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Numero do processo: 10580.022559/99-29
Turma: PLENO DA CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: Pleno
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Dec 08 00:00:00 UTC 2014
Ementa: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Período de apuração: 31/05/1990 a 31/03/1992
REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PRESCRIÇÃO. Quando do julgamento do RE n° 566.621/RS, interposto pela Fazenda Nacional, sendo relatora a Ministra Ellen Gracie, foi declarada a inconstitucionalidade do art. 4°, segunda parte, da Lei Complementar n° 118/2005, momento em que estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts. 150, §4°, 156, VII, e 168, I, do CTN. Diante das decisões proferidas pelos nossos Tribunais Superiores a respeito da matéria, aplica-se ao caso os estritos termos em que foram prolatadas, considerando-se o prazo prescricional de 5 (cinco) anos aplicável tão-somente aos pedidos formalizados após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir dos pedidos protocolados nas repartições da Receita Federal do Brasil do dia 09 de junho de 2005 em diante. Para os pedidos protocolados anteriormente a essa data (09/06/2005), vale o entendimento anterior que permitia a cumulação do prazo do art. 150, § 4°, com o do art. 168, I, do CTN (tese dos 5+5), ou seja, a contagem do prazo prescricional dar-se-á a partir do fato gerador, devendo o pedido ter sido protocolado no máximo após o transcurso de 10 (dez) anos a partir dessa data (do fato gerador).
Recurso Extraordinário Negado.
Numero da decisão: 9900-000.871
Decisão: Acordam os membros do Pleno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso Extraordinário da Fazenda Nacional.
Nome do relator: Valmar Fonsêca de Menezes
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ementa_s : NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 31/05/1990 a 31/03/1992 REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PRESCRIÇÃO. Quando do julgamento do RE n° 566.621/RS, interposto pela Fazenda Nacional, sendo relatora a Ministra Ellen Gracie, foi declarada a inconstitucionalidade do art. 4°, segunda parte, da Lei Complementar n° 118/2005, momento em que estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts. 150, §4°, 156, VII, e 168, I, do CTN. Diante das decisões proferidas pelos nossos Tribunais Superiores a respeito da matéria, aplica-se ao caso os estritos termos em que foram prolatadas, considerando-se o prazo prescricional de 5 (cinco) anos aplicável tão-somente aos pedidos formalizados após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir dos pedidos protocolados nas repartições da Receita Federal do Brasil do dia 09 de junho de 2005 em diante. Para os pedidos protocolados anteriormente a essa data (09/06/2005), vale o entendimento anterior que permitia a cumulação do prazo do art. 150, § 4°, com o do art. 168, I, do CTN (tese dos 5+5), ou seja, a contagem do prazo prescricional dar-se-á a partir do fato gerador, devendo o pedido ter sido protocolado no máximo após o transcurso de 10 (dez) anos a partir dessa data (do fato gerador). Recurso Extraordinário Negado.
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ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 31/05/1990 a 31/03/1992 REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PRESCRIÇÃO. Quando do julgamento do RE n° 566.621/RS, interposto pela Fazenda Nacional, sendo relatora a Ministra Ellen Gracie, foi declarada a inconstitucionalidade do art. 4°, segunda parte, da Lei Complementar n° 118/2005, momento em que estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts. 150, §4°, 156, VII, e 168, I, do CTN. Diante das decisões proferidas pelos nossos Tribunais Superiores a respeito da matéria, aplicase ao caso os estritos termos em que foram prolatadas, considerandose o prazo prescricional de 5 (cinco) anos aplicável tão somente aos pedidos formalizados após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir dos pedidos protocolados nas repartições da Receita Federal do Brasil do dia 09 de junho de 2005 em diante. Para os pedidos protocolados anteriormente a essa data (09/06/2005), vale o entendimento anterior que permitia a cumulação do prazo do art. 150, § 4°, com o do art. 168, I, do CTN (tese dos 5+5), ou seja, a contagem do prazo prescricional darseá a partir do fato gerador, devendo o pedido ter sido protocolado no máximo após o transcurso de 10 (dez) anos a partir dessa data (do fato gerador). Recurso Extraordinário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Pleno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso Extraordinário da Fazenda Nacional. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 02 25 59 /9 9- 29 Fl. 188DF CARF MF Documento de 10 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP15.0917.11311.WZIA. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10580.022559/9929 Acórdão n.º 9100000.871 CSRFPL Fl. 942 2 (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente (Assinado digitalmente) Valmar Fonsêca de Menezes Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente da 1ª Câmara da 1ª Seção do CARF), Antônio Carlos Guidoni Filho (VicePresidente da 1ª Câmara da 1ª Seção do CARF), Rafael Vidal de Araújo (Presidente da 2ª Câmara da 1ª Seção do CARF), João Carlos de Lima Júnior (VicePresidente da 2ª Câmara da 1ª Seção do CARF), Valmar Fonseca de Menezes (Presidente da 3ª Câmara da 1ª Seção do CARF), Valmir Sandri (VicePresidente da 3ª Câmara da 1ª Seção do CARF), Jorge Celso Freire da Silva (Presidente da 4ª Câmara da 1ª Seção do CARF), Karem Jureidini Dias (VicePresidente da 4ª Câmara da 1ª Seção do CARF), Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente da 1ª Câmara da 2ª Seção do CARF), Alexandre Naoki Nishioka (VicePresidente da 1ª Câmara da 2ª Seção do CARF), Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente da 2ª Câmara da 2ª Seção do CARF), Gustavo Lian Haddad (VicePresidente da 2ª Câmara da 2ª Seção do CARF), Ivacir Júlio de Souza (conselheiro convocado) substituiu circunstancialmente (até a votação do item 7 da pauta) o conselheiro Marcelo Oliveira (Presidente da 3ª Câmara da 2ª Seção do CARF), Manoel Coelho Arruda Júnior (VicePresidente da 3ª Câmara da 2ª Seção do CARF), Elias Sampaio Freire (Presidente da 4ª Câmara da 2ª Seção do CARF), Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira (VicePresidente da 4ª Câmara da 2ª Seção do CARF), Henrique Pinheiro Torres (Presidente da 1ª Câmara da 3ª Seção do CARF), Nanci Gama (VicePresidente da 1ª Câmara da 3ª Seção do CARF), Joel Miyasaki (Presidente da 2ª Câmara da 3ª Seção do CARF), Rodrigo Cardozo Miranda (VicePresidente da 2ª Câmara da 3ª Seção do CARF), Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente da 3ª Câmara da 3ª Seção do CARF), Maria Teresa Martínez López (VicePresidente da 3ª Câmara da 3ª Seção do CARF), Júlio César Alves Ramos (convocado para ocupar o lugar do Presidente da 4ª Câmara da 3ª Seção do CARF) e Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva (VicePresidente da 4ª Câmara da 3ª Seção do CARF), bem assim também foi convocado o conselheiro Antônio Lisboa Cardoso (substituição da conselheira Susy Gomes Hoffman, no dia 8/12/2014) e o Conselheiro Paulo Cortez (em substituição à conselheira Karem Jureidini Dias, no dia 09/12/2014) e Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente à época do julgamento). Relatório Trata o presente processo de recurso extraordinário interposto pela Fazenda Nacional, conforme despacho de admissibilidade, nos autos, tratando exclusivamente do prazo prescricional para restituição de tributos recolhidos a maior. É o relatório, no que interessa à solução do processo. Voto Conselheiro Valmar Fonseca de Menezes, Relator Fl. 189DF CARF MF Documento de 10 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP15.0917.11311.WZIA. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10580.022559/9929 Acórdão n.º 9100000.871 CSRFPL Fl. 943 3 Adoto, por oportuno e suficiente, o voto do eminente conselheiro Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, ao qual quero registrar as minhas homenagens, como razões de decidir. Passa a fazer parte, pois, a transcrição literal do acórdão de no. Processo n° 13891.000074/0000 (Acórdão no. 9900000.736), a seguir, in verbis: “0 recurso extraordinário interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional PFN preenche os requisitos necessários à sua admissibilidade, consoante atesta o despacho competente, devendo ser conhecido. Conforme relatado, a questão que se põe à apreciação deste Colegiado diz respeito exclusivamente à preliminar de prescrição do direito à repetição de indébitos fiscais, merecendo ressaltar que o acórdão paradigma considerou irrelevante que o indébito tenha por fundamento a declaração de inconstitucionalidade ou simples erro, aplicando o prazo quinquenal a partir da extinção do crédito tributário, conforme se extrai da leitura da ementa transcrita no recurso extraordinário, a seguir: ACÓRDÃO PARADIGMA "Ementa: PEDIDO DE RESTITUIÇÃO ILL O direito de pleitear a restituição de tributo indevido, pago espontaneamente, perece com o decurso do prazo de cinco anos, contados da data de extinção do crédito tributário, sendo irrelevante que o indébito tenha por fundamento inconstitucionalidade ou simples erro (art. 165, incisos I e II, e 168, inciso I, do CTN, e entendimento do Superior Tribunal de Justiça). Recurso Especial do Procurador Provido." (grifo nosso). (Recurso n° 102147786. Processo n° 10183.003219/200293. Acórdão CSRF/0400.810. Quarta Turma. Relatora Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo). Os dispositivos da Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional CTN, citados na ementa acima transcrita, estão assim redigidos: Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o disposto no § 4°do artigo 162, nos seguintes casos: 1 cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido; II erro na edificação do sujeito passivo, na determinação da alíquota aplicável, no cálculo do montante do débito ou na elaboração ou conferência de qualquer documento relativo ao pagamento; III reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória. Art. 168. O direito de pleitear a restituição extinguese com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados: Fl. 190DF CARF MF Documento de 10 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP15.0917.11311.WZIA. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10580.022559/9929 Acórdão n.º 9100000.871 CSRFPL Fl. 944 4 5. nas hipótese dos incisos I e II do artigo 165, da data da extinção do crédito tributário; (vide art. 3° da LC. n° 118, de 2005) 6. na hipótese do inciso III do artigo 165, da data em que se tornar definitiva a decisão administrativa ou passar em julgado a decisão judicial que tenha reformado, anulado, revogado ou rescindido a decisão condenatória. A modalidade de extinção do crédito tributário a que se refere o supra transcrito dispositivo do inciso I, do art. 168 é o definido no inciso I, do art. 156, também do CTN, a seguir: Art. 156. Extinguem o crédito tributário: I o pagamento; (...). Assim, contado da data da extinção do crédito tributário, pelo pagamento, teria o contribuinte cinco anos para fazer valer o seu direito à restituição, entendimento que mereceu intermináveis discussões no âmbito do contencioso administrativo tributário e nos Tribunais Superiores do Poder Judiciário pátrio. Dessa forma, em face da interminável batalha judicial estabelecida sobre o tema, e com a pretensão de pacificar e tornar definitivo um entendimento a respeito, sobreveio a Lei Complementar LC n° 118/2005, cujos artigos 3° e 4° alteraram e acrescentaram dispositivos ao Código Tributário Nacional CTN, dispondo ainda sobre a interpretação a ser dada ao inciso I do art. 168 da mesma Lei, nos termos a seguir reproduzidos: Art. 3° Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1° do art. 150 da referida Lei. Art. 4° Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art. 3°, o disposto no art. 106, inciso I, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional. Por seu turno, o mencionado inciso I, do art. 106, do CTN, estabelece que: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; (...). Assim, a questão já teria sido definitivamente resolvida com a edição dos suso transcritos dispositivos da LC n° 118/2005, segundo o qual a interpretação a ser dada ao inciso I, do art.168, do CTN, é a de que "a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1° do art. 150 da referida Lei." (Lei n° 5.172/1966 CTN) Entretanto, o Superior Tribunal de Justiça STJ declarou a inconstitucionalidade da segunda parte do artigo 4° da LC n° 118/2005, ao entender que não se Fl. 191DF CARF MF Documento de 10 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP15.0917.11311.WZIA. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10580.022559/9929 Acórdão n.º 9100000.871 CSRFPL Fl. 945 5 trata de lei meramente interpretativa, já que inova o ordenamento jurídico no tocante ao momento em que o crédito tornase extinto, e que, portanto, não pode retroagir nos moldes do artigo 106, inciso I, do Código Tributário Nacional CTN, sob pena de ofender o princípio da segurança jurídica, de respeitável proteção em nosso ordenamento. Referida matéria, até a sessão de 04/08/2011 do Supremo Tribunal Federal STF, encontravase submetida ao regime de repercussão geral, oportunidade em que foi negado provimento ao RE n° 566.621/RS, interposto pela Fazenda Nacional, sendo relatora a Ministra Ellen Gracie, declarando a inconstitucionalidade do acima transcrito art. 4°, segunda parte, da Lei Complementar n° 118/2005, considerando válida a aplicação do novo prazo de 5 (cinco) anos tãosomente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 09/06/2005, tendo referida decisão Suprema sido assim ementada: DIREITO TRIBUTÁRIO LEI INTERPRETATIVA APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR N° 118/2005 DESCABIMENTO VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS AJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/2005, estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts . 150, §4°, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se autoproclamado interpretativa, implicou inovação normativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Lei supostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência de violação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se submete, como qualquer outra, ao controle judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação retroativa de novo e reduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato, pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensões pendentes de ajuizamento quando da publicação da lei sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa ao princípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do acesso à Justiça. Afastandose as aplicações inconstitucionais e resguardandose, no mais, a eficácia da norma, permitese a aplicação do prazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corte no enunciado 445 da Súmula do Tribunal. Fl. 192DF CARF MF Documento de 10 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP15.0917.11311.WZIA. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10580.022559/9929 Acórdão n.º 9100000.871 CSRFPL Fl. 946 6 O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas que tomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos. Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/05, que pretendeu a aplicação do novo prazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral, tampouco impede iniciativa legislativa em contrário. Reconhecida a inconstitucionalidade art. 4°, segunda parte, da LC 118/05, considerandose válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tãosomente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543B, § 3°, do CPC aos recursos sobrestados. Recurso extraordinário desprovido Por seu turno, o Superior Tribunal de Justiça STJ, em recentíssima decisão (sessão de 02/08/2012), ao julgar o recurso representativo de controvérsia REsp n° 1.269.570 MG, entre muitas outras mais antigas, seguiu a referida posição jurisprudencial proferida do Tribunal Maior, consoante se extrai da leitura da ementa do REsp 1089356/PR, assim disposta: REsp 1089356 /PR RECURSO ESPECIAL 2008/02103521 Relator(a) Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES (1141) Órgão Julgador T2 SEGUNDA TURMA Data do Julgamento 02/08/2012 Data da Publicação/Fonte DJe 09/08/2012 Ementa TRIBUTÁRIO. RECURSOS ESPECIAIS. JUÍZO DE RETRATAÇÃO. ART. 543B, § 3°, DO CPC. MANDADO DE SEGURANÇA QUE ATACA INDEFERIMENTO DE PEDIDO DE RESTITUIÇÃO DE SALDOS NEGATIVOS DA CSLL REFERENTES AO EXERCÍCIO DE 1996. PEDIDO ADMINISTRATIVO PROTOCOLADO ANTES DE 09/06/2005.INAPLICABILIDADE DA LEI COMPLEMENTAR N°. 118/2005 E DO ART. 16 DA LEI N°. 9.065/95. 1. Tanto o STF quanto o STJ entendem que, para as ações de repetição de indébito relativas a tributos sujeitos a lançamento por homologação ajuizadas de 09/06/2005 em diante, deve ser aplicado o prazo prescricional quinquenal previsto no art. 3° da Lei Complementar n° 118/2005, ou seja, prazo de cinco anos com termo inicial na data do pagamento. Já para as ações ajuizadas antes de 09/06/2005, deve ser aplicado o entendimento anterior que permitia a cumulação do prazo do art. 150, §4° com o do art. 168, I, do CTN (tese dos 5+5). Precedente do STJ: recurso representativo da controvérsia REsp n. 1.269.570MG, 1a Seção, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 23.05.2012. Precedente do STF (repercussão geral): recurso representativo da controvérsia RE n. 566.621/RS, Plenário, Rel. Min. Ellen Gracie, julgado em 04.08.2011. 7. No caso, embora se trate de mandado de segurança ajuizado no ano de 2007, houve observância do prazo do art. 18 da Lei n°. 1.533/51 e a impetrante impugna o ato administrativo que decretou a prescrição do seu direito de pleitear a restituição dos saldos negativos da CSLL referentes ao anocalendário de 1995, exercício de 1996, cujo pedido de restituição foi protocolado administrativamente em 05.07.2002, antes, Fl. 193DF CARF MF Documento de 10 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP15.0917.11311.WZIA. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10580.022559/9929 Acórdão n.º 9100000.871 CSRFPL Fl. 947 7 portanto, da Lei Complementar n. 118/2005. Diante das peculiaridades dos autos, o Tribunal de origem decidiu que o prazo prescricional deve ser contado da data de protocolo do pedido administrativo de restituição. Em assim decidindo, a Turma Regional não negou vigência ao art. 168, I, do CTN; muito pelo contrário, observou entendimento já endossado pela Primeira Turma do STJ (REsp 963.352/PR, Rel. Min. Luiz Fux, DJe de 13.11.2008). 8. No tocante ao recurso da impetrante, deve ser mantido o acórdão do Tribunal de origem, embora por outro fundamento, pois, ainda que o art. 16 da Lei n. 9.065/95 não se aplique nas hipóteses de restituição, via compensação, de saldos negativos da CSLL, no caso a impetrante formulou administrativamente simples pedido de restituição. Na espécie, ao adotar a data de homologação do lançamento como termo inicial do prazo prescricional quinquenal para se pleitear a restituição do tributo supostamente pago a maior, o Tribunal de origem considerou tempestivo o pedido de restituição, o qual, por conseguinte, deverá ter curso regular na instância administrativa. Mesmo que a decisão emanada do Poder Judiciário não contemple a possibilidade de compensação dos saldos negativos da CSLL com outros tributos administrados pela Receita Federal do Brasil, nada obsta que a impetrante efetue a compensação sob a regência da legislação tributária posteriormente concebida. 4. Recurso especial da Fazenda Nacional parcialmente conhecido e, nessa parte, não provido, e recurso especial da impetrante não provido, em juízo de retratação. Nessa mesma linha, transcrevo ementa de outros julgados do STJ, nos quais o prazo prescricional é contado, em se tratando de pagamentos indevidos cuja repetição fora requerida anteriormente à vigência da LC n° 118/2005 (09/06/2005), da data do fato gerador, acrescido de mais cinco anos, a partir da homologação tácita ou expressa: "TRIBUTÁRIO.TRIBUTO DECLARADO INCONSTITUCIONAL EM CONTROLE CONCENTRADO. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PRESCRIÇÃO. TERMO INICIAL. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. REGRA DOS "CINCO MAIS CINCO". PRECEDENTES. SÚMULA 83/STJ. 1. A Primeira Seção desta Corte firmou entendimento de que, "mesmo em caso de exação tida por inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, seja em controle concentrado, seja em difuso, ainda que tenha sido publicada Resolução do Senado Federal (art. 52, X, da Carta Magna), a prescrição do direito de pleitear a restituição, nos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, ocorre após expirado o prazo de cinco anos, contados do fato gerador, acrescido de mais cinco anos, a partir da homologação tácita ou expressa." 2. O entendimento jurisprudencial é a síntese da melhor exegese da legislação no momento da aplicação do direito, por isso é aceitável a sua mudança para o devido aprimoramento da prestação jurisdicional. Agravo regimental improvido." Fl. 194DF CARF MF Documento de 10 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP15.0917.11311.WZIA. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10580.022559/9929 Acórdão n.º 9100000.871 CSRFPL Fl. 948 8 (AgRg no Ag 1406333 / PE, Relator: Ministro Humberto Martins) "PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. IMPOSTO DE RENDA O SOBRE O LUCRO LÍQUIDO (ILL). PRESCRIÇÃO. TESE DOS "CINCO MAIS CINCO". RESP 1.002.932/SP (ART.543C DO CPC). COMPENSAÇÃO. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL. DATA DO AJUIZAMENTO DA AÇÃO. RESP 1.137.738/SP (ART. 543C DO CPC). POSSIBILIDADE, IN CASU, DE COMPENSAÇÃO COM TRIBUTO DA MESMA ESPÉCIE. CORREÇÃO MONETÁRIA. FEV/1991. IPC. 21,87%. 1. Agravos regimentais interpostos pelos contribuintes e pela Fazenda Nacional contra decisão que negou seguimento aos seus recursos especiais. 2. A Primeira Seção adota o entendimento sufragado no julgamento dos REsp 435.835/SCpara aplicar a tese dos "cinco mais cinco" à contagem do prazo prescricional, inclusive para a repetição de tributos declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal. Precedentes: EREsp 507.466/SC, Rel. Ministro Humberto Martins, Primeira Seção, julgado em 25/3/2009, DJe 6/4/2009; AgRg nos EAg 779581/SP, Rel. Ministro Herman Benjamin, Primeira Seção, julgado em 9/5/2007, DJe 1/9/2008; EREsp 653.748/CE, Rel. Ministro José Delgado, Rel. p/ Acórdão Ministro Luiz Fux, Primeira Seção, julgado em 23/11/2005, DJ 27/3/2006. 3. O Superior Tribunal de Justiça, em sede de recurso especial representativo de controvérsia (REsp 1.002.932/SP), ratificou orientação no sentido de que o princípio da irretroatividade impõe a aplicação da LC n. 118/05 aos pagamentos indevidos realizados após a sua vigência e não às ações propostas posteriormente ao referido diploma legal, porquanto é norma referente à extinção da obrigação e não ao aspecto processual da ação respectiva. 4. Em sede de compensação tributária, deve ser aplicada a legislação vigente por ocasião do ajuizamento da demanda. "[A] autorização da Secretaria da Receita Federal constituía pressuposto para a compensação pretendida pelo contribuinte, sob a égide da redação primitiva do artigo 74, da Lei 9.430/96, em se tratando de tributos sob a administração do aludido órgão público, compensáveis entre si". (REsp 1.137.738/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Seção, DJe 172/2010, julgado sob o rito do art. 543C do CPC). 9. Na correção de indébito tributário incide o índice de 21,87% em fevereiro de 1991 (expurgo inflacionário, IPC/IBGE em substituição à INPC do mês). Precedentes: REsp 968.949/SP, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 10/3/2011; EDcl no AgRg nos EDcl no REsp 871.152/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, DJe 19/8/2010; AgRg no REsp 945.285/RS, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 7/6/2010; REsp 1.124.456/DF, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, DJe 8/4/2010. Fl. 195DF CARF MF Documento de 10 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP15.0917.11311.WZIA. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10580.022559/9929 Acórdão n.º 9100000.871 CSRFPL Fl. 949 9 10. Agravo regimental das contribuintes parcialmente provido para assegurar a correção monetária no mês de fevereiro de 1991 pelo índice de 21,87%. 7. Agravo regimental da Fazenda Nacional não provido." (AgRg no REsp 1131971 / RJ, Relator: Ministro Benedito Gonçalves) Através da Portaria MF n° 586, de 21/12/2010DOU de 22/12/2010, foram introduzidas alterações no Regimento Interno do CARF aprovado pela Portaria MF n° 256, DOU de 23/06/2009, sobrevindo o art. 62A, que assim dispõe: Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei n° 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Sendo assim, diante dessas decisões proferidas pelos nossos Tribunais Superiores, outra não poderia ser minha posição a respeito da matéria, senão a de aplicar ao caso os estritos termos das sobreditas decisões do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça, considerandose o prazo prescricional de 5 (cinco) anos aplicável tão somente aos pedidos formalizados após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir dos pedidos protocolados nas repartições da Receita Federal do Brasil do dia 9 de junho de 2005 em diante. Para os pedidos protocolados anteriormente a essa data (09/06/2005), valeria o entendimento anterior que permitia a cumulação do prazo do art. 150, § 4° com o do art. 168, I, do CTN (tese dos 5+5), ou seja, a contagem do prazo prescricional darseia a partir do fato gerador, devendo o pedido ter sido protocolado no máximo após o transcurso de 10 (dez) anos a partir dessa data (do fato gerador). (...) É assim que voto. (assinado digitalmente) Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz” Dispõe o relatório da CSRF: “Versa o presente sobre pedido de restituição/compensação do Finsocial, referente aos pagamentos a maior no período de janeiro de 1990 a março de 1992. O pedido foi protocolizado em 14 de dezembro de 1999 (fls. 01/02).” Fl. 196DF CARF MF Documento de 10 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP15.0917.11311.WZIA. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10580.022559/9929 Acórdão n.º 9100000.871 CSRFPL Fl. 950 10 No presente caso, o pedido foi protocolizado em 14/12/1999, ou seja, anterior à data de 09/06/2005, e os fatos geradores se situam a partir de janeiro de 1990 a março de 1992. Logo, diante do exposto, nego provimento ao recurso da Fazenda Nacional.É como voto. (Assinado digitalmente) Valmar Fonseca de Menezes Fl. 197DF CARF MF Documento de 10 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP15.0917.11311.WZIA. Consulte a página de autenticação no final deste documento. PÁGINA DE AUTENTICAÇÃO O Ministério da Fazenda garante a integridade e a autenticidade deste documento nos termos do Art. 10, § 1º, da Medida Provisória nº 2.200-2, de 24 de agosto de 2001 e da Lei nº 12.682, de 09 de julho de 2012. Documento produzido eletronicamente com garantia da origem e de seu(s) signatário(s), considerado original para todos efeitos legais. Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001. Histórico de ações sobre o documento: Documento juntado por MOEMA NOGUEIRA SOUZA em 31/07/2015 18:14:00. Documento autenticado digitalmente por MOEMA NOGUEIRA SOUZA em 31/07/2015. Documento assinado digitalmente por: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO em 03/08/2015 e VALMAR FONSECA DE MENEZES em 31/07/2015. Esta cópia / impressão foi realizada por MARIA MADALENA SILVA em 15/09/2017. Instrução para localizar e conferir eletronicamente este documento na Internet: EP15.0917.11311.WZIA Código hash do documento, recebido pelo sistema e-Processo, obtido através do algoritmo sha1: E1CABFB16BE8291534877C14C96FCD08923D2E15 Ministério da Fazenda 1) Acesse o endereço: https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx 2) Entre no menu "Outros". 3) Selecione a opção "eAssinaRFB - Validação e Assinatura de Documentos Digitais". 4) Digite o código abaixo: 5) O sistema apresentará a cópia do documento eletrônico armazenado nos servidores da Receita Federal do Brasil. página 1 de 1 Página inserida pelo Sistema e-Processo apenas para controle de validação e autenticação do documento do processo nº 105800225599929. 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Numero do processo: 11613.000154/2008-75
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Aug 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 28/12/2007
VALOR DE ALÇADA PARA INTERPOSIÇÃO DE RECURSO DE OFÍCIO - SÚMULA CARF 103
O Ministro da Fazendo, consoante os termos do art. 1º da Portaria MF 63, de 09/02/2017, estabeleceu que só haverá recurso de ofício de Turma julgadora de DRJ quando a decisão exonerar o sujeito passivo de pagamento de tributo e encargos de multa em valor total superior a R$ 2.500.000,00. Sendo inferior o valor exonerado, não se conhece do recurso de ofício, uma vez que a aferição do valor de alçada se dá na data do julgamento do mesmo (Súmula CARF 103).
Recurso de ofício não conhecido.
Numero da decisão: 3402-004.239
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício.
assinado digitalmente
Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente em exercício e relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 28/12/2007 VALOR DE ALÇADA PARA INTERPOSIÇÃO DE RECURSO DE OFÍCIO - SÚMULA CARF 103 O Ministro da Fazendo, consoante os termos do art. 1º da Portaria MF 63, de 09/02/2017, estabeleceu que só haverá recurso de ofício de Turma julgadora de DRJ quando a decisão exonerar o sujeito passivo de pagamento de tributo e encargos de multa em valor total superior a R$ 2.500.000,00. Sendo inferior o valor exonerado, não se conhece do recurso de ofício, uma vez que a aferição do valor de alçada se dá na data do julgamento do mesmo (Súmula CARF 103). Recurso de ofício não conhecido.
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Numero do processo: 13851.901856/2011-96
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Oct 03 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3201-001.031
Decisão: Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Orlando Rutigliani Berri, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Renato Vieira de Ávila.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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decisao_txt : Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Orlando Rutigliani Berri, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Renato Vieira de Ávila.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Orlando Rutigliani Berri, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Renato Vieira de Ávila. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte supra identificado em face do acórdão nº 1456.775 da DRJ Ribeirão Preto/SP que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade manejada para se contrapor ao Despacho Decisório que indeferira o Pedido de Ressarcimento de IPI e, por conseguinte, não homologara as compensações declaradas. Na Manifestação de Inconformidade, o contribuinte requereu preliminarmente a nulidade, por generalidade, do despacho decisório e, no mérito, invocou o princípio da verdade material e pleiteou o reconhecimento da não incidência da taxa Selic e multas sobre os débitos que restaram não compensados. Anteriormente, o contribuinte havia impetrado Mandado de Segurança, tendo obtido decisão liminar, em que se determinou que os pedidos de ressarcimento por ele RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 38 51 .9 01 85 6/ 20 11 -9 6 Fl. 373DF CARF MF Processo nº 13851.901856/201196 Resolução nº 3201001.031 S3C2T1 Fl. 325 2 formulados fossem examinados “no prazo improrrogável de 30 (trinta) dias, a contar da intimação [da] decisão, sob as penas da lei.” A par da liminar, o contribuinte foi intimado a apresentar livros, documentos e arquivos digitais em 20 dias, tendo a Fiscalização verificado que os arquivos digitais apresentados continham milhares de ocorrências de erros, sendo que, em função dessas incorreções e do prazo exíguo para a prolação da decisão, o pedido foi indeferido. A decisão da DRJ Ribeirão Preto/SP, denegatória do direito pleiteado, fundamentouse na falta de apresentação de prova documental por parte do interessado que pudesse embasar o ressarcimento e na existência de previsão legal para a aplicação da taxa Selic no cálculo dos juros de mora. Quanto à alegação do contribuinte acerca do caráter confiscatório da multa de ofício, o julgador a quo argumentou que a vedação ao confisco prevista na Constituição Federal é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicar as penalidades nos moldes da legislação que as instituiu. Cientificado da decisão de primeira instância, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário, reiterando a existência do crédito postulado e pedindo, alternativamente, a realização de diligência para as apurações cabíveis. É o relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução nº 3201001.025, de 29/08/2017, proferido no julgamento do processo 13851.901697/201120, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução nº 3201001.025): A compensação tributária pode ser requerida pelo contribuinte que possua crédito líquido e certo contra a Fazenda. Nesse sentido é a literalidade do artigo 170 do CTN1. A administração, no prazo de 30 dias para análise que lhe foi concedido pelo Poder Judiciário, no âmbito do Mandado de Segurança impetrado pela recorrente, intimou a empresa a apresentar arquivos e documentos que já deviam estar disponíveis. O artigo 11 da Lei 8.218/912 prescreve o dever dos contribuinte de disponibilizar os dados. 1 Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. 2 Art. 11. As pessoas jurídicas que utilizarem sistemas de processamento eletrônico de dados para registrar negócios e atividades econômicas ou financeiras, escriturar livros ou elaborar documentos de natureza contábil ou fiscal, ficam obrigadas a manter, à disposição da Secretaria da Receita Federal, os respectivos arquivos digitais e sistemas, pelo prazo decadencial previsto na legislação tributária. Fl. 374DF CARF MF Processo nº 13851.901856/201196 Resolução nº 3201001.031 S3C2T1 Fl. 326 3 A responsabilidade do serviço público é muito grande quando defere restituição/ressarcimento ao contribuinte, pois se trata de transferir recursos da sociedade para o particular. Somente a materialidade provada, líquida e certa autoriza um ato administrativo com essa envergadura de responsabilidade. No presente caso, não existiam condições para tanto. Com efeito, o arquivo próprio para tais tipos de análises, que detalha as notas fiscais, não foi oferecido à administração, posto que aquele apresentado possuía tantos erros que não poderia validamente ser fundamento da restituição/ressarcimento. O Relatório Fiscal aponta milhares e milhares de erros no arquivo digital apresentado, erros inclusive de “IPI inválido”[...]. Resumese: ANO QUANTIDADE DENOMINAÇÃO DA INCONSISTÊNCIA 2005 7667 Já existe um participante com esta identificação 2005 12 Inconsistência de IPI 2005 6 Inconsistência de Valor 2005 441 IPI Inválido 2005 3 NCM Inválida ou Inexistente 2008 9125 Já existe um participante com esta identificação 2008 186 Inconsistência de ICMS 2008 78 Inconsistência de IPI 2008 18 Inconsistência de Valor 2008 566 IPI Inválido 2008 4 NCM Inválida ou Inexistente 2009 9400 Já existe um participante com esta identificação ANO QUANTIDADE DENOMINAÇÃO DA INCONSISTÊNCIA 2009 109 Inconsistência de ICMS 2009 44 Inconsistência de IPI 2009 1 Inconsistência de Valor 2009 494 IPI Inválido 2009 3 NCM Inválida ou Inexistente 2010 8875 Já existe um participante com esta identificação 2010 17 Inconsistência de ICMS 2010 1207 Inconsistência de IPI 2010 310 Inconsistência de Valor 2010 13114 IPI Inválido 2010 1 NCM Inválida ou Inexistente Não se configura, portanto, a materialidade do crédito pretendido. Fl. 375DF CARF MF Processo nº 13851.901856/201196 Resolução nº 3201001.031 S3C2T1 Fl. 327 4 Logo, mais que lícito e fundamentado o indeferimento da compensação. A recorrente poderia, no longo prazo que decorreu desde o indeferimento do Despacho Decisório até hoje, esclarecer as divergências, oferecer outro arquivo, apontar planilhas com, ao menos, parte do crédito devido, indicar a origem material de seu direito, mas não é o que aconteceu. Poderia e deveria, porque o ônus de provar o crédito é seu art. 333 do Código Civil3. Até hoje, entretanto, mantémse na tentativa de obter um deferimento sumário, sem análise de mérito do crédito. A obrigação de esclarecimento do contribuinte é positivada, ainda, artigo 4º da Lei 9.784/99: Art. 4º São deveres do administrado perante a Administração, sem prejuízo de outros previstos em ato normativo: I expor os fatos conforme a verdade; II proceder com lealdade, urbanidade e boafé; III não agir de modo temerário; IV prestar as informações que lhe forem solicitadas e colaborar para o esclarecimento dos fatos Como pedido alternativo, a recorrente pede a conversão do julgamento em diligência. Em regra, a diligência somente é cabível quando se verifique o esforço da recorrente em esclarecer a materialidade dos fatos. Embora não se verifique inovação probatória na Impugnação e no Recurso Voluntário, que ensejasse a constatação desse esforço, o fato é que, nos casos de Pedido de Ressarcimento de IPI, o próprio programa gerador do pedido exige extensas informações, detalhadas, sobre o crédito. Essas informações indicam a existência de créditos, mas que ainda não foram auditados. Não houve oportunidade de correção dos arquivos digitais, primeiro, pelo prazo de análise imposto pelo Poder Judiciário, e em segundo lugar porque, em regra, essa correção não tem como ser feita nas instâncias julgadoras. À vista de todo o exposto, a comprovação das informações prestadas já no pedido, deve ser oportunizada, por meio dos arquivos digitais corrigidos e outros elementos que o Fisco entender necessários. Pelo exposto, proponho a conversão do julgamento em diligência, para que a Delegacia da Receita Federal promova auditoria nas informações já prestadas no pedido de ressarcimento, proferindo Despacho conclusivo quanto ao direito pretendido. Destaquese que, assim como ocorreu no acórdão paradigma, neste processo também se verificaram inconsistências nos arquivos digitais apresentados pelo contribuinte para demonstrar o crédito pleiteado. 3 Art. 333. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor”. Fl. 376DF CARF MF Processo nº 13851.901856/201196 Resolução nº 3201001.031 S3C2T1 Fl. 328 5 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, voto por converter o julgamento em diligência, para que a Autoridade Preparadora analise a existência do crédito postulado, procedendose à auditoria das informações já prestadas no Pedido de Ressarcimento, valendo se dos dados presentes nos arquivos digitais devidamente corrigidos e em outros elementos que entender necessários, proferindose despacho conclusivo quanto ao direito pretendido. Após a manifestação fiscal, concedase vista ao contribuinte pelo prazo de 30 (trinta dias) para se manifestar acerca das conclusões. Após, retornemse os autos para julgamento. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 377DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11040.904344/2009-86
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 22 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Aug 11 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2003
RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO DE INDÉBITO FISCAL. COMPROVAÇÃO CERTA E LÍQUIDA DO INDÉBITO. NÃO CONFIGURAÇÃO.
A comprovação deficiente do indébito fiscal ao qual se deseja compensar ou ter restituído não pode fundamentar tais direitos. Somente o direito creditório comprovado de forma certa e líquida dará ensejo a compensação e/ou restituição do indébito fiscal.
Numero da decisão: 1402-002.660
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Marco Rogério Borges, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto (Presidente).
Nome do relator: LEONARDO DE ANDRADE COUTO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2003 RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO DE INDÉBITO FISCAL. COMPROVAÇÃO CERTA E LÍQUIDA DO INDÉBITO. NÃO CONFIGURAÇÃO. A comprovação deficiente do indébito fiscal ao qual se deseja compensar ou ter restituído não pode fundamentar tais direitos. Somente o direito creditório comprovado de forma certa e líquida dará ensejo a compensação e/ou restituição do indébito fiscal.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2003 RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO DE INDÉBITO FISCAL. COMPROVAÇÃO CERTA E LÍQUIDA DO INDÉBITO. NÃO CONFIGURAÇÃO. A comprovação deficiente do indébito fiscal ao qual se deseja compensar ou ter restituído não pode fundamentar tais direitos. Somente o direito creditório comprovado de forma certa e líquida dará ensejo a compensação e/ou restituição do indébito fiscal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Marco Rogério Borges, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 04 0. 90 43 44 /2 00 9- 86 Fl. 58DF CARF MF Processo nº 11040.904344/200986 Acórdão n.º 1402002.660 S1C4T2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de manifestação de inconformidade contra despacho decisório da DRF que não reconheceu direito creditório de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), não homologando as compensações com base no valor pretendido. A interessada apresentou PER/Dcomp informando disponibilidade de crédito em seu favor, derivada do pagamento indevido ou a maior de estimativa mensal de IRPJ, efetuado por Darf. A contribuinte foi regularmente cientificada da decisão da DRF e apresentou tempestivamente manifestação de inconformidade. A contribuinte alega a existência de pagamento a maior do tributo. Sustenta que as divergências foram devidas a erro no preenchimento da DCTF: as informações de recolhimentos de IRPJ e CSLL não foram relacionadas no trimestre de sua competência e sim em outro trimestre. Acrescenta que a DIPJ também não relacionou, equivocadamente, os pagamentos por estimativa. Reconhece que haveria que se retificar a DCTF e DIPJ. A manifestação de inconformidade restou julgada improcedente, não lhe reconhecendo o direito creditório. Essencialmente, o contribuinte não teria apresentado provas do erro alegado e admitido pelo contribuinte, na forma dos arts. 15 e 16, § 4°, do Decreto 70.235/72, posto que o Darf foi utilizado inicialmente para quitar débito, em princípio devido até que se provasse o contrário , de estimativa. Inconformada com tal entendimento, interpôs Recurso Voluntário a este Conselho alegando, principalmente com base no Princípio da Verdade Material, que o equívoco do contribuinte não pode resultar na supressão de seu direito creditório, e que não há amparo legal para a negativa de seu pleito. Não foram apresentadas Contrarrazões pela PGFN. É o relatório. Voto Conselheiro Leonardo de Andrade Couto, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1402002.628, de 22.06.2017, proferido no julgamento do Processo nº 1040.900104/200911, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1402002.628): O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, razão pela qual, dele conheço. Por inexistir preliminares, passo a análise de mérito. Fl. 59DF CARF MF Processo nº 11040.904344/200986 Acórdão n.º 1402002.660 S1C4T2 Fl. 4 3 MÉRITO Ainda que o contribuinte não tenha explicitado em seu Recurso, considerando que recolhe IRPJ e CSLL por estimativa mensal, concluise que apure tais tributos pelo lucro real anual. Nos termos do art. 10 da IN SRF nº 460/2004 e art. 10, da IN SRF nº 600/2005, “a pessoa jurídica tributada pelo lucro real anual que efetuar pagamento indevido ou a maior de imposto de renda ou de CSLL a título de estimativa mensal, somente poderá utilizar o valor pago ou retido na dedução do IRPJ ou da CSLL devida ao final do período de apuração em que houve a retenção ou pagamento indevido ou para compor o saldo negativo de IRPJ ou de CSLL do período.” Ou seja, durante a vigência de ambas as instruções normativas, não era permitido, mesmo por PER/DCOMP, utilizarse diretamente de créditos decorrentes de pagamento com DARF em valores indevidos ou maior do que o devido. Essa situação perdurou até o advento da IN RFB 900/2008, que revogou a IN SRF 600/2005 e não trouxe, em seu bojo, a vedação contida na instrução normativa revogada, de tal forma que, a partir de sua vigência, poderia o contribuinte optar em realizar, de imediato, a compensação de DARF pago a título de IRPJ ou CSLL por estimativa de forma indevida ou maior do que a devida e/ou, a seu critério, aguardar o ajuste na DIPJ, de tal forma que os valores recolhidos a maior compusessem o seu saldo negativo de IRPJ ou CSLL. As instruções normativas posteriores – IN RFB 1.300/2012 e alterações posteriores, que tratam da compensação, mantiveram a possibilidade inaugurada com o advento da IN RFB 900/2008. Para por fim a quaisquer dúvidas, foi expedida a Solução de Consulta Interna nº 19 COSIT, que pacificou o seguinte entendimento: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO ESTIMATIVAS. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO. O art. 11 da IN RFB nº 900, de 2008, que admite a restituição ou a compensação de valor pago a maior ou indevidamente de estimativa, é preceito de caráter interpretativo das normas materiais que definem a formação do indébito na apuração anual do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica ou da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, aplicandose, portanto, aos PER/DCOMP originais transmitidos anteriormente a 1º de janeiro de 2009 e que estejam pendentes de decisão administrativa. Caracterizase como indébito de estimativa inclusive o pagamento a maior ou indevido efetuado a este título após o encerramento do período de apuração, seja pela quitação do débito de estimativa de dezembro dentro do prazo de vencimento, seja pelo pagamento em atraso da estimativa devida referente a qualquer mês do período, realizado em ano posterior ao do período da estimativa apurada, mesmo na hipótese de a restituição ter sido solicitada ou a compensação declarada na vigência das IN SRF nº 460, de 2004, e IN SRF nº 600, de 2005. Fl. 60DF CARF MF Processo nº 11040.904344/200986 Acórdão n.º 1402002.660 S1C4T2 Fl. 5 4 A nova interpretação dada pelo art. 11 da IN RFB nº 900, de 2008, aplicase inclusive aos PER/DCOMP retificadores apresentados a partir de 1º de janeiro de 2009, relativos a PER/DCOMP originais transmitidos durante o período de vigência da IN SRF nº 460, de 2004, e IN SRF nº 600, de 2005, desde que estes se encontrem pendentes de decisão administrativa. Dispositivos Legais: Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, arts. 2º e 74; IN SRF nº 460, de 18 de outubro de 2004; IN SRF nº 600, de 28 de dezembro de 2005; IN RFB nº 900, de 30 de dezembro de 2008. Fixada a premissa que o contribuinte poderia apresentar PER/DCOMP em razão de pagamento indevido ou maior do que o devido de IRPJ ou CSLL por estimativa, passase a análise de certeza e liquidez dos créditos. A DRF responsável pela análise do PER/DCOMP e emissão do despacho decisório respectivo não questionou a existência do DARF e o seu recolhimento. Apontou, contudo, que o referido DARF teria sido integralmente utilizado para o pagamento da própria estimativa informada como devida e, desta forma, não haveria saldo para a compensação pleiteada pelo contribuinte ou, em alguns casos, reconheceu o pagamento a maior, homologando a compensação até o limite do crédito confirmado. O contribuinte reconhece, notadamente em sua impugnação, que cometeu erros nas informações prestadas em DCTF, embora não esclareça quais, bem como que não informou, nem em DCTF, nem em DIPJ, os recolhimentos das estimativas. Não é possível, à míngua de provas, especular qual seria o erro do contribuinte nas informações prestadas em DCTF. Contudo, a informação de que não teria informado, em DIPJ, os recolhimentos das estimativas, denota que é possível que mesmo no ajuste anual não tenha apurado os saldos negativos de IRPJ e CSLL que faria jus, os quais seriam, nos termos da legislação, passíveis de compensação com quaisquer tributos administrados pela Receita Federal do Brasil, exceto previdenciários. Mesmo com a decisão da DRJ em mãos, o que possibilitou a apresentação de recurso voluntário dirigido a este Conselho, o contribuinte não apresentou documentos que pudessem dar a este Julgador elementos para aferir se, de fato, ele possui créditos líquidos e certos passíveis de compensação que pudessem justificar uma mudança no teor da decisão recorrida. Não foi apresentado, por exemplo, uma memória de cálculo com a apuração mensal das estimativas devidas, correlacionadas com os DARF’s pagos e, ao final do período de apuração, o fechamento do valor devido a título de IRPJ e CSLL, em linha com a DIPJ apresentada, para que se pudesse aferir que as estimativas recolhidas durante o ano pudessem ser em valor maior do que os tributos devidos e, assim, verificar a existência de saldo negativo passível de compensação. Desta forma, como não foi possível aferir a liquidez e certeza dos créditos oferecidos à compensação, pressuposto para a homologação (art. 170, CTN), pela inexistência de documentos Fl. 61DF CARF MF Processo nº 11040.904344/200986 Acórdão n.º 1402002.660 S1C4T2 Fl. 6 5 que pudessem comprovar o quanto alegado pelo contribuinte, nego provimento ao recurso voluntário, mantendo a decisão de primeira instância e a não homologação das compensações declaradas. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Fl. 62DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.722669/2013-15
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 09 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Sep 04 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 2402-000.609
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência nos termos do voto da Relatora.
(assinado digitalmente)
Kleber Ferreira de Araújo - Presidente
(assinado digitalmente)
Bianca Felícia Rothschild - Relatora
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, João Victor Ribeiro Aldinucci e Bianca Felicia Rothschild.
Nome do relator: BIANCA FELICIA ROTHSCHILD
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo Presidente (assinado digitalmente) Bianca Felícia Rothschild Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, João Victor Ribeiro Aldinucci e Bianca Felicia Rothschild. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 95 15 .7 22 66 9/ 20 13 -1 5 Fl. 2242DF CARF MF Processo nº 19515.722669/201315 Resolução nº 2402000.609 S2C4T2 Fl. 3 2 RELATÓRIO Conforme relatório da decisão recorrida, tratase de ação fiscal levada a efeito no contribuinte acima qualificado, que implicou a lavratura do Auto de Infração de fls. 1563 e seguintes, relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física, anocalendário 2008, por meio do qual foi apurado crédito tributário no montante de R$ 8.941.604,66, sendo R$ 3.075.146,91, referentes ao imposto; R$ 4.612.720,36, à multa proporcional; e R$ 1.253.737,39, aos juros de mora (calculados até 10/2013). Conforme descrição dos fatos, às fls. 1567/1568 do Auto de Infração, o procedimento fiscal apurou a infração de DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA OMISSÃO DE RENDIMENTOS CARACTERIZADA POR DEPÓSITOS BANCÁRIOS COM ORIGEM NÃO COMPROVADA. O procedimento fiscal que resultou na constituição do crédito tributário acima referido encontrase relatado no Termo de Verificação Fiscal de fls. 1514/1562, acompanhado dos anexos de fls. 1488/1513, cujos elementos de informação integram essa decisão, nos termos do § 1º do art. 50 da Lei nº 9.784, de 1999, relevando destacar o que se segue: · A ação fiscal teve por escopo a verificação da compatibilidade da movimentação financeira do sujeito passivo e de seu cônjuge (Labibi Elias Alves da Silva, CPF 038.170.26854), em contas bancárias mantidas em conjunto, bem como em conta bancária de titularidade exclusiva do interessado, no ano calendário de 2008. · De posse dos extratos bancários, após analises preliminares, o interessado foi intimado a comprovar a origem de créditos bancários, nos termos do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, conforme Termo de Intimação de fls. 18/33; e fls. 34/39. Observese que o cônjuge e cotitular da maior parte das contas verificadas também foi intimado a comprovar a origem dos créditos, no termos do processo nº 19515.722828/201373. · Com base nos esclarecimentos prestados, a fiscalização reputou comprovada parte dos créditos bancários. Não obstante, permaneceu sem comprovação parcela destes, seja por não terem sido apresentados quaisquer documentos; seja por não ter sido acolhida a justificativa de que grande parte dos créditos decorreriam de devolução de empréstimo de mútuo, celebrados pelo próprio e pessoas jurídicas imunes, por ele representadas; seja por não ter sido acolhida a justificativa de que parte dos créditos estariam justificados por operações familiares. A análise individualizada dos créditos bancários efetuada pela fiscalização encontrase detalhada nas planilhas de fls. 1.494/1511. · A fiscalização reputou inidôneo os documentos apresentados pelo sujeito passivo, a título de comprovação de contratos de mútuo, por reputar tratarse de simulação, dando ensejo, além do não acolhimento da justificativa dos correspectivos créditos bancários, à qualificação da multa de ofício. 4. Cientificado da autuação em 21/11/2013 (às fls. 1571), o contribuinte protocolizou impugnação, às fls. 1581 e seguintes, por intermédio de procurador, mandato às fls. 1652, recepcionada na unidade local da Receita Federal do Brasil em 19/12/2013, cujas teses defensivas seguem sumariadas: Fl. 2243DF CARF MF Processo nº 19515.722669/201315 Resolução nº 2402000.609 S2C4T2 Fl. 4 3 a) Alega tratarse de pessoa física, de modo que não possui escrituração contábil ou arquivo documental de toda a sua movimentação financeira, incluída documentação de terceiros da qual nunca teria tido posse, não havendo nenhuma obrigação acessória instituída em sentido diverso. b) Não obstante, alega ter apresentado farta documentação comprobatória de contratos de mútuo, de modo a justificar os créditos bancários, com esclarecimento de que a entrega dos recursos ao mutuário teria sido efetuada mediante cheques nominativos emitidos pelo impugnante, sacados de suas contas correntes pessoais, em contrapartida com crédito de igual valor, registrados em contas bancárias das mutuarias. Aduz, ainda, que teria sido comprovada a devolução dos empréstimos mediante cheques nominais emitidos pelas mutuarias em favor do mutuante. c) Alega a inexistência de dispositivo legal a obrigar o contribuinte a manter a guarda de documentos comprobatórios da movimentação financeira, aplicandose, pois, as disposições do art. 5º, inciso II da Constituição Federal (“ninguém será obrigado a fazer ou a deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”). Assevera que as disposições do art. 42 da Lei nº 9.430/96, que tratam de presunção legal de omissão de rendimentos em relação a créditos bancários de origem não comprovada, teria tido por mira, especialmente, as pessoas jurídicas, por lei obrigadas à escrituração contábil de suas operações e à manutenção de documentário, a cargo do profissional legalmente habilitado, de modo que não seria admissível dar o mesmo tratamento fiscal às pessoas físicas. Ressalta que o lançamento em questão, que exige crédito tributário da ordem de R$ 8.941.604,66, teria natureza nitidamente confiscatória, em vista dos rendimentos auferidos pelo sujeito passivo, que teriam montado em R$ 953.491,40, com IRRF em torno de R$ 210.137,57. Discorre sobre a presunção legal de omissão de rendimentos em questão, instituída pelo art. 42 da Lei nº 9.430/96, para defender que, havendo comprovação da origem, como teria sido o caso de depósito efetuado pelo filho do impugnante, e outros créditos bancários cuja origem teria sido comprovada, não caberia a tributação, nos termos do referido dispositivo, ainda que se verificasse tratarse de rendimento tributável não oferecido à tributação. e) Requer a exclusão dos valores individualmente inferiores a R$ 12.000,00, observado o limite de R$ 80.000,00, nos termos do § 3º do art. 42 da lei nº 9.430/96. f) Aduz que tanto o impugnante, quanto o cônjuge, fizeram constar de suas DIRPFs os empréstimos com os quais pretendem justificar os créditos bancários. Aduz que os mutuários corroboraram o ato do recebimento desses empréstimos, consoante documentos acostados às fls. 1036/1037 e 1114/1117, os quais se encontrariam devidamente contabilizados. Aduz que as mutuarias confirmaram a devolução dos mútuos havidos, vide fls. 1100/1101 e fls. 1398/1399, que teriam sido restituídos sem nenhuma vantagem, consoante recibos e correspectivos slips de cheques de fls. 759/889, bem como contratos de mútuo às fls. 901/964. g) Quanto aos créditos bancários justificados, no curso da ação fiscal, como originários de devolução de empréstimos, que somam R$ 11.220.022,39, alega estar comprovando a saída das contas das mutuarias, bem como o ingresso nas contas dos mutuantes, mediante a “discriminação de cada uma das devoluções dos empréstimos, comprovandose, de forma cabal, as saídas (débitos) das contas das mutuarias, documentadas pelos extratos bancários das mutuarias, e respectivas entradas (créditosdepósitos) nas contas dos mutuantes, ficando evidenciadas as coincidências de datas e valores”, vide fls. 1609/1618. Fl. 2244DF CARF MF Processo nº 19515.722669/201315 Resolução nº 2402000.609 S2C4T2 Fl. 5 4 h) Alega que parte dos créditos bancários decorrem de operações entre familiares, conforme documentos entregues à fiscalização. Aduz que o crédito de R$ 5.640.000,00, efetuado em 14/01/2008, teria sido comprovado mediante extrato da conta bancária do filho, com débito na mesma data. Quanto aos depósitos R$ 270.000,00, efetuado em 19/03/2008; de R$ 171.000,00, efetuado em 20/03/2008; de R$ 270.000,00, efetuado em 24/03/2008; e de R$ 270.000,00, efetuado em 25/03/2008, na contacorrente 002.8383, os quais teriam sido comprovados no curso da ação fiscal mediante declarações firmadas pelos depositantes (fls. 970/972), com firmas reconhecidas, contendo a indicação dos cheques emitidos para depósito, com respectivos valores e datas, cuja justificativa não fora aceita por não ter sido comprovado o débito na conta corrente dos emitentes dos cheques, não obstante o alegado embaraço em obter extrato de terceiros, junta esses documentos, à título de comprovação. i) Aduz que, dos R$ 22.364.564,45 depósitos cuja origem foi reputada não comprovada pela fiscalização, R$ 11.220.022,369 estaria justificada por devolução de mútuo; e R$ 6.621.000,00 por transações familiares. j) Quanto aos demais créditos bancários, aduz que envidou todos os esforços junto aos bancos para obtenção dos comprovantes da movimentação bancária, junto às instituições financeiras, não obstante não tenha logrado êxito. Ressalta o rigor dispensado à fiscalização do interessado, pessoa física, em exigir comprovação de depósitos de valores inferiores a R$ 1.000,00, os quais teriam origem, provavelmente, em trocos de importâncias entregues a empregados domésticos, incumbidos de compras para o lar, ou para retirar encomendas feitas pelo impugnante e/ou familiares; bem como em recursos de terceiros recebidos pelo interessado e pelo cônjuge, em face de encargos assumidos com cláusula de confidencialidade. k) Assevera que todos os documentos necessários foram apresentados à fiscalização, de modo a permitir a verificação dos créditos bancários, em conformidade com a verdade material. Colaciona jurisprudência administrativa alinhada com as teses defensivas. l) Alaga ter colaborado com a ação fiscal, atendendo às intimações que lhe foram dirigidas, de modo que a demora na conclusão do procedimento não decorreu da inércia do interessado. Assevera não ser exigível, da pessoa física, a apresentação de livros contábeis de pessoas jurídicas. Referese ao fato de que a ação fiscal compreendeu o impugnante e seu cônjuge, dando ensejo à tributação dos depósitos bancários na proporção de 50% para cada, não obstante tenham sido lavrados dois Termos de Verificação Fiscal distintos, que abordam as mesmas questões, razão pela qual se reporta às mesmas razões de defesa em face da autuação do cônjuge. m) Aduz que os créditos bancários originários de devolução de mútuo não somariam R$ 16.860.022,00, conforme consignado no termo de Verificação Fiscal, e sim R$ 11.220.022,39. Aduz que a diferença de R$ 5.640.000,00 corresponde a depósito efetuado por seu filho Edson Elias Alves da Silva, em 14/01/2008, de modo que a origem foi comprovada como operações familiares. n) Referese ao fato de que a motivação declinada pela autoridade lançadora para recusar a justificativa para os créditos bancários supostamente originários de devolução de contratos de mútuo, qual seja, a falta de apresentação dos extratos bancários das pessoas jurídicas ACE – Associação de Cultura e Ensino e FMU, representadas pelo cônjuge; aduz que a fiscalização incidia apenas sobre as pessoas físicas; e não sobre as pessoas jurídicas, de modo Fl. 2245DF CARF MF Processo nº 19515.722669/201315 Resolução nº 2402000.609 S2C4T2 Fl. 6 5 que não poderia confundir o representante legal destas com a entidade por ele representada. Não obstante, diante do que alega tratarse de infundada representação fiscal para fins penais, o interessado e o cônjuge optaram reunirse com os demais associados, de modo que foi autorizada a entrega dos extratos bancários, nos pontos destinados à comprovação da devolução dos mútuos, que seguem anexos à impugnação. o) Alega estar apresentando, ainda, os extratos bancários das instituições, relativos às épocas em que os contratos de mútuo teriam sido celebrados, excluídos aqueles que não foram localizados pro se referirem a períodos já atingidos pela decadência, não obstante tenha juntado “cópia de razão analítico, onde estão descritos o nome do mututante, o cheque entregue à pessoa jurídica mutuaria, com o número e nome do banco sacado e o respectivo valor”. p) Quanto à alegação da fiscalização de que os 124 recibos apresentados, para fins de comprovação de devolução de contratos de mútuo, os quais foram acompanhados de “slips” de contabilidade, denominados “cópias de cheques”, em datas coincidentes com os créditos bancários, cuja força probatória teria sido negada pelo fato de serem padronizados, justifica por se tratarem de operações idênticas; e por ser comum e usual que empresas e profissionais se utilizem de modelos padronizados. q) Afirma não haver qualquer contradição entre o que consta dos recibos (quitação referente unicamente à amortização do principal, sem renúncia dos juros e demais acréscimos), com o informado pelas mutuarias, que confirmaram terem pago aos mutuantes apenas parte do principal, sem juros ou outras vantagens. r) Referese ao fato de que alguns dos depósitos alusivos aos cheques emitidos para fins de devolução de contrato de mútuo corresponderem a depósitos efetuados alguns dias antes da data de emissão para alegar não haver inconsistência. Aduz ser comum a feitura do cheque antes da data da emissão, e o eventual depósito antes dessa data, vez que o cheque é ordem de pagamento à vista. s) Referese a dúvidas suscitadas pela fiscalização quanto à confiabilidade dos contratos de mútuo, por não terem sido levados a registro público; e por terem sido assinados pelo interessado, na qualidade de mutuante e representante da mutuaria, simultaneamente. t) Referese às dúvidas suscitadas pela fiscalização quanto à inexistência da informação concernentes aos juros emergentes dos contratos de mútuo, sob a alegação de que tal decorre do fato de que não teriam sido pagos tais juros, não havendo, pois, a hipótese de incidência de IRRF. u) Afirma que os anoscalendários de 2006 e 2007 já foram atingidos pela decadência; ao passo que o anocalendário de 2009 não foi objeto da ação fiscal. v) Aduz que os alegados estouros de caixa não foram objeto de procedimentos fiscais pertinentes, ferindo o devido processo legal. w) Referese à afirmação da fiscalização de que os contratos de mútuo, subscritos exclusivamente pelo cônjuge, veiculariam abuso de poder, por não terem sido assinados em conjunto com o Diretor Superintendente, conforme previsto nos estatutos sociais, de modo que seriam nulos e inaptos para justificar os créditos bancários; para concluir tratarse de ato anulável, de modo que caberia aos dirigentes interessados pleitear judicialmente o Fl. 2246DF CARF MF Processo nº 19515.722669/201315 Resolução nº 2402000.609 S2C4T2 Fl. 7 6 desfazimento do negócio jurídico. Não obstante, afirma que os negócios em questão teriam sido convalidados por ocasião da prestação de contas anual, devidamente aprovadas, inclusive pelo Diretor Superintendente. Aduz que, em matéria tributária, o que importa é a efetividade da operação. x) Contesta a alegação da fiscalização de que a falta de apropriação dos juros vincendos, emergentes dos contratos de mútuo, implicaria em vícios formais, a impedir a aceitação da escrituração utilizada como meio de prova, vez que isso equivaleria a desconsiderar a escrituração de uma pessoa jurídica imune, sem que isso tenha implicado prejuízo algum ao fisco. Assevera que “toda a exposição feita nos TVF’s de ambos os processos, no que concerne aos procedimentos contábeis, cabe consignar, máxima vênia, que as observações ali relatadas, são aplicáveis às pessoas jurídicas sujeitas à tributação pelo lucro real, hipótese diversa das pessoas imunes, cuja obrigatoriedade de escrituração cingese ao que dispõe o artigo 14, inciso III, do Código Tributário Nacional”. z) Em vistas das teses defensivas elencadas, considerando, ainda, a jurisprudência administrativa dominante, que afasta a incidência de multa qualificada em lançamento de omissão de rendimentos fundada em presunção legal, requer o afastamento da exacerbação da penalidade. A decisão da autoridade de primeira instancia julgou improcedente a impugnação da Recorrente, cuja ementa encontrase abaixo transcrita: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2008 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. Para os fatos geradores ocorridos a partir de 1º de janeiro de 1997, o art. 42 da Lei no 9.430, de 1996, autoriza a presunção legal de omissão de rendimentos com base em depósitos bancários de origem não comprovada pelo sujeito passivo que tenha sido intimado a fazêlo. MULTA QUALIFICADA. A multa de ofício de 150% é aplicável sempre que presentes os elementos que caracterizam, em tese, o intuito de sonegação, fraude ou conluio. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Cientificado da decisão de primeira instancia em 09/03/2015, o contribuinte apresentou tempestivamente, fl. 1946 e segs., em 02/04/2015, o recurso voluntário, em que, após pugnar pelo reconhecimento da tempestividade do mesmo e conseqüente suspensão do crédito tributário, apresentou os principais fatos do processo e repisou os argumentos defendidos na impugnação, inovando, no entanto, em relação ao que, em apertada síntese, segue abaixo: 1. Preliminar Fato relevante e superveniente: Alega o Recorrente que o Fisco, ao fiscalizar a Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), teria comprovado de forma cabal a origem dos depósitos provenientes das devoluções de mútuo, com coincidência de datas e valores levados a débito nas contas Fl. 2247DF CARF MF Processo nº 19515.722669/201315 Resolução nº 2402000.609 S2C4T2 Fl. 8 7 bancárias da FMU e crédito nas contas bancárias do recorrente. Tal fato, por si só, afastaria de planos a presunção prevista no art. 42 da Lei nº 9.439/96. Os mesmos valores teriam sido tributados nas pessoas físicas do recorrente e sua esposa (também sujeita a fiscalização e lavratura de auto de infração em base semelhante PAF nº 19515.722828/201373) e, poucos dias depois, na pessoa jurídica mutuária, esta com base nos arts. 674 e 675 do Regulamento do Imposto de Renda consubstanciado no Decreto nº 3.000/1999 RIR/ 99, os quais prevêem tributação exclusiva na fonte, com incidência única e definitiva, nos termos do PAF n.º 19515.723069/201366. Desta forma, tendo havido tributação exclusiva na fonte por pessoa jurídica, com base nos artigos 674/675 do RIR/99, seria descabida a tributação em desfavor das pessoas físicas e o agravamento da penalidade aplicada. Sem contrarazões. É o relatório. Fl. 2248DF CARF MF Processo nº 19515.722669/201315 Resolução nº 2402000.609 S2C4T2 Fl. 9 8 VOTO Conselheira Bianca Felícia Rothschild Relatora O recurso é TEMPESTIVO, eis que intimado da decisão no dia 09/03/2015, interpôs recurso voluntário no dia 02/04/2015, atendendo também às demais condições de admissibilidade. Portanto, merece ser CONHECIDO. Conforme relatado acima, alega o Recorrente que o Fisco, ao fiscalizar a Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), teria comprovado de forma cabal a origem dos depósitos provenientes das devoluções de mútuo, com coincidência de datas e valores levados a débito nas contas bancárias da FMU e crédito nas contas bancárias do recorrente. Tal fato, por si só, afastaria de planos a presunção prevista no art. 42 da Lei nº 9.439/96. Os mesmos valores teriam sido tributados nas pessoas físicas do recorrente e sua esposa (também sujeita a fiscalização e lavratura de auto de infração em base semelhante PAF nº 19515.722828/201373) e, poucos dias depois, na pessoa jurídica mutuária, esta com base nos arts. 674 e 675 do Regulamento do Imposto de Renda consubstanciado no Decreto nº 3.000/1999 RIR/ 99, os quais prevêem tributação exclusiva na fonte, com incidência única e definitiva, nos termos do PAF n.º 19515.723069/201366. Desta forma, tendo havido tributação exclusiva na fonte por pessoa jurídica, com base nos artigos 674/675 do RIR/99, seria descabida a tributação em desfavor das pessoas físicas e o agravamento da penalidade aplicada. A primeira vista, faz sentido o pleito do contribuinte, no entanto, com vistas a confirmar suas alegações mister se faz obtenção de cópia integral do processo mencionado, qual seja PAF n.º 19515.723069/201366. CONCLUSÃO Diante do exposto, encaminho por converter o julgamento em diligência para que a unidade de origem junte cópia integral do PAF n.º 19515.723069/201366, facultando ao sujeito passivo prazo legal para se manifestar sobre o mesmo. (assinado digitalmente) Bianca Felícia Rothschild. Fl. 2249DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10715.006256/2010-16
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 31 00:00:00 UTC 2017
Ementa: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS
Período de apuração: 01/03/2008 a 22/03/2008
REGISTRO EXTEMPORÂNEO DOS DADOS DE EMBARQUE NA
EXPORTAÇÃO. MULTA DO ART. 107, IV, E, DO DECRETO-LEI 37/1966 (IN
SRF 28/1994, 510/2005 E 1.096/2010). VIGÊNCIA E APLICABILIDADE.
RETROATIVIDADE BENIGNA.
Em se tratando de descumprimento do prazo de registro dos dados de embarque na exportação estabelecido pelo art. 37 da IN SRF 28/1994, a multa instituída pelo artigo 107, IV, e do DL 37/1966, deve ser mitigada diante do novo prazo imposto pela IN SRF 1.096/2010, em decorrência da retroatividade benigna.
Numero da decisão: 3302-004.717
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, vencido o Conselheiro Walker Araújo
Nome do relator: LENISA RODRIGUES PRADO
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MULTA DO ART. 107, IV, E, DO DECRETO-LEI 37/1966 (IN SRF 28/1994, 510/2005 E 1.096/2010). VIGÊNCIA E APLICABILIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Em se tratando de descumprimento do prazo de registro dos dados de embarque na exportação estabelecido pelo art. 37 da IN SRF 28/1994, a multa instituída pelo artigo 107, IV, e do DL 37/1966, deve ser mitigada diante do novo prazo imposto pela IN SRF 1.096/2010, em decorrência da retroatividade benigna. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, vencido o Conselheiro Walker Araújo. (assinatura digital) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente (assinatura digital) Lenisa Prado - Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, José Renato Pereira de Deus, Charles Pereira Nunes e Lenisa Prado. A C Ó R D Ã O G E R A D O N O P G D -C A R F PR O C E SS O 1 07 15 .0 06 25 6/ 20 10 -1 6 CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária agosto de 2017 agosto de 2017 Obrigações Acessórias Obrigações Acessórias AMERICAN AIRLINES INC AMERICAN AIRLINES INC FAZENDA NACIONAL FAZENDA NACIONAL AA Fl. 381DF CARF MF 2 Relatório A questão tem início na lavratura de auto de infração contra a contribuinte American Airlines Inc. consolidando a exigência da multa prevista na alínea "e" do inciso IV do art. 107 do Decreto-lei 37/1966, com a redação conferida pelo artigo 77 da Lei n. 10.833/2003, regulamentado pelas Instruções Normativas SRF 28, de 1994, e 510, de 2005. De acordo com a descrição dos fatos apresentados pela autoridade fiscal, constatou-se que a contribuinte deixou de registrar as informações de embarque de Declarações de Exportação, na forma e prazo estabelecidos pelo artigo 37 da IN SRF 28/1994. Por esse motivo, foi imposta multa em desfavor da ora recorrente, no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por embarque desacompanhado do respectivo registro no SISCOMEX. Regularmente cientificada sobre a imposição da sanção pecuniária, a contribuinte apresentou impugnação, oportunidade na qual discorreu sobre os seguintes argumentos: a) em razão de erro operacional de seu estabelecimento no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, as informações concernentes ao embarque das mercadorias foram fornecidos ao SISCOMEX com atraso que excedeu entre 1 a 8 dias do prazo previsto na legislação de regência; b) ao contrário do que afirma a autoridade fiscal, para a imposição de multa não basta a mera inobservância da legislação aduaneira; é necessária a demonstração da intenção dolosa do contribuinte em fraudar o controle aduaneiro, bem como a comprovação de dano ao Erário, o que não restou configurado na hipótese dos autos; c) a aplicação da pena é desarrazoada e desproporcional, devendo ser aplicado o que dispõe o artigo 654 do Regulamento Aduaneiro vigente há época dos fatos (Decreto n. 4.543/2002), a qual prevê a relevação da multa quando a infração não tenha resultado em falta ou insuficiência de recolhimento de tributos; d) o Superior Tribunal de Justiça consolidou o entendimento que se aplica às infrações de uma mesma espécie, apuradas numa mesma ação fiscal, a teoria da continuidade delitiva, de modo que, ainda que se entendesse pela configuração da infração, esta somente poderia ensejar a imputação de uma multa no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por todas as infrações apuradas pela fiscalização. A impugnação foi julgada improcedente pela Delegacia de Julgamentos de Florianópolis (SC), em acórdão que resultou na seguinte ementa: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/12/2004 a 31/12/2004 REGISTRO NO SISCOMEX DOS DADOS DE EMBARQUE. PRAZO. Fl. 382DF CARF MF Processo nº 10715.006256/2010-16 Acórdão n.º 3302-004.717 S3-C3T2 Fl. 382 3 O registro dos dados de embarque no Siscomex em prazo superior a 7 dias, contados da data do efetivo embarque, para a via de transporte aérea, caracteriza a infração ontida a línea e", inciso IV, do artigo 107 do DecretoLei n° 37/66. PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA DA LEI TRIBUTÁRIA. Aplica-se a lei tributária, em matéria de penalidades, a ato ou fato pretérito não definitivamente julgado quando for mais benéfica ao sujeito passivo. INFRAÇÃO CONTINUADA. EMBARQUES DIFERENTES. MERA REITERAÇÃO DA CONDUTA INFRACIONAL. É incabível falar em infração continuada quando os atos caracterizadores da infração não resultam do aproveitamento das condições objetivas que balizaram a prática das infrações anteriores. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. Tendo em vista a presunção de constitucionalidade das normas legais que foram legitimamente inseridas no ordenamento jurídico, cabe à autoridade administrativa tão somente verificar se os fatos subsumemse na norma de regência e aplicar a penalidade em face da existência de expressa determinação legal, dado que o lançamento não é atividade discricionária, mas, bem ao contrário, vinculado e obrigatória. Impugnação rocedente em Parte Crédito Tributário Mantido Parte Irresignada, a contribuinte interpôs recurso voluntário, o que ensejou a subida dos autos a este Conselho. Em 27 de janeiro de 2015, a 1ª Turma Especial desta 3ª Seção de julgamentos, ao apreciar os argumentos defendidos pelo contribuinte, deu provimento ao recurso voluntário, em decisão que foi assim sumariada: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração:01/11/2006 a 30/11/2006 DENÚNCIA ESPONTÂNEA. APLICAÇÃO ÀS PENALIDADES DE NATUREZA ADMINISTRATIVA. INTEMPESTIVIDADE NO CUMPRIMENTO DE Fl. 383DF CARF MF 4 OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. RETROATIVIDADE BENIGNA. Aplica-se o instituto da denúncia espontânea às obrigações acessórias de caráter administrativo cumpridas intempestivamente, mas antes do início de qualquer atividade fiscalizatória, relativamente ao dever de informar, no Siscomex, os dados referentes ao embarque de mercadoria destinada à exportação. Recurso Voluntário Provido. Com supedâneo no artigo 67, do Anexo II do RICARF, a Procuradoria da Fazenda Nacional interpôs recurso especial contra a decisão proferida no apelo do contribuinte. Ultrapassado o juízo inicial de admissibilidade, o recurso foi levado a julgamento pela 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, tendo sido parcialmente provido. Segue ementa do acórdão: Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 01/11/2006 a 30/11/2006 PENALIDADE ADMINISTRATIVA. ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. A denúncia espontânea não alcança as penalidades infligidas pelo descumprimento de deveres instrumentais, como os decorrentes da inobservância dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira, mesmo após o advento da nova redação do art. 102 do Decreto-lei 37/1966, dada pelo art. 40 da Lei n. 12.350, de 2010. Recurso Especial Provido em Parte. Naquela assentada, restou determinado que o processo deveria retornar à instância a quo para apreciação das demais questões trazidas em recurso voluntário e que não foram objeto de deliberação na oportunidade de seu julgamento. Devidamente intimado sobre o resultado do julgamento do recurso especial pela instância superior, o contribuinte opôs embargos de declaração, os quais foram inadmitidos. Diante da impossibilidade de interposição de outros recursos pelo contribuinte, os autos foram devolvidos para que as demais matérias do recurso voluntário sejam apreciadas. É o relatório. Voto Conselheira Relatora Lenisa Prado Fl. 384DF CARF MF Processo nº 10715.006256/2010-16 Acórdão n.º 3302-004.717 S3-C3T2 Fl. 383 5 Na oportunidade do primeiro julgamento do recurso voluntário, foram apreciados os seguintes argumentos: (i) Sobre a denúncia espontânea- a turma de julgamento concluiu que a multa imposta deve ser cancelada, em estrita obediência ao artigo 138 do CTN, uma vez que a contribuinte informou à administração tributária as infrações por ela praticadas, antes de iniciado qualquer procedimento fiscalizatório. (ii) Sobre a nulidade do auto de infração- tal argumento não foi reconhecido por aquele Colegiado, já que "a fiscalização apresentou planilha contendo o número das declarações, a data do embarque e a data em que foi enviada a declaração e a que vôo pretendia" o que não resulta na nulidade argüida pelo contribuinte. (iii) Sobre a ausência de dano ao Erário- foi afastada a argumentação sobre inexistência de dano aos cofres públicos porque prevaleceu o entendimento que houve embaraço à fiscalização, já que: "as declarações a que as empresas de transporte são obrigadas a apresentar são obrigações acessórias com finalidade exclusiva de auxiliar a fiscalização das importações e exportações, possibilitando a ciência do que cada empresa que utiliza a transportadora tem transportado, para onde vai e se foi recolhido o tributo a que esta operação está sujeita". (iv) Sobre a multa singular e o Princípio da Proporcionalidade e Razoabilidade - o colegiado não constatou equívocos na decisão proferida na impugnação, já que a multa foi imposta sobre cada informação prestadas em atraso em relação cada vôo (proporcional ao número de viagens). Concluiu-se, portanto, que foram respeitados os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade. Integram o recurso voluntário as seguintes alegações: 1. PRELIMINARES. SOBRE A NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO POR CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA: * O auto de infração não fornece qualquer elemento que comprove que a contribuinte tenha deixado de prestar informações no prazo de 2 dias; * Não foram indicadas no auto de infração os números das Declarações de Exportação relacionando-os com os respectivos conhecimentos aéreos (AWBs); * Indica a existência de várias decisões administrativas proferidas pelos órgãos julgadores da Receita Federal que declararam nulas as autuações idênticas à que se submete a julgamento. 2. MÉRITO. DA RETROATIO IN MELIUS1. 1 Transcrição ipsis literis da petição de recurso voluntário. Fl. 385DF CARF MF 6 * Após a lavratura do auto de infração foi publicada a Instrução Normativa RFB n. 1.096, de 13/13/2010, que ampliou o prazo para registro dos dados pertinentes no SISCOMEX para 7 dias2. Afirma que o art. 106 do CTN permite que a dilação do prazo pela publicação da recente norma deve gerar benefícios a seu favor, já que não é mais considerada infração o não fornecimento de informações no prazo de 2 dias. Considerando que não poderão ser objeto de deliberação por este Colegiado as matérias abordadas no recurso voluntário e que já foram objeto de deliberação, nos resta apreciar, unicamente, o argumento sobre o fato superveniente, que é a publicação da IN RFB n. 1.096/2010 e se seus efeitos retroagem à data dos fatos descritos no auto de infração. E, sobre esse tópico, filio-me à vasta jurisprudência deste Conselho, que reconhece que os efeitos benignos da IN RFB n. 1.096/2010 devem surtir efeitos em hipóteses análogas à dos autos. Isso porque estamos diante de uma sanção (ainda que na seara tributária) e a melhor interpretação sobre o texto contido no inciso XL do artigo 5º da Constituição Federal 1988 impõe o reconhecimento que a lei penal deverá retroagir, sempre que for para beneficiar o réu (no caso, o contribuinte apenado pela multa). A propósito, e ilustrativamente, segue a ementa de julgado deste Conselho3, o qual adoto como fundamento: TERCEIRA SECÃO DE JULGAMENTO / 2ª CAMARA / 2ª TURMA ORDINARIA / ACÓRDÃO 3202-000.486 em 25/04/2012 ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS. MULTA. Data do fato gerador: 04/07/2006, 06/07/2006, 10/07/2006, 11/07/2006, 13/07/2006, 15/07/2006, 23/07/2006 e 29/07/2006 REGISTRO EXTEMPORÂNEO DOS DADOS DE EMBARQUE NA EXPORTAÇÃO. MULTA DO ART. 107, IV, 'E' DO DL 37/1966 (INs SRF 28/1994, 510/2005 E 1.096/2010). VIGÊNCIA E APLICABILIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Em se tratando do descumprimento do prazo de registro dos dados de embarque na exportação estabelecido pelo art. 37 da IN SRF no 28/1994, a multa instituída no art. 107, IV, 'e' do Decreto-lei no 37/1966, na redação dada pelo art. 77 da Lei no 10.833/2003, somente começou a ser passível de aplicação a partir de fatos ocorridos a partir de 15/2/2005, data em que a IN SRF no 510/2005 entrou em vigor e fixou prazo de dois dias para o registro desses dados no Siscomex. Uma vez que a IN SRF no 1.096/2010 fixou o prazo de sete dias para o registro dos dados no Siscomex, deve ser aplicada, com fulcro no princípio da retroatividade benigna, a norma mais benéfica ao contribuinte. CONTAGEM DE PRAZO. DIA ÚTIL. A contagem dos prazos estipulados na legislação tributária deve seguir os ditames do artigo 210 do Código Tributário Nacional. 2 O prazo anterior era de 2 dias, conforme determinava a IN RFB 28, de 27/04/1997. 3 Acórdão n. 3202-000.486, proferido no julgamento do Processo Administrativo n. 10715.001370/2010-41, em 25/04/2012. Fl. 386DF CARF MF Processo nº 10715.006256/2010-16 Acórdão n.º 3302-004.717 S3-C3T2 Fl. 384 7 Os prazos iniciam e terminam apenas em dias úteis. SISCOMEX. INDISPONIBILIDADE. PROVA. A parte que alega a indisponibilidade do sistema SISCOMEX deve apresentar prova irrefutável sobre tal situação. A mera alegação, sem comprovação do alegado, não é capaz de influir no entendimento do julgador. MULTA. EFEITO CONFISCATÓRIO. INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA N. 02 DO CARF. De acordo com a Súmula n. 02 do CARF, o órgão não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade da lei tributária. Recurso voluntário conhecido em parte. Na parte conhecida, preliminar de nulidade do auto de infração não acolhida e, no mérito, recurso voluntário provido em parte. (grifos adicionados) Assim, entendo que o recurso voluntário deve ser provido para que as multas impostas em decorrência das informações prestadas dentro do prazo de 7 dias (IN SRF n. 1.096/2010) sejam canceladas. Diante do exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário. (assinatura digital) Relatora Lenisa Prado - Relatora Fl. 387DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11080.928329/2009-57
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Oct 16 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/08/2003 a 31/08/2003
REGIME DE INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. REQUISITOS.
O reajuste pelo IGPM não reflete o custo de produção nem a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados e, por conseguinte, descaracteriza o contrato reajustado por esse índice como de preço predeterminado, condição sine qua non para manter as receitas decorrentes desse tipo de contrato no regime de incidência cumulativa do PIS e da Cofins.
Recurso Voluntário Negado
Direito Creditório Não Reconhecido
Numero da decisão: 3302-004.793
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente.
(assinado digitalmente)
Walker Araujo - Relator.
EDITADO EM: 11/10/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (presidente da turma), José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Charles Pereira Nunes, José Renato Pereira de Deus, Cássio Schappo, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araujo.
Nome do relator: WALKER ARAUJO
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/08/2003 a 31/08/2003 REGIME DE INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. REQUISITOS. O reajuste pelo IGPM não reflete o custo de produção nem a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados e, por conseguinte, descaracteriza o contrato reajustado por esse índice como de preço predeterminado, condição sine qua non para manter as receitas decorrentes desse tipo de contrato no regime de incidência cumulativa do PIS e da Cofins. Recurso Voluntário Negado Direito Creditório Não Reconhecido
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente. (assinado digitalmente) Walker Araujo - Relator. EDITADO EM: 11/10/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (presidente da turma), José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Charles Pereira Nunes, José Renato Pereira de Deus, Cássio Schappo, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araujo.
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REQUISITOS. O reajuste pelo IGPM não reflete o custo de produção nem a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados e, por conseguinte, descaracteriza o contrato reajustado por esse índice como de preço predeterminado, condição sine qua non para manter as receitas decorrentes desse tipo de contrato no regime de incidência cumulativa do PIS e da Cofins. Recurso Voluntário Negado Direito Creditório Não Reconhecido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente. (assinado digitalmente) Walker Araujo Relator. EDITADO EM: 11/10/2017 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 92 83 29 /2 00 9- 57 Fl. 598DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (presidente da turma), José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Charles Pereira Nunes, José Renato Pereira de Deus, Cássio Schappo, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araujo. Relatório Tratase de recurso voluntário (fls.438489) interposto contra decisão que, por unanimidade de votos, julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela Recorrente contra o despacho decisório que não reconheceu o direito creditório e não homologou a compensação declarada pelo contribuinte referente a crédito da contribuição para o PIS, período de agosto de 2003 com débito de tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, conforme se verifica na ementa abaixo reproduzida: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/08/2003 a 31/08/2003 PRELIMINAR DE NULIDADE. IMPROCEDÊNCIA. Demonstrado que o Despacho Decisório foi formalizado de acordo com os requisitos de validade previstos em lei e que não ocorreu violação ao disposto no art. 59 do Decreto nº 70.235, de 1972, não deve ser acatado o pedido de nulidade formulado. PREÇO PREDETERMINADO. IGPM. ÍNDICE GERAL. Nos termos do disposto no art. 109 da Lei nº 11.196/2006, o reajuste de preços em função do custo de produção ou da variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, nos termos do inciso II do § 1o do art. 27 da Lei no 9.069, de 29 de junho de 1995, não será considerado para fins da descaracterização do preço predeterminado. O IGPM não é índice que obedeça ao disposto no art. 109 da Lei nº 11.196/2006, por ser índice geral de reajuste de preços. PIS. REGIME DA CUMULATIVIDADE. RECEITA. CONTRATOS A PREÇO PREDETERMINADO. EFEITOS. A possibilidade de manter no regime da cumulatividade do PIS receitas oriundas de contratos a preço predeterminado, celebrados anteriormente a 31/10/2003, produz efeitos a partir de 1º de fevereiro de 2004. Em sede recursal, a Recorrente pleiteou (i) o julgamento conjunto do presente processo administrativo com o processo administrativo nº 11080.003212/200969, pois são feitos intrinsecamente relacionados, tendo por base exatamente os mesmos fatos e as mesma razões jurídicas; e (ii) provimento ao recurso voluntário para reformar integralmente o direito à restituição dos créditos der PIS objetos da declaração de compensação sob análise. Através da resolução nº 3803000.233 (fls.549553), o processo foi convertido em diligência para aguardar a decisão definitiva do processo administrativo nº 11080.003212/200969 nos seguintes termos: A confirmação do direito creditório oposto na(s) compensação(ões) declarada(s) é questão prejudicial ao julgamento do mérito do recurso voluntário ora Fl. 599DF CARF MF Processo nº 11080.928329/200957 Acórdão n.º 3302004.793 S3C3T2 Fl. 3 3 sub judice. Por essa razão, voto por que se converta o presente julgamento em diligência, baixandose o presente processo ao órgão fiscal da jurisdição do contribuinte, para que a Autoridade Preparadora ateste, nos autos, o resultado da decisão final do processo nº 11080.003212/200969, repercutindo seus efeitos na compensação de que se trata. Ato contínuo, a unidade de origem carreou cópia da decisão definitiva proferida pela Câmara Superior de Recursos Fiscais (fls. 562598), nos autos processo administrativo nº 11080.003212/200969 e, determinou o retorno do presente processo ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais para julgamento do recurso voluntário. É o relatório. Voto Conselheiro Walker Araujo Relator I Tempestividade A Recorrente foi intimada da decisão de piso em 20/07/2012 (fls.436) e protocolou Recurso Voluntário em 20/08/2012 (fls.438489)dentro do prazo de 30 (trinta) dias previsto no artigo 33, do Decreto 70.235/721. Desta forma, considerando que o recurso preenche os requisitos de admissibilidade, dele tomo conhecimento. II Questões de mérito Conforme exposto anteriormente, o presente processo foi sobrestado para (i) aguardar o julgamento definitivo do processo administrativo nº 11080.003212/200969, cujas questões fáticas e jurídicas são exatamente idênticas, fato este totalmente incontroverso nos autos; e (ii) repercutir a referida decisão neste processo. Tanto do PA nº 11080.003212/200969 com aqui, a discussão meritória diz respeito à caracterização do requisito de “preço determinado”, para fins de permanência no regime cumulativo de Pis e Cofins, nos termos definidos na alínea “b” do inciso XI do artigo 10 da Lei 10.833/03 e art. 109 da Lei 11.196/05. A respeito do tema em discussão, insta tecer que este relator já se pronunciou favoravelmente ao direito perseguido pela Recorrente (acórdão 3302002.906), entretanto, não há como deixar de repercutir a decisão proferida pela Câmara Superior de Recursos Fiscais neste processo, considerando que este foi o intuito do sobrestamento feito anteriormente determinado, o que faço nos termos dos artigos 50, §1º, e 64, da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999: Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: (...) 1 Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão. Fl. 600DF CARF MF 4 § 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato. *** Art. 64. O órgão competente para decidir o recurso poderá confirmar, modificar, anular ou revogar, total ou parcialmente, a decisão recorrida, se a matéria for de sua competência. Neste cenário, adoto como fundamento de decidir, as razões de mérito apresentadas pelo i. Julgador Rodrigo da Costa Pôssas, nos autos do PA nº 11080.003212/200969 (acórdão 9303004.539), que deu provimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional para reformar a decisão que dava provimento ao recurso voluntário interposto pelo contribuinte nos seguintes termos: O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303004.538, de 07/12/2016, proferido no julgamento do processo 11080.928334/200960, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303004.538): "Não há preliminares a respeito da admissibilidade do recurso especial a serem apreciadas. A divergência está bem demonstrada e o recurso especial da Fazenda nacional deve ser conhecido. Passo à discussão da matéria, em relação a qual foi comprovada e demonstrada a divergência de interpretação da norma tributária, que se resume à questão sobre a descaracterização de preço predeterminado pela utilização do IGPM em contrato de energia elétrica, para fins de aplicação do regime cumulativo ou nãocumulativo na incidência da Contribuição para o PIS/Pasep. Precedentes recentes da CSRF Observo que fui o redator do voto vencedor de um dos acórdãos paradigmas da divergência, o de número 3301002.196 (PAF 16349.720019/201136). Este acórdão foi objeto de recurso especial da contribuinte, que foi provido em julgamento realizado em 24/2/2016, logo, após a data de interposição do recurso especial da Fazenda Nacional, ora em julgamento. Eis a ementa do Acórdão 9303003.470 (PAF 16349.720019/201136), por meio do qual se reformou a decisão paradigma: "Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Anocalendário: 2004, 2005, 2006, 2007 CLÁUSULA DE REAJUSTE. PREÇO PREDETERMINADO. REGIME DE INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA. As receitas originárias de contratos de fornecimento de serviços firmados até 31/10/2003 submetemse à incidência cumulativa, desde que observados os termos e condições consolidados pela IN SRF 658/06. A mesma conclusão se estende à Contribuição ao PIS." Apesar de a decisão paradigma ter sido reformada, a razão que levou esta 3ª Turma da CSRF a proceder à reforma não se encontra presente nos autos de que ora se cuida. Fl. 601DF CARF MF Processo nº 11080.928329/200957 Acórdão n.º 3302004.793 S3C3T2 Fl. 4 5 Naquele processo, relatado pelo então Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho, encontravase Laudo Técnico que comprovava que o índice de atualização monetária, naquele caso, fora inferior ao aumento de custos. Na ocasião, foram utilizadas como razões de decidir as que constaram do voto de outro Acórdão desta Turma, o de número 9303003.373 (PAF 19515.722154/201145), de 11/12/2015, relatado pelo Conselheiro Henrique Pinheiro Torres, cuja ementa ficou assim redigida: "Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008 CONHECIMENTO. COMPROVAÇÃO DA DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. Para comprovação da divergência jurisprudencial, o recorrente deve demonstrar que outro colegiado do CARF tenha julgado situação análoga à versada no acórdão vergastado e tenha decidido a questão de forma distinta da que decidiu o colegiado recorrido, o que é o caso sob exame. "Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008 REGIME DE INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. REQUISITOS. O reajuste pelo IGPM não reflete o custo de produção nem a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados e, por conseguinte, descaracteriza o contrato reajustado por esse índice como sendo de preço predeterminado, condição sine qua non para manter as receitas decorrentes desse tipo de contrato no regime de incidência cumulativa do PIS e da Cofins.(grifei) (...) No Acórdão nº 9303003.373 ficou claro que o IGPM não poderia ser aceito como índice da variação do custo da produção da energia elétrica ou do custo dos insumos empregados nessa produção. Para assim concluir, o Colegiado tratou do conceito de "preço predeterminado", reconhecendo especial importância às instruções normativas, notas técnicas e pareceres da Secretaria da Receita Federal do Brasil RFB e da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional PGFN, em detrimento de notas técnicas e resoluções da Agência Nacional de Energia Elétrica ANEEL, pois, a esta compete a regulação de questões inerentes à geração e à distribuição de energia elétrica e às atividades correlatas, enquanto que à RFB e à PGFN compete o pronunciamento sobre questões tributárias. Naquele Acórdão, reconheceuse que a interpretação dada pela Administração Tributária, em especial por meio da Instrução Normativa SRF nº 658, de 2006, estava de acordo com as leis: art. 27, §1º, II, da Lei nº 9.069, de 1995; art. 10 da Lei nº 10.833, de 2003, art. 109 da Lei nº 11.196, de 2005. Rendome às conclusões do Ilustre Conselheiro Gílson, no voto proferido no Acórdão nº 9303003470, quando o colegiado decidiu por acatar o recurso especial do contribuinte, no sentido de que apesar de o IGPM não representar a variação das custos de produção da energia elétrica, estando comprovado nos autos que sua utilização resultou em reajuste inferior à variação desses custos, penso que não há razão para retirar do contrato a característica de "predeterminado" que exige a Lei para permanência do contribuinte no regime cumulativo. Nesse sentido transcrevo o seguinte trecho do citado acórdão: (...) Fl. 602DF CARF MF 6 Por derradeiro, gostaria de pontuar que não vejo problemas na utilização de índices propostos em contrato, como por exemplo o IGPM, para correção do preço. Contudo, se o contribuinte optasse por se manter no regime cumulativo, caberia a demonstração de que a correção pelo índice eleito levaria a um resultado igual ou menor do que o resultado do reajuste de preços em função do custo de produção ou da variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados. (...) No presente caso, a contribuinte não provou que o resultado da correção pelo IGPM reajuste de preços em função do custo de produção ou da variação de índice que refletisse a variação ponderada dos custos do insumos utilizados. À luz do que determina o art. 333 do Código de Processo Civil, caberia à contribuinte, e não ao Fisco, esta prova, pois é ela que está a alegar um direito, ainda mais quanto se está diante de pedido de restituição e compensação, para o quê se exige a certeza e liquidez do crédito pleiteado, conforme arts. 165 e 170 do CTN. Observe se que no voto condutor da decisão de primeira instância administrativa, o Acórdão nº 1039.971, da DRJ/POA, constou que a contribuinte não apresentou qualquer comparação entre o percentual de reajuste autorizado pelo art. 109 da Lei nº 11.196, de 2005 (repetido na IN SRF nº 658/2006), e a variação do IGPM. Vejase com grifos meus, fls. 430/431: "A interessada entende que a utilização do IGPM se refere tãosomente à correção monetária dos preços do produto fornecido (energia contratada), preservando seu valor originalmente acordado. Tal fato não está em discussão, não havendo qualquer vedação a cláusula de reajuste dos valores fixados em contrato para fins de atualização monetária. No entanto, a IN/SRF nº 658/06 ressalva da descaracterização do preço predeterminado, em caso de qualquer alteração de preços, apenas a utilização de índice de reajuste que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, ou, ainda, da própria variação dos custos de produção. Tal condição não se comprova no presente caso, visto tratarse o IGPM, como já dito, de índice geral, e não específico para os insumos utilizados no fornecimento prestado pela empresa. Além disso, ressaltese que a exceção contida no § 3º diz respeito apenas ao reajuste de preços efetuado em percentual não superior àquele correspondente ao acréscimo dos custos de produção ou à variação do índice. Desta forma, ainda que considerássemos admissível a utilização do IGPM para fins do disposto naquele dispositivo, caberia à impugnante demonstrar que o reajuste efetuado não ultrapassa o limite nele fixado, o que também não foi feito, não tendo sido trazida aos autos qualquer comparação entre o percentual de reajuste e a variação do IGPM no período." Na linha dos precedentes mais recentes desta Câmara Superior, não vejo razões para mudar meu entendimento, expresso no voto vencedor do Acórdão nº 3301002.196, que repito a seguir: 'O voto de nosso eminente Conselheiro Antônio Lisboa Cardoso, na análise de mérito, foi direto ao único assunto controverso que é se a utilização do IGPM, como índice de correção dos contratos firmados pela recorrente, descaracteriza ou não estes contratos como de preços predeterminados. A sua conclusão é que a “utilização do IGPM ou de qualquer índice, como IGPDI, INPC, INCC, não retira do contrato a natureza de “preço predeterminado”, vez que esses índices expressam Fl. 603DF CARF MF Processo nº 11080.928329/200957 Acórdão n.º 3302004.793 S3C3T2 Fl. 5 7 tão somente a variação do padrão monetário nacional, medida essa indispensável para a garantia do equilíbrio contratual”. Com todo respeito ao ilustre relator, ouso discordar de sua conclusão. Inicialmente vejamos o que dispõe o inc. XI do art. 10 da Lei nº 10.833/2003: Art. 10. Permanecem sujeitas às normas da legislação da COFINS, vigentes anteriormente a esta Lei, não se lhes aplicando as disposições dos arts. 1º a 8º: (Produção de efeito) (...) XI as receitas relativas a contratos firmados anteriormente a 31 de outubro de 2003: (...); b) com prazo superior a 1 (um) ano, de construção por empreitada ou de fornecimento, a preço predeterminado, de bens ou serviços; Ou seja, da letra clara da lei, somente poderia continuar no regime de apuração cumulativa os contratos que fossem firmados em data anterior a 31/10/2003 e que respeitasse as condições cumulativas constantes da alínea “b”, acima transcrita. No caso dos presentes autos a única controvérsia é se a aplicação do IGPM descaracterizaria a condição de terem sido firmados a preço predeterminado. Oportuno ressaltar que todas as conclusões a serem aqui estabelecidas abrangem também o PIS por força do disposto no art. 15 deste mesmo diploma legal. Posteriormente, como bem alinhavado pelo relator e pela recorrente, foi editado o art. 109 da Lei nº 11.196/2005, que assim dispôs: Art. 109. Para fins do disposto nas alíneas b e c do inciso XI do caput do art. 10 da Lei no 10.833, de 29 de dezembro de 2003, o reajuste de preços em função do custo de produção ou da variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, nos termos do inciso II do § 1º do art. 27 da Lei nº 9.069, de 29 de junho de 1995, não será considerado para fins da descaracterização do preço predeterminado. (grifei) Parágrafo único. O disposto neste artigo aplicase desde 1º de novembro de 2003. O dispositivo legal deixou claro que a utilização de reajuste de preços em função do custo de produção, ou de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, não descaracteriza o preço predeterminado de que trata a alínea “b” do inc. XI do art. 10 da Lei nº 10.833/2003. Observese aqui que o dispositivo legal não fez referência a qualquer índice que reflita a variação do padrão monetário nacional como concluiu o relator e como pretende a recorrente. Poderia têlo feito mas não o fez. Deixou expressamente detalhado que o índice utilizado, para não descaracterizar o preço predeterminado, teria que ser em função do custo de produção ou que refletisse a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados. O IGPM, como informado pela própria recorrente em sua manifestação de inconformidade e no seu recurso voluntário, não tem esta característica. Transcrevo abaixo o item 53 da Manifestação de Inconformidade e 59 do Recurso Voluntário: Fl. 604DF CARF MF 8 “Nesse sentido, vale destacar que o IGPM é meramente um índice de correção monetária. Tratase de uma das versões do Índice Geral de Preços (IGP). É medido pela FGV e registra a inflação de preços desde matériasprimas agrícolas e industriais até bens e serviços finais.” (grifei) Por oportuno transcrevo abaixo trecho da Nota Técnica Cosit nº 01/2007, a qual utilizo como razão de decidir, pois concordo com as suas conclusões: 27. A fim de esclarecer qualquer dúvida, fazse necessário distinguir “índices de preços setoriais” de “índices de custos setoriais”. Índice de preços setoriais reflete a inflação a que foi submetido um determinado setor. Já índice de custos setoriais, como o próprio nome indica, reflete os custos envolvidos na atividade de um dado setor. 29. Segundo informações constantes do sítio da FGV na internet (www.fgv.br), o IGPM, principiou a ser calculado a partir de junho de 1989, por solicitação de um grupo de entidades de classe do setor financeiro, liderado pela Confederação Nacional das Instituições Financeiras, em decorrência das constantes mudanças ocorridas nos indicadores da correção monetária e da inflação oficial. Esse índice originase da média ponderada do Índice de Preços por Atacado (IPAM; 60%), do Índice de Preços ao Consumidor (IPCM; 30%) e do Índice Nacional de Custos da Construção (INCCM; 10%). 30. É desnecessário apresentar maiores detalhes acerca das características do IGPM para verificar que este não se trata de “índice que reflita a variação dos custos de produção” e nem de “índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados” – a sua própria denominação e a dos índices que o compõem é suficientemente elucidativa.' Sobre os fundamentos do acórdão recorrido. No excelente voto condutor do acórdão recorrido, o Ilustre Conselheiro Ricardo Paulo Rosa abordou o art. 27 da Lei nº 9.069, de 1995, o art. 2º da lei nº 10.192, de 2001, parecer da Câmara Permanente de Licitações e Contratos da Procuradoria Geral Federal/AGU, o Parecer nº 04/2013/CLPC/DEPCONSU/PGF/AGU, e manifestação da Agência Nacional de Energia Elétrica ANEEL, para concluir que nos contratos que "já estavam indexados pelo IGPm antes da entrada em vigor da Lei nº 11.196, de 2005, deveria ser reconhecida a manutenção da condição de preço predeterminado do valor contratado, mesmo depois de implementado o reajuste/correção com base no IGPm", fl. 567. Diz também o voto vencedor, com base na IN SRF nº 658, de 2006, que esta, em nenhum momento, "vinculou a condição de preço determinado à revisão dos valores feita com base na elevação da carga tributária, apenas à alteração de preço decorrente da aplicação de regra de reajuste para manutenção do equilíbrio econômico financeiro", fl. 568. Com isto, pretendeuse afastar um segundo fundamento da Nota Técnica Cosit nº 1/2007 e do Parecer PGFN/CAT nº 1.610/2007, o de que o critério prefixado de reajuste do valor de contrato levava em consideração também eventual alteração da carga tributária incidente na operação específica, fl. 567. Em resumo, o Acórdão recorrido fundamentase no entendimento de que o conceito de "preço determinado" não exclui a possibilidade de o preço ser reajustado com base em outros índices que não os admitidos pelo art. 109 da Lei nº 11.196, de 2005, em especial pelo IGPM, e que isto está de acordo com as disposições constitucionais que preservam o ato jurídico perfeito, pois, como dito naquele voto condutor, fl. 562: "Se as partes haviam pactuado um negócio em determinadas bases, como obrigálas a revêlo, modificando encargos tributários e, corolário, o preço pactuado?" Fl. 605DF CARF MF Processo nº 11080.928329/200957 Acórdão n.º 3302004.793 S3C3T2 Fl. 6 9 Entendo que nenhum dos fundamentos lançados no voto condutor do acórdão recorrido ou nas peças apresentadas pela contribuinte afastam o entendimento exposto na seção precedente. Nestes autos e em outros que cuidam do mesmo assunto, temse reconhecido que não há um conceito técnico e determinado do que seja "preço predeterminado". Por causa disto, procurase elucidar este conceito, às vezes recorrendo a atos, normativos ou não, expedidos por agências reguladoras das atividades desempenhadas pelas contribuintes, às vezes a pareceres expedidos por órgãos incumbidos de tratar de processos de licitação e de contratos celebrados com a Administração Pública, às vezes, recorrendo aos atos expedidos pela RFB e pela PGFN. Por estarmos diante de questão tributária, os atos emanados dos órgãos competentes para tratar desta matéria devem ser os guias para a elucidação que se pretende. Resoluções ou notas técnicas da ANEEL ou mesmo pareceres e orientações normativas da AGU que tratem de preços contratados e das variações de preços admitidas na formalização dos contratos com a Administração Pública não têm primazia sobre as normas tributárias emanadas da RFB e da PGFN, órgãos competentes para tratar de matérias tributárias. Não obstante isto, para a solução da divergência jurisprudencial que se apresenta, não é necessário grande esforço hermenêutico. Não é necessário encontrar ou construir uma definição para a expressão "preço prederminado", pois para se decidir se o reajuste com base no IGPM descaracteriza a condição do preço predeterminado, basta que se analise com cuidado os dispositivos legais em discussão. A interpretação da norma legal, disposta no art. 10, inc. XI, "b", da Lei nº 10.833, de 2003, e no art. 109 da Lei nº 11.196, de 2005, combinada com o art. 27, §1º, II, da Lei nº 9.069, de 1995, tal como exposta na seção precedente, é suficiente para assentar que se enquadram no conceito de "preço predeterminado", para os fins de incidência da Cofins e da Contribuição para o PIS/Pasep, nos casos de contratos pelos quais a empresa se obriga a vender bens para entrega futura, prestar ou fornecer serviços a serem produzidos, as situações em que o reajuste de preço seja em função do custo de produção ou da variação de índice que reflita a variação ponderada dos insumos utilizados. Admitindose que a lei não contém palavras inúteis, a existência do art. 109 da Lei nº 11.196, de 2005, só se justifica se, sem ele, o conceito de "preço predeterrminado" ficasse descaracterizado pelo reajuste de preços baseado no custo de produção ou na variação que refletisse a variação ponderada dos insumos utilizados. Esta variação é a mais razoável a se considerar como capaz de retratar a variação efetiva do custo do objeto contratual: é a que mais se aproxima de um índice setorial ou específico. Apesar disto, destaquese, apesar de ser a variação mais próxima de um índice setorial ou específico para os casos de contratos pelos quais a empresa se obriga a vender bens para entrega futura, prestar ou fornecer serviços a serem produzidos, foi necessária uma disposição legal específica para que este caso não descaracterizasse o "preço predeterminado". Fl. 606DF CARF MF 10 Diante disto, não se pode admitir que outro índice de reajuste de preços qualquer, que não guarde esta proximidade com o índice setorial ou específico, não descaracterize o "preço predeterminado", sem que haja disposição legal específica neste sentido. Assim, a Instrução Normativa SRF nº 650, de 2006, a Nota Técnica Cosit nº 1, de 2007, e o Parecer PGFN/CAT nº 1.610, de 2007, limitaramse a regular o que já estava previsto em lei. Não houve modificação do conceito de "preço predeterminado" por estes atos infralegais. Conforme afirmamos acima o IGPM não reflete a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados pela contribuinte, nem expressa a variação específica dos custos de sua produção. A este respeito, vejamse os seguintes excertos do voto vencedor do Acórdão nº 9303003.373, já citado acima, que aprovo e adoto neste voto: 'Para que não paire qualquer dúvida de que o IGPM não reflete a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados pelas distribuidoras de energia, basta analisar o grupo de produtos que compõem cada um dos índices integrantes do IGPM. Nesse índice, entram, além de outros componentes, os preços de legumes e frutas, bebidas e fumo, remédios, embalagens, aluguel, condomínio, empregada doméstica, transportes, educação, leitura e recreação, vestuário e despesas diversas (cartório, loteria, correio, mensalidade de Internet e cigarro, entre outros). Como dito anteriormente, o IGPM é composto de 3 índices, o IPAM, O IPCM e o INCCM. O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPAM), que responde por 60% do IGPM, é sistematizado segundo a origem dos produtos agropecuários e industriais e segundo o estágio de processamento bens finais, bens intermediários e matérias primas brutas. No total, são pesquisados 340 produtos, distribuídos em grupos. Veja, a seguir, a estrutura desse índice. (...) De acordo com a metodologia de cálculo da FGV para esse índice, os produtos de origem agropecuários representam 28,9738% do IPAM e o de origem industrial os outros 71,0262%, sendo que os subitens relativos às máquinas, aparelhos e materiais elétricos correspondem a minguados 1,7674% do IPAM. Partindose da premissa que outros subitens da indústria possam ser utilizados como insumos do setor elétrico eliminando os do setor alimentício, fumo, bebidas, agropecuário, eletrodoméstico, celulose, etc., que não são aplicáveis ao setor de distribuição de energia elétrica vêse que a participação dos insumos do setor elétrico no IPAM é insignificante, muito insignificante. Já em relação ao IPCM, nenhum item está diretamente relacionado a insumos utilizados pelo setor de distribuição de energia elétrica, haja vista que os produtos que compões esse índice, é específico para o consumo das famílias. A seu turno, o INCC, por óbvio, não reflete os custos do insumo do setor elétrico, haja vista que é especifico para medir a variação do setor da construção civil. Ora, mergulhandose na metodologia de cálculo do IGPM e analisando os produtos que o integra, concluise, sem a menor dúvida, que esse índice nem de longe reflete de forma específica a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados pela contribuinte, tampouco expressa a variação específica dos custos de sua produção.' Fl. 607DF CARF MF Processo nº 11080.928329/200957 Acórdão n.º 3302004.793 S3C3T2 Fl. 7 11 Quanto ao ato jurídico perfeito, protegido pela Constituição Federal de 1988, este não foi violado, uma vez que o art. 109 da Lei nº 11.196 de 2005, resguarda a possibilidade de reajuste do preço contratado, sem que isto descaracterize o preço predeterminado. E o faz, definindo o limite da variação de preço aceitável, que deve guardar correspondência com os custos dos insumos e da produção. Por outro lado, a proteção ao ato jurídico perfeito não assegura à contribuinte um direito a não ser tributada, de modo a permitirlhe que não sofra incidência tributária regularmente instituída por lei, em obediência às regras de competência e de vigência e às limitações para imposição tributária, previstas constitucionalmente. Conclusão. Por todo exposto, em especial, por entender que o reajuste pelo IGPM não reflete o custo de produção nem a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados e, por conseguinte, descaracteriza o contrato reajustado por esse índice como de preço predeterminado; que a contribuinte não comprovou que o resultado da variação pelo IGPM foi igual ou inferior ao resultado da variação em função do custo de produção ou da variação ponderada dos custos dos insumos utilizados; que o ônus da prova recai sobre quem alega um direito, por aplicação do art. 333 do CPC; concluo que no presente caso a Contribuição para o PIS/Pasep deve incidir no regime nãocumulativo, motivo pelo qual voto por dar provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional. O que foi decidido aqui tem validade também para os processos da Cofins, com os mesmos fundamentos." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, conheço do recurso especial da Fazenda Nacional, e, no mérito, doulhe provimento. III Conclusão Diante do exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. É como voto. (assinado digitalmente) Walker Araujo Relator Fl. 608DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10580.014039/2007-69
Turma: Primeira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 09 00:00:00 UTC 2010
Ementa: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO
PORTE - SIMPLES
Ano calendário: 2004
OMISSÃO DE RECEITAS. PAGAMENTOS NÃO ESCRITURADOS. PROVA
INDICIÁRIA DO ILÍCITO.
A omissão de compras caracteriza-se como uma presunção relativa de omissão de receitas, cujo liame estabelece-se a partir da constatação de pagamentos efetuados sem o competente registro contábil. Parte-se da premissa de que, havendo o pagamento, a ausência de seu registro indicaria que os recursos nele utilizados foram obtidos à margem da tributação. Mas o
pagamento deve existir e deve restar plenamente comprovado pois o
pagamento é o indício, é a prova indiciária do ilícito omissão de receitas, devendo ser certo e não presumido.
Numero da decisão: 1801-000.370
Decisão: ACORDAM, os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado
Matéria: Simples - ação fiscal - insuf. na apuração e recolhimento
Nome do relator: Maria de Lourdes Ramirez
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE - SIMPLES Ano-calendário: 2004 OMISSÃO DE RECEITAS. PAGAMENTOS NÃO ESCRITURADOS. PROVA INDICIÁRIA DO ILÍCITO. A omissão de compras caracteriza-se como uma presunção relativa de omissão de receitas, cujo liame estabelece-se a partir da constatação de pagamentos efetuados sem o competente registro contábil. Parte-se da premissa de que, havendo o pagamento, a ausência de seu registro indicaria que os recursos nele utilizados foram obtidos à margem da tributação. Mas o pagamento deve existir e deve restar plenamente comprovado pois o pagamento é o indício, é a prova indiciária do ilícito omissão de receitas, devendo ser certo e não presumido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM, os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) ______________________________________ Ana de Barros Fernandes – Presidente Fl. 637DF CARF MF Emitido em 24/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/11/2010 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ Assinado digitalmente em 17/11/2010 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, 17/11/2010 por ANA DE BARROS FERNA NDES 2 (assinado digitalmente) ______________________________________ Maria de Lourdes Ramirez – Relatora Editado em 09/11/2010. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Carmem Ferreira Saraiva, Guilherme Pollastri Gomes, Maria de Lourdes Ramirez, Marcos Vinicius Barros Ottoni, Rogério Garcia Peres e Ana de Barros Fernandes. Relatório Trata-se de autos de infração à legislação do Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica – IRPJ/Simples, Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL/Simples, Contribuição ao Programa de Integração Social – PIS/Simples, Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS/Simples e Contribuição para a Seguridade Social - INSS/Simples que exigem da contribuinte acima identificada o crédito tributário no valor total de R$ 567.405,57, aí incluídos o principal, a multa de ofício qualificada e os juros de mora calculados até a data da lavratura (fls. 363 a 401), tendo em conta a constatação das seguintes irregularidades, apuradas no ano-calendário 2004, e assim descritas no Termo de Verificação Fiscal às fls. 356 a 362, parte integrante da exigência: “... A pessoa jurídica fiscalizada tem como atividade o aluguel de automóveis sem motorista, conforme extrato do Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica — CNPJ, em que constam seus dados cadastrais. Verifica-se que o contribuinte declarou, no ano calendário fiscalizado, ser empresa inativa, haja vista extrato da Declaração de Inatividade — PJSI. E, é optante pelo SIMPLES — Empresa de Pequeno Porte, conforme extratos cadastrais em anexo, do sistema do CNPJ da SRF. A referida ação fiscal foi iniciada em 23 de janeiro de 2007, com ciência do Termo de Inicio de Fiscalização, acompanhado do Mandado de Procedimento Fiscal supracitado, em que foi solicitada a apresentação dos livros Caixa ou Diário e Razão, fiscais, relação de veículos adquiridos acompanhada da devida documentação comprobatória, dentre outros documentos. Em 12 de fevereiro de 2007, o contribuinte encaminhou correspondência em resposta ao Termo de Inicio de Fiscalização, informando: Quanto ao Livro Caixa ou Diário e razão — "Nossa empresa não possui escrita contábil até o momento, pelo fato de estar inativa e sem movimento, até a presente data, conforme declarações do imposto de renda" Fl. 638DF CARF MF Emitido em 24/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/11/2010 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ Assinado digitalmente em 17/11/2010 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, 17/11/2010 por ANA DE BARROS FERNA NDES Processo nº 10580.014039/2007-69 Acórdão n.º 1801-00.370 S1-TE01 Fl. 601 3 Quanto aos Talonários de Notas Fiscais — "Por enquanto não confeccionamos ainda talões de notas fiscais". Quanto à Relação dos Veículos adquiridos, notas fiscais de compras e comprovação de pagamento — "Como acima está esclarecido não adquirimos nenhum veiculo e como também não temos notas fiscais de compras nem de vendas". Quanto ao Contrato Social e Alterações — "Entregue cópia", e Quanto aos bens da empresa — "A empresa não possui bens imóveis, esclarecido acima por inativa". Em correspondência de 15 de agosto de 2007, o contribuinte declarou as mesmas informações acima citadas. Com intuito de confirmar todas as compras de veículos efetuadas pelo contribuinte Cedro Veículos Ltda., foi cientificada em 24 de janeiro e 12 de março de 2007, a VOLKSWAGEN DO BRASIL INDÚSTRIA DE VEÍCULOS AUTOMOTORES LTDA., dos Termos de Intimação Fiscal, acompanhados do MPF Extensivo, em anexo, em que foi requisitada a comprovação dos pagamentos recebidos, referentes aos veículos vendidos por esta montadora à empresa fiscalizada, e o encaminhamento das cópias de notas fiscais relativas a estas vendas, dentre outros documentos. Em resposta às intimações fiscais, mediante correspondências datadas de 05 de fevereiro e 13 de março de 2007, a VOLKSWAGEN encaminhou listagens de todas as vendas de veículos efetuadas para a empresa Cedro Veículos Ltda., acompanhadas de cópias de notas fiscais e dos conhecimentos de frete, além de cópia do livro Razão identificando as operações de vendas destinadas ao contribuinte, intermediadas pela concessionária Saveiro Veículos Ltda. Afirma ainda que o destinatário, o contribuinte, não efetuou os depósitos relativos às aquisições do veículos, "(...) sendo com isto efetuado um lançamento de débito na conta corrente interna do Concessionário que intermediou a comercialização". Afirma ainda, no item 5 de sua resposta, que nas operações realizadas com a empresa CEDRO, foi utilizada a modalidade de pagamento indicada no item ii da resposta, ou seja, os valores correspondentes foram lançados a débito na conta corrente interna da Concessionária. A concessionária que intermediou as operações foi a Saveiro Veículos Ltda., CNPJ 13.788.00510001-72, como indicado nos conhecimentos de frete (consignatário dos veículos). Diante da resposta da VOLKSWAGEN, a concessionária SAVEIRO VEÍCULOS LTDA. foi intimada, em 10 de abril de 2007, através do Termo de Intimação Fiscal, acompanhado do respectivo MPF Extensivo, em anexo, a esclarecer e comprovar as operações de intermediação de aquisição de veículos da VOLKSWAGEN, pela empresa Cedro Veículos Ltda., de que trata a modalidade descrita acima (resposta da Volkswagen). A SAVEIRO VEÍCULOS LTDA., em 02 de maio de 2007, requereu prorrogação de prazo 10 (dez) dias para atendimento. Em 24 de maio de 2007, apresentou correspondência em aos questionados veículos, a saber: 1. Na maioria das vezes, os frotistas, no caso a empresa fiscalizada, faziam os pedidos dos veículos e adiantavam a totalidade ou parte do pagamento à SAVEIRO VEÍCULOS LTDA. O restante era pago quando do recebimento dos veículos. Fl. 639DF CARF MF Emitido em 24/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/11/2010 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ Assinado digitalmente em 17/11/2010 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, 17/11/2010 por ANA DE BARROS FERNA NDES 4 Nestes casos, os valores eram contabilizados a débito da conta Caixa, para recebimentos via caixa, ou a débito de conta bancos, para valores depositados em bancos, tendo como contrapartida crédito da conta de recebimentos antecipados; 2. Para os veículos solicitados e não pagos pelos frotistas, a SAVEIRO VEÍCULOS LTDA. efetuava o pagamento do boleto, dando entrada nos veículos no estoque de seminovos, procedendo a venda posterior. E na maioria das vezes os frotistas, no caso a empresa fiscalizada, repassava os valores para SAVEIRO proceder ao pagamento à montadora (VOLKSWAGEN), conforme demonstrado nas planilhas denominadas "Relação de Valores Solicitados pela Fiscalização". Desta forma, conforme demonstrado nas planilhas anexas a sua resposta, denominadas "Relação dos Valores Solicitados pela Fiscalização", encontram-se discriminados os valores totais das notas fiscais de vendas, assim como os correspondentes pagamentos, especificados, no caso de depósitos bancários efetuados em cheque, o nome do banco emitente, valor e data em que foram depositados. Nos casos em que houve depósitos em espécie, consta especificado "em espécie". Há casos em que se verificam mais de um pagamento associado à nota fiscal especificada. Assim ficou demonstrado pela SAVEIRO que houve pagamento e/ou ressarcimento efetuado pela fiscalizada, CEDRO VEÍCULOS LTDA., dos veículos questionados, conforme planilhas, em anexo, apresentadas pela concessionária, SAVEIRO. Outrossim, encaminha cópias dos livros Razão mensal, do diário, de recibos de pagamentos e de extratos bancários, em que se constata a comprovação da contabilização e da efetividade dos depósitos efetuados nas contas correntes bancárias da concessionária SAVEIRO VEÍCULOS LTDA., a título de antecipação e/ou reembolso das quantias correspondentes às notas fiscais de vendas de veículos, emitidas pela montadora VOLKSWAGEN, em favor da empresa fiscalizada, intermediadas pela referida concessionária, conforme cópias das notas fiscais de vendas apresentadas pela montadora em sua resposta. ... Diante do acima exposto, ficou caracterizada a compra, pela empresa CEDRO VEÍCULOS LTDA., dos veículos de que tratam as notas fiscais de venda emitidas pela montadora VOLKSWAGEN DO BRASIL INDÚSTRIA DE VEÍCULOS AUTOMOTORES LTDA., bem como ficou caracterizado ainda, o efetivo pagamento, pela fiscalizada, dos valores constantes das notas fiscais de venda de veículos por ela adquiridos, mediante a intermediação da concessionária SAVEIRO VEÍCULOS LTDA. O contribuinte está sendo autuado em decorrência da não escrituração dos pagamentos de notas fiscais de compras de veículos automotores, caracterizado pela Omissão de Receita, conforme prevê os artigos 199 e 281, inc. II, do RIR/99. Foram considerados para efeito desta apuração os valores efetivamente pagos a cada mês como indicados na planilha "Pagamentos não Escriturados", elaborada por mim, Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil, valores estes extraídos dos demonstrativos denominados "Relação dos Valores Solicitados pela Fiscalização", fornecidos pela concessionária Saveiro Veículos Ltda. ...” A autoridade fiscal considerou a conduta do contribuinte tendente a impedir o conhecimento, pela autoridade tributária, da ocorrência de fato gerador de obrigação tributária mediante conduta fraudulenta e qualificou a multa de ofício, tendo, ainda, formalizado processo administrativo de representação fiscal para fins penais. Fl. 640DF CARF MF Emitido em 24/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/11/2010 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ Assinado digitalmente em 17/11/2010 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, 17/11/2010 por ANA DE BARROS FERNA NDES Processo nº 10580.014039/2007-69 Acórdão n.º 1801-00.370 S1-TE01 Fl. 602 5 Às fls. 360 a 362 encontram-se relacionadas as notas fiscais de compra. Cientificada das exigências, em 27/12/2007, como comprova o A.R. à fl. 404, a contribuinte apresentou, em 08/01/2008, impugnações contra os lançamentos, uma para cada tributo exigido nos autos e formalizadas em processos apartados, os quais foram posteriormente juntados a este por anexação, encontrando-se acostadas às fls. 410 a 560. Como razões de defesa alega que a exigência fiscal não deve prosperar, pois a Fiscalização construiu a sua acusação com base em meras suposições sem qualquer comprovação do quanto alegado. Não teria restado comprovado, por qualquer meio, que a autuada fez pedidos dos veículos objeto das vendas ou que efetuou os pagamentos correspondentes, eis que os cheques listados na planilha em que se baseou a Fiscalização não pertencem à impugnante, conforme evidencia o Relatório emitido pelo Sistema de Informações do Banco Central — SISBACEN (fls. 441), segundo o qual a impugnante não teria realizado movimentação financeira no ano-calendário de 2004. Aduz que a falta de registro de compras dos veículos poderia corresponder a um indício de omissão de receitas, o que exigiria a comprovação das operações de compra e dos respectivos pagamentos, sob pena de não se caracterizar a presunção de omissão de receitas, observando que a montadora Volkswagen do Brasil teria informado ao Fisco que vendera veículos à recorrente atendendo a pedidos da empresa SAVEIRO, sem apresentar, no entanto, qualquer prova dos pagamentos supostamente realizados, já que tais pagamentos teriam sido efetuados por terceiros, que alega desconhecer, conforme demonstrariam as Notas Fiscais que menciona. Afirma que a operação de registro, no estoque de seminovos da concessionária SAVEIRO, e posterior venda de veículos que supostamente teriam sido adquiridos em nome de frotistas que não teriam honrado seus pagamentos, constituiria nítida revenda feita pela própria Saveiro e não mera intermediação, insistindo que, nessas operações, o veículo que saiu da montadora com Nota Fiscal em nome do frotista (adquirente), poderia ter sido revendido para qualquer pessoa jurídica. Por tal razão não seria possível afirmar que o fato de o frotista constar como adquirente na Nota Fiscal emitida pela montadora constituiria prova de que seria o verdadeiro comprador o que levaria, por conseqüência, à ausência de prova de que teria efetuado compra de veículos com recursos mantidos à margem da escrituração. Defende que o autuante não teria aprofundado a investigação a fim de identificar quem realmente efetuou os pagamentos das aquisições de veículos atribuídas à empresa e que, nesse contexto, a qualificação da multa por caracterização de sonegação fiscal seria incabível. Colaciona jurisprudência administrativa. Pelo Acórdão no. 15-15.555, a 4 a . Turma da DRJ em Salvador/BA julgou o lançamento procedente, ao argumento de que a contribuinte não apresentou qualquer elemento de prova capaz de ilidir a autuação, limitando-se a alegar que o ilícito tributário não teria restado comprovado pelo Fisco. Sustenta que os fatos apurados pela auditoria fiscal são notórios e que, como resultado do aprofundamento da ação fiscal, com intimação da fabricante dos veículos adquiridos e da concessionária eu intermediou as operações, foram produzidos robustos Fl. 641DF CARF MF Emitido em 24/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/11/2010 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ Assinado digitalmente em 17/11/2010 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, 17/11/2010 por ANA DE BARROS FERNA NDES 6 elementos de prova do ilícito, amparados na escrita contábil e fiscal dos intimados, dignas de fé. Observou, ainda, que a falta de escrituração de compras caracteriza a presunção estabelecida pelo artigo 40 da Lei no. 9.430, de 1996, e que caberia a contribuinte a prova da regularidade das operações. A qualificação da multa se justificaria pela constatação do evidente intuito de fraude caracterizado pela reiterada conduta de informar ao Fisco ser empresa inativa, assim como a sonegação fiscal por ser optante pelo sistema simplificado de pagamento de impostos e contribuições. Intimada da decisão, em 06/05/2008, como comprova o A.R. à fl. 578, a contribuinte apresentou Recurso Voluntário de fls. 579 a 597 na qual reproduz os mesmos argumentos de defesa deduzidos na impugnação aos lançamentos. É o relatório. Voto Conselheira Maria de Lourdes Ramirez, Relatora O Recurso é tempestivo e dotado dos pressupostos para sua admissibilidade, pelo que dele tomo conhecimento. No presente caso verifica-se que a auditoria fiscal solicitou da contribuinte fiscalizada a apresentação de escrituração contábil e fiscal bem como informações a respeito de aquisições de veículos no ano de 2004. Em resposta a contribuinte afirmou não ter efetuado qualquer aquisição de veículos e não ter emitido qualquer nota fiscal pois, no período, não tivera movimento, ou seja, encontrava-se inativa. Diante da afirmativa a auditoria fiscal, mediante circularização junto aos possíveis fornecedores, verificou que a contribuinte teria adquirido grande quantidade de veículos, no decorrer do ano-calendário 2004, havia apresentado DIPJ na condição de inativa, e não possuía escrituração contábil e fiscal. Assim, com base em elementos angariados junto aos fornecedores e diante da ausência de esclarecimentos pela CEDRO SERVIÇOS, a auditoria fiscal concluiu que a recorrente auferiu receitas mantidas à margem de escrituração (e conseqüente oferecimento à tributação), que teriam sido utilizadas no pagamento dos veículos. Ocorre, entretanto, que não há nos autos nenhuma prova de que a CEDRO SERVIÇOS efetivamente efetuou pagamentos à VOLKSWAGEN ou à própria concessionária SAVEIRO. Ao contrário. Consta do relatório da própria auditoria fiscal que o valor dos veículos destinados à CEDRO SERVIÇOS eram debitados em conta-corrente interna da concessionária mantida pela fabricante. Fl. 642DF CARF MF Emitido em 24/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/11/2010 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ Assinado digitalmente em 17/11/2010 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, 17/11/2010 por ANA DE BARROS FERNA NDES Processo nº 10580.014039/2007-69 Acórdão n.º 1801-00.370 S1-TE01 Fl. 603 7 A concessionária SAVEIRO, a seu turno, informou vagamente que “na maioria das vezes” os frotistas efetuavam um adiantamento e a quitação final ocorria com a entrega dos veículos ao destinatário. Caso não ocorresse o pagamento os veículos eram pagos pela própria SAVEIRO que os contabilizava em seu estoque para venda posterior. Não há, entretanto, nos autos, cópias de cheques emitidos pela CEDRO SERVIÇOS em pagamentos pela aquisição de veículos extratos bancários. Tampouco os extratos bancários apresentados pela SAVEIRO consignam qualquer transação financeira com a CEDRO. Vejamos as provas apresentadas pela auditoria fiscal: 1) Declaração da montadora VOLKSWAGEN (fl. 26) afirmando que os pagamentos foram efetuados pelo concessionário responsável pelo faturamento e entrega dos veículos, no caso, a SAVEIRO VEÍCULOS LTDA. Esclarece que, nesses casos, o destinatário dos veículos – a CEDRO SERVIÇOS, não efetuou o depósito relativo às notas fiscais destacadas, e que os valores correspondentes seriam debitados ao Concessionário intermediário, mediante lançamentos de débito na conta corrente interna do Concessionário que intermediou a comercialização. 2) Relação de veículos tendo como destinatário a CEDRO SERVIÇOS, apresentada pela VOLKSWAGEN (fls. 28 e 256/257). 3) Cópias das folhas do “Livro Razão Mensal” da VOLKSWAGEN, referente à conta conta-contábil 000.34001/896 em nome de SAVEIRO VEÍCULOS nas quais estão assinalados veículos que teriam sido destinados à CEDRO (fls. 30 a 60 e 259 a 279). 4) Cópia de “conhecimentos de transporte” de veículos emitidos pela transportadora DACUNHA S/A, tendo como remetente a VOLKSWAGEN, como consignatária a SAVEIRO VEÍCULOS e como destinatário a CEDRO SERVIÇOS (fls. 62 a 102). 5) Declaração da concessionária SAVEIRO VEÍCULOS (fl. 106), explicitando que os frotistas efetuavam pedidos mediante um adiantamento e a quitação total era efetuada após a entrega dos veículos encomendados. Quando do recebimento do adiantamento a SAVEIRO debitava a conta caixa ou bancos, conforme o tipo de pagamento, em dinheiro ou mediante depósito em banco, e a contrapartida era efetuada em conta de “recebimentos antecipados”. Informou, ainda, que no caso de não pagamento pelo frotistas a própria SAVEIRO se encarregava de efetuar a quitação via boleto e procedia ao registro dos veículos em seu estoque de semi-novos para posterior venda e que na maioria das vezes o frotista repassava os valores e a SAVEIRO se encarregava de efetuar os pagamentos à montadora. 6) Demonstrativo emitido pela SAVEIRO VEÍCULOS (fls. 107 a 109 e 284/285), com informações a respeito de veículos que teriam sido fornecidos ao frotista CEDRO SERVIÇOS, com indicação da nota fiscal, emissão, valor, meio de pagamento – se depósito bancário ou mediante recebimento no caixa da SAVEIRO – e a respectiva contabilização. 7) Cópias de notas fiscais – faturas – de vendas de veículos emitidas pela VOLKSWAGEN em nome de CEDRO SERVIÇOS (fls. 111 a 144 e 287 a 304). Fl. 643DF CARF MF Emitido em 24/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/11/2010 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ Assinado digitalmente em 17/11/2010 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, 17/11/2010 por ANA DE BARROS FERNA NDES 8 8) Cópias das folhas do Livro Diário da SAVEIRO VEÍCULO com o registro contábil das vendas dos veículos relacionados no demonstrativo de fls. 107 a 109, contas debitadas e suas contrapartidas, cópias de recibos de pagamento das notas fiscais constantes das referida relação e cópias de extratos bancários da SAVEIRO VEÍCULOS, com a identificação dos valores recebidos (fls. 145 a 252 e 305 a 354). 9) Nova declaração da montadora VOLKSWAGEN à fl. 253/254. Entretanto, compulsando a documentação acostada aos autos, motivada pelos protestos da defesa, verifico haver diversas inconsistências nas provas apresentadas da auditoria fiscal, como exemplifico a seguir. 1) Consta da relação apresentada pela SAVEIRO VEÍCULOS à fl. 107 que a CEDRO teria efetuado o pagamento de R$ 31.130,67, referente à nota fiscal no. 33506 diretamente na conta-caixa, ou seja, com valores em espécie. Entretanto, além de não haver recibo de tal pagamento, foram vinculados ao pagamento da referida nota fiscal, os seguintes cheques: Banco 237 – Cheque no. 1.327 – valor R$ 21.130,67 – emissão 17/02/2004. Banco 237 – Cheque no. 1.329 – valor R$ 10.000,00 – emissão 17/02/2004 Não consta dos autos a identificação do emissor desses cheques. 2) Consta da relação apresentada pela SAVEIRO VEÍCULOS à fl. 107 que a CEDRO teria efetuado o pagamento no valor de R$ 30.562,29, referente às seguintes notas fiscais: 39457 12/03/04 15.000,00 43023 12/03/04 15.56229 Em que pese haver recibo em nome da CEDRO no mesmo valor à fl. 148, e constar da relação de fls. 107 apresentada pela SAVEIRO que o pagamento teria sido feito diretamente na conta-caixa, ou seja, com valores em espécie, foram relacionados aos valores acima os seguintes cheques: Banco 237 – Cheque no. 199 – valor R$ 15.562,29 – emissão 12/03/2004 Banco 237 – Cheque no. 1.370 – valor R$ 15.000,00 – emissão 12/03/2004 Tais cheques constam do recibo de fl. 148. Entretanto, não consta dos autos a identificação do emissor desses cheques. 3) Valor de R$ 16.595,22, referente à nota fiscal no. 43023. Esse valor encontra-se registrado como pagamento da CEDRO no Livro Diário da SAVEIRO VEÍCULOS à fl. 151. Entretanto, à fl 153 consta documento “Extrato de conta-corrente – Tesouraria” da SAVEIRO VEÍCULOS que registra que referido valor se refere a adiantamento da cliente Isabel Cyrino Brandão Araújo, assim como registrado na fl. 154 do mesmo Livro Diário. Em que pese haver recibo em nome da CEDRO à fl. 150, e constar da relação de fls. 107 apresentada pela SAVEIRO que o pagamento teria sido feito diretamente na conta- caixa, ou seja, com valores em espécie, foram relacionados ao valor acima os seguintes cheques: Banco 237 – Cheque no. 200 – valor R$ 15.562,29 – emissão 12/03/2004. Banco 237 – Cheque no. 1.369 – valor R$ 1.032,92 – emissão 12/03/2004. Não consta dos autos a identificação do emissor desses cheques. Fl. 644DF CARF MF Emitido em 24/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/11/2010 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ Assinado digitalmente em 17/11/2010 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, 17/11/2010 por ANA DE BARROS FERNA NDES Processo nº 10580.014039/2007-69 Acórdão n.º 1801-00.370 S1-TE01 Fl. 604 9 4) Consta da relação apresentada pela SAVEIRO VEÍCULOS à fl. 107 que a CEDRO teria efetuado o pagamento do valor de R$ 31.162,35 referente à nota fiscal 43569. Em que pese haver recibo em nome da CEDRO no valor de R$ 10.000,00 à fl. 155, ou seja, parcial, e constar da relação de fls. 107 apresentada pela SAVEIRO que o pagamento teria sido feito diretamente na conta-caixa, ou seja, com valores em espécie, foram relacionados ao valor acima os seguintes cheques: Banco 237 – Cheque no 1.405 – valor R$ 10.000,00 – emissão 18/03/2004. Banco 237 – Cheque no. 1.406 – valor R$ 21.162,35 – emissão 24/03/2004 Não consta dos autos a identificação do emissor desses cheques. 5) Consta da relação apresentada pela SAVEIRO VEÍCULOS à fl. 107 que a CEDRO teria efetuado o pagamento do valor de R$ 34.096,03, referente à nota fiscal 48360. Em que pese constar da relação de fls. 107 apresentada pela SAVEIRO que o pagamento teria sido feito diretamente na conta-caixa, ou seja, com valores em espécie, foram relacionados ao valor acima os seguintes cheques: Banco 001 – Cheque no 800.034 – valor R$ 11.300,00 – emissão 30/03/2004. Banco 237 – Cheque no. 23 – valor R$ 17.496,03 – emissão 30/03/2004. Não consta dos autos a identificação do emissor desses cheques. Ademais constam às fls. 161 e 163 recibos em nome de Arlete Maria de Oliveira Cortes, nos valores de R$ 5.300,00 e R$ 31.300,00, registrados no Livro Razão às fls. 162 e 165 a título de recebimento da cliente Arlete Maria de Oliveira Cortes. 6) Consta da relação apresentada pela SAVEIRO VEÍCULOS à fl. 107 que a CEDRO teria efetuado o pagamento do valor de R$ 35.223,23, referente à nota fiscal 16746. De acordo com a relação de fls. 107 apresentada pela SAVEIRO o pagamento teria sido feito parte com depósito em banco, parte mediante recebimento diretamente na conta-caixa, ou seja, com valores em espécie. Foram relacionados ao valor acima os seguintes cheques: Banco 237 – Cheque no. 4760 – valor R$ 8.750,00 – emissão 04/03/2004. Não consta dos autos a identificação do emissor desses cheques. Ademais, consta à fl. 172 recibo em nome Aline Lima de Oliveira, no valor de R$ 8.750,00, assim como nas cópias do Livro Diário às fls. 173 e 175 o registro de recebimento dos valores de R$ 8.750,00 e R$ 26.473,23 de Aline Lima de Oliveira. 7) Consta da relação apresentada pela SAVEIRO VEÍCULOS à fl. 108 que a CEDRO teria efetuado o pagamento do valor de R$ 22.285,80, referente à nota fiscal 20395. De acordo com a relação de fls. 107 apresentada pela SAVEIRO que o pagamento teria sido feito parte com depósito em banco, parte mediante recebimento diretamente na conta-caixa, ou seja, com valores em espécie. Foram relacionados ao valor acima os seguintes pagamentos: Banco 237 – Cheque no. 1466 – valor R$ 751,34 – emissão 23/04/2004 Depósito no Banco Bradesco no valor de R$ 21.534,46 Entretanto, consta à fl. 187 – cópia do Livro Diário da SAVEIRO, que o pagamento no valor de R$ 21.534,46 se referiria ao cliente Vista Azul Empreendimentos e não consta dos autos a identificação do emissor desse cheque. Fl. 645DF CARF MF Emitido em 24/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/11/2010 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ Assinado digitalmente em 17/11/2010 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, 17/11/2010 por ANA DE BARROS FERNA NDES 10 8) Consta da relação apresentada pela SAVEIRO VEÍCULOS à fl. 108 que a CEDRO teria efetuado o pagamento do valor de R$ 24.779,18, referente à nota fiscal 22818. De acordo com a relação de fls. 108 apresentada pela SAVEIRO que o pagamento teria sido feito parte com depósito em banco, parte mediante recebimento diretamente na conta-caixa, ou seja, com valores em espécie. Foram relacionados ao valor acima os seguintes pagamentos: Banco 641 – Cheque no. 74 – valor R$ 14.000,00 – emissão 12/05/2004 Banco 341 – Cheque no. 340.051 – valor R$ 1.479,18 – emissão 13/05/2004 Depósito no Banco Bradesco no valor de R$ 9.300,00. Entretanto, consta à fl. 208 recibo no. 3221 datado de 14/05/2004 em nome de Maria de Fátima Santos Jesus no valor de R$ 14.000,00, assim como o registro na cópia do Livro Diário da SAVEIRO, à fl. 210 que o pagamento no valor de R$ 14.000,00, referente ao recibo 3221, se referiria à cliente Maria de Fátima Santos Jesus. O mesmo se dá com o recibo de fl. 211. E não consta dos autos a identificação do emissor desses cheques. Reitero que as situações aqui explicitadas são meramente exemplificativas. Há várias outras inconsistências semelhantes na documentação apresentada pela auditoria fiscal. Observo, ainda, que nas declarações apresentadas às fls. 26, 253/254, a montadora VOLKSWAGEN afirma que o responsável pelo faturamento e entrega dos veículos destinados à CEDRO é a concessionária SAVEIRO. É o que afirma a VOLKSWAGEN na declaração de fls. 253/254: “Volkswagen do Brasil Indústria de Veículos Automotores Ltda. CNPJ.: 59.104.422/0024-46, em continuidade ao atendimento ao Termo de Intimação Fiscal acima referenciado, vem, encaminhar, esclarecer e informar o quanto segue: 1-) Encaminhar listagem de todas as vendas efetuadas para a empresa Cedro Serviços Ltda. CNPJ.: 05.345.820/0001-39 durante o ano calendário de 2004, referente ao período de agosto a dezembro, contendo; número da nota fiscal, série, data de emissão, descrição do produto, valor contábil e data de pagamento.(doc.1). 2-) Encaminhar cópia das notas fiscais das vendas efetuadas para a empresa Cedro Serviços Ltda. durante o ano calendário de 2004, referente ao período de agosto a dezembro, conforme relação.(doc.2). 3-) Informar que as vendas efetuadas por este contribuinte são interrnediadas pelas concessionárias autorizadas Volkswagen, sendo elas responsáveis pelas solicitações deste veículos, bem como pela sua revisão de entrega. 4-) Esclarecer que este contribuinte, para quitação das notas fiscais de vendas, utiliza um sistema de conta corrente interno (Livro Razão Mensal), em duas modalidades: i) Pagamento (crédito) efetuado diretamente pelo destinatário (Cedro Serviços), onde na coluna "Documento" consta em primeiro o número do Banco (Instituição Financeira onde ocorreu o depósito) e o número da nota fiscal quitada, quando o pagamento for efetuado através do Banco Volkswagen, na coluna "Documento" consta o número do documento lançado.(doc.3) ii) Pagamento efetuado pelo Concessionário responsável pelo Faturamento e entrega dos veículos. Nestes casos significa que o Destinatário (Cedro Serviços) não efetuou o depósito relativo a nota fiscal destacada, sendo debitado o Concessionário intermediário. Como informado acima, na coluna "Documento" quando temos a quitação da nota fiscal pela coluna do débito, sendo com isto Fl. 646DF CARF MF Emitido em 24/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/11/2010 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ Assinado digitalmente em 17/11/2010 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, 17/11/2010 por ANA DE BARROS FERNA NDES Processo nº 10580.014039/2007-69 Acórdão n.º 1801-00.370 S1-TE01 Fl. 605 11 efetuado um lançamento de débito na conta corrente interna do Concessionário que intermediou a comercialização.(doc.4). 5-) Informar que nas operações realizadas com a empresa Cedro Serviços Ltda., neste período exclusivamente, somente a nota fiscal n° 046821 foi paga em banco pela locadora, modalidade i), sendo que para quitação das demais notas fiscais foi utilizado a modalidade ii). 6-) Encaminhar, embora não solicitado, cópia dos conhecimentos de fretes, comprovando a entrega dos veículos na revenda responsável, para revisão e entrega ao destinatário Cedro Serviços Ltda., conforme informado no documento.(doc.5). ...” Verifica-se, então, que todos os veículos adquiridos pela CEDRO SERVIÇOS, mediante intermediação da SAVEIRO VEÍCULOS, teriam sido pagos, à montadora VOLKSWAGEN, mediante débito em conta-corrente interna em nome da SAVEIRO mantida pela VOLKSWAGEN. Isto significa dizer que a SAVEIRO VEÍCULOS é quem se responsabilizou, perante a VOLKSWAGEN, pelos pagamentos dos veículos destinados à CEDRO SERVIÇOS. Cumpriria indagar qual a titularidade dos cheques dados como pagamento pelas aquisições de veículos constantes da relação apresentada pela SAVEIRO, acostada às fls. 107 a 109, levados à débito de caixa – ingresso de numerário diretamente no caixa da SAVEIRO. Se não foram emitidos pela CEDRO, quem os teria emitido? Note-se que vários dos cheques são da mesma instituição financeira e possuem numeração seqüencial permitindo- se concluir que foram emitidos por uma mesma pessoa, física ou jurídica. Poder-se-ia cogitar que a CEDRO se utilizou de cheques de terceiros para efetuar as aquisições de veículos junto à SAVEIRO. Restaria indagar, entretanto, como a concessionária teria assentido em efetuar tais operações. A concessionária SAVEIRO, nesse caso, teria consentido em efetuar as operações de venda de veículos à CEDRO admitindo receber como pagamento, em absolutamente todas as operações, cheques de terceiros, cheques não titulados pela CEDRO. Dito de outra forma: pelos documentos constantes dos autos a SAVEIRO admitiu vender inúmeros veículos novos, saídos diretamente da montadora, a uma empresa que sequer possui conta-corrente bancária (pois não emitiu cheques próprios para efetuar seus pagamentos), efetuando pagamentos somente em dinheiro ou através de cheques de terceiros, submetendo-se, a SAVEIRO a operar sem qualquer tipo de garantia de pagamento pela CEDRO e, ainda, responsabilizando-se, pelas aquisições, perante a montadora. Se de fato houve tais aquisições pela CEDRO, tudo foi feito com a ciência, anuência e concordância da concessionária. Entretanto, como dito, não houve prova de pagamento efetuado pela CEDRO. Deve-se ressaltar que a empresa contribuinte foi autuada com base numa presunção relativa de omissão de receitas, cujo liame estabelece-se a partir da constatação de pagamentos efetuados sem o competente registro contábil; a chamada omissão de compras. Parte-se da premissa de que, havendo o pagamento, a ausência de seu registro indicaria que os recursos nele utilizados foram obtidos à margem da tributação. Mas o pagamento deve existir e deve restar plenamente comprovado pois o pagamento é o indício, é a prova indiciária do ilícito omissão de receitas. O indício, entretanto, não pode ser presumido. Deve ser certo. Fl. 647DF CARF MF Emitido em 24/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/11/2010 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ Assinado digitalmente em 17/11/2010 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, 17/11/2010 por ANA DE BARROS FERNA NDES 12 Não é juridicamente possível partir da presunção de que houve um pagamento para com isso presumir-se a omissão de receitas a partir da ausência do registro contábil do pagamento presumido. Em que pese o grande esforço da auditoria fiscal, o elemento indiciário do ilícito não restou caracterizado. Não há nos autos qualquer prova de pagamento efetuado pela CEDRO SERVIÇOS pela aquisição de veículos junto à SAVEIRO ou junto à própria VOLKSWAGEN. A auditoria fiscal presumiu, a partir de outros elementos obtidos junto à montadora e à concessionária, que a CEDRO SERVIÇOS efetuou os pagamentos. Assim, diante da ausência de prova da existência do elemento indiciário, o pagamento, não se verifica o liame necessário à caracterização da presunção relativa de omissão de receitas. Por todo o exposto voto no sentido de dar provimento ao recurso voluntário. Sala de Sessões, 9 de novembro de 2010. (assinado digitalmente) ________________________ Maria de Lourdes Ramirez Relatora Fl. 648DF CARF MF Emitido em 24/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/11/2010 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ Assinado digitalmente em 17/11/2010 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, 17/11/2010 por ANA DE BARROS FERNA NDES
score : 1.0
Numero do processo: 10830.008056/2010-73
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Jul 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Oct 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2007
RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. MOMENTO DA TRIBUTAÇÃO.
As diferenças decorrentes de verbas salariais, ainda que recebidas acumuladamente pelo contribuinte, devem ser tributadas pelo imposto sobre a renda com a aplicação das tabelas progressivas vigentes à época da aquisição dos rendimentos (meses em que foram apurados os rendimentos percebidos a menor), ou seja, de acordo com o regime de competência, consoante decidido pelo STF no âmbito do RE 614.406/RS.
Numero da decisão: 9202-005.642
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Patrícia da Silva (relatora), Ana Paula Fernandes, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Heitor de Souza Lima Júnior.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício.
(assinado digitalmente)
Patrícia da Silva - Relatora.
(assinado digitalmente)
Heitor de Souza Lima Junior - Redator designado.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício).
Nome do relator: PATRICIA DA SILVA
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MOMENTO DA TRIBUTAÇÃO. As diferenças decorrentes de verbas salariais, ainda que recebidas acumuladamente pelo contribuinte, devem ser tributadas pelo imposto sobre a renda com a aplicação das tabelas progressivas vigentes à época da aquisição dos rendimentos (meses em que foram apurados os rendimentos percebidos a menor), ou seja, de acordo com o regime de competência, consoante decidido pelo STF no âmbito do RE 614.406/RS. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Patrícia da Silva (relatora), Ana Paula Fernandes, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Heitor de Souza Lima Júnior. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Patrícia da Silva Relatora. (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior Redator designado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 00 80 56 /2 01 0- 73 Fl. 151DF CARF MF 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício). Relatório Em sessão plenária de 14/04/2016, foi dado provimento ao Recurso Voluntário em epígrafe, prolatandose o Acórdão nº 2202003.346 (fls. 121 a 124), assim ementado: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2007 IRPF. RENDIMENTO RECEBIDO ACUMULADAMENTE. APLICAÇÃO DO REGIME DE COMPETÊNCIA. O Imposto de Renda incidente sobre os rendimentos pagos acumuladamente deve ser calculado de acordo com as tabelas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos, observando a renda auferida mês a mês pelo segurado. Não é legítima a cobrança de IR com parâmetro no montante global pago extemporaneamente. Recurso Voluntário Provido." O processo foi encaminhado à PGFN em 06/07/2016 (Despacho de Encaminhamento de fls. 125). De acordo com o disposto no art. 7º, §§ 3º e 5º, da Portaria MF nº 527, de 2010, a intimação presumida da Fazenda Nacional ocorre 30 dias após essa data. Em 26/07/2016, tempestivamente, foi interposto o Recurso Especial de fls. 126 a 131 (Despacho de Encaminhamento de fls. 141). O apelo visa rediscutir a manutenção do lançamento relativo a omissão de rendimentos recebidos acumuladamente com recálculo do imposto de renda, para que seja apurado mensalmente, em correlação aos parâmetros fixados na tabela progressiva do imposto de renda vigente à época dos respectivos fatos geradores. Na origem, o contribuinte insurgese contra a Notificação de Lançamento de fls. 13 a 18, relativa ao Imposto de Renda Pessoa Física, exercício 2.008 (ano calendário 2.007), apresentando, por intermédio de seu representante legal (fls. 6 e 8), a impugnação de fls. 3 e 5. 2. O lançamento em tela majorou os rendimentos tributáveis recebidos de pessoas jurídicas e incluiu a dedução dos respectivo imposto de renda retido na fonte, nos valores de R$ 382,34 e R$ 57,35, respectivamente (fls. 14, 17, 60 e 64), bem como glosou parcialmente a dedução Fl. 152DF CARF MF Processo nº 10830.008056/201073 Acórdão n.º 9202005.642 CSRFT2 Fl. 152 3 do imposto de renda retido na fonte, no valor de R$ 23.082,16 (fls. 16, 17, 60 e 64), apurando, ao final, imposto suplementar de R$ 105,15, multa de ofício de R$ 78,86, imposto sujeito à multa de mora, no valor de R$ 24.024,82, multa de mora de R$ 4.804,96 e juros de mora de R$ 5.033,50, calculados até 30/04/2.010. 3. Na impugnação apresentada às fls. 1, 3, 22 e 23, o contribuinte propugna pela insubsistência e pela improcedência da ação fiscal, alegando, em síntese, ter informado na declaração de ajuste anual os valores efetivamente recebidos, referentes ao acordo judicial efetuado no processo trabalhista RT nº 2.402/1.996 e que o rendimento tributável de R$ 23.146,22, foi incluído indevidamente no lançamento, pois corresponde a verba indenizatória. Para comprovar suas alegações e embasar seu pleito, anexa os documentos de fls. 4 a 9." Diante do julgado, visa a Fazenda Nacional rever o recorrido e cientificado o contribuinte que se quedou silente. É o relatório. Voto Vencido Conselheira Patrícia da Silva Relatora Na interposição do presente recurso, entendo cumpridos todos os pressupostos de admissibilidade. Importante pressuposto para o deslinde da presente questão é a Aplicação do art. 62A do Regimento Interno do CARF, verbis: Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. § 1º Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543B. § 2º O sobrestamento de que trata o § 1º será feito de ofício pelo relator ou por provocação das partes. Isso porque a constitucionalidade da utilização do art. 12 da Lei nº 7.713/88 para a cobrança do IRPF incidente sobre rendimentos recebidos de forma acumulada – através Fl. 153DF CARF MF 4 da aplicação da alíquota vigente no momento do pagamento sobre o total recebido – teve sua repercussão geral admitida pelo STF no âmbito do RE nº 614.406/RS. O Recurso Extraordinário acima referido teve seu julgamento encerrado em 09/12/14, através de decisão que negou provimento ao Recurso da União, chancelando o acórdão proferido pelo TRF da 4ª Região (TRF4, Corte Especial, ARGINC 2002.72.05.0004340, Relator Desembargador Federal Álvaro Eduardo Junqueira), que através da técnica da inconstitucionalidade sem redução de texto, entendeu que o critério correto ao dimensionamento da obrigação tributária em questão deve observar a capacidade contributiva (base de cálculo) de cada exercício, bem como as respectivas alíquotas. O Regimento Interno desse Conselho, em seu artigo 62, acima transcrito (caput), torna compulsória a aplicação do entendimento sufragado pelo STF. Outrossim, o recurso especial deve ser analisado a partir dos critérios fixados pela Corte Constitucional, de onde exsurge a importância do esclarecimento da sua ratio decidendi, frente ao que entendo absolutamente irrepreensíveis os dispositivos e justificações constantes do Voto Vencedor consubstanciado no acórdão 280200.713, da lavra do ilustre Conselheiro Rafael Pandolfo, que adoto como razão de decidir: 1.2 A decisão proferida pelo STF no RE nº 614.406/RS A decisão proferida pelo Supremo, que manteve a declaração de inconstitucionalidade, sem redução de texto do art. 12 da Lei nº 7.713/88, reconhecida pelo TRF da 4ª Região, foi assentada no fundamento de qua ainda que seja aplicado o regime de caixa aos rendimentos recebidos acumuladamente pelas pessoas físicas (nascimento da obrigação tributária), é necessário, sob pena de violação aos princípios constitucionais da isonomia, da capacidade contributiva e da proporcionalidade, que o dimensionamento da obrigação tributária observe o critério quantitativo (base de cálculo e alíquota) dos anoscalendários em que os valores deveriam ter sido recebidos, e não o foram. O julgamento recebeu a seguinte ementa: IMPOSTO DE RENDA – PERCEPÇÃO CUMULATIVA DE VALORES – ALÍQUOTA. A percepção cumulativa de valores há de ser considerada, para efeito de fixação de alíquotas, presentes, individualmente, os exercícios envolvidos. (RE 614406, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Relator(a) p/ Acórdão: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 23/10/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL MÉRITO DJe233 DIVULG 26112014 PUBLIC 27 112014) A supracitada decisão1, nos termos do voto da Ministra Carmen Lúcia, consolidou o entendimento de que a aplicação irrestrita do regime previsto na norma do art. 12 da Lei nº 7.713/88 implica em tratamento desigual aos contribuintes. Segundo a decisão, não é juridicamente crível que os contribuintes que receberam a renda em atraso paguem um montante maior de IR – uma vez que calculado sobre o total acumulado , enquanto os contribuintes que receberam as verbas devidas em dias sejam isentos ou suportem carga inferior de imposto. Fl. 154DF CARF MF Processo nº 10830.008056/201073 Acórdão n.º 9202005.642 CSRFT2 Fl. 153 5 Ressaltou ainda a Ministra que a aplicação dada pela Fiscalização ao art. 12 da Lei nº 7.713/88 viola os princípios da capacidade contributiva, pois a incidência do imposto de renda deve considerar as alíquotas vigentes na data em que verba decorrente dos rendimentos recebidos acumuladamente deveria ter sido paga. Abaixo, transcrevo trechos do voto da Ministra Carmen Lúcia: 19. No presente caso, a retenção do imposto de renda pelo regime de caixa afronta o princípio constitucional da isonomia, pois outros segurados/contribuintes com o mesmo direito receberia tratamento díspares. Como destacado pelos Ministros Marco Aurélio e Dias Toffoli, não se pode imputar ao Recorrido a responsabilidade pelo atraso no pagamento de proventos, sob pena de premiar e incentivar o Fisco no retardamento injustificado no cumprimento de suas obrigações legais. Ademais, a efetivação do direito do contribuinte/segurado, pela via judiciária, conforme ocorrido, passa também pelo restabelecimento da situação jurídica quo ante, o que pressupõe a aplicação das corretas alíquotas. À luz dos princípios da isonomia e da capacidade contributiva, significa dizer que a incidência do imposto de renda deve considerar as datas e as alíquotas vigentes na data em que essa verba deveria ter sido paga (disponibilidade jurídica, como advertido pelo Ministro Marco Aurélio), observada a renda auferida no mês pelo segurado. Disso resulta não ser razoável, tampouco proporcional, a incidência da alíquota máxima sobre o valor global pago fora do prazo, como se dá na espécie examinada. (Voto Vista Ministra Carmen Lúcia, p. 22. RE 614406, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Relator(a) p/ Acórdão: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 23/10/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL MÉRITO DJe233 DIVULG 26112014 PUBLIC 27 112014) A decisão proferida pelo STF confirmou a decisão que utilizou como técnica a inconstitucionalidade sem redução de texto. Atuando no campo semântico da norma, a ferramenta exclui do seu raio deôntico determinado significado. Sendo assim, é inválido (inconstitucional) todo e qualquer ato administrativo que tiver por fundamento a interpretação do art. 12 da Lei n° 7.713/88 infirmada pelo STF. Segundo a Corte, a validade do crédito tributário prescinde da aplicação da base de cálculo e alíquotas vigentes à época em que foram sonegados ao contribuinte os rendimentos posteriormente por si recebidos – de forma acumuluda. 2. Efeitos da decisão do STF sobre o crédito tributário O crédito tributário debatido no presente recurso foi apurado através da aplicação das alíquotas vigentes no anocalendário Fl. 155DF CARF MF 6 do pagamento acumulado dos rendimentos sonegados ao contribuinte, em virtude de decisão judicial trabalhista. Esse pagamento se deu ao longo de 2007 e 2008, e dizia respeito a diferenças que deixaram de ser pagas ao contribuinte em 1994. A alíquota aplicada ao presente caso (27,5%), teve como fundamento legal o art. 1º da Lei nº 11.482/07 e incidiu sobre uma base de cálculo acumulada de R$ 187.546,28. Ocorre que o lançamento foi amparado na intepretação jurídica do art. 12 da Lei nº 7.713/88 que foi fulminada pelo STF. Como consequência utilizou bases de cálculo, alíquotas e fundamentos legais distintos daqueles que deveria ter utilizado, de acordo com o Supremo. O lançamento, portanto, é nulo, como entendeu essa turma em recente julgamento relatado pela Ilustre conselheira Dayse Fernandes Leite: RENDIMENTO RECEBIDOS ACUMULADAMENTE EM DECORRÊNCIA DE DECISÃO JUDICIAL. EQUÍVOCO NA APLICAÇÃO DA LEI QUE AFETOU SUBSTANCIALMENTE O LANÇAMENTO. INCOMPETÊNCIA DO JULGADOR PARA REFAZER O LANÇAMENTO. CANCELAMENTO DA EXIGÊNCIA. Ao adotar outra interpretação do dispositivo legal, o lançamento empregou critério jurídico equivocado, o que o afetou substancialmente, pois prejudicou a quantificação da base de cálculo, a identificação das alíquotas aplicáveis e o valor do tributo devido, caracterizandose um vício material a invalidá lo. Não compete ao órgão de julgamento refazer o lançamento com outros critérios jurídicos, as tão somente afastar a exigência indevida. (CARF. 2ª Seção de Julgamento, 2ª Câmara, 2 ª Turma Ordinária. Ac: 2202002.725. Rel. Conselheira Dayse Fernandes Leite. Julg.: 12/08/14). Grifo nosso. A nulidade é insanável e não caberia ao CARF refazer o lançamento, substituindo a administração na eleição do fundamento jurídico, alíquota e base de cálculo aplicáveis. A necessidade de substituição desses elementos implica cabalmente na invalidade do lançamento, uma vez que, a teor do art. 2º, parágrafo único, VII e art. 50, ambos da Lei nº 9.784/99, e do art. 10, IV, do Decreto nº 70.235/73, é imprescindível a indicação dos fundamentos de fato e de direito que dão fundamento ao lançamento. Em suma, a modificação do lançamento não pode ser efetuada em sede de julgamento de recurso voluntário, pois o recalculo da obrigação tributária com base em novas alíquotas, implica alteração do critério jurídico que serviu de fundamento ao lançamento, conforme entendimento já adotado por essa Turma: Assunto: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA – IRPF Anocalendário: 2004 Fl. 156DF CARF MF Processo nº 10830.008056/201073 Acórdão n.º 9202005.642 CSRFT2 Fl. 154 7 MUDANÇA DE MOTIVOS DETERMINANTES. NULIDADE DO ACÓRDÃO DE IMPUGNAÇÃO. A motivação constitui o fundamento do lançamento tributário, ato administrativo vinculado. A adoção, pela decisão recorrida, de fundamento distinto do utilizado pelo auto de infração (infirmado pelo contribuinte), visando à manutenção da relação tributária, revelase inconciliável com o estado democrático de direito. Recurso voluntário provido (CARF. 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da Segunda Sessão. Acórdão nº 220201.548. Rel. Rafael Pandolfo. Julg. em 18/01/12.) No âmbito infralegal, a competência para realização do lançamento é estipulada pelos arts. 241 e 243 do Regimento Interno da Receita Federal do Brasil Portaria MF nº 203, de 14 de maio de 2012. Art. 241. Às Divisões de Orientação e Análise Tributária Diort, aos Serviços de Orientação e Análise Tributária Seort e às Seções de Orientação e Análise Tributária Saort competem as atividades de orientação e análise tributária, e em especial: V realizar diligências e proceder ao lançamento do crédito tributário, no âmbito de suas competências; Art. 243. Às Divisões de Controle e Acompanhamento Tributário Dicat, aos Serviços de Controle e Acompanhamento Tributário Secat e às Seções de Controle eAcompanhamento Tributário Sacat competem as atividades de controle e acompanhamento tributário e, em especial: IX realizar diligências e proceder o lançamento do crédito tributário, no âmbito de suas competências.(grifo nosso) Em outras palavras, cabe às autoridades eleitas pelos supracitados dispositivos a verificação do fato gerador e a quantificação da obrigação tributária que será atribuída ao contribuinte, com base nos critérios jurídicos indicados no lançamento (CTN, art. 142). A contrario sensu, o CARF não é competente para refazer o lançamento quando alterados os critérios jurídicos utilizados pela autoridade lançadora, porquanto não há lei que assim estipule. A função deste Conselho é definida pelo art. 1º do seu Regimento Interno Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009: Art. 1º O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), órgão colegiado, paritário, integrante da estrutura do Ministério da Fazenda, tem por finalidade julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de primeira instância, bem como os recursos de natureza especial, que versem sobrea aplicação da Fl. 157DF CARF MF 8 legislação referente a tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. Esse entendimento está cristalizado na jurisprudência desta Turma: Assunto: Imposto de Renda Pessoa Física –IRPF Ano calendário: 2002. ERRO ESCUSÁVEL. EXCLUSÃO DA MULTA DE OFÍCIO. Depreendese dos autos que omissão de valores na Declaração de Ajuste Anual da recorrente é fruto de falta de informações prestadas pela Fonte Pagadora, em evidente descumprimento ao disposto no art. 941 do Decreto 3.000/99. INCOMPETÊNCIA DA DRJ PARA LANÇAR MULTA. A DRJ não possui competência para modificar o fundamento do lançamento, pois seu papel é corrigir o lançamento, não refazê lo a partir de esteio inaugural. (CARF. 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da Segunda Sessão. Acórdão nº 2202002.289. Relator Conselheiro Rafael Pandolfo. Julgado em 17/04/13) Diante do exposto, NEGO PROVIMENTO ao Recurso Especial da Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Patrícia da Silva Fl. 158DF CARF MF Processo nº 10830.008056/201073 Acórdão n.º 9202005.642 CSRFT2 Fl. 155 9 Voto Vencedor Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior, Redator designado Com a devida vênia ao posicionamento esposado pela Relatora, ouso discordar no que diz respeito à necessidade de cancelamento do lançamento, na forma proposta pelo Colegiado recorrido. Reitero aqui, inicialmente, com a devida vênia ao posicionamento diverso de alguns Conselheiros desta casa, meu entendimento, já manifestado também na instância ordinária, de desnecessidade de observância obrigatória do decidido pelo STJ no âmbito do REsp 1.118.429/SP no caso sob análise, uma vez se estar a tratar ali, da tributação de benefícios previdenciários recebidos acumuladamente, situação fática notadamente diversa da dos presentes autos, onde não está a ser tratar de qualquer rubrica de benefício, mas sim de diferença remuneratória, auferida através de reclamatória trabalhista. Sem dúvida, reconhecese aqui, em linha com o recorrido, que a matéria sob litígio foi objeto de análise recente pelo STF, no âmbito do RE 614.406/RS, objeto de trânsito em julgado em 11/12/2014, feito que teve sua repercussão geral previamente reconhecida (em 20 de outubro de 2010), obedecida assim a sistemática prevista no art. 543B do Código de Processo Civil vigente. Obrigatória, assim, a observância, por parte dos Conselheiros deste CARF dos ditames do Acórdão prolatado por aquela Suprema Corte em 23/10/2014, a partir de previsão regimental contida no art. 62, §2o. do Anexo II do Regimento Interno deste Conselho, aprovado pela Portaria MF no. 343, de 09 de junho de 2015. Reportandome a este último julgado vinculante, noto, porém, que, ali, se acordou, por maioria de votos, em manter a decisão de piso do TRF4 acerca da inconstitucionalidade do art. 12 da Lei no. 7.713, de 1988, devendo ocorrer, na forma ali determinada, a "incidência mensal para o cálculo do imposto de renda correspondente à tabela progressiva vigente no período mensal em que apurado o rendimento percebido a menor regime de competência (...)", afastandose assim o regime de caixa. Todavia, de se ressaltar aqui também que em nenhum momento se cogita, no Acórdão, de eventual cancelamento integral de lançamentos cuja apuração do imposto devido tenha sido feita obedecendo o art. 12 da referida Lei no. 7.713, de 1988, notese, diploma plenamente vigente na época em que efetuado o lançamento sob análise, o qual, ainda, em meu entendimento, guarda, assim, plena observância ao disposto no art. 142 do Código Tributário Nacional, não se estando destarte, diante de utilização de critério jurídico equivocado ou vício material no lançamento efetuado. A propósito, de se notar que os dispositivos legais que embasaram o lançamento constantes de efl. 14, em nenhum momento foram objeto de declaração de inconstitucionalidade ou de decisão em sede de recurso repetitivo de caráter definitivo que pudesse lhes afastar a aplicação ao caso in concretu. Deflui daquela decisão da Suprema Corte, em meu entendimento, inclusive, o pleno reconhecimento do surgimento da obrigação tributária que aqui se discute, ainda que em montante diverso daquele apurado quando do lançamento, o qual, repitase, obedeceu os estritos ditames da legalidade à época da ação fiscal realizada. Da leitura do inteiro teor do Fl. 159DF CARF MF 10 decisum do STF, é notório que, ainda que se tenha rejeitado o surgimento da obrigação tributária somente no momento do recebimento financeiro pela pessoa física, o que a faria mais gravosa, entendese, ali, inequivocamente, que se mantém incólume a obrigação tributária oriunda do recebimento dos valores acumulados pelo contribuinte pessoa física, mas agora a ser calculada em momento pretérito, quando o contribuinte fez jus à percepção dos rendimentos, de forma, assim, a restarem respeitados os princípios da capacidade contributiva e isonomia. Assim, com a devida vênia ao posicionamento esposado por alguns membros deste Conselho, entendo que, a esta altura, ao se defender a exoneração integral do lançamento, se estaria, inclusive, a contrariar as razões de decidir que embasam o decisum vinculante, no qual, reitero, em nenhum momento, notese, se cogita da inexistência da obrigação tributária/incidência do Imposto sobre a Renda decorrente da percepção de rendimentos tributáveis de forma acumulada. Se, por um lado, manterse a tributação na forma do referido art. 12 da Lei no. 7.713, de 1988, conforme decidido de forma definitiva pelo STF, violaria a isonomia no que tange aos que receberam as verbas devidas "em dia" e ali recolheram os tributos devidos, exonerar o lançamento por completo a esta altura significaria estabelecer tratamento anti isonômico (também em relação aos que também receberam em dia e recolheram devidamente seus impostos), mas em favor daqueles que foram autuados e nada recolheram ou recolheram valores muito inferiores aos devidos, o que deve, em meu entendimento, também se rechaçar. Assim, diante de tais motivos, voto no sentido de dar provimento ao Recurso da Fazenda Nacional, no sentido de determinar a retificação do montante do crédito tributário com a aplicação tanto das tabelas progressivas como das alíquotas vigentes à época da aquisição dos rendimentos (meses em que foram apurados os rendimentos percebidos a menor), ou seja, de acordo com o regime de competência. É como voto. (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior Fl. 160DF CARF MF
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Numero do processo: 11020.003589/2009-22
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Jul 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Aug 30 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2008
REFRIGERANTES, REFRESCOS E NÉCTARES DA POSIÇÃO 2202.10.00. REDUÇÃO DE ALÍQUOTA. CONDIÇÕES. ATO DECLARATÓRIO. PRODUÇÃO DE EFEITOS RETROATIVOS. IMPOSSIBILIDADE.
A redução de 50% das alíquotas do IPI prevista para os produtos da posição 2202.10.00 depende de prévia emissão de ato declaratório da Secretaria da Receita Federal.
Recurso Especial do Contribuinte negado.
Numero da decisão: 9303-005.438
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento. Manifestaram intenção de apresentar declaração de voto as conselheiras Tatiana Midori Migiyama e Vanessa Marini Cecconello.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Andrada Márcio Canuto Natal, Luiz Augusto do Couto Chagas (suplente convocado), Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Erika Costa Camargos Autran.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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FALTA DE RECOLHIMENTO Recorrente NATURAL PRODUCTS IND COM E SERVICOS LTDA Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2008 REFRIGERANTES, REFRESCOS E NÉCTARES DA POSIÇÃO 2202.10.00. REDUÇÃO DE ALÍQUOTA. CONDIÇÕES. ATO DECLARATÓRIO. PRODUÇÃO DE EFEITOS RETROATIVOS. IMPOSSIBILIDADE. A redução de 50% das alíquotas do IPI prevista para os produtos da posição 2202.10.00 depende de prévia emissão de ato declaratório da Secretaria da Receita Federal. Recurso Especial do Contribuinte negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento. Manifestaram intenção de apresentar declaração de voto as conselheiras Tatiana Midori Migiyama e Vanessa Marini Cecconello. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza – Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 00 35 89 /2 00 9- 22 Fl. 1828DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Andrada Márcio Canuto Natal, Luiz Augusto do Couto Chagas (suplente convocado), Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Erika Costa Camargos Autran. Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto tempestivamente pela contribuinte contra o Acórdão nº 3302002.212, de 26/06/2013, proferido pela 2ª Turma da 3ª Câmara da Terceira Seção do CARF, que fora assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2008 REDUÇÃO DE ALÍQUOTA. A redução de 50% da alíquota incidente nas saídas de refrigerantes da posição 2202 da TIPI está condicionada à emissão prévia de ato declaratório pela RFB reconhecendo o direito a utilização desse benefício. EFEITOS DOS ATOS DECLARATÓRIOS EXECUTIVOS DE RECONHECIMENTO DO DIREITO DE REDUÇÃO DE IPI. A inexistência de manifestação de inconformidade, nos processos específicos de petição de reconhecimento de direito da redução de alíquota de IPI conforme NC 221, capítulo 22 da TIPI, contra o “dies a quo” definido nos Atos Declaratórios Executivos exarados pela autoridade competente, tornaos atos perfeitos e vigentes, sendo impossível reformálos no âmbito de processo de lançamento decorrente dos efeitos definidos nos mesmos. ALEGAÇÕES DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. A autoridade administrativa não é competente para examinar alegações de ilegalidade/inconstitucionalidade de leis regularmente editadas, tarefa privativa do Poder Judiciário. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. PREVISÃO LEGAL. A exigência de juros moratórios calculados pela taxa SELIC encontra respaldo na legislação de regência, não podendo a autoridade administrativa afastar a sua aplicação. Recurso Voluntário Negado. Irresignada, a Recorrente se insurgiu contra o entendimento esposado no acórdão recorrido quanto aos requisitos para a saída de refrigerantes e refrescos contendo suco de fruta ou extrato de sementes de guaraná, classificados no código 2202.10.00, com redução de 50% na alíquota do IPI. Alega divergência com relação ao que decidido nos Acórdãos nº 20207.657 e 20177.930. Fl. 1829DF CARF MF Processo nº 11020.003589/200922 Acórdão n.º 9303005.438 CSRFT3 Fl. 1.829 3 O exame de admissibilidade do recurso encontrase às fls. 1814/1816. Intimada, a Procuradoria apresentou contrarrazões ao recurso especial (fls. 1820/1826). É o Relatório. Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator Presentes os demais requisitos de admissibilidade, entendemos que o recurso especial interposto pela contribuinte deve ser conhecido. Com relação ao tema nele proposto, enquanto o acórdão recorrido entendeu que o benefício fiscal tratado nos autos – a redução de 50% das alíquotas do IPI, para os produtos da posição 2202.10.00 –, dependeria de prévia emissão de ato declaratório da Receita Federal, o paradigma concluiu não representar a perda do mesmo direito à redução a inexistência de declaração da SRF, se fosse patente o cumprimento dos requisitos ínsitos na NC 221 da TIPI/98 (o art. 57 do RIPI/98 e o art. 65 do RIPI/2002 têm a mesma redação, o que viabiliza a admissibilidade do recurso). Contudo, embora conhecido, é de se negar provimento ao recurso especial. É o que se passa a demonstrar. A Norma Complementar NC nº 221 à Tabela de Incidência do IPI TIPI tem a seguinte redação: “NC (221). Ficam reduzidas de cinqüenta por cento as alíquotas do IPI relativas aos refrigerantes e refrescos, contendo suco de fruta ou extrato de sementes de guaraná, classificados no código 2202.10.00, que atendam aos padrões de identidade e qualidade exigidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e estejam registrados no órgão competente desse Ministério.” Já o art. 65 do Decreto n° 4.544, de 26 de dezembro de 2002 (RIPI/2002), vigente à época dos fatos, exigia declaração prévia da SRF, hoje RFB: “Art. 65. Haverá redução: I das alíquotas de que tratam as Notas Complementares NC (211) e NC (221) da TIPI, que serão declaradas, em cada caso, pela SRF, após audiência do órgão competente do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento MAPA, quanto ao cumprimento dos requisitos previstos para a concessão do benefício;(...)” (g.n.) Portanto, inexistindo a declaração de que trata o dispositivo acima, não há como dar guarida à pretensão recursal, tanto que a Portaria Interministerial nº 113, de 04 de Fl. 1830DF CARF MF 4 março de 1977, obriga o órgão local da Receita Federal a informar os antecedentes fiscais do requerente no processo que deverá ser encaminhado ao órgão local do Ministério da Agricultura, com posterior retorno para a emissão do competente Ato Declaratório, evidenciando a necessidade de prévia expedição do ato administrativo como condição ao aproveitamento da redução (a redução de alíquotas aqui tratada foi estabelecida no Decreto nº 75.569, de 25 de abril de 1975). Confirase: Art. 1º. Consideramse incluídos no destaque ("ex") constante do Anexo V do Decreto nº 75.659, de 25 de abril de 1975, com a redação que lhe foi dada pelo Decreto nº 75.808, de 2 de junho de 1975, os refrigerantes e refrescos, naturais, que contenham extrato de semente, de acordo com os padrões fixados pelo Ministério da Agricultura, e que possuam "Certificado de Registro" expedido pelo órgão competente daquele Ministério. Art. 2º. A redução de alíquota conferida pelo artigo 1º do Decreto número 75.659, de 25 de abril de 1975, relativas a bebidas incluídas no destaque constante no Anexo a que se refere o artigo anterior, será declarada pela Secretaria da Receita Federal, em cada caso, após audiência do órgão competente do Ministério da Agricultura quanto à conformidade do produto com as características exigidas nos padrões de identidade e qualidade estabelecidas pelo Decreto número 73.267, de 6 de dezembro de 1973, e pelos atos complementares baixados por aquele Ministério. Art. 3º. Os Ministros da Fazenda e Agricultura expedirão as normas complementares necessárias a execução do disposto neste Decreto. Art. 4º. Este Decreto entrará em vigor na data de sua publicação, salvo quanto ao disposto em seu artigo 2º, que vigorará a partir de 1 de novembro de 1976. (g.n.) Em recente decisão que relatamos, esta mesma Turma também assim decidiu: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/04/2006 a 30/09/2006 REFRIGERANTES, REFRESCOS E NÉCTARES DA POSIÇÃO 2202.10.00. REDUÇÃO DE ALÍQUOTA. CONDIÇÕES. ATO DECLARATÓRIO. PRODUÇÃO DE EFEITOS RETROATIVOS. IMPOSSIBILIDADE. A redução de 50% das alíquotas do IPI prevista para os produtos da posição 2202.10.00 depende de prévia emissão de ato declaratório da Secretaria da Receita Federal. PRODUTOS DE HIGIENIZAÇÃO. LEGISLAÇÃO DE IPI. CREDITAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. Não são produtos intermediários, para fins de creditamento do IPI, os produtos de limpeza utilizados em máquinas, equipamentos e em vasilhames utilizados na industrialização de refrigerantes. Fl. 1831DF CARF MF Processo nº 11020.003589/200922 Acórdão n.º 9303005.438 CSRFT3 Fl. 1.830 5 Recurso Especial do Contribuinte negado (Acórdão nº 9303005.162, 17/05/2017). Ante o exposto, conheço do recurso especial e, no mérito, negolhe provimento. É como voto. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 1832DF CARF MF 6 Declaração de Voto Conselheira Tatiana Midori Migiyama. Em análise dos autos do processo, especificamente a matéria trazida em Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo, peço vênia ao ilustre Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, que tanto abrilhanta esse Colegiado com suas ricas ponderações, para manifestar meu entendimento em relação a fruição do benefício fiscal – redução de 50% das alíquotas de IPI para os produtos da posição 2202.10.00. Eis que entendo que assiste razão ao sujeito passivo, pois inegável que é o órgão do Ministério MAPA que atesta a presença dos requisitos e a possibilidade de classificação do produto, com o seu consequente enquadramento nas Notas Complementares beneficiadas com a redução do imposto, tendo o Ato emitido pela Receita Federal apenas efeito declaratório. Tanto é assim que a própria Cosit – Coordenação Geral de Tributação veio a esclarecer esse entendimento em Solução de Consulta Cosit 92, de 31 de março de 2015. Traz a Solução de Consulta Cosit em sua ementa (Grifos meus): “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI REDUÇÃO OBJETIVA. ALÍQUOTA. REFRIGERANTES E REFRESCOS. As pessoas jurídicas que industrializam refrigerantes e refrescos têm direito à redução da alíquota do IPI prevista na NC (221) da Tipi, desde que atendidas as condições previstas nessa nota complementar e na Instrução Normativa RFB nº 1.185 de 26 de agosto de 2011. Não há que ser feita qualquer solicitação à Secretaria da Receita Federal do Brasil pelo fabricante para que os mencionados produtos possam gozar dessa redução objetiva.” Tal Solução traz como fundamentos: “[...] Fl. 1833DF CARF MF Processo nº 11020.003589/200922 Acórdão n.º 9303005.438 CSRFT3 Fl. 1.831 7 iii) publicação da Instrução Normativa RFB nº 1.185 de 26 de agosto de 2011, que “dispõe sobre a redução da alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) aplicável a refrigerante, refresco e extrato concentrado para elaboração de refrigerante que contenham suco de fruta ou extrato de sementes de guaraná em sua composição”. 21. Com isso, notase que, nos termos da Instrução Normativa RFB nº 1.185 de 2011, publicada posteriormente à apresentação da consulta, não há que ser feita qualquer solicitação à Secretaria da Receita Federal do Brasil pelo fabricante de refrigerantes e refrescos para que esses produtos possam gozar da redução objetiva do IPI prevista na NC (221) da Tipi. 22. Nesse sentido dispôs o Parecer Normativo Cosit nº 28, de 20 de dezembro de 2013: 5. Nos termos do art. 1º do Decreto nº 8.017, de 2013, foi criada a Nota Complementar NC (211) no Capítulo 21 da Tabela de Incidência do IPI (Tipi), aprovada pelo Decreto nº 7.660, de 2011, nota esta que reduz as alíquotas do IPI relativas aos extratos concentrados para elaboração de refrigerantes classificados nos “ex” 01 e 02 do código 2106.90.10, desde que atendam aos padrões de identidade e qualidade exigidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e estejam registrados no órgão competente daquele Ministério. 6. A redução referida no item 5, nos termos do art. 1º da Instrução Normativa RFB nº 1.185, de 26 de agosto de 2011, independe de requerimento do fabricante e do reconhecimento por parte da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), devendo, no entanto, ser observada Fl. 1834DF CARF MF 8 especificação expedida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), quanto aos produtos que atendem ao disposto nas Notas Complementares NC (211) e NC (221) da Tipi, conforme o parágrafo único do mesmo art. 1º. [...]” Tal solução entendeu que a fruição do benefício independe do reconhecimento por parte da Receita Federal do Brasil, mas sim do atestado do MAPA. O que ocorreu no caso vertente. O Parecer Normativo Cosit 28 citado nos fundamentos da r. solução de consulta apenas ratificou que o Ato da Receita Federal somente possui efeito declaratório, e não constitutivo, tal como trouxe o próprio art. 65 do Decreto 4.544/02 (vigente à época dos fatos – Grifos meus): “Art. 65. Haverá redução: I das alíquotas de que tratam as Notas Complementares NC (211) e NC (221) da TIPI, que serão declaradas, em cada caso, pela SRF, após audiência do órgão competente do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento MAPA, quanto ao cumprimento dos requisitos previstos para a concessão do benefício;(...)” (g.n.) Por esse dispositivo, resta claro que o Ato da Receita Federal do Brasil possui caráter declaratório e que o órgão responsável por atestar o cumprimento dos requisitos para a fruição do benefício é o MAPA. Tal como clarificou a Cosit em solução de consulta e pela IN 1.185/2011. Cabe esclarecer ainda que a IN SRF 1396/2013, que dispõe, entre outros, sobre o processo de consulta relativo à interpretação da legislação tributária, traz em seu art. 9º Fl. 1835DF CARF MF Processo nº 11020.003589/200922 Acórdão n.º 9303005.438 CSRFT3 Fl. 1.832 9 que a solução de consulta Cosit tem efeito vinculante perante a Receita Federal do Brasil e resguardam o sujeito passivo que as aplicar, independentemente de ser o consulente, desde que se enquadre na hipótese por elas abrangida e a solução seja publicada a partir de 17.9.2013 – o que é o caso, pois é de 2015. Ademais, importante trazer também o entendimento exposto pelo ilustre Conselheiro Demes Brito constante do acórdão 9303004.143 – o que peço vênia para transcrever parte: “[...] Além disso, não se pode deixar de se referir que os mesmos produtos também tiveram o benefício de redução de alíquota reconhecido pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, por meio das Delegacias da Receita Federal do Brasil de Porto Alegre e Santo Ângelo. Conforme conta no Ato Declaratório Executivo DRF/POA nº 111, de 18 de maio de 2007, e o Ato Declaratório Executivo nº 10, também de 18 de maio de 2007, foi reconhecido em favor de duas filiais da contribuinte o direito à aplicar a redução de alíquota de 50% para produtos idênticos àqueles cujas operações realizadas deram azo ao lançamento em discussão. Para tanto, entendo que para melhor solução da divergência, é importante lembrar que a redução de alíquota sob análise tem como requisito a concessão do registro do produto pelo Ministério da Agricultura. Logo, o que constitui o direito da contribuinte ao benefício fiscal é a constatação dos requisitos pelo MAPA, ressalvando que a expedição de Ato declaratório Executivo a partir da solicitação da contribuinte é formalidade complementar a ser cumprida, contudo, é de se observar que todos os contribuintes devem obedecer aos comandos e normas para usufruírem da redução pretendida. Nada obstante, penso de modo isolado, neste caso, que a contribuinte não pode ser punida. Nestes termos, o registro do produto somente é conferido após o órgão atestar que o item submetido à sua análise atendia aos padrões de identidade Fl. 1836DF CARF MF 10 e qualidade exigidos pelo Ministério para registro do produto como tal (refrigerantes). Ressaltase que estes critérios intrínsecos foram, no caso dos produtos da contribuinte, analisados e atestados pelo Ministério, tendo sido expedidos os respectivos registros dos produtos, conforme demonstrado no quadro acima. Conforme verifico nos autos, a contribuinte protocolou o pedido junto a Receita Federal pleiteando a redução do imposto. Neste ponto, penso que a declaração da SRF que reconhece o benefício fiscal em razão da constatação do preenchimento dos requisitos pelo Ministério da Agricultura tem efeito declaratório, conforme dispõe o artigo 50 e 336 do Decreto 84.637/80: “Art. 50: O artigo 336 do Regulamento do Imposto sobre Produtos Industrializados aprovado pelo Decreto n.º 83.263, de 9 de março de 1979, passa a vigorar com a seguinte redação: "Art. 336: As reduções de alíquotas de que tratam as Notas Complementares NC (211) e NC (222) da Tabela serão declaradas, em cada caso, pela Secretaria da Receita Federal,após audiência do órgão competente do Ministério da Agricultura quanto ao cumprimento dos requisitos previstos para a concessão do benefício. Parágrafo único. Os Ministros da Fazenda e da Agricultura poderão expedir normas complementares para execução do disposto neste artigo." Destaco ainda, a similaridade dos dispositivos legais que permanecem irradiar efeitos mesmo com alterações posteriores, sendo que a redação dos Regulamentos do IPI de 1998 e de 2002 – aplicáveis ao período guerreado, são no seguinte sentido, verbis: [...] Como bem se observa, tornase clara a natureza declaratória do Pedido de Redução de alíquota objeto da lide, apesar da contribuinte não ter obedecido todos os comandos legais, mesmo assim, esta coerente com as demais disposições normativas, no sentido de que a Secretaria da Receita tem como função validar somente o procedimento, pois a questão técnica de verificar o cumprimento dos requisitos exigidos dos produtos é o MAPA que irá constatar a presença dos requisitos e a possibilidade de classificação como “refrigerantes/produtos”, com o conseqüente enquadramento dos Fl. 1837DF CARF MF Processo nº 11020.003589/200922 Acórdão n.º 9303005.438 CSRFT3 Fl. 1.833 11 produtos nas Notas Complementares beneficiadas, o que em via reflexa ocasiona a redução do imposto. E nem poderia ser diferente, considerando a capacidade técnica do MAPA para efetivar as análises referentes às características e os padrões de qualidade e identidade, que são exigíveis para classificação de produtos do gênero. Portanto, entendo que o pedido de Redução de alíquota condicionado ao Ato Declaratório junto a Receita Federal, tratase de natureza declaratória e não constitutiva. Nesta linha, nos autos do processo nº 139.004154/200230, o colegiado decidiu por maioria de votos que não representa perda do direito à redução da alíquota do IPI a inexistência de Ato Declaratório para SRF. Vejamos: "IPI. REFRIGERANTES, REFRESCOS E NÉCTARES DA POSIÇÃO 2202.10.00. REDUÇÃO DE ALÍQUOTA. ARTIGO 57 DO RIPI/98, C/C A NC 221 DA TIP1198. Não representa perda do direito à redução da alíquota a inexistência da declaração da SRF relativa à permissão ao exercício do direito, se este é patente pelo cumprimento dos requisitos mitos na NC 221 da TIPI/98. Recurso provido." Por todo o exposto, vêse claro que não há que ser feita qualquer solicitação à Secretaria da Receita Federal do Brasil pelo fabricante para que os mencionados produtos possam gozar dessa redução objetiva. E, considerando ainda se tratar da mesma hipótese apreciada em Solução de Consulta Cosit, que possui efeito vinculante perante a Secretaria da Receita Federal, Parecer Cosit e legislação vigente à época, é de se entender que o efetivo enquadramento para a fruição do benefício já havia sido atestado pelo órgão legítimo – MAPA. O que, por conseguinte, é de se dar provimento ao recurso interposto pelo sujeito passivo. É o meu voto. Fl. 1838DF CARF MF 12 (assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama Fl. 1839DF CARF MF Processo nº 11020.003589/200922 Acórdão n.º 9303005.438 CSRFT3 Fl. 1.834 13 DECLARAÇÃO DE VOTO Conselheira Vanessa Marini Cecconello Com a devida vênia ao excelente voto do Ilustre Conselheiro Relator, ousei divergir do seu entendimento, por entender assistir razão à Contribuinte, conforme razões que são aqui declaradas. A controvérsia posta no recurso especial interposto pela Contribuinte delimitase à averiguarse a obrigatoriedade da apresentação do ato declaratório previsto no art. 65, inciso I do Decreto nº 4.544/2002 (Regulamento do Imposto sobre Produtos Industrializados RIPI/2002), vigente à época dos fatos, para usufruir da redução de 50% (cinquenta por cento) das alíquotas do IPI relativas aos produtos classificados no código 2202.10.00 que atendam a requisitos específicos previstos na NC 221 da TIPI/2002. O auto de infração abrange os fatos geradores compreendidos no período de janeiro de 2005 a dezembro de 2008. Os dispositivos legais pertinentes à análise da matéria, à época dos fatos geradores, possuíam a seguinte redação: Decreto nº 4.544/2002 (RIPI/2002) Art. 65. Haverá redução: I das alíquotas de que tratam as Notas Complementares NC (211) e NC (221) da TIPI, que serão declaradas, em cada caso, pela SRF, após audiência do órgão competente do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento MAPA, quanto ao cumprimento dos requisitos previstos para a concessão do benefício; e [...] Decreto nº 4.542/2002 (TIPI/2002), posteriormente alterada pelo Decreto nº 6.006/2006 (TIPI/2006) Nota Complementar (NC) da TIPI Fl. 1840DF CARF MF 14 NC (221) Ficam reduzidas de cinqüenta por cento as alíquotas do IPI relativas aos refrigerantes e refrescos, contendo suco de fruta ou extrato de sementes de guaraná, classificados no código 2202.10.00, que atendam aos padrões de identidade e qualidade exigidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e estejam registrados no órgão competente desse Ministério. Inferese das normas constituírem requisitos para a obtenção da redução de alíquotas que os produtos classificados no código 2202.10.00 atendam aos padrões de identidade e qualidade exigidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento MAPA e estejam registrados no referido órgão. A declaração a ser expedida pela Secretaria da Receita Federal não é requisito indispensável para a fruição do benefício da redução das alíquotas, sendo obrigatório tão somente o atendimento aos requisitos exigidos pelo MAPA. Tanto é assim que, como condição de validade do ato declaratório a ser expedido pela SRF, a Autoridade Administrativa deverá observar se foram atendidos pelos produtos os citados padrões do MAPA. Na definição da possibilidade de redução das alíquotas no caso em exame não há espaço para discricionariedade da Secretaria da Receita Federal, pois uma vez atestado pelo MAPA estarem preenchidos os padrões de qualidade e identidade por ele exigidos, ficará a SRF obrigada à expedição do ato declaratório. Os produtos fabricados pela Contribuinte, que foram objeto de autuação, encontravamse registrados no MAPA (fls. 1.591 a 1.624), com os respectivos certificados emitidos pelo órgão atestando o atendimento às exigências por ele impostas para fruição do benefício da redução das alíquotas do IPI em 50% (cinquenta por cento). Portanto, no período compreendido pela autuação, todos os produtos da Contribuinte e objeto de operações de saída com redução da alíquota do IPI em 50% (cinquenta por cento) preenchiam as condições previstas na NC 221 da TIPI/2002 para fazer jus à benesse fiscal. Nessa linha relacional, consignese ter sido dispensado pelo Regulamento do Imposto sobre Produto Industrializado em vigor (Decreto nº 7.212/2010) o ato declaratório expedido pela SRF para fruição do benefício da redução de alíquota, bastando a conferência junto ao site do MAPA para verificação do atendimento das condições previstas na NC 221 da TIPI. Além disso, ainda que permanecesse o entendimento de ser imprescindível ato declaratório da SRF, há de ser considerado que, conforme afirmado no recurso especial, a Fl. 1841DF CARF MF Processo nº 11020.003589/200922 Acórdão n.º 9303005.438 CSRFT3 Fl. 1.835 15 Recorrente obteve o direito à fruição do benefício da redução de alíquotas de IPI em 50% (cinquenta por cento) para os produtos por ela fabricados e que foram objeto da autuação, por meio dos Atos Declaratórios Executivos nºs 56, de 02/09/2009 e 63, de 14/09/2009, expedidos pela Delegacia da Receita Federal em Caxias do Sul/RS, por meio dos quais reconheceu o direito à redução da alíquota do IPI. Embora os Atos Declaratórios referidos tenham produzido efeitos tão somente após a sua publicação, em 04/09/2009 (ADE nº 56) e 17/09/2009 (ADE nº 63), e não nas datas dos registros de tais produtos no MAPA, os mesmos atestaram terem a Contribuinte atendido aos padrões de identidade e qualidade exigidos pelas normas vigentes. Para evidenciar as assertivas postas na presente declaração de voto, pertinente transcrever o teor dos Atos Declaratórios constantes dos autos: ATO DECLARATÓRIO EXECUTIVO Nº 56 (fl. 1.589 e publicação à fl. 1590) Fl. 1842DF CARF MF 16 A expedição dos atos declaratórios pela Secretaria da Receita Federal, portanto, evidencia a preexistência dos requisitos estabelecidos na NC 221 da TIPI/2002 para concessão do benefício da redução da alíquota do IPI em 50% (cinquenta por cento), desde a data em que concedidos os registros dos produtos junto ao MAPA, desde agosto de 2001 (fl. 1624), momento anterior à lavratura do auto de infração. Conforme entendimento do Superior Tribunal de Justiça exarado no julgamento do recurso especial nº 1525653, o ato administrativo de natureza declaratória apenas declara um direito preexistente e tem efeitos "ex tunc", com eficácia desde a data em que se encontravam preenchidos os requisitos para a fruição do benefício fiscal. Essa é a lição extraída da decisão monocrática proferida pelo STJ no recurso especial referido, in verbis: ATO DECLARATÓRIO EXECUTIVO Nº 63 (fl. 1.593) Fl. 1843DF CARF MF Processo nº 11020.003589/200922 Acórdão n.º 9303005.438 CSRFT3 Fl. 1.836 17 PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. MANDADO DE SEGURANÇA EM QUE SE DISCUTE SOBRE OS EFEITOS DA CONCESSÃO DE ISENÇÃO DO IPVA (SE DEVE SER CONCEDIDA A ISENÇÃO COM EFEITOS EX NUNC OU SE COM EFEITOS RETROATIVOS À DATA EM QUE A PESSOA REUNIU OS PRESSUPOSTOS LEGAIS PARA O RECONHECIMENTO DO BENEFÍCIO). PREMISSAS FÁTICAS INCONTROVERSAS NOS AUTOS E DELINEADAS NO ACÓRDÃO DO TRIBUNAL DE ORIGEM. INAPLICABILIDADE DA SÚMULA 7 DO STJ. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO. I. Hipótese em que o Tribunal de origem denegou a segurança, em que se requer a isenção do IPVA de veículos da impetrante, relativo ao ano de 2011, porquanto, de acordo com a autoridade impetrada, fora o pedido indeferido, visto que a requerente postulara o benefício fora do prazo legal. Provido o Recurso Especial, monocraticamente, interpõe a Fazenda do Estado de São Paulo Agravo Regimental. II. Embora a Súmula 7 do STJ impeça o reexame de matéria fática, a referida Súmula não impede a intervenção desta Corte, quando há errônea valoração jurídica de fatos incontroversos nos autos e delineados no acórdão do Tribunal de origem. III. Na decisão agravada, com simples revaloração jurídica das circunstâncias fáticas da causa, o Recurso Especial foi conhecido e provido, para reformar o acórdão do Tribunal de origem que entendera pela impossibilidade de retroação dos efeitos da isenção à data de inicio da vigência do contrato de prestação de serviço público de transporte coletivo , porquanto o referido acórdão divergiu da orientação jurisprudencial predominante no STJ, no sentido de que o ato declaratório da concessão de isenção tem efeito retroativo à data em que a pessoa reuniu os pressupostos legais para o reconhecimento do benefício. Precedentes do STJ: AgRg no REsp 1.170.008/SP, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, DJe de 30/03/2010; AgRg no AREsp 145.916/SP, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, DJe de 21/05/2012. IV. Agravo Regimental improvido. (AgRg no REsp 1525653/SP, Rel. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, SEGUNDA TURMA, julgado em 09/06/2015, DJe 22/06/2015) (grifouse) No mesmo sentido, é o julgado proferido no AgRg no REsp 1.170.008/SP, de relatoria do Ministro Humberto Martins, in verbis: TRIBUTÁRIO – IPVA – ISENÇÃO CONDICIONADA – ATO ADMINISTRATIVO – NATUREZA DECLARATÓRIA – EFEITOS EX TUNC – Fl. 1844DF CARF MF 18 INEXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO – RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO. DECISÃO [...] Não merece prosperar o presente recurso especial. A recorrente aduz em seu apelo que a concessão de isenção de IPVA só se aplica para exercícios futuros, não contemplando o ano em que referido benefício foi deferido (2004), pois protelouse o contribuinte em solicitar a referida benesse (26.10.2004), requerendo após a ocorrência do fato gerador, impossibilitando sua outorga. É incontroverso na lide que a parte recorrida preenche os requisitos para a concessão da isenção. A questão cingese, no entanto, quanto aos efeitos da concessão isentiva: a) refletemse nos exercícios futuros para concedêla tão somente a partir do deferimento do pedido de isenção; ou b) retroage abarcando momento anterior ao requerimento. Como bem mencionou a sentença (fl. 75e) – plenamente confirmada pelo acórdão recorrido –, o despacho que concede a isenção tem caráter meramente declaratório, "... não sendo constitutivo de direito, e não gera direito adquirido, pois, caso venha a ser comprovado que a pessoa isenta não cumpriu ou deixou de cumpri as condições legais, perde ela a desoneração legal...". Nesse sentido, Hugo de Brito Machado assim leciona: "Na verdade, o direito à isenção decorre do atendimento das condições ou requisitos legalmente exigidos para esse fim. O ato administrativo é simplesmente declaratório desse direito. O ato administrativo que defere o pedido de isenção tributária apenas reconhece que a norma isentiva incidiu, ou que as condições de fato, anunciadas para futura ocorrência, configuram sua hipótese de incidência, e que, portanto, uma vez concretizadas, ela incidirá. Esse ato administrativo tem, assim, natureza simplesmente declaratória, tal como ocorre com o lançamento tributário. Por isto, se uma norma isentiva incidiu, fez nascer o direito à isenção, de sorte que haverá de ser aplicada aos fatos contemporâneos à sua vigência, ainda que posteriormente modificada ou revogada. (...) Anulado, ou cancelado, o despacho que reconhece o direito à isenção, a Fazenda Pública providenciará a constituição do crédito tributário respectivo, que será acrescido dos juros de mora (...). (...) Sendo meramente declaratório o ato administrativo que defere isenção, ou reconhece existentes as condições que a lei estabelece para o gozo desta, os seus efeitos retroagem à data dos fatos sobre os quais incidiu a norma isentiva" (In Curso de Direito Tributário, Malheiros Editores, 20ª Edição). Fl. 1845DF CARF MF Processo nº 11020.003589/200922 Acórdão n.º 9303005.438 CSRFT3 Fl. 1.837 19 Com efeito, não há o que infirmar no acórdão recorrido, pois que o ato administrativo da concessão de isenção tributária apenas proclamou situação preexistente capaz de conceder ao contribuinte o benefício fiscal. Mutatis mutandis, verificase semelhança com a jurisprudência firmada nesta Corte que concede isenções previdenciárias anteriores à expedição do certificado que reconhece a entidade como filantrópica, de utilidade pública, porquanto este certificado possui efeitos ex tunc, por se tratar de um ato declaratório. [...] Dessa forma, tenho que, efetivamente, são inexigíveis os supostos créditos discutidos nos autos. Ante o exposto, com base no art. 557, caput, do CPC, nego provimento ao recurso especial. [...] (grifouse) Ainda, os argumentos aqui expendidos vêm reforçados pelo fato de que produtos idênticos fabricados pela Contribuinte classificados no código 2202.10.00, e sujeitos às mesmas operações que foram objeto do presente auto de infração, obtiveram o reconhecimento pela Secretaria da Receita Federal do benefício da redução de alíquotas, por meio de atos declaratórios expedidos pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em Caxias do Sul, conforme consta dos Atos Declaratórios Executivos DRF/CXL nºs 13 e 14, de 22 de março de 2004, publicados no D.O.U de 24/03/2004 (fls. 1.617 a 1.624), reconhecendo o direito de redução de 50% da alíquota do IPI, a partir de 22/03/2001 e de 13/0812001, para os produtos registrados no Ministério da Agricultura e do Abastecimento sob os ns. RS 10220.000059 e 10220.000551, respectivamente, acondicionados em tipo "tetrapack, de 200, 250 e 1.000ml." Os referidos atos declaratórios, portanto, foram expedidos com efeitos retroativos, já que os produtos foram registrados no MAPA em 22/03/2001 e 13/08/2001. Corroborando as alegações expendidas na presente declaração de voto, importa destacar que a declaração expedida pela Secretaria da Receita Federal, como condição para fruição do benefício da redução da alíquota do IPI, deixou de ser exigida a partir da vigência do atual Regulamento do IPI, aprovado pelo Decreto nº 7.212, de 15 de outubro de 2010. Além disso, por meio da edição da Instrução Normativa RFB nº 1.185, de 26/08/2011, dispondo sobre a redução da alíquota do IPI aplicável a refrigerante, refresco e Fl. 1846DF CARF MF 20 extrato concentrado para elaboração de refrigerante que contenham suco de fruta ou extrato de sementes de guaraná para a sua composição, foi estabelecido que a redução de 50% da alíquota do IPI não mais depende de pedido do fabricante e de reconhecimento pela Secretaria da Receita Federal, desde que observadas as especificações do MAPA e os produtos atendam ao disposto nas Notas Complementares NC (211) e NC (221) da TIPI. Portanto, estando preenchidos os requisitos estabelecidos pelo MAPA, há de ser reconhecido o direito da Recorrente à fruição do benefício da redução de alíquota de 50% do IPI para os produtos classificados no código 2202.10.00, nos termos da NC 221 da TIPI. Diante do exposto e compartilhando dos argumentos expendidos pela Nobre Conselheira Tatiana Midori Migiyama em declaração de voto, entendi pelo provimento do recurso especial da Contribuinte. É o Voto. (assinado digitalmente) Vanessa Marini Cecconello Fl. 1847DF CARF MF
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