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Numero do processo: 10840.002335/2007-17
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 12 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Simples Nacional Ano-calendário: 2007 Ementa: SIMPLES NACIONAL. EXCLUSÃO. OPÇÃO DA EMPRESA. EFEITOS. A opção pelo Simples Nacional, a teor do que determinam as específicas disposições de regência (Resolução n o 04/2007), é irretratável no mesmo ano- calendário, somente gerando efeitos a partir do primeiro dia do exercício subseqüente. A indicação da existência de possíveis “equívocos” e falhas, exclusivamente imputáveis à contribuinte, também não possui o condão de garantir-lhe a pretendida auto-exclusão retroativa.
Numero da decisão: 1301-000.885
Decisão: Acordam os membros da turma, por unanimidade, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto proferidos pelo Relator.
Nome do relator: CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER
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EXCLUSÃO. OPÇÃO DA EMPRESA. EFEITOS. A opção pelo Simples Nacional, a teor do que determinam as específicas disposições de regência (Resolução no 04/2007), é irretratável no mesmo ano calendário, somente gerando efeitos a partir do primeiro dia do exercício subseqüente. A indicação da existência de possíveis “equívocos” e falhas, exclusivamente imputáveis à contribuinte, também não possui o condão de garantirlhe a pretendida autoexclusão retroativa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Os membros da turma acordam, por unanimidade, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto proferidos pelo Relator. (Assinado digitalmente) Alberto Pinto Souza Junior Presidente. (Assinado digitalemente) Carlos Augusto de Andrade Jenier Relator. EDITADO EM: 03/05/2012 Fl. 51DF CARF MF Impresso em 29/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2012 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 03/05/2012 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 03/05/2012 por ALBERTO P INTO SOUZA JUNIOR 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alberto Pinto Souza Junior, Waldir Veiga Rocha, Paulo Jakson da Silva Lucas, Valmir Sandri, Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior e Carlos Augusto de Andrade Jenier Relatório A matéria tratada nos presentes autos cingese, especificamente, à discussão em torno da validade do Despacho Decisório proferido pela SEORT – Seção de Orientação e Análise Tributária da DRFB em Ribeirão Preto, que, apreciando requerimento formulado pela contribuinte em relação à sua “exclusão” do SIMPLES NACIONAL, formalizado em 26/10/2007, em decorrência de suposto equívoco do requerimento do enquadramento, teria apontado o indeferimento do pleito, tendo em vista que, para operacionalização da pretensão, era necessária a utilização do Portal do Simples Nacional, disponível na internet. A razão da discordância tratada, referese ao fato de que, apontando a contribuinte a existência de “pendências” quando da (supostamente equivocada) apresentação do pedido de inclusão, formalizado em 11/07/2007, deveria o seu pedido ter sido então INDEFERIDO, não se podendo, agora, falar em “exclusão”, uma vez que, conforme aponta, nunca poderia ela ter integrado o sistema. O ponto central da controvérsia, verificase, referese à definição da data inicial da “exclusão”, pretendendo a contribuinte a sua aplicação desde a (indevida) inclusão, ao passo que a autoridade fazendária, aplicando as específicas normas de regência, especificamente no que se refere às disposições contidas na Resolução CGSN n° 15, de 23 de julho de 2007, destaca que o pedido de exclusão efetivado (a qualquer tempo) pela contribuinte, importaria na aplicação de efeitos a partir do primeiro dia do anocalendário subseqüente, inexistindo, assim, possibilidade de acolhimento da pretensão formalizada. Apreciando a matéria assim lançada, manifestouse a douta DRJ de origem no sentido de negar provimento à “manifestação de inconformidade” apresentada, em acórdão que, inclusive, assim restara ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Anocalendário: 2007 SIMPLES NACIONAL. EXCLUSÃO. OPÇÃO DA EMPRESA. EFEITOS. A exclusão do Simples Nacional por opção da empresa ocorrerá a partir de I o de janeiro do anocalendário subseqüente. Manifestação de Inconformidade Improcedente Sem Crédito em Litígio Regularmente intimada a contribuinte em 27/07/2011, apresenta ela, então, em 25/08/2011 o seu competente Recurso Voluntário, manifestando a sua inconformidade com a conclusão atingida e, assim, requerendo a reforma da decisão nos termos ali apontados. Em rápida síntese, é esse o relatório. Fl. 52DF CARF MF Impresso em 29/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2012 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 03/05/2012 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 03/05/2012 por ALBERTO P INTO SOUZA JUNIOR Processo nº 10840.002335/200717 Acórdão n.º 1301000.885 S1C3T1 Fl. 2 3 Voto Conselheiro CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER Sendo tempestivo o Recurso Voluntário e estando atendidos todos os seus pressupostos, dele conheço. Conforme destacado no rápido relatório apresentado, tratam os presentes autos, especificamente, da insurreição da contribuinte contra o Despacho Decisório proferido pela SEORT, que, indeferindo o requerimento físico apresentado, aponta que a pretensão da contribuinte de se autoexcluir do SIMPLES deveria ter sido formalizado especificamente por meio da internet, no Portal do Simples, o que, por sua vez, importaria na aplicação de efeitos a partir do primeiro dia do exercício subseqüente, nos termos, inclusive, especificamente apontados pelas disposições normativas de regência. A respeito da matéria aqui digladiada, é importante destacar que, havendo possibilidade conforme especificamente destacado pela decisão recorrida , de apresentação do requerimento de autoexclusão, pela contribuinte, a partir dos sistemas disponíveis na internet no Portal do Simples, a primeira consideração a ser aqui enfrentada, de fato, referese à opção apontada pela contribuinte de fazêlo por meio de requerimento físico, especificamente protocolizado junto aos agentes da DRF de origem. Tal fato, vale ressaltar, não se conforma em simples inobservância das formalidades específicas estabelecidas em regulamentos, mas sim, em objetivo especificamente pretendido pela contribuinte, que, conforme por ela mesma destacado, não se encontrava especificamente contemplado pelas ferramentas disponíveis no canal da internet. Isso porque, verificase, a pretensão da contribuinte, ao que tudo indica, nunca fora a de promover sua “autoexclusão”, nos termos especificamente admitidos pelo sistema, mas sim a desconstituição do requerimento de inclusão anteriormente efetivado, retroagindo seu efeitos, assim, ao momento específico da formalização do (supostamente indevido) requerimento de inclusão efetivado. Ao que tudo indica, o que pretende a contribuinte é a de promover a retratação de seu pedido de inclusão no SIMPLES NACIONAL, sustentando seu pedido na existência de “pendências” que, por outra via, impediriam o deferimento ao requerimento por ela, inclusive, especificamente realizado. Ocorre que, conforme destaca a decisão recorrida, o art. 7o da Resolução no 04/2007, expressamente aponta que “a opção pelo Simples Nacional darseá por meio da internet, sendo irretratável para todo o anocalendário”, o que impõe, como conseqüência lógica, que o pedido de exclusão formalizado pela contribuinte somente poderia gerar efeitos a partir do primeiro dia do exercício subseqüente, o que, então, restara especificamente apontado nos autos. A partir dessas considerações, não se há como admitir, no caso, a pretensão da recorrente, devendose, assim, ser mantida a r. decisão recorrida nos termos ali, então, especificamente apontados. Fl. 53DF CARF MF Impresso em 29/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2012 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 03/05/2012 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 03/05/2012 por ALBERTO P INTO SOUZA JUNIOR 4 Nesses termos, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário interposto, nos termos e fundamentos aqui, então, especificamente apresentados. (Assinado digitalmente) Carlos Augusto de Andrade Jenier Relator Fl. 54DF CARF MF Impresso em 29/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2012 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 03/05/2012 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 03/05/2012 por ALBERTO P INTO SOUZA JUNIOR
score : 1.0
Numero do processo: 16327.000334/2010-11
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 27 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Fri Apr 12 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 31/10/2007, 30/11/2007
PIS/COFINS. INCONSTITUCIONALIDADE DO ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO PRETENDIDA PELO PARÁGRAFO 1º DO ART. 3º DA LEI 9.718/98.
A declaração de inconstitucionalidade do parágrafo 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 apenas impediu que a base de cálculo de PIS/Cofins ultrapassasse o conceito de receita bruta ou faturamento, tal como previsto na legislação anterior. Em relação às empresas em geral, isto significou manter seu alcance às receitas da venda de bens e da prestação de serviços, sendo que, especificamente em relação às instituições financeiras, este mesmo alcance já era traduzido pelo conceito de receita operacional, a qual deve alcançar, e desde antes alcança, a receita obtida com a negociação de títulos e ações.
PIS/COFINS. DESMUTUALIZAÇÃO DA BOLSA DE VALORES. INCORPORAÇÃO DE ASSOCIAÇÃO SEM FINS LUCRATIVOS POR SOCIEDADE POR AÇÕES. SUBSTITUIÇÃO DE TÍTULOS POR AÇÕES REPRESENTATIVAS DO MESMO ACERVO PATRIMONIAL. VENDA DE ATIVO IMOBILIZADO.
A desmutualização, tal como ocorreu de fato, envolveu um conjunto de atos típicos das operações societárias de cisão e incorporação, com o que não houve concretamente um ato de restituição do patrimônio pela associação aos associados, tampouco um ato sucessivo de utilização destes recursos para a aquisição das ações.
Houve a substituição dos títulos patrimoniais da entidade sem fins lucrativos por ações da sociedade anônima, em razão da sucessão, por incorporação, da primeira pelas segunda - evento o qual, aliás, marca a extinção dos títulos.
A substituição dos títulos patrimoniais pelas ações caracterizam a permanência do mesmo ativo, devendo ser admitida sua manutenção na conta de ativo permanente, tal como procedeu o contribuinte, de modo que sua alienação configura receita da venda de ativo permanente, a qual não compõe a base de cálculo de PIS/Cofins.
Recurso provido.
Numero da decisão: 3403-001.829
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Robson José Bayerl e Rosaldo Trevisan. Os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Marcos Tranchesi Ortiz, Rosaldo Trevisan e Domingos de Sá Filho apresentaram declarações de voto. Sustentou pela recorrente o Dr. Maucir Fregonesi Júnior, OAB/SP nº 142.393, e pela Fazenda Nacional o Dr. Rodrigo Moreira Lopes.
Antonio Carlos Atulim Presidente
Ivan Allegretti Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Robson José Bayerl, Domingos de Sá Filho, Rosaldo Trevisan, Marcos Tranchesi Ortiz e Ivan Allegretti.
Nome do relator: IVAN ALLEGRETTI
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Data do fato gerador: 31/10/2007, 30/11/2007 PIS/COFINS. INCONSTITUCIONALIDADE DO ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO PRETENDIDA PELO PARÁGRAFO 1º DO ART. 3º DA LEI 9.718/98. A declaração de inconstitucionalidade do parágrafo 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 apenas impediu que a base de cálculo de PIS/Cofins ultrapassasse o conceito de receita bruta ou faturamento, tal como previsto na legislação anterior. Em relação às empresas em geral, isto significou manter seu alcance às receitas da venda de bens e da prestação de serviços, sendo que, especificamente em relação às instituições financeiras, este mesmo alcance já era traduzido pelo conceito de receita operacional, a qual deve alcançar, e desde antes alcança, a receita obtida com a negociação de títulos e ações. PIS/COFINS. DESMUTUALIZAÇÃO DA BOLSA DE VALORES. INCORPORAÇÃO DE ASSOCIAÇÃO SEM FINS LUCRATIVOS POR SOCIEDADE POR AÇÕES. SUBSTITUIÇÃO DE TÍTULOS POR AÇÕES REPRESENTATIVAS DO MESMO ACERVO PATRIMONIAL. VENDA DE ATIVO IMOBILIZADO. A desmutualização, tal como ocorreu de fato, envolveu um conjunto de atos típicos das operações societárias de cisão e incorporação, com o que não houve concretamente um ato de restituição do patrimônio pela associação aos associados, tampouco um ato sucessivo de utilização destes recursos para a aquisição das ações. Houve a substituição dos títulos patrimoniais da entidade sem fins lucrativos por ações da sociedade anônima, em razão da sucessão, por incorporação, da primeira pelas segunda - evento o qual, aliás, marca a extinção dos títulos. A substituição dos títulos patrimoniais pelas ações caracterizam a permanência do mesmo ativo, devendo ser admitida sua manutenção na conta de ativo permanente, tal como procedeu o contribuinte, de modo que sua alienação configura receita da venda de ativo permanente, a qual não compõe a base de cálculo de PIS/Cofins. Recurso provido.
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INCONSTITUCIONALIDADE DO ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO PRETENDIDA PELO PARÁGRAFO 1º DO ART. 3º DA LEI 9.718/98. A declaração de inconstitucionalidade do parágrafo 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 apenas impediu que a base de cálculo de PIS/Cofins ultrapassasse o conceito de receita bruta ou faturamento, tal como previsto na legislação anterior. Em relação às empresas em geral, isto significou manter seu alcance às receitas da venda de bens e da prestação de serviços, sendo que, especificamente em relação às instituições financeiras, este mesmo alcance já era traduzido pelo conceito de receita operacional, a qual deve alcançar, e desde antes alcança, a receita obtida com a negociação de títulos e ações. PIS/COFINS. DESMUTUALIZAÇÃO DA BOLSA DE VALORES. INCORPORAÇÃO DE ASSOCIAÇÃO SEM FINS LUCRATIVOS POR SOCIEDADE POR AÇÕES. SUBSTITUIÇÃO DE TÍTULOS POR AÇÕES REPRESENTATIVAS DO MESMO ACERVO PATRIMONIAL. VENDA DE ATIVO IMOBILIZADO. A desmutualização, tal como ocorreu de fato, envolveu um conjunto de atos típicos das operações societárias de cisão e incorporação, com o que não houve concretamente um ato de restituição do patrimônio pela associação aos associados, tampouco um ato sucessivo de utilização destes recursos para a aquisição das ações. Houve a substituição dos títulos patrimoniais da entidade sem fins lucrativos por ações da sociedade anônima, em razão da sucessão, por incorporação, da primeira pelas segunda evento o qual, aliás, marca a extinção dos títulos. A substituição dos títulos patrimoniais pelas ações caracterizam a permanência do mesmo ativo, devendo ser admitida sua manutenção na conta AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 03 34 /2 01 0- 11 Fl. 436DF CARF MF Impresso em 12/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 15/02/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 18/02/2013 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ, Assinado digitalmen te em 26/02/2013 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 18/02/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 24/03/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM 2 de ativo permanente, tal como procedeu o contribuinte, de modo que sua alienação configura receita da venda de ativo permanente, a qual não compõe a base de cálculo de PIS/Cofins. Recurso provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Robson José Bayerl e Rosaldo Trevisan. Os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Marcos Tranchesi Ortiz, Rosaldo Trevisan e Domingos de Sá Filho apresentaram declarações de voto. Sustentou pela recorrente o Dr. Maucir Fregonesi Júnior, OAB/SP nº 142.393, e pela Fazenda Nacional o Dr. Rodrigo Moreira Lopes. Antonio Carlos Atulim – Presidente Ivan Allegretti – Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Robson José Bayerl, Domingos de Sá Filho, Rosaldo Trevisan, Marcos Tranchesi Ortiz e Ivan Allegretti. Relatório Tratase da lavratura de autos de infração para a constituição de crédito tributário de Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – Cofins (fls. 257/261) e de Contribuição para o Programa de Integração Social – PIS (fls. 263/267) em relação a fatos geradores ocorridos em 31/10/2007 e 31/11/2007. A notificação aconteceu em 06/04/2010 (fls. 260/266). Antes do lançamento, em 28/03/2008, a contribuinte impetrou o Mandado de Segurança nº 2008.61.00.0076387, que tramitou na 25ª Vara Cível da Justiça Federal de São Paulo, objetivando recolher PIS/Cofins sem as modificações trazidas pela Lei nº 9.718/98, mantendo como base de cálculo o valor percebido com a venda de mercadorias, prestação de serviços, ou ambos, na forma das Leis Complementares nºs 07/70 e 70/91. No Termo de Verificação Fiscal (fls. 251/256), a Fiscalização motiva as razões do lançamento, entendendo que a venda de ações da BM&F SA e da Bovespa Holding SA, realizada pela contribuinte, não poderia ser classificada como venda de ativo permanente, mas como uma atividade ordinária de negociação de títulos, de modo que os valores obtidos deveriam integrar a receita operacional da contribuinte, sujeitandose à incidência de PIS/Cofins. A Fiscalização, no referido Termo, contextualiza a operação de desmutualização dentro do histórico das bolsas de valores e a participação da contribuinte na desmutualização das duas bolsas, descrevendo, em síntese, o seguinte: Durante o ano de 2007 foram efetuadas as operações de desmutualização da Bovespa e da BM&F. A desmutualização consistiu em cisão das associações civis, Bovespa e BM&F, com Fl. 437DF CARF MF Impresso em 12/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 15/02/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 18/02/2013 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ, Assinado digitalmen te em 26/02/2013 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 18/02/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 24/03/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 16327.000334/201011 Acórdão n.º 3403001.829 S3C4T3 Fl. 420 3 a criação de novas entidades com fins lucrativos, a Bovespa Holding S/A e a BM&F S/A. O patrimônio das associações civis foi devolvido aos seus associados mediante entrega das ações das novas sociedades anônimas, no valor atualizado dos respectivos títulos patrimoniais. Na formação da Bovespa Holding S/A, houve também a incorporação da Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia – CBLC. O valor atualizado das ações da CBLC foi também convertido em ações da Bovespa Holding S/A. Em 28/08/2007, a Bovespa promoveu a sua desmutualização. Aos associados da Bovespa, detentores de títulos patrimoniais, foram entregues ações da Bovespa Holding S/A, na proporção de 706.762 ações para cada titulo patrimonial. Cada titulo patrimonial tinha o valor de R$ 1.568.890,19, considerando os valores do balanço da Bovespa de 28/08/2007, e cada ação da Bovespa Holding S/A foi entregue aos detentores de títulos patrimoniais pelo valor de R$ 2,23, conforme o Oficio Circular da Bovespa n° 225/2007. A CBLC era uma sociedade ano nima de capital fechado, que tinha participação da Bovespa e outros acionistas, como as corretoras associadas da Bovespa. No processo de desmutualização passou a ser controlada integralmente pela Bovespa Holding S/A (cf. notas explicativas da CBLC). Conforme decidido em AGE de 28/08/2007, cada lote de 25 ações da CBLC foi trocada por 46.233 ações da Bovespa Holding S/A. (...) Nessa operação de desmutualização da Bovespa e formação da Bovespa Holding S/A, com a incorporação da CBLC pela Bovespa Holding S/A, a Banif CVC S/A recebeu 9.775.388 ações da Bovespa Holding S/A. Após o processo de desmutualização, foi realizada oferta pública de ações – IPO da Bovespa Holding S/A em 23/10/2007. Na Oferta Pública, o valor de venda unitário da ação da Bovespa Holding S/A foi de R$23,00. Em 01/10/2007, a BM&F promoveu operação de desmutualização semelhante à da Bovespa. Aos associados da BM&F, detentores de títulos patrimoniais, foram entregues ações da BM&F S/A. Nessa ocasião, o título de Membro de Compensação tinha o valor de R$4.961.610,00 e o título de Corretora de Mercadorias valia R$4.898.015,00, conforme as razões das contas respectivas. Na operação de desmutualização, o contribuinte recebeu 9.869.625 ações da BM&F, com valor unitário de R$1,00, de Fl. 438DF CARF MF Impresso em 12/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 15/02/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 18/02/2013 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ, Assinado digitalmen te em 26/02/2013 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 18/02/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 24/03/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM 4 acordo com o Demonstrativo de Resultado de Alienação de Ações da BM&F S/A. Após a desmutualização da BM&F, foi realizada a oferta pública de ações IPO em 28/11/2007. Na Oferta Pública, o valor unitário da ação da BM&F S/A foi de R$20,00. Na data do IPO, o contribuinte alienou 25% das ações recebidas em decorrência da desmutualização, em conformidade com instrumento particular de assunção de obrigações, firmado entre os associados da BM&F. Os associados da BM&F se comprometeram também a alienar no IPO uma quantidade suplementar de mais de 15% das ações oferecidas inicialmente, caso houvesse excesso de demanda na Oferta Pública. O contribuinte também efetuou a venda de 986.963 ações da BM&F S/A em 14/11/2007, ainda antes do IPO, que representavam 10% do total das suas ações da BM&F S/A. A venda foi feita a investidor estratégico, a GENERAL ATLANTIC LLC, nos termos de compromisso assumido pelos associados da BM&F no acordo de desmutualização. Depois de fazer a descrição dos atos que envolveram a desmutualização em relação à situação concreta da contribuinte, a Fiscalização passou a explicar a sua interpretação em relação ao Mandado de Segurança impetrado pela contribuinte, aduzindo o seguinte: A questão da ampliação da base de cálculo do PIS e da Cofins já foi objeto de declaração de inconstitucionalidade do §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 pelo STF, que assim definiu a não inclusão das receitas não operacionais na base de cálculo do PIS e da Cofins. Porém, nesta fiscalização estamos verificando que a apuração de receitas decorrentes de atividades normais e que fazem parte dos objetivos sociais do contribuinte, conforme descrito em seu contrato social. Dessa forma, são receitas operacionais e que não estão afetadas pelo Mandado de Segurança nº 2008.61.00.0076387 (grifo editado). A Fiscalização, com efeito, entendeu que as vendas das ações na Oferta Pública Inicial gerou uma receita que seria típica do exercício de atividade empresarial do contribuinte, gerando receita operacional, portanto, sujeita à tributação de PIS/Cofins (fl. 254). O raciocínio da Fiscalização é o seguinte: Nas duas operações de IPO houve decisões e acordo que colocavam as ações como disponíveis para venda e, portanto, devendo ser classificadas no ativo circulante. Mesmo porque, se os antigos associados da Bovespa e da BM&F não colocassem as suas ações como disponíveis para venda, as ofertas iniciais das bolsas não teriam acontecido. (...) As ações da BM&F S/A foram vendidas na Oferta Pública pelo preço unitário de R$20,00, sendo que o contribuinte vendeu 3.432.915 ações em 30/11/2007 e mais 514.937 ações em 04/02/2007, correspondentes ao lote suplementar de 15%, em Fl. 439DF CARF MF Impresso em 12/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 15/02/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 18/02/2013 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ, Assinado digitalmen te em 26/02/2013 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 18/02/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 24/03/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 16327.000334/201011 Acórdão n.º 3403001.829 S3C4T3 Fl. 421 5 conformidade com o Termo de Adesão e Procuração à Oferta Pública de Distribuição Secundária de Ações da BM&F S/A. Obteve, assim, ganho de capital nessas operações, no valor de R$65.228.858,91 em 30/11/2007, e de R$9.784.324,74 em 04/12/2007, na venda do lote suplementar, conforme o “Demonstrativo Resultado Alienação Ações da BM&F S/A”. A conclusão da Fiscalização foi, então, de que as ações da Bovespa Holding S/A que foram vendidas na Oferta Pública Inicial de Ações deveriam ser classificadas no Ativo Circulante em conta de Títulos de Renda Variável, “uma vez que essas ações estariam disponíveis para venda”. (fl. 255), de modo que a venda destas ações implicou em receita operacional (fl. 256). Promoveuse, assim, o lançamento fiscal, tomandose os valores resultantes da venda das ações como base de cálculo para a incidência de PIS/Cofins (fl. 256). Notificada, a contribuinte apresentou impugnação (fls. 273/286), alegando em síntese o seguinte: Na qualidade de corretora de valores mobiliários, para que pudesse atuar no mercado, tinha por obrigação possuir uma determinada quantidade de ações da Bovespa e da BM&F. Essa era uma forma estabelecida pelo ordenamento jurídico para regular o mercado de bolsa de valores, impedindo abusos por parte dos seus atores. Por ser obrigada a possuir tais bens, resta claro que tais títulos apresentavam natureza de um bem do seu ativo permanente. Ora, se a Impugnante estava impedida de alienar tais bens, tendo, portanto, a obrigatoriedade de mantêlos em seu patrimônio para que pudesse operar na Bolsa de Valores, torna se natural afirmar que tais títulos compunham seu ativo permanente. A permuta ocorrida no processo de desmutualização, quando os títulos patrimoniais foram substituídos por ações nas novas sociedades de capital aberto, não foi suficiente para desnaturar a qualidade de tais bens como ativos permanentes. Assim, a venda desses bens quando da abertura do capital da Bovespa e da BM&F constituiu venda de bens do ativo permanente, razão pela qual a “receita” auferida não constitui base de cálculo para as exações aqui tratadas..(...). Referindose ao Mandado de Segurança que impetrou, a contribuinte alega o seguinte: Obteve êxito logo em sede de liminar, determinandose que procedesse ao recolhimento das contribuições nos moldes pretendidos, o que lhe garantiu a suspensão da exigibilidade dos créditos tributários decorrentes, tal como dispõe o art. 151, inc. IV, do Código Tributário Nacional. Fl. 440DF CARF MF Impresso em 12/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 15/02/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 18/02/2013 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ, Assinado digitalmen te em 26/02/2013 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 18/02/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 24/03/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM 6 Não obstante, o MM. Juízo de primeira instância, quando da prolação da sentença, concedeu a segurança nos termos pleiteados, mantendose a liminar dantes concedida, razão pela qual o pseudo crédito ora lançado continuou com sua exigibilidade suspensa. É esse o principal trecho da r. sentença: “Isso posto e considerando o mais que dos autos consta, CONCEDO A SEGURANÇA para autorizar que a impetrante recolha o PIS tento como base de cálculo o Faturamento, este entendido como sendo a “ receita brita das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços de qualquer natureza, tal como ocorria na vigência da Lei Complementar 7/70, (grifo nosso) mantidas, quanto ao mais, as alterações legislativas posteriores, e a Cofins com a alíquota instituída pela Medida Provisória 1.724/98, convertida na Lei 9.718/98 (3% três por cento), observada, contudo, a base de cálculo (FATURAMENTO) prevista na Lei Complementar n.º 70/91 (conceito supra indicado), mantidas todas as demais alterações produzidas pela Lei. 9718/98 (grifo nosso)”. Concluise, portanto, que (i) a Impugnante apenas se encontra sujeita às modificações trazidas pela Lei nº 9.718/98 no tocante à majoração de alíquota, (ii) a base de cálculo da COFINS deve ser extraída da Lei Complementar nº 70/91; e (iii) carece de fundamentação os valores lançados de ofício pelo Fisco Federal em virtude de a Impugnante ter em seu favor aludida decisão. Ora, o pretenso montante auferido no processo de desmutualização da Bovespa e da BM&F não configura faturamento, ou seja, não pode ser considerado como um importe percebido com a prestação de serviço e/ou venda de mercadorias. Logo, não é base de cálculo para as contribuições aqui tratadas. A contribuinte pretendeu, ainda, a diminuição das multas imputadas, “haja vista que a Impugnante deixou de fazer o recolhimento do pretenso crédito tributário em razão da suspensão da exigibilidade existente na espécie”, ou seja, que a multa não seria aplicável porque estaria protegida pela liminar concedida no referido Mandado de Segurança. A Delegacia da Receita Federal de Julgamento de São Paulo 1 (DRJ), por meio do Acórdão nº 1627.620, de 5 de novembro de 2010 (fls. 358/373), por maioria de votos, concluiu pela manutenção da exigência, prevalecendo o entendimento sintetizado na seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 31/10/2007, 30/11/2007 AUTO DE INFRAÇÃO. TÍTULOS MOBILIÁRIOS. REGISTRO. ATIVO CIRCULANTE. Devem ser classificados no Ativo Circulante as disponibilidades e os direitos realizáveis no curso do exercício social subseqüente. Correta a classificação no Ativo Circulante das Fl. 441DF CARF MF Impresso em 12/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 15/02/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 18/02/2013 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ, Assinado digitalmen te em 26/02/2013 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 18/02/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 24/03/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 16327.000334/201011 Acórdão n.º 3403001.829 S3C4T3 Fl. 422 7 ações da BOVESPA HOLDING S/A e da BM&F S/A que foram recebidas pela contribuinte em decorrência de processo de desmutualização da Bolsa de Valores de São Paulo BOVESPA, e da Bolsa de Mercadorias & Futuros de São Paulo BM&F e que foram negociadas logo após ao seu recebimento, no caso, dentro de três meses de seu ingresso nos registros contábeis da impugnante. COFINS. BASE DE CALCULO. RECEITAS BRUTA (OPERACIONAL). OBJETO SOCIAL. VENDA DE AÇÕES. A base de cálculo da contribuição é a receita bruta, nos termos da legislação de regência. Tendo a interessada como objeto social a exploração de atividades de negociação e intermediação com títulos e valores mobiliários e mercadorias negociáveis em bolsas de valores e bolsas de mercadorias e futuros, considera se como receita bruta (operacional) aquela proveniente da venda de ações, inclusive das ações da BOVESPA HOLDING S/A e da BM&F S/A que foram recebidas pela contribuinte em decorrência de processo de desmutualização da BOVESPA e da BM&F. MULTA DE OFÍCIO. PROVIMENTO JUDICIAL. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. INOCORRÊNCIA.. O provimento judicial obtido pela contribuinte não afasta a incidência da contribuição sobre as receitas ditas operacionais, não havendo que se falar em suspensão da exigibilidade do crédito tributário lançado e, tampouco, em cancelamento de multa de ofício lançada. MULTA DE OFÍCIO. CARÁTER CONFISCATÓRIO. O julgado administrativo não pode afastar a aplicação da multa prevista em lei e carece de competência para apreciar questões suscitadas quanto à validade da legislação tributária. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA 0 PIS/PASEP Data do fato gerador: 31/10/2007, 30/11/2007 TÍTULOS MOBILIÁRIOS. REGISTRO. ATIVO CIRCULANTE. Devem ser classificados no Ativo Circulante as disponibilidades e os direitos realizáveis no curso do exercício social subseqüente. Correta a classificação no Ativo Circulante das ações da BOVESPA HOLDING S/A e da BM&F S/A que foram recebidas pela contribuinte em decorrência de processo de desmutualização da Bolsa de Valores de São Paulo BOVESPA, e da Bolsa de Mercadorias & Futuros de São Paulo BM&F e que foram negociadas logo após ao seu recebimento, no caso, dentro de três meses de seu ingresso nos registros contábeis da impugnante. PIS. BASE DE CALCULO. RECEITAS BRUTA (OPERACIONAL). OBJETO SOCIAL. VENDA DE AÇÕES. Fl. 442DF CARF MF Impresso em 12/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 15/02/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 18/02/2013 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ, Assinado digitalmen te em 26/02/2013 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 18/02/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 24/03/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM 8 Tendo a interessada como objeto social a exploração de atividades de negociação e intermediação com títulos e valores mobiliários e mercadorias negociáveis em bolsas de valores e bolsas de mercadorias e futuros, considerase como receita bruta (operacional) aquela proveniente da venda de ações, inclusive das ações da BOVESPA HOLDING S/A e da BM&F S/A que foram recebidas pela contribuinte em decorrência de processo de desmutualização da Bolsa de Valores de São Paulo – BOVESPA, e da Bolsa de Mercadorias & Futuros de São Paulo BM&F. MULTA DE OFÍCIO. PROVIMENTO JUDICIAL. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. INOCORRÊNCIA.. O provimento judicial obtido pela contribuinte não afasta a incidência da contribuição sobre as receitas ditas operacionais, não havendo que se falar em suspensão da exigibilidade do crédito tributário lançado e, tampouco, em cancelamento de multa de ofício lançada. MULTA DE OFÍCIO. CARÁTER CONFISCATÓRIO. O julgado administrativo não pode afastar a aplicação da multa prevista em lei e carece de competência para apreciar questões suscitadas quanto à validade da legislação tributária. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Ao analisar a suspensão da exigibilidade do crédito tributário pelo Mandado de Segurança nº 2008.61.00.0076387, entendeu a DRJ que “o provimento judicial obtido pela interessada não está a suspender a exigibilidade do crédito tributário controlado no presente processo administrativo, posto que não afasta a incidência das contribuições PIS e COFINS sobre as receitas ditas operacionais” (fl. 367, item 5.7). No mérito, prevaleceu por maioria de votos o entendimento da Relatora, a qual explicou que “a contabilização de um determinado ativo no PERMANENTE deve se basear na efetiva intenção da sociedade de permanecer com tal ativo no momento de sua aquisição, ou seja, no momento do registro deste ativo em sua contabilidade” (fl. 367, item 6) e que “ocorreu a transformação societária de associação para sociedade por ações” (fl. 369, item 6.3), de modo que “as Ações da Bovespa Holding S/A e da BM&F, recebidas pela impugnante em decorrência da operação de desmutualização, constitui outro ativo diferente, portanto, daquele dos Títulos Patrimoniais da Bovespa e da BM&F ” (fl. 369, item 3.6), explicando, ainda, que “a aquisição dos títulos patrimoniais e sua manutenção no patrimônio da interessada se fazia imperativa para que a impugnante pudesse exercer suas atividades junto às bolsas. Agora, perante a transformação da Bovespa e da BM&F (entidades sem fins lucrativos) em sociedades anônimas, deixa de existir a necessidade de manutenção dessas ações (no patrimônio da instituição financeira) para que a corretora possa operar nas Bolsas” (fl. 369, item 6.7). A propósito da multa, concluiu a DRJ que “o provimento judicial obtido pela contribuinte não afasta a incidência da contribuição sobre as receitas ditas operacionais, não havendo que se falar em suspensão da exigibilidade do crédito tributário lançado e, tampouco, em cancelamento da multa de ofício lançada” (fl. 367). Fl. 443DF CARF MF Impresso em 12/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 15/02/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 18/02/2013 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ, Assinado digitalmen te em 26/02/2013 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 18/02/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 24/03/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 16327.000334/201011 Acórdão n.º 3403001.829 S3C4T3 Fl. 423 9 A contribuinte interpôs recurso voluntário (fls. 377/391), no qual reitera os mesmos fundamentos de sua impugnação, com enfático combate ao entendimento da DRJ quanto à classificação das ações como Ativo Circulante, explicando que “a permuta ocorrida no processo de desmutualização, quando os títulos patrimoniais foram substituídos por ações nas novas sociedades de capital aberto, não foi suficiente para desnaturar a qualidade de tais bens como ativos permanentes” (fls. 382/383). A Procuradoria da Fazenda Nacional apresentou contrarazões, destacando de início que “é de extrema relevância para o presente caso a menção dos reais motivos que levaram as bolsas a abrirem seu capital em todo o mundo. Com efeito, conhecendo esses detalhes é possível afastar qualquer pretensão do contribuinte recorrente no sentido de aproximar o processo de desmutualização (criação de sociedades anônimas) com qualquer determinação estatal. Significa dizer que a desmutualização das Bolsas brasileiras partiu de decisão interna corporis das associações e de seus associados, detentores dos títulos de propriedade, seguindo tendências mundiais do setor. Não houve, repita-se, qualquer determinação estatal para tanto” (pág. 9 da petição). Alega a Procuradoria que “no processo de desmutualização houve devolução do patrimônio das associações civis sem fins lucrativos para as corretoras a elas associadas, na forma de ações das novas sociedades anônimas constituídas” (pág. 9 da petição). Argumenta que “é preciso reconhecer que é praticamente impossível determinar qual era a verdadeira intenção do contribuinte. Com efeito, para definir se o desejo era compor o Ativo Permanente da empresa ou não, somente se a Fiscalização obtivesse uma declaração expressa do contribuinte – na qual ele confirmasse o que realmente pretendia fazer quando recebeu as ações emitidas em seu favor, a título de devolução patrimonial das extintas associações (Bovespa e BM&F). Implica dizer que a produção de tal prova é improvável – para não dizer impossível – pois equivale a exigir da Fiscalização que extraia a confissão do contribuinte” (pág. 10 da petição) e que “consoante o Termo de Adesão ao Instrumento Particular de Assunção de Obrigações celebrado no âmbito da Bolsa de Mercadorias & Futuros, firmado em 17/08/2007, é possível constatar que o contribuinte já tinha pleno conhecimento de que haveria alienação de 35% das ações recém adquiridas. Assim, o contribuinte sabia de antemão que não poderia manter as ações em seu patrimônio. Desse modo, resta evidente que essas ações não poderiam ter sido classificadas como bens do Ativo Permanente” (pág. 13), de modo que “os documentos analisados e a forma como ocorreram as transações entre o contribuinte e as emitentes das ações – BM&F S.A e a BOVESPA HOLDING S.A. – demonstram que sua intenção nunca foi de manter as ações em seu patrimônio como Ativo Permanente. Basta visualizar todo o conjunto de operações realizadas para se compreender o objetivo do negócio realizado era realmente a alienação das ações, e não a sua manutenção no patrimônio da empresa” (pág. 15 da petição). Por fim, alega que o objeto societário da contribuinte em questão referese expressamente à atividade de subscrição de títulos e valores mobiliários para revenda, de modo que “ao alienar as ações que eram de sua titularidade, fatalmente as receitas recebidas devem ser consideradas operacionais, visto que são oriundas da atividade típica, regular e habitual do contribuinte” (pág. 19). Quanto à suspensão da exigibilidade do crédito tributário pelo Mandado de Segurança impetrado e a exclusão da multa de ofício, afirma a Procuradoria que “o provimento judicial obtido pela autuada não tem o condão de suspender a exigibilidade do crédito Fl. 444DF CARF MF Impresso em 12/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 15/02/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 18/02/2013 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ, Assinado digitalmen te em 26/02/2013 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 18/02/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 24/03/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM 10 tributário exigido no presente processo administrativo, posto que não afasta a incidência das contribuições PIS e Cofins sobre as receitas operacionais” (pág. 24) e que “por ser a multa, indubitavelmente obrigação principal, não se pode chegar a outra conclusão que não a de que o crédito tributário engloba o tributo e a multa” (pág. 25). É o relatório. Voto Conselheiro Ivan Allegretti, Relator. O recurso é tempestivo, motivo pelo qual dele conheço (fls. 376 e 377). a) A ação judicial existente não prejudica nem altera o lançamento. Em primeiro lugar, devese enfrentar a alegação do contribuinte de que a ação judicial por ele proposta, e ainda em andamento, teria alguma implicação em relação ao lançamento discutido no presente processo administrativo. A petição inicial do Mandado de Segurança (fls. 139/166) formula o pedido de que “seja reconhecido o direito liquido e certo da Impetrante de proceder à apuração das bases de cálculo das contribuições ao PIS e COFINS sem a indevida majoração das respectivas bases de cálculo, determinada de forma viciada pelo citado artigo 3° da Lei n° 9.718/98, e de recolher ambos os tributos apenas sobre o faturamento propriamente dito — correspondente apenas às receitas advindas da prestação de serviços ou operacionais” (fl. 165; grifo editado). A sentença concedeu a ordem mandamental pleiteada pelo contribuinte, para o efeito de afastar o alargamento pretendido pela Lei nº 9.718/98, mantendo a mesma base de cálculo definida antes da edição desta Lei. A ação judicial, como se percebe, apenas repete os termos genéricos da declaração de inconstitucionalidade proclamada pelo Supremo Tribunal Federal, em relação ao parágrafo 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98. Sabese que esta declaração de inconstitucionalidade surte o efeito concreto de impedir que a base de cálculo de PIS/Cofins ultrapassasse o conceito de receita bruta ou faturamento, tal como previsto na legislação anterior. Como se percebe, em relação às empresas em geral isto significa manter ao alcance de PIS/Cofins apenas as receitas da venda de bens e da prestação de serviços, mas, especificamente em relação às instituições financeiras, este mesmo alcance é traduzido pelo conceito de receita operacional, de modo que alcança a receita obtida com a negociação de títulos mobiliários e ações. Aliás, nada impede, igualmente, que esta receita da negociação de títulos e ações seja tratada como receita típica da venda de mercadorias. Com efeito, o lançamento é baseado na alegação de que a contribuinte auferiu receita com a revenda de ações no mercado, o que configuraria, inequivocamente, receita operacional, e mesmo receita da venda de bens e prestação de serviços, nada tendo a ver com o sobredito alargamento inconstitucional da base de cálculo. Concluise, assim, que a ação judicial em andamento não interfere no presente lançamento. Fl. 445DF CARF MF Impresso em 12/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 15/02/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 18/02/2013 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ, Assinado digitalmen te em 26/02/2013 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 18/02/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 24/03/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 16327.000334/201011 Acórdão n.º 3403001.829 S3C4T3 Fl. 424 11 Pela mesma razão, devem ser mantidos os juros e a multa aplicados sobre o crédito tributário, pois a proteção judicial não alcança o objeto do presente lançamento fiscal. b) A ação judicial existente não prejudica nem altera o lançamento. A exigência de PIS/Cofins está lastreada no entendimento da Fiscalização de que o resultado da vendas, da contribuinte para terceiros, de ações da Bovespa Holding S/A e da BM&F S/A deveria receber o tratamento de receita operacional. A Fiscalização entende que as associações sem fins lucrativos – que era a modalidade na qual se encontravam formatadas as bolsas de valores antes da desmutualização – apenas poderiam destinar o seu patrimônio para entidades congêneres ou, quando muito, restituir aos seus associados o valor atualizado das contribuições que prestaram ao patrimônio da associação. Baseada nisto, a Fiscalização entende que a venda das ações pela contribuinte teria sido o desfecho de uma seqüência de operações, as quais teriam começado com o ato de devolução de patrimônio da associação para os seus quotistas, seguido da aquisição das ações e subseqüente venda, de modo que tal venda revelaria a prática de atividade operacional típica da atuação econômica da contribuinte, de negociação de títulos no mercado financeiro. É isto o que transparece do Termo de Verificação Fiscal, ao dizer que “O patrimônio das associações civis foi devolvido aos seus associados mediante entrega das ações das novas sociedades anônimas, no valor atualizado dos respectivos títulos patrimoniais” (fl. 251). A d. Procuradoria também entende assim, argumentando em suas contra razões que a contribuinte “recebeu as ações emitidas em seu favor, a título de devolução patrimonial das extintas associações” (pág. 10 da petição de contrarazões ao recurso voluntário) e que a contribuinte “tinha pleno conhecimento de que haveria alienação de 35% das ações recém adquiridas” (pág. 12 da petição de contrarazões ao recurso voluntário), concluindo que as receitas decorrente da venda desta ações “são oriundas da atividade típica, regular e habitual do contribuinte” (pág. 19 da petição de contrarazões ao recurso voluntário) A Fiscalização e Procuradoria, como visto, aprecem não concordar com os fatos: discordam da possibilidade de incorporação, querendo ver na operação uma devolução do patrimônio da associação para os associados, seguida da aquisição e venda de ações pelos associados. Ocorre que, concretamente, não houve ato de restituição do patrimônio pela associação aos seus associados. O que houve, de fato, foi a troca dos títulos por ações, em concretização das operações de cisão e incorporação do patrimônio da associação, resultando em sua extinção. Não parece possível dizer que as ações teriam sido dadas em pagamento pelas sociedades anônimas, pois concretamente não houve a compra dos títulos patrimoniais pelas sociedades anônimas. Não houve mudança de titularidade dos títulos patrimoniais para si. Também não parece possível dizer que teriam sido dados em pagamento pela associação, como forma de pagamento em restituição do patrimônio, pois a associação nunca Fl. 446DF CARF MF Impresso em 12/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 15/02/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 18/02/2013 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ, Assinado digitalmen te em 26/02/2013 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 18/02/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 24/03/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM 12 foi titular das ações. Não foi a associação quem teria utilizado as ações, pois as ações não lhe pertenciam. Nem houve concretamente, repisese, uma restituição do patrimônio pela associação, em resgate de seus próprios títulos. A restituição, que é prevista no art. 61, § 1º, do CC, possivelmente teria acontecido se, diante da finalidade de extinguir a associação, não fossem aplicáveis a cisão e a incorporação. O que se percebe, pois, é que a aplicação destes institutos societários no caso concreto suprimiu o ato de restituição do patrimônio aos associados. Neste ponto, aliás, o recorrente argúi a aplicação do art. 2.033 do CC para sustentar a possibilidade jurídica de aplicaremse os fenômenos societários da mutação, incorporação, cisão e fusão às associações. Este dispositivo prevê que, “Salvo o disposto em lei especial, as modificações dos atos constitutivos das pessoas jurídicas referidas no art. 44, bem como a sua transformação, incorporação, cisão ou fusão, regemse desde logo por este Código”, sendo que, dentre as pessoas jurídicas listadas no art. 44, logo no inciso I, figuram as associações. Não parece que a ressalva inicial seja capaz de eliminar todo o conteúdo que se segue, no sentido de que as entidades sem fins lucrativos estariam excluídas do envolvimento nestes fenômenos societários. De fato, não parece possível extrair outra interpretação do dispositivo, senão de que permite tais operações em relação às associações, nada obstante se possa lamentar a falta de detalhamentos normativos mais precisos para a sua aplicação em relação às entidades sem fins lucrativos. Este caso, aliás, é sintomático das dificuldades geradas pela falta de um balizamento mais detalhado e devidamente contextualizado com as características próprias das entidades sem fins lucrativos, em especial quando estão envolvidas entidades com fins lucrativos. De outro lado, chama atenção o fato de que não houve qualquer notícia de questionamentos na época, colocando em dúvida a legalidade ou acusando de algum tipo de falta de ortodoxia os atos concretos praticados para levar a efeito a desmutualização das bolsas. Dentre os atos praticados não houve, pois, uma restituição de patrimônio da associação para os seus associados. Também não houve uma aquisição propriamente dita das ações. Houve, em concretização das operações societárias, a substituição dos títulos patrimoniais por ações. Interpretar como quer a Fiscalização exigiria desconstituir a operação concreta, por ilegalidade, ante a convicção de que não poderia ter acontecido pelo itinerário jurídico adotado, pois apenas outro caminho seria possível: o qual passaria necessariamente pelo ato específico de restituição, pela associação aos seus associados, das suas contribuições ao patrimônio da entidade. Ocorre que, respeitada a competência deste Tribunal Administrativo, tornase necessário presumir a legalidade das operações que concretizaram a “desmutualização”, mesmo porque ocorridas sob a tutela e autorização do Conselho Monetário Nacional e da Comissão de Valores Mobiliários. Fl. 447DF CARF MF Impresso em 12/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 15/02/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 18/02/2013 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ, Assinado digitalmen te em 26/02/2013 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 18/02/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 24/03/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 16327.000334/201011 Acórdão n.º 3403001.829 S3C4T3 Fl. 425 13 Baseado, pois, na convicção de que de fato não houve uma devolução pela associação aos associados, do patrimônio da associação, seguida da aquisição e venda das ações, mas que concretamente houve a troca dos títulos patrimoniais pelas ações, entendo que a posterior venda destas ações não configuram receita operacional da contribuinte, mas venda de seu ativo imobilizado. Na DRJSão Paulo/SP, prevaleceu por maioria de votos o entendimento de que se estaria tratando de receita operacional, pelo argumento central de que os ativos em questão teriam natureza distinta. Ou seja, porque os títulos patrimoniais não teriam a mesma natureza das ações, estaria justificada a desclassificação destes últimos da conta de ativo permanente, devendo ser reclassificados na conta de ativo circulante, diante da natureza operacional da negociação que teria envolvido seu ingresso e sua saída. O raciocínio é linear, mas apenas formalmente. Esbarra no mesmo problema anterior, na mesma complexidade dos atos que envolveram a cisão e a incorporação, dando causa ao deslocamento do patrimônio da associação para patrimônio de sociedade anônima, à mutação da condição de associado em acionista, e da substituição de títulos por ações. Embora juridicamente sejam distintas as qualidades de um título e de uma ação, no conjunto de direitos e deveres que encerram, os dados da operação concreta demonstram que significam substancialmente o mesmo conteúdo patrimonial. Podese dizer, com efeito, que se trata da mesma participação e do mesmo conteúdo econômicopatrimonial, relativas a uma pessoa jurídica que manteve a mesma atividade e finalidade, mas agora atuando com um estatuto diferente, sob um regime jurídico diferente. Frisese que a situação aqui tratada é bastante peculiar, pois não se está tratando de uma troca genérica de ativos diferentes, mas da troca de um título de uma participação societária que deixou de existir, por um título de participação societária de uma sociedade anônima que passou a existir, sucedendo e representando o mesmo conteúdo patrimonial. Na perspectiva da contribuinte, portanto, legitimase dizer que onde antes havia os títulos patrimoniais – que deixaram de existir – passou a haver as ações – que tomaram o lugar dos títulos extintos –, uma substituindo o lugar da outra na mesma conta de ativo permanente. Se tal operação societária não seria possível de acordo com a legislação civil, este Tribunal não tem como questionar, mas tendo assim ocorrido, é de acordo com estes atos concretos que levaram a cabo tais operações que deve ser aplicada a legislação. A substituição das quotas pelas ações, portanto, caracterizam a sucessão de um título de participação societária – que deixou de existir – por outro – que passou a existir em seu lugar –, representativos da sucessão ocorrida entre as pessoas jurídicas envolvidas – a que deixou de existir e a que passou a existir em seu lugar –, devendo ser admitida sua manutenção na conta de ativo permanente, tal como procedeu o contribuinte, de modo que sua Fl. 448DF CARF MF Impresso em 12/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 15/02/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 18/02/2013 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ, Assinado digitalmen te em 26/02/2013 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 18/02/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 24/03/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM 14 alienação configura receita da venda de ativo permanente, a qual não compõe a base de cálculo de PIS/Cofins. Voto pelo provimento do recurso. Ivan Allegretti Declaração de Voto Conselheiro Antonio Carlos Atulim É incontroverso que a BOVESPA ASSOCIAÇÃO CIVIL sofreu cisão parcial. Uma parte do patrimônio da BOVESPA Associação Civil foi transferido para a BOVESPA HOLDING S/A . Uma outra parte (menor) foi transferida para a BOVESPA SERVIÇOS E PARTICIPAÇÕES S/A. Posteriormente, a BOVESPA SERVIÇOS E PARTICIPAÇÕES foi incorporada pela BOVESPA HOLDING. Basicamente a fiscalização e a decisão de primeira instância entenderam que em 28/08/2007, data em que foram realizadas as assembléias que aprovaram as alterações societárias na BOVESPA e na CBLC, houve devolução de capital por parte da BOVESPA e aquisição de ações por parte das corretoras associadas. Tendo em vista que as ações da BOVESPA HOLDING teriam sido adquiridas em 28/08/2007 e uma parte delas foi vendida em setembro do mesmo ano, o contribuinte deveria ter contabilizado essas ações em conta do ativo circulante e não no permanente. A venda de parte das ações em prazo inferior a um ano da data da aquisição revela que a intenção da empresa não era a de manter um investimento permanente. Assim, tratandose de receita proveniente da venda de ações, e estando essa atividade incluída no objeto social da pessoa jurídica, tratarseia de receita passível de inclusão nas bases de cálculo do PIS e da COFINS, sendo inaplicáveis ao caso concreto não só a decisão do STF que julgou inconstitucional a ampliação da base de cálculo das contribuições, mas também o mandado de segurança específico da recorrente, por meio do qual foi questionada a constitucionalidade do art. 3º § 1º da Lei nº 9.718/99, uma vez que a receita proveniente da venda das ações se enquadraria no conceito de faturamento. A tese da defesa está escorada no fato de que não houve devolução de patrimônio aos sócios da antiga BOVESPA e posterior aquisição das ações, pois a BOVESPA ASSOCIAÇÃO CIVIL não foi extinta ou dissolvida. A entidade original foi cindida parcialmente e uma parte de seu patrimônio foi absorvida pela nova empresa BOVESPA HOLDING. Assim, seria uma ficção a interpretação da fiscalização no sentido de que houve devolução de patrimônio e, posteriormente, aquisição de ações. Na verdade, segundo a defesa, o que ocorreu de fato foi a substituição dos títulos patrimoniais da BOVESPA ASSOCIAÇÃO CIVIL por ações da BOVESPA HOLDING. O valor das ações era equivalente ao valor dos títulos patrimoniais. E tendo em conta que os títulos patrimoniais estavam classificados no ativo imobilizado porque eram necessários à manutenção da atividade da corretora, após a troca dos títulos pelas ações, estas deveriam permanecer contabilizadas na mesma conta, ainda que a intenção da recorrente fosse alienálas posteriormente. Fl. 449DF CARF MF Impresso em 12/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 15/02/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 18/02/2013 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ, Assinado digitalmen te em 26/02/2013 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 18/02/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 24/03/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 16327.000334/201011 Acórdão n.º 3403001.829 S3C4T3 Fl. 426 15 A decisão de primeira instância, por maioria de votos, entendeu que as ações recebidas em substituição aos antigos títulos patrimoniais constituem um ativo diferente e que não seria mais necessário à manutenção da atividade da recorrente. Sendo assim, seria no recebimento do novo ativo o momento em que deveria ser aferida a intenção do contribuinte de mantêlo ou não com intenção permanente. Quanto a este entendimento, ficou vencido um dos julgadores, que considerou que a receita proveniente da venda das ações não era operacional e, portanto, não poderia ter sido alvo da tributação. O raciocínio empregado no acórdão de primeira instância é equivocado, pois, conquanto os antigos títulos patrimoniais e as novas ações tenham características jurídicas diferentes, eles representam a mesma fração de um mesmo patrimônio. Quem antes era sócio da BOVESPA, passou a ser acionista com uma participação no capital equivalente à do título que possuía. Assim, é fraca a premissa do raciocínio da decisão de primeira instância, quando estabelece que as ações recebidas constituem um ativo diferente dos antigos títulos. Podem ser juridicamente diferentes, mas apresentam a mesma fração de um patrimônio existente, sendo equivalentes, inclusive, quanto à magnitude dos valores, fato que justifica a sua manutenção no mesmo local em que foram originalmente contabilizados. Embora no caso concreto nem a fiscalização e nem a decisão recorrida tenham feito referência expressa ao art. 61 do Código Civil, o raciocínio empregado neste processo é exatamente o mesmo que foi utilizado em outros processos que tramitaram por este colegiado versando sobre a chamada “desmutualização” da BOVESPA. Isto porque, a tanto a fiscalização, quanto a DRJ partiram do pressuposto de que as ações foram adquiridas no momento em que desapareceu a associação civil e surgiu sociedade anônima. Entretanto, o art. 61 do Código Civil é inaplicável ao caso concreto, pois a BOVESPA ASSOCIAÇÃO CIVIL não foi dissolvida. É óbvio que essa entidade desapareceu do cenário jurídico. Mas desaparecer por dissolução e desaparecer por cisão são coisas totalmente diferentes. Na cisão o patrimônio da entidade cindida não retorna para os seus sócios, ele é transferido diretamente para a nova entidade que se originou. O que houve no caso da “desmutualização” foi a transformação de um tipo de sociedade em outra e não a dissolução tratada no art. 61 do Código Civil. Não se olvide que o art. 1.113 do Código Civil estabelece que o ato de transformação da sociedade independe de dissolução ou liquidação e obedecerá aos preceitos reguladores da constituição e inscrição próprios do tipo em que vai se converter. Assim, se o Código Civil não obriga que a transformação seja precedida de extinção da entidade e nem impede a transformação de uma associação (BOVESPA ASSOCIAÇÃO CIVIL) em uma sociedade anônima (BOVESPA HOLDING S/A) e, ainda, se o estatuto da S/A foi regularmente registrado na Junta Comercial, não há que se cogitar de nenhuma ilegalidade na operação. Inexistindo a devolução de patrimônio nessa operação, resulta claro que as ações da BOVESPA HOLDING, emitidas em substituição dos antigos títulos patrimoniais da BOVESPA ASSOCIAÇÃO CIVIL, deveriam permanecer contabilizadas exatamente no mesmo local onde estavam contabilizados referidos títulos patrimoniais, independentemente da intenção do contribuinte vendêlas posteriormente. E isto é assim, porque existiu uma continuidade das ações em relação aos títulos, pois ambos representam uma fração do mesmo patrimônio. A intenção que deve prevalecer é aquela existente no momento da aquisição dos títulos originários e não a do momento em que foram substituídos pelas ações. Fl. 450DF CARF MF Impresso em 12/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 15/02/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 18/02/2013 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ, Assinado digitalmen te em 26/02/2013 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 18/02/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 24/03/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM 16 Sendo lícita a contabilização das ações no ativo permanente, o próximo passo é decidir se o produto da venda dessas ações pode ou não ser considerado faturamento e se a ação judicial interposta para afastar a aplicação do art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98 beneficia a recorrente neste caso concreto. Entendo que o objeto da ação não alcança o produto da venda dessas ações, pois o pedido é genérico e não específico. O contribuinte não nomeou as receitas que considera que não devem integrar a base de cálculo. Assim, fica por conta de quem vai aplicar o comando da sentença decidir qual receita integra ou não integra o faturamento. E o que é faturamento? Os termos faturamento e receita bruta são termos jurídicos bem definidos na legislação pátria há pelo menos 30 anos, quando surgiu o Decretolei nº 1.598/77, que assim dispõe: “Art. 12 – A receita bruta das vendas e serviços compreende o produto da venda de bens nas operações de conta própria e o preço dos serviços prestados.” (Grifei) Observese que a lei se referiu primeiramente à venda de bens que é gênero do qual mercadoria é espécie. Já a Lei Complementar nº 70/91 estabeleceu expressamente a equivalência entre faturamento e receita bruta: “Art. 2° A contribuição de que trata o artigo anterior será de dois por cento e incidirá sobre o faturamento mensal, assim considerado a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviço de qualquer natureza.” (Grifei) E, para o PIS, a equivalência dos termos faturamento e receita bruta foi mantida pelo art. 3º da Lei nº 9.715/98: “Art. 3º Para os efeitos do inciso I do artigo anterior considera se faturamento a receita bruta, como definida pela legislação do imposto de renda, proveniente da venda de bens nas operações de conta própria, do preço dos serviços prestados e do resultado auferido nas operações de conta alheia.” (Grifei) Ora a lei se refere a “bens” e ora se refere a “mercadorias”. O Supremo Tribunal Federal no julgamento da Ação Declaratória de Constitucionalidade nº 11/DF fixou como premissa que faturamento e receita bruta são sinônimos e que se trata do produto de todas as vendas e não apenas das vendas acompanhadas de fatura. Então para o Supremo, faturamento é produto da venda de bens. Eis o trecho do voto do Ministro Moreira Alves na ADC Nº 11/DF: “(...) Notese que a Lei Complementar nº 70/91, ao considerar o faturamento como “a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza” nada Fl. 451DF CARF MF Impresso em 12/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 15/02/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 18/02/2013 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ, Assinado digitalmen te em 26/02/2013 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 18/02/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 24/03/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 16327.000334/201011 Acórdão n.º 3403001.829 S3C4T3 Fl. 427 17 mais fez do que lhe dar a conceituação de faturamento para efeitos fiscais, como bem assinalou o eminente Ministro ILMAR GALVÃO, no voto que proferiu no RE 150.764, ao acentuar que o conceito de receita bruta das vendas de mercadorias e de mercadorias e serviços “coincide com o de faturamento, que, para efeitos fiscais, foi sempre entendido como o produto de todas as vendas, e não apenas das vendas acompanhadas de fatura, formalidade exigida tãosomente nas vendas mercantis a prazo (art. 1º da Lei 187/36)”. (...)” Assim, no caso dos autos, o produto da venda das ações é faturamento. Entretanto, as ações estavam corretamente contabilizadas no ativo imobilizado da corretora. Tratandose de receita proveniente da venda de bem do imobilizado, a não incidência das contribuições está amparada pela exclusão prevista no art. 3º, IV da Lei nº 9.718/98. Com essas razões, acompanho o Relator e voto no sentido de dar provimento ao recurso. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Declaração de Voto Conselheiro Marcos Tranchesi Ortiz O recurso voluntário ora em debate controverte autos de infração de COFINS e da contribuição ao PIS lavrados na pressuposição de que a recorrente haveria de ter espontaneamente exposto à tributação receitas por ela auferidas da alienação de ações ocorrida em 2007. Em suma, discutese se tratava da alienação de itens legitimamente classificados no “ativo permanente” – e portanto, da obtenção de receitas insujeitas às exações, nos termos do artigo 3º, § 2º, inciso IV, da Lei nº 9.718/98 – ou se, ao contrário, referidos direitos deveriam compor o “ativo circulante” da pessoa jurídica e, nesta condição, ao serem cedidos a terceiros, proporcionar receitas passíveis de incidência. Pois bem. Corretora de títulos e valores mobiliários, a recorrente deteve títulos representativos do patrimônio da Bolsa de Valores de São Paulo, enquanto a investida revestiu a forma de associação civil (a “Associação Bovespa”). Neste período, aliás, todo e qualquer operador do mercado de ações mantinha vínculo associativo com a Bovespa, uma vez que somente assim, ostentando título de associado, era admitido a atuar junto à entidade. Em agosto de 2007, entretanto, a Associação Bovespa se submeteu a uma operação societária que resultou em versão de boa parte de seu patrimônio para uma pessoa jurídica com fins lucrativos. Inicialmente, a instituição sujeitouse a uma cisão parcial, com alocação dos ativos e passivos cindidos em duas sociedades, a Bovespa Holding S.A. e a Bovespa Serviços e Participações S.A., ambas constituídas imediatamente antes da operação. Em seguida, as ações emitidas por esta última sociedade foram incorporadas pela primeira, daí decorrendo a formação de uma subsidiária integral. Fl. 452DF CARF MF Impresso em 12/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 15/02/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 18/02/2013 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ, Assinado digitalmen te em 26/02/2013 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 18/02/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 24/03/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM 18 Concluídos os atos societários, portanto, parte dos títulos patrimoniais emitidos pela Associação Bovespa foi extinta e substituída por ações representativas do capital social da incorporadora, a Bovespa Holding S.A., a significar que, no ativo da recorrente e dos demais associados, as novas ações passaram a ocupar a posição dos antigos títulos (a “Desmutualização”). O Fisco não questiona, entendase bem, a classificação adotada pela recorrente na ativação dos títulos emitidos pela Associação Bovespa. Reconhecelhes a condição de “ativos permanentes”, inclusive porque, como mencionado, o próprio exercício das atividades de corretagem pressuponha à época a aquisição e a manutenção da propriedade destes direitos. Quem quer que pretendesse intermediar valores mobiliários negociados na Bovespa haveria de previamente se associar à entidade. O Fisco constrói os lançamentos em debate sustentando que, embora os títulos patrimoniais estivessem acertadamente contabilizados no ativo permanente, as ações que os substituíram não poderiam ter sido validamente escrituradas ali. Acusa a recorrente, em síntese, de não ter realizado uma supostamente obrigatória reclassificação dos novos ativos, por ocasião da operação societária a que se submeteu a investida. Numa palavra: dada a natureza dos atos societários levados a efeito pela Associação Bovespa em agosto de 2007, era exigível que a recorrente alterasse a classificação contábil que validamente adotara com relação aos títulos patrimoniais substituídos? É disso que se trata. Para dar consistência à sua tese, a autoridade lançadora argumenta que a operação societária em questão percorreu as seguintes etapas: (i) extinção da associação até então existente; (ii) devolução de seu acervo patrimonial aos associados; e, finalmente (iii) reaplicação deste acervo, pelos associados, na integralização do preço devido pela subscrição, por cada qual, das ações emitidas pela Bovespa Holding S.A. E digo que a narrativa se presta a dar consistência aos autos de infração porque é a partir desta sequência de supostas fases em que se desdobraria a operação societária que o Fisco constrói seu argumento quanto à obrigatoriedade da reclassificação dos ativos. É que de acordo com o Parecer Normativo CST nº 108, de 1978, editado a propósito do advento da Lei nº 6.404/76, a classificação das participações societárias no ativo permanente ou no circulante é presidida pela intenção manifestada pelo investidor no momento da aquisição. Vejase: “Investimentos: (...) 7.1 Por participações permanentes em outras sociedades se entendem as importâncias aplicadas na aquisição de ações e outros títulos de participação societária, com a intenção de mantêlas em caráter permanente, seja para obter controle acionário, seja por interesses econômicos, como, por exemplo, a constituição de fonte permanente de renda. Essa intenção será manifestada no momento em que se adquire a participação, mediante a sua inclusão no subgrupo de investimentos – caso haja interesse de permanência – ou registro no ativo circulante, não havendo esse interesse. Será, no entanto, presumida a intenção de permanência sempre que o valor registrado no circulante não for alienado até a data do balanço do exercício seguinte àquele em que tiver sido adquirido.” (grifamos) Fl. 453DF CARF MF Impresso em 12/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 15/02/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 18/02/2013 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ, Assinado digitalmen te em 26/02/2013 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 18/02/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 24/03/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 16327.000334/201011 Acórdão n.º 3403001.829 S3C4T3 Fl. 428 19 De acordo com a orientação fixada no normativo acima, a intenção presente por ocasião da aquisição do ativo é a que, em princípio, deve orientar a classificação contábil, a significar que direitos escriturados no permanente quando da respectiva aquisição devem permanecer como tais mesmo depois de sobrevinda a decisão de alienálos. Nesse sentido, aliás, dispõe o Parecer Normativo CST nº 3/1980, segundo o qual: “8. (...) a simples pretensão da pessoa jurídica no sentido de alienar bens destinados à utilização na exploração do objeto social ou na manutenção das atividades da empresa não autoriza, para os efeitos da legislação do imposto de renda, a exclusão dos elementos correspondentes registrados em contas do ativo permanente, devendo a cifra respectiva continuar integrando aquele agrupamento até a alienação, baixa ou liquidação do bem.” Só por isso, aliás, é que se cogita da alienação de bens integrantes do ativo permanente da pessoa jurídica. Se a só cessação da intenção de permanência bastasse para compelir a sociedade a reclassificar direitos anteriormente escriturados em “investimentos” ou em “imobilizado”, somente itens do ativo circulante seriam passíveis de alienação. Sim, porque se a intenção subsequente de venda importasse a obrigatoriedade da prévia realocação, os negócios de alienação teriam por objeto, sempre e por princípio, elementos tão só do próprio circulante. Desta forma, se a classificação pautase pela vontade exteriorizada no momento da aquisição, a subsistência dos autos de infração aqui recorridos pressupõe que se possa divisar, na operação societária por que passou a investida, um negócio jurídico de aquisição de ações praticado por seus associados. É o que sustenta a autoridade lançadora, para quem a recorrente obteve as ações em suposto ato de integralização do capital social da Bovespa Holding S.A., depois de ter recebido em devolução parcela do patrimônio pertencente à Associação Bovespa. No raciocínio trilhado pelo Fisco, como visto acima, a Desmutualização da entidade se consumou, primeiro, através da partilha do patrimônio então existente entre seus associados e, na sequência, por meio de atos individuais de reaplicação deste mesmo patrimônio na sociedade anônima sucessora, mediante subscrição de capital. E é nesta última etapa que a fiscalização se permite enxergar o ato volitivo de aquisição a que alude o PN CST nº 108/78 para demandar da recorrente a reclassificação do ativo. Sucede que a reestruturação por que passou a associação se deu por meio de cisão. Nas cisões, a pessoa jurídica cindida delibera segregar direitos e obrigações que integram seu patrimônio e vertêlos para uma entidade já existente – caso da operação realizada pela Associação Bovespa – ou então para uma cuja constituição é deliberada na própria ocasião. De acordo com a Lei nº 6.404/76, no que dela não difere a disciplina do atual Código Civil, a transferência do patrimônio cindido para a pessoa jurídica que o absorver dáse a título de integralização de capital social. Pelo ato de cisão, portanto, a cindida subscreve a benefício de seus próprios acionistas a formação ou o aumento do capital social da sucessora e o integraliza com o patrimônio líquido segregado. Como consequência, o capital da cindida se divide e parte dos títulos que o representam é automaticamente extinta e substituída por papéis emitidos pela receptora, em decorrência da própria subscrição. Fl. 454DF CARF MF Impresso em 12/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 15/02/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 18/02/2013 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ, Assinado digitalmen te em 26/02/2013 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 18/02/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 24/03/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM 20 A cisão não envolve devolução de patrimônio aos detentores de títulos emitidos pela cindida pela singela razão de que o ato implica transferência direta de patrimônio de uma pessoa jurídica à outra, sem intermediação. Direitos e obrigações objeto da operação passam da cindida imediatamente à incorporadora, sem transitarem pelo patrimônio dos investidores. É o que se lê do contido nos artigos 223, §2º, 227, §2º e 229, §§3º e 5º, todos da Lei nº 6.404/76 e, de resto, dito e repetido em doutrina. Nesse sentido, confirase em Modesto Carvalhosa as seguintes relevantes passagens: “Subscreve o aumento a incorporada e não seus acionistas, embora o produto dessa subscrição, ou seja, as ações ou quotas dela decorrentes, sejalhes entregue. Temos assim que o pagamento da subscrição é feito pela incorporada, em benefício de seus sócios ou acionistas, e não em benefício próprio.”1 “Ocorre que a incorporação, que se efetiva com a subscrição do capital da incorporadora com o patrimônio líquido da incorporada, não constitui nem compra e venda, nem alienação sui generis. Isto porque a transferência do patrimônio de uma para outra sociedade dáse a título de pagamento das ações subscritas pela incorporada a favor de seus sócios ou acionistas. E, com efeito, a vontade da sociedade que será incorporada não é de alienar, permutar ou vender seu patrimônio, mas de subscrever com ele o capital de outra sociedade. Assim, a subscrição, que é obrigação da incorporada, cumprese com a integralização em bens e direitos que constituem o seu patrimônio, fazendoo pelo valor líquido deste. A entrega desse patrimônio como forma de pagamento tem como efeito a transferência de propriedade sobre o mesmo, no valor correspondente ao da subscrição. Temos, assim, que a transferência do patrimônio da incorporada para a incorporadora se dá a título de pagamento da dívida contraída com a subscrição.”2 “Dessa forma, diretamente, o patrimônio da sociedade cindida transferese às novas ou já existentes sociedades, que se tornam suas sucessoras universais, na exata medida da parcela do patrimônio que lhes é transferida.”3 Ainda nesse sentido, advogar a tese do Fisco, no sentido de que a operação em análise envolveu devolução de patrimônio aos associados da Bovespa, exigiria reconhecer que, por um átimo de tempo ao menos, referidos associados detiveram a disponibilidade destes direitos. Por coerência, exigiria admitir que, tendo obtido a propriedade do patrimônio partilhado, os associados pudessem individualmente decidir por não reaplicálo na Bovespa Holding S.A. ou, então, por investilo apenas em parte nesta sociedade. Ocorre que, numa operação de cisão, os sócios da pessoa jurídica cindida não põem as mãos no patrimônio segregado. E os títulos (quotas ou ações) que lhes são entregues em substituição aos extintos jamais integrarão o patrimônio da sociedade submetida à cisão. Tais participações são emitidas pela incorporadora ou pela entidade constituída pelo ato de cisão e, sem transitar pela propriedade da cindida, são diretamente destinadas a seus sócios. Na 1 Comentários à Lei de Sociedades Anônimas. São Paulo: Saraiva, v. 4, 4ª. ed., p. 266. 2 Ob. cit., p. 275. 3 Ob. cit., p. 308. Fl. 455DF CARF MF Impresso em 12/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 15/02/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 18/02/2013 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ, Assinado digitalmen te em 26/02/2013 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 18/02/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 24/03/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 16327.000334/201011 Acórdão n.º 3403001.829 S3C4T3 Fl. 429 21 hipótese dos autos, portanto, as ações emitidas pela Bovespa Holding S.A. por ocasião da cisão parcial não chegaram a pertencer à Associação Bovespa antes de serem entregues aos associados. Também por isso é incabível falar, aqui, em devolução de capital ou de patrimônio. Vou além. De uma operação de cisão participam somente a própria cindida e a sociedade que houver de absorver a parte destacada de seu patrimônio (em se tratando de incorporação por sociedade préexistente). Nem mesmo os sócios da cindida são parte do negócio jurídico de cisão, muito embora o ato repercuta diretamente em suas esferas de direito. Quem decide pela cisão e define todos os seus termos são unicamente as pessoas jurídicas envolvidas, através de seus respectivos órgãos deliberativos. Nesse sentido, vide os §§ 1º e 2º do artigo 227, da Lei das S.A. Isso é relevante na medida em que, não participando diretamente da operação, os detentores de títulos emitidos pela cindida nada podem opor individualmente ao ato ou à própria substituição de suas participações por papéis emitidos pela incorporadora. Podem, sim, comparecer à assembléia convocada para deliberar a operação e manifestar sua eventual contrariedade mas, vencidos na votação, os efeitos da deliberação lhe são impostos. Daí porque, como a substituição de títulos, quotas ou ações prescinde, numa cisão, da aquiescência dos respectivos proprietários, não é possível equiparar a operação a um ato volitivo de aquisição, para fins de reclassificação contábil dos ativos. Dado que a cisão parcial em debate produziu a extinção de parte dos títulos representativos do patrimônio da associação e, em lugar deles, entregou aos respectivos detentores ações emitidas pela sociedade incorporadora, não observo impropriedade na conduta praticada pela ora recorrente, no que alocou os direitos substitutos na mesma posição onde mantivera, até então, os direitos substituídos. Sequer o argumento de que a operação em tela resultou na prática de ilícitos civis ou tributários justificaria a preservação dos autos de infração de PIS e de COFINS aqui recorridos. Nos debates que precederam a colheita dos votos no julgamento deste recurso voluntário, discutiuse a própria higidez jurídica da cisão a que se submeteu a Associação Bovespa, particularmente em razão da destinação de seu patrimônio – patrimônio esse amealhado sob regime jurídicotributário de isenção – a entidade de propósitos lucrativos. Cogitouse de violação ao artigo 61, do Código Civil, no que obriga a destinação do patrimônio remanescente das associações a entidades de fins igualmente não lucrativos, na hipótese de dissolução. Aventouse também eventual infração aos artigos 15 e 12, §§2º, ‘b’ e 3º da Lei nº 9.532/97, segundo os quais a isenção relativa ao IRPJ e à CSL depende da permanente reaplicação do patrimônio social na consecução dos fins a que se dedica a entidade. De minha parte, penso que o destino dos autos de infração em julgamento dispense o prévio enfrentamento destas questões. Se a operação não poderia ter sido ultimada nestes termos, não quer dizer que não tenha sido. É dizer: não se pode concluir que a Bovespa não verteu patrimônio diretamente para entidade vocacionada a fins lucrativos apenas porque fazêlo seria supostamente ilícito. Não é aceitável, do ponto de vista exegético, tratar a operação societária em causa como se fora de devolução de patrimônio com posterior reaplicação somente porque, da forma como efetivamente praticada, perpetraria um ilícito. Fl. 456DF CARF MF Impresso em 12/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 15/02/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 18/02/2013 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ, Assinado digitalmen te em 26/02/2013 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 18/02/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 24/03/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM 22 Fato é que, se a obtenção das ações em substituição aos extintos títulos patrimoniais não teve, para a recorrente, o sentido de uma aquisição (com a significação do PN CST nº 108/78), nada exigia uma reclassificação. Com estes fundamentos, voto no sentido de dar provimento integral ao recurso voluntário, cancelandose, por conseguinte, os autos de infração constantes dos autos. Marcos Tranchesi Ortiz Declaração de Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan A autuação fundase no entendimento de que a alienação de ações da Bovespa Holding S.A. recebidas como devolução de títulos patrimoniais da Bovespa às corretoras associadas, no processo denominado de “desmutualização” (o mesmo procedimento ocorreu, v.g., em relação à BM&F, culminando na BM&F S.A.), enseja o recolhimento da Contribuição para o PIS e da COFINS. Na formação da Bovespa Holding S.A. houve ainda a incorporação da CBLC (Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia). A recorrente possuía 12 títulos patrimoniais da Bovespa, 1 título de membro da compensação da BM&F, 1 título de corretora de mercadorias da BM&F, e 500 títulos da CBLC antes da “desmutualização”. Em 28/8/2007, foram a ela atribuídas em decorrência disso 9.775.388 ações da Bovespa Holding S.A. Em 1/10/2007, foram ainda atribuídas 9.869.625 ações da BM&F S.A. A recorrente ofertou mediante IPO, em 23/10/2007, ações da Bovespa Holding S.A. (valor unitário de R$ 23,00), e em 28/11/2007, ações da BM&F S.A. (valor unitário de R$ 20,00). A recorrente alienou em IPO 25% das ações recebidas na desmutualização BM&F S.A. (conforme contrato previamente estabelecido, que assegurava um suplemento de 15% a ser oferecido no caso de excesso de demanda). Também foram vendidos 10% das ações antes do IPO a investidor estratégico (General Atlantic LLC), nos termos de compromisso igualmente assumido de forma prévia, no processo de “desmutualização”. Na autuação, exigese a Contribuição para o PIS e a COFINS em relação às ações vendidas em decorrência dos compromissos previamente assumidos pela recorrente. Defende o fisco que a contabilização das ações recebidas da BM&F S.A./Bovespa Holding S.A., e alienadas para o investidor estratégico (10%) e em IPO (25%) deveria ter sido feita no Ativo Circulante (conforme art. 179 da Lei no 6.404/1976 e Parecer Normativo CST no 108/1978, tendo em vista a intenção de venda em curto prazo), e que a receita obtida é operacional (sendo que a própria recorrente classificou o resultado da venda do lote suplementar e o resultado da venda ao investidor estratégico 10% como operacional, tratando como não operacionais somente os resultados das vendas em IPO. A recorrente sustenta que as ações são classificadas contabilmente no Ativo Permanente, e que as receitas de venda de tais ações constituem receitas não operacionais, pois não guardam relação com a atividade da empresa. Fl. 457DF CARF MF Impresso em 12/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 15/02/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 18/02/2013 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ, Assinado digitalmen te em 26/02/2013 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 18/02/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 24/03/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 16327.000334/201011 Acórdão n.º 3403001.829 S3C4T3 Fl. 430 23 Analisandose as normas que tratam da matéria (essencialmente o art. 179 da Lei no 6.404/1976), verificase de início que a contabilização das ações recebidas deveria ter sido efetuada no Ativo Circulante somente se referente a direitos realizáveis no curso do exercício social subsequente. E remetese essa intenção ao momento do recebimento das ações na operação denominada de “desmutualização”. A própria Bovespa, em documento dirigido a seus antigos associados (Ofício Circular no 225/2007 DG), pouco depois da assembléia que decidiu pela “desmutualização”, orientou a contabilização pelos associados em decorrência da substituição de seus títulos patrimoniais por ações da nova empresa Bovespa Holding S. A.: “a) registrar o correspondente valor no Ativo Circulante, em subconta específica da conta Títulos de Renda Variável (conta do COSIF n° 1.3.1.20.), das ações de emissão da BOVESPA Holding S.A. recebidas em substituição, se a decisão for a de considerar essas ações como sendo "títulos disponíveis para negociação ou venda", ou b) manter esse valor no Ativo Permanente, em subconta específica da conta Ações e Cotas (conta do COSIF n" 2.1.5.10.), das ações de emissão da BOVESPA Holding S.A. recebidas em substituição, se a decisão for a de considerar essas ações como investimento. (...) Lembramos que os acionistas da Bovespa Holding S.A., a seu critério, considerando seus objetivos de investimento, poderão realizar uma alocação mista, entre Ativo Circulante e Ativo Permanente." Não se afigura dúvida, assim, em relação à classificação contábil, que está intimamente vinculada à intenção da empresa em negociar ou não em curto prazo as ações. No entanto, incumbe à autoridade autuante apresentar os elementos que comprovem que a recorrente, no momento do recebimento das ações, tinha efetivamente a intenção (ou mesmo a obrigação) de negociálas em curto prazo. No presente processo, restam incontroversos os compromissos previamente assumidos pela recorrente, seja de oferta a investidor estratégico, seja em IPO, seja em oferta suplementar. Assim, deveria a empresa ter contabilizado no Ativo Circulante tais ações. Portanto, escorreito o lançamento efetuado pelo fisco em relação a tal tópico, pois as receitas decorrentes da venda de tais ações constituem resultado operacional da recorrente (o que se conclui pela simples análise do seu objeto social), não havendo afetação do processo pela decisão em mandado de segurança referida pela recorrente. Assim, a receita obtida com a venda das ações é receita de atividade típica da empresa, compreendida em seu faturamento, e a classificação contábil das ações que a empresa manifesta a intenção de (ou está obrigada a) vender em curto prazo deve ser feita no Ativo Circulante. Fl. 458DF CARF MF Impresso em 12/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 15/02/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 18/02/2013 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ, Assinado digitalmen te em 26/02/2013 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 18/02/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 24/03/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM 24 Nesse sentido, divergimos do voto do relator, e entendemos que a autuação é procedente, por estar materializada a intenção (decorrente de obrigação contratual previamente assumida) de venda no momento da contabilização. Rosaldo Trevisan Declaração de Voto Conselheiro Domingos de Sá Filho A controvérsia trazida neste caderno processual administrativo centra na exigência de contribuição para o PIS a COFINS incidentes sobre operação de “desmutualização” com alienação de ações resultante em momento posterior dos títulos que encontravam contabilizadas em ativo permanente no grupo de Investimento. As ações negociadas decorrem das modificações advindas do tipo de sociedade civil para sociedade anônima, cujos títulos patrimoniais ao tempo estavam contabilizados no Ativo Permanente, grupo Investimento. Celeuma se exacerba em razão do objetivo social da Recorrente incluir transações de títulos em bolsa e mercado de balcão. Por isso entende o Fisco tratarse de receita pertinente ao objetivo social, e, sendo assim, deveria submeterse à incidência das contribuições para o PIS e a COFINS, além do que, as ações deveriam ter sido contabilizadas em Ativo Circulante. Além disso, assevera, também, a intenção da Interessada em negociar as futuras ações explicitadas por meio de documento firmado previamente. A operação realizada consistiu em recebimento de ações em decorrência da cisão parcial, vertendo parte de seu patrimônio para duas sociedades já existentes, e, a título de pagamento do patrimônio vertido recebeu ações, posteriormente permutadas por ações do Holding. Mantendo desse modo à participação da Interessada no novel empreendimento, Bovespa Holding. Em síntese ocorreu uma troca dos ativos, quanto a isso não resta dúvida. A meu ver essa operação jamais pode ser considerada devolução de patrimônio aos associados da extinta associação. Também, tenho como certo a contabilização das ações no grupo de Investimento em razão do caráter permanente, o fato da existência de ajuste prévio de alienação de parte desses títulos no futuro, não possui o condão de descaracterizar a intenção de manter a participação na sociedade constituída com parte do patrimônio da empresa cindida, pois se trata de momento distinto. A participação permanente em outras sociedades e tradicionais investimentos em outras empresas, tanto na forma de ações quanto de quotas, configura aplicação de capital não de forma temporária ou especulativa, demonstra o interesse e intenção de usufruir os frutos (rendimentos) na proporção do montante investido. Em voto da minha relatoria vislumbrei e vislumbro a natureza voluntária, como sendo uma espécie da extensão da atividade econômica a pessoa encarregada de efetivar os negócios e os interesses da investidora. De modo que, o investidor espera são valores significativos desse empreendimento, entre esses, rentabilidade que seja direta ou indireta, isso é o que importa. Fl. 459DF CARF MF Impresso em 12/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 15/02/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 18/02/2013 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ, Assinado digitalmen te em 26/02/2013 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 18/02/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 24/03/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 16327.000334/201011 Acórdão n.º 3403001.829 S3C4T3 Fl. 431 25 A classificação contábil é atribuição da empresa investidora, só ela sabe da sua própria intenção, daí cabe tãosó a ela essa tarefa. Esse fato leva ao passado recente quando existia inflação insuportável e destruidora da economia nacional, nesse tempo a correção monetária dos ativos permanentes era obrigatória, pois quando o ativo era maior do que o patrimônio líquido resultava em lucro conhecido como inflacionário. Método de correção que permaneceu até os idos de 1995. É de conhecimento geral que a contrapartida do acréscimo do Ativo Permanente decorrente da correção monetária era contabilizada a crédito em conta de Resultado, cujo resultado era tributado pela legislação do Imposto de Renda, facultado ao diferimento. Naquele tempo era inaceitável a reclassificação de ativos contabilizados no grupo investimento permanente para o circulante. Prevalecia o entendimento das autoridades fiscais de que a legislação relativa ao Imposto de Renda vedava reclassificação de elementos registrados no Ativo Permanente para o Ativo Circulante, obrigatoriedade de integrar o Permanente até a efetivação da alienação. De modo que, naquele caso estava convicto da intenção de permanência do investimento, razão pela qual a meu ver a contabilização em grupo do Ativo Permanente era acertada. Em outro momento, isto é, julgamento de outro feito, o conhecimento de acerto prévio trazido à colação, sem profunda análise divisei da certeza de que a participação permanente em outras sociedades e investimentos em outras empresas configurava aplicação de capital de forma permanente, caminhei no sentido de que inexistia a intenção de usufruir os frutos (rendimentos) na proporção do montante investido. Motivo pelo qual divergi do Relator e acompanhei a divergência. No entanto, aquela decisão não reflete postura definitiva, pois entendo que a questão não é pacifica e merece maior análise e reflexão e comprometime dedicar tempo de estudo a respeito do assunto. Debrucei com o desígnio de delinear o alcance do fato da existência de ajuste antecipado de compromisso de alienação das ações provenientes das modificações societárias, se este continha a eficácia de afastar a natureza voluntária de permanência do investimento e obrigar à contabilização da parte das novas ações prometidas a comercialização no grupo do circulante. Conclui no sentido de que a existência de protocolo ou ajuste em nada modifica a decisão a ser tomada no momento do recebimento das ações, entendo que cabe somente a pessoa que recebe os títulos deliberar em qual grupo do Ativo deverá contabilizar os bens. Revendo aquela decisão melhor, razão pela qual caminho no sentido estabilizar minha posição em relação a esse assunto de que o percentual pactuado no compromisso de alienação das ações recebidas em substituição aos extintos títulos patrimoniais, ajustados antecipadamente, não revela intenção de venda, portanto, dou tratamento de aquisição definitiva, estando certa a sua contabilização em Ativo Permanente, não incidindo contribuições sociais sobre o ingresso de receita oriundas da alienação dos títulos. Com essas considerações acompanho o relator e voto no sentido de dar provimento ao recurso voluntário. É como voto. Fl. 460DF CARF MF Impresso em 12/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 15/02/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 18/02/2013 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ, Assinado digitalmen te em 26/02/2013 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 18/02/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 24/03/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM 26 Domingos de Sá Filho Fl. 461DF CARF MF Impresso em 12/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 15/02/2013 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 18/02/2013 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ, Assinado digitalmen te em 26/02/2013 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 18/02/2013 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 24/03/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM
score : 1.0
Numero do processo: 10830.912962/2009-31
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 26 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Tue Mar 19 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/2002 a 31/01/2002
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. INDÉBITO DO CONTRIBUINTE RECONHECIDO PARCIALMENTE EM DILIGÊNCIA. HOMOLOGAÇÃO.
Reconhecido em diligência o indébito decorrente de pagamento a maior da Contribuição homologa-se a compensação respectiva, ainda que a retificação da DCTF seja posterior ao despacho decisório que indeferiu o pleito.
Numero da decisão: 3401-002.130
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. Esteve presente ao julgamento a Drª Isabella Bariani Tralli OAB/SP 198772.
JÚLIO CESAR ALVES RAMOS - Presidente
EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Emanuel Carlos Dantas de Assis, Jean Clauter Simões Mendonça, Odassi Guerzoni Filho, Ângela Sartori, Fernando Marques Cleto Duarte e Júlio César Alves Ramos.
Nome do relator: EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. Esteve presente ao julgamento a Drª Isabella Bariani Tralli OAB/SP 198772. JÚLIO CESAR ALVES RAMOS - Presidente EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Emanuel Carlos Dantas de Assis, Jean Clauter Simões Mendonça, Odassi Guerzoni Filho, Ângela Sartori, Fernando Marques Cleto Duarte e Júlio César Alves Ramos.
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Recorrente COIM BRASIL LTDA Recorrida DRJ CAMPINAS ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2002 a 31/01/2002 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. INDÉBITO DO CONTRIBUINTE RECONHECIDO PARCIALMENTE EM DILIGÊNCIA. HOMOLOGAÇÃO. Reconhecido em diligência o indébito decorrente de pagamento a maior da Contribuição homologase a compensação respectiva, ainda que a retificação da DCTF seja posterior ao despacho decisório que indeferiu o pleito. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. Esteve presente ao julgamento a Drª Isabella Bariani Tralli OAB/SP 198772. JÚLIO CESAR ALVES RAMOS Presidente EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Emanuel Carlos Dantas de Assis, Jean Clauter Simões Mendonça, Odassi Guerzoni Filho, Ângela Sartori, Fernando Marques Cleto Duarte e Júlio César Alves Ramos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 91 29 62 /2 00 9- 31 Fl. 114DF CARF MF Impresso em 20/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 10/03/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 12/03/2013 por JULIO CESAR A LVES RAMOS 2 Relatório Tratase de recurso voluntário contra acórdão da 3ª Turma da DRJ que manteve a não homologação de compensação cujo crédito alegado tem origem em pagamento a maior da Cofins. Na origem a análise se deu por meio de despacho decisório eletrônico. Na manifestação de inconformidade a contribuinte alega que não foi retificada a DCTF no momento em que recalculados os débitos e identificados os valores pagos a maior, e que o problema será sanado com a simples retificação. A 3ª Turma da DRJ constatou que a DCTF foi retificada após o despacho decisório, mas manteve o indeferimento por não haver prova de erro cometido na original. Observou que a contribuinte trouxe aos autos apenas a cópia da retificação extemporânea da DCTF. No recurso voluntário, tempestivo, a contribuinte explica que a retificação na DCTF decorre da tributação de “outras receitas” – além do faturamento –, incluídas na base de cálculo da Contribuição, asseverando que a realização de simples diligência permitiria constatar na sua escrituração o seu direito creditório. Anexa à peça recursal cópias de Diário e Razão, dentre outros documentos, invoca o princípio da verdade material e cita em prol de sua argumentação o Acórdão nº 203 09.788 e a Solução de Consulta da 3ª Região Fiscal nº 35, de 30/08/2005. Em diligência determinada por este Colegiado a unidade de origem verificou o indébito, informando haver recolhido a maior no montante de R$ 7.455,94 (fl. 97), superior ao declarado na DCOMP deste processo A contribuinte, cientificada da diligência realizada, expressamente concorda com o seu resultado. É o relatório, elaborado a partir do processo digitalizado. Voto Diante do resultado da diligência, que reconhece integralmente o indébito informado no PER/DCOMP, cabe dar provimento parcial ao Recurso. Ao deixar de homologar a compensação, a DRJ considerou não haver prova de erro cometido na DCTF original. O apurado na diligência, contudo, verificou o contrário, pelo que cabe admitir o novo valor posto na DCTF retificadora, entregue depois do despacho decisório na origem. Na situação dos autos, de despacho decisório eletrônico, convém sempre investigar em maior profundidade a escrita fiscal e contabilidade da empresa, o que foi feito por ocasião da diligência. Somente assim, com apuração dos valores devido e recolhido do tributo, é possível decidir a lide. O despacho eletrônico requer maior cautela por parte das autoridades julgadoras, especialmente porque antes a contribuinte não tem oportunidade de se manifestar. Fl. 115DF CARF MF Impresso em 20/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 10/03/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 12/03/2013 por JULIO CESAR A LVES RAMOS Processo nº 10830.912962/200931 Acórdão n.º 3401002.130 S3C4T1 Fl. 115 3 Por oportuno, observo que a confissão constante de DCTF admite em sentido contrário. Tal confissão, que inclusive dispensa o lançamento tributário, conforme jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça, encontra amparo nos 348, 353, 354 e 585, II, do Código de Processo Civil. Segundo esses dispositivos há confissão quando uma parte (sujeito passivo da obrigação tributária principal) admite a verdade de um fato (ser devedora do tributo confessado), contrário ao seu interesse e favorável à outra parte (Fisco), o que pode ser feito de forma judicial ou extrajudicial. A confissão extrajudicial feita por escrito à parte contrária, como se dá mediante a DCTF, ou se deu por meio da DIPJ até o anocalendário 1998, tem o mesmo efeito da judicial. Assim, em sede tributária a confissão de dívida serve como título executivo extrajudicial que, contudo, admite provas contrárias, especialmente a de não ocorrência do fato gerador ou a de extinção do crédito tributário confessado. Daí se admitir a retificação das DCTF, mesmo depois do despacho decisório ou, quando for o caso, do início da ação fiscal. Pelo exposto, nos termos do resultado da diligência dou provimento ao Recurso Voluntário, reconhecendo o indébito da Cofins no montante informado no PER/ DCOMP e homologando a compensação pleiteada. Emanuel Carlos Dantas de Assis Fl. 116DF CARF MF Impresso em 20/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 10/03/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 12/03/2013 por JULIO CESAR A LVES RAMOS
score : 1.0
Numero do processo: 10120.728006/2011-01
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 05 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Tue Mar 12 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2006, 2007
CLUBES DE FUTEBOL CONSTITUÍDOS SOB A FORMA DE ASSOCIAÇÃO CIVIL SEM FINS LUCRATIVOS. DIREITO À ISENÇÃO DO IRPJ E CSLL. As associações civis sem fins lucrativos - inclusive clubes de futebol - que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam tiveram, pelo art. 18 da Lei nº 9.532, de 1997, assegurada a isenção em face do IRPJ e CSLL.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 1402-001.311
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto - Presidente
(assinado digitalmente)
Antônio José Praga de Souza Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio José Praga de Souza, Carlos Pelá, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira e Leonardo de Andrade Couto.
Nome do relator: ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2006, 2007 CLUBES DE FUTEBOL CONSTITUÍDOS SOB A FORMA DE ASSOCIAÇÃO CIVIL SEM FINS LUCRATIVOS. DIREITO À ISENÇÃO DO IRPJ E CSLL. As associações civis sem fins lucrativos - inclusive clubes de futebol - que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam tiveram, pelo art. 18 da Lei nº 9.532, de 1997, assegurada a isenção em face do IRPJ e CSLL. Recurso Voluntário Provido.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto - Presidente (assinado digitalmente) Antônio José Praga de Souza Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio José Praga de Souza, Carlos Pelá, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira e Leonardo de Andrade Couto.
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DIREITO À ISENÇÃO DO IRPJ E CSLL. As associações civis sem fins lucrativos inclusive clubes de futebol que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam tiveram, pelo art. 18 da Lei nº 9.532, de 1997, assegurada a isenção em face do IRPJ e CSLL. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente (assinado digitalmente) Antônio José Praga de Souza – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio José Praga de Souza, Carlos Pelá, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira e Leonardo de Andrade Couto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 12 0. 72 80 06 /2 01 1- 01 Fl. 5384DF CARF MF Impresso em 12/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/02/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/ 02/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10120.728006/201101 Acórdão n.º 1402001.311 S1C4T2 Fl. 0 2 Relatório GOIAS ESPORTE CLUBE recorre a este Conselho contra a decisão de primeira instância administrativa, que julgou procedente a exigência, pleiteando sua reforma, com fulcro no artigo 33 do Decreto nº 70.235 de 1972 (PAF). Transcrevo e adoto o relatório da decisão recorrida: Contra a contribuinte em epígrafe, GOIÁS ESPORTE CLUBE, foram lavrados autos de infração no valor total de R$ 15.677.244,74, para exigência de IRPJ e CSLL, relativos aos anos de 2006 e 2007. Integra os referidos autos de infração o extenso Relatório de fls. 5.151/5.172, ao qual me reporto para elaborar, no que interessa à solução do litígio, a seguinte síntese do trabalho da fiscalização. 1. No Termo de Intimação Fiscal n° 0010 a fiscalização fez a consolidação das leis aplicáveis à clubes de futebol profissional, demonstrando ao contribuinte que as entidades que exercem atividades de futebol profissional, no que tange aos efeitos tributários, por expressa determinação legal, equiparamse às sociedades empresárias e, consequentemente, sujeitamse ordinariamente à tributação aplicável a estas, não sendo, portanto, potenciais beneficiários da isenção fiscal de que trata o art. 15 da lei n° 9.532, de 1997. 2. No mesmo termo, o contribuinte foi intimado a apresentar a sua opção da forma de tributação a ser adotada no período sob fiscalização. 3. Em resposta ao referido termo, o contribuinte informou: "deixamos de apresentar a opção por quaisquer formas de tributação alvitradas por V.Sa., tendo em vista o contido em liminar concedida pela juíza Federal, Dra. Maria Maura Martins Moraes Tayer, titular da Ia Vara, no processo n° 1340276.2011.401.3500/Classe 2100, que determina a suspensão da exigência prevista neste item do referido Termo de Intimação Fiscal". 4. Foram anexadas fotocópias do teor da decisão judicial, juntamente com manifestação do MPF e da Procuradoria da Fazenda Nacional/GO. 5. Por meio do Termo de Intimação Fiscal n° 0012, o contribuinte foi intimado a apresentar cópias e/ou fotocópias dos documentos que serviram de base para os lançamentos contábeis que registraram as receitas no período 2005. Junto ao citado termo, foram anexadas planilhas individualizadas por tipo de receitas auferidas no referido período (fls. 4.170 a 4.192). O contribuinte atendeu à intimação. 6. Por meio do Termo de Intimação Fiscal n° 0013, o contribuinte foi intimado a apresentar cópias e/ou fotocópias dos documentos que serviram de base para os lançamentos contábeis que registraram as receitas no período 2006. Junto ao citado termo, foram anexadas planilhas individualizadas por tipo de receitas auferidas no citado período (fls. 4.196 a 4.220). O contribuinte atendeu à intimação. 7. Por meio do Termo de Intimação Fiscal n° 0014, o contribuinte foi intimado a apresentar cópias e/ou fotocópias dos documentos que serviram de base para os lançamentos contábeis que registraram as receitas no período 2007. Junto ao citado termo, foram anexadas planilhas individualizadas por tipo de receitas auferidas no mencionado período (fls. 4.223 a 4.248). O contribuinte atendeu à intimação. Fl. 5385DF CARF MF Impresso em 12/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/02/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/ 02/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10120.728006/201101 Acórdão n.º 1402001.311 S1C4T2 Fl. 0 3 8.. Com base nos arquivos digitais entregues pelo contribuinte, referentes às suas receitas oriundas da atividade de futebol profissional, lançadas em sua escrita contábil nos anos de 2005, 2006 e 2007, a fiscalização elaborou planilhas dos anos citados, mês a mês, demonstrando as receitas escrituradas pelo contribuinte. 9. Intimado, por meio dos Termos de Intimação Fiscal n° 0015 e 0016, a tomar conhecimento das planilhas e a confirmar a veracidade das contas contábeis e valores nelas lançados (fis. 4.252 a 4.347), o contribuinte respondeu: a) a liminar obtida suspende a exigência de manifestarse quanto a forma de tributação; b) a liminar obtida impossibilita a fiscalização de proceder a lavratura do Auto de Infração, até que o juízo se manifeste sobre o enquadramento do contribuinte na isenção disposta no art. 15 da Lei n° 9.532/97; c) mesmo que a entidade seja considerada equiparada à sociedade empresária para efeitos de tributação, ainda assim, por força do que determina o art. 13 da Lei 11.345/2006, a mesma estará isenta de tributação pelo prazo de 05 (cinco) anos, contados do dia 14.08.2006; d) confirma todos os lançamentos e contas contábeis especificados no Termo de Intimação Fiscal n° 16, bem como os valores descritos nas citadas planilhas, levantadas com base nos arquivos magnéticos e em fotocópias de boletim financeiro de jogos fornecidos pelo fiscalizado, relativos aos anoscalendário de 2005, 2006 e 20007, que inclusive foram objetos de auditoria independente realizada no clube. 10. Por meio do Termo de Intimação Fiscal n° 0019, o contribuinte foi intimado a proceder ao controle no livro LALUR, parte B, referente a prejuízo fiscal e saldo negativo de contribuição social sobre o lucro, demonstrados conforme planilhas enviadas ao contribuinte. 11. Às fls. 4.363 a 4.738, constam as planilhas de resumo das receitas auferidas com a atividade de futebol profissional do contribuinte Goiás Esporte Clube, bem como a relação das despesas/custos do contribuinte, nos anos de 2006 e 2007, base para cálculo do Lucro Real Trimestral levantado no período, com a demonstração do cálculo do lucro real trimestral do período levantado pela fiscalização com base nos dados contábeis constantes dos arquivos digitais entregues pelo contribuinte. 12. Os créditos tributários do IRPJ foram constituídos com base no lucro real apurado em cada período sob fiscalização e demonstrados nas citadas planilhas. Como no citado período o contribuinte não informou valores em DCTF e nem recolheu valores a título de IRPJ, o valor do crédito tributário constituído foi o total apurado pela fiscalização. 13. Às fls. 4.739 a 5.111 constam as planilhas de resumo das receitas auferidas com a atividade de futebol profissional do contribuinte Goiás Esporte Clube, bem como a relação das despesas/custos do contribuinte, nos anos de 2006 e 2007, base para cálculo da CSLL Trimestral levantado no período, com a demonstração do cálculo da CSLL trimestral levantado pela fiscalização com base nos dados contábeis constantes dos arquivos digitais entregues pelo contribuinte. 14. Os créditos tributários da CSLL foram constituídos com base no valor apurado em cada período sob fiscalização e demonstrados nas citadas planilhas. Os valores da CSLL retidos na fonte, no período sob fiscalização, foram demonstrados e compensados do total da CSLL devida e apurada no período sob fiscalização. O crédito tributário foi constituído a partir dessas diferenças apuradas em cada período sob fiscalização. Fl. 5386DF CARF MF Impresso em 12/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/02/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/ 02/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10120.728006/201101 Acórdão n.º 1402001.311 S1C4T2 Fl. 0 4 Irresignado, o contribuinte apresentou a impugnação de fls. 5.179/5.189, por meio da qual sustenta, em síntese, que: 1. É entidade de prática desportiva sem fins lucrativos, nos termos do artigo 16 da Lei n° 9.615/98, constituída no dia 06.04.1943, tendo dentre seus objetivos sociais o fomento do desporto profissional e não profissional. 2. Em 06.05.1968, por força da Lei n° 6.880/1968, o Goiás Esporte Clube foi reconhecido como sendo de utilidade pública, em decorrência da intensa atividade social que desenvolve por meio do incentivo à prática desportiva pela população carente, nas várias modalidades e nas diversas categorias de base. 3.O Goiás Esporte Clube sempre apresentou as suas DIPJ como entidade favorecida pela isenção tratada pelo artigo 15 da Lei n 9.532/97, exatamente por ser uma entidade de prática desportiva legalmente constituída sob a forma de associação civil sem fins lucrativos, conforme dispõe o artigo 217 da Constituição Federal, c/c o artigo 53 e seguintes do Código Civil, e com o artigo 16 da Lei 9.615, de 24.03.1998, e suas alterações posteriores. 4. O Goiás Esporte Clube cumpre fielmente o que determina a legislação que disciplina a constituição das associações civis sem fins lucrativos, ou seja, jamais fez distribuição de resultado entre os seus associados e sempre aplicou integralmente os seus recursos na manutenção e desenvolvimento de seus objetivos sociais. 5. O Goiás Esporte Clube é uma entidade de prática desportiva que pratica o futebol profissional e o não profissional. A profissionalização é intrínseca à condição dos atletas participantes das competições, mas não à entidade de prática desportiva. 6. O referido dispositivo constitucional tem o objetivo de fazer a distinção entre a prática do desporto profissional e o não profissional quanto ao "dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e nãoformais, como direito de cada um", mas não para disciplinar a condição tributária de contribuinte ou isento. 7. Quanto à afirmação do agente fiscal de que ocorreu a revogação do artigo 30 da Lei 4.506/1964 pelo artigo 18 da Lei nº 9.532/97, temse que a mesma não tem o condão de imputar a obrigação tributária às entidades de prática desportiva, vez que tal isenção é concedida pelo artigo 15 do mesmo diploma legal, conforme dispõe o parágrafo único do mesmo artigo 18. 8. A autoridade fiscal sustenta equivocadamente que, por força do parágrafo único do artigo 2o c/c o § 13° do artigo 27 da Lei 9.615/98, a gestão e a exploração do futebol profissional (espécie do gênero desporto), independentemente da forma jurídica em que estejam constituídas as entidades desportivas que as exercem, constituem exercício de atividades econômicas que, notadamente para efeitos tributários, equiparamse às da sociedades empresárias. 9. Resta equivocada a interpretação do auditor fiscal, pois não se pode analisar o parágrafo único isoladamente, sem analisar os seus incisos. O referido dispositivo legal foi inserido na Lei 9.615/98 para exigir transparência na gestão das entidades de prática desportiva; jamais para dar às entidades de prática desportiva a condição de contribuintes. 10. O referido dispositivo legal, portanto, não teve o condão de impor às entidades de prática desportiva que exploram o futebol profissional a equiparação às sociedades empresárias para fins de tributação. 11. Quanto à equiparação tratada no § 13 do artigo 27 da Lei 9.615/98, também não há falar em imposição de obrigação tributária às entidades de prática desportiva. Não Fl. 5387DF CARF MF Impresso em 12/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/02/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/ 02/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10120.728006/201101 Acórdão n.º 1402001.311 S1C4T2 Fl. 0 5 obstante a interpretação equivocada por parte do auditor fiscal, este dispositivo legal foi alterado pela Lei 12.395, de 16.03.2011. 12. O legislador, objetivando afastar qualquer distorção na interpretação do citado dispositivo legal, alterou a sua redação com a exclusão da sua parte final, a saber: notadamente para efeitos tributários, fiscais, previdenciários, financeiros, contábeis e administrativos. 13. Com a nova redação, restou indene de dúvidas a real intenção do legislador, qual seja a de equiparar as entidades de prática desportiva às sociedades empresárias para fins de fiscalização. Por óbvio que o conceito de fiscalização é totalmente diferente do conceito de tributação. 14. É claro que as entidades desportivas tem de ser equiparadas às atividades empresárias para fins de fiscalização, haja vista que procedem a pagamentos de salários a empregados e jogadores que estão sujeitos à retenção de INSS e IRRF e, desta forma, tem o fisco o direito de fiscalizar se as retenções e recolhimentos foram procedidos na forma da lei, o que não implica em tentar estender o conceito de fiscalização para tentar enquadrálo como tributação. 15. A legislação tributária, com fulcro no artigo 106 do CTN, retroagirá quando for de cunho puramente interpretativo ou em relação às penalidades quando não tiver feito coisa julgada. 16. Não obstante toda a argumentação suscitada, invoca ainda a aplicação do artigo 13 da Lei 11.345/2006. 17. De acordo com o referido dispositivo legal, todas as entidades de prática desportiva que atuam na modalidade futebol profissional, independentemente da forma em que se constituíram, gozam dos benefícios concedidos pelo artigo 15 da Lei 9.532/97. 18. Em que pese toda a argumentação do Goiás Esporte Clube no sentido da sua isenção ao pagamento do IRPJ e da CSLL, apontase também inconsistências no auto de infração. 19. A autoridade fiscal incluiu, indevidamente, na planilha “Resumo das Receitas Auferidas com a Atividade de Futebol Profissional”, valores recebidos a título de investimentos nas categorias de base e patrocínio para iniciação esportiva. 20. Na mesma planilha, a autoridade autuante deixou de deduzir, das receitas tributadas, valores referentes a taxa de administração do Clube dos 13, dedução do INSS e doações de ingressos para o Campeonato Brasileiro. 21. Por fim, a autoridade fiscal não procedeu à compensação de prejuízos nos trimestres em que foi apurado lucro. A decisão recorrida está assim ementada: ENTIDADES DE PRÁTICA DESPORTIVA ENVOLVIDAS EM COMPETIÇÕES DE ATLETAS PROFISSIONAIS. ISENÇÃO. REVOGAÇÃO. Para fins de exigência do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido das entidades de prática desportiva envolvidas em competições de atletas profissionais, é permitido ao Fisco proceder a descaracterização de "associação civil sem fins lucrativos", a partir de 1º/01/1998, data em que a Lei nº 9.532, de 10/12/1997, passou a produzir efeitos, consoante estabelece o art. 81, II, da mesma lei. Fl. 5388DF CARF MF Impresso em 12/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/02/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/ 02/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10120.728006/201101 Acórdão n.º 1402001.311 S1C4T2 Fl. 0 6 OBRIGATORIEDADE DE SE CONSTITUÍREM EM SOCIEDADE EMPRESÁRIA. A entidade de prática desportiva envolvida em competições de atletas profissionais que não se constituir regularmente em sociedade comercial fica impedida, por expressa disposição legal, dentre outros, de gozar de qualquer benefício fiscal em âmbito federal (art. 27, § 6º, da Lei nº 9.615, de 24/03/1998, com a redação da MP no 79, de 27/11/2002). LANÇAMENTO DECORRENTE. A decisão de mérito prolatada quanto ao lançamento de imposto de renda pessoa jurídica aplicase, no que couber, na decisão do lançamento decorrente relativo à CSLL. Impugnação improcedente. Cientificada da aludida decisão, a contribuinte apresentou recurso voluntário, no qual contesta as conclusões do acórdão recorrido, repisa as alegações da peça impugnatória e, ao final, requer o provimento. Destacase no recurso os seguintes trechos: (...) (...) Fl. 5389DF CARF MF Impresso em 12/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/02/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/ 02/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10120.728006/201101 Acórdão n.º 1402001.311 S1C4T2 Fl. 0 7 (...) (...) É o relatório. Fl. 5390DF CARF MF Impresso em 12/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/02/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/ 02/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10120.728006/201101 Acórdão n.º 1402001.311 S1C4T2 Fl. 0 8 Voto Conselheiro Antonio Jose Praga de Souza, Relator. O recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos legais e regimentais para sua admissibilidade, dele conheço. Peço vênia para transcrever os fundamentos do ilustre julgador de 1a. instância Wanaldir Aparecido Maia, no acórdão 0635.665 da 1a. DRJ Curitiba/PR, proferido no processo 10980.725900/201191 2. DA ISENÇÃO EM FACE DO IRPJ E DA CSLL A questão principal a ser dirimida nestes autos consiste na definição de ser ou não a pessoa jurídica impugnante isenta do pagamento do IRPJ e CSLL. Registro que nenhuma dúvida a respeito existia até a edição da Lei nº 9.532, de 10/12/1997, cujo art. 18 revogou a isenção das entidades que se dediquem às atividades de prática desportiva, de caráter profissional, ressalvando, contudo, a continuidade do benefício para as instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos. Temse, portanto, que o questionamento posto diz respeito ao alcance da isenção que persistiu, com ênfase para a identificação de seus beneficiários. Mirando o caso concreto, descarto, de plano, que a impugnante tenha caráter filantrópico ou científico. Também não me persuado de que tenha caráter cultural ou recreativo, dada a notória inexistência de instalações adequadas para a recreação de seus associados, tais como piscinas, parques, bosques, quadras esportivas, áreas de lazer, churrasqueiras, salas de teatros ou cinema, pinacoteca, bibliotecas, etc. Resta, portanto, apenas o enquadramento da impugnante na condição de associação civil que preste os serviços para os quais houver sido instituída e os coloque à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos, que foi aduzida pela impugnante às fls. 884, verbis: “De outro lado, para as entidades que não constituíram sociedade empresária – como é o caso do clube ora impugnante – não faz sentido falar em isenção temporária, isso pela elementar circunstância de que não perderam seu caráter de associativismo civil ‘que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinem, sem fins lucrativos’ nos termos do art. 15, da Lei 9.532/1997.” (Grifei. O sublinhado consta do original). Esse enquadramento foi rejeitado com veemência pelo autuante (fls. 1617), verbis: “Poderiase argumentar que o sujeito passivo enquadrase nas ‘associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos’, mas ficaria difícil sustentar tal argumentação, uma vez que o sujeito passivo não presta nenhum tipo de serviço. O art. 1º de seu Estatuto traz: ‘O CORITIBA FOOT BALL CLUB, fundado em 12 de outubro de 1909, é uma entidade de prática Fl. 5391DF CARF MF Impresso em 12/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/02/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/ 02/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10120.728006/201101 Acórdão n.º 1402001.311 S1C4T2 Fl. 0 9 desportiva, sem fins lucrativos, visando o desenvolvimento da educação física e a promoção de atividades cívicas, sociais, filantrópicas e culturais, tendo o futebol como base’. Não há nenhuma menção de prestação de serviços entre os objetivos da entidade, mesmo porque isso não ocorre na prática. Nos termos da legislação do IRPJ, nenhum serviço é prestado pelo sujeito passivo.” (Grifei). Com respeito ao fundamento utilizado pelo autuante, chamo a atenção para dois questionamentos recorrentes quando se debate o possível enquadramento dos clubes de futebol na condição de associação civil tratada no art. 15 da Lei nº 9.532, de 1997. O primeiro, enfatizado pelo autuante, diz respeito à efetividade da prestação de serviços pelos clubes de futebol. A tese, em síntese, é que os clubes não prestam serviços. O segundo diz respeito ao preenchimento do requisito de “colocação dos serviços à disposição do grupo de pessoas a que se destinam”. O argumento é que os serviços deveriam ser ofertados apenas aos associados do clube. Com respeito ao primeiro questionamento expressamente formulado pelo autuante temse que o associado que paga sua anuidade e compra ingressos, assim como o simples torcedor que também paga para frequentar os estádios, não doam seu dinheiro ao clube ou Federação. Pelo contrário, adquirem algo em troca – que não pode ser classificado como produto. Inferese, portanto, que se trata mesmo de um serviço, quiçá comparável ao serviço que uma sala de cinema presta ao espectador pagante. Ademais, o § 3º do art. 42 da Lei nº 9.615, de 24/03/1998 (Lei Pelé), expressamente equipara o espectador pagante, por qualquer meio, de espetáculo ou evento desportivo, ao consumidor, nos termos do art. 2º da Lei nº 8.078, de 11/09/1990 (Código de Defesa do Consumidor), que, por sua vez, conceitua o consumidor como sendo o usuário de produto ou serviço. Logo, sabendo que de produto não se trata, forçoso é reconhecer que se trata mesmo de prestação de serviços. Ademais, os estudiosos da administração consideram que os clubes efetivamente prestam serviços aos torcedores. Em artigo publicado por Carlos Alberto Pereira e outros na página http://www.congressousp.fipecafi.org/artigos42004/336.pdf, colhese o seguinte excerto, com grifos acrescidos: “Entretanto, cabe ressaltar que ocorreram mudanças significativas no ambiente esportivo, o que contribuiu para elaboração do modelo de gestão dos clubes ingLeses conforme relatam LEOCINI & SILVA (2000, p 4), ‘no final da década de 80, o problema da violência dos torcedores ingleses (os chamados hooligans) nos estádios de futebol deu origem a uma investigação profunda sobre suas causas. Tal investigação culminou com a publicação de um relatório chamado Taylor Report que, presumidamente, obrigava os clubes a investirem na melhoria das condições dos serviços prestados aos torcedores, ou seja, das condições dos seus estádios de futebol’. Da tese de mestrado profissionalizante em engenharia pela UFRGS de Fernando Luís Trein, intitulada “Qualidade dos Serviços Oferecidos e Prestados em um Estádio de Futebol em Dias de Jogos: Um Estudo de Caso”, disponível em http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/4690/000503376.pdf?sequence=1, colhemse os seguintes excertos: 1º) “Assim como foi desenvolvido o método SrvQual, um instrumento de avaliação da qualidade dos serviços elaborado por Berry, Parasuraman e Zeithaml (1988) e que Fl. 5392DF CARF MF Impresso em 12/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/02/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/ 02/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10120.728006/201101 Acórdão n.º 1402001.311 S1C4T2 Fl. 0 10 estabelecia as cinco dimensões da qualidade dos serviços – confiabilidade, sensibilidade, segurança, empatia e tangíveis, McDonald et al, (1995) desenvolveram um método de avaliação de serviços prestados em eventos esportivos chamada TeamQual. O método é um instrumento de avaliação da qualidade dos serviços em eventos esportivos e foi aplicado, inicialmente, em todas as franquias da Associação NorteAmericana de Basquete (NBA), com os compradores de ingressos antecipados. o TeamQual teve, como referência, os mesmos conceitos utilizados na avaliação de serviços do método Servqual. Posteriormente, foi elaborada por Theodorakis e Kambitsis, (1998), citados por Theodorakis et al (2001), a ferramenta SportServ também com o objetivo de avaliar a qualidade dos serviços em eventos esportivos.” 2º) “O futebol é uma forma de entretenimento e, como tal, deve ser considerada a qualidade dos vários serviços que compõem a realização de jogos. Os torcedores devem ser considerados como clientes ou consumidores pelos clubes, com expectativas que podem ser satisfeitas ou não ao longo do período de duração dos jogos ou além deles. A satisfação das expectativas dos torcedores através dos serviços prestados contribuirá para que eles retornem nos jogos seguintes.” Com respeito ao segundo questionamento, voltado ao que se poderia entender por colocar os serviços “à disposição do grupo de pessoas a que se destinam”, também não me parece adequado o entendimento de que a colocação dos serviços deveria estar restrita ao grupo de associados. No caso de uma universidade ou hospital constituídos sob a forma de associação sem fins lucrativos, carece de lógica o entendimento de que, para gozar da isenção, os serviços de saúde ou de educação devam ser ofertados apenas aos próprios sócios da instituição. Não faz sentido entender que uma universidade, para conservar a isenção, deva prestar serviços de educação apenas a seus associados. Da mesma forma, não é lógico entender que um hospital, sob pena de perder a isenção, somente poderá cobrar pelos serviços de assistência à saúde prestados aos próprios associados. Não me persuado de que esse tenha sido o objetivo da norma legal. Transpondo o raciocínio para as associações que exploram o desporto profissional, notadamente os clubes de futebol, não enxergo lógica na idéia de que, para fazerem jus à isenção, deveriam prestar serviços apenas a seus associados – e não ao público em geral. Com efeito, seria necessário conceber uma realidade em que o time só jogasse consigo mesmo, em partidas assistidas apenas por seus associados e jamais sequer transmitidas pela TV, por exemplo. Isso porque, sempre que jogasse com outros times, necessariamente haveria a colocação de serviços para pessoas estranhas ao seu quadro social. Entendo, portanto, ser inerente à prática desportiva, de caráter profissional, que os serviços não sejam disponibilizados apenas aos associados, e sim à coletividade em geral. Outro ponto ao qual se apega o autuante consiste no fato de a lei nº 9.615, de 1998 (Lei Pelé), no parágrafo único do seu art. 2º, haver declarado expressamente que a exploração e a gestão do desporto profissional constituem exercício de atividade econômica. O raciocínio é que não seria compatível o exercício de atividade econômica por associação sem fins lucrativos. Também nesse ponto considero que a fiscalização está equivocada. Fl. 5393DF CARF MF Impresso em 12/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/02/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/ 02/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10120.728006/201101 Acórdão n.º 1402001.311 S1C4T2 Fl. 0 11 A propósito, transcrevo excerto de artigo publicado, ainda no mês de fevereiro de 2003 imediatamente após a vigência do novo Código Civil, portanto por José Fernando Latorre e outros no endereço http://www.abong.org.br/novosite/download/novo_codigo.doc, verbis: “Definição de associações A alteração que mais chamou a atenção das organizações da sociedade civil diz respeito ao conceito de associação – antes definido pela doutrina e jurisprudência por falta de previsão legal específica. Como expusemos, o Novo Código Civil introduz uma definição legal expressa para as associações em seu art. 53, transcrito a seguir: ‘Art. 53. Constituemse as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos.’ Esta definição, ao adotar a expressão ‘fins não econômicos’, causou muita preocupação para as associações, especialmente aquelas que têm atividades econômicas (isto é, comercialização de bens ou serviços) como uma fonte de recursos. Há receio de tais organizações serem consideradas sociedades em virtude dessas atividades, o que lhes traria conseqüências graves: teriam descaracterizado seu formato associativo e perderiam, entre outros, o direito a seus benefícios fiscais (imunidades, isenções e incentivos). O receio é compartilhado tanto por pequenas organizações de base quanto grandes instituições privadas (do porte de hospitais e universidades). É preciso, no entanto, distinguir entre ‘fins’ e ‘atividades’. Não há impedimento para uma organização sem fins econômicos desenvolver atividades econômicas para geração de renda, desde que não partilhe os resultados decorrentes entre os associados, mas sim, os destine integralmente à consecução de seu objetivo social. Esta condição é o que distingue as associações das sociedades, conforme a previsão expressa dos artigos 53 e 981 do Novo Código Civil, acima reproduzidos. Apontamos que este entendimento é corroborado pelas disposições dos já citados Regulamento do Imposto de Renda e Lei das OSCIPs, segundo os quais todos os resultados deverão ser integralmente destinados à manutenção e ao desenvolvimento dos objetivos sociais da organização. Desta maneira, fica vedada qualquer partilha de resultados, mas não há proibição para a realização de atividades econômicas – o que vale também para as fundações.” (Sublinhei. Os grifos constam do original). Comungo o entendimento de que não se pode confundir finalidade com atividade, conceitos presentes, simultaneamente, no artigo 981 do Código Civil, que define sociedade, verbis: “Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha entre si, dos resultados.” Como se vê, na sociedade os sócios exploram uma atividade econômica com fins de obtenção e partilha de lucros (resultados). Assim, o que verdadeiramente diferencia uma sociedade de uma associação civil é a possibilidade de os sócios dividirem – ou não – o resultado da atividade explorada, e não a natureza da atividade exercida. Nas palavras de Maria Helena Diniz, “não perde a categoria de associação mesmo que realize negócios para manter ou aumentar o seu patrimônio, sem, contudo, proporcionar ganhos aos associados”. Fl. 5394DF CARF MF Impresso em 12/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/02/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/ 02/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10120.728006/201101 Acórdão n.º 1402001.311 S1C4T2 Fl. 0 12 Impende registrar que o § 3º do art. 13 da Lei nº 9.532, com a redação atribuída pela Lei nº 9.718, de 1998, veicula o seguinte conceito de entidade sem fins lucrativos: “§ 3º Considerase entidade sem fins lucrativos a que não apresente superávit em suas contas ou, caso o apresente em determinado exercício, destine referido resultado, integralmente, à manutenção e ao desenvolvimento dos seus objetivos sociais.” (Grifei). No caso presente, não consta – e a fiscalização sequer alegou – que a impugnante distribua seus eventuais resultados positivos, em vez de aplicálos, integralmente, na manutenção e desenvolvimento dos seus objetivos sociais. De qualquer forma, caso tal fato – que não está previsto nos estatutos aconteça, a entidade perderá a isenção por descumprimento dos requisitos previstos nas alíneas “a” e “b” do artigo 12 da Lei nº 9.532, de 1997, que, respectivamente, vedam a remuneração de dirigentes por serviços prestados e determinam a aplicação integral dos recursos na manutenção e desenvolvimento dos seus objetivos sociais. Mas isso, advirto, perde uma isenção que possui, após a cabal comprovação da ocorrência, e em procedimento específico. Chamo a atenção para o disposto no art. 48 do Decretolei nº 3.199, de 14 de abril de 1941, primeiro diploma a estabelecer as bases de organização dos desportos neste País, verbis: “Art. 48. A entidade desportiva exerce uma função de caráter patriótico. É proibido a organização e funcionamento de entidade desportiva, de que resulte lucro para os que nela empreguem capitais sob qualquer forma.” Como visto, já naqueles idos quedou inequivocamente explicitado que o critério de definição para a entidade lucrativa – ou não – seria a circunstância de resultar lucro para os que nela empregaram os capitais. Inadequada, portanto, a interpretação fiscal de que o simples fato de a exploração do desporto profissional– por disposição legal expressa constituir exercício de atividade econômica, seria suficiente para transmudar o caráter de uma entidade que o explore, passando de ‘sem fins lucrativos’ para ‘com fins lucrativos’. Volto os olhos para o art. 15 da Lei nº 9.532, de 1997, e infiro que a fiscalização foi induzida a erro pela sua – talvez infeliz – redação: “associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos.” Concluo que a expressão “sem fins lucrativos” é um atributo das “associações civis” ali mencionadas. Contudo, infiro que a fiscalização está a interpretar que é um atributo dos serviços colocados à disposição do grupo de pessoas a que se destinam. Nessa ótica, somente estariam abrangidos pela isenção serviços prestados sem fins lucrativos (sem retorno financeiro), o que não me parece ser o caso. Essa interpretação não me parece razoável, porquanto o legislador, no aludido parágrafo único do art. 18 da Lei nº 9.532, de 1997, garantiu a isenção para a entidade que, em tese, simultaneamente (a) exercesse a prática desportiva, de caráter profissional e (b) fosse associação civil que prestasse os serviços para os quais tenha sido instituída e os colocasse à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos. Em face de tal preceito, entendo que o legislador necessariamente compatibilizou a condição de entidade sem fins lucrativos com o exercício de prática desportiva, de caráter profissional, que é atividade econômica. Não me parece lógico, portanto, admitir que o simples exercício de atividade econômica tenha o condão de Fl. 5395DF CARF MF Impresso em 12/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/02/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/ 02/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10120.728006/201101 Acórdão n.º 1402001.311 S1C4T2 Fl. 0 13 descaracterizar a condição de sem fins lucrativos, para fins da isenção do art. 15 da Lei nº 9.532, de 1997. Se assim não for, qual o sentido da norma? Acrescento que o aludido artigo 15 da Lei nº 9.532, de 1997, objetivou revogar a isenção não apenas da atividade de prática desportiva, mas também das seguintes atividades – todas econômicas: a) educacionais; b) de assistência à saúde; e c) de administração de planos de saúde. Ora, qual a razão de o Poder Executivo intentar revogar a isenção para tais atividades? Teria a pretensão de cobrar IRPJ das entidades beneficentes e filantrópicas quando estas estivessem a prestar assistência gratuita? Penso que não. Entendo que foi pelo fato de constituírem atividades econômicas, exercidas no propósito inequívoco de auferirem resultados positivos para as entidades. Faria sentido revogar a isenção da atividade educacional ou de assistência à saúde prestada gratuitamente, ao público em geral ou mesmo apenas ao universo de associados? Concebo a hipótese de uma associação civil (universidade ou hospital) que, mediante cobrança, preste os serviços para os quais houver sido instituída (educação ou assistência à saúde, respectivamente) e os coloque à disposição do grupo de pessoas a que se destinam (universo de estudantes, indistintamente, e população em geral) sem fins lucrativos (a associação da hipótese não está condenada a ser deficitária; poderá ter resultados positivos, mas não os distribui aos associados, e nem remunera seus dirigentes pelos serviços prestados). Pois bem. Penso que a hipotética associação civil estará exercendo uma atividade que, inequivocamente, poderá ser classificada como econômica (ainda que não exista lei veiculando tal conceituação). Entretanto, penso que o parágrafo único do art. 18 da Lei nº 9.532 somente fará algum sentido caso seja interpretado no sentido de que, malgrado se trate de exploração econômica, não inviabiliza a fruição do benefício fiscal pela associação que preencha os requisitos do art. 15 da mesma Lei. Registro, a propósito, que a Lei nº 9.532, de 10/12/1997, é fruto da conversão da Medida Provisória nº 1.602, de 14/11/1997, cujo artigo 18 previa pura e simplesmente o fim da isenção sem qualquer ressalva para as entidades dedicadas à prática das atividades nele relacionadas, dentre as quais, a prática desportiva, de caráter profissional. Não previa, portanto, a continuidade da isenção. Ora, até pela sua condição de seres políticos, nossos legisladores são pessoas experientes, com conhecimento da realidade social deste País, em alguns casos, mais profundos que os dos técnicos do Poder Executivo. Logo, quando acrescentaram àquele artigo o parágrafo único, garantindo a fruição de isenção por entidades que se enquadrassem nas condições do artigo 15, com certeza tinham em mente algum propósito. Haveria de existir na realidade fenomênica possibilidade de efetivo gozo desse benefício, o que jamais ocorreria caso se entenda que o benefício alcança apenas uma entidade filantrópica, por exemplo, quando esta colocar serviços à disposição dos interessados, a título gratuito. Nesse caso, com certeza não terá qualquer ganho; não auferirá renda. Então, qual o benefício da isenção do imposto de renda? É lógico supor que o legislador deu determinado benefício a quem dele não precisa? Penso que não. Em meu sentir, é pressuposto para a isenção do IRPJ e da CSLL que o beneficiário explore alguma atividade econômica que lhe propicie ganhos, ou seja, que haja lucro. Penso que esse foi o comando traçado pelo legislador e que deverá ser respeitado, ainda que, individualmente, consideremos equivocado. Fl. 5396DF CARF MF Impresso em 12/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/02/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/ 02/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10120.728006/201101 Acórdão n.º 1402001.311 S1C4T2 Fl. 0 14 Voltando ao caso concreto, não considero plausível que tenham pretendido garantir a isenção apenas aos pouquíssimos clubes que, além de constituírem autênticas associações recreativas, também se dediquem ao desporto profissional. Estou firmemente convencido de que o objetivo não foi esse. Pelo contrário, penso que o propósito foi conceder a isenção aos clubes (times) em geral, não constituídos como empresas, observadas as normas gerais aplicáveis ao gozo e manutenção das isenções. A propósito, é relevante destacar que, neste caso concreto, a autuada é um clube superavitário, pelo menos o foi no período em que ocorreu o lançamento. Contudo, essa condição não é representativa do universo dos clubes do País, mormente aqueles de pequeno porte e sem respaldo de grandes grupos econômicos, tradição e torcida. É possível supor que o legislador tenha levado em consideração todo o conjunto de clubes do País, e não apenas aqueles eventualmente superavitários. É relevante registrar, ainda, que o autuante também utilizou como base de seu entendimento o § 13 do art. 27 da Lei Pelé, transcrito às fls. 17, verbis: “Art. 27. [...] § 13. Para os fins de fiscalização e controle do disposto nesta Lei, as atividades profissionais das entidades de prática desportiva, das entidades de administração de desporto e das ligas desportivas, independentemente da forma jurídica como estas estejam constituídas, equiparamse às das sociedades emprestarias, notadamente para efeitos tributários, fiscais, previdenciários, financeiros, contábeis e administrativos.” O autuante argumenta que esse parágrafo “deixa claro que as atividades profissionais das entidades de prática desportivas equiparamse às das sociedades empresárias para efeitos tributários e fiscais, ou seja, descaracterizase a condição de associação civil sem fins lucrativos e aplicase a tributação como se fosse uma empresa.” Com respeito a esse ponto, observo que o parágrafo equipara as atividades profissionais das entidades – independente da forma de sua constituição às atividades das sociedades empresárias. Contudo, há uma ressalva fundamental que não foi devidamente enfatizada pelo autuante. Tratase da estipulação de que essa equiparação existe para os fins de fiscalização e controle do disposto naquela lei (lei Pelé) – e não em outras leis, mormente de cunho tributário. Considero oportuna a menção à Lei Pelé. Penso, contudo, que a análise sistemática desse diploma leva a conclusão oposta àquela extraída pelo autuante, como passo a discorrer. Relembro, em primeiro lugar, que o art. 18 da Lei nº 8.672, de 06/07/1993 (Lei Zico), ao disciplinar a prática desportiva profissional, estatuía, verbis: “Art. 18. Atletas, entidades de prática desportiva e entidades de administração do desporto são livres para organizar a atividade profissional de sua modalidade, respeitados os termos desta lei.” (Grifei). Contudo, a mesma lei veiculou o seguinte permissivo: “Art. 11. É facultado às entidades de prática e às entidades federais de administração de modalidade profissional, manter a gestão de suas atividades sob a responsabilidade de sociedade com fins lucrativos, desde que adotada uma das seguintes formas: Fl. 5397DF CARF MF Impresso em 12/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/02/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/ 02/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10120.728006/201101 Acórdão n.º 1402001.311 S1C4T2 Fl. 0 15 I transformarse em sociedade comercial com finalidade desportiva; II constituir sociedade comercial com finalidade desportiva, controlando a maioria de seu capital com direito a voto; III contratar sociedade comercial para gerir suas atividades desportivas. Parágrafo único. As entidades a que se refere este artigo não poderão utilizar seus bens patrimoniais, desportivos ou sociais para integralizar sua parcela de capital ou oferecêlos como garantia, salvo com a concordância da maioria absoluta na assembléia geral dos associados e na conformidade dos respectivos estatutos.” (Grifei). A Lei Pelé (Nº 9.615, de 1998), intentou alterar radicalmente a exploração da atividade desportiva, como se vê na redação original do seu artigo 27, verbis: “Art. 27. As atividades relacionadas a competições de atletas profissionais são privativas de: I sociedades civis de fins econômicos; II sociedades comerciais admitidas na legislação em vigor; III entidades de prática desportiva que constituírem sociedade comercial para administração das atividades de que trata este artigo. Parágrafo único. As entidades de que tratam os incisos I, II e III que infringirem qualquer dispositivo desta Lei terão suas atividades suspensas, enquanto perdurar a violação.” (Grifei). Contudo, a mesma lei concedeu o prazo de dois anos para implemento das alterações, verbis: “Art. 94. As entidades desportivas praticantes ou participantes de competições de atletas profissionais terão o prazo de dois anos para se adaptar ao disposto no art. 27.”‘ (Grifei). Na sequência, ainda no ano de 2000, por força da Lei nº 9.981, de 14/07/2000, o art. 27 da Lei Pelé passou a ostentar a seguinte redação: “Art. 27. É facultado à entidade de prática desportiva participante de competições profissionais: I transformarse em sociedade civil de fins econômicos; II transformarse em sociedade comercial; III constituir ou contratar sociedade comercial para administrar suas atividades profissionais.” (Grifei). Por derradeiro, por força da redação da Lei nº 10.672, de 15/05/2003, aludido artigo recebeu sua redação atual, verbis: “Art. 27. As entidades de prática desportiva participantes de competições profissionais e as entidades de administração de desporto ou ligas em que se organizarem, independentemente da forma jurídica adotada, sujeitam os bens particulares de seus dirigentes ao disposto no art. 50 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002, além das sanções e responsabilidades previstas no caput do art. Fl. 5398DF CARF MF Impresso em 12/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/02/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/ 02/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10120.728006/201101 Acórdão n.º 1402001.311 S1C4T2 Fl. 0 16 1.017 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002, na hipótese de aplicarem créditos ou bens sociais da entidade desportiva em proveito próprio ou de terceiros.” (Grifei). Como visto, o Poder Legislativo, no exercício de sua competência legal, chegou a traçar o preceito objetivo de que a atividade relacionada a competições de atletas profissionais era privativa de sociedades comerciais. Contudo, o mesmo legislador, também no exercício de sua competência legal, resolveu extirpar tal preceito do texto legal, deixando claro que o comando veiculado no art. 27 não tem natureza tributária, e que seu objetivo é atribuir responsabilidades aos administradores, sujeitando seus bens particulares, caso estes apliquem créditos ou bens da entidade desportiva em proveito próprio ou de terceiros. Não consigo extrair conseqüências tributárias desse art. 27, principalmente porque, como antecipado, o aludido § 13º, ao qual se apegou o autuante, limita seu sentido aos fins de fiscalização e controle do disposto na própria lei Pelé, e não em leis tributárias. Por isso, em face da ressalva expressa, não me persuado de que a norma possa ser livremente utilizada para outros fins, que não a fiscalização e controle do disposto na própria lei, mormente para revogar isenção concedida por dispositivo legal de natureza tributária. Além do mais, conforme visto, em sua redação original, o caput do art. 27 da Lei Pelé dispôs expressamente que as atividades relacionadas a competições de atletas profissionais eram privativas de sociedades civis de fins econômicos, sociedades comerciais e entidades de prática desportiva que constituírem sociedade comercial para administração de tais atividades. Contudo, pouco tempo depois, a mesma lei foi alterada para tornar facultativa a transformação em tais sociedades, podendo as entidades adotarem qualquer natureza jurídica que lhes for compatível. Em assim sendo, soa forçada a equiparação feita pela fiscalização, utilizando interpretação oblíqua do parágrafo 13º, no propósito de restaurar um sentido que o caput abandonara mais de dez anos antes. Prosseguindo na análise, mas mudando o enfoque, registro que constatei que a Administração Tributária, em três oportunidades distintas, manifestou o entendimento de que as entidades de prática desportiva não gozam de isenção do IRPJ, conforme Solução de Consulta SRRF/6ª RF/DISIT Nº 14, de 28/02/2002, Solução de Consulta SRRF/10ª RF/DISIT Nº 78, de 14/08/2002 e Solução de Consulta nº 249, de 16/10/2006, da 6ª Região Fiscal. Contudo, em todas elas a Administração tomou por consistente – sem qualquer análise, questionamento ou fundamentação – a premissa de que as entidades desportivas não são associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido constituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos. Em outras palavras, todas as soluções de consulta passaram ao largo do ponto aqui considerado fundamental, assumindo como verdadeiro o entendimento contrário àquele aqui perquirido. Em assim sendo, não tendo enfrentado tal questão, desservem como parâmetro para seu deslinde. A propósito, registro que, em pesquisa que realizei nos sistemas eletrônicos da RFB, relativa ao período em que já vigia a Lei nº 9.532, de 1997, não logrei encontrar decisões proferidas em lançamentos feitos em decorrência do mesmo entendimento esposado pelo autuante. É possível que existam e não tenham sido impugnados, ou que o tenham sido e ainda não tenham sido julgados. As únicas decisões que encontrei referemse a lançamentos lavrados com base em prévia suspensão da isenção, conforme acórdãos seguintes: Fl. 5399DF CARF MF Impresso em 12/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/02/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/ 02/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10120.728006/201101 Acórdão n.º 1402001.311 S1C4T2 Fl. 0 17 Acórdão nº Data DRJ Acórdão nº Data DRJ 7.246 24/08/2004 CAMPINAS 7.247 24/08/2004 CAMPINAS 7.248 24/08/2004 CAMPINAS 6.476 10/02/2005 SÃO PAULO1 6.872 14/04/2005 SÃO PAULO1 15.876 29/05/2007 RIB. PRETO Em todos esses processos a Administração partiu do pressuposto de que as entidades se habilitavam ao gozo da isenção mas, por ocorrências específicas, suspendeu o benefício, como se vê nos excertos dos julgados, com grifos acrescidos: 1) Excertos dos Relatórios dos Acórdãos nº 7.246, 7.247 e 7.248: “2. Analisando os fins e objetivos da Federação, expressos em seu Estatuto Social, e tendo em conta o disposto no art. 15 da Lei nº 9.532/97, que classifica como isentas as associações civis que prestem serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos, a autoridade lançadora concluiu que a Entidade não atendeu, no ano calendário 1998, aos requisitos para gozo da isenção fiscal disciplinada nos artigos 12 a 15 da Lei 9.532/97.” 2) Excerto do Relatório do Acórdão nº 6.872: “2. Analisando os fins e objetivos sociais da pessoa jurídica interessada, expressos em seu estatuto social, e tendo em conta o disposto no art. 15 da Lei nº 9.532/1997, que define como isentas as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos, condicionando a isenção à satisfação dos requisitos fixados no art. 12, § 2°, alíneas "a" a "e", e § 3°, e nos arts. 13, 14 e 15, todos da Lei nº 9.532/1997, a autoridade fiscal constatou o não cumprimento de alguns destes requisitos legais para o gozo do benefício da isenção, tal como explicitado no relatório acostado aos autos deste processo e resumido abaixo (fls. 02/17 do processo 19515.000956/200471 e 2/18 do processo 19515.000957/200416)” 3) Excerto do Relatório do Acórdão nº 15.876: Em foco atos administrativos levados a efeito pela Delegacia da Receita Federal em Ribeirão Preto/SP tendentes à suspensão da isenção tributária da interessada, no rito preconizado pelo artigo 32 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, assim recomendado pelo artigo 14 da Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997, bem como, à exigência de Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ), Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS) e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS), e ainda, à imputação de responsabilidade solidária a pessoas com interesse comum na situação que constitui os fatos geradores dos tributos. A suspensão da isenção tributária operouse com a edição do Ato Declaratório Executivo (ADE) nº 58, de 04 de dezembro de 2006, cuja ciência à autuada se deu por remessa postal, conforme “aviso de recebimentoAR” de fl. 430, e publicação na Seção 1 do Diário Oficial da União do dia seguinte, o qual delimitou seus efeitos aos anoscalendário de 2000 e 2001, fl. 961. Fl. 5400DF CARF MF Impresso em 12/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/02/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/ 02/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10120.728006/201101 Acórdão n.º 1402001.311 S1C4T2 Fl. 0 18 Referido ato tem por lastro a Notificação Fiscal lavrada em 10 de outubro de 2006, encartada às fls. 407/415, que imputou a inobservância dos requisitos de sustentação da isenção previstos no artigo 15 da lei nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997, uma vez que detectadas as seguintes irregularidades,(...)” 4) Excerto do Voto do Acórdão nº 6.476: “Alega a requerente que está amparada por isenção tributária, prevista no art. 159 do RIR/94, e que a exigência somente poderia ser constituída após ato declaratório que suspendesse tal isenção, e, nessa linha de argumentação, apenas a autuação do anocalendário de 1998 seria válida, em face da suspensão de isenção que, por sua vez, está em fase de julgamento (processo nº 19515.003848/200370). Ocorre que a presente exigência incide sobre rendimentos de aplicações mantidas no exterior, junto à Livingstone e BSI Geneve, no período de 1998 a 2001, e a isenção tributária não abrange tais rendimentos, em função dos dispositivos legais transcritos pela fiscalização, no Termo de Verificação, a saber (fls. 161 a 163):” No mesmo sentido são os Acórdãos exarados no PAF nº 19515.000956/200471 (Recurso Voluntário nº 156.214, Oitava Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes) e no PAF nº 18471.000461/200352 (Recurso Voluntário nº 142.979, Oitava Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes). Em ambos houve a prévia suspensão da isenção, procedimento convalidado pelo CARF. Também é relevante destacar que constou da EM Interministerial nº 23/2007/MF/ME/TEM/MPS/MinC – disponível na página http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato20072010/2007/Exm/EMI23MFME MTEMPSMINC.htm, e também por min anexada a estes autos que encaminhou proposta de Medida Provisória, o expresso reconhecimento, por parte dos Srs. Ministros da Fazenda, do Esporte, do Trabalho e Emprego, da Previdência Social e da Cultura, de que as entidades desportivas em geral são beneficiárias da isenção, verbis: “14. Por último, sugerese, ainda a revogação do art. 13, o qual assegura, pelo prazo de cinco anos, a isenção do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL) de que trata o art. 15 da Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997, à sociedade empresarial desportiva que tenha como atividade a exploração e a gestão de desporto profissional na modalidade futebol, estabelecendo, em seu parágrafo único, que esta isenção é incondicionada, ou seja, não está sujeita ao preenchimento dos requisitos previstos na Lei nº 9.532, de 1997, e, como tal, não está sujeita à suspensão desse benefício. 15.Ao contrário do que se propala, esse dispositivo restringe o benefício fiscal hoje existente para as entidades desportivas em geral, ao limitar em cinco anos o (sic) sua aplicação para aquelas "cujas atividades profissionais sejam administradas por pessoa jurídica regularmente constituída", haja vista que a isenção prevista no art. 15 da Lei no 9.532, de 1997, aplicase às entidades sem fins lucrativos pela finalidade ou objeto, sem fixar qualquer prazo para seu gozo. Em outras palavras, a referida norma não traz nenhuma vantagem à profissionalização na gestão da modalidade futebol, ao contrário, limita em cinco anos o benefício já existente para aquelas entidades que contratarem empresas para gerir suas atividades profissionais, o que o torna incoerente com o objetivo perseguido pela Lei.” (Grifei). Concluindo, registro ser incompreensível para o cidadão que sofre desconto substancial de imposto de renda em seus proventos e para o empresário que arca Fl. 5401DF CARF MF Impresso em 12/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/02/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/ 02/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10120.728006/201101 Acórdão n.º 1402001.311 S1C4T2 Fl. 0 19 com elevada carga tributária que os clubes dedicados à prática desportiva profissional – com ênfase para o futebol, que se tornou um negócio bilionário – estejam albergados por isenção em face do IRPJ e da CSLL. Como cidadão, partilho essa perplexidade, que beira a indignação, e penso que a isenção constitui privilégio injustificado. Contudo, o fato é que este País é uma democracia onde o tributo é cobrado mediante atividade plenamente vinculada (art. 3º do CTN) à legislação de regência. E a realidade que tenho diante dos olhos é que nossos legisladores não têm correspondido aos esforços que o Poder Executivo tem encetado no sentido de: 1) no campo tributário, extinguir pura e simplesmente a isenção da atividade desportiva profissional; e 2) no campo institucional, profissionalizar a administração das entidades dedicadas à prática desportiva. Em face dessa realidade, e à luz da legislação atual, não vejo como negar que a impugnante se amolda ao conceito de associação civil sem fins lucrativos que preste os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, habilitandose, assim, ao gozo da isenção prevista no art. 15 da Lei nº 9.532, de 1997, por força do parágrafo único do art. 18 da mesma lei. Isenção essa que poderá, em face de fatos concretos, ser suspensa pela Autoridade Tributária, o que, ressalto, não ocorreu nestes autos. (...) Os fundamentos acima transcritos a meu ver exauriram as questões em litígio, pelo que as razões de decidir dessa decisão podem ser perfeitamente adotados neste voto, conforme disposto no art. 50 Lei 9.784 de 1999, que se aplica subsidiariamente ao PAF(verbis): Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: (...) V decidam recursos administrativos; (...) § 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato. (...) § 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e comissões ou de decisões orais constará da respectiva ata ou de termo escrito. (Grifei) Em síntese: o contribuinte faz jus a isenção de que trata o art. 15 da Lei 9.532/1997, que dispõe: Art. 15. Consideramse isentas as instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos. Fl. 5402DF CARF MF Impresso em 12/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/02/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/ 02/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10120.728006/201101 Acórdão n.º 1402001.311 S1C4T2 Fl. 0 20 1º A isenção a que se refere este artigo aplicase, exclusivamente, em relação ao imposto de renda da pessoa jurídica e à contribuição social sobre o lucro líquido, observado o disposto no parágrafo subseqüente. § 2º Não estão abrangidos pela isenção do imposto de renda os rendimentos e ganhos de capital auferidos em aplicações financeiras de renda fixa ou de renda variável. § 3º Às instituições isentas aplicamse as disposições do art. 12, § 2º, alíneas "a" a "e" e § 3º e dos arts. 13 e 14. Resta, ainda, analisar o atendimento aos requisitos previstos nos arts. 12 e 13 da citada Lei nº 9.532/1997. Isso porque, em face do disposto no § 3º do art. 15 acima transcrito, temos que as entidades isentas do IRPJ e CSLL também devem observar os requisitos aplicáveis às entidades imunes, previstos no art. 12 (§ 2º, alíneas “a” a “e”e § 3º) e art.13 da referida Lei. Para maior clareza, transcrevo os dispositivos legais: Art. 12. (....) §2º Para o gozo da imunidade, as instituições a que se refere este artigo, estão obrigadas a atender aos seguintes requisitos: a) não remunerar, por qualquer forma, seus dirigentes pelos serviços prestados; b) aplicar integralmente seus recursos na manutenção e desenvolvimento dos seus objetivos sociais; c) manter escrituração completa de suas receitas e despesas em livros revestidos das formalidades que assegurem a respectiva exatidão; d) conservar em boa ordem, pelo prazo de cinco anos, contado da data da emissão, os documentos que comprovem a origem de suas receitas e a efetivação de suas despesas, bem assim a realização de quaisquer outros atos ou operações que venham a modificar sua situação patrimonial; e) apresentar, anualmente, Declaração de Rendimentos, em conformidade com o disposto em ato da Secretaria da Receita Federal; [...]§3º Considerase entidade sem fins lucrativos a que não apresente superávit em suas contas ou, caso o apresente em determinado exercício, destine referido resultado, integralmente, à manutenção e ao desenvolvimento dos seus objetivos sociais. Art. 13. Sem prejuízo das demais penalidades previstas na lei, a Secretaria da Receita Federal suspenderá o gozo da imunidade a que se refere o artigo anterior, relativamente aos anoscalendários em que a pessoa jurídica houver praticado ou, por qualquer forma, houver contribuído para a prática de ato que constitua infração a dispositivo da legislação tributária, especialmente no caso de informar ou declarar falsamente, omitir ou simular o recebimento de doações em bens ou em dinheiro, ou de qualquer forma cooperar para que terceiro sonegue tributos ou pratique ilícitos fiscais. Parágrafo único. Considerase, também, infração a dispositivo da legislação tributária o pagamento, pela instituição imune, em favor de seus associados ou dirigentes, ou, ainda, em favor de sócios, acionistas ou dirigentes de pessoa jurídica a ela associada por qualquer forma, de despesas consideradas indedutíveis na Fl. 5403DF CARF MF Impresso em 12/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/02/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/ 02/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10120.728006/201101 Acórdão n.º 1402001.311 S1C4T2 Fl. 0 21 determinação da base de cálculo do imposto sobre a renda ou da contribuição social sobre o lucro líquido. No caso em apreço, as autoridades fiscais em momento algum afirmaram que a contribuinte tenha descumprido algum desses requisitos. A análise cuidadosa dos elementos constantes dos autos, com destaque para os balanços patrimoniais, também não revela nenhum indício de que a contribuinte cometido desvio de finalidade, ou tenha remunerado, por qualquer forma, seus dirigentes ou, ainda, tenha deixado de escriturar alguma parte de suas receitas ou despesas. Em face dessa realidade, e à luz da legislação atual, não vejo como negar que a impugnante se amolda ao conceito de associação civil sem fins lucrativos que preste os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, habilitandose, assim, ao gozo da isenção prevista no art. 15 da Lei nº 9.532, de 1997, por força do parágrafo único do art. 18 da mesma lei. Isenção essa que poderá, em face de fatos concretos, ser suspensa pela Autoridade Tributária, o que, ressalto, não ocorreu nestes autos. Frisese: inexiste nos autos qualquer acusação, prova ou indício de inobservância dos requisitos previstos nos arts. 12 e 13 da Lei nº 9.532/97. Portanto a contribuinte pode, em relação aos anocalendário atuados, usufruir da isenção de IRPJ e CSSL, prevista no art. 15 da Lei 9.532/1997. Por fim, registro que a 1a. Turma desta Câmara apreciou o recurso de oficio interposto no aludido processo 10980.725900/201191 e, por unanimidade de votos, negou provimento, confirmando a decisão, consoante acórdão 140100.838 de 8/8/2012, assim ementado: CLUBES DE FUTEBOL CONSTITUÍDOS SOB A FORMA DE ASSOCIAÇÃO CIVIL SEM FINS LUCRATIVOS. DIREITO À ISENÇÃO DO IRPJ E CSLL. As associações civis sem fins lucrativos inclusive clubes de futebol que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam tiveram, pelo art. 18 da Lei nº 9.532, de 1997, assegurada a isenção em face do IRPJ e CSLL. Conclusão Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento ao recurso voluntário, para restabelecer a isenção tributária da recorrente e cancelar as exigências. (assinado digitalmente) Antônio José Praga de Souza Fl. 5404DF CARF MF Impresso em 12/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/02/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 20/ 02/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO
score : 1.0
Numero do processo: 35464.003824/2006-62
Turma: Terceira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 20 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Mon Apr 01 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/10/2006 a 27/10/2006
AUTO DE INFRAÇÃO. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. GFIP. INFORMAÇÕES INEXATAS. APLICAÇÃO DA MULTA MAIS BENÉFICA.
A apresentação de GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, caracteriza-se como descumprimento da obrigação acessória do artigo 32, inciso IV, da Lei nº. 8.212/91.
Em relação à aplicação de multa pelo descumprimento de obrigação acessória previdenciária, o seu cálculo final deve observar o disposto no artigo 32-A-I, da Lei nº. 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº. 11.941/09.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Crédito Tributário Mantido em Parte.
Numero da decisão: 2803-002.084
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do voto do(a) relator(a), para fazer cálculo comparativo da multa, aplicando-se o disposto no art. 32-A, inciso I, da Lei nº. 8.212/1991, com a redação dada pela Lei nº. 11.941/2009, desde que mais favorável ao contribuinte.
(assinado digitalmente)
HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA - Presidente.
(assinado digitalmente)
NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima (Presidente), Amilcar Barca Teixeira Junior, Oséas Coimbra Júnior, Natanael Vieira dos Santos, Gustavo Vettorato e Eduardo de Oliveira.
Nome do relator: NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/10/2006 a 27/10/2006 AUTO DE INFRAÇÃO. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. GFIP. INFORMAÇÕES INEXATAS. APLICAÇÃO DA MULTA MAIS BENÉFICA. A apresentação de GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, caracterizase como descumprimento da obrigação acessória do artigo 32, inciso IV, da Lei nº. 8.212/91. Em relação à aplicação de multa pelo descumprimento de obrigação acessória previdenciária, o seu cálculo final deve observar o disposto no artigo 32AI, da Lei nº. 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº. 11.941/09. Recurso Voluntário Provido em Parte. Crédito Tributário Mantido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do voto do(a) relator(a), para fazer cálculo comparativo da multa, aplicandose o disposto no art. 32A, inciso I, da Lei nº. 8.212/1991, com a redação dada pela Lei nº. 11.941/2009, desde que mais favorável ao contribuinte. (assinado digitalmente) HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 35 46 4. 00 38 24 /2 00 6- 62 Fl. 157DF CARF MF Impresso em 01/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2013 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 28/0 3/2013 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 31/03/2013 por HELTON CARLOS PRAIA D E LIMA Processo nº 35464.003824/200662 Acórdão n.º 2803002.084 S2TE03 Fl. 158 2 (assinado digitalmente) NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima (Presidente), Amilcar Barca Teixeira Junior, Oséas Coimbra Júnior, Natanael Vieira dos Santos, Gustavo Vettorato e Eduardo de Oliveira. Fl. 158DF CARF MF Impresso em 01/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2013 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 28/0 3/2013 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 31/03/2013 por HELTON CARLOS PRAIA D E LIMA Processo nº 35464.003824/200662 Acórdão n.º 2803002.084 S2TE03 Fl. 159 3 Relatório 1. Tratase de Recurso Voluntário interposto pela BROOKS AGROPECUÁRIA LTDA. contra decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo (DRJ/SPOI) que julgou improcedente a impugnação apresentada e manteve o lançamento dos débitos referente ao período de 27/10/2006. 2. Conforme dispõe o relatório fiscal, a empresa apresentou o documento a que se refere o art. 32, IV e § 3º, da Lei nº. 8.212/91, com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, como segue (fl. 20): “Em ação fiscal na empresa, constatamos que a empresa não informou os fatos geradores das contribuições à Previdência Social na Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social – GFIP correspondentes à comercialização da sua produção rural. Estes fatos geradores não declarados em GFIP foram objeto do levantamento de código FRU que foram objeto da Notificação Fiscal de Lançamento de Débito nº. 37.010.6652.” 3. Pelo que consta dos autos, após a apresentação da impugnação, a 12ª Turma de Julgamento da DRJ/SPOI, nos termos da Resolução nº. 167, de 15 de outubro de 2009, às fls. 85/88, converteu o julgamento em diligência, tendo em vista a relação direta deste auto de infração aos fatos geradores objeto da NFLD nº. 010.6652. 4. Em resposta à solicitação, o auditor fiscal notificante esclareceu, às fls. 90, que “não houve alterações no lançamento da NFLD 37.0106652, sendo tal fato informado ao contribuinte através do Termo de Encerramento de Diligência”. 5. Foi dada ciência ao contribuinte do Relatório de Diligência e seus anexos, em 29/04/2010 (fls. 92), não se manifestando nos presentes autos. 6. Ao analisar os argumentos constantes na peça impugnatória, a primeira instância administrativa manteve o crédito tributário, nos seguintes termos: “CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. DAÇÃO EM PAGAMENTO. FATO GERADOR. A operação de transferência de produto rural realizada por pessoa jurídica a seus sócios sob a forma de redução do capital social não impede a ocorrência de fato gerador de contribuição previdenciária, quando se constata tratarse de dação em pagamento. O fato gerador tributário emerge da realidade fática do desenvolvimento de atividade empresarial, e não do nomen juris ou revestimento formal dado pelas partes ao negócio, razão pela qual a alteração do Contrato Social para informar a redução do capital da empresa não impede a ocorrência do fato gerador de contribuição para a Seguridade Social. Fl. 159DF CARF MF Impresso em 01/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2013 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 28/0 3/2013 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 31/03/2013 por HELTON CARLOS PRAIA D E LIMA Processo nº 35464.003824/200662 Acórdão n.º 2803002.084 S2TE03 Fl. 160 4 GFIP. APRESENTAÇÃO COM DADOS NÃO CORRESPONDENTES AOS FATOS GERADORES DE TODAS AS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. INFRAÇÃO. Incorre em infração à legislação previdenciária o contribuinte que apresenta a Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social – GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. Impugnação Improcedente. Crédito Tributário Mantido.” (fl. 94), 7. Tempestivamente, a empresa interpôs o recurso voluntário, às fls. 115/133, cuja síntese eu descrevo a seguir: a) a redução de capital de pessoa jurídica, por meio de devolução de bens do ativo para o sócio pessoa física não se enquadra em nenhum dos fatos geradores de contribuição previdenciária da produção rural; b) o sócio da empresa que recebe o bem em devolução não é adquirente, consignatário, cooperativa ou consumidor; c) quando o sócio pessoa física, produtor rural; comercializou o referido bem semovente, a contribuição sobre a comercialização foi retida e recolhida pelo frigorífico adquirente, não lesando o erário público, desse modo, cobrar a contribuição sobre a devolução do bem para o sócio caracterizaria bitributação; d) na redução de capital com devolução de bens não ocorreu o fato gerador de contribuição previdenciária, portanto, não existiu obrigação da Recorrente de informar na GFIP, pois não houve dolo ou culpabilidade não cabendo qualquer representação na esfera criminal; e) a redução de capital ocorreu em 30/12/2012 sobre a égide de lei especial da sociedade por quotas de responsabilidade limitada e do Código Comercial Brasileiro, ou seja, antes do advento do Novo Código Civil e ainda, antes da publicação da instrução normativa INSS/DC nº. de 18/12/2003 e que ampliou o fato gerador das contribuições sociais na comercialização da produção rural, criando a dação em pagamento. Essa instrução, dentro dos princípios constitucionais brasileiros não pode retroagir, e na pior das hipóteses poderia ser aplicada no ano calendário de 2003 e não a fatos ocorridos no ano calendário de 2002, como no caso em questão em que o agente indevidamente enquadrou uma simples devolução de bem semovente a quem de direito como dação em pagamento. 8. Sem contrarrazões, os autos foram encaminhados a esta Câmara para apreciação do recurso voluntário. Eis o relatório. Fl. 160DF CARF MF Impresso em 01/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2013 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 28/0 3/2013 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 31/03/2013 por HELTON CARLOS PRAIA D E LIMA Processo nº 35464.003824/200662 Acórdão n.º 2803002.084 S2TE03 Fl. 161 5 Voto Conselheiro NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Relator. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE 1. Conheço do recurso voluntário, uma vez que foi tempestivamente apresentado, preenche os requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº. 70.235, de 6 de março de 1972 e passo a analisálo. DO DESCUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA 2. A recorrente, em suas alegações, pugna pela desconstituição da obrigação principal, com o argumento de inexistência do fato gerador. Pois, afirma que a redução de capital realizada pela empresa recorrente foi uma simples devolução do bem a quem de direito pertencia, não ocorrendo o instituto processual denominado dação em pagamento. 3. Pelo que se depreende dos autos, observase que a entrega do produto rural aos sócios, travestida de redução do capital social resultou em dação em pagamento. Desse modo, configurandose a ocorrência do fato gerador de contribuições previdenciárias, e constatado o descumprimento das obrigações acessórias decorrentes, tem a autoridade fiscal o dever de lavrar o correspondente auto de infração. 4. Conforme dispõe o relatório fiscal da infração, o contribuinte foi autuado por deixar de informar em GFIP a totalidade da remuneração paga a seus segurados, conforme verificado nos livros e documentos apresentados, fatos geradores relativos à comercialização de sua produção rural. 5. O descumprimento desta obrigação acessória sujeita ao contribuinte a penalidade prevista no art. 32, § 5º, da Lei nº. 8.212/91, na redação vigente à data de ocorrência dos fatos geradores, combinado com o art. 284, inciso II e art. 373 do RPS, aprovado pelo Decreto nº. 3.048/99. 6. Observase que a falta constatada não foi corrigida pelo contribuinte, de maneira que as razões trazidas para contestar a autuação são incapazes de alterar ou retificar a decisão de primeira instância. 7. A legislação supracitada e o Decreto nº. 3.048/99, que tratam dos deveres instrumentais descumpridos, respaldam o ato fiscalizatório: Art. 32. A empresa é também obrigada a: IV declarar à Secretaria da Receita Federal do Brasil e ao Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, na forma, prazo e condições estabelecidos por esses órgãos, dados relacionados a fatos geradores, base de cálculo e valores devidos da contribuição previdenciária e outras Fl. 161DF CARF MF Impresso em 01/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2013 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 28/0 3/2013 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 31/03/2013 por HELTON CARLOS PRAIA D E LIMA Processo nº 35464.003824/200662 Acórdão n.º 2803002.084 S2TE03 Fl. 162 6 informações de interesse do INSS ou do Conselho Curador do FGTS; Art.225. A empresa é também obrigada a: IV informar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro Social, por intermédio da Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social, na forma por ele estabelecida, dados cadastrais, todos os fatos geradores de contribuição previdenciária e outras informações de interesse daquele Instituto; § 4º O preenchimento, as informações prestadas e a entrega da Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social são de inteira responsabilidade da empresa.” 8. A jurisprudência, acompanhando a legislação em vigor, dispõe da seguinte forma: “Data do fato gerador: 15/03/2005 Ementa: AUTO DE INFRAÇÃO. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. GFIP. INFORMAÇÕES INEXATAS. A apresentação de GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, caracterizase como descumprimento da obrigação acessória do artigo 32, inciso IV, da Lei nº. 8.212/91. Recurso negado.” 9. Portanto, entendo que não assiste razão ao contribuinte, posto que a obrigação acessória em comento restou, de fato, comprovada seu descumprimento, sendo, desse modo, legalmente exigível. DA APLICAÇÃO DA MULTA 10. No que tange à regra aplicável ao caso em análise, tendo em vista a superveniência de legislação mais benéfica no que se refere à penalidade por descumprimento de obrigação acessória passo a análise da matéria. 11. Ocorre que a Lei n.º 11.941, de 2009, alterou a Lei n.º 8.212/91 para abrandar os valores da multa aplicada, assim determina: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e. II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3º deste artigo. Fl. 162DF CARF MF Impresso em 01/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2013 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 28/0 3/2013 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 31/03/2013 por HELTON CARLOS PRAIA D E LIMA Processo nº 35464.003824/200662 Acórdão n.º 2803002.084 S2TE03 Fl. 163 7 § 1º Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2º Observado o disposto no § 3º deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou . II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3º A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e. II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” 12. Diante da regulamentação acima exposta, é possível identificar as regras do artigo 32A: a) é regra aplicável a uma única espécie, dentre tantas outras existentes, de declaração: a Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social – GFIP; b) é possibilitado ao sujeito passivo entregar a declaração após o prazo legal, corrigila ou suprir omissões antes de algum procedimento de ofício que resultaria em autuação; c) regras distintas para a aplicação da multa nos casos de falta de entrega/entrega após o prazo legal e nos casos de informações incorretas/omitidas; sendo no primeiro caso, limitada a vinte por cento da contribuição; d) desvinculação da obrigação de prestar declaração em relação ao recolhimento da contribuição previdenciária; e) reduções da multa considerando ter sido a correção da falta ou supressão da omissão antes ou após o prazo fixado em intimação; e f) fixação de valores mínimos de multa. 13. Feitas as ponderações precedentes, passo a examinar a natureza da multa aplicada com relação à GFIP, sejam nos casos de “falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo” ou “informações incorretas ou omitidas”. Fl. 163DF CARF MF Impresso em 01/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2013 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 28/0 3/2013 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 31/03/2013 por HELTON CARLOS PRAIA D E LIMA Processo nº 35464.003824/200662 Acórdão n.º 2803002.084 S2TE03 Fl. 164 8 14. O inciso II do artigo 32A manteve a desvinculação entre as obrigações do sujeito passivo: acessória, quanto à declaração em GFIP e principal, quanto ao pagamento da contribuição previdenciária devida: II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. 15. Dessa forma, depreendese da leitura do inciso que o sujeito passivo estará sujeito à multa prevista no artigo, mesmo nos casos em que efetuar o pagamento em sua integralidade, ou seja, cem por cento das contribuições previdenciárias. 16. E fazendo uma comparação do referido dispositivo com o artigo 44 da Lei n° 9.430, de 27/12/1996 (que trata das multas quando do lançamento de ofício dos tributos federais) percebese que as regras diferem entre si, pois as multas nele previstas incidem em razão da falta de pagamento ou, quando sujeito a declaração, pela falta ou inexatidão da declaração: LEI Nº. 9.430, DE 27 DE DEZEMBRO DE 1996. Dispõe sobre a legislação tributária federal, as contribuições para a seguridade social, o processo administrativo de consulta e dá outras providências. (...). Seção V Normas sobre o Lançamento de Tributos e Contribuições (...). Multas de Lançamento de Ofício Art.44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; II cento e cinquenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº. 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. 17. Outra diferença é que as multas elencadas no artigo 44 justificamse pela necessidade de realização de lançamento pelo fisco, já que o sujeito passivo não efetuou o pagamento, sendo calculadas independentemente do decurso do tempo, eis que a multa de ofício não se cumula com a multa de mora. A finalidade é exclusivamente fiscal, Fl. 164DF CARF MF Impresso em 01/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2013 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 28/0 3/2013 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 31/03/2013 por HELTON CARLOS PRAIA D E LIMA Processo nº 35464.003824/200662 Acórdão n.º 2803002.084 S2TE03 Fl. 165 9 diferentemente do caso da multa prevista no artigo 32A, em que independentemente do pagamento/recolhimento da contribuição previdenciária, o que se pretende é que, o quanto antes (daí a gradação em razão do decurso do tempo), o sujeito passivo preste as informações à Previdência Social, dados esses que viabilizam a concessão dos benefícios previdenciários. 18. Feitas essas considerações, tenho por certo que as regras postas no artigo 44 aplicamse aos processos instaurados em razão de infrações cometidas sobre a GFIP. No que se refere à “falta de declaração e nos de declaração inexata”, devese observar o preceito por meio do qual a norma especial prevalece sobre a geral, uma vez que o artigo 32A da Lei n° 8.212/1991 traz regra aplicável especificamente a uma espécie de declaração que é a GFIP, devendo assim prevalecer sobre as regras do artigo 44 da Lei n° 9.430/1996 o qual se aplicam a todas as demais declarações a que estão obrigados os contribuintes e responsáveis tributários. Pela mesma razão, também não pode ser aplicado o artigo 43 da mesma lei: “Auto de Infração sem Tributo Art.43.Poderá ser formalizada exigência de crédito tributário correspondente exclusivamente a multa ou a juros de mora, isolada ou conjuntamente. Parágrafo único. Sobre o crédito constituído na forma deste artigo, não pago no respectivo vencimento, incidirão juros de mora, calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subsequente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento.” 19. Resumindo, é possível concluir que para a aplicação de multas pelas infrações relacionadas à GFIP devem ser observadas as regras do artigo 32A da Lei n° 8.212/1991 que regulam exaustivamente a matéria, sendo irrelevante a existência ou não pagamento/recolhimento e qual tenha sido a multa aplicada no documento de constituição do crédito relativo ao tributo devido. 20. Quanto à cobrança de multa nesses lançamentos, realizados no período anterior à MP n° 449/2008, entendo que não há como aplicar o artigo 35A, pois poderia haver retroatividade maléfica, o que é vedado; nem tampouco a nova redação do artigo 35. 21. Os dispositivos legais não são interpretados em fragmentos, mas dentro de um conjunto que lhe dê unidade e sentido. As disposições gerais nos artigos 44 e 61 são apenas partes do sistema de cobrança de tributos instaurado pela Lei n° 9.430/1996. Quando da falta de pagamento de tributos são cobradas, além do principal e juros moratórios, valores relativos às penalidades pecuniárias, que podem ser a multa de mora, quando embora a destempo tenha o sujeito passivo realizado o pagamento/recolhimento antes do procedimento de ofício, ou a multa de ofício, quando realizado o lançamento para a constituição do crédito. Essas duas espécies são excludentes entre si. Essa é a sistemática adotada pela lei. As penalidades pecuniárias incluídas nos lançamentos já realizados antes da MP n° 449/1996 são, por essa nova sistemática aplicável às contribuições previdenciárias, conceitualmente multa de ofício e pela sistemática anterior multa de mora. Do que resulta uma conclusão inevitável: independentemente do nome atribuído, a multa de mora cobrada nos lançamentos anteriores à MP n° 449/1996 não é a mesma da multa de mora prevista no artigo 61 da Lei n° 9.430/1996. Esta somente tem sentido para os tributos recolhidos a destempo, mas espontaneamente, sem procedimento de ofício. Seguem transcrições: Fl. 165DF CARF MF Impresso em 01/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2013 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 28/0 3/2013 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 31/03/2013 por HELTON CARLOS PRAIA D E LIMA Processo nº 35464.003824/200662 Acórdão n.º 2803002.084 S2TE03 Fl. 166 10 “Art.35. Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas “a”, “b” e “c” do parágrafo único do art. 11, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei no 9.430, de 1996. Art.35A.Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 1996. Seção IV Acréscimos Moratórios Multas e Juros Art.61.Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. §1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. §2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. Redação anterior do artigo 35: Art. 35. Sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos: I para pagamento, após o vencimento de obrigação não incluída em notificação fiscal de lançamento: a) oito por cento, dentro do mês de vencimento da obrigação; b) quatorze por cento, no mês seguinte; c) vinte por cento, a partir do segundo mês seguinte ao do vencimento da obrigação; II para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento: a) vinte e quatro por cento, em até quinze dias do recebimento da notificação; b) trinta por cento, após o décimo quinto dia do recebimento da notificação; c) quarenta por cento, após apresentação de recurso desde que antecedido de defesa, sendo ambos tempestivos, até quinze dias Fl. 166DF CARF MF Impresso em 01/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2013 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 28/0 3/2013 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 31/03/2013 por HELTON CARLOS PRAIA D E LIMA Processo nº 35464.003824/200662 Acórdão n.º 2803002.084 S2TE03 Fl. 167 11 da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS; d) cinqüenta por cento, após o décimo quinto dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, enquanto não inscrito em Dívida Ativa;” 22. No que tange aos autos de infração referentes à GFIP, que foram lavrados antes da MP n° 449/1996, importa que seja feita a análise quanto à aplicação do artigo 106, inciso II, alínea “c” do CTN: “Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: (...). II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.” 23. E como pode ser notado, as novas regras trazidas pelo artigo 32A são, a priori, mais benéficas que as anteriores, posto que nelas há limites inferiores, senão vejamos: no caso da falta de entrega da GFIP e omissão de fatos geradores, a multa não pode exceder a 20% da contribuição previdenciária, no primeiro caso; e será de R$ 20,00 por grupo de 10 informações omitidas ou incorretas, no segundo caso. 24. Portanto, nos casos mais benéficos ao sujeito passivo, consoante o disposto no artigo 106 do CTN, a multa deve ser reduzida para adequála ao artigo 32A. Porém, nos casos em a multa contida no autodeinfração é inferior à que seria aplicada pelas novas regras, não há como se falar em retroatividade. CONCLUSÃO 25. Ante ao exposto, conheço do recurso voluntário, para no mérito darlhe parcial provimento, para: fazer cálculo comparativo da multa, aplicandose o disposto no art. 32A, inciso I, da Lei nº. 8.212/1991, com a redação dada pela Lei nº. 11.941/2009, desde que mais favorável ao contribuinte. É como voto. (assinado digitalmente) Natanael Vieira dos Santos, Relator. Fl. 167DF CARF MF Impresso em 01/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2013 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 28/0 3/2013 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 31/03/2013 por HELTON CARLOS PRAIA D E LIMA Processo nº 35464.003824/200662 Acórdão n.º 2803002.084 S2TE03 Fl. 168 12 Fl. 168DF CARF MF Impresso em 01/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2013 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 28/0 3/2013 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 31/03/2013 por HELTON CARLOS PRAIA D E LIMA
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Numero do processo: 10675.907156/2009-81
Turma: Primeira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 06 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Wed Apr 10 00:00:00 UTC 2013
Numero da decisão: 1801-000.165
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento na realização de diligências, nos termos do voto da Relatora.
(assinado digitalmente)
Ana de Barros Fernandes Presidente e Relatora
Participaram da sessão de julgamento, os Conselheiros: Maria de Lourdes Ramirez, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Carmen Ferreira Saraiva, João Carlos de Figueiredo Neto e Ana de Barros Fernandes.
Nome do relator: ANA DE BARROS FERNANDES
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento na realização de diligências, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Ana de Barros Fernandes – Presidente e Relatora Participaram da sessão de julgamento, os Conselheiros: Maria de Lourdes Ramirez, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Carmen Ferreira Saraiva, João Carlos de Figueiredo Neto e Ana de Barros Fernandes. RELATÓRIO A empresa recorre do Acórdão nº 0939.089/12 exarado pela Segunda Turma de Julgamento da DRJ em Juiz de Fora/MG, fls. 57 a 62, que julgou improcedente o direito creditório pleiteado pela contribuinte, bem como não homologar as pertinentes compensações deste crédito com débitos tributários, formalizados nos Per/Dcomp (pedidos de restituição e declaração de compensação) – fls. 01 a 05. Aproveito trechos do relatório e voto do aresto vergastado para historiar os fatos: RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 06 75 .9 07 15 6/ 20 09 -8 1 Fl. 93DF CARF MF Impresso em 10/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/11/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 13/11/2 012 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 10675.907156/200981 Resolução nº 1801000.165 S1TE01 Fl. 3 2 “A interessada transmitiu a DCOMP n° 31515.94933.140606.1.3.040304, visando compensar o débito nela declarado, com crédito oriundo de pagamento indevido de CSLL, efetuado em 31/03/2005. A DRFUberlândia/MG emitiu Despacho Decisório eletrônico, à fl. 07 do processo virtual, no qual não homologa a compensação pleiteada diante da inexistência de crédito. A empresa apresenta manifestação de inconformidade, na qual alega, em síntese, que: · ao calcular e preencher o DARF relativo a Contribuição Social s/Lucro LíquidoCSLL, referente ao 4° trimestre de 2004, cometeu um equivoco fazendo constar naquele documento um valor maior que o devido; · apresenta a cópia da ficha 18 A (doc. em anexo) da DIPJ onde constam os valores da receita bruta do 4° trimestre de 2004, bem como o respectivo cálculo dessa contribuição; · o recolhimento a maior da Contribuição Social S/ Lucro LíquidoCSLL, relativa ao 4° trimestre de 2004, se deu através dos Darfs (doc. em anexo). · após constatar que havia efetuado o recolhimento a maior, providenciou a retificação da DCTFOriginal (doc. em anexo) entregue em 14/11/2003, transmitindo a DCTFRetificadora (doc. em anexo), em 29/12/2008, onde fez constar, respectivamente, o valor informado originariamente e o valor realmente devido; · diante da existência do crédito acima discriminado, resolveu, então, aproveitar parte desse valor para compensar o débito apurado de COFINS, da competência 05/2006, cuja data de vencimento se deu em 14/06/2006, tudo isso em conformidade com a legislação vigente àquela época, e, para demonstrar esta compensação, entregou em 14/06/2006 a Declaração de Compensação PER/DCOMP (doc. em anexo), onde informou que estava realizando a compensação da quantia de R$ 13.813,09, crédito apurado em relação a parcela da Contribuição Social recolhida em 31/03/2005, que, corrigida, atingiu o valor de R$ 17.064,69, conforme demonstra o PER/DCOMP retro citado, em sua página de n° 02. · além da informação constante do PER/DCOMP, a requerente também informou esta compensação na pág. 46 (doc.em anexo) da DCTF do 1° Semestre do ano 2006. [...] A empresa apresentou as declarações (DCTF e DIPJ) originais do 4° trimestre de 2004 com informação de débito de CSLL no total de R$ 68.131,58, vinculado a pagamento em DARF's de R$ 18.643,44, com datas de vencimento em 31/01/2005, 28/02/2005 e 31/03/2005. A DCOMP em análise foi transmitida em 14/06/2006. A ciência do despacho decisório eletrônico ocorreu em 19/08/2009 (AR de fl. 10 do processo virtual). A contribuinte apresentou DCTF retificadora em 29/12/2008 e DIPJ retificadora em 18/09/2009, após a ciência do despacho decisório. Fl. 94DF CARF MF Impresso em 10/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/11/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 13/11/2 012 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 10675.907156/200981 Resolução nº 1801000.165 S1TE01 Fl. 4 3 Portanto, na data da transmissão da DCOMP, só existiam a DCTF e a DIPJ originais. A manifestação de inconformidade confirma que esse novo valor, informado na DCTF e na DIPJ retificadoras, fora apurado e declarado à RFB em data posterior à transmissão da DCOMP n° 31515.94933.140606.1.3.040304, sem comprovar que houve erro de fato na informação prestada nas declarações originais (DCTF e DIPJ). Erro de fato é aquele que independe de averiguações para sua constatação. Considerando que a DCTF constituise em confissão de dívida, os débitos nela declarados e não pagos são exigíveis, sendo passíveis de inscrição em Dívida Ativa da União para futura execução fiscal. Assim o pagamento efetuado foi corretamente alocado ao débito declarado pela empresa, não existindo de fato saldo disponível a ser usado em compensação, na data da transmissão da DCOMP em análise. Com fulcro no parágrafo 14°, do artigo 74 da Lei 9.430/1996, que prevê que "a Secretaria da Receita Federal SRF disciplinará o disposto neste artigo, inclusive quanto à fixação de critérios de prioridade para apreciação de processos de restituição, de ressarcimento e de compensação", foi emitida a Instrução Normativa SRF n° 210/2002, cujo artigo 28 estabelece que "na compensação efetuada pelo sujeito passivo, os créditos serão valorados na forma prevista nos arts. 38 e 39 e os débitos sofrerão a incidência de acréscimos legais, na forma da legislação de regência, até a data da entrega da Declaração de Compensação" (grifei). Tal Instrução Normativa foi revogada pela de n° 460/2004, que por sua vez foi revogada pela de n° 600/2005, que mantêm a mesma determinação também no artigo 28. A Lei 9.430/1996, em seu artigo 74, com alterações produzidas pela Lei 10.637/2002, assim dispõe: [...] Assim não resta dúvida de que a compensação se dá na data da transmissão da DCOMP, sendo que nessa data não existia o crédito declarado na DCOMP analisada. O despacho decisório considerou a informação contida em DCTF porque somente essa existia quando da apresentação da DCOMP e quando da emissão do despacho decisório. A informação em DCOMP da existência de crédito disponível em função de pagamento a maior de tributo tem que estar suportada em informações existentes nos sistemas utilizados pela RFB (controle de DARF, DCTF, DIPJ, DIRF, DACON) ou suportada nos livros e documentos escriturados à época da transmissão da DCOMP. O crédito registrado em DCOMP deve ser líquido e certo, a teor do artigo 170 do CTN, para que ocorra a homologação da compensação a ele vinculada, cabendo à contribuinte, quando instada, fazer prova a seu favor, uma vez que se constitui num pleito seu e não em lançamento realizado pela administração tributária. [...] Assim, quanto ao pedido de produção de novas provas, só se pode aqui dizer que a inserção de novos elementos de prova no processo depois de transcorrido o prazo de impugnação, só pode ser deferida no caso de estarem presentes alguma(s) das circunstâncias previstas no parágrafo 4.° do artigo 16 do Decreto n.° 70.235/72 (impossibilidade de apresentação durante o prazo de impugnação, por conta de "força maior", "fato ou direito superveniente" etc.), o que só poderá ser avaliado quando da situação em concreto. Fl. 95DF CARF MF Impresso em 10/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/11/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 13/11/2 012 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 10675.907156/200981 Resolução nº 1801000.165 S1TE01 Fl. 5 4 [...] Pelo exposto, voto pela improcedência da manifestação de inconformidade e o não reconhecimento do direito creditório pleiteado, mantendose a não homologação da compensação pleiteada.” A empresa interpôs, tempestivamente (AR – 27/02/12; Recurso – 27/03/12), o Recurso de fls. 74 a 90, reiterando as argumentações da defesa exordial e juntou aos autos folhas do Razão Analítico buscando comprovar o valor das receitas brutas auferidas no período e o cálculo devido de apuração do tributo em espécie. Pretende com esta providência comprovar os erros de recolhimentos a maior realizados e o seu direito no indébito tributário. É o relatório. Passo ao voto. VOTO Conselheira Ana de Barros Fernandes, Relatora Conheço do recurso interposto, por tempestivo. A recorrente pleiteia restituição da CSLL relativa ao 4º trimestre de 2004, que alega ter recolhido com erro, a maior. Diz que o valor devido e correto é R$ 26.692,72, mas recolheu R$ 68.131,99, em três parcelas (R$ 22.710,66 cada uma), e traz contas do Razão Analítico para comprovar as receitas auferidas no período. Este processo tem como objeto um dos DARF relativo à parcela recolhida em 31/03/2005 e o valor pleiteado é a diferença entre R$ 22.710,66 e R$ 8.897,57 (R$ 26.692,72: 03), que perfaz R$ 13.813,09. A turma julgadora de primeira instância não admitiu o pedido de restituição/compensação com fundamento no fato de as declarações retificadoras – DIPJ e DCTF – foram entregues após o despacho decisório e porque entende que à data do pedido de compensação, o débito tributário da CSLL confessado na DCTF original foi devidamente pago. No entanto, se houve efetivamente erro no cálculo da CSLL devida, é direito da recorrente reaver o indébito tributário, ainda que tenha confessado anteriormente qualquer outro valor, em razão do princípio da indisponibilidade do crédito tributário. A norma tributária veda a retificação da Declaração de Compensação e Pedido de Restituição (Per/Dcomp) após o despacho decisório, mas não alcança as retificações de DIPJ (meramente informativa) ou DCTF. Ressaltese que a DCTF retificadora substitui em todos os efeitos a DCTF original e não surtirá efeitos nas hipóteses que a norma tributária estabelece. Determina o artigo 11 da Instrução Normativa RFB nº 903/08: DA RETIFICAÇÃO DE DECLARAÇÕES Art. 11. A alteração das informações prestadas em DCTF será efetuada mediante apresentação de DCTF retificadora, elaborada com observância das mesmas normas estabelecidas para a declaração retificada. Fl. 96DF CARF MF Impresso em 10/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/11/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 13/11/2 012 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 10675.907156/200981 Resolução nº 1801000.165 S1TE01 Fl. 6 5 § 1º A DCTF retificadora terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, substituindoa integralmente, e servirá para declarar novos débitos, aumentar ou reduzir os valores de débitos já informados ou efetivar qualquer alteração nos créditos vinculados. § 2º A retificação não produzirá efeitos quando tiver por objeto alterar os débitos relativos a impostos e contribuições: I cujos saldos a pagar já tenham sido enviados à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) para inscrição em DAU, nos casos em que importe alteração desses saldos; II cujos valores apurados em procedimentos de auditoria interna, relativos às informações indevidas ou não comprovadas prestadas na DCTF, sobre pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, já tenham sido enviados à PGFN para inscrição em DAU; ou III em relação aos quais a pessoa jurídica tenha sido intimada de início de procedimento fiscal. § 3º A retificação de valores informados na DCTF, que resulte em alteração do montante do débito já enviado à PGFN para inscrição em DAU, somente poderá ser efetuada pela RFB nos casos em que houver prova inequívoca da ocorrência de erro de fato no preenchimento da declaração. § 4º Na hipótese do inciso III do § 2º, havendo recolhimento anterior ao início do procedimento fiscal, em valor superior ao declarado, a pessoa jurídica poderá apresentar declaração retificadora, em atendimento a intimação fiscal e nos termos desta, para sanar erro de fato, sem prejuízo das penalidades calculadas na forma do art. 9º. (grifos não pertencem ao original) Para comprovar o erro mister é a apresentação da contabilidade escriturada à época dos fatos. Entendo que ao trazer, ainda que em fase recursal, as contas do Razão analítico que são utilizadas para apurar o tributo devido, a recorrente faz início de prova do direito que alega fazer jus. Todavia, não prescinde o exame da contabilidade completa escriturada à época (balancetes registrados no Diário e verificação da possível existência de outras contas de receitas auferidas no período em comento)Voto na conversão do julgamento na realização de diligência para que: a) a fim de reratificar os cálculos da recorrente, a autoridade fiscal verifique o valor da base de cálculo da CSLL relativa ao 4º trimestre de 2004 junto a contabilidade completa da recorrente, explicitando os cálculos em Relatório Fiscal e juntando, em cópia, os registros contábeis pertinentes; b) a autoridade competente informe se os valores já foram inscritos na Dívida Ativa da União. A recorrente deverá ser cientificada do resultado da diligência proposta para, desejando, manifestarse em prazo regulamentar. Após, retornem os autos a esta Conselheira. Fl. 97DF CARF MF Impresso em 10/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/11/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 13/11/2 012 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 10675.907156/200981 Resolução nº 1801000.165 S1TE01 Fl. 7 6 (assinado digitalmente) Ana de Barros Fernandes Fl. 98DF CARF MF Impresso em 10/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/11/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 13/11/2 012 por ANA DE BARROS FERNANDES
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Numero do processo: 10860.001209/2008-80
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 14 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Tue Mar 19 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2004
IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE EM NOME DE UM DOS CO-PROPRIETÁRIOS. APROVEITAMENTO PARCIAL POR CADA CO-TITULAR. POSSIBILIDADE.
Comprovado nos autos que o valor do imposto de renda foi retido na fonte apenas no nome de um dos co-proprietários do imóvel, e que este não se utilizou de toda a retenção, é possível admitir que o outro co-titular declare parte dos rendimentos e compense parte do valor retido, na proporção de seu quinhão.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2101-002.141
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
_____________________________________
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente
(assinado digitalmente)
___________________________________
José Evande Carvalho Araujo- Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente), José Evande Carvalho Araujo, Gilvanci Antônio de Oliveira Sousa, José Raimundo Tosta Santos, Eivanice Canario da Silva, Alexandre Naoki Nishioka.
Nome do relator: JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO
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APROVEITAMENTO PARCIAL POR CADA CO TITULAR. POSSIBILIDADE. Comprovado nos autos que o valor do imposto de renda foi retido na fonte apenas no nome de um dos coproprietários do imóvel, e que este não se utilizou de toda a retenção, é possível admitir que o outro cotitular declare parte dos rendimentos e compense parte do valor retido, na proporção de seu quinhão. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) _____________________________________ Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente (assinado digitalmente) ___________________________________ José Evande Carvalho Araujo Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente), José Evande Carvalho Araujo, Gilvanci Antônio de Oliveira Sousa, José Raimundo Tosta Santos, Eivanice Canario da Silva, Alexandre Naoki Nishioka. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 0. 00 12 09 /2 00 8- 80 Fl. 80DF CARF MF Impresso em 20/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2013 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 15/ 03/2013 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/03/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 10860.001209/200880 Acórdão n.º 2101002.141 S2C1T1 Fl. 3 2 Relatório AUTUAÇÃO Contra a contribuinte acima identificada, foi lavrada a Notificação de Lançamento de fls. 24 a 27, referente a Imposto de Renda Pessoa Física, exercício 2004, para glosar compensação indevida de imposto de renda retido na fonte, formalizando a exigência de imposto suplementar no valor de R$1.400,38, acrescido de multa e juros de mora. IMPUGNAÇÃO Cientificada do lançamento, a contribuinte apresentou impugnação (fls. 1 a 5), acatada como tempestiva. Alegou, consoante relatório do acórdão de primeira instância (fl. 45), que o Posto Sete Estrelas Comércio de Derivados de Petróleo Ltda. loca imóvel pertencente a sua família, administrado pela mãe e irmã da contribuinte. O imóvel pertence 50% a Waldemar Klabunde Dubieux e os outros 50% ao então Espólio de Viriato K. Dubieux e Espólio de Telma Jundi Dubieux de Q. Neves, sendo os valores rateados entre os herdeiros. Um quarto de 50% pertence a Matilde Jundi Dubieux, que abateu o valor de R$ 1.400,38 como imposto de renda retido na fonte. Em momento algum houve máfé por parte da contribuinte, tendo em vista que os valores foram retidos pelo locatário em nome de Wilma Jundi Dubieux, no valor total de R$ 11.505,54 e a locadora e contribuinte Wilma Jundi Dubieux declarou apenas o valor retido de R$ 1.400,38. Esclarece ainda, que a partir de abril de 2005, os pagamentos foram feitos de forma discriminada pelo locatário e assim declarados pelos proprietários, após partilha feita entre os mesmos. ACÓRDÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento julgou procedente o lançamento, em julgamento consubstanciado na seguinte ementa (fls. 44 a 47): Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF Anocalendário: 2003 IMPOSTO RETIDO NA FONTE. GLOSA. Não tendo a contribuinte comprovado a retenção de imposto de renda mediante apresentação de comprovante de rendimentos emitido pela fonte pagadora ou outros documentos hábeis, deve ser mantida a glosa do imposto de renda retido na fonte. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Fl. 81DF CARF MF Impresso em 20/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2013 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 15/ 03/2013 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/03/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 10860.001209/200880 Acórdão n.º 2101002.141 S2C1T1 Fl. 4 3 RECURSO AO CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS (CARF) Cientificada da decisão de primeira instância em 11/03/2011, a contribuinte apresentou, em 8/4/2011, recurso voluntário, onde afirma trazer comprovantes de que o imposto de renda foi totalmente retido em nome de sua mãe, mas que ela, bem como os outros proprietários, tributaram os rendimentos e se aproveitaram da retenção na proporção do seu quinhão no negócio. É o relatório. Voto Conselheiro José Evande Carvalho Araujo, Relator O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade, portanto merece ser conhecido. Não há arguição de qualquer preliminar. Em sua declaração de ajuste do exercício de 2004 (fls. 38 a 42), a contribuinte informou ter recebido rendimentos tributáveis da pessoa jurídica SETE ESTRELAS COMERCIO DE DERIVADOS DE PETRÓLEO LTDA, CNPJ no 00.256.893/000130, no valor de R$7.400,00, com retenção na fonte de R$1.400,38. O lançamento sob análise glosou a compensação na fonte, por falta de comprovação (fl. 25). Em sua impugnação, a contribuinte esclareceu que o imposto foi todo retido em nome de sua mãe, Wilma Jundi Dubieux, CPF no 215.131.63868, no valor de R$11.505,54, relativo ao pagamento de R$60.300,00 referente à contrato de aluguel, conforme comprovante da DIRF de fl. 15. Para comprovar suas alegações, trouxe aos autos cópia do contrato de aluguel (fls. 9 a 12), onde ela, sua mãe e mais dois proprietários locam, em 26 de março de 2002, um imóvel à citada pessoa jurídica pelo valor mensal de R$4.200,00, com reajuste anual. Esclareçase que o comprovante da DIRF de fl. 15 indica que os rendimentos sujeitos à retenção foram de R$4.200,00 nos meses de janeiro a março de 2003, e de R$5.300,00 nos meses seguintes. Acrescentou a contribuinte que a retenção foi toda feita em nome de sua mãe, mas que cada sócio se aproveitou do imposto retido de acordo com sua participação na propriedade, buscando comprovar o fato com cópia da declaração de rendimentos da mãe do exercício de 2004, onde foi declarado, como recebido da citada pessoa jurídica, o valor de R$7.400,00, com retenção na fonte de R$1.400,38 (fl. 16). Esclareceu, ainda, que, somente a partir de 2005, foi lavrado aditivo ao contrato e a retenção passou a ser feita em nome de cada coproprietário (fl. 13). Fl. 82DF CARF MF Impresso em 20/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2013 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 15/ 03/2013 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/03/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 10860.001209/200880 Acórdão n.º 2101002.141 S2C1T1 Fl. 5 4 Informou que possuía apenas ¼ de 50% (12,5%) do imóvel, equivalente à parcela que declarou. O julgador a quo entendeu que as provas dos autos não eram suficientes para comprovar os fatos alegados, e manteve a autuação, sob os seguintes argumentos (fls. 45 e 46): Versam os autos sobre compensação indevida de IRRF, alegando a contribuinte ser proprietária de ¼ de 50% de imóvel locado ao Posto Sete Estrelas Comércio de Derivados de Petróleo Ltda., fazendo jus à dedução proporcional do IRRF pela locatária. Ocorre que a própria contribuinte informa em sua impugnação que a partilha se deu em 2005 e que o imóvel pertencia 50% ao espólio de Waldemar Klabunde Dubieux e os outros 50% ao espólio de Viriato K. Dubieux e Espólio de Telma Jundi Dubieux de Q. Neves. Ademais, a contribuinte traz suas alegações, mas não apresenta nenhuma prova delas. Não foi juntado aos autos nenhum documento comprobatório da co propriedade, pelo contrário, a impugnante afirma que a partilha se deu em 2005 e o adendo ao contrato de locação comercial (fl. 13) está datado de 01 de abril de 2005, no qual consta a interessada como proprietária do imóvel. A contribuinte apresenta suas alegações, sem, no entanto, juntar aos autos quaisquer elementos de prova que pudessem dar sustentação às suas argumentações. É regra, não só no Processo Administrativo Fiscal, como também do Direito Processual Civil, que cabe àquele que alega o ônus da prova. Alegar e não provar é como não alegar; portanto, devem ser consideradas improcedentes as argumentações feitas pela No voluntário, a contribuinte traz novas provas e argumentos que passo a analisar. Para comprovar a copropriedade do imóvel, traz cópias das matrículas dos lotes que o compõe, onde constam como proprietários Geraldina Dubieux Pereira, Waldemar Klabunde Dubieux e Viriato Klabunde Dubieux, e que posteriormente 1/3 do imóvel, correspondente à parte da Sra. Geraldina, foi partilhado entre os herdeiros, tendo a contribuinte recebido 1/3 da metade dessa parte. Para comprovar ser também herdeira do Sr. Viriato, traz cópias extraídas do formal de partilha que a inclui como herdeira. Esses documentos de fato comprovam ser a recorrente coproprietária do imóvel, sem contudo demonstrar que ela possui 12,5% do total. Nesse sentido, o recurso esclarece que foram detectadas irregularidades na sucessão hereditária pelo cartório, o que impediu o registro na matrícula do imóvel, mas que houve a divisão amigável dos frutos por ele produzidos entre os herdeiros. Penso que a prova, embora incompleta, é forte no sentido de demonstrar que a recorrente faz jus apenas a uma parte dos rendimentos pagos, sendo que o percentual de 12,5% é compatível com a realidade dos fatos, haja vista que o Sr. Waldemar é proprietário da metade do imóvel e o restante foi dividido entre quatro herdeiras. Fl. 83DF CARF MF Impresso em 20/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2013 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 15/ 03/2013 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/03/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 10860.001209/200880 Acórdão n.º 2101002.141 S2C1T1 Fl. 6 5 Quanto à tributação dos valores, informou que ela se deu da seguinte maneira: a) Waldemar Klabunde Dubieux declarou 50% do valor recebido – R$29.600,00 com IRRF de R$5.601,52, com pequena diferença devido a provável erro do contador com relação ao pagamento de dezembro; b) Cristina Jundi Dubieux declarou 12,5% do valor recebido – R$7.400,00 com IRRF de R$1.400,38; c) Nietzscha Jundi Dubieux declarou 12,5% do valor recebido – R$7.400,00 com IRRF de R$1.400,38; b) Wilma Jundi Dubieux declarou 12,5% do valor recebido – R$7.400,00 com IRRF de R$1.400,38. Contudo, não se trouxe aos autos novas provas desse fato, estando apenas comprovado a tributação da recorrente (fls. 39) e da Sra. Wilma (fl. 16). Apesar de incompleto, penso que o conjunto probatório é suficiente para comprovar o alegado. Afinal, está demonstrado que: a) o contrato de locação estava originalmente assinado apenas pela mãe da contribuinte, representando os demais proprietários; b) a recorrente é coproprietária; c) a retenção na fonte se deu toda em nome da mãe; d) os valores pagos se referem ao aluguel do imóvel; e) a mãe e a recorrente tributaram apenas parte dos rendimentos, bem como se aproveitaram apenas de parte do imposto de renda retido, em percentual compatível com a herança recebida. Penso que, nas fiscalizações de pessoas físicas, em regra sem formação jurídica e contábil adequada, há que se mitigar as exigências das provas. Verifico que a 2a Turma Especial da 2a Seção de Julgamento analisou questão idêntica da mesma contribuinte, referente ao exercício de 2005, tendo chegado à mesma conclusão deste voto. Foi no acórdão nº 280201.095, julgado na sessão de 25 de outubro de 2011, sendo relator o Ilustre Conselheiro Sidney Ferro Barros, cuja ementa é abaixo transcrita: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005 IRPF. DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL. COMPENSAÇÃO DE IR RETIDO POR FONTE PAGADORA. RENDIMENTOS DE ALUGUÉIS. Fl. 84DF CARF MF Impresso em 20/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2013 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 15/ 03/2013 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/03/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 10860.001209/200880 Acórdão n.º 2101002.141 S2C1T1 Fl. 7 6 Ainda que inexista comprovante de rendimentos fornecido pela fonte pagadora e mesmo que presentes divergências entre a DIRF daquela e a declaração de ajuste anual da Recorrente, é de se admitir a compensação do IR Fonte se o conjunto probatório trazido aos autos indica haver divisão do valor do aluguel recebido pelos beneficiários, o que autoriza a compensação do imposto retido também proporcionalmente. Não há razão lógica nem supedâneo jurídico para glosar a fonte e manter o rendimento. Recurso Voluntário Provido Assim, considero comprovado que a retenção na fonte compensada na declaração de ajuste do exercício de 2004 da recorrente deriva de parte o imposto retido em nome de sua mãe, e por ela não utilizado, e nesse sentido voto por dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) José Evande Carvalho Araujo Fl. 85DF CARF MF Impresso em 20/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2013 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 15/ 03/2013 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/03/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS
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Numero do processo: 10580.721051/2007-23
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 12 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Wed Mar 27 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2003, 2004
IRPF - DEPÓSITOS BANCÁRIOS - OMISSÃO DE RENDIMENTOS
- Presume-se a omissão de rendimentos sempre que o titular de conta bancária, regularmente intimado, não comprova, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em suas contas de depósito ou de investimento (art. 42 da Lei e. 9.430, de 1996).
Numero da decisão: 2202-002.206
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade votos, negar provimento ao recurso.
(Assinado digitalmente)
Nelson Mallmann - Presidente.
(Assinado digitalmente)
Rafael Pandolfo - Relator.
Participaram do julgamento os Conselheiros Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Rafael Pandolfo, Antonio Lopo Martinez, Odmir Fernandes, Pedro Anan Junior e Nelson Mallmann.
Nome do relator: RAFAEL PANDOLFO
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Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade votos, negar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann Presidente. (Assinado digitalmente) Rafael Pandolfo Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Rafael Pandolfo, Antonio Lopo Martinez, Odmir Fernandes, Pedro Anan Junior e Nelson Mallmann. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 10 51 /2 00 7- 23 Fl. 175DF CARF MF Impresso em 27/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2013 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 22/03/2013 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 24/03/2013 por NELSON MALLMANN 2 Relatório 1 Procedimento de Fiscalização A recorrente foi intimada, em 28/12/06, a apresentar os extratos de suas movimentações bancárias nas instituições financeiras Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil S.A., Banco Safra S.A., Banco Itaubank S.A. no período de 01/01/03 a 31/12/04. Tais documentos foram apresentados pelo recorrente em 22/01/07 (fls. 37, 47128 do eprocesso). Com base nos documentos apresentados, a Fiscalização intimou novamente, em 28/06/07, o recorrente a apresentar a comprovação dos depósitos relacionados em lista anexa (fls. 2533 do eprocesso). A resposta do recorrente foi dada em partes (fls. 3846 do e processo), sendo as duas primeiras respostas pedidos de dilação de prazo, e a terceira tabela identificando algumas das origens. Algumas das movimentações na conta nº 15.9298 da agência 34606 do Banco do Brasil estão alinhadas à fl. 42 do eprocesso. Alguns depósitos da conta nº 300.2771 da agência 15.800 do Banco Safra estão listados à fl. 43. Em relação aos depósitos da conta nº 12.1282.67 da agência 0028, do Banco de Boston, a recorrente alega que não teve acesso aos documentos, devido a contratempos alegados pelo banco, já que a instituição financeira foi adquirida pelo Itaubank. Quanto aos demais depósitos, a recorrente alega estar se empenhando para obter a comprovação necessária. Entre as respostas, a recorrente foi intimada uma última vez — em 21/09/07, através do Termo de Constatação e de Intimação Fiscal nº 0002 — para comprovar com documentos hábeis e idôneos as eventuais alegações acerca das origens dos depósitos. No entanto, não foi apresentada qualquer resposta mais detalhada. 2 Auto de Infração A Fiscalização encerrou o procedimento de fiscalização com a lavratura de auto de infração, recebido pelo recorrente em 05/11/07. A infração apurada no lançamento foi omissão de rendimentos com base em depósitos bancários sem origem comprovada nos anos calendário de 2003 e 2004. O total do crédito tributário apurado foi de R$ 272.772,00, incluídos imposto, multa de ofício de 75% e juros de mora. 3 Impugnação O recorrente apresentou impugnação tempestiva, em 27/11/07, expondo os seguintes argumentos: a) a fiscalização não excluiu da autuação os valores já tributados ou isentos declarados na Declaração de Ajuste Anual, que totalizam R$ 59.964,00 para 2003 e R$ 75.442,00 de 2004; b) ainda, devem ser excluídos determinados investimentos do cônjuge Jonival Lucas da Silva Junior, correspondente a R$ 78.956,08 para 2003 e R$ 127.508,63 para 2004; c) a exigência de comprovação individualizada, hábil e idônea nos moldes exigidas pela Fiscalização é incompatível com o nível de rigor exigido de Fl. 176DF CARF MF Impresso em 27/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2013 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 22/03/2013 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 24/03/2013 por NELSON MALLMANN Processo nº 10580.721051/200723 Acórdão n.º 2202002.206 S2C2T2 Fl. 176 3 pessoa física, que não é obrigada por lei a manter todos os comprovantes de sua movimentação bancária, nem a manter registros contábeis de suas operações, ainda mais quando se requisitam informações detalhadas de operações ocorridas há três ou quatro anos. 4 Acórdão de Impugnação A 3ª Turma de Julgamento da DRJ/SDR julgou improcedente a impugnação, por unanimidade, alinhando os seguintes fundamentos: a) não ocorreu cerceamento de defesa pela não exclusão da base de cálculo, pela fiscalização, de rendimentos recebidos, pois foi oportunizada à recorrente a possibilidade de apresentar alegações durante a fiscalização, e ainda de apresentar provas e novas alegações em sede de impugnação; b) é a próprio § 3º, do art. 42, da Lei nº 9.430/96 que estabelece o dever de comprovar de forma individualizada os créditos nas contas bancárias, não cabendo à Fiscalização ignorar o cumprimento da Lei; c) nenhuma das quantias alegadas foi excluída devido à falta de comprovação. 5 Recurso Voluntário Ciente do resultado do julgamento de sua impugnação em 19/02/10, o recorrente apresentou recurso voluntário, tempestivamente, em 22/03/10, repisando os argumentos da impugnação, adicionando que o acórdão é nulo pois não possui assinatura, mas tão somente referência à assinatura digital. É o relatório. Fl. 177DF CARF MF Impresso em 27/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2013 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 22/03/2013 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 24/03/2013 por NELSON MALLMANN 4 Voto Conselheiro Rafael Pandolfo Relator 1 PRELIMINAR: Do Cerceamento de Defesa O direito à ampla defesa é um dos pilares do devido processo legal, princípio estruturante do Estado Democrático de Direito, e está explicitado na Constituição Federal em diversos incisos do art. 5º, reforçandose os seguintes: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindose aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XXXIV são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; LIV ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; LV aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. Ainda, no âmbito do processo administrativo federal, tal direito tem seu conteúdo mínimo definido na Lei nº 9.784/99, que consolida institutos identificados pela doutrina como: o direito de petição, a razoável duração do processo, o direito à ampla defesa, instrumentalidade das formas, dentre outros: Art. 3º O administrado tem os seguintes direitos perante a Administração, sem prejuízo de outros que lhe sejam assegurados: II ter ciência da tramitação dos processos administrativos em que tenha a condição de interessado, ter vista dos autos, obter cópias de documentos neles contidos e conhecer as decisões proferidas; III formular alegações e apresentar documentos antes da decisão, os quais serão objeto de consideração pelo órgão competente; IV fazerse assistir, facultativamente, por advogado, salvo quando obrigatória a representação, por força de lei. Fl. 178DF CARF MF Impresso em 27/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2013 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 22/03/2013 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 24/03/2013 por NELSON MALLMANN Processo nº 10580.721051/200723 Acórdão n.º 2202002.206 S2C2T2 Fl. 177 5 Art. 22. Os atos do processo administrativo não dependem de forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir. § 1º Os atos do processo devem ser produzidos por escrito, em vernáculo, com a data e o local de sua realização e a assinatura da autoridade responsável. § 2º Salvo imposição legal, o reconhecimento de firma somente será exigido quando houver dúvida de autenticidade. Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei. Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e dados estão registrados em documentos existentes na própria Administração responsável pelo processo ou em outro órgão administrativo, o órgão competente para a instrução proverá, de ofício, à obtenção dos documentos ou das respectivas cópias. Art. 38. O interessado poderá, na fase instrutória e antes da tomada da decisão, juntar documentos e pareceres, requerer diligências e perícias, bem como aduzir alegações referentes à matéria objeto do processo. § 1º Os elementos probatórios deverão ser considerados na motivação do relatório e da decisão. § 2º Somente poderão ser recusadas, mediante decisão fundamentada, as provas propostas pelos interessados quando sejam ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou protelatórias. Como se observa, o princípio do devido processo legal possui como núcleo mínimo o respeito às formas que asseguram a dialética a respeito dos fatos e imputações jurídicas enfrentadas pelas partes. A forma está ligada a uma finalidade (contraditório, ampla defesa, imparcialidade, etc.) da qual constitui instrumento. Assim, é assentado da doutrina o entendimento de que o descumprimento de determinada forma, desde que não cause prejuízo ao contribuinte, não acarreta nulidade do procedimento (princípio da instrumentalidade). No caso em análise, a cognição da DRJ foi parca pois fez jus à própria peça impugnatória, que não esclarece o ponto nevrálgico da questão: a comprovação da origem dos depósitos. Ademais, à recorrente foi estendido prazo para manifestação durante o procedimento de fiscalização, efetuada intimação regular do auto de infração com todos os elementos legalmente exigidos, proporcionado prazo para interposição de impugnação, conhecidas e analisadas as provas anexadas na impugnação, e, por último, possibilitada a interposição de recurso voluntário. Ou seja, não ocorreu, em momento algum, desrespeito à forma, nem prejuízo ao direito de defesa da recorrente. Sendo assim, não procede a arguição da recorrente de que o processo deveria ser nulo por cerceamento de defesa. Fl. 179DF CARF MF Impresso em 27/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2013 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 22/03/2013 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 24/03/2013 por NELSON MALLMANN 6 2 PRELIMINAR: Da Falta de Assinatura do Acórdão de Impugnação O recorrente alega que o acórdão de impugnação seria nulo por falta de assinatura dos julgadores, pois só haveria a referência à assinatura digital. No entanto, não procede a contestação do recorrente, pois ao observar o arquivo do acórdão (fls. 157163 do e processo) é possível constatar que o acórdão foi assinado por Nilma Barros e Silva Mota (presidente da turma), em 03/11/09, e por Fabricio Ferreira Bechelany (relator), em 02/10/09. Desse modo, não há qualquer nulidade que invalide o acórdão de impugnação. 3 MÉRITO: Da comprovação da origem dos depósitos bancários O recorrente alega que seu fluxo de caixa é suficiente para justificar a movimentação financeira presente em suas contas, e que não houve qualquer omissão de rendimentos no caso. Ainda, contesta o método de comprovação, alegando que a exigência de comprovação individualizada após tanto tempo dos fatos é inadequada. Não assiste razão ao recorrente. Anteriormente à Lei n° 8.021/90, assentouse que os depósitos bancários, por si só, não representavam rendimentos a sofrer a incidência do imposto de renda. Nesta senda, o Tribunal Federal de Recursos sumulou entendimento com esta exata interpretação (Súmula 182 do TFR), bem como o art. 90, VII, do DecretoLei n° 2.471/88 determinou o arquivamento de processos administrativos que controlassem débitos de imposto de renda arbitrado com base exclusivamente em valores de extratos ou comprovantes de depósitos bancários. Entretanto, com o advento do art. 6°, § 5°, da Lei n° 8.021/90, autorizouse o arbitramento de rendimentos com base em depósitos ou aplicações em instituições financeiras, mediante utilização dos sinais exteriores de riqueza, quando o contribuinte não pudesse comprovar a origem dos recursos utilizados nessas operações. Porém, para incidência do imposto de renda sobre a hipótese em debate, a jurisprudência administrativa passou a obrigar que a fiscalização comprovasse o consumo da renda pelo contribuinte, representada pelos depósitos bancários de origem não comprovada, a transparecer sinais exteriores de riqueza (acréscimo patrimonial ou dispêndio), incompatíveis com os rendimentos declarados. Este cenário foi profundamente alterado pelo art. 42 da Lei n° 9.430/96, com incidência sobre os fatos geradores ocorridos a partir de 1°/01/97. O art. 42 da Lei 9.430/96 estipula, in verbis: “Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. “ Tratase de presunção legal, que permite à Fazenda tributar depósitos bancários sem origem e/ou tributação justificados, cabendo prova em contrário, por parte da contribuinte. Como bem ensina Alfredo Augusto Becker, presunção é o resultado de processo lógico mediante o qual do fato conhecido cuja existência é certa se infere o fato desconhecido Fl. 180DF CARF MF Impresso em 27/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2013 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 22/03/2013 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 24/03/2013 por NELSON MALLMANN Processo nº 10580.721051/200723 Acórdão n.º 2202002.206 S2C2T2 Fl. 178 7 cuja existência é provável (Teoria Geral do Direito Tributário, 3. ed. São Paulo : Lejus. 1998. pg. 508). No caso da técnica de apuração baseada em presunção estabelecida pelo art. 42 da Lei 9.430/96, o fato conhecido é a existência de depósitos bancários, que denotam, a priori, acréscimo patrimonial. Tendo em vista que renda, para fins de imposto de renda, é considerada como o acréscimo patrimonial em determinado período de tempo, a existência de depósitos sem origem e sem tributação comprovados levam à presunção de que houve acréscimo patrimonial não oferecido à tributação; logo, omitido o fato desconhecido de existência provável. Por ser presunção relativa, é necessário que o contribuinte seja intimado regularmente, principalmente do resultado da apuração dos depósitos discriminados individualmente, de modo a possibilitar a defesa, o que ocorreu no presente procedimento. Com a novel legislação acima, a jurisprudência administrativa chancelou as autuações que imputavam aos contribuintes o imposto de renda sobre a omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada. Esse entendimento encontrase pacificado no âmbito da Câmara Superior de Recursos Fiscais. Como exemplo, por todos, vejase o Acórdão n° CSRF/0400.164 (Quarta Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais), sessão de 13 de dezembro de 2005, relatora a Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo, unânime, que restou assim ementado: IRPF DEPÓSITOS BANCÁRIOS OMISSÃO DE RENDIMENTOS Presumese a omissão de rendimentos sempre que o titular de conta bancária, regularmente intimado, não comprova, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em suas contas de depósito ou de investimento (art. 42 da Lei e. 9.430, de 1996). Ao tentar comprovar as origens, a recorrente alega que deveriam ser considerados os investimentos do cônjuge Jonival Lucas da Silva Junior, mas não apresenta qualquer documento ou detalhe que demonstre a característica destes investimentos, se limitando a apresentar o valor global dos investimentos. Semelhante pode ser dito acerca dos supostos cheques para com terceiros, onde não foram apresentadas cópias dos cheques nem detalhes acerca do relacionamento comercial entre a recorrente e seu irmão Waldemar Neto — a recorrente teria recebido em sua conta cheques da venda de carro efetuada pelo irmão. Quanto à forma de comprovação individualizada, é a própria Lei nº 9.430/96 que institui este dever, na redação do §3º de seu art. 42: § 3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: I os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$ 1.000,00 (mil reais), desde que o seu somatório, dentro do ano calendário, não ultrapasse o valor de R$ 12.000,00 (doze mil reais). Fl. 181DF CARF MF Impresso em 27/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2013 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 22/03/2013 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 24/03/2013 por NELSON MALLMANN 8 Sendo assim, voto por NEGAR PROVIMENTO às preliminares, e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO ao presente recurso voluntário. (Assinatura digital) Rafael Pandolfo Fl. 182DF CARF MF Impresso em 27/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2013 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 22/03/2013 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 24/03/2013 por NELSON MALLMANN
score : 1.0
Numero do processo: 11041.000592/2007-84
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 14 00:00:00 UTC 2012
Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Exercício: 2005
INTEMPESTIVIDADE. RECURSO VOLUNTÁRIO PEREMPTO. Não se conhece do apelo à segunda instância, contra decisão de autoridade julgadora de primeira instância, quando formalizado após o prazo regulamentar de trinta dias da ciência da decisão.
Recurso Voluntário Não Conhecido
Numero da decisão: 2101-001.796
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso.
Nome do relator: JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS
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RECURSO VOLUNTÁRIO PEREMPTO. Não se conhece do apelo à segunda instância, contra decisão de autoridade julgadora de primeira instância, quando formalizado após o prazo regulamentar de trinta dias da ciência da decisão. Recurso Voluntário Não Conhecido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso. (assinado digitalmente) ___________________________________ Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente (assinado digitalmente) ___________________________________ José Raimundo Tosta Santos Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente), José Raimundo Tosta Santos, Alexandre Naoki Nishioka, Célia Maria de Souza Murphy, Gilvanci Antonio de Oliveira Sousa e Gonçalo Bonet Allage. Relatório Fl. 94DF CARF MF Impresso em 05/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2012 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS, Assinado digitalmente em 30/0 8/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 28/08/2012 por JOSE RAIMUNDO TO STA SANTOS 2 O recurso voluntário em exame pretende a reforma do Acórdão nº 0420.893, proferido pela 4ª Turma da DRJ Campo Grande (fl. 41), que, por unanimidade de votos, julgou improcedente a impugnação. As infrações indicadas no lançamento e os argumentos de defesa suscitados na impugnação foram sintetizados pelo Órgão julgador a quo nos seguintes termos: O contribuinte acima identificado apresentou a impugnação de fls. 01/03, em 24/10/2007, contra a notificação de lançamento de fls. 05/09, relativo ao IRPF/2005 onde, após revisão de sua declaração de ajuste anual, foi alterado o valor declarado como rendimentos tributáveis, com base nas DIRF apresentadas pelas fontes pagadoras Caixa Vida e Previdência S/A e Santander Seguros S/A. Em razão disto, foi apurado um imposto de renda pessoa física — suplementar de R$ 1.056,16, que somado aos juros de mora e multa de oficio de 75%, resultou num crédito tributário de R$ 2.197,12. Em sua impugnação o contribuinte alega, em síntese, que: • Quando de sua rescisão trabalhista abriu duas contas de previdência privada; • documento da CEF informa que a alíquota de IR foi reduzida e incide sobre os rendimentos auferidos e pelo que lhe consta fez saques sobre os valores depositados e não sobre os rendimentos; • Para o exercício seguinte as informações já continham o imposto, como se pode ver pelo documento do Santander; • Com o novo Código Civil não mais se justifica o privilégio em relação a juros de mora, multa de mora e multa de oficio. Ao apreciar o litígio, o Órgão julgador de primeiro grau manteve integralmente o lançamento, resumindo o seu entendimento na seguinte ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF Exercício: 2005 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. BENEFÍCIOS E RESGATE DE PREVIDÊNCIA PRIVADA. Os benefícios recebidos de entidades de previdência privada, bem como as importâncias correspondentes ao resgate de contribuições são tributáveis na fonte e na declaração de ajuste anual, mesmo que os valores pagos não tenham sido utilizados como dedução da base de cálculo do imposto. JUROS DE MORA. A partir de 01/04/1995, sobre os créditos tributários vencidos e não pagos incidem juros de mora equivalentes â taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC, sendo cabível sua utilização, por expressa disposição legal. MULTA DE OFÍCIO DE 75%. Fl. 95DF CARF MF Impresso em 05/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2012 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS, Assinado digitalmente em 30/0 8/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 28/08/2012 por JOSE RAIMUNDO TO STA SANTOS Processo nº 11041.000592/200784 Acórdão n.º 210101.796 S2C1T1 Fl. 2 3 A aplicação da multa de oficio decorre de expressa previsão legal, tendo natureza de penalidade por descumprimento da obrigação tributária. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Cientificado da decisão de primeiro grau, o contribuinte apresentou o Recurso Voluntário de fls. 50/89. É o breve relatório. Voto Conselheiro José Raimundo Tosta Santos, relator. Consta dos autos que o Recorrente tomou ciência da Decisão de primeiro grau em 14/07/2010, uma quartafeira, conforme Aviso de Recebimento à fl. 49. O recurso ao CARF deve ser interposto no prazo máximo 30 (trinta) dias, conforme prevê o artigo 33 do Decreto nº 70.235/72. Considerando que 14/07/2010 foi uma quartafeira, dia de expediente normal na repartição de origem, o início da contagem do prazo começou a fluir a partir de 15/07/2010, uma quintafeira, primeiro dia útil após a ciência da decisão de primeiro grau, sendo que neste caso o último dia para a apresentação do recurso seria 13/08/2010, uma sextafeira. Acontece que o recurso voluntário somente foi apresentado à repartição fiscal em 16/08/2010 (fl. 50), quando já havia transcorrido o prazo regulamentar. Portanto, nos termos do artigo 42 do Decreto n.º 70.235, de 1972, a decisão a quo tornouse definitiva: Art. 42. São definitivas as decisões: I de primeira instância esgotado o prazo para recurso voluntário sem que este tenha sido interposto; Dispõe o artigo 35 do Decreto nº 70.235, de 1972, que o recurso, mesmo perempto, será encaminhado ao órgão de segunda instância, que julgará a perempção. Em face ao exposto, o recurso voluntário não preenche os requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele não conheço. (assinado digitalmente) José Raimundo Tosta Santos Fl. 96DF CARF MF Impresso em 05/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2012 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS, Assinado digitalmente em 30/0 8/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 28/08/2012 por JOSE RAIMUNDO TO STA SANTOS 4 Fl. 97DF CARF MF Impresso em 05/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2012 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS, Assinado digitalmente em 30/0 8/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 28/08/2012 por JOSE RAIMUNDO TO STA SANTOS
score : 1.0
Numero do processo: 16403.000260/2009-29
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 09 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL
Exercício: 2004
Ementa: COMPENSAÇÃO. CRÉDITO ALEGADO. PROVA. Ausente a demonstração inequívoca do direito de crédito alegado pelo Contribuinte em
declaração de compensação, impõe-se o indeferimento do pedido respectivo.
Recurso voluntário não provido.
Numero da decisão: 1102-000.738
Decisão: Acordam os membros do colegiado, Por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO
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ementa_s : Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL Exercício: 2004 Ementa: COMPENSAÇÃO. CRÉDITO ALEGADO. PROVA. Ausente a demonstração inequívoca do direito de crédito alegado pelo Contribuinte em declaração de compensação, impõe-se o indeferimento do pedido respectivo. Recurso voluntário não provido.
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CRÉDITO ALEGADO. PROVA. Ausente a demonstração inequívoca do direito de crédito alegado pelo Contribuinte em declaração de compensação, impõese o indeferimento do pedido respectivo. Recurso voluntário não provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, Por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso. (assinado digitalmente) ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA Presidente. (assinado digitalmente) ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO Relator. EDITADO EM: Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Albertina Silva Santos de Lima, Antonio Carlos Guidoni Filho, João Otávio Opperman Thomé, Silvana Rescigno Guerra Barreto, Plínio Rodrigues Lima e Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo. Fl. 148DF CARF MF Impresso em 17/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2012 por MARIA CONCEICAO DE SOUSA RODRIGUES, Assinado digitalmente em 11/10/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 03/10/2012 por ANTONIO C ARLOS GUIDONI FILHO 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto pela Contribuinte contra acórdão proferido pela Primeira Turma da Delegacia Regional de Julgamento de Curitiba – PR assim ementado, verbis: “PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. ESTIMATIVA DE CSLL. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO APRESENTADA NA VIGÊNCIA DA IN SRF N° 600, DE 2005. OBRIGATORIEDADE DE UTILIZAÇÃO NA DEDUÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO DEVIDA AO FINAL DO PERÍODO DE APURAÇÃO OU PARA COMPOR O SALDO NEGATIVO DE CSLL. Aplicase à declaração de compensação apresentada na vigência da IN SRF n° 600, de 2005, a obrigatoriedade de utilização da estimativa de CSLL paga indevidamente ou a maior na dedução da contribuição devida ao final do período de apuração ou para compor o saldo negativo de CSLL do período. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. ESTIMATIVA DE CSLL. VEDAÇÃO À UTILIZAÇÃO COMO DIREITO CREDITÓRIO. Havendo vedação à utilização de estimativa de CSLL como direito creditório oriundo de pagamento indevido ou a maior, é de se confirmar a não homologação da compensação declarada nos autos. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido.” O caso foi assim relatado pela instância a quo, verbis: Trata o presente processo da compensação declarada por meio do PER/DCOMP n° 19227.83497.110208.1.3.048405 (íls. 01 05), relativa à compensação dos débitos de Cofins (código de receita 2172) dos mesis de dezembro2001 e dezembro/2002, acrescidos de multa e juros de mora, totalizando R$ 3.887,36, com utilização do direito creditório de R$ 2.388,99 oriundo do pagamento indevido ou a maior da estimativa de CSLL (código de receita 2484) do mês de setembro/2003, recolhimento este efetuado em 28/11/2003 (R$ 2.388,99). 2. A DRF/Ponta Grossa, por meio do Despacho Decisório n° 936/2009 (fls.0910), proferido em 11/12/2009, não homologou a compensação declarada em 11/02/2008 em face da inexistência do direito creditório indicado, haja vista entender que o recolhimento indevido ou a maior de estimativa mensal somente poderia ser utilizado na dedução da CSLL devida ao final do período de apuração ou para compor o saldo negativo de CSLL do período, conforme previsto no art. 10 da IN SRF n° 600, de 28 de dezembro de 2005, que manteve a restrição anteriormente prevista na IN SRF n° 460, de 18 de outubro de 2004, art. 10. 3. Regularmente cientificada em 18/05/2010 (fl. 15), a reclamante apresentou, em 17/06/2010, a tempestiva manifestação de inconformidade de fls. 1721, instruída com os documentos de fls. 2265, cujo teor é sintetizado a seguir: Fl. 149DF CARF MF Impresso em 17/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2012 por MARIA CONCEICAO DE SOUSA RODRIGUES, Assinado digitalmente em 11/10/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 03/10/2012 por ANTONIO C ARLOS GUIDONI FILHO Processo nº 16403.000260/200929 Acórdão n.º 110200.738 S1C1T2 Fl. 2 3 a) aduz que em 28/11/2003 recolheu indevidamente R$ 2.388,99 de estimativa de CSLL; que o pagamento indevido ocorreu em face de o Departamento Financeiro da AFEPON, diante das guias emitidas por escritório de contabilidade externa, com base nas notas fiscais do período, ter efetuado mencionado pagamento; b) que o DARF foi recolhido indevidamente em face de não haver declarado débito algum em DCTF; que não apurou saldo negativo de CSLL na DIPJ 2004 e nem utilizou valores pagos por estimativa como dedução da contribuição devida; c) que tem direito à repetição do valor indevidamente recolhido e que a compensação requerida constitui a melhor forma de apurar e reaver este crédito; d) junta relatório de auditoria externa, demonstrando que durante a gestão anterior, no período de 2001/2004, ocorreram pagamentos indevidos à Receita Federal; e) requer a reforma da decisão de não homologação da declaração de compensação, com reconhecimento do direito à restituição do valor indevidamente recolhido, conforme arts. 165 do CTN e 876 do Código Civil, corrigido monetariamente consoante jurisprudência pacífica dos tribunais superiores. O acórdão acima ementado rejeitou a manifestação de inconformidade apresentada pela Contribuinte, sob o fundamento de que: (i) não restou comprovada nos autos a existência do alegado pagamento indevido ou a maior, mediante apresentação dos balanços/balancetes de suspensão/redução levantados com observância das leis comerciais e fiscais e transcritos no Livro Diário, mormente considerando que a reclamante informou que as estimativas de CSLL foram apuradas por escritório de contabilidade externa com base nas notas fiscais do período (com base na receita bruta); e (b) mesmo se assim não fosse, “a indicação dessa estimativa de CSLL como direito creditório configura descumprimento da regra constante do art. 10 da IN SRF n° 600, de 2005, em vigor à dada da transmissão da declaração de compensação em análise, o que acaba por prejudicar o exercício desse direito, conforme disposto no art. 170 do CTN”. Em sede de recurso voluntário, a Contribuinte reproduz suas razões de impugnação, no sentido de que teria direito à restituição dos valores pretendidos, por intermédio de compensação, pois o DARF em referência teria sido recolhido indevidamente em face de não haver declarado débito algum em DCTF; não ter apurado saldo negativo de CSLL na DIPJ 2004 e nem ter utilizado valores pagos por estimativa como dedução da contribuição devida. É o relatório. Voto Fl. 150DF CARF MF Impresso em 17/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2012 por MARIA CONCEICAO DE SOUSA RODRIGUES, Assinado digitalmente em 11/10/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 03/10/2012 por ANTONIO C ARLOS GUIDONI FILHO 4 Conselheiro ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO O recurso voluntário é tempestivo e interposto por parte legítima, pelo que dele tomo conhecimento. Entendo que os valores recolhidos pelo contribuinte a título de antecipação (estimativa) de IRPJ e CSLL podem ser restituídos e compensados, mesmo dentro do respectivo anocalendário, desde que o sujeito passivo comprove cabalmente que os montantes recolhidos a esse título eram indevidos na data do respectivo recolhimento (v.g., quando o contribuinte faz prova de ter recolhido valores de estimativas acima dos montantes fixados em lei para tanto). Ausente tal comprovação, os valores em referência obrigatoriamente representarão mera antecipação do tributo devido ao final do anocalendário, sendo que eventual indébito (rectius: saldo negativo) apenas poderá ser apurado (compensado ou restituído) após o encerramento do respectivo anocalendário e entrega da declaração de ajuste pelo contribuinte. Citado entendimento foi acolhido pela Câmara Superior de Recursos Fiscais, conforme se depreende de ementa de acórdão abaixo transcrita, verbis: “RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS A MAIOR QUE O DEVIDO. O valor do recolhimento a título de estimativa que supera o valor devido a título de antecipação do imposto de renda (ou da contribuição social sobre o lucro) de acordo com as regras previstas na legislação aplicável é passível de compensação/restituição como pagamento indevido do tributo.” (1a Turma da CSRF, Processo n. 14.033.000222/200572; Rel. Antonio Carlos Guidoni Filho, sessão de 30 de setembro de 2009) No caso, verificase dos autos que a Contribuinte declarou na Ficha 16 Cálculo da CSLL Mensal por Estimativa (com base na receita bruta e acréscimos) da DIPJ 2004 (ND 0881654), apresentada em 29/06/2004 (fls. 7378), não ter apurado débito de estimativa de CSLL para o mês de competência setembro/2003. Contudo, na DCTF original do 3º trimestre/2003 (ND 0000.100.2003.31705408), apresentada em 14/11/2003, foi confessado débito de R$ 2.180,14 de estimativa de CSLL para esse mês (fl. 79), cujo valor foi retificado para zero em DCTF retificadora (ND 0000.100.2007.42074170) apresentada em 24/09/2007 (fl. 80). Como bem asseverado pelo acórdão recorrido, não há prova nos autos de que os valores recolhidos pela Contribuinte a título de estimativa eram indevidos na data do respectivo recolhimento, o que seria fundamental para o reconhecimento do alegado pagamento indevido ou a maior. Ao contrário, a Contribuinte informa ter débitos de (estimativa) de CSLL em períodos anteriores no próprio anocalendário de 2003 (cf. DIPJ/2004) e não trouxe aos autos provas de que tais valores tenham sido tempestivamente anteriormente quitados (como antecipação do tributo devido ao final do ano calendário), a fim de que os valores de estimativa recolhidos fossem efetivamente um indébito. Além disso, a Contribuinte confessou originariamente dever à Fazenda o valor que ora pretende ver restituído, não trazendo aos autos os elementos de prova indispensáveis para comprovar a correção da declaração retificadora por ela própria apresentada. O fato de a Contribuinte eventualmente não ter se utilizado de valores de estimativa na apuração do resultado respectivo, o que se admite apenas para fins de argumentação já que também não há prova cabal nesse sentido, não altera a natureza jurídica dos montantes recolhidos (estimativas) e não transforma o valor devido (na data do Fl. 151DF CARF MF Impresso em 17/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2012 por MARIA CONCEICAO DE SOUSA RODRIGUES, Assinado digitalmente em 11/10/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 03/10/2012 por ANTONIO C ARLOS GUIDONI FILHO Processo nº 16403.000260/200929 Acórdão n.º 110200.738 S1C1T2 Fl. 3 5 recolhimento) em indevido. Conforme determina a legislação vigente, ao final do ano calendário, a Contribuinte deveria (i) ter deduzido o montante recolhido a título de estimativas do valor do tributo apurado definitivamente; e caso aquele (estimativas) excedesse a este (tributo devido), (ii) ter pleiteado a restituição/compensação do saldo (negativo) respectivo. Ao assim deixar de proceder a Contribuinte, impõese a rejeição de seu pleito de compensação. Por tais fundamentos, oriento meu voto no sentido de conhecer do recurso especial da Contribuinte para, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO Relator Fl. 152DF CARF MF Impresso em 17/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2012 por MARIA CONCEICAO DE SOUSA RODRIGUES, Assinado digitalmente em 11/10/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 03/10/2012 por ANTONIO C ARLOS GUIDONI FILHO
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