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Numero do processo: 10920.722324/2011-35
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 08 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Nov 27 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2007 a 30/11/2008
Ementa:
SIMULAÇÃO. DESCONSIDERAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE FATO.
Deve ser desconsiderada a pessoa jurídica inexistente de fato, atribuindo-se os fatos geradores às pessoas efetivamente tomadoras dos serviços dos segurados empregados.
MULTA. RETROATIVIDADE BENIGNA. MP 449/08. COMPARAÇÃO DE MULTAS.
A análise da multa mais benéfica ao sujeito passivo, no caso de lançamento de oficio relativo a fatos geradores ocorridos antes de 12/2008, deverá ser realizada mediante confronto, por competência, entre a penalidade prevista no inciso I do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, introduzida pelo art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, e o somatório das penalidades calculadas com base na legislação vigente à época do fato gerador, isto é: multas pelo descumprimento de obrigações acessórias, nos moldes dos §§ 4º a 6º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, e a multa do inciso II do art. 35 dessa mesma Lei, imposta na autuação correlata pelo descumprimento de obrigação principal.
Numero da decisão: 2202-004.687
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso, vencidos os conselheiros Dilson Jatahy Fonseca Neto (relator), Júnia Roberta Gouveia Sampaio e Martin da Silva Gesto, que deram provimento parcial ao recurso no que diz respeito à multa aplicada. Designado para redigir o voto vencedor a conselheira Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez.
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson- Presidente..
(Assinado digitalmente)
Junia Roberta Gouveia Sampaio- Redatora ad hoc.
(assinado digitalmente)
Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Redatora designada
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (suplente convocada), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto e Ronnie Soares Anderson.
Nome do relator: DILSON JATAHY FONSECA NETO
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2007 a 30/11/2008 Ementa: SIMULAÇÃO. DESCONSIDERAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE FATO. Deve ser desconsiderada a pessoa jurídica inexistente de fato, atribuindo-se os fatos geradores às pessoas efetivamente tomadoras dos serviços dos segurados empregados. MULTA. RETROATIVIDADE BENIGNA. MP 449/08. COMPARAÇÃO DE MULTAS. A análise da multa mais benéfica ao sujeito passivo, no caso de lançamento de oficio relativo a fatos geradores ocorridos antes de 12/2008, deverá ser realizada mediante confronto, por competência, entre a penalidade prevista no inciso I do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, introduzida pelo art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, e o somatório das penalidades calculadas com base na legislação vigente à época do fato gerador, isto é: multas pelo descumprimento de obrigações acessórias, nos moldes dos §§ 4º a 6º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, e a multa do inciso II do art. 35 dessa mesma Lei, imposta na autuação correlata pelo descumprimento de obrigação principal.
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DESCONSIDERAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE FATO. Deve ser desconsiderada a pessoa jurídica inexistente de fato, atribuindose os fatos geradores às pessoas efetivamente tomadoras dos serviços dos segurados empregados. MULTA. RETROATIVIDADE BENIGNA. MP 449/08. COMPARAÇÃO DE MULTAS. A análise da multa mais benéfica ao sujeito passivo, no caso de lançamento de oficio relativo a fatos geradores ocorridos antes de 12/2008, deverá ser realizada mediante confronto, por competência, entre a penalidade prevista no inciso I do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, introduzida pelo art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, e o somatório das penalidades calculadas com base na legislação vigente à época do fato gerador, isto é: multas pelo descumprimento de obrigações acessórias, nos moldes dos §§ 4º a 6º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, e a multa do inciso II do art. 35 dessa mesma Lei, imposta na autuação correlata pelo descumprimento de obrigação principal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso, vencidos os conselheiros Dilson Jatahy Fonseca Neto (relator), Júnia Roberta Gouveia Sampaio e Martin da Silva Gesto, que deram provimento parcial ao recurso no que diz respeito à multa aplicada. Designado para redigir o voto vencedor a conselheira Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 0. 72 23 24 /2 01 1- 35 Fl. 1005DF CARF MF Processo nº 10920.722324/201135 Acórdão n.º 2202004.687 S2C2T2 Fl. 1.006 2 (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Presidente.. (Assinado digitalmente) Junia Roberta Gouveia Sampaio Redatora ad hoc. (assinado digitalmente) Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Redatora designada Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (suplente convocada), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto e Ronnie Soares Anderson. Relatório Como Redatora ad hoc, sirvome da minuta de acórdão inserida pelo Relator no repositório oficial do CARF Tratase, em breves linhas, de auto de infração lavrado em desfavor da Contribuinte para constituir crédito tributário de Contribuições Sociais Previdenciárias. Intimada, a Contribuinte protocolou impugnação. A DRJ manteve integralmente o crédito tributário. Inconformada, interpôs recurso voluntário, ora levado a julgamento. Feito o breve resumo da lide, passo ao relatório pormenorizado dos autos. Em 28/10/2011 foram lavrados os autos de infração DEBCAD nº 37.326.4836 (fl. 71/94) e nº 37.326.4844 (fl. 95/112). Conforme o relatório fiscal (fls. 46/70 e docs. anexos fls. 3/45 e 113/803), "DEBCAD 37.326.4836 – Referese ao débito proveniente de contribuições previdenciárias devidas: à Seguridade Social, relativamente às parcelas a cargo da empresa sobre a remuneração de empregados, (parte patronal) bem como as destinadas ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrentes dos riscos ambientais do trabalho. DEBCAD 37.326.4844 Referese ao débito proveniente de contribuições previdenciárias devidas à Seguridade Social, relativamente à parcela de segurados (parcelas, não retidas). Os créditos lançados compreendem o período de 01/2007 a 12/2008, e também 13º/2007 e 13º/2008." Fl. 1006DF CARF MF Processo nº 10920.722324/201135 Acórdão n.º 2202004.687 S2C2T2 Fl. 1.007 3 Constituem fatos geradores das contribuições lançadas: a) As remunerações pagas e/ou creditadas aos segurados empregados, formalmente registrados na LAMPE EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS LTDA, CNPJ ..., constante de suas folhas de pagamentos, que efetivamente laboraram na ora autuada, caracterizados, por esta fiscalização, para fins previdenciários, como empregados da empresa da FÁBRICA DE MÁQUINAS LAMPE LTDA, CNJ ..., no período de 01/2007 a 12/2008, não declaradas em GFIP`s, cujos valores estão indicados no Discriminativo de Débito – DD, além de constar de planilha anexa. b) As remunerações pagas e/ou creditadas aos segurados contribuintes individuais, a título de pro labore constantes das folhas de pagamentos, da empresa LAMPE EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS LTDA, CNPJ ..., que efetivamente laboraram na ora autuada, caracterizados por esta fiscalização, para fins previdenciários, como sendo da empresa FÁBRICA DE MÁQUINAS LAMPE LTDA, CNJ ..., no período de 01/2007 a 12/2008, não declaradas em GFIP`s, cujos valores estão indicados no Discriminativo de Débito – DD, além de constar de planilha anexa. c) As remunerações pagas e/ou creditadas aos segurados empregados, formalmente registrados na LAMPE EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS LTDA, CNPJ ..., registradas na contabilidade e não lançadas em folhas de pagamentos, que efetivamente laboraram na ora autuada, caracterizados, por esta fiscalização, para fins previdenciários, como empregados da empresa da FÁBRICA DE MÁQUINAS LAMPE LTDA, CNJ ..., no período de 01/2007 a 12/2008, não declaradas em GFIP`s, cujos valores estão indicados no Discriminativo de Débito – DD, além de constar de planilha anexa. d) As remunerações pagas e/ou creditadas aos segurados contribuintes individuais, a título de serviços prestados, registradas na contabilidade e não lançadas em folhas de pagamentos, que efetivamente laboraram na ora autuada, caracterizados por esta fiscalização, para fins previdenciários, como sendo da empresa FÁBRICA DE MÁQUINAS LAMPE LTDA, CNJ ..., no período de 01/2007 a 12/2008, não declaradas em GFIP`s, cujos valores estão indicados no Discriminativo de Débito – DD, além de constar de planilha anexa. e) As remunerações pagas e/ou creditadas à Cooperativa de Trabalho Unimed, lançadas na contabilidade da empresa LAMPE EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS LTDA, CNPJ ..., considerados por esta fiscalização, para fins previdenciários, como sendo efetuados pela empresa FÁBRICA DE MÁQUINAS LAMPE LTDA, CNJ ..., no período de 01/2007 a 12/2008, não declaradas em GFIP`s, Fl. 1007DF CARF MF Processo nº 10920.722324/201135 Acórdão n.º 2202004.687 S2C2T2 Fl. 1.008 4 cujos valores estão indicados no Discriminativo de Débito – DD, além de constar de planilha anexa. Para levantamento das contribuições previdenciárias, parcelas dos segurados, foram observadas as alíquotas vigentes à época da ocorrência dos fatos geradores, respeitandose o teto máximo do salário de contribuição. O FAP – Fator Acidentário de Prevenção foi considerado à taxa estabelecida para empresa Lampe Equipamentos Industriais Ltda, (1,75%), tendo em vista que os empregados formalmente admitidos naquela empresa foram considerados para fins previdenciários, como empregados da empresa FÁBRICA DE MÁQUINAS LAMPE LTDA., conforme será adiante relatado. Para o presente levantamento, os fatos geradores foram considerados não declarados em GFIP, e separados em diversos levantamentos, em função da verificação da multa mais benéfica a que se refere a MP 449/2008 convertida na Lei 11.941/2009 (...) 1. Foram alocadas simultaneamente diversas ações fiscais, para as empresas Lampe Comércio e Representações Ltda; Lampe Equipamentos Industriais Ltda e Fábrica de Máquinas Lampe Ltda., tendo em vista haver indícios caracterizadores em tese, da existência de grupo econômico entre as mesmas, além de empresas optantes do SIMPLES. As ciências aos diversos Mandados de Procedimentos Fiscais MPF, pelos sujeitos passivos ocorreram em 05/08/2011. (...) III CARACTERIZAÇÃO DE GRUPO ECONÔMICO ENTRE AS EMPRESAS: FÁBRICA DE MÁQUINAS LAMPE LTDA e LAMPE COMERCIO E REPRESENTAÇÕES LTDA 7. Vejamos na seqüencia, se existem nas empresas sob ação fiscal, os elementos caracterizadores da existência de grupo econômico, como parentesco entre os sócios, administração comum das sociedades e interesses também comuns, com vistas a determinas o grau de responsabilidade solidária entre as sociedades, conforme determina a legislação. 7.1. Foi constatado que os sócios de todas as empresas possuem certo grau de parentesco, quer seja por vínculo conjugal, consangüinidade ou afinidade, como adiante demonstrado:" fl. 23; (...) Fl. 1008DF CARF MF Processo nº 10920.722324/201135 Acórdão n.º 2202004.687 S2C2T2 Fl. 1.009 5 7.2 Como se não bastasse o grau de parentesco entre os sócios, já demonstrando, portanto, o interesse comum nas empresas, a administração das sociedades se dá forma compartilhada, entre os sócios, Carlos Otto Lampe e Rene Lampe, (primos e netos do sócio fundador), conforme comprovado em informação do próprio site, mantido pelas empresas no endereço eletrônico: www.maquinaslampe.com.br. que relaciona as empresas FÁBRICA DE MÁQUINAS LAMPE LTDA e LAMPE COMÉRCIO E REPRESENTAÇÕES LTDA. 7.3 Outro fato que ratifica a existência de grupo econômico até 23/05/2007, é o fato de que a empresa, COMÉRCIO E REPRESENTAÇÕES LAMPE LTDA passou à condição de sócia da empresa FÁBRICA DE MÁQUINAS LAMPE LTDA a partir de 24/05/2007. 7.4 Desta forma restaram comprovados os elementos caracterizadores do instituto do grupo econômico (até 23/05/2007), acarretando por conseqüência a responsabilidade solidária quanto aos créditos tributários constituídos na ação fiscal entre as empresas FÁBRICA DE MÁQUINAS LAMPE e LAMPE COMÉRCIO E REPRESENTAÇÕES até a data de 23/05/2007, conforme determina o Código Tributário Nacional (Lei 5.172/66 Art. 121 e 124 [ressalta o inciso I]) e a Legislação Previdenciária (Lei 8.212/91, Art. 30), nos seguintes termos: (...) IV INEXISTÊNCIA DE FATO DA EMPRESA LAMPE EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS LTDA– CNPJ ... 8. Foi possível constatar que a empresa Lampe Equipamentos Industriais Ltda., não tem existência de fato, tendo sido mantida basicamente para diminuir custos da empresa Fábrica de Máquinas Lampe Ltda, e as razões inequívocas da referida tese, estão presentes em diversos momentos, senão vejamos: 8.1 A empresa Lampe Equipamentos Industriais Ltda, ocupa o mesmo prédio onde se situa a Fábrica, mediante suposta locação do imóvel de propriedade da Fábrica de Máquinas Lampe Ltda. 8.2 A comprovação de tais fatos ocorreu quando esta auditoria se dirigiu ao endereço onde estaria localizada a empresa Fábrica de Máquinas Lampe Ltda., constante da Rua Pedro Simões, número 60/70, para dar ciência aos empresários de Termo de Intimação Fiscal (TIF) em 02/09/2011. Naquela ocasião foi possível constatar que a empresa Lampe Equipamentos Industriais Ltda., embora esteja cadastrada como localizada na Rua ..., encontrase no mesmo endereço da Fábrica de Máquinas Lampe Ltda, (Rua ...). (...) 8.3 Ao ali chegar, dirigime à recepção, cuja atendente se identificou como sendo ..., que foi inclusive a mesma pessoa que assinou os avisos de recebimentos – AR, quando enviados os Fl. 1009DF CARF MF Processo nº 10920.722324/201135 Acórdão n.º 2202004.687 S2C2T2 Fl. 1.010 6 Termos de Início de Procedimentos Fiscais – TIPF´s, para todas as três empresas. 8.4 Em ato contínuo fui atendido pelos senhores Renê Lampe e Carlos Otto Lampe, que tomaram ciência dos Termos de Intimação Fiscal – TIF, alegando o Sr. Renê que representava as empresas Fábrica de Máquinas Lampe Ltda e Lampe Comércio e Representações Ltda; enquanto o Sr. Carlos disse representar a empresa Lampe Equipamentos Industriais Ltda. 8.5 Quando perguntados se possuíam algum outro endereço além daquele, informaram que todas as empresas funcionavam no mesmo endereço, traçando inclusive um perfil das empresas e seus respectivos sócios fundadores e empregados desde sua origem; afirmando literalmente que a empresa Lampe Equipamentos Industriais Ltda., “industrializava os produtos” enquanto a Fábrica de Máquinas Lampe Ltda. “realizava o faturamento”. 8.6 A contabilidade das empresas corrobora de forma indubitável a inexistência de fato da empresa Lampe Equipamentos Industriais Ltda., que sendo tributada pelo SIMPLES, sempre arcou com os gastos dos empregados, enquanto a Fábrica de Máquinas Lampe Ltda. (tributada pelo lucro real) cuidava do faturamento, tudo com vistas a pagar menos tributos e contribuições previdenciárias, aproveitandose de um suposto planejamento tributário. 8.7 Podese constatar, por exemplo, que enquanto a Fábrica de Máquinas Lampe Ltda possui apenas um empregado, e registra um faturamento superior a R$ 2,2 milhões de reais, a Lampe Equipamentos Industriais Ltda, possui em torno de 28 empregados enquanto seu faturamento atualmente é em torno de R$ 730 mil reais, conforme quadros a seguir: (...) 8.8 Vale ressaltar que do total do faturamento anual da empresa Lampe Equipamentos Industriais, mais da metade foi destinado à industrialização efetuada para própria empresa Fábrica de Máquinas Lampe, conforme quadro a seguir: (...) 8.9 A Lampe Equipamentos Industriais Ltda, não possui nenhum valor de Ativo Imobilizado, capaz de justificar sua geração de receitas. Também não possui recursos em seu Ativo Circulante (Caixa e Bancos), capazes de fazer frente aos compromissos financeiros de seu Passivo Circulante, sendo todas as despesas pagas com recursos provenientes de empréstimos obtidos das empresas Fábrica de Máquinas Fl. 1010DF CARF MF Processo nº 10920.722324/201135 Acórdão n.º 2202004.687 S2C2T2 Fl. 1.011 7 Lampe Ltda. e Lampe Comércio e Representações Ltda., conforme quadro a seguir: (...) 8.10 Também não se vislumbra na contabilidade da Lampe Equipamentos Industriais Ltda, nenhum pagamento a título de água ou energia elétrica, ou qualquer outra despesa que justifique de fato sua existência, sendo os mesmos suportados pela Fábrica de Máquinas Lampe Ltda. 9. Por todos os fatos descritos, não restam dúvidas de que a Lampe Equipamentos Industriais Ltda., é uma empresa inexistente de fato, que teria sido constituída de forma simulada, visando recolhimento de uma menor carga tributária em relação às operações da empresa Fábrica de Máquinas Lampe Ltda. (...) 11. Por todo o exposto, não resta dúvida de que o contribuinte ao assim proceder, eivou de vícios sua contabilidade, deixando de reconhecer contabilmente o movimento real da remuneração dos segurados a seu serviço, do faturamento e do lucro, contrariando dispositivo legal constante da Lei 8.212/91, artigo 33, parágrafo 6º, que assim estabelece: § 6º Se, no exame da escrituração contábil e de qualquer outro documento da empresa, a fiscalização constatar que a contabilidade não registra o movimento real de remuneração dos segurados a seu serviço, do faturamento e do lucro, serão apuradas, por aferição indireta, as contribuições efetivamente devidas, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário. 12. Considerado os fatos descritos em subsunção à legislação aplicável à espécie, serão considerados ocorridos os fatos geradores das contribuições previdenciárias, relativamente aos empregados formalmente registrados na empresa inexistente de fato, LAMPE EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS LTDA, para o correto enquadramento junto à empresa para a qual os mesmos efetivamente laboraram, FÁBRICA DE MÁQUINAS LAMPE, CNPJ .... (...) 23. Ao encontro deste propósito, na presente auditoria, foram identificados procedimentos em tese simulatórios, consistente em criar, empresas de direito, mas não de fato, qual seja LAMPE EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS LTDA, com a finalidade única e exclusiva de reduzir o montante de tributos devidos pela FÁBRICA DE MÁQUINAS LAMPE LTDA; (...) Fl. 1011DF CARF MF Processo nº 10920.722324/201135 Acórdão n.º 2202004.687 S2C2T2 Fl. 1.012 8 40. Assim, diante dos fatos descritos, vimos que a conduta da empresa no sentido de criar empresa inexistente de fato do SIMPLES, acima exposto, e independente das formas jurídicas simuladas empregadas, cabe à Fiscalização efetuar o devido enquadramento da situação fática encontrada, de forma a efetuar o correto lançamento das contribuições efetivamente devidas pelo contribuinte à Seguridade Social. 41. A legislação estampada na Lei 8.212/91, artigo 33, ao se referir a aferição indireta, estabelece: (...) 42. Neste sentido com base na Lei 8.212/91, artigo 33, parágrafo 6º, encontrase justificado o procedimento adotado por esta auditoria, no sentido de levantar os débitos previdências, relativos aos fatos geradores da empresa LAMPE EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS LTDA, (inexistente de fato), junto à empresa FÁBRICA DE MÁQUINAS LAMPE LTDA. 43. Considerado a existência de grupo econômico, os débitos ora levantados serão considerados com a correspondente sujeição passiva da empresa LAMPE COMÉRCIO E REPRESENTAÇÕES LTDA, que responde solidariamente pelos mesmos, por determinação do Código Tributário Nacional (Lei 5.172/66 Art. 121 e 124) e a Legislação Previdenciária (Lei 8.212/91, Art. 30)." fl. 35; (...) VI. ALTERAÇÃO NORMATIVA – MP Nº 449/2008 E LEI Nº 11.941/2009 (...) 46. Diante disto, para as competências anteriores à alteração legislativa foi verificado o enquadramento mais benéfico ao contribuinte (conforme previsão do artigo 106, inciso II, “c” do Código Tributário Nacional), mediante a comparação da soma das multas do artigo 32, § 5º, e do artigo 35, inciso II, item ”a”, ambos da Lei nº 8.212/1991, com as do artigo 44, inciso I, da Lei nº 9.430/1996. 47. Por sua vez, as multas do artigo 44, Inciso I da Lei 9.430/1996, considerada inicialmente no percentual de 75% (setenta e cinco por cento), poderão ser duplicadas, quando considerados os efeitos da Lei 4.502, de 30/11/1964, em seus artigos 71, 72 e 73, que trata da sonegação, fraude e conluio (...) VII – ELEMENTOS FINAIS (...) Fl. 1012DF CARF MF Processo nº 10920.722324/201135 Acórdão n.º 2202004.687 S2C2T2 Fl. 1.013 9 49. Além deste relatório, integram o processo os seguintes anexos: (...) e) Relatório de Documentos Apresentados – RDA, que relacionada por estabelecimento e competências, as parcelas que foram deduzidas das contribuições apuradas, constituídas por recolhimentos. f) Relatório de Apropriação de Documentos Apresentados – RADA, que demonstra como os recolhimentos efetuados foram apropriados pela fiscalização; (...) j) Planilha com Relação dos segurados empregados e contribuintes individuais, relativos à folha de pagamento, com valores das bases de cálculos e valor de contribuições previdenciárias, denominada “RELAÇÃO DE SEGURADOS FORMALMENTE REGISTRADOS NA LAMPE EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS, CONSIDERADOS PARA FINS PREVIDENCIÁRIOS, COMO SEGURADOS DA FÁBRICA DE MÁQUINAS LAMPE LTDA CNPJ 85.906.113/000103” k) Planilha com Relação dos segurados empregados e contribuintes individuais, cujos valores embora não constassem de folhas de pagamentos, foram registrados na contabilidade, denominada “RELAÇÃO DE FATOS GERADORES DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS LANÇADOS NA CONTABILIDADE” Foi formalizado termo de sujeição passiva solidária em relação a Lampe Comércio e Representações Ltda. (fl. 804/808). Intimada em 22/11/2011 (fls. 71 e 95), a Contribuinte protocolou impugnações individualizadas para cada DEBCAD em 22/12/2011 (fls. 835/854 e 894/913). Analisando a defesa, a DRJ proferiu o acórdão nº 1264.766, de 14/04/2014 (fls. 953/961), no qual manteve integralmente o crédito tributário e que restou assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2007 a 30/12/2008 OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. GRUPO ECONÔMICO. CARACTERIZAÇÃO. SOLIDARIEDADE. PRESENTE. INEXISTÊNCIA DE FATO. PRESUNÇÃO SIMPLES. POSSIBILIDADE. SIMULAÇÃO. DESCONSIDERAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO. ARBITRAMENTO. LEGALIDADE. O Fisco pode utilizarse de presunção a fim de demonstrar a ocorrência de fato tributariamente relevante, baseandose em regras de experiência acerca do que geralmente acontece no mundo fenomênico. A lei não pode prever todos os fatos Fl. 1013DF CARF MF Processo nº 10920.722324/201135 Acórdão n.º 2202004.687 S2C2T2 Fl. 1.014 10 indiciários a fim de positiválos como enunciado de presunção absoluta ou relativa. Caracterizase o grupo econômico quando, além do parentesco e do controle societário, o conjunto de indícios e elementos fáticos demonstra que as empresas combinavam recursos e esforços para a consecução de objetivos comuns, sob direção única e coordenada, portanto, atuavam economicamente como grupo. Há solidariedade entre as empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza respondendo pelas obrigações decorrentes da lei de custeio da previdência social, por expressa disposição legal, bem como pela comprovação do interesse comum na situação que constitua fato gerador. Constatada a ocorrência de simulação, consubstanciada na utilização de empresa inexistente de fato, a fim de obter exclusivamente a redução da carga tributária, é lícita a deconsideração do negócio jurídico e o arbitramento das contribuições devidas. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Intimada em 29/04/2014 (fls. 964), e ainda inconformada, a Contribuinte protocolou recurso voluntário em 27/05/2014 (fls. 968/994) argumentando, em síntese, · Que o lançamento se sustenta em presunção simples, não havendo provas das alegações da autoridade lançadora. Acontece que para acusar a ocorrência de fraude é necessário provar o quanto se alega; · Que "não existe óbice legal que impeça que uma Empresa preste serviços para outra Empresa, cuja administração seja exercida, cada qual por seus Sócios, com certo grau de parentesco." (fl. 972); · Que não há lei proibindo que duas empresas se instalem no mesmo imóvel; · Que a Contribuinte é empresa autônoma, mantendo sua estrutura societária, legal, funcional e administrativa própria, conforme provas juntadas aos autos mas não analisado pela DRJ, sendo indevida a declaração de sua nulidade ou de inexistência; · Que não há ilicitude na subdivisão da atividade empresarial em pessoas jurídicas diversas, sendo indevida a reunião das receitas dessas pessoas em uma só para fins de tributação. Cita precedentes do CARF nos acórdãos nº 3403002.519 e nº 10323.357; · Que é ilegítimo o arbitramento uma vez que foram apresentados à Fiscalização todos os documentos da recorrente e das demais empresas; · Que não há relação entre o faturamento e o número de funcionários; Fl. 1014DF CARF MF Processo nº 10920.722324/201135 Acórdão n.º 2202004.687 S2C2T2 Fl. 1.015 11 · Que não há fundamento para a descaracterização da Lampe Equipamentos Industriais Ltda do SIMPLES NACIONAL, vez que esta observou todos os requisitos legais; · Que a existência de sócio em comum não é suficiente para caracterizar grupo econômico; · Que, não havendo grupo econômico, "não há que se falar em responsabilidade solidária, uma vez que a carga tributária incidente em cada fato gerador encontrase devidamente recolhida, por cada um dos sujeitos passivos correspondentes" (fl. 981); · Que a própria autoridade lançadora admitiu que a Contribuinte de direito pagou todos os tributos, mas que ainda assim não considerou esses valores recolhidos pela Lampe Equipamentos Industriais Ltda. · Que, além disso, "deve ser afastada a aplicação do instituto da responsabilidade solidária ao presente caso, uma vez que a simples alegação de interesse comum, não é suficiente para a aplicação do instituto em questão." (fl. 986); · Que, subsidiariamente, as multas impostas afrontam os princípios da proporcionalidade, da razoabilidade e do não confisco; · Que as multas são inaplicáveis uma vez que a Contribuinte de Direito na ocasião, a Lampe Equipamentos Industriais Ltda., recolheu as contribuições previdenciárias e satisfez todas as obrigações acessórias; e · Que a multa aplicada foi aquela vigente à época do fato gerador, e não aquela vigente à época do lançamento, sendo que deveria ser aplicado o art. 32A da Lei nº 8.212/1991, com redação dada pela 11.941/2009, de maneira retroativa, nos termos do art. 106, II, do CTN. A responsável solidária Lampe Com. Representações Ltda. foi intimada em 28/04/2014 (fl. 965). Os presentes autos foram apensados ao processo nº 10920.722323/201191 (fl. 833). É o relatório. Voto Vencido Conselheira Junia Roberta Gouveia Sampaio Redatora ad hoc Como Redatora ad hoc, sirvome da minuta de voto inserida pelo Relator no repositório oficial do CARF, de sorte que o posicionamento abaixo esposado não necessariamente tem a aquiescência desta Conselheira Fl. 1015DF CARF MF Processo nº 10920.722324/201135 Acórdão n.º 2202004.687 S2C2T2 Fl. 1.016 12 O recurso voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto dele conheço. Da presunção simples Argumenta a Contribuinte que o lançamento foi feito com base exclusivamente em presunção simples, o que é indevido. Defende que cabe à autoridade lançadora provar as suas alegações. A verdade é que, no presente caso, a autoridade lançadora apresentou fatos e provas que as fundamentasse. Por exemplo, descreveu o quadro componente das empresas (itens 6 e 7.1 do Relatório de Fiscalização), e apresentou as provas que lastraram tais afirmações (fls. 763/792). Também afirmou que a maior parte do faturamento da LAMPE EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS LTDA. era proveniente da Recorrente, e depois apresentou tabela resumindo os valores apurados por ano que lastrearam a sua afirmação. Esse procedimento investigativo é plenamente válido quando da investigação de fraudes e outras hipóteses de desconsideração de fatos aparentemente verdadeiros. É incomum que sejam identificadas provas diretas de fraudes ou de inexistência de fato de empresas. Portanto, é racional que essas fiscalizações se lastreiam em processos de dedução da verdade material com base em premissas. Inclusive, esse procedimento é estabelecido na legislação, como se observa do art. 33, § 6º, da Lei nº 8.212/1991, citado pela autoridade lançadora. Questão completamente diferente é a análise da adequação das conclusões da autoridade lançadora em relação às provas e premissas adotas. Esse ponto, entretanto, será destrinchado a seguir. Do grupo econômico, da inexistência de fato e do reenquadramento dos segurados empregados O lançamento tem por objeto o reenquadramento dos funcionários formalmente declarados na empresa LAMPE EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS LTDA., de sorte que foram considerados como segurados empregados da ora Recorrente. O fundamento foi a inexistência de fato daquela. Para fundamentar a sua constatação de que havia um grupo econômico, a autoridade lançadora anotou que: · Que os sócios de todas as empresas consideradas eram parentes entre si, o que de pronto demonstra interesse comum nas empresas; · Que a administração das sociedades era compartilhadas entre os sócios, estes primos entre si e netos do fundador do grupo econômico; · Que uma empresa passou a ser sócia de outra; Já para lastrear a acusação de que a empresa desconsiderada inexistia de fato, a autoridade lançadora anotou que: · Que seu único propósito era diminuir os custos da Recorrente; Fl. 1016DF CARF MF Processo nº 10920.722324/201135 Acórdão n.º 2202004.687 S2C2T2 Fl. 1.017 13 · Que ocupa o mesmo prédio onde se situa a Fábrica, mediante suposta locação do imóvel; · Que a mesma pessoa figura como atendente de ambas as empresas, assinando os AR's das duas; · Que foi atendido simultaneamente por ambos os sócios, apesar de um se dizer responsável por uma sociedade e outro pela outra; · Que os sócios afirmaram literalmente que "a empresa Lampe Equipamentos Industriais Ltda., “industrializava os produtos” enquanto a Fábrica de Máquinas Lampe Ltda. “realizava o faturamento”." (fl. 56); · Que a contabilidade das empresas corrobora a afirmação de que a LAMPE EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS LTDA. optante pelo SIMPLES inexiste de fato, mas que apenas arcava com os custos com os empregados, enquanto a Recorrente, tributada pelo lucro real, realizava o faturamento de forma a minimizar o pagamento dos tributos, apresentando tabelas nas quais se observa que a Recorrente tinha como "Faturamento" valores entre R$ 1.5 milhões e R$ 2.6 milhões, como "Custos Produtos" valores entre R$ 560 mil e R$ 1.3 milhões, e como "Gasto com pessoal" valores inferiores a R$ 20mil. De outro lado, na Lampe Equipamentos Industriais o "Faturamento" variava entre R$ 500mil e R$ 700mil, o "Custo Produtos" entre R$ 90mil e R$ 260mil, e o "Gastos Pessoal" entre R$ 430mil e R$ 550mil. · Que mais de 50% do faturamento da LAMPE EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS LTDA. era proveniente da FÁBRICA DE MÁQUINAS LAMPE LTDA.; · Que a empresa desconsiderada não nenhum valor a título de Ativo Imobilizado. Que tampouco tinha Ativo Circulante (Caixa e Bancos) capazes de fazer frente aos seus compromissos financeiros do Passivo Circulante, e, enfim, que todas as suas despesas eram pagas com recursos de empréstimos obtidos da Recorrente e da empresa classificada como Responsável solidária nesta lançamento; e · Que a empresa desconsiderada não tinha nenhum pagamento a título de água ou energia elétrica, ou mesmo qualquer outra despesa que justifique a sua existência, sendo todos custeados pela Recorrente. Outrossim, também foi atribuída responsabilidade solidária da LAMPE COMÉRCIO E REPRESENTAÇÕES LTDA. em função dos arts. 121 e 124 do CTN e do art. 30 da Lei nº 8.212/1991. Esta questão será tratada especificamente em tópico apartado, porém desde já é registrada em função da importância da questão da existência ou não de grupo econômico para a sua configuração. A DRJ, analisando a impugnação, concluiu pela correção das conclusões alcançadas pela autoridade lançadora. Analisando os fatos apurados, também concluiu ser improvável que uma empresa fosse capaz de levar a cabo processo industrial sem maquinário, matériasprima, energia ou água; igualmente, que não é crível que uma empresa fosse capaz de produzir máquinas e faturasse valores na casa de R$ 2.2milhões com um único funcionário Fl. 1017DF CARF MF Processo nº 10920.722324/201135 Acórdão n.º 2202004.687 S2C2T2 Fl. 1.018 14 registrado. Admitiu não haver óbice à constituição de pessoas jurídicas autônomas, formação de grupo econômico e estruturação da atividade empresarial para dividir o processo industrial/comercial. Contudo, entendeu que os fatos realmente convergiam no sentido de que a empresa desconsiderada realmente inexistia de fato. Em sua defesa, a Contribuinte contesta a configuração de grupo econômico. Argumenta que não há óbice legal ao compartilhamento de um mesmo imóvel por duas ou mais empresas; que tampouco há qualquer irregularidade em uma empresa prestar serviço a outra, independentemente de seus sócios e dirigentes serem parentes; que as empresas são autônomas, mantendo estrutura societária, legal, administrativa e funcional próprias, afirmando ter apresentado provas, as quais foram ignoradas pela DRJ; que a existência de sócio em comum é insuficiente para caracterizar grupo econômico; que não há correlação entre o faturamento da empresa e o número de funcionários; e que a LAMPE EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS LTDA. preencheu todos os requisitos para se enquadrar no SIMPLES NACIONAL. De qualquer maneira, desenvolve raciocínio no sentido de que não há ilicitude na divisão e na subdivisão da atividade empresarial em pessoas jurídicas diversas. E, nesse caso, que não pode a autoridade lançadora simplesmente reunilas para fins de tributação. Imperioso delimitar a lide nesse ponto. A primeira questão a ser analisada é a existência de fato ou não da empresa LAMPE EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS LTDA. Somente se esta inexistir de fato é que será relevante analisar a existência ou não de grupo econômico, a correta identificação do sujeito passivo e a responsabilidade solidária. Da (in)existência de fato da LAMPE EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS LTDA. A própria autoridade lançadora esclareceu que é necessário diferenciar o planejamento tributário ou seja, a elisão fiscal, os atos lícitos tendentes a reduzir a tributação da evasão fiscal: "27. Assim, será elisão fiscal quando o contribuinte adota um procedimento lícito para evitar a ocorrência do fato gerador ou adota uma alternativa legal ao seu dispor para reduzir a carga tributária. Mas, será evasão fiscal ilícita, quando a conduta trilhe pelo caminho da sonegação e da fraude, através da simulação." fl. 61. (...) "40. Assim, diante dos fatos descritos, vimos que a conduta da empresa no sentido de criar empresa inexistente de fato do SIMPLES, acima exposto, e independente das formas jurídicas simuladas empregadas, cabe à Fiscalização efetuar o devido enquadramento da situação fática encontrada, de forma a efetuar o correto lançamento das contribuições efetivamente devidas pelo contribuinte à Seguridade Social." fl. 63; Fl. 1018DF CARF MF Processo nº 10920.722324/201135 Acórdão n.º 2202004.687 S2C2T2 Fl. 1.019 15 Ou seja, o lançamento tem como premissa a existência de simulação. A autoridade lançadora não contesta a validade da organização da atividade empresarial, nem a possibilidade ou impossibilidade de se dividir a atividade industrial em duas ou mais pessoas jurídicas. Apenas, entendeu que a LAMPE EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS LTDA. não existia de fato, ou seja, que houve simulação por parte da Contribuinte e que todos os empregados formalmente declarados naquela em verdade estavam vinculadas a esta. Nessa linha, os argumentos da contribuinte no sentido de ser lícita a divisão da atividade empresarial, bem como de que é possível a prestação de serviços de uma empresa a outra não têm o condão de infirmar o lançamento. Diferentemente, é sim fulcral a questão de haver ou não autonomia entre essas empresas, em especial no que toca à estrutura funcional. Essa é a principal acusação e sobre isso deveria recair a defesa da Contribuinte. Apresentou como únicas provas, entretanto, (a) duas notas fiscais emitidas em relação a operações com terceiros (fls. 911/912), (b) contratos de sublocação (fls. 913/918), desacompanhado de provas do pagamento dos alugueres, e (c) contracheques de funcionários da empresa desconsiderada (fls. 925/928). Os contratos de sublocação seriam ótimo instrumento de prova em favor da Contribuinte caso houvesse provas do pagamento dos alugueres. Ausentes estas, apenas corroboram as constatações da autoridade lançadora de que a empresa desconsiderada estava localizada no mesmo endereço da Contribuinte e que aquela não tinha custos no mundo real, sendo tudo arcado por esta. Os contracheques, nesse contexto, não fazem provas a favor nem contra a recorrente nesse ponto. A verdade é que esse fato é inconteste: a empresa LAMPE EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS LTDA. tinha funcionários em sua contabilidade. Tanto assim que esse é exatamente o fato gerador identificado: a existência de pagamentos a segurados empregados declarados por esta empresa. De outro lado, as notas fiscais emitidas em relação a operações com terceiros contam sim a seu favor. Efetivamente, demonstram que a empresa EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS LTDA. tinha vínculos comerciais não apenas com a Recorrente, mas também com outras pessoas. É indício, portanto, da sua existência de fato. Contudo, isoladamente, é prova extremamente frágil. Já das alegações da autoridade lançadora, (a) é irrelevante a acusação de que o único propósito era a diminuição dos custos tributários da Recorrente, vez que, como a própria autoridade lançadora admitiu, o planejamento tributário lícito é válido; (b) é contrário à tese de inexistência de fato a constatação de que aproximadamente 50% do faturamento da LAMPE EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS LTDA. era proveniente de outras pessoas, que não a Recorrente. Esse fato demonstra, pelo contrário, que a referida empresa mantinha operações comerciais hígidas com outras pessoas e, relações essas, inclusive, que podem servir como parâmetro para demonstrar que os preços estabelecidos nas suas operações com a Recorrente eram os preços de mercado. Entretanto, têm grande peso as alegações da autoridade lançadora de que (c) a contabilidade das empresas demonstrava que a LAMPE EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS LTDA. apenas arcava com os custos com os empregados, sendo o "grosso" do faturamento atribuído à Recorrente; (d) a empresa desconsiderada não tinha valores a título de Ativo Imobilizado nem e o ativo circulante era incapazes de fazer frente aos seus compromissos financeiros; (e) todas Fl. 1019DF CARF MF Processo nº 10920.722324/201135 Acórdão n.º 2202004.687 S2C2T2 Fl. 1.020 16 as suas despesas eram pagas com recursos de empréstimos obtidos da Recorrente e da empresa classificada como Responsável solidária nesta lançamento; (f) a empresa desconsiderada não tinha nenhum pagamento a título de água ou energia elétrica, ou mesmo qualquer outra despesa que justifique a sua existência, sendo todos custeados pela Recorrente. Ora, como pode uma empresa fabricante de máquinas não deter de maquinário para o processo de industrialização? Como pode não ter matériaprima? E não ter custos com eletricidade? Não era necessário que fosse proprietária do maquinário industrial, mas é indispensável que demonstrasse ter acesso a tal infraestrutura, seja por meio de locação, de arrendamento etc. Ou que demonstrasse sim ter a matériaprima e os custos com eletricidade. Nada disso fez. Há que se registrar que no acórdão nº 10323.357, de 23/01/2008, citado pela própria Contribuinte como fundamento para a sua defesa, percebese o seu erro. Efetivamente, naquele julgamento entendeuse pela legalidade da subdivisão da atividade econômica com o fito de economizar tributo. Da leitura do voto, se observa, entretanto, que: Por isso, o fisco, a quem incumbe desconstituir a presunção de legitimidade de que gozam os atos e negócios jurídicos atacados, provando que não passam de mera aparência ou ocultam uma outra relação jurídica de natureza diversa, escamoteando a ocorrência do fato gerador, há de se valer da prova indireta, de indícios, que hão de ser graves, precisos, concordantes entre si, resultantes de uma forte probabilidade e indutores de ligação direta do fato desconhecido como fato conhecido. A meu sentido, disso não se desincumbiu o fisco. A falta de aprofundamento da ação fiscal faz com que os fatos apontados como indícios de simulação, quais sejam, a instalação das duas empresas na mesma área geográfica e as alterações dos seus objetivos sociais, reservandose a uma a fabricação do casco e à outra os serviços de montagem da embarcação, possam ser tidos como desdobramento da atividade antes exercida por uma delas, objetivando racionalizar as operações e minorar a carga tributária. A conclusão diversa chegaria se a fiscalização comprovasse que a empresa desqualificada não mantinha registros ou inscrições fiscais próprias, que não possuía quadro próprio de empregados, que não celebrava negócios, que não emitia documentação, que não mantinha escrituração fiscal relativa a seus negócios. O mesmo se extrai da ementa do acórdão 3403002.519, de 22/10/2013: PIS. REGIME MONOFÁSICO. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO. SIMULAÇÃO ABSOLUTA. DESCONSIDERAÇÃO DE ATOS E NEGÓCIOS JURÍDICOS. ART. 116, P.U. DO CTN. UNIDADE ECONÔMICA. ART. 126, III, DO CTN. NÃO CARACTERIZAÇÃO. Não se configura simulação absoluta se a pessoa jurídica criada para exercer a atividade de revendedor atacadista efetivamente Fl. 1020DF CARF MF Processo nº 10920.722324/201135 Acórdão n.º 2202004.687 S2C2T2 Fl. 1.021 17 existe e exerce tal atividade, praticando atos válidos e eficazes que evidenciam a intenção negocial de atuar na fase de revenda dos produtos. A alteração na estrutura de um grupo econômico, separando em duas pessoas jurídicas diferentes as diferentes atividades de industrialização e de distribuição, não configura conduta abusiva nem a dissimulação prevista no art. 116, p.u. do CTN, nem autoriza o tratamento conjunto das duas empresas como se fosse uma só, a pretexto de configuração de unidade econômica, não se aplicando ao caso o art. 126, III, do CTN. Ou seja, em ambos esses acórdãos deuse razão à Recorrente porquanto se verificou que a empresa ali desconsiderada existia de fato, ou ao menos que a autoridade lançadora não logrou demonstrar que inexistia de fato. No presente caso, em sentido contrário, a autoridade lançadora logrou reunir indícios suficientes que, em conjunto, demonstram a inexistência de fato da empresa LAMPE EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS LTDA. A Recorrente, por sua vez, não foi capaz de infirmar tais conclusões. Diferente teria sido se demonstrasse, por exemplo, que a empresa desconsiderada tinha custos com energia elétrica, com a aquisição de matériaprima, com a locação do espaço, que atuava de maneira efetivamente autônoma, ainda que manteve relação próxima com outra empresa do mesmo grupo econômico. Por esse motivo, não é possível dar provimento ao recurso nesse ponto. Do grupo econômico Superada a questão acima, impende verificar se havia grupo econômico e se, nesse contexto, foi correta a imputação dos fato geradores à Recorrente. Com razão a Recorrente aponta ser de menor importância o fato de que os sócios das empresas eram parentes entre si. É plenamente possível que diversas pessoas jurídicas formem um grupo econômico sem que seus sócios sejam parentes, bem como que diversas empresas tenham como sócios parentes inclusive mais próximos, como pais e filhos, ou irmãos sem que por isso formem um grupo econômico. Não há, nesse elemento, nenhum elemento de probabilidade da existência de interesse comum. O fato de que as pessoas jurídicas estavam sediadas no mesmo imóvel, diferentemente, é relevante. É plenamente possível que duas empresas autônomas fiquem localizadas no mesmo imóvel. Entretanto, quando se verifica que as pessoas jurídicas têm íntima relação entre si, atuando de maneira complementar, em que "uma industrializa os produtos" e outra "realiza o faturamento", em que se verifica que a mesma pessoa física atende e assina por ambas, então já se percebe a existência de interesse comum. Fator de ainda maior relevância é a constatação de que uma delas custeia a atividade da outra. Ou seja, apesar de ambas estarem no mesmo imóvel, apenas uma delas paga o aluguel, apenas uma delas paga energia elétrica etc. Mais uma vez, como anotado acima, a Contribuinte não logrou infirmar as constatações da autoridade lançadora. Por esse motivo, é plausível concluir que existiu grupo Fl. 1021DF CARF MF Processo nº 10920.722324/201135 Acórdão n.º 2202004.687 S2C2T2 Fl. 1.022 18 econômico de que a Recorrente, enquanto a pessoa que custeava a operação, era a verdadeira tomadora dos serviços prestados pelos segurados empregados. Do arbitramento Argumenta ainda a Contribuinte que o arbitramento é ilegítimo, uma vez que todos os documentos foram oferecidos à Fiscalização. A verdade é que o lançamento foi arbitrado exatamente porque a autoridade lançadora entendeu que a documentação contábil e fiscal apresentada pela Recorrente não refletia a verdade material. Esse entendimento se encontra escorado no quanto já analisado acima de que houve simulação, ou seja, criação de uma pessoa jurídica sem qualquer substância ou existência de fato. Nessa senda, adequado o arbitramento. Outrossim, conforme o Relatório Fiscal, o lançamento tomou como base de cálculo as "remunerações pagas e/ou creditadas aos segurados empregados, formalmente registrados na LAMPE EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS LTDA (...), constante de suas folhas de pagamentos pagas e/ou creditadas aos segurados empregados" e as "remunerações pagas e/ou creditadas aos segurados empregados, formalmente registrados na LAMPE EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS LTDA (...), registradas na contabilidade e não lançadas em folhas de pagamentos" (fl. 46/47). Percebese, portanto, que o "arbitramento" nada mais foi do que o reenquadramento dos segurados empregados de uma empresa em outra, pelos fatos já elencados acima. Portanto, uma vez que é legítimo, e que o critério utilizado pela autoridade lançadora é adequado, não há que se reformar o lançamento nesse ponto. Dos valores já recolhidos Argumenta ainda a Recorrente que todos os valores devidos foram recolhidos pelos sujeitos passivos correspondentes, o que inclusive teria sido reconhecido pela própria autoridade lançadora. Nessa linha, entende que não há lançamento a ser feito. É verdade que a autoridade lançadora reconheceu a existência de pagamentos efetuados pela empresa desconsiderada. Entretanto, é verdade também que a autoridade lançadora já considerou tais valores quando da apuração do montante devido. Tanto assim que elaborou "Relatório de Documentos Apresentados RDA" (fls. 6/7) e "Relatório de Apropriação de Documentos Apresentados RADA" (fls. 107/109). Portanto, não assiste razão à recorrente nesse ponto. Da responsabilidade solidária Argumenta ainda a Contribuinte contra a imposição da responsabilidade solidária. Afirma que todos os valores já foram recolhidos pelos respectivos sujeitos passivos, bem como que não foi demonstrado o interesse comum no presente caso. Em conformidade com tudo quanto discorrido anteriormente, é possível afirmar que havia grupo econômico o que, nos termos do art. 30, IX, da Lei nº 8.212/1991 é suficiente para a responsabilização solidária e que não ficou demonstrado o recolhimento integral dos débitos tributário apurados no presente lançamento. Portanto, não assiste razão à recorrente nesse ponto. Fl. 1022DF CARF MF Processo nº 10920.722324/201135 Acórdão n.º 2202004.687 S2C2T2 Fl. 1.023 19 Das multas Subsidiariamente, a Recorrente reclama que as multas não sejam aplicadas uma vez que ferem o princípio da razoabilidade, da proporcionalidade e do não confisco. Também, que argumenta que todos os valores devidos já foram recolhidos pelos respectivos sujeitos passivos e, consequentemente, que satisfez todas as obrigações acessórias. Enfim, que a Lei nº 11.941/2009 não foi aplicada retroativamente. Quanto ao primeiro argumento, basta remeter ao tópico "Dos valores já recolhidos", supra. Quanto ao segundo argumento, é suficiente anotar que foi desconsiderada a pessoa jurídica LAMPE EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS LTDA., e entendeuse que os fatos geradores ocorreram em relação à ora Recorrente, o que implica afirmar que suas declarações foram omissas em relação a esses fatos geradores e, em última análise, que ela não satisfez suas obrigações acessórias. Já no que toca ao terceiro argumento, é relevante fazer uma análise mais aprofundada. Compulsando o Relatório Fiscal, constatase que a autoridade lançadora afirmou ter aplicado a Lei nº 11.941/2009 de maneira retroativa, nos termos do art. 106, II, 'c', do CTN. Nessa linha, que efetuou comparação das somas do art. 32, § 5º e 35, II, 'a', com o art. 9.340/1996. Esse comparativo realmente é identificado nas fls. 186/190. Pois bem. O presente DEBCAD foi lavrado aplicandose a legislação vigente à época dos fato. Ou seja, foi formalizada a multa constante no art. 32, § 5º, da Lei nº 8.212/1991: Art. 32. A empresa é também obrigada a: (...) IV informar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro SocialINSS, por intermédio de documento a ser definido em regulamento, dados relacionados aos fatos geradores de contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS. (...) § 5º A apresentação do documento com dados não correspondentes aos fatos geradores sujeitará o infrator à pena administrativa correspondente à multa de cem por cento do valor devido relativo à contribuição não declarada, limitada aos valores previstos no parágrafo anterior. Acontece que essa multa foi revogada pela Lei nº 11.941/2009, publicada em 28/05/2009, que incluiu em seu lugar a multa do art. 32A: Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitar seá às seguintes multas: (Incluído pela Lei nº 11.941, de Fl. 1023DF CARF MF Processo nº 10920.722324/201135 Acórdão n.º 2202004.687 S2C2T2 Fl. 1.024 20 2009). (Vide Lei nº 13.097, de 2015) (Vide Lei nº 13.097, de 2015) I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. (...) § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos. Já prevendo situações de alteração da legislação, o Código Tributário Nacional estabeleceu uma regra de transição em relação às penalidade, determinando que, Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: (...) II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Analisando a alteração concretizada pela Lei nº 11.941/2009, percebese que houve (1) alteração da penalidade já existente; (2) revogação da multa anteriormente existente e (3) ao mesmo tempo criação de outra multa, em função de fatos diversos. Nesse caminho, só pode retroagir a norma que alterar o comando legal em favor da Contribuinte, como quando reduzir a penalidade (1), ou quando revogou a norma que impõe a penalidade anteriormente existente (2). Diferentemente, a norma que cria penalidade nova (3) não pode retroagir, somente podendo ser aplicada nos lançamentos posteriores. Nesse sentido devese limitar a multa a 20%, conforme o art. 35, da Lei nº 8.212/1991, com redação dada pela Lei nº 11.941/2009, não podendo ser aplicada a multa da redação original desse artigo, uma vez que foi revogada, nem a multa do art. 35A, da mesma Lei, vez que só foi criada após o fato gerador, não podendo retroagir em prejuízo do sujeito passivo. Fl. 1024DF CARF MF Processo nº 10920.722324/201135 Acórdão n.º 2202004.687 S2C2T2 Fl. 1.025 21 Esse é, inclusive, o entendimento do STJ, conforme se observa do seguinte precedente: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. PREMISSA EQUIVOCADA. SÚMULA 284/STF. INAPLICABILIDADE. TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. COBRANÇA DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO. MULTA. REDUÇÃO PARA 20%. ART. 35 DA LEI N. 8.212/91 E ART. 106, II, "C", DO CTN. APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO MAIS BENÉFICA. PRECEDENTES. HONORÁRIOS. CABIMENTO. 1. Tratandose de ato não definitivamente julgado, aplicase a lei mais benéfica ao contribuinte, para redução de multa, conforme dispõe o art. 106, inciso II, alínea "c", do CTN. 2. O art. 35 da Lei n. 8.212/91 foi alterado pela Lei n. 11.941/09, devendo o novo percentual aplicável à multa seguir o patamar de 20% que, sendo mais propícia ao contribuinte, deve ser a ele aplicado, por se tratar de lei mais benéfica, cuja retroação é autorizada com base no art. 106, II, do CTN. 3. Precedentes: AgRg no AREsp 185.324/SP, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 27.8.2012; AgRg no REsp 1216186/RS, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 16/5/2011; REsp 1117701/SP, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 19/10/2009. 4. O art. 35 da Lei n. 8.212/91, com a redação anterior à Lei n. 11.940/09, não distingue a aplicação da multa em decorrência da sua forma de constituição (de ofício ou por homologação), hipótese prevista tão somente com o advento da Lei n. 11.940/09, que introduziu o art. 35A à Lei de Custeio da Seguridade Social, restringindo sua incidência aos casos ocorridos após sua vigência, sob pena de retroação. 5. É firme o entendimento no sentido de que a procedência do incidente de exceção de préexecutividade, ainda que resulte apenas na extinção parcial da execução fiscal ou redução de seu valor, acarreta a condenação na verba honorária. Precedentes. Embargos de declaração acolhidos, com efeitos modificativos. (EDcl no AgRg no REsp 1275297/SC, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 03/12/2013, DJe 10/12/2013) Mais relevante ainda é a leitura do voto proferido pelo i.Min. Relator, de onde se extrai os seguintes excertos: Cumpre destacar que o art. 35 da Lei n. 8.212/91, com a redação anterior à Lei n. 11.940/09, não distinguia a aplicação da multa em decorrência da sua forma de constituição (de ofício ou por homologação), mas levando em consideração, essencialmente, o momento em que constatado o atraso no pagamento: antes da notificação fiscal, durante a notificação e existência de recurso Fl. 1025DF CARF MF Processo nº 10920.722324/201135 Acórdão n.º 2202004.687 S2C2T2 Fl. 1.026 22 administrativo, e após a inscrição em dívida ativa. Vale a transcrição: (...) Com efeito, a nova redação do art. 35 da Lei n. 8.212/91, dada pela Lei n. 11.941/09, ao prever que as multas aplicadas obedecerão os parâmetros estabelecidos no art. 61 da Lei n. 9.430/96, possibilitou a aplicação da multa reduzida aos processos ainda não definitivamente julgados. (...) A distinção quanto à forma de lançamento para fixação de multa somente foi prevista com o advento da Lei n. 11.940/09, que introduziu o art. 35A à Lei n. 8.212/91, verbis: (...) Com efeito, sua aplicação restringese aos lançamentos de ofício existentes após sua vigência, sob pena de retroação. Outros relevantes precedentes são: · AgRg no REsp 1319947/SC, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 25/09/2012, DJe 02/10/2012); e · AgRg no REsp 1216186/RS, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 10/05/2011, DJe 16/05/2011). Nesse caminho, é necessário reconhecer a aplicação retroativa (art. 106 do CTN) da Lei nº 11.941/2009, aplicandose a multa mais benéfica ao Contribuinte, por competência, limitada porém ao patamar de 20% constante na nova redação do art. 35 da Lei nº 8.212/1991. Dispositivo Diante de tudo quanto exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso para determinar o recálculo da multa. (assinado digitalmente) Junia Roberta Gouveia Sampaio (voto de Dilson Jatahy Fonsenca Neto) Fl. 1026DF CARF MF Processo nº 10920.722324/201135 Acórdão n.º 2202004.687 S2C2T2 Fl. 1.027 23 Voto Vencedor Conselheira Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Redatora Designada Com a devida vênia, divirjo do i. Conselheiro relator quanto a multa mais benéfica a ser aplicada. Nesse sentido, é elucidativo o voto proferido pela Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, no Acórdão CSRF nº9202004.006: Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art.35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda Fl. 1027DF CARF MF Processo nº 10920.722324/201135 Acórdão n.º 2202004.687 S2C2T2 Fl. 1.028 24 que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1º Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2º Observado o disposto no § 3º deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3º A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para Fl. 1028DF CARF MF Processo nº 10920.722324/201135 Acórdão n.º 2202004.687 S2C2T2 Fl. 1.029 25 as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. No presente caso, conforme consta do relatório, foi feito o comparativo entre a sistemática anterior 24% e o AIOA, e a multa atual do art. 35A, justamente aplicandose aquela que fosse mais benéfica ao recorrente no momento da lavratura. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. (...) Para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. A multa deve resultar do comparativo entre os valores que seriam lançados considerando a lei vigente à época do fato gerador com o valor da multa de ofício que teria sido aplicada considerando a redação atual, conforme artigo 44 da Lei 9.430, de 1996 (percentual de 75%) somado, se for o caso, ao valor da multa por descumprimento de obrigação acessória prevista no artigo 32A da Lei 8.212/91. Com a maxima venia, entendo que não cabe a comparação da multa de 24%, da regra anterior, com a multa de 20%, da nova regra, pois são multas aplicadas em relação a fatos distintos: enquanto a multa de 24% era aplicada de ofício, por meio de uma Notificação Fiscal de Lançamento de Débito (NFLD), a multa de 20% incide sobre pagamento espontâneo, feito em atraso. Do exame dos autos, verificase que a autoridade fiscal procedeu corretamente a esse comparativo (item VI do Relatório Fiscal, a partir de fl.65). O critério adotado respeita a proibição de dupla penalização pela prática de uma mesma conduta infracional e compara penalidades incidentes sobre condutas idênticas. Assim, entendo que o procedimento fiscal mostrase correto, inexistindo reparos a se fazer no lançamento fiscal. Fl. 1029DF CARF MF Processo nº 10920.722324/201135 Acórdão n.º 2202004.687 S2C2T2 Fl. 1.030 26 Por todo o exposto, é de se negar provimento ao Recurso Voluntário. É como voto. (assinado digitalmente) Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Fl. 1030DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.724777/2013-38
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 07 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/05/2002 a 31/05/2005
NULIDADE DO LANÇAMENTO ANTERIOR. VÍCIO MATERIAL. NOVO LANÇAMENTO. DECADÊNCIA.
Reconhecido, no lançamento anterior, o cerceamento de defesa na realização de auditoria em endereço diverso do domicílio fiscal eleito pelo sujeito passivo, que levou à decretação da invalidade da autuação fiscal fundamentada na ausência de apresentação de documentos, fica caracterizada a existência de vício material. Uma vez efetuado o novo lançamento em relação aos mesmos fatos geradores somente ao final do ano de 2013, operou-se a extinção do crédito tributário pela decadência.
Numero da decisão: 2401-005.860
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário, reconhecendo a decadência do crédito tributário lançado.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente
(assinado digitalmente)
Cleberson Alex Friess - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Andréa Viana Arrais Egypto, José Luís Hentsch Benjamin Pinheiro, Matheus Soares Leite e Mônica Renata Mello Ferreira Stoll (suplente convocada).
Nome do relator: CLEBERSON ALEX FRIESS
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/05/2002 a 31/05/2005 NULIDADE DO LANÇAMENTO ANTERIOR. VÍCIO MATERIAL. NOVO LANÇAMENTO. DECADÊNCIA. Reconhecido, no lançamento anterior, o cerceamento de defesa na realização de auditoria em endereço diverso do domicílio fiscal eleito pelo sujeito passivo, que levou à decretação da invalidade da autuação fiscal fundamentada na ausência de apresentação de documentos, fica caracterizada a existência de vício material. Uma vez efetuado o novo lançamento em relação aos mesmos fatos geradores somente ao final do ano de 2013, operou-se a extinção do crédito tributário pela decadência.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário, reconhecendo a decadência do crédito tributário lançado. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier - Presidente (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess - Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Andréa Viana Arrais Egypto, José Luís Hentsch Benjamin Pinheiro, Matheus Soares Leite e Mônica Renata Mello Ferreira Stoll (suplente convocada).
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MONTREAL INFORMÁTICA S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/05/2002 a 31/05/2005 NULIDADE DO LANÇAMENTO ANTERIOR. VÍCIO MATERIAL. NOVO LANÇAMENTO. DECADÊNCIA. Reconhecido, no lançamento anterior, o cerceamento de defesa na realização de auditoria em endereço diverso do domicílio fiscal eleito pelo sujeito passivo, que levou à decretação da invalidade da autuação fiscal fundamentada na ausência de apresentação de documentos, fica caracterizada a existência de vício material. Uma vez efetuado o novo lançamento em relação aos mesmos fatos geradores somente ao final do ano de 2013, operou se a extinção do crédito tributário pela decadência. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário, reconhecendo a decadência do crédito tributário lançado. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 72 47 77 /2 01 3- 38 Fl. 709DF CARF MF Processo nº 10680.724777/201338 Acórdão n.º 2401005.860 S2C4T1 Fl. 710 2 Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Andréa Viana Arrais Egypto, José Luís Hentsch Benjamin Pinheiro, Matheus Soares Leite e Mônica Renata Mello Ferreira Stoll (suplente convocada). Relatório Cuidase de recurso voluntário interposto em face da decisão da 5ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juiz de Fora (DRJ/JFA), por meio do Acórdão nº 0963.971, de 14/07/2017, cujo dispositivo considerou improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário exigido (fls. 665/675): ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/05/2002 a 31/05/2005 VÍCIO FORMAL. AUTO DE INFRAÇÃO SUBSTITUTIVO. Vício formal se caracteriza nos elementos extrínsecos do ato administrativo. O novo auto de infração deve ser efetuado com os mesmos elementos do anterior, a menos do fato irregular efetuado e tem, por prazo de decadência, o previsto no art. 173, II do CTN. Impugnação Improcedente Extraise do Relatório Fiscal, às fls. 55/69, que o processo administrativo é composto do Auto de Infração (AI) nº 37.410.6053, relativo à contribuição previdenciária patronal (20%) incidente sobre valores pagos pela empresa a seus empregados a título de "assistência odontológica", nas competências 05/2002 a 05/2005. Segundo o agente fazendário, o auto de infração teve por finalidade a substituição da Notificação Fiscal de Lançamento de Débito (NFLD) nº 37.004.8555, controlada no Processo nº 35301.013544/200625, que foi tornada nula em razão da constatação de vício formal, conforme decidido no Acórdão nº 20500.840, de 03/07/2008, prolatado pela Quinta Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda. Os pagamentos de assistência odontológica em benefício dos segurados empregados foram constatados nas contas contábeis "Prontodente" (2.1.2.00.22293) e "Prontodente" (2.1.1.07.22293), para as quais a pessoa jurídica deixou de apresentar os respectivos documentos indispensáveis à análise da natureza do benefício fornecido, tais como contratos e aditivos, notas fiscais e faturas, relação de usuários e relatório de comprovação de despesas. Por tais motivos, e com base nos documentos constantes do Processo nº 35301.013544/200625, a fiscalização considerou os desembolsos efetuados pela empresa Fl. 710DF CARF MF Processo nº 10680.724777/201338 Acórdão n.º 2401005.860 S2C4T1 Fl. 711 3 como salário indireto pago a segurado empregado, integrante da base de cálculo das contribuições previdenciárias. A falta de apresentação de documentos justificou o levantamento do crédito tributário por arbitramento, mediante aferição indireta, a partir dos registros da contabilidade. A autuada tomou ciência do auto de infração, por via postal, em 16/12/2013, tendo impugnado a exigência fiscal (fls. 317 e 327/336). Intimada da decisão de primeira instância em 09/08/2017, data em que efetuou consulta no endereço eletrônico atribuído pela administração tributária, a empresa autuada protocolou recurso voluntário no dia 08/09/2017, em que aduz os seguintes argumentos de fato e de direito (fls. 676/679 e 680/693): (i) ao contrário do que afirmou a decisão de piso, o lançamento original não foi anulado por vício formal, mas em função do cerceamento do direito de defesa da recorrente; (ii) em diversos acórdãos, sobre os mesmos fatos, o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais se pronunciou pela existência de vício material, ante a impossibilidade de apresentação de documentos e a prestação de esclarecimentos úteis à ação fiscalizatória; (iii) considerando que o lançamento fiscal em discussão diz respeito a obrigações tributárias do período de 07/2001 a 05/2005, há que se reconhecer a extinção do crédito tributário pela decadência; e (iv) alternativamente, mesmo que o lançamento substitutivo não estivesse fulminado pela decadência, houve nítido cerceamento do direito de defesa da recorrente ao constituir o crédito tributário por arbitramento, na medida em que o único documento exigido pela fiscalização para a lavratura do auto de infração foi a última alteração do contrato social da recorrente. É o relatório. Voto Conselheiro Cleberson Alex Friess Relator Juízo de admissibilidade Uma vez realizado o juízo de validade do procedimento, verifico que estão satisfeitos os requisitos de admissibilidade do recurso voluntário e, por conseguinte, dele tomo conhecimento. Fl. 711DF CARF MF Processo nº 10680.724777/201338 Acórdão n.º 2401005.860 S2C4T1 Fl. 712 4 Decadência Como se observa da narrativa acima, tratase de lançamento substitutivo relativo às competências de 05/2002 a 05/2005, com ciência do auto de infração pelo sujeito passivo em 16/12/2013. Quanto ao lançamento original, que compõe o Processo nº 35301.013544/2006 25, apenso aos autos, em nenhum momento as decisões administrativas explicitaram a natureza do vício, se formal ou material, que levou à decretação da nulidade da NFLD nº 37.004.8555. Em contrapartida, se reconheceu o cerceamento do direito de defesa do contribuinte na realização de auditoria em endereço diverso do seu domicílio tributário. Com efeito, toda a celeuma instaurouse com a exigência de documentos pela fiscalização previdenciária em estabelecimento da empresa distinto daquele eleito como seu local centralizador, a partir de orientação dada pela ProcuradoriaGeral Federal, à época responsável pela área de assessoramento e consultoria em matéria jurídica no âmbito do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Desde o início do procedimento fiscal, nos anos de 2005/2006, a empresa questionou a determinação do agente fazendário para apresentação de documentos na sua filial da cidade do Rio do Janeiro, em razão de que o seu domicílio fiscal, conforme indicado no respectivo contrato social, localizavase no estabelecimento sede no município de Rio das Flores (RJ). Posteriormente ao término da ação fiscal, no processo autuado originalmente sob o nº 2003.51.01.0224300, o Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF/2ª Região) proferiu decisão, transitada em julgado, em que considerou procedente o pedido da empresa, ora recorrente, para declarar como domicílio tributário a sua sede, na Rua Capitão Jorge Soares nº 04, município de Rio da Flores (RJ). Além de vincular a Administração Tributária, a declaração de validade do domicílio eleito pelo sujeito passivo, conforme acórdão do TRF/2ª Região, acarretou a ilegalidade do atos praticados pela fiscalização que, desprovidos de justificação válida, desconsideraram o estabelecimento da empresa localizado no município de Rio das Flores (RJ) como aquele onde a pessoa jurídica deveria manter os elementos necessários aos procedimentos fiscais, com obrigação legal de disponibilizálos à fiscalização sempre que solicitados. A postura do agente fiscal em exigir a apresentação dos documentos em estabelecimento, ainda que da mesma empresa, localizado em município diverso do eleito pelo contribuinte como centralizador, no qual estava a documentação necessária e suficiente à fiscalização integral, configura, após a avaliação do caso concreto, evidente prejuízo ao autuado. Não foi outro o entendimento do Acórdão nº 20500.840, de 03/07/2008, da Quinta Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes, ao julgar o recurso voluntário no Processo nº 35301.013544/200625. Para melhor compreensão do decidido, reproduzo excertos do votocondutor do acórdão (fls. 70/81): (...) Fl. 712DF CARF MF Processo nº 10680.724777/201338 Acórdão n.º 2401005.860 S2C4T1 Fl. 713 5 No caso sob exame temos que o sujeito passivo, logo após a ciência dos MPF e TIAD, manifestouse através de requerimento sobre o domicílio tributário eleito, apontando alteração de seus atos constitutivos e informando que sua documentação se encontrava no estabelecimento centralizador eleito. A resposta ao requerimento se limitou às alegações trazidas pela Procuradoria do INSS, já expostas no relatório, que em síntese são: (...) Assim procedendo, preferiu o órgão fiscalizador não demonstrar qual hipótese legal, impossibilidade ou dificuldade para a realização da ação fiscal, se configurou para a recusa do domicílio eleito pelo sujeito passivo, já que a matéria estava sendo deduzida em juízo e não havia até aquela data decisão judicial deferindo as pretensões do sujeito passivo. (...) Sobre a documentação da empresa, a fiscalização não deixou de admitir que, de fato, era mantida no domicílio eleito, tal como previsto no artigo 743 da Instrução Normativa n° 03, de 14/07/2005; porém, embora seja esse o critério para fixação de oficio do domicílio, ainda assim se manteve em outro estabelecimento da empresa. E pior, os documentos solicitados pela fiscalização através das 71 páginas de Termos de Intimação para Apresentação de Documentos TIAD foram transportados para o estabelecimento no Rio de Janeiro, resultando autuações e lançamentos por arbitramento, como conseqüência da impossibilidade de atendimento integral das intimações. Reconheço a existência de cerceamento de defesa, o que acabou se evidenciando através das autuações por falta de documentos e recusa em prestar esclarecimentos além dos inúmeros lançamentos por arbitramento. O acompanhamento da ação fiscal por técnico habilitado, prestando os esclarecimentos necessários e exibindo os documentos que justificam os fatos constatados pela fiscalização, constitui direito do contribuinte alinhado com os preceitos constitucional garantidores da ampla defesa e do contraditório. Por todo o exposto, uma vez transitada em julgado a sentença reconhecendose por fim que o domicílio tributário e estabelecimento centralizador do recorrente está situado na Rua Capitão Soares, 04 Rio das Flores Volta Redonda/RJ, somente resta a este órgão administrativo julgador acatar a decisão judicial e, conseqüentemente, a preliminar ora examinada, restando prejudicado o exame de mérito. CONCLUSÃO Em razão do exposto, voto pela anulação do lançamento. (...) Fl. 713DF CARF MF Processo nº 10680.724777/201338 Acórdão n.º 2401005.860 S2C4T1 Fl. 714 6 Dessa decisão administrativa, a ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional interpôs recurso especial na forma regimental, que foi negado provimento, conforme Acórdão nº 920201.450, de 12/04/2011, da 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais (fls. 83/88). Como assentado na doutrina e jurisprudência, o lançamento substitutivo decorrente de vício formal deve pautarse nos mesmos elementos de prova do procedimento anterior, mediante o saneamento do defeito do instrumento de constituição do crédito tributário, ficando vedada, por outro lado, qualquer inovação no próprio lançamento. No entanto, o lançamento anterior, consubstanciado na NFLD nº 37.004.8555, foi anulado em decorrência do cerceamento do direito de defesa do sujeito passivo, evidenciado pela exigência do crédito tributário com fundamento na falta de apresentação de documentação pela empresa para demonstrar a inexistência de natureza remuneratória das parcelas pagas. Em tal hipótese de invalidade, o lançamento substitutivo não é executável sem alteração do conteúdo do lançamento, porque, antes de mais nada, sob pena de acarretar um outro cerceamento de defesa, a autoridade fiscal deve oportunizar ao contribuinte, no seu domicílio tributário, a apresentação de todos os documentos e informações necessários à atividade fiscalizatória, para só depois, se for o caso, proceder ao novo lançamento. É de se notar, portanto, que no caso em apreço não se reconheceu a existência de vício formal, na medida em que o defeito do lançamento, segundo a decisão no Processo nº 35301.013544/200625, afetou a própria fundamentação em que se sustentou a imputação infracional. De fato, a conduta fiscal não implicou tão somente desrespeito às normas atinentes à realização de procedimento de auditoria, concentradas que são, via de regra, no estabelecimento centralizador da empresa. É inegável que o vício no procedimento fiscal tem relação direta com os fundamentos adotados para a autuação, haja vista que o lançamento de ofício estava escorado na existência de conduta omissiva da empresa na apresentação de documentação comprobatória, autorizando a lei ordinária a constituição do crédito previdenciário, com inversão do ônus probatório quanto à natureza não remuneratória das parcelas apuradas pelo agente fiscal (art. 33, § 3º, da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991). Em razão disso, a falha do lançamento original está associada ao conteúdo do ato e, desse modo, a mácula atinge a própria motivação do ato administrativo, configurando um vício material. O lançamento fiscal controlado no Processo nº 35301.013544/200625 revelou vício intrínseco, na sua origem, que contaminou o fundamento do arbitramento por ausência de apresentação de documentação comprobatória das despesas com assistência odontológica em benefício dos segurados empregados, de modo que a validade do lançamento fiscal somente era possível a partir da edição de um novo ato administrativo com alteração de conteúdo (motivação). Nesse cenário, o prazo decadencial para o novo lançamento não se submete à regra do inciso II do art. 173 do Código Tributário Nacional (CTN), veiculado pela Lei nº Fl. 714DF CARF MF Processo nº 10680.724777/201338 Acórdão n.º 2401005.860 S2C4T1 Fl. 715 7 5.172, de 25 de outubro de 1966, como acatado pelo colegiado de primeira instância, que se posicionou pela existência de vício formal. Na hipótese de vício material, como ora se cuida, a contagem do prazo decadencial para o novo lançamento segue a disciplina do § 4º do art. 150 ou do inciso I do art. 173, ambos do CTN. Em qualquer das duas regras, levandose em consideração que o AI nº 37.410.6053, lavrado em substituição à NFLD nº 37.004.8555, diz respeito a fatos geradores do período de 05/2002 a 05/2005, com ciência do lançamento fiscal pelo sujeito passivo no dia 16/12/2013, é forçoso reconhecer a extinção do crédito tributário, em virtude da decadência quinquenal (art. 156, inciso V, do CTN). Não obstante o reconhecimento da decadência, acrescento que mesmo na hipótese de vício formal e, portanto, um lançamento substitutivo dentro do prazo de cinco anos da data em que se tornou definitiva a decisão que anulou o lançamento anteriormente efetuado, o que se cogita apenas para fins de raciocínio, também não prospera o presente lançamento fiscal. É que, de acordo com os termos de intimação carreados aos autos pela própria fiscalização, o único documento exigido do contribuinte para a lavratura do AI nº 37.410.6053 foi a última alteração do contrato social. Nada mais foi pedido pela autoridade fiscal, segundo consta, lastreando o lançamento tributário exclusivamente nos fatos verificados no procedimento anterior (fls. 35/43). Assim sendo, avultase, novamente, o cerceamento do direito de defesa, dado que a fiscalização justificou o lançamento com base na omissão do contribuinte na apresentação de documentos e/ou informações, sem oferecer a oportunidade para a sua exibição e/ou prestar esclarecimentos. Conclusão Ante o exposto, CONHEÇO do recurso voluntário e DOULHE PROVIMENTO, reconhecendo a decadência do crédito tributário lançado. É como voto. (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess Fl. 715DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10830.003499/2003-49
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 18 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Nov 05 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2002
SIMPLES. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO EM ESTUFAS.
Não comprovada a necessidade de profissional legalmente habilitado (engenheiro ou assemelhados) para a execução das atividades de prestação de serviços de manutenção em estufas, a pessoa jurídica pode optar pelo sistema do SIMPLES de recolhimento de tributos federais. Inteligência da Súmula CARF nº 57.
Numero da decisão: 1301-003.456
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Giovana Pereira de Paiva Leite, Carlos Augusto Daniel Neto, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Leonam Rocha de Medeiros (suplente convocado) e Fernando Brasil de Oliveira Pinto (Presidente). Ausente, justificadamente, a Conselheira Bianca Felícia Rothschild, substituída pelo Conselheiro Leonam Rocha de Medeiros.
Nome do relator: FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Giovana Pereira de Paiva Leite, Carlos Augusto Daniel Neto, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Leonam Rocha de Medeiros (suplente convocado) e Fernando Brasil de Oliveira Pinto (Presidente). Ausente, justificadamente, a Conselheira Bianca Felícia Rothschild, substituída pelo Conselheiro Leonam Rocha de Medeiros.
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PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO EM ESTUFAS. Não comprovada a necessidade de profissional legalmente habilitado (engenheiro ou assemelhados) para a execução das atividades de prestação de serviços de manutenção em estufas, a pessoa jurídica pode optar pelo sistema do SIMPLES de recolhimento de tributos federais. Inteligência da Súmula CARF nº 57. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Giovana Pereira de Paiva Leite, Carlos Augusto Daniel Neto, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Leonam Rocha de Medeiros (suplente convocado) e Fernando Brasil de Oliveira Pinto (Presidente). Ausente, justificadamente, a Conselheira Bianca Felícia Rothschild, substituída pelo Conselheiro Leonam Rocha de Medeiros. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 00 34 99 /2 00 3- 49 Fl. 1179DF CARF MF Processo nº 10830.003499/200349 Acórdão n.º 1301003.456 S1C3T1 Fl. 1.180 2 Relatório Reproduzo o relatório da Resolução 1301000.498: Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão proferido pela Sexta Turma da Delegacia Regional de Julgamento em Ribeirão Preto (DRJ/RPO) assim ementado, verbis: Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES Anocalendário: 1997 ATIVIDADE VEDADA. As empresas que desenvolvem atividades assemelhadas à de engenheiro, manutenção e reparo de máquinas e equipamentos para a agricultura estão impedidas de optar pelo Simples. VIGÊNCIA DA LEI. O lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada, assim, o regime de tributação deve também obedecer às normas vigentes à data da ocorrência do fato gerador. Manifestação de Inconformidade Improcedente Sem Crédito em Litígio” O caso foi assim relatado pela instância a quo, verbis: “Trata o processo de solicitação e ingresso no Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte Simples, retroativamente a 17/09/1997. A contribuinte teve indeferido seu pedido, não quanto à retroatividade da inclusão, o que foi reconhecido fazer jus, se não fosse a atividade por ela exercida, que foi considerada vedada pela legislação de regência, conforme decisão proferida no despacho decisório de fls. 69/71, pela Delegacia da Receita Federal em Limeira – SP, nos seguintes termos: ... Entretanto, a atividade de fabricação, instalação e manutenção de estufas para a agricultura encontra óbice no artigo 9º, inciso XIII, da Lei nº 9.317, de 1996. Isto posto, indefiro o pleito de inclusão retroativa de 17/08/1997. Ciente da decisão, a contribuinte ingressou com manifestação de inconformidade, na qual alegou em suma: A Secretaria da Receita Federal em Despacho Decisório de 11 de abril de 2008, declarou ser cabível a inclusão retroativa. No mesmo despacho teve indeferida a solicitação de inclusão retroativa a 17/09/1997, em face do disposto no art. 9º, XIII, da Lei nº 9.317, de 1996. Observase que das vedações contidas na norma acima, nos incisos I a XVIII e XIX, parágrafos 1º a 4º, não há qualquer menção Fl. 1180DF CARF MF Processo nº 10830.003499/200349 Acórdão n.º 1301003.456 S1C3T1 Fl. 1.181 3 para que se possa enquadrar a atividade de fabricação instalação e manutenção de estufas para agricultura, como uma atividade vedada pelo simples. A atividade considerada vedada foi atribuída pelo Sr. Chefe da Secat à contribuinte, baseado em informações processadas pela Secretaria da Receita Federal. A contribuinte não foi notificada pela Secretaria da Receita federal quanto ao indeferimento de sua inclusão durante o prazo de 11 anos em que vem exercendo suas atividades tomando as medidas necessárias quanto à entrega da declaração DIPJ e pagando os tributos de acordo com o regime. A empresa está classificada nas seguintes atividades: CNAE 33.14711: “manutenção e reparação de máquinas e equipamentos para agricultura e pecuária e; CNAE 46.61300: ‘comércio atacadista de máquinas, aparelhos e equipamentos para uso pecuário, partes e peças’. Consta do contrato social na Cláusula 3º da 5ª alteração contratual o seguinte: A sociedade tem por objeto o Comércio varejista de máquinas aparelhos e equipamentos para uso agropecuário, partes e peças, manutenção e reparação de máquinas e equipamentos para a agricultura e agropecuária em geral. Desde o início de sua atividade econômica até a presente data, atendeu o disposto na Lei nº 9.317, de 1996 revogada pela LC 123, de 2006, apresentando provas documentais dos fatos aqui aludidos que seguem anexo a este. Para instrução processual, junto os documentos que fazem as fls. 77/96. É o essencial.” O acórdão recorrido julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela contribuinte pelos fundamentos sintetizados na ementa acima transcrita. Em sede de recurso voluntário, a recorrente alega que o acórdão a quo deve ser reformado, pois (i) motivou sua decisão apenas na análise do objeto social da contribuinte, não verificando as atividades que esta, de fato, exerce; (ii) há ofensa ao princípio da verdade material e ao princípio da legalidade; (iii) ausência de admissão no SIMPLES das atividades prestadas que não são excluídas no regime; e (iv) retroatividade benigna do SIMPLES Nacional previsto na Lei Complementar nº 123/06. O presente recurso foi analisado, em 23/11/2011, por esta câmara de julgamento, tendo sido decido pela conversão do julgamento em diligência para que fosse apurada a “natureza da atividade realizada pela Recorrente, através das notas fiscais emitidas, contratos de prestação e serviços e demais informações que o diligenciante entenda esclarecedora do presente litígio”. Fl. 1181DF CARF MF Processo nº 10830.003499/200349 Acórdão n.º 1301003.456 S1C3T1 Fl. 1.182 4 Determinou ainda a relatora Ivete Malaquias Pessoa Monteiro que “do termo de diligência seja cientificado a Contribuinte para que se pronuncie nos autos, se entender necessário”. Em 15/05/2012 (fls. 301), a contribuinte foi intimada para a apresentação: “1. Original e cópia das notas fiscais de prestação de serviço emitidas pela empresa no período 09/1997 a 06/2007, justificando as receitas brutas de prestação e serviços informadas nas Declarações Simplificada das Pessoas Jurídicas – Simples (DSPJ) no referido período; 2. Original(is) do(s) Livro(s) de apuração do ISS no período de 09/1997 a 06/2007; e 3. Original e cópia de contrato(s) de prestação de serviços firmado(s) no período de 09/1997 a 06/2007.” Verificase às fls. 367 a 739, petição da contribuinte requerente a juntada dos seguintes documentos: “Original e cópia das notas fiscais de serviços emitidas pela A.D.N. Montagem e Manutenção de Estufas (denominação fantasia da empresa Granadier Neto Comércio e Manutenção de Estufas Agrícolas Ltda. EPP) do período de 1997 a 2007; e Livros Registros de Notas Fiscais de Serviços Prestados da empresa Granadier Neto Comércio e Manutenção de Estufas Agrícolas Ltda. EPP do período de 1997 a 2007;” Nas fls. 740, consta o seguinte despacho do Auditor Fiscal Flávio Costa Ayres: “Tendo em vista o pronunciamento do contribuinte, acima identificado, às fls. 367 a 739, em atendimento à exigência constante da Resolução nº 110200.064, de 23/11/2011, exarada pela 1ª Câmara/2ª Turma Ordinária do CARF, cuja decisão foi pela conversão do julgamento em diligência, proponho, após o desentranhamento do eprocesso dos documentos (Volume – V1 / Resolução) às fls 1 a 149, o encaminhamento do presente processo ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, para decidir sobre o recurso voluntário interposto pelo contribuinte.” Tendo em vista o despacho acima mencionado, o processo foi remetido novamente para este órgão julgador. No voto condutor do Acórdão 1102000.210, constatouse que não foi elaborado o termo de diligência em que conste um relatório conclusivo da autoridade fiscal acerca das atividades exercidas pela contribuinte. Além disso, a contribuinte não teria sido notificada para que se manifestasse a respeito do referido termo. Em razão disso determinouse a realização de nova diligência para que a autoridade fiscal atestasse, de forma fundamentada e conclusiva, a natureza das atividades prestadas pela contribuinte. A seguir, deveria ser elaborado Relatório de Fl. 1182DF CARF MF Processo nº 10830.003499/200349 Acórdão n.º 1301003.456 S1C3T1 Fl. 1.183 5 Diligência Fiscal, cientificandose a contribuinte sobre seu teor e abrindose prazo de 30 de dias para que se manifestasse. Os autos retornam à unidade de origem, cientificandose o contribuinte do teor da resolução e intimandoo para a apresentação de documentos e informações. O contribuinte respondeu à intimação. Em seguida, os autos retornaram ao CARF e foram submetidos a novo sorteio. Na assentada de 23 de fevereiro de 2018, proferi o seguinte voto, acompanhado pela totalidade do colegiado: Conforme relatado, na Resolução 1102000.210 (fl. 745 e ss.) o julgamento foi convertido em diligência para que fosse elaborado Relatório de Diligência atestandose a atividade desenvolvida pelo contribuinte, nos termos já requeridos anteriormente por meio da Resolução 110200.064 (fl. 291 e ss.). Contudo, os autos retornaram à unidade de origem que, além de cientificar o contribuinte sobre o teor da última resolução proferida, intimouo a apresentar novos documentos e informações. Atendida a intimação não identifiquei nos autos o Relatório de Diligência solicitado já em duas oportunidades. Por essas razões, entendo que os autos não se encontram em condições de julgamento, devendo ser realizada nova diligência a fim de que a autoridade fiscal designada: (i) dê ciência desta resolução à autuada, entregandolhe cópia; (ii) elabore Relatório de Diligência1 no qual seja atestada, de forma fundamentada e conclusiva, a natureza das atividades prestadas pela Contribuinte com base nas notas fiscais apresentadas e outros elementos objeto da fiscalização, indicandose precisamente, se o caso, notas fiscais e contratos segundo os quais a Fiscalização entende terem sido prestados serviços previstos no art. 9º, XIII da Lei n. 9317/96. Para tanto, e havendo necessidade, a autoridade fiscal poderá intimar o contribuinte a apresentar documentos complementares e esclarecimentos adicionais antes de elaborar o relatório ora requerido. Poderá ainda a autoridade fiscal apresentar os esclarecimentos que julgar necessários à melhor análise de tais fatos. Ao final, o Recorrente deverá ser cientificado do resultado da diligência, abrindose prazo de 30 dias para que, querendo, manifestese sobre seu conteúdo (art. 35, parágrafo único, do Decreto nº 7.574/2011). 1 Decreto nº 7.574, de 2011: Art. 36. [...] § 3o Determinada, de ofício ou a pedido do impugnante, diligência ou perícia, é vedado à autoridade incumbida de sua realização escusarse de cumprilas. Fl. 1183DF CARF MF Processo nº 10830.003499/200349 Acórdão n.º 1301003.456 S1C3T1 Fl. 1.184 6 Os autos retornaram mais uma vez à unidade de origem, que assim fez constar no despacho de fls. 11651167: 1. A contribuinte solicitou sua inclusão no Simples Federal a partir de 1º de janeiro de 2003, mas teve seu pedido indeferido ante o entendimento de que sua atividade se enquadrava como exercício de profissão regulamentada. 2. Em novembro de 2011, o processo retornou pela primeira vez para diligência, sendo a contribuinte intimada a apresentar as notas fiscais do período compreendido entre setembro de 1997 a junho de 2007, Livro Registro de Apuração do ISS e os contratos de prestação de serviços firmados naquele mesmo período para cumprimento da diligência solicitada pelo então Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. 3. Em outubro de 2013, o processo retornou para que fosse dada ciência da resolução e elaboração de relatório de diligência com ciência à contribuinte. 4. Foi então feita nova intimação para a descrição dos serviços prestados nas notas fiscais, já que nem todas estavam legíveis. 5. Anexada a documentação apresentada pela contribuinte, o processo foi encaminhado ao Carf, porém ele retornou mais uma vez para que fosse elaborado relatório de diligência, atestando de forma clara e conclusiva a natureza das atividades prestadas pela contribuinte, com base nas notas fiscais e outros elementos objeto de fiscalização, indicando precisamente se as notas fiscais e os contratos se referiam a serviços prestados previstos no artigo 9º, XIII da Lei n.º 9.317/96. 6. Primeiramente devese esclarecer que a descrição constante da nota fiscal não é suficiente para atestar se a atividade necessitava ou não de um profissional habilitado e, somente seria possível afirmar com a certeza exigida pela Resolução, se a diligência fosse feita na época dos fatos. 7. Desde a primeira diligência solicitada, em novembro de 2011, já não era mais possível auferir se a atividade exercida pela contribuinte necessitava ou não de um profissional habilitado pela própria alteração de seu objeto social. 8. No contrato social a contribuinte tinha como objeto a prestação de serviços de montagem e manutenção de estufas agrícolas em geral e, no final do anocalendário de 2003, com a terceira alteração contratual seu objeto passou a ser o comércio varejista de materiais para estufas agrícolas e a prestação de serviços de manutenção de estufas agrícolas em geral. Em agosto de 2007, quando o Simples Federal já estava extinto, foi registrado na Junta Comercial seu novo objeto social como comércio varejista de máquinas, peças e equipamentos agrícolas, comércio atacadista de máquinas, aparelhos e equipamentos para uso agropecuário, partes e peças e manutenção e reparação de máquinas e equipamentos para agricultura e pecuária em geral. 9. Se a DRF/Limeira fosse fazer alguma diligência in loco quando a primeira diligência foi solicitada não encontraria ninguém fazendo Fl. 1184DF CARF MF Processo nº 10830.003499/200349 Acórdão n.º 1301003.456 S1C3T1 Fl. 1.185 7 manutenção ou instalando estufa, porque esse não era mais o objeto social da contribuinte. 10. Além disso, o nível de complexidade de se construir, fazer a manutenção ou trocar o plástico de uma estufa de 10 m2 não tem comparação com esta mesma atividade quando se trata de estufas de flores, principal atividade da região de Holambra, que chegam a áreas equivalentes a galpões industriais em que até a direção dos ventos da região tem que ser levada em consideração no cálculo de sua estrutura, o que certamente requer um profissional capacitado. 11. As notas fiscais sequer indicam quantos metros quadrados tinham as estufas instaladas ou em que foi feita a manutenção. É temerário afirmar e assinar qualquer conclusão sobre a atividade que a contribuinte exerceu efetivamente no período de vigência do Simples Federal com os documentos anexados a este processo. 12. Importante esclarecer que, com base neste processo, a contribuinte continuou a agir como se fosse optante pelo Simples Federal, conforme comprovam as declarações por ela entregues no período de sua vigência: [...] 13. Além disso, se não for dado provimento ao seu recurso, nada poderá ser feito pela Secretaria da Receita Federal, por decadência. 14. Feitos esses esclarecimentos, proponho que seja dada ciência ao contribuinte desde despacho e da resolução do Carf, abrindolhe prazo para manifestação e posterior retorno deste processo ao Carf, pois smj o tempo transcorrido aniquilou seu objeto. Intimado a se manifestar sobre as conclusões da Fiscalização, a Recorrente concordou integralmente com suas conclusões (fl. 1175). É o relatório. Fl. 1185DF CARF MF Processo nº 10830.003499/200349 Acórdão n.º 1301003.456 S1C3T1 Fl. 1.186 8 Voto Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Relator. 1 ADMISSIBILIDADE O recurso voluntário mostrase tempestivo e assinados por procuradores devidamente habilitados, já tendo sido alvo de conhecimento por ocasião das inúmeras resoluções já proferidas nos autos. Ratifico, pois, seu conhecimento. 2 MÉRITO Em resumo, tratase de indeferimento de inclusão no regime do Simples Federal em que a unidade de origem concluiu que a Recorrente desempenhava atividade vedada para sua inclusão e manutenção nesse regime diferenciado de tributação. Convertido o julgamento em sucessivas diligências, retornaram aos autos somente as notas fiscais de prestação de serviços em estufas agrícolas. À fl. 759, assim argumenta a Recorrente: A empresa Granadier Neto Com. e Manu. de Estufas Agrícolas EPP [..] vem por meio desta relatar e descrever os serviços prestados pela empresa: Manutenção e montagem de estufas agrícolas em chácaras sítios chácaras [sic], ou fazendas. A manutenção consiste em: trocar plásticos de cobertura, de tela de sombreamento, cortinas laterais, reaperto de parafusos, trocas de partes ou peças da estrutura da estufa desgastadas ou deformadas. A montagem, como o próprio termo já diz, consiste em montar estufas agrícolas que são compradas de terceiros pelos clientes e montadas em suas propriedades rurais para cultivos de flores e outros produtos. Pois bem, para a turma julgadora de primeira instância, não poderiam optar pelo Simples as pessoas jurídicas que prestavam serviços de manutenção e reparação de máquinas e equipamentos, pois essa atividade seria exercida por profissionais com habilitação legalmente exigida ou a eles assemelhados, no caso concreto, engenheiros ou assemelhados (art. 9º, inciso XIII, da Lei 9.317/1996). Argumentase que a análise do significado do termo “assemelhado” constante do inciso XIII, do art. 9º da Lei nº 9.317/96, concluise que sua interpretação seja no sentido de que a relação de atividades desse dispositivo não seria exaustiva, incluindo qualquer atividade de prestação de serviço que tenha similaridade ou semelhança com aquelas enumeradas. Fl. 1186DF CARF MF Processo nº 10830.003499/200349 Acórdão n.º 1301003.456 S1C3T1 Fl. 1.187 9 Nessas condições, é forçoso afirmar que a simples menção de uma atividade impeditiva, dentre várias, e no caso sequer claramente impeditiva, não é, por si só, motivo de exclusão do Simples. Ainda mais, havendo dúvidas sobre a efetiva possibilidade de equiparar a atividade exercida a "serviços de engenharia", caberia à administração tributária colher provas que demonstrassem, inquestionavelmente, que ao menos uma das atividades efetivamente desenvolvidas pela Recorrente é vedada ao Simples. Vêse ainda que, em diversas conversões de julgamento em diligência para que restasse aclaradas as atividades efetivamente desenvolvidas pela Recorrente, as autoridades fiscais designadas para realização das diligências limitaramse a intimar o contribuinte a fim de que esse anexasse documentos referentes aos serviços prestados. Junto à documentação apresentada, argumentou a Recorrente que exercia atividade de manutenção e montagem de estufas agrícolas, entendo não desempenhar atividade impeditiva de ingresso no Simples Federal. A Fiscalização, por sua vez, não foi capaz de demonstrar o contrário, pois, além da realização de diligência direta na própria empresa que restara impossibilitada pela alteração no contrato social da Recorrente (excluindose a atividade de manutenção de estufas), poderia a autoridade fiscal ter lançado mão de outras técnicas de auditoria, tal como a realização de circularizações junto aos contratantes dos serviços a fim de melhor identificar o que efetivamente fora realizado pela Recorrente, ou ainda verificar se havia profissionais (engenheiros e assemelhados) empregados da pessoa jurídica ou por ela contratados para a execução das atividades, pois compete ao Fisco a prova de que o contribuinte desempenha atividade vedada para o ingresso e permanência no Simples Federal. Reiteradas são as decisões do Conselho de Contribuintes neste sentido, a exemplo do decidido no Acórdão 30239589, de 20/06/2008, assim ementado: SIMPLES. EXCLUSÃO INDEVIDA. OBJETO SOCIAL MÚLTIPLO. ÔNUS DA PROVA. Havendo mais de uma atividade no objeto social da empresa, e nem todas vedadas à opção pelo SIMPLES, no procedimento de exclusão do regime cabe à Administração Tributária provar que a recorrente praticava pelo menos uma das atividades vedadas constantes de seu contrato social, ou mesmo não constante desse, e não à recorrente fazer prova negativa de que não praticava nenhuma atividade vedada, portanto, é indevida a exclusão. Concluise, em razão da fundamentação mencionada no despacho da unidade local , bem como pelo enquadramento no inciso XIII do art. 9º da Lei nº 9.317/96, a atividade exercida pela interessada foi tida pela administração da DRF como integrante dos serviços pertencentes à categoria de "serviços profissionais", mais especificamente, de "serviços profissionais de engenheiro", o que não restou demonstrado durante todo o curso do processo. Desse modo, com a devida vênia, ouso discordar do entendimento expresso no acórdão recorrido, pois restou evidente que não existe provas de que as atividades exercidas pelo contribuinte exijam a interferência de engenheiro, ou que nela se desempenhem atividades de competência primordial de profissionais legalmente habilitados na área de engenharia. Fl. 1187DF CARF MF Processo nº 10830.003499/200349 Acórdão n.º 1301003.456 S1C3T1 Fl. 1.188 10 Cabe ressaltar que, o artigo 4º da Lei n° 10.964/2004, posteriormente alterado pela Lei n° 11.051/2004, o qual foi regulamentado pelo Ato Declaratório Executivo nº 8, de 18 de janeiro de 2005, excetuou, expressamente, da distorcida interpretação do inciso XIII do artigo 9° da Lei n° 9.317/96, retroativamente, diversos serviços de manutenção e reparação, nos seguintes termos: Art. 4º Ficam excetuadas da restrição de que trata o inciso XIII do art. 9º da Lei no 9.317, de 5 de dezembro de 1996, as pessoas jurídicas que se dediquem às seguintes atividades: (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) I – serviços de manutenção e reparação de automóveis, caminhões, ônibus e outros veículos pesados; (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) II – serviços de instalação, manutenção e reparação de acessórios para veículos automotores;(Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) III – serviços de manutenção e reparação de motocicletas, motonetas e bicicletas; (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) IV – serviços de instalação, manutenção e reparação de máquinas de escritório e de informática; (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) V – serviços de manutenção e reparação de aparelhos eletrodomésticos. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) § 1º Fica assegurada a permanência no Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte – SIMPLES, com efeitos retroativos à data de opção da empresa, das pessoas jurídicas de que trata o caput deste artigo que tenham feito a opção pelo sistema em data anterior à publicação desta Lei, desde que não se enquadrem nas demais hipóteses de vedação previstas na legislação. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) § 2º As pessoas jurídicas de que trata o caput deste artigo que tenham sido excluídas do SIMPLES exclusivamente em decorrência do disposto no inciso XIII do art. 9º da Lei no 9.317, de 5 de dezembro de 1996, poderão solicitar o retorno ao sistema, com efeitos retroativos à data de opção desta, nos termos, prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal – SRF, desde que não se enquadrem nas demais hipóteses de vedação previstas na legislação. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) § 3º Na hipótese de a exclusão de que trata o § 2º deste artigo ter ocorrido durante o anocalendário de 2004 e antes da publicação desta Lei, a Secretaria da Receita Federal – SRF promoverá a reinclusão de ofício dessas pessoas jurídicas retroativamente à data de opção da empresa. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) § 4º Aplicase o disposto no art. 2º da Lei no 10.034, de 24 de outubro de 2000, a partir de 1º de janeiro de 2004. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) Fl. 1188DF CARF MF Processo nº 10830.003499/200349 Acórdão n.º 1301003.456 S1C3T1 Fl. 1.189 11 Como visto acima, a legislação em descrita veio pacificar o entendimento no sentido de que a prestação de serviços de manutenção e conservação de máquinas e equipamentos em geral, não é atividade que possa ser caracterizada como atividade que se subsume ao art. 9º, inciso XIII, da Lei n° 9.317/96. Corroborando tal entendimento foi editada a Súmula CARF nº 57, assim vazada: A prestação de serviços de manutenção, assistência técnica, instalação ou reparos em máquinas e equipamentos, bem como os serviços de usinagem, solda, tratamento e revestimento de metais, não se equiparam a serviços profissionais prestados por engenheiros e não impedem o ingresso ou a permanência da pessoa jurídica no SIMPLES Federal. Com efeito, tendo como suporte o entendimento de que os serviços prestados pela Recorrente não se ajustam, em vista de sua pouca complexidade, às atividades próprias de engenheiro, e à míngua de qualquer prova em contrário, não vejo como manter a decisão recorrida. Além disso, como bem frisou a autoridade fiscal às fls. 11661167, a Recorrente permaneceu declarando suas receitas e as submetendo à tributação com base no Simples Federal por todo o período, e não houve lançamento do Fisco exigindo os tributos em outra sistemática de apuração, o que, por si só, já esvaziaria de sentido o interesse da RFB, no caso concreto, em ver o recurso da Recorrente desprovido, uma vez que, em razão da decadência, não mais seria possível a constituição dos créditos tributários por ventura devidos. CONCLUSÃO Isso posto, voto por dar provimento recurso voluntário. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Fl. 1189DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10675.000706/2007-77
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Sep 13 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Nov 23 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2003
LANÇAMENTO POSTERIOR AO ENCERRAMENTO DO ANO-CALENDÁRIO. APURAÇÃO DE PREJUÍZO. POSSIBILIDADE.
Nos casos de falta de recolhimento de diferenças de estimativas mensais de IRPJ relativas a períodos de apuração anteriores à Lei nº 11.488/2007, é cabível a cobrança da multa isolada após o término do ano-calendário, desde que tais diferenças não decorram de infração que tenha dado causa à redução do IRPJ apurado no balanço de encerramento do mesmo ano-calendário.
Numero da decisão: 9101-003.790
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Cristiane Silva Costa (relatora) e Luis Flávio Neto, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Flávio Franco Corrêa. Julgado no dia 13/09/2018, no período da tarde.
(assinado digitalmente)
Rafael Vidal de Araújo - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Cristiane Silva Costa - Relatora
(assinado digitalmente)
Flávio Franco Corrêa - Redator Designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Flávio Franco Corrêa, Luis Flávio Neto, Viviane Vidal Wagner, Gerson Macedo Guerra, Demetrius Nichele Macei e Rafael Vidal de Araújo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: CRISTIANE SILVA COSTA
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conteudo_txt : Metadados => date: 2018-10-29T03:47:10Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.5; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dcterms:created: 2018-10-29T03:46:59Z; Last-Modified: 2018-10-29T03:47:10Z; dcterms:modified: 2018-10-29T03:47:10Z; dc:format: application/pdf; version=1.5; xmpMM:DocumentID: uuid:cc3ce52b-2ff7-44ee-bb9b-c521789fd141; Last-Save-Date: 2018-10-29T03:47:10Z; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2018-10-29T03:47:10Z; meta:save-date: 2018-10-29T03:47:10Z; pdf:encrypted: true; modified: 2018-10-29T03:47:10Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; meta:creation-date: 2018-10-29T03:46:59Z; created: 2018-10-29T03:46:59Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; Creation-Date: 2018-10-29T03:46:59Z; pdf:charsPerPage: 1535; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2018-10-29T03:46:59Z | Conteúdo => CSRFT1 Fl. 288 1 287 CSRFT1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10675.000706/200777 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9101003.790 – 1ª Turma Sessão de 13 de setembro de 2018 Matéria IRPJ Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado ALGAR TELECOM S/A ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2003 LANÇAMENTO POSTERIOR AO ENCERRAMENTO DO ANO CALENDÁRIO. APURAÇÃO DE PREJUÍZO. POSSIBILIDADE. Nos casos de falta de recolhimento de diferenças de estimativas mensais de IRPJ relativas a períodos de apuração anteriores à Lei nº 11.488/2007, é cabível a cobrança da multa isolada após o término do anocalendário, desde que tais diferenças não decorram de infração que tenha dado causa à redução do IRPJ apurado no balanço de encerramento do mesmo anocalendário. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Cristiane Silva Costa (relatora) e Luis Flávio Neto, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Flávio Franco Corrêa. Julgado no dia 13/09/2018, no período da tarde. (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araújo Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Cristiane Silva Costa Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 67 5. 00 07 06 /2 00 7- 77 Fl. 288DF CARF MF Processo nº 10675.000706/200777 Acórdão n.º 9101003.790 CSRFT1 Fl. 289 2 (assinado digitalmente) Flávio Franco Corrêa Redator Designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Flávio Franco Corrêa, Luis Flávio Neto, Viviane Vidal Wagner, Gerson Macedo Guerra, Demetrius Nichele Macei e Rafael Vidal de Araújo (Presidente em Exercício). Relatório Tratase de processo originado por auto de infração para cobrança de multa isolada calculada sobre estimativas mensais de CSLL, quanto aos meses de janeiro, fevereiro, agosto e setembro de 2003. Consta do auto de infração (fls. 26): Falta de pagamento de Imposto de Renda incidente sobre a base de cálculo estimada em função de balanços de suspensão ou redução, conforme demonstrativo anexo (fls. 29), em virtude da não adição ao lucro real de pagamento a beneficiário não identificado no anocalendário de 2003. (...) Diante do exposto, foi lavrada multa isolada de 50% sobre a diferença apurada, conforme demonstrativo às fls 29. O contribuinte apresentou impugnação administrativa (fls. 42), que a Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Juiz de Fora julgou improcedente (fls. 111): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Data do Fato Gerador: 31/03/2003, 28/02/2003, 31/08/2003, 30/09/2003 MULTA ISOLADA. FALTA DE RECOLHIMENTO DA ESTIMATIVA. Tendo optado pela forma de tributação dos lucros com base no lucro real anual, a pessoa jurídica fica sujeita às antecipações mensais do IRPJ por estimativa. O nãorecolhimento ou o recolhimento a menor das estimativas sujeita a pessoa jurídica à multa de ofício isolada prevista no art. 44, § 1°, inciso IV, da Lei 9.430, de 1996. Sendo apresentado recurso voluntário pelo contribuinte (fl. 118), a 1ª Turma Ordinária da 1ª Câmara deu provimento ao recurso voluntário, em acórdão cuja ementa se transcreve a seguir (fls. 163, acórdão 110100.692): Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica — IRPJ. Anocalendário: 2003. Fl. 289DF CARF MF Processo nº 10675.000706/200777 Acórdão n.º 9101003.790 CSRFT1 Fl. 290 3 MULTA ISOLADA POR FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVA. A multa isolada sobre as diferenças de IRPJ e CSLL não recolhidas mensalmente, só pode ser aplicada no curso do próprio anocalendário e caso não apresentado os balancetes de suspenção/redução. Não cabe a sua aplicação quando, após o encerramento do exercício, se apura prejuízo fiscal, posto que, não há que se falar em multa pela não antecipação de estimativa de um tributo que não é devido. Os autos foram remetidos à Procuradoria em 10/01/2013 (fls. 172), que interpôs recurso especial em 26/02/2013 (fls. 173), sustentando divergência na interpretação da lei tributária com relação à exigência de multa isolada sobre estimativas mensais, indicando como paradigmas os acórdãos nº 10806.571 e 140100.429. O recurso especial foi admitido pelo então Presidente da 1ª Câmara da 1ª Seção (Conselheiro André Mendes de Moura) quanto ao primeiro paradigma (10806.571), conforme decisão parcialmente transcrita a seguir (fls. 205): A questão posta em discussão se refere à possibilidade de cobrança de multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, quando ao fim do anocalendário foi apurado prejuízo pela contribuinte. Reproduzo, abaixo, as ementas dos acórdãos paradigmas trazidos ao dissídio: Acórdão nº 10806.571 (...) Dessa decisão, por meio do simples confronto das ementas recorrida e paradigma, obtémse a divergência de entendimentos argüida pela Procuradoria, posto que foi mantida a imposição da multa por falta de recolhimento por estimativa, mesmo no caso de apuração de prejuízo ao final do período abrangido pelo anocalendário. Acórdão nº 140100.429 (...) Nesse paradigma, foi mantida a multa isolada pela falta de recolhimentos por estimativa, mesmo tendose constatado que não havia tributo a ser pago pela contribuinte ao final do ano calendário, constatado que o montante recolhido já fora suficiente para o cumprimento do débito de imposto devido no período de apuração. Ante o exposto, entendo que somente o primeiro paradigma atendeu a divergência uma vez que foi o único que tratou da manutenção da multa mesmo tendo sido apurado prejuízo ao final do anocalendário. Ou seja, foi o único a apresentar resultado diverso ante o exame da mesma situação fática julgada na decisão combatida. (...) Em razão de terem sido preenchidos os requisitos do art. 67 do RICARF, DOU SEGUIMENTO AO RECURSO ESPECIAL POR DIVERGÊNCIA. Fl. 290DF CARF MF Processo nº 10675.000706/200777 Acórdão n.º 9101003.790 CSRFT1 Fl. 291 4 O contribuinte foi intimado em 13/04/2016 (fls. 210), apresentando contrarrazões ao recurso especial em 03/05/2016 (fls. 213). Em síntese, pede a manutenção do acórdão recorrido. É o relatório. Voto Vencido Conselheira Cristiane Silva Costa, Relatora Adoto as razões do Presidente de Câmara para conhecimento do recurso especial, na forma autorizada pelo artigo 59, §1º, da Lei nº 9.784/1999. Lembro que o contribuinte não questionou o conhecimento do recurso especial. Passo a enfrentar o mérito. O caso dos autos é de exigência de multa quanto às estimativas mensais, quando o contribuinte apurou prejuízo e bases negativas ao final do anocalendário. A impossibilidade de cobrança da multa sobre estimativas mensais tem por principal fundamento a lógica empregada na sistemática de antecipação por estimativas. Isto porque as estimativas mensais não configuram obrigação tributária autônoma, mas mera técnica de arrecadação. A esse respeito, destaquese artigo 231, do RIR/1999 (Decreto 3.000/1999), que estabelece a compensação dos valores antecipados a título de estimativa mensal ao final do ano: Art. 231. Para efeito de determinação do saldo de imposto a pagar ou a ser compensado, a pessoa jurídica poderá deduzir do imposto devido o valor (Lei nº 9.430, de 1996, art. 2º, § 4º): (...) IV do imposto pago na forma dos arts. 222 a 230. (grifamos) De acordo com o dispositivo do Regulamento do Imposto de Renda, a pessoa jurídica que tenha recolhido estimativas poderá, ao final do anocalendário, deduzilas do saldo a pagar do IRPJ. Tal mecanismo demonstra a relação inafastável entre as estimativas mensais e a apuração ao final do período, confirmando que não se tratam de relações jurídicas tributárias autônomas, mas apenas uma técnica de arrecadação. Considerando a natureza de mera antecipação da estimativa, este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais consolidou entendimento sobre a impossibilidade de sua cobrança após o encerramento do ano calendário, conforme Enunciado n. 82 de sua Súmula: Súmula CARF 82: Após o encerramento do anocalendário, é incabível lançamento de ofício de IRPJ ou CSLL para exigir estimativas não recolhidas. Fl. 291DF CARF MF Processo nº 10675.000706/200777 Acórdão n.º 9101003.790 CSRFT1 Fl. 292 5 O E. Superior Tribunal de Justiça também decidiu que as estimativas mensais são meras antecipações do fato gerador, que ocorre ao final do período de apuração, verbis: É firme o entendimento deste Tribunal no sentido de que o regime de antecipação mensal é opção do contribuinte, que pode apurar o lucro real, base de calculo do IRPJ e da CSLL, por estimativa, e antecipar o pagamento dos tributos, segundo a faculdade prevista no art. 2º da Lei nº 9.430/96. (Superior Tribunal de Justiça, AgRg no Resp 694.278, Rel. Min. Humberto Martins, DJ de 03/08/2006) Nesse contexto, seria legítima a cobrança de multa isolada sobre estimativas mensais se efetuado o lançamento antes do encerramento do anocalendário, o que não ocorreu no caso do presente processo administrativo. São precisas as considerações de Paulo de Barros Carvalho tratando da relação indissociável entre o tributo pago ao final do ano e a estimativa mensal: Prescreve o art. 2º da Lei n. 9.430/969 que a pessoa jurídica sujeita à tributação com base no lucro real poderá optar pelo pagamento dos tributos, em cada mês, determinados sobre base de cálculo estimada. Feita essa opção, temse recolhimento do IRPJ e da CSLL por estimativa, em que os valores devidos a título de imposto e de contribuição são determinados mediante a aplicação, sobre a receita bruta auferida mensalmente, dos percentuais previstos em lei. Essa opção não exclui, contudo, a obrigação de calcular a renda e o lucro líquido no final do anocalendário, e de efetuar o pagamento dos tributos sobre ele incidentes. O §3º do dispositivo acima transcrito não deixa dúvidas a respeito do assunto (...). E o §4º segue a mesma linha de raciocínio, ao estipular que o tributo pago no regime de estimativa deve ser deduzido para fins de determinação do saldo de tributo a pagar. Em sentido semelhante, também, é a disposição do art. 6º da Lei n. 9.430/96, a qual permite entrever a indissociabilidade do tributo pago no regime de estimativa e aquele devido ao final do anocalendário. (...) Os referidos preceitos legais nos levam a concluir que o regime de estimativa não veicula tributos distintos do IRPJ e da CSLL anuais. Tratase de técnica de tributação que implica antecipação do recolhimento de valores presumidamente devidos em 31 de dezembro de cada ano. Por isso, na apuração dos tributoos no último dia do anocalendário (critério temporal do IRPJ e da CSLL) devem ser consideradas as quantias antecipadas e, ainda, se estas forem superiores ao débito efetivo, cabe sua restituição (Derivação e Positivação no Direito Tributário, Volume 1, 2ª edição, São Paulo, Noeses, 2014, fl. 289/290) Fl. 292DF CARF MF Processo nº 10675.000706/200777 Acórdão n.º 9101003.790 CSRFT1 Fl. 293 6 O artigo 44, IV, §1º, IV, da Lei nº 9.430/1996 tinha a seguinte redação anteriormente à Medida Provisória nº 351, de 22 de janeiro de 2007, convertida na Lei nº 11.488/2007: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: IV isoladamente, no caso de pessoa jurídica sujeita ao pagamento do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido, na forma do art. 2º, que deixar de fazêlo, ainda que tenha apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no ano calendário correspondente; § 1º As multas de que trata este artigo serão exigidas: IV isoladamente, no caso de pessoa jurídica sujeita ao pagamento do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido, na forma do art. 2º, que deixar de fazêlo, ainda que tenha apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no ano calendário correspondente; Antes disso, a Medida Provisória nº 303/206, de 29/06/2006, perdeu a eficácia, mas também teve previsão de modificação do citado artigo 44. De toda forma, o caput do artigo 44 explicitava que apenas seria exigida a multa isolada no caso de "diferença de tributo ou contribuição". O §1º, inciso IV autorizava a cobrança isolada destas multa, ainda que apurado prejuízo fiscal, mas a interpretação do parágrafo deve se conformar ao caput e, assim, só poderia ser aplicada a citada multa isolada caso houvesse lançamento antes do final do anocalendário. Do contrário, indevida a cobrança de multa isolada sobre estimativas mensais. Nesse sentido, a Turma Ordinária deu provimento ao recurso voluntário, conforme voto condutor: Destarte, a aplicação do art. 44, §1°, IV da Lei n° 9.430/96 está limitada aos casos em que a pessoa jurídica não recolhe a estimativa mensal e não apresenta os balancetes de suspensão durante o anocalendário, "ainda que tenha apurado prejuízo ou base de cálculo negativa", ou seja, quando não se antecipa o tributo e nem se elabora os balanços e balancetes que dariam suporte ao não pagamento. Diferentemente é o caso em análise, em que findo o ano calendário, o contribuinte apresenta o balanço de encerramento com a efetiva base de cálculo do tributo devido. Neste momento há um o encontro de contas entre o valor antecipado mensalmente por estimativa e o valor do tributo devido, podendo acarretar no pagamento da diferença, na restituição do valor antecipado pago a maior ou ainda, na inexistência de obrigação de pagar tributo. Fl. 293DF CARF MF Processo nº 10675.000706/200777 Acórdão n.º 9101003.790 CSRFT1 Fl. 294 7 Em resumo, a sistemática do pagamento por estimativa consiste em antecipar, mês a mês, o pagamento do tributo que efetivamente só seria devido ao final do exercício. A multa isolada prevista no art. 44, § 1 0, IV da Lei n° 9.430/96 só se aplica no curso do anocalendário quando o contribuinte deixa de antecipar o valor estimado e, além disso, não apresenta os balancetes que justificariam tal omissão. Não cabe a aplicação desta penalidade quando ao final do exercício já se sabe efetivamente o valor do tributo devido. (...) No caso em análise, ao final do exercício financeiro, a Recorrente apresentou prejuízo fiscal, e desta forma, como não há valor a ser tributado, não há base de cálculo para a aplicação da multa isolada. (grifo original) O acórdão recorrido não merece reparos. Assim, voto por negar provimento ao recurso especial da Procuradoria para afastar a exigência de multa isolada calculada sobre estimativas mensais. Conclusões Por tais razões, voto por conhecer e negar provimento ao recurso especial da Procuradoria. (assinado digitalmente) Cristiane Silva Costa Voto Vencedor Conselheiro Flavio Franco Corrêa, Redator Designado. De início, cabe trazer à colação os fatos descritos no auto de infração, com o intuito de expor o encadeamento das razões que dão suporte ao entendimento que prevaleceu no Colegiado, quando do julgamento do apelo da União: "Falta de pagamento do Imposto de Renda Pessoa Jurídica incidente sobre a base de cálculo estimada em função de balanços de suspensão ou redução, conforme demonstrativo em anexo (fls. 29), em virtude da não adição ao lucro real de pagamento a beneficiário não identificado no anocalendário de 2003. Em 12/12/2007 foi lavrado Termo de Diligência Fiscal/Solicitação de documentos intimando o contribuinte, na qualidade de sucessor da empresa CIA DE TELECOMUNICAÇÕES DO BRASIL CENTRAL CNPJ: 25.759.572/000180, a apresentar relação dos beneficiários de verbas creditadas no cartão FLEXCARD no anocalendário de 2003 pela empresa sucedida, com os valores disponibilizados mensalmente a cada um deles, informando ainda a natureza dos rendimentos e os valores retidos de imposto de Renda Retido na Fonte (fls. 04 ). Em resposta, o contribuinte informou que os valores de IRRF foram devidamente recolhidos conforme DARFs e planilha de cálculo apresentada, demonstrando que o contribuinte reajustou os pagamentos e aplicou a alíquota de 35% sobre a base de cálculo reajustada, tendo recolhido os Darfs em 28/12/2006 Fl. 294DF CARF MF Processo nº 10675.000706/200777 Acórdão n.º 9101003.790 CSRFT1 Fl. 295 8 com o código de receita 5217, que corresponde ao tributo "IRRF pagamento a beneficiário não identificado" (fls. 06 ). O Artigo 304 do Decreto 3.000/99 dispões que "não são dedutíveis as importâncias declaradas como pagas ou creditadas a título de omissões, bonificações, gratificações ou semelhantes, quando não for indicada a operação ou a causa que deu origem ao rendimento e quando o comprovante do pagamento não individualizar o beneficiário do rendimento". Assim, em 05/03/2007 foi lavrado Termo de Diligência Fiscal/Solicitação de Documentos n° 0002 (fls. 13), intimando o mesmo a apresentar demonstrativos de apuração do IRPJ e CSLL estimativa mensal e apuração anual da sucedida, contemplando os valores de pagamentos a beneficiário não identificado, juntamente com os balancetes mensais do período em questão (fls. 13 ). As planilhas apresentadas pelo contribuinte demonstram que o mesmo não adicionou nos balancetes mensais de suspensão/redução os referidos pagamentos, somente o fazendo no mês de Dezembro e na apuração anual (fls. 15). Sendo assim , foi elaborado pelo Fisco novos demonstrativos de apuração do IRPJ e CSLL estimativa mensal, adicionando os pagamentos realizados a beneficiários não identificados, o que ocasionou em alguns meses do anocalendário diferença entre o imposto/contribuição devidos e os valores pagos por estimativa." Por conseguinte, não há que se falar em concomitância entre a multa isolada e a multa de ofício proporcional, já que o contribuinte adicionou, para efeito de apuração do lucro real anual, os valores pagos a beneficiário não identificado, só deixando de adicionálos, entretanto, na apuração das estimativas mensais calculadas com base em balanço de suspensão ou redução. Assim postos os fatos e localizandoos no tempo, devese assinalar que o pagamento do imposto por estimativa, instituído pela Lei nº 9.430/1996, é uma alternativa à apuração trimestral, prevista na mesma lei. Feita a opção pelo recolhimento do IRPJ por estimativa, o Estado aguarda a entrada desses recursos. Por isso, o contribuinte pode ser autuado com a imposição de uma multa isolada, caso não observe o dever de efetuar o recolhimento das estimativa sem o amparo de balanço de suspensão ou redução previsto no artigo 35 da Lei nº 8.981/1995, a teor do disposto na redação original do inciso IV, § 1º, do artigo 44 da Lei nº 9.430/1996, verbis: "Art.44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; [...] § 1º As multas de que trata este artigo serão exigidas: [...] IV isoladamente, no caso de pessoa jurídica sujeita ao pagamento do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido, na forma do art. 2º, Fl. 295DF CARF MF Processo nº 10675.000706/200777 Acórdão n.º 9101003.790 CSRFT1 Fl. 296 9 que deixar de fazêlo, ainda que tenha apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente; " Ressaltese que não é o caso de aplicação do entendimento consolidado na Súmula CARF nº 105, pois os autos não versam sobre a incidência concomitante da multa de ofício. Percebase que o inciso IV, § 1º, do artigo 44 da Lei nº 9.430/1996, vigente à época, estabelecia, em sua redação original, que a multa isolada decorrente da falta ou insuficiência do recolhimento de estimativas também deveria ser aplicada, ainda que a pessoa jurídica viesse a apurar prejuízo fiscal ou base negativa de CSLL. Isso, por si só, já denotava que a multa isolada em lume poderia ser aplicada mesmo depois de levantado o balanço de encerramento do anocalendário, pois sua incidência não dependia do resultado fiscal apurado nesse mesmo balanço. A opção pela apuração anual já implicava submissão às normas determinantes do recolhimento por estimativa. Nesses termos, não se admite a alegação de que o contribuinte, sem o amparo de balanço de suspensão ou redução, não se sujeita à multa isolada após o encerramento do anocalendário, tendo em conta que dessa proposição resultaria inegável desestímulo à realização de recolhimentos mensais apurados sobre bases de cálculo estimadas, colocando em risco o fluxo de caixa da União, que é dependente tanto da efetivação da antecipação de tributos como da efetivação de recolhimentos definitivos de tributos federais. Todavia, é preciso ter em conta o advento da Lei nº 11.488/2007, que reduziu a multa em questão ao percentual de 50%, verbis: “Art. 14. O art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, passa a vigorar com a seguinte redação, transformandose as alíneas a, b e c do § 2o nos incisos I, II e III: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: [...] b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica.” Pondo em foco a infração no tempo e não se verificando, nos autos, justificativa fundada em balanços/balancetes de suspensão ou redução, mostrase procedente a aplicação da multa isolada por falta de recolhimento de estimativas de IRPJ, consoante o artigo 44, § 1º, inciso IV, da Lei nº 9.430/1996, já com a redução para 50% prevista na Lei nº Fl. 296DF CARF MF Processo nº 10675.000706/200777 Acórdão n.º 9101003.790 CSRFT1 Fl. 297 10 11.488/2007, em decorrência do preceito insculpido no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN. Conclusão: em face do exposto, devese conhecer do Recurso Especial da União para, no mérito, darlhe provimento. É como voto. (assinado digitalmente) Flávio Franco Corrêa Fl. 297DF CARF MF
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Numero do processo: 10860.001004/2002-17
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 03 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Oct 31 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2009
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITO BANCÁRIO. COMPROVAÇÃO DA ORIGEM. SÚMULA CARF Nº 29.
A comprovação da origem de valores depositados em conta bancária exige a apresentação de documentação hábil e idônea que vincule, de forma inequívoca, com compatibilidade razoável de datas e valores, o crédito bancário à fonte correspondente.
Todos os co-titulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento.
DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS. RETIFICAÇÃO. SUMULA CARF Nº 33.
A declaração entregue após o início do procedimento fiscal não produz quaisquer efeitos sobre o lançamento de ofício.
LANÇAMENTO. ALÍQUOTA APLICÁVEL. PENALIDADE DE OFÍCIO
A alíquota aplicável ao tributo é aquela vigente na data da ocorrência do fato gerador, não se confundindo com penalidade capaz de ensejar a aplicação da retroatividade benigna a que alude o art. 106 do CTN.
Identificada omissão de rendimentos é devida a aplicação da penalidade de ofício legalmente prevista.
Numero da decisão: 2201-004.734
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para determinar a exclusão, da base de cálculo do tributo lançado, do valor R$ 22.612,00, relativo aos créditos em conta conjunta para a qual não houve intimação da co-titular, bem assim para alterar o lançamento nos termos propostos pela Autoridade lançadora em sede de diligência.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Dione Jesabel Wasilewski, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Daniel Melo Mendes Bezerra, Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Alberto do Amaral Azeredo.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2009 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITO BANCÁRIO. COMPROVAÇÃO DA ORIGEM. SÚMULA CARF Nº 29. A comprovação da origem de valores depositados em conta bancária exige a apresentação de documentação hábil e idônea que vincule, de forma inequívoca, com compatibilidade razoável de datas e valores, o crédito bancário à fonte correspondente. Todos os co-titulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento. DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS. RETIFICAÇÃO. SUMULA CARF Nº 33. A declaração entregue após o início do procedimento fiscal não produz quaisquer efeitos sobre o lançamento de ofício. LANÇAMENTO. ALÍQUOTA APLICÁVEL. PENALIDADE DE OFÍCIO A alíquota aplicável ao tributo é aquela vigente na data da ocorrência do fato gerador, não se confundindo com penalidade capaz de ensejar a aplicação da retroatividade benigna a que alude o art. 106 do CTN. Identificada omissão de rendimentos é devida a aplicação da penalidade de ofício legalmente prevista.
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DEPÓSITO BANCÁRIO. COMPROVAÇÃO DA ORIGEM. SÚMULA CARF Nº 29. A comprovação da origem de valores depositados em conta bancária exige a apresentação de documentação hábil e idônea que vincule, de forma inequívoca, com compatibilidade razoável de datas e valores, o crédito bancário à fonte correspondente. Todos os cotitulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento. DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS. RETIFICAÇÃO. SUMULA CARF Nº 33. A declaração entregue após o início do procedimento fiscal não produz quaisquer efeitos sobre o lançamento de ofício. LANÇAMENTO. ALÍQUOTA APLICÁVEL. PENALIDADE DE OFÍCIO A alíquota aplicável ao tributo é aquela vigente na data da ocorrência do fato gerador, não se confundindo com penalidade capaz de ensejar a aplicação da retroatividade benigna a que alude o art. 106 do CTN. Identificada omissão de rendimentos é devida a aplicação da penalidade de ofício legalmente prevista. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para determinar a exclusão, da base de cálculo do tributo AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 0. 00 10 04 /2 00 2- 17 Fl. 3962DF CARF MF Processo nº 10860.001004/200217 Acórdão n.º 2201004.734 S2C2T1 Fl. 3.963 2 lançado, do valor R$ 22.612,00, relativo aos créditos em conta conjunta para a qual não houve intimação da cotitular, bem assim para alterar o lançamento nos termos propostos pela Autoridade lançadora em sede de diligência. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Dione Jesabel Wasilewski, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Daniel Melo Mendes Bezerra, Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Alberto do Amaral Azeredo. Relatório Trata o presente de recurso voluntário formalizado em face do Acórdão nº 1732.951, de 25 de junho de 2009, exarado pela 5ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo II/SP, fl. 1734 a 1766, que assim relatou a lide administrativa: Contra o contribuinte supraqualificado foi lavrado o auto de infração de fls.296/299, relativo ao imposto sobre a renda de pessoas físicas do anocalendário de 1998, em decorrência de ação fiscal que teve por objeto o exame do cumprimento das obrigações tributárias relativas a esse período( 11.12). Das verificações realizadas resultou a apuração do crédito tributário no valor total de R$ 238.240,66 (duzentos e trinta e oito mil, duzentos e quarenta reais e sessenta e seis centavos), na seguinte composição: (R$ ) Imposto 107.519,03 Juros de mora (calc. Até 31/01/2002) 50.082,36 Multa proporcional 80.639,27 O crédito tributário constituído decorreu da constatação de irregularidade assim descrita no referido auto: "Omissão de rendimentos caracterizada por valores creditados em contas de depósito ou de investimento, mantidas em instituições financeiras, em relação aos quais o contribuinte, regularmente intimado, não comprovou mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações, conforme Termo de • Verificação Fiscal ...". Enquadramento legal: art. 42 da Lei 9.430/96; art. 4 0 da Lei 9.481/97, art. 21 da Lei 9.532/97; art. 841 do RIR199 e art. 849 do RIR/99. A multa de oficio foi aplicada no percentual de 75,00% (setenta e cinco por cento), com fundamento no artigo 44, inciso I, da Lei 9.430/1996 (f1.299). Fl. 3963DF CARF MF Processo nº 10860.001004/200217 Acórdão n.º 2201004.734 S2C2T1 Fl. 3.964 3 No Termo de Verificação Fiscal, que faz parte integrante do Auto de Infração, o auditor fiscal responsável pelo procedimento dá conta dos fatos que originaram a autuação (fls.306/319). Nele, verificase que, de posse de informações que revelavam movimentação financeira junto ao Banco Itaú S/A e Banco Banespa S/A em nome de Yara Maria Rubim Moreira Paulista CPF 975.730.00804 , omissa da entrega da Declaração de IRPF anocalendário de 1998, a fiscalização intimoua a apresentar os extratos bancários, bem como documentação que justificasse a origem e a destinação dos recursos relativos à movimentação financeira efetuada no período. A contribuinte, em resposta, esclareceu que as movimentações financeiras em seu nome decorriam das atividades profissionais e comerciais de seu marido Wilson Roberto Paulista e que a DIRPF/99 deste indicara erroneamente que a apresentação não era conjunta, sendo posteriormente retificada. A vista da resposta da fiscalizada, foi emitido MPFF em nome do ora interessado, iniciandose a ação fiscal junto a sua pessoa, que resultou na apuração da infração mencionada. A ciência do auto de infração foi dada pessoalmente ao procurador do contribuinte, na data de 27/02/2002(f1.296). Em 01/04/2002 (fl.341), o interessado, por meio de procuradores constituídos conforme instrumento de fl.361, apresentou a impugnação de fls.341/360, na qual, após proceder ao relato dos fatos, aduz as razões de defesa que a seguir se reproduzem sinteticamente: DA INCONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS 9.311 DE 24 DE OUTUBRO DE 1996; 10.174, DE 09 DE JANEIRO DE 2001; LEIS COMPLEMENTARES DE IFS 104 E 105 DE 10 DE JANEIRO DE 2001 Argúi a nulidade da ação fiscal iniciada com a quebra do seu sigilo bancário, questionando a constitucionalidade das Leis 9.311/1996 e 10.174/2001, bem como das Leis Complementares 104/2001 e 105/2001; DA NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO POR VÍCIO DE FORMA Suscita a nulidade do auto de infração por vicio de forma consistente na inobservância do estabelecido pelo artigo 42, §3° da Lei 9.430/1996, que determina a análise individualizada dos créditos para fins de determinação da receita omitida. Afirma que a autoridade fiscal limitouse a totalizar uma série de depósitos, sem fazer referência a quais depósitos não teriam sido justificados. Entende, assim, desrespeitado o citado dispositivo legal, caracterizandose vicio de forma, devendo o auto ser julgado insubsistente. Caso assim não seja entendido, propugna pela realização de diligência ou perícia para a apuração e Fl. 3964DF CARF MF Processo nº 10860.001004/200217 Acórdão n.º 2201004.734 S2C2T1 Fl. 3.965 4 individualização dos créditos considerados omitidos, apresentando os quesitos ao final da impugnação. DA INCONSTITUCIONALIDADE DO ARTIGO 42 DA LEI 9.430 DE 27/12/1996, EM FACE DO ARTIGO 153, INCISO III DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL E DO ARTIGO 43 DO CTN. Requer novamente a declaração de insubsistência e improcedência do lançamento, alegando inconstitucionalidade do artigo 42 da Lei 9.430/1996, na medida em que este amplia o campo de incidência do fato gerador do imposto, ao considerar omissão de receita qualquer valor creditado em conta de depósito. Traz à colação textos doutrinários sobre fato gerador do imposto de renda. DO ÔNUS DA PROVA Entende que a autoridade fiscal não se desincumbiu de seu ônus probatório, uma vez que ele, contribuinte, demonstrou (ainda que sem a identificação das fontes recebedoras e beneficiárias dos depósitos que foram efetuados nas diversas contas do Banco Itaú) a origem dos depósitos, competindo, então, àquela, demonstrar um a um, quais os depósitos poderiam ser considerados efetivamente renda, o que não foi feito. DA NULIDADE DO LANÇAMENTO DOS DEPÓSITOS DO BANESPA Alega que nas últimas intimações feitas (fls. 194 e 197), os depósitos do BANESPA não foram objeto de pedido de comprovação. Mesmo assim, foram considerados no auto de infração, o que considera ilegal, uma vez que falta ao lançamento requisito básico e essencial para a materialização da hipótese de incidência e/ou o ilícito cometido. Anexa, ainda, cópias dos Extratos do BANESPA para demonstrar que os créditos são oriundos de uma única fonte. DA NULIDADE DO LANÇAMENTO DOS CRÉDITOS DO BANCO ITAÚ Em relação aos depósitos do Banco Itaú, afirma restar incontroverso o fato de que as informações prestadas por esta instituição não merecem fé, uma vez que suas informações foram retificadas. Além dos questionamentos anteriormente efetuados a respeito da inobservância do artigo 42, §3° da Lei 9.430/1996, afirma que o auto é nulo porque não considerou as informações prestadas pelo contribuinte para comprovar a origem dos depósitos. Afirma que se houvesse dúvidas por parte da autoridade fiscal, deveria ela buscar provas da inidoneidade das informações, por dever de oficio. Destarte, afirma, tendo em vista o estado de necessidade em que se vê, mesmo em desobediência ao dever de sigilo que lhe impõe o seu Estatuto e Código de Ética, anexa a mesma relação constante As fls. 218/299, porém com a identificação completa Fl. 3965DF CARF MF Processo nº 10860.001004/200217 Acórdão n.º 2201004.734 S2C2T1 Fl. 3.966 5 dos beneficiários dos depósitos. Esclarece as siglas utilizadas no demonstrativo. DA IMPOSSIBILIDADE DE LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS Com base em lição doutrinaria, que remete à Súmula 182 do antigo TRF, afirma que depósitos bancários por si só não representam valores que necessariamente tenham implicação tributária, constituindose em meros indícios que obrigam à efetiva comprovação documental. DA NULIDADE DA IMPOSIÇÃO DE MULTA EM FACE DA ALEGADA ENTREGA A DESTEMPO DA DECLARAÇÃO RETIFICADORA Reclama da aplicação da multa proporcional de 75% sobre o valor do imposto, por duas razões: a de que o imposto que lhe serve de base de cálculo é decorrente de omissão apurada com base em extratos bancários e pelo fato de que a penalidade foi aplicada sob a alegação de que a declaração retificadora foi entregue após iniciado o procedimento fiscal. Alega que até o dia 17/07/2001, quando, segundo o autuante, teria sido emitido MPFComplementar, foi, de fato, emitido Termo de Inicio de Fiscalização, que não continha o período a que se referia. Tal dúvida só veio a ser esclarecida pela autoridade fiscal em 13 de agosto, por meio da informação fiscal de fl. 149, quando a declaração retificadora (fls. 289/292) já havia sido entregue, bem assim os impostos pagos, conforme fazem prova as cópias dos DARF's quitados em 07/08/2001. Requer, portanto, a exclusão da multa, ou, caso assim não se entenda, que a mesma seja aplicada apenas sobra o crédito apurado após os expurgos relativos aos vícios apontados na impugnação. DO PEDIDO Por fim requer: a) nulidade do auto de infração interposto, na sua totalidade, nos termos e limites das respectivas fundamentações; declarando a sua improcedência e conseqüente insubsistência: b) caso não seja de plano declarada a improcedência do auto de infração, seja determinada a realização de perícia e/ou diligência, a fim de que sejam sanadas as irregularidades apontadas, com a devolução de prazo para o contribuinte se manifestar, obedecendo se, assim, o principio do devido processo legal; c) a realização de perícia, para comprovar a veracidade das alegações em que se funda a presente impugnação, nos termos do artigo 16 do Decreto 70.235/72, para o que abaixo, seguem em apartado, o nome do perito com os respectivos quesitos. Fl. 3966DF CARF MF Processo nº 10860.001004/200217 Acórdão n.º 2201004.734 S2C2T1 Fl. 3.967 6 Ao final, formula seis quesitos para a perícia e nomeia perito. Debruçada sobre os termos da impugnação, a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento São Paulo II/SP considerou o lançamento procedente, nos termos do Acórdão ora recorrido, que restou assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 1998 PRELIMINARES. NULIDADE. Tendo o auto de infração sido lavrado por servidor competente, com estrita observância das normas reguladoras da atividade de lançamento e, existentes no instrumento os elementos necessários para que o contribuinte exerça o direito do contraditório e da ampla defesa, assegurado pela Constituição Federal, afastam se as preliminares de nulidade arguidas. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. COMPROVAÇÃO. Invocando uma presunção legal de omissão de rendimentos, a autoridade lançadora eximese de provar no caso concreto a sua ocorrência, transferindo o ônus da prova ao contribuinte. Somente a apresentação de provas hábeis e idôneas pode refutar a presunção legal regularmente estabelecida. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEIS A apreciação e decisão de questões que versem sobre a constitucionalidade de atos legais são de competência exclusiva do Poder Judiciário, salvo se já houver decisão do Supremo Tribunal Federal declarando a inconstitucionalidade da lei ou ato normativo, hipótese em que compete à autoridade julgadora afastar a sua aplicação. MULTA DE OFÍCIO Não restando caracterizada a denúncia espontânea pela apresentação de declaração retificadora após inicio da ação fiscal, aplicase a multa sobre a totalidade da infração apurada. PERÍCIA. Fl. 3967DF CARF MF Processo nº 10860.001004/200217 Acórdão n.º 2201004.734 S2C2T1 Fl. 3.968 7 Indeferese o pedido de perícia quando a sua realização revelese prescindível para a formação de convicção pela autoridade julgadora. • Lançamento Procedente Ciente do Acórdão da DRJ em 20 de julho de 2009, conforme fl. 1771, ainda inconformado, o contribuinte apresentou, tempestivamente, o recurso voluntário de fl. 1772 a 1816, estruturado nos tópicos a seguir: OS DEPÓSITOS BANCÁRIOS E A NÃO EXCLUSÃO DOS DEPÓSITOS E TRANSFERÊNCIAS DA MESMA TITULARIDADE Dentre outras questões, aponta valores que teriam sido considerados como omissão de rendimentos mas que, na verdade, seriam decorrentes de movimentações entre as contas do próprio autuado. DA COMPROVAÇÃO DA ORIGEM DOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS Argumenta que os créditos em sua conta bancária decorrem de sua atividade de advogado e que, após apuração de seus honorários, promove o repasse do valor auferido pelos clientes. A PROVA DOCUMENTAL HÁBIL E IDÔNEA Manifesta seu entendimento de que a prova documental juntada é inequívoca e plenamente capaz de elidir qualquer presunção contrária. DA RETIFICAÇÃO DA DECLARAÇÃO DO IRPF NO PRAZO E DENTRO DA LEI Argumenta que a declaração de rendimentos retificadora apresentada após o início do procedimento fiscal é válida e que, portanto, as alterações nela promovidas devem ser acolhidas pela fiscalização. DA INAPLICABILIDADE DA MULTA Alega que, esclarecidas as ocorrências que geraram a autuação, inexistindo obrigação principal, não há que se falar em omissão, razão pela qual entende que a multa de ofício é inaplicável. DO CÁLCULO DO IMPOSTO DEVIDO E RESPECTIVO PAGAMENTOS Afirma que apurou e pagou o IR devido com base nas declarações apresentadas, a original e a retificadora. DA RETROATIVIDADE BENIGNA DA LEI Sustenta a alteração posterior do percentual do IR devido de 27,5 para 25%. Fl. 3968DF CARF MF Processo nº 10860.001004/200217 Acórdão n.º 2201004.734 S2C2T1 Fl. 3.969 8 Submetido ao crivo do Colegiado de 2ª Instância, o julgamento foi convertido em diligência, conforme Resolução de fl. 3923 a 3929, para manifestação da unidade preparadora, nos seguintes termos: 1. Realize o cotejamento das planilhas realizadas pelo contribuinte com a documentação anexa e o demonstrativo consolidado da fiscalização, a fim de que seja identificada a correlação (para fins de comprovação da origem) entre a planilha apresentada (somente a parte que estiver acompanhada da documentação comprobatória) e a exigência fiscal; 2. Identifique se houve a exclusão dos depósitos de mesma titularidade (contribuinte e cônjuge) e, caso não tenha ocorrido, proceda a exclusão; 3. Sejam aproveitados os DARFs anexos, caso não tenham sido computados nas deduções dos valores, durante o procedimento fiscal. Em atendimento aos termos da Resolução supracitada, foi exarado o Relatório Fiscal de fl.3934 a 3935 e respectivos anexos, em que se concluiu pela alteração do valor lançado. Ciente das conclusões Autoridade Fiscal exaradas em sede de diligência, o contribuinte manifestouse em fl. 3944 a 3948, apontando o que considera impropriedades das conclusões fiscais. É o relatório necessário. Voto Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator Por ser tempestivo e por atender os demais requisitos de admissibilidade, conheço do recurso voluntário. A análise das informações contidas nos autos, em particular os termos do recurso voluntário e o novo Relatório Fiscal produzido pela Autoridade lançadora, notase que parte das alegações do contribuinte foram consideradas pertinentes pela própria fiscalização, que sugeriu a alteração do valor lançado originalmente de R$ 107.519,03 para R$ 40.816,23. Sugestão esta que acolho integralmente no presente voto. As conclusões desse novo Relatório Fiscal foram levadas ao conhecimento do contribuinte autuado, que se manifestou em fl. 3944/3948, apontando seu inconformismo em relação a tais conclusões e indicando os supostos equívocos da Fiscalização que ainda dependeriam de correção. Assim, entendo que o cerne da análise que será levada a termo no presente voto pode se restringir à manifestação do contribuinte acerca do resultado da diligência, já que as alegações de mérito expressas no recurso voluntário se mostram parcialmente prejudicadas Fl. 3969DF CARF MF Processo nº 10860.001004/200217 Acórdão n.º 2201004.734 S2C2T1 Fl. 3.970 9 em seu objeto pelo acolhimento de boa parte delas pelo Agente Fiscal, o que aponta que a contrariedade remanescente do autuado está sintetizada na manifestação de fl. 3944/3948. DIFERENÇA NÃO CONSIDERADA PELA FISCALIZAÇÃO Inicialmente o contribuinte alega que o AuditorFiscal não considerou o valor de R$ 2.104,35, valor de IRRF previsto em sua Declaração de Rendimentos e reconhecido pelo Termo de Verificação Fiscal, que deveria ter sido excluído do montante depositado de R$ 390.978,31 (Valor depositado Tabela I Fl. 3940), o que deveria levar a base de cálculo original para R$ 388.873,96. Não tem razão a defesa. O valor em tela é relativo a IRRF e, como tal, deve ser deduzido diretamente do imposto devido, já que configura antecipação deste. Como estamos falando de depósitos em contas bancárias, decerto que valores de tributos retidos na fonte não integraram os valores creditados e, assim, está correta a fiscalização em aproveitar, como imposto pago, o montante retido em conjunto com o apurado na declaração originalmente apresentada, fl. 525, no valor de R$ 4.566,85 (R$ 2.104,35 de IRRF + R$ 231,00 de Carnê Leão + R$ 2.231,50 de IAP). BASE DE CÁLCULO APURADA PELA FISCALIZAÇÃO Afirma a defesa que os valores considerados pela fiscalização para apurar o tributo efetivamente devido não refletem a realidade dos fatos, já que foram desconsiderados por completo, e sem motivo justo: (i) Demonstrativo de origem dos depósitos bancários, os quais informam clientes, seus CPF, entrada e saída de recebimentos com a individualização de valores pagos e dos honorários recebidos. O citado demonstrativo, ao contrário do que afirma o recorrente, foi efetivamente analisado pela autor do procedimento fiscal. É o que se depreende do Termo de Verificação Fiscal que, em fl. 641, concluiu que a análise do documento evidenciou que o contribuinte utiliza suas contas particulares para movimentar recurso da empresa Dé & Ana Confecções Ltda, bem assim que deveriam ser excluídos do montante identificado de créditos os valores relativos a rendimentos tributáveis recebidos de PJ e a receita bruta da empresa Dé & Ana. Em outro momento, agora já no curso de diligência fiscal, a Autoridade lançadora foi expressa ao afirmar, fl. 3934: Dessa forma, analisei TODOS os lançamentos bancários considerados no auto de infração pela Fiscalização e realizei a conciliação entre contas e o cotejamento com documentos apresentados pelo Fiscalizado, excluindo dos valores lançados os transferidos aos clientes, quando coincidentes em datas e valores e comprovados documentalmente. A TABELA I, em anexo, relaciona os valores lançados pela Fiscalização cujos créditos bancários efetuados nas contas do Fiscalizado e do cônjuge coincidem com os documentos Fl. 3970DF CARF MF Processo nº 10860.001004/200217 Acórdão n.º 2201004.734 S2C2T1 Fl. 3.971 10 processuais de mesma data (ou muito próximos), sendo excluídos os valores repassados aos clientes. No caso sob apreço, a mera indicação em planilha de nomes, CPF e valores não constitui documentação hábil à comprovação de origem de valores creditados em conta bancária, sendo necessário, ainda, a demonstração documental de tal alegação, que se deu com a juntada ao recurso de peças de processos judiciais, as quais foram, em diligência fiscal, detidamente analisadas, consideradas e, quando evidenciaram compatibilidade de datas e valores, critério elementar para se considerar comprovada a origem de valores creditados, resultaram na exclusão dos valores repassados aos clientes. Naturalmente, por exclusão, os casos em que não houve tal compatibilidade, foi mantida a conclusão originária do Auto de Infração sobre a omissão de tais rendimentos. No recurso voluntário, o contribuinte apenas detalha um pouco mais suas inquietações, as quais, como dito alhures, perderam parte de seu objeto com a análise efetuada no curso da diligência fiscal, sendo certo que os valores mantidos, por suas características, superam os limites contidos no inciso II do § 3º, do art. 42, da Lei 9.430/96. Ademais, não houve qualquer manifestação do contribuinte sobre o citado critério de compatibilidade entre datas e valores que pudessem indicar algum equívoco nas constatações da Autoridade fiscal. Assim, considerando corretas a autuação fiscal e a decisão recorrida, nego provimento ao recurso voluntário neste tema. (ii) As movimentações financeiras denominadas transferências de mesma titularidade e depósitos entre contas bancárias do Recorrente e cônjuge, cujo montante representa o valor de R$ 68.264,07. O tema em questão está melhor detalhado no recurso voluntário, fl. 1788 e ss, em que a defesa afirma que muitos dos valores recebidos por Transferências Eletrônica de Créditos (TEC) tem origem em contas de mesma titularidade, valores estes que teriam sido somados indevidamente na apuração do supostos rendimentos recebidos pelo autuado. A planilha apresentada pela defesa aponta valores que, em sua imensa maioria, teriam origem em conta poupança mantida no Banco Itaú e destino contas correntes mantidas na mesma instituição. A análise do Termo de Verificação Fiscal, fl. 629, evidencia que a Autoridade lançadora teria desconsiderado resgates de aplicações financeiras ao requerer a comprovação de origem de valores creditados em favor do sujeito passivo. Tal afirmação parece compatível com as demais peças dos autos. Notase que, em fl. 571, consta planilha que consolida os valores considerados originalmente omitidos no lançamento, na qual não há, por exemplo, para o mês de janeiro de 1998, qualquer indicação de valores relativos a Transferência Eletrônica de Crédito, seja em dinheiro ou cheque, compatíveis com as transferências entre contas apontadas pela defesa para o mesmo mês. Aparentemente, o contribuinte ampara suas conclusões em planilha elaborada no curso do procedimento fiscal (fl. 198 do processo em papel, efl. 398), sem se ater ao que Fl. 3971DF CARF MF Processo nº 10860.001004/200217 Acórdão n.º 2201004.734 S2C2T1 Fl. 3.972 11 foi efetivamente considerado no lançamento, que é a planilha de fl. 571, em que se apurou omissão de rendimentos no montante de R$ 390.978,31. Assim, considerando a fragilidade dos argumentos da defesa, a quem compete apresentar elementos impeditivos, extintivos ou modificativos do direito do Fisco constituir o crédito tributário mediante lançamento, não há nada a prover neste tema. (iii) DIRPF retificadora com alteração dos rendimentos tributáveis recebido de pessoas físicas de R$ 41.028,93 para R$ 125.341,90. Os argumentos da defesa estão detalhados no recurso voluntário, fl. 1802 e ss. e, basicamente, questionam a desconsideração por parte da fiscalização de declaração retificadora apresentadas após o início do procedimento fiscal, com a indicação de que se trata de declaração em conjunto e com a alteração do valor dos rendimentos tributáveis recebidos de pessoa física. Sustenta a defesa, indicando precedentes administrativos que entende amparar seus argumentos, que é válida a declaração apresentada após o início do procedimento fiscal; que não tem cabimento algum a desconsideração de sua declaração retificadora sem embasamento legal; que a Receita Federal acatou o documento, computando seus respectivos pagamentos, o que não teria gerado prejuízo algum ao Erário; que não se eximiu das penalidades previstas, já que recolheu os valores devidos com multa de juros de mora. O tema em questão não merece maiores considerações, pois sobre ele este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais já se manifestou uniforme e reiteradamente, tendo, inclusive, emitido Súmula de observância obrigatória, nos termos do art. 72 de seu Regimento Interno, aprovado pela Portaria do Ministério da Fazenda nº 343, de 09 de junho de 2015, cujo conteúdo transcrevo abaixo: Sumula CARF nº 33 A declaração entregue após o início do procedimento fiscal não produz quaisquer efeitos sobre o lançamento de ofício. Assim, sendo certo que os valores recolhidos a partir da declaração retificadora foram devidamente aproveitados no cálculo do tributo devido, não prosperam os argumentos recursais. (iv) Todos os valores pagos do imposto por meio de guias DARF para a DIRPF normal e retificadora. Como já indicado no tema "DIFERENÇA NÃO CONSIDERADA PELA FISCALIZAÇÃO", o valor de Imposto a Pagar apurado na declaração original foi devidamente aproveitado como imposto pago, juntamente com o imposto retido na fonte, perfazendo um montante de R$ 4.566,85 (R$ 2.104,35 de IRRF + R$ 231,00 de Carnê Leão + R$ 2.231,50 de IAP). Já em relação aos valores pagos a partir da declaração retificadora, cujos comprovantes de recolhimentos foram juntados a partir de fl. 1704, estes foram aproveitados pela fiscalização pelos seus valores originais para reduzir o montante do tributo devido, também em valores originais, conforme se verifica em fl. 3934, não tendo sido apontado pelo contribuinte, objetivamente, recolhimento que não tenha sido considerado pela fiscalização. Assim, nada a prover neste tema. Fl. 3972DF CARF MF Processo nº 10860.001004/200217 Acórdão n.º 2201004.734 S2C2T1 Fl. 3.973 12 A seguir, serão tratadas outras questões suscitadas no recurso voluntário apresentado originalmente e que não tenham estejam relacionadas aos temas acima tratados. Créditos no Banespa. O contribuinte alega que a conta bancária mantida no Banespa sob o nº 0016 01.0043302 evidencia movimentação que não poderia ser atribuída exclusivamente a Sra. Yara Paulista, já que a referida conta era mantida em conjunto com a Sra. Irene Lippi Rubim Moreira. A cotitularidade em questão foi notada pela Autoridade lançadora, conforme se verifica em fl. 619. Não obstante, não há qualquer indicação no Relatório Fiscal que a Sra. Irene tenha sido intimada a comprovar a origem do numerário movimentado na citada conta bancária. No curso da impugnação, o contribuinte insurgiuse contra o lançamento de tais valores, mas sem tratar da questão da falta de intimação da cotitular. Assim, em princípio, poderíamos estar diante de uma inovação no contencioso administrativo incabível no curso do julgamento em 2ª Instância. Contudo, sobre tal matéria, este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais já se manifestou uniforme e reiteradamente, tendo, inclusive, emitido Súmula de observância obrigatória, nos termos do art. 72 de seu Regimento Interno, aprovado pela Portaria do Ministério da Fazenda nº 343, de 09 de junho de 2015, cujo conteúdo transcrevo abaixo: Súmula CARF nº 29 Todos os cotitulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento. Assim, entendo que, evidenciada a nulidade de parte do lançamento, é dever da administração reconhecêla de ofício, em razão do seu poder/dever de autotutela. Razão pela qual, neste tema, dou provimento parcial ao Recurso Voluntário para determinar a exclusão, da base de cálculo do tributo lançado, de todos os valores indicados na planilha de fl. 571 relacionados ao Banespa, a saber: R$ 22.612,00 (R$ 11.496,00 + R$ 11.116,00). Da inaplicabilidade de multa Em síntese, sustenta que a multa de ofício prevista no art. 44, inciso I, da Lei 9430/96 só pode ser exigida no caso de correto lançamento de ofício e diante da falta de pagamento, falta de declaração ou de declaração inexata, circunstâncias que entende não terem ocorrido, pois o lançamento não foi correto e os valores foram declarados e pagos com multa de mora. Ora, entendo que o assunto em comento é pacífico nesta Turma e neste Conselho. A penalidade de ofício está prevista em lei e o seu lançamento constitui medida obrigatória sempre que identificada infração à legislação tributária apurada em procedimento de ofício e da qual decorra falta de pagamento ou recolhimento do tributo e nos casos de declaração inexata ou falta de declaração. Fl. 3973DF CARF MF Processo nº 10860.001004/200217 Acórdão n.º 2201004.734 S2C2T1 Fl. 3.974 13 O motivo que levou à imputação de tal penalidade foi a apresentação de declaração sem submeter à tributação rendimentos tributáveis recebidos. Tratase de penalidade proporcional ao tributo lançado, de sorte que somente haverá cobrança daquilo que incidir sobre o valor remanescente do lançamento originário. Portanto, ainda que o contribuinte entenda que o lançamento não foi integralmente correto, somente a conclusão da lide administrativa poderá indicar a parcela que deve ser mantida ou exonerada. O fato do contribuinte ter retificado sua declaração após o início do procedimento fiscal e pago o tributo que entendeu devido, pelo que já foi tratado acima, não afasta a penalidade de ofício incidente sobre os valores lançados que forem considerados procedentes. Ademais, não há de se confundir um procedimento fiscal lastreado em evolução patrimonial a descoberto com aquele relativo a depósitos bancários de origem não comprovada, já que, nos termos da Súmula Carf. nº 26, a presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. Assim, nada a prover neste tema. Da retroatividade da lei. Neste item, amparado na retroatividade benigna a que se refere o art. 106 da |Lei 5.172/66 (CTN), o contribuinte pleiteia a apuração do tributo devido a partir de uma alíquota de 25%, prevista no art. 892 da Lei 1.041/94, diferente, portanto, da alíquota aplicada pela fiscalização, 27,5%. Não tem razão a defesa. O Decreto 1.041/94 constituía o então Regulamento do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza. E seu art. 892 apenas reproduzia o art. 43 da lei 8.541/92, que, de fato, previa uma alíquota de 25%, mas aplicável às omissões de rendimentos apuradas em pessoas jurídicas. Apenas a partir do art. 45 é que a citada lei tratava da algumas questões relacionadas à tributação das pessoas físicas. Por outro lado, a alíquota do Imposto de Renda aplicável ao rendimento recebido por pessoa física ou jurídica não configura penalidade, restando, portanto, incapaz de ensejar a aplicação da retroatividade benigna a que alude a alínea "c" do inciso II, do art. 106 do CTN. Nos termos do art. 144 do CTN, o lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. Nesta esteira, constatase que o percentual aplicado pelo Agente Fiscal está absolutamente correto, já que estamos falando do rendimentos auferidos no ano de 1998, período em que vigorava a tabela prevista no texto então vigente do art. 42 da Lei 9.532/97. Assim, nada a prover neste tema. Conclusão: Fl. 3974DF CARF MF Processo nº 10860.001004/200217 Acórdão n.º 2201004.734 S2C2T1 Fl. 3.975 14 Desta forma, considerando as razões e fundamentos legais acima expostos, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário para alterar o valor lançado nos termos da diligência levada a termo pela Autoridade fiscal, reduzindo o tributo lançado de R$ 107.519,03 para R$ 40.816,23, bem assim para, sobre o valor remanescente, determinar a exclusão, da base de cálculo do tributo, do valor R$ 22.612,00, relativo às omissões de rendimentos relacionadas à conta bancária mantida no Banespa. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Fl. 3975DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13896.903921/2009-87
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Nov 19 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2005
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. SUPERAÇÃO DE ÓBICES EM QUE SE FUNDAMENTARAM AS DECISÕES ANTERIORES. IMPOSSIBILIDADE DE DECISÃO DE MÉRITO EM INSTÂNCIA ÚNICA.SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA.
No julgamento de recurso voluntário em que as decisões anteriores não enfrentaram matéria de fato atinente a fato constitutivo do direito creditório alegado em face de óbices superados, impõe-se o retorno dos autos à unidade de origem da RFB para julgamento do mérito.
Equívocos das decisões anteriores nos autos, que deixaram de apreciar os fatos, impõe o saneamento do processo (instrução processual probatória complementar) para afastar prejuízos à defesa e ainda que fosse possível sanear o processo nesta instância recursal ordinária mediante conversão do julgamento em diligência fiscal, o fato é que a produção de prova na última instância ordinária recursal poderia implicar, em tese, cerceamento do direito de defesa do contribuinte em razão da impossibilidade de recurso em matéria probatória. Assim, torna-se mister a devolução dos autos do processo à unidade de origem da RFB para analisar os fatos, a formação, liquidez e certeza do direito creditório pleiteado pelo contribuinte.
INDÉBITO TRIBUTÁRIO.ERRO DE FATO. LIQUIDEZ E CERTEZA. ÔNUS DA PROVA.
A Declaração de Compensação extingue os débitos, sob condição resolutória, na data de sua transmissão eletrônica.
Os atributos ou requisitos de liquidez e certeza do crédito objetado contra a Fazenda Nacional, devem estar preenchidos na data da transmissão da Declaração de Compensação, sob pena de não reconhecimento do crédito e não homologação da compensação, conforme legislação de regência.
A produção de prova do indébito tributário, sua liquidez e certeza, fato jurídico a dar fundamento ao direito de repetição e à compensação tributária, é ônus do contribuinte (autor do pedido de encontro de contas) (arts. 15 e 16 do Decreto nº 70.235/72; art. 373, I, CPC/2015; art. 74 da Lei 9.430/96 e art. 170 do CTN).
Numero da decisão: 1301-003.381
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em ratificar o decidido pela DRJ no sentido de superar os óbices da IN SRF 600 (Súmula CARF nº 84) no que diz respeito à possibilidade de restituição de indébito relativo a pagamento de estimativas, e dar provimento parcial ao recurso para determinar o retorno dos autos à unidade de origem para que analise o mérito, matéria de fato, acerca da crédito pleiteado, formação, liquidez e certeza, levando-se em consideração não só a possibilidade de pagamento de estimativa com base na receita bruta, mas também a possibilidade de comprovação do indébito com base em levantamento de balanço de suspensão, proferindo despacho decisório complementar, retomando-se, a partir daí, o rito processual de praxe. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 13896.908450/2009-01, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto- Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Roberto Silva Junior, Jose Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Amelia Wakako Morishita Yamamoto, Carlos Augusto Daniel e Fernando Brasil de Oliveira Pinto (Presidente). Ausente, justificadamente, a Conselheira Bianca Felicia Rothschild.
Nome do relator: FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO
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DIREITO CREDITÓRIO. SUPERAÇÃO DE ÓBICES EM QUE SE FUNDAMENTARAM AS DECISÕES ANTERIORES. IMPOSSIBILIDADE DE DECISÃO DE MÉRITO EM INSTÂNCIA ÚNICA.SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. No julgamento de recurso voluntário em que as decisões anteriores não enfrentaram matéria de fato atinente a fato constitutivo do direito creditório alegado em face de óbices superados, impõese o retorno dos autos à unidade de origem da RFB para julgamento do mérito. Equívocos das decisões anteriores nos autos, que deixaram de apreciar os fatos, impõe o saneamento do processo (instrução processual probatória complementar) para afastar prejuízos à defesa e ainda que fosse possível sanear o processo nesta instância recursal ordinária mediante conversão do julgamento em diligência fiscal, o fato é que a produção de prova na última instância ordinária recursal poderia implicar, em tese, cerceamento do direito de defesa do contribuinte em razão da impossibilidade de recurso em matéria probatória. Assim, tornase mister a devolução dos autos do processo à unidade de origem da RFB para analisar os fatos, a formação, liquidez e certeza do direito creditório pleiteado pelo contribuinte. INDÉBITO TRIBUTÁRIO.ERRO DE FATO. LIQUIDEZ E CERTEZA. ÔNUS DA PROVA. A Declaração de Compensação extingue os débitos, sob condição resolutória, na data de sua transmissão eletrônica. Os atributos ou requisitos de liquidez e certeza do crédito objetado contra a Fazenda Nacional, devem estar preenchidos na data da transmissão da Declaração de Compensação, sob pena de não reconhecimento do crédito e não homologação da compensação, conforme legislação de regência. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 89 6. 90 39 21 /2 00 9- 87 Fl. 588DF CARF MF Processo nº 13896.903921/200987 Acórdão n.º 1301003.381 S1C3T1 Fl. 3 2 A produção de prova do indébito tributário, sua liquidez e certeza, fato jurídico a dar fundamento ao direito de repetição e à compensação tributária, é ônus do contribuinte (autor do pedido de encontro de contas) (arts. 15 e 16 do Decreto nº 70.235/72; art. 373, I, CPC/2015; art. 74 da Lei 9.430/96 e art. 170 do CTN). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em ratificar o decidido pela DRJ no sentido de superar os óbices da IN SRF 600 (Súmula CARF nº 84) no que diz respeito à possibilidade de restituição de indébito relativo a pagamento de estimativas, e dar provimento parcial ao recurso para determinar o retorno dos autos à unidade de origem para que analise o mérito, matéria de fato, acerca da crédito pleiteado, formação, liquidez e certeza, levandose em consideração não só a possibilidade de pagamento de estimativa com base na receita bruta, mas também a possibilidade de comprovação do indébito com base em levantamento de balanço de suspensão, proferindo despacho decisório complementar, retomandose, a partir daí, o rito processual de praxe. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo 13896.908450/200901, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Roberto Silva Junior, Jose Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Amelia Wakako Morishita Yamamoto, Carlos Augusto Daniel e Fernando Brasil de Oliveira Pinto (Presidente). Ausente, justificadamente, a Conselheira Bianca Felicia Rothschild. Fl. 589DF CARF MF Processo nº 13896.903921/200987 Acórdão n.º 1301003.381 S1C3T1 Fl. 4 3 Relatório Cuidase do Recurso Voluntário em face do Acórdão da 4ª Turma DRJ/Belo Horizonte que, ao julgar a manifestação de inconformidade improcedente, não reconheceu o direito creditório pleiteado e, também, não homologou a compensação tributária informada nos autos. Quanto aos fatos, consta: que a contribuinte transmitiu pela internet PER/DCOMP, informando compensação tributária de débitos com direito creditório de pagamento indevido ou a maior do IRPJ Estimativa Mensal; que o direito creditório R$ 397.564,74 (valor original) decorreu de pagamento indevido ou a maior do IRPJ Estimativa Mensal do PA 31/01/2005, código de receita 2362, data de arrecadação 28/02/2005, valor do recolhimento R$ 397.564,74. DARF em nome da DU PONT PERFORMANCE COATINGS S/A, CNPJ: 00.910.496/000130 (empresa incorporada em 31/10/2005). A DRF/Barueri, mediante Despacho Decisório (eletrônico), denegou o crédito pleiteado na DCOMP, por tratarse de pagamento a título de estimativa mensal de pessoa Jurídica tributada pelo lucro real, caso em que o recolhimento somente poderia ser utilizado na dedução do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) ou da Contribuição Social sobre o Lucro liquido (CSLL) devida ao final do período de apuração ou para compor o saldo negativo de IRPJ ou CSLL do período (ajuste anual). Ciente desse Despacho Decisório, a contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade, pedindo sua reforma, cujas razões, em síntese, são as seguintes: que a MANIFESTANTE, em 31/10/2005, incorporou a sociedade DU PONT PERFORMANCE COATINGS S.A. ("INCORPORADA"), sucedendolhe em todos os direitos e obrigações, conforme se comprova da análise dos atos societários relativos ao evento e da Declaração de Informações Econômico Fiscais da Pessoa Jurídica 2005 de incorporação ("DIPJ"); que em maio de 2005, assim como nos meses de janeiro, fevereiro, março, abril e junho do mesmo anocalendário, a INCORPORADA não apurou débito de IRPJ, conforme se comprova da análise da Ficha 11 da Declaração de Informações Econômico Fiscais da Pessoa Jurídica 2005 de incorporação ("DIPJ") e da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais ("DCTF"); que, entretanto, mesmo não apurando débito de IRPJ nos referidos meses do anocalendário 2005, a INCORPORADA recolheu IRPJ, por meio de Documento de Arrecadação ("DARF"); Fl. 590DF CARF MF Processo nº 13896.903921/200987 Acórdão n.º 1301003.381 S1C3T1 Fl. 5 4 que tal constatação decorre da simples comparação entre: (i) IRPJ devido relativo aos citados meses do anocalendário 2005, informado na Declaração de Créditos e Débitos Tributários Federais ("DCTF"); (ii) valor apurado na Ficha 11 da DIPJ 2005 de incorporação; e, (iii) valor pago, recolhido por meio de DARF. que, para reforma do Despacho Decisório, invoca o artigo 11 da IN SRF nº 900, de 30 de dezembro de 2008 e o disposto no artigo 106, inciso II, alínea a, do Código Tributário Nacional (CTN); que a decisão atacada não se teria valido “de todos os meios de que dispunha para verificar a legitimidade do crédito”; que é ilegal a IN SRF 600, de 2005, ao vedar a restituição de pagamento a maior ou indevido de imposto estimativa mensal. que, ainda, invoca os princípios da verdade material, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, legalidade, ampla defesa e contraditório Na sequência, a DRJ/Belo Horizonte (4ª Turma) julgou a Manifestação de Inconformidade improcedente, com base na seguinte fundamentação, em síntese, que se extrai do voto condutor do Acórdão recorrido: que, embora tendo afastado óbice da IN SRF 600, de 2005 (art. 10), o direito creditório pleiteado na DCOMP não se reveste de liquidez e certeza, pois a contribuinte não comprovou o erro de fato que pudesse justificar a apresentação de DCTF retificadora para redução do imposto confessado na DCTF. que é necessário, portanto, a comprovação do erro de fato (CTN, art. 147, § 1º); que a contribuinte não apresentou cópia da escrituração contábil para comprovar o erro de fato, ou seja, não comprovou que a receita bruta seria nula para zerar o imposto estimativa mensal do referido período de apuração mensal confessado na DCTF. Ciente dessa decisão, a contribuinte apresentou Recurso Voluntário alegando, em síntese: 1) Nulidade da decisão a quo: que indeferiu o crédito pleiteado com fundamento diverso do despacho decisório (alteração do critério jurídico), sem oportunizar a ampla defesa e o contraditório; que, em relação aos fatos, na manifestação de inconformidade não foi juntada a escrituração contábil, pois entendia que o óbice seria apenas aquele manifestado no despacho decisório, ou seja, não devolução de estimativa mensal, mas sim eventual apuração de saldo negativo na declaração de ajuste anual; Fl. 591DF CARF MF Processo nº 13896.903921/200987 Acórdão n.º 1301003.381 S1C3T1 Fl. 6 5 que a decisão a quo deveria ter convertido o julgamento em diligência para oportunizar a contribuinte proceder a complementação de provas do fato constitutivo do seu direito de crédito pleiteado; que, ainda, a decisão recorrida não enfrentou todos os argumentos deduzidos na manifestação de inconformidade, caso o crédito não fosse deferido, ou seja, o pedido de improcedência da exigência de multa moratória e dos juros de mora. 2) Quanto ao mérito: que a 4ª Turma da DRJ/Belém, se possuía dúvida acerca do valor do crédito, por que não converteu o julgamento em diligência? A Turma Julgadora, simplesmente, decidiu não homologar a compensação; que, ao assim decidir, afrontouse o princípio da verdade material; que, embora entenda sejam os documentos juntados aos autos quando da manifestação de inconformidade suficientes para atestar a existência do indébito, juntou ao presente recurso a apuração do IRPJ do referido PA mensal do anocalendário 2005, Livro de Apuração do Lucro Real – LALUR e o balancete de verificação que lhe suporta, reforçando a comprovação do montante devido informado na DIPJ; que, com efeito, argumenta ainda a recorrente: (i) apurou prejuízo fiscal no referido período mensal de apuração, com base no critério de levantamento de balancete de suspensão/redução do imposto, nos termos da Lei nº 8.981/95 (art. 35); (ii) que até nesse ponto andou mal o julgador de primeira instância, dado que faz menção à apuração com base no critério de receita bruta (RIR/99, art. 232), não tendo sido esse o adotado pela recorrente em suas apurações, conforme consta da DIPJ; que, caso ainda sejam insuficientes as provas do direito creditório pleiteado, requer seja efetuada a conversão do julgamento em diligência com base no princípio da verdade material, principio esse que não foi observado pela decisão a quo; que, por fim, argumentou acerca da impossibilidade de exigência da multa de oficio e dos juros de mora no caso, na hipótese de indeferimento do credito reclamado, pois a DCOMP fora apresentada tempestivamente (não cabendo imputar mora). É o relatório. Fl. 592DF CARF MF Processo nº 13896.903921/200987 Acórdão n.º 1301003.381 S1C3T1 Fl. 7 6 Voto Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1301003.380, de 20/09/2018, proferido no julgamento do Processo nº 13896.908450/2009 01, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1301003.380): "O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade; por isso, dele conheço. A recorrente rebelase contra a decisão recorrida que denegou o direito creditório pleiteado e não homologou a DCOMP objeto dos autos. Nas razões do recurso, a contribuinte suscitou preliminares de nulidade da decisão recorrida, argumentando que: I Foi surpreendida pela mudança de critério jurídico pela decisão a quo, ou seja: a) que despacho decisório indeferiu o crédito pleiteado com base no óbice do art. 10 da IN 600/05, não entrando no mérito acerca da matéria de fato, existência ou não do direito creditório; b) que, diversamente, a decisão recorrida, embora tendo suplantado o referido óbice em face do art. 11 da IN SRF 900/2008 (Súmula CARF nº 84), denegou o crédito demandado pela falta de produção de prova do erro de fato na apuração da exação fiscal do período mensal objeto dos autos, que implicou pagamento indevido e confissão indevida de débito na DCTF do respectivo PA mensal; que, assim, não comprovado o erro de fato, inexiste justificativa para a transmissão de DCTF retificadora após a ciência do despacho decisório, visando a suprimir o débito confessado na DCTF primitiva. II Deixou de enfrentar matérias suscitadas acerca da multa moratória e dos juros de mora. Pois bem. Deixo de enfrentar as preliminares suscitadas contra a decisão a quo, pois superado o óbice do art. 10 da IN SRF 600, Fl. 593DF CARF MF Processo nº 13896.903921/200987 Acórdão n.º 1301003.381 S1C3T1 Fl. 8 7 de 2005, pela decisão recorrida, em face do art. 11 da IN SRF 900, de 2008 e da Súmula CARF nº 84, e tendo em vista falhas nas decisões anteriores nestes autos, que implicaram não apreciação de matéria de fato acerca da formação e da certeza e liquidez do crédito pleiteado, e para evitar prejuízo à defesa, necessidade de oportunizar a complementação de provas pela contribuinte (saneamento do processo, instrução processual probatória complementar), afastar supressão de instância de julgamento (apreciação dos fatos e provas apenas na última instância recursal ordinária), entendo que devem retornar os autos do presente processo à unidade de origem da RFB, no caso à DRF/Barueri para enfrentar o mérito da lide, ou seja, a matéria de fato e provas acerca da existência ou não do direito creditório pleiteado pela contribuinte. Veja. O Despacho Decisório da unidade de origem da RFB, no caso a DRF/Barueri, com fundamento equivocado, denegou o crédito pleiteado de pagamento indevido ou a maior de estimativa mensal com fundamento no óbice de que o pagamento, a título de estimativa mensal de pessoa Jurídica tributada pelo lucro real, tem caráter de mera antecipação e que o valor recolhido somente pode ser utilizado na dedução do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) ou da Contribuição Social sobre o Lucro liquido (CSLL) devidos no encerramento do anocalendário ou para compor o saldo negativo (ajuste anual). Como visto, realmente o Despacho Decisório não enfrentou matéria da fato atinente ao direito creditório demandado contra a Fazenda Nacional, ficando adstrito à matéria de direito. Na sequência a 4ª Turma da DRJ/Belo Horizonte, embora tendo afastado esse óbice de que trata o referido despacho, indeferiu peremptoriamente, de forma equivocada, o crédito reclamado por outro fundamento, ou seja, por ausência de comprovação do erro de fato que pudesse justificar a apresentação de DCTF retificadora após ciência do despacho decisório, com intuito de suprimir o débito confessado na DCTF primitiva do respectivo período de apuração e, assim, justificar a origem do credito pleiteado. Como visto, a decisão a recorrida quanto à matéria de fato, simplesmente, denegou o pleito, com a fundamentação de que a contribuinte não produzira prova do erro de fato na apuração do IRPJ estimativa mensal do respectivo período de apuração que pudesse justificar a apresentação de DCTF retificadora e justificar a origem do crédito reclamado. Sem dúvida, a 4ª Turma da DRJ/Belo Horizonte, para evitar prejuízo à defesa, deveria ter baixado os autos em diligência fiscal para sanear o processo, ou seja, realizar instrução processual probatória complementar, possibilitar a oportunidade da contribuinte produzir provas do fato constitutivo do seu direito pleiteado, uma vez que o despacho Fl. 594DF CARF MF Processo nº 13896.903921/200987 Acórdão n.º 1301003.381 S1C3T1 Fl. 9 8 decisório a fez incorrer em erro (a recorrente) ao tratar apenas de matéria de direito, silenciando acerca de matéria de fato; porém, não procedeu assim a decisão recorrida, simplesmente, denegou o crédito pleiteado. Ora, a legislação de regência é clara, o contribuinte tem direito de repetição do que pagara indevidamente ou a maior. No mesmo sentido a jurisprudência do CARF: "Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa mensal caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação, desde que comprovado o erro de fato" (Súmula CARF nº 84). Ônus da prova O ônus probatório do fato constitutivo do direito creditório pleiteado é do autor do pedido, por aplicação subsidiária do art. 373, I, do CPC/2015. A entrega da DCTF retificadora após a ciência de despacho decisório, que vise a reduzir débito confessado, impõe a comprovação do erro de fato, mediante escrituração contábil e documentos de suporte dos registros contábeis (CTN, art. 147, § 1º). Há necessidade de comprovação e demonstração da escrituração contábil/fiscal em que houve o erro de fato e da escrituração contábil/fiscal já com correção do erro de fato, no sentido de identificar qual a razão ou motivo da ocorrência do erro de fato. A lei autoriza a compensação de débitos com créditos líquidos e certos (CTN, art. 170 e Lei 9.430/97, art. 74). O momento para produção das provas (Decreto nº 70.235/72, arts. 15 e 16). A Declaração de Compensação extingue os débitos, sob condição resolutória, na data de sua transmissão eletrônica. Os atributos ou requisitos de liquidez e certeza do crédito objetado contra a Fazenda Nacional, devem estar preenchidos na data da transmissão da Declaração de Compensação, sob pena de não reconhecimento do crédito e não homologação da compensação, conforme legislação de regência A contribuinte juntou cópia de folhas do LALUR Parte A e Balanço Patrimonial nesta instância recursal ordinária . Porém, o processo ainda carece de saneamento, demanda instrução processual complementar, pois as provas juntadas são incompletas e ainda não foram juntadas cópias do livros Diário e Razão e dos balancetes de suspensão ou redução, especificamente quanto ao erro de fato (art. 35 da Lei 8.981/95). Como já dito, a matéria probatória quanto aos fatos não foi enfrentada nestes autos pelas decisões anteriores. Fl. 595DF CARF MF Processo nº 13896.903921/200987 Acórdão n.º 1301003.381 S1C3T1 Fl. 10 9 No julgamento de recurso voluntário em que as decisões anteriores não apreciaram matéria de fato atinente a fato constitutivo do direito creditório alegado, pela inexistência de provas nos autos, o que denota existência de falhas do processo pela necessidade de saneamento, ou seja, realização de instrução processual complementar para produção de provas, ainda que fosse possível sanear o processo nesta instância recursal ordinária mediante conversão do julgamento em diligência fiscal, o fato é que a produção de prova nesta instância recursal ordinária e retorno dos autos para julgamento de mérito, poderia, em tese, implicar cerceamento do direito de defesa do contribuinte em razão da impossibilidade de recurso em matéria probatória. Ora, para evitar prejuízo ao contraditório e à ampla defesa, supressão de instância de julgamento (julgamento dos fatos e provas apenas na última instância recursal ordinária), considerando ainda os princípios do formalismo moderado e da verdade material que norteiam o processo legal administrativo, entendo, volto a dizer, que devem ser devolvidos os presentes autos à Unidade de origem da RFB, no caso à DRF/Barueri, para analisar a matéria de fato, enfrentar o mérito, acerca do fato constitutivo do direito creditório reclamando. A unidade de origem da RFB, então, deverá intimar a contribuinte a produzir prova cabal e idônea do fato constitutivo do seu direito alegado, comprovar o alegado erro de fato. Portanto, superados os óbices no que diz respeito à possibilidade de restituição de indébito relativo a pagamento de estimativa mensal e evitar cerceamento do direito de defesa em face da necessidade ainda de saneamento do processo (realização de instrução processual probatória complementar), voto para dar provimento parcial ao recurso voluntário para determinar o retorno dos autos à unidade de origem, no caso à DRF/Barueri, para que analise o mérito do pedido quanto à liquidez e certeza do crédito pleiteado, levandose em consideração não só a possibilidade de pagamento de estimativa com base na receita bruta, mas também a possibilidade de comprovação do indébito com base em levantamento de balanço de suspensão/redução, proferindo despacho decisório complementar, retomandose, a partir daí, o rito processual de praxe. É como voto." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto por ratificar o decidido pela DRJ no sentido de superar os óbices da IN SRF 600 (Súmula CARF nº 84) no que diz respeito à possibilidade de restituição de indébito relativo a pagamento de estimativas, e dar provimento parcial ao recurso para determinar o retorno dos autos à unidade de origem para que analise o mérito, matéria de fato, acerca da crédito pleiteado, formação, liquidez e certeza, levandose em consideração não só a possibilidade de pagamento de estimativa com base na receita bruta, mas também a possibilidade de comprovação do indébito com base em Fl. 596DF CARF MF Processo nº 13896.903921/200987 Acórdão n.º 1301003.381 S1C3T1 Fl. 11 10 levantamento de balanço de suspensão, proferindo despacho decisório complementar, retomandose, a partir daí, o rito processual de praxe. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Fl. 597DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.720738/2015-18
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Nov 27 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 1302-000.646
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente.
(assinado digitalmente)
Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa (Relator), Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Maria Lucia Miceli, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias, e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente).
Nome do relator: MARCOS ANTONIO NEPOMUCENO FEITOSA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente. (assinado digitalmente) Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa (Relator), Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Maria Lucia Miceli, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias, e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente).
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente. (assinado digitalmente) Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa (Relator), Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Maria Lucia Miceli, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias, e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente). RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 95 15 .7 20 73 8/ 20 15 -1 8 Fl. 2887DF CARF MF Processo nº 19515.720738/201518 Resolução nº 1302000.646 S1C3T2 Fl. 2.888 2 Relatório Para a devida síntese do processo em tela, transcrevo o relatório do Acórdão 11 54.636 – 3ª Turma da DRJ/REC, complementandoo ao final: Contra a contribuinte acima qualificada foram lavrados os Autos de Infração, às fls. 226 a 272, para exigência de créditos tributários, referentes ao ano calendário de 2010, adiante especificados: Os referidos autos de infração são decorrentes do procedimento de fiscalização efetuada junto à contribuinte, na qual a fiscalização constatou infração à legislação do IRPJ, resultando nas infrações OMISSÃO DE RECEITA POR PRESUNÇÃO LEGAL — DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. Na Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal dos respectivos autos de infração e no Termo de Verificação Fiscal (fls. 469/496), a autoridade autuante descreve detalhadamente todas as informações concernentes ao procedimento fiscal e relata as apurações efetuadas nesta auditoria que passamos a resumir abaixo: A VOX UNE CONTACT CENTER INTERMEDIAÇAO DE PEDIDOS LTDA. foi constituída em 2001, como uma SOCIEDADE CIVIL, cujo objeto social é a exploração de Prestação de Serviços Via Telefone 0800, na coleta de pedidos junto a rede de Fast Food da marca HABIB's. Atualmente, seu objeto social é a exploração de serviços de terceirização dos serviços de Call Center, telemarketing, televendas, possuindo outros clientes não relacionados diretamente ao Grupo Habib's. Desde sua constituição percebese que direta ou indiretamente, através de outras empresas do grupo Habib's, a empresa tem como sócios os Sr. Belchior Saraiva Neto, CPF 011.834.33867, e Sr. Antônio Alberto Saraiva, CPF 698.146.00849. Ambos são detentores do controle de todo o Grupo Habib's. Atualmente o Capital Social da sociedade é de R$ 6.000.000,00, destes 98% pertencem aos irmãos Saraiva. A Autoridade Fiscal relata elementos anteriores ao início da ação fiscal, destacandose a diligência fiscal em face da Alsaraiva Comércio e Empreendimentos e outras pessoas jurídicas do grupo, e denúncia encaminhada pela Procuradoria da Fazenda Nacional, relacionada a fatos narrados na petição inicial de processo civil (fls. 470/477). DA FISCALIZAÇÃO Essa fiscalização teve início em 06/08/2014, com a ciência, via correios com AR, do TERMO DE INICIO DE PROCEDIMENTO FISCAL, intimando a empresa a apresentar documentos e esclarecimentos relacionados. Fl. 2888DF CARF MF Processo nº 19515.720738/201518 Resolução nº 1302000.646 S1C3T2 Fl. 2.889 3 Expirado o prazo suplementar concedido, a empresa apresentou poucos documentos relativos à comprovação bancária, alegando certa dificuldade em encontrálos. Alegou também ser bastante oneroso para a empresa requisitar diretamente os mesmos, em virtude das altas tarifas exigidas. Em contrapartida, apresentou carta assinada autorizando a Receita Federal do Brasil a requerer sua movimentação bancária diretamente às instituições financeiras. Da Conciliação entre a contabilidade e os extratos bancários. São inúmeras as divergências encontradas entre a conciliação bancária (extratos bancários) e a contabilidade apresentada. Na realidade, a contabilidade mostrouse imprestável para identificar sua movimentação financeira e consequentemente para apurar seu lucro real. Seguem alguns exemplos das divergências encontradas: 1) Não contabilização de várias contas bancárias de sua titularidade no ano de 2010. Em sua contabilidade, existem apenas duas contas contábeis relativas aos bancos, conforme tabela abaixo: A relação de contas bancárias (extratos bancários) de titularidade da empresa fiscalizada (obtida por meio de solicitação direta aos bancos) é muito maior. Percebese que na contabilidade estão lançados cerca de R$ 66.347.031,00 a débito nas contas 110122 e 110265. O somatório nas contas bancárias é de mais de R$ 101.000.000,00. Analisandose cada um dos valores contabilizados, apesar das pequenas Fl. 2889DF CARF MF Processo nº 19515.720738/201518 Resolução nº 1302000.646 S1C3T2 Fl. 2.890 4 divergências encontradas, percebese que as contas contábeis 110122 e 110265 referemse às contascorrentes bancárias 003.00004750 (CEF) e 323005440 (HSBC). Dessa forma, não houve a correta contabilização das seguintes contas correntes: 003.0000111.4 (CEF); 3230137851 (HSBC); 3231241237 (HSBC); e 3231946478 (HSBC) 2) Contabilização parcial dos extratos bancários na conta CAIXA. Percebese que uma parte dos valores relativos aos extratos bancários que não foram devidamente contabilizados (4 contas correntes acima listadas) foram indevidamente lançados na conta contábil CAIXA (11.0049), conforme demonstrativo às fls. 481. 3) Lançamentos efetuados na conta CAIXA de forma consolidada e impossibilidade de conciliação desses valores com os extratos bancários. Outro erro encontrado em sua contabilidade é a impossibilidade de se verificar de forma analítica, quais os valores encontrados nos extratos bancários foram contabilizados e os que não foram, pois a empresa faz lançamentos contábeis de forma consolidada no último dia do mês e não é capaz de discriminar sua composição. A título exemplificativo, seguem planilhas às fls. 482. 4) Lançamentos contábeis irreais. Além de não contabilizar corretamente sua movimentação bancária, há inúmeros lançamentos contábeis que não refletem de modo algum a realidade dos fatos. A título exemplificativo, seguem alguns casos às fls. 483/488, tais como: aumento de Capital Social no valor de R$ 3.000.000,00; empréstimo de mútuo no valor de R$ 6.295.720,00; saldo inicial da conta Caixa; e reembolso de telefonia Do Termo de Intimação e Reintimação de 18/06/2015. Com o intuito de possibilitar a empresa demonstrar a origem dos valores creditados nos extratos bancários, a empresa foi intimada a fazer a conciliação diária dos valores creditados em seus extratos bancários com os valores debitados no disponível que foram oferecidos à tributação. Foi fornecida planilha em excel com todos esses valores. A empresa preferiu não fazer a conciliação diária dos valores, tamanha a divergência. Da Resposta ao Termo de Intimação de 18/06/2015. A empresa não conseguiu fazer a conciliação diária. Em vez disso, apresentou resposta escrita, onde informa que uma parte dos valores que transitaram pela conta contábil caixa foi oferecida à tributação. Disse também que há saque de dinheiro nas contas bancárias da empresa e que esse dinheiro vai para a conta caixa, tratandose de mera transferência bancária, ou seja, é o mesmo dinheiro. A partir do momento em que a empresa, regularmente intimada a fazer a conciliação dos valores, com vistas a verificar o que foi contabilizado e oferecido à tributação, não o faz de maneira satisfatória, impede que o auditor consiga validar tais informações Interessante notar que a própria empresa, no último parágrafo do texto, reconhece a impossibilidade de justificar parte de sua movimentação financeira. Fl. 2890DF CARF MF Processo nº 19515.720738/201518 Resolução nº 1302000.646 S1C3T2 Fl. 2.891 5 Observação do auditorfiscal: O crédito ora constituído, levou em consideração todos os valores declarados pela empresa em DIPJ 2011 e DCTF, respectivamente, de forma que o que foi declarado já foi abatido deste auto de infração. Do Auto de Infração. Diante dos fatos acima relatados, foi constituído auto de infração arbitrado, com fulcro no art. 530 RIR/99. Considerouse como faturamento conhecido os créditos de seus extratos bancários, excluídos transferências de mesma titularidade, estornos, devoluções, empréstimos bancários e todos os demais sem efeito fiscal que estão discriminados no anexo "CRÉDITOS SEM EFEITO FISCAL". Em seguida foram abatidos todos os valores declarados pela empresa em DCTF, abaixo listadas: Da Qualificação da Multa de Oficio. Esta fiscalização entendeu que os fatos narrados neste relatório são suficientes para caracterizar o dolo do contribuinte em sonegar tributos. O grupo Habib's é um dos maiores franqueadores do Brasil, tem total condições, se desejasse, de contabilizar corretamente sua movimentação financeira. Além disso, foram dadas todas as oportunidades, inclusive, arquivos em excel com os valores dos extratos e da contabilidade, para que fosse demonstrada a origem dos recursos. A escrituração contábil disponibilizada à fiscalização corrobora com a situação explanada na Petição Inicial. Existem muitos valores que nem sequer foram contabilizados. O padrão de conduta, repetido ao longo de todo o ano de 2010, manifesta atos específicos e reiterados com o objetivo de reconhecer receitas inferiores àquelas que efetivamente ocorreram, inclusive com a inserção na contabilidade de lançamentos irreais, com vistas a tentar justificar a quantidade de recursos disponíveis. Fl. 2891DF CARF MF Processo nº 19515.720738/201518 Resolução nº 1302000.646 S1C3T2 Fl. 2.892 6 A escrituração do Livro Diário, daí a sua denominação "diário", objetiva registrar diariamente todos os fatos que ocorrem na empresa e que acarretem ou possam a vir ocasionar modificação patrimonial. Em vez disso, a empresa opta por totalizar no último dia de cada mês, um valor que não consegue conciliar! Informações Complementares. Os atos elencados neste Termo, que tiveram como resultado a lavratura do Auto de Infração de Obrigação Principal, caracterizam, em tese, o crime tipificado no Art. 1° da Lei 8.137, de 27 de dezembro de 1990, motivo pelo qual será formalizada, junto ao Ministério Público Federal, a devida Representação Fiscal para Fins Penais. DA IMPUGNAÇÃO Devidamente notificada, VOX LINE CONTACT CENTER INTERMEDIAÇÃO DE PEDIDOS LTDA apresentou impugnação (fls. 506/536): DOS ELEMENTOS ANTERIORES AO INICIO DA FISCALIZAÇÃO A fiscalização descreveu dois fatos que antecederam a fiscalização: (i) uma diligência fiscal junto à empresa "Alsaraiva Comércio e Empreendimentos"; e (ii) a denúncia originada de uma ação cível indenizatória ajuizada por um exfranqueado da rede Habib's em Porto Alegre. (i) DA DILIGÊNCIA FISCAL REALIZADA EM OUTRO CONTRIBUINTE Quando da diligência fiscal na empresa "Alsaraiva", a autoridade fazendária diz que foram realizadas verificações em relação à Impugnante. É certo que as conclusões parcialmente apresentadas não procedem, já que a Impugnante não se enquadra no cognominado grupo de "Empresas B", ligadas à publicidade, teleatendimento e empresas de cobrança, seja porque seu faturamento é composto, essencialmente, por empresas sem qualquer relação com o Habib's (como Telefônica, Febraban, Laboratórios Aché, São Paulo Futebol Clube, etc), seja porque, diferentemente do afirmado, possui sede e estruturas próprias. Portanto, apesar dos vínculos societários, tratase de um negócio independente, possuindo portfolio e faturamento diversificado que não justifica o tratamento distorcido e parcial que se pretende atribuir no Termo de Verificação Fiscal, unicamente na tentativa de lançar ilações com o fim de corroborar o indigitado arbitramento e a qualificação da multa de oficio levado à efeito. (ii) DA DENÚNCIA FORMULADA NA AÇÃO INDENIZATÓRIA EM PORTO ALEGRE O Termo de Verificação Fiscal referese à denúncia que mencionaria "um esquema de sonegação fiscal que permeia toda a cadeia de industrialização e comercialização dos produtos Habib's", a qual teria dado origem ao presente MPF. Todavia, este fato não abrangeria as atividades desenvolvidas pela Impugnante, seja porque não promove qualquer industrialização ou comercialização de produtos, seja porque seu relacionamento e faturamento com as empresas Habib's é pouco relevante. Ao final do Termo de Verificação, e após a transcrição de uma série de acusações e imputações direcionadas a diversas empresas do grupo Habib's sem, contudo, Fl. 2892DF CARF MF Processo nº 19515.720738/201518 Resolução nº 1302000.646 S1C3T2 Fl. 2.893 7 uma única linha que envolva a Impugnante, a fiscalização conclui que, "diante dos fortes indícios de sonegação", foi aberta a fiscalização. O que se conclui, deste modo, é que não é possível extrair qualquer acusação que se relacione com a Impugnante, razão pela qual os "elementos anteriores ao início da ação fiscal" apenas fragilizam o auto de infração, tornandoo nulo. DA NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO POR FALTA DE INSTRUÇÃO PROBATÓRIA Desde logo, verificase a falta de instrução do auto com elementos obrigatórios, consistentes nos documentos da diligência anteriormente realizada na empresa "Alsaraiva", assim como nos documentos relativos à ação cível ajuizada pelo exfranqueado em Porto Alegre, acompanhada dos elementos que subsidiaram o compartilhamento levado à efeito, fatos estes intransponíveis à manutenção da exigência. Vejase que o Termo de Verificação relaciona os documentos que supostamente estariam sendo apresentados com o auto de infração, mas, diferentemente, não foram disponibilizados à Impugnante quando da intimação da exigência, em especial as mencionadas "planilhas, anexos e arquivos magnéticos" que embasariam o lançamento. Tais fatos, portanto, prejudicam o contraditório e o amplo direito de defesa, nulificando a exigência, nos termos do artigo 12 do Decreto nº 7.574/11. DA DECADÊNCIA DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO RELATIVAMENTE AO IRPJ E CSLL BASEADOS EM DEPÓSITOS DE JANEIRO À JUNHO DE 2010 E RESPECTIVO PIS E COFINS A própria metodologia de lançamento adotada no caso, qual seja, presunção de omissão por depósitos bancários de origem não comprovada, leva à contagem do prazo decadencial a partir de cada depósito, conforme § r, do artigo 42, da Lei n.º 9.430/96, segundo o qual "o valor das receitas ou dos rendimentos omitidos será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. " O termo a quo do prazo decadencial somente se deslocaria para o primeiro dia do exercício seguinte, nos termos do artigo 173, I, do CTN, caso a Impugnante nada tivesse declarado ou nada tivesse recolhido a título de IRPJ, CSLL, PIS e/ou COFINS na respectiva DCTF, o que não é o caso. Assim, aplicandose ao caso concreto o raciocínio pacificado pelo Superior Tribunal de Justiça e acolhido pela Câmara Superior do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, temse que está decaído o crédito tributário de IRPJ e CSLL apurado sobre os depósitos bancários de janeiro à junho de 2010, bem como os lançamentos de PIS e COFÍNS também de janeiro a junho de 2010, visto que foram constituídos apenas em 30/07/2015, ou seja, após o transcurso do prazo de 5 anos contados dos respectivos fatos geradores. Ainda que assim não fosse, contandose o prazo decadencial pela regra do artigo 173, I, do CTN, ou seja, a partir do "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado", temse que, por se tratar de apuração pelo lucro real trimestral, inequivocamente estariam decaídos o IRPJ e a CSLL dos 1" e 2" trimestres de 2010„ pois o exercício seguinte começaria, respectivamente, em 01/04/2010 e 01/07/2010, empurrando o prazo decadencial para 31/03/2015 e 30/06/2015, sendo que o AI foi lavrado Fl. 2893DF CARF MF Processo nº 19515.720738/201518 Resolução nº 1302000.646 S1C3T2 Fl. 2.894 8 em 30/07/2015, nada se alterando em relação ao PIS c à COF I NS, cujas apurações são mensais. DO INDEVIDO ARBITRAMENTO E DA INCONSISTENTE CUMULAÇÃO DA EXIGÊNCIA COM A FÓRMULA PRESUNTIVA DE OMISSÃO DE RECEITAS: UM VICIO CIRCULAR INSANÁVEL I DOS ATOS FISCALIZATÓRIOS QUE ANTECEDERAM A AUTUAÇÃO Logo que obteve os extratos bancários diretamente junto às instituições financeiras, a autoridade fazendária encaminhou um arquivo excel juntamente com o termo expedido em 10/06/15, apontando e solicitando a justificação da origem de depósitos bancários, em 2010, no montante de R$ 31.060.142,09. Em seguida, foi expedida a intimação de 18/06/2015, a qual teve por objetivo "facilitar a conciliação das contas bancárias", quando então foi encaminhada para a Impugnante outra planilha indicando uma nova diferença de depósitos bancários a justificar no ano de 2010, no montante de R$ 26.349.166,90. Naquele momento, a fiscalização detinha o movimento bancário da Manifestante em 2010, quando então conciliou com os lançamentos a débito nas contas contábeis 110049, 110265 e 110123, os quais somaram R$ 86.368.124,59 (A), e, em seguida, confrontou com as contrapartidas lançadas a crédito na conta contábil 110833 (clientes), que somou R$ 60.018.957,69 (B), daí a diferença de R$ 26.349.166,90 (AB). No dia 02/07/15, ou seja, no prazo de 10 (dez) dias daquela intimação, a Impugnante apresentou suas justificativas no corpo da própria planilha disponibilizada pela fiscalização (390 linhas), quando então justificou a quase totalidade dos depósitos questionados, restando uma diferença de R$ 8.249.483,70. Resumidamente, apontouse que o resultado da Impugnante em 2010, conforme sua DIPJ, não foi de apenas R$ 60.018.957,69 (lançamentos de bancos contra crédito na conta contábil cliente), devendo considerar, também: (i) R$ 981.205,73 referente às duplicatas descontadas, lançadas contra a conta 11087; (ii) R$ 2.219.003,84 a título de reembolso de telefonia e bônus extra sobre telefonia, lançados contra as contas 66552 e 6653; bem como (iii) R$ 900.281,04 a título de descontos lançados na conta 55715. Além disto, existiam depósitos bancários que não sensibilizavam o resultado, razão pela qual deveriam ser excluídos da planilha elaborada pela fiscalização, a saber: (i) R$ 743.647,00 de empréstimos contraídos, conforme conta 20118; e (ii) R$ 3.143.410,58 a título de venda de ativos à custo, conforme conta 66620. Por fim, ainda foi apontado um total de R$ 10.400.834,52 de depósitos bancários cujo lançamento contábil ocorreu a crédito contra a conta 110049, representando, pois, mera transferência patrimonial, fatos estes que infirmavam e reduziam as diferenças questionadas pelo termo de intimação datado de 18/06/2015. A fiscalização emitiu o termo de 08/07/2015, por meio do qual questionou o saldo inicial da conta contábil caixa, bem como o AFAC de R$ 3.000.000,00 e o mútuo concedido de R$ 6.295.720,00, todos esclarecidos na petição apresentada em 14/07/2015. Fl. 2894DF CARF MF Processo nº 19515.720738/201518 Resolução nº 1302000.646 S1C3T2 Fl. 2.895 9 Não obstante todos os trabalhos, intimações, conciliações e esclarecimentos, tendo o próprio fiscal, em determinado momento, reconhecido boa parte das justificativas prestadas, em 30/07/2015, inesperadamente, a Impugnante foi cientificada do AI,que acabou arbitrando o seu lucro com base no artigo 530, II, do RIR/99 e, ao mesmo tempo, fundamentando a exigência na omissão por presunção legal de depósitos bancários de origem não comprovada, nos termos do artigo 42 da Lei n.º 9.430/96. II DO IMOTIVADO, DESNECESSÁRIO E VICIADO ARBITRAMENTO. Desde logo, destacase a fragilidade do arbitramento por duas razões, tratadas separadamente neste tópico: (a) insustenlabilidade fática, disponibilização da contabilidade, conhecimento de toda a movimentação bancária e não exaurimento das análises e conciliações para fins de levantamento fiscal; e (b) vícios no critério de apuração da base de cálculo do lucro arbitrado (receita bruta conhecida versus não conhecida) e cumulação de métodos incompatíveis. (a) A Impugnante defende que, conhecida desde o início a movimentação bancária da Impugnante, não há que se falar em imprestabilidade da contabilidade para a determinação do lucro real. Uma coisa é a não identificação da movimentação bancária na contabilidade (justificando o arbitramento); outra é identificação de movimentação bancária incompatível com a contabilidade (o que justificaria a tributação presuntiva, não o arbitramento). O que não se admite, sob pena de desfigurar e alterar a natureza e finalidade do arbitramento (técnica de tributação) como se medida punitiva fosse, é cumular as duas formas distintas e inconciliáveis de levantamento das receitas e rendimentos omitidos. Ou não se identifica a movimentação bancária e promovese o arbitramento do lucro; ou identificase uma movimentação bancária de origem não comprovada e tributase a omissão presumida. No caso dos autos, nem uma, nem outra hipótese estão presentes, como se demonstrará, mas o fato é que o instituto do arbitramento foi claramente banalizado, transformandoo numa regra de tributação complementar aos depósitos bancários de origens identificadas, mas não conciliadas com a contabilidade. O que se verifica, ao contrário, é que a Impugnante entregou todos os livros contábeis solicitados e que a sua movimentação financeira era, desde o início da fiscalização, conhecida diante do acesso direto aos extratos bancários, ao mesmo tempo em que esta mesma movimentação embasou o arbitramento do lucro, o que se mostra claramente não razoável e contraria o entendimento do CARF, não podendo se sustentar. (b) A Impugnante apontou, ainda, as irregularidades decorrentes da inobservância dos próprios artigos 532 e 535 do RIR/99, os quais dispõem de fórmulas diferentes para o cálculo do lucro arbitrado quando a receita bruta for conhecida e quando não for conhecida. No caso dos autos, a autoridade fazendária detinha uma receita bruta conhecida e acatada de prestação de serviços, devidamente declarada na DIPJ/2011, no valor de R$ 69.499.455,84; ao lado de uma receita bruta presumida, portanto não conhecida, verificada através de depósitos de origem supostamente não comprovada (prova indiciaria). Fl. 2895DF CARF MF Processo nº 19515.720738/201518 Resolução nº 1302000.646 S1C3T2 Fl. 2.896 10 Todavia, a fiscalização acabou por utilizar a mesma metodologia, somando e tributando ambas como se fossem iguais. Ora, não se pode admitir o arbitramento do lucro sobre uma receita bruta apurada com base num cálculo presuntivo de omissão de receitas, pois isto representaria o arbitramento de uma presunção, absolutamente incabível. O arbitramento considerou tanto a receita bruta conhecida, declarada na DIPJ, como a receita bruta presumida, obtida a partir dos depósitos bancários, "reunindo, na receita conhecida, a receita declarada e a receita supostamente omitida, detectável mediante presunção", o que resvala na ilegalidade consistente "na adoção simultânea de elementos excludentes." Assim sendo, por qualquer ângulo que se analise a questão, não há como se sustentar o arbitramento levado à efeito, especialmente quando cumulado com fórmula presuntiva de omissão de receitas. III DA INCORRETA CAPITULAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DO AUTO E DA NECESSÁRIA ADEQUAÇÃO DA RECEITA BRUTA SOBRE A QUAL FOI APURADO O LUCRO ARBITRADO De todos os depósitos (R$ 101.515.507,42), a fiscalização promoveu algumas exclusões pautadas em filtros evidentes cujas origens eram outras contas de mesma titularidade, apurando a receita bruta de R$ 86.368.124,59. Ou seja, para a autoridade fazendária, 85% dos depósitos bancários da Impugnante, uma empresa de call center, representaria sua receita bruta de prestação de serviços, sujeita ao arbitramento. Apenas com este dado, a defesa deveria se encerrar por aqui, mas em atenção ao princípio da eventualidade, demostra se à adiante, item por item, os diversos valores que devem ser excluídos da indigitada receita bruta. Neste sentido, a Impugnante contratou uma auditoria independente ( Mazars),que realizou a conciliação de seus extratos bancários, cujo o quadro sintético é o seguinte: Ou seja, do total de R$ 86.368.124,59 a Impugnante identificou e comprovou a origem de R$ 62.025.283,50, dos quais R$ 17.196.310,48 sequer representam receita bruta, portanto são valores não tributáveis. De modo que, seja por um ou por outro motivo, senão cancelado, o auto de infração precisa no mínimo ser readequado (a) Dos depósitos bancários com origem comprovada em clientes faturados e duplicatas descontadas; do faturamento tributado em 2009 Ora, desde logo se verifica uma imprecisão gravíssima, pois o fiscal considera que os demais valores dos extratos, não identificados individualizadamente, na forma como ele gostaria, na contabilidade, simplesmente não foram oferecidos à tributação, sem maiores questionamentos, sequer sobre suas origens, aliás contrariando seu próprio critério (de que depósitos identificados na contabilidade teriam origem justificada). Não bastasse, ainda que tenha identificado a correta contabilização do valor de R$ 1.075.168,84, mesmo assim a fiscalização manteve este montante na base de cálculo do lançamento. Fl. 2896DF CARF MF Processo nº 19515.720738/201518 Resolução nº 1302000.646 S1C3T2 Fl. 2.897 11 Conforme se verifica da planilha de conciliação elaborada pela auditoria independente, referido valor decorre do pagamento de 9 notas fiscais emitidas contra a empresa Telefônica, todas acostadas no trabalho (doc. 03). E, filtrando todos os recebimentos de clientes e duplicatas identificados e comprovados na planilha, temse o valor líquido de R$ 46.918.300,89, dos quais R$ 703.905,35 se refere ao IRRF (não considerado no auto de infração). Assim sendo, tratamse de depósitos bancários de origens devidamente comprovadas, o que afasta, desde logo, a presunção utilizada. Além disto, dentro deste montante de origem comprovada creditado nas contas bancárias da Impugnante, temse que R$ 2.081.897,29 se referem a notas fiscais faturadas e tributadas no ano de 2009, cujo recebimento ocorreu em 2010, conforme também se verifica no trabalho realizado pela auditoria independente. Deste modo, todos estes valores de origem comprovada não podem compor a receita bruta utilizada pela fiscalização, baseada na presunção de depósitos de origem não comprova. Caso assim não se entenda, devese: (i) excluir os valores faturados e tributados em 2009; bem como (ii) considerar, na apuração do lucro arbitrado, os montantes de IRRF efetivamente comprovados. (b) Das transferências bancárias entre contas (créditos neutros) não consideradas pela autoridade fazendária autuante Ainda que a fiscalização tenha realizado algum filtro para eliminar as transferências entre contas da própria Impugnante na apuração de sua receita bruta, ainda assim, conforme se comprova individualizadamente na planilha conciliatória, temse o montante de R$ 8.917.002,61, cuja origem são contas de mesma titularidade. Portanto, devese promover a devida correção, com a exclusão da base de cálculo utilizada. (c) Do aumento de capital social no valor de R$ 3.000.000,00 O Termo de Verificação Fiscal, em seu item 42.4.1, desconsiderou a origem do valor de R$ 3.000.000,00, deliberado na 1 Ia Alteração do Contrato Social e contabilizado na conta 11.0049, por não ter encontrado o exato montante entrando nos extratos bancários da Impugnante. Contudo, conforme se verifica pela planilha de conciliação bancária da auditoria independente, os fluxos financeiros deste aporte se encontram em três depósitos de R$ 1.000.000,00, sendo dois no dia 22/03/10 e outro em 13/05/10: Não há justificativa, assim, para manter estes valores dentro da receita bruta utilizadas para apurar o lucro arbitrado da Impugnante. (d) Considerações sobre o item 4.2.4.2 do Termo de Verificação Fiscal (empréstimo de mútuo no valor de R$ 6.295.720,00 concedido via caixa) e item 5 Relativamente a este item, a fiscalização sustenta que a Impugnante concedeu empréstimos contabilizados na conta caixa, mas não identificou o trânsito destes valores nos seus extratos bancários (débitos no dia 24/10/2010), considerando, com isso, que "criouse um direito (conta contábil 112078) que não existe" e, ainda, concluise que "o dolo do contribuinte fica evidente quando este direito é liquidado no ano seguinte. " Não obstante a conclusão Fl. 2897DF CARF MF Processo nº 19515.720738/201518 Resolução nº 1302000.646 S1C3T2 Fl. 2.898 12 fazendária, não se pode falar em dolo, até porque é o próprio fiscal que constata, no ano seguinte, a quitação do mútuo através de depósitos bancários do próprio mutuário no ano seguinte. Além do mais, conforme documentos apresentados na petição do dia 14/07, a Impugnante acostou tanto o "Instrumento Particular de Contrato de Mútuo", com a previsão de juros e demais condições da operação, havendo inclusive pagamentos de 10F, bem como o respectivo "Termo de Quitação". Portanto, se a fiscalização apresentou dúvidas no tocante às saídas deste mútuo da conta caixa, deveria promover uma análise mais detalhada da conta caixa, dela glosando eventuais inconsistências. Já no item 5 do Termo de Verificação, a fiscalização volta a questionar a conta caixa, alegando que "a empresa se utiliza na contabilidade de lançamentos que debitam a conta caixa e que creditam às contas bancárias, ou seja, contabilmente é o mesmo dinheiro, apenas tirase da conta do banco e deixase no 'caixa' em espécie", o que, novamente, atrai a jurisprudência do CARF sobre o assunto. (e) Considerações sobre os itens 4.2.4.3 e 4.2.4.4 do Termo de Verificação Fiscal (saldo inicial da conta caixa e reembolso de telefonia) e conclusões finais Relativamente ao saldo inicial da conta caixa em 2010, a Impugnante esclareceu, na petição de 14/07, que este refletia o saldo contábil escriturado em 2009, não havendo como sustentar as conclusões da fiscalização, sem ao menos se promover uma conciliação da movimentação financeira daquele ano, neste momento inviável. Já os reembolsos de telefonia, tratase de operação comum no segmento de call center, tendo sido em parte identificados no trabalho da auditoria independente (R$ 212.586,25), motivo pelo qual devem ser excluídos do auto de infração. (f) Da venda de ativos no valor de R$ 3.143.410,58 (item 6 do TVF) A Impugnante ainda esclareceu, na petição de 02/07, que teria realizado a venda de ativos (estações de computadores) pelo valor de custo, o que não foi aceito pela fiscalização sob alegação de que "os supostos ativos comprados foram indevidamente majorados pela Voxline em momento anterior." Ora, em primeiro lugar, a própria fiscalização confirmou o depósito bancário deste valor, efetuado pela empresa adquirente, o que também foi identificado na planilha da empresa de auditoria, que inclusive se faz acompanhar do respectivo contrato de compra e venda. Em segundo lugar, a conclusão do TVF sobre esta indevida majoração dos ativos em momento anterior é incompreensível, pois o que se verifica dos lançamentos contábeis que procuraram exemplificar tal ilação é que: (i) foi debitada a conta dos ativos, em contrapartida à conta de fornecedores, pelas aquisições de bens e serviços (sistemas) com notas fiscais emitidas por empresa idôneas; e (ii) o pagamento foi debitado na conta 11004, em contrapartida aos fornecedores. Fl. 2898DF CARF MF Processo nº 19515.720738/201518 Resolução nº 1302000.646 S1C3T2 Fl. 2.899 13 Portanto, novamente voltase ao problema dos questionamentos e dúvidas fiscalizatórias em torno da conta caixa, que em nada afetam o depósito bancário cuja origem, comprovadamente, foi a venda de ativos. (g) Da indevida distorção causada pela dedução dos tributos pagos em DCTF, ao invés da readequação da receita bruta utilizada como base para o lucro arbitrado A metodologia utilizada pela fiscalização, de deduzir o IRPJ, CSLL, PIS e COFINS pagos cm DCTF, ao invés de excluir a respectiva receita bruta que gerou esta tributação, da base de cálculo do presente auto de infração, é inconsistente e acaba por distorcer a exigência, penalizando a Impugnante. Assim, ao se manter na base de cálculo do arbitramento a receita bruta conhecida que já sofreu tributação, majorase indevidamente a apuração do lucro da Impugnante, com a incidência de multa e juros que também acabam distorcendo e penalizando indevidamente o contribuinte. (h) Da falta de exclusão do PIS e da COF1NS da base do IRPJ e da CSLL Nos termos do artigo 41 da Lei n.º 8.981/95, "os tributos e contribuições são dedutíveis, nu determinação do lucro real, segundo o regime de competência", o que foi ignorado na quantificação da exigência. Deste modo, os valores de PIS e COFINS lançados no presente auto de infração devem, por imposição legal, ser deduzidos do IRPJ e da CSLL apuradas e lançadas em cada trimestre do ano de 2010. DA INSUSTENTABILIDADE NA APLICAÇÃO DA MULTA QUALIFICADA A qualificação da multa se deu sob os mesmos fundamentos e argumentos que embasaram o arbitramento, quais sejam, as divergências na conciliação contábil da movimentação financeira da Impugnante, entendendo haver, aí, "ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento (.) da ocorrência do falo gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais." (Lei. 4.502/64, artigo 71, I). Assim, tratamse de fatos que já possuem consequências específicas e que, no caso, geraram tanto a desqualificação da contabilidade da Impugnante como o arbitramento do seu lucro real, não podendo, por isso, gerar a qualificadora. Ainda que assim não fosse, estando a exigência baseada em presunção legal de omissão de receitas a partir de depósitos de origem supostamente não comprovada, devese observar as Súmulas CARF tf 14 e n° 25 e jurisprudência do CARF. No caso dos autos, em verdade, além de presumida, o fiscal está qualificando a multa com base numa fraude em tese, o que também não se pode admitir. Por fim, a fiscalização sustenta a prática reiterada da infração "quando verificada a grande quantidade de créditos em suas contas correntes." Ora, nada mais absurdo, pois a reiteração da conduta não guarda absolutamente nenhuma relação com a quantidade de depósitos bancários autuados. Além do mais, este é o primeiro e único auto de infração recebido pela Impugnante até o momento. Fl. 2899DF CARF MF Processo nº 19515.720738/201518 Resolução nº 1302000.646 S1C3T2 Fl. 2.900 14 Por essas razões, não há elementos que justifiquem a qualificação da multa de oficio. CONCLUSÕES E PEDIDO Em razão de tudo o quanto exposto, não há como o auto de infração prosperar, seja em razão das nulidades na formulação da exigência (vício de instrução probatória); seja em razão da decadência; seja em razão do inconsistente arbitramento, Imotivada fundamentação e incorreta metodologia da hipótese presuntiva; seja por conta da indevida base de cálculo adotada. Ainda que assim não se entenda, devese determinar a correção das bases de cálculo adotadas, com a recondução da sua receita bruta, consideração do IRRF e dedução do PIS e COFINS da base do IRPJ e da CSLL, bem como cancelar e readequar a qualificação da multa de oficio vinculada. Assim sendo, a Impugnante requer o conhecimento e regular processamento da presente defesa para que seja julgada inteiramente procedente, extinguindo se integralmente o crédito tributário sob discussão, ou, subsidiariamente, para que seja refeita a base de cálculo considerada e se reduza a multa vinculada para 75%. No dia 16/10/2015, a Impugnante requereu a juntada de documentação complementar ao doc. 03 da impugnação, notas fiscais, comprovando depósitos de origem supostamente não comprovada no importe de R8 66.111.289,46, conforme sintetizado na planilha abaixo: A Impugnante afirmou ainda ter uma nova mídia digital com a complementação da conciliação de seus extratos bancários, que não foi aceita pelo protocolo da RFB, sob a justificativa de que o sistema eprocesso não admite arquivos em formato diferente de ".pde. Assim, requereu conversão do julgamento em diligência.” Ao apreciar os argumentos da defesa, bem como a manifestação da Fazenda, Nacional, entendeu o órgão julgador entendeu o seguinte: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2010 NULIDADE. Fl. 2900DF CARF MF Processo nº 19515.720738/201518 Resolução nº 1302000.646 S1C3T2 Fl. 2.901 15 Tendo sido o lançamento efetuado com observância dos pressupostos legais e não se tratando das situações previstas no art. 59 do Decreto n° 70.235/1972, incabível falar em nulidade do lançamento fiscal. CONTRADITÓRIO E DIREITO DE DEFESA Somente a partir da lavratura do auto de infração é que se instaura o litígio entre o fisco e o contribuinte, inexistindo cerceamento do direito de defesa quando, na fase de impugnação, foi concedida oportunidade ao autuado de apresentar documentos e esclarecimentos. Havendo no lançamento informações e justificativas que permitam ao contribuinte oferecer impugnação fundamentada e completa, também não se caracteriza situação de cerceamento ao direito de defesa. DECADÊNCIA. Demonstrada a ocorrência de fraude, o prazo de decadência é de cinco anos a contar do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ORIGEM DOS RECURSOS. NÃO COMPROVAÇÃO.TRIBUTAÇÃO. Caracterizamse como omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida em instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Na tributação da omissão de rendimentos ou receita caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada, os depósitos de um mês não servem para comprovar a origem de depósitos havidos em meses subsequentes. MULTA QUALIFICADA DE 150% Falta de escrituração de depósitos bancários e de pagamento dos tributos devidos caracterizam a conduta dolosa da contribuinte ensejadora da qualificação da multa. DILIGÊNCIA E PERÍCIA. INDEFERIMENTO POR SER PRESCINDÍVEL. A diligência e a perícia requeridas são indeferidas, com fundamento no art. 18 do Decreto n° 70.235/1972, com as alterações da Lei n° 8.748/1993, por se tratar de medida absolutamente prescindível, já que constam dos autos todos os elementos necessários ao julgamento. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Acórdão Acordam os membros da 4ª Turma de Julgamento, por unanimidade de votos, considerar a IMPUGNAÇÃO PROCEDENTE EM PARTE nos termos do relatório, voto e conclusão que passam a integrar o presente julgado. Submetase à apreciação do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, de acordo com o art. 34 do Decreto n° 70.235, de 6 de março de 1972, e alterações introduzidas pela Lei n°9.532, de 10 de dezembro de1997, e Portaria MF n°3, de 3 de janeiro de 2008, por força de recurso necessário. A exoneração do crédito procedida por este acórdão só será definitiva após o julgamento em segunda instância. Fl. 2901DF CARF MF Processo nº 19515.720738/201518 Resolução nº 1302000.646 S1C3T2 Fl. 2.902 16 Intimese para pagamento do crédito tributário mantido no prazo de 30 dias da ciência, salvo interposição de recurso voluntário ao Conselho de Contribuintes, em igual prazo, conforme facultado pela art. 33 do Decreto n° 70.235, de 6 de março de 1972, alterado pelo art. 12 da Lei n.º 8.748, de 9 de dezembro de 1993, e pelo art. 32 da Lei 10.522, de 19 de julho de 2002. Inconformado com a referida decisão, interpôs o contribuinte Recurso Voluntário direcionado ao CARF, no qual alegou, como matéria de defesa, em síntese: a) Nulidade do auto de infração por insuficiência instrutória e ausência de intimação específica para a comprovação de origens dos depósitos; b) Decadência do crédito tributário relativamente ao irpj e csll baseados em depósitos de janeiro à junho de 2010 e respectivo PIS e COFINS; c)Indevido arbitramento e da inconsistente cumulação da exigência com a fórmula presuntiva de omissão de receitas: um vício circular insanável; d)Incorreta quantificação do auto e da necessária adequação da receita bruta sobre a qual foi apurado o lucro arbitrado; e) Insustentabilidade da multa qualificada. Afim de corroborar o seu argumento, a recorrente juntou aos autos, mais precisamente em setembro de 2018, parecer do Professor Sergio Iudicibus (fls.2724/2758) e relatório analítico elaborado pela Ernest Young (fls.2764 e segs). É o relatório. Voto Conselheiro Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa – Relator. O presente recurso é tempestivo e preenche os requisitos legais, portanto, dele conheço. Como se observa, os referidos autos de infração são decorrentes de suposta OMISSÃO DE RECEITA POR PRESUNÇÃO LEGAL — DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. Como apontado pela fiscalização são inúmeras as divergências encontradas entre a conciliação bancária (extratos bancários) e a contabilidade apresentada. Na realidade, a segundo a fiscalização e a DRJ, a contabilidade da recorrente mostrouse imprestável para identificar sua movimentação financeira e consequentemente para apurar seu lucro real, por isso seu lucro foi arbitrado. Seguem alguns exemplos das divergências apontadas pela fiscalização: Fl. 2902DF CARF MF Processo nº 19515.720738/201518 Resolução nº 1302000.646 S1C3T2 Fl. 2.903 17 1) Não contabilização de várias contas bancárias de sua titularidade no ano de 2010. Em sua contabilidade, existem apenas duas contas contábeis relativas aos bancos, conforme tabela abaixo: A relação de contas bancárias (extratos bancários) de titularidade da empresa fiscalizada (obtida por meio de solicitação direta aos bancos) é muito maior. Percebese que na contabilidade estão lançados cerca de R$ 66.347.031,00 a débito nas contas 110122 e 110265. O somatório nas contas bancárias é de mais de R$ 101.000.000,00. Analisandose cada um dos valores contabilizados, apesar das pequenas divergências encontradas, percebese que as contas contábeis 110122 e 110265 referemse às contascorrentes bancárias 003.00004750 (CEF) e 323005440 (HSBC). Dessa forma, não houve a correta contabilização das seguintes contas correntes: 003.0000111.4 (CEF); 3230137851 (HSBC); 3231241237 (HSBC); e 3231946478 (HSBC) 2) Contabilização parcial dos extratos bancários na conta CAIXA. Percebese que uma parte dos valores relativos aos extratos bancários que não foram devidamente contabilizados (4 contas correntes acima listadas) foram indevidamente lançados na conta contábil CAIXA (11.0049), conforme demonstrativo às fls. 481. Fl. 2903DF CARF MF Processo nº 19515.720738/201518 Resolução nº 1302000.646 S1C3T2 Fl. 2.904 18 3) Lançamentos efetuados na conta CAIXA de forma consolidada e impossibilidade de conciliação desses valores com os extratos bancários. Outro erro encontrado em sua contabilidade é a impossibilidade de se verificar de forma analítica, quais os valores encontrados nos extratos bancários foram contabilizados e os que não foram, pois a empresa faz lançamentos contábeis de forma consolidada no último dia do mês e não é capaz de discriminar sua composição. A título exemplificativo, seguem planilhas às fls. 482. Fl. 2904DF CARF MF Processo nº 19515.720738/201518 Resolução nº 1302000.646 S1C3T2 Fl. 2.905 19 4) Lançamentos contábeis irreais. Além de não contabilizar corretamente sua movimentação bancária, há inúmeros lançamentos contábeis que não refletem de modo algum a realidade dos fatos. A título exemplificativo, seguem alguns casos às fls. 483/488, tais como: aumento de Capital Social no valor de R$ 3.000.000,00; empréstimo de mútuo no valor de R$ 6.295.720,00; saldo inicial da conta Caixa; e reembolso de telefonia. Em contrapartida, a recorrente alega desde a sua impugnação que sua contabilidade não era imprestável e que toda sua movimentação financeira estava devidamente evidenciada na sua contabilidade, não podendo a autoridade fiscal arbitrar seu lucro. Fl. 2905DF CARF MF Processo nº 19515.720738/201518 Resolução nº 1302000.646 S1C3T2 Fl. 2.906 20 Para comprovar seu pleito a recorrente juntou vários documentos em sede de impugnação e em sede de recurso voluntário juntou parecer do Professor Sérgio Iudicibus e da Ernest Young Quanto a este dois últimos documentos são elencados alguns pontos que tornam controversa a questão quanto aos erros ou deficiências que a fiscalização teria apontado como suficientes para classificar a escrituração da contribuinte como imprestável; colocando em dúvida, portanto, se a forma de apuração do lucro da contribuinte (arbitramento) está correta. Assim, em atenção ao princípio da verdade material, converto o presente julgamento em diligência, determinando a baixa dos autos à unidade de origem para que a fiscalização responda as indagações abaixo, através da análise de todos os laudos e documentos acostados a estes autos, bem como da determinação da produção de quaisquer outras provas que julgar oportunas, inclusive podendo intimar o contribuinte para esclarecimentos adicionais acerca dos laudos acostados aos autos e/ou solicitar ao contribuinte documentos que entender necessário, afim de se apurar a regularidade dos valores contabilizados. Segue os quesitos: 1.Juntar aos autos os arquivos em excel mencionados no termo de fls. 195 e o arquivos digital no termo de fls. 214; 2.Os registros contábeis se deram com base em informações financeiras de recebimento e/ou recibos e notas fiscais? 3 .O Livro Razão de 2010 espelha qual percentual da Receita Líquida declarada na DIPJ do anocalendário 2010? 4.Com relação à conciliação entre os registros contábeis pelo regime de competência e os eventos descritos na movimentação bancária da recorrente, perguntase: 4.1.O Livro Razão de 2010 espelha que percentual da Movimentação Financeira das contas bancárias de titularidade da recorrente? 4.2.Com base na documentação constante nestes autos, é certo afirmar que dentre o valor de R$ 66.111.289,46, o valor de R$ 17.196.310,48 representa eventos relativos ao anocalendário 2009, transferência entre contas bancárias da própria recorrente e eventos meramente patrimoniais (integralização de capital), conforme aduzido no item 6.2 do Parecer acostado às fls.2724 e segs? 5.A documentação acostada aos autos, bem como Livro Razão da recorrente, as notas fiscais ns. 34128 (fls. 742), 34129 (fls. 743), 34130 (fls. 744), 34131 (fls. 745), 34132 (fls. 746), 34133 (fls. 747), 34136 (fls. 749), 34137 (fls. 750) e 34139 (fls. 751), em seu somatório, justificam a origem de R$ 1.075.168,84 de receitas de prestação de serviços à empresa Telefônica? 6.A quantia total de R$ 8.971.002,61 decorre de transferências bancarias entre contas de mesma titularidade da recorrente? Tal montante faz parte da base tributável da presente autuação? 7.Houve deliberação social formalizada e fluxo financeiro devidamente amparado em movimentação financeira e no Livro Razão da recorrente acerca do aumento de capital social no valor de R$ 3.000.000,00, contabilizado na conta 11004? Fl. 2906DF CARF MF Processo nº 19515.720738/201518 Resolução nº 1302000.646 S1C3T2 Fl. 2.907 21 Ao final dos trabalhos a autoridade fiscal deve produzir relatório circunstanciado, descrevendo suas análises e conclusões daí resultantes, dele cientificando a interessada, com reabertura de prazo de 30 (trinta) dias para complementação de suas razões de defesa. É como voto. (assinado digitalmente) Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa Fl. 2907DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10283.003200/2008-12
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 04 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Nov 05 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 1999
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. POSSIBILIDADE DE ANÁLISE DE NOVOS ARGUMENTOS E PROVAS EM SEDE RECURSAL. PRECLUSÃO.
A manifestação de inconformidade e os recursos dirigidos a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais seguem o rito processual estabelecido no Decreto nº 70.235/72.
Os argumentos de defesa e as provas devem ser apresentados na manifestação de inconformidade interposta em face do despacho decisório de não homologação do pedido de compensação, precluindo o direito do Sujeito Passivo fazê-lo posteriormente, salvo se demonstrada alguma das exceções previstas no art. 16, §§ 4º e 5º do Decreto nº 70.235/72.
Numero da decisão: 1001-000.874
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do relatório e do voto. Votou pelas conclusões o conselheiro Eduardo Morgado Rodrigues.
(Assinado Digitalmente)
Lizandro Rodrigues de Sousa - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros:Lizandro Rodrigues de Sousa (presidente), Edgar Bragança Bazhuni, José Roberto Adelino da Silva e Eduardo Morgado Rodrigues.
Nome do relator: LIZANDRO RODRIGUES DE SOUSA
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POSSIBILIDADE DE ANÁLISE DE NOVOS ARGUMENTOS E PROVAS EM SEDE RECURSAL. PRECLUSÃO. A manifestação de inconformidade e os recursos dirigidos a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais seguem o rito processual estabelecido no Decreto nº 70.235/72. Os argumentos de defesa e as provas devem ser apresentados na manifestação de inconformidade interposta em face do despacho decisório de não homologação do pedido de compensação, precluindo o direito do Sujeito Passivo fazêlo posteriormente, salvo se demonstrada alguma das exceções previstas no art. 16, §§ 4º e 5º do Decreto nº 70.235/72. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do relatório e do voto. Votou pelas conclusões o conselheiro Eduardo Morgado Rodrigues. (Assinado Digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros:Lizandro Rodrigues de Sousa (presidente), Edgar Bragança Bazhuni, José Roberto Adelino da Silva e Eduardo Morgado Rodrigues. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 3. 00 32 00 /2 00 8- 12 Fl. 360DF CARF MF 2 Relatório Tratase de Declaração de Compensação (PER/DCOMP), efls. 02/15, de n. 15446.44992.191103.1.3.044704, de 19/11/2003, através da qual o contribuinte pretende compensar débitos de sua responsabilidade com créditos decorrentes de pagamentos indevidos de IRPJ 2362 (janeiro de 1999). O pedido foi indeferido, conforme Parecer SEORT/DRFMNS de 08/07/2008 (efls. 31/36), que analisou as informações e concluiu que o crédito estava integralmente utilizado, bem como determinou a não homologação da DCOMP em análise. O contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, a qual foi analisada pela Delegacia de Julgamento (Acórdão 0113.100 1ª Turma da DRJ/BEL, efl. 192/196). Pela precisão na descrição dos fatos seguintes, reproduzo a seguir o Relatório constante do Acórdão da DRJ: Tendo tomado ciência do Parecer/Despacho Decisório em 16/07/2008 (fl.35), o contribuinte apresentou manifestação de inconformidade (fls.62/63) em 21/07/2008, através de procurador (fls.80/81), alegando em síntese que: 1. A requerente declarou na DCTF 1° trimestre/1999 ter a pagar (e pagou) de IRPJ o valor de R$ 172.191,39 conforme DARF's em anexo; 2. Após a formalização da DIPJ, constatouse ter havido um prejuízo anual no valor de R$ 370.525,10; 3. Com base no artigo 509 do RIR/99 que estabelece: "Art. 509. O prejuízo compensável é o apurado na demonstração do lucro real e registrado no LALUR (DecretoLei n 2 1.598, de 1977, art. 64, § 1°, e Lei n 9.249, de 1995, art. 62, e parágrafo único). § 1°. A compensação poderá ser total ou parcial, em um ou mais períodos de apuração, à opção do contribuinte, observado o limite previsto no art. 510 (DecretoLei n 1.598, de 1977, art. 64, § 2°)." 4. O artigo 74 da Lei 9.430/96, com a redação dada pela Lei 10.637/2002, que estabelece: "Art. 74. 0 sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou • contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal ,passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele órgão." 5. O artigo 5° da INSRF600/2005, de 28 de dezembro de 2005, estabelece: "Art. 52 Os saldos negativos do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Liquido (CSLL) poderão ser objeto de restituição: Fl. 361DF CARF MF Processo nº 10283.003200/200812 Acórdão n.º 1001000.874 S1C0T1 Fl. 361 3 I — na hipótese de apuração anual, a partir do mês de janeiro do anocalendário subseqüente ao do encerramento do período de apuração; II — na hipótese de apuração trimestral, a partir do mês subseqüente ao do trimestre de apuração." 6. A requerente solicitou a compensação de parte do crédito através do PER/DCOMP 15446.44992.191103.1.3.044704; 7. Entretanto, de forma equivocada não foi retificada a DCTF, o que gerou a vinculação de um débito inexistente ao DARF pago, a inconformidade dos créditos a serem utilizados para compensação e conseqüentemente a não homologação do PER/DCOMP; 8. Anexamos a este os seguintes documentos: Contrato Social, CNPJ, DIPJ 2000 anocalendário 1999, DARF s pagos, procuração, identidade do procurador, DCTF retificada; 9. Solicita a impugnação dos débitos apresentados e a revisão do processo. Constam ainda dos autos os seguintes documentos que merecem destaque: telas da DIPJ exercício 2004 (fls.19/25), tela do SINAL (fl.26), tela do sistema Fiscalização Eletrônica (fls.28/29), extrato do processo (fls.50/52), tela do PER/DCOMP 06297.99293.191103.1. .042705 (fl.59), alteração e consolidação do Contrato Social (fls.67/79), telas da DIPJ Exercício 2000 (fls.87/125), telas das DCTF's 1° tri/1999 retificadora apresentada em 25/06/2008 (fls.126/151) e original apresentada em 22/09/2004 (fls.152/183) e despacho (fl.184). A decisão de primeira instância julgou a manifestação de inconformidade improcedente, por entender que o contribuinte não trouxe aos autos as provas sobre a inexigibilidade do crédito e que o pagamento de estimativa mensal somente se caracteriza como indevido ou a maior quando efetuado em montante superior ao calculado para o mês com fundamento na legislação tributária. Cientificada da decisão de primeira instância em 10/04/2009 (efl. 199) a Interessada interpôs recurso voluntário, protocolado em 10/05/2009 (efl. 202), em que repete os argumentos da manifestação de inconformidade e aduz: Com relevo, cediço que as provas documentais devem ser apresentadas na impugnação, sob pena de precluso. No entanto, a alínea "c", § 4°, art.16, do Decreto n.° 70.253/72, faculta a apresentação em outro momento processual quando se destine a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Tal é a hipótese vertente. De fato, tratase de argumento novo aquele aduzido pela 1a Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamentos de Belém, no sentido de indeferir o pleito de compensação devido à Fl. 362DF CARF MF 4 não apresentação de provas da inexistência de apuração por estimativa do IRPJ de janeiro de 1999. Diante disso, abrese a oportunidade para a Recorrente, com espeque na alínea "c", § 4°, art.16, do Decreto n.° 70.235/72, apresentar neste momento processual a documentação alusiva e comprobatória da inexistência de apuração, por estimativa, do IRPJ de janeiro de 1999, repisase, conforme apresenta a documentação anexa (does n" 01 a 08). II— Do PEDIDO: Ante o exposto, pleiteia a Recorrente: a) a juntada aos autos da documentação comprobatória da inexistência de apuração, por estimativa, do IRPJ de janeiro de 1999, nos termos da alínea "c", § 4°, do art.16 do Decreto n° 70.235/72; e b) da análise regular da documentação acima referida para, reconhecendo o direito creditório da Recorrente, conferir provimento ao presente Recurso Voluntário e, via de conseqüência, homologar a compensação pleiteada. Nestes Termos, Pede Deferimento. Voto Conselheiro Lizandro Rodrigues de Sousa Relator O recurso ao CARF é tempestivo, e portanto dele conheço. Cabe assinalar que o reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional exige liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior de tributo (art. 74 da lei 9.430/96 c/c art. 170 do CTN) como bem assinalou a decisão da Unidade de Origem (e fls. 31/36). Ou seja, não se trata de argumento novo. Desta forma faziase necessário verificar na decisão de primeira instância a exatidão das informações referentes ao crédito alegado (estimativa paga em valor indevido) e confrontar com análise da situação fática, de modo a se conhecer qual o tributo devido no período de apuração e comparálo ao pagamento declarado e comprovado. Mas o pedido de restituição de crédito não foi acompanhado (quando da apresentação da manifestação de inconformidade, efls. 64/65) dos atributos necessários de liquidez e certeza, os quais são imprescindíveis para reconhecimento de crédito junto à Fazenda Pública, sob pena de haver reconhecimento de direito creditório incerto, contrário, portanto, ao disposto no artigo 170 do Código Tributário Nacional (CTN). Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou Fl. 363DF CARF MF Processo nº 10283.003200/200812 Acórdão n.º 1001000.874 S1C0T1 Fl. 362 5 vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. (Destaquei) Desta forma, com base no artigo art. 170 do CTN e art. 74 da lei 9.430/96 o pedido de restituição/compensação cujo crédito não foi comprovado foi indeferido. No mesmo sentido, assim ficou consolidado no Parecer COSIT n. 2/2015: As informações declaradas em DCTF – original ou retificadora – que confirmam disponibilidade de direito creditório utilizado em PER/DCOMP, podem tornar o crédito apto a ser objeto de PER/DCOMP desde que não sejam diferentes das informações prestadas à RFB em outras declarações, tais como DIPJ e Dacon, por força do disposto no§ 6º do art. 9º da IN RFB nº 1.110, de 2010, sem prejuízo, no caso concreto, da competência da autoridade fiscal para analisar outras questões ou documentos com o fim de decidir sobre o indébito tributário.(Destaquei) Observo que não cabe nesta instância recursal apreciar ou diligenciar por eventual demonstrativos contábeis para a apuração do crédito. Conforme disposto nos artigos 16 (em especial seus §§ 4º e 5º) e 17 do Decreto nº 70.235/1972, não se pode apreciar as provas que no processo administrativo o contribuinte se absteve de apresentar na impugnação/manifestação de inconformidade (efls. 64/65), pois operase o fenômeno da preclusão. Os créditos (que seriam líquidos e certos) alegados já eram do conhecimento do contribuinte, visto comporem o fundamento da manifestação de inconformidade dirigida à DR. Mas não anexou àquele recurso qualquer documentação contábil que corroborasse suas alegações. O texto legal está assim redigido: Art. 16. A impugnação mencionará: I a autoridade julgadora a quem é dirigida; II a qualificação do impugnante; III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. V se a matéria impugnada foi submetida à apreciação judicial, devendo ser juntada cópia da petição. § 1º Considerarseá não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16. § 2º É defeso ao impugnante, ou a seu representante legal, empregar expressões injuriosas nos escritos apresentados no Fl. 364DF CARF MF 6 processo, cabendo ao julgador, de ofício ou a requerimento do ofendido, mandar riscálas. § 3º Quando o impugnante alegar direito municipal, estadual ou estrangeiro, provarlheá o teor e a vigência, se assim o determinar o julgador. § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. § 6º Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão nos autos para, se for interposto recurso, serem apreciados pela autoridade julgadora de segunda instância. Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. Neste sentido, e em caso que se referia a pedido de restituição/compensação, assim decidiu a 3ª Turma da CSRF, no Acórdão nº 9303006.241: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. POSSIBILIDADE DE ANÁLISE DE NOVOS ARGUMENTOS E PROVAS EM SEDE RECURSAL. PRECLUSÃO. A manifestação de inconformidade e os recursos dirigidos a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais seguem o rito processual estabelecido no Decreto nº 70.235/72, além de suspenderem a exigibilidade do crédito tributário, conforme dispõem os §§ 4º e 5º da Instrução Normativa da RFB nº 1.300/2012. Os argumentos de defesa e as provas devem ser apresentados na manifestação de inconformidade interposta em face do despacho decisório de não homologação do pedido de compensação, precluindo o direito do Sujeito Passivo fazêlo posteriormente, salvo se demonstrada alguma das exceções previstas no art. 16, §§ 4º e 5º do Decreto nº 70.235/72. Assim, no caso em tela, o efeito legal da omissão do Sujeito Passivo em trazer na manifestação de inconformidade e/ou antes da decisão de primeiro grau todos os argumentos contra a não homologação do pedido de compensação e juntar os documentos hábeis a comprovar a liquidez e certeza do crédito pretendido compensar, é a preclusão, impossibilidade de o fazer em outro momento. Fl. 365DF CARF MF Processo nº 10283.003200/200812 Acórdão n.º 1001000.874 S1C0T1 Fl. 363 7 Adiciono que o pagamento de estimativa mensal somente se caracteriza como indevido ou a maior quando efetuado em montante superior ao calculado para o mês com fundamento na legislação tributária. Ou seja, o fato do contribuinte ter apurado na DIPJ/2000 prejuízo fiscal e saldo negativo IRPJ não torna os pagamentos de estimativa indevidos, eis que efetuados em obediência à legislação de regência. Pagamento indevido ou a maior, portanto, é o saldo negativo apurado na DIPJ/2000, e não foi esta a natureza do crédito alegado. Pelo exposto, voto por negar provimento ao recurso. (Assinado Digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Fl. 366DF CARF MF
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Numero do processo: 10880.953416/2009-64
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Oct 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Nov 20 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3401-001.537
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, para que a unidade preparadora da RFB: (i) confirme se a documentação (nota e contrato de câmbio) apresentada corresponde efetivamente a prestação de serviços, nos termos do art. 14, II da Medida Provisória no 2.158-35/2001; do art. 5o, II da Lei no 10.637/2002; e do art. 6o, II da Lei no 10.833/2003) e se guarda correspondência com a escrituração da recorrente; (ii) ateste se a retificação da DCTF (ainda que efetuada a destempo), no caso, versa exclusivamente sobre a receita registrada em tais documentos (nota fiscal e contrato de câmbio), e é compatível com a documentação apresentada; (iii) manifeste-se, conclusivamente, a partir da análise empreendida nos itens anteriores, sobre a efetiva existência e, em caso positivo, sobre a quantificação dos créditos pleiteados e sua suficiência à compensação demandada; e (iv) elabore relatório circunstanciado e conclusivo a respeito dos procedimentos realizados, dando ciência à recorrente para que esta, desejando, manifeste-se em 30 dias, prazo após o qual os autos devem retornar a este CARF, para prosseguimento do julgamento.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros Rosaldo Trevisan (presidente), Marcos Antonio Borges (suplente convocado em substituição a Mara Cristina Sifuentes, ausente justificadamente), Tiago Guerra Machado, Lázaro Antonio Souza Soares, André Henrique Lemos, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Cássio Schappo, e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, para que a unidade preparadora da RFB: (i) confirme se a documentação (nota e contrato de câmbio) apresentada corresponde efetivamente a prestação de serviços, nos termos do art. 14, II da Medida Provisória no 2.15835/2001; do art. 5o, II da Lei no 10.637/2002; e do art. 6o, II da Lei no 10.833/2003) e se guarda correspondência com a escrituração da recorrente; (ii) ateste se a retificação da DCTF (ainda que efetuada a destempo), no caso, versa exclusivamente sobre a receita registrada em tais documentos (nota fiscal e contrato de câmbio), e é compatível com a documentação apresentada; (iii) manifeste se, conclusivamente, a partir da análise empreendida nos itens anteriores, sobre a efetiva existência e, em caso positivo, sobre a quantificação dos créditos pleiteados e sua suficiência à compensação demandada; e (iv) elabore relatório circunstanciado e conclusivo a respeito dos procedimentos realizados, dando ciência à recorrente para que esta, desejando, manifestese em 30 dias, prazo após o qual os autos devem retornar a este CARF, para prosseguimento do julgamento. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan – Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros Rosaldo Trevisan (presidente), Marcos Antonio Borges (suplente convocado em substituição a Mara Cristina Sifuentes, ausente justificadamente), Tiago Guerra Machado, Lázaro Antonio Souza Soares, André Henrique Lemos, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Cássio Schappo, e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 80 .9 53 41 6/ 20 09 -6 4 Fl. 100DF CARF MF Processo nº 10880.953416/200964 Resolução nº 3401001.537 S3C4T1 Fl. 121 2 Relatório Versa o presente sobre o Pedido de Restituição/Declaração de Compensação (PER/DCOMP), invocando crédito de COFINS, indeferido por meio de Despacho Decisório Eletrônico (DDE), por estar o pagamento indicado como indevido sendo utilizado para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível. Na Manifestação de Inconformidade, alega a empresa que: (a) realizou exportação de serviços que resultaram em ingresso de divisas para o Brasil, classificadas como receitas decorrentes de exportação, documentadas em nota fiscal, amparada em contrato de câmbio (não incidindo PIS e COFINS sobre tal rubrica, conforme art. 14, II da Medida Provisória no 2.15835/2001; art. 5o, II da Lei no 10.637/2002; e art. 6o, II da Lei no 10.833/2003); (b) realizou apuração mensal da COFINS sobre o total de suas receitas, ou seja, incluiu indevidamente na base de cálculo as referidas receitas de exportação; (c) o erro foi verificado pela empresa posteriormente, o que ensejou o pedido, tendo sido retificada a DCTF após o Despacho Decisório, o que ensejou o não reconhecimento do crédito e a não homologação da compensação; e (d) em nome da verdade material, requer que seja reconhecido o crédito. Como prova do direito ao crédito, junta Nota Fiscal, Contrato de Câmbio e DCTF retificadora e DCOMP. A decisão de primeira instância foi, unanimemente, pela improcedência da manifestação de inconformidade, sob os seguintes fundamentos. (a) os valores declarados em DCTF constituem confissão de dívida, conforme art. 5o do DecretoLei no 2.124/1984; e (b) a compensação com utilização de crédito correspondente a pagamento indevido ou a maior condicionase à demonstração da certeza e da liquidez do direito, impondose a apresentação de documentação hábil e idônea, bem como da escrituração contábil e/ou fiscal, do contribuinte, a comprovar a efetiva natureza da operação para o fim de se conferir a existência e o valor do indébito tributário, não bastando a documentação apresentada. Após ciência da decisão da DRJ, a empresa apresenta Recurso Voluntário, basicamente reiterando as razões externadas em sua manifestação de inconformidade, e agregando que o simples indeferimento, pela DRJ, ao invés da conversão em diligência, afrontou a verdade material, principio prestigiado pelo CARF, e que juntou ao recurso ainda o Livro Diário do Exercício correspondente ao período (cópia ilegível com algumas folhas de pontacabeça), para comprovar a entrada das divisas oriundas da exportação e serviços, única receita do período de apuração, comprovando seu direito. É o relatório. Fl. 101DF CARF MF Processo nº 10880.953416/200964 Resolução nº 3401001.537 S3C4T1 Fl. 122 3 Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução nº 3401001.521, de 22 de outubro de 2018, proferida no julgamento do processo 10880.914766/200824, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu na Resolução 3401001.521 "O recurso voluntário apresentado preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Resta verificar se as alegações de defesa são aptas a comprovar o direito de crédito da empresa. Isso porque nos processos derivados de pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação do direito creditório incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes, como reiteradamente decidindo, de forma unânime, este CARF: “ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. DILAÇÃO PROBATÓRIA. DILIGÊNCIAS. A realização de diligências destinase a resolver dúvidas acerca de questão controversa originada da confrontação de elementos de prova trazidos pelas partes, mas não para permitir que seja feito aquilo que a lei já impunha como obrigação, desde a instauração do litígio, às partes componentes da relação jurídica.” (Acórdãos n. 3403 002.106 a 111, Rel. Cons. Alexandre Kern, unânimes, sessão de 23.abr.2013) (grifo nosso) “PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. Nos pedidos de compensação/ressarcimento, incumbe ao postulante a prova de que cumpre os requisitos previstos na legislação para a obtenção do crédito pleiteado.” (grifo nosso) (Acórdão n. 3403003.173, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 21.ago.2014) (No mesmo sentido: Acórdão n. 3403003.166, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 20.ago.2014; Acórdão 3403002.681, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 28.jan.2014; e Acórdãos n. 3403002.472, 473, 474, 475 e Fl. 102DF CARF MF Processo nº 10880.953416/200964 Resolução nº 3401001.537 S3C4T1 Fl. 123 4 476, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânimes em relação à matéria, sessão de 24.set.2013) “CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. Nos processos relativos a ressarcimento tributário, incumbe ao postulante ao crédito o dever de comprovar efetivamente seu direito.” (Acórdãos 3401004.450 a 452, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânimes, sessão de 22.mar.2018) “PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO DO POSTULANTE. Nos processos que versam a respeito de compensação ou de ressarcimento, a comprovação do direito creditório recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato, que deve apresentar elementos probatórios aptos a comprovar as suas alegações. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco. PAGAMENTO A MAIOR. COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA. A carência probatória inviabiliza o reconhecimento do direito creditório pleiteado”. (Acórdão 3401004.923 – paradigma, Rel. Cons. Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, unânime, sessão de 21.mai.2018) No presente processo, a recorrente alega, ainda em sua manifestação de inconformidade, que, por lapso seu, não houve a correção da DCTF para constar o valor efetivamente devido, mas que o crédito efetivamente existe, e deriva de cômputo incorreto de receita de exportação de serviços, documentadas em nota fiscal, e amparadas em contrato de câmbio. E junta, além de nota fiscal e contrato de câmbio, a DCTF retificadora do primeiro trimestre de 2000, transmitida em 02/09/2008, e DCOMP correspondente. Observando a nota fiscal de serviços (fl. 23), percebese trata de “serviço de representação comercial prestado no mês”, a empresa estrangeira, e que o valor corresponde ao do contrato de câmbio (R$ 12.369,00 – US$ 7.000,00). A DRJ, entendendo ser a documentação apresentada insuficiente para provar o alegado pela postulante ao crédito, indefere o pleito, chegando a aclarar, exemplificativamente, quais seriam as possíveis provas de amparo ao crédito: “...nos pedidos de repetição de indébitos e de compensação é do contribuinte o ônus de demonstrar de forma cabal e específica seu direito creditório. A compensação com utilização de crédito correspondente a pagamento indevido ou a maior condicionase à demonstração da certeza e da liquidez do direito, impondose a apresentação de documentação hábil e idônea, bem como da escrituração contábil e/ou fiscal, do contribuinte, a comprovar a efetiva natureza da operação para o fim de se conferir a existência e o valor do indébito tributário (...) Portanto, diante desta situação, não basta o contribuinte anexar aos autos apenas a cópia da Nota Fiscal de Serviços e Fl. 103DF CARF MF Processo nº 10880.953416/200964 Resolução nº 3401001.537 S3C4T1 Fl. 124 5 o Contrato de Câmbio alegando que tais documentos comprovam o erro ocorrido no preenchimento da DCTF, ou seja, que realizou a apuração mensal do COFINS sobre o total de suas receitas, incluindo indevidamente na base de cálculo desta contribuição os valores recebidos a título de serviços prestados a pessoa jurídica domiciliada no exterior (...). Para que se faça valer o princípio da verdade material, no caso em tela, é imprescindível que se prove que o que foi anteriormente declarado, confessado e recolhido não condiz com a realidade, e mais, que o novo valor traduz fielmente o que seja verdadeiramente devido ante a legislação tributária aplicável, acompanhado, no caso, da correspondente documentação hábil e idônea com a devida escrituração fiscal e/ou contábil, o que não restou demonstrado nos autos. Portanto, os documentos por ela juntados e a apresentação de DCTF retificadora, neste momento do rito processual, após o despacho decisório, não são suficientes para fazer prova em favor do contribuinte, existindo a necessidade da apresentação da escrituração contábil/fiscal do período, em especial os Livros Diário e Razão, e dos documentos que lhe dão sustentação, (...)” Entendemos que poderia a empresa, em sede de recurso voluntário, agregar a documentação suscitada pelo julgador de piso, em nome da verdade material, e com fundamento no próprio comando do art. 16, § 4o, “c”, do Decreto no 70.235/1972, principalmente pelo fato de até o julgamento de piso não ter havido efetiva análise fiscal humana da documentação, mas mero cotejo massivo e eletrônico de informações, por sistema informatizado. E a empresa, em seu recurso voluntário, apesar de considerar que a documentação apresentada à instância de piso era suficiente para o deferimento do crédito, e a consequente homologação da compensação, porque as divisas oriundas da exportação foram suas únicas receitas no período, parece mover esforço, ainda que mínimo, para juntar aos autos o Livro Diário do Exercício de 2000 (ao menos cópia ilegível com algumas folhas de pontacabeça, às fls. 86 a 93). O fato de a exportação de serviços espelhar a única receita no período, e de terem sido apresentados nota fiscal e contrato de câmbio em valores compatíveis, aliado à juntada de Livro Diário (ainda que ilegível e com páginas de pontacabeça, provavelmente por problemas de digitalização), e à inexistência de análise humana do direito de crédito nas instâncias anteriores, faz com que tenhamos cautela na análise do contencioso, movida pela dúvida em relação ao tema principal em discussão. Sobre a verdade material, bem ensina James MARINS que envolve não só o dever de investigação, por parte do fisco, mas o dever de colaboração, do sujeito passivo: “As faculdades fiscalizatórias da Administração tributária devem ser utilizadas para o desvelamento da verdade material e seu resultado deve ser reproduzido fielmente no bojo do procedimento e do Processo Administrativo. O dever Fl. 104DF CARF MF Processo nº 10880.953416/200964 Resolução nº 3401001.537 S3C4T1 Fl. 125 6 de investigação da Administração e o dever de colaboração por parte do particular têm por finalidade propiciar a aproximação da atividade formalizadora com a realidade dos acontecimentos.”1 Ao que tudo aponta, resta clara, ainda que tímida, nos autos, a vontade de colaborar por parte da empresa, que, por mais que entendesse suficientes os documentos apresentados na instância de piso, curvouse ao que entendeu julgador de piso também como importante, embora não tenha sido bem sucedida a digitalização do documento juntado (Livro Diário). Portanto, entendo que se faz necessária análise, em sede de diligência, da documentação apresentada, à luz da argumentação da recorrente, de que as referidas receitas, amparadas em nota fiscal e contrato de câmbio, seriam efetivamente decorrentes de exportação de serviços, para verificar se os valores correspondentes são compatíveis com a retificação efetuada (ainda que a destempo) da DCTF. Pelo exposto, voto por converter o julgamento em diligência, para que a unidade preparadora da RFB: (i) confirme se a documentação (nota e contrato de câmbio) apresentada corresponde efetivamente a prestação de serviços, nos termos do art. 14, II da Medida Provisória no 2.15835/2001; do art. 5o, II da Lei no 10.637/2002; e do art. 6o, II da Lei no 10.833/2003) e se guarda correspondência com a escrituração da recorrente; (ii) ateste se a retificação da DCTF (ainda que efetuada a destempo), no caso, versa exclusivamente sobre a receita registrada em tais documentos (nota fiscal e contrato de câmbio), e é compatível com a documentação apresentada; (iii) manifestese, conclusivamente, a partir da análise empreendida nos itens anteriores, sobre a efetiva existência e, em caso positivo, sobre a quantificação dos créditos pleiteados e sua suficiência à compensação demandada; e (iv) elabore relatório circunstanciado e conclusivo a respeito dos procedimentos realizados, dando ciência à recorrente para que esta, desejando, manifestese em 30 dias, prazo após o qual os autos devem retornar a este CARF, para prosseguimento do julgamento." Importante frisar que os documentos juntados pela contribuinte no processo paradigma, como prova do direito creditório, encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por converter o julgamento em diligência, , para que a unidade preparadora da RFB: (i) confirme se a documentação (nota e contrato de câmbio) apresentada corresponde efetivamente a prestação de serviços, nos termos do art. 14, II da Medida Provisória no 2.15835/2001; do art. 5o, II da Lei no 10.637/2002; e do art. 6o, II da Lei no 10.833/2003) e se guarda correspondência com a escrituração da recorrente; (ii) ateste se a retificação da DCTF (ainda que efetuada a destempo), no caso, versa exclusivamente sobre a receita registrada em tais documentos (nota fiscal e contrato de câmbio), e é compatível com a documentação apresentada; (iii) manifeste 1 Direito Processual Tributário Brasileiro – Administrativo e Judicial, 8. Ed., São Paulo: Dialética, p. 174. Fl. 105DF CARF MF Processo nº 10880.953416/200964 Resolução nº 3401001.537 S3C4T1 Fl. 126 7 se, conclusivamente, a partir da análise empreendida nos itens anteriores, sobre a efetiva existência e, em caso positivo, sobre a quantificação dos créditos pleiteados e sua suficiência à compensação demandada; e (iv) elabore relatório circunstanciado e conclusivo a respeito dos procedimentos realizados, dando ciência à recorrente para que esta, desejando, manifestese em 30 dias, prazo após o qual os autos devem retornar a este CARF, para prosseguimento do julgamento. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Fl. 106DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11516.722472/2012-75
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 02 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Nov 05 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2007, 2008, 2009, 2010, 2011
OMISSÃO DE RENDIMENTOS INDEVIDAMENTE CONSIDERADOS COMO ISENTOS EM RAZÃO DE MOLÉSTIA GRAVE.
Somente são isentos os rendimentos relativos à aposentadoria, reforma ou pensão recebidos por portador de moléstia grave devidamente comprovada em laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
Numero da decisão: 2402-006.626
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os conselheiros Jamed Abdul Nasser Feitoza e Luis Henrique Dias Lima que votaram por conhecer de ofício a dedução da Contribuição Previdenciária da base de cálculo do lançamento.
(assinado digitalmente)
Mario Pereira de Pinho Filho - Presidente
(assinado digitalmente)
Mauricio Nogueira Righetti - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mario Pereira de Pinho Filho, Mauricio Nogueira Righetti, Denny Medeiros da Silveira, Jamed Abdul Nasser Feitoza, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior.
Nome do relator: MAURICIO NOGUEIRA RIGHETTI
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Somente são isentos os rendimentos relativos à aposentadoria, reforma ou pensão recebidos por portador de moléstia grave devidamente comprovada em laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os conselheiros Jamed Abdul Nasser Feitoza e Luis Henrique Dias Lima que votaram por conhecer de ofício a dedução da Contribuição Previdenciária da base de cálculo do lançamento. (assinado digitalmente) Mario Pereira de Pinho Filho Presidente (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mario Pereira de Pinho Filho, Mauricio Nogueira Righetti, Denny Medeiros da Silveira, Jamed Abdul Nasser Feitoza, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 51 6. 72 24 72 /2 01 2- 75 Fl. 240DF CARF MF 2 Cuida o presente de Recurso Voluntário em face do Acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento, que considerou improcedente a Impugnação apresentada pelo sujeito passivo. Contra a contribuinte foi lavrado Auto de Infração para cobrança do IRPF, relativo aos exercícios de 2008 a 2012, no importe de R$ 106.444,92, acrescido de multa de oficio (75%) e juros legais Selic. Como infração, foi apontada a omissão de rendimentos do trabalho com e sem vínculo empregatício. Regulamente intimado do lançamento, apresentou Impugnação, que, como dito, foi julgada improcedente pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento DRJ, com a seguinte ementa: IRPF. ISENÇÃO POR MOLÉSTIA GRAVE. REQUISITOS. O benefício da isenção do imposto de renda, no caso de moléstia grave, pressupõe a presença dos requisitos objetivos da comprovação da doença por meio de laudo pericial emitido por serviço médico da União, Estados, Distrito Federal ou Municípios, e serem os rendimentos provenientes de aposentadoria, reforma ou pensão. ISENÇÃO. RECONHECIMENTO. INTERPRETAÇÃO LITERAL. Por expressa disposição legal, interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre outorga de isenção. DECADÊNCIA. O Fisco tem o direito/dever de efetuar o lançamento fiscal no interstício de cinco anos, consoante arts. 150 e 173 do Código Tributário Nacional. PERÍCIA PRESCINDÍVEL. NÃO PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS. INDEFERIMENTO. Temse por prescindível de perícia o lançamento baseado em prova meramente documental integrante dos autos. A perícia formulada deve atender aos requisitos estabelecidos na legislação que rege o contencioso. A não conformidade motiva o indeferimento e não conhecimento. Em seu Recurso Voluntário de fls. 228/233, aduz em resumo: Que conforme atesta o laudo médico acostado, o recorrente é portador de seqüela de paralisia cerebral com repercussões na coluna lombar onde apresenta dor e impotência funcional. Que em 07.07.2011, os médicos integrantes da junta oficial da Secretaria da Receita Federal do Brasil atestaram no laudo de avaliação que o recorrente é portador de paralisia cerebral espástica, culminando na tríplice flexão dos membros inferiores. Que a constatação da paralisia deu causa ao reconhecimento da incapacidade, e uma vez reconhecida a invalidez, inequivocamente a paralisia foi incapacitante. Que o atestado e laudo foram emitidos em 1981, antes da vigência das Lei 7.713/88, bem como da Lei 9.250/95, razão pela qual não teria havido a menção expressa de Fl. 241DF CARF MF Processo nº 11516.722472/201275 Acórdão n.º 2402006.626 S2C4T2 Fl. 3 3 que a paralisia é incapacitante, além que a classificação do CID 344 terse dado de forma genérica como problemas neurológicos. Que acostou à impugnação a declaração do médico que acompanha o caso do recorrente desde o início, atestando ser portador de seqüela de paralisia cerebral com impotência funcional definitiva desde 23.01.1981. Que como a paralisia cerebral não tem cura, provocando uma séria de alterações neurológicas, há de se concluir que a mesma é, por si só, incapacitante. Que em 2006 foi diagnosticado com Mal de Alzheimer. Não bastasse, também apresenta isquemia cerebral, é portador de doença ateromatosa da aorta abdominal e osteoporose. Que anexou junto ao recurso, laudo lavrado pelo Dr. Luciano Nogueira, que vem acompanhando o recorrente desde 2011, atestando seu quadro neurodegenerativo, apresentando déficit cognitivo compatível com a doença de Alzheimer. Que o laudo ainda atesta o fator de risco ateromatose carotídea bilateral e SAOS, que agravam a perda cognitiva que apresenta, além de doença degenerativa na coluna lombar que ocasiona paraparesia dos membros inferiores. Que não se está diante de um caso de incapacidade temporária, e sim permanente e irreversível. Que o lançamento importou em invalidação de um ato administrativo, em total afronta ao princípio da segurança jurídica. Que o recorrente foi aposentado há mais de 20 anos. Assim sendo, o direito de a administração rever seus atos deve observar o prazo de 5 anos previstos pela Lei 9.784/99. Que é advogado, e mesmo diante da incapacidade, não se desligou da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) por uma série de motivos. Primeiro por questão de satisfação pessoal em se manter registrado no seu órgão de classe. Segundo porque mesmo diante da incapacidade, não se encontra impedido de se manter inscrito. Terceiro porque o fato de estar inscrito como ativo não descaracteriza a doença incapacitante. Que por orientações médicas, a sua família foi orientada a proporcionar ao impugnante alguma atividade e que, nestes termos, sua filha ao concluir o curso de Direito o inseriu no seu meio profissional, dentro de seus limites e que, ainda que desprovido de capacidade intelectual, fizesse parte de alguns processos, porém, sem exercer atividade jurídica. Que a atividade de advocacia proporciona tal conduta, podendo o advogado constar em procurações, sem de fato exercer a profissão, tal como ocorreu; que sua filha levou certo tempo para obter a inscrição como advogada, e neste interregno foi auxiliada pelo impugnante. É o relatório. Fl. 242DF CARF MF 4 Voto Conselheiro Mauricio Nogueira Righetti, Relator O contribuinte tomou ciência do acórdão recorrido em 22.07.2013 e apresentou tempestivamente seu Recurso Voluntário em 20.08.2013. Observados os demais requisitos de admissibilidade, dele passo a conhecer. O caso dos autos resumese a se determinar se o recorrente era, no período de 2007 a 2011, comprovadamente portador de moléstia grave tal como prevista no inciso XIV do artigo 6º da Lei 7.713/88, verbis: Art. 6º Ficam isentos do imposto de renda os seguinte rendimentos percebidos por pessoas físicas: (...) XIV – os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma A controvérsia veio à baila em função da revisão promovida pelo IPREV Instituto de Previdência do Estado de Santa Cataria, fonte pagadora do recorrente Assessor Técnico Legislativo à época em várias concessões de aposentadoria por ela concedidas. Após a regular instalação da Comissão de Processo Administrativo, o recorrente foi por ela inquirido em 26.10.2011. Passo a destacar excerto daquele depoimento, pois penso ser útil ao deslinde da questão. Fl. 243DF CARF MF Processo nº 11516.722472/201275 Acórdão n.º 2402006.626 S2C4T2 Fl. 4 5 Notese que o recorrente em outubro de 2011 e supostamente se locomovendo com auxílio de bengalas, noticiou, textualmente, sua aposentadoria em função de problema de coluna, em função de uma queda que lhe rendera licença médica pelo período de um ano. Na mesma oportunidade, a advogada que o representara, procurou melhor esclarecer tratarse, na verdade, de paralisia cerebral com repercussões em sua coluna lombar e artrose. Juntou atestado de 26.10.2011, subscrito por médico particular, ratificando o declarado. Consta às fls. 37, a ficha médica do recorrente, com data de 22.06.2010, dando conta de sua deficiência física e locomoção com uso de bengalas, com a indicação da prática de exercícios de baixo impacto, tal como bicicleta. Confirase: Consta às fls. 40, resultado de ultrassonografia, noticiando a existência de esteatose hepática moderada (gordura no fígado) Em 09.01.2012 o IPREV encaminhou o ofício 002/2012 à Secretaria de Saúde do Servidor/Secretaria de Estado de Administração, com o fito de que fossem respondidos alguns quesitos relacionados à vasta documentação apresentada pelo recorrente nos autos do processo administrativo citado alhures. Vejamos os questionamentos e respectivas respostas: Resposta: NÃO Fl. 244DF CARF MF 6 Resposta: NÃO foram encontrados subsídios técnicos que permitam concluir por incapacidade total e definitiva, visto ter sido anexado único atestado médico, sem especificação de incapacidade total. Resposta: NÃO Já com relação aos quesitos apresentados pelo recorrente, destaco o a seguir colacionado: Resposta: Pelos documentos apresentados, houve apenas fratura de dedo do pé direito. Com lastro no resultado da perícia acima, a Comissão concluiu pelo arquivamento do procedimento, face à "existência de doença incapacitante que gerou a aposentadoria por invalidez do autuado", consoante fls. 81/85. Nesse ponto, impõese tecer algumas considerações, revisitando a assentado no relatório encimado. Em 28.07.2011 a junta médica, após exame pericial, concluiu que o recorrente apresentava "incapacidade laborativa ocasionada pelas limitações funcionais inerentes à idade, agravados por seqüelas de isquemia cerebral (CID 169) desde 05.11.2009." Do exposto acima, não vislumbro que o quadro constatado em 2011 evidenciasse qualquer uma das moléstias elencadas pelo inciso XIV do artigo 6º da Lei 7.713/88 à época dos fatos geradores em questão. Não se afirmou que o autuado era portador, mesmo em 2011, de alienação mental ou de paralisia incapacitante e irreversível, por exemplo. Em que pese as limitações decorrentes do avançar da idade, sua locomoção, ainda que por meio de bengalas, demonstram, ao menos em meu sentir, que a doença que o aflige não é aquela que o incapacita para fins do gozo da isenção do IR. E mais, naquele relatório foi feito constar que a mesma junta médica teria afirmado que "não foram apresentados exames complementares (passados ou atuais) que comprovem a referida incapacidade laborativa, sendo anexado apenas um único atestado médico datado de 23.01.1981, sem menção à incapacidade laborativa." (destaquei.) Não obstante as considerações tecidas pela junta médica, ladeadas à informação prestada pelo Supervisor Médico da Gerência de Perícia Médica, da Diretoria de Saúde do Servidor (SEA), no sentido de que não se pode afirmar, tecnicamente, que era possível considerálo totalmente e definitivamente incapaz para o trabalho na data da concessão da aposentadoria por invalidez (fls.71), referida Comissão, após exame de vários documentos e exames subscritos por médicos particulares, assim concluiu: Fl. 245DF CARF MF Processo nº 11516.722472/201275 Acórdão n.º 2402006.626 S2C4T2 Fl. 5 7 Em que pese a conclusão acima, diferentemente do que sugere o recorrente, os atos administrativos que concedem a aposentadoria e os que reconhecem a isenção para fins do Imposto de Renda (e sua conseqüência na tributação dos rendimentos) não são emitidos pela mesma autoridade, além de serem autônomos e se sujeitarem a normas específicas para o seu deferimento. Em outras palavras: os requisitos para a concessão de aposentadoria por invalidez podem não ser, necessariamente, os mesmos para a fruição do gozo à isenção do IR. Desta feita, a aposentadoria por invalidez, por si só, não gera automático direito a o benefício isentivo. Enquanto que, neste caso, para a concessão de aposentadoria as regras são postas pela legislação própria de Direito Administrativo ; para o gozo da isenção, há de se observar as normas de natureza tributária. Com isso, as condições estão expressamente previstas nas Leis 7.713/88 e 9.250/95 e devem ser observadas. Como bem colocado pela decisão de piso, não há benefício isentivo ad eternum, vez estar condicionado sempre à permanência da condição que o ensejara. Assim, uma vez inobservadas as condições, compete ao Fisco exigir o tributo não recolhido, atentandose, aí sim, para, o prazo legal para a constituição do crédito, a teor do CTN, e não da Lei 9.784/99, conforme argumenta o autuado. Sustenta o autuado que em 07.07.2011, os médicos integrantes da junta oficial da Secretaria da Receita Federal do Brasil teriam atestado no laudo de avaliação que o recorrente seria portador de paralisia cerebral espástica, culminando na tríplice flexão dos Fl. 246DF CARF MF 8 membros inferiores. Todavia, não se identificou nos autos a comprovação do alegado quanto à perícia pela RFB. O fato de os atestados e laudos terem sido emitidos em 1981, não afasta a necessidade de aqueles eventualmente emitidos após 01.01.1996, ainda que no intuito de "esclarecer, melhorar ou aditar" o anterior, precisarem estar subscritos por serviço médico oficial, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Por sua vez, no que toca à alegação de ser portador do Mal de Alzheimer, chamo à atenção para o relato fiscal, nos seguintes termos: Em uma análise minuciosa de todos os documentos acostados aos processos encaminhados pelo IPREV, não localizamos nenhum laudo e nem mesmo uma declaração médica atestando que o Sr. Hamilton Luiz Rosa esteja acometido do Mal de Alzheimer. Da mesma forma, também não há qualquer menção de que a paralisia que o contribuinte apresenta seja incapacitante. Na Ficha do Paciente de fls. 37 vemos que o contribuinte tem deficiência física desde a infância com seqüela de poliomielite (paralisia infantil), com marcha com uso de bengala. Na conclusão da ressonância magnética de crânio realizada em 05/11/09 (fls. 64) se encontra registrado: Ressonância magnética de crânio evidenciando pequenos focos de glicose/isquemia esparsa na substância branca subcortical dos hemisférios cerebrais, associado a pequena lesão isquêmica seqüelar na córtex na região póscentral à direita. Angioma venoso cerebelar à esquerda. Nada fala a respeito de que essa situação tipifique a doença de Alzheimer. No que tange à alegação de que seria, ao tempo dos fatos geradores, portador de paralisia incapacitante e irreversível, além de não constar tal circunstância consignada em qualquer laudo oficial, o "Manual de Avaliação das Doenças e Afecções que Excluem a exigência de Carência para Concessão de Auxílio Doença ou Aposentadoria por Invalidez" do INSS, de 2005 1, especifica a paralisia como sendo incapacitante e irreversível na seguinte situação: 27.3 A paralisia será considerada irreversível e incapacitante quando, esgotados os recursos terapêuticos da Medicina especializada e os prazos necessários à recuperação motora, permanecerem distúrbios graves e extensos que afetem a mobilidade, a sensibilidade e a troficidade e que tornem o examinado total e permanentemente impossibilitado para qualquer trabalho. Noutro giro, há nos autos, e isso foi trazido à baila pela Fiscalização, evidência de que o autuado exerceu a advocacia no período atinente aos fatos geradores. Por sua vez, aduz o recorrente que mesmo diante da incapacidade, não teria se desligado da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) por uma série de motivos. Primeiro 1 https://peritomed.wordpress.com/2010/12/29/manuaisdoinss/ Fl. 247DF CARF MF Processo nº 11516.722472/201275 Acórdão n.º 2402006.626 S2C4T2 Fl. 6 9 por questão de satisfação pessoal em se manter registrado no seu órgão de classe. Segundo porque mesmo diante da incapacidade, não se encontra impedido de se manter inscrito. Terceiro porque o fato de estar inscrito como ativo não descaracteriza a doença incapacitante. E prossegue ao afirmar que por orientações médicas, a sua família foi orientada a proporcionarlhe alguma atividade e que, nestes termos, sua filha ao concluir o curso de Direito, teria o inserido no seu meio profissional, dentro de seus limites e que, ainda que desprovido de capacidade intelectual, fizesse parte de alguns processos, porém, sem exercer atividade jurídica. E arremata ao informar que a atividade de advocacia proporcionaria tal conduta, podendo o advogado constar em procurações, sem de fato exercer a profissão, tal como ocorreu; que sua filha levou certo tempo para obter a inscrição como advogada, e neste interregno foi auxiliada pelo impugnante. As justificativas apresentadas são, data maxima venia, desprovidas de qualquer razoabilidade. Trago a seguir, a íntegra das constatações e conclusões, com as quais filio me, promovidas pelo diligente julgador de primeira instância, sobre a questão: "Neste ponto discorda o impugnante, aduzindo que é advogado, que mesmo diante da incapacidade, não se desligou OAB/SC, justificando, ser por satisfação pessoal se manter registrado no seu órgão de classe; que mesmo diante da incapacidade, não se encontra impedido de se manter inscrito; que o fato de estar inscrito como ativo não descaracteriza a doença incapacitante; que por orientações médicas, a sua família foi orientada a proporcionar ao impugnante alguma atividade e que, nestes termos, sua filha ao concluir o curso de Direito o inseriu no seu meio profissional, dentro de seus limites e que, ainda que desprovido de capacidade intelectual, fizesse parte de alguns processos, porém, sem exercer atividade jurídica; que a atividade de advocacia proporciona tal conduta, podendo o advogado constar em procurações, sem de fato exercer a profissão, tal como ocorreu; que sua filha levou certo tempo para obter a inscrição como advogada, e neste interregno foi auxiliada pelo impugnante. No que interessa ao deslinde, como dantes frisado, é a prova de o contribuinte estar acometido no rol das moléstias isentivas. O que se denota em reforço de que não se encontra incapaz, são os atos praticados incompatíveis com a sua condição, notadamente o exercício profissional de advocacia, demonstrado no vasto rol de processos em que atua, consoante pesquisa no sítio do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, juntado pela autoridade fiscal, bem como a percepção de rendimentos da atividade, cuja análise da pesquisa, apenas limitada à Comarca da Capital (Florianópolis), indica sua atuação em processos em variados anos, que por conveniência cito alguns, colhidos do documento juntado: 090.03.0030390 (000303981.2003.8.24.0090) – autuação 30/07/2003; 000903766.2005.8.24.0023 (023.05.0090375) – autuação 28/02/2005; Fl. 248DF CARF MF 10 010214314.2007.8.24.0023 (023.07.1021437) – autuação 11/06/2007; 023.08.0102932 (001029339.2008.8.24.0023) – autuação 04/04/2008; 001149262.2009.8.24.0023 (023.09.0114925) – autuação 30/01/2009; 005465813.2010.8.24.0023 (023.10.0546580) –autuação 29/10/2010; 023.11.5030754 (050307592.2011.8.24.0023) – autuação 12/09/2011; 070103959.2012.8.24.0023 –autuação 06/03/2012. Em consulta feita em 14/06/2013 no sítio da internet do TJSC em www.tj.sc.gov.br, constatase a existência de processos em que atua há mais de vinte anos, que destaco: 002603646.1995.8.24.0023 (023.95.0260360) – autuação 06/04/1987; 000613335.1989.8.24.0023 (023.89.0061338) – autuação 28/1/2/1989; 003752262.1994.8.24.0023 (023.94.0375223) – autuação 21/05/1990; 000026333.1994.8.24.0023 (023.94.0002630) – autuação 10/06/1994; 003753272.1995.8.24.0023 (023.95.0375329) – autuação 25/07/1995; 001222060.1996.8.24.0023 (023.96.0122208) – autuação 06/03/1996 025112179.1997.8.24.0023 (023.97.2511218) – autuação 09/04/1997; 004522597.2001.8.24.0023 (023.01.0452250) – autuação 06/08/2001; 003157716.2002.8.24.0023 (023.02.0315778) – autuação 03/09/2002; 006472292.2004.8.24.0023 (023.04.0647229) – autuação 09/07/2004; 011678237.2007.8.24.0023 (023.07.1167822) – autuação 02/08/2007; 006164014.2008.8.24.0023 (023.08.0616405) – autuação 09/09/2008; 005908922.2012.8.24.0023 (023.12.0590894) – autuação 18/10/2012. A pesquisa indica que exerce atividade profissional de advocacia, inclusive com histórico de atuação recente, como no processo 005908922.2012.8.24.0023 (023.12.0590894) – autuação 18/10/2012, ou seja, conduta não condizente com o quadro incapacitante que alega ter. No que se refere o argumento de que não exerce a advocacia, mas apenas prestou auxílio para sua filha e não exerceu atividade jurídica, observo que este fato por si só, não condiz com a pesquisa processual e sequer trouxe aos autos qualquer prova indicando que nos autos judiciais citados não praticou qualquer ato de sua parte. Fl. 249DF CARF MF Processo nº 11516.722472/201275 Acórdão n.º 2402006.626 S2C4T2 Fl. 7 11 Em pesquisa no sítio da OAB/SC consta a notícia da entrega de carteira aos novos advogados em 07/07/2010, em cujo rol consta Caroline Martins Rosa, filha do contribuinte, que colaciono: Vêse, pois, que somente no ano de 2010 a filha passou a exercer a advocacia, no entanto, o contribuinte exerce a advocacia há mais vinte anos. Destaco ainda, que a pesquisa processual do TJSC em 14/06/2013 mostra que tanto o contribuinte quanto a sua filha atuam em processos diversos, como se colaciona por amostragem: 002603646.1995.8.24.0023 (023.95.0260360) Execução de Título Extrajudicial Advogado(a): Hamilton Luiz Rosa Recebido em: 06/04/1987 2ª Vara Cível 003753272.1995.8.24.0023 (023.95.0375329) Divórcio Litigioso Advogado(a): Hamilton Luiz Rosa Recebido em: 25/07/1995 1 ª Vara da Família 002217690.2002.8.24.0023 (023.02.0221765) Procedimento Sumário Advogado(a): Hamilton Luiz Rosa Recebido em: 21/06/2002 2 ª Vara Cível Fl. 250DF CARF MF 12 005908922.2012.8.24.0023 (023.12.0590894) Execução Contra a Fazenda Pública / Liquidação / Cumprimento / Execução Advogado(a): Hamilton Luiz Rosa Recebido em: 18/10/2012 Execuções contra a Fazenda Pública e Precatórios 000208561.2011.8.24.0023 (023.11.0020858) Procedimento do Juizado Especial Cível / Estabelecimentos de Ensino Advogado(a): Caroline Martins Rosa OAB 030.036/SC Recebido em: 14/01/2011 1 º Juizado Especial Cível 050169619.2011.8.24.0023 (023.11.5016964) Procedimento Ordinário / Adicional de Horas Extras Advogado(a): Caroline Martins Rosa OAB 030.036/SC Recebido em: 27/05/2011 3 ª Vara da Fazenda Pública 050243203.2012.8.24.0023 (023.12.5024323) Procedimento Ordinário / Indenização por Dano Material Advogado(a): Caroline Martins Rosa OAB 30036/SC Recebido em: 28/09/2012 4 ª Vara Cível" Ademais, a considerar que o reconhecimento da isenção no âmbito da RFB não está condicionado a que o laudo oficial seja emitido pela própria fonte pagadora, o recorrente poderia, como alternativa, ter acostado aos autos laudo pericial emitido por serviço médico oficial, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, elaborado a partir dos documentos (atestados, declarações, exames, etc) emitidos por médico particular, onde se consignasse a existência da doença e, em especial, na data dos fatos gerados aqui envolvidos. Simples assim. Inexplicavelmente, insiste o recorrente no aproveitamento de uma decisão que não traz, para fins tributários, a mínima certeza exigida pela Lei, em especial à luz do que dispõe o artigo 111 do CTN, de que seria, no período de 2007 a 2011, portador de uma daquelas doenças previstas no inciso XIV do artigo 6º da Lei 7.713/88. Fl. 251DF CARF MF Processo nº 11516.722472/201275 Acórdão n.º 2402006.626 S2C4T2 Fl. 8 13 Frente ao exposto, voto por CONHECER do recurso e no mérito, NEGAR LHE provimento. (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti Fl. 252DF CARF MF
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