Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (28,899)
- Segunda Câmara (27,777)
- Primeira Câmara (25,077)
- Segunda Turma Ordinária d (16,594)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,671)
- Primeira Turma Ordinária (15,251)
- Segunda Turma Ordinária d (15,173)
- Primeira Turma Ordinária (15,154)
- Primeira Turma Ordinária (15,001)
- Segunda Turma Ordinária d (13,782)
- Primeira Turma Ordinária (12,673)
- Primeira Turma Ordinária (11,721)
- Segunda Turma Ordinária d (11,695)
- Quarta Câmara (11,510)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (11,138)
- Quarta Câmara (81,380)
- Terceira Câmara (63,185)
- Segunda Câmara (50,669)
- Primeira Câmara (16,202)
- 3ª SEÇÃO (15,671)
- 2ª SEÇÃO (11,138)
- 1ª SEÇÃO (6,624)
- Pleno (786)
- Sexta Câmara (302)
- Sétima Câmara (172)
- Quinta Câmara (133)
- Oitava Câmara (123)
- Terceira Seção De Julgame (114,979)
- Segunda Seção de Julgamen (108,014)
- Primeira Seção de Julgame (70,951)
- Primeiro Conselho de Cont (49,037)
- Segundo Conselho de Contr (48,602)
- Câmara Superior de Recurs (37,027)
- Terceiro Conselho de Cont (25,920)
- IPI- processos NT - ressa (4,985)
- Outros imposto e contrib (4,458)
- PIS - ação fiscal (todas) (4,037)
- IRPF- auto de infração el (3,972)
- PIS - proc. que não vers (3,957)
- IRPJ - AF - lucro real (e (3,943)
- Cofins - ação fiscal (tod (3,829)
- Simples- proc. que não ve (3,681)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (3,040)
- IPI- processos NT- créd.p (2,235)
- IRPF- ação fiscal - omis. (2,215)
- Cofins- proc. que não ver (2,098)
- IRPJ - restituição e comp (2,087)
- Finsocial -proc. que não (1,996)
- IRPF- restituição - rendi (1,990)
- Não Informado (56,831)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (4,955)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,442)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (4,269)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,256)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,270)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (3,219)
- HELCIO LAFETA REIS (3,172)
- ROSALDO TREVISAN (3,165)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,146)
- Não se aplica (2,782)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,594)
- HONORIO ALBUQUERQUE DE BR (2,474)
- WILDERSON BOTTO (2,439)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,330)
- 2020 (41,074)
- 2021 (35,801)
- 2019 (30,944)
- 2018 (26,036)
- 2024 (25,832)
- 2012 (23,620)
- 2023 (22,452)
- 2014 (22,372)
- 2013 (21,085)
- 2011 (20,979)
- 2010 (18,056)
- 2008 (17,072)
- 2017 (16,838)
- 2009 (15,828)
- 2006 (15,269)
- 2009 (69,607)
- 2020 (39,854)
- 2021 (34,153)
- 2019 (30,464)
- 2023 (25,918)
- 2024 (23,874)
- 2014 (23,412)
- 2018 (23,139)
- 2013 (16,584)
- 2017 (16,398)
- 2008 (15,518)
- 2006 (14,849)
- 2022 (13,226)
- 2007 (13,013)
- 2005 (12,075)
Numero do processo: 10875.903843/2010-12
Turma: Segunda Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 25 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Wed Jan 30 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/09/2003 a 30/09/2003
REPERCUSSÃO GERAL. JUÍZO PRÉVIO DE ADMISSIBILIDADE. MATÉRIA NÃO CONHECIDA. INAPLICABILIDADE DO ART. 62-A, § 1º, DO REGIMENTO INTERNO.
O exame do sobrestamento pressupõe o prévio juízo de admissibilidade do recurso. Do contrário, até mesmo recursos intempestivos deveriam ficar sobrestados aguardando a decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal. O § 1º do art. 62-A, ademais, deve ser interpretado à luz do princípio da lealdade e boa-fé, de modo a evitar que a alegação de matéria sob repercussão geral se converta em causa de protelação do exame do mérito de recursos manifestamente incabíveis.
PER/DCOMP. NÃO IDENTIFICAÇÃO DO CRÉDITO COMPENSADO. NÃO APERFEIÇOAMENTO DA COMPENSAÇÃO.
A declaração do sujeito passivo - denominada PER/Dcomp - veicula a formalização em linguagem competente da extinção do crédito tributário e do débito da Fazenda Nacional. Sem a identificação do crédito e dos débitos compensados, não se aperfeiçoa o encontro de contas entre as relações jurídicas obrigacionais.
Recurso Voluntário Negado
Direito Creditório Não Reconhecido
Numero da decisão: 3802-001.408
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
REGIS XAVIER HOLANDA - Presidente.
(assinado digitalmente)
SOLON SEHN - Relator.
EDITADO EM: 02/01/2013
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Regis Xavier Holanda (presidente da turma), Francisco José Barroso Rios, Solon Sehn, Jose´ Fernandes do Nascimento e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira. Ausente momentaneamente o Conselheiro Bruno Maurício Macedo Curi.
Nome do relator: SOLON SEHN
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201210
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/09/2003 a 30/09/2003 REPERCUSSÃO GERAL. JUÍZO PRÉVIO DE ADMISSIBILIDADE. MATÉRIA NÃO CONHECIDA. INAPLICABILIDADE DO ART. 62-A, § 1º, DO REGIMENTO INTERNO. O exame do sobrestamento pressupõe o prévio juízo de admissibilidade do recurso. Do contrário, até mesmo recursos intempestivos deveriam ficar sobrestados aguardando a decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal. O § 1º do art. 62-A, ademais, deve ser interpretado à luz do princípio da lealdade e boa-fé, de modo a evitar que a alegação de matéria sob repercussão geral se converta em causa de protelação do exame do mérito de recursos manifestamente incabíveis. PER/DCOMP. NÃO IDENTIFICAÇÃO DO CRÉDITO COMPENSADO. NÃO APERFEIÇOAMENTO DA COMPENSAÇÃO. A declaração do sujeito passivo - denominada PER/Dcomp - veicula a formalização em linguagem competente da extinção do crédito tributário e do débito da Fazenda Nacional. Sem a identificação do crédito e dos débitos compensados, não se aperfeiçoa o encontro de contas entre as relações jurídicas obrigacionais. Recurso Voluntário Negado Direito Creditório Não Reconhecido
turma_s : Segunda Turma Especial da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Jan 30 00:00:00 UTC 2013
numero_processo_s : 10875.903843/2010-12
anomes_publicacao_s : 201301
conteudo_id_s : 5183065
dt_registro_atualizacao_tdt : Sat Feb 02 00:00:00 UTC 2013
numero_decisao_s : 3802-001.408
nome_arquivo_s : Decisao_10875903843201012.PDF
ano_publicacao_s : 2013
nome_relator_s : SOLON SEHN
nome_arquivo_pdf_s : 10875903843201012_5183065.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) REGIS XAVIER HOLANDA - Presidente. (assinado digitalmente) SOLON SEHN - Relator. EDITADO EM: 02/01/2013 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Regis Xavier Holanda (presidente da turma), Francisco José Barroso Rios, Solon Sehn, Jose´ Fernandes do Nascimento e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira. Ausente momentaneamente o Conselheiro Bruno Maurício Macedo Curi.
dt_sessao_tdt : Thu Oct 25 00:00:00 UTC 2012
id : 4463566
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 08:56:13 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041215496126464
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2134; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3TE02 Fl. 86 1 85 S3TE02 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10875.903843/201012 Recurso nº 942.096 Voluntário Acórdão nº 3802001.408 – 2ª Turma Especial Sessão de 25 de outubro de 2012 Matéria COFINSCOMPENSAÇÃO Recorrente 4A COMERCIAL ELÉTRICA LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/09/2003 a 30/09/2003 REPERCUSSÃO GERAL. JUÍZO PRÉVIO DE ADMISSIBILIDADE. MATÉRIA NÃO CONHECIDA. INAPLICABILIDADE DO ART. 62A, § 1º, DO REGIMENTO INTERNO. O exame do sobrestamento pressupõe o prévio juízo de admissibilidade do recurso. Do contrário, até mesmo recursos intempestivos deveriam ficar sobrestados aguardando a decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal. O § 1º do art. 62A, ademais, deve ser interpretado à luz do princípio da lealdade e boafé, de modo a evitar que a alegação de matéria sob repercussão geral se converta em causa de protelação do exame do mérito de recursos manifestamente incabíveis. PER/DCOMP. NÃO IDENTIFICAÇÃO DO CRÉDITO COMPENSADO. NÃO APERFEIÇOAMENTO DA COMPENSAÇÃO. A declaração do sujeito passivo denominada PER/Dcomp veicula a formalização em linguagem competente da extinção do crédito tributário e do débito da Fazenda Nacional. Sem a identificação do crédito e dos débitos compensados, não se aperfeiçoa o encontro de contas entre as relações jurídicas obrigacionais. Recurso Voluntário Negado Direito Creditório Não Reconhecido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 87 5. 90 38 43 /2 01 0- 12 Fl. 86DF CARF MF Impresso em 30/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/01/2013 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 03/01/2013 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 25/01/2013 por REGIS XAVIER HOLANDA 2 (assinado digitalmente) REGIS XAVIER HOLANDA Presidente. (assinado digitalmente) SOLON SEHN Relator. EDITADO EM: 02/01/2013 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Regis Xavier Holanda (presidente da turma), Francisco José Barroso Rios, Solon Sehn, José Fernandes do Nascimento e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira. Ausente momentaneamente o Conselheiro Bruno Maurício Macedo Curi. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face de decisão da 7ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Campinas/SP, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pelo Recorrente, assentada nos fundamentos resumidos na ementa a seguir transcrita (fls. 41): ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/09/2003 a 30/09/2003 COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. CERTEZA. LIQUIDEZ. COMPROVAÇÃO. A compensação de indébito fiscal com créditos tributários vencidos e/ou vincendos, está condicionada à comprovação da certeza e liquidez do respectivo indébito. Somente podem ser objeto de compensação créditos líquidos e certos, cuja comprovação deve ser efetuada pelo contribuinte, sob pena de não ter seu crédito reconhecido. INTIMAÇÃO VIA POSTAL. É válida a ciência do lançamento de ofício quando entregue, pelos Correios, no domicílio eleito pela contribuinte. INCONSTITUCIONALIDADE E ILEGALIDADE DE LEI OU ATO NORMATIVO. ARGÜIÇÃO. A instância administrativa é incompetente para se manifestar sobre inconstitucionalidade ou ilegalidade de lei ou ato normativo. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO Permanecerá suspensa a exigibilidade dos débitos declarados em DCOMP enquanto estiver presente qualquer das hipóteses previstas no artigo 151 do Código Tributário Nacional – CTN. Fl. 87DF CARF MF Impresso em 30/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/01/2013 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 03/01/2013 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 25/01/2013 por REGIS XAVIER HOLANDA Processo nº 10875.903843/201012 Acórdão n.º 3802001.408 S3TE02 Fl. 87 3 Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido O Recorrente, nas razões recursais de fls. 5975, alega ter formalizado o pedido de compensação com fundamento na inconstitucionalidade da inclusão do Icms da base de cálculo do PIS/Pasep e da Cofins. Aduz que a certeza do direito à compensação advém do art. 195 da Constituição e que recolheu os Darfs sem subtrair as parcelas do Icms. É o Relatório. Voto Conselheiro Solon Sehn A ciência da decisão se deu no dia 23/02/2012 (fls. 52) e o protocolo do recurso, em 09/03/2012 (fls.59). Tratase, portanto, de recurso tempestivo que pode ser conhecido, uma vez que versa sobre matéria da competência da Terceira Seção e reúne os demais requisitos de admissibilidade previstos no Decreto no 70.235/1972. Embora o sujeito passivo alegue que o direito creditório seria decorrente da inconstitucionalidade da inclusão do Icms na base de cálculo do PIS/Pasep e da Cofins – matéria que, como se sabe, teve repercussão geral reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal no âmbito do Recurso Extraordinário (RE) nº 574.706/PR1 entendese que não cabe o sobrestamento do feito mediante aplicação do art. 62A, § 1º, do Regimento Interno2. O exame do sobrestamento pressupõe o prévio juízo de admissibilidade do recurso. Do contrário, até mesmo recursos intempestivos deveriam ficar sobrestados aguardando a decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal. O § 1º do art. 62A, ademais, deve ser interpretado à luz do princípio da lealdade e boafé, de modo a evitar que a alegação de matéria sob repercussão geral se converta em causa de protelação do exame do mérito de recursos manifestamente incabíveis. No caso dos autos, notase que a inconstitucionalidade da inclusão do Icms na base de cálculo do PIS/Pasep e da Cofins sequer foi ventilada na manifestação de inconformidade. O sujeito passivo, naquela etapa processual, fundamentou a origem do direito creditório apenas na inconstitucionalidade do aumento da alíquota da Cofins de 2% para 3%, sem apresentar qualquer alegação relacionada à matéria sob repercussão geral. A rigor, portanto, a alegação sequer poderia ser conhecida, consoante reconhece a remansosa jurisprudência do Carf: [...] 1 “Reconhecida a repercussão geral da questão constitucional relativa à inclusão do ICMS na base de cálculo da COFINS e da contribuição ao PIS. Pendência de julgamento no Plenário do Supremo Tribunal Federal do Recurso Extraordinário n. 240.785.” (DJe088, de 16/05/2008). 2 ""Art. 62A. [...] Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543 B." Fl. 88DF CARF MF Impresso em 30/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/01/2013 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 03/01/2013 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 25/01/2013 por REGIS XAVIER HOLANDA 4 PRECLUSÃO. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. CONHECIMENTO NA FASE RECURSAL. IMPOSSIBILIDADE. Em conformidade com o princípio da preclusão processual, se o sujeito passivo não contestou a matéria, no todo ou em parte, perante a autoridade julgadora de primeiro grau, não poderá mais fazêlo perante a instância superior, sob pena de inovação do feito e supressão de instância. (Acórdão 3802000.585. 3a S. 2a C. 2a TE. Rel. Conselheiro José Fernandes do Nascimento. S. de 05/07/2011). “PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PRECLUSÃO TEMPORAL. Questão não provocada a debate em primeira instância, quando se instaura a fase litigiosa do procedimento administrativo, e somente demandada em grau de recurso, constitui matéria preclusa. Recurso Voluntário Negado.” (Acórdão 310100.409. 3a. S. 1a C. 1a TO. Rel. Conselheiro Tarásio Campelo Borges. S. de 29/04/2010). [...] NORMAS PROCESSUAIS. MATÉRIA NÃO ABORDADA NA INSTÂNCIA ANTERIOR. PRECLUSÃO. EXCLUSÕES DE BASE DE CÁLCULO. ALARGAMENTO. Considerase preclusa matéria que não foi objeto de impugnação e que, por conseguinte, não foi objeto da decisão recorrida.” (Acórdão 340100.169. 3a S. 4a C. 1a TO. Rel. Conselheiro Odassi Guerzoni Filho. S. de 13/08/2009). PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. IMPUGNAÇÃO E RECURSO VOLUNTÁRIO. PRECLUSÃO. ART. 17 DO DECRETO 70.235/72. O recurso voluntário é cabível contra a decisão de primeira instância, de modo que o âmbito válido de sua fundamentação naturalmente se circunscreve aos temas tratados no julgamento que pretende reformar. O recurso voluntário não pode inovar, veiculando novos argumentos de defesa que não foram apresentados na impugnação nem debatidos em primeira instância. Exceção feita apenas quanto a temas reconhecidamente de ordem pública, como é o caso da decadência e da prescrição.” (Acórdão 340300.385. 3a S. 4a C. 3a TO. Rel. Conselheiro Ivan Allegretti. S. de 25/05/2010). Assim, se a matéria sob repercussão geral não pode ser conhecida, por não ter sido ventilada na instância a quo, é igualmente descabido o sobrestamento do feito, inclusive porque, a rigor, no presente caso concreto a não homologação ocorreu devido à utilização do Darf para a quitação de outros débitos declarados pelo contribuinte (fls. 48). Tal situação se deu porque o Recorrente, ao apresentar a PER/Dcomp, deixou de retificar a Dctf (Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais), o que fez com que o pagamento continuasse atrelado à quitação do débito originário, inviabilizando a homologação da compensação (fls. 28). Fl. 89DF CARF MF Impresso em 30/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/01/2013 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 03/01/2013 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 25/01/2013 por REGIS XAVIER HOLANDA Processo nº 10875.903843/201012 Acórdão n.º 3802001.408 S3TE02 Fl. 88 5 Em circunstâncias dessa natureza, a Turma tem admitido a homologação da compensação, desde que retificada a Dctf e, principalmente, demonstrada a existência do direito creditório. Nesse sentido, cumpre destacar o julgado a seguir, de nossa relatoria: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Data do fato gerador: 31/05/2005 PER/DCOMP. RETIFICAÇÃO DA DCTF. PROLAÇÃO DO DESPACHO DECISÓRIO. APRESENTAÇÃO DA PROVA DO CRÉDITO APÓS DECISÃO DA DRJ. HIPÓTESE PREVISTA NO ART. 16, § 4º, “C”, DO DECRETO Nº 70.235/1972. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE. A prova do crédito tributário indébito, quando destinada a contrapor razões posteriormente trazidas aos autos, pode ser apresentada após a decisão da DRJ, por força do princípio da verdade material e do disposto no art. 16, § 4º, “c”, do Decreto nº 70.235/1972. Havendo prova do crédito, a compensação deve ser homologada, a despeito da retificação a posteriori da Dctf. Recurso Voluntário Provido. Direito Creditório Reconhecido. (Carf. 3ª S. 2ª T.E. Acórdão nº 380201.007. Rel. Conselheiro Solon Sehn. S. 22/05/2012) O Recorrente, além de não apresentar qualquer prova do direito creditório, sequer retificou a Dctf, razão pela qual não cabe a compensação. O sujeito passivo, na verdade, se limitou a afirmar que não tem como esclarecer a origem do crédito apurado e compensado (fls. 61). O Recurso, destarte, além de inovar indevidamente na suposta origem do direito creditório, mostrase manifestamente improcedente. Afinal, devese ter presente que a Lei nº 10.637/2002, ao alterar o art. 74 da Lei nº 9.430/1996, promoveu a unificação do regime de compensação, extinguindo as compensações realizadas na Dctf, na escrituração contábil e a condicionada ao deferimento de pedido administrativo. Todas essas modalidades foram substituídas pela autocompensação, que ressaltadas as contribuições para a seguridade social compensadas na Gfip (Guia de Recolhimento do Fgts e Informações à Previdência Social) é aplicável aos tributos administrados pela Receita Federal. No regime da autocompensação, como se sabe, a extinção do crédito tributário ocorre por iniciativa do sujeito passivo, mediante entrega de declaração contendo informações relativas aos créditos e débitos compensados, que, por sua vez, fica sujeita à posterior homologação pela autoridade competente no prazo de até cinco anos: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e Fl. 90DF CARF MF Impresso em 30/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/01/2013 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 03/01/2013 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 25/01/2013 por REGIS XAVIER HOLANDA 6 contribuições administrados por aquele Órgão. (Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002). § 1º A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) § 2º A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) A declaração do sujeito passivo denominada PER/Dcomp revestese de especial importância no mundo jurídico, porquanto representa a formalização em linguagem competente da extinção do crédito tributário e do débito da Fazenda Nacional. Tratase, consoante destaca Paulo de Barros Carvalho, do veículo introdutor da norma individual e concreta que positiva o fato jurídico extintivo: “O fato extintivo da compensação será positivado por norma individual e concreta que promova o encontro das relações, extinguindoas no quantum em que se equivalerem. Os sujeitos habilitados a expedir a norma individual e concreta da compensação, formalizando o mencionado ‘encontro de contas’, são a autoridade administrativa e a autoridade judiciária. Há hipóteses em que a lei autoriza ao próprio particular a efetivação da compensação tributária. Esta, todavia, somente é utilizada quando o ato do particular for homologado pela Administração, de maneira tácita ou expressa. Dito de outro modo, o aplicarse da norma de compensação gera a extinção do crédito tributário e do débito do Fisco. Mas, para que esta se concretize, necessário o relato em linguagem competente não apenas das relações que se pretende compensar, mas também do fato da compensação. Apenas se descrito no antecedente de norma individual e concreta irradiará os efeitos previstos no consequente normativo, operandose extinção dos vínculos obrigacionais.” (CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário, linguagem e método. 2. ed. São Paulo: Noeses, 2008, p. 480481). Em razão disso, para produzir os seus efeitos jurídicos próprios, a PER/Dcomp pressupõe a correta identificação do crédito e dos respectivos débitos compensados. Do contrário, não há como se aperfeiçoar juridicamente o encontro de contas entre as relações jurídicas obrigacionais. No presente feito, diante da não identificação da origem do crédito compensado, não há como se proceder à homologação da compensação, devido ao não aperfeiçoamento jurídico do encontro de contas pretendido pelo Recorrente. Votase, portanto, pelo conhecimento do recurso e pelo desprovimento, com a consequente manutenção do acórdão recorrido. (assinado digitalmente) Solon Sehn Relator Fl. 91DF CARF MF Impresso em 30/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/01/2013 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 03/01/2013 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 25/01/2013 por REGIS XAVIER HOLANDA Processo nº 10875.903843/201012 Acórdão n.º 3802001.408 S3TE02 Fl. 89 7 Fl. 92DF CARF MF Impresso em 30/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/01/2013 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 03/01/2013 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 25/01/2013 por REGIS XAVIER HOLANDA
score : 1.0
Numero do processo: 13573.000011/2009-93
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 25 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Mon Nov 19 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 31/01/2008 a 30/06/2008
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. MULTA REGULAMENTAR. DIMOF. COMPETÊNCIA RESIDUAL. PRIMEIRA SEÇÃO DO CARF.
É competente a Primeira Seção do CARF - Conselho Administrativo de Recursos Fiscais para julgar recurso voluntário interposto em auto de infração em que o crédito exigido decorre da entrega a destempo da DIMOF. Inteligência do artigo 2o, inciso VII do Anexo II, do Regimento Interno, cf. Portaria MF nº 256/09.
Recurso voluntário não conhecido.
Numero da decisão: 3403-001.820
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso.
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos Atulim Presidente
(assinado digitalmente)
Marcos Tranchesi Ortiz Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Domingos de Sá Filho, Rosaldo Trevisan, Ivan Allegretti, Marcos Tranchesi Ortiz e Antonio Carlos Atulim.
Nome do relator: MARCOS TRANCHESI ORTIZ
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201210
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 31/01/2008 a 30/06/2008 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. MULTA REGULAMENTAR. DIMOF. COMPETÊNCIA RESIDUAL. PRIMEIRA SEÇÃO DO CARF. É competente a Primeira Seção do CARF - Conselho Administrativo de Recursos Fiscais para julgar recurso voluntário interposto em auto de infração em que o crédito exigido decorre da entrega a destempo da DIMOF. Inteligência do artigo 2o, inciso VII do Anexo II, do Regimento Interno, cf. Portaria MF nº 256/09. Recurso voluntário não conhecido.
turma_s : Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Nov 19 00:00:00 UTC 2012
numero_processo_s : 13573.000011/2009-93
anomes_publicacao_s : 201211
conteudo_id_s : 5175490
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Nov 19 00:00:00 UTC 2012
numero_decisao_s : 3403-001.820
nome_arquivo_s : Decisao_13573000011200993.PDF
ano_publicacao_s : 2012
nome_relator_s : MARCOS TRANCHESI ORTIZ
nome_arquivo_pdf_s : 13573000011200993_5175490.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim Presidente (assinado digitalmente) Marcos Tranchesi Ortiz Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Domingos de Sá Filho, Rosaldo Trevisan, Ivan Allegretti, Marcos Tranchesi Ortiz e Antonio Carlos Atulim.
dt_sessao_tdt : Thu Oct 25 00:00:00 UTC 2012
id : 4374152
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 08:54:51 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041215499272192
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 3; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1591; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T3 Fl. 3 1 2 S3C4T3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13573.000011/200993 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3403001.820 – 4ª Câmara / 3ª Turma Ordinária Sessão de 25 de outubro de 2012 Matéria DIMOF.MULTA REGULAMENTAR Recorrente COOPERATIVA DE CRÉDITO RURAL DE POÇO VERDE LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 31/01/2008 a 30/06/2008 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. MULTA REGULAMENTAR. DIMOF. COMPETÊNCIA RESIDUAL. PRIMEIRA SEÇÃO DO CARF. É competente a Primeira Seção do CARF Conselho Administrativo de Recursos Fiscais para julgar recurso voluntário interposto em auto de infração em que o crédito exigido decorre da entrega a destempo da DIMOF. Inteligência do artigo 2o, inciso VII do Anexo II, do Regimento Interno, cf. Portaria MF nº 256/09. Recurso voluntário não conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim – Presidente (assinado digitalmente) Marcos Tranchesi Ortiz – Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 57 3. 00 00 11 /2 00 9- 93 Fl. 82DF CARF MF Impresso em 19/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2012 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ, Assinado digitalmente em 01/11/20 12 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/10/2012 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Domingos de Sá Filho, Rosaldo Trevisan, Ivan Allegretti, Marcos Tranchesi Ortiz e Antonio Carlos Atulim. Relatório Tratase notificação de lançamento para imposição de multa por atraso na entrega da DIMOF – Declaração de Informações sobre Movimentação Financeira referente ao 1º semestre de 2008, com fundamento nos arts. 16, da Lei nº 9.779/99, 30, da Lei nº 10.637/02 e 7º, da IN/RFB nº 811/08 (fls. 4). Impugnouse a exigência, arguindo a recorrente que o atraso se deu em virtude de suposta inoperância do sistema informatizado da Receita Federal do Brasil em 12.12.2008, três dias antes do término do prazo legal para entrega da declaração (fls. 1/2). A DRJ/SalvadorBA desproveu a impugnação, argumentando que (i) a ocorrência de circunstâncias alheias à vontade da recorrente não a eximem da responsabilidade tributária, nos termos do art. 136, do CTN, e que (ii) a recorrente dispôs de mais de 5 meses para entregar a referida declaração (fls. 37/38). Intimada do julgado de Primeira Instância (fls. 40), a recorrente apresenta recurso voluntário, reiterando em termos gerais os fundamentos presentes na impugnação (fls. 64/65). Voto Conselheiro Marcos Tranchesi Ortiz A competência para julgamento do recurso não é desta Terceira Seção do CARF. Como relatado, a exigência do crédito tributário mediante lançamento de ofício se deu em razão da entrega a destempo da DIMOF – Declaração de Informações sobre Movimentação Financeira, obrigação acessória cujo fundamento de validade está presente no artigo 30, da Lei nº 10.637/02, in verbis: "Art. 30. A falta de prestação das informações a que se refere o art. 5o da Lei Complementar no 105, de 10 de janeiro de 2001, ou sua apresentação de forma inexata ou incompleta, sujeita a pessoa jurídica às seguintes penalidades: I R$ 50,00 (cinqüenta reais) por grupo de cinco informações inexatas, incompletas ou omitidas; II R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por mêscalendário ou fração, independentemente da sanção prevista no inciso I, na hipótese de atraso na entrega da declaração que venha a ser instituída para o fim de apresentação das informações". Fl. 83DF CARF MF Impresso em 19/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2012 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ, Assinado digitalmente em 01/11/20 12 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/10/2012 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ Processo nº 13573.000011/200993 Acórdão n.º 3403001.820 S3C4T3 Fl. 4 3 Percebese, claramente, que a obrigação acessória está vinculada aos comandos da Lei Complementar nº 105/01, a qual, por sua vez, regulamenta o sigilo das operações de instituições financeiras. Ou seja, é evidente que se trata de uma obrigação acessória, a princípio, desvinculada da existência de qualquer tributo e, em razão disso, o Regimento Interno do CARF, tal como aprovado pela Portaria MF no. 256/09, indica a Primeira Seção deste Colegiado como órgão competente, de forma residual, para a análise do voluntário. Vejase, a propósito, o seguinte dispositivo do Anexo II do RICARF: “Art. 2o À Primeira Seção cabe processar e julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de primeira instância que versem sobre aplicação da legislação tributária de: (...) VII tributos, empréstimos compulsórios e matéria correlata não incluídos na competência julgadora das demais Seções. Portanto, in casu, é aplicável a regra da competência residual ao julgamento deste recurso voluntário, de modo que o julgamento incumbe, por força das disposições regimentais acima, à Primeira Seção do CARF, em favor da qual, portanto, voto por declinar a competência. É como voto. (assinado digitalmente) Marcos Tranchesi Ortiz Fl. 84DF CARF MF Impresso em 19/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2012 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ, Assinado digitalmente em 01/11/20 12 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/10/2012 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ
score : 1.0
Numero do processo: 10166.911299/2009-37
Turma: Segunda Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 25 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Mon Nov 26 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 13/08/2004
LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA. NORMA INTERPRETATIVA. EFEITO RETROATIVO. EXCLUSÃO DA PENALIDADE. CABIMENTO.
Em qualquer caso, deve ser excluída a penalidade por infração à norma tributária expressamente interpretativa e, portanto, com efeito retroativo, incluída, a multa de mora referente ao pagamento ou compensação realizada após o prazo de vencimento do tributo (art. 106, I, do CTN).
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3802-001.275
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 2ª Turma Especial da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade, dar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator.
(assinado digitalmente)
Regis Xavier Holanda - Presidente.
(assinado digitalmente)
José Fernandes do Nascimento - Relator.
EDITADO EM: 09/10/2012
Participaram da Sessão de julgamento os Conselheiros Regis Xavier Holanda, Francisco José Barroso Rios, José Fernandes do Nascimento, Solon Sehn, Bruno Maurício Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira.
Nome do relator: JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201209
ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 13/08/2004 LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA. NORMA INTERPRETATIVA. EFEITO RETROATIVO. EXCLUSÃO DA PENALIDADE. CABIMENTO. Em qualquer caso, deve ser excluída a penalidade por infração à norma tributária expressamente interpretativa e, portanto, com efeito retroativo, incluída, a multa de mora referente ao pagamento ou compensação realizada após o prazo de vencimento do tributo (art. 106, I, do CTN). Recurso Voluntário Provido.
turma_s : Segunda Turma Especial da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Nov 26 00:00:00 UTC 2012
numero_processo_s : 10166.911299/2009-37
anomes_publicacao_s : 201211
conteudo_id_s : 5175919
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Nov 26 00:00:00 UTC 2012
numero_decisao_s : 3802-001.275
nome_arquivo_s : Decisao_10166911299200937.PDF
ano_publicacao_s : 2012
nome_relator_s : JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO
nome_arquivo_pdf_s : 10166911299200937_5175919.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 2ª Turma Especial da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade, dar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Regis Xavier Holanda - Presidente. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento - Relator. EDITADO EM: 09/10/2012 Participaram da Sessão de julgamento os Conselheiros Regis Xavier Holanda, Francisco José Barroso Rios, José Fernandes do Nascimento, Solon Sehn, Bruno Maurício Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira.
dt_sessao_tdt : Tue Sep 25 00:00:00 UTC 2012
id : 4390981
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 08:54:59 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041215548555264
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1983; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3TE02 Fl. 10 1 9 S3TE02 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10166.911299/200937 Recurso nº 948.834 Voluntário Acórdão nº 3802001.275 – 2ª Turma Especial Sessão de 25 de setembro de 2012 Matéria PIS COMPENSAÇÃO Recorrente CENTRAIS ELÉTRICAS DO NORTE DO BRASIL S/A. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 13/08/2004 COMPENSAÇÃO. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO (DCOMP). COMPROVADA CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO PASSÍVEL DE RESTITUIÇÃO. INEXISTÊNCIA DE DÉBITO REMANESCENTE. HOMOLOGAÇÃO INTEGRAL. Uma vez comprovada a certeza e liquidez do crédito do crédito passível de restituição e que o valor do débito é igual ao valor crédito utilizado, homologase integralmente a compensação declarada. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 13/08/2004 LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA. NORMA INTERPRETATIVA. EFEITO RETROATIVO. EXCLUSÃO DA PENALIDADE. CABIMENTO. Em qualquer caso, deve ser excluída a penalidade por infração à norma tributária expressamente interpretativa e, portanto, com efeito retroativo, incluída, a multa de mora referente ao pagamento ou compensação realizada após o prazo de vencimento do tributo (art. 106, I, do CTN). Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 2ª Turma Especial da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade, dar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Regis Xavier Holanda Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 91 12 99 /2 00 9- 37 Fl. 80DF CARF MF Impresso em 26/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/10/2012 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 16 /10/2012 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 23/11/2012 por REGIS XAVIER HOLA NDA 2 (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Relator. EDITADO EM: 09/10/2012 Participaram da Sessão de julgamento os Conselheiros Regis Xavier Holanda, Francisco José Barroso Rios, José Fernandes do Nascimento, Solon Sehn, Bruno Maurício Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira. Relatório Tratase de Recurso Voluntário oposto com o objetivo de reformar o Acórdão proferido pelos membros da 4ª Turma de Julgamento da DRJ – Brasília/DF, em que, por unanimidade de votos, julgaram improcedente a manifestação de inconformidade, com base nos fundamentos resumidos na ementa a seguir transcrita: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2004 Compensação em Atraso – Exigência de Multa de Mora. O débito para com a União, decorrente de tributo e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, não compensado no prazo previsto na legislação específica, será acrescido de multa de mora. Compensação – Observância das Condições da Lei. A compensação de créditos tributários (débitos do contribuinte) pode ser efetuada com crédito líquido e certo do sujeito passivo, mas nas condições estipuladas pela lei. Fundamento de Inconstitucionalidade – Processo Administrativo Fiscal – Vedação Entendimento da SRF Expresso em Atos Normativos. É vedado ao órgão de julgamento afastar a aplicação de lei, sob o fundamento de inconstitucionalidade, no âmbito do Processo Administrativo Fiscal. O julgador deve observar o entendimento da SRF expresso em atos normativos. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Por bem descrever os fatos registrados até a prolação do Acórdão de primeiro grau, peço licença para transcrever a seguir o relatório nele encartado: Cuidam os autos de Dcomp – Declaração de Compensação, débito próprio, com crédito decorrente de pagamento a maior ou indevido. Fl. 81DF CARF MF Impresso em 26/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/10/2012 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 16 /10/2012 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 23/11/2012 por REGIS XAVIER HOLA NDA Processo nº 10166.911299/200937 Acórdão n.º 3802001.275 S3TE02 Fl. 11 3 Irresignada com a homologação parcial da compensação pela instância "a quo", a interessada oferece manifestação de inconformidade, alegando, em síntese, que: O crédito não foi suficiente para quitar o débito informado porque a autoridade fiscal cobrou indevidamente multa de mora; É evidente a improcedência dessa penalidade. A multa a que se refere o art. 61 da Lei 9.430/96 somente se aplica na ocorrência de inadimplemento do tributo por culpa ou dolo do contribuinte e está claro que não houve atraso na quitação do tributo, vez que a contribuinte, de boafé, cumpriu rigorosamente as normas emanadas do Legislativo Federal e SRF, ao tempo em que foram editadas as Lei 10.833/03 e 11.196/05 e as Instruções Normativas 468/2004 e 658/2006; Não há que se falar em atraso de pagamento de tributo em função da compensação realizada, já que o recolhimento indevidamente a maior decorreu de incorreta interpretação dada pela SRF ao comando legal em comento, pois, à época do recolhimento, que sempre ocorreu nos seus respectivos vencimentos, a SRF houvesse interpretado corretamente o disposto na alínea “c” do inciso XI do art. 10 da Lei 10.833/2003, não restaria crédito da contribuinte a compensar via PER/Dcomp e não teria levado a contribuinte a refazer os cálculos, decorrendo daí novos valores de débitos e créditos, gerando, conseqüentemente, a compensação em questão; Destaquese, por fim, que as normas tributárias de caráter interpretativo não podem retroagir para prejudicar, abrangendo aí a aplicação de multa, nos termos do art.106I do CTN (a lei aplicase a ato ou fato pretérito: I – em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados); Diante do demonstrado e comprovado, requer seja homologada a compensação em sua integralidade e seja declarada nula a imposição de multa de mora decorrente do suposto recolhimento em atraso. Em 04/05/2012, a Interessada foi cientificada do referido Acórdão. Inconformada, em 29/05/2012, protocolou o presente Recurso Voluntário, em que reafirmou as razões de defesa suscitadas na manifestação de inconformidade. Em aditamento, informou que no âmbito do Processo n° 14033.003351/200865, que trata de questão análoga a do presente caso, relacionado com a Contribuição para o PIS/Pasep, a 2ª Turma Ordinária da 1ª Câmara desta 3ª Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, deu provimento ao recurso voluntário da Recorrente, reconhecendo a inaplicabilidade da multa moratória na compensação de tributos. Também no âmbito dos autos da Ação Anulatória n° 74185720104.01.3400, em curso na 21ª Vara Federal do DF, havia sido proferido sentença afastando a incidência da multa moratória em compensação de débitos/créditos da Cofins, em situação semelhante ao presente recurso. Ambas as decisões foram colacionadas aos autos. Fl. 82DF CARF MF Impresso em 26/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/10/2012 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 16 /10/2012 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 23/11/2012 por REGIS XAVIER HOLA NDA 4 No final, requereu provimento do presente Recurso Voluntário e a reforma do Acórdão recorrido, para que fosse declarada nula a multa moratória exigida e homologada, por completo, a compensação realizada por meio da DComp colacionada aos autos. Em 30/05/2012, os presentes autos foram enviados a este E. Conselho. Na Sessão de junho 2012, mediante sorteio, foram distribuídos para este Conselheiro, em conformidade com o disposto no art. 49 do Anexo II do Regimento Interno deste Conselho, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009. É o relatório. Voto Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Relator O presente Recurso é tempestivo, foi apresentado por parte legítima, trata de matéria da competência deste Colegiado e preenche os demais requisitos de admissibilidade, incluindo o limite alçada, portanto, dele tomo conhecimento. Da leitura do Despacho Decisório colacionado aos autos, extraise que a causa do presente litígio foi a homologação parcial do presente procedimento compensatório, em face do valor do crédito utilizado ter sido inferior ao valor do débito compensado, acrescido da multa de mora, não incluída no computo do valor total do débito informado na DComp em apreço. A Turma de Julgamento de primeira instância manteve o referido Despacho Decisório, sob o argumento de que era devida a cobrança multa mora, porque a compensação fora realizada após o prazo de vencimento do débito e não havia previsão legal para aplicação, ao presente caso, dos efeitos da retroatividade benigna previstos no art. 106, I, do CTN, alegado pela Interessada. No presente Recurso, reafirmou a Recorrente a alegação de que, em face da retroatividade benigna prevista no art. 106, I, do CTN, no caso em tela, era indevida a cobrança da multa de mora sobre o valor do débito compensado, com base no argumento de que tinham natureza interpretativa as normas que introduziram modificação nos critérios de apuração da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins incidentes sobre as receitas relativas aos contratos de longo prazo firmados, por preço determinado, anteriormente a 31 de outubro de 2003. De fato, por força dos esclarecimentos explicitados no art. 1091 da Lei 11.196, de novembro de 2005, a Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), por meio da Instrução Normativa SRF nº 638, de 04 de julho de 2006, alterou o critério de apuração das referidas Contribuições incidentes sobre as receitas relativas aos citados contratos, nos casos de reajuste de preços em função do custo de produção ou da variação de índice que refletisse a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, para determinar, com 1 "Art. 109. Para fins do disposto nas alíneas b e c do inciso XI do caput do art. 10 da Lei no 10.833, de 29 de dezembro de 2003, o reajuste de preços em função do custo de produção ou da variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, nos termos do inciso II do § lº do art. 27 da Lei no 9.069, de 29 de junho de 1995, não será considerado para fins da descaracterização do preço predeterminado. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplicase desde lo de novembro de 2003". Fl. 83DF CARF MF Impresso em 26/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/10/2012 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 16 /10/2012 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 23/11/2012 por REGIS XAVIER HOLA NDA Processo nº 10166.911299/200937 Acórdão n.º 3802001.275 S3TE02 Fl. 12 5 efeito retroativo, que fosse adotado o regime da cumulatividade, ao invés do regime da não cumulatividade, estabelecido na Instrução Normativa SRF nº 468, de 08 de novembro de 2004. Em atendimento a essa nova orientação, a Recorrente refez os cálculos dos valores das Contribuições devidos e realizou a compensação dos novos débitos apurados com os pagamentos indevidos anteriormente realizados dos débitos apurados com base no regime de apuração anteriormente determinado, ou seja, na presente DComp, a Recorrente declarou a compensação do valor do débito da Contribuição para o PIS/Pasep do mês de julho de 2004, calculo segundo os critério do regime cumulativo, com o crédito do pagamento indevido da referida Contribuição do mesmo mês, apurado de acordo com o regime nãocumulativo. Com base no conteúdo do art. 109 da Lei 11.196, de 2005, entendo que ele inequivocamente introduziu no ordenamento jurídico brasilerio norma tributária de natureza interpretativa, portanto, deve ser aplicada em consonância com o disposto no art. 106, I, do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; [...]. No presente caso, o valor do débito compensado pela Recorrente foi apurado segundo o regime de incidência cumulativa, portanto, em conformidade com a nova orientação estabelecida no referido preceito legal e em cumprimento ao que determinava a Instrução Normativa SRF nº 638, de 04 de julho de 2006. Assim, em face dessa peculiaridade, a multa de mora devida em decorrência da compensação extemporânea do referido débito deve ser excluída, sob pena de afronta ao disposto no art. 106, I, do CTN. É oportuno esclarecer que, no caso em tela, não está em discussão a legalidade da cobrança da multa de mora nos casos de compensação de débito após o prazo de vencimento, em que, em situação normal, tanto o atraso no pagamento quanto a compensação realizada após o prazo de vencimento do tributo, obviamente, configura a mora do sujeito passivo, dando ensejo a aplicação da referida penalidade, nos termos do art. 61 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. No entanto, a situação objeto da presente lide é distinta, ou seja, aqui se discute a legalidade da cobrança da multa de mora, na hipótese em que o sujeito passivo agiu em consonância com a orientação determinada por norma tributária expedida por autoridade competente da RFB e com efeito retroativo. Veja que, no presente caso, em decorrência do efeito retroativo da novel legislação, um critério diverso de apuração das Contribuições incidentes sobre as referidas receitas foi determinado pela própria Administração Tributária, consequentemente, o cálculo dos novos valores dos débitos atinentes aos períodos anteriores a edição das referidas normas, evidentemente, só poderia ser realizado após a data do vencimento das referidas Contribuições, logo, por impossibilidade material de retroceder no tempo, obviamente, não havia como a Recorrente proceder a quitação dos novos valores no prazo de vencimento originariamente estabelecido. Fl. 84DF CARF MF Impresso em 26/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/10/2012 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 16 /10/2012 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 23/11/2012 por REGIS XAVIER HOLA NDA 6 Assim, resta demonstrada a necessidade de obediência ao mandamento estabelecido no inciso I do art. 106 do CTN, devendo ser excluída qualquer tipo penalidade decorrente da infração à norma interpretada, inclusive, a penalidade de natureza moratório. No mesmo sentido foi o entendimento manifestado pelos nobres Conselheiros integrantes da 2ª Turma Ordinária da 1ª Câmara desta 3ª Seção de Julgamento, por meio do Acórdão nº 3102001.126, cuja enunciado da ementa segue transcrita: COMPENSAÇÃO. PEDIDO FORA DO PRAZO. LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA. EFEITOS RETROATIVOS. MULTA DE MORA. INAPLICABILIDADE. Não se considera em mora o pedido de compensação do crédito tributário apresentado fora do prazo, quando decorrente de revisão da metodologia de cálculo dos tributos motivada por nova interpretação da legislação tributária determinada em ato editado pelo Poder Público com efeitos retroativos. Recurso Voluntário Provido (Processo n° 14033.003351/2008 65, Recurso Voluntário nº 902.357. Rel. Ricardo Paulo Rosa, Sessão de 08 de julho de 2001) Por fim, entendo oportuno ainda destacar que, no presente procedimento compensatório, o valor do crédito utilizado foi igual ao valor do débito compensado, ou seja, com a compensação em tela não houve qualquer prejuízo ou benefício à Fazenda Nacional nem tampouco à Interessada. De fato, a compensação em apreço teve o condão de restabelecer o mesmo efeito econômicofinanceiro decorrente do pagamento realizado na data de vencimento do tributo, fazendo com que a compensação não agravasse nem minorasse a situação de qualquer das partes, conferindo neutralidade ao procedimento compensatório. Com base nessas considerações, estou plenamente convencido que, no caso em tela, não cabe a aplicação da multa de mora sobre o valor do débito compensado na presente DComp, em consequência, inexiste o saldo remanescente do respectivo débito a ser compensado, conforme disposto no presente Despacho Decisório. Por todo o exposto, DOU PROVIMENTO ao presente Recurso, para homologar a compensação declarada. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Fl. 85DF CARF MF Impresso em 26/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/10/2012 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 16 /10/2012 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 23/11/2012 por REGIS XAVIER HOLA NDA
score : 1.0
Numero do processo: 10540.000816/2008-45
Turma: Primeira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 18 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Fri Oct 19 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2005
DEDUÇÕES. PREVIDÊNCIA OFICIAL. PREVIDÊNCIA PRIVADA. DESPESAS MÉDICAS.
Comprovados os pagamentos a título de contribuição à previdência oficial e privada, bem como de despesas médicas, o contribuinte faz jus à dedução das respectivas despesas na apuração da base de cálculo do imposto.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2801-002.676
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso para restabelecer deduções a título de contribuição à previdência oficial, contribuição à previdência privada, e despesas médicas, nos valores, respectivamente, de R$ 4.018,74, R$ 1.274,00, e R$ 9.060,22, nos termos do voto da Relatora.
Assinado digitalmente
Antonio de Pádua Athayde Magalhães - Presidente
Assinado digitalmente
Tânia Mara Paschoalin - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Antonio de Pádua Athayde Magalhães, Ewan Teles Aguiar, Carlos César Quadros Pierre, Marcelo Vasconcelos de Almeida, Tânia Mara Paschoalin e Luiz Cláudio Farina Ventrilho.
Nome do relator: TANIA MARA PASCHOALIN
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201209
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2005 DEDUÇÕES. PREVIDÊNCIA OFICIAL. PREVIDÊNCIA PRIVADA. DESPESAS MÉDICAS. Comprovados os pagamentos a título de contribuição à previdência oficial e privada, bem como de despesas médicas, o contribuinte faz jus à dedução das respectivas despesas na apuração da base de cálculo do imposto. Recurso Voluntário Provido em Parte.
turma_s : Primeira Turma Especial da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Oct 19 00:00:00 UTC 2012
numero_processo_s : 10540.000816/2008-45
anomes_publicacao_s : 201210
conteudo_id_s : 5173815
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Oct 19 00:00:00 UTC 2012
numero_decisao_s : 2801-002.676
nome_arquivo_s : Decisao_10540000816200845.PDF
ano_publicacao_s : 2012
nome_relator_s : TANIA MARA PASCHOALIN
nome_arquivo_pdf_s : 10540000816200845_5173815.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso para restabelecer deduções a título de contribuição à previdência oficial, contribuição à previdência privada, e despesas médicas, nos valores, respectivamente, de R$ 4.018,74, R$ 1.274,00, e R$ 9.060,22, nos termos do voto da Relatora. Assinado digitalmente Antonio de Pádua Athayde Magalhães - Presidente Assinado digitalmente Tânia Mara Paschoalin - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Antonio de Pádua Athayde Magalhães, Ewan Teles Aguiar, Carlos César Quadros Pierre, Marcelo Vasconcelos de Almeida, Tânia Mara Paschoalin e Luiz Cláudio Farina Ventrilho.
dt_sessao_tdt : Tue Sep 18 00:00:00 UTC 2012
id : 4333165
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 08:54:26 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041215563235328
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1896; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2TE01 Fl. 170 1 169 S2TE01 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10540.000816/200845 Recurso nº 912.616 Voluntário Acórdão nº 2801002.676 – 1ª Turma Especial Sessão de 18 de setembro de 2012 Matéria IRPF Recorrente WALMICK CORREIA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005 DEDUÇÕES. PREVIDÊNCIA OFICIAL. PREVIDÊNCIA PRIVADA. DESPESAS MÉDICAS. Comprovados os pagamentos a título de contribuição à previdência oficial e privada, bem como de despesas médicas, o contribuinte faz jus à dedução das respectivas despesas na apuração da base de cálculo do imposto. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso para restabelecer deduções a título de contribuição à previdência oficial, contribuição à previdência privada, e despesas médicas, nos valores, respectivamente, de R$ 4.018,74, R$ 1.274,00, e R$ 9.060,22, nos termos do voto da Relatora. Assinado digitalmente Antonio de Pádua Athayde Magalhães Presidente Assinado digitalmente Tânia Mara Paschoalin Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Antonio de Pádua Athayde Magalhães, Ewan Teles Aguiar, Carlos César Quadros Pierre, Marcelo Vasconcelos de Almeida, Tânia Mara Paschoalin e Luiz Cláudio Farina Ventrilho. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 54 0. 00 08 16 /2 00 8- 45 Fl. 170DF CARF MF Impresso em 19/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2012 por TANIA MARA PASCHOALIN, Assinado digitalmente em 26/09/201 2 por TANIA MARA PASCHOALIN, Assinado digitalmente em 26/09/2012 por ANTONIO DE PADUA ATHAYDE MAGALH AES Processo nº 10540.000816/200845 Acórdão n.º 2801002.676 S2TE01 Fl. 171 2 Tratase de recurso voluntário apresentado contra decisão proferida pela 3ª Turma de julgamento da DRJ/Salvador/BA. Por bem descrever os fatos, reproduzse a seguir o relatório da decisão recorrida: “A Delegacia da Receita Federal do Brasil em Vitória da Conquista (BA) emitiu em nome do contribuinte acima identificado Notificação de Lançamento (fls. 04/08), referente ao imposto de renda pessoa física, exercício 2005; anocalendário 2004, decorrente de procedimento de revisão de declaração de ajuste anual (Dirpf). Detectadas deduções indevidas a título de contribuições à previdência oficial; contribuições à previdência privada e Fapi;dependente; despesas médicas e compensação indevida de imposto de renda retido na fonte, apurouse imposto de renda suplementar de R$2.668,79 e crédito tributário de R$4.897,13. O contribuinte, representado por procurador (fls. 03 e 106), impugna o lançamento (fls. 01/02), alega direito à dedução de sua filha (fl. 09) porque universitária em 2003, sendo desnecessária a apresentação de guarda judicial; a incorreção da glosa das contribuições à previdência oficial dos rendimentos recebidos da Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista conforme comprovante de rendimentos pagos e de retenção na fonte (fl. 10) e com relação às despesas médicas glosadas afirma, genericamente, que estão todas identificadas pelo prestador de serviços e por quem utilizou o serviço, tanto o contribuinte como o dependente, conforme documentos que anexa (fls. 11/13). Cabe registrar que não houve qualquer manifestação a respeito da compensação indevida de imposto de renda retido na fonte, de R$1.534,97.” A impugnação foi considerada improcedente, conforme Acórdão de fls. 114/117, que restou assim ementado: DEDUÇÃO. INADMISSIBILIDADE. Inadmissível a dedução pleiteada na declaração de ajuste anual, quando não comprovadas as exigências legais para a dedutibilidade, inclusive a apresentação de documentação hábil e idônea. Regularmente cientificado daquele acórdão em 28/04/2011 (fl. 121), o interessado, representado por seu procurador (fl. 132), interpôs recurso voluntário de fls. 122/125, em 24/05/2011. Em sua defesa, alega que os documentos fornecidos pelas Fontes Pagadoras que ora apresenta são idôneos e hábeis para comprovar as deduções de contribuição previdenciária oficial e privada. Também, contesta a glosa da dedução de despesas médicas em virtude de dois aspectos: o primeiro é que o beneficiário dos serviços foi ele próprio, cujo nome e o CPF constam nos referidos recibos, e o segundo é que a Secretaria da Receita Federal tem como pesquisar através do CPF(MF) de cada prestador as demais informações que sejam Fl. 171DF CARF MF Impresso em 19/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2012 por TANIA MARA PASCHOALIN, Assinado digitalmente em 26/09/201 2 por TANIA MARA PASCHOALIN, Assinado digitalmente em 26/09/2012 por ANTONIO DE PADUA ATHAYDE MAGALH AES Processo nº 10540.000816/200845 Acórdão n.º 2801002.676 S2TE01 Fl. 172 3 pertinentes a esclarecer quaisquer dúvidas. Diz que, para dirimir quaisquer tipos de dúvidas, segue, em anexo, cópia dos referidos recibos de pagamentos e declarações firmadas pelos prestadores de serviços de saúde. É o relatório. Voto Conselheira Tânia Mara Paschoalin, Relatora. O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade, portanto merece ser conhecido. O litígio cingese à glosa da dedução pleiteada a título de previdência oficial, previdência privada e despesas médicas. No que tange à contribuição previdenciária oficial, houve a glosa do valor de R$ 4.018,74, referente aos rendimentos recebidos do INSS, e o valor de R$ 219,32 correspondente à diferença entre o valor declarado e o valor comprovado, referente à fonte pagadora Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista. De acordo com os comprovantes de rendimentos das referidas fontes pagadoras apresentados pelo recorrente, às fls. 135 e 139, respectivamente, é de se restabelecer o valor R$ 4,018,74 referente ao INSS e manter a parcela glosada referente à Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista. Relativamente à glosa do valor de R$ 1.274,00 da dedução à título previdência privada, o motivo indicado foi a falta de comprovação. Tal despesa, entretanto, também restou comprovada mediante o comprovante de rendimentos emitido pelo INSS (fl. 135). Quanto à glosa das despesas médicas, consta da descrição dos fatos (fl. 10): “Glosouse as seguintes despesas declaradas como pagas: a ) R$ 280,00 a Viviane Ribeiro Leal e R$ 7.000,00 a Claudia Bianca David Alves, pois os respectivos recibos não contêm o endereço do emitente e não identificam quem sofreu o tratamento. b ) R$10.000,00 a Luciana Cardoso Viana, pois o recibo não contém o C.P.F. do emitente . c ) 206,50 a CATO, pois refere se a pessoa não aceita como dependente. d ) R$ 1.780,22 ao INSS, a titulo de Plano de Saúde, por falta de comprovação, e ) R$ 1.356,34 , correspondentes à diferença entre o valor declarado como pago à UNIMED e o valor comprovado de despesas em nome do próprio contribuinte. As despesas em nome de Ana Paula Ramos Correia não foram aceitas por não ter sido, Fl. 172DF CARF MF Impresso em 19/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2012 por TANIA MARA PASCHOALIN, Assinado digitalmente em 26/09/201 2 por TANIA MARA PASCHOALIN, Assinado digitalmente em 26/09/2012 por ANTONIO DE PADUA ATHAYDE MAGALH AES Processo nº 10540.000816/200845 Acórdão n.º 2801002.676 S2TE01 Fl. 173 4 essa, aceita como dependente e em nome de André Ricardo R. Correia por não ter sido declarado como dependente.” Analisando os documentos apresentados em sede de recurso, verificase que: · O Comprovante de Rendimentos emitido pela fonte pagadora Instituto Nacional de Seguro Social – INSS (fl. 135) registra “DESPESAS MEDICOODONTOHOSPITALARES” no valor de R$ 1.780,22, comprovando, assim, a referida despesa médica; · A declaração firmada pelo próprio interessado (fl. 142) não tem o condão suprir a falta apontada no recibo emitido pela profissional Luciana Cardoso Viana (fl. 143). Aliás, sequer informa o CPF faltante; · A declaração e o recibo trazidos, às fls. 144/145, referemse ao profissional Rodrigo Ravazzi, cujas despesas médicas já foram aceitas pela fiscalização; · A declaração firmada pela dentista Viviane Ribeiro Real (fl. 149) informa endereço do emitente e identifica quem sofreu o tratamento, suprindo a falta do recibo apresentado no valor de R$ 280,00 (fl. 150). · A declaração firmada pela fisioterapeuta Claudia Bianca David Alves (fl. 151) informa endereço do tratamento domiciliar e identifica quem sofreu o tratamento, suprindo a falta do recibo apresentado no valor de R$ 7.000,00 (fl. 152); · Os comprovantes de pagamentos da UNIMED (fls. 153/164) em nada socorrem o interessado, tendo em vista que o valor glosado de R$ 1.356,34 referese a despesas com os filhos não dependente. Dessa forma, devem ser restabelecidas as despesas médicas com INSS (R$ 1.780,22), Viviane Ribeiro Real (R$ 280,00) e Claudia Bianca David Alves (R$ 7.000,00), no montante de R$ 9.060,22. Diante do exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso, para restabelecer as deduções a título de contribuição à previdência oficial, no montante de R$ 4.018,74, previdência privada, no montante de R$ 1.274,00, e despesas médicas, no montante de R$ 9.060,22. Assinado digitalmente Tânia Mara Paschoalin Fl. 173DF CARF MF Impresso em 19/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2012 por TANIA MARA PASCHOALIN, Assinado digitalmente em 26/09/201 2 por TANIA MARA PASCHOALIN, Assinado digitalmente em 26/09/2012 por ANTONIO DE PADUA ATHAYDE MAGALH AES Processo nº 10540.000816/200845 Acórdão n.º 2801002.676 S2TE01 Fl. 174 5 Fl. 174DF CARF MF Impresso em 19/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2012 por TANIA MARA PASCHOALIN, Assinado digitalmente em 26/09/201 2 por TANIA MARA PASCHOALIN, Assinado digitalmente em 26/09/2012 por ANTONIO DE PADUA ATHAYDE MAGALH AES
score : 1.0
Numero do processo: 10530.724326/2009-38
Turma: Primeira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 17 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Tue Oct 30 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2005, 2006, 2007
ISENÇÃO HETERÔNOMA. IMPOSSIBILIDADE.
A Lei Complementar Estadual da Bahia nº 20/2003 não tem o condão de excluir, por meio de isenção heterônoma, crédito tributário relativo ao imposto de renda, tributo de competência da União, ainda que o produto da arrecadação deste imposto, retido na fonte, se destine ao próprio Estado.
URV. DIFERENÇAS. RECEBIMENTO EM MOMENTO POSTERIOR.
As diferenças de URV percebidas em momento posterior à conversão se incorporam aos vencimentos, razão pela qual devem integrar a base de cálculo do imposto de renda, haja vista que não mais representam diferenças de URV, mas sim diferenças de remuneração.
RETENÇÃO NA FONTE. OMISSÃO. RESPONSABILIDADE DO CONTRIBUINTE.
O inadimplemento do dever de recolher a exação na fonte não exclui a obrigação do contribuinte de oferecer os valores percebidos à tributação. A responsabilidade pelo pagamento do tributo continua sendo do contribuinte, que deve proceder ao ajuste em sua declaração de rendimentos, a despeito da errônea interpretação conferida à legislação pelo responsável tributário.
JUROS DE MORA. DECISÃO DO STJ EM SEDE DE RECURSO REPETITIVO.
A decisão do STJ, em sede de recurso repetitivo, que excluiu a exigência do imposto de renda sobre juros de mora, se restringiu aos pagamentos efetuados em virtude de decisão judicial proferida em ação de natureza trabalhista, devidos no contexto de rescisão de contrato de trabalho, por força da norma isentiva prevista no inciso V do art. 6º da Lei nº 7.713/1988.
CORREÇÃO MONETÁRIA.
A correção monetária, por possuir caráter acessório, segue a mesma sorte da verba principal, ou seja, a incidência do imposto de renda sobre a correção monetária está condicionada à tributação da verba principal. Se esta se encontra no campo de incidência do imposto, aquela também estará.
MULTA DE OFÍCIO. ERRO ESCUSÁVEL.
Não comporta multa de oficio o lançamento constituído com base em valores espontaneamente declarados pelo contribuinte que, induzido pelas informações prestadas pela fonte pagadora, incorreu em erro escusável no preenchimento da declaração de rendimentos.
Preliminares Rejeitadas.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 2801-002.742
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares suscitadas e, no mérito, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso para excluir do lançamento a multa de ofício de 75%, nos termos do voto do Relator. Vencidos os Conselheiros Carlos César Quadros Pierre e Luiz Cláudio Farina Ventrilho que davam provimento parcial ao recurso em maior extensão, para exclusão também da parcela incidente sobre os juros moratórios.
Assinado digitalmente
Antonio de Pádua Athayde Magalhães - Presidente.
Assinado digitalmente
Marcelo Vasconcelos de Almeida - Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Antonio de Pádua Athayde Magalhães, Tânia Mara Paschoalin, Marcelo Vasconcelos de Almeida, Carlos César Quadros Pierre e Luiz Cláudio Farina Ventrilho. Ausente o Conselheiro Sandro Machado dos Reis.
Nome do relator: MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201210
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 ISENÇÃO HETERÔNOMA. IMPOSSIBILIDADE. A Lei Complementar Estadual da Bahia nº 20/2003 não tem o condão de excluir, por meio de isenção heterônoma, crédito tributário relativo ao imposto de renda, tributo de competência da União, ainda que o produto da arrecadação deste imposto, retido na fonte, se destine ao próprio Estado. URV. DIFERENÇAS. RECEBIMENTO EM MOMENTO POSTERIOR. As diferenças de URV percebidas em momento posterior à conversão se incorporam aos vencimentos, razão pela qual devem integrar a base de cálculo do imposto de renda, haja vista que não mais representam diferenças de URV, mas sim diferenças de remuneração. RETENÇÃO NA FONTE. OMISSÃO. RESPONSABILIDADE DO CONTRIBUINTE. O inadimplemento do dever de recolher a exação na fonte não exclui a obrigação do contribuinte de oferecer os valores percebidos à tributação. A responsabilidade pelo pagamento do tributo continua sendo do contribuinte, que deve proceder ao ajuste em sua declaração de rendimentos, a despeito da errônea interpretação conferida à legislação pelo responsável tributário. JUROS DE MORA. DECISÃO DO STJ EM SEDE DE RECURSO REPETITIVO. A decisão do STJ, em sede de recurso repetitivo, que excluiu a exigência do imposto de renda sobre juros de mora, se restringiu aos pagamentos efetuados em virtude de decisão judicial proferida em ação de natureza trabalhista, devidos no contexto de rescisão de contrato de trabalho, por força da norma isentiva prevista no inciso V do art. 6º da Lei nº 7.713/1988. CORREÇÃO MONETÁRIA. A correção monetária, por possuir caráter acessório, segue a mesma sorte da verba principal, ou seja, a incidência do imposto de renda sobre a correção monetária está condicionada à tributação da verba principal. Se esta se encontra no campo de incidência do imposto, aquela também estará. MULTA DE OFÍCIO. ERRO ESCUSÁVEL. Não comporta multa de oficio o lançamento constituído com base em valores espontaneamente declarados pelo contribuinte que, induzido pelas informações prestadas pela fonte pagadora, incorreu em erro escusável no preenchimento da declaração de rendimentos. Preliminares Rejeitadas. Recurso Voluntário Provido em Parte
turma_s : Primeira Turma Especial da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Oct 30 00:00:00 UTC 2012
numero_processo_s : 10530.724326/2009-38
anomes_publicacao_s : 201210
conteudo_id_s : 5174458
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Oct 30 00:00:00 UTC 2012
numero_decisao_s : 2801-002.742
nome_arquivo_s : Decisao_10530724326200938.PDF
ano_publicacao_s : 2012
nome_relator_s : MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA
nome_arquivo_pdf_s : 10530724326200938_5174458.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares suscitadas e, no mérito, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso para excluir do lançamento a multa de ofício de 75%, nos termos do voto do Relator. Vencidos os Conselheiros Carlos César Quadros Pierre e Luiz Cláudio Farina Ventrilho que davam provimento parcial ao recurso em maior extensão, para exclusão também da parcela incidente sobre os juros moratórios. Assinado digitalmente Antonio de Pádua Athayde Magalhães - Presidente. Assinado digitalmente Marcelo Vasconcelos de Almeida - Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Antonio de Pádua Athayde Magalhães, Tânia Mara Paschoalin, Marcelo Vasconcelos de Almeida, Carlos César Quadros Pierre e Luiz Cláudio Farina Ventrilho. Ausente o Conselheiro Sandro Machado dos Reis.
dt_sessao_tdt : Wed Oct 17 00:00:00 UTC 2012
id : 4350614
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 08:54:34 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041215568478208
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 16; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2377; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2TE01 Fl. 199 1 198 S2TE01 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10530.724326/200938 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2801002.742 – 1ª Turma Especial Sessão de 17 de outubro de 2012 Matéria IRPF Recorrente ANTONIO FAUSTINO DE ALMEIDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 ISENÇÃO HETERÔNOMA. IMPOSSIBILIDADE. A Lei Complementar Estadual da Bahia nº 20/2003 não tem o condão de excluir, por meio de isenção heterônoma, crédito tributário relativo ao imposto de renda, tributo de competência da União, ainda que o produto da arrecadação deste imposto, retido na fonte, se destine ao próprio Estado. URV. DIFERENÇAS. RECEBIMENTO EM MOMENTO POSTERIOR. As diferenças de URV percebidas em momento posterior à conversão se incorporam aos vencimentos, razão pela qual devem integrar a base de cálculo do imposto de renda, haja vista que não mais representam diferenças de URV, mas sim diferenças de remuneração. RETENÇÃO NA FONTE. OMISSÃO. RESPONSABILIDADE DO CONTRIBUINTE. O inadimplemento do dever de recolher a exação na fonte não exclui a obrigação do contribuinte de oferecer os valores percebidos à tributação. A responsabilidade pelo pagamento do tributo continua sendo do contribuinte, que deve proceder ao ajuste em sua declaração de rendimentos, a despeito da errônea interpretação conferida à legislação pelo responsável tributário. JUROS DE MORA. DECISÃO DO STJ EM SEDE DE RECURSO REPETITIVO. A decisão do STJ, em sede de recurso repetitivo, que excluiu a exigência do imposto de renda sobre juros de mora, se restringiu aos pagamentos efetuados em virtude de decisão judicial proferida em ação de natureza trabalhista, devidos no contexto de rescisão de contrato de trabalho, por força da norma isentiva prevista no inciso V do art. 6º da Lei nº 7.713/1988. CORREÇÃO MONETÁRIA. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 53 0. 72 43 26 /2 00 9- 38 Fl. 199DF CARF MF Impresso em 30/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 23/10/2012 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 25/10/2012 por ANTONIO DE PA DUA ATHAYDE MAGALHAES Processo nº 10530.724326/200938 Acórdão n.º 2801002.742 S2TE01 Fl. 200 2 A correção monetária, por possuir caráter acessório, segue a mesma sorte da verba principal, ou seja, a incidência do imposto de renda sobre a correção monetária está condicionada à tributação da verba principal. Se esta se encontra no campo de incidência do imposto, aquela também estará. MULTA DE OFÍCIO. ERRO ESCUSÁVEL. Não comporta multa de oficio o lançamento constituído com base em valores espontaneamente declarados pelo contribuinte que, induzido pelas informações prestadas pela fonte pagadora, incorreu em erro escusável no preenchimento da declaração de rendimentos. Preliminares Rejeitadas. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares suscitadas e, no mérito, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso para excluir do lançamento a multa de ofício de 75%, nos termos do voto do Relator. Vencidos os Conselheiros Carlos César Quadros Pierre e Luiz Cláudio Farina Ventrilho que davam provimento parcial ao recurso em maior extensão, para exclusão também da parcela incidente sobre os juros moratórios. Assinado digitalmente Antonio de Pádua Athayde Magalhães Presidente. Assinado digitalmente Marcelo Vasconcelos de Almeida Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Antonio de Pádua Athayde Magalhães, Tânia Mara Paschoalin, Marcelo Vasconcelos de Almeida, Carlos César Quadros Pierre e Luiz Cláudio Farina Ventrilho. Ausente o Conselheiro Sandro Machado dos Reis. Relatório Tratase de Auto de Infração relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física – IRPF por meio do qual se exige crédito tributário no valor de R$ 143.877,40, incluídos multa de ofício no percentual de 75% (setenta e cinco por cento) e juros de mora. Informa a Autoridade lançadora que o crédito tributário foi constituído em razão de ter sido apurada, nas Declarações de Ajuste Anual, classificação de rendimentos tributáveis qualificados como rendimentos isentos e não tributáveis. Os rendimentos foram recebidos do Ministério Público do Estado da Bahia a título de “Valores Indenizatórios de URV”, em 36 (trinta e seis) parcelas, no período de janeiro Fl. 200DF CARF MF Impresso em 30/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 23/10/2012 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 25/10/2012 por ANTONIO DE PA DUA ATHAYDE MAGALHAES Processo nº 10530.724326/200938 Acórdão n.º 2801002.742 S2TE01 Fl. 201 3 de 2004 a dezembro de 2006, em decorrência do disposto na Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20, de 8 de setembro de 2003. Conforme “Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal”, à fl. 6 deste e processo: a) o cálculo do imposto de renda devido encontrase no “Demonstrativo do Imposto de Renda Apurado” (fl. 11) e foi elaborado em obediência ao Despacho do Ministro da Fazenda, de 11 de maio de 2009, que aprovou o Parecer PGFN/CRJ nº 287/2009, de 12 de fevereiro de 2009, que dispõe que no cálculo do imposto devem ser levadas em consideração as tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se referem os rendimentos, efetuandose o cálculo mensalmente; b) para apuração do imposto foram considerados os valores das diferenças salariais devidas (URV) incluindo atualização monetária e juros, mensalmente distribuídos no período de 1994 a agosto de 2001, conforme planilha de cálculo apresentada pelo sujeito passivo, levandoos à tributação com base na alíquota vigente à época, apurando o valor total do imposto, que foi dividido pelos três anos em que ocorreu o recebimento; c) na apuração do imposto não foram consideradas as diferenças salariais originárias do décimo terceiro salário, por estarem sujeitas à tributação exclusiva na fonte, tampouco as que tinham como origem o abono de férias, em face do disposto no art. 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002, combinado com o despacho do Ministro da Fazenda publicado no DOU de 16 de novembro de 2006, que aprovou o Parecer PGFN/CRJ nº 2.140/2006. A impugnação apresentada pelo contribuinte foi julgada improcedente (acórdão às fls. 69/74). Cientificado da decisão em 22/09/2011 (fl. 81), o interessado apresentou recurso em 07/10/2011, alegando, em síntese, que: A classificação dos valores recebidos não foi feita por ele, mas sim pela própria fonte pagadora, que lhe informou que as verbas pagas eram isentas de IRPF. Com base na classificação feita pelo Ministério Público do Estado da Bahia, incluiu tais valores em suas declarações anuais de imposto de renda, como rendimentos não tributáveis, já que se tratava de verbas indenizatórias. A 2ª Turma Ordinária da 1ª Câmara do CARF vem dando provimento a recursos, em processos com idêntico objeto, para excluir da incidência do imposto de renda as verbas referentes à URV. Deveria ser considerado como passível de cobrança, caso se admitisse a autuação, não os valores lançados no auto de infração, mas sim todas as verbas recebidas em cada exercício, bem como todas as despesas e deduções cabíveis. A decisão hostilizada não enfrentou as questões relativas à falta de legitimidade da União para cobrar imposto de renda que pertence, por determinação constitucional, ao Estado. Tal omissão caracteriza supressão de instância e viola o devido processo legal, o contraditório e a ampla defesa. Fl. 201DF CARF MF Impresso em 30/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 23/10/2012 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 25/10/2012 por ANTONIO DE PA DUA ATHAYDE MAGALHAES Processo nº 10530.724326/200938 Acórdão n.º 2801002.742 S2TE01 Fl. 202 4 A União não tem legitimidade ativa para cobrar o valor do imposto de renda incidente na fonte que não foi objeto de retenção pelo Estadomembro. A falta de retenção não atribui à União valores que a Constituição afirma que pertence ao Estado. A via da primeira instância deve ser reaberta para que se analise e decida a questão relativa à falta de legitimidade da União para cobrar imposto de renda pertencente ao Estado da Bahia. O fato de ter lançado em sua declaração os valores recebidos não significa que tenha reconhecido a ocorrência do fato gerador do imposto de renda. As parcelas referentes às diferenças na conversão de Cruzeiro Real para URV consubstanciamse indenização. Há evidente caráter compensatório da URV já em sua gênese e, dessa maneira, não há incidência de imposto de renda sobre essa verba. As parcelas referentes às diferenças de URV não representam qualquer acréscimo patrimonial que seja produto do capital ou do trabalho, constituindo reposição de quantias que deveriam integrar a remuneração ao longo do tempo, na tentativa de reparar prejuízos. O STF editou a Resolução nº 245, deixando claro que o abono conferido aos magistrados federais, em razão das diferenças de URV, é verba indenizatória e, por esse motivo, está isento de contribuição previdenciária e do imposto de renda. O ProcuradorGeral da República adotou o mesmo entendimento do STF e autorizou o pagamento do abono variável aos Membros do Ministério Público da União. Por óbvio, igual aplicação deve ser dada ao Ministério Público Estadual, eis que a concessão, somente para alguns que receberam a mesma verba, seria odiosa, consagrandose verdadeiro privilégio fiscal. A Lei Complementar Estadual da Bahia nº 20/2003 (arts. 2º e 3º) reconheceu a natureza indenizatória das parcelas referentes às diferenças da conversão de Cruzeiro Real para URV relativamente aos membros do Ministério Público da Bahia. Os descontos tributários pretendidos pela autoridade fiscal afrontam o princípio isonômico constitucionalmente garantido, preceituados nos arts. 5º e 150 da Constituição da República. Se foi decidido que a verba tem natureza indenizatória para os membros do Ministério Público na esfera federal, a mesma razão deve ser usada na esfera estadual. A Autoridade fiscal apresenta uma planilha, parte integrante do Auto de Infração, na qual as alíquotas consideradas no cálculo divergem das alíquotas vigentes à época, de acordo com a tabela exposta no site da Secretaria da Receita Federal do Brasil – RFB, o que levou a um erro no cálculo do suposto imposto apurado, elevandoo. De acordo com a tabela disponível no site da RFB, a alíquota do ano de 1994 era de 25%. No entanto, no cálculo apresentado a autoridade fiscal se valeu da alíquota de 26,6%. Em 1998, se utilizou de 27,5% ao invés de 25%. Fl. 202DF CARF MF Impresso em 30/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 23/10/2012 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 25/10/2012 por ANTONIO DE PA DUA ATHAYDE MAGALHAES Processo nº 10530.724326/200938 Acórdão n.º 2801002.742 S2TE01 Fl. 203 5 A Instrução Normativa nº 1.127/2010 reduziu a carga tributária sobre os rendimentos recebidos acumuladamente. Pela nova regra o imposto será calculado levando em conta o valor a ser pago em cada mês e o número de meses a que se refere o pagamento acumulado. Essa nova orientação se aplica ao suposto crédito tributário constituído, pois se trata de montante pago em 36 parcelas iguais, devendo o suposto imposto incidir isoladamente sobre cada parcela mensal, o que leva a uma alíquota menor. A fiscalização, sem considerar as deduções, atraiu para o contribuinte maior carga tributária, pois, na medida em que retira deduções ou subtrai isenção, aumenta a base tributária. O contribuinte simulou o refazimento de suas declarações dos anos e exercícios referentes ao recebimento das verbas de URV, considerando tudo que recebeu, pagou e deduziu, apresentando resultados diferentes dos valores constantes do Auto de Infração. Admitindose a autuação, os valores devem ser recalculados, tal como apresentado na planilha que foi anexa à impugnação, excluindose da base de cálculo as seguintes parcelas: R$ 5.558,14 referentes às férias/abono e R$ 4.084,42 relativos ao décimo terceiro salário. A fonte pagadora, por expressa determinação legal, lastreada no parágrafo único do art. 45 do CTN, substitui o contribuinte em relação ao recolhimento do tributo, cuja retenção está obrigada a fazer. A responsabilidade não pode recair sobre o Recorrente, que não está obrigado ao recolhimento do imposto, quando este não lhe tenha sido retido na fonte, porquanto essa obrigação é atribuída à fonte pagadora, na condição de responsável. A responsabilidade do Estado ou do Ministério Público da Bahia não decorre de mera interpretação, mas de disposição legal de substituição tributária e do entendimento do Superior Tribunal de Justiça. Ao Recorrente não pode pesar o ônus da divergência de interpretação da classificação de rendimentos, já que nada criou, apenas informou o que lhe foi informado pela fonte pagadora, a quem incumbia fazer a correta classificação da verba e posterior retenção do imposto, nos termos da Lei Complementar Estadual nº 20/2003. A multa de ofício de 75% e os juros não devem ser imputados ao Autuado, sob pena de se negar o princípio da boa fé e da segurança das relações jurídicas, mesmo que essa relação envolva o Estado. A Lei Complementar Estadual nº 20/2003, do Estado da Bahia, não foi declarada inconstitucional. Portanto, enquadrase no inciso I do art. 100 do CTN (ato normativo expedido pelas autoridades administrativas), devendo ser afastada a multa e os juros cobrados pelo Fisco. Os juros de mora representam uma indenização pelos danos emergentes do não uso do patrimônio, aquilo que perdeu o credor pela mora do devedor. Assim, os juros de Fl. 203DF CARF MF Impresso em 30/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 23/10/2012 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 25/10/2012 por ANTONIO DE PA DUA ATHAYDE MAGALHAES Processo nº 10530.724326/200938 Acórdão n.º 2801002.742 S2TE01 Fl. 204 6 mora têm natureza distinta da originária do principal, não constituindo aquisição de disponibilidade de renda, produto do trabalho remunerado pelo Estado da Bahia. O mesmo fundamento utilizado para os juros de mora vale também para a atualização monetária. A tributação da correção monetária decorrente de aplicação da URV desnatura o perfil constitucional do imposto sobre a renda, pois tal variação não aumenta o patrimônio do contribuinte. A incidência de imposto de renda sobre a parcela de correção monetária decorrente da aplicação de URV, verba de natureza indenizatória, caracteriza transferência ilegal de parte da propriedade privada do particular para o Estado, legitimando a figura do confisco, vedada pela Constituição Federal. Ao fim, requer seja acolhido e totalmente provido o presente recurso, cancelandose o débito fiscal reclamado. Na hipótese de ser mantida a exigência fiscal, pleiteia que se leve em consideração todos os argumentos lançados neste recurso. Voto Conselheiro Marcelo Vasconcelos de Almeida, Relator Conheço do recurso, porquanto presentes os requisitos de admissibilidade (procuração outorgando poderes ao patrono do Recorrente acostada aos autos em fl. 191). 1. APURAÇÃO DO IMPOSTO DEVIDO – BASE DE CÁLCULO E ALÍQUOTAS O imposto foi calculado em consonância com a sistemática estabelecida no Parecer PGFN/CRJ nº 287, de 12 de fevereiro de 2009, que dispôs sobre a forma de apuração do imposto de renda incidente sobre rendimentos recebidos acumuladamente. Consta da “Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal”, às fls. 5/6, que não foram consideradas na apuração do imposto as diferenças recebidas a título de décimo terceiro salário, tampouco aquelas originárias de abono de férias. O cálculo do imposto devido encontrase no “Demonstrativo do Imposto de Renda Apurado”, à fl. 11. Os valores das diferenças de remuneração foram distribuídos pelo quantitativo de meses (abril de 1994 a julho de 2001), aplicandose as alíquotas vigentes às épocas respectivas. O total do imposto apurado foi dividido pelos três anos em que ocorreu o recebimento (janeiro de 2004 a dezembro de 2006). Ao contrário do afirmado pelo Recorrente, as alíquotas constantes da tabela exposta no site da Secretaria da Receita Federal do Brasil – RFB não divergem daquelas utilizadas no “Demonstrativo do Imposto de Renda Apurado”, acostado aos autos em fl. 11. É que as alíquotas do “Demonstrativo” estão discriminadas por ano calendário, ao passo que as alíquotas da tabela veiculada no site da RFB estão discriminadas por exercício. Assim inexiste a suposta divergência de alíquotas apontadas pelo Recorrente. Fl. 204DF CARF MF Impresso em 30/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 23/10/2012 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 25/10/2012 por ANTONIO DE PA DUA ATHAYDE MAGALHAES Processo nº 10530.724326/200938 Acórdão n.º 2801002.742 S2TE01 Fl. 205 7 Informa a Autoridade lançadora, no tópico “Observações” do referido “Demonstrativo”, que os valores lançados na coluna “Diferença Salarial Devida – URV” foram extraídos de planilha apresentada pelo próprio contribuinte e que, na definição da alíquota a ser aplicada, considerouse o valor total da remuneração recebida em cada mês mais a diferença de remuneração recebida a título de variação da URV no mesmo período. 2. INEXISTÊNCIA DE SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA Aduz o Interessado que a decisão de piso não enfrentou a questão relativa à falta de legitimidade da União para cobrar imposto de renda que pertence, por determinação constitucional, ao Estado. Tal omissão, em sua visão, caracterizaria supressão de instância. O excerto abaixo, extraído da decisão recorrida, afasta a alegação do Recorrente: É certo que, por determinação constitucional, se o Estado da Bahia tivesse efetuado a retenção do IRRF, o valor arrecadado lhe pertenceria. Entretanto, tal retenção não alteraria a obrigação do contribuinte de oferecer a integralidade do rendimento bruto à tributação do imposto de renda na declaração de ajuste anual. A exigência em foco se refere ao imposto de renda incidente sobre rendimentos da pessoa física (IRPF) e não ao IRRF que deixou de ser retido indevidamente pelo Estado da Bahia 3. IMPOSSIBILIDADE DE ISENÇÃO HETERÔNOMA No que tange à possibilidade de os Estados instituírem isenções de imposto de renda, observo que o poder de isentar é decorrência natural do poder de tributar, devendo haver uma harmonia no plano da competência tributária, na esteira do binômio “instituir isentar”. Assim, a União pode instituir os tributos federais e isentálos; os Estados e o DF podem instituir os tributos estaduais e isentálos; os Municípios e o DF podem instituir os tributos municipais e isentálos, tudo no plano de uma correlação lógica que se estabelece entre a competência privativa outorgada pela Constituição para instituição de tributos e a idêntica competência para proceder à desoneração por meio de uma norma isencional. Em outras palavras: a regra é que as isenções sejam autônomas, porquanto concedidas pelo ente federado a quem a Constituição atribuiu a competência para a criação do tributo. Nesse sentido, a Constituição Federal, em seu artigo 151, III, veda que a União conceda isenção heterônoma, nos seguintes termos: Art. 151. É vedado à União: (...) III – instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. Por simetria, é correto afirmar que aos Estados também não é dado instituir isenções de tributos de competência federal ou municipal, de forma que a Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20/2003 não tem o condão de excluir, por meio de isenção heterônoma, crédito tributário relativo ao imposto de renda, tributo de competência da União, ainda que o produto da arrecadação deste imposto, retido na fonte, se destine ao próprio Estado. Fl. 205DF CARF MF Impresso em 30/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 23/10/2012 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 25/10/2012 por ANTONIO DE PA DUA ATHAYDE MAGALHAES Processo nº 10530.724326/200938 Acórdão n.º 2801002.742 S2TE01 Fl. 206 8 Nessa linha de raciocínio, oportuna é a transcrição de excerto do voto da Conselheira Tânia Maria Paschoalin, proferido nos autos do Processo nº 10530.723549/2009 88, no qual se afastou a pretensa ilegitimidade da União para atuar no polo passivo de processo administrativo fiscal em que se discutiu a mesma matéria: No que tange à ilegitimidade da União para atuar como polo ativo no presente procedimento administrativo fiscal, uma vez que competiria aos Estados reclamar o imposto indevidamente não recolhido, nos termos do que dispõe o art. 157, I, da Constituição Federal de 1988, importa ressaltar que o objetivo do disposto no mencionado artigo é a de promover a repartição da receita tributária pertencente à União com outros entes federados, sem afetar a competência tributária do ente eleito pela Constituição como titular do poder de tributar relativo a determinado tributo. No caso do Imposto de Renda, a competência para instituir, arrecadar e fiscalizar o imposto sobre a renda é da União, a teor do que estabelece o art. 153, III., da Constituição Federal. O art. 6º, parágrafo único, do Código Tributário Nacional CTN didaticamente explicita: Art. 6° A atribuição constitucional de competência tributária compreende a competência legislativa plena, ressalvadas as limitações contidas na Constituição Federal, nas Constituições dos Estados e nas Leis Orgânicas do Distrito Federal e dos Municípios, e observado o disposto nesta Lei. Parágrafo único . Os tributos cuja receita seja distribuída, no todo ou em parte, a outras pessoas jurídicas de direito público pertencem à competência legislativa daquela a que tenham sido atribuídos. (grifos acrescidos) Assim, não implicando a repartição de receitas transferência da condição de sujeito ativo, rejeitase a ilegitimidade ativa da União reclamada pelo autuado. 4. INAPLICABILIDADE DA LEI COMPLEMENTAR ESTADUAL Nº 20/2003 E DA RESOLUÇÃO DO STF Nº 245/2002 Anoto, por oportuno, que o contribuinte enquadrou no campo de rendimentos isentos e não tributáveis de suas declarações de ajuste anual, exercícios 2005, 2006 e 2007, valores recebidos do Ministério Público do Estado da Bahia, por entendêlos isentos de imposto de renda à luz do disposto no art. 3º da Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20/2003 e por analogia à Resolução nº 245/2002 do Supremo Tribunal Federal STF, que conferiu natureza indenizatória ao abono pago aos magistrados federais em razão das diferenças de URV. Todavia, o recorrente não faz parte dos quadros da Magistratura Federal, pertencendo ao Ministério Público do Estado da Bahia, não podendo, por óbvio, a Resolução do STF ser estendida às verbas pagas ao Recorrente, pois que isto resultaria na concessão de isenção sem lei federal especifica. 5. NATUREZA REMUNERATÓRIA DOS VALORES PAGOS Fl. 206DF CARF MF Impresso em 30/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 23/10/2012 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 25/10/2012 por ANTONIO DE PA DUA ATHAYDE MAGALHAES Processo nº 10530.724326/200938 Acórdão n.º 2801002.742 S2TE01 Fl. 207 9 Acrescento que os valores pagos a servidores em decorrência de diferenças de URV não recebidas em época oportuna constituem verdadeiros acréscimos patrimoniais, que se afiguram de caráter remuneratório, razão pela qual se justifica a incidência do imposto de renda, em consonância com o disposto no art. 43, inc. II, do CTN. Noutros termos: as diferenças de URV percebidas em momento posterior à conversão se incorporam aos vencimentos, motivo pelo qual devem integrar a base de cálculo do imposto de renda, haja vista que não mais representam diferenças de URV, mas sim diferenças de remuneração. Ademais, é pacífica a jurisprudência do STJ no sentido de que as diferenças de URV têm natureza remuneratória. À guisa de exemplos, multifários precedentes: TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO RECEBIDOS COMO AGRAVO REGIMENTAL. PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE. DIFERENÇAS ORIUNDAS DA CONVERSÃO DE VENCIMENTOS DE SERVIDOR PÚBLICO EM URV. VERBA PAGA EM ATRASO. NATUREZA REMUNERATÓRIA. IMPOSTO DE RENDA E CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INCIDÊNCIA. 1. Pelo princípio da fungibilidade, admitese o recebimento de embargos de declaração como agravo regimental. 2. A verba percebida em atraso pelos servidores públicos em razão da diferença de 11,98%, oriunda da conversão de seus vencimentos em URV, possui natureza remuneratória, sendo devida a incidência de Imposto de Renda e de Contribuição Previdenciária sobre ela. Precedentes.3. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental. Agravo regimental não provido. (EDcl no RMS 27.336/RS, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/03/2009, DJe 14/04/2009. TRIBUTÁRIO. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDOR PÚBLICO. PARCELAS RECEBIDAS ADMINISTRATIVAMENTE COM ATRASO. ÍNDICE DE 11,98%, URV. VERBA REMUNERATÓRIA. INCIDÊNCIA DO IMPOSTO DE RENDA E DA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. RESOLUÇÃO 245/STF. INAPLICABILIDADE. 1. A jurisprudência do STJ é pacífica no sentido de que os valores recebidos pelos servidores públicos, oriundos de pagamento de diferença da URV, não têm natureza indenizatória, mas sim salarial, pois incorporamse ao seu patrimônio, constituindose, assim, em fato gerador da incidência do Imposto de Renda, nos moldes do art. 43 do CTN. 2. A Resolução Administrativa 245 do Supremo Tribunal Federal é inaplicável ao caso. A mencionada norma faz referência ao abono variável concedido aos magistrados pela Lei 9.655/1998, e não à parcela correspondente aos 11,98% em favor dos servidores públicos estaduais. Fl. 207DF CARF MF Impresso em 30/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 23/10/2012 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 25/10/2012 por ANTONIO DE PA DUA ATHAYDE MAGALHAES Processo nº 10530.724326/200938 Acórdão n.º 2801002.742 S2TE01 Fl. 208 10 3. Agravo Regimental não provido. (AgRg no RMS 27.614/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 04/12/2008, DJe 13/03/2009). AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA. TRIBUTÁRIO. CONTROVÉRSIA ACERCA DA INCIDÊNCIA DO IMPOSTO DE RENDA SOBRE VALORES RECEBIDOS EM DECORRÊNCIA DA DIFERENÇA DE CONVERSÃO DA MOEDA EM URV. PERCENTUAL DE 11,98%. CARÁTER REMUNERATÓRIO. INCORPORAÇÃO AO PATRIMÔNIO DO SERVIDOR. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. (AgRg no RMS 25.995/RS, Rel. Ministra DENISE ARRUDA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 03/03/2009, DJe 01/04/2009) 6. RESPONSABILIDADE DO SUBSTITUÍDO EM FACE DO INADIMPLEMENTO SUBSTITUTO TRIBUTÁRIO Registro, por importante, que o inadimplemento do dever de recolher a exação na fonte não exclui a obrigação do contribuinte de oferecer os valores percebidos à tributação, ou seja, o contribuinte, no regime da responsabilidade por substituição, continua obrigado a declarar corretamente o valor por ocasião do ajuste anual, ocasião em que poderá receber restituição ou ser obrigado a suplementar o pagamento. Dizendo de outro modo: nos casos de desconto na fonte, a responsabilidade pelo pagamento do tributo continua sendo do contribuinte, que deve proceder ao ajuste de contas no final do anocalendário, quando, por sua conta e risco, informará na sua declaração de rendimentos o quantum da renda auferida no anobase, a despeito da interpretação conferida à legislação pelo substituto tributário. Se não atua em conformidade com a legislação, interpretando verba remuneratória como se fora indenizatória, sujeitase aos riscos de sua conduta, sendo passível de ser autuado pela Administração Tributária. Na mesma linha, a pacífica jurisprudência do STJ, a ver: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. IMPORTÂNCIAS PAGAS EM DECORRÊNCIA DE SENTENÇA TRABALHISTA. NATUREZA REMUNERATÓRIA. RESPONSABILIDADE PELA RETENÇÃO E RECOLHIMENTO DO IMPOSTO. FONTE PAGADORA. ALÍQUOTA APLICÁVEL. EXCLUSÃO DA MULTA. 1. O recebimento de remuneração em virtude de sentença trabalhista que determinou o pagamento da URP no período de fevereiro de 1989 a setembro de 1990 não se insere no conceito de indenização, constituindose complementação de caráter nitidamente remuneratório, ensejando, portanto, a cobrança de imposto de renda. 2. O Superior Tribunal de Justiça vem entendendo que cabe à fonte pagadora o recolhimento do tributo devido. Porém, a omissão da fonte pagadora não exclui a responsabilidade do contribuinte pelo pagamento do imposto, o qual fica obrigado a declarar o valor recebido em sua declaração de ajuste anual. Fl. 208DF CARF MF Impresso em 30/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 23/10/2012 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 25/10/2012 por ANTONIO DE PA DUA ATHAYDE MAGALHAES Processo nº 10530.724326/200938 Acórdão n.º 2801002.742 S2TE01 Fl. 209 11 3. No cálculo do imposto incidente sobre os rendimentos pagos acumuladamente em decorrência de decisão judicial, devem ser aplicadas às alíquotas vigentes à época em que eram devidos referidos rendimentos. 4. É indevida a imposição de multa ao contribuinte quando não há, por parte dele, intenção deliberada de omitir os valores devidos a título de imposto de renda. 5. Recurso especial parcialmente provido (REsp 383.309/SC, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJU de 07.04.06); TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. IMPORTÂNCIAS PAGAS EM DECORRÊNCIA DE SENTENÇA TRABALHISTA. RESPONSABILIDADE PELA RETENÇÃO E RECOLHIMENTO DO IMPOSTO. FONTE PAGADORA. CONTRIBUINTE. INOCORRÊNCIA DE EXCLUSÃO. 1. O art. 45, parágrafo único, do CTN, define a fonte pagadora como a responsável pela retenção e recolhimento do imposto de renda na fonte incidente sobre verbas pagas a seus empregados. 2. Todavia, a lei não excluiu a responsabilidade do contribuinte que aufere a renda ou provento, que tem relação direta e pessoal com a situação que configura o fato gerador do tributo e, portanto, guarda relação natural com o fato da tributação. Assim, o contribuinte continua obrigado a declarar o valor por ocasião do ajuste anual, podendo, inclusive, receber restituição ou ser obrigado a suplementar o pagamento. A falta de cumprimento do dever de recolher na fonte, ainda que importe responsabilidade do retentor omisso, não exclui a obrigação do contribuinte, que auferiu a renda, de oferecêla à tributação, como, aliás, ocorreria se tivesse havido o desconto na fonte. 3. Embargos de divergência a que se nega provimento (EREsp 652.498/SC, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJU de 18.09.06). 7. IMPOSTO DE RENDA E JUROS MORATÓRIOS No concernente aos juros moratórios, relevante observar que no julgamento do Resp nº 1.227.133/RS, submetido à sistemática do art. 543C do CPC (recurso repetitivo), o Superior Tribunal de Justiça – STJ havia decidido pela não incidência de imposto de renda sobre os valores pagos a esse título, em acórdão assim ementado: RECURSO ESPECIAL. REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. JUROS DE MORA LEGAIS. NATUREZA INDENIZATÓRIA. NÃO INCIDÊNCIA DE IMPOSTO DE RENDA. Não incide imposto de renda sobre os juros moratórios legais em decorrência de sua natureza e função indenizatória ampla. Recurso especial, julgado sob o rito do art. 543C do CPC, improvido. Fl. 209DF CARF MF Impresso em 30/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 23/10/2012 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 25/10/2012 por ANTONIO DE PA DUA ATHAYDE MAGALHAES Processo nº 10530.724326/200938 Acórdão n.º 2801002.742 S2TE01 Fl. 210 12 Ocorre que o Egrégio Tribunal acolheu parcialmente os embargos declaratórios opostos pela União para explicitar que o tema de mérito discutido no recurso especial circunscrevese à exigência do imposto de renda sobre os juros moratórios pagos em virtude de decisão judicial proferida em ação de natureza trabalhista, devidos no contexto de rescisão de contrato de trabalho, o que não se amolda ao presente caso. Para melhor compreensão do assunto, transcrevo abaixo excertos do acórdão que esclareceu a questão: Todas as discussões trazidas pela embargante passam pelo exame de cada um dos sete votos proferidos no acórdão embargado, daí que passo a fazêlo neste momento, começando pelos três votos vencidos: (...) Quanto aos votos vencedores, temos: 3º) Ministro Mauro Campbell Marques (fls. 597607): Divergindo do relator, negou provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional, mas por fundamentos diversos do meu. Entendeu que "a regra geral é a incidência do IR sobre os juros de mora a teor da legislação até então vigentes" (fl. 602), mas que "o art. 6º, inciso V, da lei trouxe regra especial ao estabelecer a isenção do IR sobre as verbas indenizatórias pagas por ocasião da despedida ou rescisão do contrato de trabalho" (fl. 602). Com base no referido dispositivo legal, então, foi que reconheceu a isenção, especificamente, no caso em debate. 4º) Ministro Arnaldo Esteves Lima (fls. 618624): Proferiu voto vista negando provimento ao recurso especial, explicitando que o tema de mérito circunscrevese à "exigência de imposto de renda sobre os juros de mora pagos em virtude de decisão judicial proferida em ação de natureza trabalhista, devidos no contexto de rescisão de contrato de trabalho" (fl. 619). E acrescentou que "não se está a examinar a tributação dos juros de mora em qualquer outra hipótese" (fl. 619). Sobre a questão de mérito, no caso específico dos autos, adotou fundamentos semelhantes aos do em. Ministro Mauro Campbell Marques, concluindo que "os juros de mora pagos em virtude de decisão judicial proferida em ação de natureza trabalhista, devidos no contexto de rescisão de contrato de trabalho, por se tratar de verba indenizatória paga na forma da lei, são isentos do imposto de renda, por força do art. 6º, V, da Lei 7.713/88, até o limite da lei" (fl. 624). (...) A ementa do julgado, entretanto, deve ser revista, tendo em vista que os votos vencedores dos em. Ministros Mauro Campbell Marques e Arnaldo Esteves Lima adotaram fundamentos menos abrangentes, limitandose a afastar a incidência do imposto de renda nas hipóteses semelhantes ao caso em debate, por força de lei específica de isenção (art. art. 6º, inciso V, da Lei n. Fl. 210DF CARF MF Impresso em 30/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 23/10/2012 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 25/10/2012 por ANTONIO DE PA DUA ATHAYDE MAGALHAES Processo nº 10530.724326/200938 Acórdão n.º 2801002.742 S2TE01 Fl. 211 13 7.713/1988). A melhor redação da ementa, portanto, considerando o objeto destes autos, é a seguinte: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ERRO MATERIAL NA EMENTA DO ACÓRDÃO EMBARGADO. Havendo erro material na ementa do acórdão embargado, deve se acolher os declaratórios nessa parte, para que aquela melhor reflita o entendimento prevalente, bem como o objeto específico do recurso especial, passando a ter a seguinte redação: RECURSO ESPECIAL. REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. JUROS DE MORA LEGAIS. NATUREZA INDENIZATÓRIA. VERBAS TRABALHISTAS. NÃO INCIDÊNCIA OU ISENÇÃO DE IMPOSTO DE RENDA. Não incide imposto de renda sobre os juros moratórios legais vinculados a verbas trabalhistas reconhecidas em decisão judicial. Recurso especial, julgado sob o rito do art. 543C do CPC, improvido. Embargos de declaração acolhidos parcialmente. Verificase, pela leitura do trecho transcrito, que não se aplica o art. 62A do RICARF ao caso em análise, haja vista que a tese fixada no recurso submetido ao rito do art. 543C do CPC (recurso repetitivo) se restringe à exigência do imposto de renda sobre os juros moratórios pagos em virtude de decisão judicial proferida em ação de natureza trabalhista, devidos no contexto de rescisão de contrato de trabalho, por força da norma isentiva prevista no inciso V do art. 6º da Lei nº 7.713/1988, ao passo que os juros de mora cobrados no presente AI se referem às “diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor – URV” (Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20/2003, art. 2º). Em julgado recente, o STJ confirmou que a tese fixada no recurso submetido ao rito do art. 543C do CPC se restringe à exigência do imposto de renda sobre os juros moratórios pagos em virtude de decisão judicial proferida em ação de natureza trabalhista, devidos no contexto de rescisão de contrato de trabalho, por força da norma isentiva prevista no inciso V do art. 6º da Lei nº 7.713/1988, em acórdão assim ementado: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. INCIDÊNCIA. JUROS DE MORA. CARÁTER REMUNERATÓRIO. TEMA JULGADO PELO STJ SOB A SISTEMÁTICA DO ART. 543C DO CPC. 1. Por ocasião do julgamento do REsp 1.227.133/RS, pelo regime do art. 543C do CPC (recursos repetitivos), consolidou se o entendimento no sentido de que "não incide imposto de renda sobre os juros moratórios legais em decorrência de sua natureza e função indenizatória ampla." Todavia, após o julgamento dos embargos de declaração da Fazenda Nacional, esse entendimento sofreu profunda alteração, e passou a prevalecer entendimento menos abrangente. Concluiuse neste julgamento que "os juros de mora pagos em virtude de decisão judicial proferida em ação de natureza trabalhista, devidos no Fl. 211DF CARF MF Impresso em 30/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 23/10/2012 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 25/10/2012 por ANTONIO DE PA DUA ATHAYDE MAGALHAES Processo nº 10530.724326/200938 Acórdão n.º 2801002.742 S2TE01 Fl. 212 14 contexto de rescisão de contrato de trabalho, por se tratar de verba indenizatória paga na forma da lei, são isentos do imposto de renda, por força do art. 6º, V, da Lei 7.713/88, até o limite da lei". 2. Na hipótese, não sendo as verbas trabalhistas decorrentes de despedida ou rescisão contratual de trabalho, assim como por terem referidas verbas (horas extras) natureza remuneratória, deve incidir o imposto de renda sobre os juros de mora. Agravo regimental improvido. (AgRg no AgRg no REsp 1235772 / RS, julgado em 26/06/2012) Ultrapassada esta questão, cabe perquirir se incide o IR sobre os juros devidos em virtude do pagamento em atraso das diferenças de remuneração ocorridas na conversão de Cruzeiro Real para URV. Nesse contexto, entendo que um singelo argumento bastaria para se chegar a conclusão de que a regra é a incidência de imposto de renda sobre os juros moratórios: se o legislador estabeleceu uma isenção de imposto de renda para os juros de mora pagos em virtude de decisão judicial proferida em ação trabalhista, devidos no contexto de rescisão de contrato de trabalho (Lei nº 7.713/1988, art. 6º, V), é porque os juros de mora estão no campo de incidência do IR. Se não estivessem, desnecessária seria a instituição, por lei, de uma hipótese de isenção tributária. Nada obstante, oportuno acrescentar outros fundamentos que reforçam a tese de incidência de IR sobre os juros moratórios (expostos no Resp nº 1.227.133/RS), quando inexiste norma que exclua o crédito tributário (norma de isenção), elucidando a natureza das parcelas cuja possibilidade de tributação se discute. Os juros de mora, não restam dúvidas, têm a finalidade de reparar prejuízos decorrentes da demora no pagamento da quantia principal, de sorte que é patente a sua natureza indenizatória. Assim, o que deve se verificar, creio eu, é se o simples fato de os juros de mora possuírem natureza indenizatória é suficiente para os excluírem da esfera de incidência do imposto de renda. A esse respeito, penso que não é possível subsistir o entendimento de que a verificação da incidência do imposto de renda deve ter por base unicamente o caráter remuneratório ou indenizatório da parcela que se quer tributar, já que não são apenas as verbas remuneratórias que podem representar aumento de patrimônio daquele que as recebe. De fato, as indenizações, em regra, são valores destinados à recomposição do patrimônio (material ou imaterial) daquele que foi lesado em seu direito. Contudo, uma análise mais detida do conceito de indenização denota que, a par de sua função de reposição patrimonial (reparação de danos emergentes), o pagamento de indenização pode, por vezes, representar aumento do patrimônio de quem a recebe, na medida em que visem à reparação de ganhos que deixou de obter, ou seja, lucros cessantes. Existem hipóteses em que a indenização não acarretará ganho patrimonial, como ocorre no caso de reparação de dano emergente efetivamente suportado. Entretanto, se a indenização tem função compensatória, ou seja, se destina a reparar aquilo que o lesado em seu direito deixou de ganhar (lucro cessante), o seu recebimento acarretará aumento patrimonial. Fl. 212DF CARF MF Impresso em 30/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 23/10/2012 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 25/10/2012 por ANTONIO DE PA DUA ATHAYDE MAGALHAES Processo nº 10530.724326/200938 Acórdão n.º 2801002.742 S2TE01 Fl. 213 15 Nessa linha de raciocínio, entendo que o fator determinante para se verificar a incidência ou não do imposto de renda (mesmo sobre os valores classificados como indenização) não é simplesmente o seu caráter remuneratório ou indenizatório, mas sim a ocorrência ou não de acréscimo na esfera patrimonial do beneficiado, nos exatos termos da regra matriz de incidência do IR (CTN, artigo 43, I e II). Assim, se o recebimento da indenização importa acréscimo patrimonial, certo é que, em regra, estará sujeito à incidência do IR, só havendo dispensa de seu pagamento se houver previsão legal expressa (isenção). Os juros moratórios em questão não são destinados à recomposição de um dano emergente, mas sim à compensação por algo que se deixou de ganhar, em razão do atraso do pagamento da parcela principal. Têm, pois, natureza de indenização por lucros cessantes, ou seja, indenização com caráter de compensação. É, portanto, evidente o acréscimo patrimonial deles decorrente, já que não se destinam a reparar nenhum dano emergente, mas sim lucros cessantes. Dessa forma, constatado que os valores decorrentes da incidência dos juros moratórios se subsumem à hipótese descrita no artigo 43 do CTN (acréscimo patrimonial), não pode haver dúvidas a respeito da incidência do IR. 8. IMPOSTO DE RENDA E CORREÇÃO MONETÁRIA A correção monetária, por possuir caráter acessório, segue a mesma sorte da verba principal, ou seja, a incidência do imposto de renda sobre a correção monetária está condicionada à tributação da verba principal. Se esta se encontra no campo de incidência do imposto, aquela também estará. Conforme já demonstrando acima, os valores recebidos em decorrência de diferenças de URV ostentam feição remuneratória, constituindo verdadeiros acréscimos patrimoniais, de modo que se justifica a incidência do imposto de renda sobre a correção monetária dos referidos valores. 9. MULTA DE OFÍCIO No tocante à multa de ofício, acompanho o pacífico entendimento deste Colegiado no sentido de ser incabível a exigência de tal penalidade quando o contribuinte demonstre ter sido induzido pelas informações prestadas pela fonte pagadora, incorrendo, deste modo, em erro escusável (erro quanto à classificação de rendimentos informados). Nesse sentido, confiramse os seguintes julgados: 280101.675, 280101.676 e 280101.677, todos da relatoria do Conselheiro Antonio de Pádua Athayde Magalhães. 10. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS Quanto à suposta violação a princípios constitucionais, dentre eles o da isonomia e o da vedação ao confisco, aplico a Súmula CARF nº 2, de cujo teor se extraia a seguinte dicção: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. 11. CONCLUSÃO Fl. 213DF CARF MF Impresso em 30/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 23/10/2012 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 25/10/2012 por ANTONIO DE PA DUA ATHAYDE MAGALHAES Processo nº 10530.724326/200938 Acórdão n.º 2801002.742 S2TE01 Fl. 214 16 Por todo o exposto, voto por rejeitar as preliminares suscitadas e, no mérito, por dar provimento parcial ao recurso para excluir a multa de ofício de 75% (setenta e cinco por cento). Assinado digitalmente Marcelo Vasconcelos de Almeida Fl. 214DF CARF MF Impresso em 30/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/10/2012 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 23/10/2012 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 25/10/2012 por ANTONIO DE PA DUA ATHAYDE MAGALHAES
score : 1.0
Numero do processo: 10980.721519/2010-72
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 15 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Tue Sep 04 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Exercício: 2009
DIRF. PRESUNÇÃO. RETENÇÃO SEM RECOLHIMENTO. A apresentação da DIRF é confissão do sujeito passivo que cria a presunção da retenção por ela retratada. SÚMULA CARF Nº 33 A declaração entregue após o início do procedimento fiscal não produz quaisquer efeitos sobre o lançamento de ofício. Recurso voluntário não provido.
Numero da decisão: 2202-001.967
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann - Presidente. (Assinado digitalmente) Rafael Pandolfo - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Rafael Pandolfo, Antonio Lopo Martinez, Odmir Fernandes, Pedro Anan Junior e Nelson Mallmann. Ausentes, justificadamente, o Conselheiro Helenilson Cunha Pontes.
Nome do relator: RAFAEL PANDOLFO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201208
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF Exercício: 2009 DIRF. PRESUNÇÃO. RETENÇÃO SEM RECOLHIMENTO. A apresentação da DIRF é confissão do sujeito passivo que cria a presunção da retenção por ela retratada. SÚMULA CARF Nº 33 A declaração entregue após o início do procedimento fiscal não produz quaisquer efeitos sobre o lançamento de ofício. Recurso voluntário não provido.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Sep 04 00:00:00 UTC 2012
numero_processo_s : 10980.721519/2010-72
anomes_publicacao_s : 201209
conteudo_id_s : 5167462
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Sep 25 00:00:00 UTC 2012
numero_decisao_s : 2202-001.967
nome_arquivo_s : Decisao_10980721519201072.PDF
ano_publicacao_s : 2012
nome_relator_s : RAFAEL PANDOLFO
nome_arquivo_pdf_s : 10980721519201072_5167462.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann - Presidente. (Assinado digitalmente) Rafael Pandolfo - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Rafael Pandolfo, Antonio Lopo Martinez, Odmir Fernandes, Pedro Anan Junior e Nelson Mallmann. Ausentes, justificadamente, o Conselheiro Helenilson Cunha Pontes.
dt_sessao_tdt : Wed Aug 15 00:00:00 UTC 2012
id : 4289863
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 08:54:03 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041215577915392
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1542; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 249 1 248 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10980.721519/201072 Recurso nº 889.643 Voluntário Acórdão nº 2202001.967 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 15 de agosto de 2012 Matéria IRRF Recorrente JOCKEY CLUB DO PARANÁ Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Exercício: 2009 DIRF. PRESUNÇÃO. RETENÇÃO SEM RECOLHIMENTO. A apresentação da DIRF é confissão do sujeito passivo que cria a presunção da retenção por ela retratada. SÚMULA CARF Nº 33 A declaração entregue após o início do procedimento fiscal não produz quaisquer efeitos sobre o lançamento de ofício. Recurso voluntário não provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann Presidente. (Assinado digitalmente) Rafael Pandolfo Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Rafael Pandolfo, Antonio Lopo Martinez, Odmir Fernandes, Pedro AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 72 15 19 /2 01 0- 72 Fl. 249DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 03/09/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 31/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO 2 Anan Junior e Nelson Mallmann. Ausentes, justificadamente, o Conselheiro Helenilson Cunha Pontes. Fl. 250DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 03/09/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 31/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 10980.721519/201072 Acórdão n.º 2202001.967 S2C2T2 Fl. 250 3 Relatório 1 Procedimento de Fiscalização Em consulta ao programa DIRF x DARF, a Fiscalização constatou falta de recolhimento e confissão em DCTF de IRRF sobre trabalho assalariado e trabalho sem vínculo empregatício referente ao exercício de 2009. Em 13/04/10, o recorrente foi intimado a apresentar planilha da Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte (DIRF) do período de 01/01/09 a 31/12/09 (fl. 6), solicitação que restou atendida. 2 Auto de Infração Foi lavrado auto de infração (fls. 2332), em 17/05/2010, constituindo crédito tributário no montante de R$ 60.394,64, incluídos imposto, multa de 75% e juros de mora. O fundamento da autuação foi falta de recolhimento e de declaração, em DCTF, de débitos referentes ao IRRF. Os eventos jurídicotributários englobaram o anocalendário de 2009, com a autuada tomando ciência em 24/05/2010 (fl. 33). 3 Impugnação O contribuinte apresentou impugnação, tempestivamente, em 23/06/10, (fls. 3438), instruída com os documentos de fls. 42220 e erigida sobre os seguintes argumentos: a) o lançamento é inexigível, uma vez que os valores de IRRF devidos no anocalendário 2009 estão sendo pagos via parcelamento; e b) a autoridade fiscal procedeu ao lançamento da diferença entre os valores declarados na DIRF e os declarados na DCTF do 1º semestre/2009, sem entretanto considerar os valores lançados na DCTF do 2º semestre. Em anexo à impugnação, juntou documentos que comprovariam o parcelamento dos valores lançados (anexo II). 4 Acórdão de Impugnação A 3ª Turma da DRJ/RPO julgou a impugnação e acordou, por unanimidade, pela procedência do auto de infração, mantendo o crédito tributário exigido (fl. 228229), alinhando os seguintes argumentos: a) os valores declarados na DCTF do 2º semestre não foram considerados pois foram declarados apenas em 21/05/10, após o termo de intimação (13/04/10) e lavratura do auto de infração (17/05/10), excluindose a hipótese de espontaneidade e nulidade do auto de infração; Fl. 251DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 03/09/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 31/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO 4 b) o lançamento levou em consideração os valores declarados a maior na DCTF referente ao 1º semestre; c) o pedido de parcelamento dos débitos de IRRF confessados em DCTF original do 1º semestre/2009 e na DCTF retificadora do 2º semestre/09 foi formalizado em 31/05/10, isso é, após a ciência do lançamento fiscal, em 24/05/10. 5 Recurso Voluntário A recorrente, tomando ciência do resultado do julgamento de sua impugnação em 18/10/10, interpôs recurso voluntário, em 17/11/10, repisando os argumentos da impugnação. É o relatório. Fl. 252DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 03/09/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 31/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 10980.721519/201072 Acórdão n.º 2202001.967 S2C2T2 Fl. 251 5 Voto Conselheiro Relator Rafael Pandolfo O presente recurso atende aos requisitos legais de admissibilidade do Decreto nº 70.235/72, motivo pelo qual merece ser conhecido. 1 Da improcedência do lançamento Em breve repasse dos fatos, o lançamento fiscal decorre de verificações efetuadas no Programa DIRF x DARF, que culminaram na constatação de falta de recolhimento e de declaração em DCTF de débitos de IRRF (códigos 0561 e 0588 da Receita Federal) referentes ao anocalendário 2009. No lançamento fiscal (17/05/10), foram consideradas a DCTF original do 1º semestre/2009 (07/10/09), que declarava e confessava os débitos de IRRF do período, e a DCTF original do 2º semestre/2009 (08/04/2010), que não declarava débito algum. Desta forma, restou constituído crédito tributário no montante de R$ 60.394,64, incluídos imposto, multa de ofício de 75% e juros de mora, relativos aos débitos de IIRF não pagos e não declarados em DCTF. Em 21/05/2010, após termo de intimação (19/04/09 — fl. 08) e lavratura do auto de infração (17/05/10 — fls. 2332), a recorrente apresentou DCTF retificadora do 2º semestre/2009 (fls. 157205 e 226227), declarando e confessando, dentre outros valores, os débitos de IRRF referentes ao período de julho a dezembro de 2009. Em ato subsequente, a recorrente alega que solicitou parcelamento dos débitos objeto do presente lançamento, recebendo confirmação neste sentido em 31/05/10 (fls. 99102). Desta forma, a recorrente postula a improcedência do lançamento tendo em vista (i) o não reconhecimento dos valores declarados na DCTF retificadora do 2º semestre/2009 e (ii) o parcelamento do crédito tributário. A solução do caso passa pela análise das modalidades de lançamento, tema a respeito do qual já se consignou que: [...] como bem define o Prof. Luciano Amaro, a relação jurídica nasce com a ocorrência do fato jurídico tributário e ganha exigibilidade com o lançamento tributário (lançamento de ofício), ou o autolançamento. O lançamento de ofício configura ato administrativo vinculado, privativo da autoridade fiscal, previsto no art. 142 do Código Tributário Nacional. Através dele, o crédito tributário é constituído, tornandose exigível a conduta correspondente ao pagamento pelo sujeito passivo. Em face dos distintos contextos nos quais esse ato poderá ser produzido pela autoridade fiscal, entendese que ele pode ser originário ou suplementar. (...) Fl. 253DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 03/09/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 31/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO 6 O lançamento de ofício originário tem lugar nos tributos em que a legislação atribui à autoridade fazendária o ônus de realização do lançamento. Exemplos: IPTU, IPVA. O lançamento de ofício suplementar, de sua vez, ocorre nos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, nos casos em que o sujeito passivo que deveria, originariamente, constituir o crédito tributário através do autolançamento incorre em omissões, que serão objeto de um lançamento de ofício (suplementar) com provável imposição de multa. (...) O autolançamento, por sua vez, diz respeito aos atos praticados pelos contribuintes, aos quais certas normas de competência que integram o ordenamento jurídico atribuem eficácia constitutiva da relação jurídica tributária, como, por exemplo, a Declaração de Contribuições e Tributos Federais (DCTF). Difere do lançamento de ofício no que diz respeito, apenas, ao órgão produtor do atonorma. (PANDOLFO, Rafael. Jurisdição Constitucional Tributária: Reflexos nos Processos Administrativo e Judicial. São Paulo: Noeses, 2012, p. 3031) Uma vez realizado o lançamento, resta constituído o crédito tributário, que poderá ser modificado por lançamento suplementar realizado pelo ente fazendário, em caso de omissões no autolançamento do contribuinte. No presente caso, a DCTF retificadora do 2º semestre/2009 (autolançamento) foi apresentada somente após a realização do lançamento de ofício, não possuindo, portanto, qualquer eficácia perante o crédito já constituído mediante o auto de infração, em atenção ao entendimento cristalizado na Súmula CARF nº 33: A declaração entregue após o início do procedimento fiscal não produz quaisquer efeitos sobre o lançamento de ofício. Desta forma, procedeu corretamente a fiscalização ao desconsiderar os valores declarados em DCTF para o 2º semestre de 2009. No que toca ao parcelamento realizado pela recorrente, não restam dúvidas de que também carece de qualquer efeito contra o crédito consubstanciado pelo auto de infração, uma vez que confirmado somente após a lavratura do auto de infração. Portanto, considerando que o auto não apresenta qualquer elemento que infirme sua higidez, deverá ser mantida a exigibilidade do crédito tributário. Quanto à alegação da recorrente de que já teriam sido pagos valores em sede de parcelamento, deve ser considerado que, se por um lado, tais pagamentos não infirmam a higidez do auto de infração, por outro constituem causa extintiva do crédito tributário nele constituído. Nesse sentido, verificase que a recorrente junta DARF’s (fls. 103 e 104) para comprovar o pagamento das parcelas, as quais, entretanto, parecem não guardar vínculo relacional com o crédito aqui exigido, seja pelo valor correspondente, seja pelo código da receita. De qualquer modo, eventuais pagamentos já realizados, se devidamente comprovados pela recorrente junto à SECAT, deverão ser considerados para abatimento do respectivo crédito tributário. Deste modo, voto por NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. Fl. 254DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 03/09/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 31/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 10980.721519/201072 Acórdão n.º 2202001.967 S2C2T2 Fl. 252 7 (Assinado digitalmente) Rafael Pandolfo Fl. 255DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 03/09/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 31/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO
score : 1.0
Numero do processo: 11080.908812/2008-34
Turma: Segunda Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 23 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Fri Dec 28 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005
CRÉDITO-PRÊMIO DE IPI. APURAÇÃO DA LIQUIDEZ. APRESENTAÇÃO DA DOCUMENTAÇÃO COMPROBATÓRIA DA EFETIVA EXPORTAÇÃO. OBRIGATORIEDADE.
A comprovação das exportações realizadas, mediante apresentação das guias de exportação, carimbadas pela Cacex, acompanhada dos documentos comprobatórios do desembaraço aduaneiro e da quitação dos títulos cambiais, originais ou autenticados, é condição necessária para comprovar a liquidez do crédito-prêmio de IPI utilizado na compensação declarada.
COMPENSAÇÃO. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO (DCOMP). CRÉDITO ILÍQUIDO. HOMOLOGAÇÃO DA COMPENSAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.
A falta de comprovação da liquidez do crédito impossibilita a homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3802-001.386
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 2ª Turma Especial da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. O Dr. Luiz Felipe Schmitt Mussnich, OAB RS nº 44.671, fez sustentação oral.
(assinado digitalmente)
Regis Xavier Holanda - Presidente.
(assinado digitalmente)
José Fernandes do Nascimento - Relator.
EDITADO EM: 01/11/2012
Participaram da Sessão de julgamento os Conselheiros Regis Xavier Holanda, Francisco José Barroso Rios, José Fernandes do Nascimento e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira. Ausentes os Conselheiros Solon Sehn e Bruno Maurício Macedo Curi.
Nome do relator: JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201210
ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005 CRÉDITO-PRÊMIO DE IPI. APURAÇÃO DA LIQUIDEZ. APRESENTAÇÃO DA DOCUMENTAÇÃO COMPROBATÓRIA DA EFETIVA EXPORTAÇÃO. OBRIGATORIEDADE. A comprovação das exportações realizadas, mediante apresentação das guias de exportação, carimbadas pela Cacex, acompanhada dos documentos comprobatórios do desembaraço aduaneiro e da quitação dos títulos cambiais, originais ou autenticados, é condição necessária para comprovar a liquidez do crédito-prêmio de IPI utilizado na compensação declarada. COMPENSAÇÃO. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO (DCOMP). CRÉDITO ILÍQUIDO. HOMOLOGAÇÃO DA COMPENSAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. A falta de comprovação da liquidez do crédito impossibilita a homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo. Recurso Voluntário Negado.
turma_s : Segunda Turma Especial da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Dec 28 00:00:00 UTC 2012
numero_processo_s : 11080.908812/2008-34
anomes_publicacao_s : 201212
conteudo_id_s : 5178430
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Dec 28 00:00:00 UTC 2012
numero_decisao_s : 3802-001.386
nome_arquivo_s : Decisao_11080908812200834.PDF
ano_publicacao_s : 2012
nome_relator_s : JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO
nome_arquivo_pdf_s : 11080908812200834_5178430.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 2ª Turma Especial da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. O Dr. Luiz Felipe Schmitt Mussnich, OAB RS nº 44.671, fez sustentação oral. (assinado digitalmente) Regis Xavier Holanda - Presidente. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento - Relator. EDITADO EM: 01/11/2012 Participaram da Sessão de julgamento os Conselheiros Regis Xavier Holanda, Francisco José Barroso Rios, José Fernandes do Nascimento e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira. Ausentes os Conselheiros Solon Sehn e Bruno Maurício Macedo Curi.
dt_sessao_tdt : Tue Oct 23 00:00:00 UTC 2012
id : 4430281
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 08:55:39 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041215612518400
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1969; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3TE02 Fl. 20 1 19 S3TE02 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11080.908812/200834 Recurso nº 946.546 Voluntário Acórdão nº 3802001.386 – 2ª Turma Especial Sessão de 23 de outubro de 2012 Matéria IPI RESSARCIMENTO Recorrente CIBER EQUIPAMENTOS RODOVIÁRIOS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005 CRÉDITOPRÊMIO DE IPI. APURAÇÃO DA LIQUIDEZ. APRESENTAÇÃO DA DOCUMENTAÇÃO COMPROBATÓRIA DA EFETIVA EXPORTAÇÃO. OBRIGATORIEDADE. A comprovação das exportações realizadas, mediante apresentação das guias de exportação, carimbadas pela Cacex, acompanhada dos documentos comprobatórios do desembaraço aduaneiro e da quitação dos títulos cambiais, originais ou autenticados, é condição necessária para comprovar a liquidez do créditoprêmio de IPI utilizado na compensação declarada. COMPENSAÇÃO. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO (DCOMP). CRÉDITO ILÍQUIDO. HOMOLOGAÇÃO DA COMPENSAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. A falta de comprovação da liquidez do crédito impossibilita a homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 2ª Turma Especial da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. O Dr. Luiz Felipe Schmitt Mussnich, OAB RS nº 44.671, fez sustentação oral. (assinado digitalmente) Regis Xavier Holanda Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 90 88 12 /2 00 8- 34 Fl. 766DF CARF MF Impresso em 28/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/11/2012 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 27 /11/2012 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 18/12/2012 por REGIS XAVIER HOLA NDA 2 (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Relator. EDITADO EM: 01/11/2012 Participaram da Sessão de julgamento os Conselheiros Regis Xavier Holanda, Francisco José Barroso Rios, José Fernandes do Nascimento e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira. Ausentes os Conselheiros Solon Sehn e Bruno Maurício Macedo Curi. Relatório Tratase de Recurso Voluntário oposto com o objetivo de reformar o Acórdão proferido pelos membros da 3ª Turma de Julgamento da DRJ em Porto Alegre/RS, em que, por unanimidade de votos, não acolheram a preliminar de nulidade, e, quanto ao mérito, julgaram improcedente a manifestação de inconformidade, para manter o Despacho Decisório Eletrônico contestado, com base nos fundamentos expostos no enunciado da ementa a seguir transcrito: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS – IPI Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005 PRELIMINAR DE NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA. Incabível a decretação de nulidade do Despacho Decisório, sob o argumento de cerceamento de defesa, quando o Relatório Fiscal que o acompanha contém as informações necessárias e suficientes para justificar as glosas. ALEGAÇÕES DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. A autoridade administrativa não é competente para examinar alegações de ilegalidade/inconstitucionalidade de leis regularmente editadas, tarefa privativa do Poder Judiciário. CRÉDITOPRÊMIO DO IPI. COMPROVAÇÃO DAS EXPORTAÇÕES. Justificase a manutenção da glosa do créditoprêmio do IPI registrado na escrita fiscal se não foi apresentada a documentação original comprobatória das efetivas exportações, e a documentação apresentada com a manifestação de inconformidade não supriu tal deficiência, por estar incompleta, não autenticada e ilegível ou rasurada. ACRÉSCIMOS LEGAIS. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, são acrescidos de multa de mora e de juros de mora. Manifestação de Inconformidade Improcedente Fl. 767DF CARF MF Impresso em 28/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/11/2012 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 27 /11/2012 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 18/12/2012 por REGIS XAVIER HOLA NDA Processo nº 11080.908812/200834 Acórdão n.º 3802001.386 S3TE02 Fl. 21 3 Direito Creditório Não Reconhecido Por bem descrever os fatos registrados até a prolação do Acórdão de primeiro grau, transcrevo a seguir o relatório encartado no referido julgado: Tratase de manifestação de inconformidade diante de Despacho Decisório Eletrônico – DDE do Delegado da Receita Federal do Brasil em Porto Alegre, que reconheceu parcialmente o direito ao ressarcimento de saldo credor do IPI, no 1º trimestre de 2005, pleiteado através do PER/DCOMP nº 39560.56079.280705.1.1.010548, transmitido em 27 de julho de 2004. O montante solicitado corresponde a R$ 675.573,96 e foi reconhecido o crédito de R$ 297.472,77. Os motivos para o deferimento parcial foram a constatação de que o saldo credor passível de ressarcimento é inferior ao valor pleiteado e a ocorrência de glosa de créditos considerados indevidos, em procedimento fiscal. As conclusões do procedimento fiscal levado a efeito para apurar a legitimidade deste e outros pedidos formulados pelo contribuinte estão descritas no Relatório Fiscal, que anexei ao processo, obtido no site da RFB na internet, na qual consta, em síntese, que no período compreendido entre o 2º trimestre de 2004 e o 3º trimestre de 2005 o contribuinte consignou, no livro Registro de Apuração do IPI – RAIPI – o montante de R$ 2.110.903,59 a título de créditoprêmio, de que trata o art. 1º do DecretoLei nº 491, de 05/03/1969, tendo por fundamento decisão judicial transitada em julgado, que lhe assegurou o aproveitamento desse benefício, relativo ao período de 01/01/1980 a 01/04/1981. Todavia, não apresentou a documentação original comprobatória de todas as exportações que originaram tal crédito, o que impossibilitou a verificação de sua legitimidade. Além disso, em análise preliminar das planilhas de apuração do crédito, a fiscalização também constatou irregularidades com relação a taxa de câmbio e alíquotas de IPI adotadas pela empresa. Em decorrência, foi integralmente glosado o créditoprêmio escriturado, que no período relativo ao presente processo corresponde a R$ 406.216,04. Irresignado, o contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade tempestiva, na qual alega, em preliminar, a nulidade do Despacho Decisório, por falta de fundamentação, tendo em vista que o autor da Informação Fiscal teria feito alegações genéricas para justificar as glosas, não tendo demonstrado quais parcelas correspondem às irregularidades apontadas, nem a fundamentação legal das exclusões. Prossegue afirmando que o Despacho Decisório menciona pelo menos três PER/DCOMPS diferentes, com direitos creditórios e cálculos próprios, mas o Relatório de Fiscalização teria demonstrado o somatório final dos valores não aceitos. Fl. 768DF CARF MF Impresso em 28/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/11/2012 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 27 /11/2012 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 18/12/2012 por REGIS XAVIER HOLA NDA 4 Sustenta também que a referida manifestação seria imprópria, por não conter “qualquer indicação ou menção quanto aos fatos que a motivaram, denotandose flagrante cerceamento de defesa, haja vista não declinar o i. Fiscal, especificamente, de forma minuciosa, os motivos pelos quais glosou o crédito da Requerente.” Assim, considera que teriam sido afrontados o art. 5°, inciso LV, bem como no art. 93, IX da Constituição Federal, que transcreve. Quanto ao mérito, defende, inicialmente, o seu direito ao ressarcimento do créditoprêmio de IPI, discorrendo sobre os fundamentos legais do benefício, bem como sobre a ilegalidade da Portaria MF nº 960, de 1979, que determinou a sua suspensão, concluindo que o seu direito decorre de provimento judicial que não pode ser obstruído pelo Despacho Decisório atacado. Quanto à ausência de comprovação das exportações, alega que a documentação original existe, teria sido juntada ao processo judicial, e que está anexando cópias desta (doc. 05), sendo incabível o argumento da fiscalização, que também não tem fundamento legal. Também considera inadequada citação de ementa de acórdão do TRF4a Região, pois aplicase somente às partes do processo judicial em que proferido, à vista do art. 472 do Código de Processo Civil, além de referirse a liquidação de sentença por artigos, na esfera judicial. Alega que a comprovação das exportações teria sido realizada no bojo do processo judicial como forma de demonstrar a legitimidade de seu pleito. Observa também que o citado acórdão não refere a necessidade de apresentação de documentos originais para comprovação do direito. A seguir insurgese contra a atualização, pela taxa Selic, dos débitos que estão sendo exigidos em decorrência da não homologação das compensações declaradas, alegando sua inconstitucionalidade. Também contesta os percentuais de multa e juros aplicados, dizendo que a carta cobrança não especifica a fundamentação legal para sua exigência, o que caracteriza cerceamento de defesa. Ademais a aplicação de multa de 20% afrontaria a política econômica praticada pelo governo e o princípio da capacidade contributiva previsto na Constituição Federal. Defende, ainda, a possibilidade dos órgãos judicantes da administração pública analisarem a constitucionalidade das leis. Por fim, reitera o pedido de acolhimento da preliminar de nulidade. Quanto ao mérito, requer a reforma do DDE e a desconsideração das glosas praticadas. Protesta pela juntada posterior de documentos que comprovem seu direito. Em 11/04/2012, a Interessada foi cientificada do referido Acórdão. Inconformada, em 09/05/2012, apresentou o presente Recurso Voluntário, em que, apenas em relação ao mérito, reafirmou as razões de defesa suscitadas na Manifestação de Inconformidade colacionada aos autos. Em aditamento, alegou que: Fl. 769DF CARF MF Impresso em 28/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/11/2012 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 27 /11/2012 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 18/12/2012 por REGIS XAVIER HOLA NDA Processo nº 11080.908812/200834 Acórdão n.º 3802001.386 S3TE02 Fl. 22 5 a) a exigência de apresentação das vias originais dos documentos comprobatórios das exportações efetuadas pela Recorrente, como condição para o reconhecimento do direito creditório pleiteado, mostrase incabível, com base no argumento de que as cópias das Guias de Exportação juntadas ao processo judicial tornaram autênticas, uma vez que a Fazenda Nacional não havia impugnado a autenticidade de tais documentos; b) a não contestação pela Fazenda Nacional do demonstrativo de cálculo apresentado na fase de liquidação judicial também afastava a alegação de que a documentação apresentada no processo judicial seria insuficiente para quantificar o montante do crédito pleiteado; e c) a não contestação da veracidade dos documentos no âmbito do citado processo judicial impossibilitava a renovação da questão no âmbito deste processo. No final, requereu o apensamento deste processo ao de nº 11080.000687/2007 31, que se encontra pendente de julgamento neste Conselho e tratava da mesma matéria discutida nos presentes autos, para que fossem analisados conjuntamente toda a documentação trazida em cada um deles. No mérito, requereu que fosse julgado totalmente improcedente o lançamento fiscal constante do presente Despacho Decisório, homologandose integralmente a compensação efetuada. Em 11/05/2012, os presentes autos foram enviados a este E. Conselho. Na Sessão de junho de 2012, mediante sorteio, foram distribuídos para este Conselheiro. É o relatório. Voto Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Relator O presente Recurso é tempestivo, foi apresentado por parte legítima, trata de matéria da competência deste Colegiado e preenche os demais requisitos de admissibilidade, incluindo o limite alçada, portanto, dele tomo conhecimento. Do pedido de apensamento. Sob o argumento de que tratavam da mesma matéria, a Recorrente requereu o apensamento deste processo ao de nº 11080.000687/200731, para que fossem apreciados em conjunto, de modo a se estabelecer um único julgamento com base nos fundamentos de fato e de direito neles aduzidos. O referido processo trata de Auto de Infração, formalizado para cobrança de crédito tributário resultante da glosa dos valores do créditoprêmio de IPI, indevidamente registrados na escrita fiscal da Recorrente, no 2º decêndio de agosto de 2001 e no 3º decêndio de novembro de 2001, enquanto que os presentes autos tratam da exigência de crédito tributário indevidamente compensado, em decorrência da inexistência do crédito utilizado, por força da glosa dos valores do créditoprêmio de IPI, indevidamente registrados no 2º trimestre de 2004. Fl. 770DF CARF MF Impresso em 28/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/11/2012 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 27 /11/2012 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 18/12/2012 por REGIS XAVIER HOLA NDA 6 Assim, embora o motivo da referida autuação seja a falta de comprovação dos valores do suposto créditoprêmio de IPI objeto da presente controvérsia, entendo inviável o apensamento pleiteado, porque os respectivos processos tratam de matérias distintas (autuação e compensação). Do objeto da presente controvérsia. A presente controvérsia limitase a comprovação, com documentação hábil e idônea, da efetiva realização das exportações que ensejariam o direito ao valor do crédito prêmio utilizado pela Recorrente no presente procedimento compensatório. Em outras palavras, a presente lide cingese a questão atinente à liquidez do direito creditório informado pela Recorrente, posto que o reconhecimento da sua certeza já foi feito no âmbito do processo da Ação Ordinária nº 00.06914616, que tramitou perante a 5ª Vara Federal de Porto Alegre/RS. Segundo o Relatório de Fiscal de fls. 600/603, embora devidamente intimidado, a Recorrente não apresentou os originais das guias de exportação carimbadas pela Cacex e dos documentos comprobatórios do desembaraço aduaneiro e da quitação dos títulos cambiais, a documentação reputada hábil e idônea a comprovar as exportações realizadas no período de 01/01/1980 e 01/04/1981. Em resposta a referida intimação, declarou a Recorrente que os documentos originais havia sido extraviados, possuindo apenas as cópias das Guias de Exportação. Em relação esse ponto, no presente Recurso, alegou a Interessada que a exigência de apresentação das vias originais dos citados documentos mostravase incabível, com base no argumento de que as cópias das Guias de Exportação juntadas ao processo judicial tornaram autênticas, uma vez que a Fazenda Nacional não havia impugnado a autenticidade de tais documentos no âmbito do processo judicial. Não procede tal alegação, pois, no processo da Ação Ordinária nº 00.0691461 6 a demanda limitouse apenas ao acertamento do direito de a Recorrente creditarse do valor do créditoprêmio de IPI, previsto no art. 1º do Decretolei nº 491, de 1996. Confirma o asseverado o teor da Petição Inicial de fls. 117/163 e do dispositivo da Sentença de fls. 181/193. Ora, se a apuração do valor crédito não foi objeto do referido processo de conhecimento, obviamente a análise da idoneidade da documentação comprobatória das exportações não estava em discussão, logo, não poderia a Fazenda Nacional manifestarse sobre a matéria. O momento propício para tal análise, evidentemente, era na fase de liquidação de sentença, o que não ocorreu no caso em tela. Também não procede a alegação de que, no âmbito do processo administrativo nº 11080.009612/9774 (fls. 237/279), a referida documentação não sofrera qualquer contestação por parte da Fisco. De fato, tal contestação não houve, mas por motivo óbvio, o objeto da discussão limitouse ao alcance da decisão judicial, especialmente em relação às questões atinentes aos índices de atualização do crédito e a forma de ressarcimento do valor pleiteado. Assim, como não fez parte da lide a análise da apuração do valor do crédito, não foi objeto de apreciação a suposta documentação colacionada aos referidos autos. Não assiste razão a alegação da Recorrente de que a não contestação, pela Fazenda Nacional, do demonstrativo de cálculo apresentado na fase de liquidação judicial também afastava a alegação de que a documentação apresentada no processo judicial era insuficiente para quantificar o montante do crédito pleiteado. Primeiro, porque não há autos provas de que a Recorrente tenha apresentado tal demonstrativo. Segundo, porque há Informação da Contadoria Judicial do nos autos Fl. 771DF CARF MF Impresso em 28/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/11/2012 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 27 /11/2012 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 18/12/2012 por REGIS XAVIER HOLA NDA Processo nº 11080.908812/200834 Acórdão n.º 3802001.386 S3TE02 Fl. 23 7 (fl. 219) que declara a impossibilidade de realização da conta de liquidação do feito, uma vez que “os documentos constantes nos autos não possibilitam verificar a importância que fazia jus o autor”. Não corresponde a verdade dos autos, a informação da Recorrente de que “a documentação original fora juntada justamente no processo judicial que ensejou o reconhecimento do crédito” em seu favor, pois, conforme expressamente consignado na referida Petição Inicial (fl. 119) e no relatório integrante da referida Sentença (fl. 181), aos referidos autos foram anexadas apenas Guias de Exportação e por amostragem. No meu entendimento, a comprovação da liquidez do créditoprêmio do IPI deve ser feita com base em elementos probatórios robustos que demonstrem de forma cabal as operações de comércio exterior efetivamente realizadas. A jurisprudência do E. TRF da 1ª Região não discrepa desse entendimento, conforme se extrai do enunciado da ementa a seguir a transcrito: PROCESSUAL CIVIL EXECUÇÃO DE SENTENÇA: IPI CRÉDITOPRÊMIO (DL 491/69) EMBARGOS DA FAZENDA NACIONAL PROCEDENTES: EXECUÇÃO ANULADA NECESSIDADE DA PRÉVIA LIQUIDAÇÃO POR ARTIGOS: ART. 608 DO CPC DOCUMENTAÇÃO COMPROBATÓRIA DA EFETIVA EXPORTAÇÃO APELAÇÃO NÃO PROVIDA. 1 O creditamento fundado no incentivo fiscal do antigo Dl 491/69 pressupõe a efetivação da exportação devidamente comprovada, cuja liquidez só se apura à vista de documentos próprios [guia de exportação carimbadas da CACEX (Carteira de Comercio Exterior do Banco do Brasil, delegada do DECEX Departamento de Comercio Exterior), prova do desembaraço aduaneiro e quitação adequada dos títulos cambiais], além da necessária qualificação do produto exportado e sua classificação na NBM (Nomenclatura Brasileira de Mercadorias), o valor do frete e do seguro ("bill of lading"), eventuais exclusões da base de cálculo, data do embarque, documento de conhecimento de embarque com informação sobre o transporte utilizado para a exportação e data de sua saída. Tudo para possibilitar a conferência, pelo órgão fiscalizador, da escrituração contábil da empresa, visando à homologação e/ou à glosa (ônus do contribuinte). 2 Somente com a apresentação de todos os documentos é possível a comprovação de que a empresa praticou, de fato e por completo, os atos de exportação, tornandose beneficiária do incentivo fiscal, nos termos da legislação de regência. O incentivo fiscal à exportação (crédito prêmio do IPI) ganha relevo e efetividade com a concretização da exportação; se, por algum motivo, ela não se consuma (ausência de pagamento, irregularidade na mercadoria, vícios nas notas e registros, problemas na entrega, devolução do produto etc), não há falar em direito ao creditamento, ainda que crédito já houvesse sido lançado, reclamando, nesses casos, o estorno. Fl. 772DF CARF MF Impresso em 28/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/11/2012 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 27 /11/2012 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 18/12/2012 por REGIS XAVIER HOLA NDA 8 4 Uma vez definido o "an debeatur" (processo de conhecimento), fazse necessária a apuração do "quantum debeatur", dependente de comprovação do fato jurígeno do direito a efetiva exportação do bem. A execução, portanto, deverá ser precedida da indispensável liquidação, no caso por artigos, nos termos do art. 603 c/c art 608 do CPC. 5 Apelação não provida. 6 Autos recebidos em Gabinete para lavratura do acórdão aos 28/07/2004. Peças liberadas em 02/08/2004 para publicação do acórdão. (AC 003724910.1997.4.01.3400 / DF, Rel. DESEMBARGADOR FEDERAL TOURINHO NETO, SÉTIMA TURMA, DJ p.131 de 20/08/2004) – grifos não originais. No presente caso, as cópias das Guias de Exportação e das Notas Fiscais colacionadas autos, desacompanhadas da prova da realização do desembaraço aduaneiro e da liquidação da respectiva operação cambial, são insuficientes para comprovar as supostas operações de exportação realizadas pela Recorrente, que deram ensejo ao valor do crédito prêmio utilizado no presente procedimento compensatório, o que inviabiliza a comprovação do requisito da liquidez do direito creditório utilizado, requisito indispensável para realização da compensação tributária, conforme previsto no art. 170 do CTN, combinado com o disposto no art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996. Com base nessas considerações, mantenho a não homologação das compensações, por insuficiência do valor do crédito. Por todo o exposto, NEGO PROVIMENTO ao presente Recurso, para manter na íntegra o Acórdão recorrido. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Fl. 773DF CARF MF Impresso em 28/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/11/2012 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 27 /11/2012 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 18/12/2012 por REGIS XAVIER HOLA NDA
score : 1.0
Numero do processo: 10510.001836/2002-03
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Oct 18 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Mon Feb 25 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/07/1998 a 31/12/1998
LANÇAMENTO ELETRÔNICO. DCTF. MOTIVAÇÃO INCONSISTENTE. CANCELAMENTO DO AUTO DE INFRAÇÃO.
Deve ser cancelado o auto de infração quando a motivação do lançamento (proc jud não comprovad) não se mostrou verdadeira, notadamente em face do conteúdo fático-probatório trazido aos autos.
DECISÃO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO FAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE. AUTO DE INFRAÇÃO. EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. ART. 156, INCISO X, DO CTN.
Proferida decisão, em Ação Judicial ajuizada pelo Contribuinte, anteriormente à lavratura do Auto de Infração, com trânsito em julgado favorável aos seus interesses, fica extinto o crédito tributário, nos termos do inciso X do artigo 156 do Código Tributário Nacional.
Recurso Especial do Procurador Negado.
Numero da decisão: 9303-002.175
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso especial. O Conselheiro Henrique Pinheiro Torres votou pelas conclusões.
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente Substituto
Rodrigo Cardozo Miranda - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Júlio César Alves Ramos, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Pôssas, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Mércia Helena Trajano DAmorim, Maria Teresa Martínez López, Antônio Lisboa Cardoso e Luiz Eduardo de Oliveira Santos.
Matéria: PIS - ação fiscal (todas)
Nome do relator: RODRIGO CARDOZO MIRANDA
1.0 = *:*toggle all fields
materia_s : PIS - ação fiscal (todas)
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201210
camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/07/1998 a 31/12/1998 LANÇAMENTO ELETRÔNICO. DCTF. MOTIVAÇÃO INCONSISTENTE. CANCELAMENTO DO AUTO DE INFRAÇÃO. Deve ser cancelado o auto de infração quando a motivação do lançamento (proc jud não comprovad) não se mostrou verdadeira, notadamente em face do conteúdo fático-probatório trazido aos autos. DECISÃO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO FAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE. AUTO DE INFRAÇÃO. EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. ART. 156, INCISO X, DO CTN. Proferida decisão, em Ação Judicial ajuizada pelo Contribuinte, anteriormente à lavratura do Auto de Infração, com trânsito em julgado favorável aos seus interesses, fica extinto o crédito tributário, nos termos do inciso X do artigo 156 do Código Tributário Nacional. Recurso Especial do Procurador Negado.
turma_s : 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Mon Feb 25 00:00:00 UTC 2013
numero_processo_s : 10510.001836/2002-03
anomes_publicacao_s : 201302
conteudo_id_s : 5187828
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Feb 28 00:00:00 UTC 2013
numero_decisao_s : 9303-002.175
nome_arquivo_s : Decisao_10510001836200203.PDF
ano_publicacao_s : 2013
nome_relator_s : RODRIGO CARDOZO MIRANDA
nome_arquivo_pdf_s : 10510001836200203_5187828.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso especial. O Conselheiro Henrique Pinheiro Torres votou pelas conclusões. Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente Substituto Rodrigo Cardozo Miranda - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Júlio César Alves Ramos, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Pôssas, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Mércia Helena Trajano DAmorim, Maria Teresa Martínez López, Antônio Lisboa Cardoso e Luiz Eduardo de Oliveira Santos.
dt_sessao_tdt : Thu Oct 18 00:00:00 UTC 2012
id : 4502816
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 08:56:34 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041215616712704
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1900; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 276 1 275 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10510.001836/200203 Recurso nº 231.263 Especial do Procurador Acórdão nº 9303002.175 – 3ª Turma Sessão de 18 de outubro de 2012 Matéria PIS Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado G. BARBOSA & CIA. LTDA. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/07/1998 a 31/12/1998 LANÇAMENTO ELETRÔNICO. DCTF. MOTIVAÇÃO INCONSISTENTE. CANCELAMENTO DO AUTO DE INFRAÇÃO. Deve ser cancelado o auto de infração quando a motivação do lançamento (“proc jud não comprovad”) não se mostrou verdadeira, notadamente em face do conteúdo fáticoprobatório trazido aos autos. DECISÃO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO FAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE. AUTO DE INFRAÇÃO. EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. ART. 156, INCISO X, DO CTN. Proferida decisão, em Ação Judicial ajuizada pelo Contribuinte, anteriormente à lavratura do Auto de Infração, com trânsito em julgado favorável aos seus interesses, fica extinto o crédito tributário, nos termos do inciso X do artigo 156 do Código Tributário Nacional. Recurso Especial do Procurador Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso especial. O Conselheiro Henrique Pinheiro Torres votou pelas conclusões. Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente Substituto Rodrigo Cardozo Miranda Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 51 0. 00 18 36 /2 00 2- 03 Fl. 309DF CARF MF Impresso em 28/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/12/2012 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 26/12/2012 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 22/02/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Júlio César Alves Ramos, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Pôssas, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Mércia Helena Trajano D’Amorim, Maria Teresa Martínez López, Antônio Lisboa Cardoso e Luiz Eduardo de Oliveira Santos. Relatório Cuidase de Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional (fls. 254 a 260) contra o v. acórdão proferido pela Quarta Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes (fls. 246 a 251) que, por maioria de votos, deu provimento ao Recurso Voluntário e, por unanimidade de votos, negou provimento ao Recurso de Ofício. O auto de infração eletrônico, em síntese, apresentou como fundamento “Proc jud de outro CNPJ”. O v. acórdão recorrido tem a seguinte ementa: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/07/1998 a 31/12/1998 PIS. COMPENSAÇÃO. AÇÃO JUDICIAL. Se o crédito tributário está com a sua exigibilidade suspensa, nada obsta o lançamento de ofício deste. Contudo, se no curso do processo fiscal o contribuinte obtiver título judicial definitivo reconhecendo determinado indébito e declarando o direito à compensação com o valor sob exação, este deve ser compensado com aquele e nos termos daquele, a ser quantificado pelo Fisco, com as cautelas de praxe. Recurso de ofício negado NORMAS PROCESSUAIS. LANÇAMENTO POR REVISÃO DE DCTF. INSUBSISTÊNCIA DA ACUSAÇÃO. IMPROCEDÊNCIA. Comprovada pelo contribuinte a veracidade das informações constantes em sua DCTF tornase improcedente lançamento efetuado nos moldes do art. 90 da Medida Provisória nº 2.58 35, cuja acusação é exatamente a existência de débito exigível em decorrência da inexatidão das informações prestadas. O lançamento para prevenir a decadência apenas é necessário se o débito suspenso não está regularmente confessado na DCTF.” (grifos nossos) A Colenda Câmara a quo entendeu, em síntese, na esteira do voto vencedor proferido pelo Ilustre Conselheiro Júlio César Alves Ramos, que a acusação fiscal no sentido de que inexistiria ação judicial, no curso da qual se teriam efetuado depósitos suspensivos da exigibilidade do crédito confessado em DCTF, restou desmentida pelos documentos trazidos aos autos pelo contribuinte em sua defesa. Irresignada, a Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial, arguindo que: (i) o lançamento foi lavrado pelo não reconhecimento de valores do PIS informados em DCTF, porquanto não confirmados os processos judiciais; (ii) inexiste, no caso, cerceamento ao direito Fl. 310DF CARF MF Impresso em 28/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/12/2012 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 26/12/2012 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 22/02/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10510.001836/200203 Acórdão n.º 9303002.175 CSRFT3 Fl. 277 3 de defesa, pois os fundamentos da autuação restaram devidamente consignados no auto de infração; (iii) faziase necessária a constituição do crédito tributário para prevenção de decadência, independentemente da suspensão da exigibilidade; e, por fim, (iv) faziase necessária a comprovação da desistência da execução pela via judicial, a fim de evitar a execução nas duas frentes (administrativa e judicial). O recurso especial da Fazenda Nacional foi admitido através do r. despacho de fls. 268. A Recorrida não apresentou contrarrazões (fl. 274). É o relatório. Voto Conselheiro Rodrigo Cardozo Miranda, Relator Presentes os requisitos de admissibilidade, entendo que o recurso especial deve ser conhecido. Quanto ao mérito, o acórdão recorrido entendeu pelo provimento do Recurso Voluntário apresentado pela Recorrida, exonerandoa da exigência consubstanciada no Auto de Infração. Entendo que tal decisão deve ser mantida, conforme passo a demonstrar. A lavratura do Auto de Infração e a sua manutenção pelo não reconhecimento dos valores compensados em DCTF, em virtude da ausência de comprovação de Ação Judicial, ou, mais especificamente, “Proc Jud de outro CNPJ”, não merece guarida. Como visto, o lançamento originouse de suposta insuficiência de pagamento de tributo. A Recorrida informou a existência de processo judicial que lhe havia reconhecido crédito tributário e assegurado a compensação. Posteriormente, em sua impugnação, a Recorrida juntou as principais decisões do referido processo, provando, assim, a existência de um direito creditório contra o Fisco. Ora, provado o direito creditório em desfavor do Fisco e tendo o referido crédito sido utilizado para quitar débitos vinculados em DCTF, desaparece o motivo que deu origem à lavratura do auto de infração. Vulnerada a causa que autorizava a autoridade tributária a lançar o crédito em seu favor (débito sem correspondente crédito confirmado), não há como manter o auto de infração, independentemente da forma em que a compensação foi procedida, pois aqui falta elemento essencial ao lançamento, qual seja, faltalhe o motivo. Conforme ensinam Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (Direito Administrativo Descomplicado. 16ª Edição. São Paulo: Método: 2008. Pág. 407): “O motivo ou causa é a situação de direito ou de fato que determina ou autoriza a realização do ato administrativo, ou, Fl. 311DF CARF MF Impresso em 28/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/12/2012 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 26/12/2012 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 22/02/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 4 por outras palavras, é o pressuposto fático e jurídico (ou normativo) que enseja a prática do ato” Dito isto, desaparecendo o motivo, desaparece a causa que ensejou o lançamento, devendo o mesmo ser desconstituído. Inexistindo débito sem crédito confirmado – motivo do auto de infração –, pois o crédito foi posteriormente confirmado pela Recorrida, não há como manter o auto de infração em apreço, por lhe faltar elemento essencial para sua manutenção. Além disso, especificamente quanto à presente hipótese e conforme consta dos autos, a Recorrida ajuizou Ação Judicial, anteriormente à lavratura do auto de infração, que originou o presente processo, com vistas a obter provimento que lhe assegurasse “o direito de compensar os valores pagos a maior com base nos DecretosLei 2.445 e 2.449, com valores devidos a título de PIS na forma da MP 1212/95, com correção monetária plena desde o recolhimento indevido”, tendo sido prolatada sentença favorável aos seus interesses, transitada em julgado em 14/10/2004 (fls. 239). Neste cenário, entendo que, de toda forma, o Auto de Infração não merece ser mantido, devendo ser reconhecida a extinção do crédito tributário, nos termos do artigo 156, X, do Código Tributário Nacional. Por conseguinte, em face de todo o exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Especial da Fazenda Nacional. Rodrigo Cardozo Miranda Fl. 312DF CARF MF Impresso em 28/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/12/2012 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 26/12/2012 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 22/02/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
score : 1.0
Numero do processo: 10510.001066/2010-09
Turma: Segunda Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 04 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Mon Jan 21 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2006
DECISÃO RECORRIDA. REJEIÇÃO DE DILIGÊNCIA/PÉRICIA CONTÁBIL. NULIDADE. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. PRELIMINAR REJEITADA.
Presentes nos autos todos os elementos de convicção necessários à adequada solução da lide, indefere-se, por prescindível, o pedido de diligência ou perícia.
Não constitui cerceamento do direito de defesa o indeferimento do pedido de diligência considerada desnecessária, prescindível e formulado sem atendimento aos requisitos do art. 16, IV, do Decreto n° 70.235/72.
O pedido de perícia técnica, para análise de dados que integram a escrituração contábil e já presentes nos autos, demonstra intenção protelatória e não caracteriza cerceamento do direito de defesa quando indeferido. A autoridade julgadora é livre para formar sua convicção devidamente motivada, podendo deferir perícias quando entendê-las necessárias, ou indeferir as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, sem que isto configure preterição do direito de defesa. Por se tratar de prova especial, subordinada a requisitos específicos, a perícia só pode ser admitida, pelo Julgador, quando a apuração da prova do fato litigioso não se puder fazer pelos meios ordinários de convencimento.
LANÇAMENTO FISCAL. NULIDADE. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO. PRELIMINAR REJEITADA.
O sujeito passivo defende-se dos fatos imputados e não da capitulação legal que pode, ou não, estar correta.
O auto de infração deverá conter, obrigatoriamente, entre outros requisitos formais, a capitulação legal e a descrição dos fatos. Somente a ausência total dessas formalidades é que implicará na invalidade do lançamento, por cerceamento do direito de defesa. Ademais, se a Pessoa Jurídica revela conhecer plenamente as acusações que lhe foram imputadas, rebatendo-as, uma a uma, de forma meticulosa, mediante defesa, abrangendo não só outras questões preliminares como também razões de mérito, descabe a proposição de cerceamento do direito de defesa.
A capitulação legal incompleta da infração ou mesmo a sua ausência não acarreta nulidade do auto de infração, quando a descrição dos fatos nele contida é exata, possibilitando ao sujeito passivo defender-se de forma detalhada das imputações que lhe foram feitas.
A inclusão desnecessária de um dispositivo legal, além do corretamente apontado para as infrações praticadas, não acarreta a improcedência da ação fiscal. Outrossim, a simples ocorrência de erro de enquadramento legal da infração não é o bastante, por si só, para acarretar a nulidade do lançamento quando, pela judiciosa descrição dos fatos nele contida, venha a permitir ao sujeito passivo, na impugnação, o conhecimento do inteiro teor do ilícito que lhe foi imputado, inclusive os valores e cálculos considerados para determinar a matéria tributável.
VERIFICAÇÕES OBRIGATÓRIAS. CONFRONTAÇÃO DA DCTF E DA DIPJ. DIFERENÇAS DE IRPJ E DE CSLL. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. NO MÉRITO, MATÉRIA NÃO RECORRIDA. PRECLUSÃO ADMINISTRATIVA.
Os débitos de tributos informados na DIPJ não configuram confissão de dívida. A DIPJ tem caráter meramente informativo de apuração de débitos. O instrumento, por excelência, de confissão de débitos de tributos federais é a DCTF. E, como parte dos débitos dos tributos informados na DIPJ não foram pagos e nem confessados em DCTF, cabe ao fisco, mediante auto de infração, exigir essa diferença do principal, com respectivos juros de mora e multa de ofício.
LUCRO PRESUMIDO. RECEITAS DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS INFORMADAS NA DIPJ. DIFERENÇA DE COEFICIENTE DE PRESUNÇÃO. DIFERENÇA DE IMPOSTO. LANÇAMENTO DE OFÍCIO.
No âmbito da apuração do imposto pelo regime do lucro presumido, no ano-calendário que a receita bruta anual exceder a cem mil reais, particularmente as receitas de prestação de serviços submetem-se ao coeficiente de presunção de trinta e dois cento, e não dezesseis por cento. Cabível a exigência pelo fisco, por auto de infração, da diferença de imposto, com juros de mora e multa de ofício, relativo à diferença de base de cálculo apurada a menor pelo sujeito passivo quanto às receitas de prestação de serviços informadas na DIPJ.
Numero da decisão: 1802-001.296
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, REJEITAR as preliminares suscitadas e, no mérito, NEGAR provimento ao recurso
(documento assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa- Presidente.
(documento assinado digitalmente)
Nelso Kichel- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, José de Oliveira Ferraz Corrêa, Nelso Kichel, Marciel Eder Costa, Marco Antônio Nunes Castilho e Gustavo Junqueira Carneiro Leão.
Nome do relator: NELSO KICHEL
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201207
turma_s : Segunda Turma Especial da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Jan 21 00:00:00 UTC 2013
numero_processo_s : 10510.001066/2010-09
anomes_publicacao_s : 201301
conteudo_id_s : 5181369
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Jan 21 00:00:00 UTC 2013
numero_decisao_s : 1802-001.296
nome_arquivo_s : Decisao_10510001066201009.PDF
ano_publicacao_s : 2013
nome_relator_s : NELSO KICHEL
nome_arquivo_pdf_s : 10510001066201009_5181369.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, REJEITAR as preliminares suscitadas e, no mérito, NEGAR provimento ao recurso (documento assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa- Presidente. (documento assinado digitalmente) Nelso Kichel- Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, José de Oliveira Ferraz Corrêa, Nelso Kichel, Marciel Eder Costa, Marco Antônio Nunes Castilho e Gustavo Junqueira Carneiro Leão.
dt_sessao_tdt : Wed Jul 04 00:00:00 UTC 2012
id : 4458143
ano_sessao_s : 2012
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2006 DECISÃO RECORRIDA. REJEIÇÃO DE DILIGÊNCIA/PÉRICIA CONTÁBIL. NULIDADE. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. PRELIMINAR REJEITADA. Presentes nos autos todos os elementos de convicção necessários à adequada solução da lide, indefere-se, por prescindível, o pedido de diligência ou perícia. Não constitui cerceamento do direito de defesa o indeferimento do pedido de diligência considerada desnecessária, prescindível e formulado sem atendimento aos requisitos do art. 16, IV, do Decreto n° 70.235/72. O pedido de perícia técnica, para análise de dados que integram a escrituração contábil e já presentes nos autos, demonstra intenção protelatória e não caracteriza cerceamento do direito de defesa quando indeferido. A autoridade julgadora é livre para formar sua convicção devidamente motivada, podendo deferir perícias quando entendê-las necessárias, ou indeferir as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, sem que isto configure preterição do direito de defesa. Por se tratar de prova especial, subordinada a requisitos específicos, a perícia só pode ser admitida, pelo Julgador, quando a apuração da prova do fato litigioso não se puder fazer pelos meios ordinários de convencimento. LANÇAMENTO FISCAL. NULIDADE. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO. PRELIMINAR REJEITADA. O sujeito passivo defende-se dos fatos imputados e não da capitulação legal que pode, ou não, estar correta. O auto de infração deverá conter, obrigatoriamente, entre outros requisitos formais, a capitulação legal e a descrição dos fatos. Somente a ausência total dessas formalidades é que implicará na invalidade do lançamento, por cerceamento do direito de defesa. Ademais, se a Pessoa Jurídica revela conhecer plenamente as acusações que lhe foram imputadas, rebatendo-as, uma a uma, de forma meticulosa, mediante defesa, abrangendo não só outras questões preliminares como também razões de mérito, descabe a proposição de cerceamento do direito de defesa. A capitulação legal incompleta da infração ou mesmo a sua ausência não acarreta nulidade do auto de infração, quando a descrição dos fatos nele contida é exata, possibilitando ao sujeito passivo defender-se de forma detalhada das imputações que lhe foram feitas. A inclusão desnecessária de um dispositivo legal, além do corretamente apontado para as infrações praticadas, não acarreta a improcedência da ação fiscal. Outrossim, a simples ocorrência de erro de enquadramento legal da infração não é o bastante, por si só, para acarretar a nulidade do lançamento quando, pela judiciosa descrição dos fatos nele contida, venha a permitir ao sujeito passivo, na impugnação, o conhecimento do inteiro teor do ilícito que lhe foi imputado, inclusive os valores e cálculos considerados para determinar a matéria tributável. VERIFICAÇÕES OBRIGATÓRIAS. CONFRONTAÇÃO DA DCTF E DA DIPJ. DIFERENÇAS DE IRPJ E DE CSLL. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. NO MÉRITO, MATÉRIA NÃO RECORRIDA. PRECLUSÃO ADMINISTRATIVA. Os débitos de tributos informados na DIPJ não configuram confissão de dívida. A DIPJ tem caráter meramente informativo de apuração de débitos. O instrumento, por excelência, de confissão de débitos de tributos federais é a DCTF. E, como parte dos débitos dos tributos informados na DIPJ não foram pagos e nem confessados em DCTF, cabe ao fisco, mediante auto de infração, exigir essa diferença do principal, com respectivos juros de mora e multa de ofício. LUCRO PRESUMIDO. RECEITAS DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS INFORMADAS NA DIPJ. DIFERENÇA DE COEFICIENTE DE PRESUNÇÃO. DIFERENÇA DE IMPOSTO. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. No âmbito da apuração do imposto pelo regime do lucro presumido, no ano-calendário que a receita bruta anual exceder a cem mil reais, particularmente as receitas de prestação de serviços submetem-se ao coeficiente de presunção de trinta e dois cento, e não dezesseis por cento. Cabível a exigência pelo fisco, por auto de infração, da diferença de imposto, com juros de mora e multa de ofício, relativo à diferença de base de cálculo apurada a menor pelo sujeito passivo quanto às receitas de prestação de serviços informadas na DIPJ.
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 08:56:01 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041215625101312
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 19; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2438; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1TE02 Fl. 105 1 104 S1TE02 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10510.001066/201009 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1802001.296 – 2ª Turma Especial Sessão de 04 de julho de 2012 Matéria LUCRO PRESUMIDO Recorrente MACON CONSTRUTORA LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2006 DECISÃO RECORRIDA. REJEIÇÃO DE DILIGÊNCIA/PÉRICIA CONTÁBIL. NULIDADE. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. PRELIMINAR REJEITADA. Presentes nos autos todos os elementos de convicção necessários à adequada solução da lide, indeferese, por prescindível, o pedido de diligência ou perícia. Não constitui cerceamento do direito de defesa o indeferimento do pedido de diligência considerada desnecessária, prescindível e formulado sem atendimento aos requisitos do art. 16, IV, do Decreto n° 70.235/72. O pedido de perícia técnica, para análise de dados que integram a escrituração contábil e já presentes nos autos, demonstra intenção protelatória e não caracteriza cerceamento do direito de defesa quando indeferido. A autoridade julgadora é livre para formar sua convicção devidamente motivada, podendo deferir perícias quando entendêlas necessárias, ou indeferir as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, sem que isto configure preterição do direito de defesa. Por se tratar de prova especial, subordinada a requisitos específicos, a perícia só pode ser admitida, pelo Julgador, quando a apuração da prova do fato litigioso não se puder fazer pelos meios ordinários de convencimento. LANÇAMENTO FISCAL. NULIDADE. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO. PRELIMINAR REJEITADA. O sujeito passivo defendese dos fatos imputados e não da capitulação legal que pode, ou não, estar correta. O auto de infração deverá conter, obrigatoriamente, entre outros requisitos formais, a capitulação legal e a descrição dos fatos. Somente a ausência total dessas formalidades é que implicará na invalidade do lançamento, por AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 51 0. 00 10 66 /2 01 0- 09 Fl. 105DF CARF MF Impresso em 21/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/01/2013 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 18/01/2013 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 15/01/2013 por NELSO KICHEL Processo nº 10510.001066/201009 Acórdão n.º 1802001.296 S1TE02 Fl. 106 2 cerceamento do direito de defesa. Ademais, se a Pessoa Jurídica revela conhecer plenamente as acusações que lhe foram imputadas, rebatendoas, uma a uma, de forma meticulosa, mediante defesa, abrangendo não só outras questões preliminares como também razões de mérito, descabe a proposição de cerceamento do direito de defesa. A capitulação legal incompleta da infração ou mesmo a sua ausência não acarreta nulidade do auto de infração, quando a descrição dos fatos nele contida é exata, possibilitando ao sujeito passivo defenderse de forma detalhada das imputações que lhe foram feitas. A inclusão desnecessária de um dispositivo legal, além do corretamente apontado para as infrações praticadas, não acarreta a improcedência da ação fiscal. Outrossim, a simples ocorrência de erro de enquadramento legal da infração não é o bastante, por si só, para acarretar a nulidade do lançamento quando, pela judiciosa descrição dos fatos nele contida, venha a permitir ao sujeito passivo, na impugnação, o conhecimento do inteiro teor do ilícito que lhe foi imputado, inclusive os valores e cálculos considerados para determinar a matéria tributável. VERIFICAÇÕES OBRIGATÓRIAS. CONFRONTAÇÃO DA DCTF E DA DIPJ. DIFERENÇAS DE IRPJ E DE CSLL. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. NO MÉRITO, MATÉRIA NÃO RECORRIDA. PRECLUSÃO ADMINISTRATIVA. Os débitos de tributos informados na DIPJ não configuram confissão de dívida. A DIPJ tem caráter meramente informativo de apuração de débitos. O instrumento, por excelência, de confissão de débitos de tributos federais é a DCTF. E, como parte dos débitos dos tributos informados na DIPJ não foram pagos e nem confessados em DCTF, cabe ao fisco, mediante auto de infração, exigir essa diferença do principal, com respectivos juros de mora e multa de ofício. LUCRO PRESUMIDO. RECEITAS DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS INFORMADAS NA DIPJ. DIFERENÇA DE COEFICIENTE DE PRESUNÇÃO. DIFERENÇA DE IMPOSTO. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. No âmbito da apuração do imposto pelo regime do lucro presumido, no ano calendário que a receita bruta anual exceder a cem mil reais, particularmente as receitas de prestação de serviços submetemse ao coeficiente de presunção de trinta e dois cento, e não dezesseis por cento. Cabível a exigência pelo fisco, por auto de infração, da diferença de imposto, com juros de mora e multa de ofício, relativo à diferença de base de cálculo apurada a menor pelo sujeito passivo quanto às receitas de prestação de serviços informadas na DIPJ. Fl. 106DF CARF MF Impresso em 21/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/01/2013 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 18/01/2013 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 15/01/2013 por NELSO KICHEL Processo nº 10510.001066/201009 Acórdão n.º 1802001.296 S1TE02 Fl. 107 3 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, REJEITAR as preliminares suscitadas e, no mérito, NEGAR provimento ao recurso (documento assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente. (documento assinado digitalmente) Nelso Kichel Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, José de Oliveira Ferraz Corrêa, Nelso Kichel, Marciel Eder Costa, Marco Antônio Nunes Castilho e Gustavo Junqueira Carneiro Leão. Fl. 107DF CARF MF Impresso em 21/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/01/2013 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 18/01/2013 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 15/01/2013 por NELSO KICHEL Processo nº 10510.001066/201009 Acórdão n.º 1802001.296 S1TE02 Fl. 108 4 Relatório Tratase de Recurso Voluntário de fls. 85/94 contra decisão da 2ª Turma da DRJ/Salvador (fls. 69/75) que julgou a impugnação improcedente, mantendo o crédito tributário dos autos de infração do IRPJ e da CSLL, quanto ao anocalendário 2006. Quanto aos fatos, consta que, relativo aos períodos de apuração do ano calendário 2006, no regime do Lucro Presumido, em procedimento de fiscalização externa verificações obrigatórias (confrontação dos dados constantes da DIPJ, DCTF e da escrituração contábil), o fisco apurou diferença a pagar de IRPJ e de CSLL (não confessadas em DCTF), lavrando respectivos autos de infração, em 15/03/2010, na DRF/Aracajú, para exigência do principal dessas exações fiscais, juros de mora e multa de ofício de 75%. Nesse sentido, transcrevo a descrição dos fatos (infrações imputadas) constantes dos autos de infração do IRPJ (fls. 04/10) e da CSLL (fls. 11/16), in verbis: (...) 001 APLICAÇÃO INDEVIDA DE COEFICIENTE DE DETERMINAÇÃO DO LUCRO A PARTIR DO AC 93 APLICAÇÃO INDEVIDA DE COEFICIENTE DE DETERMINAÇÃO DO LUCRO Aplicação incorreta do coeficiente de 16% sobre as receitas da atividade de prestação de serviços, conforme informado em DCTF do Exercício 2007 ano base 2006, quando o correto seria 32%, considerandose que o somatório dessas receitas excede o valor de R$ 120.000,00. (...) ENQUADRAMENTO LEGAL: Arts. 518 e 519, do RIR/99. 002 IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURÍDICA DIFERENÇA APURADA ENTRE O VALOR ESCRITURADO E O DECLARADO/PAGO Durante o procedimento de verificações obrigatórias levado a efeito junto ao sujeito passivo, foram identificadas divergências entre os valores declarados em DCTFs e os valores escriturados contabilmente, relativamente ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica IRPJ. As DCTFs, cujas fichas de interesse foram anexadas as fls.15/24, encontramse disponíveis nos arquivos da RFB, enquanto a escrituração contábil foi obtida em atendimento ao Termo de Início de Ação Fiscal de 19/05/2009 (fls. 25) e foram juntadas às fls. 26/28. Foram também anexadas as fichas de interesse da DIPJ (fls. 29/33) comprovando os valores escriturados. Fl. 108DF CARF MF Impresso em 21/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/01/2013 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 18/01/2013 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 15/01/2013 por NELSO KICHEL Processo nº 10510.001066/201009 Acórdão n.º 1802001.296 S1TE02 Fl. 109 5 A partir da constatação das divergências, o sujeito passivo recebeu em 17/02/2010 o Termo de Intimação Fiscal n° 04 (fls. 34), através do qual foi solicitado ao mesmo o esclarecimento para as diferenças apontadas. Decorrido o prazo regulamentar sem que fossem apresentadas quaisquer justificadas, procedese à lavratura do presente auto de infração, visando constituição do crédito tributário relativo às diferenças apontadas. (...) ENQUADRAMENTO LEGAL : Arts. 224, 518, 519 e 841, inciso III, do RIR/99. (...) 001 CSLL DIFERENÇA APURADA ENTRE O VALOR ESCRITURADO E O DECLARADO/PAGO Durante o procedimento de verificações obrigatórias levado a efeito junto ao sujeito passivo, foram identificadas divergências entre os valores declarados em DCTFs e os valores escriturados contabilmente, relativamente à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL. As DCTFs, cujas fichas de interesse foram anexadas as fls.15/24, encontramse disponíveis nos arquivos da RFB, enquanto a escrituração contábil foi obtida em atendimento ao Termo de Início de Ação Fiscal de 19/05/2009 (fls. 25 ) e foram juntadas às fls. 26/28. Foram também anexadas as fichas de interesse da DIPJ (fls. 29/33) comprovando os valores escriturados. A partir da constatação das divergências, o sujeito passivo recebeu em 17/02/2010 o Termo de Intimação Fiscal n° 04 (fls.34), através do qual foi solicitado ao mesmo o esclarecimento para as diferenças apontadas. Decorrido o prazo regulamentar sem que fossem apresentadas quaisquer justificadas, procedese à lavratura do presente auto de infração, visando constituição do crédito tributário relativo às diferenças apontadas. (...) Enquadramento legal: Art. 77, inciso III, do DecretoLei n° 5.844/43, art. 149 da Lei n° 5.172/66, art. 2º e §§, da Lei n° 7.689/88 e art. 20, da Lei n° 9.249/95; Art. 37 da Lei n° 10.637/02. (...) O crédito tributário lançado de ofício do anocalendário 2006, relativamente aos autos de infração do IRPJ e da CSLL, perfaz o montante de R$ 43.877,97, assim discriminado por exação fiscal: Fl. 109DF CARF MF Impresso em 21/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/01/2013 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 18/01/2013 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 15/01/2013 por NELSO KICHEL Processo nº 10510.001066/201009 Acórdão n.º 1802001.296 S1TE02 Fl. 110 6 Auto de Infração Principal (R$) Juros de Mora (calculados até 26/02/2010 ) (R$) Multa de Ofício de 75% (R$) Total (R$) IRPJ (fls. 04/10) 12.850,48 4.680,61 9.637,85 27.168,94 CSLL (fls. 11/16) 7.873,68 2.930,10 5.905,25 16.709,03 Razões apresentadas pela contribuinte, na primeira instância, contra o lançamento fiscal do IRPJ e da CSLL (fls. 51/56): 1) Preliminar de nulidade dos autos de infração por vício formal insanável, pelas seguintes razões, em síntese (fls.52/53): que os autos de infração não satisfazem plenamente as exigências formais dos arts. 10 e 11 do Decreto nº 70.235/72, pois a descrição do fato, de acordo com o inciso III do artigo 10, deve ser conjugada com o inciso II do artigo 11, que prevê o valor do crédito tributário e o prazo para recolhimento ou impugnação; que o artigo 9º odo Decreto 70.235/72 estabelece que os autos de infração devem ser distintos para cada infração ou penalidade. No caso, relativo ao mesmo MPF, foram lavrados vários autos de infração, os quais não estão individualizados por numeração específica, fato que poderá tornar dificultosa a defesa da contribuinte. Cada auto de infração deve ter o seu número próprio, específico, mesmo que oriundo do mesmo MPF, caso contrário não poderão ser considerados distintos. Além disto, no mesmo auto de infração do IRPJ o digno Auditorfiscal autuante imputou duas infrações distintas, que deveriam constar em autos de infração distintos; que os arts. 518 e 519 do RIR/99, mencionados no enquadramento legal das infrações consignadas do IRPJ, não teriam relação com os fatos descritos. 2) – No mérito: que reconhece ter cometido, efetivamente, um lapso ao recolher o valor do IRPJ a menor, em relação ao valor registrado na escrituração contábil; que a penalidade de 75% aplicada é da Lei nº 11.488/2007, porém a infração do anocalendário 2006; requer a redução da multa para o patamar de 50% (penalidade menos gravosa); Por fim, com base nessas razões, a contribuinte, pediu: a) nulidade dos autos de infração objeto deste processo; b) que seja considerada a escrituração contábil (que não houve omissão de receitas); c) protestou provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito (documentos, diligência, perícia contábil etc). A DRJ/Salvador, enfrentando as questões suscitadas pela contribuinte, julgou a impugnação improcedente, mantendo o auto de infração, cuja ementa do Acórdão transcrevo a seguir (fl. 69), in verbis: Fl. 110DF CARF MF Impresso em 21/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/01/2013 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 18/01/2013 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 15/01/2013 por NELSO KICHEL Processo nº 10510.001066/201009 Acórdão n.º 1802001.296 S1TE02 Fl. 111 7 (...) ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2006 NULIDADE. Descabe a arguição de nulidade nos casos em que os Autos de Infração foram lavrados por autoridade fiscal competente e que o procedimento fiscal foi realizado em total consonância com a legislação vigente. PEDIDOS DE DILIGÊNCIA E PERÍCIA. Devem ser negadas as solicitações de diligência e perícia consideradas desnecessárias à solução do litígio. LANÇAMENTOS DE OFÍCIO. LUCRO PRESUMIDO. Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL Afastadas as questões de natureza preliminar e não havendo argumentos de defesa em relação ao mérito dos lançamentos, é de se manter a tributação e dar prosseguimento à cobrança dos respectivos créditos tributários. MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO. Em se tratando de lançamento de ofício, a multa calculada sobre a totalidade ou diferença de imposto, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, falta de declaração e declaração inexata será de 75%. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido (...) Inconformada com esse decisum do qual tomou ciência em 05/03/2012 (fls. 83/84), a recorrente apresentou Recurso Voluntário em 02/04/2012 de fls. 85/94, juntando ainda os documentos de fls.95/102, cujas razões, em síntese, são as seguintes: que é empresa constituída no mercado sergipano desde julho/2004; que sempre, embora enfrentando dificuldades econômicas e financeiras, procurou estar em dia com todas as suas obrigações perante a Receita Federal do Brasil; que a empresa, sempre, operou com o ramo atividade principal construções e reformas em edificações em geral e, secundariamente, com o ramo de comércio varejista de matérias para construção em geral e comércio atacadista de madeira, mas no exercício auditado (anocalendário 2006) a sua receita principal foi proveniente do comércio com mais de 80% do faturamento total; Fl. 111DF CARF MF Impresso em 21/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/01/2013 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 18/01/2013 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 15/01/2013 por NELSO KICHEL Processo nº 10510.001066/201009 Acórdão n.º 1802001.296 S1TE02 Fl. 112 8 que, porém, o ilustre AuditorFiscal, ao fazer a apuração do imposto, utilizou o coeficiente de presunção do lucro de 32% sobre a receita bruta como se fosse exclusvamente de serviços prestados , e não percebeu que a maior parte da receita decorreu da venda de material de construção, cujo coeficiente de presunção do lucro é de 8% e não de 32%; que na construção por empreitada, quando houver emprego da totalidade de material próprio, o coeficiente de presunção do lucro aplicável é de 8%(oito por cento); que, nesse sentido, a Solução de Consulta n° 338, de 2010, da 8a Região Fiscal (São Paulo), por exemplo, determina que se há emprego da totalidade de materiais, deverá ser aplicado o percentual de 8% sobre a receita total gerada; que, pela Solução de Consulta, ainda "a receita bruta decorrente das atividades de construção civil por empreitada com fornecimento parcial de materiais ou exclusivamente de mão de obra (empreitada de lavor) sujeitase ao percentual de 32% para a determinação da base de cálculo do Imposto de Renda". que, na impugnação, fez pedido de perícia técnica, mas teve o seu pedido recusado para que pudesse provar a sua correta apuração; que os autos de infração possuem vícios formais insánáveis, já apontados na impugnação na primeira instância; que, por isso, o lançamento fiscal deve ser declarado nulo, bem como a decisão recorrida que denegou o pedido de realização de diligência/perícia técnica. Por fim, a recorrente pediu provimento ao recurso. É o relatório. Fl. 112DF CARF MF Impresso em 21/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/01/2013 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 18/01/2013 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 15/01/2013 por NELSO KICHEL Processo nº 10510.001066/201009 Acórdão n.º 1802001.296 S1TE02 Fl. 113 9 Voto Conselheiro Nelso Kichel, Relator O recurso é tempestivo e atende aos pressupostos para sua admissibilidade. Por conseguinte, dele conheço. Conforme relatado, o litígio versa acerca do crédito tributário lançado de ofício, objeto dos autos de infração do IRPJ e da CSLL, períodos de apuração do ano calendário 2006, no âmbito do regime de apuração do lucro presumido, em procedimento de verificações obrigatórias Nesta instância recursal, a recorrente rebelase contra a decisão recorrida, suscitando: a) preliminarmente, nulidade da decisão a quo por ter rejeitado o pedido de diligência/perícia técnica de sua escrituração contábil e, também, nulidade dos autos de infração por vícios formais insanáveis, reiterando as mesmas alegações constantes da impugnação apresentada na primeira instância e resumidas no relatório; b) no mérito, discordância, em relação à infração imputada diferença do IRPJ do anocalendário 2006, quanto à diferença de coeficiente de presunção do lucro sobre a receita de serviços; Ainda, no mérito, em relação à infração imputada diferença de IRPJ e de CSLL declarada/confessada a menor nas DCTF respectivas, em relação aos valores registrados, apurados, no livro Razão Analítico e declarados na DIPJ, nada objetou nesta instância recursal. DECISÃO RECORRIDA. NULIDADE. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. PRELIMINAR REJEITADA. A recorrente alegou que pleiteou, na instância a quo, realização de diligência/perícia técnica, porém sua pretensão foi denegada, por ser desnecessária para resolução da lide; que o lançamento fiscal devese reger pelo princípio da legalidade; que as dúvidas devem ser sanadas para que não haja prejuízo à defesa. A preliminar suscitada não merece prosperar, pois a decisão recorrida está devidamente fundamentada, não se vislumbrando prejuízo algum à defesa. A propósito, consta do voto condutor do acórdão recorrido a seguinte fundamentação que denegou o pedido de diligência fiscal/perícia técnica (fl.74/75), in verbis: (...) A respeito das solicitações de diligência e de perícia, indefiro sua realização por considerálas desnecessárias, já que o processo contém elementos suficientes para a formação da livre Fl. 113DF CARF MF Impresso em 21/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/01/2013 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 18/01/2013 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 15/01/2013 por NELSO KICHEL Processo nº 10510.001066/201009 Acórdão n.º 1802001.296 S1TE02 Fl. 114 10 convicção do julgador, conforme o disposto no artigo 18 do Decreto nº 70.235, de 1972, que regula o Processo Administrativo Fiscal – PAF, in verbis: Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observado o disposto no art. 28, in fine. (Redação dada pelo art. 1º da Lei nº 8.748, de 9 de dezembro de 1993). Além disso, o pedido de perícia formulado não atendeu ao disposto no artigo 16, inciso IV, do mesmo decreto, uma vez que a Interessada não indicou o seu perito, fato esse que apenas reforça as razões do indeferimento do pedido. (...) Andou bem, portanto, a decisão a quo ao rejeitar a realização de diligência fiscal/perícia técnica, pois – realmente – todos os elementos de prova das infrações imputadas do anocalendário 2006 constam dos autos, e isto ficará, ainda mais evidente, quando da análise de mérito das infrações imputadas. Na verdade, o pedido de realização de diligência fiscal/perícia técnica, no caso, tem caráter procrastinatório, por ser despiciendo, descessário para a resolução da lide; os elementos de prova, os elementos de convicção, já constam dos autos, como já dito. A rejeição da realização da diligência fiscal/perícia técnica desnecessária para a resolução da lide, quando devidamente fundamentada, como no caso em tela, de modo algum configura cerceamento do direito defesa. Pelo contrário, a rejeição desses meios de prova, coadunase com os precedentes jurisprudenciais deste Egrégio Conselho Administrativo. Nesse sentido, transcrevo ementas de Acórdãos, in verbis: NORMAS GERAIS DIREITO TRIBUTÁRIO. LIVRE CONVICÇÃO JULGADOR.. PROVA PERICIAL. INDEFERIMENTO. De conformidade com o artigo 29 do Decreto n° 70.235/72, a autoridade julgadora de primeira instância, na apreciação das provas, formará livremente sua convicção, podendo determinar diligência que entender necessária. A produção de prova pericial deve ser indeferida se desnecessária e/ou protelatoria, com arrimo no § 2°, do artigo 38, da Lei n° 9.784/99, ou quando deixar de atender aos requisitos constantes no artigo 16, inciso IV, do Decreto n° 70.235/72. (Acórdão nº 20601.462, sessão de 09/10/2008). PEDIDO DE PERÍCIA. INDEFERIMENTO. Não constitui cerceamento do direito de defesa o indeferimento do pedido de diligência considerada desnecessária, prescindível e formulado sem atendimento aos requisitos do art. 16, IV, do Decreto n° 70.235/72.(Acórdão nº 10249.407, sessão de 06/11/2008). Fl. 114DF CARF MF Impresso em 21/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/01/2013 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 18/01/2013 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 15/01/2013 por NELSO KICHEL Processo nº 10510.001066/201009 Acórdão n.º 1802001.296 S1TE02 Fl. 115 11 PEDIDO DE PERÍCIA INDEFERIMENTO. A admissibilidade de diligência ou perícia, por não se constituir em direito do autuado, depende do livre convencimento da autoridade julgadora como meio de melhor apurar os fatos, podendo como tal dispensar quando entender desnecessárias ao deslinde da questão. Ademais, temse como não formulado o pedido de perícia que deixa de atender aos requisitos do inciso IV do art. 16 do Decreto n° 70.235/72, principalmente quando este se revela prescindível. (Acordão nº 19300.018, sessão de 13/10/2008). PEDIDO DE PERÍCIA PRESCINDIBILIDADE INDEFERIMENTO. Presentes nos autos todos os elementos de convicção necessários à adequada solução da lide, indeferese, por prescindível, o pedido de diligência ou perícia.(Acórdão nº 10515.978, sessão de 20/07/2006). DILIGÊNCIA OU PERÍCIA. Indeferese o pedido de diligência ou perícia, cujo objetivo é instruir o processo com as provas que o recorrente deveria produzir em sua defesa, juntamente com a peça impugnatória ou recursal, quando restar evidenciado que o mesmo poderia trazêlas aos autos, se de fato existissem.(Acórdão nº 10248.141, de 25/01/2007). PEDIDO DE DILIGÊNCIA. Deve ser indeferido pedido de diligencia quando prescindível, a teor do art. 18 do Decreto nº 70.235/72. (Acórdão nº 20180.294, sessão de 23/05/2007). PERÍCIA. DESNECESSIDADE. Deve ser indeferido o pedido de perícia, quando o exame de um técnico é desnecessário à solução da controvérsia, apenas circunscrita à matéria contábil e aos argumentos jurídicos ordinariamente compreendidos na esfera do saber do julgador.(Acórdão nº 10222.937, sessão de 28/03/2007). DILIGÊNCIA E PERÍCIA. NEGATIVA. CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA.É incabível a realização de diligência ou perícia para responder a quesitos de natureza legal, cujo conhecimento seja elementar ou que se refiram a prova passível de produção unilateral pelo contribuinte.(Ac. 330201.280, sessão de 09/11/2011, Relator José Antonio Franciso). PEDIDO DE PERÍCIA TÉCNICA CONTÁBIL. MEIO DE PROVA DESNECESSÁRIO. INDEFERIMENTO. O pedido de perícia técnica, para análise de dados que integram a escrituração contábil e já presentes nos autos, demonstra intenção protelatória e não caracteriza cerceamento do direito de defesa quando indeferido. A autoridade julgadora é livre para formar sua convicção devidamente motivada, podendo deferir perícias quando entendêlas necessárias, ou indeferir as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, sem que isto configure preterição do direito de defesa. Por se tratar de prova especial, subordinada a requisitos específicos, a perícia só pode ser admitida, pelo Julgador, quando a apuração do fato litigioso Fl. 115DF CARF MF Impresso em 21/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/01/2013 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 18/01/2013 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 15/01/2013 por NELSO KICHEL Processo nº 10510.001066/201009 Acórdão n.º 1802001.296 S1TE02 Fl. 116 12 não se puder fazer pelos meios ordinários de convencimento.(Ac. nº 1802001.006, sessão de 17/10/2011). Portanto, rejeito a preliminar de nulidade suscitada, pela inexistência de cerceamento do direito de defesa. LANÇAMENTO FISCAL. NULIDADE. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO. PRELIMINAR REJEITADA. A recorrente, nas razões do recurso, suscitou preliminar de nulidade dos autos de infração, alegando a existência de vícios formais; que os autos de infração não satisfazem plenamente as exigências dos arts. 10 e 11 do Decreto nº 70.235/72; que a descrição do fato, prevista no art. 10, deve ser conjugada com o inciso III do art. 11, que prevê o valor do crédito tributário e o prazo para recolhimento ou impugnação; que o art. 9º estabelece que os autos de infração devem ser distintos para cada infração ou penalidade; que, no caso, os autos de infração são oriundos são oriundos do mesmo e único MPF, o qual deu origem a mais de uma infração; que os autos de infração não estão individualizados por numeração específica, fato que poderá dificultar a defesa da contribuinte. Preliminar suscitada sem nexo, totalmente fora de propósito, pois sem fundamento plausível fáticojurídico; deve ser rechaçada de plano. Os autos de infração, diversamente do alegado pela recorrente, contêm descrição clara, precisa e objetiva dos fatos, matéria tributável, infração imputada e fundamentação legal pertinente, permitindo perfeito entendimento das infrações imputadas, não restando, por conseguinte, a caracterização de prejuízo algum à defesa, sendo, destarte, totalmente fora de propósito a alegação de cerceamento do direito de defesa. O lançamento fiscal foi efetuado por agente competente. O lançamento foi efetuado, em consonância com o art. 142 do CTN e art. 10 do Decreto nº 70.235/72. Ainda, não restou caracterizado vício algum de que trata o art. 59 do Decreto nº 70.235/72 que pudesse macular de nulidade o lançamento fiscal. Na verdade, somente a falta ou insuficiência de descrição dos fatos e a falta de capitulação legal ensejam, ou configuram, cerceamento de defesa e provocam a nulidade do lançamento fiscal por prejuízo à defesa (Decreto nº 70.235/71, art. 59, II), que não é o caso dos presentes autos, pois, como já dito, os autos de infração, objeto do litígio, não possuem vício algum, seja formal ou material que pudesse inquinar de nulidade o feito do fisco. Os precedentes deste Egrégio Conselho Administrativo, também, são pela rejeição da nulidade, no caso. O sujeito passivo deve defenderse dos fatos imputados e não da capitulação legal que pode estar, ou não, correta. A propósito, transcrevo os precedentes jurisprundencias deste CARF, in verbis: Fl. 116DF CARF MF Impresso em 21/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/01/2013 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 18/01/2013 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 15/01/2013 por NELSO KICHEL Processo nº 10510.001066/201009 Acórdão n.º 1802001.296 S1TE02 Fl. 117 13 NULIDADE – CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA –CAPITULAÇÃO LEGAL E DESCRIÇÃO DOS FATOS INCOMPLETA – IRF – Anos 1991 a 1993 – O auto de infração deverá conter, obrigatoriamente, entre outros requisitos formais, a capitulação legal e a descrição dos fatos. Somente a ausência total dessas formalidades é que implicará na invalidade do lançamento, por cerceamento do direito de defesa. Ademais, se a Pessoa Jurídica revela conhecer plenamente as acusações que lhe foram imputadas, rebatendoas, uma a uma, de forma meticulosa, mediante defesa, abrangendo não só outras questões preliminares como também razões de mérito, descabe a proposição de cerceamento do direito de defesa (Acórdão nº 10417.364, de 22/02/2001, 1º CC). AUTO DE INFRAÇÃO – DISPOSIÇÃO LEGAL INFRINGIDA –O erro no enquadramento legal da infração cometida não acarreta a nulidade do auto de infração, quando comprovado, pela judiciosa descrição dos fatos nele contida e a alentada impugnação apresentada pelo contribuinte contra as imputações que lhe foram feitas, que inocorreu preterição do direito de defesa (Acórdão nº 10313.567, DOU de 28/05/1995); PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL – NULIDADE DO LANÇAMENTO. A capitulação legal incompleta da infração ou mesmo a sua ausência não acarreta nulidade do auto de infração, quando a descrição dos fatos nele contida é exata, possibilitando ao sujeito passivo defenderse de forma detalhada das imputações que lhe foram feitas (Acórdão 10806.208, sessão de 17/08/2000). NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO – INOCORRÊNCIA. A inclusão desnecessária de um dispositivo legal, além do corretamente apontado para as infrações praticadas, não acarreta a improcedência da ação fiscal. Outrossim, a simples ocorrência de erro de enquadramento legal da infração não é o bastante, por si só, para acarretar a nulidade do lançamento quando, pela judiciosa descrição dos fatos nele contida, venha a permitir ao sujeito passivo, na impugnação, o conhecimento do inteiro teor do ilícito que lhe foi imputado, inclusive os valores e cálculos considerados para determinar a matéria tributável.(Acórdão nº 10417.253, sessão de 10/11/99). AUTO DE INFRAÇÃO NULIDADE CERCEAMENTO DE DEFESA. Para que haja nulidade do lançamento é necessário que exista vício formal imprescindível à validade do lançamento. Desta forma, se o autuado revela conhecer plenamente as acusações que lhe foram imputadas, rebatendoas, mediante substanciosa defesa, abrangendo não só outras questões preliminares como também razões de mérito, descabe a proposição de nulidade do lançamento por cerceamento do direito de defesa ou por vício formal.(Acórdão nº 10248.141, sessão de 25/01/2007). Fl. 117DF CARF MF Impresso em 21/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/01/2013 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 18/01/2013 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 15/01/2013 por NELSO KICHEL Processo nº 10510.001066/201009 Acórdão n.º 1802001.296 S1TE02 Fl. 118 14 Nesse diapasão, também é o entendimento jurisprudencial da Primeira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais (Ac. CSRF/0103.264, de 19/03/2001 e publicado no DOU em 24/09/2001), verbis: A imperfeição na capitulação legal do lançamento não autoriza, por si só, sua declaração de nulidade, se a acusação fiscal estiver claramente descrita e propiciar ao contribuinte dele se defender amplamente, mormente se este não suscitar e demonstrar o prejuízo sofrido em razão do ato viciado. Ainda, como razão decidir, adoto a fundamentação do voto condutor do acórdão recorrido que rejeitou a preliminar de nulidade (fls. 73/74), in verbis: (...) Quanto à arguição de nulidade, cabe aduzir que a única hipótese prevista de nulidade dos atos processuais, entre os quais se incluem os autos de infração, está perfeitamente definida no inciso I do artigo 59 do Decreto nº 70.235, de 1972, e referese ao caso em que a lavratura tenha sido feita por pessoa incompetente, o que não veio a ocorrer na situação presente. Ademais, ao referirse ao Decreto nº 70.235, de 1972, que rege o Processo Administrativo Fiscal (PAF), a Impugnante cometeu uma série de impropriedades. A propósito, vale reproduzir algumas delas: “A descrição do fato, prevista no art. 10, deve ser conjugada com o inciso III do art. 11, que prevê o valor do crédito tributário e o prazo para recolhimento ou impugnação.” “O art. 9º estabelece que os autos de infração devem ser distintos para cada infração ou penalidade.” “Cada auto de infração deve ter o seu número próprio, específico, mesmo que oriundo de um único MPF, caso contrário o auto de infração não poderá ser considerado distinto...” “Na lavratura dos autos de infração também estão omitidos os números das folhas em que foram anexadas ao processo administrativo fiscal as DCTF; as fichas de interesse da DIPJ, que comprovam os valores escriturados; em contrariedade com o inciso III do artigo 10 do Decreto 70.235/72.” Primeiramente, ressaltese que a exigência do crédito tributário poderá ser formalizada tanto por meio de autos de infração quanto por intermédio de notificações de lançamento. Como no caso presente o crédito tributário foi exigido mediante autos de infração, não há, sequer, que se falar no artigo 11 do Decreto 70.235, de 1972, uma vez que tal dispositivo regula, tãosomente, as notificações de lançamento. Diferentemente do que declara a Impugnante, o artigo 9° do referido Decreto, que se transcreve abaixo, não determina que sejam lavrados autos de infração distintos para cada infração: Fl. 118DF CARF MF Impresso em 21/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/01/2013 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 18/01/2013 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 15/01/2013 por NELSO KICHEL Processo nº 10510.001066/201009 Acórdão n.º 1802001.296 S1TE02 Fl. 119 15 Art. 9° A exigência do crédito tributário e a aplicação de penalidade isolada serão formalizados em autos de infração ou notificações de lançamento, distinto para cada tributo ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito. O entendimento é claríssimo e está expresso no texto transcrito. Deverão ser formalizados autos de infração distintos para cada tributo e não para cada infração. No Auto de Infração de IRPJ, ora em análise, foram apontadas duas infrações distintas, não havendo, assim, qualquer ofensa ao artigo 9° do Decreto n° 70.235, de 1972. Quanto à numeração individualizada, para cada auto de infração, tal exigência não existe no PAF e nem em qualquer outro ato normativo ou administrativo. Se diversos autos de infração forem lavrados durante o mesmo procedimento fiscal, sob o âmbito de um único MPF, neles deverão constar apenas o número do respectivo MPF. Salientese que é facultada à Contribuinte vista do processo, no órgão preparador, dentro do prazo para impugnação, não fazendo qualquer sentido a alegação de que, no auto de infração, teriam sido omitidos os números das folhas em que foram anexados determinados documentos. A Impugnante reclama ainda do enquadramento legal, mais especificamente dos artigos 518 e 519 do RIR/1999, que foram citados, mas não guardariam relação com os fatos descritos no auto de infração. No entanto, tais artigos, que integram o Subtítulo IV (Lucro Presumido) do Regulamento, tratam exatamente da apuração da base de cálculo do imposto, mediante a aplicação de coeficientes fixados em função da atividade exercida pela pessoa jurídica, ou seja, os dispositivos legais citados estão intimamente ligados às infrações apontadas e aos fatos descritos no auto de infração. Portanto, não se observa nos autos deste processo desrespeito a qualquer dispositivo do Decreto n° 70.235, de 1972, não se cogitando a hipótese aventada pela Impugnante de nulidade dos lançamentos por vício formal insanável. (...) Por tudo que foi exposto, rejeito a preliminar de nulidade pela inexistência dos vícios alegados. LUCRO PRESUMIDO. ANOCALENDÁRIO 2006. AUTO DE INFRAÇÃO DO IRPJ: 1) Quanto ao auto de infração do IRPJ do anocalendário 2006 (fls.04/10), houve a imputação de duas infrações: Fl. 119DF CARF MF Impresso em 21/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/01/2013 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 18/01/2013 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 15/01/2013 por NELSO KICHEL Processo nº 10510.001066/201009 Acórdão n.º 1802001.296 S1TE02 Fl. 120 16 a) diferença de imposto não confessada em DCTF e não paga, mas informada na DIPJ pela própria contribuinte: A fiscalização da RFB, ao cotejar a escrituração contábil (livro Razão Analítico), escrituração fiscal DIPJ 2007 (anocalendário 2006) e as DCTF respectivas do anocaaalendário 2006, constatou que a contribuinte confessou débitos do imposto, nas respectivas DCTF dos períodos de apuração trimestrais desse anocalendário, muito aquém dos valores registrados na escrituração contábil e declarados na DIPJ (os registros de apuração constantes da escrituração contábil coincidem com os registros declarados na DIPJ). As diferenças do imposto confessadas a menor em DCTF do anocalendário 2006 (confrontação de dados da DIPJ e das DCTF) estão demonstradas e apuradas no auto de infração do IRPJ, cujos dados extraídos apresento, sinteticamente, no quadro abaixo: ANOCALEND. 2006 RECEITA BRUTA DIPJ DIPJ DCTF DIFER. IRPJ Coef. 8% Coef. 16% Coef. 32% IRPJ Apurado IRPJ Pagar IRPJ confessado 1º TRIM. 112.113,88 1.345,37 1.345,37 249,33 1.096,04 2º TRIM. 280.908,30 9.180,81 3.591,24 3.591,24 296,92 3.294,32 3º TRIM. 172.115,74 55.837,11 3.405,48 3.405,48 412,16 2.993,32 4º TRIM. 198.894,13 73.240,01 4.145,57 4.145,57 1.996,94 2.148,63 TOTAL 9.532,31 Obs: DIPJ (fls. 42/46); DCTF (fls. 17/36); Termo de Intimação nº 04 (demonstrativo dessas diferenças trimestrais) – fls. 47/49; Cópia livro Razão Analítico (fls. 39/41). Como demonstrado, a própria contribuinte, na sua escrituração contábil que coincide com a DIPJ 2007 (anocalendário 2006), segregou as receitas de comércio (coluna coeficiente de 8%) e as receitas de prestação de serviços (coluna coeficiente 16%). O fisco não mexeu nas receitas de comércio declaradas na DIPJ pela recorrente, mantendo o coeficiente de presunção de 8%, conforme informado na citada declaração. Assim, diversamente do alegado pela recorrente, o fisco não apurou omissão de receitas do anocalendário 2006, não mudou a classificação ou natureza das receitas declaradas (que permanecem assim como informadas na DIPJ pela recorrente), mas houve, em relação à infração tem tela, tãosomente o lançamento de ofício da diferença de imposto não confessada em DCTF e não paga, mas que já estava declarada na DIPJ. Aqui, cabe frisar, como é cediço, os débitos de tributos informados na DIPJ não configuram confissão de dívida, pois a DIPJ tem caráter meramente informativo de apuração de débitos. O instrumento, por excelência, de confissão de débitos é a DCTF. E como parte dos débitos informados na DIPJ relativo ao anocalendário 2006 não foram pagos e nem confessados em DCTF, o fisco lançou de ofício essa diferença de débitos que a própria contribuinte apurara na escrituração contábil e declarara na DIPJ. A contribuinte não alegou, nem comprovou, que os valores das receitas declaradas na DIPJ pudessem estar incorretos ou que o imposto que apurara e declarara fosse menor. Fl. 120DF CARF MF Impresso em 21/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/01/2013 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 18/01/2013 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 15/01/2013 por NELSO KICHEL Processo nº 10510.001066/201009 Acórdão n.º 1802001.296 S1TE02 Fl. 121 17 À luz dos arts. 15 e 16 do Decreto nº 70.235/72 e do art. 333, II, do Processo Civil Brasileiro (Lei nº 5.869/73 e alterações posteriores), em relação a fato constitutivo do direito do fisco, é ônus probatório do sujeito passivo a apresentação de prova da existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo. Quanto a essa infração, no mérito, a recorrente nada objetou nesta instância recursal. Matéria preclusa. b) diferença de imposto infração diferença de coeficiente de presunção do lucro sobre receitas de prestação de serviços informadas pela contribuinte na DIPJ 2007, anocalendário 2006 (diferença de base de cálculo do IRPJ): Pelo fato da receita bruta anual, anocalendário 2006, ter superado o limite máximo de R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais), conforme demonstrado no quadro resumo acima, as receitas de prestação de serviços faturadas – coluna coef. 16% (planilha acima) estão sujeitas ao coeficiente de presunção do lucro de 32%, e não 16%. Por conseguinte, houve a apuração pelo fisco de diferença de base de cálculo, corresponde à diferença de coeficiente de presunção de 16% (32% – 16%) e respectivo imposto. O demonstrativo de cálculo da diferença de imposto sobre a diferença de coeficiente de 16% sobre as receitas de prestação de serviços declaradas na DIPJ 2007, ano calendário 2006, consta do auto de infração e que apresento no quadro resumo abaixo: ANOCALEND. 2006 RECEITA BRUTA (Serviços) – DIPJ DIF. DE COEF. DIFER. IRPJ 1º TRIM. 2º TRIM. 9.180,81 16% 220,33 3º TRIM. 55.837,11 16% 1.340,08 4º TRIM. 73.240,01 16% 1.757,76 TOTAL 3.318,17 Obs: Observe que a coluna receitas de prestação de serviços do anocalendário 2006 é a mesma do quadroresumo anterior que, por sua vez, foi extraída do auto de infração e da DIPJ. Conforme demonstrado, diversamente do alegado pela recorrente, o fisco não apurou omissão de receitas quanto ao anocalendário 2006 e, também, não alterou a classificação ou natureza das receitas informadas pela recorrente na DIPJ. Foi a própria recorrente que informou na DIPJ as receitas de prestação de serviços do quadroresumo acima. O fisco não mexeu nas receitas de comércio declaradas na DIPJ pela recorrente, mantendo, inclusive, o coeficiente de presunção de 8%, conforme informado na citada declaração. Logo, a alegação da recorrente, de que o fisco aplicou o coeficiente de 32% sobre a totalidade da receita bruta do anocalendário 2006, é totalmente equivocada, mera falácia, não merecendo crédito algum. O fisco somente aplicou o coeficiente de 32% sobre as receitas de prestação de serviços declaradas pela própria contribuinte na DIPJ 2007, anocalendário 2006, conforme Fl. 121DF CARF MF Impresso em 21/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/01/2013 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 18/01/2013 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 15/01/2013 por NELSO KICHEL Processo nº 10510.001066/201009 Acórdão n.º 1802001.296 S1TE02 Fl. 122 18 demonstrado no quadro resumo acima, para apuração da diferença de coeficiente base de cálculo de 16% (32%16%). Assim, todas as alegações da recorrente de que o fisco teria mudado a natureza das receitas (de comércio para prestação de serviços), aplicando coeficiente de 32% sobre a integralidade da receita bruta faturada no anocalendário 2006, inclusive construção civil, estão prejudicadas, por serem infundadas, equivocadas, totalmente fora de propósito. Considerando as duas infrações imputadas pelo auto de infração do IRPJ do anocalendário 2006, o valor total da diferença de imposto (principal) perfaz a quantia de R$ 12.850,48, mais juros de mora respectivos e multa de 75%. Como visto, o auto de infração do IRPJ está correto, não merece reparo algum. Por conseguinte, a decisão recorrida deve ser mantida. AUTO DE INFRAÇÃO DA CSLL. ANOCALENDÁRIO 2006. DIFERENÇA DE CONTRIBUIÇÃO NÃO CONFESSADA E NÃO PAGA, MAS DECLARADA NA DIPJ. Quanto ao de Infração da CSLL (fls. 11/16 e 47/49), o valor do principal da CSLL no valor de R$ 7.873,68 está discriminado, assim, na infração imputada: Diferença apurada entre o valor da CSLL escriturado/DIPJ e o declarado/pago na DCTF: ANOCALEND. 2006 CONTÁBILDADE/DIPJ DCTF DIFERENÇA CSLL CSLL Apurada/Débito a pagar CSLL Débito confessado 1º TRIM. 1.210,83 224,40 986,43 2º TRIM. 3.132,96 267,23 2.865,73 3º TRIM. 2.461,89 323,57 2.138,32 4º TRIM. 2.940,02 1.056,82 1.883,20 TOTAL 7.873,68 Obs: DIPJ (fls. 42/46). DCTF (fls. 17/36). Termo de Intimação nº 04 (demonstrativo dessas diferenças trimestrais) – fls. 47/49; Cópia livro Razão Analítico (fls. 39/41). Como já explanado alhures, os débitos declarados na DIPJ, mas não confessados em DCTF e não pagos, sujeitamse ao lançamento de ofício, por auto de infração, para exigência do principal, juros de mora respectivos e multa de ofício, pois a DIPJ não é intrumento de confissão de dévida, mas sim a DCTF. No caso, a contribuinte informou débitos na DIPJ 2007, anocalendário 2006, a título da CSLL (tudo conforme apurado na escrituração contábil), porém parte deles deixou de confessar na DCTF e não pagou. Por isso, o fisco lançou de ofício, essa diferença de principal da CSLL, mais juros de mora e multa de ofício de 75%. Fl. 122DF CARF MF Impresso em 21/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/01/2013 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 18/01/2013 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 15/01/2013 por NELSO KICHEL Processo nº 10510.001066/201009 Acórdão n.º 1802001.296 S1TE02 Fl. 123 19 A contribuinte não alegou, nem comprovou, que os valores das receitas declaradas na DIPJ 2007, anocalendário 2006, pudessem estar incorretos ou que a CSLL que apurara e declarara fosse menor. À luz dos arts. 15 e 16 do Decreto nº 70.235/72 e do art. 333, II, do Processo Civil Brasileiro (Lei nº 5.869/73 e alterações posteriores), em relação a fato constitutivo do direito do fisco, é ônus probatório do sujeito passivo a apresentação de prova da existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo. No mérito, nesta instância recursal a recorrente nada objetou contra o lançamento da CSLL do anocalendário 2006. Matéria preclusa. Por tudo que foi exposto, rejeito as preliminares de nulidade suscitadas e, no mérito, voto para NEGAR provimento ao recurso. (documento assinado digitalmente) Nelso Kichel Fl. 123DF CARF MF Impresso em 21/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/01/2013 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 18/01/2013 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 15/01/2013 por NELSO KICHEL
score : 1.0
Numero do processo: 18192.000117/2007-23
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 21 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Mon Feb 04 00:00:00 UTC 2013
Numero da decisão: 2301-000.328
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, I) Por unanimidade de votos: a) em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do(a) Relator(a). Sustentação oral: Vinicius Barbosa. OAB: 106.966/MG.
(assinado digitalmente)
Marcelo Oliveira - Presidente.
(assinado digitalmente)
Mauro José Silva - Relator.
Participaram, do presente julgamento, a Conselheira Bernadete de Oliveira Barros, bem como os Conselheiros Wilson Antonio de Souza Correa, Damião Cordeiro de Moraes , Mauro José Silva e Marcelo Oliveira.
Nome do relator: MAURO JOSE SILVA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201211
camara_s : Terceira Câmara
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Feb 04 00:00:00 UTC 2013
numero_processo_s : 18192.000117/2007-23
anomes_publicacao_s : 201302
conteudo_id_s : 5183407
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Feb 06 00:00:00 UTC 2013
numero_decisao_s : 2301-000.328
nome_arquivo_s : Decisao_18192000117200723.PDF
ano_publicacao_s : 2013
nome_relator_s : MAURO JOSE SILVA
nome_arquivo_pdf_s : 18192000117200723_5183407.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, I) Por unanimidade de votos: a) em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do(a) Relator(a). Sustentação oral: Vinicius Barbosa. OAB: 106.966/MG. (assinado digitalmente) Marcelo Oliveira - Presidente. (assinado digitalmente) Mauro José Silva - Relator. Participaram, do presente julgamento, a Conselheira Bernadete de Oliveira Barros, bem como os Conselheiros Wilson Antonio de Souza Correa, Damião Cordeiro de Moraes , Mauro José Silva e Marcelo Oliveira.
dt_sessao_tdt : Wed Nov 21 00:00:00 UTC 2012
id : 4473061
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 08:56:16 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041215632441344
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1251; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C3T1 Fl. 1.428 1 1.427 S2C3T1 SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 18192.000117/200723 Recurso nº 999.999 Resolução nº 2301000.328 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Data 21 de novembro de 2012 Assunto CONT. PREV. Recorrente GERDAU ACOMINAS S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, I) Por unanimidade de votos: a) em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do(a) Relator(a). Sustentação oral: Vinicius Barbosa. OAB: 106.966/MG. (assinado digitalmente) Marcelo Oliveira Presidente. (assinado digitalmente) Mauro José Silva Relator. Participaram, do presente julgamento, a Conselheira Bernadete de Oliveira Barros, bem como os Conselheiros Wilson Antonio de Souza Correa, Damião Cordeiro de Moraes , Mauro José Silva e Marcelo Oliveira. RE SO LU Çà O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 81 92 .0 00 11 7/ 20 07 -2 3 Fl. 191DF CARF MF Impresso em 06/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2013 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 04/02/2013 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 01/02/2013 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 18192.000117/200723 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 2301000.328 S2C3T1 Fl. 1.429 2 Relatório e Voto: O presente processo trata do descumprimento da obrigação acessória de apresentar as Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações Previdência Social (GFIP), com dados correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. O processo que cuida da obrigação principal não foi distribuído para este Relator. Observamos que os fatos que ensejaram o presente lançamento ensejam a conexão do presente com o processo que cuida da obrigação principal pelos motivos que abaixo serão expostos. O Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF) determina que seja feita a distribuição dos processos conexos para a mesma Câmara (art. 47, caput) e para o mesmo Relator (art. 49, § 7º). Vejamos o teor dos dispositivos: Art. 47. Os processos serão distribuídos aleatoriamente às Câmaras para sorteio, juntamente com os processos conexos e, preferencialmente, organizados em lotes por matéria ou concentração temática, observandose a competência e a tramitação prevista no art. 46. (...) Art. 49. Os processos recebidos pelas Câmaras serão sorteados aos conselheiros. (...) § 7° Os processos que retornarem de diligência, os com embargos de declaração opostos e os conexos, decorrentes ou reflexos serão distribuídos ao mesmo relator, independentemente de sorteio, ressalvados os embargos de declaração opostos, em que o relator não mais pertença ao colegiado, que serão apreciados pela turma de origem, com designação de relator ad hoc. (...) O desafio para a interpretação de tais dispositivos é estabelecer em que situações ocorre a conexão entre processos. Para enfrentálo, buscamos a disciplina existente no Processo Civil. No Código Processual temos os arts. 103 a 106 que tratam da matéria: Art.103. Reputamse conexas duas ou mais ações, quando lhes for comum o objeto ou a causa de pedir. Art.104. Dáse a continência entre duas ou mais ações sempre que há identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das outras. Fl. 192DF CARF MF Impresso em 06/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2013 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 04/02/2013 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 01/02/2013 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 18192.000117/200723 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 2301000.328 S2C3T1 Fl. 1.430 3 Art.105. Havendo conexão ou continência, o juiz, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, pode ordenar a reunião de ações propostas em separado, a fim de que sejam decididas simultaneamente. Art.106. Correndo em separado ações conexas perante juízes que têm a mesma competência territorial, considerase prevento aquele que despachou em primeiro lugar. O art. 103 do CPC, acima transcrito, exige, portanto, que haja objeto comum ou causa de pedir comum entre duas ou mais ações para que lhes seja reconhecida a conexidade. Tomando a lição de Cândido Rangel Dinamarco, assumimos que objeto do processo consiste no pedido formulado pelo demandante (Cf. DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de direito processual civil. Vol. II. 2ª ed. revista e atualizada. São Paulo: Malheiros, 2002, p. 184). A causa de pedir, segundo o mesmo autor, é a descrição dos fatos caracterizadores da crise jurídica lamentada( op. cit., p. 126). Em resumo, portanto, há conexão quando há um pedido comum ou os fatos narrados são comuns a dois processos. Ou, nas palavras de Cândido Rangel Dinamarco: ”ocorre conexidade quando duas ou várias demandas tiverem por objeto o mesmo bem da vida ou forem fundadas no contexto de fatos”(op. cit., p. 149) No caso do processo administrativo fiscal, as situações mais comuns de conexão advirão da identidade de fatos narrados. Em situações nas quais determinados fatos dão ensejo a lançamento para cobrança da obrigação principal e penalidade por descumprimento de obrigação acessória teremos nítida conexão. Outro exemplo comum diz respeito a fatos que estão capturados na hipótese de incidência de mais de um tributo. Caso do IRPJ e da CSLL, por exemplo. A jurisprudência deste Colegiado já acolheu em diversos julgados a existência de conexão em situações similares a essas. Vejamos: Acórdão nº 20401549 do Processo 13364000073200375 Data 27/07/2006 Ementa PIS. COMPETÊNCIA DO 1º CONSELHO DE CONTRIBUINTES. Quando lastreada, no todo ou em parte, em fatos cuja apuração serviu para determinar a prática de infração à legislação pertinente à tributação de pessoa jurídica, a competência para julgamento do recurso do PIS conexo será do Primeiro Conselho de Contribuintes. Acórdão nº 20401655 do Processo 13603002864200370 Data 22/08/2006 Ementa NORMAS PROCESSUAIS. Havendo matéria idêntica a ser decidida em processos conexos de IRPJ, CSLL, PIS e Cofins, a responsabilidade pelo crédito tributário sob exação, mesmo que estes últimos decorram de lançamento isolado, oriundas de mesma base fática e decorrentes de mesma verificação fiscal, a competência para análise e julgamento dos mesmos é de mesmo órgão julgador do Primeiro Conselho de Contribuintes. Recurso não conhecido. Acórdão nº 20212088 do Processo 138080049149630 Data 09/05/2000 Ementa NORMAS PROCESSUAIS CONEXÃO PROCESSUAL DECORRÊNCIA: O exame da exigência principal e da acessória, Fl. 193DF CARF MF Impresso em 06/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2013 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 04/02/2013 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 01/02/2013 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 18192.000117/200723 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 2301000.328 S2C3T1 Fl. 1.431 4 quando processadas em autos distintos, deve observar os efeitos da prevenção a fim de evitar decisões contraditórias em processos nitidamente conexos, cabendo à exigência acessória o mesmo destino da exigência principal, em face da inquestionável relação de causa e efeito que as entrelaça. Recurso provido. o Acórdão nº 20500720 do Processo 37284007953200410 Data 04/06/2008 Ementa Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias. Período de apuração: 01/09/1999 a 30/09/200. Ementa(...) AUTO DE INFRAÇÃO CONEXO À NFLD. Sendo o descumprimento de obrigação acessória conexo a matéria tratada em Notificação Fiscal de Lançamento de Débito, deve seguir a decisão emanada para aquela. Processo Anulado Acórdão nº 10708449 do Processo 16327000591200242 Data 22/02/2006 Ementa MULTA ISOLADA Considerada não cabível a exigência do próprio Imposto de Renda Pessoa Jurídica, formalizada em processo conexo, incabível a aplicação da multa isolada, por falta de recolhimento do IRPJ, sobre base de cálculo estimada, referente ao mesmo períodobase de apuração. Recurso provido. Acórdão nº 10808585 do Processo 10680000555200435 Data 10/11/2005 Ementa IRPJ e CSL DEDUÇÕES DE OFÍCIO PIS E COFINS JUROS DE MORA Deve se admitir a dedução, das bases tributáveis do IRPJ e da CSL, dos valores do PIS e da COFINS lançados de ofício, assim como dos juros de mora sobre eles incidentes até o encerramento do período de apuração dos tributos, de forma a se adequar o lançamento de ofício ao valor que efetivamente influiu na apuração do lucro líquido. ADESÃO AO PAES Não logrando o contribuinte correlacionar os débitos informados no PAES com os valores autuados não há como se exonerar os valores pleiteados. LANÇAMENTOS CONEXOS PIS E COFINS Os efeitos do decidido no lançamento principal do IRPJ, se estendem, por decorrência aos processos conexos. Da leitura dos julgados acima podemos observar que a identidade de causa de pedir, de fatos narrados, não precisa ser completa, podendo ser parcial. Identificada as situações ensejadoras da conexidade, restanos identificar as conseqüências processuais daí advindas . Ocorrendo a conexão, o CPC determina a distribuição por dependência: Art. 253. Distribuirseão por dependência as causas de qualquer natureza: (Redação dada pela Lei nº 10.358, de 2001) I quando se relacionarem, por conexão ou continência, com outra já ajuizada; (Redação dada pela Lei nº 10.358, de 2001) (...) De modo similar, o RICARF, como já ressaltamos, determina a distribuição por dependência para a Câmara e para o Relator. Fl. 194DF CARF MF Impresso em 06/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2013 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 04/02/2013 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 01/02/2013 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 18192.000117/200723 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 2301000.328 S2C3T1 Fl. 1.432 5 Mas deveria tal distribuição por dependência ocorrer em todos os casos? Ou haveria casos nos quais esta seria dispensável? A doutrina de Cândido Rangel Dinamarco (op. cit., p. 151) aponta a utilidade como critério suficiente para impor a reunião dos processos. Tal utilidade está presente naquelas situações nas quais as providências a tomar (reunião de processos) sejam aptas a proporcionar a harmonia de julgados ou a convicção única do julgador em relação a duas ou mais demandas. Ainda que a identidade dos fatos seja parcial, a utilidade da providência de reunião dos processos se justifica. De modo similar ao que acontece no processo civil, no processo administrativo a reunião dos processos tem por objetivo evitar a contradição de julgados e está sujeita à avaliação do julgador de sua utilidade. Ressaltamos que a utilidade não se esgota na possibilidade ou não de decisões contraditórias, mas diz respeito também ao interesse das partes. Assim, se nos autos não constam todos os elementos que permitem a compreensão da crise jurídica a ser sanada, permitindo que seja prejudicado o fisco na sua pretensão de cobrança do crédito tributário ou o contribuinte na sua ampla defesa, há utilidade na indicação de reunião dos processos. Nesses casos, diante do eminente prejuízo para uma das partes, a reunião dos processos é obrigatória, sob pena de nulidade do decisum que a desconsiderar. Situação diversa temos quando não há prejuízo possível para quaisquer das partes advindo diretamente do trâmite separado dos processos, mas subsiste a possibilidade de decisões contraditórias. Nesses casos, a reunião dos processos para julgamento simultâneo é providência que tem óbvio apelo para a segurança jurídica, na medida em que assegura que não haverá decisões contraditórias. A mesma situação contribui para a concretização da eficiência que está consagrada no art. 37 como princípio da administração pública, pois evita que as análises sejam totalmente refeitas por relatores distintos. Porém, nessa situação, caso não tenha ocorrido a reunião dos processos não haveria nulidade processual a ser declarada. No caso em análise, continuarmos com o julgamento isolado do presente poderá resultar em prejuízo para a defesa, ou para o fisco, se optássemos pela nulidade ou provimento por falta de provas nos autos, uma vez que, em geral, o processo que cuida da obrigação principal traz a totalidade dos documentos citados pela fiscalização. Como cuidamos de julgamento de penalidade por deixar de apresentar as Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações Previdência Social (GFIP), com dados correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, a identidade com o contexto dos fatos que envolvem a obrigação principal é óbvia de modo a restar evidenciada a conexão. Por todo o exposto, voto no sentido de CONHECER o RECURSO VOLUNTÁRIO e CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA de modo que sejam cumpridos os arts. 47, caput e 49, §7º do RICARF. (assinado digitalmente) Mauro José Silva Relator Fl. 195DF CARF MF Impresso em 06/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2013 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 04/02/2013 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 01/02/2013 por MAURO JOSE SILVA
score : 1.0