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Numero do processo: 13888.903136/2009-23
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Dec 20 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 15/12/2000
DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA.
Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e da existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa.
COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA.
Apenas os créditos líquidos e certos são passíveis de compensação tributária, conforme artigo 170 do Código Tributário Nacional.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3301-005.397
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira, Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Marcos Roberto da Silva, Salvador Cândido Brandão Junior, Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 15/12/2000 DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e da existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. Apenas os créditos líquidos e certos são passíveis de compensação tributária, conforme artigo 170 do Código Tributário Nacional. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira, Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Marcos Roberto da Silva, Salvador Cândido Brandão Junior, Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 90 31 36 /2 00 9- 23 Fl. 52DF CARF MF Processo nº 13888.903136/200923 Acórdão n.º 3301005.397 S3C3T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada, mantendo a decisão da repartição de origem de não homologação da compensação declarada, sob o fundamento de que o pagamento da contribuição (PIS/Cofins), informado como origem do crédito, já havia sido utilizado para quitação de outros débitos do contribuinte. Em sua Manifestação de Inconformidade, o contribuinte requereu o reconhecimento do seu direito creditório, bem como a homologação da compensação, alegando que auferira receitas não sujeitas à incidência da contribuição (PIS/Cofins), dada a inconstitucionalidade do art. 3°, § 1º, da Lei n° 9.718/1998, que fixou um novo conceito de faturamento, ampliando aleatoriamente a base de cálculo das contribuições para alcançar "a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevante o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas". De acordo com o então Manifestante, referido dispositivo violou flagrantemente os arts. 146 e 154 da Constituição Federal, além do art. 110 do Código Tributário Nacional (CTN), alterando o alcance a definição de institutos, conceitos e formas do direito privado, segundo o qual faturamento é uma espécie de receita, qualificada como ingresso patrimonial decorrente de operações mercantis de venda de mercadorias e serviços e nada mais. Concluiu que o Supremo Tribunal Federal (STF), por seu Pleno, reconhecera a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3° da Lei n° 9.718, de 1998, ao julgar os REs 346.084/PR, 357.9501/RS e 390.840/MG, por entender que a ampliação da base de cálculo do PIS e da Cofins por lei ordinária violou a redação original do art. 195, I, da Constituição Federal, ainda vigente ao ser editada a mencionada norma legal. Dessa forma, pleiteou o reconhecimento da legalidade da compensação declarada, com a exclusão da base de cálculo de todas as receitas agrupadas sob a rubrica "outras receitas". A Delegacia de Julgamento (DRJ), por meio do acórdão nº 1427.883, julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, mantendo a decisão da repartição de origem. Cientificado da decisão de primeira instância, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário, repisando os argumentos trazidos em sua Manifestação de Inconformidade. É o relatório. Fl. 53DF CARF MF Processo nº 13888.903136/200923 Acórdão n.º 3301005.397 S3C3T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF 343, de 9 de junho de 2015, aplicandose, portanto, ao presente litígio o decidido no Acórdão nº 3301005.379, de 25/10/2018, proferida no julgamento do processo nº 13888.903098/200917, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução nº 3301005.379): O Recurso Voluntário interposto em face da decisão consubstanciada no Acórdão nº 1430.375 é tempestivo e atende os pressupostos legais de admissibilidade, motivo pelo qual deve ser conhecido. O Recurso Voluntário visa reformar decisão que possui a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA 0 PIS/PASEP Data do fato gerador: 30/11/2002 CONSTITUCIONATIDAI)E. DECISÃO DO SUPREMO—TRIBUNAL FEDERAL. A decisão do Supremo Tribunal Federal, prolatada em Recurso Extraordinário, não possui efeito erga omnes. PIS. BASE DE CALCULO. A partir de fevereiro de 1999, a base de cálculo do PIS passou a ser a totalidade das receitas auferidas pela empresa subtraida de algumas exclusões previstas em lei. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e a existência do crédito que alega possuir junto Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. Apenas os créditos líquidos e certos são passíveis de compensação tributária, conforme artigo 170 do Código Tributário Nacional. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Aduz o Contribuinte em seu recurso que efetuou pagamento a maior da contribuição ao PIS e compensou com os valores devidos à contribuição. A Fl. 54DF CARF MF Processo nº 13888.903136/200923 Acórdão n.º 3301005.397 S3C3T1 Fl. 5 4 Administração Fiscal não homologou o pedido de compensação por entender que não há crédito a favor do Contribuinte, visto que o pagamento informado pelo Contribuinte como origem do crédito foi integralmente utilizado para quitação de débitos, não restando, assim, crédito disponível para compensação com os débitos relacionados no PER/DCOMP, sendo que o DARF foi alocado para o débito declarado em DCTF apresentado pelo Contribuinte. Assim esclarece os fatos o Contribuinte em seu recurso (fls. 80 e seguintes): A Fiscalização incluiu na base de cálculo da PIS o valor de "outras receitas", o que levou a empresa recorrente a recolher valor de contribuição superior ao realmente devido. Segundo apurouse, a recorrente recolheu a importância de R$ 217,35 indevidamente, a titulo de PIS. Este valor tem como correspondente base de cálculo o importe de R$ 33.438,73 qual não deveria integrar a base de calculo de referida contribuição, haja vista que corresponde a "outras receitas" apuradas naquele período. Sendo credora dessa importância, que atualizada gerou um crédito de R$ 330,40, a recorrente utilizouse desse valor para compensálo com o PIS devido no mês de novembro de 2005, conforme procedimento “PER/DCOMP” anexado aos autos do processo administrativo. A Secretaria da Receita Federal não homologou a compensação, conforme despacho decisório proferido em 25 de Margo de 2009. 0 Fisco não aceitou a existência de crédito da recorrente, consolidando o valor do débito, correspondente aos valores considerados indevidamente compensados. (...) A cobrança, no entanto, não pode prosperar, devendo ser cancelada, uma vez que a importância relativa a "outras receitas" não pode ser incluída na base de cálculo para apuração dos tributos PIS e COFINS, devendo, assim, exonerar a recorrente do pagamento dos débitos do período em referência. Percebese que a questão central é que o Fisco entendeu que “outras receitas” integram a base de cálculo das contribuições ao PIS e COFINS, enquanto que o Contribuinte discorda visto a inconstitucionalidade do art. 3°, § 1°, da Lei n° 9.718/1998 e assim se pronuncia às fls. 84 e seguintes: (...) A base de cálculo ao PIS não abrange as "outras receitas", assim consideradas aquelas que não sejam provenientes da venda de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza. A contribuição relativa ao PIS incide sobre o faturamento da empresa e teve sua cobrança instituída pela Lei Complementar n° 70/71, encontrando suporte no artigo 195, da Constituição Federal de 1988. O faturamento constituise elemento primordial na construção da base de cálculo da COFINS e do PIS, a qual foi definida pela Carta Magna, não podendo, obviamente, ser alterada por simples lei ordinária. (...) A Lei n° 9.718/98, no entanto, ampliou aleatoriamente a base de cálculo do PIS e da COFINS, passando a considerar faturamento a "totalidade das Fl. 55DF CARF MF Processo nº 13888.903136/200923 Acórdão n.º 3301005.397 S3C3T1 Fl. 6 5 receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevante o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas", conforme se depreende do seu artigo 3°, parágrafo primeiro. Tal dispositivo legal, ao ampliar o conceito de faturamento, violou o principio da supremacia da Constituição Federal. (...) Considerando que o Supremo Tribunal Federal já considerou inconstitucional o artigo 3°, parágrafo 1°, da Lei no 9.718/98, que ampliou o conceito de faturamento, há que se reconhecer a legalidade da compensação pretendida pela recorrente, uma vez que devem ser excluídas da base de cálculo todas as receitas que estão sob o conceito de "outras receitas". Com esses argumentos o Contribuinte requer a anulação do Despacho Decisório proferido em 4 de agosto de 2010 que não homologou o pedido de compensação. Na decisão ora recorrida assim se pronunciou o relator (fls. 73): (...) Realmente, no dia 9 de novembro de 2005, o STF, em sessão plenária em quatro recursos individuais, julgou inconstitucional o § 10 do art. 3° da Lei n° 9.718, de 1998, que definiu como base de incidência das contribuições ao PIS e A Cofins a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica. 0 STF entendeu que referida norma, quando de sua edição, era incompatível com o texto constitucional então vigente, que previa a incidência das contribuições sociais apenas sobre o faturamento das pessoas jurídicas e não sobre a totalidade das suas receitas. Contudo, como tais decisões do STF não foram proferidas em Ação Direta de Inconstitucionalidade — ADIN, beneficiam, apenas e tão somente, as partes envolvidas nos recursos mencionados. (...) Neste aspecto entendo não assistir razão a administração fiscal, visto que em face a inconstitucionalidade do art. 3o § 1º, da Lei 9.718/98, deve se excluir da base de cálculo da contribuição as “outras receitas”. Ocorre que o Contribuinte não demonstrou na Manifestação de Inconformidade, bem como, no Recurso Voluntário, o que integra a rubrica “outras receitas”, pois cabe a quem alega o direito creditório demonstrar a sua liquidez e certeza. Cito trecho da decisão ora recorrida como razões para decidir (fls 74 e seguintes): Sob outro prisma, compete acentuar que após a ciência do despacho decisório transferese ao contribuinte o ônus probante objetivando sustentar suas alegações, incluindo eventuais retificações de valores informados em DCTF. Diante disto, é importante ressaltar que o reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional exige a averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior de tributo, fazendose necessário verificar a exatidão das informações a ele referentes, confrontandoas com os registros contábeis e fiscais efetuados com base na documentação pertinente, com análise da situação fática em todos os seus limites, de modo a se conhecer qual seria o tributo devido e comparálo ao pagamento efetuado. Fl. 56DF CARF MF Processo nº 13888.903136/200923 Acórdão n.º 3301005.397 S3C3T1 Fl. 7 6 A par disso, impende observar que, nos termos do artigo 333, inciso I, do Código de Processo Civil, ao autor incumbe o ônus da prova dos fatos constitutivos do seu direito. Logo, as declarações de compensação devem estar, necessariamente, instruídas com as devidas provas do indébito tributário no qual se fundamentam, sob pena de pronto indeferimento. No caso em tela, a prova do indébito tributário, fato jurídico a dar fundamento ao direito de compensação, compete ao sujeito passivo que teria efetuado o pagamento indevido ou maior que o devido, pois há situações em que somente a contribuinte detém em seu poder os registros de prova necessários para a elucidação da verdade dos fatos. Com efeito, os registros contábeis e demais documentos fiscais, acerca da base de cálculo do PIS, são elementos indispensáveis para que se comprove a certeza e a liquidez do direito creditório aqui pleiteado. No presente caso, a recorrente, em sua peça impugnatória, não apresentou qualquer documentação fiscal demonstrando as receitas constituídas de valores classificados como "outras receitas" que, em sua tese apresentada na manifestação de inconformidade, não estariam sujeitas à incidência de PIS e Cofins. Consoante noção cediça, a escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais, conforme dispõe o artigo 923 do RIR/1999: "Art. 923. A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais. (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 9º, § 1º )". Por tais razões, a contribuinte, quando apresenta uma Declaração de Compensação, deve, necessariamente, provar um crédito tributário a seu favor para extinguir um débito tributário constituído em seu nome, de forma que o reconhecimento do indébito tributário seja o fundamento fático e jurídico de qualquer declaração de compensação, ainda mais quando tal débito estava declarado em DCTF. Esse, por sinal, tem sido o entendimento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, como atesta de forma ilustrativa a ementa do seguinte acórdão: "DCTF — ALEGAÇÃO DE ERRO NO PREENCHIMENTO — AUSÊNCIA DE PROVA Os dados informados em DCTF reputamse verdadeiros, até prova em contrário. Inadmissível a simples alegação de erro no seu preenchimento, desacompanhada de comprovação cabal do lapso." (Acórdão 10420.645, de 18/5/2005) Nesse sentido, na declaração de compensação apresentada o indébito não contém os atributos necessários de liquidez e certeza, os quais são imprescindíveis para reconhecimento pela autoridade administrativa de crédito junto à Fazenda Pública sob pena de haver reconhecimento de direito creditório incerto, contrário, portanto, ao disposto no artigo 170 do Código Tributário Nacional (CTN). Com essas razões, ausência de comprovação do direito ao crédito, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário do Contribuinte. Fl. 57DF CARF MF Processo nº 13888.903136/200923 Acórdão n.º 3301005.397 S3C3T1 Fl. 8 7 Destaquese que, não obstante o processo paradigma se referir unicamente à Contribuição para o PIS, a decisão ali prolatada se aplica nos mesmos termos à Cofins, importando registrar, também, que, nos presentes autos, as situações fática e jurídica encontram correspondência com as verificadas no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Portanto, aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 58DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10783.906604/2012-05
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Nov 06 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3301-000.906
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em CONVERTER o julgamento em diligência, á Unidade de Origem, para que elabore relatório onde se demonstre o critério de rateio adotado para os créditos a serem descontados.
assinado digitalmente
Winderley Morais Pereira - Presidente.
assinado digitalmente
Ari Vendramini - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semiramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen, Salvador Cândido Brandão Junior, Ari Vendramini (Relator)
Nome do relator: ARI VENDRAMINI
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Por bem descrever os fatos, adoto os dizeres do Relatório do Acórdão nº 09 49349, exarado pela 2ª Turma da DRJ/JUIZ DE FORA : O interessado transmitiu os Pedidos de Ressarcimento (PER) e/ou Declarações de Compensação (Dcomp) relacionados no Despacho Decisório, RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 07 83 .9 06 60 4/ 20 12 -0 5 Fl. 1829DF CARF MF Processo nº 10783.906604/201205 Resolução nº 3301000.906 S3C3T1 Fl. 1.829 2 visando a compensação dos débitos nelas declarados, com crédito oriundo de PIS/Pasep nãocumulativo referente ao 4º trimestre de 2008; A DRFVitória/ES emitiu Despacho Decisório, no qual reconhece parcialmente o direito creditório e homologa as compensações pleiteadas até o limite do crédito reconhecido; A empresa apresenta manifestação de inconformidade, na qual alega, em síntese que : a) em preliminar: a.1) da imprecisão da apuração fiscal; a.2) da legitima desconsideração de negócios jurídicos. Da ausência de previsão legal para os procedimentos adotados pela fiscalização; b) do mérito: b.1) dos fundamentos jurídicos de validade e correção dos créditos de PIS e Cofins não cumulativos auferidos pela impugnante; b.2) da insubsistência das provas apresentadas pela fiscalização; b.3) da ausência de comprovação por parte da fiscalização, acerca da participação conjunta da impugnante com as empresas laranjas citadas nos itens II.4 e II.5, do Parecer Fiscal; b.4) a contabilidade (aquisições devidamente registradas) como meio de prova em favor da impugnante – a essência sobre a forma; b.5) da patente contradição do fisco frente a atuação pretérita e atual; b.6) das diligências efetuadas sob a denominação “Operação tempo decolheita”. Da ausência de nexo de casualidade para com as operações realizadas pela recorrente; b.7) da impossibilidade de extensão em face da impugnante dos efeitos dos atos praticados no âmbito da denominada “Operação Broca”; b.8) do entendimento das Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento sobre a possibilidade do creditamento integral do PIS e da Cofins nas aquisições de cooperativas; b.9) sem dúvida, um dado curioso; b.10) da precariedade do trabalho fiscal – prova produzida pela impugnante; b.11) do restabelecimento integral dos créditos informados pela impugnante; É o breve relatório. 4. Assim restou ementada a decisão da DRJ/JUIZ DE FORA, materializada no retrocitado Acórdão : Assunto: Normas de Administração Tributária Anocalendário: 2008 NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Incabível anular decisão sem que haja fatos ofensivos ao direito de ampla defesa, ao contraditório ou às normas que definem competência. PIS/PASEP COFINS.NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. ILEGITIMIDADE. PESSOA JURÍDICA IRREGULAR. A realização de transações com pessoas jurídicas irregulares, com fortes indícios de terem sido inseridas na cadeia produtiva com único propósito de gerar crédito na sistemática da não cumulatividade, compromete a liquidez e certeza do pretenso crédito, o que autoriza a sua glosa, sendo insuficiente para afastála, nesse caso, a prova do pagamento do preço e do recebimento dos bens adquiridos. Fl. 1830DF CARF MF Processo nº 10783.906604/201205 Resolução nº 3301000.906 S3C3T1 Fl. 1.830 3 Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido 5. Irresignada com tal decisão, a empresa interpôs Recurso Voluntário, tempestivamente, onde, em suas razões de defesa, repisa os argumentos expendidos na impugnação como segue : 01 – FATO RELEVANTE a) aquisições de fornecedores b) aquisições de cooperativas 02 – PRELIMINARES a) da nulidade absoluta do procedimento fiscal, face ao inequívoco cerceamento ao direito de defesa da recorrente b) da descaracterização dos negócios jurídicos – situação tributária de todas as pessoas envolvidas 03 – DO MÉRITO a) da insubsistência das provas apresentadas pela fiscalização b) da contabilidade (aquisições devidamente registradas) como meio de prova em favor da recorrente – a essência sobre a forma c) da patente contradição do Fisco frente á atuação pretérita e atual d) das diligências realizadas sob a denominação “ Operação Tempo de Colheita”. Da ausência de nexo de causalidade para com as operações realizadas pela recorrente e) da impossibilidade de extensão em face da recorrente dos efeitos dos atos praticados no âmbito da denominada “Operação Broca” f) do entendimento das Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento sobre a possibilidade do creditamento integral do PIS e da COFINS nas aquisições de cooperativas g) sem dúvida, um dado curioso h) da precariedade do trabalho fiscal – prova produzida pela recorrente i) do restabelecimento integral dos créditos informados pela recorrente 04 – CONCLUSÃO se contornadas a s questões anteriores, o que se cogita apenas como argumento, entende a Recorrente que deve ser dado provimento integral ao presente recurso, visto que de todo corretos os seus procedimentos, em especial, pelos seguintes motivos : Fl. 1831DF CARF MF Processo nº 10783.906604/201205 Resolução nº 3301000.906 S3C3T1 Fl. 1.831 4 É o relatório. Voto Conselheiro Ari Vendramini Relator 6. Peço vênia para reproduzir alguns excertos do voto do julgador da DRJ, constante do processo administrativo nº 15586.720765/201326, ao qual este se encontra apenso, que bem sintetizou as complexas operações envolvidas na autuação Os autos de infração foram lavrados tendo em vista que a empresa apurou créditos indevidos para as contribuições em Fl. 1832DF CARF MF Processo nº 10783.906604/201205 Resolução nº 3301000.906 S3C3T1 Fl. 1.832 5 comento e usou parte desses créditos como dedução do valor a pagar no mês respectivo. A autoridade administrativa glosou parte dos citados créditos e indeferiu o pedido de ressarcimento respectivo e/ou não homologou as compensações correspondentes. Assim, as contribuições devidas foram declaradas a menor na DCTF relativa ao mês de apuração tendo em vista as deduções efetuadas com os créditos glosados. Essas diferenças foram lançadas nos autos de infração ora em análise. Registrase que os PER/Dcomps que deram origem às citadas glosas, constam dos processos abaixo;. PROCESSO CONTRIBUIÇÃO PERÍODO 10783.906589/201297 COFINS NÃO CUMULATIVA 4º TRIMESTRE/2008 10783.906590/201211 COFINS NÃO CUMULATIVA 1º TRIMESTRE/2009 10783.906593/201255 COFINS NÃO CUMULATIVA 2º TRIMESTRE/2009 10783.906594/201208 COFINS NÃO CUMULATIVA 3º TRIMESTRE/2009 10783.906597/201233 COFINS NÃO CUMULATIVA 4º TRIMESTRE/2009 10783.906599/201222 COFINS NÃO CUMULATIVA 1º TRIMESTRE/2010 10783.906601/201263 COFINS NÃO CUMULATIVA 2º TRIMESTRE/2010 10783.906603/201252 COFINS NÃO CUMULATIVA 3º TRIMESTRE/2010 10783.906605/201241 COFINS NÃO CUMULATIVA 4º TRIMESTRE/2010 10783.906588/201242 PIS NÃO CUMULATIVO 4º TRIMESTRE/2008 10783.906591/201266 PIS NÃO CUMULATIVO 1º TRIMESTRE/2009 10783.906592/201219 PIS NÃO CUMULATIVO 2º TRIMESTRE/2009 10783.906595/201244 PIS NÃO CUMULATIVO 3º TRIMESTRE/2009 10783.906596/201299 PIS NÃO CUMULATIVO 4º TRIMESTRE/2009 10783.906598/201288 PIS NÃO CUMULATIVO 1º TRIMESTRE/2010 10783.906600/201219 PIS NÃO CUMULATIVO 2º TRIMESTRE/2010 10783.906602/201216 PIS NÃO CUMULATIVO 3º TRIMESTRE/2010 10783.906604/201205 PIS NÃO CUMULATIVO 4º TRIMESTRE/2010 As manifestações de inconformidade apresentadas pela empresa em face dos processos acima, foram julgadas nesta mesma sessão de julgamento tendo sido prolatados acórdãos que as consideraram improcedentes, conforme voto deste mesmo relator (fls. 1.611 dos autos digitais) ............................................................................................................... Desde a implantação do regime de apuração nãocumulativa doPIS/Pasep e da Cofins, temos notícias de que grandes empresas do ramo cafeeiro vêm realizando operações irregulares com o objetivo de apurar e acumular créditos das citadas contribuições que poderão ser ressarcidos e/ou usados em compensação se o produto for exportado. A estratégia adotada passa pela criação de empresas intermediárias,caracterizadas como agroindústrias. O café adquirido por essas empresas tem origem em produtores rurais (pessoas físicas) ou em cerealistas que ao vender seus produtos conferem ao adquirente o direito de descontar créditos presumidos com percentual de 3,238% do valor das aquisições, ou seja, 35% do crédito ordinário (normal). Posteriormente, empresas exportadoras e/ou grandes atacadistas adquirem o café dessas empresas intermediárias, apurando créditos no Fl. 1833DF CARF MF Processo nº 10783.906604/201205 Resolução nº 3301000.906 S3C3T1 Fl. 1.833 6 montante de 9,25% (1,65% + 7,6%) de PIS/Pasep e Cofins nãocumulativa. Até este momento, pelo menos aparentemente, não existe nenhuma ilegalidade. O grande problema está no fato de que essas “empresas intermediárias”, criadas com a conivência de grandes exportadoras e/ou grandes atacadistas, são, em regra, constituídas por interpostas pessoas, e não pagam os tributos devidos (muitas delas sequer apresentam as declarações a que estão sujeitas). Significa dizer: são empresas de fachada ou empresas laranjas. Em geral, essas empresas de fachada apresentam algumas características em comum. A saber: não possuem estrutura física condizente com as atividades que dizem exercer, visto que o mínimo que se espera de uma empresa atacadista de café é a existência de áreas de armazenagem além de estrutura que a capacite movimentar grandes volumes de café; os endereços que fornecem como sendo o de sua sede, quando existem, não passam de simples “portas de garagem” e não raro os vizinhos nunca ouviram falar de tal empresa; seus sócios, quando encontrados, não possuem capacidade econômica financeira para serem proprietários de empresa deste porte. Muitas vezes não possuem sequer qualificação profissional e/ou intelectual para tal;incompatibilidade entre volume financeiro movimentado e total de tributos recolhidos, acompanhado de situação de omissão contumaz. Quando apresentam as declarações exigidas pela legislação muitas delas declaram não estar em atividade ou apresentam todos os quadros zerados. Resumindo, são empresas criadas unicamente com o objetivo de gerar créditos indevidos sem pagar os tributos correspondentes. A aplicação do regime de apuração nãocumulativa da contribuição para o PIS/Pasep e Cofins no setor agropecuário é complexa. A maior parte das operações com o café é multifásica. A primeira fase ocorre quando um produtor (pessoa física) vende seus produtos a uma pessoa jurídica (comercial atacadista, comercial varejista, agroindustrial ou cooperativa). Se a pessoa jurídica adquirente dos produtos estiver submetida ao regime de apuração nãocumulativa, deveria ter direito de apurar e deduzir os créditos do PIS/Pasep e da Cofins, que corresponderão, via de regra, às mesmas contribuições pagas na fase anterior. Ocorre que o produtor rural (pessoa física) não é contribuinte, e sendo assim não havia pagamento de contribuições que permitisse apurar crédito a ser descontado na fase posterior. Portanto, as compras de produtos e mercadorias de pessoas físicas não geravam o direito de creditamento. A aplicação do regime da forma acima relatada provocava uma distorção no mercado agropecuário. As pessoas jurídicas desse setor, que estivessem inseridas no regime de apuração nãocumulativa da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, rejeitavam a aquisição de produtos e mercadorias diretamente dos produtores pessoas físicas, porque estas aquisições provocavam um aumento do custo tributário de suas operações. Para tentar corrigir essas distorções, o art. 25 da Lei nº 10.684/2003, inseriu os § 10 e 11 no art. 3º da Lei nº 10.637/2002, instituindo crédito presumido para o setor agropecuário. Ao criar este tipo de crédito, o legislador buscou equilibrar,ou pelo menos reduzir, as pressões mercadológicas produzidas pelo novo regime de apuração. Esse Fl. 1834DF CARF MF Processo nº 10783.906604/201205 Resolução nº 3301000.906 S3C3T1 Fl. 1.834 7 crédito presumido foi aperfeiçoado quando da publicação da Lei nº 10.833/2003, cujo § 5º do art. 3º possibilitava a apuração destes créditos também em relação à Cofins. Por fim, a Lei nº 10.925/2004 revogou os dispositivos acima mencionados, e em seus arts. 8º e 9º disciplinou a matéria, verbis: Art. 8º As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos capítulos 2, 3, exceto os produtos vivos desse capítulo, e 4, 8 a 12, 15, 16 e 23, e nos códigos 03.02, 03.03, 03.04, 03.05, 0504.00, 0701.90.00, 0702.00.00, 0706.10.00, 07.08, 0709.90, 07.10, 07.12 a 07.14, exceto os códigos 0713.33.19, 0713.33.29 e 0713.33.99, 1701.11.00, 1701.99.00, 1702.90.00, 18.01, 18.03, 1804.00.00, 1805.00.00, 20.09, 2101.11.10 e 2209.00.00, todos da NCM, destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) (Vigência) (Vide Lei nº 12.058, de 2009) § 1º O disposto no caput deste artigo aplicase também às aquisições efetuadas de: I cerealista que exerça cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal, classificados nos códigos 09.01, 10.01 a 10.08, exceto os dos códigos 1006.20 e 1006.30, 12.01 e 18.01, todos da NCM; (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) II pessoa jurídica que exerça cumulativamente as atividades de transporte, resfriamento e venda a granel de leite in natura; e III pessoa jurídica que exerça atividade agropecuária e cooperativa de produção agropecuária.(Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) § 2o O direito ao crédito presumido de que tratam o caput e o § 1o deste artigo só se aplica aos bens adquiridos ou recebidos, no mesmo período de apuração, de pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no País, observado o disposto no § 4o do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003. § 3o O montante do crédito a que se referem o caput e o § 1o deste artigo será determinado mediante aplicação, sobre o valor das mencionadas aquisições, de alíquota correspondente a: (Vide Medida Provisória nº 582, de 2012) (Vide Medida Provisória nº 609, de 2013) I – (...) II – (...) III 35% (trinta e cinco por cento) daquela prevista no art. 2º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, para os demais produtos (Incluído pela Lei nº 11.488, de 2007) § 4o É vedado às pessoas jurídicas de que tratam os incisos I a III do § 1o deste artigo o aproveitamento: Fl. 1835DF CARF MF Processo nº 10783.906604/201205 Resolução nº 3301000.906 S3C3T1 Fl. 1.835 8 I do crédito presumido de que trata o caput deste artigo; II de crédito em relação às receitas de vendas efetuadas com suspensão às pessoas jurídicas de que trata o caput deste artigo. § 5o (...) § 6o Para os efeitos do caput deste artigo, considerase produção, em relação aos produtos classificados no código 09.01 da NCM, o exercício cumulativo das atividades de padronizar, beneficiar, preparar e misturar tipos de café para definição de aroma e sabor (blend) ou separar por densidade dos grãos, com redução dos tipos determinados pela classificação oficial. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004). § 7o O disposto no § 6o deste artigo aplicase também às cooperativas que exerçam as atividades nele previstas. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004). § 8o (...) Art. 9º A incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins fica suspensa no caso de venda: (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) I de produtos de que trata o inciso I do § 1o do art. 8o desta Lei, quando efetuada por pessoas jurídicas referidas no mencionado inciso; (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) II de leite in natura, quando efetuada por pessoa jurídica mencionada no inciso II do § 1o do art. 8o desta Lei; e (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) III de insumos destinados à produção das mercadorias referidas no caput do art. 8o desta Lei, quando efetuada por pessoa jurídica ou cooperativa referidas no inciso III do § 1o do mencionado artigo. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) § 1o O disposto neste artigo: (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) I aplicase somente na hipótese de vendas efetuadas à pessoa jurídica tributada com base no lucro real; e (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) II não se aplica nas vendas efetuadas pelas pessoas jurídicas de que tratam os §§ 6o e 7o do art. 8o desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) § 2o A suspensão de que trata este artigo aplicarseá nos termos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal SRF. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) O citado art. 9º suspendeu a incidência da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda dos produtos relacionados no art. 8º, quando efetuada por:cerealista que exerça cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal, classificados nos códigos 09.01, 10.01 a 10.08, exceto os dos códigos 1006.20 e 1006.30, 12.01 e 18.01, todos da NCM pessoas jurídicas que exerçam cumulativamente as atividades de transporte, resfriamento e venda a granel de leite in natura; ou pessoas jurídicas que desenvolvam atividades agropecuárias e cooperativas de produção agropecuária, nas vendas de insumos para produção das mercadorias mencionadas no caput do art. 8º. Fl. 1836DF CARF MF Processo nº 10783.906604/201205 Resolução nº 3301000.906 S3C3T1 Fl. 1.836 9 Em conseqüência, a possibilidade de apuração e desconto dos créditos presumidos foi expandida para as aquisições efetuadas com a suspensão de incidência estabelecida pelo art. 9º.Vale ressaltar o fato de que o crédito presumido, além de ser em valor inferior ao chamado crédito ordinário, não pode ser objeto de ressarcimento e nem de compensação, sendo especificamente destinado à dedução com débitos tributários da mesma espécie contributiva apurados em fases posteriores. Este entendimento foi formalizado por meio do Ato Declaratório Interpretativo SRF nº 15/2005, cujos arts 1º e 2º não permitem a compensação ou ressarcimento. Uma vez que o crédito presumido, além de ser em valor menor que o normal, não pode ser ressarcido e nem compensado, a exportação dos produtos adquiridos com esse tipo de crédito deixa de oferecer a possibilidade de ressarcimento ou compensação que ocorre em relação aos créditos normais, e, assim, ao final, os grandes prejudicados são o pequeno produtor rural e a pessoa jurídica que vende produtos com suspensão de incidência. Assim sendo, as grandes empresas exportadoras passaram à prática de adquirir produtos e mercadorias de empresas “intermediárias” (que na sua grande maioria, como já se disse, são empresas de fachada) porque essas são (em tese) contribuintes da do PIS/Pasep e da Cofins em relação às receitas de vendas desses produtos e mercadorias. E as contribuições que deveriam ser pagas por essas “intermediárias”, na fase anterior, geram o crédito ordinário de 9,25% ao invés do crédito presumido de 3,238% sobre o valor das aquisições. Os pequenos produtores, para não ficar fora do mercado, são compelidos a vender para estas “intermediárias”, cuja única finalidade é produzir créditos apurados com base no percentual de 9,25%, os quais serão ressarcidos nas exportações. No ramo do café, onde as exportações atingem um grande percentual da produção, este fato produz montantes realmente muito elevados de créditos que podem ser ressarcidos e/ou compensados. Os expedientes até aqui descritos trazem para as empresas que deles se valem duas vantagens cumulativas: além da majoração indevida do crédito gerado, permitem a burla da restrição à compensação e ao ressarcimento imposta aos créditos presumidos. Outra estratégia usada consiste no fato de se adquirir o café de cooperativas e cerealistas como se fossem para revenda. Assim, nos termos da legislação de regência, as vendas devem ser efetuadas sem a suspensão das contribuições para o PIS/Pasep e Cofins prevista no art. 9º acima, ou seja, o vendedor fica obrigado ao pagamento dessas contribuições. No entanto, a empresa vendedora (muitas vezes uma cooperativa), mesmo informando na nota fiscal que efetuou a venda “sem suspensão”, ao preencher o Dacon respectivo considera a venda como se fosse “com suspensão”, ou seja, como se fosse para industrialização e não para revenda, não pagando a contribuição devida. Quando questionada por uma autoridade fiscal ela simplesmente responde que errou ao emitir a nota fiscal. A questão é que esse fato se repete em praticamente todas as notas fiscais emitidas para um determinado grupo de empresas, todas elas grandes exportadoras, o que induz a se acreditar na existência de acordo escuso entre vendedores e compradores no sentido de se produzir ilegalmente créditos a serem ressarcidos, o que gera enorme prejuízo aos cofres públicos. Fl. 1837DF CARF MF Processo nº 10783.906604/201205 Resolução nº 3301000.906 S3C3T1 Fl. 1.837 10 Tais conclusões ultrapassam a condição de meras conjecturas na medida que as irregularidades apuradas demonstram no caso concreto semelhante modus operandi ao constatado em esquema de vantagens tributárias ilegais entre empresas comerciantes, exportadoras e torrefadoras de café do Espírito Santo (ES) e em Minas Gerais (MG). Esquema desvendado por operações deflagradas pela Receita Federal, Ministério Público Federal e Polícia Federal (Tempo de Colheita e Broca), amplamente divulgado na mídia conforme excerto abaixo, extraído da Revista Cafeicultura, reportagem de 02/06/2010 (http://www.revistacafeicultura.com.br/index.php?tipo=ler&mat=3284 3): Na manhã desta terçafeira (1º), foi deflagrada uma operação, no Espírito Santo, baseada em investigações que sobre um esquema de obtenção de vantagens tributárias ilícitas por parte de empresas especializadas na exportação e na torrefação de café. A fraude teria resultado em um prejuízo aos cofres públicos de R$ 280 milhões. Documentos, computadores e armas foram apreendidos. As investigações apontam 39 empresas exportadoras, ao menos 23 atacadistas laranjas envolvidas no esquema. Na operação conjunta da Polícia Federal, Ministério Público Federal (MPF) e Receita Federal, foram cumpridos mandados de busca e apreensão e prisão em 74 locais. Já foram 25 prisões na operação até o momento, dos 32 mandados expedidos Sete pessoas ainda não foram encontradas. Buscas foram realizadas em 74 endereços entre empresas e residências dos investigados, nos municípios de Colatina, Domingos Martins, Linhares, São Gabriel da Palha, Viana, Vila Velha Vitória e também em Manhuaçu (MG). Cerca de 20 homens foram ao Palácio do Café, na Enseada do Suá, em Vitória, de onde a operação foi desdobrada para outros dois prédios, o Arábica e o Conilon, também na Enseada. No Palácio do Café oito salas foram vistoriadas. Por volta das 9h agentes saíram com dois malotes contendo documentos apreendidos. A operação, denominada \"Broca\", conta com 337 homens da Polícia Fedral, com apoio de agentes de outros estados, além de 107 fiscais da Receita Federal Esquema. As firmas de exportação e torrefação envolvidas no esquema utilizavam empresas laranjas como intermediárias fictícias na compra do café dos produtores. As empresas beneficiárias da fraude eram as verdadeiras compradoras da mercadoria, mas formalmente quem aparecia nessas operações eram as empresas laranjas, que na verdade tinham como única finalidade a venda de notas fiscais, o que garantia a obtenção ilícita de créditos tributários. As empresas exportadoras conseguiam, por meio de criação de empresas laranjas, créditos de Programa de Integração Social (PIS) e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS). Essas empresas de exportação e torrefação usavam esses créditos para quitar seus próprios débitos tributários ou até mesmo para pedir ressarcimento junto ao Fisco. As empresas fictícias, no entanto, não recolhiam esses impostos, até porque não tinham lastro econômico para isso, uma vez que eram laranjas, criadas somente para \"guiar\" com suas notas fiscais o café para os verdadeiros compradores e gerar os créditos tributários. O creditamento para exportadores e torrefadores, portanto, era indevido, Fl. 1838DF CARF MF Processo nº 10783.906604/201205 Resolução nº 3301000.906 S3C3T1 Fl. 1.838 11 já que eram ressarcidos de valores que jamais entraram nos cofres públicos. As empresas, apesar de registradas como atacadistas, não tinham armazéns e funcionavam em pequenas salas. Para o Ministério Público Federal (MPF), está claro que as empresas exportadoras não só tinham conhecimento da fraude, mas também ditavam suas regras. Ao todo existem 300 empresas no Espírito Santo registradas no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ) como atacadistas de café. Segundo a delegada da Receita Federal, Laura Gadelha, grande parte delas foi criada para o esquema de fraudes. Algumas, inclusive, com vida útil em torno de um ano. ................. Crimes seriam praticados desde 2003 As investigações, realizadas em conjunto pela Delegacia da Receita Federal em Vitória, pelo MPF e pela PF, começaram em outubro de 2007 com a deflagração da Operação Tempo de Colheita, quando auditores fiscais da Receita fiscalizavam o setor de comércio de café, inicialmente em empresas localizadas nas regiões Noroeste e Norte do estado. A prática criminosa, ainda segundo o MPF, vem ocorrendo desde 2003. Há indícios consistentes da existência dos crimes de formação de quadrilha, crime contra a ordem tributária, falsidade ideológica e estelionato. Mais recentemente, foi desencadeada a operação denominada de “Robusta”, que culminou na prisão de sete empresários, tendo em vista que “as investigações do MPES e da Receita Estadual apontam que empresas utilizavam notas fiscais irregulares e simulavam a compra de café de outras 25 empresas de fachadas, localizadas em Minas Gerais e no Rio de Janeiro”. (notícia extraída do Portal G1/RJ de 09/04/2013). Ao constatar o tamanho da evasão de divisas em funçãonesse tipo de esquema fraudulento, e, segundo noticiado pela imprensa nacional, a pedido da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) e do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), e visando acabar com essas operações de geração de créditos irregulares foi editada a Medida Provisória nº 545/2011,convertida na Lei 12.599/2012 que introduz nova sistemática de apuração de créditos do PIS/Pasep e da Cofins nos casos de exportação de café. Reportagem sobre a citada MP nº 545/2011 publicada no jornal Valor Econômico, edição de 10/02/2012, de autoria de Carine Ferreira, relata que “segundo os defensores do novo regime, como a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) e o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), a tributação anterior gerava fraudes, irregularidades e favoreciam algumas poucas empresas”. Quando autuadas pela Receita Federal do Brasil ou quando o pedido de ressarcimento dos créditos apropriados indevidamente é indeferido, via de regra, as beneficiárias apresentam defesa nas quais alegam basicamente as mesmas razões: são compradoras de boa fé; não tinham conhecimento que as vendedoras eram “laranjas” e não podiam apurar esse fato; e a operação mercantil foi realizada. Ora, mesmo tendo em mente a presunção de boa fé das adquirentes, causa profunda estranheza o fato de, ao comprar café de fornecedores estabelecidos em cidades não muito grandes, essas empresas não saibam que aquelas das quais compram grande parte do café que exportam são empresas de fachada. Afinal, Fl. 1839DF CARF MF Processo nº 10783.906604/201205 Resolução nº 3301000.906 S3C3T1 Fl. 1.839 12 considerando o volume das operações efetuadas, para se concretizar a compra seus dirigentes precisariam ir até a sede da vendedora quando e onde certamente constatariam a precariedade ou inexistência de suas instalações. Da mesma forma teriam que se relacionar com os funcionários dessas “laranjas” e se cientificariam de que na verdade não existem. Também, é de se supor, iriam querer ter contato com os sócios das intermediárias e poderiam certamente ver que, quando encontrados, são pessoas sem as mínimas qualificações necessárias para atuar na direção de uma empresa. ................................................................................................................... ......................... Pelo contrário; no presente caso, a autoridade fiscal demonstra, por meio do PARECER FISCAL GAB903/ DRF/VIT/ES nº 007/2013 anexo, que a manifestante adquiriu o café que exporta de empresas que se enquadram perfeitamente na descrição das empresas de fachadas acima. ................................................................................................................. No entanto, como a autoridade fiscal explica no citado PARECER FISCAL GAB903/ DRF/VIT/ES nº 007/2013, “entre os documentos que fundamentam o presente Parecer estão aqueles carreados ao longo da investigação TEMPO DE COLHEITA .– como declarações prestadas a termo por produtores rurais/maquinistas, corretores, sócios e pessoas ligadas às empresas de fachada. 7. Tanto nas preliminares da sua impugnação, como nas suas razões recursais a recorrente alega que " a autoridade fazendária não trouxe aos autos os elementos necessários para demonstrar como foram apurados os ‘rateios’ dos valores por ela discriminados nas Tabelas constantes do referido Parecer, os quais foram utilizados pela mesma como base para a aplicação dos percentuais das glosas sobre as aquisições efetuadas pela Impugnante, falha esta que a prejudica em seu regular e legítimo direito de defesa, inclusive impossibilitando a de infirmar com precisão os supostos débitos indicados pela fiscalização 8. Verificando o Parecer Fiscal GAB903/DRF/VIT/ES nª 007/2013, (fls. 1.095 a 1.344 dos autos digitais do processo 15586.72765/201326), encontramos ás fls.1.331 o item II.6.4 RECOMPOSIÇÃO DA BASE DE CÁLCULO DO CRÉDITO A DESCONTAR APÓS GLOSAS EFETUADAS PELA FISCALIZAÇÃO, E ÁS FLS. 1.333 encontramos a LETRA (G) RATEIO DO CRÉDITO PASSÍVEL RESSARCIMENTO, onde os Auditores Fiscais esclarecem ; " o rateio dos créditos a descontar da linha (F) foi efetuado com base na proporção da receita de vendas de bens e serviços : receita mercado interno (tributada) e receita de exportação" 9. Ás fls. 1.077 do processo 15586.72765/201326 encontrase o Demonstrativo PIS NÃOCUMULATIVO DEMONSTRATIVO DE CÁLCULO DOS CRÉDITOS A DESCONTAR , com os quadros F e G respectivamente F) TOTAL DE CRÉDITOS APURADO NO MÊS SUJEITO AO RATEIO VALOR AJUSTADO PELA FISCALIZAÇÃO Rateio apenas Crédito Integral e (G) Rateio do crédito a descontar com base na proporção da Receita Bruta auferida Receita de Vendas de Mercadorias no Mercado interno (tributada) , Receita de Vendas de Mercadorias p/ o Mercado Externo (Exceto Compra Fim Específio Exportação) Créditos vinculados às operações no Mercado interno , Créditos vinculados às operações no Mercado Externo . Fl. 1840DF CARF MF Processo nº 10783.906604/201205 Resolução nº 3301000.906 S3C3T1 Fl. 1.840 13 10. Entendemos assistir razão á recorrente quando afirma não estar claro o critério utilizado pela fiscalização para o rateio dos créditos a serem descontados, pois que examinando os quadros citados não se vislumbra o critério adotado de forma clara detalhadamente demonstrada, o que pode ser interpretado pela recorrente como um cerceamento de defesa, pois esta alega que teria dificuldade em entender tal rateio. 11. Diante destas considerações, proponho que os autos sejam encaminhados á DRF/VITÓRIA/ES para que, em diligência fiscal : a) seja elaborado relatório onde se demonstre o critério de rateio adotado para os créditos a serem descontados, especificando os detalhes de como foram encontrados os valores do demonstrativo Demonstrativo PIS NÃOCUMULATIVO DEMONSTRATIVO DE CÁLCULO DOS CRÉDITOS A DESCONTAR , com os quadros F e G respectivamente F) TOTAL DE CRÉDITOS APURADO NO MÊS SUJEITO AO RATEIO VALOR AJUSTADO PELA FISCALIZAÇÃO Rateio apenas Crédito Integral e (G) Rateio do crédito a descontar com base na proporção da Receita Bruta auferida Receita de Vendas de Mercadorias no Mercado interno (tributada) , Receita de Vendas de Mercadorias p/ o Mercado Externo (Exceto Compra Fim Específio Exportação) Créditos vinculados às operações no Mercado interno , Créditos vinculados às operações no Mercado Externo . b) seja dada ciência deste relatório á recorrente, facultandolhe manifestação em até 30 dias da data da ciência 12. Após, sejam os autos retornados a este CARF para julgamento dos recursos voluntários apresentados neste e nos processos em apenso. 13. É como voto. Assinado digitalmente Ari Vendramini Relator Fl. 1841DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10932.000633/2009-05
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Apr 12 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ
Ano-calendário: 2005
Ementa: NULIDADE DO LANÇAMENTO. CERCEAMENTO DE DEFESA.
Não configura cerceamento de defesa, se comprovado nos autos que a Recorrente foi intimada por duas vezes a esclarecer a divergência encontrada em suas declarações e não se manifestou.
LANÇAMENTO PAUTADO EM PRESUNÇÕES.
Não há que se alegar nulidade do lançamento por ter sido pautado
exclusivamente em presunções quando provado nos autos a insuficiência do recolhimento e a divergência das declarações.
TAXA SELIC. APLICABILIDADE. SÚMULA Nº 4 DO CARF.
A partir de 1° de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC
para títulos federais.
JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO
A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de ofício proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de ofício, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic.
Numero da decisão: 1202-000.756
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade. No mérito, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os conselheiros Geraldo Valentim Neto, relator, Orlando José Gonçalves
Bueno e Nereida de Miranda Finamore Horta, que davam provimento parcial ao recurso para excluir a incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício. Designada a conselheira Viviane
Vidal Wagner para redigir o voto vencedor.
Nome do relator: Geraldo Valentim Neto
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CERCEAMENTO DE DEFESA. Não configura cerceamento de defesa, se comprovado nos autos que a Recorrente foi intimada por duas vezes a esclarecer a divergência encontrada em suas declarações e não se manifestou. LANÇAMENTO PAUTADO EM PRESUNÇÕES. Não há que se alegar nulidade do lançamento por ter sido pautado exclusivamente em presunções quando provado nos autos a insuficiência do recolhimento e a divergência das declarações. TAXA SELIC. APLICABILIDADE. SÚMULA Nº 4 DO CARF. A partir de 1° de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de ofício proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de ofício, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade. No mérito, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os conselheiros Geraldo Valentim Neto, relator, Orlando José Gonçalves Bueno e Nereida de Miranda Finamore Horta, que davam provimento parcial ao recurso para Fl. 0DF CARF MF Impresso em 12/06/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 18/05/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 30/05/2012 por GERALDO VALENTIM NETO, Assinado d igitalmente em 08/06/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10932.000633/200905 Acórdão n.º 1202000.756 S1C2T2 Fl. 345 2 excluir a incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício. Designada a conselheira Viviane Vidal Wagner para redigir o voto vencedor. (documento assinado digitalmente) Nelson Lósso Filho – Presidente (documento assinado digitalmente) Geraldo Valentim Neto Relator (documento assinado digitalmente) VIVIANE VIDAL WAGNER Redatora designada Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Nelson Lósso Filho, Carlos Alberto Donassolo, Viviane Vidal Wagner, Nereida de Miranda Finamore Horta, Geraldo Valentim Neto e Orlando José Gonçalves Bueno. Fl. 1DF CARF MF Impresso em 12/06/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 18/05/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 30/05/2012 por GERALDO VALENTIM NETO, Assinado d igitalmente em 08/06/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10932.000633/200905 Acórdão n.º 1202000.756 S1C2T2 Fl. 346 3 Relatório Tratase de autos de infração (fls. 154/180) consubstanciados em lançamentos de IRPJ, CSLL, PIS e COFINS, em decorrência da insuficiência de recolhimento dos referidos tributos no ano calendário de 2005, decorrente do confronto dos dados declarados em DCTF com os que resultaram da apuração apresentada pela DIPJ. Durante o procedimento fiscal, a Recorrente foi intimada a esclarecer o motivo pelo qual não recolheu os tributos anteriormente declarados (fls. 114 e 117), mas não atendeu a nenhuma das intimações. Segundo o Termo de Descrição dos fatos (fls. 148), a Recorrente apresentou DCTF com valores menores do que aqueles declarados na DIPJ e DACON, no ano calendário de 2005, o que resultou no presente lançamento de ofício baseado no artigo 841, incisos I, III e IV do Regulamento do Imposto de Renda (RIR/99). A Recorrente optou por apurar seus resultados trimestralmente, pelo Lucro Real. Ciente dos Autos de Infração, a Recorrente apresentou Impugnação pautada nos seguintes fundamentos: Primeiramente arguiu a nulidade do lançamento, alegando cerceamento do direito de defesa e violação ao princípio do contraditório e da ampla defesa, visto não ter tido prazo hábil para se manifestar acerca do não recolhimento dos tributos declarados. Também alegou que o lançamento teria sido lavrado pautado simplesmente em presunções, o que acarretaria sua nulidade; No mérito aduziu apenas a impossibilidade da utilização da Taxa Selic como taxa de juros, por esta ser inconstitucional; e A impossibilidade de cobrar juros sobre a multa de ofício. Os autos foram encaminhados à Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto, a qual decidiu pela improcedência da impugnação, conforme ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2005 NULIDADE. Não há que se cogitar de nulidade do lançamento quando observados os requisitos previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2005 JUROS DE MORA. SELIC. A cobrança de juros de mora com base no valor acumulado mensal da taxa referencial do Selic tem previsão legal. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Fl. 2DF CARF MF Impresso em 12/06/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 18/05/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 30/05/2012 por GERALDO VALENTIM NETO, Assinado d igitalmente em 08/06/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10932.000633/200905 Acórdão n.º 1202000.756 S1C2T2 Fl. 347 4 Inconformada com a decisão supra, a Recorrente apresentou Recurso Voluntário se valendo das mesmas alegações aduzidas na Impugnação. Oportunamente os autos foram enviados a este Colegiado. Tendo sido designado relator do caso, requisitei a inclusão em pauta para julgamento do recurso. É o relatório. Fl. 3DF CARF MF Impresso em 12/06/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 18/05/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 30/05/2012 por GERALDO VALENTIM NETO, Assinado d igitalmente em 08/06/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10932.000633/200905 Acórdão n.º 1202000.756 S1C2T2 Fl. 348 5 Voto Conselheiro Geraldo Valentim Neto, Relator Como o recurso atende aos pressupostos de admissibilidade, dele tomo conhecimento. Inicio pela análise das preliminares suscitadas pela Recorrente. I PRELIMINAR DE NULIDADE Primeiramente, a Recorrente alega que o Auto de Infração teria cerceado seu direito de defesa, visto que a autoridade lançadora não teria concedido prazo razoável para a Recorrente se manifestar acerca das intimações recebidas e esclarecer o motivo do não recolhimento do tributo anteriormente declarado. Porém, não assiste razão à Recorrente e não há motivos para se decretar a nulidade do lançamento, pois foi intimada duas vezes para esclarecer os motivos do não recolhimento e não se manifestou em nenhuma das intimações, conforme fls. 114 e 117. Não há que se falar em cerceamento do direito de defesa, estando demonstrado através dos autos que a Recorrente teve oportunidade para se manifestar, mas não o fez. Este também é o entendimento deste E. Conselho: PRELIMINAR Nulidade por falta de intimação para prestar esclarecimentos. Não tem qualquer fundamento a preliminar suscitada já que o processo administrativo fiscal tem regras próprias, diferente que é do judicial civil ou criminal, sendo assegurado ao contribuinte autuado a ampla defesa e o contraditório através das fases para a impugnação e para os recursos, sem prejuízo das oportunidades que venham a lhe ser dadas, a critério da autoridade lançadora, antes da lavratura do auto de infração. PRELIMINAR DE NULIDADE CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA Rejeitase a preliminar de nulidade do lançamento invocada com base em cerceamento do direito de defesa, porquanto ao contribuinte foi lhe dado tomar conhecimento do inteiro teor das infrações que lhe são imputadas, possibilitando o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa. Concedida ao contribuinte ampla oportunidade de apresentar documentos e esclarecimentos, não há que se falar em cerceamento do direito defesa. (...) (Primeiro Conselho de Contribuintes. 5ª Câmara. Turma Ordinária, Acórdão nº 10515719 do Processo 136780000639878, Data: 24/05/2006). (Não grifado no original) Fl. 4DF CARF MF Impresso em 12/06/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 18/05/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 30/05/2012 por GERALDO VALENTIM NETO, Assinado d igitalmente em 08/06/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10932.000633/200905 Acórdão n.º 1202000.756 S1C2T2 Fl. 349 6 NORMAS PROCESSUAIS NULIDADE DO LANÇAMENTO CERCEAMENTO DE DIREITO DE DEFESA Não pode ser inquinado de nulidade, por cerceamento de direito de defesa, o lançamento que descreve com precisão e clareza os fatos imponíveis, e identifica adequadamente o dispositivo legal em que se fundamenta, bem como em intimações regularmente expedidas para ciência do contribuinte, na forma prescrita na legislação vigente. IRPJ LUCRO PRESUMIDO OMISSÃO DE RECEITA Uma vez apurado, com base nos documentos oferecidos à fiscalização, que, no período base de incidência, os desembolsos realizados foram superiores à receita declarada, a diferença fica sujeita a tributação como receita omitida, se o contribuinte não comprovar a origem dos recursos utilizados. Recurso negado. (Primeiro Conselho de Contribuintes. 6ª Câmara. Turma Ordinária, Acórdão nº 10609658 do Processo 104690041709130, Data: 10/12/1997). (não grifado no original) Também não merece prosperar a alegação de nulidade do lançamento por este ter sido pautado em meras presunções. Conforme se depreende dos documentos juntados aos autos, tornase clara a necessidade de se proceder ao lançamento de ofício, visto que a Recorrente declarou valores em suas DCTF e DIPJ, que não foram recolhidos, procedimento esse que dá ensejo ao lançamento de ofício e consequente aplicação da multa de ofício, conforme estabelece o artigo 841, inciso IV do Regulamento do Imposto de Renda (RIR/99) e artigo e 44, inciso I, da Lei 9.430/96 in verbis: Art. 841. O lançamento será efetuado de ofício quando o sujeito passivo: (...) IV não efetuar ou efetuar com inexatidão o pagamento ou recolhimento do imposto devido, inclusive na fonte; Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007). Resta claro que, partindo do pressuposto de que a Recorrente não recolheu o imposto devido, conforme declarado pela própria, não há outro procedimento a ser adotado pela autoridade fiscal, a não ser proceder ao lançamento de ofício dos valores que deixaram de ser recolhidos. Este também é o entendimento deste E. conselho. Vejamos: Fl. 5DF CARF MF Impresso em 12/06/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 18/05/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 30/05/2012 por GERALDO VALENTIM NETO, Assinado d igitalmente em 08/06/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10932.000633/200905 Acórdão n.º 1202000.756 S1C2T2 Fl. 350 7 CONTRIBUIÇÃO SOCIAL ALEGAÇÃO DE OFENSA A COISA JULGADA INOCORRÊNCIA MANUTENÇÃO DO LANÇAMENTO Em matéria tributária a coisa julgada não tem o condão de perenidade, sobretudo tendo a Suprema Corte, na qualidade de guardiã da Constituição, declarado a constitucionalidade da exigência da contribuição social sobre o lucro a partir do exercício financeiro de 1988. Aplicabilidade, no caso, da Súmula 239 do STF. MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO Havendo falta ou insuficiência no recolhimento do tributo, impõese a aplicação da multa de lançamento de ofício sobre o valor do imposto ou contribuição devido, nos termos do artigo 44, I, da Lei nº 9.430/96. PENALIDADE. MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO (ISOLADA). FALTA DE RECOLHIMENTO. PAGAMENTO POR ESTIMATIVA. Não comporta a cobrança de multa isolada em lançamento de ofício, por falta de recolhimento de imposto por estimativa em de ajustes efetuados pela fiscalização, com a glosa de custos/despesas operacionais e adições e exclusões ao lucro líquido na determinação do lucro real, sob pena de dupla incidência de multa de ofício sobre uma mesma infração. JUROS DE MORA SELIC Nos termos dos arts. 13 e 18 da Lei n° 9.065/95, a partir de 1°/04/95 os juros de mora serão equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia – SELIC. (Primeiro Conselho de Contribuintes. 1ª Câmara. Turma Ordinária, Acórdão nº 10194084 do Processo 13504000072200117, Data: 30/01/2003). Assim, não há que se falar em nulidade do lançamento, visto não ter ocorrido cerceamento do direito de defesa, conforme amplamente demonstrado, assim como não há que se falar em lançamento pautado somente em presunções, pois os documentos acostados aos autos são suficientes para demonstrar a legalidade do lançamento efetuado. Ademais, o Processo Administrativo Fiscal (Decreto 7.0325/72) elenca de forma exaustiva as hipóteses de nulidade dos autos de infração e o presente caso não se enquadra em nenhuma dessas hipóteses, conforme se verifica do artigo abaixo transcrito: Art. 59. São nulos; I — os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II — os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Dessa forma, sendo os atos e termos lavrados por pessoa competente, dentro da estrita legalidade, e garantido o mais absoluto direito de defesa, não há que se cogitar de nulidade dos autos de infração. II – MÉRITO Vale esclarecer que no mérito a Recorrente não se insurgiu contra o lançamento efetuado, no que consiste à situação fática que o originou, mas apenas alegou que não é possível a utilização da Taxa Selic como índice de atualização monetária, pois esta seria inconstitucional. Fl. 6DF CARF MF Impresso em 12/06/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 18/05/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 30/05/2012 por GERALDO VALENTIM NETO, Assinado d igitalmente em 08/06/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10932.000633/200905 Acórdão n.º 1202000.756 S1C2T2 Fl. 351 8 Primeiramente, não cabe a esse Órgão Julgador se manifestar acerca da inconstitucionalidade de lei tributária, essa matéria já foi objeto de súmula do próprio CARF, senão vejamos: Súmula CARF n° 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. E ainda, especificamente quanto à aplicação da Taxa SELIC, a regularidade da sua aplicação também é matéria sumulada, conforme abaixo transcrito: “Súmula CARF n° 4: A partir de 1° de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais.” Dessa forma, tendo sido encerrada a discussão acerca da aplicabilidade da Taxa Selic como índice de atualização, com a edição da súmula acima transcrita, não assiste razão à Recorrente quanto à impossibilidade da aplicação da referida taxa. III – EXIGÊNCIA DE JUROS SOBRE MULTA Por fim, a Recorrente alega a impossibilidade de cobrar juros sobre a multa de ofício aplicada sob o fundamento de que multa já é uma penalidade, o que tornaria a cobrança dos juros sobre o valor da multa ainda mais onerosa para a Recorrente e configuraria um enriquecimento sem causa pelo Estado. Nesse ponto assiste razão à Recorrente, visto que a este respeito o E. CARF já se manifestou diversas vezes acerca da impossibilidade da exigência de juros sobre a multa (vide, por exemplo, Acórdão 20216397). Vale ressaltar, também, que a própria Câmara Superior de Recursos Fiscais já decidiu pela não incidência dos referidos juros, em sessão realizada em 08.11.2010, no acórdão cuja ementa se transcreve abaixo: “RECURSO ESPECIAL – CONHECIMENTO. Não se deve ser conhecido o Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional quando inexiste similitude fática entre o acórdão paradigma e o acórdão recorrido. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO – INAPLICABILIDADE – Os juros de mora só incidem sobre o valor do tributo, não alcançando o valor da multa de ofício aplicada.”. (Acórdão 910100.722) (não grifado no original) Dessa forma, em observância ao entendimento deste E. Conselho e da Câmara Superior de Recursos Fiscais, deve ser afastada a aplicação de juros de mora sobre a multa de ofício, por ausência de previsão legal neste sentido. Portanto, voto no sentido de dar parcial provimento ao Recurso Voluntário para excluir a incidência dos juros de mora sobre o valor da multa de ofício aplicada. Fl. 7DF CARF MF Impresso em 12/06/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 18/05/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 30/05/2012 por GERALDO VALENTIM NETO, Assinado d igitalmente em 08/06/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10932.000633/200905 Acórdão n.º 1202000.756 S1C2T2 Fl. 352 9 É como voto. (documento assinado digitalmente) Geraldo Valentim Neto Fl. 8DF CARF MF Impresso em 12/06/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 18/05/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 30/05/2012 por GERALDO VALENTIM NETO, Assinado d igitalmente em 08/06/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10932.000633/200905 Acórdão n.º 1202000.756 S1C2T2 Fl. 353 10 Voto Vencedor Conselheira Viviane Vidal Wagner, Redatora designada Peço vênia ao ilustre relator para discordar do seu entendimento no que tange à exigência de juros sobre a multa de ofício, muito embora bem fundamentado e alicerçado em entendimento jurisprudencial. Observo, inicialmente, que a questão não tem definição pela Câmara Superior, haja vista que, num lapso de poucos meses, ocorreram votações em sentidos opostos, ambos decididos por maioria apertada de votos, como se verifica dos acórdãos nº 910100539, de 11/03/2010, e nº 910100.722, de 08/11/2010, este último referido pelo relator. Assim, entendo que não deve ser considerado o posicionamento mais recente da CSRF como representativo de um entendimento pacificado da jurisprudência, pois, nessa matéria, o que se verifica é que ainda resta latente a divergência. Diante disso, e abstraindo dos argumentos finalísticos apresentados pela recorrente, como o enriquecimento ilícito do Estado, os quais fogem à alçada deste tribunal administrativo, consoante a Súmula CARF nº 2, passo a expor os fundamentos adotados como razão de decidir no voto vencedor de minha autoria no acórdão nº 910100539, de 11/03/2010, suficientes para justificar a cobrança nos presentes autos. Considerando que o conceito de crédito tributário, nos termos do art. 139 do CTN, comporta tanto o tributo quanto a penalidade pecuniária, adoto e transcrevo parte daquele voto, in verbis: Uma interpretação literal e restritiva do caput do art. 61 da Lei nº 9.430/96, que regula os acréscimos moratórios sobre débitos decorrentes de tributos e contribuições, pode levar à equivocada conclusão de que estaria excluída desses débitos a multa de ofício. Contudo, uma norma não deve ser interpretada isoladamente, especialmente dentro do sistema tributário nacional. No dizer do jurista Juarez Freitas (2002, p.70), “interpretar uma norma é interpretar o sistema inteiro: qualquer exegese comete, direta ou obliquamente, uma aplicação da totalidade do direito.” Merece transcrição a continuidade do seu raciocínio: “Não se deve considerar a interpretação sistemática como simples instrumento de interpretação jurídica. É a interpretação sistemática, quando entendida em profundidade, o processo hermenêutico por excelência, de tal maneira que ou se compreendem os enunciados prescritivos nos plexos dos demais enunciados ou não se alcançará compreendêlos sem perdas Fl. 9DF CARF MF Impresso em 12/06/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 18/05/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 30/05/2012 por GERALDO VALENTIM NETO, Assinado d igitalmente em 08/06/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10932.000633/200905 Acórdão n.º 1202000.756 S1C2T2 Fl. 354 11 substanciais. Nesta medida, mister afirmar, com os devidos temperamentos, que a interpretação jurídica é sistemática ou não é interpretação.” (A interpretação sistemática do direito, 3.ed. São Paulo: Malheiros, 2002, p. 74). Daí, por certo, decorrerá uma conclusão lógica, já que interpretar sistematicamente implica excluir qualquer solução interpretativa que resulte logicamente contraditória com alguma norma do sistema. O art. 161 do CTN não distingue a natureza do crédito tributário sobre o qual deve incidir os juros de mora, ao dispor que o crédito tributário não pago integralmente no seu vencimento é acrescido de juros de mora, independentemente dos motivos do inadimplemento. Nesse sentido, no sistema tributário nacional, a definição de crédito tributário há de ser uniforme. De acordo com a definição de Hugo de Brito Machado (2009, p.172), o crédito tributário “é o vínculo jurídico, de natureza obrigacional, por força do qual o Estado (sujeito ativo) pode exigir do particular, o contribuinte ou responsável (sujeito passivo), o pagamento do tributo ou da penalidade pecuniária (objeto da relação obrigacional).” Convertese em crédito tributário a obrigação principal referente à multa de ofício a partir do lançamento, consoante previsão do art. 113, §1º, do CTN: "Art. 113 A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1° A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito tributário dela decorrente. A obrigação tributária principal surge, assim, com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto tanto o pagamento do tributo como a penalidade pecuniária decorrente do seu não pagamento, o que inclui a multa de ofício proporcional. A multa de ofício é prevista no art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, e é exigida “juntamente com o imposto, quando não houver sido anteriormente pago” (§1º). Assim, no momento do lançamento, ao tributo agregase a multa de ofício, tornandose ambos obrigação de natureza pecuniária, ou seja, principal. A penalidade pecuniária, representada no presente caso pela multa de ofício, tem natureza punitiva, incidindo sobre o montante não pago do tributo devido, constatado após ação fiscalizatória do Estado. Fl. 10DF CARF MF Impresso em 12/06/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 18/05/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 30/05/2012 por GERALDO VALENTIM NETO, Assinado d igitalmente em 08/06/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10932.000633/200905 Acórdão n.º 1202000.756 S1C2T2 Fl. 355 12 Os juros moratórios, por sua vez, não se tratam de penalidade e têm natureza indenizatória, ao compensarem o atraso na entrada dos recursos que seriam de direito da União. A própria lei em comento traz expressa regra sobre a incidência de juros sobre a multa isolada. Eventual alegação de incompatibilidade entre os institutos é de ser afastada pela previsão contida na própria Lei nº 9.430/96 quanto à incidência de juros de mora sobre a multa exigida isoladamente. O parágrafo único do art. 43 da Lei nº 9.430/96 estabeleceu expressamente que sobre o crédito tributário constituído na forma do caput incidem juros de mora a partir do primeiro dia do mês subsequente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. O art. 61 da Lei n° 9.430, de 1996, ao se referir a débitos decorrentes de tributos e contribuições, alcança os débitos em geral relacionados com esses tributos e contribuições e não apenas os relativos ao principal, entendimento, dizia então, reforçado pelo fato de o art. 43 da mesma lei prescrever expressamente a incidência de juros sobre a multa exigida isoladamente. Nesse sentido, o disposto no §3º do art. 950 do Regulamento do Imposto de Renda aprovado pelo Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 (RIR/99) exclui a equivocada interpretação de que a multa de mora prevista no caput do art. 61 da Lei nº 9.430/96 poderia ser aplicada concomitantemente com a multa de ofício. Art.950.Os débitos não pagos nos prazos previstos na legislação específica serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento por dia de atraso (Lei nº 9.430, de 1996, art. 61). §1ºA multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do imposto até o dia em que ocorrer o seu pagamento (Lei nº 9.430, de 1996, art. 61, §1º). §2ºO percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento (Lei nº 9.430, de 1996, art. 61, §2º). §3ºA multa de mora prevista neste artigo não será aplicada quando o valor do imposto já tenha servido de base para a aplicação da multa decorrente de lançamento de ofício. A partir do trigésimo primeiro dia do lançamento, caso não pago, o montante do crédito tributário constituído pelo tributo mais a multa de ofício passa a ser acrescido dos juros de mora devidos em razão do atraso da entrada dos recursos nos cofres da União. Fl. 11DF CARF MF Impresso em 12/06/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 18/05/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 30/05/2012 por GERALDO VALENTIM NETO, Assinado d igitalmente em 08/06/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10932.000633/200905 Acórdão n.º 1202000.756 S1C2T2 Fl. 356 13 No mesmo sentido já se manifestou este E. colegiado quando do julgamento do Acórdão nº CSRF/0400.651, julgado em 18/09/2007, com a seguinte ementa: JUROS DE MORA – MULTA DE OFÍCIO – OBRIGAÇÃO PRINICIPAL – A obrigação tributária principal surge com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto tanto o pagamento do tributo como a penalidade pecuniária decorrente do seu não pagamento, incluindo a multa de ofício proporcional. O crédito tributário corresponde a toda a obrigação tributária principal, incluindo a multa de oficio proporcional, sobre o qual, assim, devem incidir os juros de mora à taxa Selic. Nesse sentido, ainda, a Súmula Carf nº 5: “São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral.” Diante da previsão contida no parágrafo único do art. 161 do CTN, buscase na legislação ordinária a norma complementar que preveja a correção dos débitos para com a União. Para esse fim, a partir de abril de 1995, temse a taxa Selic, instituída pela Lei nº 9.065, de 1995. A jurisprudência é forte no sentido da aplicação da taxa de juros Selic na cobrança do crédito tributário, como se vê no exemplo abaixo: REsp 1098052 / SP RECURSO ESPECIAL2008/02395728 Relator(a) Ministro CASTRO MEIRA (1125) Órgão Julgador T2 SEGUNDA TURMA Data do Julgamento 04/12/2008 Data da Publicação/Fonte DJe 19/12/2008 Ementa PROCESSUAL CIVIL. OMISSÃO. NÃOOCORRÊNCIA. LANÇAMENTO. DÉBITO DECLARADO E NÃO PAGO. PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO. DESNECESSIDADE. TAXA SELIC. LEGALIDADE. 1. É infundada a alegação de nulidade por maltrato ao art. 535 do Código de Processo Civil, quanto o recorrente busca tãosomente rediscutir as razões do julgado. 2. Em se tratando de tributos lançados por homologação, ocorrendo a declaração do contribuinte e na falta de pagamento da exação no vencimento, a inscrição em dívida ativa independe de procedimento administrativo. 3. É legítima a utilização da taxa SELIC como índice de correção monetária e de juros de mora, na atualização dos créditos tributários (Precedentes: AgRg nos EREsp 579.565/SC, Primeira Seção, Rel. Min. Humberto Martins, DJU de 11.09.06 e AgRg nos EREsp 831.564/RS, Primeira Seção, Rel. Min. Eliana Calmon, DJU de 12.02.07).(g.n.) No âmbito administrativo, a incidência da taxa de juros Selic sobre os débitos tributários administrados pela Secretaria da Fl. 12DF CARF MF Impresso em 12/06/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 18/05/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 30/05/2012 por GERALDO VALENTIM NETO, Assinado d igitalmente em 08/06/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10932.000633/200905 Acórdão n.º 1202000.756 S1C2T2 Fl. 357 14 Receita Federal foi pacificada com a edição da Súmula CARF n° 4, nos seguintes termos: Súmula CARFnº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Diante disso, outra não pode ser a conclusão no presente caso, senão pela escorreita incidência dos juros moratórios sobre a multa de ofício lançada. Após tais considerações, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Viviane Vidal Wagner Fl. 13DF CARF MF Impresso em 12/06/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 18/05/2012 por VIVIANE VIDAL WAGNER, Assinado digitalmente em 30/05/2012 por GERALDO VALENTIM NETO, Assinado d igitalmente em 08/06/2012 por NELSON LOSSO FILHO
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Numero do processo: 13888.906866/2012-81
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 12 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jan 08 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/03/2008 a 31/03/2008
DESPACHO DECISÓRIO. NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA.
Demonstrados no despacho decisório eletrônico os fatos que ensejaram a não-homologação da compensação, informada a sua correta fundamentação legal e emitido por autoridade competente, é de se rejeitar a alegação de nulidade do despacho decisório por cerceamento de defesa.
AUSÊNCIA DE DILIGÊNCIA. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA.
Inexiste cerceamento de defesa quando o próprio contribuinte não requer a realização de diligência e o julgador de primeira instância não determina a sua realização por entender que os elementos que integram os autos são suficientes para a plena formação de convicção e, portanto, para que se proceda ao julgamento. A diligência fiscal não tem a finalidade de trazer aos autos as provas documentais que cabia ao sujeito passivo produzir.
COMPENSAÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO DO CONTRIBUINTE.
Pertence ao contribuinte o ônus de comprovar a certeza e a liquidez do crédito para o qual pleiteia compensação.
PROVA. APRECIAÇÃO INICIAL EM SEGUNDA INSTÂNCIA. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. LIMITES. PRECLUSÃO.
A apreciação de documentos não submetidos à autoridade julgadora de primeira instância é possível nas hipóteses previstas no art. 16, § 4º do Decreto nº 70.235/1972 e, excepcionalmente, quando visem à complementar instrução probatória já iniciada quando da interposição da manifestação de inconformidade.
Numero da decisão: 3002-000.530
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar suscitada no recurso e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Votou pelas conclusões a conselheira Maria Eduarda Alencar Câmara Simões.
(assinado digitalmente)
Larissa Nunes Girard Presidente e Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Larissa Nunes Girard (Presidente), Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Carlos Alberto da Silva Esteves e Alan Tavora Nem.
Nome do relator: LARISSA NUNES GIRARD
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dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/03/2008 a 31/03/2008 DESPACHO DECISÓRIO. NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Demonstrados no despacho decisório eletrônico os fatos que ensejaram a não-homologação da compensação, informada a sua correta fundamentação legal e emitido por autoridade competente, é de se rejeitar a alegação de nulidade do despacho decisório por cerceamento de defesa. AUSÊNCIA DE DILIGÊNCIA. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Inexiste cerceamento de defesa quando o próprio contribuinte não requer a realização de diligência e o julgador de primeira instância não determina a sua realização por entender que os elementos que integram os autos são suficientes para a plena formação de convicção e, portanto, para que se proceda ao julgamento. A diligência fiscal não tem a finalidade de trazer aos autos as provas documentais que cabia ao sujeito passivo produzir. COMPENSAÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO DO CONTRIBUINTE. Pertence ao contribuinte o ônus de comprovar a certeza e a liquidez do crédito para o qual pleiteia compensação. PROVA. APRECIAÇÃO INICIAL EM SEGUNDA INSTÂNCIA. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. LIMITES. PRECLUSÃO. A apreciação de documentos não submetidos à autoridade julgadora de primeira instância é possível nas hipóteses previstas no art. 16, § 4º do Decreto nº 70.235/1972 e, excepcionalmente, quando visem à complementar instrução probatória já iniciada quando da interposição da manifestação de inconformidade.
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COMPENSAÇÃO. Recorrente ELRING KLINGER DO BRASIL LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/03/2008 a 31/03/2008 DESPACHO DECISÓRIO. NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Demonstrados no despacho decisório eletrônico os fatos que ensejaram a nãohomologação da compensação, informada a sua correta fundamentação legal e emitido por autoridade competente, é de se rejeitar a alegação de nulidade do despacho decisório por cerceamento de defesa. AUSÊNCIA DE DILIGÊNCIA. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Inexiste cerceamento de defesa quando o próprio contribuinte não requer a realização de diligência e o julgador de primeira instância não determina a sua realização por entender que os elementos que integram os autos são suficientes para a plena formação de convicção e, portanto, para que se proceda ao julgamento. A diligência fiscal não tem a finalidade de trazer aos autos as provas documentais que cabia ao sujeito passivo produzir. COMPENSAÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO DO CONTRIBUINTE. Pertence ao contribuinte o ônus de comprovar a certeza e a liquidez do crédito para o qual pleiteia compensação. PROVA. APRECIAÇÃO INICIAL EM SEGUNDA INSTÂNCIA. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. LIMITES. PRECLUSÃO. A apreciação de documentos não submetidos à autoridade julgadora de primeira instância é possível nas hipóteses previstas no art. 16, § 4º do Decreto nº 70.235/1972 e, excepcionalmente, quando visem à complementar instrução probatória já iniciada quando da interposição da manifestação de inconformidade. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 90 68 66 /2 01 2- 81 Fl. 1047DF CARF MF Processo nº 13888.906866/201281 Acórdão n.º 3002000.530 S3C0T2 Fl. 1.048 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar suscitada no recurso e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Votou pelas conclusões a conselheira Maria Eduarda Alencar Câmara Simões. (assinado digitalmente) Larissa Nunes Girard – Presidente e Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Larissa Nunes Girard (Presidente), Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Carlos Alberto da Silva Esteves e Alan Tavora Nem. Relatório Trata o processo de declaração de compensação de crédito proveniente de pagamento a maior de PIS no valor de R$ 6.496,63, relativo ao período de apuração março/2008, para a quitação de débitos de CSLL (fls. 47 a 51). Por meio do despacho decisório à fl. 43, a Delegacia da Receita Federal em Piracicaba decidiu pela não homologação da declaração porque o Darf informado no PER/Dcomp havia sido utilizado integralmente na quitação de outros débitos, não restando crédito para a realização da compensação. A recorrente apresentou Manifestação de Inconformidade (fls. 2 a 7), na qual alegou, preliminarmente, a nulidade do despacho decisório por tratarse de decisão genérica, sem a devida motivação, o que caracterizaria o cerceamento ao contraditório e à ampla defesa. Quanto ao mérito, informou que ao proceder à revisão dos créditos das contribuições sociais no período de agosto/2006 a junho/2011, na sistemática nãocumulativa, constatou que não havia descontado créditos relativos às aquisições de bens e serviços utilizados como insumos na fabricação de produtos destinados à venda e relativos às despesas e custos incorridos com armazenagem e frete, decorrendo daí o pagamento indevido da PIS para o qual pleiteava compensação. Instruiu sua peça recursal com atos constitutivos e de representação da empresa, o Despacho Decisório, o Dacon retificador e o Per/Dcomp original (fls. 8 a 43). A Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Belo Horizonte proferiu o Acórdão nº 0256.392 (fls. 54 a 58), por meio do qual decidiu pela improcedência da manifestação de inconformidade, tendo em vista que o despacho decisório não incidiu em nenhuma hipótese que possibilitasse a decretação de sua nulidade e, em relação ao mérito, que a divergência entre os valores informados no Dacon e na DCTF afastavam a certeza do crédito. A decisão sustentouse, ainda, no fato de o contribuinte, a quem caberia o ônus da prova, não ter trazido aos autos documentação probatória, sendo insuficiente a retificação do Dacon, desacompanhada de documentos para suportar a alteração efetuada. O Acórdão foi assim ementado: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Fl. 1048DF CARF MF Processo nº 13888.906866/201281 Acórdão n.º 3002000.530 S3C0T2 Fl. 1.049 3 Data do fato gerador: 31/03/2008 DESPACHO DECISÓRIO. PRELIMINAR DE NULIDADE REJEITADA. Deve ser rejeitada a preliminar de nulidade, quando o Despacho Decisório contém a fundamentação legal e as informações e orientações necessárias ao exercício da plena defesa do contribuinte, e a tramitação do processo se dá em observância estrita ao rito do processo administrativo fiscal. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 31/03/2008 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. Não se admite a compensação se o contribuinte não comprovar a existência de crédito líquido e certo. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido O contribuinte tomou ciência do Acórdão proferido pela DRJ em 31.07.2014, conforme Aviso de Recebimento constante à fl. 60, e protocolizou seu Recurso Voluntário em 28.08.2014, conforme Termo de Solicitação de Juntada à fl. 61. Em seu recurso voluntário (fls. 62 a 72), o contribuinte retoma a alegação de nulidade por cerceamento do direito de defesa, agora tanto do despacho decisório quanto da decisão de primeira instância, configurado pela ausência de análise dos argumentos e da prova apresentada (Dacon retificador), bem como por não ter sido solicitada a realização de diligência ou de apresentação de novos documentos pela DRJ. Em relação ao mérito, repisa os argumentos da manifestação de inconformidade, sobre não ter tomado crédito relativo a despesas na prestação de serviços de ferramentaria, usinagem de peças e manutenção de máquinas; nos serviços de frete; e nas aquisições de peças para manutenção de máquinas e equipamentos. Defende a adoção de um conceito de insumo que seja sinônimo de custos de produção, ou seja, os gastos incorridos no processo de obtenção de bens e serviços colocados à venda. Juntou ao recurso voluntário, a título de prova, o Dacon original, notas fiscais de prestação de serviços de manutenção e venda/substituição de peças, emitidas por empresas diversas em março/2008, e Livro Diário, referente aos meses de março e abril/2008 (fls. 73 a 1.044). É o relatório. Voto Conselheira Larissa Nunes Girard Relatora Fl. 1049DF CARF MF Processo nº 13888.906866/201281 Acórdão n.º 3002000.530 S3C0T2 Fl. 1.050 4 O recurso voluntário é tempestivo, preenche os requisitos formais de admissibilidade, inclusive quanto à competência das Turmas Extraordinárias e, portanto, dele tomo conhecimento. Preliminar de Nulidade – Cerceamento de Defesa Na alegação de nulidade por cerceamento do direito de defesa, a recorrente defende que, em prol da verdade material, deveria a autoridade administrativa ter analisado os documentos juntados e solicitado novos documentos (e/ou diligência) para apurar mais alguma informação necessária para a decisão. Prossegue afirmando que a divergência entre Dacon e DCTF não seria motivo suficiente para o indeferimento do pedido, visto que a DCTF por si só não é garantia de liquidez ou certeza da compensação, motivo pelo o qual deveria o julgador ter procurado esclarecer a razão da divergência entre Dacon e DCTF, em uma análise mais cuidadosa da situação, e que o cerceamento se configura por não ter havido fundamentação baseada na análise dos documentos apresentados. De pronto, chama a atenção a inversão de papéis e responsabilidades pretendida pela recorrente. O que temos, de fato, ao longo de todo este processo, são falhas na atuação do contribuinte. Quando fez a transmissão da declaração de compensação, ela estava em desacordo tanto com o Dacon quanto com a DCTF. Ao se aperceber da divergência, providenciou a retificação apenas do Dacon, mas não da DCTF, que é uma declaração que tem o poder de uma confissão de dívida. Posteriormente, ao protocolar sua manifestação de inconformidade, mesmo sabedor do não provimento do seu pedido, não trouxe aos autos eventuais provas que pudesse ter sobre o montante do débito que considerava realmente devido. Limitouse a juntar o Dacon retificador, documento ao qual a DRJ já tinha acesso. E apenas agora, nesta fase, após a segunda negativa a seu pleito, junta as notas fiscais e o livro diário, ao mesmo tempo em que protesta contra a omissão da Administração Fazendária, que não teria se ocupado de produzir as provas que a ele caberia. É cediço que, nos casos de solicitação de restituição, compensação e ressarcimento de crédito contra a Fazenda Nacional, cabe ao contribuinte, aquele que alega o direito, o ônus da produção da prova. Tal entendimento, aplicado de forma pacífica nos diversos colegiados do Carf, sustentase no Decreto nº 7.574/2011, que regulamenta o processo de determinação e de exigência de créditos tributários da União. Por ele, vemos em seu art. 28 que cabe ao interessado a prova dos fatos que alega. Igualmente podemos nos socorrer do Código de Processo Civil, que estabelece em seu art. 373 que, quanto ao fato constitutivo de seu direito, o ônus da prova incumbe ao autor. Portanto, se o contribuinte não exerceu o seu direito no momento e na forma que deveria, não cabe inculpar a Administração por sua desatenção. O Decreto nº 70.235/1972 (PAF) estabelece que a manifestação de inconformidade deve conter os argumentos e provas necessários para a demonstração do que se alega, nos seguintes termos: Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. Art. 16. A impugnação mencionará: I a autoridade julgadora a quem é dirigida; Fl. 1050DF CARF MF Processo nº 13888.906866/201281 Acórdão n.º 3002000.530 S3C0T2 Fl. 1.051 5 II a qualificação do impugnante; III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito; V se a matéria impugnada foi submetida à apreciação judicial, devendo ser juntada cópia da petição. § 1º Considerarseá não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16. (grifado) Fica claro pelo texto legal que a recorrente deveria ter produzido as provas quando apresentou sua impugnação/manifestação de inconformidade. No que tange à reclamação pela ausência de diligência, deve ser esclarecido que se trata de procedimento facultativo, disponível para o julgador quando há dúvida substancial, que deve ser sanada para que seja possível a tomada de decisão, nos termos do que dispõe o PAF em seu art. 18, in verbis: Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o disposto no art. 28, in fine. (grifado) Segundo se depreende do voto do Acórdão da DRJ, não houve qualquer incerteza que justificasse a determinação de ofício de realização de diligência. Como, de sua parte, o contribuinte também não solicitou o procedimento, possibilidade prevista no PAF, não cabe reclamar do julgador que entendeu existirem elementos suficientes para a decisão e assim a proferiu. Cabem ainda algumas considerações sobre o PER/Dcomp e o despacho decisório. A declaração de compensação (Per/Dcomp) que se analisa teve tratamento eletrônico, que consiste no cruzamento dos dados informados pelo contribuinte em suas declarações, em busca de se encontrar, ao menos, consistência e coerência nas informações, de modo a permitir o deferimento do pleito. Essa sistemática visa ao processamento rápido de um número expressivo de compensações, o que não se alcança com a análise manual. De se ressaltar que esse batimento de dados não é apto para verificar a fidedignidade contidos nas declarações, mas tão somente a coerência entre eles, de tal forma que o mínimo que se exige do contribuinte nesta fase é que preste a mesma informação em sua declaração de compensação e em sua DCTF. Caso se constate divergência, a compensação é indeferida e o contribuinte tem a oportunidade de apresentar explicações e documentos que irão demonstrar o seu direito ao crédito. Portanto, ainda que a verificação eletrônica consista em um procedimento pré Fl. 1051DF CARF MF Processo nº 13888.906866/201281 Acórdão n.º 3002000.530 S3C0T2 Fl. 1.052 6 estabelecido e limitado, de forma alguma o direito de argumentar, explicar ou se defender é reduzido ou retirado do contribuinte. Fazse necessário, ainda, o esclarecimento sobre o propósito e alcance de cada declaração, aspectos que a recorrente trata com impropriedade e tenta utilizar como forma de desacreditar as decisões. A Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF) constitui confissão de dívida, instrumento hábil e suficiente para a cobrança administrativa, conforme dispõe o DecretoLei nº 2.124/1984, sendo enviada para inscrição na Divida Ativa da União em caso de não liquidação dos débitos, e, por isso, é a declaração que a Receita Federal utiliza em suas verificações. O Dacon, por sua vez, é mero demonstrativo da apuração das contribuições sociais, prestandose a detalhar para a Receita Federal como o contribuinte encontrou o valor declarado em DCTF e auxiliar a fiscalização. O Dacon não tem o mesmo status jurídico da DCTF. Por esse motivo, o que consta no Dacon é indício de direito, mas não prova, não havendo qualquer mácula na fundamentação da decisão de primeira instância quando afirma que a retificação de Dacon, destituída de documentos que comprovem a redução do débito não faz prova do direito creditório. Nestes autos, ocorre que, no momento da emissão do despacho decisório, a Receita Federal dispunha de uma declaração de débito de PIS no valor de R$ 117.936,51 (DCTF), ao passo que na declaração de compensação o contribuinte afirmava ser o débito inferior, de apenas R$ 83.500,06, e que poderia utilizar a diferença para compensar débitos de CSLL. Logo, a não homologação da compensação está plenamente justificada pela utilização integral do Darf para quitar os débitos de PIS confessados em DCTF e não padece de nenhum vício que possa acarretar a sua nulidade. Igualmente descabido é o argumento de que a DRJ teria ignorado as alegações e argumentos juntados pela recorrente, sem considerálos em sua decisão. A leitura do voto é suficiente para demonstrar o que se afirma e, por isso, transcrevo a parte final do acórdão recorrido: No caso, o recorrente não comprova erro que possa alterar o fundamento do despacho decisório. Na falta de comprovação do erro, a divergência entre os valores informados em Dacon e DCTF afasta a certeza do crédito e é razão suficiente para o indeferimento do pedido de restituição ou da compensação. Nesse ponto, cabe assinalar que a simples indicação de supostos valores corretos em Dacon retificador ou em demonstrativo integrante da manifestação de inconformidade não é suficiente para comprovar erro nas informações prestadas originalmente na DCTF, de forma a evidenciar a existência de pagamento indevido ou a maior no período considerado e atestar a certeza e liquidez do crédito. Para melhor ilustrar os fatos acima relatados, as verificações efetuadas nos sistemas da RFB e nos autos desse processo podem ser assim consolidadas: Fl. 1052DF CARF MF Processo nº 13888.906866/201281 Acórdão n.º 3002000.530 S3C0T2 Fl. 1.053 7 Dessa maneira, concluo que não há vício nas decisões que integram este processo, pois estão fundamentadas, foram proferidas por autoridades competentes, os prazos e ciências foram respeitados, os argumentos e o único documento pertinente juntado à manifestação de inconformidade foi analisado. Ademais, e tratase de aspecto elementar para a caracterização do cerceamento de defesa, pelo conteúdo das peças recursais, vêse que o sujeito passivo compreendeu perfeitamente o motivo da denegação do seu pedido. Pelo o exposto, afasto a preliminar de nulidade por cerceamento de defesa. Mérito Tendo compreendido que a mera retificação do Dacon, desacompanhada de documentação que justificasse a redução do débito confessado, não era suficiente para demonstrar o direito, a recorrente traz aos autos provas documentais, pela primeira vez, na fase de recurso voluntário. E requer a sua apreciação, sem maiores considerações sobre o fato de fazêlo intempestivamente. Sobre esse ponto, então, irá residir o cerne deste julgamento. A compensação somente pode ser concedida para créditos líquidos e certos, conforme estabelece o art. 170 do Código Tributário Nacional, e, como já mencionado, que a demonstração da certeza e liquidez nos casos de compensação é ônus que recai sobre o requerente. Assim sendo, para que a Receita Federal autorize a compensação, deve a recorrente demonstrar de forma inequívoca seu crédito, por meio de alegações e provas, e o momento de fazêlo é quando da apresentação da manifestação de inconformidade, em obediência ao Decreto nº 70.235/1972, que assim instituiu: Art. 16. A impugnação mencionará: (...) III os motivos de fato e de direito em que se fundamentar, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (...) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; Fl. 1053DF CARF MF Processo nº 13888.906866/201281 Acórdão n.º 3002000.530 S3C0T2 Fl. 1.054 8 b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidos aos autos. § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. (grifado) Do exposto, extraímos que a recorrente deveria ter juntado a documentação necessária para comprovar o seu direito quando decidiu recorrer do despacho decisório. Foi aí que se iniciou o contencioso e foram definidos os limites desta lide. A apresentação da manifestação de inconformidade é momento crucial no processo administrativo fiscal. O que é trazido pelo sujeito passivo a título de razões e provas define a natureza e a extensão da controvérsia que, regra geral, só deveria alcançar este Conselho após a apreciação da matéria pela primeira instância. Ao admitir o início da produção de provas em fase de recurso voluntário, suprimimos o exame da matéria pelo colegiado a quo, de fato, uma supressão de instância, em desfavor do contraditório e do rito processual estabelecido no referido Decreto. Consoante ainda o art. 16, transcrito acima, preclui o direito da recorrente de fazer prova em momento posterior à apresentação da manifestação de inconformidade, exceto se demonstrada a impossibilidade de fazêlo tempestivamente por motivo de força maior ou a existência de novos fatos ou razões, ocorridos ou trazidos aos autos após a juntada da manifestação. Ainda sobre a entrega extemporânea de documentos, dita o comando que tal solicitação deve ocorrer mediante petição fundamentada, na qual fique demonstrada a ocorrência de alguma das exceções. Conforme já abordado, no momento do despacho decisório havia informação discrepante sobre o real débito de PIS, prestada pelo próprio contribuinte, que desconsiderou que a redução de débitos confessados em DCTF deveria estar amparada por documentos fiscais e contábeis, hábeis a comprovála, como determina o art. 147 do CTN: Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. § 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. (grifado) Por esse motivo as instruções normativas da Receita Federal que disciplinavam o Dacon, já extinto, determinavam que a pessoa jurídica que retificasse esse Demonstrativo deveria também apresentar DCTF retificadora, confirmando a concepção de que o conteúdo do Dacon pode ser indício de direito, mas não faz prova. É pacífico neste Colegiado que a ausência de retificação da DCTF pode ser superada pela comprovação do direito ao crédito por meio de documentos fiscais e contábeis Fl. 1054DF CARF MF Processo nº 13888.906866/201281 Acórdão n.º 3002000.530 S3C0T2 Fl. 1.055 9 hábeis e suficientes, mas a manifestação de inconformidade foi instruída apenas com a retificadora do Dacon, que não tem valor de prova, e agora foram juntadas notas fiscais e o livro díário, sem justificativa para a apresentação tardia dessa documentação. Incontestável que a situação não se enquadra em nenhuma das alíneas do § 4º do art. 16 do Decreto e está configurada, por consequência, a preclusão temporal. Há de se ponderar, todavia, que a ocorrência de determinadas especificidades permitiria ao julgador conhecer da prova apresentada intempestivamente, em prol da verdade material, que é um princípio caro ao processo administrativo fiscal, mas não absoluto, como muitas vezes se pretende. Deve o julgador procurar o equilíbrio com os demais princípios, em especial como os princípios da legalidade e do devido processo legal, principalmente porque se trata de afastar a aplicação de um dispositivo legal que determina expressamente a preclusão. Para tanto, é requisito que o contribuinte tenha exercido seu papel de tentar demonstrar o direito quando devido, ou seja, na interposição da manifestação de inconformidade. Nesse contexto, as provas apresentadas com o recurso voluntário poderiam ser conhecidas com o objetivo de esclarecer um ponto obscuro, complementar uma demonstração já iniciada ou reforçar o valor do que foi anteriormente apresentado, algo próprio do desenvolvimento da marcha processual. O que se configura inadmissível é a invocação da busca da verdade material com vistas a propiciar ao recorrente a oportunidade de suprir sua própria omissão em fase anterior, que é o que ocorre nestes autos. Tal entendimento é o que prevalece atualmente em diversos colegiados no Carf. A ver os Acórdãos seguintes, todos proferidos em julgamentos realizados em 2018: nº 3201003.476 do conselheiro Marcelo Vieira e nº 1302002.731 do conselheiro Flávio Dias, representativos de decisões em Turmas Ordinárias de diferentes Seções de Julgamento, bem como o Acórdão nº 9303007.555, do conselheiro Luiz Eduardo Santos, nº 9303006.241, da conselheira Vanessa Cecconello, e nº 9303007.334, do conselheiro Demes Brito, todos da 3ª Seção da Câmara Superior de Recursos Fiscais. Transcrevese, a título complementar, as razões de decidir da conselheira relatora Vanessa Cecconello no Acórdão nº 9303006.241, pela pertinência no presente caso: Esclareçase não se estar privilegiando o formalismo exacerbado em detrimento do princípio da verdade material, norteador do processo administrativo fiscal. Ocorre que não ficou demonstrada no caso em exame qualquer das hipóteses autorizadoras do acolhimento das provas apresentadas somente na fase recursal, quais sejam: (a) impossibilidade de apresentação oportuna, por força maior; (b) sejam referentes a fato ou a direito supervenientes ou, ainda, (c) destinemse a contrapor fatos ou razões posteriormente veiculados nos autos. Somese aos fundamentos até aqui expendidos, que, conforme consignado no acórdão recorrido, mesmo sendo admitidos os documentos fiscais e contábeis trazidos pelo Sujeito Passivo em sede de recurso voluntário, não seriam suficientes para comprovar a certeza e a liquidez do indébito tributário. Por conseguinte, demandaria a reabertura da fase de instrução do processo para que a Contribuinte colacionasse aos autos outras provas complementares, as quais provavelmente estavam em seu Fl. 1055DF CARF MF Processo nº 13888.906866/201281 Acórdão n.º 3002000.530 S3C0T2 Fl. 1.056 10 poder quando da apresentação da manifestação de inconformidade, providência incabível, nesse caso, em sede de recurso. Admitirseia a análise de argumentos e provas novas se os mesmos tivessem sido apresentados com a manifestação de inconformidade e, somente no julgamento da mesma por meio de acórdão, tivessem sido considerados por insuficientes. Nessa hipótese, em prol da busca da verdade real dos fatos e demonstrando, a empresa, o intuito de comprovar o seu direito ao crédito pleiteado, poderseia acolher a complementação das alegações e do conjunto probatório trazido ao processo. Nesse diapasão, os argumentos e provas não trazidos em sede de manifestação de inconformidade, mas tão somente em sede de recurso voluntário e não comprovada a ocorrência de uma das hipóteses do art. 16, §4º do Decreto 70.235/72, são considerados preclusos, não podendo ser analisados por este Conselho em sede recursal. Diante do exposto, negase provimento ao recurso especial do Contribuinte. (grifado) Pelo o exposto, uma vez não caracterizada a ocorrência de nenhuma das hipóteses previstas no § 4º do art. 16 do Decreto nº 70.235/1972, concluo por precluso o direito de produzir provas e não conheço da documentação juntada aos autos. Com essas considerações, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Larissa Nunes Girard Fl. 1056DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11516.002743/2004-62
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 11 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Dec 31 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2001
RETIFICAÇÃO DE DECLARAÇÃO DE AJUSTE APÓS O LANÇAMENTO. IMPOSSIBILIDADE.
A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento.
Numero da decisão: 2002-000.608
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente
(assinado digitalmente)
Mônica Renata Mello Fereira Stoll - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Mônica Renata Mello Fereira Stoll, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil.
Nome do relator: MONICA RENATA MELLO FERREIRA STOLL
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IMPOSSIBILIDADE. A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Presidente (assinado digitalmente) Mônica Renata Mello Fereira Stoll Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Mônica Renata Mello Fereira Stoll, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 51 6. 00 27 43 /2 00 4- 62 Fl. 75DF CARF MF 2 Relatório Tratase de Auto de Infração (efls. 10/17) lavrado em nome do sujeito passivo acima identificado, decorrente de procedimento de revisão de sua Declaração de Ajuste Anual do exercício 2001, onde se apurou: Rendimentos Indevidamente Considerados como Isentos por Moléstia Grave e Dedução Indevida de Imposto de Renda Retido na Fonte IRRF. O contribuinte apresentou impugnação (efls. 02/05), cujas alegações foram sintetizadas no relatório do acórdão recorrido (efls. 49): Inconformado com o lançamento, o contribuinte apresenta a impugnação de folhas 1 a 3, na qual alega que: a) parte de seus rendimentos é de aposentadoria e, como é portador de moléstia grave, tais rendimentos, no valor de R$ 1.909,33, são isentos do Imposto de Renda Retido na Fonte, conforme Comprovante de Rendimentos Pagos e de Imposto de Renda na Fonte, à folha 20. b) parte de seus rendimentos são de aluguel, sendo que a fonte pagadora reteve R$ 2.796,52 a título de IRRF, conforme DIRF entregue em 29 de setembro de 2004. O contribuinte alega, ainda, que a jurisprudência é pacífica quando comprovado erro no preenchimento da declaração de rendimentos ser admissível sua retificação, ainda que após o lançamento suplementar do imposto. O contribuinte cita, ainda, jurisprudência do Primeiro Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda, em sua defesa. Por fim, o contribuinte concorda com o IRPFSuplementar no valor de R$ 2.106,41, conforme Declaração de Ajuste Anual Simplificada, às folhas 23 a 25. O lançamento foi julgado procedente em parte pela 4ª Turma da DRJ/FNS (e fls. 48/52), a qual manteve apenas parte dos rendimentos tributáveis apurados pela autoridade fiscal. Cientificado da decisão de piso em 05/06/2009 (efls. 56), o interessado ingressou com Recurso Voluntário em 06/07/2009 (efls. 58/60) com os argumentos a seguir sintetizados. Expõe que utilizou a declaração completa, mas a mesma não contemplou as despesas legais dedutíveis. Insurgese contra a alegação dos julgadores de primeira instância de que após o lançamento de ofício não há como autorizar a retificação da DIRPF. Defende que o Conselho de Contribuintes vem mantendo pacífica jurisprudência de que, comprovado o erro no preenchimento da declaração de rendimentos, é admissível a sua retificação, ainda que após o lançamento suplementar do imposto. Entende que, como a declaração foi entregue pelo modelo completo, deve o fiscal considerar o direito de o contribuinte lançar as despesas com dependentes (Cléa Maria Fl. 76DF CARF MF Processo nº 11516.002743/200462 Acórdão n.º 2002000.608 S2C0T2 Fl. 76 3 Koerich 24/01/1953, Enzo Irineu Koerich 29/09/1979 e Kênia Maria Koerich 24/01/1953) e de instrução (Enzo Irineu Koerch R$ 3.256,73 e Kênia Cléa Koerich R$ 2.795,17). Voto Conselheira Mônica Renata Mello Ferreira Stoll Relatora O recurso é tempestivo e reúne os requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. No caso em tela o acórdão recorrido restabeleceu integralmente a dedução de IRRF considerada indevida no lançamento e acatou a isenção de parte dos rendimentos classificados como tributáveis pela fiscalização, negando, contudo, a solicitação de retificação da Declaração de Ajuste com a inclusão do desconto simplificado (efls. 48/52). Em seu Recurso Voluntário (efls. 58/60) o contribuinte reitera que houve erro no preenchimento de sua declaração e defende que teria direito à retificação da mesma, solicitando, uma vez que negado o desconto simplificado pela DRJ, a inclusão das deduções de dependentes e de instrução por ele listadas. Nesse ponto, cabe observar o disposto no art. 57 da Instrução Normativa SRF nº 15 de 2001, vigente à época: Art. 57. Após o prazo previsto para a entrega da declaração, não será admitida retificação que tenha por objetivo a troca de modelo. Assim, tendo em vista que o recorrente apresentou declaração no modelo completo para o ano calendário 2000, correta a decisão da primeira instância em negar a inclusão do desconto simplificado solicitado. Cumpre esclarecer, ainda, que a competência deste Colegiado situase dentro dos estritos limites da matéria litigiosa, não cabendo a ele efetuar alterações em valores que não compõem a lide. A inclusão de deduções não informadas na declaração em exame, que não foram objeto da autuação e portanto não fazem parte do litígio, representaria retificação após o início da ação fiscal, procedimento expressamente vetado pela legislação pertinente, nos termos do art. 147, § 1º, do Código Tributário Nacional CTN. Vale lembrar que a inclusão de deduções na Declaração de Ajuste é uma opção que deve ser exercida em época própria, não restando caracterizada a ocorrência de erro de preenchimento passível de saneamento quando estas não são consignadas por descuido ou desconhecimento do contribuinte. Ressaltese que a responsabilidade pelas informações contidas na Declaração de Ajuste Anual pertence exclusivamente ao titular da mesma. Em vista do exposto, voto por conhecer do Recurso Voluntário e, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Mônica Renata Mello Ferreira Stoll Fl. 77DF CARF MF 4 Fl. 78DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11080.908329/2013-17
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Nov 19 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 1402-000.734
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, sobrestar o presente julgamento deste processo até prolatação de Acórdão meritório definitivo, nesta mesma instância do CARF nos autos do processo nº 11080.901050/2010-60, vencido o Conselheiro Leonardo Luis Pagano Gonçalves que votou pelo sobrestamento até decisão definitiva no âmbito administrativo.
(assinado digitalmente)
Paulo Mateus Ciccone - Presidente Substituto.
(assinado digitalmente)
Caio Cesar Nader Quintella - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogerio Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edeli Pereira Bessa, Leonardo Luis Pagano Goncalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Paulo Mateus Ciccone (Presidente Substituto).
Relatório
Trata-se de Recurso Voluntário (fls. 1093 a 1112) interposto contra v. Acórdão (fls. 1071 a 1082) proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de Fortaleza/CE, que negou provimento à Manifestação de Inconformidade apresentada pela Contribuinte (fls. 02 a 150), mantendo o r. Despacho Decisório (fls. 1436) que expressamente deixou de reconhecer, parcialmente, o suposto crédito de IRPJ oriundo de saldo negativo do ano-calendário de 2007.
Em resumo, a parcela ainda controversa do crédito pretendido por meio da PER/DCOMP nº 12563.78562.301009.1.3.02-1109 refere-se a R$ 1.142.093,59, dividido entre o não reconhecimento de R$ 13.585,98 de IRRF do período e R$ 1.128.507,61 relativos a estimativa compensada.
A retenção de IRRF é referente a tomada de serviços de propaganda e a estimativa refere-se ao adiantamento de IRPJ do mês de dezembro de 2007, saldado com compensação de crédito de IPI, que não fora inicialmente homologada.
Já o valor da estimativa de dezembro de 2007 teria sido saldado por meio de compensação com crédito de pagamentos de IPI, igualmente não homologada, que é objeto do processo administrativo nº 11080.901050/2010-60, ainda não findado.
Por muito bem resumir o início da lide, adota-se a seguir trechos do preciso relatório elaborado pela DRJ a quo:
Tem-se no presente o Despacho Decisório nº de rastreamento 067692158, fl. 1047, tratando-se de ato administrativo que reconheceu de forma parcial o direito creditório evidenciado no PER/DCOMP nº 12563.78562.301009.1.3.02-1109, fls. 1053/1066, concernente ao saldo negativo de IRPJ do ano-calendário 2007, exercício 2008, o que se deu na forma a seguir reproduzida:
A pessoa jurídica postulou o crédito de R$ 2.014.551,60, enquanto o valor reconhecido foi de apenas R$ 872.458,01. A diferença se deu em razão da confirmação apenas parcial das retenções na fonte, assim como das estimativas informadas pela interessada, tudo conforme abaixo quantificado:
Retenções na Fonte: R$ 20.989,66 (valor informado) R$ 7.403,68 (valor reconhecido) = R$ 13.585,98 (valor não reconhecido)
Estimativas: R$ 9.986.990,98 (valor informado) R$ 8.858.483,37 (valor reconhecido) = R$ 1.128.507,61 (valor não reconhecido)
Dessa forma, o crédito reconhecido foi insuficiente para compensar integralmente os débitos informados no PER/DCOMP, razão pela qual a compensação informada pelo sujeito passivo foi homologada de modo parcial, restando exigível a seguinte parcela:
R$ 986.685,48 + R$ 197.337,09 + R$ 536.259,76 = R$ 1.720.282,33 (total exigido)
A pessoa jurídica foi notificada da decisão administrativa em 11/11/2013, fl. 1067.
Não satisfeita com o que foi deliberado, em 03/12/2013 a interessada apresentou a sua manifestação de inconformidade, fls. 02/30, documento em que teceu as considerações a seguir apresentadas:
[...] a discussão destes autos refere-se a dois pontos: (a) ao não reconhecimento da estimativa-IRPJ de dezembro/2007; e (b) não reconhecimento de parte das retenções na fonte informada. Ocorre que tal pagamento, feito via DCOMP, já está sendo discutido administrativamente no Processo Administrativo nº 11080.901050/2010-60, onde foi proferido Despacho Decisório (em 2011, posteriormente às compensações aqui discutidas, que datam de 2009) negando a compensação de créditos de IPI com o débito estimativa 12/2007 da DCOMP nº 32852.07322.310108.1.3.01-6910, conforme restará demonstrado a seguir e consoante se verifica pela cópia anexa (Doc. 06 da manifestação de inconformidade).
A falta de reconhecimento do direito creditório mostra-se precoce e indevida, uma vez que há manifestação de inconformidade e recurso voluntário apresentados pela empresa no processo administrativo nº 11080.901050/2010-60, em que se discute justamente a compensação que quitou a estimativa de IRPJ de dezembro de 2007 com saldos credores de IPI, e tais recursos possuem efeito suspensivo, conforme teor do art. 151, III, do CTN. Ante o argumento apresentado, afirmou que se faz necessária a suspensão do presente processo até a conclusão do julgamento do Recurso Voluntário do Processo Administrativo nº 11080.901050/2010-60 que trata da existência dos créditos de IPI utilizados na compensação para pagamento da estimativa de IRPJ para o mês de dezembro de 2007 e que, por sua vez, trata indiretamente do montante de Saldo Negativo de IRPJ para o ano de 2007 ou, caso não seja este o entendimento desta R. Delegacia, seja o despacho decisório ora combatido inteiramente reformado para fins de homologar as compensações realizadas pela Contribuinte, com base na total procedência da compensação que quitou a estimativa de IRPJ de dezembro de 2007 e formou o saldo negativo de IRPJ para aquele ano no exato valor declarado pela empresa na DIPJ e na DCOMP. Assegurou, ainda, que as retenções não reconhecidas pela fiscalização devem também ser revertidas.
Prosseguindo, passou a discorrer de maneira mais aprofundada sobre as duas alternativas acima apresentadas, ou seja, a suspensão do presente processo administrativo até o efetivo julgamento do processo administrativo nº 11080.901050/2010-60 (item III, fls. 06/11), ou, caso não seja este o entendimento deste órgão julgador, o imediato reconhecimento do saldo negativo de IRPJ do ano-calendário 2007 (item IV, fls. 11/28).
No que se relaciona às retenções na fonte não reconhecidas pela autoridade administrativa, anuiu possuir razão a fiscalização, quanto a retenção do código 1708, em que não foi confirmada a pequena parcela de R$ 64,95. Quanto às demais, informou haver juntado documentos intitulados Comprovante Anual de Imposto de Renda Recolhido, os quais, a seu ver, possuem a capacidade de comprovar que as retenções não reconhecidas pela fiscalização foram efetivamente realizadas.
É o que se tem a relatar.
Processada a Defesa, foi proferido pela 3ª Turma da DRJ/FOR o v. Acórdão, ora recorrido, negando provimento às razões apresentadas, mantendo o r. Despacho Decisório recorrido:
ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007
SALDO NEGATIVO. NÃO RECONHECIMENTO DO CRÉDITO. ESTIMATIVA COMPENSADA. NÃO HOMOLOGAÇÃO OU HOMOLOGAÇÃO PARCIAL DA COMPENSAÇÃO. QUESTÃO PENDENTE DE JULGAMENTO. AUSÊNCIA DOS ATRIBUTOS DE CERTEZA E DE LIQUIDEZ.
A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública. Ausentes os atributos de certeza e de liquidez, dada a inexistência de decisão administrativa definitiva, a respeito do direito creditório utilizado na compensação da estimativa, não há como se reconhecer o direito creditório pertinente ao saldo negativo.
ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE - IRRF
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007
SERVIÇOS DE PROPAGANDA E PUBLICIDADE. IRRF. APROPRIAÇÃO NA APURAÇÃO DO SALDO NEGATIVO. GLOSA. APRESENTAÇÃO DOS COMPROVANTES ANUAIS.
O IRRF incidente sobre rendimentos decorrentes dos serviços de propaganda e publicidade somente poderá ser considerado na apuração do saldo negativo do período pela pessoa jurídica prestadora dos serviços contratados. Quanto à empresa contratante, é estabelecida a prerrogativa de deduzir as despesas incorridas com a publicidade, desde que observadas as condicionantes estabelecidas pela legislação do imposto de renda, quando da apuração do tributo, o que corresponde a um momento anterior ao cálculo do saldo negativo do período.
Manifestação de Inconformidade Improcedente
Direito Creditório Não Reconhecido
Diante de tal revés, foi interposto o Recurso Voluntário, em suma, trazendo as mesmas alegações de Impugnação, nada versando sobre o IRRF, explicando a origem do crédito utilizado na compensação sobre análise, requerendo a homologação da compensação pretendida e, subsidiariamente, a suspensão do feito.
Na sequência, os autos foram encaminhados para este Conselheiro relatar e votar.
É o relatório.
Nome do relator: CAIO CESAR NADER QUINTELLA
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Acórdão (fls. 1071 a 1082) proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de Fortaleza/CE, que negou provimento à Manifestação de Inconformidade apresentada pela Contribuinte (fls. 02 a 150), mantendo o r. Despacho Decisório (fls. 1436) que expressamente deixou de reconhecer, parcialmente, o suposto crédito de IRPJ oriundo de saldo negativo do ano-calendário de 2007. Em resumo, a parcela ainda controversa do crédito pretendido por meio da PER/DCOMP nº 12563.78562.301009.1.3.02-1109 refere-se a R$ 1.142.093,59, dividido entre o não reconhecimento de R$ 13.585,98 de IRRF do período e R$ 1.128.507,61 relativos a estimativa compensada. A retenção de IRRF é referente a tomada de serviços de propaganda e a estimativa refere-se ao adiantamento de IRPJ do mês de dezembro de 2007, saldado com compensação de crédito de IPI, que não fora inicialmente homologada. Já o valor da estimativa de dezembro de 2007 teria sido saldado por meio de compensação com crédito de pagamentos de IPI, igualmente não homologada, que é objeto do processo administrativo nº 11080.901050/2010-60, ainda não findado. Por muito bem resumir o início da lide, adota-se a seguir trechos do preciso relatório elaborado pela DRJ a quo: Tem-se no presente o Despacho Decisório nº de rastreamento 067692158, fl. 1047, tratando-se de ato administrativo que reconheceu de forma parcial o direito creditório evidenciado no PER/DCOMP nº 12563.78562.301009.1.3.02-1109, fls. 1053/1066, concernente ao saldo negativo de IRPJ do ano-calendário 2007, exercício 2008, o que se deu na forma a seguir reproduzida: A pessoa jurídica postulou o crédito de R$ 2.014.551,60, enquanto o valor reconhecido foi de apenas R$ 872.458,01. A diferença se deu em razão da confirmação apenas parcial das retenções na fonte, assim como das estimativas informadas pela interessada, tudo conforme abaixo quantificado: Retenções na Fonte: R$ 20.989,66 (valor informado) R$ 7.403,68 (valor reconhecido) = R$ 13.585,98 (valor não reconhecido) Estimativas: R$ 9.986.990,98 (valor informado) R$ 8.858.483,37 (valor reconhecido) = R$ 1.128.507,61 (valor não reconhecido) Dessa forma, o crédito reconhecido foi insuficiente para compensar integralmente os débitos informados no PER/DCOMP, razão pela qual a compensação informada pelo sujeito passivo foi homologada de modo parcial, restando exigível a seguinte parcela: R$ 986.685,48 + R$ 197.337,09 + R$ 536.259,76 = R$ 1.720.282,33 (total exigido) A pessoa jurídica foi notificada da decisão administrativa em 11/11/2013, fl. 1067. 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A falta de reconhecimento do direito creditório mostra-se precoce e indevida, uma vez que há manifestação de inconformidade e recurso voluntário apresentados pela empresa no processo administrativo nº 11080.901050/2010-60, em que se discute justamente a compensação que quitou a estimativa de IRPJ de dezembro de 2007 com saldos credores de IPI, e tais recursos possuem efeito suspensivo, conforme teor do art. 151, III, do CTN. Ante o argumento apresentado, afirmou que se faz necessária a suspensão do presente processo até a conclusão do julgamento do Recurso Voluntário do Processo Administrativo nº 11080.901050/2010-60 que trata da existência dos créditos de IPI utilizados na compensação para pagamento da estimativa de IRPJ para o mês de dezembro de 2007 e que, por sua vez, trata indiretamente do montante de Saldo Negativo de IRPJ para o ano de 2007 ou, caso não seja este o entendimento desta R. Delegacia, seja o despacho decisório ora combatido inteiramente reformado para fins de homologar as compensações realizadas pela Contribuinte, com base na total procedência da compensação que quitou a estimativa de IRPJ de dezembro de 2007 e formou o saldo negativo de IRPJ para aquele ano no exato valor declarado pela empresa na DIPJ e na DCOMP. Assegurou, ainda, que as retenções não reconhecidas pela fiscalização devem também ser revertidas. Prosseguindo, passou a discorrer de maneira mais aprofundada sobre as duas alternativas acima apresentadas, ou seja, a suspensão do presente processo administrativo até o efetivo julgamento do processo administrativo nº 11080.901050/2010-60 (item III, fls. 06/11), ou, caso não seja este o entendimento deste órgão julgador, o imediato reconhecimento do saldo negativo de IRPJ do ano-calendário 2007 (item IV, fls. 11/28). No que se relaciona às retenções na fonte não reconhecidas pela autoridade administrativa, anuiu possuir razão a fiscalização, quanto a retenção do código 1708, em que não foi confirmada a pequena parcela de R$ 64,95. Quanto às demais, informou haver juntado documentos intitulados Comprovante Anual de Imposto de Renda Recolhido, os quais, a seu ver, possuem a capacidade de comprovar que as retenções não reconhecidas pela fiscalização foram efetivamente realizadas. É o que se tem a relatar. Processada a Defesa, foi proferido pela 3ª Turma da DRJ/FOR o v. Acórdão, ora recorrido, negando provimento às razões apresentadas, mantendo o r. Despacho Decisório recorrido: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007 SALDO NEGATIVO. NÃO RECONHECIMENTO DO CRÉDITO. ESTIMATIVA COMPENSADA. NÃO HOMOLOGAÇÃO OU HOMOLOGAÇÃO PARCIAL DA COMPENSAÇÃO. QUESTÃO PENDENTE DE JULGAMENTO. AUSÊNCIA DOS ATRIBUTOS DE CERTEZA E DE LIQUIDEZ. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública. Ausentes os atributos de certeza e de liquidez, dada a inexistência de decisão administrativa definitiva, a respeito do direito creditório utilizado na compensação da estimativa, não há como se reconhecer o direito creditório pertinente ao saldo negativo. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE - IRRF Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007 SERVIÇOS DE PROPAGANDA E PUBLICIDADE. IRRF. APROPRIAÇÃO NA APURAÇÃO DO SALDO NEGATIVO. GLOSA. APRESENTAÇÃO DOS COMPROVANTES ANUAIS. O IRRF incidente sobre rendimentos decorrentes dos serviços de propaganda e publicidade somente poderá ser considerado na apuração do saldo negativo do período pela pessoa jurídica prestadora dos serviços contratados. Quanto à empresa contratante, é estabelecida a prerrogativa de deduzir as despesas incorridas com a publicidade, desde que observadas as condicionantes estabelecidas pela legislação do imposto de renda, quando da apuração do tributo, o que corresponde a um momento anterior ao cálculo do saldo negativo do período. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Diante de tal revés, foi interposto o Recurso Voluntário, em suma, trazendo as mesmas alegações de Impugnação, nada versando sobre o IRRF, explicando a origem do crédito utilizado na compensação sobre análise, requerendo a homologação da compensação pretendida e, subsidiariamente, a suspensão do feito. Na sequência, os autos foram encaminhados para este Conselheiro relatar e votar. É o relatório.
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Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, sobrestar o presente julgamento deste processo até prolatação de Acórdão meritório definitivo, nesta mesma instância do CARF nos autos do processo nº 11080.901050/201060, vencido o Conselheiro Leonardo Luis Pagano Gonçalves que votou pelo sobrestamento até decisão definitiva no âmbito administrativo. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Presidente Substituto. (assinado digitalmente) Caio Cesar Nader Quintella Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogerio Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edeli Pereira Bessa, Leonardo Luis Pagano Goncalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Paulo Mateus Ciccone (Presidente Substituto). RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 10 80 .9 08 32 9/ 20 13 -1 7 Fl. 1118DF CARF MF Processo nº 11080.908329/201317 Resolução nº 1402000.734 S1C4T2 Fl. 1.119 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário (fls. 1093 a 1112) interposto contra v. Acórdão (fls. 1071 a 1082) proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de Fortaleza/CE, que negou provimento à Manifestação de Inconformidade apresentada pela Contribuinte (fls. 02 a 150), mantendo o r. Despacho Decisório (fls. 1436) que expressamente deixou de reconhecer, parcialmente, o suposto crédito de IRPJ oriundo de saldo negativo do anocalendário de 2007. Em resumo, a parcela ainda controversa do crédito pretendido por meio da PER/DCOMP nº 12563.78562.301009.1.3.021109 referese a R$ 1.142.093,59, dividido entre o não reconhecimento de R$ 13.585,98 de IRRF do período e R$ 1.128.507,61 relativos a estimativa compensada. A retenção de IRRF é referente a tomada de serviços de propaganda e a estimativa referese ao adiantamento de IRPJ do mês de dezembro de 2007, saldado com compensação de crédito de IPI, que não fora inicialmente homologada. Já o valor da estimativa de dezembro de 2007 teria sido saldado por meio de compensação com crédito de pagamentos de IPI, igualmente não homologada, que é objeto do processo administrativo nº 11080.901050/201060, ainda não findado. Por muito bem resumir o início da lide, adotase a seguir trechos do preciso relatório elaborado pela DRJ a quo: Temse no presente o Despacho Decisório nº de rastreamento 067692158, fl. 1047, tratandose de ato administrativo que reconheceu de forma parcial o direito creditório evidenciado no PER/DCOMP nº 12563.78562.301009.1.3.021109, fls. 1053/1066, concernente ao saldo negativo de IRPJ do anocalendário 2007, exercício 2008, o que se deu na forma a seguir reproduzida: Fl. 1119DF CARF MF Processo nº 11080.908329/201317 Resolução nº 1402000.734 S1C4T2 Fl. 1.120 3 A pessoa jurídica postulou o crédito de R$ 2.014.551,60, enquanto o valor reconhecido foi de apenas R$ 872.458,01. A diferença se deu em razão da confirmação apenas parcial das retenções na fonte, assim como das estimativas informadas pela interessada, tudo conforme abaixo quantificado: Retenções na Fonte: R$ 20.989,66 (valor informado) – R$ 7.403,68 (valor reconhecido) = R$ 13.585,98 (valor não reconhecido) Estimativas: R$ 9.986.990,98 (valor informado) – R$ 8.858.483,37 (valor reconhecido) = R$ 1.128.507,61 (valor não reconhecido) Dessa forma, o crédito reconhecido foi insuficiente para compensar integralmente os débitos informados no PER/DCOMP, razão pela qual a compensação informada pelo sujeito passivo foi homologada de modo parcial, restando exigível a seguinte parcela: R$ 986.685,48 + R$ 197.337,09 + R$ 536.259,76 = R$ 1.720.282,33 (total exigido) A pessoa jurídica foi notificada da decisão administrativa em 11/11/2013, fl. 1067. Não satisfeita com o que foi deliberado, em 03/12/2013 a interessada apresentou a sua manifestação de inconformidade, fls. 02/30, documento em que teceu as considerações a seguir apresentadas: [...] a discussão destes autos referese a dois pontos: (a) ao não reconhecimento da estimativaIRPJ de dezembro/2007; e (b) não reconhecimento de parte das retenções na fonte informada. Ocorre que tal pagamento, feito via DCOMP, já está sendo discutido administrativamente no Processo Administrativo nº 11080.901050/201060, onde foi proferido Despacho Decisório (em 2011, posteriormente às compensações aqui discutidas, que datam de 2009) negando a compensação de créditos de IPI com o débito “estimativa 12/2007” da DCOMP nº 32852.07322.310108.1.3.016910, conforme restará demonstrado a seguir e consoante se verifica pela cópia anexa (Doc. 06 da manifestação de inconformidade). A falta de reconhecimento do direito creditório mostrase precoce e indevida, “uma vez que há manifestação de inconformidade e recurso voluntário apresentados pela empresa no processo administrativo nº Fl. 1120DF CARF MF Processo nº 11080.908329/201317 Resolução nº 1402000.734 S1C4T2 Fl. 1.121 4 11080.901050/201060, em que se discute justamente a compensação que quitou a estimativa de IRPJ de dezembro de 2007 com saldos credores de IPI, e tais recursos possuem efeito suspensivo, conforme teor do art. 151, III, do CTN”. Ante o argumento apresentado, afirmou que se faz “necessária a suspensão do presente processo até a conclusão do julgamento do Recurso Voluntário do Processo Administrativo nº 11080.901050/201060 que trata da existência dos créditos de IPI utilizados na compensação para pagamento da estimativa de IRPJ para o mês de dezembro de 2007 e que, por sua vez, trata indiretamente do montante de Saldo Negativo de IRPJ para o ano de 2007 ou, caso não seja este o entendimento desta R. Delegacia, seja o despacho decisório ora combatido inteiramente reformado para fins de homologar as compensações realizadas pela Contribuinte, com base na total procedência da compensação que quitou a estimativa de IRPJ de dezembro de 2007 e formou o saldo negativo de IRPJ para aquele ano no exato valor declarado pela empresa na DIPJ e na DCOMP”. Assegurou, ainda, que “as retenções não reconhecidas pela fiscalização devem também ser revertidas”. Prosseguindo, passou a discorrer de maneira mais aprofundada sobre as duas alternativas acima apresentadas, ou seja, a suspensão do presente processo administrativo até o efetivo julgamento do processo administrativo nº 11080.901050/201060 (item III, fls. 06/11), ou, caso não seja este o entendimento deste órgão julgador, o imediato reconhecimento do saldo negativo de IRPJ do anocalendário 2007 (item IV, fls. 11/28). No que se relaciona às retenções na fonte não reconhecidas pela autoridade administrativa, anuiu possuir razão a fiscalização, quanto a retenção do código 1708, em que não foi confirmada a pequena parcela de R$ 64,95. Quanto às demais, informou haver juntado documentos intitulados “Comprovante Anual de Imposto de Renda Recolhido”, os quais, a seu ver, possuem a capacidade de comprovar que as retenções não reconhecidas pela fiscalização foram efetivamente realizadas”. É o que se tem a relatar. Processada a Defesa, foi proferido pela 3ª Turma da DRJ/FOR o v. Acórdão, ora recorrido, negando provimento às razões apresentadas, mantendo o r. Despacho Decisório recorrido: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007 SALDO NEGATIVO. NÃO RECONHECIMENTO DO CRÉDITO. ESTIMATIVA COMPENSADA. NÃO HOMOLOGAÇÃO OU HOMOLOGAÇÃO PARCIAL DA COMPENSAÇÃO. QUESTÃO PENDENTE DE JULGAMENTO. AUSÊNCIA DOS ATRIBUTOS DE CERTEZA E DE LIQUIDEZ. Fl. 1121DF CARF MF Processo nº 11080.908329/201317 Resolução nº 1402000.734 S1C4T2 Fl. 1.122 5 A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública. Ausentes os atributos de certeza e de liquidez, dada a inexistência de decisão administrativa definitiva, a respeito do direito creditório utilizado na compensação da estimativa, não há como se reconhecer o direito creditório pertinente ao saldo negativo. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007 SERVIÇOS DE PROPAGANDA E PUBLICIDADE. IRRF. APROPRIAÇÃO NA APURAÇÃO DO SALDO NEGATIVO. GLOSA. APRESENTAÇÃO DOS COMPROVANTES ANUAIS. O IRRF incidente sobre rendimentos decorrentes dos serviços de propaganda e publicidade somente poderá ser considerado na apuração do saldo negativo do período pela pessoa jurídica prestadora dos serviços contratados. Quanto à empresa contratante, é estabelecida a prerrogativa de deduzir as despesas incorridas com a publicidade, desde que observadas as condicionantes estabelecidas pela legislação do imposto de renda, quando da apuração do tributo, o que corresponde a um momento anterior ao cálculo do saldo negativo do período. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Diante de tal revés, foi interposto o Recurso Voluntário, em suma, trazendo as mesmas alegações de Impugnação, nada versando sobre o IRRF, explicando a origem do crédito utilizado na compensação sobre análise, requerendo a homologação da compensação pretendida e, subsidiariamente, a suspensão do feito. Na sequência, os autos foram encaminhados para este Conselheiro relatar e votar. É o relatório. Fl. 1122DF CARF MF Processo nº 11080.908329/201317 Resolução nº 1402000.734 S1C4T2 Fl. 1.123 6 Voto Conselheiro Caio Cesar Nader Quintella Relator O Recurso Voluntário é manifestamente tempestivo e sua matéria se enquadra na competência desse N. Colegiado. Os demais pressupostos de admissibilidade igualmente foram atendidos. Inicialmente, registrese que a Recorrente não combate o não reconhecimento da monta de R$ 13.585,98 referente ao IRRF, que teria formado seu saldo credor. Além do mero relato da denegação de tal parcela, não há razões expressas para o acatamento de tais valores retidos como formadores do seu crédito. O pedido consignado ao final do Recurso Voluntário apenas menciona a relação de duplicidade/prejudicialidade do presente feito com o processo administrativo nº 11080.901050/201060 como razão para a homologação da compensação pretendida (ou a suspensão do feito) o que não se relaciona ao IRRF em questão. Feita tal observação, inicialmente alega a Recorrente que a não homologação da da DCOMP agora sob análise, diante da justificativa de que o crédito de IPI e correspondente satisfação da estimativa de IRPJ de dezembro de 2007, debatidos nos autos processo administrativo nº 11080.901050/201060, foram inicialmente rejeitados, encontrandose o processo ainda em trâmite administrativo, representaria cobrança em duplicidade. Por tal motivo e considerando que ou será tal crédito reconhecido ou, se negado, a Contribuinte promoverá o pagamento do débito correspondente, deveria, então, aqui ser homologada a compensação que depende de tal outro pleito, evitando a oneração dupla e o indevido enriquecimento da União. Pois bem, o entendimento há muito professado por essa C. 2ª Turma Ordinária é que tal correlação de dependência entre débitos não pode ensejar a denegação da compensação pretendida (como procedeu a DRJ a quo), mas, também, não basta para justificar a homologação da manobra do Contribuinte. Fl. 1123DF CARF MF Processo nº 11080.908329/201317 Resolução nº 1402000.734 S1C4T2 Fl. 1.124 7 Isso porque, de fato, no presente momento, não é ainda líquida e certa esta parcela do crédito empregado na compensação, não podendo, legalmente, confirmarse a satisfação dos débitos saldados pela DCOMP. E não há aqui propriamente o enriquecimento ilícito da União Federal ou mesmo cobrança de débitos em duplicidade, mas somente um anacronismo na apuração de procedência da cadeia de créditos auferida e declarada pela própria Contribuinte, sendo a mais adequada solução o sobrestamento do feito dependente, sem a resolução instantânea do mérito, como será visto a seguir. Já passando ao enfrentamento do segundo tópico de alegações da Recorrente, é imperiosa a verificação de relação de conexão e prejudicialidade entre a presente contenda e o processo administrativo nº 11080.901050/201060 (que trata da estimativa de dezembro de 2007, que formou o saldo negativo de IRPJ). Nesse sentido, a dependência da procedência do crédito pretendido pela Recorrente nesse feito com a homologação da compensação da estimativa, objeto do processo administrativo mencionado, não só é fato notório e inquestionável, como também foi a motivação para a denegação da DCOMP no r. Despachos Decisório e pela sua manutenção pela DRJ a quo. Confirase trecho do v. Acórdão recorrido da DRJ: Acontece que o que deverá prevalecer, para o deslinde da controvérsia posta em julgamento, é a situação atual da compensação tratada no processo n° 11080.901050/201060, que é no sentido do reconhecimento apenas parcial do crédito e da improcedência da manifestação de inconformidade apresentada, de forma que na presente conjuntura não há como se alterar o que foi decidido no despacho decisório atacado, posto que no julgamento de primeira instância não foi acatado o pedido da pessoa jurídica interessada, formulado no sentido reconhecimento integral do crédito relacionado ao IPI do primeiro trimestre/2007. Reconhecer o saldo negativo aqui discutido, sem que exista uma decisão administrativa definitiva, decretando a existência do crédito informado no PER/DCOMP nº 32852.07322.310108.1.3.016910, representaria inquestionável afronta ao caput do art. 170 do CTN, dada a ausência dos atributos da certeza e da liquidez, imprescindíveis para o reconhecimento do direito creditório postulado pelo sujeito passivo, senão vejamos: (...) Fl. 1124DF CARF MF Processo nº 11080.908329/201317 Resolução nº 1402000.734 S1C4T2 Fl. 1.125 8 Portanto, tendo em conta o fato de já haver ocorrido o julgamento em primeira instância da questão relacionada à estimativa de dezembro/2007 (tratada no processo administrativo de nº 11080.901050/201060, em que foi considerada improcedente a manifestação de inconformidade pela empresa apresentada), o que resta patente no presente julgado é a correção do despacho decisório contraditado. Claramente, temse aqui uma didática relação de dependência, na forma como leciona Fredie Didier Jr1, na medida que o fundamento causal e a premissa essencial (sine qua non) para a constatação da existência do crédito estampada na DCOMP, ora sob análise, é a homologação daquela outra Declaração de Compensação, que saldou aquela estimativa de IRPJ do final do anocalendário de 2007 (dando margem ao saldo negativo utilizado). Por sua vez, o RICARF/MF, no art. 6º do seu Anexo II, faz apenas as seguintes previsões sobre conexão: Art. 6º Os processos vinculados poderão ser distribuídos e julgados observando se a seguinte disciplina: §1º Os processos podem ser vinculados por: I conexão, constatada entre processos que tratam de exigência de crédito tributário ou pedido do contribuinte fundamentados em fato idêntico, incluindo aqueles formalizados em face de diferentes sujeitos passivos; II decorrência, constatada a partir de processos formalizados em razão de procedimento fiscal anterior ou de atos do sujeito passivo acerca de direito creditório ou de benefício fiscal, ainda que veiculem outras matérias autônomas;e III reflexo, constatado entre processos formaliza dos em um mesmo procedimento fiscal, com base nos mesmos elementos de prova, mas referentes a tributos distintos. § 2º Observada a competência da Seção, os processos poderão ser distribuídos ao conselheiro que primeiro recebeu o processo conexo, ou o principal, salvo se para esses já houver sido prolatada decisão. § 3º A distribuição poderá ser requerida pelas partes ou pelo conselheiro que entender estar prevento, e a decisão será proferida por 1 A relação de dependência entre causas pendentes pode ocorrer de duas maneiras: a) uma causa é prejudicial a outra: a solução que se der a uma causa pode interferir na solução que se der a outra; b) uma causa é preliminar a outra: a solução que ser a uma pode impedir o exame da outra. (...) Essa visão autorizanos a concluir pela existência de conexão por prejudicialidade ou preliminaridade: se uma causa é prejudicial/preliminar a outra há conexão e a reunião se exige, respeitados os limites impostos para qualquer reunião. Disponível em: http://www.frediedidier.com.br/artigos/parecerconexaopreliminaridade/ Fl. 1125DF CARF MF Processo nº 11080.908329/201317 Resolução nº 1402000.734 S1C4T2 Fl. 1.126 9 despacho do Presidente da Câmara ou da Seção de Julgamento, conforme a localização do processo. § 4º Nas hipóteses previstas nos incisos II e III d o § 1º, se o processo principal não estiver localizado no CARF, o colegiado deverá converter o julgamento em diligência para a unidade preparadora, para determinar a vinculação dos autos ao processo principal. § 5º Se o processo principal e os decorrentes e os reflexos estiverem localizados em Seções diversas do CARF, o colegiado deverá converter o julgamento em diligência para determinar a vinculação dos autos e o sobrestamento do julgamento do processo na Câmara, de forma a aguardar a decisão de mesma instância relativa ao processo principal. § 6º Na hipótese prevista no § 4º se não houver recurso a ser apreciado pelo CARF relativo ao processo principal, a unidade preparadora deverá devolver ao colegiado o processo convertido em diligência, juntamente com as informações constantes do processo principal necessárias para a continuidade do julgamento do processo sobrestado. § 7º No caso de conflito de competência entre Seções, caberá ao Presidente do CARF decidir, provocado por resolução ou despacho d o Presidente da Turma que ensejou o conflito. § 8º Incluemse na hipótese prevista no inciso III do § 1º os lançamentos de contribuições previdenciárias realizados em um mesmo procedimento fiscal, com incidências tributárias de diferentes espécies. Como há muito vem decidindo esta C. 2ª Turma Ordinária, por unanimidade, não há como se prosseguir com o julgamento desta pendenga sem o desfecho, pelo menos em mesma instância administrativa, dos demais processos. Caso contrário, não só será mantido um profundo anacronismo na apreciação de verdadeira cadeia creditória (esta, fruto das disposições do art. 74 da Lei nº 9.430/96 e regulamentação infralegal), como também poderseia ensejar a indevida denegação precipitada de compensação ulteriomente procedente. Sequer a quantificação do crédito pode ser objeto de aferimento antes da apreciação do crédito debatido naqueles outros feitos. Como já mencionado, não se está diante de inexistência de crédito, mas sim de verdadeiro obstáculo, lógico e temporal, para tal apuração e confirmação, não podendo simplesmente afastar a pretensão do Contribuinte. Fl. 1126DF CARF MF Processo nº 11080.908329/201317 Resolução nº 1402000.734 S1C4T2 Fl. 1.127 10 Posto isso, temos que o processo administrativo nº 11080.901050/201060 encontramse pendente de distribuição na C. 3ª Seção de E. CARF2. Como acima se observa, não houve em tal contenda a apreciação do mérito da procedência do crédito utilizado pela Contribuinte nessa instância recursal ordinária. Certamente, em face de tal circunstância e diante da patente relação de dependência preliminar no julgamento daquele outro processo, é racional, lógico e processualmente adequado aqui o sobrestamento do feito até o desfecho meritório, nessa mesma instância, de tais feitos como é o entendimento pacífico e absoluto deste N. Colegiado. Diante de todo o exposto, resolvese por sobrestar o presente feito até a prolatação de Acórdão meritório definitivo, nesta mesma instância deste E. CARF, apreciando a procedência do crédito e a homologação das compensações, nos autos do processo administrativo nº 11080.901050/201060, para, somente então, retomarse o julgamento. (assinado digitalmente) Caio Cesar Nader Quintella 2 http://carf.fazenda.gov.br/sincon/public/pages/ConsultarInformacoesProcessuais/consultarInformacoesProcessuais .jsf consulta realizada em 01/10/2018. Fl. 1127DF CARF MF
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Numero do processo: 10920.000816/2003-66
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 04 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Nov 16 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 1002-000.024
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento do recurso em diligência à Unidade de Origem, com o objetivo de reavaliar a compensação pretendida, considerando o êxito obtido no deslinde do processo n°10920.002260/2001-81.
(assinado digitalmente)
Ailton Neves da Silva - Presidente.
(assinado digitalmente)
Breno do Carmo Moreira Vieira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ailton Neves da Silva (presidente da Turma), Breno do Carmo Moreira Vieira, Leonam Rocha de Medeiros e Ângelo Abrantes Nunes.
Nome do relator: BRENO DO CARMO MOREIRA VIEIRA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento do recurso em diligência à Unidade de Origem, com o objetivo de reavaliar a compensação pretendida, considerando o êxito obtido no deslinde do processo n°10920.002260/2001-81. (assinado digitalmente) Ailton Neves da Silva - Presidente. (assinado digitalmente) Breno do Carmo Moreira Vieira - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ailton Neves da Silva (presidente da Turma), Breno do Carmo Moreira Vieira, Leonam Rocha de Medeiros e Ângelo Abrantes Nunes.
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento do recurso em diligência à Unidade de Origem, com o objetivo de reavaliar a compensação pretendida, considerando o êxito obtido no deslinde do processo n°10920.002260/200181. (assinado digitalmente) Ailton Neves da Silva Presidente. (assinado digitalmente) Breno do Carmo Moreira Vieira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ailton Neves da Silva (presidente da Turma), Breno do Carmo Moreira Vieira, Leonam Rocha de Medeiros e Ângelo Abrantes Nunes. RELATÓRIO Tratase de Recurso Voluntário (efls. 150 à 156) interposto contra o Acórdão n° 0620.519, proferido pela 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba/PR (efls. 142 à 146), que, por unanimidade de votos, manteve a homologação parcial das compensações pleiteadas pelo Recorrente. Decisão essa ementada nos seguintes termos: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 09 20 .0 00 81 6/ 20 03 -6 6 Fl. 173DF CARF MF Processo nº 10920.000816/200366 Resolução nº 1002000.024 S1C0T2 Fl. 174 2 Anocalendário: 2002 COMPENSAÇÃO. CONEXÃO COM OUTRO PROCESSO. ANEXAÇÃO. OBJETO DISTINTOS. Rejeitase pedido de anexação com outro processo, ainda que conexo, quando tratam de objetos distintos, sendo um deles já julgado em primeira instância. SALDO NEGATIVO DO IRPJ. COMPENSAÇÃO. ESTIMATIVAS NÃO HOMOLOGADAS. Correta a decisão de homologação parcial de compensação de crédito de saldo negativo de IRPJ, diante de estimativas de IRPJ indevidamente compensadas em outro processo, resultando em saldo negativo inferior ao apurado na DIPJ. Solicitação Indeferida Por representar acurácia na descrição do deslinde fáticoprocessual, transcrevo o Relatório formulado na ocasião do Acórdão a quo: Trata o processo de Declarações de Compensação de fls. 01/02 e 04/05, protocolados em 31/03/2003 e 11/04/2003, respectivamente, sendo que a segunda declaração era objeto do processo administrativo n° 10920.000974/200316, que foi anexado ao presente, conforme despacho de fl. 07. Em ambas as declarações foram declarados créditos decorrente de saldo negativo de IRPJ, referente ao ano calendário de 2002, no valor original de R$ 596.345,91. Os débitos declarados foram de IRPJ (R$ 601.836,37) e CSLL (R$ 11.415,20) do período 03/2003, na primeira declaração, e Cofins (R$ 11.917,99) do período 04/2003, na segunda declaração. 2. Conforme Despacho Decisório proferido pela Saort/DRF Joinville, em 25/12/2007, As fls. 107/112, a autoridade fiscal homologou parcialmente as compensações, reconhecendo somente o crédito de R$ 582.694,85. 3. Cientificada do Despacho Decisório em 16/01/2008, conforme AR de fl. 118, tempestivamente, em .14/02/2008, a interessada ingressou com a reclamação de fls. 119/125, através de seu procurador, conforme instrumento de fl. 126, acompanhada dos documentos de fls. 127/130, que se resume a seguir: a. Salienta que a presente lide traduz as conseqüências advindas da análise no processo administrativo n° 10920.002260/200181, que se encontra em tramitação em esfera administrativa; b. Afirma que, por conta de uma indefinição anterior, a utilização do saldo negativo do IRPJ do anocalendário de 2002 acabou sendo prejudicada; e que, no processo que analisa a restituição do IPI, a SRF glosou exatamente o montante referente As estimativas de IRPJ que haviam sido compensadas com o crédito de IPI, o que levou A recorrente a apresentar manifestação de inconformidade, que se encontra em análise na DRJ/Ribeirão Preto; Fl. 174DF CARF MF Processo nº 10920.000816/200366 Resolução nº 1002000.024 S1C0T2 Fl. 175 3 c. Contesta o procedimento da autoridade administrativa, que, ao invés de aguardar o posicionamento quanto ao crédito do IPI, preferiu não homologar as compensações realizadas com saldo negativo de IRPJ ano calendário 2002 para evitar a futura prescrição de exigir estes valores; d. Entende que o desfecho daquele processo de restituição de IPI estará por validar todas as estimativas de 07/2002 e 10/2002 de saldo negativo de IRPJ que agora não foram homologadas nos presentes autos, o que torna imprescindível ressaltar que as compensações não homologadas correspondem exclusivamente aos efeitos da homologação ou não do crédito postulado no pedido de ressarcimento de IPI; e. Esclarece que as estimativas referentes aos períodos de 07/2002 e 10/2002 foram compensadas com créditos de IPI e, por este crédito estar sob análise da SRF, estas compensações não foram reconhecidas, sendo homologado do saldo original e restando crédito em favo do contribuinte, referente a saldo negativo de IRPJ, referência 31/12/2002, somente o valor de R$ 582.694,85; f. Alega que, tendo por base o principio da razoabilidade, o melhor caminho para solucionar as pendências será o apensamento do presente processo ao de n° 10920.002260/200181, ou aguardar o seu desfecho, haja vista um estar intimamente ligado ao outro. 4. E o relatório. (GN) Deflagrada a manifestação de inconformidade, a colenda DRJ de Curitiba proferiu Acórdão nos seguintes termos: (...) 7. O exame dos fatos indica que a decisão atacada não merece reparos. 8. Ao examinar a exatidão do saldo negativo do IRPJ do ano calendário de 2002, que o contribuinte ofereceu em compensação, a autoridade administrativa constatou que as estimativas do IRPJ, dos períodos 07/2002 e 10/2002, haviam sido compensadas nos autos do processo n° 10920.002260/200181, que tem por objeto ressarcimento de crédito presumido de IPI cumulado com pedido de compensação. A DRF/Joinville, nos autos daquele processo, homologou parcialmente a compensação em comento, restando em aberto saldos de R$ 5.570,60 (período 07/2002) e R$ 7.573,50 (10/2002), conforme fl. 91. Assim, no presente processo, a autoridade administrativa reapurou o IRPJ, desconsiderando as estimativas indevidamente compensadas, e chegou a um saldo negativo de R$ 582.694,85, ao invés dos R$ 596.345,91 informado na DIPJ/2003. 9. O processo n° 10920.002260/200181 já foi apreciado em primeira instância, em 12/03/2008, tendo a DRJ/Ribeirão Preto proferido o acórdão n° 18.975, indeferindo a solicitação, cujas ementas são transcritas a seguir: (...) Fl. 175DF CARF MF Processo nº 10920.000816/200366 Resolução nº 1002000.024 S1C0T2 Fl. 176 4 10. Não cabe a esta instância julgadora apreciar o mérito das decisões proferidas no referido processo, cabendo, por conseqüência, simplesmente reconhecêlas. Dessa forma, tendo o contribuinte compensado indevidamente as estimativas do IRPJ dos períodos 07/2002 e 10/2002, reputo correto o procedimento adotado pela DRF/Joinville, que revisou o saldo negativo do IRPJ, que resultou menor do que o apurado pelo contribuinte. Conseqüentemente, o crédito disponível para compensação restou reduzido, o que justifica a decisão de homologação parcial. 11. Quanto ao pedido de apensamento de processos, não há como acolhêlo, uma vez que os processos possuem objetos distintos, e um deles já foi julgado em primeira instância. CONCLUSÃO. 12. A vista do exposto, voto no sentido de rejeitar o pedido de anexação de processos e, no mérito, indeferir a manifestação de inconformidade contra o despacho decisório da DRF/Joinville, para manter a decisão de homologação parcial das compensações. (GN) Já em sede de Recurso Voluntário, o Contribuinte reitera os fundamentos apresentados na exordial defensiva, e reforça que o desiderato de seu pedido de compensação do atual PAF encontrase vinculado à decisão final a ser conferida nos autos do processo n°10920.002260/200181, razão pela qual requer o sobrestamento do feito até o ultimato deste. A seguir constam os principais trechos: Após a análise da decisão proferida pela DRJ, denotase que o julgador manteve a homologação parcial das compensações, tendo em vista que a parte glosada pelo fisco condiz com o montante referente As estimativas de IRPJ, objeto também de compensação em outro processo administrativo, de ressarcimento de IPI, gerando a diferença apontada no saldo negativo de IRPJ para o anocalendário de 2002, exercício de 2003. O pedido de ressarcimento de IPI da Recorrente está sendo discutido administrativamente no processo n°. 10920.002260/200181, que atualmente encontrase na primeira câmara do Segundo Conselho de Contribuintes aguardando julgamento. Naquele processo anteriormente mencionado, o direito creditório da contribuinte, decorrente de pedido de ressarcimento de IPI formulado com base na Lei 9.363/96, foi reconhecido parcialmente. O que gerou uma glosa do saldo que o fisco entendeu não caber ressarcimento. Ocorre que a Recorrente insurgiuse contra o indeferimento parcial de seu direito creditório, que, conforme mencionado, aguarda decisão pelo Conselho de Contribuinte. (...) Frisese que, assim como no processo judicial, o processo administrativo também depende de decisão final com trânsito em julgado para que tanto o direito do contribuinte quanto do fisco sejam considerados definitivos e assim produzir efeitos. Assim sendo, enquanto perdurar a discussão administrativa no processo de ressarcimento de IPI, não há que se falar em inexistência de direito Fl. 176DF CARF MF Processo nº 10920.000816/200366 Resolução nº 1002000.024 S1C0T2 Fl. 177 5 creditório ou, conforme o caso dos autos, a recomposição das estimativas de saldo negativo de IRPJ dos meses de 07/2002 e 10/2002, pois interferem diretamente no resultado do presente processo, gerando ônus para a contribuinte. Neste sentido, o desfecho do presente processo depende da homologação integral dos créditos de IPI do processo 10920.002260/200181, cujas compensações de IRPJ para o período de 07/2002 e 10/2002 estão inseridos e influenciam diretamente na estimativa do saldo negativo de IRPJ a compensar. (...) Por esta razão, embora as matérias discutidas em ambos os processos sejam divergentes, o resultado de um interfere no resultado do outro, devendo, portanto, os feitos serem apensados, ou, suspensos até o deslinde final dos autos 10920.002260/200181 que aguarda decisão da primeira turma do Segundo Conselho de Contribuintes, que fundamentalmente reconhecerá integralmente o pedido de ressarcimento formulado. Em seqüência, o Recorrente apresentou informações complementares (efls. 159 à 161) atestando resultado favorável ao seu pleito, conforme Acórdão da Câmara Superior de Recursos Fiscais n° 9303002.390. Tratase de um processo que se deu origem a partir do Despacho Decisório homologando parcialmente as compensações informadas na Declaração de Compensação realizada pela Contribuinte na data de 31/03/2003 na qual utiliza créditos originados de saldo negativos de IRPJ. No referido despacho, o Sr. Julgador da Delegacia da Receita Federal do Brasil em Joinville/SC indeferiu parte das compensações informadas na DCOMP, em especial o crédito relativo ao Saldo Negativo de IRPJ das estimativas de Julho/2002 e Outubro/2002, ano calendário2002, exercício 2003, nos valores respectivos de R$ R$5.570,60 (cinco mil, quinhentos e setenta reais e sessenta centavos) e R$ 7.573,50 (sete mil, quinhentos e setenta e três reais e cinquenta centavos). No que concerne ao montante glosado pelo fisco, o crédito de IRPJ pela estimativa dos períodos de Julho/2002 e Outubro/2002 sempre foram intimamente ligadas à análise das compensações discutidas no processo administrativo de n° 10920.002260/200181 com um crédito de IPI. Na época do protocolo da Manifestação de Inconformidade e posteriormente do Recurso Voluntário ora aditado, referido processo não estava transitado em julgado administrativamente e por isso ainda passível de recursos. No entanto o processo vinculado em questão atualmente encontrase encerrado na via administrativa, de modo a não caber mais recursos, e dessa forma, tendo como consequência a efetivação dos reflexos nos processos que dele dependiam da confirmação definitiva do direito do Contribuinte. Vejase o acórdão: Fl. 177DF CARF MF Processo nº 10920.000816/200366 Resolução nº 1002000.024 S1C0T2 Fl. 178 6 ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração 01/07/2001 a 30/09/2001. NORMAS REGIMENTAIS. OBRIGATORIEDADE DE REPRODUÇÃO DO CONTEÚDO DE DECISÃO PROFERIDA PELO STH NO RITO DO ART. 543C DO CPC Consoante art. 62A do Regimento Interno do CARF, "As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei 5.869 de 11 de Janeiro de 1973, CPC, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF". RESSARCIMENTO DE IPI. AQUISIÇÕES A NÃO CONTRIBUINTES DO PIS E CONFINS E ACRÉSCIMO DE JUROS CALCULADOS COM BASE NA TAXA SELIC. APLICAÇÃO DAS DECISÕES DO STJ PROFERIDAS NO RITO DO ART. 543C. Na forma de reiterada jurisprudência oriunda do STJ, é cabível a inclusão na base de cálculo de crédito presumido de que trata a Lei 9.363/96 das aquisições efetuadas junto a pessoas físicas bem como a aplicação da taxa Selic acumulada a partir da data de protocolização do pedido administrativo, a título de "atualização monetária" do valor requerido, quando o seu deferimento decorre de ilegítima resistência por parte Administração tributária (RESP 993.164). (...) Voto, assim, por negar provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. É o voto. Ressaltase que para o desfecho do presente processo era imprescindível a homologação das compensações realizadas no processo 10920.002260/200181, cuja compensação de IRPJ para os períodos de 07/2002 e 10/2002 estão inseridas e influenciam diretamente na composição do saldo negativo aqui tratado. Assim, como a Recorrente já havia solicitado o sobrestamento da análise deste processo até o deslinde final do 10920.002260/200181 devido a influência já descrita e se destacar ainda que foi proferida decisão a qual não cabe mais recurso, deve este E. Conselho considerar os efeitos da decisão trazida aos autos na análise e homologação integral desta compensação de IRPJ. Diante o exposto, requer o reconhecimento dos efeitos da decisão do processo de n° 19020.002260/200181 no processo ora aditado e de modo consequente o reconhecimento integral do saldo negativo de IRPJ anocalendário 2002, para homologar integralmente as compensações formuladas pela Recorrente. Fl. 178DF CARF MF Processo nº 10920.000816/200366 Resolução nº 1002000.024 S1C0T2 Fl. 179 7 É o Relatório. VOTO Conselheiro Breno do Carmo Moreira Relator. O presente Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Passo à análise dos pontos suscitados no Recurso. Percebo, de imediato, que o Contribuinte fez prova cabal da existência do processo n°10920.002260/200181, o qual pleiteava o ressarcimento de créditos de IPI. Nessa trilha, o Recorrente pretendia que tais valores fossem utilizados na compensação requerida nos autos do presente PAF. Outrossim, a aludido pleito não restou viabilizado, por ter entendido a DRJ que o apensamento ou a suspensão deste processo seria inviável, em virtude de tratarem de objetos distintos. Contudo, conforme consectário decorrente do êxito obtido no processo n°10920.002260/200181, fazse mister analisar o efeito reflexo da glosa pretendida, haja vista a ausência de homologação das compensações realizadas com saldo negativo de IRPJ, no ano calendário de 2002. Portanto, é imperativo que se retome a análise compensatória de modo a considerar o desfecho do aludido processo retro; pois, quando da prolação do Acórdão da DRJ, o indigitado PAF não estava julgado em definitivo e, que proceder com a análise na presente ocasião significaria manifesta supressão de instância. Conclusão Ante o exposto, relatado, analisado e por mais o que dos autos constam, o meu voto é por converter o julgamento em diligência à Unidade de Origem, para que se proceda a análise da presente DCOMP considerando o desfecho obtido no processo n°10920.002260/200181. Esclareço que, por força do parágrafo único do art. 35 do Decreto n.º 7.574, de 2011, o sujeito passivo deverá ser cientificado do resultado da realização da diligência, sempre que novos fatos ou documentos sejam trazidos ao processo, hipótese em que deverá ser concedido prazo de trinta dias para sua manifestação. É como Voto. (Assinado digitalmente) Breno do Carmo Moreira Vieira Fl. 179DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.903155/2009-31
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 16 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Nov 19 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 1302-000.651
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
RESOLVEM os membros do colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento em diligência, vencido o conselheiro Gustavo Guimarães da Fonseca (Relator) que dava provimento parcial ao recurso e o conselheiro Paulo Henrique Silva Figueiredo que votou por negar provimento ao recurso. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Maria Lúcia Miceli.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente.
(assinado digitalmente)
Gustavo Guimarães da Fonseca Relator
(assinado digitalmente)
Maria Lúcia Miceli - Redatora Designada
Participaram do presente julgamento os conselheiros Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente), Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Flávio Machado Vilhena Dias e Gustavo Guimarães da Fonseca.
Nome do relator: GUSTAVO GUIMARAES DA FONSECA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. RESOLVEM os membros do colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento em diligência, vencido o conselheiro Gustavo Guimarães da Fonseca (Relator) que dava provimento parcial ao recurso e o conselheiro Paulo Henrique Silva Figueiredo que votou por negar provimento ao recurso. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Maria Lúcia Miceli. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente. (assinado digitalmente) Gustavo Guimarães da Fonseca Relator (assinado digitalmente) Maria Lúcia Miceli - Redatora Designada Participaram do presente julgamento os conselheiros Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente), Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Flávio Machado Vilhena Dias e Gustavo Guimarães da Fonseca.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. RESOLVEM os membros do colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento em diligência, vencido o conselheiro Gustavo Guimarães da Fonseca (Relator) que dava provimento parcial ao recurso e o conselheiro Paulo Henrique Silva Figueiredo que votou por negar provimento ao recurso. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Maria Lúcia Miceli. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente. (assinado digitalmente) Gustavo Guimarães da Fonseca – Relator (assinado digitalmente) Maria Lúcia Miceli Redatora Designada Participaram do presente julgamento os conselheiros Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente), Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Flávio Machado Vilhena Dias e Gustavo Guimarães da Fonseca. Relatório Cuida o feito de 7 (sete) pedidos de compensação transmitidos pelo Recorrente por meio de formulário eletrônico, os quais descreviam como crédito compensável, o saldo RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 80 .9 03 15 5/ 20 09 -3 1 Fl. 627DF CARF MF Processo nº 10880.903155/200931 Resolução nº 1302000.651 S1C3T2 Fl. 628 2 negativo de IRPJ pretensamente apurado no anocalendário de 2004, no importe de R$ 10.422.521,13 (dez milhões, quatrocentos e vinte e dois mil, quinhentos e vinte e um reais e treze centavos). Aproveitandome de quadro demonstrativo elaborado pelo próprio recorrente, os aludidos PER/DCOMPs podem ser, assim, resumidos: Os pedidos de compensação destacados no quadro, já antecipo, foram objeto de pedidos de desistência, apresentados em 19 de outubro de 2017 (doc. de efls. 585) a qual foi homologada por meio do despacho de efls. 612, e consolidados em processos apensados à este feito. Tais pedidos, portanto, não compõem, mais, o litígio. Pois bem, conforme se dessume do despacho decisório de efls. 44, os pedidos deduzidos pelo contribuinte não foram homologados pela DERAT/SÃO PAULO, tendo em conta a não comprovação do saldo negativo declarado nas preditas DECOMPs. Peço particular atenção, neste ponto, ao demonstrativo de efls. 48 que resume a demonstração do crédito efetivada pelo próprio contribuinte: Parcelas Confirmadas Vale destacar a existência de uma observação inserida pela Autoridade Fiscal dando conta de que o valor reconhecido estaria limitado aos montantes de saldo negativo Fl. 628DF CARF MF Processo nº 10880.903155/200931 Resolução nº 1302000.651 S1C3T2 Fl. 629 3 declarados nas DCOMPs (daí o lançamento apenas parcial do valor relativo à competência de 30/09/2004). O problema identificado, todavia, pela Unidade Origem está no fato de que, a partir da DIPJ (Ficha 12A), o valor total pago a título de estimativas, somado aos montantes concernentes ao IRRF, declarados pelo contribuinte aos quais a Derat se refere como parcelas de composição do saldo negativo alçaria à monta de R$ 33.396.490,54; como o contribuinte limitara a demonstração de seu crédito apenas às parcelas de estimativas efetivamente pagas e limitadas pelo saldo informado nas preditas DCOMPs, não teria reconhecido o direito creditório por falta de liquidez do crédito. Frisese que o contribuinte foi intimado em 29/03/2007 (doc. de efls. 35) para retificar as suas declarações para corrigir a incongruência acima apontada (entre o saldo informado em DCOMP e aquele apontado na DIPJ). Na mesma notificação, a DERAT apontou, ainda, a existência divergência entre os valores de estimativas apuradas e declaradas nas DCTFs de março, outubro, novembro e dezembro de 2004, e aquelas lançadas na predita DIPJ, conforme demonstrativo abaixo reproduzido: ESTIMATIVAS DIVERGENTES A vista disso, instou o contribuinte a promover a retificação de sua DCTF/DIPJ para corrigir, também, as divergências concernentes às estimativas acima descritas. Notem que a DERAT não intimou o contribuinte para prestar qualquer informação que seja, limitando a determinar a retificação de suas declarações. Como não houve qualquer resposta, foram emitidas mais duas intimações de igual teor, também sem que houvesse manifestação do ora recorrente. Pois bem, cientificado do despacho decisório mencionado anteriormente, a empresa opôs a sua competente manifestação de inconformidade em que, num primeiro momento, esclarece ter quitado as estimativas de março a outubro por meio de compensações (não tendo apresentado nenhum documento comprobatório relativo à tais compensações), ao passo que, quanto as demais competências, teria efetuado pagamentos de DARFs, já considerados pela Unidade de Origem. Em seguida, pontua que a própria DERAT teria reconhecido um crédito no importe de R$ 33.000.000,00, aproximadamente, muito superior ao valor originariamente declarado pela empresa; traz, então, discussão acerca de um pretenso erro no preenchimento das DCOMPs que pode ser melhor resumido a partir do seguinte trecho de sua peça de defesa: Ocorre que ao preencher o PER/DCOMP de nº 41238.66234.070206.1.7.020755 para utilização de parte do saldo negativo de IRPJ verificado no anocalendário de 2004 e realizar a primeira compensação, a ora Requerente, atendendo a uma orientação que a Fl. 629DF CARF MF Processo nº 10880.903155/200931 Resolução nº 1302000.651 S1C3T2 Fl. 630 4 própria Receita Federal passava verbalmente aos contribuinte na época, consignou em referido pedido apenas o valor do saldo credor e montante das antecipações do imposto de renda realizados até o limite do débito a ser quitado, ou seja: R$ 6.803.164,28. Como consequência do argumento acima, sustenta ter tentado a retificação de suas DCOMPs, sem sucesso. Ao fim, e par do alegado erro de preenchimento das DCOMPs, discorreu sobre o princípio da verdade material, imputando à Autoridade Administrativa o mister de exaurir a matéria fática concernente às inconsistências apontadas, mormente à luz dos preceitos do art. 65 da IN 600 (então vigente) e, também, por dispor dos documentos e declarações transmitidas que comprovariam a correção e existência do saldo negativo. Ao analisar a referida manifestação de inconformidade, a DRJ/São Paulo houver por bem julgála improcedente, destacando não ter o contribuinte logrado comprovar as compensações aventadas na sua peça de defesa (relativas às estimativas de março a outubro), nem tampouco comprovar as retenções por ele suportadas a título de IRFonte e, ainda, a origem de uma dedução concernente à "operações de caráter cultural e artístico". Afastou, outrossim, a alegação concernente à violação ao princípio da verdade material e aos preceitos do art. 65 da IN 600, justamente por, a despeito de ter sido intimado por três vezes pela DERAT, sobre as divergências descritas neste feito, a contribuinte preferiu silenciarse. Transcrevo, a seguir, a ementa do julgado acima apontado: SALDO NEGATIVO DE IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURIDICA. FALTA DE COMPROVAÇÃO. 0 saldo negativo indicado na declaração de rendimentos da pessoa jurídica está sujeito a comprovação quanto aos valores que o compõem. JUNTADA DE PROVAS. PRECLUSÃO. A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; refirase a fato ou a direito superveniente; destine se a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidos aos autos ( art. 67 da Lei n.° 9.532/1997). O recorrente foi regularmente intimado do acórdão supra em 17 de dezembro de 2009 (efls. 200), tendo interposto seu apelo em 13/01/2010 (efls. 204), sustentando, agora de forma mais objetiva, a existência do saldo negativo mormente a partir das compensações realizadas e não consideradas, nem pela DERAT, nem tampouco pela DRJ (esta última por falta de provas). Nesta senda, argumenta que transmitidas as compensações para a quitação de suas estimativas, o respectivo débito estaria definitivamente constituído, a par de qualquer solução que seja dada ao respectivo processo, razão pela qual deverseia considerar as preditas estimativas no cômputo do saldo negativo tratado neste feito, sem prejuízo do fato de que algumas daquelas compensações já ter sido objeto de homologação tácita. Afirmou, outrossim, especialmente para se contrapor aos argumentos da DRJ, que pouco antes da transmissão dos pedidos objetos deste feito, havia suportado processo fiscalizatório em que a respectiva autoridade fiscal teria concluído pela lisura dos lançamentos contábeis e fiscais da empresa no anocalendário de 2004 (doc. de efls. 575). Fl. 630DF CARF MF Processo nº 10880.903155/200931 Resolução nº 1302000.651 S1C3T2 Fl. 631 5 Trouxe, de outra sorte, e pela primeira vez, a cópia do LALUR e outros documentos comprobatórios (comprovantes de retenção e de dispêndios com projetos de educação e cultura) e, ainda, prestou esclarecimentos sobre os motivos das divergências apontadas pela DERAT quanto as estimativas informadas em DCTF e aquelas lançadas na DIPJ (quanto ao mês de março, teria deixado de informar, na DCTF, uma compensação realizada para quitar parte do débito; quanto ao mês de outubro, teria incorrido em erro material corrigido, pretensamente, por meio de DCTF retificadora, nada dizendo sobre as demais divergências). Ao final, reiterou as suas considerações quanto ao princípio da verdade material, pedindo, além do reconhecimento do crédito (mesmo que parcialmente), o sobrestamento deste feito até o julgamento em definitivo dos pedidos de compensação das estimativas que não tivesse, já, sido objeto de homologação. Este é o relatório. Voto Vencido Conselheiro Gustavo Guimarães da Fonseca Relator O recurso voluntário é tempestivo e dele tomo conhecimento. I Prefacialmente. Toda a discussão travada nestes autos, digase, tem origem num erro, assumido, digase, ocorrido pelo recorrente ao transmitir as suas DCOMPs. É que, tal como se dessume de sua impugnação (trecho reproduzido no relatório acima), o contribuinte, ao preencher os campos concernentes à demonstração de seu crédito, limitouse a apontar os valores pagos (recolhidos) das estimativas ao longo do ano calendário... e, sob a alegação de que assim teria sido orientado pela RFB, mesmo quanto a tais montantes, teria limitado a demonstração ao valor do saldo negativo pretensamente apurado no aludido anocalendário. Por isso, inclusive, em relação à DCOMP de nº 41238.66234.070206.1.7.020755, teria informado a título de estimativa paga apenas a importância de R$ 536.034,26, ao invés dos R$ 6.596.491,98 efetivamente recolhidos. A par do erro acima, deixou, outrossim, de prestar qualquer informação sobre as demais parcelas componentes do aludido saldo, inclusive quanto as estimativas "quitadas" por compensação. Este erro, digase, impôs a conclusão exarada no despacho decisório, emitido de forma eletrônica, e que, nesta senda, restara limitado às informações prestadas pelo próprio contribuinte. Em suas razões de impugnação, o contribuinte aponta, de fato, o erro acima mencionado e diz, mais, que as outras estimativas teriam sido objeto de compensação; para tanto, se limita a referenciar a sua DIPJ como prova da "quitação" de tais estimativas via processos compensatórios, sem trazer qualquer outro indício ou documento concernente à tal demonstração. Ao apreciar as razões de insurgência, a DRJ, vejam bem, nega o pleito justamente sob a alegação de falta de provas quanto: Fl. 631DF CARF MF Processo nº 10880.903155/200931 Resolução nº 1302000.651 S1C3T2 Fl. 632 6 a) aos motivos das divergências encontradas pela Unidade de Origem quanto as estimativas de março, outubro, novembro e dezembro informadas em DCTF e aquelas constantes de sua DIPJ (que, nada obstante ter sido intimado para retificálas, o contribuinte permaneceu silente); b) quanto à parcela deduzida pelo recorrente a título de despesas com programas de caráter cultural e artístico; c) quanto aos valores informados a título de IRRF, refutando que a simples apresentação da DIPJ e da DIRF seria suficiente à demonstração quanto ao seu efetivo recolhimento; d) quanto as estimativas quitadas por meio de DCOMPs (compensações). Objetivamente, extraise do acórdão recorrido que a instância a quo ultrapassa o alegado erro de preenchimento das DCOMPs e aprofunda a sua análise sobre a formação do saldo negativo informado em DIPJ. Nada obstante, afasta a pretensão do contribuinte porque, sustenta, caberialhe, desde a impugnação, trazer os documentos hábeis e idôneos à comprovação de seu direito creditório, instandoo, apenas neste momento, sobre tal mister. A partir daqui, e somente a partir daqui, o recorrente passa a se ocupar da comprovação efetiva das aludidas parcelas, tendo trazido, somente por ocasião da interposição de suas razões de recurso, documentos que, em tese, demonstrariam: a) as razões das divergências apontadas já pela Unidade de Origem, em relação às estimativas mencionadas em "a", supra"; b) pretensa dedutibilidade das despesas concernentes à operações de caráter cultural e artístico (documentos trazidos, apenas no apelo, à efls. 563/570); c) provas das compensações das estimativas de março a outubro e a situação atual destes processos; d) provas concernentes à efetiva retenção do IRFonte (efls 558 a 561). Os problemas com o quais, agora, nos deparamos, é: a) poderia a DRJ exigir comprovações concernentes à, por exemplo, parcelas deduzidas pelo contribuinte a título de despesas com progamas artísticos ou culturais (considerando que tais parcelas não foram, em qualquer momento, objeto de questionamento pela Unidade de Origem)? b) poderia, lado outro, o contribuinte trazer as comprovações concernentes ás compensações das estimativas, ao IRFonte e às preditas divergências entre algumas estimativas e a sua DIPJ somente agora, por ocasião de seu recurso adminsitrativo (e, neste passo, poderíamos tomar conhecimento destes documentos à luz do art. 16 do Decreto 70.235)? E, sobre tais problemas, passo, agora, a discorrer. II Premissas maiores. Fl. 632DF CARF MF Processo nº 10880.903155/200931 Resolução nº 1302000.651 S1C3T2 Fl. 633 7 II.1 O ônus probatório nos processos/procedimentos1 de compensação. A priori, os pedidos de compensação encerram a inversão do onus probandi, até porque, aqui, não estamos tratando, objetivamente, do lançamento tributário e, portanto, a regra aplicável à espécie não é aquela preconizada pelo art. 142 do CTN. O mister, pois, de comprovar a existência, a liquidez e a certeza do crédito cuja repetição se postula é do contribuinte, até mesmo por força dos preceitos do art. 373, I, do CPC, aplicável, de forma suplementar, ao processo tributário administrativo. Esta, outrossim, é, digase, é a mens legis do art. 170, caput, do CTN, quando franqueia aos entes federados a realização compensação, senão vejamos: A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Os pressupostos, pois, do direito creditório a ser utilizado pelo sujeito passivo da obrigação tributária é a sua liquidez e certeza, pressupostos estes que antecedem o próprio pedido de compensação. Por isso, e não por outra razão, compete ao contribuinte demonstrar tais liquidez e certeza; é ônus do sujeito passivo e não da Administração Tributária. Isto, todavia, não afasta por completo a aplicação, ao processo/procedimento de compensação, do princípio da verdade material ou, de outra sorte, o erro no preenchimento da declaração de compensação, como, aliás, ocorreu no caso em análise, não admitiria verificar qualquer fato que não expressamente descrito na DCOMP. A instrução do processo/procedimento deverá se nortear pela verdade material, mesmo que, neste caso, semelhante princípio se aplique tão só para garantir ao contribuinte a oportunidade para corretamente demonstrar o seu direito. II.2 Princípio da verdade material Como dito anteriormente, ainda que o ônus probatório quanto a existência, liquidez e certeza do crédito seja deu quem o postula, a Administração Pública está, ainda, obrigada a embasar o seu ato quando menos num lastro fático inerente à justificação dos mesmos motivos porventura declinados para a sua prática. A verdade material é um princípio, dado que, ainda que implícito, porquanto não positivado textualmente na CF/88 ou, mesmo, na legislação ordinária ou infralegal (salvo algumas exceções), contêm em seu núcleo semânticonormativo premissas que revelam a sua decorrência lógica do próprio sistema jurídico, calcado num Estado Republicano, Democrático e de Direito. Vale, aqui, trazer o escólio de Márcio Luiz de Oliveira que, ao discorrer sobre a natureza dos princípios jurídicos, assim pontua: Como normas jurídicas nocionais em sua composição e expressão normativas, os princípios podem ser constituídos pro premissas e/ou diretrizes de lógica jurídica mais precisa ou de lógica jurídica mais genérica. Por essa razão, princípios jurídicos mais específicos (ex.: 1 Haverá procedimento apenas enquanto não instaurado o contencioso; isto é, transmitida a DCOMP, estarseá, até aí, apenas diante de um procedimento, dada a inexistência de uma relação jurídoco processual, caracterizada, a luz da teoria geral do processo, por uma pretensão resistida. Fl. 633DF CARF MF Processo nº 10880.903155/200931 Resolução nº 1302000.651 S1C3T2 Fl. 634 8 princípio da presunção de inocência) são constituído de menos premissas e diretrizes, se comparados a princípios mais genéricos (ex.: princípio do devido processo legal). Mas, independentemente da generalidade generalidade ou da especialidade de um princípio jurídico, o seu núcleo semânticonormativo será sempre dedutível da lógica fenomênicosistêmica do Direito2. Vale destacar que a Administração Pública está compelida aos primados da publicidade, eficiência e legalidade (art. 37 da CF/88) e, nesta esteira, está jungida ao dever de motivar os seus atos. Consentaneamente, os motivos declinados devem, obrigatoriamente, ter lastro fático apreensível (até para se demonstrar a efetiva existência destes motivos) e, ainda, descrito na lei como suficiente à justificação de sua prática. Num Estado Republicano, pois, todos os atos da administração devem ser publicizados, corretamente justificados e calcados nas autorizações legais, pena de nulidade, justamente por lhes retirar a necessária eficiência (pois, a míngua destes requisitos, não operarão seus efeitos). E, a eficiência, a publicidade e a legalidade são, em essência, decorrências lógicas de uma superpremissa do sistema jurídico a segurança jurídica: Paralelamente, percebemos, ainda, que, ao longo de todo o processo civilizatório, o Direito sempre se construiu, desconstruiuse e se reconstruiu sob três importantes paradigmas: a segurança das relações humanas, o ideal de justiça e o senso de alteridade. Esses três paradigmas, aliados ao objetivo de minimização dos conflitos humanos e ao da viabilização do bem comum, constituem a essência do fenômeno e do sistema jurídicos. Consequentemente, a premissa ou conjunto de premissas lógicas que, fundamentalmente, decorrem dessa essência do Direito poderão vir a ser classificados como princípio jurídico (princípio como indício/elemento primordial de manifestação ou de pressuposição do fenômeno, ainda que em algumas especificidades) 3 Considerandose, outrossim, que a correta motivação dos atos encontra na garantia da ampla defesa a sua própria razão de ser, também esta última conforma uma premissa da verdade material, já que motivar, sem lastrear a motivação em fatos concretos a demonstrar a sua própria existência, significa não motivar. O princípio da verdade material, portanto, não encerra a sua significância semânticonormativa no dever de perscrutar os fatos inerentes aos motivos determinantes do ato, mas, considerandose as suas premissas (publicidade, eficiência, legalidade e garantia da ampla defesa como decorrências da segurança jurídica), na necessidade de se garantir o efetivo lastro fático justificante da prática do ato de sorte a garantir a inteligência de seus motivos, a sua adequação à lei e a possibilidade de, a eles, se contrapor o administrado por meio de provas e argumentos suficientes à defesa de seus interesses, afetados pelo próprio ato administrativo. Por esta razão, insistase, ainda que em procedimentos/processos tributários administrativos em que, inicialmente, o ônus probandi seja da parte querelante (contribuinte), um início de prova a ser produzida pela fiscalização é, verdadeiramente, premente até para 2 OLIVEIRA, Marcio Luiz. Constituição Juridicamente Adequada. Ed. Belo Horizonte: Editora D´Plácido, 2016, p. 331. 3 Op. cit. p. 282. Fl. 634DF CARF MF Processo nº 10880.903155/200931 Resolução nº 1302000.651 S1C3T2 Fl. 635 9 que se possa identificar a situação normativojurídica que imponha a predita inversão do ônus da prova. V.g., cabe à administração tributária demonstrar e provar as situações de fato que permitam assumir a ocorrência de omissão de receitas; igualmente, impõese à autoridade fiscal demonstrar, provar, que o crédito pleiteado não encontra, de início, lastro documental suficiente a lhe emprestar liquidez e certeza e, apenas então, invertendo o ônus probandi, instar o contribuinte a provar o contrário. III O caso concreto. III.1 Da aceitação dos documentos e argumentos trazidos apenas por ocasião do recurso inteligência do art. 16, e incisos, do Decreto 70.235. Vejam de forma detida e minudente a motivação fática contida no despacho decisório a justificar a não homologação das compensações pleiteadas pelo contribuinte/recorrente: FUNDAMENTAÇÃO, DECISÃO E ENQUADRAMENTO LEGAL Analisadas as Informações prestadas no documento acima identificado e considerando que a soma das parcelas de composição do crédito informadas no PER/DCOMP deve ser suficiente para comprovar a quitação do imposto devido e a apuração do saldo negativo, verificouse: PARCELAS DE COMPOSIÇÃO DO CRÉDITO INFORMADAS NO PER/DCOMP Valor original do saldo negativo informado no PER/DCOMP com demonstrativo de crédito: R$ 10.422.521,13 Somatório das parcelas de composição do crédito na DIP): R$ 33.396.490,54 IRPJ: devido: R$ 22.973.790,92 Valor do saldo negativo disponível= (Parcelas confirmadas limitado ao somatório das parcelas na DIP)) (IRPJ devido) limitado ao valor do valor do saldo negativo informado no PER/DCOMP, observado que quando este cálculo resultar negativo, o valor será zero. Valor do saldo negativo disponível: R$ 0,00 Vejam que a razão determinante para a não homologação dos pedidos deduzidos pelo contribuinte cingiuse à falta de comprovação do pagamento de estimativas que compunham o saldo negativo, natureza do crédito cuja devolução se perqueria... não por outra razão, as intimações que se seguiram à transmissão das DCOMPs (efls.) se limitaram à correta apuração destas estimativas e eventuais divergências entres os valores declarados pelo recorrente em sua DCTF e aqueles declinados em DIPJ. Ainda que a limitação da atividade instrutória, no caso, tenha se dado como decorrência do próprio erro incorrido confessadamente pela empresa, o fato é que não se observa, em nenhum momento, qualquer pretensão da autoridade administrativa de questionar a ocorrência efetiva (ou não) das demais parcelas que comporiam o predito saldo negativo... Fl. 635DF CARF MF Processo nº 10880.903155/200931 Resolução nº 1302000.651 S1C3T2 Fl. 636 10 não houve, aí, qualquer intimação subsequente ao recorrente para demonstrasse a efetiva retenção do IRFonte ou mesmo das despesas com "projetos culturais e artísticos". O processo (vejase nota de número acima), instaurouse a partir da resistência ofertada pela Unidade de Origem, delimitada pela falta de comprovação do pagamento/extinção das estimativas (a relação jurídicoprocessual é delimitada pela causa de pedir e pela pretensão resistida), surgindo o questionamento relativo ao IRFonte, declarado na linha 13 e à despesa descrita na linha 4, ambas da Ficha 12A da DIPJ/AC2004 (efls 136) apenas quando do julgamento realizado pela DRJ. Como dito anteriormente, ainda que o princípio da verdade material não se aplique ao caso concreto com a mesma extensão que se observaria num processo/procedimento de lançamento, ele ainda garante, ao interessado, ao menos o conhecimento quanto aos elementos de fato sobre os quais deve produzir as provas necessárias à demonstração da liquidez e certeza de seu direito; e tal conhecimento só foi oportunizado, digase, por ocasião da prolação do acórdão recorrido. Neste passo, considero preenchidos os pressupostos do art. 16, § 4º, alínea "c", do Decreto 70.235/72: § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. É, portanto, de se admitir e aceitar os documentos trazidos pelo recorrente apenas por ocasião de sue recurso voluntário como provas válidas à potencial demonstração da liquidez e certeza do direito creditório pretendido, cabendo, todavia, me aprofundar quanto ao problemas das estimativas objetos de pedidos de compensação. III.1.1 Quanto as estimativas compensadas A necessidade de se tratar das estimativas pretensamente compensadas pelo contribuinte, e que comporiam o saldo negativo cujas restituição se postula, é preciso trazerse uma premissa adicional. Isto porque, como afirmei linhas acima, o pagamento das estimativas foi, sim, objeto de questionamento pela Unidade de Origem e, neste passo, a sua demonstração ab initio pelo contribuinte comporia o próprio espectro do onus probandi atribuível à empresa. Nesta esteira, seria factível considerar que a comprovação das alegações do recorrente, neste particular, teria que ocorrer desde logo, com a apresentação de sua impugnação, não se aplicando à espécie, a regra excepcional constante do já citado art. 16, § 4º, "c", do Decreto 70.235. Nada obstante, vejam bem, a Autoridade Administrativa tinha conhecimento das estimativas que teriam sido, pretensamente, extintas por compensação. De fato, como se extrai do quadro reproduzido no relatório, supra (extraída do termo de intimação de efls 35 e reproduzida nos termos subsequentes), a Unidade de Origem limita o seu questionamento tão só à divergência, já tratada anteriormente, entre os valores informados em DCTF e aqueles constantes da DIPJ; não questiona, insta o contribuinte a explicar ou comprovar, a própria forma de extinção das preditas estimativas e, portanto, não Fl. 636DF CARF MF Processo nº 10880.903155/200931 Resolução nº 1302000.651 S1C3T2 Fl. 637 11 lhe dá o já alardeado conhecimento (com espeque no princípio da verdade material) acerca dos processo de compensação em si... Mais uma vez, digase, a existência fática, a situação processual e a própria possibilidade do uso das compensações como forma de quitação das estimativas somente foram abordadas pela DRJ. Assim, também quanto aos documentos afeitos às preditas compensações, impõese deles tomar conhecimento a luz do art. 16, § 4º, "c", do Decreto 70.235. III.1.2 Das divergências apontadas pela Unidade Origem. De tudo o que foi exposto anteriormente, é, de outra sorte, impossível, agora, analisar as justificativas trazidas pelo recorrente quanto as divergências apontadas pela Unidade de Origem em relação às estimativas de março, outubro, novembro e dezembro... isto porque este foi, de fato, o único questionamento efetivamente realizado pela Autoridade Administrativa e, nada obstante, sobre elas o contribuinte nada disse, nem na fase instrutória, nem, tampouco, por ocasião da apresentação da manífestação de inconformidade. Esta preclusão, todavia, não encerra as consequências declinadas pelo acórdão recorrido (iliquidez do crédito) o que, todavia, será tratado oportunamente ao longo deste voto. III.2 O direito creditório. Composição e comprovação do saldo negativo. III.2.1 Estimativas Antes de verificar as provas trazidas pelo recorrente, impende vencer uma última questão jurídica; a possibilidade de admitir estimativas quitadas por compensação para fins de formação do saldo negativo (sobre o que repousa o direito creditório aqui analisado). E, sobre este tema, não me alongarei, já que este colegiado já tem posição sedimentada. De fato, considerandose que os pedidos de compensação comportam confissão de dívida, é admitido, mesmo que com algumas divergências, que os débitos ali consignados serão objeto de cobrança apartada, caso os citados pedidos não sejam homologados; neste particular, não admitir a inserção dos valores da estimativas compensadas no cômputo do saldo negativo poderia encerrar uma cobrança em duplicidade (consequência esta não admitida pelo direito tributário bis in idem). Este entendimento, digase, vem sendo repetidamente sustentado, principalmente, nas Câmaras Baixas deste Conselho e se alinha, pois, ao entendimento deste relator: COMPENSAÇÃO. SALDO NEGATIVO O reconhecimento de direito creditório relativo a saldo negativo do IRPJ condicionase à demonstração da existência e da liquidez do direito, bem como a certeza e a liquidez das demais compensações e recolhimento efetuados, visando a extinção das estimativas ou aproveitadas no encerramento do período. Confirmado o direito creditório pleiteado nas PER/DCOMP, há que ser reconhecido o direito (Acórdão de nº 1401002.728, publicado em 24/09/2018). COMPENSAÇÃO. SALDO NEGATIVO DE IRPJ. DIREITO CREDITÓRIO. PAGAMENTOS. COMPROVAÇÃO. Comprovandose pela documentação acostada ao processo a quitação das estimativas mensais, seja por pagamento, seja por compensação Fl. 637DF CARF MF Processo nº 10880.903155/200931 Resolução nº 1302000.651 S1C3T2 Fl. 638 12 com saldos negativos de períodos anteriores, a Contribuinte faz jus à utilização dos referidos valores na apuração do saldo credor do período de apuração sob análise (Acórdão de nº 1401002.769, publicado em 17/09/2018). Não desconheço, vale dizer, a noviça posição assumida pela Câmara Superior tendente a determinar o sobrestamento do feito até que os processos de compensação transitem em julgado, de sorte a se prestar uma maior segurança no julgamento de processos da natureza como o que ora se decide. Todavia, entendo que semelhante solução não só seria inóqua (seja qual for o destino dos processos de compensação das estimativas, estas ou serão cobradas no processo apartado, acaso não homologadas as compensações, ou serão terão a extinção reconhecida na forma do art. 156 do CTN), seja porque, a eficácia desta modalidade de extinção para formação do saldo negativo não foi objeto da decisão de primeira instância, que limitou a dizer não haver provas quanto a própria existência das preditas compensações. Ultrapassada a questão jurídica acima, passo à análise das provas trazidas pelo recorrente em suas razões de insurgência. Pois bem... para comprovar a correção do saldo apurado, exclusivamente em relação às antecipações extintas (sob condição resolutória) por compensação, é necessário primeiro identificar se tais compensações foram informadas em DCTF. E, pelo que se extrai do recurso voluntário, o contribuinte utilizouse de pedidos de compensação para quitar (total ou parcialmente), apenas as estimativas de março a outubro (vejase tabela constante do apelo à e fls. 218); tais compensações, pois, devem ter sido declaradas nas DCTFs relativas aos quatro trimestres. Passo seguinte, a partir da efls. 159, foram juntadas ao feito as DCTF transmitidas pelo contribuinte, das quais se extraem as seguintes informações: Já a partir das efls. 366, o contribuinte traz, efetivamentes, as DCOMPs relativas às compensações informadas nas DCTFs acima. Quanto a competência de março, à efls. 372, propriamente, temse a DCOMP de nº 29287.86007.290404.1.3.04.0807, que comprova a compensação do indébito informado na DCTF de efls. 159; à efls. 374, vêse a DCOMP Retificadora de nº 23067.62872.240609.1.7.021990 que trata de compensação de crédito de saldo negativo no importe de R$ 419.938,83 (com juros de mora e multa), também tratada pela DCTF de efls. 159. Fl. 638DF CARF MF Processo nº 10880.903155/200931 Resolução nº 1302000.651 S1C3T2 Fl. 639 13 No que toca à competência de abril, as respectivas DCOMPs, de nos 16934.29511.031106,1.7.025259 e 10421.25488.240604.1.7.043313 foram juntadas à efls. 379 (e ss) e 400 (e ss), respectivamente, comprovandose as duas compensações tratadas na DCTF de efls. 164 (indébito e "outras compensações"). Para quitar a estimativa de maio, o recorrente transmitiu várias DCOMPs: a) nº 36395.69593.240604.1.3.041012 (efls. 414 e ss), utilizandose totalmente de um crédito oriundo de "pagamento a maior" no valor de R$ 1.055.116,10; b) nº 31613.37219.240604:1.3.0446l7 (efls. 420 e ss), veiculando um crédito de mesma natureza da anterior ("pagamento a maior") para quitar mais uma parte da estimativa em tela, no valor de R$ 96.929,63; c) à efls. 426 foi juntada a DCOMP de nº 28195.33179.25060,44.3.040160, que descreve um débito de R$ 322.085,49, descrevendo crédito da mesma origem que descrita nas declarações retro referidas; d) nº 02554.57048.250604.1.3.043696 (efls. 432 e ss), utilizada para quitar o valor de R$ 17.994,47 da estimativa em análise (tratase também de crédito oriundo de "pagamento a maior"); e) nº 39385.97798.256604.1.3.047009 (efls. 438 e ss), veiculando o débito relativo a estimativa de maio no valor de R$ 473,11; f) nº 40319.88731.161006,1.7.0.49200 (efls. 444 e ss), utilizada para quitar uma parcela de R$ 580.313,85; g) nº 02620.06834.240604.1.3.045028 (efls. 450 e ss), veiculando nova parcela do débito da estimativa de maio no valor R$ 46.594,12; h) nº 15022.20690.240604.1.3.048747 (efls. 456 e ss), descrevendo um débito de R$ 186.088,19; e i) nº 30454.74626.2406041.3.641429 (efls. 462 e ss), apontando, dentre outros, um débito no valor de R$ 503.234,15. Somandose todos os débitos declarados nas DCOMPs acima, todas contendo créditos oriundos de indébitos tributários, chegase à R$ 2.808.829,11, correspondentes ao valor descrito na DCTF de efls. 165 como "indébito compensação a maior" (a diferença de R$ 50,00, exatos, provavelmente se deve à algum erro de digitação incorrido por este mesmo relator de toda sorte, é quase irrelevante). Em seguida, a recorrente traz mais uma DCOMP relativa, ainda, ao mês de maio, de nº 39899.48965.240609.1.7.025931 (efls. 468 e ss), no valor de R$ 23.265,20, veiculando um crédito oriundo de saldo negativo de imposto (outras compensações); na cópia da DCTF juntada à efls. 398, bem como no quadro constante do recurso voluntário (fls. 193 do processo físico) há a menção à uma DCOMP de nº 16934.29511.031.1.0617.025259, descrevendo um débito no valor de R$ 68.786,98... não localizei esta última DCOMP nos autos e, a míngua da prova de sua transmissão, não posso considerála. Este último valor, digase, Fl. 639DF CARF MF Processo nº 10880.903155/200931 Resolução nº 1302000.651 S1C3T2 Fl. 640 14 comporia o montante total descrito na DCTF (efls. 165) a título de "outras compensações" (R$ 92.052,18). Quanto a maio, pois, foi comprovado um montante total pago/compensado no valor de R$ 2.832.144,31. Em junho, todo a estimativa teria sido objeto do pedido de compensação constante de efls. 473 e ss), transmitida com o nº 29831.12285.231106.1.7.026444, descrevendo um crédito oriundo de saldo negativo... o valor total compensado, no caso, foi R$ 2.595.381,09. Para prova a quitação da estimativa de julho, o recorrente apresenta à efls. 488 (e ss), a DCOMP de nº 09777.05309.101104.1.7.025267, descrevendo como débito uma parte desta estimativa, no valor R$ 1.621.734,63, e a efls. 492 (e ss) a DCOMP de nº 27653.61423.231106.1.7.039940, veiculando como débito outra parte da predita estimativa, no valor de R$ 1.220.293,48. Somadas as duas compensações, temse um valor de R$ 2.842.028,10 (exatamente o valor descrito na DCTF de efls. 171). Para agosto, a empresa requerente trouxe a cópia da DCOMP de nº 24288.64390.100609.1.3 1.090075 (efls. 504 e ss), contemplando uma parte desta estimativa, no valor de R$ 463.778,00 (que, atualizada por multa e juros de mora alçou a monta de R$ 854.232,69); a outra parte desta estimativa teria sido comprovada pela DCOMP de nº 39980.58286.300904.1.3.044886, apresentada à efls. 509 e ss, e que descreve um débito no importe de R$ 338.641,12. Somados estes dois valores, chegase exatamente ao valor de R$ 802.419,12, descrito na DCTF de efls. 172. A estimativa de setembro foi objeto de compensações realizadas pelo recorrente através de formulário físico (previsto na então vigente IN 210), apresentadas à efls. 518 (e ss) e 533 (e ss), contemplando, cada qual, um débito registrado sob o código de receita de nº 2362, no valor, respectivamente, de R$ 1.068.111,42 e 2.896.046,25. A par da inespecificidade do código de receita informado (já que o código relativo ao IRPJ/Estimativa Mensal teria um dígito 01 à sua frente), o período de apuração descrito no aludido formulário é mensal, sendo, pois, razoável assumir se tratar, de fato, de débito de estimativa relativo ao mês de setembro de 2004. O problema é que o valor somado dos dois pedidos chega ao importe de R$ 3.964.157,67 e, portanto, diferente daquele declarado pelo contribuinte em sua DCTF (efls. 173), qual seja, R$ 3.856.929,80. O motivo de semelhante divergência me é desconhecido e o recorrente, destacase, não traz quaisquer dados ou documentos adicionais que possam justificála... há, neste passo, concreta incerteza sobre se tais compensações de fato se destinaram à quitação da estimativa de setembro de 2004 e, por isso, entendo, é impossível considerálas para computo do saldo negativo aqui tratado. Finalmente, quanto ao mês de outubro, também teriam sido formulados dois pedidos de compensação, um por meio de formulário físico e outro por meio de PER/DCOMP... a primeira se encontra juntada à efls. 292, informando um débito de R$ 599.999,99. Já quanto a outra parcela da estimativa de outubro, o PER/DCOMP de efls. 550 e ss, seria a prova de sua quitação, no importe de R$ 393.334,20. A luz de todo o exame realizado acima, e com as ressalvas relativas aos meses de maio e outubro (estou considerando o valor integral concernente ao mês de setembro, a despeito das divergências apontadas), é de considerar comprovadas as quitações das respectivas estimativas. Neste passo, o valor total demonstrado, seria de R$ 11.113.774,27 Fl. 640DF CARF MF Processo nº 10880.903155/200931 Resolução nº 1302000.651 S1C3T2 Fl. 641 15 (resultado da diminuição do valor total de compensações declaradas em DCTF R$ 15.039.491,05 da parcela considerada não comprovada maio/04, no importe de R$ 68.786,98 e da estimativa relativa à setembro R$ 3.856.929,80). Agora, já se sabe, e que foi admitido pela Unidade de Origem, que as estimativas relativas aos meses de setembro a dezembro foram quitadas total ou parcialmente por meio de DARF e que tais pagamentos alçaram a monta de R$ 16.499.530,26. Assim, somandose estes pagamentos aos valores de estimativas objetos de compensações efetivamente demonstradas, considero comprovado o valor total de estimativas a compor o saldo negativo de 2004 no importe de R$ 27.613.304,53. Destaco que, como não admiti os argumentos e documentos apresentados pelo recorrente concernentes às divergências apuradas quanto as estimativas de março, outubro, novembro e dezembro, considerei apenas os montantes declarados em DCTF... diferentemente do que decidiu, quanto a este ponto, a DRJ, semelhante divergência, apontada pelo cotejo entre a DCTF e a DIPJ não encerra a iliquidez do crédito, mormente porque esta última declaração é meramente informativa, ao passo que a DCTF, de fato, importa em confissão de dívida. Notem, outrossim, que a despeito do contribuinte trazer provas sobre a situação atual de cada uma dos pedidos de compensação (que se observa, inlcusive, a homologação de algumas delas), pelo que expus no início deste tópico entendo dispiscienda tal demonstração, razão pela qual não me debrucei sobre estes documentos (juntados pelo recorrente à efls. 299/323). III.2.2 Despesas com operações de caráter cultural e artístico Nos termos do art. 475 do RIR, "a pessoa jurídica tributada com base no lucro real poderá deduzir do imposto devido as contribuições efetivamente realizadas no período de apuração em favor de projetos culturais devidamente aprovados, na forma da regulamentação do Programa Nacional de Apoio à Cultura PRONAC", observados os limites impostos pelos seus parágrafos abaixo reproduzidos: § 1º A dedução permitida terá como base: I quarenta por cento das doações; e(...) II trinta por cento dos patrocínios. § 2º A dedução não poderá exceder a quatro por cento do imposto devido, observado o disposto no art. 543. (...) § 6º Não serão consideradas, para fins de comprovação do incentivo, as contribuições que não tenham sido depositadas, em conta bancária, específica, em nome do beneficiário, na forma do regulamento de que trata o caput. (...) § 8º A soma das deduções previstas neste artigo e no art. 484, não poderá reduzir o imposto devido pela pessoa jurídica em mais de quatro por cento, observado o disposto no art. 543 Fl. 641DF CARF MF Processo nº 10880.903155/200931 Resolução nº 1302000.651 S1C3T2 Fl. 642 16 O regulamento a que faz referência o caput, por sua vez, foi estabelecido pela Lei 8.313 (Lei Rouanet) que, por sua vez, na forma de seu artigo 19, estipula que os projetos tratados no citado art. 475, supra, deverão ser aprovados pelo Ministério da Cultura cuja decisão, inclusive, será objeto de publicação. A partir dos preceitos acima é possível se destacar os pressupostos necessários ao gozo do benefício, a saber: a) os projetos fomentados tem que ter sido aprovados pelo Ministério da Cultura; b) a dedução não pode ultrapassar 40% do valor total das doações ou 30% do montante despendido como patrocínio; c) somente serão admitidas as deduções concernentes aos dispêndios que tenha sido objeto de depósito em conta bancária específica aberta em nome do titular do projeto (art. 29 da Lei 8.313); d) a dedução também não poderá ultrapassar 4% do valor total do imposto devido, não se considerando, neste particular, o adicional. Vejamos, agora, as provas que foram trazidas ao feito pelo recorrente. À efls. 563, é apresentada uma página aparentemente relativa ao razão, em que se descreve uma conta contábil destinada ao controle de doações... a força probandi deste documento, permissa venia, é reduzidíssima... O documento seguinte, juntado à efls. 564, já diz respeito à um recibo emitido por instituição pretensamente beneficiária do programa de incentivo à cultura e artes visuais, denominada Audichromo Criação em Audiovisuais e Editora Ltda. Este recibo tratada de um patrocínio (sujeito, portanto, à limitação descrita no inciso II do § 1º do art. 475 do RIR), concedido pelo recorrente no importe de R$ 200.000,00. Em seguida traz cópia de um contrato firmado com o beneficiário e, ainda, a cópia do diário oficial (ilegível) a fim de demonstrar o preenchimento de todos os pressupostos elencados acima. Pois bem... o recorrente não trouxe nenhuma prova de que o valor de R$ 200.000,00 tenha, de fato, sido creditado em conta corrente aberta em nome do benefíciário (prova esta que somente poderia ser feita mediante extrato bancário ou comprovante de depósito bancário)... lado outro, como já dito, a cópia do Diário Oficial apresentada é ilegível... não é possível, pois, verificar, nem mesmo, sem, porventura, o projeto descrito no recibo apresentado fora, efetivamente, aprovado pelo MinC. Por fim, por se tratar de patrocínio, o montante total dedutível seria de apenas R$ 60.000,00 (30% do valor do patrocínio)... Os documentos apresentados mencionam apenas o citado patrocínio, no importe de R$ 200.000,00 dos quais, como dito, apenas R$ 60.000,00 seriam dedutíveis. A empresa, contudo, deduziu um valor total de R$ 300.000,00... quanto aos R$ 240.000,00 faltantes, o recorrente nada trouxe ou alegou... Fl. 642DF CARF MF Processo nº 10880.903155/200931 Resolução nº 1302000.651 S1C3T2 Fl. 643 17 Neste ponto, não há como considerar comprovada a dedutibilidade desta parcela, ao menos para fins de apuração de saldo negativo passível de compensação. E, digase, o fato da empresa ter sido "auditada" pela Receita em outra oportunidade não se presta a demonstrar a correção ou a comprovação de fatos que, dentro do prazo decadencial, ainda estaria obrigada a evidenciar, acaso, por óbvio, assim fosse demandada. III.2.3 IRFonte Quanto a dedução do IRFonte, e sem me alongar demais, é premente que, para tanto, dois requisitos devam ser observados, extraíveis da Sumula 80, deste Conselho: a) a ocorrência efetiva e concretamente demonstrada da retenção; b) a comprovação de que as receitas em relação as quais foram realizadas as preditas retenções tenham sido objeto de tributação. Para demonstrar o preenchimento destes dois pressupostos, o contribuinte trouxe um relatório apócrifo, sem nome específico e sem classificação, dando conta de retenções realizadas pelo Banco ABN, no valor total de R$ 1.627.857,39, pela empresa Delta Transportes e pela empresa UPS Transportes (essas duas últimas em valores que não ultrapassam a monta de R$ 100,00)... Em relação ao ABN, os rendimentos em testilha decorreriam de aplicação em renda fixa; para comproválos, o recorrente apresentou o respectivo informe de rendimentos, em que, além dos valores já mencionados no parágrafo anterior, traz, também, o valor total das receitas tributáveis. O problema é que este documento aparentemente foi retirado de uma base de dados estranha e não consigna qual exercício ou anocalendário se refere... venia concessa, mas era perfeitamente possível, à empresa, obter diretamente com a instituição financeira (ou, no caso, com a sua sucessora Santander) uma segunda via formalmente aceitável de se extrato de rendimentos financeiros... O pouco esmero e esforço demonstrado pelo recorrente para comprovar, neste ponto, a dedutibilidade de parcela componente do saldo negativo cuja compensação se postula revela, quiçá, a própria descrença da empresa na sua tese. No que tange aos demais valores, relativos às empresas de transporte, há, realmente, informes de rendimentos mais críveis... mas não foram juntados quaisquer documentos adicionais, como, por exemplo, eventuais notas fiscais de prestação de serviços, livro razão, entre outros... a recorrente, vejam bem, nem se ocupa (num esforço mínimo) de demonstrar que, mesmo tais parcos valores, tenha, eventualmente, suportado tributação. Por estas razões, considero não comprovados os valores relativos ao IRFonte. IV Conclusão parcial. A vista de todas as considerações anteriores, é de se reconhecer, para a formação de eventual saldo negativo, apenas o valor total de estimativas pagas/compensadas, como tratado no tópico III.2.1, deste voto. E, neste particular, considerandose que o valor total reconhecido das preditas estimativas alçou a monta de R$ 27.613.304,53 e, outrossim, a não Fl. 643DF CARF MF Processo nº 10880.903155/200931 Resolução nº 1302000.651 S1C3T2 Fl. 644 18 comprovação das demais parcelas declaradas pelo recorrente em sua DIPJ (IRFonte e despesas com operações culturais e artísticas), necessário se faz recompor o predito saldo de imposto a fim de se verificar se, efetiva e concretamente, a empresa detém, ainda que em menor proporção, qualquer direito creditório reconhecível. Reproduzo, para tanto, abaixo, a Ficha 12A da DIPJ/AC2004, modificandoa de acordo com as conclusões exaradas ao longo deste voto: Ou seja, ainda assim o contribuinte deteria parte do direito creditório pretendido. V Conclusão. Por todo o exposto, voto por dar parcial provimento ao recurso voluntário a fim de reconhecer, em parte, o direito creditório do recorrente, no valor de R$ 4.339.513,61 e, assim, por homologar as compensações (que não tenham sido objeto de desistência) pleiteadas até o limite do crédito reconhecido, com as minhas ressalvas particulares quanto a competência deste Conselho para tanto (homologação de pedidos de compensação). (assinado digitalmente) Gustavo Guimarães da Fonseca Voto Vencedor Conselheira Maria Lucia Miceli Redatora Designada Como de praxe, o i. Conselheiro Gustavo Guimarães da Fonseca apresentou seu voto bem fundamentado, mas que eu ouso divergir por entender que faltam elementos para formação de minha convicção neste julgamento, motivo pelo qual concluo que o mesmo deve ser convertido em diligência, pelas seguintes razões. Fl. 644DF CARF MF Processo nº 10880.903155/200931 Resolução nº 1302000.651 S1C3T2 Fl. 645 19 Trata o processo de Declaração de Compensação no qual a recorrente pretende compensar saldo negativo de IRPJ, do anocalendário de 2004, no valor de R$ 10.422.699,62. O direito creditório não foi reconhecido, e a recorrente alega que teria errado no preenchimento das parcelas que comporiam o crédito do saldo negativo. Estas parcelas, que devem ser informadas nas Fichas de Crédito da DCOMP, se referem a todos os valores recolhidos de imposto de renda durante o período estimativas pagas, estimativas compensadas e imposto de renda retido na fonte e que possuem natureza de antecipação do imposto devido no final. O somatório destas parcelas deve ser suficiente para quitar o tributo devido no final do período, e ainda formar o saldo negativo. Em regra, este somatório deve coincidir com os valores informados (estimativas e imposto de retido na fonte) na Declaração de Informação da Pessoa Jurídica DIPJ. No presente caso, o total das parcelas do crédito que consta na DIPJ/2005 é de R$ 33.396.490,54. Entretanto, a recorrente se limitou a informar somente pagamentos suficientes para compor o crédito do saldo negativo, no valor de R$ 10.422.521,13. Foi neste contexto que recorrente foi intimada a retificar as declarações, com o seguinte teor: A soma das parcelas de crédito demonstradas no PER/DCOMP é inferior ao demonstrativo de crédito informado nas linhas correspondentes da DIPJ, e o(s) débito(s) por estimativa informado(s) na DIPJ é(são) diferente(s) do(s) valor(es) declarado(s) na(s) DCTF correspondente(s). O total do crédito demonstrado no PER/DCOMP deve ser suficiente para comprovar a quitação da contribuição ou imposto devido, se houver, e a apuração do saldo negativo negativo. Apuração: EXERCÍCIO 2004 Demonstrativo parcelas crédito DIP]: R$ 33.396.490,54 (Somatório dos valores da FICHA 12A, LINHAS 12 A 19) Demonstrativo parcelas crédito PER/DCOMP: R$ 10.422.521,13 (Somatório das informações das fichas Imposto de Renda pago no exterior, Imposto de Retido na Fonte, Pagamentos, Estimativas compensadas com saldo de períodos anteriores, Estimativas parceladas e Demais estimativas compensadas. Como bem apontou o relator, as intimações apenas instaram a recorrente a retificar as informações prestadas à Receita Federal, podendo ser a DIPJ ou a DCOMP, incluindo as DCTF. O objetivo da intimação seria tornar coerentes as informações prestadas nas citadas declarações, de forma que a apuração do crédito de saldo negativo pudesse ser feita. É bem verdade que, nos casos de Pedido de Restituição e Declaração de Compensação, é ônus do contribuinte demonstrar o crédito tributário, por força do artigo 373 do CPC (Lei nº 13.105/2015). Entretanto, é fato que a apresentação destes pedidos/declarações por meio de programas informatizados que limitam o contribuinte a apenas prestar informações não ajudam na tarefa de demonstrar o crédito com apresentação de documentos hábeis e idôneos. Vejam que, ainda que a recorrente tenha sido intimada, não procedeu com as retificações necessárias, o levou ao indeferimento do pedido. Outro fator a ser considerado é a dificuldade em se determinar quais provas que devem ser apresentadas na defesa para o convencimento do julgador com o intuito de Fl. 645DF CARF MF Processo nº 10880.903155/200931 Resolução nº 1302000.651 S1C3T2 Fl. 646 20 demonstrar o crédito. No presente caso, quando da apresentação da manifestação de inconformidade, a recorrente alegou que: 1) no período de março a outubro efetuou compensações que poderiam ser verificadas nas DCTF e DCOMP em poder da própria Receita Federal do Brasil; 2) nos meses de setembro a dezembro houve recolhimento por meio de DARF anexados aos autos. 3) houve imposto de renda retido na fonte, o que poderia ser comprovado pela DIPJ constante nos sistemas da Receita Federal do Brasil, na Ficha 53. Entretanto, o julgador a quo julgou improcedente a defesa afirmando que: 1) não havia comprovação das compensações e; 2) não comprovou as retenções do imposto de renda retido na fonte e; 3) não comprovou a origem da dedução com "Operações de Caráter Cultural e Artístico", no valor de R$ 300.000,00. Assim, para contrapor os motivos que levaram o julgador a quo a julgar improcedente a manifestação de inconformidade, a recorrente apresentou maiores esclarecimentos, assim como a escrituração contábil fiscal. Neste contexto, concordo com o relator no sentido que estes novos fatos e razões devem ser conhecidos, pois restou caracterizada a exceção expressa na alínea "c" do § 4º do artigo 16 do Decreto nº 70.235/72. Entretanto, divirjo do resultado do julgamento, pois entendo que não estão presentes todos os elementos necessários para formação de minha convicção, ainda mais nesta situação em que não ocorreu, propriamente dito, uma análise quanto ao mérito. De fato, o despacho decisório apenas constatou que as parcelas do crédito informados na DCOMP não seriam suficientes para sequer extinguir o IRPJ devido. Já a decisão recorrida deixou de examinar as compensações das estimativas e as retenções do imposto de renda fonte, alegando que seria ônus do contribuinte a comprovação destas parcelas. Ocorre que a recorrente tem razão quando afirma que as informações estão disponíveis nos sistemas da Receita Federal do Brasil, motivo pelo qual se furtou a trazer qualquer documentação que demonstrasse as compensações e o imposto de renda retido na fonte. O artigo 37 da Lei nº 9.784/99 determina que: Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e dados estão registrados em documentos existentes na própria Administração responsável pelo processo ou em outro órgão administrativo, o órgão competente para a instrução proverá, de ofício, à obtenção dos documentos ou das respectivas cópias. Fl. 646DF CARF MF Processo nº 10880.903155/200931 Resolução nº 1302000.651 S1C3T2 Fl. 647 21 As compensações estão informadas nas DCTF e na DCOMP, declarações que a Administração tem acesso. O mesmo vale quanto aos valores do imposto de renda retido, pois as fontes pagadores são obrigadas a apresentar a Declaração de Informação de Rendimentos Retidos DIRF, por meio da qual a autoridade a quo poderia confirmar os valores constantes na Ficha 53 da DIPJ/2005 (fls. 147). Passo, então, a apontar quais os elementos que necessitam uma maior investigação, que deverá ser feita por meio de diligência na unidade de jurisdição da recorrente. Tendo por base a DIPJ/2005, o saldo negativo de IRPJ do anocalendário de 2004 é formado conforme apuração a seguir: Cálculo do IRPJ devido Valor R$ IRPJ 15% 13.978.674,55 Adicional IRPJ 10% 9.295.116,37 IRPJ devido apuração anual 23.273.790,92 DEDUÇÕES Operações de Caráter Cultural e Artístico 300.000,00 Imposto de Renda Retido na Fonte 1.156.185,93 Imposto de Renda pago por estimativa 32.240.304,61 CRÉDITO Saldo Negativo 10.422.699,62 O imposto de renda pago por estimativa, no valor de R$ 32.240.304,61, teria sido quitado conforme tabela abaixo, elaborada com base nas informações prestadas pela recorrente. Os valores informados na DCTF e na DIPJ divergem nos meses de março e outubro. Mas, para fins de apuração de saldo negativo, o que importa são os valores efetivamente quitados, que serão apreciados a seguir: FORMA DE QUITAÇÃO PA DCTF DIPJ IRPJ a pagar Compensado Pagamento IRRF SOMATÓRIO jan/04 fev/04 mar/04 600.738,70 739.495,58 739.495,58 139.902,49 879.398,07 abr/04 447.828,76 447.828,76 447.828,76 447.828,76 mai/04 2.900.831,29 2.900.831,29 2.900.831,29 152.419,81 3.053.251,10 jun/04 2.595.381,09 2.595.381,09 2.595.381,09 45.234,30 2.640.615,39 jul/04 2.842.028,11 2.842.028,11 2.647.666,27 194.361,84 44.725,10 2.886.753,21 ago/04 802.419,12 802.419,12 802.419,12 44.874,17 847.293,29 set/04 10.560.649,65 10.560.649,65 3.856.929,80 6.703.719,85 44.694,08 10.605.343,73 out/04 3.280.432,15 3.274.634,49 993.334,19 2.287.097,96 3.280.432,15 nov/04 6.281.861,15 6.281.861,15 6.354.921,61 6.354.921,61 dez/04 1.244.467,30 1.244.467,30 Totais 14.983.886,10 16.784.568,56 471.849,95 32.240.304,61 A) DAS ESTIMATIVAS PAGAS DARF => R$ 16.784.568,56 A recorrente apresentou os seguintes comprovantes dos pagamentos, não merecendo maiores investigações: Fl. 647DF CARF MF Processo nº 10880.903155/200931 Resolução nº 1302000.651 S1C3T2 Fl. 648 22 PA Pagamento Comprovante jul/04 194.361,84 fls. 487 20/08/2008 set/04 6.703.719,85 fls. 516 out/04 2.287.097,96 fls. 549 nov/04 6.354.921,61 fls. 555 dez/04 1.244.467,30 fls. 556 01/02/2005 16.784.568,56 B) DAS ESTIMATIVAS COMPENSADAS => R$ 14.983.886,10 A recorrente elaborou tabela na qual discrimina todas as compensações, para cada mês, apontando quais já teriam sido homologadas, e as que ainda estariam pendentes de julgamento definitivo na esfera administrativa. Informou, ainda, que teria efetuado pagamento quando a homologação foi parcial. 180.799,87 29287.86007.290404.1.3.040807 homologada fls. 256 419.938,83 23657.62872.240609.1.7.021990 pendente mar/04 138.756,88 16934.29511.031106.1.7.025359 pendente Total 739.495,58 249.814,53 10421.25488.240604.1.7.043313 DARF pago fls. 258 pgto em 31/10/2008 abr/04 198.014,23 16934.29511.031106.1.7.025259 pendente Total 447.828,76 1.055.116,10 38395.69543.240604.1.3.041012 pendente 96.929,63 31613.37219.240604.1.3.044617 homologada fls. 259 322.085,49 28195.33179.250604.1.2.040160 pendente fls. 260 homologado parcial R$ 17.668,13 17.944,47 02554.57648.250604.1.3.043696 homologada pgto em 30/09/08 R$ 276,34 473,11 39385.97790.250604.1.3.040819 DARF pago fls. 266 pgto em 31/03/2009 580.313,85 40319.88731.101006.1.7.049200 homologada fls. 267 46.594,12 02620.06834.240604.1.3.045028 homologada fls. 268 186.088,19 15022.20690.240604.1.3.048747 pendente 503.234,15 30454.74626.240604.1.3.041429 pendente 23.265,20 39899.48965.240609.1.7.025931 pendente mai/04 68.786,98 16934.29511.031106.1.7.025259 pendente Total 2.900.831,29 jun/04 2.595.381,09 29831.12285.231106.1.7.02.6444 pendente 1.427.372,79 07509.70016.101104.1.7.021274 pendente jul/04 1.220.293,48 27653.61423.231106.1.7.039940 pendente Total 2.647.666,27 Fl. 648DF CARF MF Processo nº 10880.903155/200931 Resolução nº 1302000.651 S1C3T2 Fl. 649 23 463.778,00 24288.64390.100609.1.3.090075 pendente ago/04 338.641,12 39980.58286.300904.1.3.044886 DARF pago fls. 270 pgto em 29/12/2008 Total 802.419,12 fls. 283 compensado R$ 960.883,55 960.883,55 13811.003181/200465 homologada pgto em 19/02/2009 R$ 107.227,87 set/04 2.896.046,25 13811.003180/200411 homologada fls. 279 Total 3.856.929,80 599.999,99 13811.003619/200413 homologada fls. 287 processo arquivado sem comprovação nos autos da compensação fls. 274 compensado R$ 363.293,47 out/04 393.334,00 38931.39389.291104.1.3.043019 homologada pgto em 04/06/2009 R$ 30.040,73 Total 993.333,99 O relator acatou a argumentação da recorrente de que as estimativas compensadas seriam quitadas, seja qual for o resultado do julgamento, pois (1) pode resultar na homologação das compensações, ou (2) serão cobradas no caso de não homologação, em processos apartados. Ocorre que tenho entendimento diverso, pois o reconhecimento do direito creditório depende da comprovação a certeza e liquidez que, no caso de saldo negativo, necessariamente passa pela comprovação da quitação das estimativas. De toda sorte, como a proposta é de diligência, para que haja uma maior segurança da análise da matéria, a unidade de jurisdição deverá verificar qual a atual situação das compensações que estão pendentes de análise ou julgamento. Também deverá ser verificada qual a decisão nos autos do processo administrativo nº 13811.003619/200413, pois a recorrente informa a compensação da estimativa do mês de outubro, no valor de R$ 599.999,99, estaria homologada, mas os documentos acostados aos autos, fls. 287/292, não comprovam esta afirmação. De fato, estes documentos são as Declarações de Compensação apresentadas, mas sem qualquer análise por parte da Administração quanto à homologação. C) DO IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE =>R$ 1.628.035,88 De acordo com as informações na DIPJ/2005, a recorrente deduziu do IRPJ devido o montante de R$ 1.628.035,88 a título de IRRF, conforme as parcelas a seguir: 1) R$ 471.849,95 (compensação mensal das estimativas) 2) R$ 1.156.185,93 (ajuste anual) A recorrente apresentou os seguintes comprovantes do imposto de renda retido na fonte: Fl. 649DF CARF MF Processo nº 10880.903155/200931 Resolução nº 1302000.651 S1C3T2 Fl. 650 24 Fonte Pagadora CNPJ Rendimento IRRF Doc. BANCO ABN AMRO REAL S/A 33.066.408/000115 R$ 8.139.287,48 R$ 1.627.857,39 fls. 559 DELTA CARGO 74.182.593/000190 R$ 1.044,00 R$ 15,66 fls. 560 UPS SCS TRANSPORTES BRASIL S.A. 53.284.634/000180 R$ 7.461,46 R$ 75,86 fls. 561 Total R$ 8.147.792,94 R$ 1.627.948,91 Como bem apontou o relator, a Súmula nº 80 do CARF determina que os seguintes requisitos devem ser comprovados para que a recorrente possa aproveitar os valores retidos a titulo de imposto de renda: a) a ocorrência efetiva e concretamente demonstrada da retenção; b) a comprovação de que as receitas em relação as quais foram realizadas as preditas retenções tenham sido objeto de tributação. No presente caso, a recorrente apresentou os comprovantes das retenções, que devem ser confirmados nos sistemas da Receita Federal. Entretanto, não demonstrou que os rendimentos, no valor de R$ 8.147.792,94, foram oferecidos à tributação. Esta comprovação, entendo, deverá ser feito por meio da presente diligência a ser proposta. D) DAS DEDUÇÕES COM OPERAÇÕES DE CARÁTER CULTURAL E ARTÍSTICO. O i. relator, tendo por base o artigo 475 do RIR/99, citou os requisitos necessários para que a recorrente possa usufruir do incentivo fiscal, deduzindo o IRPJ devido, quais sejam: a) os projetos fomentados tem que ter sido aprovados pelo Ministério da Cultura; b) a dedução não pode ultrapassar 40% do valor total das doações ou 30% do montante despendido como patrocínio; c) somente serão admitidas as deduções concernentes aos dispêndios que tenha sido objeto de depósito em conta bancária específica aberta em nome do titular do projeto (art. 29 da Lei 8.313); d) a dedução também não poderá ultrapassar 4% do valor total do imposto devido, não se considerando, neste particular, o adicional. Como esta matéria foi suscitada pela decisão recorrida, para fins de comprovação da correta apuração do saldo do negativo de IRPJ, a recorrente não foi instada a comprovar estes requisitos, motivo pelo qual entendo que deverão ser objeto de diligência pela unidade de jurisdição para verificar a dedutibilidade desta parcela na apuração do crédito ora analisado. DA DILIGÊNCIA De todo acima exposto, voto por converter o julgamento em diligência, para que a unidade de jurisdição: Fl. 650DF CARF MF Processo nº 10880.903155/200931 Resolução nº 1302000.651 S1C3T2 Fl. 651 25 1) Verifique se foram homologadas ou não as Declarações de Compensação abaixo listadas, informando a situação atual do julgamento, se houver: PA Valor R$ DCOMP Situação 419.938,83 23657.62872.240609.1.7.021990 pendente mar/04 138.756,88 16934.29511.031106.1.7.025359 pendente abr/04 198.014,23 16934.29511.031106.1.7.025259 pendente 1.055.116,10 38395.69543.240604.1.3.041012 pendente 322.085,49 28195.33179.250604.1.2.040160 pendente 186.088,19 15022.20690.240604.1.3.048747 pendente 503.234,15 30454.74626.240604.1.3.041429 pendente 23.265,20 39899.48965.240609.1.7.025931 pendente mai/04 68.786,98 16934.29511.031106.1.7.025259 pendente jun/04 2.595.381,09 29831.12285.231106.1.7.02.6444 pendente 1.427.372,79 07509.70016.101104.1.7.021274 pendente jul/04 1.220.293,48 27653.61423.231106.1.7.039940 pendente ago/04 463.778,00 24288.64390.100609.1.3.090075 pendente out/04 599.999,99 13811.003619/200413 Processo arquivado 2) Intime a recorrente a comprovar, com a apresentação dos livros contábeis e fiscais, se os rendimentos listados a seguir foram oferecidos à tributação, para fins de aproveitamento do imposto de renda retido na fonte, nos termos do inciso III do §4º do art. 2º da Lei 9.430/96: Fonte Pagadora CNPJ Rendimento IRRF Doc. BANCO ABN AMRO REAL S/A 33.066.408/000115 R$ 8.139.287,48 R$ 1.627.857,39 fls. 559 DELTA CARGO 74.182.593/000190 R$ 1.044,00 R$ 15,66 fls. 560 UPS SCS TRANSPORTES BRASIL S.A. 53.284.634/000180 R$ 7.461,46 R$ 75,86 fls. 561 Total R$ 8.147.792,94 R$ 1.627.948,91 3) Intime a recorrente a comprovar que atendeu aos requisitos previstos na legislação tributária para usufruir do incentivo fiscal, conforme artigo 475 do RIR/99, deduzindo o IRPJ devido com as despesas com operações de caráter cultural e artístico, no valor de R$ 300.000,00. Ao final dos trabalhos, a autoridade fiscal deve produzir relatório circunstanciado, descrevendo suas análises e conclusões daí resultantes, incluindo a correta apuração do saldo negativo de IRPJ do anocalendário de 2004, dele cientificando a recorrente, com reabertura de prazo de 30 (trinta) dias para se manifestar, se assim entender necessário. (assinado digitalmente) Maria Lucia Miceli Redatora Designada Fl. 651DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15586.000975/2009-18
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 07 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Nov 29 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2006
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. TERCEIROS. CARACTERIZAÇÃO DE SEGURADOS EMPREGADOS.
O contrato de trabalho, sendo um contrato-realidade, não está vinculado ao aspecto formal, prevalecendo as circunstâncias reais em que estão sendo prestados os serviços. Se essas circunstâncias demonstram estarem presentes os requisitos estabelecidos no artigo 12, I, "a" da Lei 8.212/91, a Fiscalização deve considerar tal segurado como empregado.
Numero da decisão: 2402-006.745
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior.
(assinado digitalmente)
Denny Medeiros da Silveira - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Mauricio Nogueira Righetti - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: José Ricardo Moreira, Denny Medeiros da Silveira, João Victor Ribeiro Aldinucci, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior.
Nome do relator: MAURICIO NOGUEIRA RIGHETTI
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2006 CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. TERCEIROS. CARACTERIZAÇÃO DE SEGURADOS EMPREGADOS. O contrato de trabalho, sendo um contrato-realidade, não está vinculado ao aspecto formal, prevalecendo as circunstâncias reais em que estão sendo prestados os serviços. Se essas circunstâncias demonstram estarem presentes os requisitos estabelecidos no artigo 12, I, "a" da Lei 8.212/91, a Fiscalização deve considerar tal segurado como empregado.
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TERCEIROS. CARACTERIZAÇÃO DE SEGURADOS EMPREGADOS. O contrato de trabalho, sendo um contratorealidade, não está vinculado ao aspecto formal, prevalecendo as circunstâncias reais em que estão sendo prestados os serviços. Se essas circunstâncias demonstram estarem presentes os requisitos estabelecidos no artigo 12, I, "a" da Lei 8.212/91, a Fiscalização deve considerar tal segurado como empregado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: José Ricardo Moreira, Denny Medeiros da Silveira, João Victor Ribeiro Aldinucci, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 58 6. 00 09 75 /2 00 9- 18 Fl. 144DF CARF MF Processo nº 15586.000975/200918 Acórdão n.º 2402006.745 S2C4T2 Fl. 3 2 Relatório Cuida o presente de Recurso Voluntário em face do Acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento, que considerou improcedente a Impugnação apresentada pelo sujeito passivo. Foi lavrado Auto de Infração DEBCAD 37.241.6802 para cobrança das contribuições previdenciárias destinadas a terceiros, incidentes sobre pagamentos a profissionais considerados pela autuada como prestadores de serviço através de contrato de parceria e qualificados pela Fiscalização como segurados empregados. Segundo o relato fiscal, as bases de cálculos foram aferidas indiretamente, com base na média das remunerações mensais declaradas pelos segurados (cirurgiões dentistas) em depoimentos constantes dos autos de processo movido pelo MPT e, no caso específico da Empresária Titular, obtidas através da DIRPF/07. Consoante se extrai do relatório do acórdão de piso, o recorrente aduziu em sua impugnação: Que a ação fiscal ofendeu o principio da legalidade, assim como o artigo 2º, § único, incisos I, VI, e VIII da Lei 9.784/99, vez que a ação fiscal iniciouse pela comunicação do MPT da existência de procedimento para apurar o possível vínculo de emprego existente entre a impugnante e os cirurgiões dentistas, antecipandose à decisão judicial, ainda inexistente. Que não é na esfera administrativa que se declara, ou não, o vinculo de emprego, mas sim na Justiça do Trabalho. Que a contribuição ao INSS da Sra Ana Cláudia Migliorini foi feita, conforme documentos em anexo. Que o empresário individual não é obrigado a retirar prólabore e nem recolher a contribuição de 11% sobre este, desde que recolha 20% sobe o salário mínimo como contribuinte individual. Que os valores constantes na DIRPF da sra Ana Cláudia podem ser considerados como simples retirada de lucro, tendo em vista não haver sócios. Que referidos os cirurgiõesdentistas pagam suas contribuições como autônomos, conforme documentos em anexo. Que o Auto de Infração está alicerçado em meras presunções acerca da existência do vínculo empregatício, uma vez que ausentes os requisitos essenciais estabelecidos pela legislação, doutrina e jurisprudência para caracterizálos como empregados. Fl. 145DF CARF MF Processo nº 15586.000975/200918 Acórdão n.º 2402006.745 S2C4T2 Fl. 4 3 Que nos depoimentos prestados pelos próprios dentistas, junto à Procuradoria Regional do Trabalho, não há nenhuma afirmação no sentido de que são subordinados à impugnante. Que ninguém que é subordinado trabalha sem horário determinado, faz o horário de trabalho e almoço que quer, conforme suas necessidades, recolhe facultativamente seu INSS como autônomo, e tem ampla liberdade para faze os orçamentos dos serviços que irá prestar. Que os contratos de parceria para prestação de serviços estabelecem que não há o requisito da subordinação entre as partes. Que não devem incidir a multa de mora, de ofício e juros Selic, em função do recolhimento da Sra Ana Cláudia como contribuinte individual. Como já dito alhures, a DRJ julgou improcedente a Impugnação apresentada fls. 109/114. A autuada apresentou Recurso Voluntário às fls. 118/139 renovando as razões de sua impugnação e acrescendo i) que a decisão vergastada não teria considerada as provas documentais e testemunhais existentes no processo e citadas em sua impugnação; ii) que ao contrário do que afirmam os julgadores (DRJ), não houve depoimento dos envolvidos na esfera judicial; e iii) que a decisão recorrida não teria observado os princípios da legalidade, razoabilidade, proporcionalidade e segurança jurídica.. É o relatório. Voto Conselheiro Mauricio Nogueira Righetti, Relator A autuada tomou ciência do acórdão de piso em 04.06.2010 (fls. 140) e apresentou, tempestivamente, seu Recurso Voluntário em 01.07.2010 (fls. 118). Preenchido os demais requisitos, dele passo a conhecer. Como já assentado nos autos, o ponto nevrálgico da lide reside em determinar se há, no que toca à relação entre a recorrente e os cirurgiõesdentistas, evidências da existência de subordinação a caracterizar a relação de emprego entre as partes, com vistas a concluir pela subsunção, ou não, ao disposto no artigo 12, I, "a" da Lei 8.212/91, c/c artigo 3º da CLT e, por conseguinte, no artigo 22 do mesmo diploma. A recorrente refuta a existência de subordinação aos argumentos de que nos depoimentos prestados pelos próprios dentistas, junto à Procuradoria Regional do Trabalho, não haveria qualquer afirmação no sentido de que seriam subordinados à impugnante e que nos contratos de parceria para prestação de serviços estaria estabelecido que não haveria o requisito da subordinação entre as partes. Além do mais, assevera que ninguém que é subordinado trabalha sem horário determinado, faz o horário de trabalho e almoço que quer, conforme suas necessidades, recolhe Fl. 146DF CARF MF Processo nº 15586.000975/200918 Acórdão n.º 2402006.745 S2C4T2 Fl. 5 4 facultativamente seu INSS como autônomo, e tem ampla liberdade para fazer os orçamentos dos serviços que irá prestar. De plano, cumpre destacar que a mera menção no contrato, no sentido de que não haveria subordinação, não é requisito definitivo/suficiente à comprovar tal condição, mas sim o que se evidencia da realidade dos fatos envolvidos. Antes de mais nada, há de se registrar que estão acostados aos autos do processo principal nº 15586.000973/200929, às fls. 48/141, cópias de resumos de folha de pagamento, GFIP, contatos de parcerias celebrados entre a autuada e os trabalhadores qualificados como empregados, Atas de Depoimentos constantes do processo PP/CODIN/PRT 17ª REGIÃO/Nº 00061/2007, Ata de Audiência do referido processo, com os depoimentos da titular da empresa e seu gerente, Ofício do Conselho Regional de Odontologia do ES, indicando a empresa Ana Claudia Migliorini para ser fiscalizada pelo MPT, pelos motivos que lá especifica, e Auto de Infração lavrado pela Inspeção do Trabalho. Prosseguindo ainda quanto à expressa determinação contratual de que não haveria subordinação (cláusula quarta a diante colacionada), cumpreme tecer algumas outras considerações. O fato de o contratado gozar de independência quanto à execução do seu trabalho, no que toca aos aspectos técnicos inerentes às suas competências, não quer dizer, por si só, que inexista subordinação a caracterizar a relação de emprego, pois como muito bem colocado pela decisão de piso, "a não ingerência técnica no trabalho e eventual flexibilidade de horário para almoço, como a possibilidade de faltas ao serviço, não desnaturam a subordinação, que é jurídica e não e técnica, mormente tratandose de profissionais liberais." Sobre esse aspecto, vale trazer à baila a seguinte lição de Maurício Godinho Delgado1: [...] no Direito do Trabalho a subordinação é encarada sob um prisma objetivo: ela atua sobre o modo de realização da prestação e não sobre a pessoa do trabalhador. É, portanto, incorreta, do ponto de vista jurídico, a visão subjetiva do fenômeno, isto é, que se compreenda a subordinação como atuante sobre a pessoa do trabalhador, criandolhe certo estado de sujeição ("status subjectiones"). Não obstante essa situação de sujeição possa concretamente ocorrer, inclusive com inaceitável frequência, ela não explica, do ponto de vista sócio jurídico, o conceito e a dinâmica essencial da relação de subordinação. Observese que a visão subjetiva, por exemplo, é incapaz de captar a presença de subordinação na hipótese de trabalhadores intelectuais e altos funcionários. 1 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 3ª ed. São Paulo: LTr, 2004, p. 303. Fl. 147DF CARF MF Processo nº 15586.000975/200918 Acórdão n.º 2402006.745 S2C4T2 Fl. 6 5 Por questões técnicas e óbvias, a avaliação que precedia ao orçamento pelos serviços que seriam prestados era desempenhada exclusivamente pelo profissional dentista, que não tinha liberdade para, a partir de então, determinar o preço que deveria ser cobrado do paciente. Confirase os termos da cláusula segunda dos contratos de parceria: Notese, a previsão de que determinado percentual do valor bruto do serviço prestado (80% nos casos de procedimentos de prótese e 70% nos de dentística, endodontia e exodontia) deva ser repassado a autuada, não configura, em meu sentir, a assunção comum pelos "parceiros" dos lucros e perdas do negócio, circunstância típica nos contratos de parceria. Isso porque, além de os profissionais não terem, como já dito, autonomia para a fixação do preço pelos serviços prestados, é a autuada quem arca com a totalidade das despesas necessárias para o desempenho das atividades daqueles profissionais, a teor da cláusula abaixo reproduzida. Vale dizer, diferentemente de determinada situação, na qual, por exemplo, o dono de um estabelecimento e um determinado profissional resolvem ser parceiros e acabam por assumir de forma proporcional e comum os lucros e perdas do negócio, no caso em exame, não se pode afirmar que a comunhão dos esforços tenha resultado nessa assunção compartilhada. Explico: uma vez que os profissionais receberiam em torno de 30% ou 20% da renda bruta auferida pelos serviços que prestavam, haveria de se demonstrar que os outros 70% ou 80% que cabiam a autuada, quando confrontado com as despesas que corriam exclusivamente por sua conta e que eram comuns a outros tantos "parceiros", lhe garantiriam uma participação liquida parecida com aquela experimentada pelos profissionais. Não é, pois, o caso. Por força da cláusula quinta encimada, a autuada arcaria com todas as despesas do negócio, inclusive com aquelas comuns a vários ou a todos os profissionais "parceiros", além daquelas de natureza fixa, fazendo com quê o risco da atividade empresarial recaísse, a rigor, exclusivamente sobre seus ombros. Ou seja, uma vez prestado o serviço, ao profissional era garantido, sem qualquer embargo, o valor combinado. Por sua vez, o mesmo não se pode dizer com relação à participação da autuada no processo, que, a depender do volume de trabalho (quantidade de profissionais parceiros, clientes e atendimentos), sua parte poderia ser insuficiente a saldar as Fl. 148DF CARF MF Processo nº 15586.000975/200918 Acórdão n.º 2402006.745 S2C4T2 Fl. 7 6 despesas que assumiu ou muito, mas muito maior do que a parcela recebida pelos cirurgiões, em termos proporcionais. Vale dizer, essa incerteza, típica da atividade empresarial, que pode levar o empreendedor ao "sucesso" ou ao "fracasso", não é suportada pelo profissional, mas somente pela autuada, o que, a meu ver, revela circunstância inerente à relação de emprego. Nesse contexto, não é absurdo aceitar que em função do forte interesse da autuada na maximização de suas receitas, ela promovesse o intenso controle na distribuição dos clientes aos dentistas, dos recebimentos em caixa, além de prédefinir os dias, segundo seus critérios e possibilidades, para que fossem, dentre eles, escolhidos pelos profissionais para atendimento. Vale dizer, os profissionais escolhiam o dia e horários, dentre aqueles disponibilizados pela autuada. No que diz respeito aos recebimentos, contrariamente ao que dispunha a cláusula terceira do contrato, dando conta de que os profissionais entregariam diretamente à autuada o percentual lá estabelecido, pressupondo que os valores ingressavam, inicialmente, ao patrimônio do profissional para, só então, serem transferidos, naquele percentual, ao da autuada; o que foi admitido pela Empresária Titular é que, na prática, os pagamentos eram recolhidos ao caixa das clínicas, que posteriormente efetuava o pagamento das comissões aos dentistas, demonstrando, assim e ao meu ver, o exercício de uma das facetas da subordinação. Somemse a isso, os apontamentos promovidos pela decisão vergastada no sentido de que "a teor dos depoimentos anexados aos autos, constatouse que o comando dos serviços prestados pelos dentistas sempre foi da empresa, haja vista que as secretárias das clínicas marcavam e desmarcavam horários de atendimentos com os clientes. Esses eram captados pela clínica, e atendidos pelo profissional que estivesse disponível." Os pacientes, em regra, não procuravam a autuada em função de um ou outro profissional, já que não haveria atendimento por agendamento com hora marcada. O encaminhamento ao profissional davase por ordem de chegada àquele que estivesse disponível no momento, salvo nos casos de retorno para tratamento, quando então haveria uma espécie de "vinculação" para o atendimento. Ademais, como bem ressaltado pela julgador de piso, podese extrair do depoimento prestado pela Dra Alessandra Ribeiro Igreja, que haveria um horário a ser cumprido pelo profissional, independentemente, é o que se infere, de haver ou não pacientes aguardando e a ele direcionado, posto que os atendimentos, como já dito, não se davam por agendamento, mas sim por ordem de chegada à medida em que iam aparecendo os clientes, se fosse o caso. Com efeito, penso que a subordinação aqui não é aquela determinada simplesmente pelo viés das ordens e mandos no cotidiano da empresa, mas sim aquela, ainda que intrínseca, inerente à posição de quem assume, por inteiro, o risco do negócio, frente aqueles que recebem pelo trabalho prestado independentemente se as despesas da empreitada estão sendo ou não saldadas. E isso sim me parece bem razoável. Os fatos, a meu ver, levam a essa conclusão e não a presunção, como quer fazer crer a recorrente. Prosseguindo nas alegações recursais. Fl. 149DF CARF MF Processo nº 15586.000975/200918 Acórdão n.º 2402006.745 S2C4T2 Fl. 8 7 Não merece acolhida a tese de que a declaração da existência de vínculo não deve se dar na esfera administrativa. O Auditor Fiscal é a autoridade competente para determinar a matéria tributável, ainda que a análise dos fatos que interessam ao caso, revele uma realidade não espelhada nos documentos apresentados pelo sujeito passivo. É a lógica do incido I do artigo 116 do CTN. 2 Nessa mesma linha, valhome dos fundamentos e conclusões da decisão de piso, a seguir colacionada: Por sua vez, no que tange à alegação de que os dentistas recolheriam a contribuição como autônomo, vale destacar que além de tal situação não se estender a todos os 2 Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considerase ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos: I tratandose de situação de fato, desde o momento em que o se verifiquem as circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios; Fl. 150DF CARF MF Processo nº 15586.000975/200918 Acórdão n.º 2402006.745 S2C4T2 Fl. 9 8 profissionais, como se extrai dos depoimento da Dra Alessandra Ribeiro Igreja e Dr Hermilton Machado de Melo Junior, tal condição não é hábil o suficiente a, isoladamente, legitimar a tese recursal no que toca à não caracterização da relação de trabalho entre as partes, em especial quando se tem elementos que militam em sentido contrário. Vejase que há inclusive profissional que presta serviço exclusivamente à autuada, consoante se verificado depoimento logo a diante. Dra Alessandra Ribeiro Igreja Dr Hermilton Machado de Melo Junior Por derradeiro quanto ao tema, vale destacar o excerto do Relatório Fiscal onde é assentado que "O trabalho autônomo, segundo a doutrina especializada, só se caracteriza quando há inteira liberdade de ação, ou seja, quando o trabalhador atua como patrão de si mesmo, com os poderes jurídicos de organização própria, por meio dos quais desenvolve o impulso de sua livre iniciativa e presta serviços a mais de uma empresa ou pessoa." Passo a abordar, doravante, a exigência sobre os valores pagos/retirados pela Empresária Titular, Dra. Ana Cláudio Migliorini. O valores utilizados como base de cálculo foram extraídos da DIRF da empresa, onde foram declarados importâncias pagas mensalmente à titular, com natureza tributável. Logo, há de se presumir que não estamos a tratar da distribuição do lucros, que, se efetuada na forma da lei, não sofre a incidência do IR, por ser verba isenta para fins desse imposto. Assim, caberia a recorrente, com vistas a infirmar a declaração por ela própria prestada em sua DIRF, demonstrar, documentalmente, que tais pagamentos, tratarse iam, efetivamente, de lucros distribuídos e não do recebimento de prólabores, que no valor recebido, sujeitarseão à regra geral que se tem para os contribuintes individuais (cota patronal 20% sobre o valor pago), independentemente de qualquer valor recolhido pela titular empresária. Quanto ao pleito de que não deveria incidir a multa de mora, de ofício e juros Selic em função dos recolhimentos encimados, cumpre destacar que não houve o lançamento da multa de oficio de 75%, eis que o autuante valeuse da legislação da época por ser mais benéfica ao contribuinte. Vejase: Fl. 151DF CARF MF Processo nº 15586.000975/200918 Acórdão n.º 2402006.745 S2C4T2 Fl. 10 9 Por outro lado, a multa e juros aplicados estão ancorados nos dispositivos legais apontados pela Fiscalização às fls 22, de observância obrigatória tanto pelo autuante, quanto pelos julgadores administrativos. No que tange aos argumentos de que a decisão vergastada não teria considerada as provas documentais e testemunhais existentes no processo e citadas em sua impugnação, há de se ressaltar que a fundamentação adotada pelo julgador de piso, ao expor suas razões de decidir, acabou, por razões de lógica, desconsiderando os documentos lá acostados, a saber, recolhimentos efetuados por alguns dos dentistas na condição de autônomo. Da mesma forma, não me parece que a decisão recorrida não observara os princípios da legalidade, razoabilidade, proporcionalidade e segurança jurídica. Muito pelo contrário, deu aos fatos então postos pelo autuante, a melhor interpretação segundo as normas que regem a matéria, em especial, os artigos 12, I, "a" da Lei 8.212/91, c/c artigo 3º da CLT. Por fim, vale reforçar, que a atuação da Fiscalização não está, em matéria tributária, condicionada e/ou vinculada às conclusões dos procedimentos investigatórios no âmbito do Ministério Público. Em outras palavras, uma vez verificada a inobservância à legislação tributária, seja lá por quem quer que tenha sido o noticiante, compete ao Fisco a tomada de providências com vistas a assegurar a cobrança do crédito tributário então devido e não declarado/recolhido. Face ao exposto, VOTO no sentido de CONHECER do recurso para NEGARLHE provimento. (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti Fl. 152DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13888.903425/2015-71
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jan 08 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Período de apuração: 01/04/2011 a 30/06/2011
DCTF. RETIFICAÇÃO. COMPROVAÇÃO.
Comprovada que a retificação da DCTF encontra respaldo na contabilidade, há que se reconhecer o pagamento indevido ou a maior.
PROVA. MOMENTO DA APRESENTAÇÃO.
Não tendo havido expressa manifestação no Despacho Decisório Eletrônico relativa à necessidade de retificação de DCTF, tampouco à comprovação desta retificação, considerando, ainda, o princípio da verdade material, é facultada ao Contribuinte a apresentação da referida prova por ocasião do Recurso Voluntário, fulcro no artigo 16, § 4º, alínea "c" do Decreto nº 70.235/72, uma vez que o fundamento da falta de comprovação veio à tona no acórdão da DRJ.
Numero da decisão: 1302-003.255
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, vencidos os conselheiros Paulo Henrique Silva Figueiredo, Maria Lúcia Miceli e Luiz Tadeu Matosinho Machado. Os conselheiros Paulo Henrique Silva Figueiredo e Gustavo Guimarães da Fonseca solicitaram a apresentação de declaração de voto. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 13888.903415/2015-35, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
Como foram propostas 3 soluções distintas, foi observado o procedimento do art. 60 do Ricarf, sendo que, em primeira votação venceu a proposta de conversão em diligência, apresentada pela conselheira Maria Lúcia Miceli contra a de negar provimento ao recurso, vencidos nesta votação os conselheiros Paulo Henrique Silva Figueiredo e Gustavo Guimarães da Fonseca.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente).
Nome do relator: LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Período de apuração: 01/04/2011 a 30/06/2011 DCTF. RETIFICAÇÃO. COMPROVAÇÃO. Comprovada que a retificação da DCTF encontra respaldo na contabilidade, há que se reconhecer o pagamento indevido ou a maior. PROVA. MOMENTO DA APRESENTAÇÃO. Não tendo havido expressa manifestação no Despacho Decisório Eletrônico relativa à necessidade de retificação de DCTF, tampouco à comprovação desta retificação, considerando, ainda, o princípio da verdade material, é facultada ao Contribuinte a apresentação da referida prova por ocasião do Recurso Voluntário, fulcro no artigo 16, § 4º, alínea "c" do Decreto nº 70.235/72, uma vez que o fundamento da falta de comprovação veio à tona no acórdão da DRJ. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, vencidos os conselheiros Paulo Henrique Silva Figueiredo, Maria Lúcia Miceli e Luiz Tadeu Matosinho Machado. Os conselheiros Paulo Henrique Silva Figueiredo e Gustavo Guimarães da Fonseca solicitaram a apresentação de declaração de voto. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo 13888.903415/201535, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Como foram propostas 3 soluções distintas, foi observado o procedimento do art. 60 do Ricarf, sendo que, em primeira votação venceu a proposta de conversão em diligência, apresentada pela conselheira Maria Lúcia Miceli contra a de negar provimento ao recurso, vencidos nesta votação os conselheiros Paulo Henrique Silva Figueiredo e Gustavo Guimarães da Fonseca. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 90 34 25 /2 01 5- 71 Fl. 211DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente). Relatório A Recorrente apresentou Declaração de Compensação utilizandose de crédito relativo a pagamento indevido ou a maior de Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) relativo ao 2º trimestre de 2011 para extinguir sob condição resolutória débitos próprios. Despacho Decisório (DD) eletrônico considerou inexistente o crédito, uma vez que o valor do DARF estava totalmente vinculado ao débito de IRPJ trimestral (código 2089) daquele período, não homologando a compensação pleiteada na DComp. Em sua manifestação de inconformidade, a Empresa diz que reconheceu, após a notificação do DD, o erro cometido pela contabilidade, uma vez que não retificou a DCTF de junho/2011, sendo que o valor da DCTF original não correspondia ao valor constatado e declarado em DIPJ, sendo este último o valor considerado correto. Assim retificou a DCTF e pediu o anulação do DD e a homologação da compensação requerida. A 4ª Turma da DRJ de Recife proferiu acórdão considerando improcedente a manifestação de inconformidade, nos seguintes termos: DCTF. ERRO DE PREENCHIMENTO. COMPROVAÇÃO VIA DIPJ. SEM FORÇA PROBATÓRIA. A DIPJ não é suficiente, por si só, para comprovar erro de fato no preenchimento da DCTF, sendo necessário trazer provas documentais outras suficientes, tais como livros fiscais e contábeis, e, conforme o caso, documentos fiscais, para que o julgador administrativo possa verificar se o tributo apurado naquela declaração corresponde ao montante escriturado. Em sede de recurso voluntário, a Empresa busca demonstrar seu direito creditório, acostando: a DCTF retificadora; o DARF com recolhimento a maior; a DIPJ 2012; Diário Geral de 2011; Razão Analítico contas "Prestação de Serviços" e "Vendas de Mercadorias"; balancete de verificação relativo a junho de 2011. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho Machado Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF Fl. 212DF CARF MF Processo nº 13888.903425/201571 Acórdão n.º 1302003.255 S1C3T2 Fl. 3 3 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1302003.239, de 22/11/2018, proferido no julgamento do Processo nº 13888.903415/2015 35, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1302003.239): "O Contribuinte foi cientificado do acórdão em 25 de julho de 2016, tendo apresentado o recurso em 12 de agosto de 2016, portanto, tempestivamente. A representação é regular, conforme instrumento de mandato. Conheço do recurso voluntário. Como sói acontecer estamos tratando de declaração de compensação por pagamento a maior sem que a Requerente tenha retificado a DCTF correspondente. Assim, nos batimentos do Sistema de Controle de Créditos (SCC) o valor é negado. Não consta do processo que a Empresa tenha sido intimada em momento anterior à emissão do DD, e há que se fazer registro que, caso a retificação apontada tivesse ocorrido, o despacho eletrônico de nãohomologação não teria sido expedido. Então, retificando posteriormente a citada declaração, a Recorrente requer, em manifestação de inconformidade, que a DRJ considere o erro e reconheça o valor corrigido de IRPJ, com base em sua DIPJ, o que não acontece por falta de comprovação lastreada em documentos e livros contábeis e fiscais. Estamos tratando de empresa administradora de bens, tributada pelo lucro presumido, com objeto de compra e venda de bens imóveis (fl. 11). Na receita do 2ª trimestre de 2011 consta parcela significativa de venda de bens imóveis (R$11.110.500,00) oferecida no percentual de presunção de 8% e outra parte relativa a prestação de serviços, embora não conste do seu objeto social (R$52.100,35), o que entendo não prejudicar seu direito, oferecida no percentual de 32% (fls. 199 e 201), esta última com pequena diferença de 50 reais a menor. Inicialmente, entendo que as provas apresentadas nesta oportunidade devem ser aceitas, ante uma escalada que começa pela determinação de que a DCTF teria que ser retificada (DD); com a apresentação da respectiva retificação, esta deixa de ser aceita por falta de provas (Acórdão DRJ); e, finalmente, sendo apresentadas as provas relativas à retificação, vem o processo à apreciação desta turma. A questão está centrada na retificação da DCTF: caso fosse feita antes do DD, nada do que está em análise teria ocorrido; como foi feita depois do DD, exigese prova de que a retificação está conforme a escrita contábil e fiscal. Fl. 213DF CARF MF 4 Então, entendo ser compreensível a apresentação em sede de manifestação de inconformidade apenas da DCTF retificadora, haja vista que a prova de sua correção é dedução, não é requerida expressamente, se não somente depois do acórdão recorrido. Noutras palavras, a fundamentação do indeferimento do pleito na falta de comprovação só veio a tona com o acórdão recorrido. Sem adentrar no questionamento sobre se a dedução referida seria exigível ou não, haja vista que ainda temos que considerar e sopesar, também, o princípio da verdade material, entendo que a aceitação, conforme apontei até agora, teria respaldo no artigo 16 § 4º alínea "c" do Decreto nº 70.235, de 1972. Conhecidas as provas juntadas pelo Recorrente, entendo que são suficientes para demonstrar a correção de seus cálculos e, consequentemente, da DCTF retificadora apresentada, fazendo jus ao direito creditório pleiteado, no valor original de R$3.578,12, conforme declaração de compensação ora em julgamento. Assim, a decisão deste processo, limitado que está à Declaração de Compensação, seria o provimento do recurso voluntário, com o reconhecimento do direito creditório requerido de R$3.578,12 e homologando a compensação requerida na DComp 09584.08284.290415.1.3.046505. Todavia, este processo é paradigma para os de nº 13888.903416/201580, 13888.903417/201524, 13888.903418/201579, 13888.903419/201513, 13888.903420/201548, 13888.903421/201592, 13888.903422/201537, 13888.903423/201581, 13888.903424/201526, 13888.903425/201571, 13888.903426/201515, 13888.903427/201560, 13888.903428/201512, 13888.903431/201528, 13888.903432/201572, 13888.903433/201517, 13888.903434/201561, 13888.903435/201514, 13888.903436/201551, 13888.903437/201503, 13888.903438/201540, 13888.903439/201594, 13888.903440/201519, 13888.903441/201563, 13888.903442/201516, 13888.903443/201552, 13888.903444/201505 e 13888.903445/201541, conforme previsto no artigo 47, § 1º do Anexo II do RICARF, abaixo transcrito: Art. 47. Os processos serão sorteados eletronicamente às Turmas e destas, também eletronicamente, para os conselheiros, organizados em lotes, formados, preferencialmente, por processos conexos, decorrentes ou reflexos, de mesma matéria ou concentração temática, observando se a competência e a tramitação prevista no art. 46. § 1º Quando houver multiplicidade de recursos com fundamento em idêntica questão de direito, será formado lote de recursos repetitivos e, dentre esses, definido como paradigma o recurso mais representativo Fl. 214DF CARF MF Processo nº 13888.903425/201571 Acórdão n.º 1302003.255 S1C3T2 Fl. 4 5 da controvérsia. (Redação dada pela Portaria MF nº 153, de 2018) Assim, todos os processos citados tratam de declarações de compensação, tendo como crédito o pagamento a maior relativo ao 2º trimestre de 2011, lucro presumido, cuja análise se procedeu nestes autos. A Empresa comprova o valor total de crédito de R$51.260,05, que, na sistemática de repetitivos, limita o valor total a ser utilizado nos demais processos conjuntamente com este. Feitas estas considerações, dou provimento ao recurso voluntário, reconhecendo o direito creditório pleiteado na DComp, e homologando a compensação declarada até o limite do crédito reconhecido. É como voto. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, a despeito da posição deste relator no julgamento do recurso paradigma, impõese dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto acima transcrito. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Declaração de Voto Conselheiro Paulo Henrique Silva Figueiredo Peço vênia para divergir da decisão do Relator, fundamentada na busca pela verdade material, um dos princípios que informam o processo administrativo fiscal. É que, conforme o art. 170 do CTN, a legislação que permite a compensação de créditos tributários exige a liquidez e certeza dos créditos do sujeito passivo. Assim, na hipótese de apresentação de Declaração de Compensação (DComp) por parte do sujeito passivo é ônus deste a demonstração de tais requisitos em relação ao seu direito creditório. Fl. 215DF CARF MF 6 No caso da análise eletrônica e automática como a que gerou o Despacho Decisório que não homologou a compensação de que tratam estes autos, a liquidez e certeza é aferida pela administração tributária, via de regra, pelo mero cruzamento das informações disponíveis em seu banco de dados, fornecidas seja pelo próprio sujeito passivo seja por terceiros. Incumbe, então, ao sujeito passivo a responsabilidade para que as informações por ele fornecidas à administração tributária sejam compatíveis com o direito creditório invocado. Nos presentes autos, a Recorrente apresentou a DComp compensando suposto direito creditório proveniente de pagamento indevido ou a maior, mas as informações confessadas por ela própria em sua DCTF demonstravam a inexistência do alegado direito. Por esta razão, a compensação não foi homologada pelo Despacho Decisório proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em Piracicaba/SP. Com a apresentação da Manifestação de Inconformidade, e instauração do contencioso administrativo, a análise da liquidez e certeza do direito creditório pleiteado passa a outro nível, sendo ônus do sujeito passivo comprovála cabalmente, por meio da adequada instrução documental. O art. 16, §§4º a 6º, do Decreto nº 70.235, de 1972, de aplicação ao presente processo, por força do art. 74, §11, da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, dispõe acerca do momento para a apresentação das referidas provas: " Art. 16. A impugnação mencionará: (...) III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) (...) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) b) refirase a fato ou a direito superveniente; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) Fl. 216DF CARF MF Processo nº 13888.903425/201571 Acórdão n.º 1302003.255 S1C3T2 Fl. 5 7 § 6º Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão nos autos para, se for interposto recurso, serem apreciados pela autoridade julgadora de segunda instância. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997)" (Destacouse) A Recorrente, como relatado, quando da apresentação da Manifestação de Inconformidade, limitouse a apresentar cópia da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF) retificada para compatibilizar o valor do débito confessado ao informado na, também retificada, Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), e que alega ser o correto. Deste modo, deve ser considerada irretocável a decisão de primeira instância, para quem: "20. Então, atualmente a DIPJ não possui força probante, por si só, das informações prestadas na Dcomp. Portanto, para provar que a DCTF foi preenchida com erro e, por conseguinte, que a apuração contida na DIPJ representa a realidade fiscal do contribuinte, tornase necessário que o contribuinte traga aos autos provas documentais, tais como os livros contábeis e fiscais, na parte de interesse, e documentos fiscais, conforme o caso, de forma a permitir ao julgador administrativo verificar se o que foi declarado na DIPJ corresponde ao registrado na escrituração. 21. Frisese, adicionalmente, que, ainda que se desconsiderasse o caráter informativo da DIPJ e o caráter de confissão da DCTF, ainda assim seria necessária a comprovação documental (escrituração) do valor correto do IRPJ apurado haja vista a discrepância entre as informações constantes nessas duas declarações, ambas de lavra do contribuinte. 22. Como o interessado não trouxe aos autos qualquer outro documento que não a própria DIPJ, entendo que não comprovou o erro de fato no preenchimento da DCTF, sendo devido considerar a utilização integral do Darf para a liquidação do débito nela declarado." Os parcos elementos de prova juntados pelo sujeito passivo, de fato, não demonstram de modo algum que o novo valor de débito confessado na DCTF é o montante efetivamente devido, e não aquele confessado na primeira DCTF apresentada e informado na DIPJ original. Cabia ao sujeito passivo instruir a sua manifestação de inconformidade com todos os elementos necessários para a demonstração inconteste do seu suposto crédito. Era seu totalmente o ônus da prova. Não se desincumbindo de tal mister, operase a preclusão consumativa, sobre a qual Fredie Didier Jr (Curso de Direito Processual Civil, 18a ed, Salvador: Ed. Juspodium, 2016. Vol. 1, p. 432) assim leciona: "A preclusão consumativa consiste na perda de faculdade/poder processual, em razão de essa faculdade ou esse poder já ter sido Fl. 217DF CARF MF 8 exercido, pouco importa se bem ou mal. Já se praticou o ato processual pretendido, não sendo possível corrigilo, melhorálo ou repetilo. A consumação do exercício do poder o extingue. Perdese o poder pelo exercício dele." As questões que se põem, neste instante, são três: 1) as novas provas trazidas aos autos apenas com o Recurso Voluntário devem ser admitidas? 2) se admitidas, as novas provas são suficientes para comprovar a liquidez e certeza do crédito compensado? 3) se admitidas as provas e não sendo suficientes, há a necessidade de realização de alguma diligência para suprir eventual dúvida remanescente com estes novos elementos? Entendo que o limite temporal previsto no art. 16, §4º, do Decreto nº 70.235, de 1972, acima transcrito, não pode ser excepcionado a não ser nas hipóteses que se enquadrem nas suas alíneas. Não estou só neste posicionamento, cabendo citar a Professora Fabiana Del Padre Tomé (A prova no Direito Tributário. São Paulo: Noeses, 2011): "Em tais situações, e apenas nelas, autorizase a juntada de novos documentos até mesmo em instante posterior ao ato decisório de primeira instância, sendo apreciados pelo órgão julgador de segundo grau, caso seja interposto recurso. O direito de contraporse à exigência fiscal e de produzir provas dos seus argumentos é regrado pelo ordenamento, que, não admitindo a instabilidade das relações jurídicas, fixa termos dentro dos quais as atividades hão de ser realizadas. Assim ocorre com a instrução probatória. Pertinente é a crítica de James Marins à prática adotada pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, consistente em apreciar provas em grau de recurso, independentemente do preenchimento dos pressupostos legais. O direito à produção probatória implica observância aos limites temporais à sua realização, além, é claro, do atendimento ao requisito de sua obtenção por meio lícito." Tratando acerca da possibilidade de flexibilização de tais regras, Maria Rita Ferragut (As provas e o Direito Tributário, 3ª ed. São Paulo: Saraiva, 2016, pp. 6465) é categórica, mas prevê o que entende ser uma nova hipótese de exceção: "Entendemos que o limite temporal é inflexível. Tal inflexibilidade contempla, entretanto, o recebimento de provas após a impugnação, nas duas e somente duas, situações a seguir: (i) Se a prova não tiver sido juntada antes pelas razões previstas nas alíneas a,b e c do §4º acima. (ii) Pela impossibilidade de o sujeito passivo defenderse de forma plena, considerando a complexidade da autuação versus o tempo que lhe foi legalmente conferido para apresentação da defesa. Tratase, nessa medida, de comprovada impossibilidade material de se defender no prazo legal." No meu julgar, a hipótese veiculada pela doutrinadora, na verdade, já é albergada pela alínea "a" do §4º, na medida em que poderia ser entendido como um acontecimento inevitável e para o qual o sujeito passivo não concorreu ainda que culposamente, para contemplar os requisitos previstos por Maria Helena Diniz para a força maior (Código Civil Comentado, 3ª ed. São Paulo: Saraiva, 1997, pp. 747748). Fl. 218DF CARF MF Processo nº 13888.903425/201571 Acórdão n.º 1302003.255 S1C3T2 Fl. 6 9 De outra parte, para afastar a alegação de que o não acolhimento de documentos extemporâneos, na ausência de configuração das hipóteses de exceção previstas no texto legal, configuraria ofensa à ampla defesa, valhome da lição de Maria Teresa Martínez Lopes e Marcela Cheffer Bianchini (Aspectos polêmicos sobre o momento de apresentação da prova no processo administrativo fiscal federal in: A prova no processo tributário, São Paulo: Dialética, 2010, p. 48): "Devese observar que a justificativa apresentada para o entendimento que ocorre afronta ao princípio da ampla defesa quando não são apreciadas provas apresentadas após a impugnação é de índole constitucional e, portanto, para afastar a aplicabilidade do parágrafo 4º do artigo 16 do PAF, devese alegar sua inconstitucionalidade, mas é vedado por lei aos órgãos administrativos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade." No caso dos autos, não há alegação da Recorrente de qualquer motivo que a impediu de trazer aos autos as novas provas, nem ainda estas se referem a fato ou direito superveniente, de modo que se afastam das hipóteses das alíneas "a" e "b" do referido §4º. Apenas com muito "contorcionismo hermenêutico" se poderia entender que o caso se enquadra na alínea "c" do citado dispositivo. É que não é possível admitir que o sujeito passivo foi surpreendido com a insuficiência dos elementos de prova apresentados com a Manifestação de Inconformidade. Em que a comprovação de que apresentou uma DCTF retificadora, reduzindo o débito confessado; a comprovação de que o débito anteriormente confessado em DCTF tinha um valor superior; a comprovação de que o débito informado em DIPJ retificadora corresponde ao novo valor confessado; e a comprovação de que efetuou pagamento em montante equivalente ao débito inicialmente confessado poderia atestar a liquidez e certeza do crédito tributário invocado? É óbvio que seria necessário demonstrar com a escrituração contábil e fiscal, bem como com os elementos que a embasaram, que os valores que conduzem ao novo débito confessado tem suporte fático e não são mera criação do sujeito passivo, de modo a conferir ao crédito pleiteado a certeza e liquidez exigida pela legislação. Assim, entendo que não devem ser conhecidos os novos documentos apresentados, uma vez que a Manifestação de Inconformidade era o momento adequado para a comprovação do crédito tributário. Decidir em sentido diverso, ainda que visando à busca da verdade material significa contrariar a expressa disposição legal do art. 16, §4º, do Decreto nº 70.235, de 1972. Reconheço que há julgados, inclusive da Câmara Superior de Recursos Fiscais, que adotam a chamada "formalidade moderada", para, com base no art. 38 da Lei nº 9.784, de 1999, bem como no critério da adequação entre meios e fins (previsto para o processo administrativo no art. 2º, inciso VI, daquela mesma norma), acatar a juntada de provas fora das regras prescritas no PAF. Fl. 219DF CARF MF 10 Com a devida vênia, entendo que tal corrente não observa que a própria disciplina trazida pelo Decreto nº 70.235, de 1972, já adota uma "formalidade moderada", quando prevê hipóteses razoáveis em que se pode mitigar o formalismo de se exigir que as provas sejam apresentadas no momento da Impugnação. Não há uma formalidade irrestrita ou exacerbada no dispositivo em questão, mas um regramento, adequado e necessário a meu ver, para o saudável funcionamento do processo administrativo, sem margens a chicanas, máfé processual ou indevida protelação. Válida mais uma vez a lição da Professora Professora Fabiana Del Padre Tomé (Op. cit.): "A doutrina costuma distinguir verdade material e verdade formal, definindo a primeira como a efetiva correspondência entre proposição e acontecimento, ao passo que a segunda seria uma verdade verificada no interior de determinado jogo, mas susceptível de destoar da ocorrência concreta, ou seja, da verdade real. Com base em tais argumentos, é comum identificar o processo administrativo tributário com a busca pela verdade material, e o processo judicial tributário com a realização da verdade formal. Nesse sentido posicionamse Alberto Xavier, Paulo Celso B. Bonilha e James Marins, dentro outros, considerando a busca pela verdade material um princípio de observância indeclinável da administração tributária, em oposição ao princípio da verdade formal que preside o processo civil e prioriza a formalidade processual probatória. Essa corrente doutrinária proclama o abandono da formalidade, na esfera administrativa, em prol da produção de prova e contraprova, para, com isso, alcançar a verdade material. Tal conclusão, entretanto, não procede. O que se consegue, em qualquer processo, é a verdade lógica, obtida em conformidade com as regras de cada sistema. Conquanto nos processos administrativos sejam dispensadas certas formalidades, isso não implica a possibilidade de serem apresentadas provas ou argumentos a qualquer instante, independentemente da espécie e forma. É imprescindível a observância do procedimento estabelecido em lei, ainda que esse rito dê certa margem de liberdade aos litigantes." Observase, portanto, que esta busca pela verdade material, bem como o atendimento ao citado critério da adequação entre meios e fins, não pode ser algo que passe ao largo dos procedimentos estabelecidos, e tolere que o administrado vá apresentando as provas "a contagotas", mesmo que em momento processual posterior ao adequado. Lembrese que o art 16, inciso III, do Decreto nº 70.235, de 1972, como acima destacado, impõe ao sujeito passivo a apresentação na Impugnação das "provas que possuir", sob pena, inclusive de representar a supressão da instância, com a consequente violação do devido processo legal, posto que a conduta do sujeito passivo subtrairia ao julgador de primeira instância a possibilidade de apreciar as provas juntadas em momento posterior, que seriam examinadas, exclusivamente, pelo julgador do CARF. Tal fato, inclusive, é constatado pela Recorrente, que apresenta pedido subsidiário para que os autos sejam baixados à autoridade julgadora a quo, para que esta possa se pronunciar sobre os novos elementos de prova. Fl. 220DF CARF MF Processo nº 13888.903425/201571 Acórdão n.º 1302003.255 S1C3T2 Fl. 7 11 Ora, se a regra processual foi originalmente prevista para os procedimentos de constituição do crédito tributário, quanto mais válida será para os procedimentos de restituição e compensação, em que o ônus de provar a existência do direito creditório recai exclusivamente sobre o sujeito passivo. Ressalvo, apenas para demonstrar a ausência de zelo do sujeito passivo na busca de comprovar o direito creditório que invoca, que, ainda que fossem acatados os novos documentos apresentados, nada trariam de prova inconteste do referido crédito. É que os elementos em questão se limitam a cópias simples do Diário Geral de 2011; do Razão Analítico das contas "Prestação de Serviços" e "Vendas de Mercadorias"; e do balancete de verificação relativo a junho de 2011. É óbvio que tais elementos são um começo de prova em favor do direito creditório do sujeito passivo, mas estão longe de conferir a liquidez e certeza necessária. Se o sujeito passivo confessou, à época dos fatos geradores, um valor de débito e o quitou por recolhimento; se o sujeito, tempos depois, informou este mesmo valor em sua DIPJ, qual a razão para, agora, afirmar que tal valor está incorreto? É imprescindível que ele explicite o erro cometido e como chegou ao novo valor. Assim, mesmo que se acatem os novos documentos (decisão da maioria dos meus pares), terseia a mesma situação em que se encontrou a DRJ, ou seja, elementos de prova insuficientes, sendo que a realização de diligência para a complementação documental não significaria mero esclarecimento de dúvida para a formação do convencimento do julgador, mas o suprimento da ineficiência da instrução probatória realizada pelo sujeito passivo. Os novos elementos apresentados em nada esclarecem qual foi o erro que motivou o suposto pagamento a maior. Quais foram os valores alterados na nova apuração? Não se sabe. Onde estão as provas hábeis a comprovar o indébito? A Recorrente não as apresentou. Concluise, portanto, que o sujeito passivo não provou a liquidez e certeza do crédito utilizado na Dcomp de que tratam os presentes autos. Isto posto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário interposto pelo sujeito passivo, com a manutenção da nãohomologação da compensação realizada na Dcomp apresentada. (assinado digitalmente) Paulo Henrique Silva Figueiredo Declaração de Voto Conselheiro Gustavo Guimarães da Fonseca Com a devida venia ao D. Relator mas, o caso vertente, conforme posição por mim adotada em diversos processos passados, o ônus probatório em procedimentos de compensação administrativa é, para além de dúvidas razoáveis, do contribuinte. Isto é, a luz dos preceitos do art. 170 do CTN, a liquidez e certeza do crédito cuja recuperação se postula Fl. 221DF CARF MF 12 deve ser demonstrada pelo contribuinte, quando assim for instado pelas autoridades competentes. E, para que não recaia sobre mim a pecha de incoerente, sustento, de fato, que pelo princípio da verdade material seja atribuível às autoridades administrativas o mister de, quando menos, declinar os motivos que as levaram a não reconhecer a mencionada liquidez e certeza do direito creditório postulado (de sorte que o contribuinte possa entender, quiçá, quais provas deva produzir). Na hipótese em exame, todavia, o recorrente transmitiu DCOMP, veiculando um crédito cujo valor, declinado em DARF que lhe dera origem, estava integralmente vinculado a um débito regularmente confessado, sem que se apurasse qualquer saldo a compensar... Em outras palavras, a autoridade administrativa, aqui, por uma limitação imposta pelo próprio postulante, apontou como "questão problema" apenas a inexistência de saldo compensável, desincumbindose, neste particular, do dever de indicar qualquer outro ponto de discórdia, até por ausência de dados suficientes para assim se proceder. Não me oponho, é verdade, a que o contribuinte apresente DCTF ou mesmo DIPJ retificadora, sob alegação de erro de preenchimento, mesmo que posteriormente à prolação do competente despacho decisório desde que, contudo, esta correção venha devidamente acompanhada dos documentos que lhe comprovem a lisura e acuidade (o ônus, insistase, é de que retifica a declaração). Até porque, por força dos preceitos do art. 373, I, do CPC, compete ao requerente a comprovação do "fato constitutivo de seu direito". Se o fato que constitui o direito é o erro de preenchimento de DCTF ou DIPJ, compete a quem o alega a sua demonstração e tal demonstração deve ser feita no momento oportuno, isto é, quando da apresentação de sua impugnação (art. 16 do Decreto 70.235/75). Assim, entendo, a apresentação extemporânea de documentos necessários ao cumprimento do dever definido nos mencionados preceitos legais (art. 371 do CPC e 16 do Decreto 70.235), impede o seu conhecimento nesta fase processual. O motivo que me levou, no entanto, a concordar com as conclusões do D. Relator, cinge ao fato da maioria de meus pares ter decidido por, justamente, conhecer dos documentos trazidos pelo recorrente por ocasião da interposição de suas razões de insurgência, a par das limitações do, por vezes invocado, art. 16 do Decreto 70.235. Ato contínuo, conhecidos os preditos documentos, a única conclusão que me resta é pela procedência das alegações trazidas pelo insurgente, e, assim, reconhecer o seu direito creditório conforme posto pelo voto vencedor. Por tais razões, e só por elas, voto por dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Gustavo Guimarães da Fonseca Fl. 222DF CARF MF
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