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Numero do processo: 10850.901455/2013-10
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 11 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jul 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2012
RESTITUIÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO.
A simples retificação de declarações para alterar valores originalmente declarados, desacompanhada de documentação hábil e idônea, não pode ser admitida para modificar Despacho Decisório.
Numero da decisão: 1402-003.023
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário
(assinado digitalmente)
Paulo Mateus Ciccone - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edgar Bragança Bazhuni, Leonardo Luis Pagano Goncalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Paulo Mateus Ciccone (Presidente).
Nome do relator: PAULO MATEUS CICCONE
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DIREITO CREDITÓRIO. A simples retificação de declarações para alterar valores originalmente declarados, desacompanhada de documentação hábil e idônea, não pode ser admitida para modificar Despacho Decisório. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edgar Bragança Bazhuni, Leonardo Luis Pagano Goncalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Paulo Mateus Ciccone (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 85 0. 90 14 55 /2 01 3- 10 Fl. 38DF CARF MF Processo nº 10850.901455/201310 Acórdão n.º 1402003.023 S1C4T2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo (SP) assim ementado: "ASSUNTO: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2012 RESTITUIÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. A simples retificação de declarações para alterar valores originalmente declarados, desacompanhada de documentação hábil e idônea, não pode ser admitida para modificar Despacho Decisório. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido" O caso foi assim relatado pela instância a quo, in verbis: "Trata o presente processo de Pedido de Restituição [...], transmitida em 27/12/2012, por meio da qual o contribuinte acima identificado solicita restituição de direito creditório decorrente de pagamento indevido ou a maior de IRPJ (código 2089) do período de apuração 31/03/2012. Despacho Decisório (fl. 04) da Delegacia da Receita Federal em São José do Rio Preto indeferiu o Pedido de Restituição em virtude da inexistência de crédito, sob a seguinte fundamentação: "A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados pra quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para restituição. " Cientificado do Despacho Decisório por via postal em 14/05/2013, o contribuinte apresentou, em 07/06/2013, manifestação de inconformidade (fl. 03), alegando que teve indeferido seu pedido de restituição pelo fato de não ter retificado suas declarações (DCTF, DACON e DIPJ), porém pleiteia novamente o crédito afirmando ter corrigido todas as declarações." Inconformada com a decisão da Instância a quo, a recorrente interpôs recurso voluntário, no qual traz a seguinte explicação para retificar a DCTF, DACON e DIPJ: "Isto tudo foi feito quando constatado que a empresa LC ASSISTÊNCIA MÉDICA S/S LTDA, recolheu o IRPJ sendo 4,80% e a CSLL sendo 2,88% na Fl. 39DF CARF MF Processo nº 10850.901455/201310 Acórdão n.º 1402003.023 S1C4T2 Fl. 4 3 sua totalidade, e a empresa INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO ESTRATÉGICO E ASSISTÊNCIA INTEGRAL A SAÚDE, CNPJ N° 00.376.056/000145, também havia retido e recolhido o IRRF 1,5%, Código 1708 e o PIS/COFINS/CSLL 4,65% Código 5952." Em seu pedido, requer que se aceite as retificações das declarações, pleiteando o crédito novamente referente ao PER/DCOMP acima identificado. Fl. 40DF CARF MF Processo nº 10850.901455/201310 Acórdão n.º 1402003.023 S1C4T2 Fl. 5 4 Voto Conselheiro Paulo Mateus Ciccone, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1402003.078, de 11/04/2018, proferido no julgamento do Processo nº 10850.901450/2013 97, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1402003.078): "O Recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos, portanto dele conheço. O recorrente teve seu pedido de restituição indeferido o fato de que, ainda que tenha sido localizado pagamento ao qual se amolda aquele apontado na PER/DCOMP como origem do crédito, o valor correspondente já teria sido utilizado para a extinção anterior de outro débito. Isso equivale a dizer que o valor do DARF foi integralmente consumido na extinção, por pagamento, de débito regularmente registrado nos arquivos da Receita Federal, motivo pelo qual não há saldo disponível para restituir. O recorrente alega que retificou as declarações DCTF, DACON e DIPJ para redução de tributos, pois recolheu o IRPJ e a CSLL na sua totalidade, contudo a empresa INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO ESTRATÉGICO E ASSISTÊNCIA INTEGRAL A SAÚDE, CNPJ N° 00.376.056/000145, também havia retido e recolhido o IRRF e o PIS/COFINS/CSLL. Uma vez que a administração tributária tenha iniciado procedimento fiscal para verificar as obrigações tributárias referentes a determinado período e tributo, não mais se pode falar em espontaneidade na entrega de declaração retificadora. Dessa forma, uma vez que a administração tributária emite decisão com base em declaração regularmente entregue, não é lícito que o recorrente retifique a informação que levou àquela decisão e pretenda que seja a nova informação aceita sem passar pelo crivo do Autoridade Fiscal. Sendo assim, deveria o recorrente ter apresentado sua manifestação de inconformidade acompanhada de elementos probatórios que permitissem à autoridade julgadora constatar a efetiva ocorrência dos alegados equívocos cometidos em suas declarações anteriores, nos termos do artigo 16, § 4º do Decreto nº 70.235/1972. Fl. 41DF CARF MF Processo nº 10850.901455/201310 Acórdão n.º 1402003.023 S1C4T2 Fl. 6 5 Contudo, apesar das alegações, o recorrente não traz quaisquer documentos (notas fiscais, recibos, comprovante de pagamento) que comprovem que houve a retenção dos referidos valores de IRRF, CSLL, PIS e COFINS. Além de não comprovar a retenção dos referido tributos, também não houve a demonstração de que os valores retidos seriam suficientes para quitar integralmente os tributos apurados a partir de seus livros comerciais e fiscais. Desse modo, sendo do recorrente o ônus de provar o crédito que alegava ter, nos termos do artigo 333, I, do Código de Processo Civil, e não tendo se desincumbido de referido ônus, cumpre indeferir seu pedido de restituição e de compensação, por falta de comprovação da existência do crédito. Conclusão Ante o exposto, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Fl. 42DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10552.000009/2007-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 07 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jul 02 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/12/2005 a 31/12/2005
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. PRAZO PARA GUARDA DE DOCUMENTAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL DE 5 ANOS.
De conformidade com a jurisprudência dominante neste Colegiado, tratando-se de auto de infração decorrente de descumprimento de obrigação acessória, onde o contribuinte omitiu informações e/ou documentos solicitados pela fiscalização, caracterizando o lançamento de ofício, o prazo decadencial para a constituição do crédito previdenciário é de 05 (cinco) anos contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos termos do 173, inciso I, do Código Tributário Nacional, tendo em vista a declaração da inconstitucionalidade do artigo 45 da Lei nº 8.212/91, pelo Supremo Tribunal Federal, nos autos dos REs nºs 556664, 559882 e 560626, oportunidade em que fora aprovada Súmula Vinculante nº 08, disciplinando a matéria.
In casu, a contribuinte tem o dever de manter em sua guarda toda a documentação pelo prazo de 5 anos, de acordo com a fundamentação acima. Ou seja, qualquer documentação que não obedeça esse prazo, não pode ser exigida.
Numero da decisão: 2401-005.580
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e, no mérito, dar-lhe provimento. Votou pelas conclusões o conselheiro José Luiz Hentsch Benjamin Pinheiro
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente
(assinado digitalmente)
Rayd Santana Ferreira - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Cleberson Alex Friess, Andrea Viana Arrais Egypto, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Rayd Santana Ferreira, Jose Luis Hentsch Benjamin Pinheiro, Matheus Soares Leite, Luciana Matos Pereira Barbosa e Miriam Denise Xavier.
Nome do relator: RAYD SANTANA FERREIRA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/12/2005 a 31/12/2005 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. PRAZO PARA GUARDA DE DOCUMENTAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL DE 5 ANOS. De conformidade com a jurisprudência dominante neste Colegiado, tratando-se de auto de infração decorrente de descumprimento de obrigação acessória, onde o contribuinte omitiu informações e/ou documentos solicitados pela fiscalização, caracterizando o lançamento de ofício, o prazo decadencial para a constituição do crédito previdenciário é de 05 (cinco) anos contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos termos do 173, inciso I, do Código Tributário Nacional, tendo em vista a declaração da inconstitucionalidade do artigo 45 da Lei nº 8.212/91, pelo Supremo Tribunal Federal, nos autos dos REs nºs 556664, 559882 e 560626, oportunidade em que fora aprovada Súmula Vinculante nº 08, disciplinando a matéria. In casu, a contribuinte tem o dever de manter em sua guarda toda a documentação pelo prazo de 5 anos, de acordo com a fundamentação acima. Ou seja, qualquer documentação que não obedeça esse prazo, não pode ser exigida.
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AVICULTURA E AGROPECUÁRIA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/12/2005 a 31/12/2005 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. PRAZO PARA GUARDA DE DOCUMENTAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL DE 5 ANOS. De conformidade com a jurisprudência dominante neste Colegiado, tratando se de auto de infração decorrente de descumprimento de obrigação acessória, onde o contribuinte omitiu informações e/ou documentos solicitados pela fiscalização, caracterizando o lançamento de ofício, o prazo decadencial para a constituição do crédito previdenciário é de 05 (cinco) anos contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos termos do 173, inciso I, do Código Tributário Nacional, tendo em vista a declaração da inconstitucionalidade do artigo 45 da Lei nº 8.212/91, pelo Supremo Tribunal Federal, nos autos dos RE’s nºs 556664, 559882 e 560626, oportunidade em que fora aprovada Súmula Vinculante nº 08, disciplinando a matéria. In casu, a contribuinte tem o dever de manter em sua guarda toda a documentação pelo prazo de 5 anos, de acordo com a fundamentação acima. Ou seja, qualquer documentação que não obedeça esse prazo, não pode ser exigida. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 55 2. 00 00 09 /2 00 7- 11 Fl. 266DF CARF MF 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e, no mérito, darlhe provimento. Votou pelas conclusões o conselheiro José Luiz Hentsch Benjamin Pinheiro (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Cleberson Alex Friess, Andrea Viana Arrais Egypto, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Rayd Santana Ferreira, Jose Luis Hentsch Benjamin Pinheiro, Matheus Soares Leite, Luciana Matos Pereira Barbosa e Miriam Denise Xavier. Fl. 267DF CARF MF Processo nº 10552.000009/200711 Acórdão n.º 2401005.580 S2C4T1 Fl. 3 3 Relatório AVIPAL S.A. AVICULTURA E AGROPECUÁRIA, contribuinte, pessoa jurídica de direito privado, já qualificada nos autos do processo em referência, recorre a este Conselho do Acórdão n° 11.811/2007 da 6° Turma da DRJ em Porto Alegre/RS, às efls. 155/163, que julgou procedente o lançamento fiscal, decorrente do descumprimento da obrigação acessória em razão da contribuinte não ter exibido à fiscalização documentos relacionados com às contribuições previstas na Lei n° 8.212/91, infringindo o disposto no art. 33, § 2° e 3° do mesmo diploma legal (CFL 38), em relação ao período de junho/1995 a dezembro/1995, conforme consta no Termo de Intimação para Apresentação de Documentos TIAD, que se lê á efl. 11. Conforme descrito no Relatório Fiscal da Infração, de fls. 08, a infração foi consolidada pela não apresentação dos seguintes documentos: (a) Contratos de empreitada e subempreitadas de obras de construção civil; (b) notas fiscais de empresas construtoras que participaram das obras; (c)contratos com prestadores de serviços com cessão de mãodeobra; (d)guias de recolhimento da Previdência Social;(e) Relação Anual de Informações Sociais RAIS; (Í) tabela de incidência gerada pelo sistema de folhadepagamento. O “Relatório Fiscal da Infração” registra a inexistência tanto de circunstâncias agravantes quanto de circunstância atenuante, previstas nos artigos 290 e 291 do RPS. Pela infração incorrida, foi aplicada a multa prevista no art. 283, inciso II, alínea “j”, do Regulamento da Previdência Social RPS, combinado com os artigos 92 e 102, da Lei n° 8.212/91 e 373, do RPS, atualizada pela Portaria MPS/GM n.” 822, de 11 de maio de 2005, no valor de R$ 11.017,46 (onze mil, dezessete reais e quarenta e seis centavos). Cientificada pessoalmente da lavratura do Auto de Infração, em 29/12/2005, conforme folha inicial, a autuada apresentou impugnação tempestiva, protocolizada sob n° 35239.000065/200640 em 11/01/2006, conforme documentos de fls. 22/36. Os autos foram encaminhados ao Auditor Fiscal responsável pelo procedimento, a fim de que este, primeiro, fizesse a anexação de cópia do Mandado de Procedimento Fiscal MPFF, de 30 de maio de 2005, bem como dos respectivos MPF Complementares; e, segundo, se manifestasse acerca das alegações da empresa recorrente. Em continuidade, o Auditor Fiscal emitiu Relatório Fiscal Complementar, conforme se lê à fl. 93, esclarecendo que os documentos não apresentados referemse à empresa incorporada Elegê Alimentos S/A, bem como acrescentou informações sobre os documentos não apresentados e que ensejaram a lavratura do AutodeInfração. Também abriu prazo para impugnação por parte do contribuinte em relação aos termos do Relatório Fiscal Complementar. Inconformada com a Decisão recorrida, autuada apresentou Recurso Voluntário, às efls. 170/187, procurando demonstrar sua improcedência, repisando em Fl. 268DF CARF MF 4 número, grau e gênero as razões da impugnação, motivo pelo qual, neste aspecto, adoto o relatório da DRJ, em síntese as seguintes razões. Preliminarmente, suscita o que segue: a) A impropriedade, segundo o impugnante, de dar o número 38 como fundamento legal do autodeinfração, pois isto trouxe prejuizo para a defesa. b) Que já havia sido fiscalizada pelo fisco previdenciário até a competência 07/2001. A nova ação fiscal não foi justificada, conforme artigo 149 do Código Tributário Nacional CTN. Assim, houve vício de nulidade em relação ao Mandado de Procedimento Fiscal MPF, complementar, emitido em 10/08/2005, com vencimento em 27/10/2005. Este MPF foi prorrogado em 26/10/2005, mas somente foi apresentado ao impugnante após 27/ 10/2005. Por conseguinte, quando da apresentação do MPF complementar n° 03, de 26/10/2005, o procedimento fiscal já estava extinto pelo decurso do prazo a que se referem os artigos 12 e 13 do Decreto n° 3.969, de 15 de outubro de 2001. c) Que não existe Termo de Intimação para Apresentação de Documentos TIAD, requerendo a apresentação de folhasde pagamento das competências novembro e dezembro de 2005, da empresa Elegê Alimentos S/A. Menciona, igualmente, que não é informado se os documentos não apresentados referemse a ela própria ou a empresa incorporada Elegê Alimentos S/A. d) Na sequência, o contribuinte autuado passa a tratar sobre decadência. Antes, menciona que atendeu aos documentos solicitados em sua plenitude, com exceção a apresentação de dados em meios magnéticos, uma vez que somente a partir da Lei n° 10.666/2003, foi introduzida possibilidade de requerimento pelo fisco. Assim, a mencionada obrigação acessória sequer poderia ter sido objeto de Termo de Intimação para Apresentação de Documentos TIAD. Após, acrescenta: I) Em relação a instituto da decadência, remete ao artigo 173, do CTN para afirmar que o direito de a Fazenda Nacional constituir o crédito Tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, pelo que eventual contribuição anterior a 1° de janeiro de 1999 está definitivamente alcançada pelo instituto decadencial. II) Que nem pode ser alegado o artigo 46, da Lei n° 8.212/91, para ser dito que não teria acontecido a decadência, pois isto conflitaria com o comando constante no artigo 146, da Constituição Federal, que preceitua a decadência como matéria reservada exclusivamente à Lei Complementar. Afirma que neste diapasão é a jurisprudência de nossos Tribunais Superiores, bem como do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS. Embora a empresa cite o artigo 46, da Lei 8.212/91, conforme se lê à fl. 32, entendemos que se refere, na verdade, ao artigo 45 da citada Lei, que trata do instituto da Decadência. Fl. 269DF CARF MF Processo nº 10552.000009/200711 Acórdão n.º 2401005.580 S2C4T1 Fl. 4 5 Ao final, tece considerações sobre a autuação, ressaltando alguns pontos de sua impugnação. Acrescenta que 0 lançamento deve ser declarado nulo, tendo em vista a ausência de fundamentos legais relativo a arbitramento de contribuições previdenciárias na notificação número 35.839.6824. Transcritas as preliminares argüidas, passaremos a dispor sobre os fundamentos de mérito, senão vejamos: a) Que o autodeinfração e descabido em relação aos documentos que não teriam sido exibidos ao fisco previdenciário. Não teria o impugnante a obrigação de apresentar contratos que não existem, pois tratase de serviços de construção civil de pequeno valor, como repinturas, instalação de caldeira, serviços de terraplenagem, em que o serviço é contratado informalmente, não existindo contrato formal. Afirma que o único serviço existente de cessão de mão deobra foi com a empresa Vigimax Segurança, mas também não existia contrato escrito,o qual não é obrigatório. b) No que pertine à tabela de incidência gerada pelo sistema de folhadepagamento, menciona que ela não è obrigação acessória que conste de decreto ou instrução normativa, sendo que o histórico das verbas deve ser confrontado com o artigo 28, inciso IV, parágrafo 9° da Lei de Custeio. c) Já em relação às guias de recolhimento vinculadas a cessão de mãodeobra em construção civil, não poderiam existir, posto que não trata de serviços sujeitos ao cadastramento de matrícula de obra de construção civil, não havendo cessão de mãode obra, mas apenas a execução de pequenas empreitadas de serviços de menor valor. d) Quanto a Relação Anual de Informações Sociais A RAIS, não existe qualquer embasamento legal, segundo a impugnante, para sua apresentação em período superior a 05 (cinco) anos, uma vez que, tratandose de documento exigido pelo Ministério do Trabalho e Emprego, o referido documento somente pode ser requerido nos últimos 5 (cinco) exercícios. Aduz que existem portarias do Ministério do Trabalho dispondo que a obrigação da empresa em manter a RAIS à disposição da fiscalização do trabalho e de S (cinco) anos. Assim, não estava obrigada a entregar RAIS anteriores ao exercício de 2000. Insurgese também quanto a relação de CoResponsáveis que integra o Auto, sendo inadmissível no teor da legislação. Por fim, requer o conhecimento e provimento do seu recurso, para decretar o cancelamento do Auto de Infração, tornandoo sem efeito e, no mérito, sua absoluta improcedência. Não houve apresentação de contrarrazões. É o relatório. Fl. 270DF CARF MF 6 Voto Conselheiro Rayd Santana Ferreira Relator Presente o pressuposto de admissibilidade, por ser tempestivo, conheço do recurso voluntário e passo a análise das alegações recursais. PRELIMINAR DA DECADÊNCIA PRAZO PARA GUARDA DE DOCUMENTOS (MÉRITO) A contribuinte, em relação a instituto da decadência, remete ao artigo 173, do CTN para afirmar que o direito de a Fazenda Nacional constituir o crédito Tributário extingue se após 5 (cinco) anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, pelo que eventual contribuição anterior a 1° de janeiro de 1999 está definitivamente alcançada pelo instituto decadencial. Que nem pode ser alegado o artigo 46, da Lei n° 8.212/91, para ser dito que não teria acontecido a decadência, pois isto conflitaria com o comando constante no artigo 146, da Constituição Federal, que preceitua a decadência como matéria reservada exclusivamente à Lei Complementar. Afirma que neste diapasão é a jurisprudência de nossos Tribunais Superiores, bem como do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS. Embora a empresa cite o artigo 46, da Lei 8.212/91, conforme se lê à fl. 32, entendemos que se refere, na verdade, ao artigo 45 da citada Lei, que trata do instituto da Decadência. O exame dessa matéria impõe sejam levadas a efeito algumas considerações, senão vejamos. O artigo 45, inciso I, da Lei nº 8.212/91, estabelece prazo decadencial de 10 (dez) anos para a apuração e constituição das contribuições previdenciárias, como segue: Art. 45 – O direito da Seguridade Social apurar e constituir seus créditos extinguese após 10 (dez) anos contados: I – do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o crédito poderia ter sido constituído; [...] Por outro lado, o Código Tributário Nacional em seu artigo 173, caput, determina que o prazo para se constituir crédito tributário é de 05 (cinco) anos, contados do exercício seguinte àquele em que poderia ter sido lançado, in verbis: Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I – do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; [...] Fl. 271DF CARF MF Processo nº 10552.000009/200711 Acórdão n.º 2401005.580 S2C4T1 Fl. 5 7 Com mais especificidade, o artigo 150, § 4º, do CTN, contempla a decadência para os tributos sujeitos ao lançamento por homologação, nos seguintes termos: Art. 150 O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. [...] § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. O núcleo da questão reside exatamente nesses três artigos, ou seja, qual deles deve prevalecer para as contribuições previdenciárias, tributos sujeitos ao lançamento por homologação. Ocorre que, após muitas discussões a respeito do tema, o Supremo Tribunal Federal, em 11/06/2008, ao julgar os RE’s nºs 556664, 559882 e 560626, por unanimidade de votos, declarou a inconstitucionalidade do artigo 45 da Lei nº 8.212/91, oportunidade em que aprovou a Súmula Vinculante nº 08, abaixo transcrita, rechaçando de uma vez por todas a pretensão do Fisco: Súmula nº 08: São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário. Registrese, ainda, que na mesma Sessão Plenária, o STF achou por bem modular os efeitos da declaração de inconstitucionalidade em comento, estabelecendo, em suma, que somente não retroagem à data da edição da Lei em relação a pedido de restituição judicial ou administrativo formulado posteriormente à 11/06/2008, concedendo, por conseguinte, efeito ex tunc para os créditos pendentes de julgamentos e/ou que não tenham sido objeto de execução fiscal. Consoante se positiva da análise dos autos, a controvérsia a respeito do prazo decadencial para as contribuições previdenciárias, após a aprovação/edição da Súmula Vinculante nº 08, passou a se limitar a aplicação dos artigos 150, § 4º, ou 173, inciso I, do Código Tributário Nacional. Indispensável ao deslinde da controvérsia, mister se faz elucidar, resumidamente, as espécies de lançamento tributário que nosso ordenamento jurídico contempla, como segue. Primeiramente destacase o lançamento de ofício ou direto, previsto no artigo 149 do CTN, onde o fisco toma a iniciativa de sua prática, por razões inerentes a natureza do tributo ou quando o contribuinte deixa de cumprir suas obrigações legais. Já o Fl. 272DF CARF MF 8 lançamento por declaração ou misto, contemplado no artigo 147 do mesmo Diploma Legal, é aquele em que o contribuinte toma a iniciativa do procedimento, ofertando sua declaração tributária, colaborando ativamente. Alfim, o lançamento por homologação, inscrito no artigo 150 do Códex Tributário, em que o contribuinte presta as informações, calcula o tributo devido e promove o pagamento, ficando sujeito a eventual homologação por parte das autoridades fazendárias. Dessa forma, estando às contribuições previdenciárias sujeitas ao lançamento por homologação, defende parte dos julgadores e doutrinadores que a decadência a ser aplicada seria aquela constante do artigo 150, § 4º, do CTN, levandose em consideração a natureza do tributo atribuída por lei, independentemente da ocorrência de pagamento, entendimento compartilhado por este conselheiro. Ou seja, a regra para os tributos sujeitos ao lançamento por homologação é o artigo 150, § 4º, do Código Tributário, o qual somente não prevalecerá nas hipóteses de ocorrência de dolo, fraude ou conluio, o que ensejaria o deslocamento do prazo decadencial para o artigo 173, inciso I, do mesmo Diploma Legal. Não é demais lembrar que o lançamento por homologação não se caracteriza tão somente pelo pagamento. Ao contrário, tratase, em verdade, de um procedimento complexo, constituído de vários atos independentes, culminando com o pagamento ou não. Observese, pois, que a ausência de pagamento não desnatura o lançamento por homologação, especialmente quando a sujeição dos tributos àquele lançamento é conferida por lei. E, esta, em momento algum afirma que assim o é tão somente quando houver pagamento. Não fosse assim, o que se diria quando o contribuinte apura prejuízos e não tem nada a recolher, ou mesmo quando encontrase beneficiado por isenções e/ou imunidades, onde, em que pese haver o dever de elaborar declarações pertinentes, informando os fatos geradores dos tributos dentre outras obrigações tributárias, deixa de promover o pagamento do tributo em razão de uma benesse fiscal? Cabe ao Fisco, porém, no decorrer do prazo de 05 (cinco) anos, contados do fato gerador do tributo, nos termos do artigo 150, § 4º, do CTN, proceder à análise das informações prestadas pelo contribuinte homologandoas ou não, quando inexistir concordância. Neste último caso, promover o lançamento de ofício da importância que imputar devida. Aliás, como afirmado alhures, a regra nos tributos sujeitos ao lançamento por homologação é o prazo decadencial insculpido no artigo 150, § 4º, do CTN, o qual dispôs expressamente os casos em que referido prazo deslocarseá para o artigo 173, inciso I, na ocorrência de dolo, fraude ou simulação comprovados. Somente nessas hipóteses a legislação específica contempla a aplicação de outro prazo decadencial, afastandose a regra do artigo 150, § 4º. Como se constata, a toda evidência, a contagem do lapso temporal em comento independe de pagamento. Ou seja, comprovandose que o contribuinte deixou efetuar o recolhimento dos tributos devidos e/ou promover o autolançamento com dolo, utilizandose de instrumentos ardilosos (fraude e/ou simulação), o prazo decadencial será aquele inscrito no artigo 173, inciso I, do CTN. Afora essa situação, não se cogita na aplicação daquele dispositivo legal. É o que se extrai da perfunctória leitura das normas legais que regulamentam o tema. Fl. 273DF CARF MF Processo nº 10552.000009/200711 Acórdão n.º 2401005.580 S2C4T1 Fl. 6 9 Por outro lado, alguns julgadores e doutrinadores entendem que somente aplicarseia o artigo 150, § 4º, do CTN quando comprovada a ocorrência de recolhimentos relativamente ao fato gerador lançado, seja qual for o valor. Em outras palavras, a homologação dependeria de antecipação de pagamento para se caracterizar, e a sua ausência daria ensejo ao lançamento de ofício, com observância do prazo decadencial do artigo 173, inciso I. Ressaltase, ainda, o entendimento de outra parte dos juristas, suscitando que o artigo 150, 4º, do Código Tributário Nacional, prevalecerá quando o contribuinte promover qualquer ato tendente a apuração da base de cálculo do tributo devido, seja pelo pagamento, escrituração contábil, declaração do imposto em documento próprio, etc. Melhor elucidando, o contribuinte deverá adotar algum procedimento com o fito de apurar o tributo para que pudesse se cogitar em “homologação”. Afora posicionamento pessoal a propósito da matéria, por entender que as contribuições previdenciárias devem observância ao prazo decadencial do artigo 150, § 4°, do Códex Tributário, independentemente de antecipação de pagamento, salvo quando comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, o certo é que a partir da alteração do Regimento Interno do CARF (artigo 62A), introduzida pela Portaria MF nº 586/2010, os julgadores deste Colegiado estão obrigados a “reproduzir” as decisões do STJ tomadas por recurso repetitivo, razão pela qual deixaremos de abordar aludida discussão, mantendo o entendimento que a aplicação do dispositivo legal retro depende da existência de recolhimentos do mesmo tributo no período objeto do lançamento, na forma decidida por aquele Tribunal Superior nos autos do Resp n° 973.733/SC, assim ementado: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: Resp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco Fl. 274DF CARF MF 10 regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Na esteira desse raciocínio, uma vez delimitado pelo STJ e, bem assim, pelo Regimento Interno do CARF que nos lançamentos por homologação a antecipação de pagamento é indispensável à aplicação do instituto da decadência, nos cabe tão somente nos quedar a aludida conclusão e constatar ou não a sua ocorrência. Entrementes, a controvérsia em relação a referido tema encontrase distante de remansoso desfecho, se fixando agora em determinar o que pode ser considerado como antecipação de pagamento no Imposto de Renda Pessoa Física, sobretudo em face das diversas modalidades e/ou procedimentos adotados por ocasião do lançamento fiscal. Na hipótese dos autos, o que torna digno de realce é que a presente autuação decorre do descumprimento de obrigações acessórias, caracterizando, portanto, lançamento de ofício, não se cogitando em antecipação de pagamentos, o que faz florescer, via de regra, a adoção do prazo decadencial inscrito no artigo 173, inciso I, do CTN, na linha inclusive que a jurisprudência dominante no Judiciário e neste Colegiado vem firmando entendimento. Fl. 275DF CARF MF Processo nº 10552.000009/200711 Acórdão n.º 2401005.580 S2C4T1 Fl. 7 11 Ou seja, o simples fato de se tratar de auto de infração por descumprimento de obrigações acessórias, na maioria absoluta dos casos, impede a aplicação do prazo decadencial contemplado no artigo 150, § 4°, do Códex Tributário, uma vez não haver se falar em lançamento por homologação, inexistindo, em verdade, qualquer atividade do contribuinte a ser homologada, razão do próprio lançamento. A infração em debate diz respeito a "não apresentação de documentos" CFL 38, ou seja, o termo inicial para contagem da decadência é a data do fato gerador, ou seja, a não apresentação da documentação. No entanto, de acordo como toda a fundamentação encimada, especialmente no que tange a inconstitucionalidade declarada pelo STF, não caberia a contribuinte apresentar, ter em guarda, documentação de período fora do prazo decadencial retro mencionado. Assim, tendo a fiscalização solicitado em 29/12/2005 com a devida ciência da contribuinte, e que a documentação não exibida referese ao período de 06/1995 à 12/1995, conforme Termo de Intimação para Apresentação de Documentos TIAD de efl. 12, a exigência fiscal não pode prosperar. Por todo o exposto, estando o Auto de Infração sub examine em dissonância com as normas legais que regulamentam a matéria, VOTO NO SENTIDO DE CONHECER DO RECURSO VOLUNTÁRIO e DARLHE PROVIMENTO, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. É como voto. Rayd Santana Ferreira Fl. 276DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10120.903066/2013-73
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Feb 23 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri May 25 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 1201-000.355
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos da voto da relatora. Vencida a conselheira Gisele Barra Bossa que dava provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa - Presidente e Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, Eva Maria Los, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli e Gisele Barra Bossa. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros José Carlos de Assis Guimarães e Rafael Gasparello Lima.
Nome do relator: ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos da voto da relatora. Vencida a conselheira Gisele Barra Bossa que dava provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa - Presidente e Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, Eva Maria Los, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli e Gisele Barra Bossa. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros José Carlos de Assis Guimarães e Rafael Gasparello Lima.
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Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos da voto da relatora. Vencida a conselheira Gisele Barra Bossa que dava provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente e Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, Eva Maria Los, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli e Gisele Barra Bossa. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros José Carlos de Assis Guimarães e Rafael Gasparello Lima. Relatório Tratase de PER/DCOMP com demonstrativo de crédito oriundo de pagamento indevido ou a maior, de IRPJ, referente ao período de apuração de junho de 2009. A DRF de origem emitiu Despacho Decisório eletrônico de não homologação da compensação, fundamentando sua decisão na alocação integral do pagamento a outros débitos, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 01 20 .9 03 06 6/ 20 13 -7 3 Fl. 298DF CARF MF Processo nº 10120.903066/201373 Resolução nº 1201000.355 S1C2T1 Fl. 3 2 Cientificada desse despacho, a interessada apresentou sua manifestação de inconformidade, alegando, em síntese, que diante da não homologação, foi verificado que a empresa cometeu erro material ao declarar na DCTF um débito fictício, solicitando que seja, assim, processada e homologada a PER/DCOMP inicialmente apresentada, uma vez que, a empresa não deve ser apenada por esse equívoco formal que não desnatura a compensação realizada. Dando prosseguimento ao processo este foi encaminhado para o julgamento em primeira instância e, por unanimidade de votos, a Manifestação de Inconformidade foi considerada improcedente face à ausência dos elementos de prova capazes de atestar a certeza e liquidez do crédito utilizado na compensação. A DRJ/RPO não acatou os argumentos da Recorrente, em síntese, sob os seguintes fundamentos: A não homologação da compensação decorreu da inexistência do crédito utilizado, pois o valor recolhido correspondeu ao débito expresso na DCTF que se achava ativa na data em que o despacho decisório foi emitido. Estando o pagamento integralmente alocado, não havia saldo disponível para suportar a extinção do crédito tributário pretendida pelo contribuinte. A partir da ciência do contribuinte do despacho decisório que negou a compensação requerida, deixa de existir a espontaneidade e a retificação da DCTF somente será válida caso esteja acompanhada de elementos de prova suficientes para o convencimento da autoridade fiscal quanto ao erro praticado no documento retificado, conforme disposto no artigo 9º, §§ 1º e 2º, da Instrução Normativa RFB nº 974/2009. De acordo com o §4º do artigo 16 do Decreto nº 70.235/72, caberia ao contribuinte não só a juntada das declarações retificadoras, mas também a apresentação de outros elementos, tais como cópias de livros contábeis e fiscais com os lançamentos dos valores apropriados na apuração, capazes de demonstrar o propalado erro cometido no preenchimento da declaração original. Ao invés disso, o contribuinte limitouse a indicar o erro cometido na DCTF com base no balancete, o que não é suficiente para a comprovação do alegado erro praticado pelo sujeito passivo. Cientificada da decisão de primeira instância, a Recorrente interpôs Recurso Voluntário reiterando as razões já expostas em sede de Manifestação de Inconformidade e reforçando que: (i) houve recolhimento a maior de IRPJ referente ao mês de junho de 2009; (ii) o erro no preenchimento da DCTF acabou por refletirse no valor a maior constante do DARF; (iii) a partir da análise da DIPJ, LALUR e balancete de verificação é possível observar o valor do IRPJ apurado no mês de junho de 2009. É o relatório. Fl. 299DF CARF MF Processo nº 10120.903066/201373 Resolução nº 1201000.355 S1C2T1 Fl. 4 3 Voto Conselheira Ester Marques Lins de Sousa Relatora. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução nº 1201000.339, de 23.02.2018, proferida no julgamento do Processo nº 10120.903043/201369, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. No processo paradigma o contribuinte solicitou a compensação de débitos com crédito relativo a pagamento indevido ou a maior que o devido de IRPJ, do período de apuração de abril de 2007 e, nos presentes autos, o contribuinte solicita a compensação de débito com crédito oriundo de pagamento indevido ou a maior que o devido de IRPJ do período de apuração de junho de 2009. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução nº 1201000.339), adequandoa ao caso concreto: "[...] Conforme visto, a recorrente trouxe aos autos documentação robusta no que tange à apuração do IRPJ devido no mês em referência. No entanto, [...], há que se proceder à verificação quanto à liquidez e certeza do crédito, no que se refere aos demais períodos não incluídos nos presentes autos, considerandose, mutatis mutandis, o contido nas conclusões do Parecer Normativo Cosit nº 2/2015: a) as informações declaradas em DCTF – original ou retificadora – que confirmam disponibilidade de direito creditório utilizado em PER/DCOMP, podem tornar o crédito apto a ser objeto de PER/DCOMP desde que não sejam diferentes das informações prestadas à RFB em outras declarações, tais como DIPJ e Dacon, por força do disposto no § 6º do art. 9º da IN RFB nº 1.110, de 2010, sem prejuízo, no caso concreto, da competência da autoridade fiscal para analisar outras questões ou documentos com o fim de decidir sobre o indébito tributário; b) não há impedimento para que a DCTF seja retificada depois de apresentado o PER/DCOMP que utiliza como crédito pagamento inteiramente alocado na DCTF original, ainda que a retificação se dê depois do indeferimento do pedido ou da não homologação da compensação, respeitadas as restrições impostas pela IN RFB nº 1.110, de 2010; c) retificada a DCTF depois do despacho decisório, e apresentada manifestação de inconformidade tempestiva contra o indeferimento do PER ou contra a não homologação da DCOMP, a DRJ poderá baixar em diligência à DRF. Caso se refira apenas a erro de fato, e a revisão do despacho decisório implique o deferimento integral daquele crédito (ou homologação integral da DCOMP), cabe à DRF assim proceder. Caso haja questão de direito a ser decidida ou a revisão seja parcial, compete ao órgão julgador administrativo decidir a lide, sem prejuízo de renúncia à instância administrativa por parte do sujeito passivo; Fl. 300DF CARF MF Processo nº 10120.903066/201373 Resolução nº 1201000.355 S1C2T1 Fl. 5 4 Em face do exposto, voto pela conversão do presente julgamento em diligência, para que a unidade da Receita Federal da circunscrição da contribuinte: a) verifique as DCTFs retificadoras apresentadas, efetuando a apuração do crédito relativo a cada um dos meses, observandose, no que couber, as disposições da IN RFB nº 1.110/2010; b) faça o cotejamento desses créditos com as Dcomps relativas a pagamento a maior de estimativa de IRPJ do anocalendário em questão, procedendo à valoração para fins de verificação de suficiência destes, considerandose, inclusive, alguma Dcomp porventura já homologada. Para fins dessa verificação, a contribuinte poderá ser intimada a apresentar livros e documentos. Encerrada a diligência, a contribuinte deverá ser intimada para que, querendo, manifestese num prazo de trinta dias. Havendo ou não manifestação da contribuinte, após esgotado o prazo a ela concedido os autos devem retornar ao CARF para julgamento." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, converto o julgamento em diligência, nos termos do voto acima transcrito. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Fl. 301DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10850.909836/2011-85
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu May 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Jun 15 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/02/2001 a 28/02/2001
PIS/COFINS. RECEITAS ESTRANHAS AO CONCEITO DE FATURAMENTO.
Não compõem a base de cálculo das contribuições sociais as receitas decorrentes de atividades estranhas ao objeto social da empresa, devendo ser excluídas na apuração.
Numero da decisão: 3402-005.277
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso, para reconhecer o direito creditório no montante reconhecido na Diligência Fiscal realizada nos autos.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente.
(assinado digitalmente)
Carlos Augusto Daniel Neto - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (Presidente), Rodrigo Mineiro Fernandes, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Pedro Sousa Bispo.
Nome do relator: CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso, para reconhecer o direito creditório no montante reconhecido na Diligência Fiscal realizada nos autos. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra - Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Augusto Daniel Neto - Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (Presidente), Rodrigo Mineiro Fernandes, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Pedro Sousa Bispo.
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RECEITAS ESTRANHAS AO CONCEITO DE FATURAMENTO. Não compõem a base de cálculo das contribuições sociais as receitas decorrentes de atividades estranhas ao objeto social da empresa, devendo ser excluídas na apuração. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso, para reconhecer o direito creditório no montante reconhecido na Diligência Fiscal realizada nos autos. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Augusto Daniel Neto Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (Presidente), Rodrigo Mineiro Fernandes, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Pedro Sousa Bispo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 85 0. 90 98 36 /2 01 1- 85 Fl. 427DF CARF MF 2 Relatório Tratase de processo administrativo decorrente de manifestação de inconformidade interposta pelo contribuinte, por meio de seus representantes legais, em face de Despacho Decisório eletrônico resultante da apreciação de Pedido de Restituição, correspondente aos períodos e tributos lá discriminados. A análise da liquidez e certeza do crédito pleiteado foi efetuada pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em São José do Rio Preto, que emitiu Despacho Decisório eletrônico no qual a autoridade competente indeferiu o Pedido de Restituição, em virtude dos pagamentos localizados terem sido integralmente utilizados para quitação de débitos da contribuinte, não restando crédito disponível para restituição. Inconformado, o contribuinte manifestouse alegando, quanto ao mérito: i) falta de aprofundamento na investigação dos fatos; ii) inconstitucionalidade do art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98 e advento de decisão do STF declarandoa sob a sistemática de Repercussão Geral, o que implicaria em novo cálculo dos débitos, com a base de cálculo correta, e apuração do pagamento indevido. A DRJ julgou improcedente a sua manifestação de inconformidade, pelo que apresentou o Contribuinte Recurso Voluntário ao CARF, reiterando as razões de seu pleito. Converteuse o julgamento em diligência para que se cumprisse o seguinte: I) Que a DRF intime o contribuinte a apresentar os livros contábeis e a documentação fiscal necessária à identificação da natureza das receitas que compuseram a base de cálculo das contribuições sociais do período cuja restituição pleiteia o Recorrente. II) Após o recebimento e análise da documentação a ser entregue pelo Recorrente, a autoridade fiscalizadora deverá elaborar relatório discriminando a parcela da base de cálculo correspondente às receitas excluídas por força do Recurso Extraordinário RE 585.235, julgado sob sistemática de Repercussão Geral, calculando o valor do tributo correspondente. III) Elaborado o relatório, devese dar ciência ao contribuinte para manifestação sobre o teor do relatório da diligência, retornando então o processo a este Colegiado, para julgamento. Intimado, o contribuinte apresentou a documentação solicitada e a fiscalização juntou aos autos informação fiscal. Posteriormente, o contribuinte apresentou petição manifestandose sobre o resultado da diligência fiscal. É o relatório, em síntese. Voto Fl. 428DF CARF MF Processo nº 10850.909836/201185 Acórdão n.º 3402005.277 S3C4T2 Fl. 3 3 Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. O presente caso é recorrente neste Conselho, visto que todos aqueles que recolheram contribuições sociais ao PIS e a COFINS com a base de cálculo ampliada pelo §1º do artigo 3º da Lei nº 9718/98 passaram a ingressar administrativamente, dentro do interregno legal do direito à restituição, buscando reaver os valores pagos indevidamente. O contribuinte junta ao seu Recurso Voluntário planilhas que indicam a existência de receitas financeiras na apuração da base de cálculo das contribuições sociais, indicando de forma perfunctória o direito pleiteado. Em razão disso, optouse pela conversão do julgamento em diligência para que a instrução probatória fosse melhor desenvolvida. A minuciosa informação fiscal juntada pela fiscalização analisou as planilhas apresentadas, bem como o contrato social da empresa, com a finalidade de identificar quais receitas fazem parte do objeto social da empresa e que deveria compor o faturamento dela. Na mesma linha de julgamentos sobre a inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo do PIS e da Cofins, que culminou com a decisão, tomada no julgamento do Recurso Extraordinário nº 527602, com repercussão geral, o STF, nos RE 346.084/PR, 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, estabeleceu que a receita bruta, prevista no art. 3.º da Lei 9.718/98, corresponde ao conceito de faturamento expresso no artigo 2º, da Lei Complementar 70/91: Art. 2° A contribuição (...) incidirá sobre o faturamento mensal, assim considerado a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviço de qualquer natureza. Analisando as receitas da empresa, a informação fiscal aduziu a existência de créditos decorrentes de pagamento a maior, passíveis de restituição, conforme planilha apresentada na informação fiscal. Sobre isto, o contribuinte manifestou sua expressa concordância, reconhecendo a correção do entendimento adotado na diligência fiscal. Portanto, no que é pertinente aos créditos reconhecidos pela informação fiscal, não resta qualquer controvérsia nos autos, devendo serem reconhecidos por este Colegiado. Desse modo, voto por dar provimento parcial ao Recurso Voluntário no sentido de reconhecer o direito creditório no montante determinado na informação fiscal juntada aos autos. É como voto. Carlos Augusto Daniel Neto Relator Fl. 429DF CARF MF 4 Fl. 430DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10665.001217/2005-90
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Apr 12 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed May 23 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 03/11/2003
DIF - PAPEL IMUNE. PRAZO DE ENTREGA. INOBSERVÂNCIA. MULTA. ART. 57 DA MP 2.158-35/2001.
A entrega da DIF - Papel Imune fora do prazo fixado em ato normativo editado pela Secretaria da Receita Federal dá ensejo à aplicação da multa prevista no inciso I do art. 57 da MP 2.158-35/2001, no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por mês-calendário.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 03/11/2003
LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA. APLICAÇÃO. RETROATIVIDADE BENIGNA. PENALIDADE MENOS SEVERA. PREVISÃO LEGAL.
Nos termos do Código Tributário Nacional, a lei aplica-se a fatos pretéritos quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.
Numero da decisão: 9303-006.666
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento parcial, para restabelecer a multa aplicada no auto de infração litigado para o valor de R$ 5.000,00.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício.
(assinado digitalmente)
Andrada Márcio Canuto Natal - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em exercício), Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL
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ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Data do fato gerador: 03/11/2003 DIF - PAPEL IMUNE. PRAZO DE ENTREGA. INOBSERVÂNCIA. MULTA. ART. 57 DA MP 2.158-35/2001. A entrega da DIF - Papel Imune fora do prazo fixado em ato normativo editado pela Secretaria da Receita Federal dá ensejo à aplicação da multa prevista no inciso I do art. 57 da MP 2.158-35/2001, no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por mês-calendário. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 03/11/2003 LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA. APLICAÇÃO. RETROATIVIDADE BENIGNA. PENALIDADE MENOS SEVERA. PREVISÃO LEGAL. Nos termos do Código Tributário Nacional, a lei aplica-se a fatos pretéritos quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.
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PRAZO DE ENTREGA. INOBSERVÂNCIA. MULTA. ART. 57 DA MP 2.15835/2001. A entrega da DIF Papel Imune fora do prazo fixado em ato normativo editado pela Secretaria da Receita Federal dá ensejo à aplicação da multa prevista no inciso I do art. 57 da MP 2.15835/2001, no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por mêscalendário. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 03/11/2003 LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA. APLICAÇÃO. RETROATIVIDADE BENIGNA. PENALIDADE MENOS SEVERA. PREVISÃO LEGAL. Nos termos do Código Tributário Nacional, a lei aplicase a fatos pretéritos quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento parcial, para restabelecer a multa aplicada no auto de infração litigado para o valor de R$ 5.000,00. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 66 5. 00 12 17 /2 00 5- 90 Fl. 236DF CARF MF Processo nº 10665.001217/200590 Acórdão n.º 9303006.666 CSRFT3 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em exercício), Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello. Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela Fazenda Nacional contra decisão tomada no Acórdão nº 330200.258, de 17 de novembro de 2009 (efolhas 217 e segs), que recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 03/11/2003 INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. LIMITES DE APRECIAÇÃO DA MATÉRIA PELA AUTORIDADE JULGADORA ADMINISTRATIVA. Somente é possível o afastamento da aplicação de normas por razão de inconstitucionalidade, em sede de recurso administrativo, nas hipóteses de haver resolução do Senado Federal, suspendendo a execução de lei declarada inconstitucional pelo STF, de decisão do STF em ação direta, de autorização da extensão dos efeitos da decisão pelo Presidente da República, ou de dispensa do lançamento pelo Secretário da Receita Federal ou desistência da ação pelo ProcuradorGeral da Fazenda Nacional. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Data do fato gerador: 03/11/2003 OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA CRIADA PELA RFB. PENALIDADE APLICÁVEL. ENQUADRAMENTO LEGAL. Fl. 237DF CARF MF Processo nº 10665.001217/200590 Acórdão n.º 9303006.666 CSRFT3 Fl. 4 3 Antes da Medida Provisória nº 451, de 2008 , a falta de apresentação de DIF Papel Imune no prazo estabelecido na legislação ensejaria a aplicação da multa do art. 508 do RIPI/2002 e não a do art. 57 da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001. Recurso voluntário provido A divergência suscitada no recurso especial (efolhas 199 e segs) referese à multa a que está sujeito o contribuinte que não observa o prazo para entrega da DIFPapel Imune. Se a prevista no art. 508 do RIPI/2002 ou a prevista no art. 57 da MP 2.15835/2001. O Recurso especial foi admitido conforme despacho de admissibilidade de e folhas 229 e segs. O contribuinte não apresentou contrarrazões. É o Relatório. Voto Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal, Relator. Conhecimento do Recurso Especial Preenchidos os requisitos de admissibilidade, tomo conhecimento do recurso. Mérito O assunto objetos dos autos já é bastante conhecido deste Colegiado. O art. 16 da Lei 9.779/99 atribuiu competência à Secretaria da Receita Federal para dispor sobre obrigações acessórias relativas aos impostos e contribuições que administra, estabelecendo forma, prazo e condições para o seu cumprimento, se não vejamos. Art. 16. Compete à Secretaria da Receita Federal dispor sobre as obrigações acessórias relativas aos impostos e contribuições por ela administrados, estabelecendo, inclusive, forma, prazo e condições para o seu cumprimento e o respectivo responsável. Fl. 238DF CARF MF Processo nº 10665.001217/200590 Acórdão n.º 9303006.666 CSRFT3 Fl. 5 4 A Secretaria da Receita Federal, no exercício da competência que lhe foi delegada pelo legislador ordinário, editou a Instrução Normativa nº 74/2001, que, dentro outras, institui a DIF Papel Imune, a ser apresentada nos meses de janeiro, abril, julho e outubro, para as operações realizadas nos trimestres civis imediatamente anteriores. Observe se: Art. 10 . Fica instituída a Declaração Especial de Informações Relativas ao Controle de Papel Imune (DIF Papel Imune), cuja apresentação é obrigatória para as pessoas jurídicas de que trata o art. 1º. Art. 11. A DIF Papel Imune deverá ser apresentada até o último dia útil dos meses de janeiro, abril, julho e outubro, em relação aos trimestres civis imediatamente anteriores, em meio magnético, mediante a utilização de aplicativo a ser disponibilizado pela SRF. A própria Instrução Normativa SRF nº 74/2001, em seu art. 12, determinou que a inobservância dos prazos estabelecidos no art. 11, acima transcrito, daria ensejo à aplicação da penalidade prevista no art. 57 da MP nº 2.15835/2001, que tinha a seguinte redação. Art. 57. O descumprimento das obrigações acessórias exigidas nos termos do art. 16 da Lei no 9.779, de 1999, acarretará a aplicação das seguintes penalidades: I R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por mêscalendário, relativamente às pessoas jurídicas que deixarem de fornecer, nos prazos estabelecidos, as informações ou esclarecimentos solicitados; II cinco por cento, não inferior a R$ 100,00 (cem reais), do valor das transações comerciais ou das operações financeiras, próprias da pessoa jurídica ou de terceiros em relação aos quais seja responsável tributário, no caso de informação omitida, inexata ou incompleta. Fl. 239DF CARF MF Processo nº 10665.001217/200590 Acórdão n.º 9303006.666 CSRFT3 Fl. 6 5 Parágrafo único. Na hipótese de pessoa jurídica optante pelo SIMPLES, os valores e o percentual referidos neste artigo serão reduzidos em setenta por cento. Como me parece estar claro, houve expressa delegação de competência para que a Secretaria da Receita Federal dispusesse sobre as obrigações acessórias vinculadas aos tributos e contribuições que administra. No mesmo diapasão, o legislador cominou de forma expressa a penalidade aplicável àquele que descumprisse as obrigações acessórias exigidas nos termos do art. 16 da Lei no 9.779/1999. Com a devida vênia, a leitura empregada pelo i. Redator do voto vencedor do acórdão recorrido, no sentido de que a multa em epígrafe deve ser aplicada "a todo e qualquer descumprimento de fornecimento de informações e esclarecimentos solicitados pelos agentes do Fisco ou pela RFB" (grifos no original) não me parece estar correta. A interpretação dada ao texto do inciso I do art. 57 da MP nº 2.15834/2001 não se coaduna com o caput do artigo, que faz alusão textual ao "descumprimento das obrigações acessórias exigidas nos termos do art. 16 da Lei no 9.779/99. O art. 16 da Lei nº 9.779/99, como visto acima, referese às obrigações acessórias estipuladas pela Secretaria da Receita Federal e não às informações requeridas pelos AuditoresFiscais no exercício de suas funções. Isto posto, é de se destacar que, como já havia sido lembrado pelo Relator original do processo na instância a quo, com o advento da Lei nº 11.945/09 a metodologia de cálculo da multa de que aqui se trata foi pacificada, nos seguintes termos. Art. 1º Deve manter o Registro Especial na Secretaria da Receita Federal do Brasil a pessoa jurídica que: I exercer as atividades de comercialização e importação de papel destinado à impressão de livros, jornais e periódicos, a que se refere a alínea d do inciso VI do art. 150 da Constituição Federal; e II adquirir o papel a que se refere a alínea d do inciso VI do art. 150 da Constituição Federal para a utilização na impressão de livros, jornais e periódicos. § 1º A comercialização do papel a detentores do Registro Especial de que trata o caput deste artigo faz prova da Fl. 240DF CARF MF Processo nº 10665.001217/200590 Acórdão n.º 9303006.666 CSRFT3 Fl. 7 6 regularidade da sua destinação, sem prejuízo da responsabilidade, pelos tributos devidos, da pessoa jurídica que, tendo adquirido o papel beneficiado com imunidade, desviar sua finalidade constitucional. § 2º O disposto no § 1º deste artigo aplicase também para efeito do disposto no § 2º do art. 2º da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, no § 2º do art. 2º e no § 15 do art. 3º da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e no § 10 do art. 8o da Lei nº 10.865, de 30 de abril de 2004. § 3º Fica atribuída à Secretaria da Receita Federal do Brasil competência para: I expedir normas complementares relativas ao Registro Especial e ao cumprimento das exigências a que estão sujeitas as pessoas jurídicas para sua concessão; II estabelecer a periodicidade e a forma de comprovação da correta destinação do papel beneficiado com imunidade, inclusive mediante a instituição de obrigação acessória destinada ao controle da sua comercialização e importação. § 4º O não cumprimento da obrigação prevista no inciso II do § 3º deste artigo sujeitará a pessoa jurídica às seguintes penalidades: I 5% (cinco por cento), não inferior a R$ 100,00 (cem reais) e não superior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais), do valor das operações com papel imune omitidas ou apresentadas de forma inexata ou incompleta; e II de R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais) para micro e pequenas empresas e de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) para as demais, independentemente da sanção prevista no inciso I deste artigo, se as informações não forem apresentadas no prazo estabelecido. (grifos meus) Fl. 241DF CARF MF Processo nº 10665.001217/200590 Acórdão n.º 9303006.666 CSRFT3 Fl. 8 7 § 5º Apresentada a informação fora do prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício, a multa de que trata o inciso II do § 4o deste artigo será reduzida à metade. Não é difícil perceber que com a edição da Lei nº 11.945/09 a penalidade de multa pelo atraso na entrega da DIF Papel Imune deixou de ser calculada por mêscalendário, passando a ser aplicada em valor fixo R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais) para micro e pequenas empresas e R$ 5.000,00 (cinco mil reais) para as demais empresas. Essa circunstância atrai a aplicação do art. 106 do Código Tributário Nacional, que dispõe sobre a retroatividade benigna da legislação menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Nesse mesmo sentido, o acórdão nº 9303004.954 do i. Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, em decisão tomada por este Colegiado na Sessão de Julgamento de 10 de abril de 2017. ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Anocalendário: 2003, 2004 MULTA POR FALTA DE ENTREGA DA “DIF PAPEL IMUNE”. PREVISÃO LEGAL. É cabível a aplicação da multa por ausência da entrega da chamada “DIF Papel Imune”, pois Fl. 242DF CARF MF Processo nº 10665.001217/200590 Acórdão n.º 9303006.666 CSRFT3 Fl. 9 8 esta encontra fundamento legal no art. 16 da Lei nº 9.779/99 e no art. 57 da MP nº 2.15835/2001, regulamentados pelos arts. 1º, 11 e 12 da IN SRF n° 71/2001. VALOR A SER APLICADO A TÍTULO DE MULTA POR ATRASO OU FALTA DA ENTREGA DA “DIF PAPEL IMUNE”. Com a vigência do art. 1º da Lei nº 11.945/2009, a partir de 16/12/2008 a multa pela falta ou atraso na apresentação da “DIF Papel Imune” deve ser cominada em valor único por declaração não apresentada no prazo trimestral, e não mais por mês calendário, conforme anteriormente estabelecido no art. 57 da MP nº 2.15835/ 2001. Uma vez que, tal como consta à efolha 6 do processo, apenas a DIF Papel Imune correspondente ao 3º trimestre do ano de 2003 foi entregue em atraso, voto por dar parcial provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional, para reformar a decisão recorrida, mas, ao mesmo tempo, reduzir a multa aplicada no auto de infração litigado para o valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Relator. Fl. 243DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13308.000123/2002-16
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue May 15 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jun 07 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/01/2002 a 31/03/2002
RESSARCIMENTO SALDO CREDOR - LIQUIDEZ E CERTEZA
O ressarcimento a que alude o art. 11 da Lei 9.779/99 vincula-se ao preenchimento das condições e requisitos impostos pela lei. Na ausência de provas, é de ser negado o pleito do contribuinte.
Recurso Especial do Procurador provido.
Numero da decisão: 9303-006.743
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento.
(Assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas Presidente
(Assinado digitalmente)
Jorge Olmiro Lock Freire Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/01/2002 a 31/03/2002 RESSARCIMENTO SALDO CREDOR - LIQUIDEZ E CERTEZA O ressarcimento a que alude o art. 11 da Lei 9.779/99 vincula-se ao preenchimento das condições e requisitos impostos pela lei. Na ausência de provas, é de ser negado o pleito do contribuinte. Recurso Especial do Procurador provido.
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ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2002 a 31/03/2002 RESSARCIMENTO SALDO CREDOR LIQUIDEZ E CERTEZA O ressarcimento a que alude o art. 11 da Lei 9.779/99 vinculase ao preenchimento das condições e requisitos impostos pela lei. Na ausência de provas, é de ser negado o pleito do contribuinte. Recurso Especial do Procurador provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento. (Assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas – Presidente (Assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 30 8. 00 01 23 /2 00 2- 16 Fl. 370DF CARF MF Processo nº 13308.000123/200216 Acórdão n.º 9303006.743 CSRFT3 Fl. 3 2 Tratase de recurso especial da Fazenda Nacional (fls. 328/344), processado pelo Despacho de fls. 346/349, contra o Acórdão nº 3802000.369 (fls. 279/286), prolatado em 31/08/2011, que deu provimento parcial ao recurso voluntário seguintes termos: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI CRÉDITO BÁSICOS DO IPI. SALDO CREDOR ACUMULADO NO FINAL DO TRIMESTRE CALENDÁRIO. APROVEITAMENTO MEDIANTE RESSARCIMENTO EM DINHEIRO E/OU COMPENSAÇÃO. COMPROVAÇÃO. A partir da vigência do art. 11 da Lei n° 9.779, de 1999, passou a ser permitido o ressarcimento, em dinheiro ou mediante compensação, do saldo de créditos básicos do IPI acumulado no final de cada trimestrecalendário, decorrente da aquisição de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, aplicados na industrialização de produtos, inclusive imunes, isentos ou tributários à alíquota zero. Para fim de comprovação da certeza e liquidez do referido crédito, é suficiente a apresentação das cópias do livro Registro de Apuração do IPI, corroborado pelas notas fiscais dos insumos adquiridos no período. SALDO CREDOR REMANESCENTE DO IPI. INDEFERIMENTO DO RESSARCIMENTO POR MEIO DE ATO ADMINISTRATIVO OU NORMATIVO. DESCARACTERIZAÇÃO COMO CRÉDITO ESCRITURAL. INCIDÊNCIA DA TAXA SELIC. TERMO INICIAL DATA DO INDEFERIMENTO. O indeferimento do pedido de ressarcimento, em dinheiro ou mediante compensação, por ato da autoridade administrativa, descaracteriza a natureza escritural do saldo credor do IPI pleiteado, dando ensejo a incidência da taxa Selic, calculada a partir da data da ciência do respectivo ato administrativo ou normativo (aplicação da jurisprudência do STJ, por força do art. 62A do RICARF). Recurso Voluntário Provido em Parte. Em síntese, pugna a Fazenda pela reforma do Acórdão recorrido porque a empresa não mantém escrituração fiscal nos termos da legislação do IPI de modo a aferir sua liquidez e certeza, sendo ônus do contribuinte não apenas escriturar ou declarar valores, mas associálos às suas operações por via de registros contábeis e documentos que instrumentem esses registros. No caso, pontua, a glosa deuse em razão de irregularidades constatadas no sistema de controle de estoque da empresa, a qual "não foi capaz de comprovar a justeza, regularidade, exatidão e legalidade dos valores pretendidos", ônus seu. Acresce que a empresa não apresentou quaisquer controles que sejam, conforme articulado no relato fiscal. Pede, ainda, que sobre eventual crédito reconhecido, não seja admitida a aplicação da taxa SELIC, em hipótese alguma, por ausência de previsão legal. O contribuinte, em suas contrarrazões (fls. 358/360), em suma, pugna pela manutenção do aresto recorrido. Fl. 371DF CARF MF Processo nº 13308.000123/200216 Acórdão n.º 9303006.743 CSRFT3 Fl. 4 3 É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire Relator Conheço do recurso nos termos do despacho de admissibilidade. O pedido de ressarcimento foi negado, fundamentalmente, porque a empresa não comprovou a utilização das mercadorias em seu processo produtivo com documentação hábil. Vejase o resumo averbado pelo Fisco no TVF (fls. 64/92): 5 Com já adiantamos, ainda assim, de forma a bem orientar o Contribuinte quanto ao verificado pela Fiscalização, garantindo amplo direito de manifestação sua acerca da ação fiscal ora em curso intimamos o Interessado a disponibilizar as informações solicitadas no Termo de Intimação emitido em 4 de março de 2004, entregue através de AR (anexo). As informações solicitadas neste Termo objetivariam integrar as operações de compra, industrialização e venda da empresa, de forma a esclarecer sem dúvidas, se as mesmas atendem às formalidades previstas na Lei quanto à emissão e registro de documentos e livros fiscais se as NF e Livros Fiscais, permitem identificar e quantificar aludidos créditos, na forma do previsto nas legislações do Crédito Presumido — IPI (Lei 9.363/96 e Portaria MF 38/97) e do Ressarcimento — IPI previsto no art. 11 da Lei 9.779/99 e IN/SRF 033/99. ... ... Ora, o Interessado declara que todos os seus produtos são industrializados por terceiros e que ocorrem, até o desenvolvimento do produto final, várias etapas no processo de industrialização realizada por vários estabelecimentos industrializadores com várias entradas, portanto, destes produtos semiacabados em seu estabelecimento, e, Por outra, deixou de apresentar justamente as informações relativas a estas industrializações, que estariam contempladas nos itens 16 ao 49 do Termo de Intimação. Ora, se as razões aqui explicitadas pela fiscalização, como também na ação fiscal iniciada em 22'02.2001 e encerrada em 22.10.2002, detémse sobremaneira no fato de que "as Notas Fiscais e Livros Fiscais que documentam as operações de entrada de mercadorias e saída de produtos não atendem aos requisitos previstos no Decreto 2.637, de 25 de junho de 1998, Regulamento do Imposto sobre Produtos Industrializados — RIPI/98" ["Subordinase o art. 11 da Lei 9.779/99 (a utilização do saldo credor do IPI) 'ao cumprimento das condições estabelecidas para cada caso e das exigências previstas para sua escrituração'. A Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda, inclusive, normatiza isto na IN/SRF 33/99, já citada, em seu art. 2 "., quando trata to registro e do aproveitamento dos créditos', respeitando a legislação maior"], impedindo a aplicação do expediente legal, a Fl. 372DF CARF MF Processo nº 13308.000123/200216 Acórdão n.º 9303006.743 CSRFT3 Fl. 5 4 identificação e quantificação do crédito que o Interessado argüi estar amparado nesta legislação; e de não ser possível, também, aplicar o previsto no artigo 3° da Portaria MF no. 38, de 27.02.1997 (como também na Instrução Normativa SRF n.° 23, de 13.03.97). Ora, e se, justamente, as incorreções verificadas nos procedimentos de emissão e registro de documentos e livros fiscais pelo Interessado, verificamse principalmente 'nas Notas Fiscais e Livros Fiscais que documentam as operações de industrialização (por encomenda), inclusive nas NF emitidas pelos industrializadores. Assim, o Interessado deixou de apresentar justamente as informações necessárias e imprescindíveis! ao devido esclarecimento da questão em pauta: os procedimentos do estabelecimento quanto à emissão e registro de documentos e livros fiscais, os necessários e suficientes ao cálculo dos créditos pleiteados por aludido direito. Concluiu o Fisco ao cabo de seu relato: No Despacho Decisório inicial (fl. 241/243), a Delegacia da Receita Federal em Fortaleza indeferiu o pedido de ressarcimento em tela sob a motivação de que a "apuração do saldo credor do IPI, acumulado no primeiro trimestre calendário de 2002, decorrente da aquisição do MP, PI e ME, aplicados na industrialização, não teve como ser comprovado com o IPI devido na saída de outros produtos, nem fora utilizado conforme o disposto nos artigos 73 e 74, da Lei n.° 9.430196, observadas as normas expedidas pela SRF do MF, de acordo com o artigo 11, da Lei N.° 9.779, de 19/01/99 — DOU de 20/01/99". Acresceu que "o pleito deixou, portanto, de satisfazer os requisitos formais da legalidade, conformado aos atos normados (sic) pela SRF e à legislação aplicável ao requerido pelo contribuinte, e a fiscalização realizada a priori detectou ser o creditamento incompatível, na sua integralidade, com os elementos registrados de apuração e correspondentes notas fiscais constantes dos autos". E justamente por ausência de provas acerca do ressarcimento do suposto saldo credor de IPI, é que a DRJ em Belém (fls. 277/285) indeferiu a manifestação de inconformidade. Dispõe o artigo 11 da Lei nº 9.779/1999: "Art. II. O saldo credor do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, acumulado em cada trimestrecalendário, decorrente de aquisição de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem aplicados na industrialização inclusive de produto isento ou tributado à alíquota zero, que o contribuinte não puder compensar com o IPI devido na salda de outros produtos, poderá ser utilizado de conformidade com o disposto nos arts. 73 e 74 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, observadas normas expedidas pela Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda." Fl. 373DF CARF MF Processo nº 13308.000123/200216 Acórdão n.º 9303006.743 CSRFT3 Fl. 6 5 Assim, o cálculo do crédito em questão toma em conta o valor dos insumos utilizados no processo industrial daqueles bens isentos ou tributados à alíquota zero. O ressarcimento, contudo, de eventual crédito vinculase, por óbvio, à comprovação hábil de sua existência, haja vista que qualquer crédito, para que se faça exigível, deve se revestir dos atributos de liquidez e certeza. Gizese que independentemente de qualquer normatização infralegal, sempre se fez presente o ônus, atribuído ao industrial, de manter escrituração e controles fáticos que tornassem possível demonstrar que os insumos (MP, PI e ME) foram utilizados em sua produção fabril. De sua feita, o art. 2º da IN SRF 33/99, ao normatizar o referido art. 11 da Lei 9.779/99, dispôs: Art. 2° Os créditos do IPI relativos a matériaprima (MP), produto intermediário (P1) é material de embalagem (ME), adquiridos para emprego nos produtos industrializado serão registrados na escrita fiscal, respeitado o prazo do art. 347 do RIPI: I — quando do recebimento da respectiva nota fiscal, na hipótese de entrada simbólica dos referidos insumos; II no período de apuração da efetiva entrada dos referidos insumos no estabelecimento industrial, nos demais casos. § 1º O aproveitamento dos créditos a que faz menção o caput dar seá, inicialmente, I por compensação do imposto devido pelas saldas dos produtos do estabelecimento industrial no período de apuração em que forem escriturados. § 2° No caso de remanescer saldo credor, após efetuada a compensação referida no parágrafo anterior, será, adotado o seguinte procedimento: I o saldo credor remanescente de cada período de apuração será transferido para o período de apuração subseqüente; I ao final de cada trimestrecalendário, permanecendo saldo credor, esse poderá ser utilizado para ressarcimento ou compensação, na forma da Instrução Normativa I SRF n.° 21, de 10 de março de 1997. § 3° Deverão ser estornados os créditos originários de aquisição de MP, PI e ME, quando destinados à fabricação de produtos não tributados (NT). Sem embargo, resulta das normas que regulam o ressarcimento de eventual saldo credor de IPI que o direito ao mesmo vinculase a que o titular da pretensão mantenha escrituração e controles que lhe permitam comprovar sua condição de detentor dos créditos pleiteados, bem como exiba documentação que dê suporte a sua escrita. Ou, em outras palavras, é ônus do contribuinte provar o saldo que alega ter, cumprindo todos requisitos legais para tanto. A diligência fiscal perpetrada pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Fortaleza apontou incongruências insuperáveis na documentação exibida pelo requerente como Fl. 374DF CARF MF Processo nº 13308.000123/200216 Acórdão n.º 9303006.743 CSRFT3 Fl. 7 6 comprobatória do direito invocado, conforme se encontra sumariado nas alíneas "a" a "f' do item 2 do relato fiscal. Com efeito, encontrase ali referido, como exemplificativo das inconsistências detectadas, que houve saídas de produtos finais do estabelecimento que somente teriam nele reingressado após mais de dois anos e sete meses da saída declarada. Também não haveriam sido apresentadas informações relativas a industrializações efetuadas por terceiros. Teria, ainda, ocorrido a venda de mercadorias sem o posterior estorno dos créditos escriturados na entrada, bem como a remessa de insumos sem a devida especificação, além de escrituração em desconformidade com o que dispõe a legislação de regência, dentre outros fatos. Esse conjunto tornaria impraticável a efetiva identificação dos insumos empregados no processo produtivo e, por conseguinte, qualquer aferição acerca de eventuais créditos de que seria detentor o requerente. Com base em todos esses fatos, entendo que a empresa não tem direito ao crédito pleiteado. Em consequência, entendo prejudicado o recurso quanto à aplicação da taxa SELIC. DISPOSITIVO Ante o exposto, dou provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional, revigorando os termos do despacho da autoridade local, restando prejudicado o pedido para não atualização do valor a ser ressarcido pela taxa SELIC. É como voto. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Fl. 375DF CARF MF Processo nº 13308.000123/200216 Acórdão n.º 9303006.743 CSRFT3 Fl. 8 7 Fl. 376DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11080.728919/2014-49
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 03 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Apr 25 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2012
NÃO CONHECIMENTO DE DOCUMENTOS CONTIDOS NOS AUTOS. POSSIBILIDADE DE VISTAS DO PROCESSO OU OBTENÇÃO DE CÓPIAS DOS DOCUMENTOS QUE O COMPÕEM. PRELIMINAR AFASTADA.
É facultado ao administrado ter vista ou obter cópia de processo administrativo de que seja parte, mediante solicitação junto ao órgão responsável, não havendo justificativa para que o contribuinte alegue desconhecimento dos documentos que o compõem.
INFORMAÇÃO FISCAL. MANIFESTAÇÃO FORA DE PRAZO. NÃO CONHECIMENTO.
Não se conhece de manifestação acerca de informação fiscal emitida pelo órgão preparador apresentada fora do prazo estabelecido na legislação correlata.
DEDUÇÃO DE DESPESAS MÉDICAS, ODONTOLÓGICAS E COM PLANO DE SAÚDE. COMPROVAÇÃO. DEDUTIBILIDADE.
Somente são dedutíveis na declaração de ajuste anual, a título de despesas com médicos, dentistas e planos de saúde, os pagamentos comprovados mediante documentos hábeis e idôneos, efetuados pelo contribuinte, e relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes. Inteligência da Lei 9.250/1995, art. 8°, inciso II, alínea a e § 2º, incisos II e III e do Decreto nº 3.000/1999, art. 73, caput e §§ 1º e 2º.
Numero da decisão: 2402-006.093
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, dar provimento parcial ao recurso voluntário para restabelecer deduções com despesas médicas no valor de R$ 408,00 (quatrocentos e oito reais).
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho - Presidente e Relator.
Participaram da presente sessão de julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Gregorio Rechmann Junior, Luis Henrique Dias Lima, e Renata Toratti Cassini.
Nome do relator: MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO
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POSSIBILIDADE DE VISTAS DO PROCESSO OU OBTENÇÃO DE CÓPIAS DOS DOCUMENTOS QUE O COMPÕEM. PRELIMINAR AFASTADA. É facultado ao administrado ter vista ou obter cópia de processo administrativo de que seja parte, mediante solicitação junto ao órgão responsável, não havendo justificativa para que o contribuinte alegue desconhecimento dos documentos que o compõem. INFORMAÇÃO FISCAL. MANIFESTAÇÃO FORA DE PRAZO. NÃO CONHECIMENTO. Não se conhece de manifestação acerca de informação fiscal emitida pelo órgão preparador apresentada fora do prazo estabelecido na legislação correlata. DEDUÇÃO DE DESPESAS MÉDICAS, ODONTOLÓGICAS E COM PLANO DE SAÚDE. COMPROVAÇÃO. DEDUTIBILIDADE. Somente são dedutíveis na declaração de ajuste anual, a título de despesas com médicos, dentistas e planos de saúde, os pagamentos comprovados mediante documentos hábeis e idôneos, efetuados pelo contribuinte, e relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes. Inteligência da Lei 9.250/1995, art. 8°, inciso II, alínea “a” e § 2º, incisos II e III e do Decreto nº 3.000/1999, art. 73, caput e §§ 1º e 2º. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 72 89 19 /2 01 4- 49 Fl. 250DF CARF MF 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, dar provimento parcial ao recurso voluntário para restabelecer deduções com despesas médicas no valor de R$ 408,00 (quatrocentos e oito reais). (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Presidente e Relator. Participaram da presente sessão de julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Gregorio Rechmann Junior, Luis Henrique Dias Lima, e Renata Toratti Cassini. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Salvador (BA) – DRJ/SDR, que julgou procedente Notificação de Lançamento de Imposto sobre a Renda de Pessoa Física (IRPF), relativa ao ano calendário 2011 / exercício 2012, alterando o valor do imposto a restituir de R$ 4.492,61 (quatro mil, quatrocentos e noventa e dois reais e sessenta e um centavos) para R$ 2.893,21 (dois mil, oitocentos e noventa e três reais e vinte e um centavos) O crédito foi constituído em razão da glosa de despesas com pensão alimentícia, R$ 10.971,62 (dez mil, novecentos e cinquenta e oito reais e setenta e dois centavos), e com serviços de saúde, R$ 4.875,79 (quatro mil, oitocentos e setenta e cinco reais e setenta e nove centavos), por falta de previsão legal ou por falta comprovação. O contribuinte contestou o lançamento por meio da impugnação de fls. 64/73, alegando, em síntese que, quanto à pensão alimentícia, o acordo homologado judicialmente referese a pensão de 1/3 do seu salário líquido, ou seja 33% (trinta e três por cento) e não 18% (dezoito por cento), como entendera a autoridade autuante. Alegou ainda ser portador de moléstia, o que lhe daria direito à isenção do IRPF. Apresentou documentos no intento de comprovar as despesas médicas deduzidas na Declaração de Ajuste Anual DAA. A DRJ/SDR julgou a impugnação improcedente (Acórdão de Impugnação de fls. 128/130), por entender que: a) o contribuinte não comprovou ter o direito de deduzir valor superior ao já acatado pela Fiscalização a título de pensão alimentícia; b) um dos comprovantes de despesas médicas traz como beneficiário dos serviços pessoa não incluída como dependente na DAA; c) os comprovantes de pagamentos para a Unimed Centro Sul já foram aceitos pela autoridade autuante; d) o recorrente não apresentou recibo relativo ao pagamento feito para a Unimed Porto Alegre; e d) o relatório de consultas realizadas em 2011, tratase de serviços cobertos por plano de saúde. Fl. 251DF CARF MF Processo nº 11080.728919/201449 Acórdão n.º 2402006.093 S2C4T2 Fl. 3 3 Por ocasião do recurso voluntário, o Recorrente informa não ter conhecimento de todos os documentos constantes dos autos do processo, eis que esses não lhe teriam sido remetidos, tendo tomado conhecimento apenas da Notificação de Lançamento, que contém resumidamente os dados da autuação. Alega que: a) todos os documentos apresentados foram hábeis e idôneos; b) o documento denominado “relatório de consultas”, não se trata de um simples relatório e sim de “Histórico” de consultas, exames laboratoriais, atendimentos de urgências e hospitalizações realizados pelo próprio contribuinte e que, nesse documento, constam os valores por ele pagos, na COLUNA FRANQUIA, eis que não mais são emitidos recibos de pagamento em consultórios médicos, após a implantação do cartão magnético com senha pessoal pelo órgão de previdência a que está submetido, no caso, o Instituto de Previdência do Estado do Rio Grande do Sul (IPERGS); c) atualmente quem fornece recibo é o Pronto Atendimento da UNIMED Porto Alegre (instituição médica conveniada com o IPERGS), que apresenta junto a Nota Fiscal de serviço; d) há laboratórios de análises clínicas e de imagem que fornecem recibos, mas seriam raros. Não faz referência no recurso a eventual direito à isenção do IRPF pelo fato de ser portador de moléstia grave, tampouco à glosa dos valores deduzidos a título de pensão alimentícia. O julgamento foi convertido em diligência para que o Fisco verificasse junto ao IPERGS de quem teria sido a responsabilidade pelo pagamento dos valores relacionados na coluna “Valor da Franquia” do documento denominado “Histórico de beneficiários – consultas realizadas” (fls. 69/70), se do Instituto ou do próprio contribuinte por ocasião da prestação dos serviços. Na Informação Fiscal de fl. 232, a Unidade Preparadora apresentou o seguinte posicionamento: Em cumprimento da diligência determinada na fl. 229, informamos que, conforme já é de conhecimento desta equipe, em decorrência da reiterada análise desse tipo de comprovante, os valores descritos como “valor franquia” no documento das fls. 69 e 70 se referem ao ônus financeiro do titular do plano de assistência médica, cujo valor foi presumivelmente pago por esse titular ou por seu agregado diretamente ao prestador do serviço de saúde, enquanto os valores constantes da coluna “valor IPE” se referem aos valores pagos pelo IPERGS diretamente ao prestador do serviço. (Grifei) Intimado da Informação Fiscal, o recorrente apresentou manifestação, porém fora do prazo estabelecido na intimação de fl. 233. É o relatório. Fl. 252DF CARF MF 4 Voto Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho – Relator O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade, portanto, dele conheço. RAZÕES TRAZIDAS NA RESPOSTA À INTIMAÇÃO DECORRENTE DE INFORMAÇÃO FISCAL Cientificado da Informação Fiscal produzida pelo órgão preparador em atendimento à diligência demandada por esta Turma de Julgamento em 10/07/2017 (Vide Aviso de Recebimento AR emitido pelos Correios fl. 234), o sujeito passivo apresentou manifestação somente em 23/09/2017 (doc. de fls. 241/244), sob a alegação de ter requerido prorrogação de prazo para se manifestar. Nos termos do art. 35 do Decreto nº 7.574/2011, cientificado do resultado de diligências realizadas em razão de processo administrativo de seu interesse, ao contribuinte será concedido prazo de trinta dias para manifestação. Vejamos o que dispõe o dispositivo: Art.35. A realização de diligências e de perícias será determinada pela autoridade julgadora de primeira instância, de ofício ou a pedido do impugnante, quando entendêlas necessárias para a apreciação da matéria litigada (Decreto no70.235, de 1972, art. 18, com a redação dada pela Lei no8.748, de 9 de dezembro de 1993, art. 1o). Parágrafo único. O sujeito passivo deverá ser cientificado do resultado da realização de diligências e perícias, sempre que novos fatos ou documentos sejam trazidos ao processo, hipótese na qual deverá ser concedido prazo de trinta dias para manifestação (Lei nº 9.784, de 1999, art. 28). Embora tenha solicitado prorrogação de prazo para se pronunciar sobre o resultado da diligência, não há nos autos qualquer documento que dê conta do deferimento dessa solicitação, motivo pelo qual não se conhece da manifestação apresentada pelo contribuinte em face da Informação Fiscal elaborada pelo Fisco, o que significa dizer que os argumentos contidos em tal documento não serão apreciados no presente voto. MATÉRIAS NÃO ABORDADAS NO RECURSO VOLUNTÁRIO Examinandose o recurso apresentado pelo sujeito passivo, constatase que não houve qualquer manifestação em relação à propalada isenção em decorrência de moléstia grave ou quanto à pensão alimentícia glosada pela Fiscalização e cuja glosa foi mantida pela decisão recorrida. A respeito do recurso voluntário, o art. 33 do Decreto nº 70.235/1972 dispõe: Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão Fl. 253DF CARF MF Processo nº 11080.728919/201449 Acórdão n.º 2402006.093 S2C4T2 Fl. 4 5 De acordo com o citado art. 33, uma vez proferida a decisão da Delegacia da Receita Federal e julgamento, o contribuinte poderá interpor, dentro do prazo de trinta dias recurso voluntário contestando os pontos da decisão com os quais não tenha concordância. Assim, relativamente aos pontos não contestados, a decisão de primeira instância administrativa faz coisa julgada em âmbito administrativo, sendo incabível a contestação da decisão senão no prazo deferido por lei para a apresentação de recurso voluntário Dito isso, há que se esclarecer que mesmo que a manifestação apresentada em virtude da Informação Fiscal emitida pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em Porto Alegre o fosse dentro do prazo estabelecido no art. 35 do Decreto nº 7.574/2011, as matérias alheias ao recurso voluntário não seriam conhecidas e conseqeentemente não seriam analisadas em julgamento empreendido por este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Pelos motivos aqui expostos o presente acórdão não se deterá a análises a respeito de matérias que, mesmo abordadas na impugnação, não tenham sido objeto do recurso voluntário, como isenção por moléstia grave ou pensão alimentícia. DA PRELIMINAR Em sede de preliminar o Recorrente informa não ter conhecimento de todos os documentos dos autos do processo, eis que esses não lhe teriam sido remetido, tendo tomado conhecimento apenas da Notificação de Lançamento, que contém resumidamente os dados. Embora não tenha o Recorrente manifestado sua intenção com relação a essa preliminar, convém salientar que requisitos necessários ao lançamento são aqueles relacionados no art. 10 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. In verbis: Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do autuado; II o local, a data e a hora da lavratura; III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de trinta dias; VI a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Examinando a Notificação de Lançamento verificase que todos os elementos indicados no citado art. 10 encontramse presentes na referida Notificação, não se vislumbrando qualquer irregularidade no lançamento efetuado. Além disso, o inciso II do art. 3º Lei nº 9.784 , de 29 de janeiro de 1999, faculta aos administrados, caso seja de seu interesse, ter vistas de processos de seja parte, bem assim obter cópias dos documentos nele contidos. Fl. 254DF CARF MF 6 Art. 3º O administrado tem os seguintes direitos perante a Administração, sem prejuízo de outros que lhe sejam assegurados: [...] II ter ciência da tramitação dos processos administrativos em que tenha a condição de interessado, ter vista dos autos, obter cópias de documentos neles contidos e conhecer as decisões proferidas; Assim, não assiste razão ao contribuinte quanto a alegação apresentada, visto que esse foi informado do procedimento fiscal mediante Notificação de Lançamento da qual constam todos os elementos previstos para a lavratura do Auto de Infração. Além disso, não há qualquer registro quanto a manifestação acerca de pedido de vista ou solicitação de documentos que sujeito passivo julgasse necessário à sua defesa. Em vista disso, afasto a preliminar. DO MÉRITO Com relação ao objeto do apelo recursal, a definição da base de cálculo do Imposto de Renda das Pessoas Físicas IRPF, bem assim a possibilidade de dedução de despesas relativa à prestação de serviços médicos, odontológicos e com planos de saúde têm como base o inciso I, a alínea “a” do inciso II e os incisos I a III do § 2º do art. 8º da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, abaixo transcritos: Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: I de todos os rendimentos percebidos durante o anocalendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II das deduções relativas: a) aos pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias; [...] § 2º O disposto na alínea a do inciso II: I aplicase, também, aos pagamentos efetuados a empresas domiciliadas no País, destinados à cobertura de despesas com hospitalização, médicas e odontológicas, bem como a entidades que assegurem direito de atendimento ou ressarcimento de despesas da mesma natureza; II restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Geral de Contribuintes CGC de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento; [...] (Grifei) Fl. 255DF CARF MF Processo nº 11080.728919/201449 Acórdão n.º 2402006.093 S2C4T2 Fl. 5 7 De acordo com as disposições normativas reproduzidas acima, para que seja lícita a dedução de despesas médicas da base de cálculo do imposto essas têm de dizer respeito a pagamentos especificados, comprovados e efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento ou ao de seus dependentes legais. Ainda de acordo com os normativos cotejados, a autoridade administrativa pode, a seu juízo, exigir a comprovação ou justificação das despesas objeto de dedução com o fim de verificar sua efetiva ocorrência e o atendimento dos requisitos prescritos em lei e, caso o pagamento dessas despesas não restem comprovados ou verifiquemse ausentes outras condições legalmente estabelecidas, as deduções serão glosadas por meio do lançamento respectivo. No presente caso, os únicos documentos apresentados por ocasião da impugnação foram i) comprovante de despesa médica paga a Rafael Antônio Widholzer Rey (fl. 71), referente a tratamento de Anita Gonçalves da Costa, pessoa não incluída como dependente do Recorrente; ii) comprovantes de pagamentos para a Unimed Centro Sul, já aceitos pelo Fiscalização por ocasião do lançamento; e iii) relatório de consultas realizadas em 2011 (fls. 69/70). Por certo, não há como acolher a alegação do sujeito passivo de que a maioria dos laboratórios de análises clínicas e de imagem não fornecem recibos relativos aos serviços por eles prestados e, muito menos, que isso justificaria a não apresentação desses documentos para fins de dedução. Reiterase que o inciso III do § 2º do art. 8º da Lei nº 9.250/1995 é expresso no sentido de que as deduções de despesas com serviços de saúde limitamse a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no CPF ou no CNPJ de quem os recebeu. Com relação a tais despesas, o Recorrente sequer logrou apresentar documentos que pudessem sugerir sua ocorrência, motivo pelo qual a glosa deve ser mantida. Do mesmo modo, os dispositivos legais acima reproduzidos indicam que somente são passíveis de dedução as despesas havidas com o contribuinte e seus dependentes legais, logo, não há como considerar o recibo emitido por Rafael Antônio Widholzer Rey, pois o destinatário dos serviços não se trata de dependente do sujeito passivo. Quanto ao relatório expedido pelo o Instituto de Previdência do Estado do Rio Grande do Sul (IPERGS), verificase que do documento, além do que foi pago pelo próprio Instituto, constam desembolsos feitos a título de franquia, que, de acordo com a Informação Fiscal emitida pelo órgão preparador, referem ao ônus financeiro do titular do plano de assistência médica, cujo valor foi presumivelmente pago por esse titular ou por seu agregado. Os valores despendidos a título de franquia encontramse discriminados no quadro a seguir: Seq CPF/CNPJ NOME/NOME EMPRESARIAL Cód Dedução Restabelecida 01 92.815.000/000168 IRMANDADE DA SANTA CASA DE MISE 021 15,00 02 106.354.59000 MARCO ANTONIO TAVARES DA SILVA 010 111,00 03 823.276.80530 CARLOS ROBERTO BAILON 010 45,00 04 136.406.23053 NILO BRAUWERS 010 87,00 05 315.520.05020 SILVIO LUIZ CECIN 010 15,00 06 316.280.44004 JOSE HENRIQUE CORREA RODRIGUES 010 15,00 Fl. 256DF CARF MF 8 07 435.122.40020 ADRIANA MARIA KORENOWSKI URANGA 010 30,00 08 390.722.90020 EDUARDO FERLA CAMPOS 010 30,00 09 806.469.48091 FABIANA SPILLARI VIOLA 010 15,00 10 625.981.98034 JOSE CARLOS DE MOURA JARDIM NETO 010 15,00 11 198.596.00015 VILSON OCHMAN 010 30,00 TOTAL 408,00 Assim, entendo que se deva restabelecer a deduções em relação aos prestadores de serviço acima relacionados, em um total de R$ 408,00 (quatrocentos e oito reais), conforme declarado na DAA. CONCLUSÃO Ante o exposto, voto no sentido de NÃO CONHECER da manifestação intempestiva apresentada em face da Informação Fiscal emitida em razão de diligência fiscal demandada pelo órgão julgador, CONHECER e DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário, para restabelecer deduções com despesas médicas no valor de R$ 408,00 (quatrocentos e oito reais). (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Fl. 257DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10746.904211/2012-03
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon May 07 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/05/2008 a 31/05/2008
EXIGÊNCIAS DA FISCALIZAÇÃO QUANTO À FORMA DE APRESENTAÇÃO DA DOCUMENTAÇÃO VERDADE MATERIAL. EXAME DOS DOCUMENTOS APRESENTADOS. CABÍVEL.
A busca da verdade material justifica o exame dos documentos apresentados, ainda que não cumpridas as exigências da fiscalização quanto à forma de apresentação, registrando-se que a norma faculta a apresentação destes em papel.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3301-004.349
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
José Henrique Mauri - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri (Presidente Substituto), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Suplente convocada), Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: JOSE HENRIQUE MAURI
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri - Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri (Presidente Substituto), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Suplente convocada), Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
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PIS/COFINS. Recorrente JOÃO ALVES DE ALMEIDA GOIANO EPP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/05/2008 a 31/05/2008 EXIGÊNCIAS DA FISCALIZAÇÃO QUANTO À FORMA DE APRESENTAÇÃO DA DOCUMENTAÇÃO VERDADE MATERIAL. EXAME DOS DOCUMENTOS APRESENTADOS. CABÍVEL. A busca da verdade material justifica o exame dos documentos apresentados, ainda que não cumpridas as exigências da fiscalização quanto à forma de apresentação, registrandose que a norma faculta a apresentação destes em papel. Recurso Voluntário Negado Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri (Presidente Substituto), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Suplente convocada), Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 74 6. 90 42 11 /2 01 2- 03 Fl. 945DF CARF MF Processo nº 10746.904211/201203 Acórdão n.º 3301004.349 S3C3T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra o Acórdão nº 03052.860, proferido pela 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília. Por meio de Despacho Decisório foi indeferido o pleito constante do Per/DComp transmitido pela contribuinte, em razão da realização de pagamento a maior. A fiscalização contrapondose ao alegado pela parte interessada, constatou a existência de um ou mais débitos, havendo o crédito declarado sido integralmente utilizado para a liquidação desses débitos, resultando na insuficiência de saldo credor para a realização da compensação pretendida. Manifestando a sua inconformidade, consubstanciada no art. 165, I, do CTN, a contribuinte deduziu a sua discordância ao despacho decisório, de acordo com as seguintes razões de defesa: (a) o despacho decisório foi emitido antes da retificação da DCTF e da DACON; (b) a partir da retificação desses documentos tornouse possível a Receita localizar o crédito alegado; e (c) demonstrado a existência do crédito aludido nos moldes de planilha contida na exordial, restou o direito à restituição correspondente. A título de comprovação de direito alegado fez colação aos autos das DCTF e DACON, bem assim de suas respectivas retificadoras e da cópia do DARF pago a maior, para postular pelo acolhimento de sua manifestação e pela insubsistência do aludido despacho. A 4ª Turma da DRJ/BSB julgou improcedente a manifestação de inconformidade e não reconheceu o direito creditório sob o fundamento, em síntese, que não foi comprovada a liquidez e certeza de direito creditório contra a Fazenda Nacional passível de restituição. Em razão do indeferimento de sua manifestação de inconformidade, a contribuinte protocolou recurso voluntário e, para demonstrar o seu direito ao direito alegado, colacionou aos autos documentação comprobatória, e no que atine ao mérito reiterou os termos expendidos na exordial para requerer pelo provimento do seu recurso. Encaminhado o processo para julgamento por este Carf, a 3ª Turma Especial desta Terceira Sessão decidiu pela conversão daquele em diligência, por meio da Resolução 3803000.585. Consta dos autos despacho proferido por autoridade administrativa da SAORT/DRFB em Palmas/TO, em cumprimento ao procedimento de Diligência Fiscal, através da Informação Fiscal SAORT/DRF/PAL/TO, no qual foi realizado o confronto entre as informações provenientes de Declarações da requerente armazenadas nos sistemas de controle da RFB e as constantes nos documentos fiscais apresentados (planilhas e notas fiscais), onde propôs o indeferimento total do Pedido de Restituição. Cientificada do resultado da diligência, a contribuinte veio "declarar que está de acordo com os valores propostos pela autoridade fiscal perante o CARF, conforme Fl. 946DF CARF MF Processo nº 10746.904211/201203 Acórdão n.º 3301004.349 S3C3T1 Fl. 4 3 Informação Fiscal SAORT/DRF/PAL/TO, onde propôs o deferimento parcial do Pedido de Restituição, reconhecendo assim o direito creditório em favor do requerente"(sic). É o relatório. Voto Conselheiro José Henrique Mauri, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301004.331, de 20 de março de 2018, proferido no julgamento do processo 10746.904181/201227, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301004.331): "A recorrente bem coloca a discussão, no recurso voluntário que apresentou: A Delegacia de Julgamento julgou improcedente a manifestação de inconformidade por entender que, para se comprovar a existência de crédito supostamente decorrente de pagamento a maior, a simples entrega de declarações retificadoras não é bastante e que "é imprescindível que seja demonstrado na escrituração contábil fiscal, baseada em documentos hábeis e Fl. 947DF CARF MF Processo nº 10746.904211/201203 Acórdão n.º 3301004.349 S3C3T1 Fl. 5 4 idôneos, a diminuição do valor do débito correspondente a cada período de apuração", ônus este, da contribuinte. Em seu recurso a esta decisão de primeira instância, a contribuinte juntou livros contábeis e fiscais, além de notas fiscais. Sucederamse então exigências da fiscalização quanto à forma de apresentação da documentação. Registrese que a norma faculta a apresentação desta em papel. Tal questão fora ultrapassada por resolução de Turma desta CARF, a qual determinou que se baixassem os autos em diligência, em apreço ao princípio da verdade material, "com vistas à apuração e pronunciamento acerca da existência de direito creditório, e se o mesmo é o bastante suficiente (sic) para a liquidação dos débitos indicados no Per/DComp transmitido", o que fez acertadamente, a meu ver. A norma em pauta, Lei nº 10.833/03, artigos 58A e 58B (revogados em 2015, mas vigentes à época dos fatos), de fato, dá direito à redução 0% as alíquotas do PIS e da Cofins em relação às receitas auferidas por comerciantes atacadistas e varejistas, decorrentes da venda dos produtos lá especificados, o que fora verificado em sede de diligência A recorrente traz indevidamente tal questão como preliminar. Seguem os dispositivos legais referidos: Fl. 948DF CARF MF Processo nº 10746.904211/201203 Acórdão n.º 3301004.349 S3C3T1 Fl. 6 5 Por fim, ultrapassada a relatada questão da apresentação de documentos, o resultado da diligência demonstrou o desacerto das valores que a contribuinte pretende ter como crédito, propondo o "indeferimento total do PER sob nº 01296.07698.291210.1.2.049025" (grifos do original), com o que concordo. Assim, por todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo o resultado da diligência demonstrou o desacerto dos valores que a contribuinte pretende ter como crédito, propondo o indeferimento total do PER apresentado, com o que concordo. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o Colegiado decidiu negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Fl. 949DF CARF MF
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Numero do processo: 17437.720391/2012-05
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 10 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon May 07 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/04/2008 a 30/06/2008
CRÉDITO BÁSICO. IPI VINCULADO À IMPORTAÇÃO. LANÇAMENTO POR AUTO DE INFRAÇÃO. PROVA.
Em uma situação em que é exigida a diferença de IPI vinculado à importação mediante lançamento do crédito tributário por auto de infração, decorrente de reclassificação fiscal em revisão aduaneira, a confirmação da existência do auto, combinada com a prova de sua quitação, seja pela apresentação do Darf do pagamento, seja pela homologação expressa da compensação, configura prova suficiente do direito ao crédito básico previsto no inciso V do art. 226 do Decreto nº 7.212, de 2010.
Numero da decisão: 3002-000.098
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Larissa Nunes Girard Presidente e Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Larissa Nunes Girard (Presidente), Carlos Alberto da Silva Esteves, Diego Weis Junior e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões.
Nome do relator: LARISSA NUNES GIRARD
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/04/2008 a 30/06/2008 CRÉDITO BÁSICO. IPI VINCULADO À IMPORTAÇÃO. LANÇAMENTO POR AUTO DE INFRAÇÃO. PROVA. Em uma situação em que é exigida a diferença de IPI vinculado à importação mediante lançamento do crédito tributário por auto de infração, decorrente de reclassificação fiscal em revisão aduaneira, a confirmação da existência do auto, combinada com a prova de sua quitação, seja pela apresentação do Darf do pagamento, seja pela homologação expressa da compensação, configura prova suficiente do direito ao crédito básico previsto no inciso V do art. 226 do Decreto nº 7.212, de 2010.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Larissa Nunes Girard Presidente e Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Larissa Nunes Girard (Presidente), Carlos Alberto da Silva Esteves, Diego Weis Junior e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/04/2008 a 30/06/2008 CRÉDITO BÁSICO. IPI VINCULADO À IMPORTAÇÃO. LANÇAMENTO POR AUTO DE INFRAÇÃO. PROVA. Em uma situação em que é exigida a diferença de IPI vinculado à importação mediante lançamento do crédito tributário por auto de infração, decorrente de reclassificação fiscal em revisão aduaneira, a confirmação da existência do auto, combinada com a prova de sua quitação, seja pela apresentação do Darf do pagamento, seja pela homologação expressa da compensação, configura prova suficiente do direito ao crédito básico previsto no inciso V do art. 226 do Decreto nº 7.212, de 2010. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Larissa Nunes Girard – Presidente e Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Larissa Nunes Girard (Presidente), Carlos Alberto da Silva Esteves, Diego Weis Junior e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 17 43 7. 72 03 91 /2 01 2- 05 Fl. 74DF CARF MF Processo nº 17437.720391/201205 Acórdão n.º 3002000.098 S3C0T2 Fl. 3 2 Relatório Trata o processo de pedido de ressarcimento de IPI vinculado à importação no valor de R$ 5.407,05, relativo ao imposto devido em importações realizadas no 2º trimestre/2008 e lançado por meio de auto de infração em 2010. O pedido foi formalizado em novembro/2012 (fl. 2). Ao invés de utilizar o programa Per/Dcomp, o contribuinte apresentou um formulário, sob a alegação de que os valores a compensar não constavam de notas fiscais, mas haviam sido identificados em procedimento fiscal, que constatou erro na classificação da mercadoria, e foram exigidos mediante auto de infração, situação essa que gerou erro impeditivo de transmissão do PER. O pedido foi instruído com documentos de identificação/procuração e contrato social (fls. 3 a 14), Auto de Infração/Processo nº 11041.000869/201074 – juntado na parte que relativa ao montante deste processo (fls. 15 a 20), Despacho Decisório DRF/PEL Saort nº 313/2012 (fl. 21), tela de Aviso de Erro do Per/Dcomp (fl. 22). Por meio do Relatório de Verificações Fiscais e do Despacho Decisório IRF/BG nº 14/2013 (fls. 32 a 37), a Delegacia da Receita Federal em Bagé decidiu pela denegação do pedido de ressarcimento, por entender tratarse de uma solicitação de restituição de valores já utilizados em compensação, o que significaria utilização em duplicidade dos créditos, não prevista em legislação. A recorrente apresentou manifestação de inconformidade na qual alegou que o ressarcimento que solicitava era relativo à diferença de IPI exigida por meio de auto de infração e “paga” com créditos de IPI que havia pedido anteriormente. Uma vez que essa diferença era relativa a importações de folhas para a fabricação de latas, e que o produto acabado era vendido com suspensão de IPI para uma empresa exportadora, entendia que tinha direito ao ressarcimento do IPI (fl. 43). Instruiu sua manifestação de inconformidade com identificação e contrato social (fls. 44 a 54). A Delegacia de Julgamento em Ribeirão Preto proferiu o Acórdão nº 14 48.832 (fls. 62 a 65), por meio do qual decidiu pela improcedência da manifestação de inconformidade, tendo em vista que a recorrente falhou em provar que não estava requerendo ressarcimento em duplicidade, nos termos da ementa a seguir: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/04/2008 a 30/06/2008 ÔNUS DA PROVA. Cabe à defesa o ônus da prova dos fatos que fundamentam o pedido de ressarcimento. Manifestação de Inconformidade Improcedente Fl. 75DF CARF MF Processo nº 17437.720391/201205 Acórdão n.º 3002000.098 S3C0T2 Fl. 4 3 Direito Creditório Não Reconhecido O contribuinte tomou ciência do Acórdão proferido pela DRJ em 14/03/2014, conforme ciência pessoal na Comunicação nº 2/037/2014 constante à fl. 70, e protocolizou seu recurso voluntário em 15/04/2014, conforme carimbo do protocolo no Recurso à fl. 71. Em seu recurso voluntário a recorrente repisa os mesmos argumentos da manifestação de inconformidade (fl. 71). É o relatório. Voto Conselheira Larissa Nunes Girard O recurso voluntário é tempestivo, preenche os requisitos formais de admissibilidade, inclusive quanto à competência das Turmas Extraordinárias e, portanto, dele tomo conhecimento. O cerne deste julgamento consiste em definir se o contribuinte solicitou ressarcimento de um crédito que já havia utilizado em uma compensação, ou seja, se ele tenta usar o mesmo crédito uma segunda vez e, para tanto, fazse necessário recompor a cronologia dos eventos a partir das informações de que se dispõe neste processo. O contribuinte realizou diversas importações de tampas de folha de flandres para a fabricação de latas de conserva para o acondicionamento de alimentos com alíquota menor do que a devida, acarretando um recolhimento a menor de IPI, PIS e Cofins. Para fins de lançamento no auto de infração, foram consideradas as importações realizadas entre 01/01/2007 e 31/07/2009. O valor do IPI devido para todo o período, sem considerar juros e multa, foi de R$ 126.752,58. O procedimento de revisão aduaneira iniciouse em outubro/2010, com a devida ciência do contribuinte. Entretanto, anteriormente ao início dessa revisão, no ano de 2009, o contribuinte entrou com um pedido de ressarcimento de IPI (PER nº 34797.31655.090609 1.1.016094). Não se sabe a data de registro desse PER6094, sabese apenas que foi em 2009 pelo número do processo ao qual está vinculado (processo nº 11041.000306/200942). Do Despacho Decisório DRF/PEL Saort nº 313/2012 (fl. 21), proferido em resposta ao PER6094, destacamos: (...) RECONHEÇO o direito creditório no valor de R$ 223.516,65 (duzentos e vinte e três mil, quinhentos e dezesseis reais e sessenta e cinco centavos) a título de ressarcimento de IPI referente ao 1º trimestre de 2009, solicitado através do Pedido de Ressarcimento nº 34797.31655.090609.1.1.016094, havendo uma glosa de R$ 319,83 (trezentos e dezenove reais e oitenta e três centavos) do valor solicitado e HOMOLOGO a compensação de débitos constantes das Declarações de Compensação nº 31986.51404.210111.1.3.010991 e 18048.9833.210111.1.3.010316, conforme demonstrativo abaixo, restando após compensação das declarações saldo Fl. 76DF CARF MF Processo nº 17437.720391/201205 Acórdão n.º 3002000.098 S3C0T2 Fl. 5 4 credor de R$ 41.557,66 (quarenta e um mil, quinhentos e cinquenta e sete reais e sessenta e seis centavos): (grifado) Desse parágrafo extraemse informações que nos permitem fazer algumas inferências sobre o caso. Primeiro, o PER6094, que já sabemos ter sido registrado antes do início da revisão aduaneira, referiase exclusivamente a um crédito do 1º trimestre/2009, confirmando que não guardava, portanto, relação com o que se apurou no auto de infração. Segundo, foi solicitada a compensação do débito exigido por auto de infração com o crédito de IPI reconhecido no PER6094 – naturalmente que essa solicitação foi posterior à ciência do auto de infração, por uma questão de lógica. Essa compensação foi declarada por meio da DCOMP nº 31986.51404.210111.1.3.010991. Assim, temos o PER 6094 registrado em 2009 e a DCOMP0991 registrada em algum momento após a ciência do auto de infração e o ano de 2012, quando é proferida decisão sobre os pedidos. Partindo agora para o Relatório de Verificações Fiscais que embasou o Despacho Decisório IRF/BG nº 14/2013 (fls. 32 a 37), que denegou o PER s/nº que inaugura o presente processo, vemos que a Delegacia reconheceu a procedência da alegação de que foi lançada a diferença de IPI vinculado à importação e de que tal débito foi extinto com créditos do PER6094, sendo tal compensação expressamente homologada pela Delegacia em Pelotas: De fato, analisandose o auto de infração do processo nº 11041.00869/201074 anexado aos autos, verificase que o contribuinte à época beneficiouse da alíquota de 5% de IPI até 12/05/2008 e de 0% a partir de 13/05/2008, tendo em vista erro de classificação fiscal das mercadorias importadas. Através deste auto de infração, foi feito o lançamento dos valores devidos após as autoridades fiscais constatarem que a alíquota correta seria a de 10%. Não tendo sido apresentado o correspondente recurso, tal lançamento foi definitivamente constituído na esfera da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB). Estes valores inicialmente lançados no processo nº 11041.00869/201074 foram compensados na PERDCOMP nº 31986.51404.210111.1.3.01 0991 sendo tal compensação homologada pelo Despacho Decisório DRF/PEL SAORT nº 31, de 28 de maio de 2012, todos anexados aos autos. (grifado) Estes valores pleiteados pelo contribuinte foram compensados com o IPI do 1º Trimestre de 2009, conforme consta neste documento. (grifado) Todavia, a partir desse ponto, percebese um equívoco no raciocínio desenvolvido. Apontase para a exata correspondência entre os débitos compensados na DCOMP0991 e os créditos para os quais se solicita ressarcimento no presente processo, concluindo que seriam pedidos em duplicidade: Em anexo a este relatório consta um resumo deste PERDCOMP nº 31986.51404.210111.1.3.01 – 0991 onde verificase a exata correspondência dos valores trimestrais declarados com aqueles da tabela constante no item 1 deste relatório. Fl. 77DF CARF MF Processo nº 17437.720391/201205 Acórdão n.º 3002000.098 S3C0T2 Fl. 6 5 Logo, concluise que todos os pedidos de ressarcimento tratados são na realidade solicitações de restituição de valores compensados. E estas solicitações não se enquadram em nenhuma hipótese previstas no art. 165 da Lei nº 5.172/66 (CTN) repetidas no art. 2º da Instrução Normativa RFB nº 900/08, em vigor à época do protocolo destes pedidos: (...) Em outras palavras, o contribuinte solicita “ressarcimento” de valores provenientes de auto de infração compensados com o IPI do 1º Trimestre de 2009, resultando na duplicidade deste crédito já usado, caso isto fosse possível. Ademais, não se pode esquecer que a declaração de compensação, e aqui referese a PERDCOMP nº 31986.51404.210111.1.3.01 – 0991, constituise confissão de dívida, conforme § 6º do art. 74 da Lei nº 9.430/96, incluído pela Lei 10.833/03:(...) Entendo que não há duplicidade. Em um primeiro momento, esses valores aparecem como débitos na DCOMP0991, a serem compensados com os créditos do PER 6094. Em um segundo momento, após a homologação da compensação, tais valores passam a representar IPI pago e, por esse motivo, são informados como créditos no PER s/nº que inaugura o presente processo. É claro que são os mesmos valores, mas com uma natureza diferente: o débito de IPI transformase em crédito após a compensação – e ele foi compensado com um crédito que não guarda relação com o auto de infração. Vejamos o Demonstrativo de Apuração do auto de infração (fls. 18 e 19). Há 3 colunas: imposto devido (calculado com a alíquota correta, após a reclassificação fiscal), imposto recolhido (imposto pago no momento do registro da declaração de importação) e diferença apurada (valor de IPI lançado pela fiscalização e que foi compensado por meio da DCOMP0991, homologada expressamente). Seguem os valores totais do período: Imposto Devido Imposto Recolhido Diferença Apurada 10.814,07 5.407,02 5.407,05 Em suma, o que o contribuinte pleiteia é que se reconheça o direito ao crédito da “diferença apurada”, no que, entendo, lhe cabe razão. A Delegacia de Julgamento tomou a mesma direção da unidade de origem, acrescentando como motivação a falta de prova, como se vê no trecho a seguir do Acórdão DRJ: Destarte, se a fiscalização, após exame da documentação apresentada pelo contribuinte conclui que o pedido de ressarcimento foi feito em duplicidade, caberia a defesa contrapor provas contra tal conclusão, a simples alegação de que o IPI pago na importação confere direito ao crédito não é suficiente para afastar o fundamento do Despacho Denegatório. (grifado) Em relação ao ônus da prova, entendo ter o contribuinte se desincumbido de sua tarefa, pois juntou à manifestação de inconformidade cópia do auto de infração, que é a Fl. 78DF CARF MF Processo nº 17437.720391/201205 Acórdão n.º 3002000.098 S3C0T2 Fl. 7 6 origem do imposto, e a homologação expressa da compensação, que é a prova da quitação do débito. Tais documentos, considerados conjuntamente, demonstram que o IPI decorria da importação de matériaprima para industrialização e que o crédito tributário exigido foi extinto por meio de compensação, configurando hipótese para creditamento prevista no RIPI/2010: Art.226. Os estabelecimentos industriais e os que lhes são equiparados poderão creditarse: (...) V do imposto pago no desembaraço aduaneiro; É certo que a diferença apurada em revisão aduaneira não foi paga no desembaraço aduaneiro, mas incorporase ao que foi pago originalmente, é a diferença que faltou pagar quando do desembaraço e foi exigida em procedimento de revisão aduaneira. Neste caso, dadas as suas particularidades, não há que se falar na exigência de nota fiscal ou de livro contábil para demonstração do direito creditório. Concluise que a recorrente demonstrou o seu direito ao crédito relativo à diferença de IPI exigida em auto de infração, excluídos a multa e os juros de mora, condicionado o ressarcimento à verificação pela unidade de origem da quitação de impostos e contribuições federais do interessado. Diante do exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário e reconhecer o direito creditório. (assinado digitalmente) Larissa Nunes Girard Relatora Fl. 79DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10183.720111/2006-92
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Apr 19 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jun 26 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Ano-calendário: 2003
ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ISENÇÃO. APRESENTAÇÃO DE ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA). OBRIGATORIEDADE A PARTIR DE LEI 10.165/00. APRESENTAÇÃO APÓS DO INÍCIO DA AÇÃO FISCAL. INTEMPESTIVA
A apresentação do ADA, a partir do exercício de 2001, tornou-se requisito para a fruição da redução da base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR em relação as áreas de preservação permanente, passando a ser, regra geral, uma isenção condicionada, tendo em vista a promulgação da Lei n.º 10.165/00, que alterou o conteúdo do art. 17-O, §1º, da Lei n.º 6.938/81.
A apresentação de ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL - ADA após do início da ação fiscal, é considerada intempestiva, não fazendo jus, assim, à redução da base de cálculo do ITR.
ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO NO REGISTRO DE IMÓVEIS ANTES DA OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR. NECESSIDADE. APRESENTAÇÃO TEMPESTIVA DE ADA. DISPENSÁVEL.
Para ser possível a dedução da área de reserva legal da base de cálculo do ITR, basta sua averbação à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, antes da ocorrência do fato gerador do tributo, sendo dispensável a apresentação tempestiva de Ato Declaratório Ambiental - ADA. No caso, a averbação ocorreu antes da ocorrência do fato gerador, assim, não é de se manter a glosa.
Numero da decisão: 9202-006.824
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento parcial, para restabelecer a glosa da Área de Preservação Permanente (APP) de 402,0 hectares, vencidas as conselheiras Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patricia da Silva, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA
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ISENÇÃO. APRESENTAÇÃO DE ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA). OBRIGATORIEDADE A PARTIR DE LEI 10.165/00. APRESENTAÇÃO APÓS DO INÍCIO DA AÇÃO FISCAL. INTEMPESTIVA A apresentação do ADA, a partir do exercício de 2001, tornouse requisito para a fruição da redução da base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR em relação as áreas de preservação permanente, passando a ser, regra geral, uma isenção condicionada, tendo em vista a promulgação da Lei n.º 10.165/00, que alterou o conteúdo do art. 17O, §1º, da Lei n.º 6.938/81. A apresentação de ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL ADA após do início da ação fiscal, é considerada intempestiva, não fazendo jus, assim, à redução da base de cálculo do ITR. ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO NO REGISTRO DE IMÓVEIS ANTES DA OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR. NECESSIDADE. APRESENTAÇÃO TEMPESTIVA DE ADA. DISPENSÁVEL. Para ser possível a dedução da área de reserva legal da base de cálculo do ITR, basta sua averbação à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, antes da ocorrência do fato gerador do tributo, sendo dispensável a apresentação tempestiva de Ato Declaratório Ambiental ADA. No caso, a averbação ocorreu antes da ocorrência do fato gerador, assim, não é de se manter a glosa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 18 3. 72 01 11 /2 00 6- 92 Fl. 298DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento parcial, para restabelecer a glosa da Área de Preservação Permanente (APP) de 402,0 hectares, vencidas as conselheiras Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira – Relatora Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patricia da Silva, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório Tratase de retorno de diligência fiscal em atendimento à Resolução nº 9202 000.057 (fls. 273/280) da Segunda Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, que em sessão plenária de 27/10/2016, no julgamento do processo informado acima, prolatou o seguinte: “Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência à Câmara recorrida, para que esta complemente a análise de admissibilidade do Recurso Especial da Fazenda Nacional, com retorno à relatora, para prosseguimento”. Uma vez que o processo retornou à CSRF com a complementação da análise de admissibilidade do Recurso Especial da Fazenda Nacional solicitado por mim, Relatora, adoto na íntegra, relatório da Resolução nº 9202000.057, concluso para julgamento, verbis: “Tratase de Auto de Infração (fls. 01/05) relativo ao Imposto Territorial Rural ITR do imóvel denominado Fazenda Santa Maria, com área de 9.516,0 ha (NIRF 1.091.5591), localizado no município de Cláudia/MT, relativo aos exercícios 2001 e 2002, por meio do qual se exige crédito tributário no valor de R$ 2.723.793,106, incluídos multa de ofício no percentual de 75% (setenta e cinco por cento) e juros de mora. Com a ação fiscal, decorrente do trabalho de revisão das DITR/2003, 2004 e 2005, a contribuinte foi intimada a apresentar vários documentos, com base na legislação pertinente detalhada no Termo de Intimação, fls. 06 e 07. Importante registrar, que os documentos solicitados foram para os três exercícios citados acima, sendo que o lançamento do exercício 2004 foi autuado no processo nº 10183.720112/200637 e o de 2005, no processo 10183.720113/200681. Fl. 299DF CARF MF Processo nº 10183.720111/200692 Acórdão n.º 9202006.824 CSRFT2 Fl. 3 3 Em resposta foram apresentados documentos juntados ao processo 10183.720113/200681 para o exercício 2005 e, posteriormente, em 07/06/2006, com a carta de fl. 52, do mesmo processo, foram encaminhados os documentos de fls. 53 a 55 daqueles autos, os quais são: ADA protocolado no IBAMA em 31/05/2006 e cópia do Termo de Intimação. No procedimento de análise e verificação da documentação, a autoridade fiscal verificou a não regularização das áreas de Preservação Permanente e de Reserva Legal para isenção, uma vez que o ADA foi protocolado no IBAMA após o prazo regulamentar para os exercícios em análise, além do que não foi comprovada, em ralação à Exploração Extrativa alegada pela contribuinte, a implantação de Plano de Manejo Sustentado para tal atividade ou o cumprimento do cronograma físicofinanceiro previsto no plano. Mais: relativamente ao VTN, o Laudo Técnico solicitado não foi providenciado. Assim, as áreas em questão foram glosadas, bem como procedidas as demais alterações conseqüentes. O VTN foi modificado com a utilização dos valores constantes da tabela do SIPT, conforme artigo 14, da Lei nº 9.393/1996. As razões de fato e de direito para as devidas alterações foram registradas na Descrição dos Fatos e Enquadramentos Legais, e uma vez apurado o crédito tributário, lavrouse a Auto de Infração, cuja ciência à interessada foi dada em 27/09/2006. A autuada apresentou impugnação, tendo a Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Campo Grande/MS julgado o lançamento procedente, mantendo o lançamento integralmente, fls. 93. Apresentado Recurso Voluntário pela autuada, os autos foram encaminhados ao CARF para julgamento do mesmo. No Acórdão de Recurso Voluntário, fls. 206, o Colegiado, por unanimidade de votos, deu parcial provimento ao recurso, para restabelecer a área de preservação permanente de 402,0 ha e a área de utilização limitada de 7.612,0 ha. Portanto, em sessão plenária de 17/04/2012, deuse parcial provimento ao recurso, prolatandose o Acórdão nº 2102001.934, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2003 ADA INTEMPESTIVO. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E DE UTILIZAÇÃO LIMITADA. Comprovadas a existência da área de preservação permanente e a averbação da área de reserva legal, o ADA intempestivo, por si só, não é condição suficiente para impedir o contribuinte de usufruir do benefício fiscal no âmbito do ITR. VALOR DA TERRA NUA (VTN). ARBITRAMENTO. É lícito o arbitramento do VTN, apurado com base nos valores do Sistema de Preços de Terra (SIPT), quando o contribuinte deixar de comprovar o VTN informado na Declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (DITR), por meio Fl. 300DF CARF MF 4 de laudo de avaliação, elaborado nos termos da NBRABNT 146533. MULTA DE OFÍCIO. PRINCÍPIO DO NÃOCONFISCO. EXAME DE CONSTITUCIONALIDADE. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. (Súmula CARF nº 2, publicada no DOU, Seção 1, de 22/12/2009) Recurso Voluntário Provido em Parte. O processo foi encaminhado para ciência da Fazenda Nacional, em 17/05/2012 para cientificação em até 30 dias, nos termos da Portaria MF nº 527/2010. A Fazenda Nacional interpôs, tempestivamente, em 29/06/2012, o presente Recurso Especial. Em seu recurso visa a reforma da decisão recorrida, mantendose a glosa referente à área indicada como de reserva legal e de preservação permanente. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, fls. 212, conforme o Despacho s/nº da 1ª Câmara, de 08/05/2013, que assim concluiu: De fato, o acórdão paradigma é divergente do recorrido. No paradigma, entendese que é indispensável a apresentação tempestiva do ADA como condição para o contribuinte usufruir do benefício fiscal no âmbito do ITR. Na decisão destes autos, que “o ADA extemporâneo, por si só, não é condição suficiente para arrostar a isenção tributária da área de preservação permanente”. Portanto, não há como negar a existência do dissenso jurisprudencial. Em seu Recurso Especial, a Recorrente traz as seguintes alegações: · que da análise das alegações apresentadas pelo contribuinte, cuja finalidade é ver reconhecida a isenção sobre as áreas apontadas como sendo de reserva legal e preservação permanente, confirmase o não cumprimento de forma tempestiva da exigência da protocolização do Ato Declaratório Ambiental – ADA, no IBAMA ou órgão conveniado. · que a Lei nº 9.393/96 prevê a exclusão das áreas de preservação permanente e reserva legal da incidência do ITR, em seu art. 10, inciso II, (...): · que, no tocante às áreas de preservação permanente e reserva legal, devese destacar que o citado dispositivo legal trata de concessão de benefício fiscal, razão pela qual deve ser interpretado literalmente, de acordo com o art. 111 da Lei nº 5.172, de 25/10/1966 – Código Tributário Nacional. · que, portanto, para efeito de exclusão das áreas de reserva legal e de preservação permanente da incidência do ITR, é necessário que o contribuinte comprove o reconhecimento formal específica e individualmente da área como tal, apresentando o ADA respectivo ou protocolizando requerimento de ADA perante o IBAMA ou em órgãos ambientais delegados por meio de convênio, no prazo de seis meses, contado a partir do término do prazo fixado para a entrega da declaração. Fl. 301DF CARF MF Processo nº 10183.720111/200692 Acórdão n.º 9202006.824 CSRFT2 Fl. 4 5 · que a exigência do ADA encontrase consagrada na Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, art. 170, §1º, com a redação dada pelo art. 1º da Lei nº 10.165, de 27/12/2000, já em vigor para o ITR do exercício de 2001, e é uma exigência que sempre decorreu da legislação tributária. · que esse diploma reiterou os termos da Instrução Normativa n° 43/97 e atos posteriores, no que concerne ao meio de prova disponibilizado aos contribuintes para o reconhecimento das áreas de utilização limitada, com vista à redução da incidência do ITR. · que a IN SRF nº 60, de 06/06/2001, que revogou a IN SRF n° 73/2000, consolidou, em seu art. 17, caput e incisos, a exigência de lei, in verbis: · que o Decreto nº 4.382, de 19/09/2002, que regulamenta a tributação, fiscalização, arrecadação e administração do ITR (Regulamento do ITR), e que consolidou toda a base legal deste tributo, assim dispõe em seu art. 10: · que a CoordenaçãoGeral de Tributação (Cosit), que tem a competência regimental de interpretar a legislação tributária no âmbito da Secretaria da Receita Federal, editou a Solução de Consulta Interna n° 12, de 21/05/2003, que ratifica o entendimento acima exposto, sendo oportuna a transcrição do trecho final do citado ato: · que a exigência do ADA não caracteriza obrigação acessória, visto que a sua exigência não está vinculada ao interesse da arrecadação ou da fiscalização de tributos, nem se converte, caso não apresentado ou não requerido a tempo, em penalidade pecuniária, definida no art. 113, §§ 2° e 3º, da Lei n°5.172/1966 (Código Tributário Nacional — CTN), ou seja, a ausência do ADA não enseja multa regulamentar o que ocorreria caso se tratasse de obrigação acessória , mas sim incidência do imposto. · que é equivocado o entendimento de que não existe mais a exigência de prazo para apresentação de ADA, em virtude do disposto no §7º do art. 10 da Lei n° 9.393/1996, incluído pelo art. 3º da Medida Provisória n° 2.16667, de 24/08/2001, que assim dispõe: · que o que não é exigido do declarante é a prévia comprovação das informações prestadas, ficando o contribuinte responsável por preencher os dados relativos às áreas de preservação permanente e de utilização limitada, apurar e recolher o imposto devido, e apresentar a sua DITR, sem que lhe seja exigida qualquer comprovação naquele momento; e somente se solicitado pela Secretaria da Receita Federal, o contribuinte deverá apresentar as provas das situações utilizadas para dispensar o pagamento do tributo. Fl. 302DF CARF MF 6 · que não é juridicamente sustentável a tese segundo a qual, diante da declaração do contribuinte de que sua propriedade está inserida em área de utilização limitada e de preservação permanente, não possa a autoridade pública exigir a comprovação do alegado através da documentação competente, uma vez que o direito ao benefício legal deve estar documentalmente comprovado, e que o ADA, apresentado tempestivamente, é o documento exigido para tal fim. · que, no presente processo, não se discute a materialidade, ou seja, a existência efetiva das áreas de reserva legal e de preservação permanente, e sim buscase a comprovação do cumprimento, tempestivo, de uma obrigação prevista na legislação, referente à área de que se trata, para fins de exclusão da tributação; e que a condição acima referida está vinculada ao aspecto temporal, não sendo coerente nem prudente que a regularização junto ao IBAMA das áreas excluídas da tributação do ITR pudesse ser feita a qualquer tempo, de acordo com a conveniência do contribuinte. · que, no caso concreto, o contribuinte não apresentou ADA tempestivamente, deixando de atender, portanto, as exigências da legislação do ITR, razão pela qual deve ser mantida a glosa efetivada pela fiscalização. Cientificado do Acórdão nº 2102001.934, do Recurso Especial da Fazenda Nacional e do Despacho de Admissibilidade admitindo o Resp da PGFN, em 22/10/2013, o contribuinte apresentou, tempestivamente, contrarrazões e Recurso Especial da parte que lhe foi desfavorável no acórdão recorrido, em 08/11/2013. Ao Recurso Especial foi negado seguimento, conforme Despachos de Exame e Reexame de Admissibilidade de Recurso Especial, ambos datados de 01/12/2014, o primeiro da 1ª Câmara e o segundo da CSRF. Em suas contrarrazões, o contribuinte, alega que: · o acórdão objeto de interposição da discussão especial entendeu, corretamente, que por se tratar de áreas ambientais cuja existência independe da vontade do proprietário e de reconhecimento por parte do Poder Público, a apresentação do ADA ao IBAMA não é condição indispensável para a exclusão das áreas de preservação permanente e de reserva legal, de que tratam, respectivamente, os artigos 2º e 16 da Lei nº 4.771 de 1965, para fins de apuração da área tributável do imóvel. · essa decisão está embasada no fato da efetiva existência das áreas de preservação permanente e na existência das áreas de reserva legal, fundamentandose nos documentos apresentados pelo contribuinte, principalmente na averbação da matrícula no imóvel autuado, e ainda encontrou amparo no ADA apresentado pelo contribuinte em 31/05/2006 e que se encontra encartado às fls. 53/55 dos autos do processo administrativo nº 10183.720113/200681 (exercício de 2005). Fl. 303DF CARF MF Processo nº 10183.720111/200692 Acórdão n.º 9202006.824 CSRFT2 Fl. 5 7 · o recurso da Fazenda Nacional está escorado na questão do cumprimento tempestivo de uma obrigação que alega estar prevista na legislação; e entre a comprovação da efetiva existência das áreas para fins de exclusão da tributação e a apresentação tempestiva do ADA, entendemos, na esteira do acórdão objurgado, que deve prevalecer a exclusão de tis áreas da tributação do ITR. É o relatório.” Acrescento aqui trecho da complementação da análise de admissibilidade do Recurso Especial da Fazenda Nacional (fls. 283/288), que interessa para o julgamento: “Verifico que o paradigma foi prolatado por colegiado distinto, não foi reformado e foi instruído conforme previsto no § 11º do art. 67 do RICARF, prestandose portanto para análise da divergência alegada. Mediante análise dos autos, vislumbro similitude fática entre os acórdãos recorrido e paradigma, e entendo que há divergência jurisprudencial entre eles. De fato, enquanto no paradigma se considera imprescindível a apresentação tempestiva do Ato Declaratório Ambiental – ADA, no julgado guerreado essa formalidade foi dispensada, ressaltando que ambos os acórdãos discutiram fatos geradores sob a vigência do art. 17O da Lei n.º 6.938/1981 com a redação dada pela Lei n.º 10.165/2000. Portanto, vislumbro a divergência apontada pela recorrente, motivo pelo qual entendo que está configurada o dissídio jurisprudencial. Do exposto, verificase que foram atendidos os pressupostos de admissibilidade do recurso especial previstos nos arts. 67 e 68 do Anexo II do RICARF, razão pela qual sugiro que seja dado seguimento ao pedido em comento.” É o relatório. Fl. 304DF CARF MF 8 Voto Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora. Pressupostos de Admissibilidade O Recurso Especial interposto é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, conforme despacho de Admissibilidade, fls. 212 e complemento de admissibilidade, fls. 283. Não havendo qualquer questionamento acerca do conhecimento e concordando com os termos do despacho proferido, passo a apreciar o mérito da questão. Do Mérito Área de Reserva Legal Da análise dos autos, vêse que a discussão trata da necessidade de averbação tempestiva (OU SEJA, ANTES DO FATO GERADOR) no registro de imóvel para fins dedução de área de Reserva Legal, quando da apuração da base de cálculo do ITR do imóvel denominado Fazenda Santa Maria, com área de 9.516,0 ha (NIRF 1.091.5591), localizado no município de Cláudia/MT, relativo aos exercícios 2001 e 2002, em que o acórdão recorrido reconheceu área de Reserva Legal ARL de 7612,o ha, senão vejamos: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em DAR PARCIAL provimento ao recurso, para restabelecer a área de preservação permanente de 402,0 ha e a área de utilização limitada de 7.612,0 ha, nos termos do voto da relatora. Nesse ponto a PGFN busca a reforma do acordão em relação a exclusão das áreas de reserva legal e de preservação permanente tendo em vista o contribuinte não ter comprovado o reconhecimento formal específica e individualmente da área como tal, apresentando o ADA respectivo ou protocolizando requerimento de ADA perante o IBAMA ou em órgãos ambientais delegados por meio de convênio, no prazo de seis meses, contado a partir do término do prazo fixado para a entrega da declaração. Assim, em relação ao ARL é sabido que na legislação que abarca a matéria, a Reserva Legal tem por requisito formal, ou seja, condição para sua consideração tributária, ou seja, dedução da área para apuração do ITR, a existência dos seguintes procedimentos: (a) apresentação tempestiva de requerimento ao IBAMA de Ato Declaratório Ambiental (ADA), no qual é informada a metragem da área destinada à Reserva Legal que, de acordo com a localização, corresponde a um percentual da área do imóvel; e, (b) a averbação dessa área na matrícula da propriedade rural no Registro de Imóveis antes da ocorrência do fato gerador, em 1º de janeiro do ano calendário. Salientese que o ADA somente passou a ser requisito com o advento da Lei no 10.165, de 27 de dezembro de 2000, e a averbação, com o advento da Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989 Fl. 305DF CARF MF Processo nº 10183.720111/200692 Acórdão n.º 9202006.824 CSRFT2 Fl. 6 9 Vejamse os seguintes dispositivos extraídos da Lei nº 9.393/96: Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitandose a homologação posterior. § 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: (...) II área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei no 12.651, de 25 de maio de 2012 b) de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, e que ampliem as restrições de uso previstas na alínea anterior; c) comprovadamente imprestáveis para qualquer exploração agrícola, pecuária, granjeira, aqüícola ou florestal, declaradas de interesse ecológico mediante ato do órgão competente, federal ou estadual; d) sob regime de servidão ambiental; e) cobertas por florestas nativas, primárias ou secundárias em estágio médio ou avançado de regeneração; f) alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas hidrelétricas autorizada pelo poder público. (...) § 7o A declaração para fim de isenção do ITR relativa às áreas de que tratam as alíneas "a" e "d" do inciso II, § 1o, deste artigo, não está sujeita à prévia comprovação por parte do declarante, ficando o mesmo responsável pelo pagamento do imposto correspondente, com juros e multa previstos nesta Lei, caso fique comprovado que a sua declaração não é verdadeira, sem prejuízo de outras sanções aplicáveis. O artigo 17O da Lei nº 6.938/81, com a redação que lhe foi dada pela Lei nº 10.165/2000, passou a prever que: Art. 17O. Os proprietários rurais que se beneficiarem com redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental ADA, deverão recolher ao IBAMA a importância prevista no item 3.11 do Anexo VII da Lei no 9.960, de 29 de janeiro de 2000, a título de Taxa de Vistoria.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) Fl. 306DF CARF MF 10 § 1º A. A Taxa de Vistoria a que se refere o caput deste artigo não poderá exceder a dez por cento do valor da redução do imposto proporcionada pelo ADA.(Incluído pela Lei nº 10.165, de 2000) § 1º A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) Percebese que a apresentação do ADA pelo contribuinte ao IBAMA ou órgão conveniado – até que haja uma vistoria pelo órgão competente e a ratificação ou retificação das declarações ali contidas – restringese a informações prestadas pelo próprio contribuinte ao órgão ambiental acerca da existência de áreas que possuem algum interesse ecológico. Tenho que o § 1º do art. 17O instituiu a obrigatoriedade apenas para situações em que o benefício de redução do ITR ocorra com base no ADA, ou seja, depende do reconhecimento ou declaração por ato do Poder Público. Quanto aos documentos necessários para comprovação da ARL área de Reserva Legal podemos concluir que a própria Administração Pública entende que o ADA tem efeito meramente declaratório, sendo necessária, ∙ Certidão de registro ou cópia da matrícula do imóvel com averbação da Área de Reserva Legal, , que especifique e discrimine a área de interesse ambiental desde que sua declaração seja antecedente a ocorrência do fato gerador. Fica evidente que a finalidade da averbação da reserva legal na matricula do imóvel é a de atribuirlhe publicidade, para que futuros adquirentes saibam identificar onde está localizada, seus limites e confrontações, para que possam cumprir sua função instituidora. Mais ainda, visa a imputar aos proprietários a responsabilidade de preservação de tais áreas, face o interesse público de manutenção. Citese entendimento do Superior Tribunal de Justiça, relatado pelo Ministro João Otávio de Noronha, que corrobora tal assertiva: "Essa legislação, ao determinar a separação de parte das propriedades rurais para constituição da reserva florestal legal, resultou de uma feliz e necessária consciência ecológica que vem tomando corpo na sociedade em razão dos efeitos dos desastres naturais ocorridos ao longo do tempo, resultando na degradação do meio ambiente efetuada sem limites pelo homem. Tais conseqüências nefastas, paulatinamente, leva a conscientização dc que os recursos naturais devem ser utilizados com equilíbrio e preservados em intenção da boa qualidade de vida das gerações vindouras. O que se tem presente é o interesse público prevalecendo sobre o privado, interesse coletivo este que inclusive afeta o proprietário da terra reservada, no sentido de que também será beneficiado com um meio ambiente estável e equilibrado. Assim, a reserva legal compõe parte de terras de domínio privado e constitui verdadeira restrição do direito de propriedade." Estando delimitado na lei a AREA DE RESERVA LEGAL, os limites para sua exploração, e, finalmente, a OBRIGATORIEDADE DE SE AVERBAR MARGEM DA Fl. 307DF CARF MF Processo nº 10183.720111/200692 Acórdão n.º 9202006.824 CSRFT2 Fl. 7 11 MATRICULA DO IMÓVEL, o legislador, buscando contrabalançar os interesses de toda a sociedade, permitiu que os proprietários de tais áreas, cm contrapartida a tantas obrigações, tivessem algum tipo de beneficio, ou seja, a possibilidade de exclusão, da incidência do ITR, das áreas caracterizadas como de reserva legal (art. 10, II da Lei 9393/96, transcrito acima). Ditas áreas de reserva legal são definidas pelo citado Código Florestal em seu artigo 16, e que, para serem consideradas como tal, não bastam apenas "existir" no mundo fático, mas devem "existir" também no mundo jurídico quando averbadas na matricula do imóvel. O art. 16 da Lei n° 4.771/65 dispõe, dentre outros aspectos, sobre a obrigatoriedade da averbação para que as áreas de reserva legal sejam definitivamente delimitadas e protegidas. A respeito da questão, não é a mera declaração de existência fática da área de reserva legal que permite atender os requisitos da legislação pátria vigente para excluila quando da apuração do ITR. Para que se possa valer do beneficio, a área deve estar devidamente averbada A margem da matricula do imóvel à época do fato gerador do tributo. Portanto, ainda que se prove a existência material das áreas de reserva legal, como não se atendeu ao fim real da norma (art. 161, assim como suas disposições complementares incidirá o imposto se a averbação não tiver sido providenciada no prazo legal. Assim, no exame do caso concreto, se faz necessário investigar se a área de utilização limitada reserva legal pleiteadas, a despeito da declaração em ADA, foi devidamente averbava no registro, e se tais áreas estão devidamente identificadas e passíveis de serem ratificadas pelos órgãos competentes. Para tanto, trago trechos do acórdão recorrido, em que fica devidamente delimitada a comprovação da ARL, senão vejamos: No presente caso, conforme já afirmado, consta ADA, apresentado em 31/05/2006 e das cópias das certidões das matrículas do imóvel, fls. 41/54, verificase que a área de reserva legal averbada, desde 26/04/1999 é de 9.500,0 ha. Tal área é superior ao somatório das áreas declaradas como áreas de preservação permanente e de utilização limitada. Averbações data 4998 242 ha 26/04/90 229 ha 26/04/90 5146 1839,20 26/04/90 5147 1839,20 26/04/90 5148 3522,60 26/04/90 5149 1839,20 26/04/90 9.511,20 Conforme transcrito à área de reserva legal foi devidamente averbada (esse fato consta às fls. 41/54 Copia das averbações como de utilização limitada para manejo sustentável antes da ocorrência do fato gerador da exigência 2003. Dessa forma, Fl. 308DF CARF MF 12 entendo que não há reparo a ser feito no acórdão recorrido quanto a exclusão da área de ARL para fins de cálculo do ITR. Notese, assim como mencionado no acórdão recorrido que parte dos documentos fora apresentados no processo 10183720113/200681. Razões da fiscalização: DRJ foi protocolado no IBAMA após o prazo regulamentar para os exercícios em analise . Com relação a. Exploração Extrativa não foi comprovada a implantação de Plane de Manejo Sustentado para tal atividade ou o cumprimento do cronograma físico financeiro previsto no plano. Relativamente ao VTN, o Laudo Técnico solicitado não foi providenciado. Razões da DRJ forma o inconformismo se baseia, em resumo, no fato de existir na propriedade as áreas glosadas, inclusive averbadas quanto à Reserva Legal, independentemente da apresentação de ADA tempestivo. Em razão disso é importante esclarecer que, na realidade, não se está questionando apenas se as áreas isentas estão ou não preservadas, pois, sua preservação, pelo menos em uma dimensão mínima, Reserva Legal, ou a Preservação Permanente para evitar a degradação de rios, desmoronamentos de morros etc., ou seja, garantir o ambiente natural, é de obrigação legal. Se não cumprida, há previsão de penalidade e a sua fiscalização cabe ao 1BAMA. Com os argumentos apresentados se pretende demonstrar que as mesmas existem, independentemente das formalidades exigidas, entretanto, para obter a isenção tributária, como mais à frente será melhor explicado, é necessário o cumprimento de requisitos legais. Não basta apenas reservar e/ou preservar e declarar, pois, essas áreas, além de existirem, têm que estar documentadas, regularizadas, atualizadas, toda vez que assim a lei exigir para ser contemplada com a isenção. Aliás, a interessada providenciou a regularização solicitada, apresentou ADA ao IBAMA, porém, em 31/05/2006, ano base do exercício 2007, sendo intempestivo para o exercício do lançamento em análise. 33. Assim sendo, e para melhor entendimento a respeito da matéria objeto da autuação, apesar de a autoridade lançadora já haver esclarecido e reproduzido a legislação pertinente, observaremos, a seguir, com mais detalhes, o conceito e requisitos legais para que as áreas reservadas sejam isentas do ITR, independentemente se de Utilização Limitada, como Reserva Legal, Reserva Particular do Patrimônio Natural RPPN ou declarada de Interesse Ecológico, bem como se de Preservação Permanente, sendo os principais a averbação da área de Utilização Limitada na matrícula do imóvel, a demonstração, através de laudo técnico, da existência da Preservação Permanente e a apresentação tempestiva do ADA ao IBAMA, informando as áreas em questão. Neste sentido, colaciono entendimento do seguinte julgado Acórdão nº 210101.862, sessão de 12 de março de 2012 (excerto de ementa): Fl. 309DF CARF MF Processo nº 10183.720111/200692 Acórdão n.º 9202006.824 CSRFT2 Fl. 8 13 ÁREA DE RESERVA LEGAL. NECESSIDADE OBRIGATÓRIA DA AVERBAÇÃO À MARGEM DA MATRÍCULA DO IMÓVEL RURAL NO CARTÓRIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS. HIGIDEZ. AVERBAÇÃO ATÉ O MOMENTO ANTERIOR AO INÍCIO DA AÇÃO FISCAL. NECESSIDADE. O art. 10, § 1º, II, “a”, da Lei nº 9.393/96 permite a exclusão da área de reserva legal prevista no Código Florestal (Lei nº 4.771/65) da área tributável pelo ITR, obviamente com os condicionantes do próprio Código Florestal, que, em seu art. 16, § 8º, exige que a área de reserva legal deve ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, de desmembramento ou de retificação da área, com as exceções previstas no Código Florestal. A averbação da área de reserva legal no Cartório de Registro de Imóveis – CRI é uma providência que potencializa a extrafiscalidade do ITR, devendo ser exigida como requisito para fruição da benesse tributária. Afastar a necessidade de averbação da área de reserva legal é uma interpretação que vai de encontro à essência do ITR, que é um imposto essencialmente, diria, fundamentalmente, de feições extrafiscais. De outra banda, a exigência da averbação cartorária da área de reserva legal vai ao encontro do aspecto extrafiscal do ITR, devendo ser privilegiada. Ainda, enquanto o contribuinte estiver espontâneo em face da autoridade fiscalizadora tributária, na forma do art. 7º, § 1º, do Decreto nº 70.235/72 ( O início do procedimento excluía a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores e, independentemente de intimação a dos demais envolvidos nas infrações verificadas), poderá averbar no CRI a área de reserva legal, podendo fruir da benesse tributária. Porém, iniciado o procedimento fiscal para determinado exercício, a espontaneidade estará quebrada, e a área de reserva legal deverá sofrer o ônus do ITR, caso não tenha sido averbada antes do início da ação fiscal. Acórdão nº 210201.815, sessão de 8 de fevereiro de 2012 (excerto). Dessa forma, voto por negar provimento ao Resp da Fazenda Nacional nessa parte, mantenho a exclusão da área de ARL devidamente averbada para efeitos de incidência do ITR. Área de Preservação Permanente Conforme podemos extrair do relatório deste voto há uma segunda matéria a ser reapreciada. Referese a obrigatoriedade de apresentação tempestiva do Ato Declaratório Ambiental – ADA, para exclusão da APP – Área de Preservação Permanente da tributação do ITR." Antes mesmo de apreciarmos a questão, importante destacar os elementos que nos auxiliarão a tomada de decisão. No caso concreto, conforme consta do acórdão recorrido, o ADA foi protocolizado em 31/05/2006, e o início da fiscalização, que se deu em 17/04/2006 (fl. 03). Aliás, com relação a comprovação da apresentação do ADA, resta consignado no voto da própria DRJ: Fl. 310DF CARF MF 14 Aliás, a interessada providenciou a regularização solicitada, apresentou ADA ao IBAMA, porém, em 31/05/2006, ano base do exercício 2007, sendo intempestivo para o exercício do lançamento em análise. Após essa considerações, inicialmente convém fazer considerações acerca da incidência do ITR, e das hipóteses de sua isenção. O imposto sobre a propriedade territorial rural ITR, de competência da União, na forma do art. 153, VI, da Constituição, incide nas hipóteses previstas no art. 29 do Código Tributário Nacional, ora trazido à baila, in verbis: "Art. 29. O imposto, de competência da União, sobre a propriedade territorial rural tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, como definido na lei civil, localizado fora da zona urbana do Município." Em consonância com disposto pelo Código Tributário Nacional, a União promulgou a Lei Federal n.° 9.393/96, que, na esteira do estatuído pelo art. 29 do CTN, instituiu, em seu art. 1°, como hipótese de incidência do tributo, a "propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, localizado fora da zona urbana do município". No caso, muito embora para as áreas de preservação permanente ou de reserva florestal legal. a utilização da propriedade deva observar a regulamentação ambiental específica, disso não decorre a consideração de que referida parcela do imóvel estaria fora da hipótese de incidência do ITR. Isso porque, como se sabe, o direito de propriedade, expressamente garantido no inciso XXII do art. 5° da CF, possui limitação constitucional assentada em sua função social (art. 5°, XIII, da CF). No que atine à regulação ambiental, deste modo, verificase que a legislação, muito embora restrinja o uso do imóvel em virtude do interesse na preservação do meio ambiente ecologicamente equilibrado, na forma como estabelecido pela Constituição da República, não elimina as faculdades de usar, gozar e dispor do bem, tal como previstas pela legislação cível. Com fundamento no exposto, não versando os autos sobre hipótese de não incidência do tributo, mas, sim, de autêntica isenção ou, como querem alguns, redução da base de cálculo do ITR, dispôs a Lei Federal n.° 9.393/96, em seu art. 10, o seguinte: "Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitandose a homologação posterior. § 1° Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: [...] II área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei n° 4.771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei n° 7.803, de 18 de julho de 1989". No que pertine a chamada "área de preservação permanente" (APP), dispõe o Código Florestal, Lei n.° 4.771/65, atualmente regulada, também, pelas Resoluções CONAMA n. 302 e 303 de 2002, o seguinte: Fl. 311DF CARF MF Processo nº 10183.720111/200692 Acórdão n.º 9202006.824 CSRFT2 Fl. 9 15 "Art. 2° Consideramse de preservação permanente, pelo só efeito desta Lei, as florestas e demais formas de vegetação natural situadas: a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu nível mais alto em faixa marginal cuja largura mínima será: 1 de 30 (trinta) metros para os cursos d'água de menos de 10 (dez) metros de largura; 2 de 50 (cinquenta) metros para os cursos d'água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura; 3 de 100 (cem) metros para os cursos d'água que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura; 4 de 200 (duzentos) metros para os cursos d'água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura; 5 de 500 (quinhentos) metros para os cursos d'água que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros; b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou artificiais; c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos d'água", qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 (cinquenta) metros de largura; d) no topo de morros, montes, montanhas e serras; e) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45°, equivalente a 100% na linha de maior declive; f) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues; g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais; h) em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação. Parágrafo único. No caso de áreas urbanas, assim entendidas as compreendidas nos perímetros urbanos definidos por lei municipal, e nas regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, em todo o território abrangido, observarseá o disposto nos respectivos planos diretores e leis de uso do solo, respeitados os princípios e limites a que se refere este artigo. Art. 3° Consideramse, ainda, de preservação permanente, quando assim declaradas por ato do Poder Público, as florestas e demais formas de vegetação natural destinadas: a) a atenuar a erosão das terras; b) a fixar as dunas; c) a formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias; d) a auxiliar a defesa do território nacional a critério das autoridades militares; Fl. 312DF CARF MF 16 e) a proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico ou histórico; f) a asilar exemplares da fauna ou flora ameaçados de extinção; g) a manter o ambiente necessário à vida das populações silvícolas; h) a assegurar condições de bem estar público. § 1° A supressão total ou parcial de florestas de preservação permanente só será admitida com prévia autorização do Poder Executivo Federal, quando for necessária à execução de obras, planos, atividades ou projetos de utilidade pública ou interesse social. § 2° As florestas que integram o Patrimônio Indígena ficam sujeitas ao regime de preservação permanente (letra g) pelo só efeito desta Lei." Destacase que até o exercício de 2000, não existia para área de preservação permanente, qualquer fundamento legal para a exigência da entrega do Ato Declaratório Ambiental (ADA) para o fim de reduzir a base de cálculo do ITR. Nesse sentido, aliás, dispunha o art. 17O, da Lei Federal n.° 6.938/81, com a redação que lhe foi conferida pela Lei n.9.960/2000, o seguinte: "Art. 17O. Os proprietários rurais, que se beneficiarem com redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental ADA, deverão recolher ao Ibama 10% (dez por cento) do valor auferido como redução do referido Imposto, a título de preço público pela prestação de serviços técnicos de vistoria. § 1o A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é opcional." Em relação ao período até 2000, inexistindo fundamento legal para a entrega tempestiva do ADA, como requisito para a fruição da redução da base de cálculo prevista pela legislação atinente ao ITR, foi aprovada súmula nos seguintes termos: "A não apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA) emitido pelo IBAMA, ou órgão conveniado, não pode motivar o lançamento de oficio relativo a fatos geradores ocorridos até o exercício de 2000." Já para o período do lançamento ora sob análise, devese ter em mente que com o advento da Lei Federal n.° 10.165/2000 alterouse a redação do §1° do art. 17O da Lei n.° 6.938/81, que passou a vigorar da seguinte forma: "Art. 17O. (... ) § 1o A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória." Ao apreciarmos a mudança da lei fica clara a possibilidade de exigência de apresentação do ADA, como requisito indispensável para a fruição da redução da base de cálculo prevista pela Lei n.° 9.393/96, mais especificamente por seu art. 10, §1°, II. Em relação ao prazo para apresentação do ADA, trago a baila trecho do voto do Dr. Heitor de Souza Lima Júnior, , Acórdão nº 9202003.620 de 04 de março de 2015, onde o mesmo analisa os aspectos legislativos sobre o tema, chegando a conclusão que mais me Fl. 313DF CARF MF Processo nº 10183.720111/200692 Acórdão n.º 9202006.824 CSRFT2 Fl. 10 17 parece acertada acerca da interpretação da lei sobre a matéria, razão pela qual adota seu posicionamento como razões de decidir: No que toca a este aspecto específico, tenho para mim que é absolutamente relevante uma digressão a respeito da mens legis que norteou a alteração do texto do art. 17O da Lei n.° 6.938/81. Analisandose, nesse passo, o real intento do legislador ao estabelecer a obrigatoriedade de apresentação do ADA, podese inferir que a mudança de paradigma deveuse a razões atinentes à efetividade da norma isencional, especialmente no que concerne à aferição do real cumprimento das normas ambientais pelo contribuinte, de maneira a permitir que este último possa usufruir da redução da base de cálculo do ITR. Em outras palavras, a efetiva exigência do ADA para o fim específico da fruição da redução da base de cálculo do ITR foi permitir uma efetiva fiscalização por parte da Receita Federal da preservação das áreas de reserva legal ou de preservação permanente, utilizandose, para este fim específico, do poder de polícia atribuído ao IBAMA. Em síntese, podese afirmar que a alteração no regramento legal teve por escopo razões de praticabilidade tributária, a partir da criação de um dever legal que permita, como afirma Helenílson Cunha Pontes, uma "razoável efetividade da norma tributária'" (PONTES, Helenílson Cunha). O princípio da praticidade no Direito Tributário (substituição tributária, plantas de valores, retenções de fonte, presunções e ficções, etc.): sua necessidade e seus limites. In: Revista Internacional de Direito Tributário, v. 1, n.° 2. Belo Horizonte, jul/dez2004, p. 57) , no caso da norma isencional. De fato, no caso da redução da base de cálculo do ITR, mais especificamente no que atine às áreas de interesse ambiental lato sensu, além da necessidade de fiscalizar um número extenso de contribuintes, exigirseia, não fosse a necessidade da obrigatória protocolização do ADA, que a Receita Federal tomasse para si o dever de fiscalizar o extenso volume de propriedades rurais compreendido no território nacional, o que, do ponto de vista econômico, não teria qualquer viabilidade. Por esta razão, assim, passouse, com o advento da Lei Federal n.° 10.165/00 a exigir, de forma obrigatória, a apresentação do ADA para o fim de permitir a redução da base de cálculo do ITR, declaração esta sujeita ao poder de polícia do IBAMA. Tratandose, portanto, da interpretação do dispositivo em comento, deve o aplicador do direito, neste conceito compreendido o julgador, analisar o conteúdo principiológico que norteia referido dispositivo legal, a fim de conferirlhe o sentido que melhor se amolda aos objetivos legais. Partindose desta premissa basilar, verificase que o art. 17O da Lei n.° 6.938/81, em que pese o fato de imprimir, de forma inafastável, o dever de apresentar o ADA, não estabelece qualquer exigência no que toca à necessidade de sua Fl. 314DF CARF MF 18 protocolização em prazo fixado pela Receita Federal para o fim específico de permitir a redução da base de cálculo do ITR. A exigência de protocolo tempestivo do ADA, para o fim específico da redução da base de cálculo do ITR, não decorre expressamente de lei, mas sim do art. 10, §3°, I, do Decreto n.° 4.382/2002, que, inclusive, data de setembro de 2002, posterior à data da ocorrência do fato gerador, no caso que ora se trata. Querse com isso dizer, portanto, que, muito embora a legislação tratasse, de maneira inolvidável, a respeito da entrega do Ato Declaratório Ambiental, para o fim específico da redução da base de cálculo do ITR, não havia, sequer no âmbito do poder regulamentar, disposição alguma a respeito do prazo para sua apresentação, e, menos ainda, que possibilitasse à Receita Federal desconsiderar a existência de áreas de preservação permanente ou de reserva legal no caso de apresentação intempestiva do ADA. Com efeito, sendo certo que a instituição de tributos ou mesmo da exclusão do crédito tributário, na forma como denominada pelo Código Tributário Nacional, são matérias que devem ser integralmente previstas em lei, na forma como estatuído pelo art. 97, do CTN, mais especificamente no que toca ao seu inciso VI, não poderia sequer o poder regulamentar estabelecer a desconsideração da isenção tributária no caso da mera apresentação intempestiva do ADA. Repisese, nesse sentido, que não se discute que a lei tenha instituído a obrigatoriedade da apresentação do ADA, mas, sim, que o prazo de seis meses, contado da entrega da DITR, foi instituído apenas por instrução normativa, muito posteriormente embasada pelo Decreto n.° 4.382/2002, o que, com a devida vênia, não merece prosperar. Em virtude, portanto, da ausência de estabelecimento de um critério rígido quanto ao prazo para a apresentação do ADA, eis que não se encontra previsto em lei, cumpre recorrer aos mecanismos de integração da legislação tributária, de maneira a imprimir eficácia no disposto pelo art. 17O da Lei n.° 6.398/81. Dentre os mecanismos de integração previstos pelo ordenamento jurídico, dispõe o Código Tributário Nacional, em seu art. 108, I, que deve o aplicador recorrer à analogia, sendo referida opção vedada apenas no que toca à instituição de tributos não previstos em lei, o que, ressaltese, não é o caso. Nesse esteio, recorrendose à analogia para o preenchimento de referida lacuna, devese recorrer à legislação do ITR relativa às demais declarações firmadas pelo contribuinte, mais especificamente no que atine à DIAT e à DIAC, expressamente contempladas pela Lei n.° 9.393/96, aplicadas ao presente caso tendose sempre em vista o escopo da norma inserida no texto do art. 17O da Lei n.° 6.398/81, isto é, imprimir praticabilidade à aferição da existência das áreas de reserva legal e preservação permanente, para o fim específico da isenção tributária. Pois bem. Sendo certo que a apresentação do ADA cumpre o papel imprimir praticabilidade à apuração da área tributável, verificase que cumpre o escopo norma a sua entrega até o Fl. 315DF CARF MF Processo nº 10183.720111/200692 Acórdão n.º 9202006.824 CSRFT2 Fl. 11 19 início da fiscalização, momento a partir do qual a apresentação já não mais cumprirá seu desiderato. De fato, até o início da fiscalização em face do contribuinte, verificase que a entrega do ADA possibilitará a consideração, por parte da Receita Federal, da redução da base de cálculo do ITR, submetendo as declarações do contribuinte ao pálio do órgão ambiental competente e retirando referida aferição do âmbito da Receita Federal do Brasil. A entrega, portanto, ainda que intempestiva, muito embora pudesse ensejar a aplicação de uma multa específica, caso existisse referida norma sancionatória, seria equivalente à retificação das demais declarações relativas ao ITR, isto é, da DIAT e da DIAC, devendo, pois, ter o mesmo tratamento que estas últimas, em consonância com o que estatui o brocardo jurídico "ubi eadem ratio, ibi eaedem legis dispositio", isto é, onde há o mesmo racional, a legislação não pode aplicar critérios distintos. À guisa do exposto, portanto, no que toca à entrega do ADA, tenho para mim que cumpre seu desiderato até o momento do início da fiscalização, a partir do qual a omissão do contribuinte ensejou a necessidade de fiscalização específica relativa ao recolhimento do ITR, o que implica nos custos administrativos inerentes a este fato. Assim, aplicase ao ADA, de acordo com este entendimento basilar, a regra prevista pelo art. 18 da Medida Provisória n.° 2.18949/ 01, que assim dispõe, verbis: "Art. 18. A retificação de declaração de impostos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, nas hipóteses em que admitida, terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, independentemente de autorização pela autoridade administrativa." De acordo com a interpretação que ora se sustenta, pois, é permitida a entrega do ADA, ainda que intempestivamente, desde que o contribuinte o faça até o início da fiscalização. Adotando o posicionamento do ilustre Conselheiro Heitor de Souza Lima Júnior, considerando que a entrega do ADA no caso da área de Preservação Permanente é obrigatória para redução da área a ser tributada, porém considerando a inexistência de expressa previsão legal acerca do prazo para sua entrega, entendo que a entrega de ADA até o início do procedimento fiscal se presta a demonstrar a comprovação de sua existência, corroborada com o presente de laudo técnico. Assim, no exame do caso concreto, se faz necessário investigar se o contribuinte, até o início do procedimento fiscal – 04/04/2006 (fl. 03), data da ciência da intimação, já havia informado ao órgão ambiental estadual ou federal a existência das áreas de preservação permanente informadas em sua declaração, e se tais áreas estão devidamente identificadas e passíveis de serem ratificadas pelos órgãos competentes. Compulsandose os autos verificase que o ADA relativo ao exercício de 2003 foi protocolizado ao IBAMA em 31/05/2006, ou seja, posteriormente ao início da ação fiscal (04/4/2006). Nestes termos, conforme descrito no acórdão recorrido, não restando comprovada a entrega do ADA, em período anterior ao início da ação fiscal, devese Fl. 316DF CARF MF 20 restabelecer a glosa da Área de Preservação Permanente (APP) da área de preservação permanente de 402/ha. Conclusão Face todo o exposto, voto por CONHECER DO RECURSO da Fazenda Nacional, para, no mérito, DARLHE PROVIMENTO PARCIAL para restabelecer a glosa da Área de Preservação Permanente (APP) de 402,0 hectares É como voto. (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. Fl. 317DF CARF MF
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