Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (28,798)
- Segunda Câmara (27,777)
- Primeira Câmara (25,077)
- Segunda Turma Ordinária d (16,591)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,669)
- Primeira Turma Ordinária (15,222)
- Segunda Turma Ordinária d (15,172)
- Primeira Turma Ordinária (15,138)
- Primeira Turma Ordinária (14,941)
- Segunda Turma Ordinária d (13,751)
- Primeira Turma Ordinária (12,638)
- Primeira Turma Ordinária (11,706)
- Segunda Turma Ordinária d (11,624)
- Quarta Câmara (11,510)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (11,138)
- Quarta Câmara (81,248)
- Terceira Câmara (63,043)
- Segunda Câmara (50,463)
- Primeira Câmara (16,050)
- 3ª SEÇÃO (15,669)
- 2ª SEÇÃO (11,138)
- 1ª SEÇÃO (6,600)
- Pleno (786)
- Sexta Câmara (302)
- Sétima Câmara (172)
- Quinta Câmara (133)
- Oitava Câmara (123)
- Terceira Seção De Julgame (114,638)
- Segunda Seção de Julgamen (107,614)
- Primeira Seção de Julgame (70,765)
- Primeiro Conselho de Cont (49,033)
- Segundo Conselho de Contr (48,505)
- Câmara Superior de Recurs (37,001)
- Terceiro Conselho de Cont (25,920)
- IPI- processos NT - ressa (4,985)
- Outros imposto e contrib (4,458)
- PIS - ação fiscal (todas) (4,030)
- IRPF- auto de infração el (3,972)
- PIS - proc. que não vers (3,957)
- IRPJ - AF - lucro real (e (3,943)
- Cofins - ação fiscal (tod (3,810)
- Simples- proc. que não ve (3,681)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (3,040)
- IPI- processos NT- créd.p (2,235)
- IRPF- ação fiscal - omis. (2,215)
- Cofins- proc. que não ver (2,098)
- IRPJ - restituição e comp (2,087)
- Finsocial -proc. que não (1,996)
- IRPF- restituição - rendi (1,990)
- Não Informado (56,837)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (4,952)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,441)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (4,269)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,256)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,256)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (3,219)
- ROSALDO TREVISAN (3,165)
- HELCIO LAFETA REIS (3,149)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,146)
- Não se aplica (2,781)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,594)
- HONORIO ALBUQUERQUE DE BR (2,474)
- WILDERSON BOTTO (2,430)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,330)
- 2020 (41,075)
- 2021 (35,786)
- 2019 (30,944)
- 2018 (26,035)
- 2024 (25,829)
- 2012 (23,620)
- 2023 (22,451)
- 2014 (22,372)
- 2013 (21,085)
- 2011 (20,978)
- 2010 (18,056)
- 2008 (17,071)
- 2017 (16,838)
- 2009 (15,828)
- 2006 (15,267)
- 2009 (69,607)
- 2020 (39,854)
- 2021 (34,153)
- 2019 (30,464)
- 2023 (25,918)
- 2024 (23,874)
- 2014 (23,412)
- 2018 (23,139)
- 2013 (16,584)
- 2017 (16,398)
- 2008 (15,518)
- 2006 (14,846)
- 2022 (13,226)
- 2007 (13,011)
- 2005 (12,075)
Numero do processo: 10580.721196/2009-96
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Aug 26 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2005, 2006, 2007
DIFERENÇAS DE URV. NATUREZA.
As diferenças de URV incidentes sobre verbas salariais integram a remuneração mensal percebida pelo contribuinte. Compõem a renda auferida, nos termos do artigo 43 do Código Tributário Nacional, por caracterizarem rendimentos do trabalho.
RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. MOMENTO DA TRIBUTAÇÃO.
As diferenças de URV incidentes sobre verbas salariais, ainda que recebidas acumuladamente pelo contribuinte, devem ser tributadas pelo imposto sobre a renda com a aplicação das tabelas progressivas vigentes à época da aquisição dos rendimentos (meses em que foram apurados os rendimentos percebidos a menor), ou seja, de acordo com o regime de competência, consoante decidido pelo STF no âmbito do RE 614.406/RS.
INCIDÊNCIA DO IMPOSTO SOBRE OS JUROS RECEBIDOS.
Não são tributáveis os juros incidentes sobre verbas isentas ou não tributáveis, assim como os recebidos no contexto de perda do emprego. Na situação sob análise, não se estando diante de nenhuma destas duas hipóteses, trata-se de juros tributáveis.
Recurso Especial do Contribuinte Provido em Parte
Numero da decisão: 9202-004.096
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento parcial para determinar o cálculo do tributo sobre a verba recebida , inclusive juros, de acordo com o regime de competência, vencidos os conselheiros Gerson Macedo Guerra, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Maria Teresa Martínez López que lhe deram provimento integral.
(Assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente e Relator
EDITADO EM: 17/08/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201606
camara_s : 2ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 DIFERENÇAS DE URV. NATUREZA. As diferenças de URV incidentes sobre verbas salariais integram a remuneração mensal percebida pelo contribuinte. Compõem a renda auferida, nos termos do artigo 43 do Código Tributário Nacional, por caracterizarem rendimentos do trabalho. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. MOMENTO DA TRIBUTAÇÃO. As diferenças de URV incidentes sobre verbas salariais, ainda que recebidas acumuladamente pelo contribuinte, devem ser tributadas pelo imposto sobre a renda com a aplicação das tabelas progressivas vigentes à época da aquisição dos rendimentos (meses em que foram apurados os rendimentos percebidos a menor), ou seja, de acordo com o regime de competência, consoante decidido pelo STF no âmbito do RE 614.406/RS. INCIDÊNCIA DO IMPOSTO SOBRE OS JUROS RECEBIDOS. Não são tributáveis os juros incidentes sobre verbas isentas ou não tributáveis, assim como os recebidos no contexto de perda do emprego. Na situação sob análise, não se estando diante de nenhuma destas duas hipóteses, trata-se de juros tributáveis. Recurso Especial do Contribuinte Provido em Parte
turma_s : 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Fri Aug 26 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 10580.721196/2009-96
anomes_publicacao_s : 201608
conteudo_id_s : 5626236
dt_registro_atualizacao_tdt : Sat Aug 27 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 9202-004.096
nome_arquivo_s : Decisao_10580721196200996.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
nome_arquivo_pdf_s : 10580721196200996_5626236.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento parcial para determinar o cálculo do tributo sobre a verba recebida , inclusive juros, de acordo com o regime de competência, vencidos os conselheiros Gerson Macedo Guerra, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Maria Teresa Martínez López que lhe deram provimento integral. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente e Relator EDITADO EM: 17/08/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra.
dt_sessao_tdt : Tue Jun 21 00:00:00 UTC 2016
id : 6476756
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:51:52 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048688240099328
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 14; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1949; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 322 1 321 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10580.721196/200996 Recurso nº Especial do Contribuinte Acórdão nº 9202004.096 – 2ª Turma Sessão de 21 de junho de 2016 Matéria IRPF Recorrente CLAUDIO AUGUSTO DALTRO DE FREITAS Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 DIFERENÇAS DE URV. NATUREZA. As diferenças de URV incidentes sobre verbas salariais integram a remuneração mensal percebida pelo contribuinte. Compõem a renda auferida, nos termos do artigo 43 do Código Tributário Nacional, por caracterizarem rendimentos do trabalho. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. MOMENTO DA TRIBUTAÇÃO. As diferenças de URV incidentes sobre verbas salariais, ainda que recebidas acumuladamente pelo contribuinte, devem ser tributadas pelo imposto sobre a renda com a aplicação das tabelas progressivas vigentes à época da aquisição dos rendimentos (meses em que foram apurados os rendimentos percebidos a menor), ou seja, de acordo com o regime de competência, consoante decidido pelo STF no âmbito do RE 614.406/RS. INCIDÊNCIA DO IMPOSTO SOBRE OS JUROS RECEBIDOS. Não são tributáveis os juros incidentes sobre verbas isentas ou não tributáveis, assim como os recebidos no contexto de perda do emprego. Na situação sob análise, não se estando diante de nenhuma destas duas hipóteses, tratase de juros tributáveis. Recurso Especial do Contribuinte Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 11 96 /2 00 9- 96 Fl. 298DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento parcial para determinar o cálculo do tributo sobre a verba recebida , inclusive juros, de acordo com o regime de competência, vencidos os conselheiros Gerson Macedo Guerra, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Maria Teresa Martínez López que lhe deram provimento integral. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto – Presidente e Relator EDITADO EM: 17/08/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 10530.724190/200966. Tratase de Auto de infração lavrado contra o contribuinte em epígrafe para cobrança de IRPF sobre rendimentos auferidos do Tribunal de Justiça da Bahia, a título de valores indenizatórios de URV. Tais rendimentos decorreram de diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor (URV) em 1994, reconhecidas e pagas em 36 parcelas iguais no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, com base na Lei 8.730/2003, do Estado da Bahia. Importante destacar, ainda que referida Lei dispôs serem de natureza indenizatória as verbas em questão. No entendimento da autoridade fiscal, as diferenças recebidas pelo contribuinte têm natureza salarial, pois decorreram de diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para URV em 1994 e, portanto, são tributáveis pelo IRPF, sendo irrelevante a denominação dada pela Lei do Estado da Bahia. Para a apuração do imposto devido foi considerado os valores das diferenças salariais, incluindo atualização e juros. Inconformado, o contribuinte apresentou impugnação, que fora julgada totalmente improcedente. Fl. 299DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.721196/200996 Acórdão n.º 9202004.096 CSRFT2 Fl. 323 3 Ato seguinte, tempestivamente foi apresentado Recurso Voluntário, que, por unanimidade de votos, deu provimento parcial ao recurso para excluir da exigência a multa de ofício. Inconformado com essa decisão o contribuinte, tempestivamente, apresentou Recurso Especial de divergência, alegando, em resumo: a) Sobrestamento do feito dado que o STF reconheceu repercussão geral no que se refere aos rendimentos recebidos acumuladamente; b) Os rendimentos previstos na Lei Estadual 8.730/2003 tem a mesma natureza daqueles mencionados pela Lei Federal nº 10.477/2002, que trata do pagamento de diferenças de URV a membros do Ministério Público Federal; c) É aplicável ao caso a mesma interpretação dada pelo STF através da Resolução 245/2002, que reconheceu a natureza indenizatória das diferenças de URV pagas aos membros da magistratura federal; d) Quebra da isonomia quando se dispensa tratamento tributário diverso em relação às diferenças de URV pagas aos membros da magistratura Federal e aos membros do MPF em relação aos membros do Ministério Público Estadual; e) Vicio material na formação da base de cálculo do IRPF, na medida em que não foi observado o regime de competência em relação aos rendimentos recebidos acumuladamente; f) Não incidência do IRPF sobre juros moratórios Na análise de admissibilidade, foi dado parcial seguimento ao Recurso Especial interposto pelo Contribuinte para que seja reapreciada a questão da não incidência do Imposto de Renda sobre diferenças de URV, que teriam natureza indenizatória e para que seja rediscutida a não incidência de Imposto de Renda sobre rendimentos correspondentes a juros de mora. Regularmente intimada o a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões, alegando, em síntese: a) Em consonância ainda com o art. 16 da Lei nº 4.506/64, serão classificados como rendimentos do trabalho assalariado, para fins de incidência do Imposto de Renda, todas as espécies de remuneração por trabalho ou serviços prestados no exercício de empregos, cargos ou funções. Logo, os valores recebidos a título de diferenças no cálculo da URV possuem natureza salarial e estão sujeitas ao imposto de renda. b) Não há Lei que isento do imposto de renda referidos rendimentos; Fl. 300DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 4 c) A Resolução STF nº 245/2002 é restrita ao abono variável aplicável aos membros da Magistratura da União, e, por determinação expressa do Parecer PGFN n° 923/2003, aprovado pelo Ministro da Fazenda, está fora da incidência tributária do imposto de renda também para os membros do MPF. Atribuir aos rendimentos em análise a mesma natureza do abono variável das Leis n°s 10.477/2002 e 9.655/98 seria alargar as fronteiras da nãoincidência tributária sem previsão de Lei Federal para tanto. É o relatório. Voto Conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto, Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202004.091, de 21/06/2016, proferido no julgamento do processo 10530.724190/200966, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto vencedor proferido naquela decisão (Acórdão 9202004.091): A solução do litígio será delineada através de itens que enfrentam de forma integral, os argumentos apresentados pela recorrente, respeitandose, ainda, a ordem dos quesitos apresentada, limitandose aqui, todavia, às matérias para as quais se deu seguimento ao pleito do contribuinte : a) Quanto à não incidência do IRPF pela natureza supostamente indenizatória das verbas recebidas, à aplicação da Lei Estadual no. 8.730, de 2003, e da Resolução STF no. 245, de 2002. Reitero aqui, inicialmente, considerações que teci quando do julgamento de feito semelhante no âmbito da 1a. Turma Ordinária 1a. Câmara da 2a. Seção deste CARF (Acórdão no. 2.101002.724), mantendo de forma integral meu posicionamento acerca do assunto, que assim se resume: a.1) Da natureza das verbas recebidas e da Lei Estadual 8.730, de 2003 Cumpre, primeiramente, salientar que os rendimentos de que trata o presente processo foram recebidos do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, a título de "Valores Indenizatórios de URV", em atendimento ao disposto pela Lei do Estado da Bahia n° 8.730, de 2003, a qual, dentre outras disposições, preceitua que a verba em questão é de natureza indenizatória. Para melhor entendimento, transcrevemos, a seguir, os artigos 4° e 5° da Lei do Estado da Bahia n° 8.730, de 2003: Fl. 301DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.721196/200996 Acórdão n.º 9202004.096 CSRFT2 Fl. 324 5 Art. 4º As diferenças decorrentes do erro na conversão da remuneração de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor URV, objeto das Ações Ordinárias n os. 613 e 614, julgadas procedentes pelo Supremo Tribunal Federal, serão apuradas, mês a mês, de 1º de abril de 1994 a 31 de julho de 2001, e o montante correspondente a cada Magistrado será dividido em 36 parcelas iguais, para pagamento nos meses de janeiro de 2004 a dezembro de 2006. Art. 5º São de natureza indenizatória as parcelas de que trata o art. 4º desta Lei. Com efeito, da leitura dos dispositivos acima reproduzidos, é possível concluir, tal como concluiu a parte recorrente, que foi atribuída, pelo Estado da Bahia, natureza indenizatória às diferenças decorrentes de erro na conversão da remuneração dos magistrados, de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor URV, objeto da Ação Ordinária em questão. Todavia, do exame desses dispositivos isoladamente, é impertinente inferir que se tratam de rendimentos isentos do Imposto sobre a Renda de Pessoa física. Em primeiro lugar, a competência para legislar sobre o imposto sobre a renda é da União, e a lei acima transcrita é estadual, o que restringe a aplicação da referida Lei Estadual na seara de interesse. Todavia, notese que não se trata, aqui, quando da consequente conclusão de não aplicação da referida Lei, para fins de definição da natureza tributária das verbas sob análise e da incidência ou não do IRPF, de invasão de competência do STF pela União para declarar a inconstitucionalidade a referida Lei Estadual (o que caracterizaria a violação alegada à Súmula CARF no. 02 e ao art. 62 do Regimento Interno deste CARF então em vigor quando da propositura do recurso), mas, sim, de interpretar o diploma de acordo com a competência tributária constitucionalmente estabelecida, de forma que os efeitos da referida Lei, no que tange ao caráter indenizatório das verbas recebidas, se limitem a matérias cuja competência seja do Estado da Bahia, visto que, de outra forma, se estaria a validar a possibilidade de invasão de competência tributária da União por este mesmo Estado. Não se está a afastar, aqui, a constitucionalidade do dispositivo de forma a afastar sua aplicação, mas tão somente verificase sua impossibilidade de produção de efeitos na seara tributária, em se tratando de IRPF. Assim, imprescindível a análise da natureza dessas verbas, no contexto de todo o direito positivo aplicável ao tributo em questão, para se concluir pela sua tributação ou não pelo imposto sobre a renda. A propósito, chama a atenção o fato de que as diferenças de URV pagas ao contribuinte pelo Tribunal de Justiça do Estado da Bahia não se destinam à recomposição de um prejuízo, ou dano material por ela sofrido. Diferentemente, as verbas recebidas pela contribuinte repõem a atualização monetária dos Fl. 302DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 6 salários do período considerado. Nesse sentido, observase que o artigo 4° da Lei do Estado da Bahia n° 8.730, de 2003, deixa claro que se trata de diferenças de remuneração quando da conversão de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor URV. Desta forma, é incontornável a constatação que tais diferenças integram a remuneração mensal percebida pela contribuinte, em decorrência do seu trabalho, constituindo parte integrante de seus vencimentos. As verbas assim auferidas integram, portanto, a definição de renda, nos termos do artigo 43 do Código Tributário Nacional. Por fim, de se reproduzir uma vez mais a jurisprudência do STJ, que sustenta tal posicionamento, no sentido de se rejeitar o caráter indenizatório das verbas em questão. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. IMPORTÂNCIAS PAGAS EM DECORRÊNCIA DE SENTENÇA TRABALHISTA. NATUREZA REMUNERATÓRIA. RESPONSABILIDADE PELA RETENÇÃO E RECOLHIMENTO DO IMPOSTO. FONTE PAGADORA. ALÍQUOTA APLICÁVEL. EXCLUSÃO DA MULTA. 1. O recebimento de remuneração em virtude de sentença trabalhista que determinou o pagamento da URP no período de fevereiro de 1989 a setembro de 1990 não se insere no conceito de indenização, constituindose complementação de caráter nitidamente remuneratório, ensejando, portanto, a cobrança de imposto de renda. (...) 5. Recurso especial parcialmente provido (REsp 383.309/SC, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJU de 07.04.06); Eram, portanto, as verbas em questão tributáveis, independentemente da denominação a elas conferida pela Lei do Estado da Bahia n° 8.730, de 2003, conclusão em perfeita consonância e respaldada pelos dispositivos legais mencionados no auto de infração. a.2) Da Resolução n.° 245 do STF A recorrente traz à baila a Resolução n.° 245 do STF, que, uma vez estendida aos membros do Ministério Público da União, por força do artigo 2° da Lei n° 10.477, de 2002, de despacho do PGR no âmbito do Processo Administrativo 1.00.000.011735/2002 e Pareceres PGFN nos. 529 e 923, de 2003, aplicarseia também aos membros do Poder Judiciário dos Estados, de forma a que se afastasse a incidência do IRPF sobre as verbas em discussão. A respeito, verifico que a questão da aplicabilidade da Resolução n° 245 do STF aos valores recebidos a título de diferenças de URV foi exaustivamente analisada pelo Conselheiro Alexandre Naoki Nishioka no voto condutor da decisão proferida pela mesma 1a. Turma Ordinária da 1a Câmara da Segunda Seção de Julgamento deste Conselho, no Fl. 303DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.721196/200996 Acórdão n.º 9202004.096 CSRFT2 Fl. 325 7 Acórdão n° 2101002.388, de 18 de fevereiro de 2014. Por se aplicar ao caso que aqui se analisa, e por refletir o entendimento deste Relator, adotase o quanto manifestado naquele voto. Veja se: “(...) Buscando reforçar o argumento, requer a contribuinte a aplicação da Resolução n.° 245 do STF, assim como de consulta administrativa realizada pela Presidente do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, os quais disporiam acerca da remuneração dos magistrados. No entanto, mencionadas normas não se aplicam ao fim pretendido pela Recorrente. Inicialmente, cumpre salientar que a dita resolução dispôs acerca da forma de cálculo do abono salarial variável e provisório de que trata o art. 2° e parágrafos da Lei n.° 10.474/2002, considerandoo como de natureza indenizatória. Neste sentido, o inciso I do art. 1° trouxe a forma de cálculo deste abono: "I apuração, mês a mês, de janeiro/98 a maio/2002, da diferença entre os vencimentos resultantes da Lei n° 10.474, de 2002 (Resolução STF n° 235, de 2002), acrescidos das vantagens pessoais, e a remuneração mensal efetivamente percebida pelo Magistrado, a qualquer título, o que inclui, exemplificativamente, as verbas referentes a diferenças de URV, PAE, 10,87% e recálculo da representação (194%)". A própria redação da Resolução excluiu do valor integrante do abono as verbas referentes à diferença de URV, de onde se interpreta que esta não tem natureza indenizatória, mas de recomposição salarial. Tal tema inclusive já foi enfrentado Egrégio Superior Tribunal de Justiça, tendo este reconhecido as diferenças entre a abono salarial tratado pela norma e a diferença da URV, conforme se verifica de voto da Ministra Eliana Calmon: "Na jurisprudência desta Casa, colho os seguintes precedentes, que sempre distinguiram as hipóteses de percepção das diferenças remuneratórias da URV do abono identificado na Resolução 245/STF: (...)" (STJ, Recurso Especial n.° 1.187.109/MA, Segunda Turma, Ministra Relatora Eliana Calmon, julgado em 17/08/2010)" E tal também foi o entendimento do Ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, em decisão monocrática proferida nos autos do Recurso Extraordinário n.° 471.115, do qual se colaciona o seguinte excerto: "Os valores assim recebidos pelo recorrido decorrem de compensação pela falta de oportuna correção no valor nominal do salário, quando da implantação da URV e, assim, constituem parte integrante de seus vencimentos. Fl. 304DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 8 As parcelas representativas do montante que deixou de ser pago, no momento oportuno, são dotadas dessa mesma natureza jurídica e, assim, incide imposto de renda quando de seu recebimento. No que concerne à Resolução n° 245/02, deste Supremo Tribunal Federal, utilizada na fundamentação do acórdão recorrido, temse que suas normas a tanto não se aplicam, para o fim pretendido pelo recorrido (...)" (STF, Recurso Extraordinário n.° 471.115, Ministro Relator Dias Toffoli, julgado em 03/02/2010)" Adicionalmente, mesmo caso se tenha leitura diversa da Resolução STF no. 245, de 2002, entendo de se aceder, ainda, à argumentação de se cingirem os efeitos da referida Resolução e dos despachos PGR e Pareceres PGFN em questão aos membros das carreiras mencionadas no âmbito das Leis no. 10.474 e 10.477, ambas de 27 de julho de 2002 (às quais, ressaltese, não pertence, o recorrente), vedados: a) o estabelecimento de isenção por analogia a partir do disposto nos arts. 97, VI e 111, I e II do CTN e 150 §6o. da CRFB; b) o afastamento da hipótese de incidência, delineada pelos dispositivos legais constantes do auto de infração, por violação ao princípio constitucional da isonomia, uma vez que é expressamente vedado a este Conselho afastar a aplicação da lei tributária com base em argumentação de violação a preceitos constitucionais, consoante dispõe o art. 62 do Regimento já mencionado e Súmula CARF no. 02. Concluise, portanto, pelo caráter salarial dos valores recebidos acumuladamente pela Recorrente, razão pela qual deverão compor a base de cálculo do Imposto sobre a Renda de Pessoa Física, nos termos do art. 43 do Código Tributário Nacional e dispositivos legais que fundamentaram o auto de infração, descartado o afastamento da incidência do IRPF seja pelo disposto na Lei do Estado da Bahia no. 8.730, de 2003, seja pelo teor da Resolução STF no. 245, de 2002. a.3) Quanto aos efeitos do decidido no âmbito do RE 614.406/RS ao feito Reitero, também aqui, com a devida vênia ao posicionamento diverso de alguns Conselheiros desta casa, meu entendimento, já manifestado também na instância ordinária, de desnecessidade de observância obrigatória do decidido pelo STJ no âmbito do REsp 1.118.429/SP no caso sob análise, uma vez se estar a tratar ali, da tributação de benefícios previdenciários recebidos acumuladamente, situação fática notadamente diversa da dos presentes autos, onde não está a ser tratar de qualquer rubrica de benefício, mas sim de diferença remuneratória perceptível quando do servidor na ativa. Todavia, reconhecese aqui que a matéria sob litígio foi objeto de análise recente pelo STF, no âmbito do RE 614.406/RS, objeto de trânsito em julgado em 11/12/2014, feito que teve sua repercussão geral previamente reconhecida (em 20 de outubro Fl. 305DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.721196/200996 Acórdão n.º 9202004.096 CSRFT2 Fl. 326 9 de 2010), obedecida assim a sistemática prevista no art. 543B do Código de Processo Civil vigente. Obrigatória, assim, a observância, por parte dos Conselheiros deste CARF dos ditames do Acórdão prolatado por aquela Suprema Corte em 23/10/2014, a partir de previsão regimental contida no art. 62, §2o. do Anexo II do Regimento Interno deste Conselho, aprovado pela Portaria MF no. 343, de 09 de junho de 2015. Reportandome a este último julgado vinculante, noto que, ali, se acordou, por maioria de votos, em manter a decisão de piso do STJ acerca da inconstitucionalidade do art. 12 da Lei no. 7.713, de 1988, devendo ocorrer a "incidência mensal para o cálculo do imposto de renda correspondente à tabela progressiva vigente no período mensal em que apurado o rendimento percebido a menor regime de competência (...)", afastandose assim o regime de caixa. Todavia, de se ressaltar aqui também que em nenhum momento se cogita, no Acórdão, de eventual cancelamento integral de lançamentos cuja apuração do imposto devido tenha sido feita obedecendo o art. 12 da referida Lei no. 7.713, de 1988, notese, diploma plenamente vigente na época em que efetuado o lançamento sob análise, o qual, ainda, em meu entendimento, guarda, assim, plena observância ao disposto no art. 142 do Código Tributário Nacional. A propósito, de se notar que os dispositivos legais que embasaram o lançamento, em nenhum momento foram objeto de declaração de inconstitucionalidade ou de decisão em sede de recurso repetitivo de caráter definitivo que pudesse lhes afastar a aplicação ao caso in concretu. Deflui daquela decisão da Suprema Corte, em meu entendimento, inclusive, o pleno reconhecimento do surgimento da obrigação tributária que aqui se discute o qual, repitase, obedeceu os estritos ditames da legalidade à época da ação fiscal realizada. Da leitura do inteiro teor do decisum do STF, é notório que, ainda que se tenha rejeitado o surgimento da obrigação tributária somente no momento do recebimento financeiro pela pessoa física, o que a faria eventualmente mais gravosa, entendese, ali, inequivocamente, que se mantém incólume a obrigação tributária oriunda do recebimento dos valores acumulados pela contribuinte pessoa física, mas agora a ser calculada em momento pretérito, quando a contribuinte fez jus à percepção dos rendimentos, de forma, assim, a restarem respeitados os princípios da capacidade contributiva e isonomia. Assim, com a devida vênia ao posicionamento esposado por alguns membros deste Conselho, entendo que, a esta altura, ao se defender a exoneração integral do lançamento, se estaria, inclusive, a contrariar as razões de decidir que embasam o decisum vinculante, no qual, reitero, em nenhum momento, note se, se cogita da inexistência da obrigação tributária/incidência do Imposto sobre a Renda decorrente da percepção de rendimentos tributáveis de forma acumulada. Fl. 306DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 10 Se, por um lado, manterse a tributação na forma do referido art. 12 da Lei no. 7.713, de 1988, conforme decidido de forma definitiva pelo STF, violaria a isonomia no que tange aos que receberam as verbas devidas "em dia" e ali recolheram os tributos devidos, exonerar o lançamento por completo a esta altura significaria estabelecer tratamento antiisonômico (também em relação aos que também receberam em dia e recolheram devidamente seus impostos), mas em favor daqueles que foram autuados e nada recolheram ou recolheram valores muito inferiores aos devidos, ao serem agora consideradas as tabelas/alíquotas vigentes à época, o que deve, em meu entendimento, também se rechaçar. Feita tal digressão, verifico porém, que, no caso em questão, a autoridade fiscal já optou por tributar os valores com base nas alíquotas vigentes nos períodos que apurados o rendimento percebido a menor regime de competência (os rendimentos percebidos a menor referemse aos períodos de abril de 1994 a agosto de 2001) Acerca das tabelas progressivas/alíquotas aplicáveis aos meses de referência, de se consultar o resumo que se segue, que respalda a tabela utilizada pela autoridade autuante: Todavia, ainda que se tenha utilizado as alíquotas corretas, não há como se garantir que estivesse o autuado na faixa superior de recebimentos mensais para cada um dos meses de competência, uma vez que, notese, não se retroagiu, no lançamento, o momento de incidência aos meses dos anoscalendário de 1994 a 2001, constantes do demonstrativo detalhado fornecido pelo contribuinte em resposta à intimação da autoridade fiscal. Fl. 307DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.721196/200996 Acórdão n.º 9202004.096 CSRFT2 Fl. 327 11 Assim, diante de tais motivos, voto no sentido de, nesta matéria, dar parcial provimento ao Recurso da Contribuinte, no sentido de determinar a retificação do montante do crédito tributário com a aplicação tanto das tabelas progressivas como das alíquotas vigentes à época da aquisição dos rendimentos (meses em que foram apurados os rendimentos percebidos a menor), ou seja, tudo de acordo com o regime de competência. b) Quanto à incidência do IRPF sobre os juros de mora Para fins de solução do litígio quanto à esta matéria, de se perquirir a extensão dos efeitos da aplicação, ao presente feito, do decidido pelo Egrégio Superior Tribunal de Justiça, no âmbito do REsp 1.227.133/RS, quanto à incidência de juros de mora sobre rendimentos recebidos acumuladamente. Tratase, notese, também de decisum de aplicação obrigatória neste Conselho, consoante art. 62A do Anexo II do Regimento Interno deste CARF em vigor quando da prolação da decisão recorrida, aprovado pela Portaria MF no 256, de 22 de junho de 2009 e, ainda, conforme o art. 62, §1o. do atual Regimento Interno, aprovado pela Portaria MF no 343, de 09 de junho de 2015. A propósito, creio, em linha com o argumentado pela Fazenda Nacional em sede de contrarrazões, que o melhor esclarecimento da amplitude da decisão vinculante em questão (REsp 1.227.133/RS) pode ser obtido em outro feito daquele Egrégio Tribunal, a saber, no REsp 1.089.720/RS, cujo relator foi o Ministro Mauro Campbell Marques e cuja cristalina ementa decisória, datada de 10/10/12 e publicada em 16/10/12 estabelece: REsp 1.089.720/RS PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. VIOLAÇÃO AO ART. 535, DO CPC. ALEGAÇÕES GENÉRICAS. SÚMULA N. 284/STF. IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA FÍSICA IRPF. REGRA GERAL DE INCIDÊNCIA SOBRE JUROS DE MORA. PRESERVAÇÃO DA TESE JULGADA NO RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA RESP. N. 1.227.133/RS NO SENTIDO DA ISENÇÃO DO IR SOBRE OS JUROS DE MORA PAGOS NO CONTEXTO DE PERDA DO EMPREGO. ADOÇÃO DE FORMA CUMULATIVA DA TESE DO ACCESSORIUM SEQUITUR SUUM PRINCIPALE PARA ISENTAR DO IR OS JUROS DE MORA INCIDENTES SOBRE VERBA ISENTA OU FORA DO CAMPO DE INCIDÊNCIA DO IR (grifei), 1. Não merece conhecimento o recurso especial que aponta violação ao art. 535, do CPC, sem, na própria peça, individualizar o erro, a obscuridade, a contradição ou a omissão ocorridas no acórdão proferido pela Corte de Origem, bem como sua relevância para a solução da Fl. 308DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 12 controvérsia apresentada nos autos. Incidência da Súmula n. 284/STF: "É inadmissível o recurso extraordinário, quando a deficiência na sua fundamentação não permitir a exata compreensão da controvérsia". 2. Regra geral: incide o IRPF sobre os juros de mora, a teor do art. 16, caput e parágrafo único, da Lei n. 4.506/64, inclusive quando reconhecidos em reclamatórias trabalhistas, apesar de sua natureza indenizatória reconhecida pelo mesmo dispositivo legal (matéria ainda não pacificada em recurso representativo da controvérsia). 3. Primeira exceção: são isentos de IRPF os juros de mora quando pagos no contexto de despedida ou rescisão do contrato de trabalho, em reclamatórias trabalhistas ou não. Isto é, quando o trabalhador perde o emprego, os juros de mora incidentes sobre as verbas remuneratórias ou indenizatórias que lhe são pagas são isentos de imposto de renda. A isenção é circunstancial para proteger o trabalhador em uma situação sócioeconômica desfavorável (perda do emprego), daí a incidência do art. 6°, V, da Lei n. 7.713/88. Nesse sentido, quando reconhecidos em reclamatória trabalhista, não basta haver a ação trabalhista, é preciso que a reclamatória se refira também às verbas decorrentes da perda do emprego, sejam indenizatórias, sejam remuneratórias (matéria já pacificada no recurso representativo da controvérsia REsp no 1.227.133RS, Primeira Seção, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Rel .p/acórdão Min. Cesar Asfor Rocha, julgado em 28.9.2011). 4. Segunda exceção: são isentos do imposto de renda os juros de mora incidentes sobre verba principal isenta ou fora do campo de incidência do IR, mesmo quando pagos fora do contexto de despedida ou rescisão do contrato de trabalho (circunstância em que não há perda do emprego), consoante a regra do "accessorium sequitur suum principale". (grifei) (...) 7. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, parcialmente provido." Assim, com base no posicionamento constante do julgado acima, que adoto integralmente, uma vez entender que foi esse o julgado a sedimentar e esclarecer a correta forma de aplicação do julgado vinculante aqui discutido (REsp 1.227.133/RS), é de se perquirir, em cada caso concreto: 1) se os juros de mora foram auferidos no contexto de despedida ou rescisão do contrato de trabalho e 2) se está diante de verba principal isenta ou fora do campo de incidência do IR. Somente no caso de resposta afirmativa a um dos dois questionamentos acima deve não incidir o IR sobre os juros de mora recebidos acumuladamente, de forma a que se obedeça o Fl. 309DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.721196/200996 Acórdão n.º 9202004.096 CSRFT2 Fl. 328 13 julgado vinculante, restando incidente a tributação sobre os juros de mora nas demais situações. Aplicandose o acima disposto ao caso em questão: 1) Conforme já anteriormente delineado, entendo que não se está a tratar, aqui, de verba indenizatória, tendose concluído, no âmbito do presente voto, pela natureza remuneratória da verba principal de diferenças quando da conversão de Cruzeiro Real para URV sob análise, caracterizada, assim, a incidência do IRPF sobre tais verbas; 2) Verifico, também, que não se está a tratar de verbas recebidas no contexto de despedida ou rescisão do contrato de trabalho; Concluo, assim, pela incidência do Imposto de Renda sobre os juros de mora em questão quando da aplicação do decisum vinculante constante do REsp 1.227.133/RS, a partir de sua interpretação detalhadamente estabelecida no âmbito do REsp 1.089.720/RS e, desta forma, nego provimento ao Recurso Especial da contribuinte também quanto a esta matéria. Destarte, diante do exposto, voto no sentido de dar parcial provimento ao Recurso do Contribuinte, para determinar a retificação do montante do crédito tributário com a aplicação à verba recebida (inclusive juros) tanto das tabelas progressivas como das alíquotas vigentes à época da aquisição dos rendimentos (meses em que foram apurados os rendimentos percebidos a menor), ou seja, de acordo com o regime de competência. É como voto. Em face do acima exposto, voto no sentido de conhecer o Recurso Especial do Contribuinte para, no mérito, darlhe provimento parcial, para determinar o cálculo do tributo sobre a verba recebida, inclusive juros, de acordo com o regime de competência. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Fl. 310DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 14 Fl. 311DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
score : 1.0
Numero do processo: 12045.000560/2007-10
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Dec 12 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Feb 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/1999 a 31/12/2002
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14, DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Recurso Especial do Procurador Provido.
Numero da decisão: 9202-004.698
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201612
camara_s : 2ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/1999 a 31/12/2002 APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14, DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Recurso Especial do Procurador Provido.
turma_s : 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Wed Feb 08 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 12045.000560/2007-10
anomes_publicacao_s : 201702
conteudo_id_s : 5676551
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Feb 08 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 9202-004.698
nome_arquivo_s : Decisao_12045000560200710.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
nome_arquivo_pdf_s : 12045000560200710_5676551.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
dt_sessao_tdt : Mon Dec 12 00:00:00 UTC 2016
id : 6642411
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:55:33 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048688244293632
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1660; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 2 1 1 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 12045.000560/200710 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9202004.698 – 2ª Turma Sessão de 12 de dezembro de 2016 Matéria RETROATIVIDADE BENIGNA, NATUREZA DA MULTA NOS LANÇAMENTOS PREVIDENCIÁRIOS ANTERIORES À MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941, DE 2013 Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado MUNICIPIO DE BOREBI ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/1999 a 31/12/2002 APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14, DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Recurso Especial do Procurador Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em darlhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 04 5. 00 05 60 /2 00 7- 10 Fl. 2151DF CARF MF Processo nº 12045.000560/200710 Acórdão n.º 9202004.698 CSRFT2 Fl. 3 2 (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 10660.722287/201173. A divergência em exame reportase à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. A Fazenda Nacional interpôs recurso especial requerendo que a retroatividade benigna fosse aplicada, essencialmente, pelos critérios constantes na Portaria PGFN/RFB nº 14, de 04 de dezembro de 2009. Cientificado, o sujeito passivo ofereceu contrarrazões, pugnando pela negativa de provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202004.650, de 12/12/2016, proferido no julgamento do processo 10660.722287/201173, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 9202004.650): O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Fl. 2152DF CARF MF Processo nº 12045.000560/200710 Acórdão n.º 9202004.698 CSRFT2 Fl. 4 3 Cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212, de 1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De início, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime, pacificou o entendimento de que, na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61, da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdãonº9202004.262, de 23/06/2016, cuja ementa a seguir se transcreve: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Fl. 2153DF CARF MF Processo nº 12045.000560/200710 Acórdão n.º 9202004.698 CSRFT2 Fl. 5 4 Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A, da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44, da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, é necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A, da Lei n° 8.212, de 1991. A comparação de que trata o parágrafo anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106, do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA, somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP, não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que, na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A, da Lei n° 8.212, de 1991, correspondente aos 75% previstos no art. 44, da Lei n° 9.430, de 1996. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º doart. 32, da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pelaMP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas noart. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingido pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime, proferido no Acórdãonº9202004.499, de 29/09/2016: Fl. 2154DF CARF MF Processo nº 12045.000560/200710 Acórdão n.º 9202004.698 CSRFT2 Fl. 6 5 Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. Fl. 2155DF CARF MF Processo nº 12045.000560/200710 Acórdão n.º 9202004.698 CSRFT2 Fl. 7 6 § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há Fl. 2156DF CARF MF Processo nº 12045.000560/200710 Acórdão n.º 9202004.698 CSRFT2 Fl. 8 7 que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: · Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou · Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Fl. 2157DF CARF MF Processo nº 12045.000560/200710 Acórdão n.º 9202004.698 CSRFT2 Fl. 9 8 Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Nesse passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212, de 1991, com as alterações promovidas pela MP 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou Fl. 2158DF CARF MF Processo nº 12045.000560/200710 Acórdão n.º 9202004.698 CSRFT2 Fl. 10 9 II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Fl. 2159DF CARF MF Processo nº 12045.000560/200710 Acórdão n.º 9202004.698 CSRFT2 Fl. 11 10 Em face ao exposto, conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e, no mérito, doulhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. Em face do acima exposto, voto por conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 2160DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10925.001698/2006-14
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed May 25 00:00:00 UTC 2011
Ementa: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Ano calendário:2001, 2002, 2003,2004
CSLL. DECADÊNCIA DO DIREITO DO FISCO LANÇAR TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO.
Restando configurado que o sujeito passivo efetuou recolhimentos, o prazo decadencial do direito do Fisco constituir o crédito tributário deve observar a regra do art. 150, § 4º do CTN. Precedentes no STJ, nos termos do RESP nº973.733SC,
submetido ao regime do art.543C do CPC, e da Resolução STJ
08/2008.
DECADÊNCIA PENALIDADE MULTA ISOLADA ESTIMATIVAS
NÃO PAGAS. A contagem do prazo decadencial do direito de constituir o crédito tributário relativo a penalidades, deve observar as regras contidas no artigo 173, inciso I, do Código Tributário Nacional, ainda que a obrigação acessória inadimplida se refira a tributo sujeito a lançamento por
homologação.
MULTAS ISOLADAS. FALTA DE RECOLHIMENTO DA CSLL SOBRE
BASE DE CÁLCULO ESTIMADA.
Cabível lançamento de ofício da multa isolada por falta de recolhimento da CSLL sobre a base estimada, quando o sujeito passivo não efetuar o pagamento ou recolhimento integral da antecipação do imposto. Verificado o recolhimento insuficiente das antecipações mensais, é cabível a imposição de
multa isolada sobre os valores não recolhidos
ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL
Ano calendário:2001, 2002, 2003,2004
SOCIEDADES COOPERATIVAS. INCIDÊNCIA DA CSLL.
Até 31 de dezembro de 2004, a CSLL é devida por todas as sociedades cooperativas e incide sobre todos os seus resultados, sejam eles relativos às operações com associados ou não (Lei fl 8.212, de 1991, arts. 10 e 15; Lei na 7.689, de 1988, art. 4fl; Lei n2 10.865, de 2004; e IN SRF n2 198, de 1988).
O fato de a lei do cooperativismo denominar a mais valia de "sobra" não tem o condão de excluíla
do conceito de lucro, mas permitir um disciplinamento
específico da destinação desses resultados ("sobras"), cujo parâmetro é o volume de operações de cada associado, enquanto a distribuição do lucro deve guardar relação com a contribuição de cada sócio na formação do capital (Lei nº 6.404, de 1976, art. 187).
Numero da decisão: 1401-000.525
Decisão: ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar de decadência da CSLL; por maioria de votos, rejeitar a preliminar de decadência da multa isolada, vencido o conselheiro Alexandre Antônio Alkmim Teixeira; no mérito, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso, vencidos os conselheiros Alexandre Antônio Alkmim Teixeira, Mauricio Pereira Faro e Karem Jureidini Dias, que davam provimento integral.
Nome do relator: Antonio Bezerra Neto
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201105
camara_s : 1ª SEÇÃO
ementa_s : NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Ano calendário:2001, 2002, 2003,2004 CSLL. DECADÊNCIA DO DIREITO DO FISCO LANÇAR TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO. Restando configurado que o sujeito passivo efetuou recolhimentos, o prazo decadencial do direito do Fisco constituir o crédito tributário deve observar a regra do art. 150, § 4º do CTN. Precedentes no STJ, nos termos do RESP nº973.733SC, submetido ao regime do art.543C do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. DECADÊNCIA PENALIDADE MULTA ISOLADA ESTIMATIVAS NÃO PAGAS. A contagem do prazo decadencial do direito de constituir o crédito tributário relativo a penalidades, deve observar as regras contidas no artigo 173, inciso I, do Código Tributário Nacional, ainda que a obrigação acessória inadimplida se refira a tributo sujeito a lançamento por homologação. MULTAS ISOLADAS. FALTA DE RECOLHIMENTO DA CSLL SOBRE BASE DE CÁLCULO ESTIMADA. Cabível lançamento de ofício da multa isolada por falta de recolhimento da CSLL sobre a base estimada, quando o sujeito passivo não efetuar o pagamento ou recolhimento integral da antecipação do imposto. Verificado o recolhimento insuficiente das antecipações mensais, é cabível a imposição de multa isolada sobre os valores não recolhidos ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Ano calendário:2001, 2002, 2003,2004 SOCIEDADES COOPERATIVAS. INCIDÊNCIA DA CSLL. Até 31 de dezembro de 2004, a CSLL é devida por todas as sociedades cooperativas e incide sobre todos os seus resultados, sejam eles relativos às operações com associados ou não (Lei fl 8.212, de 1991, arts. 10 e 15; Lei na 7.689, de 1988, art. 4fl; Lei n2 10.865, de 2004; e IN SRF n2 198, de 1988). O fato de a lei do cooperativismo denominar a mais valia de "sobra" não tem o condão de excluíla do conceito de lucro, mas permitir um disciplinamento específico da destinação desses resultados ("sobras"), cujo parâmetro é o volume de operações de cada associado, enquanto a distribuição do lucro deve guardar relação com a contribuição de cada sócio na formação do capital (Lei nº 6.404, de 1976, art. 187).
turma_s : 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
numero_processo_s : 10925.001698/2006-14
conteudo_id_s : 5670808
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Jan 18 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 1401-000.525
nome_arquivo_s : Decisao_10925001698200614.pdf
nome_relator_s : Antonio Bezerra Neto
nome_arquivo_pdf_s : 10925001698200614_5670808.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar de decadência da CSLL; por maioria de votos, rejeitar a preliminar de decadência da multa isolada, vencido o conselheiro Alexandre Antônio Alkmim Teixeira; no mérito, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso, vencidos os conselheiros Alexandre Antônio Alkmim Teixeira, Mauricio Pereira Faro e Karem Jureidini Dias, que davam provimento integral.
dt_sessao_tdt : Wed May 25 00:00:00 UTC 2011
id : 6606987
ano_sessao_s : 2011
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:54:58 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048688250585088
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 15; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2165; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T1 Fl. 6.9 1 55..9900 S1C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10925.001698/200614 Recurso nº 99.999 Voluntário Acórdão nº 140100.525 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 25 de maio de 2011 Matéria CSLL Recorrente COOPERATIVA RIO DO PEIXE Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2001, 2002, 2003,2004 CSLL. DECADÊNCIA DO DIREITO DO FISCO LANÇAR TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO. Restando configurado que o sujeito passivo efetuou recolhimentos, o prazo decadencial do direito do Fisco constituir o crédito tributário deve observar a regra do art. 150, § 4º do CTN. Precedentes no STJ, nos termos do RESP nº 973.733SC, submetido ao regime do art.543C do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. DECADÊNCIA PENALIDADE MULTA ISOLADA ESTIMATIVAS NÃO PAGAS. A contagem do prazo decadencial do direito de constituir o crédito tributário relativo a penalidades, deve observar as regras contidas no artigo 173, inciso I, do Código Tributário Nacional, ainda que a obrigação acessória inadimplida se refira a tributo sujeito a lançamento por homologação. MULTAS ISOLADAS. FALTA DE RECOLHIMENTO DA CSLL SOBRE BASE DE CÁLCULO ESTIMADA. Cabível lançamento de ofício da multa isolada por falta de recolhimento da CSLL sobre a base estimada, quando o sujeito passivo não efetuar o pagamento ou recolhimento integral da antecipação do imposto. Verificado o recolhimento insuficiente das antecipações mensais, é cabível a imposição de multa isolada sobre os valores não recolhidos ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2001, 2002, 2003,2004 SOCIEDADES COOPERATIVAS. INCIDÊNCIA DA CSLL. Até 31 de dezembro de 2004, a CSLL é devida por todas as sociedades cooperativas e incide sobre todos os seus resultados, sejam eles relativos às Fl. 622DF CARF MF Emitido em 10/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/06/2011 por ANTONIO BEZERRA NETO Assinado digitalmente em 10/06/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER, 05/06/2011 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 10925.001698/200614 Acórdão n.º 140100.525 S1C4T1 Fl. 7.9 2 operações com associados ou não (Lei fl 8.212, de 1991, arts. 10 e 15; Lei na 7.689, de 1988, art. 4fl; Lei n2 10.865, de 2004; e IN SRF n2 198, de 1988). O fato de a lei do cooperativismo denominar a mais valia de "sobra" não tem o condão de excluíla do conceito de lucro, mas permitir um disciplinamento específico da destinação desses resultados ("sobras"), cujo parâmetro é o volume de operações de cada associado, enquanto a distribuição do lucro deve guardar relação com a contribuição de cada sócio na formação do capital (Lei nº 6.404, de 1976, art. 187). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar de decadência da CSLL; por maioria de votos, rejeitar a preliminar de decadência da multa isolada, vencido o conselheiro Alexandre Antônio Alkmim Teixeira; no mérito, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso, vencidos os conselheiros Alexandre Antônio Alkmim Teixeira, Mauricio Pereira Faro e Karem Jureidini Dias, que davam provimento integral. (assinado digitalmente) Viviane Vidal Wagner – Presidente (assinado digitalmente) Antonio Bezerra Neto Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Bezerra Neto, Alexandre Antônio Alkmim Teixeira, Fernando Luiz Gomes de Mattos, Maurício Pereira Faro, Karem Jureidini Dias e Viviane Vidal Wagner. Fl. 623DF CARF MF Emitido em 10/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/06/2011 por ANTONIO BEZERRA NETO Assinado digitalmente em 10/06/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER, 05/06/2011 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 10925.001698/200614 Acórdão n.º 140100.525 S1C4T1 Fl. 8.9 3 Relatório Tratase de recurso voluntário contra o Acórdão nº 0716.406, da 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal em Florianópolis SC. Por economia processual, adoto e transcrevo o relatório constante na decisão de primeira instância: Em procedimento fiscal a que foi submetida a pessoa jurídica em epígrafe, de 30 de agosto (fl. 46) a 29 de setembro de 2006 (fl. 160), nos termos do Mandado de Procedimento Fiscal MPF Fiscalização (MPFF) à fl. 1, foram constatadas as seguintes infrações tributária, conforme descritas no Auto de Infração de fis. 3 a 7, nos demonstrativos anexos (fis. 8 a 16) e no Relatório de Atividade Fiscal (fis. 17 a 28), relativas aos anoscalendário de 2001, 2002, 2003 e 2004: 1. APURAÇÃO INCORRETA DA CSLL Valor excluído indevidamente na apuração da CSLL conforme. demonstrado no Relatório de Atividade Fiscal a fls. 17 a 28. 2. MULTAS ISOLADAS FALTA DE RECOLHIMENTO DA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE A BASE ESTIMADA Falta de pagamento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido incidente sobre exclusões indevidas da base de cálculo estimada em junção de balanços ou balancetes de suspensão, conforme descrito no Relatório de Atividade Fiscal a fls. 17 a 28. Do relato fiscal O procedimento fiscal está descrito em Relatório de Atividade Fiscal circunstanciado, de fls. 17 a 28, instruído com planilhas de fls. 29 a 45, que expressamente fazem parte do auto de infração lavrado, cujos valores são demonstrados a seguir (fl. 3): (...) A constatação da fiscalização, da qual resultou a lavratura do auto de infração, restou bem delimitada nas seguintes passagens do Relatório de Atividade Fiscal: (...) conforme demonstrativos mensais apresentados a esta fiscalização (fls. 49 a 96), a pessoa jurídica deixou de efetuar o recolhimento da CSLL mensal sobre a base de cálculo estimada, apurada nos meses de janeiro de 2001 a dezembro de 2004, em relação aos valores excluídos a título de RESULTADO COM COOPERADOS. (...) Além da exclusão efetuada na CSLL recolhida mensalmente por estimativa, a pessoa jurídica aqui qualificada também efetuou exclusões na base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), a título de RESULTADO COM Fl. 624DF CARF MF Emitido em 10/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/06/2011 por ANTONIO BEZERRA NETO Assinado digitalmente em 10/06/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER, 05/06/2011 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 10925.001698/200614 Acórdão n.º 140100.525 S1C4T1 Fl. 9.9 4 COOPERADOS, na apuração anual efetuada em 31 de dezembro dos anos calendário de 2001 a 2004. Da impugnação Do auto de infração, do Relatório da Atividade Fiscal e de seus demonstrativos, a contribuinte teve ciência em 29 de setembro de 2006 (fl. 4). Inconformada, em 26 de outubro de 2006, a cooperativa impugna as exigências fiscais constantes no Auto de Infração, por meio da petição de fls. 163 a 188, instruída com as peças processuais de fls. 189 a 549. Em sua petição, no item "2. Do Direito: 2.1. Da nãoincidência da CSLL sobre o resultado positivo auferido pela recorrente em face de operações com associados" (fls. 165 a 175), a impugnante destaca a norma constitucional matriz da incidência da CSLL, e afirma que "ao fixar o conceito de lucro, como uma das hipóteses de incidência da contribuição social, a Constituição acolheu este instituto tal como concebido pela lei comercial." Para sustentar tal argumento, ressalta o conteúdo do art. 110 do Código Tributário Nacional. Nessa linha, afirma que o conceito de lucro está fixado nos arts. 186 a 189 da Lei n2 6.404, de 1976. Mencionando o art. 3 da Lei n 5.764, de 1971, assevera que "as sociedades cooperativas, como é o caso da recorrente, não têm finalidade lucrativa". Ressalta que "os resultados gerados são de proveito comum, os quais a lei denomina de 'sobras líquidas'". Mais adiante, a impugnante sintetiza sua.inconformidade na seguinte assertiva: Frisese: as "sobras líquidas" nem de longe se confundem com o "lucro " e, por isso, estão fora do campo de incidência da Contribuição Social sobre o Lucro. A impugnante também questiona "o argumento utilizado pela autoridade fiscal no sentido de que somente com a vigência da Lei n2 10.865, de 2004, é que as sobras apuradas pelas sociedades cooperativas estão abarcadas pela isenção". Segundo afirma em sua petição, citando palavras de Roque Antonio Carrazza, "quando não há incidência tributária possível (porque a Constituição não admite), não há espaço para isenção." Por fim, cabe ressaltar que, em defesa de sua argumentação, a impugnante se valeu da lição de ilustres tributaristas, bem como apresentou ementas de alguns julgados do então Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda, da Câmara Superior de Recursos Fiscais, do Tribunal Regional Federal da 4a Região e do Superior Tribunal de Justiça. No item "2. Do Direito: 2.2. Da inexigibilidade da multa isolada por vício formal: falta de nexo entre a situação de fato e a penalidade imposta" (fls. 175 a 177), a impugnante defende que "a multa isolada é inexigível uma vez que não há conformação entre a norma dada por infringida e a realidade factual constatada pela fiscalização." Com vistas a esclarecer sua argumentação, alega que a multa isolada prevista na alínea "b" do inciso II do art. 44 da Lei n 9.430, de 1996, deve ser aplicada ao contribuinte que "deixar de recolher tributo apurado com base em estimativa" e, considerando que "elaborou mensalmente balanços no período fiscalizado", "a fiscalização somente poderia exigir a multa isolada se a recorrente Fl. 625DF CARF MF Emitido em 10/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/06/2011 por ANTONIO BEZERRA NETO Assinado digitalmente em 10/06/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER, 05/06/2011 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 10925.001698/200614 Acórdão n.º 140100.525 S1C4T1 Fl. 10.9 5 tivesse calculado a contribuição com base nas regras por estimativa, isto é sobre as receitas." No item "2. Do Direito: 2.3. Da impossibilidade jurídica da exigência da multa isolada concomitantemente com a multa por falta de recolhimento" (fls. 177 a 183), a impugnante alega que "a mesma conduta do contribuinte foi considerada como tipificadora de duas infrações" e, citando Marco Aurélio Greco, entende que "a previsão do inciso IV do § 1 do art. 44 da Lei ns 9.430/96 atualmente inciso II deve ser interpretada sistematicamente com o conjunto da disciplina tributária pertinente e que não autoriza sua exigência em duplicidade com a exigência feita juntamente com o imposto ou contribuição que a fiscalização reputa devidos." Segundo a tese trazida aos autos, "o artigo 44 apenas regula o modo pelo qual elas [as multas] serão exigidas (...). "Isolada" e "conjuntamente" são apenas maneiras pelas quais podem ser exigidas as penalidades, mas não indicam hipóteses infracionais autônomas." Transcreve precedentes, nesse sentido, no então Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda. No item "2. Do Direito: 2.4. A homologação tácita dos pagamentos efetuados pela requerente" (fls. 183 a 187), a impugnante alega "ao tempo da constituição do crédito tributário (29.09.2006), em relação ao período compreendido entre 01/2001 a 08/2001, já não era mais possível ao fisco efetuar qualquer revisão dos pagamentos efetuados, nem tampouco efetuar o lançamento de ofício de contribuições relativas àquele período. É que, em relação a esses períodos ocorreu a decadência do direito de constituir o crédito tributário (...)". Argumenta que: No caso dos tributos sujeitos a lançamento por homologação, (...) ainda que o pagamento efetivado pelo sujeito passivo tenha sido feito incorretamente, em valor inferior àquele efetivamente devido, com o transcurso do prazo de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador, darseá a homologação tácita do pagamento efetuado (repitase, ainda que incorreto), nos precisos termos o § 4 do artigo 150 do CTN, considerandose definitivamente extinto o crédito tributário, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. (...) No presente caso, como se pode observar dos documentos acostados, no período de janeiro a agosto de 2001, a Recorrente promoveu o recolhimento de valores a título de contribuição social sobre o lucro (CSLL). Em vista disso, em análise de mérito, ainda que fosse possível se considerar ter havido algum recolhimento menor do que o efetivamente devido, o que se admite unicamente para efeitos de argumentação, haveria que se reconhecer ter havido a homologação tácita dos pagamentos efetuados nos meses de janeiro de 2001 a agosto de 2001, posto que a notificação foi lavrada em 29 de setembro de 2006. Ainda neste item, a impugnante destaca o entendimento do Tribunal Regional Federal da 4a Região acerca da inconstitucionalidade do caput do art. 45 da Lei n 8.212, de 1991, que versa sobre o prazo de dez anos para a Fazenda Pública constituir créditos tributários relativos às contribuições destinadas ao custeio da Seguridade Social. Por fim, requer que "seja a presente notificação fiscal completamente cancelada em todos os seus efeitos." Fl. 626DF CARF MF Emitido em 10/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/06/2011 por ANTONIO BEZERRA NETO Assinado digitalmente em 10/06/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER, 05/06/2011 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 10925.001698/200614 Acórdão n.º 140100.525 S1C4T1 Fl. 11.9 6 É o relatório. A DRJ, por unanimidade de votos, manteve o lançamento, nos seguintes termos: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2001, 2002, 2003,2004 SOCIEDADES COOPERATIVAS. INCIDÊNCIA DA CSLL. Até 31 de dezembro de 2004, a CSLL é devida por todas as sociedades cooperativas e incide sobre todos os seus resultados, sejam eles relativos às operações com associados ou não (Lei fl 8.212, de 1991, arts. 10 e 15; Lei na 7.689, de 1988, art. 4fl; Lei n2 10.865, de 2004; e IN SRF n2 198, de 1988). O fato de a lei do cooperativismo denominar a mais valia de "sobra" não tem o condão de excluíla do conceito de lucro, mas permitir um disciplinamento específico da destinação desses resultados ("sobras"), cujo parâmetro é o volume de operações de cada associado, enquanto a distribuição do lucro deve guardar relação com a contribuição de cada sócio na formação do capital (Lei fl 6.404, de 1976, art. 187). ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 31/01/2001 a 31/12/2004 MULTA DE OFÍCIO APLICADA ISOLADAMENTE. FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS MENSAIS. A pessoa jurídica optante pela apuração da CSLL com base no lucro real anual deve promover o recolhimento das estimativas mensais, a título de antecipação da referida contribuição, com base na receita bruta e acréscimos, ou valendose de balanços de suspensão ou redução. A falta de recolhimento das estimativas, na forma da lei, enseja a aplicação de penalidade, exigida isoladamente, correspondente a cinquenta por cento do valor do pagamento mensal não efetuado. Verificado o recolhimento insuficiente das antecipações mensais, é cabível a imposição de multa isolada sobre os valores não recolhidos (Lei n 9.430, de 1996, arts. 2, 28 e44). CONCOMITÂNCIA DE MULTA ISOLADA COM MULTA ACOMPANHADA DO TRIBUTO. As contribuintes que deixarem de recolher, no curso do anocalendário, as parcelas devidas a título de antecipação (parcelas de estimativa) da CSLL sujeitamse à multa de ofício de cinquenta por cento, aplicada isoladamente, calculada sobre os valores de antecipação não pagos. Esta multa de ofício não se contunde com aquela aplicada sobre a CSLL apurada no ajuste anual, não paga no vencimento, por não possuírem a mesma hipótese legal de aplicação. Em vista disso, o lançamento da multa isolada é compatível com a exigência de tributo apurado ao final do anocalendário, acompanhado da correspondente multa de ofício (Lei n2 9.430, de 1996, art. 44; e IN SRF n 93, de 1997, arts. I5 e 16). Fl. 627DF CARF MF Emitido em 10/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/06/2011 por ANTONIO BEZERRA NETO Assinado digitalmente em 10/06/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER, 05/06/2011 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 10925.001698/200614 Acórdão n.º 140100.525 S1C4T1 Fl. 12.9 7 DECADÊNCIA. CSLL. APURAÇÃO ANUAL. É de cinco anos, a partir da ocorrência do fato gerador, o prazo de decadência para o Fisco constituir o crédito tributário. O fato gerador da CSLL relativamente aos contribuintes optantes pela apuração anual somente se completa em 31 de dezembro de cada ano. DECADÊNCIA. MULTA DE OFÍCIO APLICADA ISOLADAMENTE PELA FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS MENSAIS. A contagem do prazo decadencial quinquenal para formalização de lançamento de multa de ofício aplicada isoladamente, em relação às estimativas mensais da CSLL nãorecolhidas, regese pelo disposto no inciso I do art. 173 do Código Tributário Nacional; assim, seu termo inicial é o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Irresignada com a decisão de primeira instância, a interessada, interpôs recurso voluntário a este Primeiro Conselho de Contribuinte, repisando os tópicos trazidos anteriormente na impugnação. Fl. 628DF CARF MF Emitido em 10/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/06/2011 por ANTONIO BEZERRA NETO Assinado digitalmente em 10/06/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER, 05/06/2011 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 10925.001698/200614 Acórdão n.º 140100.525 S1C4T1 Fl. 13.9 8 Voto Conselheiro Antonio Bezerra Neto, Relator. O recurso reúne as condições de admissibilidade, dele tomo conhecimento. Decadência dos recolhimentos da CSLL No tocante a esse tema, em primeiro lugar, reconhecendo a controvérsia que o tema envolve, ressalvo a minha opinião particular de ter defendido anteriormente que o fato contingente de existir ou não pagamentos não teria o condão de interferir na natureza dos tributos sujeitos à homologação e por conseqüência aplicarseia a regra do art. art. 150, § 4º do CTN, ressalvado o caso de fraude ou dolo em que preponderaria a regra do art. 173, I do CTN. Entretanto, curveime recentemente à jurisprudência atual do STJ, no sentido de entender que a aplicação do art.150, §4º, do CTN atrai a realização de um pagamento em função da nova orientação do novo Regimento Interno do CARF (Portaria MF nº 586, de 22/12/2010), in verbis: Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. § 1º Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543B. § 2º O sobrestamento de que trata o § 1º será feito de ofício pelo relator ou por provocação das partes (grifei) Na presença desses pagamentos, como é o caso, o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese também após 5 (cinco) anos, mas, contados do fato gerador ( art. 150, § 4º do CTN). Como a apuração anual o fato gerador se dá no final do exercício. Quanto à matéria, adoto, portanto, a posição consolidada do STJ: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. PETIÇÃO DE RECURSO ESPECIAL ASSINADA POR ADVOGADO SEM PROCURAÇÃO NOS AUTOS. SÚMULA 115/STJ. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA. TERMO INICIAL. VIOLAÇÃO DE PRINCÍPIOS Fl. 629DF CARF MF Emitido em 10/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/06/2011 por ANTONIO BEZERRA NETO Assinado digitalmente em 10/06/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER, 05/06/2011 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 10925.001698/200614 Acórdão n.º 140100.525 S1C4T1 Fl. 14.9 9 CONSTITUCIONAIS. COMPETÊNCIA DA SUPREMA CORTE. FALTA DE PREQUESTIONAMENTO. ..... 3. Nos créditos tributários relativos à contribuição previdenciária – tributo sujeito a lançamento por homologação – cujo pagamento não foi antecipado pelo contribuinte, caso em que se aplica o art. 173, I, do CTN, deve o prazo decadencial de cinco anos para a sua constituição ser contado a partir do primeiro dia do exercício financeiro seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Portanto, escorreito o acórdão recorrido, o qual entendeu pela exigibilidade integral dos débitos referentes ao ano base de 1992. ..... 7. Recurso especial não conhecido.(Segunda Turma, REsp 1154592 / PR, Min. Castro Meira, Julg. 20/05/2010, DJe 02/06/2010). AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. DIREITO TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECADÊNCIA. TERMO INICIAL. 1. Nos tributos sujeitos a lançamento por homologação, quando inocorre o pagamento antecipado pelo contribuinte, o prazo decadencial para o lançamento de ofício substitutivo é determinado pelo artigo 173, inciso I, do Código Tributário Nacional. 2. Orientação reafirmada pela Primeira Seção desta Corte, no julgamento do REsp nº 973.733/SC, Relator Ministro Luiz Fux, sob o rito dos recursos repetitivos (Código de Processo Civil, artigo 543C). 3. Agravo regimental improvido. (Primeira Turma, AgRg no REsp 1120220 / PR, Min. Hamilton Carvalhido, Julg. 18/05/2010, DJe 02/06/2010) PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Fl. 630DF CARF MF Emitido em 10/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/06/2011 por ANTONIO BEZERRA NETO Assinado digitalmente em 10/06/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER, 05/06/2011 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 10925.001698/200614 Acórdão n.º 140100.525 S1C4T1 Fl. 15.9 10 julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). ..... 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (Primeira Seção, REsp 973.733/SC, Min. Luiz Fux, Julg. 12/08/2009, DJe 18/09/2009) No caso que se cuida, o auto de infração visa a cobrança de crédito tributário da CSLL incidente sobre os resultados positivos auferidos pela Recorrente, cooperativa, relativo aos anoscalendário de 2001 a 2004. Ressaltese que fato de a CSLL se tratar de uma contribuição social não prejudica a conclusão supra, pois seu disciplinamento envolvendo a decadência não mais possui regramento próprio (artigo 45, da Lei nº 8.212, de 1991) após a declaração de inconstitucionalidade dos artigos 44 e 45 do referido diploma legal. A matéria foi contemplada com a Súmula Vinculante nº 8: “São inconstitucionais os parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário”. Dessa forma, a mesma sistemática do IRPJ envolvendo o art. 150, § 4º, pois se constata pagamentos no período (fls. 50/60), também se aplica a essa contribuição social, sujeita que está também ao lançamento por homologação. Portanto, para o anocalendário mais antigo (2001), considerando a apuração anual, pela regra do art. 150, § 4º, do CTN o lançamento poderia ser efetuado até 31/12/2006. Como o Contribuinte foi notificado da autuação em 29 de setembro de 2006, afastado está a decadência. Por todo o exposto, afasto a decadência da CSLL. Fl. 631DF CARF MF Emitido em 10/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/06/2011 por ANTONIO BEZERRA NETO Assinado digitalmente em 10/06/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER, 05/06/2011 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 10925.001698/200614 Acórdão n.º 140100.525 S1C4T1 Fl. 16.9 11 MÉRITO A lide cingese a saber se sobre os resultados positivos conseguidos pelas cooperativas, advindos ou não de atos cooperativos, incide a CSLL. A princípio cabe salientar que independente do alcance da definição do ato cooperativo, prevista no art. 79 da Lei nº 5.764, de 1971, ou das características peculiares das sociedades cooperativas ressaltadas no recurso, a CSLL incide sobre a totalidade dos seus resultados positivos obtidos no exercício. A esse respeito, assim dispõe a Lei nº 7.689, de 1988, instituidora da referida contribuição, verbis: “Art. 2º A base de cálculo da contribuição é o valor do resultado do exercício, antes da provisão para o imposto de renda.” A Constituição Federal estabelece em seu art. 195 que a seguridade social deve ser financiada por toda a sociedade, tendo como fonte de recursos, entre outras, a Contribuição Social sobre o Lucro. Dispõe tal artigo no caput, inciso I, § 7°: “Art. 195 A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I dos empregadores, incidente sobre a folha de salários, o faturamento e o lucro; (…) § 7° São isentas de contribuição para a seguridade social às entidades beneficentes de assistência social que atendam as exigências estabelecidas em Lei”. Por seu turno, ao instituir a Contribuição Social sobre o Lucro, a Lei n° 7.689, de 1988 também atendeu ao princípio da universalidade no sentido de a seguridade social ser financiada por toda a sociedade direta ou indiretamente. Assim estabelece o art. 4° da referida Lei, que “são contribuintes as pessoas jurídicas domiciliadas no País e as que lhes são equiparadas pela legislação tributária”. A mencionada Lei também não isentou as entidades cooperativas do recolhimento da CSLL através do seu art. 2°, § 1°, alínea ‘c’, com a redação dada pelo art. 2° da Lei n° 8.134, de 1990, que relaciona os valores que devem ser adicionados e/ou excluídos na obtenção da base de cálculo. Da mesma forma, a Lei n° 8.212, de 24 de julho de 1991, que trata da organização da seguridade social, também não estabeleceu a referida isenção, e em sua conceituação abrangente do que seja empresa, abarcou diretamente o conceito de cooperativa, pois o importante não é nem ter ou não lucro, mas sim assumir o risco de atividade comercial, como se vê dos seus artigos 10 e 15, a seguir transcritos: “Art. 10. A Seguridade Social será financiada por toda sociedade, de forma direta e indireta, nos termos do art. 195 da Constituição Federal e desta Lei, mediante recursos Fl. 632DF CARF MF Emitido em 10/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/06/2011 por ANTONIO BEZERRA NETO Assinado digitalmente em 10/06/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER, 05/06/2011 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 10925.001698/200614 Acórdão n.º 140100.525 S1C4T1 Fl. 17.9 12 provenientes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de contribuições sociais.(...) Art. 15. Considerase: I — empresa a firma individual ou sociedade que assume o risco de atividade econômica urbana ou rural, com fins lucrativos ou não, bem como os órgãos e entidades da administração pública direta, indireta e fundacional; (...) Parágrafo único. Equiparase a empresa, para os efeitos desta Lei, o contribuinte individual em relação a segurado que lhe presta serviço, bem como a cooperativa , a associação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade, a missão diplomática e a repartição consular de carreiras estrangeiras.”(Redação dada pela Lei n° 9.876, de 26.11.99, grifei). Como se deduz, não existe nenhum comando normativo isentando ou retirando do campo de incidência da CSLL os resultados positivos conseguidos pelas cooperativas. É de concluir, portanto, a intenção do legislador ao criar a mencionada contribuição foi que a mesma fosse financiada por toda sociedade, inclusive por essas entidades. Assim, com o advento da Lei nº. 8.212/91 fica cristalino que as cooperativas em geral são contribuintes das contribuições à seguridade social, tendo a referida lei elencado explicitamente todas as pessoas jurídicas e físicas contribuintes das contribuições à seguridade social, equiparando expressamente à empresa, as sociedades cooperativas em geral. Dizem que o fundamento de validade indicada no texto constitucional de 1988 para a instituição da CSLL é a “existência de lucro, termo de conteúdo semântico bem definido em nosso ordenamento jurídico e que expressa materialidade relacionada ao resultado obtido pela exploração de atividade mercantil” (103136.975). Esclarecem que o lucro como objetivo maior de qualquer atividade empresarial, é obtido com a intenção de ser repassado aos sócios da pessoa jurídica e de ser repartido entre aqueles que possibilitam o desenvolvimento da atividade empresarial. Por outro lado, o superávit, por sua vez, consiste em resultado positivo que, por ser auferido por pessoa jurídica sem fins lucrativos, não é repassado a ninguém Decerto a hipótese de incidência tributária prevista na Lei nº 7.689/88 descreve a ocorrência de “resultado”, tanto importa qual a destinação que se dará ao mesmo: lucro ou superávit . O importante é a natureza do “resultado” obtido entre receitas e despesas em determinado período, perfeitamente calculável em qualquer atividade empresarial que assume risco de atividade econômico. Outrossim, não se venha alegar que o fato de a lei do cooperativismo denominar a mais valia de "sobra" teria o condão de excluíla do conceito de lucro, pois na verdade a teleologia dessa terminologia foi tãosomente de permitir um disciplinamento específico da destinação desses resultados ("sobras"), cujo parâmetro é o volume de operações de cada associado, enquanto a distribuição do lucro deve guardar relação com a contribuição de cada sócio na formação do capital (Lei nº 6.404, de 1976, art. 187). Fl. 633DF CARF MF Emitido em 10/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/06/2011 por ANTONIO BEZERRA NETO Assinado digitalmente em 10/06/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER, 05/06/2011 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 10925.001698/200614 Acórdão n.º 140100.525 S1C4T1 Fl. 18.9 13 Tanto é assim que a Receita Federal expediu Instrução Normativa apenas reconhecendo o que já estava explícito em Lei, como se observa do disposto na IN SRF nº 198 de 29 de dezembro de 1998, que faz a ressalva de dedução como despesa da parcela da contribuição, relativa a operações com não associados, apenas para efeito de cálculo do Lucro Real (base do IRPJ), nos seguintes termos: “ 9. As sociedades cooperativas calcularão a contribuição social sobre o resultado do períodobase, podendo deduzir como despesa na determinação do lucro real, a parcela da contribuição relativa ao lucro nas operações com não associados.” (grifei.) Argumento empírico Outrossim, somente a partir da vigência da Lei nº 10.865, de 2004 e com efeitos prospectivos para 01/01/2005, a teor de seu artigo 48, é que, exceção feita às cooperativas de consumo, ficaram isentas da CSLL as sociedades cooperativas, relativamente aos atos cooperativos. Ora, se havia aqui nãoincidência, como se falar então em “isenção”, que pressupõe a possibilidade de tributação, mas que a legislação resolveu excluir sua incidência? Outrossim, vejamos a redação da referida Lei: Art. 39. As sociedades cooperativas que obedecerem ao disposto na legislação específica, relativamente aos atos cooperativos, ficam isentas da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL. (Vide art.48 da Lei nº 10.865, de 2004) Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo não se aplica às sociedades cooperativas de consumo de que trata o art. 69 da Lei no 9.532, de 10 de dezembro de 1997. Art. 48. Produz efeitos a partir de 1º de janeiro de 2005 o disposto no art. 39 desta Lei. Ora, a contrario senso, significa dizer que antes de 1º de janeiro de 2005 elas não eram isentas e também não havia não incidência, ou seja, havia tributação. Entendimento contrário significa também afastar a referida Lei, o que é vedado a este Conselho. Por todo o exposto, nego provimento a esse item. Decadência das Multa isoladas (CSLL) No caso de a obrigação tributária se referir a penalidades, como é o caso, não é aplicável a regra contida no artigo 150, § 4º, do CTN, como pretende a Recorrente, adotada apenas para tributos sujeitos ao lançamento por homologação, mas sim a regra a ser observada seria a do artigo 173, e seu inciso I, também do CTN, independentemente de haver o dolo ou não. Sendo assim, pela regra aqui efetivamente adotada neste voto, do 173, I do CTN, a decadência estaria afastada, uma vez que o período seguinte ao que poderia ser lançado no que se refere as estimativas efetuadas até novembro de 2001 (período mais antigo) seria exercício de 2002, findando o prazo decadencial em 31/12/2006. Como o Contribuinte foi notificado da autuação em 29 de setembro de 2006, afastado está a decadência. Fl. 634DF CARF MF Emitido em 10/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/06/2011 por ANTONIO BEZERRA NETO Assinado digitalmente em 10/06/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER, 05/06/2011 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 10925.001698/200614 Acórdão n.º 140100.525 S1C4T1 Fl. 19.9 14 Portanto, afasto a decadência das multas isoladas pela regra do art. 173, I. Multa Isolada – Estimativas não pagas A multa isolada foi apurada em face de falta de recolhimento da estimativa da CSLL devida em função da tributação integral dos resultados da cooperativa, conforme tópico anterior. Em primeiro lugar, a esse respeito, defendese a Recorrente alegando que a multa isolada é inexigível uma vez que não há conformação entre a norma dada por infringida e a realidade factual constatada pela fiscalização. Em complemento, alega ainda que a multa isolada prevista na alínea "b" do inciso II do art. 44 da Lei n2 9.430, de 1996, deve ser aplicada ao contribuinte que deixar de recolher tributo apurado com base em estimativa e, considerando que "elaborou mensalmente balanços no período fiscalizado, a fiscalização somente poderia exigir a multa isolada se a recorrente tivesse calculado a contribuição com base nas regras por estimativa, isto é sobre as receitas." Os argumentos acima não se sustentam. Em primeiro lugar porque, como já se disse, as multas isoladas foram apuradas em face de falta de recolhimento das estimativas da CSLL devidas em função da tributação integral dos resultados da cooperativa. E por fim, o fato de a contribuinte ter apurado balanços mensais, por si só não infirma nada, não prejudicando a incidência da norma punitiva que, inclusive, contempla essa forma de determinação do pagamento mensal. Restou configurada a infração, uma vez constatado pela fiscalização que, em razão da exclusão indevida de parcelas do resultado tributável, houve insuficiência nos pagamentos mensais, ainda que calculados a partir de balancetes mensais. Insurgese também a Recorrente contra a exigência concomitante da multa isolada juntamente com a multa que acompanha a contribuição, sob o argumento de que a mesma conduta do contribuinte foi considerada como tipificadora de duas infrações, o que já teria recebido o repúdio da jurisprudência administrativa, conforme ementas que colaciona. Defende, ainda, que os incisos do art. 44 da Lei n2 9.430, de 1996, não indicam hipóteses infracionais autônomas. Cabe de início esclarecer que não se confunde a existência de duas infrações distintas.Uma coisa é o descumprimento da obrigação de recolher, até o último dia útil do mês subseqüente àquele a que se referir, o imposto apurado por estimativa; outra, completamente diferente é a caracterização de declaração inexata e da falta de recolhimento do imposto apurado no final do ano, com base no lucro real. Tais infrações são passíveis de penalidades distintas, previstas em diferentes dispositivos da legislação uma incidindo isoladamente, sobre as estimativas obrigatórias não recolhidas durante o anocalendário e outra cobrada juntamente com o imposto devido (declaração inexata). A lei em sua redação original, coincidentemente, tinha adotado o mesmo percentual de 75% para ambos os casos. Mas, esse dispositivo foi alterado pela lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007, dandolhe nova redação, reduzindo a multa isolada para 50%; bem assim deixando bem claro, se dúvidas haviam, de que a referida multa isolada era cabível no caso de estimativa mensal não paga e não de tributo final não pago. Assim, em virtude da legislação referida, ao optar pela apuração dos lucros com base no real anual a contribuinte ficou obrigada a antecipar o pagamento do imposto de renda e da contribuição social, recolhendoos mensalmente, por estimativa. Fl. 635DF CARF MF Emitido em 10/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/06/2011 por ANTONIO BEZERRA NETO Assinado digitalmente em 10/06/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER, 05/06/2011 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 10925.001698/200614 Acórdão n.º 140100.525 S1C4T1 Fl. 20.9 15 A multa isolada recebe essa denominação apenas por ser exigida separada e independentemente do tributo, tanto que se impõe ainda quando nenhum tributo ao final do período de apuração seja devido, apenas porque o contribuinte deixou de satisfazer o recolhimento por estimativa que lhe tocava efetuar. A multa aplicase ainda que, no final do período de apuração, venha a ser apurado prejuízo fiscal. Se a multa é cabível mesmo na hipótese de se verificar prejuízo ao final do período de apuração 2(duas) ilações estão aí pressupostas que precisam ser desveladas: a) a penalidade é imposta não em razão do pagamento insuficiente do tributo devido ao final da apuração, mas sim pelo falta de cumprimento de outra obrigação distinta, que é o recolhimento antecipado da estimativa mensal; b) descabido é também o argumento de que a multa isolada só se aplica para período não encerrado. Portanto, importa verificar que a exigência da multa isolada independe de se apurar resultado anual tributável, decorre do descumprimento da obrigação de recolher a estimativa apurada no mêscalendário. Também não se pode conceber que a aplicação da multa seja de caráter condicional. Explico melhor. O descumprimento da norma enseja a aplicação da penalidade, não tendo lógica a lei determinar que se proceda de certa maneira e se venha a ter procedimento em sentido oposto. É, pois, inadmissível que paralelamente com o deverser do comportamento, coexista o pretenso direito ao livre arbítrio de agir, vulnerandose o conteúdo das determinações legais. O nãocumprimento da obrigação tributária estabelecida nos dispositivos legais pelas pessoas jurídicas a elas obrigadas, consubstanciase em infração tributária e oportuniza o procedimento fiscal de ofício que visa restaurar o ordenamento jurídico violado. Mantenho, portanto, as multas isoladas nos exatos termos prescritos na autuação. Por todo o exposto, afasto a decadência da multa isolada e dos recolhimentos da CSLL e, no mérito, nego provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Antonio Bezerra Neto Fl. 636DF CARF MF Emitido em 10/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/06/2011 por ANTONIO BEZERRA NETO Assinado digitalmente em 10/06/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER, 05/06/2011 por ANTONIO BEZERRA NETO
score : 1.0
Numero do processo: 10980.933422/2009-77
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Feb 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/12/2002 a 31/12/2002
PIS/PASEP. COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º, DA LEI Nº 9.718/98, QUE AMPLIAVA O CONCEITO DE FATURAMENTO. NÃO INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO SOBRE RECEITAS NÃO COMPREENDIDAS NO CONCEITO DE FATURAMENTO ESTABELECIDO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL PREVIAMENTE À PUBLICAÇÃO DA EC Nº 20/98.
A base de cálculo do PIS e da COFINS é o faturamento, assim compreendido a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza. Inadmissível o conceito ampliado de faturamento contido no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, uma vez que referido dispositivo foi declarado inconstitucional pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF).
Diante disso, não poderão integrar a base de cálculo da contribuição as receitas não compreendidas no conceito de faturamento previsto no art. 195, I, b, na redação originária da Constituição Federal de 1988, previamente à publicação da Emenda Constitucional nº 20, de 1998.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3402-003.748
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer a juridicidade do crédito vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do montante compensado.
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos Atulim - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201701
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/12/2002 a 31/12/2002 PIS/PASEP. COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º, DA LEI Nº 9.718/98, QUE AMPLIAVA O CONCEITO DE FATURAMENTO. NÃO INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO SOBRE RECEITAS NÃO COMPREENDIDAS NO CONCEITO DE FATURAMENTO ESTABELECIDO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL PREVIAMENTE À PUBLICAÇÃO DA EC Nº 20/98. A base de cálculo do PIS e da COFINS é o faturamento, assim compreendido a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza. Inadmissível o conceito ampliado de faturamento contido no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, uma vez que referido dispositivo foi declarado inconstitucional pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF). Diante disso, não poderão integrar a base de cálculo da contribuição as receitas não compreendidas no conceito de faturamento previsto no art. 195, I, b, na redação originária da Constituição Federal de 1988, previamente à publicação da Emenda Constitucional nº 20, de 1998. Recurso Voluntário Provido.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Feb 07 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10980.933422/2009-77
anomes_publicacao_s : 201702
conteudo_id_s : 5675929
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Feb 07 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3402-003.748
nome_arquivo_s : Decisao_10980933422200977.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : ANTONIO CARLOS ATULIM
nome_arquivo_pdf_s : 10980933422200977_5675929.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer a juridicidade do crédito vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do montante compensado. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
dt_sessao_tdt : Tue Jan 24 00:00:00 UTC 2017
id : 6640097
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:55:27 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048688273653760
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1946; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 2 1 1 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10980.933422/200977 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3402003.748 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 24 de janeiro de 2017 Matéria PIS/COFINS. COMPENSAÇÃO. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. Recorrente BRASILSAT HARALD S A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/12/2002 a 31/12/2002 PIS/PASEP. COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º, DA LEI Nº 9.718/98, QUE AMPLIAVA O CONCEITO DE FATURAMENTO. NÃO INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO SOBRE RECEITAS NÃO COMPREENDIDAS NO CONCEITO DE FATURAMENTO ESTABELECIDO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL PREVIAMENTE À PUBLICAÇÃO DA EC Nº 20/98. A base de cálculo do PIS e da COFINS é o faturamento, assim compreendido a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza. Inadmissível o conceito ampliado de faturamento contido no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, uma vez que referido dispositivo foi declarado inconstitucional pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF). Diante disso, não poderão integrar a base de cálculo da contribuição as receitas não compreendidas no conceito de faturamento previsto no art. 195, I, “b”, na redação originária da Constituição Federal de 1988, previamente à publicação da Emenda Constitucional nº 20, de 1998. Recurso Voluntário Provido. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer a juridicidade do crédito vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do montante compensado. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim Presidente e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 93 34 22 /2 00 9- 77 Fl. 117DF CARF MF Processo nº 10980.933422/200977 Acórdão n.º 3402003.748 S3C4T2 Fl. 0 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório 1. Tratase de processo administrativo decorrente da apresentação de manifestação de inconformidade contra despacho decisório que não homologou compensação declarada pelo contribuinte. 2. Segundo consta dos autos, o contribuinte alega possuir um crédito tributário decorrente do pagamento a maior de COFINS, nos termos exigidos pelo art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98, o qual foi julgado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, por intermédio do RE n. 357.950, afetado por repercussão geral. 3. Referida manifestação de inconformidade foi julgada improcedente pela DRJCuritiba nos termos do que se depreende da ementa abaixo transcrita, na parte de interesse ao presente julgamento: ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. COMPETÊNCIA DAS AUTORIDADES ADMINISTRATIVAS. O julgador da esfera administrativa deve limitarse a aplicar a legislação vigente, restando, por disposição constitucional, ao Poder Judiciário a competência para apreciar inconformismos relativos à sua validade ou constitucionalidade. Manifestação de Inconformidade Improcedente. Direito Creditório Não Reconhecido. 4. Diante deste quadro, o contribuinte interpôs recurso voluntário alegando, em suma, o que segue: (i) nulidade da decisão atacada, uma vez que ao pretexto de não poder analisar constitucionalidade de norma, a decisão vergastada deixou de analisar outros fundamentos jurídicos desenvolvidos pelo recorrente e que seriam autônomos e suficientes para a procedência do seu pleito; e, ainda (ii) que o crédito vindicado pelo contribuinte seria legítimo, nos termos da já citada decisão Pretoriana, a qual apresentaria caráter vinculativo para este CARF, conforme previsto no então vigente art. 62A do RICARF. 5. É o relatório. Fl. 118DF CARF MF Processo nº 10980.933422/200977 Acórdão n.º 3402003.748 S3C4T2 Fl. 0 3 Voto Antonio Carlos Atulim, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402003.723, de 24 de janeiro de 2017, proferido no julgamento do processo 10980.933424/200966, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402003.723): "6. O recurso voluntário é tempestivo e preenche os demais pressupostos formais de admissibilidade, motivo pelo qual dele tomo conhecimento. I. Da nulidade da decisão atacada 7. Não há nulidade da decisão atacada. Conforme se observa da própria manifestação de inconformidade do contribuinte, o pano de fundo a originar seu crédito para a contribuição em apreço é a inconstitucionalidade do art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98, reconhecida pelo STF. É o que se observa do seguinte trecho da sua manifestação: O contribuinte extinguiu o débito da COFINS, apurada conforme acima e declarada em DCTF, com DARF, período de apuração 28/02/2003, código de receita 2172, recolhido em 14/03/2003. Posteriormente, com a Declaração de inconstitucionalidade do art. 3º, parágrafo 1º, da Lei nº 9.718/98 surgiu para o contribuinte o crédito tributário oponível ao Fisco referente a COFINS incidente sobre as receitas financeiras no valor de R$ 18.459,40. 8. A decisão recorrida, por sua vez, partiu do pressuposto que a questão em apreço tocava a análise quanto à (in)constitucionalidade de normas, o que não seria passível de apreciação na instância administrativa, nos exatos termos da Súmula CARF no 2. 9. Assim, uma vez reconhecida a sua incompetência para a questão de fundo e cuja análise seria essencial para o deslinde da questão debatida, a DRJ não poderia seguir adiante na análise da manifestação de inconformidade proposta pelo contribuinte. 10. Todavia, ainda que se considere que a decisão recorrida apresenta uma mácula, o que se afirma aqui a título de obiter dicta, mesmo assim tal fato não seria impediente para a análise do recurso voluntário interposto, haja vista o disposto no art. 59, Fl. 119DF CARF MF Processo nº 10980.933422/200977 Acórdão n.º 3402003.748 S3C4T2 Fl. 0 4 §3º do Decreto m. 70.235/721, motivo pelo qual passo a análise de mérito do presente recurso. II. Do mérito da compensação perpetrada 11. Superada a questão preliminar, não há dúvida que, nos mérito, a juridicidade do crédito do contribuinte deve ser reconhecida, haja vista que a origem do citado crédito decorre da reconhecida inconstitucionalidade do art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98, assim reconhecida pelo STF quando do julgamento do RE nº 357.950, afetado por repercussão geral, e que restou assim ementado: CONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE ARTIGO 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718, DE 27 DE NOVEMBRO DE 1998 EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1998. O sistema jurídico brasileiro não contempla a figura da constitucionalidade superveniente. TRIBUTÁRIO INSTITUTOS EXPRESSÕES E VOCÁBULOS SENTIDO. A norma pedagógica do artigo 110 do Código Tributário Nacional ressalta a impossibilidade de a lei tributária alterar a definição, o conteúdo e o alcance de consagrados institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados expressa ou implicitamente. Sobrepõese ao aspecto formal o princípio da realidade, considerados os elementos tributários. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PIS RECEITA BRUTA NOÇÃO INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98. A jurisprudência do Supremo, ante a redação do artigo 195 da Carta Federal anterior à Emenda Constitucional nº 20/98, consolidouse no sentido de tomar as expressões receita bruta e faturamento como sinônimas, jungindoas à venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços. É inconstitucional o § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, no que ampliou o conceito de receita bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvida e da classificação contábil adotada. (STF; RE 390840, Relator: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 09/11/2005, DJ 15082006 PP 00025 EMENT VOL0224203 PP00372 RDDT n. 133, 2006, p. 214215) 1 "Art. 59. São nulos: (...). § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. (...)." Fl. 120DF CARF MF Processo nº 10980.933422/200977 Acórdão n.º 3402003.748 S3C4T2 Fl. 0 5 12. Referida decisão vincula este órgão julgador, nos termos art. 62, § 2º, do RICARF, in verbis: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (...). § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) 13. Assim, o crédito do contribuinte é juridicamente válido, cabendo à fiscalização tão somente apurar se o montante aproveitado pelo contribuinte efetivamente retrata o aludido crédito. Dispositivo 14. Diante do exposto voto por dar provimento ao recurso voluntário interposto pelo contribuinte, reconhecendo o direito ao crédito por ele vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do quantum compensado." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, dou provimento ao recurso voluntário, para reconhecer a juridicidade do crédito por ele vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do quantum compensado. assinado digitalmente Antonio Carlos Atulim Fl. 121DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10920.722344/2011-14
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Sep 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/11/2006 a 31/12/2008
CONVÊNIO. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS AO SESI E AO SENAI. CIRCUNSTÂNCIA IMPEDITIVA DO LANÇAMENTO.
1. Vigente à época dos fatos geradores, a Instrução Normativa MPS/SRP 03/2005 dispunha, no seu art. 139, § 2º, que as contribuições devidas a outras entidades ou fundos poderiam ser recolhidas diretamente à respectiva entidade ou fundo, mediante celebração de convênio.
2. A existência de convênio para arrecadação direta de terceiros impede o lançamento pela SRFB.
LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. EXISTÊNCIA.
Caso se admita que os valores vertidos aos planos de previdência privada complementar têm natureza remuneratória, deve se admitir que as despesas de gestão, administração e taxa de carregamento são realizadas em nome dos beneficiários, compondo, portanto, a base de cálculo das contribuições.
PREVIDÊNCIA PRIVADA COMPLEMENTAR ABERTA. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DO FATO GERADOR.
1. Com a edição da LC 109/2001, a pessoa jurídica poderá oferecer o programa de previdência privada complementar aberto a grupos de empregados ou dirigentes pertencentes à determinada categoria, desde que não o faça como instrumento de incentivo ao trabalho.
2. A fiscalização não determinou, de forma adequada, a realização dos fatos geradores das contribuições em referência, pois não comprovou que os valores foram efetivamente pagos como retribuição pelo trabalho prestado.
3. Não demonstrada a ocorrência, no mundo fenomênico, da ocorrência do fato gerador das contribuições lançadas contra a recorrente, deve o lançamento ser cancelado.
QUALIFICAÇÃO DA MULTA DE OFÍCIO. CABIMENTO. DOLO. EXISTÊNCIA.
1. As circunstâncias e as peculiaridades do caso concreto permitem concluir que a ação da recorrente foi indubitavelmente (e não presumivelmente) dolosa.
2. A fiscalização comprovou que a contribuinte se descuidou do seu dever de boa-fé.
DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÕES PRINCIPAL E ACESSÓRIA. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigação acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32-A, da Lei no 8.212/91, com a redação dada pela Lei no 11.941/2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35-A, penalidade única combinando as duas condutas.
JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. CABIMENTO.
1. Os juros de mora são aplicáveis sobre a multa de ofício, na medida em que ela é integrante do crédito tributário não integralmente pago no vencimento.
2. O tributo e a multa têm datas de vencimentos diferentes.
3. Diferentemente do tributo, que decorre exclusivamente do seu respectivo fato gerador, a multa de ofício decorre do lançamento.
4. O vencimento da multa por lançamento de oficio se dá no prazo de 30 dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência.
RELATÓRIO DE VÍNCULOS. INEXISTÊNCIA DE IMPUTAÇÃO DE SOLIDARIEDADE. NATUREZA INFORMATIVA. SÚMULA CARF Nº 88.
Súmula CARF nº 88: A Relação de Co-Responsáveis - CORESP, o Relatório de Representantes Legais - RepLeg e a Relação de Vínculos - VÍNCULOS, anexos a auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa.
Recursos de Ofício Negado e Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2402-005.450
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso de ofício, para negar-lhe provimento; e, quanto ao recurso voluntário, por unanimidade, conhecê-lo, para afastar a preliminar de nulidade; e, no mérito: (a) por unanimidade de votos, em dar-lhe provimento parcial, para cancelar o lançamento quanto aos planos de previdência privada complementar abertos FGB, PGBL-I e PGBL-II; (b) pelo voto de qualidade, negar provimento quanto às demais questões, vencidos os conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci, Amílcar Barca Teixeira Júnior, Theodoro Vicente Agostinho e Bianca Felícia Rothschild, que encaminharam pela limitação da multa de mora a 20%. Não participou da votação do item "a" o Conselheiro Amílcar Barca Teixeira Júnior, posto que atuou em substituição ao Conselheiro Natanael Vieira de Souza, que já havia proferido o seu voto nesta questão em sessão anterior. Quanto à multa qualificada, que foi mantida por unanimidade, votou pelas conclusões o Conselheiro Theodoro Vicente Agostinho. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Túlio Teotônio de Melo Pereira.
(Assinado digitalmente)
Kleber Ferreira de Araújo - Presidente
(Assinado digitalmente)
João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator
(Assinado digitalmente)
Túlio Teotônio de Melo Pereira - Redator designado
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Amílcar Barca Teixeira Júnior, Tulio Teotonio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felicia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci.
Nome do relator: JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201608
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/11/2006 a 31/12/2008 CONVÊNIO. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS AO SESI E AO SENAI. CIRCUNSTÂNCIA IMPEDITIVA DO LANÇAMENTO. 1. Vigente à época dos fatos geradores, a Instrução Normativa MPS/SRP 03/2005 dispunha, no seu art. 139, § 2º, que as contribuições devidas a outras entidades ou fundos poderiam ser recolhidas diretamente à respectiva entidade ou fundo, mediante celebração de convênio. 2. A existência de convênio para arrecadação direta de terceiros impede o lançamento pela SRFB. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. EXISTÊNCIA. Caso se admita que os valores vertidos aos planos de previdência privada complementar têm natureza remuneratória, deve se admitir que as despesas de gestão, administração e taxa de carregamento são realizadas em nome dos beneficiários, compondo, portanto, a base de cálculo das contribuições. PREVIDÊNCIA PRIVADA COMPLEMENTAR ABERTA. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DO FATO GERADOR. 1. Com a edição da LC 109/2001, a pessoa jurídica poderá oferecer o programa de previdência privada complementar aberto a grupos de empregados ou dirigentes pertencentes à determinada categoria, desde que não o faça como instrumento de incentivo ao trabalho. 2. A fiscalização não determinou, de forma adequada, a realização dos fatos geradores das contribuições em referência, pois não comprovou que os valores foram efetivamente pagos como retribuição pelo trabalho prestado. 3. Não demonstrada a ocorrência, no mundo fenomênico, da ocorrência do fato gerador das contribuições lançadas contra a recorrente, deve o lançamento ser cancelado. QUALIFICAÇÃO DA MULTA DE OFÍCIO. CABIMENTO. DOLO. EXISTÊNCIA. 1. As circunstâncias e as peculiaridades do caso concreto permitem concluir que a ação da recorrente foi indubitavelmente (e não presumivelmente) dolosa. 2. A fiscalização comprovou que a contribuinte se descuidou do seu dever de boa-fé. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÕES PRINCIPAL E ACESSÓRIA. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigação acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32-A, da Lei no 8.212/91, com a redação dada pela Lei no 11.941/2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35-A, penalidade única combinando as duas condutas. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. CABIMENTO. 1. Os juros de mora são aplicáveis sobre a multa de ofício, na medida em que ela é integrante do crédito tributário não integralmente pago no vencimento. 2. O tributo e a multa têm datas de vencimentos diferentes. 3. Diferentemente do tributo, que decorre exclusivamente do seu respectivo fato gerador, a multa de ofício decorre do lançamento. 4. O vencimento da multa por lançamento de oficio se dá no prazo de 30 dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. RELATÓRIO DE VÍNCULOS. INEXISTÊNCIA DE IMPUTAÇÃO DE SOLIDARIEDADE. NATUREZA INFORMATIVA. SÚMULA CARF Nº 88. Súmula CARF nº 88: A Relação de Co-Responsáveis - CORESP, o Relatório de Representantes Legais - RepLeg e a Relação de Vínculos - VÍNCULOS, anexos a auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa. Recursos de Ofício Negado e Voluntário Provido em Parte.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Sep 06 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 10920.722344/2011-14
anomes_publicacao_s : 201609
conteudo_id_s : 5631252
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Sep 07 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 2402-005.450
nome_arquivo_s : Decisao_10920722344201114.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI
nome_arquivo_pdf_s : 10920722344201114_5631252.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso de ofício, para negar-lhe provimento; e, quanto ao recurso voluntário, por unanimidade, conhecê-lo, para afastar a preliminar de nulidade; e, no mérito: (a) por unanimidade de votos, em dar-lhe provimento parcial, para cancelar o lançamento quanto aos planos de previdência privada complementar abertos FGB, PGBL-I e PGBL-II; (b) pelo voto de qualidade, negar provimento quanto às demais questões, vencidos os conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci, Amílcar Barca Teixeira Júnior, Theodoro Vicente Agostinho e Bianca Felícia Rothschild, que encaminharam pela limitação da multa de mora a 20%. Não participou da votação do item "a" o Conselheiro Amílcar Barca Teixeira Júnior, posto que atuou em substituição ao Conselheiro Natanael Vieira de Souza, que já havia proferido o seu voto nesta questão em sessão anterior. Quanto à multa qualificada, que foi mantida por unanimidade, votou pelas conclusões o Conselheiro Theodoro Vicente Agostinho. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Túlio Teotônio de Melo Pereira. (Assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo - Presidente (Assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator (Assinado digitalmente) Túlio Teotônio de Melo Pereira - Redator designado Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Amílcar Barca Teixeira Júnior, Tulio Teotonio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felicia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci.
dt_sessao_tdt : Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
id : 6485751
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:52:07 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048688284139520
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 42; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2578; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T2 Fl. 2 1 1 S2C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10920.722344/201114 Recurso nº De Ofício e Voluntário Acórdão nº 2402005.450 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 17 de agosto de 2016 Matéria CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. PLANOS DE PREVIDÊNCIA PRIVADA. SALÁRIO INDIRETO Recorrentes TIGRE S.A. TUBOS E CONEXÕES FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/11/2006 a 31/12/2008 CONVÊNIO. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS AO SESI E AO SENAI. CIRCUNSTÂNCIA IMPEDITIVA DO LANÇAMENTO. 1. Vigente à época dos fatos geradores, a Instrução Normativa MPS/SRP 03/2005 dispunha, no seu art. 139, § 2º, que as contribuições devidas a outras entidades ou fundos poderiam ser recolhidas diretamente à respectiva entidade ou fundo, mediante celebração de convênio. 2. A existência de convênio para arrecadação direta de terceiros impede o lançamento pela SRFB. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. EXISTÊNCIA. Caso se admita que os valores vertidos aos planos de previdência privada complementar têm natureza remuneratória, deve se admitir que as despesas de gestão, administração e taxa de carregamento são realizadas em nome dos beneficiários, compondo, portanto, a base de cálculo das contribuições. PREVIDÊNCIA PRIVADA COMPLEMENTAR ABERTA. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DO FATO GERADOR. 1. Com a edição da LC 109/2001, a pessoa jurídica poderá oferecer o programa de previdência privada complementar aberto a grupos de empregados ou dirigentes pertencentes à determinada categoria, desde que não o faça como instrumento de incentivo ao trabalho. 2. A fiscalização não determinou, de forma adequada, a realização dos fatos geradores das contribuições em referência, pois não comprovou que os valores foram efetivamente pagos como retribuição pelo trabalho prestado. 3. Não demonstrada a ocorrência, no mundo fenomênico, da ocorrência do fato gerador das contribuições lançadas contra a recorrente, deve o lançamento ser cancelado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 0. 72 23 44 /2 01 1- 14 Fl. 2779DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 2/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA 2 QUALIFICAÇÃO DA MULTA DE OFÍCIO. CABIMENTO. DOLO. EXISTÊNCIA. 1. As circunstâncias e as peculiaridades do caso concreto permitem concluir que a ação da recorrente foi indubitavelmente (e não presumivelmente) dolosa. 2. A fiscalização comprovou que a contribuinte se descuidou do seu dever de boafé. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÕES PRINCIPAL E ACESSÓRIA. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigação acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei no 8.212/91, com a redação dada pela Lei no 11.941/2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35A, penalidade única combinando as duas condutas. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. CABIMENTO. 1. Os juros de mora são aplicáveis sobre a multa de ofício, na medida em que ela é integrante do crédito tributário não integralmente pago no vencimento. 2. O tributo e a multa têm datas de vencimentos diferentes. 3. Diferentemente do tributo, que decorre exclusivamente do seu respectivo fato gerador, a multa de ofício decorre do lançamento. 4. O vencimento da multa por lançamento de oficio se dá no prazo de 30 dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. RELATÓRIO DE VÍNCULOS. INEXISTÊNCIA DE IMPUTAÇÃO DE SOLIDARIEDADE. NATUREZA INFORMATIVA. SÚMULA CARF Nº 88. Súmula CARF nº 88: A Relação de CoResponsáveis CORESP”, o “Relatório de Representantes Legais RepLeg” e a “Relação de Vínculos VÍNCULOS”, anexos a auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa. Recursos de Ofício Negado e Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 2780DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 2/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA Processo nº 10920.722344/201114 Acórdão n.º 2402005.450 S2C4T2 Fl. 3 3 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso de ofício, para negarlhe provimento; e, quanto ao recurso voluntário, por unanimidade, conhecêlo, para afastar a preliminar de nulidade; e, no mérito: (a) por unanimidade de votos, em darlhe provimento parcial, para cancelar o lançamento quanto aos planos de previdência privada complementar abertos FGB, PGBLI e PGBLII; (b) pelo voto de qualidade, negar provimento quanto às demais questões, vencidos os conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci, Amílcar Barca Teixeira Júnior, Theodoro Vicente Agostinho e Bianca Felícia Rothschild, que encaminharam pela limitação da multa de mora a 20%. Não participou da votação do item "a" o Conselheiro Amílcar Barca Teixeira Júnior, posto que atuou em substituição ao Conselheiro Natanael Vieira de Souza, que já havia proferido o seu voto nesta questão em sessão anterior. Quanto à multa qualificada, que foi mantida por unanimidade, votou pelas conclusões o Conselheiro Theodoro Vicente Agostinho. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Túlio Teotônio de Melo Pereira. (Assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo Presidente (Assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Relator (Assinado digitalmente) Túlio Teotônio de Melo Pereira Redator designado Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Amílcar Barca Teixeira Júnior, Tulio Teotonio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felicia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci. Fl. 2781DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 2/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA 4 Relatório Inicialmente, adotase o relatório da decisão recorrida, o qual bem retrata os fatos e os fundamentos do lançamento, da impugnação e dos incidentes ocorridos até então: Compõe o presente processo o auto de infração 37.361.8719 (parte patronal), 37.361.8727 (terceiros), e 37.361.8000 (obrigação acessória – código de fundamentação legal 68), lavrados em 21/11/2011 e o último em 10/11/2011, com valores originários (sem multa ou juros), respectivamente, de R$ 7.672.665,75, R$ 1.410.888,35 e R$ 214.820,20. Como motivação do lançamento, consta, no Relatório Fiscal de folhas 2036 a 2093, o seguinte: [...] a) Glosa da isenção da CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA sobre os bônus pagos a dirigentes e empregados da empresa, por intermédio de plano de previdência privada; b) Glosa da isenção da CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA sobre as contribuições a planos de previdência complementar dos funcionários; 3. DAS INFRAÇÕES APURADAS 3.1. BÔNUS A DIRIGENTES E EMPREGADOS – PLANO DE PREVIDÊNCIA PRIVADA Dos Planos de Previdência Complementar da Empresa [...] a TIGRE trouxe uma série de informações sobre os planos por ela mantidos junto a BRADESCO VIDA E PREVIDÊNCIA S/A (doravante denominada simplesmente BRADESCO). De forma resumida, podemos dizer que a TIGRE manteve 04 planos com a citada entidade ao longo dos anos de 2006 a 2009, conforme a seguir discriminados: a) PLANO FGB: vigente a partir de 01/10/1993, é destinado a Dirigentes e Empregados com cargos de chefia ou com salário igual ou superior a 12 salários mínimos. O ingresso neste plano foi limitado até 01/01/2006; b) PLANO DA DIRETORIA: vigente a partir de 01/12/1997, é destinado a Dirigentes e Empregados indicados pela empresa; c) PLANO PGBLI: com vigência a partir de 01/03/2008, este plano substituiu o FGB, que inibiu o ingresso a partir de 01/01/2006. Os novos Dirigentes e Empregados da empresa, contratados a partir de 01/01/2006, com Salário Participação igual ou superior a 10 Unidades de Referência (R$ 420,00), que integravam o denominado Grupo I, tinham possibilidade de ingresso apenas neste plano, e não mais no FGB; d) PLANO PGBLII: regido pelo mesmo contrato do PLANO PGBL I (ou seja, com vigência a partir de 01/03/2008), este Fl. 2782DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 2/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA Processo nº 10920.722344/201114 Acórdão n.º 2402005.450 S2C4T2 Fl. 4 5 plano é destinado aos Empregados com Salário Participação inferior a 10 Unidades de Referência, integrando o denominado Grupo II. Vale observar que, diante das informações acima, existiu um espaço de tempo em que não era mais permitido ingresso no FGB, e ainda não existia a possibilidade de ingresso no PGBLI, criado apenas em março de 2008. Assim, entre 02/01/2006 e 28/02/2008, não houve a possibilidade de ingresso em nenhum tipo de plano de previdência complementar patrocinado pela TIGRE. Esta lacuna foi conformada pela FISCALIZADA em sua resposta ao item 2.4.2 do TERMO DE INTIMAÇÃO FISCAL Nº 09. [...] os planos acima não atenderam os requisitos legais [...] da isenção da CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. [...] Do Plano da Diretoria Em relação a este plano, veremos que na verdade as contribuições realizadas pela empresa foram de fato pagamentos de bônus aos seus dirigentes, conselheiros e alguns empregados por ela indicados, não se revestindo de efetivas contribuições a um plano de previdência complementar, sendo apenas uma vestimenta dada pela FISCALIZADA, de forma a elidir a tributação da CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA [...]. [...] o plano em tela apresenta as seguintes características: • Vigência a partir de 01/12/1997; • Destinado a Dirigentes e Empregados indicados pela empresa (INSTITUIDORA); • Ou seja, um critério puramente subjetivo; • Totalmente suportado pela empresa; • Não havia nenhum tipo de contribuição por parte dos dirigentes e empregados indicados; • Como o próprio nome do contrato diz, é um plano na modalidade Contribuição Definida; [...] Diferentemente do PLANO FGB, que veremos com mais detalhes no tópico seguinte, o contrato aqui abordado, referente ao PLANO DA DIRETORIA, é extremamente sucinto, omisso de cláusulas normalmente presentes em um plano coletivo de previdência complementar. Não há, por exemplo, regras limitadores dos saques antes do prazo de acumulação. Também não aborda regras detalhadas sobre os benefícios de risco, como pensão por morte ou invalidez. A FISCALIZADA [...] explicitou que o saque antecipado era opção do "beneficiário", ficando esta decisão ao seu "livre Fl. 2783DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 2/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA 6 arbítrio'. Além disso, atestou a inexistência neste plano de benefícios de risco, como pensão por morte ou invalidez. [...] Vale ressaltar que as contribuições realizadas pela empresa eram anuais, sempre no mês de dezembro de cada ano, e foram contabilizadas em conta contábil 21614 PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS. Apesar de contabilizados nesta conta, estes valores foram de fato de bônus/gratificação, e não integraram os valores pagos a título do Programa de Participação nos Resultados da empresa (PPR), denominado internamente de PTC PROGRAMA TIGRE DE COMPETITIVIDADE. Ou seja, era algo a mais que o PPR da empresa. [...]Estes bônus eram pagos em dezembro de cada ano, e a forma escolhida pela FISCALIZADA para o pagamento de alguns beneficiários foi o depósito em conta de previdência privada. Veremos que alguns Conselheiros, diferentemente, receberam seus bônus por meio de depósito em conta bancária. A infração detalhada neste tópico trata especificamente destes bônus pagos por meio de previdência privada e/ou depósitos em conta. [...] Em resumo, o pagamento a um plano de previdência privada de fato não ocorreu, uma vez que o referido contrato com a BRADESCO VIDA E PREVIDÊNCIA S/A, como já dito, carece de regras básicas de um verdadeiro plano previdenciário. O que a empresa fez de fato foi chamar de contribuição a um plano de previdência (despesa, a princípio, dedutível na apuração do IRPJ/CSLL e isenta da CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA), algo que na verdade é um pagamento de gratificação e/ou bônus a seus Diretores/Conselheiros, que tem previsão expressa de indedutibilidade na apuração do IRPJ/CSLL, bem como, tendo natureza claramente remuneratória, deve integrar o salário base para efeitos da CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. Ademais, cabe esclarecer que esta FISCALIZAÇÃO pôde atestar que os valores dos bônus, depositados pela empresa nas contas previdenciárias individualizadas ao final de cada ano, eram, em regra, sacados integralmente pelos beneficiários no ano seguinte. Cabe registrar que esta pesquisa demonstrou que alguns poucos sacaram parcialmente, ou até mesmo não sacaram no ano seguinte, mas, assim como os demais que o fizeram, tinham a possibilidade de saque integral, o que já basta para a presente análise. [...] E de se repetir, estes dirigentes e empregados indicados pela empresa para o PLANO DA DIRETORIA, à exceção de 03, também participavam do PLANO FGB, que, como será visto mais adiante, possuía características efetivas de um plano previdenciário. [...] Assim, ainda que admitíssemos o PLANO DA DIRETORIA como um verdadeiro plano de previdência complementar, que não o é, ainda assim, ele não atenderia a exigência para a isenção da CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA, pois não foi disponibilizado a todos os empregados e dirigentes da empresa. Relembrando, em média, apenas cerca de 30 dirigentes eram indicados, de forma subjetiva, e desconhecida por parte desta Fl. 2784DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 2/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA Processo nº 10920.722344/201114 Acórdão n.º 2402005.450 S2C4T2 Fl. 5 7 FISCALIZAÇÃO, para participarem do suposto plano de previdência. Como os valores pagos trataramse, de fato, de bônus aos dirigentes e empregados, com nítido caráter remuneratório, devem sofrer a incidência da CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. [...] Ressaltase que na definição da lei é saláriodecontribuição "... os ganhos habituais sob a forma de utilidades...". E que a própria lei do custeio da previdência social exclui da incidência da contribuição o valor das contribuições efetivamente pago pela pessoa jurídica relativo a programa de previdência complementar, aberto ou fechado, desde que disponível à totalidade de seus empregados e dirigentes. [...] não se trata simplesmente de uma descaracterização do Plano de Previdência Complementar (PLANO DA DIRETORIA), mas de reconhecer a natureza remuneratória dos depósitos efetuados pela FISCALIZADA, nas contas de Previdência Privada de seus dirigentes e funcionários, em decorrência de um programa de remuneração variável pelo alcance de metas individuais. Conforme já fartamente explicado, o resgate efetivo, ou simplesmente a possibilidade de resgate, não é essencial à constituição ou não do presente Crédito Tributário, na medida em que a imputação se faz devido ao caráter remuneratório dos valores depositados nas contas de Previdência Privada dos dirigentes e conselheiros, não sendo relevante, assim, a destinação final dos valores depositados, se mantidos, ou não, em conta de previdência privada. [...] 3.2. CONTRIBUIÇÕES A PLANOS DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR [...] Dos Planos FGB, PGBLI e PGBLII [...] a) PLANO FGB: vigente a partir de 01/10/1993, é destinado a Dirigentes e Empregados com cargos de chefia ou com salário igual ou superior a 12 salários mínimos. O ingresso neste plano foi limitado até 01/01/2006; b) PLANO PGBLI: com vigência a partir de 01/03/2008, este plano substituiu o FGB, que fechou o ingresso a partir de 01/01/2006. Os novos Dirigentes e Empregados da empresa, contratados a partir de 01/01/2006, com Salário Participação igual ou superior a 10 Unidades de Referência (R$ 420,00), que Fl. 2785DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 2/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA 8 integravam o denominado Grupo I, tinham possibilidade de ingresso apenas neste plano, e não mais no FGB; c) PLANO PGBLII: regido pelo mesmo contrato do PLANO PGBL I (ou seja, com vigência a partir de 01/03/2008), este plano é destinado aos Empregados com Salário Participação inferior a 10 Unidades de Referência, integrando o denominado Grupo II. O que vamos demonstrar neste item é que os planos FGB e PGBLI não atenderam aos requisitos legais para a [...] isenção da CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. Comecemos pelo FGB. [...] A mais importante característica para a questão tributária reside no fato do plano restringir o acesso a uma pequena parcela de empregados da empresa. A relação de participantes nos anos de 2006 a 2008 foi acostada na resposta à citada intimação, e posteriormente foi disponibilizada a relação do ano de 2009. Delas podemos verificar que o número de participantes, nos anos de 2006, 2007, 2008 e 2009, foi 264, 231, 248 e 247, respectivamente. De outro lado, conforme dados extraídos das GFIP da FISCALIZADA, a empresa teve, em média, cerca de 2.600 empregados no período. Ou seja, apenas cerca de 10% eram agraciados com a possibilidade de um plano de previdência complementar. Esta restrição está prevista no contrato do PLANO FGB, conforme art. 3º, que limita o acesso àqueles que possuíam cargos de chefia ou salário igual ou superior a 12 salários mínimos. [...] Outro aspecto relevante do PLANO FGB diz respeito à possibilidade de saque antecipado da parcela depositada pela empresa. [...]. Nele podemos ver que esta possibilidade de saque acontece somente nos casos de desligamento da empresa pelo participante, e que quanto maior o tempo de empresa, maior o percentual de saque da parcela da empresa, chegando a 100%. ... Como já abordado, o PLANO FGB inibiu o acesso após 01/01/2006. Em 01/03/2008, entrou em vigência uma nova possibilidade para os funcionários, um PGBL, dividido em duas versões, uma para o denominado Grupo I, e outra para o Grupo II. Assim, passamos a denominar estes planos de PGBLI e PGBLII, respectivamente. [...]. Em resumo, o PGBLI substituiu o FGB, que não mais permitia ingresso desde 2006, ao passo que o PGBLII era um plano realmente novo, destinado aos funcionários de baixa renda (< 10 salários de referência), que até então não possuíam direito algum em relação à previdência complementar. Numa análise precipitada, com a criação do PGBLII, parece ter sido solucionado o problema já abordado anteriormente, relativo à necessidade de oferecimento do plano de previdência a todos os dirigentes e empregados da empresa. Mas não é bem Fl. 2786DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 2/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA Processo nº 10920.722344/201114 Acórdão n.º 2402005.450 S2C4T2 Fl. 6 9 assim. Realmente, com a vigência do plano PGBL, junto com o FGB, que já abrigava os funcionários graduados mais antigos, o acesso, ao menos formal, a um plano de previdência complementar estava assegurado a todos os empregados da empresa. Mas, após uma análise mais aprofundada do PGBLII, verificase que há uma grande disparidade em relação ao PGBLI e ao FGB, denotando que na verdade o PGBLII é apenas uma formalidade para atender aos requisitos legais de [...] isenção da CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. [...]. [...] no PGBLII a contribuição é apenas da empresa, não havendo nenhuma parcela pecuniária por parte do empregado. E é em relação ao valor das contribuições que surge a primeira e grande disparidade entre os planos. Enquanto nos planos FGB e PGBLI, que abrigam cerca de 250 empregados, as contribuições da empresa totalizam quase 3 milhões de reais ao ano, o PGBLII tem uma contribuição mensal por parte da empresa de pouco mais de 14 mil reais, o que totaliza cerca de R$ 168.000,00 ao ano, sendo que este plano PGBLII congrega cerca de 2.500 participantes. Ou seja, a TIGRE gastou em média, por empregado, cerca de R$ 12.000,00 ao ano com o FGB/PGBLI, que atende os funcionários mais graduados, e R$ 70,00 ao ano, por participante, com o PGBLII, dos funcionários de baixa renda. ... Na verdade, a lei, ao exigir que os planos de previdência complementar fossem oferecidos a todos os dirigentes e empregados da empresa, não exigiu que a empresa oferecesse benefícios idênticos a todos os empregados, mas certamente que os benefícios guardassem certa proporcionalidade, isonomia. Esta proporcionalidade está longe de existir nos planos oferecidos pela FISCALIZADA. [...] A criação deste PGBLII foi apenas uma tentativa de cumprir os requisitos legais, mas de forma alguma conseguiu tapar a lacuna que os planos FGB e PGBLI deixaram, ao restringir o acesso a somente alguns empregados, bem como de possuírem benefícios muito mais atrativos. [...] Concluise que a empresa, mesmo em 2008 e 2009, onde já existia o PGBLII, não ofereceu, de fato, planos de previdência complementar a todos os seus dirigentes e empregados, acarretando a indedutibilidade das despesas com o FGB e com o PGBLI. Da mesma forma, por restringir o acesso a efetivos planos de previdência para somente 10% de seus empregados (FGB e PGBLII), as contribuições da empresa a estes planos deixam de ter a isenção da CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA, ensejando a cobrança de ofício deste tributo. ... Fl. 2787DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 2/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA 10 3.3. DAS CONTRIBUIÇÕES DESTINADAS A OUTRAS ENTIDADES E FUNDOS [...] foram lavrados também autos de infração das contribuições destinadas a outras entidades, digase, SALÁRIO EDUCAÇÃO, SESI, SENAI, INCRA, SEBRAE, conforme demonstrativos acostados a este processo fiscal. 3.4. DA MULTA DE OFÍCIO [...] Ressaltase que em relação à CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA, a multa de ofício no percentual duplicado somente passou a viger na competência 12/2008, conforme art. 35A da Lei 8.212/91 (com redação dada pela Lei 10941/2009). ... [...] não há como não deixar de enquadrar a conduta acima descrita nas definições contidas na Lei 4.502/6 [...]. A sonegação, conforme citado artigo, apresenta as seguintes exigências: • Uma ação ou omissão; e • Que esta ação ou omissão seja dolosa; e • Que ela impeça ou retarde o conhecimento pelo Fisco; • da ocorrência do fato gerador; ou • da natureza do fato gerador; ou • das circunstâncias materiais do fato gerador. Já a fraude caracterizase por: • Uma ações ou omissão; e • Que esta ação ou omissão seja dolosa; e • Que ela impeça ou retarde a ocorrência do fato gerador, de forma a reduzir o montante do tributo devido; ou • Que ela exclua ou modifique as características essenciais do fato gerador, de forma a reduzir o montante do tributo devido. Incorrendo o contribuinte em uma das duas situações acima, de se aplicar a multa qualificada. Assim, o contribuinte, ao mascarar os pagamentos de bônus a seus dirigentes e a alguns de seus empregados, tendo utilizado um inexistente plano de previdência complementar, praticou, de forma inequívoca, uma ação dolosa, ou seja, intencional e consciente, a qual claramente retardou o conhecimento dos fatos por parte do Fisco, além das reais circunstâncias materiais do fato gerador. Ademais, houve a modificação de característica essencial do fato gerador, uma vez que os montantes de IRPJ e Fl. 2788DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 2/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA Processo nº 10920.722344/201114 Acórdão n.º 2402005.450 S2C4T2 Fl. 7 11 CSLL devidos foram reduzidos, bem como da CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. A FISCALIZADA não praticou estes atos de forma involuntária, ou incorreu em erro em sua conduta. Restou caracterizada a atitude dolosa. Desta forma, a conduta sob análise amoldase às hipóteses previstas nos artigos da Lei 4.502/64 acima citados. ... Assim, por tudo o acima exposto, de se aplicar a multa de ofício em seu percentual duplicado, 150%, em relação às infrações descritas anteriormente, relacionadas com o PLANO DA DIRETORIA, descritas no item 3.1 e 3.3 deste Termo, atinentes ao IRPJ/CSLL, CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA e IRRF (Multa Isolada pela falta de retenção), pela simples adequação da conduta praticada ao disposto no art. 44, inciso II da Lei 9.430/96. Para os fatos geradores de 31/01/2007 a 31/12/2009, serve de fundamento o mesmo artigo 44, porém com redação dada pelo art. 14 da Lei 11.488/2007. ... 3.5. DO AUTO DE INFRAÇÃO POR DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA Verificouse, por fim, que a empresa elaborou e encaminhou Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia e Informações à Previdência Social GFIP, no período 11/2006 a 11/2008, com dados não correspondentes a todos os fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, o que constitui infração ao disposto no artigo 32, inciso IV, § 5º da Lei 8.212/91 Redação da pela Lei 9.528/1997, e no artigo 284, inciso II do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto 3.048/99, com redação dada pelo Decreto 4.729/2003. De se lavrar, assim, Auto de Infração por Descumprimento de Obrigação Acessória (AIOACFL68). Para o cálculo do auto de infração por descumprimento de obrigação acessória, foi utilizada a tabela abaixo, que relaciona os valores da multa por competência. Posteriormente, os valores foram comparados para fins de aplicação da retroatividade benigna, detalhado no demonstrativo SAFIS COMPARAÇÃO DE MULTA, acostado a este processo fiscal. O valor mínimo utilizado como limite mensal foi R$ 1.524,43, e tem por base o § 4º do art. 32 da Lei n° 8.212/91, com redação dada pela Lei 9.528/97, c/c inciso IV do art. 8º da Portaria Interministerial MPS/MF Nº 407, de 14 de Julho de 2011. [...] A ciência do lançamento se deu em 29/11/2011, conforme folhas 2353, 2354 e 2370. A impugnação foi apresentada às folhas 2389 e seguintes, por procuração, em 28/12/2011, nos seguintes termos: Fl. 2789DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 2/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA 12 Preliminarmente, informa extinção de parte do crédito tributário lançado por pagamento. Alega que os pagamentos sob as rubricas “Bônus Via Prev. Conselho”, “Bônus Via Prev. Empregados” e “Bônus Via Conta Bancária Consel.” não possuíam clareza de regras para os depósitos e benefícios e, por isso, resolveu pelo recolhimento destes valores. Alega que mantém a impugnação da multa qualificada relativa. Alega que mantém convênio de arrecadação direta com SESI e Senai, o que exclui a competência da auditoria para fiscalizar e exigir a contribuição destinada a essas entidades. [...]. Entende que a revogação do Decreto 3.142/1999 pelo Decreto 6.003/2006 não operou retroativamente sobre as competências de fiscalização dos conveniados, ou seja, só alcançaria fatos ocorridos após janeiro de 2007. Também que a Lei 11.457/2007, por seu art. 482, não revogou tais convênios. Cita a impossibilidade de restituição de pagamento de contribuições realizadas em arrecadação direta prevista no art. 2º, §3º da Instrução Normativa RFB 900/2008. Alega também que na apuração dos valores vertidos em depósito para os planos previdenciários, a auditoria desconsiderou que em todos havia previsão para pagamento, em favor de Bradesco Vida e Previdência, de despesas de gestão e administração financeira bem com taxas de carregamento para custeio das despesas administrativas e de gestão financeira. Tais valores, portanto, não podem ser considerados como remuneração de trabalhadores. Como mérito, destaca: De acordo com a Lei Complementar 109/2001, os planos de benefícios das entidades fechadas devem abranger a totalidade de empregados ou associados, sejam comuns ou multiplanos. Já para as entidades abertas, não há necessidade de abranger a totalidade de empregados, por ausência de disposição legal nesse sentido, quer individuais ou coletivos. Com base no art. 693, §1º dessa mesma lei, informa que a não incidência de contribuições não está condicionada à extensão da previdência a todos os trabalhadores nem à regulamentação da lei. Em relação aos planos FGB, PGBLI e PGBLII, aduz que estão de acordo com a Lei Complementar 109/2001, na qualidade de coletivo e mantido por entidade aberta de previdência complementar e não constitui veículo para mascarar pagamento de salários mas tem por finalidade buscar a preservação da condição financeira do segurado para casos de desligamento da empresa, aposentadoria ou morte. [...] Em relação ao fato da Impugnante estabelecer critérios de elegibilidade para a adesão dos empregados aos planos de previdência por ela contratados [...], o que implicou na ausência de extensão do benefício a todos os empregados, esclareçase Fl. 2790DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 2/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA Processo nº 10920.722344/201114 Acórdão n.º 2402005.450 S2C4T2 Fl. 8 13 que tal expediente, além de não ser vedado pela legislação, se justifica em virtude da finalidade dos próprios planos. Ora, se a finalidade dos planos de previdência contratados pela Impugnante é a de garantir, mediante complementação, a renda vinculada ao Regime Geral da Previdência Social, a condição financeira que o segurado detinha no momento anterior ao afastamento do trabalho, à sua aposentadoria, à sua invalidez ou morte, não faz sentido que tais planos albergassem, obrigatoriamente, aqueles trabalhadores cuja condição de vida será satisfeita pelos benefícios concedidos pelo Regime Geral da Previdência Social. Ressaltese que os Planos PGBL eram extensíveis a todos os empregados e dirigentes da empresa, havendo distinção tão somente em relação ao valor do benefício almejado [...]. [...] mesmo que os Planos Coletivos de Entidade Aberta de Previdência Privada contratados pela Impugnante não fossem extensíveis a todos os seus empregados em absolutamente nada interferiria na natureza ou na finalidade dos depósitos a eles relacionados. Entende que o disposto no art. 28, §9º, “p” da Lei 8.212/1991 foi revogado tacitamente pelo disposto no art. 69, §1º da Lei Complementar 109/2001. [...]. Alega que há diversas diferenças entre os planos de previdência complementar e do Regime Geral da Previdência Social (RGPS) [...]. Cita, por exemplo, a filiação obrigatória, limites mínimos e máximos definidos legalmente e compulsoriedade. Quanto aos resgates, aduz que não são vedados pela Lei Complementar 109/2001, estão de acordo com os critérios para sua realização (Resolução CNSP 139/2005) e que “a realização dos depósitos, em si, não foi contestada pelo Sr. Agente Fiscal”. Portanto, tais depósitos não se compatibilizam com o previsto no art. 22, I e III e art. 28, ambos da Lei 8.212/1991. No que diz respeito à multa qualificada aplicada, informa que não houve qualquer máfé tendo disponibilizado documentação e esclarecimentos a partir dos quais a auditoria fez todo seu trabalho. Assim, considera descabida a exigência da multa no patamar lançado. Alega que não se pode presumir intuito doloso para justificar a multa, mas fazse necessário a existência de provas diretas [...]. Ainda, no que toca às aplicações da multa, entende que a multa de 24% prevista no art. 35 da Lei 8.212/1991 é mais benéfica que a de 75% trazida pela Lei 11.941/2009, e deve ser a aplicada nos termos do art. 106, II, “c” do Código Tributário Nacional (CTN). Crê que a metodologia aplicada para a apuração da multa mais benéfica pela auditoria não é a correta (comparação das multas antes e após a vigência da nova lei, em conjunto). Entende que também não haveria fundamento na aplicação da multa moratória por conta de sua revogação, por Fl. 2791DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 2/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA 14 nova redação, dada ao art. 35 da Lei 8.212/1991 pela Medida Provisória 449/2008. Portanto, não poderia ser superior a 20%. Alega que não se pode admitir a aplicação de juros incidindo sobre a multa aplicada [...]. Entende que não há autorização legal, conforme artigos 134 e 135 do CTN, para a inclusão dos diretores no pólo passivo, conforme consta no Relatório de Vínculos. Não há qualquer razão para imputação de responsabilização solidária. [...] Em razão dos pagamentos efetuados, a Delegacia em Joinville juntou despacho de folhas 2574 e 2575 com as seguintes explicações: [...] 3. No Auto de Infração – AI DEBCAD nº 37.361.8719 foram lançados débitos utilizandose os seguintes levantamentos: A – BÔNUS VIA PREV EMPREGADOS (competências 12/2006 a 12/2007), A2 – BÔNUS VIA PREV EMPREGADOS (competência 12/2008), B – BÔNUS VIA PREV CONSELHO (competências 12/2006 a 12/2007), B2 BÔNUS VIA PREV CONSELHO (competência 12/2008), C – BÔNUS VIA CONTA BANCARIA CONSEL (competências 04/2007 a 03/2008), D – PLANOS FGB E PGBL1 EMPREGADOS (competências 12/2006 a 03/2008), D1 – PLANOS FGB E PGBL1 EMPREGADOS (competências 11/2006 a 11/2008), D2 – PLANOS FGB E PGBL1 EMPREGADOS (competência 12/2008), E – PLANOS FBG E PGBL CONSELHO (competências 12/2006 a 03/2008), E1 – PLANOS FBG E PGBL CONSELHO (competências 11/2006 a 11/2008) e E2 – PLANOS FBG E PGBL CONSELHO (competência 12/2008). 4. Os débitos lançados nos levantamentos A, B, e C foram recolhidos integralmente, com redução de 50% (cinqüenta por cento) da multa, entretanto, os débitos lançados nos levantamentos A2 e B2 cuja multa aplicada foi de 150% (cento e cinqüenta por cento), foram recolhidos com multa de apenas 37,5% (trinta e sete e meio por cento) enquanto o correto seria de 75% (setenta e cinco por cento). 5. A diferença da multa dos levantamentos A2 e B2, bem como os débitos lançados nos levantamentos D, D1, D2, E, E1 e E2 foram impugnados. 6. No Auto de Infração – AI DEBCAD nº 37.361.8727 foram lançados débitos utilizandose os seguintes levantamentos: A – BÔNUS VIA PREV EMPREGADOS (competências 12/2006 a 12/2007), A2 – BÔNUS VIA PREV EMPREGADOS (competência 12/2008), D – PLANOS FGB E PGBL1 EMPREGADOS (competências 12/2006 a 03/2008), D1 – PLANOS FGB E PGBL1 EMPREGADOS (competências 11/2006 a 11/2008) e D2 – PLANOS FGB E PGBL1 EMPREGADOS (competência 12/2008). Fl. 2792DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 2/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA Processo nº 10920.722344/201114 Acórdão n.º 2402005.450 S2C4T2 Fl. 9 15 7. Os débitos lançados no levantamento A foram recolhidos com redução de 50% (cinqüenta por cento) da multa, sem a inclusão dos débitos lançados em favor do SESI e do SENAI, e os débitos lançados no levantamento A2, cuja multa aplicada foi de 150% (cento e cinqüenta por cento), foram recolhidos sem a inclusão dos débitos lançados em favor do SESI e do SENAI e com multa de apenas 37,5% (trinta e sete e meio por cento) enquanto o correto seria de 75% (setenta e cinco por cento). 8. A diferença da multa do levantamento A2, os débitos lançados em favor do SESI e do SENAI, bem como os débitos lançados nos levantamentos D, D1, D2 foram impugnados. 9. Os recolhimentos efetuados através das Guias da Previdência Social – GPS de fls. 2477 a 2487 foram todos confirmados através do SISTEMA DE ARRECADAÇÃO – DATAPREV, mas ainda não foram apropriados aos respectivos Autos de Infrações AI DEBCAD nºs 37.361.8719 e 37.361.8727. À folha 2577, diligência foi solicitada para esclarecer sobre a existência de convênios para arrecadação direta entre o sujeito passivo e as entidades Sesi e Senai, bom como sobre a apropriação das GPS pagas. [...] Esta Fiscalização identificou os seguintes convênios e respectivos aditivos, cujas cópias foram trazidas pela empresa em sua peça impugnatória: [...] Diante das informações anteriormente relatadas, verificase que os convênios apresentados eram válidos à época dos fatos geradores, e abarcavam todos os empregados da empresa em cujos salárioscontribuição o lançamento tributário se baseou. Em relação à falta de comprovantes de recolhimentos das contribuições, verificase que o problema maior reside nos anos de 2006 e 2007, tendo a empresa demonstrado a relação direta com o SESI e com o SENAI nos anos seguintes, 2008 e 2009, o que minimiza a ausência dos comprovantes nos anos antecedentes, frente às cópias dos convênios/aditivos apresentados. Ciência da diligência foi dada em 25/3/2014 (folha 2628). Em 3/4/2014 (folha 2629), o impugnante junta manifestação de folhas 2630 e seguintes, por procuração, aduzindo, em síntese: • Que a auditoria entendeu que o lançamento está relacionado apenas com estabelecimentos cujas regionais do Sesi e Senai apresentavam convênios com a impugnante no período autuado. • Que os lançamentos referentes ao Sesi e Senai no período autuado, presentes na autuação 37.361.8727 devem ser excluídos ou haveria cobrança em duplicidade. Fl. 2793DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 2/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA 16 • O máximo que poderia ser feito, nos termos do art. 615 da Instrução Normativa SRP 3/2005 seria uma representação administrativa. • Que a revogação do Decreto 3.142/1999 pelo Decreto 6.003/20106 não poderia ter efeitos retroativos, alcançando fatos apenas após janeiro de 2007. Observa também que a Lei 11.457/2007 não revogou os convênios até então firmados entre Fisco e contribuintes. • Alega que a Instrução Normativa RFB 900/2008, tratando de restituição, prevê a arrecadação direta realizada mediante convênio. Em sessão realizada em maio de 2014, a DRJ julgou a impugnação procedente em parte, conforme decisão assim ementada: TERCEIROS. CONVENIO. BASE DE CÁLCULO. PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR PRIVADA. MULTA MAIS BENÉFICA. JUROS. A existência de convênio para arrecadação direta de terceiros impede esse lançamento. A parcela paga ou creditada em desacordo com a legislação pertinente integra a base de cálculo pela sua totalidade. O valor da contribuição à previdência privada complementar, aberta ou fechada, não integra a base de cálculo da contribuição social previdenciária se é extensível a todos os empregados e dirigentes. A multa mais benéfica, tendo em vista as legislações que as determinam, é apurada definitivamente por ocasião do pagamento ou do parcelamento. São devidos juros sobre a multa lançada. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Logo, foi afastado o lançamento apenas no que diz respeito aos convênios de arrecadação direta celebrados com o Sesi e o Senai, mantendose incólumes os demais lançamentos, pelas mesmas razões expostas no relatório fiscal. No ato, a DRJ recorreu de ofício a este Conselho. A recorrente foi intimada da decisão em 21 de maio de 2014 (fl. 2685) e interpôs recurso voluntário em 17 de junho de 2014, reproduzindo, basicamente, as mesmas teses constantes da impugnação. Sem contrarrazões. É o relatório. Fl. 2794DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 2/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA Processo nº 10920.722344/201114 Acórdão n.º 2402005.450 S2C4T2 Fl. 10 17 Voto Vencido Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci Relator 1 Conhecimento O recurso de ofício deve ser conhecido, visto que a decisão recorrida exonerou o sujeito passivo de crédito tributário superior a R$1.000.000,00. Nesse sentido, eis o teor do art. 1º da Portaria MF nº 03/2008: Art. 1º. O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais). Por sua vez, o recurso voluntário é tempestivo e estão presentes os demais requisitos de admissibilidade, devendo, igualmente, ser conhecido. 2 Recurso de ofício A decisão recorrida julgou parcialmente procedente a impugnação, ao argumento de que "a existência de convênio para arrecadação direta de terceiros impede esse lançamento" (vide ementa, fl. 2653). Nesse sentido, a DRJ excluiu da autuação os valores referentes ao SESI e ao SENAI, conforme demonstrativo de fl. 2671. Vigente à época dos fatos geradores, a Instrução Normativa MPS/SRP 03/20051 dispunha, no seu art. 139, § 2º, que as contribuições devidas a outras entidades ou fundos poderiam ser recolhidas diretamente à respectiva entidade ou fundo, mediante celebração de convênio. Vejase: Art. 139 [...]. § 2º As contribuições devidas a outras entidades ou fundos podem ser recolhidas diretamente à respectiva entidade ou fundo, mediante celebração de convênio, desde que haja previsão legal. (Nova redação dada pela IN MPS SRP nº 20, de 11/01/2007) Redação original: § 2º As contribuições devidas a outras entidades ou fundos podem ser recolhidas diretamente à respectiva entidade e fundo, mediante celebração de convênio. 1 Revogado pela IN MF/RFB nº 971, de 13/11/2009, com exceção dos arts. 743 e 745 Fl. 2795DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 2/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA 18 Em caso de infração, o art. 615 previa Representação Administrativa como instrumento hábil para comunicar a outro órgão da Administração Pública ou entidade a sua ocorrência. Vejase: Art. 615. Representação Administrativa RA é o instrumento utilizado, no âmbito da SRP, para comunicar a outro órgão da Administração Pública ou entidade, a ocorrência, em tese, de infração ou irregularidade de situação sujeita ao controle e fiscalização do órgão ou entidade a qual será dirigida. E como bem frisado pela decisão a quo, tanto o Regimento do SENAI (Decreto 494/1962), quanto o Regulamento do SESI (Decreto 57.375/1965), em seus arts. 502 e 49, § 2º3, respectivamente, prevêem a possibilidade de arrecadação direta das contribuições. Por sua vez, a Lei 11.457/2007, que, dentre outras providências, deu nova denominação à Secretaria da Receita Federal, para Secretaria da Receita Federal do Brasil, ampliando as competências a ela atribuídas, expressamente manteve, em seu art. 48, a vigência dos convênios celebrados, enquanto não modificados. Vejase: Art. 48. Fica mantida, enquanto não modificados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, a vigência dos convênios celebrados e dos atos normativos e administrativos editados: No caso concreto, no "RELATÓRIO DE DILIGÊNCIA FISCAL" de fls. 2582/2586), o próprio auditor confirmou a existência dos convênios, fazendoo nos seguintes termos: Diante das informações anteriormente relatadas, verificase que os convênios apresentados eram válidos à época dos fatos geradores, e abarcavam todos os empregados da empresa em cujos salárioscontribuição o lançamento tributário se baseou. Sendo assim, deve ser mantida a decisão neste ponto, negandose provimento ao recurso de ofício. 3 Da incerteza e iliquidez do crédito tributário No entender da recorrente, o crédito tributário seria incerto e ilíquido, pois o seu cálculo foi feito "sem que houvesse o desconto dos pagamentos [...] de despesas de gestão e administração financeira e de taxa de carregamento, destinadas ao custeio de despesas administrativas e de gestão financeira dos Planos". Isso implicaria, de acordo com a tese da contribuinte, a anulação das autuações fiscais. Entretanto, não tem razão a recorrente. 2 Art. 50. Visando ao atendimento de situações especiais, determinadas emprêsas poderão recolher as suas contribuições diretamente aos cofres do SENAI. 3 Art. 49. [...]. § 2º Em face de circunstâncias especiais, as emprêsas que nela se encontrarem poderão recolher as suas contribuições diretamente ao SESI, mediante autorização do Departamento Nacional, comunicada ao órgão providenciário competente. Fl. 2796DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 2/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA Processo nº 10920.722344/201114 Acórdão n.º 2402005.450 S2C4T2 Fl. 11 19 Caso se entenda que os valores vertidos aos planos de previdência privada complementar tenham natureza remuneratória, deve se entender, por consequência, que o custeio dessas despesas (gestão, administração e taxa de carregamento) é feito em nome dos próprios beneficiários, compondo, portanto, a base de cálculo das contribuições. Logo, não há que se falar em incerteza e iliquidez. 4 Dos planos de previdência privada complementar Inicialmente, vale rememorar que o controvertido dos autos diz respeito a quatro planos de previdência privada complementar, mantidos junto ao BRADESCO VIDA E PREVIDÊNCIA S/A: 1) Plano FGB; 2) Plano da Diretoria; 3) Plano PGBLI; 4) Plano PGBLII. À exceção do Plano da Diretoria, a recorrente afirma que os seus programas de previdência privada foram instituídos dentro dos limites da LC 109/2001, na qualidade de coletivo e mantido por entidade aberta. E por se tratar de previdência complementar do tipo aberta, ainda afirma que não deveria ser obrigatoriamente concedida a todos os seus empregados. A exceção se aplicaria aos pagamentos autuados sob as rubricas “Bônus Via Prev. Conselho”, “Bônus Via Prev. Empregados” e “Bônus Via Conta Bancária Consel.”, relativas ao Plano da Diretoria, as quais foram objeto de recolhimento, mantendose a insurgência apenas no tocante à qualificação da multa de ofício. Passase a analisar, portanto, se o plano de previdência complementar do tipo aberto deve ou não ser obrigatoriamente disponível à totalidade dos empregados. Segundo a Constituição Federal (CF), "a seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social" (art. 194 da CF). No tocante à previdência, há o regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, assim como o regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado de forma autônoma, sendo, ainda, facultativo (arts. 201 e 202). A par dessas duas modalidades, há também o regime próprio dos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (art. 40). No que interessa ao presente caso, a Lei Maior determina que as contribuições do empregador, os benefícios e as condições contratuais previstas nos estatutos, regulamentos e planos de benefícios das entidades de previdência privada não integram o contrato de trabalho dos participantes, assim como, à exceção dos benefícios concedidos, não integram a sua remuneração, nos termos da lei (§ 2º do art. 202 da CF). Fl. 2797DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 2/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA 20 Tratase, pois, de imunidade tributária, vez que é uma norma de não tributação prevista na Constituição Federal. Ao estabelecer que tal verba está desvinculada da remuneração, a Lei Maior criou norma negativa de competência, impedindo o próprio exercício de atividade legislativa para criar imposição fiscal a ela atinente. A LC 109/2001, que dispõe sobre o regime de previdência complementar, singrando o mesmo texto constitucional, igualmente estabeleceu a desvinculação das contribuições do empregador da remuneração, ex vi do seu art. 68. Vejase: Art. 68. As contribuições do empregador, os benefícios e as condições contratuais previstos nos estatutos, regulamentos e planos de benefícios das entidades de previdência complementar não integram o contrato de trabalho dos participantes, assim como, à exceção dos benefícios concedidos, não integram a remuneração dos participantes. (destacouse) Ocorre que a Lei 8.212/1991 determina que não integram o saláriode contribuição "o valor das contribuições efetivamente pago pela pessoa jurídica relativo a programa de previdência complementar, aberto ou fechado, desde que disponível à totalidade de seus empregados e dirigentes, observados, no que couber, os arts. 9º e 468 da CLT" (alínea p do § 9º do art. 28). Vejase: Art. 28. [...] § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) p) o valor das contribuições efetivamente pago pela pessoa jurídica relativo a programa de previdência complementar, aberto ou fechado, desde que disponível à totalidade de seus empregados e dirigentes, observados, no que couber, os arts. 9º e 468 da CLT; (Incluída pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) (destacouse) De acordo com a Lei 8.212, deverá ser observado, no que couber, o art. 9º da CLT, segundo o qual "serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação". Vejase que a Lei 8.212/1991 determina que o programa de previdência complementar, aberto ou fechado, deve ser disponibilizado à totalidade dos empregados e dirigentes da pessoa jurídica. Por sua vez, a LC 109/2001 não prevê que os programas de entidades abertas devam ser necessariamente extensíveis a todos, fazendoo apenas no tocante aos programas das entidades fechadas, ex vi do seu art. 164. Surge, assim, uma aparente antinomia, a qual deve ser solucionada pelo aplicador da lei tributária. 4 Art. 16. Os planos de benefícios devem ser, obrigatoriamente, oferecidos a todos os empregados dos patrocinadores ou associados dos instituidores. Fl. 2798DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 2/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA Processo nº 10920.722344/201114 Acórdão n.º 2402005.450 S2C4T2 Fl. 12 21 No âmbito deste Colegiado, essa questão foi debatida e decidida em sessão de julgamento realizada no dia 27 de janeiro de 2016, PAF nº 35601.000216/200765, acórdão nº 2402004.872. Assim sendo, passase a transcrever o brilhante voto do ilustre Conselheiro Relator, Dr. Ronaldo de Lima Macedo, que passa a integrar a fundamentação deste voto: No que tange aos valores pagos a título de previdência complementar privada no regime aberto, entendese que eles não estão sujeitos à incidência da contribuição previdenciária, desde que não sejam caracterizados como instrumento de incentivo ao trabalho (prêmio ou gratificação), entendimento delineado no Acórdão no 2402003.661 (processo 10783.723424/201109), seguem as razões fáticas e jurídicas: “[...] Previdência Complementar Privada em Regime Aberto O benefício tem previsão constitucional no artigo 202, com a redação trazida pela Emenda Constitucional n° 20, de 15/12/98; portanto, tratase de imunidade de contribuição previdenciária: Art. 202. O regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado de forma autônoma em relação ao regime geral de previdência social, será facultativo, baseado na constituição de reservas que garantam o benefício contratado, e regulado por lei complementar. ... § 2° As contribuições do empregador, os benefícios e as condições contratuais previstas nos estatutos, regulamentos e planos de benefícios das entidades de previdência privada não integram o contrato de trabalho dos participantes, assim como, à exceção dos benefícios concedidos, não integram a remuneração dos participantes, nos termos da lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998). ... Em destaque nas transcrições acima, temse que, atendidos os requisitos da lei, as contribuições vertidas pelo empregador não integram a remuneração e, conseqüentemente, sobre as quais não incidem contribuições previdenciárias. De fato, outra não poderia ser a interpretação. Isto porque somente se pode falar em Previdência Complementar quando suas características estão presentes. Aliás, qualquer que seja o benefício oferecido, são justamente as características que evidenciam sua natureza. E não é diferente com a Previdência Complementar Privada. Para que assim seja considerada e daí não incidirem contribuições previdenciárias devem estar presentes as características exigidas pela Lei Complementar n° 109, de 29/05/2001 que regulou o artigo 202 da Constituição Federal e revogou a Lei n° 6.435, de 15/07/1977. Quanto ao artigo 28, §9°, alínea p, parte final, da Lei n° 8.212, de 24/07/91, incluído pela Lei nº 9.528, de 10/12/1997, portanto Fl. 2799DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 2/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA 22 anterior mesmo à EC n° 20/98, não tenho dúvida que se houver incompatibilidade com os artigos 68 e 69, §1° da Lei Complementar n° 109, de 29/05/2001, que passaram a regular o artigo 202, §2° da Constituição Federal, restará derrogado, pois além desta última veicular norma tributária especial é posterior àquela: Art. 28 (...) §9° (...) p) o valor das contribuições efetivamente pago pela pessoa jurídica relativo a programa de previdência complementar, aberto ou fechado, desde que disponível à totalidade de seus empregados e dirigentes, observados, no que couber, os arts. 9º e 468 da CLT; (Incluído pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) Art. 68. As contribuições do empregador, os benefícios e as condições contratuais previstos nos estatutos, regulamentos e planos de benefícios das entidades de previdência complementar não integram o contrato de trabalho dos participantes, assim como, à exceção dos benefícios concedidos, não integram a remuneração dos participantes. Art. 69. As contribuições vertidas para as entidades de previdência complementar, destinadas ao custeio dos planos de benefícios de natureza previdenciária, são dedutíveis para fins de incidência de imposto sobre a renda, nos limites e nas condições fixadas em lei. § 1o Sobre as contribuições de que trata o caput não incidem tributação e contribuições de qualquer natureza. (g.n) Apenas como esclarecimento, meu entendimento sobre a expressão: “desde que disponível à totalidade de seus empregados e dirigentes” já havia sido manifestado no Acórdão n° 20500.176, de 11/12/2007 quando se apreciou a incidência ou não sobre o benefício Plano Educacional. Naquele caso, não havia disposição legal posterior de natureza tributária silente quanto ao requisito, como neste caso; a CLT, regulando relações de trabalho, é que deixava de considerar como salário o benefício, persistindo com isso a parte final do artigo 28, § 9º, alínea “t” da Lei n° 8.212, de 24/07/1991: Quanto às exigências para o gozo da isenção de que o benefício não substitua parcelas salariais e seja extensivo à totalidade dos segurados empregados e dirigentes, parte final do dispositivo, entendo que não houve revogação. Isto porque é razoável que a legislação tributária procurasse evitar práticas elisivas, como a pretensiosa redução da base de cálculo por meio da substituição pelo benefício ou mesmo sua disponibilização vinculada à produtividade do empregado, do que o caracterizaria como uma gratificação. E não se diga que a falta de previsão dessas exigências na lei posterior tenha sido intencional para a revogação de todo o dispositivo legal da Lei n° 8.212/91. Interessa ao Direito do Trabalho a definição de salário e não as regras periféricas voltadas aos efeitos tributários. As exigências da legislação Fl. 2800DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 2/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA Processo nº 10920.722344/201114 Acórdão n.º 2402005.450 S2C4T2 Fl. 13 23 tributária na parte final do artigo 28, §9°, alínea “t” da Lei n° 8.212/91, ao contrário da parte inicial, não integram a caracterização de alguma utilidade como salário ou não, apenas estabelecem o necessário para gozo da isenção. Retomando ao exame da LC n° 109/2001, selecionamos as principais disposições para este estudo: Lei Complementar nº 109, de 29 de Maio de 2001 Art. 1o O regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado de forma autônoma em relação ao regime geral de previdência social, é facultativo, baseado na constituição de reservas que garantam o benefício, nos termos do caput do art. 202 da Constituição Federal, observado o disposto nesta Lei Complementar. Art. 4o As entidades de previdência complementar são classificadas em fechadas e abertas, conforme definido nesta Lei Complementar. Seção II Dos Planos de Benefícios de Entidades Fechadas ... Art. 16. Os planos de benefícios devem ser, obrigatoriamente, oferecidos a todos os empregados dos patrocinadores ou associados dos instituidores. § 1o Para os efeitos desta Lei Complementar, são equiparáveis aos empregados e associados a que se refere o caput os gerentes, diretores, conselheiros ocupantes de cargo eletivo e outros dirigentes de patrocinadores e instituidores. ... Seção III Dos Planos de Benefícios de Entidades Abertas Art. 26. Os planos de benefícios instituídos por entidades abertas poderão ser: I individuais, quando acessíveis a quaisquer pessoas físicas; ou II coletivos, quando tenham por objetivo garantir benefícios previdenciários a pessoas físicas vinculadas, direta ou indiretamente, a uma pessoa jurídica contratante. § 1o O plano coletivo poderá ser contratado por uma ou várias pessoas jurídicas. § 2o O vínculo indireto de que trata o inciso II deste artigo referese aos casos em que uma entidade representativa de pessoas jurídicas contrate plano previdenciário coletivo para grupos de pessoas físicas vinculadas a suas filiadas. Fl. 2801DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 2/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA 24 § 3o Os grupos de pessoas de que trata o parágrafo anterior poderão ser constituídos por uma ou mais categorias específicas de empregados de um mesmo empregador, podendo abranger empresas coligadas, controladas ou subsidiárias, e por membros de associações legalmente constituídas, de caráter profissional ou classista, e seus cônjuges ou companheiros e dependentes econômicos. § 4o Para efeito do disposto no parágrafo anterior, são equiparáveis aos empregados e associados os diretores, conselheiros ocupantes de cargos eletivos e outros dirigentes ou gerentes da pessoa jurídica contratante. ... CAPÍTULO VIII DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 68. As contribuições do empregador, os benefícios e as condições contratuais previstos nos estatutos, regulamentos e planos de benefícios das entidades de previdência complementar não integram o contrato de trabalho dos participantes, assim como, à exceção dos benefícios concedidos, não integram a remuneração dos participantes. ... Art. 69. As contribuições vertidas para as entidades de previdência complementar, destinadas ao custeio dos planos de benefícios de natureza previdenciária, são dedutíveis para fins de incidência de imposto sobre a renda, nos limites e nas condições fixadas em lei. § 1o Sobre as contribuições de que trata o caput não incidem tributação e contribuições de qualquer natureza. § 2o Sobre a portabilidade de recursos de reservas técnicas, fundos e provisões entre planos de benefícios de entidades de previdência complementar, titulados pelo mesmo participante, não incidem tributação e contribuições de qualquer natureza. Apenas para que não fiquem espaços vazios na linha de desenvolvimento deste trabalho, lembrase que os dispositivos legais não são interpretados em fragmentos, mas dentro de um conjunto que lhe dê unidade e sentido. As disposições gerais nos artigos 68 e 69 são apenas partes do estatuto da previdência complementar, veiculado pela LC n° 109/2001. Inicialmente, dispõe a lei que os programas podem ser abertos ou fechados, de acordo com a natureza da entidade de previdência complementar. Após, trata de cada um nas seções que se seguem: na Seção II os programas em regime fechado e na Seção III, regime aberto. Para o primeiro, através de seu artigo 16, é exigido, obrigatoriamente, que o benefício seja oferecido à totalidade dos empregados, tal como no artigo 28, § 9º, “p” da Lei n° 8.212, de 24/07/1991: Art. 28 (...) § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: Fl. 2802DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 2/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA Processo nº 10920.722344/201114 Acórdão n.º 2402005.450 S2C4T2 Fl. 14 25 ... p) o valor das contribuições efetivamente pago pela pessoa jurídica relativo a programa de previdência complementar, aberto ou fechado, desde que disponível à totalidade de seus empregados e dirigentes, observados, no que couber, os arts. 9º e 468 da CLT; (Incluído pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). Portanto, um suposto programa de previdência complementar em regime fechado não oferecido à totalidade dos empregados não pode ser considerado como tal e as contribuições vertidas devem ser tributadas normalmente, eis que carecem de característica essencial. As entidades fechadas são instituídas para o conjunto de empregados da patrocinadora e não para grupos de categorias específicas de empregados de um mesmo empregador, faculdade somente possível quando a opção é pelo regime aberto, conforme artigo 26, §3° da lei. Vêse que para o regime fechado, considerando a unidade da lei, não há incompatibilidade com a Lei n° 8.212/1991, apenas que nesta as regras de incidência e abrangência estão em um mesmo dispositivo legal. Agora, como já sinalizado acima, para o regime aberto a lei faculta que, direta ou indiretamente através da entidade, a empresa contrate em benefício de grupos específicos de categorias de empregados plano de previdência complementar, artigo 26, §2° e 3° da lei. Então, neste caso não incidem contribuições previdenciárias ainda que o benefício não seja oferecido à totalidade dos empregados. Mas, sem precipitações, a interpretação será mais segura quando considerado o todo da lei. No caso dos programas em regime aberto, embora não seja necessário estendêlo à totalidade dos empregados e dirigentes, os grupos selecionados são de categorias de empregados, sem discriminações dentro de um mesmo grupo. A escolha recai sobre determinada categoria não como incentivo à produtividade ou outras finalidades relacionadas ao trabalho, mas em razão de necessidades específicas. Em síntese, temos que para a não incidência de contribuições previdenciárias: a) até o advento da LC n° 109/2001, em quaisquer casos, a empresa tinha que oferecer o benefício à totalidade dos segurados empregados e dirigentes; b) a partir da LC n° 109/2001, somente no regime fechado, a empresa deverá oferecer o benefício à totalidade dos segurados empregados, diretores, conselheiros ocupantes de cargo eletivo e outros dirigentes de patrocinadores e instituidores. Caso adotado o regime aberto, poderá oferecer o benefício a grupos de empregados ou dirigentes pertencentes a determinada categoria, mas não como instrumento de incentivo ao trabalho, Fl. 2803DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 2/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA 26 eis que flagrantemente o caracterizaria como um prêmio e, portanto, gratificação. No presente caso sob exame, os fatos geradores ocorreram posteriormente à LC n° 109/2001. Tratandose da modalidade de previdência complementar em regime aberto, de acordo com a tese aqui desenvolvida, não haveria necessidade de disponibilização dos planos de previdência complementar à totalidade dos dirigentes e empregados, desde que a restrição ao benefício seja de forma genérica e impessoal, que é o caso; portanto, os valores lançados são insubsistentes. Portanto, entendo que assiste razão ao recorrente. [...]” (Voto no 2402003.661, sessão de 16/07/2013, processo 10783.723424/201109, Relator: Julio César Vieira Gomes) Neste particular, entendese que os valores concernentes ao regime aberto de previdência complementar privada, desde que não sejam um premio ou uma gratificação, devem ser excluídos do presente lançamento fiscal, já que, após a promulgação da Emenda Constitucional 20/1998 e a publicação da Lei Complementar (LC) 109/2001, o Fisco deverá fazer uma análise conglobante5, que consiste na necessidade de analisar a hipótese fática do fato gerador dentro do ordenamento jurídico em geral (conglobando) e não apenas a norma estampada no art. 28, §9°, alínea “p”, da Lei 8.212/1991. Esse entendimento decorre do fato de que os valores pagos a título de previdência complementar privada no regime aberto não estão abarcados pela regra exclusiva da incidência da contribuição previdenciária – prevista no art. 28 da Lei 8.212/1991 –, desde que não sejam caracterizados como instrumento de incentivo ao trabalho, conforme foi delineado no Acórdão no 2402003.661 (sessão de 16/07/2013), proferido por esta Corte Administrativa no processo 10783.723424/201109 (Relator: Julio Cesar Vieira Gomes). Caso não seja feita a análise conglobante, isso poderá ocasionar a nulidade do lançamento fiscal por cerceamento ao direito de defesa da Recorrente ou exclusão dos valores lançados, já que o Fisco não poderá tributar os valores pagos a título de previdência complementar privada no regime aberto com base, exclusivamente, no argumento de que tais valores estão em desacordo com art. 28, §9°, alínea “p”, da Lei 8.212/1991 (ou seja, a verba deverá ser disponível à totalidade de seus empregados e dirigentes). Trocando em miúdos, a regra isentiva prevista na alínea “p” do §9° do art. 28 da Lei 8.212/1991 não admite interpretação extensiva, a teor do art. 111 do CTN6, mas admite um a interpretação literal com abrangência de todas as leis que tratam da matéria referente ao regime de previdência 5 Conglobante, nome cognominado pelos penalistas Eugênio Raúl Zaffaroni e José Henrique Pierangelli (sobre o tema, consulte: Fernando Capez. Curso de Direito Penal, 13 Edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2009, vol. 1) 6 Código Tributário Nacional (CTN), Lei 5.172/1966: Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I suspensão ou exclusão do crédito tributário; II outorga de isenção; III dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias. Fl. 2804DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 2/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA Processo nº 10920.722344/201114 Acórdão n.º 2402005.450 S2C4T2 Fl. 15 27 complementar privada (LC’s 108/2001 e 109/2001, que é facultativo e complementar ao Regime Geral de Previdência Social (RGPS), este sendo o caso dos autos. Assim, identificar o arcabouço jurídico a ser aplicado ao regime de previdência complementar operado por entidade aberta não é apenas uma forma de confirmar a regra isentiva da Lei 8.212/1991, é uma tarefa elementar para que essa regra seja, juridicamente, interpretada de forma literal, e para que não seja subvertida ou não seja aplicada apenas exclusivamente com base em apenas um regra isolada, distanciandose do ordenamento jurídico posto. Isso citado acima é o contexto jurídico da matéria submetida à controvérsia pelas partes (Fisco e Recorrente). (DESTACOUSE) Portanto, o fundamento isolado de a empresa não ter estendido o plano de previdência privada complementar aberta a todos os seus funcionários não é suficiente para ensejar a presente autuação, visto que, com a edição da LC 109/2001, a pessoa jurídica poderá oferecer o benefício a grupos de empregados ou dirigentes pertencentes a determinada categoria, desde que não o faça como instrumento de incentivo ao trabalho. Nessa toada, passase a analisar os demais programas objeto de controvérsia nos autos, lembrandose, a propósito, que o Plano da Diretoria não foi contestado pela recorrente. Ao contrário do Plano da Diretoria, no qual a fiscalização asseverou e demonstrou que os pagamentos estavam atrelados a bônus concedidos a determinados dirigentes, conselheiros e empregados, tanto que a recorrente optou por efetuar os recolhimentos, mantendose a controvérsia apenas no tocante à qualificação da multa, a autuação atinente aos Planos FGB, PGBLI e PGBLII se deu basicamente por dois fundamentos: 1) os planos não seriam assemelhados aos da previdência social; 2) os planos não teriam sido instituídos em favor de todos os empregados e dirigentes. É elucidativo o seguinte trecho da acusação fiscal (fl. 2065): Assim, há dois aspectos importantes a nortear a dedutibilidade das despesas com plano de previdência complementar e a isenção da CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. Primeiro, que os planos sejam assemelhados aos da previdência social; segundo, que sejam instituídos em favor dos dirigentes e dos empregados da empresa. Como se vê, a douta autoridade fiscal não se dignou de demonstrar e nem mesmo de afirmar que os valores pagos a esses programas seriam um incentivo à produção ou que estariam relacionados a finalidades outras relativas ao trabalho. Fl. 2805DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 2/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA 28 A fiscalização não determinou, de forma adequada, a realização dos fatos geradores das contribuições em referência, pois não comprovou que os valores foram efetivamente pagos como retribuição pelo trabalho prestado pelos beneficiários dos planos. Logo, o lançamento deve ser cancelado, pois a autoridade administrativa não verificou a ocorrência do fato gerador, na dicção do art. 142 do CTN. Mais ainda, e quanto à acusação de que os planos não seriam assemelhados aos da Previdência Social, tratase de critério de exigência não constante da Constituição Federal, da LC 109/2001 e nem mesmo da Lei 8.212/1991. Muito pelo contrário, os programas de previdência privada são de caráter complementar e organizados de forma autônoma, sendo, ainda, facultativos, conforme preceituam os arts. 201 e 202 da CF. Expressandose de outra forma, a própria Lei Maior distingue os regimes geral e privado, mormente porque este é complementar àquele. Diferentemente dos planos de previdência privada, o regime geral: (i) é de filiação obrigatória; (ii) possui valores máximos e mínimos de contribuição, assim como de benefícios; (iii) por determinação constitucional, é financiado por toda a sociedade, mediante recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; (iv) tem por fim assegurar meios indispensáveis de manutenção, por motivo de incapacidade, desemprego involuntário, idade avançada, tempo de serviço, encargos familiares e prisão ou morte daqueles de quem dependiam economicamente, o que não ocorre, necessariamente, no regime privado. Em resumo, não demonstrada a ocorrência, no mundo fenomênico, da ocorrência do fato gerador das contribuições lançadas contra a recorrente, deve o lançamento ser cancelado, provendose o recurso neste ponto. 5 Qualificação da multa Como se viu, a recorrente efetuou o recolhimento das contribuições atinentes aos bônus concedidos a determinados dirigentes, conselheiros e empregados, pagas no contexto do Plano da Diretoria, insurgindose, nesse tocante, apenas contra a qualificação da multa. Segundo argumenta, não agiu máfé, tendo disponibilizado documentação e esclarecimentos a partir dos quais a auditoria fez todo seu trabalho. Assim, considera descabida a exigência da multa no patamar lançado. Alega que não se pode presumir intuito doloso para justificar a multa, mas fazse necessário a existência de provas diretas. Conforme o Termo de Verificação Fiscal, em relação à contribuição previdenciária, a multa de ofício no percentual duplicado somente passou a viger a partir da competência 12/2008, conforme o art. 35A da Lei 8.212/1991, com redação da Lei 11.941/2009 (fl. 2076, último parágrafo). No entender da autoridade administrativa, teriam sido caracterizadas as condutas previstas nos arts. 71 a 73 da Lei 4.502/1964, mais propriamente a sonegação, a fraude e o conluio, vez que, ao mascarar os pagamentos de bônus através de um plano inexistente de previdência complementar, praticou, de forma inequívoca, uma ação dolosa, a qual claramente retardou o conhecimento dos fatos por parte do Fisco, além das reais circunstâncias materiais do fato gerador. Nesse tocante, tem razão a autoridade fiscal, pois: Fl. 2806DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 2/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA Processo nº 10920.722344/201114 Acórdão n.º 2402005.450 S2C4T2 Fl. 16 29 a) o pagamento de bônus através de um programa de previdência privada, sem o correspondente recolhimento das contribuições devidas à seguridade social, retarda, senão dificulta, o conhecimento da ocorrência dos seus respectivos fatos geradores; b) a recorrente agiu de forma voluntária e consciente, tendo conhecimento, inclusive, de que o pagamento de bônus tem natureza remuneratória, não podendo alegar desconhecimento da lei; c) os valores não foram informados em GFIP, o que também milita em desfavor da contribuinte, pois igualmente dificulta, senão retarda, o conhecimento da ocorrência dos fatos geradores das contribuições; d) de acordo com o art. 32, inc. IV, § 9º, da Lei 8.212/1991, e o art. 225, inc. IV, do Decreto 3.048/1999, a empresa é obrigada a informar em GFIP todas as verbas pagas aos segurados, ainda que não ocorram os fatos geradores de contribuição previdenciária; e) ao não fazêlo, a recorrente demonstra que tinha o intuito consciente de impedir o conhecimento, pela fiscalização, da ocorrência dos fatos, mormente se considerado que os valores foram creditados em planos de previdência privada, que têm regras de imunidade; f) o argumento de que os bônus foram creditados na previdência privada para assegurar a sua correção mensal não convence: (i) primeiro porque o crédito nesses programas é onerado pela taxa de carregamento, a qual incide sobre o valor do capital aplicado, de forma que a correção somente é vantajosa se o valor ficar investido durante um certo lapso de tempo; (ii) segundo porque, como consta no TVF, os valores foram sacados integralmente; (iii) terceiro porque a parte poderia ter escolhido outra modalidade de investimento para assegurar a aludida correção. As circunstâncias e as peculiaridades do caso concreto, portanto, permitem concluir que a ação da recorrente foi indubitavelmente (e não presumivelmente) dolosa. Dito de outra forma, a fiscalização comprovou que a parte se descuidou do seu dever de boafé. O fato de a recorrente ter prestado informações no transcorrer da fiscalização não afasta o dolo de sua conduta anterior (pagamento de bônus através de plano de previdência privada, dificultando o conhecimento, por parte do Fisco, da ocorrência dos fatos reais vinculados a tais pagamentos). A lei, ademais, não contempla a existência de circunstâncias atenuantes, mormente se ligadas a condutas ocorridas em momento posterior à conduta ilegal. Fl. 2807DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 2/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA 30 Sendo assim, deve ser mantida a qualificação da multa, negandose provimento ao recurso neste ponto. 6 Revisão do valor da multa Segundo a recorrente, o valor da multa deveria ser revisto, pois a metodologia que vigorava à época dos fatos (24%) lhe seria mais benéfica. Afirma, igualmente, que não há fundamento legal que permita a cobrança da multa de mora majorada no tempo, vez que tal expediente teria sido revogado pela MP 449/2008. Conforme se observa no demonstrativo de fls. 2380/2382, a autoridade autuante, baseada no art. 106, inc. II, alínea c, do CTN, fez um comparativo entre a multa vigente à época dos fatos geradores nas competências 11/2006 a 11/2008 e a multa vigente após a alteração introduzida pela MP 449/2008, convertida na Lei 11.941/2009. Para fins de aplicação da lei mais benéfica, o fiscal comparou o somatório das multas moratória e punitiva previstas, respectivamente, nos arts. 35 e 32 da Lei 8.212/1991, com redação antes da alteração pela referida MP, com a multa de ofício de 75% estatuída no art. 35A, depois da alteração. Entendese, todavia, que esse procedimento não está amparado num critério jurídico seguro e uniforme, tanto que, em determinadas competências, a multa mais benéfica foi aquela prevista na legislação anterior, ao passo que, em outras, foi aquela constante da norma vigente. Ora, ou a nova legislação é mais benéfica, podendo ser aplicada retroativamente, ou é mais prejudicial, alcançando somente fatos ocorridos após a sua vigência. Não parece admissível que os mesmos fatos possam ser regulados por duas normas vigentes em espaços de tempo distintos. Ademais, tal metodologia parte do pressuposto equivocado de que o art. 35A da Lei 8.212/1991 sempre sanciona o descumprimento de obrigação acessória, o que não é verdade, pois o descumprimento isolado de tal obrigação é apenado pelo art. 32A. Expressandose de outra forma, adimplida a obrigação principal, mas não a acessória, é cabível a aplicação deste dispositivo. Vejase: Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitar seá às seguintes multas:(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). (Vide Lei nº 13.097, de 2015) (Vide Lei nº 13.097, de 2015) [...] Outrossim, a sanção pelo descumprimento da obrigação principal e a sanção pelo descumprimento da obrigação acessória têm naturezas totalmente diferentes. Dessa forma, a comparação, para efeito de eventual retroação benigna, deve ser feita entre sanções de igual natureza. Sendo assim, adotase, como razões de decidir, as seguintes conclusões constantes do acórdão nº 2302003.064, Relator André Luís Mársico Lombardi: Fl. 2808DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 2/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA Processo nº 10920.722344/201114 Acórdão n.º 2402005.450 S2C4T2 Fl. 17 31 O art. 35 da Lei n° 8.212/1991, na época dos fatos geradores, assim dispunha a respeito das multas de mora, aplicáveis, inclusive, nas hipóteses de lançamento de ofício: Art. 35. Sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos: (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). I para pagamento, após o vencimento de obrigação não incluída em notificação fiscal de lançamento: [...] a) oito por cento, dentro do mês de vencimento da obrigação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). b) quatorze por cento, no mês seguinte; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). c) vinte por cento, a partir do segundo mês seguinte ao do vencimento da obrigação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). II para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento: [...] a) vinte e quatro por cento, em até quinze dias do recebimento da notificação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). b) trinta por cento, após o décimo quinto dia do recebimento da notificação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). c) quarenta por cento, após apresentação de recurso desde que antecedido de defesa, sendo ambos tempestivos, até quinze dias da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). d) cinqüenta por cento, após o décimo quinto dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, enquanto não inscrito em Dívida Ativa; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). III para pagamento do crédito inscrito em Dívida Ativa: [...] a) sessenta por cento, quando não tenha sido objeto de parcelamento; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). b) setenta por cento, se houve parcelamento; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). c) oitenta por cento, após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido citado, se o crédito Fl. 2809DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 2/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA 32 não foi objeto de parcelamento; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). d) cem por cento, após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido citado, se o crédito foi objeto de parcelamento. (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). § 1º Na hipótese de parcelamento ou reparcelamento, incidirá um acréscimo de vinte por cento sobre a multa de mora a que se refere o caput e seus incisos. (Revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008)(Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009) § 2º Se houver pagamento antecipado à vista, no todo ou em parte, do saldo devedor, o acréscimo previsto no parágrafo anterior não incidirá sobre a multa correspondente à parte do pagamento que se efetuar. (Revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008) (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009) § 3º O valor do pagamento parcial, antecipado, do saldo devedor de parcelamento ou do reparcelamento somente poderá ser utilizado para quitação de parcelas na ordem inversa do vencimento, sem prejuízo da que for devida no mês de competência em curso e sobre a qual incidirá sempre o acréscimo a que se refere o § 1º deste artigo.(Revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008) (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009) § 4o Na hipótese de as contribuições terem sido declaradas no documento a que se refere o inciso IV do art. 32, ou quando se tratar de empregador doméstico ou de empresa ou segurado dispensados de apresentar o citado documento, a multa de mora a que se refere o caput e seus incisos será reduzida em cinqüenta por cento. (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). (Revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008) (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009) [...] É sabido que em razão do que dispõe o art. 144 do CTN, vigora com intensidade no Direito Tributário o princípio geral de direito intertemporal do tempus regit actum, de sorte que o lançamento tributário é regido pela lei vigente à data de ocorrência do fato gerador, ainda que posteriormente modificada ou revogada. Ocorre que, apesar do princípio de direito intertemporal citado, o art. 106, II, ‘c’ do CTN, prevê a retroatividade benigna em matéria de infrações tributárias: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: (...) II tratandose de ato não definitivamente julgado: (...) c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Fl. 2810DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 2/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA Processo nº 10920.722344/201114 Acórdão n.º 2402005.450 S2C4T2 Fl. 18 33 Portanto, é preciso reconhecer que se aplica a lei vigente à data da ocorrência do fato gerador, exceto se nova legislação cominar penalidade menos severa. Importanos aqui, não a multa de mora, que continua prevista no artigo 35 da Lei n° 8.212/91 c.c. artigo 61 da Lei n° 9.430/96, mas a multa de ofício, hoje estabelecida no artigo 35A da Lei n° 8.212/91 c.c. artigo 44 da Lei n° 9.430/96: Lei n° 8.212/91: Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). Lei n° 9.430/96: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas:(Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata;(Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) (...) Se cotejarmos os percentuais de multa previstos no antigo artigo 35 da Lei n° 8.212/91 com o percentual de multa previsto no artigo 44, I, da Lei n° 9.430/96, concluiremos que, a princípio, a multa prevista na legislação pretérita, vigente à época dos fatos geradores, é menor e, portanto, mais benéfica que a multa estabelecida na novel legislação. Sendo assim, entendese que deveria a autoridade fiscal lançadora ter comparado a multa prevista na redação anterior do artigo 35 da Lei n° 8.212/91 com a multa hoje prevista no artigo 35A da Lei n° 8.212/91. Se tivesse efetuado tal comparativo, concluiria pela aplicação, a princípio, da multa prevista na redação anterior do artigo 35 da Lei n° 8.212/91. Todavia, a autoridade fiscal [...] efetuou comparativo considerando a soma da sanção decorrente de infração à obrigação principal (recolhimento do tributo) com a sanção decorrente de infração à obrigação acessória (declaração em GFIP), como se ambas tivessem sido substituídas pela multa de ofício ora estipulada no artigo 35A da Lei n° 8.212/91. Assim, foi levada ao equívoco de que a legislação superveniente seria mais benéfica (multa de ofício de 75%) em parte das competências. Como a sanção por descumprimento de obrigação principal e a sanção por descumprimento de obrigação acessória têm natureza distintas, o comparativo sempre deve ser feito entre Fl. 2811DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 2/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA 34 sanções decorrentes de infrações às obrigações principais ou entre sanções decorrentes de infrações às obrigações acessórias, nunca mesclando ou somando umas e outras. Como afirmado, se tivesse procedido na forma proposta, concluiria pela aplicação, a princípio, da multa prevista na redação anterior do artigo 35 da Lei n° 8.212/91 para todas as competências. E afirmase “a princípio”, pois, em certas circunstâncias, ainda que eventuais e futuras, os percentuais antes previstos no artigo 35 podem se mostrar mais gravosos, na hipótese de crédito inscrito em dívida ativa, após o ajuizamento da ação fiscal (antigo artigo 35, III, alíneas c e d, da Lei n° 8.212/91). Portanto, apenas nestas situações específicas é que a aplicação da novel legislação deve prevalecer. Sendo assim, poderia se afirmar, num primeiro momento, que o fiscal deveria ter comparado a multa prevista na redação anterior do art. 35 da Lei 8.212/91 com a multa hoje prevista no art. 35A. Ocorre que o art. 35 teve sua redação alterada pela MP 449/2008 e pela Lei 11.941/2009, para estabelecer a multa moratória no percentual máximo de 20% estatuído no art. 61 da Lei 9.430/1996. Vejase: Art. 35. Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). Art.61. [...] §2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. Vale observar que a redação anterior do dispositivo em tela estabelecia, de forma indubitável, a multa de natureza moratória, ainda que decorrente de lançamento de ofício. De forma expressa, a norma estabelecia que sobre as contribuições "incidirá multa de mora". O próprio fato de que a multa era majorada no tempo (i pagamento após o vencimento de obrigação não incluída em notificação de lançamento; ii pagamento de créditos incluídos em notificação de lançamento; iii pagamento de crédito inscrito em dívida ativa) reforça essa constatação. Destarte, a nova redação do art. 35, ao prever a multa moratória no limite máximo de 20%, trouxe penalidade menos severa que aquela prevista na sua redação anterior, podendo, pois, ser aplicada retroativamente, nos termos do art. 106, inc. II, alínea c, do CTN. Não se desconhece que essa questão é extremamente controvertida neste Conselho, mas se prestigia o entendimento até agora uníssono da Primeira e da Segunda Turma do C. STJ. Vejase: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. PREMISSA EQUIVOCADA. SÚMULA 284/STF. INAPLICABILIDADE. Fl. 2812DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 2/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA Processo nº 10920.722344/201114 Acórdão n.º 2402005.450 S2C4T2 Fl. 19 35 TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. COBRANÇA DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO. MULTA. REDUÇÃO PARA 20%. ART. 35 DA LEI N. 8.212/91 E ART. 106, II, "C", DO CTN. APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO MAIS BENÉFICA. PRECEDENTES. HONORÁRIOS. CABIMENTO. 1. Tratandose de ato não definitivamente julgado, aplicase a lei mais benéfica ao contribuinte, para redução de multa, conforme dispõe o art. 106, inciso II, alínea "c", do CTN. 2. O art. 35 da Lei n. 8.212/91 foi alterado pela Lei n. 11.941/09, devendo o novo percentual aplicável à multa seguir o patamar de 20% que, sendo mais propícia ao contribuinte, deve ser a ele aplicado, por se tratar de lei mais benéfica, cuja retroação é autorizada com base no art. 106, II, do CTN. 3. Precedentes: AgRg no AREsp 185.324/SP, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 27.8.2012; AgRg no REsp 1216186/RS, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 16/5/2011; REsp 1117701/SP, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 19/10/2009. 4. O art. 35 da Lei n. 8.212/91, com a redação anterior à Lei n. 11.940/09, não distingue a aplicação da multa em decorrência da sua forma de constituição (de ofício ou por homologação), hipótese prevista tão somente com o advento da Lei n. 11.940/09, que introduziu o art. 35A à Lei de Custeio da Seguridade Social, restringindo sua incidência aos casos ocorridos após sua vigência, sob pena de retroação. [...] Embargos de declaração acolhidos, com efeitos modificativos. (EDcl no AgRg no REsp 1275297/SC, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 03/12/2013, DJe 10/12/2013) ... PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 1973. APLICABILIDADE. EXECUÇÃO FISCAL. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. MULTA MORATÓRIA. PERCENTUAL. ARTS. 35 DA LEI N. 8.212/91, E 35A, INCLUÍDO PELA LEI N. 11.941/09. ALTERAÇÃO LEGISLATIVA POSTERIOR ESTABELECENDO PENALIDADE MAIS GRAVOSA. APLICAÇÃO DA DISPOSIÇÃO LEGAL ANTERIOR, MAIS BENÉFICA, A TEOR DO DISPOSTO NO ART. 106, II, C, DO CTN. [...] II In casu, controvertese acerca do percentual de multa moratória aplicável ao lançamento de ofício após a alteração do art. 35 da Lei n. 8.212/91 pela Lei n. 11.941/09 que, ao incluir o art. 35A naquele diploma normativo, determinou a Fl. 2813DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 2/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA 36 observância do parâmetro mais gravoso do art. 44 da Lei n. 9.430/96, qual seja, de 75% (setenta e cinco por cento). III Esta Corte possui entendimento segundo o qual deve ser observado o percentual original da multa moratória previsto no art. 35 da Lei n. 8.212/91, porquanto as ulteriores disposições do art. 35A cominam penalidade mais severa, autorizando a aplicação do preceito anterior, mais benéfico, a teor do disposto no art. 106, II, c, do CTN. Precedentes. IV Recurso Especial provido. (REsp 1585929/SP, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 19/04/2016, DJe 26/04/2016) Portanto, nos autos de infração sob os nºs 37.361.8719 (parte patronal) e 37.361.8727 (terceiros), atinentes ao descumprimento de obrigação principal, a multa deve ser limitada a 20% até a competência 11/2008, inclusive, devendo o recurso ser provido neste ponto. 7 Juros de mora sobre a multa de ofício No entender da recorrente, os juros moratórios não podem incidir sobre a multa de ofício. Conforme preleciona o art. 161 do CTN, o crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora. Logo, a incidência dos juros se dá sobre o crédito, fazendose necessário extrair o sentido e o alcance da referida expressão. O próprio Código permite essa intelecção, pois em seu art. 139 preleciona que o crédito tributário decorre da obrigação principal, ao passo que no § 1º do art. 113 preceitua que a obrigação principal tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. Logo, sendo o crédito decorrente da obrigação principal, a qual também tem por objeto a penalidade pecuniária, e não apenas o tributo propriamente dito, é induvidoso que os juros também incidem sobre a multa de ofício. Essa interpretação, a par de sistemática, é igualmente lógica, na medida em que, a partir de um determinado momento, o contribuinte também está em mora quanto ao pagamento da sanção pecuniária, não se vislumbrando o porquê de não sofrer a incidência dos encargos moratórios sobre a referida rubrica. Pela pertinência, cumpre transcrever os dispositivos legais, na ordem suscitada neste voto: Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. Art. 139. O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta. Fl. 2814DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 2/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA Processo nº 10920.722344/201114 Acórdão n.º 2402005.450 S2C4T2 Fl. 20 37 Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. (destacouse) Não é por acaso que as Súmulas CARF nºs 4 e 5 aludem à incidência dos juros sobre débitos tributários e crédito tributário, respectivamente: Súmula CARF n° 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Súmula CARF nº 5: São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral. (destacouse) Destarte, os juros de mora são aplicáveis sobre a multa de ofício, na medida em que ela é integrante do crédito tributário não integralmente pago no vencimento. Ambas as Turmas da Primeira Seção do STJ vêm decidindo dessa mesma forma. Vejase: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. MANDADO DE SEGURANÇA. JUROS DE MORA SOBRE MULTA. INCIDÊNCIA. PRECEDENTES DE AMBAS AS TURMA QUE COMPÕEM A PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ. 1. Entendimento de ambas as Turmas que compõem a Primeira Seção do STJ no sentido de que: "É legítima a incidência de juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o crédito tributário." (REsp 1.129.990/PR, Rel. Min. Castro Meira, DJ de 14/9/2009). De igual modo: REsp 834.681/MG, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 2/6/2010. 2. Agravo regimental não provido. (AgRg no REsp 1335688/PR, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 04/12/2012, DJe 10/12/2012) (destacouse) Em síntese, o recurso não deve ser provido neste ponto. 8 Relatório de vínculos dos diretores A recorrente afirma que não há autorização legal, conforme arts. 134 e 135 do CTN, para a inclusão dos diretores no pólo passivo, conforme consta no Relatório de Vínculos, não havendo razão para imputação de responsabilização solidária. Fl. 2815DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 2/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA 38 Entretanto, e conforme é de conhecimento da própria parte, essa matéria é objeto da Súmula CARF nº 88, segundo a qual o relatório de vínculos não atribui responsabilidade solidária, tendo finalidade meramente informativa. Vejase: Súmula CARF nº 88: A Relação de CoResponsáveis CORESP”, o “Relatório de Representantes Legais – RepLeg” e a “Relação de Vínculos – VÍNCULOS”, anexos a auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa. Vale lembrar que o próprio Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF 343/2015, em seu art. 45, inc. VI, obriga o Conselheiro a observar o enunciado de Súmula, de maneira que o verbete acima está sendo aplicado em sua integralidade. Logo, o recurso não deve ser provido neste tocante. 9 Conclusão Diante do exposto, voto no sentido de: (i) CONHECER e NEGAR PROVIMENTO ao recurso de ofício; (ii) CONHECER e DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso voluntário, para (ii.1) cancelar o lançamento quanto aos planos de previdência privada complementar abertos FGB, PGBLI e PGBLII; e (ii.2) quanto aos autos de infração sob os nºs 37.361.8719 e 37.361.8727, limitar a multa em 20% até a competência 11/2008. (Assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Fl. 2816DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 2/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA Processo nº 10920.722344/201114 Acórdão n.º 2402005.450 S2C4T2 Fl. 21 39 Voto Vencedor Conselheiro Túlio Teotônio de Melo Pereira Redator Designado No tocante à penalidade aplicada pelo descumprimento de obrigação principal, pedimos licença para divergir do relator, visto que entendemos não assistir razão ao recorrente. Nessa matéria, tendo havido modificação nas normas que estabelecem penalidades, entendemos que a verificação da multa menos severa, para fins de aplicação do art. 106, inciso II, alínea "c" do CTN, deve ser feita levando em consideração a natureza das multas, e não somente a sua nomenclatura. Além disso, a aferição da penalidade menos severa deve ser feita considerando a lei como um todo (teoria do conglobamento ou incindibilidade), e não os artigos de forma isolada (teoria da acumulação ou atomista), sob pena de o aplicador estar criando uma nova lei, combinando regras das duas comparadas. Nesse sentido, adotamos entendimento consolidado no Câmara Superior de Recurso Fiscais e transcrevemos voto da relatora Dra. Maria Helena Cotta Cardozo, proferida no Acórdão 9102003.795, nos autos do processo no 19515.720449/201268, que passa a integrar a fundamentação deste voto: "Os artigos da Lei n° 8.212, de 1991, com as alterações da Lei n° 9.528, de 1997, que previam as penalidades por descumprimento de obrigações principais e acessórias, tinham a seguinte redação: "Art. 32. A empresa é também obrigada a: (...) IV informar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro SocialINSS, por intermédio de documento a ser definido em regulamento, dados relacionados aos fatos geradores de contribuição previdenciárias e outras informações de interesse do INSS. (...) §4°. A não apresentação do documento previsto no inciso IV, independentemente do recolhimento da contribuição, sujeitará o infrator à pena administrativa correspondente a multa variável equivalente a um multiplicador sobre o valor mínimo previsto no art. 92, em função do número de segurados, conforme quadro abaixo. (...) Fl. 2817DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 2/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA 40 § 7°. A multa de que trata o § 4° sofrerá acréscimo de cinco por cento por mês calendário ou fração, a partir do mês seguinte àquele em que o documento deveria ter sido entregue. (...) Art. 35. Para os fatos geradores ocorridos a partir de 1° e abril de 1997, sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos: (...) II. para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento: doze por cento, em até quinze dias do recebimento da notificação; quinze por cento, após o 15° dia do recebimento da notificação; c)vinte por cento, após apresentação de recurso desde que antecedido de defesa, sendo ambos tempestivos, até quinze dias da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRP; d) vinte e cinco por cento, após o 15° dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, enquanto não inscrito em Dívida Ativa." Assim, no caso em apreço, considerandose que houve aplicação de multas pelo descumprimento de obrigações principais e acessórias, no contexto de lançamento de ofício, o entendimento desta CSRF é no sentido de que, embora a antiga redação dos artigos 32 e 35 da Lei n° 8.212, de 1991, não contivesse a expressão "lançamento de ofício", o fato de as penalidades serem exigidas por meio de Auto de Infração e NFLD não deixa dúvidas acerca da natureza material de multas de ofício. Resta perquirir se as alterações posteriores à autuação, implementadas pela Lei n° 11.941, de 2009, representariam a exigência de penalidade mais benéfica ao Contribuinte, hipótese que autorizaria a sua aplicação retroativa, a teor do art. 106, II, do CTN. Para tanto, porém, é necessário que se estabeleça a exata correlação entre as multas anteriormente previstas e aquelas estabelecidas pela Lei n° 11.941, de 2009, a ver se efetivamente seria o caso, e em que condições aplicarseia a retroatividade benigna. As alterações promovidas pela Lei n° 11.941, de 2009, nos artigos 32 e 35, da Lei n° 8.212, de 1991, no sentido de uniformizar os procedimentos de constituição e exigência dos créditos tributários, previdenciários e não previdenciários, são as seguintes: "Art. 32. A empresa é também obrigada a: (...) Fl. 2818DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 2/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA Processo nº 10920.722344/201114 Acórdão n.º 2402005.450 S2C4T2 Fl. 22 41 IV declarar à Secretaria da Receita Federal do Brasil e ao Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço FGTS, na forma, prazo e condições estabelecidos por esses órgãos, dados relacionados a fatos geradores, base de cálculo e valores devidos da contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS ou do Conselho Curador do FGTS; (...) § 2o A declaração de que trata o inciso IV do caput deste artigo constitui instrumento hábil e suficiente para a exigência do crédito tributário, e suas informações comporão a base de dados para fins de cálculo e concessão dos benefícios previdenciários. (...) Art. 32A.O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitar seá às seguintes multas: I de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração,incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. (...) Art. 35. Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. E o art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996, por sua vez, assim estabelece: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (grifei) Fl. 2819DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 2/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA 42 Destarte, resta claro que, com o advento da Lei n° 11.941, de 2009, o lançamento de ofício envolvendo a exigência de contribuições previdenciárias, bem como a verificação de falta de declaração do respectivo fato gerador em GFIP, sujeita o Contribuinte a uma única multa, no percentual de 75%, sobre a totalidade ou diferença da contribuição, prevista no art. 44, inciso I, da Lei n° 9.430, de 1996. Com efeito, a interpretação sistemática da legislação tributária não admite a instituição, em um mesmo ordenamento jurídico, de duas penalidades para a mesma conduta, o que autoriza a interpretação no sentido de que as penalidades previstas no art. 32A não são aplicáveis às situações em que se verifica a falta de declaração/declaração inexata, combinada com a falta de recolhimento da contribuição previdenciária, eis que tal conduta está claramente tipificada no art. 44, inciso I, da Lei n° 9.430, de 1996." No caso ora em mesa, foram comparadas a soma das multas por descumprimento de obrigação acessória e principal, vigentes à época dos fatos geradores (arts. 32 e 35 da Lei no 8.212/91), com a multa vigente na legislação atual, que penaliza as duas condutas conjuntamente (art. 35A da Lei no 8.212/91), tendo sido aplicada, em cada competência, a multa menos severa ao contribuinte. Entendimento contrário, que comparasse individualmente as multas por descumprimento de obrigação acessória e principal, resultaria na criação, pelo aplicador, de um terceiro instrumento normativo, composto de um dispositivo da legislação revogada e um dispositivo da legislação atual, situação inadmissível, por usurpar a competência do Poder Legislativo. Digase, ainda, que, na espécie, entendo não ser possível aplicar a novel redação do art. 35, da Lei no 8.212/91, pois se refere a multa cominada para o recolhimento espontâneo, enquanto a multa sob exame foi decorrente de procedimento fiscal e, portanto, com natureza de multa de ofício. Diante do exposto, entendo correto o procedimento adotado pela autoridade fiscal e voto por negar provimento ao recurso voluntário nesta matéria. (Assinado digitalmente) Túlio Teotônio de Melo Pereira. Fl. 2820DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 2/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA
score : 1.0
Numero do processo: 13951.000209/2003-27
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 07 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Aug 15 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/01/2003 a 31/03/2003
CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. AQUISIÇÕES DE PESSOAS FÍSICAS E COOPERATIVAS. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. POSSIBILIDADE.
As decisões do Superior Tribunal de Justiça, em sede recursos repetitivos, por força do art. 62, § 2º, do Regimento Interno do CARF, devem ser observadas no Julgamento deste Tribunal Administrativo.
No ressarcimento/compensação de crédito presumido de IPI, em que atos normativos infralegais obstaculizaram o creditamento por parte do sujeito passivo, é devida a atualização monetária, com base na Selic, desde o protocolo do pedido até o efetivo ressarcimento do crédito (recebimento em espécie ou compensação com outros tributos).
Recurso Especial do Procurador Negado.
Numero da decisão: 9303-004.122
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso especial.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201606
camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/01/2003 a 31/03/2003 CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. AQUISIÇÕES DE PESSOAS FÍSICAS E COOPERATIVAS. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. POSSIBILIDADE. As decisões do Superior Tribunal de Justiça, em sede recursos repetitivos, por força do art. 62, § 2º, do Regimento Interno do CARF, devem ser observadas no Julgamento deste Tribunal Administrativo. No ressarcimento/compensação de crédito presumido de IPI, em que atos normativos infralegais obstaculizaram o creditamento por parte do sujeito passivo, é devida a atualização monetária, com base na Selic, desde o protocolo do pedido até o efetivo ressarcimento do crédito (recebimento em espécie ou compensação com outros tributos). Recurso Especial do Procurador Negado.
turma_s : 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Mon Aug 15 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 13951.000209/2003-27
anomes_publicacao_s : 201608
conteudo_id_s : 5619712
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Aug 16 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 9303-004.122
nome_arquivo_s : Decisao_13951000209200327.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : RODRIGO DA COSTA POSSAS
nome_arquivo_pdf_s : 13951000209200327_5619712.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso especial. (assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto.
dt_sessao_tdt : Tue Jun 07 00:00:00 UTC 2016
id : 6465839
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:51:32 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048688312451072
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2191; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 247 1 246 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 13951.000209/200327 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9303004.122 – 3ª Turma Sessão de 07 de junho de 2016 Matéria IPI PER/DCOMP CRÉDITO PRESUMIDO Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado COAMO AGROINDUSTRIAL COOPERATIVA MOURAOENSE ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2003 a 31/03/2003 CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. AQUISIÇÕES DE PESSOAS FÍSICAS E COOPERATIVAS. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. POSSIBILIDADE. As decisões do Superior Tribunal de Justiça, em sede recursos repetitivos, por força do art. 62, § 2º, do Regimento Interno do CARF, devem ser observadas no Julgamento deste Tribunal Administrativo. No ressarcimento/compensação de crédito presumido de IPI, em que atos normativos infralegais obstaculizaram o creditamento por parte do sujeito passivo, é devida a atualização monetária, com base na Selic, desde o protocolo do pedido até o efetivo ressarcimento do crédito (recebimento em espécie ou compensação com outros tributos). Recurso Especial do Procurador Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso especial. (assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 95 1. 00 02 09 /2 00 3- 27 Fl. 247DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 01/08/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13951.000209/200327 Acórdão n.º 9303004.122 CSRFT3 Fl. 248 2 Relatório Tratase de recurso especial de divergência, tempestivo, interposto pela Fazenda Nacional ao amparo do art. 67, Anexo II, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, em face do Acórdão nº 340301.828, de 27/11/2012, cuja ementa se transcreve a seguir: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2003 a 31/03/2003 CRÉDITO PRESUMIDO DO IPI. AQUISIÇÕES DE PESSOAS FÍSICAS. BASE DE CÁLCULO. Os valores referentes às aquisições de insumos (matéria prima, produtos intermediários e material de embalagem) de pessoa nãocontribuintes (pessoa física e cooperativas) do PIS/Pasep e da Cofins integram à base de cálculo do crédito presumido de IPI, desde que, sejam empregados e consumidos no processo de industrialização dos produtos exportados. JUROS. TAXA SELIC. RESSARCIMENTO. CABÍVEL. Reconhecido o crédito, justifica compensação de juros pela aplicação da Taxa Selic em razão da demora provocada pela Administração Pública, com objetivo de evitar o enriquecimento sem causa. Recurso Provido. Em face da decisão acima, a Fazenda Nacional interpôs o já referido recurso especial, contestando, em síntese, a aplicação do art. 62A do RICARF ao caso vertente, em especial, a aplicação da taxa SELIC aos pedidos de ressarcimento. O recurso especial da Fazenda Nacional foi parcialmente admitido, em relação à aplicação da taxa SELIC aos pedidos de ressarcimento, mediante despacho de fls. 225/226. Contrarrazões às fls. 234/238. É o relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator Presentes os requisitos de admissibilidade, entendo que o recurso merece ser conhecido. Fl. 248DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 01/08/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13951.000209/200327 Acórdão n.º 9303004.122 CSRFT3 Fl. 249 3 Quanto ao mérito, todavia, o recurso especial da Fazenda Nacional não merece melhor sorte. A matéria aceita como divergente no recurso especial da Fazenda Nacional cingese à aplicação da Selic sobre os créditos presumidos de IPI, a ressarcir. Com a alteração regimental, que acrescentou o art. 62A ao Regimento Interno do Carf, com a redação mantida atualmente no § 2º do art. 62 do RICARF1, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, as decisões do Superior Tribunal de Justiça, em sede recursos repetitivos devem ser observados no Julgamento deste Tribunal Administrativo. Assim, se a matéria foi julgada pelo STJ, em sede de recurso repetitivo, a decisão de lá deve ser adotada aqui, independentemente de convicções pessoais dos julgadores. Essa é justamente a hipótese dos autos, em que o STJ, em sede de recurso repetitivo versando sobre matéria idêntica à do recurso ora sob exame, decidiu2 que, A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito de IPI (decorrente da aplicação do princípio constitucional da não cumulatividade), descaracteriza referido crédito como escritural (assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil), exsurgindo legítima a incidência de correção monetária, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Aplicação analógica do precedente da Primeira Seção submetido ao rito do artigo 543C, do CPC: REsp 1035847/RS, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 24.06.2009, DJe 03.08.2009). Essa decisão foi proferida, justamente, em julgamento relativo a pedido de ressarcimento/compensação de crédito presumido de IPI, de que trata a Lei nº 9.363/1996, em que atos normativos infralegais obstaculizaram a inclusão na base de cálculo do incentivo das compras realizadas junto a pessoas físicas e cooperativas. Verificase, portanto, que a referida decisão do Egrégio Superior Tribunal de Justiça deve ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Assim, não há que se falar na possibilidade de provimento do recurso especial da Fazenda Nacional. 1 Art. 62 (...) § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. 2 AgRg no AgRg no REsp 1088292 / RS AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL 2008/02047717 Fl. 249DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 01/08/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13951.000209/200327 Acórdão n.º 9303004.122 CSRFT3 Fl. 250 4 Por conseguinte, em face de todo o exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso especial da Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 250DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 01/08/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
score : 1.0
Numero do processo: 19515.720350/2014-28
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 10 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Sep 26 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2009
AQUISIÇÃO DE BEM. PESSOA NÃO LIGADA.
Descabe a presunção de distribuição disfarçada de lucros no negócio pelo qual a pessoa jurídica adquire bem de pessoa não ligada.
Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário: 2009
Ementa:INTIMAÇÕES. PROCURADOR DO CONTRIBUINTE.
Não há previsão legal para intimações serem enviadas a procurador do contribuinte.
Numero da decisão: 1201-001.471
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao Recurso de Ofício.
ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA - Presidente.
EVA MARIA LOS - Relator.
Participaram ainda da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Souza, José Carlos de Assis Guimarães, José Roberto Adelino da Silva, Luis Fabiano Alves Penteado e Ronaldo Apelbaum.
Nome do relator: Relator
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201608
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2009 AQUISIÇÃO DE BEM. PESSOA NÃO LIGADA. Descabe a presunção de distribuição disfarçada de lucros no negócio pelo qual a pessoa jurídica adquire bem de pessoa não ligada. Assunto: Normas de Administração Tributária Ano-calendário: 2009 Ementa:INTIMAÇÕES. PROCURADOR DO CONTRIBUINTE. Não há previsão legal para intimações serem enviadas a procurador do contribuinte.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Sep 26 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 19515.720350/2014-28
anomes_publicacao_s : 201609
conteudo_id_s : 5638934
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Sep 27 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 1201-001.471
nome_arquivo_s : Decisao_19515720350201428.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : Relator
nome_arquivo_pdf_s : 19515720350201428_5638934.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao Recurso de Ofício. ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA - Presidente. EVA MARIA LOS - Relator. Participaram ainda da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Souza, José Carlos de Assis Guimarães, José Roberto Adelino da Silva, Luis Fabiano Alves Penteado e Ronaldo Apelbaum.
dt_sessao_tdt : Wed Aug 10 00:00:00 UTC 2016
id : 6503786
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:52:37 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048688314548224
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1848; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C2T1 Fl. 2 1 1 S1C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19515.720350/201428 Recurso nº De Ofício Acórdão nº 1201001.471 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 10 de agosto de 2016 Matéria Distribuição Disfarçada de Lucros Recorrente DRJ/BHE Interessado CAMARGO CORREA S/A, CNPJ 01.098.905/000109 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2009 AQUISIÇÃO DE BEM. PESSOA NÃO LIGADA. Descabe a presunção de distribuição disfarçada de lucros no negócio pelo qual a pessoa jurídica adquire bem de pessoa não ligada. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2009 Ementa:INTIMAÇÕES. PROCURADOR DO CONTRIBUINTE. Não há previsão legal para intimações serem enviadas a procurador do contribuinte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao Recurso de Ofício. ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Presidente. EVA MARIA LOS Relator. Participaram ainda da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Souza, José Carlos de Assis Guimarães, José Roberto Adelino da Silva, Luis Fabiano Alves Penteado e Ronaldo Apelbaum. Relatório Trata o processo de autos de infração que exigem Imposto de Renda Pessoa Jurídica IRPJ no montante de R$128.531.812,70 e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL, R$46.280.092,57, págs. 352/362, acrescidos de multa de ofício de 75% e juros de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 72 03 50 /2 01 4- 28 Fl. 692DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/09/2016 por EVA MARIA LOS, Assinado digitalmente em 17/09/2016 por EV A MARIA LOS 2 mora, e relativos ao anocalendário 2009; as infrações autuadas foram: 0001 LUCRO DISTRIBUIDO E LUCRO CAPITALIZADO DISTRIBUIÇÃO DISFARÇADA DE LUCROS Aquisição de Bem (100% das ações da Empresa Atila Holdings S.A.) de Pessoa Ligada (Votorantim Participações S.A), por valor notoriamente superior ao de mercado, em 30/01/2009; a base legal foram o art. 2º da Lei nº 7.689, de 15 de dezembro de 1988, com as alterações introduzidas pelo art. 2o da Lei nº 8.034, de 12 de abril de 1990; art. 2o da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995; art. 1o da Lei nº 9.316, de 22 de novembro de 1996,; art. 28 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996; art. 60 da Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997; Art. 3o da Lei nº 7.689, de 15 de dezembro de 1988, com redação dada pelo art. 17 da Lei n° 11.727/08; os motivos da autuação e descrição dos procedimentos de fiscalização constam do Termo de Verificação Fiscal de págs. 468/473. 3. O contribuinte foi cientificado dos autos de infração em 26/03/2014, pág. 475, e interpôs impugnação tempestiva em 24/04/2014, resumida a seguir. 4. Historia que, na década de 90, os grupos Votorantim (V), Bradesco (B) e Camargo Correa (C) constituíram a VBC Energia S/A, cada qual com 1/3 de participação, visando participar de privatizações; em 1997, a VBC adquiriu, juntamente com a PREVI e com outros fundos de pensão reunidos sob uma empresa denominada Bonaire, o controle societário da CPFL Energia S/A; em 2006, o Bradesco retirouse, e os grupos Votorantim e Camargo Correa passaram a deter 50% cada do capital da VBC. 5. Em 2009, o grupo Votorantim, era proprietário 100% da Átila Holdings S/A, que detinha 50% da VBC, que detinha 122.948.720 ações da CPFL; vendeu 100% da Átila para o grupo Camargo Correa, que passou a deter 100% do capital da Átila, 100% da VBC (50% já detidos, mais 50% adquiridos) e 122.948.720 ações da CPFL (61.474.360 que já possuía, mais 61.474.360 adquiridos); portanto, a operação foi a aquisição indireta de 61.474.360 ações da CPFL por R$2.688.992.602,69, pelo grupo Camargo Correa, sendo que as seguintes empresas deste grupo realizaram a aquisição: a Autuada 61,093% e a Construções e Comércio Camargo Correa S/A (CCCC) 38,907%. 6. Sobre a autuação por Distribuição Disfarçada de Lucros DDL, nesta transação, alega que: a. Os grupos Votorantim e Camargo Correa não são "pessoas ligadas"; são grupos econômicos distintos, o que é publico e notório; a Votorantim não é acionista da Autuada; o fato de terem investimento comum em uma mesma sociedade não os torna "pessoas ligadas", não se enquadrando nos arts. 464, II e 465, I do Regulamento do Imposto de Renda RIR de 1999 (Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999); b. a venda foi feita a preço de mercado. 7. Que a DDL ocorre se a empresa disfarça tal distribuição adquirindo de seu controlador, ativo a preço maior que o mercado pratica, ou lhe vende a preço menor que o do mercado; e questiona qual vantagem teria em pagar a maior para outro grupo empresarial? E se for verdade que pagou preço a maior, isso não beneficiou os acionistas da adquirente. 8. Sobre o valor de mercado que o Fiscal apurou de R$1.128.573,18, obtido pela multiplicação da cotação da CPFL na BM&F/Bovespa de R$30,05/ação, vezes o nº de ações adquiridas, vezes o percentual de participação da autuada na compra, argumenta que: Fl. 693DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/09/2016 por EVA MARIA LOS, Assinado digitalmente em 17/09/2016 por EV A MARIA LOS Processo nº 19515.720350/201428 Acórdão n.º 1201001.471 S1C2T1 Fl. 3 3 a. cotação em bolsa nem sempre representa o valor justo da empresa; por razões próprias da dinâmica bursátil uma ação pode estar sendo negociada a um preço inferior ao seu preço justo e por essa razão a Lei das SAs determina seja definido o valor justo de uma empresa e não o da cotação na bolsa; b. valor de mercado é o decidido por duas pessoas independentes, no livre jogo do mercado, para ajustar uma compra e venda e nenhum laudo de avaliação se sobrepõe à realidade do negócio efetivado entre partes independentes; c. sobre o Laudo de Avaliação não ter registro, diz que não há qualquer exigência legal que obrigasse a Autuada a elaborar laudo para a operação, destacando que a empresa não amortizou o ágio; d. que o autuante, sem base técnica, desconsiderou o Laudo; para demonstrar que as expectativas do Laudo eram tecnicamente acuradas e em sintonia com o mercado, apresenta avaliações por outras corretoras independentes e de primeira linha, d as ações da CPFL: R$44,00, R$45,00; R$44,09, R$43,00 e R$43,11, pág. 483; anexa as avaliações aos autos; e. que as ações vinculadas a Bloco de Controle da CPFL (no caso, por força de Acordo de Acionistas entre a VBC, Previ (521) e Bonaire) tendem a valer mais que simples cotação na bolsa, pois contêm um prêmio associado ao poder de controle, dado que deixou de compartilhálo com o grupo Votorantim; exemplifica que em 12/2012 a Bonaire adquiriu da PREVI e do grupo Camargo Correa, ações vinculadas ao Bloco de Controle, por R$34,39/ação, enquanto que na BM&F/Bovespa a cotação era R$21,07; f. que, em 29/06/2011, a CPFL realizou uma operação de desdobramento (split) de ações, pela qual o acionista em vez de uma passou a deter duas ações, cada uma com metade do valor anterior; consequentemente, o Fiscal autuante, desconhecendo o fato, concluiu que as expectativas de aumento de preço das ações não se confirmaram nos anos seguintes; apresenta gráfico à pág. 486, das cotações da CPFL (com correção do efeito da "split"), que demonstra tendência crescimento até o pico de R$58,60 em 04/2012 e queda para R$45,00 em 11/2012; 9. Portanto o "excesso de ágio" de R$514.223.250,82, que o autuante apurou ao deduzir do valor de mercado que calculou de R$1.128.573.749,18, o valor contabilizado na aquisição de Átila de R$1.642.797,000,00, não resiste à análise. 10. Por conseguinte, nenhum requisito para a Distribuição Disfarçada de Lucros se encontra presente, devendo ser cancelada a autuação. 11. Requer sejam as intimações feitas na pessoa do procurador Renato Guilherme Machado Nunes (OAB/SP n° 162.694). 12. Antes de cientificado do Acórdão DRJ/BHE, protocolou Memorial, em 25/02/2015, págs. 618/657, em que aduz informações acerca da operação autuada e destaca que da mesma operação, resultou, além do presente, também outro processo nº 19515.720143/201473, contra a empresa Construções e Comércio Camargo Correia S/A, CNPJ 61.552.512/000102, que participou da operação de aquisição das ações das empresas controladas juntamente com a Fl. 694DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/09/2016 por EVA MARIA LOS, Assinado digitalmente em 17/09/2016 por EV A MARIA LOS 4 Recorrente, ambos idênticos, lavrados e pelos mesmos fatos e fundamentação jurídica; em relação ao processo nº 19515.720143/201473, anexa o Acórdão nº 1147.747 4ª Turma DRJ/REC, de 25 de setembro de 2014, que também julgou a impugnação apresentada procedente e exonerou o crédito exigido. 13. A impugnação apresentada foi julgada pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Belo Horizonte no Acórdão nº 0265.196 2ª Turma da DRJ/BHE, de 14 de abril de 2015, que considerou a impugnação procedente e exonerou o crédito tributário: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2009 DISTRIBUIÇÃO DISFARÇADA DE LUCROS. Presumese distribuição disfarçada de lucros no negócio jurídico pelo qual a pessoa jurídica adquire, por valor notoriamente superior ao de mercado, bem de pessoa ligada. Considerase pessoa jurídica ligada à pessoa jurídica o sócio ou acionista desta, mesmo quando outra pessoa jurídica. Deve a autoridade fiscal provar que a transação realizouse por valor notoriamente superior ao de mercado e que a vendedora, pessoa física ou jurídica, é, legalmente, ligada ao comprador. Não subsiste a acusação fiscal por distribuição disfarçada de lucros, uma vez não provado nos autos que o negócio objeto da autuação foi pactuado entre pessoas jurídicas ligadas nem que por valor notoriamente superior ao de mercado. 14. Dessa decisão, a DRJ/BHE recorreu de ofício ao CARF, de acordo com o art. 34 do Decreto nº 70.235, de 1972, e alterações introduzidas pela Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997, e Portaria MF nº 3, de 3 de janeiro de 2008. 15. O contribuinte foi cientificado em 30/04/2015, pág. 679. 16. A Procuradoria da Fazenda Nacional PFN, não apresentou Contrarrazões. Voto Conselheiro Relator Eva Maria Los. 1 Termo de Verificação Fiscal. 17. Consta do Termo de Verificação Fiscal que a Autuada captou recursos e: A maior parte desses recursos foram utilizados para a aquisição das ações da VBC Energia(VBCE), detidas da Votorantim Participações, por intermédio de sua participação na Atila Holdings S.A., conforme se estabelece no relatório da administração 2009, no item 8.I.C. O preço pago foi de R$ 2,666 bilhões. 61,093% desse valor foi pago pela Camargo Correa S.A., o que equivale a R$ 1,642 bilhão e o restante por outra empresa do Grupo "Construções e Comércio Camargo Correa S.A, de forma Fl. 695DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/09/2016 por EVA MARIA LOS, Assinado digitalmente em 17/09/2016 por EV A MARIA LOS Processo nº 19515.720350/201428 Acórdão n.º 1201001.471 S1C2T1 Fl. 4 5 que ambas passaram a ter 100% das ações da empresa Átila Holdings S.A O valor pago por ambas (2,66 bilhões) é muito superior ao valor do contábil da Cia , bem como ao valor de mercado, conforme se demonstrará mais adiante. (...) A empresa apresentou laudo datado de maio de 2009 (a venda ocorreu em jan/2009), sem registro na junta comercial. Mesmo sendo extemporâneo e sem conter as formalidades necessárias exigidas por lei, verificase que em síntese o teor do laudo apresentado baseiase em expectativas de aumento exorbitante nos lucros, provenientes de aumento no preços das tarifas e diminuição dos custos, que não se confirmam nos anos subseqüentes. Embora a empresa não tenha amortizado o ágio pago, o fato é que não há fundamento algum que justifique o preço pago a maior pelo ativo, conforme se demonstrará a seguir. 18. O Autuante relata que a empresa cujas ações a Autuada adquiriu, Átila Holdings S/A, tem como principal ativo uma participação indireta na CPFL Energia S/A, através da sua coligada VBC Energia S/A, portanto o objeto da transação é a CPFL Energia S/A, cujas ações na Bovespa eram negociadas a R$30,05, enquanto que a Autuada pagou R$45,00 e ainda assim, não obteve o controle. 19. Informa que, por ocasião da fiscalização o valor das ações era R$15,00 e que os lucros exorbitantes previstos no laudo não se confirmaram, conforme tabela de pág. 469. 20. Resume que a Autuada se endividou tremendamente, alocou os recursos na aquisição descrita, efetuada por valor flagrantemente acima do mercado e por isso o autuante buscou as verdadeiras razões da operação, dado que a Autuada poderia simplesmente ter adquirido as ações por preço 50% menor. 21. Relata que no Instrumento Particular de Compra e Venda de Ações e Outras Avenças celebrado em 30/01/2009, consta que a Autuada (CCSA) adquiriu 85,96% das ações e a Construções e a Comércio Camargo Correia S/A (CCCC), CNPJ 61.552.512/000102, 14,04% juntas, 100% da Atila Holdings S/A (Atila) CNPJ 07.305.671/000100; porém foi alterado em 23/06/2009, por meio do Instrumento Particular de Retrocessão de Direitos Contratuais, resultando 61,093% para a Autuada e o restante para a CCCC; a vendedora foi a Votorantim Participações S/A (VPAR) CNPJ 61.082.582/000197 e o valor da transação R$2.563.597.000,00. 22. Destaca que nenhum desses instrumentos foi registrado na Junta Comercial (exigência dos arts. 130 e 131 da Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973), nem houve reconhecimento das firmas, impossibilitando a identificação. 23. À pág. 471, demonstra que a Autuada deteve 50% da Átila em 2006, e participação de 30,42% na VBC; em 2007 e 2008, a única proprietária da Átila foi a VPAR, e a Autuada Fl. 696DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/09/2016 por EVA MARIA LOS, Assinado digitalmente em 17/09/2016 por EV A MARIA LOS 6 deteve 15,21% da VBC; e a partir da operação descrita, a Átila passou a pertencer 61,09% à Autuada e 38,91% à CCCC. 24. Apresenta os sócios da VBC: Átila, Camargo Correia Energia, GCT Participações, Votorantim Energia e VPAR, em 2006; a autuada ingressa como sócia em 2007, além de outras empresas), permanecendo até 2009 e conclui que havia interesse comum entre os grupos econômicos Camargo Correia e Votorantim, dado que ambos eram simultaneamente sócios da VBC até a conclusão da negociação da Átila, em 01/2009. 25. Informa que, do total avençado de R$2.563.597.000,00, foram apresentados comprovantes de pagamento pela Autuada de R$1.606.703.000,00 e R$582.602.000. 26. E estima o valor de mercado: Numero de ações da "CPFL", de propriedade da "VBC", que a ''ATILA" alega estarem sendo negociadas: 122.948.720; Participação da "ATILA" no capital da "VBC", de propriedade do grupo "Votorantim": 50%; O valor de mercado para as ações da "CPFL", em 30/01/2009 é de RS 30,05, conforme se verifica em consulta publica efetuada junto aos sites: www.bolsapt.com/resumo/CPFE3.SA ou www.bolsaptcom/historico/CPFE3. SA Salientese que a "CPFL Energia S/A " possui a denominação CPFE3 para fins de consulta junto aos sites legados à bolsa de valores; Portanto o valor de mercado calculado para esta transação: RS 1.847.304.518 (122.948.720 x RS 30,05 x 50%); 27. Analisa a autuação no processo nº 19515.720143/201473, da CCCC, relatando que a Àtila apresentou laudo de avaliação da participação do grupo Votorantim na VBC, de R$1.618.333.777,70 valor esse que considera fidedigno, pois compara: "Considerando o valor de mercado e a participação da "CCCC" na "ATILA/VBC/CPFL" temos que o valor de mercado calculado para esta transação é de R$ 1.128.573.749,18 (R$1.847.304.518,00x 61,093%); Considerando o valor avaliado a pedido da "VPAR" e a participação da "CCCC" na ''ATILA/VBC/CPFL" temos que o valor avaliado para esta transação é R$988.688.654,81 (R$1.618.333.777,70 x 61,093%);" 28. Porém: Entretanto verificase que o valor pago pela CIA foi de RS 1.642.797.000 , conforme relatório da administração 2009, item 8.1.C 29. E conclui que: 6.1 Mesmo se considerarmos o maior valor apurado, para a transação das ações da "Átila" no "Instrumento Particular de Compras e Vendas de Ações e Outras Avenças" (celebrado em 30/01/2009) que é o valor de mercado, temos excesso de ágio de RS 514.223.250,82 (RS 1.642.797.000 R$1.128.573.749,18)); Fl. 697DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/09/2016 por EVA MARIA LOS, Assinado digitalmente em 17/09/2016 por EV A MARIA LOS Processo nº 19515.720350/201428 Acórdão n.º 1201001.471 S1C2T1 Fl. 5 7 6.2 Este excesso de ágio, nos termos da legislação vigente, configura uma "DISTRIBUIÇÃO DISFARÇADA DE LUCROS", pelo valor de RS 514.223.250,82, por parte da empresa ora fiscalizada em decorrência de um pagamento injustificado, na aquisição das ações da "ATILA", por valor notoriamente superior ao de mercado), de pessoa interligada, assim considerada pela participação conjunta no quadro societário (à época dos fatos), dos dois grupos econômicos (Votorantim e Camargo Correa), tanto na "VBC" como na "ATILA ", conforme art 464, II, do RIR/99. 30. Às págs. 683/691, anexouse o Termo de Verificação Fiscal do processo nº 19515.720143/201473, citado na impugnação, que é nos mesmos termos do deste processo. 31. Arts. 464, II e 465, I do RIR de 1999: Art. 464. Presumese distribuição disfarçada de lucros no negócio pelo qual a pessoa jurídica (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 60, e DecretoLei nº 2.065, de 1983, art. 20, inciso II): (...) II adquire, por valor notoriamente superior ao de mercado, bem de pessoa ligada; Art. 465. Considerase pessoa ligada à pessoa jurídica (Decreto Lei nº 1.598, de 1977, art. 60, § 3º, e DecretoLei nº 2.065, de 1983, art. 20, inciso IV): I o sócio ou acionista desta, mesmo quando outra pessoa jurídica; II o administrador ou o titular da pessoa jurídica; III o cônjuge e os parentes até o terceiro grau, inclusive os afins, do sócio pessoa física de que trata o inciso I e das demais pessoas mencionadas no inciso II. § 1º Valor de mercado é a importância em dinheiro que o vendedor pode obter mediante negociação do bem no mercado (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 60, § 4º). § 2º O valor do bem negociado freqüentemente no mercado, ou em bolsa, é o preço das vendas efetuadas em condições normais de mercado, que tenham por objeto bens em quantidade e em qualidade semelhantes (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 60, § 5º). § 3º O valor dos bens para os quais não haja mercado ativo poderá ser determinado com base em negociações anteriores e recentes do mesmo bem, ou em negociações contemporâneas de bens semelhantes, entre pessoas não compelidas a comprar ou vender e que tenham conhecimento das circunstâncias que influam de modo relevante na determinação do preço (Decreto Lei nº 1.598, de 1977, art. 60, § 6º). § 4º Se o valor do bem não puder ser determinado nos termos dos §§ 2º e 3º e o valor negociado pela pessoa jurídica basearse em laudo de avaliação de perito ou empresa especializada, caberá à autoridade tributária a prova de que o negócio serviu de instrumento à distribuição disfarçada de lucros (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 60, § 7º). Art. 466. Se a pessoa ligada for sócio ou acionista controlador da pessoa jurídica, presumirseá distribuição disfarçada de lucros ainda que os negócios de que tratam os incisos I a VI do Fl. 698DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/09/2016 por EVA MARIA LOS, Assinado digitalmente em 17/09/2016 por EV A MARIA LOS 8 art. 464 sejam realizados com a pessoa ligada por intermédio de outrem, ou com sociedade na qual a pessoa ligada tenha, direta ou indiretamente, interesse (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 61, e DecretoLei nº 2.065, de 1983, art. 20, inciso VI). Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, sócio ou acionista controlador é a pessoa física ou jurídica que, diretamente ou através de sociedade ou sociedades sob seu controle, seja titular de direitos de sócio ou acionista que lhe assegurem, de modo permanente, a maioria de votos nas deliberações da sociedade (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 61, parágrafo único, e DecretoLei nº 2.065, de 1983, art. 20, inciso VI). 32. O único elemento citado pelo autuante, para caracterizar que o grupo Votorantim, de quem a Autuada adquiriu a Átila, seria "pessoa ligada" à compradora, foi o fato de que ambas eram sócias da VBC; não há elementos nos autos que caracterizem que a vendedora do grupo Votorantim (Votorantim Participações S/A VPAR), fosse direta ou indiretamente, sócia ou acionista da empresa do grupo Camargo Correa, que é a Autuada. 33. Não há elementos a caracterizar que a aquisição tenha sido efetuada de uma "pessoa ligada", o que invalida a tese de distribuição disfarçada de lucro e a própria autuação. 1.1 NOTIFICAÇÕES AO REPRESENTANTE LEGAL. 34. Deve ser negada a petição para que as intimações feitas na pessoa do procurador, que nomeia, haja vista a determinação da legislação que rege o processo administrativo tributário: Art. 23. Farseá a intimação: I pessoal, pelo autor do procedimento ou por agente do órgão preparador, na repartição ou fora dela, provada com a assinatura do sujeito passivo, seu mandatário ou preposto, ou, no caso de recusa, com declaração escrita de quem o intimar; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) III por meio eletrônico, com prova de recebimento, mediante: (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) a) envio ao domicílio tributário do sujeito passivo; ou (Incluída pela Lei nº 11.196, de 2005) b) registro em meio magnético ou equivalente utilizado pelo sujeito passivo. (Incluída pela Lei nº 11.196, de 2005) b) registro em meio magnético ou equivalente utilizado pelo sujeito passivo. (Incluída pela Lei nº 11.196, de 2005) 35. E se estes resultarem improfícuos, por meio de Edital. Não há previsão legal para notificações serem enviadas a procurador do contribuinte. Voto por negar provimento ao recurso de ofício. Relator Eva Maria Los Fl. 699DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/09/2016 por EVA MARIA LOS, Assinado digitalmente em 17/09/2016 por EV A MARIA LOS Processo nº 19515.720350/201428 Acórdão n.º 1201001.471 S1C2T1 Fl. 6 9 Fl. 700DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/09/2016 por EVA MARIA LOS, Assinado digitalmente em 17/09/2016 por EV A MARIA LOS
score : 1.0
Numero do processo: 16682.720959/2014-87
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 05 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Nov 08 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2009, 2010, 2011
DEDUÇÃO IRRF SOBRE JUROS REMETIDOS AO EXTERIOR RESTITUÍDO AO BENEFICIÁRIO. REGIME DE COMPETÊNCIA. PROVISÃO. DESPESA. NASCIMENTO DA OBRIGAÇÃO.
É dedutível como despesa o valor do Imposto de Renda na Fonte quando a fonte pagadora assumir o encargo financeiro do recolhimento deste, obrigando-se à recomposição do montante da tributação incidente (gross up).
Porém, o momento em que tal despesa pode ser contabilizada é o da remessa do numerário que gera a obrigação tributária descontada fonte, por, somente então, ocorrer o seu fato gerador, nascendo a obrigação tributária a ser saldada, aperfeiçoando-se, assim, a obrigação do reembolso.
MP 472/2009. IN 1.154/2011. LIMITE DE ENDIVIDAMENTO. JUROS. AJUSTE DA BASE DE CÁLCULO. APLICAÇÃO
Sem disposição especial ou interpretação expressa, da Administração Tributária, em contrário, aplicam-se as disposição de regulamento de novo normativo a partir da data de vigência nele constante, bem como, para a verificação de produção de efeitos de Medida Provisória, editada em ano anterior ao em que foi convertida em Lei, considera-se a data da conversão.
Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2009, 2010, 2011
DEDUÇÃO IRRF SOBRE JUROS REMETIDOS AO EXTERIOR RESTITUÍDO AO BENEFICIÁRIO. REGIME DE COMPETÊNCIA. PROVISÃO. DESPESA. NASCIMENTO DA OBRIGAÇÃO.
Decorrendo a exigência de CSLL da mesma imputação que fundamentou o lançamento do IRPJ, deve ser adotada, no mérito, a mesma decisão proferida para o Imposto de Renda, desde que ausentes arguições especificas e elementos de prova novos ou distintos.
Numero da decisão: 1402-002.342
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofício e ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto - Presidente.
(assinado digitalmente)
Caio Cesar Nader Quintella- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Leonardo de Andrade Couto (Presidente), Demetrius Nichele Macei, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Caio Cesar Nader Quintella, Paulo Mateus Ciccone, Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira e Fernando Brasil de Oliveira Pinto.
Nome do relator: CAIO CESAR NADER QUINTELLA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201610
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2009, 2010, 2011 DEDUÇÃO IRRF SOBRE JUROS REMETIDOS AO EXTERIOR RESTITUÍDO AO BENEFICIÁRIO. REGIME DE COMPETÊNCIA. PROVISÃO. DESPESA. NASCIMENTO DA OBRIGAÇÃO. É dedutível como despesa o valor do Imposto de Renda na Fonte quando a fonte pagadora assumir o encargo financeiro do recolhimento deste, obrigando-se à recomposição do montante da tributação incidente (gross up). Porém, o momento em que tal despesa pode ser contabilizada é o da remessa do numerário que gera a obrigação tributária descontada fonte, por, somente então, ocorrer o seu fato gerador, nascendo a obrigação tributária a ser saldada, aperfeiçoando-se, assim, a obrigação do reembolso. MP 472/2009. IN 1.154/2011. LIMITE DE ENDIVIDAMENTO. JUROS. AJUSTE DA BASE DE CÁLCULO. APLICAÇÃO Sem disposição especial ou interpretação expressa, da Administração Tributária, em contrário, aplicam-se as disposição de regulamento de novo normativo a partir da data de vigência nele constante, bem como, para a verificação de produção de efeitos de Medida Provisória, editada em ano anterior ao em que foi convertida em Lei, considera-se a data da conversão. Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Ano-calendário: 2009, 2010, 2011 DEDUÇÃO IRRF SOBRE JUROS REMETIDOS AO EXTERIOR RESTITUÍDO AO BENEFICIÁRIO. REGIME DE COMPETÊNCIA. PROVISÃO. DESPESA. NASCIMENTO DA OBRIGAÇÃO. Decorrendo a exigência de CSLL da mesma imputação que fundamentou o lançamento do IRPJ, deve ser adotada, no mérito, a mesma decisão proferida para o Imposto de Renda, desde que ausentes arguições especificas e elementos de prova novos ou distintos.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Nov 08 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 16682.720959/2014-87
anomes_publicacao_s : 201611
conteudo_id_s : 5655160
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Nov 08 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 1402-002.342
nome_arquivo_s : Decisao_16682720959201487.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : CAIO CESAR NADER QUINTELLA
nome_arquivo_pdf_s : 16682720959201487_5655160.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofício e ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto - Presidente. (assinado digitalmente) Caio Cesar Nader Quintella- Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Leonardo de Andrade Couto (Presidente), Demetrius Nichele Macei, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Caio Cesar Nader Quintella, Paulo Mateus Ciccone, Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira e Fernando Brasil de Oliveira Pinto.
dt_sessao_tdt : Wed Oct 05 00:00:00 UTC 2016
id : 6559618
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:54:24 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048688317693952
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 14; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2142; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T2 Fl. 1.406 1 1.405 S1C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16682.720959/201487 Recurso nº De Ofício e Voluntário Acórdão nº 1402002.342 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 05 de outubro de 2016 Matéria IRPJ e CSLL Recorrentes PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2009, 2010, 2011 DEDUÇÃO IRRF SOBRE JUROS REMETIDOS AO EXTERIOR RESTITUÍDO AO BENEFICIÁRIO. REGIME DE COMPETÊNCIA. PROVISÃO. DESPESA. NASCIMENTO DA OBRIGAÇÃO. É dedutível como despesa o valor do Imposto de Renda na Fonte quando a fonte pagadora assumir o encargo financeiro do recolhimento deste, obrigandose à recomposição do montante da tributação incidente (gross up). Porém, o momento em que tal despesa pode ser contabilizada é o da remessa do numerário que gera a obrigação tributária descontada fonte, por, somente então, ocorrer o seu fato gerador, nascendo a obrigação tributária a ser saldada, aperfeiçoandose, assim, a obrigação do reembolso. MP 472/2009. IN 1.154/2011. LIMITE DE ENDIVIDAMENTO. JUROS. AJUSTE DA BASE DE CÁLCULO. APLICAÇÃO Sem disposição especial ou interpretação expressa, da Administração Tributária, em contrário, aplicamse as disposição de regulamento de novo normativo a partir da data de vigência nele constante, bem como, para a verificação de produção de efeitos de Medida Provisória, editada em ano anterior ao em que foi convertida em Lei, considerase a data da conversão. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2009, 2010, 2011 DEDUÇÃO IRRF SOBRE JUROS REMETIDOS AO EXTERIOR RESTITUÍDO AO BENEFICIÁRIO. REGIME DE COMPETÊNCIA. PROVISÃO. DESPESA. NASCIMENTO DA OBRIGAÇÃO. Decorrendo a exigência de CSLL da mesma imputação que fundamentou o lançamento do IRPJ, deve ser adotada, no mérito, a mesma decisão proferida para o Imposto de Renda, desde que ausentes arguições especificas e elementos de prova novos ou distintos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 68 2. 72 09 59 /2 01 4- 87 Fl. 1406DF CARF MF Processo nº 16682.720959/201487 Acórdão n.º 1402002.342 S1C4T2 Fl. 1.407 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofício e ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente. (assinado digitalmente) Caio Cesar Nader Quintella Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Leonardo de Andrade Couto (Presidente), Demetrius Nichele Macei, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Caio Cesar Nader Quintella, Paulo Mateus Ciccone, Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Fl. 1407DF CARF MF Processo nº 16682.720959/201487 Acórdão n.º 1402002.342 S1C4T2 Fl. 1.408 3 Relatório Tratamse de Recursos de Ofício e Voluntário (fls. 1326 a 1395) interpostos contra v. Acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de Campo Grande/MS (fl. 1308 a 1317) que manteve a autuação de IRPJ e CSLL sofrida pelo Contribuinte (fls. 1201 a 1222). O processo versa sobre exações de IRPJ e CSLL, referentes aos anos calendário de 2009, 2010 e 2011, verificadas após Procedimento Fiscal inicialmente realizado em 20/12/2013, em face da Companhia Locadora de Equipamentos Petrolíficos CLEP, posteriormente continuado perante a PETROBRAS S/A, que incorporou tal empresa, que já era sua subsidiária integral, gerando os Autos de Infração (fls. 1201 a 1222) formalizados no presente processo, com a aplicação de multa de 75%. A autuação contém duas acusações fiscais. A primeira sobre dedução indevida de valores referentes a IRRF incidentes sobre remessas de juros ao exterior, em razão de mútuo celebrado no valor líquido de USD 749.000.000,00, firmado com duas companhias estrangeiras (BB Fund SPC e BB Asset Management Ireland Limited), estabelecidas nas Ilhas Cayman e na Irlanda, respectivamente. Efetivamente, as remessas de juros não foram efetuadas durante o período da fiscalização, em razão de inúmeros aditivos contratuais que adiaram tais vencimentos. Melhor explicando, no contrato original, firmado em 31 de agosto de 2004 (fls. 451 a 453), o vencimento do principal bruto lá expresso, no valor de USD 1.000.000.000,00, e dos juros era simultâneo, previsto para um mês depois, em 30 de novembro de 2004. A primeira emenda do contrato, firmada em 23 de setembro de 2004, alterou a forma de pagamento, estendendo o prazo do vencimento para 30 de outubro de 2014, prevendo pagamentos semestrais, em 30 de abril e 30 de outubro, iniciandose em 30 de abril de 2005, de parcelas do principal do mútuo, acompanhadas de juros e demais adicionais (fls 454 a 457). Uma emenda posterior, assinada em 19 de agosto de 2005, prorrogou o início do pagamento para 30 de abril de 2006 (fls 458 a 462). E assim, sucessivamente, por meio de emendas contratuais que ajustavam os termos de pagamento, os vencimentos semestrais de tais parcelas preestabelecidas, especialmente abrangendo o período de 2009 a 2011, foram sendo excluídos (fls 464 a 513), o que permitiu não haver por parte da mutuária a efetiva remessa dos valores para o exterior nesses de 3 anos (ainda que já provisionados em sua contabilidade), como resumidamente se apresente neste cronograma final, extraído da última alteração contratual: Fl. 1408DF CARF MF Processo nº 16682.720959/201487 Acórdão n.º 1402002.342 S1C4T2 Fl. 1.409 4 Frisese que, todos contratos possuem cláusula prevendo o reembolso das mutuantes pela mutuária de quaisquer tributos incidentes sobre a remessa. Transcrevo o conteúdo original de tais cláusulas (tradução juramentada da cláusula às fls. 632 a 634): Fl. 1409DF CARF MF Processo nº 16682.720959/201487 Acórdão n.º 1402002.342 S1C4T2 Fl. 1.410 5 A segunda acusação fiscal é a ausência do ajuste de deduções referentes excesso de endividamento, da base de cálculo do IRPJ, referente apenas ao ano de 2010, nos termos do art. 25 da Lei nº 12.249/2010, como pormenorizado e fundamentado no Termo de Verificação Fiscal (fls. 1172 a 1199), restando a exigência tributária total sintetizada da seguinte forma: Cientificada da lavratura das autuações, a Recorrente ofereceu Impugnação (fls. 1285 a 1295), alegando, em suma, a lisura de seu postura contábil, dentro do regime de competência, ao deduzir como despesa financeira o IRRF incidente sobre as remessas feitas ao exterior, pelo fato de o contrato de mútuo firmado com as partes estrangeiras conter previsão de recomposição e reembolso do valor referente a tributos incidentes sobre os pagamentos (gross up) e que não estaria sujeita à prescrição do art. 25 da Lei nº 12.249/10, em relação ao IRPJ, por não ser este aplicável no anocalendário de 2010. A defesa foi encaminhada para a DRJ de Campo Grande/MS para julgamento, sendo proferido, pela sua 2ª Turma, v. Acórdão reconhecendo a procedência parcial das alegações da empresa, apenas para afastar a aplicação do ajuste previsto no art. 25 da Lei nº 12.249/2010. Em relação às deduções glosadas, entendeu aquele N. Colegiado a quo que tal despesa somente poderia ser deduzida após a incidência do IRRF. Confirase a ementa: Fl. 1410DF CARF MF Processo nº 16682.720959/201487 Acórdão n.º 1402002.342 S1C4T2 Fl. 1.411 6 Inconformada, a Recorrente interpôs o Recurso Voluntário (fls. 1326 a 1395), agora sob apreço, repisando os argumentos de sua Impugnação, em relação apenas à legalidade das deduções efetuadas, acrescentando o relato de que, em dezembro de 2015, foram efetivamente pagos ao exterior parcelas de juros, com a incidência e o recolhimento do IRRF, como comprova com DARFs anexos, requerendo, preliminarmente, a realização de diligência para a apuração de tal recolhimento e cômputo de seus valores nos cálculo da D. Fiscalização regional. Diante do cancelamento parcial do crédito exigido e sua respectiva monta, igualmente vislumbrase o Recurso de Ofício. Fl. 1411DF CARF MF Processo nº 16682.720959/201487 Acórdão n.º 1402002.342 S1C4T2 Fl. 1.412 7 Na seqüência, os autos foram encaminhados para este Conselheiro relatar e votar. É o relatório. Fl. 1412DF CARF MF Processo nº 16682.720959/201487 Acórdão n.º 1402002.342 S1C4T2 Fl. 1.413 8 Voto Conselheiro Caio Cesar Nader Quintella Relator Recurso Voluntário O Recurso Voluntário é manifestamente tempestivo e sua matéria se enquadra na competência desse N. Colegiado. Os demais pressupostos de admissibilidade igualmente foram atendidos. Como se verifica do relatório, em relação à primeira acusação fiscal, objeto do Recurso Voluntário, o cerne da matéria é a possibilidade de se deduzir da base de cálculo do IRPJ e da CSLL supostas despesas com o reembolso do IRRF incidente sobre a remessa de juros ao exterior, decorrentes de mútuo. A Fiscalização não questiona a dedução da despesa com os juros, mas apenas aquela efetuada em relação ao IRRF, por entender que, ao passo que os valores devidos nos termos dos contratos, efetivamente, nunca foram remetidos, não se materializou a obrigação tributária na fonte, o que impediria a dedução de tal provisionamento de reembolso (gross up), sendo tal posicionamento do Fisco mantido e endossado pelo v. Acórdão. A alegação do Contribuinte é de que, uma vez previsto em contrato a recomposição e reembolso do valor do IRRF aos mutuantes, este numerário se revestiria de acréscimo de juros, contabilmente considerado um encargo financeiro, afirmando que o provisionamento dos juros e do adicional de juros segue o regime de competência, em se constatando a obrigação, deve haver registro em conta do passivo, não importando, para esse fim, as alterações contratuais posteriores que visaram modificar a data do pagamento. Acrescenta que, em razão de tal cláusula, temse que as provisões com IRRF devem ter o mesmo tratamento dos registros (provisões) realizadas para a remessa de dos juros incorridos, dentro de cada período de competência, sendo, pois, todas dedutíveis da base de cálculo (...). Afirma também que a Fiscalização entende, por via oblíqua, pela aplicação de regime de caixa. Fl. 1413DF CARF MF Processo nº 16682.720959/201487 Acórdão n.º 1402002.342 S1C4T2 Fl. 1.414 9 Não assiste razão à Recorrente. Não houve desconsideração das regras do regime de competência ou qualquer tentativa de se aplicar o regime de caixa na glosa sofrida. Efetivamente, os juros de contrato de mútuo com pessoas jurídicas, são, realmente dedutíveis, devendo ser lançados mensalmente de maneira pro rata temporis, na proporção do prazo avençado, independentemente do seu vencimento naquele período, em observância às regras do regime de competência, nos termos do art. 374 do RIR/991. Por sua vez, a remessa de juros ao exterior é objeto de incidência do IRRF (previsto de forma ordinária no art. 702 do RIR/992, como fundamentado no TVF), sendo, sem sombras de dúvidas, o contribuinte de tal exação o beneficiário do pagamento no exterior, nos termos do art. 6823 de tal Regulamento, ficando, naturalmente, vedado qualquer aproveitamento ou dedução desse valor pela fonte pagadora que efetua retenção. 1 Art. 374. Os juros pagos ou incorridos pelo contribuinte são dedutíveis, como custo ou despesa operacional, observadas as seguintes normas (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 17, parágrafo único): I os juros pagos antecipadamente, os descontos de títulos de crédito, e o deságio concedido na colocação de debêntures ou títulos de crédito deverão ser apropriados, pro rata temporis, nos períodos de apuração a que competirem; II os juros de empréstimos contraídos para financiar a aquisição ou construção de bens do ativo permanente, incorridos durante as fases de construção e préoperacional, podem ser registrados no ativo diferido, para serem amortizados. Parágrafo único. Não serão dedutíveis na determinação do lucro real, os juros, pagos ou creditados a empresas controladas ou coligadas, domiciliadas no exterior, relativos a empréstimos contraídos, quando, no balanço da coligada ou controlada, constar a existência de lucros não disponibilizados para a controladora ou coligada no Brasil. 2 Art. 702. Estão sujeitas à incidência do imposto na fonte, à alíquota de quinze por cento, as importâncias pagas, creditadas, entregues, empregadas ou remetidas a beneficiários residentes ou domiciliados no exterior, por fonte situada no País, a título de juros, comissões, descontos, despesas financeiras e assemelhadas. 3 CAPÍTULO V RENDIMENTOS DE RESIDENTES OU DOMICILIADOS NO EXTERIOR Seção I Contribuintes Art. 682. Estão sujeitos ao imposto na fonte, de acordo com o disposto neste Capítulo, a renda e os proventos de qualquer natureza provenientes de fontes situadas no País, quando percebidos: I pelas pessoas físicas ou jurídicas residentes ou domiciliadas no exterior; II pelos residentes no País que estiverem ausentes no exterior por mais de doze meses, salvo os mencionados no art. 17; III pela pessoa física proveniente do exterior, com visto temporário, nos termos do § 1º do art. 19; Fl. 1414DF CARF MF Processo nº 16682.720959/201487 Acórdão n.º 1402002.342 S1C4T2 Fl. 1.415 10 Contudo, como relatado e comprovado nos autos, existe a obrigação contratual da Recorrente reembolsar os mutuantes dos valores de tributos incidentes sobre a remessa, constituindo um suposto encargo financeiro sobre esse empréstimo. Ainda que prevista no mesmo contrato, a obrigação da recomposição do valor líquido (gross up) através do reembolso é uma obrigação diretamente atrelada à incidência do IRRF e não ao mútuo, per si, possuindo uma cronologia de constituição obrigacional diversa dos juros, que afeta diretamente sua classificação como despesa financeira dedutível. Nesse sentido, confirase o esclarecimento de Hiromi Higushi4, especificamente sobre juros de mútuo entre pessoas jurídicas e a diferença entre provisão e despesa: A escrituração de juros mensais na conta de Juros a Pagar não interfere na dedutibilidade como despesa operacional porque não se trata de mera provisão mas despesas incorridas. A diferença entre mera provisão e despesa incorrida é que na primeira a despesa pode se concretizar ou não, dependendo de evento futuro. Diante disso, temos que, uma vez celebrado contratualmente o mútuo entre as partes, aperfeiçoase de maneira válida e concreta a obrigação jurídica do mutuário, ainda que com vencimento futuro, de pagamento ao mutuante, com os respectivos juros e adicionais contratuais. Tal obrigação possui certeza e dimensões quantitativas bastantes para que seus juros sejam reconhecidos como despesa. Porém, a pactuação acessória e genérica do reembolso de tributos e outros ônus alheiros ao contrato, incidentes no pagamento ao mutante, não se aperfeiçoa e se incorpora, de forma automática e instantânea, àquela obrigação principal do empréstimo de numerário. O termo que deflagra a relação obrigacional contida nesta cláusula não é o negócio particular celebrado entre as partes pelo instrumento firmado, mas, sim, uma eventual exigência fiscal, indeterminada, incerta e futura, dos Entes Tributantes. Em outras palavras, para que o mutuário fique, efetivamente, obrigado a reembolsar o mutuante é necessário que se verifique o nascimento da obrigação tributária, fenômeno jurídico que ocorre apenas com a ocorrência do fato gerador; in casu, a efetiva remessa dos juros ao exterior. IV pelos contribuintes que continuarem a perceber rendimentos produzidos no País, a partir da data em que for requerida a certidão, no caso previsto no art. 879. 4 Imposto de Renda das Empresas. 41ª Ed. São Paulo:IR Publicações, 2016. p. 578. Fl. 1415DF CARF MF Processo nº 16682.720959/201487 Acórdão n.º 1402002.342 S1C4T2 Fl. 1.416 11 Até porque, entre a data da contração da dívida e a efetiva remessa dos juros, podem acontecer mudanças legislativas que afetem o vencimento, o prazo de recolhimento, o montante (alíquotas e base de cálculo), assim como a própria incidência tributária pode ser revogada, provando ser absolutamente incerta tal obrigação de reembolso até o momento da verificação do fato gerador do tributo. Corroborando com esse entendimento e em continuação ao esclarecimento, o Autor5 supracitado acrescenta mais comentários, especificamente sobre o IRRF incidente nas remessas de juros de mútuo ao exterior: Nem todo crédito contábil faz nascer o fato gerador. Se uma empresa brasileira toma empréstimo de dinheiro a prazo de cinco anos e juros exigíveis somente no vencimento daquele prazo, a empresa brasileira poderá apropriar os juros mensalmente pelo regime de competência, como despesa dedutível, creditando a contrapartida na conta de juros a pagar. Nesse caso a despesa é dedutível em cada mês por tratarse de despesa incorrida e não mera provisão. O fato gerador do imposto de renda na fonte não ocorre mensalmente porque os juros não são exigíveis. O mesmo entendimento também está presente na jurisprudência administrativa recente, como ilustra o Acórdão nº 9202.003120, proferido pela C. 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais deste E. CARF, publicado em 20 de maio de 2014, de relatoria do I. Conselheiro Elias Sampaio Freire, ementado da seguinte maneira: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte IRRF Data do fato gerador: 30/11/2001, 31/12/2001 IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. REMESSAS PARA O EXTERIOR. IMPOSTO CALCULADO TENDO COMO DATA DO FATO GERADOR A DATA DOS CRÉDITOS CONTÁBEIS. IMPOSSIBILIDADE. A hipótese de incidência exige que as importâncias sejam pagas, creditadas, entregues, empregadas ou remetidas a beneficiários domiciliados no exterior, por fonte situada no País. As dicções "pagas", "creditadas", "entregues", "empregadas" ou "remetidas" não deixam dúvidas de que o beneficiário não residente tem que ter tido a aquisição de disponibilidade jurídica 5 Imposto de Renda das Empresas. 41ª Ed. São Paulo: IR Publicações, 2016. p. 581. Fl. 1416DF CARF MF Processo nº 16682.720959/201487 Acórdão n.º 1402002.342 S1C4T2 Fl. 1.417 12 ou econômica do rendimento, conforme disciplina contida no art. 43 do CTN. "A disponibilidade econômica decorre do recebimento do valor que se vem a acrescentar ao patrimônio do contribuinte. Já a disponibilidade jurídica decorre do simples crédito desse valor, do qual o contribuinte passa a juridicamente dispor, embora este não lhe esteja ainda nas mãos." (Hugo de Brito Machado. Curso de Direito Tributário. São Paulo: Malheiros Editores, 2000, p. 243) Não há fato gerador do imposto incidente na fonte quando as importâncias são contabilmente creditados ao beneficiário do rendimento em data anterior ao vencimento da obrigação, consoante os prazos ajustados em contrato. O simples crédito contábil, antes da data aprazada para seu pagamento, não extingue a obrigação nem antecipa a sua exigibilidade pelo credor. O fato gerador do imposto de renda na fonte, pelo crédito dos rendimentos, relacionase, necessariamente, com a aquisição da respectiva disponibilidade econômica ou jurídica. Por si só, o fato de a fonte pagadora lançar contabilmente o acréscimo do valor de sua obrigação na respectiva conta de passivo não torna devido o imposto de renda na fonte, por não importar na aquisição de qualquer disponibilidade econômica ou jurídica de renda pelo beneficiário. No caso dos autos, os rendimentos só passaram a ser devidos quando do vencimento previsto no contrato. Ora, por dedução lógica, o simples registro contábil, nos períodos questionados, não tem, por si só, o condão de modificar o prazo de vencimento da obrigação contratual. Recurso especial negado. (destacamos) O conjunto fáticoprobatório apresentado no presente caso se coaduna perfeitamente com tal comentário e com o julgado colacionado. Pelo fato de a Recorrente, no período de 2009 a 2011, ter contratualmente postergado os pagamentos de seu mútuo, inclusive dos juros e, principalmente, constatandose cabalmente a inocorrência de quaisquer remessas dessa natureza aos mutuantes, fica clara a total incerteza e inexigibilidade de obrigação do reembolso, que acabou por ser indevidamente deduzido como despesa. Ainda que permitido e louvável o provisionamento de tais valores, diante do Princípio da Prudência, norteador da contabilidade nacional, estes não podem ser considerados despesas e, sem a autorização legal expressa, fica vedada a sua dedução, confirmando a correção da glosa efetuada e da posição adotada no v. Acórdão recorrido. Fl. 1417DF CARF MF Processo nº 16682.720959/201487 Acórdão n.º 1402002.342 S1C4T2 Fl. 1.418 13 Em relação aos novos fatos trazidos em sede de Recurso Voluntário, especificamente a demonstração da efetiva remessa de valores, em 28/12/2015, incluindo juros e reembolso do IRRF aos mutuantes, com a juntada dos respectivos DARFs de seu recolhimento, sob a alíquota de 15%, na mesma data (o que até, em uma analise preliminar causa certa estranheza, vez que uma das mutuantes credora dos juros está localizada nas Ilhas Cayman), entende este Conselheiro ser matéria alheia ao presente processo, por terem tais fatos ocorridos quase 2 anos após a lavratura das Autuações sob julgamento, sem qualquer eficácia retroativa, incapaz de alterar o contexto e conjunto de fáticoprobatório colhido pela Fiscalização até o encerramento do Procedimento de Fiscalização, não sendo, dessa forma, justificável e procedente o pedido para realização de diligência para o cômputo de tais valores no lançamento. Inclusive, tais fatos posteriormente verificados, se relevantes e aceitáveis fossem para o presente feito, apenas comprovariam a procedência das exigências, confirmando a incorreção do momento da dedução efetuada pela Recorrente e justificando sua glosa. Recurso de Ofício O objeto do Recurso de Ofício é o cancelamento do lançamento de IRPJ do anocalendário de 2010, referente apenas à diferença obtida pela aplicação do ajuste de excesso de endividamento, pelo pagamento de juros, previsto pelo art. 25 da Lei nº 12.249/10. Entendeuse no v. Acórdão, primeiramente pela inaplicabilidade de tal ajuste ao anocalendário de 2010, ao passo que aumenta a base de cálculo tributável do IRPJ, tendo sido fruto de conversão da Medida Provisória 472, de 15 de dezembro de 2009, somente ocorrida no ano de 2010. Ainda, acrescenta como argumento que a IN nº 1.154/2011, que regulou tal dispositivo, não prevê a aplicação de seus dispositivos para o ano de 2010 (retroativamente) e expressamente determina que sua vigência e aplicação se darão a partir de sua publicação (12 de maio de 2011), sendo comprovação que, institucionalmente, a própria RFB não entendia pela aplicação do art. 25 da Lei nº 12.249/10 no seu ano de promulgação. Confirase: Nessa linha de raciocínio, é lícito concluir que a CLEP (sucedida pela impugnante) não estava obrigada, em 2010, a fazer adição de excesso de juros, ou seja, a proceder ao ajuste da base de cálculo do IRPJ, como quer a Fiscalização. Fl. 1418DF CARF MF Processo nº 16682.720959/201487 Acórdão n.º 1402002.342 S1C4T2 Fl. 1.419 14 Frisese, por oportuno, que a autoridade lançadora não invocou, em favor de seu entendimento, nenhuma orientação ou ato normativo da Receita Federal indicando que a administração oficialmente se inclinava pela interpretação de que a norma do art. 25 da Lei nº 12.249/2010 era aplicável ao IRPJ no próprio ano de conversão em lei da Medida Provisória nº 472. Observese que a Instrução Normativa RFB nº 1.154, de 12 de maio de 2011, que regulamenta os artigos 24, 25 e 26 da Lei nº 12.249/2010, não menciona a aplicação desses dispositivos legais no ano base 2010. Ao contrário, o ato normativo estabelece, no art. 14, que ele entra em vigor na data de sua publicação. Por essas razões, deve ser excluído do lançamento do IRPJ, para o ano base 2010, o valor de R$ 74.697.302,50, relativo a excesso de despesa de juros, com o que o crédito tributário do ano de 2010, referente ao imposto, fica reduzido para R$ 4.689.524,80, conforme demonstrado no quadro abaixo: (...) Posto isso, entendese como procedente a fundamentação do cancelamento parcial do lançamento, em especial pela veiculação da regulamentação dessa nova norma de ajuste pela IN nº 1.154/11, com vigência textualmente prevista para 2011, sem qualquer ressalva expressa sobre sua aplicação a fatos pretéritos. Diante de todo o exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário, bem como ao Recurso de Ofício, mantendo o resultado do v. Acórdão recorrido em sua integralidade. (assinado digitalmente) Caio Cesar Nader Quintella Relator. Fl. 1419DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.907039/2008-72
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 14 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Dec 27 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 3402-000.853
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, conforme proposto neste voto. O Conselheiro Rodolfo Tsuboi participou do julgamento em substituição ao Conselheiro Diego Diniz Ribeiro, que se declarou impedido de votar.
(assinado digitalmente)
Antônio Carlos Atulim - Presidente.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
Efetuou sustentação oral durante o julgamento a Dra. Tatiana Ergang Barros, OAB nº 46.519/SP.
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201612
camara_s : Quarta Câmara
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Dec 27 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 16327.907039/2008-72
anomes_publicacao_s : 201612
conteudo_id_s : 5668005
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Dec 27 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 3402-000.853
nome_arquivo_s : Decisao_16327907039200872.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : WALDIR NAVARRO BEZERRA
nome_arquivo_pdf_s : 16327907039200872_5668005.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, conforme proposto neste voto. O Conselheiro Rodolfo Tsuboi participou do julgamento em substituição ao Conselheiro Diego Diniz Ribeiro, que se declarou impedido de votar. (assinado digitalmente) Antônio Carlos Atulim - Presidente. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra - Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. Efetuou sustentação oral durante o julgamento a Dra. Tatiana Ergang Barros, OAB nº 46.519/SP.
dt_sessao_tdt : Wed Dec 14 00:00:00 UTC 2016
id : 6599744
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:54:48 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048688341811200
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1579; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 201 1 200 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16327.907039/200872 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3402000.853 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Data 14 de dezembro de 2016 Assunto IOF DCOMP Recorrente BANCO CITIBANK S.A Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, conforme proposto neste voto. O Conselheiro Rodolfo Tsuboi participou do julgamento em substituição ao Conselheiro Diego Diniz Ribeiro, que se declarou impedido de votar. (assinado digitalmente) Antônio Carlos Atulim Presidente. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. Efetuou sustentação oral durante o julgamento a Dra. Tatiana Ergang Barros, OAB nº 46.519/SP. Relatório Trata o presente processo de Declaração de Compensação (DCOMP), registrada sob o n° 08260.95015.291204.1.3.048680, formulada pelo ora Recorrente para a compensação de crédito de Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários (IOF), com débito desse mesmo imposto. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 63 27 .9 07 03 9/ 20 08 -7 2 Fl. 201DF CARF MF Processo nº 16327.907039/200872 Resolução nº 3402000.853 S3C4T2 Fl. 202 2 O Despacho Decisório não homologou a Declaração de Compensação eletrônica apresentada, fundamentado nos seguintes termos: "A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP". Por bem retratar o histórico do caso adoto como meu alguns trechos exarados no Acórdão nº 0531.736, da 3ª Turma da DRJ em Campinas SP (fls. 83/91), o que faço nos seguintes termos: "Tratase de Despacho Decisório que não homologou Declaração de Compensação eletrônica.Na fundamentação do ato, consta: A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Diante da inexistência do crédito, NÃO HOMOLOGO a compensação declarada. Cientificada, a interessada apresentou Manifestação de Inconformidade alegando, em síntese, que efetuou recolhimento a maior e que apresentou outra declaração de compensação a partir do mesmo recolhimento que dá suporte à que é objeto do presente processo. As duas declarações não foram homologadas por falta de demonstração do crédito em DCTF. Prossegue a contribuinte: Tendo em vista que as duas Per/Dcomps acima mencionadas decorrem do mesmo crédito e também porque ambas foram transmitidas de forma autônoma, a requerente demonstrará a necessidade de análise conjunta (...). Mas o fundamental é que o pagamento a maior realmente existe e a Requerente tem direito de crédito sobre tais valores, como se pode depreender nos argumentos a seguir demonstrados. Antes da demonstração da origem do crédito, cabe unia explicação sobre as Operações de Crédito efetuadas entre a Requerente e seus clientes, bem como a incidência do IOF sobre tais operações. A Requerente, Instituição Financeira, efetuou operações de crédito (empréstimo)com diversos clientes (pessoas jurídicas). Para tais operações, o art. 7°, I, 'b', do Decreto n°4.494/02 previu a incidência do IOF: Art.7° A base de cálculo e respectiva aliquota reduzida do IOF são (Lei n° 8.894, de 1994, art. 1 0, parágrafo único, e Lei n° 5.172, de 1966, art. 64, inciso I): Fl. 202DF CARF MF Processo nº 16327.907039/200872 Resolução nº 3402000.853 S3C4T2 Fl. 203 3 I na operação de empréstimo, sob qualquer modalidade, inclusive abertura de crédito: b)quando ficar definido o valor do principal a ser utilizado pelo mutuário, a base de calculo é o principal entregue ou colocado sua disposição, ou quando previsto mais de um pagamento, o valor do principal de cada uma das parcelas: I. mutuário pessoa jurídica: 0,0041% ao dia; O mesmo Decreto, no art. 7°, § 1°, limitou a incidência do IOF sobre as operações de crédito financiamento ao 'valor resultante da aplicação da alíquota diária a cada valor de principal, prevista para a operação, multiplicada por trezentos e sessenta e cinco dias (365 dias x 0,0041%). Tal limitação ocorre, inclusive, quando há prorrogação da operação de crédito. É' o que diz o § 7° do art. 7° do Decreto nº 4.494/02: §7º Na prorrogação, renovação, novação, composição, consolidação, confissão de divida e negócios assemelhados, de operação de crédito em que não haja substituição de devedor, a base de cálculo do IOF será o valor não liquidado da operação anteriormente tributada, sendo essa tributação considerada complementar à anteriormente feita, aplicandose a alíquota em vigor à época da operação inicial. Conclusão: nas operações de crédito (empréstimos) efetuadas pela Requerente com seus clientes, o IOF devido é aquele relativo ao valor objeto do empréstimo a alíquota diária de 0,0041% (limitada a 365 dias). O referido recolhimento a maior ocorreu sobre operação de crédito, onde a Requerente recolheu valor de 10F em montante superior à alíquota máxima prevista no decreto citado no item anterior. 0 valor original indevidamente retido a titulo de IOF foi de: Roche Vitaminas (R$ 1.029,96) (Vide planilha de cálculo do IOF e extrato da conta corrente demonstrando a retenção do IOF —Doc. 4). Tal equivoco ocorreu por erro de sistema, que considerou novamente o IOF em cada prorrogação do prazo da operação, dessa forma não limitou o cálculo do IOF até a alíquota máxima de 0,0041% x 365 dias (Vide comprovantes da prorrogação Doc. 5). Diante disso, para que pudesse fazer jus ao direito de restituição/compensação dos créditos decorrentes dos pagamentos a maior de 10F, a Requerente apurou os pagamentos efetuados a maior, ou seja, aqueles cuja alíquota aplicada ultrapassou o limite de 0,0041% x 365 dias, previsto no Decreto do IOF. Por ser mera responsável pela retenção do IOF, a Requerente providenciou, ainda, a devolução dos valores indevidamente retidos aos clientes, acrescidos de juros e correção monetária (Vide extrato da conta corrente Doc. 6). Logo, a Requerente demonstra que, de fato, assumiu o encargo financeiro do recolhimento a maior do 10F indevidamente recolhido, razão pela qual tem direito a sua restituição/compensação. Fl. 203DF CARF MF Processo nº 16327.907039/200872 Resolução nº 3402000.853 S3C4T2 Fl. 204 4 Vale ressaltar que, o IOF discutido no presente processo (R$ 1.029,96) foi recolhido a maior em conjunto com o montante de R$ 1.094,70 (.), bem como com outros débitos de 10F decorrentes de diversas retenções ocorridas no mesmo período de apuração, o qual resultou no recolhimento de R$ 1.033.541,79. A interessada, repisando a alegação de que o crédito utilizado no presente processo decorre de um mesmo recolhimento já utilizado em um outro processo, requer que os dois processos sejam analisados conjuntamente. Diz mais: E no caso em questão, não ocorreram as circunstâncias que a própria lei estabelece como necessárias a gerar incidência tributária. o que ocorreu foram dois equívocos (i) no preenchimento da DCTF especificamente no campo 'débito apurado' onde na via original foi preenchido valor maior do que o devido, equivoco este que a Requerente se prontificou em retificar (Doc. 7); (h) o outro equivoco decorreu do fato de que as Per/Dcomps (.) foram transmitidas de forma autônoma sem informar o exato valor do crédito original, o qual é suficiente para efetuar tais compensações. A Requerente comprova que a totalidade do IOF compensado decorre de pagamento indevido, devidamente devolvido ao tomador do empréstimo. Dessa forma, o direito a utilização do crédito de IOF aqui pleiteado é medida que se impõe. Ao fim, a contribuinte requer a reunião dos processos que formalizaram as declarações de compensação que têm o recolhimento em comum e a homologação das respectivas compensações". Analisada a impugnação, decidiu a 3ª Turma da DRJ/CPS, pela improcedência da manifestação de inconformidade conforme demonstra ementa abaixo: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CREDITO, CÂMBIO E SEGUROS OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS IOF Data do,fato gerador: 09/04/2003 DIREITO CREDITÓRIO. PROVA. O reconhecimento do direito creditório pleiteado requer a prova de sua existência e montante, sem o que não pode ser restituído ou utilizado em compensação. Faltando ao conjunto probatório carreado aos autos pela interessada elementos que permita a verificação da existência de pagamento indevido ou a maior frente a legislação tributária, o direito creditório não pode ser admitido. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Como se vê, o julgamento em primeira instância considerou improcedente a Manifestação de Inconformidade, não reconhecendo o crédito tributário pleiteado. Dessa Fl. 204DF CARF MF Processo nº 16327.907039/200872 Resolução nº 3402000.853 S3C4T2 Fl. 205 5 decisão, em 17/02/2011 o Banco CITIBANK S.A apresentou recurso voluntário de fls. 94/113, basicamente, aduzindo que: (i) preliminarmente existe a necessidade do julgamento ser realizado em conjunto com demais processos administrativos referentes a compensação de IOF, decorrentes de operações de mútuo bancário, cujo o prazo ultrapassou 365 dias, relacionando todos os processo decididos pela DRJ/CPS, os quais se identificam quanto a mesma matéria e aos elementos de prova, foram julgados simultaneamente pela DRJ; (ii) o presente processo decorre de DCOMP formulada, visando compensar crédito de IOF com débito do mesmo imposto, não homologada por inexistência de crédito; (iii) o crédito é proveniente do recolhimento realizado com base em alíquota superior à prevista na legislação de 0,0041% (limitada a 365 dias), em operações de crédito realizadas junto a cliente pessoas jurídicas; (iv) realizou a retificação de sua DCTF para excluir R$ 1.029,96, indicados erroneamente como débito do IOF, entretanto esse valor não foi reconhecido, pois a decisão recorrida entendeu necessário a comprovação do depósito inicial dos recursos emprestados; (v) No mérito alega que foi reconhecida pela DRJ a limitação de 365 (trezentos e sessenta e cinco) dias para a aplicação da alíquota diária do IOF, e que na respectiva decisão restou consignado que os valores guardam coerência numérica com as alegações formuladas, entretanto, a decisão de piso, entendeu que não é possível identificar a concessão do empréstimo pela fatal apresentação dos extratos constando o deposito inicial dos recursos emprestados, fundamentação essa que não poderia prosperar, já que a documentação é capaz de demonstrar o empréstimo e as renovações. Após os argumentos acima busca a recorrente a reforma decisão recorrida para homologar integralmente a declaração de compensação. Os autos, então, foram encaminhados para apreciação deste Conselho. Ocorre que, antes de apreciar as razões recursais, foi demonstrado pela Recorrente durante a sessão, que cópia de documentos comprobatórios (extratos bancários) necessários para apreciação do caso foram protocolados antes do julgamento, na sede do CARF, razão pela qual, o Colegiado decidiu que o presente julgamento deveria ser convertido em Diligência para que a Procuradoria da Fazenda Nacional fosse intimada a tomar conhecimento dos documentos apresentados (fls 176/183). Os autos foram convertidos em Diligência, conforme Resolução nº 3102 000.186, de 10/11/2011 (fls. 185/189). Vejase a conclusão abaixo reproduzida: "Nestes termos, o colegiado converteu o julgamento em diligência para que a PFN seja intimada a tomar conhecimento dos documentos juntados aos autos após a apresentação do recurso voluntário. Posteriormente, os autos devem retornar ao CARL para prosseguimento". Cientificada em 08/06/2015 (fl. 171), a PGFN (Fazenda Nacional) em 09/06/2015, manifestouse conforme trechos reproduzidos (fls. 193/195): Fl. 205DF CARF MF Processo nº 16327.907039/200872 Resolução nº 3402000.853 S3C4T2 Fl. 206 6 "O momento para juntada de documentos é inadequado. O contribuinte deve apresentar todas as provas que fundamentam a defesa junto com a impugnação, inclusive especificando as diligências ou perícias que pretende produzir. A apresentação de documento em fase posterior é excepcional, e depende da comprovação de uma situação superveniente ou motivo de força maior. Tal regra está prevista no Decreto 7.574, de 29/09/2011, nos seguintes termos":(...). Como visto, não está configurada qualquer das exceções. Portanto, está precluso o direito ao oferecimento de provas documentais após a impugnação". Os autos, então, foram distribuídos a este Conselheiro para julgamento. É o relatório. VOTO/Resolução Como relatado, trata o presente processo de Declaração de Compensação (DCOMP), formulada pelo ora Recorrente para a compensação de crédito de Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários ("IOF") com débito do mesmo imposto. Após analisar a aludida compensação, o Fisco emitiu o Despacho Decisório eletrônico não homologando a aludida DCOMP, sob a alegação de inexistência do crédito pleiteado. Resumidamente, no entender da DRJ, reputa ser necessário, para a comprovação da existência dos empréstimos envolvendo a empresa Roche Vitaminas do Brasil Ltda., a apresentação dos extratos bancários, em que conste o depósito inicial dos recursos emprestados. Sem tais comprovantes, não haveria como se comprovar a efetividade dos propalados empréstimos, bem como suas renovações, as quais seriam o motivo da existência do crédito de IOF. O Recorrente interpôs em 17/02/2011, o Recurso Voluntário sob análise, expondo as razões de fato e de direito pelas quais não devem prevalecer a decisão da DRJ, repisando as alegações apresentadas na impugnação, reafirmando o direito ao crédito e que a documentação juntada seria suficiente para comprovar o indébito tributário. No recurso, discorre sobre o contrato de mutuo e a que a sua prova não necessita de forma escrita, podendo ser feita por outros meios e no caso de mutuo bancário, basta provar a ocorrência do crédito dos valores na conta corrente. Mesmo assim, em momento posterior, protocolou requerimento datado de 07/11/2011, alegando que prosseguiu em sua busca por mais provas documentais, que, não obstante serem supérfluas uma vez que a existência e efetividade dos empréstimos, bem como o recolhimento a maior de IOF, foram amplamente demonstrados na Impugnação e no Recurso Voluntário, podem, eventualmente, ter o condão de dirimir dúvidas que dificultem a formação da convicção da Turma Julgadora. A Recorrente informa que "localizou o extrato bancário com o depósito inicial, feito em 20/06/2002, na conta de seu cliente empresa Roche Vitaminas do Brasil Ltda.,", documentos estes que se encontram apensados aos autos às fls. 179/183. Fl. 206DF CARF MF Processo nº 16327.907039/200872 Resolução nº 3402000.853 S3C4T2 Fl. 207 7 Diante das provas documentais trazidas a baila nos autos, e em respeito aos princípios da verdade material, do formalismo moderado, da ampla defesa e do contraditório, requerse o conhecimento dos documentos anexados. Pois bem. Como se sabe, a Lei nº 9.784/1999, que regula o processo administrativo em geral, no art. 3º, possibilita a apresentação de alegações e documentos antes da decisão e, no seu art. 38, permite que documentos probatórios possam ser juntados até a tomada da decisão administrativa. No entanto, como vimos, entende a PGFN em suas razões, que, apesar disso, a lei específica, no caso o art. 16 do Decreto nº 70.235/1972, aplicarseia ao processo administrativo fiscal (lei mais específica), em detrimento da lei geral, estando precluso o direito ao oferecimento de provas documentais após a impugnação. Entretanto, como concluem, ressalvando correntes em contrário, Maria Teresa Martínez Lopez e Marcela Cheffer Bianchini, sobre o momento da apresentação da prova no processo administrativo fiscal, verificase a tendência de atenuar os rigores da norma, afastando a preclusão em alguns casos excepcionais, que indicam trataremse daqueles que se referem a fatos “notórios ou incontroversos”, no tocante a documentos que permitem o fácil e rápido convencimento do julgador. Assim, o direito da parte à produção de provas posteriores, até o momento da decisão administrativa comporta graduação, a critério da autoridade julgadora, com fulcro em seu juízo de valor acerca da utilidade e da necessidade, de modo a assegurar o equilíbrio entre a celeridade, a oficialidade, a segurança indispensável, a ampla defesa e a verdade material, para a consecução dos fins processuais. (A Prova no Processo Tributário, Coord. NEDER, Marcos Vinícius e outros São Paulo: Dialética, 2010, p. 34 a 51). E é dessa forma que este Colegiado vem deliberando sobre esta matéria. Neste contexto, é importante destacar que a compensação, como uma das formas de extinção do crédito tributário (art. 156 do CTN), só poderá ser autorizada se os créditos do contribuinte em relação à Fazenda Pública, vencidos ou vincendos, se revestirem dos atributos de liquidez e certeza, a teor do disposto no caput do artigo 170 do CTN. A discussão da questão merece uma abordagem objetiva em relação aos documentos constantes dos autos. A autoridade a quo entendeu ser necessário para comprovação da operação de mútuo da Recorrente com a empresa Roche Vitaminas do Brasil Ltda., à apresentação dos contratos relativos aos empréstimos alegados e a falta de apresentação dos extratos com os depósitos iniciais que comprovariam a efetividade dos empréstimos. Ao meu sentir, a não homologação ocorreu por entender estar ausente documentação essencial para comprovação do pagamento a maior do IOF. Vejase trecho da decisão recorrida (fl. 90) grifei: "(...) Examinada, a documentação apresenta importante lacuna que compromete a aceitação do pleito da interessada. Com efeito, o conjunto probatório ressentese da ausência dos extratos bancários que apresentem os depósitos iniciais dos recursos que teriam sido emprestados". O fato que estamos discutindo na presente lide é, se foram apresentadas provas e se estas são suficientes para a comprovação das alegações constantes do Recurso. No caso em Fl. 207DF CARF MF Processo nº 16327.907039/200872 Resolução nº 3402000.853 S3C4T2 Fl. 208 8 tela, entendo que as novas provas apresentadas nos autos, guardam uma relação lógica o que traria indícios da operação regular alegada no Recurso (materialização dos empréstimos). Ao final de suas razões, desta forma se pronunciou a PGFN (fl 195): "(...) Acaso ultrapassada a argumentação anterior, a Fazenda Nacional requer, com fulcro no Decreto nº 7574, de 29/09/2011, art. 35, 36 e 37, a realização de diligências a cargo da Delegacia da Receita Federal do Brasil, de jurisdição do Recorrente, para fins de apuração da alegação de recolhimento indevido da exação com lastro na novel documentação apresentada". Neste passo, considerando os dados e informações registrados nos documentos anexo aos autos (fls. 179/183), visto que os mesmos foram trazidos extemporaneamente pela Recorrente e, portanto, não foram analisados pelo agente fazendário da origem do processo e, que esses documentos podem esclarecer ou demonstrar a solução do litígio, não resta dúvida de que a adoção do princípio da verdade material no processo administrativo fiscal consiste em uma providência que resulta na melhor aplicação do Direito e da Justiça e por isso deve sempre ser perseguido. Com base nessas considerações, devido às particularidades do caso concreto e antes do julgamento do mérito, com fundamento no art. 29 do Decreto nº 70.235, de 1972 (PAF) e com fulcro nos art. 35, 36 e 37, do Decreto nº 7.574, de 2011, voto pela conversão do julgamento em Diligência, devendo os autos retornarem à DEINF de São Paulo SP (Unidade de jurisdição da Recorrente), para que: (i) proceda a analise dos documentos apensados aos autos (extratos bancários em nome de DSM Produtos Nitricionais Brasil Ltda, de fls. 179/183), verificando se os mesmos, juntamente com os demais elementos constantes do PAF, comprovariam a efetividade dos empréstimos e como consequência, se procede a alegação de recolhimento indevido da exação com lastro na novel documentação apresentada; (ii) caso entenda necessário, intimar o Recorrente para, apresentar outros extratos bancários comprovando o depósito inicial relativo ao contrato de mutuo referente às operações com a Roche Vitaminas do Brasil Ltda., bem como cópia dos contratos de mutuo dessas operações, e (iii) elaborar relatório conclusivo, sobre o resultado das verificações solicitadas. Instruído o processo com os esclarecimentos necessários e cientificado o Recorrente para manifestase do resultado da diligência, deverão os autos ser devolvidos a este Conselho para prosseguimento do julgamento. É como voto a presente Resolução. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Relator Fl. 208DF CARF MF Processo nº 16327.907039/200872 Resolução nº 3402000.853 S3C4T2 Fl. 209 9 Fl. 209DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.001389/2009-12
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Oct 10 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/08/2007 a 31/08/2007
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ACOLHIMENTO.
Constatada a existência de obscuridade, omissão ou contradição no Acórdão exarado pelo Conselho, correto o acolhimento dos embargos de declaração visando sanar o vício apontado.
RELATÓRIO DE CO-RESPONSÁVEIS. SUMULA CARF 88.
A Relação de Co-Responsáveis - CORESP, o Relatório de Representantes Legais - RepLeg e a Relação de Vínculos - VÍNCULOS, anexos a auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa.
INCONSTITUCIONALIDADE ADICIONAL DE 2,5%.
Aplicação da Sumula CARF 02, segundo a qual proclama que esse órgão não tem competência para analisar a inconstitucionalidade de normas.
TAXA SELIC INCIDÊNCIA
A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais.
PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. REQUISITOS DA LEI 10.101/00. DATA DE ASSINATURA DO ACORDO EM PERÍODO POSTERIOR. DESCUMPRIMENTO DE REQUISITO LEGAL.
A Lei 10.101/2000 regula a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa como instrumento de integração entre o capital e o trabalho e como incentivo à produtividade, nos termos do art. 7º, inciso XI, da Constituição. A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante: a) comissão escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; e b)convenção ou acordo coletivo.
Dos instrumentos decorrentes da negociação entre empresa e empregados/sindicato deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo.
Como está claro na Lei, a isenção tributária concedida busca integrar capital e trabalho e incentivar a produtividade. Por lógica, não há como incentivar a produtividade se o período a que se referem os resultados já estiverem no passado. Como no presente caso a assinatura dos acordos foi após o período para aferição das metas o incentivo à produtividade não será alcançado, pois não há incentivo para se alcançar algo que já ocorreu, proibindo, conforme a Lei, a concessão de isenção desses valores, por ausência de requisito determinado, motivo da negativa de provimento ao recurso do sujeito passivo, neste ponto.
PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. REQUISITOS DA LEI 10.101/00. PAGAMENTO DE VALORES NÃO IDÊNTICOS AOS EMPREGADOS. FALTA DE PREVISÃO LEGAL.
Não descumpre a legislação o fato de os empregados receberem valores diversos, na medida em que a Lei 10.101/00 não exige que todos sejam agraciados igualmente, situação essa que conspiraria com a própria norma que pretende o comprometimento e o cumprimento das metas pelas partes, sendo que cada qual estará sujeito à álea de atingir os objetivos programados, podendo receber mais ou menos.
MULTA. RETROATIVIDADE BENIGNA.
Incide na espécie a retroatividade prevista na alínea c, do inciso II, do artigo 106, da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, Código Tributário Nacional, devendo a multa lançada na presente autuação ser calculada nos termos do artigo 35 caput da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, para as obrigações principais, se mais benéficas ao contribuinte.
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, I) Por maioria de votos: a) em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para que seja aplicada a multa prevista no Art. 61, da Lei nº 9.430/1996, se mais benéfica à Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a); Vencidos os Conselheiros Bernadete de Oliveira Barros e Marcelo Oliveira, que votaram em manter a multa aplicada; b) em negar provimento ao recurso, em relação à incidência das contribuições previdenciárias sobre a PLR, em relação à data de assinatura do acordo ser posterior ao período de aferição, nos termos do voto do Redator. Vencidos os Conselheiros Wilson Antônio de Souza Correa e Adriano Gonzáles Silvério, que votaram em dar provimento ao recurso nesta questão;II) Por unanimidade de votos: a) em dar provimento parcial ao recurso, a fim de que fique claro que a "Relação de Co-Responsáveis - CORESP", o "Relatório de Representantes Legais - RepLeg" e a "Relação de Vínculos - VÍNCULOS", anexos ao auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas, nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa, nos termos do voto do Relator; b) em negar provimento ao Recurso nas demais alegações da Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a). Redator: Marcelo Oliveira. Sustentação oral: Marcelo Horácio. OAB: 213.001/SP.
Numero da decisão: 2301-004.833
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos de declaração da Fazenda Nacional para rerratificar a ementa e o dispositivo do acórdão embargado, de acordo com o voto da relatora.
(assinado digitalmente)
JOÃO BELLINI JÚNIOR - Presidente
(assinado digitalmente)
ANDREA BROSE ADOLFO - Relatora
EDITADO EM: 05/10/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Bellini Júnior (Presidente), Alice Grecchi, Andréa Brose Adolfo, Fábio Piovesan Bozza, Gisa Barbosa Gambogi Neves e Júlio César Vieira Gomes.
Nome do relator: ANDREA BROSE ADOLFO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201609
camara_s : Terceira Câmara
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Oct 10 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 16327.001389/2009-12
anomes_publicacao_s : 201610
conteudo_id_s : 5645696
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Oct 11 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 2301-004.833
nome_arquivo_s : Decisao_16327001389200912.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : ANDREA BROSE ADOLFO
nome_arquivo_pdf_s : 16327001389200912_5645696.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos de declaração da Fazenda Nacional para rerratificar a ementa e o dispositivo do acórdão embargado, de acordo com o voto da relatora. (assinado digitalmente) JOÃO BELLINI JÚNIOR - Presidente (assinado digitalmente) ANDREA BROSE ADOLFO - Relatora EDITADO EM: 05/10/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Bellini Júnior (Presidente), Alice Grecchi, Andréa Brose Adolfo, Fábio Piovesan Bozza, Gisa Barbosa Gambogi Neves e Júlio César Vieira Gomes.
dt_sessao_tdt : Wed Sep 21 00:00:00 UTC 2016
id : 6521356
ano_sessao_s : 2016
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/08/2007 a 31/08/2007 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ACOLHIMENTO. Constatada a existência de obscuridade, omissão ou contradição no Acórdão exarado pelo Conselho, correto o acolhimento dos embargos de declaração visando sanar o vício apontado. RELATÓRIO DE CO-RESPONSÁVEIS. SUMULA CARF 88. A Relação de Co-Responsáveis - CORESP, o Relatório de Representantes Legais - RepLeg e a Relação de Vínculos - VÍNCULOS, anexos a auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa. INCONSTITUCIONALIDADE ADICIONAL DE 2,5%. Aplicação da Sumula CARF 02, segundo a qual proclama que esse órgão não tem competência para analisar a inconstitucionalidade de normas. TAXA SELIC INCIDÊNCIA A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. REQUISITOS DA LEI 10.101/00. DATA DE ASSINATURA DO ACORDO EM PERÍODO POSTERIOR. DESCUMPRIMENTO DE REQUISITO LEGAL. A Lei 10.101/2000 regula a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa como instrumento de integração entre o capital e o trabalho e como incentivo à produtividade, nos termos do art. 7º, inciso XI, da Constituição. A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante: a) comissão escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; e b)convenção ou acordo coletivo. Dos instrumentos decorrentes da negociação entre empresa e empregados/sindicato deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo. Como está claro na Lei, a isenção tributária concedida busca integrar capital e trabalho e incentivar a produtividade. Por lógica, não há como incentivar a produtividade se o período a que se referem os resultados já estiverem no passado. Como no presente caso a assinatura dos acordos foi após o período para aferição das metas o incentivo à produtividade não será alcançado, pois não há incentivo para se alcançar algo que já ocorreu, proibindo, conforme a Lei, a concessão de isenção desses valores, por ausência de requisito determinado, motivo da negativa de provimento ao recurso do sujeito passivo, neste ponto. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. REQUISITOS DA LEI 10.101/00. PAGAMENTO DE VALORES NÃO IDÊNTICOS AOS EMPREGADOS. FALTA DE PREVISÃO LEGAL. Não descumpre a legislação o fato de os empregados receberem valores diversos, na medida em que a Lei 10.101/00 não exige que todos sejam agraciados igualmente, situação essa que conspiraria com a própria norma que pretende o comprometimento e o cumprimento das metas pelas partes, sendo que cada qual estará sujeito à álea de atingir os objetivos programados, podendo receber mais ou menos. MULTA. RETROATIVIDADE BENIGNA. Incide na espécie a retroatividade prevista na alínea c, do inciso II, do artigo 106, da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, Código Tributário Nacional, devendo a multa lançada na presente autuação ser calculada nos termos do artigo 35 caput da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, para as obrigações principais, se mais benéficas ao contribuinte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, I) Por maioria de votos: a) em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para que seja aplicada a multa prevista no Art. 61, da Lei nº 9.430/1996, se mais benéfica à Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a); Vencidos os Conselheiros Bernadete de Oliveira Barros e Marcelo Oliveira, que votaram em manter a multa aplicada; b) em negar provimento ao recurso, em relação à incidência das contribuições previdenciárias sobre a PLR, em relação à data de assinatura do acordo ser posterior ao período de aferição, nos termos do voto do Redator. Vencidos os Conselheiros Wilson Antônio de Souza Correa e Adriano Gonzáles Silvério, que votaram em dar provimento ao recurso nesta questão;II) Por unanimidade de votos: a) em dar provimento parcial ao recurso, a fim de que fique claro que a "Relação de Co-Responsáveis - CORESP", o "Relatório de Representantes Legais - RepLeg" e a "Relação de Vínculos - VÍNCULOS", anexos ao auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas, nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa, nos termos do voto do Relator; b) em negar provimento ao Recurso nas demais alegações da Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a). Redator: Marcelo Oliveira. Sustentação oral: Marcelo Horácio. OAB: 213.001/SP.
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:53:08 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048688346005504
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 12; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2420; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C3T1 Fl. 513 1 512 S2C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16327.001389/200912 Recurso nº Embargos Acórdão nº 2301004.833 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 21 de setembro de 2016 Matéria Contribuições Sociais Previdenciárias Embargante FAZENDA NACIONAL Interessado CREDIT SUISSE HEDGING GRIFFO ASSET MANAGEMENT S.A ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/08/2007 a 31/08/2007 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ACOLHIMENTO. Constatada a existência de obscuridade, omissão ou contradição no Acórdão exarado pelo Conselho, correto o acolhimento dos embargos de declaração visando sanar o vício apontado. RELATÓRIO DE CORESPONSÁVEIS. SUMULA CARF 88. A Relação de CoResponsáveis CORESP”, o “Relatório de Representantes Legais RepLeg” e a “Relação de Vínculos VÍNCULOS”, anexos a auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa.” INCONSTITUCIONALIDADE ADICIONAL DE 2,5%. Aplicação da Sumula CARF 02, segundo a qual proclama que esse órgão não tem competência para analisar a inconstitucionalidade de normas. TAXA SELIC INCIDÊNCIA A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. REQUISITOS DA LEI 10.101/00. DATA DE ASSINATURA DO ACORDO EM PERÍODO POSTERIOR. DESCUMPRIMENTO DE REQUISITO LEGAL. A Lei 10.101/2000 regula a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa como instrumento de integração entre o capital e o trabalho e como incentivo à produtividade, nos termos do art. 7º, inciso XI, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 13 89 /2 00 9- 12 Fl. 513DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 07/10/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 2 da Constituição. A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante: a) comissão escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; e b)convenção ou acordo coletivo. Dos instrumentos decorrentes da negociação entre empresa e empregados/sindicato deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo. Como está claro na Lei, a isenção tributária concedida busca integrar capital e trabalho e incentivar a produtividade. Por lógica, não há como incentivar a produtividade se o período a que se referem os resultados já estiverem no passado. Como no presente caso a assinatura dos acordos foi após o período para aferição das metas o incentivo à produtividade não será alcançado, pois não há incentivo para se alcançar algo que já ocorreu, proibindo, conforme a Lei, a concessão de isenção desses valores, por ausência de requisito determinado, motivo da negativa de provimento ao recurso do sujeito passivo, neste ponto. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. REQUISITOS DA LEI 10.101/00. PAGAMENTO DE VALORES NÃO IDÊNTICOS AOS EMPREGADOS. FALTA DE PREVISÃO LEGAL. Não descumpre a legislação o fato de os empregados receberem valores diversos, na medida em que a Lei 10.101/00 não exige que todos sejam agraciados igualmente, situação essa que conspiraria com a própria norma que pretende o comprometimento e o cumprimento das metas pelas partes, sendo que cada qual estará sujeito à álea de atingir os objetivos programados, podendo receber mais ou menos. MULTA. RETROATIVIDADE BENIGNA. Incide na espécie a retroatividade prevista na alínea “c”, do inciso II, do artigo 106, da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, Código Tributário Nacional, devendo a multa lançada na presente autuação ser calculada nos termos do artigo 35 caput da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, para as obrigações principais, se mais benéficas ao contribuinte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, I) Por maioria de votos: a) em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para que seja aplicada a multa prevista no Art. 61, da Lei nº 9.430/1996, se mais benéfica à Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a); Vencidos os Conselheiros Bernadete de Oliveira Barros e Marcelo Oliveira, que votaram em manter a multa aplicada; b) em negar provimento ao recurso, em relação à incidência das contribuições previdenciárias sobre a PLR, em relação à data de assinatura do acordo ser posterior ao período de aferição, nos termos do voto do Redator. Vencidos os Conselheiros Wilson Antônio de Souza Correa e Adriano Gonzáles Silvério, que votaram em dar provimento ao recurso nesta questão;II) Por unanimidade de votos: a) em dar provimento parcial ao recurso, a fim de que fique claro que a "Relação de CoResponsáveis CORESP", o "Relatório de Representantes Legais RepLeg" e a "Relação de Vínculos VÍNCULOS", Fl. 514DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 07/10/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 16327.001389/200912 Acórdão n.º 2301004.833 S2C3T1 Fl. 514 3 anexos ao auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas, nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa, nos termos do voto do Relator; b) em negar provimento ao Recurso nas demais alegações da Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a). Redator: Marcelo Oliveira. Sustentação oral: Marcelo Horácio. OAB: 213.001/SP. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos de declaração da Fazenda Nacional para rerratificar a ementa e o dispositivo do acórdão embargado, de acordo com o voto da relatora. (assinado digitalmente) JOÃO BELLINI JÚNIOR Presidente (assinado digitalmente) ANDREA BROSE ADOLFO Relatora EDITADO EM: 05/10/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Bellini Júnior (Presidente), Alice Grecchi, Andréa Brose Adolfo, Fábio Piovesan Bozza, Gisa Barbosa Gambogi Neves e Júlio César Vieira Gomes. Relatório Tratase de Embargos de Declaração da Fazenda Nacional opostos contra o Acórdão nº 2301003.957 (efls. 472/487), proferido em 19/03/2014, por esta Turma, mas com outra composição, que deu provimento parcial a recurso voluntário do contribuinte, nos seguintes termos: "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/08/2007 a 31/08/2007 RELATÓRIO DE CORESPONSÁVEIS. SUMULA CARF 88. A Relação de CoResponsáveis CORESP”, o “Relatório de Representantes Legais RepLeg” e a “Relação de Vínculos VÍNCULOS”, anexos a auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa.” Fl. 515DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 07/10/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 4 INCONSTITUCIONALIDADE ADICIONAL DE 2,5%. Aplicação da Sumula CARF 02, segundo a qual proclama que esse órgão não tem competência para analisar a inconstitucionalidade de normas. TAXA SELIC INCIDÊNCIA A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. REQUISITOS DA LEI 10.101/00. DATA DE ASSINATURA DOS ACORDOS E DIVERGÊNCIA NOS VALORES PAGOS AOS EMPREGADOS A Lei 10.101/2000 regula a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa como instrumento de integração entre o capital e o trabalho e como incentivo à produtividade, nos termos do art. 7º, inciso XI, da Constituição. A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante: a) comissão escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; e b)convenção ou acordo coletivo. Dos instrumentos decorrentes da negociação entre empresa e empregados/sindicato deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo. Como está claro na Lei, a isenção tributária concedida busca integrar capital e trabalho e incentivar a produtividade. Por lógica, não há como incentivar a produtividade se o período a que se referem os resultados já estiverem no passado. Como no presente caso a assinatura dos acordos foi após o período para aferição das metas o incentivo à produtividade não será alcançado, pois não há incentivo para se alcançar algo que já ocorreu, proibindo, conforme a Lei, a concessão de isenção desses valores, por ausência de requisito determinado, motivo da negativa de provimento ao recurso do sujeito passivo, neste ponto. A legislação privilegia a livre negociação entre as partes, ressaltando apenas pontos que devem reger todos os acordos. É muito comum e normal que no curso das negociações para entabular o acordo final sejam definidas as metas primordiais que se buscam alcançar, não se podendo afirmar que os empregados, quando da assinatura do acordo desconheciam os objetivos a serem perseguidos. Não descumpre a legislação o fato de os empregados receberem valores diversos, na medida em que a Lei 10.101/00 não exige Fl. 516DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 07/10/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 16327.001389/200912 Acórdão n.º 2301004.833 S2C3T1 Fl. 515 5 que todos sejam agraciados igualmente, situação essa que conspiraria com a própria norma que pretende o comprometimento e o cumprimento das metas pelas partes, sendo que cada qual estará sujeito à álea de atingir os objetivos programados, podendo receber mais ou menos. MULTA. RETROATIVIDADE BENIGNA. Incide na espécie a retroatividade prevista na alínea “c”, do inciso II, do artigo 106, da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, Código Tributário Nacional, devendo a multa lançada na presente autuação ser calculada nos termos do artigo 35 caput da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, para as obrigações principais, se mais benéficas ao contribuinte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, I) Por maioria de votos: a) em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para que seja aplicada a multa prevista no Art. 61, da Lei nº 9.430/1996, se mais benéfica à Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a); Vencidos os Conselheiros Bernadete de Oliveira Barros e Marcelo Oliveira, que votaram em manter a multa aplicada; b) em negar provimento ao recurso, na questão da data de assinatura do acordo para pagamento de PLR ser posterior ao período de aferição, nos termos do voto do Redator. Vencidos os Conselheiros Wilson Antônio de Souza Correa e Adriano Gonzáles Silvério, que votaram em dar provimento ao recurso nesta questão; II) Por voto de qualidade: a) em dar provimento ao recurso, na questão da substituição salarial, nos termos do voto do Relator. Vencidos os Conselheiros Bernadete de Oliveira Barros, Wilson Antônio de Souza Correa e Mauro José Silva, que votaram em dar provimento ao recurso; III) Por unanimidade de votos: a) em dar provimento parcial ao recurso, a fim de que fique claro que a Relação de CoResponsáveis CORESP", o "Relatório de Representantes Legais RepLeg e a Relação de Vínculos VÍNCULOS, anexos a auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa, nos termos do voto do Relator; b) em negar provimento ao Recurso nas demais alegações da Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a). Redator: Marcelo Oliveira. Sustentação oral: Marcelo Horácio. OAB: 213.001/SP." Em 16/12/2014, a PGFN apresentou os presentes Embargos de Declaração (efls. 493/498) sustentando que: (...) analisando a forma como o julgado foi concluído, notase que o mesmo quedouse obscuro, uma vez que deu e negou provimento ao recurso voluntário, para o mesmo período, no que tange à isenção do PLR em questão". Fl. 517DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 07/10/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 6 Com efeito, o pleito do recorrente é para que seja afastada a tributação incidente sobre o PLR por ele pago no período de 01/08/2007 a 31/08/2007, uma vez que considera que o mesmo observou todos os requisitos previstos na Lei 10.101/2000. A fiscalização, por seu turno, afirma que ao estabelecer critérios referentes a período cujos resultados já aconteceram e não podem ser modificados, além de haver discrepância entre os valores pagos e o valor da remuneração dos empregados, estaria contrariando os expressos ditames da Lei 10.101/2000. Por óbvio que se entende que o colegiado pretendeu analisar os requisitos fixados na Lei 10.101/2000, separadamente. Contudo, acreditase que cada requisito desse seja apenas um fundamento para, ao final, se dar ou não provimento ao recurso no que tange à isenção do PLR. É dizer, o cerne da questão é a isenção em si do PLR e, sobre isso, o colegiado não chegou a uma conclusão clara. Pelo que está dito, dáse a entender que uma parte do PLR estaria isento e outra não, uma vez que cumpriu um requisito e descumpriu outro, conclusão esta que não é viável no presente caso, uma vez que está a se lidar com apenas um PLR, pago em um período específico. Considerando que o descumprimento de um único requisito seria mais do que suficiente para se descaracterizar o PLR pago, mantendose, portanto, a tributação, nos soa estranho ver parte do recurso voluntário conhecido e provido no que tange à isenção do PLR. Acreditase que a intenção do julgador tenha sido efetivamente a de negar provimento ao recurso no quesito atinente à isenção do PLR, uma vez que o voto vencedor é claro ao afirmar que o acordo foi assinado após o período e que tal fato descaracterizaria o PLR. Tal obscuridade, contudo, merece ser sanada. ... Assim, o aresto embargado merece ser sanado, no que tange à obscuridade apontada, qual seja, se o colegiado entendeu que o PLR pago pelo contribuinte recorrente deve ou não ser tributado. Ante o exposto, requer a União (Fazenda Nacional) que sejam recebidos e acolhidos os presentes embargos de declaração, para efeito de suprir a obscuridade apontada. Os embargos foram admitidos pelo presidente da 2ª Seção em 21/07/2015, em decorrência da existência da obscuridade apontada. É o relatório. Voto Fl. 518DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 07/10/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 16327.001389/200912 Acórdão n.º 2301004.833 S2C3T1 Fl. 516 7 Conselheira Relatora Andrea Brose Adolfo. Os embargos de declaração são tempestivos e, por cumprir com as demais formalidades legais, dele conheço. De acordo com o Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 2015, o cabimento dos embargos de declaração está disciplinado em seu art. 65, nos seguintes termos: Art. 65. Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual deveria pronunciarse a turma. Alega a embargante que a decisão a quo contém obscuridade, na medida em que, da análise dos diversos requisitos da PLR, não chegou a uma conclusão clara sobre a incidência ou não das contribuições previdenciárias sobre referida verba: Contudo, acreditase que cada requisito desse seja apenas um fundamento para, ao final, se dar ou não provimento ao recurso no que tange à isenção do PLR. É dizer, o cerne da questão é a isenção em si do PLR e, sobre isso, o colegiado não chegou a uma conclusão clara. Portanto, a obscuridade cingese apenas a esta questão: incidência das contribuições previdenciárias sobre a verba PLR. Da simples leitura da parte dispositiva da ementa, verificase que assiste razão à embargante, uma vez que no item I, 'b' foi negado provimento ao recurso, por maioria de votos, na questão da data de assinatura do acordo para pagamento de PLR ser posterior ao período de aferição, nos termos do voto do Redator, e no item II, 'a' foi dado provimento ao recurso, por voto de qualidade, na questão da substituição salarial. Neste ponto, cabe transcrever ainda a seguinte contradição: II) Por voto de qualidade: a) em dar provimento ao recurso, na questão da substituição salarial, nos termos do voto do Relator. Vencidos os Conselheiros Bernadete de Oliveira Barros, Wilson Antônio de Souza Correa e Mauro José Silva, que votaram em dar provimento ao recurso. (grifamos) Para esclarecimento dessas questões, fazse necessário transcrever alguns excertos dos votos vencido e vencedor, para que se possa retificar a decisão: Do voto vencido: Participação nos Lucros e Resultados – Lei nº 10.101/00 ... A legislação tributária, ao tratar da matéria, impôs condição para que as importâncias concedidas aos segurados empregados a título de participação nos lucros e resultados não integrassem Fl. 519DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 07/10/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 8 o salário de contribuição, a começar pelo artigo 28, § 9°, alínea "j", que assim preceitua: (...) Como se extrai da legislação existem alguns requisitos basilares para que os valores pagos a título de participação nos lucros não sejam tributados por meio das contribuições previdenciárias, quais sejam, exemplificativamente: i) negociação entre empresa e empregados, representados por suas respectivas comissões mediante acordo, com a participação do representante do sindicato da categoria, ou mediante acordo ou convenção coletiva; ii) o acordo entre empresa e empregados ou no acordo ou convenção coletiva deverá prever regras claras e objetivas, isto é, do conhecimento de todos, quanto à forma de atingimento das metas, índices de produtividade, lucratividade, etc. (regras substantivas), e conter mecanismos de aferição de como esses valores serão apurados; iii) dada a predileção normativa para a livre negociação entre empresa e empregados, podem ser adotados os critérios de antemão exemplificados nos incisos I e II do § 1º do artigo 2º ou outros de interesse das partes; iv) o acordo deverá ser arquivado na entidade sindical dos trabalhadores; v) a participação nos lucros ou resultados não pode substituir ou complementar a remuneração devida a qualquer empregado; vi) os pagamentos a esse título não podem ser efetuados em periodicidade inferior a um semestre ou mais de duas vezes ao ano. Importante registrar que, por um lado, se a empresa instituir a participação nos lucros ou resultados deverá atender a todos os requisitos expostos na Lei nº 10.101/00, por outro, a fiscalização não pode exigir o cumprimento de pressupostos que nela não constam. ... No caso desses autos, a autoridade fiscalizadora elencou, no Relatório Fiscal, os fatos que na sua visão comprometeram o acordo de participação nos lucros e resultados em relação ao cumprimento dos requisitos legais: a) o acordo foi assinado após o período a que se referia e, portanto, não há que se falar em metas préestabelecidas; b) divergência nos valores pagos aos empregados, sendo que os 29 empregados constantes da tabela elaborada pela fiscalização, que correspondem a aproximadamente 11% do total, fizeram jus a 71,50%, enquanto os outros 228 empregados (89% do total) receberam apenas 28,50% da PLR distribuída, o que evidencia também a substituição salarial. Fl. 520DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 07/10/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 16327.001389/200912 Acórdão n.º 2301004.833 S2C3T1 Fl. 517 9 ... No caso dos autos verificase, em adição, que as negociações iniciaramse no período de aferição, tendo em vista que a própria fiscalização afirma que a comissão dos empregados foi eleita em março de 2007, conforme demonstram os documentos de fls. 99/101 (ata de eleição da comissão dos empregados e lista de presença à assembléia dos funcionários, respectivamente): ... E o pagamento somente foi realizado após as negociações e assinatura do respectivo acordo. ... Também nesse diapasão não se sustenta o argumento de que os empregados receberam valores diversos, na medida em que a Lei 10.101/00 não exige que todos sejam agraciados igualmente, situação essa que conspiraria com a própria lei que pretende o comprometimento e o cumprimento das metas pelas partes, sendo que cada qual estará sujeito à álea de atingir os objetivos programados, podendo receber mais ou menos. ... Igualmente não se pode caracterizar, data vênia, como salário simplesmente o fato de um dado empregado ter recebido valores próximos a 100% do seu salário anual como participação nos lucros e resultados. A Lei 10.101/00 ao passo que não impõe limites objetivos nesse patamar não permite que se criem regras nela não subsistentes, tal como descrito acima. ... Ante o exposto, VOTO no sentido de CONHECER o recurso voluntário e DARLHE PROVIMENTO PARCIAL para, preliminarmente, aplicar a Súmula CARF 88 em relação aos co responsáveis, e, no mérito, reconhecer que os valores pagos a título de PLR seguiram os ditames da Lei nº 10.101/00, não podendo, portanto, constituírem em base de cálculo das contribuições previdenciárias ora lançadas. A multa, para a obrigação principal, deverá ser calculada nos termos do artigo 35 caput da Lei nº 8.212/91, se mais benéfico ao contribuinte. Do voto vencedor: Com todo respeito, divirjo do nobre relator e fui designado para redigir o voto vencedor na questão dos acordos terem sido formalizados, celebrados, assinados após o período de aferição das metas. A legislação determina, por lógica, que os acordos sejam celebrados antes do término de aferição das metas. ... Fl. 521DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 07/10/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 10 Como no presente caso a assinatura dos acordos foi após o período para aferição das metas o incentivo à produtividade não será alcançado, proibindo, conforme a Lei, a concessão de isenção desses valores, por ausência de requisito determinado. CONCLUSÃO: Em razão do exposto, divirjo do voto do relator e nego provimento ao recurso voluntário do sujeito passivo neste ponto, prevalecendo o voto do Relator nos demais, nos termos do voto. Da análise dos trechos acima transcritos, concluise que a análise das condições da PLR paga aos empregados no caso abrangeu dois requisitos: a) data da assinatura do acordo; e b) pagamento de PLR como substituição salarial. Com relação ao primeiro requisito data da assinatura do acordo os conselheiros entenderam, por maioria de votos, que a empresa não atendeu ao disposto na Lei nº 10.101/2000, e, com relação ao segundo requisito substituição salarial os conselheiros, por voto de qualidade, entenderam que a empresa atendeu às disposições legais. Como a PLR é uma verba única, e conforme salientado pela embargante, ao deixar de atender qualquer requisito legal, todo o Programa de Participação nos Lucros e Resultados deixa de usufruir da condição isentiva das contribuições previdenciárias, prevista no art. 28, § 9º, alínea 'j', da Lei nº 8.212, de 1991. Portanto, a fim de sanar a obscuridade apontada, propõese a rerratificação da ementa do Acórdão nº 2301003.957, para que conste nova ementa nos seguintes termos: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/08/2007 a 31/08/2007 RELATÓRIO DE CORESPONSÁVEIS. SUMULA CARF 88. A Relação de CoResponsáveis CORESP”, o “Relatório de Representantes Legais RepLeg” e a “Relação de Vínculos VÍNCULOS”, anexos a auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa.” INCONSTITUCIONALIDADE ADICIONAL DE 2,5%. Aplicação da Sumula CARF 02, segundo a qual proclama que esse órgão não tem competência para analisar a inconstitucionalidade de normas. TAXA SELIC INCIDÊNCIA A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Fl. 522DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 07/10/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 16327.001389/200912 Acórdão n.º 2301004.833 S2C3T1 Fl. 518 11 PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. REQUISITOS DA LEI 10.101/00. DATA DE ASSINATURA DO ACORDO EM PERÍODO POSTERIOR. DESCUMPRIMENTO DE REQUISITO LEGAL. A Lei 10.101/2000 regula a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa como instrumento de integração entre o capital e o trabalho e como incentivo à produtividade, nos termos do art. 7º, inciso XI, da Constituição. A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante: a) comissão escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; e b)convenção ou acordo coletivo. Dos instrumentos decorrentes da negociação entre empresa e empregados/sindicato deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo. Como está claro na Lei, a isenção tributária concedida busca integrar capital e trabalho e incentivar a produtividade. Por lógica, não há como incentivar a produtividade se o período a que se referem os resultados já estiverem no passado. Como no presente caso a assinatura dos acordos foi após o período para aferição das metas o incentivo à produtividade não será alcançado, pois não há incentivo para se alcançar algo que já ocorreu, proibindo, conforme a Lei, a concessão de isenção desses valores, por ausência de requisito determinado, motivo da negativa de provimento ao recurso do sujeito passivo, neste ponto. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. REQUISITOS DA LEI 10.101/00. PAGAMENTO DE VALORES NÃO IDÊNTICOS AOS EMPREGADOS. FALTA DE PREVISÃO LEGAL. Não descumpre a legislação o fato de os empregados receberem valores diversos, na medida em que a Lei 10.101/00 não exige que todos sejam agraciados igualmente, situação essa que conspiraria com a própria norma que pretende o comprometimento e o cumprimento das metas pelas partes, sendo que cada qual estará sujeito à álea de atingir os objetivos programados, podendo receber mais ou menos. MULTA. RETROATIVIDADE BENIGNA. Incide na espécie a retroatividade prevista na alínea “c”, do inciso II, do artigo 106, da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, Código Tributário Nacional, devendo a multa lançada na presente autuação ser calculada nos termos do artigo 35 caput da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada Fl. 523DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 07/10/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 12 pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, para as obrigações principais, se mais benéficas ao contribuinte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, I) Por maioria de votos: a) em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para que seja aplicada a multa prevista no Art. 61, da Lei nº 9.430/1996, se mais benéfica à Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a); Vencidos os Conselheiros Bernadete de Oliveira Barros e Marcelo Oliveira, que votaram em manter a multa aplicada; b) em negar provimento ao recurso, em relação à incidência das contribuições previdenciárias sobre a PLR, em relação à data de assinatura do acordo ser posterior ao período de aferição, nos termos do voto do Redator. Vencidos os Conselheiros Wilson Antônio de Souza Correa e Adriano Gonzáles Silvério, que votaram em dar provimento ao recurso nesta questão;II) Por unanimidade de votos: a) em dar provimento parcial ao recurso, a fim de que fique claro que a "Relação de CoResponsáveis CORESP", o "Relatório de Representantes Legais RepLeg" e a "Relação de Vínculos VÍNCULOS", anexos ao auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas, nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa, nos termos do voto do Relator; b) em negar provimento ao Recurso nas demais alegações da Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a). Redator: Marcelo Oliveira. Sustentação oral: Marcelo Horácio. OAB: 213.001/SP. É como voto. ANDREA BROSE ADOLFO Relatora Fl. 524DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalmente em 07/10/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR
score : 1.0