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Numero do processo: 10680.010678/2006-46
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Nov 08 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Jan 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/09/2005 a 30/09/2005
COFINS CUMULATIVA. BASE DE CÁLCULO. ALARGAMENTO.
A partir da declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei 9.718, pelo STF, o faturamento, base de cálculo da contribuição, não pode corresponder ao somatório de todas as receitas auferidas como ali disposto. Nos temos da remansosa jurisprudência do STF, em se tratando de empresa comercial, industrial ou de prestação de serviços, ela está, indubitavelmente restrita ao somatório das receitas da venda de mercadorias, da prestação de serviços ou da combinação de ambos, dúvidas permanecendo apenas quanto às instituições financeiras.
Numero da decisão: 9303-004.360
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, em dar-lhe provimento.
RODRIGO DA COSTA PÔSSAS - Presidente.
JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: JULIO CESAR ALVES RAMOS
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/09/2005 a 30/09/2005 COFINS CUMULATIVA. BASE DE CÁLCULO. ALARGAMENTO. A partir da declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei 9.718, pelo STF, o faturamento, base de cálculo da contribuição, não pode corresponder ao somatório de todas as receitas auferidas como ali disposto. Nos temos da remansosa jurisprudência do STF, em se tratando de empresa comercial, industrial ou de prestação de serviços, ela está, indubitavelmente restrita ao somatório das receitas da venda de mercadorias, da prestação de serviços ou da combinação de ambos, dúvidas permanecendo apenas quanto às instituições financeiras.
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BASE DE CÁLCULO. ALARGAMENTO. A partir da declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei 9.718, pelo STF, o faturamento, base de cálculo da contribuição, não pode corresponder ao somatório de todas as receitas auferidas como ali disposto. Nos temos da remansosa jurisprudência do STF, em se tratando de empresa comercial, industrial ou de prestação de serviços, ela está, indubitavelmente restrita ao somatório das receitas da venda de mercadorias, da prestação de serviços ou da combinação de ambos, dúvidas permanecendo apenas quanto às instituições financeiras. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, em darlhe provimento. RODRIGO DA COSTA PÔSSAS Presidente. JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 01 06 78 /2 00 6- 46 Fl. 1396DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza e Vanessa Marini Cecconello. Relatório Manejou o sujeito passivo especial contra decisão que recebeu a seguinte ementa, relativamente à matéria a ser aqui rediscutida: BASE DE CÁLCULO. PERÍODOS DE APURAÇÃO A PARTIR DE FEVEREIRO DE 1999. RECEITAS FINANCEIRAS E ALUGUEIS. LEI N° 9.718/98, ART. 3°, § 1 0. INCONSTITUCIONALIDADE. CONTROLE DIFUSO. EFEITOS LIMITADOS ÀS PARTES. Nos termos da Lei n° 9.718/98, art. 3°, § 1 0, a base de cálculo do PIS Faturamento e da Cofins é a totalidade das receitas, incluindo as demais receitas alem daquelas oriundas da venda de mercadorias e prestação de serviços, sendo que a inconstitucionalidade desse dispositivo, declarada pelo Supremo Tribunal Federal em sede do controle difuso, não pode ser aplicada pelo CARF até que seja editada sobre o tema resolução do senado federal, súmula do STF, decreto do Presidente da República ou súmula da AGU, ato do Secretário da Receita Federal do Brasil ou, ainda, do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, estendendo para todos os efeitos da inconstitucionalidade declarada na via incidental, inicialmente. Embora o apelo do contribuinte se voltasse contra todas as matérias que lhe foram julgadas desfavoravelmente, somente teve seguimento, mesmo após reexame obrigatório, quanto à inclusão de receitas financeiras na base de cálculo. Importa ressaltar que, embora o acórdão tenha tratado, no tema alargamento, tanto de receitas financeiras quanto de aluguéis, o exame de admissibilidade somente reconheceu comprovada a divergência sobre as primeiras. É o que se extrai de suas conclusões: Com estas considerações, DOU PARCIAL SEGUIMENTO AO RECURSO ESPECIAL apenas quanto à inclusão das receitas financeiras na base de cálculo da Cofins, à luz da manifestação do STF sobre o conceito ampliado de faturamento veiculado pela Lei nº 9.718/98. A Fazenda Nacional apresentou contrarrazões em que busca ver mantidas as parcelas ora discutidas com base nos pronunciamentos reiterados do ministro Cezar Peluso que propõem a identidade dos conceitos faturamento e receita proveniente das atividades empresariais típicas ou fins. Pretende, por isso, que mesmo as receitas financeiras seriam enquadráveis como tal por serem costumeiras. É o Relatório. Voto Fl. 1397DF CARF MF Processo nº 10680.010678/200646 Acórdão n.º 9303004.360 CSRFT3 Fl. 3 3 Conselheiro JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS Relator O recurso foi admitido apenas quanto à inclusão na base de cálculo das receitas financeiras, o chamado alargamento promovido pela Lei 9.718. Nesta matéria, não há como não lhe dar provimento, visto não haver mais dúvida quanto ao descabimento da exigência sobre tais receitas, nos termos da remansosa jurisprudência oriunda do excelso pretório, quando se trate de entidade prestadora de serviços, como aqui. Com efeito, mesmo que se adote como conceito de faturamento aquele preconizado pelo e. ministro Peluso, a saber, "o conjunto das receitas oriundas das atividades empresariais", em se tratando de empresas industriais, comerciais e de serviços, parece indubitável que ele se restringe ao das receitas de vendas e de prestação de serviços. Como se sabe, ali apenas pende questão envolvendo as instituições financeiras, para as quais, aí sim, os dois conceitos não coincidem. É igualmente incontroverso que o nosso regimento permite o afastamento de normas já consideradas inconstitucionais pelo STF. No atual, é o art. 621, valendo o reforço de que o dispositivo já se encontra, até mesmo, revogado. Regitro que não procede a pretensão fazendária para manter as receitas financeiras com base nos pronunciamentos do ministro Peluso É que o entendimento do ministro Peluso, expresso em diversos votos proferidos, leva à manutenção na condição de contribuintes daquelas empresas que não praticam venda de mercadorias ou prestação de serviços. Desse grande grupo, o mais significativo, sem dúvida, é o das instituições financeiras, mas nele podemse incluir também diversos outros, como empresas que se dediquem exclusivamente ao aluguel de bens próprios, holdings etc. Não é por outro motivo que há repercussão geral reconhecida apenas envolvendo seguradoras e bancos. O que se deve dirimir neles é se deve prevalecer o entendimento do ministro Peluso, que leva à tributação tanto da receita de prêmios, das primeiras, como daquelas provenientes de operações de créditos, para as segundas. Também não é outro o motivo para que todos os trechos de votos colacionados pela Fazenda em suas contrarrazões tenham sido extraídos de julgamentos envolvendo aqueles dois grupos de empresas. No que tange, porém, a empresas que se dedicam à venda de mercadorias ou à prestação de serviços, nem mesmo se prevalecer o entendimento do ministro Peluso se passará a exigir delas contribuição sobre receitas estranhas ao seu objeto social. O que se discute, enfim, é se deve ser tributado aquilo que a empresa faz para ganhar dinheiro, não importando se isso é venda de mercadorias e/ou prestação de serviço (posicionamento do ministro Peluso), ou se, ao contrário, é a este segundo grupo restrito de receitas que o conceito deve se ater. 1 Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal; Fl. 1398DF CARF MF 4 E essa conclusão não muda por constatar que a receita seja obtida com regularidade, como ocorre com aquelas decorrentes de aplicações financeiras de sobras de caixa temporariamente ociosas, se a empresa a isso não se dedica. Em outras palavras, tais receitas serão tributadas se, e somente se, constituírem a atividadefim da empresa. E ouso dizer, embora isso não esteja expresso nos votos já proferidos, que assim será mesmo que a tal atividade não esteja prevista no contrato social da entidade. Em outras palavras, se consegui entender o que expressa o ministro Peluso, seu critério não será a previsão contratual ou estatutária, mas a efetiva forma de geração de recursos adotada pela empresa. Nesse sentido, mesmo uma empresa formalmente comercial se deixar de comercializar e passar a viver de aplicação financeira terá sim tributada a receita proveniente desta última atividade, ainda que isso não diga o seu contrato social. Mas, a contrário senso, se continuar realizando as atividades para que foi constituída, não, mesmo que as receitas de natureza financeira sejam regulares e expressivas. No caso concreto, colho do Termo de Verificação Fiscal lavrado pela autoridade responsável pelo lançamento (fls 17/36): 2DA NATUREZA DO CONTRIBUINTE 2.1 A Entidade fiscalizada é uma sociedade civil, registrada na Agencia Nacional de Saúde como operadora de plano de assistência à saúde, sob o n° 363944, conforme Documento de fls. 40. Tem como atividade a comercialização e administração de Planos de Saúde, além da coordenação, orientação, integração e representação de interesses de suas filiadas /singulares /cooperativas de trabalho médico. Em seu conjunto, tem como fonte ou origem de recursos as Receitas de Prestação de Serviços Contratados Por Clientes Pessoas Físicas ou Jurídicas com Pagamento de Mensalidades, Taxas de Serviços e Encargos Operacionais e Taxas de Manutenção Recebidas de Suas Cooperativas Associadas; conforme art. 2°, §1°, b e 2° c/c art. 11, a, b e g do Estatuto de fls. 41 a49. A impressão que daí se extrai é que se trata mesmo de uma entidade voltada à prestação de serviços. E essa impressão se confirma na análise dos balancetes juntados pela fiscalização entre fls. 112/136. Neles se vê que as receitas financeiras, embora expressivas em muitos meses, convivem com aquelas oriundas das atividades típicas, sendo inclusive, em alguns casos, delas diretamente decorrentes, como no caso dos descontos comerciais obtidos. Com essas considerações, voto por dar provimento ao recurso da entidade, na parte conhecida, para excluir da base de cálculo as receitas de natureza financeira. É como voto. JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS Fl. 1399DF CARF MF Processo nº 10680.010678/200646 Acórdão n.º 9303004.360 CSRFT3 Fl. 4 5 Fl. 1400DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10166.720278/2012-18
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 20 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Oct 10 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2008
DESPESA COM PENSÃO ALIMENTÍCIA. PAGAMENTO POR LIBERALIDADE. INDEDUTIBILIDADE.
Não são dedutíveis da base de cálculo do Imposto de Renda da Pessoa Física valores pagos a título de pensão alimentícia em decorrência de acordo homologado judicialmente quando não haja dissolução da sociedade conjugal ou o responsável pelo pagamento da pensão mantenha residência em comum com os alimentandos, pois tais valores são decorrentes do poder de família e do dever de sustento, assistência e socorro aos familiares e não do dever obrigacional de prestar alimentos. A pensão paga em desconformidade com as normas do Direito de Família constitui mera liberalidade.
O pagamento de pensão alimentícia, por liberalidade, não está sujeito à dedução da base de cálculo do imposto de renda. Inteligência do enunciado da Súmula CARF nº 98.
JUROS E MULTA DE MORA. TERMO INICIAL PARA FLUÊNCIA
Não há incidência de multa de mora em relação a créditos tributários decorrentes de lançamento de ofício.
O termo inicial para a fluência de juros de mora está relacionado ao vencimento do prazo para o pagamento do tributo.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2402-005.492
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso e por maioria negar-lhe provimento, vencido o Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci que dava provimento.
(assinado digitalmente)
Kleber Ferreira de Araújo - Presidente
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felícia Rothschild, João Victor Ribeiro Aldinucci, Ronnie Soares Anderson, Theodoro Vicente Agostinho, Túlio Teotônio de Melo Pereira e Amilcar Barca Teixeira Júnior.
Nome do relator: MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2008 DESPESA COM PENSÃO ALIMENTÍCIA. PAGAMENTO POR LIBERALIDADE. INDEDUTIBILIDADE. Não são dedutíveis da base de cálculo do Imposto de Renda da Pessoa Física valores pagos a título de pensão alimentícia em decorrência de acordo homologado judicialmente quando não haja dissolução da sociedade conjugal ou o responsável pelo pagamento da pensão mantenha residência em comum com os alimentandos, pois tais valores são decorrentes do poder de família e do dever de sustento, assistência e socorro aos familiares e não do dever obrigacional de prestar alimentos. A pensão paga em desconformidade com as normas do Direito de Família constitui mera liberalidade. O pagamento de pensão alimentícia, por liberalidade, não está sujeito à dedução da base de cálculo do imposto de renda. Inteligência do enunciado da Súmula CARF nº 98. JUROS E MULTA DE MORA. TERMO INICIAL PARA FLUÊNCIA Não há incidência de multa de mora em relação a créditos tributários decorrentes de lançamento de ofício. O termo inicial para a fluência de juros de mora está relacionado ao vencimento do prazo para o pagamento do tributo. Recurso Voluntário Negado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso e por maioria negar-lhe provimento, vencido o Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci que dava provimento. (assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo - Presidente (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felícia Rothschild, João Victor Ribeiro Aldinucci, Ronnie Soares Anderson, Theodoro Vicente Agostinho, Túlio Teotônio de Melo Pereira e Amilcar Barca Teixeira Júnior.
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PAGAMENTO POR LIBERALIDADE. INDEDUTIBILIDADE. Não são dedutíveis da base de cálculo do Imposto de Renda da Pessoa Física valores pagos a título de pensão alimentícia em decorrência de acordo homologado judicialmente quando não haja dissolução da sociedade conjugal ou o responsável pelo pagamento da pensão mantenha residência em comum com os alimentandos, pois tais valores são decorrentes do poder de família e do dever de sustento, assistência e socorro aos familiares e não do dever obrigacional de prestar alimentos. A pensão paga em desconformidade com as normas do Direito de Família constitui mera liberalidade. O pagamento de pensão alimentícia, por liberalidade, não está sujeito à dedução da base de cálculo do imposto de renda. Inteligência do enunciado da Súmula CARF nº 98. JUROS E MULTA DE MORA. TERMO INICIAL PARA FLUÊNCIA Não há incidência de multa de mora em relação a créditos tributários decorrentes de lançamento de ofício. O termo inicial para a fluência de juros de mora está relacionado ao vencimento do prazo para o pagamento do tributo. Recurso Voluntário Negado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 72 02 78 /2 01 2- 18 Fl. 148DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 08/10/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso e por maioria negarlhe provimento, vencido o Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci que dava provimento. (assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo Presidente (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felícia Rothschild, João Victor Ribeiro Aldinucci, Ronnie Soares Anderson, Theodoro Vicente Agostinho, Túlio Teotônio de Melo Pereira e Amilcar Barca Teixeira Júnior. Fl. 149DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 08/10/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO Processo nº 10166.720278/201218 Acórdão n.º 2402005.492 S2C4T2 Fl. 149 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo I – DRJ/SP1, que julgou procedente Notificação de Lançamento de Imposto de Renda das Pessoas Físicas (IRPF), fls. 19/22, relativa ao ano calendário 2007 / exercício 2008, a qual resultou em imposto suplementar no valor de R$ 27.694,54 (vinte e sete mil, seiscentos e noventa e quatro reais e cinquenta e quatro centavos). De acordo com a Notificação de Lançamento, o crédito foi constituído em razão da glosa de valores deduzidos a título de pensão alimentícia, de R$ 100.707,43 (cem mil, setecentos e sete reais e quarenta e três centavos), por falta de comprovação ou por falta de previsão legal para a sua dedução. Ainda de acordo com a Notificação de Lançamento: “O acordo homologado judicialmente e apresentado à RFB não oferece amparo legal para que se deduza, do IRPF, os valores pagos aos filhos e à esposa. Não houve divórcio, nem separação de bens, nem dissolução da sociedade conjugal. Os cônjuges vivem como casal. O pai paga pensão aos filhos e à esposa por mera liberalidade, o que não dá suporte à dedução (coabitação, natureza de dever familiar. Não há obrigação de prestar alimentos).” O Recorrente apresentou impugnação (fls. 3/18), em 16/01/2012. Por bem retratar as alegações apresentadas pelo contribuinte na peça impugnatória, reproduzse o trecho correspondente do Acórdão nº 16051.874 da 15ª Turma da DRJ/SP1: a pensão foi paga aos filhos maiores de idade e à esposa e conforme consta da petição inicial do acordo, foi esclarecido ao Poder Judiciário que o casal morava sob o mesmo teto, sendo relevante frisar que essa situação fática não foi levada em consideração pelo juiz para fins de homologação do ajuste, porque o que importavam eram outros fatores existentes entre o relacionamento do casal, que buscava a homologação do acordo com o intuito de prevenir quanto ao resultado de discordâncias, tendo entendido que, dessa forma, estariam resguardados os interesses dos filhos, caso viesse ocorrer o insucesso conjugal de seus progenitores, que esteve em risco por diversas vezes; o casal se empenhou e se esforçou bravamente para não se separar, buscando, por todas as forças e meios, manter o casamento e a estabilidade da família, apenas na aparência, como forma exclusiva para apoiar e propiciar plena estabilidade, estrutura e formação moral de seus filhos; na verdade as pessoas estão separadas de fato, situação jurídica essa, que data vênia, não autoriza interpretação que objetive diferenciála dos casos homologados por decisão judicial ou escritura pública, uma vez que os efeitos jurídicos e legais só se farão presentes por ocasião de eventual partilha de bens do casal; Fl. 150DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 08/10/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO 4 na forma da legislação de regência, os beneficiários da pensão tinham a incumbência do recolhimento normal das parcelas mensais devidas do imposto de renda, o que significa dizer que lhes foi transferido o ônus da responsabilidade fiscal, não havendo prejuízo aos cofres públicos; é de causar espécie verificar que, na via administrativa, um parecer técnico, baseado em Acórdãos da própria Secretaria da Receita Federal desconsidere o teor e os efeitos legais decorrentes de uma sentença judicial transitada em julgado; a coisa julgada pode ser modificada, porém a discussão da matéria deve ser agitada em nova relação processual, tão somente na via judicial, e não no âmbito administrativo, que não tem competência legal para negarlhe vigência; não cabe ao intérprete da norma restringir o que o legislador não o fez; a jurisprudência pátria vem se posicionando nesse sentido. Traz à colação aresto do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, o qual se encaixa como luva no caso em exame; nos termos dos seus arts. 4º, inciso II, e 8º, inciso II, alínea “f”, que estabelece que tão somente que são passiveis de dedução os valores pagos a título de pensão alimentícia, por força de decisão judicial, fundada em normas do Direito de Família, não fazendo restrição quanto a qualquer espécie de condição para a validade do abatimento dos citados valores; as próprias orientações da Secretaria da Receita Federal do Brasil são claríssimas quanto à possibilidade da dedução dos valores pagos a título de pensão alimentícia, sequer fazendo alusão sobre essa estranha figura de liberalidade, como realmente não poderia fazer, por não ter base legal para tanto; impende trazer à baila a jurisprudência dominante nas Cortes Superiores de Justiça, consagrando, de forma clara e induvidosa, o pleno usufruto do direito consubstanciado nas normas legais vigentes no país, segundo as quais, no contexto atual, não existem quaisquer atos que impeçam ou restrinjam a dedução objeto desta impugnação. Transcreve julgados do TRF da 1ª Região sobre o tema; é importante esclarecer que em 10/02/2010, a situação do postulante foi objeto de exame dessa Secretaria da Receita Federal, da lavra de Auditor Fiscal diferente do atual, tendo sido expedida a respectiva notificação de lançamento, determinando a correção do procedimento para a dedução da parcela referente ao 13º Salário, no valor de R$ 3.636,53, do montante da pensão alimentícia, por ter sido considerado indevido o abatimento do imposto de renda, uma vez que se trata de quantia sujeita a tributação exclusiva; após a aludida análise, o auditor fiscal considerou como regular a dedução do valor da pensão alimentícia da base de cálculo do imposto de renda. A matéria em apreço não comportaria nova apreciação, porque, em 10 de fevereiro de 2010, essa Secretaria da Receita reconheceu, após seu acurado Fl. 151DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 08/10/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO Processo nº 10166.720278/201218 Acórdão n.º 2402005.492 S2C4T2 Fl. 150 5 exame, a correção e a legalidade dos procedimentos até então adotados; por fim, requer que seja acolhida a impugnação. A DRJ/ SP1, julgou a impugnação improcedente (Acórdão de Impugnação de fls. 41/49), por entender “que não tendo o contribuinte deixado de coabitar com sua cônjuge e com seus filhos, a prestação de alimentos, ainda que homologada judicialmente, foi prestada por mera liberalidade”. Por ocasião do recurso voluntário (fls. 56/144), o contribuinte reitera as razões da impugnação e acrescenta que: a) a afirmação que consta do acórdão, de que não existe divórcio nem separação judicial do casal pode não condizer com a realidade, pois desarrazoado se afirmar isso sem ter a convicção do que realmente acontece com o relacionamento das pessoas; b) o acordo foi homologado em estrita observância do rito próprio, com pleno amparo no Código Civil, sem subterfúgios ou qualquer espécie de enganação; c) tendo em vista que o acordo se encerrava em um procedimento consensual, não havia necessidade de serem declinados os motivos que levaram o casal a propôlo; d) é possível a prestação de alimentos entre cônjuges casados e filhos que coabitam com os provedores de alimentos. Transcreve arestos doutrinários acerca do tema; e) causa estranheza o fato de que parecer técnico (Solução de Consulta Interna Cosit nº 3, de 8 de fevereiro de 2012) e acórdão de primeira instância administrativa tentem desconsiderar o teor e os efeitos legais decorrentes de sentença judicial transitada em julgado, que, com amparo na Constituição, fez coisa julgada, princípio constitucional protegido como direito fundamental pelo ordenamento jurídico pátrio; f) a coisa julgada somente pode ser modificada em nova relação processual, pela via judicial; g) inexiste norma legal vedando o procedimento adotado pelo Recorrente, não sendo permitido ao intérprete da norma restringir o que o legislador não o fez; h) a jurisprudência pátria vem se firmando pela possibilidade de abatimento da base de cálculo do Imposto de Renda dos pagamentos referentes a pensão alimentícia. Transcreve decisões judiciais a esse respeito; i) sobre os questionamentos acerca do pagamento de pensão aos filhos de idade elevada, não existe procedência porque para a oferta de alimentos entre parentes não há limitação legal que impeça pessoas adultas de se socorrerem por essa via. O art. 1.694 do Código Civil não estabelece limite de idade para os beneficiários de alimentos, nem faz referência à sua capacidade civil; j) a jurisprudência reconhece que a maioridade não é motivo para que o pai fique desonerado de prestar alimentos aos filhos, quanto mais pela necessidade de se dar integral cumprimento a acordo judicialmente homologado; Fl. 152DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 08/10/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO 6 k) a lei e as orientações da Secretaria da Receita Federal do Brasil são pela possibilidade da dedução de valores pagos a título de pensão alimentícia e não fazem restrição a limite de idade; l) decisões reiteradas do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF são também pela possibilidade da dedução da pensão. Transcreve trechos de decisões relativas ao direito de dedução de pensão alimentícia; m) invoca os institutos jurídicos do direito adquirido, do ato jurídico perfeito e da coisa julgada para respaldar sua pretensão que, segundo afirma, se equipara as situações reconhecidas pelas decisões do CARF; n) a medida imposta pela Secretaria da Receita Federal do Brasil significa a cassação, pela via administrativa, de acordo homologado por medida judicial, pela nulidade de seus efeitos no que tange o direito de o Recorrente deduzir a pensão alimentícia da base de cálculo do IRPF; o) embora as decisões judiciais e administrativas não tenham o condão de beneficiar àqueles que não integram a lide, servem para acenar que a legislação pátria deve ser respeitada quanto às finalidades para as quais foram instruídas; p) a Solução de Consulta Interna Cosit nº 3, de 8/2012, que balizou a decisão da DRJ/SP1, somente se aplicaria às situações surgidas a partir de sua publicação (8/2/12), mas, mesmo assim, não se prestaria a anular a eficácia da decisão judicial que ampara a dedução em apreço. Cita o art. 6º, § 2º da Lei de Introdução ao Código Civil, e decisão judicial a respeito da impossibilidade de retroatividade de normas legais; q) é da essência do Direito de Família que os pagamentos dos alimentos amparados por acordo homologado judicialmente, são integralmente dedutíveis da base de cálculo do IRPF, pois impossibilidade de dedução implicaria em bis in idem; r) a discussão da glosa das deduções ainda se encontram na esfera administrativa, não sendo justo que se impere a imposição de sanção, com amparo nos princípios da ampla defesa e do contraditório, não havendo nos autos demonstração quanto à demora no pagamento do tributo a ensejar a aplicação de multa de mora, aplicandose o mesmo aos juros de mora; s) ao contrário do que se teria afirmado na decisão de primeira instância, os alimentos foram efetivamente repassados aos beneficiários que, inclusive, recolheram o IRPF respectivo; t) caso mantida a glosa das deduções, que o imposto pago pelos alimentandos seja deduzido do saldo imposto a pagar, indicado na fl. 52, como forma de se evitar bis in idem; u) não houve a mínima preocupação nos pareceres do fisco quanto à possibilidade de ser considerada a esposa do recorrente como sua dependente legal e ao abatimento de suas despesas médicas e odontológicas da Declaração de Ajuste Anual – DAA do Recorrente; v) a Receita Federal do Brasil, mediante procedimento fiscal realizado em 2010, teria validado a conduta adotada pelo contribuinte, o que não comportaria nova análise, por contrariar os princípios constitucionais da segurança e da certeza jurídica. Requer, por fim, que seja cancelada a Notificação de Lançamento. É o relatório. Fl. 153DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 08/10/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO Processo nº 10166.720278/201218 Acórdão n.º 2402005.492 S2C4T2 Fl. 151 7 Voto Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho Relator O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade, portanto, dele conheço. Do Mérito No que se refere à possibilidade de dedução de valores pagos a título de pensão alimentícia da base de cálculo do IRPF, o inciso II do art. 4º e a alínea “f” do art. 8º da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, dispõem: Art. 4º. Na determinação da base de cálculo sujeita à incidência mensal do imposto de renda poderão ser deduzidas: [...] II – as importâncias pagas a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial, inclusive a prestação de alimentos provisionais, de acordo homologado judicialmente, ou de escritura pública a que se refere o art. 1.124A da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 Código de Processo Civil; [...] Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: I de todos os rendimentos percebidos durante o anocalendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II das deduções relativas: [...] f) às importâncias pagas a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial, inclusive a prestação de alimentos provisionais, de acordo homologado judicialmente, ou de escritura pública a que se refere o art. 1.124A da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 Código de Processo Civil; (Grifei) O Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 – Regulamento do Imposto de Renda (RIR), regulamenta a hipótese de dedução dos valores pagos a título de pensão alimentícia, nos seguintes termos: Art. 78. Na determinação da base de cálculo sujeita à incidência mensal do imposto, poderá ser deduzida a importância paga a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente, inclusive a prestação de alimentos provisionais (Lei nº 9.250, de 1995, art. 4º, inciso II). Fl. 154DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 08/10/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO 8 § 1º A partir do mês em que se iniciar esse pagamento é vedada a dedução, relativa ao mesmo beneficiário, do valor correspondente a dependente. § 2º O valor da pensão alimentícia não utilizado, como dedução, no próprio mês de seu pagamento, poderá ser deduzido nos meses subseqüentes. § 3º Caberá ao prestador da pensão fornecer o comprovante do pagamento à fonte pagadora, quando esta não for responsável pelo respectivo desconto. § 4º Não são dedutíveis da base de cálculo mensal as importâncias pagas a título de despesas médicas e de educação dos alimentandos, quando realizadas pelo alimentante em virtude de cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, § 3º). § 5º As despesas referidas no parágrafo anterior poderão ser deduzidas pelo alimentante na determinação da base de cálculo do imposto de renda na declaração anual, a título de despesa médica (art. 80) ou despesa com educação (art. 81) (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, § 3º). (Grifei) Da leitura das disposições normativas encimadas, verificase que as deduções a título de pensão alimentícia da base de cálculo do IRPF visam substituir os abatimentos realizados em relação ao imposto, relativos aos dependentes, suas despesas médico odontológicas e com educação, dentre outros, por ocasião do rompimento da sociedade conjugal. Nesse sentido, tornase relevante ao deslinde das controvérsias objeto da presente lide o conceito de dependente para os fins da legislação do Imposto de Renda. A esse respeito, dispõe o art. 35 da Lei nº 9.250/95: Art. 35. Para efeito do disposto nos arts. 4º, inciso III, e 8º, inciso II, alínea c, poderão ser considerados como dependentes: I o cônjuge; II o companheiro ou a companheira, desde que haja vida em comum por mais de cinco anos, ou por período menor se da união resultou filho; III a filha, o filho, a enteada ou o enteado, até 21 anos, ou de qualquer idade quando incapacitado física ou mentalmente para o trabalho; IV o menor pobre, até 21 anos, que o contribuinte crie e eduque e do qual detenha a guarda judicial; V o irmão, o neto ou o bisneto, sem arrimo dos pais, até 21 anos, desde que o contribuinte detenha a guarda judicial, ou de qualquer idade quando incapacitado física ou mentalmente para o trabalho; VI os pais, os avós ou os bisavós, desde que não aufiram rendimentos, tributáveis ou não, superiores ao limite de isenção mensal; VII o absolutamente incapaz, do qual o contribuinte seja tutor ou curador. § 1º Os dependentes a que se referem os incisos III e V deste artigo poderão ser assim considerados quando maiores até 24 anos de idade, se ainda estiverem cursando estabelecimento de ensino superior ou escola técnica de segundo grau. [...] Fl. 155DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 08/10/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO Processo nº 10166.720278/201218 Acórdão n.º 2402005.492 S2C4T2 Fl. 152 9 De se notar que as normas que disciplinam as hipóteses de dedução de despesas com pensão alimentícia na Declaração de Ajuste Anual – DAA determinam que essa dedução deve obedecer cumulativamente aos seguintes requisitos: i) a comprovação do efetivo pagamento aos alimentandos; ii) que esses pagamentos decorram do cumprimento de decisão judicial, de acordo homologado judicialmente, ou de escritura pública de separação ou divórcio consensual; iii) que a pensão tenha sido paga em face das normas do Direito de Família; e iv) que os alimentos se destinem a substituir as despesas havidas com os dependentes do contribuinte no contexto da sociedade conjugal. No caso que ora se analisa, temse que o contribuinte deduziu de sua DAA valores relacionados a pensões alimentícias decorrentes de acordo homologado judicialmente, destinado aos filhos, todos de idade superior ao definido na legislação do imposto de renda e sem outras características que lhes possam atribuir a qualidade de dependente; e à esposa. Outro fato suscitado na Notificação de Lançamento é que o acordo de oferta de alimentos foi implementado sem dissolução da sociedade conjugal. Ações de oferta de alimentos podem ter por base o art. 24 da Lei nº 5.478, de 25 de julho de 1968, que dispõe: Art. 24. A parte responsável pelo sustento da família, e que deixar a residência comum por motivo, que não necessitará declarar, poderá tomar a iniciativa de comunicar ao juízo os rendimentos de que dispõe e de pedir a citação do credor, para comparecer à audiência de conciliação e julgamento destinada à fixação dos alimento a que está obrigado. Vejase que para esse tipo de ação, ainda que a lei não exija que a parte responsável pelo sustento da familiar declare o motivo que a fez deixar a residência da família, exige que a deixe pela seguinte razão: remanescendo a coabitação, não existem motivos para pagamentos de alimentos. No presente caso, entretanto, o contribuinte optou por ingressar com ação de oferta de alimentos para que fossem homologadas judicialmente as pensões que se propunha a pagar aos filhos e à esposa, sem rompimento da unidade familiar, o que evidencia a falta de conexão entre objeto pretendido pelo art. 24 da Lei 5.478/68 e o fim alcançado pelo acordo judicial. Assim, subsiste o dever de sustento familiar, o que não se confunde com o de prestar alimentos. Nesse sentido, irretocáveis as conclusões extraídas do acórdão da DRJ/SP1 as quais se faz mister reproduzir: No caso em questão, o contribuinte é casado e decidiu ingressar com Ação de Ofertas de Alimentos, com fundamento no art. 24, da Lei 5.478/68, para que fosse homologada judicialmente a pensão que se propunha a pagar. A Lei não exige que a parte responsável pelo sustento da família declare o motivo que a fez deixar a residência, mas sim que a deixe! Pelo simples motivo lógico que se os cônjuges coabitam, não haveria razão para pagamentos de alimentos. Maria Helena Diniz (Curso de Direito Civil Brasileiro, 5° Volume, Direito de Família, Editora Saraiva, 2002) assim leciona: Fl. 156DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 08/10/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO 10 “o genitor que deixa de conviver com o filho deve alcançarlhe alimentos de imediato: ou mediante pagamento direto e espontâneo, ou por meio da ação de oferta de alimentos. Como a verba se destina a garantir a subsistência, precisam ser satisfeitas antecipadamente. Assim, no dia em que o genitor sai de casa, deve pagar alimentos em favor do filho. O que não pode é, comodamente, ficar aguardando a propositura da ação alimentar e, enquanto isso, quedarse omisso e só adimplir a obrigação após citado.” É inerente à natureza dos alimentos que a unidade familiar tenha se rompido e que o responsável pelo sustento do lar tenha se ausentado da residência comum. Pois, do contrário, não se pode dizer que se trata de prestações alimentares, mas sim de obrigações próprias entre os pais e os filhos e entre os cônjuges. Mais uma vez socorrese do magistério da professora Maria Helena Diniz: “Não se deve confundir a obrigação de prestar alimentos com os deveres familiares de sustento, assistência e socorro que tem o marido em relação à mulher e viceversa e os pais para com os filhos menores, devido ao poder familiar, pois seus pressupostos são diferentes”.(obra citada, pág. 460) Importante, portanto, fixar esta distinção entre os deveres decorrentes do poder de família e os deveres obrigacionais de prestar alimentos. O dever de sustento dos cônjuges toma a feição de obrigação de prestar alimentos, por ocasião do rompimento da união do casal, mesmo antes da dissolução da sociedade conjugal. E o dever de sustentar os filhos é substituído pelo dever de prestar alimentos quando o filho não se encontra albergado pelo genitor responsável pelo seu amparo financeiro. Salientese que, tanto em relação ao cônjuge quanto aos filhos, a fronteira entre o dever de sustento e o dever de prestar alimentos se encontra na saída da residência comum do cônjuge responsável pelo seu sustento. [...] Devese restar claro que “deixar a residência” expresso no art. 24, da Lei 5.478/68 tem um sentido maior do que uma mera transferência profissional de um dos cônjuges. Deixar a residência pressupõe um animus de rompimento da convivência, fato que não ocorreu no caso concreto. Assim, mantida a unidade familiar e não caracterizada, conforme estabelecido pelo art. 24, da Lei 5.478/68, a saída da residência do responsável pelo sustento da família, as despesas a que o contribuinte faz jus para fins de dedução da base de cálculo do imposto de renda são aquelas inerentes aos deveres familiares, quais sejam: dedução com os dependentes (cônjuge, filhos, etc), despesas médicas e despesas com instrução por serem estas mais específicas. O fato de existir a homologação judicial do acordo não altera a natureza de suas despesas, em razão de não ter havido saída efetiva nem tampouco o animus de o contribuinte deixar a residência em comum com sua família. São estas características do fato concreto em exame que demonstram, às claras, que os pagamentos efetuados não possuem a natureza própria das despesas com pensão alimentícia e não podem se beneficiar de deduções irrestritas da base de cálculo do imposto. Fl. 157DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 08/10/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO Processo nº 10166.720278/201218 Acórdão n.º 2402005.492 S2C4T2 Fl. 153 11 Assim, não pode ser admitida a dedução de pensão alimentícia, uma vez que o contribuinte e seu cônjuge continuaram a coabitar, conforme afirmado na própria impugnação. Ainda com relação à prestação de alimentos, verificase que tal incumbência está fundada no binômio necessidade do alimentando e possibilidade do alimentante, nesse sentido, os arts. 1.694, 1.695 e 1699 do Código Civil dispõem: Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação. § 1º Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada. § 2º Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência, quando a situação de necessidade resultar de culpa de quem os pleiteia. Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode fornecê los, sem desfalque do necessário ao seu sustento. [...] Art. 1.699. Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação financeira de quem os supre, ou na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme as circunstâncias, exoneração, redução ou majoração do encargo. Apercebase que a oferta de alimentos pressupõe não somente o suprimento das necessidades dos alimentandos para que esses possam viver de modo compatível com sua condição social, mas também apresenta como requisito o rompimento da unidade familiar. Essa é a lógica adotada tanto pelo art. 24 da Lei 5.478/1968, quanto pelos arts. 1.702 e 1.703 do Código Civil: Art. 1.702. Na separação judicial litigiosa, sendo um dos cônjuges inocente e desprovido de recursos, prestarlheá o outro a pensão alimentícia que o juiz fixar, obedecidos os critérios estabelecidos no art. 1.694. [...] Art. 1.704. Se um dos cônjuges separados judicialmente vier a necessitar de alimentos, será o outro obrigado a prestálos mediante pensão a ser fixada pelo juiz, caso não tenha sido declarado culpado na ação de separação judicial. Parágrafo único. Se o cônjuge declarado culpado vier a necessitar de alimentos, e não tiver parentes em condições de prestálos, nem aptidão para o trabalho, o outro cônjuge será obrigado a assegurálos, fixando o juiz o valor indispensável à sobrevivência. Das asserções extraídas da petição apresentada em juízo que resultou no acordo sobre alimentos (Processo nº 10166.728137/201154 fls. 15/17), notase que inexiste intenção para a dissolução da sociedade conjugal. Aliás, o acordo judicial foi homologado no ano 1991 (vide sentença acostadas aos autos do Processo nº 10166.728137/201154 fl. 18), os fatos objeto da presente lide referemse a 2007 e até a presente data não se tem notícia de que a Fl. 158DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 08/10/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO 12 sociedade conjugal tenha se dissolvido, tampouco de que o Recorrente e os destinatários dos alimentos tenham deixado de coabitar. Reiterase que o dever de sustento somente se converte em obrigação de prestar alimentos com o rompimento da unidade familiar, independentemente dissolução da sociedade conjugal. Por certo, o intento da Lei nº 9.250/95 (expresso na alínea “f” do inciso II do art. 8º), ao estabelecer a hipótese de exclusão dos valores pagos a título de pensão alimentícia da base de cálculo IRPF, foi o de albergar as situações advindas do Direito de Família. Assim, para fazer jus à isenção tributária não basta comprovar o efetivo pagamento de pensão aos alimentandos e que esse pagamento decorre do cumprimento de decisão judicial ou de acordo homologado judicialmente, é necessário comprovar que a prestação de alimentos se destina a suprir as necessidades dos alimentandos para que esses possam viver de modo compatível com a sua condição social, após o rompimento da unidade familiar. Na linha da decisão textualizada no acórdão de primeira instância administrativa, entendo que a homologação do acordo judicial não altera a natureza das despesas suportadas pelo sujeito passivo, eis que, mantida a unidade familiar, não restaram caracterizadas as circunstâncias previstas no art. 24 da Lei 5.478/68 ou nos arts. 1.702 e 1.703 do Código Civil, ou seja, os alimentos ofertados à esposa e aos filhos do sujeito passivo não estão sendo pagos de acordo com as normas do Direito de Família, condição essencial para sua dedução da base de cálculo do IRPF, prevista expressamente nos arts. 4º e 8º da Lei nº 9.250/95. Especificamente com relação ao pagamento de pensão aos filhos, cujas idades são superiores a 24 (vinte e quatro anos), há um fator impeditivo adicional à sua dedução na DAA. Consoante se esclareceu acima, a dedução de valores relacionados a oferta de alimentos, decorrente do rompimento do contrato matrimonial, objetiva substituir o abatimento de despesas relacionadas aos dependentes, decorrentes da obrigação de sustento, assistência e socorro próprias do convívio familiar. Desta feita, para que seja lícita a dedução dos alimentos da base de cálculo do IRPF, os destinatários da pensão precisam se revestir da condição de dependentes do contribuinte à luz do que dispõe o art. 35 da Lei nº 9.250/95. Uma vez que inexistente a relação de dependência, a aspiração para se valer da isenção tributária falece de amparo legal. Ademais, diferentemente do que afirma o sujeito passivo, não se tem conhecimento de qualquer orientação da Secretaria da Receita Federal do Brasil pela possibilidade de dedução na DAA de valores pagos sob a forma de alimentos a filhos de contribuintes de faixa etária superior àquela definida em lei para que esses sejam considerados dependentes. Asseverase que não se trata de caçar decisão judicial homologada ou de afastar sua aplicação, tampouco de ignorar princípios constitucionais como o direito adquirido, o ato jurídico perfeito ou a coisa julgada, até porque, o acordo judicial sob análise trata exclusivamente da pensão que deve ser paga aos filhos e à esposa do Recorrente, não havendo na sentença qualquer menção a eventuais reflexos tributários. Convém destacar que não restou evidenciada qualquer circunstância em que a autoridade autuante ou os julgadores de primeira instância tenham se imiscuído em questões relacionadas a Direito de Família no que respeita à obrigatoriedade de prestação de alimentos. Não compete aos órgãos integrantes da administração tributária emitir juízo quanto a Fl. 159DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 08/10/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO Processo nº 10166.720278/201218 Acórdão n.º 2402005.492 S2C4T2 Fl. 154 13 regularidade de pagamentos efetuados a título de pensão alimentícia, mas tão somente examinar se tais valores obedecem aos requisitos definidos em lei para que possam ser deduzidos da base de cálculo do IRPF. Além disso, ao revés que do defende o Recorrente, não está fundado no Direito de Família que os pagamentos dos alimentos amparados por acordo homologado judicialmente são integralmente dedutíveis da base de cálculo do IRPF. O Direto de Família pertence ao Ramo do Direito privado e se dedica a regular as relações entre as pessoas. É de percepção elementar que matérias afetas a isenção de impostos tratamse de diretrizes de atuação do Estado, no uso de seu poder de império, em relação aos particulares, ou seja, essas matérias são tratadas no âmbito do Direito Público, mais especificamente do Direito Tributário. No que diz respeito à assertiva de que decisões reiteradas do CARF são pela possibilidade de dedução dos valores pagos a título de alimentos da base cálculo do IRPF, é preciso fazer um comentário: não somente as decisões do CARF, mas a legislação tributária e o entendimento da Secretaria da Receita Federal do Brasil são pela possibilidade da dedução, desde que os alimentos ofertados estejam de acordo com as normas do Direito de Família e seus destinatários se revistam da condição de dependentes do alimentante, o que não é o caso. Sobre as sentenças judiciais trazidas à colação pelo contribuinte, tais decisões encerram circunstâncias fáticas próprias, com conjunto probatório específico e, por essas razões não podem produzir efeitos para além das partes envolvidas na demanda para beneficiar ou prejudicar terceiros, conforme assentado na decisão da DRJ/SP1. Observe que não se trata de ignorar a interpretação das normas à luz do que entendem os tribunais, mas de considerar que tais decisões foram adotadas à luz de contextos fenomênicos absolutamente diversos, razão pela qual não podem servir de parâmetro para a tomada de decisão em relação ao caso em exame. Sobre a Solução de Consulta Interna Cosit nº 3, de 8/2012, que o Recorrente diz ter balizado a decisão de primeira instância, impende asseverar que essa não trouxe qualquer inovação com relação à legislação tributária e nem poderia fazêlo em face do princípio da legalidade. Esse instrumento (Solução de Consulta Interna) se prestou tão somente a revelar o entendimento da Administração Tributária em relação à matéria em apreço, com o fim de uniformizar os procedimentos a respeito da isenção no âmbito da Secretaria da Receita Federal do Brasil, não representando sequer mudança de entendimento na interpretação das normas afetas à lide. Assim, carece de fundamento a alegação do contribuinte de que a interpretação veiculada por meio da Consulta Interna Cosit teria aplicação somente a partir da data de sua publicação, com base no 6º, § 2º da Lei de Introdução ao Código Civil e em jurisprudência do STF. Referido dispositivo de lei tem por finalidade a definição do aspecto temporal de vigência das normas legais, não se lhe aplicando a instrumentos voltados exclusivamente para interpretação da legislação tributária. O mesmo se prescreve em relação à jurisprudência suscitada que se volta para irretroatividade de lei apta a prejudicar o direito adquirido, o ato jurídico perfeito ou a coisa julgada. De mais a mais, situações como a analisada no presente processo, em que a instituição da pensão não resulta da aplicação das normas relacionadas ao Direito de Família, pressupõem que os pagamentos a esse título foram feitos por mera liberalidade o que Fl. 160DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 08/10/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO 14 impossibilita sua de dedução na DAA. A esse respeito, vejamos o que dispõe a Súmula CARF nº 98, de observância obrigatória por este colegiado: Súmula CARF nº 98: A dedução de pensão alimentícia da base de cálculo do Imposto de Renda Pessoa Física é permitida, em face das normas do Direito de Família, quando comprovado o seu efetivo pagamento e a obrigação decorra de decisão judicial, de acordo homologado judicialmente, bem como, a partir de 28 de março de 2008, de escritura pública que especifique o valor da obrigação ou discrimine os deveres em prol do beneficiário. No que tange à solicitação de que, mantida a glosa, seja descontado do valor do imposto devido as quantias pagas pelos alimentandos a título de IRPF, sob pena de bis in idem, não há como atender ao pedido do Recorrente. Importa esclarecer que bis in idem, instituto vedado pelo ordenamento jurídico pátrio, ocorre quando o mesmo ente tributante cobra um tributo do mesmo contribuinte e sobre o mesmo fato gerador mais de uma vez. Na situação sub examime, o contribuinte resolveu por repassar, por mera liberalidade, parte de seus rendimentos aos filhos e ao cônjuge e, uma vez tendo havido a transferência de titularidades dos recursos, esses passaram a integrar o patrimônio de seus destinatários, estando sujeitos à incidência do IRPF, nos termos da legislação de regência. Relativamente à ausência de preocupação do Fisco quanto à possibilidade de considerar a esposa do contribuinte como sua dependente legal e de abatimento de suas despesas médicas e odontológicas da DAA, cumpre informar que essa é uma faculdade do sujeito passivo quando do preenchimento da declaração, não cabendo aos órgãos da administração tributária interferir no exercício dessa opção. Aduz ainda o contribuinte que mediante procedimento fiscal realizado em 2010, a Secretaria Receita Federal do Brasil teria validado a conduta por ele adotada, o que não comportaria nova análise, por contrariar os princípios constitucionais da segurança e da certeza jurídica. As asserções apresentadas pelo Recorrente ambicionam demonstrar que a o órgão da administração tributária federal teria homologado a sistemática por ele engendrada para reduzir a base de cálculo do IRPF, entretanto, os documentos trazidos aos autos em nada justificam suas alegações. A Notificação de Lançamento emitida automaticamente em 2010 (fl. 143) prestouse exclusivamente a intimar o contribuinte para o pagamento de restituição indevidamente recebida em razão de retificação da DAA referente ao exercício 2008, ou seja, não houve nenhuma manifestação da Secretaria da Receita Federal do Brasil quanto à regularidade da dedução de despesas de pensão alimentícia pagas em desacordo com as normas do Direito de Família. A esse respeito, não merece reparos os apontamentos feitos no acórdão da DRJ/SP1, in verbis: Em relação à alegação de que a matéria não comportaria nova apreciação porque em 10 de fevereiro de 2010, a RFB teria reconhecido, após acurado exame, a correção e a legalidade dos procedimentos até então adotados, cabe assinalar que não houve qualquer manifestação favorável da RFB sobre o pleito do contribuinte nessa data ou em oportunidade posterior. Apenas em 17/02/2010, foi emitida Notificação Automática de Lançamento, requerendo a devolução de restituição indevida do exercício 2008, anocalendário 2007, em razão da apresentação de declaração retificadora, esta sim de 10/02/2010, referente ao Fl. 161DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 08/10/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO Processo nº 10166.720278/201218 Acórdão n.º 2402005.492 S2C4T2 Fl. 155 15 anocalendário 2007, exercício 2008, em que restou alterado o resultado do ajuste anual desse período, de imposto a restituir para imposto a pagar (confira cópia da citada Notificação a fl. 40). Posteriormente a essa notificação automática, é que houve o exame do caso, pela Equipe de Malha Fiscal da Delegacia de origem, culminando com a lavratura da Notificação de Lançamento do Exercício 2008, anocalendário 2007, com a glosa da dedução da pensão judicial, objeto do presente processo. Por todo o exposto, não pode ser admitida a dedução das pensões alimentícias, uma vez que não houve dissolução da sociedade conjugal, bem assim não há qualquer indício de prova que demonstre que o Recorrente tenha deixado manter residência em comum com seus familiares beneficiários dos alimentos. Acrescentase que, com relação aos 3 (três) filhos, todos tinham mais que 24 (vinte e quatro anos) e não possuíam outras características que os definissem como dependentes do sujeito passivo por ocasião do lançamento. Da Incidência de Multa e Juros de Mora No que concerne ao pedido de afastamento da multa de mora, cabe esclarecer que não há na Notificação de Lançamento valores lançados a esse título. Em se tratando de lançamento de ofício, não há incidência de multa de mora, mas da multa de ofício prevista no art. 44 da Lei nº 9.430. de 27 de dezembro de 1996. Quanto aos juros de mora, o art. 161 do Código Tributário Nacional estabelece como termo inicial para sua fluência o vencimento do tributo. Vejamos: Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. § 2º O disposto neste artigo não se aplica na pendência de consulta formulada pelo devedor dentro do prazo legal para pagamento do crédito. Nessa esteira, o § 3º do art. 61 da Lei nº 9.430/96 não deixa dúvidas de que o termo inicial para sua incidência está relacionado ao vencimento do prazo para o pagamento da exação: 61. [...] [...] § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Fl. 162DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 08/10/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO 16 Desse modo, a despeito dos argumentos apresentados pelo Recorrente, não há amparo legal para que a incidência de juros se inicie a partir da conclusão do processo administrativo. CONCLUSÃO Ante o exposto, voto no sentido de CONHECER e NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, nos termos do voto. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho. Fl. 163DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 08/10/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO
score : 1.0
Numero do processo: 10930.903677/2012-04
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 13 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Jan 12 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do Fato Gerador: 29/08/2005
PIS. REPETIÇÃO DO INDÉBITO. AUSÊNCIA DE PROVA.
Não se reconhece o direito à repetição do indébito quando o contribuinte, sobre quem recai o ônus probandi, não traz aos autos nenhuma prova de que teria havido pagamento a maior ou indevido, embora tenha tido mais de uma oportunidade processual para fazê-lo, não se justificando, portanto, o pedido de diligência para produção de provas.
PIS - IMPORTAÇÃO SERVIÇOS. PER. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RECOLHIMENTO VINCULADO A DÉBITO CONFESSADO.
Correto o Despacho Decisório que indeferiu o pedido de restituição por inexistência de direito creditório, tendo em vista que o recolhimento alegado como origem do crédito estava integral e validamente alocado para a quitação de débito confessado.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3402-003.644
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e negar-lhe provimento.
(Assinado com certificado digital)
Antônio Carlos Atulim - Presidente e Relator.
Participaram do julgamento os Conselheiros Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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REPETIÇÃO DO INDÉBITO. AUSÊNCIA DE PROVA. Não se reconhece o direito à repetição do indébito quando o contribuinte, sobre quem recai o ônus probandi, não traz aos autos nenhuma prova de que teria havido pagamento a maior ou indevido, embora tenha tido mais de uma oportunidade processual para fazêlo, não se justificando, portanto, o pedido de diligência para produção de provas. PIS IMPORTAÇÃO SERVIÇOS. PER. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RECOLHIMENTO VINCULADO A DÉBITO CONFESSADO. Correto o Despacho Decisório que indeferiu o pedido de restituição por inexistência de direito creditório, tendo em vista que o recolhimento alegado como origem do crédito estava integral e validamente alocado para a quitação de débito confessado. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e negarlhe provimento. (Assinado com certificado digital) Antônio Carlos Atulim Presidente e Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 0. 90 36 77 /2 01 2- 04 Fl. 56DF CARF MF Processo nº 10930.903677/201204 Acórdão n.º 3402003.644 S3C4T2 Fl. 3 2 Relatório Trata os presentes autos de Pedido de Restituição (PER), por meio do qual a Recorrente solicita a restituição do crédito decorrente do pagamento de PIS/PASEP IMPORTAÇÃO. No Despacho Decisório, a autoridade competente da DRF em Londrina/PR, indeferiu o pleito da interessada, uma vez que o DARF informado como origem do crédito estava integralmente utilizado para quitação de débitos da própria contribuinte, "não restando crédito disponível para restituição". Inconformada com a decisão proferida, a empresa apresentou manifestação de inconformidade na qual esclarece tratarse de pessoa jurídica de direito privado que tem como atividade principal a indústria, comércio e exportação de couros de boi. Consigna que a Lei nº 10.865/2004 instituiu as contribuições do PIS e da COFINS sobre a importação de bens e serviços, mas não foi clara em relação à incidência sobre as quantias remetidas ao exterior a representantes comerciais a título de comissões sobre vendas, o que fez com que a Recorrente optasse por recolher as contribuições sobre essas operações. Entretanto, a Receita Federal do Brasil, em resposta a diversas consultas (cita duas), passou a vazar o entendimento de que as comissões de vendas pagas e/ou creditadas a representantes comerciais residentes ou domiciliados no exterior, não estão sujeitas à incidência do PIS e da COFINS Importação. Isso porque, anota a Recorrente, essas operações não configuram hipótese de serviços prestado no Brasil ou cujo resultado aqui se verifique. Assim, uma vez ter efetuado o pagamento de tributo indevido, tem o direito à restituição na forma prevista no art. 165 do Código Tributário Nacional CTN, devidamente corrigido pela taxa SELIC, conforme prescreve a Lei nº 9.250, de 1995, "ainda que informado o débito em DCTF". Sobreveio, então, o Acórdão nº 06046.017, da DRJ em Curitiba (PR), negando provimento à Manifestação de Inconformidade. Irresignada com a referida decisão, foi interposto o presente recurso voluntário, cujas razões, em suma, são as seguintes: (i) diferente do que entendeu a autoridade julgadora, a empresa recorrente comprovou ser pessoa jurídica de direito privado que tem como atividade principal a indústria, comércio e exportação de couros de boi; (ii) que demonstrou que a Lei n° 10.865, de 2004, que instituiu as contribuições ao PIS/Pasep e COFINS sobre a importação de bens e serviços, não foi clara ao determinar a incidência sobre as quantias pagas, ou remetidas ao exterior, a representantes comerciais domiciliados no exterior a título de comissões sobre vendas; Fl. 57DF CARF MF Processo nº 10930.903677/201204 Acórdão n.º 3402003.644 S3C4T2 Fl. 4 3 (iii) para não sofrer sanções, optou por recolher as contribuições sobre as quantias remetidas ao exterior (para representantes domiciliados no exterior) incidentes sobre comissões sobre vendas, conforme (DARF's) apresentados; (iv) ocorre que, posteriormente, a própria RFB, através de inúmeras respostas a Soluções de Consultas, passou a definir que as "comissões de vendas pagas e/ou creditadas a representantes comerciais residentes ou domiciliados no exterior não estão sujeitas à incidência da COFINS/PISImportação", por não configurarem hipótese de serviço prestado no Brasil ou cujo resultado aqui se verifique. Reproduz algumas dessas Solução de Consulta. (v) que o processo administrativo sempre deve buscar a verdade real ou material relativa aos fatos tributários, em decorrência da estrita legalidade tributária, que devem nortear todos os atos da administração fiscal. Com isto, não basta simplesmente argumentar que "prova alguma foi trazida aos autos que comprovassem de que teria havido pagamento a maior ou indevido", para negar a existência do direito creditório; (vi) frisa que os erros contidos em declaração podem e devem ser retificados de ofício, por força da estrita legalidade tributária e nos moldes do art. 147, § 2º do CTN. (vii) que seja reconhecido que os valores indevidamente recolhidos a este título são restituíveis em valores devidamente acrescidos de juros equivalentes à taxa SELIC, na forma da Lei n° 9.250/95; (viii) requer que seja determinada a conversão do julgamento em diligência, a fim de que seja oportunizada apresentação de elementos considerados necessários à complementação da prova ou esclarecimento de dúvidas relativas aos fatos trazidos neste processo. À vista do exposto, espera e requer seja julgado integralmente procedente o presente recurso, a fim de que seja reconhecido o direito creditório e assegurada a restituição das quantias recolhidas indevidamente. É o relatório. Voto Conselheiro Antonio Carlos Atulim, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402003.529, de 13 de dezembro de 2016, proferido no julgamento do processo 10930.903656/201281, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402003.529): Fl. 58DF CARF MF Processo nº 10930.903677/201204 Acórdão n.º 3402003.644 S3C4T2 Fl. 5 4 Emerge do relatado, que o objeto do pedido de ressarcimento tem como fundamento o indébito de PIS/Pasep sobre comissão de venda paga a representantes comerciais residentes/domiciliados no exterior. No referido Despacho Decisório restou consignado que, "(...) A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para restituição". Consta dos autos que o Despacho Decisório questionado está respaldado em informações prestadas pela própria interessada em DCTF, que encontrase ativa até o momento no sistema informatizado da Receita Federal do Brasil. Ou seja, ao que tudo indica, o contribuinte não retificou a DCTF no que pertine ao pleito em questão, por isso a conclusão do despacho decisório vestibular que o valor sob pedido de ressarcimento foi "integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte". Por outro lado, a Recorrente tenta demonstrar em seu recurso, que não há incidência de contribuições para o PIS Importação sobre remessas realizadas para o exterior para pagamento de comissões à agentes no exterior a título de comissões ali realizadas, por não configurarem hipótese de serviço prestado no Brasil ou cujo resultado aqui se verifique, e que os valores indevidamente recolhidos a este título são restituíveis e em montantes devidamente acrescidos de juros equivalentes à taxa referencial SELIC, na forma da Lei n° 9.250/95. Tudo com base na Lei nº 10.865, de 2004 e Soluções de Consultas emitidas pela RFB que cita. Contudo, se de um lado a decisão recorrida tenha asseverado que "(...) como se vê uma das hipóteses de ocorrência do fato gerador das contribuições ao PIS e a COFINS, sobre importação de serviços, é a remessa de valores a residentes ou domiciliados no exterior como contraprestação pelo serviço prestado", como alega a peticionante, por outro giro, deixou patente que o ônus da prova quanto ao indébito seria da ora Recorrente, nos seguintes termos: "(...) Mas, para a verificação se os valores remetidos ao exterior atendem às condições estabelecidas em lei para a incidência das contribuições sobre a importação de serviços ou, não se caracterizando o fato gerador da obrigação tributária, há, de fato, o indébito reclamado pela interessada, é crucial que se tenha em mãos documentos que demonstrem a real situação aventada, como contratos firmados com os agentes externos, comprovantes de remessa de valores ao exterior, cópias de notas fiscais, recibos, dentre outros, além da própria escrituração contábil da empresa que reflita essas operações. Ocorre que, no presente caso, prova alguma foi trazida aos autos que comprovassem de que teria havido pagamento a maior ou indevido. Nesse sentido, é bom lembrar que não se permite, depois de iniciado qualquer procedimento fiscal, que seja retificada declaração quando vise a reduzir ou a excluir tributo, a não ser mediante a comprovação do erro em que se funde. É o que Fl. 59DF CARF MF Processo nº 10930.903677/201204 Acórdão n.º 3402003.644 S3C4T2 Fl. 6 5 determina o art. 147, § 1º, da Lei nº 5.172, de 25/10/1966. E, como visto, o Despacho Decisório questionado está respaldado em informações prestadas pela própria interessada em DCTF, que encontrase ativa até o momento no sistema informatizado da Receita Federal do Brasil. (sublinhei) E conclui a decisão a quo: "(...) Assim, instaurado o contencioso administrativo, as alegações quanto ao suposto crédito decorrente de recolhimento indevido ou a maior, como no caso em análise, devem estar comprovadas pela demonstração inequívoca do quantum recolhido indevidamente, mediante a apresentação de documentação hábil e idônea, consistente na escrituração contábil/fiscal da contribuinte. Dessa forma, uma vez que a conclusão emitida pela autoridade administrativa teve como pressuposto as informações prestadas pela própria interessada em declarações fiscais válidas a produzir efeitos na data da emissão do Despacho Decisório e não havendo prova hábil que contrarie as informações prestadas espontaneamente, demonstrando o pagamento indevido do tributo, é de se manter o indeferimento da restituição pleiteada". Portanto, a lide se resume na questão de atendimento de condições estabelecidas em lei e provas documentais trazidos aos autos, pois para o deslinde do litígio é crucial que se tenha em mãos documentos que demonstrem a real situação aventada, mormente quando o pedido versa sobre suposto pagamento indevido. No caso em análise, por se tratar de pedido de restituição, devem estar comprovadas pela demonstração inequívoca do quantum recolhido indevidamente, mediante a apresentação de documentação hábil e idônea, consistente na escrituração contábil/fiscal da recorrente. Documentação essa, frisese, de posse da recorrente por determinação legal, como contratos firmados com os agentes externos, comprovantes de remessa de valores ao exterior, cópias de notas fiscais, recibos, dentre outros, além da própria escrituração contábil da empresa que reflita essas operações. É de conhecimento que a regra fundamental do sistema processual adotado pelo legislador nacional, quanto ao ônus da prova, encontrase cravada no art. 373 do novo Código de Processo Civil, in verbis: Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Tal dispositivo é a tradução do princípio de que o ônus da prova cabe a quem dela se aproveita. E esta formulação também foi, com as devidas adaptações, trazida para o processo administrativo fiscal, posto que a obrigação de provar está expressamente atribuída para o Fisco quando realiza o lançamento tributário e para o sujeito passivo, quando formula pedido de repetição de indébito. Fl. 60DF CARF MF Processo nº 10930.903677/201204 Acórdão n.º 3402003.644 S3C4T2 Fl. 7 6 E, no presente caso, é fato que prova alguma foi trazida aos autos pela Recorrente que comprovem que teria havido pagamento a maior ou indevido, embora ela tenha tido mais de uma oportunidade processual para fazêlo, quer na impugnação, quer agora na fase recursal. Demais disso, o fundamento da decisão recorrida foi justamente este, qual seja, a falta de prova. Mas, contrariando os ditames do ônus da distribuição da prova para provar fato constitutivo de seu direito, insiste que "seja determinada a conversão do julgamento em diligência, a fim de que seja oportunizada apresentação de elementos considerados necessários à complementação da prova". Ora, se toda a documentação para provar o direito que alega está em seu poder, deveria ter a Recorrente produzido tal prova quando da manifestação de inconformidade, ou mesmo em sede de recurso voluntário, o que não ocorreu. Diante desse quadro, entendo que a decisão da DRJ é merecedora de ser mantida pelos seus próprios fundamentos. Conclusão Assim, concluo que por falta de prova hábil acostadas nos autos, ônus seu de produzir, deve ser negado seu pleito. Ante o exposto, nego provimento ao recurso voluntário. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso voluntário. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Fl. 61DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10467.901572/2011-45
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 29 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Jan 20 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/07/2006 a 30/09/2006
IPI. RESSARCIMENTO. PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DOS ESTABELECIMENTOS.
À luz do princípio da autonomia dos estabelecimentos, insculpido no regulamento do imposto, cada um dos estabelecimentos de uma mesma empresa deve cumprir separadamente as obrigações tributárias principais e acessórias.
IPI. RESSARCIMENTO. TITULARIDADE DO PEDIDO.
Havendo, ao final de cada trimestre-calendário, créditos do IPI passíveis de ressarcimento, o estabelecimento que poderá requerer o ressarcimento é o titular desses créditos.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3301-003.121
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(Assinado com certificado digital)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator.
Participaram do julgamento os conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, José Henrique Mauri, Marcelo Giovani Vieira e Semíramis de Oliveira Duro.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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Ressarcimento. Recorrente BENTONISA BENTONITA DO NORDESTE S A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/07/2006 a 30/09/2006 IPI. RESSARCIMENTO. PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DOS ESTABELECIMENTOS. À luz do princípio da autonomia dos estabelecimentos, insculpido no regulamento do imposto, cada um dos estabelecimentos de uma mesma empresa deve cumprir separadamente as obrigações tributárias principais e acessórias. IPI. RESSARCIMENTO. TITULARIDADE DO PEDIDO. Havendo, ao final de cada trimestrecalendário, créditos do IPI passíveis de ressarcimento, o estabelecimento que poderá requerer o ressarcimento é o titular desses créditos. Recurso Voluntário Provido. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (Assinado com certificado digital) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente e Relator. Participaram do julgamento os conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, José Henrique Mauri, Marcelo Giovani Vieira e Semíramis de Oliveira Duro. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 46 7. 90 15 72 /2 01 1- 45 Fl. 150DF CARF MF Processo nº 10467.901572/201145 Acórdão n.º 3301003.121 S3C3T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso voluntário contra decisão da DRJ de Belém que julgou improcedente a manifestação de inconformidade da empresa, não reconhecendo o direito ao ressarcimento de créditos do IPI, solicitado com amparo no artigo 11 da Lei 9.779/99. A razão que levou ao indeferimento do pleito foi a constatação de que os créditos cujo ressarcimento foi solicitado pelo contribuinte são referentes a aquisições da filial da empresa, localizada em outra jurisdição fiscal (DRF/Campina Grande), embora o PER tenha indicado como estabelecimento detentor do crédito a matriz, que, na verdade, não é contribuinte do IPI. A 3ª Turma da DRJ/BEL manteve o indeferimento na sua integralidade, por intermédio do Acórdão 01027.994, decisão que traz a seguinte ementa, transcrita na parte de interesse: RESSARCIMENTO. Remanescendo, ao final de cada trimestrecalendário, créditos do IPI passíveis de ressarcimento, o estabelecimento matriz da pessoa jurídica poderá requerer à SRF o ressarcimento de referidos créditos em nome do estabelecimento que os apurou. Manifestação de Inconformidade Improcedente. Direito Creditório Não Reconhecido. Em seu recurso voluntário, a Recorrente alega que: · Houve equívoco no PER/DCOMP quanto à indicação do CNPJ da matriz; · Não se pode negar que a Recorrente é sociedade una, sujeito de direitos e obrigações, detentora dos créditos solicitados, mesmo tendo sido legalmente adquiridos via filial, créditos estes de entradas de matériaprima e insumos destinados à industrialização; · Excluído o fato de que no PER/DCOMPs ocorreu a troca de CNPJ da filial pela matriz, isso é erro material perfeitamente corrigível administrativamente, por ser de fácil verificação e não depender de dilação probatória; · Não há que prosperar a negativa de existência dos créditos solicitados, considerando que tem direito a usufruílos, o que não pode ser elidido em função de simples erro material; · O erro material poderia ser resolvido com mero despacho orientativo sobre o procedimento correto a ser adotado; · A competência para reconhecimento dos créditos declarados na PER/DCOMP é da DRF/Campina Grande, que é de jurisdição do estabelecimento titular dos créditos (filial), por isso não é válido o indeferimento pela DRF/João Pessoa do pedido da Recorrente (jurisdição da matriz); · Não era da DRF/João Pessoa a competência para analisar a matéria, pois as notas fiscais são referentes a aquisições de insumos destinados à industrialização de betonita pela filial; Fl. 151DF CARF MF Processo nº 10467.901572/201145 Acórdão n.º 3301003.121 S3C3T1 Fl. 4 3 · O que se pretende é fazer a retificação da declaração de compensação gerada no PER/DCOMP, por via eletrônica ou por meio de papel, apenas corrigindo o CNPJ, excluindo o da matriz e inserindo o da filial. Ao final, requer seja dado provimento integral ao recurso voluntário, para reconhecer o direito creditório solicitado em ressarcimento. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301003.106, de 29 de setembro de 2016, proferido no julgamento do processo 10467.903839/200914, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301003.106): "O recurso voluntário reúne os pressupostos legais de interposição, dele, portanto, tomo conhecimento. No PER/DCOMP 07361.38390.280205.1.1.010195 referente ao 4° trimestre de 2004, foi indicado como estabelecimento titular do crédito a ser ressarcido, o da matriz da Recorrente, todavia os créditos solicitados foram gerados pela filial (o contribuinte do imposto). Com razão a Recorrente ao alegar que se trata de mero erro formal, pois é incontroverso que a matriz não é estabelecimento industrial. O IPI é regido pelo princípio da autonomia dos estabelecimentos, o que implica na impossibilidade da apuração de créditos e débitos por um deles ser aproveitado por outro estabelecimento, ainda que matriz. Cumpri colacionar a legislação vigente à época: Decreto nº 4544/2002 (RIPI/2002) Art. 24 – São obrigados ao pagamento do imposto como contribuinte: (...) Parágrafo único – Considerase contribuinte autônomo qualquer estabelecimento de importador, industrial ou comerciante, em relação a cada fato gerador que decorra de ato que praticar (Lei nº 5.172, de 1966, art. 51, parágrafo único). (...) Fl. 152DF CARF MF Processo nº 10467.901572/201145 Acórdão n.º 3301003.121 S3C3T1 Fl. 5 4 Autonomia dos Estabelecimentos Art. 313 – Cada estabelecimento, seja matriz, sucursal, filial, agência, depósito ou qualquer outro, manterá o seu próprio documentário, vedada, sob qualquer pretexto, a sua centralização, ainda que no estabelecimento matriz (Lei nº 4.502, de 1964, art. 57). (...) Art. 518 – Na interpretação e aplicação deste Regulamento, são adotados os seguintes conceitos e definições: I – as expressões ‘firma’ e ‘empresa’, quando empregadas em sentido geral, compreendem as firmas em nome individual, e todos os tipos de sociedade, quer sob razão social, quer sob designação ou denominação particular (Lei nº 4.502, de 1964, art. 115); II – as expressões ‘fábrica’ e ‘fabricante’ são equivalentes a estabelecimento industrial, como definido no art. 8º; III – a expressão ‘estabelecimento’, em sua delimitação, diz respeito ao prédio em que são exercidas atividades geradoras de obrigações, nele compreendidos, unicamente, as dependências internas, galpões e áreas contínuas muradas, cercadas ou por outra forma isoladas, em que sejam, normalmente, executadas operações industriais, comerciais ou de outra natureza; IV – são considerados autônomos, para efeito de cumprimento da obrigação tributária, os estabelecimentos, ainda que pertencentes a uma mesma pessoa física ou jurídica; V – a referência feita, de modo geral, a estabelecimento comercial atacadista não alcança os estabelecimentos comerciais equiparados a industrial; A Instrução Normativa SRF nº 210, de 2002, nos art. 14 e 32, prescrevia que: Art. 14. Os créditos do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), escriturados na forma da legislação específica, poderão ser utilizados pelo estabelecimento que os escriturou na dedução, em sua escrita fiscal, dos débitos de IPI decorrentes das saídas de produtos tributados. § 1º Os créditos do IPI que, ao final de um período de apuração, remanescerem da dedução de que trata o caput poderão ser mantidos na escrita fiscal do estabelecimento, para posterior dedução de débitos do IPI relativos a períodos subseqüentes de apuração, ou serem transferidos a outro estabelecimento da pessoa jurídica, somente para dedução de débitos do IPI, caso se refiram a: (...) § 2º Remanescendo, ao final de cada trimestrecalendário, créditos do IPI passíveis de ressarcimento após efetuadas as deduções de que tratam o caput e o § 1º, o estabelecimento matriz da pessoa jurídica poderá requerer à SRF o ressarcimento de referidos créditos em nome do estabelecimento que os apurou, mediante utilização do ‘Pedido de Ressarcimento de Créditos do IPI’, bem assim utilizálos na forma prevista no art. 21 desta Instrução Normativa. Fl. 153DF CARF MF Processo nº 10467.901572/201145 Acórdão n.º 3301003.121 S3C3T1 Fl. 6 5 (...) Art. 32. A decisão sobre o pedido de ressarcimento de créditos do IPI caberá ao titular da DRF, Derat ou IRF Classe Especial que, à data do reconhecimento do direito creditório, tenha jurisdição sobre o domicílio fiscal do estabelecimento da pessoa jurídica que apurou referidos créditos. Por sua vez, a Instrução Normativa SRF nº 460, de 2004, nos art. 16 e 43, prescrevia que: Art. 16. Os créditos do IPI, escriturados na forma da legislação específica, serão utilizados pelo estabelecimento que os escriturou na dedução, em sua escrita fiscal, dos débitos de IPI decorrentes das saídas de produtos tributados. § 1º Os créditos do IPI que, ao final de um período de apuração, remanescerem da dedução de que trata o caput poderão ser mantidos na escrita fiscal do estabelecimento, para posterior dedução de débitos do IPI relativos a períodos subseqüentes de apuração, ou serem transferidos a outro estabelecimento da pessoa jurídica, somente para dedução de débitos do IPI, caso se refiram a: (...) § 2º Remanescendo, ao final de cada trimestrecalendário, créditos do IPI passíveis de ressarcimento após efetuadas as deduções de que tratam o caput e o § 1º, o estabelecimento matriz da pessoa jurídica poderá requerer à SRF o ressarcimento de referidos créditos em nome do estabelecimento que os apurou, bem como utilizálos na compensação de débitos próprios relativos aos tributos e contribuições administrados pela SRF. (...) Art. 43. O reconhecimento do direito ao ressarcimento de créditos do IPI caberá ao titular da DRF ou da Derat que, à data do reconhecimento, tenha jurisdição sobre o domicílio tributário do estabelecimento da pessoa jurídica que apurou referidos créditos. Dessa forma, para efeito da legislação do IPI, os estabelecimentos de uma mesma empresa são considerados autônomos, devendo cada um cumprir as obrigações tributárias previstas no RIPI, independentemente do fato de ser matriz ou filial. Cada estabelecimento emitirá suas próprias notas fiscais e escriturará os seus livros fiscais, que devem ser conservados no próprio estabelecimento. Todavia, restou demonstrado nos autos que o titular dos créditos era a filial. Assim, deve o pleito da Recorrente ser analisado pela DRF da filial, ou seja, a DRF/Campina Grande. No PER/DCOMPs ocorreu a troca de CNPJ da filial pela matriz, isso é erro passível de correção administrativa, já que é de fácil verificação e não depende de dilação probatória. Fl. 154DF CARF MF Processo nº 10467.901572/201145 Acórdão n.º 3301003.121 S3C3T1 Fl. 7 6 Por conseguinte, não há que prosperar a negativa de análise dos créditos solicitados, cuja verificação é obrigatória pela DRF/Campina Grande. De fato, a competência para reconhecimento dos créditos declarados na PER/DCOMP é da DRF/Campina Grande, que é de jurisdição do estabelecimento titular dos créditos (filial), motivo pelo qual este processo deve ser remetido à essa unidade para análise do direito creditório da Recorrente. Para tanto, deve ser feita a retificação da declaração de compensação gerada no PER/DCOMP, para corrigir o CNPJ, excluindo o da matriz e inserindo o da filial. E, a posterior análise do pedido de ressarcimento, sendo imperiosa a manifestação a respeito da existência ou inexistência do direito aos créditos pleiteados. Do exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário, para envio à DRF/Campina Grande para que seja retificado o PER/DCOMP 07361.38390.280205.1.1.010195, com a alteração do CNPJ da matriz pelo da filial e analisado o pedido de ressarcimento." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo o PER/DCOMP foi preenchido com o CNPJ da matriz, sendo que os créditos do IPI foram apurados pela filial de Boa Vista/PB (CNPJ 09.185.877/000250), que é o estabelecimento industrial. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, dáse provimento ao recurso voluntário, para envio à DRF/Campina Grande para que seja retificado o PER/DCOMP objeto deste processo, com a alteração do CNPJ da matriz pelo da filial e verificada a legitimidade dos créditos solicitados em ressarcimento. (Assinado com certificado digital) Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 155DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10920.004860/2010-74
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 05 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Aug 15 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2005, 2006, 2007, 2008
IRPJ.
Conforme já decidido repetidamente por esta turma, argumentos não trazidos em sede de Impugnação e não analisados pelo Acórdão da DRJ não podem ser examinados pelo CARF, sobretudo quando os argumentos sequer foram consignados na peça de Recurso Voluntário, motivo pelo qual as novas alegações apresentadas em Razões Aditivas de Recurso Voluntário estão preclusas neste processo administrativo fiscal, ficando afastadas as alegações de existência de omissão no Acórdão embargado.
Numero da decisão: 1401-001.662
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, ACOLHER os Embargos de Declaração para suprir as omissões apontadas, apenas para completar os seus fundamentos, RERRATIFICANDO o Acórdão nº 1401-001.570 sem efeitos infringentes, nos termos do voto do Relator, que passa a integrar o presente julgado..
Documento assinado digitalmente.
Antonio Bezerra Neto - Presidente.
Documento assinado digitalmente.
Marcos de Aguiar Villas-Bôas - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Bezerra Neto (Presidente). Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Ricardo Marozzi Gregorio, Marcos de Aguiar Villas-Boas, Lui\ Rodrigo de Oliveira Barbosa, Aurora Tomazini de Carvalho e Lívia De Carli Germano.
Nome do relator: MARCOS DE AGUIAR VILLAS BOAS
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2005, 2006, 2007, 2008 IRPJ. Conforme já decidido repetidamente por esta turma, argumentos não trazidos em sede de Impugnação e não analisados pelo Acórdão da DRJ não podem ser examinados pelo CARF, sobretudo quando os argumentos sequer foram consignados na peça de Recurso Voluntário, motivo pelo qual as novas alegações apresentadas em Razões Aditivas de Recurso Voluntário estão preclusas neste processo administrativo fiscal, ficando afastadas as alegações de existência de omissão no Acórdão embargado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, ACOLHER os Embargos de Declaração para suprir as omissões apontadas, apenas para completar os seus fundamentos, RERRATIFICANDO o Acórdão nº 1401-001.570 sem efeitos infringentes, nos termos do voto do Relator, que passa a integrar o presente julgado.. Documento assinado digitalmente. Antonio Bezerra Neto - Presidente. Documento assinado digitalmente. Marcos de Aguiar Villas-Bôas - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Bezerra Neto (Presidente). Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Ricardo Marozzi Gregorio, Marcos de Aguiar Villas-Boas, Lui\ Rodrigo de Oliveira Barbosa, Aurora Tomazini de Carvalho e Lívia De Carli Germano.
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Argumentos Preclusos Recorrente CIA . INDUSTRIAL H. CARLOS SCHNEIDER Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2005, 2006, 2007, 2008 IRPJ. Conforme já decidido repetidamente por esta turma, argumentos não trazidos em sede de Impugnação e não analisados pelo Acórdão da DRJ não podem ser examinados pelo CARF, sobretudo quando os argumentos sequer foram consignados na peça de Recurso Voluntário, motivo pelo qual as novas alegações apresentadas em Razões Aditivas de Recurso Voluntário estão preclusas neste processo administrativo fiscal, ficando afastadas as alegações de existência de omissão no Acórdão embargado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, ACOLHER os Embargos de Declaração para suprir as omissões apontadas, apenas para completar os seus fundamentos, RERRATIFICANDO o Acórdão nº 1401001.570 sem efeitos infringentes, nos termos do voto do Relator, que passa a integrar o presente julgado.. Documento assinado digitalmente. Antonio Bezerra Neto Presidente. Documento assinado digitalmente. Marcos de Aguiar VillasBôas Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Bezerra Neto (Presidente). Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Ricardo Marozzi Gregorio, Marcos de Aguiar VillasBoas, Lui\ Rodrigo de Oliveira Barbosa, Aurora Tomazini de Carvalho e Lívia De Carli Germano. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 0. 00 48 60 /2 01 0- 74 Fl. 1647DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS BOAS, Assinado digitalmente em 15 /08/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS B OAS Processo nº 10920.004860/201074 Acórdão n.º 1401001.662 S1C4T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Embargos de Declaração apresentados pela contribuinte em face do Acórdão nº 1401001.570, de lavra desta turma, decorrente da sessão de julgamento ocorrida em 02 de março de 2016, que decidiu o seguinte: "rejeitar a preliminar de decadência e, no mérito, dar provimento parcial ao Recurso Voluntário nos seguintes termos: I) por unanimidade, manter a glosa do ágio; II) por unanimidade, cancelar as multas isoladas relativas a 2005 e 2006, por aplicação da Súmula nº 105 do CARF; III) por maioria de votos, cancelar as multas isoladas relativas a 2007 e 2008, vencidos os Conselheiros Antônio Bezerra Neto e Fernando Mattos, que as mantinham, sendo que os Conselheiros Ricardo Marozzi e Aurora Tomazini acompanharam o relator pelas conclusões". Conforme o Despacho de Admissibilidade, os Embargos são tempestivos e foram admitidos para análise de parte das omissões neles alegadas. Não houve admissão quanto à alegação de fazer constar no Acórdão embargado expressamente que as conselheiras Livia Germano e Luciana Zanin estavam ausentes naquele julgamento, pois essa informação pode ser inferida logicamente do próprio Acórdão e constou expressamente na respectiva ata de julgamento. No que toca à parte admitida dos Embargos, a Embargante alega que houve omissão no Acórdão, pois ele não teria analisado as Razões Aditivas ao Recurso Voluntário que foram protocoladas aos autos na véspera das sessões de julgamento do mês de fevereiro, para quando inicialmente estava pautado o julgamento do Recurso. Com o adiamento do julgamento por falta de tempo, ao analisar o Recurso em março, as Razões Aditivas foram examinadas apenas en passant, sem que tivessem ficado devidamente consignadas no Acórdão as conclusões. Além de repisar os argumentos já apresentados no Recurso e de descrever mais uma vez os fatos que ensejaram a Autuação, a Embargante havia trazido nas Razões Aditivas novos argumentos ainda não discutidos nos autos deste processo administrativo, os quais não foram examinados de forma clara e expressa no Acórdão embargado, quais sejam, segundo os próprios Embargos: "(i) que os artigos 438 do RIR99 e 36 da Lei 10.637/2002 determinavam o diferimento da receita tributável auferida na operação que ensejou a formação do ágio; (ii) inaplicabilidade da multa por inocorrência de infração e por erro escusável; e (iii) erro na identificação do sujeito passivo". Como bem coloca a Embargante, a turma precisa se manifestar sobre esses argumentos, nem que seja para concluir pela impossibilidade de sua alegação em sede de Razões Aditivas de Recurso Voluntário, o que não foi feito, de modo que devem ser admitidos Fl. 1648DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS BOAS, Assinado digitalmente em 15 /08/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS B OAS Processo nº 10920.004860/201074 Acórdão n.º 1401001.662 S1C4T1 Fl. 4 3 os Embargos em relação à análise da petição de Razões Aditivas, especialmente no que toca aos três argumentos acima. É o breve relatório. Voto Conselheiro Marcos de Aguiar VillasBôas Relator Como dito, os Embargos são tempestivos e cumprem os demais requisitos de admissibilidade. Com a troca do patrono e às vésperas das sessões de julgamento de fevereiro, a Embargante tentou trazer novos argumentos em sede de petição denominada Razões Aditivas de Recurso Voluntário. Ocorre que tais argumentos não haviam sido ainda discutidos nos autos deste processo administrativo e são, portanto, matérias preclusas. Esta turma tem decidido reiteradamente pela aplicação do princípio da verdade material, inclusive com aceitação de novos documentos até mesmo após a interposição de Recurso Voluntário, quando se trate de provas complementares que ficaram pendentes segundo o Acórdão da DRJ, por exemplo. A depender do caso, em prol da verdade material, nada impede que a contribuinte reforce seus argumentos, especialmente quando a intenção for contraditar algum fundamento trazido pela DRJ. Não é permitido, no entanto, trazer alegações novas apenas em segunda instância, obrigando o CARF a analisar matérias que sequer foram analisadas pela DRJ. Há inúmeros precedentes do CARF consolidando o entendimento de que a matéria não trazida na Impugnação precluiu e não pode ser analisada em segunda instância, o que representaria supressão da primeira instância. Vide, por exemplo: "PRECLUSÃO. MATÉRIA NÃO APRESENTADA NA IMPUGNAÇÃO. DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO. Não pode a Recorrente alegar, em sede recursal, matéria não impugnada, caso contrário terseia a análise inicial de defesa na fase recursal, o que causaria supressão de instância, pois os argumentos levantados seriam analisados apenas e diretamente em segunda instância" (CARF, 3ª Seção, 2ª Câmara, 2ª Turma Acórdão nº 3202001.601, Sessão de 18 de março de 2015, Rel. Cons. Gilberto de Castro Moreira Júnior). "PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO VOLUNTÁRIO. IMPUGNAÇÃO INOVADORA. PRECLUSÃO. No Processo Administrativo Fiscal, dada à observância aos princípios processuais da impugnação específica e da preclusão, todas as alegações de defesa devem ser concentradas na Fl. 1649DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS BOAS, Assinado digitalmente em 15 /08/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS B OAS Processo nº 10920.004860/201074 Acórdão n.º 1401001.662 S1C4T1 Fl. 5 4 impugnação, não podendo o órgão ad quem se pronunciar sobre matéria antes não questionada, sob pena de supressão de instância e violação ao devido processo legal" (CARF, 2ª Seção, 3ª Câmara, 2ª Turma Ordinária, Acórdão nº 2302002.387, Sessão de 13 de março de 2013, Rel. Cons. Arlindo da Costa e Silva). O art. 17 do Decreto nº 70.235/1972 é claro e direto na prescrição sobre a preclusão de matéria não expressamente contestada na Impugnação. Conforme decidido por esta turma em julgamento ocorrido em 1º de fevereiro deste ano: "Caso fosse permitida essa atitude dos contribuintes, eles poderiam até mesmo usála como estratégia processual para, eventualmente, não trazerem a matéria em primeira instância quando suspeitassem que o julgamento da DRJ seria duramente contrário a eles, deixando apenas para trazêla em segunda instância, sem um pronunciamento contrário anterior acerca do tema no processo administrativo. Se, por exemplo, não há interposição de Recurso de Ofício, a Fazenda Nacional não pode trazer discussões ao CARF por meio de Contrarrazões. Essas preclusões devem valer para ambos os lados e são necessárias para que se tenha um mínimo de ordem e de segurança no processo administrativo. A busca pela verdade material afrouxa as formalidades e impõe uma busca pelos fatos e direito que, em alguns determinados casos, pode até ir além do que está nos autos. No entanto, não se pode romper com o próprio rito do processo administrativo fiscal, permitindo que se traga matérias novas, que não são de ordem pública, apenas em segunda instância. Não há problema, por exemplo, em se trazer novas provas na fase de Recurso Voluntário, desde que haja uma justificativa razoável para tanto e que a matéria já tenha sido alegada em Impugnação. Por outro lado, trazer matéria completamente nova em sede de Recurso fere o já referido art. 17 do Decreto nº 70.235/1972. Deste modo, houve omissão objetiva no acórdão embargado, que deveria ter se manifestado a respeito do fato de estar analisando matéria não trazida em sede de Impugnação" (Acórdão nº 1401 001.517). Deste modo, ficam supridas as omissões pelo reconhecimento de que as alegações novas trazidas em sede de Razões Aditivas de Recurso Voluntário estavam preclusas. Conclusão Pelo exposto, voto no sentido de conhecer e acolher os Embargos de Declaração para integrar, sem efeitos infringentes, o Acórdão embargado com a análise e declaração de preclusão das matérias trazidas pelo contribuinte em sede de Razões Aditivas de Fl. 1650DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS BOAS, Assinado digitalmente em 15 /08/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS B OAS Processo nº 10920.004860/201074 Acórdão n.º 1401001.662 S1C4T1 Fl. 6 5 Recurso Voluntário, ressaltando que haviam sido inadmitidos anteriormente os Embargos no que toca ao pedido de consignação expressa no Acórdão embargado dos nomes das conselheiras ausentes no julgamento do Recurso Voluntário. Documento assinado digitalmente. Marcos de Aguiar VillasBôas Fl. 1651DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS BOAS, Assinado digitalmente em 15 /08/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS B OAS
score : 1.0
Numero do processo: 10183.720278/2007-34
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Feb 01 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Exercício: 2007
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. INOCORRÊNCIA.
Demonstrado que ponto supostamente omisso no acórdão embargado foi, de fato, apreciado pelo Colegiado, os embargos declaratórios devem ser rejeitados.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. MATÉRIA NÃO VEICULADA NO RECURSO. OMISSÃO. INOCORRÊNCIA.
Demonstrado que ponto supostamente omisso no acórdão embargado não foi veiculado na peça recursal, não se há de falar em omissão do Colegiado e os embargos declaratórios devem ser rejeitados.
Numero da decisão: 1301-002.181
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em CONHECER dos embargos e NEGAR-LHES provimento.
(assinado digitalmente)
Waldir Veiga Rocha Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Marcelo Malagoli da Silva, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Waldir Veiga Rocha.
Nome do relator: WALDIR VEIGA ROCHA
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Exercício: 2007 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. INOCORRÊNCIA. Demonstrado que ponto supostamente omisso no acórdão embargado foi, de fato, apreciado pelo Colegiado, os embargos declaratórios devem ser rejeitados. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. MATÉRIA NÃO VEICULADA NO RECURSO. OMISSÃO. INOCORRÊNCIA. Demonstrado que ponto supostamente omisso no acórdão embargado não foi veiculado na peça recursal, não se há de falar em omissão do Colegiado e os embargos declaratórios devem ser rejeitados.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em CONHECER dos embargos e NEGAR-LHES provimento. (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Marcelo Malagoli da Silva, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Waldir Veiga Rocha.
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2007 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. INOCORRÊNCIA. Demonstrado que ponto supostamente omisso no acórdão embargado foi, de fato, apreciado pelo Colegiado, os embargos declaratórios devem ser rejeitados. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. MATÉRIA NÃO VEICULADA NO RECURSO. OMISSÃO. INOCORRÊNCIA. Demonstrado que ponto supostamente omisso no acórdão embargado não foi veiculado na peça recursal, não se há de falar em omissão do Colegiado e os embargos declaratórios devem ser rejeitados. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em CONHECER dos embargos e NEGARLHES provimento. (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha – Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Marcelo Malagoli da Silva, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Waldir Veiga Rocha. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 18 3. 72 02 78 /2 00 7- 34 Fl. 314DF CARF MF Processo nº 10183.720278/200734 Acórdão n.º 1301002.181 S1C3T1 Fl. 315 2 Relatório Trata o presente de embargos de declaração (fls. 300/308) opostos pelo Contribuinte acima identificado, em face do acórdão nº 1301001.942, prolatado por esta 1ª Turma na sessão de julgamento de 1º de março de 2016 (fls. 284/289). No referido julgado, o Colegiado pronunciouse à unanimidade no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. A decisão foi ementada como segue: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 2007 PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO DO TRABALHADOR. INCENTIVO FISCAL. APROVAÇÃO PELO MINISTÉRIO DO TRABALHO. CONDIÇÃO NECESSÁRIA. A utilização do incentivo fiscal relativo ao PAT tem como condição a prévia aprovação pelo Ministério do Trabalho, o que se comprova mediante a apresentação de documento hábil definido em Portaria conjunta dos Ministros de Estado do Trabalho, da Saúde e da Fazenda. Alega a embargante que o aresto combatido padeceria de omissões: (i) quanto à falta de intimação da embargante acerca da exclusão do PAT, a teor dos arts. 26 e 28 da Lei nº 9.784/1999; e A embargante sustenta que a intimação seria obrigatória, e que a Turma Julgadora terseia omitido quanto a este ponto. (ii) quanto à norma aplicada em relação ao recadastramento anual do PAT. Nas palavras da embargante: No tocante à omissão quanto a norma correta aplicada ao recadastramento anual do PAT, esta resta evidente, tendo em vista que a Embargante alega, qem seu recurso e em sede de Memoriais, a aplicação da Portaria Ministerial MTE nº 5, de 30 de novembro de 1999, contudo, no decorrer do voto, o relator não faz menção alguma em relação a mencionada norma, não realizando a devida apreciação de outro relevante frundamento de defesa da embargante. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Veiga Rocha, Relator Fl. 315DF CARF MF Processo nº 10183.720278/200734 Acórdão n.º 1301002.181 S1C3T1 Fl. 316 3 A ciência do acórdão ora embargado se deu em 04/04/2016, segundafeira (AR à fl. 298). Tendo sido os embargos apresentados em 07/04/2016, quintafeira (fl. 300), tenho que são tempestivos, à luz do prazo de cinco dias estabelecido pelo § 1º do art. 65 do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF nº 343/2015 e alterações supervenientes. Ademais, a embargante apontou objetivamente as omissões que pretende ver sanadas, atendendo, desta forma, o requisito regimental. Atendidos os demais requisitos processuais, conheço dos embargos e passo a analisálos. (i) Quanto à falta de intimação da embargante acerca da exclusão do PAT, a teor dos arts. 26 e 28 da Lei nº 9.784/1999. A exclusão da interessada do Programa de Alimentação do Trabalhador – PAT foi tratada pelo acórdão embargado conforme se vê nos seguintes excertos, tanto da decisão de primeira instância (expressamente adotados em segunda instância como razões de decidir) quanto do voto do Relator do acórdão embargado (fls. 286/288): [...] A impugnação, na verdade, cingiuse à glosa da dedução referente ao PAT, motivada pela falta de recadastramento, fato que a requerente não contestou. Ao contrário, admitiu expressamente não ter realizado o recadastramento previsto na Portaria SIT nº 66, insistindo, todavia, em dizer que permaneceu no programa e que fazia jus ao respectivo benefício fiscal. [...] É importante chamar a atenção para o fato de que o recadastramento longe está de ser uma exigência puramente formal, destituída de importância. Ele vale como manifestação de vontade no sentido de permanecer no programa, arcando com todas as obrigações dele decorrentes. A falta de recadastramento, portanto, deve ser interpretada em sentido inverso, ou seja, como manifestação de vontade de não mais continuar no programa, daí porque não se exige nem intimação, nem notificação. É fácil perceber que a exclusão, ao contrário do que supõe a impugnante, não se caracteriza como penalidade, mas sim como resultado do mero exercício de um direito potestativo. [...] Eis a razão pela qual a falta de recadastramento não pode ser tomada como um simples e irrelevante detalhe. Ao deixar de se recadastrar, a requerente teve automaticamente o seu nome excluído de qualquer programa de fiscalização do Ministério do Trabalho relativo ao PAT. [...] Fl. 316DF CARF MF Processo nº 10183.720278/200734 Acórdão n.º 1301002.181 S1C3T1 Fl. 317 4 No que toca à verdade material, e à alegação da recorrente de que nunca teria sido de fato excluída do PAT, acrescento que não é o que sobressai dos autos e da análise da legislação. A exclusão é automática, a teor do art. 3º da Portaria SIT nº 66/2003, no caso de nãorecadastramento. Assim, a verdade material, ao contrário do que afirma a interessada, é de que, no anocalendário 2006, a interessada não estava cadastrada no programa. A Turma Julgadora firmou seu convencimento no sentido de que a interessada não promoveu seu recadastramento no Programa de Alimentação do Trabalhador – PAT, conforme determinava a Portaria SIT nº 66/2003 (fato tido nos autos como incontroverso) e que essa conduta omissiva acarretou seu desligamento automático do programa. Ora, se a exclusão é automática e decorrente de conduta omissiva da própria interessada, por certo que não se há de falar em intimação da exclusão. Seria uma contradição pretender que uma exclusão automática pudesse trazer em si a obrigatoriedade de intimação. Diante desse entendimento, não vejo como omissão o fato de a Turma Julgadora não tecer qualquer comentário sobre os mencionados artigos da Lei nº 9.784/1999. Acrescentese, ainda, que o art. 28 da Lei nº 9.784/19991, principal sustentáculo da argumentação da interessada acerca da obrigatoriedade de intimação, se refere a atos praticados em processo administrativo. Ora, a exclusão do PAT se fez de modo automático, por falta de recadastramento, não tendo sido instaurado processo administrativo para tanto. Não se há de falar em intimação de um ato processual que inexistiu. Com estes fundamentos, rejeito os embargos, quanto a este primeiro ponto. (ii) Quanto à norma aplicada em relação ao recadastramento anual do PAT. Quanto a este ponto, de se ressaltar que, ao contrário do que sustenta a embargante, em ponto algum de seu recurso voluntário (efls. 6/28) existe qualquer menção à Portaria Ministerial MTE nº 5, de 30 de novembro de 1999. Não há registro nos autos sobre ter sido tal assunto trazido em sede de memoriais mas, ainda que assim tenha sido, tal procedimento consistiria em clara inovação sobre as razões recursais tempestivamente aduzidas. Desta forma, não havia mesmo motivo para que a Turma Julgadora se manifestasse sobre esse ato administrativo, como de fato não o fez, não havendo nisso qualquer omissão a ser sanada pela via dos embargos. Diante do exposto, nego provimento aos embargos, quanto a este segundo ponto. Conclusão 1 Art. 28. Devem ser objeto de intimação os atos do processo que resultem para o interessado em imposição de deveres, ônus, sanções ou restrição ao exercício de direitos e atividades e os atos de outra natureza, de seu interesse. Fl. 317DF CARF MF Processo nº 10183.720278/200734 Acórdão n.º 1301002.181 S1C3T1 Fl. 318 5 Em conclusão, por todo o exposto, voto por rejeitar os presentes embargos declaratórios. (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha Fl. 318DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10166.730389/2014-96
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 05 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Sep 05 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2010, 2011, 2012
MANDADO DE SEGURANÇA. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. EFEITOS SUSPENSIVOS. INOCORRÊNCIA. MULTA DE OFÍCIO. PROCEDÊNCIA.
No mandado de segurança os embargos de declaração não são recebidos com efeitos suspensivos, porque a sentença deve ser executada de imediato. Assim, na situação de sentença de primeiro grau favorável ao contribuinte, seguida de reforma em segunda instância que lhe é contrária, os embargos de declaração por ele interpostos contra a segunda não mantêm suspensa a exigibilidade do crédito tributário, pelo que no lançamento efetuado após a reforma deve ser exigida a multa de ofício, descabendo aplicar o art. 63 da Lei nº 9.430/96.
Numero da decisão: 1402-002.225
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, negar provimento ao recurso voluntário nos termos do relatório e votos que passam a integrar o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Demetrius Nichele Macei e Caio Cesar Nader Quintella que votaram por dar provimento ao recurso. Designado o Conselheiro Leonardo Luis Pagano Gonçalves para redigir o voto vencedor.
Leonardo de Andrade Couto - Presidente.
Demetrius Nichele Macei - Relator.
Leonardo Luis Pagano Gonçalves - Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Leonardo de Andrade Couto (Presidente), Demetrius Nichele Macei, Leonardo Luis Pagano Goncalves, Caio Cesar Nader Quintella, Paulo Mateus Ciccone, Luiz Augusto de Souza Goncalves, Fernando Brasil de Oliveira Pinto.
Nome do relator: DEMETRIUS NICHELE MACEI
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EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. EFEITOS SUSPENSIVOS. INOCORRÊNCIA. MULTA DE OFÍCIO. PROCEDÊNCIA. No mandado de segurança os embargos de declaração não são recebidos com efeitos suspensivos, porque a sentença deve ser executada de imediato. Assim, na situação de sentença de primeiro grau favorável ao contribuinte, seguida de reforma em segunda instância que lhe é contrária, os embargos de declaração por ele interpostos contra a segunda não mantêm suspensa a exigibilidade do crédito tributário, pelo que no lançamento efetuado após a reforma deve ser exigida a multa de ofício, descabendo aplicar o art. 63 da Lei nº 9.430/96”. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, negar provimento ao recurso voluntário nos termos do relatório e votos que passam a integrar o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Demetrius Nichele Macei e Caio Cesar Nader Quintella que votaram por dar provimento ao recurso. Designado o Conselheiro Leonardo Luis Pagano Gonçalves para redigir o voto vencedor. Leonardo de Andrade Couto Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 73 03 89 /2 01 4- 96 Fl. 2077DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por LEONARDO DE A NDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 19/08/2016 por DEMETRIUS NICHELE MACEI 2 Demetrius Nichele Macei Relator. Leonardo Luis Pagano Gonçalves Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Leonardo de Andrade Couto (Presidente), Demetrius Nichele Macei, Leonardo Luis Pagano Goncalves, Caio Cesar Nader Quintella, Paulo Mateus Ciccone, Luiz Augusto de Souza Goncalves, Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Fl. 2078DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por LEONARDO DE A NDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 19/08/2016 por DEMETRIUS NICHELE MACEI Processo nº 10166.730389/201496 Acórdão n.º 1402002.225 S1C4T2 Fl. 2.078 3 Relatório Tratase de auto de infração relativo a IRPJ dos períodos de entre 2010 e 2012 (sistemática do lucro real com apuração trimestral). O crédito tributário apurado montou R$ 5.035.631,76 entre principal, multa de ofício proporcional (75%) e juros de mora (calculados até novembro/2014). A razão de fundo da autuação foi a não adição ao cômputo do lucro real do importe pago/declarado a título de CSLL (fls. 1696/1729). Segundo a Fiscalização (fls. 1730/1739) o Contribuinte não adicionou ao lucro líquido, do 3o trimestre de 2010 ao 4o trimestre de 2012, para efeito de determinação do lucro real, os valores da contribuição social de que trata a Lei n° 7.689/1988, o que implicou o recolhimento a menor do IRPJ nos referidos períodos de apuração. Lavrouse o presente auto de infração para exigir referidas diferenças de IRPJ, diferenças essas não declaradas em instrumentos de confissão de divida. Na constituição dos créditos tributários relativos a esses períodos de apuração, aproveitouse valores pagos a destempo, pelo contribuinte, procedendo à imputação proporcional dos pagamentos. Sobre a não adição referida, o contribuinte impetrou uma ação judicial questionando a matéria (MS n° 1999.34.00.0030846 fls. 197/238), buscando obter a declaração da inconstitucionalidade da expressão contida no caput e parágrafo único do art. 1o da Lei n° 9.316/1996, de forma a possibilitarlhe promover a dedução dos valores da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) na determinação do Lucro Real, base de cálculo do IRPJ. A União foi vencedora na lide (fl. 761), como se verifica do acórdão proferido em 07/06/2013 {publicação em 30/08/2013 fl. 189). Essa matéria inclusive havia sido objeto de recurso repetitivo no STJ (REsp 1.113.159 fls. 763/776) e de repercussão geral no âmbito do STF (RE 582.525 fls. 777/782 e 783/821). No Termo de Intimação de Fiscal n° 1, de 23/07/2014 (fls. 283/288), esta fiscalização solicitou eventuais Documentos de Arrecadação de Receitas Federais recolhidos a destempo, relativos as diferenças de IRPJ, geradas pelas adições à base de cálculo do IRPJ dos valores de CSLL dos anoscalendarios de 2010 a 2012 (art. 1°da Lei 9.316/96); Em resposta, o contribuinte além de apresentar os DARFs solicitados, informou que os valores vencidos após novembro de 2008 (...) foram pagos em 26/11/2013 (30 dias após a publicação dos. Embargos de Declaração)" (fls. 289/309). Desta forma os pagamentos foram realizados apenas com o valor de principal e de juros moratórios (fls. 292/303). valendose do contido no art. 63, § 2o, da Lei n° 9.430/1996, abaixo transcrito: Art. 63. Na constituição de crédito tributário destinada a prevenir a decadência, relativo a tributo de competência da União, cuja exigibilidade houver sido suspensa na forma dos incisos IV e V do art. 151 da Lei n°5.172, de 25 de outubro de 1966, não caberá lançamento de multa de ofício. (•••) Fl. 2079DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por LEONARDO DE A NDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 19/08/2016 por DEMETRIUS NICHELE MACEI 4 § 2° A interposição da ação judicial favorecida com a medida liminar interrompe a incidência da multa de mora, desde a concessão da medida judicial, até 30 dias após a data da publicação da decisão judicial que considerar devido o tributo ou contribuição. O contribuinte obteve, em primeira instância, decisão favorável para se eximir do tributo, no que se refere à não adição da CSLL à base de calculo do IRPJ (fls. 245/250). Entretanto, na segunda instância, a decisão foi revertida, em acórdão de 07/06/2013, publicado em 30/08/2013 (fls. 189). Assim sendo, a fiscalização considerou como data do termo inicial para a contagem do prazo de 30 dias previsto no art. 63, § 2°, da Lei n° 9.430/1996, é aquela em que foi publicado o acórdão de julgamento da Apelação, ou seja, 30/08/2013. O contribuinte opôs Embargos de Declaração ao acórdão do julgamento da Apelação, aos quais, em 11/10/2013, foi negado provimento pelo TRF (voto, fls. 822/824; acórdão, fl. 825; publicação em 25/10/2013, fl. 188). O sujeito passivo entende que, diante do trânsito em julgado do MS n° 1999.34.00.0030846, promoveu o pagamento integral e espontâneo dos débitos devidos, dentro do prazo de 30 dias da publicação do Acórdão que negou provimento aos Embargos de Declaração. Entende que deve ser considerado como termo inicial, para a contagem do prazo de 30 dias estabelecido no art. 63, § 2o, da Lei n° 9.430/1996, o dia em que foi publicado o acórdão de julgamento dos Embargos de Declaração (em 25/10/2013), defendendo que só caberia a exigência das multas moratórias após o trigésimo dia da publicação do referido acórdão. O Contribuinte tomou ciência da autuação em 01/12/2014 (fl. 1743), e apresentou em 16/12/2014 impugnação sob os seguintes argumentos (fls. 1747/1758).: (a) que, no caso concreto, o termo a quo para proveito do prazo previsto no art. 63, § 2°, da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, seria a data do trânsito em julgado da última decisão proferida nos autos do Mandado de Segurança sob n° 1999.34.00.0030846, a dizer, do trânsito em julgado do acórdão do Tribunal Regional Federal TRF da 1a Região que desprovera pedido disputado em embargos de declaração ali manejado pelo Interessado; (b) um tal trânsito em julgado, a seu sentir, ocorreria com a publicação do acórdão em referência, isto é, em 25/10/2013; (c) nesse sentido, seria equivocada a compreensão da Fiscalização que, com vistas ao mesmo dispositivo legal, fixara o termo a quo do prazo em pauta na data de publicação d'outro e pregresso julgado, também havido sob as hostes do TRF da 1a Região, que provera remessa oficial e apelação da União nos autos do mandamus sobredito, isto é, em 30/08/2013; (d) insiste, assim, que antes do julgamento dos mencionados embargos, o acórdão do TRF da 1a Região que reforma a sentença de 1° grau (concessiva da ordem a benefício do Contribuinte), não teria eficácia jurídica alguma, não antes que viesse de ser publicado o segundo acórdão daquele Tribunal que, não conhecendo o pedido ou conhecendo mas tendoo por improcedente, viria de resolver os declaratórios, isso ainda sem mencionar a circunstância de o recurso primeiro (apelação e remessa de ofício) ter sido recebido "apenas no efeito devolutivo'" (fl. 1754; destaques do original); (e) em resumo, "além de interromper o prazo para interposição recursal, os embargos de declaração [...] buscaram propiciar a integração do comando jurisdicional' (fl. 1752; destaques do original); Fl. 2080DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por LEONARDO DE A NDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 19/08/2016 por DEMETRIUS NICHELE MACEI Processo nº 10166.730389/201496 Acórdão n.º 1402002.225 S1C4T2 Fl. 2.079 5 (f) assim, considerada a data de 25/10/2013, feitos os recolhimentos do que devido em 26/11/2013, estaria o Interessado dentro do trintídio prestigiado no citado art. 63, § 2°, da Lei n° 9.430, de 1996; (g) de modo inverso, a vingar a interpretação da Fiscalização, e se estaria a dar guarida a verdadeiro confisco e a negar prestígio aos princípios da razoabilidade e da legalidade. A Delegacia de Julgamento de São Paulo manteve o crédito tributário em sua integralidade, cuja ementa segue: "ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL DATA DO FATO GERADOR: 30/09/2010, 31/12/2010, 31/03/2011, 30/06/2011, 30/09/2011, 31/12/2011, 31/03/2012, 30/06/2012, 30/09/2012, 31/12/2012 EMENTA "MANDADO DE SEGURANÇA. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. EFEITOS SUSPENSIVOS. INOCORRÊNCIA. MULTA DE OFÍCIO. PROCEDÊNCIA. No mandado de segurança os embargos de declaração não são recebidos com efeitos suspensivos, porque a sentença deve ser executada de imediato. Assim, na situação de sentença de primeiro grau favorável ao contribuinte, seguida de reforma em segunda instância que lhe é contrária, os embargos de declaração por ele interpostos contra a segunda não mantêm suspensa a exigibilidade do crédito tributário, pelo que no lançamento efetuado após a reforma deve ser exigida a multa de ofício, descabendo aplicar o art. 63 da Lei n° 9.430/96". (CARF; Acórdão n° 20310742). Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido" O contribuinte apresentou recurso voluntário, por meio do qual reafirma os argumentos de defesa articulados em primeira instância. É o relatório. Fl. 2081DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por LEONARDO DE A NDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 19/08/2016 por DEMETRIUS NICHELE MACEI 6 Voto Vencido Conselheiro Demetrius Nichele Macei O recurso é tempestivo e atende os requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Fica evidente que toda a controvérsia se resume na data em que se deve ser contado o prazo de 30 dias previsto no artigo 63 da Lei 9.430/96, para fins de pagamento tempestivo do tributo eventualmente nao recolhido no período em que esteve vigente a liminar. Para o fisco, deve ser da publicação do acórdão da apelação que denegou a segurança em juizo, ou seja: 30.08.2013. Para o contribuinte, deve ser da publicação dos embargos de declaração opostos, ou seja: 25.10.2013. A decisão de primeira instância, ao reforçar o entendimento da fiscalização, destacou que os embargos de declaração não modificam, "ordinariamente", os efeitos do pronunciamento judicial embargado. O crédito tributário discutido em juízo pelo contribuinte seria então exigível com o provimento da Apelação da União (30/08/2010). A superveniência de eventuais embargos não alteraram a situação. Também sustenta a DRJ que o voto do desembargador relator no TRF, ao negar provimento aos embargos aclaratórios (fls. 825/826) manifestouse de forma a confirmar esse mesmo entendimento. Isto porque os apelados requereram, no referido processo judicial, "determinar à Apelante (DRF) que se abstenha de incluir os apelados no CADIN até o trânsito em julgado do presente feito" (fls. 544/546) e no voto do desembargador, o mesmo indeferiu o requerimento dos apelantes e esclarecendo a questão da data em que o crédito tornouse exigível provimento da apelação (fl. 823). Reproduziu parte do voto: "Fls. 51921: Indefiro a intimação da autoridade coatora para absterse de incluir o nome das impetrantes em cadastro de restrição ao crédito até o trânsito em julgado. Provida a apelação para reformar a sentença concessiva da segurança, o crédito tributário se torna exigível. Eventuais recursos especial e extraordinário não impedem a execução do julgado (CPC, art. 497)." Pois bem. Entendo que tanto a fiscalização quanto a DRJ se equivocaram ao interpretar a legislação tributária e processual civil, no caso concreto. Em primeiro lugar, destacouse que os embargos declaratórios "ordinariamente" não se prestam a modificar o julgado. De fato. Mas esta mesma afirmação a contrario sensu significa admitir que "extraordinariamente" podem vir a modificar. Fl. 2082DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por LEONARDO DE A NDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 19/08/2016 por DEMETRIUS NICHELE MACEI Processo nº 10166.730389/201496 Acórdão n.º 1402002.225 S1C4T2 Fl. 2.080 7 Foi o que ocorreu no caso concreto. Ao requererem os então apelantes que não houvesse a inscrição no CADIN até o transito em julgado, o deferimento deste pedido importaria no restabelecimento da liminar e portanto, daria aos embargos efeitos infringentes. Por outro lado, o despacho do desembargador, no trecho destacado pela DRJ, a meu sentir, não reforça a tese da fiscalização, mas ao contrário, a enfraquece. Isto porque o julgador afirmou que "...Eventuais recursos especial e extraordinário não impedem a execução do julgado". Ora, não se afirmou que os embargos não se prestariam a suspender a cobrança, mas sim eventuais Recursos aos tribunais superiores. Neste auto de infração, o contribuinte não se prestou a recolher o tributo 30 dias após o transito em julgado da ação, mas sim após a publicação do acórdão dos embargos. Ademais, acerta o recorrente ao colacionar jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça e de Regionais Federais a seu favor. Senão vejamos: "PROCESSUAL CIVIL AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL EMBARGOS DE DECLARAÇÃO TEMPESTIVOS. INTERRUPÇÃO DO PRAZO RECURSAL. PRECEDENTES. AGRAVO NÃO PROVIDO. Os embargos de declaração interrompem o prazo para a interposição de outros recursos, a não ser quando não conhecidos por intempestividade. Precedentes. Agravo regimental não provido. (AgRg no AgRg no AREsp 310064/RS, Relator Min. ARNALDO ESTEVES UMA, 1a Turma do STJ, DJe 28.05.2014)" "PROCESSUAL CIVIL AGRAVO DE INSTRUMENTO. ART. 526 DO CPC. ALEGADO NÃO ATENDIMENTO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO PELO AGRAVADO. EXCEÇÃO DE PRÉEXECUTIVIDADE. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. AUSÊNCIA DO REQUISITO DA EXIGIBILIDADE. INVIABILIDADE DO PROCESSAMENTO DA EXECUÇÃO FISCAL ACÓRDÃO. INTIMAÇÃO. PUBLICAÇÃO. VIA OFICIAL (...). Publicado o acórdão, a oposição de embargos de declaração interrompe o prazo recursal (art. 538 do CPC) e, se for o caso, propicia a integração do comando jurisdicional. Agravo de instrumento a que se dá provimento. (AG 003695086.2013.4.01.0000/GO; Relator Des. Federal MARIA DO CARMO CARDOSO, 8a Turma do TRF1, eDJF1 17.01.2014, pg. 584)" "TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. PARCELAMENTO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. SUSPENSÃO DE EXIGIBILIDADE DO TRIBUTO. MULTA MORATÓRIA. INAPLICABILIDADE. 1. De acordo com a Lei 9.430/96 (art. 63, par. 2o), a mora se considera interrompida desde a concessão de medida liminar até o trigésimo dia após a sua cassação. Hipótese em que o RESP desfavorável 353544 teve julgamento publicado em 20/09/2004, os embargos de declaração rejeitados foram decididos em 26/10/2004, e o pedido de parcelamento foi protocolado em 08/11/2004. 2. "Interpostos embargos de declaração tempestivamente, não há decisão definitiva e consequentemente, se houver pedido de parcelamento na forma Fl. 2083DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por LEONARDO DE A NDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 19/08/2016 por DEMETRIUS NICHELE MACEI 8 do art. 63, par. 2°, da Lei 9.430/96, não cabe imposição de multa moratória" (1a Turma do TRF da 4a Região, AG 199804010343973, DJ 4.8.99, p. 531, rel. DF Vladimir Freitas). 3. Apelo provido. (AMS 2005.38.00.0026374/MG; TRF1, 7a Turma Suplementar, eDJF1 26.08.2012, pg. 580)" "PROCESSUAL CIVIL ARTIGO 63, § 2o DA LEI N° 9.430/96. INCIDÊNCIA DA MULTA DE MORA. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. EFEITOS. VERBA HONORÁRIA MANTIDA. 1. Entende o fisco que o prazo estipulado pelo parágrafo 2° do artigo 63 da Lei n° 9.430/96 teria inicio na data da publicação da sentença denegatoria da ordem e não da sentença que julgou os embargos de declaração, pelo que devida multa de mora depois de transcorridos os trinta dias daquela primeira publicação. (...) 2. A sentença que julga os embargos de declaração apenas integra aquela anteriormente prolatada e. quando o caso, a aperfeiçoa, mas não pode modificála, salvo situações específicas em que a análise da omissão, contradição ou obscuridade leve o julgado à outra conclusão, como, por exemplo, o acolhimento de prescrição ou decadência. 3. A sentença só pode ser considerada definitiva após o julgamento dos embargos de declaração opostos, ainda que não acolhidos em razão de não ter sido constatada a existência de gualguer daqueles motivos gue justificariam o seu acolhimento. (...). 6. O trintídio assinalado no parágrafo 2° do artigo 63 da Lei n° 9.430/96 só passou a fluir da data da publicação da sentença que julgou os embargos de declaração opostos. (...). 9. Apelações e remessa oficial que se nega provimento. (APEL REEX n° 02094925.2001.4.03.6100/SP, TRF3, 3a Turma, eDJF3 10.05.2013)" Dos precedentes acima não só é possível identificar a questão da suspensão de prazos processuais, como também o não início da contagem de direito material, expressamente declarada quanto à eficácia do art. 63 da Lei 9.430/96. Além disso, entendo que o fisco se utiliza de rigor excessivo ao exigir tributo em virtude não só da sutileza na interpretação da legislação em regência, mas também deixar de levar em conta que, até a decisão dos embargos, não era razoável exigir do contribuinte que considerasse devido todo o valor, especialmente diante da excepcionalidade de conter pedido de efeitos infringentes e também considerando que se passaram menos de 60 dias entre a data de publicação do acórdão da apelação e do acórdão dos embargos. A Recorrente promoveu, como lhe competia, o pagamento integral e espontâneo dos débitos devidos dentro do prazo de 30 dias da publicação do acórdão que negou provimento aos Embargos de Declaração opostos contra o acórdão que proveu a Remessa Oficial e a Apelação da União n° 2000.01.00.0470984, ou seja, da decisão final que considerou devido o tributo, em estrita observância ao previstos no § 2°, do art. 63 da Lei n° 9.430/96. Aliás, desde já destaco que o dispositivo mencionado não se trata de benefício fiscal algum. Simplesmente decorre de comando contido no Código Tributário Nacional. Vejamos: Fl. 2084DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por LEONARDO DE A NDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 19/08/2016 por DEMETRIUS NICHELE MACEI Processo nº 10166.730389/201496 Acórdão n.º 1402002.225 S1C4T2 Fl. 2.081 9 "Art. 160. Quando a legislação tributária não fixar o tempo do pagamento, o vencimento do crédito ocorre trinta dias depois da data em que se considera o sujeito passivo notificado do lançamento. Parágrafo único. A legislação tributária pode conceder desconto pela antecipação do pagamento, nas condições que estabeleça. Portanto, se não houvesse a previsão do artigo 63 da Lei 9.430/96, da mesma forma o contribuinte teria os mesmos 30 dias para o pagamento do valor devido. Se houvesse algum desconto pelo pagamento antecipado antes dos 30 dias, p. ex. aí sim poderíamos falar em "benefício". Mas não é o caso. Entendo também, mesmo que considerássemos válida a interpretação do fisco, por mero exercício de argumentação, seria prontamente aplicável para este caso concreto o artigo 112 do CTN, que prevê: Art. 112. A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpretase da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto: I à capitulação legal do fato; II à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos; III à autoria, imputabilidade, ou punibilidade; IV à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação Vejase que neste auto de infração está sendo cobrado imposto (IRPJ) mas, na verdade, a falta dele se deu em virtude da suposta falta de recolhimento de multa de contribuição (CSLL). Neste caso não é difícil de se imaginar o que significa ao contribuinte recolher/parcelar débitos não recolhidos há anos, de uma só vez, em trinta dias. E foi o que fez o contribuinte, quando a maioria dos demais aguardaria a execução fiscal a espera de eventual (para não dizer corriqueiro) parcelamento incentivado. Com todo o respeito ao excelente trabalho que vem sido desenvolvido pelas autoridades fiscalizatórias federais, sempre servindo de bom exemplo aos estados e municipios, creio que o fisco poderia ter perdido todo esse tempo com outros tantos contribuintes que sequer recebem sua visita e que apostam na decadência e na sonegação. Com isso todos evitam aterse a autuar e julgar contribuintes em situações desta natureza. Diante de todo o exposto, proponho o integral provimento do presente Recurso Voluntário. É o voto. Demetrius Nichele Macei Relator Fl. 2085DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por LEONARDO DE A NDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 19/08/2016 por DEMETRIUS NICHELE MACEI 10 Voto Vencedor Conselheiro Leonardo Luis Pagano Gonçalves Voto Vencedor De acordo com os documentos constantes nos autos, dentre os quais as decisões e acórdãos judiciais, entendo que não assiste razão a Recorrente. Suas alegações de defesa são fundamentadas no sentido de que a oposição de Embargos de Declaração, interrompem o prazo para interposição de recurso. Esta interrupção, não pode se confundir, com a suspensão de exigibilidade do crédito tributário por meio de medida judicial. A primeira, é interrupção de prazo processual e, a segunda, é suspensão de direito material. Após a reforma da decisão de primeira instância pelo TRF e proferido o v. acórdão relativo a apelação, a exigência do crédito não se encontrava mais suspensa, iniciando se daí a contagem do prazo de 30 dias, prevista no parágrafo segundo, do artigo 63 da Lei 9.430/976. No presente caso, não há de se falar em aguardar a decisão definitiva ou o transito em julgado do mandado de segurança, para se iniciar a contagem do prazo de 30 dias, previsto na legislação acima apontada. Este, inclusive, é o entendimento do Superior Tribunal de Justiça STJ, que recentemente decidiu neste sentido, conforme ementa do v. acórdão abaixo colacionada: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC. NÃO OCORRÊNCIA. TERMO A QUO DO PRAZO DE 30 (TRINTA) DIAS NO QUAL O CONTRIBUINTE FICA ISENTO DA MULTA DE OFÍCIO NA FORMA DO § 2º DO ART. 63 DA LEI N. 9.430/96. PUBLICAÇÃO DA DECISÃO QUE REVOGA A LIMINAR PARA CONSIDERAR DEVIDO O TRIBUTO, INDEPENDENTEMENTE DA OPOSIÇÃO DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. EFICÁCIA IMEDIATA E EX TUNC DA REVOGAÇÃO DA LIMINAR. PRECEDENTE. [...] 2. Discutese nos autos se o prazo a que se refere o art. 63, § 2º, da Lei n. 9.430/96 tem início ou com a publicação da decisão judicial que, revogando a liminar, considera devido o tributo ou com a publicação dos embargos de declaração opostos contra a referida decisão. 3. A interrupção de prazo com a oposição de embargos de declaração prevista no art. 538 do CPC se refere aos prazos processuais, e não aos prazos de direito material, tal qual aquele previsto no § 2º do art. 63 da Lei n. 9.430/96. Fl. 2086DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por LEONARDO DE A NDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 19/08/2016 por DEMETRIUS NICHELE MACEI Processo nº 10166.730389/201496 Acórdão n.º 1402002.225 S1C4T2 Fl. 2.082 11 4. A decisão judicial que considera devido o tributo revoga a liminar anteriormente concedida. Sobre o tema, já decidiu esta Corte no sentido de que a revogação de liminar se opera de forma imediata e ex tunc. Nesse sentido: MS 11.812/DF, Rel. Ministro Castro Meira, Primeira Seção, DJ 27/11/2006. 5. Uma vez publicada a decisão que revoga a liminar para reconhecer a incidência da exação iniciase o prazo de 30 dias no qual o contribuinte fica isento da multa de ofício, independentemente da oposição de embargos de declaração, de forma que o recolhimento a destempo da obrigação tributária, sem o montante relativo à multa legal, comprova que o contribuinte encontrase em débito para com o Fisco, impossibilitando, assim, a emissão de certidão de regularidade fiscal na forma dos arts. 205 e 206 do CTN, sobretudo porque, conforme afirma a recorrente, não há penhora ou qualquer hipótese de suspensão da exigibilidade do crédito no caso em tela. (2ª Turma do STJ; Resp. 1.239.589RS, 14/04/2011). No mesmo sentido do v. acórdão acima, o STJ decidiu o seguinte: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC. NÃO OCORRÊNCIA. TERMO A QUO DO PRAZO DE 30 (TRINTA) DIAS NO QUAL O CONTRIBUINTE FICA ISENTO DA MULTA DE OFÍCIO NA FORMA DO § 2º DO ART. 63 DA LEI N. 9.430/96. PUBLICAÇÃO DA DECISÃO QUE REVOGA A LIMINAR PARA CONSIDERAR DEVIDO O TRIBUTO, INDEPENDENTEMENTE DA OPOSIÇÃO DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. EFICÁCIA IMEDIATA E EX TUNC DA REVOGAÇÃO DA LIMINAR. PRECEDENTE. 3. A jurisprudência desta Corte se firmou no sentido de que, uma vez publicada a decisão que revoga a liminar para reconhecer a incidência da exação cuja exigibilidade estava suspensa, iniciase o prazo de 30 (trintas) dias no qual o contribuinte fica isento da multa de ofício. Todavia, se o pagamento do tributo se dá fora desse prazo, incidirão juros moratórios e multa, e a cobrança da multa de ofício operase nos termos da legislação aplicável. [...] Agravo regimental improvido. (2ª Turma do STJ; AgRg no Resp. 1.446.073SP, 03/03/2015) Desta forma, de acordo com a jurisprudência acima colacionada, o prazo inicial para o recolhimento do débito, seria a data da publicação do v. acórdão da Apelação, em 30/08/2013 e não em 25/10/2013, a data da publicação do v. acórdão dos Embargos de Declaração. Sendo assim, a Recorrente deveria ter recolhido o débito juntamente com o valor da multa de mora, procedendo de forma correta a Fiscalização em glosar tal diferença. O raciocínio aplicado pela Fiscalização, para imputar as infrações abaixo colacionadas e lavrar o Auto de Infração descontando os valores recolhidos pelo contribuinte (por meio dos DARFs), que entendia serem suficientes para a quitação do débito, foi legitimo. . Fl. 2087DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por LEONARDO DE A NDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 19/08/2016 por DEMETRIUS NICHELE MACEI 12 Ademais, cumpre ressaltar que a Recorrente em momento algum apresenta alegações argumentando sobre denuncia espontânea; o que, no presente caso; entendo que realmente não caberia. Desta forma, por tudo que consta processado nos autos, conheço do Recurso Voluntário e negolhe provimento. (assinado digitalmente) Leonardo Luis Pagano Gonçalves Redator designado. Fl. 2088DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por LEONARDO DE A NDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 19/08/2016 por DEMETRIUS NICHELE MACEI
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Numero do processo: 10611.721025/2013-39
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 27 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Dec 05 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO - OMISSÃO, ERRO E CONTRADIÇÃO - OCORRÊNCIA. ART. 65 DO RICARF.
Constatada a ocorrência de equívoco e omissão na decisão embargada, devem ser acolhidos os embargos de declaração, para que o vício seja sanado e garantido o direito ao contribuinte a ampla defesa e ao contraditório.
DANO AO ERÁRIO. OCULTAÇÃO DO REAL VENDEDOR. APLICAÇÃO DA MULTA EQUIVALENTE AO VALOR ADUANEIRO DAS MERCADORIAS IMPORTADAS E NÃO LOCALIZADAS, CONSUMIDAS OU REVENDIDAS.
Por configurar dano ao Erário, aplica-se a multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, na importação, quando a mercadoria não for localizada, ou tiver sido consumida ou revendida, quando comprovada a ocultação do real vendedor, mediante fraude ou simulação.
Embargos acolhidos em Parte.
Crédito Tributário Mantido.
Numero da decisão: 3302-003.375
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em acolher em parte os Embargos de Declaração, para rerratificar o Acórdão embargado, vencida a Conselheira Lenisa Prado, que votava pela retificação do acórdão, com efeitos infringentes, para excluir a multa de conversão da pena de perdimento. Designado para redigir o voto vencedor, o Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Lenisa Rodrigues Prado - Relatora.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Dérouléde - Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ricardo Paulo Rosa (Presidente), Paulo Guilherme Dérouledé, Domingos de Sá, José Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Walker Araújo e Lenisa Prado.
Nome do relator: LENISA RODRIGUES PRADO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO - OMISSÃO, ERRO E CONTRADIÇÃO - OCORRÊNCIA. ART. 65 DO RICARF. Constatada a ocorrência de equívoco e omissão na decisão embargada, devem ser acolhidos os embargos de declaração, para que o vício seja sanado e garantido o direito ao contribuinte a ampla defesa e ao contraditório. DANO AO ERÁRIO. OCULTAÇÃO DO REAL VENDEDOR. APLICAÇÃO DA MULTA EQUIVALENTE AO VALOR ADUANEIRO DAS MERCADORIAS IMPORTADAS E NÃO LOCALIZADAS, CONSUMIDAS OU REVENDIDAS. Por configurar dano ao Erário, aplica-se a multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, na importação, quando a mercadoria não for localizada, ou tiver sido consumida ou revendida, quando comprovada a ocultação do real vendedor, mediante fraude ou simulação. Embargos acolhidos em Parte. Crédito Tributário Mantido.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em acolher em parte os Embargos de Declaração, para rerratificar o Acórdão embargado, vencida a Conselheira Lenisa Prado, que votava pela retificação do acórdão, com efeitos infringentes, para excluir a multa de conversão da pena de perdimento. Designado para redigir o voto vencedor, o Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa - Presidente. (assinado digitalmente) Lenisa Rodrigues Prado - Relatora. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Dérouléde - Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ricardo Paulo Rosa (Presidente), Paulo Guilherme Dérouledé, Domingos de Sá, José Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Walker Araújo e Lenisa Prado.
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ART. 65 DO RICARF. Constatada a ocorrência de equívoco e omissão na decisão embargada, devem ser acolhidos os embargos de declaração, para que o vício seja sanado e garantido o direito ao contribuinte a ampla defesa e ao contraditório. DANO AO ERÁRIO. OCULTAÇÃO DO REAL VENDEDOR. APLICAÇÃO DA MULTA EQUIVALENTE AO VALOR ADUANEIRO DAS MERCADORIAS IMPORTADAS E NÃO LOCALIZADAS, CONSUMIDAS OU REVENDIDAS. Por configurar dano ao Erário, aplicase a multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, na importação, quando a mercadoria não for localizada, ou tiver sido consumida ou revendida, quando comprovada a ocultação do real vendedor, mediante fraude ou simulação. Embargos acolhidos em Parte. Crédito Tributário Mantido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em acolher em parte os Embargos de Declaração, para rerratificar o Acórdão embargado, vencida a Conselheira Lenisa Prado, que votava pela retificação do acórdão, com efeitos infringentes, para excluir a multa de conversão da pena de perdimento. Designado para redigir o voto vencedor, o Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 61 1. 72 10 25 /2 01 3- 39 Fl. 1022DF CARF MF Processo nº 10611.721025/201339 Acórdão n.º 3302003.375 S3C3T2 Fl. 1.023 2 Ricardo Paulo Rosa Presidente. (assinado digitalmente) Lenisa Rodrigues Prado Relatora. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Dérouléde Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ricardo Paulo Rosa (Presidente), Paulo Guilherme Dérouledé, Domingos de Sá, José Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Walker Araújo e Lenisa Prado. Relatório Tratamse de embargos de declaração opostos por Somares Comércio de Artigos de Mergulho e Serviços Ltda. (fls. 969/972), com arrimo no art. 65 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recurso Fiscais, com a redação aprovada pela Portaria MF n. 343, de 9/06/2015, contra o Acórdão n. 3101001.766, proferido na sessão de julgamentos do dia 11/11/2014 pela 1ª Turma Ordinária da 1ª Câmara desta 3ª Seção. O julgado recebeu a seguinte ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Período de apuração: 02/02/2009 a 16/03/2011 MULTA EQUIVALENTE AO VALOR ADUANEIRO DAS MERCADORIAS IMPORTADAS E NÃO LOCALIZADAS, CONSUMIDAS OU REVENDIDAS. TRIBUTOS. INCIDÊNCIA. Incidem os tributos da importação sobre mercadorias estrangeiras mesmo quando aplicada a multa equivalente a seu valor aduaneiro, nos casos de não localização, consumo ou revenda. DANO AO ERÁRIO. OCULTAÇÃO DO REAL VENDEDOR. APLICAÇÃO DA MULTA EQUIVALENTE AO VALOR ADUANEIRO DAS MERCADORIAS IMPORTADAS E NÃO LOCALIZADAS, CONSUMIDAS OU REVENDIDAS. Por configurar dano ao Erário, aplicase a multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, na importação, quando a mercadoria não for localizada, ou tiver sido consumida ou revendida, quando comprovada a ocultação do real vendedor, meidante fraude ou simulação. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 02/02/2009 a 16/03/2011 Fl. 1023DF CARF MF Processo nº 10611.721025/201339 Acórdão n.º 3302003.375 S3C3T2 Fl. 1.024 3 BASE DE CÁLCULO. IMPORTAÇÃO. VALORES DO ICMS E DAS CONTRIBUIÇÕES PIS/COFINS. EXCLUSÃO. Por força do disposto no art. 62 A do RICARF c/c a decisão do STF, no julgamento do RE 559.937/RS, sob o regime do art. 543 B da Lei n. 5.869, de 11/01/1973 (CPC), reconhecese a inconstitucionalidade da inclusão do ICMS incidente no desembaraço aduaneiro de mercadorias estrangeiras e dos valores das próprias contribuições do PIS e da Cofins incidentes sobre importação de tais produtos na base de cálculo do PIS Importação. Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS Período de apuração: 02/02/2009 a 16/03/2011 BASE DE CÁLCULO. IMPORTAÇÃO. VALORES DO ICMS E DAS CONTRIBUIÇÕES PIS/COFINS. EXCLUSÃO. Por força do disposto no art. 62 A do RICARF c/c a decisão do STF, no julgamento do RE 559.937/RS, sob o regime do art. 543 B da Lei n. 5.869, de 11/01/1973 (CPC), reconhecese a inconstitucionalidade da inclusão do ICMS incidente no desembaraço aduaneiro de mercadorias estrangeiras e dos valores das próprias contribuições do PIS e da Cofins incidentes sobre importação de tais produtos na base de cálculo do COFINSImportação. Lançamento Procedente em Parte Recurso Voluntário Provido em Parte Em 25/04/2016 foi proferido o juízo de admissibilidade, momento no qual os embargos foram considerados tempestivos e remetidos à este Colegiado por que concluiuse que: "Analisando o acórdão vergastado constatase omissão, vez que não consta em seu voto condutor expressamente o enfrentamento daquelas questões levantadas pela embargante referente à aplicação da multa em questão. Com essas considerações, acolho os embargos de declaração, por constatada omissão na decisão embargada". (fls. 1019/1021). É o relatório. Voto Vencido A questão tem início na lavratura de autos de infração para formalizar a exigência de crédito tributário decorrente de II, IPI, PIS/Pasep Importação, COFINS Importação, multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias, multas de ofício e juros de mora. Fl. 1024DF CARF MF Processo nº 10611.721025/201339 Acórdão n.º 3302003.375 S3C3T2 Fl. 1.025 4 De acordo com a fundamentação apresentada pelo autoridade autuante, a contribuinte registrou 20 Declarações de Importação, no período entre 02/02/2009 e 16/03/2011, para formalizar as importações. Todavia, o importador declarou nas guias de importação que o exportador teria sido a empresa Boradis Distributors, ao invés da real exportadora Aqua Lung America, o que caracteriza a ocultação do real vendedor. A conclusão do fiscal está arrimada nos documentos que instruíram as Declarações de Importação, bem como nos pedidos, nas faturas proforma, e nas mensagens eletrônicas trocadas entre as partes da negociação. A documentação também aponta que os preços declarados nas importações correspondiam entre a 30% e 40% do preço efetivamente pago pelas mercadorias importadas. O recurso voluntário interposto pelo contribuinte foi parcialmente acolhido, de forma a excluir da autuação a importância devida a título de PIS e COFINS Importação incidentes sobre os valores devidos pelo ICMS calculado sobre o desembaraço aduaneiro e das próprias contribuições de PIS e COFINS incidentes na importação1. Por outro lado, mantevese a autuação no que concerne a infração de subfaturamento dos valores das mercadorias importadas, já que: "(...) restou comprovado pela autoridade fiscal que a recorrente utilizouse de operações com interposta pessoa (BORADIS DISTRIBUTORS) para dissimular o real vendedor das mercadorias estrangeiras (AQUALUNG AMERICA), utilizando se de simulação, com vistas a subfaturar os valores das mercadorias importadas e eludir, em parte, o recolhimento dos tributos devidos" (fl. 927). O embargante afirma que o acórdão quedouse silente sobre os seguintes argumentos: (i) "quando a conduta é uma só (subfaturamento com a interposição com um meio a atingilo) o Fisco não pode fracionála de modo a extrair várias infrações" (fl. 914); (ii) "que o perdimento e a multa substitutiva não se aplicam quando houver previsão de penalidade mais específica para a infração cometida (fls. 915916)"; (iii) "que a multa prevista no parágrafo único do art. 88 da MP n. 2.15835/2001 se revela mais precisa e adequada à conduta descrita no auto de infração (subfaturamento) (fls. 915 916)"; (iv) "que o § 1ºA do artigo 703 do Decreto 6.759/2009 (que entrou em vigor somente em 17/5/2013) não é interpretativo e, portanto, não se aplica ao presente caso (fl. 916)". A contribuinte informa em sua petição de embargos que aderiu ao parcelamento especial (REFIS da Copa) e parcelou o valor da autuação correspondente as contribuições PIS e COFINS Importação. Portanto, remanesce nos autos apenas a discussão sobre a decretação da multa substitutiva do perdimento. 1 O provimento parcial decorre da observância a regra contida no art. 62 do RICARF, para aplicação do precedente lavrado no julgamento do Recurso Extraordinário n. 559.937/RS pelo Supremo Tribunal Federal sob a sistemática de repercussão geral. Fl. 1025DF CARF MF Processo nº 10611.721025/201339 Acórdão n.º 3302003.375 S3C3T2 Fl. 1.026 5 A cobrança materializada nos autos de infração decorreu da análise dos documentos próprios da operação de importação, oportunidade na qual o fiscal autuante deduziu que o real vendedor das mercadorias importadas é a Aqua Lung America e não a Boradis Distributors, e que o benefício auferido pelo infrator foi a elisão parcial dos tributos incidentes nas operações mediante o subfaturamento. Nessa esteira de raciocínio, o fiscal concluiu no relatório que embasa a autuação sob exame que: "10. CONCLUSÃO DA AÇÃO FISCAL Ao final, constatamos na referida ação fiscal que a empresa SOMARES COMÉRCIO DE ARTIGOS DE MERGULHO E SERVIÇOS LTDA ME, incorreu em conduta de dano ao Erário, ao cometer infração relativa às mercadorias estrangeiras na importação, na hipótese de ocultação do real vendedor, mediante simulação (Decreto Lei n. 1.455, de 1976, art. 23, inciso V com a redação dada pela Lei n. 10.637, de 30.12.2002), conforme demonstrado neste Relatório. Para tal, o Importador omitiu informação que deveria ser produzida a agentes das pessoas jurídicas de direito público interno, com a intenção de eximirse parcialmente, do pagamento de tributos incidentes na importação. No caso, o Contribuinte deixou de prestar a informação sobre o real vendedor das mercadorias importadas e o valor aduaneiro real das mercadorias, o que deveria ter sido informado nas Declarações de Importação registradas perante a Secretaria da Receita Federal do Brasil" (fl. 184 grifos nossos). Percebese que o fiscal admite que o contribuinte omitiu informações para diminuir o montante devido pelos impostos incidentes na importação. Ou seja, a informação inverídica prestada nos documentos aduaneiros tinha o propósito exclusivo de subfaturar o preço das mercadorias. Por esse motivo foi emitida a pertinente Representação Fiscal para Fins Penais pelo crime previsto no art. 1º da Lei n. 8.137/19902, que passa a ser o tipo infracional punível pela administração pública. Pois bem. A turma que proferiu o acórdão embargado reconheceu que "a infração foi perfeitamente caracterizada como dano ao erário" porém afasta a tipificação adotado pelo fiscal autuante e afirma que a conduta punível é aquela prevista no "inciso V do art. 23 do Decretolei n. 1.455/76" (fl. 927). Aqui evidenciase o primeiro equívoco contido no acórdão embargado, já que a turma julgadora alterou a fundamentação legal apontada no auto de infração. O inciso IV do art. 10 do Decreto 70.235/1972 determina que a disposição legal infringida e a penalidade aplicável devem constar do auto de infração. A Suprema Corte já decidiu que eventual correção ou alteração no auto de infração não é permitida, ainda que justificada pela ocorrência 2 Art.1º "Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributos, ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas (...)" Fl. 1026DF CARF MF Processo nº 10611.721025/201339 Acórdão n.º 3302003.375 S3C3T2 Fl. 1.027 6 de erro de direito, porque configura alteração do critério jurídico, mas enseja, apenas, a nulidade do ato administrativo praticado3. Foram também acolhidas as seguintes premissas insertas no voto proferido pelo relator: "As mercadorias não foram objeto de pena de perdimento, por terem sido revendidas. A penalidade aplicada foi a multa de valor equivalente ao valor aduaneiro, não existindo previsão legal para sua inaplicabilidade, nos casos de lançamento de tributos. Também não existe previsão legal para não se lançar o tributo devido (ou diferença de tributo devido), nos casos de aplicação da multa prevista no parágrafo 3º do artigo 23 do Decreto Lei n. 1.455/1976. Destacase mais uma vez: a sanção aplicada não foi o perdimento da mercadoria, mas a multa do valor equivalente ao valor aduaneiro. Inexistindo disposição expressa de não incidência, não cabe à autoridade fiscal, deixar de aplicar a lei" (fl. 928). No entanto, consta no acórdão proferido na ocasião do julgamento da impugnação apresentada pela contribuinte que: "No caso em apreço, a bem da verdade, as mercadorias não chegaram a ter a pena de perdimento decretada, justamente por não terem sido localizadas, pois foram revendidas. Concluirse ia, assim, que o imposto de importação teria incidência, não sendo o caso da hipótese em tela. Todavia, a multa substitutiva da pena de perdimento veio justamente para igualar o tratamento dado aos casos em que à mercadoria não mais se poderia aplicar a pena de perdimento devido a sua ausência. Assim, como defende a impugnante, a multa substitutiva tem a mesma natureza da pena de perdimento, qual seja a do controle aduaneiro" (fl. 901 grifos nossos). Evidenciase outro equívoco que merece ser sanado em sede de embargos, já que consta no acórdão embargado que não foi aplicado a pena de perdimento, sendo certo e indiscutível que a própria instância de origem reconhece a perfeita equivalência desta punição com a multa substitutiva da pena de perdimento. Entendo que a turma julgadora, ao considerar que não havia sido imposta a multa substitutiva da pena de perdimento, deixou de apreciar o fundamento lógico seguinte, que é a impossibilidade de cominar as penas multa substitutiva de perdimento e a multa de 100% sobre a diferença dos valores atribuídos às mercadorias e os efetivamente cobrados. Diante desta omissão, passo a analisar o argumento do contribuinte. Inicialmente destaco que não há nos autos qualquer alegação que o importador tenha prestado informações falsas sobre a natureza da mercadoria importada, seu conteúdo ou quantidade. Deste modo, entendo que prevalece na hipótese dos autos o previsto no art. 703 do Decreto 6.759/2009, que assim dispõe: 3 Recurso Extraordinário n. 69.426/RS, Primeira Turma. Fl. 1027DF CARF MF Processo nº 10611.721025/201339 Acórdão n.º 3302003.375 S3C3T2 Fl. 1.028 7 "Art. 703. Nas hipóteses em que o preço declarado for diferente do arbitrado na forma do art. 86 ou do efetivamente praticado, aplicase a multa de cem por cento sobre a diferença, sem prejuízo da exigência dos tributos, da multa de ofício referida no art. 725 e dos acréscimos legais cabíveis: § 1º A Verificandose que a conduta praticada enseja a aplicação tanto da multa referida neste artigo quanto da pena de perdimento da mercadoria, aplicase somente a pena de perdimento" . Da leitura do texto normativo acima, percebese que o legislador pretendeu impossibilitar a concomitância da pena de perdimento com a multa de 100% sobre a diferença entre o preço apontado na Declaração de Importação e o efetivamente praticado. Na hipótese dos autos, como se verifica da leitura do acórdão proferido em sede de impugnação (acima transcrito), aplicouse tanto a multa substitutiva da pena de perdimento como a multa de 100% sobre a diferença, e os juros de mora, o que é uma evidente contrariedade a não cumulatividade prevista no art. 703 do Decreto 6.759/2009. É de rigor relembrar que não é possível, em julgamento de recurso voluntário, a penalidade aplicada pelo fiscal autuante. Desse modo, já tendo sido cominada a pena da multa de 100% pelo auditor fiscal competente, e tendo essa penalidade mantida pela instância de origem, este Conselho não pode trocála pela pena de perdimento, para garantir a correição e conseqüente manutenção da decisão guerreada. Ademais, ainda que se alegue estar diante da punição pela interposição fraudulenta o que se faz pela primazia da dialética, já que o tipo infracional inserto no auto de infração é o do subfaturamento o art. 33 da Lei n. 11.488/2007, vigente há época dos fatos narrados nos autos, prevê apenas a aplicação de multa na constatação da interposição fraudulenta no procedimento de importação, verbis: Art. 33. A pessoa jurídica que ceder seu nome, inclusive mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas no acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários fica sujeita a multa de 10% (dez por cento) do valor da operação acobertada, não podendo ser inferior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Parágrafo único: À hipótese prevista no caput deste artigo não se aplica o disposto no art. 81 da Lei n. 9.420, de 27 de dezembro de 1996. Ao julgar questão análoga à dos autos sob exame, o Superior Tribunal de Justiça, Corte máxima competente para apreciar a questão sob julgamento, assim se manifestou: TRIBUTÁRIO. DESEMBARAÇO ADUANEIRO. DECLARAÇÃO DE IMPORTAÇÃO. SUBFATURAMENTO DO BEM IMPORTADO. ART. 105, VI, DO DECRETOLEI N. 37/66. Fl. 1028DF CARF MF Processo nº 10611.721025/201339 Acórdão n.º 3302003.375 S3C3T2 Fl. 1.029 8 PENA DE PERDIMENTO DO BEM. INAPLICABILIDADE. PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE. APLICAÇÃO DA MULTA DE 100% PREVISTA NO ART. 108, PARÁGRAFO ÚNICO, DA REFERIDA NORMA. PREVALÊNCIA DO DISPOSTO NA NORMA LEGAL SOBRE O TEOR DA NORMA INFRALEGAL (IN SRF 206/2002). 1. Discutese nos autos a possibilidade de aplicação da pena de perdimento de bem quando reconhecida a falsidade ideológica na declaração de importação que, in casu, consignou valor 30% inferior ao valor da mercadoria (motocicleta Yamaha modelo YZFR1WL). 2. A pena de perdimento prevista no art. 105, VI, do Decreto Lei n. 37/66 se aplica aos casos de falsificação ou adulteração de documento necessário ao embarque ou desembaraço da mercadoria, enquanto a multa prevista no parágrafo único do art. 108 do referido diploma legal destinase a punir declaração falsa de valor, natureza ou quantidade da mercadoria importada. Especificamente no que tange à declaração falsa relativa à quantidade da mercadoria importada, a despeito do disposto no parágrafo único do art. 108 do DecretoLei n. 37/66, será possível aplicarse a pena de perdimento em relação ao excedente não declarado, haja vista o teor do inciso XII do art. 618 do Regulamento Aduaneiro vigente à época dos fatos (Decreto 4.543/02). Nesse sentido: AgRg no Ag 1.198.194/SP, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 25/05/2010. 3. O precedente supracitado determinou a aplicação da pena de perdimento de bem sobre o excedente não declarado no que tange à falsidade ideológica relativa à quantidade e, ainda, em caso de bem divisível. O caso dos autos, porém, trata de bem indivisível e não diz respeito à falsa declaração de quantidade, mas sim de subfaturamento do bem, ou seja, diz respeito ao valor declarado. 4. A conduta do impetrante, ora recorrido, está tipificada no art. 108 supracitado falsidade ideológica relativa ao valor declarado (subfaturamento) , o que afasta a incidência do art. 105, VI, do DecretoLei n. 37/66 em razão: (i) do princípio da especialidade; (ii) da prevalência do disposto no referido decreto sobre o procedimento especial previsto na IN SRF 206/2002; e (iii) da aplicação do princípio da proporcionalidade. 5. Recurso especial não provido. (REsp 1217708/PR, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 14/12/2010, DJe 08/02/2011 grifos nossos) E esse julgado se tornou precedente daquela Corte, que passou a considerar que nas constatações de subfaturamento, o contribuinte deve ser apenado pelo que dispõe a norma específica, que é a multa de 100% apurada entre o valor real e o declarado, nos termos do art. 108. parágrafo único do DL 37/1966. Fl. 1029DF CARF MF Processo nº 10611.721025/201339 Acórdão n.º 3302003.375 S3C3T2 Fl. 1.030 9 A propósito, destaco os seguintes precedentes: TRIBUTÁRIO DESEMBARAÇO ADUANEIRO DECLARAÇÃO DE IMPORTAÇÃO SUBFATURAMENTO DO BEM IMPORTADO ART. 105, VI, DO DECRETOLEI N. 37/66 PENA DE PERDIMENTO DO BEM INAPLICABILIDADE APLICAÇÃO DA MULTA DE 100% PREVISTA NO ART. 108, PARÁGRAFO ÚNICO, DA REFERIDA NORMA. 1. Esta Corte firmou o entendimento de que a pena de perdimento prevista no art. 105, VI, do DecretoLei 37/66 incide nos casos de falsificação ou adulteração de documento necessário ao embarque ou desembaraço da mercadoria. A multa prevista no parágrafo único do art. 108 do mesmo diploma legal destinase a punir declaração inexata de seu valor, natureza ou quantidade da mercadoria importada. 2. Tratando os autos de caso de subfaturamento, deve ser mantido o acórdão a quo, a fim de se afastar a pena de perdimento pretendida pela Fazenda Nacional. 3. Recurso especial não provido. (REsp 1240005/RS, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 05/09/2013, DJe 17/09/2013 grifos nossos) TRIBUTÁRIO. DIREITO ADUANEIRO. DECLARAÇÃO DE IMPORTAÇÃO. SUBFATURAMENTO DO VALOR DA MERCADORIA. PENA DE PERDIMENTO. DESCABIMENTO. APLICAÇÃO DA MULTA PREVISTA NO ART. 108, PARÁGRAFO ÚNICO, DO DECRETOLEI Nº 37/66. CRITÉRIO DA ESPECIALIDADE DA NORMA. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE E DA RAZOABILIDADE. CONSIDERAÇÃO. 1. A falsidade ideológica consistente no subfaturamento do valor da mercadoria na declaração de importação dá ensejo à aplicação da multa prevista no art. 105, parágrafo único, do DecretoLei nº 37/66, que equivale a 100% do valor do bem, e não à pena de perdimento do art. 105, VI, daquele mesmo diploma legal. 2. Interpretação harmônica com o art. 112, IV, do CTN, bem como com os princípios da especialidade da norma, da razoabilidade e da proporcionalidade. Precedentes. 3. Recurso especial da Fazenda Nacional a que se nega provimento. Fl. 1030DF CARF MF Processo nº 10611.721025/201339 Acórdão n.º 3302003.375 S3C3T2 Fl. 1.031 10 (REsp 1218798/PR, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 08/09/2015, DJe 01/10/2015 grifos nossos) RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. IMPORTAÇÃO. SUBFATURAMENTO. PENA DE PERDIMENTO. ART. 105, VI, DO DL 37/66. NÃO INCIDÊNCIA. HIPÓTESE SUJEITA A MULTA. ART. 108, PARÁGRAFO ÚNICO, DO DL 37/66. 1. A pena de perdimento, prevista no art. 105, VI, do Decreto Lei 37/66, incide nos casos de falsificação ou adulteração de documento necessário ao embarque ou desembaraço da mercadoria, enquanto a multa prevista no parágrafo único do art. 108 do mesmo diploma legal destinase a punir declaração inexata em seu valor, natureza ou quantidade da mercadoria importada. 2. Se a declaração de importação for falsa quanto à natureza da mercadoria importada, seu conteúdo ou quantidade, será possível aplicar, a par da multa, também a pena de perdimento em relação ao excedente não declarado, tendo em vista o que dispõe o inciso XII do art. 618 do Regulamento Aduaneiro vigente à época dos fatos (Decreto 4.543/02). 3. Todavia, quando a hipótese é exclusiva de subfaturamento, não há regra semelhante que autorize a pena de perdimento, devendo ser adotada somente a norma específica, que é a multa de 100% sobre a diferença apurada entre o valor real e o declarado, nos termos do art. 108, parágrafo único, do DL 37/66. 4. No caso, segundo o arcabouço fático delineado na origem, houve apenas subfaturamento, vale dizer, indicação de valores a menor para a operação de importação, o que afasta a incidência da pena de perdimento. 5. Agravo Regimental não provido. (AgRg no REsp 1341312/PR, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 06/11/2012, DJe 08/03/2013 grifos nossos) RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. IMPORTAÇÃO. SUBFATURAMENTO. PENA DE PERDIMENTO. ART. 105, VI, DO DL 37/66. NÃO INCIDÊNCIA. HIPÓTESE SUJEITA À MULTA. ART. 108, PARÁGRAFO ÚNICO, DO DL 37/66. 1. A pena de perdimento, prevista no art. 105, VI, do DecretoLei 37/66, incide nos casos de falsificação ou adulteração de documento necessário ao embarque ou desembaraço da mercadoria, enquanto a multa prevista no parágrafo único do art. 108 do mesmo diploma legal destinase a punir declaração Fl. 1031DF CARF MF Processo nº 10611.721025/201339 Acórdão n.º 3302003.375 S3C3T2 Fl. 1.032 11 inexata em seu valor, natureza ou quantidade da mercadoria importada. 2. Quando a declaração de importação é falsa quanto à natureza da mercadoria importada, seu conteúdo ou quantidade, será possível aplicarse, a par da multa, também a pena de perdimento em relação ao excedente não declarado, tendo em vista o que dispõe o inciso XII do art. 618 do Regulamento Aduaneiro vigente à época dos fatos (Decreto 4.543/02). 3. Todavia, quando a hipótese é exclusiva de subfaturamento, não há regra semelhante autorizando a pena de perdimento, devendo ser aplicada somente a norma específica, que é a multa de 100% sobre a diferença apurada entre o valor real e o declarado, nos termos do art. 108, parágrafo único, do DL 37/66. 4. No caso, segundo o arcabouço fático delineado na origem, houve apenas subfaturamento, vale dizer, indicação de valores a menor para a operação de importação, o que afasta a incidência da pena de perdimento. 5. Recurso especial não provido. (REsp 1242532/RS, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 21/06/2012, DJe 02/08/2012). Não há como se olvidar que o contribuinte replica seus argumentos sobre a impossibilidade da exigência cumulativa da multa de perdimento desde a primeira oportunidade processual, sendo esta a impugnação4. Por outro lado, é certo também que a Delegacia de Julgamentos da Receita Federal de Ribeirão Preto primeira instância efetivamente quedouse silente quanto aos mencionados argumentos de defesa do contribuinte. Tal omissão foi perpetrada até a presente data, uma vez que não existe nos autos qualquer decisão que aborde os temas propostos pelo contribuinte embargante, em evidente afronta ao primado da dialética e ao artigo 31 do Decreto n. 70.235/1972. O novo Código de Processo Civil (Lei n. 13.105/2015) que aqui se menciona por empréstimo da seara civilista é concludente ao definir os elementos que devem estar presentes em uma decisão, sendo esta o pronunciamento que contém análise de todos os argumentos deduzidos no processo, capazes de infirmar a decisão recorrida. A propósito: Art. 489. São elementos essenciais da sentença: (...) II os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito. § 1º. Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: 4 fls. 880, Item II impossibilidade de exigência cumulativa de tributos/multas de ofício com multa substitutiva da pena de perdimento. Fl. 1032DF CARF MF Processo nº 10611.721025/201339 Acórdão n.º 3302003.375 S3C3T2 Fl. 1.033 12 (...) IV não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador. Considerando o texto expresso no art. 65 do RICARF, que enumera os vícios que devem ser sanados através do acolhimento dos embargos de declaração, entendo que a situação dos autos é, sem dúvida, obscuridade, já que a turma que proferiu o acórdão embargado desconsiderou a fundamentação lavrada no auto de infração, bem como omissão no que concerne os argumentos sobre o Princípio da Especialidade e o Princípio da Proporcionalidade, já que existe multa específica aplicada nas importações subfaturadas e que não permite a cumulação com outras penalidades. Diante do exposto, restando evidenciados os equívocos e omissões, voto por acolher os embargos de declaração para darlhes efeitos infringentes, de modo a anular a multa substitutiva da pena de perdimento. Relatora Lenisa Prado Relatora Voto Vencedor Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, redator designado. Com o devido respeito aos argumentos do ilustre relator, divirjo de seu entendimento quanto ao cancelamento da multa substitutiva da pena de perdimento. A acusação constante no relatório fiscal foi de o importador utilizarse do artifício de interposição fraudulenta de terceiros para ocultação do real vendedor, com vistas a subfaturar as mercadorias importadas, conforme excertos abaixo: "Assim, constatase que o importador utilizouse do artifício de interposição de terceiros entre o real vendedor das mercadorias, com vistas a subfaturar as mesmas e eludir parcialmente os tributos incidentes na operação." [...] Assim, há elementos no processo que demonstram que a operação foi realizada com a interposição fraudulenta de terceiro configurado com exportador, com reflexos nas informações que foram apresentadas nas declarações de importação e que não se encontravam estampadas nos documentos apresentados no curso dessa fiscalização, os quais indicam pessoa jurídica diversa daquela anteriormente declarada como exportador e com valores das mercadorias a menor. Tal conduta acarretou em recolhimento a menor dos tributos devidos e afronta ao controle aduaneiro." [...] Fl. 1033DF CARF MF Processo nº 10611.721025/201339 Acórdão n.º 3302003.375 S3C3T2 Fl. 1.034 13 O DecretoLei n° 1.455, de 07 de abril de 1976, lista as situações consideradas como dano ao erário e especifica a penalidade a ser aplicada: Art. 23. Consideramse dano ao Erário as infrações relativas às mercadorias: (...) V estrangeiras ou nacionais, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) (grifei e negritei) § 1º O dano ao erário decorrente das infrações previstas no caput deste artigo será punido com a pena de perdimento das mercadorias. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) (grifei e negritei) (...) § 3º As infrações previstas no caput serão punidas com multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, na importação, ou ao preço constante da respectiva nota fiscal ou documento equivalente, na exportação, quando a mercadoria não for localizada, ou tiver sido consumida ou revendida, observados o rito e as competências estabelecidos no Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010) (grifei e negritei) Conforme norma transcrita acima, se a mercadoria importada, passível de ser objeto da pena de perdimento prevista no decretolei 1.455/1976, houver sido consumida ou não for localizada, a pena de perdimento aplicável convertese em pena de multa. Noutras palavras, a pena aplicável em abstrato para as infrações capituladas no artigo 23 do decretolei 1.455/1976 deixa de ser o perdimento e passa a ser a multa. Os Decretos n° 4.543/2002, art. 618, inciso XXII e § 1º e 6.759/2009, art. 689, inciso XXII e § 1º (atual Regulamento Aduaneiro) reproduzem o disposto no art. 23, inciso V e § 3º do DecretoLei n° 1.455, de 07 de abril de 1976: Conforme restou comprovado neste relatório, elaborado de forma detalhada, a SOMARES, utilizouse de operações com interposta pessoa (BORADIS DISTRIBUTORS) para dissimular o real vendedor das mercadorias estrangeiras (AQUALUNG AMERICA), utilizandose de simulação, com vistas a subfaturar os valores das mercadorias importadas e eludir, em parte, o recolhimento dos tributos devidos. A situação apresentada caracterizase como Dano ao Erário, sujeitando os bens à pena de perdimento. Fl. 1034DF CARF MF Processo nº 10611.721025/201339 Acórdão n.º 3302003.375 S3C3T2 Fl. 1.035 14 As mercadorias em questão não foram, apreendidas uma vez que foram revendidas, fato comprovado pela apresentação das Notas Fiscais de Saída , as quais foram anexadas a este e pela própria declaração apresentada pelo importador de que os bens foram revendidos." Verificase, de plano, que a multa substitutiva da pena perdimento foi aplicada pela infringência ao inciso V do artigo 23 do Decretolei nº 1.455/76, correspondente à ocultação do real vendedor, o que subsumese à hipótese de dano ao erário. Salientase, ainda, que não foi aplicada a multa administrativa de 100% por diferença entre o preço declarado e o preço efetivamente praticado, prevista no parágrafo único do artigo 88 da MP nº 2.15835/2001, como mencionado no voto da relatora, mas apenas a multa substitutiva da pena de perdimento e as multas de ofício vinculadas aos tributos devidos. Quanto à especificidade da multa prevista no parágrafo único do artigo 88 da Mp nº 2.15835/2001 em relação à pena de perdimento, frisese que o Decreto nº 6.759/2009, em seu artigo 703, dispôs de forma contrária ao entendimento da recorrente, conforme depreendese de seu §1ºA, a seguir transcrito: Art. 703. Nas hipóteses em que o preço declarado for diferente do arbitrado na forma do art. 86 ou do efetivamente praticado, aplicase a multa de cem por cento sobre a diferença, sem prejuízo da exigência dos tributos, da multa de ofício referida no art. 725 e dos acréscimos legais cabíveis (Medida Provisória no 2.15835, de 2001, art. 88, parágrafo único). (Redação dada pelo Decreto nº 7.213, de 2010). § 1o A multa de cem por cento referida no caput aplicase inclusive na hipótese de ausência de apresentação da fatura comercial, sem prejuízo da aplicação de outras penalidades cabíveis (Lei no 10.833, de 2003, art. 70, inciso II, alínea “b”, item 2, e § 6o). (Redação dada pelo Decreto nº 7.213, de 2010). § 1ºA Verificandose que a conduta praticada enseja a aplicação tanto de multa referida neste artigo quanto da pena de perdimento da mercadoria, aplicase somente a pena de perdimento. (Incluído pelo Decreto nº 8.010, de 2013) O dispositivo não deixa margem à dúvida: na hipótese de a conduta ensejar tanto a aplicação de uma quanto de outra pena, aplicase a pena de perdimento e não a de 100% sobre a diferença de preços, exceção feita ao §2º do referido artigo. Neste sentido, citase o Acórdão nº 310200.815, cuja ementa transcrevese: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 23/06/2004 a 10/03/2005 OCULTAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO MEDIANTE SIMULAÇÃO E FALSIDADE IDEOLÓGICA DE DOCUMENTO NECESSÁRIOS AO DESEMBARAÇO. EFEITO. Fl. 1035DF CARF MF Processo nº 10611.721025/201339 Acórdão n.º 3302003.375 S3C3T2 Fl. 1.036 15 A ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, bem assim a inserção de informações ideologicamente falsas na fatura comercial caracteriza Dano ao Erário, punível com a pena de perdimento da mercadoria, convertida em multa igual ao valor aduaneiro, caso não seja possível realizar a sua apreensão. Recurso Voluntário Negado E concernente à vigência do §1ºA, ressaltase que o decreto regulamentar é ato secundário limitado pelo conteúdo das leis, sendo expedido com a finalidade a fiel execução destas, conforme artigo 84, inciso IV, da Constituição Federal. Ainda, nos termos do artigo 212 do CTN, possui a finalidade de consolidar a legislação vigente e, portanto, seus dispositivos não caracterizam inovação na ordem jurídica. Diante do exposto, voto para acolher os embargos parcialmente, para sanar as omissões, sem conferirlhes efeitos infringentes e ratificando o acórdão embargado. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 1036DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10920.003215/2010-34
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Fri Nov 25 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Feb 03 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2004 a 30/09/2009
VÍCIO NO LANÇAMENTO. NATUREZA.
Em se verificando a existência de vício na aplicação da regra matriz de incidência, trata-se de vício de natureza material, não podendo subsistir o lançamento efetuado. Já em situações onde há vício no procedimento de produção da norma individual e concreta que aplica a regra matriz de incidência, trata-se de vício de natureza formal.
Numero da decisão: 9202-004.644
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar a preliminar de conversão do julgamento do recurso em diligência à Unidade de Origem, para intimação do contribuinte para apresentação de documentos relativos a ações trabalhistas e criminais relacionadas aos fatos objeto do presente auto de infração. Vencidos os conselheiros Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Gerson Macedo Guerra, que entenderam ser necessária a diligência. Por unanimidade de votos, acordam em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento parcial para considerar como formal o vício apontado na descrição da infração relativa ao pagamento de valores não registrados em folha de pagamentos, vencidos os conselheiros Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Gerson Macedo Guerra, que negaram provimento ao recurso. Votou pelas conclusões a conselheira Maria Helena Cotta Cardozo. Solicitou apresentar declaração de voto a conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Heitor de Souza Lima Junior Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra.
Nome do relator: HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR
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ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2004 a 30/09/2009 VÍCIO NO LANÇAMENTO. NATUREZA. Em se verificando a existência de vício na aplicação da regra matriz de incidência, tratase de vício de natureza material, não podendo subsistir o lançamento efetuado. Já em situações onde há vício no procedimento de produção da norma individual e concreta que aplica a regra matriz de incidência, tratase de vício de natureza formal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar a preliminar de conversão do julgamento do recurso em diligência à Unidade de Origem, para intimação do contribuinte para apresentação de documentos relativos a ações trabalhistas e criminais relacionadas aos fatos objeto do presente auto de infração. Vencidos os conselheiros Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Gerson Macedo Guerra, que entenderam ser necessária a diligência. Por unanimidade de votos, acordam em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento parcial para considerar como formal o vício apontado na descrição da infração relativa ao pagamento de valores não registrados em folha de pagamentos, vencidos os conselheiros Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Gerson Macedo Guerra, que negaram provimento ao recurso. Votou pelas conclusões a conselheira Maria Helena Cotta Cardozo. Solicitou apresentar declaração de voto a conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 0. 00 32 15 /2 01 0- 34 Fl. 3012DF CARF MF Processo nº 10920.003215/201034 Acórdão n.º 9202004.644 CSRFT2 Fl. 3.013 2 (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior – Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra. Relatório Em litígio, o teor do Acórdão nº 2401002.600, prolatado pela 1a Turma Ordinária da 4a. Câmara da 2a Seção de Julgamento deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais na sessão plenária de 15 de agosto de 2012 (efls. 2847 a 2931). Ali, por maioria de votos, deuse parcial provimento ao Recurso Voluntário, na forma de ementa e decisão a seguir: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2004 a 30/09/2009 PREVIDENCIÁRIO CUSTEIO NOTIFICAÇÃO FISCAL DE LANÇAMENTO DE DÉBITO SEGURADOS EMPREGADOS INCLUÍDOS EM FOLHA DE PAGAMENTO DE EMPRESA INTERPOSTA PRINCIPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE. Se o Auditor Fiscal da Previdência Social constatar que o segurado contratado como contribuinte individual, trabalhador avulso, ou sob qualquer outra denominação, preenche as condições referidas no inciso I do caput do art. 9º deverá desconsiderar o vínculo pactuado e efetuar o enquadramento como segurado empregado. Não se faz necessário caracterizar os requisitos de empregado, quando o vínculo original com terceira empresa já se dava nessa condição, bastando a configuração de gerenciamento único, ou seja, subordinação jurídica para que se redirecione o vínculo de emprego para efeitos previdenciários. A simples prestação de serviços em atividade meio sem a demonstração da subordinação jurídica dos contratantes com os prestadores de serviço não é suficiente para demonstrar o vínculo empregatício com a empresa PL Contábil. Da mesma forma a irregularidade na constituição de seu patrimônio serve como indício, mas não efetivamente como prova de subordinação jurídica, razão porque deve ser excluído por vício formal o levantamento. ARBITRAMENTO DE PAGAMENTO POR FORA PERCENTUAL DE 15% EXTENSÃO A TODOS OS TRABALHADORES DA EMPRESA. Fl. 3013DF CARF MF Processo nº 10920.003215/201034 Acórdão n.º 9202004.644 CSRFT2 Fl. 3.014 3 Mesmo que constatado pagamento por fora em relação a alguns empregados, deve a autoridade fiscal bem fundamentar a extensão de dita base por arbitramento a totalidade dos empregados. A ausência de indícios torna nulo o levantamento pela falta de elementos de convicção para a extensão da base de forma uniforme. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2004 a 30/09/2009 AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. AUSÊNCIA DE EMISSÃO DE ATO DECLARATÓRIO DE EXCLUSÃO DO SIMPLES PELA SRF. INOCORRÊNCIA DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. INAPLICABILIDADE DA EXIGÊNCIA. O ATO DECLARATÓRIO seria exigido, caso houvesse a desconsideração da opção pelo SIMPLES, devendo, apenas neste caso, ser feita a comunicação a então Secretaria da Receita Federal, para realizar a emissão do Ato Declaratório. No procedimento em questão a AUTORIDADE FISCAL EM IDENTIFICANDO a caracterização do vínculo empregatício com empresa que simulou a contratação por intermédio de empresas interpostas, procedeu a caracterização do vínculo para efeitos previdenciários na empresa notificada, que era a verdadeira empregadora de fato. LANÇAMENTO. NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA E DO CONTRADITÓRIO. INOCORRÊNCIA. Tendo o fiscal autuante demonstrado de forma clara e precisa os fatos que suportaram o lançamento, oportunizando ao contribuinte o direito de defesa e do contraditório, bem como em observância aos pressupostos formais e materiais do ato administrativo, com esteio na legislação que disciplina a matéria, especialmente artigo 142 do CTN, não há que se falar em nulidade do lançamento. LANÇAMENTO. COMPETÊNCIA DO AUDITOR FISCAL. Conforme preceitua o artigo 142 do CTN, artigo 33, caput, da Lei nº 8.212/91 e artigo 8º da Lei nº 10.593/2002, c/c Súmula nº 05 do Segundo Conselho de Contribuintes, compete privativamente à autoridade administrativa Auditor da Receita Federal do Brasil , constatado o descumprimento de obrigações tributárias principais e/ou acessórias, promover o lançamento, mediante NFLD e/ou Auto de Infração. PREVIDENCIÁRIO CUSTEIO NOTIFICAÇÃO FISCAL DE LANÇAMENTO DE DÉBITO PERÍODO ATINGINDO PELA DECADÊNCIA QUINQUENAL SÚMULA VINCULANTE STF. O STF em julgamento proferido em 12 de junho de 2008, declarou a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei n º 8.212/1991, tendo inclusive no intuito de eximir qualquer Fl. 3014DF CARF MF Processo nº 10920.003215/201034 Acórdão n.º 9202004.644 CSRFT2 Fl. 3.015 4 questionamento quanto ao alcance da referida decisão, editado a Súmula Vinculante de n º 8, “São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário”. In casu, constatouse a ocorrência de simulação, razão porque a decadência, mesmo na existência de pagamentos antecipados deixa de ser aplicada a luz do art. 150, § 4º, do CTN, passando a decadência a ser apreciada pelo art. 173, I do CTN. INCERTEZA QUANTO A OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR. IMPROCEDÊNCIA DO LANÇAMENTO. Quanto a descrição do fisco não permite à Autoridade Julgadora formar a plena convicção sobre a ocorrência do fato gerador, devese invalidar o lançamento por improcedência. Recurso Voluntário Provido em Parte Decisão: I) Por maioria de votos, rejeitar a preliminar de nulidade do lançamento pela não emissão do ato declaratório de exclusão do SIMPLES. Vencido o conselheiro Marcelo Freitas de Souza Costa, que arguiu de ofício a referida nulidade. II) Por unanimidade de votos: a) rejeitar a preliminar de nulidade do lançamento suscitada pelo contribuinte; b) rejeitar a preliminar de nulidade da decisão de primeira instância; e c) declarar a decadência até a competência 11/2004. III) Por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso para excluir do lançamento o levantamento referente a empresa PL contábil e os levantamentos 41 ao 56 e o 62. Vencida a conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira (relatora), que anulava os referidos levantamentos por vício formal. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Kleber Ferreira de Araújo. Declarouse impedido o conselheiro Igor Araújo Soares. Enviados em 03/12/2012 os autos à Fazenda Nacional para ciência (efl. 7841 do Proc. 10920.003212/201009, ao qual este se encontrava apensado), a PGFN apresentou, em 06/12/2012 (efl. 7927 do Proc. 10920.003212/201009, ao qual este se encontrava apensado), Recurso Especial, com fulcro no art. 67 do anexo II ao Regimento Interno deste Conselho Administrativo Fiscal aprovado pela Portaria MF no. 256, de 22 de julho de 2009, então em vigor quando da propositura do pleito recursal (efls. 2932 a 2951). Alegavase, no pleito, divergência passível de apreciação por esta Turma em três diferentes matérias, restando, todavia, somente duas delas sido admitidas, na forma de exame de admissibilidade de efls. 2998 a 3005, a saber: a) Quanto à exclusão dos levantamentos em que houve a aferição indireta dos salários pagos "por fora": Alega a recorrente divergência em relação ao decidido, em 02/12/2003, pela 3a. Câmara do então 2o. Conselho de Contribuintes, através do Acórdão 20309.332, de ementa e decisão a seguir transcritas: Fl. 3015DF CARF MF Processo nº 10920.003215/201034 Acórdão n.º 9202004.644 CSRFT2 Fl. 3.016 5 Acórdão 20309.332 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL IMUNIDADE NULIDADE POR VÍCIO FORMAL A imprecisa descrição dos fatos, pela falta de motivação do ato administrativo, impedindo a certeza e segurança jurídica, macula o lançamento de vício insanável, tornando nula a respectiva constituição. Processo anulado ab initio. Decisão: Por unanimidade de votos, anulouse o processo ab initio, por vício formal. Em linhas gerais, argumenta a contribuinte em sua demanda quanto a esta primeira matéria que: a.1) O próprio voto condutor não chega a afirmar que os fatos geradores não ocorreram, circunstância que esta sim demandaria o cancelamento da exigência. Tal como afirmado no voto vencido, “No lançamento fiscal o motivo é a ocorrência do fato gerador, esse inexistindo torna improcedente o lançamento, não havendo como ser sanado, pois sem fato gerador não há obrigação tributária. Agora, a motivação é a expressão dos motivos, é a tradução para o papel da realidade encontrada pela fiscalização”. Ocorre que pela situação discutida nos autos, desde logo podese entender que o fato gerador do tributo efetivamente ocorreu e, se falha houve, essa foi na motivação do ato, na exposição dos motivos que levaram ao lançamento. É o que se extrai dos excertos da situação retratada pela Conselheira Relatora. a.2) Ocorre que pela situação discutida nos autos, alega a Fazenda Nacional que desde logo podese entender que o fato gerador do tributo efetivamente ocorreu e, se falha houve, essa foi na motivação do ato, na exposição dos motivos que levaram ao lançamento; a.3) Cita os artigos 59 e 60 do Decreto no. 70.235, de 06 de março de 1972, e jurisprudência desta Câmara Superior, para defender que não se vislumbra, na situação fática sob analise, prejuízo à defesa do contribuinte, tendo o autuado demonstrado ter pleno conhecimento dos termos da autuação e dele se defendeu, não havendo, assim, qualquer vício no lançamento a ensejar sua improcedência ou nulidade; a.4) Ressalta que, mesmo que vício houvesse, não há que se falar em improcedência da autuação, mas sim em sua nulidade por vício formal. A decisão ora recorrida julgou improcedente o lançamento, porque entendeu que a hipótese fática do fato gerador da obrigação principal não foi devidamente delineada de forma clara e precisa nos autos, mas em nenhum momento afirmou a nãoocorrência do fato gerador, ou seja, a ausência do motivo do lançamento. Na hipótese em apreço, a ausência de motivação, vício apontado pelo colegiado como causa de nulidade do lançamento, a toda vista, não pode ser considerado como de natureza material, pois se assim fosse estarsea afirmando que o motivo (fato jurídico) nunca existiu; a.5) Assim, se se cogitar de vício no lançamento, devese ter como vício formal (na formalização do ato do lançamento), tendo em vista que a suposta falha ocorreu tão somente na exteriorização do ato do lançamento, cabível a convalidação no mesmo, na forma do art. 55 da Lei no. 9.784, de 1999, que se harmoniza com os arts. 59 e 60 do Decreto no. 70235, de 1972, já anteriormente citados. Fl. 3016DF CARF MF Processo nº 10920.003215/201034 Acórdão n.º 9202004.644 CSRFT2 Fl. 3.017 6 Conclui no sentido de que não houve o vício proclamado pela decisão recorrida e, se vício houve no lançamento, o que se admite apenas por amor ao debate, este seria de natureza formal a ensejar a nulidade do lançamento e não sua improcedência. b) Quanto à caracterização do vínculo empregatício: Alega a recorrente divergência em relação ao decidido, em 02/12/2009, no Acórdão 2302000.308, de lavra da 2a. Turma Ordinária da 3a. Câmara da 2a. Seção deste CARF, de ementa e decisão a seguir transcritas: Acórdão 230200.308 ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 03/07/2006 CARACTERIZAÇÃO EMPREGADO, VÍCIO NO RELATÓRIO FISCAL, INCOMPLETO. Não se pode confundir o órgão fiscalizador com o julgador. Cabe à Receita Federal fiscalizar e lançar os tributos, e cabe ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF a tarefa de verificar a regularidade da decisão de primeira instância, e não efetuar ou complementar o lançamento.A formalização do auto de infração tem como elementos os previstos no art. 10 do Decreto nº 70.235. O erro, a depender do grau, em qualquer dos elementos pode acarretar a nulidade do ato por vicio formal. Entre os elementos obrigatórios no auto de infração consta a descrição do fato (art. 10, inciso III do Decreto n 70,235). A descrição implica a exposição circunstanciada e minuciosa do fato gerador, devendo ter os elementos suficientes para demonstração, de pelo menos, da verossimilhança das alegações do Fisco. De acordo com o princípio da persuasão racional do julgador, o que deve ser buscado com a prova produzida no processo é a verdade possível, isto é, aquela suficiente para o convencimento do juízo.Auto de infração anulado. Crédito Tributário Exonerado. Decisão: por unanimidade de votos, em anular o auto de infração, nos termos do voto do relator. O Conselheiro Manoel Coelho Arruda Junior acompanhou o relator somente nas conclusões. Entendeu que se configurou o vicio material. Quanto à matéria, alega a Fazenda Nacional recorrente que, em se tratando da ausência de demonstração do pressuposto da subordinação jurídica para a caracterização do vínculo empregatício, acórdão recorrido e paradigma divergiram: enquanto a decisão hostilizada entendeu que, por se tratar de mácula na descrição do fato gerador, tal vício ensejaria a improcedência da autuação, o paradigma a tratou como preliminar de nulidade e, prosseguindo, entendeu que tal vício renderia ensejo à nulidade do lançamento por vício formal. Cabíveis aqui, ainda, os argumentos constantes dos itens "a.1" a "a.5" supra. Fl. 3017DF CARF MF Processo nº 10920.003215/201034 Acórdão n.º 9202004.644 CSRFT2 Fl. 3.018 7 Requer assim, o conhecimento do recurso e seu provimento, a fim de que seja dado total provimento ao presente recurso, para reformar o acórdão recorrido restabelecendose o lançamento em sua integralidade. Subsidiariamente, caso não acatado o pedido formulado no item antecedente, seja anulado o lançamento por vício formal. Encaminhados os autos ao contribuinte para fins de ciência ocorrida em 19/04/16 (efl. 3.010), esta não apresentou, nos presentes autos, contrarrazões ou Recurso Especial de sua iniciativa. É o relatório. Voto Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior, Relator Pelo que consta no processo quanto à sua tempestividade, às devidas apresentação de paradigmas e indicação de divergência, o recurso atende a estes requisitos de admissibilidade. Quanto à admissibilidade, faço notar que: a) Nítido, a partir dos trechos abaixo do voto vencedor do recorrido que, para as situações para as quais se deu provimento ao Recurso Voluntário, não se convenceu o Colegiado a quo da ocorrência dos fato geradores em litígio, devido à deficiência na descrição daqueles, verbis: (...) Tenho entendido que os vícios situados nos pressupostos e condições do lançamento acarretam em declaração de vício formal do mesmo ou no seu saneamento, caso possível. Nessas situações, o ato pode ser refeito, sem alteração nos seus aspectos substanciais, posto que a falha localizase em elemento exterior ao lançamento. Ao contrário, quando a mácula situase nos requisitos do lançamento, devese fulminálo por vício material, quando a autoridade julgadora esteja convencida de que efetivamente ocorreu o fato gerador, todavia, houve falha na sua descrição, no cálculo do tributo ou na identificação do sujeito passivo. (...) Nas duas situações, portanto, estamos diante de mácula em requisito do ato de lançamento, qual seja na descrição do fato gerador, a qual não trouxe ao julgador a convicção quanto à ocorrência dos fatos geradores. Assim, tomando como referência os aspectos teóricos acima apresentados, posicionome pela invalidade parcial do lançamento da mesma forma que a Relatora, todavia, não por vício formal, mas por improcedência parcial das contribuições lançadas. Fl. 3018DF CARF MF Processo nº 10920.003215/201034 Acórdão n.º 9202004.644 CSRFT2 Fl. 3.019 8 Ou seja, se trata, aqui no recorrido, a descrição dos fatos geradores como elemento necessário à convicção da ocorrência daqueles fatos geradores, resultando de mácula naquela descrição, além de uma mera falha, a improcedência quanto aos valores em litígio. No caso do primeiro paradigma (Acórdão no. 20309.332), o que se tem é a mesma incompletude na descrição dos fatos geradores, à qual se atribuiu a natureza de vício formal, daí podendo se depreender que também no caso em questão, repitase, fundamentada, pelo recorrido, a não convicção da ocorrência dos fatos geradores pela mácula na descrição dos fatos geradores, também estabelecesse o Colegiado paradigmático a mesma consequência, qual seja, a decretação de nulidade por vício formal e não sua improcedência parcial. Daí plenamente caracterizada a divergência interpretativa quanto à primeira matéria admitida (improcedência do lançamento quanto aos valores pagos por fora), uma vez que, enquanto no paradigma se estabelece o critério jurídico de atribuir à incompletude na descrição do fato gerador a consequência de decretação de nulidade por vício formal, no recorrido se estabeleceu, a partir de mácula em tal descrição, a improcedência do lançamento referente à empresa PL Contábil e aos levantamentos 41 a 56 e 62. Ainda, agora quanto aos segundos paradigma e matéria em análise (Acórdão no. 230200.308), o referido decisum é bastante claro em estabelecer que, no caso de falta de existência de motivo (ali estabelecido como sinônimo de ocorrência do fato gerador), a consequência jurídica seria a nulidade do auto por vício formal e não a improcedência do lançamento (vide último parágrafo de fl. 2 do referido Acórdão). Daí nitidamente caracterizada a diferença de critérios jurídicos também quanto à matéria de caracterização de vínculo empregatício; b) Quanto ao requisito de demonstração analítica da divergência, o posicionamento esposado por esta Turma é no sentido de conhecer do Recurso Especial, seja ele do contribuinte ou da Fazenda Nacional, sempre que se possa depreender a divergência arguída a partir do teor da argumentação recursal, o que se observa nos presentes autos; c) A superação da tese para fins de eventual não seguimento de Recurso Especial só se dá através da edição de Súmula deste CARF contrária àquela tese, consoante art. 65, §3o. do anexo II ao Regimento Interno deste CARF em vigor, não se encontrando, porém, a questão em litígio na situação acima. Assim, não se trata a argumentação da recorrente de tese superada simplesmente por haver julgados no âmbito desta CSRF, em outros autos, em sentido contrário ao ali esposado Assim, conheço do Recurso Especial e passo à análise de mérito, quanto às matérias admitidas. Inicialmente, faço notar que, quanto à distinção entre vício formal e material, alinhome aqui à corrente que os distingue baseado nas noções de norma introdutora e norma introduzida, de lição de Paulo de Barros Carvalho e muito bem resumida pela Conselheira Celia Maria de Souza Murphy, no âmbito do Acórdão 2101002.191, de lavra da 1a. Turma Ordinária da 1a. Cãmara da 2a. Seção de Julgamento e datado de 15 de maio de 2013, expressis verbis: "(...) Fl. 3019DF CARF MF Processo nº 10920.003215/201034 Acórdão n.º 9202004.644 CSRFT2 Fl. 3.020 9 O tema dos vícios material e formal está intrinsecamente relacionado com o processo de positivação do direito. Tomamos por premissa que o direito positivo é um sistema de normas, regidas por um princípio unitário, no qual normas jurídicas, seus elementos, relacionados entre si, são inseridas e excluídas a todo instante. As normas jurídicas são inseridas no sistema do direito positivo de acordo com regras que o próprio sistema produz. É uma norma que estipula qual é o órgão autorizado a inserir normas no sistema do direito positivo e qual o procedimento para que isso se faça. Toda norma jurídica introduzida no sistema do direito positivo o é por meio de uma norma introdutora. As normas sempre andam aos pares: norma introdutora e norma introduzida, tal como leciona Paulo de Barros Carvalho. A norma introdutora espelha o seu próprio processo de produção; a introduzida regula a uma conduta (que pode ser, inclusive, a produção de outra norma). Nesse sentido, seguindo os ensinamentos de Kelsen, são de direito formal as normas que cuidam da organização e do processo de produção de outras normas; de direito material são as normas que determinam o conteúdo desses atos, isto é, regulam o comportamento humano propriamente dito. O lançamento, norma jurídica que é, não foge à regra: compõese de norma introdutora e norma introduzida. Na norma introdutora fica demonstrado o procedimento que o agente público, autorizado a inserir no ordenamento jurídico a norma individual e concreta que aplica a regramatriz de incidência tributária, seguiu para produzila. A norma introduzida é a própria aplicação da regramatriz. A primeira norma trata da forma; a segunda, da matéria. No lançamento, a norma introdutora tem a ver com o procedimento ao qual alude o artigo 142 da Lei n.° 5.172, de 1966 (Código Tributário Nacional) e as normas de Direito Administrativo, que se completa com a norma introduzida, que efetivamente aplica a regramatriz de incidência. Feitas essas considerações, resta analisar em que ponto se identifica o vício do lançamento perpetrado no presente processo, se no processo de produção do ato administrativo do lançamento ou se na aplicação da regramatriz de incidência tributária. Se na norma introdutora, tratase de erro formal; se na norma introduzida, é erro material. (...) A regramatriz de incidência, como ensina Paulo de Barros Carvalho, é norma jurídica em sentido estrito que institui o tributo, e compõese de antecedente e conseqüente. No antecedente, temos os critérios material, espacial e temporal. No conseqüente, os critérios pessoal (sujeitos ativo e passivo) e Fl. 3020DF CARF MF Processo nº 10920.003215/201034 Acórdão n.º 9202004.644 CSRFT2 Fl. 3.021 10 critério quantitativo (base de cálculo e alíquota). Analisamos, a seguir, a aplicação de cada um deles no lançamento em debate. (...)" Aplicando tais considerações ao caso em tela, verifico que: a) Quanto à exclusão dos levantamentos em que houve a aferição indireta dos salários pagos "por fora" (efls. 4779 e seguintes do Processo 10920.003212/201009): A partir da análise dos elementos de efls. 6644 a 6661 do Processo 10920.003212/201009 (em especial os indícios de efls. 6646 a 6661 daqueles autos), verifico ter sido produzida, nos autos, robusta prova indiciária acerca da praxe da empresa de realização de pagamentos "por fora" da contabilidade, em adição à remuneração paga pela autuada, inexistindo qualquer dúvida quanto à correta aplicação da regra matriz de incidência em seus critérios material, espacial, temporal e pessoal. Especificamente quanto ao critério quantitativo, ressalto que, quanto à utilização do percentual de 15%, foi muito feliz o auditor em respaldar o procedimento como amplamente favorável ao contribuinte, na forma de excerto de efls. 6659 a 6661 dos autos do Processo 10920.003212/201009, verbis: 855. Pois bem, uma vez constatado e comprovado que a empresa TRANSMAGNA TRANSPORTES LTDA não registrou em sua contabilidade, nem na contabilidade que elaborou em nome das supostas "empresas" fictícias relacionadas neste relatório fiscal, o movimento real das remunerações pagas aos segurados a seu serviço, restou a esta auditoria aplicar o § 6°, do Artigo 33, da Lei 8.212/91, com vistas a apurar por meio de aferição indireta o montante das contribuições previdenciárias efetivamente devidas pelo sujeito passivo. 856. Assim, para aferição dos valores das remunerações oficiosamente pagas foi estabelecido pela autoridade fiscal o percentual de 15% sobre os valores de todas as remunerações formalmente informadas pela empresa TRANSMAGNA TRANSPORTES LTDA nos documentos elaborados em seus CNPJ e/ou nos CNPJ das "empresas" fictícias relacionadas no presente relatório fiscal. 857. Portanto, o percentual de 15%, acima mencionado, foi aplicado sobre os valores das remunerações inseridas pela empresa nas GFIP elaboradas em seus CNPJ, bem como, nos CNPJ das supostas "empresas" fictícias. Na ausência destes documentos em determinada competência e/ou CNPJ, e existindo folhas de pagamento correspondentes, o referido percentual foi aplicado sobre os valores inseridos nestes documentos. E finalmente, na ausência de GFIP(s) e folhas de pagamento, o percentual de 15% foi aplicado sobre os valores inseridos pela empresa nas RAIS. 858. Cabe esclarecer que o percentual de 15% sobre os valores das remunerações oficiais pagas pela empresa TRANSMAGNA TRANSPORTES LTDA, utilizado por esta auditoria como Fl. 3021DF CARF MF Processo nº 10920.003215/201034 Acórdão n.º 9202004.644 CSRFT2 Fl. 3.022 11 parâmetro de aferição indireta das remunerações oficiosas pagas pela mencionada empresa, foi adotado pela ausência, no caso concreto, de outro critério que esta autoridade julgasse mais e apropriado, sendo ele, digase de passagem, extremamente conservador. 859. De fato, a experiência de muitos anos de trabalho deste Auditor Fiscal habilitao a afirmar com absoluta tranqüilidade que determinada empresa, ao decidir trilhar pelo caminho da evasão fiscal através da pratica freqüente e continua (modus operandi) do pagamento de remuneração oficiosa ao segurados a seu serviço, nunca o faz em percentual inferior ao que esta Auditoria adotou como parâmetro de aferição. 860. Ademais, vimos que nos casos concretos identificados na presente ação fiscal, os pagamentos de remunerações oficiosas atingiram percentuais bem superiores a 100% da remuneração oficialmente declarada, quando o seu destinatário era umdos gerentes de filial da TRANSMAGNA, utilizados fraudulentamente como "sócioslaranjas" nas "empresas" fictícias. 861. Contudo, em situação outrora relatada, no qual a Justiça reconheceu o pagamento "por fora" envolvendo um funcionário ocupante do cargo de motorista, o percentual reconhecido pelo Poder Judiciário é ainda relevante, mas cai para pouco mais de 40% do salário oficialmente declarado (vide página 310 deste relatório). 862. Realmente, na pratica, é comum a redução gradativa do percentual de remuneração oficiosa paga aos segurados em relação as respectivas remunerações oficialmente registradas, à medida que o nível do cargo na estrutura da empresa decresce, não podendo se descartar até mesmo a possibilidade de que alguns cargos (normalmente os cargos da base das tabelas remuneratórias) nem recebam os chamados salários "por fora". 863. Mas enfim, ainda que haja situações extremas, isto é, cargos que recebam percentuais exorbitantes de salários oficiosos e cargos que não recebam tal tipo de remuneração, esta auditoria tem plena convicção de que o percentual de 15% aplicado sobre os valores totais das remunerações oficialmente informadas, com vistas a aferir indiretamente o valor total das remunerações oficiosamente pagas, considerando, então, um cargo pelo outro, é muito coerente e porque não dizer, bastante conservador. 864. A propósito, a pegar pela média dos casos concretamente identificados e comprovados, este percentual seria muito mais elevado. Contudo, esta auditoria não crê que este fosse o caminho mais acertado e justo para resolver a questão. Não temos dúvida, pois, que o § 6°, do artigo 33, da Lei 8.212/91, deve ser mesmo e indiscutivelmente aplicado, sempre que a contabilidade da empresa não registre o movimento real das remunerações, mas sempre cuidando para que haja razoabilidade. Fl. 3022DF CARF MF Processo nº 10920.003215/201034 Acórdão n.º 9202004.644 CSRFT2 Fl. 3.023 12 865. Os valores das remunerações oficialmente registradas, bem como das remunerações oficiosas aferidas indiretamente por esta auditoria, constam dos quadros correspondentes aos doc. CCL)000/11, CCLJOO(VIII e CCLXXXIX, anexos, e também do Relatório denominado "DISCRIMINATIVO DO DÉBITO" (doc. III), consoante será melhor abordado no capitulo VII — "DO LEVANTAMENTO DO DÉBITO". A propósito, estabelece o art. 33, §6o. da Lei no. 8.212, de 24 de junho de 1991: Lei 8.212/91 Art. 33 (...) (...) § 6º Se, no exame da escrituração contábil e de qualquer outro documento da empresa, a fiscalização constatar que a contabilidade não registra o movimento real de remuneração dos segurados a seu serviço, do faturamento e do lucro, serão apuradas, por aferição indireta, as contribuições efetivamente devidas, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário. Tratase aqui, assim, da fixação do percentual em 15% de utilização, pela autoridade fiscal, de prerrogativa legalmente estabelecida, de forma correta (vide, em detalhes, efls. 4779 e seguintes), a partir de existência de robustas provas indiciárias, não havendo que se falar, aqui, em vício na aplicação da regra matriz de incidência (norma introdutora), sendo de se descartar, assim, a ocorrência de vício material. A propósito, ainda, que, notese, entenda este Conselheiro não ter se observado nos autos qualquer cerceamento do direito de defesa do contribuinte quanto à matéria, em especial a partir da detalhada fundamentação acima reproduzida (estabelecido legalmente, ainda caber, in casu, à empresa o ônus da prova em contrário), entendo que a possível inexistência de vício gerador de nulidade não mais se encontra em litígio, uma vez rejeitada a admissibilidade quanto à primeira matéria apresentada pela Recorrente em seu pleito, fazendo com que a nulidade por cerceamento de defesa constatada pelo Colegiado a quo se trate de matéria transitada em julgado. Destarte, adoto aqui como razão de decidir a conclusão de efl. 7836, do voto vencido da Relatora no âmbito do Processo 10920.003212/201009, para concluir, quanto aos levantamentos abrangendo os pagamentos "por fora", pela existência de nulidade por vício formal, verbis: "(...) Quanto a este ponto entendo que restou constatado a prática de pagamentos por fora, porém entendo que o auto de infração carece de mais elementos que pudessem, primeiramente atribuir com certeza o percentual desse pagamento por fora, em relação a todos os empregados da empresa TRANSMAGNA, inclusive em relação aos trabalhadores originalmente vinculados as empresas fictícias e que por ocasião do procedimento fiscal, Fl. 3023DF CARF MF Processo nº 10920.003215/201034 Acórdão n.º 9202004.644 CSRFT2 Fl. 3.024 13 acabaram por vinculados na condição de empregados para efeitos previdenciários a empresa TRANSMAGNA. Com isso não estou atribuindo razão ao recorrente no sentido de que os pagamentos não existiram, posto o indício trazido pelo auditor, mas que entendo que que o arbitramento de 15% da base de cálculo paga a todos os empregados não encontrase devidamente demonstrada, ensejando o cerceamento do direito de defesa, razão porque excluo do lançamento os levantamentos 41 ao 56 e 62 por vício formal na constituição do lançamento, pela falta da devida indicação dos argumentos para extensão do arbitramento a totalidade de empregados. (...)" Assim, quanto à matéria, dou provimento parcial ao Recurso Especial da Fazenda Nacional, para declarar a nulidade por vício formal do lançamento no que diz respeito à tributação referente aos levantamentos 41 a 56 e 62. b) quanto à exclusão dos valores de remuneração dos empregados da empresa PL Contábil (por não caracterização de subordinação jurídica): Entendo que, aqui, dependeria a correta aplicação das regras matriz de incidência em questão (resumida no art. 274, caput e §1o. do Decreto no. 3.048, de 06 de maio de 1999 e, ainda, no DecretoLei no. 1.146, de 31 de dezembro de 1970, art. 1o. inciso I, item 2 e art. 3o.) da caracterização (ainda que através de provas indiciárias) de subordinação jurídica dos empregados da empresa PL Contábil à autuada, de forma a que, uma vez comprovado o liame empregatício, se pudesse caracterizálos como empregados da autuada, dando azo à aplicação dos dispositivos citados. Quanto a tal caracterização, acedo aqui ao mesmo posicionamento do voto vencido do recorrido, de efls. 7831, verbis: (..) Contudo, nesse ponto não concordo com a ilustre autoridade fiscal em determinar o vínculo dos empregados da empresa PL contábil a empresa TRANSMAGNA, pelo simples fato que não foi possível identificar subordinação jurídica dos empregados da PL com a empresa notificada. Analisei de forma detalhada a narrativa da autoridade fiscal, quanto ao patrimônio da empresa PL, porém faltou quanto a este ponto, identificar o direcionamento gerencial contínuo da empresa TRANSMAGNA em relação a empresa PL, posto tratarse de atividade meio, em sede diversa da empresa notificada, sem que restasse demonstrada a “confusão de prestação de serviços” tão bem demonstrada pelo auditor em relação a todas essas empresas fictícias de serviços de transporte. Dessa forma, entendo deva ser excluído do lançamento o levantamento referente aos empregados formalmente vinculados a empresa PL contábil. Verifico que, ainda que os indícios descritos pela autoridade fiscal em seu relatório de fls. 4750 e seguintes do Processo 10920.003212/201009 produzissem robusta prova indiciária no sentido de se tratar a PL contábil de empresa cujo patrimônio é de procedência duvidosa, tais indícios são insuficientes para que se possa estabelecer se tratarem Fl. 3024DF CARF MF Processo nº 10920.003215/201034 Acórdão n.º 9202004.644 CSRFT2 Fl. 3.025 14 os empregados daquela empresa, em realidade, de empregados da Transmagna Transporte Ltda. Ainda a propósito, mas agora contrariamente ao estabelecido naquele mesmo voto vencido, entendo que, em não havendo tal comprovação do requisito de subordinação jurídica (requisito necessário à caracterização de segurado empregado da autuado), nem mesmo através de provas indiciárias, restou desrespeitado, quanto aos valores de remuneração de empregados da PL contábil. o critério material das hipóteses de incidência citadas, bem assim seu critério pessoal (uma vez que não demonstrado que o sujeito passivo aqui objeto de lançamento se revestia da qualidade de empregador dos supostos empregados), daí caracterizado, em meu entendimento, vício material no lançamento quanto a tais valores. Ou seja, a partir das considerações acima, julgo se estar, quanto aos valores de remuneração dos empregados da empresa PL Contábil, na seara de incorreção na norma introduzida, ou seja, na aplicação da regra matriz de incidência, uma vez que não se identifica, nos autos, elementos capazes de estabelecer a subordinação jurídica dos empregados daquela empresa à Transmagna Transportes Ltda., e, assim, me posiciono que houve, nos autos, quanto a tais valores, nulidade decorrente de vício de natureza material, acarretando a insubsistência (improcedência) do auto de infração. Diante do exposto, quanto a esta segunda matéria conhecida, me posiciono no sentido de negar provimento ao recurso da Fazenda Nacional. Conclusão: Diante do exposto, voto por conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional, para, no mérito, darlhe provimento parcial, para declarar a nulidade por vício formal do lançamento referente aos levantamentos 41 a 56 e 62 da NFLD em análise. É como voto. (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior Declaração de Voto Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Concordando integralmente com o voto do ilustre relator, que ao meu ver, conseguiu de forma muito objetiva e eficiente destacar as diferenças entre vício material e vício formal, a presente declaração tem por objetivo, apenas, esclarecer minha mudança de posicionamento quando a ter excluído no acórdão recorrido o levantamento "PL Consultoria" por vício formal e, agora, ter concordado com a aplicação da tese de tratarse de vício material. Fl. 3025DF CARF MF Processo nº 10920.003215/201034 Acórdão n.º 9202004.644 CSRFT2 Fl. 3.026 15 Na verdade meu posicionamento acerca do que entendo ser vício formal ou material mantémse o mesmo, qual seja, entendo que a falta da descrição pormenorizada no relatório fiscal levaria a anulação da NFLD por vício formal, por se tratar do não preenchimento de todas as formalidades necessárias a validação do ato administrativo, conforme destaco abaixo em trecho já presente no meu voto vencido do acórdão recorrido: No lançamento fiscal o motivo é a ocorrência do fato gerador, esse inexistindo torna improcedente o lançamento, não havendo como ser sanado, pois sem fato gerador não há obrigação tributária. Agora, a motivação é a expressão dos motivos, é a tradução para o papel da realidade encontrada pela fiscalização. Logo, se há falha na motivação, o vício é formal, se houver falha no pressuposto de fato ou de direito, o vício é material. Como exemplo nas contribuições previdenciárias: se houve lançamento enquadrando o segurado como empregado, mas com as provas contidas nos autos é possível afirmar que se trata de contribuinte individual, há falha no pressupostos de fato e de direito. Agora, se houve lançamento como empregado, mas o relatório fiscal falhou na caracterização; entendo que haveria falha na motivação; devendo o lançamento ser anulado por vício formal. A autoridade julgadora deverá analisar a observância dos requisitos formais do lançamento, previstos no art. 37 da Lei n ° 8.212. Nessa concepção, no eu entender, o vício material confundise com o próprio provimento do recurso, posto que a fiscalização, com as informações constantes do autos não conseguiu provar a ocorrência do fato gerador, ou seja, no caso concreto não foram apresentados elementos suficientes para determinar a vinculação dos empregados da PL com a empresa Transmagna, razão pela qual deve ser anulado esse ponto por vício material, como encaminhou o relator. (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Viera Fl. 3026DF CARF MF
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Numero do processo: 16561.000154/2008-41
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 10 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Sep 19 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2003, 2004, 2005
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. LAPSO MANIFESTO.
Verificada a ocorrência de lapso manifesto no acórdão embargado, acolhem-se os embargos de declaração para sanar o vício apontado.
Numero da decisão: 1302-001.956
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, Por unanimidade de votos, em CONHECER e ACOLHER os embargos inominados para sanar o lapso manifesto, nos termos do voto do relator.
MARCOS ANTONIO NEPOMUCENO FEITOSA - Relator.
(assinado digitalmente)
LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO - Presidente.
(assinado digitalmente)
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente), Alberto Pinto Souza Júnior, Ana de Barros Fernandes Wipprich, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa (Relator), Marcelo Calheiros Soriano, Rogério Aparecido Gil e Talita Pimenta Félix.
Nome do relator: MARCOS ANTONIO NEPOMUCENO FEITOSA
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LAPSO MANIFESTO. Verificada a ocorrência de lapso manifesto no acórdão embargado, acolhem se os embargos de declaração para sanar o vício apontado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, Por unanimidade de votos, em CONHECER e ACOLHER os embargos inominados para sanar o lapso manifesto, nos termos do voto do relator. MARCOS ANTONIO NEPOMUCENO FEITOSA Relator. (assinado digitalmente) LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Presidente. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 56 1. 00 01 54 /2 00 8- 41 Fl. 849DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por MARCOS ANTONIO NEPOMUCENO FEITOSA, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por MARCOS ANTONIO NEPOMUCENO FEITOSA, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por LUIZ TA DEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16561.000154/200841 Acórdão n.º 1302001.956 S1‐C3T2 Fl. 850 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente), Alberto Pinto Souza Júnior, Ana de Barros Fernandes Wipprich, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa (Relator), Marcelo Calheiros Soriano, Rogério Aparecido Gil e Talita Pimenta Félix. Relatório Na sessão plenária de 16 de janeiro de 2012, a 2ª Turma da 3ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento deste Conselho, julgou o recurso voluntário interposto nestes autos. A decisão foi formalizada por meio do Acórdão nº 1302000.815, assim ementado: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2003, 2004, 2005 Ementa: LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR POR PESSOAS JURÍDICAS NO PAÍS. CONTROLADAS/COLIGADAS NO EXTERIOR. IRPJ E CSLL. Os lucros auferidos no exterior, por intermédio de filiais, sucursais, controladas ou coligadas serão adicionados ao lucro líquido para determinação do lucro real correspondente ao balanço levantado no dia 31 de dezembro do anocalendário em que tiverem sido disponibilizados para a pessoa jurídica domiciliada no Brasil. LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR POR PESSOAS JURÍDICAS NO PAÍS. VERDADE MATERIAL. Caracterizado o pagamento de IR sobre os lucros auferidos no exterior com a comprovação de material probatório em consonância com os requisitos e formalidades exigidos pela legislação de regência, tornase eficaz as compensações até o valor comprovado. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL. A decisão proferida no lançamento principal aplicase, no que couber, aos demais lançamentos reflexivos, face à relação de causa e efeito que os vincula. RESPONSABILIDADE POR INFRAÇÕES. Fl. 850DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por MARCOS ANTONIO NEPOMUCENO FEITOSA, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por MARCOS ANTONIO NEPOMUCENO FEITOSA, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por LUIZ TA DEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16561.000154/200841 Acórdão n.º 1302001.956 S1‐C3T2 Fl. 851 3 A responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato. MULTA DE OFICIO. APLICABILIDADE. A aplicação da multa de ofício, decorrente de infrações identificadas no transcurso de procedimento de fiscalização, provém de vinculação ao princípio da legalidade que se encontra adstrita à Administração Tributária Federal, cabendo restritamente à autoridade administrativa imputála na forma da legislação de regência. PRELIMINAR. NULIDADE. INCONSISTÊNCIAS VINCULADAS A LAVRATURA DO AUTO DE INFRAÇÃO. É incabível a argüição de nulidade dos autos de infração, no qual os atos encontramse revestidos de suas formalidades essenciais e desde que as infrações encontremse perfeitamente identificadas e evidenciadas no lançamento constituído em estrita observância aos pressupostos e preceitos legais. A Procuradoria da Fazenda Nacional opôs embargos de declaração apontando obscuridade acerca da localização dos documentos que autorizaram a admissibilidade da dedução do imposto pago no exterior, bem como omissões acerca das razões que se prestaram a afastar as conclusões da autoridade julgadora de 1ª instância neste ponto (fls. 822/833). Por meio do Acórdão nº 1302001.268, os embargos foram conhecidos e acolhidos, mas sem efeitos infringentes. Esclareceuse que as provas de pagamento do tributo efetuado no exterior teriam sido juntadas à impugnação e admitidas como suficientes para comprovação (fls. 816/821). Cientificada do resultado, a Procuradoria da Fazenda Nacional não interpôs recurso especial (fls. 834/837). Os autos seguiram para a DICAT/DERAT/SP em 31/03/2014 e 12/11/2015 a Titular da Unidade opôs embargos inominados para que o Colegiado se manifeste: I quanto a possível inexatidão material da determinação contida no item 04 do voto do Conselheiro relator para que seja refeito o cálculo de compensações de prejuízos fiscais da controlada no exterior com o aproveitamento dos impostos comprovadamente recolhidos e, II que sejam Fl. 851DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por MARCOS ANTONIO NEPOMUCENO FEITOSA, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por MARCOS ANTONIO NEPOMUCENO FEITOSA, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por LUIZ TA DEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16561.000154/200841 Acórdão n.º 1302001.956 S1‐C3T2 Fl. 852 4 discriminados os valores passíveis de compensação nos respectivos anos calendários objeto da autuação. O lançamento formalizado nestes autos decorre de diversas infrações, sendo que as referentes a lucros no exterior foram assim sintetizadas no acórdão embargado: IRPJ [...] 002 Adições não computadas de lucro líquido na apuração do Lucro Real de lucros auferidos no exterior por empresa controlada. Fato Gerador 31/12/2004, Valor Tributável R$ 3.307.469,37. [...] 004 Glosa de compensação indevida de IR incidente no exterior, por não apresentação de requisitos legais necessários. Fato Gerador 31/12/2005. Valor Tributável R$ 1.864.000,00. 005 Inobservância do Regime de Escrituração. Postergação de reconhecimento de lucros auferidos no exterior na apuração do Lucro Real do AC 2005, que deveriam ter sido efetuadas nos AC de 2003 e 2004. Fatos Geradores 31/12/2003 e 31/12/2004. Valores Tributáveis R$ 526.061,19 e R$ 3.837.722,91. CSLL [...] 002 Ausência de adição ao lucro líquido na determinação da base de cálculo da CSLL, de lucros auferidos no exterior, por empresa controlada. Fato Gerador 31/12/2004, Valor Tributável R$ 3.307.469,37. [...] 004 Postergação do pagamento da CSLL, tendo em vista e extemporaneidade da adição dos lucros auferidos no exterior na apuração do lucro real do AC 2005, que deveria ter sido efetuada nos AC 2003 e 2004. Fatos Geradores 31/12/2003 e 31/12/2004, Valores Tributáveis R$ 2.598,34 e R$ 112.464,30. As alterações promovidas nas apurações do anocalendário 2003 também repercutiram na compensação, em 2004, do prejuízo e da base negativa antes apurados. Fl. 852DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por MARCOS ANTONIO NEPOMUCENO FEITOSA, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por MARCOS ANTONIO NEPOMUCENO FEITOSA, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por LUIZ TA DEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16561.000154/200841 Acórdão n.º 1302001.956 S1‐C3T2 Fl. 853 5 O Colegiado embargado negou provimento ao recurso voluntário relativamente às adições não computadas de lucro líquido na apuração do Lucro Real de lucros auferidos no exterior por empresa controlada (R$ 3.307.469,37) e à postergação de reconhecimento de lucros auferidos no exterior na apuração do Lucro Real do AC 2005, que deveriam ter sido efetuadas nos AC de 2003 e 2004 (R$ 526.061,19 e R$ 3.837.722,91), mantendo os correspondentes ajustes nas bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, bem como as glosas de compensação, em 2004, do prejuízo e da base negativa revisados no anocalendário 2003. Já com referência à glosa de compensação indevida de IR incidente no exterior, promovida no anocalendário 2005 (R$ 1.864.000,00), o Colegiado deu provimento parcial ao recurso voluntário nos seguintes termos: 04 – A glosa de compensação de Imposto de Renda incidente no exterior no valor de R$ 1.864.000,00 a título de Imposto Pago no Exterior sobre Lucros, Rendimentos e Ganhos de Capital deve ser mantida parcialmente já que foram anexadas cópias traduzidas e juramentadas dos pagamentos não entregues em fase de impugnação. Acompanho o decidido pela DRJ no sentido de só poderem ser aceitos pagamentos efetuados a partir do anocalendário de 2003, tendo em vista que os lucros auferidos no exterior só foram computados no lucro real em 31/12/2005. O art. 1º § 4º da Lei nº 9.532/97, estabelece que o imposto pago no exterior só poderá ser compensado com o imposto devido no Brasil se os lucros auferidos forem computados no lucro real e base de cálculo da CSLL até o final do segundo anocalendário subsequente ao de sua apuração. Diante disto aceito para compensação, que inclusive poderão ser aproveitados em exercícios posteriores o montante de R$ 2.617.871,35 recolhidos no exterior e convertidos para moeda nacional, na data do efetivo recolhimento, cujo comprovantes foram anexados aos autos, conforme quadro abaixo: [...] Diante das incorreções apuradas a fiscalização corretamente, pelo demonstrativo de fls. 97 do Termo de Verificação Fiscal, recalculou os Fl. 853DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por MARCOS ANTONIO NEPOMUCENO FEITOSA, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por MARCOS ANTONIO NEPOMUCENO FEITOSA, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por LUIZ TA DEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16561.000154/200841 Acórdão n.º 1302001.956 S1‐C3T2 Fl. 854 6 ajustes necessários na apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL, em conformidade com as regras estabelecidas na legislação pertinente. Com base nos valores ali apurados, fez as adições ao lucro líquido que a fiscalizada deveria ter promovido na apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL nos anoscalendário de 2003, 2004 e 2005, face à existência de lucros auferidos pela sua empresa controlada na Alemanha nos aludidos períodos, após compensação com o saldo de prejuízos acumulados de exercícios anteriores, em observância ao que prescreve o art. 10, § 1°, alínea "a", da Lei n° 9.532/97. Considerando a adição efetuada no anocalendário de 2005, no valor de R$ 10.633.000,00, a fiscalização empregou o montante de R$ 4.363.784,10 referente ao valor excedente à adição devida em 2005 no montante de R$ 6.269.215,90, apurada no demonstrativo citado – para abater as adições devidas em 2003 e 2004 e não efetuadas pela fiscalizada, respectivamente nos valores de R$ 526.061,19 e de R$ 7.145.192,28. Tendo em vista que o montante de R$ 4.363.784,10 mostrouse inferior às adições apuradas para 2003 e 2004, imputou esse valor adicionado a maior no anocalendário de 2005, para considerar efetuados extemporaneamente as adições de R$ 526.061,19 (ano calendário de 2003) e de R$ 3.837.722,91 (anocalendário de 2004). Desse procedimento, resulta ainda o valor de R$ 3.307.469,37 referente à adição apurada para o anocalendário de 2004 não alcançada pela imputação. Dessa forma, verificouse a ocorrência de duas infrações: Postergação de pagamento de IRPJ e CSLL incidentes sobre as adições de R$ 526.061,19 (anocalendário de 2003) e de R$ 3.837.722,91 (anocalendário de 2004), resultante da adição extemporânea no anocalendário de 2005, no montante de R$ 4.363.784,10; e Falta de adição na apuração do lucro real e base de cálculo da CSLL do anocalendário de 2004, no valor de R$ 3.307.469,37. Com base na planilha acima elaborada, deve ser refeito o cálculo de compensações de prejuízos da Kako GMBH & CO com o aproveitamento dos impostos comprovadamente recolhidos através da documentação anexada aos autos em sede de recurso voluntário nos termos da planilha acima elaborada. Fl. 854DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por MARCOS ANTONIO NEPOMUCENO FEITOSA, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por MARCOS ANTONIO NEPOMUCENO FEITOSA, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por LUIZ TA DEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16561.000154/200841 Acórdão n.º 1302001.956 S1‐C3T2 Fl. 855 7 Não se vislumbra no arrazoado precedente à conclusão qualquer justificativa para o demandado refazimento do cálculo de compensações de prejuízos. Há uma referência anterior ao fato de a Fiscalização ter considerado prejuízos acumulados de exercícios anteriores da controlada, porém, conforme consta do relatório do acórdão embargado, esta providência afetou apenas a apuração dos lucros no exterior que deveriam ter sido oferecidos à tributação em 2003 (R$ 526.061,19), 2004 (R$ 7.145.192,28) e 2005 (R$ 6.269.215,90), matéria que não sofreu reparos pelo Colegiado, como antes observado. A argumentação, como desenvolvida, permite concluir que o Conselheiro Relator admitiria a dedução, em 2005, de pagamentos de tributos promovidos no exterior a partir de 2003, mas uma vez verificada a prova de tais pagamentos a partir de 2005, validou a sua dedução em 2005, quando computado no lucro real os lucros auferidos no exterior, e eventualmente em exercícios posteriores. Todavia, na conclusão final do voto, ao invés de reportarse à dedução/compensação do tributo pago no exterior, o Conselheiro Relator determinou impropriamente que fosse refeito o cálculo de compensações de prejuízos da controlada. Em despacho exarado às fls.844/848 dos autos, a presidente da 3ª Câmara da 2ª Turma Ordinária admitiu os Embargos de Declaração opostos pela DERAT/SP, nos termos do art.65 §2º, e no art.49, §5º, ambos do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015. É o relatório. Voto Conselheiro MARCOS ANTONIO NEPOMUCENO FEITOSA. Os embargos atendem os requisitos de admissibilidade, de acordo com o despacho exarado às fls.844/848 dos autos, por isso deles conheço. De acordo com o recurso em análise, pleiteia a Embargante que este Colegiado se manifeste: I quanto a possível inexatidão material da determinação contida no item 04 do voto do Conselheiro relator para que seja refeito o cálculo de compensações de prejuízos fiscais da controlada no exterior com o aproveitamento dos impostos Fl. 855DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por MARCOS ANTONIO NEPOMUCENO FEITOSA, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por MARCOS ANTONIO NEPOMUCENO FEITOSA, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por LUIZ TA DEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16561.000154/200841 Acórdão n.º 1302001.956 S1‐C3T2 Fl. 856 8 comprovadamente recolhidos e, II que sejam discriminados os valores passíveis de compensação nos respectivos anos calendários objeto da autuação. De fato existe inexatidão material no acórdão ora embargado, conforme retratado no despacho de admissibilidade dos Embargos em apreço, litteris: Com base na planilha acima elaborada, deve ser refeito o cálculo de compensações de prejuízos da Kako GMBH & CO com o aproveitamento dos impostos comprovadamente recolhidos através da documentação anexada aos autos em sede de recurso voluntário nos termos da planilha acima elaborada. (destacouse) Não se vislumbra no arrazoado precedente à conclusão qualquer justificativa para o demandado refazimento do cálculo de compensações de prejuízos. Há uma referência anterior ao fato de a Fiscalização ter considerado prejuízos acumulados de exercícios anteriores da controlada, porém, conforme consta do relatório do acórdão embargado, esta providência afetou apenas a apuração dos lucros no exterior que deveriam ter sido oferecidos à tributação em 2003 (R$ 526.061,19), 2004 (R$ 7.145.192,28) e 2005 (R$ 6.269.215,90), matéria que não sofreu reparos pelo Colegiado, como antes observado. A argumentação, como desenvolvida, permite concluir que o Conselheiro Relator admitiria a dedução, em 2005, de pagamentos de tributos promovidos no exterior a partir de 2003, mas uma vez verificada a prova de tais pagamentos a partir de 2005, validou a sua dedução em 2005, quando computado no lucro real os lucros auferidos no exterior, e eventualmente em exercícios posteriores. Todavia, na conclusão final do voto, ao invés de reportarse à dedução/compensação do tributo pago no exterior, o Conselheiro Relator determinou impropriamente que fosse refeito o cálculo de compensações de prejuízos da controlada. Logo, o acordão embargado deve ser aditado afim de evidenciar que a dedução, em 2005, de pagamentos de tributos promovidos no exterior a partir de 2003, só poderão ser deduzidos em 2005, quando computado no lucro real os lucros auferidos no exterior, e eventualmente em exercícios posteriores, desde que verificadas a prova de tais pagamentos, Fl. 856DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por MARCOS ANTONIO NEPOMUCENO FEITOSA, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por MARCOS ANTONIO NEPOMUCENO FEITOSA, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por LUIZ TA DEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16561.000154/200841 Acórdão n.º 1302001.956 S1‐C3T2 Fl. 857 9 afastandose a possibilidade de elaboração de novo cálculo de compensações de prejuízos da controlada. Quanto aos valores passíveis de compensação nos respectivos anos calendários objeto da autuação, o acordão embargado às fls. 811/812 dos autos é bastante elucidativo em relação ao montante creditório que deverá ser aproveitado nos respectivos anos calendários objeto da autuação. Senão vejamos: Fl. 857DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por MARCOS ANTONIO NEPOMUCENO FEITOSA, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por MARCOS ANTONIO NEPOMUCENO FEITOSA, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por LUIZ TA DEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16561.000154/200841 Acórdão n.º 1302001.956 S1‐C3T2 Fl. 858 10 Fl. 858DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por MARCOS ANTONIO NEPOMUCENO FEITOSA, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por MARCOS ANTONIO NEPOMUCENO FEITOSA, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por LUIZ TA DEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16561.000154/200841 Acórdão n.º 1302001.956 S1‐C3T2 Fl. 859 11 Diante do exposto, voto no sentido de ACOLHER os embargos de declaração e darlhes provimento para sanar a inexatidão material devida a lapso manifesto, afim de retificar o acordão embargado para estipular que a dedução, em 2005, de pagamentos de tributos promovidos no exterior a partir de 2003, só poderão ser deduzidos em 2005, quando computado no lucro real os lucros auferidos no exterior, e eventualmente em exercícios posteriores, desde que verificadas a prova de tais pagamentos, afastandose a possibilidade de elaboração de novo cálculo de compensações de prejuízos da controlada, como também esclarecer que os valores passíveis de compensação nos respectivos anoscalendários objeto da autuação são os discriminados na planilha constante às fls. 811/812 dos autos. É como voto. MARCOS ANTONIO NEPOMUCENO FEITOSA Relator Fl. 859DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por MARCOS ANTONIO NEPOMUCENO FEITOSA, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por MARCOS ANTONIO NEPOMUCENO FEITOSA, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por LUIZ TA DEU MATOSINHO MACHADO
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