presumido nas aquisições do café do produtor rural este crédito só pode ser aproveitado uma vez, cabendo o crédito integral para a recorrente que adquiriu o café da cooperativa. Correta a primeira afirmação de que não há previsão legal para aproveitamento do crédito presumido em duplicidade. Isto decorre da própria sistemática do sistema de créditos. No caso o § 2º do art. 3º da IN nº 660/2006, acima transcrito, prevê que nestas situações, quando a cooperativa utilizouse do crédito presumido na aquisição do produtor rural e efetuou a venda com suspensão, caso dos autos, ela deve estornar estes créditos apropriados na aquisição. Portanto a segunda afirmação não é verdadeira de que a recorrente poderia apropriarse integralmente do crédito de PIS e Cofins. Assim correta a glosa dos créditos integrais apropriados pelo contribuinte e a manutenção do crédito presumido apropriado pela fiscalização. Mérito Multa Qualificada de 150% Neste ponto o contribuinte afirma que não há prova de fraude ou dolo, e, além disso, a multa de 150% viola os princípios da proporcionalidade e do nãoconfisco. Penso que a questão da existência de fraude ou dolo já foi enfrentada na questão de mérito inicial, pois a exigência do presente lançamento só se sustenta ante a comprovação da prática simulatória de adquirir o produto diretamente de produtores rurais com a inserção fictícia do pseudoatacadista. O dolo restou caracterizado e enseja a qualificação da penalidade nos exatos termos do art. 44, § 1º da Lei nº 9.430/96. Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração Fl. 17364DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10783.720365/201290 Acórdão n.º 3301002.785 S3C3T1 Fl. 17.331 37 inexata; (Vide Lei nº 10.892, de 2004) (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) (...) § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis.(Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) Por sua vez assim dispõe a Lei nº 4.502/64: Art . 71. Sonegação é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art . 72. Fraude é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do impôsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art . 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72. O procedimento sistemático de contribuir para a emissão dessas notas fiscais e depois se utilizar dos créditos básicos do PIS e Cofins, que como se sabe são superiores ao crédito presumido a que faz jus (este foi reconhecido pela fiscalização, cabe ressaltar), caracteriza o dolo, consistente na intenção de impedir ou ao menos retardar o conhecimento, por parte do Fisco, de todas as características essenciais do fato gerador, com vistas a reduzir o montante do tributo devido e evitar ou diferir o seu pagamento. Daí a fraude, cominada com a multa no percentual de 150%. Quanto à argumentação de inconstitucionalidade da norma em decorrência do suposto caráter confiscatório da multa aplicada, é necessário lembrar que este Conselho não é competente para se pronunciar a este respeito, conforme Súmula CARF nº 2: Súmula nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Fl. 17365DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10783.720365/201290 Acórdão n.º 3301002.785 S3C3T1 Fl. 17.332 38 Pedido de Diligência O contribuinte insiste na realização de diligência para "i) conferir todas as compras da RECORRENTE, sobretudo as notas fiscais dos fornecedores, ii) os comprovantes de pagamento das operações via depósito bancário na conta corrente das empresas, bem como iii) os cadastros das pessoas jurídicas atacadistas de café nas Receitas Federal e Estadual, no período em que ocorreram aquisições de bens". Segundo a defesa a diligência também seria importante para "conferência da legalidade das aquisições provenientes do estado de Minas Gerais, principalmente do Município de Manhuaçu". Também neste caso concordo com a decisão recorrida. No meu entendimento as questões que o contribuinte colocam para ser diligenciadas não são pertinentes, pois já estão exaustivamente demonstradas no lançamento fiscal, ou por intermédio de sua defesa. Não há nenhum questionamento quanto à existência das notas fiscais emitidas pelos fornecedores. A fiscalização reconhece a sua existência tendo sido elas utilizadas para o cálculo matemático das glosas e dos lançamentos sendo que o contribuinte não impugnou qualquer questão relativa a estes cálculos, restringindo a discussão somente quanto ao direito ao crédito. Da mesma forma não há relevância quanto a existência dos pagamentos, depósitos bancários e cadastro ativo ou não nas Receitas Federal e Estadual. De igual forma a fiscalização não negou a existência dos pagamentos, depósitos bancários e as situações cadastrais. Assim também a fiscalização não diferenciou os tipos de operações em conformidade com o local de sua aquisição, seja em Colatina, Manhuaçu ou outro município qualquer. Em conclusão nego o pedido de diligência por entender que constam dos autos todos os elementos necessários para realizar o julgamento. Multas Isoladas Observase que não houve impugnação específica quanto à aplicação das multas isoladas em decorrência da não homologação das compensações declaradas ou do indeferimento dos pedidos de ressarcimento. Certo que se no mérito as glosas e o próprio lançamento fossem afastados haveria também o consequente afastamento destas multas, o que não é o caso. Porém, embora não contestadas especificamente no recurso voluntário, parte das multas isoladas foram aplicadas com base nos § 15 e 16 do art. 74 da Lei nº 9.430/96. Estes dispositivos legais foram revogados pelo art. 27, inc. II da Lei nº 13.137/2015, retirando tal penalidade do ordenamento jurídico. Desta forma entendo que a aplicação desta penalidade deve ser excluída do lançamento tributário, em face do disposto no art. 106, inc. II, "a" do CTN. Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido Fl. 17366DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10783.720365/201290 Acórdão n.º 3301002.785 S3C3T1 Fl. 17.333 39 fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Portanto, diante do exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário, somente para afastar a exigência das multas isoladas aplicadas com base nos § 15 e 16 do art. 74 da Lei nº 9.430/96, mantendo intacto o restante do crédito tributário exigido no presente processo. (...) (Fim da transcrição do voto) Portanto, pelas mesmas razões do voto proferido no processo de lançamento fiscal nº 10783.720371/201247, acima transcrito, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário para manter o indeferimento do ressarcimento solicitado e a não homologação das compensações correspondentes. Andrada Márcio Canuto Natal Relator Fl. 17367DF CARF MF Impresso em 04/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/ 02/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL
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Numero do processo: 10680.000178/2009-49
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 26 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Feb 24 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2006
LIVRO CAIXA. RENDIMENTOS DECORRENTES DE TRABALHO SEM VÍNCULO EMPREGATÍCIO.
Os contribuintes que perceberem rendimentos do trabalho não-assalariado podem deduzir da receita decorrente do exercício da respectiva atividade as despesas de custeio pagas, necessárias à percepção da receita e à manutenção da fonte produtora, até o valor do rendimento recebido.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2201-002.775
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao Recurso, nos termos do voto do Relator.
Assinado digitalmente
Heitor de Souza Lima Junior - Presidente.
Assinado digitalmente
Carlos César Quadros Pierre - Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Heitor de Souza Lima Junior, Eduardo Tadeu Farah, Ivete Malaquias Pessoa Monteiro, Maria Anselma Coscrato dos Santos, Carlos Alberto Mees Stringari, Marcelo Vasconcelos de Almeida, Carlos César Quadros Pierre e Ana Cecília Lustosa da Cruz.
Nome do relator: CARLOS CESAR QUADROS PIERRE
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RENDIMENTOS DECORRENTES DE TRABALHO SEM VÍNCULO EMPREGATÍCIO. Os contribuintes que perceberem rendimentos do trabalho nãoassalariado podem deduzir da receita decorrente do exercício da respectiva atividade as despesas de custeio pagas, necessárias à percepção da receita e à manutenção da fonte produtora, até o valor do rendimento recebido. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao Recurso, nos termos do voto do Relator. Assinado digitalmente Heitor de Souza Lima Junior Presidente. Assinado digitalmente Carlos César Quadros Pierre Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Heitor de Souza Lima Junior, Eduardo Tadeu Farah, Ivete Malaquias Pessoa Monteiro, Maria Anselma Coscrato dos Santos, Carlos Alberto Mees Stringari, Marcelo Vasconcelos de Almeida, Carlos César Quadros Pierre e Ana Cecília Lustosa da Cruz. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 00 01 78 /2 00 9- 49 Fl. 167DF CARF MF Impresso em 24/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 22/ 02/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 19/02/2016 por CARLOS CESAR QUADRO S PIERRE, Assinado digitalmente em 19/02/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE Processo nº 10680.000178/200949 Acórdão n.º 2201002.775 S2C2T1 Fl. 167 2 Relatório Adoto como relatório aquele utilizado pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, 9a Turma da DRJ/BHE (Fls. 67), na decisão recorrida, que transcrevo abaixo: Contra o Espólio de JUDIMAR FRANZOT, CPF nº 006.650.536 49 foi lavrada a Notificação de Lançamento juntada nas fls. 60/63, destes autos, relativa ao ano calendário de 2005, exercício de 2006, com apuração de imposto suplementar no valor de R$5.503,80 que somados os acréscimos legais faz da exigência um total de R$11.271,78. De acordo com o Relatório de fls. 61, Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal, o lançamento decorreu de glosa de dedução indevida de despesas com livro caixa, no valor de R$24.167,52, porque o contribuinte somente declarou rendimentos recebidos de pessoas jurídicas, não preenchendo, pois, o requisito para utilizar esta modalidade de dedução reservada àqueles que recebem rendimentos do trabalho não assalariado, o titular de serviços notoriais e de registro e o leiloeiro. Recebida a Notificação, foi protocolizada Solicitação de Retificação do Lançamento – SRL, que teve decisão de indeferimento e ciência em 12.12.2008. Em 13.01.2009 o lançamento foi impugnado – docs. de fls. 02/05, pela inventariante judicialmente designada, nos termos, em síntese, abaixo colocados. Diz a impugnante que o espólio apresentou declaração de ajuste do exercício de 2006, informando os rendimentos auferidos pelo Dr. Judimar Franzot em 2005, deduzindo destes rendimentos os valores escriturados no livro caixa, o que não foi considerado pela fiscalização. Que somente em agosto de 2006 quando do falecimento do Dr. Judimar, é que se constatou que a declaração de ajuste do ano calendário de 2005, exercício de 2006 não havia sido entregue, o que veio a ocorrer em 2007 e que o valor do rendimento informado como recebido de pessoa jurídica tem sua origem em honorários de sucumbência em decorrência de execução de honorários fixados na sentença prolatada nos Embargos à Execução apresentados pelo Banco Mercantil S/A., e que devido à intervenção do Banco Central nesta instituição financeira, seus honorários o crédito do Dr. Judimar foi classificado na escala de preferências como de “Privilégio Geral”, razão pela qual não se trata de rendimento do trabalho assalariado, porque se assim o fosse, sua classificação seria de crédito preferencial. Que o Dr. Judimar exercia, exclusivamente, a atividade de trabalhador autônomo na profissão de advogado, percebendo Fl. 168DF CARF MF Impresso em 24/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 22/ 02/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 19/02/2016 por CARLOS CESAR QUADRO S PIERRE, Assinado digitalmente em 19/02/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE Processo nº 10680.000178/200949 Acórdão n.º 2201002.775 S2C2T1 Fl. 168 3 rendimentos de fonte pessoa jurídica, porém, do trabalho não assalariado e sem vínculo empregatício tendo no exercício de sua atividade, custos necessários à manutenção da fonte produtora, consequentemente, dedutíveis na declaração de ajuste anual. Transcreve o artigo 73, do Decreto nº 3.000, de 1999, informa que possui toda a documentação que comprova a veracidade dos fatos alegados e que uma vez que não se questiona a dedução em si, e sim, a natureza do rendimento, fica o impugnante com o direito de fazer prova apenas do mérito, apresentando, para tanto, documentos relativos ao processo originário dos honorários recebidos. Relaciona os documentos anexados à impugnação, requer a retificação do lançamento de ofício, a procedência da impugnação, tornando sem efeito a cobrança do imposto suplementar e seus acréscimos legais. Junta os documentos de fls. 09 a 45. Passo adiante, a 9ª Turma da DRJ/BHE entendeu por bem julgar a impugnação improcedente, em decisão que restou assim ementada: DEDUÇÃO DE DESPESAS ESCRITURADAS EM LIVRO CAIXA. CONDIÇÕES DE CABIMENTO. Somente podem ser aceitas como dedução da base de cálculo do imposto de renda da pessoa física as despesas escrituradas no livro caixa regularmente preenchido e mediante a apresentação da documentação que suporta aquela escrituração. Cientificado em 22/01/2012 (Fls. 75), o Recorrente interpôs Recurso Voluntário em 15/02/2012 (fls. 77 a 80), argumentando em apertada síntese: (...) 11 Ora, se está reconhecido acima que o lançamento decorreu de glosa de dedução indevida de despesas com livro caixa, no valor de R$ 24.167,52, porque o contribuinte somente declarou rendimentos recebidos de pessoas jurídicas e não preencheu o requisito para utilizar esta modalidade de dedução reservada àqueles que recebem rendimentos do trabalho não assalariado. Se o lançamento NÃO foi quanto ao valor constante da dedução, ou seja, no lançamento não se questiona a dedução em si, e, sim, a natureza do rendimento, cabia ao Espólio recorrente fazer prova do mérito, isto é, se tinha direito de lançar as despesas do livrocaixa. E se está reconhecido que os documentos juntados com a impugnação provam a prestação do serviço não assalariado, o Espólio NÃO tinha que provar a veracidade das despesas e, sim, TÃO SOMENTE, comprovar que a receita referiase à prestação de serviço não assalariado E FOI O QUE FEZ. Fl. 169DF CARF MF Impresso em 24/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 22/ 02/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 19/02/2016 por CARLOS CESAR QUADRO S PIERRE, Assinado digitalmente em 19/02/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE Processo nº 10680.000178/200949 Acórdão n.º 2201002.775 S2C2T1 Fl. 169 4 É o Relatório. Voto Conselheiro Carlos César Quadros Pierre, Relator. Conheço do recurso, posto que tempestivo e com condições de admissibilidade. De início verifico que tratao litígio de Dedução Indevida de Despesas de Livro Caixa no valor de R$ 24.167,52. A autoridade lançadora assim descreveu os fatos: “Dedução Indevida de Despesas de Livro Caixa. De acordo com a legislação em vigor, somente pode deduzir despesas escrituradas em LivroCaixa, o contribuinte que receber rendimentos do trabalho nãoassalariado, o titular de serviços notariais e de registro e o leiloeiro. Em razão de o contribuinte ter declarado apenas Rendimentos Recebidos de Pessoa Jurídica com vinculo empregatício, está sendo glosado o valor de R$ 24.167,52 informado a título de Livro Caixa, indevidamente deduzido.”(Fls. 61) Por sua vez, o contribuinte afirma que provou que os rendimentos são oriundo de trabalho não assalariado; o que seria suficiente para o afastamento das glosas. Tenho o entendimento de que, sendo o motivo da glosa pela fiscalização apenas o fato de que o contribuinte não declarou rendimentos de trabalho não assalariado, basta ao contribuinte provar que declarou tais rendimentos para restabelecer as deduções. Deste modo, não cabe a autoridade julgadora, seja de primeira ou segunda instância, perquirir sobre outros motivos para a manutenção da glosa, sob pena de modificação na fundamentação do lançamento. Contudo, a DRJ, por sua vez, julgou improcedente a impugnação apresentada em razão de entender que as despesas do livro caixa não estavam comprovadas por documentação idônea que contenha a discriminação das mercadorias ou dos serviços para que possam ser enquadradas como necessárias e indispensáveis à manutenção da fonte produtora. Verificase, assim, que a Autoridade julgadora alterou a moldura fática utilizada pela Autoridade lançadora na feitura do lançamento, atuando aquela como se estivesse investida na função desta. Os fatos narrados, por si sós, são suficientes para anulação do lançamento e da decisão recorrida. Nada obstante, entendo prescindível a nulidade de tais atos administrativos, haja vista que, nos termos do § 3º do art. 59 do Decreto nº 70.235/1972: Fl. 170DF CARF MF Impresso em 24/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 22/ 02/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 19/02/2016 por CARLOS CESAR QUADRO S PIERRE, Assinado digitalmente em 19/02/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE Processo nº 10680.000178/200949 Acórdão n.º 2201002.775 S2C2T1 Fl. 170 5 § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta.(Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) Passo, então, a analisar se o Recorrente declarou ou não rendimentos de trabalho não assalariado. Compulsando os autos se verifica que a própria DRJ afirma em sua decisão que se trata rendimentos oriundos de prestação do serviço não assalariado – assistência jurisdicional; in verbis: “A defesa juntou aos autos documentos que provam a prestação do serviço não assalariado – assistência jurisdicional – doc. de fls. 18, porém não trouxe aos autos o livro caixa corretamente preenchido acompanhado da documentação que lhe daria suporte, não provando, portanto, na forma do § 2º acima transcrito, que faz jus à dedução pleiteada, o que torna sem reparos o feito fiscal.”(Fls. 70) Ademais, não existe nos autos nenhum elemento que permita inferir que os rendimentos por ele recebidos não decorrem de “trabalho não assalariado”. Razão pela qual penso que, ao contrário da fundamentação da fiscalização, o contribuinte declarou rendimentos de trabalho não assalariado e poderia deduzir despesas escrituradas em livro caixa. Ante tudo acima exposto e o que mais constam nos autos, voto por dar provimento ao recurso para restabelecer a dedução com livro caixa no valor de R$ R$ 24.167,52.. Assinado digitalmente Carlos César Quadros Pierre Fl. 171DF CARF MF Impresso em 24/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 22/ 02/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 19/02/2016 por CARLOS CESAR QUADRO S PIERRE, Assinado digitalmente em 19/02/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE
score : 1.0
Numero do processo: 11070.720018/2012-66
Turma: Segunda Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 18 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Nov 06 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2007, 2008, 2009, 2010
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. FRUSTRADA A INTIMAÇÃO POR VIA POSTAL, É LÍCITA A INTIMAÇÃO EDITALÍCIA. INTELIGÊNCIA DO DECRETO 70.235/72.
Não há nulidade quando, tentada sem êxito a intimação por via postal, a mesma se faz por edital, nos termos do Decreto 70.235/72, em especial, da nova redação que deu a seu artigo 23 a Lei 11.196/05.
DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. ENTREGA DA DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL FORA DO PRAZO. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO.
O prazo decadencial aplicável aos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, nos casos em que não houver pagamento antecipado ou que não haja apresentação da declaração de ajuste anual no prazo, é o do art. 173, I, do CTN.
ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO
São tributáveis as quantias correspondentes ao acréscimo patrimonial da pessoa física, apurado mensalmente, quando esse acréscimo não for justificado pelos rendimentos tributáveis, não tributáveis, tributados exclusivamente na fonte ou objeto de tributação definitiva.
MULTA QUALIFICADA. CARACTERIZAÇÃO.
O comportamento consistente do contribuinte de deixar de apresentar declaração de ajuste anual ao fisco federal torna notório o intuito de retardar o conhecimento, por parte da autoridade fiscal, das circunstâncias materiais da obrigação tributária, justificando a aplicação da multa qualificada.
MULTA AGRAVADA. INCIDÊNCIA.
O agravamento em 50% no percentual da multa de lançamento de ofício é aplicado quando restar comprovado que o sujeito passivo não atendeu às intimações fiscais para a apresentação de informações relacionadas com as atividades do fiscalizado.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 2802-002.701
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado por maioria de votos DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário para excluir do acréscimo patrimonial a descoberto os valores de R$ 7.193,69 (sete mil, cento e noventa e três reais e sessenta e nove reais) no ano de 2008 e de R$ 14.872,27 em 2009, nos termos do voto da relatora. Vencido o Conselheiro German Alejandro San Martín Fernández que dava provimento parcial em maior extensão para também afastar a qualificação da multa.
Assinado digitalmente
Jorge Cláudio Duarte Cardoso - Presidente.
Assinado digitalmente
Marcelo Vasconcelos de Almeida - Redator Designado ad hoc.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Jorge Claudio Duarte Cardoso (Presidente), Jaci de Assis Junior, German Alejandro San Martín Fernández, Dayse Fernandes Leite (Suplente convocada), Carlos André Ribas de Mello e Julianna Bandeira Toscano (Relatora).
Nome do relator: JULIANNA BANDEIRA TOSCANO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado por maioria de votos DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário para excluir do acréscimo patrimonial a descoberto os valores de R$ 7.193,69 (sete mil, cento e noventa e três reais e sessenta e nove reais) no ano de 2008 e de R$ 14.872,27 em 2009, nos termos do voto da relatora. Vencido o Conselheiro German Alejandro San Martín Fernández que dava provimento parcial em maior extensão para também afastar a qualificação da multa. Assinado digitalmente Jorge Cláudio Duarte Cardoso - Presidente. Assinado digitalmente Marcelo Vasconcelos de Almeida - Redator Designado ad hoc. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Jorge Claudio Duarte Cardoso (Presidente), Jaci de Assis Junior, German Alejandro San Martín Fernández, Dayse Fernandes Leite (Suplente convocada), Carlos André Ribas de Mello e Julianna Bandeira Toscano (Relatora).
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FRUSTRADA A INTIMAÇÃO POR VIA POSTAL, É LÍCITA A INTIMAÇÃO EDITALÍCIA. INTELIGÊNCIA DO DECRETO 70.235/72. Não há nulidade quando, tentada sem êxito a intimação por via postal, a mesma se faz por edital, nos termos do Decreto 70.235/72, em especial, da nova redação que deu a seu artigo 23 a Lei 11.196/05. DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. ENTREGA DA DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL FORA DO PRAZO. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. O prazo decadencial aplicável aos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, nos casos em que não houver pagamento antecipado ou que não haja apresentação da declaração de ajuste anual no prazo, é o do art. 173, I, do CTN. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO São tributáveis as quantias correspondentes ao acréscimo patrimonial da pessoa física, apurado mensalmente, quando esse acréscimo não for justificado pelos rendimentos tributáveis, não tributáveis, tributados exclusivamente na fonte ou objeto de tributação definitiva. MULTA QUALIFICADA. CARACTERIZAÇÃO. O comportamento consistente do contribuinte de deixar de apresentar declaração de ajuste anual ao fisco federal torna notório o intuito de retardar o conhecimento, por parte da autoridade fiscal, das circunstâncias materiais da obrigação tributária, justificando a aplicação da multa qualificada. MULTA AGRAVADA. INCIDÊNCIA. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 07 0. 72 00 18 /2 01 2- 66 Fl. 617DF CARF MF Impresso em 06/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/11/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 03/11/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 04/11/2015 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO Processo nº 11070.720018/201266 Acórdão n.º 2802002.701 S2TE02 Fl. 618 2 O agravamento em 50% no percentual da multa de lançamento de ofício é aplicado quando restar comprovado que o sujeito passivo não atendeu às intimações fiscais para a apresentação de informações relacionadas com as atividades do fiscalizado. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado por maioria de votos DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário para excluir do acréscimo patrimonial a descoberto os valores de R$ 7.193,69 (sete mil, cento e noventa e três reais e sessenta e nove reais) no ano de 2008 e de R$ 14.872,27 em 2009, nos termos do voto da relatora. Vencido o Conselheiro German Alejandro San Martín Fernández que dava provimento parcial em maior extensão para também afastar a qualificação da multa. Assinado digitalmente Jorge Cláudio Duarte Cardoso Presidente. Assinado digitalmente Marcelo Vasconcelos de Almeida Redator Designado ad hoc. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Jorge Claudio Duarte Cardoso (Presidente), Jaci de Assis Junior, German Alejandro San Martín Fernández, Dayse Fernandes Leite (Suplente convocada), Carlos André Ribas de Mello e Julianna Bandeira Toscano (Relatora). Relatório A Relatora originária, Conselheira Julianna Bandeira Toscano, deixou de integrar o Colegiado sem formalizar o presente acórdão, razão pela qual fui designado como Redator ad hoc, conforme despacho de fls. 616. Reproduzo o conteúdo lido em sessão pela Relatora e disponibilizado no repositório oficial do CARF. Tratase de recurso voluntário interposto pelo contribuinte em face do acórdão da 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento DRJ em Porto Alegre, que julgou procedente em parte o lançamento de Imposto de Renda de Pessoa Física dos exercícios de 2007, 2008, 2009 e 2010, decorrente da apuração de acréscimo patrimonial a descoberto. A referida decisão delimitou com muita clareza a matéria colocada em julgamento, razão pela qual adoto o seu relatório, a seguir transcrito: Contra a contribuinte foi lavrado auto de infração (fls. 267 a 292) referente a Imposto sobre a Renda de Pessoa Física dos anoscalendário 2006, 2007, 2008, 2009, no qual foi apurado o Fl. 618DF CARF MF Impresso em 06/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/11/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 03/11/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 04/11/2015 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO Processo nº 11070.720018/201266 Acórdão n.º 2802002.701 S2TE02 Fl. 619 3 crédito tributário de R$ 337.360,33, nele compreendido imposto, multa de ofício de 225,00% e juros de mora, em decorrência da apuração de acréscimo patrimonial a descoberto, na forma dos dispositivos legais sumariados na peça fiscal. Em razão do entendimento da autoridade fiscal da possibilidade de sonegação fiscal em tese ocorrida nos anos fiscalizados foi efetuada a representação fiscal para fins penais. Da impugnação Tempestivamente, a interessada apresenta a impugnação da exigência às fls. 300 a 326. Suas alegações estão, em síntese, a seguir descritas. Da invalidade da intimação por edital Conforme preconiza o art. 23, § 1º, do Decreto n° 70.235/72, no processo administrativo, somente se consubstancia a legitimidade da intimação efetivada pela via edital, quando a administração tributária verificar que as vias postal e pessoal resultarem improfícuos, ou seja, não alcançarão o objetivo proposto. No entanto, essa improficuidade somente se consubstancia pela impossibilidade de realização da intimação pelos meios ordinários. No caso dos autos, uma única tentativa de entrega pessoal foi realizada, quando não se encontrava em casa. O que levou o auditorfiscal a enviar via correio a correspondência, que, observase, foi devolvida pelo Correio com a seguinte informação escrita no envelope do carteiro: “Prédio sem portaria”. Na única tentativa do fisco de intimação pessoal, a contribuinte não se encontrava em casa, não havendo que se dizer impossível a sua intimação, sendo que o fisco deveria ter sido promovida nova tentativa. Não restou configurada a impossibilidade de realização da intimação pelos meios ordinários, não justificando proceder imediatamente a intimação por edital, pois o domicílio do contribuinte não era desconhecido, nem este se encontrava em local incerto ou mesmo inacessível, tendo o fisco pleno conhecimento do endereço certo do contribuinte. Dessa forma, o lançamento é maculado de vício insanável, uma vez que a intimação do termo de início de fiscalização, bem como as demais intimações para prestar esclarecimentos, foram efetuadas por edital, impondose a sua anulação. Nesse sentido, a jurisprudência pacífica do Conselho de Contribuintes. Fl. 619DF CARF MF Impresso em 06/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/11/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 03/11/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 04/11/2015 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO Processo nº 11070.720018/201266 Acórdão n.º 2802002.701 S2TE02 Fl. 620 4 É farto o repertório jurisprudencial sobre a nulidade do procedimento fiscal. Não é válida a intimação por edital, pois não restou comprovado o exaurimento das tentativas de intimação do contribuinte, pelo que todos os atos posteriores encontramse viciados, impondose a anulação do lançamento. Da decadência do anocalendário 2006 Inobstante o AuditorFiscal ter se equivocado quando afirmou que a contribuinte não teria apresentado as declarações de renda até o presente ano (2012), quando, na verdade, o contribuinte prestou as informações, calculou o tributo devido e promoveu o pagamento. Nesse caso, o entendimento uníssono, havendo a ocorrência do pagamento do tributo, a Fazenda tem cinco anos a contar do fato gerador para a constituição do crédito tributário, que como regra, ocorre em 31 de dezembro de cada anocalendário, a teor da Súmula n° 38 do CARF. Assim, a Fazenda Nacional somente poderia lançar o crédito relativo ao anocalendário de 2006, cujo fato gerador ocorre em 31.12.2006, até o dia 31.12.2011. Considerando que o auto de infração foi lavrado em 09.03.2012, operouse a decadência, nos termos do art. 150, § 4º do CTN. Nesse sentido a jurisprudência do CARF. Junta Darf de recolhimento do imposto pago no anocalendário 2006. Requer seja reconhecida a decadência do anocalendário 2006. O lançamento por variação patrimonial a descoberto Equivocadamente o auditorfíscal efetuou o lançamento, não verificando a entrega das declarações de renda pela contribuinte, estando os seus rendimentos declarados e pagos, conforme a seguir exposto se verificará o acréscimo patrimonial devidamente a coberto, sendo totalmente improcedente o lançamento. Anocalendário 2006 Junho/2006 – R$40.000,00 e Novembro/2006 – R$ 50.000,00 Com relação aos valores lançados de RS 40.000,00 relativo à aquisição do imóvel sob matrícula n° 15.337, no mês de junho de 2006, e de R$ 50.000,00 relativo à aquisição do imóvel sob matrícula nº 19.978, no mês de novembro/2006, esclarece que os recursos utilizados para a aquisição destes imóveis são oriundos da alienação de veículos, um caminhão placa IMD2098, em 09.01.2006, pelo preço recebido em moeda corrente de R$ 138.000,00 e um veículo placa MCS0713, vendido em Fl. 620DF CARF MF Impresso em 06/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/11/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 03/11/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 04/11/2015 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO Processo nº 11070.720018/201266 Acórdão n.º 2802002.701 S2TE02 Fl. 621 5 29.09.2006, pelo preço recebido em moeda corrente de R$ 60.000,00, conforme comprovam os documentos em anexo. Novembro/2006 – R$17.500,00 Com relação à suposta aquisição dos imóveis sob matrículas n°s 11.420 e 7.087, o AuditorFiscal equivocadamente afirma que de acordo com o sistema de Declarações de Operações Imobiliárias da Receita Federal, cujas informações são prestadas pelos Cartórios e Serviços Registrais, que em novembro do ano 2006, a contribuinte adquiriu em conjunto com a irmã Taísa Dalmolin Fedrigo os imóveis referidos. Contudo, referidos imóveis não foram adquiridos, mas sim recebidos em doação dos pais, conforme comprovam as Escrituras Públicas de Doação n°s 22.681/482/06 e 22.682/483/06, lavradas pelo Tabelionato de Notas de Frederico Westphalen RS, em anexo, portanto não podem ser tributadas como acréscimo patrimonial a descoberto. Anocalendário 2007 Abril/2007 – R$50.000,00 e Outubro/20007 – R$90.000,00 Com relação aos valores tributados de R$ 50.000,00 no mês de abril de 2007, relativo à aquisição do imóvel sob matrícula n° 19.978, e de R$ 90.000,00 no mês de outubro de 2007, relativo à aquisição dos imóveis sob matrículas n°s 15.712, 15.713, 15.714, 15.715, 15.716 e 15.717, esclarece que os rendimentos utilizados para as aquisições são: 1. Dinheiro em espécie, guardado em moeda nacional, que possuía desde o anocalendário 2005, na importância de R$ 300.000,00, como uma poupança para aquisição de bens futuros, constante de sua declaração de imposto de renda exercício 2008, conforme o código "63", na discriminação de bens e direitos; 2. Da atividade rural, obtidos nos meses de outubro e novembro, no valor total de R$ 277.792,50, conforme notas fiscais em anexo – na proporção de 50%, tendo em vista ser em conjunto com a irmã Taísa Dalmolin Fedrigo, os quais estão declarados em sua DAA exercício 2008 e recolhidos os tributos conforme DARF em anexo. 3. Rendimentos tributáveis recebidos de pessoa física, conforme DAA exercício 2008. Anocalendário 2008 Outubro/2008 – R$107.500,00 Com relação ao valor de R$ 107.500,00 tributado em outubro de 2008, tendo em vista a aquisição dos imóveis sob matrículas n°s 2.680 e 3.584, esclarece que os rendimentos utilizados para aquisição dos mesmos são oriundos: Fl. 621DF CARF MF Impresso em 06/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/11/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 03/11/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 04/11/2015 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO Processo nº 11070.720018/201266 Acórdão n.º 2802002.701 S2TE02 Fl. 622 6 1. da alienação de veículos, sendo um bitrem placas IME1170 e IME1171, pelo preço recebido em moeda corrente de R$ 60.000,00, e de uma caminhonete placa MEW1505, pelo preço recebido em moeda corrente de R$ 90.000,00, cujos valores foram recebidos em meados do mês de outubro e a transferência se deu alguns dias depois, conforme documentos em anexo. 2. da atividade rural, obtidos nos meses de março, abril e maio, no valor total de R$ 341.564,98, conforme notas fiscais em anexo 50% em conjunto com a irmã Taísa Dalmolin Fedrigo, os quais estão declarados em sua DAA exercício 2009 e recolhidos os tributos conforme DARF em anexo. 3. rendimentos tributáveis recebidos de pessoas jurídicas, tendo como fonte pagadora Bunge Alimentos S/A, no valor total de R$ 7.537,01, conforme declarados em sua DAA exercício 2009. 4. rendimentos recebidos de pessoa física no valor total de R$ 8.400,00, conforme declarados em sua DAA exercício 2009. 5. dinheiro em espécie, guardado em moeda nacional, na importância de R$ 295.000,00, como uma poupança para aquisição de bens futuros, constando na declaração do imposto de renda da pessoa física exercício 2009, através do código "63", na discriminação de bens e direitos. Anocalendário 2009 Maio/2009 – R$32.000,00 e Julho/2009 – R$50.000,00 Com relação aos valores tributados de R$ 32.000,00 em maio de 2009, relativo à aquisição do imóvel sob matrícula n° 6.863, e de R$ 50.000,00, referente a aquisição de imóvel sob matrícula n° 700, esclarece que os recursos utilizados para a aquisição do mesmo são oriundos: 1. rendimentos tributáveis recebidos de pessoas jurídicas, tendo como fonte pagadoras Transportadora Arm. Gerais Giovanella e Camera Agroalimentos, no valor total de R$ 6.578,24, conforme declarado em sua DAA exercício 2010. 2. rendimentos tributáveis recebidos de pessoa física no valor total de R$ 8.400,00, conforme DAA exercício 2010. 3. dinheiro em espécie, guardado em moeda nacional, na importância de R$ 120.000,00, como uma poupança para aquisição de bens futuros, constante na declaração de imposto de renda exercício 2010, conforme código "63", na discriminação de bens e direitos. 4. da atividade rural, obtidos no mês de julho no valor de R$ 55.000,00, conforme nota fiscal n° 390161, em anexo, o qual está declarado em sua DAA exercício 2010 e recolhido o tributo conforme DARF em anexo. Da multa de ofício Fl. 622DF CARF MF Impresso em 06/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/11/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 03/11/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 04/11/2015 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO Processo nº 11070.720018/201266 Acórdão n.º 2802002.701 S2TE02 Fl. 623 7 Embora em atraso, apresentou suas declarações de renda e recolheu o tributo relativo aos seus rendimentos acrescido dos juros moratórias e da multa de 20%, estando caracterizada a espontaneidade, uma vez que as declarações foram entregues anteriormente a intimação do Termo de Início de Procedimento Fiscal, que se deu através de Edital afixado em 19/08/2011. A espontaneidade, ou seja, a iniciativa do sujeito passivo que paga o tributo devido antes do início do procedimento fiscal tem a virtude de evitar a aplicação da multa de natureza punitiva. A legislação traz este beneficio como forma de incentivo ao contribuinte que se antecipa à ação fiscal. O marco inicial que se constitui na perda da espontaneidade não é da data em que o Termo de Início de Fiscalização é emitido, mas sim da data da intimação ao contribuinte dos seus termos. Enquanto o contribuinte não for cientificado do início da fiscalização lhe é assegurado o exercício da denúncia espontânea. Requer o afastamento da multa de ofício tendo em vista os valores declarados e pagos. No caso de entendimento que o pagamento do imposto se deu sem espontaneidade, os tributos e os acréscimos legais recolhidos devem ser utilizados para quitação parcial e/ou total do crédito tributário lançado. Como se verifica das DARFs recolhidas em anexo, foram pagos os tributos e acréscimos legais recolhidos, que devem ser utilizados para a quitação parcial e/ou total do crédito tributário lançado. Da multa qualificada Foi aplicada a multa qualificada de 150% por entender haver ação dolosa de sonegação por parte da contribuinte, tendo em vista esta não ter apresentado suas declarações de renda até o presente ano (2012), eximindose do pagamento de tributos federais. Contudo, a contribuinte entregou suas declarações de renda exercícios 2007, 2008, 2009 e 2010, efetuando o pagamento dos tributos federais devidos. Não há que se falar em conduta dolosa a ensejar a qualificação da multa, pois, ao contrário do que sustentado pelo Auditor, as declarações foram entregues e os tributos devidamente pagos. De qualquer forma, embora se a contribuinte não tivesse entregue as declarações de renda, mesmo assim, esse fato, por si só, não autorizaria a aplicação da multa qualificada, pois a simples falta de apresentação de declaração não gera qualificação da multa. Para a correta aplicação da multa qualificada, a inobservância da legislação tributária tem que estar acompanhada de prova Fl. 623DF CARF MF Impresso em 06/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/11/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 03/11/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 04/11/2015 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO Processo nº 11070.720018/201266 Acórdão n.º 2802002.701 S2TE02 Fl. 624 8 que o contribuinte, por ato fraudulento, levou a autoridade administrativa a erro, por meio, ilustrativamente, da utilização de documentos falsos, notas frias, etc. Apresenta jurisprudência do Conselho de Contribuintes. Ainda, em respeito à verdade, novamente equivocase o Auditor Fiscal, pois os imóveis adquiridos em 2003 e 2004 referidos no Relatório da Ação Fiscal, embora estejam fora do período de fiscalização, esclarece que, foram adquiridos pelo pai Nilo Fedrigo para as filhas Talita Dalmolin Fedrigo e Taísa Dalmolin Fedrigo, quando estas eram suas dependentes. Estes imóveis foram devidamente declarados à Receita Federal nas suas declarações de renda. Requer a exclusão da multa qualificada. Da multa agravada A multa foi agravada para 225% em decorrência do não atendimento das intimações para prestar esclarecimentos. As intimações ao contribuinte se deram por edital, não havendo ciência inequívoca das intimações, capaz de ensejar o agravamento da multa por não atendimento das mesmas. Requer, ainda, a juntada posterior de documentos que venham auxiliar na comprovação das razões da impugnante. A DRJ em Porto Alegre considerou comprovada a origem das aquisições efetuadas em 2006 e considerou no cálculo do acréscimo patrimonial 20% dos rendimentos decorrentes de atividade rural, tendo reduzido o valor do lançamento referente aos anos de 2007 e 2008 e 2009. Irresignada, a contribuinte apresentou recurso voluntário em que reitera a alegação preliminar de nulidade e, no mérito, reproduz os argumentos da inicial, contestando, ainda, a metodologia aplicada pela DRJ para considerar como resultado da atividade rural o equivalente a 20% dos rendimentos comprovados. Traz novos documentos à apreciação deste Conselho. É o relatório. Voto Conselheiro Marcelo Vasconcelos de Almeida, Redator Designado ad hoc A Relatora originária, Conselheira Julianna Bandeira Toscano, deixou de integrar o Colegiado sem formalizar o acórdão. Tendo sido nomeado ad hoc para formalização do acórdão, registro que não necessariamente concordo com a conclusão ou com os fundamentos da Relatora. Reproduzo o conteúdo lido em sessão pela Relatora e disponibilizado no repositório oficial do CARF. Fl. 624DF CARF MF Impresso em 06/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/11/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 03/11/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 04/11/2015 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO Processo nº 11070.720018/201266 Acórdão n.º 2802002.701 S2TE02 Fl. 625 9 O recurso é tempestivo, atende aos demais requisitos de admissibilidade e dele tomo conhecimento. Inicialmente, cumpre analisar a alegação preliminar de nulidade. Afirma a recorrente que a intimação do termo de início de fiscalização bem como as demais intimações para prestar esclarecimentos foram efetuadas por edital, não tendo validade. No entanto, a intimação por edital só ocorreu após duas tentativas de fazêlo pessoalmente e por via postal. Demonstrada serem infrutíferas as tentativas de intimação do contribuinte em seu endereço, é válida a utilização da via do edital. Nesse sentido é o entendimento dessa 2ª Turma Especial, conforme se depreende do acórdão nº 2802002.033, de lavra do Conselheiro Carlos André Ribas de Mello: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. FRUSTRADA A INTIMAÇÃO POR VIA POSTAL, É LÍCITA A INTIMAÇÃO EDITALÍCIA. INTELIGÊNCIA DO DECRETO 70.235/72. Não há nulidade quando, tentada sem êxito a intimação por via postal, a mesma se faz por edital, nos termos do Decreto 70.235/72, em especial, da nova redação que deu a seu artigo 23 a Lei 11.196/05. Ultrapassada a preliminar, passamos à apreciação dos argumentos de mérito. Inicialmente, é importante ressaltar que a prova que se busca para elidir a presunção de omissão de receita decorrente da apuração de acréscimo patrimonial a descoberto deve ser documental. Da análise cuidadosa dos elementos dos autos, especialmente os documentos anexados ao recurso voluntário, notase que a recorrente trouxe cópia do contrato de aluguel, no valor de R$ 600,00 mensais, de terras à Prefeitura Municipal de Itabera (fls. 595/597 do processo eletrônico). No entanto, o referido contrato não prova o efetivo recebimento dos valores, a justificar o abatimento do acréscimo patrimonial apurado no período. O mesmo ocorre com o contrato de compra e venda de dois semireboques, às fls. 599/600, anexados na tentativa de comprovar que o recebimento se deu em outubro de 2008 e não em novembro do mesmo ano, conforme consta no documento de transferência dos veículos. Pelos documentos que constam dos autos, não há como afirmar quando, de fato, se deu a operação. No entanto, com relação aos documentos de fls. 602, 605 e 607, os mesmos são comprovantes de rendimentos pagos por Bunge Alimentos S.A., em 2008, Camera Agroalimentos S.A. e Transp. Arm. Gerais Giovanella, em 2009, os quais devem ser acatados para reduzir o acréscimo patrimonial a descoberto nos respectivos anos de recebimento. O documento de fls. 602 informa rendimentos brutos de R$ 7.537,01, com IRRF de R$ 343,32, implicando rendimento líquido de R$ 7.193,69, que deverá ser Fl. 625DF CARF MF Impresso em 06/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/11/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 03/11/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 04/11/2015 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO Processo nº 11070.720018/201266 Acórdão n.º 2802002.701 S2TE02 Fl. 626 10 considerado como origem de recursos no fluxo financeiro do ano de 2008 (Demonstrativo de Variação Patrimonial às fls. 276/283). O documento de fls. 605 indica, no anocalendário de 2009, rendimentos tributáveis bruto de R$ 5.826,24, com desconto de previdência oficial de R$ 393,31 e de IRRF de R$ 52,03, importando rendimentos líquidos no valor de R$ 5.380,90, que, somados aos rendimentos isentos de R$ 8.739,37, totalizam rendimentos no montante de R$ 14.120,27. O comprovante de fls. 607 informa rendimentos brutos de R$ 752,00, no mesmo ano, sem qualquer desconto. Logo, deve ser considerado no fluxo financeiro de 2009 (Demonstrativo de Variação Patrimonial às fls. 276/283), como origem de recursos, o valor total de R$ R$ 14.872,27 (R$ 14.120,27 + 752,00). Ainda com relação ao mérito, insurgese a recorrente quanto ao aproveitamento de apenas 20% dos rendimentos decorrentes da atividade rural. Entendo que, também nesse aspecto, não merece reparo a decisão recorrida. Depreendese da legislação do Imposto de Renda relacionada à atividade rural que a receita bruta da atividade rural somente pode justificar variação patrimonial se acompanhada da correspondente despesa ou do investimento. Somente o resultado positivo da atividade rural pode ser utilizado para justificar a variação patrimonial, relacionada à aquisição de bens e direitos. A legislação exige, obrigatoriamente, a comprovação das receitas e das despesas. Não havendo comprovação das despesas ou dos investimentos efetivamente realizados, devem ser considerados como recursos provenientes da atividade rural 20% da receita bruta. Finalmente, com relação à aplicação da multa qualificada e agravada, há subsídios no lançamento que indicam nítido intuito de omitir rendimentos por parte da contribuinte que, reiteradamente, por quatro anos consecutivos, deixou de apresentar declaração de ajuste anual e que, regularmente intimada a prestar esclarecimentos, não o fez. Vejase, nesse sentido, o julgado proferido pela Câmara Superior de Recursos Fiscais, nos autos do processo nº 11543.001084/200410 em que foi Relator o Conselheiro Valmir Sandri: MULTA QUALIFICADA. CARACTERIZAÇÃO. O comportamento consistente do contribuinte de deixar de declarar a quase totalidade de suas receitas ao fisco federal, torna notório o intuito de retardar o conhecimento, por parte da autoridade fiscal, das circunstâncias materiais da obrigação tributária, justificando a aplicação da multa qualificada. Diante do exposto, voto por conhecer o recurso voluntário e darlhe parcial provimento, determinando a exclusão de R$ 7.193,69 no fluxo financeiro do ano de 2008 e de R$ 14.872,27 no fluxo financeiro do ano de 2009. Assinado digitalmente Marcelo Vasconcelos de Almeida, Redator Designado ad hoc Fl. 626DF CARF MF Impresso em 06/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/11/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 03/11/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 04/11/2015 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO Processo nº 11070.720018/201266 Acórdão n.º 2802002.701 S2TE02 Fl. 627 11 Fl. 627DF CARF MF Impresso em 06/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/11/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 03/11/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 04/11/2015 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO
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Numero do processo: 13888.000576/2005-01
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Jan 25 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Feb 15 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/12/2004 a 31/12/2004
PRAZO DECADENCIAL DOS ARTIGOS 150, §4º E 173 DO CTN. INAPLICABILIDADE PARA A VERIFICAÇÃO DA LIQUIDEZ E CERTEZA DO DIREITO CREDITÓRIO. HOMOLOGAÇÃO DE DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PRAZO PRÓPRIO PREVISTO NO ARTIGO 74 DA LEI Nº 9.430/1996.
A verificação da liquidez e certeza do direito creditório não se sujeita ao prazo decadencial previsto nos artigos 150, §4º e 173 do CTN. O prazo para homologação da compensação é de cinco anos contados da data de entrega da declaração de compensação, nos termos do artigo 74, §5º da Lei nº 9430/1996.
CRÉDITO DA NÃO-CUMULATIVIDADE. CRÉDITO PRESUMIDO. ESTOQUE DE ABERTURA. INCLUSÃO DO VALOR DO ICMS. VEDAÇÃO.
O valor dos impostos recuperáveis não compõe o estoque de abertura de que trata o artigo 11 da Lei nº 10.637/2002, conforme os artigos 289, 290, 292, 293 e 294 do Decreto nº 3.000/1999 (Regulamento do Imposto de Renda).
CRÉDITO DA NÃO-CUMULATIVIDADE. PIS/PASEP-IMPORTAÇÃO RECOLHIDA VINCULADA A MERCADORIAS DESTINADAS AO MERCADO INTERNO OU UTILIZADAS EM PRODUTO DESTINADO AO MERCADO INTERNO. CRÉDITOS DE IMPORTAÇÃO VINCULADOS AO MERCADO INTERNO. INAPLICABILIDADE DOS MÉTODOS DE APROPRIAÇÃO DE CUSTOS, DESPESAS E ENCARGOS COMUNS PREVISTOS NOS §§7º, 8º E 9º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 10.637/2002.
Os recolhimentos de PIS/Pasep-Importação vinculados a mercadorias importadas e destinadas ao mercado interno ou incorporadas ao produto resultante do processo de industrialização, destinado ao mercado interno, consideram-se específicos a estas receitas, não se lhes aplicando os métodos de apropriação previstos nos §§7º, 8º e 9º do artigo 3º da Lei nº 10.637/2002, por não configurarem custos, despesas ou encargos comuns a receitas de venda no mercado interno e receitas de exportação.
Recurso Voluntário Negado.
Direito Creditório Não Reconhecido.
Numero da decisão: 3302-002.941
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros da Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa
Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède
Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ricardo Paulo Rosa (Presidente), Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Walker Araújo, Jose Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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INAPLICABILIDADE PARA A VERIFICAÇÃO DA LIQUIDEZ E CERTEZA DO DIREITO CREDITÓRIO. HOMOLOGAÇÃO DE DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PRAZO PRÓPRIO PREVISTO NO ARTIGO 74 DA LEI Nº 9.430/1996. A verificação da liquidez e certeza do direito creditório não se sujeita ao prazo decadencial previsto nos artigos 150, §4º e 173 do CTN. O prazo para homologação da compensação é de cinco anos contados da data de entrega da declaração de compensação, nos termos do artigo 74, §5º da Lei nº 9430/1996. CRÉDITO DA NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITO PRESUMIDO. ESTOQUE DE ABERTURA. INCLUSÃO DO VALOR DO ICMS. VEDAÇÃO. O valor dos impostos recuperáveis não compõe o estoque de abertura de que trata o artigo 11 da Lei nº 10.637/2002, conforme os artigos 289, 290, 292, 293 e 294 do Decreto nº 3.000/1999 (Regulamento do Imposto de Renda). CRÉDITO DA NÃOCUMULATIVIDADE. PIS/PASEPIMPORTAÇÃO RECOLHIDA VINCULADA A MERCADORIAS DESTINADAS AO MERCADO INTERNO OU UTILIZADAS EM PRODUTO DESTINADO AO MERCADO INTERNO. CRÉDITOS DE IMPORTAÇÃO VINCULADOS AO MERCADO INTERNO. INAPLICABILIDADE DOS MÉTODOS DE APROPRIAÇÃO DE CUSTOS, DESPESAS E ENCARGOS COMUNS PREVISTOS NOS §§7º, 8º E 9º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 10.637/2002. Os recolhimentos de PIS/PasepImportação vinculados a mercadorias importadas e destinadas ao mercado interno ou incorporadas ao produto resultante do processo de industrialização, destinado ao mercado interno, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 00 05 76 /2 00 5- 01 Fl. 326DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 12/02 /2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 13888.000576/200501 Acórdão n.º 3302002.941 S3C3T2 Fl. 3 2 consideramse específicos a estas receitas, não se lhes aplicando os métodos de apropriação previstos nos §§7º, 8º e 9º do artigo 3º da Lei nº 10.637/2002, por não configurarem custos, despesas ou encargos comuns a receitas de venda no mercado interno e receitas de exportação. Recurso Voluntário Negado. Direito Creditório Não Reconhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros da Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ricardo Paulo Rosa (Presidente), Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Walker Araújo, Jose Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado. Relatório Trata o presente de Declarações de Compensação com utilização de créditos da nãocumulatividade de PIS/Pasep, relativo ao mês de dezembro de 2004. A fiscalização efetuou as seguintes glosas, reconhecidas em despacho decisório, cientificado em 27/01/2010: 1. Glosa da inclusão do ICMS na base de cálculo do crédito presumido do estoque de abertura, por entender que o ICMS, sendo tributo recuperável, não compõe o valor do estoque, conforme artigo 11, §1º da Lei nº 10.637/2002 e artigo 289, §3º do Decreto nº 3.000/1999 (RIR/99); 2. Glosa de créditos de importação de produtos amparados pelo Regime Aduaneiro Especial de Entreposto Industrial sob Controle Informatizado para a Indústria Autotmotiva (Recof Automotivo), em razão de que os recolhimentos ocorreram devido à destinação dos produtos ao mercado interno (nacionalização, ou seja, o produto importado foi revendido no mercado interno ou utilizado como insumo em outro produto vendido no mercado interno). Em manifestação de inconformidade, a recorrente, alegou: 1. A decadência do direito de glosar os referidos créditos por aplicação do art. 150, §4º do CTN; Fl. 327DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 12/02 /2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 13888.000576/200501 Acórdão n.º 3302002.941 S3C3T2 Fl. 4 3 2. A necessidade de se incluir o ICMS na base de cálculo do crédito presumido relativo ao estoque de abertura, em razão de que este valor compôs a base de cálculo das contribuições incidentes na receita do vendedor, por ocasião das aquisições; 3. A regularidade da segregação dos créditos de importação vinculados às receitas de exportação, pelo método do rateio proporcional às receitas no mercado interno e de exportação, relativamente aos insumos adquiridos ao amparo do Recof e, posteriormente, nacionalizados; 4. Que, caso não se entendesse pela regularidade do rateio efetuado pela recorrente, deverseia, ao menos, cancelar as multas e juros de mora sobre os débitos compensados, por ter a recorrente seguido as instruções de preenchimento do Dacon. A recorrente apresenta manifestação adicional, reforçando os argumentos quanto à regularidade do rateio efetuado, mencionado no item 3 acima. A Quinta Turma da DRJ em Ribeirão Preto proferiu o Acórdão nº 1435.921, cuja ementa transcrevese: Assunto: Normas de Administração Tributária Data do fato gerador: 31/12/2004 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. PEDIDO DE PERÍCIAS E DE JUNTADA DE DOCUMENTOS. A perícia deve ser solicitada e a documentação comprobatória das alegações deve ser juntada quando da apresentação da manifestação de inconformidade, ou posteriormente nas condições do disposto no artigo 57 do Decreto nº 7.574, de 2001. COMPENSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO. PRAZO. O prazo para a homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo é de cinco anos contados da data da apresentação da declaração. Base Legal: Art. 94, § 5º, da Lei nº 9.430, de 1996. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Data do fato gerador: 31/12/2004 CRÉDITOS A DESCONTAR. INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. CRÉDITO PRESUMIDO. ESTOQUE DE ABERTURA. INCLUSÃO DO VALOR DO ICMS. VEDAÇÃO. Não se inclui no saldo do estoque de abertura existente em 30/04/2004 o valor dos impostos recuperáveis através de créditos na escrita fiscal. Base legal: Art. 289 do RIR/99. CRÉDITOS A DESCONTAR. INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. VALOR PAGO NA IMPORTAÇÃO. VENDAS Fl. 328DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 12/02 /2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 13888.000576/200501 Acórdão n.º 3302002.941 S3C3T2 Fl. 5 4 NO MERCADO INTERNO. APROPRIAÇÃO DIRETA DOS CUSTOS, DESPESAS E/OU ENCARGOS. Os custos, despesas e encargos vinculados a receitas de vendas no mercado interno devem ser apropriadas diretamente na base de cálculo para apuração dos créditos. Incabível a aplicação do rateio proporcional previsto no § 8º, do art. 3º, da Lei nº 10.833, de 2003, que se aplica na apuração do percentual referente às receitas sujeitas ao regime de cumulatividade e ao regime de nãocumulatividade. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Irresignada, a recorrente interpôs recurso voluntário, alegando: 1. Preliminarmente, a nulidade da decisão por não enfrentamento dos pontos fundamentais dos argumentos de defesa; 2. A decadência do direito de glosar os créditos da nãocumulatividade, pela aplicação do prazo decadencial disposto no artigo 150, §4º do CTN; 3. A correção da inclusão do ICMS na base de cálculo do crédito presumido relativo ao estoque de abertura; 4. O erro contido na decisão recorrida quanto à inexistência de base legal para aplicação do método de rateio para segregar os custos, encargos e despesas comuns às receitas de venda no mercado interno e às receitas de exportação; 5. A possibilidade de se aplicar o método de rateio proporcional a receitas de venda no mercado interno e de exportação, para segregar os insumos comuns adquiridos sob o regime do Recof; 6. A possibilidade de manutenção dos créditos das contribuições para o PIS e Cofins, em operações desoneradas sob o regime de Recof; 7. Que antes da edição da Lei nº 12.058/2009, não havia disposição legal determinando a segregação dos créditos em função da natureza, origem e vinculação desses ao tipo de receita auferida; 8. A exclusão da multa de ofício e dos juros de mora, por ter a recorrente seguido as instruções de preenchimento do Dacon. Na forma regimental, o processo foi distribuído a este relator. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède. Fl. 329DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 12/02 /2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 13888.000576/200501 Acórdão n.º 3302002.941 S3C3T2 Fl. 6 5 O recurso voluntário atende aos pressupostos de admissibilidade e dele tomo conhecimento. Preliminarmente, a recorrente aduziu nulidade por não ter a decisão recorrida enfrentado todos os argumentos deduzidos na impugnação. Verificase que a reclassificação da natureza dos créditos de PIS/PasepImportação efetuada pela autoridade fiscal foi fundamentada na assunção de que tais créditos são específicos e vinculados às receitas de venda no mercado interno e não às receitas de exportação, conforme Termo de Informação Fiscal, efl. 116, e Despacho Decisório, efl. 125. A DRJ decidiu pela manutenção da reclassificação dos créditos, com fundamento de que os relativos ao PIS/PasepImportação paga deveriam ser vinculados exclusivamente às receitas no mercado interno, não integrando, pois a base para o rateio previsto no §8º do art. 3º da Lei nº 10.833/2003. Fundamentou, ainda, na inexistência de previsão legal para a aplicação do método de rateio proporcional a receitas de venda no mercado interno e externo e no perfeito controle do custo dos insumos apropriáveis à exportação e ao mercado interno, não prosperando a alegação de impossibilidade de segregação dos custos antes das vendas. A decisão recorrida utilizou como fundamento a própria razão da glosa empreendida pela autoridade fiscal, ou seja, de que os valores pagos de PIS/PasepImportação são custos específicos do mercado interno e que não existe previsão legal para aplicação do método de rateio para segregar os custos entre receitas de venda no mercado interno e de exportação. Esta argumentação, por si só, afasta as alegações da recorrente quanto à aplicação do método de rateio previsto no §8º do art. 3º da Lei nº 10.637/2002, e os demais argumentos deduzidos pela recorrente. Ademais, não há necessidade de o julgador rebater um a um os argumentos deduzidos, bastando que a decisão seja suficientemente fundamentada, em observância do princípio do livre convencimento motivado. Neste sentido, citase o Acórdão nº 3202001.369, proferido pela Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção de Julgamento: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário:1987, 1990 NORMAS PROCESSUAIS. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIA. Não havendo omissão, contradição ou obscuridade no acórdão proferido, devem ser rejeitados os embargos opostos. Os embargos de declaração não se prestam a mera manifestação de inconformismo com a decisão prolatada ou à rediscussão dos fundamentos do julgado, uma vez que não se trata do remédio processual adequado para reexame da lide. O livre convencimento do julgador permite que a decisão proferida seja fundamentada com base no argumento que entender cabível, não sendo necessário que se responda a todas as alegações das partes, quando já se tenha encontrado motivo suficiente para fundar a decisão, nem se é obrigado a aterse aos fundamentos indicados por elas ou a responder um a um todos os seus argumentos. Fl. 330DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 12/02 /2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 13888.000576/200501 Acórdão n.º 3302002.941 S3C3T2 Fl. 7 6 Este entendimento é pacífico no Superior Tribunal de Justiça, como se observa nos seguintes julgados: Resp nº 879.944MG (2006/01814150): [...] 8. O art. 535 do CPC resta incólume se o Tribunal de origem, embora sucintamente, pronunciase de forma clara e suficiente sobre a questão posta nos autos. Ademais, o magistrado não está obrigado a rebater, um a um, os argumentos trazidos pela parte, desde que os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar a decisão. 9. Recurso Especial provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/2008. Resp nº 885.454DF (2006/01923977) 1. Não há que se falar em ofensa do art. 535 do CPC se o Tribunal de segundo grau resolveu a controvérsia de maneira sólida e fundamentada, apenas não adotando a tese do recorrente. 2. O julgador não precisa responder a todas as alegações das partes se já tiver encontrado motivo suficiente para fundamentar a decisão nem está obrigado a aterse aos fundamentos por elas indicados. [...] EDcl no AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.489.482 RS (2014/02694068): PROCESSUAL CIVIL. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. INEXISTÊNCIA. DEVIDO ENFRENTAMENTO DAS QUESTÕES RECURSAIS. FUNDAMENTAÇÃO SUFICIENTE. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO DOS DISPOSITIVOS DE LEI INVOCADOS. SÚMULA 211/STJ. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DAS HIPÓTESES PREVISTAS DO ART. 535 DO CPC. PRETENSÃO DE REEXAME E ADOÇÃO DE TESE DISTINTA. 1. Não são cabíveis os embargos de declaração cujo objetivo é ver reexaminada e decidida a controvérsia de acordo com tese distinta. 2. Não há falar em obscuridade e ausência de fundamentação no afastamento da alegada violação do art. 535 do CPC pela Corte de origem, pois, conforme explicitamente consignado no acórdão embargado, nos termos de jurisprudência do STJ, o magistrado não é obrigado a responder todas as alegações das partes se já tiver encontrado motivo suficiente para fundamentar a decisão, nem é obrigado a aterse aos fundamentos por elas indicados, como ocorreu no caso em apreço. Fl. 331DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 12/02 /2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 13888.000576/200501 Acórdão n.º 3302002.941 S3C3T2 Fl. 8 7 Quanto à observância do Dacon e exclusão das multas e juros de mora, verificase que a decisão atacada expressamente abordou tais questões, apenas concluindo de forma divergente da recorrente: “No caso presente, à vista das informações contidas no DACON sobre pagamento de PIS/COFINSIMPORTAÇÃO, entendeu a fiscalização que as mercadorias importadas, incorporadas ou não aos produtos vendidos no mercado interno, sobre as quais foram calculados e pagos os tributos, deveriam ter seu custo vinculado exclusivamente às receitas do mercado interno e, ao contrário do alegado pelo interessado, que não deveriam integrar o cálculo do rateio proporcional previsto no § 8°, do art. 3°, da Lei n° 10.637, de 2002, que dispõe: [...] Também não prosperam as alegações de ilegalidade, uma vez que não foi criado novo método de apuração dos créditos das contribuições, e o pedido de exclusão da multa e juros incidentes sobre os eventuais débitos decorrentes das glosas, porque não houve qualquer indução ao erro, e sim, interpretação equivocada da legislação.” Rejeitamse, portanto, as alegações de nulidade da decisão recorrida. Decadência do direito de reajustar a base de cálculo glosando créditos. A compensação submetida à Administração Tributária mediante a entrega de Declaração de Compensação sujeitase ao prazo homologatório de cinco anos a partir da data de entrega da referida declaração, conforme artigo 74, §5º da Lei nº 9.430/96.1 A homologação compreende, dentre outros, a verificação dos pressupostos jurídicos e fáticos atinentes ao direito creditório e sua análise é prerrogativa da Administração Tributária e não configura lançamento de ofício, mas procedimento para aferir a certeza e liquidez do direito creditório pleiteado. A recomposição da base de cálculo, seja na base de receita seja no creditamento da nãocumulatividade, pode ser efetivada sem a necessidade de lavratura de Auto de Infração, pois é condição para se concluir pela procedência do pedido. Por outro lado, a tese defendida pela recorrente não se aplica ao caso presente, pois o prazo decadencial previsto no artigo 150, §4º e no artigo 173 do CTN se refere ao direito de constituir o crédito tributário e não de glosar o crédito escriturado. 1 Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. (Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) (Vide Medida Provisória nº 608, de 2013) (Vide Lei nº 12.838, de 2013) [..] § 2o A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) [...] § 5o O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) Fl. 332DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 12/02 /2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 13888.000576/200501 Acórdão n.º 3302002.941 S3C3T2 Fl. 9 8 Ressalvase que um lançamento de ofício seria inócuo, pois não há constituição de crédito tributário e serviria apenas para estabelecer o contraditório e ampla defesa, o que já está garantido em análises de declarações de compensação, pois que submetidas ao rito processual do Decreto nº 70.235/1972, a teor do §11 do artigo 74 da Lei nº 9.430/1996. Neste sentido, citase julgado desta turma: Acórdão nº 3302002.353: PEDIDO DE RESSARCIMENTO. PIS NÃO CUMULATIVO. BASE DE CÁLCULO. APURAÇÃO DE DIFERENÇAS. Apurando o Fisco diferença entre o valor pleiteado e o valor que entende devido a título de ressarcimento de PIS ou Cofins, não pode a Autoridade Fazendária efetuar o pagamento do valor pleiteado, posto que ilíquido e indevido. Há que ser firmado o entendimento sobre o valor exato do crédito a ressarcir. A apuração darseá por meio de discussão em lançamento de ofício ou por meio de glosa efetuada no próprio pedido de ressarcimento. Rejeitase, assim, a prejudicial argüida. Inclusão do ICMS na base de cálculo do estoque de abertura. O artigo 11 da Lei nº 10.637/2002 dispõe que a pessoa jurídica possui direito à apuração de crédito presumido correspondente ao estoque de abertura de bens na data do início da incidência nãocumulativa da contribuição, conforme transcrito abaixo: Art. 12. A pessoa jurídica contribuinte da COFINS, submetida à apuração do valor devido na forma do art. 3o, terá direito a desconto correspondente ao estoque de abertura dos bens de que tratam os incisos I e II daquele mesmo artigo, adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País, existentes na data de início da incidência desta contribuição de acordo com esta Lei. (Produção de efeito) § 1o O montante de crédito presumido será igual ao resultado da aplicação do percentual de 3% (três por cento) sobre o valor do estoque. § 2o O crédito presumido calculado segundo os §§ 1o, 9o e 10 deste artigo será utilizado em 12 (doze) parcelas mensais, iguais e sucessivas, a partir da data a que se refere o caput deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 10.925, de 2004) (Vide Lei nº 10.925, de 2004) § 3o O disposto no caput aplicase também aos estoques de produtos acabados e em elaboração. Por sua vez, os artigos 289, 290, 292 a 294 estabelecem: Art. 289. O custo das mercadorias revendidas e das matérias primas utilizadas será determinado com base em registro Fl. 333DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 12/02 /2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 13888.000576/200501 Acórdão n.º 3302002.941 S3C3T2 Fl. 10 9 permanente de estoques ou no valor dos estoques existentes, de acordo com o Livro de Inventário, no fim do período de apuração (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 14). § 1º O custo de aquisição de mercadorias destinadas à revenda compreenderá os de transporte e seguro até o estabelecimento do contribuinte e os tributos devidos na aquisição ou importação (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 13). § 2º Os gastos com desembaraço aduaneiro integram o custo de aquisição. § 3º Não se incluem no custo os impostos recuperáveis através de créditos na escrita fiscal. Art. 290. O custo de produção dos bens ou serviços vendidos compreenderá, obrigatoriamente (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 13, § 1º): I o custo de aquisição de matériasprimas e quaisquer outros bens ou serviços aplicados ou consumidos na produção, observado o disposto no artigo anterior; [...] Art. 292. Ao final de cada período de apuração do imposto, a pessoa jurídica deverá promover o levantamento e avaliação dos seus estoques. Art. 293. As mercadorias, as matériasprimas e os bens em almoxarifado serão avaliados pelo custo de aquisição (Lei nº 154, de 1947, art. 2º, §§ 3º e 4º, e Lei nº 6.404, de 1976, art. 183, inciso II). Art. 294. Os produtos em fabricação e acabados serão avaliados pelo custo de produção (Lei nº 154, de 1947, art. 2º, § 4º, e Lei nº 6.404, de 1976, art. 183, inciso II). Depreendese, pois, que os estoques são avaliados pelos custos de aquisição, não se incluindo nos referidos os impostos recuperáveis, como é o caso do ICMS de que trata a lide. Neste sentido, citamse os Acórdãos nº 3403003.305, proferido em 14/10/2014 e nº 3801001.796, proferido em 20/03/2013, cujas ementas transcrevemse: Acórdão nº 3403003.305: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. ESTOQUE DE ABERTURA. ICMS. EXCLUSÃO. Na composição do estoque de abertura de que trata o art. 11 da Lei no 10.637/2002 deve ser excluído o ICMS, conforme art. 289 do Regulamento do Imposto de Renda. Acórdão nº 3801001.796: Fl. 334DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 12/02 /2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 13888.000576/200501 Acórdão n.º 3302002.941 S3C3T2 Fl. 11 10 CRÉDITO PRESUMIDO ESTOQUE DE ABERTURA VALORAÇÃO DO ESTOQUE LEGISLAÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA. O estoque de abertura deve ser valorado segundo os critérios adotados para fins do imposto de renda e o valor do ICMS, quando recuperável, não integra o valor dos estoques a ser utilizado como base de cálculo do crédito presumido. A recorrente alega que o crédito está diretamente relacionado à incidência na etapa anterior. Entretanto, o regime de creditamento é delineado pelas hipóteses previstas, as quais definem a base de cálculo e as alíquotas e, não necessariamente, se vinculam diretamente à incidência na etapa anterior. Exemplo é a aquisição de insumo adquirido de um fornecedor tributado pelo lucro presumido (portanto, tributado a 0,65% para o PIS/Pasep), cujo crédito ocorre a 1,65% no adquirente sujeito à nãocumulatividade. Outro exemplo, diametralmente oposto à questão do ICMS aqui tratado, referese ao IPI não recuperável, o qual compõe o custo de aquisição gerando crédito da nãocumulatividade2, apesar de consistir em exclusão da base de cálculo da incidência da exação3. Destarte, nego provimento ao recurso nesta matéria. Rateio para os créditos de importação vinculados às receitas de exportação, decorrentes dos recolhimentos de PIS/PasepImportação, quando da nacionalização dos insumos importados ao amparo do Recof. Esclareçase, inicialmente, que as normas relativas à suspensão do pagamento do imposto de importação ou do IPI vinculado à importação, relativas aos regimes aduaneiros especiais, aplicamse também às contribuições para CofinsImportação, nos termos do artigo 14 da Lei nº 10.865/2004. O regime aduaneiro especial de Entreposto Industrial sob Controle Informatizado estava disposto no Regulamento Aduaneiro (Decreto nº 4.543/2002) e foi normatizado pela IN SRF nº 417/20044, vigente à época dos fatos, nos seguintes termos: Decreto nº 4.543/2002: CAPÍTULO VII DO ENTREPOSTO INDUSTRIAL SOB CONTROLE INFORMATIZADO Seção I Do Conceito Art. 372. O regime de entreposto industrial sob controle aduaneiro informatizado (Recof) é o que permite a empresa importar, com ou sem cobertura cambial, e com suspensão do pagamento de tributos, sob controle aduaneiro informatizado, mercadorias que, depois de submetidas a operação de 2 Art. 66, §3º da IN SRF nº 247/2002 3 Art. 24, inciso III da IN SRF n º 247/2002 4 Revogada pela IN RFB nº 757/2007 Fl. 335DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 12/02 /2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 13888.000576/200501 Acórdão n.º 3302002.941 S3C3T2 Fl. 12 11 industrialização, sejam destinadas a exportação (Decretolei nº 37, de 1966, art. 89). § 1º Parte da mercadoria admitida no regime, no estado em que foi importada ou depois de submetida a processo de industrialização, poderá ser despachada para consumo (Decretolei nº 37, de 1966, art. 89). § 2º A mercadoria, no estado em que foi importada, poderá ter ainda uma das seguintes destinações: I exportação; II reexportação; ou III destruição. Seção II Da Autorização para Operar no Regime Art. 373. A autorização para operar no regime é de competência da Secretaria da Receita Federal, e poderá ser cancelada ou suspensa a qualquer tempo, nos casos de descumprimento das condições estabelecidas, ou de infringência de disposições legais ou regulamentares, sem prejuízo da aplicação de penalidades específicas (Decretolei nº 37, de 1966, art. 90, § 1º). Art. 374. Poderão habilitarse a operar no regime as empresas que atendam aos termos, limites e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, em ato normativo, do qual constarão (Decretolei nº 37, de 1966, art. 90): I as mercadorias que poderão ser admitidas no regime; II as operações de industrialização autorizadas; III o percentual de tolerância, para efeito de exclusão da responsabilidade tributária do beneficiário, no caso de perda inevitável no processo produtivo; IV o percentual mínimo da produção destinada ao mercado externo; V o percentual máximo de mercadorias importadas destinadas ao mercado interno no estado em que foram importadas; e VI o valor mínimo de exportações anuais. [...] Seção III Do Prazo e da Aplicação do Regime Art. 375. O prazo de suspensão do pagamento dos tributos incidentes na importação será de até um ano, prorrogável por período não superior a um ano. Fl. 336DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 12/02 /2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 13888.000576/200501 Acórdão n.º 3302002.941 S3C3T2 Fl. 13 12 [...] Art. 376. A normatização da aplicação do regime é de competência da Secretaria da Receita Federal, que disporá quanto aos controles a serem exercidos (Decretolei nº 37, de 1966, art. 90, § 3º). Seção IV Da Exigência de Tributos Art. 377. Findo o prazo fixado para a permanência da mercadoria no regime, serão exigidos, em relação ao estoque, os tributos suspensos, com os acréscimos legais cabíveis (Decreto lei nº 37, de 1966, art. 90, § 2º). Parágrafo único. O disposto no caput não dispensa o cumprimento das exigências legais e regulamentares para a permanência definitiva da mercadoria no País. Art. 378. Os resíduos decorrentes do processo produtivo poderão ser: I destruídos, sem exigência de tributos, caso não se prestem à utilização econômica; ou II despachados para consumo, com o pagamento de tributos, tendo como base de cálculo o valor que lhes for atribuído em laudo técnico específico, e com a alíquota fixada para a mercadoria correspondente. Art. 379. A Secretaria da Receita Federal estabelecerá a forma e o momento para o cálculo e para o pagamento dos tributos. IN SRF nº 417/2004: Art. 1º A concessão e a aplicação do Regime Aduaneiro Especial de Entreposto Industrial sob Controle Informatizado (Recof) serão efetuadas de acordo com o disposto nesta Instrução Normativa. DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 2º O regime permite importar ou adquirir no mercado interno, com suspensão da exigibilidade de tributos, mercadorias a serem submetidas a operações de industrialização de produtos destinados a exportação [...] Art. 22. A admissão no regime de mercadoria importada terá por base declaração de importação específica formulada pelo importador no Siscomex. [...] Art. 31. A aplicação do regime se extingue com a adoção, pelo beneficiário, de uma das seguintes providências: Fl. 337DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 12/02 /2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 13888.000576/200501 Acórdão n.º 3302002.941 S3C3T2 Fl. 14 13 I exportação: a) de produto no qual a mercadoria, nacional ou estrangeira, admitida no regime tenha sido incorporada; b) da mercadoria no estado em que foi importada; c) da mercadoria nacional no estado em que foi admitida; ou d) de produto ao qual a mercadoria estrangeira admitida no regime, sem cobertura cambial, tenha sido incorporada; II reexportação da mercadoria estrangeira admitida no regime sem cobertura cambial; III transferência de mercadoria para outro beneficiário, a qualquer título; IV despacho para consumo: a) das mercadorias estrangeiras admitidas no regime e incorporadas a produto acabado; ou b) da mercadoria no estado em que foi importada; V destruição, às expensas do interessado e sob controle aduaneiro; ou VI retorno ao mercado interno de mercadoria nacional, no estado em que foi admitida no regime, ou após incorporação a produto acabado, obedecido ao disposto na legislação específica [...] Art. 36. Os resíduos do processo produtivo poderão ser exportados ou despachados para consumo, mediante o recolhimento dos tributos devidos na importação, ou destruídos. § 1º Os resíduos para os quais a beneficiária não tenha controle de suspensão de tributos na forma do ato a que se refere o art. 52, despachados para consumo, terão os seus tributos devidos calculados com base na mercadoria geradora de resíduo que tenha, na importação, o maior somatório de tributos com exigibilidade suspensa, por quilograma, consideradas as últimas importações registradas. § 2º O beneficiário deverá separar fisicamente os resíduos para os quais tenha controle na forma do ato a que se refere o art. 52 dos demais resíduos. [...] Art. 37. No caso de destinação para o mercado interno, o recolhimento dos tributos com exigibilidade suspensa, correspondentes às mercadorias importadas, alienadas no mesmo estado ou incorporadas ao produto resultante do processo de industrialização, ou aplicadas em serviço de recondicionamento, manutenção ou reparo, deverá ser efetivado Fl. 338DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 12/02 /2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 13888.000576/200501 Acórdão n.º 3302002.941 S3C3T2 Fl. 15 14 até o quinto dia útil do mês subseqüente ao da destinação, mediante o registro de DI na unidade da SRF que jurisdicione o estabelecimento importador. § 1º O IPI com exigibilidade suspensa, relativo às aquisições no mercado interno, será apurado e recolhido na forma da legislação de regência. § 2º A declaração a que se refere o caput será desembaraçada automaticamente pelo Siscomex. [...] Art. 38. Findo o prazo estabelecido para a vigência do regime, os tributos com exigibilidade suspensa, incidentes na importação, correspondentes ao estoque, deverão ser recolhidos com o acréscimo de juros e multa de mora, calculados a partir da data do registro da admissão das mercadorias no regime. § 1º Na hipótese deste artigo, para efeito de cálculo dos tributos devidos, as mercadorias constantes do estoque serão relacionadas às declarações de admissão no regime ou às correspondentes Notas Fiscais de aquisição no mercado interno, inclusive de transferência entre beneficiários, com base no critério contábil PEPS. § 2º O pagamento dos tributos e respectivos acréscimos legais, quando espontâneo, não dispensa o registro da DI e o cumprimento das demais exigências regulamentares para a permanência definitiva das mercadorias no País. CONTROLE DO REGIME Art. 45. O controle aduaneiro de entrada, permanência e saída de mercadorias no regime, inclusive em decorrência de substituição do beneficiário ou de movimentação com base em Ambra, será efetuado com base no sistema informatizado a que se refere o inciso III do art. 5 o , 5 integrado aos respectivos controles corporativos e fiscais da empresa interessada. Parágrafo único. O disposto neste artigo não dispensa o cumprimento de outras obrigações acessórias previstas na legislação fiscal. Art. 46. O sistema informatizado a que se refere o art. 45 estará sujeito a auditoria, nos termos da Instrução Normativa SRF n o 239, de 6 de novembro de 2002. [...] 5 Art. 5 o Para a habilitação de que trata o art. 4 o , a empresa deverá: [...] III dispor de sistema informatizado de controle de entrada, permanência e saída de mercadorias, de registro e apuração de créditos tributários devidos, extintos ou com exigibilidade suspensa, integrado aos sistemas corporativos da empresa no País, com livre e permanente acesso da SRF; e Fl. 339DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 12/02 /2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 13888.000576/200501 Acórdão n.º 3302002.941 S3C3T2 Fl. 16 15 Art. 47. O sistema informatizado do beneficiário habilitado deverá contemplar ainda: I o registro de dados sobre as importações autorizadas no regime realizadas por fornecedores, até a entrada no seu estabelecimento; II o registro de dados de importações em outros regimes aduaneiros especiais e de aquisição no mercado interno de partes e peças utilizadas na fabricação de produto ou aplicadas na prestação de serviços industriais; III o controle do valor dos tributos com exigibilidade suspensa, relacionada às entradas ou transferências de regime de mercadorias importadas, referenciados aos seus documentos de origem, bem assim das formas de extinção das correspondentes obrigações tributárias; e IV a demonstração de cálculo dos tributos relativos aos componentes de produtos transferidos para outros beneficiários, vendidos no mercado interno ou exportados. Art. 48. O controle de extinção dos créditos com exigibilidade suspensa em decorrência da aplicação de outros regimes aduaneiros especiais também observará o critério PEPS, em harmonia com as entradas e saídas de mercadorias. § 1 o O sistema de controle informatizado deverá registrar os inventários de partes e peças existentes em estoque ou na linha de produção antes do início das operações no regime. § 2 o O disposto no § 1 o , para o caso de mercadorias admitidas em regime aduaneiro especial, requer, ainda, a vinculação dos estoques existentes aos respectivos documentos de entrada. § 3 o A exportação de produto, a reexportação de mercadoria admitida no regime ou a prestação de serviço a cliente sediado no exterior, utilizando mercadorias admitidas no regime de que trata esta Instrução Normativa e em outros regimes suspensivos, enseja a baixa simultânea dos correspondentes tributos com exigibilidade suspensa. A recorrente foi autorizada a operar o regime aduaneiro especial de Entreposto Industrial sob Controle Informatizado para a Indústria Automotiva (Recof Automotivo) pelo Ato Declaratório Executivo SRF nº 8/2004, parcialmente, transcrito abaixo: Art. 1º Fica a empresa Caterpillar Brasil Ltda., inscrita no CNPJ sob o nº 61.064.911/0000177, situada na Rodovia Luiz de Queiroz, Km 157, s/nº, Distrito Unileste Piracicaba/SP, autorizada a operar o regime aduaneiro especial de Entreposto Industrial sob Controle Informatizado para a Indústria Automotiva (Recof Automotivo). Art. 2º A autorização referida no art. 1º somente permite a admissão, no Recof Automotivo, de mercadorias estrangeiras destinadas às operações de industrialização dos produtos Fl. 340DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 12/02 /2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 13888.000576/200501 Acórdão n.º 3302002.941 S3C3T2 Fl. 17 16 relacionados no Anexo I à Instrução Normativa SRF nº 254, de 11 de dezembro de 2002. [...] Art. 5º A admissão de mercadoria no Recof Automotivo darseá com ou sem cobertura cambial e terá por base declaração de importação específica, formulada pela autorizada no Sistema Integrado de Comércio Exterior Siscomex, na forma estabelecida na Instrução Normativa SRF nº 254, de 2002. Art. 6º O recolhimento dos tributos suspensos, correspondentes às mercadorias importadas e destinadas ao mercado interno, no estado ou incorporadas ao produto resultante do processo de industrialização, deverá ser efetivado até o quinto dia útil do mês subseqüente ao da destinação, mediante o registro da declaração de importação na DRF/Piracicaba. Art. 7º A autorizada fica obrigada a disponibilizar os relatórios previstos no ADE Conjunto COANA/COTEC nº 1, de 14 de novembro de 2001 , de conformidade com o disposto no art. 49 do ADE Conjunto COANA/COTEC nº 2, de 26 de setembro de 2003 . Parágrafo único. O disposto neste artigo: I não dispensa a autorizada de apresentar relatório de apuração anual, que demonstre o cumprimento dos compromissos de que trata o art. 6º da Instrução Normativa SRF nº 254, de 2002; e II não exclui a realização de outros procedimentos fiscais pertinentes. [...] Art. 10. Este ato entra em vigor na data de sua publicação. Verificase que o art. 6º do referido ato determinava o recolhimento dos tributos suspensos correspondentes às mercadorias importadas e destinadas ao mercado interno, no estado ou incorporadas ao produto resultante do processo de industrialização, mediante o registro da corresponde Declaração de Importação. Já seu art. 7º determinava a disponibilização de relatórios previstos no Ato Declaratório Executivo Conjunto COANA/COTEC nº 1/2001, revogado pelo ADE Conjunto Coana/Cotec nº 2/2003, o qual especificou os requisitos técnicos para o sistema informatizado de controle aduaneiro. O ADE Conjunto Coana/Cotec nº 2/2003 especificou em seu item 3.7, os requisitos para o controle de suspensão dos tributos incidentes na importação, cujo teor transcrevese: 3.7 Suspensão de Tributos Art. 27 . O controle de suspensão do II e do IPI vinculado à importação e do IPI relativo à aquisição de mercadoria nacional deverá ser feito de modo integrado ao controle de entrada e saída de mercadoria, e abrangerá os valores dos Fl. 341DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 12/02 /2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 13888.000576/200501 Acórdão n.º 3302002.941 S3C3T2 Fl. 18 17 tributos e as quantidades de mercadorias em estoque e terá por base os documentos fiscais e aduaneiros pertinentes, e a RTM6 quando for o caso. § 1º Cada tributo objeto do controle de que trata este artigo terá quatro contas "Calculado", "Suspenso", "Devido" e "Extinto" que serão registradas segundo o método contábil de partidas dobradas. § 2º As contas de tributo "Suspenso" serão desdobradas em nível de part number7 e cada um terá também uma correspondente conta de quantidade para registrar entrada e saída crédito e débito de mercadoria objeto do controle de suspensão. § 3º O controle de suspensão de que trata este artigo deverá ser estendido para registrar outros tributos ou contribuições administrados pela SRF que vierem a incidir sobre as operações e, a critério do beneficiário do regime, poderá ser utilizado também para controlar o Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS) e o Adicional de Frete de Renovação da Marinha Mercante (AFRMM). [...] Art. 28. Os lançamentos nas contas referidas no artigo anterior deverão ser escriturados em ordem cronológica e obedecerão as seguintes regras: I pela importação de mercadoria com suspensão de tributos, aquisição de mercadoria nacional de outro beneficiário do Recof que contenha mercadorias admitidas nesse regime, ou pela aquisição de mercadoria nacional com IPI suspenso, será feito: a) débito na conta "Calculado" e crédito na conta "Suspenso" do pertinente part number; e b) crédito na correspondente conta de quantidade; 6 Relação de Transferência de Mercadoria O registro da transferência de mercadoria entre ambos, correspondente à entrada ou saída em seus estoques, terá por base a emissão informatizada da pertinente RTM e deverá apresentar contrapartida simultânea em ambos sistemas de controle 7 Art. 12. O controle de estoque de mercadoria admitida no regime de entreposto aduaneiro para fins de aplicação nas operações previstas nos incisos II e III do art. 5º da IN SRF nº 241, de 6 novembro de 2002, bem assim o de componente adquirido no mercado nacional para o mesmo fim, será feito de forma integrada ao correspondente controle exercido pelo estabelecimento industrial instalado no recinto alfandegado de uso público, que receba a mercadoria para industrialização. § 1º O registro da transferência de mercadoria entre ambos, correspondente à entrada ou saída em seus estoques, terá por base a emissão informatizada da pertinente RTM e deverá apresentar contrapartida simultânea em ambos sistemas de controle. § 2º A RTM terá numeração seqüencial única para o recinto, com sete dígitos mais um dígito verificador, correspondendo os dois primeiros ao ano da transferência e outros cinco à seqüência numérica sem repetição e terá como sede de registro e arquivo o sistema informatizado do recinto alfandegado de uso público. § 3º Cada mercadoria, identificada pelo seu part number, será indexada na RTM a um número seqüencial de item, iniciando sempre pelo numeral "0001". Fl. 342DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 12/02 /2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 13888.000576/200501 Acórdão n.º 3302002.941 S3C3T2 Fl. 19 18 II quando do despacho para consumo de mercadoria importada admitida com suspensão, inclusive de seu resíduo, ou venda para o mercado doméstico de mercadoria nacional recebida com suspensão, inclusive de seu resíduo, ou do registro de saída relativamente à constatação de falta de mercadoria importada admitida no regime, será feito: a) débito na conta "Suspenso" do pertinente part number e crédito na conta "Devido"; e b) débito na correspondente conta de quantidade. III pela venda de mercadoria nacional admitida no regime de entreposto aduaneiro com suspensão de IPI, em retorno para o mercado interno, será feito: a) débito na conta "Suspenso" do pertinente part number e crédito na conta "Devido"; e b) débito na correspondente conta de quantidade; IV quando da exportação de mercadoria no mesmo estado em que importada, inclusive de seu resíduo, será feito: a) crédito na conta "Extinto" e débito na conta "Suspenso" do pertinente part number; e b) débito na correspondente conta de quantidade; V pela exportação de mercadoria produzida pelo estabelecimento com componente(s) importado(s) e ou nacional(is), ou pela venda ou transferência definitiva de mercadoria para outro beneficiário do regime, será feito: a) crédito na conta "Extinto" e débito na(s) conta(s) "Suspenso" do(s) pertinente(s) part number do(s) componente(s) importado(s) e ou nacional(is); b) débito na(s) correspondente(s) conta(s) de quantidade; VI pela baixa relativa à perda de mercadoria até o limite admitido na habilitação: a) crédito na conta "Extinto" e débito na conta "Suspenso" do pertinente part number; b) débito na correspondente conta de quantidade; VII pela baixa relacionada à destruição de mercadoria admitida no regime sem cobertura cambial, ou de seu resíduo: a) crédito na conta "Extinto" e débito na conta "Suspenso" do pertinente part number; e b) débito na correspondente conta de quantidade; VIII pela baixa relacionada à destruição de mercadoria admitida no regime com cobertura cambial, ou de seu resíduo: Fl. 343DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 12/02 /2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 13888.000576/200501 Acórdão n.º 3302002.941 S3C3T2 Fl. 20 19 a) crédito na conta "Devido" e débito na conta "Suspenso" do pertinente part number; e b) débito na correspondente conta de quantidade; IX pela destinação ao mercado interno, em caráter definitivo, de mercadoria obtida pela desmontagem de outra mercadoria importada admitida no regime: a) débito na conta "Calculado" e crédito na conta "Devido" da pertinente NCM ou part number referido ao respectivo registro de desmontagem; e b) débito na correspondente conta de quantidade. X quando do pagamento da obrigação tributária, débito na conta "Devido"e crédito na conta "Extinto"; XI pela expiração do prazo de suspensão: a) débito na correspondente conta "Suspenso" do pertinente part number e crédito na conta "Devido"; b) débito na correspondente conta de quantidade, ao qual deverá corresponder um crédito nos estoques de mercadoria nacionalizada. § 1º O registro de débito/crédito referido nos incisos do caput, além das informações de valor e ou quantidade, deverá conter: [...] § 3º O débito na conta "Suspenso" de qualquer part number, bem assim na respectiva conta de quantidade, obedecerá ainda às regras: I será registrado apenas na data do correspondente embarque na hipótese de exportação, do registro da DI para consumo na hipótese de nacionalização de produto estrangeiro, ou da efetiva saída do estabelecimento em se tratando de destinação ao mercado interno de produto nacional; II o débito de tributo suspenso corresponderá à proporção da quantidade debitada, pela apropriação do respectivo saldo em cada DA/adição/item na hipótese de produto importado, ou de cada nota fiscal/item em se tratando de produto nacional, com obediência ao critério contábil PEPS; III para a mercadoria aplicada em produto industrializado pelo estabelecimento industrial situado em recinto alfandegado, o débito será feito mediante apropriação das quantidades de produto importado relacionadas nas RTM de transferência do estabelecimento industrial para o recinto alfandegado de uso público; e IV as RTM referidas no inciso anterior serão apropriadas pelo critério PEPS por ocasião das exportações ou de Fl. 344DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 12/02 /2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 13888.000576/200501 Acórdão n.º 3302002.941 S3C3T2 Fl. 21 20 colocação no mercado nacional, mantida a correspondência com o produto industrializado exportado. [...] Dispõe ainda o item 3.9, artigos 30 e 31: 3.9 Controles Contábeis e Corporativos Art. 30. O sistema de controle informatizado do estabelecimento industrial ou prestador de serviços, beneficiário de regime aduaneiro suspensivo de que trata este ADE, deverá se integrar aos controles contábeis, por meio dos registros de compras de mercadorias nacionais ou importadas, bem assim por meio do registro das vendas para o mercado interno ou exportações de produtos acabados. [...] Art. 31 . O sistema de controle informatizado do estabelecimento industrial ou prestador de serviços, beneficiário de regime aduaneiro suspensivo de que trata este ADE, deverá se integrar aos demais sistemas corporativos, especialmente os que controlem almoxarifados e produção. Depreendese que todo o controle da suspensão dos tributos pressupõe a segregação dos tributos suspensos que passam para a condição de “devidos” dos tributos suspensos que passam para a condição de “extintos”. É esta segregação exigida pelo ADE Conjunto Coana/Cotec nº 2/2003 que possibilita a aplicação do artigo 6º8 do ADE SRF nº 8/2004, acima mencionado, em conformidade com as disposições da IN SRF 417/2004. No sentido de se determinar a vinculação dos recolhimentos de PIS/Pasep Importação e CofinsImportação, a fiscalização lavrou o Termo de Constatação e Intimação Fiscal nº 05, com o seguinte teor: “Considerando que o sujeito passivo está autorizado a operar o regime aduaneiro especial de Entreposto Industrial sob Controle Informatizado para a Indústria Automotiva (Recof Automotivo), podendo importar insumos com os tributos suspensos, sendo devidos os recolhimentos em caso de destinação ao mercado interno, deverá, em relação aos valores declarados nos campos "Créditos a Descontar na Importação — PIS/Pasep Pago" e "Créditos a Descontar na Importação — Cofins Paga" dos DACON e dos Demonstrativos de Cálculo dos Créditos do período 4° trimestre de 2004 até o 4° trimestre de 2005, atender o seguinte: 1) Sendo estes valores integralmente referentes às contribuições para o PIS/Pasep e Cofins pagas em função da nacionalização, ou seja, destinação ao mercado interno de insumos, ou de produtos industrializados aos quais estes insumos sejam 8 O recolhimento dos tributos suspensos, correspondentes às mercadorias importadas e destinadas ao mercado interno, no estado ou incorporadas ao produto resultante do processo de industrialização, deverá ser efetivado até o quinto dia útil do mês subseqüente ao da destinação, mediante o registro da declaração de importação Fl. 345DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 12/02 /2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 13888.000576/200501 Acórdão n.º 3302002.941 S3C3T2 Fl. 22 21 incorporados, adquiridos dentro do regime do Recof, originalmente com suspensão de tributos, apenas informar o fato; 2) Sendo os valores compostos das contribuições para o PIS/Pasep e Cofins pagas em função da nacionalização de insumos adquiridos dentro do regime do Recof, originalmente com suspensão de tributos, e de contribuições pagas em função de aquisição de insumos fora do citado regime, com incidência de tributos, apresentar arquivos Excel de PIS/Pasep e Cofins pagos na Importação, distintos para cada situação a seguir, sujeito á comprovação posterior: a) de insumos adquiridos sob o regime do Recof e nacionalizados; b) de insumos adquiridos fora do regime e destinados exclusivamente ao mercado interno; c) de insumos adquiridos fora do regime e destinados exclusivamente ao mercado externo; d) de insumos adquiridos fora do regime, comuns ás receitas dos mercados externo e interno.” Em resposta, a recorrente informou: “A Intimada informa que os valores declarados nos campos "Créditos a Descontar na Importação PIS/Pasep Pago" e "Créditos a Descontar na Importação Cofins Paga" dos DACONs e dos Demonstrativos de Cálculo dos Créditos do período 4o . Trimestre de 2004 até o 4o trimestre de 2005, referem se às Contribuições para o PIS/Pasep e COFINS pagas (vide Anexos I e II), em decorrência de nacionalização de: a) Mercadorias importadas sob o Regime Aduaneiro Especial de Entreposto Industrial sob Controle Informatizado RECOF, empregadas em produtos cujo destino final foi o mercado doméstico. b) Regime Comum de Importação referente a mercadorias importadas e empregadas na produção de geradores, cujo destino final foi o mercado doméstico. c) Regime Comum de Importação referente a peças de reposição para geradores, cujo destino final foi o mercado doméstico, no mesmo estado em que foram importadas. d) Regime Comum de Importação referente a peças de reposição para máquinas, cujo destino final foi o mercado doméstico, no mesmo estado em que foram importadas. e) Mercadorias importadas sob o Regime Aduaneiro Especial de Depósito Especial DE, mais especificamente peças de reposição, cujo destino final foi o mercado doméstico, no mesmo estado em que foram importadas.” Constatase que a recorrente confirmou que os recolhimentos de PIS/Pasep Importação e CofinsImportação referiamse à destinação das mercadorias importadas ao mercado interno e não às exportações. Fl. 346DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 12/02 /2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 13888.000576/200501 Acórdão n.º 3302002.941 S3C3T2 Fl. 23 22 De todo o exposto, concluise que não procedem as alegações da recorrente quanto à aplicação do método do rateio previsto no §8º, uma vez que o recolhimento de Cofins Importação pressupõe a vinculação à destinação ao mercado interno, conforme normatizado pelo Recof. A própria sistemática do Recof, diversamente do que defende a recorrente, determina a segregação das mercadorias importadas e dos tributos suspensos respectivos, estabelecendo requisitos técnicos e formais para implantação de sistema informatizado, visando o controle dos tributos suspensos e da destinação de cada mercadoria. Destarte, os tributos suspensos relativos às mercadorias reexportadas ou utilizadas na fabricação de produto exportado se tornam extintos, implicando, por conseguinte, a inexistência de pagamento de CofinsImportação, incidindo, consequentemente, a vedação quanto à possibilidade de creditamento relativo à importação das mercadorias vinculadas às exportações, uma vez que o comando do artigo 15, §1º determina a efetividade de pagamento das contribuições para que as hipóteses de creditamento previstas nos incisos do caput possam gerar créditos, conforme transcrevese abaixo: Art. 15. As pessoas jurídicas sujeitas à apuração da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, nos termos dos arts. 2o e 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, poderão descontar crédito, para fins de determinação dessas contribuições, em relação às importações sujeitas ao pagamento das contribuições de que trata o art. 1o desta Lei, nas seguintes hipóteses: (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008) (Produção de efeitos) (Regulamento) [...] § 1o O direito ao crédito de que trata este artigo e o art. 17 desta Lei aplicase em relação às contribuições efetivamente pagas na importação de bens e serviços a partir da produção dos efeitos desta Lei. Por outro lado, discordase da recorrente quanto à alegação de que o art. 179 da Lei nº 11.033/2004 propiciaria a manutenção de créditos em operações desoneradas no âmbito do Recof. É que tal artigo não estabelece novas hipóteses de creditamento, mas apenas permite que se mantenham os créditos apuráveis segundo os dispositivos legais regentes da matéria, como os artigos 3º das Leis nº 10.637/2002 e Lei nº 10.833/2003, bem como o artigo 15 da Lei nº 10.865/2004. O artigo 16 da Lei nº 11.116/2005 elucida o entendimento: Art. 16. O saldo credor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins apurado na forma do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e do art. 15 da Lei no 10.865, de 30 de abril de 2004, acumulado ao final de cada trimestre do anocalendário em virtude do disposto no art. 17 da Lei no 11.033, de 21 de dezembro de 2004, poderá ser objeto de: I compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela 9 Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. Fl. 347DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 12/02 /2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 13888.000576/200501 Acórdão n.º 3302002.941 S3C3T2 Fl. 24 23 Secretaria da Receita Federal, observada a legislação específica aplicável à matéria; ou II pedido de ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria. Parágrafo único. Relativamente ao saldo credor acumulado a partir de 9 de agosto de 2004 até o último trimestrecalendário anterior ao de publicação desta Lei, a compensação ou pedido de ressarcimento poderá ser efetuado a partir da promulgação desta Lei. Assim, não obstante o art. 17 permitir o creditamento em relação a saídas desoneradas, é necessário que os pressupostos previstos no art. 15 da Lei nº 10.865/2004 sejam observados, especialmente o §1º que condiciona o creditamento à existência de PIS/Pasep Importação e CofinsImportação efetivamente pagas. Entretanto, o Recof estipula que os tributos suspensos relativos às mercadorias destinadas ao exterior são extintos, baixados no dizer do §3º do artigo 48 da IN SRF nº 417/2004, ou seja, não há qualquer recolhimento de PIS/PasepImportação ou CofinsImportação vinculados às receitas de exportação. Dito de outro modo, se todas as mercadorias importadas no âmbito do Recof fossem destinadas ao mercado externo, implicando a baixa dos tributos suspensos, não haveria qualquer crédito a ser aproveitado. Desta forma, agiu a fiscalização com acerto, quando efetuou a glosa por entender que a contribuição paga vinculavase às mercadorias importadas revendidas no mercado interno ou utilizadas em produto vendido no mercado interno Por fim, quanto à exclusão de multas e juros de mora, por observância das normas de preenchimento do Dacon, verificase, de fato, que a recorrente não observou a premissa das instruções de preenchimento, qual seja, a existência de custos, despesas e encargos comuns às receitas de exportação e às de venda no mercado interno, sobre os quais aplicarseia um dos métodos de vinculação previstos no §8º do art. 3º da Lei nº 10.637/2002 (rateio proporcional ou apropriação direta, à sua escolha). No caso aqui tratado, os créditos decorrentes dos recolhimentos de PIS/PasepImportação no âmbito do Recof não são comuns às duas receitas, mas apenas às de venda no mercado interno. Assim, não se trata da aplicação do parágrafo único do artigo 100 do CTN. Pontuese, ainda, que as alegações quanto ao artigo 35 da Lei nº 12.058/2009 em nada influenciam a decisão, pois tal artigo trata de segregação dos créditos da não cumulatividade e não da segregação realizada no âmbito do Recof, a qual fundamentou a vinculação específica entre os créditos de importação decorrentes dos recolhimentos de PIS/Pasep e CofinsImportação e as receitas de venda no mercado interno. Diante do exposto, voto para negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 348DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 12/02 /2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 13888.000576/200501 Acórdão n.º 3302002.941 S3C3T2 Fl. 25 24 Fl. 349DF CARF MF Impresso em 15/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 12/02 /2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 05/02/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE
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Numero do processo: 15987.000685/2009-51
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue May 27 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Jun 11 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/10/2006 a 31/12/2006
CONTRIBUIÇÃO SOCIAL NÃO CUMULATIVA. RESSARCIMENTO. CORREÇÃO. INCIDÊNCIA DE JUROS. VEDAÇÃO LEGAL.
O aproveitamento de créditos não enseja atualização monetária ou incidência de juros sobre os respectivos valores por expressa vedação legal.
Recurso Voluntário Negado
Direito Creditório Não Reconhecido
Numero da decisão: 3403-002.977
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Vencido o Conselheiro Domingos de Sá Filho, quanto ao direito à tomada de crédito por aquisições a pessoas jurídicas inexistentes de fato. Os conselheiros Luiz Rogério Sawaya Batista e Ivan Allegretti acompanharam o relator por suas conclusões. Sustentou pela recorrente o Dr. Flávio Sanches, OAB/SP 192.102.
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos Atulim Presidente
(assinado digitalmente)
Alexandre Kern - Relator
Participaram do julgamento os conselheiros Antonio Carlos Atulim, Alexandre Kern, Rosaldo Trevisan, Domingos de Sá Filho, Luiz Rogério Sawaya Batista e Ivan Allegretti.
Nome do relator: ALEXANDRE KERN
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/10/2006 a 31/12/2006 NÃO CUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO. NOTAS FISCAIS SEM CAUSA. GLOSA. Aquisições de mercadorias amparadas por notas fiscais emitidas por “noteiros”, pessoas jurídicas inexistentes de fato, precipuamente constituídas para esse fim, não dão direito a crédito. NÃO CUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO. COMPRAS NÃO ONERADAS. VEDAÇÃO LEGAL. A aquisição de bens ou serviços não onerados pela contribuição não dá direito a crédito. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/10/2006 a 31/12/2006 CONTRIBUIÇÃO SOCIAL NÃO CUMULATIVA. RESSARCIMENTO. CORREÇÃO. INCIDÊNCIA DE JUROS. VEDAÇÃO LEGAL. O aproveitamento de créditos não enseja atualização monetária ou incidência de juros sobre os respectivos valores por expressa vedação legal. Recurso Voluntário Negado Direito Creditório Não Reconhecido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Vencido o Conselheiro Domingos de Sá Filho, quanto ao direito à tomada de crédito por AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 98 7. 00 06 85 /2 00 9- 51 Fl. 1537DF CARF MF Impresso em 11/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2014 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 02/06/2014 por A NTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/05/2014 por ALEXANDRE KERN 2 aquisições a pessoas jurídicas inexistentes de fato. Os conselheiros Luiz Rogério Sawaya Batista e Ivan Allegretti acompanharam o relator por suas conclusões. Sustentou pela recorrente o Dr. Flávio Sanches, OAB/SP 192.102. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim – Presidente (assinado digitalmente) Alexandre Kern Relator Participaram do julgamento os conselheiros Antonio Carlos Atulim, Alexandre Kern, Rosaldo Trevisan, Domingos de Sá Filho, Luiz Rogério Sawaya Batista e Ivan Allegretti. Relatório OUTSPAN BRASIL IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA. apresentou Pedido de Ressarcimento de PIS/Pasep exportação relativo ao 4º trimestre de 2006, no valor de R$ 668.188,34. De acordo com o Despacho Decisório DRF/Santos/Seort/SP nº 13, de 7 de março de 2012, fls. 868 a 878, apoiado nas conclusões da ação fiscal levada a efeito junto ao requerente, objeto dos processos 10845.720753/200901 e 15983.720078/201247, consubstanciadas no relatório anexo aos autos, e cujo desfecho a contribuinte já tomou ciência em 02.03.2012, parte dos créditos reclamados não teve sua liquidez e certeza assegurados, vez que sua obtenção está cingida por fraudes comprovadas, somadas a aproveitamentos de créditos incompatíveis com a legislação vigente. O Despacho Decisório dá conta de que, em operações empreendidas pela Receita Federal, Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal (Operação Tempo de Colheita, Operação Broca e Operação Robusta), apurouse que o requerente participou de fraudes, “comprando” notas fiscais de venda de café, emitidas por “noteiros”, pessoas jurídicas inexistentes de fato, precipuamente constituídas para o fim de permitir a obtenção de créditos de contribuições sociais não cumulativas “cheios”, quando, por se tratar de fornecimento de pessoas físicas, ensejariam tão somente crédito presumido1. Constatouse também que o requerente tomou crédito por compras de café feitas a cooperativas de produtores, que haviam excluído de suas bases de cálculo o valor da receita repassada ao seus associados, de forma que as contribuições sociais nelas não incidiram, situação que não admite o creditamento, nos termos do art. 3°, § 2°, inciso II, da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003. O pleito foi parcialmente deferido, em R$ 95.653,30, reconhecendose direito ao crédito presumido, quando foi o caso: DACON FISCALIZAÇÃO PERÍODO DE APURAÇÃO CRÉDITO EXPORTAÇÃO CRÉDITOS INDEVIDOS CRÉDITOS REQUERIDOS CRÉDITO DISPONÍVEL 10/06 154.214,77 123.086,89 165.618,29 31.127,88 11/06 236.815,59 203.067,89 269.436,57 33.747,70 12/06 223.027,13 192.249,41 328.786,78 30.777,72 Total R$ 095.653,30 1 O modusoperandi empregado nas operações efetuadas com diversos fornecedores de café, de acordo com o relatório da Operação "Tempo de Colheita", era o seguinte: os grandes adquirentes de café exigiam notas fiscais de pessoas jurídicas para poderem aproveitar o crédito de PIS/COFINS integralmente à razão de 9,25% do valor da operação. Se os vendedores fossem pessoas físicas só seria possível o aproveitamento de crédito presumido, no valor de 3,5% do valor integral. Fl. 1538DF CARF MF Impresso em 11/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2014 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 02/06/2014 por A NTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/05/2014 por ALEXANDRE KERN Processo nº 15987.000685/200951 Acórdão n.º 3403002.977 S3C4T3 Fl. 1.538 3 O interessado interpôs manifestação de inconformidade de fls. 888 a 916, na qual, como preliminar, requer o imediato ressarcimento do crédito reconhecido no despacho decisório atacado, remanescendo o contraditório administrativo apenas em relação à diferença de 6% entre o crédito presumido de 3,25% decorrente de compras de pessoas físicas e o percentual de 9,25% decorrente de aquisições de pessoas jurídicas. Quanto ao mérito das glosas dos créditos apurados sobre as compras de café de pessoas jurídicas, argumenta que, em que pese a provável ocorrência de atividade criminosa na cadeia do café, não praticou crime algum, afirmando seu interesse no esclarecimento dos fatos. Lembra que o preço pago pelo café era o de mercado e que nunca cogitou em repassar os lucros obtidos por estas empresas referidas como de fachada, no qual estava embutida a contribuição, de forma que houve despesa que legitima o crédito à adquirente, sem benefício algum com a alegada ilicitude de terceiros. Aduz que a falta de pagamento das contribuições por fornecedores não implica a ausência do direito de crédito ao adquirente, dispondo a Receita Federal e a PGFN de meios próprios de cobrar tais tributos. Discorre sobre a cena econômica do mercado cafeeiro. Rechaça a extensão das conclusões da operação da Polícia Federal ao pedido de ressarcimento em tela. Reafirma sua condição de adquirente de boafé, sem conhecimento das irregularidades societárias dos seus fornecedores. Entende legítima a tomada de crédito, porquanto ao pagar pelo café ao valor de mercado, cobrado mediante nota fiscalfatura de pessoa jurídica, estava embutido o valor das referidas contribuições. Quanto à anotação, nas notas fiscais, de suspensão de PIS e Cofins na operação de venda, o que vedaria a apuração de créditos não cumulativos para o adquirente, adiciona que de acordo com o art. 9º, §1º, II da Lei nº 10.925, de 23 de julho de 2004, teria havido erro por parte das cooperativas na medida em que tais operações não se poderiam cursar com suspensão das contribuições tendo em vista o disposto no inciso II do citado artigo. Finalizando, pleiteia que os valores a serem ressarcidos sejam acrescidos da taxa Selic. Ao final, postula a reforma do despacho decisório. A Manifestação de Inconformidade foi julgada improcedente pela 3ª Turma da DRJ/CPS. O Acórdão nº 0540.535, de 22 de abril de 2013, fls. 1178 a 1225, teve ementa vazada nos seguintes termos: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/10/2006 a 31/12/2006 CRÉDITOS NÃO CUMULATIVOS. GLOSA. FRAUDE. Comprovada a existência de fraude por meio de interposição de pessoas jurídicas de fachada, com o fim exclusivo de se obter créditos do regime não cumulativos em valores maiores que os admitidos de aquisições feitas de pessoas físicas, é de se glosar os créditos decorrentes dos expedientes ilícitos. CRÉDITOS NÃO CUMULATIVOS. GLOSA. BENS NÃO SUJEITOS À CONTRIBUIÇÃO. Correta a glosa de créditos não cumulativos calculados sobre bens não sujeitos à contribuição na aquisição. Fl. 1539DF CARF MF Impresso em 11/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2014 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 02/06/2014 por A NTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/05/2014 por ALEXANDRE KERN 4 Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Cuidase agora de recurso voluntário contra a decisão da 3ª Turma da DRJ/CPS. O arrazoado de fls. 1285 a 1336, após síntese dos fatos relacionados com a lide, pede a decretação da nulidade da decisão recorrida, que não teria enfrentado todos os seus argumentos de defesa. Insiste em não ter conhecimento, muito menos participado do que chama de “pretenso esquema fraudulento” de que trata a Fiscalização, acusandoa de fundar suas conclusões em meras presunções no sentido de que todos os seus fornecedores pessoas jurídicas inidôneas por serem omissas nas entregas de suas declarações, procedimento vedado, segundo a jurisprudência do CARF. Lembra que a decretação da inidoneidade dos fornecedores, abaixo listados, não pode retroagir para alcançar as operações da recorrente: RAZÃO SOCIAL CNPJ DATA ABERTURA Columbia Comércio de Café Ltda. 04.497.908/000103 08/06/2001 Cafeeira São Sebastião Ltda. 00.837.387/000135 29/09/1995 Ceiba Comercial Importação e Exportação Ltda. 00.323.994/000187 28/11/1994 Séculos Comercio de Café Ltda. 05.516.878/000106 30/12/2002 Sancosta Comercio, Importação e Exportação de Café Ltda. 06.222.888/000193 15/04/2004 F.J.B. Baroni 07.155.547/000105 16/12/2004 Cerealista Carmo Sul Ltda. 04.439.727/000120 21/03/2001 P Fernandes 04.460.832/000141 22/05/2001 Vila Rica Coffee Comercio de Café Ltda. 03.740.999/000101 07/04/2000 V. Munaldi ME 06.078.929/000110 12/01/2004 Comercial São Lourenço Ltda. 04.580.404/000233 22/10/2002 E M Gomes 05.688.607/000120 14/05/2003 Nova Brasilia Comércio de Café Ltda. 05.206.408/000138 24/07/2002 Enseada Comércio de Café e Sacaria Ltda. 06.201.690/000123 07/04/2004 Na continuação, retoma as digressões sobre a cadeia de produção do café no Brasil e sobre a comercialização do café sob o ponto de vista comercial e civil, já oferecida na Manifestação de Inconformidade. Com relação às compras de café a sociedade cooperativas de produtores, argumenta que nas notas fiscais apresentadas pela Fiscalização, todas as cooperativas exerceram beneficiamento, situação que não admite a suspensão da incidência da contribuição. Nesse sentindo, retoma a arguição de erro nas notas fiscais em que constou a suspensão. Transcrevo os requerimentos finais (grifos do original): 3 Conclusão E Pedidos Diante do acima exposto, requer seja provido o presente recurso para que seja reformado o Despacho Decisório e acórdão de fIs., para o fim de chancelar e reconhecer os créditos de PIS e COFINS apurados pela Recorrente na compra perante fornecedores posteriormente entendidos como inidôneos pela Receita Federal, bem como perante cooperativas diversas, e assim deferirse também esta parte do crédito a ser ressarcido, homologandose as respectivas compensações, quando for o caso. Subsidiariamente, que se reconheça o cerceamento de defesa e a supressão de instância, para que seja julgada nula a decisão de primeira instância, pois deixou de cotejar um a um os bons argumentos da defesa, limitandose a "emprestar" o trabalho de fiscalização, que por sua vez empregou o trabalho policial. Subsidiariamente, ainda, considerando que a inidoneidade posteriormente declarada em nada reflete para Recorrente, e que toda a alegação posterior ao Despacho decisório exarado nos autos em 2010 é inaplicável, dado que não há fato Fl. 1540DF CARF MF Impresso em 11/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2014 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 02/06/2014 por A NTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/05/2014 por ALEXANDRE KERN Processo nº 15987.000685/200951 Acórdão n.º 3403002.977 S3C4T3 Fl. 1.539 5 julgado na esfera criminal, é de se revogar o atual despacho decisório, revigorando se o despacho decisório anterior, e intimado novamente a Recorrente para, em querendo, que apresente manifestação de inconformidade. Requer, de imediato, contudo, que a parte incontroversa de créditos presumidos seja imediatamente ressarcida, tanto no que tange à compras de fornecedores considerados inidôneos, como perante cooperativas, conforme página 284 do Termo de Verificação Fiscal: "9.2. DO CRÉDITO PRESUMIDO Conforme explicado acima, o crédito ordinário correspondente às empresas inidôneas não pode ser concedido integralmente, já que sua origem é referente a vendas de pessoas físicas produtoras de café. Entretanto, é cabível o aproveitamento do crédito presumido correspondente. Mesmo raciocínio se aplica ao crédito referente às observações que tratam da suspensão das contribuições. No caso das notas fiscais com suspensão existe a possibilidade de crédito presumido." Ou seja, o valor referente ao crédito presumido deve ser creditado para a Recorrente, seguindose em debate apenas a diferença entre o presumido e o integral, aplicandose a legislação mais benigna Lei n° 12.350/2010, artigo 56A, de forma retroativa. Para facilitar a liquidação deste montante a Recorrente anexa planilha de cálculo extraído do trabalho de fiscalização, em cumprimento do trecho acima reproduzido, (doc. anexo) Ainda, subsidiariamente, caso não seja reconhecida a integralidade dos créditos decorrentes das compras de café realizadas no período de 2005 a 2007, no mínimo, deve ser reconhecido o crédito decorrente das operações efetuadas com os fornecedores que foram presumidos inidôneos pela Fiscalização e que, ainda, continuavam com o CNPJ ativo quando da ciência do termo de verificação fiscal. No mais, tendo decorrido anos do direito de crédito, é aplicável a atualização dos créditos pela SELIC, o que desde logo se requer em execução da parte incontroversa do Despacho Decisório, inclusive. Caso esse Conselho entenda necessário, que se baixe o processo em diligência para as devidas regularizações, de forma a se aproveitar o procedimento em questão, trazendo maior eficiência, economia, razoabilidade nos atos da administração pública, considerando ainda parte integrante destes autos, os procedimentos n° 10845.720753/200901 e 15983.720078/201247. De qualquer forma, estão documentalmente comprovadas a operação e as alegações acima, ficando ao dispor do órgão julgador todos os documentos, inclusive notas fiscais já examinadas pela fiscalização, para eventuais diligências. Requer sejam admitidos todos os meios de provas, incluindo diligências e juntada de novos documentos que privilegiem a verdade material. Protesta a RECORRENTE pela realização de sustentação oral durante a sessão de julgamento do presente Recurso, nos termos regimentais. Para tanto, requer seja notificada com antecedência da data, hora e local da sessão de julgamento. Nestes termos, Fl. 1541DF CARF MF Impresso em 11/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2014 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 02/06/2014 por A NTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/05/2014 por ALEXANDRE KERN 6 Pede deferimento. Santos, 7 de maio de 2013. O presente processo foi distribuído ao relator, em 07/03/2014, para que fosse julgado em conjunto com os processos nºs 15987.000230/200936, 15987.000231/200981 e 15987.000232/200925, na forma prevista no § 7º do art. 49 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009 – RI/CARF, com as alterações introduzidas pela Portaria MF nº 586, de 21 de dezembro de 2010–DOU de 22.12.2010. O processo administrativo correspondente foi materializado na forma eletrônica, razão pela qual todas as referências a folhas dos autos pautarseão na numeração digitalmente estabelecida. É o Relatório. Voto Conselheiro Alexandre Kern, Relator Presentes os pressupostos recursais, a petição de fls. 1285 a 1336 merece ser conhecida como recurso voluntário contra o Acórdão DRJ/CPS3ª Turma nº 0540.535, de 22 de abril de 2013. Pedido de liberação imediata do valor do crédito incontroverso. Em atendimento aos Despachos de fls. 635 a 637, o valor do crédito deferido foi pago da emissão da Ordem Bancária 2012OB801076 em 24/08/2012, fls. 722, conforme despacho de fls. 1177, quedando plenamente satisfeito o pedido de liberação da parcela incontroversa. Preliminar de nulidade da decisão recorrida É recorrente, nos recursos da espécie, a arguição de nulidade, por cerceamento do direito de defesa, de decisão de primeira instância que vai de encontro aos interesses do recorrente. A decisão da ínclita 3ª Turma da DRJ em Campinas é hígida e enfrentou a Manifestação de Inconformidade sob o ponto de vista que lhe pareceu mais apropriado. Aqui, cabe ressaltar que o livre convencimento do julgador permite seja uma decisão amparada em apenas um fundamento, contanto que este seja considerado suficiente ao deslinde da questão. Não está o órgão julgador obrigado a apreciar, de per si, todas alegações levantadas. O que não deve, o julgador, sob pena de cerceamento do direito de defesa, é deixar de considerar fato ou circunstância reputada imprescindível à sua decisão. No sentido de que o julgador não está obrigado a analisar todas as questões suscitadas, cabe mencionar a decisão monocrática proferida em 10/11/2005 pelo Min. do STJ Francisco Galvão, no Recurso Especial nº 792.497. Observese: Como é de sabença geral, o julgador não está obrigado a discorrer sobre todos os regramentos legais ou todos os argumentos alavancados pelas partes. As proposições poderão Fl. 1542DF CARF MF Impresso em 11/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2014 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 02/06/2014 por A NTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/05/2014 por ALEXANDRE KERN Processo nº 15987.000685/200951 Acórdão n.º 3403002.977 S3C4T3 Fl. 1.540 7 ou não ser explicitamente dissecadas pelo magistrado, que só estará obrigado a examinar a contenda nos limites da demanda, fundamentando o seu proceder de acordo com o seu livre convencimento, baseado nos aspectos pertinentes à hipótese sub judice e com a legislação que entender aplicável ao caso concreto. Neste sentido, confiramse os seguintes julgados, verbis: "RECURSO ESPECIAL. IMÓVEL FUNCIONAL ADMINISTRADO PELA SECRETARIA DA ADMINISTRAÇÃO FEDERAL DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA SAF. OCUPAÇÃO POR SERVIDOR PÚBLICO MILITAR. ALIENAÇÃO. POSSIBILIDADE. ART. 535, DO CPC. VIOLAÇÃO. INOCORRÊNCIA. PRECEDENTES DO STF E STJ. 1. Não ocorre violação do art. 535, do CPC, quando o acórdão recorrido não denota qualquer omissão, contradição ou obscuridade no referente à tutela prestada, uma vez que o julgador não se obriga a examinar todas e quaisquer argumentações trazidas pelos litigantes a juízo, senão aquelas necessárias e suficientes ao deslinde da controvérsia. 2. É passível de alienação o imóvel funcional que, à época de edição da Lei 8.025/90, era administrado pela Secretaria da Administração Federal da Presidência da República – SAF, ainda que ocupado fosse por servidores militares, não se aplicando ao caso a vedação inscrita no art. 1º, § 2º, I, desta norma. 3. Precedentes: REsp 61.999/DF, REsp 155.259/DF, REsp 76.493/DF, REsp 59.119/DF, RMS 21.769/DF (STF). 4. Recurso Especial parcialmente conhecido e, nessa parte, provido" (REsp nº 394.768/DF, Relator Ministro JOSÉ DELGADO, DJ de 01/07/2002, pág. 00247). "RECURSO ESPECIAL TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL ART. 535, I E II, DO CPC EMBARGOS DE DECLARAÇÃO OMISSÃO. 1 Inexiste violação ao art. 535, I e II, do CPC, se o Tribunal a quo, de forma clara e precisa, pronunciouse acerca dos fundamentos suficientes à prestação jurisdicional invocada. 2 Agravo improvido" (AGREsp n.º 109.122/PR, Relator Ministro CASTRO MEIRA, DJ de 08/09/2003, p. 00263). Ante o exposto, NEGO SEGUIMENTO ao presente recurso especial, com fulcro no art. 557, caput, do Código de Processo Civil. Rejeito a preliminar. Fl. 1543DF CARF MF Impresso em 11/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2014 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 02/06/2014 por A NTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/05/2014 por ALEXANDRE KERN 8 Mérito – glosa dos créditos amparados em notas fiscais infirmadas nas operações “Tempo de Colheita”, “Broca” e “Robusta” O argumento recursal fundamental é o de que jamais participou das fraudes apontadas nessas operações e que nunca obteve vantagens econômicas em decorrências das práticas ilícitas, sempre adquirindo o café a preço de mercado. Diz ter pesquisado sempre a situação da empresa vendedora no CNPJ e SINTEGRA. Lembra, além disso, que o mercado de compra e venda de café é complexo e que as suas peculiaridades não foram consideradas nas conclusões alcançadas ao fim das citadas operações. Assim, não seria possível afirmar que necessariamente as pessoas jurídicas que emitiram as notas fiscais examinadas sejam de fachada. Ainda, entende que eventuais fraudes verificadas em determinados elos da cadeia comercial do café não podem ser estendidas para os demais atores sem prova inconteste, o que não ocorreria nos autos. A propósito da propalada boa fé da recorrente, digase liminar e definitivamente que, em face da objetividade das infrações tributárias, é desnecessário perquirir a intenção do agente. Dito de outra forma, a despeito do amplo conjunto probatório formado nos autos do processo 15983.720078/201247, reproduzido, em parte, na decisão recorrida, que evidencia que Outspan, não só sabia, como participava ativamente do esquema fraudulento2, é irrelevante para o deslinde do presente litígio saber se a recorrente estava envolvida ou não no esquema revelado pelas sobreditas operações. Para tanto, basta que se ateste, no curso deste processo administrativo, que as notas fiscais que ampararam a tomada de crédito são idôneas para esse fim ou não. A culpa da recorrente é objeto do processocrime no qual ela foi denunciada. O fato é que, na extensa e profunda auditoria levada a cabo, segregaramse do pedido de ressarcimento formulado pela Outspan todas as notas fiscais emitidas por pessoas jurídicas comprovadamente interpostas com o fito de “inchálo”, admitindose tão somente as notas fiscais idôneas. A quantidade de empresas "laranja" explica a magnitude da glosa: Columbia Comércio de Café Ltda.; L & L Com. Exp. De Café Ltda.; Do Grão Com. E Exp. E Imp. Ltda.; Nova Brasília Com. De Café Ltda.; J. C. Bins; Café Brasile Com. E Exp. Ltda.; G. H. Moschem; V. Munaldi ME; Miranda Com. Imp. e Exp. de Café Ltda.; F. G. Comissária Ltda.; W.R. da Silva; Reicafé Com. de Café; R. Araújo Mercantil CAFECOL; M. C. da Silva Brasil Blend; Cafeeira Arruda; Ypiranga Com. de Café; P. A. de Cristo; Acádia Comércio Ltda.; V. & F. Comercial; C. Dario ME; GB. Armazéns; Enseada Com. de Café; Luciano Giubert Alves Café; Conara; Ceiba Com. Imp.; Roma Com. de Café e Sacaria; Café Arabilon; WG de Azevedo Brasil Coffee; Do Norte Café; Aracê Mercantil; Agrosanto Comércio de Cereais; Cafeeira JJ.; Cafeeira São José; Canaã Café; Meriades Distr. Ind. e Com. de Alimentos; BR Armazéns Gerais; Continental Trading Ltda.; Caparão Com. de Cereais; Comercial de Café e Cereais Ilha Bela Ltda. A propósito, esta Turma Recursal já analisou a simulação perpetrada por JC Bins Cafeeira Colatina Ltda., MC da Silva Brasil Blend, Do Grão, L&L, Café Brasile, Giubert Café, Reicafé, WG de Azevedo, Ypiranga, entre outras pessoas jurídicas, por ocasião do 2 Cito apenas a título exemplicativo, muito de longe de esgotar todos os elementos existentes, a prova testemunhal dos depoimentos de Paulo Zache, Luiz Fernandes Alvarenga, Renato Mielke, Gabriel Francisco Krohling, Marcelo Fausto Tamanini, entre outros; e documental, como a confirmação de pedido nº 6/00, de 05/01/2007, da Case de Café Corretora, e a planilha de fls. 19773 do processo 15983.720078/201247, elaborada pela recorrente, que demonstra o total controle que mantinha sobre seus fornecedores pessoas físicas, sobre os vendedores (empresas "laranjas" noteiras) e qual a origem do café fornecido. Fl. 1544DF CARF MF Impresso em 11/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2014 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 02/06/2014 por A NTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/05/2014 por ALEXANDRE KERN Processo nº 15987.000685/200951 Acórdão n.º 3403002.977 S3C4T3 Fl. 1.541 9 recurso voluntário interposto nos autos do processo 10783.724858/201118. Na oportunidade, o Conselheiro Marcos Tranchesi Ortiz, no voto condutor do Acórdão nº 3403002.635, de 24 de novembro de 2013, entendeu restar escancarado que ao menos duas dessas pessoa jurídicas (JC Bins e MC da Silva) eram laranjas , cuja própria constituição seria simulada. Quanto às demais, embora não houvesse indício de vício de vontade na sua constituição, a simulação residiria apenas nos próprios contratos de compra e venda que celebravam. As empresas prestavamse ao serviço de troca de notas: recebiam a nota fiscal de produtor, e emitiam nota fiscal de venda à recorrente. O Conselheiro Marcos ainda sublinha que essas empresas... “...nada compravam, nada vendiam, não tinham estrutura pessoal, operacional e física nenhuma para operar no “comércio atacadista de café”; não tinham estoque, armazéns, funcionários. Nada.” Contra essas glosas o recorrente tergiversa. Insurgese contra retroação de declarações de inaptidão de empresas, que lista. A propósito, a ineficácia de documentos fiscais emitidos por pessoa jurídica inexistente de fato tem previsão na Portaria MF nº 187, de 26 de abril 19933 e no art. 824 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, diploma que instituiu também (art. 815) a Declaração de Inaptidão de Pessoa Jurídica. No período de apuração de interesse, 01/10/2006 a 31/12/2006, vigia a Instrução Normativa RFB nº 568, de 8 de setembro de 2005 (mais tarde revogada pela Instrução Normativa RFB nº 748, de 28 de junho de 2007 DOU de 2.7.2007), que, em 3 Portaria MF nº 187, de 1993 Art. 3º Com base no procedimento administrativo a que se refere o art. 1º e mediante Ato Declaratório do Secretário da Receita Federal, publicado no Diário Oficial da União, será declarado ineficaz, para todos os efeitos tributários, o documento emitido em nome de pessoa jurídica que: I não exista de fato e de direito; ou II apesar de constituída formalmente, não possua existência de fato; ou III esteja desativada, extinta ou baixada no órgão competente. Parágrafo único. O Ato de que trata este artigo, quando referente a pessoa jurídica mencionada nos incisos II e III, deverá declarar a data a partir da qual são considerados tributariamente ineficazes os documentos por ela emitidos, bem como o cancelamento da correspondente inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes do Ministério da Fazenda. Art. 4º Sempre que, no decorrer de ação fiscal, forem encontrados documentos emitidos em nome das pessoas jurídicas referidas no art. 3º, o contribuinte sob fiscalização deverá ser intimado para comprovar o efetivo pagamento e recebimento dos bens, direitos, mercadorias ou da prestação dos serviços, sob pena de: I ter glosados os custos e as despesas decorrentes do pagamento não comprovado; II ter glosado o crédito fiscal originário de documento inidôneo; e III ter lançado o crédito tributário relativo ao imposto de renda na fonte incidente sobre pagamento sem causa ou a beneficiário não identificado. 4 Lei nº 9.430, de 1996, art. 82. Além das demais hipóteses de inidoneidade de documentos previstos na legislação, não produzirá efeitos tributários em favor de terceiros interessados, o documento emitido por pessoa jurídica cuja inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes tenha sido considerada ou declarada inapta. Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica aos casos em que o adquirente de bens, direitos e mercadorias ou o tomador de serviços comprovarem a efetivação do pagamento do preço respectivo e o recebimento dos bens, direitos e mercadorias ou utilização dos serviços. 5 Lei nº 9.430, de 1996, art. 81. Poderá, ainda, ser declarada inapta, nos termos e condições definidos em ato do Ministro da Fazenda, a inscrição da pessoa jurídica que deixar de apresentar a declaração anual de imposto de renda em um ou mais exercícios e não for localizada no endereço informado à Secretaria da Receita Federal, bem como daquela que não exista de fato. Fl. 1545DF CARF MF Impresso em 11/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2014 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 02/06/2014 por A NTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/05/2014 por ALEXANDRE KERN 10 sintonia com a Lei e a Portaria MF recém mencionadas, assim dispunha (negrito na transcrição): IN SRF 568, de 2007 Da Situação Cadastral Inapta Art. 34. Será declarada inapta a inscrição no CNPJ de entidade: I – omissa contumaz: a que, embora obrigada, tenha deixado de apresentar, por cinco ou mais exercícios consecutivos, DIPJ, Declaração de Inatividade ou Declaração Simplificada das Pessoas Jurídicas Simples, e, intimada, não tenha regularizado sua situação no prazo de sessenta dias, contado da data da publicação da intimação; II – omissa e não localizada: a que, embora obrigada, tenha deixado de apresentar as declarações referidas no inciso I, em um ou mais exercícios e, cumulativamente, não tenha sido localizada no endereço informado à RFB; III – inexistente de fato; IV – que não efetue a comprovação da origem, da disponibilidade e da efetiva transferência, se for o caso, dos recursos empregados em operações de comércio exterior, na forma prevista em lei. Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica à pessoa jurídica domiciliada no exterior. Quanto à inexistência de fato de pessoa jurídica, a INRFB nº 568, de 2005, estabelece que: Da Pessoa Jurídica Inexistente de Fato Art. 41. Será considerada inexistente de fato a pessoa jurídica que: I – não disponha de patrimônio e capacidade operacional necessários à realização de seu objeto; II – não for localizada no endereço informado à RFB, bem assim não forem localizados os integrantes de seu QSA, o responsável perante o CNPJ e seu preposto; III – tenha cedido seu nome, inclusive mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de terceiros, com vistas ao acobertamento de seus reais beneficiários; IV – se encontre com as atividades paralisadas, salvo quando enquadrada nas situações a que se referem os incisos I, II e V do caput do art. 33. Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, o procedimento administrativo de declaração de inaptidão será iniciado por representação formulada por AFRFB, consubstanciada com elementos que evidenciem qualquer das pendências ou situações referidas. Fl. 1546DF CARF MF Impresso em 11/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2014 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 02/06/2014 por A NTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/05/2014 por ALEXANDRE KERN Processo nº 15987.000685/200951 Acórdão n.º 3403002.977 S3C4T3 Fl. 1.542 11 Ainda, a INRFB nº 568, de 2005, estabelece que é presumidamente inidôneo, não produzindo efeitos tributários em favor de terceiros, o documento emitido por pessoa jurídica declarada inapta. O § 3º do seu art. 48 dispõe sobre os efeitos temporais da declaração de inidoneidade dos documentos: Art. 48. Será considerado inidôneo, não produzindo efeitos tributários em favor de terceiro interessado, o documento emitido por pessoa jurídica cuja inscrição no CNPJ haja sido declarada inapta. § 1º Os valores constantes do documento de que trata o caput não poderão ser: I – deduzidos como custo ou despesa, na determinação da base de cálculo do Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL); II – deduzidos na determinação da base de cálculo do Imposto de Renda das Pessoas Físicas (IRPF); III – utilizados como crédito do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e das Contribuições para o PIS/Pasep e para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) não cumulativos; e IV – utilizados para justificar qualquer outra dedução, abatimento, redução, compensação ou exclusão relativa aos tributos administrados pela RFB. § 2º Considerase terceiro interessado, para os fins deste artigo, a pessoa física ou entidade beneficiária do documento. § 3º O disposto neste artigo aplicarseá em relação aos documentos emitidos: I – a partir da data da publicação do ADE a que se refere: a) o art. 37, no caso de pessoa jurídica omissa contumaz; b) o art. 39, no caso de pessoa jurídica omissa e não localizada. II – a partir da data desde a qual esteja caracterizada a situação prevista no inciso III do art. 41; III – na hipótese dos incisos I, II e IV do art. 41, desde a paralisação das atividades da pessoa jurídica ou desde a sua constituição, se ela jamais houver exercido atividade; e V – na hipótese de pessoa jurídica com irregularidade em operações de comércio exterior, desde a data de ocorrência do fato. § 4º A inidoneidade de documentos em virtude de inscrição declarada inapta não exclui as demais formas de inidoneidade Fl. 1547DF CARF MF Impresso em 11/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2014 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 02/06/2014 por A NTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/05/2014 por ALEXANDRE KERN 12 de documentos previstas na legislação, nem legitima os emitidos anteriormente às datas referidas no § 3º. § 5º O disposto no § 1º não se aplica aos casos em que o terceiro interessado, adquirente de bens, direitos e mercadorias, ou o tomador de serviços, comprovar o pagamento do preço respectivo e o recebimento dos bens, direitos ou mercadorias ou a utilização dos serviços. § 6º A entidade que não efetuar a comprovação de que trata o § 5º sujeitarseá ao pagamento do IRRF na forma do art. 61 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, calculado sobre o valor pago constante dos documentos. Portanto, quanto ao efeito temporal objetado pelo recorrente, frisese que, no caso de créditos por compras a fornecedores pessoas jurídicas inexistentes de fato, segundo a IN vigente, a inidoneidade dos documentos retroage à data da constituição das mesmas, não havendo falar portanto em vedação à retroação dos efeitos da inidoneidade. Sustenta, também, a recorrente que os fornecedores mantinham cadastro ativo no CNPJ, e cita em seu favor o entendimento do E. STJ consolidado no REsp n 1.148.444, segundo o qual “a boa fé do adquirente em relação às notas fiscais declaradas inidôneas após a celebração do negócio jurídico (que fora efetivamente realizado), uma vez caracterizada, legitima o aproveitamento dos créditos de ICMS”. A propósito desse argumento, retomo aqui as pertinentes observações do Conselheiro Marcos Tranchesi Ortiz, quando analisouo em caso que envolvia os mesmos fornecedores: “Há um abismo de diferença entre a situação destes autos e a do precedente jurisprudencial mencionado. O que disse o STJ é que o contribuinte não pode ser prejudicado pela eventual e desconhecida inidoneidade de terceiro com quem contrata de boafé. A leitura do julgado revela que o tribunal condiciona o aproveitamento do crédito à demonstração de que a compra venda efetivamente se realizou, justamente para alhear de seus comandos a hipótese de simulação. Aqui, as aquisições junto às empresas JC Bins e MC Silva não se amoldam à hipótese julgada já porque não se trata de negócio com terceiros, como se viu. E as demais aquisições tampouco, agora porque não houve entre as partes compra e venda efetiva. O REsp nº 1.148.444, enfim, consolida entendimento diametralmente contrário ao que favoreceria a recorrente. Importante salientar que a Fiscalização deferiu o crédito presumido, quando foi o caso, reconhecendo o negócio jurídico subjacente. A recorrente não logrou convencerme de que as glosas procedidas pelas DRF/Santos – uma sequer – foram improcedentes. Por essa razão, julgoas corretas, ratifico a decisão recorrida e nego provimento ao recurso quanto a essa matéria. Fl. 1548DF CARF MF Impresso em 11/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2014 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 02/06/2014 por A NTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/05/2014 por ALEXANDRE KERN Processo nº 15987.000685/200951 Acórdão n.º 3403002.977 S3C4T3 Fl. 1.543 13 Mérito – glosa dos créditos por aquisições de mercadorias não oneradas pela contribuição social não cumulativa No curso do procedimento fiscal, verificouse que, entre os fornecedores da Outspan, figuravam diversas sociedades cooperativas de produtores rurais. Intimadas a respeito da natureza de suas operações e dos procedimentos adotados na apuração das contribuições, especificamente com relação às operações que deram origem aos créditos pleiteados pelo recorrente, inclusive a esclarecer se exerceram cumulativamente as atividades de padronizar, beneficiar, preparar e misturar tipos de café para definição de aroma e sabor (blend) ou separar por densidade dos grãos, com redução dos tipos determinados pela classificação oficial6, apurouse que (fls. 19927 e seguintes do processo administrativo apensado nº 15983.720078/201247) algumas cooperativas revenderam produtos adquiridos de cooperados e valeramse da faculdade de excluir da base de cálculo os valores a eles repassados, ao amparo do inc. I do art. 15 da MP nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001. Outras informaram que venderam toda a sua produção com “suspensão do PIS e COFINS”. Nestes dois casos,não se admitiu o creditamento. Um terceiro grupo de cooperativas informou que pequena parte pequena de suas vendas provinha de mercadorias adquiridas a não cooperados, mas que, nada obstante, excluíam da base de cálculo os repasses efetuados a seus cooperados, caso em que a Fiscalização admitiu a tomada de crédito segundo um rateio de receitas, apurado a partir da análise do DACON respectivo, consolidação no demonstrativo “Análise das Cooperativas” com o percentual dos valores aproveitáveis de diversas cooperativas fornecedoras da Outspan (fls. 20015/20016 do processo administrativo apensado nº 15983.720078/201247). A base da contestação dirigida pela interessada contra a glosa dos créditos referente aos bens adquiridos de sociedades cooperativas diz respeito ao fato de que o mencionado art. 3º, §2º da Lei nº 10.637, de 2002, não se aplicaria ao café, já que este é um bem sujeito à incidência das contribuições. Assim, ainda que a legislação autorize a exclusão, pelas cooperativas, dos valores repassados aos associados, decorrente da comercialização, no mercado interno, de produtos por eles entregues à cooperativa, isto não impediria a apropriação de créditos pelos adquirentes já que a legislação não cogita de isenção ou imunidade das cooperativas. Diz ainda que a suspensão de PIS e Cofins praticada por algumas cooperativas não se aplicava às operações de venda de café por força do que diz o art. 9º, §1º, II, da Lei nº 10.925, de 2004. Aduz que as notas fiscais de cooperativas nas quais houve suspensão de PIS e Cofins tratavase de operações nas quais as sociedades cooperativas procederam à redução do grão de acordo com os tipos da classificação oficial, não sendo aplicável, assim, a possibilidade de suspensão de PIS e Cofins prevista no caput do art. 9º da Lei nº 10.925, de 2004, e consequentemente, incabível a glosa do crédito sobre as correspondentes aquisições. A afirmação recursal de que o café é um bem sujeito à incidência do PIS é uma impropriedade. As contribuições sociais não incidem sobre o valor dos bens, mas sobre o faturamento, entendido como tal o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica. A contrario sensu, não incidem sobre receita não auferida. É o caso do produto das vendas de café adquirido aos cooperados, que é a eles repassado e, consequentemente, excluído da base de cálculo da contribuição apurada pela cooperativa. Ora, nessas condições, o preço de venda do café não foi onerado pela exação, razão pela qual não enseja direito a crédito da contribuição. 6 As respostas estão às fls. 19.539 e seguintes do processo administrativo nº 15983.720078/201247. Os dados referentes a cada uma das cooperativas que forneceram grãos à interessada estão consolidados na tabela de fls. 20015 e 20016. Fl. 1549DF CARF MF Impresso em 11/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2014 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 02/06/2014 por A NTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/05/2014 por ALEXANDRE KERN 14 Tomar crédito sem ter pagado a contribuição, em franco enriquecimento ilícito, as evidências do processo demonstram, muito agradaria ao recorrente, mas é repudiado por todo o ordenamento jurídico pátrio. Quanto à alegação de erro na emissão de notas fiscais com suspensão por cooperativas que de alguma forma beneficiaram o grão, a insurgência recursal, mais uma vez, é inespecífica e omitiuse em denunciar em quais casos o trabalho fiscal mereceria reparos. Compulsandose a planilha de fls. fls. 20015 e 20016 do processo 15983.720078/201247, anexo ao presente, constato que o Fiscalização foi minuciosa, detalhando, cooperativa por cooperativa, fornecedoras da recorrente, quais executavam o beneficiamento excepcionado no art. 9º, §1º, II, da Lei nº 10.925, de 2004, e, simultaneamente, excluíam de sua base de cálculo, o valor das receitas repassados aos cooperados, caso em que o creditamento não foi admitido, muito embora não fosse caso de suspensão. Omitindose a recorrente em infirmar especificamente esse levantamento, que considerou a condição de cada cooperativa fornecedora individualmente para decidir sobre a admissibilidade da tomada de crédito, tenho o com correto. Mérito – atualização monetária ao valor do ressarcimento Por fim, o aproveitamento de créditos não enseja atualização monetária ou incidência de juros sobre os respectivos valores, a teor do art. 13 da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, aplicável ao caso pela norma de remissão do art. 15 da mesma Lei. Conclusão Em face do exposto, voto por negar provimento ao recurso. Sala de sessões, em 27 de maio de 2014 Fl. 1550DF CARF MF Impresso em 11/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2014 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 02/06/2014 por A NTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/05/2014 por ALEXANDRE KERN
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