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Numero do processo: 10875.906443/2012-12
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 26 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Nov 19 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário:2011
DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA.
Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada de provas hábeis, da composição e existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa, na forma do que dispõe o artigo 170 do CTN.
Não se desincumbindo a recorrente do ônus de comprovar o direito creditório alegado, cabe o não provimento do recurso voluntário.
Direito creditório que não se reconhece
Numero da decisão: 1402-003.314
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em afastar as preliminares suscitadas e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 10875.906442/2012-78, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado.
(assinado digitalmente)
Paulo Mateus Ciccone - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogerio Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Leonardo Luis Pagano Goncalves, Evandro Correa Dias e Paulo Mateus Ciccone (Presidente). Ausente, o conselheiro Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira.
Nome do relator: PAULO MATEUS CICCONE
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário:2011 DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada de provas hábeis, da composição e existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa, na forma do que dispõe o artigo 170 do CTN. Não se desincumbindo a recorrente do ônus de comprovar o direito creditório alegado, cabe o não provimento do recurso voluntário. Direito creditório que não se reconhece
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário:2011 DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada de provas hábeis, da composição e existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa, na forma do que dispõe o artigo 170 do CTN. Não se desincumbindo a recorrente do ônus de comprovar o direito creditório alegado, cabe o não provimento do recurso voluntário. Direito creditório que não se reconhece Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em afastar as preliminares suscitadas e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo 10875.906442/201278, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogerio Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Leonardo Luis Pagano Goncalves, Evandro Correa Dias e Paulo Mateus Ciccone (Presidente). Ausente, o conselheiro Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 87 5. 90 64 43 /2 01 2- 12 Fl. 66DF CARF MF Processo nº 10875.906443/201212 Acórdão n.º 1402003.314 S1C4T2 Fl. 3 2 Relatório A origem do litígio aqui presente remonta ao Despacho Decisório exarado em relação ao pedido original da contribuinte expresso em PER/DCOMP apresentado perante a Autoridade Tributária de sua jurisdição e no qual buscou ver reconhecido seu direito creditório e consequente compensação com débitos de sua responsabilidade. O requerido foi indeferido sob entendimento do DD de que “o pagamento relativo ao DARF ali discriminado, foi integralmente utilizado na quitação de débito(s) da contribuinte, não restando crédito disponível". Irresignada, a contribuinte interpôs manifestação de inconformidade que, apreciada em 1ª Instância pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento (fls. nos autos), foi julgada improcedente, não reconhecendo o direito creditório pleiteado. Discordando do r. decisum, a contribuinte interpôs recurso voluntário tempestivo no qual reafirma a correção de seu procedimento e requer a reforma da decisão de 1º Piso de forma a reconhecer o direito creditório buscado e homologar a compensação requerida, aduzindo, em síntese, os seguintes argumentos: 1. que a decisão recorrida não teria levado em conta, nas razões de decidir, a eficácia dos princípios constitucionais da motivação dos atos administrativos e da ampla defesa, impedindo a Recorrente de apresentar defesa, bem como demonstrar a existência do crédito; 2. que, o princípio da motivação dos atos administrativos foi desrespeitado, uma vez que a autoridade indeferiu a homologação das compensações utilizando como fundamento a inexistência do crédito, sem qualquer esclarecimento adicional, tendo a decisão de primeira instância se restringido a fazer menção de artigos genéricos da legislação tributária; 3. que, assim, fica inexequível a recorrente argumentar e apresentar defesa sem saber ao certo por qual motivo sua compensação não foi homologada; 4. que, inexistindo fundamentação que sustente a decisão da autoridade administrativa, esta passa a ser nula, por desrespeitar o princípio da motivação dos atos administrativos, impedindo que a Recorrente apresente uma defesa concreta; 5. que, além do princípio da motivação dos atos administrativos, restou violado o direito a ampla defesa, pois, como afirmado anteriormente, sem conhecer os motivos pelos quais sua compensação não foi homologada, a apresentação de qualquer defesa está prejudicada; 6. que, sendo assim, resta claro que o despacho decisório é completamente nulo, pois não apresenta fundamentações que permitam a Recorrente compreender por qual motivo sua compensação não foi homologada e impedindo que esta comprove seu direito ao crédito, constituindo em cerceamento de defesa. Fl. 67DF CARF MF Processo nº 10875.906443/201212 Acórdão n.º 1402003.314 S1C4T2 Fl. 4 3 Finaliza requerendo o provimento do recurso voluntário e a reforma da decisão de primeira instância, declarando insubsistente o despacho decisório que não homologou a compensação. É o relatório do essencial, em apertada síntese. Voto Conselheiro Paulo Mateus Ciccone Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1402003.292, de 26/07/2018, proferido no julgamento do Processo nº 10875.906442/2012 78, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1402003.292): "O Recurso Voluntário é tempestivo e dotado dos pressupostos para sua admissibilidade, pelo que o recebo e dele conheço. Como se vê no recurso voluntário, a recorrente limita se a alegar falta de fundamentação na decisão e até cerceamento de defesa porque não saberia o motivo do indeferimento da compensação. Na verdade, o cenário que se observa é de mera irresignação da recorrente em razão da decisão de 1º Piso lhe ter sido desfavorável e não porque tenha o aresto qualquer ponto ou item que afronte a legislação ou atos processuais e possa levar à sua anulação. Digase, o acórdão foi prolatado em estrita obediência às normas legais e regimentais, foram apreciadas todas as provas e documentos acostados aos autos e analisada a manifestação da contribuinte. Se o decidido lhe foi desfavorável não significa nulidade. Só entendimento da Turma Julgadora. De outra banda, no que interessa, não há, no RV, qualquer contraposição argumentativa ou documental que possa elidir o que consta do Despacho Decisório que, ao contrário do entendimento da recorrente, tem ampla e clara fundamentação. Vejase: “A partir das características do DARF descriminado no Per/Dcomp acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do Fl. 68DF CARF MF Processo nº 10875.906443/201212 Acórdão n.º 1402003.314 S1C4T2 Fl. 5 4 contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no Per/Dcomp. Diante da inexistência do crédito, NÃO HOMOLOGO a compensação declarada. Enquadramento legal arts. 165 e 170 da Lei nº 5.172 de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional CTN) e art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996”. Como se nota acima, o despacho traz de forma explícita e fundamentada a motivação da não homologação da compensação realizada, justificada pela inexistência do crédito utilizado na compensação realizada no Per/Dcomp, haja vista que o pagamento relativo ao DARF ali discriminado foi integralmente utilizado para quitar débito de IRPJ confessado em DCTF. Nessa linha, soam até despropositadas as alegações de que a apresentação de provas não foi possível (a recorrente teve amplo campo material para fazer isso e tempo mais que suficiente) ou de que não teria havido motivação para o indeferimento. Ou seja, não se verificando, no despacho decisório, irregularidades, incorreções nem omissões que prejudiquem o reclamante ou influam na solução do litígio, não há se falar em nulidade da decisão, pois não houve ofensa aos princípios constitucionais da legalidade, do contraditório e da ampla defesa e da eficiência, como alega a recorrente, razão pela qual devem ser rejeitadas as ponderações feitas no recurso voluntário. Quanto ao mérito propriamente dito, a simples leitura do recurso voluntário mostra a singeleza dos argumentos que, repitase, tão somente pugnaram pela possível (mas incomprovada) falta de motivação para decidir. Na verdade, caberia à recorrente contrapor provas robustas de que o pagamento de que tenta lançar mão para a compensação intentada não teria sido (ao revés do informado no Despacho Decisório) “integralmente utilizado para quitar débito confessado em DCTF apresentado pela própria contribuinte”. Estas provas, argumentativas ou documentais, não vieram aos autos, assim como não se acostaram quaisquer registros contábeis ou fiscais, acompanhados de documentação hábil, para infirmar a motivo que levou a autoridade fiscal competente a não homologar a compensação ou comprovar erro material na apuração do imposto e reduções de valores da base de cálculo de débito confessado em DCTF. Fl. 69DF CARF MF Processo nº 10875.906443/201212 Acórdão n.º 1402003.314 S1C4T2 Fl. 6 5 Como é cediço, o ônus da prova cabe ao autor quanto ao fato constitutivo do seu direito (Código do Processo Civil – CPC/1973, art. 333, I; atual CPC, artigo 373, I). No caso de pedidos de ressarcimento ou restituição, o interessado deve trazer provas de que possui direito líquido e certo contra a Fazenda Pública e assim deve ser repetido tributariamente para recompor o patrimônio subtraído por pagamento de um tributo de forma indevida. Não o fazendo, suas alegações ficam meramente neste terreno e seu direito se perde. Em outro dizer, a existência de crédito líquido e certo é requisito legal para a concessão da compensação (CTN, art. 170). Pelo princípio da indisponibilidade do interesse Público e pela vinculação da função pública, é inadmissível que a RFB aceite a extinção do tributo por compensação com crédito que não seja comprovadamente certo nem possa ser quantificado. Concretamente, se o DARF indicado como crédito foi utilizado para pagamento de um tributo declarado pelo próprio contribuinte, a decisão da RFB de indeferir o pedido de restituição ou de não homologar a compensação está correta. No caso, o DARF foi utilizado para pagamento do tributo confessado na Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), informação da lavra da própria contribuinte. É certo que este quadro pode ser alterado. Mas isso exige prova concreta por parte da contribuinte, afinal é ela a autora e para modificar o ato administrativo cabelhe demonstrar onde está o erro no valor declarado ou nos cálculos efetuados pela RFB. Não o fazendo – como não o fez , o indeferimento permanece. Por fim, não se olvide, só se permite compensação com a utilização de créditos dotados de liquidez e certeza (art. 170, do CTN): Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) E valores incomprovados não possuem estes requisitos. A jurisprudência administrativa é pacífica em torno do tema: PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. ÔNUS DA PROVA. Fl. 70DF CARF MF Processo nº 10875.906443/201212 Acórdão n.º 1402003.314 S1C4T2 Fl. 7 6 A prova do indébito tributário, fato jurídico a dar fundamento ao direito de repetição ou à compensação, compete ao sujeito passivo que teria efetuado o pagamento indevido ou maior que o devido. (Acórdão nº 10323579, sessão de 18/09/2008) Por todo o exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário, mantendo a decisão recorrida. É como voto." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto no sentido de afastar as preliminares suscitadas e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto acima transcrito. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Fl. 71DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.904884/2006-19
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 07 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Dec 12 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 15/02/2003 a 14/05/2003
MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. PRECLUSÃO CONSUMATIVA. REQUISITOS PROCESSUAIS DE VALIDADE NÃO PREENCHIDOS. NÃO CONHECIMENTO.
Se o recurso voluntário inova via motivos de fato e de direito acerca de matérias não expressamente contestadas na impugnação/manifestação de inconformidade, ou seja, fora dos limites da lide, verifica-se a perda da oportunidade processual da contestação, por preclusão consumativa.
Numero da decisão: 1002-000.480
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em NÃO CONHECER do recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Aílton Neves da Silva - Presidente.
(assinado digitalmente)
Angelo Abrantes Nunes - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Aílton Neves da Silva, Leonam Rocha de Medeiros, Breno do Carmo Moreira Vieira e Angelo Abrantes Nunes.
Nome do relator: ANGELO ABRANTES NUNES
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 15/02/2003 a 14/05/2003 MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. PRECLUSÃO CONSUMATIVA. REQUISITOS PROCESSUAIS DE VALIDADE NÃO PREENCHIDOS. NÃO CONHECIMENTO. Se o recurso voluntário inova via motivos de fato e de direito acerca de matérias não expressamente contestadas na impugnação/manifestação de inconformidade, ou seja, fora dos limites da lide, verifica-se a perda da oportunidade processual da contestação, por preclusão consumativa.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em NÃO CONHECER do recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Aílton Neves da Silva - Presidente. (assinado digitalmente) Angelo Abrantes Nunes - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Aílton Neves da Silva, Leonam Rocha de Medeiros, Breno do Carmo Moreira Vieira e Angelo Abrantes Nunes.
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PRECLUSÃO CONSUMATIVA. REQUISITOS PROCESSUAIS DE VALIDADE NÃO PREENCHIDOS. NÃO CONHECIMENTO. Se o recurso voluntário inova via motivos de fato e de direito acerca de matérias não expressamente contestadas na impugnação/manifestação de inconformidade, ou seja, fora dos limites da lide, verificase a perda da oportunidade processual da contestação, por preclusão consumativa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em NÃO CONHECER do recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Aílton Neves da Silva Presidente. (assinado digitalmente) Angelo Abrantes Nunes Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Aílton Neves da Silva, Leonam Rocha de Medeiros, Breno do Carmo Moreira Vieira e Angelo Abrantes Nunes. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 90 48 84 /2 00 6- 19 Fl. 141DF CARF MF Processo nº 10680.904884/200619 Acórdão n.º 1002000.480 S1C0T2 Fl. 142 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face de decisão proferida pela 2.ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte MG (DRJ/BHE) mediante o Acórdão n.º 0222.092, de 28/04/2009 (efls. 83 a 86). O relatório elaborado por ocasião do julgamento em primeira instância sintetiza bem o ocorrido, pelo que peço licença para transcrevêlo, a seguir, complementandoo ao final. [...] DO DESPACHO DECISÓRIO Tratase de manifestação de inconformidade apresentada contra Despacho Decisório proferido pela DRF Belo Horizonte nos seguintes termos (fl. 23): Limite do crédito analisado, correspondente ao valor do crédito original na data de transmissão informado no PER/DCOMP: R$50.919,51. Analisadas as informações prestadas no documento acima identificado, não foi confirmada a existência do crédito informado, pois o DARF a seguir, discriminado no PER/DCOMP, não foi localizado nos sistemas da Receita Federal. ... Diante da inexistência do crédito, NÃO HOMOLOGO a compensação declarada. Como enquadramento legal citouse: arts. 165 e 170, da Lei n° 5.172 de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional CTN), art. 74 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996. A Declaração de Compensação foi gerada pelo programa PER/DCOMP transmitida em 14/05/2003 com o objetivo de compensar o débito código receita: 21721 COFINS Demais Empresas, período de apuração janeiro de 2003, vencimento em 15/02/2003, valor original do débito de R$18.371,87, parcela a ser utilizada igual a R17.859,31; o Valor Original do Crédito Inicial: R$50.919,61, decorre de pagamento indevido ou a maior de CSLL, recolhida em 31/03/2003. DA MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE Cientificado do Despacho Decisório, protocolou a Manifestação de Inconformidade de fls. 01/03, documentação de fls. 04/32, em 27 de dezembro de 2007, com as argumentações a seguir sintetizadas: intimada em setembro de 2006 (doe. 1 fl. 24) protocolou Pedido de Retificação de DARF REDARF (em 13/11/2006 doc. 2 fl. 25) tendo em vista equívoco no período de apuração contido no DARF (de 28/02/2002 para 28/02/2003 doc. 3 fl. 26); Fl. 142DF CARF MF Processo nº 10680.904884/200619 Acórdão n.º 1002000.480 S1C0T2 Fl. 143 3 no entanto, não houve alteração pela Receita Federal do Brasil (doc. 4 fl. 27); observou, ainda, que o valor do DARF, origem do crédito objeto do PER/DCOMP, foi informado o valor principal a maior em R$0,10 (valor correto R$50.919,61, ao invés de R$50,919,51). Por esta razão, apresentou PER/DCOMP retificadora (doc. 5 fls. 28/32); Requer que a Manifestação de Inconformidade seja julgada procedente com a consequente retificação do Despacho Decisório e o cancelamento da exigência fiscal referente ao débito compensado no PER/DCOMP n° 20120.54160.140503.1.3.04 6051. [...] A DRJ/BHE acatou as razões apontadas na manifestação de inconformidade e admitiu o direito creditório pleiteado, ressalvando que o encontro de débitos e crédito respeitaria as normas que regulam os acréscimos legais, como mostram os trechos daquela decisão, extraídos e transcritos abaixo: [...] Notase que para o PER/DCOMP n° 20120.54160.140503.1.3.046051 foram obedecidas as instruções contidas na Norma de Execução Codac/Cosit/Cofís/Cocaj/Cotec n° 06, de 21 de novembro de 2007 e as regras da Instrução Normativa SRF n° 210, de 30 de setembro de 2002, tendo em vista que o recolhimento foi efetuado em 31/03/2003 e a data de transmissão do PER/DCOMP ocorreu em 14/05/2003. Observase, que o PER/DCOMP n° 20120.54160.140503.1.3.046051, objeto de litígio no presente processo foi transmitido em atraso em relação ao vencimento do débito de ocorrido em 15/02/2003 acarretando a incidência de acréscimos legais, na forma da legislação de regência, até a data da entrega da Declaração de Compensação (14/05/2003). Da mesma forma, o crédito também é valorado. [...] O credito existente deverá ser utilizado para homologação da compensação declarada pelo contribuinte, nos limites do crédito, seguindo as normas ditadas pela legislação vigente, na data da sua efetivação. [...] Não obstante, o contribuinte apresentou recurso voluntário contestando a legitimidade do procedimento de cálculo da atualização monetária e acréscimos legais. É o relatório Voto Fl. 143DF CARF MF Processo nº 10680.904884/200619 Acórdão n.º 1002000.480 S1C0T2 Fl. 144 4 Conselheiro Angelo Abrantes Nunes, Relator. O presente recurso voluntário é tempestivo porém não atende a todos os requisitos para admissibilidade. São três os fundamentos que demonstram que não assiste razão ao recorrente, sendo um prejudicial ao exame do demais, conforme descrito a seguir. Ocorre que, a rigor, o que o recorrente contesta é a vigência da IN SRF n.º 323/2003, nos termos abaixo reproduzidos: [...] Apesar do referido acórdão ter deferido a solicitação de compensação apresentada pela Recorrente, foi apresentado, em anexo, ao acórdão DARF para pagamento referente ao processo 10680908.193/200694, no valor de principal de R$ 2.422,59. No entanto, à época do envio do referido PER/DCOMP, encontravase em vigor a Instrução Normativa nº 210/2002 e que foi alterada pela Instrução Normativa nº 323 de 2003, que dispunha quanto a aplicação de encargos moratórios na hipótese do débito se encontrar em atraso, como segue: Art. 28. Na compensação efetuada pelo sujeito passivo, os créditos serão acrescidos de juros compensatórios na forma prevista nos arts. 38 e 39 e os débitos sofrerão a incidência de acréscimos moratórios, na forma da legislação de regência, até a data da entrega da Declaração de Compensação. Entretanto, essa alteração introduzida pela Instrução Normativa nº 323/2003 foi publicada em 28 de Maio de 2003, assim, a incidência de acréscimos moratórios aplicarseia a partir da data da publicação da referida Instrução Normativa. Neste sentido, a exemplo do PER/DCOMP efetuado pela Recorrente e enviado à Receita Federal do Brasil em 15/05/2003, não poderia ocorrer a incidência dos encargos moratórios devidos a partir do vencimento 15/02/2003, visto que o envio do referido PERDCOMP ocorreu antes da vigência da referida Instrução Normativa. [...] Contudo, embora o recorrente ao tempo da ciência do Despacho Decisório já tenha sido informado sobre a incidência de juros e multa moratórios (efl. 44), nenhuma linha de sua manifestação de inconformidade interposta em 27/12/2007 (efls. 3 a 5) aborda tal exigência, sequer reflexamente. A contestação trazida no recurso voluntário se encontra então fora dos limites da lide definidos na manifestação de conformidade. Dessa forma, considero que tal matéria foi alcançada pela preclusão a que se refere o art. 16, inciso III, e art. 17, do Decreto n.º 70.235/72, trechos transcritos a seguir, verbis: Art. 16. A impugnação mencionará: Fl. 144DF CARF MF Processo nº 10680.904884/200619 Acórdão n.º 1002000.480 S1C0T2 Fl. 145 5 (...) III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (...) Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. Já suficiente e definida a razão de decidir na qual me amparo, acima, com caráter meramente ilustrativo seguem considerações sobre o motivo exposto no recurso voluntário, correspondente ao mérito, ainda que pareça contraditório comentar tal consideração neste voto, uma vez que nos parágrafos anteriores já se demonstrou que a matéria não deve ser conhecida, por preclusão. Explico: tratase de enfrentar com respeito e deferência o esforço argumentativo da defesa, repetindose, entretanto, que o fundamento deste voto relacionase rigorosamente apenas com o que foi analisado até aqui. Ainda que conhecido fosse o recurso voluntário, não haveria suporte para suas alegações, pois a incidência dos encargos de multa e juros já estava prevista no art. 61, §§ 1.º, 2.º e 3.º, da Lei n.º 9.430/96. Coopera também no sentido de legitimar a alteração da IN SRF n.º 210/2002, produzida pela IN SRF n.º 323/2003, alcançando o período para o qual o recorrente aponta ausência de regência normativa/legal, a interpretação contida na decisão do STJ referente ao REsp n.º 1.579.852 SP (2016), Relatora Ministra Assusete Magalhães. Acrescentese que a discussão sobre a qual detêm competência para exame as Turmas de Julgamento do CARF envolve, regra geral, tãosomente o direito creditório, e não aspectos ligados ao débito que se pretende compensar mediante PER/DCOMP. Excetuamse as objeções, por razões de ordem pública, e casos excepcionais que demonstrem inequivocamente inexigibilidade do débito. Desta feita, retornando ao fundamento de início ponderado, restando evidente a preclusão quanto ao mérito do recurso, voto por NÃO CONHECER do recurso voluntário, não havendo, portanto, o que reformar na decisão de primeira instância. É como voto. (assinado digitalmente) Angelo Abrantes Nunes Relator. Fl. 145DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10209.720318/2013-51
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 23 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3401-001.514
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, para que se aguarde o desfecho definitivo do processo judicial prejudicial à apreciação administrativa da lide.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan Presidente
(assinado digitalmente)
Tiago Guerra Machado - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros Rosaldo Trevisan (Presidente), Tiago Guerra Machado, Lázaro Antonio Souza Soares, André Henrique Lemos, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Marcos Antonio Borges (suplente convocado). Ausente justificadamente a conselheira Mara Cristina Sifuentes.
Nome do relator: TIAGO GUERRA MACHADO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, para que se aguarde o desfecho definitivo do processo judicial prejudicial à apreciação administrativa da lide. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente (assinado digitalmente) Tiago Guerra Machado - Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros Rosaldo Trevisan (Presidente), Tiago Guerra Machado, Lázaro Antonio Souza Soares, André Henrique Lemos, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Marcos Antonio Borges (suplente convocado). Ausente justificadamente a conselheira Mara Cristina Sifuentes.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, para que se aguarde o desfecho definitivo do processo judicial prejudicial à apreciação administrativa da lide. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan – Presidente (assinado digitalmente) Tiago Guerra Machado Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros Rosaldo Trevisan (Presidente), Tiago Guerra Machado, Lázaro Antonio Souza Soares, André Henrique Lemos, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Marcos Antonio Borges (suplente convocado). Ausente justificadamente a conselheira Mara Cristina Sifuentes. Cuidase de Recurso Voluntário contra decisão da 7ª Turma da DRJ/FOR, que considerou improcedentes as razões da Recorrente sobre a nulidade de Auto de Infração, exarado pela ALF Porto de Belém, referente à multa pelo descumprimento da obrigação de RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 02 09 .7 20 31 8/ 20 13 -5 1 Fl. 258DF CARF MF Processo nº 10209.720318/201351 Resolução nº 3401001.514 S3C4T1 Fl. 256 2 prestar informação sobre veículo, carga transportada ou operação realizada, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), disposta no art. 107, IV, “e”, do Decretolei nº 37/1966. Do Lançamento Naquela ocasião, a D. Fiscalização lançou crédito tributário pelas seguintes razões: Consta na descrição dos fatos do Auto de Infração que as multas aplicadas foram decorrentes do atraso no fornecimento de dados relativos ao manifesto de carga e aos conhecimentos de transporte ali identificados, cuja responsabilidade pela prestação das informações legalmente exigidas era da empresa autuada. Segundo a autoridade lançadora, as informações a serem prestadas no âmbito do transporte internacional de mercadorias, bem como os respectivos prazos para esse fim, foram definidos na Instrução Normativa (IN) RFB nº 800/2007, editada com base no artigo 37 do Decretolei nº 37/1966, com redação dada pela Lei nº 10.833/2003. A autoridade autuante destacou a importância da obrigação em foco, no sentido de proporcionar maior controle, sobretudo de forma preventiva, das operações de comércio exterior, e agilizar o despacho aduaneiro, e discorreu sobre a responsabilidade da empresa autuada pela irregularidade apurada. Assim, o relatório fiscal afirma que a autuada deixou de atender ao prazo estabelecido no art. 22, II, “d”, da IN RFB nº 800, de 27/12/2007; caracterizando a infração tipificada no art. 107, IV, “e”, do DecretoLei nº 37/1966. Da Impugnação A Contribuinte apresentou impugnação, alegando, em síntese, o seguinte: a) Ilegitimidade passiva. A impugnante não é parte legítima para figurar no pólo passivo do lançamento, uma vez que atuou apenas como agência de navegação marítima, que não se equipara a transportador ou agente de carga, nem pode ser considerada como representante destes para fins de responsabilização por eventuais erros por eles cometidos. Para reforçar sua tese, a defesa cita doutrina e decisões dos tribunais superiores (STF, exTFR, STJ), relativas às funções e à responsabilidade por indenização e tributária do agente marítimo. b) Denúncia espontânea. Conforme se depreende dos autos, ainda que a destempo, a informação foi prestada pela própria impugnante, antes do início de qualquer procedimento fiscal. Assim não é cabível a multa exigida, pois se aplica ao caso o instituto da denúncia espontânea, consoante dispõe o art. 102, § 2º, do DecretoLei nº 37/1966, bem como o art. 138 do CTN, para fins de exclusão da penalidade. c) Atipicidade da conduta apenada. A autuação foi decorrente da retificação de informações prestadas dentro do prazo, conduta para a qual não há previsão legal de multa, e cuja equiparação ao fornecimento intempestivo de dados extrapola o poder regulamentar da Administração Pública, violando os princípios da legalidade e da hierarquia das normas. Fl. 259DF CARF MF Processo nº 10209.720318/201351 Resolução nº 3401001.514 S3C4T1 Fl. 257 3 d) Ofensa aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. A multa combatida deve ser afastada em atendimento aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, que são de observância obrigatória no âmbito do processo administrativo federal, consoante art. 2º da Lei nº 9.784/1999, eis que a penalidade aplicada é excessivamente gravosa em relação ao possível dano causado pela suposta infração. Da Decisão de 1ª Instância Sobreveio Acórdão 0836.636 (fls 122 e seguintes), exarado pela 7ª Turma da DRJ/FOR, em 23.06.2016, através do qual foi mantido integralmente o crédito tributário lançado nos seguintes termos: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 04/02/2013, 06/02/2013, 03/07/2013 PROCESSOS ADMINISTRATIVO E JUDICIAL. IDENTIDADE PARCIAL DE OBJETOS. RENÚNCIA PARCIAL À INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. Em razão do princípio da unidade de jurisdição, a propositura de ação na Justiça contra a Fazenda Pública implica renúncia à via administrativa, instância na qual o lançamento relativo à matéria sub judice se torna definitivo, sendo apreciado apenas eventual tema diferenciado, mas ficando o crédito constituído vinculado ao resultado do processo judicial. NORMA PUNITIVA EM PLENO VIGOR. AFASTAMENTO DA PENALIDADE EM RAZÃO DE SUPOSTA OFENSA AOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE. VEDAÇÃO. A atuação do julgador administrativo é vinculada aos ditames legais, sendolhe vedado afastar a aplicação de norma punitiva em pleno vigor a pretexto de ofensa da penalidade imposta aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Data do fato gerador: 04/02/2013, 06/02/2013, 03/07/2013 AGÊNCIA MARÍTIMA. IRREGULARIDADE NA PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO. RESPONSABILIDADE. A agência de navegação marítima representante no País de transportador estrangeiro responde por eventual irregularidade na prestação de informações que estava legalmente obrigada a fornecer à Aduana nacional. ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 04/02/2013, 06/02/2013, 03/07/2013 VINCULAÇÃO DE MANIFESTO A ESCALA. INFORMAÇÃO AUTÔNOMA EXIGIDA ESPECIFICAMENTE. A inclusão ou a exclusão de escala vinculada ao manifesto configura nova informação autônoma, que é exigida especificamente e deve ser prestada dentro do prazo estabelecido, independente da data de registro das demais. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Irresignado, a Contribuinte interpôs Recurso Voluntário, que veio a repetir os argumentos apresentados na impugnação, acrescentando sua indignação com ao não Fl. 260DF CARF MF Processo nº 10209.720318/201351 Resolução nº 3401001.514 S3C4T1 Fl. 258 4 conhecimento parcial da Impugnação em função de a DRJ ter considerado a ocorrência de renúncia parcial ao litígio haja vista que a entidade civil Centro Nacional de Navegação Transatlântica (CENTRONAVE), do qual a Recorrente seria associada, discute judicialmente (Ação Ordinária nº 006591474.2013.4.01.3400) matéria idêntica a parte litigiosa do presente Auto, especialmente em relação à ilegalidade do artigo 45 da Instrução Normativa SRF 800/2007 e do Ato COREP 3/2008. Para tanto, a Recorrente discorre sobre inexistência de concomitância no presente caso, haja vista a entidade autora da ação judicial não se confundir com a sua personalidade jurídica. É o relatório. VOTO Conselheiro Tiago Guerra Machado Relator Da Admissibilidade O Recurso é tempestivo, e reúne os demais requisitos de admissibilidade constantes na legislação; de modo que tomo seu conhecimento. Da Concomitância Judicial A razão pela qual a decisão a quo não conheceu parte da impugnação no que tange à matéria objeto da referida ação judicial. Como assentado, a autora da ação judicial, Centro Nacional de Navegação Transatlântica (CENTRONAVE) é tãosomente entidade na qual a Recorrente é associada; restando evidente que não é o autuado, mas sim a referida entidade a qual está vinculado. Dessa maneira, ainda que as decisões que decorram da referida ação reflitam seus efeitos aos associados da autora, a existência de lide judicial não pode servir de impedimento a que a Recorrente venha a discutir a referida matéria em sede administrativa, mesmo porque não possui o domínio e autonomia sobre o curso daquele processo. Com isso em mente, trago à colação os termos do artigo 337 do Novo CPC, que claramente define como litispendência a hipótese em que duas causas são idênticas quanto às partes, pedido e causa de pedir. Vejamos: Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: (...) VI Litispendência; (...) Fl. 261DF CARF MF Processo nº 10209.720318/201351 Resolução nº 3401001.514 S3C4T1 Fl. 259 5 §1º Verificase a litispendência ou a coisa julgada quando se reproduz ação anteriormente ajuizada. §2º Uma ação é idêntica a outra quando possui as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido. §3º Há litispendência quando se repete ação que está em curso. Por outro lado, eventual decisão naquela ação judicial implicará em reflexos sobre matéria ora em análise, razão pela qual a lide judicial constituise em elemento prejudicial ao acolhimento ou não dos argumentos da peça recursal, sendo apropriado o sobrestamento do presente feito. Pelo exposto, voto por conhecer do recurso, porém sugiro a sua conversão em diligência para que para que se aguarde o desfecho definitivo do processo judicial prejudicial à apreciação administrativa da lide. (assinado digitalmente) Tiago Guerra Machado Fl. 262DF CARF MF
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Numero do processo: 15374.724344/2009-83
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Dec 11 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3201-001.488
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente.
(assinado digitalmente)
Tatiana Josefovicz Belisário - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laércio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza - Presidente. (assinado digitalmente) Tatiana Josefovicz Belisário - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laércio Cruz Uliana Junior.
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente. (assinado digitalmente) Tatiana Josefovicz Belisário Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laércio Cruz Uliana Junior. Relatório Tratase de Recurso Voluntário apresentado pelo Contribuinte em face do acórdão nº 1251.915, proferido pela 17ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro (RJ), que assim relatou o feito: Trata o presente processo de Declaração de Compensação (Dcomp) de crédito informado como originário de pagamento efetuado a maior em 15/04/2005 a título de COFINS nãocumulativa/ combustíveis, código de receita 6840, período de apuração março de 2005. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 53 74 .7 24 34 4/ 20 09 -8 3 Fl. 3329DF CARF MF Processo nº 15374.724344/200983 Resolução nº 3201001.488 S3C2T1 Fl. 3.129 2 A DEMAC/RJO exarou o despacho decisório de fl. 2614, com base no Termo de Verificação Fiscal de fls. 2589 a 2613 decidindo não reconhecer o direito creditório pleiteado e, em decorrência, não homologar a compensação declarada. No referido Termo consta consignado, em resumo, que: a) A ação fiscal foi formalizada para fins de verificar a legitimidade das compensações declaradas pela empresa, envolvendo créditos relativos a supostos pagamentos a maior de Cofins nãocumulativa combustíveis referentes aos períodos de apuração janeiro, março e outubro de 2005; b) Verificouse que os créditos utilizados para compensação foram apurados somente a partir da retificação nos DACON e sua apuração se deu em decorrência do aumento expressivo no valor dos créditos da nãocumulatividade; c) A análise pautouse na auditoria dos créditos da não cumulatividade cujas retificações impactaram na apuração do crédito utilizado na compensação, bem como na auditoria dos créditos de maior valor. Quanto ao mês de março, promoveuse ainda a auditoria da base de cálculo da CofinsCombustíveis, haja vista que as retificações no DACON resultaram também na redução no valor devido da aludida exação; d) A fiscalizada não conseguiu identificar os serviços aplicados em cada etapa do processo produtivo, limitandose a apresentar relação geral dos serviços cujos valores utilizou como base de cálculo dos créditos descontados, sendo este um motivo suficiente para afastar o desconto de tais créditos, devido à impossibilidade de se atestar que se tratam de insumos diretamente aplicados ou consumidos no processo produtivo, como exige a legislação; e) Ainda que assim não fosse, a análise das planilhas apresentadas, da relação de produtos produzidos e destinados à venda e as atividades desempenhadas conforme estatuto social, permite ao menos identificar os serviços que flagrantemente não se caracterizam como insumos; f) A relação detalhada dos serviços glosados foi juntada aos processos de controle das DCOMP; g) Nos meses de março e outubro, também foram objeto de glosa os valores dos serviços em relação aos quais não restou caracterizada a ocorrência da aquisição dentro do mês de apuração do crédito, quais sejam, aqueles que, simultaneamente, nem a data de emissão da nota fiscal, nem a data de contabilização se deram no mês de apuração do crédito a descontar; h) Com relação aos créditos relativos a despesas com armazenagem e frete nas operações de venda, a fiscalizada foi intimada a apresentar notas fiscais de serviços da Petrobrás Transportes S/A – TRANSPETRO e pelas empresas de táxi aéreo e táxi comum (terrestre) relacionadas na planilha apresentada. A empresa apresentou apenas parte das notas fiscais requeridas. A análise das notas em confronto com as atividades desenvolvidas pelas empresas emitentes comprova que tais despesas se referem a transporte concernente à logística interna da empresa, transporte de pessoas ou apoio aéreo na exploração e produção de petróleo, e não a fretes contratados para a entrega de mercadoria/produto ao adquirente; i) No caso da Transpetro, somente foram apresentadas cópias das “notas de débito” referentes a possível aluguel de seus navios. Os serviços se referem ao transporte do petróleo dos campos de produção para os terminais da própria Transpetro e de lá para as refinarias e para as distribuidoras. As empresas de táxi aéreo prestam serviços de transporte de pessoas e de apoio aéreo logístico na exploração e produção de petróleo. Quanto aos serviços de táxi comum, é flagrante Fl. 3330DF CARF MF Processo nº 15374.724344/200983 Resolução nº 3201001.488 S3C2T1 Fl. 3.130 3 que este não é o meio utilizado para entrega de produtos a seus clientes. Nenhum dos serviços citados se referem a frete nas vendas; j) A relação detalhada dos serviços de frete glosados foi juntada aos processos de controle das DCOMP; k) Com relação aos créditos nas aquisições por importação de bens insumos e para revenda, foi possível confirmar, em consulta ao sistema Siscomex, as importações listadas pela fiscalizada, bem como a efetividade de quase a totalidade dos pagamentos da Cofins incidente na importação. Foram glosados apenas os valores concernentes a aquisições cujas importações não se deram dentro do mês de apuração do crédito (março e outubro) e aquelas em relação às quais não restou confirmado o pagamento (janeiro, março e outubro); l) No caso de apuração extemporânea de créditos, a providência a ser tomada consiste na retificação do DACON relativo ao mês em que se deu a aquisição; m) Foram detalhadas as glosas de créditos relativos a aquisições por importação de bens utilizados como insumo ou para revenda. Foi considerada como data de aquisição a data do registro da DI original; n) Em relação aos meses de março e outubro, também foi objeto de glosa a diferença entre o valor comprovado a título de crédito relativo às importações de bens sujeitos às alíquotas por unidade de produtos e o declarado no DACON; o) Já no que diz respeito às aquisições por importação de serviços utilizados como insumos, a fiscalizada não logrou êxito em identificar os respectivos pagamentos da Cofins. Na planilha apresentada não há informação quanto às datas dos recolhimentos nem quanto à identificação do CNPJ dos estabelecimentos que procederam a tais pagamentos, impossibilitando, assim, atestar que os pagamentos da Cofins incidente na importação efetivamente ocorreram; p) A fiscalizada não apresentou os dados requeridos com a finalidade de comprovar as despesas com energia elétrica, limitandose a informar que o arquivo não foi demonstrado de forma analítica por não dispor de tais informações e a apresentar planilha contendo basicamente os valores utilizados como base de cálculo de tal crédito e o crédito apurado, os quais sequer equivalem àqueles declarados no DACON, de modo que não resta alternativa senão a de glosar a integralidade dos créditos; q) No que se refere ao mês de março, a fim de que se pudesse verificar a pertinência da redução da base de cálculo da Cofins – Conbustíveis promovida no DACON retificador, a fiscalizada apresentou planilhas e Razão Contábil da conta 3101110001 – “Faturamento bruto – Produtos – País”. Os valores escriturados são condizentes com os registrados no DACON retificador, à exceção do valor da venda de gasolina, exceto de aviação. No que tange ao valor devido de Cofins – combustíveis no mês de março, foi considerado o valor resultante da aplicação da alíquota sobre a base de cálculo escriturada na contabilidade em relação à gasolina, exceto de aviação e mantidos os valores sobre as demais receitas de venda de combustíveis, conforme declarado no DACON; r) Procedeuse à apuração da Cofins nãocumulativa, ficando demonstrado que, uma vez afastadas as parcelas indevidas de descontos, não subsistem os créditos de pagamento a maior utilizados nas compensações em foco, devendo ser não homologadas as DCOMPs referentes a crédito de Cofins – Combustíveis dos meses de janeiro, março e outubro de 2005. Fl. 3331DF CARF MF Processo nº 15374.724344/200983 Resolução nº 3201001.488 S3C2T1 Fl. 3.131 4 A contribuinte foi cientificada do Despacho Decisório e respectivo Termo de Verificação Fiscal em 18/10/2012 (fl. 2614) e apresentou Manifestação de Inconformidade em 16/11/2012 (fls. 2619/2638), alegando, em síntese que: a) A adoção da corrente restritiva daquilo que se considera insumo já não encontra amparo na melhor doutrina e no CARF; b) As normas que instituíram a nãocumulatividade do PIS e da Cofins não firmaram expressamente o entendimento de que por insumo haveria de ser conhecido somente os bens e serviços diretamente envolvidos na produção dos bens e serviços; c) As receitas de uma atividade empresarial não decorrem exclusivamente da aquisição de bens e serviços diretamente utilizados na cadeia produtiva, mas de uma gama de bens e serviços que compõem os custos envolvidos na própria existência e manutenção da atividade econômica; d) Uma vez verificada a relevância dos custos indicados na planilha, mostrase latente o fato de que a decisão que determinou a glosa dos créditos gerados a partir deles está a merecer reparos, sob pena de violação dos dispositivos legais aplicáveis; e) De forma direta, clara e objetiva, o legislador garantiu ao contribuinte o direito de apropriação, nos meses subsequentes, do crédito não aproveitado em momento pretérito, independentemente do motivo que o tenha impossibilitado de utilizalo no mês em que ocorreu o custo ou despesa, conforme se depreende do inciso I, § 8º, art. 3º da Lei 10.637/2002; f) A regra do inciso I, § 1º, art. 3º da Lei 10.833/2003 não instituiu condicionantes para o aproveitamento de créditos; g) Instruções Normativas editadas quando da instituição do sistema não cumulativo da Cofins demonstram o quão irrelevante é a competência de origem do crédito para fins de seu aproveitamento. A Receita orientou que o contribuinte prestasse informações de custos e despesas ocorridos em meses diversos em um único DACON e que sua apresentação se desse em momento bem posterior à ocorrência das operações geradoras dos custos e despesas (INs 387/2004, 437/2004, 503/2005); h) Diferentemente do ICMS, o crédito do PIS e da Cofins não se origina do confronto entre operações de entrada e de saída de mercadorias, mas sim da própria ocorrência da operação passível de gerar o custo/despesa geradora do crédito; i) O processo da PER/DCOMP está, hoje, aparelhado para se atestar não só a legitimidade dos créditos apurados na forma do art. 15 da Lei 10.865/2004, mas também de todo e qualquer elemento inerente à aferição de seu regular processamento, independentemente do mês em que tenha se originado o direito creditório; j) O descumprimento da obrigação acessória, por si só, impõe, quando muito, a sanção administrativa pelo seu descumprimento, conforme § 3º do art. 113 do CTN, e não a rejeição do crédito arguido para fins de compensação e que representa a própria apuração da obrigação principal, regulada pela norma do § 1º do art. 113 do CTN; k) Conforme leciona a doutrina, bem como já decidido pelo CSRF do CARF, os gastos com frete de pessoas e produtos, passíveis de gerarem créditos do PIS/Cofins, não se restringem àqueles envolvendo a entrega de mercadorias/produtos aos clientes adquirentes; l) No que diz respeito aos serviços de táxi aéreo, é notória sua participação na cadeia, visto que utilizados para transporte de empregados até as plataformas localizadas em alto mar, onde serão envolvidos na atividade de Fl. 3332DF CARF MF Processo nº 15374.724344/200983 Resolução nº 3201001.488 S3C2T1 Fl. 3.132 5 exploração e produção de petróleo; m) A utilização de táxi terrestre funciona como um prolongamento da operação inicial, vale dizer, parte integrante do transporte aéreo; n) Para que se dê o refino do petróleo, parte seguinte à exploração, é ele remetido para os tanques da contribuinte tão logo extraído do solo, ato último que se dá por meio dos serviços prestados pela Transpetro, sendo tal serviço, portanto, indispensável na atividade; o) A Solução de Consulta trazida pela Receita não encontra amparo em Soluções de Consulta posteriores; p) O frete suportado na cadeia produtiva já foi reconhecido pelo CARF como sendo insumo inerente à atividade, sem o qual se revelaria impossível a obtenção do resultado almejado pelo empresário; q) As notas de débito revestemse de conteúdo suficiente para fins de provar a despesa suportada pela Contribuinte; r) Com relação à glosa de créditos relativos a aquisições por importação, a questão envolvendo a alocação do crédito em DACON oriundo de competência diversa daquela em que se deu o seu nascimento, o contribuinte se reporta às razões anotadas no item IV B para justificar a manutenção dos créditos provenientes da importação de bens para insumos e para revenda; s) Na medida em que referidos bens e serviços foram importados, mostrase estranha a exigência do documento comprobatório do pagamento do tributo, quando foram apresentadas as respectivas DIs que jamais teriam o desembaraço concluído sem o recolhimento da Cofins; t) Em relação à redução da Cofinscombustível em março de 2005, cumpre frisar que a diferença apontada entre o DACON retificador e o Razão e planilha resulta de ajustes referentes às vendas de gasolina, exceto de aviação. Os ajustes ocorreram em razão de provisões constituídas no mês corrente, estorno das provisões constituídas no mês anterior e vendas canceladas. Junta aos autos planilhas analíticas contendo os valores já com os devidos ajustes; u) Em virtude do princípio da verdade material, no processo administrativo impõese a busca pelo fato ocorrido tanto pelas partes como pela própria autoridade julgadora. O ônus da prova não está adstrito apenas ao contribunte. O pagamento a maior de tributo deve ser devolvido imediatamente ao contribuinte, sob pena de enriquecimento ilícito da União Federal; v) Por fim, protesta pela juntada de documentos relacionados e documentos complementares, bem como pela apresentação de outras provas que contribuam para o deslinde da questão e que seja julgada procedente a manifestação de inconformidade, e reconhecido o direito de crédito constante na DCOMP. Após exame da defesa apresentada pelo Contribuinte, a DRJ proferiu acórdão assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/03/2005 a 31/03/2005 NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. INSUMOS. Para fins de apuração de créditos da nãocumulatividade, consideram se insumos os bens e serviços diretamente aplicados ou consumidos na fabricação do produto. COFINS NÃOCUMULATIVA. APROVEITAMENTO DE CRÉDITOS. Fl. 3333DF CARF MF Processo nº 15374.724344/200983 Resolução nº 3201001.488 S3C2T1 Fl. 3.133 6 Na apuração nãocumulativa da COFINS, os créditos a descontar devem ser calculados em relação às aquisições de insumos ou bens para revenda ocorridas no próprio mês de apuração. COFINS. CRÉDITOS DECORRENTES DE DESPESAS COM FRETE. Somente os valores das despesas realizadas com fretes contratados para a entrega de mercadorias ou produtos diretamente aos clientes adquirentes, desde que o ônus tenha sido suportado pela pessoa jurídica vendedora, é que geram direito a créditos a serem descontados da Cofins devida. COFINS. CRÉDITOS NA IMPORTAÇÃO DE BENS E SERVIÇOS. Somente se admitem os créditos decorrentes da importação de bens ou serviços quando comprovados os efetivos recolhimentos da Cofins Importação. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/03/2005 a 31/03/2005 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. ELEMENTOS DE PROVA. A prova deve ser apresentada na manifestação de inconformidade, precluindo o direito de fazêlo em outro momento processual, por força do artigo 16, § 4º, do Decreto nº 70.235/72. MATÉRIA NÃO CONTESTADA. Operamse os efeitos preclusivos previstos nas normas do processo administrativo fiscal em relação à matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. É do sujeito passivo o ônus de reunir e apresentar conjunto probatório capaz de demonstrar a liquidez e certeza do crédito pretendido, sem o que não pode ser homologada a compensação efetuada. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Inconformado, o Contribuinte apresentou Recurso Voluntário reiterando os argumentos de defesa apresentados quanto ao crédito tributário mantido. Em síntese, defende o direito de apropriação de créditos de PIS e COFINS sobre a (i) aquisição de serviços utilizados como insumo; (ii) despesas com frete nas operações de venda; (iii) importações de bens e serviços; além do direito à (iv) apropriação de créditos extemporâneos em DACON. Também requer correção da diferença entre o valor indicado na DACON retificadora e o apresentado em planilhas relativamente (v) ao valor das despesas de importação e do (vi) valor da COFINS Combustíveis. Após a interposição do recurso, a Recorrente apresentou petição aos autos requerendo a juntada de planilha analítica referente aos serviços de importação utilizados como insumos. Fl. 3334DF CARF MF Processo nº 15374.724344/200983 Resolução nº 3201001.488 S3C2T1 Fl. 3.134 7 Os autos foram remetidos a este CARF que, em primeiro exame do feito, houve por bem converter o feito em diligência, conforme Resolução nº 3202000.347 de 18 de março de 2015, nos seguintes termos: Ante o exposto, voto para CONVERTER o julgamento em diligência para que a autoridade preparadora intime a empresa Recorrente a: a) efetuar descritivo minucioso do processo produtivo da Recorrente – elaborar laudo se necessário , a fim de que possa ser constatado o emprego dos custos, despesas e serviços glosados pelo despacho decisório, inclusive em relação aos créditos extemporâneos (se houver); b) destacar quais as despesas vinculadas a cada uma das contas contábeis, inserindo sua participação no processo produtivo, inclusive em relação aos créditos extemporâneos (se houver); c) Apresentar balancetes ou Livro Razão comprovando o registro contábil da despesa no valor informado; d) trazer aos autos outros elementos e informações que entenda relevantes para o deslinde do presente processo. Em seguida, a autoridade da RFB responsável pela realização da diligência apresentará relatório circunstanciado e conclusivo a respeito da diligência, podendo trazer aos autos outros elementos e informações que entenda relevantes para o deslinde do presente processo. Por fim deve ser intimando a Recorrente para que se manifeste expressamente sobre o resultado da presente diligência. Após, retornem a este colegiado para continuidade do presente julgamento. A diligência foi efetuada pela Autoridade Lançadora, que elaborou Relatório de Encerramento de Diligência Fiscal, com as seguintes conclusões: Dessa forma, considerado tudo o até aqui exposto, concluímos pela manutenção das glosas efetuadas e da não homologação da DCOMP 05122.31113.300508.1.3.041106, uma vez que, a nosso entender, os documentos/informações apresentados não afastam as razões originariamente consideradas pela Fiscalização e pelo Julgamento de 1a Instância para a glosa dos créditos, ao contrário, só vem a confirmar que os custos/despesas glosados não se referem a bem/serviço adquirido de pessoa jurídica e diretamente aplicado ou consumido na fabricação do produto ou serviço destinado à venda, tampouco a despesas com armazenagem de mercadorias e com fretes nas operações de vendas, como expressamente exigido pela legislação de regência para terem seus valores utilizados como base de cálculo de créditos da COFINS NÃO CUMULATIVA. No que tange à glosa dos créditos cujo aproveitamento foi considerado extemporâneo e dos créditos relativos à COFINS IMPORTAÇÃO, concluímos também pela manutenção da mesma pelas razões já expostas no Termo de Verificação Fiscal e ratificadas no Acórdão proferido pela 1a Instância do Julgamento Administrativo. Fl. 3335DF CARF MF Processo nº 15374.724344/200983 Resolução nº 3201001.488 S3C2T1 Fl. 3.135 8 Por fim, quanto ao registro contábil dos valores dos custos/despesas glosados, a diligenciada, embora não tenha apresentado os respectivos Razões Contábeis requeridos pelo CARF, apresentou os documentos de fls. 3069 (“Planilha Linha 3”) e 3074 (“Linha 7”), compostos, respectivamente, de sete planilhas e de seis planilhas, nas quais, segundo informa, reproduziu os dados relativos aos lançamentos contábeis efetuados para o registro dos tais valores, tendo esclarecido que, para identificação de cada lançamento contábil, basta que, nas planilhas referentes aos dados dos Razões Contábeis5, selecionese o número do respectivo documento contábil, o qual se encontra informado na coluna “Doc Contábil Razão” da primeira planilha dos aludidos documentos apresentados (Planilha “03 – Serviços” do documento “Planilha Linha 3” e Planilha “07 – Armazenamento e Frete” do documento “Linha 7”). A Recorrente, devidamente intimada, apresentou petição aos autos manifestandose acerca de cada um dos pontos examinados pela Fiscalização requerendo ou a determinação de nova resolução a ser cumprida nos exatos termos da decisão proferida pelo Superior Tribunal de Justiça em sede de recurso representativo de controvérsia (REsp nº 1.221.170 Créditos de PIS e COFINS sob o prima da essencialidade), ou, então, que seja dado integral provimento ao Recurso Voluntário apresentado. Os autos, então, retornaram ao CSRF e foram a mim redistribuídos por sorteio, uma vez que a Relatora original do feito não mais integra este colegiado. É o relatório. Voto Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário Relatora O Recurso Voluntário é próprio e tempestivo. Para melhor exame do feito, passo a analisar cada um dos tópicos recursais apresentados pela contribuinte. "II.a DOS CRÉDITOS APURADOS EM RELAÇÃO À AQUISIÇÃO DE SERVIÇOS UTILIZADOS COMO INSUMOS" Neste tópico a Recorrente solicita o reconhecimento do direito ao crédito da COFINS apurados no mês de março de 2005 sob a afirmativa de que se tratam de serviços tomados como insumo no seu processo produtivo. Tanto a Fiscalização, como a DRJ, buscam validar o lançamento no entendimento de que, na apuração do PIS e da COFINS não cumulativas devese aplicar o disposto nas Instruções Normativas nº 247/2002 e nº 404/2004, que, em síntese, invoca os conceitos estabelecidos pela legislação do IPI. Todavia, é de conhecimento que a matéria em questão sofreu considerável alteração após a lavratura do auto de infração e prolação do acórdão proferido pela DRJ. Fl. 3336DF CARF MF Processo nº 15374.724344/200983 Resolução nº 3201001.488 S3C2T1 Fl. 3.136 9 Na esteira do que há muito vinha se estabelecendo deste CARF, para fins de apuração do PIS e da COFINS não cumulativas sobre a aquisição de insumos pela Pessoa Jurídica, já definiu o Superior Tribunal de Justiça, em sede de recurso Representativo de Controvérsia, portanto, de efeito vinculante à este CARF e à propria Administração Tributária, pelo afastamento da aplicação da legislação de IPI utilizada como parâmetro na autuação. E, também consoante jurisprudência já estabelecida por esta Corte Administrativa, determinou a necessidade de se avaliar a essencialidade e relevância dos bens adquiridos como insumos à atividade produtiva do contribuinte. É a ementa do julgado: TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. NÃO CUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. DEFINIÇÃO ADMINISTRATIVA PELAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS 247/2002 E 404/2004, DA SRF, QUE TRADUZ PROPÓSITO RESTRITIVO E DESVIRTUADOR DO SEU ALCANCE LEGAL. DESCABIMENTO. DEFINIÇÃO DO CONCEITO DE INSUMOS À LUZ DOS CRITÉRIOS DA ESSENCIALIDADE OU RELEVÂNCIA. RECURSO ESPECIAL DA CONTRIBUINTE PARCIALMENTE CONHECIDO, E, NESTA EXTENSÃO, PARCIALMENTE PROVIDO, SOB O RITO DO ART. 543C DO CPC/1973 (ARTS. 1.036 E SEGUINTES DO CPC/2015). 1. Para efeito do creditamento relativo às contribuições denominadas PIS e COFINS, a definição restritiva da compreensão de insumo, proposta na IN 247/2002 e na IN 404/2004, ambas da SRF, efetivamente desrespeita o comando contido no art. 3o., II, da Lei 10.637/2002 e da Lei 10.833/2003, que contém rol exemplificativo. 2. O conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou relevância, vale dizer, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de determinado item bem ou serviço para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte. 3. Recurso Especial representativo da controvérsia parcialmente conhecido e, nesta extensão, parcialmente provido, para determinar o retorno dos autos à instância de origem, a fim de que se aprecie, em cotejo com o objeto social da empresa, a possibilidade de dedução dos créditos realtivos a custo e despesas com: água, combustíveis e lubrificantes, materiais e exames laboratoriais, materiais de limpeza e equipamentos de proteção individualEPI. 4. Sob o rito do art. 543C do CPC/1973 (arts. 1.036 e seguintes do CPC/2015), assentamse as seguintes teses: (a) é ilegal a disciplina de creditamento prevista nas Instruções Normativas da SRF ns. 247/2002 e 404/2004, porquanto compromete a eficácia do sistema de não cumulatividade da contribuição ao PIS e da COFINS, tal como definido nas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003; e (b) o conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios de essencialidade ou relevância, ou seja, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de terminado item bem ou serviço para o Fl. 3337DF CARF MF Processo nº 15374.724344/200983 Resolução nº 3201001.488 S3C2T1 Fl. 3.137 10 desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo Contribuinte. (REsp 1221170/PR, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 22/02/2018, DJe 24/04/2018) Mais recentemente a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, por meio da Nota SEI nº 63/2018/CRJ/PGACET/PGFNMF, examinou a decisão proferida pelo STJ para fins de dispensa de contestação e recursos nos processos que versem sobre a matéria. Embora tal manifestação não vincule este órgão julgador, é possível extrair algumas premissas e conclusões nele apresentadas, com as quais concorda esta Relatora: 14. Consoante se depreende do Acórdão publicado, os Ministros do STJ adotaram a interpretação intermediária, considerando que o conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios de essencialidade ou relevância. Dessa forma, tal aferição deve se dar considerandose a imprescindibilidade ou a importância de determinado item para o desenvolvimento da atividade produtiva, consistente na produção de bens destinados à venda ou de prestação de serviços. 15. Devese, pois, levar em conta as particularidades de cada processo produtivo, na medida em que determinado bem pode fazer parte de vários processos produtivos, porém, com diferentes níveis de importância, sendo certo que o raciocínio hipotético levado a efeito por meio do “teste de subtração” serviria como um dos mecanismos aptos a revelar a imprescindibilidade e a importância para o processo produtivo. (...) 17. Observase que o ponto fulcral da decisão do STJ é a definição de insumos como sendo aqueles bens ou serviços que, uma vez retirados do processo produtivo, comprometem a consecução da atividadefim da empresa, estejam eles empregados direta ou indiretamente em tal processo. É o raciocínio que decorre do mencionado “teste de subtração” a que se refere o voto do Ministro Mauro Campbell Marques. (...) 36. Com a edição das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, o legislador infraconstitucional elencou vários elementos que como regra integram cadeias produtivas, considerandoos, de forma expressa, como ensejadores de créditos de PIS e COFINS, dentro da sistemática da nãocumulatividade. Há, pois, itens dentro do processo produtivo cuja indispensabilidade material os faz essenciais ou relevantes, de forma que a atividadefim da empresa não é possível de ser mantida sem a presença deles, existindo outros cuja essencialidade decorre por imposição legal, não se podendo conceber a realização da atividade produtiva em descumprimento do comando legal. São itens que, se hipoteticamente subtraídos, não obstante não impeçam a consecução dos objetivos da empresa, são exigidos pela lei, devendo, assim, ser considerados insumos. Fl. 3338DF CARF MF Processo nº 15374.724344/200983 Resolução nº 3201001.488 S3C2T1 Fl. 3.138 11 37. Há bens essenciais ou relevantes ao processo produtivo que nem sempre são nele diretamente empregados. O conceito de insumo não se atrela necessariamente ao produto, mas ao próprio processo produtivo. 38. Não devem ser consideradas insumos as despesas com as quais a empresa precisa arcar para o exercício das suas atividades que não estejam intrinsicamente relacionadas ao exercício de sua atividadefim e que seriam mero custo operacional. Isso porque há bens e serviços que possuem papel importante para as atividades da empresa, inclusive para obtenção de vantagem concorrencial, mas cujo nexo de causalidade não está atrelado à sua atividade precípua, ou seja, ao processo produtivo relacionado ao produto ou serviço. 39. Vale dizer que embora a decisão do STJ não tenha discutido especificamente sobre as atividades realizadas pela empresa que ensejariam a existência de insumos para fins de creditamento, na medida em que a tese firmada referese apenas à atividade econômica do contribuinte, é certo, a partir dos fundamentos constantes no Acórdão, que somente haveria insumos nas atividades de produção de bens destinados à venda ou de prestação de serviços. Desse modo, é inegável que inexistem insumos em atividades administrativas, jurídicas, contábeis, comerciais, ainda que realizadas pelo contribuinte, se tais atividades não configurarem a sua atividadefim. (...) 42. Insumos seriam, portanto, os bens ou serviços que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços e que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração resulte na impossibilidade ou inutilidade da mesma prestação do serviço ou da produção, ou seja, itens cuja subtração ou obste a atividade da empresa ou acarrete substancial perda da qualidade do produto ou do serviço daí resultantes. 43. O raciocínio proposto pelo “teste da subtração” a revelar a essencialidade ou relevância do item é como uma aferição de uma “conditio sine qua non” para a produção ou prestação do serviço. Buscase uma eliminação hipotética, suprimindose mentalmente o item do contexto do processo produtivo atrelado à atividade empresarial desenvolvida. Ainda que se observem despesas importantes para a empresa, inclusive para o seu êxito no mercado, elas não são necessariamente essenciais ou relevantes, quando analisadas em cotejo com a atividade principal desenvolvida pelo contribuinte, sob um viés objetivo. 48. A Ministra Regina Helena Costa esclareceu em seu voto que o item atende ao critério da essencialidade quando configura elemento estrutural e inseparável do processo produtivo ou da execução do serviço ou, minimamente, quando sua falta prive de qualidade, quantidade e/ou suficiência. É, portanto, essencial é o item, dentro do processo produtivo, do qual dependa “intrínseca e fundamentalmente” o produto ou serviço. 49. Já o item relevante, ainda no escólio da Ministra Regina Helena Costa, é aquele cuja finalidade, conquanto não seja indispensável à elaboração do próprio produto ou serviço integra o processo de Fl. 3339DF CARF MF Processo nº 15374.724344/200983 Resolução nº 3201001.488 S3C2T1 Fl. 3.139 12 produção, ou pelas singularidades de cada cadeia produtiva ou por imposição legal. Nesse passo, a Ministra entendeu que o critério da relevância seria mais abrangente que o da pertinência (que havia sido proposto pelo Ministro Mauro Campbell Marques), na medida que esta seria caracterizada pelo emprego na produção ou na execução do serviço. Logo, pela precisa análise efetuada pela PGFN, a essencialidade deve ser entendida como a condição sem a qual tornase inviável a atividadefim do contribuinte (qualidade, quantidade e/ou suficiência). Relevância, a seu turno, alcança aqueles itens que, ainda que sua subtração do processo produtivo não impeça o exercício da atividade produtiva ou a prestação do serviço, os tornando inviáveis, tais como as exigências legais impostas. Assim, estabelecidos tais parâmetros, deve se perquirir, a essencialidade e relevância das aquisições efetuadas pela Recorrente para que se possa legitimar a glosa ou o direito ao crédito. Como se extrai do relato dos fatos, no presente feito foi determinada a realização de diligência nos seguintes termos: Ante o exposto, voto para CONVERTER o julgamento em diligência para que a autoridade preparadora intime a empresa Recorrente a: a) efetuar descritivo minucioso do processo produtivo da Recorrente – elaborar laudo se necessário , a fim de que possa ser constatado o emprego dos custos, despesas e serviços glosados pelo despacho decisório, inclusive em relação aos créditos extemporâneos (se houver); b) destacar quais as despesas vinculadas a cada uma das contas contábeis, inserindo sua participação no processo produtivo, inclusive em relação aos créditos extemporâneos (se houver); c) Apresentar balancetes ou Livro Razão comprovando o registro contábil da despesa no valor informado; d) trazer aos autos outros elementos e informações que entenda relevantes para o deslinde do presente processo. Em seguida, a autoridade da RFB responsável pela realização da diligência apresentará relatório circunstanciado e conclusivo a respeito da diligência, podendo trazer aos autos outros elementos e informações que entenda relevantes para o deslinde do presente processo Intimada, a Recorrente apresentou: Descritivo da Cadeia Integrada das Atividades da Petrobrás (fl. 3.036/3.057) Planilha indicando a conta contábil de registro de cada um das despesas glosadas e o processo produtivo de sua aplicação (documento não paginável, "Anexo 2") Planilha demonstrando a base de cálculo da linha 3 da DACON (Serviços) e respectivos registros contábeis (documento não paginável, "Linha 3") Fl. 3340DF CARF MF Processo nº 15374.724344/200983 Resolução nº 3201001.488 S3C2T1 Fl. 3.140 13 Planilha demonstrando a base de cálculo da linha 7 da DACON (Amazenagem e Frete) e respectivos registros contábeis (documento não paginável, "Linha 7") Após a apresentação dos documentos, a Autoridade Lançadora elaborou o "Relatório de Encerramento de Diligência Fiscal" de fls. 3.081/3.092 De acordo com o Relatório elaborado em sede de diligência: No documento intitulado “Descritivo da Cadeia Integrada das Atividades da Petrobras”, a diligenciada informa que sua cadeia de produção abrange as atividades de (I) exploração e produção de petróleo e gás natural; (II) refino, comercialização e transporte de combustíveis e derivados; (III) produção, comercialização e transporte de gás natural e derivados; (IV) geração e comercialização de energia elétrica; e (V) produção e comercialização de fertilizantes; descreve diversos estabelecimentos e ativos estratégicos situados no território nacional que, segundo informa, possibilitam a integração de seu processo produtivo; descreve em linhas gerais cada uma dessas atividades por ela desenvolvidas; e, ao final da descrição de cada atividade, expressamente elenca aqueles serviços/custos/despesas que entende como incontestavelmente essenciais ou necessários a cada processo produtivo descrito. (...) De plano, observase que toda a argumentação trazida pela diligenciada no Descritivo apresentado para ver mantido o creditamento em relação a tais custos/despesas diz respeito à essencialidade ou à necessidade do respectivo custo/despesa para o desempenho de suas atividades. Todavia, não foi este o aspecto considerado pela Fiscalização ou pelo julgamento de 1a Instância Administrativa para a glosa de créditos efetuada. Tampouco a essencialidade/necessidade foi o critério utilizado para identificar o custo/despesa não passível de creditamento, e nem poderia ser, bem porque não são estes os requisitos exigidos pela legislação de regência para apuração dos créditos da COFINS NÃO CUMULATIVA. (...) Dessa forma, considerado tudo o até aqui exposto, concluímos pela manutenção das glosas efetuadas e da não homologação da DCOMP 05122.31113.300508.1.3.041106, uma vez que, a nosso entender, os documentos/informações apresentados não afastam as razões originariamente consideradas pela Fiscalização e pelo Julgamento de 1a Instância para a glosa dos créditos, ao contrário, só vem a confirmar que os custos/despesas glosados não se referem a bem/serviço adquirido de pessoa jurídica e diretamente aplicado ou consumido na fabricação do produto ou serviço destinado à venda, tampouco a despesas com armazenagem de mercadorias e com fretes nas operações de vendas, como expressamente exigido pela legislação de regência para terem seus valores utilizados como base de cálculo de créditos da COFINS NÃO CUMULATIVA. Pelos trechos transcritos, observase que a Recorrente apresentou de forma detalhada o seu processo produtivo, distinguindo, dentre os serviços glosados, aqueles de natureza essencial ou relevante. A Fiscalização, a seu turno, não infirmou tal caracterização ao Fl. 3341DF CARF MF Processo nº 15374.724344/200983 Resolução nº 3201001.488 S3C2T1 Fl. 3.141 14 argumento de que, tendo sido o fundamento do lançamento a aplicação da IN SRF nº 404/2004, tais aspectos são irrelevantes para se afastar as razões de glosa. Não obstante, como já exposto, tal entendimento encontrase superado, sendo, efetivamente necessário que se examine a essencialidade e relevância dos serviços tomados em face da atividade produtiva da Recorrente, tomandose como premissas as descrições apresentadas pela própria contribuinte. Pois bem. Nos presentes autos a Recorrente apresentou uma lista de 54 itens cujo crédito sobre a aquisição pretendia ter reconhecido. Em sede de diligência verificouse que parte daqueles itens não haviam sido objeto de glosa e, outra parte, não foi contestada pela Contribuinte nos documentos apresentados. Assim, para a definição dos serviços controvertidos nos presentes autos, devese tomar como partida o quadro apresentado pela Recorrente em sua manifestação à diligência (fls. 3106 a 3108). Como conceituação / justificativa de cada um destes serviços, recorrese ao documento denominado "Cadeia Integrada das Atividades da Petrobrás" (fls. 3036 e seguintes); a Manifestação à Diligência (fls. 3.100 e seguintes); e, notadamente, as planilhas apresentadas em formatos não pagináveis, todos, como dito, apresentados pela contribuinte. É preciso reiterar que a Fiscalização, embora oportunizado, não refutou qualquer uma das informações prestadas pela Recorrente. Essa questão é de suma relevância quando se examina cada um dos grupos de glosas realizados a partir das planilhas elaboradas pela Recorrente a partir dos seus registros contábeis. Nesse diapasão, observo que o feito não se encontra devidamente maduro para julgamento. Ao efetuar o exame das planilhas apresentadas pelo contribuinte, examinando cada uma das despesas contabilizadas nas rubricas relativas aos serviços utilizados como insumo, verificase que, de fato, em sua quase totalidade, estão vinculadas a centros de custos operacionais (plataformas, refinarias, etc). Contudo, que existem ainda que poucas vinculações a centros de custo descritos como "administrativo", "telecomunicações" e "refeitórios", por exemplo. Em princípio, tendo como premissa exclusivamente os lançamentos contábeis, estas despesas não seriam possíveis de gerar crédito na apuração do PIS e da COFINS, mas apenas aquelas vinculadas a centros operacionais, desde que comprovada a sua essencialidade ou relevância. Como dito, a Fiscalização não adentrou a este exame por entender que seria irrelevante em face da aplicação das INs do IPI. Entendo que esta questão não pode ser superada no presente julgamento. Isso porque, ainda que seja possível fazer o exame, em tese, da natureza de cada um dos serviços, não se pode legitimar as despesas que não se mostrem essenciais e relevantes em razão da sua aplicação em centros de custos administrativos. Fl. 3342DF CARF MF Processo nº 15374.724344/200983 Resolução nº 3201001.488 S3C2T1 Fl. 3.142 15 Outro exemplo referese às despesas com hotelaria. Pelas planilhas anexadas, é possível identificar despesas vinculadas a hotelaria em plataformsa localizadas em alto mar, mas também despesas vinculadas e sedes terrestres, ainda que operacionais. Em face das especificidades existentes, é de se ter, também em tese, que as despesas com hotelaria em "altomar" possuem natureza bastante distinta das despesas com hotelaria "terrestre" em face do critério da essencialidade. Desse modo, se faz essencial a complementação da diligência realizada para que se possa realizar a devida segregação entre as despesas glosadas e correlação ao centro de curso. Não o fazendo, o exame em tese dos serviços, apenas por sua descrição, poderá permitir, eventualmente, a manutenção de créditos vinculados a despesas não essenciais ou relevantes. "II.e DA DIFERENÇA ENTRE O VALOR DAS DESPESAS COM IMPORTAÇÕES INDICADO NO DACON RETIFICADOR E AQUELE APRESENTADO NAS PLANILHAS EXPLICATIVAS" Quando da prolação do Despacho Decisório foi objeto de glosa parte dos créditos apropriados em DACON em decorrência da importação de bens tributados, cuja comprovação não teria sido realizada pelo contribuinte: Em sede de Manifestação de Inconformidade a Contribuinte restou silente quanto à divergência apurada, razão pela qual a DRJ teve a matéria por preclusa: Quanto à diferença entre o valor declarado no DACON e o comprovado, relativo a créditos decorrentes de importação de bens sujeitos às alíquotas calculadas por unidade de produto, apurada pela autoridade fiscal no montante de R$ 1.774.182,15, a empresa interessada não apresenta qualquer argumento contrário. Por tal motivo, devese ter consoante disposto no artigo 17 do Decreto nº 70.235/72, a seguir colacionado por não impugnada referida matéria e, ainda, por considerado definitivo o correspondente ajuste. “Art. 17 – Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante (Artigo com redação dada pela Lei nº 9.532, de 10/12/1997, DOU de 11/12/1997, em vigor desde a publicação).” Pelo exposto, deve ser mantida a glosa efetuada nos créditos decorrentes de importações de bens para revenda ou utilizados como insumos. Em sede de Recurso Voluntário, a Contribuinte não se insurge quanto à preclusão anotada pela DRJ, mas busca demonstrar a origem da divergência identificada pela Fiscalização. Reconhece que o valor indicado em DACON era superior ao existente nas planilhas de apuração e esclarece que tal divergência decorre de mero erro material, uma vez que tal planilha deixara de indicar 8 (oito) Declarações de Importação. Fl. 3343DF CARF MF Processo nº 15374.724344/200983 Resolução nº 3201001.488 S3C2T1 Fl. 3.143 16 Visando a comprovação do alegado, a Contribuinte fez juntar aos autos documentos não pagináveis, conforme fls. 2931 e 2932. Assim, pede pela aplicação do Princípio da Verdade Material e do formalismo moderado (dentre outros), requerendo "que tais considerações sejam conhecidas e providas para fins de recolhimento [sic] do crédito indevidamente glosado, especialmente quando se verifica que a sua idoneidade se confirma através de simples cálculos aritméticos". Pois bem. A questão posta é tênue. Não há como negar a preclusão, visto que esta matéria de defesa não foi arguida em sede de Manifestação de Inconformidade. Por outro lado, como bem alega a Recorrente, tratase de questão de simples solução: na planilha de apuração dos créditos deixouse de informar 8 (oito) DI's que suportariam o crédito pretendido. Sendo este equívoco de fácil identificação e ajuste, pode, sem sombra de dúvidas, ser revisto de ofício pela Administração Tributária, inclusive após a inscrição do débito correspondente em Dívida Ativa da União, nos termos do art. 21 do DL nº 70.235/72: Art. 32. As inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e os erros de escrita ou de cálculos existentes na decisão poderão ser corrigidos de ofício ou a requerimento do sujeito passivo. A Receita Federal do Brasil disponibiliza aos contribuintes, em seu sítio, formulário denominado "Pedido de Revisão de Débitos Inscritos em Dívida Ativa da União Anexo III Retificação de Declaração ou Erro de Fato", por meio do qual erros como o ora identificados nos autos podem ser corrigidos, culminando com a extinção do crédito correspondente. (http://idg.receita.fazenda.gov.br/formularios/processos/revisaodedebitos inscritosemdividaativadauniao/anexo3retificacaodedeclaracaoouerrodefato.odt/view) Ainda acerca da possibilidade de revisão de ofício do crédito tributário, trago o Parecer Normativo COSIT nº 8, de 03 de setembro de 2014, com destaques em seus aspectos relevantes: Assunto. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. REVISÃO E RETIFICAÇÃO DE OFÍCIO – DE LANÇAMENTO E DE DÉBITO CONFESSADO, RESPECTIVAMENTE – EM SENTIDO FAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE. CABIMENTO. ESPECIFICIDADES. Fl. 3344DF CARF MF Processo nº 15374.724344/200983 Resolução nº 3201001.488 S3C2T1 Fl. 3.144 17 A revisão de ofício de lançamento regularmente notificado, para reduzir o crédito tributário, pode ser efetuada pela autoridade administrativa local para crédito tributário não extinto e indevido, no caso de ocorrer uma das hipóteses previstas nos incisos I, VIII e IX do art. 149 do Código Tributário Nacional – CTN, quais sejam: quando a lei assim o determine, aqui incluídos o vício de legalidade e as ofensas em matéria de ordem pública; erro de fato; fraude ou falta funcional; e vício formal especial, desde que a matéria não esteja submetida aos órgãos de julgamento administrativo ou já tenha sido objeto de apreciação destes. A retificação de ofício de débito confessado em declaração, para reduzir o saldo a pagar a ser encaminhado à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional – PGFN para inscrição na Dívida Ativa, pode ser efetuada pela autoridade administrativa local para crédito tributário não extinto e indevido, na hipótese da ocorrência de erro de fato no preenchimento da declaração. REVISÃO DE DESPACHO DECISÓRIO QUE NÃO HOMOLOGOU COMPENSAÇÃO, EM SENTIDO FAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE. A revisão de ofício de despacho decisório que não homologou compensação pode ser efetuada pela autoridade administrativa local para crédito tributário não extinto e indevido, na hipótese de ocorrer erro de fato no preenchimento de declaração (na própria Declaração de Compensação – Dcomp ou em declarações que deram origem ao débito, como a Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais – DCTF e mesmo a Declaração de Informações Econômico Fiscais da Pessoa Jurídica – DIPJ, quando o crédito utilizado na compensação se originar de saldo negativo de Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica IRPJ ou de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL), desde que este não esteja submetido aos órgãos de julgamento administrativo ou já tenha sido objeto de apreciação destes. COMPETÊNCIA PARA EFETUAR A REVISÃO DE OFÍCIO. Compete à autoridade administrativa da unidade da RFB na qual foi formalizada a exigência fiscal proceder à revisão de ofício do lançamento, inclusive para as hipóteses de tributação previdenciária. REVISÃO DE OFÍCIO – ATO INSTRUMENTO DA REVISÃO. O despacho decisório é o instrumento adequado para que a autoridade administrativa local efetue a revisão de ofício de lançamento regularmente notificado, a retificação de ofício de débito confessado em declaração, e a revisão de ofício de despacho decisório que decidiu sobre reconhecimento de direito creditório e compensação efetuada. RECORRIBILIDADE DA DECISÃO PROFERIDA EM REVISÃO DE OFÍCIO. A revisão de ofício nas hipóteses aqui tratadas não se insere nas reclamações e recursos de que trata o art. 151, III, do CTN, regulados pelo Decreto nº 70.235, de 1972, tampouco se aplica a ela a possibilidade de qualquer outro recurso. Fl. 3345DF CARF MF Processo nº 15374.724344/200983 Resolução nº 3201001.488 S3C2T1 Fl. 3.145 18 Todavia, este posicionamento não deve ser aplicado para os casos de reconhecimento de direito creditório e de homologação de compensação alterados em virtude de revisão de ofício do despacho decisório que tenha implicado prejuízo ao contribuinte. Nesses casos, em atenção ao devido processo legal, deve ser concedido o prazo de trinta dias para o sujeito passivo apresentar manifestação de inconformidade e, sendo o caso, recurso voluntário, no rito processual do Decreto nº 70.235, de 1972, enquadrandose o débito objeto da compensação no disposto no inciso III do art. 151 do CTN. EXISTÊNCIA DE AÇÃO JUDICIAL COM O MESMO OBJETO DA REVISÃO DE OFÍCIO. A revisão de ofício não é obstada pela existência de ação judicial com o mesmo objeto. Todavia, advindo decisão judicial transitada em julgado, somente esta persistirá, em face da prevalência da coisa julgada e da jurisdição única. RECORRIBILIDADE EM SEDE DE EXECUÇÃO DE JULGADO ADMINISTRATIVO. Na execução de decisão de órgão julgador administrativo, observamse rigorosamente os limites materiais estabelecidos por este, inclusive quanto aos valores reivindicados pelo contribuinte, se sobre eles o órgão já houver se manifestado e declarado objetivamente no julgado; todavia, se no ato de execução do acórdão pela autoridade local houver discordância do contribuinte quanto aos valores apurados, e sobre os quais o órgão julgador não tenha se manifestado, devolvemse os autos do processo às mesmas instâncias julgadoras, a fim de ser julgada a controvérsia quanto aos valores, sob o rito do Decreto nº 70.235, de 1972, não tendo que se falar em decurso do prazo de que trata o §5º do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996; Não ocorre preclusão administrativa para fins de aferir o valor correto do crédito pleiteado pelo contribuinte, em fase de execução de julgado favorável a este, o qual não contenha manifestação sobre o aspecto quantitativo, quer seja por ser esta fase o momento processual oportuno, quer seja pelo princípio da indisponibilidade do interesse público. Dispositivos Legais. arts (...) Assim, sem mais alongar o presente tópico, embora reconheça a preclusão da matéria no âmbito do contencioso administrativo, é de se ressalvar o poderdever de a autoridade administrativa de rever seus atos inclusive de lançamento para retificar evidente erro de fato, desde que devidamente comprovado pelo contribuinte, já que, no presente caso, tal matéria não está submetida ao presente julgamento administrativo. Desse modo, considerando que na hipótese específica dos autos o feito está sendo submetido à nova diligência, entendo que deverá ser oportunizado à fiscalização a verificação dos documentos apresentados pelo Contribuinte e o respectivo ajuste do lançamento, caso cabível. Diante de todo o exposto, proponho a conversão do feito em diligência nos seguintes termos: Fl. 3346DF CARF MF Processo nº 15374.724344/200983 Resolução nº 3201001.488 S3C2T1 Fl. 3.146 19 (i) Considerando a nova orientação firmada pelo STJ acerca dos critérios de definição de insumo para fins de apuração do PIS e da COFINS não cumulativos e, especialmente a Nota SEI nº 63/2018/CRJ/PGACET/PGFNMF, solicitase à Autoridade Administrativa a devida verificação, dentre as despesas glosadas a título de insumos, quais se fazem essenciais ou relevantes ao processo produtivo da Recorrente, apresentando a competente justificativa, devendose observar e correlacionar os itens aos correspondentes centros de custos (operacionais ou não operacionais); (ii) Ainda quanto ao item i, que se atente especialmente às desepesas de hotelaria e taxi aéreo, identificando, além do centro de custo (operacional ou não), a base operacional a que se destina (plataforma, refinarias, etc) (iii) Considerando o disposto no Parecer Normativo COSIT nº 8, de 03 de setembro de 2014, que a Fiscalização se manifeste acerca do alegado erro material incorrido pela Recorrente ao informar as DI´s representativas das Importações realizadas, que culminou com a glosa a título de diferença entre o valor das despesas com importações indicado no Dacon retificador e aquele apresentado nas planilhas explicativas apresentadas pelo Recorrente. No cumprimento da diligência a Fiscalização poderá intimar o contribuinte a apresentar documentos e informações que entenda necessários ao seu cumprimento. Solicitase a elaboração de Relatório conclusivo da diligência realizada, do qual deverá ser concedida vista à Recorrente no prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período. Após, retornemse os auto para julgamento. Tatiana Josefovicz Belisário Fl. 3347DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13888.903424/2015-26
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jan 08 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Período de apuração: 01/04/2011 a 30/06/2011
DCTF. RETIFICAÇÃO. COMPROVAÇÃO.
Comprovada que a retificação da DCTF encontra respaldo na contabilidade, há que se reconhecer o pagamento indevido ou a maior.
PROVA. MOMENTO DA APRESENTAÇÃO.
Não tendo havido expressa manifestação no Despacho Decisório Eletrônico relativa à necessidade de retificação de DCTF, tampouco à comprovação desta retificação, considerando, ainda, o princípio da verdade material, é facultada ao Contribuinte a apresentação da referida prova por ocasião do Recurso Voluntário, fulcro no artigo 16, § 4º, alínea "c" do Decreto nº 70.235/72, uma vez que o fundamento da falta de comprovação veio à tona no acórdão da DRJ.
Numero da decisão: 1302-003.254
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, vencidos os conselheiros Paulo Henrique Silva Figueiredo, Maria Lúcia Miceli e Luiz Tadeu Matosinho Machado. Os conselheiros Paulo Henrique Silva Figueiredo e Gustavo Guimarães da Fonseca solicitaram a apresentação de declaração de voto. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 13888.903415/2015-35, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
Como foram propostas 3 soluções distintas, foi observado o procedimento do art. 60 do Ricarf, sendo que, em primeira votação venceu a proposta de conversão em diligência, apresentada pela conselheira Maria Lúcia Miceli contra a de negar provimento ao recurso, vencidos nesta votação os conselheiros Paulo Henrique Silva Figueiredo e Gustavo Guimarães da Fonseca.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente).
Nome do relator: LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Período de apuração: 01/04/2011 a 30/06/2011 DCTF. RETIFICAÇÃO. COMPROVAÇÃO. Comprovada que a retificação da DCTF encontra respaldo na contabilidade, há que se reconhecer o pagamento indevido ou a maior. PROVA. MOMENTO DA APRESENTAÇÃO. Não tendo havido expressa manifestação no Despacho Decisório Eletrônico relativa à necessidade de retificação de DCTF, tampouco à comprovação desta retificação, considerando, ainda, o princípio da verdade material, é facultada ao Contribuinte a apresentação da referida prova por ocasião do Recurso Voluntário, fulcro no artigo 16, § 4º, alínea "c" do Decreto nº 70.235/72, uma vez que o fundamento da falta de comprovação veio à tona no acórdão da DRJ.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Período de apuração: 01/04/2011 a 30/06/2011 DCTF. RETIFICAÇÃO. COMPROVAÇÃO. Comprovada que a retificação da DCTF encontra respaldo na contabilidade, há que se reconhecer o pagamento indevido ou a maior. PROVA. MOMENTO DA APRESENTAÇÃO. Não tendo havido expressa manifestação no Despacho Decisório Eletrônico relativa à necessidade de retificação de DCTF, tampouco à comprovação desta retificação, considerando, ainda, o princípio da verdade material, é facultada ao Contribuinte a apresentação da referida prova por ocasião do Recurso Voluntário, fulcro no artigo 16, § 4º, alínea "c" do Decreto nº 70.235/72, uma vez que o fundamento da falta de comprovação veio à tona no acórdão da DRJ. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, vencidos os conselheiros Paulo Henrique Silva Figueiredo, Maria Lúcia Miceli e Luiz Tadeu Matosinho Machado. Os conselheiros Paulo Henrique Silva Figueiredo e Gustavo Guimarães da Fonseca solicitaram a apresentação de declaração de voto. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo 13888.903415/201535, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Como foram propostas 3 soluções distintas, foi observado o procedimento do art. 60 do Ricarf, sendo que, em primeira votação venceu a proposta de conversão em diligência, apresentada pela conselheira Maria Lúcia Miceli contra a de negar provimento ao recurso, vencidos nesta votação os conselheiros Paulo Henrique Silva Figueiredo e Gustavo Guimarães da Fonseca. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 90 34 24 /2 01 5- 26 Fl. 211DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente). Relatório A Recorrente apresentou Declaração de Compensação utilizandose de crédito relativo a pagamento indevido ou a maior de Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) relativo ao 2º trimestre de 2011 para extinguir sob condição resolutória débitos próprios. Despacho Decisório (DD) eletrônico considerou inexistente o crédito, uma vez que o valor do DARF estava totalmente vinculado ao débito de IRPJ trimestral (código 2089) daquele período, não homologando a compensação pleiteada na DComp. Em sua manifestação de inconformidade, a Empresa diz que reconheceu, após a notificação do DD, o erro cometido pela contabilidade, uma vez que não retificou a DCTF de junho/2011, sendo que o valor da DCTF original não correspondia ao valor constatado e declarado em DIPJ, sendo este último o valor considerado correto. Assim retificou a DCTF e pediu o anulação do DD e a homologação da compensação requerida. A 4ª Turma da DRJ de Recife proferiu acórdão considerando improcedente a manifestação de inconformidade, nos seguintes termos: DCTF. ERRO DE PREENCHIMENTO. COMPROVAÇÃO VIA DIPJ. SEM FORÇA PROBATÓRIA. A DIPJ não é suficiente, por si só, para comprovar erro de fato no preenchimento da DCTF, sendo necessário trazer provas documentais outras suficientes, tais como livros fiscais e contábeis, e, conforme o caso, documentos fiscais, para que o julgador administrativo possa verificar se o tributo apurado naquela declaração corresponde ao montante escriturado. Em sede de recurso voluntário, a Empresa busca demonstrar seu direito creditório, acostando: a DCTF retificadora; o DARF com recolhimento a maior; a DIPJ 2012; Diário Geral de 2011; Razão Analítico contas "Prestação de Serviços" e "Vendas de Mercadorias"; balancete de verificação relativo a junho de 2011. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho Machado Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF Fl. 212DF CARF MF Processo nº 13888.903424/201526 Acórdão n.º 1302003.254 S1C3T2 Fl. 3 3 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1302003.239, de 22/11/2018, proferido no julgamento do Processo nº 13888.903415/2015 35, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1302003.239): "O Contribuinte foi cientificado do acórdão em 25 de julho de 2016, tendo apresentado o recurso em 12 de agosto de 2016, portanto, tempestivamente. A representação é regular, conforme instrumento de mandato. Conheço do recurso voluntário. Como sói acontecer estamos tratando de declaração de compensação por pagamento a maior sem que a Requerente tenha retificado a DCTF correspondente. Assim, nos batimentos do Sistema de Controle de Créditos (SCC) o valor é negado. Não consta do processo que a Empresa tenha sido intimada em momento anterior à emissão do DD, e há que se fazer registro que, caso a retificação apontada tivesse ocorrido, o despacho eletrônico de nãohomologação não teria sido expedido. Então, retificando posteriormente a citada declaração, a Recorrente requer, em manifestação de inconformidade, que a DRJ considere o erro e reconheça o valor corrigido de IRPJ, com base em sua DIPJ, o que não acontece por falta de comprovação lastreada em documentos e livros contábeis e fiscais. Estamos tratando de empresa administradora de bens, tributada pelo lucro presumido, com objeto de compra e venda de bens imóveis (fl. 11). Na receita do 2ª trimestre de 2011 consta parcela significativa de venda de bens imóveis (R$11.110.500,00) oferecida no percentual de presunção de 8% e outra parte relativa a prestação de serviços, embora não conste do seu objeto social (R$52.100,35), o que entendo não prejudicar seu direito, oferecida no percentual de 32% (fls. 199 e 201), esta última com pequena diferença de 50 reais a menor. Inicialmente, entendo que as provas apresentadas nesta oportunidade devem ser aceitas, ante uma escalada que começa pela determinação de que a DCTF teria que ser retificada (DD); com a apresentação da respectiva retificação, esta deixa de ser aceita por falta de provas (Acórdão DRJ); e, finalmente, sendo apresentadas as provas relativas à retificação, vem o processo à apreciação desta turma. A questão está centrada na retificação da DCTF: caso fosse feita antes do DD, nada do que está em análise teria ocorrido; como foi feita depois do DD, exigese prova de que a retificação está conforme a escrita contábil e fiscal. Fl. 213DF CARF MF 4 Então, entendo ser compreensível a apresentação em sede de manifestação de inconformidade apenas da DCTF retificadora, haja vista que a prova de sua correção é dedução, não é requerida expressamente, se não somente depois do acórdão recorrido. Noutras palavras, a fundamentação do indeferimento do pleito na falta de comprovação só veio a tona com o acórdão recorrido. Sem adentrar no questionamento sobre se a dedução referida seria exigível ou não, haja vista que ainda temos que considerar e sopesar, também, o princípio da verdade material, entendo que a aceitação, conforme apontei até agora, teria respaldo no artigo 16 § 4º alínea "c" do Decreto nº 70.235, de 1972. Conhecidas as provas juntadas pelo Recorrente, entendo que são suficientes para demonstrar a correção de seus cálculos e, consequentemente, da DCTF retificadora apresentada, fazendo jus ao direito creditório pleiteado, no valor original de R$3.578,12, conforme declaração de compensação ora em julgamento. Assim, a decisão deste processo, limitado que está à Declaração de Compensação, seria o provimento do recurso voluntário, com o reconhecimento do direito creditório requerido de R$3.578,12 e homologando a compensação requerida na DComp 09584.08284.290415.1.3.046505. Todavia, este processo é paradigma para os de nº 13888.903416/201580, 13888.903417/201524, 13888.903418/201579, 13888.903419/201513, 13888.903420/201548, 13888.903421/201592, 13888.903422/201537, 13888.903423/201581, 13888.903424/201526, 13888.903425/201571, 13888.903426/201515, 13888.903427/201560, 13888.903428/201512, 13888.903431/201528, 13888.903432/201572, 13888.903433/201517, 13888.903434/201561, 13888.903435/201514, 13888.903436/201551, 13888.903437/201503, 13888.903438/201540, 13888.903439/201594, 13888.903440/201519, 13888.903441/201563, 13888.903442/201516, 13888.903443/201552, 13888.903444/201505 e 13888.903445/201541, conforme previsto no artigo 47, § 1º do Anexo II do RICARF, abaixo transcrito: Art. 47. Os processos serão sorteados eletronicamente às Turmas e destas, também eletronicamente, para os conselheiros, organizados em lotes, formados, preferencialmente, por processos conexos, decorrentes ou reflexos, de mesma matéria ou concentração temática, observando se a competência e a tramitação prevista no art. 46. § 1º Quando houver multiplicidade de recursos com fundamento em idêntica questão de direito, será formado lote de recursos repetitivos e, dentre esses, definido como paradigma o recurso mais representativo Fl. 214DF CARF MF Processo nº 13888.903424/201526 Acórdão n.º 1302003.254 S1C3T2 Fl. 4 5 da controvérsia. (Redação dada pela Portaria MF nº 153, de 2018) Assim, todos os processos citados tratam de declarações de compensação, tendo como crédito o pagamento a maior relativo ao 2º trimestre de 2011, lucro presumido, cuja análise se procedeu nestes autos. A Empresa comprova o valor total de crédito de R$51.260,05, que, na sistemática de repetitivos, limita o valor total a ser utilizado nos demais processos conjuntamente com este. Feitas estas considerações, dou provimento ao recurso voluntário, reconhecendo o direito creditório pleiteado na DComp, e homologando a compensação declarada até o limite do crédito reconhecido. É como voto. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, a despeito da posição deste relator no julgamento do recurso paradigma, impõese dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto acima transcrito. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Declaração de Voto Conselheiro Paulo Henrique Silva Figueiredo Peço vênia para divergir da decisão do Relator, fundamentada na busca pela verdade material, um dos princípios que informam o processo administrativo fiscal. É que, conforme o art. 170 do CTN, a legislação que permite a compensação de créditos tributários exige a liquidez e certeza dos créditos do sujeito passivo. Assim, na hipótese de apresentação de Declaração de Compensação (DComp) por parte do sujeito passivo é ônus deste a demonstração de tais requisitos em relação ao seu direito creditório. Fl. 215DF CARF MF 6 No caso da análise eletrônica e automática como a que gerou o Despacho Decisório que não homologou a compensação de que tratam estes autos, a liquidez e certeza é aferida pela administração tributária, via de regra, pelo mero cruzamento das informações disponíveis em seu banco de dados, fornecidas seja pelo próprio sujeito passivo seja por terceiros. Incumbe, então, ao sujeito passivo a responsabilidade para que as informações por ele fornecidas à administração tributária sejam compatíveis com o direito creditório invocado. Nos presentes autos, a Recorrente apresentou a DComp compensando suposto direito creditório proveniente de pagamento indevido ou a maior, mas as informações confessadas por ela própria em sua DCTF demonstravam a inexistência do alegado direito. Por esta razão, a compensação não foi homologada pelo Despacho Decisório proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em Piracicaba/SP. Com a apresentação da Manifestação de Inconformidade, e instauração do contencioso administrativo, a análise da liquidez e certeza do direito creditório pleiteado passa a outro nível, sendo ônus do sujeito passivo comprovála cabalmente, por meio da adequada instrução documental. O art. 16, §§4º a 6º, do Decreto nº 70.235, de 1972, de aplicação ao presente processo, por força do art. 74, §11, da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, dispõe acerca do momento para a apresentação das referidas provas: " Art. 16. A impugnação mencionará: (...) III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) (...) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) b) refirase a fato ou a direito superveniente; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) Fl. 216DF CARF MF Processo nº 13888.903424/201526 Acórdão n.º 1302003.254 S1C3T2 Fl. 5 7 § 6º Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão nos autos para, se for interposto recurso, serem apreciados pela autoridade julgadora de segunda instância. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997)" (Destacouse) A Recorrente, como relatado, quando da apresentação da Manifestação de Inconformidade, limitouse a apresentar cópia da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF) retificada para compatibilizar o valor do débito confessado ao informado na, também retificada, Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), e que alega ser o correto. Deste modo, deve ser considerada irretocável a decisão de primeira instância, para quem: "20. Então, atualmente a DIPJ não possui força probante, por si só, das informações prestadas na Dcomp. Portanto, para provar que a DCTF foi preenchida com erro e, por conseguinte, que a apuração contida na DIPJ representa a realidade fiscal do contribuinte, tornase necessário que o contribuinte traga aos autos provas documentais, tais como os livros contábeis e fiscais, na parte de interesse, e documentos fiscais, conforme o caso, de forma a permitir ao julgador administrativo verificar se o que foi declarado na DIPJ corresponde ao registrado na escrituração. 21. Frisese, adicionalmente, que, ainda que se desconsiderasse o caráter informativo da DIPJ e o caráter de confissão da DCTF, ainda assim seria necessária a comprovação documental (escrituração) do valor correto do IRPJ apurado haja vista a discrepância entre as informações constantes nessas duas declarações, ambas de lavra do contribuinte. 22. Como o interessado não trouxe aos autos qualquer outro documento que não a própria DIPJ, entendo que não comprovou o erro de fato no preenchimento da DCTF, sendo devido considerar a utilização integral do Darf para a liquidação do débito nela declarado." Os parcos elementos de prova juntados pelo sujeito passivo, de fato, não demonstram de modo algum que o novo valor de débito confessado na DCTF é o montante efetivamente devido, e não aquele confessado na primeira DCTF apresentada e informado na DIPJ original. Cabia ao sujeito passivo instruir a sua manifestação de inconformidade com todos os elementos necessários para a demonstração inconteste do seu suposto crédito. Era seu totalmente o ônus da prova. Não se desincumbindo de tal mister, operase a preclusão consumativa, sobre a qual Fredie Didier Jr (Curso de Direito Processual Civil, 18a ed, Salvador: Ed. Juspodium, 2016. Vol. 1, p. 432) assim leciona: "A preclusão consumativa consiste na perda de faculdade/poder processual, em razão de essa faculdade ou esse poder já ter sido Fl. 217DF CARF MF 8 exercido, pouco importa se bem ou mal. Já se praticou o ato processual pretendido, não sendo possível corrigilo, melhorálo ou repetilo. A consumação do exercício do poder o extingue. Perdese o poder pelo exercício dele." As questões que se põem, neste instante, são três: 1) as novas provas trazidas aos autos apenas com o Recurso Voluntário devem ser admitidas? 2) se admitidas, as novas provas são suficientes para comprovar a liquidez e certeza do crédito compensado? 3) se admitidas as provas e não sendo suficientes, há a necessidade de realização de alguma diligência para suprir eventual dúvida remanescente com estes novos elementos? Entendo que o limite temporal previsto no art. 16, §4º, do Decreto nº 70.235, de 1972, acima transcrito, não pode ser excepcionado a não ser nas hipóteses que se enquadrem nas suas alíneas. Não estou só neste posicionamento, cabendo citar a Professora Fabiana Del Padre Tomé (A prova no Direito Tributário. São Paulo: Noeses, 2011): "Em tais situações, e apenas nelas, autorizase a juntada de novos documentos até mesmo em instante posterior ao ato decisório de primeira instância, sendo apreciados pelo órgão julgador de segundo grau, caso seja interposto recurso. O direito de contraporse à exigência fiscal e de produzir provas dos seus argumentos é regrado pelo ordenamento, que, não admitindo a instabilidade das relações jurídicas, fixa termos dentro dos quais as atividades hão de ser realizadas. Assim ocorre com a instrução probatória. Pertinente é a crítica de James Marins à prática adotada pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, consistente em apreciar provas em grau de recurso, independentemente do preenchimento dos pressupostos legais. O direito à produção probatória implica observância aos limites temporais à sua realização, além, é claro, do atendimento ao requisito de sua obtenção por meio lícito." Tratando acerca da possibilidade de flexibilização de tais regras, Maria Rita Ferragut (As provas e o Direito Tributário, 3ª ed. São Paulo: Saraiva, 2016, pp. 6465) é categórica, mas prevê o que entende ser uma nova hipótese de exceção: "Entendemos que o limite temporal é inflexível. Tal inflexibilidade contempla, entretanto, o recebimento de provas após a impugnação, nas duas e somente duas, situações a seguir: (i) Se a prova não tiver sido juntada antes pelas razões previstas nas alíneas a,b e c do §4º acima. (ii) Pela impossibilidade de o sujeito passivo defenderse de forma plena, considerando a complexidade da autuação versus o tempo que lhe foi legalmente conferido para apresentação da defesa. Tratase, nessa medida, de comprovada impossibilidade material de se defender no prazo legal." No meu julgar, a hipótese veiculada pela doutrinadora, na verdade, já é albergada pela alínea "a" do §4º, na medida em que poderia ser entendido como um acontecimento inevitável e para o qual o sujeito passivo não concorreu ainda que culposamente, para contemplar os requisitos previstos por Maria Helena Diniz para a força maior (Código Civil Comentado, 3ª ed. São Paulo: Saraiva, 1997, pp. 747748). Fl. 218DF CARF MF Processo nº 13888.903424/201526 Acórdão n.º 1302003.254 S1C3T2 Fl. 6 9 De outra parte, para afastar a alegação de que o não acolhimento de documentos extemporâneos, na ausência de configuração das hipóteses de exceção previstas no texto legal, configuraria ofensa à ampla defesa, valhome da lição de Maria Teresa Martínez Lopes e Marcela Cheffer Bianchini (Aspectos polêmicos sobre o momento de apresentação da prova no processo administrativo fiscal federal in: A prova no processo tributário, São Paulo: Dialética, 2010, p. 48): "Devese observar que a justificativa apresentada para o entendimento que ocorre afronta ao princípio da ampla defesa quando não são apreciadas provas apresentadas após a impugnação é de índole constitucional e, portanto, para afastar a aplicabilidade do parágrafo 4º do artigo 16 do PAF, devese alegar sua inconstitucionalidade, mas é vedado por lei aos órgãos administrativos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade." No caso dos autos, não há alegação da Recorrente de qualquer motivo que a impediu de trazer aos autos as novas provas, nem ainda estas se referem a fato ou direito superveniente, de modo que se afastam das hipóteses das alíneas "a" e "b" do referido §4º. Apenas com muito "contorcionismo hermenêutico" se poderia entender que o caso se enquadra na alínea "c" do citado dispositivo. É que não é possível admitir que o sujeito passivo foi surpreendido com a insuficiência dos elementos de prova apresentados com a Manifestação de Inconformidade. Em que a comprovação de que apresentou uma DCTF retificadora, reduzindo o débito confessado; a comprovação de que o débito anteriormente confessado em DCTF tinha um valor superior; a comprovação de que o débito informado em DIPJ retificadora corresponde ao novo valor confessado; e a comprovação de que efetuou pagamento em montante equivalente ao débito inicialmente confessado poderia atestar a liquidez e certeza do crédito tributário invocado? É óbvio que seria necessário demonstrar com a escrituração contábil e fiscal, bem como com os elementos que a embasaram, que os valores que conduzem ao novo débito confessado tem suporte fático e não são mera criação do sujeito passivo, de modo a conferir ao crédito pleiteado a certeza e liquidez exigida pela legislação. Assim, entendo que não devem ser conhecidos os novos documentos apresentados, uma vez que a Manifestação de Inconformidade era o momento adequado para a comprovação do crédito tributário. Decidir em sentido diverso, ainda que visando à busca da verdade material significa contrariar a expressa disposição legal do art. 16, §4º, do Decreto nº 70.235, de 1972. Reconheço que há julgados, inclusive da Câmara Superior de Recursos Fiscais, que adotam a chamada "formalidade moderada", para, com base no art. 38 da Lei nº 9.784, de 1999, bem como no critério da adequação entre meios e fins (previsto para o processo administrativo no art. 2º, inciso VI, daquela mesma norma), acatar a juntada de provas fora das regras prescritas no PAF. Fl. 219DF CARF MF 10 Com a devida vênia, entendo que tal corrente não observa que a própria disciplina trazida pelo Decreto nº 70.235, de 1972, já adota uma "formalidade moderada", quando prevê hipóteses razoáveis em que se pode mitigar o formalismo de se exigir que as provas sejam apresentadas no momento da Impugnação. Não há uma formalidade irrestrita ou exacerbada no dispositivo em questão, mas um regramento, adequado e necessário a meu ver, para o saudável funcionamento do processo administrativo, sem margens a chicanas, máfé processual ou indevida protelação. Válida mais uma vez a lição da Professora Professora Fabiana Del Padre Tomé (Op. cit.): "A doutrina costuma distinguir verdade material e verdade formal, definindo a primeira como a efetiva correspondência entre proposição e acontecimento, ao passo que a segunda seria uma verdade verificada no interior de determinado jogo, mas susceptível de destoar da ocorrência concreta, ou seja, da verdade real. Com base em tais argumentos, é comum identificar o processo administrativo tributário com a busca pela verdade material, e o processo judicial tributário com a realização da verdade formal. Nesse sentido posicionamse Alberto Xavier, Paulo Celso B. Bonilha e James Marins, dentro outros, considerando a busca pela verdade material um princípio de observância indeclinável da administração tributária, em oposição ao princípio da verdade formal que preside o processo civil e prioriza a formalidade processual probatória. Essa corrente doutrinária proclama o abandono da formalidade, na esfera administrativa, em prol da produção de prova e contraprova, para, com isso, alcançar a verdade material. Tal conclusão, entretanto, não procede. O que se consegue, em qualquer processo, é a verdade lógica, obtida em conformidade com as regras de cada sistema. Conquanto nos processos administrativos sejam dispensadas certas formalidades, isso não implica a possibilidade de serem apresentadas provas ou argumentos a qualquer instante, independentemente da espécie e forma. É imprescindível a observância do procedimento estabelecido em lei, ainda que esse rito dê certa margem de liberdade aos litigantes." Observase, portanto, que esta busca pela verdade material, bem como o atendimento ao citado critério da adequação entre meios e fins, não pode ser algo que passe ao largo dos procedimentos estabelecidos, e tolere que o administrado vá apresentando as provas "a contagotas", mesmo que em momento processual posterior ao adequado. Lembrese que o art 16, inciso III, do Decreto nº 70.235, de 1972, como acima destacado, impõe ao sujeito passivo a apresentação na Impugnação das "provas que possuir", sob pena, inclusive de representar a supressão da instância, com a consequente violação do devido processo legal, posto que a conduta do sujeito passivo subtrairia ao julgador de primeira instância a possibilidade de apreciar as provas juntadas em momento posterior, que seriam examinadas, exclusivamente, pelo julgador do CARF. Tal fato, inclusive, é constatado pela Recorrente, que apresenta pedido subsidiário para que os autos sejam baixados à autoridade julgadora a quo, para que esta possa se pronunciar sobre os novos elementos de prova. Fl. 220DF CARF MF Processo nº 13888.903424/201526 Acórdão n.º 1302003.254 S1C3T2 Fl. 7 11 Ora, se a regra processual foi originalmente prevista para os procedimentos de constituição do crédito tributário, quanto mais válida será para os procedimentos de restituição e compensação, em que o ônus de provar a existência do direito creditório recai exclusivamente sobre o sujeito passivo. Ressalvo, apenas para demonstrar a ausência de zelo do sujeito passivo na busca de comprovar o direito creditório que invoca, que, ainda que fossem acatados os novos documentos apresentados, nada trariam de prova inconteste do referido crédito. É que os elementos em questão se limitam a cópias simples do Diário Geral de 2011; do Razão Analítico das contas "Prestação de Serviços" e "Vendas de Mercadorias"; e do balancete de verificação relativo a junho de 2011. É óbvio que tais elementos são um começo de prova em favor do direito creditório do sujeito passivo, mas estão longe de conferir a liquidez e certeza necessária. Se o sujeito passivo confessou, à época dos fatos geradores, um valor de débito e o quitou por recolhimento; se o sujeito, tempos depois, informou este mesmo valor em sua DIPJ, qual a razão para, agora, afirmar que tal valor está incorreto? É imprescindível que ele explicite o erro cometido e como chegou ao novo valor. Assim, mesmo que se acatem os novos documentos (decisão da maioria dos meus pares), terseia a mesma situação em que se encontrou a DRJ, ou seja, elementos de prova insuficientes, sendo que a realização de diligência para a complementação documental não significaria mero esclarecimento de dúvida para a formação do convencimento do julgador, mas o suprimento da ineficiência da instrução probatória realizada pelo sujeito passivo. Os novos elementos apresentados em nada esclarecem qual foi o erro que motivou o suposto pagamento a maior. Quais foram os valores alterados na nova apuração? Não se sabe. Onde estão as provas hábeis a comprovar o indébito? A Recorrente não as apresentou. Concluise, portanto, que o sujeito passivo não provou a liquidez e certeza do crédito utilizado na Dcomp de que tratam os presentes autos. Isto posto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário interposto pelo sujeito passivo, com a manutenção da nãohomologação da compensação realizada na Dcomp apresentada. (assinado digitalmente) Paulo Henrique Silva Figueiredo Declaração de Voto Conselheiro Gustavo Guimarães da Fonseca Com a devida venia ao D. Relator mas, o caso vertente, conforme posição por mim adotada em diversos processos passados, o ônus probatório em procedimentos de compensação administrativa é, para além de dúvidas razoáveis, do contribuinte. Isto é, a luz dos preceitos do art. 170 do CTN, a liquidez e certeza do crédito cuja recuperação se postula Fl. 221DF CARF MF 12 deve ser demonstrada pelo contribuinte, quando assim for instado pelas autoridades competentes. E, para que não recaia sobre mim a pecha de incoerente, sustento, de fato, que pelo princípio da verdade material seja atribuível às autoridades administrativas o mister de, quando menos, declinar os motivos que as levaram a não reconhecer a mencionada liquidez e certeza do direito creditório postulado (de sorte que o contribuinte possa entender, quiçá, quais provas deva produzir). Na hipótese em exame, todavia, o recorrente transmitiu DCOMP, veiculando um crédito cujo valor, declinado em DARF que lhe dera origem, estava integralmente vinculado a um débito regularmente confessado, sem que se apurasse qualquer saldo a compensar... Em outras palavras, a autoridade administrativa, aqui, por uma limitação imposta pelo próprio postulante, apontou como "questão problema" apenas a inexistência de saldo compensável, desincumbindose, neste particular, do dever de indicar qualquer outro ponto de discórdia, até por ausência de dados suficientes para assim se proceder. Não me oponho, é verdade, a que o contribuinte apresente DCTF ou mesmo DIPJ retificadora, sob alegação de erro de preenchimento, mesmo que posteriormente à prolação do competente despacho decisório desde que, contudo, esta correção venha devidamente acompanhada dos documentos que lhe comprovem a lisura e acuidade (o ônus, insistase, é de que retifica a declaração). Até porque, por força dos preceitos do art. 373, I, do CPC, compete ao requerente a comprovação do "fato constitutivo de seu direito". Se o fato que constitui o direito é o erro de preenchimento de DCTF ou DIPJ, compete a quem o alega a sua demonstração e tal demonstração deve ser feita no momento oportuno, isto é, quando da apresentação de sua impugnação (art. 16 do Decreto 70.235/75). Assim, entendo, a apresentação extemporânea de documentos necessários ao cumprimento do dever definido nos mencionados preceitos legais (art. 371 do CPC e 16 do Decreto 70.235), impede o seu conhecimento nesta fase processual. O motivo que me levou, no entanto, a concordar com as conclusões do D. Relator, cinge ao fato da maioria de meus pares ter decidido por, justamente, conhecer dos documentos trazidos pelo recorrente por ocasião da interposição de suas razões de insurgência, a par das limitações do, por vezes invocado, art. 16 do Decreto 70.235. Ato contínuo, conhecidos os preditos documentos, a única conclusão que me resta é pela procedência das alegações trazidas pelo insurgente, e, assim, reconhecer o seu direito creditório conforme posto pelo voto vencedor. Por tais razões, e só por elas, voto por dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Gustavo Guimarães da Fonseca Fl. 222DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 12466.002615/2008-48
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 26 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Nov 07 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3201-001.460
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência. Processo julgado no dia 26/09/2018, no período da manhã.
(assinatura digital)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente.
(assinatura digital)
Pedro Rinaldi de Oliveira Lima - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Leonardo Correia Lima Macedo, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Laercio Cruz Uliana Junior, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Marcelo Giovani Vieira, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
Nome do relator: PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência. Processo julgado no dia 26/09/2018, no período da manhã. (assinatura digital) Charles Mayer de Castro Souza Presidente. (assinatura digital) Pedro Rinaldi de Oliveira Lima Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Leonardo Correia Lima Macedo, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Laercio Cruz Uliana Junior, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Marcelo Giovani Vieira, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade. Relatório. Tratase de Recurso Voluntário de fls. 396 apresentado em face da decisão de primeira instância da DRJ/SP de fls. 375, que julgou improcedente a Impugnação de fls. 228 apresentada em face ao lançamento de II, IPI, Pis e Cofins Importação de fls. 9 e seguintes. Como de costume desta Turma de julgamento, transcrevese o relatório da decisão de primeira instância: RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 24 66 .0 02 61 5/ 20 08 -4 8 Fl. 525DF CARF MF Processo nº 12466.002615/200848 Resolução nº 3201001.460 S3C2T1 Fl. 526 2 "O importador, por meio da declaração de importação DI n° 08/08143292 de 02/06/2008, importou as mercadorias descritas de forma geral como “cabeça de impressão” / “cartucho de impressão” e “cartucho de toner”. Classificou respectivamente nas NCM 8443.99.25, com alíquotas de 0% de II e 5% de IPI e NCM 8443.99.29, com alíquotas de 8% de II e 10% de IPI. Segundo a fiscalização, a classificação fiscal correta para os produtos é a NCM 8443.99.39, com alíquota de II de 14% e IPI de 20%. Baseou se a fiscalização na análise dos equipamentos nos quais os produtos seriam utilizados, nas Regras de Classificação do Sistema Harmonizado e na Solução de Consulta SRRF/9ª RF/DIANA n° 126/2007. Através do presente Auto de Infração, cobraramse as diferenças de II, IPI, PIS, Cofins e respectivas multas de ofício e juros de mora, além da multa de 1% pelo erro da classificação fiscal. A autuação totalizou o valor de R$ 476.041,24. Intimada do Auto de Infração em 07/08/2008 (fl. 10), a interessada apresentou impugnação e documentos em 21/08/2008, juntados às folhas 227 e seguintes, alegando em síntese: 1. Alega que aplicou corretamente as Regras de Classificação Fiscal de Mercadorias. Tece comentários sobre a Regra 1. Alega que a Regra 3c só seria aplicável na hipótese de mercadoria classificável em duas ou mais posições, o que não seria o caso concreto. 2. Alega que as cabeças de impressão/cartuchos de impressão da HP são desenvolvidos para uma linha de produtos que incluem impressoras e também multifuncionais. Alega que independente do produto a função principal da cabeça de impressão é imprimir textos e imagens. Alega que a cabeça de impressão atua mediante acoplamento mecânico com a impressora ou multifuncional. Cita as NESH da posição 8443. Cita que a posição 8443 alberga as impressoras, copiadoras e telecopiadoras (fax) mesmo combinadas entre si. Alega que a subposição 8443.99 engloba as partes e acessórios desses aparelhos. Por fim alega que o item 8443.99.2 compreende as partes e acessórios de impressoras e, por fim, que a NCM 8443.99.25 abrange os cartuchos ou cabeças de impressão a jato de tinta. Alega que a posição da fiscalização aplicase especificamente a máquinas copiadoras. Alega que a classificação adotada pela impugnante decorre da aplicação da RGI 1ª e RGI 6ª, complementada pela RGC1. 3. Com relação ao produto “cartucho de toner” da HP, alega que são reservatórios de toner descartáveis cuja função básica é imprimir. Alega que são acoplados a impressoras de diferentes linhas de produtos da marca, em alojamentos contendo conexões mecânicas e elétricas para realizar o processo de impressão a laser. Alega que a classificação segue a mesma lógica já exposta para as cabeças de impressão/cartuchos de impressão. Alega que o item 8443.99.2 Fl. 526DF CARF MF Processo nº 12466.002615/200848 Resolução nº 3201001.460 S3C2T1 Fl. 527 3 compreende as partes e acessórios de impressoras. Alega que o toner não se confunde com tinta, visto que o primeiro classificase na NCM 3215.11.00 (tintas pretas) e o segundo na NCM 3707.90.21. Assim, entende que os cartuchos de toner não se classificam na NCM 8443.99.27 (cartuchos de tinta) e sim na NCM 8443.99.29 (Outros). 4. Alega que a fiscalização baseouse na Solução de Consulta SRRF/9ª/DIANA n° 126 de 26/03/2007. Alega que a Solução de Consulta SRRF/7ª/DIANA n° 300 de 29/11/2007, posterior, indica a classificação NCM 8443.99.29 para cartucho de toner para impressoras. Alega que a Solução de Consulta SRRF/7ª/DIANA n°49 de 24/07/08 da própria impugnante classifica na NCM 8443.99.27 o produto cartucho de impressão a jato de tinta marca HP utilizado em impressoras a jato de tinta. 5. Alega que as mercadorias estavam corretamente descritas pois sua função principal é imprimir, independente se serão utilizadas em impressoras ou multifuncionais. Alega, portanto, serem incabíveis as multa de ofício e a multa por erro na classificação fiscal. 6. Alega que se forem considerados insuficientes os argumentos prestados, requer a realização de perícia indicando assistente técnico e quesitos. 7. Requer, por fim, que sejam acatados os argumentos apresentados e que seja declarado improcedente o presente auto de infração. É o relatório. Em 17/09/2014 a impugnante solicitou a juntada de novos documentos, principalmente uma relação com 17 soluções de consulta respondidas pela Receita Federal, que alega suportarem a classificação fiscal por ela adotada. Cita também a impugnante neste momento o art. 15 da IN SRF n° 1.464 de 08/05/2014, segundo a qual, as soluções de consulta teriam efeito vinculante não só à consulente, mas a qualquer contribuinte que se encontre na mesma situação." A decisão de primeira instância da DRJ/SP foi publicada com a seguinte Ementa: "ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Data do fato gerador: 02/06/2008 Ementa: As mercadorias descritas como “cabeça de impressão” / “cartucho de impressão” e “cartucho de toner”, com as características expostas neste processo, encontram correta classificação fiscal na NCM 8443.99.39. Impugnação Improcedente. Crédito Tributário Mantido." Fl. 527DF CARF MF Processo nº 12466.002615/200848 Resolução nº 3201001.460 S3C2T1 Fl. 528 4 O processo digital foi distribuído e pautado nos moldes do regimento interno vigente. Relatório proferido. Voto. Conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima Relator. Conforme o Direito Tributário, a legislação, os fatos, as provas, documentos e petições apresentados aos autos deste procedimento administrativo e, no exercício dos trabalhos e atribuições profissionais concedidas aos Conselheiros, conforme Portaria de condução e Regimento Interno, apresentase este voto. Os autos não estão em condição de julgamento. As mercadorias descritas como “cabeça de impressão”, “cartucho de impressão” e “cartucho de toner” possuem diversas passagens por este Conselho que, em maioria, registrou conclusões diferentes sobre suas classificações. No entanto, a maioria dos julgamentos consideraram que, o fato das impressoras serem multifuncionais (escaneam, fotocopiam e imprimem), atrai a aplicação de subposições mais genéricas, diferentemente das que tratam somente das impressoras. Explico. O contribuinte classificou o produto “cabeça de impressão” / “cartucho de impressão” na NCM 8443.99.25 e o produto “cartucho de toner” na NCM 8443.99.29. A fiscalização defende que ambos se classificam na NCM 8443.99.39, sob a premissa já mencionada. São estas as posições: “8443 MÁQUINAS E APARELHOS DE IMPRESSÃO POR MEIO DE BLOCOS, CILINDROS E OUTROS ELEMENTOS DE IMPRESSÃO DA POSIÇÃO 84.42; OUTRAS IMPRESSORAS, MÁQUINAS COPIADORAS E TELECOPIADORES (FAX),MESMO COMBINADOS ENTRE SI; PARTES E ACESSÓRIOS. 8443.99 Outros 8443.99.25 Cabeças de impressão térmicas ou de jato de tinta, mesmo com depósito de tinta incorporado. 8443.99.29 Outros 8443.99.39 Outras A DRJ explicou como funcionam as sequencias das classificações, nas suposições, da seguinte forma: "Reproduzimos então as possibilidades em nível de item na estrutura da TEC vigente na época dos fatos: 8443.99.1 De telecopiadores (fax) 8443.99.2 De impressoras ou traçadores gráficos ("plotters") Fl. 528DF CARF MF Processo nº 12466.002615/200848 Resolução nº 3201001.460 S3C2T1 Fl. 529 5 8443.99.3 De máquinas copiadoras." Em razão destas premissas, a DRJ concluiu que a subposição "2", por utilizar somente a palavra "impressoras", não configuraria a classificação adequada para as impressoras multifuncionais, que também "escaneam" e "fotocopiam". Por fim, tanto a fiscalização quanto a DRJ apontaram que a subposição "3" é a mais correta, porque utiliza as palavras "máquinas copiadoras" e concluíram pela posição 8443.99.39, como se fosse a posição mais genérica e abrangente. Não é fato controverso que a posição 8443 abrange as mercadorias de forma genérica, conforme pode ser verificado na NESH 2017 exposta no site da Receita Federal: "II. OUTRAS IMPRESSORAS, APARELHOS DE COPIAR E APARELHOS DE TELECOPIAR (FAX), MESMO COMBINADOS ENTRE SI Este grupo abrange: A) As impressoras. Incluemse neste grupo os aparelhos para a impressã o de textos, caracteres ou imagens em suportes de impressão, exceto os descritos na Parte I, acima. Estes aparelhos aceitam dados de diferentes fontes (por exemplo, máquinas automáticas para processamento de dados, escâneres planos de escritó rio, redes). A maioria destes aparelhos incorpora uma memória para armazenar tais dados. " Contudo, dentro do raciocínio exposto, verificase que a posição mais correta, conforme a CIRCULAR Nº 41, DE 26 DE JUNHO DE 2008, do MDIC, seria a 8443.99.90, porque, justamente, não se limita às palavras "copiadoras" ou "impressoras", conforme pode ser verificado na seqüências das posições exposta a seguir: “8443 MÁQUINAS E APARELHOS DE IMPRESSÃO POR MEIO DE BLOCOS, CILINDROS E OUTROS ELEMENTOS DE IMPRESSÃO DA POSIÇÃO 84.42; OUTRAS IMPRESSORAS, MÁQUINAS COPIADORAS E TELECOPIADORES (FAX), MESMO COMBINADOS ENTRE SI; PARTES E ACESSÓRIOS. 8443.99 outros 8443.99.90 outros." Dessa forma, a princípio, não se mostra correto enquadrar as mercadorias na subposição "3", em vez da "2", visto que ambas não utilizam as palavras "escaneadoras" ou "fotocopiadoras", que são as funções a mais que permitiram a característica de multifuncional e o desenquadramento das posições utilizadas pelo contribuinte. Assim, a premissa de que a característica multifuncional permite o enquadramento em posição mais genérica está correta, mas a posição adotada pela fiscalização como a correta não é a mais genérica. Diante do exposto, votase para que o julgamento seja CONVERTIDO EM DILIGÊNCIA para que: Fl. 529DF CARF MF Processo nº 12466.002615/200848 Resolução nº 3201001.460 S3C2T1 Fl. 530 6 a autoridade de origem verifique se a posição constante na CIRCULAR Nº 41, DE 26 DE JUNHO DE 2008, do MDIC (8443.99.90) existia à época dos fatos. Após, o contribuinte deve ser intimado do resultado da diligência, com a devida oportunidade de manifestação. Resolução proferida. (assinatura digital) Pedro Rinaldi de Oliveira Lima. Fl. 530DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.724478/2010-51
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 07 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Nov 28 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2007
CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. ALIMENTAÇÃO IN NATURA SEM INSCRIÇÃO NO PAT. NATUREZA NÃO REMUNERATÓRIA. NÃO INCIDÊNCIA. Sobre o pagamento in natura do auxílio-alimentação não há incidência de contribuição previdenciária.
DECADÊNCIA. INEXISTÊNCIA DE DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. EXISTÊNCIA DE RECOLHIMENTOS PARCIAIS. REGRA DO ART. 150, § 4º, DO CTN. SÚMULA CARF 99.
O prazo decadencial para o lançamento é regido pelo art. 150, § 4º, do CTN, se, inexistindo dolo, fraude ou simulação, houver pagamento parcial.
CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. DIRETOR EMPREGADO. INCLUSÃO EM FOLHA DE PAGAMENTO. LANÇAMENTO PROCEDENTE.
Tem-se por procedente o lançamento, quanto a autoridade autuante traz fortes evidências de que a requerente arcara com o ônus da remuneração a trabalhador que lhe prestara serviços e constara em sua folha de pagamento por período considerável.
Numero da decisão: 2402-006.783
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício e, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário para excluir do lançamento as contribuições até a competência 10/2005, inclusive, uma vez que atingidas pela decadência. Vencidos os Conselheiros Mauricio Nogueira Righetti, José Ricardo Moreira e Denny Medeiros da Silveira, que não reconheceram a ocorrência da decadência em relação às contribuições referentes ao Diretor Empregado. No mérito, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso quanto ao lançamento referente ao Diretor Empregado. Vencidos os Conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci (Relator), Jamed Abdul Nasser Feitoza, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior, que deram provimento ao recurso. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Mauricio Nogueira Righetti.
(assinado digitalmente)
Denny Medeiros da Silveira - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator
(assinado digitalmente)
Mauricio Nogueira Righetti - Redator Designado
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Mauricio Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, José Ricardo Moreira, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior.
Nome do relator: JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2007 CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. ALIMENTAÇÃO IN NATURA SEM INSCRIÇÃO NO PAT. NATUREZA NÃO REMUNERATÓRIA. NÃO INCIDÊNCIA. Sobre o pagamento in natura do auxílio-alimentação não há incidência de contribuição previdenciária. DECADÊNCIA. INEXISTÊNCIA DE DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. EXISTÊNCIA DE RECOLHIMENTOS PARCIAIS. REGRA DO ART. 150, § 4º, DO CTN. SÚMULA CARF 99. O prazo decadencial para o lançamento é regido pelo art. 150, § 4º, do CTN, se, inexistindo dolo, fraude ou simulação, houver pagamento parcial. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. DIRETOR EMPREGADO. INCLUSÃO EM FOLHA DE PAGAMENTO. LANÇAMENTO PROCEDENTE. Tem-se por procedente o lançamento, quanto a autoridade autuante traz fortes evidências de que a requerente arcara com o ônus da remuneração a trabalhador que lhe prestara serviços e constara em sua folha de pagamento por período considerável.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício e, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário para excluir do lançamento as contribuições até a competência 10/2005, inclusive, uma vez que atingidas pela decadência. Vencidos os Conselheiros Mauricio Nogueira Righetti, José Ricardo Moreira e Denny Medeiros da Silveira, que não reconheceram a ocorrência da decadência em relação às contribuições referentes ao Diretor Empregado. No mérito, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso quanto ao lançamento referente ao Diretor Empregado. Vencidos os Conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci (Relator), Jamed Abdul Nasser Feitoza, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior, que deram provimento ao recurso. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Mauricio Nogueira Righetti. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti - Redator Designado Participaram do presente julgamento os conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Mauricio Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, José Ricardo Moreira, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior.
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ALIMENTAÇÃO IN NATURA SEM INSCRIÇÃO NO PAT. NATUREZA NÃO REMUNERATÓRIA. NÃO INCIDÊNCIA. Sobre o pagamento in natura do auxílioalimentação não há incidência de contribuição previdenciária. DECADÊNCIA. INEXISTÊNCIA DE DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. EXISTÊNCIA DE RECOLHIMENTOS PARCIAIS. REGRA DO ART. 150, § 4º, DO CTN. SÚMULA CARF 99. O prazo decadencial para o lançamento é regido pelo art. 150, § 4º, do CTN, se, inexistindo dolo, fraude ou simulação, houver pagamento parcial. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. DIRETOR EMPREGADO. INCLUSÃO EM FOLHA DE PAGAMENTO. LANÇAMENTO PROCEDENTE. Temse por procedente o lançamento, quanto a autoridade autuante traz fortes evidências de que a requerente arcara com o ônus da remuneração a trabalhador que lhe prestara serviços e constara em sua folha de pagamento por período considerável. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 72 44 78 /2 01 0- 51 Fl. 453DF CARF MF Processo nº 10680.724478/201051 Acórdão n.º 2402006.783 S2C4T2 Fl. 454 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício e, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário para excluir do lançamento as contribuições até a competência 10/2005, inclusive, uma vez que atingidas pela decadência. Vencidos os Conselheiros Mauricio Nogueira Righetti, José Ricardo Moreira e Denny Medeiros da Silveira, que não reconheceram a ocorrência da decadência em relação às contribuições referentes ao Diretor Empregado. No mérito, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso quanto ao lançamento referente ao Diretor Empregado. Vencidos os Conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci (Relator), Jamed Abdul Nasser Feitoza, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior, que deram provimento ao recurso. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Mauricio Nogueira Righetti. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira Presidente em Exercício (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Relator (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti Redator Designado Participaram do presente julgamento os conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Mauricio Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, José Ricardo Moreira, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior. Relatório A fiscalização lavrou os seguintes Autos de Infração (AIs) em face do sujeito passivo: (a) AI 37.272.0439 PAF 10680.724478/201051, para a constituição das contribuições devidas à seguridade social, correspondentes à parte dos segurados empregados, incidentes sobre as remunerações a eles pagas, relativas às despesas com alimentação, cartões de premiação e com a contratação de Diretor Administrativo Financeiro. Ainda foram constituídas as contribuições dos segurados contribuintes individuais; (b) AI 37.272.0420 PAF 10680.724477/201014, para a constituição das contribuições devidas à seguridade social, correspondentes à parte da empresa, inclusive a alíquota GILRAT, incidentes sobre as remunerações pagas aos seus empregados, relativas às despesas com alimentação e cartões de premiação. Também foram constituídas as contribuições da mesma natureza incidentes sobre a contratação de Diretor Administrativo Financeiro, bem como aquelas resultantes do confronto entre as folhas de pagamento e as GFIPs. Por fim, também foram constituídas as contribuições patronais incidentes sobre a contratação de contribuintes individuais; Fl. 454DF CARF MF Processo nº 10680.724478/201051 Acórdão n.º 2402006.783 S2C4T2 Fl. 455 3 (c) AI 37.272.0447 PAF 10680.724481/201074, para a constituição das contribuições devidas a outras entidades ou fundos, parte patronal, incidentes sobre as remunerações pagas aos seus empregados, relativas às despesas com alimentação, cartões de premiação, contratação de Diretor Administrativo Financeiro e aquelas atinentes às reclamatórias trabalhistas apuradas no curso da fiscalização; (d) AI 37.272.0501 PAF 10680.724489/201031, para a constituição de multa devida pelo descumprimento de obrigação acessória, por ter a empresa apresentado as GFIPs com informações incorretas ou omissas, mais precisamente pela falta de declaração das remunerações atinentes às despesas com alimentação, cartões de premiação, contratação de Diretor Administrativo Financeiro, bem como a remuneração de contribuintes individuais; (e) AI 37.272.0544 PAF 10680.724493/201007, para a constituição das contribuições devidas a outras entidades ou fundos, parte patronal, incidentes sobre as remunerações pagas aos seus empregados, relativas às despesas com alimentação, cartões de premiação, contratação de Diretor Administrativo Financeiro, reclamatórias trabalhistas apuradas no curso da fiscalização e aquelas resultantes do confronto entra as folhas de pagamento e as GFIPs. Para fins ilustrativos, segue uma tabela das autuações: PAF AI Créditos Contribuições ou Multa Rubricas 10680.724477/201014 37.272.0420 Patronal + SAT/RAT Alimentação + Contr. Ind. + Cartões de Premiação + Diretor + Folha x GFIP 10680.724478/201051 37.272.0439 Segurados Alimentação + Contr. Ind. + Cartões de Premiação + Diretor 10680.724481/201074 37.272.0447 Outras entidades ou fundos patronal Alimentação + Cartões de Premiação + Diretor + Reclamatórias Trabalhistas 10680.724489/201031 37.272.0501 CFL 68 Informações incorretas ou omissas: Alimentação + Cartões de Premiação + Diretor + Contr. Ind. 10680.724493/201007 37.272.0544 Outras entidades ou fundos patronal Alimentação + Cartões de Premiação + Diretor + Reclamatórias Trabalhistas + Folha x GFIP Doravante, adotase parte do relatório do acórdão de impugnação: Consta no relatório fiscal [...] conforme segue: ALIMENTAÇÃO EM DESACORDO COM O PAT [...] Fl. 455DF CARF MF Processo nº 10680.724478/201051 Acórdão n.º 2402006.783 S2C4T2 Fl. 456 4 CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS A empresa remunerou contribuintes individuais declarados na DIRF Declaração de Imposto de Retido na Fonte que não foram incluídos/declarados em folhas de pagamento e GFIP. Os salários de contribuição dos contribuintes individuais relativos a transportadores rodoviários autônomos foram apurados aplicandose uma alíquota de 20% sobre os valores declarados na DIRF. [...] CARTÃO PREMIAÇÃO A empresa remunerou seus empregados por meio de cartões eletrônicos oferecidos como prêmio no Programa de estímulo ao aumento de produtividade. Os cartões foram fornecidos pela Incentive House S. A, CNPJ 00.416.126/000303 [...] DIRETOR EMPREGADO Foi constatada a contratação de Fernando Luiz Gomes Filho NIT 12288536154 – admitido em 1/10/2003 e demitido em 1/05/2008, para ocupar o cargo de diretor administrativo financeiro. Tal constatação deuse por meio da análise do cadastro de pessoal da empresa, das folhas de pagamento apresentadas em meio digital, das informações constantes das GFIP referentes às competências 12/2003 e 05/2008, e das informações constantes dos atos constitutivos da empresa conforme segue: [...] As remunerações desse segurado foram apuradas, por aferição, com base nas remunerações recebidas ou creditadas para outro diretor representante legal da empresa, tendo em vista que o Sr. Fernando Luiz Gomes Filho foi incluído nas folhas de pagamento com salário zerado acompanhado da seguinte expressão "Folha Confidencial Diretoria" (que não foi apresentada à fiscalização). Especificamente, optouse, para fins de aferição, por utilizar como referência, as remunerações percebidas pelo diretor de logística que está menos sujeito as variações de produtividade. [...] O sujeito passivo foi cientificado da autuação em 29/11/2010, conforme assinatura aposta à fl. 3 e apresentou impugnação em 29/12/2010 [...], na qual, essencialmente: DECADÊNCIA Diz que parte do crédito tributário cobrado referese ao ano de 2005, período abrangido pela decadência nos termos do artigo 150, § 4º do Código Tributário Nacional – CTN. Acrescenta que, como o auto de infração foi lavrado em 12/2010, os valores Fl. 456DF CARF MF Processo nº 10680.724478/201051 Acórdão n.º 2402006.783 S2C4T2 Fl. 457 5 referentes às competências de 01/2005 a 11/2005 encontramse alcançados pela decadência. AUXILIO ALIMENTAÇÃO Diz que os auxílios de natureza alimentar fornecidos a seus empregados compreendem o gasto na manutenção de restaurante dentro de seu estabelecimento para servir refeições a empregados, gastos com o fornecimento de cestas básicas distribuídas e tickets refeição e alimentação. Afirma que, em relação à sua exclusão do PAT, conforme se verifica dos acordos coletivos de trabalho dos anos de 2005 a 2007, apenas o pagamento do ticket alimentação estava atrelado à assiduidade do empregado (inexistência de faltas injustificadas). Acrescenta que a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça – STJ é pacífica no sentido de que o pagamento de auxílio alimentação in natura, como no caso, não integra a base de calculo da contribuição previdenciária, esteja ou não a empresa inscrita no PAT. Cita jurisprudência. Alega que não há como se cogitar a incidência de contribuição previdenciária sobre os valores gastos com a manutenção de restaurante interno, bem como gastos a titulo de cesta básica, alimentação, lanches e ticket refeição, haja vista o inegável caráter indenizatório de tais verbas, pagas para o trabalho e não pelo trabalho, devendo o lançamento fiscal ser julgado improcedente quanto a esses itens. Aduz que além de estar restrita ao ticket alimentação, a condição estipulada em acordo coletivo de trabalho jamais poderia ser assemelhada a um sistema de premiação, para descaracterizar o benefício dado. Diz que não havia metas a serem recompensadas com um prêmio, mas simplesmente, cumprida a carga horária contratada o empregado fazia jus ao benefício. Diz que condicionar o pagamento do ticket alimentação à assiduidade do empregado passa pela avaliação de que o benefício tem por objetivo alimentar o trabalhador que está efetivamente prestando serviço e não remunerálo pelo alcance de determinada meta de produtividade, de modo que se não comparece ao trabalho, não há que se falar em pagamento do valor necessário para se alimentar. Aduz que o fato de possuir um programa de prêmios para os empregados visando a uma maior produtividade, demonstra que o pagamento de ticket alimentação não é uma espécie de premiação ao empregado. Afirma que não há lei ou decreto que proíba essa condição (assiduidade) para a concessão do benefício, sendo que tal vedação foi estabelecida por meio de portaria. Disserta e cita jurisprudência sobre a não incidência de contribuições previdenciárias sobre vale transporte para Fl. 457DF CARF MF Processo nº 10680.724478/201051 Acórdão n.º 2402006.783 S2C4T2 Fl. 458 6 subsidiar sua afirmação de que o Poder Executivo tenta, há muito tempo, implementar, sem amparo na lei, restrições às formas usualmente aceitas de pagamento de benefícios a empregados, buscando descaracterizar sua natureza indenizatória. Diz ainda que a Portaria nº 87, que o teria excluído do PAT é datada de 19/3/2009, tendo sido publicada no Diário Oficial da União – DOU de 23/3/2009, mas pretende produzir efeitos de forma retroativa, cancelando inscrições de 1995 a 2008. Conclui que tal circunstância revela ilegalidade. Aduz que os fundamentos para a cassação das inscrições não decorrem de atos que lhes houvessem sido posteriores, justificando sua revisão, mas de disposições já existentes nos seus sucessivos acordos coletivos que não a haviam impedido. Afirma que a exclusão do PAT não se tratou de mera inovação interpretativa das normas por parte da administração pública, mas de nova limitação à permanência das empresas no programa. Cita legislação e doutrina que trata de segurança jurídica. Conclui que deve ser julgado improcedente o lançamento no que se refere aos gastos com alimentação in natura ou, ao menos, devese restringir a cobrança da contribuição previdenciária aos valores gastos com a concessão de ticket alimentação a seus empregados. DIRETOR ADMINISTRATIVO FINANCEIRO Diz que a AFRFB abstevese de tecer qualquer consideração a respeito dos esclarecimentos que lhe foram prestados no desenvolvimento do procedimento fiscal, decidindo arbitrar um salário mensal do Diretor Fernando Luiz Gomes Filho com base nas remunerações pagas aos demais diretores. Alega que a autuação não tem qualquer amparo legal já que o referido diretor foi cedido à impugnante pela Recofarma Indústria do Amazonas Ltda. Diz que no documento denominado Secondment Service Agreement, a Recofarma comprometese a ceder um diretor à impugnante, o qual continuaria vinculado a ela, responsável pelo pagamento do seu salário. Apresenta o que seria a tradução livre de um trecho do documento como segue: [...] Em razão das alegações do impugnante, os autos do presente processo foram baixados em diligência para que a fiscalização prestasse esclarecimentos [...]. Em 23/12/2013 a fiscalização elaborou a informação fiscal de fls. [...] na qual, essencialmente: esclareceu que as despesas com alimentação dos empregados, inclusive despesas com restaurante, identificada nos autos com o código de levantamento AL foram fornecidas in natura. Fl. 458DF CARF MF Processo nº 10680.724478/201051 Acórdão n.º 2402006.783 S2C4T2 Fl. 459 7 O contribuinte foi cientificado da diligência e de seu resultado, [...], e se manifestou [...], basicamente, conforme segue: Diz concordar parcialmente com a conclusão da diligência realizada. Afirma que a não incidência de contribuições previdenciárias, por força do conteúdo do Ato Declaratório PGFN nº 3, além se de aplicar à rubrica “AL – alimentação e lanches” também se estende aos valores lançados por meio do auto de infração com os códigos de levantamento “RE – restaurante” e “CB – cesta básica”, pois todas elas se referem a alimentação fornecida in natura. Reitera seus argumentos apresentados por ocasião da impugnação acerca de fornecimento de alimentação a empregados. Reitera seus argumentos acerca da decadência em relação às competências de 01/2005 a 11/2005. Diz que a aplicação do disposto no CTN, artigo 150, § 4º, aos lançamentos por homologação, foi consagrada pelo STJ no Resp 973.733, submetido à sistemática dos recursos repetitivos prevista no CPC, artigo 543C. Aduz que, por essa razão, tal entendimento se tornou de aplicação obrigatória pelo Carf, por força do seu Regimento Interno desse órgão, artigo 64A e pelas DRJ em razão do que dispõe o Parecer PGFN/CDA/CRJ nº 396/2013. A DRJ julgou a impugnação procedente em parte, conforme decisão assim ementada: CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. A empresa é obrigada a arrecadar as contribuições dos segurados contribuintes individuais a seu serviço e recolher o produto arrecadado juntamente com as contribuições previdenciárias a seu cargo. ALIMENTAÇÃO IN NATURA Nos lançamentos de contribuições previdenciárias incidentes sobre despesas com alimentação in natura fornecida aos segurados empregados aplicase o disposto no Ato Declaratório PGFN nº 3, de 20/12/2011. MULTA RETROATIVIDADE. MOMENTO DO CÁLCULO. A comparação para determinação da multa mais benéfica apenas pode ser realizada por ocasião do pagamento. CONEXÃO. Devem ser julgados em conjunto com o processo principal os processos vinculados por conexão. Houve a interposição de recurso de ofício. Fl. 459DF CARF MF Processo nº 10680.724478/201051 Acórdão n.º 2402006.783 S2C4T2 Fl. 460 8 O sujeito passivo foi eletronicamente intimado da decisão em 10/06/2014 e interpôs recurso voluntário em 18/06/2014, no qual apenas reafirmou as teses atinentes à decadência e à contratação do diretor empregado. Diante da informação expressa, à fl. 255 do PAF 15504.020542/200941, de que a empresa teria incluído a totalidade dos seus débitos no parcelamento, o julgamento do recurso foi convertido em diligência, para que a unidade de origem verificasse a existência de pedido de parcelamento total ou parcial. Em cumprimento à citada resolução, a unidade de origem informou que a empresa não teria optado pelo parcelamento de débitos previdenciários em fase administrativa. Intimado, o sujeito passivo manifestouse apenas no sentido de requerer o julgamento e o provimento de seu recurso. Sem contrarrazões ou manifestação pela Procuradoria. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci Relator 1 Conhecimento A Portaria MF 63/17 estabeleceu um novo limite para a interposição de recurso de ofício, ao prever que a DRJ recorrerá sempre que a decisão exonerar o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00. Vejase: Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). § 1º O valor da exoneração deverá ser verificado por processo. § 2º Aplicase o disposto no caput quando a decisão excluir sujeito passivo da lide, ainda que mantida a totalidade da exigência do crédito tributário. A Súmula CARF 103 preleciona que o limite de alçada deve ser aferido na data de apreciação do recurso em segunda instância: Súmula CARF nº 103 : Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. Neste caso, e conforme se observa na tabela abaixo, o total das contribuições e das multas exoneradas é de R$ 2.587.844,09 (veja o valor total lançado, fl. 3, e o total Fl. 460DF CARF MF Processo nº 10680.724478/201051 Acórdão n.º 2402006.783 S2C4T2 Fl. 461 9 remanescente, fl. 417, DADR DISCRIMINATIVO ANALÍTICO DO DÉBITO RETIFICADO), de forma que o recurso de ofício deve ser conhecido. Contribuições Multa LANÇAMENTO 2.148.349,19 515.603,82 MANTIDO 61.378,17 14.730,75 EXONERADO 2.086.971,02 500.873,07 TOTAL 2.587.844,09 Por outro lado, o recurso voluntário é tempestivo e estão presentes os demais requisitos de admissibilidade, tendo sido inclusive demonstrada a inexistência de pedido de parcelamento dos débitos em questão. 2 Do recurso de ofício 2.1 DOS PONTOS CONTROVERTIDOS DO RECURSO DE OFÍCIO Analisandose o acórdão de impugnação, constatase que os pontos controvertidos do recurso de ofício são os levantamentos AL, CB, RE, TA e TR. Para ilustrar, vale transcrever o seguinte trecho do acórdão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros da 8ª Turma de Julgamento, por unanimidade de votos, considerar procedente em parte a impugnação e pela manutenção parcial do crédito tributário objeto de impugnação, excluindose todas as contribuições cujos fatos geradores foram identificados nos autos com os códigos de levantamento AL, CB, RE, TA e TR. Neste PAF, e diferentemente do PAF conexo 10680.724477/201014, não houve o lançamento e a exoneração do levantamento FG. Tais levantamentos foram excluídos no DADR DISCRIMINATIVO ANALÍTICO DO DÉBITO RETIFICADO e são referentes a: AL ALIMENTACAO E LANCHES, CB CESTA BASICA, RE RESTAURANTE, TA TICKET ALIMENTACAO e TR TICKET REFEICAO. 2.2 DO CUSTEIO DE ALIMENTAÇÃO SEM PAT Nesse particular, vêse que o acórdão de impugnação está amparado no Parecer PGFN/CRJ/Nº 2117/11 e no Ato Declaratório 3/11, que por sua vez decorrem da reiterada jurisprudência do STJ a respeito do thema iudicandum, segundo os quais não incidem contribuições previdenciárias sobre a alimentação in natura fornecida pela empresa. Vale transcrever o entendimento do STJ a respeito do assunto e o citado Ato Declaratório: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO DO TRABALHADOR. SALÁRIO IN NATURA. DESNECESSIDADE DE INSCRIÇÃO NO PROGRAMA DE Fl. 461DF CARF MF Processo nº 10680.724478/201051 Acórdão n.º 2402006.783 S2C4T2 Fl. 462 10 ALIMENTAÇÃO DO TRABALHADORPAT. NÃOINCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. 1. Quando o pagamento é efetuado in natura, ou seja, o próprio empregador fornece a alimentação aos seus empregados, com o objetivo de proporcionar o aumento da produtividade e eficiência funcionais, não sofre a incidência da contribuição previdenciária, sendo irrelevante se a empresa está ou não inscrita no Programa de Alimentação ao Trabalhador PAT. 2. Recurso especial não provido. (Resp. 1051294 PR 2008/00873730; Relator(a): Ministra Eliana Calmon; Julgamento: 10/02/2009; Publicação: DJe 05/03/2009) ......................................................................................................... Ato Declaratório nº 03/2011 da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN), publicado no D.O.U. de 22/12/2011, que dispõe o seguinte: A PROCURADORAGERAL DA FAZENDA NACIONAL, no uso da competência legal que lhe foi conferida, nos termos do inciso II do art. 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002, e do art. 5º do Decreto nº 2.346, de 10 de outubro de 1997, tendo em vista a aprovação do Parecer PGFN/CRJ/Nº 2117 /2011, desta ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, pelo Senhor Ministro de Estado da Fazenda, conforme despacho publicado no DOU de 24.11.2011, DECLARA que fica autorizada a dispensa de apresentação de contestação e de interposição de recursos, bem como a desistência dos já interpostos, desde que inexista outro fundamento relevante: "nas ações judiciais que visem obter a declaração de que sobre o pagamento in natura do auxílioalimentação não há incidência de contribuição previdenciária". É importante frisar que a fiscalização, após ser provocada por meio de despacho da DRJ, prestou esclarecimentos em informações fiscal e apontou que as despesas com alimentação dos empregados, inclusive despesas com restaurante, identificadas nos autos com o código de levantamento AL, referemse à alimentação fornecida in natura. Vejase: 1. Em resposta ao item 5 do Despacho da 8a. Turma da DRJ/BHTE, após análise da documentação apresentada pela autuada em sua defesa, a fiscalização presta os seguintes esclarecimentos: A fiscalização constatou que as despesas com alimentação dos empregados, inclusive despesas com restaurante, lançadas pelo levantamento de código “AL” foram fornecidas in natura; Logo, deve ser negado provimento ao recurso de ofício no ponto atinente ao custeio da alimentação dos trabalhadores, mantendose, assim, as exclusões determinadas em sede de acórdão de impugnação. Fl. 462DF CARF MF Processo nº 10680.724478/201051 Acórdão n.º 2402006.783 S2C4T2 Fl. 463 11 3 Do recurso voluntário 3.1 DOS PONTOS CONTROVERTIDOS Os pontos controvertidos do recurso voluntário são apenas aqueles atinentes à decadência e à contratação do diretor empregado. 3.2 DA DECADÊNCIA A esse respeito, o sujeito passivo sustenta a tese de que o prazo decadencial deve ser contado na forma do art. 150, § 4º, do CTN, tendo em vista a existência de recolhimentos antecipados. Como o lançamento teria ocorrido em 22/11/2010, estariam decaídas as contribuições do período de janeiro a novembro de 2005. A DRJ não compactuou desse entendimento, arvorandose na tese de que a existência de recolhimento antecipado se caracterizaria rubrica por rubrica. Vejase: Ora, se o contribuinte sequer incluía tais valores nas folhas de pagamento, não há se falar que tenha ocorrido qualquer antecipação de pagamento relativamente a essas verbas. Portanto, nesses casos, aplicase o disposto no CTN, artigo 173 O critério de determinação da regra decadencial (art. 150, § 4º ou art. 173, inc. I) é a existência de pagamento antecipado do tributo, ainda que parcial, mesmo que não tenha sido incluída na sua base de cálculo a rubrica ou o levantamento específico apurado pela fiscalização. Se o sujeito passivo antecipa o montante do tributo, mas em valor inferior ao efetivamente devido, o prazo para a autoridade administrativa manifestar se concorda ou não com o recolhimento tem início; em não havendo concordância, deve haver lançamento de ofício no prazo determinado pelo art. 150, § 4º, salvo a existência de dolo, fraude ou simulação, casos em que se aplica o art. 173, inc. I. Expirado o prazo, considerase realizada tacitamente a homologação pelo Fisco, de maneira que essa homologação tácita tem natureza decadencial. E ao contrário do que decidiu a DRJ, caracteriza pagamento antecipado qualquer recolhimento de contribuição previdenciária na competência do fato gerador, independentemente de ter sido incluída na base de cálculo do recolhimento a rubrica específica (ex. custeio de alimentação) exigido no Auto de Infração. Essa questão foi definitivamente pacificada com a edição da Súmula CARF 99: Súmula CARF nº 99: Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. Fl. 463DF CARF MF Processo nº 10680.724478/201051 Acórdão n.º 2402006.783 S2C4T2 Fl. 464 12 No mesmo sentido, o entendimento do colendo STJ em sede de recurso representativo de controvérsia: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs.. 163/210). 3. O dies a quo do prazo quinquenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs.. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs.. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Fl. 464DF CARF MF Processo nº 10680.724478/201051 Acórdão n.º 2402006.783 S2C4T2 Fl. 465 13 Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs.. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial quinquenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (REsp 973.733/SC, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 12/08/2009, DJe 18/09/2009) (destacouse) A existência de recolhimentos parciais em todas as competência é inconteste, tanto porque todas as autuações são relativas a rubricas específicas (custeio de alimentação, cartões de premiação, diferenças entre as folhas e as GFIPs, etc) exigidas em diversos Autos de Infração, quanto porque os recolhimentos parciais foram admitidos em sede de acórdão de impugnação, e também porque a fiscalização constatou a existência de valores declarados em GFIP (vejase que há lançamento por batimento entre as folhas e as guias). Mais ainda, e segundo se depreende do incluso Termo de Encerramento do Procedimento Fiscal, entre os documentos examinados estão os "Comprovantes de Recolhimento". Logo, a regra decadencial aplicável é a do art. 150, § 4º. Portanto, quando o lançamento foi realizado, em 22/11/2010, já havia transcorrido mais de cinco anos desde os fatos geradores ocorridos de janeiro a outubro de 2005, mas não de novembro de 2005, cujo período de apuração somente se encerrou no dia 30. Portanto, deve ser parcialmente acolhida a preliminar de decadência, para declarar a extinção dos créditos tributários cujo período de apuração vai de janeiro a outubro de 2005. 3.3 DO DIRETOR EMPREGADO Basicamente, o sujeito passivo afirma que o Diretor Administrativo Financeiro foilhe cedido pela Recofarma Indústria do Amazonas Ltda, conforme o documento denominado Secondment Service Agreement. Assevera, ainda, que a inclusão do nome do referido diretor na sua folha de pagamento com salário zerado se deu unicamente por razão de hierarquia de trabalho, já que ele era o responsável pela sua gestão administrativofinanceira, ascendendo um grupo de empregados constantes na folha. Conclui que é sem razão o arbitramento levado a efeito pela fiscalização. O acórdão de impugnação discordou dessa argumentação, com base na fundamentação que pode ser sintetizada abaixo: Fl. 465DF CARF MF Processo nº 10680.724478/201051 Acórdão n.º 2402006.783 S2C4T2 Fl. 466 14 Vêse, que é inconteste que o Sr. Fernando Luiz Gomes Filho prestava serviços para o contribuinte, como diretor financeiro, e que seu nome foi incluído nas folhas de pagamento do impugnante juntamente com a menção de que havia uma folha confidencial relativa à diretoria. [...] Temse, portanto, que o impugnante não trouxe aos autos qualquer elemento ou esclarecimento capaz de explicar porque razões um diretor financeiro que presta serviços em seu favor, vinculado à sua estrutura organizacional, seria incluído na folha de pagamentos (com a indicação da existência de informações mais detalhadas em folha de pagamento confidencial), caso inexistisse remuneração custeada por ele para esse diretor. Tudo levar a crer que tal diretor foi remunerado pelo contribuinte e que o valor de sua remuneração somente não foi incluído na folha por tratar de informação “confidencial” tal como descrito nesses documentos. Ocorre que os documentos denominados Secondment Service Agreement e Exhibit revelam que o Diretor Administrativo Financeiro era empregado de outra empresa, que lhe custeava o salário e que o cedeu para o sujeito passivo por prazo determinado. Vejase, a propósito, que as folhas de pagamento de fls. 322 e seguintes demonstram que ele era realmente empregado da Recofarma. Essas circunstâncias, aliadas ao fato de que a fiscalização não demonstrou a existência efetiva de pagamentos realizados pela recorrente em favor do citado Diretor, muito menos que ele estivesse a ela subordinado, tornam frágil o lançamento e obstaculizam qualquer possibilidade de arbitramento. A rigor, o Diretor Administrativo Financeiro estava subordinado a outra pessoa jurídica e dessa pessoa jurídica recebia a sua remuneração, com todas as consequências trabalhistas e previdenciárias daí decorrentes. Em não havendo remuneração recebida da recorrente, igualmente não há base de cálculo para o lançamento. E como afirmado em sede de impugnação e recurso, isso explica o fato de a folha de pagamento do Diretor Administrativo Financeiro estar com valores zerados. Resumidamente, o recurso voluntário deve ser provido nesse particular. 4 Conclusão Diante do exposto, votase no sentido de: (a) CONHECER e NEGAR PROVIMENTO ao recurso de ofício; (b) CONHECER do recurso voluntário, para ACOLHER PARCIALMENTE a preliminar de decadência do lançamento, declarandose a extinção dos créditos tributários cujos fatos geradores ocorreram de janeiro a outubro de 2005, e, no mérito, DARLHE TOTAL Fl. 466DF CARF MF Processo nº 10680.724478/201051 Acórdão n.º 2402006.783 S2C4T2 Fl. 467 15 PROVIMENTO, para excluir da autuação o levantamento "DE DIERETOR EMPREGADO" (erro de grafia no original). (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Voto Vencedor Conselheiro Mauricio Nogueira Righetti Redator Designado Não obstante as, como de praxe, muito bem fundamentaras razões de decidir do Relator, peço venia para delas dissentir. O ponto de discordância, naquilo que superou o seu entendimento, recai quanto ao lançamento, por arbitramento, sobre valores eventualmente pagos pela autuada àquele Diretor Administrativo Financeiro, Sr Fernando Luiz Gomes Filho. Entendeu o Ilustre Relator que o autuante não teria feito a prova de que a autuada efetuou pagamentos àquele trabalhador, tampouco de que havia subordinação na relação entre ambos, além do quê, haveria um documento denominado Secondment Service Agreement, por meio do qual se atestaria sua cessão à recorrente pela Recofarma Indústria do Amazonas Ltda, a quem competiria o pagamento de seu salário e as conseqüências trabalhistas e previdenciárias dele decorrentes. Não vejo dessa forma. De plano, quanto ao documento apresentado no idioma estrangeiro, filiome ao entendimento da decisão de piso acerca da imprescindibilidade de sua tradução para o vernáculo, a teor do que dispõem os artigos 22 da Lei 9.784/99 e 157 do CPC/731, sem a qual, temse por prejudicada a sua força probatória. Por sua vez, consoante aduzido naquele acórdão, referido Diretor, que efetivamente teria prestado serviço para a recorrente, e isso pareceme inconteste, figurou em sua folha de pagamento por quase 5 (cinco) anos, vale dizer, de 12/2003 a 05/2008. Registrese ainda, que tal folha de pagamento, em que pese incluírem aquele trabalhador, não discriminavam os valores de sua remuneração, além de conter a incomum expressão "Folha Confidencial Diretoria". E mais, esta última não teria sido sequer apresentada à Fiscalização. Quanto à alegação de que receberia salário pela cedente Recofarma, a qual arcaria, em função disso, com os encargos trabalhistas e previdenciários, vale destacar que, conforme atestado pelo Fisco, aquele trabalhador teria sido declarado nas GFIP da Recofarma 1 Artigo correspondente: 192 do NCPC Art. 192. Em todos os atos e termos do processo é obrigatório o uso da língua portuguesa. Parágrafo único. O documento redigido em língua estrangeira somente poderá ser juntado aos autos quando acompanhado de versão para a língua portuguesa tramitada por via diplomática ou pela autoridade central, ou firmada por tradutor juramentado. Fl. 467DF CARF MF Processo nº 10680.724478/201051 Acórdão n.º 2402006.783 S2C4T2 Fl. 468 16 apenas nos meses de 12/2005 e 13/2005, o que conduz à conclusão de que as contribuições incidentes sobre sua remuneração alegadamente lá percebida não teriam sido por ela recolhidas com relação aos demais períodos da autuação. Na sequência, quanto à motivação atinente a questões de hierarquia no trabalho, passo a colacionar a oportuna observação promovida pela DRJ, nos seguintes termos: ] Postos então os fatos, penso pairar sobre o caso uma robusta presunção de que a autuada arcara, de fato, com o ônus da remuneração daquele Diretor Administrativo Financeiro, o qual, repitase, a ela prestara serviços e figurara em sua folha de pagamento por quase 5 (cinco) anos. Forte nas razões acima, VOTO por, nesse ponto, negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti Fl. 468DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10882.904954/2012-19
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 28 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Dec 20 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 30/11/2006
COMPENSAÇÃO. NÃO-HOMOLOGAÇÃO. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE INTEMPESTIVA.
A Manifestação de Inconformidade somente será conhecida se apresentada até o trigésimo dia subsequente à data da ciência do Despacho Decisório que negou a compensação.
MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. RECURSO VOLUNTÁRIO. APRECIAÇÃO. PRECLUSÃO.
É preclusa a apreciação de matéria no Recurso Voluntário quando considerada intempestiva a apresentação da correspondente manifestação de inconformidade.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3402-005.896
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Vencida a Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula, que não conhecia do recurso.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Renato Vieira de Avila (suplente convocado) e Cynthia Elena de Campos. Ausente justificadamente a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz, sendo substituída pelo Conselheiro Renato Vieira de Avila (suplente convocado).
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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EFEITOS Recorrente MOINHO CANUELAS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 30/11/2006 COMPENSAÇÃO. NÃOHOMOLOGAÇÃO. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE INTEMPESTIVA. A Manifestação de Inconformidade somente será conhecida se apresentada até o trigésimo dia subsequente à data da ciência do Despacho Decisório que negou a compensação. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. RECURSO VOLUNTÁRIO. APRECIAÇÃO. PRECLUSÃO. É preclusa a apreciação de matéria no Recurso Voluntário quando considerada intempestiva a apresentação da correspondente manifestação de inconformidade. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Vencida a Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula, que não conhecia do recurso. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Renato Vieira de Avila (suplente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 2. 90 49 54 /2 01 2- 19 Fl. 251DF CARF MF 2 convocado) e Cynthia Elena de Campos. Ausente justificadamente a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz, sendo substituída pelo Conselheiro Renato Vieira de Avila (suplente convocado). Relatório Tratase de Declaração de Compensação para o aproveitamento de crédito de COFINS decorrente de pagamento indevido ou a maior. Em razão da aparente inexistência do crédito, vez que o DARF não foi localizado no sistema, foi transmitido Despacho Decisório Eletrônico não homologando a compensação declarada. A empresa apresentou Manifestação de Inconformidade intempestiva, com prequestionamento de tempestividade. Através do Acórdão nº 02061.847, a DRJ não conheceu da defesa por intempestiva. Cientificada desta decisão, a empresa apresentou o Recurso Voluntário ora em apreço, tempestivamente, sustentando a existência do direito creditório e a necessidade de aplicação ao presente processo do princípio da verdade real e material. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402005.886, de 28 de novembro de 2018, proferido no julgamento do processo 10882.904939/201262, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão 3402005.886): "Conheço do Recurso Voluntário, por tempestivo, mas negolhe provimento, pelas razões a seguir expostas. Pela análise do presente processo, trazida no relatório acima, depreendese que o contencioso no presente processo não foi regularmente instaurado, vez que intempestiva a Manifestação de Inconformidade apresentada pela empresa em 18/12/2012, mais de 30 (trinta) dias após sua regular intimação do Despacho Decisório Eletrônico, ocorrida em 14/11/2012 (e fl. 69). O art. 74, § 9º da Lei n.º 9.430/96, na redação dada pela Lei n.º 10.833/2003, prevê defesa própria a ser apresentada pelo sujeito passivo na hipótese de não homologação de pedido de compensação: a Manifestação de Inconformidade. Esta defesa deve ser apresentada no prazo de 30 (trinta) dias contados da Fl. 252DF CARF MF Processo nº 10882.904954/201219 Acórdão n.º 3402005.896 S3C4T2 Fl. 3 3 ciência do despacho denegatório, previsto no §7º daquele mesmo dispositivo legal: "Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. (...) § 7o Não homologada a compensação, a autoridade administrativa deverá cientificar o sujeito passivo e intimá lo a efetuar, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da ciência do ato que não a homologou, o pagamento dos débitos indevidamente compensados.(Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) § 9o É facultado ao sujeito passivo, no prazo referido no § 7o, apresentar manifestação de inconformidade contra a nãohomologação da compensação. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003)" (grifei) No presente caso, a intempestividade é patente, vez que, intimado em 14/11/2012 (quartafeira), o prazo fatal para a apresentação da Manifestação de Inconformidade encerrouse em 14/12/2012 (sextafeira). Essa questão já foi analisada em distintas oportunidades por este CARF1, inclusive em processos semelhantes do mesmo sujeito passivo, nos Acórdãos 3202003.041, 3202003.042, 3202003.043, 3202003.044 3802003.046, 3802003.047 e 3802003.048 publicados em 27/08/2014. Naqueles julgados, os Recursos Voluntários apresentados pela empresa não foram providos pelo Relator Cláudio Augusto Gonçalves Pereira em razão da mesma mácula no procedimento (intempestividade da Manifestação de Inconformidade originária): "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Exercício: 2000 Ementa: Manifestação de Inconformidade Intempestiva Efeitos 1 Vide ainda: Processo n.º 15374.902473/200919 Data da Sessão 08/12/2015 Relator Frederico Augusto Gomes de Alencar Acórdão n.º 1402001.974 Fl. 253DF CARF MF 4 A manifestação de inconformidade apresentada fora do prazo legal não instaura a fase litigiosa do procedimento nem comporta julgamento de primeira instância quanto às alegações de mérito, porque dela não se conhece. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do presente recurso e negarlhe provimento, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado." (grifei) Ora, todas as questões passíveis de análise nesta seara administrativa seriam pormenorizadas quando do julgamento da primeira Manifestação de Inconformidade. Não tendo sido conhecida esta defesa por patente intempestividade, evidente a preclusão do direito processual da Recorrente, cujas razões trazidas no Recurso Voluntário não merecem análise e provimento. Diante do exposto, voto por conhecer do Recurso Voluntário, por tempestivo, mas por negarlhe provimento em razão da preclusão, face a intempestividade da Manifestação de Inconformidade apresentada em face do Despacho Decisório Eletrônico." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma (houve apresentação intempestiva da Manifestação de Inconformidade), de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por conhecer do Recurso Voluntário, por tempestivo, mas por negarlhe provimento em razão da preclusão, face a intempestividade da Manifestação de Inconformidade apresentada em face do Despacho Decisório Eletrônico. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Fl. 254DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10875.722802/2017-95
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Dec 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2015
DEDUÇÃO INDEVIDA DE PENSÃO ALIMENTÍCIA - COMPROVANTES DE PAGAMENTO
São dedutíveis na Declaração de Imposto de Renda os pagamentos efetuados a título de pensão alimentícia, quando em cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente e desde que devidamente comprovados, nos termos do art. 8º, II, f, da Lei nº. 9.250/95. A importância paga por mera liberalidade não é dedutível.
Numero da decisão: 2002-000.402
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente
(assinado digitalmente)
Thiago Duca Amoni - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Mônica Renata Mello Fereira Stoll, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil.
Nome do relator: THIAGO DUCA AMONI
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2015 DEDUÇÃO INDEVIDA DE PENSÃO ALIMENTÍCIA - COMPROVANTES DE PAGAMENTO São dedutíveis na Declaração de Imposto de Renda os pagamentos efetuados a título de pensão alimentícia, quando em cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente e desde que devidamente comprovados, nos termos do art. 8º, II, f, da Lei nº. 9.250/95. A importância paga por mera liberalidade não é dedutível.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente (assinado digitalmente) Thiago Duca Amoni - Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Mônica Renata Mello Fereira Stoll, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil.
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A importância paga por mera liberalidade não é dedutível. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Presidente (assinado digitalmente) Thiago Duca Amoni Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Mônica Renata Mello Fereira Stoll, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 87 5. 72 28 02 /2 01 7- 95 Fl. 83DF CARF MF 2 Relatório Notificação de lançamento Trata o presente processo de notificação de lançamento – NL (efls. 19 a 23), relativa a imposto de renda da pessoa física, pela qual se procedeu autuação pela dedução indevida de pensão alimentícia judicial e/ou por escritura pública. Tal autuação gerou lançamento de imposto de renda pessoa física suplementar de R$ 5.449,03, acrescido de multa de ofício no importe de 75%, bem como juros de mora. Impugnação A notificação de lançamento foi objeto de impugnação, às efls. 02 a 15 dos autos, cujas alegações são, conforme decisão da DRJ: Alega o Impugnante, em síntese, que: Afirma que a pensão foi decorrente de decisão judicial em face do Direito de Família. Anexa os documentos de fls. 06/12. A impugnação foi apreciada na 11ª Turma da DRJ/RJO que, por unanimidade, em 22/11/2017, no acórdão 1293.863, às efls. 31 a 33, julgou a impugnação improcedente. Recurso Voluntário Ainda inconformada, a contribuinte, apresentou Recurso Voluntário, às efls. 42 a 76, no qual alega, em resumo, que está vigente a obrigação de pagamento de pensão alimentícia para sua mãe, em espécie, anexando ação judicial que assim determinou. Menciona a Súmula 98 deste CARF, recentemente revogada. É o relatório. Voto Conselheiro Thiago Duca Amoni Relator Pelo que consta no processo, o recurso é tempestivo, já que o contribuinte foi intimado do teor do acórdão da DRJ em 08/12/2017, efls. 39, e interpôs o presente Recurso Voluntário em 08/01/2018, efls. 42, posto que atende aos requisitos de admissibilidade e, portanto, dele conheço. A DRJ manteve a glosa sob os seguintes fundamentos: Fl. 84DF CARF MF Processo nº 10875.722802/201795 Acórdão n.º 2002000.402 S2C0T2 Fl. 80 3 A impugnante apresentou como comprovação da dedução de pensão alimentícia a sentença homologatória do acordo que cita, fls. 06/08. Muito embora tenha apresentado a sentença homologatória, a interessada não apresentou o referido acordo, tampouco a comprovação das importâncias pagas, por meio de cheques, depósitos, transferências bancárias, por exemplo ou qualquer outro meio que provasse a transferência de numerário. Não restou comprovado o efetivo pagamento e tampouco que este estaria de acordo com o acordo homologado judicialmente, portanto mantenho a glosa. A dedução da pensão alimentícia da base de cálculo do Imposto de Renda está prevista no artigo 78 do Regulamento do Imposto de Renda (RIR – Decreto 3.000/99) e no artigo 4º da Lei nº 9.250/1995: Art. 78. Na determinação da base de cálculo sujeita à incidência mensal do imposto, poderá ser deduzida a importância paga a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente, inclusive a prestação de alimentos provisionais (Lei nº 9.250, de 1995, art. 4º, inciso II). (...) Art. 4º. Na determinação da base de cálculo sujeita à incidência mensal do imposto de renda poderão ser deduzidas: (...) II – as importâncias pagas a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial, inclusive a prestação de alimentos provisionais, de acordo homologado judicialmente, ou de escritura pública a que se refere o art. 1.124A da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 Código de Processo Civil; Como colacionado acima, nos termos do art. 78 do Regulamento do Imposto de Renda – RIR/1999, a dedutibilidade do valor pago a título de pensão alimentícia está subordinada à comprovação da obrigação decorrente de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente, ou mesmo de escritura pública (art. 1.124A da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 Código de Processo Civil) e também à comprovação dos pagamentos efetuados. Ainda, conforme a jurisprudência deste CARF: IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA DEDUÇÃO PENSÃO ALIMENTÍCIA JUDICIAL – Observados os demais requisitos legais, a dedução por pensão alimentícia é Fl. 85DF CARF MF 4 autorizada para as despesas incluídas no conceito de alimentos no âmbito das normas reguladoras do Direito de Família. (Acórdão nº 10248.568 25 de maio de 2007) IMPOSTO DE RENDA. PENSÃO ALIMENTÍCIA. DEDUÇÃO DA BASE DE CÁLCULO. A norma insculpida no artigo 4º, inciso II, da Lei 9.250/1995, autoriza a dedução da base de cálculo do imposto de renda das importâncias pagas a título de pensão alimentícia quando em cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente, em face das normas do Direito de Família, seja a pensão paga a menor ou não. (Acórdão n°: 2201001.681 10 de julho de 2012) De fato, há decisão judicial que determina o pagamento da pensão alimentícia, contudo, a contribuinte não junta prova do efetivo pagamento dos valores, requisito essencial para valerse da dedução da despesa. Observase que não há o desconto da pensão na folha de pagamento da contribuinte, como se vê às efls. 09, por exemplo. Assim, o pagamento em espécie também exige comprovação, prova mais difícil de se obter. Desta forma, mantenho a decisão de piso Logo, conheço do presente recurso para, no mérito, negarlhe provimento.. (assinado digitalmente) Thiago Duca Amoni Fl. 86DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10825.720948/2015-20
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 12 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Dec 10 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/04/2012 a 31/12/2013
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE A RECEITA BRUTA (CPRB). COBRANÇA. CALL CENTER.
A atividade de cobrança não se confunde com a atividade de call center e não está abrangida pela substituição previdenciária instituída pela Lei nº 12.546, de 2011.
COMPENSAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA.
O disposto no art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, não se aplica às contribuições previdenciárias, em razão do disposto no art. 26, parágrafo único da Lei nº 11.457, de 16 de março de 2007. A compensação da Contribuição Previdenciária está adstrita aos termos do art. 89 da Lei nº 8.212, de 1991.
ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. IMPROCEDÊNCIA.
Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, não tendo ele se desincumbindo deste ônus. Simples alegações desacompanhadas dos meios de prova que as justifiquem revelam-se insuficientes para comprovar os fatos alegados.
ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA CARF Nº 2.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2202-004.792
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso, vencidos os conselheiros Júnia Roberta Gouveia Sampaio, que deu provimento parcial em maior extensão, e Dilson Jatahy Fonseca Neto, que lhe deu provimento integral. Manifestou interesse em apresentar declaração de voto o conselheiro Dilson Jatahy Fonseca Neto. Entretanto, findo o prazo regimental, o Conselheiro não apresentou a declaração de voto, que deve ser tida como não formulada, nos termos do § 7º,do art. 63,do anexo II, da Portaria MF nº 343/2015 (RICARF).
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Presidente
(assinado digitalmente)
Martin da Silva Gesto - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, José Ricardo Moreira (suplente convocado), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto e Ronnie Soares Anderson.
Nome do relator: MARTIN DA SILVA GESTO
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/04/2012 a 31/12/2013 CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE A RECEITA BRUTA (CPRB). COBRANÇA. CALL CENTER. A atividade de cobrança não se confunde com a atividade de call center e não está abrangida pela substituição previdenciária instituída pela Lei nº 12.546, de 2011. COMPENSAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. O disposto no art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, não se aplica às contribuições previdenciárias, em razão do disposto no art. 26, parágrafo único da Lei nº 11.457, de 16 de março de 2007. A compensação da Contribuição Previdenciária está adstrita aos termos do art. 89 da Lei nº 8.212, de 1991. ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. IMPROCEDÊNCIA. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, não tendo ele se desincumbindo deste ônus. Simples alegações desacompanhadas dos meios de prova que as justifiquem revelam-se insuficientes para comprovar os fatos alegados. ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA CARF Nº 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Recurso Voluntário Negado
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COBRANÇA. CALL CENTER. A atividade de cobrança não se confunde com a atividade de call center e não está abrangida pela substituição previdenciária instituída pela Lei nº 12.546, de 2011. COMPENSAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. O disposto no art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, não se aplica às contribuições previdenciárias, em razão do disposto no art. 26, parágrafo único da Lei nº 11.457, de 16 de março de 2007. A compensação da Contribuição Previdenciária está adstrita aos termos do art. 89 da Lei nº 8.212, de 1991. ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. IMPROCEDÊNCIA. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, não tendo ele se desincumbindo deste ônus. Simples alegações desacompanhadas dos meios de prova que as justifiquem revelamse insuficientes para comprovar os fatos alegados. ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA CARF Nº 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 82 5. 72 09 48 /2 01 5- 20 Fl. 345DF CARF MF Processo nº 10825.720948/201520 Acórdão n.º 2202004.792 S2C2T2 Fl. 346 2 Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso, vencidos os conselheiros Júnia Roberta Gouveia Sampaio, que deu provimento parcial em maior extensão, e Dilson Jatahy Fonseca Neto, que lhe deu provimento integral. Manifestou interesse em apresentar declaração de voto o conselheiro Dilson Jatahy Fonseca Neto. Entretanto, findo o prazo regimental, o Conselheiro não apresentou a declaração de voto, que deve ser tida como não formulada, nos termos do § 7º,do art. 63,do anexo II, da Portaria MF nº 343/2015 (RICARF). (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Presidente (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, José Ricardo Moreira (suplente convocado), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto e Ronnie Soares Anderson. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto nos autos do processo nº 10825.720948/201520, em face do acórdão nº 1674.732, julgado pela 12ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo (DRJ/SPO), na sessão de julgamento de 26 de setembro de 2016, no qual os membros daquele colegiado entenderam por julgar improcedente a impugnação apresentada pelo contribuinte. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de origem, que assim relatou os fatos: DA AUTUAÇÃO Tratase de Auto de Infração AI Debcad nº 51.063.9399, referente a contribuições previdenciárias da parte "patronal" destinadas a Seguridade Social, lançado na rubrica 12 Empresa no DD Discriminativo do Débito, fls. 04/07, relativas a valores informados pela empresa no campo destinado a "compensações" em Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social GFIP, nos termos do Relatório Fiscal, abrangendo o período de 04/2012 a 13/2013, no montante de R$ 13.507.744,60 (treze milhões, quinhentos e sete mil, setecentos e quarenta e quatro reais e sessenta centavos), consolidado em 05/05/2015. No item 1.2. do Relatório Fiscal estão relacionados todos os valores mensais que foram informados no campo "compensação" em GFIP, de todos os estabelecimentos (matriz e filiais), que totalizaram R$ 9.578.120,85. O Relatório Fiscal de fls. 12/25 traz ainda, em síntese, as seguintes informações: Fl. 346DF CARF MF Processo nº 10825.720948/201520 Acórdão n.º 2202004.792 S2C2T2 Fl. 347 3 No tópico II DOS MANDADOS DE PROCEDIMENTO FISCAL Que em 11/2014 determinouse o presente procedimento de fiscalização, via Termo de Distribuição do Procedimento Fiscal TDPF nº 08.1.03.002014009670, objetivando auditoria destinada a verificar a legitimidade das compensações previdenciárias informadas em GFIP. O contribuinte foi notificado e intimado a apresentar os documentos solicitados no Termo de Início de Procedimento Fiscal TIPF de 11/11/2014, o qual foi recebido em 14/11/2014. Em atendimento apresentou os documentos solicitados, acompanhado de petição que informa, entre outros, que a empresa não está inserida dentro de nenhum "grupo empresarial", nos termos do artigo 265 da Lei n° 6.404/1976, nem dos artigos 1.097 a 1.099 do Código Civil Brasileiro, até porque não participa de nenhuma outra sociedade, nem possui outra sociedade como sócia. E ainda, que a empresa possui ação judicial Mandado de Segurança n° 0005936.44.2010.4.03.6108, distribuído perante a 3ª Vara da Justiça Federal em Bauru, movida contra a União, relativamente às contribuições incidentes sobre a folha de salários. Após prorrogação concedida, a empresa apresentou as folhas de pagamento, meio digital, em 22/12/14. Diante da informação de existência de Mandado de Segurança, através do Termo de Intimação Fiscal n° 01, foi solicitado o seguinte esclarecimento "se tais valores compensados se referem a decisão judicial e se houve outros fundamentos para tais compensações". Em resposta o contribuinte esclareceu que: "1. As compensações informadas em GFIP, nos valores de R$ 4.039.001,66 (2012) e de R$ 5.539.119,19 se referem à desoneração da folha de salários prevista na Lei n° 12.546/2012, essas compensações correspondem à diferença entre a apuração da cota previdenciária patronal calculada automaticamente pelo SEFIP/GFIP em cima da folha de salários (alíquota de 20%) e o valor da contribuição sobre a receita bruta (alíquota de 2,5% entre abril e julho de 2012; e de 2% a partir de agosto/2012)". "2. Em anexo, seguem planilhas demonstrativas dessas compensações". "3. Tais valores compensados não se referem a decisão judicial, ficando prejudicada a apresentação dos documentos citados no quarto parágrafo." No tópico III DO OBJETO SOCIAL DA EMPRESA Verificase da 44ª Alteração Contratual que se trata de sociedade empresarial, sob o tipo jurídico de sociedade limitada, constituída em 20/04/1980 e registrada no Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas de Araçatuba/SP, protocolado sob n° 3831 no livro A1 e registrado sob n° 195 no livro A1 folha 536, em 13/05/1980, e essa 44ª alteração com registro na Junta Fl. 347DF CARF MF Processo nº 10825.720948/201520 Acórdão n.º 2202004.792 S2C2T2 Fl. 348 4 Comercial do Estado de São Paulo JUCESP sob n° 673/122, em sessão de 03/01/12, com sede nesta cidade de Bauru/SP, na Rua Cussy Junior, n° 1116, sendo que "O objeto social da matriz e filiais é a exploração do ramo de prestação de serviços de atividades de teleatendimento, telecobrança e cobrança extrajudicial", que foi mantido na 45ª Alteração Contratual. Por sua vez, a 46ª Alteração Contratual, certificado o registro na JUCESP em 04/09/13, sob n° 312.672/135, que dispõe, entre outros, do "Contrato Social Consolidado",temse o seguinte: "O objeto social da sociedade é a exploração dos serviços de teleatendimento, contact center, call center, telemarketing sem a comercialização de mercadorias, sistemas de resposta vocal interativa, sistemas de integração telefone computador, prestação de informações por telefone, consulta sobre produtos por telefone, central de recados, centro de emissão de chamadas telefônicas para pesquisas de mercado, atendimento a clientes por telefone, central de atendimento por telefone." Assim, a empresa procedeu a "auto enquadramentos" nos seguintes códigos: CNAE FISCAL 7499303 (Serviços de Contatos Telefônicos, adotado desde 15/08/2005), CNAE 8220 2/00 (Atividade de Teleatendimento, adotado desde 29/12/2006), SAT 8069905 e FPAS 515. No tópico IV DOS CONTRATOS DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS (CLIENTES) A fiscalização relaciona no item 4 "a" a "l", fls. 14 a 20, os contratos de prestação de serviços apresentados, celebrados com os clientes abaixo citados, transcrevendo algumas cláusulas contratuais, destacando em cada um deles o seu objeto que se constitui em "prestação de serviços de cobrança", em suma, como segue: a) CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE COBRANÇA celebrado em 01/09/2003 com HSBC Bank Brasil S/A Banco Múltiplo CNPJ n° 01.701.201/000189 (CONTRATANTE), destacandose: "Cláusula 1 Constitui objeto deste Contrato, o serviço de Cobrança Extrajudicial de Créditos..." b) CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS EXTRAJUDICIAIS celebrado em 10/01/2004 com UNIBANCO União de Bancos Brasileiros S/A CNPJ n° 33.700.394/000140 e outros dez contratantes, destacandose: "1. CLÁUSULA PRIMEIRA: DO OBJETO O CONTRATO tem por objeto a prestação de serviços especializados por parte da CONTRATADA, aos CONTRATANTES, fora do âmbito das atividades fins destes últimos, serviços esses que consistirão na cobrança extrajudicial de créditos decorrentes de operações de crédito em geral, oriundos de conta corrente, cartão de crédito, financiamento, Fl. 348DF CARF MF Processo nº 10825.720948/201520 Acórdão n.º 2202004.792 S2C2T2 Fl. 349 5 arrendamento mercantil e outras diversas modalidades, realizadas pelos CONTRATANTES com seus clientes, correntistas ou não, nas diversas praças onde exercem suas atividades, a critério e conforme interesse das CONTRATANTES. c) CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE COBRANÇA celebrado em 10/11/2008 com BANCO BRADESCO S/A CNPJ n° 60.746.948/000112 (CONTRATANTE), destacandose: "DAS DISPOSIÇÕES GERAIS Cláusula primeira a CONTRATADA, sem caráter de exclusividade e sem qualquer vinculo empregatício de seus sócios, procuradores, funcionários, colaboradores ou prepostos, se obriga a prestação de serviços profissionais objetivando a cobrança extrajudicial de créditos de titularidade dos CONTRATANTES, os quais serão prestados em suas dependências e, ..." d) CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE COBRANÇA celebrado em 01/02/2011 com ORBITALL SERVIÇOS E PROCESSAMENTO DE INFORMAÇÕES COMERCIAIS S/A CNPJ n° 00.006.878/000134 (CONTRATANTE), destacandose: "CLÁUSULA PRIMEIRA OBJETO 1.1. O CONTRATADO prestará, para a CONTRATANTE, serviços de cobrança amigável ("SERVIÇOS") visando recuperar créditos juntos aos devedores ("DEVEDORES") dos clientes da CONTRATANTE ("EMISSORES"). O detalhamento da forma de cobrança, tipo de trabalho a ser realizado e demais condições pertinentes a cada EMISSOR estão especificados no Manual das Agências Externas de Cobrança da Orbital ("MANUAL")..." e) INSTRUMENTO PARTICULAR DE CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS celebrado em 07/02/2011 com BV FINANCEIRA S/A CRÉDITO FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO CNPJ n° 01.149.953/000189 (CONTRATANTE), destacandose: "CLÁUSULA PRIMEIRA OBJETO 1.1. Temse por objeto do presente contrato a prestação de serviços de cobrança extrajudicial de valores representativos de créditos pertencentes à CONTRATANTE relacionados às operações do produto Veículos, podendo a CONTRATADA utilizarse de todos os meios e recursos atinentes à execução da obrigação ora contratada, observadas as normas e disposições legais em vigência, sobretudo o que dispõe a Lei 8.078/1990." f) CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE COBRANÇA celebrado em 02/09/2011 com Sorocred Crédito, Fl. 349DF CARF MF Processo nº 10825.720948/201520 Acórdão n.º 2202004.792 S2C2T2 Fl. 350 6 Financiamento e Investimento S/A CNPJ n° 04.814.563/0001 74 (CONTRATANTE), destacandose: "AS DISPOSIÇÕES GERAIS Cláusula primeira A CONTRATADA, se obriga a prestação de serviços profissionais objetivando a cobrança extrajudicial de créditos de titularidade dos CONTRATANTE, os quais serão prestados em suas dependências e, neste ato, declara estar plenamente estruturada para a prestação de tais serviços nos termos fixados neste contrato." g) CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE COBRANÇA celebrado em 02/09/2011 com o Contratante Cejud Cobranças Extrajudiciais Ltda CNPJ n°08.754.932/000131, com cláusulas idênticas do contrato mencionado na letra "f". h) CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE COBRANÇA celebrado em 28/10/2011 com Contratante Scard Administradora de Cartões de Crédito Ltda CNPJn° 10.382.064/000158, com cláusulas idênticas do contrato mencionado na letra "f". i) CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE COBRANÇA celebrado em 02/01/2012 com BANCO PANAMERICANO CNPJ n° 59.285.411/000113 e outros dois contratantes, destacandose: "CLÁUSULA PRIMEIRA DO OBJETO 1. O objeto deste contrato é a prestação de serviços de cobrança extrajudicial, sem exclusividade que a CONTRATADA se obriga a promover em nome das CONTRATANTES, com o propósito de recuperar os seus créditos junto a terceiros, ficando assim a CONTRATADA investida, desde já, de poderes para ajuizar todos os meios e recursos legais necessários a atividades aqui contratadas, podendo, inclusive receber e dar quitação dos valores efetivamente recebidos em nome das CONTRATANTES obedecendo as leis e normas vigentes, especialmente, os ditames da Lei 8078/90, que a CONTRATADA declara ter pleno conhecimento." j) CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE COBRANÇA celebrado em 31/05/2013 com ATLÂNTICO FUNDO DE INVESTIMENTO EM DIREITOS CREDITÓRIOS NÃO PADRONIZADOS CNPJ n° 09.194.841/000151 (CONTRATANTE), destacandose: "1.OBJETO 1.1. O objeto do presente CONTRATO é a fixação dos termos e condições para a prestação, pela Contratada, ao Contratante, de serviços de cobrança, exclusivamente extrajudicial, de créditos de titularidade do contratante ("Serviços")." Fl. 350DF CARF MF Processo nº 10825.720948/201520 Acórdão n.º 2202004.792 S2C2T2 Fl. 351 7 k) CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE COBRANÇA celebrado em 10/07/2013 com BETACRED COMPANHIA SECURITIZADORA DE CRÉDITOS FINANCEIROS CNPJ n° 06.050.986/000190 (CONTRATANTE), destacandose: "1. OBJETO 1.1. O objeto do presente CONTRATO é a fixação dos termos e condições para a prestação, pela Contratada, ao Contratante, de serviços de cobrança, exclusivamente extrajudicial, de créditos de titularidade do contratante ("Serviços")." l) CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS celebrado em 01/11/2011 com TRICARD ADMINISTRADORA DE CARTÕES LTDA CNPJ n° 05.045.717/000173 e BANCO TRIÂNGULO S/A CNPJ n° 17.351.180/000159 (CONTRATANTES), destacandose: "CLÁUSULA PRIMEIRA DO OBJETO 1.1. Constitui objeto do presente Contrato a prestação de serviços de envio de mensagens via SMS e oferta de produtos da CONTRATANTE utilizando URA REVERSA. Para tanto, a CONTRATANTE informará à CONTRATADA a base de contatos para os serviços, bem como conteúdo de mensagens e produtos disponíveis, além dos quantitativos envolvidos no período. 1.2 Os serviços deverão ser realizados a partir das dependências da CONTRATADA, em horário comercial, ou nos locais previamente ajustados pelas partes." No tópico V DA DESONERAÇÃO DA FOLHA DE PAGAMENTO Salienta a fiscalização que, em 03/08/2011, foi publicada no D.O.U. a Medida Provisória n° 540, que tratou, dentre outros, da Desoneração da Folha de Pagamento, posteriormente convertida na Lei 12.546, de 2011, instituindo a Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta CPRB. Ainda tratando da matéria, houve outros atos legais subseqüentes, dentre eles, a MP 563/12 e a Lei 12.715/12. E que nos termos da MP e da Lei, em síntese, a contribuição que " incide sobre a receita bruta da empresa; substitui a contribuição previdenciária sobre a folha de pagamento para os setores envolvidos; abrange somente a contribuição patronal paga pelas empresas; é obrigatória para os setores abrangidos pela mudança e as alíquotas dependem do setor em que a empresa atua..." Conforme consta acima em resposta a intimação a empresa informou que as compensações informadas em GFIP se referem à desoneração da folha de salários prevista na Lei n° 12.546/2012, e que essas compensações correspondem à diferença entre a apuração da cota previdenciária patronal Fl. 351DF CARF MF Processo nº 10825.720948/201520 Acórdão n.º 2202004.792 S2C2T2 Fl. 352 8 calculada automaticamente pelo SEFIP/GFIP em cima da folha de salários (alíquota de 20%) e o valor da contribuição sobre a receita bruta (alíquota de 2,5% entre abril e julho de 2012; e de 2% a partir de agosto/2012). De fato, as disposições acerca do preenchimento da GFIP pelas empresas abrangidas pelos arts. 7º e 8º da Lei n° 12.546, de 14 de dezembro de 2011, foram estabelecidas no ATO DECLARATÓRIO EXECUTIVO CODAC N° 93, de 19/12/2011, DOU de 20/12/2011, destacandose: Art. 1º Para fins de aplicação da substituição das contribuições previdenciárias estabelecidas nos incisos I e II do art. 22 da Lei n° 8.212, de 24 de julho de 1991, prevista no caput do art. 7º da Lei n° 12.546, de 14 de dezembro de 2011, as empresas que prestam serviços de Tecnologia da Informação (TI) e de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) deverão observar o disposto neste artigo quando da prestação de informações no Sistema Empresa de Recolhimento do Fundo de Garantia e Informações à Previdência Social (Sefip), até que ocorra a adequação desse sistema. § 1º Os valores de Contribuição Previdenciária patronal calculados pelo Sefip e demonstrados no "Comprovante de Declaração das Contribuições a Recolher à Previdência Social" nas linhas "Empregados/ Avulsos" e "Contribuintes Individuais" abaixo do titulo empresa deverão ser somados e lançados no Campo "Compensação", (n/ destaque) § 5° O disposto neste artigo aplicase às empresas que prestam serviços de call center somente a partir de 1º de abril de 2012. (n/ destaque) Art. 5º As contribuições substitutivas das Contribuições Previdenciárias Patronais incidentes sobre a receita bruta referidas nos art. 7º e 8º da Lei n° 12.546, de 2001, deverão ser recolhidas em Documento de Arrecadação de Receitas Federais (Darf) conforme disposto no Ato Declaratório Executivo Codac n° 86, de 1º de dezembro de 2011. Ressalta o fato de que, em consulta ao sistema "Histórico das Alterações Cadastrais Processadas a Partir de 01/01/1994", verificase que a empresa adotara desde 15/08/2005 o CNAE FISCAL 7499303 Serviços de Contatos Telefônicos. Por sua vez, o enquadramento no CNAE 82202/00 Atividade de Teleatendimento (serviços de Call Center) foi adotado em 29/12/2006 e permanece até hoje. As empresas que prestam serviços de call center foram obrigadas, a partir de 1º de abril de 2012, a adotar o regime de recolhimento de contribuição previdenciária na modalidade de "substituição" (sistema obrigatório), ou seja, incidente sobre a receita bruta. Assim, tendo a empresa se valendo do enquadramento CNAE 82202/00 desde 29/12/2006, procedeu ao recolhimento na modalidade indicada. Fl. 352DF CARF MF Processo nº 10825.720948/201520 Acórdão n.º 2202004.792 S2C2T2 Fl. 353 9 Observa ainda que o enquadramento no CNAE 82202/00 é anterior ao surgimento do regime substitutivo de recolhimento e, assim sendo, conclui a fiscalização que não houve emprego de "artifício" visando esse enquadramento, a fim de obtenção do beneficio da desoneração da folha de pagamento. No entanto, salienta que a questão a se definir é se a atividade de cobrança, cujo código CNAE é 82911/00, pode ser considerada como serviços de call center. Isto porque todos os Contratos de Prestação de Serviços apresentados são relativos a Serviços de Cobrança (item 4, letras "a" a "k" deste relatório), com exceção de um contrato cuja atividade referese a serviços de envio de mensagens via SMS e oferta de produtos (letra "l" do item 4). Ressalta ainda o fato de que o CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE COBRANÇA celebrado em 02/01/2012 com BANCO PANAMERICANO CNPJ n° 59.285.411/000113 e outros dois contratantes (letra "i" do item 4), trouxe a seguinte obrigação da autuada: CLÁUSULA SÉTIMA DAS OBRIGAÇÕES DA CONTRATADA 7.2. A CONTRATADA se obriga a cumprir a Norma Regulamentadora 17 (NR 17), do Ministério do Trabalho e Emprego. A referida Norma Regulamentadora n° 17, aprovada pela Portaria SIT n° 9/2007, traz a seguinte definição de call center: 1.1.1. Entendese como call center o ambiente de trabalho no qual a principal atividade é conduzida via telefone e/ou rádio com utilização simultânea de terminais de computador (Anexo II da NR). Observa que, face aos contratos apresentados, é certo que as atividades de cobranças são executados com uso de telefone e de terminais de computador, com sistema de comunicação e transmissão eletrônica e/ou magnética das informações, ora com permissão para recebimento de valores, com transferência aos clientes dos valores recebidos e ora com proibição de recebimento. No entanto, não são aplicáveis à Atividade de Cobrança ( CNAE 82911/00), o regime de substituição da contribuição social previdenciária sobre as remunerações dos segurados pela tributação incidente sobre o faturamento, pois a atividade de cobrança não se confunde com a atividade de call center, questão esta que já foi dirimida com publicações no Diário Oficial da União da SOLUÇÃO DE CONSULTA N° 238, DE 6 DE DEZEMBRO DE 2012, abaixo reproduzida, da SOLUÇÃO DE CONSULTA DISIT/SRRF01 N° 16, DE 10 DE ABRIL DE 2013, e da SOLUÇÃO DE CONSULTA DISIT/SRRF10 N° 52, DE 26 DE JUNHO DE 2013, neste mesmo sentido, e que vinculam à fiscalização: Fl. 353DF CARF MF Processo nº 10825.720948/201520 Acórdão n.º 2202004.792 S2C2T2 Fl. 354 10 SOLUÇÃO DE CONSULTA N° 238, DE 6 DE DEZEMBRO DE 2012 (Publicado(a) no DOU de 08/01/2013) ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE A RECEITA BRUTA (CPRB) COBRANÇA CALL CENTER. A atividade de cobrança não se confunde com a atividade de call center, e não está abrangida pela substituição previdenciária instituída pela Lei n° 12.546, de 2011. Dispositivos Legais: Lei n° 11.744, de 2008, art. 14, § 5; Lei n° 12.546, de 2011, art.7°.Resoluções IBGE/CONCLA n° 01/2006 e n° 02/2006. SOLUÇÃO DE CONSULTA DISIT/SRRF01 N° 16, DE 10 DE ABRIL DE 2013 ASSUNTO: Contribuições Sociais Previdenciárias EMENTA: CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE A RECEITA BRUTA (CPRB) COBRANÇA CALL CENTER. A atividade de cobrança não se confunde com a atividade de call center, e não está abrangida pela substituição previdenciária instituída pela Lei n° 12.546, de 2011. Dispositivos Legais: Lei n° 11.744, de 2008, art. 14, § 5; Lei n° 12.546, de 2011, art.7°.Resoluções IBGE/CONCLA n° 01/2006 e n° 02/2006. No tópico VI DO AUTO DE INFRAÇÃO Ante o exposto, lavrouse o presente Auto de Infração AI Debcad n° 51.063.9399, exigindose a contribuição social previdenciária destinadas à Seguridade Social ("parte patronal"), que corresponde aos valores lançados no campo da GFIP a "título de compensação", ou seja, tratase de não homologação dos mesmos. Tais valores foram extraídos dos demonstrativos elaborados pela empresa a título de "DESONERAÇÃO FOLHA DE PAGAMENTO 2012 MULTICOBRA", "DESONERAÇÃO FOLHA DE PAGAMENTO 2013 MULTICOBRA", "VALORES COMPENSADOS EM GFIP 2012 MULTICOBRA" e "VALORES COMPENSADOS EM GFIP 2013 MULTICOBRA", conforme tabela item 6.1. do Relatório Fiscal, fls. 24, observando que, em que pese os valores informado em GFIP no campo compensação terem sidos efetuados por estabelecimento (matriz e filiais), no lançamento do AI considerouse apenas o estabelecimento matriz, pois a receita bruta foi informada de forma "totalizada". Em observação às determinações do CTN (art. 142), no sentido de "tornar liquida a obrigação, calculando o montante do tributo", foi deduzido da exigência, os valores informados/confessados anteriormente em Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), a título de Fl. 354DF CARF MF Processo nº 10825.720948/201520 Acórdão n.º 2202004.792 S2C2T2 Fl. 355 11 Contribuição Previdenciária sobre Receita Bruta (coluna CPRB), resultando a contribuição exigida dos anoscalendário 2012 e 2013 (coluna CONTR EXIGIDA), ou seja, R$ 9.578.120,85 (valor total "compensado") R$ 2.680.199,45 (CPRB) = R$ 6.897.921,40 (valor lançado). Mesmo porque, se assim não procedesse, estaria se aceitando a forma de recolhimento das contribuições previdenciárias "parte patronal" efetuada pela empresa, ou seja, "Contribuição Previdenciária sobre Receita Bruta CPRM". Foi aplicada, no caso, a multa de ofício estabelecida pela Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, com a nova redação dada pela Lei n° 11.488, de 15 de junho de 2007. O crédito lançado está fundamentado na legislação constante no Relatório Fiscal e no anexo FLD Fundamentos Legais do Débito. DA IMPUGNAÇÃO Inconformada com a autuação, da qual foi cientificada pessoalmente, em 25/05/2015, tempestivamente, em 23/06/2015, o sujeito passivo apresenta impugnação, às fls. 208/234, acompanhada de cópias dos documentos às fls. 235/258 ( da Procuração, da OAB dos procuradores, da 46ª Alteração Contratual, da Portaria CAT65 de 22/07/2005, da Declaração datada de 21/01/2015, endereçada à Secretaria da Fazenda do Estado de S.Paulo, solicitando Redução de ICMS, com base na referida Portaria, da Conta de Prestação de Serviços emitida pela Embratel e seus pagamentos ref. 05/2015, da conta da Algar Telecom, ref. 05/2015, e da capa deste Auto de Infração), alegando, em síntese, após um breve relato dos fatos narrados pela fiscalização, que estes não correspondem à realidade dos fatos, o que se pretende demonstrar a seguir por meio desta impugnação. II PRELIMINARMENTE: NULIDADE DA AUTUAÇÃO POR VÍCIO PROCEDIMENTAL. NÃO HOMOLOGAÇÃO DA "COMPENSAÇÃO" LANÇADA EM GFIP. NECESSIDADE DE DESPACHO DECISÓRIO E ABERTURA DE PRAZO PARA MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE (ART. 74 DA LEI N° 9.430/96) Observa a impugnante que, conforme consignado pela fiscalização no Relatório Fiscal os valores exigidos no AI lavrado tratase de não homologação da compensação declarada em GFIP. Salienta que as compensações informadas em GFIP pelo contribuinte se referem à desoneração da folha de salários prevista na Lei n° 12.546/2012, correspondendo à diferença entre a apuração da cota previdenciária patronal calculada automaticamente pelo SEFIP/GFIP em cima da folha de salários (alíquota de 20%) e o valor da contribuição sobre a receita bruta (alíquota de 2,5% entre abril e julho de 2012; e de 2% a partir de agosto/2012), tendo a fiscalização reconhecido que a Fl. 355DF CARF MF Processo nº 10825.720948/201520 Acórdão n.º 2202004.792 S2C2T2 Fl. 356 12 Impugnante agiu corretamente do ponto de vista formal, consignando que "de fato, as disposições acerca do preenchimento da Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia e Informações à Previdência Social (GFIP) pelas empresas abrangidas pelos arts. 7º e 8º da Lei nº 12.546, de 14 de dezembro de 2011 foram estabelecidas no ATO DECLARATÓRIO EXECUTIVO CODAC N°93, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2011". Transcreve os artigos 1º e 5º do referido Ato Declaratório e salienta que a empresa agiu de acordo com o que determina formalmente a legislação: recolheu a Contribuição Previdenciária Patronal sobre a receita bruta via DARF, e lançou, no campo compensação da GFIP ("outros créditos") a Contribuição Previdenciária Patronal calculada pelo SEFIP sobre a folha de salários. No entanto, a fiscalização tendo considerada como NÃO HOMOLOGADA a "compensação" lançada em GFIP, deveria, obrigatoriamente, ter observado o procedimento estabelecido pelo artigo 74 da Lei nº 9.430/96, o qual transcreve, para as referidas compensações. Acresce ainda que o pedido de compensação não vai acarretar a automática extinção do crédito tributário, mas sim a suspensão da exigibilidade do crédito até a apreciação fiscal, nos termos do §11 do artigo 74 da Lei nº 9.430/96 e, caso a Receita Federal deixe passar o prazo de cinco anos, a contar do pedido de compensação, esta será homologada tacitamente, nos termos do §5° deste mesmo dispositivo legal. Em outras palavras, há uma sintonia entre esse processo administrativo de compensação e o "autolançamento" (lançamento por homologação) do artigo 150, §4°, do CTN. Por outro lado, observa que o referido dispositivo legal é bastante claro ao exigir um devido processo legal administrativo para a Receita Federal "nãohomologar", isto é, rejeitar a declaração de compensação operada pela autuada, nos termos do caput e §1° do artigo 74 da Lei nº 9.430/96, e do Ato Declaratório Executivo CODAC nº 93/2011. Esse trâmite processual revela uma nítida imposição e decorrência dos princípios constitucionais do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa, dispostos no artigo 5º, incisos LIV e LV, da Carta Magna, que transcreve. Portanto, uma vez não homologada a compensação, deveria a autoridade administrativa, nos termos do §7º do artigo 74 da Lei nº 9.430/96, cientificar o sujeito passivo e intimálo a efetuar, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da ciência do ato que não a homologou, o pagamento dos débitos indevidamente compensados, sendo facultada, no mesmo prazo, a apresentação de manifestação de inconformidade (§ 9° deste mesmo dispositivo legal). Afirma a impugnante que o "ato" que não homologa a compensação não é o Auto de Infração, e sim o DESPACHO DECISÓRIO, conforme disposto no art. 74 da Lei nº 9.430/96, Fl. 356DF CARF MF Processo nº 10825.720948/201520 Acórdão n.º 2202004.792 S2C2T2 Fl. 357 13 por meio do qual a autoridade fiscal testifica a acurácia do pagamento ou compensação em face do tributo considerado devido. Ressalta ainda que apenas se fosse reputada como "não declarada" a compensação, automaticamente também seria considerada como não declarada (não "autolançada") a dívida, nos termos do §13, combinado com o §6° do referido dispositivo legal, forçando, assim, a lavratura de auto de infração para constituir o crédito tributário, mas, não foi esse o caso, pois a fiscalização considerou como "não homologadas" as compensações declaradas em GFIP, motivo pelo qual deveria ter sido proferido Despacho Decisório em lugar da lavratura do AI, logo, segundo ela houve ERRO quanto ao procedimento administrativo adotado, nulificando a referida autuação. Seguindo este mesmo raciocínio, aduz a impugnante que a fiscalização ao invés de fundamentar a autuação no não lançamento da contribuição patronal sobre a folha de salários (20%), glosou/estornou os créditos declarados pela Impugnante, não tendo constituído o crédito tributário, apenas desconsiderou a forma de pagamento (= compensação). Logo, os débitos foram devidamente autodeclarados pela empresa. Tal constatação gera reflexos diretos quanto á multa imposta: não haveria espaço para a aplicação da multa punitiva de 75%, mas sim a multa moratória de 20%, uma vez que os débitos foram confessados/autodeclarados pelo contribuinte. Segundo ela, na pior das hipóteses, caberia a aplicação da multa isolada de 50% sobre o valor do débito (e não do crédito) objeto de declaração de compensação não homologada, nos termos do § 17 do artigo 74 da Lei n° 9.430/96, muito embora essa multa esteja prestes a ser declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal por meio da Ação Direta de Inconstitucionalidade n° 4.905, sendo praticamente certo o afastamento desta multa. Portanto, requer a impugnante a Nulidade da autuação por vício procedimental, pois considerada como "não homologada" a compensação declarada em GFIP, deveriam ser obrigatoriamente observados os regramentos estampados no artigo 74 da Lei n° 9.430/96 (expedição de Despacho Decisório, abertura de prazo para Manifestação de Inconformidade, etc) e, no mínimo, a multa PUNITIVA de 75% deveria dar lugar à multa MORATÓRIA de 20%, pois os débitos foram confessados/ autodeclarados pela Impugnante. III UTILIZAÇÃO DO CALL CENTER COMO MEIO PARA A PRESTAÇÃO DO SERVIÇO DE COBRANÇA, NÃO SE CONFUNDINDO COM A ATIVIDADE DE COBRANÇA PROPRIAMENTE DITA (ATIVIDADEFIM). CONSEQUENTE INSUBSISTÊNCIA DA AUTUAÇÃO. Afirma a impugnante que a fiscalização lavrou o presente AI por entender que a atividade de call center por ela realizada não se Fl. 357DF CARF MF Processo nº 10825.720948/201520 Acórdão n.º 2202004.792 S2C2T2 Fl. 358 14 confunde com a atividade de cobrança, e faz uma síntese dos argumentos utilizados pela auditoria fiscal. Questiona, por que o fiscal não explicou o que é call center? Por que a Impugnante não se encaixa no conceito de call center? Muito embora os objetos dos contratos firmados entre a Impugnante e seus clientes se refiram a "cobrança", será que esse serviço não pode ser desenvolvido por MEIO de call center? E, passa a discorrer sobre alguns desses temas. A "CALL CENTER": GENERALIDADES E CARACTERÍSTICAS Afirma que, a grosso modo, entendese por call center um conjunto de recursos (computadores, equipamentos de telecomunicação e agentes) que permitirão o fornecimento de serviços via telefone, onde o Custumer Service Representative, ou simplesmente "operador", interage com os clientes. Colaciona vários conceitos de call center dos portais eletrônicos especializados em definições, inclusive o elaborado pela Gazeta Mercantil. Observa que em termos de legislação, a única norma que se presta a definir o que vem a ser call center advém da seara trabalhista: a Norma Regulamentadora nº 17 (NR17), do Ministério do Trabalho e Emprego, aprovada pela Portaria SIT nº 9/2007, e transcreve o disposto no Anexo II, item 1, destacando o item 1.1.1. Entendese como call center o ambiente de trabalho no qual a principal atividade é conduzida via telefone e/ou rádio com utilização simultânea de terminais de computador. Conclui ressaltando que a partir de tais definições extraise importantes características dos call centers: Call center é um conjunto de recursos tendentes a auxiliar no desenvolvimento de um serviço, e não o "serviço" propriamente dito; Através desse conjunto de recursos (computadores interligados, equipamentos de telecomunicação e agentes), há o oferecimento de informações, produtos e serviços via telefone (teleatendimento), onde o operador interage com o cliente; Tratase de espaço físico no qual se realizam operações de teleatendimento e atividades relacionadas a tais operações, sendo também o conjunto de pessoas, equipamentos e sistemas com que é exercido o teleatendimento; A presença do elemento humano é indispensável para a prestação de serviços através de um ambiente de call center, já que a prestação ocorre quando o atendente recebe uma ligação telefônica (serviço receptivo) ou quando efetua a ligação (serviço ativo) para um ambiente ou usuário; Fl. 358DF CARF MF Processo nº 10825.720948/201520 Acórdão n.º 2202004.792 S2C2T2 Fl. 359 15 Um desdobramento do call center é o chamado contact center, modalidade cm que o contato não se restringe ao telefone, mas também a mensagens de SMS, Whatsapp, email, chat, Facebook, etc. Ante tais considerações destaca a impugnante: call center não é uma espécie ou tipo de contrato, ou seja, não existe um "contrato de call center"!!! Call center é uma FORMA, um MEIO através do qual determinado serviço é desenvolvido, e não um serviço propriamente dito (atividade fim). Em suma, segundo ela, um serviço de assistência técnica (atividadefim) pode se dar através de uma atividademeio de call center. Uma atividade de pósvenda (atividademeio de um contrato de compra e venda regida pelo CDC) pode ser desenvolvida também por meio de um call center. Uma atividade de prévenda também. Um serviço de cobrança também pode ser desempenhado sob a forma de call center. O call center é apenas um meio, uma forma de se executar um serviço ou cumprir uma etapa de um contrato (principal). Neste sentido, transcreve ementa da 3ª Seção do Superior Tribunal de Justiça, que ao analisar o Conflito de Competência n° 113.947, relator Ministro Marco Aurélio Bellizze, DJe de 06/03/2014, corretamente consignou que o call center foi a "via", o meio pelo qual se operou uma venda a distância, e do RESP nº 976.217, relatora Maria Isabel Gallotti, que em 11/09/2012, DJe de 15/10/2012, a 4ª Turma também analisou a contratação de serviços telefônicos "via" call center. E destaca que esse caráter acessório e instrumental do call center ficou ainda mais claro no RESP nº 1.260.310, relator Ministro Herman Benjamin, 2ª Turma do STJ, em 10/04/2014, DJe de 02/02/2015, que transcreve. Cita mais julgamentos, salienta que o Sindicato dos empregados de call center de Bauru também disciplina o call center como uma maneira de se exercer a "principal atividade" da empresa, e o site SEBRAE que numa cartilha intitulada "como montar um call center" inclui a atividade de cobrança de inadimplentes como um ex. de serviço passível de ser executado por esta via. Por fim, no Tribunal Superior do Trabalho (TST), a jurisprudência é no sentido de que os recuperadores de crédito que trabalham por meio de call center (cobrança exclusivamente por telefone, com uso de headphones) têm direito à mesma jornada especial de trabalho (de 6 horas) prevista no artigo 227 da CLT, aplicáveis aos telefonistas, conforme se depreende dos seguintes julgados: AI RR n° 111218.2012.5.02.0029, j. em 13/05/2015, DeJT 15/05/2015, de relator Desembargador convocado Alexandre Teixeira de Freitas Bastos Cunha, Ia Turma; c RR n° 53992.2013.5.03.0036, relator Ministro José Roberto Freire Pimenta, j. em 25/03/2015, DeJT 31/03/2015, 2ª Turma. Fl. 359DF CARF MF Processo nº 10825.720948/201520 Acórdão n.º 2202004.792 S2C2T2 Fl. 360 16 Em suma, segundo ela call center é um meio, uma via, uma forma pela qual muitos contratos são executados, inclusive de prestação de serviços (de cobrança; telecobrança). B) "CALL CENTER" X CONTRATOS DE COBRANÇA: NULIDADE DA AUTUAÇÃO POR DEFICIÊNCIA E CONTRADIÇÃO DA FUNDAMENTAÇÃO Afirma que a fundamentação da lavratura do referido AI pode ser resumida pelos itens 5.4.4. a 5.4.6. do Relatório Fiscal, os quais transcreve, e observa que a fiscalização concluiu de maneira explícita que as atividades de cobrança desempenhadas pela Impugnante são executadas com uso de telefone e de terminais de computador, com sistema de comunicação e transmissão eletrônica e/ou magnética das informações, ora com permissão para recebimento de valores, com transferência aos clientes dos valores recebidos e ora com proibição de recebimento. Ou seja, RECONHECEUSE EXPRESSAMENTE QUE A IMPUGNANTE EXECUTA A ATIVIDADE DE COBRANÇA POR MEIO DE CALL CENTER. Porém, em seguida, de maneira surpreendente e CONTRADITÓRIA, afastou o enquadramento da empresa como sendo de call center (e, consequentemente, do regime de desoneração da folha de salários) por constatar que o objeto dos contratos firmados pela Impugnante com seus clientes é de COBRANÇA, e não de CALL CENTER. Sustenta que não faz sentido tal conclusão, pois se restou constatada a atividade de cobrança através de um ambiente de call center, não pode ser desconsiderado o enquadramento como call center em decorrência da atividade de cobrança, seria, segundo ela, pura contradição. Ressalta que a fiscalização sequer explicou o que é call center, e se assim tivesse agido iria concluir que não se trata de uma "espécie" ou "tipo" de contrato, mas sim uma FORMA, um MEIO pelo qual determinado serviço de cobrança é desenvolvido. Observa que a única fundamentação utilizada pelo fiscal foi a citação das Soluções de Consulta nº 238/2012, 16/2013 e 52/2013, e que essas súmulas merecem INTERPRETAÇÃO em relação ao caso concreto ora discutido, pois, segundo ela, é óbvio que a atividade de cobrança não se confunde com a atividade de call center, até porque esta é atividademeio, enquanto aquela é atividadefim; mas nada impede que se faca uso do ambiente de call center para o exercício da atividade de cobrança, ocasião cm que essas atividades se somam, se aglutinam, como é o caso da Impugnante, que realiza o serviço de cobrança POR MEIO de call center. Afirma que mencionadas soluções de consulta parecem ter levado em consideração tãosomente a CNAE das atividades, quando cita as Resoluções IBGE/CONCLA n° 1/2006 e n° 2/2006, mas, diferentemente, do que ocorreu com o setor da Fl. 360DF CARF MF Processo nº 10825.720948/201520 Acórdão n.º 2202004.792 S2C2T2 Fl. 361 17 construção civil e do comércio varejista, a Lei n° 12.546/2011 não incluiu a atividade de call center de conformidade com o seu enquadramento na CNAE, mas sim pelo modo como o serviço é desenvolvido ("empresa de call center"). Conclui afirmando que por não ter a fiscalização sequer explicado ou definido o que é call center e por que a Impugnante não se encaixa, deixando de realizar uma análise interpretativa das Soluções de Consulta n° 238/2012, 16/2013 e 52/2013, a autuação é NULA por deficiência e contradição da fundamentação, em nítida agressão aos princípios do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa (CF, art. 5º, incisos LIV e LV). C) "CALL CENTER" COMO MEIO PELO QUAL O SERVIÇO DE COBRANÇA É DESENVOLVIDO. CONSEQUENTE IMPROCEDÊNCIA DA AUTUAÇÃO. Novamente destaca o fato de ter a fiscalização concluído que as atividades de cobrança desempenhadas pela Impugnante são executadas com uso de telefone e de terminais de computador, com sistema de comunicação e transmissão eletrônica e/ou magnética das informações, ora com permissão para recebimento de valores, com transferência aos clientes dos valores recebidos e ora com proibição de recebimento. E, para que não restem dúvidas quanto à execução do serviço de cobrança por meio de call center anexa aos autos cópias de contas telefônicas da Embratel S/A, da Claro S/A e da Algar Telecom S/A, onde se constata a cobrança do ICMS com alíquota de 15% (e não 25%), justamente pelo fato de a empresa se enquadrar no artigo 44, inciso V, do Anexo II do Regulamento do ICMS, o qual transcreve, que prevê a redução da base de cálculo do imposto incidente nas prestações de serviços de telefonia fixa a empresas de "call center" para a execução dos serviços terceirizados de cobrança. Portanto, segundo ela restou demonstrado que a Impugnante executa a atividade de cobrança através de call center, sendo que o único empecilho encontrado pela fiscalização o enquadramento como call center (regime de desoneração da folha) foi o de que o objeto dos contratos firmados pela Impugnante com seus clientes é COBRANÇA, e não CALL CENTER. Salienta que call center não é, e nem poderia ser objeto de um contrato, já que call center é a forma, o MEIO pelo qual um serviço é desenvolvido. Passa a discorrer novamente sobre este tema, cita o Código Civil, em seu TÍTULO VI ("DAS VÁRIAS ESPÉCIES DE CONTRATO"), que prevê, nos artigos 481 a 853, as espécies de contrato existentes: compra e venda, troca ou permuta, contrato estimatório, doação, locação de coisas, empréstimo (comodato/mútuo), prestação de serviço, empreitada, depósito, mandato, comissão, agência/distribuição, corretagem, transporte, seguro, constituição de renda, jogo/aposta, fiança, transação e compromisso, não existindo a Fl. 361DF CARF MF Processo nº 10825.720948/201520 Acórdão n.º 2202004.792 S2C2T2 Fl. 362 18 previsão de um contrato de call center, e sim de prestação de serviço, sendo que, se o objeto do serviço contratado for o de cobrança, ele pode ser realizado através de call center (meio). Observa que para fins de incidência do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS), o fato gerador eleito pela legislação é a prestação de serviço de COBRANÇA (atividadefim), item 17, subitem 22 da Lista de Serviços Anexa á Lei Complementar n° 116/03, cujo rol é TAXATIVO, e não de serviço de call center (meio). Discorre novamente a respeito da diferenciação entre atividade meio e atividade fim, inclusive para efeitos de incidência do Imposto sobre Serviços ISS, e cita também o artigo 10 da Lei n° 10.833/2003 (COFINS não cumulativa), ao dispor sobre as receitas que devem permanecer na regra cumulativa da COFINS deixou claro que não existe a prestação de serviços de call center, mas sim a prestação de serviços ATRAVÉS de empresas de call center. Destaca algumas cláusulas dos contratos analisados pela fiscalização, e do contrato social que, segundo ela, demonstram a prestação do serviço de cobrança ATRAVÉS de ambiente de call center. Cita ainda a Portaria CAT n° 65, de 22/07/2005 (documento em anexo), editada pela Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, que disciplina a redução da base de cálculo do ICMS incidentes nas prestações de serviços de telefonia fixa para empresas de call center, prevendo, em seu artigo 1°, inciso V, que faz jus ao benefício as empresas de call center que executam serviços terceirizados de cobrança. Segundo ela, o próprio contexto histórico que gerou essa nova forma de apuração da cota previdenciária também justifica a aplicação do "regime de desoneração da folha" às empresas que prestam serviços de cobrança por meio de call center, como é o caso da Impugnante, em razão dos número significativo de empregados que essa atividade vem gerando em nosso País, pois vai ao encontro dos anseios do Governo Federal de proporcionar uma redução na carga tributária desses grandes empregadores. Ante o exposto, com base na fundamentação supra citada, afirma a Impugnante não restar dúvidas de que se enquadra no "regime de desoneração" contemplado pela Lei n° 12.715/2012, que alterou os artigos 14, § 5º da Lei n° 11.774/2008, e 7º, I, da Lei n° 12.546/2011, os quais transcreve, não devendo subsistir, assim, a autuação ora guerreada. IV PEDIDOS FINAIS Diante de todo o exposto, afirma a impugnante que se conclui pela ausência de matéria incontroversa no presente auto de infração, tendo sido impugnados todos os pontos objetos da autuação. Fl. 362DF CARF MF Processo nº 10825.720948/201520 Acórdão n.º 2202004.792 S2C2T2 Fl. 363 19 Quanto aos pedidos, requerse o CANCELAMENTO TOTAL do auto de infração, mediante o reconhecimento de que: Preliminarmente, é NULA a autuação por vício quanto ao procedimento administrativo adotado, já que os valores lançados no campo da GFIP a título de "compensação" foram considerados como NÃO HOMOLOGADOS, o que implicaria na lavratura de despacho decisório de não homologação, oportunizando ao contribuinte a apresentação de Manifestação de Inconformidade (art. 74, § 9º da Lei nº 9.430/96), além de ensejar a aplicação de multa MORATÓRIA de 20%, e não de multa de ofício (PUNITIVA) de 75%; Também em preliminar é NULA a autuação por deficiência e contradição da fundamentação, em nítida agressão aos princípios do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa (CF, art. 5º, incisos LIV e LV), pois a fiscalização sequer explicou o que é call center e por que a Impugnante não se encaixa, deixando de realizar uma análise interpretativa das Soluções de Consulta nº 238/2012, 16/2013 e 52/2013; No mérito, não merece subsistir a autuação ora guerreada, já que a Impugnante faz jus à apuração de suas contribuições previdenciárias segundo o chamado "regime de desoneração da folha de salários", com base na Lei n° 12.715/2012, que alterou os artigos 14, § 5º da Lei n° 11.774/2008, e 7º, I, da Lei n° 12.546/2011, especialmente porque call center constitui MEIO para a prestação do serviço de cobrança, não se confundindo com a atividade de cobrança propriamente dita (ATIVIDADE FIM). É o relatório." A DRJ de origem julgou pela improcedência da impugnação, concluindo pela aplicação da multa. Inconformado, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário às fls. 308/339, reiterando as alegações expostas em impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Martin da Silva Gesto Relator O recurso voluntário foi apresentado dentro do prazo legal, reunindo, ainda, os demais requisitos de admissibilidade. Portanto, dele conheço. A preliminar suscitada de que é nula a autuação por vício quanto ao procedimento administrativo adotado será tratada como mérito. Não se sustenta os argumentos apresentados pela recorrente, em preliminar, de que é nula a autuação por vício quanto ao procedimento administrativo adotado, já que os valores lançados no campo da GFIP a título de "compensação" foram considerados como não homologados, e isto implicaria na lavratura de despacho decisório de não homologação, Fl. 363DF CARF MF Processo nº 10825.720948/201520 Acórdão n.º 2202004.792 S2C2T2 Fl. 364 20 oportunizando ao contribuinte a apresentação de Manifestação de Inconformidade, nos termos do art. 74, §9º da Lei nº 9.430/96, além de ensejar a aplicação de multa moratória de 20%, e não de multa de ofício de 75%. E, que também seria nulo o referido Auto de Infração por deficiência e contradição da fundamentação pois, segundo ela, a fiscalização sequer explicou o que é call center e por que a autuada aí não se encaixa, deixando de realizar uma análise interpretativa das Soluções de Consulta nº 238/2012, 16/2013 e 52/2013. De pronto, cumpre esclarecer que, conforme disposto no art. 26, parágrafo único da Lei nº 11.457, de 16 de março de 2007, às contribuições previdenciárias não se aplica a compensação prevista no art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996: (...) Art. 2º Além das competências atribuídas pela legislação vigente à Secretaria da Receita Federal, cabe à Secretaria da Receita Federal do Brasil planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas a tributação, fiscalização, arrecadação, cobrança e recolhimento das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, e das contribuições instituídas a título de substituição. (...) Art. 26. O valor correspondente à compensação de débitos relativos às contribuições de que trata o art. 2º desta Lei será repassado ao Fundo do Regime Geral de Previdência Social no máximo 2 (dois) dias úteis após a data em que ela for promovida de ofício ou em que for deferido o respectivo requerimento. Parágrafo único. O disposto no art. 74 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, não se aplica às contribuições sociais a que se refere o art. 2º desta Lei. (g.n.) Sobre à compensação das contribuições previdenciárias os arts. 11 e 89, caput, da Lei nº 8.212, de 1991, estabelecem: Art. 11. No âmbito federal, o orçamento da Seguridade Social é composto das seguintes receitas: I receitas da União; II receitas das contribuições sociais; III receitas de outras fontes. Parágrafo único. Constituem contribuições sociais: a) as das empresas, incidentes sobre a remuneração paga ou creditada aos segurados a seu serviço; (Vide art. 104 da lei nº 11.196, de 2005) b) as dos empregadores domésticos; c) as dos trabalhadores, incidentes sobre o seu saláriode contribuição;( Vide art. 104 da lei nº 11.196, de 2005) Fl. 364DF CARF MF Processo nº 10825.720948/201520 Acórdão n.º 2202004.792 S2C2T2 Fl. 365 21 d) as das empresas, incidentes sobre faturamento e lucro; e) as incidentes sobre a receita de concursos de prognósticos. (...) Art. 89. As contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, as contribuições instituídas a título de substituição e as contribuições devidas a terceiros somente poderão ser restituídas ou compensadas nas hipóteses de pagamento ou recolhimento indevido ou maior que o devido, nos termos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil.(Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). (grifouse) Portanto, se o sujeito passivo optar pela compensação das contribuições previdenciárias na via administrativa sujeitase ao disposto no caput do art. 89 da lei 8.212/91, que determina que as contribuições previdenciárias somente poderão ser restituídas ou compensadas nas hipóteses de pagamento ou recolhimento indevido ou maior que o devido, e ao disciplinamento da matéria feito pela Secretaria de Receita Federal do Brasil (RFB) através de atos normativos vigentes à época da referida compensação. Nos termos do Relatório Fiscal, a autuada se autoenquadrou, desde 29/12/2006, no CNAE 82202/00 Atividade de Teleatendimento (serviços de Call Center), que se sujeita ao disposto na Medida Provisória n° 540, de 03/08/11, posteriormente convertida na Lei nº 12.546, de 14/12/2011, que instituiu a Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta CPRB, e o sujeito passivo tem efetuado o recolhimento, em Documento de Arrecadação de Receitas Federais (Darf), de contribuições substitutivas das Contribuições Previdenciárias Patronais incidentes sobre a receita bruta, desde 01/04/2012. Através do Termo de Intimação Fiscal nº 01 foi solicitado ao contribuinte que prestasse o seguinte esclarecimento em relação aos valores informados como "compensados" em GFIP "se tais valores compensados se referem a decisão judicial e se houve outros fundamentos para tais compensações". Em resposta o contribuinte esclareceu que as compensações informadas em GFIP se referem à desoneração da folha de salários prevista na Lei n° 12.546/2012, e que essas compensações correspondem à diferença entre a apuração da cota previdenciária patronal calculada automaticamente pelo SEFIP/GFIP em cima da folha de salários (alíquota de 20%) e o valor da contribuição sobre a receita bruta (alíquota de 2,5% entre abril e julho de 2012; e de 2% a partir de agosto/2012). De fato, o Ato Declaratório Executivo CODAC N° 93, de 19/12/2011, DOU de 20/12/2011, que dispõe sobre os procedimentos a serem observados para o preenchimento da Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP) pelas empresas abrangidas pelos arts. 7º e 8º da Lei nº 12.546, de 14 de dezembro de 2011, assim determina: Art. 1º Para fins de aplicação da substituição das contribuições previdenciárias estabelecidas nos incisos I e II do art. 22 da Lei n° 8.212, de 24 de julho de 1991, prevista no caput do art. 7º da Lei n° 12.546, de 14 de dezembro de 2011, as empresas que prestam serviços de Tecnologia da Informação (TI) e de Fl. 365DF CARF MF Processo nº 10825.720948/201520 Acórdão n.º 2202004.792 S2C2T2 Fl. 366 22 Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) deverão observar o disposto neste artigo quando da prestação de informações no Sistema Empresa de Recolhimento do Fundo de Garantia e Informações à Previdência Social (Sefip), até que ocorra a adequação desse sistema. § 1º Os valores de Contribuição Previdenciária patronal calculados pelo Sefip e demonstrados no "Comprovante de Declaração das Contribuições a Recolher à Previdência Social" nas linhas "Empregados/ Avulsos" e "Contribuintes Individuais" abaixo do titulo empresa deverão ser somados e lançados no Campo "Compensação", (n/ destaque) (...) § 3º A Guia da Previdência Social (GPS) gerada pelo Sefip deverá ser desprezada, devendo ser preenchida GPS com os valores efetivamente devidos sobre os fatos geradores declarados em Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP). § 4º Os relatórios gerados pelo Sefip "Relatório de Valor de Retenção", "Relatório de Compensações" e "Relatório de Reembolso" devem ser desprezados e mantidos demonstrativos de origem do crédito para fins de fiscalização e/ou pedido de reembolso/restituição/compensação. § 5° O disposto neste artigo aplicase às empresas que prestam serviços de call center somente a partir de 1º de abril de 2012. (n/ destaque) (...) Art. 5º As contribuições substitutivas das Contribuições Previdenciárias Patronais incidentes sobre a receita bruta referidas nos art. 7º e 8º da Lei n° 12.546, de 2001, deverão ser recolhidas em Documento de Arrecadação de Receitas Federais (Darf) conforme disposto no Ato Declaratório Executivo Codac n° 86, de 1º de dezembro de 2011. Conforme disposto nos §§§ 1º, 3º e 4º do referido Ato Declaratório Executivo Codac nº 93/2011 verificase que no campo “compensação” pode haver informações sobre valores que não se referem a pagamento ou recolhimento indevido ou maior que o devido efetuado pelo contribuinte, conforme disposto no art. 89 da lei nº 8.212/91, acima transcrito, mas a ajustes feitos para correção do valor declarado devido à Previdência Social na GFIP, em face da não adequação do Sefip a alterações promovidas na legislação do custeio da Previdência Social, no caso, às ocorridas em decorrências das empresas obrigadas ao recolhimento da Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta, abrangidas pelos artigos 7º e 8º da Lei nº 12.546, de 14 de dezembro de 2011. Portanto, esta compensação é considerada uma “compensação de ajuste” no SEFIP, devida apenas às empresas que prestam serviços de call center, que não é o caso, como será demonstrado no decorrer deste voto, não se trata de crédito originário de contribuições previdenciárias indevidas ou recolhidas a maior pelo sujeito passivo, fato este confirmado no Sistema GFIPWEB da RFB, no período lançado, onde se constata que os recolhimentos Fl. 366DF CARF MF Processo nº 10825.720948/201520 Acórdão n.º 2202004.792 S2C2T2 Fl. 367 23 efetuados pelo contribuinte através de GPS Guia da Previdência Social se referem, exclusivamente, às contribuições previdenciárias devidas à Seguridade Social da parte dos segurados empregados, e não da cota previdenciária patronal. Exemplificando, citamos 02 (dois) estabelecimentos cujos valores das contribuições previdenciárias devidas são os maiores: CNPJ 51.098.549/001335 Competência 10/2012 (Valor devido à Previdência R$ 148.227,04 Contribuição devida dos Segurados R$ 81.387,76 Deduções (SalárioFamília R$ 3.293,45 Saláriomaternidade R$ 11.265,41 e 13º Saláriomaternidade R$ 1.173,76) GPS R$ 65.655,14) e CNPJ 51.098.549/001505 Competência 12/2012 (Valor devido à Previdência R$ 175.020,83 Contribuição devida dos Segurados R$ 93.406,73 Deduções (SalárioFamília R$ 6.173,54 Saláriomaternidade R$ 14.179,67) GPS R$ 73.053,46). Dessa forma, ratificando os termos do Relatório Fiscal, a fiscalização, corretamente, lançou de ofício no Auto de Infração integrante deste processo administrativo os valores das contribuições previdenciárias da parte da empresa rubrica 12, que foram informados pela empresa no campo destinado a "compensações" em Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social GFIP, pois tais valores se referem à "compensação de ajuste" pelo SEFIP, e não à compensação de contribuições previdenciárias decorrentes de crédito originário de pagamento ou recolhimento indevido ou maior que o devido efetuado pelo sujeito passivo, conforme acima exposto, motivo pelo qual a fiscalização informou no relatório fiscal que os valores lançados no campo da GFIP a "título de compensação" pelo contribuinte não foram homologados. Assim, face a necessidade do lançamento de ofício, o auditor fiscal aplicou a multa de ofício de 75% prevista na legislação tributária vigente, no caso, o art. 35A da Lei nº 8.212/91, que remete ao art. 44 da Lei nº 9.430/96, abaixo transcritas, as quais encontrase vinculado, por força do disposto no § único do art. 142 do CTN, não podendo afastála reduzi la como requer a contribuinte. Lei nº 8.212/91 Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). Lei nº 9.430 de 1996 Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; Ademais, cabe observar que a fiscalização informa ainda que foi deduzido do valor total declarado pelo contribuinte em GFIP como "compensação" no montante de R$ 9.578.120,85, os valores informados/confessados anteriormente em Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF a título de Contribuição Previdenciária sobre Receita Bruta no valor de R$ 2.680.199,45 (coluna CPRB), resultando na contribuição previdenciária patronal lançada, nos anoscalendário 2012 e 2013, no montante de R$ 6.897.921,40 (coluna CONTR EXIGIDA), pois, se assim não procedesse, estaria se aceitando a forma de Fl. 367DF CARF MF Processo nº 10825.720948/201520 Acórdão n.º 2202004.792 S2C2T2 Fl. 368 24 recolhimento das contribuições previdenciárias "parte patronal" efetuada pela empresa, ou seja, "Contribuição Previdenciária sobre Receita Bruta CPRB". Ratificando o contido no relatório fiscal, face aos contratos de prestação de serviços apresentados pelo sujeito passivo, descritos no Tópico IV item 4. "a" a "I" do relato acima, constatase que eles são relativos à Atividade de Cobrança, cujo código CNAE é 8291 1/00, e esta não se confunde com a atividade de call center, e não está abrangida pela substituição previdenciária instituída pela lei nº 12.546/11, modalidade esta em que a empresa efetuou os recolhimentos das contribuições previdenciárias "parte patronal". Em que pese a vasta argumentação apresentada pela contribuinte no sentido que, embora reconheça que de fato a atividade de cobrança não se confunde com a atividade de call center, pois, segundo ela, esta é atividademeio, enquanto aquela é atividadefim, e que não há impecilho que a empresa faça uso do ambiente de call center para o exercício da atividade de cobrança, como é o caso, onde se verifica que estas atividades se somam, pois ela realiza o serviço de cobrança POR MEIO de call center, o fato é que este não é o entendimento exarado pela Secretaria da Receita Federal do Brasil RFB através das Soluções de Consulta nº 238 SRRF09/Disit, de 06/12/2012, nº 16 SRRF01/Disit, de 10/04/2013, e nº 52 SRRFF10/Disit, de 26/06/2013, conforme consta do Relatório Fiscal, cujo teor não pode a contribuinte alegar desconhecimento face a publicação de sua ementa no D.O.U. e no sítio da RFB na internet. Cabe ressaltar que as referidas Soluções de Consultas Interna (SCI), relativas à interpretação da legislação tributária de interesse da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) tem efeito vinculante no âmbito da RFB, a partir de sua publicação no sítio da RFB na internet, <http://www.receita.fazenda.gov.br>, conforme disposto no art. 6º da Portaria RFB nº 3.222, de 8 de agosto de 2011, que foi revogada pela Portaria RFB nº 379, de 27 de março de 2013, publicada em 28/03/2013, que em seu artigo 8º da mesma forma estabelece, in verbis: Portaria RFB nº 3.222, de 8 de agosto de 2011 Art. 6º. As SCI elaboradas pela Cosit e as por ela aprovadas terão efeito vinculante em relação às unidades da RFB, a partir da publicação no sítio da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) na internet <http://www.receita.fazenda.gov.br>. Portaria RFB nº 379, de 27 de março de 2013 Art. 8º. As SCI terá efeito vinculante no âmbito da RFB, a partir de sua publicação no sítio da RFB na internet, no endereço <http://www.receita.fazenda.gov.br>. Inicialmente, cumpre observar que, de fato, os serviços de call center, os quais compreendem as atividades de atendimento remoto a clientes por meio de chamadas, atendimento telefônico, sistemas de integração telefone computador, sistemas de resposta vocal interativa ou métodos similares, visando o recebimento de pedidos, fornecimento de informação sobre produtos, atendimento a solicitações de consumidores ou a reclamações, venda ou promoção de mercadorias e serviços a possíveis clientes, realização de pesquisas de mercado e de opinião pública e atividades similares, estão sujeitos à incidência da contribuição substitutiva prevista no art. 7º da Lei nº 12.546, de 2011, a partir de 01 de abril de 2012. Fl. 368DF CARF MF Processo nº 10825.720948/201520 Acórdão n.º 2202004.792 S2C2T2 Fl. 369 25 Com relação às atividades de call center e contact center recorrendo à Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), elaborada pela Comissão Nacional de Classificação (Concla), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a qual foi adotada, nos termos da IN SRF nº 700, de 22 de dezembro de 2006, pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) temos: CNAE 2.2 – Subclasses Hierarquia Seção N ATIVIDADES ADMINISTRATIVAS E SERVIÇOS COMPLEMENTARES Divisão 82 SERVIÇOS DE ESCRITÓRIO, DE APOIO ADMINISTRATIVO E OUTROS Grupo: 822 SERVIÇOS PRESTADOS PRINCIPALMENTE ÀS EMPRESAS Classe: 82202 ATIVIDADES DE TELEATENDIMENTO Subclasse: 82202/00 ATIVIDADES DE TELEATENDIMENTO Lista de Atividades Código Descrição CNAE 82202/00 ATENDIMENTO A CLIENTES SAC POR TELEFONE, POR TERCEIROS; SERVIÇO DE 82202/00 ATENDIMENTO A CLIENTES POR TELEFONE; SERVIÇO PRESTADO POR TERCEIROS 82202/00 CALL CENTER; SERVIÇO DE 82202/00 CENTRAL DE ATENDIMENTO POR TELEFONE; SERVIÇO PRESTADO POR TERCEIROS 82202/00 CENTRAL DE RECADOS; SERVIÇO DE 82202/00 CENTROS DE RECEPÇÃO DE CHAMADAS 82202/00 CONSULTA SOBRE PRODUTOS POR TELEFONE;SERVIÇOS DE 82202/00 CONTACT CENTER; SERVIÇOS DE 82202/00 CONTATOS TELEFÔNICOS, RECADOS; SERVIÇOS PRESTADOS POR TERCEIROS 82202/00 PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES POR TELEFONE; SERVIÇO DE 82202/00 SISTEMAS DE INTEGRAÇÃO TELEFONE COMPUTADOR; ATIVIDADES DE 82202/00 SISTEMAS DE RESPOSTA VOCAL INTERATIVA; ATIVIDADES DE Notas Explicativas: Fl. 369DF CARF MF Processo nº 10825.720948/201520 Acórdão n.º 2202004.792 S2C2T2 Fl. 370 26 Esta subclasse compreende: as atividades de centros de recepção de chamadas e de respostas a chamadas dos clientes com operadores humanos e distribuição automática de chamadas as atividades baseadas em sistemas de integração telefone computador os sistemas de resposta vocal interativa ou métodos similares para o recebimento de pedidos e fornecimento de informação sobre produtos o atendimento telefônico a solicitações de consumidores ou de atendimento a reclamações Esta subclasse compreende também: os centros de emissão de chamadas telefônicas que usam métodos para vender ou promover mercadorias e serviços a possíveis clientes (telemarketing) os centros de emissão de chamadas telefônicas para a realização de pesquisas de mercado e de opinião pública e atividades similares Esta subclasse não compreende: os serviços de comunicação de pager (61205/99) Neste contexto, reproduzimos a seguir ainda outras fontes mencionadas na Solução de Consulta nº 69 Cosit, de 10/03/2015, em complemento às citadas pela contribuinte, para elucidar o tema: O call center que se conhece hoje apareceu na década de 1970 nos Estados Unidos (...). A atividade começou a se difundir na década de 1980 nas empresas de infraestrutura e de serviços financeiros por meio de operações de telemarketing ativas e de operações receptivas das centrais de SAC (Araújo, 2003: 09). Não é por acaso que se use tanto a expressão telemarketing para se referir às empresas dessa atividade. Os atuais call centers se desenvolveram com a difusão das práticas de vendas por telefone e de marketing. Os call centers, ou centrais de atendimento, eram reconhecidos como estruturas onde se concentravam as ligações telefônicas com objetivos ligados às funções de vendas e marketing. Assim, os primeiros call centers eram centrais telefônicas de empresas ou instituições estabelecidas com o propósito de oferecer algum tipo de serviço direcionado para agentes externos. No entanto, gradualmente os call centers foram incorporando novas finalidades às suas centrais telefônicas e, desde então, a diversidade de serviços tem aumentado consideravelmente (Padilha e Matussi, 2002:117). Nos anos 1990, a fim de acompanhar as alterações do mercado consumidor (mais comparativo, mais exigente e rigoroso em termos de qualidade e respeito), as empresas em geral, por meio dos call centers, Fl. 370DF CARF MF Processo nº 10825.720948/201520 Acórdão n.º 2202004.792 S2C2T2 Fl. 371 27 empenharamse para oferecer novos serviços voltados para o atendimento desse novo consumidor. Assim, tornouse obsoleto o termo telemarketing, substituído na década de 1990 pela expressão serviços de call center (EConsulting, 2004: 02). Todavia, as empresas especializadas reivindicam o título de contact center. Historicamente, o telefone tem sido o principal canal de interação com os consumidores. Porém, novas tecnologias foram agregadas aos processos, como as tecnologias de datamining e a utilização de novos canais de comunicação, como a Internet e a tecnologia de Voz sobre Protocolo de Internet (VoIP). Mas, especial destaque deve ser concedido à implantação de sistemas de Customer Relationship Management (CRM), responsáveis por transformar os call centers em centrais de relacionamento das empresas com seus consumidores. Assim, a integração de várias tecnologias e canais de comunicações aos processos de prestação de serviços transforma os call centers em centros dinâmicos que intensificam as interações entre empresas e consumidores, fatores que caracterizam um contact center (Anton, 2000: 124). Nesse contexto, o call center ou contact center, como unidade prestadora do serviço, representa uma forma facilitadora de comunicação entre as empresas e os consumidores (ou fornecedores) estabelecida por meio da tecnologia, cujo foco é a informação rápida e eficaz. (NETO. José Borges da Silva. Call Centers no Brasil: um estudo sobre emprego, estratégias e exportações. Dissertação de mestrado apresentada ao Instituto de Economia da Universidade Federal de Uberlândia, como avaliação parcial para a obtenção do Título de Mestre em Economia, desenvolvida sob orientação do Prof. Dr. Germano Mendes de Paula. Uberlândia: Instituto de Economia da Universidade Federal de Uberlândia, 2005. Disponível em < http://www0.ufu.br.ie_dissertacoes/2005/4.pdf . Acesso em 05 jan 2015). O call center tradicional está, atualmente, evoluindo para aquilo que é chamado customer contact center. Uma combinação de desenvolvimento tecnológico (com a Internet sendo o principal motivador) com as necessidades de um mercado em mudança está, essencialmente, transformando os call centers de centros de custo operacional corporativos para um processo de negócio significante. O foco está mudando do lidar com ligações de usuários para maximizar o valor do consumidor com integração significativa. Esses canais de comunicação são sempre integrados com bancos de dados ao longo da empresa, os quais possuem diversos tipos de informações sobre consumidores. O peso do custobenefício vai direcionar o mercado para a adoção dos customer contact centers. (SALLES, Marcos Aurélio. A relação da motivação para o trabalho com as metas do trabalhador: um estudo de caso em uma operadora de call center. Rio de Janeiro: Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getúlio Fl. 371DF CARF MF Processo nº 10825.720948/201520 Acórdão n.º 2202004.792 S2C2T2 Fl. 372 28 Vargas, 2008. Dissertação de Mestrado Executivo em Gestão Empresarial. Disponível em . Acesso em 05 jan 2015). Muitas vezes os termos Call Center e Contact Center são utilizados como tendo o mesmo significado. Será que existe diferença entre eles ou tratase apenas de uma variedade de nomenclaturas do setor que significam a mesma coisa? Durante nossos treinamentos e seminários perguntamos aos gerentes e supervisores de call center qual o significado do setor para ele notamos as mais diversas definições, porém ao questionar se há diferenciação entre Call Center, Contact Center e Telemarketing, notamos a grande dificuldade de resposta. O Call Center envolve um conjunto de recursos (computadores, equipamentos de telecomunicação e agentes) que permitirão o fornecimento de serviços via telefone, onde o Customer Service Representative, ou operador interage com os clientes. Com necessidade de aumentar a capacidade de respostas das organizações e o surgimento de outros canais de relacionamento e interação com o cliente (chat, email, web, entre outros) os Call Center passaram a serem chamados de Contact Centers. Para Cardoso (Unified Customer Interaction: Gestão do Relacionamento num Ambiente Misto de Interacção Self e Assistida, Centro Atlântico, Lisboa), o conceito de Call Center só aparece formalmente nos anos 80, apesar de ser possível afirmar que eles existiam bem antes onde o telefone era a principal ferramenta e tecnologia empregada, sendo uma atividade que consumia bastante tempo, pois os métodos de trabalho eram essencialmente manuais. No final da década de 80 começa a ser utilizada a tecnologia CTI (Computer Telephony Integration) que permitiu a integração de telefonia ao computador, o gerenciamento das ligações e a distribuição das mesmas através dos operadores e grupos de atendimento em serviços. Juntamente com a tecnologia CTI surgiu a IVR (Interactive Voice Response) possibilitando o processamento automático de pedidos e a gestão das chamadas telefônicas. O IVR é um sistema de Resposta Interactiva de Voz, usado nos serviços de apoio telefónico e permite aos clientes interagir com menus e obter informações sobre os seus serviços. Esta tecnologia tornou o atendimento mais rápido e mais eficiente permitindo encaminhar o cliente para o grupo de assistentes especializados em determinados assuntos. A utilização de outras ferramentas de comunicação como email, fax e web, trouxe a necessidade de adaptação do conceito, passando a ser chamado de Contact Center. Diante do exposta acima, podemos perceber que, apesar das diferenças entre Call Center e Contact Center que vão desde os processos de trabalho às tecnologias podemos entender os conceitos não através de uma simples diferenciação, mas sim Fl. 372DF CARF MF Processo nº 10825.720948/201520 Acórdão n.º 2202004.792 S2C2T2 Fl. 373 29 como resultado da evolução de um setor fundamental para a economia e sociedade. (SILVA, Márcio A. Call center ou contact center: diferenciação ou evolução do setor? Disponível em < http://www.cursoscallcenter.com.br/callcenter contactcenter_13.html >. Acesso em 05 jan 2015). Ante os esclarecimentos acima reproduzidos têmse que as atividades listadas pela CNAE cód. 82202/00 compreendem os serviços de Call center e Contact Center ( Subclasse Atividades de Teleatendimento), cujas características principais são o atendimento remoto a clientes por meio de chamadas, atendimento telefônico, sistemas de integração telefonecomputador, sistemas de resposta vocal interativa ou métodos similares, visando o recebimento de pedidos, fornecimento de informação sobre produtos, atendimento a solicitações de consumidores ou a reclamações, venda ou promoção de mercadorias e serviços a possíveis clientes, realização de pesquisas de mercado e de opinião pública e atividades similares. Por outro lado, a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) possui uma classe específica para a atividade de cobrança (“82911 COBRANÇA DE FATURAS E DÍVIDAS DE CLIENTES; ATIVIDADES DE”), e esta classe possui uma única subclasse, a saber, “82911/00 ATIVIDADES DE COBRANÇAS E INFORMAÇÕES CADASTRAIS” (consulta disponível em www.cnae.ibge.gov.br; sem destaques no original): Subclasse 82911/00 ATIVIDADES DE COBRANÇAS E INFORMAÇÕES CADASTRAIS Lista de Atividades 82911/00 ANÁLISE DE CADASTRO PARA APROVAÇÃO DE CRÉDITO; SERVIÇOS DE 82911/00 ANÁLISE E APROVAÇÃO DE CRÉDITO; SERVIÇOS DE 82911/00 COBRANÇA DE FATURAS E DÍVIDAS DE CLIENTES; ATIVIDADES DE 82911/00 COMPILAÇÃO DE INFORMAÇÕES SOBRE HISTÓRICO DE CRÉDITO DE PESSOAS PARA EMPRESAS CLIENTES; ATIVIDADES DE 82911/00 CONSULTA SOBRE HISTÓRICO DE CRÉDITO DE PESSOAS POR TELEFONE; SERVIÇOS DE 82911/00 INFORMAÇÕES CADASTRAIS; SERVIÇOS DE 82911/00 INFORMAÇÕES PARA AVALIAÇÃO DE CAPACIDADE DE CRÉDITO DE PESSOAS E EMPRESAS; SERVIÇO DE (...) Notas Explicativas: Esta subclasse compreende: Fl. 373DF CARF MF Processo nº 10825.720948/201520 Acórdão n.º 2202004.792 S2C2T2 Fl. 374 30 as atividades de cobrança de faturas e de dívidas para clientes e a transferência aos clientes dos pagamentos recebidos as atividades de compilação de informações, como históricos de crédito, de emprego, para empresas clientes o fornecimento de informações sobre a capacidade de endividamento de pessoas e de empresas a instituições financeiras, ao comércio e a empresas de outras atividades que necessitam avaliar a capacidade de crédito de pessoas e empresas (...) Portanto, ratificando o contido no relatório fiscal, o serviço de cobrança não pode ser classificado entre as atividades de teleatendimento e portanto não se confunde com o serviço de call center, previsto no § 5º do art. 14 da Lei nº 11.774, de 2008, motivo pelo qual não se enquadra na substituição previdenciária prevista no art. 7º da Lei nº 12.546, de 2011. Dessa forma, ao contrário do que alega a contribuinte, temse que o presente lançamento foi devidamente motivado pela fiscalização, tendo sido expostos, no Relatório Fiscal, o conjunto de circunstâncias fáticas verificadas, bem como a hipótese de incidência das contribuições lançadas, com a indicação das normas pertinentes ao caso em tela. Cabe observar ainda que o próprio Anexo II da NR 17, aprovado pela Portaria nº 9, de 30 de março de 2007, da Secretaria de Inspeção do Trabalho e do Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho, e citado como a única norma que se presta a definir o que vem a ser call center pela contribuinte, não inclui expressamente a atividade de telecobrança entre os serviços de teleatendimento/telemarketing (g.n): 1.1. As disposições deste Anexo aplicamse a todas as empresas que mantêm serviço de teleatendimento/telemarketing nas modalidades ativo ou receptivo em centrais de atendimento telefônico e/ou centrais de relacionamento com clientes (call centers), para prestação de serviços, informações e comercialização de produtos. E que se justificaria a aplicação da referida norma (até por similaridade da atividade) às empresas de telecobrança, por se tratar de norma protetiva da segurança e da saúde do trabalhador; mas, cabe observar que tal fato não tem reflexos na seara tributária. Por fim, para que não pairem dúvidas sobre o tema em questão, reproduzimos a seguir a ementa e trechos da Solução de Consulta nº 104 Cosit, de 22/04/2015, cujo inteiro teor consta do sitio da RFB na internet <http://www.receita.fazenda.gov.br>, sobre o qual deveria a contribuinte ter pleno conhecimento já que o assunto é de seu extremo interesse e ela colaciona em sua defesa apresentada inúmeras pesquisas realizadas, das mais diversas fontes, e vários julgados para fundamentar sua tese e, justamente, aquela que deveria ser a primeira pesquisa a ser efetuada junto a Secretaria da Receita Federal do Brasil (Soluções de Consultas Interna (SCI)) para verificar e comprovar se, de fato, a atividade de cobrança por ela realizada estaria abrangida pela substituição previdenciária instituída pela Lei nº 12.546, de 2011, estranhamente, não o faz. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Fl. 374DF CARF MF Processo nº 10825.720948/201520 Acórdão n.º 2202004.792 S2C2T2 Fl. 375 31 CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE A RECEITA BRUTA (CPRB). COBRANÇA. CALL CENTER. A atividade de cobrança não se confunde com a atividade de call center e não está abrangida pela substituição previdenciária instituída pela Lei nº 12.546, de 2011. Dispositivos Legais: Lei nº 11.774, de 2008, art. 14, §§ 4º e 5º; Lei nº 12.546, de 2011, art. 7º; Resoluções IBGE/CONCLA nº 01/2006 e nº 02/2006. Relatório A interessada, acima identificada, formula consulta sobre a Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta (CPRB) de que tratam os arts. 7º a 9º da Lei nº 12.546, de 14 de dezembro de 2011 (em substituição às contribuições previstas nos incisos I e III do caput do art. 22 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991). 2. Informa que a empresa tem como atividade principal o teleatendimento (CNAE 82202/00), e como secundária, dentre outras, a atividade de cobrança e informações cadastrais (CNAE 82911/00) “efetuada no ambiente de Call Center, via teleatendimento ou telecobrança” (fl. 04). 3. Citando o art. 7º da Lei nº 12.546, de 2011, e o § 5º do art. 14 da Lei nº 11.774, de 2008, alega que a atividade de cobrança estaria englobada nas atividades de call center por força da Norma Regulamentadora nº 17, aprovada pela Portaria da Secretaria de Inspeção do Trabalho (Portaria SIT) nº 9, de 30 de março de 2007, que conceituaria como call center o ambiente de trabalho em que as atividades de teleatendimento e telemarketing são conduzidas via telefone e/ou rádio com utilização de computador (fl. 07). Prossegue afirmando que, como a atividade de cobrança é desenvolvida no mesmo ambiente da atividade de teleatendimento, ambas deveriam ter o mesmo tratamento tributário, ou seja, deveriam estar sujeitas à substituição previdenciária prevista no inciso I do art. 7º da Lei nº º 12.546, de 2011 (c/c § 5º do art. 14 da Lei nº 11.774, de 2008). (...) Fundamentos (...) 6. A consulente indaga se o serviço de cobrança prestado por meio telefônico, por mensagens ou sistemas eletrônicos pode ser considerado como “serviço de call center”, nos termos do § 5º do art. 14 da Lei nº 11.774, de 2008 (sem destaques no original): Art. 14. As alíquotas de que tratam os incisos I e III do caput do art. 22 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, em relação às empresas que prestam serviços de tecnologia da informação TI e de tecnologia da informação e comunicação TIC, ficam reduzidas pela subtração de 1/10 (um décimo) do percentual Fl. 375DF CARF MF Processo nº 10825.720948/201520 Acórdão n.º 2202004.792 S2C2T2 Fl. 376 32 correspondente à razão entre a receita bruta de venda de serviços para o mercado externo e a receita bruta total de vendas de bens e serviços, após a exclusão dos impostos e contribuições incidentes sobre a venda, observado o disposto neste artigo. (...) § 4º Para efeito do caput deste artigo, consideramse serviços de TI e TIC: (...) VI assessoria e consultoria em informática; VII suporte técnico em informática, inclusive instalação, configuração e manutenção de programas de computação e bancos de dados, bem como serviços de suporte técnico em equipamentos de informática em geral; e (Redação dada pela Lei nº 12.844, de 2013) (...) § 5º O disposto neste artigo aplicase também a empresas que prestam serviços de call center e àquelas que exercem atividades de concepção, desenvolvimento ou projeto de circuitos integrados. (Redação dada pela Lei nº 12.715, de 2012) 6.1 Esta definição teria reflexo em possível enquadramento da empresa na substituição previdenciária prevista no art. 7º da Lei nº 12.546, de 2011 (sem destaques no original): Art. 7º Contribuirão sobre o valor da receita bruta, excluídas as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos, em substituição às contribuições previstas nos incisos I e III do caput do art. 22 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, à alíquota de 2% (dois por cento): (Redação dada pela Lei nº 13.043, de 2014) I as empresas que prestam os serviços referidos nos §§ 4º e 5º do art. 14 da Lei nº 11.774, de 17 de setembro de 2008; (Incluído pela Lei nº 12.715, de 2012) (...) 7. Segundo informa a própria consulente, a empresa realiza a atividade de “cobrança e gerenciamento de valores recebidos” (fl. 04), atividade esta que, no seu entender, estaria englobada nas de call center, por força do Anexo II da Norma Regulamentadora nº 17, aprovado pela Portaria SIT nº 9, de 30 de março de 2007 (sem destaques no original): TRABALHO EM TELEATENDIMENTO/TELEMARKETING 1. O presente Anexo estabelece parâmetros mínimos para o trabalho em atividades de teleatendimento/telemarketing nas Fl. 376DF CARF MF Processo nº 10825.720948/201520 Acórdão n.º 2202004.792 S2C2T2 Fl. 377 33 diversas modalidades desse serviço, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança, saúde e desempenho eficiente. 1.1. As disposições deste Anexo aplicamse a todas as empresas que mantêm serviço de teleatendimento/telemarketing nas modalidades ativo ou receptivo em centrais de atendimento telefônico e/ou centrais de relacionamento com clientes (call centers), para prestação de serviços, informações e comercialização de produtos. 1.1.1. Entendese como call center o ambiente de trabalho no qual a principal atividade é conduzida via telefone e/ou rádio com utilização simultânea de terminais de computador. 1.1.1.1. Este Anexo aplicase, inclusive, a setores de empresas e postos de trabalho dedicados a esta atividade, além daquelas empresas especificamente voltadas para essa atividadefim. 1.1.2. Entendese como trabalho de teleatendimento/telemarketing aquele cuja comunicação com interlocutores clientes e usuários é realizada à distância por intermédio da voz e/ou mensagens eletrônicas, com a utilização simultânea de equipamentos de audição/escuta e fala telefônica e sistemas informatizados ou manuais de processamento de dados. 7.1. Entretanto, tal alegação não é relevante para a análise da dúvida, vez que o tratamento dado pela norma trabalhista pode não coincidir com o tratamento dado pela norma tributária. A mencionada norma regulamentadora está voltada para aspectos ambientais/laborais, com o objetivo de “proporcionar um máximo de conforto, segurança, saúde e desempenho eficiente” para o trabalhador (item 1), sem detalhar as atividades desempenhadas. 7.2. Por sua vez, o art. 14 da Lei nº 11.774, de 2008, tem foco na atividade desempenhada, e não no ambiente, o que pode ser verificado pela análise deste artigo, parcialmente transcrito. Por exemplo, atividades de assessoria e consultoria em informática, bem como de suporte técnico em informática (mencionadas no § 4º), podem ser exercidas em ambiente similar ao de um call center. Entretanto, aquelas atividades não são consideradas como call center, independentemente do ambiente em que são desempenhadas (como se extrai da leitura conjunta dos §§ 4º e 5º do referido artigo). 7.3 Assim, para se solucionar a dúvida levantada, é preciso analisar o disposto na Lei nº 12.546, de 2011, e também na Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), pois esta classificação foi utilizada pela mencionada lei em vários de seus dispositivos para delimitar o alcance da substituição previdenciária da CPRB (ver, por exemplo, todos os demais incisos do art. 7º e o anexo II da Lei nº 12.546, de 2011). 8. A Classificação Nacional de Atividades Econômicas foi elaborada sob a coordenação da Secretaria da Receita Federal e orientação técnica do IBGE, com representantes da União, dos Fl. 377DF CARF MF Processo nº 10825.720948/201520 Acórdão n.º 2202004.792 S2C2T2 Fl. 378 34 Estados e dos Municípios, na Subcomissão Técnica da CNAE, que atua em caráter permanente no âmbito da Comissão Nacional de Classificação CONCLA. 9. A versão 2.0 da tabela de códigos e denominações da CNAE foi oficializada mediante publicação no DOU Resoluções IBGE/CONCLA nº 01, de 04 de setembro de 2006, e nº 02, de 15 de dezembro de 2006 (esta e outras resoluções podem ser obtidas no sítio http://subcomissaocnae.fazenda.pr.gov.br/modules/conteudo/con teudo.php?conteudo=18 ). 10. A Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) possui uma classe específica para a atividade de cobrança (“82911 COBRANÇA DE FATURAS E DÍVIDAS DE CLIENTES; ATIVIDADES DE”). Esta classe possui uma única subclasse, a saber, “8291 1/00 ATIVIDADES DE COBRANÇAS E INFORMAÇÕES CADASTRAIS” (consulta disponível em www.cnae.ibge.gov.br; sem destaques no original): (...) 11. A Classificação Nacional de Atividades Econômicas também possui uma classe específica para as atividades de teleatendimento (“82202 ATIVIDADES DE TELEATENDIMENTO”). O serviço de call center é classificado na única subclasse desta classe (“82202/00 Atividades de teleatendimento / call center; serviço de”): (...) 12. A mera existência de uma classe específica para a atividade de cobrança e outra, diversa, para a atividade de teleatendimento (inclusive serviço de call center) já seria suficiente para demonstrar que estas atividades não se confundem. Entretanto, para melhor fundamentar este entendimento, examinase a atividade de teleatendimento. 13. Da análise da tabela CNAE, é possível extrair algumas das características das atividades de teleatendimento (subclasse 82202/00) como um todo (abrangendo, portanto, os serviços de call center). São elas: a) o serviço deve ser voltado a um cliente/consumidor, ou a um possível cliente/consumidor; b) ele há de ser remoto (não presencial); c) ele deve ter a finalidade de (i) recepcionar e, na medida do possível, dar uma resposta às solicitações ou reclamações dos consumidores, ou (ii) vender ou promover mercadorias e serviços a possíveis clientes (telemarketing), ou (iii) realização de pesquisas de mercado e de opinião pública e atividades similares. Fl. 378DF CARF MF Processo nº 10825.720948/201520 Acórdão n.º 2202004.792 S2C2T2 Fl. 379 35 14. Ora, o real cliente da empresa de cobrança é quem a contratou, e não o devedor que receberá a ligação telefônica ou qualquer outra forma de comunicação. A atividade da empresa será cobrar, e não oferecer um produto ou um serviço ao destinatário da comunicação. A estrutura da cobrança é voltada para contatar não clientes/consumidores, mas terceiros, o que já seria suficiente para não considerar o serviço de cobrança como pertencente à classe 82202 (atividades de teleatendimento). 15. Mas não é só. Também a finalidade da empresa de cobrança – recuperação de créditos – é completamente diversa das finalidades da atividade de teleatendimento (item 12, “c”, supra), o que também afastaria sua classificação entre as atividades de teleatendimento. 16. Concluise, portanto, que o serviço de cobrança não pode ser classificado entre as atividades de teleatendimento e não se confunde com o serviço de call center mencionado no § 5º do art. 14 da Lei nº 11.774, de 2008. Consequentemente, não se enquadra na substituição previdenciária prevista no inciso I do art. 7º da Lei nº 12.546, de 2011. Conclusão 17. Diante do exposto, solucionase a consulta respondendo ao consulente que a atividade de cobrança não se confunde com a atividade de call center e não está abrangida pela substituição previdenciária prevista no inciso I do art. 7º da Lei nº 12.546, de 2011. Portanto, ante os fundamentos acima expostos, deveria a empresa manterse atualizada a respeito do posicionamento da RFB sobre o tema, não podendo alegar o seu desconhecimento para se eximir da obrigação do recolhimento da contribuição previdenciária da "parte patronal", prevista no inciso I do caput do art. 22 da lei nº 8.212/91, corretamente lançada pela fiscalização no Auto de Infração integrante deste processo administrativo fiscal, pois a atividade de cobrança por ela exercida, não se confunde com a atividade de call center e não está abrangida pela substituição previdenciária instituída pela lei nº 12.546/11. Assim, não sendo provado o fato constitutivo do direito alegado pelo contribuinte, com fundamento no artigo 373 do CPC/2015 e artigo 36 da Lei n° 9.784/99, devese manter sem reparos o acórdão recorrido. Ocorre que temos que no processo administrativo fiscal, tal qual no processo civil, o ônus de provar a veracidade do que afirma é do interessado, in casu, do contribuinte ora recorrente. Alegações de inconstitucionalidade Nos termos da Súmula CARF nº 02, o CARF não possui competência para analisar e decidir sobre matéria constitucional, conforme súmula vigente, de utilização obrigatória, conforme Regimento Interno deste Conselho. Por tais razões, rejeitase a preliminar suscitada pela contribuinte. Conclusão. Ante o exposto, voto por negar provimento ao recurso. Fl. 379DF CARF MF Processo nº 10825.720948/201520 Acórdão n.º 2202004.792 S2C2T2 Fl. 380 36 (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto Relator Fl. 380DF CARF MF
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