Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (28,899)
- Segunda Câmara (27,777)
- Primeira Câmara (25,077)
- Segunda Turma Ordinária d (16,594)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,671)
- Primeira Turma Ordinária (15,251)
- Segunda Turma Ordinária d (15,173)
- Primeira Turma Ordinária (15,154)
- Primeira Turma Ordinária (15,001)
- Segunda Turma Ordinária d (13,782)
- Primeira Turma Ordinária (12,673)
- Primeira Turma Ordinária (11,721)
- Segunda Turma Ordinária d (11,695)
- Quarta Câmara (11,510)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (11,138)
- Quarta Câmara (81,380)
- Terceira Câmara (63,185)
- Segunda Câmara (50,669)
- Primeira Câmara (16,202)
- 3ª SEÇÃO (15,671)
- 2ª SEÇÃO (11,138)
- 1ª SEÇÃO (6,624)
- Pleno (786)
- Sexta Câmara (302)
- Sétima Câmara (172)
- Quinta Câmara (133)
- Oitava Câmara (123)
- Terceira Seção De Julgame (114,979)
- Segunda Seção de Julgamen (108,014)
- Primeira Seção de Julgame (70,951)
- Primeiro Conselho de Cont (49,037)
- Segundo Conselho de Contr (48,602)
- Câmara Superior de Recurs (37,027)
- Terceiro Conselho de Cont (25,920)
- IPI- processos NT - ressa (4,985)
- Outros imposto e contrib (4,458)
- PIS - ação fiscal (todas) (4,037)
- IRPF- auto de infração el (3,972)
- PIS - proc. que não vers (3,957)
- IRPJ - AF - lucro real (e (3,943)
- Cofins - ação fiscal (tod (3,829)
- Simples- proc. que não ve (3,681)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (3,040)
- IPI- processos NT- créd.p (2,235)
- IRPF- ação fiscal - omis. (2,215)
- Cofins- proc. que não ver (2,098)
- IRPJ - restituição e comp (2,087)
- Finsocial -proc. que não (1,996)
- IRPF- restituição - rendi (1,990)
- Não Informado (56,831)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (4,955)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,442)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (4,269)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,256)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,270)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (3,219)
- HELCIO LAFETA REIS (3,172)
- ROSALDO TREVISAN (3,165)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,146)
- Não se aplica (2,782)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,594)
- HONORIO ALBUQUERQUE DE BR (2,474)
- WILDERSON BOTTO (2,439)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,330)
- 2020 (41,074)
- 2021 (35,801)
- 2019 (30,944)
- 2018 (26,036)
- 2024 (25,832)
- 2012 (23,620)
- 2023 (22,452)
- 2014 (22,372)
- 2013 (21,085)
- 2011 (20,979)
- 2010 (18,056)
- 2008 (17,072)
- 2017 (16,838)
- 2009 (15,828)
- 2006 (15,269)
- 2009 (69,607)
- 2020 (39,854)
- 2021 (34,153)
- 2019 (30,464)
- 2023 (25,918)
- 2024 (23,874)
- 2014 (23,412)
- 2018 (23,139)
- 2013 (16,584)
- 2017 (16,398)
- 2008 (15,518)
- 2006 (14,849)
- 2022 (13,226)
- 2007 (13,013)
- 2005 (12,075)
Numero do processo: 10680.010994/2008-80
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Jul 27 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF
Exercício: 2005
AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE.
Não está inquinado de nulidade o auto de infração lavrado por autoridade competente e que não tenha causado preterição do direito de defesa, efetuado em consonância com o que preceitua o art. 142 do Código Tributário Nacional, especialmente se o sujeito passivo, em sua defesa, demonstra pleno conhecimento dos fatos que ensejaram a sua lavratura, exercendo, atentamente, o seu direito de defesa. NOTIFICAÇÃO DE AUTO DE INFRAÇÃO POR VIA POSTAL. ENDEREÇO INDICADO PELO CONTRIBUINTE. VALIDADE DA NOTIFICAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE DE CARACTERIZAÇÃO DE NULIDADE DO LANÇAMENTO. Considera-se válida a intimação fiscal por meio de aviso postal com prova de recebimento, na data de sua entrega no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor, ainda que este não seja o próprio destinatário. Assim, intimado o contribuinte por aviso de recebimento sem divergência de identificação e domicílio fiscal, conforme determina o artigo 23, inciso II, do Decreto nº 70.235, de 1972, independentemente de quem tenha recebido e assinado o correspondente aviso de recebimento, incabível a alegação de nulidade do lançamento.
ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. GASTOS E/OU APLICAÇÕES INCOMPATÍVEIS COM OS RECURSOS DECLARADOS. FORMA DE APURAÇÃO. FLUXO FINANCEIRO. BASE DE CÁLCULO. APURAÇÃO MENSAL. ÔNUS DA PROVA.
Quando a autoridade lançadora promove o fluxo financeiro de origens e aplicações de recursos (apuração de acréscimo patrimonial a descoberto) este deve ser apurado mensalmente, considerando-se todos os ingressos de recursos (entradas) e todos os dispêndios (saídas) no mês. A lei somente
autoriza a presunção de omissão de rendimentos nos casos em que a autoridade lançadora comprove gastos e/ou aplicações incompatível com os recursos disponíveis (tributados, não tributáveis ou tributados exclusivamente na fonte). Assim, quando for o caso, devem ser considerados, na apuração do acréscimo patrimonial a descoberto, todos os recursos auferidos pelo contribuinte (tributados, isentos e não tributáveis e os tributados exclusivamente na fonte), abrangendo os declarados e os lançados de ofício pela autoridade lançadora.
ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. ÔNUS DA PROVA. Cabe à autoridade lançadora o ônus de provar o fato gerador do imposto de renda. A lei autoriza a presunção de omissão de rendimentos, desde que à autoridade lançadora comprove o aumento do patrimônio sem justificativa nos recursos declarados. Por outro lado, valores alegados, oriundos de saldos bancários, disponibilidades, resgates de aplicações, dívidas e ônus reais, como os demais recursos declarados, são objeto de prova por quem as invoca como justificativa de eventual aumento patrimonial. As operações declaradas, que importem em origem de recursos, devem ser comprovadas por documentos hábeis e idôneos que indiquem a natureza, o valor e a data de sua ocorrência.
MEIOS DE PROVA. INFRAÇÃO FISCAL.
A prova de infração fiscal pode realizar-se por todos os meios admitidos em Direito, inclusive a presuntiva com base em indícios veementes, sendo, outrossim, livre a convicção do julgador.
SANÇÃO TRIBUTÁRIA. MULTA QUALIFICADA. JUSTIFICATIVA PARA APLICAÇÃO. NECESSIDADE DA CARACTERIZAÇÃO DO EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE.
A evidência da intenção dolosa exigida na lei para a qualificação da penalidade aplicada há que aflorar na instrução processual, devendo ser inconteste e demonstrada de forma cabal. A prestação de informações ao fisco divergente de dados levantados pela fiscalização, bem como a falta de inclusão, na Declaração de Ajuste Anual, de rendimentos, bens ou direitos, mesmo que de forma reiterada, por si só, não caracteriza evidente intuito de fraude, que justifique a imposição da multa qualificada de 150%, prevista no § 1º do artigo 44, da Lei nº. 9.430, de 1996, já que ausente conduta material bastante para sua caracterização. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. MULTA DE OFICIO.
A responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou responsável. O fato de não haver má-fé do contribuinte não descaracteriza o poder-dever da Administração de lançar com multa de oficio rendimentos omitidos na declaração de ajuste.
MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO. CARÁTER DE CONFISCO. INOCORRÊNCIA.
A falta ou insuficiência de recolhimento do imposto dá causa ao lançamento de ofício, para exigi-lo com acréscimos e penalidades legais. A multa de lançamento de ofício é devida em face da infração às regras instituídas pelo Direito Fiscal e, por não constituir tributo, mas penalidade pecuniária prevista em lei é inaplicável o conceito de confisco previsto no inciso V, do art. 150 da Constituição Federal.
INCONSTITUCIONALIDADE.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2).
ACRÉSCIMOS LEGAIS. JUROS MORATÓRIOS.
A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC
para títulos federais (Súmula CARF nº 4).
Preliminares rejeitadas.
Recurso parcialmente provido.
Numero da decisão: 2202-001.304
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares suscitadas pela Recorrente e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso para desqualificar a multa de ofício, reduzindo-a ao percentual de 75%, nos termos do voto do
Relator.
Matéria: IRPF- ação fiscal - Ac.Patrim.Descoberto/Sinais Ext.Riqueza
Nome do relator: Nelson Mallmann
1.0 = *:*toggle all fields
materia_s : IRPF- ação fiscal - Ac.Patrim.Descoberto/Sinais Ext.Riqueza
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201107
camara_s : 2ª SEÇÃO
turma_s : 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
numero_processo_s : 10680.010994/2008-80
conteudo_id_s : 5675512
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Feb 07 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 2202-001.304
nome_arquivo_s : Decisao_10680010994200880.pdf
nome_relator_s : Nelson Mallmann
nome_arquivo_pdf_s : 10680010994200880_5675512.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares suscitadas pela Recorrente e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso para desqualificar a multa de ofício, reduzindo-a ao percentual de 75%, nos termos do voto do Relator.
dt_sessao_tdt : Wed Jul 27 00:00:00 UTC 2011
id : 6638112
ano_sessao_s : 2011
ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF Exercício: 2005 AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. Não está inquinado de nulidade o auto de infração lavrado por autoridade competente e que não tenha causado preterição do direito de defesa, efetuado em consonância com o que preceitua o art. 142 do Código Tributário Nacional, especialmente se o sujeito passivo, em sua defesa, demonstra pleno conhecimento dos fatos que ensejaram a sua lavratura, exercendo, atentamente, o seu direito de defesa. NOTIFICAÇÃO DE AUTO DE INFRAÇÃO POR VIA POSTAL. ENDEREÇO INDICADO PELO CONTRIBUINTE. VALIDADE DA NOTIFICAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE DE CARACTERIZAÇÃO DE NULIDADE DO LANÇAMENTO. Considera-se válida a intimação fiscal por meio de aviso postal com prova de recebimento, na data de sua entrega no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor, ainda que este não seja o próprio destinatário. Assim, intimado o contribuinte por aviso de recebimento sem divergência de identificação e domicílio fiscal, conforme determina o artigo 23, inciso II, do Decreto nº 70.235, de 1972, independentemente de quem tenha recebido e assinado o correspondente aviso de recebimento, incabível a alegação de nulidade do lançamento. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. GASTOS E/OU APLICAÇÕES INCOMPATÍVEIS COM OS RECURSOS DECLARADOS. FORMA DE APURAÇÃO. FLUXO FINANCEIRO. BASE DE CÁLCULO. APURAÇÃO MENSAL. ÔNUS DA PROVA. Quando a autoridade lançadora promove o fluxo financeiro de origens e aplicações de recursos (apuração de acréscimo patrimonial a descoberto) este deve ser apurado mensalmente, considerando-se todos os ingressos de recursos (entradas) e todos os dispêndios (saídas) no mês. A lei somente autoriza a presunção de omissão de rendimentos nos casos em que a autoridade lançadora comprove gastos e/ou aplicações incompatível com os recursos disponíveis (tributados, não tributáveis ou tributados exclusivamente na fonte). Assim, quando for o caso, devem ser considerados, na apuração do acréscimo patrimonial a descoberto, todos os recursos auferidos pelo contribuinte (tributados, isentos e não tributáveis e os tributados exclusivamente na fonte), abrangendo os declarados e os lançados de ofício pela autoridade lançadora. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. ÔNUS DA PROVA. Cabe à autoridade lançadora o ônus de provar o fato gerador do imposto de renda. A lei autoriza a presunção de omissão de rendimentos, desde que à autoridade lançadora comprove o aumento do patrimônio sem justificativa nos recursos declarados. Por outro lado, valores alegados, oriundos de saldos bancários, disponibilidades, resgates de aplicações, dívidas e ônus reais, como os demais recursos declarados, são objeto de prova por quem as invoca como justificativa de eventual aumento patrimonial. As operações declaradas, que importem em origem de recursos, devem ser comprovadas por documentos hábeis e idôneos que indiquem a natureza, o valor e a data de sua ocorrência. MEIOS DE PROVA. INFRAÇÃO FISCAL. A prova de infração fiscal pode realizar-se por todos os meios admitidos em Direito, inclusive a presuntiva com base em indícios veementes, sendo, outrossim, livre a convicção do julgador. SANÇÃO TRIBUTÁRIA. MULTA QUALIFICADA. JUSTIFICATIVA PARA APLICAÇÃO. NECESSIDADE DA CARACTERIZAÇÃO DO EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE. A evidência da intenção dolosa exigida na lei para a qualificação da penalidade aplicada há que aflorar na instrução processual, devendo ser inconteste e demonstrada de forma cabal. A prestação de informações ao fisco divergente de dados levantados pela fiscalização, bem como a falta de inclusão, na Declaração de Ajuste Anual, de rendimentos, bens ou direitos, mesmo que de forma reiterada, por si só, não caracteriza evidente intuito de fraude, que justifique a imposição da multa qualificada de 150%, prevista no § 1º do artigo 44, da Lei nº. 9.430, de 1996, já que ausente conduta material bastante para sua caracterização. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. MULTA DE OFICIO. A responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou responsável. O fato de não haver má-fé do contribuinte não descaracteriza o poder-dever da Administração de lançar com multa de oficio rendimentos omitidos na declaração de ajuste. MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO. CARÁTER DE CONFISCO. INOCORRÊNCIA. A falta ou insuficiência de recolhimento do imposto dá causa ao lançamento de ofício, para exigi-lo com acréscimos e penalidades legais. A multa de lançamento de ofício é devida em face da infração às regras instituídas pelo Direito Fiscal e, por não constituir tributo, mas penalidade pecuniária prevista em lei é inaplicável o conceito de confisco previsto no inciso V, do art. 150 da Constituição Federal. INCONSTITUCIONALIDADE. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). ACRÉSCIMOS LEGAIS. JUROS MORATÓRIOS. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais (Súmula CARF nº 4). Preliminares rejeitadas. Recurso parcialmente provido.
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:55:26 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048690386534400
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 45; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2254; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 1 1 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10680.010994/200880 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 220201.304 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 27 de julho de 2011 Matéria IRPF Recorrente EDNA FELIX DE ALMEIDA GOMES Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005 AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. Não está inquinado de nulidade o auto de infração lavrado por autoridade competente e que não tenha causado preterição do direito de defesa, efetuado em consonância com o que preceitua o art. 142 do Código Tributário Nacional, especialmente se o sujeito passivo, em sua defesa, demonstra pleno conhecimento dos fatos que ensejaram a sua lavratura, exercendo, atentamente, o seu direito de defesa. NOTIFICAÇÃO DE AUTO DE INFRAÇÃO POR VIA POSTAL. ENDEREÇO INDICADO PELO CONTRIBUINTE. VALIDADE DA NOTIFICAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE DE CARACTERIZAÇÃO DE NULIDADE DO LANÇAMENTO. Considerase válida a intimação fiscal por meio de aviso postal com prova de recebimento, na data de sua entrega no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor, ainda que este não seja o próprio destinatário. Assim, intimado o contribuinte por aviso de recebimento sem divergência de identificação e domicílio fiscal, conforme determina o artigo 23, inciso II, do Decreto nº 70.235, de 1972, independentemente de quem tenha recebido e assinado o correspondente aviso de recebimento, incabível a alegação de nulidade do lançamento. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. GASTOS E/OU APLICAÇÕES INCOMPATÍVEIS COM OS RECURSOS DECLARADOS. FORMA DE APURAÇÃO. FLUXO FINANCEIRO. BASE DE CÁLCULO. APURAÇÃO MENSAL. ÔNUS DA PROVA. Quando a autoridade lançadora promove o fluxo financeiro de origens e aplicações de recursos (apuração de acréscimo patrimonial a descoberto) este deve ser apurado mensalmente, considerandose todos os ingressos de recursos (entradas) e todos os dispêndios (saídas) no mês. A lei somente Fl. 388DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Assinado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN 2 autoriza a presunção de omissão de rendimentos nos casos em que a autoridade lançadora comprove gastos e/ou aplicações incompatível com os recursos disponíveis (tributados, não tributáveis ou tributados exclusivamente na fonte). Assim, quando for o caso, devem ser considerados, na apuração do acréscimo patrimonial a descoberto, todos os recursos auferidos pelo contribuinte (tributados, isentos e não tributáveis e os tributados exclusivamente na fonte), abrangendo os declarados e os lançados de ofício pela autoridade lançadora. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. ÔNUS DA PROVA. Cabe à autoridade lançadora o ônus de provar o fato gerador do imposto de renda. A lei autoriza a presunção de omissão de rendimentos, desde que à autoridade lançadora comprove o aumento do patrimônio sem justificativa nos recursos declarados. Por outro lado, valores alegados, oriundos de saldos bancários, disponibilidades, resgates de aplicações, dívidas e ônus reais, como os demais recursos declarados, são objeto de prova por quem as invoca como justificativa de eventual aumento patrimonial. As operações declaradas, que importem em origem de recursos, devem ser comprovadas por documentos hábeis e idôneos que indiquem a natureza, o valor e a data de sua ocorrência. MEIOS DE PROVA. INFRAÇÃO FISCAL. A prova de infração fiscal pode realizarse por todos os meios admitidos em Direito, inclusive a presuntiva com base em indícios veementes, sendo, outrossim, livre a convicção do julgador. SANÇÃO TRIBUTÁRIA. MULTA QUALIFICADA. JUSTIFICATIVA PARA APLICAÇÃO. NECESSIDADE DA CARACTERIZAÇÃO DO EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE. A evidência da intenção dolosa exigida na lei para a qualificação da penalidade aplicada há que aflorar na instrução processual, devendo ser inconteste e demonstrada de forma cabal. A prestação de informações ao fisco divergente de dados levantados pela fiscalização, bem como a falta de inclusão, na Declaração de Ajuste Anual, de rendimentos, bens ou direitos, mesmo que de forma reiterada, por si só, não caracteriza evidente intuito de fraude, que justifique a imposição da multa qualificada de 150%, prevista no § 1º do artigo 44, da Lei nº. 9.430, de 1996, já que ausente conduta material bastante para sua caracterização. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. MULTA DE OFICIO. A responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou responsável. O fato de não haver máfé do contribuinte não descaracteriza o poderdever da Administração de lançar com multa de oficio rendimentos omitidos na declaração de ajuste. MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO. CARÁTER DE CONFISCO. INOCORRÊNCIA. A falta ou insuficiência de recolhimento do imposto dá causa ao lançamento de ofício, para exigilo com acréscimos e penalidades legais. A multa de lançamento de ofício é devida em face da infração às regras instituídas pelo Direito Fiscal e, por não constituir tributo, mas penalidade pecuniária prevista em lei é inaplicável o conceito de confisco previsto no inciso V, do art. 150 da Constituição Federal. Fl. 389DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Assinado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Processo nº 10680.010994/200880 Acórdão n.º 220201.304 S2C2T2 Fl. 2 3 INCONSTITUCIONALIDADE. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). ACRÉSCIMOS LEGAIS. JUROS MORATÓRIOS. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais (Súmula CARF nº 4). Preliminares rejeitadas. Recurso parcialmente provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares suscitadas pela Recorrente e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso para desqualificar a multa de ofício, reduzindoa ao percentual de 75%, nos termos do voto do Relator. (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann – Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Rafael Pandolfo, Antonio Lopo Martinez, Guilherme Barranco de Souza, German Alejandro San Martín Fernández e Nelson Mallmann. Ausentes justificadamente, os Conselheiros Helenilson Cunha Pontes e Pedro Anan Júnior. Fl. 390DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Assinado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN 4 Relatório EDNA FELIX DE ALMEIDA GOMES, contribuinte inscrita no CPF/MF 203.131.87649, com domicílio fiscal na cidade de Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais, à Rua Curitiba, nº. 2401 – Bairro Lourdes, jurisdicionada a Delegacia da Receita Federal do Brasil em Belo Horizonte MG, inconformada com a decisão de Primeira Instância de fls. 247/268, prolatada pela 5ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte MG recorre, a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, pleiteando a sua reforma, nos termos da petição de fls. 274/381. Contra a contribuinte acima mencionada foi lavrado, em 21/08/2008, Auto de Infração de Imposto de Renda Pessoa Física (fls. 03/12), com ciência através de AR, em 01/09/2008 (fls. 134), exigindose o recolhimento do crédito tributário no valor total de R$ 2.241.935,00 (padrão monetário da época do lançamento do crédito tributário), a título de Imposto de Renda Pessoa Física, acrescidos da multa de lançamento de ofício qualificada de 150% e dos juros de mora de, no mínimo, de 1% ao mês, calculados sobre o valor do imposto e renda, relativo ao exercício de 2005, correspondente ao anocalendário de 2004. A exigência fiscal em exame teve origem em procedimentos de fiscalização de revisão das Declarações de Ajuste Anual referente ao exercício de 2005 onde a autoridade lançadora entendeu haver as seguintes irregularidades: 1 RENDIMENTOS RECEBIDOS DE PESSOAS JURÍDICAS OMISSÃO DE RENDIMENTOS DO TRABALHO COM VÍNCULO EMPREGATÍCIO RECEBIDOS DE PESSOA JURÍDICA: Omissão de rendimentos recebidos da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, durante o anocalendário de 2004, conforme DIRF/2004. O valor recebido não foi informado na Declaração de Ajuste Anual do Imposto de Renda da Pessoa Física. Infração capitulada nos artigos 1º, 2º, 3º, e §§, da Lei n º 7.713, de 1988; artigos 1º ao 3º, da Lei n º 8.134, de 1990 e artigo 1º da Lei nº 10.451, de 2002. 2 ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO: Omissão de rendimentos tendo em vista a ocorrência de variação patrimonial a descoberto haja vista a constatação de excesso de aplicações/dispêndios sobre origens/recursos, não respaldados por rendimentos tributáveis, isentos e nãotributáveis, tributáveis exclusivamente na fonte ou objeto de tributação definitiva declarados, conforme "Demonstrativo de Variação Patrimonial Mensal (fluxo de Caixa) do exercício de 2005, anocalendário de 2004 e circunstanciado no Termo de Verificação Fiscal que fazem parte integrante deste Auto de Infração. Infração capitulada nos artigos 1º, 2º, 3º, e §§, da Lei n º 7.713, de 1988; artigos 1º e 2º, da Lei n º 8.134, de 1990 e artigo 1º da Lei nº 10.451, de 2002. O AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil responsável pela constituição do crédito tributário lançado esclarece, ainda, através do Termo de Verificação Fiscal de fls. 13/29, entre outros, os seguintes aspectos: que o procedimento fiscal Objetivou verificar o cumprimento das obrigações tributárias durante o anocalendário de 2004, relativamente à subscrição das 560.000 ações ordinárias nominativas, sem valor nominal, ao preço total de emissão de R$ 2.800.000,00 (dois milhões e oitocentos mil reais). Sendo que a contribuinte supraidentificada não informado tal operação em sua Declaração Ajuste Anual do Imposto de Renda. Assim, o Fl. 391DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Assinado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Processo nº 10680.010994/200880 Acórdão n.º 220201.304 S2C2T2 Fl. 3 5 objetivo do procedimento fiscal foi analisar a variação patrimonial da contribuinte durante o referido anocalendário; que apesar de tomar ciência do Termo de Início de Fiscalização e Intimação Fiscal n° 250/2007 e Termo de Reintimação Fiscal n° 378/2007, consoante Avisos de RecebimentoAR da Empresa Brasileira dos Correios e Telégrafos (fls. 35 e 41), a contribuinte deixou de atender às intimações fiscais, ou seja, não se manifestou nem apresentou a documentação e os esclarecimentos solicitados por esta auditoria fiscal; que se registre que o procedimento fiscal levado a efeito sobre a contribuinte em tela está intrinsecamente ligado à fiscalização da pessoa jurídica Shareconsult Empreendimentos Imobiliários Ltda. Portanto, somente no decorrer dos trabalhos fiscais sobre a Shareconsult foi possível tomar conhecimento de fatos que implicam em responsabilidade tributária dos sócios daquela empresa; que da conclusão do procedimento fiscal contra a empresa "SHARECONSULT EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA." (Processo Administrativo Fiscal de Exigência do Crédito Tributário n° 10680.020458/200710; que ficou evidenciado que a empresa "SHARECONSULT EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA." somente existe no papel, não existe mais de fato, não tendo sido encontrada a sede da empresa no domicílio fiscal eleito. Portanto, os supostos empréstimos contraídos da empresa Shareconsult pelos sócios e pelos nãosócios jamais serão pagos ou restituídos à empresa, visto que a mesma deixou de existir no mundo real; que com o intuito de se apurar a verdade dos fatos, intimamos o Sr. Roger de Moura Tonidandel, CPF 858.744.85600, um dos sócios fundadores da Shareconsult Empreendimentos Imobiliários Ltda. para prestar esclarecimentos acerca desta empresa; que em 20 de outubro de 1998, a empresa "ATRIUM EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA., CNPJ 02.858.780/000130" foi constituída. Seus sócios constituintes foram Edna Felix de Almeida Gomes, CPF 203.131.87649, Cleópatra Oliveira Barros Lagos, CPF 034.371.80657, Eugênio Zalandauskas, CPF 154.905.48720 e Roger de Moura Tonidandel, CPF 858.744.85600. O contrato Social da Atrium foi registrado na Junta comercial em 17/11/1998, sob o n° 31205569311 (Protocolo 982799896; que, em 30 de Dezembro de 2003, ocorreu a Quarta Alteração Contratual da empresa "SHARECONSULT EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA.". Esta alteração contratual foi registrada na Junta Comercial em 30/03/2004, sob o n° 3142577 (Protocolo 047435739). Com esta alteração contratual ocorreram os seguintes fatos: retirase da sociedade a sóciacotista Fabiana Diniz Jardim, que transfere suas cotas para o companheiro Eugênio Zalandauskas e retirase, também, da sociedade Edna Félix de Almeida Gomes, que transfere suas cotas para o exesposo Carlos Eduardo de Almeida Gomes; que se analisando as Declarações de Ajuste Anual do Imposto de Renda dos exercícios de 2004 e 2005, relativas aos anoscalendário 2003 e 2004, de Edna Felix de Almeida Gomes, constatamos que foi informado no Quadro 10 — Dívidas e Ônus Reais, "Empréstimo de Mútuo Junto a Empresa Shareconsult Empreendimentos Imobiliários Ltda." no valor de R$ 5.231.190,00 durante o anocalendário de 2003. Ora, segundo os livros Diário e Fl. 392DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Assinado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN 6 Razão Analítico daquela empresa não existem lançamentos de tais supostos empréstimos durante o anocalendário de 2003 para a Sra. Edna Felix. Por conseguinte, a informação prestada pela contribuinte em sua DIRPF/2004 e 2005 não espelha a realidade dos fatos e em decorrência não tem o condão de justificar a variação patrimonial a descoberto ocorrida durante o anocalendário de 2004; que apesar da contribuinte sob fiscalização não ter comprovado, mediante apresentação de documentação hábil e idônea, coincidentes em datas e valores, a ORIGEM dos recursos financeiros usado para o dispêndio com subscrição das 560.000 (quinhentas e sessenta mil) ações ordinárias, ao preço total de emissão de R$ 2.800.000,00 (Dois milhões e oitocentos mil reais), totalmente integralizado em moeda corrente em novembro de 2004, consoante "ATA DA ASSEMBLÉIA EXTRAORDINÁRIA DA SOCIEDADE FALGO EMPREENDIMENTOS E PARTICIPAÇÕES S/A, de 22 de Novembro de 2004" (fls. 109/110), constatamos que tais recursos financeiros não são provenientes de pagamentos, empréstimos ou distribuição de lucro efetuados pela empresa "Shareconsult Empreendimentos Imobiliários Ltda.", haja vista que não existem nenhum lançamento dos livros Diário e Razão neste sentido; que é de se esclarecer, que o dispêndio no montante de R$ 2.800.000,00 com a subscrição das 560.000 ações ordinárias da empresa FALGO EMPREENDIMENTOS E PARTICIPAÇÕES S/A foi considerado como aplicação no Demonstrativo de Variação Patrimonial mensal; que se registre, ainda, que os rendimentos do trabalho assalariado, recebidos pela contribuinte da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte durante o anocalendário de 2004, mas omitidos na DIRPF/2005, serão considerados como origens de recursos no Demonstrativo de Variação Patrimonial mensal; que se confrontando o total de rendimentos (tributáveis, isentos e não tributáveis, tributáveis exclusivamente fonte e de tributação definitiva) declarados e não declarados pela contribuinte na Declaração de Ajuste Anual do Exercício de 2005, ano calendário 2004, com os dispêndios comprovadamente incorridos, constatamos .ocorrência de Acréscimo Patrimonial a Descoberto no mês de novembro de 2004, consoante "Demonstrativo de Variação Patrimonial Mensal" (fluxo de caixa) de fls. 70; que em decorrência da subscrição das 560.000 (quinhentas e sessenta mil) ações ordinárias, ao preço total de emissão de R$ 2.800.000,00 (Dois milhões e oitocentos mil reais), totalmente integralizado em moeda corrente em novembro de 2004, consoante "ATA DA ASSEMBLÉIA EXTRAORDINÁRIA DA SOCIEDADE FALGO EMPREENDIMENTOS E PARTICIPAÇÕES S/A, de 22 de Novembro de 2004", e, considerando que soma dos rendimentos declarados e não declarado na Declaração de Ajuste Anual do Imposto de Renda da Pessoa Física, do exercício de 2005, anocalendário de 2004, são insuficientes para dar suporte aos gastos/dispêndios incorridos, configurouse a ocorrência de acréscimo patrimonial a descoberto no mês de novembro do anocalendário de 2004, consoante "Demonstrativo de Variação Patrimonial Mensal", caracterizando, assim, omissão de rendimentos. Em sua peça impugnatória de fls. 135/240, instruída pelos documentos de fls. 241/246, apresentada, tempestivamente, em 01/10/2008 a contribuinte, se indispõe contra a exigência fiscal, solicitando que seja acolhida à impugnação para declarar a insubsistência do Auto de Infração, com base, em síntese, nos seguintes argumentos; Fl. 393DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Assinado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Processo nº 10680.010994/200880 Acórdão n.º 220201.304 S2C2T2 Fl. 4 7 que conforme verificado pelo envelope, inferese que em 01/09/2008, ocorreu a entrega, por via postal com aviso de recebimento, do Auto de Infração, Planilhas e Termo de Constatação e Verificação Fiscal ora sub oculis; que se verifique ainda que tal documentação foi entregue não à Impugnante, mas sim a pessoa de identificação não sabida, pois o contribuinte não teve acesso aos autos, tendo sido informado que apenas poderia ter acesso à documentação ensejadora do presente auto de infração após a impugnação o que, novamente se traduz em flagrante violação ao seu direito á ampla defesa; que como já mencionado acima, a intimação da ora Impugnante deuse por via postal, mediante aviso de recebimento. Porém, tal intimação não ocorreu de forma pessoal, pois o contribuinte apenas recebeu o envelope em sua casa após chegar de viagem, como se poderá verificar, caso seja concedido o obséquio ao contribuinte de verificar o AR, que, com certeza, da singela análise do documento ás deste futuro processo administrativo, não é a mesma pessoa que a ora impugnante; que, dessa forma, constatada a irregularidade da intimação, imperiosa a conclusão de sua nulidade absoluta, pois tratase de intimação realizada em pessoa diversa àquela que deve, supostamente, ser responsabilizada pelas alegadas infrações tributárias arroladas pelos doutos Srs. Auditores Fiscais, cujo valor atinge elevada monta; que, além disso, em que pese às tentativas do impugnante, não foi possível obter cópia do referido Aviso de Recebimento a fim de instruir a presente, haja vista que lhe foi informado que inexistiria procedimento administrativo, pelo que serlheia impossível compulsar ou xerocopiar os autos e documentos que o instruem. Segundo informações recebidas pela Delegacia da Receita Federal o procedimento administrativo somente é efetivamente autuado e formalizado quando da apresentação de defesa; que conforme salientado alhures, por informação obtida pela Delegacia da Receita Federal, inexiste autuação do procedimento administrativo que deu origem ao ora impugnado auto de infração, o qual, segundo informações prestadas por serventuário deste órgão, somente formalizarseia quando da apresentação de defesa pelo autuado; que, desta forma, restou amplamente prejudicado o impugnante, que não pode conhecer em que provas arrimouse as deduções constantes no auto ora impugnado, haja vista que não lhe foi facultado conhecer dos documentos ou tampouco dos depoimentos que arrimam as alegações lançadas pelo Fiscal, infringindo, assim, os direitos do impugnante, constitucionalmente garantidos, à ampla defesa e ao contraditório; que verificase que foi descumprida a norma insculpida no art. 41 da Lei 9.784/99 de se fazer presente na inquirição da testemunha, bem como se manifestar sobre tal fato, na forma do art. 44 da respectiva lei, o que prejudicou e prejudica de maneira irretratável a defesa do impugnante; que a Receita Federal do Brasil considerou que o procedimento fiscal levado a efeito sobre este contribuinte estaria intrinsecamente ligado à fiscalização da pessoa jurídica e que com a fiscalização da mesma percebeuse fatos que implicariam na responsabilidade tributária dos sócios. Assim, o lançamento deveria ter sido levado a feito em peça única, da empresa e dos sócios, na forma do art. 121 e 142 do CTN e arts. 9 e 10 do decreto 70.235/72; Fl. 394DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Assinado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN 8 que ocorre litisconsórcio passivo necessário entre o presente contribuinte e os contribuintes dos autos de infração MPF/FM 06.1.01.0020080048080, do contribuinte Carlos Eduardo de Almeida Gomes; MPF/FM 06.1.01.00.2007005423 e 06.1.01.00.2008 003882, ambas do contribuinte Sebastião Luiz Lagos; e MPF/FM 06.1.01.00.200800386, do contribuinte Eugênio Zalandauskas; que, assim, é que se verifica que o supedâneo fático das autuações do presente auto de infração e o de n o MPF/FM 06.1.01.00 20080048080, do contribuinte Carlos Eduardo de Almeida Gomes; MPF/FM 06.1.01.00.2007005423 e 06.1.01.00.2008 003882, ambas do contribuinte Sebastião Luiz Lagos; e MPF/FM 06.1.01.00.2008 00386, do contribuinte Eugênio Zalandauskas, são os mesmos, devendo ser declarada sua insubsistência ante a flagrante nulidade; que conforme se verifica da presente autuação o Sr. Fiscal, no afã de aumentar o valor da autuação simplesmente ignorou os valores de imposto de Renda retidos na fonte pagadora da remuneração recebida pela contribuinte da PBH; que realmente houve um erro formal na declaração da contribuinte ao não declarar os rendimentos, mas foi declarada a fonte e o Imposto de Renda devido na operação foi retido normalmente, não podendo o Sr. Fiscal desconsiderar tal fato; que, diante disto, deverá ser deduzida da base de cálculo, bem como do cálculo do imposto devido os valores recebidos da PBH, pois já sofreram a tributação pertinente; que os trabalhos fiscais foram efetuados ao amparo de informações obtidas através de prova ilícita, como já mencionado, constantes nos extratos bancários do Impugnante; que houve erro nos procedimentos utilizados para levantamento dos débitos ao utilizarse o critério de variação mensal, quando o critério correto seria o cálculo pela variação anual; que prosseguindo na análise da autuação, vêse que, admitindose, por amor ao debate, a hipótese de que foram ultrapassadas as alegações já apresentadas, melhor sorte não socorreria ao lançamento efetuado, pois em seu cálculo encontrase incluído índice correspondente às taxas remuneratórias de juros, caracterizando, portanto, ilegalidade e inconstitucionalidade da utilização desta TAXA SELIC, como veremos adiante; que a multa qualificada de 150%, prevista no artigo 44, inciso II da Lei no 9.430/96, é aplicável apenas em casos em que haja evidente intuito de fraude, somente é admissível quando factualmente constatada as hipóteses de fraude, dolo ou simulação. A aplicação de tal multa não pode ser feita por presunção ou alicerçada em indícios frutos da clarividência do Sr. Fiscal. Após resumir os fatos constantes da autuação e as principais razões apresentadas pelo impugnante a Quinta Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte MG conclui pela procedência da ação fiscal e pela manutenção do crédito tributário, com base nas seguintes considerações: que , quanto à validade da intimação, é de se dizer que o auto de infração foi lavrado em 21/08/2008, tendo sido encaminhado para intimação por via postal em 28/08/2008 (fl. 134). A contribuinte apresentou impugnação em 01/10/2008, dentro, pois, do prazo estabelecido no art. 15, caput, art. 23, inc. II, § 2", inc. II. Observese que não é pressuposto para validade da intimação postal a recepção do envelope diretamente pelo Fl. 395DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Assinado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Processo nº 10680.010994/200880 Acórdão n.º 220201.304 S2C2T2 Fl. 5 9 contribuinte. Por conseguinte, não tem relevância a data em que a correspondência tenha sido entregue à interessada, por ocasião de seu regresso de viagem, não lhe socorrendo o argumento que teve seu prazo para apresentar a impugnação diminuído; que, quanto a correta identificação do sujeito passivo, é de se dizer que o auto de infração às fls. 3 a 29 formaliza exigência relativa a Imposto de Renda Pessoa Física, decorrente de omissão de rendimentos. O lançamento não resulta de tributação reflexa, ou seja, não possui relação de causa e efeito que o vincule a um lançamento principal na pessoa jurídica. Assim, não há que se falar em reunião de processos pendentes; que, quanto a nulidade, é de se dizer que no auto de infração, à fl. 3, a contribuinte é intimada a recolher ou impugnar o débito apurado. A impugnação ora analisada é prova de que o direito de defesa está sendo exercitado e de que não foi cerceado. Por sua vez, nada há que demande o saneamento previsto no art. 60 do Decreto n° 70.235, de 1972. Pelo que consta dos autos, não se verificam irregularidades, incorreções nem omissões que prejudiquem a compreensão do lançamento e a elaboração pela contribuinte de sua defesa. Além dos dispositivos que regem a matéria, na peça contestada consta a descrição das infrações cometidas, não se verificando a disparidade argüida entre eles. Com efeito, à interessada foi dada saber qual acusação lhe foi imputada e o enfrentamento das questões na impugnação denota a sua completa compreensão. Por conseguinte, não se verifica o alegado cerceamento do direito de defesa por constar do enquadramento legal vasta legislação acerca da matéria e não apenas dispositivo aplicável ao caso concreto; que, quanto a vista dos autos, é de se dizer que é facultada ao contribuinte vista do processo dentro do prazo de trinta dias contados da ciência do auto de infração. Também é facultado ao sujeito passivo ou a seu mandatário a requisição do fornecimento de cópia do processo (art. 38, § 2º da Lei n° 9.250, de 26 de dezembro de 1995). Frisese, por conseguinte, que os autos estiveram a disposição da contribuinte, de acordo com a sua conveniência, no órgão preparador durante o prazo para a impugnação. Assim, foilhe garantido o pleno acesso a todos os documentos que constituem o processo. Inexiste nos autos qualquer ato restringindo o direito de a contribuinte apresentar impugnação à exigência imposta no auto de infração, bem como carrear aos autos elementos de prova para elidir o feito fiscal. A impugnação ora analisada é prova de que o direito de defesa está sendo exercitado e de que não foi cerceado. Nela, a autuada refuta a integralidade do lançamento, revelando conhecer as acusações que lhe foram imputadas e os elementos nas quais se baseiam. Rebateas de forma meticulosa, com argumentos que abrangem questões preliminares como também razões de mérito, o que demonstra que o pedido de vista efetuado no corpo da impugnação tem objetivo meramente procrastinatório; que, quanto ao Processo Administrativo Fiscal, é de se dizer que o Decreto n° 70.235, de 1972, trata da lide fiscal como algo que gira em torno da exigência fiscal e é por ela delimitada. Antes da formalização da exigência, ou seja, antes da ciência do auto de infração, não há o que contestar, não há do que se defender, não há litígio. A impugnação da exigência é que instaura o contraditório, ou seja, a fase litigiosa do procedimento (art. 14 do Decreto n" 70.235, de 1972). O procedimento de lançamento é inquisitivo e a autoridade fiscal pode, inclusive, lavrar o auto de infração sem prévia audiência do contribuinte (art. 3 0, parágrafo único, da IN SRF n" 94, de 24 de dezembro de 1997). Não obstante, no caso em apreço, foram feitas intimações para a contribuinte prestar esclarecimentos e tomar conhecimento da fiscalização desenvolvida. A alegação de que não estava presente no momento em que Roger de Moura Tonidandel prestou informações à fiscalização não macula o Fl. 396DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Assinado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN 10 lançamento. Os esclarecimentos acerca da empresa Shareconsult Empreendimentos Imobiliários Ltda. prestados pelo referido sócio fundador constam do Termo de Declaração às fls. 50 a 52 e foram reproduzidos no Termo de Verificação Fiscal, no seu item 13, parte integrante do auto de infração, do qual a contribuinte foi cientificada. Assim, lembrandose que o momento oportuno para apresentação das razões de discordância do lançamento é quando da apresentação da impugnação, não há que se falar em cerceamento do direito de defesa; que, quanto as provas, é de se dizer que os documentos em que se baseou a fiscalização para apurar os valores de rendimentos tributáveis constam dos autos, e, se houver discordância por parte da contribuinte, a esta cabe manifestála, na condição de impugnante, e não somente sugerila, procurando transferir o ônus da produção de provas para a autoridade administrativa; que, quanto a requisição dos extratos bancários, é de se dizer que na impugnação, a contribuinte afirma que entregou sua documentação bancária, mas somente o fez mediante intimação irregular, pois o auditor fiscal não tinha competência para requer os extratos de movimentação financeira. Entretanto, não é o que se observa nos autos. A contribuinte, apesar de intimada e reintimada a apresentar os extratos de suas contas bancárias, deixou de fazêlo. Assim sendo, a alegação apresentada mostrase estranha ao processo; que, quanto ao lançamento com base em extratos bancários e da inclusão de receitas indevidas — cheques devolvidos , é de se dizer que em sua defesa, a contribuinte insurgese contra o lançamento com base em extratos bancários e contra a inclusão de receitas indevidas — cheques devolvidos. Ocorre que o lançamento se baseou nas informações contidas na DIRF emitida pela Prefeitura de Belo Horizonte e na Ata de Assembléia .da Sociedade Falgo Empreendimentos S/A.; que, quanto a tributação na declaração de ajuste anual, é de se dizer que conforme se verifica no auto de infração, o autuante efetuou corretamente o lançamento, apurando as omissões mensalmente, submetendoas ao ajuste anual. Dessa forma o valor tributado no ajuste anual foi o somatório dos valores apurados mês a mês, perfazendo o valor total de R$ 2.806.477,80 no anocalendário 2004; que, quanto a desconstituição dos contratos de mútuo e exclusão indevida de receitas comprovadas, é de se dizer que no procedimento fiscal, foi verificada omissão de rendimentos devido à ocorrência de variação patrimonial no valor de R$ 2.774.029,94, não respaldado por rendimentos tributáveis, isentos e nãotributáveis, tributáveis exclusivamente na fonte ou objeto de tributação definitiva declarados. Em consonância com o "Termo de Verificação Fiscal" e Ata de Assembléia da Sociedade Falgo Empreendimentos S/A (fls. 109 e 110), a contribuinte subscreveu 560.000 ações ordinárias nominativas, sem valor nominal, ao preço total de emissão de R$ 2.800.000,00, totalmente integralizado em moeda corrente do país, em 22 de novembro de 2004. Tal operação, porém, não foi informada na Declaração de Ajuste Anual do Imposto de Renda da contribuinte referente ao exercício 2005. Ainda em conformidade com os autos, na apuração da variação patrimonial a descoberto no valor de R$ 2.774.029,94, foram considerados os rendimentos efetivamente recebidos da Prefeitura de Belo Horizonte até novembro, ou seja, a diferença entre os valores dos rendimentos pagos e o imposto de renda retido da fonte, conforme discriminado no "Demonstrativo de Variação Patrimonial Mensal” (fl. 30), parte integrante do processo. Nas Declarações de Ajuste Anual do Imposto de Renda referentes aos exercícios de 2004 e 2005, foi informado no Quadro 10 — Dívidas e Ônus Reais que houve um empréstimo de mútuo junto a Empresa Shareconsult no valor de R$ 5.231.190,00 durante o anocalendário de 2003. De acordo com o "Termo de Verificação Fiscal", não constam lançamentos de pagamento, empréstimos ou distribuição de Fl. 397DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Assinado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Processo nº 10680.010994/200880 Acórdão n.º 220201.304 S2C2T2 Fl. 6 11 lucros durante o anocalendário de 2003 nos Livros Diário e Razão Analítico da mencionada empresa; que, quanto a ilegalidade de lançamentos sobre tributos pagos e não declarados, é de se dizer que no procedimento de verificação do cumprimento das obrigações tributárias pela contribuinte, também foi verificada omissão de rendimentos recebidos da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte durante o anocalendário de 2004 no valor total de R$ 32.447,86, conforme DIRF de fl. 125. Em sua defesa, a contribuinte alega que foram ignorados os valores de imposto de renda retido na fonte dos rendimentos recebidos da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte. Examinando os autos, juntamente com a tela extraída do Banco de Dados da Receita Federal do Brasil correspondente à Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte — DIRF, fl. 125, verificase que, ao contrário do alegado, foi considerado pela fiscalização o imposto de renda retido na fonte no valor total de R$ 3.570,51 pela Prefeitura Municipal de Belo Horizonte. O Demonstrativo de Compensação de Valores à fl. 09, frisese, deixa isso bem claro; que, quanto a multa de ofício, é de se dizer que no exercício 2005, a contribuinte não declarou rendimentos tributáveis, rendimentos isentos e nãotributáveis e sujeitos à tributação exclusiva. Foi verificada variação patrimonial a descoberto no montante de R$ 2.774.029,94 e omissão de rendimentos recebidos pela Prefeitura de Belo Horizonte no montante de R$ 32.447,86. No caso, não se tratou de omissão de uma operação isolada ou de valor irrisório, que pudesse ser decorrente de equívoco, esquecimento, negligência, desorganização, mas de operações de montante considerável. As ementas que consubstanciam a presente decisão são as seguintes: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005 INTIMAÇÃO POSTAL. DESNECESSIDADE DE ENTREGA DA CORRESPONDÊNCIA AO PRÓPRIO AUTUADO. A eficácia da intimação postal se perfaz com a entrega da correspondência no endereço eleito pelo sujeito passivo. Desnecessária a entrega pessoal. NULIDADE. Os casos de nulidade são os descritos no art. 59 do Decreto n° 70.235, de 6 de março de 1972. DIREITO DE DEFESA. CERCEAMENTO. INOCORRÊNCIA. Estando o procedimento fiscal realizado em estrita observância às suas normas de regência, não há que se falar em cerceamento do direito de defesa. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. Constituem rendimentos brutos sujeitos ao imposto de renda as quantias correspondentes a acréscimo patrimonial quando esse não for justificado pelos rendimentos tributáveis, isentos e não tributáveis ou por rendimentos tributados exclusivamente na Fl. 398DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Assinado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN 12 fonte, apurados por meio do confronto entre os recursos e os dispêndios realizados pelo contribuinte. INCONSTITUCIONALIDADE. Não cabe às autoridades administrativas julgar a matéria do ponto de vista constitucional. MULTA. CARÁTER CONFISCATORIO. A vedação ao confisco pela Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro de 1988, é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicar a multa, nos moldes da legislação que a instituiu. MULTA QUALIFICADA. A multa de oficio de 150% é aplicável sempre que presentes os elementos que caracterizam, em tese, o evidente intuito de fraude. JUROS DE MORA. A partir de 01/04/1995, por expressa disposição legal, a teor do disposto no art. 13 da Lei n" 9.065, de 1995, os juros de mora serão equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia Selic. Lançamento Procedente Cientificado da decisão de Primeira Instância, em 03/06/2009, conforme Termo constante às fls. 269/271, e, com ela não se conformando, a contribuinte interpôs, em tempo hábil 02/07/2009), o recurso voluntário de fls. 274/381, no qual demonstra irresignação contra a decisão supra, baseado, em síntese, nas mesmas razões expendidas na fase impugnatória. É o relatório. Fl. 399DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Assinado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Processo nº 10680.010994/200880 Acórdão n.º 220201.304 S2C2T2 Fl. 7 13 Voto Conselheiro Nelson Mallmann, Relator O presente recurso voluntário reúne os pressupostos de admissibilidade previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal e deve, portanto, ser conhecido por esta Turma de Julgamento. Da análise preliminar da matéria, verificase que a autoridade lançadora entendeu haver omissão de rendimentos diante da constatação de variação patrimonial a descoberto, apurado através de “fluxo financeiro”, onde se verificou excesso de aplicações sobre as origens, não respaldados por recursos com origem declarada e/ou comprovada (tributados, não tributáveis ou tributados exclusivamente na fonte). É de se ressaltar, que resta claro, nos demonstrativos contidos nos autos, que o acréscimo patrimonial a descoberto tem origem na subscrição das 560.000 (quinhentas e sessenta mil) ações ordinárias, ao preço total de emissão de R$ 2.800.000,00 (Dois milhões e oitocentos mil reais), totalmente integralizado em moeda corrente em novembro de 2004, conforme Ata da Assembléia Extraordinária da Sociedade Falgo Empreendimentos e Participações S/A, de 22 de Novembro de 2004, e, diante do fato que soma dos rendimentos declarados e não declarado na Declaração de Ajuste Anual do Imposto de Renda da Pessoa Física, do exercício de 2005, anocalendário de 2004, são insuficientes para dar suporte aos gastos/dispêndios incorridos, configurouse a ocorrência de acréscimo patrimonial a descoberto no mês de novembro do anocalendário de 2004, conforme Demonstrativo de Variação Patrimonial Mensal, caracterizando, assim, omissão de rendimentos. A autoridade julgadora de primeira instância resolveu julgar procedente o lançamento, por entender que o contribuinte não logrou comprovar a origem dos recursos utilizados para satisfazer os dispêndios realizados no anocalendário questionado. Inconformado, em virtude de não ter logrando êxito na instância inicial, a contribuinte apresenta a sua peça recursal a este E. Conselho Administrativo de Recursos Fiscais pleiteando a reforma da decisão prolatada na Primeira Instância onde se insurge contra o lançamento mantido pela autoridade julgadora, argüindo inicialmente as preliminares de nulidades do lançamento e, no mérito, tece considerações sobre a impossibilidade de se tributar por mera presunção, já que entende que as variações patrimoniais a descoberto somente surgiram diante do fato da autoridade lançadora ter computado, para este fim, o valores utilizados no aumento de capital social da empresa que era sócia. Desta forma, a discussão neste colegiado se prende, tão somente, sobre acréscimo patrimonial a descoberto, previsto no § 1º do artigo 3º da Lei nº. 7.713, de 1988. Cabe, inicialmente, ressaltar, que quanto as preliminares de nulidade do lançamento suscitadas pela recorrente concordo com a decisão de Primeira Instância as quais adoto como matéria de reforço neste meu voto e para que não ocorra nenhuma dúvida neste julgamento as posiciono na forma abaixo: Fl. 400DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Assinado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN 14 1 QUANTO A VALIDADE DA INTIMAÇÃO: O auto de infração foi lavrado em 21/08/2008, tendo sido encaminhado para intimação por via postal em 28/08/2008 (fl. 134). A contribuinte apresentou impugnação em 01/10/2008, dentro, pois, do prazo estabelecido no art. 15, caput, art. 23, inc. II, § 2º, inc. II. Observese que não é pressuposto para validade da intimação postal a recepção do envelope diretamente pelo contribuinte. Por conseguinte, não tem relevância a data em que a correspondência tenha sido entregue à interessada, por ocasião de seu regresso de viagem, não lhe socorrendo o argumento que teve seu prazo para apresentar a impugnação diminuído. 2 QUANTO A CORRETA IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO: O auto de infração às fls. 3 a 29 formaliza exigência relativa a Imposto de Renda Pessoa Física, decorrente de omissão de rendimentos. O lançamento não resulta de tributação reflexa, ou seja, não possui relação de causa e efeito que o vincule a um lançamento principal na pessoa jurídica. Assim, não há que se falar em reunião de processos pendentes. 3 QUANTO A NULIDADE DO LANÇAMENTO: No auto de infração, à fl. 3, a contribuinte é intimada a recolher ou impugnar o débito apurado. A impugnação ora analisada é prova de que o direito de defesa está sendo exercitado e de que não foi cerceado. Por sua vez, nada há que demande o saneamento previsto no art. 60 do Decreto n° 70.235, de 1972. Pelo que consta dos autos, não se verificam irregularidades, incorreções nem omissões que prejudiquem a compreensão do lançamento e a elaboração pela contribuinte de sua defesa. Além dos dispositivos que regem a matéria, na peça contestada consta a descrição das infrações cometidas, não se verificando a disparidade argüida entre eles. Com efeito, à interessada foi dada saber qual acusação lhe foi imputada e o enfrentamento das questões na impugnação denota a sua completa compreensão. Por conseguinte, não se verifica o alegado cerceamento do direito de defesa por constar do enquadramento legal vasta legislação acerca da matéria e não apenas dispositivo aplicável ao caso concreto. 4 QUANTO A VISTA DOS AUTOS: É facultada ao contribuinte vista do processo dentro do prazo de trinta dias contados da ciência do auto de infração. Também é facultado ao sujeito passivo ou a seu mandatário a requisição do fornecimento de cópia do processo (art. 38, § 2º da Lei n° 9.250, de 26 de dezembro de 1995). Frisese, por conseguinte, que os autos estiveram a disposição da contribuinte, de acordo com a sua conveniência, no órgão preparador durante o prazo para a impugnação. Assim, foilhe garantido o pleno acesso a todos os documentos que constituem o processo. Inexiste nos autos qualquer ato restringindo o direito de a contribuinte apresentar impugnação à exigência imposta no auto de infração, bem como carrear aos autos elementos de prova para elidir o feito fiscal. A impugnação ora analisada é prova de que o direito de defesa está sendo exercitado e de que não foi cerceado. Nela, a autuada refuta a integralidade do lançamento, revelando conhecer as acusações que lhe foram imputadas e os elementos nas quais se baseiam. Rebateas de forma meticulosa, com argumentos que abrangem questões preliminares como também razões de mérito, o que demonstra que o pedido de vista efetuado no corpo da impugnação tem objetivo meramente procrastinatório. 5 QUANTO AO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL: O Decreto n° 70.235, de 1972, trata da lide fiscal como algo que gira em torno da exigência fiscal e é por ela delimitada. Antes da formalização da exigência, ou seja, antes da ciência do auto de infração, não há o que contestar, não há do que se defender, não há litígio. A impugnação da exigência é que instaura o contraditório, ou seja, a fase litigiosa do procedimento (art. 14 do Decreto nº 70.235, de 1972). O procedimento de lançamento é inquisitivo e a autoridade fiscal pode, inclusive, lavrar o auto de infração sem prévia audiência do contribuinte (art. 3º, parágrafo único, da IN SRF n" 94, de 24 de dezembro de 1997). Não obstante, no caso em apreço, foram feitas intimações para a contribuinte prestar esclarecimentos e tomar Fl. 401DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Assinado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Processo nº 10680.010994/200880 Acórdão n.º 220201.304 S2C2T2 Fl. 8 15 conhecimento da fiscalização desenvolvida. A alegação de que não estava presente no momento em que Roger de Moura Tonidandel prestou informações à fiscalização não macula o lançamento. Os esclarecimentos acerca da empresa Shareconsult Empreendimentos Imobiliários Ltda. prestados pelo referido sócio fundador constam do Termo de Declaração às fls. 50 a 52 e foram reproduzidos no Termo de Verificação Fiscal, no seu item 13, parte integrante do auto de infração, do qual a contribuinte foi cientificada. Assim, lembrandose que o momento oportuno para apresentação das razões de discordância do lançamento é quando da apresentação da impugnação, não há que se falar em cerceamento do direito de defesa. 6 QUANTO AS PROVAS: Os documentos em que se baseou a fiscalização para apurar os valores de rendimentos tributáveis constam dos autos, e, se houver discordância por parte da contribuinte, a esta cabe manifestála, na condição de impugnante, e não somente sugerila, procurando transferir o ônus da produção de provas para a autoridade administrativa. 7 QUANTO A REQUISIÇÃO DOS EXTRATOS BANCÁRIOS: Na impugnação, a contribuinte afirma que entregou sua documentação bancária, mas somente o fez mediante intimação irregular, pois o auditor fiscal não tinha competência para requer os extratos de movimentação financeira. Entretanto, não é o que se observa nos autos. A contribuinte, apesar de intimada e reintimada a apresentar os extratos de suas contas bancárias, deixou de fazêlo. Assim sendo, a alegação apresentada mostrase estranha ao processo. 8 QUANTO AO LANÇAMENTO COM BASE EM EXTRATOS BANCÁRIOS E DA INCLUSÃO DE RECEITAS INDEVIDAS — CHEQUES DEVOLVIDOS: Em sua defesa, a contribuinte insurgese contra o lançamento com base em extratos bancários e contra a inclusão de receitas indevidas — cheques devolvidos. Ocorre que o lançamento se baseou nas informações contidas na DIRF emitida pela Prefeitura de Belo Horizonte e na Ata de Assembléia .da Sociedade Falgo Empreendimentos S/A. 9 QUANTO A TRIBUTAÇÃO NA DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL: Conforme se verifica no auto de infração, o autuante efetuou corretamente o lançamento, apurando as omissões mensalmente, submetendoas ao ajuste anual. Dessa forma o valor tributado no ajuste anual foi o somatório dos valores apurados mês a mês, perfazendo o valor total de R$ 2.806.477,80 no anocalendário 2004. Estas matérias suscitadas pela recorrente como sendo as preliminares foram rejeitadas pela autoridade julgadora em Primeira Instância com base, em síntese, nos argumentos acima mencionados e adotados por este relator e que cuja rejeição será abrangida pelas análises abaixo. Quanto às preliminares de nulidade argüida, sob o entendimento de que de que houve, em síntese, ofensa ao princípio constitucional do contraditório e ampla defesa, assegurado no art. 5º, inciso LV, da Constituição Federal de 1988, por discordar, em síntese, dos procedimentos adotados pela fiscalização para lavratura do presente Auto de infração, é de se dizer que não tem razão o suplicante, pelos motivos que se seguem. Entendo, que o procedimento fiscal realizado pelo agente do fisco foi efetuado dentro da estrita legalidade, com total observância ao Decreto n° 70.235, de 1972, que regula o Processo Administrativo Fiscal (é o único que se tem em matéria tributária), não se vislumbrando, no caso sob análise, qualquer ato ou procedimento que tenha violado ou subvertido o princípio do devido processo legal. Fl. 402DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Assinado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN 16 Resta claro, no desenvolvimento do procedimento fiscal, que os demonstrativos esclarecem de maneira convincente a origem dos valores que tomaram parte do demonstrativo de apuração do acréscimo patrimonial a descoberto questionado. Ora, é dever do contribuinte informar e, se for o caso, comprovar os dados nos campos próprios das correspondentes declarações de rendimentos e, conseqüentemente, calcular e pagar o montante do imposto apurado, por outro lado, cabe a autoridade fiscal o dever da conferência destes dados. Assim, na ausência de comprovação, por meio de documentação hábil e idônea, das deduções realizadas na base de cálculo do imposto de renda, é dever de a autoridade fiscal efetuar a sua glosa e constituir o lançamento para efetuar a cobrança deste crédito tributário apurado. O princípio da verdade material tem por escopo, como a própria expressão indica, a busca da verdade real, verdadeira, e consagra, na realidade, a liberdade da prova, no sentido de que a Administração possa valerse de qualquer meio de prova que a autoridade processante ou julgadora tome conhecimento, levandoas aos autos, naturalmente, e desde que, obviamente dela dê conhecimento às partes; ao mesmo tempo em que deva reconhecer ao contribuinte o direito de juntar provas ao processo até a fase de interposição do recurso voluntário. O Decreto n.º 70.235, de 1972, em seu artigo 9º, define o auto de infração e a notificação de lançamento como instrumentos de formalização da exigência do crédito tributário, quando afirma: A exigência do crédito tributário será formalizado em auto de infração ou notificação de lançamento distinto para cada tributo Com nova redação dada pelo art. 1º da Lei n.º 8.748/93: A exigência de crédito tributário, a retificação de prejuízo fiscal e a aplicação de penalidade isolada serão formalizados em autos de infração ou notificações de lançamento, distintos para cada imposto, contribuição ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito. O auto de infração, bem como a notificação de lançamento por constituírem peças básicas na sistemática processual tributária, a lei estabeleceu requisitos específicos para a sua lavratura e expedição, sendo que a sua lavratura tem por fim deixar consignado a ocorrência de uma ou mais infrações à legislação tributária, seja para o fim de apuração de um crédito fiscal, seja com o objetivo de neutralizar, no todo ou em parte, os efeitos da compensação de prejuízos a que o contribuinte tenha direito, e a falta do cumprimento de forma estabelecida em lei torna inexistente o ato, sejam os atos formais ou solenes. Se houver vício na forma, o ato pode invalidarse. Ora, não procede à nulidade do lançamento suscitada sob o argumento de que o auto de infração não foi lavrado dentro dos parâmetros exigidos pelo art. 10 do Decreto nº. 70.235, de 1972, ou seja, que a sua lavratura foi efetuada de forma a prejudicar a ampla defesa. Com a devida vênia, o Auto de Infração foi lavrado tendo por base os valores constantes em documentos oficiais enviados pelas instituições envolvidas, bem com a própria declaração de rendimentos da suplicante, onde consta de forma clara que houve omissão de rendimentos, devidamente individualizados e detalhados nos relatórios, que são partes integrantes do Auto de Infração, sendo que o mesmo, identifica por nome e CPF o autuado, Fl. 403DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Assinado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Processo nº 10680.010994/200880 Acórdão n.º 220201.304 S2C2T2 Fl. 9 17 esclarece onde foi lavrado, cuja ciência foi por AR e descreve a irregularidade praticada e o seu enquadramento legal assinado pelo AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil, cumprindo o disposto no art. 142 do Código Tributário Nacional, ou seja, o ato é próprio do agente administrativo investido no cargo de AuditorFiscal. Não tenho dúvidas, que o excesso de formalismo, a vedação à atuação de ofício do julgador na produção de provas e a declaração de nulidades puramente formais são exemplos possíveis de serem extraídos da prática forense e estranhos ao ambiente do processo administrativo fiscal. A etapa contenciosa caracterizase pelo aparecimento formalizado no conflito de interesses, isto é, transmudase a atividade administrativa de procedimento para processo no momento em que o contribuinte registra seu inconformismo com o ato praticado pela administração, seja ato de lançamento de tributo ou qualquer outro ato que, no seu entender, causalhe gravame com a aplicação de multa por suposto nãocumprimento de dever instrumental. Assim, a etapa anterior à lavratura do auto de infração e ao processo administrativo fiscal, constitui efetivamente uma fase inquisitória, que apesar de estar regrada em leis e regulamentos, faculta à Administração a mais completa liberdade no escopo de flagrar a ocorrência do fato gerador. Nessa fase não há contraditório, porque o fisco está apenas coletando dados para se convencer ou não da ocorrência do fato imponível ensejador da tributação. Não há, ainda, exigência de crédito tributário formalizada, inexistindo, conseqüentemente, resistência a ser oposta pelo sujeito fiscalizado. O lançamento, como ato administrativo vinculado, celebrase com estrita observância dos pressupostos estabelecidos pelo art. 142 do Código Tributário Nacional, cuja motivação deve estar apoiada estritamente na lei, sem a possibilidade de realização de um juízo de oportunidade e conveniência pela autoridade fiscal. O ato administrativo deve estar consubstanciado por instrumentos capazes de demonstrar, com segurança e certeza, os legítimos fundamentos reveladores da ocorrência do fato jurídico tributário. Isso tudo foi observado quando da determinação do tributo devido, através do Auto de Infração lavrado. Assim, não há como pretender premissas de nulidade do auto de infração, nas formas propostas pelo recorrente, neste processo, já que o mesmo preenche todos os requisitos legais necessários. Nunca é demais lembrar, que até a interposição da peça impugnatória pelo contribuinte, o conflito de interesses ainda não está configurado. Os atos anteriores ao lançamento referemse à investigação fiscal propriamente dita, constituindose medidas preparatórias tendentes a definir a pretensão da Fazenda. Ou seja, são simples procedimentos que tãosomente poderão conduzir a constituição do crédito tributário. Na fase procedimental não há que se falar em contraditório ou ampla defesa, pois não há ainda, qualquer espécie de pretensão fiscal sendo exigida pela Fazenda Pública, mas tãosomente o exercício da faculdade da administração tributária em verificar o fiel cumprimento da legislação tributária por parte do sujeito passivo. O litígio só vem a ser instaurado a partir da impugnação tempestiva da exigência, na chamada fase contenciosa, não se podendo cogitar de preterição do direito de defesa antes de materializada a própria exigência fiscal por intermédio de auto de infração ou notificação do lançamento. Fl. 404DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Assinado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN 18 Assim, após a impugnação, oportunizase ao contribuinte a contestação da exigência fiscal. A partir daí, instaurase o processo, ou seja, configurase o litígio. Ora, não há como negar que as irregularidades apontadas pela autoridade lançadora foram devidamente caracterizadas e compreendidas pelo suplicante, tanto é verdade que a mesma contestou o referido auto de infração de forma a não deixar dúvidas quanto ao perfeito conhecimento dos fatos, através da Impugnação. Portanto, o fundamental é que o contribuinte tenha tomado ciência do presente auto de infração, e tenha exercido de forma plena, dentro do prazo legal, o seu direito de defesa e oportunidade para apresentar dos documentos comprobatórios de suas alegações. Enfim, no caso dos autos, a autoridade lançadora cumpriu todos os preceitos estabelecidos na legislação em vigor e o lançamento foi efetuado com base em dados reais sobre a suplicante, conforme se constata nos autos, com perfeito embasamento legal e tipificação da infração cometida. Como se vê, não procede à situação conflitante alegada pela recorrente, ou seja, não se verificam, por isso, os pressupostos exigidos que permitam a declaração de nulidade do Auto de Infração. Quanto a preliminar de nulidade no que diz respeito ao recebimento da notificação de lançamento impõese necessário verificar se, em verdade, houve ou não apresentação tempestiva do recurso voluntário, bem como se existe alguma justificativa razoável para se processar o recurso voluntário em outra data, senão aquela original prevista na legislação de regência. Ao tratar da intimação o Processo Administrativo Fiscal (Decreto nº 70.235, de 1972 e suas alterações posteriores) se manifesta da seguinte forma: Art. 23. Farseá a intimação: I pessoal, pelo autor do procedimento ou por agente do órgão preparador, na repartição ou fora dela, provada com a assinatura do sujeito passivo, seu mandatário ou preposto, ou, no caso de recusa, com declaração escrita de quem o intimar; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) III por meio eletrônico, com prova de recebimento, mediante: (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) a) envio ao domicílio tributário do sujeito passivo; ou (Incluída pela Lei nº 11.196, de 2005) b) registro em meio magnético ou equivalente utilizado pelo sujeito passivo. (Incluída pela Lei nº 11.196, de 2005) § 1o Quando resultar improfícuo um dos meios previstos no caput deste artigo, a intimação poderá ser feita por edital publicado: (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) I no endereço da administração tributária na internet; (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) Fl. 405DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Assinado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Processo nº 10680.010994/200880 Acórdão n.º 220201.304 S2C2T2 Fl. 10 19 II em dependência, franqueada ao público, do órgão encarregado da intimação; ou (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) III uma única vez, em órgão da imprensa oficial local. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) § 2° Considerase feita a intimação: I na data da ciência do intimado ou da declaração de quem fizer a intimação, se pessoal; II no caso do inciso II do caput deste artigo, na data do recebimento ou, se omitida, quinze dias após a data da expedição da intimação; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) III se por meio eletrônico, 15 (quinze) dias contados da data registrada: (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) a) no comprovante de entrega no domicílio tributário do sujeito passivo; ou (Incluída pela Lei nº 11.196, de 2005) b) no meio magnético ou equivalente utilizado pelo sujeito passivo; (Incluída pela Lei nº 11.196, de 2005) IV 15 (quinze) dias após a publicação do edital, se este for o meio utilizado. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) § 3o Os meios de intimação previstos nos incisos do caput deste artigo não estão sujeitos a ordem de preferência. (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) § 4o Para fins de intimação, considerase domicílio tributário do sujeito passivo: (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) I o endereço postal por ele fornecido, para fins cadastrais, à administração tributária; e (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) II o endereço eletrônico a ele atribuído pela administração tributária, desde que autorizado pelo sujeito passivo. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) § 5o O endereço eletrônico de que trata este artigo somente será implementado com expresso consentimento do sujeito passivo, e a administração tributária informarlheá as normas e condições de sua utilização e manutenção. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) § 6o As alterações efetuadas por este artigo serão disciplinadas em ato da administração tributária. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) Pela análise preliminar das peças processuais é possível se inferir, a primeira vista, que os fatos ocorreram da forma abaixo discriminada, e por via de conseqüência com o resultado previsível ali exposto. Senão, vejamos. Fl. 406DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Assinado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN 20 O auto de infração foi lavrado em 21/08/2008, tendo sido encaminhado para intimação por via postal em 28/08/2008 (fl. 134). A contribuinte apresentou impugnação em 01/10/2008, dentro, pois, do prazo estabelecido no art. 15, caput, art. 23, inc. II, § 2", inc. II. Ou seja, o Auto de Infração foi encaminhado para o endereço indicado pela contribuinte em sua Declaração de Ajuste Anual, a contribuinte apresentou dentro do prazo legal a sua impugnação, cumprindose os pressupostos do processo Administrativo Fiscal. A recorrente, em suas razões recursais, rebate os fatos suscitando uma questão prejudicial sob o argumento que não foi a própria que recebeu os documentos enviados. Inicialmente é de se observar, que quando a decisão em primeira instância é desfavorável ao contribuinte, este poderá entrar com um recurso chamado Recurso Voluntário, questionando a decisão proferida pela administração em primeira instância, lembrando que este recurso é um direito facultativo do contribuinte. Em casos que o contribuinte não concordar, somente em parte, com a decisão administrativa da primeira instância ele poderá recorrer apenas desta parte e quitar a parte não recorrida da decisão. Em nome dos princípios do contraditório e ampla defesa o prazo para entrar com o Recurso Voluntário é de 30 dias, a contar da data da ciência da decisão de primeira instância. O Processo Administrativo Fiscal PAF estabelece no artigo 5º que os prazos são contínuos, excluindose de sua contagem o dia do início e incluindose o do vencimento. E que só se iniciam ou vencem no dia de expediente normal no órgão em que corra o processo que deva ser praticado o ato. O prazo preclusivo para impugnar é de 30 (trinta) dias contados da intimação para recolher o crédito tributário objeto de lançamento pela Autoridade Administrativo, segundo definido no art. 15 do PAF. As disposições do § 4º do art. 16, do mesmo diploma, estabelecem que a prova documental seja apresentada juntamente com a impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, salvo por motivos de força maior, direitos ou fatos supervenientes.Também, o prazo é de 30 (trinta) dias contado da ciência da decisão que julgar procedente total ou parcialmente para interpor recurso voluntário perante os conselhos de contribuintes, conforme previsto no artigo 33 do Processo Administrativo Fiscal PAF. Ora, no presente caso, a intimação da ciência do Auto de infração foi enviada para o endereço fornecido pela recorrente, fato não negado e, portanto, conforme o dispositivo acima, a intimação reputase válida. Como visto a tese apresentada, pela recorrente, não encontra respaldo no Processo Administrativo Fiscal, aprovado pelo Decreto nº 70.235, de 1972 e suas alterações posteriores, já que a correspondência foi enviada para o endereço indicado pela recorrente, sendo irrelevante a pessoa que tenha recebido neste endereço. Acolher a pretensão da suplicante implicaria grave ofensa aos princípios que regem o Processo Administrativo Fiscal, já que a validade da intimação via postal, foi dirigida para o domicílio fiscal da contribuinte e cujo recebimento está documentado nos autos é matéria com jurisprudência mansa e pacífica nos Conselhos de Contribuintes, dos quais reproduzimos os seguintes Acórdãos: Acórdão 20208.457, de 21 de maio de 1996 NORMAS PROCESSUAIS – É válida a intimação via postal remetida ao endereço da pessoa jurídica que consta do Cadastro da Fazenda Nacional, ainda mais quando a mesma exerce atividades normalmente no endereço indicado. A lei processual Fl. 407DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Assinado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Processo nº 10680.010994/200880 Acórdão n.º 220201.304 S2C2T2 Fl. 11 21 não exige que a ciência de recebimento do Auto de Infração seja dada por representante legal da empresa, sendo válido o recebimento e ciência aposto por qualquer pessoa que receber o AR no endereço indicado. Acórdão 20210.924, de 03 de março de 1999 NORMAS PROCESSUAIS – Válida a intimação via postal endereçada para domicílio fiscal da intimada com recepção comprovada mediante a junta do respectivo Aviso de Recebimento. PEREMPÇÃO – Recurso apresentado após o decurso do prazo consignado no caput do artigo 33 do Decreto nº 70.235/72. – Por perempto, dele não se toma conhecimento. Acórdão nº: 10413.527, de 09 de julho de 1996 NOTIFICAÇÃO – CIÊNCIA. Considerase feita à intimação, quando por via postal ou telegráfica, a data do recebimento, ainda que assinatura aposta no aviso de recebimento seja a do porteiro do edifício do contribuinte, pessoa esta idônea a recepcionar as correspondências dos moradores. Ora, não há mais nada para se discutir, a recorrente foi formalmente cientificada. É indiscutível que o prazo para apresentar a peça recursal é de trinta dias, contados na forma do disposto no artigo 5º, parágrafo único, do Decreto n.º 70.235, de 1972, combinado com o art. 33 do mesmo Decreto e foi isto que aconteceu, já que a recorrente apresentou tempestivamente a sua peça impugnatória. Da análise do mérito se verifica que a autoridade lançadora constatou, através do levantamento de entradas e saídas de recursos – fluxo financeiro (“fluxo de caixa”), que a contribuinte apresentou, durante o anocalendário de 2004, saldos negativos, representando desta forma presunção de omissão de rendimentos, já que consumia/aplicava mais do que possuía de recursos com origem justificada, através de rendimentos tributados, não tributáveis, isentos, tributados exclusivamente na fonte, ou que provinham de empréstimos, etc. Não há dúvidas, nos autos, que o suplicante foi tributado diante da constatação de omissão de rendimentos, pelo fato do fisco ter verificado, através do levantamento mensal de origens e aplicações de recursos, que o mesmo apresentava “um acréscimo patrimonial a descoberto”, “saldo negativo mensal”, ou seja, aplicava e/ou consumia mais do que possuía de recursos com origem justificada. Sobre este “acréscimo patrimonial a descoberto”, “saldo negativo” cabe tecer algumas considerações. Sempre que se apura de forma inequívoca um acréscimo patrimonial a descoberto, na acepção do termo, é lícito à presunção de que tal acréscimo foi construído com recursos não indicados na declaração de rendimentos do contribuinte. A situação patrimonial do contribuinte é medida em dois momentos distintos. No início do período considerado e no seu final, pela apropriação dos valores constantes de sua declaração de bens. O eventual acréscimo na situação patrimonial constatado na posição do final do período em comparação da mesma situação no seu início é considerado como acréscimo patrimonial. Para haver equilíbrio fiscal deve corresponder, tal acréscimo (que leva Fl. 408DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Assinado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN 22 em consideração os bens, direitos e obrigações do contribuinte) deve estar respaldado em rendimentos auferidos (tributadas, não tributáveis, isentas ou tributadas exclusivamente na fonte) e/ou empréstimos, etc. No caso em questão, a tributação não decorreu do comparativo entre as situações patrimoniais do contribuinte ao final e início do período, ou seja, na acepção do termo “acréscimo patrimonial”. Portanto, não pode ser tratada como simples acréscimo patrimonial. Desta forma, não há que se falar de acréscimo patrimonial a descoberto apurado na declaração anual de ajuste. Vistos esses fatos, cabe mencionar a definição do fato gerador da obrigação tributária principal que é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência (art. 114 do CTN). Esta situação é definida no art. 43 do Código Tributário Nacional, como sendo a aquisição de disponibilidade econômica ou jurídica de renda ou de proventos de qualquer natureza, que no caso em pauta é a omissão de rendimentos. Ocorrendo o fato gerador, compete à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo o caso, propor a aplicação da penalidade cabível (CTN, art. 142). Ainda, segundo o parágrafo único, deste artigo, a atividade administrativa do lançamento é vinculada, ou seja, constitui procedimento vinculado à norma legal. Os princípios da legalidade estrita e da tipicidade são fundamentais para delinear que a exigência tributária se dê exclusivamente de acordo com a lei e os preceitos constitucionais. Assim, o imposto de renda somente pode ser exigido se efetivamente ocorrer o fato gerador, ou o lançamento será constituído quando se constatar que concretamente houve a disponibilidade econômica ou jurídica de renda ou de proventos de qualquer natureza. Desta forma, podemos concluir que o lançamento somente poderá ser constituído a partir de fatos comprovadamente existentes, ou quando os esclarecimentos prestados forem impugnados pelos lançadores com elemento seguro de prova ou indício veemente de falsidade ou inexatidão. Ora, se o fisco faz prova, através de demonstrativos de origens e aplicações de recursos fluxo financeiro, que a recorrente efetuou gastos além da disponibilidade de recursos declarados, é evidente que houve omissão de rendimentos e esta omissão deverá ser apurada no mês em que ocorreu o fato. Diz a norma legal que rege o assunto: Lei n.º 7.713, de 1988: Artigo 1º Os rendimentos e ganhos de capital percebidos a partir de 1º de janeiro de 1989, por pessoas físicas residentes ou domiciliadas no Brasil serão tributados pelo Imposto de renda na forma da legislação vigente, com as modificações introduzidas por esta Lei. Fl. 409DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Assinado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Processo nº 10680.010994/200880 Acórdão n.º 220201.304 S2C2T2 Fl. 12 23 Artigo 2º O Imposto de Renda das pessoas físicas será devido, mensalmente, à medida que os rendimentos e ganhos de capital forem percebidos. Artigo 3º O Imposto incidirá sobre o rendimento bruto, sem qualquer dedução, ressalvando o disposto nos artigos 9º a 14 desta Lei. § 1º. Constituem rendimento bruto todo o produto do capital, do trabalho, ou da combinação de ambos, os alimentos e pensões percebidos em dinheiro, e ainda os proventos de qualquer natureza, assim também entendidos os acréscimos patrimoniais correspondentes aos rendimentos declarados. Lei n.º 8.134, de 1990: Art. 1º A partir do exercíciofinanceiro de 1991, os rendimentos e ganhos de capital percebidos por pessoas físicas residentes ou domiciliadas no Brasil serão tributados pelo Imposto de Renda na forma da legislação vigente, com as modificações introduzidas por esta Lei. Art. 2º O Imposto de Renda das pessoas físicas será devido à medida que os rendimentos e ganhos de capital forem percebidos, sem prejuízo do ajuste estabelecido no artigo 11. (...). Art. 4º Em relação aos rendimentos percebidos a partir de 1º de janeiro de 1991, o imposto de que trata o artigo 8º da Lei n.º 7.713, de 1988: I será calculado sobre os rendimentos efetivamente recebidos no mês. Lei n.º 8.021, de 1990: Art. 6º O lançamento de ofício, além dos casos já especificados em lei, farseá arbitrando os rendimentos com base na renda presumida, mediante utilização dos sinais exteriores de riqueza. § 1º Considerase sinal exterior de riqueza a realização de gastos incompatíveis com a renda disponível do contribuinte. § 2º Constitui renda disponível a receita auferida pelo contribuinte, diminuída dos abatimentos e deduções admitidos pela legislação do Imposto de Renda em vigor e do Imposto de Renda pago pelo contribuinte. Como se depreende da legislação, anteriormente mencionada, o imposto de renda das pessoas físicas será apurado mensalmente, à medida que os rendimentos e ganhos de capital forem percebidos, já que com a edição da Lei n.º 8.134, de 1990, que introduziu a declaração anual de ajuste para efeito de apuração do imposto devido pelas pessoas físicas, tanto o imposto devido como o saldo do imposto a pagar ou a restituir, passaram a ser determinados anualmente, donde se conclui que o recolhimento mensal passou a ser considerado como antecipação do devido e não como pagamento definitivo. Fl. 410DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Assinado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN 24 Nesta altura deve ser esclarecido, que os fatos geradores das obrigações tributárias são classificados como instantâneos ou complexivos. O fato gerador instantâneo, como o próprio nome revela, dá nascimento à obrigação tributária pela ocorrência de um acontecimento, sendo este suficiente por si só (imposto de renda na fonte). Em contraposição, os fatos geradores complexivos são aqueles que se completam após o transcurso de um determinado período de tempo e abrangem um conjunto de fatos e circunstâncias que, isoladamente considerados, são destituídos de capacidade para gerar a obrigação tributária exigível. Este conjunto de fatos se corporifica, depois de determinado lapso temporal, em um fato imponível. Exemplo clássico de tributo que se enquadra nesta classificação de fato gerador complexivo é o imposto de renda da pessoa física, apurado no ajuste anual. Aliás, a despeito da inovação introduzida pelo artigo 2° da Lei n° 7.713, de 1988, pelo qual se estipulou que “o imposto de renda das pessoas físicas será devido, mensalmente, à medida que os rendimentos e ganhos de capital forem recebidos”, há que se ressaltar a relevância dos arts. 24 e 29 deste mesmo diploma legal e dos arts. 12 e 13 da Lei n° 8.383, de 1991 mantiveram o regime de tributação anual (fato gerador complexivo) para as pessoas físicas. É de se observar, que para as infrações relativas à omissão de rendimentos, temse que, embora as quantias sejam recebidas mensalmente, o valor apurado será acrescido aos rendimentos tributáveis na Declaração de Ajuste Anual, submetendose à aplicação das alíquotas constantes da tabela progressiva anual. Portanto, no presente caso, não há que se falar de fato gerador mensal, haja vista que somente no dia 31/12 de cada ano se completa o fato gerador complexivo objeto da autuação em questão. Em relação ao cômputo mensal do fato gerador, é de se observar que a Lei nº. 7.713, de 1988, instituiu, com relação ao imposto de renda das pessoas físicas, a tributação mensal à medida que os rendimentos forem auferidos. Contudo, embora devido mensalmente, quando o sujeito passivo deve apurar e recolher o imposto de renda, o seu fato gerador continuou sendo anual. Durante o decorrer do anocalendário o contribuinte antecipa, mediante a retenção na fonte ou por meio de pagamentos espontâneos e obrigatórios, o imposto que será apurado em definitivo quando da apresentação da Declaração de Ajuste Anual, nos termos, especialmente, dos artigos 9º e 11 da Lei nº. 8.134, de 1990. É nessa oportunidade, que o fato gerador do imposto de renda estará concluído. Por ser do tipo complexivo, segundo a classificação doutrinária, o fato gerador do imposto de renda surge completo no último dia do exercício social. Só então o contribuinte pode realizar os devidos ajustes de sua situação de sujeito passivo, considerando os rendimentos auferidos, as despesas realizadas, as deduções legais por dependentes e outras, as antecipações feitas e, assim, realizar a Declaração de Imposto de Renda a ser submetida à homologação do Fisco. Ora, a base de cálculo da declaração de rendimentos abrange todos os rendimentos tributáveis recebidos durante o anocalendário. Desta forma, o fato gerador do imposto apurado relativamente aos rendimentos sujeitos ao ajuste anual se perfaz em 31 de dezembro de cada ano. Nesse contexto, devese atentar com relação ao caso em concreto que, embora a autoridade lançadora tenha discriminado o mês do fato gerador, o que se considerou para efeito de tributação foi o total de rendimentos percebidos pelo interessado no ano calendário em questão sujeitos à tributação anual, conforme legislação vigente. É certo que a Lei n.º 7.713, de 1988, determinou a obrigatoriedade da apuração mensal do imposto sobre a renda das pessoas físicas, não importando a origem dos rendimentos nem a natureza jurídica da fonte pagadora, se pessoa jurídica ou física. Como o Fl. 411DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Assinado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Processo nº 10680.010994/200880 Acórdão n.º 220201.304 S2C2T2 Fl. 13 25 imposto era apurado mensalmente, as pessoas físicas tinham o dever de cumprir sua obrigação com base nessa apuração, o que vale dizer, seu fato gerador era mensal, regra que teve vigência plena, somente, no ano de 1989. Entretanto, a partir do ano de 1990, não é possível exigir do contribuinte o pagamento mensal do imposto de renda, ainda que a fonte pagadora não tenha cumprido o dever legal de efetuar a retenção do imposto por antecipação do da declaração. Sem dúvidas que o imposto de renda na fonte e o imposto de renda recolhido na forma de “carnêleão”, apesar da denominação de imposto devido mensalmente, representam simples antecipações do imposto efetivamente apurado na declaração de ajuste anual. Desse modo, o imposto devido, a partir do período base de 1990, passou a ser determinado mediante a aplicação da tabela progressiva sobre a base de cálculo apurada com a inclusão de todos os rendimentos de que trata o art. 10 da Lei n.º 8.134, de 1990, e o saldo a pagar ou a restituir, mediante a dedução do imposto retido na fonte ou pago pelo contribuinte pessoa física, mensalmente, quando auferisse rendimentos de outras pessoas físicas. Relevante observar, que a obrigatoriedade do recolhimento mensal nasceu com o advento da Lei n.º 7.713, de 1988, que introduziu na legislação do imposto de renda das pessoas físicas o sistema de bases correntes. Assim, entendo que os rendimentos omitidos apurados, mensalmente, pela fiscalização, a partir de 01/01/90, estão sujeita à tabela progressiva anual (IN SRF n.º 46/97). É evidente que o arbitramento da renda presumida cabe quando existe o sinal exterior de riqueza caracterizado pelos gastos excedentes da renda disponível, e deve ser quantificada em função destes. Não comungo com a corrente, que entende que os saldos positivos (disponibilidades) apurados em um ano possam ser utilizados no ano seguinte, pura e simplesmente, já que é pensamento pacífico nesta Câmara que o Imposto de Renda das pessoas físicas, a partir de 01/01/90, será apurado, mensalmente, à medida que os rendimentos e ganhos de capital forem percebidos, incluindose, quando comprovada pelo Fisco, a omissão de rendimentos apurados através de planilha financeira onde são considerados os ingressos e dispêndios realizados pelo contribuinte. Entretanto, por inexistir a obrigatoriedade de apresentação de declaração mensal de bens, incluindo dívidas e ônus reais e pela inexistência de previsão legal para se considerar como renda consumida, o saldo de disponibilidade pode ser aproveitado no mês subseqüente, desde que seja dentro do mesmo anocalendário. Assim, somente poderá ser aproveitado, no ano subseqüente, o saldo de disponibilidade que constar na declaração do imposto de renda declaração de bens, devidamente lastreado em documentação hábil e idônea. No presente caso, a tributação levada a efeito baseouse em levantamentos mensais de origem e aplicações de recursos (fluxo financeiro ou de caixa), onde, a princípio, constatase que houve a disponibilidade econômica de renda maior do que a declarada pelo suplicante, caracterizando omissão de rendimentos passíveis de tributação. É entendimento pacífico, nesta Turma de Julgamento, que quando a fiscalização promove o fluxo financeiro (“fluxo de caixa”) do contribuinte, através de Fl. 412DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Assinado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN 26 demonstrativos de origens e aplicações de recursos devem ser considerados todos os ingressos (entradas) e todos os dispêndios (saídas), ou seja, devem ser considerados todos os rendimentos, retornos de investimentos e empréstimos, (já tributados, não tributáveis, isentos e os tributados exclusivamente na fonte), bem como todos os dispêndios/aplicações/investimentos/aquisições possíveis de se apurar, a exemplo de: despesas bancárias, aplicações financeiras, água, luz, telefone, empregada doméstica, cartões de crédito, juros pagos, pagamentos diversos, aquisições de bens e direitos (móveis e imóveis), etc., apurados mensalmente. Assim sendo, não há controvérsia que o lançamento foi realizado dentro dos parâmetros legais. Consta de forma clara, nos autos, que o suplicante foi tributado por presunção legal de omissão de rendimentos, caracterizado através do levantamento mensal de origens e aplicações de recursos, onde se constata um “acréscimo patrimonial a descoberto” “saldo negativo mensal”, ou seja, o suplicante aplicava e/ou consumia mais do que possuía de recursos com origem justificada, sendo que nestes casos a responsabilidade pela apresentação das provas para elidir a presunção legal compete ao contribuinte que praticou a irregularidade fiscal. No âmbito da teoria geral da prova, não há dúvidas de que o ônus probante, em princípio, cabe a quem alega determinado fato. Mas algumas aferições complementares, por vezes, devem ser feitas, a fim de que se tenha, em cada caso concreto, a correta atribuição do ônus da prova. Em não raros casos tal atribuição do ônus da prova resulta na exigência de produção de prova negativa, consistente na comprovação de que algo não ocorreu, coisa que, à evidência, não é admitida tanto pelo direito quanto pelo bom senso. Afinal, como comprovar o não recebimento de um rendimento? Como evidenciar que um contrato não foi firmado? Enfim, como demonstrar que algo não ocorreu? Não se pode esquecer, que o Direito Tributário é dos ramos jurídicos mais afeitos a concretude, à materialidade dos fatos, e menos à sua exteriorização formal (exemplo disso é que mesmos os rendimentos oriundos de atividades ilícitas são tributáveis). Nesse sentido, é de suma importância ressaltar o conceito de provas no âmbito do processo administrativo tributário. Com efeito, entendese como prova todos os meios de demonstrar a existência (ou inexistência) de um fato jurídico ou, ainda, de fornecer ao julgador o conhecimento da verdade dos fatos. Não há, no processo administrativo tributário, disposições específicas quanto aos meios de prova admitidos, sendo, portanto, razoável como emprego subsidiário o Código de Processo Civil, que dispõe: Art. 332. Todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, são hábeis para provar a verdade dos fatos, em que se funda a ação ou defesa Da mera leitura deste dispositivo legal, depreendese que no curso de um processo, judicial ou administrativo, todas as provas legais devem ser consideradas pelo julgador como elemento de formação de seu convencimento, visando à solução legal e justa da divergência entre as partes. Assim, tendo em vista a mais renomada doutrina, assim como, a iterativa jurisprudência, administrativa e judicial, a respeito da questão vêse que o processo fiscal tem Fl. 413DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Assinado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Processo nº 10680.010994/200880 Acórdão n.º 220201.304 S2C2T2 Fl. 14 27 por finalidade garantir a legalidade da apuração da ocorrência do fato gerador e a constituição do crédito tributário, devendo o julgador pesquisar exaustivamente se, de fato, ocorreu à hipótese abstratamente prevista na norma e, em caso de recurso do contribuinte, verificar aquilo que é realmente verdade, independentemente até mesmo do que foi alegado. Assim, se de um lado, o contribuinte tem o dever de declarar, cabe a este, não à administração, a prova do declarado. De outro lado, se o declarado não existe, cabe a glosa pelo fisco. O mesmo vale quanto à formação das demais provas, as mesmas devem ser claras, não permitindo dúvidas na formação de juízo do julgador. Como se sabe, no caso, em discussão, os valores apurados nos demonstrativos pela fiscalização caracterizam presunção legal, do tipo condicional ou relativa (júris tantum) que, embora estabelecida em lei, não tem caráter de verdade indiscutível, valendo enquanto prova em contrário não a vier desfazer ou mostrar sua falsidade. Observese, que as presunções júris tantum, embora admitam prova em contrário, dispensam do ônus da prova aquele a favor de quem se estabeleceu, cabendo ao sujeito passivo, no caso, a produção de provas em contrário, no sentido de ilidilas. O Código Tributário Nacional prevê na distribuição do ônus da prova nos lançamentos de ofício que sempre recairá sobre o Fisco o ônus da comprovação dos fatos constitutivos do direito de efetuar o lançamento (artigo 149, inciso IV). É ao Fisco que cabe a comprovação da falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer elemento definido na legislação tributária como sendo de declaração obrigatória. Deste modo, havendo esta comprovação, ou seja, em face das provas produzidas e das planilhas que atestam o acréscimo patrimonial, a autoridade fiscal não só tem o poder de efetuar de ofício o lançamento, como também o dever. Uma vez efetuado o demonstrativo de evolução patrimonial do Contribuinte e apurado o acréscimo patrimonial a descoberto pela autoridade fiscal lançadora, caracterizada está a ocorrência do fato gerador do Imposto de Renda, nos termos do art. 43, inciso II do Código Tributário Nacional. Nessa hipótese, cabe ao Contribuinte a comprovação da existência recursos suficientes para afastar o acréscimo patrimonial a descoberto apurado, uma vez que se opera a inversão do ônus da prova, legalmente prevista. Esclareçase, mais uma vez, que os dados constantes da Declaração de Rendimentos e de Bens do Contribuinte são informações prestadas voluntariamente, sob sua responsabilidade, e estão sujeitos à comprovação, se o Fisco entender necessário. O artigo 806 do Decreto n° 3.000, de 1999, assim determina: Art. 806. A autoridade fiscal poderá exigir do contribuinte os esclarecimentos que julgar necessários acerca da origem dos recursos e do destino dos dispêndios ou aplicações, sempre que as alterações declaradas importarem em aumento ou diminuição do patrimônio (Lei n° 4.069/1962, art 51, § 1°). Ora, resta claro nos autos de que foi verificada omissão de rendimentos devido à ocorrência de variação patrimonial no valor de R$ 2.774.029,94, não respaldado por rendimentos tributáveis, isentos e nãotributáveis, tributáveis exclusivamente na fonte ou objeto de tributação definitiva declarados. Em consonância com o Termo de Verificação Fiscal e Ata de Assembléia da Sociedade Falgo Empreendimentos S/A (fls. 109 e 110), a contribuinte subscreveu 560.000 Fl. 414DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Assinado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN 28 ações ordinárias nominativas, sem valor nominal, ao preço total de emissão de R$ 2.800.000,00, totalmente integralizado em moeda corrente do país, em 22 de novembro de 2004. Tal operação, porém, não foi informada na Declaração de Ajuste Anual do Imposto de Renda da contribuinte referente ao exercício 2005. Ainda em conformidade com os autos, na apuração da variação patrimonial a descoberto no valor de R$ 2.774.029,94, foram considerados os rendimentos efetivamente recebidos da Prefeitura de Belo Horizonte até novembro, ou seja, a diferença entre os valores dos rendimentos pagos e o imposto de renda retido da fonte, conforme discriminado no Demonstrativo de Variação Patrimonial Mensal (fl. 30), parte integrante do processo. É importante observar, que nas Declarações de Ajuste Anual do Imposto de Renda referentes aos exercícios de 2004 e 2005, foi informado no Quadro 10 — Dívidas e Ônus Reais que houve um empréstimo de mútuo junto a Empresa Shareconsult no valor de R$ 5.231.190,00 durante o anocalendário de 2003. De acordo com o Termo de Verificação Fiscal, não constam lançamentos de pagamento, empréstimos ou distribuição de lucros durante o ano calendário de 2003 nos Livros Diário e Razão Analítico da mencionada empresa. Entretanto, se tais empréstimos, se ocorreram, se referem ao anocalendário de 2003 e o período fiscalizado é relativo ao anocalendário de 2004. Observase da análise da declaração de Ajuste Anual do anocalendário de 2004 na evolução patrimonial (fls. 126) que as dívidas e ônus reais no anocalendário de 2003, correspondiam a R$ 5.321.190,00 e no anocalendário de 2004, coincidentemente, correspondiam aos exatos R$ 5.321.190,00. Ou seja, não houve empréstimos que suportassem o aumento de capital social no valor de R$ 2.800.000,00 integralizados em moeda corrente nacional, nada foi comprovado, que tivessem origem em rendimentos já tributados, não tributáveis, isentos ou que fossem originados em empréstimos. Se o contribuinte foi autuado por acréscimo patrimonial a descoberto, através do levantamento do fluxo financeiro. Ou seja, através da análise das entradas e saídas de recursos à fiscalização apurou saldo negativo. Nesta situação o suplicante fica na obrigação de apresentar elementos comprobatórios de recursos com origem justificada para fazer frente ao acréscimo patrimonial a descoberto apurado pela fiscalização, de nada adianta a simples alegação de que se fosse considerado isso ou aquilo à acusação fiscal não teria fundamento para sua aplicação, pois, estes supostos recursos, dariam causa ao dito “acréscimo patrimonial a descoberto apurado”. Por fim, é de se ressaltar, que o fluxo financeiro de origens e aplicações de recursos será apurado, mensalmente, onde serão considerados todos os ingressos e dispêndios realizados no mês, pelo contribuinte. A lei autoriza a presunção de omissão de rendimentos, desde que à autoridade lançadora comprove gastos e/ou aplicações incompatíveis com os recursos declarados disponíveis (tributados, isentos, não tributáveis ou tributados exclusivamente na fonte). Todas as informações registradas pelo contribuinte em sua Declaração de Ajuste Anual, até prova em contrário, são consideradas expressão da verdade. Por outro lado, se o contribuinte for intimado a fazer a comprovação dos valores lançados, tempestivamente, em sua Declaração de Ajuste Anual e/ou Declaração de Bens e Direitos e não o fizer é perfeitamente justificável a glosa destes valores. No que diz respeito à exclusão ou inclusão de recursos, bem como à consideração de dívidas e ônus reais no fluxo de caixa, seria ocioso mencionar que todos os valores constantes da declaração de ajuste anual são passíveis de comprovação. E, no tocante a Fl. 415DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Assinado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Processo nº 10680.010994/200880 Acórdão n.º 220201.304 S2C2T2 Fl. 15 29 dinheiro em espécie, doações, empréstimos ou recebimento de créditos por empréstimos junto a terceiros ou fornecedores, os quais, eventualmente, justifiquem acréscimos patrimoniais, sua comprovação se processa mediante observação de uma conjunção de procedimentos que permitam a livre formação de convicção do julgador. Quanto a ilegalidade de lançamentos sobre tributos pagos e não declarados, é de se dizer que no procedimento de verificação do cumprimento das obrigações tributárias pela contribuinte, também foi verificada omissão de rendimentos recebidos da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte durante o anocalendário de 2004 no valor total de R$ 32.447,86, conforme DIRF de fl. 125. Em sua defesa, a contribuinte alega que foram ignorados os valores de imposto de renda retido na fonte dos rendimentos recebidos da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte. Examinando os autos, juntamente com a tela extraída do Banco de Dados da Receita Federal do Brasil correspondente à Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte — DIRF, fl. 125, verificase que, ao contrário do alegado, foi considerado pela fiscalização o imposto de renda retido na fonte no valor total de R$ 3.570,51 pela Prefeitura Municipal de Belo Horizonte. O Demonstrativo de Compensação de Valores à fl. 09 deixa isso bem claro. Os autos noticiam, ainda, a aplicação da multa de lançamento de ofício qualificada de 150%, sob argumento de que a contribuinte teria deixado de declarar em suas Declarações de Ajuste Anual rendimentos tributáveis de valores expressivos, identificando, assim, tal fato, como previsto nos arts. 71 a 73 da Lei nº. 4.502, de 1964. Assim, verificase que a autoridade lançadora entendeu ser perfeitamente normal aplicar a multa de lançamento de ofício qualificada na constatação de omissão de rendimentos, através da apuração de acréscimo patrimonial a descoberto, cuja legislação de regência prevê que esta atitude caracteriza uma presunção de omissão de rendimentos. Ou seja, a fiscalização amparou o lançamento sob o argumento de que nesses casos é possível inferir que o contribuinte deixou deliberadamente de informar rendimentos auferidos fazendo declarações simuladas, formando a convicção de que a multa de ofício qualificada é aplicável já que está comprovado nos autos a intenção dolosa e fraudulenta na conduta adotada pelo contribuinte, com o propósito específico de impedir ou retardar o conhecimento das infrações, ocultando rendimentos auferidos e não declarados. Ora, com a devida vênia, a prestação de informações ao fisco, em resposta à intimação, divergente de dados levantados pela fiscalização, bem como a inclusão ou a falta de inclusão, na Declaração de Ajuste Anual, de contas bancárias movimentadas no Brasil ou no exterior, de valores isentos ou não tributáveis ou de valores representativos de rendimentos tributáveis, respectivamente, ocasionando a falta ou o retardamento do imposto a pagar, independentemente, da habitualidade e do montante utilizado (valores expressivos ou não), caracteriza falta simples de omissão de rendimentos, porém, não caracteriza evidente intuito de fraude, que justifique a imposição da multa qualificada de 150%, prevista no inciso II, do artigo 44, da Lei nº. 9.430, de 1996, pelas razões abaixo expostas. Da análise, dos autos do processo, é cristalino a conclusão de que a multa qualificada foi aplicada em decorrência de que a autoridade fiscal entendeu que estaria caracterizado o evidente intuito de fraude, já que o contribuinte teria se utilizado de meios escusos para deixar de declarar rendimentos tributáveis auferidos (deixar de declarar na Fl. 416DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Assinado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN 30 Declaração de Ajuste Anual os rendimentos recebidos). Ou seja, entendeu a autoridade lançadora que o contribuinte prestou informações ao fisco, em sua Declaração de Ajuste Anual e/ou em resposta à intimação, divergente de dados levantados pela fiscalização com intuito de reduzir o seu imposto de renda. Ora, com a devida vênia, o máximo que poderia ter acontecido é a autoridade lançadora desconsiderar os dados e provas apresentadas (matéria de prova) e constituir o lançamento do crédito tributário respectivo a titulo de omissão de rendimentos, o que a meu ver caracteriza irregularidade simples penalizada pela aplicação da multa de lançamento de ofício normal de 75%, já que a irregularidade apontada jamais seria motivo para qualificação da multa, já que ausente conduta material bastante para a sua caracterização, sem se levar em conta que o presente lançamento foi efetuado por presunção de omissão de rendimentos (acréscimo patrimonial a descoberto). Verificase, que os elementos de prova que serviram para subsidiar o procedimento fiscal em curso, foram obtidos pela fiscalização em dados oficiais sobre a contribuinte e que a mesma, por sua vez, não logrou êxito em fornecer contra provas demonstrando a efetividade da ocorrência alegada de que estes valores estariam respaldados em contratos de mútuos. Ou seja, o suplicante não conseguiu provar que os recursos utilizados na integralização de capital social no valor de R$ 2.800.000,00 já existia em anos anteriores, razão pela qual a autoridade fiscal, por dever de oficio, teve que desconsiderar as alegações apresentadas e não considerar como origem de recursos os valores alegados e considerar, tão somente, como dispêndios a integralização de capital realizada. Ora, a multa de lançamento de ofício qualificada, decorrente do art. 44, II, da Lei n° 9.430, de 1996, aplicada, muitas vezes, de forma generalizada pelas autoridades lançadoras, deve obedecer toda cautela possível e ser aplicada, tão somente, nos casos em que ficar nitidamente caracterizado o evidente intuito de fraude, conforme farta Jurisprudência emanada do então Egrégio Primeiro Conselho de Contribuintes atual Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, bem como da Câmara Superior de Recursos Fiscais. Sem dúvida, que se trata de questão delicada, pois para que a multa de lançamento de ofício se transforme de 75% em 150% é imprescindível que se configure o evidente intuito de fraude. Este mandamento se encontra no inciso II do artigo 957 do Regulamento do Imposto de Renda, de 1999. Ou seja, para que ocorra a incidência da hipótese prevista no dispositivo legal referendado, é necessário que esteja perfeitamente caracterizado o evidente intuito de fraude. Para tanto, se faz necessário sempre ter em mente o princípio de direito de que a “fraude não se presume”, devem existir, sempre, dentro do processo, provas sobre o evidente intuito de fraude. Como se vê o art. 957, II, do Regulamento do Imposto de Renda, de 1999, que representa a matriz da multa qualificada, reportase aos artigos 71, 72 e 73 da Lei n.º 4.502/64, que prevêem o intuito de se reduzir, impedir ou retardar, total ou parcialmente, o pagamento de uma obrigação tributária, ou simplesmente, ocultála. Com a devida vênia dos que pensam em contrário, a simples omissão de receitas ou de rendimentos; a simples declaração inexata de despesas, receitas ou rendimentos; a classificação indevida de receitas / rendimentos na Declaração de Ajuste Anual, a falta de comprovação da efetividade de uma transação comercial e/ou de um ato, a inclusão e/ou falta de inclusão de algum valor, bem ou direito na Declaração de Bens ou Direitos, não tem, a princípio, a característica essencial de evidente intuito de fraude. Fl. 417DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Assinado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Processo nº 10680.010994/200880 Acórdão n.º 220201.304 S2C2T2 Fl. 16 31 Da mesma forma, a prestação de informações ao fisco, em resposta à intimação emitida divergente de dados levantados pela fiscalização, bem como a falta de inclusão na Declaração de Ajuste Anual de valores que deveriam ser tributados, não evidencia, por si só, o evidente intuito de fraude, que justifique a imposição da multa qualificada de 150%, prevista no inciso II, do artigo 44, da Lei nº. 9.430, de 1996. Além do mais, o que pesa realmente no presente caso é que o lançamento foi realizado tendo em vista a apuração de omissão de rendimentos caracterizados por acréscimo patrimonial a descoberto (presunção legal de omissão de rendimentos), o que, até prova em contrário, permite ao fisco a cobrança do imposto de renda sobre estes valores, porém por si só, é insuficiente para amparar a aplicação de multa qualificada. No mesmo sentido, estaria a prestação de informações contrárias das que a fiscalização teria levantado, com o objetivo de reduzir a base de cálculo tributável (matéria de prova), motivo que poderia no máximo ser um indicativo de que sobre tais valores (rendimentos recebidos) deveria ser constituído o lançamento e cobrado o crédito tributário respectivo, mas jamais será indicativo de evidente intuito de fraude. Nos casos de lançamentos tributários tendo por base presunção legal de omissão de rendimentos, vislumbrase um lamentável equívoco por parte da autoridade lançadora. Nestes lançamentos, acumulamse as premissas de que a omissão de rendimentos por presunção legal e a simples inclusão e/ou a falta de inclusão de valores na Declaração de Ajuste Anual, em razão da forma e/ou expressividade, estariam a evidenciar o evidente intuito de sonegar ou fraudar imposto de renda. Quando a autoridade lançadora age deste modo, aplica, no meu modo de entender, incorretamente a multa de ofício qualificada, pois, tais infrações não possuem o essencial, qual seja, o evidente intuito de fraudar. A prova, neste aspecto, deve ser material; evidente como diz a lei. Matéria de prova apresentada pelo contribuinte ou declaração inexata (DIRPF ou resposta a intimação), jamais será motivo para qualificar a multa de ofício. Com efeito, a qualificação da multa, nestes casos, importaria em equiparar uma infração fiscal de omissão de rendimentos, detectável pela fiscalização através da confrontação e analise das Declarações de Ajuste Anual, às infrações mais graves, em que seu responsável surrupia dados necessários ao conhecimento da fraude. A qualificação da multa, nestes casos, importaria em equiparar uma prática identificada de omissão de rendimentos por presunção legal, aos fatos delituosos mais ofensivos à ordem legal, nos quais o agente sabe estar praticando o delito e o deseja, a exemplo: da adulteração de comprovantes, da nota fiscal inidônea, movimentação de conta bancária em nome fictício, movimentação bancária em nome de terceiro (“laranja”), movimentação bancária em nome de pessoas já falecidas, da falsificação documental, do documento a título gracioso, da falsidade ideológica, da nota fiscal calçada, das notas fiscais de empresas inexistentes (notas frias), das notas fiscais paralelas, do subfaturamento na exportação (evasão de divisas), do superfaturamento na importação (evasão de divisas), etc. Ora, no caso presente o contribuinte apenas informou que exercia atividade de professor do ensino médio pelo qual recebia rendimentos e que não os registrou na Declaração de Ajuste Anual, e que obtivera empréstimos e que estes valores poderiam, em tese, justificar o acréscimo patrimonial a descoberto apurado pela autoridade fiscal. O fato de alguém, pessoa jurídica, não registrar as vendas, no total das notas fiscais na escrituração, pode ser considerado, de plano, com evidente intuito de fraudar ou Fl. 418DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Assinado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN 32 sonegar o imposto de renda? Obviamente que não. O fato de uma pessoa física receber um rendimento e simplesmente não declarálo é considerado com evidente intuito de fraudar ou sonegar? Claro que não. Ora, se nestas circunstâncias, ou seja, a simples não declaração não se pode considerar como evidente intuito de sonegar ou fraudar é evidente que no caso em discussão é semelhante, já que a princípio, a autoridade lançadora tem o dever legal de cobrar o imposto sobre a omissão de rendimentos, já que o contribuinte esta pagando imposto a menor, ou seja, deixou de declarar rendimentos auferidos e não trouxe provas para ilidir a acusação ou as provas apresentadas não convencem a autoridade lançadora. Este fato não tem o condão de descaracterizar o fato ocorrido, qual seja, a de simples omissão de rendimentos por presunção legal. Por que não se pode reconhecer na simples omissão de rendimentos / receitas, a exemplo de omissão no registro de compras, omissão no registro de vendas, passivo fictício, passivo não comprovado, saldo credor de caixa, suprimento de numerário não comprovado, acréscimo patrimonial a descoberto ou créditos bancários cuja origem não foi comprovada tratarse de rendimentos / receitas já tributadas ou não tributáveis, embora clara a sua tributação, a imposição de multa qualificada? Por uma resposta muito simples. É porque existe a presunção de omissão de rendimentos, por isso, é evidente a tributação, mas não existe a prova da evidente intenção de sonegar ou fraudar. O motivo da falta de tributação é diverso. Pode ter sido, omissão proposital, equívoco, lapso, negligência, desorganização, etc. Se a premissa do fisco fosse verdadeira, ou seja, que a simples omissão de receitas ou de rendimentos; a simples declaração inexata de receitas ou rendimentos; a classificação indevida de receitas / rendimentos na Declaração de Ajuste Anual; a falta de inclusão de algum valor / bem / direito na Declaração de Bens ou Direitos, a inclusão indevida de algum valor / bem / direito na Declaração de Bens ou Direitos, a simples glosa de despesas por falta de comprovação ou a falta de declaração de algum rendimento recebido, através de crédito em conta bancária, pelo contribuinte, daria por si só, margem para a aplicação da multa qualificada, não haveria a hipótese de aplicação da multa de ofício normal, ou seja, deveria ser aplicada a multa qualificada em todas as infrações tributárias, a exemplo de: passivo fictício, saldo credor de caixa, declaração inexata, falta de contabilização de receitas, omissão de rendimentos relativo ganho de capital, depósitos bancários não justificados, acréscimo patrimonial a descoberto, rendimento recebido e não declarado e glosa de despesas, etc. Já ficou decidido por este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais que a multa qualificada somente será passível de aplicação quando se revelar o evidente intuito de fraudar o fisco, devendo ainda, neste caso, ser minuciosamente justificada e comprovada nos autos, conforme se constata nos julgados abaixo: Acórdão n.º 10418.698, de 17 de abril de 2002: MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO QUALIFICADA – EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE JUSTIFICATIVA PARA APLICAÇÃO DA MULTA Justificase a exigência da multa qualificada prevista no artigo 4°, inciso II, da Lei n° 8.218, de 1991, reduzida na forma prevista no art. 44, II, da Lei n° 9.430, de 1996, pois o contribuinte, foi devidamente intimado a declinar se possuía conta bancária no exterior, em diversas ocasiões, faltou com a verdade, demonstrando intuito doloso no sentido de impedir, ou no mínimo retardar, o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador decorrente Fl. 419DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Assinado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Processo nº 10680.010994/200880 Acórdão n.º 220201.304 S2C2T2 Fl. 17 33 da percepção dos valores recebidos e que transitaram nesta conta bancária não declarada. Acórdão n.º 10418.640, de 19 de março de 2002: MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO QUALIFICADA FRAUDE JUSTIFICATIVA PARA APLICAÇÃO DA MULTA Qualquer circunstância que autorize a exasperação da multa de lançamento de ofício de 75%, prevista como regra geral, deverá ser minuciosamente justificada e comprovada nos autos. Além disso, para que a multa de 150% seja aplicada, exigese que o contribuinte tenha procedido com evidente intuito de fraude, nos casos definidos nos artigos 71, 72 e 73 da Lei n.º. 4.502, de 1964. A falta de inclusão, como rendimentos tributáveis, na Declaração de Imposto de Renda, de valores que transitaram a crédito em conta corrente bancária pertencente ao contribuinte, caracteriza falta simples de omissão de rendimentos, porém, não caracteriza evidente intuito de fraude, nos termos do art. 992, inciso II, do Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto n° 1.041, de 1994. Acórdão n.º. 10419.055, de 05 de novembro de 2002: MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO QUALIFICADA JUSTIFICATIVA PARA APLICAÇÃO DA MULTA – EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE Qualquer circunstância que autorize a exasperação da multa de lançamento de ofício de 75%, prevista como regra geral, deverá ser minuciosamente justificada e comprovada nos autos. Além disso, para que a multa de 150% seja aplicada, exigese que o contribuinte tenha procedido com evidente intuito de fraude, nos casos definidos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei n.º. 4.502, de 1964. A falta de esclarecimentos, bem como o vulto dos valores omitido pelo contribuinte, apurados através de fluxo financeiro, caracteriza falta simples de presunção de omissão de rendimentos, porém, não caracteriza evidente intuito de fraude, nos termos do art. 992, inciso II do Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto n° 1.041, de 1994. Acórdão n.º. 10245584, de 09 de julho de 2002: MULTA AGRAVADA – INFRAÇÃO QUALIFICADA – APLICABILIDADE – A constatação nos autos de que o sujeito passivo da obrigação tributária utilizouse de documentação inidônea a fim de promover pagamentos a beneficiários não identificados, e considerando que estes pagamentos não transitaram pelas contas de resultado econômico da empresa, vez que, seus valores foram levados e registrados em contrapartida com contas do Ativo Permanente, não caracteriza o tipo penal previsto nos arts. 71 a 73 da lei n° 4.503/64, sendo inaplicável à espécie a multa qualificada de que trata o artigo 44, inciso II, da Lei n° 9.430 de 27 de dezembro de 1996 Acórdão n.º. 10193.919, de 22 de agosto de 2002: Fl. 420DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Assinado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN 34 MULTA AGRAVADA – CUSTOS FICTÍCIOS – EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE – Restando comprovado que a pessoa jurídica utilizouse de meios inidôneos para majorar seus custos, do que resultou indevida redução do lucro sujeito à tributação, aplicável é a penalidade exasperada por caracterizado o evidente intuito de fraude. Acórdão n.º. 10419.454, de 13 de agosto de 2003: MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO QUALIFICADA JUSTIFICATIVA PARA APLICAÇÃO DA MULTA – EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE Qualquer circunstância que autorize a exasperação da multa de lançamento de ofício de 75%, prevista como regra geral, deverá ser minuciosamente justificada e comprovada nos autos. Além disso, para que a multa de 150% seja aplicada, exigese que o contribuinte tenha procedido com evidente intuito de fraude, nos casos definidos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei n.º. 4.502, de 1964. A dedução indevida de despesa médica/instrução, rendimento recebido de pessoa jurídica não declarados, bem como a falta de inclusão na Declaração de Ajuste Anual, como rendimentos, os valores que transitaram a crédito (depósitos) em conta corrente pertencente ao contribuinte, cuja origem não comprove caracteriza, a princípio, falta simples de redução indevida de imposto de renda e omissão de rendimentos, porém, não caracteriza evidente intuito de fraude, nos termos do art. 992, inciso II do Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto n° 1.041, de 1994, já que a fiscalização não demonstrou, nos autos, que a ação do contribuinte teve o propósito deliberado de impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, utilizandose de recursos que caracterizam evidente intuito de fraude. Acórdão n.º. 10419.534, de 10 de setembro de 2003: DOCUMENTOS FISCAIS INIDÔNEOS MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO QUALIFICADA – LANÇAMENTO POR DECORRÊNCIA – SOCIEDADES CIVIS DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS No lançamento por decorrência, cabe aos sócios da autuada demonstrar que os custos e/ou despesas foram efetivamente suportadas pela sociedade civil, mediante prova de recebimento dos bens a que as referidas notas fiscais aludem. À utilização de documentos ideologicamente falsos ” notas fiscais frias “, para comprovar custos e/ou despesas, constitui evidente intuito de fraude e justifica a aplicação da multa qualificada de 150%, conforme previsto no art. 728, inc. III, do RIR/80, aprovado pelo Decreto n.º 85.450, de 1980. Acórdão n.º.10419.386, de 11 de junho de 2003: MOVIMENTAÇÃO DE CONTAS BANCÁRIAS EM NOME DE TERCEIROS E/OU EM NOME FICTÍCIOS – COMPENSAÇÃO DE IMPOSTO DE RENDA NA FONTE DE EMPRESA DESATIVADA MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO QUALIFICADA – EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE JUSTIFICATIVA PARA APLICAÇÃO DA MULTA – Cabível a exigência da multa qualificada prevista no artigo 4°, inciso II, da Fl. 421DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Assinado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Processo nº 10680.010994/200880 Acórdão n.º 220201.304 S2C2T2 Fl. 18 35 Lei n.º 8.218, de 1991, reduzida na forma prevista no art. 44, II, da Lei n.º 9.430, de 1996, quando o contribuinte tenha procedido com evidente intuito de fraude, nos casos definidos nos artigos 71, 72 e 73 da Lei n.º 4.502, de 1964. A movimentação de contas bancárias em nome de terceiros e/ou em nome fictício, devidamente, comprovado pela autoridade lançadora, circunstância agravada pelo fato de não terem sido declarados na Declaração de Ajuste Anual, como rendimentos tributáveis, os valores que transitaram a crédito nestas contas corrente cuja origem não comprove, somado ao fato de não terem sido declaradas na Declaração de Bens e Direitos, bem como compensação na Declaração de Ajuste Anual de imposto de renda na fonte como retido fosse por empresa desativada e com inscrição bloqueada no fisco estadual, caracterizam evidente intuito de fraude nos termos do art. 992, inciso II, do Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto n° 1.041, de 1994 e autoriza a aplicação da multa qualificada. Acórdão n.º. 10612.858, de 23 de agosto de 2002: MULTA DE OFÍCIO – DECLARAÇÃO INEXATA – A ausência de comprovação da veracidade dos dados consignados nas declarações de rendimentos entregues, espontaneamente ou depois de iniciado o procedimento de ofício, implica em considerálas inexatas e, nos termos da legislação tributária vigente, autoriza a aplicação da multa de setenta e cinco por cento nos casos de falta de declaração ou declaração inexata, calculada sobre a totalidade ou diferença de tributo. Acórdão n.º. 10193.251, de 08 de novembro de 2000: MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO. AGRAVAMENTO. Comprovado o evidente intuito de fraude, a penalidade aplicável é aquela prevista no artigo 44, II, da Lei n° 9.430, de 1996. Acórdão nº 220200.100, de 12 de abril de 2010 MOVIMENTAÇÃO DE CONTA BANCÁRIA EM NOME DE TERCEIRO MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO QUALIFICADA EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE JUSTIFICATIVA PARA APLICAÇÃO DA MULTA Cabível a exigência da multa qualificada prevista no art. 44, inciso II, da Lei nº 9.430, de 1996, quando o contribuinte tenha procedido com evidente intuito de fraude, nos casos definidos nos artigos 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 1964. A movimentação de conta bancária em nome de terceiro, devidamente, comprovada pela autoridade lançadora, circunstância agravada pelo fato de não terem sido declarados na Declaração de Ajuste Anual, como rendimentos tributáveis, os valores que transitaram a crédito nesta conta corrente cuja origem não comprove, somado ao fato da referida conta bancária de não ter sido declarada na Declaração de Bens e Direitos, caracterizam evidente intuito de fraude nos termos do art. 957, inciso II, do Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto nº 3.000, de 1999, e Fl. 422DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Assinado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN 36 autoriza a aplicação da multa qualificada, já que evidenciada a conduta material para sua caracterização. É um princípio geral de direito, universalmente conhecido, de que as multas e os agravamentos de penas pecuniárias ou pessoais, devem estar lisamente comprovadas. Trata se de aplicar uma sanção e, neste caso, o direito faz com cautela, para evitar abusos e arbitrariedades. O evidente intuito de fraude não pode ser presumido. Como também é pacífico, que a circunstância do contribuinte quando omitir em documento, público ou particular, declaração que nele deveria constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que deveria ser escrita, com o fim de prejudicar a verdade sobre o fato juridicamente relevante, constitui hipótese de falsidade ideológica. Para um melhor deslinde da questão, impõese invocar o conceito de fraude fiscal, que se encontra na lei. Em primeiro lugar, recordese o que determina o Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto n.º 3.000, de 1999, nestes termos: Art. 957 – Serão aplicadas as seguintes multas sobre a totalidade ou diferença do imposto devido, nos casos de lançamento de ofício (Lei n.º 8.218/91, art. 4º) (...) II – de trezentos por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definidos nos artigos 71, 72 e 73 da Lei n.º 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis.” A Lei n.º 4.502, de 1964, estabelece o seguinte: Art. 71 – Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I – da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, na sua natureza ou circunstâncias materiais; II – das condições pessoais do contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal, na sua natureza ou circunstância materiais. Art. 72 Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido ou a evitar ou diferir o seu pagamento. Art. 73 – Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos artigos 71 e 72. Como se vê, a fraude se caracteriza em razão de uma ação ou omissão, de uma simulação ou ocultação, e pressupõe sempre a intenção de causar dano à Fazenda Pública, num propósito deliberado de se subtrair no todo ou em parte a uma obrigação tributária. Nesses casos, deve sempre estar caracterizada a presença do dolo, um comportamento intencional, Fl. 423DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Assinado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Processo nº 10680.010994/200880 Acórdão n.º 220201.304 S2C2T2 Fl. 19 37 específico, de causar dano à fazenda pública, onde se utilizando subterfúgios se esconde à ocorrência do fato gerador ou retardam o seu conhecimento por parte da autoridade fazendária. Nos casos de realização das hipóteses de fato de conluio, fraude e sonegação, uma vez comprovadas estas e por decorrência da natureza característica desses tipos, o legislador tributário entendeu presente o “intuito de fraude”. Em outras palavras, a fraude é um artifício malicioso que a pessoa emprega com a intenção de burlar, enganar outra pessoa ou lesar os cofres públicos, na obtenção de benefícios ou vantagens que não lhe são devidos. A falsidade ideológica consiste na omissão, em documento público ou particular, de declaração que dele deveria constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que deveria ser escrita, com o fim de criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante. Juridicamente, entendese por máfé todo o ato praticado com o conhecimento da maldade ou do mal que nele se contém. É a certeza do engano, do vício, da fraude. O dolo implica conteúdo criminoso, ou seja, a intenção criminosa de fazer o mal, de prejudicar, de obter o fim por meios escusos. Para caracterizar dolo, o ato deve conter quatro requisitos essenciais: (a) o ânimo de prejudicar ou fraudar; (b) que a manobra ou artifício tenha sido a causa da feitura do ato ou do consentimento da parte prejudicada (c) uma relação de causa e efeito entre o artifício empregado e o benefício por ele conseguido; e (d) a participação intencional de uma das partes no dolo. Como se vê, exigese, portanto, que haja o propósito deliberado de modificar a característica essencial do fato gerador do imposto, quer pela alteração do valor da matéria tributável, quer pela exclusão ou modificação das características essenciais do fato gerador, com a finalidade de se reduzir o imposto devido ou evitar ou diferir seu pagamento. Inaplicável nos casos de presunção simples de omissão de rendimentos / receitas ou mesmo quando se tratar de omissão de rendimentos / receitas de fato. No caso de realização da hipótese de fraude, o legislador tributário entendeu presente, ipso facto, o “intuito de fraude”. E nem poderia ser diferente, já que por mais abrangente que seja a descrição da hipótese de incidência das figuras tipicamente penais, o elemento de culpabilidade, dolo, sendolhes inerente, desautoriza a consideração automática do intuito de fraudar. O intuito de fraudar referido não é todo e qualquer intuito, tão somente por ser intuito, e mesmo intuito de fraudar, mas há que ser intuito de fraudar que seja evidente. O ordenamento jurídico positivo dotou o direito tributário das regras necessárias à avaliação dos fatos envolvidos, peculiaridades, circunstâncias essenciais, autoria e graduação das penas, imprescindindo o intérprete, julgador e aplicador da lei, do concurso e/ou dependência do que ficar ou tiver que ser decidido em outra esfera. Do que veio até então exposto necessário se faz ressaltar, como aspecto distintivo fundamental, em primeiro plano o conceito de evidente, como qualificativo do “intuito de fraudar”, para justificar a aplicação da multa de lançamento de ofício qualificada. Fl. 424DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Assinado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN 38 Até porque, faltando qualquer deles, não se realiza na prática, a hipótese de incidência de que se trata. Segundo o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, temse que: EVIDENTE. <Do lat. Evidente> Adj. – Que não oferece dúvida; que se compreende prontamente, dispensando demonstração; claro, manifesto, patente. EVIDENCIAR – V.t.d 1. Tornar evidente; mostrar com clareza; Conseguiu com poucas palavras evidenciar o seu ponto de vista. P. 2. Aparecer com evidência; mostrarse, patentearse. De Plácido e Silva, no seu Vocabulário Jurídico, trazendo esse conceito mais para o âmbito do direito, esclarece: EVIDENTE. Do latim evidens, claro, patente, é vocábulo que designa, na terminologia jurídica, tudo que está demonstrado, que está provado, ou o que é convincente, pelo que se entende digno de crédito ou merecedor de fé. Exigese, portanto, que haja o propósito deliberado de modificar a característica do fato gerador do imposto, quer pela alteração do valor da matéria tributável, quer pela exclusão ou modificação das características essenciais do fato gerador, com a finalidade de se reduzir o imposto devido ou evitar ou diferir seu pagamento. Quando a lei se reporta à evidente intuito de fraude é óbvio que a palavra intuito não está em lugar de pensamento, pois ninguém conseguirá penetrar no pensamento de seu semelhante. A palavra intuito, pelo contrário, supõe a intenção manifestada exteriormente, já que pelas ações se pode chegar ao pensamento de alguém. Há certas ações que, por si só, já denotam ter o seu autor pretendido proceder, desta ou daquela forma, para alcançar, tal ou qual, finalidade. Intuito é, pois, sinônimo de intenção, isto é, aquilo que se deseja, aquilo que se tem em vista ao agir. O evidente intuito de fraude floresce nos casos típicos de adulteração de comprovantes, adulteração de notas fiscais, conta bancária em nome fictício, falsidade ideológica, notas calçadas, notas frias, notas paralelas, etc., conforme se observa na jurisprudência abaixo: Acórdão n.º. 10419.621, de 04 de novembro de 2003: COMPROVAÇÃO DE PAGAMENTOS ATRAVÉS DA EMISSÃO DE RECIBOS RELATIVO A OBRIGAÇÕES JÁ CUMPRIDAS EM ANOS ANTERIORES MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO QUALIFICADA – CARACTERIZAÇÃO DE EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE JUSTIFICATIVA PARA APLICAÇÃO DA MULTA – Cabível a exigência da multa qualificada prevista no artigo 4°, inciso II, da Lei n.º 8.218, de 1991, reduzida na forma prevista no art. 44, II, da Lei n.º 9.430, de 1996, quando o contribuinte tenha procedido com evidente intuito de fraude, nos casos definidos nos artigos 71, 72 e 73 da Lei n.º 4.502, de 1964. Caracteriza evidente intuito de fraude, nos termos do artigo 992, inciso II, do Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto n° 1.041, de 1994, autorizando a aplicação da multa qualificada, a prática reiterada de omitir na escrituração contábil o real destinatário e/ou causa dos pagamentos Fl. 425DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Assinado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Processo nº 10680.010994/200880 Acórdão n.º 220201.304 S2C2T2 Fl. 20 39 efetuados, como forma de ocultar a ocorrência do fato gerador e subtrairse à obrigação de comprovar o recolhimento do imposto de renda na fonte na efetivação dos pagamentos realizados. Sendo que para justificar tais pagamentos o contribuinte apresentou recibos relativos à operação de compra de imóveis, cuja obrigação já fora cumprida em anos anteriores pelos verdadeiros obrigados. Acórdão n.º. 10312.178, de 17 de março de 1993: CONTA BANCÁRIA FICTÍCIA – Apurado que os valores ingressados na empresa sem a devida contabilização foram depositados em conta bancária fictícia aberta em nome de pessoa física não encontrada e com movimentação pelas representantes da pessoa jurídica, está caracterizada a omissão de receita, incidindo sobre o imposto apurado a multa majorada de 150% de que trata o art. 728, III, do RIR/80. Acórdão n.º. 10192.613, de 16 de fevereiro de 2000: DOCUMENTOS EMITIDOS POR EMPRESAS INEXISTENTES OU BAIXADAS – Os valores apropriados como custos ou despesas, calcados em documentos fiscais emitidos por empresas inexistentes, baixadas, sem prova efetiva de seu pagamento, do ingresso das mercadorias no estabelecimento da adquirente ou seu emprego em obras, estão sujeitos à glosa, sendo legítima a aplicação da penalidade agravada quando restar provado o evidente intuito de fraude. Acórdão n.º. 10414.960, de 17 de junho de 1998: DOCUMENTOS FISCAIS A TÍTULO GRACIOSO – Cabe à autuada demonstrar que os custos/despesas foram efetivamente suportados, mediante prova de recebimento dos bens e/ou serviços a que as referidas notas fiscais aludem. A utilização de documentos fornecidos a título gracioso, ideologicamente falsos, eis que os serviços não foram prestados, para comprovar custos/despesas, constitui fraude e justifica a aplicação de multa qualificada de 150%, prevista no artigo 728, III, do RIR/80. Acórdão n.º. 10307.115, de 1985: NOTAS CALÇADAS – FALSIDADE MATERIAL OU IDEOLÓGICA – A nota fiscal calçada é um dos mais gritantes casos de falsidade documental, denunciando, por si só, o objetivo de eliminar ou reduzir o montante do imposto devido. Aplicável a multa prevista neste dispositivo. Acórdão n.º. 10417.256, de 12 de julho de 2000: MULTA AGRAVADA – CONTA FRIA – O uso da chamada ”conta fria”, com o propósito de ocultar operações tributáveis, caracteriza o conceito de evidente intuito de fraude e justifica a penalidade exacerbada. Fl. 426DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Assinado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN 40 É de se ressaltar, que não basta que atividade seja ilícita para se aplicar à multa qualificada, deve haver o evidente intuito de fraude, já que a tributação independe da denominação dos rendimentos, títulos ou direitos, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem dos bens produtores da renda, e da forma de percepção das rendas ou proventos, bastando, para incidência do imposto, o benefício do contribuinte por qualquer forma e a qualquer título. Assim, entendo que, no caso dos autos, não se percebe, por parte do contribuinte, a prática de ato doloso para a configuração do ilícito fiscal. A informação de que o suplicante não logrou comprovar os valores existentes na conta bancária movimentada no exterior não declarada em sua Declaração de Ajuste Anual e não justificou as transferências realizadas, bem como deixou de lançar rendimentos em valores expressivos e de forma continuada, para mim caracteriza motivo de lançamento de multa simples sem qualificação. Para concluir é de se reforçar, mais uma vez, que a simples glosa de despesas ou a simples omissão de rendimentos não dá causa para a qualificação da multa. A infração a dispositivo de lei, mesmo que resulte diminuição de pagamento de tributo, não autoriza presumir intuito de fraude. A inobservância da legislação tributária tem que estar acompanhada de prova que o sujeito empenhouse em induzir a autoridade administrativa em erro quer por forjar documentos quer por ter feito parte em conluio, para que fique caracterizada a conduta fraudulenta. Desta forma, só posso concluir pela inaplicabilidade da multa de lançamento de ofício qualificada, devendo a mesma ser reduzida para aplicação de multa de ofício normal de 75%. Por outro lado, não cabe razão ao recorrente no que tange às alegações de ilegalidade / ofensas a princípios constitucionais (razoabilidade, capacidade contributiva, não confisco e juros abusivos), o exame das mesmas escapa à competência da autoridade administrativa julgadora. Há que se destacar que à autoridade fiscal cabe verificar o fiel cumprimento da legislação em vigor, independentemente de questões de discordância, pelos contribuintes, acerca de alegadas ilegalidades/inconstitucionalidades, sendo a atividade de lançamento vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional, como previsto no art. 142, parágrafo único, do Código Tributário Nacional. Não há dúvidas de que se entende como procedimento fiscal à ação fiscal para apuração de infrações e que se concretize com a lavratura do ato cabível, assim considerado o termo de início de fiscalização, termo de apreensão, auto de infração, notificação, representação fiscal ou qualquer ato escrito dos agentes do fisco, no exercício de suas funções inerentes ao cargo. Tais atos excluirão a espontaneidade se o contribuinte deles tomar conhecimento pela intimação. Os atos que formalizam o início do procedimento fiscal encontramse elencados no artigo 7º do Decreto n.º 70.235, de 1972. Em sintonia com o disposto no artigo 138, parágrafo único do Código Tributário Nacional, esses atos têm o condão de excluir a espontaneidade do sujeito passivo e de todos os demais envolvidos nas infrações que vierem a ser verificadas. Em outras palavras, deflagrada a ação fiscal, qualquer providência do sujeito passivo, ou de terceiros relacionados com o ato, no sentido de repararem a falta cometida não exclui suas responsabilidades, sujeitandoos às penalidades próprias dos procedimentos de Fl. 427DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Assinado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Processo nº 10680.010994/200880 Acórdão n.º 220201.304 S2C2T2 Fl. 21 41 ofício. Além disso, o ato inaugural obsta qualquer retificação, por iniciativa do contribuinte e torna ineficaz consulta formulada sobre a matéria alcançada pela fiscalização. Ressaltese, com efeito, que o emprego da alternativa “ou” na redação dada pelo legislador ao artigo 138, do Código Tributário Nacional, denota que não apenas a medida de fiscalização tem o condão de constituirse em marco inicial da ação fiscal, mas, também, consoante reza o mencionado dispositivo legal, “qualquer procedimento administrativo” relacionado com a infração é fato deflagrador do processo administrativo tributário e da conseqüente exclusão de espontaneidade do sujeito passivo pelo prazo de 60 dias, prorrogável sucessivamente com qualquer outro ato escrito que indique o prosseguimento dos trabalhos, na forma do parágrafo 2°, do art. 7°, do Dec. n° 70.235, de 1972. O entendimento, aqui esposado, é doutrina consagrada, conforme ensina o mestre FABIO FANUCCHI em “Prática de Direito Tributário”, pág. 220: O processo contencioso administrativo terá início por uma das seguintes formas: 1. pedido de esclarecimentos sobre situação jurídicotributária do sujeito passivo, através de intimação a esse; 2. representação ou denúncia de agente fiscal ou terceiro, a respeito de circunstâncias capazes de conduzir o sujeito passivo à assunção de responsabilidades tributárias; 3 autodenúncia do sujeito passivo sobre sua situação irregular perante a legislação tributária; 4. inconformismo expressamente manifestado pelo sujeito passivo, insurgindose ele contra lançamento efetuado. (...). A representação e a denúncia produzirão os mesmos efeitos da intimação para esclarecimentos, sendo peças iniciais do processo que irá se estender até a solução final, através de uma decisão que as julguem procedentes ou improcedentes, com os efeitos naturais que possam produzir tais conclusões. No mesmo sentido, transcrevo comentário de A.A. CONTREIRAS DE CARVALHO em “Processo Administrativo Tributário”, 2ª Edição, págs. 88/89 e 90, tratando de Atos e Termos Processuais: Mas é dos atos processuais que cogitamos, nestes comentários. São atos processuais os que se realizam conforme as regras do processo, visando dar existência à relação jurídicoprocessual. Também participa dessa natureza o que se pratica à parte, mas em razão de outro processo, do qual depende. No processo administrativo tributário, integram essa categoria, entre outros: a) o auto de infração; b) a representação; c) a intimação e d) a notificação (...). Fl. 428DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Assinado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN 42 Mas, retornando a nossa referência aos atos processuais, é de assinalar que, se o auto de infração é peça que deve ser lavrada, privativamente, por agentes fiscais, em fiscalização externa, já no que concerne às faltas apuradas em serviço interno da Repartição fiscal, a peça que as documenta é a representação. Notese que esta, como aquele, é peça básica do processo fiscal (...). Portanto, o Auto de Infração deverá conter, entre outros requisitos formais, a penalidade aplicável, a sua ausência implicará na invalidade do lançamento. A falta ou insuficiência de recolhimento do imposto dá causa a lançamento de ofício, para exigilo com acréscimos e penalidades legais. É de se esclarecer, que a infração fiscal independe da boa fé do contribuinte, entretanto, a penalidade deve ser aplicada, sempre, levandose em conta a ausência de máfé, de dolo, e antecedentes do contribuinte. A multa que excede o montante do próprio crédito tributário, somente pode ser admitida se, em processo regular, nos casos de minuciosa comprovação, em contraditório pleno e amplo, nos termos do artigo 5º, inciso LV, da Constituição Federal, restar provado um prejuízo para fazenda Pública, decorrente de ato praticado pelo contribuinte. Por outro lado, a vedação de confisco estabelecida na Constituição Federal de 1988, é dirigida ao legislador. Tal princípio orienta a feitura da lei, que deve observar a capacidade contributiva e não pode dar ao tributo a conotação de confisco. Não observado esse princípio, a lei deixa de integrar o mundo jurídico por inconstitucional. Além disso, é de se ressaltar, mais uma vez, que a multa de ofício é devida em face da infração às regras instituídas pelo Direito Fiscal e, por não constituir tributo, mas penalidade pecuniária prevista em lei, é inaplicável o conceito de confisco previsto no inciso V, do art. 150 da Constituição Federal, não cabendo às autoridades administrativas estendêlo. Assim, as multas são devidas, no lançamento de ofício, em face da infração às regras instituídas pela legislação fiscal não declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, cuja matéria não constitui tributo, e sim de penalidade pecuniária prevista em lei, sendo inaplicável o conceito de confisco previsto no art. 150, IV da CF., não conflitando com o estatuído no art. 5°, XXII da CF., que se refere à garantia do direito de propriedade. Desta forma, o percentual de multa aplicado está de acordo com a legislação de regência. Ora, os mecanismos de controle de legalidade / constitucionalidade regulados pela própria Constituição Federal passam, necessariamente, pelo Poder Judiciário que detém, com exclusividade, tal prerrogativa. É inócuo, portanto, suscitar tais alegações na esfera administrativa. De qualquer forma, há que se esclarecer que o Imposto Renda da Pessoa Física é um tributo calculado sobre a renda tributável auferida. Ou seja, é calculado levandose em consideração aos rendimentos tributáveis auferidos e em razão do valor é enquadrada dentro de uma alíquota, não estando o seu valor limitado à capacidade contributiva do sujeito passivo da obrigação tributária. Ademais, os princípios constitucionais têm como destinatário o legislador na elaboração da norma, como é o caso, por exemplo, do principio da Vedação ao Confisco, que orienta a feitura da lei, a qual deve observar a capacidade contributiva e não pode dar ao tributo a conotação de confisco, cabendo à autoridade fiscal apenas executar as leis. Fl. 429DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Assinado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Processo nº 10680.010994/200880 Acórdão n.º 220201.304 S2C2T2 Fl. 22 43 Da mesma forma, não vejo como se poderia acolher o argumento de inconstitucionalidade ou ilegalidade formal da multa de ofício e da taxa SELIC aplicada como juros de mora sobre o débito exigido no presente processo com base na Lei n.º 9.065, de 20/06/95, que instituiu no seu bojo a taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia de Títulos Federais (SELIC). É meu entendimento, acompanhado pelos pares desta Turma de Julgamento, que quanto à discussão sobre a inconstitucionalidade de normas legais, os órgãos administrativos judicantes estão impedidos de declarar a inconstitucionalidade de lei ou regulamento, face à inexistência de previsão constitucional. No sistema jurídico brasileiro, somente o Poder Judiciário pode declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público, através do chamado controle incidental e do controle pela Ação Direta de Inconstitucionalidade. No caso de lei sancionada pelo Presidente da República é que dito controle seria mesmo incabível, por ilógico, pois se o Chefe Supremo da Administração Federal já fizera o controle preventivo da constitucionalidade e da conveniência, para poder promulgar a lei, não seria razoável que subordinados, na escala hierárquica administrativa, considerasse inconstitucional lei ou dispositivo legal que aquele houvesse considerado constitucional. Exercendo a jurisdição no limite de sua competência, o julgador administrativo não pode nunca ferir o princípio de ampla defesa, já que esta só pode ser apreciada no foro próprio. Se verdade fosse, que o Poder Executivo deva deixar aplicar lei que entenda inconstitucional, maior insegurança teriam os cidadãos, por ficarem à mercê do alvedrio do Executivo. O poder Executivo haverá de cumprir o que emana da lei, ainda que materialmente possa ela ser inconstitucional. A sanção da lei pelo Chefe do Poder Executivo afasta sob o ponto de vista formal a possibilidade da argüição de inconstitucionalidade, no seu âmbito interno. Se assim entendesse, o chefe de Governo vetálaia, nos termos do artigo 66, § 1º da Constituição. Rejeitado o veto, ao teor do § 4º do mesmo artigo constitucional, promulguea ou não o Presidente da República, a lei haverá de ser executada na sua inteireza, não podendo ficar exposta ao capricho ou à conveniência do Poder Executivo. Facultaselhe, tãosomente, a propositura da ação própria perante o órgão jurisdicional e, enquanto pendente a decisão, continuará o Poder Executivo a lhe dar execução. Imaginese se assim não fosse, facultandose ao Poder Executivo, através de seus diversos departamentos, desconhecer a norma legislativa ou simplesmente negarlhe executoriedade por entendêla, unilateralmente, inconstitucional. A evolução do direito, como quer o suplicante, não deve pôr em risco toda uma construção sistêmica baseada na independência e na harmonia dos Poderes, e em cujos princípios repousa o estado democrático. Não se deve a pretexto de negar validade a uma lei pretensamente inconstitucional, praticarse inconstitucionalidade ainda maior consubstanciada no exercício de competência de que este Colegiado não dispõe, pois que deferida a outro Poder. Fl. 430DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Assinado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN 44 Ademais, matéria já pacificada no âmbito administrativo, razão pela qual o Presidente do Primeiro Conselho de Contribuintes, objetivando a condensação da jurisprudência predominante neste Conselho, conforme o que prescreve o art. 30 do Regimento Interno dos Conselhos de Contribuintes (RICC), aprovado pela Portaria MF nº 55, de 16 de março de 1998, providenciou a edição e aprovação de diversas súmulas, que foram publicadas no DOU, Seção I, dos dias 26, 27 e 28 de junho de 2006, vigorando para as decisões proferidas a partir de 28 de julho de 2006. Atualmente estas súmulas foram convertidas para o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, pela Portaria CARF nº 106, de 2009 (publicadas no DOU de 22/12/2009), assim redigidas: “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2)” e “A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia – SELIC para títulos federais (Súmula CARF nº 4).” Diante do conteúdo dos autos e pela associação de entendimento sobre todas as considerações expostas no exame da matéria e por ser de justiça voto no sentido de rejeitar as preliminares suscitadas pela Recorrente e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso para desqualificar a multa de ofício, reduzindoa ao percentual de 75%. (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann Fl. 431DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Assinado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Processo nº 10680.010994/200880 Acórdão n.º 220201.304 S2C2T2 Fl. 23 45 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA CÂMARA DA SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO TERMO DE INTIMAÇÃO Em cumprimento ao disposto no § 3º do art. 81 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria Ministerial nº. 256, de 22 de junho de 2009, intimese o (a) Senhor (a) Procurador (a) Representante da Fazenda Nacional, credenciado junto à Segunda Câmara da Segunda Seção, a tomar ciência do Acórdão nº 220201.. Brasília/DF, 27 de julho de 2011 (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann Presidente da 2ª Turma Ordinária Segunda Câmara da Segunda Seção Ciente, com a observação abaixo: (......) Apenas com ciência (......) Com Recurso Especial (......) Com Embargos de Declaração Data da ciência: _______/_______/_________ Procurador (a) da Fazenda Nacional Fl. 432DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN Assinado digitalmente em 03/08/2011 por NELSON MALLMANN
score : 1.0
Numero do processo: 16327.001495/2003-01
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Feb 18 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Nov 17 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/01/2000 a 31/12/2000
IOF. RECURSO ESPECIAL. MULTA DE MORA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. SÚMULA 360 DO STJ.APLICAÇÃO DO ARTIGO 62-A DO RICARF. MATÉRIA JULGADA NA SISTEMÁTICA DE RECURSO REPETITIVO PELO STJ.
Nos termos do artigo 62-A do Regimento Interno do CARF, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543-B e 543-C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. No presente caso, o Egrégio Superior Tribunal de Justiça, em julgamento realizado na sistemática do artigo 543-C do Código de Processo Civil, acolheu a tese de que a denúncia espontânea não resta caracterizada, com a conseqüente exclusão da multa moratória, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação declarados pelo contribuinte e recolhidos fora do prazo de vencimento, à vista ou parceladamente, ainda que anteriormente a qualquer procedimento do Fisco (Súmula360/STJ).
A contrario sensu, portanto, o Egrégio Superior Tribunal de Justiça acolheu a tese da aplicação da denúncia espontânea na hipótese de pagamento a destempo sem que tenha sido realizada declaração prévia do contribuinte. (Acórdão 9303-002.770)
Recurso Especial do Contribuinte Provido.
Numero da decisão: 9303-002.853
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso especial para reconhecer a denúncia espontânea quanto aos pagamentos efetuados em relação a débitos não declarados em DCTF, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. Vencido o Conselheiro Júlio César Alves Ramos (Relator), que votava pela conversão do julgamento em diligência para que a unidade preparadora atestasse nos autos se os débitos recolhidos a destempo foram incluídos em DCTF entregue à Administração antes de cada um daqueles recolhimentos. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Rodrigo Cardozo Miranda. O Conselheiro Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva declarou-se impedido de votar.
(assinado digitalmente)
Marcos Aurélio Pereira Valadão - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Júlio César Alves Ramos - Relator
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Redator ad hoc
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Júlio César Alves Ramos, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Pôssas, Joel Miyazaki. Fabíola Cassiano Keramidas, Susy Gomes Hoffmann e Marcos Aurélio Pereira Valadão.
Nome do relator: JULIO CESAR ALVES RAMOS
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201402
camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/01/2000 a 31/12/2000 IOF. RECURSO ESPECIAL. MULTA DE MORA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. SÚMULA 360 DO STJ.APLICAÇÃO DO ARTIGO 62-A DO RICARF. MATÉRIA JULGADA NA SISTEMÁTICA DE RECURSO REPETITIVO PELO STJ. Nos termos do artigo 62-A do Regimento Interno do CARF, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543-B e 543-C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. No presente caso, o Egrégio Superior Tribunal de Justiça, em julgamento realizado na sistemática do artigo 543-C do Código de Processo Civil, acolheu a tese de que a denúncia espontânea não resta caracterizada, com a conseqüente exclusão da multa moratória, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação declarados pelo contribuinte e recolhidos fora do prazo de vencimento, à vista ou parceladamente, ainda que anteriormente a qualquer procedimento do Fisco (Súmula360/STJ). A contrario sensu, portanto, o Egrégio Superior Tribunal de Justiça acolheu a tese da aplicação da denúncia espontânea na hipótese de pagamento a destempo sem que tenha sido realizada declaração prévia do contribuinte. (Acórdão 9303-002.770) Recurso Especial do Contribuinte Provido.
turma_s : 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Thu Nov 17 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 16327.001495/2003-01
anomes_publicacao_s : 201611
conteudo_id_s : 5657527
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Nov 17 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 9303-002.853
nome_arquivo_s : Decisao_16327001495200301.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : JULIO CESAR ALVES RAMOS
nome_arquivo_pdf_s : 16327001495200301_5657527.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso especial para reconhecer a denúncia espontânea quanto aos pagamentos efetuados em relação a débitos não declarados em DCTF, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. Vencido o Conselheiro Júlio César Alves Ramos (Relator), que votava pela conversão do julgamento em diligência para que a unidade preparadora atestasse nos autos se os débitos recolhidos a destempo foram incluídos em DCTF entregue à Administração antes de cada um daqueles recolhimentos. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Rodrigo Cardozo Miranda. O Conselheiro Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva declarou-se impedido de votar. (assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Júlio César Alves Ramos - Relator (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Redator ad hoc Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Júlio César Alves Ramos, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Pôssas, Joel Miyazaki. Fabíola Cassiano Keramidas, Susy Gomes Hoffmann e Marcos Aurélio Pereira Valadão.
dt_sessao_tdt : Tue Feb 18 00:00:00 UTC 2014
id : 6567036
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:54:30 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048690406457344
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2119; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 346 1 345 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 16327.001495/200301 Recurso nº Especial do Contribuinte Acórdão nº 9303002.853 – 3ª Turma Sessão de 18 de fevereiro de 2014 Matéria IOF DENÚNCIA ESPONTÂNEA MULTA DE MORA Recorrente UNIBANCO S/A Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2000 a 31/12/2000 IOF. RECURSO ESPECIAL. MULTA DE MORA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. SÚMULA 360 DO STJ.APLICAÇÃO DO ARTIGO 62A DO RICARF. MATÉRIA JULGADA NA SISTEMÁTICA DE RECURSO REPETITIVO PELO STJ. Nos termos do artigo 62A do Regimento Interno do CARF, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. No presente caso, o Egrégio Superior Tribunal de Justiça, em julgamento realizado na sistemática do artigo 543C do Código de Processo Civil, acolheu a tese de que a denúncia espontânea não resta caracterizada, com a conseqüente exclusão da multa moratória, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação declarados pelo contribuinte e recolhidos fora do prazo de vencimento, à vista ou parceladamente, ainda que anteriormente a qualquer procedimento do Fisco (Súmula360/STJ). A contrario sensu, portanto, o Egrégio Superior Tribunal de Justiça acolheu a tese da aplicação da denúncia espontânea na hipótese de pagamento a destempo sem que tenha sido realizada declaração prévia do contribuinte. (Acórdão 9303002.770) Recurso Especial do Contribuinte Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso especial para reconhecer a denúncia espontânea quanto aos pagamentos AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 14 95 /2 00 3- 01 Fl. 346DF CARF MF Processo nº 16327.001495/200301 Acórdão n.º 9303002.853 CSRFT3 Fl. 347 2 efetuados em relação a débitos não declarados em DCTF, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. Vencido o Conselheiro Júlio César Alves Ramos (Relator), que votava pela conversão do julgamento em diligência para que a unidade preparadora atestasse nos autos se os débitos recolhidos a destempo foram incluídos em DCTF entregue à Administração antes de cada um daqueles recolhimentos. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Rodrigo Cardozo Miranda. O Conselheiro Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva declarouse impedido de votar. (assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Júlio César Alves Ramos Relator (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Redator ad hoc Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Júlio César Alves Ramos, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Pôssas, Joel Miyazaki. Fabíola Cassiano Keramidas, Susy Gomes Hoffmann e Marcos Aurélio Pereira Valadão. Relatório Manejou a instituição financeira identificada acima recurso especial contra decisão que lhe negou direito a restituição de quantias pagas a título de multa moratória em recolhimentos a destempo de IOF. No entender da decisão recorrida, a multa em discussão sempre é cabível quando o recolhimento é realizado em atraso, mesmo que esse recolhimento ocorra antes de qualquer procedimento de ofício tendente a exigir a contribuição não recolhida. Já para a recorrente, basta que o recolhimento anteceda qualquer procedimento de ofício para que se configure a denúncia espontânea de que trata o artigo 138 do CTN, tornando incabível a multa. Em consequência dessas posições, em nenhum momento se apurou se os recolhimentos ocorreram antes ou depois de entregues as DCTF por parte da empresa, de modo que se possa aplicar, sem qualquer dúvida, a jurisprudência consolidada no âmbito do STJ. É o Relatório. Voto Vencido Conselheiro Júlio César Alves Ramos, Relator O recurso atende aos requisitos de admissibilidade. Dele conheço. Fl. 347DF CARF MF Processo nº 16327.001495/200301 Acórdão n.º 9303002.853 CSRFT3 Fl. 348 3 Como é de sabença geral, no e. Superior Tribunal de Justiça consolidouse o entendimento inclusive já sumulado de que em se tratando de tributo sujeito a lançamento por homologação a denúncia espontânea requer que o débito não tenha sido declarado à Administração antes do recolhimento. Isto é, ela se dá apenas quando o contribuinte constata erro na declaração entregue e promove a sua retificação com o pagamento da diferença encontrada; mas ela não se aplica ao contribuinte que meramente recolha a menor um débito que já comunicou à Administração. Com isso, os julgamentos da matéria exigem, hoje, que se saiba em que situação se encontra o sujeito passivo, mas nos autos essa informação não é encontrada, justamente porque os debates nele travados não se reportaram àquela jurisprudência. É o meu voto, portanto, pela conversão deste julgamento em diligência para que a unidade preparadora ateste nos autos se os débitos que foram recolhidos a destempo (fl. 1) foram incluídos em DCTF entregue à Administração antes de cada um daqueles recolhimentos. É o meu voto. (assinado digitalmente) Júlio César Alves Ramos Voto Vencedor Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Redator ad hoc Nos termos do art. 17, III1, do RICARF, o Senhor Presidente deste Colegiado nomeoume redator ad hoc para formalizar o voto vencedor do presente acórdão, tendo em vista que o Redator Designado, Conselheiro Rodrigo Cardozo Miranda, deixou de integrar o Colegiado antes da sua formalização. Reproduzo, a seguir, o voto proferido pela i. Conselheiro Rodrigo Cardozo Miranda, no acórdão 9303002.770, no qual ele se manifesta sobre a questão meritória posta em julgamento: No que tange ao mérito, são duas as questões a serem dirimidas. A primeira diz respeito à possibilidade do instituto da denúncia espontânea albergar a multa moratória. Quanto a esse ponto, a jurisprudência administrativa e judicial já se posicionou favoravelmente. Agora, especificamente quanto ao segundo ponto, é que reside a principal questão a ser dirimida: cabe a denúncia espontânea em todos os casos de pagamento 1 Art. 17. Aos presidentes de turmas julgadoras do CARF incumbe dirigir, supervisionar, coordenar e orientar as atividades do respectivo órgão e ainda: (...) III designar redator ad hoc para formalizar decisões já proferidas, nas hipóteses em que o relator original esteja impossibilitado de fazêlo ou ñão mais componha o colegiado; Fl. 348DF CARF MF Processo nº 16327.001495/200301 Acórdão n.º 9303002.853 CSRFT3 Fl. 349 4 de multa moratória em atraso, especialmente naqueles em que há declaração prévia do contribuinte ao Fisco? Ou ainda, em que casos caberia a denúncia espontânea? Com relação a essa questão, após muita reflexão, acabei por firmar entendimento no sentido de acolher os termos da Súmula 360 do Superior Tribunal de Justiça, cujo teor é o seguinte: O benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento por homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo. Com efeito, não me parece razoável abrirse a possibilidade ao contribuinte, sempre que pagar a destempo, realizar o pagamento apenas com os juros de mora, ao fundamento de que a ação fiscal não foi iniciada. De fato, se fosse adotado o entendimento veiculado nos paradigmas e no recurso especial, a norma que prevê a incidência da multa moratória acabaria sendo praticamente inaplicável, e seria recolhida apenas pelos contribuintes incautos ou que não estivessem amparados por uma assessoria tributária. De outro lado, não me parece que se possa afastar por completo a aplicação da denúncia espontânea e, nesses casos, pela própria sistemática que prevalece hoje em dia no que tange ao recolhimento de tributos, em que o contribuinte exerce atividade antecipatória quanto à apuração do tributo – lançamento por homologação – que a denúncia espontânea somente seria cabível quando não houvesse declaração prévia do contribuinte. Argumentase em sentido contrário que tal entendimento poderia beneficiar o contribuinte que simplesmente não declara os tributos devidos em detrimento daquele que, na mesma situação, o faz de forma correta, mas deixa de efetuar o recolhimento. Sem dúvida há essa possibilidade, mas me parece que tal hipótese é excepcional, não sendo suficiente e pertinente para afastar a sistemática vigente. Nesse sentido, me parece que a denúncia espontânea afigurase aplicável quando se verificar eventual erro, equívoco ou carência de informação na atividade exercida pelo contribuinte no bojo do lançamento por homologação, erro esse que implica na alteração do quantitativo de tributo a ser recolhido. Verificado o erro, que pressupõe a ausência de declaração anterior, abrese a possibilidade de que, antes mesmo da fiscalização ter dele ciência, o próprio contribuinte o declare, acuse e aponte, efetuando o recolhimento, se for o caso, com juros moratórios. Daí, por ter “denunciado”, aplicase o benefício da exclusão da multa moratória. Assim, em suma, na hipótese em que há declaração prévia do contribuinte e se cuida apenas do recolhimento em atraso exatamente do montante previamente declarado, entendo aplicável o entendimento cristalizado na já mencionada Súmula 360 do STJ, no sentido de que o benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento por homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo. É de se destacar, além disso, que o Egrégio Superior Tribunal de Justiça também já se posicionou quanto à matéria na sistemática do artigo 543C do Código de Processo Civil,ou seja, na sistemática de recurso repetitivo. O precedente proferido tem a seguinte ementa: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543 Fl. 349DF CARF MF Processo nº 16327.001495/200301 Acórdão n.º 9303002.853 CSRFT3 Fl. 350 5 C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IRPJ E CSLL. TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECLARAÇÃO PARCIAL DE DÉBITO TRIBUTÁRIO ACOMPANHADO DO PAGAMENTO INTEGRAL. POSTERIOR RETIFICAÇÃO DA DIFERENÇA A MAIOR COM A RESPECTIVA QUITAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. EXCLUSÃO DA MULTA MORATÓRIA.CABIMENTO. 1. A denúncia espontânea resta configurada na hipótese em que o contribuinte, após efetuar a declaração parcial do débito tributário (sujeito a lançamento por homologação) acompanhado do respectivo pagamento integral, retificaa (antes de qualquer procedimento da Administração Tributária), noticiando a existência de diferença a maior,cuja quitação se dá concomitantemente. 2. Deveras, a denúncia espontânea não resta caracterizada, com a consequente exclusão da multa moratória, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação declarados pelo contribuinte e recolhidos fora do prazo de vencimento, à vista ou parceladamente, ainda que anteriormente a qualquer procedimento do Fisco (Súmula 360/STJ) (Precedentes da Primeira Seção submetidos ao rito do artigo 543C, do CPC: REsp886.462/RS,Rel.Ministro Teori Albino Zavascki,julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008; e REsp 962.379/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008). 3. É que "a declaração do contribuinte elide a necessidade da constituição formal do crédito, podendo este ser imediatamente inscrito em dívida ativa, tornandose exigível, independentemente de qualquer procedimento administrativo ou de notificação ao contribuinte"(REsp850.423/SP,Rel.Ministro Castro Meira, Primeira Seção, julgado em 28.11.2007, DJ 07.02.2008). 4.Destarte,quando o contribuinte procede à retificação do valor declarado a menor (integralmente recolhido), elide a necessidade de o Fisco constituir o crédito tributário atinente à parte não declarada (e quitada à época da retificação), razão pelaqualaplicávelobenefícioprevistonoartigo138,doCTN. 5. In casu, consoante consta da decisão que admitiu o recurso especial na origem (fls. 127/138): "No caso dos autos, a impetrante em 1996 apurou diferenças de recolhimento do Imposto de Renda Pessoa Jurídica e Contribuição Social sobre o Lucro, ano base 1995 e prontamente recolheu esse montante devido, sendo que agora, pretende ver reconhecida a denúncia espontânea em razão do recolhimento do tributo em atraso, antes da ocorrência de qualquer procedimento fiscalizatório. Fl. 350DF CARF MF Processo nº 16327.001495/200301 Acórdão n.º 9303002.853 CSRFT3 Fl. 351 6 Assim, não houve a declaração prévia e pagamento em atraso, mas uma verdadeira confissão de dívida e pagamento integral, de forma que resta configurada a denúncia espontânea, nos termos do disposto no artigo 138, do Código Tributário Nacional." 6. Consequentemente, merece reforma o acórdão regional, tendo em vista a configuração da denúncia espontânea na hipótese subexamine. 7. Outrossim, forçoso consignar que a sanção premial contida no instituto da denúncia espontânea exclui as penalidades pecuniárias, ou seja, as multas de caráter eminentemente punitivo, nas quais se incluem as multas moratórias,decorrentes da impontualidade do contribuinte. 8. Recurso especial provido. Acórdão submetido ao regime do artigo543C,doCPC,edaResoluçãoSTJ08/2008. (REsp 1149022/SP, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 09/06/2010, DJe 24/06/2010) (grifos nossos) Com isso, restou consolidado no âmbito do Egrégio Superior Tribunal de Justiça a tese da aplicação da denúncia espontânea na hipótese de pagamento a destempo sem que tenha sido realizada declaração prévia do contribuinte. O Regimento Interno do CARF, por sua vez, na redação dada recentemente pela PortariaMFnº586, de21/12/2010,tem os seguintes comandos nos seus artigo s62 e 62A: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal; ou II que fundamente crédito tributário objeto de: a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei n° 10.522, de 19 de julho de 2002; b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar n° 73, de 1993; ou c) parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar n° 73, de 1993. Fl. 351DF CARF MF Processo nº 16327.001495/200301 Acórdão n.º 9303002.853 CSRFT3 Fl. 352 7 Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. § 1º Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543B. § 2º O sobrestamento de que trata o § 1º será feito de ofício pelo relator ou por provocação das partes. (grifos e destaques nossos) Verificase, assim, que a referida decisão do Egrégio Superior Tribunal de Justiça deve ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Por último, para concluir meu entendimento acerca da matéria “denúncia espontânea”, cumpre destacar o dispositivo contido no artigo 47 da Lei nº 9.430/96, que causa certa perplexidade, e cujo conteúdo é o seguinte: Art. 47. A pessoa física ou jurídica submetida a ação fiscal por parte da Secretaria da Receita Federal poderá pagar, até o vigésimo dia subseqüente à data de recebimento do termo de início de fiscalização, os tributos e contribuições já declarados, de que for sujeito passivo como contribuinte ou responsável, com os acréscimos legais aplicáveis nos casos de procedimento espontâneo. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) Diante desse texto legal, como se poderia compatibilizar o seu comando com o entendimento esposado na Súmula 360 do Superior Tribunal de Justiça, que ora resta acolhido? Poderia isso significar que da data da declaração até o vigésimo dia subseqüente à data de recebimento do termo de início de fiscalização seria o caso de denúncia espontânea? Nesse particular, após muita reflexão, acabei por entender que referido dispositivo deve ser interpretado, de forma sistemática e teleológica, nos exatos termos do seu texto, a fim de evitar contradições. Deveras, quando do início da fiscalização, o contribuinte, nos primeiros 20 (vinte) dias, pode, de antemão, fazer o pagamento do tributo. Dessa forma, facilita o trabalho da fiscalização, devendo, portanto, ter um incentivo para tanto. Este incentivo é exatamente poder recolher os tributos com o benefício da denúncia espontânea, ou seja, “pagamento do tributo devido e dos juros de mora”, com exclusão da multa moratória. (...) Assim, aplicandose o entendimento acima, especialmente a jurisprudência consolidada do Egrégio Superior Tribunal de Justiça proferida em sede de recurso Fl. 352DF CARF MF Processo nº 16327.001495/200301 Acórdão n.º 9303002.853 CSRFT3 Fl. 353 8 repetitivo, realmente teria ocorrido um pagamento indevido pela contribuinte e, por conseqüência, o pedido de restituição merece ser acolhido. Com base nessas considerações, votou o colegiado, por maioria, por dar provimento ao recurso especial para reconhecer a denúncia espontânea quanto aos pagamentos efetuados em relação a débitos não declarados em DCTF. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 353DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13839.912964/2009-38
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 28 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Oct 19 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/08/2004 a 30/08/2004
NULIDADE. INEXISTÊNCIA
Não é nulo o despacho decisório que se fundamenta no cotejo entre documentos apontados como origem do crédito (DARF) e nas declarações apresentadas que demonstram o direito creditório (DCTF).
APRESENTAÇÃO DE DCTF RETIFICADORA. POSSIBILIDADE. DEMONSTRAÇÃO DE INDÍCIO DE PROVA DO DIREITO CREDITÓRIO ANTERIORMENTE AO DESPACHO DECISÓRIO. VERDADE MATERIAL.
Indícios de provas apresentadas anteriormente à prolação do despacho decisório que denegou a homologação da compensação, consubstanciados na apresentação de DARF de pagamento e DCTF retificadora, ratificam os argumentos do contribuinte quanto ao seu direito creditório. Inexiste norma que condiciona a apresentação de declaração de compensação à prévia retificação de DCTF, bem como ausente comando legal impeditivo de sua retificação enquanto não decidida a homologação da declaração.
ROYALTIES. REMUNERAÇÃO EXCLUSIVA PELO USO DE LICENÇA E TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA. INEXISTÊNCIA DE SERVIÇOS CONEXOS. NÃO INCIDÊNCIA DE PIS/COFINS-IMPORTAÇÃO.
A disponibilização de "informações técnicas" e "assistência técnica", por intermédio de entrega de dados e outros documentos pela licenciadora estrangeira, para utilização na fabricação de produtos licenciados no País, não configura prestação de serviços conexos ao licenciamento para efeitos de incidência de Contribuições para o PIS/Pasep-importação e Cofins-importação.
À luz do contrato de licenciamento e dos efetivos pagamentos realizados ao exterior, não incidem as Contribuições para o PIS/Pasep-importação e Cofins-importação, pois tais pagamentos, cujos cálculos baseiam-se nas vendas líquidas de produtos licenciados, referem-se, exclusivamente, à remuneração contratual pela transferência de tecnologia, com natureza jurídica de royalties.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3201-002.408
Decisão: ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. O Conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima votou pelas conclusões.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira, Mércia Helena Trajano D'Amorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, José Luiz Feistauer de Oliveira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário e Cássio Schappo.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201609
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/08/2004 a 30/08/2004 NULIDADE. INEXISTÊNCIA Não é nulo o despacho decisório que se fundamenta no cotejo entre documentos apontados como origem do crédito (DARF) e nas declarações apresentadas que demonstram o direito creditório (DCTF). APRESENTAÇÃO DE DCTF RETIFICADORA. POSSIBILIDADE. DEMONSTRAÇÃO DE INDÍCIO DE PROVA DO DIREITO CREDITÓRIO ANTERIORMENTE AO DESPACHO DECISÓRIO. VERDADE MATERIAL. Indícios de provas apresentadas anteriormente à prolação do despacho decisório que denegou a homologação da compensação, consubstanciados na apresentação de DARF de pagamento e DCTF retificadora, ratificam os argumentos do contribuinte quanto ao seu direito creditório. Inexiste norma que condiciona a apresentação de declaração de compensação à prévia retificação de DCTF, bem como ausente comando legal impeditivo de sua retificação enquanto não decidida a homologação da declaração. ROYALTIES. REMUNERAÇÃO EXCLUSIVA PELO USO DE LICENÇA E TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA. INEXISTÊNCIA DE SERVIÇOS CONEXOS. NÃO INCIDÊNCIA DE PIS/COFINS-IMPORTAÇÃO. A disponibilização de "informações técnicas" e "assistência técnica", por intermédio de entrega de dados e outros documentos pela licenciadora estrangeira, para utilização na fabricação de produtos licenciados no País, não configura prestação de serviços conexos ao licenciamento para efeitos de incidência de Contribuições para o PIS/Pasep-importação e Cofins-importação. À luz do contrato de licenciamento e dos efetivos pagamentos realizados ao exterior, não incidem as Contribuições para o PIS/Pasep-importação e Cofins-importação, pois tais pagamentos, cujos cálculos baseiam-se nas vendas líquidas de produtos licenciados, referem-se, exclusivamente, à remuneração contratual pela transferência de tecnologia, com natureza jurídica de royalties. Recurso Voluntário Provido.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Oct 19 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 13839.912964/2009-38
anomes_publicacao_s : 201610
conteudo_id_s : 5648989
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Oct 19 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 3201-002.408
nome_arquivo_s : Decisao_13839912964200938.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : WINDERLEY MORAIS PEREIRA
nome_arquivo_pdf_s : 13839912964200938_5648989.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. O Conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima votou pelas conclusões. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira, Mércia Helena Trajano D'Amorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, José Luiz Feistauer de Oliveira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário e Cássio Schappo.
dt_sessao_tdt : Wed Sep 28 00:00:00 UTC 2016
id : 6545852
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:53:31 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048690441060352
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 17; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2319; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 2 1 1 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13839.912964/200938 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3201002.408 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 28 de setembro de 2016 Matéria PIS/Cofins. Incidência sobre remessas ao exterior para pagamento de royalties. Recorrente CONTINENTAL DO BRASIL PRODUTOS AUTOMOTIVOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/08/2004 a 30/08/2004 NULIDADE. INEXISTÊNCIA Não é nulo o despacho decisório que se fundamenta no cotejo entre documentos apontados como origem do crédito (DARF) e nas declarações apresentadas que demonstram o direito creditório (DCTF). APRESENTAÇÃO DE DCTF RETIFICADORA. POSSIBILIDADE. DEMONSTRAÇÃO DE INDÍCIO DE PROVA DO DIREITO CREDITÓRIO ANTERIORMENTE AO DESPACHO DECISÓRIO. VERDADE MATERIAL. Indícios de provas apresentadas anteriormente à prolação do despacho decisório que denegou a homologação da compensação, consubstanciados na apresentação de DARF de pagamento e DCTF retificadora, ratificam os argumentos do contribuinte quanto ao seu direito creditório. Inexiste norma que condiciona a apresentação de declaração de compensação à prévia retificação de DCTF, bem como ausente comando legal impeditivo de sua retificação enquanto não decidida a homologação da declaração. ROYALTIES. REMUNERAÇÃO EXCLUSIVA PELO USO DE LICENÇA E TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA. INEXISTÊNCIA DE SERVIÇOS CONEXOS. NÃO INCIDÊNCIA DE PIS/COFINS IMPORTAÇÃO. A disponibilização de "informações técnicas" e "assistência técnica", por intermédio de entrega de dados e outros documentos pela licenciadora estrangeira, para utilização na fabricação de produtos licenciados no País, não configura prestação de serviços conexos ao licenciamento para efeitos de incidência de Contribuições para o PIS/Pasepimportação e Cofins importação. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 9. 91 29 64 /2 00 9- 38 Fl. 601DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13839.912964/200938 Acórdão n.º 3201002.408 S3C2T1 Fl. 3 2 À luz do contrato de licenciamento e dos efetivos pagamentos realizados ao exterior, não incidem as Contribuições para o PIS/Pasepimportação e Cofinsimportação, pois tais pagamentos, cujos cálculos baseiamse nas vendas líquidas de produtos licenciados, referemse, exclusivamente, à remuneração contratual pela transferência de tecnologia, com natureza jurídica de royalties. Recurso Voluntário Provido. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. O Conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima votou pelas conclusões. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira, Mércia Helena Trajano D'Amorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, José Luiz Feistauer de Oliveira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário e Cássio Schappo. Relatório CONTINENTAL DO BRASIL PRODUTOS AUTOMOTIVOS LTDA transmitiu PER/DCOMP alegando indébito de Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins. A DRF Jundiaí emitiu Despacho Decisório Eletrônico não homologando a compensação, em virtude de o pagamento informado ter sido integralmente utilizado para quitação de débitos declarados pelo contribuinte, não restando crédito disponível para a compensação declarada. Em Manifestação de Inconformidade a contribuinte alegou, em síntese, que é coligada de empresa localizada da Alemanha, com a qual possui contrato de licença de uso de marca e fornecimento de tecnologia, efetuando remessas ao exterior a título de royalties. Todavia, a contribuinte afirmou que, equivocadamente, incluiu na base de cálculo da Cofins Importação e do PISImportação os valores pagos ao exterior a título de royalties. Procurando demonstrar a existência do direito creditório juntou ao processo cópia da DCTF retificadora. A Manifestação de Inconformidade foi julgada improcedente, nos termos do Acórdão 05038.616. A DRJ afastou a preliminar de nulidade do despacho Decisório e, no mérito, não reconheceu o direito ao crédito alegado, por considerar que o contribuinte não juntara aos autos provas suficientes para concluir que teria ocorrido tributação indevida sobre remessas a título de royalties. Inconformada, a recorrente apresentou, tempestivamente, recurso voluntário repisando os argumentos anteriormente apresentados. Fl. 602DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13839.912964/200938 Acórdão n.º 3201002.408 S3C2T1 Fl. 4 3 Submetido à julgamento na 1º Turma Especial da 3ª Seção, em preliminar, o relator entendeu não configurada a suscitada nulidade do despacho decisório por ausência de fundamentação e o conseqüente cerceamento ao direito de defesa. No mérito, o julgamento foi convertido em diligência, nos termos da Resolução n° 3801000.725, nos seguintes termos: Ante ao exposto, voto no sentido de converter o presente julgamento em diligência, para que a Delegacia de origem: a) Em relação aos valores remetidos ao exterior que teriam dado ensejo ao direito creditório pleiteado, intime a recorrente a apresentar cópia dos contratos firmados com a empresa beneficiária das remessas (Continental Teves AG & Co. oHG), devendo ser apresentada a tradução juramentada para o idioma nacional, caso estejam em língua estrangeira; cópia das faturas comerciais (invoices) ou documentação suplementar que embasaram as remessas e cópias digitalizadas dos registros, no livro Razão, referentes às remessas relacionadas a pagamento de royalties; b) apure a legitimidade do crédito pleiteado decorrente de pagamento indevido ou a maior a título de Contribuição para o PIS/PASEPImportação e a COFINSImportação sobre as importâncias remetidas ao exterior conforme as operações apontadas, com base nos documentos acostados aos autos, na escrituração fiscal e contábil e demais documentos que julgar necessários; c) cientifique a interessada quanto ao resultado da diligência para, desejando, manifestarse no prazo de 30(trinta) dias. Após a conclusão da diligência, retornar o processo a este CARF para julgamento. Retornou o processo da unidade de origem com Relatório de Diligência Fiscal elaborado pela SAORT/DRF Camaçari/BA, cujas conclusões foram: 12. Como podese verificar, o royalty tem presença no contrato, que mostram a existência de uma licença para uso da propriedade industrial e intelectual. 13. No entanto, também estão presentes no contrato outros elementos, que configuram serviços. Por exemplo, o contrato prevê o fornecimento de informações técnicas. Conforme item 1.4, nessas informações técnicas está incluída o fornecimento de “desenhos, especificações incluindo especificações de teste e qualidade, outros dados de knowhow e outra assistência técnica”. Ou seja, a assistência técnica, que configura claramente uma obrigação de fazer, está incluída no contrato. 14. No item 4.2.2 está prevista outra clara obrigação de fazer para a licenciadora: “fornecer informações, na medida em que estiverem à disposição da LICENCIADORA, em resposta a consultas técnicas razoáveis recebidas”. 15. Estando presente características de royalties e de serviços, resta verificar se o contrato estabelece a sua remuneração de cada um de forma individualizada. O item 5 do contrato Fl. 603DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13839.912964/200938 Acórdão n.º 3201002.408 S3C2T1 Fl. 5 4 (Remuneração), não estabelece essa individualização. Ele prevê uma forma única de remuneração (4% sobre o valor das vendas, posteriormente alterado por aditivo para 3%), sem distinguir royalties e serviços. 16. Portanto, pela aplicação da Solução de Divergência Cosit nº 11, de 2011, que preconiza a necessidade dessa individualização, não deve ser reconhecido o direito creditório sobre os recolhimentos em questão. A interessada foi cientificada do Relatório de Diligência e apresentou argumentos e contrapontos ao entendimento exarado pela autoridade fiscal, assim sintetizados: a) o Auditor aponta cláusula contratual ("1.4 Informações Técnicas") com previsão de prestação de serviços, contudo, sem discriminálos; b) aduz que "informações técnicas" compreendem o fornecimento de dados atinentes aos produtos licenciados e, portanto, tem por natureza uma obrigação de "dar", não de "fazer", como asseverou a autoridade; c) explicita que "informações técnicas" são orientações de uso disponibilizadas à licenciada, sem intervenção física ou deslocamento com finalidade de prestação de serviço; d) consigna que as atividades de fornecimentos/disponibilizações de manuais e outras informações não se encontram listados no Anexo da Lei Complementar nº 116/03 para configurem a materialidade a que incide o ISS; e) argumenta que a "Assistência Técnica", presente no Anexo da IN 116/03, impõe a prestação de serviço por um profissional, o que não se verifica no caso; f) o contrato celebrado tem por objeto licença para uso de marca e não compreende qualquer prestação de serviço. A licenciadora apenas fornece as instruções para a fabricação dos produtos licenciados em estabelecimento da licenciada; g) conclui afirmando que os documentos acostados apontam para um contrato de transferência de uso de marca e tecnologia no qual se obriga com o pagamento de royalties. É o relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3201002.395, de 28/09/2016, proferido no julgamento do processo 13839.912959/200925, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3201002.395): Fl. 604DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13839.912964/200938 Acórdão n.º 3201002.408 S3C2T1 Fl. 6 5 "O recurso voluntário fora recebido como tempestivo, razão pela qual o Colegiado que o apreciou em julgamento anterior dele tomou conhecimento. Quanto a preliminar de nulidade, pactuo com os argumentos e conclusões do Relator, assentadas na sessão de 24/04/2014, por inexistirem razões para sua decretação, as quais reproduzo: Preliminarmente, quanto à alegação de nulidade no despacho decisório por ausência de fundamentação e o conseqüente cerceamento ao direito de defesa entendo que não assiste razão à recorrente. O instituto da compensação está previsto no artigo 74 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, com redação dada pela Lei n° 10.637, de 30 de dezembro de 2002: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. § 1° A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados. § 2° A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. In casu, o contribuinte apresentou declaração de compensação de débitos de PIS, e apontou o documento de arrecadação (DARF) referente a PISImportação, como origem do crédito, alegando “pagamento indevido ou a maior”, conforme disposto nas normas regulamentadoras. O direito creditório não existiria, segundo o despacho decisório inicial, porque os pagamentos constantes do pedido estariam integralmente vinculados a débitos já declarados. A fundamentação da não homologação da compensação pleiteada reside no cotejo entre as próprias declarações apresentadas pelo contribuinte e os documentos apontados como origem do direito creditório. Apesar do contribuinte informar ter retificado a DCTF posteriormente, a analise eletrônica do PERDCOMP se deu com base nas declarações ativas quando da apresentação do mesmo. Embora os critérios dessa análise possam ser insuficientes para criar um juízo de certeza da inexistência ou insuficiência do crédito do contribuinte, esse fato por si só não ensejaria a decretação da nulidade do despacho por cerceamento de defesa, qual seja, a impossibilidade de o impugnante defenderse da não homologação, por falta de compreensão do motivo da não homologação. Fl. 605DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13839.912964/200938 Acórdão n.º 3201002.408 S3C2T1 Fl. 7 6 Em sede de restituição/compensação compete ao contribuinte o ônus da prova do fato constitutivo do seu direito, consoante a regra basilar extraída do Código de Processo Civil, artigo 333, inciso I. Ou seja, é o contribuinte que toma a iniciativa de viabilizar seu direito à compensação, mediante a apresentação da PERDCOMP, de tal sorte que, se a RFB resiste à pretensão do interessado, não homologando a compensação, incumbe a ele, o contribuinte, na qualidade de autor, demonstrar seu direito. Por certo, na sistemática da análise dos PERDCOMPs de pagamento indevido ou a maior, na qual é feito um batimento entre o pagamento informado como indevido e sua situação no conta corrente – disponível ou não, não se está analisando efetivamente o mérito da questão, cuja análise somente será viável a partir da manifestação de inconformidade apresentada pelo requerente, na qual, esperase, seja descrita a origem do direito creditório pleiteado e sua fundamentação legal. Foi o que ocorreu no presente caso, em que a recorrente já na fase litigiosa informou a origem do indébito e, posteriormente, juntou a documentação comprobatória que embasaria o seu direito. Não resta caracterizada a nulidade se o impugnante, a partir do despacho decisório, assimila as conseqüências do fato que deu origem à rejeição da compensação, que lhe possibilitem saber quais pontos devem ser esclarecidos em sua defesa, para comprovação de seu direito creditório. Passemos à análise do mérito. A 1ª Turma Especial enfrentou preliminarmente questão relativa à preclusão consumativa do direito à apresentação da DCTF retificadora após a transmissão do PER/DCOMP e antes da prolação do Despacho Decisório, documento este informativo do direito creditório decorrente do pagamento indevido da Contribuição. Compartilho do entendimento exarado pelo Relator original, o qual transcrevo como parte deste voto: Apesar da complementação das alegações da recorrente e a correspondente documentação comprobatória terem sido apresentadas apenas em sede de Recurso Voluntário, o que, em tese, estaria atingida pela preclusão consumativa, o entendimento predominante deste Colegiado é no sentido da prevalência da verdade material, com respaldo ainda na alínea “c” do § 4º art. 16 do PAF (Decreto nº 70.235/1972), quando a juntada de provas destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidos aos autos, mormente quando a Turma de Julgamento de primeira instância manteve a decisão denegatória da compensação, com base no argumento de que não foram apresentadas as provas adequadas e suficientes à comprovação do crédito compensado, quando tal questão não fora abordada no âmbito do Despacho Decisório guerreado. Fl. 606DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13839.912964/200938 Acórdão n.º 3201002.408 S3C2T1 Fl. 8 7 Neste sentido, os dados da DCTF retificadora e os documentos colacionados são indícios de prova dos créditos e, em tese, ratificam os argumentos apresentados. No caso em tela, não existe norma procedimental condicionando a apresentação de PER/DCOMP à prévia retificação de DCTF, embora seja este um procedimento lógico. O comando contido no inciso III do § 2º do art. 11 da IN RFB nº 903/2008, vigente à época, abaixo reproduzido, não se refere a decisão em pedido do contribuinte, que não é procedimento fiscal, em sentido estrito, ou seja, procedimento tendente a apurar débito do contribuinte. Art. 11 . A alteração das informações prestadas em DCTF será efetuada mediante apresentação de DCTF retificadora, elaborada com observância das mesmas normas estabelecidas para a declaração retificada. § 1º A DCTF retificadora terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, substituindoa integralmente, e servirá para declarar novos débitos, aumentar ou reduzir os valores de débitos já informados ou efetivar qualquer alteração nos créditos vinculados. § 2º A retificação não produzirá efeitos quando tiver por objeto alterar os débitos relativos a impostos e contribuições: I cujos saldos a pagar já tenham sido enviados à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) para inscrição em DAU, nos casos em que importe alteração desses saldos; II cujos valores apurados em procedimentos de auditoria interna, relativos às informações indevidas ou não comprovadas prestadas na DCTF, sobre pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, já tenham sido enviados à PGFN para inscrição em DAU; ou III em relação aos quais a pessoa jurídica tenha sido intimada de início de procedimento fiscal. (grifei). Portanto, não há impedimento legal algum para a retificação da DCTF, que considero tratarse de prova indiciária, em qualquer fase do pedido de restituição ou compensação, desde que anteriormente à inscrição em dívida ativa, sendo que este somente pode ser deferido após a comprovação do direito creditório Considero, também, suplantada a questão da não incidência das Contribuições de que trata a Lei nº 10.865/2004 em relação aos royalties, uma vez que estes são remunerações da propriedade industrial ou intelectual em razão de sua cessão, direito de uso ou transferência de tecnologia uma obrigação de dar, não caracterizada como prestação de serviço. A questão de mérito apresentase em concluir se o pagamento do PIS Importação (código 54341), no valor de R$ 70.896,74, referente ao 2º trimestre/2004, é indevido em decorrência dos valores pagos a título de royalties compreender tão somente parcela devida pela cessão, direito de uso e transferência de tecnologia à licenciada na fabricação de produtos, ou se tal parcela comporta igualmente remuneração advinda de outra modalidade de prestação de serviço conexa ou acessória ao contrato de licença. Fl. 607DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13839.912964/200938 Acórdão n.º 3201002.408 S3C2T1 Fl. 9 8 Esta foi a dúvida suscitada da qual decorreu a conversão do julgamento, de 24 de abril de 2014, em Diligência à unidade de origem. Salientase que a Solução de Divergência nº 11/2011, da Coordenação Geral de Tributação (Cosit) SD Cosit nº 11/2011, pacificou o entendimento de que não há incidência das contribuições para o PIS/Pasep e Cofins, vinculados à importação, sobre o valor pago a título de royalties, se o contrato discriminar destes os valores relativos aos pagamentos dos serviços técnicos e da assistência técnica de forma individualizada. No ponto em que se encontra os autos e realizada a Diligência determinada por Colegiado deste CARF, mister se faz apreciar os documentos e manifestações da contribuinte em face do relatório de diligência elaborado pela SAORT/DRF Camaçari/BA, bem como o teor deste (relatório). Em que pese a constatação de que os documentos coligidos pela Unidade de Origem apresentaramse "SEM ATESTE", entendo superada a insuficiência de autenticidade pois que no retorno da Diligência para juntada de documentos da contribuinte e apuração da legitimidade do crédito pleiteado, com base nos documentos acostados, a autoridade fiscal atestou a correlação entre invoices, contratos de câmbio, pagamentos e certificado de averbação, assim consignado (fl. 620): 04. Com relação aos documentos, os invoices e contratos de câmbios apresentados na manifestação de inconformidade demonstram que os pagamentos se referem ao contrato com certificado de averbação INPI NR. 991197/03. Repisando, a Diligência teve por escopo (1) obter do contribuinte licenciado cópias do contrato celebrado com a licenciadora, das faturas comerciais e dos registros no Livro Razão, relacionados com o pagamento de royalties que ensejaram o direito creditório pleiteado, e (2) a apuração pela Delegacia de origem da legitimidade do crédito pleiteado em face dos documentos coligidos. De um lado a outro, os argumentos cingiramse em afirmar (Auditor Fiscal) ou infirmar (contribuinte) a previsão de prestação de serviços pela licenciadora em razão da presença, nas cláusulas do contrato de Licença, dos termos "informações técnicas" e "assistência técnica". Assim, defendeu o AuditorFiscal a impossibilidade de afastar a incidência do PIS/PasepImportação sobre os pagamentos de royalties em razão dos valores comportarem também pagamentos decorrentes da prestação de serviços pela licenciadora. Em contrapartida, a contribuinte sustenta a não incidência da Contribuição pois as remessas de valores tem fundamento exclusivo no pagamento pela cessão, direito de uso e transferência de tecnologia, sem abarcar quaisquer serviços prestados. Analiso os argumentos suscitados para então decidir o litígio, iniciandose com a manifestação da autoridade fiscal em seu Relatório de Diligência (fls. 620/624). A autoridade fiscal preocupase em trazer a definição de royalties e seu conteúdo semântico para demonstrar a exclusão de "serviço técnico" e "assistência Fl. 608DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13839.912964/200938 Acórdão n.º 3201002.408 S3C2T1 Fl. 10 9 técnica" da abrangência de seu conceito. Para isso, utilizouse das definições contidas na IN SRF nº 252/2002, que trata de royalties para fins da incidência do Imposto de Renda Retido na Fonte. Aduz que no contrato de licenciamento constam, além da licença para uso da propriedade industrial e intelectual, "outros elementos, que configuram serviços". Fundamenta seus argumentos apontando para três cláusulas contratuais: a. O subitem "1.4" cujo título é "Informações Técnicas" no qual se insere cláusula de fornecimento de materiais técnicos (desenhos, especificações e outros dados) e de assistência técnica, concluindo, quanto a esta (assistência técnica), tratarse de uma obrigação de fazer, que vislumbra característica de prestação de serviço; b. O subitem "4.2" que prescreve "Tarefa do Correspondente Técnico da Licenciadora" dispõe sobre fornecimento de informações à licenciada com relação "dispositivos licenciados e informações técnicas", concluindo também tratarse de obrigação de fazer prestação de serviço na medida em que tais informações são disponibilizadas à licenciada; c. No subitem "5. Remuneração" que estabelece a forma de cálculo da remuneração e seu percentual a título de royalties não se verifica individualização quanto à parcelas relativas à prestação de serviços. Ao final de seu relatório, arremata pelo não reconhecimento do direito creditório à luz da Solução de Divergência Cosit nº 11/2011 que exige a individualização da remuneração licença de uso e prestação de serviços para efeitos de pagamento de royalties e cálculo das contribuições. Entendo não assistir razão à autoridade fiscal. A conceituação de royalties na IN SRF nº 252/2002 está prevista no inciso I, do § 1º do art. 17, in verbis: Art. 17. As importâncias pagas, creditadas, entregues, empregadas ou remetidas a pessoa jurídica domiciliada no exterior a título de royalties de qualquer natureza e de remuneração de serviços técnicos e de assistência técnica, administrativa e semelhantes sujeitamse à incidência do imposto na fonte à alíquota de quinze por cento. § 1º Para fins do disposto no caput: I classificamse como royalties os rendimentos de qualquer espécie decorrentes do uso, fruição, exploração de direitos, tais como: a) direito de colher ou extrair recursos vegetais, inclusive florestais; b) direito de pesquisar e extrair recursos minerais; c) uso ou exploração de invenções, processos e fórmulas de fabricação e de marcas de indústria e comércio; d) exploração de direitos autorais, salvo quando recebidos pelo autor ou criador do bem ou obra; Fl. 609DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13839.912964/200938 Acórdão n.º 3201002.408 S3C2T1 Fl. 11 10 Os termos "serviço técnicos" e "assistência técnica" estão definidos no inciso II, do mesmo artigo: II considerase: a) serviço técnico o trabalho, obra ou empreendimento cuja execução dependa de conhecimentos técnicos especializados, prestados por profissionais liberais ou de artes e ofícios; b) assistência técnica a assessoria permanente prestada pela cedente de processo ou fórmula secreta à concessionária, mediante técnicos, desenhos, estudos, instruções enviadas ao País e outros serviços semelhantes, os quais possibilitem a efetiva utilização do processo ou fórmula cedido. Pois bem, fato é que o dispositivo do IRRF distingue royalties de serviço técnicos e assistência técnica para efeito de incidência de pagamentos e remunerações nessas rubricas. Quanto ao serviço técnico, a prestação é realizada por "profissionais liberais ou de artes e ofícios", portanto, é trabalho realizado por pessoa física, desenvolvendo atividade atinente a suas habilidades técnicas/artísticas em caráter pessoal. Não se prevê o trabalho realizado em nome de uma pessoa jurídica e no meu entender não se amolda às cláusulas contratuais em análise. "Assistência técnica a assessoria permanente" diz respeito àquela prestada por quem cede licença de processo ou fórmula secreta cujo trabalho (assistência) fazse necessário de modo permanente a possibilitar a efetiva utilização do processo ou fórmula cedida. Não é a situação que envolve licenciadalicenciadora, pois o objeto é transferência de tecnologia para fabricação de peças automotivas, que não se confunde com um "processo" ou fórmula secreta" ou "outros serviços" que possibilitem a efetiva utilização do processo ou fórmula cedida. A utilização dos conceitos inseridos na IN SRF nº 252/2002 para estabelecer diferenças entre pagamentos de royalties e de serviço técnico/assistência técnica implica o ônus de se observar o conteúdo e aplicação desses termos na análise do Contrato de licenciamento e o objeto da atividade da recorrente. Dito de outra forma, a autoridade fiscal emprestou os as definições da IN tão somente para segregar pagamentos ao exterior relativos à royalties, serviços técnicos e em assistência técnica; contudo, não utilizou seus significados na interpretação das atividades previstas no contrato, que por certo, não se tratam de licenças relativas a processos industriais ou à fórmula secreta, como conceituado na IN. A conclusão, ainda que até aqui preliminar, é no sentido de que o contrato de licenciamento não contempla "serviço técnico" e assistência técnica" tal como conceituados na IN SRF nº 252/2002 para fins de segregação e apuração dos valores de royalties remetidos ao exterior aos quais não incidirão as Contribuições nos termos da SD Cosit nº 11/2011. Fl. 610DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13839.912964/200938 Acórdão n.º 3201002.408 S3C2T1 Fl. 12 11 Serão, também, analisadas as cláusulas contratuais e a forma de apuração da remuneração dos royalties, que contêm expressões relativas a "informações técnicas", "assistências técnicas" e outros termos abordados no relatório para demonstrar a inexistência de prestação de serviços no contrato de licenciamento da contribuinte. Antes, passo à análise da manifestação da contribuinte (fls. 629/636) que contrapõe os argumentos da autoridade fiscal no Relatório de Diligência. Confronta a contribuinte os fundamentos do relatório da diligencia sob o argumento de que não houve a indicação dos serviços contemplados no contrato de licenciamento que foram efetivamente prestados pela licenciadora. Alega que as "informações técnicas" não se caracterizam prestações de serviços, mas orientações disponibilizadas pela licenciadora por meio de manuais, guias de orientação, sem intervenção de pessoa física. Destaca que o objeto do contrato é uma licença para uso de marca estrangeira para fabricar produtos e realizar vendas na modalidade "OEM", "OES" E "AM" e tal licença inclui a utilização das informações técnicas acerca dos produtos. Argúi que a licenciadora fornece as instruções necessárias à execução das atividades (fabricação de produtos automotivos) no País. Entendo assistir razão à recorrente. As cláusulas contratuais são claras suficientes para apontar não somente a inexistência de prestação de serviços como um de seus objetos, ainda que secundário ou acessório, impõe também concluir que o cálculo da remuneração dos royalties contempla exclusivamente receitas de vendas dos produtos licenciados, o que exclui o pagamento pela prestação de serviços conexos ao licenciamento. Primeiro, passo à análise do "Contrato de Licença" e do seu "Aditivo ao Contrato de Licença", celebrado entre a recorrente e a empresa estrangeira Continental Teves AG & CO. OHG, a qual será realizada mediante a investigação e interpretação dos vocábulos e expressões utilizadas que permitem extrair o seu objeto e, em especial, a previsão de (in)existência de serviços conexos à licença. a. "Dispositivos Licenciados" referemse aos produtos automotivos (peças) listados na "Tabela A" (fls. 447/450) licenciados à fabricação. Referida tabela compõe de peças veiculares de fabricação nacional. Portanto, não contemplam serviços. b. "Patentes Licenciadas", relacionadas na "Tabela B" (fl. 451), referemse a patentes possuídas pela licenciadora que se relacionam ou se aplicam aos "dispositivos licenciados". Portanto, não se tratam de serviços. c. "Informações Técnicas" referemse à disponibilização de informações orais ou por escrito relativas aos "dispositivos licenciados". As "informações" estão discriminadas na "Tabela C" (fls. 452/456) e compõem exatamente da mesma relação de dispositivos da "Tabela A". Portanto, não se tratam de outro serviço conexo, são mera prestações de informações, por intermédio de desenhos, especificações e outros dados. Fl. 611DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13839.912964/200938 Acórdão n.º 3201002.408 S3C2T1 Fl. 13 12 d. Os termos "OEM", "OES" e "AM" referemse à fornecimento de peças e sobressalentes aos fabricantes de carros. e. "Atividades de B&C" referemse à produção e venda de sistemas de freios e seus acessórios. f. A cláusula "2.1 Licença Concedida" trata do objeto do contrato, que se resume à licença para fabricar as peças automotivas relacionadas nas tabelas e vender os dispositivos como "OEM", "OES E "AM", incluindose a licença para usar informações técnicas e as patentes licenciadas. Tais cláusulas são precisas para delas depreender a inexistência de prestações de serviços no âmbito do contrato celebrado. g. O tópico "4. Informações técnicas" trata do fornecimento de informações, o qual dispõe no item "4.1.1", "A LICENCIADA receberá da LICENDIADORA as Informações técnicas abaixo descritas"; h. Da leitura da cláusula "4.2" inferese que "dar informação" corresponde a colocar à disposição da licenciada cópias da documentação descrita na "Tabela C" e demais dados técnicos relativos e necessários à fabricação dos dispositivos licenciados, o que inclui respostas a consultas técnicas formuladas e recebidas, em relação aos dispositivos licenciados. Atentese que a atividade objeto do contrato de licenciamento é o fornecimento de licença de uso ou cessão para a transferência de tecnologia para a fabricação e venda de peças automotivas. Não há previsão de quaisquer prestações de serviços conexos ao licenciamento, isto é, inexiste qualquer obrigação de fazer; restringese o contrato a uma obrigação de dar. A definição de prestação de serviço, construída pela doutrina jurídica, é estabelecida nos termos em que há um esforço humano dirigido a terceiro, com conteúdo econômico, em caráter negocial e profissional, realizada sob regime de direito privado, cujo objeto é a realização de atividade da qual resulte um bem material ou imaterial. Assim dispõe a doutrina de Paulo de Barros de Carvalho1 em seu escólio acerca da prestação de serviço sujeita ao ISS: A mais desse fator, é forçoso que a atividade realizada pelo prestador apresentese sob a forma de "obrigação de fazer". Eis aí outro elemento caracterizador da prestação de serviços. Só será possível a incidência do ISS se houver negócio jurídico mediante o qual uma das partes se obrigue a praticar certa atividade, de natureza física ou intelectual, recebendo, em troca, remuneração. Por outro ângulo, a incidência do ISS pressupõe atuação decorrente do dever de fazer algo até então inexistente, não sendo exigível quando se tratar de obrigação que imponha a mera entrega, permanente ou temporária, de algo que já existe. 1 CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário linguagem e método, 3. ed.. São Paulo: Noeses, 2009, p. 768 Fl. 612DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13839.912964/200938 Acórdão n.º 3201002.408 S3C2T1 Fl. 14 13 Destarte, a previsão contratual de disponibilização de "informações técnicas" e "assistência técnica", por intermédio de entrega de dados e outros documentos pela licenciadora estrangeira, para utilização na fabricação de produtos licenciados no País, não configura prestação de serviços conexos ao licenciamento para efeitos de incidência de Contribuição para o PIS/Pasepimportação e à Cofins importação. A segunda análise recai sobre a forma de cálculo e a modalidade do pagamento dos royalties remetidos ao exterior em cumprimento às cláusulas estipuladas no contrato de licença. A remuneração do contrato de licença está previsto em sua cláusula "5.1 Royalty reincidente" (fl. 439) a qual estipula a taxa de 4% (quatro por cento) sobre "todos os Preços de Fábrica de vendas de Dispositivos Licenciados e quaisquer outras peças de veículos automotivos fabricados em conformidade com as Informações Técnicas e/ou pela utilização das Patentes Licenciadas." Referida taxa sofreu alteração por meio do "Aditivo ao Contrato de Licença", de 28/10/2004, que em suas folhas 2/4 e 3/4 (efls. 459/460) dispôs que "A LICENCIADA pagará à LICENCIANTE um Royalty Reincidente não restituível que remontará a 3% (três por cento) de todas as Vendas Líquidas." Resta claro qual deve ser a composição dos valores sobre os quais incidirão os royalties: preços de venda (na fábrica) ou vendas líquidas, em determinado período. Desses valores estão excluídos quaisquer parcelas relativas a pagamentos por serviços conexos à licença tomados pela contribuintelicenciada. Isto porque há previsão expressão na cláusula "5.2 Pagamento de royalty e Relatório de Royalty" de que o pagamento dos royalties será acompanhado de relatório a ser prestado pela contribuinte à licencidadora contendo (i) relação dos artigos e números dos dispositivos licenciados vendidos ou utilizados; (ii) o montante de "Preços de Fábrica recebidos por Dispositivos licenciados e suas peças" e (iii) a discriminação (origem / "derivação") das quantias pagas à licenciadora, conforme as informações prestadas. Completada a análise quanto aos valores que compõem o cálculo do pagamento dos royalties devidos à licenciadora, cumpre verificar a correspondência desse com os demais documentos coligidos e a sua regularidade conforme exigências da legislação. Os documentos em apreço são: invoice (fatura comercial), contrato de câmbio e correspondente registro na escrituração contábil. A invoice nº nº 90343232 (fl. 591/594) emitida pela licenciadora informa pagamento relativo a "Taxas de Royalties referentes à Taxa de Licença Contrato de 12 de novembro de 1999 (...)", com valor total de USD 1.300.811,16. De fato, o valor consignado não é o efetivamente remetido pois, conforme cláusula contratual, o pagamento deve ser líquido de impostos e taxas no país do licenciado. Assim, efetuada a retenção legal de 15% relativo ao IRRF (conforme informado no campo "outras especificações" do contrato de câmbio de fl. 204 e Fl. 613DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13839.912964/200938 Acórdão n.º 3201002.408 S3C2T1 Fl. 15 14 lançamento no livro Razão à fl. 600), o valor a ser remetido é de USD 1.105.689,49 (R$ 3.454.395,10), exatamente como consignado na "Planilha de Cálculo" (fl. 201) e Contrato de Câmbio nº 04/03489, de 23/06/200 (fls. 203/205), corroborado com extrato emitido pelo UNIBANCO, que comprova sua liquidação. Passo seguinte é verificar a regularidade da remessa cambial a título de royalties. A disciplina acerca das remessas de valores para o exterior a título de royalties ou qualquer outro título (inclusive "assistência técnica") foi estabelecida pela Lei nº 4.131, de 03/09/1962, com o controle pela Superintendência da Moeda e do Crédito SUMOC. Atualmente regulamentada pelo Banco Central do Brasil pela Circular nº 3.689/2013, que dispõe sobre o capital estrangeiro no País e sobre o capital brasileiro no exterior. De fato, em ambos diplomas não se verifica qualquer distinção quanto ao pagamento a título de royalties ou de outros serviços para o exterior. Não obstante, a Circular nº 3.689/2013, na Subseção I, que trata de "Royalties, serviços técnicos e assemelhados", do capítulo "Operações financeiras", dispõe sobre os registros das operações contratadas e discrimina sus espécies, como transcrito: Subseção I Royalties, serviços técnicos e assemelhados Art. 101. Esta subseção dispõe sobre o registro, no módulo ROF do RDE, das operações contratadas entre pessoa física ou jurídica residente, domiciliada ou com sede no País, e pessoa física ou jurídica residente, domiciliada ou com sede no exterior, relativas a: I licença de uso ou cessão de marca; II licença de exploração ou cessão de patente; III fornecimento de tecnologia; IV serviços de assistência técnica; V demais modalidades que vierem a ser averbadas pelo INPI; e VI serviços técnicos complementares e as despesas vinculadas às operações enunciadas nos incisos I a V deste artigo não sujeitos a averbação pelo INPI. Resta evidente que o regulamento estabeleceu diferenças entre royalties e serviços nos incisos "I" a "III" (royalties), "IV" (serviços de assistência técnica) e "V" (serviços técnicos complementares). Desde a edição da CartaCircular nº 2803/98, vigente em 01/07/1998, que contempla as operações da recorrente no ano de 2003/2004, as diferenças entre remessas por pagamento de royalties e de outros serviços estão especificadas segundo Tabela com os códigos atribuídos à natureza da operação, quando da prestação dessas informações no preenchimento do contrato de câmbio. Fl. 614DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13839.912964/200938 Acórdão n.º 3201002.408 S3C2T1 Fl. 16 15 Conforme a transcrição de Tabela, resta caracterizada a natureza do pagamento ao exterior com a verificação do código informado no contrato de câmbio: XIV SERVIÇOS DIVERSOS NATUREZA DA OPERAÇÃO Nº CÓDIGO 1 EXPORTAÇÃO/IMPORTAÇÃO DE SERVIÇOS 1/ PATENTES 2/ licença de exploração/cessão 45625 MARCAS 2/ licença de uso/cessão 45618 FORNECIMENTO DE 2/ tecnologia 45632 serviços de assistência técnica 45649 serviços e despesas complementares 45584 FRANQUIAS 2/ 45591 IMPLANTAÇÃO OU INSTALAÇÃO DE PROJETO técnicoeconômico 45656 industrial 45663 de engenharia 45670 SERVIÇOS TÉCNICOS ESPECIALIZADOS 3/ projetos, desenhos e modelos industriais 45687 projetos, desenhos e modelos de engenharia 45694 montagem de equipamentos 45704 outros serviços técnicosprofissionais 45711 In casu, verificando a natureza da operação informada pela recorrente no Contrato de Câmbio nº 04/03489 (fl. 203) constatase tratarse do código de prefixo "45632", que conforme inciso III, do art. 101 da Circular do BCB nº 3.689/2013, corresponde ao pagamento ao exterior em decorrência do fornecimento de tecnologia, que evidencia pagamento de roylaties. Na hipótese do pagamento corresponder à prestação de serviço de assistência técnica ou de serviços complementares, os códigos seriam, respectivamente, 45634 e 45584, o que não se verifica nos autos. Assim, os documentos coligidos nos autos, relativos à apuração e ao pagamento dos valores devidos e remetidos ao licenciador estrangeiro, com a utilização de código cambial vinculado a pagamentos de royalties, comprovam tratarse de remessa a título de royalties previsto em contrato para a transferência de tecnologia para fabricação de produtos licenciados. Fl. 615DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13839.912964/200938 Acórdão n.º 3201002.408 S3C2T1 Fl. 17 16 Finalizando, concluo que, à luz do contrato de licenciamento e os efetivos pagamentos realizados ao exterior, não incide as Contribuições para o PIS/Pasepimportação e Cofinsimportação, pois tais pagamentos, cujos cálculos baseiamse nas vendas líquidas de produtos licenciados, referemse exclusivamente à remuneração contratual pela transferência de tecnologia, com natureza jurídica de royalties, inexistindo parcelas relativas à serviços conexos à licença a serem individualizados no contrato. Evidenciase assim, pagamento indevido o recolhimento efetuado pela recorrente, para o qual se pleiteia restituição do valor recolhido, por meio do DARF, código 5434 (fl. 202). Diante do exposto, voto no sentido de reconhecer o direito creditório da recorrente e dar provimento ao recurso voluntário." Retornando ao caso deste processo, importante ressaltar que todos os documentos analisados no julgamento do paradigma encontram correspondência com os documentos juntados ao presente, a saber: a) "Contrato de Licença" e seu "Aditivo ao Contrato de Licença", celebrado entre a Continental do Brasil e a empresa estrangeira Continental Teves AG & CO. OHG (fls. 444 a 471 mesmo contrato que o analisado no julgamento do paradigma); b) invoice nº 90455654 (fls. 538) emitida pela licenciadora informando pagamento relativo a "Taxas de Royalties referentes à Taxa de Licença Contrato de 12 de novembro de 1999 (...)", no valor total de USD 1.619.197,00; c) contrato de cambio nº 05/049655, no valor de USD 1.376.317,45 (fls. 208 a 210), que comprova a remessa ao exterior de USD 1.376.317,45 (R$ 3.251.687,61), corroborado com extrato emitido pelo UNIBANCO que comprova sua liquidação; d) o valor da remessa, conforme cláusula contratual, corresponde ao valor total da invoice menos o desconto do IRRF de 15%, conforme lançamentos no razão fl. 548) e planilha de cálculo de fl. 206; e) a natureza da operação no Contrato de Câmbio nº 05/049655 foi especificada com o código de prefixo "45632", que, conforme inciso III do art. 101 da Circular do BCB nº 3.689/2013, corresponde ao pagamento ao exterior em decorrência do fornecimento de tecnologia, o que evidencia pagamento de royalties; f) DARF de fl. 207. Portanto, constatase que neste processo o contribuinte juntou os mesmos documentos que foram considerados hábeis à comprovação do direito creditório no caso do paradigma, variando apenas o número dos documentos e os valores envolvidos. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, dáse provimento ao recurso voluntário, para reconhecer o direito creditório em litígio. Winderley Morais Pereira Fl. 616DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13839.912964/200938 Acórdão n.º 3201002.408 S3C2T1 Fl. 18 17 Fl. 617DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA
score : 1.0
Numero do processo: 10880.915908/2008-71
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 07 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do fato gerador: 28/02/2001
PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA.
Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do Decreto-Lei nº 288/67.
Recurso Especial do Contribuinte Negado.
Numero da decisão: 9303-003.961
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento.
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201606
camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Data do fato gerador: 28/02/2001 PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA. Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do Decreto-Lei nº 288/67. Recurso Especial do Contribuinte Negado.
turma_s : 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 10880.915908/2008-71
anomes_publicacao_s : 201608
conteudo_id_s : 5621096
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Aug 18 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 9303-003.961
nome_arquivo_s : Decisao_10880915908200871.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
nome_arquivo_pdf_s : 10880915908200871_5621096.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento. Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto.
dt_sessao_tdt : Tue Jun 07 00:00:00 UTC 2016
id : 6468242
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:51:40 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048690448400384
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1920; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 2 1 1 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10880.915908/200871 Recurso nº 1 Especial do Contribuinte Acórdão nº 9303003.961 – 3ª Turma Sessão de 07 de junho de 2016 Matéria PIS/COFINS. Incidência sobre receitas de vendas a empresas sediadas na ZFM. Recorrente SPECTRUM BRANDS BRASIL INDUSTRIA E COMERCIO DE BENS DE CONSUMO LTDA Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 28/02/2001 PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA. Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do DecretoLei nº 288/67. Recurso Especial do Contribuinte Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento. Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 91 59 08 /2 00 8- 71 Fl. 258DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10880.915908/200871 Acórdão n.º 9303003.961 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela contribuinte com fulcro nos artigos 64, inciso II e 67 e seguintes do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/09, meio pelo qual busca a reforma do Acórdão nº 3801003.845, que negou provimento ao recurso voluntário. Decidiu o colegiado a quo pela incidência das contribuições sobre as receitas oriundas de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus, no período tratado neste processo. Cientificado do mencionado acórdão o sujeito passivo apresentou recurso especial suscitando divergência jurisprudencial quanto à isenção das contribuições sobre as receitas decorrentes de vendas de mercadorias e serviços para empresas com domicílio na Zona Franca de Manaus. O recurso foi admitido por intermédio de despacho do Presidente da Câmara recorrida, e a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões. É o relatório, em síntese. Voto Carlos Alberto Freitas Barreto, Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303003.934, de 07/06/2016, proferido no julgamento do processo 10650.902444/201141, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303003.934): "A matéria, única, posta ao exame do colegiado não é nova. Com efeito, já tivemos oportunidade de nos pronunciar sobre ela em diversas ocasiões, tendo eu firmado convicção pela inaplicabilidade de qualquer medida desonerativa (seja isenção, imunidade ou alíquota zero) aos fatos geradores anteriores a julho de 2004. No relatório da Dra. Vanessa consta que o contribuinte aduziu em seu recurso: "que: (a) o DecretoLei nº 288/67 equipara os efeitos das operações de venda para a Zona Franca de Manaus às exportações para o estrangeiro, sendolhes aplicáveis as vantagens fiscais estabelecidas pela legislação para as exportações, nos termos do seu art. 4º; (b) o Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento no sentido da não incidência de PIS sobre as receitas decorrentes das vendas para empresas sediadas na Zona Franca de Manaus; (c) o Supremo Tribunal Fl. 259DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10880.915908/200871 Acórdão n.º 9303003.961 CSRFT3 Fl. 4 3 Federal, ao proferir liminar na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 2.3489, suspendeu a eficácia da expressão ‘na Zona Franca de Manaus’, contida no inciso I, do §2º do art. 14 da MP nº 2.03724/00, expressão suprimida do diploma legal pelo Poder Executivo ao editar, na mesma data, a MP nº 2.03725/2000; e, por fim, (d) não incide o PIS para os fatos geradores ocorridos em fevereiro de 2002, tendo em vista a revogação da expressão ‘na Zona Franca de Manaus’ do inciso I, §2º do art. 14 da MP nº 2.03725/2000 e a equiparação dos efeitos fiscais das vendas para a Zona Franca de Manaus às exportações para o exterior". Consideroos todos abarcados no voto que segue, proferido em sessão de 2011, no qual enfrentei ainda outros argumentos. Reconheço haver decisões do STJ em sentido oposto, mas, como nenhuma delas cumpre os requisitos do art. 62 do atual regimento interno desta Casa, peço vênia para continuar teimando. Disseo eu naquela ocasião: Vale iniciálo reenunciando o criativo entendimento da recorrente: a) não há necessidade de previsão legal expressa concessiva da isenção porque o decretolei 288 e o Ato Complementar 35/67 bastam; b) deferida isenção para exportações em geral, a vendas à ZFM está imediata e automaticamente estendida; c) tendo o Ato Complementar à Constituição de 67 a natureza de lei complementar, como pacificado em nossos Tribunais,. nenhuma lei ordinária o poderia revogar; d) a “revogação” pretendida somente vigorou entre ___ e ___, sendo de rigor reconhecer a isenção, ao menos, nos períodos anterior e posterior. Ainda que criativo, o raciocínio desenvolvido na defesa não merece prosperar cabendo a manutenção da decisão recorrida pelos motivos que se expõem em seguida. Em primeiro lugar, a premissa de que o decretolei 288 teria assegurado que todo e qualquer incentivo direcionado a promover as exportações deveria, imediata e automaticamente, ser estendido à Zona Franca de Manaus não resiste sequer ao primeiro dos métodos interpretativos consagradamente admitidos: a literalidade. É que tal extensão somente caberia se o citado decreto tivesse afirmado que as remessas de produtos para a Zona Franca de Manaus são exportação. Nesse caso, a equiparação valeria mesmo para outros efeitos, não fiscais. Poderia, para o que interessa, restringila a “todos os efeitos fiscais”. Se o tivesse feito, dúvida não haveria de que qualquer mudança posterior na legislação que viesse a afetar as exportações, no que tange a tributos, afetaria do mesmo modo e na mesma medida aquela zona. Fl. 260DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10880.915908/200871 Acórdão n.º 9303003.961 CSRFT3 Fl. 5 4 Mas já foi repetidamente assinalado que o artigo 4º daquele ato legal, embora traga de fato a expressão acima, apôs a ressalva “constantes da legislação em vigor”. Não vejo como essa restrição possa ser entendida de modo diverso do que tem sido interpretado pela Administração: apenas os incentivos às exportações que já vigiam em 1 de fevereiro de 1967 estavam “automaticamente” estendidos à ZFM por força desse comando. E ponho a palavra entre aspas porque nem mesmo o Poder Executivo – e vale assinalar que estamos falando de um período de exceção, em que o Poder executivo quase tudo podia – pareceu estar tão seguro desse automatismo, visto que fez editar, na mesma data, o Ato Complementar 35, cujo artigo 7º assegurou aquela extensão ao ICM. Aliás, da interpretação dada pela recorrente a este último ato também divergimos. Deveras, pretende ela que ele teria alçado ao patamar de lei complementar a equiparação já prevista no decretolei. A meu ver, porém, tudo o que faz é definir com maior precisão o que se entende por produtos industrializados para efeito da não incidência de ICM nas exportações já prevista na Constituição de 67. Defineos no parágrafo 1º, recorrendo à tabela do então criado imposto sobre produtos industrializados (tabela anexa à Lei 4.502). No parágrafo segundo, estende, também para efeito de ICM, aquela imunidade às vendas a zonas francas. Essa interpretação me parece forçosa quando se sabe que, segundo a boa técnica legislativa, os parágrafos de um dado artigo não acrescentam matéria ao disposto no caput, apenas esclarecem sobre o alcance daquela matéria. E ao esclarecer podem impor uma definição restritiva, como no parágrafo primeiro, ou extensiva, como no segundo. O que não pode um simples parágrafo é tratar de matéria que não esteja contida no caput e nos seus incisos. E não parece haver dúvida de que aí apenas se cuida da imunidade do ICM. Assim, o ato legal nem previu imunidade genérica, nem estendeu ao IPI a imunidade do ICM, como afirma a empresa. Ora, se a previsão do decretolei deveria alcançar “todos os efeitos fiscais” e já havia previsão de imunidade de ICM sobre produtos industrializados, para que tal parágrafo no ato complementar? Há, contudo, razões mais profundas do que a mera literalidade. É que a zona franca de Manaus não é meramente uma área livre de restrições aduaneiras, característica das chamadas zonas francas comerciais. O que se buscou com a sua criação foi induzir a instalação naquele distante rincão nacional de empresas de caráter industrial, que gerassem emprego e renda para a região Norte. Para tanto, definiuse um conjunto de incentivos fiscais que, à época de sua criação, seria suficiente, no entender dos seus formuladores, para gerar aquela atração. Tais incentivos, e apenas eles, configuram diferenciação em favor dos produtos importados e industrializados naquela área. Fl. 261DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10880.915908/200871 Acórdão n.º 9303003.961 CSRFT3 Fl. 6 5 Foi essa diferença tributária que induziu a criação do parque industrial que ali se veio a instalar e, assim, é apenas a retirada de algum daqueles incentivos que pode ser taxada de “quebra de contrato”. A contrário senso, novos incentivos fiscais que se venham a instituir podem ou não ser a ela estendidos conforme entenda útil o legislador por ocasião de sua instituição. Isso não se dá automaticamente com os incentivos genéricos à exportação cujo objetivo comum tem sido a geração das divisas imprescindíveis ao pagamento dos compromissos internacionais durante tanto tempo somente alcançáveis por meio das exportações. Por óbvio, a ninguém escapa que vendas à ZFM não geram divisas. Diferentes, pois, os objetivos, nenhum automatismo se justifica. Prova desse raciocínio é que dois anos apenas após a criação da ZFM, inventaram os “legisladores executivos” de então novo incentivo à exportação, o malsinado “crédito prêmio” posteriormente tão combatido nos acordos de livre comércio a que o País aderia. Sua legislação expressamente incluiu a Zona Franca. Fêlo, no entanto, apenas para os casos em que, após serem “exportados” para lá, fossem dali efetivamente exportados para o exterior (“reexportados”, na linguagem do declei). Em outras palavras, já em 1969 dava o executivo provas de que aquela extensão nem era automática, nem tinha que se dar sem qualquer restrição. Logo, ainda que se avance na interpretação da norma, ultrapassando o método literal e adentrandose o histórico e o teleológico, se chega à mesma conclusão: o decretolei 288 apenas determinou a adoção dos incentivos fiscais à exportação já existentes e acresceu incentivos específicos voltados a promover o desenvolvimento da região menos densamente povoada de nosso território. Nessa linha de raciocínio, portanto, há de se buscar na legislação específica do PIS e da COFINS, tributos somente instituídos após a criação da ZFM, dispositivo que preveja alguma forma de desoneração nas vendas àquela região, seja a não incidência, alíquota zero ou isenção. E não se precisa ir longe para ver que ela somente começa a existir em 2004, com a edição da Medida Provisória 202. De fato, a “exclusão das receitas de exportação” da base de cálculo do PIS tratada na Lei 7.714 e a isenção da COFINS sobre receitas de exportação prevista na Lei Complementar 70 e objeto da Lei complementar 85 não incluíram expressamente as vendas à ZFM ainda que tenham estendido o benefício a outras operações equiparadas a exportação. Um exame cuidadoso dessas extensões vai revelar o que se disse acima: todas elas geram, imediata ou mediatamente, divisas internacionais. A conclusão que se impõe, assim, é que não havia, até o surgimento da Medida Provisória 1.858 qualquer benefício fiscal Fl. 262DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10880.915908/200871 Acórdão n.º 9303003.961 CSRFT3 Fl. 7 6 que desonerasse de PIS e de COFINS as receitas obtidas com a venda de produtos para empresas sediadas na ZFM. É certo que esse entendimento não era uníssono, muita peleja tendo se travado entre o fisco e os contribuintes que pretendiam estarem tais vendas amparadas pelos atos legais mencionados. E essas divergências somente se agravaram com a edição da MP, cuja redação padece de diversas inconsistências. Com efeito, tal MP, que revogou a Lei 7.714 e a Lei Complementar 85, disciplinando por completo a isenção das duas contribuições nas operações de exportação trouxe dispositivo expresso “excluindo” as vendas à ZFM. Isso, por óbvio, aguçou a interpretação de que já havia dispositivo isentivo e que esse dispositivo estava sendo agora revogado. Defendo que não, embora seja forçoso reconhecer que o dispositivo apenas criou desnecessário imbróglio. Com efeito, ouso divergir da conclusão exposta no Parecer PFGN 1789 no sentido de que tal ressalva se destinava apenas aos comandos insertos nos incisos IV, VI, VIII e IX. A razão para tanto é que aí ventilamse hipóteses intrinsecamente ligadas ao objetivo que o ato pretende incentivar: vendas para o exterior que trazem divisas para o país. Refirome aos incisos VIII (vendas com o fim de exportação a trading companies e demais empresas exportadoras) bem como o fornecimento de bordo a embarcações em tráfego internacional (ship’s Chandler). Além disso, a interpretação não apenas retira um incentivo, ela pressupõe um desincentivo: qualquer trading do decretolei 1.248/72, exportadora inscrita na SECEX ou ship’s Chandler instalada em outro ponto do território nacional terá vantagem em relação à que ali se instale. Não faz sentido tal discriminação contra a ZFM. A interpretação dada pela douta PGFN parece buscar um sentido para o comando do parágrafo de modo a não tornálo redundante. Fêlo, todavia, da pior forma, a meu sentir, pois fixouse no método literal esquecendose de considerar o motivo da norma. Realmente, uma cuidadosa leitura do parecer permite ler o artigo, com o respectivo parágrafo segundo, da seguinte forma: há isenção quando se vende com o fim específico de exportação, desde que a empresa compradora (trading ou simples exportadora inscrita na SECEX) NÃO esteja situada na ZFM. Com a exclusão do parágrafo: há isenção quando se vende com o fim específico de exportação, mesmo que a empresa compradora (trading ou simples exportadora inscrita na SECEX) esteja situada na ZFM. Ora, o objeto da isenção versada nesses dispositivos nada tem a ver com a localização da compradora mas com o que ela faz. É a atividade (exportação com conseqüente ingresso de divisas) que se quer incentivar. O que se tem de decidir é se a mera venda à ZFM, que não gera divisa nenhuma, deve a isso ser equiparado. Foi isso, em meu entender, que o parágrafo quis dizer: não é o que o Parecer da PGFN consegue nele ler. Fl. 263DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10880.915908/200871 Acórdão n.º 9303003.961 CSRFT3 Fl. 8 7 Em conseqüência desse parecer, surgem decisões como as que ora se examinam: o pedido tinha a ver com venda a ZFM. A decisão abre a possibilidade de que tenha mesmo havido recolhimento indevido, mas por motivo completamente diverso. E mais, atribui ao contribuinte a prova dessa outra circunstância, que não motivara o seu pedido. Nonsense completo. Esse meu reconhecimento implica aceitar que o malsinado parágrafo estava sim se referindo, genericamente, às vendas à ZFM, ou, mais claramente, está ele a dizer que, para efeito do incentivo de PIS e COFINS, a mera venda a empresa sediada na ZFM não se equipara à exportação de que cuida o inciso II do ato legal em discussão. Mas, ao fazêlo, não está revogando dispositivo isentivo anterior: está simplesmente cumprindo o seu papel esclarecedor, ainda que nesse caso melhor fosse nada ter tentado esclarecer... Aliás, idêntico dispositivo esclarecedor poderia ter estado presente na LC 85 e na Lei 7.714 como já estivera no decretolei 491. Com isso, muita discussão travada administrativamente teria sido evitada ou transferida para o Judiciário. É a ausência de tal dispositivo e sua presença na nova lei que cria o imbróglio. Ele não leva, contudo, em minha opinião, à interpretação simplória de que tal ausência implicasse haver isenção. Para isso, primeiro, se tem de admitir que basta o Decretolei 288. Essa interpretação, pareceme, está em maior consonância com o espírito legisferante, pois não faz sentido considerar que uma norma que procura incentivar as exportações tenha instituído uma discriminação contra uma região (região, aliás, que sempre se procurou incentivar) em operações que produzem o mesmo resultado: a geração de divisas internacionais. A minha conclusão é, assim, de que mesmo entre 1º de fevereiro de 1999 e 31 de dezembro de 2000 há, sim, isenção das contribuições naquelas hipóteses, ainda que a empresa esteja situada na ZFM. Em outras palavras, a localização da empresa não é impeditivo à fruição do incentivo à exportação, desde que cumprido o que está previsto naqueles incisos. Mas tampouco há isenção APENAS PORQUE A COMPRADORA LÁ ESTEJA. Nos recursos ora em exame, esse foi o fundamento do pedido e a ele deveria terse restringido a DRJ. Nesses termos, só causa mais imbróglio a afirmação constante no acórdão recorrido de que “haveria direito” no período de 1º de janeiro de 2001 a julho de 2004 mas não estava ele adequadamente comprovado. Simplesmente não há o direito na forma requerida. E por isso mesmo não cabe a pretensão do contribuinte de que a Administração adapte o seu pedido fazendo as pesquisas internas que permitam apurar se alguma das empresas por ele listadas na planilha referida se enquadra naquelas disposições. Fl. 264DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10880.915908/200871 Acórdão n.º 9303003.961 CSRFT3 Fl. 9 8 O máximo que se poderia admitir, dado o teor da decisão, era que, em grau de recurso, trouxesse a empresa tal prova. Não o fez, porém, limitandose a postular a nulidade da decisão porque não determinou aquelas diligências. Não sendo obrigatória a realização de diligências, como se sabe (art. __ do Decreto 70.235), sua ausência não acarreta nulidade da decisão proferida por quem legalmente competente para tal. Cabe sim manter aquela decisão dado que o contribuinte não comprovou o seu direito como lhe exigem o Decreto 70.235, a Lei 9.784 e o próprio Código Civil (art. 333). Com tais considerações, nego provimento ao recurso do contribuinte. Com essas mesmas considerações, votei, também aqui, pelo não provimento do recurso do contribuinte, sendo esse o acórdão que me coube redigir." Aplicandose as razões de decidir, o voto e o resultado acima do processo paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso especial do contribuinte, em razão da incidência das contribuições sobre as receitas oriundas de vendas efetuadas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus, no período tratado neste processo. Carlos Alberto Freitas Barreto Fl. 265DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
score : 1.0
Numero do processo: 15868.001642/2009-40
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 25 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Sep 26 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/07/2007 a 30/09/2007
GLOSAS. CRÉDITO PIS/COFINS. AUSÊNCIA DE PROVA. IMPOSSIBILIDADE. COMPENSAÇÃO. RESSARCIMENTO.
Cabe ao contribuinte fazer prova da existência do crédito pleiteado, deixando de fazê-la, cabe glosar o montante não comprovado, assim como, a tomada de crédito oriundo de aquisição de pessoas físicas e de pessoas jurídicas que a legislação de regência veda.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-003.357
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao Recurso Voluntário.
Ricardo Paulo Rosa - Presidente.
Domingos de Sá Filho - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Ricardo Paulo Rosa (presidente), Jose Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho (relator), Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Paulo Guilherme Deroulede, Sarah Maria Linhares de Araujo e Walker Araujo.
Nome do relator: DOMINGOS DE SA FILHO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201608
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/07/2007 a 30/09/2007 GLOSAS. CRÉDITO PIS/COFINS. AUSÊNCIA DE PROVA. IMPOSSIBILIDADE. COMPENSAÇÃO. RESSARCIMENTO. Cabe ao contribuinte fazer prova da existência do crédito pleiteado, deixando de fazê-la, cabe glosar o montante não comprovado, assim como, a tomada de crédito oriundo de aquisição de pessoas físicas e de pessoas jurídicas que a legislação de regência veda. Recurso Voluntário Negado.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Sep 26 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 15868.001642/2009-40
anomes_publicacao_s : 201609
conteudo_id_s : 5638922
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Sep 27 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 3302-003.357
nome_arquivo_s : Decisao_15868001642200940.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : DOMINGOS DE SA FILHO
nome_arquivo_pdf_s : 15868001642200940_5638922.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao Recurso Voluntário. Ricardo Paulo Rosa - Presidente. Domingos de Sá Filho - Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Ricardo Paulo Rosa (presidente), Jose Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho (relator), Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Paulo Guilherme Deroulede, Sarah Maria Linhares de Araujo e Walker Araujo.
dt_sessao_tdt : Thu Aug 25 00:00:00 UTC 2016
id : 6503774
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:52:37 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048690459934720
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 20; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1777; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 20 1 19 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15868.001642/200940 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3302003.357 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 25 de agosto de 2016 Matéria COFINS Recorrente TINTO HOLDING LTDA. (BRACOL HOLDING LTDA.) Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/07/2007 a 30/09/2007 GLOSAS. CRÉDITO PIS/COFINS. AUSÊNCIA DE PROVA. IMPOSSIBILIDADE. COMPENSAÇÃO. RESSARCIMENTO. Cabe ao contribuinte fazer prova da existência do crédito pleiteado, deixando de fazêla, cabe glosar o montante não comprovado, assim como, a tomada de crédito oriundo de aquisição de pessoas físicas e de pessoas jurídicas que a legislação de regência veda. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao Recurso Voluntário. Ricardo Paulo Rosa Presidente. Domingos de Sá Filho Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Ricardo Paulo Rosa (presidente), Jose Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho (relator), Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Paulo Guilherme Deroulede, Sarah Maria Linhares de Araujo e Walker Araujo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 86 8. 00 16 42 /2 00 9- 40 Fl. 221DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 25/09/2016 por RICARDO PAULO ROSA 2 Relatório Cuidase de Recurso Voluntário com o objetivo de modificar a decisão de piso que manteve intacto a glosa de crédito da COFINS apurado no período de 01.07.2007 a 30.09.2007. O crédito tributário pleiteado se refere à COFINS oriundo de exportação, com fundamento no § 1º do art. 6º da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, utilizado parcialmente, mediante a DCOMP nº 24489.92596.300708.1.3.09.3741 em compensação de débitos tributários da CPMF, objeto de lançamento de ofício no processo administrativo nº 13829.000176/200673, juntado aos autos mediante procedimento de apensarão. Em procedimento fiscal realizado com o objetivo de apurar a certeza e liquidez do crédito que se pretende utilizar no processo de compensação, a Fiscalização procedeu a glosas, algumas por falta de apresentação da documentação necessária a comprovação do crédito, deferindo valor bem inferior ao montante solicitado. O contribuinte Irresignada com as glosas apresentou Manifestação de Inconformidade, aduzindo diversas preliminares e no mérito alegando o direito de descontar os créditos oriundos dos pagamentos ocorridos a pessoas jurídicas. A título de comprovação carreou aos autos quatro notas fiscais. Em exame detalhado pela fiscalização, concluiu ausência do direito de tomar crédito sobre aquisições de pessoas físicas, para tanto, elaborou diversas planilhas partindo das informações prestadas pelo contribuinte e aquelas consignadas no DACON. O indeferimento do pleito consta do DESPACHO DECISÓRIO que encontra às fls. 140/ como se vê da ementa: “Despacho Decisório COFINS. REGIME NÃOCUMULATIVO. O contribuinte que apurar crédito da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) na forma da Lei nº 10.833/2003 e não puder utilizálo na dedução de débitos da respectiva contribuição, poderá fazêlo na compensação de débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil e, na impossibilidade de utilizar esse crédito na forma acima citada, poderá solicitar, ao final do trimestre calendário, o seu ressarcimento em dinheiro, observado a legislação específica aplicável à matéria, principalmente quanto aos créditos que somente podem ser utilizados para a dedução da Contribuição devida e aos créditos passíveis de ressarcimento ou compensação. Pedido de Ressarcimento indeferido. Declarações de Compensação não homologadas. ”” A motivação do indeferimento encontra calcada no relatório elaborado pela Fiscalização da DRF de Araçatuba (SAFIS), em decorrências das diversas glosas na base de cálculo do crédito, demonstradas em planilhas constantes do CD entregue ao contribuinte. Em razão dos ajustes realizados, a DRF refez o DACON do contribuinte com os novos valores apurados e constatou que o Interessado não tem saldo de crédito a ser ressarcido. Fl. 222DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 25/09/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15868.001642/200940 Acórdão n.º 3302003.357 S3C3T2 Fl. 21 3 O Contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade às fls. 146 e seguintes. A decisão de piso rechaçou todos os argumentos e manteve a glosa. Transcrevo o relatório da decisão recorrida por bem espelhar a realidade dos autos pela riqueza dos detalhes: “Relatório. Trata o presente processo de Manifestação de Inconformidade contra Despacho Decisório não homologatório (fls.140/144) do Pedido de Ressarcimento nº 13297.44483.311007.1.5.090627 (fls.4) de créditos de COFINS do 3º Trimestre de 2007, no valor original de R$ 39.197.402,17 (trinta e nove milhões, cento e noventa e sete mil, quatrocentos e dois reais e dezessete centavos) para ser compensado com débitos informados nas Dcomp n°: 40311.82154.311007.1.3.090827 (fls.7), 32724.42571.160408.1.3.097476 (fls.10), 24489.92596.300708.1.3093741 (fls.13) e 22426.49396.310708.1.3.092897 (fls.16). A análise foi fundamentada no resultado do procedimento fiscal ocorrido na reclamante com o escopo de verificar a regular apuração e recolhimento do PIS e da COFINS, nos anoscalendário de 2004 e 2005, que resultou no Auto de Infração formalizado no processo administrativo nº 15868.720110/201120. O Relatório Fiscal (fls. 48/63) concluiu pela glosa de parte dos créditos utilizados pelo contribuinte, a partir de nova apuração realizada, tendo em vista o contribuinte não ter apresentado a memória de cálculo da apuração dos créditos descontados. A ciência do Despacho Decisório ocorreu através da Intimação nº 1447/2012 (fls.145) da DIORT – Divisão de Orientação e Análise da Tributária da DERAT Delegacia Especial da Receita Federal do Brasil de Administração Tributária em São Paulo. Irresignado com o indeferimento do Pedido de Ressarcimento, o contribuinte apresentou tempestivamente Manifestação de Inconformidade em 06/06/2012 (fls.146). Segundo o contribuinte, a ciência do Despacho Decisório ocorreu em 29/05/2012, o que não pôde ser comprovado tendo em vista o Ar – Aviso de Recebimento não ter sido localizado, entretanto, conforme Despacho de Encaminhamento às fls. 216, podese concluir pela tempestividade tendo em vista a data a emissão da intimação ter ocorrido em 15/05/2012 e o protocolo da Manifestação em 06/06/2012. O contribuinte dividiu a Manifestação de Inconformidade em 4 partes: Fl. 223DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 25/09/2016 por RICARDO PAULO ROSA 4 I Os Fatos, II O Direito, dividido em 2 partes com 14 subdivisões, III Pedido de diligência e perícia IV Pedido. Na alegação dos fatos o contribuinte informa em síntese que: 1) Protocolou Pedido de Ressarcimento de Créditos da Contribuição para o PIS¹ apurados no 3º Trimestre de 2007; 2) A fundamentação legal para o indeferimento do Pedido de Ressarcimento foi a falta de apresentação de documentos pela recorrente e outras questões relacionadas a tal circunstância, tendo sido baseado no trabalho da Delegacia da Receita Federal de Araçatuba acerca da liquidez e certeza do Crédito pleiteado, em conformidade com o MPFF nº 8.1.90.0020 I022590, que transferiu temporariamente a competência da Derat SP para a DRF/Araçatuba 3) Informa que o período a ser fiscalizado, indicado no MPFF era de dezembro de 2002 a setembro de 2004. Na parte II – O Direito, o contribuinte alegou em síntese que: 1) O Despacho Decisório merece ser cancelado, com o retorno destes autos para a DERAT/SP com o fim de ser realizada uma nova fiscalização considerando a nulidade de todo o trabalho fiscal realizado pelos AFRF; 2) A nulidade de todo o trabalho fiscal decorre da observância dos termos do Mandado de Procedimento Fiscal, pelos seguintes motivos: a) a fiscalização deveria ter sido realizada no estabelecimento da Impugnante localizada no Município de São Paulo Capital e por AFRF com jurisdição sobre tal localidade vinculados a DERAT/SP, b) muitas intimações terem sido emitidas por apenas um dos AFRFBs, sem a participação do outro, não existindo no MPFF permissão para atuação individual dos AFRFBs mas apenas em conjunto com a consequente nulidade de todos os atos por eles emitidos de forma isolada e por fim, c) a inexistência de citação no MPFF da suposta Delegação de Competência; 3) Conclui que o Mandado de Procedimento Fiscal MPF deveria ter sido emitido pelo Superintendente, e em assim não tendo ocorrido, clama pela inexistência de Ato Administrativo transferindo a competência para Araçatuba efetuar a fiscalização; 4) Invoca que mesmo que não existam as irregularidades até agora apontadas, persiste a nulidade decorrente do fato de as autoridades emitentes do MPFF serem servidores atuando em Delegação de competência relacionada a função de Delegado da Receita Federal do Brasil; 5) O Despacho Decisório emitido pela DRF/Araçatuba também deve ser anulado por ter sido emitido por autoridade incompetente porque somente o Delegado da Receita Federal do Brasil de Administração Tributária em São Paulo possuía competência para emitir tal decisão conforme demonstra o artigo 57, caput da Instrução Normativa SRF n° 900,de 30 de dezembro de 2008; Fl. 224DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 25/09/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15868.001642/200940 Acórdão n.º 3302003.357 S3C3T2 Fl. 22 5 6) Não existe autorização da referida Instrução Normativa para modificação da competência para emissão do Despacho Decisório, ocasionando a nulidade da decisão ora recorrida por ter sido emitida por autoridade incompetente, o Chefe da Saort Seção de Orientação e Análise Tributária da DRF/Araçatuba; 7) O Despacho Decisório também deve ser cancelado por ter sido emitido após o encerramento da fase instrutória de apuração do ressarcimento, sem intimação do contribuinte, desrespeitando a formalidade prescrita no art. 44 da Lei nº 9.784/99, procedimento essencial a sua validade; 8) O dispositivo citado garante a recorrente o direito de se manifestar, no prazo de 10 dias da instrução realizada pela fiscalização, especialmente para fazer suas observações e apresentar razões para garantir a apreciação do seu pedido de ressarcimento; 9) O posicionamento da fiscalização de que a Recorrente buscou embaraçar a fiscalização não merece ser acatado porque a empresa buscou apresentar à fiscalização todos os documentos solicitados e justificativas de suas operações; 10) Tendo os próprios AFRFs reconhecido a entrega de documentos a DEFIC e de diversos arquivos digitais, não haveria motivos para que fossem solicitados novos documentos e esclarecimentos, simplesmente emitiram um Parecer, sendo este posicionamento flagrantemente irregular, em conformidade com o art. 928 do Regulamento do Imposto de Renda; 11) A fiscalização agiu sem razoabilidade e contrariando diversos dispositivos legais, entre os quais os arts. 2º e 3º da Lei nº 9.784/99; 12) Reitera sua intenção de apresentar todos os documentos fiscais e esclarecimentos que se fizerem necessários, estando os mesmos já à disposição da fiscalização no seu estabelecimento e que suportará consideráveis prejuízos por ter considerado o recebimento do direito creditório na definição do preço de exportação das mercadorias que foram exportadas; 13) Considerando as flagrantes demonstrações da existência das operações, a motivação do indeferimento não tem previsão legal; 14) Sendo a Recorrente uma das maiores empresas do setor do agronegócio brasileiro, como poderia a fiscalização entender que não teria nenhum crédito da contribuição para o PIS * no período do 3o Trimestre de 2007 ?; 15) Pelo entendimento dos AFRFs a Recorrente não teria nenhum direito e como isto pode ser admitido como válido considerando a impossibilidade da Recorrente exercer sua atividade sem adquirir insumos e serviços que garantem direito ao crédito ?; Fl. 225DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 25/09/2016 por RICARDO PAULO ROSA 6 16) Tais fatos demonstram a falta de razoabilidade do posicionamento dos AFRFs porque simplesmente negaram tais fatos de forma integral, algo que contraria a razoabilidade das coisas e até todos os documentos que foram apresentados pela Impugnante; 17) Considerando isto, jamais poderia ter sido indeferido o Pedido de Ressarcimento, porque a fiscalização deveria ter continuado com as diligências no estabelecimento da Recorrente; 18) O Despacho Decisório merece ser cancelado por ter sido lavrado com base em um levantamento fiscal precário, por ter entre outros motivos, desconsiderado todos os documentos da Recorrente; 19) Como poderia ter o seu pedido de ressarcimento totalmente desconsiderado pelos AFRFs sem uma justificativa plausível e demonstração da totalidade dos créditos não serem legítimos ? 20) Basta a análise do Despacho Decisório e do Parecer SAORT para se apurar que os AFRFs contestaram pequenos elementos componentes do seu direito creditório, não tendo contestado os demais, demonstrando a insubsistência de suas alegações e falta da demonstração dos fundamentos de seu posicionamento. 21) Isto prejudica a ampla defesa da Recorrente, ofendendo o artigo 5o, inciso LV da Constituição Federal de 1988, por implicar, da forma em que foi lavrado, cerceamento do direito de defesa, existindo mansa e pacífica jurisprudência de ocasionar tal vício a nulidade da autuação; 22) Com fundamento no Princípio da Verdade Material, a Recorrente apresenta alguns documentos que comprovam o seu direito creditório e regularidade de suas operações, bem como requer diligência e perícia para que seja apurado a existência do seu direito creditório; 23) Nesta Manifestação a empresa está juntando alguns documentos comprobatórios do direito creditório porque, vários outros, por serem em grande quantidade, estão à disposição no seu estabelecimento. 24) Deve ser considerado por este juízo que a Impugnante possui direito ao Crédito da contribuição para o ¹PIS por adquirir insumos tributados no mercado interno, como pode apurado na Planilha de Apuração anexa cujo resultado remonta R$ 4.660.648,76 (quatro milhões seiscentos e sessenta mil, seiscentos e quarenta e oito reais e setenta e seis centavos) * (doc. 03); 25) Também está sendo anexada uma Nota Fiscal exemplificativa de aquisição de insumos no 3o Trimestre de 2007 para demonstrar que a Recorrente efetivamente adquiriu mercadorias como algo desconsiderado pela fiscalização (doc. 06); 26) A Recorrente também tem o direito ao ressarcimento com a incidência da SELIC, da data do protocolo do Pedido de Fl. 226DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 25/09/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15868.001642/200940 Acórdão n.º 3302003.357 S3C3T2 Fl. 23 7 Ressarcimento até o seu efetivo ressarcimento e/ou compensação, por ser um índice de atualização monetária; 27) O r. Despacho Decisório também deve ser reformado porque não homologou as compensações que já haviam sido homologadas tacitamente nos termos do artigo 74, §5° da Lei n° 9.430, de 31 de dezembro de 1996. Na parte III da Manifestação de Inconformidade (fls. 164), o contribuinte solicita a realização de perícias e diligências para serem constatada, por este juízo, a existência do direito creditório pleiteado administrativamente. Formula quesitos e nomeia o perito. Na parte IV (fls.165), a Recorrente pede que seja acolhida a presente Manifestação de Inconformidade para ser cancelado o r. Despacho Decisório para que esta DD. DRJ reconheça o direito creditório pleiteado no Pedido de Ressarcimento formulado pela Recorrente e a homologação das compensações correspondentes ao crédito reconhecido. Solicita que na hipótese desta DD. DRJ entender não ser possível reconhecer o direito creditório conforme pleiteado acima, que ao menos cancele o r. Despacho Decisório diante dos vícios demonstrados nesta Manifestação de Inconformidade para: 1) reconhecer a competência da DERAT/SP para atuar nestes autos determinando a realização de uma nova fiscalização, a ser realizada no estabelecimento da Recorrente localizado no Município de São Paulo, Capital, com a posterior emissão pelo Delegado da DERAT/SP de um novo Despacho Decisório analisando e deferindo o Pedido de Ressarcimento do Crédito da contribuição para o ¹PIS pleiteado pela Recorrente e homologando as compensações realizadas com o direito creditório correspondente, ou 2) sucessivamente, caso entenda ser competente para apreciar o Pedido de Ressarcimento a autoridade que emitiu o Despacho Decisório, que ao menos cancele esta decisão e determine a realização de novas verificações fiscais a serem realizadas no estabelecimento da Recorrente localizado no Município de São Paulo, Capital, com a posterior emissão de um novo Despacho Decisório analisando e deferindo o Pedido de Ressarcimento do Crédito da contribuição para o ¹PIS pleiteado pela Recorrente e homologando as compensações realizadas com o direito creditório correspondente. Requer, ainda, o reconhecimento da suspensão da exigibilidade do crédito tributário de todos os débitos vinculados às compensações relacionadas a estes autos até a decisão final quanto ao pedido de ressarcimento. Fl. 227DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 25/09/2016 por RICARDO PAULO ROSA 8 Requer, o reconhecimento da homologação das compensações declaradas a RFB no período igual ou superior a 5 (cinco) anos contados anteriormente a data da ciência do Despacho Decisório pela Recorrente no dia 29 de maio de 2012, por ter ocorrido, em relação a tais casos, a homologação tácita e extinção definitiva do crédito tributário dos débitos compensados, nos termos do artigo 74, §5° da Lei n° 9.430, de 31 dezembro de 1996, e artigo 29, §2° da IN SRF n° 600/2005. Requer, outrossim, a realização da perícia e diligência na forma pleiteada no tópico III, no qual estão satisfeitos os pressupostos exigidos pelo artigo 16, inciso IV c/c §1° do Decreto n° 70.235, de 06 de março de 1972. Reitera, ainda, estarem os documentos comprobatórios do direito creditório à disposição da fiscalização na sua sede e somente não está anexando os mesmos por serem em grande quantidade gerando o pedido de diligência e perícia. Requer, por fim, que também sejam intimados de todas as decisões proferidas nestes autos os advogados signatários da presente no seguinte endereço: Av. Brigadeiro Faria Lima n° 2012, 5o andar, São Paulo SP.” Inconformado com a decisão piso, da qual restou intimado em 30.09.2013 sobreveio o Recurso Voluntário, protocolado em 14 de outubro de 2013. Repulsou um a um os argumentos da decisão recorrida, e, em síntese manteve os seus argumentos sustentados na fase inicial, inicialmente aduz: Protocolou Pedido de Ressarcimento de Créditos da COFINS apurados no 3º trimestre de 2007, nos termos da Lei nº 10.833. Afirma que os autos foram encaminhados a Divisão de Orientação e Análise Tributária em São Paulo – DERAT/SP para apreciação e decisão quanto à procedência do crédito pleiteado e quanto à homologação das compensações vinculadas. Posteriormente os autos do processo foram encaminhados para a DRF/Araçatuba para serem realizados os trabalhos fiscais em razão da transferência temporária de competência da DERAT/SP para DRF/Araçatuba. Argui nulidade em razão de: 1) Indeferimento do Pedido de Perícia e Diligência e Nulidade pela falta de apreciação de Relevante Questão; 2) Ofensa ao MPF, para que fosse realizado nova fiscalização considerando a nulidade de todo o trabalho fiscal decorrente da inobservância dos termos do Mandado de Procedimento Fiscal, uma vez que a determinação que o procedimento deveria ser realizado no estabelecimento da impugnante, localizado em São Paulo, Capital e por AFRF com jurisdição sobre tal localidade vinculadas a DERAT/SP; Fl. 228DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 25/09/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15868.001642/200940 Acórdão n.º 3302003.357 S3C3T2 Fl. 24 9 3) O MPFF deveria ter sido emitido pelo Superintendente e Inexistência de ato administrativo transferindo a competência para Araçatuba realizar a fiscalização. Constatado que as autoridades emitentes do MPFF e suas alterações foram servidores atuando em delegação de competência relacionada a função de Delegado da Receita Federal do Brasil, conduta que não pode ser considerada em razão realização de trabalho fiscal por outra unidade da RFB submetida a mesma Região Fiscal é diferente da unidade com jurisdição sobre o contribuinte, o impõe a necessidade do MPFF ser emitido exclusivamente pelo próprio Superintendente. 4) Nulidade do Despacho Decisório – Incompetência da DRF/Araçatuba e do Chefe da SAORT. O pedido prende se ao fato ter sido emitido por autoridade incompetente, visto que, somente o Delegado da Receita Federal do Brasil de Administração Tributária em São Paulo possuía competência para emitir tal decisão conforme demonstra o artigo 57, caput da Instrução Normativa SRF nº 900, de 30 de dezembro de 2008; 5) Falta de intimação para Impugnante se manifestar sobre o fim da Instrução – Art. 44 da lei 9.784/99; 6) Outra se refere a apresentação dos documentos. Não houve embaraço a fiscalização; 7) Nulidade da incorreta e inexistente motivação. Erro e falta de motivação necessária para validade jurídica, pois a negativa total do crédito refle como a empresa não adquirisse insumos para a sua produção; 8) No mérito: 9) A legislação reconhece o direito creditório, o indeferimento do pedido somente no caso do contribuinte não possuir efetivamente o direito ao ressarcimento do crédito da COFINS. Sustenta a precariedade do levantamento fiscal, uma vez, que a fiscalização não poderia simplesmente ter encerrado as diligências diante do fato de ter a Recorrente apresentado documentos fiscais, porque deveriam ter requisitado esclarecimentos e eventualmente novos documentos. Deve prevalecer o princípio da Verdade material. Direito ao ressarcimento em garantido por lei. Pretende ver o crédito indeferido com acréscimo da SELIC até o efetivo ressarcimento ou compensado; 10) Cerceamento do Direito de Defesa. Sustenta que o não reconhecimento do direito creditório da contribuinte Fl. 229DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 25/09/2016 por RICARDO PAULO ROSA 10 mediante apresentação de provas a fiscalização de sua existência configura cerceamento. 11) Por derradeiro pede homologação tácita das compensações – prazo superior a cinco anos e diligência e perícia. É o que tinha a relatar. Voto Conselheiro Domingos de Sá Filho, Relator. Cuidase de recurso tempestivo e preenche os demais pressupostos de admissibilidade, motivo porque deve ser reconhecido. Existindo preliminares, impõe conhecêlas. 1 – Direito de Defesa e Cerceamento. Improcede os argumentos, haja vista, o acesso pleno ao processo administrativo, o não reconhecimento do direito creditório da contribuinte, mesmo tendo apresentado prova não configura cerceamento de direito, em verdade é matéria de fundo, pois em momento algum, tanto a fiscalização como o julgador de piso, negou a existência desse direito, deixou de conhecêlo por falta de prova e nos casos que a legislação deixou de outorgar. O processo administrativo rege pelo rito do Decreto 70.232/72 e alterações posteriores. Não conhecido o crédito pleiteado, oportunizou a indignação por meio da Manifestação de Inconformidade, decidido o assunto, pode o Interessado demonstrar sua irresignação por meio do voluntário, em sendo assim, não há de se falar em cerceamento. Assim, afasto preliminar. 2 Nulidade. OFENSA – MPF. É correntia sabença que o Mandado de Procedimento Fiscal é peça administrativa de planejamento e de controle das atividades de fiscalização, em síntese controle interno da Receita Federal do Brasil, onde se identifica o agente encarregado da ação fiscal. Controle esse que a ausência não acarreta nulidade do procedimento. Se o funcionário encarregado da fiscalização é o mesmo identificado no MPF, está autorizado a proceder às verificações, sendo assim, não justifica o pedido de nulidade. Portanto, a expedição do MPF é mero procedimento de controle interno, sendo assim, não macula o procedimento fiscal e tampouco o crédito tributário. Também vicia ação fiscal o fato da fiscalização darse em lugar distinto da sede da empresa, estabelecimento principal, o interesse público suplanta a burocracia, devendo o agente exercer sua atividade com objetivo de apurar a verdade. Fl. 230DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 25/09/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15868.001642/200940 Acórdão n.º 3302003.357 S3C3T2 Fl. 25 11 Esse assunto encontra pacificado por meio da Súmula CARF nº 27: “Súmula CARF nº 27: É valido o lançamento formalizado por AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil de jurisdição diversa da do domicílio tributário do sujeito passivo.” Como é de conhecimento geral, a nulidade está vinculada a ato de ilegalidade, pois a Administração Pública deve trilhar conduta em conformidade com o disposto no art. 37 da Constituição Federal. Em sendo assim, rechaço a preliminar argüida. COMPETÊNCIA PELA EMISSÃO MPFF. Resta claro inexistência de barreira em relação à fiscalização em jurisdição fiscal distinta daquela do contribuinte. Assim, cabe examinar se há no caso usurpação de competência o fato do MPFF ter sido emitido pelo Superintendente e inexistência de ato administrativo transferindo a competência para Araçatuba realizar a fiscalização. Também não assiste razão a Recorrente, a decisão encontra bem fundamentada, a qual adota como razão de decidir: “Em relação à transferência de competências, tal possibilidade está prevista no art. 249 do Regimento Interno da RFB, aprovado pela Portaria MF no 95, de 2007, vigente à época, abaixo transcrito: Art. 249. Aos Superintendentes da Receita Federal do Brasil, Delegados da Receita Federal do Brasil, Delegados da Receita Federal do Brasil de Julgamento e InspetoresChefes da Receita Federal do Brasil das ALF e IRF de Classe Especial A, Especial B e Especial C incumbe ainda, no âmbito da respectiva jurisdição: (...) VII transferir, temporariamente, competências e atribuições entre unidades, subunidades e dirigentes subordinados, no interesse da administração. (...) (grifei) Portanto, também não se justifica a alegação da contribuinte, pois o superintendente regional pode transferir as competências e atribuições entre as unidades da RFB de sua jurisdição, como aconteceu no caso em questão com a edição da Portaria no 34, de 2008.” Assim, reputo a sustentação improcedente. NULIDADE DO DESPACHO DECISÓRIO Sustenta irregularidade em razão de o Despacho Decisório ter sido emitido pela DRF/AraçatubaSP e do Chefe da SAORT. Alega que a competência está definida pelo disposto no artigo 57, caput da Instrução Normativa SRF nº 900, de 30 de dezembro de 2008. Fl. 231DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 25/09/2016 por RICARDO PAULO ROSA 12 O inconformismo se refere à inexistência de autorização de delegação de competência pela IN/SRF/900. Também não assiste razão a Recorrente, o art. 249 do Regimento Interno da RFB, aprovado pela Portaria MF no 95, de 2007, outorga esse poder, basta perfunctória leitura do mencionado dispositivo: “Art. 249. Aos Superintendentes da Receita Federal do Brasil, Delegados da Receita Federal do Brasil, Delegados da Receita Federal do Brasil de Julgamento e InspetoresChefes da Receita Federal do Brasil das ALF e IRF de Classe Especial A, Especial B e Especial C incumbe ainda, no âmbito da respectiva jurisdição: (...) VII transferir, temporariamente, competências e atribuições entre unidades, subunidades e dirigentes subordinados, no interesse da administra.” Portanto, alegação não encontra respaldo, cabe afastála. FALTA DE INTIMAÇÃO PARA MANIFESTAÇÃO. A previsão legal existente obriga a Administração Tributária a dar ciência ao contribuinte do lançamento, seja de ofício ou por meio de auto de infração. Concluída os atos fiscalizatório e lavrado o auto de infração ou emitido Despacho Decisório, negando total ou parcial o crédito pleiteado, ao contribuinte é dado ciência, querendo, impugnar ou apresentar Manifestação de Inconformidade, esses sim são os instrumentos disponíveis previstas pelo Decreto nº 70.235/72. O processo Administrativo é norteado pelo Decreto nº 70.235/72, aplicase subsidiariamente as disposições da Lei nº 9.784/99. No caso concreto, não há intimação para o contribuinte justificar ou atender depois de encerrado o procedimento fiscal, cabe a Administração Tributária dar ciência para defesa. Improcede a preliminar argüida; NULIDADE POR AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO. Sustenta a Interessada que há mácula decorrente de erro e falta de motivação necessária para validade jurídica, diante da negativa total do crédito, isso segundo o entendimento exposto, como se a empresa não tivesse adquirido os insumos para produção. Também não merece acolhimento. O Despacho Decisório elenca de modo extenso os motivos, tudo isso consubstanciado no relatório fiscal, que por sua vez é longo e aponta as causas da negativa de reconhecer o direito ao ressarcimento e compensação pleiteada. Sendo assim, a sustentação carece de demonstração contundente da inexistência de motivação. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. Afirma o Recorrente ter decorrido mais de cinco anos entre o Pedido de Ressarcimento/Compensação e Despacho Homologatório, por essa razão ocorrida homologação tácita. Fl. 232DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 25/09/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15868.001642/200940 Acórdão n.º 3302003.357 S3C3T2 Fl. 26 13 O protocolo é de 16 de setembro de 2008, no entanto, a transmissão do Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação, se refere 31.10.2007, a comunicação da decisão ocorreu em 16 de novembro de 2011. Contando da data de transmissão, constatada que a decisão foi proferida com menos de cinco anos, sendo assim, não procede aos argumentos da ocorrência de homologação tácita. MÉRITO. Inicialmente cabe dizer que o direito da tomada de crédito encontra amparado pelo art. 3º da Lei 10.833/2003: “Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: .. “§ 3º O direito ao crédito aplicase, exclusivamente, em relação: I aos bens e serviços adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País; II aos custos e despesas incorridos, pagos ou creditados a pessoa jurídica domiciliada no País; III aos bens e serviços adquiridos e aos custos e despesas incorridos a partir do mês em que se iniciar a aplicação do disposto nesta Lei. “ REGIME NÃO CUMULATIVO. INSUMOS. CONCEITO. No regime não cumulativo das contribuições o conteúdo semântico de “insumo” é mais amplo do que aquele da legislação do IPI e mais restrito do que aquele da legislação do Imposto de Renda, abrangendo os “bens” e “serviços” que integram o custo de produção. O regime nãocumulativo das contribuições ao PIS e à COFINS, o crédito é calculado, em regra, sobre os gastos e despesas incorridos no mês, em relação aos quais deve ser aplicada a mesma alíquota que incidiu sobre o faturamento para apurar a contribuição devida (art. 3º, § 1º das Leis nº 10.637/02 e 10.833/03). E os eventos que dão direito à apuração do crédito estão exaustivamente citados no art. 3º e seus incisos, onde se nota claramente que houve uma ampliação do número de eventos que dão direito ao crédito em relação ao direito previsto na legislação do IPI. Contudo, tal ampliação do significado de “insumo”, implícito na redação do art. 3º da Lei nº 10.833/03, não autoriza à inclusão de todos os custos e despesas operacionais a que alude à legislação do Imposto de Renda, pois no rol de despesas operacionais existem gastos que não estão diretamente relacionados ao processo produtivo da empresa. Se a intenção do legislador fosse atribuir o direito de calcular o crédito das contribuições não cumulativas em Fl. 233DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 25/09/2016 por RICARDO PAULO ROSA 14 relação a todas as despesas operacionais, seriam desnecessários os dez incisos do art. 3º, da Lei nº 10.833/03, onde se enumerou de forma exaustiva os eventos que dão direito ao cálculo do crédito. Já nos casos de IPI e de ICMS, como suas hipóteses de incidência estão associadas à circulação econômica da coisa, o direito de crédito que realiza a não cumulatividade resulta do ingresso desta e, eventualmente, de outras que interagem fisicamente entre si para, transformadas, se submeterem a uma nova incidência na etapa subseqüente da cadeia. É o oportuno trazer à colação a opinião expressada pelo então Conselheiro Marcos Tranchesi Ortiz, nos autos do processo nº 13053.000037/200749: “Embora respeite a orientação, partilho de orientação diversa a respeito da abrangência do conceito insculpido no inciso II, do artigo 3o, das Leis no. 10.637/02 e 10.833/03. Observo, em primeiro lugar, que quando da promulgação dos diplomas legais em questão, a Constituição Federal não impunha a não cumulatividade em se tratando das contribuições arrecadadas para a Seguridade Social. Daí não defluia, todavia, estivesse o legislador infraconstitucional impedido de disciplinála no âmbito da contribuição ao PIS e da COFINS. Significava, tão somente, que a adoção e o regramento da técnica permaneciam na esfera de discricionariedade do legislador ordinário. Foi o que possibilitou a implementação, primeiramente no PIS e, depois, na COFINS, de uma não cumulatividade, digamos, “imprópria”. Imprópria por cotejar, de um lado, base de cálculo composta pela totalidade das receitas da pessoa jurídica e, de outro, não admitir senão determinadas deduções, definidas em lista taxativa. Imprópria também porque o direito de crédito garantido não corresponde, sempre e necessariamente, aos valores de PIS e de COFINS efetivamente devidos na incidência anterior. Aliás, dada a especificidade da hipótese de incidência das duas contribuições, é até mesmo inadequado falar, aqui, num sentido convencional de não cumulatividade. É que, enquanto o ICMS e o IPI – impostos em que a técnica encontra máxima aplicação – têm por hipótese de incidência operações sucessivas de uma mesma cadeia produtiva ou mercantil, o PIS e a COFINS gravam fato jurídico, a receita, cuja ocorrência é independente de acontecimentos anteriores ou posteriores. Quem chamou à atenção para a diferença foi Ricardo Mariz de Oliveira: “Realmente, a COFINS e a contribuição ao PIS, que são tributos cujas hipóteses de incidência são a receita ou o faturamento, a rigor sequer têm incidência multifásica, pois são devidos sempre que houver receita (de faturamento ou não), a qual se constitui em um substrato específico e isolado de qualquer outro fenômeno jurídico ou econômico.” Por isso, dirá o autor, “diferentemente de outros tributos, as duas contribuições podem incidir sobre as receitas de sucessivos faturamentos de uma mesma mercadoria, ou sobre as receitas de Fl. 234DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 25/09/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15868.001642/200940 Acórdão n.º 3302003.357 S3C3T2 Fl. 27 15 sucessivas alienações de um mesmo bem imóvel, ou sobre as receitas de sucessivas prestações de serviços para obtenção de um bem imaterial mais completo, ou sobre sucessivas receitas de alugueres mensais de um mesmo bem, e em muitas outras situações. Mesmo neste caso – adverte – as duas contribuições não são juridicamente plurifásicas, eis que tomam por substrato cada fato isolado e de per si, isto é, cada fato de ser auferida uma receita (Aspectos relacionados à “não cumulatividade” da COFINS e da Contribuição ao PIS. PISCOFINS: questões atuais e polêmicas. São Paulo: Quartier Latin, 2005, p. 27).” No caso concreto, a Fiscalização tomou as informações fornecidas pela Fiscalizada, procedeu a análise considerando os elementos ali contidos, número da nota fiscal, CFOP, a identificação do fornecedor e o insumo, e, confrontou os dados com os documentos fiscais, mesmo tratando de cópias, motivo que levou a solicitar as originais, bem como, o restante dos documentos. Do exame passou a segregar em planilhas distintas, assunto por assunto, glosou os créditos relativos aos documentos inexistentes relacionados nas planilhas fornecidas pelo Contribuinte, assim como, aqueles provenientes das aquisições não contempladas pelos incisos do art. 3º da Lei nº 10.833/2003. A motivação da glosa restou destacada no roda pé de cada uma das planilhas devidamente justificado o procedimento, acresce dizer que esses demonstrativos foram juntados no processo administrativo de nº 15868.000421/201098, examinado em conjunto e colocado na mesma pauta de julgamento. Os fundamentos da autoridade administrativa para a glosa de sete itens, dos quais o contribuinte tomou crédito, como se extraí da planilhas foram os seguintes: 1) PAGAMENTO DE FRETE A PESSOA FÍSICA; 2) AQUISIÇÃO DE LENHA DE PESSOA FÍSICA POR ESTABELECIMENTO NÃO INDUSTRIAL; 3) AQUISIÇÕES DE COMBUSTÍVEIS, ÁLCOOL e GASOLINA; 4) FRETE ENTRE ESTABELECIMENTO, INDUSTRIAL E COMERCIAL PAGO PESSOA JURÍDICA; 5) AQUISIÇÕES PARA INDUSTRIALIZAÇÃO (CFOP 1101) DE FERTILIZANTE; 6) (AQUISIÇÕES PARA COMERCIALIZAÇÃO – CFOP 1102) REFRIGERANTES E OUTRAS BEBIDAS; 7) (PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS – (ISSQN) – CFOP 1933 E 2933); Fl. 235DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 25/09/2016 por RICARDO PAULO ROSA 16 Os motivos das glosas dos itens acima foram assim justificados pela fiscalização: Gerais 1) Nas aquisições de combustíveis, verificamos aquisições de álcool e gasolina, que não são utilizados ou consumidos no processo produtivo; 2) Nas aquisições de serviços de transportes por estabelecimento industrial ou comercial, verificamos despesas que não dão direito ao crédito; como por exemplo: Frete entre estabelecimentos do sujeito passivo. As despesas com fretes aqui relacionadas, objeto de glosas, referemse às transferências de produtos acabados entre estabelecimentos do sujeito passivo. A título de exemplo, inserimos cópia de algumas notas fiscais no processo administrativo fiscal digital. 3) Nas aquisições para comercialização (CFOP 1102), verificamos aquisições de refrigerantes' e bebidas (tributação concentrada); 4) Nas aquisições de serviço tributado pelo ISSQN (CFOP 1933 e 2933), verificamos algumas despesas que não podem ser aceitas; Exemplo: 3.1 compra de carimbos, impressos, consertos de pneus e manutenção de veículo. 5) Nas aquisições, para industrialização (CFOP 1101), verificamos aquisições fertilizantes, que não podem ser considerados insumos; 6) Como confeccionamos planilhas específicas para serviços utilizados como insumos e bens para revenda, efetuamos um resumo no fim de cada mês para demonstrar os valores que serão transferidos para as planilhas específicas. No final as glosas remanescentes serão deduzidas da linha "bens utilizados como insumos". B) Específicos 1) O sujeito passivo foi intimado a apresentar comprovantes de pagamentos efetuados para BRASLEDER COUROS LTDA Foram comprovados os pagamentos de parte dos documentos fiscais apresentados. Para as compras relacionadas na planilha acima para este fornecedor, não foram apresentados comprovantes de pagamentos, embora o sujeito passivo tenha sido intimado e Reintimado a trazer os documentos relacionados na planilha 4 2) As filiais 002302 e 004500 não industrializam nada, somente servem de apoio para as unidades industriais (frigoríficos), portanto, glosamos todas as aquisições que se referem à "compra para industrialização" ou derivadas destas 3) As filiais 002566 e 002990 possuem cnae "criação de bovinos". As compras que não tem este objetivo foram glosadas por esta fiscalização, como "mudas de árvores"; 4) As despesas de transporte da Filial 003619 foram glosadas em razão da não apresentação. de Fl. 236DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 25/09/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15868.001642/200940 Acórdão n.º 3302003.357 S3C3T2 Fl. 28 17 documentos comprobatórios 5) As despesas de transporte da filial 003708 também foram glosadas em razão de não apresentação de documentos. 6) A Filial 000199 está sediada em São Paulo e funciona como "matriz" da empresa. Não há industrialização nesse estabelecimento 7) Glosamos todas as aquisições efetuadas de Xinguleder Couros, por falta de apresentação de documentos (notas fiscais, comprovantes de pagamentos, etc) 8) Glosamos todas as aquisições efetuadas de: Frinorte, Courotex, Tricon Energy e GIF grupo empresarial, feitas pelo estabelecimento (final 0006 01) Por falta de apresentação de documentos como notas fiscais e/ou comprovantes de pagamentos. , ' 9) Apesar de intimado a apresentar os documentos, o sujeito passivo, para o CNPJ de final 000865 não apresentou documentos para os seguintes fornecedores: a) Transportes Rosano Ltda; b) Xinguleder couros Itda; c) Lívia Laiz Correia Transp. Ltda; d) B Martins & Cia Transp e e) Corotex ind. E com. De couros Desta forma, glosamos TODAS as aquisições que indicavam estes fornecedores para falta de apresentação de documentos Todas as glosas foram devidamente justificadas: 1) AQUISIÇÕES DE PESSOA FÍSICA. O contribuinte apurou créditos sobre serviços de frete pagos as pessoas físicas, as quais não dão direito a crédito, conforme vedação expressa no art. 3º, § 3º, da Lei nº 10.637/2002. A fiscalização relacionou as notas fiscais de pessoa física e os valores glosados. 2) TRANSFERÊNCIA DE BENS ENTRE ESTABELECIMENTOS. A fiscalização alegou que o contribuinte tomou créditos sobre operações de transferência de bens entre estabelecimentos. Essas operações encontram classificadas nos CFOP (Transferência para comercialização). A fiscalização entende que os créditos originamse de aquisições. Na transferência entre estabelecimentos não existe aquisição, apenas mera movimentação de mercadorias entre estabelecimentos da pessoa jurídica. A fiscalização relacionou todas as notas com CFOP, e quantificou a glosa no montante descrito em cada mês. Constatase dos autos que o contribuinte foi passo a passo instado a justificar a tomada dos créditos relativos aos itens transcritos acima e trazer como prova os documentos haveis e idonês, o que não fez. Esse é o motivo principal das glosas das pessoas jurídica, cuja documentação foi parcialmente apresentada, mesmo intimada para tanto não o fez, bem como, deixou de juntar com a impugnação. Intimado a comprovar o pagamento efetuado para a empresa BRASLEDER COUROS LTDA., não conseguiu êxito. Fl. 237DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 25/09/2016 por RICARDO PAULO ROSA 18 Nenhuma das glosas foi combatida diretamente pela Recorrente, especificamente aquelas referentes às filiais 002302 e 04500, justificada pela Autoridade Fiscal ao fundamento de que essas unidades não são produtoras, servem apenas como apoio para as unidades industriais, por essa razão todas as aquisições de “compra para industrialização” incluída na base de cálculo foram afastadas, consequentemente, reduzindo o crédito a ser tomado, não há uma linha contradizendo a tomada de decisão pela fiscalização. Destacase as glosas efetivadas em relação ao filiais 002566 e 002990 possuem cnae "criação de bovinos". Afirma a fiscalização que todas as compras que não tem este objetivo foram glosadas por esta fiscalização, como "mudas de arvores. Certo a Autoridade Autuante, pois atividade básica é criação de bovino, sendo assim, não justifica a tomada de crédito sobre esse tipo de aquisição. Os custos de frete praticados pela filial 003619 foram glosados em virtude da não apresentação de documentos comprobatórios, o mesmo aconteceu com a filial 003708. Também não apresentou qualquer resistência às glosas praticadas por falta de documentação em relação às aquisições efetuadas com as empresas Xinguleder Couros Ltda., Frinorte, Corutex Indústria e Comércio de Couros, Tricon Energy e GIF, Transportes Rosano Ltda., Lívia Laíz Corrêa Transporte Ltda.; Martins & Cia Transporte Sendo assim, após a recomposição das bases de cálculo dos créditos, a fiscalização chegou à conclusão de que o contribuinte não faz jus ao ressarcimento pleiteado, notificação pessoal do despacho de não homologação de compensação. A irresignação generalizada do modo desses autos é inaceitável, deve ser apontado o desacerto cometido pelo agente fiscal. O critério adotado na apuração dos créditos está correto, constatado inexistência de previsão legal e ausência de documentos capaz de comprovar, impõe a glosa, nesse sentido andou bem a fiscalização e a decisão de piso em manter a decisão do despacho decisório. A discordância deve vir acompanhada de prova capaz de convencer o julgador que a determinação do quanto que serviu de base estava distorcido da realidade dos fatos, portanto, cabia somente ao Interessado realizar essa demonstração mediante documentos idôneos. Ao deixar de contrariar apuração realizada pelo Fisco, perdeu oportunidade de fazer prova contrária capaz de mudar o curso da decisão hostilizada. O que deve ficar certo é de que o direito de tomar crédito foi acatado, sendo assim, não procede à alegação do contribuinte de que a glosa significa o mesmo de que afirmar que não houve as aquisições está distorcendo a verdade material, por essa razão não justifica a pedida perícia e tampouco de diligência para averiguar a documentação não apresentada no momento oportuno. Em sede de ressarcimento, não há dúvida de que ônus probante é do Interessado. Constatase de todo o inconformismo trazido, tanto em sede de impugnação, quanto recursal, o tema foi tratado pelo contribuinte de modo genérico, de modo que, restou para serem examinados os temas acima anotados. De outro lado, a fiscalização, cuidadosamente, detalha em sua planilha todos os itens glosados, mencionando o número da nota fiscal, CFOP e em boa parte descreve detalhe, permitindo o contribuinte impugnar e demonstrar o desacerto da fiscalização. O Fl. 238DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 25/09/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15868.001642/200940 Acórdão n.º 3302003.357 S3C3T2 Fl. 29 19 “Termo de Verificação Fiscal” e minucioso e esclarecedor, assim poucos se vêem, descrevem toda a metodologia e aponta a causa a justificar a glosa procedida. Todas as glosas procedidas restaram devidamente motivadas. Em sede de Manifestação de Inconformidade, o Interessado nada ancorou aos autos no sentido de refutá las, limitandose às alegações quanto ao direito, o que se repetiu no recurso voluntário. Assim, o descontentamento explanado pela Recorrente não encontra eco capaz de modificar o julgamento de piso, que deve ser mantido pelos seus próprios fundamentos. Assim, tenho que não merece reparo o julgado de piso. Diante do exposto conheço do recurso e nego provimento. Domingos de Sá Filho Lendo detidamente o relatório fiscal, concluise Por derradeiro pede homologação tácita das compensações – prazo superior a cinco anos e diligência e perícia. Falta de intimação para Impugnante se manifestar sobre o fim da Instrução – Art. 44 da lei 9.784/99; Outra se refere à apresentação dos documentos. Não houve embaraço a fiscalização Domingos de Sá Filho Relator Fl. 239DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 25/09/2016 por RICARDO PAULO ROSA 20 Fl. 240DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 25/09/2016 por RICARDO PAULO ROSA
score : 1.0
Numero do processo: 13819.903326/2008-83
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 07 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/03/2002 a 31/03/2002
PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA.
Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do Decreto-Lei nº 288/67.
Recurso Especial do Contribuinte Negado.
Numero da decisão: 9303-004.053
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento.
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201606
camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/03/2002 a 31/03/2002 PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA. Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do Decreto-Lei nº 288/67. Recurso Especial do Contribuinte Negado.
turma_s : 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 13819.903326/2008-83
anomes_publicacao_s : 201608
conteudo_id_s : 5621078
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Aug 18 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 9303-004.053
nome_arquivo_s : Decisao_13819903326200883.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
nome_arquivo_pdf_s : 13819903326200883_5621078.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento. Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto.
dt_sessao_tdt : Tue Jun 07 00:00:00 UTC 2016
id : 6468169
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:51:39 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048690468323328
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1911; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 2 1 1 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 13819.903326/200883 Recurso nº 1 Especial do Contribuinte Acórdão nº 9303004.053 – 3ª Turma Sessão de 07 de junho de 2016 Matéria PIS/COFINS. Incidência sobre receitas de vendas a empresas sediadas na ZFM. Recorrente THREE BOND DO BRASIL INDUSTRIA E COMERCIO LTDA Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/03/2002 a 31/03/2002 PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA. Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do DecretoLei nº 288/67. Recurso Especial do Contribuinte Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento. Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 81 9. 90 33 26 /2 00 8- 83 Fl. 157DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13819.903326/200883 Acórdão n.º 9303004.053 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela contribuinte com fulcro nos artigos 64, inciso II e 67 e seguintes do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/09, meio pelo qual busca a reforma do Acórdão nº 3402001.412, que negou provimento ao recurso voluntário. Decidiu o colegiado a quo pela incidência das contribuições sobre as receitas oriundas de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus, no período tratado neste processo. Cientificado do mencionado acórdão o sujeito passivo apresentou recurso especial suscitando divergência jurisprudencial quanto à isenção das contribuições sobre as receitas decorrentes de vendas de mercadorias e serviços para empresas com domicílio na Zona Franca de Manaus. O recurso foi admitido por intermédio de despacho do Presidente da Câmara recorrida, e a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões. É o relatório, em síntese. Voto Carlos Alberto Freitas Barreto, Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303003.934, de 07/06/2016, proferido no julgamento do processo 10650.902444/201141, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303003.934): "A matéria, única, posta ao exame do colegiado não é nova. Com efeito, já tivemos oportunidade de nos pronunciar sobre ela em diversas ocasiões, tendo eu firmado convicção pela inaplicabilidade de qualquer medida desonerativa (seja isenção, imunidade ou alíquota zero) aos fatos geradores anteriores a julho de 2004. No relatório da Dra. Vanessa consta que o contribuinte aduziu em seu recurso: "que: (a) o DecretoLei nº 288/67 equipara os efeitos das operações de venda para a Zona Franca de Manaus às exportações para o estrangeiro, sendolhes aplicáveis as vantagens fiscais estabelecidas pela legislação para as exportações, nos termos do seu art. 4º; (b) o Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento no sentido da não incidência de PIS sobre as receitas decorrentes das vendas para empresas sediadas na Zona Franca de Manaus; (c) o Supremo Tribunal Fl. 158DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13819.903326/200883 Acórdão n.º 9303004.053 CSRFT3 Fl. 4 3 Federal, ao proferir liminar na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 2.3489, suspendeu a eficácia da expressão ‘na Zona Franca de Manaus’, contida no inciso I, do §2º do art. 14 da MP nº 2.03724/00, expressão suprimida do diploma legal pelo Poder Executivo ao editar, na mesma data, a MP nº 2.03725/2000; e, por fim, (d) não incide o PIS para os fatos geradores ocorridos em fevereiro de 2002, tendo em vista a revogação da expressão ‘na Zona Franca de Manaus’ do inciso I, §2º do art. 14 da MP nº 2.03725/2000 e a equiparação dos efeitos fiscais das vendas para a Zona Franca de Manaus às exportações para o exterior". Consideroos todos abarcados no voto que segue, proferido em sessão de 2011, no qual enfrentei ainda outros argumentos. Reconheço haver decisões do STJ em sentido oposto, mas, como nenhuma delas cumpre os requisitos do art. 62 do atual regimento interno desta Casa, peço vênia para continuar teimando. Disseo eu naquela ocasião: Vale iniciálo reenunciando o criativo entendimento da recorrente: a) não há necessidade de previsão legal expressa concessiva da isenção porque o decretolei 288 e o Ato Complementar 35/67 bastam; b) deferida isenção para exportações em geral, a vendas à ZFM está imediata e automaticamente estendida; c) tendo o Ato Complementar à Constituição de 67 a natureza de lei complementar, como pacificado em nossos Tribunais,. nenhuma lei ordinária o poderia revogar; d) a “revogação” pretendida somente vigorou entre ___ e ___, sendo de rigor reconhecer a isenção, ao menos, nos períodos anterior e posterior. Ainda que criativo, o raciocínio desenvolvido na defesa não merece prosperar cabendo a manutenção da decisão recorrida pelos motivos que se expõem em seguida. Em primeiro lugar, a premissa de que o decretolei 288 teria assegurado que todo e qualquer incentivo direcionado a promover as exportações deveria, imediata e automaticamente, ser estendido à Zona Franca de Manaus não resiste sequer ao primeiro dos métodos interpretativos consagradamente admitidos: a literalidade. É que tal extensão somente caberia se o citado decreto tivesse afirmado que as remessas de produtos para a Zona Franca de Manaus são exportação. Nesse caso, a equiparação valeria mesmo para outros efeitos, não fiscais. Poderia, para o que interessa, restringila a “todos os efeitos fiscais”. Se o tivesse feito, dúvida não haveria de que qualquer mudança posterior na legislação que viesse a afetar as exportações, no que tange a tributos, afetaria do mesmo modo e na mesma medida aquela zona. Fl. 159DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13819.903326/200883 Acórdão n.º 9303004.053 CSRFT3 Fl. 5 4 Mas já foi repetidamente assinalado que o artigo 4º daquele ato legal, embora traga de fato a expressão acima, apôs a ressalva “constantes da legislação em vigor”. Não vejo como essa restrição possa ser entendida de modo diverso do que tem sido interpretado pela Administração: apenas os incentivos às exportações que já vigiam em 1 de fevereiro de 1967 estavam “automaticamente” estendidos à ZFM por força desse comando. E ponho a palavra entre aspas porque nem mesmo o Poder Executivo – e vale assinalar que estamos falando de um período de exceção, em que o Poder executivo quase tudo podia – pareceu estar tão seguro desse automatismo, visto que fez editar, na mesma data, o Ato Complementar 35, cujo artigo 7º assegurou aquela extensão ao ICM. Aliás, da interpretação dada pela recorrente a este último ato também divergimos. Deveras, pretende ela que ele teria alçado ao patamar de lei complementar a equiparação já prevista no decretolei. A meu ver, porém, tudo o que faz é definir com maior precisão o que se entende por produtos industrializados para efeito da não incidência de ICM nas exportações já prevista na Constituição de 67. Defineos no parágrafo 1º, recorrendo à tabela do então criado imposto sobre produtos industrializados (tabela anexa à Lei 4.502). No parágrafo segundo, estende, também para efeito de ICM, aquela imunidade às vendas a zonas francas. Essa interpretação me parece forçosa quando se sabe que, segundo a boa técnica legislativa, os parágrafos de um dado artigo não acrescentam matéria ao disposto no caput, apenas esclarecem sobre o alcance daquela matéria. E ao esclarecer podem impor uma definição restritiva, como no parágrafo primeiro, ou extensiva, como no segundo. O que não pode um simples parágrafo é tratar de matéria que não esteja contida no caput e nos seus incisos. E não parece haver dúvida de que aí apenas se cuida da imunidade do ICM. Assim, o ato legal nem previu imunidade genérica, nem estendeu ao IPI a imunidade do ICM, como afirma a empresa. Ora, se a previsão do decretolei deveria alcançar “todos os efeitos fiscais” e já havia previsão de imunidade de ICM sobre produtos industrializados, para que tal parágrafo no ato complementar? Há, contudo, razões mais profundas do que a mera literalidade. É que a zona franca de Manaus não é meramente uma área livre de restrições aduaneiras, característica das chamadas zonas francas comerciais. O que se buscou com a sua criação foi induzir a instalação naquele distante rincão nacional de empresas de caráter industrial, que gerassem emprego e renda para a região Norte. Para tanto, definiuse um conjunto de incentivos fiscais que, à época de sua criação, seria suficiente, no entender dos seus formuladores, para gerar aquela atração. Tais incentivos, e apenas eles, configuram diferenciação em favor dos produtos importados e industrializados naquela área. Fl. 160DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13819.903326/200883 Acórdão n.º 9303004.053 CSRFT3 Fl. 6 5 Foi essa diferença tributária que induziu a criação do parque industrial que ali se veio a instalar e, assim, é apenas a retirada de algum daqueles incentivos que pode ser taxada de “quebra de contrato”. A contrário senso, novos incentivos fiscais que se venham a instituir podem ou não ser a ela estendidos conforme entenda útil o legislador por ocasião de sua instituição. Isso não se dá automaticamente com os incentivos genéricos à exportação cujo objetivo comum tem sido a geração das divisas imprescindíveis ao pagamento dos compromissos internacionais durante tanto tempo somente alcançáveis por meio das exportações. Por óbvio, a ninguém escapa que vendas à ZFM não geram divisas. Diferentes, pois, os objetivos, nenhum automatismo se justifica. Prova desse raciocínio é que dois anos apenas após a criação da ZFM, inventaram os “legisladores executivos” de então novo incentivo à exportação, o malsinado “crédito prêmio” posteriormente tão combatido nos acordos de livre comércio a que o País aderia. Sua legislação expressamente incluiu a Zona Franca. Fêlo, no entanto, apenas para os casos em que, após serem “exportados” para lá, fossem dali efetivamente exportados para o exterior (“reexportados”, na linguagem do declei). Em outras palavras, já em 1969 dava o executivo provas de que aquela extensão nem era automática, nem tinha que se dar sem qualquer restrição. Logo, ainda que se avance na interpretação da norma, ultrapassando o método literal e adentrandose o histórico e o teleológico, se chega à mesma conclusão: o decretolei 288 apenas determinou a adoção dos incentivos fiscais à exportação já existentes e acresceu incentivos específicos voltados a promover o desenvolvimento da região menos densamente povoada de nosso território. Nessa linha de raciocínio, portanto, há de se buscar na legislação específica do PIS e da COFINS, tributos somente instituídos após a criação da ZFM, dispositivo que preveja alguma forma de desoneração nas vendas àquela região, seja a não incidência, alíquota zero ou isenção. E não se precisa ir longe para ver que ela somente começa a existir em 2004, com a edição da Medida Provisória 202. De fato, a “exclusão das receitas de exportação” da base de cálculo do PIS tratada na Lei 7.714 e a isenção da COFINS sobre receitas de exportação prevista na Lei Complementar 70 e objeto da Lei complementar 85 não incluíram expressamente as vendas à ZFM ainda que tenham estendido o benefício a outras operações equiparadas a exportação. Um exame cuidadoso dessas extensões vai revelar o que se disse acima: todas elas geram, imediata ou mediatamente, divisas internacionais. A conclusão que se impõe, assim, é que não havia, até o surgimento da Medida Provisória 1.858 qualquer benefício fiscal Fl. 161DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13819.903326/200883 Acórdão n.º 9303004.053 CSRFT3 Fl. 7 6 que desonerasse de PIS e de COFINS as receitas obtidas com a venda de produtos para empresas sediadas na ZFM. É certo que esse entendimento não era uníssono, muita peleja tendo se travado entre o fisco e os contribuintes que pretendiam estarem tais vendas amparadas pelos atos legais mencionados. E essas divergências somente se agravaram com a edição da MP, cuja redação padece de diversas inconsistências. Com efeito, tal MP, que revogou a Lei 7.714 e a Lei Complementar 85, disciplinando por completo a isenção das duas contribuições nas operações de exportação trouxe dispositivo expresso “excluindo” as vendas à ZFM. Isso, por óbvio, aguçou a interpretação de que já havia dispositivo isentivo e que esse dispositivo estava sendo agora revogado. Defendo que não, embora seja forçoso reconhecer que o dispositivo apenas criou desnecessário imbróglio. Com efeito, ouso divergir da conclusão exposta no Parecer PFGN 1789 no sentido de que tal ressalva se destinava apenas aos comandos insertos nos incisos IV, VI, VIII e IX. A razão para tanto é que aí ventilamse hipóteses intrinsecamente ligadas ao objetivo que o ato pretende incentivar: vendas para o exterior que trazem divisas para o país. Refirome aos incisos VIII (vendas com o fim de exportação a trading companies e demais empresas exportadoras) bem como o fornecimento de bordo a embarcações em tráfego internacional (ship’s Chandler). Além disso, a interpretação não apenas retira um incentivo, ela pressupõe um desincentivo: qualquer trading do decretolei 1.248/72, exportadora inscrita na SECEX ou ship’s Chandler instalada em outro ponto do território nacional terá vantagem em relação à que ali se instale. Não faz sentido tal discriminação contra a ZFM. A interpretação dada pela douta PGFN parece buscar um sentido para o comando do parágrafo de modo a não tornálo redundante. Fêlo, todavia, da pior forma, a meu sentir, pois fixouse no método literal esquecendose de considerar o motivo da norma. Realmente, uma cuidadosa leitura do parecer permite ler o artigo, com o respectivo parágrafo segundo, da seguinte forma: há isenção quando se vende com o fim específico de exportação, desde que a empresa compradora (trading ou simples exportadora inscrita na SECEX) NÃO esteja situada na ZFM. Com a exclusão do parágrafo: há isenção quando se vende com o fim específico de exportação, mesmo que a empresa compradora (trading ou simples exportadora inscrita na SECEX) esteja situada na ZFM. Ora, o objeto da isenção versada nesses dispositivos nada tem a ver com a localização da compradora mas com o que ela faz. É a atividade (exportação com conseqüente ingresso de divisas) que se quer incentivar. O que se tem de decidir é se a mera venda à ZFM, que não gera divisa nenhuma, deve a isso ser equiparado. Foi isso, em meu entender, que o parágrafo quis dizer: não é o que o Parecer da PGFN consegue nele ler. Fl. 162DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13819.903326/200883 Acórdão n.º 9303004.053 CSRFT3 Fl. 8 7 Em conseqüência desse parecer, surgem decisões como as que ora se examinam: o pedido tinha a ver com venda a ZFM. A decisão abre a possibilidade de que tenha mesmo havido recolhimento indevido, mas por motivo completamente diverso. E mais, atribui ao contribuinte a prova dessa outra circunstância, que não motivara o seu pedido. Nonsense completo. Esse meu reconhecimento implica aceitar que o malsinado parágrafo estava sim se referindo, genericamente, às vendas à ZFM, ou, mais claramente, está ele a dizer que, para efeito do incentivo de PIS e COFINS, a mera venda a empresa sediada na ZFM não se equipara à exportação de que cuida o inciso II do ato legal em discussão. Mas, ao fazêlo, não está revogando dispositivo isentivo anterior: está simplesmente cumprindo o seu papel esclarecedor, ainda que nesse caso melhor fosse nada ter tentado esclarecer... Aliás, idêntico dispositivo esclarecedor poderia ter estado presente na LC 85 e na Lei 7.714 como já estivera no decretolei 491. Com isso, muita discussão travada administrativamente teria sido evitada ou transferida para o Judiciário. É a ausência de tal dispositivo e sua presença na nova lei que cria o imbróglio. Ele não leva, contudo, em minha opinião, à interpretação simplória de que tal ausência implicasse haver isenção. Para isso, primeiro, se tem de admitir que basta o Decretolei 288. Essa interpretação, pareceme, está em maior consonância com o espírito legisferante, pois não faz sentido considerar que uma norma que procura incentivar as exportações tenha instituído uma discriminação contra uma região (região, aliás, que sempre se procurou incentivar) em operações que produzem o mesmo resultado: a geração de divisas internacionais. A minha conclusão é, assim, de que mesmo entre 1º de fevereiro de 1999 e 31 de dezembro de 2000 há, sim, isenção das contribuições naquelas hipóteses, ainda que a empresa esteja situada na ZFM. Em outras palavras, a localização da empresa não é impeditivo à fruição do incentivo à exportação, desde que cumprido o que está previsto naqueles incisos. Mas tampouco há isenção APENAS PORQUE A COMPRADORA LÁ ESTEJA. Nos recursos ora em exame, esse foi o fundamento do pedido e a ele deveria terse restringido a DRJ. Nesses termos, só causa mais imbróglio a afirmação constante no acórdão recorrido de que “haveria direito” no período de 1º de janeiro de 2001 a julho de 2004 mas não estava ele adequadamente comprovado. Simplesmente não há o direito na forma requerida. E por isso mesmo não cabe a pretensão do contribuinte de que a Administração adapte o seu pedido fazendo as pesquisas internas que permitam apurar se alguma das empresas por ele listadas na planilha referida se enquadra naquelas disposições. Fl. 163DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13819.903326/200883 Acórdão n.º 9303004.053 CSRFT3 Fl. 9 8 O máximo que se poderia admitir, dado o teor da decisão, era que, em grau de recurso, trouxesse a empresa tal prova. Não o fez, porém, limitandose a postular a nulidade da decisão porque não determinou aquelas diligências. Não sendo obrigatória a realização de diligências, como se sabe (art. __ do Decreto 70.235), sua ausência não acarreta nulidade da decisão proferida por quem legalmente competente para tal. Cabe sim manter aquela decisão dado que o contribuinte não comprovou o seu direito como lhe exigem o Decreto 70.235, a Lei 9.784 e o próprio Código Civil (art. 333). Com tais considerações, nego provimento ao recurso do contribuinte. Com essas mesmas considerações, votei, também aqui, pelo não provimento do recurso do contribuinte, sendo esse o acórdão que me coube redigir." Aplicandose as razões de decidir, o voto e o resultado acima do processo paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso especial do contribuinte, em razão da incidência das contribuições sobre as receitas oriundas de vendas efetuadas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus, no período tratado neste processo. Carlos Alberto Freitas Barreto Fl. 164DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
score : 1.0
Numero do processo: 10580.021660/99-17
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Aug 18 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Oct 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 1995, 1996
NULIDADE. PREJUÍZO. INOCORRÊNCIA.
No Direito pátrio vigora o princípio do pas de nullité sans grief, isto é, não há nulidade processual sem prejuízo.
Incabível, portanto, a decretação de nulidade do processo administrativo quando inexistem evidências de que o extravio de parte dos autos tenha prejudicado, ainda que minimamente, a defesa do sujeito passivo.
Numero da decisão: 9101-002.423
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Nathalia Correia Pompeu (relatora), Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto e Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, que lhe deram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Rafael Vidal de Araújo. Julgamento iniciado dia 12/06/2016 e concluído dia 18/08/2016.
(assinado digitalmente)
Marcos Aurélio Pereira Valadão - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Nathalia Correia Pompeu - Relatora
(assinado digitalmente)
Rafael Vidal de Araújo - Redator Designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Marcos Aurélio Pereira Valadão, André Mendes de Moura, Adriana Gomes Rego, Rafael Vidal de Araújo, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Luis Flávio Neto, Cristiane Silva Costa e Nathália Correia Pompeu. Ausente, Justificadamente, o Conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: NATHALIA CORREIA POMPEU
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201608
camara_s : 1ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 1995, 1996 NULIDADE. PREJUÍZO. INOCORRÊNCIA. No Direito pátrio vigora o princípio do pas de nullité sans grief, isto é, não há nulidade processual sem prejuízo. Incabível, portanto, a decretação de nulidade do processo administrativo quando inexistem evidências de que o extravio de parte dos autos tenha prejudicado, ainda que minimamente, a defesa do sujeito passivo.
turma_s : 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Thu Oct 06 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 10580.021660/99-17
anomes_publicacao_s : 201610
conteudo_id_s : 5644539
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Oct 07 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 9101-002.423
nome_arquivo_s : Decisao_105800216609917.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : NATHALIA CORREIA POMPEU
nome_arquivo_pdf_s : 105800216609917_5644539.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Nathalia Correia Pompeu (relatora), Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto e Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, que lhe deram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Rafael Vidal de Araújo. Julgamento iniciado dia 12/06/2016 e concluído dia 18/08/2016. (assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Nathalia Correia Pompeu - Relatora (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araújo - Redator Designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Marcos Aurélio Pereira Valadão, André Mendes de Moura, Adriana Gomes Rego, Rafael Vidal de Araújo, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Luis Flávio Neto, Cristiane Silva Costa e Nathália Correia Pompeu. Ausente, Justificadamente, o Conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto.
dt_sessao_tdt : Thu Aug 18 00:00:00 UTC 2016
id : 6515926
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:53:07 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048690472517632
conteudo_txt : Metadados => date: 2016-09-30T20:32:45Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.5; xmp:CreatorTool: pdfsam-console (Ver. 2.4.0e); access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dcterms:created: 2016-09-30T20:32:45Z; Last-Modified: 2016-09-30T20:32:45Z; dcterms:modified: 2016-09-30T20:32:45Z; dc:format: application/pdf; version=1.5; Last-Save-Date: 2016-09-30T20:32:45Z; pdf:docinfo:creator_tool: pdfsam-console (Ver. 2.4.0e); access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2016-09-30T20:32:45Z; meta:save-date: 2016-09-30T20:32:45Z; pdf:encrypted: true; modified: 2016-09-30T20:32:45Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; meta:creation-date: 2016-09-30T20:32:45Z; created: 2016-09-30T20:32:45Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 22; Creation-Date: 2016-09-30T20:32:45Z; pdf:charsPerPage: 2046; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2016-09-30T20:32:45Z | Conteúdo => CSRFT1 Fl. 706 1 705 CSRFT1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10580.021660/9917 Recurso nº Especial do Contribuinte Acórdão nº 9101002.423 – 1ª Turma Sessão de 16 de agosto de 2016 Matéria Normas Gerais de Direito Tributário Recorrente SERTEL SERVIÇOS DE INSTALAÇÕES TÉRMICAS LTDA Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 1995, 1996 NULIDADE. PREJUÍZO. INOCORRÊNCIA. No Direito pátrio vigora o princípio do pas de nullité sans grief, isto é, não há nulidade processual sem prejuízo. Incabível, portanto, a decretação de nulidade do processo administrativo quando inexistem evidências de que o extravio de parte dos autos tenha prejudicado, ainda que minimamente, a defesa do sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Nathalia Correia Pompeu (relatora), Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto e Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, que lhe deram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Rafael Vidal de Araújo. Julgamento iniciado dia 12/06/2016 e concluído dia 18/08/2016. (assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Nathalia Correia Pompeu Relatora (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araújo Redator Designado AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 02 16 60 /9 9- 17 Fl. 706DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por NATHALIA CORREIA POMPEU, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assina do digitalmente em 06/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10580.021660/99-17 Acórdão n.º 9101-002.423 CSRF-T1 Fl. 707 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Marcos Aurélio Pereira Valadão, André Mendes de Moura, Adriana Gomes Rego, Rafael Vidal de Araújo, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Luis Flávio Neto, Cristiane Silva Costa e Nathália Correia Pompeu. Ausente, Justificadamente, o Conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto. Relatório Trata-se de processo administrativo advindo de Auto de Infração, decorrente do arbitramento do lucro que se fez considerando-se que o contribuinte – sujeito à tributação com base no lucro real – não possuiu escrituração nas formas das leis comerciais e fiscais, anos-calendários 01/1995 a 12/1996. Ausência de impugnação do contribuinte colacionada aos autos. Suposta petição do contribuinte informando desistência da discussão do caso na via administrativa (processo administrativo) à fl. 328. Informação de ajuizamento de execução fiscal na 18ª Vara da Seção Judiciária do Estado da Bahia: processo nº 2004.022840-2, fl. 493. Certidões de dívida ativa às fls. 362 ss. A execução prosseguiu nos seguintes termos: a) Oposição de exceção de pré-executividade pelo então executado (não juntada aos autos do PAF); b) Manifestação da Fazenda Nacional sobre a exceção de pré-executividade, manifestando-se pela sua rejeição (fls. 495/500); c) Manifestação da agora exequente no sentido de que, quanto à alegação de falsidade da petição de desistência do contribuinte à interposição de recurso no PAF, cabe a ele o ônus da prova, devendo-se prosseguir a execução fiscal. Aponta, ainda, a sua discordância com os bens nomeados à penhora pelo executado (fls. 501/504); d) Manifestação do executado arguindo que, embora tenha apresentado impugnação no âmbito do PAF, passados alguns meses e sem qualquer intimação de seu julgamento, foi surpreendido com a referida execução fiscal. Informa, ainda, que a mencionada desistência recursal colacionada no procedimento administrativo é falsa, apontando que não fora assinada pelos sócios da empresa autuada e atenta-se ao fato de que a petição ali apresentada também não contém o timbre da empresa, como de praxe, assim como contém erro grasso quanto ao nome do sócio. Para tanto, solicita perícia do documento (fls. 512/513); e) Despacho da Procuradoria da Fazenda Nacional, reconhecendo a inexistência no PAF de prova de intimação do contribuinte da decisão que julgou procedente o auto de infração, devendo ser desconsiderada a petição de desistência recursal em discussão, face à inexistência de interposição do respectivo recurso. Determina o cancelamento das CDAs e o encaminhamento à Secretaria da Receita Federal para prosseguimento do precesso administrativo (fls. 520/521). Decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento procedente aos lançamentos inseridos no auto de infração em baila, nos seguintes termos (fls. 334/340): Fl. 707DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por NATHALIA CORREIA POMPEU, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assina do digitalmente em 06/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10580.021660/99-17 Acórdão n.º 9101-002.423 CSRF-T1 Fl. 708 3 a) Ausência de nulidade do auto de infração; b) Legalidade da apuração do lucro pelo arbitramento quando ausente regular escrituração; c) Legalidade da tributação decorrente do PIS/PASEP e CSLL pelo lançamento de IRPJ. Segue ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 1995, 1996� Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. NULIDADE. A nulidade do auto de infração só ocorre quando sua lavratura for efetuada por servidor incompetente. LUCRO ARBITRADO. Cabível a apuração do lucro pelo arbitramento, quando a contribuinte, sujeita à tributação com base no lucro real, não mantém escrituração na forma das leis comerciais e fiscais. TRIBUTAÇÃO DECORRENTE Contribuição para o PIS/Pasep Contribuição para a Seguridade Social Contribuição Social sobre o Lucro Liquido – CSLL Imposto sobre a Renda Retido na Fonte – IRRF Aplicam-se as exigências decorrentes o que foi decidido no lançamento do IRPJ, devido à íntima relação de causa e efeito existentes entre eles. LANÇAMENTO PROCEDENTE Recurso Voluntário do contribuinte, discorrendo sobre as seguintes matérias (fls. 577/588): a) Da nulidade de todo o processo administrativo; b) Da incompletude do processo administrativo fiscal; c) Do caráter excepcional do arbitramento. Decisão da 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária da Primeira Seção de Julgamento, negando provimento ao recurso voluntário nos seguintes termos (fls. 590/602): a) Ausência de nulidade do processo administrativo; b) Legalidade da tributação com base no lucro arbitrado; c) Legalidade das exigências reflexas: PIS, COFINS, CSLL. Colaciona-se a ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal PRELIMINAR. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Fl. 708DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por NATHALIA CORREIA POMPEU, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assina do digitalmente em 06/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10580.021660/99-17 Acórdão n.º 9101-002.423 CSRF-T1 Fl. 709 4 No processo administrativo de determinação e exigência dos créditos tributários da União, disciplinado pelo Decreto n° 70.235/72, com as alterações introduzidas pela Lei n° 8.748/1993, as nulidades são aquelas expressamente previstas no seu art. 59, incisos I e II, quais sejam os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos proferidos por autoridade incompetente ou com preterição de defesa. Quaisquer outras irregularidades, incorreções e omissões diferentes das previstas no art. 59 não importam em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influirem na solução do litígio. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 1995, 1996 AUSÊNCIA DE ESCRITURAÇÃO COMERCIAL E FISCAL. ARBITRAMENTO DOS LUCROS. As empresas sujeitas à tributação com base no regime do lucro real se obrigam a manter escrituração completa, com observância das disposições das leis comerciais e fiscais, caso contrário submetem-se à tributação com base no lucro arbitrado. EXIGÊNCIAS REFLEXAS: PIS, COFINS, CSLL e IRRF. As exigências das contribuição sociais ao PIS, COFINS, CSLL e IRRF, ditas exigências reflexas ou decorrentes, aplicam-se a mesma decisão adotada em relação lançamento principal do Imposto de Renda Pessoa Jurídica - IRPJ, dada a íntima relação de causa e efeito e suporte fático comum que as instruem. Preliminar de Nulidade Rejeitada — Recurso Voluntário Negado Embargos de declaração do contribuinte: alega existência de contradição e omissão do acórdão, ao se contradizer e ao deixar de examinar todas as alegações que demonstram o direito arguido, em face dos documentos apresentados, da doutrina e jurisprudência colacionadas em razões do recurso, em especial à do STJ (fls. 614/619). Decisão dos embargos de declaração: rechaçada a alegada contradição e esclarecida a apontada omissão sem, contudo, haver qualquer modificação com efeitos infringentes (fls. 635/640). Colaciona-se a ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 1995, 1996 LUCRO ARBITRADO. Cabível a apuração do lucro pelo arbitramento, quando a contribuinte, sujeita a tributação com base no lucro real, não mantém escrituração na forma das leis comerciais e fiscais. CONTRADIÇÃO REJEITADA - Uma vez bem justificada a decisão do acórdão embargado, posto que existente conjunto de elementos comprobatórios do ilícito fiscal configurado nestes autos, ainda que extraviado um volume dos autos, e demonstrada a inocorrência de prejuízo defesa da Recorrente, não há contradição na decisão recorrida. Fl. 709DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por NATHALIA CORREIA POMPEU, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assina do digitalmente em 06/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10580.021660/99-17 Acórdão n.º 9101-002.423 CSRF-T1 Fl. 710 5 OMISSÃO ESCLARECIDA - O julgador administrativo não está obrigado a se pronunciar sobre jurisprudência juntada pelo sujeito passivo, desde que decida, fundamentadamente, o mérito do processo sem qualquer prejuízo a manifestação do interessado, que se fez presente regularmente em todos os atos e termos processuais, o que não obsta o esclarecimento ao interessado. Recurso especial interposto pelo contribuinte, assim apontando a alegada divergência jurisprudencial: o acórdão recorrido decidiu que o extravio de parte do processo administrativo fiscal não o macula de nulidade, pois não causou prejuízo à defesa do recorrente; em contrapartida, os acórdãos-paradigmas entenderam que, em havendo extravio de partes do processo – aí incluída a impugnação do contribuinte, peça essencial ao seu deslinde – há de ser reconhecida a nulidade do processo, havendo necessidade de sua reintimação para apresentação de nova impugnação (fls. 651/660). Realizado Exame de Admissibilidade de Recurso Especial, dando-lhe seguimento (fls. 668/671). Contrarrazões da Fazenda Nacional, alegando que “o Recorrente não demonstrou especificamente o prejuízo que resultou do extravio de um dos volumes do autos” (fls. 675/676). Resolução do colegiado convertendo o julgamento em diligência para fins de restauração do volume dos autos, especialmente da impugnação (fls. 678/683). Informação da chefe de secretaria quanto à ausência de tais peças (fls. 686/688). Em igual teor a informação da Delegacia da Receita Federal do Brasil em Salvador- BA (fl. 702). É o relatório. Fl. 710DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por NATHALIA CORREIA POMPEU, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assina do digitalmente em 06/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10580.021660/99-17 Acórdão n.º 9101-002.423 CSRF-T1 Fl. 711 6 Voto Vencido Conselheira Nathalia Correia Pompeu - Relatora Pressupostos Preliminares Não obstante a análise da admissibilidade do presente recurso às fls.668/671, cabe aqui uma reavaliação, consolidando-a. 1. Tempestividade Reconhece-se a tempestividade do presente recurso, conforme inclusive explicitado no despacho de fl. 667. De fato, o contribuinte foi intimado do Acórdão do CARF em 20/09/2010 (fl. 666), apresentando seu recurso em 05/10/2010 (fl. 651), de acordo com o art. 65, § 5º c/c o art. 68 do Anexo II do RICARF: Art. 65. Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual deveria pronunciar-se a turma. § 5º Somente os embargos de declaração opostos tempestivamente interrompem o prazo para a interposição de recurso especial. Art. 68. O recurso especial, da Fazenda Nacional ou do contribuinte, deverá ser formalizado em petição dirigida ao presidente da câmara à qual esteja vinculada a turma que houver prolatado a decisão recorrida, no prazo de 15 (quinze) dias contado da data da ciência da decisão. 2. Prequestionamento O RICARF, aprovado pela Portaria nº 256, de 22 de junho de 2009, assim estabelecia no art. 67, §3º do Anexo II: § 3° O recurso especial interposto pelo contribuinte somente terá seguimento quanto à matéria prequestionada, cabendo sua demonstração, com precisa indicação, nas peças processuais. A matéria foi prequestionada pelo acórdão que negou o recurso voluntário. Note-se (fls. 590/602): Assunto: Processo Administrativo Fiscal PRELIMINAR. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. No processo administrativo de determinação e exigência dos créditos tributários da União, disciplinado pelo Decreto n° 70.235/72, com as alterações introduzidas pela Lei n° 8.748/1993, as nulidades são aquelas expressamente previstas no seu art. 59, incisos I e II, quais sejam os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos proferidos por Fl. 711DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por NATHALIA CORREIA POMPEU, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assina do digitalmente em 06/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10580.021660/99-17 Acórdão n.º 9101-002.423 CSRF-T1 Fl. 712 7 autoridade incompetente ou com preterição de defesa. Quaisquer outras irregularidades, incorreções e omissões diferentes das previstas no art. 59 não importam em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influirem na solução do litígio. (...) 3. Demonstração da legislação tributária com diversidade de interpretação O RICARF, aprovado pela Portaria nº 256, de 22 de junho de 2009, assim estabelecia no art. 67, do Anexo II: Art. 67. Compete à CSRF, por suas turmas, julgar recurso especial interposto contra decisão que der à lei tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria CSRF. No caso em análise, houve a devida demonstração da legislação tributária que supostamente está sendo interpretada de forma diversa pelo acórdão atacado e os paradigmas apontados. Primeiramente, a apontada pelo Acórdão atacado pelo presente recurso: PRELIMINAR. NULIDADE. INOCORRÊNCIA.�No processo administrativo de determinação e exigência dos créditos tributários da União, disciplinado pelo Decreto n° 70.235/72, com as alterações introduzidas pela Lei n° 8.748/1993, as nulidades são aquelas expressamente previstas no seu art. 59, incisos I e II, quais sejam os atos e�termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos proferidos por autoridade incompetente ou com preterição de defesa. Quaisquer outras irregularidades, incorreções e omissões diferentes das previstas no art. 59 não importam em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influirem na solução do litígio. (grifos nossos) Ressalta o recorrente, ainda: 07. Por entender que a decisão ofende os mais comezinhos direitos constitucionais, a Recorrente apresenta o presente Recurso Especial, apontando como paradigmas os acórdãos proferidos no Recurso Voluntário n.º 147040 (Acórdão n.º 103- 23.113) e no Recurso Voluntário n.º 128479 (Acórdão 103- 20.806) […] 22. (…) Cabia a esse Colegiado determinar, antes de qualquer julgamento, a restauração de autos, assim como ocorre no processo judicial, cujo procedimento de reconstituição é regulado pelo Código de Processo Civil, no Livro IV, Título I, Capítulo XII, a partir do art. 1.063. (...) 28. Todos os direitos constitucionais da Recorrente estão sendo nefastamente violados no presente processo: Devido Processo Legal (CF/88, art. 5°, Inciso LIV), Duplo Grau de Jurisdição (idem), Ampla Defesa e Contraditório (CF/88, art. 5°, Inciso Fl. 712DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por NATHALIA CORREIA POMPEU, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assina do digitalmente em 06/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10580.021660/99-17 Acórdão n.º 9101-002.423 CSRF-T1 Fl. 713 8 LV). O texto constitucional foi simplesmente ignorado no presente caso. (grifos nossos) Ademais, quando aponta uma jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, também se vê contemplada a menção à legislação: (…) 2. O extravio do processo administrativo subtrai do Poder Judiciário a oportunidade de conferir a CDA, retirando do contribuinte a amplitude de defesa. 3. Equivale o extravio à inexistência do processo, perdendo o titulo a exeqüibilidade (inteligência do art. 2°, § 5°, inciso VI, da LEF). (…) [grifos do contribuinte] Portanto, a discussão paira na análise do art, 59, I e II do Decreto n° 70.235/72, em conssonância com os princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório (art. 5º, LV da Constituição Federal) e das disposições contidas na Lei nº 6.830/80 referente ao condicionamento da exequibilidade ao respectivo processo administrativo. Matéria: extravio de parte do processo administrativo. Ausência da peça de impugnação. Nulidade 4. Indicação de paradigmas O RICARF, aprovado pela Portaria nº 256, de 22 de junho de 2009, assim estabelecia no art. 67, do Anexo II: § 6° A divergência prevista no caput deverá ser demonstrada analiticamente com a indicação dos pontos nos paradigmas colacionados que divirjam de pontos específicos no acórdão recorrido. § 7° O recurso deverá ser instruído com a cópia do inteiro teor dos acórdãos indicados como paradigmas ou com cópia da publicação em que tenha sido divulgado ou, ainda, com a apresentação de cópia de publicação de até 2 (duas) ementas. § 8° Quando a cópia do inteiro teor do acórdão ou da ementa for extraída da Internet deve ser impressa diretamente do sítio do CARF ou da Imprensa Oficial. § 9º As ementas referidas no § 7º poderão, alternativamente, ser reproduzidas no corpo do recurso, desde que na sua integralidade. § 10. O acórdão cuja tese, na data de interposição do recurso, já tiver sido superada pela CSRF, não servirá de paradigma, independentemente da reforma específica do paradigma indicado. Os acórdãos-paradigmas foram devidamente apontados pelo recorrente, com a inclusão da íntegra de suas ementas. São eles os Recursos Voluntários n.° 147040 (Acórdão n.° 103-23.113) e n.° 128479 (Acórdão 103-20.806): . Primeiro paradigma 1° Conselho de Contribuintes / 3a. Camara ACÓRDÃO 103- 23.113 em 05.07.2007 Fl. 713DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por NATHALIA CORREIA POMPEU, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assina do digitalmente em 06/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10580.021660/99-17 Acórdão n.º 9101-002.423 CSRF-T1 Fl. 714 9 IRPJ E OUTRO - Ex(s): 1996 a 1999 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL - EXTRAVIO DE PARTES PROCESSUAIS - RECONSTITUIÇÃO - FALTA DE PEÇA ESSENCIAL - NULIDADE FORMAL - Se a peça impugnatória instala o litígio, a sua falta, por não restauração dos seus termos, não só subtrai do órgão julgador de segunda instância a sua destinação revisora, como provoca lacuna não escusável e só suprível mediante intimação do contribuinte para apresentação de nova impugnação. Recurso voluntário a que se dá provimento.�Por unanimidade de votos, ACOLHER a preliminar de nulidade dos atos processuais após a ciência de autuação suscitadas pela recorrente e DETERMINAR a remessa dos autos à repartição de origem para reabertura de prazo para impugnação. Cândido Rodrigues Neuber - Presidente. Publicado no DOU em: 30.11.2007�Relator: Antonio Carlos Guidom Filho Recorrente: RAMIRO CAMPELO & CIA. LTDA. Recorrida: DRJ- SALVADOR/BA . Segundo paradigma 1° Conselho de Contribuintes / 3a. Câmara / ACÓRDÃO 103- 20.806 em 07.12.2001�PIS-DEDUÇÃO - Ex(s): 1983 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL.PIS-DEDUÇÃO. EXTRAVIO DE PARTES PROCESSUAIS. RECONSTITUIÇÃO. NÃO - OCORRÊNCIA PLENA. FALTA DE PEÇA VESTIBULAR DO IRPJ. CSSL. DEPENDÊNCIA. DECISÃO MONOCRATICA. REVISÃO. IMPOSSIBILIDADE.NULIDADE FORMAL. Se a peça impugnatória instala o litígio, a sua falta, por não restauração dos seus termos, não só subtrai do órgão julgador de segunda instancia a sua destinação revisora, como corta cerca na lide, provocando uma lacuna não escusável e só suprível quando tomada a peça recursal como se impugnação fosse. Por unanimidade de votos, DAR provimento ao recurso para ACOLHER a preliminar de nulidade da decisão a quo e determinar a remessa dos autos A repartição de origem, para que a petição de fls. 18, 19 e 22 seja apreciada como impugnação. Cândido Rodrigues Neuber - Presidente�Publicado no DOU em: 01.02.2002�Relator: Neicyr de Almeida�Recorrente: CEMEX - COMERCIAL MADEIRAS EXPORTA- ÇÃO S/A. Confrontando-se as disposições expressas nas ementas e nos votos condutores dos acórdãos acima, evidencia-se o alegado dissenso jurisprudencial, eis que houve aplicação de entendimentos diferentes para casos semelhantes, razão pela qual o presente recurso deve ser admitido. Neste sentido foi a análise da admissibilidade do recurso: Da leitura do relatório do acórdão recorrido, constata-se houve extravio do volume 2, em que, dentre os documentos encontrava- se a impugnação, não sendo considerado referido extravio suficiente para nulidade processual. Em sentindo inverso é o entendimento dos acórdãos paradigmas, qual seja, se a peça impugnatória instala o litígio, a sua falta, Fl. 714DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por NATHALIA CORREIA POMPEU, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assina do digitalmente em 06/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10580.021660/99-17 Acórdão n.º 9101-002.423 CSRF-T1 Fl. 715 10 porn ão restauração dos seus termos, não só subtrai do órgão julgador de segunda instância a sua destinação revisora, como provoca lacuna não escusável e só suprível mediante intimação do contribuinte para apresentação de nova impugnação, motivo que determinou a remessa dos autos à repartição de origem para reabertura de prazo para impugnação. Ante aos exposto, os acórdãos apresentados pela contribuinte, SERTEL SERVIÇOS DE INSTALAÇÕES TÉRMICAS LTDA, ao meu ver, cumprem a exigência de demonstrar, fundamentadamente, a divergência de interpretação de lei tributária entre Câmaras do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Portanto, também resta superado este ponto admissional do presente recurso, razão pela qual adentro o mérito. Mérito A questão em disputa consiste em saber se o extravio de parte de documentos do processo administrativo – in casu, da peça impugnatória – macula-o de nulidade. Alega o recorrente a necessidade de sua reintimação para apresentação de nova impugnação, por ser esta peça processual essencial à análise e deslinde do caso. Hão de ser analisados, primeiramente, as concepções e efeitos jurídicos da matéria para, então, verificar sua aplicação ao caso em tela. . Extravio de parte do processo administrativo. Ausência da peça de impugnação De início, há de se delinear os casos de nulidade incidentes no processo administrativo. Dentre vários dispositivos legais, ressalte-se o já apontado pelas decisões a quo, Decreto nº 70.235/72: Art. 59. São nulos: I - os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II - os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprir-lhe a falta. Art. 60. As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio. Fl. 715DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por NATHALIA CORREIA POMPEU, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assina do digitalmente em 06/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10580.021660/99-17 Acórdão n.º 9101-002.423 CSRF-T1 Fl. 716 11 Pois bem. Algumas considerações merecem ser tecidas sobre referida legislação: a) O inciso II do mencionado artigo abarca as hipóteses de preterição do direito de defesa; Nota-se que há um caso peculiar de preterição do direito da defesa quando há notícia nos autos de existência de impugnação do contribuinte, tendo sido, contudo, extraviada, proferindo-se decisões subsequentes que não se sabe ao certo até que ponto se pautaram na completa análise da defesa e de demais documentos que ali constavam. b) Reza o §1º que os atos posteriores dependentes do ato nulo ou que dele sejam consequência serão considerados eivados de igual vício; Considerando-se aqui a “preterição do direito de defesa” como o ato nulo em voga – tendo como marco o extravio de volume do PAF –, as decisões e demais fase processuais dela decorrentes também hão de ser eivadas de nulidade. c) O §3º apenas afasta a necessidade de repetir/suprir o ato quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade; No caso, a decisão do mérito foi contra ao sujeito passivo, não devendo ser afastada a necessidade de suprir a falha, o que, de fato, determinou-se na prévia análise do presente recurso. Contudo, não foi possível a retificação da lacuna. d) O art. 60 dispõe que as irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no art. 59 não importarão em nulidade, mas devem ser sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo; Aqui há de se ter a devida atenção ao quanto disposto: se as irregularidades, incorreções e omissões não especificamente dispostas no art. 59 não importam em nulidade, mas sim devem ser sanadas, caso não sejam remediadas, importarão em nulidade, por impossibilidade de prosseguimento no estado em que se encontram. A sua não observação poderá levar a um julgamento oppositum factum e/ou contra legem. A correta exegese aqui se faz primordial. Considere-se que cabe ao julgador fazer um exame de integração de normas dentro do ordenamento jurídico, compilando princípios norteadores de suas interpretação e, acima de tudo, considerando-se a segurança jurídica, o devido processo legal e a ampla defesa, abstraindo o objetivo e o alcance real da norma aos seus afetados. Destacam-se as lições de Luis Roberto Barroso nesse sentido: Toda norma jurídica e, ipso facto, toda norma constitucional, precisa ser interpretada. Interpretam-se todas as leis, sejam claras ou obscuras, pois não se deve confundir a interpretação com a dificuldade de interpretação. (…) embora haja recuperado algum prestígio após décadas de rejeição, a máxima in claris cessat interpretatio há de ter, tão-somente, o sentido de reconhecimento de que a zona de clareza existente na lei Fl. 716DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por NATHALIA CORREIA POMPEU, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assina do digitalmente em 06/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10580.021660/99-17 Acórdão n.º 9101-002.423 CSRF-T1 Fl. 717 12 enfraquece a atividade do intérprete, mas não o condena a uma acrítica interpretação literal 1 . Ademais, a impugnação é o ato que instaura a lide no âmbito administrativo fiscal, peça portanto essencial para o deslinde do processo. A sua ausência – aqui o extravio, juntamente com outros documentos que constituem o PAF – macula o direito constitucional de defesa e impossibilita uma análise objetiva e clara do regular prosseguimento de análise administrativa. Dali em diante, o que se tem são sucessivos atos de inferências e conjecuturas, sem a necessária segurança jurídica que há de respaldar atos de tal monta, o que gera uma sensação de arbitrariedade no deslinde de apuração de fatos fiscais em nítido prejuízo ao sujeito passivo. Vê-se que a própria legislação infraconstitucional delineou a importância dessa peça de defesa, tal qual outras fases processuais. Ela e seus correspondentes documentos são o marco para várias questões legais, tais como análise probatória, de teses jurídicas, preclusão, etc. Possui a impugnação determinação e descrição legais no Decreto nº 70.235/72 nos seguintes moldes: Art. 14. A impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento. Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. Art. 16. A impugnação mencionará: I - a autoridade julgadora a quem é dirigida; II - a qualificação do impugnante; III - os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; IV - as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. V - se a matéria impugnada foi submetida à apreciação judicial, devendo ser juntada cópia da petição. (...) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazê-lo em outro momento processual, a menos que: (…) § 6º Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão nos autos para, se for interposto recurso, serem apreciados pela autoridade julgadora de segunda instância. Art. 17. Considerar-se-á não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. Art. 21 (…) 1 BARROSO, Luis Roberto. Interpretação e aplicação da constituição . 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 109-110. Fl. 717DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por NATHALIA CORREIA POMPEU, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assina do digitalmente em 06/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10580.021660/99-17 Acórdão n.º 9101-002.423 CSRF-T1 Fl. 718 13 § 1º No caso de impugnação parcial, não cumprida a exigência relativa à parte não litigiosa do crédito, o órgão preparador, antes da remessa dos autos a julgamento, providenciará a formação de autos apartados para a imediata cobrança da parte não contestada, consignando essa circunstância no processo original. (…) Art. 22. O processo será organizado em ordem cronológica e terá suas folhas numeradas e rubricadas. (grifou-se) Ora, a Administração Pública há de ser cautelosa em sua atuação fiscal, não deixando margem à incertezas, apurando os fatos de acordo com o devidamente investigado e registrado. O extravio de um volume inteiro do processo administrativo fiscal e a sua regular tramitação em desfavor do sujeito passivo configura, de per si, situação jurídica esdrúxula, que deve ser de todo evitada; a constatação de que, dentre esses documentos, a impugnação do contribuinte ali se inseria agrava ainda mais a situação. Se não sanada, há de se reconhecer a nulidade do procedimento, sob pena de favorecimento da própria desídia. Aplicável a “teoria dos frutos da árvore envenenada”, aqui no sentido de que os procedimentos decorrentes de uma prova originária irregular – in casu, não mais existente – restam contaminados. Transmite-se, pois, o vício de forma intrínseca e inevitável, porque maculado desde a origem. A aceitação de mencionada teoria possui escopo nas premissas constitucionais da legalidade e proporcionalidade, corolários da garantia do direito de defesa em nosso ordenamento jurídico e instrumentos de salvaguarda do equilíbrio necessário em situações de conflitos. Havendo nexo de causalidade entre a ausência de uma peça essencial no processo administrativo (impugnação) e sucessivas decisões rechançando-a e mantendo a autuação fiscal contra o contribuinte, há de se reconhecer a aplicação da referida teoria. Reconhece, assim, a aplicação do brocardo quod nullum, est nullus efectu producit, no sentido de que o que é nulo nenhum efeito produz. Tecidas tais considerações, passemos à análise do presente caso. O Acórdão ora atacado decidiu a questão em análise preliminar nos seguintes termos: Assunto: Processo Administrativo Fiscal PRELIMINAR. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. No processo administrativo de determinação e exigência dos créditos tributários da União, disciplinado pelo Decreto n° 70.235/72, com as alterações introduzidas pela Lei n° 8.748/1993, as nulidades são aquelas expressamente previstas no seu art. 59, incisos I e II, quais sejam os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos proferidos por autoridade incompetente ou com preterição de defesa. Quaisquer outras irregularidades, incorreções e omissões diferentes das previstas no art. 59 não importam em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influirem na solução do litígio. Argumentou, para tanto: Fl. 718DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por NATHALIA CORREIA POMPEU, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assina do digitalmente em 06/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10580.021660/99-17 Acórdão n.º 9101-002.423 CSRF-T1 Fl. 719 14 Quanto ao pleito de nulidade de todo o processo em razão do extravio do então segundo volume do processo vale aqui lembrar a doutrina de José Joaquim Calmon de Passos, de cuja transcrição às fls. 559 destaco o seguinte excerto, no sentido de que o julgador deve cuidar se ".... A imperfeição do ato é sempre resultado de sua atipicidade, isto é, falta ou defeito de algum ou alguns de seus pressupostos ou requisitos. Concluindo pela perfeição, de logo rechaça a invalidade do ato ou do tipo. Convencendo-se de sua imperfeição, deve analisar a relevância ou irrelevância dessa imperfeição. Será irrelevante se a atipicidade, embora existente, não obstou fosse alcançado o fim a que se destinava o ato ou tipo argüido de inválido. Caso entenda ter havido prejuízo para os fins de justiça do processo em virtude da imperfeição, decretará a invalidade do ato ou tipo. ..." (destaque da recorrente). Embora tenha se extraviado o segundo volume do processo à época, compulsando os autos constata-se que deste fato não adveio nenhum prejuízo à contribuinte, a qual se limitou a pugnar pela nulidade de todo o processo, apenas porque extraviado o referido volume, mas sem declinar qualquer prejuízo à sua defesa ou quanto à compreensão dos fatos. (…) A alegada ausência da impugnação que se encontrava no volume extraviado também não me parece motivo suficiente para declarar a nulidade do processo. A decisão recorrida sem dúvida foi prolatada à vista da referida impugnação, onde foram resumidos os argumentos de defesa, de cujo teor a contribuinte tem conhecimento e, no recurso voluntário não acusou nenhuma omissão no acórdão recorrido, por exemplo, algum fato reclamado que não tivesse sido analisado na decisão recorrida, ou seja, a contribuinte não alegou nenhum prejuízo à sua defesa em razão da inexistência da impugnação, ao contrário, no recurso voluntário evoca disposição da decisão recorrida para reforçar suas razões recursais. Destarte, verifica-se que embora se constitua em fato grave e inusitado, o desaparecimento do então segundo volume do processo, no caso presente, mostra-se irrelevante à compreensão dos fatos, nada impedindo que este Colegiado decida com conhecimento de causa, segurança e serenidade. Tal posicionamento seguiu anterior apreciação da Delegacia da Receita Federal de Julgamento, no ponto a seguir reproduzido: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 1995, 1996 Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. NULIDADE. A nulidade do auto de infração só ocorre quando sua lavratura for efetuada por servidor incompetente. (...) A Delegacia da Receita Federal de Julgamento sustentou o entendimento acima nos seguintes moldes: Fl. 719DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por NATHALIA CORREIA POMPEU, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assina do digitalmente em 06/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10580.021660/99-17 Acórdão n.º 9101-002.423 CSRF-T1 Fl. 720 15 Inicialmente, faz-se necessário salientar que a argüição de nulidade levantada pela impugnante não procede uma vez que: a) a hipótese de nulidade dos atos processuais, entre os quais se incluem os autos de infração, está perfeitamente definida no inciso I do artigo 59 do Decreto n.° 70.235/1972 Processo Administrativo Fiscal - PAF, com as alterações introduzidas pela Lei n° 8.748/1993, e refere-se ao caso em que a lavratura tenha sido feita por pessoa incompetente, o que não veio a ocorrer na situação presente. (...) Note-se que a anomalia fática do caso em análise foi reconhecida no Acórdão atacado no presente recurso: A decisão recorrida sem dúvida foi prolatada à vista da referida impugnação, onde foram resumidos os argumentos de defesa, de cujo teor a contribuinte tem conhecimento e, no recurso voluntário não acusou nenhuma omissão no acórdão recorrido, por exemplo, algum fato reclamado que não tivesse sido analisado na decisão recorrida, ou seja, a contribuinte não alegou nenhum prejuízo à sua defesa em razão da inexistência da impugnação, ao contrário, no recurso voluntário evoca disposição da decisão recorrida para reforçar suas razões recursais. Destarte, verifica-se que embora se constitua em fato grave e inusitado, o desaparecimento do então segundo volume do processo, no caso presente, mostra-se irrelevante à compreensão dos fatos, nada impedindo que este Colegiado decida com conhecimento de causa, segurança e serenidade. (grifou-se) Taxar de irrelevante tal desídia e acrescentar que as decisões administrativas mesmo assim serão tomadas “com conhecimento de causa, segurança e serenidade” não se parece plausível à continuidade de uma cobrança fiscal. A análise de impugnação, com prolação de decisão de seu exame, não basta para sanar sua ausência superveniente e de outros documentos em um processo administrativo, porque referida análise não conclui o processo, vez que passível de outros recursos. Considerar o contrário é tomar por indubitável a 1ª apreciação decisória no âmbito do PAF, sem a necessidade de sempre retornar aos autos para maiores aferições documentais e de defesa. A relevância da manutenção do processo administrativo se estende também à possibilidade de sua perquirição no âmbito judicial (art. 42 da Lei nº 6.830/80), para tanto sendo salutar manter-se a integralidade do processo. Na eventualidade de alguma alegação de defesa por parte do contribuinte, haver-se-ia de considerá-la verdadeira, invertendo-se o ônus da prova, visto que impossível rechaçá-la de pronto pela Administração Pública, que detém apenas parte do processo administrativo que instaurou a cobrança de crédito fiscal. Portanto, ambas as partes são prejudicadas caso o PAF siga na fase em que se encontra . Assim reconhece o Tribunal Regional Federal da 2ª Região: Ementa: EXECUÇÃO FISCAL. EMBARGOS. COMPROVAÇÃO PARCIAL DE PAGAMENTO. PERÍCIA CONTÁBIL. AUSÊNCIA DE DOCUMENTOS REQUERIDOS À EXEQUENTE. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. POSSIBILIDADE. Fl. 720DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por NATHALIA CORREIA POMPEU, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assina do digitalmente em 06/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10580.021660/99-17 Acórdão n.º 9101-002.423 CSRF-T1 Fl. 721 16 EXTRAVIO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO. CONSIDERA- SE VERDADEIRA A ALEGAÇÃO DE PAGAMENTO. INEXIGIBILIDADE DA DÍVIDA. EXTINÇÃO DA EXECUÇÃO. 1 - Os artigos 41 c/c 3º da Lei 6830 /80 determinam que é obrigação da União resguardar os processos administrativos fiscais, que originam as dívidas a serem inscritas, devendo a certidão de dívida ativa, meramente indicativa, ser corroborada por documentos, quando requerido. 2 - A presunção de liquidez e certeza do título é apenas relativa, devendo ser invertido o ônus probatório quando o embargante apresenta documentos que traduzem fortes indícios de pagamento, principalmente quando o único documento faltante para comprovar totalmente a inexigibilidade do título está em poder da Fazenda. 3 - A Fazenda Nacional admite que a documentação juntada pela embargante demonstra o pagamento parcial da dívida, mas, por outro lado, não comprova documentalmente que ainda há saldo remanescente a ser pago. 4 - Se a exeqüente não sabe nem ao menos onde se encontra o fundamento da cobrança, é inaceitável que se prossiga com a execução fiscal, sob pena de ilegalidade e grave prejuízo ao executado. 5 – Apelação a que se nega provimento. (TRF-2 - APELAÇÃO CIVEL AC 198951010185331 RJ 1989.51.01.018533-1 (TRF-2). Data de publicação: 16/09/2010) [grifou-se] O mesmo posicionamento foi externado perante análise de igual matéria no âmbito do 1º Conselho de Contribuintes, como bem trouxe à baila o recorrente: 1° Conselho de Contribuintes/3ª. Câmara ACÓRDÃO 103- 23.113 em 05.07.2007 IRPJ E OUTRO - Ex(s): 1996 a 1999 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL - EXTRAVIO DE PARTES PROCESSUAIS - RECONSTITUIÇÃO - FALTA DE PEÇA ESSENCIAL - NULIDADE FORMAL - Se a peça impugnatória instala o litígio, a sua falta, por não restauração dos seus termos, não só subtrai do órgão julgador de segunda instância a sua destinação revisora, como provoca lacuna não escusável e só suprível mediante intimação do contribuinte para apresentação de nova impugnação. Recurso voluntário a que se dá provimento.�Por unanimidade de votos, ACOLHER a preliminar de nulidade dos atos processuais após a ciência de autuação suscitadas pela recorrente e DETERMINAR a remessa dos autos à repartição de origem para reabertura de prazo para impugnação. Cândido Rodrigues Neuber - Presidente. Publicado no DOU em: 30.11.2007 Relator: Antonio Carlos Guidom Filho Recorrente: RAMIRO CAMPELO & CIA. LTDA. Recorrida: DRJ- SALVADOR/BA 1° Conselho de Contribuintes/3ª. Câmara / ACÓRDÃO 103- 20.806 em 07.12.2001�PIS-DEDUÇÃO - Ex(s): 1983 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL.PIS-DEDUÇÃO. EXTRAVIO DE PARTES PROCESSUAIS. RECONSTITUIÇÃO. NÃO - OCORRÊNCIA PLENA. FALTA DE PEÇA VESTIBULAR DO IRPJ. CSSL. DEPENDÊNCIA. DECISÃO MONOCRATICA. REVISÃO. IMPOSSIBILIDADE.NULIDADE FORMAL. Se a Fl. 721DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por NATHALIA CORREIA POMPEU, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assina do digitalmente em 06/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10580.021660/99-17 Acórdão n.º 9101-002.423 CSRF-T1 Fl. 722 17 peça impugnatória instala o litígio, a sua falta, por não restauração dos seus termos, não só subtrai do órgão julgador de segunda instância a sua destinação revisora, como corta cerca na lide, provocando uma lacuna não escusável e só suprível quando tomada a peça recursal como se impugnação fosse. Por unanimidade de votos, DAR provimento ao recurso para ACOLHER a preliminar de nulidade da decisão a quo e determinar a remessa dos autos A repartição de origem, para que a petição de fls. 18, 19 e 22 seja apreciada como impugnação. Cândido Rodrigues Neuber - Presidente Publicado no DOU em: 01.02.2002�Relator: Neicyr de Almeida Recorrente: CEMEX - COMERCIAL MADEIRAS EXPORTA- ÇÃO S/A. (grifou-se) Por fim, note-se que a Fazenda Nacional nada acrescentou de relevante quando de sua manifestação em contrarrazões ao presente recurso, resumindo-se a alegar genericamente a ausência de comprovação específica de prejuízo pelo contribuinte que pudesse ensejar a nulidade do processo fiscal. Resume suas alegações em simplórias 4 linhas, somente considerando “nullité sans grief”, o que ratifica a deficiência do quanto defendido, porque facilmente refutável. Não tendo o sujeito passivo dado causa ao extravio da impugnação, não cabe a ele a responsabilidade de provar e sobrepesar o prejuízo prático que tal fato gerou nas investigações procedimentais. Aceitar tamanha premissa é ir de encontro aos ditames constitucionais fundamentais, como aqui discorrido. E mais: aceitar o prosseguimento deste processo no estado em que se encontra é definir que esta Corte aceitará tantos outros com igual vício – quiçá mais graves – favorecendo indiscrimináveis erros procedimentais e se distanciando cada vez mais da legalidade e do devido processo legal que hão de guiar o rito dos processos administrativos fiscais. Em se tratando de exigibilidade de crédito tributário, o procedimento administrativo é imprescindível. O vício em seu procedimento – se essencial e insanável – macula-o de nulidade, não podendo ser convalidado em realização de atos diversos daqueles pretendidos pela lei. O extravio de parte do procedimento administrativo e a impossibilidade de sua restauração, nele inserida a impugnação e seus documentos, insere-se na nulidade apontada. Destaque-se que a Turma desta Câmara Superior, em sua antiga composição, já havia reconhecido a necessidade de restauração das peças extraviadas (fls. 678/683), não sendo possível, contudo, o seu devido cumprimento, como certificado às fls. 686/688 e 702, o que, por conseguinte, só ratifica a importância desta defesa e a nulidade do processo no caso da impossibilidade de sua restauração. Conclusão e dispositivo do voto Voto, portanto, no sentido de CONHECER e DAR PROVIMENTO ao recurso especial interposto de contribuinte. DECLARO a nulidade dos atos administrativos retroativos à impugnação, devendo o contribuinte ser reintimado para apresentação desta defesa, com continuidade procedimental a partir de então. Fl. 722DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por NATHALIA CORREIA POMPEU, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assina do digitalmente em 06/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10580.021660/99-17 Acórdão n.º 9101-002.423 CSRF-T1 Fl. 723 18 (assinado digitalmente) Nathalia Correia Pompeu Fl. 723DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por NATHALIA CORREIA POMPEU, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assina do digitalmente em 06/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10580.021660/99-17 Acórdão n.º 9101-002.423 CSRF-T1 Fl. 724 19 Voto Vencedor Conselheiro Rafael Vidal de Araújo - Redator Designado Em que pesem os argumentos arrolados pela I. Relatora, peço licença para deles divergir. Como bem explicado na decisão recorrida, não restou provado que o extravio da peça impugnatória e dos outros documentos a ela anexados tenha prejudicado o direito de defesa da recorrente. De fato, a impugnação ao lançamento não é documento probatório do direito do sujeito passivo e, ademais, a recorrente não aponta quais documentos probatórios de seu direito teriam sido extraviados junto com a peça impugnatória. No caso, trata-se de uma questão bem simples, qual seja, o arbitramento do lucro em razão da falta de apresentação dos livros e documentos necessários à apuração do lucro real relativamente ao anos-calendários de 1995 e 1996, conforme termo de intimação fiscal (e-fl. 54), termo de reintimação fiscal (e-fl. 56) e respectiva resposta onde a fiscalizada pede prazo para apresentação dos livros (e-fl. 58). Tal prazo foi concedido, mas a fiscalizada jamais apresentou os livros Diário e Razão solicitados, conforme termos de intimação e respectivas respostas (e-fl. 59 e ss.). Registre-se ainda que embora o sujeito passivo tenha, em 20/12/1999, afirmado ao autor da ação fiscal que estaria em colapso financeiro e praticamente sem prestar serviços desde 1994 (e-fl. 58 e e-fl. 62), o fato é que a auditoria circularizou junto à Petrobrás e verificou que a fiscalizada prestou vultosos serviços a essa empresa nos anos de 1995 e 1996, conforme notas fiscais apresentadas pela Petrobrás (e-fl. 160 e ss.), e sintetizadas no demonstrativo de e-fl. 50. Não custa lembrar que também constam dos autos a DIRPJ/1996 (e-fl. 75 e ss.) e a DIRPJ/1997 (e-fl. 80 e ss.), ambas com opção pelo lucro real, mas "zeradas". Então, não vejo exatamente como, no presente caso, o extravio da peça impugnatória e de outros documentos a ela anexados (que, como dito acima, a recorrente não disse quais seriam) possam ter causado prejuízo à defesa. Aliás, a própria recorrente não esclarece, nem no recurso voluntário nem no recurso especial, qual o prejuízo teria sido causado à sua defesa o extravio da peça impugnatória e de outros documentos a ela anexados. Limita-se a afirmar que o extravio (por si só) implica a nulidade do processo administrativo. Ou seja, o que a recorrente deseja é a nulidade pela nulidade. Ocorre que tal pretensão não encontra amparo no Direto nacional, pois em nosso Direito Processual Civil e Administrativo vigora o princípio do pas de nullité sans grief, isto é, não há nulidade processual sem prejuízo. Tal princípio foi, inclusive, acolhido no art. 60 do Decreto 70.235/72, in verbis: Fl. 724DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por NATHALIA CORREIA POMPEU, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assina do digitalmente em 06/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10580.021660/99-17 Acórdão n.º 9101-002.423 CSRF-T1 Fl. 725 20 Art. 60. As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio. (g.n.) (...) Em extensa obra, intitulada O Prejuízo e as Nulidades Processuais Penais, Jorge Coutinho Paschoal, assevera: "Na verdade, o vício da forma pode indicar a violação ou a colocação em risco de algum valor, o qual, em realidade, dá ensejo à nulidade, já que, muito mais que formas, a nulidade visa resguardar valores". Isso nos remete a seguinte digressão: qual o valor que o contribuinte quer ver protegido? Será que é o direito de defesa? Quanto a isso, vejamos o que diz o recorrido: Embora tenha se extraviado o segundo volume do processo A. época, compulsando os autos constata-se que deste fato não adveio nenhum prejuízo A contribuinte, a qual se limitou a pugnar pela nulidade de todo o processo, apenas porque extraviado o referido volume, mas sem declinar qualquer prejuízo A sua defesa ou quanto A compreensão dos fatos. Essa constatação defluiu da análise dos elementos de prova presentes nos autos, como passo a analisar: - a empresa não mantinha escrituração contábil regular, com observância das disposições das leis comerciais e fiscais, segundo sua resposta a intimações fiscais, fls. 46; - como se vê no "Termo de Verificação Fiscal" a empresa informou que não escriturou nenhum livro contábil-fiscal sob a alegação de que nos anos- calendário de 1995 e 1996 esteve sem movimento; - apresentou as declarações de rendimentos do IRPJ, relativas aos exercícios de 1996 e 1997, anos-calendário de 1995 e 1996, com movimento igual a zero; - as cópias de folhas do livro "Registro do Imposto sobre Serviço de Qualquer Natureza", fls. 97 a 122, levam o carimbo "SEM MOVIMENTO"; - o fisco quantificou a base de cálculo do arbitramento com base nas DCTF's entregue pela PETROBRAS à Secretaria da Receita Federal; - os valores dos serviços prestados pela autuada à PETROBRAS nos anos- calendário de 1995 e 1996, que serviram de base ao arbitramento estão demonstrados na planilha de fls. 39 que instrui a lavratura dos autos de infração; - o fisco solicitou e a PETROBRAS forneceu as cópias das notas fiscais dos serviços a ela prestados pela autuada nos anos-calendário autuados; - extratos das DIRF's entregues à SRF pela PETROBRÁS, relativas aos serviços que lhe foram prestados pela autuada encontram-se às fls. 124 a 129; - às fls. 132 a 139, encontram cópias de "Relatório de Faturamento para Receita Federal", fornecidos pela PETROBRAS, relativos aos serviços prestados pela autuada, de modo que a autuada tem nos autos todos os elementos necessários a impugnar, centavo a centavo, os valores autuados; Fl. 725DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por NATHALIA CORREIA POMPEU, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assina do digitalmente em 06/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10580.021660/99-17 Acórdão n.º 9101-002.423 CSRF-T1 Fl. 726 21 - além de não manter escrituração comercial e fiscal regular, no único livro fiscal que apresentou ao fisco nada foi escriturado constando apenas a indicação "sem movimento"; - embora a empresa nos anos-calendário autuados tivesse prestado continuados e vultosos serviços à PETROBRÁS, as fichas das declarações que apresentou à SRF, fls. 60 a 96, foram preenchidas sem valores, tendo preenchido as suas linhas com zero; - a empresa sabe quais os serviços que prestou à PETROBRAS e teria condições de questionar os levantamentos fiscais com ou sem o segundo volume extraviado; - como a Auditora-Fiscal autuante, no despacho de fls. 288, informa que numerou e rubricou das fls. 01 a 287 do volume 1, bem como as fls. 288 a 479 do volume 2, constata-se que o processo, quando protocolizado na repartição fiscal pela autuante, tinha até as fls. 479; a impugnação recebeu os números de folhas seguintes 480/482, como se vê da decisão recorrida, fls. 315, portanto é certo que as folhas que constituíam o desaparecido segundo volume, então fls. 288 a 479, se referiam a cópias de parte das notas fiscais fornecidas pela PETROBRAS em atendimento à intimações fiscais, considerando a ordem com que a autuante aportou aos autos a documentação que instrui os autos de infração, como se vê na decisão recorrida, no 6° parágrafo da fls. 316, onde foi consignado "..., em que pese ter prestado serviços à Petrobrás, comprovados pelos documentos anexados pelo fisco às fl.s 130/478 " (destaquei), cujos valores de serviços já haviam sido informados nas DCTF's e nas DIRF's que a PETROBRAS apresentou à SRF, bem como os respectivos valores integram os relatórios de faturamento entregues pela PETROBRAS ao fisco, relativos aos serviços que lhe foram prestados pela autuada. A alegada ausência da impugnação que se encontrava no volume extraviado também não me parece motivo suficiente para declarar a nulidade do processo. A decisão recorrida sem dúvida foi prolatada à vista da referida impugnação, onde foram resumidos os argumentos de defesa, de cujo teor a contribuinte tem conhecimento e, no recurso voluntário não acusou nenhuma omissão no acórdão recorrido, por exemplo, algum fato reclamado que não tivesse sido analisado na decisão recorrida, ou seja, a contribuinte não alegou nenhum prejuízo à sua defesa em razão da inexistência da impugnação, ao contrário, no recurso voluntário evoca disposição da decisão recorrida para reforçar suas razões recursais. Destarte, verifica-se que embora se constitua em fato grave e inusitado, o desaparecimento do então segundo volume do processo, no caso presente, mostra-se irrelevante à compreensão dos fatos, nada impedindo que este Colegiado decida com conhecimento de causa, segurança e serenidade. (...) No recurso voluntário, a contribuinte não alegou nenhum prejuízo à sua defesa em razão da ausência da impugnação! Assim, se o valor a ser protegido não é o direito de defesa; então, o que seria? O zelo da administração com o processo? A leitura que faço da situação é que na verdade, o que se busca é penalizar a Administração por haver perdido o volume e não porque ele seja importante para a defesa da recorrente. Fl. 726DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por NATHALIA CORREIA POMPEU, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assina do digitalmente em 06/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10580.021660/99-17 Acórdão n.º 9101-002.423 CSRF-T1 Fl. 727 22 Por tudo o que vi no processo, a recorrente, que é a única pessoa que poderia juntar a impugnação e os respectivos documentos, não está interessada em fazê-lo. Tudo leva a crer que a contribuinte, sabendo que sua impugnação de três folhas não lhe é tão proveitosa, quer manter essa preliminar de nulidade durante o restante do contencioso, seja o administrativo, seja eventualmente o judicial, com esperança de em algum momento receber uma decisão que a socorra. Parece-me aqui a situação de se querer manter uma situação inusitada de forma a obter algum proveito no futuro, mas nemo auditur propriam turpitudinem allegans, ou, numa versão mais moderada, a ninguém será concedido um benefício por não querer cooperar, quando pode fazê-lo (desatendimento aos princípios processuais da cooperação ou da colaboração). Ademais, relativamente às notas fiscais integrantes do segundo volume, sequer houve alguma argumentação de que entre elas havia vendas/serviços cancelados, simples remessa para eventos, ou outras hipóteses de fatos não tributáveis. Encerro, combinando a observação de um ilustre conselheiro desta turma, na sessão passada, de que o Acórdão da DRJ resumiu as alegações da impugnação (o que goza de fé pública) com o que anotou o recorrido de que a contribuinte, no recurso voluntário, não acusou nenhuma omissão na decisão de primeira instância, concluindo que não deve haver nada retumbante e novo na impugnação, que, por si só, poderia dirigir a decisão para o sentido contrário. O bom senso nos diz que, se houvesse um argumento de grande envergadura, certamente a DRJ o teria apreciado, ainda que fosse apenas para refutá-lo. Por esses motivos, e também adotando como razões de decidir os argumentos do acórdão recorrido, transcritos anteriormente, com a mais devida vênia à eminente Relatora, e em que se pese o seu brilhante texto, voto por rejeitar o acolhimento da nulidade. (documento assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo Fl. 727DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por NATHALIA CORREIA POMPEU, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assina do digitalmente em 06/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO
score : 1.0
Numero do processo: 13601.000471/2002-61
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 29 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Oct 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/10/2001 a 31/12/2001
IPI. ESTABELECIMENTO EQUIPARADO A INDUSTRIAL. SUSPENSÃO. LEI Nº 9.826/99.
O direito à suspensão do IPI previsto no artigo 5º da Lei nº 9.826/99 não alcança os estabelecimentos equiparados a industriais, por ausência de previsão legal.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3402-003.430
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos Atulim - Presidente
(assinado digitalmente)
Maria Aparecida Martins de Paula - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201609
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/10/2001 a 31/12/2001 IPI. ESTABELECIMENTO EQUIPARADO A INDUSTRIAL. SUSPENSÃO. LEI Nº 9.826/99. O direito à suspensão do IPI previsto no artigo 5º da Lei nº 9.826/99 não alcança os estabelecimentos equiparados a industriais, por ausência de previsão legal. Recurso Voluntário Negado
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Oct 06 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 13601.000471/2002-61
anomes_publicacao_s : 201610
conteudo_id_s : 5644485
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Oct 07 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 3402-003.430
nome_arquivo_s : Decisao_13601000471200261.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA
nome_arquivo_pdf_s : 13601000471200261_5644485.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim - Presidente (assinado digitalmente) Maria Aparecida Martins de Paula - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto.
dt_sessao_tdt : Thu Sep 29 00:00:00 UTC 2016
id : 6515872
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:53:04 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048690490343424
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1710; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 872 1 871 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13601.000471/200261 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3402003.430 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 29 de setembro de 2016 Matéria IPI Recorrente KIDDE BRASIL LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/10/2001 a 31/12/2001 IPI. ESTABELECIMENTO EQUIPARADO A INDUSTRIAL. SUSPENSÃO. LEI Nº 9.826/99. O direito à suspensão do IPI previsto no artigo 5º da Lei nº 9.826/99 não alcança os estabelecimentos equiparados a industriais, por ausência de previsão legal. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim Presidente (assinado digitalmente) Maria Aparecida Martins de Paula Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 60 1. 00 04 71 /2 00 2- 61 Fl. 872DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/10/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 04/10/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por ANTONIO C ARLOS ATULIM 2 Tratase de recurso voluntário contra decisão da Delegacia de Julgamento em Juiz de Fora que julgou procedente em parte a manifestação de inconformidade da contribuinte. A empresa FEAM COMERCIAL LTDA. pleiteou ressarcimento de créditos de IPI relativos ao 4º trimestre de 2001, no valor de R$96.993,00, com fundamento no art. 5º da Lei nº 9.826/99 e Instrução Normativa SRF nº 21/97. A pessoa jurídica FEAM COMERCIAL LTDA. foi incorporada pela KIDDE BRASIL LTDA, sendo que o estabelecimento requerente passou a figurar como filial da empresa incorporadora, de forma que esta empresa é a legítima interessada no presente processo. Apurou a fiscalização que a contribuinte, que era equiparada a industrial por opção, nos termos do art. 11, I do RIPI/98, estava se utilizando indevidamente da suspensão do IPI prevista na Medida Provisória nº 1916/99, convertida na Lei nº 9.826/99, somente para estabelecimentos industriais. Assim, em face desses valores de IPI não destacados, foi reconstituída a escrita fiscal do imposto, adicionandose os débitos apurados, no que resultou a redução dos montantes de saldos credores originalmente apurados pela empresa e, para alguns períodos, os saldos se tornaram devedores e foram objeto de exigência do processo nº 13603.0017/200566. O pleito de ressarcimento objeto do presente processo foi indeferido, tendo em vista que a empresa "assim como não poderia promover saídas com suspensão de IPI, por não ser estabelecimento industrial, também não tem direito ao ressarcimento pleiteado, pois tais créditos não se originaram da aquisição de insumos para industrialização". A contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, sustentando a aplicação do art. 5º da Lei nº 9.826/99 também aos estabelecimentos equiparados a industrial, de forma que, em face da suspensão, teria direito ao ressarcimento do saldo credor de IPI. A Delegacia de Julgamento solicitou à DRF que verificasse, dentre outros pontos, a legitimidade dos créditos da empresa e a necessidade de estorno, nesses termos: A DRF (fls. 200/202) confirmou a legitimidade dos créditos escriturados da contribuinte, equiparada a industrial, decorrentes de aquisições de extintores de incêndio e suportes para extintores e que todas as revendas foram efetuadas para estabelecimentos industriais (montadoras de veículos). Quanto ao estorno do crédito, a DRF ponderou que, no auto de infração lavrado ao final da diligência, toda a escrituração da recorrente já fora refeita, Fl. 873DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/10/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 04/10/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por ANTONIO C ARLOS ATULIM Processo nº 13601.000471/200261 Acórdão n.º 3402003.430 S3C4T2 Fl. 873 3 razão pela qual somente caberia exigir o estorno em caso de improcedência da autuação (quando, então, a escrituração da recorrente voltaria à situação anterior à diligência). A DRJ, entretanto, entendeu que o estorno do crédito deveria ser providenciado pela recorrente simultaneamente à formulação do pedido, independentemente do resultado do auto de infração, razão pela qual solicitou à DRF que intimasse a recorrente para demonstrar o estorno do crédito. A recorrente, então, juntou o RAIPI dos períodos de fevereiro de 1998 a dezembro de 2007, demonstrando que efetuou, em novembro de 2007, o estorno de todos os créditos objeto deste pedido de ressarcimento (Doc. 02), e os autos retornaram à DRJ. A Delegacia de Julgamento, mediante o Acórdão nº 0918.584 3ª Turma da DRJ/JFA (fls. 718/725), de 31 de janeiro de 2008, decidiu por deferir em parte a solicitação contida na manifestação de inconformidade para reconhecer o direito creditório no montante de R$ 2.360,79, conforme ementa abaixo: Seguindo o mesmo entendimento de outro acórdão, proferido no processo nº 13603.001713/200566, que trata do auto de infração e da reconstituição da escrita fiscal, a DRJ sustentou sua decisão, em síntese, nos seguintes pontos: Somente a saída dos bens arrolados no art. 5º da Lei nº 9.826/99 (chassis, carroçarias, peças, partes, componentes e acessórios) do estabelecimento industrial que os produziu para as montadoras dos veículos ali especificados é beneficiada pela suspensão do IPI, não cabendo a extensão pretendida pela impugnante ao estabelecimento equiparado, que não se confunde com o contribuinte do IPI na condição de estabelecimento industrial (art. 8º do RIPI/98). Mesmo com a ampliação das hipóteses para saídas com suspensão promovida pela Lei nº 10.485/2002 não se atingiu todos os estabelecimentos equiparados a industrial, mas tão somente aqueles que atendem às disposições do §6º do art. 5º da Lei nº 9.826/99 (acrescentado pela Lei nº 10.485/2002), o que não é o caso do estabelecimento da então FEAM. Assim, ao concluir pela improcedência das saídas com suspensão promovidas pela contribuinte, ficam convalidados os débitos apurados pela fiscalização bem como a reconstituição da escrita fiscal. Fl. 874DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/10/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 04/10/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por ANTONIO C ARLOS ATULIM 4 No entanto, como mesmo após serem computados os débitos apurados na ação fiscal, a reconstituição da escrita acusa saldos credores, seria necessária a análise dos pleitos de ressarcimento, nesses termos: A contribuinte foi regularmente cientificada do Acórdão de primeira instância, pela via postal, em 23/05/2008. Em 19/06/2008, a contribuinte apresentou recurso voluntário, mediante o qual alegou, em síntese: i) Do direito à suspensão do IPI por parte da recorrente e ii) Da violação ao princípio da isonomia por parte da decisão recorrida. Requereu a recorrente o deferimento integral de seu pedido de ressarcimento com a homologação das compensações efetuadas com base nesse crédito, bem como a sua notificação, em nome de seus patronos, para realizar sustentação oral perante o CARF. Mediante a Resolução nº 340200.032 4ª Câmara/2ª Turma Ordinária (fls. 787/789), de 14 de agosto de 2009, o julgamento foi convertido em diligência para que fosse anexada cópia da decisão administrativa definitiva proferida no processo nº 13603.001713/200566. Em 08 de junho de 2015 o processo nº 13603.004219/200715, que trata de compensação, foi juntado ao presente por apensação. Em cumprimento à referida Resolução, foram juntadas as cópias das peças do processo nº 13603.001713/200566 (fls. 810/869), as quais demonstram que já houve decisão definitiva administrativa, tendo sido o processo correspondente já enviado à PFN. Instada a manifestarse a recorrente não o fez no prazo concedido. É o relatório. Fl. 875DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/10/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 04/10/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por ANTONIO C ARLOS ATULIM Processo nº 13601.000471/200261 Acórdão n.º 3402003.430 S3C4T2 Fl. 874 5 Voto Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula, Relatora O recurso é tempestivo e foi apresentado por legítimo representante da contribuinte, pelo que dele tomo conhecimento. O pedido da recorrente para notificação para sustentação oral deve ser indeferido à míngua de previsão legal ou regimental. O § 1º do art. 55 do Anexo II do Regimento Interno do CARF RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2016, determina que a pauta de julgamento deve ser publicada no Diário Oficial da União com dez dias de antecedência, bem como no sítio da internet do CARF, sendo perfeitamente possível ao patrono do autuado acompanhar tais publicações para, caso lhe aprouver, formular sustentação oral na sessão de julgamento, em conformidade com os arts. 58 e 59 do referido Regimento Interno. Observase que a existência e o montante do saldo ora pleiteado decorre exclusivamente do montante dos débitos apurados no período, os quais dependem da incidência ou não da suspensão do imposto conforme art. 5º da Lei nº 9.826/99. Nessa esteira, o Colegiado já esclareceu, na Resolução nº 340200.032 4ª Câmara/2ª Turma Ordinária (fls. 787/789), que: "a questão de mérito a ser tratada no presente recurso encontrase intimamente ligada ao auto de infração formalizado através do processo nº 13603.001713/200566 através do qual se está a exigir o IPI considerado devido e não recolhido em virtude da utilização indevida de suspensão do imposto." Assim, em caso de eventual cancelamento do auto de infração, confirmarse ia a escrituração original do contribuinte e, por conseguinte, o saldo credor objeto deste processo resultaria incontroverso. Caso contrário, com a procedência da autuação, o saldo credor alegado neste processo estaria comprometido com a liquidação do débito lançado. O Acórdão nº 340301.680 – 4ª Câmara / 3ª Turma Ordinária, de 27 de junho de 2012, traz a decisão administrativa definitiva ao processo nº 13603.001713/200566, vez que foi negado seguimento ao recurso especial interposto pela contribuinte. Assim, no que concerne a questão da suspensão do imposto, deve ser aplicada aqui o mesmo entendimento exarado no Acórdão nº 340301.680, conforme Voto condutor do Ilustre Conselheiro Marcos Tranchesi Ortiz, abaixo reproduzido: (...) A controvérsia reside na interpretação do artigo 5º da Lei nº 9.826/99, de modo a fazêlo ou não alcançar os chamados contribuintes “equiparados a industriais”. Eis o dispositivo, na redação original e sucessivas modificações: “Art. 5º A saída, do estabelecimento industrial, ou a importação de chassis, carroçarias, peças, partes, componentes e acessórios, destinados à montagem dos produtos classificados nas posições 8701 a 8705 e 8711 da TIPI, darseá com suspensão do IPI. Fl. 876DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/10/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 04/10/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por ANTONIO C ARLOS ATULIM 6 (redação original) §1º O fabricante dos veículos referidos no caput ficará sujeito ao recolhimento do IPI suspenso, caso destine os produtos recebidos com suspensão do imposto a fim diverso do ali estabelecido. (redação original) §2º O disposto neste artigo não impede a manutenção e a utilização do crédito do imposto pelo estabelecimento que houver dado saída com suspensão do imposto. (redação original) §3º Nas notas fiscais relativas às saídas referidas no caput, deverá constar a expressão "Saído com suspensão do IPI", com a especificação do dispositivo legal correspondente, vedado o registro do imposto nas referidas notas. (redação original) Art. 5º Os componentes, chassis, carroçarias, acessórios, partes e peças dos produtos autopropulsados classificados nas posições 84.29, 84.32, 84.33, 87.01 a 87.06 e 87.11, da TIPI, sairão com suspensão do IPI do estabelecimento industrial. (Redação dada pela Lei nº 10.485, de 3.7.2002) §1º Os componentes, chassis, carroçarias, acessórios, partes e peças, referidos no caput, de origem estrangeira, serão desembaraçados com suspensão do IPI quando importados diretamente por estabelecimento industrial. (Redação dada pela Lei nº 10.485, de 3.7.2002) §2º A suspensão de que trata este artigo é condicionada a que o produto, inclusive importado, seja destinado a emprego, pelo estabelecimento industrial adquirente: (Redação dada pela Lei nº 10.485, de 3.7.2002) I na produção de componentes, chassis, carroçarias, acessórios, partes ou peças dos produtos autopropulsados; (Inciso incluído pela Lei nº 10.485, de 3.7.2002) II na montagem dos produtos autopropulsados classificados nas posições 84.29, 84.32, 84.33, 87.01, 87.02, 87.03, 87.05, 87.06 e 87.11, e nos códigos 8704.10.00, 8704.2 e 8704.3, da TIPI. (Inciso incluído pela Lei nº 10.485, de 3.7.2002) §3º A suspensão do imposto não impede a manutenção e a utilização dos créditos do IPI pelo respectivo estabelecimento industrial. (Redação dada pela Lei nº 10.485, de 3.7.2002) §4º Nas notas fiscais relativas às saídas referidas no caput deverá constar a expressão ‘Saída com suspensão do IPI’ com a especificação do dispositivo legal correspondente, vedado o registro do imposto nas referidas notas. (Parágrafo incluído pela Lei nº 10.485, de 3.7.2002) §5º Na hipótese de destinação dos produtos adquiridos ou importados com suspensão do IPI, distinta da prevista no §2º deste artigo, a saída dos mesmos do estabelecimento industrial adquirente ou importador darseá com a incidência do imposto. (Parágrafo incluído pela Lei nº 10.485, de 3.7.2002) §6º O disposto neste artigo aplicase, também, a estabelecimento filial ou a pessoa jurídica controlada de pessoas jurídicas fabricantes ou de suas controladoras, que opere na comercialização dos produtos referidos no caput e de suas partes, peças e componentes para reposição, adquiridos no mercado interno, recebidos em transferência de estabelecimento industrial, ou importados. (Parágrafo incluído pela Lei nº 10.485, de 3.7.2002) §6º O disposto neste artigo aplicase, também, ao estabelecimento equiparado a industrial, de que trata o §5º do art. 17 da Medida Provisória no 2.18949, de 23 de agosto de 2001. (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004)” A norma referese, unicamente, ao “estabelecimento industrial”. Fl. 877DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/10/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 04/10/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por ANTONIO C ARLOS ATULIM Processo nº 13601.000471/200261 Acórdão n.º 3402003.430 S3C4T2 Fl. 875 7 Na verdade, a partir da Lei nº 10.865/04, o §6º do artigo passou a contemplar também uma hipótese específica de contribuintes equiparados a industrias, quais sejam, aqueles referidos no §5º do art. 17, da MP nº 2.18949/ 01, in verbis: “Art. 17. Fica instituído regime aduaneiro especial relativamente à importação, sem cobertura cambial, de insumos destinados à industrialização por encomenda dos produtos classificados nas posições 8701 a 8705 da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados TIPI, por conta e ordem de pessoa jurídica encomendante domiciliada no exterior. §5o A empresa comercial atacadista adquirente dos produtos resultantes da industrialização por encomenda equiparase a estabelecimento industrial.” Não há quaisquer elementos nos autos que revelem a condição de empresa comercial atacadista – e nem mesmo que seja encomendante de produtos industrializados – da recorrente, razão pela qual cabe a esta trazer o conjunto probatório de suas alegações e, não o fazendo, resta prejudicado seu argumento. E mesmo que tais elementos probatórios existissem, a conclusão não se alteraria, tendo em vista que o referido §6º apenas foi incluído por meio da edição da Lei nº 10.485, de 3 de julho de 2002, muito tempo após, portanto, os fatos geradores ora analisados, os quais remontam – o mais recente deles – a janeiro/2001. Enfim, a questão que pede resposta é: quando se refere a “estabelecimento industrial”, o legislador automaticamente referese também ao “estabelecimento equiparado a industrial”? Ou, por outro giro, estabelecimentos industriais e equiparados a industriais têm o regime jurídico de IPI? Uma análise sistemática da legislação do IPI mostrame que não. O art. 24 do RIPI/10 (de dicção idêntica a dos regulamentos anteriores) define três espécies de contribuintes de IPI: o importador (inciso I), o industrial (inciso II) e o equiparado a industrial (inciso III). A partir desta definição, cada um desses três tipos de contribuinte passa a receber disciplina legal que não necessariamente é coincidente. É perceptível a iniciativa do legislador de referirse não apenas ao industrial, mas também ao equiparado a industrial, sempre que pretende dispensar a ambos uma mesma regra atinente ao imposto. Isso de atesta ao longo de todo o regulamento, como na definição de responsáveis tributários (art. 26, caput), fatos geradores (art. 35, II), momento de ocorrência do fato gerador (art. 36, II), nãoincidência (art. 38, II, ‘b’ e III), suspensão (43, II e III), isenção (art. 54, XIV, XV e XXIII), crédito presumido (art. 134), lançamento (art. 182, I, ‘b’) e base de cálculo (art. 190, II). Enfim, o estabelecimento equiparado a industrial é um contribuinte do IPI que recebe do legislador uma disciplina jurídica própria. Fl. 878DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/10/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 04/10/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por ANTONIO C ARLOS ATULIM 8 Este foi o entendimento proferido no voto vencedor do P.A. nº 13603.000668/200794 (ac. 20181.456), julgado em 07 de outubro de 2008, pela extinta 1ª Câmara do 2º C.C., ao qual adiro sem ressalvas, in verbis: “Ocorre que o RIPI/1998 (e atualmente o RIPI/2002), embora tenha equiparado a industrial, por uma ficção legal, o estabelecimento comercial que se encontre em uma das situações previstas no seu art. 9º, em momento algum declara que essa equiparação asseguraria idêntico tratamento tributário a ambos os estabelecimentos, ou, tampouco, que eles sujeitarseiam, necessariamente, ao cumprimento das mesmas obrigações fiscais. Pelo contrário, constatase que tanto o RIPI/1998 quanto o RIPI/2002, ao longo de seus dispositivos, mantém clara distinção entre os estabelecimentos industriais (os quais realizam qualquer uma das operações previstas no seu art. 4º) e aqueles que, embora não exerçam tais atividades, foram equiparados a industriais, oferecendo, ainda, inequívoca percepção de que o legislador, quando pretende abrigar os estabelecimentos industrial e equiparado sob as mesmas regras, manifesta expressamente a sua intenção nesse sentido, através do texto da legislação.” Em suma, tratase de uma prerrogativa do legislador atribuir ou não aos estabelecimentos equiparados a industriais o mesmo tratamento dispensado aos estabelecimentos propriamente industriais. Percebese que, indubitavelmente, o artigo 5º da Lei nº 9.826/99 não desejou estender o referido benefício fiscal de suspensão do IPI aos estabelecimentos equiparados. Isto porque as várias modificações legislativas que sucederam a redação original, notadamente as Leis nºs 10.485/02 e 10.865/04, não cuidaram de estender a referida suspensão aos equiparados, muito embora tenham ampliado tal benefício aos estabelecimentos filiais, às pessoas jurídicas controladas e ao estabelecimento equiparado nos termos do §5º do art. 17, da MP nº 2.18949/ 01. Em outras palavras, quisesse o legislador ter estendido tal tratamento o teria feito de modo expresso. Não o fazendo, a IN/SRF nº 296/03, em seu art. 23, II, assim determinou, não sendo passível de qualquer alegação de ilegalidade, in verbis: “Art. 23. O disposto nesta Instrução Normativa não se aplica:(Redação dada pela IN SRF nº 429, de 21/06/2004) II a estabelecimento equiparado a industrial, salvo quando se tratar da hipótese de equiparação prevista no art. 4º. (Redação dada pela IN SRF 429, de 21/06/2004).” Há, inclusive, diversos outros precedentes deste Colegiado que ratificam o posicionamento no sentido da não extensão da suspensão prevista no art. 5º, da Lei nº 9.826/99 aos estabelecimentos equiparados a industriais, tais como o 13603.002155/0015 (CSRF, 2ª Turma, Ac. 0203.816, 12.02.2009), 13603.000272/200402 (CSRF, 2ª Turma, Ac. 0203.810, 12.02.2009) e 13603.000668/200794 (2º C.C., 1ª Câmara, Ac. 20181.456, 07.10.2008). (...) Assim, diante da procedência dos débitos lançados no auto de infração, não remanesce o saldo credor pleiteado pela recorrente, salvo a parte já concedida pela DRJ. Fl. 879DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/10/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 04/10/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por ANTONIO C ARLOS ATULIM Processo nº 13601.000471/200261 Acórdão n.º 3402003.430 S3C4T2 Fl. 876 9 Também não procede a alegação da recorrente de violação ao princípio da isonomia pela decisão recorrida, vez que a norma questionada visa justamente atingir situações ou pessoas jurídicas que são, segundo o entendimento do legislador ordinário, merecedoras de tratamento privilegiado dentro do contexto social, econômico e tributário do País, não se olvidando que cabe ao agente administrativo aplicar a lei tal como promulgada, sem estender seus efeitos para hipóteses nela não previstas. Assim, conforme acima exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. É como voto. (Assinatura Digital) Maria Aparecida Martins de Paula Relatora Fl. 880DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/10/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 04/10/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por ANTONIO C ARLOS ATULIM
score : 1.0
Numero do processo: 12448.720227/2014-17
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 28 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Oct 24 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Regimes Aduaneiros
Ano-calendário: 2011, 2012, 2013
Ementa:
IMPORTAÇÃO. PRESUNÇÃO LEGAL DE IDENTIDADE. MERCADORIAS DESCRITAS DE FORMA SEMELHANTE. DIFERENTES DECLARAÇÕES. ART. 68 DA LEI 10.833/2003. ESCOPO.
A presunção estabelecida no art. 68 da Lei no 10.833/2003 tem por escopo racionalizar os controles aduaneiros, permitindo que determinada mercadoria possa, v.g., ser identificada/fiscalizada uma única vez, sendo o tratamento estendido a outras declaradas de forma semelhante pelo mesmo importador. Não se presta a presunção constante no artigo, simplesmente, a permitir ao fisco, diante de declarações de importação de mercadorias do mesmo importador, com mercadorias descritas de forma semelhante, e com classificações e tratamentos diversos, outorgar a elas um dos tratamentos, escolhido pelo fisco ou pelo importador, sem comprovar que é o correto.
MULTA ADUANEIRA. FATURA APRESENTADA SEM ASSINATURA. REVISÃO ADUANEIRA. ART. 70, II, "b", 1 DA LEI 10.833/2003. ESPECIFICIDADE.
A assinatura do exportador na fatura comercial é requisito de validade do documento. Assim, apresentar à fiscalização uma fatura comercial sem assinatura do exportador produz exatamente a mesma consequência da não apresentação de fatura. Em revisão aduaneira, tal consequência é a aplicação da multa prevista no art. 70, II, "b", 1 da Lei no 10.833/2003, sem prejuízo das demais disposições do referido inciso II. Tal multa, por sua especificidade (versando sobre ausência de apresentação de "documentos obrigatórios de instrução das declarações aduaneiras", como a fatura), prevalece sobre a multa genérica de que trata o art. 107, IV, "b" do Decreto-Lei no 37/1966, com a redação dada pela mesma Lei no 10.833/2003 (por "documentos relativos à operação... bem como outros").
MULTA ADUANEIRA. DESCRIÇÃO INCOMPLETA. AUSÊNCIA DE INFORMAÇÃO NECESSÁRIA AO TRATAMENTO TRIBUTÁRIO E ADUANEIRO. ART. 69 DA LEI 10.833/2003
Aplica-se a multa referida no art. 69 da Lei no 10.833/2003, no caso de descrição incompleta das mercadorias nas declarações de importação, omitindo-se informação necessária à determinação do procedimento de controle apropriado, inclusive no que se refere à tributação da importação, ou ao enquadramento em Ex Tarifário.
Numero da decisão: 3401-003.260
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício. Respeitante ao recurso voluntário, deu-se parcial provimento, por unanimidade de votos, para afastar (a) os tributos lançados; (b) a multa de ofício de que trata o art. 44 da Lei no 9.430/1996; (c) a multa prevista no art. 107, IV, "b" do Decreto-Lei no 37/1966, com a redação dada pela Lei no 10.833/2003; e, (d) em relação às adições 22 e 24 da DI no 12/0026081-5, a multa prevista no art. 69 da Lei no 10.833/2003. Os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco davam provimento em maior extensão para exonerar a multa do art. 69 da Lei no 10.833/2003 para todas as DI. Sustentou pela recorrente o advogado João Agripino Maia, OAB no 115.567.
ROBSON JOSÉ BAYERL - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201609
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Regimes Aduaneiros Ano-calendário: 2011, 2012, 2013 Ementa: IMPORTAÇÃO. PRESUNÇÃO LEGAL DE IDENTIDADE. MERCADORIAS DESCRITAS DE FORMA SEMELHANTE. DIFERENTES DECLARAÇÕES. ART. 68 DA LEI 10.833/2003. ESCOPO. A presunção estabelecida no art. 68 da Lei no 10.833/2003 tem por escopo racionalizar os controles aduaneiros, permitindo que determinada mercadoria possa, v.g., ser identificada/fiscalizada uma única vez, sendo o tratamento estendido a outras declaradas de forma semelhante pelo mesmo importador. Não se presta a presunção constante no artigo, simplesmente, a permitir ao fisco, diante de declarações de importação de mercadorias do mesmo importador, com mercadorias descritas de forma semelhante, e com classificações e tratamentos diversos, outorgar a elas um dos tratamentos, escolhido pelo fisco ou pelo importador, sem comprovar que é o correto. MULTA ADUANEIRA. FATURA APRESENTADA SEM ASSINATURA. REVISÃO ADUANEIRA. ART. 70, II, "b", 1 DA LEI 10.833/2003. ESPECIFICIDADE. A assinatura do exportador na fatura comercial é requisito de validade do documento. Assim, apresentar à fiscalização uma fatura comercial sem assinatura do exportador produz exatamente a mesma consequência da não apresentação de fatura. Em revisão aduaneira, tal consequência é a aplicação da multa prevista no art. 70, II, "b", 1 da Lei no 10.833/2003, sem prejuízo das demais disposições do referido inciso II. Tal multa, por sua especificidade (versando sobre ausência de apresentação de "documentos obrigatórios de instrução das declarações aduaneiras", como a fatura), prevalece sobre a multa genérica de que trata o art. 107, IV, "b" do Decreto-Lei no 37/1966, com a redação dada pela mesma Lei no 10.833/2003 (por "documentos relativos à operação... bem como outros"). MULTA ADUANEIRA. DESCRIÇÃO INCOMPLETA. AUSÊNCIA DE INFORMAÇÃO NECESSÁRIA AO TRATAMENTO TRIBUTÁRIO E ADUANEIRO. ART. 69 DA LEI 10.833/2003 Aplica-se a multa referida no art. 69 da Lei no 10.833/2003, no caso de descrição incompleta das mercadorias nas declarações de importação, omitindo-se informação necessária à determinação do procedimento de controle apropriado, inclusive no que se refere à tributação da importação, ou ao enquadramento em Ex Tarifário.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Oct 24 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 12448.720227/2014-17
anomes_publicacao_s : 201610
conteudo_id_s : 5651048
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Oct 24 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 3401-003.260
nome_arquivo_s : Decisao_12448720227201417.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : ROSALDO TREVISAN
nome_arquivo_pdf_s : 12448720227201417_5651048.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício. Respeitante ao recurso voluntário, deu-se parcial provimento, por unanimidade de votos, para afastar (a) os tributos lançados; (b) a multa de ofício de que trata o art. 44 da Lei no 9.430/1996; (c) a multa prevista no art. 107, IV, "b" do Decreto-Lei no 37/1966, com a redação dada pela Lei no 10.833/2003; e, (d) em relação às adições 22 e 24 da DI no 12/0026081-5, a multa prevista no art. 69 da Lei no 10.833/2003. Os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco davam provimento em maior extensão para exonerar a multa do art. 69 da Lei no 10.833/2003 para todas as DI. Sustentou pela recorrente o advogado João Agripino Maia, OAB no 115.567. ROBSON JOSÉ BAYERL - Presidente. ROSALDO TREVISAN - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
dt_sessao_tdt : Wed Sep 28 00:00:00 UTC 2016
id : 6549186
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:53:47 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048690518654976
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 13; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2269; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T1 Fl. 4.447 1 4.446 S3C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 12448.720227/201417 Recurso nº De Ofício e Voluntário Acórdão nº 3401003.260 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 28 de setembro de 2016 Matéria AI ADUANA EX TARIFÁRIO Recorrentes FAZENDA NACIONAL PROMONLOGICALIS TECNOLOGIA E PARTICIPAÇÕES LTDA ASSUNTO: REGIMES ADUANEIROS Anocalendário: 2011, 2012, 2013 Ementa: IMPORTAÇÃO. PRESUNÇÃO LEGAL DE IDENTIDADE. MERCADORIAS DESCRITAS DE FORMA SEMELHANTE. DIFERENTES DECLARAÇÕES. ART. 68 DA LEI 10.833/2003. ESCOPO. A presunção estabelecida no art. 68 da Lei no 10.833/2003 tem por escopo racionalizar os controles aduaneiros, permitindo que determinada mercadoria possa, v.g., ser identificada/fiscalizada uma única vez, sendo o tratamento estendido a outras declaradas de forma semelhante pelo mesmo importador. Não se presta a presunção constante no artigo, simplesmente, a permitir ao fisco, diante de declarações de importação de mercadorias do mesmo importador, com mercadorias descritas de forma semelhante, e com classificações e tratamentos diversos, outorgar a elas um dos tratamentos, escolhido pelo fisco ou pelo importador, sem comprovar que é o correto. MULTA ADUANEIRA. FATURA APRESENTADA SEM ASSINATURA. REVISÃO ADUANEIRA. ART. 70, II, "b", 1 DA LEI 10.833/2003. ESPECIFICIDADE. A assinatura do exportador na fatura comercial é requisito de validade do documento. Assim, apresentar à fiscalização uma fatura comercial sem assinatura do exportador produz exatamente a mesma consequência da não apresentação de fatura. Em revisão aduaneira, tal consequência é a aplicação da multa prevista no art. 70, II, "b", 1 da Lei no 10.833/2003, sem prejuízo das demais disposições do referido inciso II. Tal multa, por sua especificidade (versando sobre ausência de apresentação de "documentos obrigatórios de instrução das declarações aduaneiras", como a fatura), prevalece sobre a multa genérica de que trata o art. 107, IV, "b" do Decreto Lei no 37/1966, com a redação dada pela mesma Lei no 10.833/2003 (por "documentos relativos à operação... bem como outros"). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 44 8. 72 02 27 /2 01 4- 17 Fl. 4447DF CARF MF 2 MULTA ADUANEIRA. DESCRIÇÃO INCOMPLETA. AUSÊNCIA DE INFORMAÇÃO NECESSÁRIA AO TRATAMENTO TRIBUTÁRIO E ADUANEIRO. ART. 69 DA LEI 10.833/2003 Aplicase a multa referida no art. 69 da Lei no 10.833/2003, no caso de descrição incompleta das mercadorias nas declarações de importação, omitindose informação necessária à determinação do procedimento de controle apropriado, inclusive no que se refere à tributação da importação, ou ao enquadramento em Ex Tarifário. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício. Respeitante ao recurso voluntário, deuse parcial provimento, por unanimidade de votos, para afastar (a) os tributos lançados; (b) a multa de ofício de que trata o art. 44 da Lei no 9.430/1996; (c) a multa prevista no art. 107, IV, "b" do DecretoLei no 37/1966, com a redação dada pela Lei no 10.833/2003; e, (d) em relação às adições 22 e 24 da DI no 12/00260815, a multa prevista no art. 69 da Lei no 10.833/2003. Os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco davam provimento em maior extensão para exonerar a multa do art. 69 da Lei no 10.833/2003 para todas as DI. Sustentou pela recorrente o advogado João Agripino Maia, OAB no 115.567. ROBSON JOSÉ BAYERL Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). Relatório Versa o presente sobre Autos de Infração de fls. 4 a 441, com ciência ao sujeito passivo em 25/02/2014 (fls. 3415/3416), para exigência de multa por falha na descrição da mercadoria em declarações de importação (valor original de R$ 60.303,83), referida no art. 711, I do Regulamento Aduaneiro; multa por declaração inexata, prevista no art. 44, I da Lei no 9.430/1996 (valor original de R$ 2.511.557,91); multa por descumprimento de manter em boa guarda e ordem documentos e apresentálos à fiscalização, prevista nos arts. 70 e 71 da Lei no 10.833/2003 (em valor original de R$ 261.772,44); multa por não apresentação ou não manutenção, em boa guarda e ordem, de documentos ou arquivos, prevista no art. 107, IV, "b" do DecretoLei no 37/1966, com a redação dada pela Lei no 10.833/2003 (em valor original de R$ 20.000,00); imposto sobre 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 4448DF CARF MF Processo nº 12448.720227/201417 Acórdão n.º 3401003.260 S3C4T1 Fl. 4.448 3 produtos industrializados (IPI) importação (em valor original de R$ 212.467,70); COFINS importação (em valor original de R$ 5.601,95); e Contribuição para o PIS/PASEP importação (em valor original de R$ 1.265,53); sendo todos os tributos acrescidos ainda de juros de mora e de multa de ofício agravada, de 150%. No Relatório Fiscal, anexo à autuação (fls. 45 a 66), narra a fiscalização que: (a) o procedimento fiscal objetivou verificar a correta aplicação de Ex Tarifário (EX 001) mais gravoso de IPIimportação (que eleva de 10% para 20% a alíquota, para o código NCM 8543.70.13 (desde que os amplificadores classificados em tal código sejam de média ou alta frequência), instituído pelo Decreto no 6.006/2006 (e posteriormente revogado pelo Decreto no 7.660/2011, com as alterações promovidas pelo Decreto no 7.741/2012); (b) intimada a apresentar documentos à fiscalização, relativos a declarações de importação registradas no período de novembro de 2011 a julho de 2013, verificouse que: (b1) algumas faturas apresentadas não continham a assinatura do exportador estrangeiro, aplicandose as multas previstas no art. 70, II, "b", 1 da Lei no 10.833/2003 e no art. 107, IV, "b" do DecretoLei no 37/1966, com a redação dada pela Lei no 10.833/2003; (b2) as descrições das mercadorias nas DI não mencionam a frequência dos aparelhos amplificadores, contendo apenas códigos alfanuméricos "que em nada acrescem para identificação do correto tratamento tributário e aduaneiro do bem importado"; (c) a partir dos dados constantes nas DI, a fiscalização elaborou planilha com a descrição das mercadorias classificadas sem destaque de Ex Tarifário mais gravoso de IPI (fls. 51/52); (d) foi verificada ainda a existência de outras importações, de mercadorias com o mesmo código NCM, mas com o destaque de Ex Tarifário mais gravoso (fl. 53), para os quais também era inexistente a indicação da frequência; (e) a alteração de alíquota do IPI possui reflexo na determinação da Contribuição para o PIS/PASEP importação e na COFINS importação, o que é alterado em 10/10/2013, com o advento da Lei no 12.865/2013, que altera o art. 7o, I da Lei no 10.865/2004; (f) o art. 68 da Lei no 10.833/2003 estabelece presunção de identidade, para fins de determinação do tratamento tributário ou aduaneiro, entre as mercadorias descritas de forma semelhante em declarações aduaneiras do mesmo contribuinte, e, na tabela de fls. 55, são apresentadas mercadorias com descrição semelhante e tratamento não uniforme (com/sem Ex Tarifário mais gravoso) nas DI/adições; (g) a multa de ofício pela falta de recolhimento dos tributos foi agravada pelo fato de que o importador tinha condições de informar todas as características necessárias das mercadorias a ponto de chegar a sua perfeita identificação, e deveria ter informado se tais mercadorias eram de média ou alta frequência, e havia faturas comerciais não assinadas pelo exportador, remetendo à condição de omissão na sua entrega, circunstâncias que se adequam ao tipo previsto no art. 72 da Lei no 4.502/1964 (fraude); (h) as falhas na descrição das mercadorias importadas nas DI (tabela às fls. 62/63), que não apresentaram informações acerca da frequência dos aparelhos, afetam o tratamento tributário da mercadoria, pela aplicação ou não do EX 001; e (i) a multa por declaração inexata, prevista no art. 44, I da Lei no 9.430/1996, deve incidir sobre a totalidade dos tributos federais incidentes na importação (à exceção de quatro DI fl. 66, nas quais incide somente sobre a diferença), e deve ser agravada, pela mesma circunstância de fraude, cf, tabela de fls. 65/66. A empresa apresenta Impugnação em 26/03/2014 (fls. 3819 a 3852), argumentando, em síntese, que: (a) a empresa realiza regularmente importações de diversos produtos, dentre os quais os amplificadores para distribuição de sinais de televisão, classificados no código 8543.70.13 da NCM, e explicou informalmente à fiscalização que tais amplificadores possuem uma frequência de operação de um Gigahertz (1 GHz), sendo classificados como UHF (ultra alta frequência), não estando, portanto, sujeitos à aplicação do Ex Tarifário mais gravoso, restrito a média e alta frequência (cf. tabela de frequências e Fl. 4449DF CARF MF 4 classificação da União Internacional de Telecomunicações UIT, fl. 3832); (b) a empresa, mesmo convicta da correção do procedimento adotado, retificou declarações de importação para atender a exigência do fisco e desembaraçar sem demora as mercadorias; (c) a partir da retificação, a Aduana resolveu revisar as demais importações de amplificadores classificados no código NCM 8543.70.13, no período de novembro de 2011 a julho de 2013, ensejando as autuações; (d) as autuações são nulas, por deficiência na fundamentação e carência probatória, sendo calcados o lançamentos em presunções; (e) a frequência dos produtos pode ser obtida a partir de seus part numbers, conhecidos (doc. 08 fls. 3455 a 3543); (f) apesar de não ter apresentado preliminarmente, a empresa possui as vias assinadas das faturas comerciais (que anexa como doc. 5 fls. 3948 a 4022, com, atestado de autenticidade por parte do exportador doc. 6 fls. 3438 a 3451), e a simples ausência de assinatura não enseja a desconsideração da fatura, tendo sido várias das importações desembaraçadas em canal amarelo e vermelho (cf. doc. 10 fls. 3562 a 3574); (g) não houve máfé ou dolo por parte da empresa, nem fraude, a justificar o agravamento das multas; (h) o procedimento adotado pela autoridade lançadora vem sendo reiteradamente rechaçado no CARF, em casos similares; (i) a interpretação do Ex Tributário mais gravoso deve ser restrita, devendo, em caso de dúvida, prevalecer o entendimento mais favorável à empresa; (j) a autoridade cometeu equívoco na apuração dos tributos supostamente devidos, inserindo o valor do ICMS (às vezes, incorreto) e das próprias contribuições nas bases de cálculo da Contribuição para o PIS/PASEP importação e da COFINS importação, em afronta ao precedente julgado com repercussão geral pelo STF e ao Parecer PGFN/CDA/CRJ no 396, de 11/03//2013; e (k) é indevida e confiscatória a aplicação cumulativa da multa por declaração inexata (150%) sobre as diferenças de tributos e sobre a totalidade dos tributos incidentes (inclusive o imposto de importação, mesmo nas operações em que se usou o Ex Tarifário mais gravoso). Em 27/11/2014, ocorre o julgamento de primeira instância (fls. 4033 a 4061), no qual se decide unanimemente pela procedência parcial da impugnação, sob os seguintes fundamentos: (a) o lançamento não se baseia em presunções ou indícios, mas em documentos instrutivos das declarações de importação, invocando apenas presunção legalmente estabelecida; (b) a autoridade administrativa não realiza avaliação de proporcionalidade ou caráter de confisco, diante de penalidade legalmente estabelecida, como assevera a Súmula CARF no 2; (c) o contribuinte aceitou o enquadramento no Ex Tarifário mais gravoso e recolheu os tributos referentes às mesmas mercadorias, sem qualquer manifestação contrária, não podendo posteriormente se voltar contra o seu próprio agir em momento anterior, contestando aquilo que outrora concordou, sem que apresente fatos concretos que contrariem a tese anteriormente aceita; (d) a tabela de correlação entre part number e frequência apresentada (doc. 08) não permite vincular a mercadoria àquela importada; (e) enquanto não houver manifestação da PGFN, a RFB não está dispensada de incluir o ICMS e o valor das própria contribuições nas bases de cálculo da Contribuição para o PIS/PASEP importação e da COFINS importação; (f) a multa por descrição incompleta, de 1%, não foi especificamente questionada na impugnação, sendo a matéria considerada incontroversa; (g) a apresentação da fatura assinada (sendo a assinatura requisito de validade do documento) deveria ter sido efetuada quando solicitado pela fiscalização, e não em momento posterior, quando já caracterizada a infração; (h) deve ser mantido o agravamento da multa de ofício porque a empresa conhecia o produto que importava e os detalhes que poderiam clarear a fiscalização acerca de suas funções específicas, mas preferiu omitilos a fim de reduzir o montante do imposto a pagar, subsumindo sua conduta com perfeição ao estabelecido no art. 72 da Lei no 4.502/1964; e (i) a cobrança da multa de ofício está umbilicalmente ligada à falta de recolhimento de tributos, não havendo que se falar na aplicação de tal multa quando houver recolhimento integral dos tributos devidos. Em razão do montante exonerado, há interposição de Recurso de Ofício. Fl. 4450DF CARF MF Processo nº 12448.720227/201417 Acórdão n.º 3401003.260 S3C4T1 Fl. 4.449 5 A empresa foi cientificada do julgamento em 05/03/2015 (fl. 4087), e interpôs recurso voluntário em 02/04/2015 (fls. 4089 a 4135), reiterando as razões expostas em sua impugnação (que a autuação é calcada em presunções e indícios; que as poucas operações em que foi aplicado o Ex Tarifário mais gravoso decorreram da necessidade da empresa de liberar as mercadorias questionadas à época pelo fisco, para atender à demanda de seus clientes; que não se aplica o Ex Tarifário mais gravoso às mercadorias UHF importadas pela empresa; que as faturas comerciais são legítimas e a ausência de assinatura, suprida na fase recursal, não acarreta a invalidade do documento; que não houve dolo, máfé ou fraude; que houve indevido cômputo na base de cálculo das contribuições devidas na importação; que a multa de 1% é inaplicável a todas as importações, mesmo as que foram tributadas como Ex Tarifário mais gravoso, e que foram prestadas as informações "necessárias à determinação do procedimento de controle aduaneiro apropriado"), acrescentando que deve ser negado provimento ao recurso de ofício. Em 17/03/2016 o processo foi distribuído a este relator, por sorteio. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator Os recursos de ofício e voluntário apresentados preenchem os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Da presunção estabelecida no art. 68 da Lei no 10.833/2003 A afirmação da empresa, em seu recurso voluntário, no sentido de que a autuação é calcada em presunções, não é de todo incorreta. A nosso ver, a autuação é fortemente calcada na presunção estabelecida no art. 68 da Lei no 10.833/2003: Art. 68. As mercadorias descritas de forma semelhante em diferentes declarações aduaneiras do mesmo contribuinte, salvo prova em contrário, são presumidas idênticas para fins de determinação do tratamento tributário ou aduaneiro. Parágrafo único. Para efeito do disposto no caput, a identificação das mercadorias poderá ser realizada no curso do despacho aduaneiro ou em outro momento, com base em informações coligidas em documentos, obtidos inclusive junto a clientes ou a fornecedores, ou no processo produtivo em que tenham sido ou venham a ser utilizadas. Entretanto, a autoridade aduaneira, a nosso ver, não compreendeu bem o escopo da presunção legalmente estabelecida. A leitura do artigo nos permite ver, e isso é endossado no item 41 da Exposição de Motivos da Medida Provisória no 135/2003, posteriormente convertida na Lei no 10.833/2003, que a medida busca racionalizar os controles Fl. 4451DF CARF MF 6 aduaneiros, permitindo que determinada mercadoria possa, v.g., ser identificada/fiscalizada uma única vez, sendo o tratamento estendido a outras declaradas de forma semelhante pelo mesmo importador. Não se presta a presunção constante no artigo, simplesmente, a permitir ao fisco, diante de declarações de importação de mercadorias do mesmo importador, com mercadorias descritas de forma semelhante, e com classificações e tratamentos diversos, outorgar a elas um dos tratamentos, escolhido pelo fisco ou pelo importador, sem comprovar que é o correto. A questão é melhor explicada na análise do caso concreto. Nesse caminho, procedeu bem a fiscalização ao apurar, em pesquisa no banco de dados aduaneiro (extraído do Sistema Integrado de Comércio Exterior SISCOMEX), importações de mercadorias declaradas de forma semelhante em diferentes DI da empresa. O resultado se encontra na tabela de fl. 55, no Relatório Fiscal: Percebese claramente que a empresa, em diferentes declarações de importação, introduziu no país a mesma mercadoria, mas a ela conferiu tratamento tributário e aduaneiro diferenciado, às vezes enquadrandoa no Ex Tarifário de IPI mais gravoso (alíquota de 20%), às vezes não a enquadrando em tal Ex (usando a alíquota norma de IPI de 10%). E, para a diferença de tratamento, basta saber que o Ex mais gravoso é restrito a equipamentos "de média ou alta frequência". Bastaria a fiscalização, assim, comprovar que em uma das DI foi efetivamente verificada, e foi comprovado que os equipamentos eram de média ou alta frequência. Com fundamento na presunção que figura no art. 68 da Lei no 10.833/2003, o resultado poderia ser estendido às demais DI, cabendo ao importador a prova em contrário, no sentido de que não seriam idênticas as mercadorias, ainda que descritas de forma semelhante. Esse é o escopo da presunção legal. Tomese como exemplo o "Amplificador RF para TV a Cabo com 3 saídas modelo HGBT com AGC" (primeiro item da tabela). A fiscalização poderia, basicamente: (a) anexar comprovação de que em uma DI tenha sido atestado que o equipamento é de média ou alta frequência, estendendo o resultado às demais DI; (b) verificar, na empresa, ou em Fl. 4452DF CARF MF Processo nº 12448.720227/201417 Acórdão n.º 3401003.260 S3C4T1 Fl. 4.450 7 importações pendentes, se havia um equipamento com aquelas especificações, e submetêlo a perícia ou examinar seu catálogo técnico, verificando se é de média ou ata frequência, estendendo o resultado às demais DI; ou (c) pelo código do produto (part number), buscar catálogo técnico ou demandar perícia com base em publicações especializadas, verificando se é de média ou ata frequência, estendendo o resultado às demais DI. Nesses casos, estaria corretamente empregando a presunção legalmente estabelecida, cabendo o ônus da desconstituição da presunção à empresa. Mas não é o que ocorre no presente processo. A fiscalização se contenta com as informações divergentes prestadas pela empresa, e sequer se preocupa em verificar conclusivamente qual a correta, simplesmente porque o importador apresenta faturas sem assinatura (fl. 56), conduta especificamente apenada com multa diversa, sobre a qual ainda discorreremos: Não demonstra a fiscalização um mínimo esforço no sentido de determinar se os equipamentos efetivamente são "de média ou alta frequência", ou seja, se seriam ou não enquadráveis no Ex Tarifário mais gravoso, e, portanto, se seriam devidos tributos adicionais aos já recolhidos. E para obtenção de tal informação, as faturas comerciais não seriam o único instrumento. Atribui, assim, o fisco, um efeito à não apresentação de fatura que não está entre os previstos no inciso II do art. 70 da Lei no 10.833/2003, que analisaremos ao tratar da multa relativa à ausência de fatura. Dessa forma, a presunção ficou vazia, pois não há um tratamento tributário e aduaneiro que se saiba, com convicção, ser correto para a mercadoria, e que possa, por decorrência, ser estendido às demais, por força da presunção. Não fornece o fisco (e digase, nem a empresa) elementos que permitam, conclusivamente, saber se cada um dos equipamentos importados e que foram objeto do lançamento é "de média ou alta frequência". O fisco faz a autuação, nesse tópico, ser carente de prova, porque contentou se com a divergência de informações prestadas pela empresa, e não continuou a fiscalização, para saber qual seria o enquadramento correto (dentro ou fora do EX mais gravoso), ou, ao menos, qual seria a frequência de qualquer um dos equipamentos analisados (contentandose com a ausência de prestação dessa informação nas DI, o que também é objeto de penalidade específica, que será discutida adiante). Fl. 4453DF CARF MF 8 A empresa justifica a divergência nas informações prestadas alegando que aceitou retificar declarações para atender a pedido do fisco, mesmo dele discordando, porque tinha demandas de clientes que requeriam urgência na liberação. E que os equipamento que importa não são "de média ou alta frequência", mas de "ultra alta frequência" (UHF), conforme classificação internacionalmente adotada pela União Internacional de Telecomunicações UIT (fl. 4107), na qual resta clara a faixa de frequência média (MF), alta (HF), muito alta (VHF) e ultra alta (UHF): No entanto, apesar da clareza da classificação internacional, e da afirmação da empresa de que os equipamentos que importa operam na faixa de um Giga Hertz (1 GHz), ou seja, na faixa UHF (de 300 a 3000 MHz), não é possível atestar conclusivamente, com os documentos acostados pela empresa no Anexo "Doc. 08" da impugnação (fls. 3455 a 3543), que os equipamentos importados são todos enquadráveis na faixa UHF. De qualquer modo, não restando comprovada a imputação fiscal, deve ser afastada a autuação (e não declarada nula, como demanda a empresa), no que se refere aos tributos que seriam exigidos em função do Ex Tarifário mais gravoso (IPI, Contribuição para o PIS/PASEP e COFINS), o que torna secundárias as discussões sobre a base de cálculo das contribuições, na importação (decidida pelo STF, no RE no 559.607/SC, de reconhecida repercussão geral, em decisão que deve ser reproduzida por este CARF, em respeito ao disposto no art. 62, § 2o de seu Regimento Interno) e sobre o agravamento da multa de oficio, que sequer existirá, em função do afastamento dos tributos. Da(s) multa(s) por ausência de apresentação de fatura comercial A fiscalização aplica duas multas pelo fato de serem apresentadas faturas comercias sem assinatura do exportador no atendimento à intimação para revisão das declarações de importação: a prevista no art. 70, II, "b", 1 da Lei no 10.833/2003, e a prevista no art. 107, IV, "b" do DecretoLei no 37/1966, com a redação dada pela mesma Lei no 10.833/2003. É preciso esclarecer, logo de início, que a assinatura do exportador é, indubitavelmente, um requisito de validade do documento, e que apresentar uma fatura comercial sem assinatura do exportador produz exatamente a mesma consequência da não apresentação de fatura, que seja no curso do despacho aduaneiro de importação, antes do desembaraço, ou em ato de revisão aduaneira. Fl. 4454DF CARF MF Processo nº 12448.720227/201417 Acórdão n.º 3401003.260 S3C4T1 Fl. 4.451 9 No curso do despacho aduaneiro, antes do desembaraço, a consequência da conduta é o não desembaraço, até que seja apresentada a fatura, como esclarece o inciso II do § 1o do art. 571 do Regulamento Aduaneiro (Decreto no 6.759/2009), com a redação dada pelo Decreto no 8.010/2013. Na revisão aduaneira, a consequência é a aplicação da multa prevista no art. 70, II, "b", 1 da Lei no 10.833/2003: Art. 70. O descumprimento pelo importador, exportador ou adquirente de mercadoria importada por sua conta e ordem, da obrigação de manter, em boa guarda e ordem, os documentos relativos às transações que realizarem, pelo prazo decadencial estabelecido na legislação tributária a que estão submetidos, ou da obrigação de os apresentar à fiscalização aduaneira quando exigidos, implicará: (...) II se relativo aos documentos obrigatórios de instrução das declarações aduaneiras: a) o arbitramento do preço da mercadoria para fins de determinação da base de cálculo, conforme os critérios definidos no art. 88 da Medida Provisória no2.15835, de 24 de agosto de 2001, se existir dúvida quanto ao preço efetivamente praticado; e b) a aplicação cumulativa das multas de: 1. 5% (cinco por cento) do valor aduaneiro das mercadorias importadas; e 2. 100% (cem por cento) sobre a diferença entre o preço declarado e o preço efetivamente praticado na importação ou entre o preço declarado e o preço arbitrado. (grifo nosso) Pela leitura do diploma legal, percebese que é absolutamente irrelevante que a fatura tenha sido apresentada no curso do despacho, ou que este tenha sido realizado neste ou naquele canal de conferência. Basta que a empresa não mantenha em boa guarda e ordem a fatura ou e não a apresente quando exigido o documento pela fiscalização. E foi o que aconteceu na resposta da empresa à Intimação Fiscal no 31/2013 (fls. 112 a 116), na qual a fiscalização solicitou (item "h" da intimação) os documentos instrutivos (entre os quais mencionou expressamente as faturas comerciais, no subitem "h.2") das DI/adições assinaladas à fl. 113, com a apresentação de faturas sem assinatura do exportador. Restou aí perfeitamente materializada a conduta prevista e apenada no art. 70, II, "b", 1 da Lei no 10.833/2003. Percebase, como bem destacado no julgamento de piso, que a apresentação posterior, ou a eventual apresentação anterior, antes do desembaraço, não suprem a infração verificada no atendimento à intimação. A fatura comercial deve ser mantida em boa guarda e ordem e apresentada à fiscalização, quando exigida. Fl. 4455DF CARF MF 10 Deve, assim, ser mantida a multa aplicada. No caso, a fiscalização aplica também outra multa, em relação à mesma conduta, a prevista no art. 107, IV, "b" do DecretoLei no 37/1966, com a redação dada pela Lei no 10.833/2003: Art. 107. Aplicamse ainda as seguintes multas: (...) IV de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): (...) b) por mêscalendário, a quem não apresentar à fiscalização os documentos relativos à operação que realizar ou em que intervier, bem como outros documentos exigidos pela Secretaria da Receita Federal, ou não mantiver os correspondentes arquivos em boa guarda e ordem;" (grifo nosso) Tal multa, a nosso ver, seria aplicável na ausência de previsão específica para a conduta na Lei no 10.833/2003. A própria palavra "outros", que antecede a expressão "documentos exigidos pela" RFB, já o esclarece, ou a expressão genérica "documentos relativos à operação que realizar". Havendo penalidade específica, esta é que deve ser aplicada. Ademais, a dificuldade em aplicar tal penalidade em relação a documentos instrutivos da declaração resta patente ainda na tipificação "por mêscalendário", que mais parece adequarse a obrigações acessórias, como "herança aduaneira" do art. 57 da Medida Provisória no 2.15835/2001, e demandou do autuante o raciocínio de que seriam quatro os mesescalendário, em função do período decorrido entre a data para apresentação das faturas à fiscalização e a autuação. Por certo que a menção, muito comum em multas aduaneiras, presente no § 2o do art. 107 do DecretoLei no 37/1966, com a redação dada pela Lei no 10.833/2003, à ausência de prejuízo de aplicação de outras penalidades, não tem o condão de fazer uma penalidade genérica suplantar, ou adicionarse a uma penalidade específica prevista em lei. Não se está, aqui, a afirmar que resta impossibilitada a aplicação de duas penalidades em função de uma mesma conduta, mas tão somente a defender que, havendo uma penalidade aplicável pela não apresentação de "documentos obrigatórios de instrução das declarações aduaneiras" e outra pela não apresentação de "documentos relativos à operação que realizar... bem como outros exigidos pela" RFB, diante de um caso concreto de não apresentação de fatura comercial (que é um "documento obrigatório de instrução das declarações aduaneiras"), deve ser aplicada a primeira penalidade, por ser mais específica. Afastase, assim, a multa de que trata o art. 107, IV, "b" do DecretoLei no 37/1966, com a redação dada pela Lei no 10.833/2003. Da multa por prestação de informação incompleta nas DI A fiscalização aplica, ainda, a multa prevista no art. 69, §§ 1o e 2o, III da Lei no 10.833/2003, por entender ter havido falha na descrição detalhada da mercadoria. Tal multa faz referência a outra, tratada no art. 84 da Medida Provisória no 2.15835/2001, de 1% do valor aduaneiro das mercadorias, ampliando o universo de incidência: Fl. 4456DF CARF MF Processo nº 12448.720227/201417 Acórdão n.º 3401003.260 S3C4T1 Fl. 4.452 11 Art. 69. A multa prevista no art. 84 da Medida Provisória no2.15835, de 24 de agosto de 2001, não poderá ser superior a 10% (dez por cento) do valor total das mercadorias constantes da declaração de importação. § 1o A multa a que se refere o caput aplicase também ao importador, exportador ou beneficiário de regime aduaneiro que omitir ou prestar de forma inexata ou incompleta informação de natureza administrativotributária, cambial ou comercial necessária à determinação do procedimento de controle aduaneiro apropriado. § 2o As informações referidas no § 1o, sem prejuízo de outras que venham a ser estabelecidas em ato normativo da Secretaria da Receita Federal, compreendem a descrição detalhada da operação, incluindo: (...) III descrição completa da mercadoria: todas as características necessárias à classificação fiscal, espécie, marca comercial, modelo, nome comercial ou científico e outros atributos estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal que confiram sua identidade comercial; (...) (grifo nosso) De fato, a descrição detalhada da mercadoria, nas declarações de importação em análise, em regra, não continha a frequência, a faixa de frequência, ou mesmo a denominação da faixa de frequência dos equipamentos. e tal informação é indubitavelmente necessária à determinação do procedimento de controle aduaneiro apropriado, inclusive para que se verifique o cabimento do Ex Tarifário em discussão nestes autos. Houvesse a empresa aposto em todas as DI a informação completa sobre a frequência dos equipamentos, haveria chances de que sequer fosse originado o presente contencioso. No entanto, a própria transcrição da lista de mercadorias declaradas sem o destaque do Ex Tarifário mais gravoso do IPI (fls. 51/52 do Relatório Fiscal) dá conta de que, para alguns equipamentos, consta a frequência de 1 GHz: Como a única imputação fiscal de incompletude na descrição das mercadorias se refere à ausência da frequência, o lançamento é improcedente em relação às adições 22 e 24 da DI no 12/00260815. Ao final da reprodução da citada lista, conclui a autoridade aduaneira: Fl. 4457DF CARF MF 12 Como a afirmação se revela incorreta para as adições 22 e 24 da DI no 12/00260815, não deve, em relação a elas, ser mantida a autuação. Até entendo que as descrições em tais adições da DI, a seguir reproduzidas (fls. 1906 e 1908), nas quais parece ter havido erro de digitação, ou replicação indevida do digitado, são incompletas, mas a incompletude que identifico é diferente da ausência de indicação da frequência (que corresponde à imputação fiscal), e não tem competência este tribunal julgador administrativo para inovar na fundamentação da penalidade, mas somente para apreciar a correção ou não da penalidade tal qual imposta pela fiscalização. No que se refere às demais mercadorias, mantémse a aplicação da penalidade prevista no art. 69 da Lei no 10.833/2003, por ter efetivamente havido descrição incompleta, que operou em prejuízo da identificação do tratamento tributário e aduaneiro apropriado, sendo irrelevante, no caso, se restou ou não comprovado que houve recolhimento a menor de tributo, pela própria natureza da penalidade. Do Recurso de Ofício A DRJ identifica, como razão para exclusão de parcela do lançamento, a existência de duplicidade de lançamento da multa de ofício e lançamento de tal multa em situações nas quais não houve falta de recolhimento de tributo. Acertada a decisão, nesses aspectos, pois não há fundamento legal nem para a exigência em duplicidade, nem para exigir a multa de ofício tributária de que trata o art. 44 da Lei no 9.430/1996 em situações nas quais os tributos tenham sido integralmente pagos. Deve o acordado pelo tribunal de piso, então, ser mantido, em homenagem à legalidade. Assim, voto por negar provimento ao recurso de ofício apresentado. Fl. 4458DF CARF MF Processo nº 12448.720227/201417 Acórdão n.º 3401003.260 S3C4T1 Fl. 4.453 13 Das conclusões Pelo exposto, voto por negar provimento ao recurso de ofício e dar provimento parcial ao recurso voluntário apresentado, para afastar da exigência fiscal: (a) os tributos lançados; (b) a multa de ofício de que trata o art. 44 da Lei no 9.430/1996; (c) a multa prevista no art. 107, IV, "b" do DecretoLei no 37/1966, com a redação dada pela Lei no 10.833/2003; e (d) exclusivamente em relação às adições 22 e 24 da DI no 12/00260815, a multa prevista no art. 69 da Lei no 10.833/2003. Rosaldo Trevisan Fl. 4459DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10830.727087/2012-99
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 18 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Sep 08 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2008
MOLÉSTIA GRAVE. PROVENTOS DE APOSENTADORIA OU PENSÃO. ISENÇÃO. COMPROVAÇÃO.
Para reconhecimento da isenção decorrente de moléstia grave, indicadas no inciso XIV do artigo 6º da Lei nº 7.713/1988 e alterações, os rendimentos precisam ser provenientes de aposentadoria ou pensão e a moléstia deve ser comprovada mediante apresentação de laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. A isenção se aplica a partir da data em que a doença foi contraída, quando identificada no laudo pericial.
Recurso Voluntário Provido
Numero da decisão: 2202-003.538
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso.
Assinado digitalmente
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente.
Assinado digitalmente
Rosemary Figueiroa Augusto - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antônio de Souza Correa (Suplente convocado) e Márcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: ROSEMARY FIGUEIROA AUGUSTO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201608
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2008 MOLÉSTIA GRAVE. PROVENTOS DE APOSENTADORIA OU PENSÃO. ISENÇÃO. COMPROVAÇÃO. Para reconhecimento da isenção decorrente de moléstia grave, indicadas no inciso XIV do artigo 6º da Lei nº 7.713/1988 e alterações, os rendimentos precisam ser provenientes de aposentadoria ou pensão e a moléstia deve ser comprovada mediante apresentação de laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. A isenção se aplica a partir da data em que a doença foi contraída, quando identificada no laudo pericial. Recurso Voluntário Provido
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Sep 08 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 10830.727087/2012-99
anomes_publicacao_s : 201609
conteudo_id_s : 5631723
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Sep 09 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 2202-003.538
nome_arquivo_s : Decisao_10830727087201299.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : ROSEMARY FIGUEIROA AUGUSTO
nome_arquivo_pdf_s : 10830727087201299_5631723.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente. Assinado digitalmente Rosemary Figueiroa Augusto - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antônio de Souza Correa (Suplente convocado) e Márcio Henrique Sales Parada.
dt_sessao_tdt : Thu Aug 18 00:00:00 UTC 2016
id : 6487135
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:52:08 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048690534383616
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2037; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 81 1 80 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10830.727087/201299 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2202003.538 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 18 de agosto de 2016 Matéria IRPF moléstia grave Recorrente VANILTON SENATORE Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2008 MOLÉSTIA GRAVE. PROVENTOS DE APOSENTADORIA OU PENSÃO. ISENÇÃO. COMPROVAÇÃO. Para reconhecimento da isenção decorrente de moléstia grave, indicadas no inciso XIV do artigo 6º da Lei nº 7.713/1988 e alterações, os rendimentos precisam ser provenientes de aposentadoria ou pensão e a moléstia deve ser comprovada mediante apresentação de laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. A isenção se aplica a partir da data em que a doença foi contraída, quando identificada no laudo pericial. Recurso Voluntário Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente. Assinado digitalmente Rosemary Figueiroa Augusto Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antônio de Souza Correa (Suplente convocado) e Márcio Henrique Sales Parada. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 72 70 87 /2 01 2- 99 Fl. 88DF CARF MF Impresso em 08/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2016 por ROSEMARY FIGUEIROA AUGUSTO, Assinado digitalmente em 06/0 9/2016 por ROSEMARY FIGUEIROA AUGUSTO, Assinado digitalmente em 06/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA Processo nº 10830.727087/201299 Acórdão n.º 2202003.538 S2C2T2 Fl. 82 2 Relatório Tratase de notificação de lançamento de IRPF (fls. 08/12), relativa ao exercício 2008, anocalendário 2007, por omissão de rendimentos recebidos da fonte pagadora Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal, no valor de R$ 39.919,30, apurados com base na Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte (DIRF) da pessoa jurídica. Na impugnação (fls. 2) o Contribuinte alega que havia declarado esse montante como isento, sob a justificativa de ser portador de moléstia grave, e trouxe comprovante de pagamento (fls. 04/05), publicação de sua aposentadoria (fls.06) e laudo pericial (fls. 07). Em verificação de ofício das matérias de fato, a autoridade fiscal informa, no termo circunstanciado de fls. 29/31, que deixou de aceitar o documento apresentado às fls. 07, por não considerálo como laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. Ciente desse termo, o contribuinte, em complemento à impugnação, apresenta a manifestação de fls. 37/38, acompanhada dos documentos de fls. 39/49, na qual argumenta que o laudo apresentado é válido e reitera sua condição de portador de moléstia grave (neoplasia maligna de pele). A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) em São Paulo I (SP), às fls. 52/56, reconheceu que os proventos recebidos são provenientes de aposentadoria e que o laudo pericial apresentado (fls. 07 e 43) foi emitido por serviço médico oficial, mas negou provimento à impugnação por entender que o início da doença ocorreu em 04/2012, conforme trecho a seguir: Analisando o Documento Médico de fl. 43, emitido pelo Governo do Distrito Federal, Coordenação de Saúde Ocupacional, Gerência de Atenção à Saúde do Trabalhador, assinado em 28/06/2012 por três médicos, dentre os quais identificase a Dra. Gilvana de Jesus do Vale Campos, CRM 8248, CPF 450.227.63320, médica perita, constatase que o contribuinte é portador de Neoplasia Maligna de pele, CID10 C443, sendo referido Laudo válido para a comprovação da recidiva da moléstia. Quanto a data de início da doença, vêse através do exame patológico de fl. 40 que o diagnóstico “Carcinoma epidermóide grau II histológico” se deu em 19/04/2012, sendo esta a data a ser considerada. Notese que a data de 28/08/1996, citada no Laudo Pericial, referese à primeira ocorrência de câncer, conforme exame patológico de fl. 39, com o diagnóstico de “Carcinoma Basocelular Micronodular e sólido”. Considerando que a validade de um Laudo Médico é de cinco anos e considerando a hipótese de se ter tido um Laudo Médico emitido em 28/08/1996 (data do diagnóstico da doença), temse que o mesmo expiraria em 28/08/2001, em sendo assim, no presente caso, a data de início da doença a ser considerada é a da recidiva, qual seja, a de 28/06/2012. Fl. 89DF CARF MF Impresso em 08/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2016 por ROSEMARY FIGUEIROA AUGUSTO, Assinado digitalmente em 06/0 9/2016 por ROSEMARY FIGUEIROA AUGUSTO, Assinado digitalmente em 06/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA Processo nº 10830.727087/201299 Acórdão n.º 2202003.538 S2C2T2 Fl. 83 3 Quanto a natureza dos rendimentos, verificase que os rendimentos acrescidos à base de cálculo referemse a rendimentos pagos pelo Governo do Distrito Federal, em relação ao qual o contribuinte encontrase aposentado desde março/1994, conforme fl. 06. Dessa forma, restou comprovado que o requerente faz jus à isenção prevista no art. 6º, inciso XIV, da Lei nº 7.713 de 22/12/1988, com nova redação dada pelo art. 47 da Lei nº 8.541 de 23/12/1992, somente a partir de 04/2012, indeferindose o pedido de reconhecimento de isenção para o ano de 2007. (Grifos no original) O recorrente apresentou o recurso voluntário de fls. 63/68, não concordando com o entendimento de que o laudo médico teria validade por cinco anos, posto que a Lei não faz menção acerca da validade do laudo quando se trata de doença grave. Cita jurisprudência judicial no sentido de que, reconhecida a neoplasia maligna, não se exige, para fins da isenção do imposto de renda, a demonstração da contemporaneidade dos sintomas das doenças, nem indicação da validade do laudo ou comprovação da recidiva da enfermidade. Pede a reforma da decisão recorrida. É o relatório. Voto Conselheira Rosemary Figueiroa Augusto, Relatora. O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade. Portanto, merece ser conhecido. São necessárias duas condições para que os rendimentos recebidos por portadores de moléstias graves definidas em lei sejam isentos do imposto sobre a renda: (i) ser a moléstia atestada em laudo emitido por serviço médico oficial da União, Estados, DF ou Municípios; (ii) os rendimentos serem provenientes de aposentadoria, pensão, reserva remunerada ou reforma, conforme Lei nº 7.713/1998 e Súmula CARF nº 63, a seguir: Lei nº 7.713/1988 : Art. 6º Ficam isentos do imposto de renda os seguinte rendimentos percebidos por pessoas físicas: (...) XIV – os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida, com base em conclusão da medicina Fl. 90DF CARF MF Impresso em 08/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2016 por ROSEMARY FIGUEIROA AUGUSTO, Assinado digitalmente em 06/0 9/2016 por ROSEMARY FIGUEIROA AUGUSTO, Assinado digitalmente em 06/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA Processo nº 10830.727087/201299 Acórdão n.º 2202003.538 S2C2T2 Fl. 84 4 especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma; (destaquei) Súmula CARF Nº 63: Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão, e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. No caso em questão, a primeira instância julgadora reconheceu a natureza de aposentadoria dos rendimentos acrescidos à base de cálculo do imposto, na notificação fiscal, visto que foram pagos pelo Governo do Distrito Federal, em relação ao qual o contribuinte encontrase aposentado desde março/1994, conforme fls. 06. Observase ainda que a DRJ também considerou apto o laudo médico pericial (às fls. 07 e 43) emitido pelo Governo do Distrito Federal, Coordenação de Saúde Ocupacional, Gerência de Atenção à Saúde do Trabalhador, de 28/06/2012, para atestar que o contribuinte é portador de Neoplasia Maligna de pele, CID10 C443. Contudo, entendeu que esse laudo não produz efeitos a partir da data nele consignada como de início da doença (28/08/1996, data do primeiro diagnóstico, fls. 39), mas sim a partir de 04/2012 (data do segundo diagnóstico, fls. 40), não servindo para comprovar a moléstia no ano de 2007. Dessa forma, o litígio restringese em definir se o laudo emitido por serviço médico do Governo do Distrito Federal (fls. 07 e 43) produz efeitos em relação ao ano calendário de 2007. A DRJ fundamenta seu entendimento na tese de que um laudo médico pericial tem cinco anos de validade. Assim, considerando a hipótese de ter sido emitido um laudo quando do primeiro diagnóstico da doença, em 28/08/1996 (exame de fls. 39), esse teria expirado em 28/08/2001. Como o segundo diagnóstico ocorreu em 19/04/2012 (exame de fls. 40), entende que o laudo apresentado é válido somente a partir dessa recidiva da doença, para fins de isenção do imposto. Em que pese as justificativas da primeira instância julgadora para embasar sua decisão, não coaduno com o posicionamento por ela adotado. O Regulamento do Imposto de Renda (RIR), aprovado pelo Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999, explicita que a isenção em face de moléstia grave se aplica sobre os rendimentos de aposentadoria ou pensão recebidos a partir da data em que a doença foi contraída, se identificada no laudo pericial, conforme abaixo: Art. 39. Não entrarão no cômputo do rendimento bruto: (...) XXXIII os proventos de aposentadoria ou reforma, desde que motivadas por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia Fl. 91DF CARF MF Impresso em 08/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2016 por ROSEMARY FIGUEIROA AUGUSTO, Assinado digitalmente em 06/0 9/2016 por ROSEMARY FIGUEIROA AUGUSTO, Assinado digitalmente em 06/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA Processo nº 10830.727087/201299 Acórdão n.º 2202003.538 S2C2T2 Fl. 85 5 grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estados avançados de doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome de imunodeficiência adquirida, e fibrose cística (mucoviscidose), com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma (Lei nº 7.713, de 1988, art. 6º, inciso XIV, Lei nº 8.541, de 1992, art. 47, e Lei nº 9.250, de 1995, art. 30, § 2º); (...) § 5º As isenções a que se referem os incisos XXXI e XXXIII aplicamse aos rendimentos recebidos a partir: I do mês da concessão da aposentadoria, reforma ou pensão; II do mês da emissão do laudo ou parecer que reconhecer a moléstia, se esta for contraída após a aposentadoria, reforma ou pensão; III da data em que a doença foi contraída, quando identificada no laudo pericial. (...) (Grifouse) Na situação em análise, o único laudo médico oficial trazido aos autos é o de fls. 07 e 42, emitido em 28/06/2012, pelo Governo do Distrito Federal, Coordenação de Saúde Ocupacional, Gerência de Atenção à Saúde do Trabalhador. E esse laudo atesta que o contribuinte é portador de Neoplasia Maligna de pele, CID10 C443, a partir de 28/08/1996. Portanto, com respaldo no dispositivo do Regulamento do Imposto de Renda, acima transcrito, entendo válido para fins de comprovação de moléstia grave, em relação ao anocalendário 2007, o laudo médico pericial emitido pelo Governo do Distrito Federal (fls. 07 e 43). Logo, em face da comprovação de que os rendimentos são provenientes de aposentadoria e da condição do contribuinte de portador de doença grave no anocalendário 2007, há que se reconhecer que são isentos os rendimentos qualificados como omitidos na notificação de lançamento. Diante do exposto, voto no sentido de DAR provimento ao recurso voluntário. Assinado digitalmente Rosemary Figueiroa Augusto Relatora Fl. 92DF CARF MF Impresso em 08/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2016 por ROSEMARY FIGUEIROA AUGUSTO, Assinado digitalmente em 06/0 9/2016 por ROSEMARY FIGUEIROA AUGUSTO, Assinado digitalmente em 06/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA Processo nº 10830.727087/201299 Acórdão n.º 2202003.538 S2C2T2 Fl. 86 6 Fl. 93DF CARF MF Impresso em 08/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2016 por ROSEMARY FIGUEIROA AUGUSTO, Assinado digitalmente em 06/0 9/2016 por ROSEMARY FIGUEIROA AUGUSTO, Assinado digitalmente em 06/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA
score : 1.0