Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (28,832)
- Segunda Câmara (27,777)
- Primeira Câmara (25,077)
- Segunda Turma Ordinária d (16,591)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,670)
- Primeira Turma Ordinária (15,233)
- Segunda Turma Ordinária d (15,173)
- Primeira Turma Ordinária (15,154)
- Primeira Turma Ordinária (14,996)
- Segunda Turma Ordinária d (13,751)
- Primeira Turma Ordinária (12,642)
- Primeira Turma Ordinária (11,720)
- Segunda Turma Ordinária d (11,624)
- Quarta Câmara (11,510)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (11,138)
- Quarta Câmara (81,276)
- Terceira Câmara (63,081)
- Segunda Câmara (50,556)
- Primeira Câmara (16,110)
- 3ª SEÇÃO (15,670)
- 2ª SEÇÃO (11,138)
- 1ª SEÇÃO (6,620)
- Pleno (786)
- Sexta Câmara (302)
- Sétima Câmara (172)
- Quinta Câmara (133)
- Oitava Câmara (123)
- Terceira Seção De Julgame (114,906)
- Segunda Seção de Julgamen (107,667)
- Primeira Seção de Julgame (70,831)
- Primeiro Conselho de Cont (49,033)
- Segundo Conselho de Contr (48,539)
- Câmara Superior de Recurs (37,022)
- Terceiro Conselho de Cont (25,920)
- IPI- processos NT - ressa (4,985)
- Outros imposto e contrib (4,458)
- PIS - ação fiscal (todas) (4,033)
- IRPF- auto de infração el (3,972)
- PIS - proc. que não vers (3,957)
- IRPJ - AF - lucro real (e (3,943)
- Cofins - ação fiscal (tod (3,813)
- Simples- proc. que não ve (3,681)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (3,040)
- IPI- processos NT- créd.p (2,235)
- IRPF- ação fiscal - omis. (2,215)
- Cofins- proc. que não ver (2,098)
- IRPJ - restituição e comp (2,087)
- Finsocial -proc. que não (1,996)
- IRPF- restituição - rendi (1,990)
- Não Informado (56,834)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (4,955)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,442)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (4,269)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,256)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,264)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (3,219)
- ROSALDO TREVISAN (3,165)
- HELCIO LAFETA REIS (3,156)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,146)
- Não se aplica (2,781)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,594)
- HONORIO ALBUQUERQUE DE BR (2,474)
- WILDERSON BOTTO (2,439)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,330)
- 2020 (41,074)
- 2021 (35,786)
- 2019 (30,944)
- 2018 (26,035)
- 2024 (25,830)
- 2012 (23,620)
- 2023 (22,451)
- 2014 (22,372)
- 2013 (21,085)
- 2011 (20,978)
- 2010 (18,056)
- 2008 (17,071)
- 2017 (16,838)
- 2009 (15,828)
- 2006 (15,267)
- 2009 (69,607)
- 2020 (39,854)
- 2021 (34,153)
- 2019 (30,464)
- 2023 (25,918)
- 2024 (23,874)
- 2014 (23,412)
- 2018 (23,139)
- 2013 (16,584)
- 2017 (16,398)
- 2008 (15,518)
- 2006 (14,847)
- 2022 (13,226)
- 2007 (13,011)
- 2005 (12,075)
Numero do processo: 16327.000462/2010-64
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 12 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Oct 22 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2005, 2006, 2007
PRELIMINAR DE NULIDADE. AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO ESPECÍFICA PARA A APRESENTAÇÃO DE PROVAS.
Na análise do caso, a indicação fazendária a respeito da ausência de prova não se refere à inexistência de providência comprobatória da contribuinte, mas sim apenas argumento para a sustentação de seu entendimento no sentido de que a despesa apontada (amortização de ágio) tratava-se de mera provisão, não podendo ser tratada como dedutível. A ausência de prova não é a causa, mas a consequência por considerar o ágio registrado como mera provisão, e, por essa razão, inválida a amortização efetivada, de acordo com o entendimento exarado pela fiscalização. Preliminar de nulidade rejeitada.
CSLL. BASE DE CÁLCULO E LIMITES À DEDUTIBILIDADE.
A amortização contábil do ágio impacta (reduz) o lucro líquido do exercício. Havendo determinação legal expressa para que ela não seja computada na determinação do lucro real, o respectivo valor deve ser adicionado no LALUR, aumentando, portanto, a base tributável. Não há, porém, previsão no mesmo sentido, no que se refere à base de cálculo da Contribuição Social, o que, a nosso sentir, torna insubsistente a adição feita de ofício pela autoridade lançadora.
AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. ADIÇÃO À BASE DE CÁLCULO. INAPLICABILIDADE DO ART. 57, LEI Nº 8.981/1995.
Inexiste previsão legal para que se exija a adição à base de cálculo da CSLL da amortização do ágio pago na aquisição de investimento avaliado pela equivalência patrimonial. Inaplicabilidade, ao caso, do art. 57 da Lei n 8.981/1995, posto que tal dispositivo não determina que haja identidade com a base de cálculo do IRPJ.
Numero da decisão: 1301-001.394
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. O Conselheiro Wilson Fernandes Guimarães votou pelas conclusões e apresentará declaração de voto. Fez sustentação oral pela Fazenda Nacional Dr. Paulo Roberto Riscado Junior.
(Assinado digitalmente)
VALMAR FONSECA DE MENEZES - Presidente.
(Assinado digitalmente)
CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Valmar Fonseca de Menezes (Presidente), Wilson Fernandes Guimarães, Valmir Sandri, Paulo Jakson da Silva Lucas, Edwal Casoni de Paula Fernandes Júnior e Carlos Augusto de Andrade Jenier.
Nome do relator: CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201402
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Ano-calendário: 2005, 2006, 2007 PRELIMINAR DE NULIDADE. AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO ESPECÍFICA PARA A APRESENTAÇÃO DE PROVAS. Na análise do caso, a indicação fazendária a respeito da ausência de prova não se refere à inexistência de providência comprobatória da contribuinte, mas sim apenas argumento para a sustentação de seu entendimento no sentido de que a despesa apontada (amortização de ágio) tratava-se de mera provisão, não podendo ser tratada como dedutível. A ausência de prova não é a causa, mas a consequência por considerar o ágio registrado como mera provisão, e, por essa razão, inválida a amortização efetivada, de acordo com o entendimento exarado pela fiscalização. Preliminar de nulidade rejeitada. CSLL. BASE DE CÁLCULO E LIMITES À DEDUTIBILIDADE. A amortização contábil do ágio impacta (reduz) o lucro líquido do exercício. Havendo determinação legal expressa para que ela não seja computada na determinação do lucro real, o respectivo valor deve ser adicionado no LALUR, aumentando, portanto, a base tributável. Não há, porém, previsão no mesmo sentido, no que se refere à base de cálculo da Contribuição Social, o que, a nosso sentir, torna insubsistente a adição feita de ofício pela autoridade lançadora. AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. ADIÇÃO À BASE DE CÁLCULO. INAPLICABILIDADE DO ART. 57, LEI Nº 8.981/1995. Inexiste previsão legal para que se exija a adição à base de cálculo da CSLL da amortização do ágio pago na aquisição de investimento avaliado pela equivalência patrimonial. Inaplicabilidade, ao caso, do art. 57 da Lei n 8.981/1995, posto que tal dispositivo não determina que haja identidade com a base de cálculo do IRPJ.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Oct 22 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 16327.000462/2010-64
anomes_publicacao_s : 201410
conteudo_id_s : 5391400
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Oct 22 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 1301-001.394
nome_arquivo_s : Decisao_16327000462201064.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER
nome_arquivo_pdf_s : 16327000462201064_5391400.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. O Conselheiro Wilson Fernandes Guimarães votou pelas conclusões e apresentará declaração de voto. Fez sustentação oral pela Fazenda Nacional Dr. Paulo Roberto Riscado Junior. (Assinado digitalmente) VALMAR FONSECA DE MENEZES - Presidente. (Assinado digitalmente) CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Valmar Fonseca de Menezes (Presidente), Wilson Fernandes Guimarães, Valmir Sandri, Paulo Jakson da Silva Lucas, Edwal Casoni de Paula Fernandes Júnior e Carlos Augusto de Andrade Jenier.
dt_sessao_tdt : Wed Feb 12 00:00:00 UTC 2014
id : 5673370
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:30:37 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047250718949376
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 18; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2568; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C3T1 Fl. 648 1 647 S1C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16327.000462/201064 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1301001.394 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 12 de fevereiro de 2014 Matéria CSLL Ágio Recorrente BANCO ITAUCARD S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2005, 2006, 2007 PRELIMINAR DE NULIDADE. AUSÊNCIA DE “INTIMAÇÃO ESPECÍFICA” PARA A APRESENTAÇÃO DE PROVAS. Na análise do caso, a indicação fazendária a respeito da “ausência de prova” não se refere à inexistência de providência comprobatória da contribuinte, mas sim apenas argumento para a sustentação de seu entendimento no sentido de que a despesa apontada (“amortização de ágio”) tratavase de mera “provisão”, não podendo ser tratada como dedutível. A ausência de prova não é a causa, mas a consequência por considerar o ágio registrado como mera “provisão”, e, por essa razão, inválida a amortização efetivada, de acordo com o entendimento exarado pela fiscalização. Preliminar de nulidade rejeitada. CSLL. BASE DE CÁLCULO E LIMITES À DEDUTIBILIDADE. A amortização contábil do ágio impacta (reduz) o lucro líquido do exercício. Havendo determinação legal expressa para que ela não seja computada na determinação do lucro real, o respectivo valor deve ser adicionado no LALUR, aumentando, portanto, a base tributável. Não há, porém, previsão no mesmo sentido, no que se refere à base de cálculo da Contribuição Social, o que, a nosso sentir, torna insubsistente a adição feita de ofício pela autoridade lançadora. AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. ADIÇÃO À BASE DE CÁLCULO. INAPLICABILIDADE DO ART. 57, LEI Nº 8.981/1995. Inexiste previsão legal para que se exija a adição à base de cálculo da CSLL da amortização do ágio pago na aquisição de investimento avaliado pela equivalência patrimonial. Inaplicabilidade, ao caso, do art. 57 da Lei n 8.981/1995, posto que tal dispositivo não determina que haja identidade com a base de cálculo do IRPJ. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 04 62 /2 01 0- 64 Fl. 658DF CARF MF Impresso em 22/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/06/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 16/0 6/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 09/07/2014 por CARLOS AUGUSTO DE AND RADE JENIER, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por VALMAR FONSECA DE MENEZES Processo nº 16327.000462/201064 Acórdão n.º 1301001.394 S1C3T1 Fl. 649 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. O Conselheiro Wilson Fernandes Guimarães votou pelas conclusões e apresentará declaração de voto. Fez sustentação oral pela Fazenda Nacional Dr. Paulo Roberto Riscado Junior. (Assinado digitalmente) VALMAR FONSECA DE MENEZES Presidente. (Assinado digitalmente) CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Valmar Fonseca de Menezes (Presidente), Wilson Fernandes Guimarães, Valmir Sandri, Paulo Jakson da Silva Lucas, Edwal Casoni de Paula Fernandes Júnior e Carlos Augusto de Andrade Jenier. Fl. 659DF CARF MF Impresso em 22/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/06/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 16/0 6/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 09/07/2014 por CARLOS AUGUSTO DE AND RADE JENIER, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por VALMAR FONSECA DE MENEZES Processo nº 16327.000462/201064 Acórdão n.º 1301001.394 S1C3T1 Fl. 650 3 Relatório Tratase, no presente caso, de Recurso Voluntário interposto contra a decisão proferida pela 10a Turma da DRJ de São Paulo I (SP), que, apreciando as razões especificamente apresentadas na impugnação, entendeu pela sua improcedência, mantendo, assim, integralmente, os termos do lançamento efetivado, em acórdão, inclusive, assim especificamente ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LIQUID() CSLL Anocalendário: 2005, 2006, 2007 AUTO DE INFRAÇÃO. VALIDADE. Satisfeitos os requisitos do art. 10 do Decreto 70.235/72 e não tendo ocorrido o disposto no art. 59 do mesmo decreto, válido é o auto de infração. FALTA DE INTIMAÇÃO PARA APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS. INOCORRÊNCIA. AUTO DE INFRAÇÃO. Na fase de constituição do crédito tributário, tipicamente inquisitória, a autoridade fiscal possui autonomia, por força do artigo 142 do CTN, para realizar averiguações e coletar informações e documentos que julgar convenientes para comprovação do fato gerador da obrigação tributária, não estando obrigada a estabelecer o contraditório com a contribuinte. O direito ao exercício da ampla defesa é reservado, pelas normas processuais, para a fase de impugnação ao lançamento, quando se instaura o litígio, podendo então a contribuinte apresentar a documentação que entender necessária à sua defesa. Ademais, no caso concreto, foi comprovado nos autos que a empresa fora regularmente intimada a apresentar documentos e esclarecimentos no curso da ação fiscal. AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO NA AQUISIÇÃO DE 1NVESTIMENTOS EM SOCIEDADES COLIGADAS OU CONTROLADAS. INDEDUTIBILIDADE DA BASE DE CALCULO. A amortização do ágio não será computada na determinação da base de cálculo da CSLL, constituindo adição prevista na legislação tributária. CSI.L. BASE DE CÁLCULO. NORMAS DE APURAÇÃO. Aplicamse à Contribuição Social sobre o Lucro as mesmas normas de apuração para o Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas. Impugnação Improcedente Crédito Tributúrio Mantido Após a regular intimação (22/10/2010 – Sextafeira), a contribuinte apresentou então o seu respectivo Recurso Voluntário (protocolo em 23/11/2010 – Terçafeira), pretendendo ver reformada a decisão exarada e, para tanto, aduzindo em suas razões os específicos fundamentos: Fl. 660DF CARF MF Impresso em 22/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/06/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 16/0 6/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 09/07/2014 por CARLOS AUGUSTO DE AND RADE JENIER, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por VALMAR FONSECA DE MENEZES Processo nº 16327.000462/201064 Acórdão n.º 1301001.394 S1C3T1 Fl. 651 4 i) Preliminar de nulidade: violação do princípio inquisitório (dever de investigação) – acusação fiscal desprovida de elementos de prova ou outros meios indiciários Ilegalidade da manifestação da fiscalização ao “presumir” (e não provar) que a amortização de ágio promovida pela recorrente era desprovida de documentação que explicitasse o seu valor, e que estabelecesse uma data para seu vencimento, sendo, portanto, uma despesa não efetiva, não incorrida, incerta, etc., que, em última análise, seria apenas uma “provisão”. Para que se pudesse admitir a referida presunção – sustenta a recorrente , deveria a douta fiscalização ter instado a contribuinte a apresentar documentações específicas a respeito da comprovação da referida “amortização”, indicando os critérios utilizados, os prazos respectivos e tudo o mais que a ele seria relacionado, o que, inclusive, por ela já se teria feito nos presentes autos, com a apresentação dos laudos respectivos, produzidos por experts consultados quando do ato de sua efetiva constituição. ii) Da Legítima amortização de ágio fundado em expectativa de rentabilidade futura – caráter de despesa efetiva , laudos que explicitam os critérios de amortização Validade dos elementos contidos nos laudos apresentados como fundamentos para a constituição/amortização do ágio apontado, sendo, inclusive, completamente inválida e inadmissível a desconsideração proposta pela DRJ. Análise a respeito da natureza jurídica da amortização de ágio como recuperação do investimento lastreado na expectativa de rentabilidade futura, nos termos e limites da legislação respectiva. A partir daí, estabelece então a distinção fundamental entre a possibilidade de amortização de ágio prevista na legislação de regência e os contornos próprios e específicos das apontadas presunções, buscando, com isso, demonstrar as vitandas diferenças aplicáveis a ambas. iii) Da dedutibilidade das despesas com amortização de ágio da base de cálculo da CSLL – falta de vedação normativa legalidade Abordagem a respeito da necessária distinção normativa entre a apuração do lucro real (Base de Cálculo do IRPJ) e a base de cálculo própria da CSLL, sendo, portanto, inaplicável a limitação apontada nas disposições do Art. 391 do RIR/99 na apuração do quantum deste último tributo. Nessa linha, destaca a recorrente a intangibilidade do modus operandi específico aplicável à apuração da base de cálculo da CSLL pelas disposições do art. 57 da Lei 8.981/95, equivocadamente invocado pela decisão recorrida. Por não existir norma expressa e específica, com a indicação da modificação da sistemática de apuração da base de cálculo da CSLL, entende a recorrente que as limitações indicadas pelo art. 391 do RIR/99 não afetariam o conceito estabelecido pelo art. 2o da Lei 7.689/88, que, sobre o assunto, teria então especificamente enfrentado a matéria, estabelecendo os critérios essenciais para a apuração do quantum debeatur do tributo apontado. Fl. 661DF CARF MF Impresso em 22/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/06/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 16/0 6/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 09/07/2014 por CARLOS AUGUSTO DE AND RADE JENIER, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por VALMAR FONSECA DE MENEZES Processo nº 16327.000462/201064 Acórdão n.º 1301001.394 S1C3T1 Fl. 652 5 Sob essas razões, destaca a recorrente a invalidade das conclusões atingidas pela decisão recorrida, sobretudo porque não se poderia, no caso, simplesmente partir da presunção de que à CSLL deveriam ser aplicadas todas as regras relativas ao pagamento do IRPJ. Em suma: não existindo expressa disposição legal que imponha a aplicação das disposições limitadoras do Art. 391 do RIR/99 à CSLL, não poderia ela ser então aplicada, da forma como realizado pela fiscalização e, aqui, mantido pela decisão proferida pela DRJ. iv) A não incidência de juros sobre a multa de ofício Sob os fundamentos de estilo, com a indicação da jurisprudência administrativa no mesmo sentido, entende a recorrente pela inexistência de fundamento legal para a aplicação de juros moratórios sobre o montante da multa de ofício, requerendo ainda, em caso de manutenção do auto – o que admite apenas para fins de argumentação , que seja então afastada essa incidência, ante a patente ausência de fundamento legal. A partir, então, desses fundamentos, pretende a recorrente ver reformada a decisão de primeira instância, e, com isso, efetivamente reconhecida a insubsistência da autuação perpetrada. Após a interposição do recurso pela contribuinte, vieram então as Contra razões de recurso da Fazenda Nacional, que, pretendendo rechaçar os argumentos sustentados, aduz então o seguinte: a) Legalidade do lançamento inocorrência de nulidade — intimação da contribuinte para apresentar provas Antes da lavratura do auto de infração, a contribuinte foi intimada – em três oportunidades distintas , a apresentar as documentos e explicações, inclusive a respeito da amortização do ágio contabilizados no anocalendário de 2005, sendo, portanto, infundada a alegação da nulidade apontada. b) Tratamento tributário do ágio Segundo a leitura das disposições normativas de regência (art. 385, 391 e 426 do RIR/99) – entende a Fazenda , “o ágio não produzirá qualquer efeito fiscal enquanto não ocorrer a baixa do investimento (por exemplo, a alienação ou a liquidação)”. Sem que houvesse qualquer registro anterior, destacam ainda as contrarazões as disposições do art. 386 do RIR/99, aqui apresentada como uma “outra hipótese” onde a legislação tributária de regência teria previsto a possibilidade da dedutibilidade do ágio, esta a ser aplicada nos casos de fusão, cisão e/ou incorporação da investida pela investidora. A única comprovação de baixa do investimento realizada pela contribuinte teria sido em relação ao ágio registrado em nome da empresa Orbitall, o que, tendo sido considerado pela fiscalização, aqui não seria objeto de discussão. Em Fl. 662DF CARF MF Impresso em 22/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/06/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 16/0 6/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 09/07/2014 por CARLOS AUGUSTO DE AND RADE JENIER, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por VALMAR FONSECA DE MENEZES Processo nº 16327.000462/201064 Acórdão n.º 1301001.394 S1C3T1 Fl. 653 6 relação a todas as outras, apesar de regularmente intimada, a contribuinte não apresentou qualquer consideração específica. A amortização do ágio pela investidora, portanto, somente seria possível em caso de ocorrência de incorporação, fusão ou cisão (às avessas) onde a investida assuma o controle da investidora, sendo neutra a operação em qualquer outro desenho pretendido. c) Da arguição de falta de vedação normativa que impeça a dedução do ágio na base de calculo da CSLL Após uma abordagem história da amortização do ágio no direito brasileiro, destacando que, quando da entrada em vigor das disposições do Decretolei 1.598/77 o único tributo que tomava o Lucro Real como base para a incidência era o IRPJ inexistindo ainda a CSLL , destaca a Procuradoria que, em uma “interpretação teleológica, percebese que a finalidade da lei é permitir um controle contábil do ágio e da sua amortização, sem que tenha qualquer efeito fiscal até a alienação ou liquidação do investimento. Não faria qualquer sentido neutralizar o ágio para fins de base de cálculo do IRPJ e, na CSLL, que também utiliza o lucro real, ser possível a dedução.” Destaca a existência de precedentes desta Corte administrativa a respeito também dessa matéria, sobretudo pela aplicação “por arrasto” das conclusões relativas ao IRPJ também à CSLL, indicando diversos acórdãos nesse sentido. d) Da incidência de juros sobre a multa de ofício Por fim, quanto à incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício, argumenta que o fundamento das decisões administrativas que o não o admitem partem da leitura apenas “literal” das disposições do art. 61 da Lei 9.430/96, salientando a impossibilidade de inobservância da expressão “decorrente de” constante naquele dispositivo. Como reforço da tese ali sustentada, destaca (inclusive com a transcrição do inteiro teor do voto proferido) a decisão do Egrégio TRF da 4a Região, que, segundo aponta, teria afirmado aquele mesmo entendimento por ela ali advogado, destacando ainda, por referência, precedentes das primeira e segunda turmas do Colendo STJ, de outros tribunais jurisdicionais e, também, deste próprio CARF, dele trazendo a transcrição do voto proferido no Acórdão 104 22.956, da lavra do conselheiro Nelson Mallmann, ali então especificamente referenciado. Por fim, destaca a validade da incidência da taxa SELIC, e, em homenagem ao princípio da eventualidade, requer ainda que, acaso seja afastada a incidência da Taxa SELIC, seja então determinada a aplicação da taxa de 1% (um por cento) de que trata o art. 161 do CTN. Ao final, requer a negativa de provimento ao recurso voluntário interposto. Esse é o relatório. Passo ao meu voto. Fl. 663DF CARF MF Impresso em 22/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/06/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 16/0 6/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 09/07/2014 por CARLOS AUGUSTO DE AND RADE JENIER, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por VALMAR FONSECA DE MENEZES Processo nº 16327.000462/201064 Acórdão n.º 1301001.394 S1C3T1 Fl. 654 7 Voto Conselheiro CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, relator. O Recurso Voluntário é tempestivo, e, por isso, dele conheço. A discussão havida nos autos, pelo que se verifica, referese, especificamente, não aos requisitos de validade da “formação do ágio”, absolutamente, mas sim, aos critérios legais especificamente estabelecidos para fins de seu aproveitamento (“amortização”) tributário. No presente caso, conforme reiteradamente afirmado (no auto de infração, na decisão de primeira instância, no Recurso Voluntário interposto e também nas contrarazões fazendárias), a empresa–recorrente, no ano de 2005, avaliou os seus investimentos em coligadas e controladas pelo método da equivalência patrimonial, contabilizando as contrapartidas dos ajustes negativos em contas analíticas como subcontas da conta COSIF 8.1.6.20.007 Despesas com Ajustes de Investimentos em Coligadas e Controladas'', de diversas empresas, e, ainda, lançando na conta COSIF 8.1.9.99.006 "Outras Despesas Operacionais”, a amortização de ágio, na apuração da CSLL, na aquisição das seguintes empresas: A partir dessa verificação, a fiscalização promoveu as específicas intimações à contribuinte para que essa apresentasse documentos e explicações a respeito dos lançamentos apontados, o que, como se verifica, somente foi por ela apresentado em relação aos lançamentos relacionadas à empresa Orbitall, sendo que, em relação a todas as demais, teria argüido, simplesmente, a ausência de fundamento legal para tanto. Com base nessas considerações, foi considerada como válido o lançamento daquela referida empresa (Orbitall), e, a partir da daí, promovida a glosa dos lançamentos em relação a todas as demais empresas, apurando uma diferença tributável no seguinte importe: Fl. 664DF CARF MF Impresso em 22/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/06/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 16/0 6/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 09/07/2014 por CARLOS AUGUSTO DE AND RADE JENIER, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por VALMAR FONSECA DE MENEZES Processo nº 16327.000462/201064 Acórdão n.º 1301001.394 S1C3T1 Fl. 655 8 O lançamento, pelo que então se verifica, fundase na indevida amortização de ágio promovida pela contribuinte na apuração da base de cálculo da CSLL no ano calendário de 2005 (bem como os seus reflexos nos períodos posteriores), tendo em vista que, conforme sustentou a fiscalização, não poderia ela ter considerado como “despesas dedutíveis” os valores de ágio registrados em relação às empresas remanescentes, uma vez que, enquanto não ocorrida a liquidação do investimento, tais despesas não se revestiriam dos requisitos necessários, constituindo, na verdade, meras “provisões” e, devendo ser mantida assim a sua neutralidade tributária. Sendo esse o tema em debate, passemos então às considerações pertinentes: Da preliminar de nulidade por ausência de intimação específica para a apresentação de provas quanto à despesa apontada (“amortização de ágio”) A primeira questão destacada pela contribuinte diz respeito à defesa preliminar, apontando a nulidade do procedimento adotado pela fiscalização, tendo em vista que o auto de infração lavrado teria partido da simples acusação da ausência de prova quanto à efetividade, certeza e demais elementos próprios da despesa apontada, sem que, para tato, em momento algum, tivesse sido a contribuinte especificamente intimada para a apresentação de qualquer documentação a esse respeito. Na análise desse apontamento, verificase nos autos que, no desenvolvimento do procedimento pela fiscalização, a contribuinte foi diversas vezes intimada à apresentação de documentos e provas quanto aos lançamentos considerados, não atendendo a nenhuma delas, entretanto, especificamente no contexto utilizado e afirmado na autuação lavrada. Ocorre, no entanto, que ao contrário do que pretende fazer crer a recorrente, tal apontamento, por si só, não seria suficiente para a anulação do proceder fiscalizatório, uma vez que, ao contrário do que por ela afirmado, as considerações apresentadas no auto de infração a respeito da apontada “ausência de prova” não se apresenta como o específico fundamento material do lançamento, mas sim apenas uma conclusão pelo entendimento fazendário de que o ágio registrado pela investidora, enquanto não verificada a baixa do investimento, deveria ser neutro do ponto de vista tributário, constituindo se, portanto, como mera “provisão”. Logo, no entendimento fazendário, não se trata de ausência de comprovação materialmente considerada em relação à indicada dedutibilidade do ágio como despesa na Fl. 665DF CARF MF Impresso em 22/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/06/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 16/0 6/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 09/07/2014 por CARLOS AUGUSTO DE AND RADE JENIER, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por VALMAR FONSECA DE MENEZES Processo nº 16327.000462/201064 Acórdão n.º 1301001.394 S1C3T1 Fl. 656 9 apuração da Base de Cálculo do CSLL, mas sim como adequado enquadramento daquele registro como mera “provisão”, que, por conseqüência, seria não efetiva, não incorrida e incerta, nos termos ali então apresentados. Esclareçase: não se está aqui a validar a ausência de intimação para a eventual apresentação de provas necessárias, da forma como sugere a contribuinte, mas sim, apenas considerando a dita ausência de comprovação da efetividade e certeza da despesa como conclusão lógica da afirmação adotada pela fiscalização ao considerar o ágio registrado pela contribuinte como mera “provisão”. A ausência de prova não é a causa, mas a consequência por considerar o ágio registrado como mera “provisão”, e, por essa razão, inválida a amortização efetivada, de acordo com o entendimento exarado pela fiscalização. Diante disso, sem razão a recorrente ao pretender a anulação da autuação pela suposta ausência de intimação quanto à apresentação de provas relativas à efetividade da despesa apontada (“amortização do ágio”), uma vez que essa, pelo que se destaca, é a conclusão do entendimento fazendário de considerála como mera provisão, e, assim, rejeitar a pretensão de sua dedutibilidade na apuração da base de cálculo da CSLL, da forma como efetivado. Rejeito, portanto, a argüição da nulidade apontada. No mérito: A base de cálculo da CSLL e as limitações à dedutibilidade Ultrapassada a questão preliminar suscitada, urge agora, com mais vagar, analisar, no caso, os específicos fundamentos adotados pela fiscalização e, no caso, reafirmados pela r. decisão recorrida. Conforme apontado, a questão central discutida nos presentes autos referese à discussão em torno da (in)dedutibilidade, na apuração da base de cálculo da CSLL, dos valores registrados pela contribuinte a título de ágio na aquisição de participações societárias, sendo relevante destacar que, enquanto a contribuinte entende pela inexistência de vedação legal a essa operação, a fiscalização, por outra via, entende ser vedada tal providência, com a aplicação das disposições dos Art. 385, 391 e 426 do RIR/99. A questão, portanto, como aqui se verifica, não se refere a considerações probatórias relativas a meras comprovações de despesas, mas sim, exclusivamente, de adequada compreensão do regramento legal especificamente aplicável à matéria. Pois bem. No que se refere à análise dos contornos próprios da definição da base de cálculo da CSLL, essencial se verifica a análise das expressas disposições do art. 2o da Lei 7.689/88, que, ao instituíla, assim especificamente destacou: Art. 2º A base de cálculo da contribuição é o valor do resultado do exercício, antes da provisão para o imposto de renda. § 1º Para efeito do disposto neste artigo: Fl. 666DF CARF MF Impresso em 22/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/06/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 16/0 6/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 09/07/2014 por CARLOS AUGUSTO DE AND RADE JENIER, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por VALMAR FONSECA DE MENEZES Processo nº 16327.000462/201064 Acórdão n.º 1301001.394 S1C3T1 Fl. 657 10 (...) c) o resultado do períodobase, apurado com observância da legislação comercial, será ajustado pela: (Redação dada pela Lei nº 8.034, de 1990) 1 adição do resultado negativo da avaliação de investimentos pelo valor de patrimônio líquido; (Redação dada pela Lei nº 8.034, de 1990) 2 adição do valor de reserva de reavaliação, baixada durante o períodobase, cuja contrapartida não tenha sido computada no resultado do períodobase; (Redação dada pela Lei nº 8.034, de 1990) 3 adição do valor das provisões não dedutíveis da determinação do lucro real, exceto a provisão para o Imposto de Renda; (Redação dada pela Lei nº 8.034, de 1990) 4 exclusão do resultado positivo da avaliação de investimentos pelo valor de patrimônio líquido; (Redação dada pela Lei nº 8.034, de 1990) 5 exclusão dos lucros e dividendos derivados de investimentos avaliados pelo custo de aquisição, que tenham sido computados como receita; (Incluído pela Lei nº 8.034, de 1990) 6 exclusão do valor, corrigido monetariamente, das provisões adicionadas na forma do item 3, que tenham sido baixadas no curso de períodobase. (Incluído pela Lei nº 8.034, de 1990) As disposições contidas no caput do Art. 57 da Lei 8.981/95, por sua vez, visando estabelecer os específicos e particulares contornos aplicáveis a esta Contribuição, especificamente destacou: Art. 57. Aplicamse à Contribuição Social sobre o Lucro (Lei nº 7.689, de 1988) as mesmas normas de apuração e de pagamento estabelecidas para o imposto de renda das pessoas jurídicas, inclusive no que se refere ao disposto no art. 38, mantidas a base de cálculo e as alíquotas previstas na legislação em vigor, com as alterações introduzidas por esta Lei. (Redação dada pela Lei nº 9.065, de 1995) (Destaques nossos) Ora, conforme se verifica da leitura dessas disposições – ao contrário do que afirma a decisão de primeira instância , o mencionado art. 57 da Lei 8.981/95 não autoriza, de forma alguma, a aplicação indiscriminada das disposições regentes do Imposto de Renda na verificação dos contornos de incidência da CSLL, mas preserva, expressamente, os ditames próprios da definição de sua base de cálculo, da forma como realizado pelas disposições até então vigentes, mantendo, assim, as normas contidas na mencionada Lei 7.689/88, nos termos ali então especificamente apontados. A partir dessas considerações, verificase que, conforme destacado das disposições do art. 2o, parágrafo 1o, alínea ‘c’ da Lei 7.689/88, ali expressamente se faz referência aos específicos ajustes (exclusões e adições) a serem aplicados ao resultado do períodobase, apurado a partir da aplicação das expressas disposições da legislação comercial, Fl. 667DF CARF MF Impresso em 22/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/06/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 16/0 6/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 09/07/2014 por CARLOS AUGUSTO DE AND RADE JENIER, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por VALMAR FONSECA DE MENEZES Processo nº 16327.000462/201064 Acórdão n.º 1301001.394 S1C3T1 Fl. 658 11 distinguindo a composição da base de cálculo da Contribuição em questão, assim, às regras próprias da legislação do Imposto sobre a Renda. Assim, para admitirse como valida qualquer exclusão e/ou adição na apuração da base de cálculo da CSLL, fazse essencial, no caso, a existência de legislação especificamente a ela relacionada, sem a qual, estarseia admitindo a possibilidade de interpretação ampliativa de normas restritivas de direito, o que, definitivamente, não tem qualquer cabimento em nosso ordenamento jurídico pátrio. Nessa linha, fixando o ponto de partida do nosso pensamento sobre a matéria, as regras de dedutibilidade de despesas que sejam aplicáveis na apuração do lucro real, não podem ser estendidas, sem a necessária préexistência de previsão legal, à apuração da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. Fixada essa premissa necessária, relevante destacar, ainda, que a amortização contábil do ágio impacta (reduz) o lucro líquido do exercício. Havendo determinação legal expressa para que ela não seja computada na determinação do lucro real, o respectivo valor deve ser adicionado no LALUR, aumentando, portanto, a base tributável. Não há, porém, previsão no mesmo sentido, no que se refere à base de cálculo da Contribuição Social, o que, a nosso sentir, torna insubsistente a adição feita de ofício pela autoridade lançadora. Nessa linha, portanto, penso que o que se deve exigir e verificar não é a previsão legal expressa para que seja admitida a dedução do ágio iniludivelmente pago, mas sim a inexistência de vedação para essa operacionalização, o que, no caso, efetivamente é o que se verifica em relação à CSLL. A matéria aqui apresentada já foi objeto de específico enfrentamento nesta turma ordinária, especificamente nos autos do PAF 16682.720281/201017, tendo como relator o Conselheiro Valmir Sandri, a quem acompanhei naquela oportunidade, especificamente quando afirmava: “Inicialmente, registro, com a devida vênia, ser equivocado o entendimento manifestado na decisão recorrida, quanto ao alcance do art. 57 da Lei nº 8.981, de 1995. Tal dispositivo preceitua que se aplicam à CSLL as mesmas normas de apuração e de pagamento estabelecidas para o IRPJ, mantidas a base de cálculo e as alíquotas previstas na legislação em vigor, com as alterações introduzidas por aquela Lei. Logo, regras de dedutibilidade de despesas que, por expressa disposição legal, sejam aplicáveis na apuração do lucro real não podem ser estendidas, sem previsão legal, à apuração da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. A norma legal disciplinadora da apuração da base de cálculo da CSLL, vigente à época do fato gerador, dispõe: Lei nº 7.689/88 Art. 2º A base de cálculo da contribuição é o valor do resultado do exercício, antes da provisão para o imposto de renda. § 1º Para efeito do disposto neste artigo: (...) Fl. 668DF CARF MF Impresso em 22/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/06/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 16/0 6/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 09/07/2014 por CARLOS AUGUSTO DE AND RADE JENIER, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por VALMAR FONSECA DE MENEZES Processo nº 16327.000462/201064 Acórdão n.º 1301001.394 S1C3T1 Fl. 659 12 c) o resultado do períodobase, apurado com observância da legislação comercial, será ajustado pela: (Redação dada pela Lei nº 8.034, de 1990) 1 adição do resultado negativo da avaliação de investimentos pelo valor de patrimônio líquido; (Redação dada pela Lei nº 8.034, de 1990) 2 adição do valor de reserva de reavaliação, baixada durante o períodobase, cuja contrapartida não tenha sido computada no resultado do períodobase; (Redação dada pela Lei nº 8.034, de 1990) 3 adição do valor das provisões não dedutíveis da determinação do lucro real, exceto a provisão para o Imposto de Renda; (Redação dada pela Lei nº 8.034, de 1990) 4 exclusão do resultado positivo da avaliação de investimentos pelo valor de patrimônio líquido; (Redação dada pela Lei nº 8.034, de 1990) 5 exclusão dos lucros e dividendos derivados de investimentos avaliados pelo custo de aquisição, que tenham sido computados como receita; (Incluído pela Lei nº 8.034, de 1990) 6 exclusão do valor, corrigido monetariamente, das provisões adicionadas na forma do item 3, que tenham sido baixadas no curso de períodobase. (Incluído pela Lei nº 8.034, de 1990) (...) Pelo que se depreende dos autos, e especialmente pelo que está expressamente descrito no auto de infração, a autoridade fiscal entendeu que a adição que o contribuinte efetuou para fins de apuração do lucro real, mas não efetuou para fins de CSLL, correspondia a ajuste por diminuição do valor do investimento avaliado pelo MEP, e promoveu a adição indicando como fundamento legal o art. 2º, § 1º, alínea “c”, da Lei nº 7.689/99. Pois bem. Se essa fosse a verdade dos fatos, inquestionável seria a adição feita de ofício. Contudo, as cópias do LALUR apresentadas à fiscalização indicam que o valor adicionado ao lucro líquido para a apuração do lucro real (e não adicionado para fins de apuração da base de cálculo da CSLL), se refere à amortização do ágio decorrente de participação societária na empresa Belém Administrações e Participações Ltda. CNPJ 27.819.986/000182. A amortização contábil do ágio impacta (reduz) o lucro líquido do exercício. Havendo determinação legal expressa para que ela não seja computada na determinação do lucro real, o respectivo valor deve ser adicionado no LALUR. Não há, porém, previsão no mesmo sentido, no que se refere à base de cálculo da Contribuição Social, o que torna insubsistente a adição feita de ofício pela autoridade lançadora. (Destaques nossos) Na linha desse entendimento, inclusive, destacamse precedentes desta Corte Administrativa, que, sob esse específico foco, assim inclusive já se manifestaram, destacando se, apenas a título de exemplificação, o seguinte e específico aresto: Número do Processo 18471.000003/200585 Fl. 669DF CARF MF Impresso em 22/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/06/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 16/0 6/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 09/07/2014 por CARLOS AUGUSTO DE AND RADE JENIER, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por VALMAR FONSECA DE MENEZES Processo nº 16327.000462/201064 Acórdão n.º 1301001.394 S1C3T1 Fl. 660 13 Contribuinte VALEPAR S/A Tipo do Recurso Recurso Voluntário / Recurso de Ofício Data da Sessão 06/12/2006 Relator(a) Márcio Machado Caldeira Nº Acórdão 10322749 Tributo / Matéria Decisão Por maioria, DAR provimento ao recurso voluntario para acolher a preliminar de decadencia do direito de constituir o crédito tributário relativo ao anocalendario de 1999 e, em consequência, não tomar conhecimento do recurso ex officio em relação ao ano calendario de 1999, vencido o conselheiro Cândido Rodrigues Neuber que não a acolheu e, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso ex officio para restabelecer a exigência fiscal relativa ao ano calendario de 2001 referente à CSLL constante na DIPJ porém não inclusa na DCTF. A contribuinte foi defendida pelo Dr. Ricardo Krokoviak, OAB/SP nº 138.192. Ementa CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO – CSLL – DECADÊNCIA – Tratandose de tributo sujeito a lançamento por homologação, o início da contagem do prazo decadencial é a data do respectivo fato gerador, decaindo o direito da Fazenda Nacional de efetuar o lançamento após o prazo de cinco anos, na forma do disposto no parágrafo 4º do artigo 150 do CTN. AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. ADIÇÃO À BASE DE CÁLCULO. INAPLICABILIDADE DO ART. 57, LEI Nº 8.981/1995 Inexiste previsão legal para que se exija a adição à base de cálculo da CSLL da amortização do ágio pago na aquisição de investimento avaliado pela equivalência patrimonial. Inaplicabilidade, ao caso, do art. 57 da Lei n 8.981/1995, posto que tal dispositivo não determina que haja identidade com a base de cálculo do IRPJ. LANÇAMENTO – ERRO FORMAL – ANOCALENDÁRIO DE 2001 Atendendo o lançamento os requisitos legais, descrevendo a infração com perfeita identificação dos valores efetivamente levados à tributação e com o devido enquadramento legal, não há irregularidade formal que possa ensejar o seu cancelamento. JUROS DE MORA – CRÉDITO COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia – SELIC para títulos federais. (Súmula 1º CC nº 4) JUROS DE MORA TAXA SELIC – São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quanto existir depósito no montante integral. (Sumula 1º CC nº 5) Preliminar acolhida, recurso de ofício parcialmente provido. Publicado no D.O.U. nº 230 de 30/11/2007. A partir dessas considerações, portanto, entendo, no caso, assistir razão aos argumentos trazidos no Recurso Voluntário da contribuinte, verificando a efetiva insubsistência do lançamento realizado, razão porque encaminho o meu voto no sentido de DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, reconhecendo a invalidade do lançamento Fl. 670DF CARF MF Impresso em 22/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/06/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 16/0 6/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 09/07/2014 por CARLOS AUGUSTO DE AND RADE JENIER, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por VALMAR FONSECA DE MENEZES Processo nº 16327.000462/201064 Acórdão n.º 1301001.394 S1C3T1 Fl. 661 14 realizado e determinando, assim, a sua integral desconstituição, sob os argumentos aqui então especificamente destacados. É como voto. (Assinado digitalmente) CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER Relator Fl. 671DF CARF MF Impresso em 22/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/06/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 16/0 6/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 09/07/2014 por CARLOS AUGUSTO DE AND RADE JENIER, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por VALMAR FONSECA DE MENEZES Processo nº 16327.000462/201064 Acórdão n.º 1301001.394 S1C3T1 Fl. 662 15 Declaração de Voto Conselheiro WILSON FERNANDES GUIMARÃES. A matéria sob análise já foi objeto de apreciação por esta Turma Julgadora. No acórdão nº 1301001.067 (sessão de 09 de abril de 2013), restou ementado: ÁGIO. AMORTIZAÇÃO CONTÁBIL. BASE DE CÁLCULO DA CSLL. DEDUÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. Em que pese a referência feita, em algumas das disposições, ao lucro real, e o disposto nos arts. 7º e 8º da Lei nº 9.532, de 1997, o preconizado pelos arts. 22, 23, 25 e 33 do DecretoLei nº 1.598/77 deixam claro que, para fins fiscais, os efeitos decorrentes da aplicação do método da equivalência patrimonial nas contas de resultado só devem ser considerados na baixa do investimento. Assim, considerado o disposto no art. 2º da Lei nº 7.689, de 1988, não há que se falar em dedutibilidade do ágio amortizado contabilmente da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. No voto condutor da referida decisão foi consignado, in verbis: [...] Aqui, o Colegiado alinhouse ao registrado no acórdão recorrido, que, reproduzindo excertos do acórdão nº 25.455, de 16 de abril de 2009, da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Campinas, destacou que a indedutibilidade em questão “decorre da própria lógica contábil da metodologia de escrituração” dos investimentos avaliados pelo método da equivalência patrimonial. Como é cediço, não obstante as disposições trazidas pelos arts. 7º e 8º da Lei nº 9.532, de 1997, a legislação tributária foi edificada no sentido de emprestar absoluta neutralidade tributária aos ajustes e amortizações contábeis derivadas da aplicação do método de equivalência patrimonial. Assim, os efeitos fiscais decorrentes da aplicação do referido método, observadas, obviamente, as disposições da já citada Lei nº 9.532/97, só são verificados na apuração do resultado da alienação da participação societária. Em que pese a referência feita, em algumas das disposições, ao lucro real, para o Colegiado, o preconizado pelos arts. 22, 23, 25 e 33 do DecretoLei nº 1.598/77, abaixo reproduzidos, deixam claro que, para fins fiscais, os efeitos decorrentes da aplicação do método da equivalência patrimonial nas contas de resultado só devem ser considerados na baixa do investimento. Assim, considerado o disposto no art. 2º da Lei nº 7.689, de 1988, não há que se falar em dedutibilidade do Fl. 672DF CARF MF Impresso em 22/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/06/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 16/0 6/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 09/07/2014 por CARLOS AUGUSTO DE AND RADE JENIER, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por VALMAR FONSECA DE MENEZES Processo nº 16327.000462/201064 Acórdão n.º 1301001.394 S1C3T1 Fl. 663 16 ágio amortizado contabilmente da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. No mesmo sentido, o Acórdão nº 1301000.977, de 04/07/2012, assinalou: AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. A simples alegação de erro na denominação do dispêndio, desprovida de elemento de comprovação, não tem o condão de afastar a imputação feita pela autoridade fiscal. Em outra vertente, se a despesa relacionase a ágio incorrido na aquisição de participação societária, em virtude da neutralidade fiscal das normas decorrentes do denominado método de equivalência patrimonial, sua eventual amortização contábil não pode gerar efeito nas bases de cálculo do IRPJ e da CSLL. No caso vertente, contudo, a autuação foi fundamentada no entendimento de que, tratandose de amortização contábil, estarseia diante de uma despesa desprovida de documentação capaz de explicitar o seu valor e uma data para o seu vencimento, não representando assim um dispêndio efetivo, mas, sim, uma provisão. Os fragmentos do Termo de Verificação Fiscal de fls. 57/64, abaixo reproduzidos, confirmam a assertiva. [...] A questão do ágio na aquisição de participação societária, feita por contribuinte que avaliava investimento em sociedade coligada ou controlada pelo valor de patrimônio líquido, estava disciplinada no Decreto n.° 3.000, de 26 de março de 1999, Regulamento do Imposto de Renda (RIR/99), que assim dispunha: [...] A amortização de ágio sem que sua realização tenha ocorrido de fato é uma prática admitida, mas ela gera uma despesa desprovida de documentação que explicite o seu valor e que estabeleça uma data para seu vencimento, sendo, portanto, uma despesa não efetiva, não incorrida, incerta, etc., que em última análise é uma "provisão" no sentido amplamente utilizado pelos contadores, como referência à redução de valor de um ativo. A contrapartida da despesa é uma conta retificadora do ágio registrado no ativo. Esse entendimento fica bem evidenciado na Deliberação CVM n.° 489, de 03 de outubro de 2005, que aprova o Pronunciamento do IBRACON NPC n.° 22 sobre Provisões, Passivos, Contingências Passivas e Contingências Ativas. Ao dispor sobre as "Provisões e Outros Passivos", a Norma e Procedimento de Contabilidade (NPC) n.° 22 as definiu do seguinte modo: [...] Assim, o Regulamento do Imposto de Renda (RIR/99) que tem no seu artigo 391 a regra geral aplicável à amortização de ágio veda expressamente a sua dedução, determinando que concomitantemente com a amortização, na escrituração comercial, seja mantido controle, no LALUR, para efeito de determinação do ganho ou perda de capital na alienação ou liquidação do investimento. [...] Fl. 673DF CARF MF Impresso em 22/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/06/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 16/0 6/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 09/07/2014 por CARLOS AUGUSTO DE AND RADE JENIER, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por VALMAR FONSECA DE MENEZES Processo nº 16327.000462/201064 Acórdão n.º 1301001.394 S1C3T1 Fl. 664 17 O regramento em relação à Contribuição Social sobre o Lucro Liquido não é diferente, de sorte que afastada a possibilidade de serem tratadas como despesas efetivamente incorridas, essas amortizações de ágio não passam de meras provisões, que estão contempladas como ajustes por adição no art. 2°, alínea c, item 3, da Lei n.° 7.689, de 15 de dezembro de 1988, alterado pelo art. 2° da Lei n.° 8.034, de 12 de abril de 1990, a saber: [...] Não bastasse a Lei n.° 7.689/88 com as alterações da Lei n.° 8.034/90, na forma transcrita no parágrafo anterior, determinando o que deveria ser adicionado como ajustes ao valor do resultado do exercício, temos ainda os artigos 2° e 13 da Lei n.° 9.249, de 26 de dezembro de 1995, que estabelecem normas gerais e vedam a dedução. Eis aqui as suas transcrições: [...] Por fim, podemos ainda ressaltar que a "adição" também para fins de determinação da Base de Cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Liquido era necessária não só pela característica de "provisão" das mencionadas amortizações de ágio, mas também porque no presente caso, cumulativamente, há outros dispositivos da legislação tributária que assim determinam. Nesse sentido, podemos citar a Lei n.° 8.981, de 20 de janeiro de 1995, com a redação dada pela Lei n.° 9.065, de 20 de junho de 1995, a Instrução Normativa SRF n.° 93, de 24 de dezembro de 1997 e a Instrução Normativa SRF n.° 390, de 30 de janeiro de 2004, além da manifestação da Superintendência Regional da Receita Federal 8ª Região Fiscal em solução de consulta, na Decisão SRRF/8ªRF/DISIT N.° 333, de 29 de dezembro de 2000, conforme segue: [...] A controvérsia submetida à apreciação no presente processo guarda significativa semelhança com analisada nos autos do processo administrativo nº 16682.720314/201282. Ali, a ementa do acórdão nº 1302001.170 (sessão de 11 de setembro de 2013) registra: DESPESA DE AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. NATUREZA JURÍDICO CONTÁBIL. Equivocase o lançamento que considera a despesa de amortização do ágio como despesa com provisão, pois o ágio é a parcela do custo de aquisição do investimento (avaliado pelo MEP) que ultrapassa o valor patrimonial das ações, o que não se confunde com provisões expectativas de perdas ou de valores a desembolsar. Alinhandome por inteiro ao pronunciamento acima, eis que, da mesma forma, penso que a amortização contábil do ágio não pode gerar efeito para fins de apuração da base de cálculo da CSLL, acompanhei o relator pelas suas conclusões por entender que os motivos declinados na peça acusatória não autorizam a glosa promovida pela autoridade autuante. “documento assinado digitalmente” Wilson Fernandes Guimarães Fl. 674DF CARF MF Impresso em 22/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/06/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 16/0 6/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 09/07/2014 por CARLOS AUGUSTO DE AND RADE JENIER, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por VALMAR FONSECA DE MENEZES Processo nº 16327.000462/201064 Acórdão n.º 1301001.394 S1C3T1 Fl. 665 18 Fl. 675DF CARF MF Impresso em 22/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/06/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 16/0 6/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 09/07/2014 por CARLOS AUGUSTO DE AND RADE JENIER, Assinado digitalmente em 21/10/2014 por VALMAR FONSECA DE MENEZES
score : 1.0
Numero do processo: 10850.001374/2005-16
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 10 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Fri Oct 03 00:00:00 UTC 2014
Numero da decisão: 1102-000.207
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, por declinar a competência em favor de uma das Turmas da 3a Seção de Julgamento.
(assinado digitalmente)
___________________________________
João Otávio Oppermann Thomé - Presidente
(assinado digitalmente)
___________________________________
João Carlos de Figueiredo Neto - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Otávio Oppermann Thomé, José Evande Carvalho Araujo, Ricardo Marozzi Gregório, Francisco Alexandre dos Santos Linhares, Antonio Carlos Guidoni Filho e João Carlos de Figueiredo Neto.
Nome do relator: Não se aplica
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201310
turma_s : Primeira Turma Especial da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Oct 03 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 10850.001374/2005-16
anomes_publicacao_s : 201410
conteudo_id_s : 5385223
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Oct 03 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 1102-000.207
nome_arquivo_s : Decisao_10850001374200516.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : Não se aplica
nome_arquivo_pdf_s : 10850001374200516_5385223.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, por declinar a competência em favor de uma das Turmas da 3a Seção de Julgamento. (assinado digitalmente) ___________________________________ João Otávio Oppermann Thomé - Presidente (assinado digitalmente) ___________________________________ João Carlos de Figueiredo Neto - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Otávio Oppermann Thomé, José Evande Carvalho Araujo, Ricardo Marozzi Gregório, Francisco Alexandre dos Santos Linhares, Antonio Carlos Guidoni Filho e João Carlos de Figueiredo Neto.
dt_sessao_tdt : Thu Oct 10 00:00:00 UTC 2013
id : 5646239
ano_sessao_s : 2013
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:29:31 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047250745163776
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 3; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1457; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C1T2 Fl. 2 1 1 S1C1T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10850.001374/200516 Recurso nº Voluntário Resolução nº 1102000.207 – 1ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Data 10 de outubro de 2013 Assunto PIS / COFINS RESTITUIÇÃO Recorrente RODOBENS CORPORATIVA S. A. Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, por declinar a competência em favor de uma das Turmas da 3a Seção de Julgamento. (assinado digitalmente) ___________________________________ João Otávio Oppermann Thomé Presidente (assinado digitalmente) ___________________________________ João Carlos de Figueiredo Neto Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Otávio Oppermann Thomé, José Evande Carvalho Araujo, Ricardo Marozzi Gregório, Francisco Alexandre dos Santos Linhares, Antonio Carlos Guidoni Filho e João Carlos de Figueiredo Neto. Relatório RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 50 .0 01 37 4/ 20 05 -1 6 Fl. 112DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/10/2013 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 14/02/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 17/10/2013 por JOAO CARLOS DE F IGUEIREDO NETO Processo nº 10850.001374/200516 Resolução nº 1102000.207 S1C1T2 Fl. 3 2 A Recorrente ingressou com pedido de restituição de Contribuição para o Programa de Integração Social – PIS e Contribuição para Financiamento da Seguridade Social – Cofins em data de 08/06/2005 (fls. 03) conforme a seguir indicado (fls. 4): Tributo Competência Data Vencimento Valor Pago PIS mar/00 14/04/00 357,29 COFINS mar/00 14/04/00 1.649,01 PIS abr/00 15/05/00 335,11 COFINS abr/00 15/05/00 1.546,65 A Delegacia da Receita Federal em São José do Rio Preto SP Seção de Análise e Orientação Tributária SAORT, da Receita Federal do Brasil (fls. 30), em data de 07/07/2008, proferiu a seguinte decisão (Despacho Decisório 261/2008): Ementa: Restituição de indébito. Decadência O direito de o contribuinte pleitear a restituição de tributo ou contribuição pago indevidamente ou em valor maior que o devido extinguese após o transcurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados da data da extinção do crédito tributário. Ar. 168,1 c/c art. 165 do CTN. SOLICITAÇÃO INDEFERIDA Tendo em vista os fatos aqui discutidos, entendo importante destacar que referido Despacho (fls 30) também informou a data do pedido de restituição (08/06/2005). Cientificado da decisão em 14/07/200813 (fl. 32), a Recorrente apresentou, em 07/08/2008, manifestação de inconformidade de fls. 36. Em 21/07/2011 foi proferido o seguinte acórdão no. 1434.637 pela 4a Turma da Delegacia da Receita Federal em Ribeirão Preto (fls. 66): Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/03/2000 a 30/04/2000 REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PRAZO. O prazo para repetição de indébito de tributos sujeitos ao lançamento por homologação é de cinco anos contados da data do recolhimento. RESTITUIÇÃO. LIQUIDEZ E CERTEZA. Os valores recolhidos a maior ou indevidamente somente são passíveis de restituição/compensação caso os indébitos reúnam as características de liquidez e certeza. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/03/2000 a 30/04/2000 REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PRAZO. O prazo para repetição de indébito de tributos sujeitos ao lançamento por homologação é de cinco anos contados da data do recolhimento. RESTITUIÇÃO. LIQUIDEZ E CERTEZA. Os valores recolhidos a maior ou indevidamente somente são passíveis de restituição/compensação caso os indébitos reúnam as características de liquidez e certeza. Fl. 113DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/10/2013 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 14/02/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 17/10/2013 por JOAO CARLOS DE F IGUEIREDO NETO Processo nº 10850.001374/200516 Resolução nº 1102000.207 S1C1T2 Fl. 4 3 Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Acórdão Acordam os membros da 4a Turma de Julgamento, por unanimidade de votos, julgar improcedente a manifestação de inconformidade. Em 18/08/2011 a Recorrente foi intimada (fls. 72) do Acórdão aqui exposto, sendo que, em 16/09/2011, a Recorrente apresentou Recurso Voluntário (fls. 73). Esclareçase que todas as indicações de folhas neste voto dizem respeito à numeração digital do eprocesso. É o relatório. Voto Conselheiro João Carlos de Figueiredo Neto, Relator O recurso é tempestivo. Tratase de lançamento de Contribuição para o Programa de Integração Social – PIS e Contribuição para Financiamento da Seguridade Social – Cofins, relativos a valores recebidos pelo contribuinte. Lendo a descrição do objeto do processo – pedido de restituição de PIS e COFINS, resta claro que seu escopo está fora da competência de julgamento desta 1a Seção. Isso porque o inciso I do art. 4o do anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, inclui o PIS e a Cofins na competência da 3a Seção de Julgamento. Transcrevo: Art. 4° À Terceira Seção cabe processar e julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de primeira instância que versem sobre aplicação da legislação de: I Contribuição para o PIS/PASEP e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS), inclusive as incidentes na importação de bens e serviços; Diante do exposto, voto por declinar da competência de julgamento em favor de uma das Turmas da 3a Seção de Julgamento do CARF. (assinado digitalmente) João Carlos de Figueiredo Neto Fl. 114DF CARF MF Impresso em 03/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/10/2013 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 14/02/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 17/10/2013 por JOAO CARLOS DE F IGUEIREDO NETO
score : 1.0
Numero do processo: 10314.013806/2008-43
Turma: Terceira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 15 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Nov 28 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 09/11/2007
CRÉDITO TRIBUTÁRIO SUB JUDICE. LANÇAMENTO PARA PREVENIR A DECADÊNCIA.
É lícito ao Fisco, visando prevenir a decadência, lavrar auto de infração para constituir crédito tributário cuja exigibilidade encontrava-se suspensa por força de liminar em mandado de segurança. O crédito assim constituído deve permanecer com a exigibilidade suspensa enquanto não modificados os efeitos da medida judicial.
JUROS DE MORA. LANÇAMENTO PARA PREVENIR DECADÊNCIA. LEGALIDADE.
Os juros de mora acrescidos ao principal objeto de lançamento para prevenir decadência declaram a mora e o dies a quo da sua contagem, para fins da incidência no ato da sua cobrança, se e quando se erguer a eficácia do lançamento com o desprovimento da ação judicial,.
Numero da decisão: 3803-006.568
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade do auto de infração, em não conhecer do recurso, quanto à matéria submetida à apreciação do Poder Judiciário, e em negar provimento, quanto aos juros.
(assinado digitalmente)
Corintho Oliveira Machado - Presidente
(assinado digitalmente)
Belchior Melo de Sousa - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Corintho Oliveira Machado, Belchior Melo de Sousa, Hélcio Lafetá Reis, João Alfredo Eduão Ferreira, Jorge Victor Rodrigues e Paulo Renato Mothes de Moraes.
Nome do relator: BELCHIOR MELO DE SOUSA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201410
ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 09/11/2007 CRÉDITO TRIBUTÁRIO SUB JUDICE. LANÇAMENTO PARA PREVENIR A DECADÊNCIA. É lícito ao Fisco, visando prevenir a decadência, lavrar auto de infração para constituir crédito tributário cuja exigibilidade encontrava-se suspensa por força de liminar em mandado de segurança. O crédito assim constituído deve permanecer com a exigibilidade suspensa enquanto não modificados os efeitos da medida judicial. JUROS DE MORA. LANÇAMENTO PARA PREVENIR DECADÊNCIA. LEGALIDADE. Os juros de mora acrescidos ao principal objeto de lançamento para prevenir decadência declaram a mora e o dies a quo da sua contagem, para fins da incidência no ato da sua cobrança, se e quando se erguer a eficácia do lançamento com o desprovimento da ação judicial,.
turma_s : Terceira Turma Especial da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Nov 28 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 10314.013806/2008-43
anomes_publicacao_s : 201411
conteudo_id_s : 5402526
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Nov 28 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 3803-006.568
nome_arquivo_s : Decisao_10314013806200843.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : BELCHIOR MELO DE SOUSA
nome_arquivo_pdf_s : 10314013806200843_5402526.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade do auto de infração, em não conhecer do recurso, quanto à matéria submetida à apreciação do Poder Judiciário, e em negar provimento, quanto aos juros. (assinado digitalmente) Corintho Oliveira Machado - Presidente (assinado digitalmente) Belchior Melo de Sousa - Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Corintho Oliveira Machado, Belchior Melo de Sousa, Hélcio Lafetá Reis, João Alfredo Eduão Ferreira, Jorge Victor Rodrigues e Paulo Renato Mothes de Moraes.
dt_sessao_tdt : Wed Oct 15 00:00:00 UTC 2014
id : 5739746
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:32:39 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047250747260928
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2190; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3TE03 Fl. 324 1 323 S3TE03 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10314.013806/200843 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3803006.568 – 3ª Turma Especial Sessão de 15 de outubro de 2014 Matéria II/IPI/PISCOFINSIMPORTAÇÃO AUTO DE INFRAÇÃO Recorrente SOC BENEFICIENTE DE SENHORAS HOSPITAL SÍRIO LIBANÊS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 09/11/2007 MATÉRIA SUBMETIDA AO JUDICIÁRIO. RENÚNCIA ÀS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 09/11/2007 CRÉDITO TRIBUTÁRIO SUB JUDICE. LANÇAMENTO PARA PREVENIR A DECADÊNCIA. É lícito ao Fisco, visando prevenir a decadência, lavrar auto de infração para constituir crédito tributário cuja exigibilidade encontravase suspensa por força de liminar em mandado de segurança. O crédito assim constituído deve permanecer com a exigibilidade suspensa enquanto não modificados os efeitos da medida judicial. JUROS DE MORA. LANÇAMENTO PARA PREVENIR DECADÊNCIA. LEGALIDADE. Os juros de mora acrescidos ao principal objeto de lançamento para prevenir decadência declaram a mora e o dies a quo da sua contagem, para fins da incidência no ato da sua cobrança, se e quando se erguer a eficácia do lançamento com o desprovimento da ação judicial,. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 31 4. 01 38 06 /2 00 8- 43 Fl. 324DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade do auto de infração, em não conhecer do recurso, quanto à matéria submetida à apreciação do Poder Judiciário, e em negar provimento, quanto aos juros. (assinado digitalmente) Corintho Oliveira Machado Presidente (assinado digitalmente) Belchior Melo de Sousa Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Corintho Oliveira Machado, Belchior Melo de Sousa, Hélcio Lafetá Reis, João Alfredo Eduão Ferreira, Jorge Victor Rodrigues e Paulo Renato Mothes de Moraes. Relatório O presente processo é constituído de autos de infração, lavrado para exigência de crédito tributário referente a Imposto de Importação, Imposto sobre Produtos Industrializados, CofinsImportação e PISImportação, incidentes sobre a importação de equipamentos de procedência estrangeira destinados, conforme declarado pela Interessada, à utilização nas atividades essenciais da entidade. Conforme a descrição dos fatos, os desembaraços das Declarações de Importação (DIs), foram efetuados sem o recolhimento dos tributos incidentes na importação, em cumprimento da decisão nos autos do processo judicial 2004.61.00.0289717, aviado na 22ª Vara Federal de São Paulo, em que foi determinado que se procedesse ao desembaraço aduaneiro das mercadorias importadas por esta pessoa jurídica. O objeto da ação judicial é a declaração da inexistência da relação jurídico tributária que a obrigue a recolher impostos e contribuições sociais federais devidos na importação, tendo como fundamento a imunidade de que goza em relação aos impostos e isenção às contribuições. Houve decisão favorável ao deferimento de tutela antecipada, e, posteriormente, a confirmação por meio de sentença, sem decisão definitiva transitada em julgado até a data das autuações. Ante este provimento, os autos de infração foram lavrados com o fito de prevenir a decadência, sendo informando que a exigibilidade estava suspensa até a decisão final. Em impugnação apresentada, a Autuada arrazoou, em síntese, que: a) o Auto de Infração é meio que se configura inadequado à constituição do crédito tributário, nas circunstâncias do caso. Se não houve prática de infrações por parte do contribuinte, não se trata o caso de aplicação de penalidade, decorrendo disso que o instrumento jurídico correto é a Notificação de Lançamento; b) os juros moratórios devem ser afastados, pois inexistem os pressupostos de fato que autorizariam a sua imposição; Fl. 325DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 10314.013806/200843 Acórdão n.º 3803006.568 S3TE03 Fl. 325 3 c) é uma entidade de assistência social, que atua na área da saúde, tendo sido declarada de utilidade pública federal, fazendo jus, portanto, à imunidade prevista na Constituição Federal; d) o Ato Declaratório n° 9/06 do Procurador Geral da Fazenda Nacional reconhece a imunidade de entidades como a da Impugnante, encerrando qualquer discussão; Em julgamento da lide, a DRJ/Florianópolis assentou, em síntese, que: a) a interessada indicou na declaração de importação não haver valor de crédito tributário a ser recolhido. O benefício que pleiteou não foi reconhecido pela Autoridade Aduaneira; b) a lavratura de Auto de Infração não pode ser considerada inadequada, visto que sob a ótica da Fazenda a interessada deixou de recolher, por ocasião do registro da declaração de importação, os tributos em questão; c) dos dispositivos do art. 9º e 10º do Decreto n° 70.235/72 tanto a exigência do crédito tributário quanto a aplicação de penalidade isolada podem ser formalizados por Auto de Infração ou Notificação de Lançamento; visto que a redação do dispositivo legal não permite estabelecer limites ao alcance de cada espécie de instrumento para formalização; d) a formalização do presente crédito tributário mediante a lavratura de Auto de Infração assegura maior benefício ao exercício do direito de defesa e do contraditório à Interessada, pois este instrumento possui não apenas a Disposição Legal Infringida, mas a Descrição do Fato; Quanto ao mérito: a) da incidência dos tributos na importação, em face de imunidade não conheceu do recurso, por ter sido a matéria levada à apreciação do Judiciário, o que implica em renúncia às instâncias administrativas. b) da incidência dos juros de mora no lançamento sustentou que mesmo inexigível o crédito tributário, o prazo de pagamento do tributo não é alterado, prevalecendo tal prazo para fins de sua incidência no caso de decisão judicial final desfavorável ao contribuinte. Considerou que, a rigor, os juros de mora não precisam ser indicados na autuação para serem exigidos, porque, como acessório, seguem o principal. O destaque dos juros de mora incidentes até a data da lavratura da autuação é apenas demonstrativo. A decisão foi ementada como segue: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Data do fato gerador: 09/11/2007 AÇÃO JUDICIAL. EFEITOS. LANÇAMENTO DESTINADO A PREVENIR DECADÊNCIA. FORMALIZAÇÃO CABÍVEL. A discussão da matéria tributável na esfera judicial não elide o dever da autoridade administrativa de constituir o crédito tributário. A propositura de qualquer ação judicial anterior, concomitante ou posterior a procedimento fiscal, com o mesmo Fl. 326DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 4 objeto da autuação, importa em renúncia ou desistência à apreciação da mesma matéria na esfera administrativa, porém a matéria divergente terá prosseguimento normal. Cientificada da decisão em 15/10/2013, irresignada, a Interessada apresentou recurso voluntário, em 29/10/2013, em que reitera os termos da impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Belchior Melo de Sousa, Relator O recurso é tempestivo e atende os demais requisitos para sua admissibilidade, dele conheço. Preliminar de Nulidade Auto de Infração como meio inadequado à constituição do crédito tributário A Recorrente apela para a nulidade da constituição do crédito tributário, em virtude de ter sido formalizada por meio de Auto de Infração e não Notificação de Lançamento, uma vez que o crédito constituído encontrase com a exigibilidade suspensa, não tendo cometido qualquer infração à legislação. Vista unicamente sob o seu ângulo, tem razão a Defendente quando afirma não ter cometido infração, considerando que se encontra amparada pelo provimento judicial provisório antecipatório da tutela, obtido em 29//11/2004. Sob o olhar do Fisco, porém, a subsistência da lide, o mérito da controvérsia em aberto e a possibilidade (não importa em que medida) de resultado favorável à Fazenda, são os eventos que motivaram a constituição do crédito tributário. Neste prisma, o campo Descrição dos Fatos do Auto de Infração consigna o registro tanto do fato jurídico tributário como do fato jurídico da ocorrência da infração consistente na falta de recolhimento, ao desamparo da imunidade invocada. 001 IMPORTAÇÃO NÃO AMPARADA POR IMUNIDADE II 001 IMPORTAÇÃO NÃO AMPARADA POR IMUNIDADE IPI 001 FALTA/INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DA COFINS IMPORTAÇÃO DI 001 FALTA/INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DO PIS/PASEP IMPORTAÇÃO DI 0 importador submeteu a despacho aduaneiro de importação, pleiteando IMUNIDADE TRIBUTARIA para o Imposto de Importação (II), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e para as contribuições sociais (PIS e COFINS) incidentes na importação das mercadorias descritas e amparadas pelas declarações de importação no 09/02330394 e 10/12642404 (anexo I). Cumpre observar que a alegada imunidade abrange apenas os impostos sobre patrimônio, renda e serviços das entidades previstas na alínea "c", do inciso VI do art. 150 da Constituição Fl. 327DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 10314.013806/200843 Acórdão n.º 3803006.568 S3TE03 Fl. 326 5 Federal. Este entendimento tem como fundamento o disposto na alínea "a" do inciso III do art. 146 da Constituição Federal, que remete a Lei Complementar a definição das diversas espécies de tributos. Esta definição, por sua vez, é tratada pelo Código Tributário Nacional (aprovado pela Lei no 5.172/66 e recepcionado pelo atual texto constitucional) em seu Titulo III. [...] Além de todo o exposto acerca da não extensão da imunidade constitucional, o importador ao pleitear a imunidade dos tributos não apresentou, no curso do despacho, documentação que atestasse o cumprimento dos requisitos necessários para obtenção da renuncia fiscal dos tributos bem como Certificado de Entidade de Assistência Social válido, documento que atesta seu caráter de assistência social, pleiteando a liberação das mercadorias com base na ação judicial preventiva supracitada. Portanto, entende esta fiscalização que o beneficio fiscal da imunidade não pode ser concedido à autuada. [...] A multa prevista no art. 44, inciso I da Lei no 9.430/96 não foi aplicada em cumprimento ao disposto no § 1º do artigo 63 do mesmo dispositivo Legal (a Decisão Judicial suspendeu a exigibilidade do crédito tributário em 29/11/2004, anterior ao registro das DI's). O registro do fato jurídico tributário implicou no lançamento, que corresponde ao valor dos tributos que deveriam ter sido recolhidos no desembaraço aduaneiro. O registro do fato jurídico da ocorrência da infração, traz na esteira a sustação do seu efeito que corresponderia à imposição da multa de ofício, em face da tutela antecipada obtida na ação judicial aviada sob o nº 2004.61.00.0289717[1]. Assim, não obstante descrita a infração, o Auto de Infração deixa de fixar apenas a relação jurídica quanto à imposição da penalidade. Dado o contorno sob o qual se lavra Auto de Infração para prevenção de decadência quando sua materialidade encontrase em discussão na esfera judicial e presente a infração, ante o não reconhecimento do direito pleiteado, pela Autoridade aduaneira , podese sustentar que este instrumento não é impróprio para a constituição do crédito tributário, pelo fato de seu conteúdo estar adstrito unicamente ao lançamento. Este entendimento encontrase bem ajustado ao que dispõe o art. 9º do Decreto nº 70.235/72, que não distingue os usos do Auto de Infração e da Notificação de Lançamento seja para tributo ou penalidade, verbis: Art. 9o A exigência do crédito tributário e a aplicação de penalidade isolada serão formalizados em autos de infração ou notificações de lançamento, distintos para cada tributo ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. (Grifos acrescidos) 1 Em cumprimento ao art. 63, § 1º, da Lei nº 9.430/96. Fl. 328DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 6 Entre os requisitos obrigatórios do Auto de Infração está a descrição do fato, ausente das exigências para a Notificação de Lançamento, ao tempo em que o seu inciso III aponta para a necessidade de indicação da disposição legal infringida (ainda que na condição de "se for o caso"), denotando que este instrumento pode veicular também penalidade: Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do autuado; II o local, a data e a hora da lavratura; III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de trinta dias; VI a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Art. 11. A notificação de lançamento será expedida pelo órgão que administra o tributo e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do notificado; II o valor do crédito tributário e o prazo para recolhimento ou impugnação; III a disposição legal infringida, se for o caso; IV a assinatura do chefe do órgão expedidor ou de outro servidor autorizado e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Parágrafo único. Prescinde de assinatura a notificação de lançamento emitida por processo eletrônico. A doutrina, por sua vez, apenas identifica o uso indistinto de um ou outro instrumento de que as Administrações Tributárias tem se servido para introduzir suas imposições, tanto tributárias como sancionatórias. Assim, esclarece James Marins: "O auto de infração, no âmbito da Receita Federal e a Notificação Fiscal de Lançamento de Débito (NFLD), utilizada pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), são espécies de documentos fiscais elaborados pela Administração para corporificar atos de imposição. O auto de infração ou a NFLD frequentemente engloba no mesmo suporte físico vários atos impositivos referentes a diversas relações jurídicas, ora não sancionatórias, como o lançamento, ou relações jurídicas sancionatórias, como aplicação de multa por Paulo de Barros Carvalho, na mesma vertente, noticia o uso do auto de infração como peça portadora não só do ato de imposição de penalidade: Em súmula, dois atos administrativos, ambos introdutores de norma individual e concreta no ordenamento positivo: um, de Fl. 329DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 10314.013806/200843 Acórdão n.º 3803006.568 S3TE03 Fl. 327 7 lançamento, produzindo regra cujo antecedente é fato lícito e o consequente uma relação jurídica de tributo; outro, o auto de infração, veiculando u'a norma que tem, no suposto, a descrição de um delito e, no consequente, a instituição de liame jurídico sancionatório, cujo conteúdo da prestação tanto pode ser um valor pecuniário (multa) como uma conduta de fazer ou não fazer. Tudo seria simples, realmente, se o auto de infração apenas conduzisse para o ordenamento a mencionada regra individual e concreta que mencionei. Nem sempre é assim. Que, de vezes, sob a epígrafe "auto de infração", deparamonos com dois atos: um de lançamento, exigindo o tributo devido; outro, de aplicação de penalidade, pela circunstância de o sujeito passivo não ter recolhido, em tempo hábil, a quantia pretendida pela Fazenda. Dáse a conjunção, num único instrumento material, sugerindo até possibilidades híbridas. Mera aparência. Não deixam de ser normas jurídicas distintas postas por expedientes que, por motivos de comodidade administrativa estão reunidas no mesmo suporte físico. Pela frequência com que ocorrem essas conjunções, falam alguns, em "auto de infração" em sentido largo (dois atos no mesmo instante) e "auto de infração"stricto sensu", para denotar a peça portadora de norma individual e concreta de aplicação de penalidade a quem cometeu ilícito tributário. A lição acima destaca a natureza distinta dos atos administrativos do lançamento e da imposição sancionatória e a decorrente autonomia destes. Uma vez autônomos e, via de regra, postos no mesmo instrumento de constituição das exigências, o Auto de Infração, não se deve ver inadequação se vier veicular apenas um desses atos: a formalização da relação jurídica tributária tendente a prevenir decadência, mesmo que inexista a penalidade. Pelo exposto, rejeito a preliminar. Mérito Da incidência dos tributos na importação, em face de imunidade Travase no processo judicial nº 2004.61.00.0289717 discussão sobre a in/existência de relação jurídica tributária que obrigue a Recorrente ao pagamento de tributos tais como os lançados no presente Auto de Infração , que não estejam classificados no rol dos impostos obre o patrimônio, na acepção restrita que dá a Fazenda a esta classe de tributos. Corroboro o entendimento já assentado na decisão recorrida, segundo o que este debate não pode ser travado no âmbito deste processo administrativo. O provimento que aqui se der ou negar tornarseá sem efeito ante decisão superveniente em rumo diverso no aludido processo. Logo, de raso, devese aplicar a Súmula CARF nº 1, eis que presente a conexão de matérias[2]. 2 Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, Fl. 330DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 8 Da incidência dos juros de mora no lançamento Cabe lembrar que o presente processo é dependente da ação nº 2004.61.00.0289717. O provimento judicial definitivo, a seu tempo, deitará por terra este processo. Alternativamente, o desprovimento referenderá a incidência prevenida, suscitará a mora e ensejará a cobrança dos tributos aqui lançados com a inclusão dos juros de mora, com amparo do art. 61, § 3º, cujo lapso de tempo de sua aplicação estenderseá até o mês do pagamento. Uma vez que é vedada a incidência somente da multa de ofício no lançamento para prevenir decadência, os juros podem ser incluídos no lançamento, sem o caráter de ser valor fixo, como o são o principal e a multa. Demais disso, considero que os juros não estão constituídos na data e na linguagem normativa do lançamento, distintamente do que se dá com o principal. Concebo que ao estarem presentes em todo e qualquer lançamento representam o conteúdo declaratório da mora até o momento em que não haja impugnação, para fins da incidência futura, na conformidade com o art. 61, § 3º, da Lei nº 9.430/96, quando se tornar eficaz o lançamento, seja com o trânsito em julgado do desprovimento do pedido em ação judicial ou com a definitividade da decisão em processo administrativo. Os juros não estão a incidir (no que entendo ser o melhor sentido jurídico deste verbo), na composição do crédito tributário pelo lançamento, porquanto seu valor não é definitivo, na hipótese de suspensão de exigibilidade, vindo a sêlo somente quando, em tempo futuro, a então Contribuinte vier a ser chamada a efetuar a quitação do crédito lançado. Nesse diapasão, os juros no lançamento são mero indicativo de sua aderência ao principal e do dies a quo do intervalo de tempo até o mês do pagamento, na ocasião da cobrança. Se se pudesse dizer que os juros têm sua constituição efetivada no lançamento, como admitir a sua fluência protraindose no tempo até a quitação do crédito tributário? Por fim, mesmo não estando configurada a mora no momento do lançamento, em face da suspensão da exigibilidade, a presença dos juros no lançamento, pela razão supra, não representa prejuízo algum à Recorrente. Pedido de intimação no endereço do advogado Quanto a este pedido, no rito do Processo Administrativo Fiscal não há respaldo legal para que a Administração Tributária efetue as intimações na pessoa e no domicílio do advogado constituído pelo contribuinte. Este entendimento é assente nos julgamentos no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF). O princípio do informalismo é próprio do processo administrativo, e nesse pressuposto os administrados detêm a capacidade de postular, sendo facultativa a representação por advogado. Em observância das disposições do art. art. 23 do Decreto nº 70.235/72, as intimações devem ser feitas diretamente ao administrado, em seu domicílio tributário, não implicando em nulidade do acórdão o desatendimento deste pleito da Contribuinte: Art. 23. Farseá a intimação: I pessoal, pelo autor do procedimento ou por agente do órgão preparador, na repartição ou fora dela, provada com a assinatura do sujeito passivo, seu mandatário ou preposto, ou, no caso de recusa, com declaração escrita de quem o intimar; sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Fl. 331DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 10314.013806/200843 Acórdão n.º 3803006.568 S3TE03 Fl. 328 9 II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; III por meio eletrônico, com prova de recebimento, mediante: a) envio ao domicílio tributário do sujeito passivo; ou b) registro em meio magnético ou equivalente utilizado pelo sujeito passivo. [...] § 2° Considerase feita a intimação: I na data da ciência do intimado ou da declaração de quem fizer a intimação, se pessoal; II no caso do inciso II do caput deste artigo, na data do recebimento ou, se omitida, quinze dias após a data da expedição da intimação; III se por meio eletrônico: a) 15 (quinze) dias contados da data registrada no comprovante de entrega no domicílio tributário do sujeito passivo; b) na data em que o sujeito passivo efetuar consulta no endereço eletrônico a ele atribuído pela administração tributária, se ocorrida antes do prazo previsto na alínea a; ou c) na data registrada no meio magnético ou equivalente utilizado pelo sujeito passivo; IV 15 (quinze) dias após a publicação do edital, se este for o meio utilizado. § 3o Os meios de intimação previstos nos incisos do caput deste artigo não estão sujeitos a ordem de preferência. § 4o Para fins de intimação, considerase domicílio tributário do sujeito passivo: I o endereço postal por ele fornecido, para fins cadastrais, à administração tributária; e II o endereço eletrônico a ele atribuído pela administração tributária, desde que autorizado pelo sujeito passivo. § 5o O endereço eletrônico de que trata este artigo somente será implementado com expresso consentimento do sujeito passivo, e a administração tributária informarlheá as normas e condições de sua utilização e manutenção. § 6o As alterações efetuadas por este artigo serão disciplinadas em ato da administração tributária. [grifos aqui] Fl. 332DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 10 Pelo exposto, voto por rejeitar a preliminar de nulidade do auto de infração; por não conhecer do recurso, quanto à matéria submetida à apreciação do Judiciário, e por negar provimento, quanto à incidência dos juros no lançamento. (assinado digitalmente) Belchior Melo de Sousa Fl. 333DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 24/10/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO
score : 1.0
Numero do processo: 11080.004683/2006-41
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 14 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Nov 05 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/02/1999 a 31/01/2004
GRUPO EMPRESARIAL - SOCIEDADE HOLDING - BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO.
A base de cálculo da Contribuição devida pela sociedade controladora (holding) é composta pelas receitas decorrentes das atividades empresariais típicas, dos rendimentos e variações patrimoniais positivas, das participações societárias e demais contas contábeis representativas das receitas inerentes ao controle e administração do grupo empresarial, nos termos da decisão judicial transitada em julgado.
Recurso Voluntário Negado
Direito Creditório Não Reconhecido
Numero da decisão: 3403-003.314
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Domingos de Sá Filho (Relator) e Luiz Rogério Sawaya Batista. Designado para a redação do voto vencedor o Conselheiro Alexandre Kern.
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos Atulim Presidente
(assinado digitalmente)
Domingos de Sá Filho Relator
(assinado digitalmente)
Alexandre Kern Redator designado
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Antonio Carlos Atulim, Alexandre Kern, Domingos de Sá Filho, Rosaldo Trevisan e Luiz Rogério Sawaya Batista. O Conselheiro Ivan Allegretti declarou-se impedido de participar do julgamento. Sustentou pela recorrente o Dr. Amador Outerelo Fernandez, OAB/DF 7.100.
Nome do relator: DOMINGOS DE SA FILHO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201410
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/02/1999 a 31/01/2004 GRUPO EMPRESARIAL - SOCIEDADE HOLDING - BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO. A base de cálculo da Contribuição devida pela sociedade controladora (holding) é composta pelas receitas decorrentes das atividades empresariais típicas, dos rendimentos e variações patrimoniais positivas, das participações societárias e demais contas contábeis representativas das receitas inerentes ao controle e administração do grupo empresarial, nos termos da decisão judicial transitada em julgado. Recurso Voluntário Negado Direito Creditório Não Reconhecido
turma_s : Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Nov 05 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 11080.004683/2006-41
anomes_publicacao_s : 201411
conteudo_id_s : 5395081
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Nov 05 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 3403-003.314
nome_arquivo_s : Decisao_11080004683200641.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : DOMINGOS DE SA FILHO
nome_arquivo_pdf_s : 11080004683200641_5395081.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Domingos de Sá Filho (Relator) e Luiz Rogério Sawaya Batista. Designado para a redação do voto vencedor o Conselheiro Alexandre Kern. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim Presidente (assinado digitalmente) Domingos de Sá Filho Relator (assinado digitalmente) Alexandre Kern Redator designado Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Antonio Carlos Atulim, Alexandre Kern, Domingos de Sá Filho, Rosaldo Trevisan e Luiz Rogério Sawaya Batista. O Conselheiro Ivan Allegretti declarou-se impedido de participar do julgamento. Sustentou pela recorrente o Dr. Amador Outerelo Fernandez, OAB/DF 7.100.
dt_sessao_tdt : Tue Oct 14 00:00:00 UTC 2014
id : 5694515
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:31:28 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047250760892416
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 14; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2317; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T3 Fl. 1.700 1 1.699 S3C4T3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11080.004683/200641 Recurso nº 151.342 Voluntário Acórdão nº 3403003.314 – 4ª Câmara / 3ª Turma Ordinária Sessão de 14 de outubro de 2014 Matéria PIS COFINS PEDIDO DE RESTITUIÇÃO DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO Recorrente METALÚRGICA GERDAU SOCIEDADE ANÔNIMA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/02/1999 a 31/01/2004 AÇÃO JUDICIAL. PROPOSITURA. EFEITOS. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. (Súmula CARF nº 1) ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/02/1999 a 31/01/2004 GRUPO EMPRESARIAL SOCIEDADE HOLDING BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO. A base de cálculo da Contribuição devida pela sociedade controladora (holding) é composta pelas receitas decorrentes das atividades empresariais típicas, dos rendimentos e variações patrimoniais positivas, das participações societárias e demais contas contábeis representativas das receitas inerentes ao controle e administração do grupo empresarial, nos termos da decisão judicial transitada em julgado. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/02/1999 a 31/01/2004 GRUPO EMPRESARIAL SOCIEDADE HOLDING BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO. A base de cálculo da Contribuição devida pela sociedade controladora (holding) é composta pelas receitas decorrentes das atividades empresariais típicas, dos rendimentos e variações patrimoniais positivas, das participações AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 00 46 83 /2 00 6- 41 Fl. 1700DF CARF MF Impresso em 05/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2014 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 27/10/2014 por A NTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digital mente em 18/10/2014 por ALEXANDRE KERN 2 societárias e demais contas contábeis representativas das receitas inerentes ao controle e administração do grupo empresarial, nos termos da decisão judicial transitada em julgado. Recurso Voluntário Negado Direito Creditório Não Reconhecido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Domingos de Sá Filho (Relator) e Luiz Rogério Sawaya Batista. Designado para a redação do voto vencedor o Conselheiro Alexandre Kern. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim – Presidente (assinado digitalmente) Domingos de Sá Filho – Relator (assinado digitalmente) Alexandre Kern – Redator designado Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Antonio Carlos Atulim, Alexandre Kern, Domingos de Sá Filho, Rosaldo Trevisan e Luiz Rogério Sawaya Batista. O Conselheiro Ivan Allegretti declarouse impedido de participar do julgamento. Sustentou pela recorrente o Dr. Amador Outerelo Fernandez, OAB/DF 7.100. Relatório Cuidase de Recurso Voluntário visando modificar a decisão de piso que deferiu parcialmente o indébito pleiteado, bem como, homologou as compensações até o limite do crédito reconhecido, relativo a crédito de PIS e COFINS do período de apuração de 01/02/1999 a 31/01/2004. Consta dos autos que o indébito decorre da ação mandamental ajuizada em 08 de agosto de 1999, sendo que o pedido administrativo de restituição no valor de R$ 26.573.553,57 teria sido solicitado em 13 de junho de 2006. Assevera o contribuinte ter solicitado o crédito e compensações em formulário de papel em conformidade com o que dispõe o art. 76 art. 76, § 2o, da IN SRF n° 600/2005. A irresignação contida no recurso se refere à extrapolação dos limites pelas Autoridades Tributárias encarregadas da conferência dos créditos em relação o que restou decidido pela 3ª Câmara do Segundo Conselho de Contribuinte e a Superintendência da Receita Federal da 10ª Região Fiscal, que questionaram a natureza jurídica dos créditos, pagamento a maior para o PIS e a COFINS recolhidos sobre receitas financeiras, não são suscetíveis de serem enquadradas no conceito de faturamento adotado no julgamento do STF. Sustenta também que o Segundo Conselho de Contribuinte, que, por sua 3a Câmara, confirmou a decisão da DRF, afastando, assim, a decadência, e, mais do que isso, Fl. 1701DF CARF MF Impresso em 05/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2014 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 27/10/2014 por A NTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digital mente em 18/10/2014 por ALEXANDRE KERN Processo nº 11080.004683/200641 Acórdão n.º 3403003.314 S3C4T3 Fl. 1.701 3 considerou válida e eficaz a formalização do pedido de restituição feito em formulário papel. Vale dizer: a contribuinte obteve pleno êxito em sua manifestação de inconformidade. Argúi, ainda, que o pedido de restituição e a habilitação de crédito foram instruídos com todos os documentos e demonstrativos exigidos para análise da origem e natureza dos créditos compensáveis. A decisão recorrida mantém linha de raciocínio de que a questão crucial para o deslinde do conflito inicia pelo fato de que a Recorrente é uma “holding”, vencida a discussão quanto à inconstitucionalidade do § 1º do art. 3 da Lei nº 9.718/98 pelo STF, questiona se as contribuições para o PIS e a COFINS continuariam sendo devidas sobre o faturamento, entendido este como o resultado das atividades empresarias típicas da empresa. Destacase, ainda, a polêmica em torno do assunto: “É de se reconhecer que o conceito de faturamento reserva polêmicas no tocante às empresas controladoras de grupos empresariais, comumente conhecidas como "holding companies", pela própria natureza de suas atividades e serviços prestados ao grupo empresa. Configurase, assim, uma situação sui generis, devido às especificidades e particularidades desta atividade econômica, diferente da atuação das pessoas jurídicas eminentemente comerciais ou das demais prestadoras de serviços. Todavia, cabe aqui reforçar o argumento quanto à hipótese de uma "holding" possuir receita como as demais empresas, muito não se trate de uma empresa comercial como qualquer outra, pois uma holding "pura" não venderia a terceiros produtos e serviços. Assim, ainda que realize seus objetivos por intermédio de empresas controladas, deve possuir seu faturamento, que aparece de forma diversa, não sendo decorrente de operações diretas de indústria ou comércio. Seu capital social constituise na participação acionária em outras empresas, sendo que, via de regra, suas receitas decorrem dos rendimentos e variações patrimoniais positivas dessas participações. Em conseqüência dessa explicitação, realmente não cabe mais, neste processo, discutir se a recorrente faz ou não jus a créditos oriundos da incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins sobre receitas financeiras da empresa. A aplicação do Acórdão do Conselho de Contribuintes/CARF, pelo qual devem ser aceitas as compensações pretendidas "até o limite do crédito financeiro apurado em favor da recorrente " implica reconhecer que foi indevida a incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins sobre receitas financeiras da empresa, no caso, sobre receitas atípicas, acessórias, estranhas a sua atividade empresarial, que geraram créditos (decorrentes de indébitos) passíveis de serem restituídos e/ou compensados, que foram apurados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil .través da diligência efetivada em 10/04/2010, cujo relatório (Termo de Verificação Fiscal) consta a fls. 1231/1234 (demonstrativos de receitas a fls. 1229/1230, pela numeração original em processo papel e 1294/1295 quando da conversão para eprocesso), Fl. 1702DF CARF MF Impresso em 05/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2014 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 27/10/2014 por A NTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digital mente em 18/10/2014 por ALEXANDRE KERN 4 supedâneo do Despacho Decisório no 585 de 29 de junho de 2011. Foi verificada a base de cálculo mensal , ou seja, o somatório de todas as receitas oferecidas à tributação pela Cofins/Pis, estando de acordo com os valores anteriormente apurados e com a contabilidade da empresa. Portanto, dado o já consolidado entendimento judicial e administrativo pela inconstitucionalidade da tributação da COFINS e do PIS sobre a totalidade das receitas sob a égide da Lei 9.718/1998, será preciso excluir, tãosomente, aquelas que não são provenientes das atividades típicas das empresas, ou seja, aquelas receitas provenientes da aplicação dos recursos próprios das holdings em se tratando do que genericamente se entende por "receitas financeiras" , mas não as oriundas da atividade de controle do grupo, atividade típica para a qual foi constituída. Assim, além das receitas próprias da atividade, representadas pelas contas contábeis números 320020 (Juros recebidos s/empréstimos a empresas coligadas), 320090 (Juros sobre o patrimônio líquido), 320130 (Variação monetária s/empréstimos empresas coligadas) e 330030 (Prêmios s/debêntures), compuseram as bases de cálculo mensais outras receitas financeiras, acessórias, representadas pelas contas 320000, 320070, 320080, 320110, 320180, 330060, 360560 e 360770, descritas no demonstrativo às fls. 1219 no original (1278 no e proc), com as respectivas origens, com exceção das contas 320000 (descontos obtidos), 320110 (diversas) e 330060 (títulos de renda fixa). A partir da constatação acima, foi elaborado o Demonstrativo de Receitas Financeiras Acessórias (fls. 1229 no original e 1294 no eproc), conta a conta, conforme sua incidência, totalizadas por mês, abarcando os períodos de apuração de 02/1999 a 01/2004, no qual tais receitas estão discriminadas gerando o Demonstrativo de Apuração da Cofins/Pis Devidas (fls. 1230 e 1295 no eproc), no qual constam as bases de cálculo ajustadas pelas exclusões admitidas, além dos valores totais efetivamente devidos para os períodos em questão (R$ 14.300.130,65 de Cofins e R$ 1.342.724,49 de Pis), situação que contrasta com o pedido inicial de restituição formulado em 13/06/2006, através do qual todos os valores recolhidos foram tidos como indevidos.” Concluiu que: “A partir deste novo trabalho, foi elaborado o Demonstrativo de Amortizações (Pis e Cofins, fls. 1316 a 1347 no original, 1382 a 1413 quando da digitalização). Na sequência, também laborando a partir destes valores, foi proferido o já referido Despacho Decisório 585 em 29 de junho de 2011 que indeferiu o pedido de restituição no montante de R$ 26.573.553,57 (atualizado até 13/06/2006) e reconheceu parcialmente o direito creditório postulado, no montante calculado de R$ 666.132,73, a título de PIS (R$ 108.564,07) e R$ 557.568,66 para COFINS, atualizados até 13/06/06 (data do pedido de restituição e da primeira DCOMP), com incidência da taxa de juros SELIC, tendo sido homologadas até este montante as compensações.” Fl. 1703DF CARF MF Impresso em 05/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2014 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 27/10/2014 por A NTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digital mente em 18/10/2014 por ALEXANDRE KERN Processo nº 11080.004683/200641 Acórdão n.º 3403003.314 S3C4T3 Fl. 1.702 5 Desse posicionamento dissente o contribuinte, cujo o entendimento é de que todo recolhimento de PIS e COFINS incidente sobre suas receitas são indevidos por entender que as receitas Holding não configuram faturamento. Teve estes autos uma tramitação tumultuada, com recursos e decisões até esse momento ainda não apaziguadas. Decidi transcrever o relatório da decisão recorrida pela sua riqueza de detalhes, motivo pelo qual reflete a situação da contenda. “Relatório Trata o presente processo de litígio acerca de liquidação de acórdão do antigo Conselho de Contribuintes, atual CARF Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. A partir do Despacho Decisório 585/2011, de 29 de julho de 2011 o processo passou a tramitar a partir da forma digitalizada (e processo). Com o intuito de facilitar a leitura e localização das peças processuais mais importantes, fiz distinção nas referências de páginas, indicando o número original quando da tramitação em papel e/ou o novo número a partir da digitalização, Em sua fase inicial, versava sobre Pedido de Restituição formalizado em 13 de junho de 2006, no qual a interessada pleiteava a restituição de R$ 26.573.553,57, justificando como Motivo do Pedido a existência de crédito decorrente de Mandado de Segurança impetrado em 08/04/1999, onde buscou o reconhecimento da inconstitucionalidade da ampliação da base de cálculo do PIS e da Cofins pela Lei n° 9.718, de 1998, e cuja sentença transitada em julgado resultou que os recolhimentos foram efetivados a maior que o devido das duas contribuições, que seriam passíveis de restituição nos termos do artigo 165, I, do Código Tributário Nacional, e art. 2°, I, da Instrução Normativa SRF n° 600, de 2005, vigente à época do pedido. A DRF em Porto Alegre em sua primeira análise do pedido Despacho Decisório DRF/POA n° 535, de 26 de julho de 2006 (fls. 558/566 na numeração original) considerouo preliminarmente, como não formulado já que o contribuinte não havia se utilizado do formulário adequado (PER/DCOMP eletrônica, de acordo com os termos dos artigos 31 da IN SRF n° 600, de 2005), e no mérito, indeferiuo, não homologando as compensações pela ocorrência de decadência relativamente aos pagamentos anteriores a 13/06/2001. A interessada apresentou sua primeira manifestação de inconformidade (fls. 572/585 na numeração original) onde argumentou que o direito creditório nasceu da sentença judicial, devendo a contagem do prazo decadencial fluir somente a partir da data do trânsito em julgado. Através do Acórdão 1013.133, de 19 de setembro de 2007 (fls. 591/593 na numeração original), a 2a Turma DRJ Porto Alegre havia afastado a decadência relativa aos pagamentos efetivados até 13/06/2001, mas considerou o pedido como não formulado face à inobservância da forma preconizada na legislação de regência. A empresa interpôs então recurso ao 2o Conselho de Contribuintes onde pleiteou a reforma integral da decisão Fl. 1704DF CARF MF Impresso em 05/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2014 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 27/10/2014 por A NTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digital mente em 18/10/2014 por ALEXANDRE KERN 6 quanto à questão não provida (fls. 600/623 na numeração original). Em sessão realizada no dia 3 de junho de 2008,a 3a Câmara do 2o Conselho de Contribuintes, através do Acórdão 20312.958 (fls. 663/665 na numeração original), por unanimidade deu provimento ao recurso, determinando como segue: "cabendo à autoridade fiscal competente apurar se corretos os valores utilizados pela recorrente e de acordo com a decisão judicial transitada em julgado e para fins de compensação realizada e, se for o caso, a realizar. Posteriormente, realizando a compensação, até o limite do crédito financeiro apurado em favor da recorrente." Entretanto, em despacho datado de 30/10/2008 (fls. 672/678 na numeração original) o SECAT DRF Porto Alegre concluiu pela inexistência de créditos oponíveis ao Fisco, uma vez que "trata se de uma holding holdings instituições não financeiras, cujas receitas ocorrem sob as modalidades de juros sobre capital próprio, receitas financeiras ou resultados positivos em participações societárias, concluindo que as receitas financeiras constituem o próprio faturamento das holdings, uma vez que se vinculam ao cumprimento de seu objeto social: controle e administração de empresas e participação societária. Após a análise acima relatada, em 31/10/2009, o processo foi devolvido ao SEORT para continuidade de procedimentos, o que incluiu o Despacho Decisório DRF/POA 254/09 (fls. 986/992 na numeração original), de 25/03/2009, que, ante à inexistência de créditos reconhecidos no despacho anterior, não homologou nenhuma das compensações pleiteadas. Dentro do prazo de 30 dias consignado pelo DRF, em 05/05/2009, a empresa comparece novamente ao processo, apresentando o recurso de fls. 1.011/1.031 (na numeração original), alegando ofensa aos princípios constitucionais da boa fé e da moralidade pública e principalmente à coisa julgada material (art. 467 do CPC), posto que em momento processual algum a Fazenda levou à discussão o argumento de que a inconstitucionalidade do §1o do art. 3o da lei 9.718/1998 não poderia ser aplicável às receitas auferidas por empresas holding, sob o argumento de que todo o faturamento destas seria classificável como receita financeira. Alega a extemporaneidade da discussão levantada pelo despacho decisório, já que na esfera administrativa, durante a tramitação do pedido até o Conselho de Contribuintes, este argumento não havia sido levantado, sendo que os motivos do indeferimento do pedido pela DRF Porto Alegre tinham sido a utilização de formulário (e não o meio eletrônico), além da decadência de parte dos créditos. Deste modo, seria absolutamente despropositado que num mero ato de conferência da compensação realizada pela interessada, a autoridade fiscal quisesse discutir o que não foi discutido seja na esfera administrativa, seja na judicial. Pleiteou a reforma integral do Despacho Decisório 254/2009, com a conseqüente homologação na integralidade das compensações efetuadas. Argumentando que o presente processo recebeu decisões válidas em ambas as instâncias de julgamento administrativo, sendo descabido apreciálo novamente, a DRJ Porto Alegre, através deste julgador administrativo, no Despacho de 22/06/2009 (a fls.1037/1042 na numeração original) desconheceu da Fl. 1705DF CARF MF Impresso em 05/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2014 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 27/10/2014 por A NTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digital mente em 18/10/2014 por ALEXANDRE KERN Processo nº 11080.004683/200641 Acórdão n.º 3403003.314 S3C4T3 Fl. 1.703 7 manifestação de inconformidade por falta de previsão legal para apreciála, e devolveu o presente processo à DRF Porto Alegre, já que a liquidação da decisão proferida pelo Conselho de Contribuintes (atual CARF) não se enquadraria na competência das Delegacias de Julgamento, por falta de disposição normativa expressa. Assim, sob esta ótica, a DRF jurisdicionante deveria tomar a peça apresentada como pedido de revisão de ato de liquidação, submetendoo ao rito geral do processo administrativo federal estabelecido pela Lei 9.784/1999, reexaminar seu ato, e se fosse o caso, encaminhar os autos à autoridade hierarquicamente superior, nos termos da Lei Geral do Processo Administrativo Federal. Em 28/09/2009 (ciência em 01/10/2009) o SEORT DRF POA deu prosseguimento no processo reabrindo o prazo de 10 dias pra apresentação de recurso administrativo e de 30 dias para efetivação do pagamento dos valores indevidamente compensados (fls. 1044/1048 na numeração original). Em 09/10/2009 a empresa interpôs recurso administrativo de revisão contra o despacho decisório defendendo a existência de efeito suspensivo no recurso, bem como a necessária vinculação ao acórdão da 3a Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes, o qual não conteria qualquer ressalva quanto à questão da natureza jurídica dos créditos da empresa. Em novo despacho, em 16/10/2009 (fls. 1.085 na numeração original), a DRF Porto Alegre, considerando que a interessada não teria trazido elementos que permitissem a reconsideração do despacho decisório anterior, encaminhou o recurso à autoridade hierarquicamente superior, nos termos da Lei 9.784/1999, já referindo a ausência de condição suspensiva dos débitos. Por sua vez, a Superintendência Regional da 10a Região, através do Parecer 32, de 5/11/2009 (fls. 1.087/1.092 na numeração original), pronunciouse no sentido de que inexistiria efeito suspensivo quanto à exigibilidade do crédito tributário na espécie de recurso em exame, assistindo razão à empresa recorrente. Todavia, posicionouse pela impossibilidade de rediscussão se a empresa faria ou não jus a créditos de PIS/Cofins sobre receitas financeiras. Assim, a DISIT cancelou o Despacho Decisório DRF/POA 254 (fls. 986/992 na numeração original), bem como a cobrança dos débitos da empresa, determinando que nova decisão fosse proferida, levando em conta os créditos a serem apurados em favor da empresa decorrentes de pagamentos de PIS/Cofins sobre suas receitas financeiras. Coube então ao SECAT/Auditoria Interna/DRF POA apurar o montante creditório, tendo solicitado esclarecimentos à DISIT sobre o alcance do conceito de "receitas financeiras da empresa" mencionado no Parecer 32 (fls. 1.109/1.110 na numeração original), que esclareceu que na presente situação, interpretando o acórdão do 2o C.C., os indébitos de PIS/Cofins sobre receitas financeiras da empresa equivaleriam a receitas atípicas, acessórias, estranhas a sua atividade empresarial (fls. 1.111/1.112 na numeração original). Após, houve a intimação Fl. 1706DF CARF MF Impresso em 05/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2014 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 27/10/2014 por A NTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digital mente em 18/10/2014 por ALEXANDRE KERN 8 fiscal a fls. 1.116/1.117 e a juntada dos elementos a fls. 1.118/1.230, que resultaram no Demonstrativo de Receitas Financeiras Acessórias e de Apuração de PIS/Cofins Devidos (fls. 1.229/1.230 na numeração original) e no Termo de Verificação Fiscal (a fls. 1.231/1.235 na numeração original), bem como nos demonstrativos de pagamentos, vinculações e amortizações de pagamentos a fls. 1.253/1.405 (na numeração original). Prudentemente, face às dúvidas suscitadas diante do conflito negativo de competência com a DRJ Porto Alegre, a DRF encaminhou pedido de orientação à SRRF10 (fls. 1406/1407 na numeração original) quanto ao rito processual de eventual recurso interposto pela empresa interessada acaso restasse inconformada com a não homologação de parte das compensações 14.A Superintendência da 10a Região, por sua vez, com respeitáveis argumentos,respondeu em 24/06/2010 que caberia o encaminhamento à DRJ Porto Alegre sob o rito do Decreto 70.235/1972, pois "o ato que será praticado pela DRF/POA de nãohomologação das Dcomp por insuficiência de crédito será, sob o aspecto jurídico, um ato inaugural,vale dizer, será constitutivo de uma situação jurídica nova: só com ele passarão a existir neste processo, validamente, DCOMP não homologadas". Por precaução, submeteu sua resposta à Coordenação Geral de Tributação COSIT, que através do Despacho Cosit 104, de 9 de dezembro de 2010 (fls. 1.411/1.413 na numeração original), confirmou o direito do contribuinte discutir sob o rito do PAF a questão da apuração de montante de crédito inferior ao pleiteado, já em ato de execução de Acórdão do C.C./CARF, como se fosse litígio novo, esclarecendo, todavia que não teria competência para dirimir o conflito em tese,.as sim diante do fato concreto. Após o retorno dos autos à unidade de origem, o Serviço de Orientação e Análise Tributária SEORT encaminhouos diretamente para a DRJ Porto Alegre, que devolveuos através do Despacho 47 de 09/06/2011 (fls. 1416 a 1420 na numeração original) para que fosse proferido novo Despacho Decisório por parte da unidade de origem, necessário para a instauração do novo litígio, uma vez que o Despacho Decisório DRF/POA 254, de 25 de março de 2009 (fls. 986/992 na numeração original) já havia sido cancelado pelo Parecer SRRF10/DISIT 32, de 06/11/2009. Foi então proferido o Despacho Decisório DRF POA 585/2011 (a fls. 1490/1499 já sob a numeração do eprocesso), laborado a partir da Auditoria Fiscal cujas conclusões constam a fls. 1296/1299 no eproc (e 1231/1234 originalmente em papel) e que trabalhando a partir da condição de holding da empresa interessada, esmiuçou a composição de suas receitas, particularmente no tocante à incidência de Pis e Cofins. Desta forma a DRF POA indeferiu o pedido de restituição no montante de R$ 26.573.553,57, atualizado até 13/06/2006; e reconheceu o direito creditório postulado, no montante calculado de R$ 666.132,73, a título de Pis (R$ 108.564,07) e Cofins (R$ 557.568,66), valores atualizados até 13/06/06 (data do pedido de restituição e da primeira DComp), com incidência da taxa de juros Selic, data por data, em cada pagamento, a partir das. Fl. 1707DF CARF MF Impresso em 05/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2014 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 27/10/2014 por A NTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digital mente em 18/10/2014 por ALEXANDRE KERN Processo nº 11080.004683/200641 Acórdão n.º 3403003.314 S3C4T3 Fl. 1.704 9 respectivas datas de arrecadação; homologando as compensações apresentadas neste processo (fls. 549/553 e 869/985) somente até este montante. Cientificada a interessada do ato processual anteriormente referido, juntamente com o Termo de Verificação Fiscal que o embasou em 08/07/2011 (intimação e AR fls. 1505 e 1506 no e proc), seu representante legal apresentou tempestivamente em 15/07/2011 nova manifestação de inconformidade a fls. 1507/1540 (eproc), contendo, em síntese, os seguintes aspectos: a Necessária vinculação e observância do Acórdão da 3a Câmara do 2o Conselho de Contribuintes que lhe foi favorável e não havia oposto qualquer restrição, em momento processual algum, no tocante à questão da receitas da Holding ( o mesmo ocorrendo com relação ao Acórdão transitado em julgado no STF na ação mandamental); b ofensa à Coisa Julgada, ao Princípio da Moralidade dos Atos Administrativos e à Proteção da Confiança inerentes às decisões judiciais e administrativas, uma vez que a DRF Porto Alegre suscitou questão nova na questão da composição das receitas da Holding, que em nenhum momento processual anterior havia sido discutida, seja na esfera administrativa, seja na judicial; c Argüição de que o Despacho Decisório DRF Porto Alegre 585/2011 (item 42) teria ressuscitado a questão da decadência, já afastada no primeiro Acórdão da 2a Turma DRJ P. Alegre; d Postulação da suspensão da exigibilidade do crédito tributário resultante das compensações não homologadas consoante os §§ 9o a 11o do art. 74 da Lei 9.430/1996 com redação dada pela Lei 10.833/2003 até o julgamento em definitivo do presente processo. 18.Posteriormente, em 08 de novembro de 2011, o representante legal da interessada juntou ao processo Memorial (fls. 1559 a 1568 no eproc) reiterando as linhas de argumentação já adotadas na Manifestação de Inconformidade entregue em 15/07/2011 (fls. 1507 a 1540 no eproc).” O recurso foi protocolado em 12 de março de 2012, e, a ciência ocorreu no dia 13 de fevereiro de 2012. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Domingos de Sá Filho, Relator. Cuida de recurso tempestivo e encontra atendido os demais pressupostos de admissibilidade, motivo pelo qual tomo conhecimento. Fl. 1708DF CARF MF Impresso em 05/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2014 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 27/10/2014 por A NTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digital mente em 18/10/2014 por ALEXANDRE KERN 10 A contenda trava se refere as receitas de uma “Holding . O fundamento para não reconhecer a totalidade do indébito decorre da interpretação do DISIT sobre o alcance do conceito de “receitas financeiras”, que ao interpretar o Acórdão do 2º Conselho de Contribuinte, a Autoridade Fiscal concluiu que os indébitos de PIS/COFINS sobre receitas financeiras da empresa equivaleriam a receitas atípicas, acessórias, estranhas a sua atividade empresarial. Tenho que essa é a matéria a ser enfrentada nesse debate, onde o contribuinte contesta a incidência sobre as receitas por serem não oriundas de vendas de mercadoria e prestação de serviço, no estrito conceito utilizado expressamente pelo texto constitucional, art. 195, I, “b”, 155, II, e 156, III.. Como se sabe a Lei nº 9.718/98, § 1º do art. 3º promoveu uma ampliação da base de cálculo do tributo que veio a extrapolar os limites constitucionais ao criar nova fonte de custeio da seguridade social, por ser mais amplo que o de faturamento, o qual compreende venda de bens e serviços. A decisão judicial, conforme Acórdão do STF – RE nº 360.745/RS declarou a inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º da lei nº 9.718/98. O julgador de piso se louvou no Despacho Decisório nº 585/2011 de fls. 1.490/1499, o qual considerou entre as receitas financeiras aquelas que equivaleriam a receitas atípicas, acessórias, estranhas a sua atividade empresarial, quais sejam: “Juros recebidos sobre empréstimo a empresas coligadas juros recebidos de mútuos concedidos a coligadas”; Juros sobre o patrimônio líquido juros sobre o patrimônio liquido recebidos de empresas controladas Variações monetárias sobre empréstimos a empresas coligadas variações monetárias sobre mútuos concedidos a coligada; Prêmios sobre debêntures rendimentos de aplicações financeiras em debêntures de emissão da Gerdau.” Também incluiu à base de cálculo do PIS e COFINS as receitas de: “compuseram, também, as bases de cálculo mensais, as receitas acessórias especificadas (contas no s 320000, 320070, 320080, 320110, 320080, 330060, 360560, 360770), constantes do demonstrativo de receitas financeiras acessórias (fl. 1229): com discriminação das receitas, conta por conta, conforme sua incidência, totalizadas por mês;” “foi elaborado o demonstrativo de apuração das contribuições.” Como se vê a base de cálculo foi composta por receitas financeiras ao argumento de que a Metalúrgica Gerdau S/A é uma sociedade que além de gerar bens, produtos serviços originários da indústria e do comércio, aufere receitas decorrentes do controle e da participação no capital de outras sociedades, na forma de juros sobre o capital. Consta do despacho que essas receitas confere qualidade de prestação de serviços decorrentes de controle e participação, como se os juros recebidos de empréstimos de mútuo , recebimentos de variações monetárias sobre mútuos concedidos a coligadas, prêmios sobre debêntures, rendimentos de aplicações financeiras em debêntures de emissão da Gerdau fosse efetivamente uma prestação de serviço. Fl. 1709DF CARF MF Impresso em 05/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2014 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 27/10/2014 por A NTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digital mente em 18/10/2014 por ALEXANDRE KERN Processo nº 11080.004683/200641 Acórdão n.º 3403003.314 S3C4T3 Fl. 1.705 11 Essa discussão já passou pelo crivo do Supremo Tribunal Federal, declarou inconstitucionalidade da ampliação da hipótese de incidência das contribuições da Cofins e PIS no modo expresso pelo § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 no Recurso Extraordinário nº 346.084/PR: “CONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE – ARTIGO 3º, §1º DA LEI Nº 9.718, DE 27 DE NOVEMBRO DE 1998 – EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1998. O Sistema jurídico brasileiro não contempla a figura da constitucionalidade superveniente.” TRIBUTÁRIO – INSTITUTOS – EXPRESSÕES E VOCÁBULOS – SENTIDO. A norma pedagógica do artigo 110 do Código Tributário Nacional ressalta a impossibilidade de a lei tributária alterar a definição, o conteúdo e o alcance de consagrados institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados empresa ou implicitamente. Sobrepõese ao aspecto forma o princípio da realidade, considerados os elementos tributários.” “CONTRIBUIÇÃO SOCIAL – PIS – RECEITA BRUTA – NOÇÃO – INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98. A jurisprudência d Supremo, ante a redação do artigo 195 da Carta Federal anterior à Emenda Constitucional nº 20/98, consolidouse no sentido de tomar as expressões receita bruta e faturamento como sinônimas, jungindoas à venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços. É inconstitucional o § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, no que ampliou o conceito de receita bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvida e da classificação contábil adotada.”(STF. T. Pleno. Decisão por maioria. RE 346084/PR. Rel. Min. Ilmar Galvão. Rel. p/AC. Min. Marco Aurélio. DJ 01.09.2006, p.19). A hipótese de incidência da Cofins no regime cumulativo é do artigo 2º da lei Complementar 70/1991, que define o fato gerador da contribuição: “Art. 2º A contribuição de que trata o artigo anterior será de dois por cento e incidirá sobre o faturamento mensal, assim considerado a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviço de qualquer natureza.” A meu sentir, a Autoridade Tributária continuou aplicando ampliação da base de cálculo combatida pelo STF. Não há espaço para entender que as receitas financeiras da Recorrente se enquadram no conceito de serviços prestados, no caso as empresas controladas e outras receitas. Há na minha visão há tentativa forçada de se buscar dizer que as receitas das empresas denominadas controladoras, Holding, são os juros decorrentes de empréstimos a título de mútuos e juros sobre o capital próprio. Entendo tratarse de receitas que não guarda qualquer vinculo com o conceito de faturamento. Fl. 1710DF CARF MF Impresso em 05/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2014 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 27/10/2014 por A NTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digital mente em 18/10/2014 por ALEXANDRE KERN 12 Como se vê, não há como ir à contramão do entendimento da mais alta Corte do País, que pacificou e consolidando o entendimento no sentido da inconstitucionalidade declarada em relação ao parágrafo 1o do artigo 3o da Lei 9.718/98, que ampliou a base de cálculo do PIS e da COFINS, reconhecendo que a receita bruta é o faturamento, compreendido como sendo a comercialização dos produtos e a prestação de serviços. Portanto, só compõe a base de cálculo para a determinação da contribuição às receitas provenientes da venda de produtos e da prestação de serviços, por essa razão, não apontado a existência de faturamento, as demais receitas incluídas à base de cálculo deve ser afastadas, pois se trata de receitas distintas do faturamento. Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso para excluir da base de cálculo as receitas financeiras descritas no parecer de nº 585/2011. O provimento é parcial em razão de que ainda não há certo nos autos o valor líquido do indébito. Cabendo a Autoridade Fiscal proceder ao cálculo, excluindo as receitas financeiras e todas as outras que seja proveniente de venda de mercadorias ou de prestação de serviços. É como voto. Sala de sessões, em 14 de outubro de 2014 Domingos de Sá Filho Voto Vencedor Conselheiro Alexandre Kern, redator designado Segundo o relatório, a irresignação recursal defende o entendimento de que todos os recolhimentos de PIS e Cofins são indevidos porque derivam de incidência das Contribuições sobre receitas auferidas na condição de sociedade holding, não configurando faturamento. O fato é que o ora recorrente resolveu levar a matéria ao Poder Judiciário, iniciativa que retirou da Administração a possibilidade de discutila, já que, fosse qual fosse, ao fim e ao cabo sobreporseía a tutela que transitasse em julgado no processo judicial. Nesse contexto, caem por terra as tergiversações recursais de preclusão, de vinculação ao decidido pela 3ª Câmara do antigo Conselho de Contribuintes, ofensa à coisa julgada, a princípios constitucionais e outros pscitascimos, pois, em razão da desistência do processo administrativo – decorrência inexorável do recurso ao Poder Judiciário, nos termos da Súmula CARF n° 1 – resta somente dar aplicação à tutela que transitou em julgado no processo 1999.71.08.002415 4/RS. A decisão que transitou em julgado (RE 360.745/RS), que o Relator, solenemente, ignorou, assentou expressamente (fls. 546 e 547, negrito na transcrição): Uma das teses do acórdão recorrido está em aberta divergência com a orientação da Corte, cujo Plenário, em data recente, consolidou, com nosso voto vencedor declarado, o entendimento de inconstitucionalidade apenas do § 1° do art. 3° da Lei n° 9.718/98, que ampliou o conceito de receita bruta, violando assim a noção de faturamento pressuposta na redação original Fl. 1711DF CARF MF Impresso em 05/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2014 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 27/10/2014 por A NTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digital mente em 18/10/2014 por ALEXANDRE KERN Processo nº 11080.004683/200641 Acórdão n.º 3403003.314 S3C4T3 Fl. 1.706 13 do art. 195, I, b, da Constituição da República, e cujo significado é o estrito de receita bruta das vendas de mercadorias e da prestação de serviços de qualquer natureza, ou seja, soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais (cf. RE n° 346.084PR, Rei. orig. Min. ILMAR GALVÃO; RE n° 357.950RS, RE n° 358.273RS e RE n° 390.840MG, Rei. Min. MARCO AURÉLIO, todos julgados em 09.11.2005. Ver Informativo STF n° 408, p. 1). No mesmo julgamento, o Plenário afastou a arguição de inconstitucionalidade da Lei n° 9.715/98, bem como do art. 8o da Lei n° 9.718/98, que prevê majoração da alíquota da COFINS de 2% para 3%. E estabeleceu, ainda, que, ante a exigência contida no art. 195, § 6° , da Constituição Federal, a Lei n° 9.718/98 entrou a produzir efeitos a partir de 1º de fevereiro de 1999. No que toca à compensação facultada à pessoa jurídica pelo § 1 o do art. 8 o da Lei n° 9.718/98, esta Corte, no julgamento do RE n° 336.134 (Pleno, Rei. Min. ILMAR GALVÃO, DJ de 16.05.2003), reputoua constitucional, ao afastar alegada ofensa ao princípio da isonomia. 3. Diante do exposto, e com fundamento no art. 557, § 1°A, do CPC, conheço do recurso e doulhe parcial provimento, para, concedendo, em parte, a ordem, excluir, da base de incidência do PIS e da COFINS, receita estranha ao faturamento da recorrente, entendido esse nos termos já suso enunciados. Custas em proporção. Publiquese. Int.. Brasília, 29 de novembro de 2005. Ministro CEZAR PELUSO Assim, devem ser excluídas da base de cálculo as receitas registradas nas contas 320000 (descontos obtidos), 320110 (diversas) e 330060 (títulos de renda fixa). Por outro lado, as receitas oriundas da atividade de controle do grupo, atividade típica para a qual foi constituída, registradas nas contas: • 320020 (Juros recebidos s/empréstimos a empresas coligadas) • 320090 (Juros sobre o patrimônio líquido) • 320130 (Variação monetária s/empréstimos empresas coligadas) • 330030 (Prêmios s/debêntures) Tais contas contabilizam receitas próprias da atividade e compõem a base de cálculo das CS. Ainda, compõem as bases de cálculo mensais outras receitas financeiras, acessórias, representadas pelas contas: Fl. 1712DF CARF MF Impresso em 05/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2014 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 27/10/2014 por A NTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digital mente em 18/10/2014 por ALEXANDRE KERN 14 • 320000 (Rec fin adm descontos obtidos) • 320070 (Juros sobre Outras Contas a Receber Contabilização ref. a juros selic s/créditos tributários federal (Saldo Negativo de IRPJ/CSLL) • 320080 (Juros sobre Empréstimos Eletrobrás Contabilização de juros recebidos ref. Empréstimo Compulsório da Eletróbras.) • 320110 (Rec fin adm – diversas) • 320180 (Variações Monetárias sobre contas a receber Contabilização ref. A variação monetária sobre créditos a receber de terceiros) • 330060 (Rec apl fin títulos de renda fixa) • 360560 (Recuperações Diversas Contabilização ref. Principalmente a reembolso de vale transporte, despesas de viagens, restituição de FINSOCIAL e reversão de provisão para contingências (Empréstimo Compulsório Eletrobrás e IRF s/Aplicações Financeiras) • 360770 (Receitas Administrativas Diversas Contabilização de receitas administrativas, principalmente de dividendos a pagar não reclamados por acionistas num período de 3 anos e em 24/08/2001, recebimento de precatório relativo ao Fundo Nacional de TelecomunicaçõesFNT) Com essas considerações e em estrita observação da decisão judicial que transitou em julgado no processo 1999.71.08.0024154, nego provimento ao recurso voluntário. Sala de sessões, em 14 de outubro de 2014 Alexandre Kern Redator designado. Fl. 1713DF CARF MF Impresso em 05/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2014 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 27/10/2014 por A NTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digital mente em 18/10/2014 por ALEXANDRE KERN
score : 1.0
Numero do processo: 13921.000445/2008-13
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 11 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Mon Nov 03 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Exercício: 2004,2005,2006
NULIDADE.
Não há que se falar em nulidade em relação aos atos administrativos que instruem os autos, no case em foram lavrados por servidor competente com a regular intimação para que a Recorrente pudesse cumpri-los ou impugná-los no prazo legal, ou seja, com observância de todos os requisitos legais que lhes conferem existência, validade e eficácia.
PRODUÇÃO DE PROVAS. ASPECTO TEMPORAL.
A peça de defesa deve ser formalizada por escrito incluindo todas as teses de defesa e instruída com os todos os documentos em que se fundamentar, sob pena de preclusão, ressalvadas as exceções legais.
MULTA DE OFÍCIO ISOLADA. ATRASO NA ENTREGA DA ENTREGA DA DECLARAÇÃO DE DÉBITOS E CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS FEDERAIS (DCTF).
O atraso na entrega da DCTF pela pessoa jurídica obrigada enseja a aplicação da penalidade prevista na legislação tributária. Segundo o inciso II do art. 15 da Lei nº 9.317, de 05 de dezembro de 1996, a exclusão do Simples somente surte efeitos partir do mês subseqüente ao que for incorrida a situação excludente.
DOUTRINA. JURISPRUDÊNCIA.
Somente devem ser observados os entendimentos doutrinários e jurisprudenciais para os quais a lei atribua eficácia normativa.
INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Numero da decisão: 1803-001.480
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento em parte ao recurso voluntário, nos termos do voto da Redatora Ad Hoc Designada. Vencido o Conselheiro Sérgio Rodrigues Mendes que negava provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Selene Ferreira de Moraes - Presidente.
(assinado digitalmente)
Carmen Ferreira Saraiva Redatora Ad Hoc Designada
Composição do colegiado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walter Adolfo Maresch, Victor Humberto da Silva Maizman, Viviani Aparecida Bacchmi, Sérgio Rodrigues Mendes, Meigan Sack Rodrigues e Selene Ferreira de Moraes.
Nome do relator: VIVIANI APARECIDA BACCHMI
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201209
ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Exercício: 2004,2005,2006 NULIDADE. Não há que se falar em nulidade em relação aos atos administrativos que instruem os autos, no case em foram lavrados por servidor competente com a regular intimação para que a Recorrente pudesse cumpri-los ou impugná-los no prazo legal, ou seja, com observância de todos os requisitos legais que lhes conferem existência, validade e eficácia. PRODUÇÃO DE PROVAS. ASPECTO TEMPORAL. A peça de defesa deve ser formalizada por escrito incluindo todas as teses de defesa e instruída com os todos os documentos em que se fundamentar, sob pena de preclusão, ressalvadas as exceções legais. MULTA DE OFÍCIO ISOLADA. ATRASO NA ENTREGA DA ENTREGA DA DECLARAÇÃO DE DÉBITOS E CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS FEDERAIS (DCTF). O atraso na entrega da DCTF pela pessoa jurídica obrigada enseja a aplicação da penalidade prevista na legislação tributária. Segundo o inciso II do art. 15 da Lei nº 9.317, de 05 de dezembro de 1996, a exclusão do Simples somente surte efeitos partir do mês subseqüente ao que for incorrida a situação excludente. DOUTRINA. JURISPRUDÊNCIA. Somente devem ser observados os entendimentos doutrinários e jurisprudenciais para os quais a lei atribua eficácia normativa. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
turma_s : Terceira Turma Especial da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Nov 03 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 13921.000445/2008-13
anomes_publicacao_s : 201411
conteudo_id_s : 5394487
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Nov 03 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 1803-001.480
nome_arquivo_s : Decisao_13921000445200813.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : VIVIANI APARECIDA BACCHMI
nome_arquivo_pdf_s : 13921000445200813_5394487.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento em parte ao recurso voluntário, nos termos do voto da Redatora Ad Hoc Designada. Vencido o Conselheiro Sérgio Rodrigues Mendes que negava provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Selene Ferreira de Moraes - Presidente. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva Redatora Ad Hoc Designada Composição do colegiado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walter Adolfo Maresch, Victor Humberto da Silva Maizman, Viviani Aparecida Bacchmi, Sérgio Rodrigues Mendes, Meigan Sack Rodrigues e Selene Ferreira de Moraes.
dt_sessao_tdt : Tue Sep 11 00:00:00 UTC 2012
id : 5690057
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:31:18 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047250782912512
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 19; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2200; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1TE03 Fl. 68 1 67 S1TE03 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13921.000445/200813 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1803001.480 – 3ª Turma Especial Sessão de 11 de setembro de 2012 Matéria MULTA DE OFÍCO ISOLADA DECLARAÇÃO DE DÉBITOS E CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS FEDERAIS (DCTF) Recorrente TRANSAR TRANSPORTES LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Exercício: 2004,2005,2006 NULIDADE. Não há que se falar em nulidade em relação aos atos administrativos que instruem os autos, no case em foram lavrados por servidor competente com a regular intimação para que a Recorrente pudesse cumprilos ou impugnálos no prazo legal, ou seja, com observância de todos os requisitos legais que lhes conferem existência, validade e eficácia. PRODUÇÃO DE PROVAS. ASPECTO TEMPORAL. A peça de defesa deve ser formalizada por escrito incluindo todas as teses de defesa e instruída com os todos os documentos em que se fundamentar, sob pena de preclusão, ressalvadas as exceções legais. MULTA DE OFÍCIO ISOLADA. ATRASO NA ENTREGA DA ENTREGA DA DECLARAÇÃO DE DÉBITOS E CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS FEDERAIS (DCTF). O atraso na entrega da DCTF pela pessoa jurídica obrigada enseja a aplicação da penalidade prevista na legislação tributária. Segundo o inciso II do art. 15 da Lei nº 9.317, de 05 de dezembro de 1996, a exclusão do Simples somente surte efeitos partir do mês subseqüente ao que for incorrida a situação excludente. DOUTRINA. JURISPRUDÊNCIA. Somente devem ser observados os entendimentos doutrinários e jurisprudenciais para os quais a lei atribua eficácia normativa. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 92 1. 00 04 45 /2 00 8- 13 Fl. 68DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 31/10/2 014 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 30/10/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13921.000445/200813 Acórdão n.º 1803001.480 S1TE03 Fl. 69 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento em parte ao recurso voluntário, nos termos do voto da Redatora Ad Hoc Designada. Vencido o Conselheiro Sérgio Rodrigues Mendes que negava provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Selene Ferreira de Moraes Presidente. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva – Redatora Ad Hoc Designada Composição do colegiado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walter Adolfo Maresch, Victor Humberto da Silva Maizman, Viviani Aparecida Bacchmi, Sérgio Rodrigues Mendes, Meigan Sack Rodrigues e Selene Ferreira de Moraes. Relatório Contra a Recorrente acima identificada foi lavrado os Autos de Infração, fls. 2534, com a exigência dos créditos tributários nos valores de: (a) R$500,00 a título de multa de ofício isolada por atraso na entrega em 02.09.2008 da Declaração de Débitos e Créditos Tributário Federais (DCTF) do quarto trimestre do anocalendário de 2002, cujo prazo final era 14.02.2003. Consta na Descrição dos Fatos e Fundamentação Legal: Descrição dos Fatos : A falta da entrega da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF enseja a aplicação de multa no valor de R$500,00. Foi considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo originalmente fixado para a entrega da declaração e como termo final a data de lavratura deste Auto de Infração. Enquadramento legal: Arts. 113 e § 3º, 115 e 160 da Lei nº. 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional § 3º. e inciso II , da Lei nº. 10.426, de 24 de abril de 2002, e alterações posteriores. (b) R$500,00 a título de multa de ofício isolada por atraso na entrega em 02.09.2008 da Declaração de Débitos e Créditos Tributário Federais (DCTF) do primeiro trimestre do anocalendário de 2003, cujo prazo final era 15.05.2003. Consta na Descrição dos Fatos e Fundamentação Legal: Fl. 69DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 31/10/2 014 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 30/10/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13921.000445/200813 Acórdão n.º 1803001.480 S1TE03 Fl. 70 3 Descrição dos Fatos : A falta da entrega da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF enseja a aplicação de multa no valor de R$500,00. Foi considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo originalmente fixado para a entrega da declaração e como termo final a data de lavratura deste Auto de Infração. Enquadramento legal: Arts. 113 e § 3º, 115 e 160 da Lei nº. 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional § 3º. e inciso II , da Lei nº. 10.426, de 24 de abril de 2002, e alterações posteriores. (c) R$500,00 a título de multa de ofício isolada por atraso na entrega em 02.09.2008 da Declaração de Débitos e Créditos Tributário Federais (DCTF) do segundo trimestre do anocalendário de 2003, cujo prazo final era 15.08.2003. Consta na Descrição dos Fatos e Fundamentação Legal: Descrição dos Fatos : A falta da entrega da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF enseja a aplicação de multa no valor de R$500,00. Foi considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo originalmente fixado para a entrega da declaração e como termo final a data de lavratura deste Auto de Infração. Enquadramento legal: Arts. 113 e § 3º, 115 e 160 da Lei nº. 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional § 3º. e inciso II , da Lei nº. 10.426, de 24 de abril de 2002, e alterações posteriores. (d) R$500,00 a título de multa de ofício isolada por atraso na entrega em 02.09.2008 da Declaração de Débitos e Créditos Tributário Federais (DCTF) do terceiro trimestre do anocalendário de 2003, cujo prazo final era 14.11.2003. Consta na Descrição dos Fatos e Fundamentação Legal: Descrição dos Fatos : A falta da entrega da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF enseja a aplicação de multa no valor de R$500,00. Foi considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo originalmente fixado para a entrega da declaração e como termo final a data de lavratura deste Auto de Infração. Enquadramento legal: Arts. 113 e § 3º, 115 e 160 da Lei nº. 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional § 3º. e inciso II , da Lei nº. 10.426, de 24 de abril de 2002, e alterações posteriores. (e) R$500,00 a título de multa de ofício isolada por atraso na entrega em 02.09.2008 da Declaração de Débitos e Créditos Tributário Federais (DCTF) do quarto trimestre do anocalendário de 2003, cujo prazo final era 13.02.2004. Consta na Descrição dos Fatos e Fundamentação Legal: Fl. 70DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 31/10/2 014 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 30/10/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13921.000445/200813 Acórdão n.º 1803001.480 S1TE03 Fl. 71 4 Descrição dos Fatos : A falta da entrega da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF enseja a aplicação de multa no valor de R$500,00. Foi considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo originalmente fixado para a entrega da declaração e como termo final a data de lavratura deste Auto de Infração. Enquadramento legal: Arts. 113 e § 3º, 115 e 160 da Lei nº. 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional § 3º. e inciso II , da Lei nº. 10.426, de 24 de abril de 2002, e alterações posteriores. (f) R$500,00 a título de multa de ofício isolada por atraso na entrega em 02.09.2008 da Declaração de Débitos e Créditos Tributário Federais (DCTF) do primeiro trimestre do anocalendário de 2004, cujo prazo final era 14.05.2004. Consta na Descrição dos Fatos e Fundamentação Legal: Descrição dos Fatos : A falta da entrega da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF enseja a aplicação de multa no valor de R$500,00. Foi considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo originalmente fixado para a entrega da declaração e como termo final a data de lavratura deste Auto de Infração. Enquadramento legal: Arts. 113 e § 3º, 115 e 160 da Lei nº. 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional § 3º. e inciso II , da Lei nº. 10.426, de 24 de abril de 2002, e alterações posteriores. (g) R$500,00 a título de multa de ofício isolada por atraso na entrega em 02.09.2008 da Declaração de Débitos e Créditos Tributário Federais (DCTF) do segundo trimestre do anocalendário de 2004, cujo prazo final era 13.08.2004. Consta na Descrição dos Fatos e Fundamentação Legal: Descrição dos Fatos : A falta da entrega da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF enseja a aplicação de multa no valor de R$500,00. Foi considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo originalmente fixado para a entrega da declaração e como termo final a data de lavratura deste Auto de Infração. Enquadramento legal: Arts. 113 e § 3º, 115 e 160 da Lei nº. 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional § 3º. e inciso II , da Lei nº. 10.426, de 24 de abril de 2002, e alterações posteriores. (h) R$500,00 a título de multa de ofício isolada por atraso na entrega em 02.09.2008 da Declaração de Débitos e Créditos Tributário Federais (DCTF) do terceiro trimestre do anocalendário de 2004, cujo prazo final era 12.11.2004. Consta na Descrição dos Fatos e Fundamentação Legal: Fl. 71DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 31/10/2 014 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 30/10/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13921.000445/200813 Acórdão n.º 1803001.480 S1TE03 Fl. 72 5 Descrição dos Fatos : A falta da entrega da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF enseja a aplicação de multa no valor de R$500,00. Foi considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo originalmente fixado para a entrega da declaração e como termo final a data de lavratura deste Auto de Infração. Enquadramento legal: Arts. 113 e § 3º, 115 e 160 da Lei nº. 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional § 3º. e inciso II , da Lei nº. 10.426, de 24 de abril de 2002, e alterações posteriores. (i) R$500,00 a título de multa de ofício isolada por atraso na entrega em 02.09.2008 da Declaração de Débitos e Créditos Tributário Federais (DCTF) do quarto trimestre do anocalendário de 2004, cujo prazo final era 18.02.2005. Consta na Descrição dos Fatos e Fundamentação Legal: Descrição dos Fatos : A falta da entrega da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF enseja a aplicação de multa no valor de R$500,00. Foi considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo originalmente fixado para a entrega da declaração e como termo final a data de lavratura deste Auto de Infração. Enquadramento legal: Arts. 113 e § 3º, 115 e 160 da Lei nº. 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional § 3º. e inciso II , da Lei nº. 10.426, de 24 de abril de 2002, e alterações posteriores. Cientificada, a Recorrente apresentou a impugnação, fl. 02, com as alegações a seguir transcritas: A referida empresa estava enquadrada no SIMPLES e foi excluída através do ato Declaratório Executivo DRF/CVL n° 536.716, de 02 de agosto de 2004. Em 26 de junho de 2007 foi protocolada uma defesa junto ao CONSELHO DE CONTRIBUINTES MINISTÉRIO DE FAZENDA BRASÍLIA/DF, requerendo a anulação do referido Ato Declaratório De Exclusão do Simples, portanto não podemos entregar as DCTF referentes aos períodos, 2002 (4ª trimestre), 2003(1° a 4° trimestre), 2004 (1° a 4° trimestre), até que saia decisão final da referida defesa, portanto pedimos que desconsiderasse as multas dos AUTOS DE INFRAÇÃO, por falta de entrega das referidas Segue anexa uma cópia da defesa devidamente protocolada, e copia dos referidos ato de infração. Está registrado como ementa do Acórdão da 3ª TURMA/DRJ/CTA/PR nº 06 31.955, de 25.05.2011, fls. 4850: Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 01/10/2002 a 31/12/2004 Fl. 72DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 31/10/2 014 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 30/10/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13921.000445/200813 Acórdão n.º 1803001.480 S1TE03 Fl. 73 6 SIMPLES. EXCLUSÃO. DCTF. APRESENTAÇÃO. OBRIGATORIEDADE. Os efeitos da exclusão do Simples são produzidos a partir da data fixada na lei para cada uma das hipóteses cuja ocorrência obriga a exclusão, sujeitando o contribuinte ao cumprimento das obrigações daí provenientes. DECLARAÇÃO DE DÉBITOS E CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS FEDERAIS DCTF. MULTA POR FALTA DE ENTREGA. A pessoa jurídica que, obrigada à entrega da DCTF, deixa de apresentála, está sujeita à multa estabelecida na legislação de regência. Notificada em 27.06.2011, fl. 53, a Recorrente apresentou o recurso voluntário em 26.06.2011, fls. 5560, esclarecendo a peça atende aos pressupostos de admissibilidade. Discorre sobre o procedimento fiscal contra o qual se insurge. Reitera os argumentos apresentados na impugnação. Suscita que: 2 DA IMPOSSIBILIDADE DE SE APLICAR EFEITO RETROATIVO: Em princípio, cumpre frisar que o ordenamento jurídico brasileiro não admite a retro atividade da lei, salvo quando esta beneficiar o réu (no caso do direito penal art. 5o , XL) ou o contribuinte art. 106 do Código Tributário Nacional, [...] Como se vê, mais uma vez não há base legal para fundamentar a interpretação da Receita Federal. A cobrança retroativa é inconstitucional, a contribuinte só foi cientificada que havia sido excluída do SIMPLES desde 01/01/2002, em Agosto de 2004, ou seja, não há como a contribuinte ser penalizada de algo que deixou de fazer (entregar as DCTF’s), se nem ao menos tinha conhecimento da referida exclusão. Além do mais, o Recorrente estaria agindo contra um princípio previsto na própria Constituição Federal, no qual "ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo, pois c ite a falta de intimação na época em que a receita entende excluída a empresa (anocalendário 2000), se essa adotasse a conduta de optar por outra forma de recolhimento de seus tributos, estaria admitindo sua exclusão e por via de conseqüência seus efeitos, mesmo sem ter certeza de que a exclusão viesse a acontecer em algum momento. Ora, se entender que realmente a Impugnante deveria entregar as DCTFs, estas são devidas apenas a partir do mês subseqüente a ciência da ocorrência da situação excludente, ou seja, a Contribuinte foi notificada da exclusão em agosto de 2004, neste caso, os efeitos da exclusão só poderão atingir a Contribuinte a partir de setembro/2004, caso contrário, estarseá agravando ainda mais a situação da Contribuinte, já que estará sendo penalizada com os efeitos da retroatividade. Ora, considerando que o ato de exclusão prevaleça, que seja aplicado a Lei do Simples, fazendo com que os efeitos se dêem a partir do mês subseqüente a ciência da ocorrência da situação excludente. A limitação ao poder de tributar constitui garantia da Empresa Impugnante contra o arbítrio da decisão ora atacada, assegurandolhe o conhecimento prévio da carga tributária e demais obrigações a que está sujeita. Fl. 73DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 31/10/2 014 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 30/10/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13921.000445/200813 Acórdão n.º 1803001.480 S1TE03 Fl. 74 7 A garantia da irretroatividade está baseada no privilegio da segurança jurídica e na proteção da confiança [...]. Além disso, há que levar em conta que intimação e prazos são matérias que cabe a Lei Processual definir, não pode o Recorrente ser considerado intimado pelo texto da Lei, como propõe a Receita Federal em suas decisões. Via de regra, o Contribuinte não sabia da exclusão do SIMPLES ou não, logo, não tinha como saber da obrigação de entregar as DCTF’s trimestralmente, sendo DEVER da Receita Federal "notificálo". No caso em tela, a exclusão se deu por um fato ocorrido em 31/12/2000, e o contribuinte foi cientificado apenas em agosto de 2004, ou seja, 4 anos depois. Assim, não é admissível que o Contribuinte seja penalizado por uma inércia da própria Receita Federal. Assim, as obrigações do contribuinte no SIMPLES, só podem ser exigidas a partir da ciência do já mencionado enquadramento. Considerar o contribuinte intimado através de texto de lei, e ainda esperar que faça nova opção quanto ao recolhimento de seus tributos e entrega de documentação, é transferir para ele, Contribuinte, mais um ônus que pertence ao Estado, o de fiscalizar! Assim, os efeitos da exclusão só poderão atingir o Contribuinte a partir da ciência da exclusão, ou seja, a partir da intimação do Ato Declaratório de Exclusão, já que em nenhum momento deixou de cumprir com suas obrigações fiscais. Com o objetivo de fundamentar as razões apresentadas na peça de defesa, interpreta a legislação pertinente, indica princípios constitucionais que supostamente foram violados e faz referências a entendimentos doutrinários e jurisprudenciais em seu favor. Conclui que: Ante ao exposto respeitosamente requerse a reconsideração da Decisão, sendo anulada a multa aplicada a Contribuinte pela falta de entrega das Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF, relativas ao 4º trimestre de 2002, 1° ao 4º trimestre de 2003 e o 1º ao 4º trimestre de 2004, vez que a contribuinte somente poderá ser tributada e exigido tais documentos a partir do mês subseqüente a ciência da ocorrência da situação excludente. Determina a Portaria de fl. 67: O PRESIDENTE DA QUARTA CÂMARA DA PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO, no uso da atribuição que lhe confere o § 3º. do Artigo 63 do Regimento Interno do CARF, baixado com a Portaria MF nº. 256, de 22 de junho de 2009, publicada no Diário Oficial do dia seguinte, RESOLVE: DESIGNAR relatora “ad hoc” a Conselheira CARMEN FERREIRA SARAIVA para o fim de formalizar o Acórdão nº 1803001.480, prolatado pela Terceira Turma Especial da Quarta Câmara da Primeira Seção, na sessão realizada no dia 11 de setembro de 2012, no julgamento do Processo nº 13921.000445/2008 13, de interesse do contribuinte TRANSAR TRANSPORTES LTDA, em face de a relatora original não mais ocupar o cargo de Conselheira. Fl. 74DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 31/10/2 014 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 30/10/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13921.000445/200813 Acórdão n.º 1803001.480 S1TE03 Fl. 75 8 Está registrada na Ata da Reunião de Julgamento formalizada no processo nº 15169.000109/201162, fl. 230: Aos onze dias do mês de setembro do ano de dois mil e doze, às nove horas, reuniramse os membros da 3ªTE/4ªCÂMARA/1ªSEJUL/CARF/MF/DF, estando presentes SELENE FERREIRA DE MORAES (Presidente), MEIGAN SACK RODRIGUES, VICTOR HUMBERTO DA SILVA MAIZMAN, SERGIO RODRIGUES MENDES, VIVIANI APARECIDA BACCHMI, SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA e eu, MARISTELA DE SOUSA RODRIGUES, Chefe da Secretaria, a fim de ser realizada a presente Sessão Ordinária. Ausente justificadamente o Conselheiro Walter Adolfo Maresch. O Conselheiro Sergio Luiz Bezerra Presta foi convocado para o julgamento de três processos. [...] Relator(a): VIVIANI APARECIDA BACCHMI Processo: 13921.000445/200813 Nome do Contribuinte: TRANSAR TRANSPORTES LTDA. Acórdão 1803001.480 Decisão: Por maioria de votos, deram provimento parcial ao recurso para excluir as multas relativas ao 4º trimestre de 2002, 1º ao 4º trimestres de 2003 e 1º e 2º trimestres de 2004. Vencido o Conselheiro Sérgio Rodrigues Mendes que lhe negava provimento. Questionamento: RECURSO VOLUNTÁRIO Toda numeração de folhas indicada nessa decisão se refere à paginação eletrônica dos autos em sua forma digital ou digitalizada. É o Relatório. Voto Conselheira Carmen Ferreira Saraiva, Redatora Ad Hoc Designada O recurso voluntário apresentado pela Recorrente atende aos requisitos de admissibilidade previstos nas normas de regência, em especial no Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972. Assim, dele tomo conhecimento, inclusive para os efeitos do inciso III do art. 151 do Código Tributário Nacional. A Recorrente alega que os atos administrativos são nulos. Cabe ao AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil, no exercício da competência da RFB, em caráter privativo constituir o crédito tributário pelo lançamento. Esta Fl. 75DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 31/10/2 014 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 30/10/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13921.000445/200813 Acórdão n.º 1803001.480 S1TE03 Fl. 76 9 atribuição é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional, ainda que ele seja de jurisdição diversa da do domicílio tributário do sujeito passivo. É a autoridade legitimada para proceder ao exame da escrita fiscal da pessoa jurídica, não lhe sendo exigida a habilitação profissional de contador. Nos casos em que dispuser de elementos suficientes à constituição do crédito tributário, os Autos de Infração podem ser lavrados sem prévia intimação à pessoa jurídica no local em que foi constatada a infração, ainda que fora do seu estabelecimento, os quais devem estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito. Estes atos administrativos, sim, não prescindem da intimação válida para que se instaure o processo, vigorando na sua totalidade os direitos, deveres e ônus advindos da relação processual de modo a privilegiar as garantias ao devido processo legal, ao contraditório e à ampla defesa com os meios e recursos a ela inerentes1. As manifestações unilaterais da RFB foram formalizadas por ato administrativo, como uma espécie de ato jurídico, deve estar revestido dos atributos que lhe conferem a presunção de legitimidade, a imperatividade e a autoexecutoriedade, ou seja, para que produza efeitos que vinculem o administrado deve ser emitido (a) por agente competente que o pratica dentro das suas atribuições legais, (b) com as formalidades indispensáveis à sua existência, (c) com objeto, cujo resultado está previsto em lei, (d) com os motivos, cuja matéria de fato ou de direito seja juridicamente adequada ao resultado obtido e (e) com a finalidade visando o propósito previsto na regra de competência do agente. Tratandose de ato vinculado, a Administração Pública tem o dever de motiválo no sentido de evidenciar sua expedição com os requisitos legais2. Os Autos de Infração foram lavrados por AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil, que verificou a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinou a matéria tributável, calculou o montante do tributo devido, identificou o sujeito passivo, aplicou a penalidade cabível e determinou a exigência com a regular intimação para que a Recorrente pudesse cumprila ou impugnála no prazo legal, nos termos do art. 142 do Código Tributário Nacional. A autoridade tributária tem o direito de examinar a escrituração e os documentos comprobatórios dos lançamentos nela efetuados e a pessoa jurídica tem o dever de exibilos e conserválos até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram, bem como de prestar as informações que lhe forem solicitadas e colaborar para o esclarecimento dos fatos3. As Autoridade Fiscais agiram em cumprimento com o dever de ofício com zelo e dedicação as atribuições do cargo, observando as normas legais e regulamentares e justificando o processo de execução do serviço, bem como obedecendo aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, 1 Fundamentação legal: inciso LIV e inciso LV do art. 5º da Constituição Federal, art. 142 e art. 195 do Código Tributário Nacional. art. 6º da Lei nº 10.593, de 6 de dezembro de 2002, art. 9º, art. 10, art. 23 e 59 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, Decreto nº 6.104, de 30 de abril de 2007, art. 2º e art. 4º da Lei nº 9.784 de 29 de janeiro de 1999 e Súmulas CARF nºs 6, 8, 27 e 46. 2 Fundamentação legal: art. 179 da Constituição Federal, art. 2º da Lei nº 4.717, de 29 de junho de 1965, § 2º do art. 9º do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977 e Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996. 3 Fundamentação legal: art. 142 e art. 195 do Código Tributário Nacional, art. 6º da Lei nº 10.593, de 6 de dezembro de 2002, art. 10 e art. 59 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 e art. 2º e art. 4º da Lei nº 9.784 de 29 de janeiro de 1999. Fl. 76DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 31/10/2 014 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 30/10/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13921.000445/200813 Acórdão n.º 1803001.480 S1TE03 Fl. 77 10 contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. 4 Desse modo, não tem validade jurídica a alegação da Recorrente. A decisão de primeira instância está motivada de forma explícita, clara e congruente e da qual a pessoa jurídica foi regularmente cientificada. Ainda, na apreciação da prova, a autoridade julgadora formou livremente sua convicção, em conformidade do princípio da persuasão racional5. Assim, os Autos de Infração, fl. 2534 e o Acórdão da 3ª TURMA/DRJ/CTA/PR nº 0631.955, de 25.05.2011, fls. 4850, contêm todos os requisitos legais, o que lhes conferem existência, validade e eficácia. As formas instrumentais adequadas foram respeitadas, os documentos foram reunidos no processo, que estão instruídos com as provas produzidas por meios lícitos, em observância às garantias ao devido processo legal. O enfrentamento das questões na peça de defesa denota perfeita compreensão da descrição dos fatos e dos enquadramentos legais que ensejaram os procedimentos de ofício. A proposição afirmada pela defendente, desse modo, não tem cabimento. A Recorrente solicita a realização de todos os meios de prova. Sobre a matéria, vale esclarecer que no presente caso se aplicam as disposições do processo administrativo fiscal que estabelece que a peça de defesa deve ser formalizada por escrito incluindo todas as teses e instruída com os todos documentos em que se fundamentar, precluindo o direito de a Recorrente praticar este ato e apresentar novas razões em outro momento processual, salvo a ocorrência de quaisquer das circunstâncias ali previstas, tais como fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior, refirase a fato ou a direito superveniente ou se destine a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos6. Embora lhe fossem oferecidas várias oportunidades no curso do processo a Recorrente não apresentou a comprovação inequívoca de quaisquer inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e os erros de escrita ou de cálculo constantes nos dados informados à RFB ou ainda quaisquer fatos que tenham correlação com as situações excepcionadas pela legislação de regência, tampouco procurou de alguma forma evidenciar inequivocamente a liquidez e a certeza do valor de direito creditório pleiteado. A realização desses meios probantes é prescindível, uma vez que os elementos probatórios produzidos por meios lícitos constantes nos autos são suficientes para a solução do litígio. A justificativa arguida pela defendente, por essa razão, não se comprova. A Recorrente discorda do procedimento de ofício. No que se refere à possibilidade jurídica de aplicação de penalidade pecuniária por falta de cumprimento de obrigação acessória, temse que essa obrigação é um dever de fazer ou não fazer que decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos 4 Fundamentação legal: art. 116 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, art. 2º da Lei nº 9.784, de 21 de janeiro de 1999 e art. 37 da Constituição Federal. 5 Fundamentação legal: art. 29 do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972. 6 Fundamentação legal: art. 16 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 e art. 170 do Código Tributário Nacional. Fl. 77DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 31/10/2 014 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 30/10/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13921.000445/200813 Acórdão n.º 1803001.480 S1TE03 Fl. 78 11 tributos, e pelo simples fato da sua inobservância, convertese em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária. Essas obrigações formais de emissão de documentos contábeis e fiscais decorrem do dever de colaboração do sujeito passivo para com a fiscalização tributária no controle da arrecadação dos tributos (art. 113 do Código Tributário Nacional). Ademais, a imunidade tributária não afasta a obrigação do ente imune de cumprir as obrigações acessórias previstas na legislação tributária (art. 150 da Constituição Federal e art. 9º do Código Tributário Nacional). O Ministro da Fazenda pode instituir obrigações acessórias relativas a tributos federais, cuja competência foi delegada à Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) (art. 5º da DecretoLei nº 2.124, de 13 de junho de 1984, Portaria MF nº 118, de 28 de junho de 1984 e art. 16 da Lei n° 9.779, de 19 de janeiro de 1999). No exercício de sua competência regulamentar a RFB pode instituir obrigações acessórias, inclusive, forma, tempo, local e condições para o seu cumprimento, o respectivo responsável, bem como a penalidade aplicável no caso de descumprimento. A dosimetria da pena pecuniária prevista na legislação tributária deve ser observada pela autoridade fiscal, sob pena de responsabilidade funcional (parágrafo primeiro do art. 142 do Código Tributário Nacional). Além disso, os atos do processo administrativo dependem de forma determinada quando a lei expressamente a exigir (art. 22 da Lei nº 9.784, de 29 de dezembro de 1999). O documento que formalizála, comunicando a existência de crédito tributário, constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência do referido crédito. O adimplemento das obrigações tributárias principais confessadas em DCTF não tem força normativa para afastar a penalidade pecuniária decorrente da entrega em atraso ou a falta de apresentação da mesma DCTF. Ademais, a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato (art. 136 do Código Tributário Nacional). Regulando a matéria, a Lei nº 10.426, de 24 de abril de 2002, ordena: Art. 7º O sujeito passivo que deixar de apresentar Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica DIPJ, Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF, Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica, Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte DIRF e Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais Dacon, nos prazos fixados, ou que as apresentar com incorreções ou omissões, será intimado a apresentar declaração original, no caso de não apresentação, ou a prestar esclarecimentos, nos demais casos, no prazo estipulado pela Secretaria da Receita Federal SRF, e sujeitarseá às seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) I de dois por cento ao mêscalendário ou fração, incidente sobre o montante do imposto de renda da pessoa jurídica informado na DIPJ, ainda que integralmente pago, no caso de falta de entrega desta Declaração ou entrega após o prazo, limitada a vinte por cento, observado o disposto no § 3º; II de dois por cento ao mêscalendário ou fração, incidente sobre o montante dos tributos e contribuições informados na Fl. 78DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 31/10/2 014 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 30/10/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13921.000445/200813 Acórdão n.º 1803001.480 S1TE03 Fl. 79 12 DCTF, na Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica ou na Dirf, ainda que integralmente pago, no caso de falta de entrega destas Declarações ou entrega após o prazo, limitada a vinte por cento, observado o disposto no § 3º; III de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidente sobre o montante da Cofins, ou, na sua falta, da contribuição para o PIS/Pasep, informado no Dacon, ainda que integralmente pago, no caso de falta de entrega desta Declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo; e (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) IV de R$20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) § 1º Para efeito de aplicação das multas previstas nos incisos I, II e III do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo originalmente fixado para a entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, da lavratura do auto de infração. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) § 2º Observado o disposto no § 3º, as multas serão reduzidas: I à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; II a setenta e cinco por cento, se houver a apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3º A multa mínima a ser aplicada será de: (Vide Lei nº 11.727, de 2008) I R$200,00 (duzentos reais), tratandose de pessoa física, pessoa jurídica inativa e pessoa jurídica optante pelo regime de tributação previsto na Lei nº 9.317, de 1996; II R$500,00 ( quinhentos reais), nos demais casos. §4º Considerarseá não entregue a declaração que não atender às especificações técnicas estabelecidas pela Secretaria Receita Federal. §5º Na hipótese do § 4º, o sujeito passivo será intimado a apresentar nova declaração, no prazo de dez dias, contados da ciência à intimação, e sujeitarseá à multa prevista no inciso I do caput, observado o disposto nos §§ 1º a 3º. A tipicidade se encontra expressa na legislação de regência da matéria e por essa razão a autoridade fiscal não pode deixar de cumprir as estritas determinações legais literalmente, não podendo alterar a penalidade pecuniária. Desse modo, o sujeito passivo que deixar de apresentar a Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), nos prazos fixados pelas normas sujeitase às seguintes multas: Fl. 79DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 31/10/2 014 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 30/10/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13921.000445/200813 Acórdão n.º 1803001.480 S1TE03 Fl. 80 13 (a) de dois por cento ao mêscalendário ou fração, incidente sobre o montante dos tributos e contribuições informados na DCTF, ainda que integralmente pago, no caso de falta de entrega destas declarações ou entrega após o prazo, limitada a vinte por cento; (b) de R$20,00 (vinte reais) para cada grupo de dez informações incorretas ou omitidas. Para efeito de aplicação dessas multas, reputase como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo originalmente fixado para a entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, da lavratura do auto de infração. As multas serão reduzidas: (a) em 50% (cinqüenta por cento), quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; (b) em 25% (vinte e cinco por cento), se houver a apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. A multa mínima a ser aplicada deve ser: (a) R$200,00 (duzentos reais), tratandose de pessoa jurídica inativa; (b) R$500,00 ( quinhentos reais), nos demais casos7. Em relação à DCTF, cabe esclarecer que todas as pessoas jurídicas, inclusive as equiparadas, devem apresentála centralizada pela matriz, via internet: (a) para os anoscalendário de 1999 e 2004, trimestralmente, até o último dia útil da primeira quinzena do segundo mês subseqüente ao trimestre de ocorrência dos fatos geradores. (b) para os anoscalendário de 2005 a 2009: (b.1) semestralmente, sendo apresentada até o quinto dia útil do mês de outubro de cada anocalendário, no caso daquela relativa ao primeiro semestre e até o quinto dia útil do mês de abril de cada anocalendário, no caso daquela atinente ao segundo semestre do anocalendário anterior; (b.2) mensalmente, de acordo com o valor da receita bruta auferida pela pessoa jurídica, sendo apresentada até o quinto dia útil do segundo mês subseqüente ao mês de ocorrência dos fatos geradores; (c) a partir do anocalendário de 2010, mensalmente, com apresentação até o décimo quinto dia útil do segundo mês subsequente ao mês de ocorrência dos fatos geradores8. 7 Fundamentação legal: art. 113 e 138 do Código Tributário Nacional, art. 5º do Decretolei nº 2.124, de 13 de junho de 1984, Portaria MF nº 118, de 28 de junho de 1984, art. 16 da Lei n° 9.779, de 19 de janeiro de 1999,e art. 7º da Lei nº 10.426, de 24 de abril de 2002, alterada pela Lei nº 11.051, 29 de dezembro de 2004 e Súmulas CARF nºs 33 e 49. 8 Fundamentação legal: Instrução Normativa SRF nº 126, de 30 de outubro de 1998, Instrução Normativa SRF nº 255, de 11 de dezembro de 2002, Instrução Normativa SRF nº 583, de 20 de dezembro de 2005, Instrução Normativa SRF nº 695, de 14 de dezembro de 2006, Instrução Normativa RFB nº 786, de 19 de novembro de Fl. 80DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 31/10/2 014 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 30/10/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13921.000445/200813 Acórdão n.º 1803001.480 S1TE03 Fl. 81 14 Cabe esclarecer que o obrigação acessória é desvinculada da obrigação principal no sentido de que a obrigação tributária pode ser principal ou acessória. A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, convertese em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária9. Sobre os pagamentos que a Recorrente diz que extingue os tributos então confessados, temse que as obrigações acessórias decorrem diretamente da lei no interesse da administração tributária. É autônoma e sua observância independe da existência de obrigação principal correlata. Os deveres instrumentais previstos na legislação tributária ostentam caráter autônomo em relação à regra matriz de incidência do tributo, uma vez que vinculam inclusive as pessoas jurídicas que gozem de imunidade ou outro benefício fiscal. 10 Por essa razão o pagamento dos tributos devidos não têm força normativa de afastar a multa de ofício isolada aplicada em função da falta ou atraso na entrega da DCTF. Consta nas Descrições dos Fatos, fls. 2534, cujas informações estão comprovadas nos autos e cujos fundamentos cabem ser adotados de plano: Descrição dos Fatos : A falta da entrega da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF enseja a aplicação de multa no valor de R$500,00. Foi considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo originalmente fixado para a entrega da declaração e como termo final a data de lavratura deste Auto de Infração. No presente caso, restou comprovado que o lançamento fundamentase na aplicação da multa de ofício isolada por atraso na entrega em 02.09.2008 das Declarações de Débitos e Créditos Tributário Federais (DCTF): (a) do quarto trimestre do anocalendário de 2002, cujo prazo final era 14.02.2003; (b) do primeiro trimestre do anocalendário de 2003, cujo prazo final era 15.05.2003; (c) do segundo trimestre do anocalendário de 2003, cujo prazo final era 15.08.2003; (d) do terceiro trimestre do anocalendário de 2003, cujo prazo final era 14.11.2003; (e) do quarto trimestre do anocalendário de 2003, cujo prazo final era 13.02.2004; 2007, Instrução Normativa RFB nº 903, de 30 de dezembro de 2008, Instrução Normativa RFB nº 974, de 27 de novembro de 2009 e Instrução Normativa RFB nº 1.110, de 24 de dezembro de 2010. 9 Fundamentação legal: art. 113 do Código Tributário Nacional. 10 Fundamentação legal: art. 175 e art. 194 do Código Tributário Nacional. Fl. 81DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 31/10/2 014 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 30/10/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13921.000445/200813 Acórdão n.º 1803001.480 S1TE03 Fl. 82 15 (f) do primeiro trimestre do anocalendário de 2004, cujo prazo final era 14.05.2004; (g) do segundo trimestre do anocalendário de 2004, cujo prazo final era 18.08.2004; (h) do terceiro trimestre do anocalendário de 2004, cujo prazo final era 12.11.2004; e (i) de quarto trimestre do anocalendário de 2004, cujo prazo final era 18.02.2005. Não há previsão legal para redução das penalidades pecuniárias aplicadas. A aplicação da multa de ofício isolada foi de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidente sobre o montante de tributo a pagar, como se verifica no caso concreto. Além disso, a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato e por essa razão a alegação de boafé não pode ser oposta à Fazenda Nacional, nos termos do art. 136 do Código Tributário Nacional. Todavia, há uma peculiaridade no presente caso que deve ser analisada. A Recorrente optante pelo Sistema Integrado de Pagamentos de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte – Simples, que não está obrigada à entrega da DCTF nessa circunstância11, foi excluída de ofício pelo Ato Declaratório Executivo DRF/CVL nº 536.716, de 04.08.2004, com efeitos a partir de 01.01.2002, formalizado no processo nº 13921.000179/200497, que se encontra no Arquivo da ARF Francisco Beltrão/PR desde 04.05.2011(inciso IX do art. 9º da Lei nº 9.317, de 05 de dezembro de 1996) 12. O tratamento diferenciado, simplificado e favorecido denominado Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte (Simples) é mensal e uma opção do sujeito passivo para todo anocalendário, desde que observados os requisitos legais, devendo ser manifestada mediante a alteração cadastral no prazo previsto em lei. A opção pelo Simples é um direito da pessoa jurídica que preenche todos os requisitos legais e que não incorra em circunstância objeto de vedação por expressa previsão legal. O pressuposto é de que os motivos que impedem sua adesão ou permanência no regime sejam dela conhecidas. A exclusão de ofício darseá mediante ato declaratório da autoridade fiscal da RFB que jurisdicione a pessoa jurídica optante, assegurado o contraditório e a ampla defesa, observada a legislação relativa ao processo tributário administrativo. A manifestação unilateral da RFB deve ser formalizada por ato administrativo, como uma espécie de ato jurídico, deve estar revestido dos atributos que lhe conferem a presunção de legitimidade, a 11 Fundamentação legal: Instrução Normativa SRF nº 126, de 30 de outubro de 1998, Instrução Normativa SRF nº 255, de 11 de dezembro de 2002, Instrução Normativa SRF nº 583, de 20 de dezembro de 2005, Instrução Normativa SRF nº 695, de 14 de dezembro de 2006, Instrução Normativa RFB nº 786, de 19 de novembro de 2007, Instrução Normativa RFB nº 903, de 30 de dezembro de 2008, Instrução Normativa RFB nº 974, de 27 de novembro de 2009 e Instrução Normativa RFB nº 1.110, de 24 de dezembro de 2010. 12 Disponível em: <http://comprot.fazenda.gov.br/e gov/PvC_Mov_Consulta_Movimentos.asp?processoQ=13921000179200497&DDMovimentoQ=04052011&SQO rdemQ=0>. Acesso em: 30.12.2011. Fl. 82DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 31/10/2 014 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 30/10/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13921.000445/200813 Acórdão n.º 1803001.480 S1TE03 Fl. 83 16 imperatividade e a autoexecutoriedade, ou seja, para que produza efeitos que vinculem o administrado deve ser emitido (a) por agente competente que o pratica dentro das suas atribuições legais, (b) com as formalidades indispensáveis à sua existência, (c) com objeto, cujo resultado está previsto em lei, (d) com os motivos, cuja matéria de fato ou de direito seja juridicamente adequada ao resultado obtido e (e) com a finalidade visando o propósito previsto na regra de competência do agente. Tratandose de ato vinculado, a Administração Pública tem o dever de motiválo no sentido de evidenciar sua expedição com os requisitos legais que constituem pressupostos essenciais de sua existência e de sua validade13. O pressuposto é de que não pode optar pelo Simples, a pessoa jurídica, cujo titular ou sócio participe com mais de 10% (dez por cento) do capital de outra empresa, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite legal14. O limite legal que se impõe no período de 01.01.1997 a 31.12.1998, é que na condição de empresa de pequeno porte, tenha auferido, no anocalendário imediatamente anterior ao da opção, receita bruta superior a R$720.000,00 e no início de atividade o valor de R$60.000,00 multiplicados pelo número de meses de funcionamento naquele período, desconsideradas as frações de meses. No período de 01.01.1999 a 31.12.2005, tenha auferido receita bruta superior a R$1.200.000,00 e no início de atividade o valor de R$100.000,00 multiplicados pelo número de meses de funcionamento. A partir de 01.01.2006 tenha auferido receita bruta superior a R$2.400.000,00 e no início de atividade o valor de R$200.000,00 multiplicados pelo número de meses de funcionamento15. A norma trata o ato da exclusão do Simples como declaratório de uma circunstância impeditiva preexistente expressamente prevista em lei, permitindo a retroação de seus efeitos, independentemente se efetuado por comunicação da pessoa jurídica ou de ofício. Tendo em vista a falta do procedimento voluntário, a exclusão de ofício deve ser efetivada por ato declaratório da autoridade fiscal que jurisdicione o sujeito passivo, assegurado o contraditório e a ampla defesa, observada a legislação relativa ao processo administrativo fiscal. No caso da pessoa jurídica que fez opção pelo Simples até 31.12.2001, os efeitos da exclusão dáse a partir de 01.01.2002, no caso de a situação excludente tiver ocorrido até 31.12.2001 e a exclusão for efetuada a partir de 2002. A partir da data dos efeitos do ato, a pessoa jurídica fica sujeita às demais normas de tributação. Este é o entendimento constante na decisão definitiva de mérito proferida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) no Recurso Especial Repetitivo nº 1124507/MG16, cujo trânsito em julgado ocorreu em 16.06.2010 e que deve ser reproduzido pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF17. 13 Fundamentação legal: art. 179 da Constituição Federal, art. 2º da Lei nº 4.717, de 29 de junho de 1965, § 2º do art. 9º do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977 e Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996. 14 Fundamentação legal: art. 9º da Lei nº 9.317, de 05 de dezembro de 1996. 15 Fundamentação legal: Lei nº 5.194, 24 de dezembro de 1996, art. 2º e art. 9º da Lei nº 9.317, de 05 de dezembro de 1996, Lei nº 9.779, de 19 de janeiro de 1999 e Lei nº 11.307, de 19 de maio de 2006. 16 BRASIL.Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial Repetitivo nº 1124507/MG. Ministro Relator: Benedito Gonçalves, Primeira Seção, Brasília, DF, 28 de abril de 2010. Disponível em: <https://ww2.stj.jus.br/revistaeletronica/Abre_Documento.asp?sLink=ATC&sSeq=9771400&sReg=20090029627 7&sData=20100506&sTipo=5&formato=PDF>. Acesso em: 31 ago.2011. 17 Fundamentação legal: art. 12, art. 13, art. 14, art. 15 e art. 16 da Lei nº 9.317, de 05 de dezembro de 1996 e Súmula CARF nº 56. Fl. 83DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 31/10/2 014 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 30/10/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13921.000445/200813 Acórdão n.º 1803001.480 S1TE03 Fl. 84 17 Está registrado como ementa do Acórdão da 3ª TE/3º Conselho de Contribuintes nº 39100.012, de 23.09.2008, proferido no processo nº 13921.000179/200497, que trata da exclusão do Simples 18: ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES ANOCALENDÁRIO: 2002 SIMPLES. EXCLUSÃO. PARTICIPAÇÃO DE SÓCIO EM OUTRA EMPRESA. EFEITOS. Não poderá optar pelo Simples, a pessoa jurídica cujo titular ou sócio participe com mais de 10% do capital de outra empresa, quando a receita bruta global ultrapassa o limite legalmente estabelecido. A exclusão de oficio surte efeito a partir do mês subseqüente ao que for incorrida a situação excludente, ficando a pessoa jurídica excluída sujeita às normas aplicáveis às demais pessoas jurídicas. RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da Primeira Turma Especial do Terceiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. Consta no Voto Condutor: Quanto ao enquadramento da pessoa jurídica na vedação do inciso IX do art. 90 da Lei n° 9.317/1996, a Recorrente não trouxe aos autos nenhum documento adicional que comprovasse sua alegação de que o sócio Jarton Fernando Sartoretto, CPF 806.410.75987, detivesse somente 5% do capital social da pessoa jurídica J. Sartoretto Cia. Ltda. Conforme se verifica de informação constante do cadastro fornecida à Receita Federal pelo próprio contribuinte (fl. 27), a participação do sócio na referida sociedade é de 95%. Em relação à receita bruta global das sociedades envolvidas, de acordo com informações declaradas pelo próprio contribuinte, constantes dos sistemas da Receita Federal (fls. 28 e 29), o somatório das receitas brutas auferidas em 2000 por ambas as pessoas jurídicas ultrapassa o limite legal (Lei n° 9.317/1996, art. 2°, inciso II). Sobre a situação fática, conforme consta na peça de defesa de fls. 1425, tem se que “ainda, se a pretensão da Empresa Recorrente não for acolhida, requer seja a mesma tributada somente a partir do mês subseqüente a ciência da ocorrência da situação excludente”. 18 Disponível em: <http://carf.fazenda.gov.br/sincon/public/pages/ConsultarJurisprudencia/listaJurisprudenciaCarf.jsf>. Acesso em: 30 dez.2011. Fl. 84DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 31/10/2 014 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 30/10/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13921.000445/200813 Acórdão n.º 1803001.480 S1TE03 Fl. 85 18 Esse é o entendimento que deve prevalecer no presente caso, tãosomente, para os efeitos de exigência do cumprimento da obrigação acessória referente à apresentação da DCTF, já que segundo o inciso II do art. 15 da Lei nº 9.317, de 05 de dezembro de 1996, a exclusão do Simples somente surte efeitos partir do mês subseqüente ao que for incorrida a situação excludente. Assim sendo, considerando que de exclusão foi expedido em agosto de 2004 e a Recorrente teve ciência ao seu conteúdo em setembro de 2004, somente a partir de outubro de 2004 é que ela estaria obrigada ao cumprimento de qualquer obrigação acessória dali decorrente. A inferência denotada pela defendente, nesse caso, não é acertada em parte de modo que se deve excluir a aplicação das multas ofício isoladas relativas ao quarto trimestre do anocalendário de 2002, o primeiro, segundo, terceiro quarto trimestres do anocalendário de 2003 e primeiro e segundo trimestres do anocalendário de 2004. No que concerne à interpretação da legislação e aos entendimentos doutrinários e jurisprudenciais indicados pela Recorrente, cabe esclarecer que somente devem ser observados os atos para os quais a lei atribua eficácia normativa, o que não se aplica ao presente caso19. A alegação relatada pela defendente, consequentemente, não está justificada. Atinente aos princípios constitucionais que a Recorrente aduz que supostamente foram violados, cabe ressaltar que o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária, uma vez que no âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade20. Temse que nos estritos termos legais o procedimento fiscal está correto, conforme o princípio da legalidade a que o agente público está vinculado (art. 37 da Constituição Federal, art. 116 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, art. 2º da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, art. 26A do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972 e art. 41 do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de julho de 2009). A proposição afirmada pela defendente, desse modo, não tem cabimento. Em assim sucedendo, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário para excluir a aplicação das multas ofício isoladas relativas ao quarto trimestre do ano calendário de 2002, o primeiro, segundo, terceiro quarto trimestres do anocalendário de 2003 e primeiro e segundo trimestres do anocalendário de 2004. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva 19 Fundamentação legal: art. 100 do Código Tributário Nacional e art. 26A do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. 20 Fundamentação legal: art. 26A do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 e Súmula CARF nº 2. Fl. 85DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 31/10/2 014 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 30/10/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13921.000445/200813 Acórdão n.º 1803001.480 S1TE03 Fl. 86 19 Fl. 86DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 31/10/2 014 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 30/10/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA
score : 1.0
Numero do processo: 11330.001062/2007-06
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 05 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Nov 26 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/1995 a 31/05/2001
DECADÊNCIA. PRAZO DE CINCO ANOS. DISCUSSÃO DO DIES A QUO NO CASO CONCRETO. APLICAÇÃO DO ENUNCIADO DA SÚMULA CARF N. 99.
De acordo com a Súmula Vinculante nº 08, do STF, os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991 são inconstitucionais, devendo prevalecer, no que tange à decadência e prescrição, as disposições do Código Tributário Nacional (CTN). O prazo decadencial, portanto, é de cinco anos. O dies a quo do referido prazo é, em regra, aquele estabelecido no art. 173, inciso I do CTN (primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado), mas a regra estipulativa deste é deslocada para o art. 150, §4º do CTN (data do fato gerador) para os casos de lançamento por homologação nos quais haja pagamento antecipado em relação aos fatos geradores considerados no lançamento. Constatando-se dolo, fraude ou simulação, a regra decadencial é reenviada para o art. 173, inciso I do CTN. No caso, verificou-se que há demonstração pela autuada de recolhimento [fl. 120], logo, devendo ser aplicada à regra disposta no art. 150, §4º, CTN.
O enunciado Súmula CARF nº 99 prevê que: Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração.
REFISCALIZAÇÃO. NECESSIDADE DE APONTAR OS PRESSUPOSTOS FÁTICOS E JURÍDICOS EXIGIDOS PELO ART. 149 DO CTN.
A revisão de lançamento fiscal somente poderá ser levada a efeito quando devidamente enquadrada no artigo 149, e incisos, do CTN, impondo, ainda, ao fiscal autuante a devida comprovação da ocorrência de uma ou mais hipóteses permissivas constantes daquele dispositivo legal, em observância à segurança jurídica dos atos administrativos, bem como à ampla defesa e contraditório do contribuinte, sob pena de improcedência da autuação.
Numero da decisão: 2301-004.213
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, I) Por unanimidade de votos: a) em dar provimento parcial ao recurso, nas preliminares, para excluir do lançamento, devido à regra decadencial expressa no § 4º, Art. 150 do CTN, as contribuições apuradas até a competência 04/2000, anteriores a 05/2000, nos termos do voto do(a) Relator (a); b) em dar provimento ao recurso, no mérito, devido à ausência de subsunção às determinações do Art. 149 do CTN ao caso concreto, nos termos do voto do Relator.
MARCELO OLIVEIRA - Presidente.
MANOEL COELHO ARRUDA JÚNIOR - Relator.
EDITADO EM: 11/11/2014
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCELO OLIVEIRA (Presidente), ADRIANO GONZALES SILVERIO, DANIEL MELO MENDES BEZERRA, CLEBERSON ALEX FRIESS, NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR.
Nome do relator: MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201411
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/1995 a 31/05/2001 DECADÊNCIA. PRAZO DE CINCO ANOS. DISCUSSÃO DO DIES A QUO NO CASO CONCRETO. APLICAÇÃO DO ENUNCIADO DA SÚMULA CARF N. 99. De acordo com a Súmula Vinculante nº 08, do STF, os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991 são inconstitucionais, devendo prevalecer, no que tange à decadência e prescrição, as disposições do Código Tributário Nacional (CTN). O prazo decadencial, portanto, é de cinco anos. O dies a quo do referido prazo é, em regra, aquele estabelecido no art. 173, inciso I do CTN (primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado), mas a regra estipulativa deste é deslocada para o art. 150, §4º do CTN (data do fato gerador) para os casos de lançamento por homologação nos quais haja pagamento antecipado em relação aos fatos geradores considerados no lançamento. Constatando-se dolo, fraude ou simulação, a regra decadencial é reenviada para o art. 173, inciso I do CTN. No caso, verificou-se que há demonstração pela autuada de recolhimento [fl. 120], logo, devendo ser aplicada à regra disposta no art. 150, §4º, CTN. O enunciado Súmula CARF nº 99 prevê que: Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. REFISCALIZAÇÃO. NECESSIDADE DE APONTAR OS PRESSUPOSTOS FÁTICOS E JURÍDICOS EXIGIDOS PELO ART. 149 DO CTN. A revisão de lançamento fiscal somente poderá ser levada a efeito quando devidamente enquadrada no artigo 149, e incisos, do CTN, impondo, ainda, ao fiscal autuante a devida comprovação da ocorrência de uma ou mais hipóteses permissivas constantes daquele dispositivo legal, em observância à segurança jurídica dos atos administrativos, bem como à ampla defesa e contraditório do contribuinte, sob pena de improcedência da autuação.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Nov 26 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 11330.001062/2007-06
anomes_publicacao_s : 201411
conteudo_id_s : 5401435
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Nov 26 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 2301-004.213
nome_arquivo_s : Decisao_11330001062200706.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR
nome_arquivo_pdf_s : 11330001062200706_5401435.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, I) Por unanimidade de votos: a) em dar provimento parcial ao recurso, nas preliminares, para excluir do lançamento, devido à regra decadencial expressa no § 4º, Art. 150 do CTN, as contribuições apuradas até a competência 04/2000, anteriores a 05/2000, nos termos do voto do(a) Relator (a); b) em dar provimento ao recurso, no mérito, devido à ausência de subsunção às determinações do Art. 149 do CTN ao caso concreto, nos termos do voto do Relator. MARCELO OLIVEIRA - Presidente. MANOEL COELHO ARRUDA JÚNIOR - Relator. EDITADO EM: 11/11/2014 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCELO OLIVEIRA (Presidente), ADRIANO GONZALES SILVERIO, DANIEL MELO MENDES BEZERRA, CLEBERSON ALEX FRIESS, NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR.
dt_sessao_tdt : Wed Nov 05 00:00:00 UTC 2014
id : 5735476
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:32:23 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047250801786880
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 14; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2539; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C3T1 Fl. 596 1 595 S2C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11330.001062/200706 Recurso nº 99.999 Voluntário Acórdão nº 2301004.213 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 05 de novembro de 2014 Matéria Refiscalização Recorrente LENTZ S/A INDUSTTRIA E COMERCIO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/1995 a 31/05/2001 DECADÊNCIA. PRAZO DE CINCO ANOS. DISCUSSÃO DO DIES A QUO NO CASO CONCRETO. APLICAÇÃO DO ENUNCIADO DA SÚMULA CARF N. 99. De acordo com a Súmula Vinculante nº 08, do STF, os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991 são inconstitucionais, devendo prevalecer, no que tange à decadência e prescrição, as disposições do Código Tributário Nacional (CTN). O prazo decadencial, portanto, é de cinco anos. O dies a quo do referido prazo é, em regra, aquele estabelecido no art. 173, inciso I do CTN (primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado), mas a regra estipulativa deste é deslocada para o art. 150, §4º do CTN (data do fato gerador) para os casos de lançamento por homologação nos quais haja pagamento antecipado em relação aos fatos geradores considerados no lançamento. Constatandose dolo, fraude ou simulação, a regra decadencial é reenviada para o art. 173, inciso I do CTN. No caso, verificouse que há demonstração pela autuada de recolhimento [fl. 120], logo, devendo ser aplicada à regra disposta no art. 150, §4º, CTN. O enunciado Súmula CARF nº 99 prevê que: Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. REFISCALIZAÇÃO. NECESSIDADE DE APONTAR OS PRESSUPOSTOS FÁTICOS E JURÍDICOS EXIGIDOS PELO ART. 149 DO CTN. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 33 0. 00 10 62 /2 00 7- 06 Fl. 596DF CARF MF Impresso em 26/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/11/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 19/ 11/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por MARCELO OLIVEIRA 2 A revisão de lançamento fiscal somente poderá ser levada a efeito quando devidamente enquadrada no artigo 149, e incisos, do CTN, impondo, ainda, ao fiscal autuante a devida comprovação da ocorrência de uma ou mais hipóteses permissivas constantes daquele dispositivo legal, em observância à segurança jurídica dos atos administrativos, bem como à ampla defesa e contraditório do contribuinte, sob pena de improcedência da autuação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, I) Por unanimidade de votos: a) em dar provimento parcial ao recurso, nas preliminares, para excluir do lançamento, devido à regra decadencial expressa no § 4º, Art. 150 do CTN, as contribuições apuradas até a competência 04/2000, anteriores a 05/2000, nos termos do voto do(a) Relator (a); b) em dar provimento ao recurso, no mérito, devido à ausência de subsunção às determinações do Art. 149 do CTN ao caso concreto, nos termos do voto do Relator. MARCELO OLIVEIRA Presidente. MANOEL COELHO ARRUDA JÚNIOR Relator. EDITADO EM: 11/11/2014 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCELO OLIVEIRA (Presidente), ADRIANO GONZALES SILVERIO, DANIEL MELO MENDES BEZERRA, CLEBERSON ALEX FRIESS, NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR. Relatório Tratase de Notificação Fiscal de Lançamento de Débito NFLD constituída em face da empresa LENTZ S/A INDÚSTRIA E COMÉRCIO, decorrente de ação de Revisão de Procedimentos Fiscais efetuada na empresa em epígrafe, em conformidade com o artigo 149 da Lei 5.172, de 25/10/1966, referente ao período de 01/1994 a 05/2001, em estrito cumprimento ao MemorandoCircularINSS/DIREP/CGFISC/DIPROF n° 68/2004. Conforme Relatório Fiscal da NFLD, de fls. 121/133, a referida ação fiscal teve como objetivo motivador a existência de divergências significativas, após cruzamento de dados, entre as contribuições destinadas à Seguridade Social recolhidas espontaneamente pelo contribuinte e/ou lançados em créditos constituídos de ofício anteriormente, e as contribuições apuradas no sistema informatizado DATAPREV/CNIS, do Instituto Nacional do Seguro Social INSS, no qual constam as informações relativas às remunerações pagas aos segurados Fl. 597DF CARF MF Impresso em 26/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/11/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 19/ 11/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 11330.001062/200706 Acórdão n.º 2301004.213 S2C3T1 Fl. 597 3 empregados, declaradas pelo contribuinte nos Relatórios Anuais de Informações Sociais RAIS. Após ter sido formalmente intimado a disponibilizar toda a documentação necessária à fiscalização, através dos Termos de Intimação para Apresentação (TIAD), de fls. 114/119, o sujeito passivo deixou de apresentar diversos documentos, a saber: · . Livros Diário e Livros Razão, relativos ao período de 01/ 1994 a 12/1999; · Folhas de pagamentos de salários do período de O1/ 1994 a 12/ 1999; · Termos de Rescisão dos contratos de trabalho, avisos e recibos de férias, processos trabalhistas, dentre outros documentos relacionados às contribuições previdenciárias, referente a todo o período fiscalizado, de 01/ 1994 a 05/2001. No período de 01/1995 a 12/1998, em razão da inexistência da documentação necessária, com fulcro no artigo 33, parágrafos 2°, 3° e 6° da Lei 8.212/91, os salários de contribuição dos segurados empregados foram obtidos mediante procedimento de aferição indireta, tendo como base as informações prestadas pelo próprio contribuinte nos Relatórios Anuais de Informações Sociais RAIS, constantes no sistema informatizado do INSS, qual seja, DATAPREV/CNIS. As informações obtidas acima foram ainda cotejadas com as bases de cálculo do FGTS, obtidas pelo resultado matemático resultante da divisão do recolhimento efetivamente efetuado ao fundo pelo sujeito passivo, em cada competência, por 0,08 (alíquota do FGTS dividida por 100), fato este que confirmou, segundo a fiscalização, a coerência entre as bases de cálculo da RAIS e do FGTS: No período de 01/1999 a 12/1999, excetuandose a competência 08/1999, as bases de cálculo foram apuradas com base nas informações constantes em Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social GFIP. A base de cálculo da competência 08/1999 foi obtida com base no recolhimento efetuado ao FGTS, consoante cálculo já demonstrado, em face da incoerência entre as informações constantes em GFIP e os referidos depósitos efetuados ao fundo pela empresa. No período de 05/1996 a 12/2000, os salários de contribuição dos diretores foram aferidos tendo como base os lançamentos contábeis efetivamente escriturados no Livro Razão de 2001, apresentado pela empresa, uma vez que não foram prestadas quaisquer informações acerca dos honorários pagos no referido período. No período de 01/2001 a 05/2001, os salários de contribuição referentes aos honorários pagos ou devidos aos diretores foram Fl. 598DF CARF MF Impresso em 26/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/11/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 19/ 11/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por MARCELO OLIVEIRA 4 apurados com base nos lançamentos contábeis escriturados no Livro Razão. No período de 01/2001 a 05/2001, as remunerações dos segurados empregados foram apuradas diretamente através das folhas de pagamentos apresentadas pelo contribuinte. Por se tratar de apuração por aferição indireta, as contribuições dos segurados, não descontadas e não recolhidas, foram obtidas através da aplicação da alíquota mínima, de cada período, aplicada sobre o salário de contribuição aferido indiretamente. Inconformado, em 17/O5/2005, o sujeito passivo apresentou, tempestivamente, peça impugnatória, de fls. 272/298, alegando, em síntese, as questões abaixo descritas: (i) Que os valores supostamente não recolhidos, referentes aos fatos geradores ocorridos no período de 01/1994 a 05/2000, não mais poderiam ser utilizados para a cobrança da contribuição em questão, tendo em vista a ocorrência da decadência do direito de fazer o lançamento tributário, conforme artigo 173, inciso I, do CTN; (ii) Que a cobrança da contribuição destinada ao INCRA é ilegal, porquanto somente deve ser exigida das empresas que atuam em atividades rurais, sendo inexigíveis daquelas que exercem atividades urbanas, como é o caso da impugnante; Ademais, o Sujeito Passivo aditou sua peça impugnatória, tendo sido, ato contínuo, promovida 02 [duas] diligências. O resultado ou as informações fiscais decorrentes foram cientificados ao ora Recorrente. Em 29 de setembro de 2007, a 12ª Turma da DRJ/RJOI prolatou Acórdão [fls. 201 e ss] que julgou procedente em parte o lançamento: CONSTITUCIONALIDADE DE LEIS. INCOMPETÊNCIA DO FORO ADMINISTRATIVO. DILACÃO DE PRAZO PARA INSTRUÇÃO PROBATÓRIA. PEDIDO DE PERÍCIA. NATUREZA JURÍDICA TRIBUTÁRIA DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. AFERIÇÃO INDIRETA. ÔNUS DA PROVA. INFORMAÇÕES DE RAIS. RETIFICAÇÃO DE DÉBITO. O foro administrativo é inapropriado para as discussões relativas à inconstitucionalidade ou ilegalidade de Leis ou atos normativos, Sendo defeso à autoridade administrativa afastar a aplicação de nonnas que gozem de plena eficácia. É defeso à autoridade julgadora conceder ou dilatar os prazos processuais, salvo nos casos expressamente previstos na legislação. Fl. 599DF CARF MF Impresso em 26/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/11/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 19/ 11/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 11330.001062/200706 Acórdão n.º 2301004.213 S2C3T1 Fl. 598 5 A perícia somente se presta para esclarecer fatos que demandem conhecimento técnico ou científico específicos, sendo prescindível quando tais questões puderem ser solucionadas sem a necessidade de experts na matéria sobre a qual reside determinada controvérsia. Por força da Constituição Federal, as contribuições sociais possuem natureza tributária, e estão jungidas aos preceitos estatuídos pelo CTN. Diante das Situações fáticas que justifiquem o arbitramento das bases de cálculo, a autoridade fiscal deverá lançar de oficio a importância do tributo que reputar devida, através de critérios razoáveis, cabendo ao sujeito passivo notificado o ônus da contraprova, ou prova em contrário. Inexistindo outros elementos que possibilitem uma maior exatidão na apuração das bases de cálculo arbitradas, a adoção das informações contidas em RAIS é perfeitamente possível, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário. Constatada a apropriação incorreta de guia de recolhimento, a autoridade julgadora deverá levar a efeito a devida retificação do crédito tributário. Lançamento Procedente em Parte Intimado do decisum [10/06/2008 – fls. 544], o Sujeito Passivo interpôs tempestivamente Recurso Voluntário, em 09/07/2008, tendo reiterado os argumentos da impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Manoel Coelho Arruda Júnior Relator Cumprido o requisito de admissibilidade, frente à tempestividade, conheço do recurso e passo ao seu exame. I DECADÊNCIA Nas sessões plenárias dos dias 11 e 12/06/2008, respectivamente, o Supremo Tribunal Federal STF, por unanimidade, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/91 e editou a Súmula Vinculante n° 08. ‘In verbis’: Parte final do voto proferido pelo Exmo Senhor Ministro Gilmar Mendes, Relator: Resultam inconstitucionais, portanto, os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/91 e o parágrafo único do art.5º do Decretolei n° Fl. 600DF CARF MF Impresso em 26/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/11/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 19/ 11/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por MARCELO OLIVEIRA 6 1.569/77, que versando sobre normas gerais de Direito Tributário, invadiram conteúdo material sob a reserva constitucional de lei complementar. Sendo inconstitucionais os dispositivos, mantémse hígida a legislação anterior, com seus prazos qüinqüenais de prescrição e decadência e regras de fluência, que não acolhem a hipótese de suspensão da prescrição durante o arquivamento administrativo das execuções de pequeno valor, o que equivale a assentar que, como os demais tributos, as contribuições de Seguridade Social sujeitamse, entre outros, aos artigos 150, § 4º, 173 e 174 do CTN. Diante do exposto, conheço dos Recursos Extraordinários e lhes nego provimento, para confirmar a proclamada inconstitucionalidade dos arts. 45 e 46 da Lei 8.212/91, por violação do art. 146, III, b, da Constituição, e do parágrafo único do art. 5º do Decretolei n° 1.569/77, frente ao § 1º do art. 18 da Constituição de 1967, com a redação dada pela Emenda Constitucional 01/69. É como voto. Súmula Vinculante n° 08: “São inconstitucionais os parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário”. Os efeitos da Súmula Vinculante são previstos no artigo 103A da Constituição Federal, regulamentado pela Lei n° 11.417, de 19/12/2006, in verbis: Art. 103A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004). Lei n° 11.417, de 19/12/2006: Regulamenta o art. 103A da Constituição Federal e altera a Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, disciplinando a edição, a revisão e o cancelamento de enunciado de súmula vinculante pelo Supremo Tribunal Federal, e dá outras providências. ... Art. 2o O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, editar enunciado de súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração Fl. 601DF CARF MF Impresso em 26/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/11/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 19/ 11/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 11330.001062/200706 Acórdão n.º 2301004.213 S2C3T1 Fl. 599 7 pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma prevista nesta Lei. § 1o O enunciado da súmula terá por objeto a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja, entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública, controvérsia atual que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre idêntica questão. Assim, a partir da publicação, que se deu em 20/06/2008, todos os órgãos judiciais e administrativos ficam obrigados a acatarem a Súmula Vinculante. Afastado por inconstitucionalidade o artigo 45 da Lei n° 8.212/91, resta verificar qual regra de decadência prevista no Código Tributário Nacional CTN se aplica ao caso concreto. Ocorre que este Código prevê a aplicação de duas regras, aparentemente conflitantes, tomando a primeira como termo inicial o pagamento indevido (art. 150, §4º), e a segunda o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido realizado (art. 173, I). Cumpre transcrever os referidos dispositivos legais: Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. (...). § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Harmonizando as normas acima transcritas, o Superior Tribunal de Justiça esclareceu a aplicação do art. 173 para os casos em que o tributo sujeitarse a lançamento por homologação: 1) Quando não tiver havido pagamento antecipado; 2) Quando tiver ocorrido dolo, fraude ou simulação; 3) Quando não tiver havido declaração prévia do débito. Fl. 602DF CARF MF Impresso em 26/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/11/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 19/ 11/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por MARCELO OLIVEIRA 8 Cumpre transcrever o acórdão prolatado em sede de Recurso Especial representativo da controvérsia: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs.91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). Fl. 603DF CARF MF Impresso em 26/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/11/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 19/ 11/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 11330.001062/200706 Acórdão n.º 2301004.213 S2C3T1 Fl. 600 9 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (REsp 973733/SC, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 12/08/2009, DJe 18/09/2009). No voto lavrado no referido REsp 973.733/SC, foi transcrito entendimento firmado em outros julgamento (REsp 766.050∕PR, Rel. Ministro Luiz Fux, DJ 25.02.2008), que limitam a aplicação do art. 150, §4º do CTN às hipóteses que tratam de tributo sujeito a lançamento por homologação, “quando ocorrer pagamento antecipado inferior ao efetivamente devido, sem que o contribuinte tenha incorrido em fraude, dolo ou simulação, nem sido notificado pelo Fisco de quaisquer medidas preparatórias” . No caso, há demonstração de recolhimento as folhas 120. Deste modo, considerando que a ciência do lançamento ocorreu em 02/05/2005, consideramse fulminadas pela decadência as competências até 04/2000, nos termos do artigo 150, §4º, do CTN. II REFISCALIZAÇÃO. NECESSIDADE DE APONTAR OS PRESSUPOSTOS FÁTICOS E JURÍDICOS EXIGIDOS PELO ART. 149 DO CTN Discutese as chamadas refiscalizações, lançamentos substitutos ou lançamentos complementares, ou seja, lançamentos realizados em mesmo período e relativo a idênticos fatos geradores que outro já cientificado ao sujeito passivo. Alega a empresa, em forma de preliminar, a nulidade da NFLD tendo em vista a ausência de motivação quanto à revisão do lançamento efetuado em ação fiscal anterior, o que acredito, faz com razão. Sem embargos, a questão pertinente à revisão do lançamento, deve ser encarada a partir da leitura atenta do art. 145 do CTN, que consagra, como regra, a imutabilidade do acertamento, assim prescrevendo: “Art. 145 O lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo só pode ser alterado em virtude de: I impugnação do sujeito passivo; II recurso de ofício; Fl. 604DF CARF MF Impresso em 26/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/11/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 19/ 11/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por MARCELO OLIVEIRA 10 III iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos casos previstos no art. 149.” Notase do dispositivo codificado que uma vez regularmente notificado o sujeito passivo, o lançamento tornase definitivo, apto a produzir todos os efeitos que dele se espera, podendo, entretanto, ser alterado (fazendo uso do termo legal) somente nas hipóteses excepcionais arroladas nos seus incisos. Alheios às previsões do inciso I e II, cuja análise fugiria a aplicação a este caso em concreto, o inciso III encimado, prevê a possibilidade de revisão do lançamento por iniciativa da própria administração fiscal, submetendoa, todavia, as diretrizes traçadas no art. 149 do Códex. Assim é que a modificação de um lançamento efetuado, ou a refiscalização de um mesmo fato, gerando um lançamento de ofício, somente há de ser promovida nos casos autorizados pelo CTN. Para melhor análise, calha trazer a colação o art. 149 do Código Tributário Nacional, que assim giza: “Art. 149 O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos: I quando a lei assim o determine; II quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no prazo e na forma da legislação tributária; III quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado declaração nos termos do inciso anterior, deixe de atender, no prazo e na forma da legislação tributária, a pedido de esclarecimento formulado pela autoridade administrativa, recusese a prestálo ou não o preste satisfatoriamente, a juízo daquela autoridade; IV quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer elemento definido na legislação tributária como sendo de declaração obrigatória; V quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente obrigada, no exercício da atividade a que se refere o artigo seguinte; VI quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou de terceiro legalmente obrigado, que dê lugar à aplicação de penalidade pecuniária; VII quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação; VIII quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por ocasião do lançamento anterior: IX quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreu fraude ou falta funcional da autoridade que o efetuo, ou omissão, pela mesma autoridade, de ato ou formalidade essencial” [Grifo nosso] Fl. 605DF CARF MF Impresso em 26/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/11/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 19/ 11/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 11330.001062/200706 Acórdão n.º 2301004.213 S2C3T1 Fl. 601 11 O lançamento, portanto, pode ser revisto exofficio, condicionandose a necessidade da administração fiscal comprovar a ocorrência de uma das situações do art. 149 do CTN. Fora dessas hipóteses, à segurança jurídica prestigiada pelo CTN não permite que o Fisco modifique de ofício, crédito já devidamente constituído, ou imponha uma exigência fiscal referente a período já fiscalizado e onde teria se constatado naquela oportunidade anterior não haver. Falando sobre o tema, Alberto Xavier, em sua Obra “Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro, 3ª Ed., Editora Forense, pág. 261/262, nos lembra que os incisos do art. 149 do CTN, fixam verdadeiros limites objetivos, que restringem a atuação da Administração Tributária para readentrar em período já fiscalizado e promover qualquer alteração que seja. Em verdade, para o abalizado doutrinador, o CTN traz apenas três situações que justificam e autorizam o procedimento de revisão de ofício, a saber: (i) fraude ou falta funcional da autoridade que praticou o ato; (ii) omissão de ato ou formalidade essencial; (iii) fatos não conhecidos ou não provados na oportunidade anterior (incisos VIII e IX do art. 149 do CTN). Vale dizer que efetuado um lançamento relativo a determinado tributo e a determinados fatos geradores num período delimitado de tempo, tal lançamento só poderá ser alterado pelo fisco se os fatos permitirem a fundamentação jurídica com base no art. 149 do CTN. Os pressupostos fáticos e jurídicos do novo lançamento devem estar perfeitamente delineados e provados pela fiscalização de modo a permitir que o sujeito passivo exerça o contraditório e a ampla defesa. A lição doutrinária de Leandro Paulsen reafirma o comando do CTN: "O art. 146 do CTN determina que os critérios jurídicos adotados pela autoridade no lançamento não poderão ser modificados. Já o art. 149 estipula os casos em que o lançamento será revisto de ofício e somente nesses é que poderá um mesmo fato ser refiscalizado. A fiscalização, nos demais casos, não poderá ser alterada sob pena de violar o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. Ressalta que a imutabilidade do ato contém dupla proteção. Uma, ao contribuinte que tem a garantia de não ser perseguido pelo fisco, e, duas, ao funcionário que terá a validade de seu trabalho respeitada." (PAULSEN, Leandro. Direito Tributário: Constituição e Código Tributário à luz da doutrina e da jurisprudência, 3. ed., rev. atual., Porto Alegre: Livraria do Advogado: ESMAFE, 2001, p. 712) Nesse sentido tem se manifestado o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF): Câmara Superior de Recursos Fiscais. 2ª Turma Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 31/01/1999 a 30/11/2002 Ementa: NORMAS PROCEDIMENTAIS.REFISCALIZAÇÃO. ARTIGO 149, CTN. Fl. 606DF CARF MF Impresso em 26/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/11/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 19/ 11/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por MARCELO OLIVEIRA 12 AUSÊNCIA COMPROVAÇÃO DOS FATOS ENSEJADORES DA REVISÃO DE LANÇAMENTO. IMPROCEDÊNCIA AUTUAÇÃO. A revisão de lançamento fiscal somente poderá ser levada a efeito quando devidamente enquadrada no artigo 149, e incisos, do CTN, impondo, ainda, ao fiscal autuante a devida comprovação da ocorrência de uma ou mais hipóteses permissivas constantes daquele dispositivo legal, em observância à segurança jurídica dos atos administrativos, bem como à ampla defesa e contraditório do contribuinte, sob pena de improcedência da autuação. (...)(28/01/2008, Acórdão nº 40202922) Segundo Conselho de Contribuintes. 6ª Câmara. Turma Ordinária Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 02/01/1994 a 30/10/1994 CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA CUSTEIO REFISCALIZAÇÃODECADÊNCIA– (...) A revisão do lançamento deve estar devidamente motivada nas hipóteses previstas no art. 149 do CTN. Recurso Voluntário Provido. (21/11/2007, Acórdão nº 20600159 ) A refiscalização, ou em outras palavras, a revisão de ofício de lançamento já realizado deve, portanto, ser motivada em algumas das hipóteses autorizativas do art. 149 e trazer a demonstração fática correspondente. Não basta, destacamos, a simples referência ao dispositivo legal. O fato que justifica a revisão de ofício deve restar evidenciado e provado pela fiscalização. O Relatório Fiscal contém apenas referência genérica ao inciso VIII, do art. 149 do CTN. Ademais, o fato erigido pela fiscalização como motivador da refiscalização foi bastante vago de modo a não permitir a ampla defesa da fiscalizada, senão vejamos: Em cumprimento ao MemorandoCircular INSS/DIREP/CGFISC/DIPROF ng 68/2004, foi realizada a ação de Revisão de Procedimentos Fiscais no contribuinte “LENTZ S/A IND E COM", CNPJ 33.526.690/000176, de acordo com o art. 149 da lei 5.172, de 25/10/1966, Código Tributário Nacional, referente ao período de 01/1994 a 05/2001. 2. Referida ação fiscal teve como elemento motivador divergência de valores significativa, após cruzamento de dados, realizado pelo Departamento de Fiscalização da Secretaria de Receita Previdenciária, no confronto entre os valores referentes a contribuições para a Seguridade Social recolhidos espontaneamente pelo contribuinte e/ou lançados em créditos previdenciários constituídos anteriormente e as contribuições apuradas no Sistema informatizado DATAPREV/CNIS, do INSS, no qual constam as informações declaradas pelo contribuinte, atinentes às remunerações pagas aos segurados empregados, nos Relatórios Anuais de Informações Sociais RAIS. A empresa autuada não é reincidente neste tipo de infração. Referiuse a fiscalização a “existência de créditos previdenciários não lançados em fiscalização anterior” como justificativa para o novo lançamento. Dessa maneira, o sujeito passivo não consegue demonstrar que não existe fato novo, posto que nem foi informado qual seria este. É um fato genérico que resultou em diferença de tributo. Isso não se coaduna com a exigência que extraímos dos arts. 145, 146 e 149 do CTN. Fl. 607DF CARF MF Impresso em 26/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/11/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 19/ 11/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 11330.001062/200706 Acórdão n.º 2301004.213 S2C3T1 Fl. 602 13 Se a fiscalização não resultou em lançamento em determinadas competências fiscalizadas, temos que concluir que tudo estava correto. O fisco realizou a chamada homologação expressa do período em que informou ter fiscalizado. Se fatos novos aparecerem, poderá realizar novo lançamento, mas é necessário indicar claramente quais fatos são esses. Assim, deve o lançamento referente aos fatos geradores até 12/1998 serem excluídos do presente lançamento por representarem refiscalização sem adequada motivação. Para tais fatos geradores teria ocorrido vício material . Para reforçar nossa conclusão apresentamos algumas considerações sobre a qualificação do vício em casos de anulação de lançamento. Sendo ato administrativo, por força do CTN – lei materialmente complementar , o ato administrativo de lançamento tributário traz implicitamente as nulidades próprias dos atos administrativos. Sobre estas, a doutrina foi buscar no art. 2º da Lei da Ação Popular (Lei 4.717/65) seu delineamento. Vejamos a literalidade do referido dispositivo legal: “Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo anterior, nos casos de: a) incompetência; b) vício de forma; c) ilegalidade do objeto; d) inexistência dos motivos; e) desvio de finalidade. Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade observarseão as seguintes normas: a) a incompetência fica caracterizada quando o ato não se incluir nas atribuições legais do agente que o praticou; b) o vício de forma consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular de formalidades indispensáveis à existência ou seriedade do ato;” d) a inexistência dos motivos se verifica quando a matéria de fato ou de direito, em que se fundamenta o ato, é materialmente inexistente ou juridicamente inadequada ao resultado obtido; e) o desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência. Tomando o conteúdo de tal dispositivo, podemos identificar os vícios dos atos administrativos como vícios de incompetência ou relativo ao sujeito, de forma, de ilegalidade do objeto, de inexistência de motivos ou motivação e de desvios de finalidade. Os vícios de forma, a seu turno, consistem “na omissão ou na observância incompleta ou irregular de formalidades indispensáveis à existência ou seriedade do ato”. Diversamente, os vícios quanto ao motivo são verificados quando “a matéria de fato ou de direito, em que se fundamenta o ato, é materialmente inexistente ou juridicamente inadequada ao resultado obtido”. A jurisprudência do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) tem acolhido tal entendimento: Acórdão nº 10249047 do Processo 13709002025200110 NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO VÍCIO MATERIAL A falta da adequada descrição da matéria tributária, com o Fl. 608DF CARF MF Impresso em 26/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/11/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 19/ 11/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por MARCELO OLIVEIRA 14 conseqüente enquadramento legal das infrações apuradas torna nulo o ato administrativo de lançamento e, em conseqüência, insubsistente a exigência do crédito tributário constituído. Preliminar acolhida. Portanto, fora de dúvidas que o vício no caso em questão, envolvendo, falta de adequada motivação, deve ser qualificado como material. CONCLUSÃO Em razão do exposto, VOTO PELO PROVIMENTO DO RECURSO VOLUNTÁRIO. É como voto. MANOEL COELHO ARRUDA JÚNIOR Relator Fl. 609DF CARF MF Impresso em 26/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/11/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 19/ 11/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por MARCELO OLIVEIRA
score : 1.0
Numero do processo: 11020.900522/2006-95
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 15 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Nov 18 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/04/2003 a 30/06/2003
CRÉDITO DO IPI. ABATIMENTO PARA QUITAR DÉBITO INEXISTENTE. IMPOSSIBILIDADE.
O crédito do IPI em favor do contribuinte não pode ser utilizado para abater débito já extinto por pagamento.
Numero da decisão: 3401-002.762
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário nos termos do voto do Relator.
Robson José Bayerl - Presidente.
Jean Cleuter Simões Mendonça - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (Presidente), Ângela Sartori, José Luiz Feistauer, Bernardo Leite Queiroz Lima, Jean Cleuter Simões Mendonça e Eloy Eros da Silva Nogueira.
Nome do relator: JEAN CLEUTER SIMOES MENDONCA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201410
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/04/2003 a 30/06/2003 CRÉDITO DO IPI. ABATIMENTO PARA QUITAR DÉBITO INEXISTENTE. IMPOSSIBILIDADE. O crédito do IPI em favor do contribuinte não pode ser utilizado para abater débito já extinto por pagamento.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Nov 18 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 11020.900522/2006-95
anomes_publicacao_s : 201411
conteudo_id_s : 5398566
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Nov 18 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 3401-002.762
nome_arquivo_s : Decisao_11020900522200695.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : JEAN CLEUTER SIMOES MENDONCA
nome_arquivo_pdf_s : 11020900522200695_5398566.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário nos termos do voto do Relator. Robson José Bayerl - Presidente. Jean Cleuter Simões Mendonça - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (Presidente), Ângela Sartori, José Luiz Feistauer, Bernardo Leite Queiroz Lima, Jean Cleuter Simões Mendonça e Eloy Eros da Silva Nogueira.
dt_sessao_tdt : Wed Oct 15 00:00:00 UTC 2014
id : 5715001
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:31:58 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047250826952704
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 3; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1555; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T1 Fl. 174 1 173 S3C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11020.900522/200695 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3401002.762 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 15 de outubro de 2014 Matéria RESSARCIMENTO IPI Recorrente MÓVEIS DALLA COSTA LTDA Recorrida DRJ PORTO ALEGRA/RS ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/04/2003 a 30/06/2003 CRÉDITO DO IPI. ABATIMENTO PARA QUITAR DÉBITO INEXISTENTE. IMPOSSIBILIDADE. O crédito do IPI em favor do contribuinte não pode ser utilizado para abater débito já extinto por pagamento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário nos termos do voto do Relator. Robson José Bayerl Presidente. Jean Cleuter Simões Mendonça Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (Presidente), Ângela Sartori, José Luiz Feistauer, Bernardo Leite Queiroz Lima, Jean Cleuter Simões Mendonça e Eloy Eros da Silva Nogueira. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 90 05 22 /2 00 6- 95 Fl. 174DF CARF MF Impresso em 18/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/11/2014 por JEAN CLEUTER SIMOES MENDONCA, Assinado digitalmente em 07 /11/2014 por JEAN CLEUTER SIMOES MENDONCA, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por ROBSON JOSE BAYER L 2 Relatório Trata o presente processo de pedido de ressarcimento de crédito do IPI do segundo trimestre de 2003, no valor de R$ 84.188,71 (fls. 33/34), para compensar com débitos do PIS e da COFINS. Pelo despacho decisório (fl.11), a delegacia de origem reconheceu como direito creditório somente o valor de R$ 71.955,00, valor sobre o qual foi acrescido R$ 783,37 no julgamento da DRJ (fls.128/132). No recurso voluntário (fls.150/152), a Recorrente reconheceu como correta a glosa de R$ 522,15 e insurgiuse contra a glosa do valor de R$ 10.928,19, sob alegação de que esse crédito foi negado porque não se reconheceu o pagamento do terceiro decêndio setembro de 2003 e que o aludido crédito foi redirecionado para quitação do mencionado débito que era inexistente. Com isso, o cerne da questão era saber se o terceiro decêndio de setembro 2003 estava quitado por DARF, a estar restando o crédito R$ 10.928,19. O processo foi apreciado pela primeira vez por esta Turma na sessão de 21/08/2013 (fls.157/160), ocasião na qual se decidiu converter o julgamento em diligência, para que se respondesse às seguintes perguntas: 1 O recolhimento apontado demonstrado pela Recorrente no espelho juntado à fl. 153 realmente ocorreu? 2 Ele foi suficiente para quitar o débito do IPI do terceiro decêndio de setembro de 2003? A resposta à diligência consta nas fls. 165/166 com a seguinte conclusão: “De acordo com os extratos do sistema Sief – Fiscalização Eletrônica, doc. de fl. 164, a contribuinte confessou em DCTF o débito de IPI do terceiro decêndio de setembro de 2003, no valor de R$ 10.928,19, e pagou o valor integral como Darf constante do espelho de fl. 153, que foi confirmado em nossos sistemas”. A Recorrente foi intimada do resultado da diligência (fl.170), mas não apresentou manifestação. É o Relatório. Fl. 175DF CARF MF Impresso em 18/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/11/2014 por JEAN CLEUTER SIMOES MENDONCA, Assinado digitalmente em 07 /11/2014 por JEAN CLEUTER SIMOES MENDONCA, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por ROBSON JOSE BAYER L Processo nº 11020.900522/200695 Acórdão n.º 3401002.762 S3C4T1 Fl. 175 3 Voto Conselheiro Jean Cleuter Simões Mendonça O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. O cerne da questão consiste em saber se, do valor pleiteado pela Recorrente, o montante de R$ 10.928,19 já havia sido utilizado para pagamento do débito do terceiro decêndio de setembro de 2003, ou se ainda pode ser aproveitado pela Recorrente para compensações apresentadas neste processo. A diligência constatou que o pagamento do terceiro decêndio de setembro de 2003 foi pago por DARF, conforme alegado pela Recorrente. Logo, o crédito tributário (débito da Recorrente) já estava extinto, na forma do art. 156, inciso I, do CTN. Isso leva à impossibilidade da utilização do crédito fiscal da Recorrente para abater o débito do terceiro decêndio de setembro de 2003. Portanto, deve ser ressarcido à Recorrente, além do valor já reconhecido, o valor de R$ 10.928,19, que foi indevidamente abatido. Ex positis, dou provimento ao Recurso Voluntário para reformar o acórdão da DRJ, para acrescentar ao crédito já reconhecido o montante de R$ 10.928,19 e homologar as compensações apresentadas até o limite do crédito reconhecido. É como voto Jean Cleuter Simões Mendonça Relator Fl. 176DF CARF MF Impresso em 18/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/11/2014 por JEAN CLEUTER SIMOES MENDONCA, Assinado digitalmente em 07 /11/2014 por JEAN CLEUTER SIMOES MENDONCA, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por ROBSON JOSE BAYER L
score : 1.0
Numero do processo: 10380.012367/2007-87
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 09 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Oct 24 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2003, 2004
LANÇAMENTO. NULIDADE. HIPÓTESES ELENCADAS NO ART. 59 DO DECRETO Nº 70.235/72.
As hipóteses de nulidade no âmbito do processo administrativo fiscal estão devidamente elencadas no art. 59 do Decreto nº 70.235/72. Não se enquadrando a situação narrada pelo contribuinte em nenhuma daquelas hipóteses, não há que se falar em nulidade. Preliminar rejeitada.
IRPF. DECADÊNCIA. FATO GERADOR.
O imposto de renda pessoa física é tributo sujeito ao lançamento por homologação, sendo que o prazo decadencial para a constituição de créditos tributários é de cinco anos contados do fato gerador, que, em regra, ocorre em 31 de dezembro de cada ano-calendário.
IRPF. OMISSÃO. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. NECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DA EXISTÊNCIA DE DISPONIBILIDADE SUFICIENTE PARA ACOBERTAR OS DISPÊNDIOS.
Para que se possa contraditar um lançamento fundado em omissão decorrente de variação patrimonial a descoberto, é necessário que o contribuinte demonstre, documentalmente, a origem dos recursos utilizados nas aplicações efetuadas. Meras alegações, desacompanhadas da documentação que as suportem, não podem ser acolhidas para demonstrar a origem de recursos que suportariam os dispêndios que originaram o lançamento assim apurado.
Numero da decisão: 2102-003.093
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares argüidas e, no mérito, negar provimento ao recurso.
Assinado Digitalmente
Jose Raimundo Tosta Santos - Presidente
Assinado Digitalmente
Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti - Relatora
EDITADO EM: 08/10/2014
Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS (Presidente), MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, ALICE GRECCHI, NUBIA MATOS MOURA, e ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI.
Nome do relator: ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201409
camara_s : Primeira Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2003, 2004 LANÇAMENTO. NULIDADE. HIPÓTESES ELENCADAS NO ART. 59 DO DECRETO Nº 70.235/72. As hipóteses de nulidade no âmbito do processo administrativo fiscal estão devidamente elencadas no art. 59 do Decreto nº 70.235/72. Não se enquadrando a situação narrada pelo contribuinte em nenhuma daquelas hipóteses, não há que se falar em nulidade. Preliminar rejeitada. IRPF. DECADÊNCIA. FATO GERADOR. O imposto de renda pessoa física é tributo sujeito ao lançamento por homologação, sendo que o prazo decadencial para a constituição de créditos tributários é de cinco anos contados do fato gerador, que, em regra, ocorre em 31 de dezembro de cada ano-calendário. IRPF. OMISSÃO. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. NECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DA EXISTÊNCIA DE DISPONIBILIDADE SUFICIENTE PARA ACOBERTAR OS DISPÊNDIOS. Para que se possa contraditar um lançamento fundado em omissão decorrente de variação patrimonial a descoberto, é necessário que o contribuinte demonstre, documentalmente, a origem dos recursos utilizados nas aplicações efetuadas. Meras alegações, desacompanhadas da documentação que as suportem, não podem ser acolhidas para demonstrar a origem de recursos que suportariam os dispêndios que originaram o lançamento assim apurado.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Oct 24 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 10380.012367/2007-87
anomes_publicacao_s : 201410
conteudo_id_s : 5391950
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Oct 24 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 2102-003.093
nome_arquivo_s : Decisao_10380012367200787.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI
nome_arquivo_pdf_s : 10380012367200787_5391950.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares argüidas e, no mérito, negar provimento ao recurso. Assinado Digitalmente Jose Raimundo Tosta Santos - Presidente Assinado Digitalmente Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti - Relatora EDITADO EM: 08/10/2014 Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS (Presidente), MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, ALICE GRECCHI, NUBIA MATOS MOURA, e ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI.
dt_sessao_tdt : Tue Sep 09 00:00:00 UTC 2014
id : 5677834
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:30:42 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047250838487040
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 15; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2354; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C1T2 Fl. 1.284 1 1.283 S2C1T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10380.012367/200787 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2102003.093 – 1ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 09 de setembro de 2014 Matéria IRPF, Acréscimo Patrimonial a Descoberto Recorrente GIORDANO BRUNO ARAUJO CAVALCANTE MOTA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2003, 2004 LANÇAMENTO. NULIDADE. HIPÓTESES ELENCADAS NO ART. 59 DO DECRETO Nº 70.235/72. As hipóteses de nulidade no âmbito do processo administrativo fiscal estão devidamente elencadas no art. 59 do Decreto nº 70.235/72. Não se enquadrando a situação narrada pelo contribuinte em nenhuma daquelas hipóteses, não há que se falar em nulidade. Preliminar rejeitada. IRPF. DECADÊNCIA. FATO GERADOR. O imposto de renda pessoa física é tributo sujeito ao lançamento por homologação, sendo que o prazo decadencial para a constituição de créditos tributários é de cinco anos contados do fato gerador, que, em regra, ocorre em 31 de dezembro de cada anocalendário. IRPF. OMISSÃO. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. NECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DA EXISTÊNCIA DE DISPONIBILIDADE SUFICIENTE PARA ACOBERTAR OS DISPÊNDIOS. Para que se possa contraditar um lançamento fundado em omissão decorrente de variação patrimonial a descoberto, é necessário que o contribuinte demonstre, documentalmente, a origem dos recursos utilizados nas aplicações efetuadas. Meras alegações, desacompanhadas da documentação que as suportem, não podem ser acolhidas para demonstrar a origem de recursos que suportariam os dispêndios que originaram o lançamento assim apurado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares argüidas e, no mérito, negar provimento ao recurso. AC ÓR Dà O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 01 23 67 /2 00 7- 87 Fl. 1284DF CARF MF Impresso em 24/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalment e em 09/10/2014 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalmente em 23/10/2014 por JOS E RAIMUNDO TOSTA SANTOS 2 Assinado Digitalmente Jose Raimundo Tosta Santos Presidente Assinado Digitalmente Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti Relatora EDITADO EM: 08/10/2014 Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS (Presidente), MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, ALICE GRECCHI, NUBIA MATOS MOURA, e ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI. Relatório Em face do Contribuinte acima identificado, foi lavrado o Auto de Infração de fls. 05/10, apurandose o valor do crédito tributário no importe de R$206.450,67 (duzentos e seis mil, quatrocentos e cinquenta reais e sessenta e sete centavos), já acrescidos de multa de ofício de 75% e juros de mora, relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física, exercícios 2003 e 2004, respectivamente anoscalendário 2002 e 2003, tendo em vista a instauração de Procedimento Fiscal visando averiguar o escorreito cumprimento das obrigações tributárias no que tange o tributo IRPF por parte do Contribuinte. Da Descrição dos Fatos e Enquadramento(s) Legal(is) constantes no Auto de Infração, constatase que a autuação é decorrente da: “Em procedimento de verificação do cumprimento das obrigações tributárias pelo contribuinte supracitado, efetuei o presente Lançamento de Ofício, nos termos do art. 926 do Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 (Regulamento do Imposto de Renda 1999), tendo em vista que foram apuradas as infrações abaixo descritas, aos dispositivos legais mencionados. 001 – ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO O patrimônio do contribuinte fiscalizado experimentou variação positiva não justificada pelos rendimentos declarados em suas Declarações de Ajuste Anual de Imposto de Renda de Pessoa Física do exercício 2003, anocalendário 2002 DIRPF 2003 e do exercício 2004, anocalendário 2003 DIRPF 2004 (tributáveis, isentos e nãotributáveis ou de tributação exclusiva), e cujo efetivo recebimento restou comprovado no curso da ação fiscal, conforme apurado nos Demonstrativos Mensais de Evolução Patrimonial que integram o presente auto de infração e em que foram confrontados todos os ingressos monetários efetivamente auferidos pelo fiscalizado durante os anos sob fiscalização com todos os dispêndios monetários por ele efetivamente realizados nos mesmos anos. Conforme se observa nos mencionados demonstrativos, nos meses abaixo discriminados, o contribuinte efetuou dispêndios em montantes superiores aos recursos de que dispunha, configurando Fl. 1285DF CARF MF Impresso em 24/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalment e em 09/10/2014 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalmente em 23/10/2014 por JOS E RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 10380.012367/200787 Acórdão n.º 2102003.093 S2C1T2 Fl. 1.285 3 acréscimo patrimonial não suportado pelos rendimentos declarados e efetivamente recebidos nos mesmos meses. A ação fiscal encontrase minudenciada no mencionado Termo de Verificação Fiscal, às fls. 11/31, e quadros de fls. 32/132. Cientificado do lançamento fiscal e inconformado, o Contribuinte apresentou a Impugnação de fls. 667/678, por meio do qual, resumidamente, expõe que: alega o Contribuinte em sede preliminar, a ocorrência da decadência para que se efetue qualquer lançamento alusivo ao período de 01.01.2002 a 21.10.2002, tendo em vista que a apuração obrigatória da evolução patrimonial e a consequente apuração de possível imposto devido deve ocorrer mês a mês; assim, aduz que, considerando que o Auto de Infração data de 22.10.2007, o lançamento efetuado seria nulo de pleno direto, uma vez que contém valores alusivos ao período decadencial; quanto a ocorrência de variação patrimonial a descoberto, o Contribuinte diz o seguinte: 2002 (...) Inicialmente cabe ressaltar a existência de saldo contábil para ser distribuído aos sócios da empresa Maxdata durante o exercício de 2002 o valor de R$ 1.597.202,58 (...), conforme exposto as fs. 3, 4 e 5 do Termo de verificação fiscal. A existência de saldo contábil para distribuição de lucros isenta o pagamento de imposto de renda até o limite apurado, tudo na forma do Art. 10 da Lei 9249/95, e desde já é prova suficiente para a justificação de repasse de recursos declarados e que sustentam acréscimo patrimonial. (...) Diversas falhas são verificadas quando da verificação da evolução patrimonial mensal efetuada pelo [...] Auditor da Receita Federal, o mesmo não levou em consideração a receita efetivamente recebida e declarada pelo contribuinte para o exercício de 2002 no valor de R$ 450.000,00 (...) da empresa Maxdata e demais receitas recebidas de outras pessoas jurídicas constantes da declaração de Imposto de Renda que repousa nos autos deste processo. (...) Consoante quadro acima ficou constatada uma variação patrimonial de R$580.721,17 (...) Ocorre que do valor acrescido ao patrimônio do contribuinte, uma parte correspondeu a doações de imóveis recebidos do Pai do Contribuinte, Sr. Aureliano Jataí Cavalcante Mota, portador do CPF 021.488.46353, no valor de R$256.306,94, devidamente evidenciadas nas declarações de renda. E, ainda, de ativação Fl. 1286DF CARF MF Impresso em 24/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalment e em 09/10/2014 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalmente em 23/10/2014 por JOS E RAIMUNDO TOSTA SANTOS 4 valor total do veículo Hilux avaliado em R$65.000,00 (...), sendo que o valor efetivamente desembolsado no exercício totalizou R$22.075,40 (...), o que correspondeu ao pagamento de 10 (dez) parcelas mensais de financiamento do veículo. Desta forma, verificouse uma evolução real no patrimônio do contribuinte decorrente dos valores auferidos no exercício de 2002, no valor de R$381.489,63 (...) conforme demonstrativo abaixo: (...) Se quiséssemos parar e analisar somente os valores encontrados pelo Autuante para a receita do contribuinte teríamos uma distribuição de lucros no valor de R$351.395,77 (...) e mais R$41.108,35 (...), que totalizou R$392.504,12 (...), o que por si só já é maior que o valor da evolução real. Cabe ressaltar que o valor efetivamente recebido e declarado correspondeu a R$491.108,35, diferenciando pelo valor distribuído pela empresa Maxdata, e não computado pelo Auditor no valor de R$98.604,23. (...) Afora a desconsideração dos valores recebidos, o Autuante fez uso de critério arbitrário para a apuração dos valores percebidos no exercício de 2002, conforme exposto as fls. 14/15 do Termo de Verificação Fiscal, em comparação exercício 2003, o que o fez, ERRONEAMENTE, concluir pela existência de evolução patrimonial a descoberto. E ainda, efetuou lançamento de R$288.981,77 (...), no mês de dezembro de 2002, contrariando princípios tributários, sendo o mesmo lançamento passível de apropriação mensal (...) Deve ser ressaltado que não cabe ao Agente Autuante ficar criando critérios e procedimentos sem base legal, e manifestamente lesivos ao Contribuinte, num completo abuso da autoridade conferida. A manipulação dos dados pelo Autuante levou o mesmo a indevidamente constituir crédito tributário para o exercício de 2002, quando no mesmo exercício conforme amplamente comprovado e demonstrado, seja através dos documentos contábeis, seja das declarações de renda, a renda do Contribuinte Autuado foi superior a evolução patrimonial apurada. Não obstante as falhas na apuração de crédito para o exercício de 2002, no exercício 2003 como veremos a seguir, novas e graves falhas vieram a grassar o Termo de Verificação Fiscal: 2003 (...) Cabe destacar que os valores contabilizados foram devidamente declarados nas Declarações de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica e da Física, e conforme extratos bancários em anexo guardam suporte financeiro para sua realização. Fl. 1287DF CARF MF Impresso em 24/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalment e em 09/10/2014 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalmente em 23/10/2014 por JOS E RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 10380.012367/200787 Acórdão n.º 2102003.093 S2C1T2 Fl. 1.286 5 A evolução patrimonial do exercício de 2003 demonstra equivalência aos valores declarados (...) Todos recursos financeiros recebidos foram declarados e guardam proporção aos rendimentos auferidos pela Pessoa Jurídica, estando patente a realização de acréscimo patrimonial embasado em lastro legal. Mesmo que os recursos constantes de depósitos efetuados a conta do contribuinte os mesmos carecem de maior e melhor análise não se configurando necessariamente como rendimento (...) Por fim com base a tudo exposto, não sendo verificadas falhas ou omissões tributárias, pede que seja IMPUGNADO o presente auto de infração, com o acatamento da defesa em todos os seus termos, com consequente cancelamento e baixa do crédito tributário. Na análise das alegações apresentadas em sede de Impugnação, os integrantes da 1ª Turma da DRJ/FOR decidiram, por unanimidade de votos, julgar improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário exigido, sendo extraída a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2002, 2003 ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. São tributáveis os valores relativos ao acréscimo patrimonial, quando não justificados pelos rendimentos tributáveis, isentos/não tributáveis, tributados exclusivamente na fonte ou objeto de tributação definitiva. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. ÔNUS DA PROVA. Se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a prova da origem dos recursos informados para acobertar seus dispêndios gerais e aquisições de bens e direitos. FATO GERADOR DO IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. O fato gerador do imposto sobre a renda da pessoa física é complexivo e só se perfaz em 31 de dezembro do anocalendário, salvo exceções expressamente previstas em lei, quando os rendimentos se submetem apenas à tributação definitiva ou exclusiva na fonte, sem possibilidade de ajuste anual. QUESTÃO DE FATO. INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA. É imprescindível que as alegações contraditórias a questão de fato tenham o devido acompanhamento probatório, pois: "Alegar e não provar é quase não alegar". ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Ano calendário: 2002 DECADÊNCIA. O lançamento de tributo é procedimento exclusivo da autoridade administrativa. Tratandose de lançamento de ofício o prazo de cinco anos para constituir o crédito tributário é contado do Fl. 1288DF CARF MF Impresso em 24/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalment e em 09/10/2014 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalmente em 23/10/2014 por JOS E RAIMUNDO TOSTA SANTOS 6 exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Ano calendário: 2002, 2003 NULIDADE. Somente ensejam a nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões proferidas por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido O Contribuinte teve ciência de tal decisão e contra ela interpôs o Recurso Voluntário de fls. 925/938, pelo qual reiterou integralmente as razões contidas em sua Impugnação, ressaltando ainda que: teria ocorrido erro material no lançamento do crédito tributário, pelo equívoco em considerar a dedução para o exercício de 2002 do valor de R$3.966,93 tido pelo Auditor Fiscal como imposto pago (retenção na fonte), enquanto defende o Contribuinte que o correto seria deduzir o valor de R$5.975,56; neste mesmo sentido, aduz o Contribuinte que a apuração para o imposto devido para o exercício de 2003 onde o valor do imposto pago (retenção na fonte) foi de R$10.632,54, enquanto o Auditor Fiscal apenas deduziu o valor de R$8.333,88, o que teria gerado prejuízo ao Contribuinte; afirma ainda que tratarse de vício material, tendo em vista que o objeto do lançamento corresponderia ao apontamento preciso do fato que faz gerar a exigência tributária; entende o Contribuinte que o acórdão recorrido encontrase em contradição com o Termo de Verificação Fiscal, tendo em vista que o Auditor concluiu pela existência de lucro contábil da empresa Maxdata Informática Processamento de Dados Ltda, CNPJ 35.058.411/000112, para o exercício de 2002 no montante de R$994.235,39, ou seja bastante inferior a distribuição de lucros efetuadas no valor de R$600.000,00, qual seja R$450.000,00 para o Sr. Giordano Bruno Araujo Cavalcante Mota; diz ainda que nem todo acréscimo patrimonial a descoberto resultaria em sonegação fiscal, pois pode ter origem em erro de preenchimento da declaração de rendimentos ou da declaração de bens, sendo possível a retificação ou a mera comprovação do erro à autoridade fiscal; protesta pela prescrição dos lançamentos tributários efetuados, alusivos as competências de janeiro e outubro de 2002, conforme previsões legais que estabelecem a prescrição a partir da data do fato gerador do imposto; destaca que os argumentos do órgão fiscalizador são rasos, na medida em que mesmo tem uma grande estrutura e contingente para efetuar a fiscalização dos contribuintes, observando ainda a existência das obrigações acessórias encaminhadas em períodos anteriores ao encerramento do exercício financeiro; reitera o Contribuinte a ausência de critério absoluto a ser utilizado na distribuição do lucro, tendo sido arbitrário o critério utilizado pelo fiscal na apuração de demonstrativo de evolução patrimonial, o que se reveste de ilegalidade uma vez que não cabe ao mesmo fazer apropriação da maneira que entender. E mesmo se o fizesse teria que adotar o princípio de maior favorecimento ao Contribuinte, o que não teria sido o caso; Fl. 1289DF CARF MF Impresso em 24/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalment e em 09/10/2014 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalmente em 23/10/2014 por JOS E RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 10380.012367/200787 Acórdão n.º 2102003.093 S2C1T2 Fl. 1.287 7 informa que não houve acréscimo patrimonial a descoberto em relação ao Contribuinte em relação ao acréscimo patrimonial a descoberto no exercício 2002, tendo em vista que os valores recebidos da empresa Maxdata foram devidamente declarados, e havia condições para a empresa efetuar os repasses, e encaminha cópia dos comprovantes do recebimento dos recursos, bem como extratos bancários da empresa comprovando a disponibilidade financeira e livros contábeis comprovando o registro contábil das saídas dos recursos, recibos e extratos bancários da poupança; aduz o Contribuinte em relação ao acréscimo patrimonial a descoberto no exercício 2003 , que foram efetuadas as devidas comprovações pelo Contribuinte, e, mesmo que não fosse levado em consideração a existência da apuração do lucro no exercício, o Auditor Fiscal por ocasião da análise da contabilidade do exercício de 2002, constatou que naquele exercício apenas foi repassada a quantia de R$600.000,00, enquanto o lucro contábil apurado foi de R$994.235,39, ou seja restando o valor de R$ 394.235,390, como valor que poderia ser distribuído, sendo o referido valor inferior ao indicado como acréscimo patrimonial a descoberto para o exercício de 2003, de R$25.452,51; por fim, postula o Contribuinte pela improcedência do lançamento fiscal, com o provimento integral do seu recurso, culminando com o cancelamento do Auto de Infração. Assim, os autos foram remetidos a este Conselho para julgamento. É o Relatório. Voto Conselheira Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti, Relatora O Recurso Voluntário é tempestivo (cf. certidão de fls. 1283) e preenche os requisitos legais por isso dele conheço. Conforme relatado, tratase de lançamento para exigência de IRPF em razão da omissão de rendimentos decorrente da apuração de variação patrimonial a descoberto nos anos de 2002 e 2003. O cerne da discussão reside na alegação do Recorrente de que seus dispêndios estariam todos acobertados por lucros recebidos das empresas das quais era sócio, sendo que a fiscalização somente acolheu estes lucros como origem em parte, pois apurou que as empresas não teriam disponibilidade em caixa para fazer frente a tais pagamentos. A decisão recorrida manteve integralmente o lançamento, corroborando os argumentos da autoridade fiscal. No Recurso Voluntário, o Recorrente alega: i) nulidade do lançamento por vício material, já que o valor considerado pela autoridade fiscal como retido na fonte foi inferior ao valor do imposto efetivamente retido (tanto em relação a 2002 quanto a 2003); ii) nulidade por cerceamento do direito de defesa, ponto que acaba se confundindo com o mérito Fl. 1290DF CARF MF Impresso em 24/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalment e em 09/10/2014 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalmente em 23/10/2014 por JOS E RAIMUNDO TOSTA SANTOS 8 do lançamento; iii) decadência relativamente aos fatos geradores ocorridos de janeiro a outubro de 2002; iv) erro no critério de apropriação de lucros utilizado pelo fiscal autuante, implicando em nulidade do lançamento; v) quanto ao mérito propriamente dito, afirmou que: Assim resta patente que não houve Acréscimo Patrimonial a Descoberto para o contribuinte Giordano Bruno Araujo Cavalcante Mota, tendo em vista que os valores recebidos da empresa Maxdata foram devidamente declarados, e havia condições para a empresa efetuar os repasses. Passase à análise de seus argumentos. i) Da nulidade por vício material A primeira alegação do Recorrente diz respeito a uma alegada nulidade do lançamento, em razão do fato de que a autoridade fiscal teria considerado um valor de “imposto pago” menor do que aquele efetivamente pago por ele nos anoscalendário objeto do lançamento. Para tanto, afirma que o valor a ser considerado a título de “imposto pago” deveria ser o valor do imposto dele retido na fonte e não o valor devido em resultado do seu Ajuste Anual. Tal alegação, porém, não merece acolhida em sede de julgamento deste Recurso Voluntário. Isto porque não é possível aferir se parte do imposto retido foi restituída ao Recorrente (como consta do resultado de sua DAA de fls. 966). Caso tenha sido restituída, está correto o lançamento; porém, caso não o tenha, caberá à autoridade responsável pela execução do julgado a correção do imposto lançado neste sentido. Vale ressaltar que este fato não inquina o lançamento com qualquer vício a ensejar a sua nulidade. O art. 59 do Decreto n° 70.235/72 estabelece que: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta Como se vê, a hipótese aventada pelo Recorrente não está entre aquelas elencadas na norma acima transcrita, razão pela qual a preliminar em tela deve ser rejeitada. ii) Nulidade por cerceamento do direito de defesa Fl. 1291DF CARF MF Impresso em 24/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalment e em 09/10/2014 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalmente em 23/10/2014 por JOS E RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 10380.012367/200787 Acórdão n.º 2102003.093 S2C1T2 Fl. 1.288 9 A segunda preliminar suscitada diz respeito ao cerceamento do seu direito de defesa, por meio da qual suscita argumentos que acabam por se confundir com a própria defesa de mérito. Quanto a tal preliminar, apesar de ser plenamente possível que o contribuinte inicie sua defesa já em sede de fiscalização, não se pode falar em violação ao seu direito de defesa antes de iniciado o processo administrativofiscal sendo certo que tal cerceamento não ocorreu na hipótese em exame. Outrossim, o Recorrente teve chance de se defender de forma ampla e plena a partir do momento de sua impugnação – ocasião em que, se fosse o caso, deveria apresentar todos os documentos e razões que implicassem no cancelamento do lançamento em questão. Neste sentido, a jurisprudência deste Conselho é unânime, como se pode verificar através do seguinte julgado: (...) CERCEAMENTO DE DEFESA NULIDADE DO PROCESSO FISCAL Somente a partir da lavratura do auto de infração é que se instaura o litígio entre o fisco e o contribuinte, podendo se, então, falar em ampla defesa ou cerceamento dela, sendo improcedente a preliminar de cerceamento do direito de defesa quando concedida, na fase de impugnação, ampla oportunidade de apresentação de documentos e esclarecimentos. (Ac. nº 10420731, Rel. Cons. Nelson Mallmann, julgado em 15.06.2005) Outrossim, em um tópico adiante será analisado o mérito do lançamento e então serão abordadas as demais questões suscitadas pelo Recorrente. Diante do exposto, não merece acolhida esta preliminar. iii) Decadência De acordo com a defesa, o fato gerador do IRPF no caso em tela seria mensal, e o prazo decadencial deveria ser computado com base no art. 150, § 4º do CTN. No entanto, a jurisprudência hoje pacificada pela Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF) é no sentido de que o fato gerador do IRPF é complexivo e ocorre em 31 de dezembro de cada ano. Este entendimento pode ser bem demonstrado através da leitura da seguinte ementa: IRPF – DECADÊNCIA – DEPÓSITOS BANCÁRIOS SEM ORIGEM COMPROVADA. O imposto de renda pessoa física é tributo sujeito ao regime do denominado lançamento por homologação, sendo que o prazo decadencial para a constituição de créditos tributários é de cinco anos contados do fato gerador, que, segundo o entendimento majoritário da Quarta Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, no caso da presunção de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários sem origem comprovada, ocorre em 31 de dezembro de cada anocalendário. Ultrapassado esse lapso temporal, sem a expedição de lançamento de ofício, operase a decadência, a atividade exercida pelo contribuinte está Fl. 1292DF CARF MF Impresso em 24/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalment e em 09/10/2014 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalmente em 23/10/2014 por JOS E RAIMUNDO TOSTA SANTOS 10 tacitamente homologada e o crédito tributário extinto, nos termos do artigo 150, § 4° e do artigo 156, inciso V, ambos do CTN. Recurso especial negado. (Ac. nº CSRF/0400.553, julgado em 21.03.2007, Rel. Cons. Gonçalo Bonet Allage) Sendo assim, o pleito do Recorrente não merece acolhida, já que o Fisco teria até 31.12.2007 para efetuar o lançamento relativo ao fato gerador do IRPF ocorrido em 31.12.2002. No caso, como a ciência do lançamento se deu em 27.10.2007 – não há que se falar em decadência. iv) Erro no critério utilizado pelo fiscal Neste item, o Recorrente questiona o critério utilizado pela autoridade fiscal no lançamento em tela, que implicaria na nulidade do procedimento fiscal. Aqui, assim como demonstrado no item “i” supra, não há que se falar em nulidade, nos termos do disposto no art. 59 do Decreto nº 70.235/72. No mais, tal preliminar também acaba por se confundir com o mérito do recurso, que será analisado a seguir. v) Do mérito Quanto ao mérito de sua defesa, em sede de Recurso Voluntário, o Recorrente insiste que os lucros pagos a ele pela empresa Maxdata – da qual é sócio – seriam suficientes a acobertar a variação patrimonial nos anos de 2002 e 2003. A autoridade fiscal, porém, demonstrou que não houve a prova do pagamento dos referidos lucros no montante declarado pelo Recorrente, razão pela qual não seriam eles suficientes a cobrir os dispêndios comprovados. Do Termo de Verificação Fiscal é possível extrair o seguinte trecho, que resume o entendimento da autoridade fiscal quanto aos lucros que o Recorrente pretende utilizar como origem na apuração de sua variação patrimonial: (c) Regularmente intimado, por meio do item 3 do já mencionado Termo de Diligência Fiscal I, a informar e comprovar, mediante documentação original, hábil e idônea (ou cópia autenticada), o efetivo recebimento dos valores informados como rendimentos isentos e nãotributáveis na Declaração de Ajuste Anual do ano calendário 2002, bem como, por meio do item 2 do Termo de Início de Fiscalização, de folhas 276 a 281, a informar e comprovar, mediante documentos bancários originais, hábeis e idôneos (ou cópias autenticadas), tais como extratos bancários da empresa e do contribuinte, microficha do(s) cheque(s) ou DOC(s) emitidos pela empresa em favor do contribuinte, etc., o efetivo recebimento dos valores declarados por Maxdata como lucros que lhe foram distribuídos no anocalendário 2002, no valor de R$ 450.000,00, o contribuinte fiscalizado não ofereceu qualquer resposta à primeira intimação, conforme se observa no documento de folhas 139 e 140, e restringiuse, no caso da segunda intimação, a responder, mediante item 2 do documento Fl. 1293DF CARF MF Impresso em 24/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalment e em 09/10/2014 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalmente em 23/10/2014 por JOS E RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 10380.012367/200787 Acórdão n.º 2102003.093 S2C1T2 Fl. 1.289 11 de folhas 282 a 286, que "os recursos recebidos a título de distribuição de lucros/dividendos, sejam através do resultado final do exercício ou da antecipação de sua realização, foram devidamente contabilizados" (grifo do AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil AFRFB autuante). Portanto, tendo o fiscalizado informado que todos os pagamentos de lucros a ele efetuados por Maxdata durante o anocalendário 2002, tanto a título de antecipação quanto a título de distribuição após apuração do resultado do exercício, estavam registrados em sua escrita contábil, cuidou o AFRFB autuante de examinar os livros Diário e Razão da pessoa jurídica distribuidora dos lucros, para deles extrair todos os registros desses pagamentos. Ao cabo desse exame, restou claro que há um e tão somente um registro dessa natureza, que é o que abaixo se transcreve, e em que consta a distribuição de R$ 450.000,00, em 31/12/2002. (...) Estudo da disponibilidade de recursos no caixa de Maxdata durante o anocalendário 2002 indica que, no dia 31/12, data em que, segundo os registros contábeis da empresa, foi efetuada a distribuição, aos seus dois sócios, de R$ 600.000,00, dos quais R$ 450.000,00 ao contribuinte fiscalizado, somente estavam disponíveis em caixa R$ 385.309,02. A repartição desse valor entre os dois sócios da empresa, segundo o mesmo critério aritmético por ela adotado (75% para o contribuinte fiscalizado e 25% para o outro sócio), importa em considerar entregue a Giordano Bruno Araújo Cavalcante Mota, naquela data, o montante de R$ 288.981,77, valor alocado em dezembro de 2002 no Demonstrativo Mensal de Evolução Patrimonial. Em seguida, a autoridade fiscal passa a discorrer sobre os equívocos cometidos pela pessoa jurídica Maxdata em seus lançamento contábeis, para então chegar às seguintes conclusões: No Demonstrativo de Expurgos da Conta Caixa, ao lado de cada valor lançado na conta bancária de Maxdata sob o histórico PAGTOS. DIV, expõese o cálculo aritmético pelo qual se obteve a parcela daquele valor que foi expurgada do caixa da empresa pelo AFRFB autuante. Abaixo, a título de exemplo, exibese o cálculo relativo ao dia 09/07/2001: (...) O estudo das disponibilidades em caixa revela ainda que, se efetivamente entregues aos sócios de Maxdata, em 31/12/2001, os valores contabilmente registrados nessa data como distribuição de lucros (R$ 775.000,00), a conta caixa da empresa apresentaria saldo credor ao final daquele ano, conforme Demonstrativo de Disponibilidade Efetiva em Caixa, de folhas 131, de R$ 447.790,11. Não havendo, portanto, recursos em caixa suficientes para fazer face à distribuição registrada naquele ano, assumiuse que, em decorrência da máxima distribuição suportada pelo caixa da empresa, esta conta terminou o ano de 2001 com saldo nulo. Por conseguinte, Fl. 1294DF CARF MF Impresso em 24/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalment e em 09/10/2014 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalmente em 23/10/2014 por JOS E RAIMUNDO TOSTA SANTOS 12 o procedimento de expurgar da conta caixa os lançamentos a débito improcedentes registrados em 2002 partiu de saldo "zero" em 31/12/2001. (...) Do que acima se relatou, concluise que somente restaram comprovados como efetivamente entregues ao contribuinte fiscalizado, durante o anocalendário 2002, a título de lucros distribuídos por Maxdata, os seguintes rendimentos: • Via caixa da empresa: R$ 288.981,77, em dezembro de 2002. • Via transferência bancária: R$ 62.414,00, de janeiro a julho de 2002. Resta evidente que nenhum outro valor pode ter sido distribuído ao fiscalizado a partir do caixa da empresa, por absoluta ausência de disponibilidade de recursos para tanto. Quanto a qualquer outra distribuição via transferência bancária, eventualmente não incluída nos R$ 62.414,00 acima discriminados, não logrou o fiscalizado demonstrála, mediante a competente documentação bancária, para cuja apresentação foi regularmente intimado, conforme descrito no item (c), anterior. A esse propósito, registrese que foi o AFRFB autuante que detectou e computou a favor do fiscalizado as transferências bancárias acima discriminadas, mediante solicitação e análise dos extratos bancários de Maxdata e do fiscalizado, que, a esse respeito, não adotou qualquer providência. De acordo com os fatos narrados acima (cf. descritos pela autoridade fiscal autuante), percebese que não foram considerados como origem os lucros declaradamente recebidos da Maxdata por falta de comprovação do seu efetivo recebimento/pagamento. Com efeito, há que se fazer uma distinção aqui entre a disponibilidade econômica e jurídica da renda para fins de apuração da variação patrimonial. É que no caso em tela, a fiscalização buscou averiguar a variação patrimonial do Recorrente – o que significa apurar se o mesmo tinha disponibilidade (econômica) para arcar com os dispêndios efetuados ao longo dos anos de 2002 e 2003. Assim, para afastar a presunção legal deste lançamento, caberia ao Recorrente comprovar que detinha os recursos suficientes para arcar com seus dispêndios. Para tanto, poderia ter anexado aos autos, por exemplo, comprovantes dos créditos efetuados em suas contas bancárias que demonstrassem o efetivo recebimento dos valores alegadamente pagos pela pessoa jurídica. Os lançamentos contábeis na referida pessoa jurídica não são suficientes a demonstrar a existência de disponibilidade efetiva para arcar com os dispêndios considerados na apuração da variação patrimonial. Ademais, a comprovação deve ser efetuada mês a mês, na medida em que os dispêndios forem efetuados. Assim é que para justificar a compra de um veículo no mês de março de um determinado ano, é preciso que o contribuinte demonstre que naquele mês de março detinha disponibilidade para tanto. Não lhe adianta demonstrar que detinha a disponibilidade para tal compra em momento posterior, pois neste caso a lei estabelece a Fl. 1295DF CARF MF Impresso em 24/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalment e em 09/10/2014 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalmente em 23/10/2014 por JOS E RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 10380.012367/200787 Acórdão n.º 2102003.093 S2C1T2 Fl. 1.290 13 presunção de que o dispêndio efetuado em março não estava acobertado por rendimentos disponíveis, gerando assim a exigência do imposto por omissão de rendimentos. Não foi por outro motivo que, analisando as alegações do contribuinte neste sentido, a decisão recorrida assim se manifestou: No que se refere à importância de R$288.981,77, relativa a lucros distribuídos por Maxdata Informática Processamento de Dados Ltda, computada como recurso no [mês de dezembro de 2002, temse que assim o foi pelo simples fato de constar na contabilidade da empresa Maxdata somente um registro de lucro distribuído ao contribuinte, datado de 31/12/2002. Logo, concluise que o valor de R$ 288.981,77 somente se tornou disponível para o contribuinte no mês de dezembro e, em assim sendo, somente neste mês poderia ser computado como recurso, não antes. Ademais, o contribuinte não trouxe aos autos qualquer documento que demonstrasse que o valor de R$ 288.981,77 fora distribuído nos meses anteriores a dezembro de 2002.1 (...) A autoridade fiscal, em seu Termo de Verificação Fiscal, explicou ixajistivamènte de que modo chegou à disponibilidade de R$ 385.309,02 em 31/12/2002 (as folhas 11 a 17 do Termo de Verificação Fiscal que tratam do assunto foram lidas em sessão). Além de discorrer sobre como apurou o saldo da conta Caixa da Maxdata, o auditor também elaborou demonstrativos que cuidam do assunto, conforme a seguir: Demonstrativo de Expurgos da Conta Caixa (de 03 de janeiro de 2000 a 30 de dezembro de 2003), onde consta a data, o!histórico e o valor expurgado (fls.66/110), Demonstrativo de Recomposição do Caixa rfIs. 111/130) e Demonstrativo de Disponibilidade Efetiva em Caixa (fls. 131), valendo ressaltar que não se vislumbra a utilização de critérios e procedimentos lesivos ao impugnante. Pelo contrário, a autoridade fiscal descreveu passo a passo a forma como apurou a disponibilidade do caixa em 31/12/2002. j Por seu turno, o contribuinte limitase a dizer que a autoridade fiscal usou critério arbitrário para apuração dos valores recebidos, sem trazer à colação qualquer documento que pudesse desfazer a lógica da autoridade fiscal. O que se vê é que o contribuinte não demonstrou, mediante documentos, que recebera rendimentos, referente a lucros distribuídos em valor maior do que aquele apurado pela Fiscalização. Vale ressaltar ainda que nesta mesma linha é o entendimento do CARF a respeito da matéria, como demonstram os julgados cujas ementas são abaixo transcritas: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Exercício: 1997, 1998 ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO São tributáveis os valores relativos ao Fl. 1296DF CARF MF Impresso em 24/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalment e em 09/10/2014 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalmente em 23/10/2014 por JOS E RAIMUNDO TOSTA SANTOS 14 acréscimo patrimonial, quando não justificados pelos rendimentos tributáveis, isentos/não tributáveis, tributados exclusivamente na fonte ou objeto de tributação definitiva. ANÁLISE DA EVOLUÇÃO PATRIMONIAL. DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS. COMPROVAÇÃO Somente podem ser considerados como origens de recursos na análise da evolução patrimonial os rendimentos isentos e não tributáveis relativos à distribuição de lucros pagos por pessoas jurídicas se restar comprovada, mediante documentação hábil e idônea, a efetividade dos pagamentos. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. Caracterizam omissão de rendimentos os valores creditados em conta de depósito mantida junto à instituição financeira, quando o contribuinte, regularmente intimado, não comprova, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. PRESUNÇÕES LEGAIS RELATIVAS. DISTRIBUIÇÃO DO ÔNUS DA PROVA As presunções legais relativas obrigam a autoridade fiscal a comprovar, tãosomente, a ocorrência das hipóteses sobre as quais se sustentam Ãs referidas presunções, atribuindo ao contribuinte o ônus de provar que os fatos concretos não ocorreram na forma como presumidos pela lei. MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DA DECLARAÇÃO. MULTA DE OFíCIO. CONCOMITÂNCIA. IMPOSSIBILIDADE É indevida a acumulação da multa de lançamento de ofício com a penalidade pela falta de entrega da declaração de rendimentos calculada com base no montante exigido na autuação. Recurso voluntário parcialmente provido. (Acórdão nº 10616847, julgado em 24.04.2008 destacamos) E ainda: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Ano calendário: 2003, 2004 PRINCÍPIOS DA LEGALIDADE E DA IMPARCIALIDADE DESRESPEITO AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO REJEIÇÃO DA PRELIMINAR Ausente a comprovação de desrespeito aos princípios da legalidade e da imparcialidade por parte da autoridade autuante, devese rejeitar a preliminar vindicada. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO APD FONTE DE RECURSOS PRO LABORE E DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA PERCEPÇÃO DOS RENDIMENTOS IMPOSSIBILIDADE DO LANÇAMENTO NO FLUXO DE CAIXA QUE APUROU O APD As fontes de recursos devem ser comprovadas com documentação hábil e idônea, espelhando as informações prestadas tempestivamente nas declarações de rendimentos. Havendo dúvida sobre a existência das fontes de recursos, deve o recorrente comproválas com documentação que espelhe o trânsito dos recursos entre a fonte pagadora e o beneficiário. MULTA QUALIFICADA EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO MERA PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS OU AUSÊNCIA DE PAGAMENTO DE IMPOSTO INEXISTÊNCIA DE CONDUTA QUALIFICADA Somente é justificável a exigência da multa qualificada prevista no artigo art. 44, II, da Lei n 9.430, de 1996, quando o contribuinte tenha procedido com evidente intuito de fraude, nos Fl. 1297DF CARF MF Impresso em 24/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalment e em 09/10/2014 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalmente em 23/10/2014 por JOS E RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 10380.012367/200787 Acórdão n.º 2102003.093 S2C1T2 Fl. 1.291 15 casos definidos nos artigos 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/64. O evidente intuito de fraude deverá ser minuciosamente justificado e comprovado nos autos. Nos termos do enunciado nº 14 da Súmula deste Primeiro Conselho, não há que se falar em qualificação da multa de ofício nas hipóteses de mera omissão de rendimentos, sem a devida comprovação do evidente intuito de fraude. Entendimento que se aplica com mais força nas hipóteses legais de presunção de rendimentos, nas quais sequer há a real comprovação da omissão de rendimentos. Ademais, a mera omissão do pagamento do imposto, sem qualquer conduta que qualifique a omissão citada, não pode implicar no exasperamento da multa de ofício. GANHO DE CAPITAL SUJEIÇÃO PASSIVA DE PESSOA JURÍDICA IMÓVEL PERTENCENTE À PESSOA FÍSICA FISCALIZADA HIGIDEZ DA SUJEIÇÃO PASSIVA Descabida a tentativa de imputar o ônus fiscal à pessoa jurídica que sequer é proprietária do imóvel alienado e objeto da infração referente ao ganho de capital. Recurso voluntário provido parcialmente. (Acórdão nº 10617259, julgado em 06.02.2009 destacamos) Por todos estes motivos, não há como acolher como origens os valores cuja transferência da pessoa jurídica (Maxdata) ao Recorrente não foi comprovada. Diante do exposto, VOTO no sentido de REJEITAR as preliminares argüidas, e, no mérito, NEGAR provimento ao Recurso. Assinado Digitalmente Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti Fl. 1298DF CARF MF Impresso em 24/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalment e em 09/10/2014 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalmente em 23/10/2014 por JOS E RAIMUNDO TOSTA SANTOS
score : 1.0
Numero do processo: 16004.720253/2012-45
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 25 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Oct 24 00:00:00 UTC 2014
Numero da decisão: 1402-000.286
Decisão: Visto e discutidos este autos.
Resolvem os membros do colegiado, Por unanimidade de votos, encaminhar o processo à Unidade de origem a fim de que os coobrigados sejam intimados da decisão de primeira instância, retomando-se o rito processual a partir daí. Ausente o Conselheiro Carlos Pelá. Participou do julgamento o Conselheiro Sergio Luiz Bezerra Presta.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto Presidente
(assinado digitalmente)
Moisés Giacomelli Nunes da Silva Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Frederico Augusto Gomes de Alencar, Sergio Luiz Bezerra Presta, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Paulo Roberto Cortez e Leonardo de Andrade Couto.
Nome do relator: MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201409
camara_s : Quarta Câmara
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Oct 24 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 16004.720253/2012-45
anomes_publicacao_s : 201410
conteudo_id_s : 5392001
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Oct 24 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 1402-000.286
nome_arquivo_s : Decisao_16004720253201245.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA
nome_arquivo_pdf_s : 16004720253201245_5392001.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Visto e discutidos este autos. Resolvem os membros do colegiado, Por unanimidade de votos, encaminhar o processo à Unidade de origem a fim de que os coobrigados sejam intimados da decisão de primeira instância, retomando-se o rito processual a partir daí. Ausente o Conselheiro Carlos Pelá. Participou do julgamento o Conselheiro Sergio Luiz Bezerra Presta. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente (assinado digitalmente) Moisés Giacomelli Nunes da Silva Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Frederico Augusto Gomes de Alencar, Sergio Luiz Bezerra Presta, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Paulo Roberto Cortez e Leonardo de Andrade Couto.
dt_sessao_tdt : Thu Sep 25 00:00:00 UTC 2014
id : 5678698
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:30:43 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047250847924224
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1712; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T2 Fl. 4 1 3 S1C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16004.720253/201245 Recurso nº Voluntário Resolução nº 1402000.286 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Data 25 de setembro de 2014 Assunto Auto de Infração do IRPJ e Reflexos Recorrente CATRICALA E e corresponsáveis: Domingos Ribeiro; Jenny Catricala Bianchi; Lazinha Orlandeli; Raphael Catricala; Roberti José Catricala; José Jesus Catricala e Yolanda Catricala Rogetta Recorrida FAZENDA NACIONAL Visto e discutidos este autos. Resolvem os membros do colegiado, Por unanimidade de votos, encaminhar o processo à Unidade de origem a fim de que os coobrigados sejam intimados da decisão de primeira instância, retomandose o rito processual a partir daí. Ausente o Conselheiro Carlos Pelá. Participou do julgamento o Conselheiro Sergio Luiz Bezerra Presta. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto – Presidente (assinado digitalmente) Moisés Giacomelli Nunes da Silva – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Frederico Augusto Gomes de Alencar, Sergio Luiz Bezerra Presta, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Paulo Roberto Cortez e Leonardo de Andrade Couto. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 60 04 .7 20 25 3/ 20 12 -4 5 Fl. 3840DF CARF MF Impresso em 24/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/10/2014 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA, Assinado digitalmente e m 08/10/2014 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA, Assinado digitalmente em 16/10/2014 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 16004.720253/201245 Resolução nº 1402000.286 S1C4T2 Fl. 5 2 RELATÓRIO A presente autuação diz respeito aos anoscalendário de 2007 e 2008, lavrada em face da empresa antes indicada que é tributada com base no Lucro Real, com apuração anual. O demonstrativo do débito consta da fl. 3.016. O auto de infração de fls. 3.066 e seguintes, datado em 02/07/2012, encontrase acompanhado do termo de verificação fiscal de fls. 3.021 e seguintes, foi notificado à recorrente em 05/07/2012 (fl. 3.146), exigindo IRPJ, CSLL multa isolada, de forma concomitante, sobre as bases estimadas, PIS e Cofins. A infração imputada à recorrente foi omissão de receita caracterizada pela ocorrência de saldo credor de caixa. O demonstrativo do cálculo da multa isolada por falta de recolhimento de estimativa consta a partir da fl. 3.071 dos autos. Segundo consta à fl. 3.049 do TVF, foi atribuída responsabilidade aos sócios gerentes, "em virtude de tudo que foi constatado em relação a existência de saldo credores de caixa em mais de onze milhões de reais, bem como a inclusão de lançamentos sempre no final de cada mês, inserindo fatos jurídicos falsos ou inexistentes, com o escopo de ocultar o estouro do saldo credor de caixa". O processo esteve em pauta na sessão de 03 de dezembro de 2013, ocasião em que, por meio da Resolução de fls. 3.754/3.760, o Colegiado converteu o julgamento em diligência para que fossem intimados do acórdão os sócios a seguir indicados: SóciosGerentes AR fl/data impugnação DOMINGOS RIBEIRO (fl. 3054) 3315 JENNY CATRICALA BIANCHI (fl. 3056) 3519 (14/08/2012) 3412 JOSE JESUS CATRICALA (fl. 3052) 3550 (13/08/2012) 3543 LAZINHA ORLANDELI (fl. 3058) 3518 (15/08/2012) 3379 RAPHAEL CATRICALA (fl. 3060) 3482 (13/08/2012) 3282 ROBERTI JOSE CATRICALA (fl. 3062) 3347 Yolanda Catricala Rogetta* 3522 (03/08/2012) 3485 *O item 4 do Termo de verificação fiscal, à fl. 3.050, não menciona o nome da sócia Iolanda Catricala Rogetta. Contudo, pelo que se verifica do despacho de fl. 3178, que não se encontra datado, tendo em vista que a mesma também figura como sóciagerente, no contrato social, a DRJ devolveu os autos à origem para que a mesma fosse incluída (fls. 3.187). Às fls. 3.746/3.747 consta pedido de desistência parcial por parte contribuinte Catricala, remanescendo a discussão apenas quanto aos valores lançados a título de multa isolada e a corresponsabilidade dos sócios antes indicados. À fl. 3.799 consta despacho informando que em face da desistência parcial do recurso, os débitos em relação aos quais houve desistência foram transferidos para o processo nº 10850.7217174/201445. Fl. 3841DF CARF MF Impresso em 24/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/10/2014 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA, Assinado digitalmente e m 08/10/2014 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA, Assinado digitalmente em 16/10/2014 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 16004.720253/201245 Resolução nº 1402000.286 S1C4T2 Fl. 6 3 As fls. 3.820; 3.823; 3.826; 3.829; 3.832; 3.835, consta as intimações dos sócios acima indicados do parcelamento deferido, com exceção da sócia Yolanda Catricala Rogetta, que sequer foi intimada do parcelamento e, tampouco da prerrogativa para recorrer da decisão da DRJ. É o relatório. Voto Conselheiro MOISÉS GIACOMELLI NUNES DA SILVA, relator No presente caso foi atribuída responsabilidade solidária aos sócios da empresa, a seguir nominados: SóciosGerentes AR fl/data impugnação DOMINGOS RIBEIRO (fl. 3054) 3315 JENNY CATRICALA BIANCHI (fl. 3056) 3519 (14/08/2012) 3412 JOSE JESUS CATRICALA (fl. 3052) 3550 (13/08/2012) 3543 LAZINHA ORLANDELI (fl. 3058) 3518 (15/08/2012) 3379 RAPHAEL CATRICALA (fl. 3060) 3482 (13/08/2012) 3282 ROBERTI JOSE CATRICALA (fl. 3062) 3347 Yolanda Catricala Rogetta* 3522 (03/08/2012) 3485 *O item 4 do Termo de verificação fiscal, à fl. 3.050, não menciona o nome da sócia Iolanda Catricala Rogetta. Contudo, pelo que se verifica do despacho de fl. 3178, que não se encontra datado, tendo em vista que a mesma também figura como sóciagerente, no contrato social, a DRJ devolveu os autos à origem para que a mesma fosse incluída (fls. 3.187). Os sócios acima nominados apresentaram impugnações sendo que em julgamento a DRJ manteve a responsabilidade que lhes foi impostas. Desta decisão eles não foram intimados para recorrer. Quando o processo esteve em pauta, em sessão anterior, por meio de Resolução de fls. 3.754, este Colegiado converteu o julgamento em diligência para que os coobrigados fossem formalmente intimados da decisão de primeira instância, assegurandolhes o direito de recorrer. A unidade de origem, pelo que se verifica das fls. 3.820; 3.823; 3.826; 3.829; 3.832; 3.835, intimou os coobrigados lá mencionados acerca da desistência parcial do recurso, pela contribuinte Catricala. Contudo, deixou de intimálos quanto os termos da decisão da DRJ. É necessário que se tenha presente que a desistência parcial do recurso por parte do contribuinte principal não faz desaparecer o interesse recursal dos coobrigados, quanto à responsabilidade que lhes foi imposta. Neste contexto, os autos devem retornar à origem para que se cumpra o quanto foi decidido na Resolução de fls. 7.754 e seguintes, isto é, a ciência de todos os coobrigados quanto ao acórdão da DRJ, assegurandolhes o direito de recorrer. Fl. 3842DF CARF MF Impresso em 24/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/10/2014 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA, Assinado digitalmente e m 08/10/2014 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA, Assinado digitalmente em 16/10/2014 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 16004.720253/201245 Resolução nº 1402000.286 S1C4T2 Fl. 7 4 ISSO POSTO, voto por encaminhar o processo à Unidade de origem a fim de que os coobrigados sejam intimados da decisão de primeira instância, retomandose o rito processual a partir daí. É o voto. (assinado digitalmente) Moisés Giacomelli Nunes da Silva Fl. 3843DF CARF MF Impresso em 24/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/10/2014 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA, Assinado digitalmente e m 08/10/2014 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA, Assinado digitalmente em 16/10/2014 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO
score : 1.0
Numero do processo: 13819.002615/2002-78
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 16 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Nov 27 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Ano-calendário: 1997
COFINS.AUDITORIA INTERNA OU ELETRÔNICA. AUTO DE INFRAÇÃO. MUDANÇA DA MOTIVAÇÃO DO AUTO DE INFRAÇÃO PELA DRJ.
Se a autuação torna como pressuposto de fato a inexistência de processo judicial em nome do contribuinte, limitandose a indicar como dado concreto "PROC JUD DE OUTRO CNPJ", e o contribuinte demonstra a existência desta ação, devese reconhecer a nulidade do lançamento por absoluta falta de amparo fático. Não há como manter a exigência fiscal por outros fatos e fundamentos, senão aqueles constantes no ato do lançamento. Precedente do CARF (PAF nº 13863.000134/200292. Acórdão nº 3202000.692-2ªCâmara/2ªTurmaOrdinária).
Recurso voluntário provido.
Numero da decisão: 3202-001.372
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário da empresa. Acompanhou o julgamento pela Recorrente o advogado Dr. Bruno Toledo Checchia, OAB/DF 27.179.
Luis Eduardo Garrossino Barbieri Presidente substituto
Thiago Moura de Albuquerque Alves Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Gilberto de Castro Moreira Junior, Charles Mayer de Castro Souza, Luis Eduardo Garrossino Barbieri, Tatiana Midori Migiyama, Paulo Roberto Stocco Portes e Thiago Moura de Albuquerque Alves.
Nome do relator: THIAGO MOURA DE ALBUQUERQUE ALVES
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201410
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Ano-calendário: 1997 COFINS.AUDITORIA INTERNA OU ELETRÔNICA. AUTO DE INFRAÇÃO. MUDANÇA DA MOTIVAÇÃO DO AUTO DE INFRAÇÃO PELA DRJ. Se a autuação torna como pressuposto de fato a inexistência de processo judicial em nome do contribuinte, limitandose a indicar como dado concreto "PROC JUD DE OUTRO CNPJ", e o contribuinte demonstra a existência desta ação, devese reconhecer a nulidade do lançamento por absoluta falta de amparo fático. Não há como manter a exigência fiscal por outros fatos e fundamentos, senão aqueles constantes no ato do lançamento. Precedente do CARF (PAF nº 13863.000134/200292. Acórdão nº 3202000.692-2ªCâmara/2ªTurmaOrdinária). Recurso voluntário provido.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Nov 27 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 13819.002615/2002-78
anomes_publicacao_s : 201411
conteudo_id_s : 5401817
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Nov 27 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 3202-001.372
nome_arquivo_s : Decisao_13819002615200278.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : THIAGO MOURA DE ALBUQUERQUE ALVES
nome_arquivo_pdf_s : 13819002615200278_5401817.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário da empresa. Acompanhou o julgamento pela Recorrente o advogado Dr. Bruno Toledo Checchia, OAB/DF 27.179. Luis Eduardo Garrossino Barbieri Presidente substituto Thiago Moura de Albuquerque Alves Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Gilberto de Castro Moreira Junior, Charles Mayer de Castro Souza, Luis Eduardo Garrossino Barbieri, Tatiana Midori Migiyama, Paulo Roberto Stocco Portes e Thiago Moura de Albuquerque Alves.
dt_sessao_tdt : Thu Oct 16 00:00:00 UTC 2014
id : 5737688
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:32:28 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047250851069952
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1900; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T2 Fl. 1000 1 999 S3C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13819.002615/200278 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3202001.372 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 16 de outubro de 2014 Matéria AUTO DE INFRAÇÃO. MOTIVAÇÃO. IMODIFICABILIDADE. Recorrente COMPANHIA BRASILEIRA DE MEIOS DE PAGAMENTO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 1997 COFINS.AUDITORIA INTERNA OU ELETRÔNICA. AUTO DE INFRAÇÃO. MUDANÇA DA MOTIVAÇÃO DO AUTO DE INFRAÇÃO PELA DRJ. Se a autuação torna como pressuposto de fato a inexistência de processo judicial em nome do contribuinte, limitandose a indicar como dado concreto "PROC JUD DE OUTRO CNPJ", e o contribuinte demonstra a existência desta ação, devese reconhecer a nulidade do lançamento por absoluta falta de amparo fático. Não há como manter a exigência fiscal por outros fatos e fundamentos, senão aqueles constantes no ato do lançamento. Precedente do CARF (PAF nº 13863.000134/200292. Acórdão nº 3202000.692 2ªCâmara/2ªTurmaOrdinária). Recurso voluntário provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário da empresa. Acompanhou o julgamento pela Recorrente o advogado Dr. Bruno Toledo Checchia, OAB/DF 27.179. Luis Eduardo Garrossino Barbieri – Presidente substituto AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 81 9. 00 26 15 /2 00 2- 78 Fl. 1001DF CARF MF Impresso em 27/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por THIAGO MOURA DE ALBUQUERQUE ALVES, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por THIAGO MOURA DE ALBUQUERQUE ALVES, Assinado digitalmente em 27/10/2014 por LUIS ED UARDO GARROSSINO BARBIERI 2 Thiago Moura de Albuquerque Alves – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Gilberto de Castro Moreira Junior, Charles Mayer de Castro Souza, Luis Eduardo Garrossino Barbieri, Tatiana Midori Migiyama, Paulo Roberto Stocco Portes e Thiago Moura de Albuquerque Alves. Relatório Tratase de Auto de Infração relativo à Contribuição para o Programa de Integração Social – PIS, lavrado em 09/05/2002, formalizando um crédito tributário no valor de R$ 1.653.528,22, em virtude da não confirmação de processo judicial indicado para fins de compensação dos débitos declarados de julho a dezembro/1997. Inconformado com a exigência, o contribuinte, por intermédio de seus advogados e procuradores, protocolizou impugnação alegando em síntese que: a) nulidade do auto de infração, na medida que não foi dado oportunidade para se manifestar; b)afirma inexistir qualquer irregularidades no recolhimento, dada a suspensão da exigibilidade do crédito tributário por decisão judicial; c) pede prazo para substituir cópia simples da decisão judicial, por cópia autenticada. Apreciando o pleito do Contribuinte, a DRJ/CPS julgou procedente em parte a impugnação, conforme ementa abaixo transcrita (Fls. 182/sss): ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 1997 DCTF. REVISÃO INTERNA. AUSÊNCIA DE PRÉVIA INTIMAÇÃO DO CONTRIBUINTE. Apurada causa suficiente, hábil a dispensar a intimação do contribuinte, desnecessária é a exteriorização do procedimento fiscal por meio de prévia solicitação de esclarecimentos. NULIDADE. Constituído o crédito tributário pelo contribuinte mediante declaração, prescindível é a análise dos argumentos relacionados à validade do lançamento de ofício. COMPENSAÇÃO. PROCESSO JUDICIAL NÃO COMPROVADO. ERRO NO PREENCHIMENTO DA DCTF. EXISTÊNCIA DE SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DOS DÉBITOS DECLARADOS. A propositura de ação judicial, antes ou após a lavratura do auto de infração, com o mesmo objeto, não impede a formalização do lançamento. Apenas que, se fosse confirmada a suspensão da exigibilidade antes do início do procedimento fiscal, incabível seria a aplicação de multa de ofício. Fl. 1002DF CARF MF Impresso em 27/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por THIAGO MOURA DE ALBUQUERQUE ALVES, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por THIAGO MOURA DE ALBUQUERQUE ALVES, Assinado digitalmente em 27/10/2014 por LUIS ED UARDO GARROSSINO BARBIERI Processo nº 13819.002615/200278 Acórdão n.º 3202001.372 S3C2T2 Fl. 1001 3 DÉBITOS DECLARADOS. MULTA DE OFÍCIO. Em face do princípio da retroatividade benigna, exonerase a multa de ofício no lançamento decorrente de compensações não comprovadas, apuradas em declaração prestada pelo sujeito passivo, por se configurar hipótese diversa daquelas versadas no art. 18 da Medida Provisória n° 135/2003, convertida na Lei n° 10.833/2003, com a nova redação dada pelas Leis n° 11.051/2004 e n° 11.196/2005. Impugnação Procedente em parte. Regularmente cientificado do Acórdão proferido, o Contribuinte, tempestivamente, interpôs recurso voluntário, no qual reproduz basicamente as razões de defesa constantes em sua impugnação. Apreciando o pleito, sob a relatoria da Conselheira MERCIA HELENA TRAJANO D'AMORIM, a 2ª câmara da 1ª Turma Ordinária, por unanimidade de votos, decidiu por converter o julgamento em diligência à repartição de origem, no intuito “verificar se efetivamente todos os valores cobrados através do lançamento de oficio, consubstanciado no presente processo, estão integralmente declarados em DCTF, em caso positivo, juntar documentação probante; assim como informar se eventualmente já foram tomadas providencias para inscrição dos citados débitos em Dívida ativa; solicitar à empresa, a íntegra da documentação da decisão judicial proferida pelo TRF 3ª Região nos autos do Mandado de Segurança nº 97.00026124, assim como esclarecer sobre o Mandado de Segurança 1999.03.99.0622740” (Fls. 907/ss.). Cumprindo a diligência, foi expedida a seguinte informação pela unidade preparadora (fls. 867/ss.): Em atendimento à essa diligência, passamos à análise dos documentos juntados aos autos, por meio da qual verificamos a seguinte seqüência de fatos: a) o contribuinte informou em DCTF os débitos de PIS consubstanciados neste processo como "Compensações corn DARF", atreladas ao processo judicial n° 97.00026124; b) as compensações com DARF não identificadas ensejaram a lavratura do Auto de Infração de PIS; c) o Mandado de Segurança n° 97.00026124 fora impetrado objetivando a declaração de inexistência jurídica que obrigasse o recolhimento do PIS na forma instituída pela MP n° 1.212/95 e suas sucessivas reedições, de modo a garantir o direito ao recolhimento nos termos da Lei Complementar n° 07/70 (para empresas prestadoras de serviço, a ordem de 5% sobre o IR devido); d) a ação objetivava ainda obter o direito de compensar os valores recolhidos indevidamente com parcelas vincendas do próprio PIS; Fl. 1003DF CARF MF Impresso em 27/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por THIAGO MOURA DE ALBUQUERQUE ALVES, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por THIAGO MOURA DE ALBUQUERQUE ALVES, Assinado digitalmente em 27/10/2014 por LUIS ED UARDO GARROSSINO BARBIERI 4 e) a liminar foi concedida, suspendendo a exigibilidade da contribuição cobrada segundo as Medidas Provisórias discutidas; f) a sentença julgou procedente o pedido, no entanto sem nada dizer a respeito da compensação; g) Acórdão TRF em sede de apelação da União declarou a constitucionalidade do recolhimento da contribuição ao PIS nos termos da MP 1.212, observandose no entanto a anterioridade nonagesimal; h) a vista desta decisão, tornamse exigíveis os débitos de PIS com base no faturamento após o inicio da eficácia da MP 01/03/1996; i) em 06/11/2006 foi emitida cartacobrança dos débitos cobrados no auto, e a ausência de recolhimentos levou à inscrição em Divida Ativa da União em 23/01/2007; j) todavia, a própria Receita Federal do Brasil, percebendo a tempestividade da impugnação, solicitou o cancelamento da inscrição para que o processo fosse enviado à apreciação pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento, conforme previsto no rito do PAF — Processo Administrativo Fiscal. Assim sendo e conforme já acima mencionado, os autos foram encaminhados à DRJ que determinou, por meio do Acórdão n°0526.362 de 05/08/2009, a procedência em parte do lançamento afastando tão somente a incidência da multa de ofício. A decisão do referido Acórdão em manter o lançamento baseiase na argumentação de que: ▪ embora restando incomprovado o amparo a compensação vinculada em DCTF ao Mandado de Segurança, o contribuinte provou a suspensão da exigibilidade dos débitos A época de sua declaração em DCTF, com base na decisão em liminar e sentença no MS 97.00026124; • em 15/12/2003 transitou em julgado o Acórdão do TRF, limitando a inaplicabilidade da Medida Provisória n° 1.212/95 e subseqüentes somente aos 90 dias posteriores à sua edição, não alcançando portanto os valores relativos a 1997. À vista de todo o exposto, concluise que o Acórdão do TRF já transitado em julgado determinou serem exigíveis os débitos de PIS nos moldes da MP 1.212 e reedições, após 01/03/1996. A recorrente apresentou sua manifestação às fls. 883/ss. dos autos. Ao seu turno, Fazenda Nacional apresentou petição, afirmando que não vislumbrava interesse em manifestarse sobre o mérito da questão (fls. 982/ss). É o relatório. Voto Fl. 1004DF CARF MF Impresso em 27/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por THIAGO MOURA DE ALBUQUERQUE ALVES, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por THIAGO MOURA DE ALBUQUERQUE ALVES, Assinado digitalmente em 27/10/2014 por LUIS ED UARDO GARROSSINO BARBIERI Processo nº 13819.002615/200278 Acórdão n.º 3202001.372 S3C2T2 Fl. 1002 5 Conselheiro Thiago Moura de Albuquerque Alves, Relator. O recurso voluntário é tempestivo e, por isso, merece ser apreciado. Aprecio, de logo, a preliminar de nulidade do auto de infração, por deficiência na sua fundamentação, uma vez que entendo que esse argumento merece acolhimento e prejudica a análise dos demais pontos tratados no recurso voluntário. O auto de infração eletrônico foi lavrado, nos seguintes termos (fl. 13): O presente Auto de Infração originouse da realização de Auditoria Interna na(s) DCTF discriminada(s) no quadro 3 (três), conforme INSRF n° 045 e 077/98. Foi(ram) constatada(s) irregularidade(s) no(s) crédito(s) vinculado(s) informado(s) na(s) DCTF, conforme indicada(s) no Demonstrativo de Créditos Vinculados não Confirmados (Anexo 1), e/ou no "Relatório de Auditoria Interna de Pagamentos Informados na(s) DCTF' (Anexos Ia ou Ib),e /ou "Demonstrativo de Pagamentos Efetuados Após o Vencimento" (Anexos lia ou 11b), e/ou no "Demonstrativo do Crédito Tributário a Pagar" (Anexo III) e/ou no "Demonstrativo de Multa e/ou Juros a Pagar Não Pagos ou Pagos a Menor (Anexo IV) . Para efetuar o pagamento da(s) diferença(s) apurada(s) em Auditoria Interna, objeto deste Auto de Infração, o contribuinte deve consultar as "Instruções de Pagamento" (Anexo V). De acordo com o Anexo I do auto de infração, a inconsistência encontrada deveuse ao fato de que a compensação dos débitos declarados em DCTF, fazendo referência à ação judicial, aludia a processo judicial de outro CNPJ (“proc. jud. de outro CNPJ” – fl. 14). Todavia, a informação fiscal confirmou, cabalmente, que o processo judicial indicado pela Recorrente era do seu CNPJ. Confirase (fls. 867/ss.): ▪ embora restando incomprovado o amparo a compensação vinculada em DCTF ao Mandado de Segurança, o contribuinte provou a suspensão da exigibilidade dos débitos à época de sua declaração em DCTF, com base na decisão em liminar e sentença no MS 97.00026124; A meu ver, esse fato é suficiente para caracterizar a nulidade do auto de infração, que foi fundamentado no único fato que se revelou inverídico de que o processo judicial informado pelo contribuinte seria de outro CNPJ. Nesse contexto, não poderia a DRJ alterar o fundamento da autuação, assentando que o mesmo foi realizado para prevenir a decadência, pois esse não foi o motivo da sua lavratura. Em caso muito semelhante ao presente mutatis mutandi, nossa turma julgou nulo o auto de infração: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIALCOFINS Fl. 1005DF CARF MF Impresso em 27/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por THIAGO MOURA DE ALBUQUERQUE ALVES, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por THIAGO MOURA DE ALBUQUERQUE ALVES, Assinado digitalmente em 27/10/2014 por LUIS ED UARDO GARROSSINO BARBIERI 6 Período de apuração:01/07/1997a31/12/1997 COFINS.GLOSA DE COMPENSAÇÃO. MUDANÇA DA MOTIVAÇÃO DO AUTO DE INFRAÇÃO PELA DRJ. Se a autuação torna como pressuposto de fato a inexistência de processo judicial em nome do contribuinte, limitandose a indicar como dado concreto "PROC JUD NAO COMPROVADO", e o contribuinte demonstram a existência desta ação, devese reconhecer a nulidade do lançamento por absoluta falta de amparo fático. Não há como manter a exigência fiscal por outros fatos e fundamentos, senão aqueles constantes no ato do lançamento. A alteração da motivação exige a lavratura de novo auto de infração ou a sua retificação por meio de outro auto de infração. Precedente do CARF (3ª Seção /3a.Turma da 4a.Câmara/ Acórdão340300.565,em29/09/2010). [PAF nº 13863.000134/200292. Acórdãonº 3202000.692– 2ªCâmara/2ªTurmaOrdinária. Rel. Cons. THIAGO MOURA DE ALBUQUERQUE ALVES. Julgado em 20/03/2013]. Ante o exposto, voto para DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. É como voto. Thiago Moura de Albuquerque Alves Fl. 1006DF CARF MF Impresso em 27/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por THIAGO MOURA DE ALBUQUERQUE ALVES, Assinado digitalmente em 24/10/2014 por THIAGO MOURA DE ALBUQUERQUE ALVES, Assinado digitalmente em 27/10/2014 por LUIS ED UARDO GARROSSINO BARBIERI
score : 1.0