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Numero do processo: 10875.902797/2011-15
Turma: Segunda Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 30 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Aug 15 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples
Ano-calendário: 2003
NULIDADE. INTIMAÇÃO POR AR. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA DE VÍCIO. TEORIA DA APARÊNCIA . PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS. PRELIMINAR REJEITADA.
É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário. (Súmula CARF nº 9).
É válida a citação de pessoa jurídica por via postal, quando efetivada no endereço onde se encontra o estabelecimento sede do réu, sendo desnecessário que a carta citatória seja recebida e o aviso de recebimento assinado por seu representante legal. Em conformidade com o princípio da instrumentalidade das formas, que determina a não vinculação às formalidades desprovidas de efeitos prejudiciais ao processo, é de rigor a aplicação da teoria da aparência para reconhecer a validade da citação da pessoa jurídica realizada. Ainda mais, ressalte-se que, não é comum se dispor o diretor ou gerente de empresa de grande porte a receber os carteiros, sendo, por tal motivo, presumir-se que o empregado colocado nessa função tenha a responsabilidade de promover o devido encaminhamento à correspondência recebida.
A jurisprudência considera válida a citação feita na pessoa de porteiro do prédio comercial onde se localiza empresa ré, ainda que sem poderes específicos para representar a pessoa jurídica. Homenagem ao princípio da instrumentalidade do processo, da teoria da aparência e da razoável duração do processo.
PIS-SIMPLES E COFINS-SIMPLES. BASE DE CÁLCULO. RECEITA BRUTA. FALTA DE PREVISÃO LEGAL PARA EXCLUSÃO DA PARCELA DO ICMS. ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDE DA LEGISLAÇÃO DE REGÊNCIA. MATÉRIA NÃO CONHECIDA, NO MÉRITO. FALTA DE COMPETÊNCIA.
A base de cálculo da Contribuição para o PIS e da Cofins é a receita bruta, o faturamento, abarcando a parcela do ICMS.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2).
COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA . CRÉDITO NÃO COMPROVADO.
O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizá-lo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por esse Órgão.
No processo de compensação tributária, o contribuinte é autor do pedido de aproveitamento de crédito contra a Fazenda Nacional, na declaração de compensação informada.
À luz do art. 333, I, do CPC, incumbe ao autor o ônus da prova do fato constitutivo do seu direito de crédito alegado, mediante apresentação de elementos de provas hábeis e idôneas da composição e da existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa.
A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o débito tributário na data de transmissão da DCOMP sob condição resolutória, pois dependente de ulterior verificação para efeito de homologação ou não.
Os requisitos de certeza e liquidez do crédito pleiteado devem estar preenchidos ou atendidos na data de transmissão da declaração de compensação.
Numero da decisão: 1802-002.253
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, REJEITAR a preliminar suscitada e, no mérito, NEGAR provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator.
(documento assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa- Presidente.
(documento assinado digitalmente)
Nelso Kichel- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, José de Oliveira Ferraz Corrêa, Nelso Kichel, Marciel Eder Costa, Gustavo Junqueira Carneiro Leão e Henrique Heiji Erbano.
Nome do relator: NELSO KICHEL
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ementa_s : Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples Ano-calendário: 2003 NULIDADE. INTIMAÇÃO POR AR. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA DE VÍCIO. TEORIA DA APARÊNCIA . PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS. PRELIMINAR REJEITADA. É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário. (Súmula CARF nº 9). É válida a citação de pessoa jurídica por via postal, quando efetivada no endereço onde se encontra o estabelecimento sede do réu, sendo desnecessário que a carta citatória seja recebida e o aviso de recebimento assinado por seu representante legal. Em conformidade com o princípio da instrumentalidade das formas, que determina a não vinculação às formalidades desprovidas de efeitos prejudiciais ao processo, é de rigor a aplicação da teoria da aparência para reconhecer a validade da citação da pessoa jurídica realizada. Ainda mais, ressalte-se que, não é comum se dispor o diretor ou gerente de empresa de grande porte a receber os carteiros, sendo, por tal motivo, presumir-se que o empregado colocado nessa função tenha a responsabilidade de promover o devido encaminhamento à correspondência recebida. A jurisprudência considera válida a citação feita na pessoa de porteiro do prédio comercial onde se localiza empresa ré, ainda que sem poderes específicos para representar a pessoa jurídica. Homenagem ao princípio da instrumentalidade do processo, da teoria da aparência e da razoável duração do processo. PIS-SIMPLES E COFINS-SIMPLES. BASE DE CÁLCULO. RECEITA BRUTA. FALTA DE PREVISÃO LEGAL PARA EXCLUSÃO DA PARCELA DO ICMS. ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDE DA LEGISLAÇÃO DE REGÊNCIA. MATÉRIA NÃO CONHECIDA, NO MÉRITO. FALTA DE COMPETÊNCIA. A base de cálculo da Contribuição para o PIS e da Cofins é a receita bruta, o faturamento, abarcando a parcela do ICMS. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA . CRÉDITO NÃO COMPROVADO. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizá-lo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por esse Órgão. No processo de compensação tributária, o contribuinte é autor do pedido de aproveitamento de crédito contra a Fazenda Nacional, na declaração de compensação informada. À luz do art. 333, I, do CPC, incumbe ao autor o ônus da prova do fato constitutivo do seu direito de crédito alegado, mediante apresentação de elementos de provas hábeis e idôneas da composição e da existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o débito tributário na data de transmissão da DCOMP sob condição resolutória, pois dependente de ulterior verificação para efeito de homologação ou não. Os requisitos de certeza e liquidez do crédito pleiteado devem estar preenchidos ou atendidos na data de transmissão da declaração de compensação.
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INTIMAÇÃO POR “AR”. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA DE VÍCIO. TEORIA DA APARÊNCIA . PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS. PRELIMINAR REJEITADA. É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário. (Súmula CARF nº 9). É válida a citação de pessoa jurídica por via postal, quando efetivada no endereço onde se encontra o estabelecimento sede do réu, sendo desnecessário que a carta citatória seja recebida e o aviso de recebimento assinado por seu representante legal. Em conformidade com o princípio da instrumentalidade das formas, que determina a não vinculação às formalidades desprovidas de efeitos prejudiciais ao processo, é de rigor a aplicação da teoria da aparência para reconhecer a validade da citação da pessoa jurídica realizada. Ainda mais, ressaltese que, não é comum se dispor o diretor ou gerente de empresa de grande porte a receber os carteiros, sendo, por tal motivo, presumirse que o empregado colocado nessa função tenha a responsabilidade de promover o devido encaminhamento à correspondência recebida. A jurisprudência considera válida a citação feita na pessoa de porteiro do prédio comercial onde se localiza empresa ré, ainda que sem poderes específicos para representar a pessoa jurídica. Homenagem ao princípio da instrumentalidade do processo, da teoria da aparência e da razoável duração do processo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 87 5. 90 27 97 /2 01 1- 15 Fl. 86DF CARF MF Impresso em 15/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/08/2014 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 14/08/2014 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 12/08/2014 por NELSO KICHEL Processo nº 10875.902797/201115 Acórdão n.º 1802002.253 S1TE02 Fl. 87 2 PISSIMPLES E COFINSSIMPLES. BASE DE CÁLCULO. RECEITA BRUTA. FALTA DE PREVISÃO LEGAL PARA EXCLUSÃO DA PARCELA DO ICMS. ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDE DA LEGISLAÇÃO DE REGÊNCIA. MATÉRIA NÃO CONHECIDA, NO MÉRITO. FALTA DE COMPETÊNCIA. A base de cálculo da Contribuição para o PIS e da Cofins é a receita bruta, o faturamento, abarcando a parcela do ICMS. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA . CRÉDITO NÃO COMPROVADO. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por esse Órgão. No processo de compensação tributária, o contribuinte é autor do pedido de aproveitamento de crédito contra a Fazenda Nacional, na declaração de compensação informada. À luz do art. 333, I, do CPC, incumbe ao autor o ônus da prova do fato constitutivo do seu direito de crédito alegado, mediante apresentação de elementos de provas hábeis e idôneas da composição e da existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o débito tributário na data de transmissão da DCOMP sob condição resolutória, pois dependente de ulterior verificação para efeito de homologação ou não. Os requisitos de certeza e liquidez do crédito pleiteado devem estar preenchidos ou atendidos na data de transmissão da declaração de compensação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, REJEITAR a preliminar suscitada e, no mérito, NEGAR provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. (documento assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente. Fl. 87DF CARF MF Impresso em 15/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/08/2014 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 14/08/2014 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 12/08/2014 por NELSO KICHEL Processo nº 10875.902797/201115 Acórdão n.º 1802002.253 S1TE02 Fl. 88 3 (documento assinado digitalmente) Nelso Kichel Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, José de Oliveira Ferraz Corrêa, Nelso Kichel, Marciel Eder Costa, Gustavo Junqueira Carneiro Leão e Henrique Heiji Erbano. Fl. 88DF CARF MF Impresso em 15/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/08/2014 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 14/08/2014 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 12/08/2014 por NELSO KICHEL Processo nº 10875.902797/201115 Acórdão n.º 1802002.253 S1TE02 Fl. 89 4 Relatório Cuidam os autos do Recurso Voluntário de efls.61/75 contra decisão da 2ª Turma da DRJ/Belo Horizonte (efls. 49/54) que julgou a Manifestação de Inconformidade improcedente, não reconhecendo o direito creditório pleiteado, não homologando a compensação tributária informada. Quanto aos fatos, consta dos autos que: em 14/09/2007, a Contribuinte transmitiu pela internet o PER/DCOMP nº 06047.66152.140907.1.3.040195 (efls. 34/38), informando compensação tributária: débito informado no valor de R$ 556,63, assim especificado: a) – SIMPLES, código de receita 6106, período de apuração agosto/2007, data de vencimento 14/09/2007, valor R$ 556.63; crédito utilizado (valor original na data da transmissão): R$ 357,25: que o direito creditório pleiteado decorreu de pagamento indevido do Simples Federal (parcelas do PISSimples e da CofinsSimples) do período de apuração 31/08/2003, código de receita 6106, data de arrecadação 10/09/2003, valor original do recolhimento – DARF R$ 2.205,20. Em 01/11/2011, houve emissão do Despacho Decisório (eletrônico), efl. 31, pela DRF/Guarulhos, denegando o direito creditório pleiteado, com a seguinte fundamentação: (...) 3FUNDAMENTACÃO, DECISÃO E ENQUADRAMENTO LEGAL A análise do crédito creditório está limitada ao valor do “crédito original na data da transmissão” informado no PER/DCOMP, correspondendo a R$ 357,25. A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponivel para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. (...) Diante da inexistência do crédito, NÃO HOMOLOGO a compensação declarada. (...). Enquadramento legal: Arts. 165 e 170, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 (CTN) e Art. 74 da Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Fl. 89DF CARF MF Impresso em 15/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/08/2014 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 14/08/2014 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 12/08/2014 por NELSO KICHEL Processo nº 10875.902797/201115 Acórdão n.º 1802002.253 S1TE02 Fl. 90 5 (...) Ciente dessa decisão em 21/11/2011 – Aviso de Recebimento – AR (efl.40), a Contribuinte, em 16/12/2011 (efl. 48), apresentou Manifestação de Inconformidade por via postal (efls.02/15), juntando ainda documentos de efls. 16/38, cujas razões estão resumidas no relatório da decisão a quo e que, nessa parte, transcrevo (efl. 50), in verbis: (...) DA MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE Cientificado do Despacho Decisório, o interessado apresenta manifestação de inconformidade alegando que o Despacho Decisório foi recebido e assinado por pessoa não habilitada para receber tal correspondência em nome da empresa; que conforme disciplinado no art. 215 do Código de Processo Civil as pessoas jurídicas devem ser citadas nas pessoas de seus representantes legais, indicadas em seus estatutos sociais; que o Despacho Decisório não é válido, porque a intimação do mesmo não está formalmente revestida dos requisitos da lei e dessa forma traz consigo a nulidade do ato praticado e a nulidade do processo, sendo assim requer seja declarada a nulidade da notificação do DD, entregue sem a observância da lei, contrariando os arts. 214,215 e 247 do Código Processo Civil; que o fato gerador do PIS/COFINS é o faturamento; que o valor do ICMS destacado na nota fiscal da Manifestante é para simples registro contábil fiscal, sendo que em hipótese alguma deve ser incluído na base de cálculo do PIS. Pede a reforma do despacho decisório e a homologação da compensação. (...) A 2ª Turma da DRJ/Belo Horizonte, à luz dos fatos e da legislação de regência, julgou a manifestação de inconformidade improcedente, conforme Acórdão, de 26/11/2013, cuja ementa transcrevo a seguir (efl. 49), in verbis: (...) Assunto: Normas de Administração Tributária Anocalendário: 2003 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. Não se admite compensação com crédito que não se comprova existente. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido (...) Fl. 90DF CARF MF Impresso em 15/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/08/2014 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 14/08/2014 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 12/08/2014 por NELSO KICHEL Processo nº 10875.902797/201115 Acórdão n.º 1802002.253 S1TE02 Fl. 91 6 Ciente desse decisum em 06/01/2014 (efl. 57), a Contribuinte apresentou Recurso Voluntário de efls.61/75 em 21/01/2014 comprovante de postagem ECT (efls. 59/60), cujas razões, em síntese, são as seguintes: 1) – Quanto ao objeto social: que a Recorrente é pessoa jurídica de direito privado, ramo de comércio varejista de materiais/produtos ou equipamentos elétricos e eletrônicos e materiais de construção; 2) – Preliminar de nulidade: que, apesar da pessoa jurídica Recorrente ter sido notificada do despacho decisório, a notificação não ocorreu conforme determina a lei, ou seja, não houve notificação na pessoa física dos sócios ou administradores, implicando nulidade do ato por prejuízo à defesa e ao contraditório (cerceamento do direito de defesa). que, se o endereço eleito pela pessoa jurídica, é o local para receber intimações e notificações, isso não autoriza que qualquer pessoa que esteja ocasionalmente no estabelecimento, por exemplo um cliente, seja pessoa capacitada juridicamente para receber notificação em nome da empresa. que, por conseguinte, deve ser declarada nula a ciência do despacho decisório, pois realizada em desconformidade com a lei. 3) – Quanto ao direito creditório: que é pessoa jurídica sujeita a pagamento de tributos federais; que formalizou declaração de compensação tributária, utilizando crédito decorrente de pagamento a maior de PIS/Cofins no âmbito do Simples Federal, pois recolhera essas exaçações fiscais no anocalendário 2003 apuradas sobre a receita bruta, sem exclusão da parcela do ICMS; que a base de cálculo dessas exações fiscais é o faturamento, ou seja, as receitas de vendas de mercadorias e de prestação de serviços; que na base de cálculo da Contribuição para o PIS e da Cofins não deve constar a parcela do ICMS, que não é receita própria; que o Supremo Tribunal Federal – STF já declarou a inconstitucionalidade do do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 que previa o alargamento da base de cálculo da Contribuição para o PIS e da Cofins; que na DCOMP não tem como esclarecer a origem do crédito (no caso de declaração expressa de inconstitucionalidade pelo STF) e não tem como usar o direito de peticionar, restando na manifestação de inconformiade o direito de peticionar, esclarecer e requerer; que efetuou o recolhimento do Simples sobre a receita bruta, em DARF; porém, isso implicou pagamento do PISSimples e Cofins –Simples sobre o faturamento bruto, sem exclusão da parcela do ICMS; Fl. 91DF CARF MF Impresso em 15/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/08/2014 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 14/08/2014 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 12/08/2014 por NELSO KICHEL Processo nº 10875.902797/201115 Acórdão n.º 1802002.253 S1TE02 Fl. 92 7 que, consoante melhor doutrina pátria e decisão do STF, faz jus à restituição do PIS/Cofins incidente sobre o ICMS; que o crédito pleiteado do PISSimples e CofinsSimples decorreu, portanto, da exclusão da parcela do ICMS da base de cálculo dessas exações fiscais (Obs: a Contribuinte não juntou aos autos planilha, memória de cálculo, do alegado crédito informado na DCOMP, nem documentos de sua escrituração contábil). que, por fim, pediu deferimento do direito creditório pleiteado, mediante reforma da decisão recorrida. É o relatório. Fl. 92DF CARF MF Impresso em 15/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/08/2014 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 14/08/2014 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 12/08/2014 por NELSO KICHEL Processo nº 10875.902797/201115 Acórdão n.º 1802002.253 S1TE02 Fl. 93 8 Voto Conselheiro Nelso Kichel, Relator. O Recurso Voluntário, por ser tempestivo e atender aos demais requisitos de admissibilidade, merece ser apreciado, conhecido. Logo, dele conheço. Conforme relatado, os autos tratam de compensação tributária. Nas decisões anteriores objeto deste processo, o crédito pleiteado foi denegado, por ser inexistente; faltou comprovar sua liquidez e certeza. Nesta instância recursal, a Recorrente busca a reforma da decisão recorrida, suscitando, primeiro, preliminar de nulidade e, no mérito, matéria de direito. NULIDADE. INTIMAÇÃO POR “AR”. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA DE VÍCIO. PRELIMINAR REJEITADA. Nas razões do recurso voluntário, a Recorrente sucitou preliminar de nulidade da intimação atinente ao Despacho Decisório da DRF/Guarulhos, por via postal, Aviso de RecebimentoAR, na pessoa física diversa da designada pela empresa. Na primeira instância de julgamento, a Contribuinte, também, suscitou esta preliminar de nulidade, conforme razões constantes da Manifestação de Inconformidade que, nessa parte, transcrevo no que pertinente (efls. 05/08), in verbis: PRELIMINARMENTE Em 22/11/2011 a manifestante recebeu o DESPACHO DECISÓRIO, (DOC 03) oriundo da Delegacia da Receita Federal do Brasil, conforme AR em poder desta delegacia, (...) Senhor Delegado o despacho decisório foi recebido e assinado por pessoa não credenciada e não habilitada para receber tal correspondência em nome da empresa DOMINIUM MATERIAIS HIDRÁULICOS E FERRAGENS LTDA, (...) O representante legal da manifestante é seu sócio gerente (DOC 01) razão pela qual somente ele poderia ter recebido a correspondência da Delegacia da Receita Federal do Brasil, máxime por tratarse de intimação para pagamento postada com aviso de recebimento. Da assinatura oposta no documento do correio, o assinante não é sócio, não é procurador, e nem legitimado e não representa legalmente a requerente. Portanto, quem recebeu e assinou o despacho decisório, não é sócio, não é procurador, nem legitimada, não representa legalmente a requerente, e nem tem vínculos com a Manifestante. Fl. 93DF CARF MF Impresso em 15/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/08/2014 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 14/08/2014 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 12/08/2014 por NELSO KICHEL Processo nº 10875.902797/201115 Acórdão n.º 1802002.253 S1TE02 Fl. 94 9 (...) Entretanto para eficácia da intimação ou notificação, e para sua validade, deve a mesma ser revestida na forma da lei, e a lei dispõem que deve a mesma ser entregue na pessoa do sócio, procurador, ou legitimado, e não a um estranho que não tem relação processual (art. 222 do CPC). (...) A garantia da ampla defesa do "due process of law" deve impor que obrigatoriamente se faculte a parte o direito de produzir provas, argüir legitimidade, enfim, o amplo contraditório, tudo dento dos ditames da lei, evitando assim remeter a parte à via administrativa em toda a sua inteireza. A manifestante entende que o DESPACHO DECISÓRIO não é válido, porque a intimação do mesmo não está formalmente revestida dos requisitos da lei, e trás a nulidade do processo. (...) Assim sendo, em preliminares requer que V.S. se digne determinar seja declarada a nulidade da notificação do despacho decisório, (...) Data venia, a preliminar suscitada não merece prosperar, pois carece de pressupostos fáticos e jurídicos. Diversamente do alegado pela Recorrente, a notificação por via postal, com Avisto de Recebimento – AR, deuse nos termos da lei. A propósito, estatui o art. 23 do Decreto 70.235/72, in v erbis: Art. 23. Farseá a intimação: I – (...) II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo;(Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997)(Produção de efeito) (...) § 2° Considerase feita a intimação: II no caso do inciso II do caput deste artigo, na data do recebimento ou, se omitida, quinze dias após a data da expedição da intimação;(Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997)(Produção de efeito) (...) Fl. 94DF CARF MF Impresso em 15/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/08/2014 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 14/08/2014 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 12/08/2014 por NELSO KICHEL Processo nº 10875.902797/201115 Acórdão n.º 1802002.253 S1TE02 Fl. 95 10 No caso, a Contribuinte foi notificada do Despacho Decisório por via postal – Aviso de Rececimento – AR em 21/11/2011 (efl. 40), assinado por André R. Cruz. A Recorrente confirma, em suas razões, que recebeu a correspondência no dia seguinte, ou seja, em 22/11/2011 e que, porém, a ciência do recebimento no AR foi dada por pessoa sem vículo funcional com a empresa; que apenas estariam aptos a receber correspondência e dar ciência no AR sócio da empresa ou representante legal. Não tem guarida a pretensão da Recorrente. Primeiro, André Ribeiro da Cruz é sócio da Recorrente, conforme cópia do Instrumento Particular de Alteração e Consolidação do Contrato Social, de 29/01/2002 (efl. 17/23), e consta assinatura de Andre R. Cruz no Aviso de RecebimentoAR (efl. 40). Ainda que não sejam a mesma pessoa, isso é irrelevante. A legislação processual administrativa não exige, não estabelece que a ciência do recebimento de correspondência por via postal, Aviso de Recebimento – AR, seja dada exclusivamente a sócio ou representante legal de empresa. Inclusive, diversamente do alegado pela Recorrente, porteiro do Prédio, onde funciona a empresa, pode receber a correspondência e assinar o AR. A matéria é pacífica neste CARF, inclusive, encontrase sumulada, conforme Súmula CARF nº Súmula CARF nº 9: É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário. A Recorrente não comprovou prejuízo algum à sua defesa. Pelo contrário, mencionou expressamente que recebeu a correspondência no dia 22/11/2011 (dia seguinte à data de assinatura constante do AR). E, conforme consta dos autos, exerceu plenamente o contraditório e a ampla defesa na instância a quo, em alentada defesa, suscitando preliminar e defesa de mérito, revelando conhecer plenamente a lide objeto do processo. Como visto, a intimação, entrega do Despacho Decisório por via postal, cumpriu plenamente sua função, sem prejuízo ao contraditório e à ampla defesa. Ademais, em observância do princípio da instrumentalidade das formas, ainda que o ato processual tenha sido realizado de outro modo ou forma, mas restou atingido, alcançado o seu objetivo sem prejuízo às partes, é plenamente válido, não existindo razão alguma para suscitar sua nulidade. Nesse sentido, são também os precedentes da jurisprudencia dos tribunais pátrios: Fl. 95DF CARF MF Impresso em 15/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/08/2014 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 14/08/2014 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 12/08/2014 por NELSO KICHEL Processo nº 10875.902797/201115 Acórdão n.º 1802002.253 S1TE02 Fl. 96 11 TJSP Apelação : APL 491469820098260000 SP 0049146 98.2009.8.26.0000 NULIDADE DE CITAÇÃO CITAÇÃO PELO CORREIO COM "AR" INEXISTÊNCIA DE NULIDADE TEORIA DA APARÊNCIA PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS. Relator(a):Roberto Mac Cracken. Julgamento:03/03/2011. Órgão Julgador:37ª Câmara de Direito Privado. Publicação:24/03/2011. Ementa NULIDADE DE CITAÇÃO CITAÇÃO PELO CORREIO COM "AR" INEXISTÊNCIA DE NULIDADE TEORIA DA APARÊNCIA PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS É válida a citação de pessoa jurídica por via postal, quando efetivada no endereço onde se encontra o estabelecimento sede do réu, sendo desnecessário que a carta citatória seja recebida e o aviso de recebimento assinado por seu representante legal. Em conformidade com o princípio da instrumentalidade das formas, que determina a não vinculação às formalidades desprovidas de efeitos prejudiciais ao processo, é de rigor a aplicação da teoria da aparência para reconhecer a validade da citação da pessoa jurídica realizada. Ainda mais, ressaltese que, não é comum se dispor o diretor ou gerente de empresa de grande porte a receber os carteiros, sendo, por tal motivo, presumirse que o empregado colocado nessa função tenha a responsabilidade de promover o devido encaminhamento à correspondência recebida. Recurso não provido TJRJ AGRAVO DE INSTRUMENTO: AI 00229201220138190000 RJ Relator(a):DES. CLAUDIO BRANDAO DE OLIVEIRA. Julgamento:16/10/2013. Órgão Julgador:SÉTIMA CAMARA CIVEL. Publicação:24/03/2014 11:09 Ementa: Agravo de Instrumento. Direito Processual Civil. Recurso no qual se alega nulidade da citação postal, por ter sido recebida por terceiro. Matéria de ordem pública que não é passível de preclusão, eis que ainda não foi apreciada. Citação via postal de Pessoa Jurídica recebida pelo porteiro do prédio. Citação válida. A jurisprudência considera válida a citação feita na pessoa de porteiro do prédio comercial onde se localiza empresa ré, ainda que sem poderes específicos para representar a pessoa jurídica. Homenagem ao princípio da instrumentalidade do processo, da teoria da aparência e da razoável duração do processo. Recurso a que se nega provimento. TRF2APELAÇÃO CIVEL: AC 388942 RJ 2006.51.01.0153937 Fl. 96DF CARF MF Impresso em 15/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/08/2014 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 14/08/2014 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 12/08/2014 por NELSO KICHEL Processo nº 10875.902797/201115 Acórdão n.º 1802002.253 S1TE02 Fl. 97 12 TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. PROCESSO ADMINISTRATIVO. INTIMAÇÃO POSTAL. PESSOA JURÍDICA. TEORIA DA APARÊNCIA. PRECEDENTES. Relator(a):Desembargador Federal LUIZ ANTONIO SOARES. Julgamento:05/05/2009. Órgão Julgador:QUARTA TURMA ESPECIALIZADA. Publicação:DJU Data::01/07/2009 Página::99. Ementa TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. PROCESSO ADMINISTRATIVO. INTIMAÇÃO POSTAL. PESSOA JURÍDICA. TEORIA DA APARÊNCIA. PRECEDENTES. 1. Consoante os dispositivos acima citados, e mesmo em face do que dispõe o art.223, parágrafo único do CPC, convém ressaltar que em respeito ao princípio da aparência, bem como ao princípio da instrumentalidade do processo, a jurisprudência pátria, de longa data já possui entendimento que a citação/intimação realizada em pessoa que não possui poderes de gerência/administração da pessoa jurídica é válida, não lhe sendo exigido que possua poder de gerência ou que receba costumeiramente correspondências. 2. Segundo a jurisprudência dominante no STJ, e regular a citação de pessoa jurídica, por via postal, quando a correspondência é encaminhada ao estabelecimento da ré, sendo ali recebida por um seu funcionário. Desnecessário que o ato de comunicação processual recaia em pessoa ou pessoas que, instrumentalmente ou por delegação expressa, representem a sociedade (REsp 161167). 3. Consoante entendimento já consolidado nesta Corte Superior, adotase a teoria da aparência, considerando válida a citação de pessoa jurídica, por meio de funcionário que se apresenta a oficial de justiça sem mencionar qualquer ressalva quanto à inexistência de poderes para representação em juízo (AgRg no Ag 547864). 4. Apelação improvida. STJ EMBARGOS DE DIVERGENCIA NO RECURSO ESPECIAL : EREsp 156970 SP 1999/00158032. Ministro Vicente Leal. Julgamento 02/08/2000. CECorte Especial. Publicação: DJ 22.10.2001 p. 261RDR vol. 22 p. 164 Ementa PROCESSUAL CIVIL. CITAÇÃO. PESSOA JURÍDICA. TEORIA DA APARÊNCIA. RECEBIMENTO QUE SE APRESENTA COMO REPRESENTANTE LEGAL DA EMPRESA. Em consonância com o moderno princípio da instrumentalidade processual, que recomenda o desprezo a formalidades desprovida de efeitos prejudiciais, é de se aplicar a teoria da aparência para reconhecer a validade da citação da Fl. 97DF CARF MF Impresso em 15/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/08/2014 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 14/08/2014 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 12/08/2014 por NELSO KICHEL Processo nº 10875.902797/201115 Acórdão n.º 1802002.253 S1TE02 Fl. 98 13 pessoa jurídica realizada em quem, na sua sede, se apresenta como sua representante legal e recebe a citação sem qualquer ressalva quanto a inexistência de poderes para representála em Juízo. Embargos de Divergência conhecidos e acolhidos. Por tudo que foi exposto, rejeito a preliminar suscitada. COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. PEDIDO DE APROVEITAMENTO DE DIREITO CREDITÓRIO DO SIMPLES FEDERAL. PAGAMENTO INDEVIDO A MAIOR DE PISSIMPLES E COFINSSIMPLES. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. INEXISTÊNCIA DE LIQUIDEZ E CERTEZA. Nas razões do recurso, a Recorrente informou que apurou direito creditório do Simples Federal do anocalendário 2003, da seguinte forma: a) que formalizou declaração de compensação tributária, utilizando crédito decorrente de pagamento a maior de PIS/Cofins no âmbito do Simples Federal, pois recolhera essas exaçações fiscais no anocalendário 2003 apuradas sobre a receita bruta (faturamento), sem exclusão da parcela do ICMS; b) que, pela legislação de regência, a base de cálculo dessas exações fiscais é o faturamento, ou seja, a receita bruta de vendas de mercadorias e de prestação de serviços; c) que na base de cálculo da Contribuição para o PIS e da Cofins não deve constar, não deve compreender, a parcela do ICMS, pois não é receita própria; d) que o Supremo Tribunal Federal – STF já declarou a inconstitucionalidade do do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 que previa o alargamento da base de cálculo da Contribuição para o PIS e da Cofins; e) que, pela decisão do STF, a base de cálculo da Contribuição para PIS e da Cofins é o faturamento bruto (receita bruta de vendas de mercadorias e de prestação de serviços); f) que efetuou o recolhimento do Simples, em DARF, que implicou apuração e pagamento da Contribuição PIS – Simples e da CofinsSimples sobre o faturamento bruto, sem exclusão da parcela do ICMS; g) que tem direito de crédito sobre o pagamento do PISSimples e da Cofins –Simples sobre a parcela do ICMS, quanto ao anocalendário 2003; h) que, por iniciativa própria, recalculou o valor devido no Simples Federal, a título de PISSimples e CofinsSimples dos períodos mensais do anocalendário 2003, excluindo o ICMS da receita bruta, e apurou, assim, valor pago a maior dessas exações fiscais (Obs: a Contribuinte não juntou aos autos planilha, memória de cálculo, do alegado crédito informado na DCOMP, nem documentos de sua escrituração contábil). Fl. 98DF CARF MF Impresso em 15/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/08/2014 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 14/08/2014 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 12/08/2014 por NELSO KICHEL Processo nº 10875.902797/201115 Acórdão n.º 1802002.253 S1TE02 Fl. 99 14 i) que pediu, por fim, o reconhecimento do crédito utilizado na DCOMP. A irresignação da Recorrente não merece prosperar. O crédito demandado pela Recorrente não tem respaldo fáticojurídico. Na legislação do ICMS (Lei Complementar nº 87/96, art. 13, § 1º, I) e suas ulteriores atualizações, o ICMS é calculado “por dentro”, nos seguintes termos: Art. 13. (...) § 1º. Integra a base de cálculo do imposto, inclusive o inciso V da caput deste artigo: I O montante do próprio imposto, constituindo o respectivo destaque mera indicação para fins de controle. (...). O ICMS integra a receita bruta, ou seja, o faturamento bruto. Ainda, quanto à legislação do ICMS, o Pleno do Supremo Tribunal Federal (STF) ratificou, recentemente (18/05/2011), por maioria de votos, jurisprudência firmada em 1999, no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 212209, no sentido de que é constitucional a inclusão do valor do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual, Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) na sua própria base de cálculo. A decisão foi tomada no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 582461SP (18/05/2011). A seguir trancrevo a Ementa do Acórdão do Pleno do STF, proferido nos autos do processo do RE 582461SP, sessão de 18/05/2011, Relator Min. Gilmar Mendes: 1. Recurso extraordinário. Repercussão geral. 2. Taxa Selic. Incidência para atualização de débitos tributários. Legitimidade. Inexistência de violação aos princípios da legalidade e da anterioridade. Necessidade de adoção de critério isonômico. No julgamento da ADI 2.214, Rel. Min. Maurício Corrêa, Tribunal Pleno, DJ 19.4.2002, ao apreciar o tema, esta Corte assentou que a medida traduz rigorosa igualdade de tratamento entre contribuinte e fisco e que não se trata de imposição tributária. 3. ICMS. Inclusão do montante do tributo em sua própria base de cálculo. Constitucionalidade. Precedentes. A base de cálculo do ICMS, definida como o valor da operação da circulação de mercadorias (art. 155, II, da CF/1988, c/c arts. 2º, I, e 8º, I, da LC 87/1996), inclui o próprio montante do ICMS incidente, pois ele faz parte da importância paga pelo comprador e recebida pelo vendedor na operação. A Emenda Constitucional nº 33, de 2001, inseriu a alínea “i” no inciso XII do § 2º do art. 155 da Constituição Federal, para fazer constar que cabe à lei complementar “fixar a base de cálculo, de modo que o montante do imposto a integre, também na importação do exterior de bem, mercadoria ou serviço”. Ora, se o texto dispõe que o ICMS deve Fl. 99DF CARF MF Impresso em 15/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/08/2014 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 14/08/2014 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 12/08/2014 por NELSO KICHEL Processo nº 10875.902797/201115 Acórdão n.º 1802002.253 S1TE02 Fl. 100 15 ser calculado com o montante do imposto inserido em sua própria base de cálculo também na importação de bens, naturalmente a interpretação que há de ser feita é que o imposto já era calculado dessa forma em relação às operações internas. Com a alteração constitucional a Lei Complementar ficou autorizada a dar tratamento isonômico na determinação da base de cálculo entre as operações ou prestações internas com as importações do exterior, de modo que o ICMS será calculado "por dentro" em ambos os casos. 4. Multa moratória. Patamar de 20%. Razoabilidade. Inexistência de efeito confiscatório. Precedentes. A aplicação da multa moratória tem o objetivo de sancionar o contribuinte que não cumpre suas obrigações tributárias, prestigiando a conduta daqueles que pagam em dia seus tributos aos cofres públicos. Assim, para que a multa moratória cumpra sua função de desencorajar a elisão fiscal, de um lado não pode ser pífia, mas, de outro, não pode ter um importe que lhe confira característica confiscatória, inviabilizando inclusive o recolhimento de futuros tributos. O acórdão recorrido encontra amparo na jurisprudência desta Suprema Corte, segundo a qual não é confiscatória a multa moratória no importe de 20% (vinte por cento). 5. Recurso extraordinário a que se nega provimento. Na legislação de regência da Cofins e da Contribuição para o PIS (Lei 9.718/1998, Lei 10.637/200, Lei 10.833/2003 e Lei nº 10.865/2004) também não há previsão legal de exclusão do ICMS da receita bruta (faturamento), em relação às operações de venda de mercadorias e prestação de serviços quando incide esse imposto. Diversamente do alegado pela Recorrente, a declaração de inconstitucionalidade pelo STF do § 1º do art. 3º da Lei 9.718/98, como efeito erga omnes, não tratou da questão do ICMS, se cabível ou não sua exclusão da receita bruta =faturamento bruto. Vale dizer, em relação à legislação da Contribuição para o PIS e da CSLL, na declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei 9.718/98 o STF fixou o entendimento de que a receita bruta = faturamento bruto corresponde a vendas de mercadorias, prestação de serviços ou vendas de mercadorias com prestação de serviços, não abarcando outras receitas, mormente receitas financeiras para as pessoas jurídicas cujo objeto social seja o comércio de mercadorias e prestação de serviços em geral; afastou, por conseguinte, o alargamento da base de cálculo desse dispositivo. Como demonstrado, a parcela do ICMS faz parte da receita bruta (faturamento), base de cálculo da Contribuição para o PIS e da Cofins.. Logo, enquanto não houver mudança da legislação de regência da Contribuição para o PIS e da Cofins para exclusão do ICMS da receita bruta ou decisão judicial erga omnes excluindo o ICMS da receita bruta, a base de cálculo dessas exações continua abarcando o ICMS. Fl. 100DF CARF MF Impresso em 15/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/08/2014 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 14/08/2014 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 12/08/2014 por NELSO KICHEL Processo nº 10875.902797/201115 Acórdão n.º 1802002.253 S1TE02 Fl. 101 16 Ainda, não consta dos autos que a Recorrente tenha decisão transitada em julgado conferindolhe o direito de excluir a parcela do ICMS da apuração da base de cálculo da Cofins e da Contribuição do PIS. Quanto ao afastamento da exigência da Contribuição para o PIS e da Cofins nas operações de importação de mercadorias e serviços, a decisão do STF no Recurso Extraordinário 559.937RS tem efeito, apenas, inter partes, não beneficia a Recorrente, pois não é parte daquele processo. No citado RE, o STF declarou a inconstitucionalidade do art. 7º, inciso I, da Lei nº 10.865/2004 .O ICMS não compõe a base de cálculo das contribuições PIS/Cofins no desembaraço de importação de bens e serviços, sessão de 20/03/2013. O citado dispositivo extrapolou o art. 149, § 2º, II, “a”, da CF que constitucionalizou o conceito técnicojurídico de valor aduaneiro, base de cálculo das contribuições PIS/Cofins incidentes na importação. A Fazenda Nacional, porém requereu a modulação dos efeitos dessa decisão do STF. Como visto, a Recorrente não tem respaldo legal para excluir o ICMS da receita bruta. E, também, não é beneficiária de decisão judicial nesse sentido. Logo, o crédito pleiteado não tem liquidez e certeza, nos termos do art. 170 do CTN. Além disso, apenas para argumentar, a Recorrente sequer demonstrou como apurou o suposto crédito (não juntou demonstrativo, planilha, memória de cálculo, nem cópia da escrituração contábil/fiscal). A arguição de ilegalidade ou inconstitucionalidade da legislação de regência dessas exações fiscais federais que não prevê a exclusão do ICMS da receita bruta, não pode ser enfrentada na órbita administrativa, por não ser a esfera competente. A matéria é da alçada do Poder Judiciário, e não da esfera administrativa. Esse entendimento, por ser pacífico, já está sumulado neste CARF, conforme Súmula CARF nº 02, que transcrevo a seguir, in verbis: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Como visto, a Recorrente não comprovou o direito creditório pleiteado. A Contribuinte é autora do pedido de crédito, no processo de compensação tributária. À luz do Código de Processo Civil Brasileiro, de aplicação subsidiária, o ônus probatório é do autor quanto ao fato constituitivo do direito creditório alegado contra o fisco (CPC, art. 333, I). O momento para a produção das provas está previsto nos arts. 15 e 16, §§ 4º e 5º, do Decreto nº 70.235/72 e alterações posteriores. Fl. 101DF CARF MF Impresso em 15/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/08/2014 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 14/08/2014 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 12/08/2014 por NELSO KICHEL Processo nº 10875.902797/201115 Acórdão n.º 1802002.253 S1TE02 Fl. 102 17 Portanto, não restando comprovado o direito creditório pleiteado, pela falta de demonstração da liquidez e certeza, voto para REJEITAR a preliminar suscitada e, no mérito, NEGAR provimento ao recurso. (documento assinado digitalmente) Nelso Kichel Fl. 102DF CARF MF Impresso em 15/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/08/2014 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 14/08/2014 por EST ER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 12/08/2014 por NELSO KICHEL
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Numero do processo: 10935.902429/2012-98
Turma: Segunda Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 25 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Sep 19 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 15/12/2003
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. NECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DA MATERIALIDADE DO CRÉDITO PLEITEADO PELO CONTRIBUINTE.
Por mais relevantes que sejam as razões de direito aduzidas pelo contribuinte, no rito da repetição do indébito é fundamental a comprovação da materialidade do crédito alegado. Diferentemente do lançamento tributário em que o ônus da prova compete ao Fisco, é dever do contribuinte comprovar que possui a materialidade do crédito.
Numero da decisão: 3802-002.584
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Mércia Helena Trajano DAmorim - Presidente.
(assinado digitalmente)
Bruno Maurício Macedo Curi - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Mércia Helena Trajano D'amorim (Presidente), Waldir Navarro Bezerra, Claudio Augusto Gonçalves Pereira, Bruno Mauricio Macedo Curi, Francisco Jose Barroso Rios e Solon Sehn.
O conselheiro Solon Sehn declarou-se impedido.
Nome do relator: BRUNO MAURICIO MACEDO CURI
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 15/12/2003 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PIS/PASEP. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÃO DO ICMS. DESCABIMENTO. Diante das regras vigentes, não é cabível pedido de restituição de PIS/PASEP que tenha por base a alegação de recolhimento a maior por inclusão do ICMS na base de cálculo. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 15/12/2003 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. NECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DA MATERIALIDADE DO CRÉDITO PLEITEADO PELO CONTRIBUINTE. Por mais relevantes que sejam as razões de direito aduzidas pelo contribuinte, no rito da repetição do indébito é fundamental a comprovação da materialidade do crédito alegado. Diferentemente do lançamento tributário em que o ônus da prova compete ao Fisco, é dever do contribuinte comprovar que possui a materialidade do crédito. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, negar provimento ao recurso voluntário. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 5. 90 24 29 /2 01 2- 98 Fl. 60DF CARF MF Impresso em 19/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/0 9/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 2 (assinado digitalmente) Mércia Helena Trajano D’Amorim Presidente. (assinado digitalmente) Bruno Maurício Macedo Curi Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Mércia Helena Trajano D'amorim (Presidente), Waldir Navarro Bezerra, Claudio Augusto Gonçalves Pereira, Bruno Mauricio Macedo Curi, Francisco Jose Barroso Rios e Solon Sehn. O conselheiro Solon Sehn declarouse impedido. Relatório O contribuinte JUMBO ALIMENTOS LTDA. interpôs o presente Recurso Voluntário contra o Acórdão nº 0642.734, proferido em primeira instância pela 3ª Turma da DRJ de Curitiba/PR, que julgou improcedente o direito creditório pleiteado pelo sujeito passivo em sede de manifestação de inconformidade, rejeitandoa. Por bem explicitar os atos e fases processuais ultrapassados até o momento da análise da impugnação, adotase o relatório elaborado pela autoridade julgadora a quo: “Trata o processo de Despacho Decisório emitido pela DRF Cascavel/PR, em 01/08/2012, que indeferiu o pedido de restituição formulado por meio do Per/Dcomp nº 24200.56806.161107.1.2.049772, rastreamento nº 029224472, devido à inexistência de crédito pleiteado de R$ 4.047,98, uma vez que o pagamento de PIS/PASEP (Código 6912), do período de 30/11/2003, efetuado em 15/12/2003, estaria totalmente utilizado na extinção, por pagamento, de débito da contribuinte do mesmo fato gerador. Cientificada da decisão em 13/08/2012, a interessada apresentou Manifestação de Inconformidade, alegando, em síntese, a inconstitucionalidade da cobrança do PIS e da Cofins sem a exclusão do ICMS da base de cálculo. Diz que o conceito de faturamento trazido pela Lei nº 9.718, de 1998, não pode ser elastecido a ponto de abarcar o conceito de “ingresso”, por isso, o ICMS não integra a base de cálculo das contribuições, por se tratar de mero ingresso de recursos, os quais devem ser repassados ao fisco estadual, e que o Supremo Tribunal Federal – STF tem entendido que o valor do ICMS não pode compor a base de cálculo do PIS e da Cofins. Dessa forma, solicita que os créditos sejam restituídos, acrescidos de juros de mora, desde seu pagamento indevido até a data da restituição/compensação. É o relatório.” Indeferida a manifestação de inconformidade apresentada, o órgão julgador de primeira instância sintetizou as razões para a improcedência do direito creditório na forma da ementa que segue: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Fl. 61DF CARF MF Impresso em 19/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/0 9/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10935.902429/201298 Acórdão n.º 3802002.584 S3TE02 Fl. 122 3 Data do fato gerador: 15/12/2003 COFINS. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. INEXISTÊNCIA DO DIREITO CREDITÓRIO INFORMADO EM PER/DCOMP. Inexistindo o direito creditório informado em PER/DCOMP, é de se indeferir o pedido de restituição apresentado. EXCLUSÃO DO ICMS DA BASE DE CÁLCULO. Incabível a exclusão do valor devido a título de ICMS da base de cálculo das contribuições ao PIS/Pasep e à Cofins, pois aludido valor é parte integrante do preço das mercadorias e dos serviços prestados, exceto quando for cobrado pelo vendedor dos bens ou pelo prestador dos serviços na condição de substituto tributário. CONTESTAÇÃO DE VALIDADE DE NORMAS VIGENTES. JULGAMENTO ADMINISTRATIVO. COMPETÊNCIA. Compete à autoridade administrativa de julgamento a análise da conformidade da atividade de lançamento com as normas vigentes, às quais não se pode, em âmbito administrativo, negar validade sob o argumento de inconstitucionalidade ou ilegalidade. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Cientificada acerca da decisão exarada pela 3ª Turma da DRJ de Curitiba, a interessada interpôs o presente Recurso Voluntário, no qual reitera os argumentos apresentados em sua manifestação de inconformidade. É o relatório. Voto Preenchidos os pressupostos de admissibilidade e tempestivamente interposto, nos termos do Decreto nº 70.235/72, conheço do Recurso e passo à análise das razões recursais. Da exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e da COFINS A Recorrente alega que possui direito de crédito amparada no fato de que incluiu, quando de sua apuração do PIS e da COFINS, o ICMS em sua base de cálculo; e que tal inclusão seria indevida, de modo que merece ser proporcionalmente restituída do montante decorrente desse procedimento. De início vale destacar que, ao invés de questionar a constitucionalidade da regra (o que levaria ao não conhecimento do presente Recurso), o contribuinte cerra sua discussão na extensão do conceito de faturamento – o que, na esteira da decisão proferida pelo STF no RE 346084, no qual se afastou a tributação sobre a receita bruta e se limitou ao Fl. 62DF CARF MF Impresso em 19/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/0 9/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 4 faturamento, assim entendido como as receitas decorrentes de vendas de mercadorias e prestações de serviços. Desse modo, o recurso é passível de conhecimento. Além disso, por mais que esteja sujeita ao regime não cumulativo do PIS e da COFINS, por entender que o conceito de faturamento deve ser apenas um (pois, independente do regime de tributação, temse em verdade dois únicos tributos, PIS e COFINS), comungo com o pressuposto de que o conceito de faturamento adotado com relação à lei 9.718 deve ser o mesmo válido também para os regimes das leis 10.637/2002 e 10.833/2003. A Recorrente fundamenta seu pleito defendendo que o ICMS não seria receita própria do sujeito passivo, o que implicaria na seguinte situação: Para tanto, espelhase em doutrina e em julgados que entendem que o ICMS não se enquadra no conceito de faturamento, por não representar vantagem do sujeito passivo, mas apenas receitas de terceiros. A DRJ, todavia, não acolheu o entendimento da Recorrente, pelo singelo fato de que as normas vigentes – às quais o julgador administrativo está adstrito – impõem a inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS. Assim dispôs a decisão recorrida: “Pela manifestação de inconformidade apresentada, vêse, de pronto, que a pretensão da contribuinte implica negar efeito a disposição expressa de lei. Nesse contexto, cumpre registrar que não há na legislação de regência revisão para a exclusão do valor do ICMS das bases de cálculo do PIS e da Cofins, já que esse valor, ainda que assim não entenda a interessada, é parte integrante do preço das mercadorias e serviços vendidos, exceção feita para o ICMS recolhido mediante substituição tributária, pelo contribuinte substituto tributário, consoante se depreende da leitura dos arts. 2º e 3º da Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998: (...)” Entendo que a DRJ está correta em suas considerações, apesar de uma pequena impropriedade ao se referir à lei 9.718/98 – pois o direito creditório decorre de PIS e COFINS recolhidos pela sistemática não cumulativa. As normas de direito vigentes, às quais o CARF está vinculado, impõem a inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS. Nesse sentido, vejase o que dispõem as leis 10.637/2002 e 10.833/2003, que em matéria de ICMS autorizam a dedução somente no caso de exportação: Lei 10.637/2002 “Art. 1o A contribuição para o PIS/Pasep tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. Fl. 63DF CARF MF Impresso em 19/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/0 9/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10935.902429/201298 Acórdão n.º 3802002.584 S3TE02 Fl. 123 5 § 3o Não integram a base de cálculo a que se refere este artigo, as receitas: VII decorrentes de transferência onerosa a outros contribuintes do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS de créditos de ICMS originados de operações de exportação, conforme o disposto no inciso II do § 1o do art. 25 da Lei Complementar no 87, de 13 de setembro de 1996.” Lei 10.833/2003 “Art. 1o A Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, com a incidência nãocumulativa, tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. § 3o Não integram a base de cálculo a que se refere este artigo as receitas: VI decorrentes de transferência onerosa a outros contribuintes do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS de créditos de ICMS originados de operações de exportação, conforme o disposto no inciso II do § 1o do art. 25 da Lei Complementar no 87, de 13 de setembro de 1996.” Logo, do ponto de vista normativo a Recorrente já não merece acolhida em seu pleito, ao menos no âmbito administrativo. E nem se diga que o conceito simples de faturamento, indicado no parágrafo 2o do artigo 1o das leis 10.637/2002 e10.833/2003, permitiria inferir que o ICMS incidente sobre as operações do próprio sujeito passivo, seria incompatível com a base de cálculo. Trata se de afastamento legal da base de cálculo, apenas para o caso excepcional do ICMS da exportação. E mesmo isso possui uma razão de ser, qual seja a desoneração das exportações. De todo modo, mesmo que se abstraia da letra fria das normas vigentes, ou se entenda que a dicção do inciso VI do § 3o do art. 1o das leis de regência da sistemática não cumulativa do PIS e da COFINS, entendo que não é cabível a exclusão do ICMS da base de cálculo dessas contribuições. E isso pela própria essência do ICMS. Desde que o STF entendeu, no RE 212209, que o ICMS compõe a própria base de cálculo, não restam dúvidas de que esse imposto integra o valor da operação. E não há, com a devida vênia a todos os entendimentos doutrinários e jurisprudenciais trazidos pela Recorrente, condições de se decompor o valor da operação entre itens que integrariam sua receita, e outros (em especial, o ICMS) que implicariam receitas de terceiros. É o que se verifica, inclusive, do julgado do RE em tela, no qual o Ministro Marco Aurélio, relator, confrontou o Min. Nelson Jobim, redator para o Acórdão. Abaixo segue o questionamento e a resposta: Fl. 64DF CARF MF Impresso em 19/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/0 9/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 6 Esse raciocínio foi acompanhado pelo STJ, o qual, nos Edcl no REsp no 1.413.129SP, firmou tal entendimento, conforme se verifica do aresto abaixo: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO RECEBIDOS COMO AGRAVO REGIMENTAL. FUNGIBILIDADE. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. PIS E COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DO ICMS. CONTRADIÇÃO E AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. NÃO OCORRÊNCIA. MATÉRIA EXCLUSIVAMENTE CONSTITUCIONAL. AFASTAMENTO. "Não procede ainda a afirmação de que a matéria de fundo é exclusivamente constitucional, pois o STJ conhece reiteradamente da questão e possui firme orientação de que a parcela relativa ao ICMS compõe a base de cálculo do PIS e da Cofins (Súmulas 68 e 94/STJ). Precedentes atuais: AgRg no REsp 1.106.638/RO, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 15/5/2013; REsp 1.336.985/MS, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 8/2/2013; AgRg no REsp 1.122.519/SC, Rel. Ministro Ari Pargendler, Primeira Turma, DJe 11/12/2012" (AgRg no Ag 1301160/SP, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 12/6/2013). A propósito, valhome do Acórdão proferido no RESP 8.541, o qual serviu como paradigma para as Súmulas 68 (que consagra a inclusão do antigo ICM na base de cálculo do PIS) e também 94 (que consagra a inclusão do ICMS na base de cálculo do antigo Finsocial) do STJ. Nele o Min. Ilmar Galvão, Relator, aponta as seguintes razões: Fl. 65DF CARF MF Impresso em 19/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/0 9/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10935.902429/201298 Acórdão n.º 3802002.584 S3TE02 Fl. 124 7 Apesar de se referir ao antigo ICM, a discussão travada (assim como o raciocínio espelhado) remanesce atual, pelo que me valho dessas razões de decidir. Sem embargo, o fato de o ICMS ser tributo de repercussão jurídica não me parece promover diferenças relevantes para o deslinde da causa. A não cumulatividade é, ao fundo, uma sistemática de tributação, destinada a atender a um propósito particular de política econômica, com o fito de evitar a verticalização da cadeia produtiva. Assim leciona Alcides Jorge Costa em O ICM na Constituição e na Lei Complementar (Ed. Resenha Tributária, São Paulo, 1978). Entender que o ICMS, por ser de repercussão jurídica, não significa receita própria, implica conseqüências tão graves no âmbito daquele tributo, que é mesmo incogitável admitir isso para o PIS e a COFINS. Apenas à guisa de ilustração, trago outro exemplo, além da inclusão do ICMS na própria base de cálculo (que teria que ser revista, pois perderia sua Fl. 66DF CARF MF Impresso em 19/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/0 9/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 8 razão de ser), que a inadimplência teria reflexos diametralmente opostos no ICMS se ele fosse considerado receita de terceiros. Esses reflexos, que podem ser suscitados como marginais ao PIS e à COFINS, em verdade guardam íntima relação com essas contribuições. Basta ver que, se o contribuinte considera que o ICMS é receita de terceiros, teria que observar todos os reflexos contábeis decorrentes disso – inclusive lançando a parcela de ICMS do seu preço em conta contábil própria, de receita de terceiros. De um modo ou de outro, seja do ponto de vista legal, de finalidade das normas, ou mesmo contábil, as próprias raízes do ICMS impedem que ele seja considerado receita de terceiros. E isso, em sede de PIS e COFINS, não pode ser considerado distinto, sob pena de instabilidade e insegurança jurídica absoluta. Os conceitos devem ser trabalhados de maneira uniforme. Por isso mesmo, no que toca os fundamentos do seu pedido de restituição, nego provimento ao Recurso Voluntário. Da ausência de comprovação da materialidade do crédito Ultrapassada a questão acima, o exame da materialidade do crédito do sujeito passivo também não resiste a uma análise mais acurada. Apesar de o despacho decisório afirmar que o crédito argüido pelo sujeito passivo foi integralmente utilizado para pagamento de outros débitos, a Recorrente não demonstrou, por meio de documentos hábeis, que o montante pleiteado referese ao ICMS incluído de modo (a seu ver) indevido na base de cálculo do PIS e da COFINS. Isso se verificou na manifestação de inconformidade e também no presente Recurso Voluntário. Ora, o processo administrativo tributário em si é regido pelo princípio da verdade material, que busca, mais do que qualquer formalismo, a essência do que é levado a revisão administrativa. Assim é que, no que tange ao pedido de restituição, é de responsabilidade do sujeito passivo demonstrar, mediante a apresentação de provas hábeis e idôneas, a composição e a existência do crédito pleiteado junto à Fazenda Nacional, para que sejam aferidas (i) sua legitimidade e (ii) a materialidade do seu crédito, para os fins do art. 165 do CTN. Neste espeque, a Recorrente, mesmo instada a tanto pela DRJ, não acostou aos autos documentação suficiente para comprovação de que efetivamente o crédito pleiteado se refere à inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS. Reiterese aqui, que no rito do processo de análise de pedidos de restituição, o sujeito passivo deve demonstrar a materialidade de seu crédito. Vale repisar que, diferentemente do processo de revisão do lançamento tributário, em que o ônus da prova compete ao fisco (demonstrando cabalmente as razões pelas quais o tributo deve ser exigido), no pedido de compensação o contribuinte deve demonstrar as razões pelas quais ele deve ser restituído no montante pleiteado. Assim sendo, não há nos autos fundamentos que legitimem a restituição pleiteada pela Recorrente, de modo que deve ser negado provimento ao presente Recurso Voluntário, não se reconhecendo o crédito requerido. Fl. 67DF CARF MF Impresso em 19/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/0 9/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10935.902429/201298 Acórdão n.º 3802002.584 S3TE02 Fl. 125 9 Conclusão Ante todo o exposto, conheço do Recurso Voluntário para negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Bruno Maurício Macedo Curi Fl. 68DF CARF MF Impresso em 19/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/0 9/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM
score : 1.0
Numero do processo: 10935.907063/2011-62
Turma: Terceira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 27 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Tue Sep 16 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 14/05/2004
PIS E COFINS. AMPLIAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO. A base de cálculo da contribuição para o PIS e da Cofins é o faturamento, assim compreendido o ingresso proveniente da venda de mercadorias, de serviços e mercadorias e serviços, afastado o disposto no § 1º do art. 3º da Lei nº 9718/98, por sentença proferida pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal em 09/11/2005, transitada em julgado 29/09/2006.
MATÉRIA TRIBUTÁRIA. ÔNUS DA PROVA. Cabe ao transmitente do Per/DComp o ônus probante da liquidez e certeza do crédito tributário alegado. À autoridade administrativa cabe a verificação da existência e regularidade desse direito, mediante o exame de provas hábeis, idôneas e suficientes a essa comprovação.
PROVA. MOMENTO DE APRESENTAÇÃO. Os motivos de fato, de direito e a prova documental deverão ser apresentadas com a impugnação/manifestação de inconformidade, precluindo o direito de fazê-lo em outro momento processual, ressalvadas as situações previstas nas hipóteses previstas no § 4o do artigo 16 do Decreto nº 70.235/72.
Numero da decisão: 3803-005.092
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negou-se provimento ao recurso.
(Assinado digitalmente)
Corintho Oliveira Machado - Presidente.
(Assinado digitalmente)
Jorge Victor Rodrigues - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Corintho Oliveira Machado (Presidente), João Alfredo Eduão Ferreira, Juliano Eduardo Lirani, Hélcio Lafetá Reis, Belchior Melo De Sousa e Jorge Victor Rodrigues.
Nome do relator: JORGE VICTOR RODRIGUES
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negou-se provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Corintho Oliveira Machado - Presidente. (Assinado digitalmente) Jorge Victor Rodrigues - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Corintho Oliveira Machado (Presidente), João Alfredo Eduão Ferreira, Juliano Eduardo Lirani, Hélcio Lafetá Reis, Belchior Melo De Sousa e Jorge Victor Rodrigues.
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AMPLIAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO. A base de cálculo da contribuição para o PIS e da Cofins é o faturamento, assim compreendido o ingresso proveniente da venda de mercadorias, de serviços e mercadorias e serviços, afastado o disposto no § 1º do art. 3º da Lei nº 9718/98, por sentença proferida pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal em 09/11/2005, transitada em julgado 29/09/2006. MATÉRIA TRIBUTÁRIA. ÔNUS DA PROVA. Cabe ao transmitente do Per/DComp o ônus probante da liquidez e certeza do crédito tributário alegado. À autoridade administrativa cabe a verificação da existência e regularidade desse direito, mediante o exame de provas hábeis, idôneas e suficientes a essa comprovação. PROVA. MOMENTO DE APRESENTAÇÃO. Os motivos de fato, de direito e a prova documental deverão ser apresentadas com a impugnação/manifestação de inconformidade, precluindo o direito de fazêlo em outro momento processual, ressalvadas as situações previstas nas hipóteses previstas no § 4o do artigo 16 do Decreto nº 70.235/72. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negouse provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Corintho Oliveira Machado Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 5. 90 70 63 /2 01 1- 62 Fl. 42DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/07/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 25/07/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 11/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 2 (Assinado digitalmente) Jorge Victor Rodrigues Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Corintho Oliveira Machado (Presidente), João Alfredo Eduão Ferreira, Juliano Eduardo Lirani, Hélcio Lafetá Reis, Belchior Melo De Sousa e Jorge Victor Rodrigues. Relatório O Despacho Decisório eletrônico (Rastreamento nº 015070042) emitido em 03/01/2012, indeferiu o Per/DComp 17781.46337.211205.1.2.041906, sob a alegação de que, a partir do DARF apresentado, o crédito nele informado foi integralmente utilizado no pagamento de outros débitos, não restando saldo credor para a restituição pleiteada. Manifestando a sua inconformidade a contribuinte alegou que apurou as contribuições ao PIS e à Cofins, com base no art. 3º da então vigente Lei nº 9.718/98; que ampliou o conceito de base de cálculo dessas contribuições e que o Supremo Tribunal Federal, por meio do RE 346.084, julgou inconstitucional a ampliação da base de cálculo trazido por esse dispositivo legal; que a comprovação do recolhimento efetuado a maior se dá através de planilhas de apuração do PIS, as quais demonstram que compuseram a base de cálculo a receita da venda de mercadorias, da prestação de serviços e outras receitas – financeiras, aluguéis, recuperação de despesas, bem assim dos DARF’s correspondentes anexos, que comprovam o pagamento do valor apurado. Ao final postula pela restituição dos valores pagos a maior a título de PIS, nos termos do art. 165 do Código Tributário Nacional e art. 2º, III, ‘c’, da IN RFB 900/08, acrescidos de juros com base na taxa Selic. Em julgamento realizado em 18/04/2013, por meio do Acórdão nº 0640.312, a decisão proferida pela 3ª Turma DRJ/CTA indeferiu a manifestação de inconformidade aviada, consoante transcrição da ementa a seguir ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do Fato Gerador: 14/05/2004 PIS/PASEP. BASE DE CÁLCULO. JULGAMENTO PELO STF. É perfeitamente aplicável a disposição § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, até a sua revogação pela Lei 11.941, de 27 de maio de 2009, uma vez que o julgamento do STF pela inconstitucionalidade da ampliação da base de cálculo contida naquele dispositivo não tem efeito erga omnes, só atingindo as partes envolvidas, posto que a decisão não foi em ADIN, mas em Recurso Extraordinário. Fl. 43DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/07/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 25/07/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 11/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 10935.907063/201162 Acórdão n.º 3803005.092 S3TE03 Fl. 7 3 Em apertada síntese a decisão de primeira instância limitouse à alegação de que a declaração de inconstitucionalidade do STF não gerou efeito erga omnes, porém apenas inter partes; que até a edição da Lei nº 11.941, DOU de 29/05/09, que revogou tal dispositivo inconstitucional contido no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, o mesmo era perfeitamente aplicável; e que as condições para o afastamento da aplicação da norma julgada inconstitucional, não se coadunaram com o disposto nos artigos 1º e 4º do Decreto nº 2.346/97, o que fez em observância ao disposto no artigo 26A do Decreto nº 70.235/72, com redação dada pela Lei nº 11.941/09. Por tal razão deixou o voto condutor de reconhecer o direito creditório pleiteado, consoante consta da fl. 03 da decisão vergastada. No que atine à questão probatória a referida decisão entendeu que não há nos autos provas do direito alegado, eis que a contribuinte não demonstrou fazer parte de ação judicial na qual foi declarada a inconstitucionalidade do dispositivo informado na peça inaugural, bem assim não trouxe aos autos documentos e livros fiscais, que demonstrassem de forma inequívoca, a base de cálculo utilizada para o pagamento a maior da contribuição, a teor do artigo 147, § 1º, do CTN, eis que incumbe à interessada trazer aos autos junto à peça contestatória, o direito em que se fundamenta e as provas a que se alude, em conformidade ao art. 16, III, do Dec. Nº 70.235/72. Cientificado do teor da decisão de primeira instância por meio de AR em 29/04/2013 e, com ela irresignado, o contribuinte ingressou com Recurso Voluntário em 17/05/2013, reiterando os termos expendidos na exordial, de forma minudente, para pugnar pela reforma da decisão hostilizada. É o relatório. Voto Conselheiro Relator Jorge Victor Rodrigues Relator O recurso interposto preenche os requisitos necessários à sua admissibilidade, dele conheço. Fl. 44DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/07/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 25/07/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 11/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 4 O apelo devolvido a esta Corte versa acerca da inconstitucionalidade da ampliação da base de cálculo do PIS e da Cofins, bem assim acerca da liquidez e certeza do crédito, cuja restituição foi suscitada pela contribuinte, com a devida atualização de acordo com a taxa Selic. O Supremo Tribunal Federal – STF, reconheceu a inconstitucionalidade da ampliação da base de cálculo do PIS e da Cofins prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98, e em decisão unânime, o Plenário resolveu a questão de ordem constitucional no sentido de reconhecer a repercussão geral, para reafirmar a jurisprudência do Tribunal acerca da inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei 9.718/98. Confirase: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TRIBUTO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ de 1º.09.2006; REs 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, DJ de 18.08.2006) Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso Improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS, prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. (RE 585235/MG, Relator: Min. Cézar Peluso, julgado em 10/09/2008). Nos julgamentos realizados no âmbito do CARF a regulação acerca deste tema encontra supedâneo no disposto artigo 62A do RICARF/09, que assim estabelece: Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Reiteradas vezes como julgador, ao deparar com o tema sob exame, tenho me pronunciado de forma a observar o contido no artigo 62A do Regimento Interno do CARF/09, e igualmente o faço nesta oportunidade, com o fito de solucionar a questão atinente ao reconhecimento do direito alegado pela Recorrente. No que atine à questão probatória, bem se vê que a decisão a quo esteve silente em relação à eficácia da planilha e dos DARF’s correspondentes, colacionados aos autos pela Recorrente, quando da sua manifestação de inconformidade. Quanto a este aspecto o aresto recorrido limitouse a indicar a ausência nos autos de documentos “inominados” e de livros fiscais, que demonstrassem de forma Fl. 45DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/07/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 25/07/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 11/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 10935.907063/201162 Acórdão n.º 3803005.092 S3TE03 Fl. 8 5 inequívoca, a base de cálculo utilizada para o pagamento a maior da contribuição, a teor do artigo 147, § 1º, do CTN. Logo, a conclusão a que chegou a referida decisão é que os documentos apresentados pela Recorrente foram considerados insuficientes para demonstrar a legitimidade de sua pretensão. Neste aspecto, de os documentos apresentados pela Recorrente não serem o bastante e suficientes para demonstrar cabalmente acerca do quantum e da liquidez e certeza do crédito alegado, assiste razão ao juízo a quo, eis que aos mesmos deveriam se somar, no mínimo, as DCTF’s correspondentes e o Livro Razão relacionados ao período de apuração objeto do pedido de restituição, em observância aos princípios da segurança jurídica, da verdade material, da razoabilidade e da proporcionalidade, esculpidos no artigo 37, CF/88. É cediço que quando da apresentação de Per/DComp à repartição fiscal, por se tratar de iniciativa do próprio contribuinte, cabe ao transmitente o ônus probante da liquidez e certeza do crédito tributário alegado. Por sua vez à autoridade administrativa cabe a verificação da existência e regularidade desse direito, mediante o exame de provas hábeis, idôneas e suficientes a essa comprovação. Os motivos de fato, de direito e a prova documental deverão ser apresentadas com a impugnação/manifestação de inconformidade, precluindo o direito de fazêlo em outro momento processual, ressalvadas as situações previstas nas hipóteses previstas no § 4o do artigo 16 do Decreto nº 70.235/72, sobre as quais a contribuinte não se manifestou. Os juros de mora apurados com base na taxa Selic, por força de norma legal vigente, Conforme Dispõe o art. 13 da Lei nº 9.065, de 1995, c/c o art. 61, § 3º da Lei nº 9.430, de 1996, são devidos, entretanto deles não fará proveito a Recorrente pelas razões explicitadas. Com tais observações oriento o meu voto para NEGAR provimento ao recurso interposto. É assim que voto. Sala de Sessões, em 27 de novembro de 2013. Jorge Victor Rodrigues – Relator. Fl. 46DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/07/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 25/07/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 11/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 6 Relator Relator Fl. 47DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/07/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 25/07/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 11/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO
score : 1.0
Numero do processo: 10825.720018/2008-47
Turma: Segunda Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 16 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Sep 30 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Ano-calendário: 2007
PIS. REGIME NÃO-CUMULATIVO. INSUMOS UTILIZAÇÃO DE BENS E SERVIÇOS. CREDITAMENTO. AMPLITUDE DO DIREITO.
No regime de incidência não-cumulativa do PIS/Pasep e da COFINS, as Leis 10.637/02 e 10.833/03 (art. 3º, inciso II) possibilitam o creditamento tributário pela utilização de bens e serviços como insumos na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, ou ainda na prestação de serviços, com algumas ressalvas legais. Diante do modelo prescrito pelas retrocitadas leis - dadas as limitações impostas ao creditamento pelo texto normativo - vê-se que o legislador optou por um regime de não-cumulatividade parcial, onde o termo insumo, como é e sempre foi historicamente empregado, nunca se apresentou de forma isolada, mas sempre associado à prestação de serviços ou como fator de produção na elaboração de produtos destinados à venda, e, neste caso, portanto, vinculado ao processo de industrialização.
PIS. REGIME DA NÃO-CUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO DECORRENTE DE CUSTOS E DESPESAS COM INSUMOS. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA APLICAÇÃO DOS INSUMOS NO PROCESSO PRODUTIVO OU NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS.
O creditamento objeto do regime da não-cumulatividade do PIS/Pasep e da COFINS, além da necessária observação das exigências legais, requer a perfeita comprovação, por documentação idônea, dos custos e despesas decorrentes da aquisição de bens e serviços empregados como insumos na atividade da pessoa jurídica.
REGIME DA NÃO-CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. NÃO-COMPROVAÇÃO. GLOSA.
A não-comprovação dos créditos, referentes à não-cumulatividade, indicados no Dacon, implica sua glosa por parte da fiscalização.
NULIDADE DA DECISÃO DE 1ª INSTÂNCIA. INEXISTÊNCIA.
O julgador não está obrigado a rebater todos os argumentos trazidos no recurso, nem a esmiuçar exaustivamente seu raciocínio, bastando apenas decidir fundamentadamente, entendimento já pacificado em nossos tribunais superiores.
Hipótese em que o acórdão recorrido apreciou de forma suficiente os argumentos da impugnação, ausente vício de motivação ou omissão quanto à matéria suscitada pelo contribuinte, não há que se falar em nulidade do acórdão recorrido.
DESPACHO DECISÓRIO. INSUBSISTÊNCIA. MOTIVAÇÃO. INOCORRÊNCIA.
É incabível a arguição de nulidade do despacho decisório, cujos procedimentos relacionados à decisão administrativa estejam revestidos de suas formalidades essenciais, em estrita observância aos ditames legais, assim como verificado que o sujeito passivo obteve plena ciência de seus termos e assegurado o exercício da faculdade de interposição da respectiva manifestação de inconformidade.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Direito Creditório Reconhecido em Parte.
Numero da decisão: 3802-003.600
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer em parte o recurso voluntário e na parte conhecida dar parcial provimento, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Mércia Helena Trajano Damorim - Presidente.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim (Presidente), Francisco José Barroso Rios, Solon Sehn, Waldir Navarro Bezerra, Bruno Mauricio Macedo Curi e Adriene Maria de Miranda Veras. Ausente justificadamente o conselheiro Cláudio Augusto Gonçalves Pereira.
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Ano-calendário: 2007 PIS. REGIME NÃO-CUMULATIVO. INSUMOS UTILIZAÇÃO DE BENS E SERVIÇOS. CREDITAMENTO. AMPLITUDE DO DIREITO. No regime de incidência não-cumulativa do PIS/Pasep e da COFINS, as Leis 10.637/02 e 10.833/03 (art. 3º, inciso II) possibilitam o creditamento tributário pela utilização de bens e serviços como insumos na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, ou ainda na prestação de serviços, com algumas ressalvas legais. Diante do modelo prescrito pelas retrocitadas leis - dadas as limitações impostas ao creditamento pelo texto normativo - vê-se que o legislador optou por um regime de não-cumulatividade parcial, onde o termo insumo, como é e sempre foi historicamente empregado, nunca se apresentou de forma isolada, mas sempre associado à prestação de serviços ou como fator de produção na elaboração de produtos destinados à venda, e, neste caso, portanto, vinculado ao processo de industrialização. PIS. REGIME DA NÃO-CUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO DECORRENTE DE CUSTOS E DESPESAS COM INSUMOS. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA APLICAÇÃO DOS INSUMOS NO PROCESSO PRODUTIVO OU NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. O creditamento objeto do regime da não-cumulatividade do PIS/Pasep e da COFINS, além da necessária observação das exigências legais, requer a perfeita comprovação, por documentação idônea, dos custos e despesas decorrentes da aquisição de bens e serviços empregados como insumos na atividade da pessoa jurídica. REGIME DA NÃO-CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. NÃO-COMPROVAÇÃO. GLOSA. A não-comprovação dos créditos, referentes à não-cumulatividade, indicados no Dacon, implica sua glosa por parte da fiscalização. NULIDADE DA DECISÃO DE 1ª INSTÂNCIA. INEXISTÊNCIA. O julgador não está obrigado a rebater todos os argumentos trazidos no recurso, nem a esmiuçar exaustivamente seu raciocínio, bastando apenas decidir fundamentadamente, entendimento já pacificado em nossos tribunais superiores. Hipótese em que o acórdão recorrido apreciou de forma suficiente os argumentos da impugnação, ausente vício de motivação ou omissão quanto à matéria suscitada pelo contribuinte, não há que se falar em nulidade do acórdão recorrido. DESPACHO DECISÓRIO. INSUBSISTÊNCIA. MOTIVAÇÃO. INOCORRÊNCIA. É incabível a arguição de nulidade do despacho decisório, cujos procedimentos relacionados à decisão administrativa estejam revestidos de suas formalidades essenciais, em estrita observância aos ditames legais, assim como verificado que o sujeito passivo obteve plena ciência de seus termos e assegurado o exercício da faculdade de interposição da respectiva manifestação de inconformidade. Recurso Voluntário Provido em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte.
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REGIME NÃOCUMULATIVO. INSUMOS UTILIZAÇÃO DE BENS E SERVIÇOS. CREDITAMENTO. AMPLITUDE DO DIREITO. No regime de incidência nãocumulativa do PIS/Pasep e da COFINS, as Leis 10.637/02 e 10.833/03 (art. 3º, inciso II) possibilitam o creditamento tributário pela utilização de bens e serviços como insumos na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, ou ainda na prestação de serviços, com algumas ressalvas legais. Diante do modelo prescrito pelas retrocitadas leis dadas as limitações impostas ao creditamento pelo texto normativo vêse que o legislador optou por um regime de não cumulatividade parcial, onde o termo “insumo”, como é e sempre foi historicamente empregado, nunca se apresentou de forma isolada, mas sempre associado à prestação de serviços ou como fator de produção na elaboração de produtos destinados à venda, e, neste caso, portanto, vinculado ao processo de industrialização. PIS. REGIME DA NÃOCUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO DECORRENTE DE CUSTOS E DESPESAS COM INSUMOS. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA APLICAÇÃO DOS INSUMOS NO PROCESSO PRODUTIVO OU NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. O creditamento objeto do regime da nãocumulatividade do PIS/Pasep e da COFINS, além da necessária observação das exigências legais, requer a perfeita comprovação, por documentação idônea, dos custos e despesas decorrentes da aquisição de bens e serviços empregados como insumos na atividade da pessoa jurídica. REGIME DA NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. NÃO COMPROVAÇÃO. GLOSA. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 82 5. 72 00 18 /2 00 8- 47 Fl. 521DF CARF MF Impresso em 30/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 2 A nãocomprovação dos créditos, referentes à nãocumulatividade, indicados no Dacon, implica sua glosa por parte da fiscalização. NULIDADE DA DECISÃO DE 1ª INSTÂNCIA. INEXISTÊNCIA. O julgador não está obrigado a rebater todos os argumentos trazidos no recurso, nem a esmiuçar exaustivamente seu raciocínio, bastando apenas decidir fundamentadamente, entendimento já pacificado em nossos tribunais superiores. Hipótese em que o acórdão recorrido apreciou de forma suficiente os argumentos da impugnação, ausente vício de motivação ou omissão quanto à matéria suscitada pelo contribuinte, não há que se falar em nulidade do acórdão recorrido. DESPACHO DECISÓRIO. INSUBSISTÊNCIA. MOTIVAÇÃO. INOCORRÊNCIA. É incabível a arguição de nulidade do despacho decisório, cujos procedimentos relacionados à decisão administrativa estejam revestidos de suas formalidades essenciais, em estrita observância aos ditames legais, assim como verificado que o sujeito passivo obteve plena ciência de seus termos e assegurado o exercício da faculdade de interposição da respectiva manifestação de inconformidade. Recurso Voluntário Provido em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer em parte o recurso voluntário e na parte conhecida dar parcial provimento, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Mércia Helena Trajano Damorim Presidente. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim (Presidente), Francisco José Barroso Rios, Solon Sehn, Waldir Navarro Bezerra, Bruno Mauricio Macedo Curi e Adriene Maria de Miranda Veras. Ausente justificadamente o conselheiro Cláudio Augusto Gonçalves Pereira. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão da 4ª Turma da DRJ de Ribeirão Preto – SP (fls. 416/424 do processo eletrônico), que, por unanimidade de votos, julgou procedente em parte a manifestação de inconformidade apresentada pela interessada contra Despacho decisório que homologou parcialmente a Declaração de Compensação (Dcomp fls. 2/6), cujo crédito provém do saldo credor da contribuição ao PIS, relativo a Fl. 522DF CARF MF Impresso em 30/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10825.720018/200847 Acórdão n.º 3802003.600 S3TE02 Fl. 522 3 receitas de exportação, apurado no regime de incidência nãocumulativa, referente ao mês de maio de 2007. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório objeto da decisão recorrida, a seguir transcrito na sua integralidade: Trata o presente processo de Declaração de Compensação (Dcomp), a fls.2/6, cujo crédito provém do saldo credor da contribuição ao PIS, relativo a receitas de exportação, apurado no regime de incidência nãocumulativa, referente ao mês de maio/2007, no valor de R$ 41.423,22. A DRF/Bauru, por meio do despacho decisório de fls. 104/106, homologou parcialmente a compensação, reconhecendo o direito creditório no valor de R$ 27.420,03. De acordo com o Termo de Constatação Fiscal, de fls. 96/99, o crédito foi deferido parcialmente devido à glosa de vários itens relativos aos créditos apurados pela requerente, conforme descrito no citado termo. Cientificada do despacho decisório e inconformada com o deferimento parcial de seu pedido, a interessada apresentou manifestação de inconformidade, às fls. 123/163, alegando, preliminarmente, que “a inclusão, no auto de infração, de valores não devidos, face à da glosa indevida como será comprovado...” “...retira do presente feito a liquidez e certeza, o que por si só torna nula a lavratura do auto de infração...” Prosseguindo, também em preliminar, argumenta que o despacho decisório e o termo de constatação seriam nulos porquanto não discriminam especificamente quais os produtos que não se enquadram como insumo, tampouco apresentam a motivação e a fundamentação legal das glosas, além de a fiscalização ter apontado no termo de constatação o descumprimento de vários artigos do Regulamento do Imposto de Renda (RIR/1999), que seriam totalmente inaplicáveis ao caso concreto. Assim, faltariam elementos essenciais ao ato administrativo, tais como, motivo, agente, objeto, forma, finalidade, resultando no cerceamento do direito de defesa e na nulidade do procedimento. Também discorre longamente sobre a motivação do ato administrativo, para concluir que a motivação que o ato deve conter tem que ser acessível ao destinatário, de modo que este prescinda de advogado ou especialista para exercer seu direito de defesa. Fl. 523DF CARF MF Impresso em 30/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 4 Por fim, argumenta que o ato combatido ofende também o princípio da verdade material, o que também levaria a sua nulidade. Quanto ao mérito, alega, em resumo, que o conceito de insumo para o PIS e Cofins não pode ser transposto do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicações (ICMS), pois a não cumulatividade das contribuições sociais não se restringe às empresas industriais. Assim, insumo, no âmbito da nãocumulatividade, não seria composto somente pelas matériasprimas utilizadas diretamente na produção, mas por todos os bens e serviços, desde que utilizados na fabricação de bens e serviços, anexando excerto de texto de jurista nesse sentido. Ainda quanto ao mérito, repete as alegações preliminares quanto à ausência de discriminação e fundamentação das glosas, discorrendo brevemente sobre seu processo produtivo e o aproveitamento dos insumos que, segundo seu entendimento, gerariam direito ao crédito das contribuições. Quanto aos insumos, argumenta que a graxa foi indevidamente glosada, pois nada mais é que um lubrificante indispensável ao funcionamento das máquinas do processo produtivo, e, assim como este, deveria dar direito ao crédito, conforme entendimento da própria Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), por meio de Solução de Divergência que cita. O mesmo se aplica aos combustíveis e lubrificantes utilizados no processo produtivo, cujo aproveitamento do crédito está previsto na Lei nº 10.833, de 2003, na IN SRF nº 404, de 2004, e ainda em entendimento da Administração Tributária. Com relação à venda de álcool, a contribuinte alega que a fiscalização glosou todos os valores dos créditos a ela relativos, pois considerou que somente houve venda de álcool carburante, que não gera direito ao crédito porque está no regime cumulativo, não considerando a venda de álcool para outros fins. Assim, a fiscalização deveria ter estabelecido o rateio proporcional entre o álcool carburante (regime cumulativo) e o álcool para outros fins (regime não cumulativo),pois, segundo a recorrente, também teria havido venda deste último tipo, conforme notas fiscais que anexa. Fl. 524DF CARF MF Impresso em 30/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10825.720018/200847 Acórdão n.º 3802003.600 S3TE02 Fl. 523 5 Reclama também a recorrente que teria havido glosa indevida de créditos relativos a embalagens, haja vista que o acondicionamento do açúcar constituise em etapa da industrialização. No que tange aos créditos relativos aos serviços prestados, argumenta, em resumo, que a legislação permite o desconto de tais créditos desde que utilizados na produção de bens ou na prestação de serviços, e não somente aqueles aplicados diretamente na produção dos produtos, e ainda que a fiscalização não teria sido clara no embasamento da glosa. Em relação à glosa dos créditos referentes aos serviços que, segundo a fiscalização, a contribuinte não teria comprovado que não houve aumento da vida útil do bem em mais de um ano, alega que não há como fazer prova negativa e que houve inversão do ônus da prova já que a fiscalização é que teria que provar o que alegou para embasar a glosa. Quanto aos créditos oriundos do aluguel de máquinas e equipamentos, argúi que tais bens são utilizados tanto na movimentação da matériaprima, que geraria crédito, quanto no transporte e empilhamento de mercadorias, que não geraria crédito, assim a fiscalização deveria ter segregado proporcionalmente os créditos relativos a esse item. No tocante aos créditos relativos a arrendamento mercantil, argumenta que a fiscalização, apesar de não citar no termo de constatação nem no despacho decisório, glosou esse crédito sem maiores explicações. Alega também que para os créditos relativos a insumos adquiridos de pessoa jurídica foram utilizados os percentuais relativos ao crédito presumido, reduzindo assim o seu valor sem base legal ou justificativa. Por fim, argumenta que houve aplicação indevida de rateio do crédito em casos em que o crédito deveria ser integral, como nos serviços de ensacamento, marcação e manuseio de sacaria e em relação à levedura. Diante de tais alegações, que incluem a imputação de falta de clareza e de cerceamento do direito de defesa à decisão da autoridade a quo, considerando ainda que a recorrente cita itens que, de acordo com os autos, os respectivos créditos não teriam sido objeto de glosa e também tendo em vista que o termo de constatação, de fls. 96/99, contém apenas uma descrição vaga das glosas, pois não detalha os itens glosados acompanhados dos respectivos valores, o presente foi baixado em diligência à DRF para que os auditoresfiscais responsáveis discriminassem, por item, os valores dos créditos glosados, bem assim esclarecessem o porquê de cada glosa. Em atendimento à diligência foi expedido o Termo de Diligência, de fls.380/389, com os esclarecimentos solicitados. Fl. 525DF CARF MF Impresso em 30/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 6 Ciente do termo acima, a requerente apresentou a manifestação de fls.396/405, onde alega, primeiramente, em resumo, que o esclarecimento prestado pela fiscalização após a diligência, no sentido de que todo o álcool foi considerado como sendo do tipo carburante, uma vez que a própria empresa, nas planilhas apresentadas durante o procedimento fiscal, não fez menção à produção/venda de álcool para outros fins, é inaceitável, porquanto o Fisco “não se cuidou de apurar o real montante das operações realizadas o que torna frágil e, portanto, nula toda a ação fiscal”. Prossegue afirmando que “é nulo o lançamento que não contiver a descrição do fato e fundamentação legal da exação.” Também importa em nulidade, segundo a impugnante, “a alteração da fundamentação fática ou jurídica no curso do processo administrativo ou judicial...” “...por carecer de base legal suficiente, já que só se pode falar em lançamento válido se estiver adequadamente embasado na lei e nos fatos reais.” Assim, a discordância surgida após a apresentação da defesa também acarretaria a nulidade do lançamento. Conclui que é nulo o lançamento em que inexiste a indicação dos motivos de fato ou de direito ou sua alteração no curso do processo administrativo, pois “na medida em que eles são alterados isto significa que ou a lei invocada não era aplicável ao caso, ou o fato descrito inicialmente não era o previsto na lei.” “Em ambas as hipóteses isto quer dizer que o lançamento original estava viciado por ilegalidade ou falta de tipicidade, ambos vícios substanciais”, não suscetíveis de correção. Alega também nesta nova peça impugnatória que as IN nºs 247, de 2002, e 404, de 2004, são ilegais, porquanto extrapolam o disposto nas Leis nºs 10.637, de 2002, e 10.833, de 2003, ao restringirem o conceito de insumo no âmbito da não cumulatividade. Repete ainda alegação da manifestação inicial no sentido de que o conceito de insumos para as contribuições sociais não é o mesmo que o aplicado no âmbito do IPI, se assemelhando mais aos conceitos utilizados no imposto de renda, abrangendo todo e qualquer custo ou despesa necessários à atividade da empresa, conforme decisões do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) e da Justiça, das quais transcreve partes. Os argumentos aduzidos pela Recorrente, no entanto, não foram totalmente acolhidos pela primeira instância de julgamento administrativo fiscal, conforme ementa do Acórdão abaixo transcrito: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2007 NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. NÃO COMPROVAÇÃO. GLOSA. Fl. 526DF CARF MF Impresso em 30/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10825.720018/200847 Acórdão n.º 3802003.600 S3TE02 Fl. 524 7 A nãocomprovação dos créditos, referentes à não cumulatividade, indicados no Dacon, implica sua glosa por parte da fiscalização. NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. INSUMOS. Os insumos utilizados no processo produtivo somente dão direito a crédito no regime de incidência nãocumulativa, se incorporado diretamente ao bem produzido ou se consumidos/alterados no processo de industrialização em função de ação exercida diretamente sobre o produto e desde que não incorporados ao ativo imobilizado. NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. Somente dão direito ao crédito no regime de incidência não cumulativa, os gastos expressamente previstos na legislação de regência. ÁLCOOL PARA OUTROS FINS. CRÉDITOS. APROVEITAMENTO. RATEIO. As receitas relativas a vendas de álcool para outros fins que não o carburante são tributadas pelas contribuições sociais no regime de incidência nãocumulativa, devendo o respectivo crédito, em relação aos insumos utilizados na produção de álcool, ser apurado proporcionalmente à receita total do produto. DIREITO DE DEFESA. CERCEAMENTO. INOCORRÊNCIA. Não se configura cerceamento do direito de defesa se o conhecimento dos atos processuais pelo autuado e o seu direito de resposta ou de reação se encontraram plenamente assegurados. NULIDADE. IMPROCEDÊNCIA. Não procedem as argüições de nulidade quando não se vislumbra nos autos quaisquer das hipóteses previstas no art. 59 do PAF ou quando as irregularidades possam ser sanadas. Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte Cientificada da referida decisão em 02/12/2013 (fls. 458), a Recorrente, em 12/12/2013 (data da transmissão de arquivos via sistema de validação e autenticação de arquivos digitais – fls. 460), apresentou o recurso voluntário de fls. 461/489, com as alegações sintetizadas abaixo: a) preliminarmente, argumenta que a questão não foi decidida com isenção, falta do princípio da motivação e ainda ausência, no Acórdão, de apreciação de todas as razões suscitadas, solicitando a nulidade da decisão DRJ, posto que cuidou ela de matéria estranha à versada na Manifestação de Inconformidade. Argumenta ofensa ao princípio da verdade material, Fl. 527DF CARF MF Impresso em 30/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 8 ensejando que o lançamento de ofício, está irremediavelmente eivado de nulidade, portanto deve ser decretada a insubsistência do despacho decisório ora combatido. Cita jurisprudências administrativas e judiciais. b) quanto ao mérito, no que se refere aos tópicos abaixo relacionados, questiona o Fisco pelas glosas dos créditos, expressando seus argumentos para cada item, observandose que na maioria deles, houve por parte fiscalização algum tipo de restrição ao conceito de insumos: b.1 Da Definição de Insumos no Contexto da NãoCumulatividade; b.2 Dos Insumos Consumidos Pela Recorrente; b.3 Dos Produtos Lubrificantes e de graxas; b.4 Falta Distinção Entre o Álcool Cumulativo e Não Cumulativo; b.5 Os Materiais de Embalagem Específicos Para o Açúcar; b.6 Dos Serviços Tomados Pela Recorrente; b.7 Do Aluguel de Máquinas e Equipamentos; b.8 Do Leasing; b.9 Da Aquisição de Insumos de Pessoas Jurídicas, e b.10 Da Aplicação Indevida do Rateio. Posto isto, requer que seja declarada a nulidade da decisão ora recorrida ou, se assim não entender a Turma, que seja dado provimento ao presente recurso em face da improcedência do feito fiscal e, como decorrência, ser reconhecido o direito creditório da Recorrente e a consequente homologação das compensações objeto do pleito. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra 1) Admissibilidade do recurso Quanto ao recurso voluntário, não consta dos autos, claramente no documento, a data em que o mesmo foi protocolizado. Todavia, admito que o aludido recurso foi protocolizado em 12/12/2013, data em que foi recebido o arquivo digital da empresa segundo o correspondente recibo do Sistema de Validação e Autenticação de Arquivos Digitais (fl. 460). Assim, considerando que o arquivo transmitido é identificado como “RECURSO VOLUNTÁRIO – PROCESSO 10825.720014/200869”, e que a unidade preparadora encaminhou o processo para este CARF, julgoo como tempestivo. No mais, o recurso voluntário preenche aos demais requisitos de admissibilidade, devendo, pois, ser conhecido. Fl. 528DF CARF MF Impresso em 30/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10825.720018/200847 Acórdão n.º 3802003.600 S3TE02 Fl. 525 9 2) Preliminar de nulidade da decisão recorrida Alegou a recorrente a nulidade do Acórdão de primeira instancia, argumentando que teria havido a ausência de apreciação de todas as razões suscitadas e que a questão não foi decidida com isenção, porque o acórdão não se ateve aos aspectos fundamentais colocados à análise do julgador. Conclui alegando que a decisão em discussão cuidou de matéria estranha à versada na Manifestação de Inconformidade, proferindo, assim, decisão de natureza diversa da que foi demandada. A preliminar deve ser rejeitada, pois o acórdão recorrido escorouse no entendimento explícito no sentido de que as aquisições de insumos e dos serviços só geram créditos quando os bens e serviços são aplicados diretamente no produto em fabricação. Especificamente quanto a graxa, a decisão invocou e adotou a interpretação contida na Solução de Divergência Cosit nº 12/2007 para negar o crédito pleiteado pelo contribuinte, o que atende ao disposto no art. 50, § 1º, da Lei nº 9.784/99. Portanto, verificase na decisão, que a DRJ detalhou todas as razões pelas quais resultou na procedência parcial da manifestação de inconformidade, reconhecendo, como exposto, a parcela do direito creditório referente à venda de álcool para outros fins. Contudo, temos que observar que o julgador não está obrigado a rebater todos os argumentos trazidos no recurso, nem detalhar ao máximo seu raciocínio, bastando apenas decidir fundamentadamente, entendimento já pacificado em nossos tribunais superiores. Sendo resolvida a questão suscitada, com motivação explícita no Acórdão, não se tem por omisso o julgado. Em suma, os motivos da homologação parcial da compensação pleiteada residem nas próprias declarações e documentos produzidos pela contribuinte e que nos presentes autos, não restou comprovada qualquer restrição ao direito de defesa da recorrente. Portanto, a Recorrente pode discordar do teor da decisão, mas não tem razão quanto à preliminar de nulidade, pois o acórdão recorrido está motivado e atende ao princípio da persuasão racional do julgador. Preliminar de nulidade rejeitada. 3) Ofensa ao Princípio da verdade material insubsistência do despacho decisório. A recorrente argumenta que o ato combatido ofende também o princípio da verdade material, o que também levaria a sua nulidade, conforme trecho do recurso voluntário: (...) “Temos, por conseqüência, que o lançamento de ofício vestibular está irremediavelmente eivado de nulidade, aliás, insanável. Isto posto, deve ser provida a manifestação de inconformidade ora interposta para o fim de ser decretada, ab initio, a insubsistência do despacho decisório ora combatido, conforme as preliminares acima alinhadas”. Frisese que o presente processo não se trata de lançamento de crédito tributário, mas sim de despacho decisório que homologou parcialmente compensação apresentada via DCOMP, ou seja, análise de compensação entre créditos e débitos tributários. Fl. 529DF CARF MF Impresso em 30/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 10 Notese que no acórdão da DRJ restou demonstrado com clareza essa questão. Observese: (...) Primeiramente, quanto à alegação preliminar de que faltaria liquidez e certeza ao lançamento, cumpre esclarecer que a impugnante enganase, porquanto o presente não se trata de lançamento de crédito tributário, onde tais requisitos são exigidos, mas sim de despacho decisório que homologou parcialmente compensação apresentada via DComp e para tanto não se exige liquidez e certeza. (...) Ademais, como se trata de um pedido de interesse exclusivo da requerente, com a agravante de não se tratar de um exercício de um direito qualquer, mas sim de concessão de um benefício fiscal – o ressarcimento de contribuições sociais recolhidas , que implica renúncia por parte do ente tributante, o ônus da comprovação dos valores que compõem o crédito postulado é todo da requerente. Desta forma, a composição do valor do crédito pretendido, deve ser devidamente comprovada e explicitada, por parte de quem o postula, de modo a que não restem dúvidas quanto à natureza e montante das operações. Portanto, no que se refere às preliminares de insubsistência, também não se vislumbra a sua ocorrência, conforme pretende a Recorrente, eis que o despacho decisório, além de se revestir dos requisitos e formalidades necessários à sua constituição, nos termos da legislação de regência da matéria, está adequadamente caracterizado e motivado, de modo a justificar a não aceitação parcial do crédito alegado, como também, não ficou caracterizado cerceamento de defesa, uma vez que a recorrente foi regularmente intimada nos autos. Preliminar de insubsistência do despacho decisório rejeitada. 4) Do mérito Como já exposto, a lide envolve discussão concernente à existência ou não de direito creditório referente ao regime de incidência nãocumulativa do PIS de competência do mês de maio de 2007. A recorrente, cujo nome de fantasia atual é Destilaria Tonon, tem por objeto a fabricação de açúcar e álcool nas suas diversas especificações, e a sua comercialização nos mercados interno e externo. Acrescentese que através do processamento da canadeaçúcar a destilaria produz o álcool e o açúcar. Consta dos autos que no anocalendário 2007, a empresa enquadravase no regime não cumulativo do PIS para as receitas decorrentes da produção de açúcar e no regime cumulativo para as receitas decorrentes da produção do álcool carburante. O núcleo da questão em combate concentrase sobre a subsunção no conceito de insumos – bens ou serviços adquiridos, que geram direito aos créditos de PIS e da COFINS. É pertinente, portanto, que, antes do exame das questões fáticas objeto da controvérsia sejam feitas breves considerações acerca do referido regime de incidência, nas quais abordaremos, em conjunto, questões atinentes aos regimes da nãocumulatividade do PIS/Pasep e da COFINS, dada a similitude existente entre os mesmos. Fl. 530DF CARF MF Impresso em 30/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10825.720018/200847 Acórdão n.º 3802003.600 S3TE02 Fl. 526 11 O regime de incidência nãocumulativa das contribuições para o PIS/Pasep e para a COFINS foi instituído, respectivamente, pelas leis nº 10.637, de 30/12/2002 (conversão da Medida Provisória no 66, de 2002), e 10.833, de 29/12/2003 (conversão da medida Provisória no 135, de 2003), tendo passado a produzir efeitos, em relação à nãocumulatividade dessas contribuições – na mesma ordem – a partir de 1o de dezembro de 2002 e de 1o de fevereiro de 2004. Ressalvadas as exceções legais, estão sujeitas à incidência nãocumulativa do PIS/Pasep e da COFINS as pessoas jurídicas de direito privado e as que lhes são equiparadas pela legislação do imposto de renda que apuram o IRPJ com base no lucro real. A legislação pertinente ao regime autoriza, ainda, o desconto de créditos apurados com base em custos, despesas e encargos da pessoa jurídica, nos termos dos artigos 3o das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003. O cálculo do crédito é realizado mediante a aplicação das mesmas alíquotas específicas para o PIS/Pasep e para a COFINS sobre referidos custos, despesas e encargos (vide artigo 3o, § 1o, das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003). Referidas leis, em seus correspondentes artigo 3o, § 2o, fazem ressalvas ao direito de creditamento em tela. Assim, não dará direito a crédito o valor da mãodeobra paga a pessoa física (hipótese prevista originariamente nas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003), bem como (e agora incluídas pela Lei 10.865/2004) as quantias despendidas na aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, e aqui (isenção), quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota zero, isentos ou não alcançados pela contribuição. Os créditos apurados deverão ser utilizados, prioritariamente, para a dedução do valor devido das correspondentes contribuições a recolher. No caso de créditos apurados em relação a custos, despesas e encargos vinculados a receitas de exportação, poderão tais créditos ser utilizados para a compensação com outros débitos da própria empresa, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. As leis instituidoras da nãocumulatividade admitem, ainda, o ressarcimento em dinheiro, caso não seja possível a utilização dos créditos para a dedução das contribuições a recolher até o final de cada trimestre do ano civil. A questão posta em exame nos autos diz respeito, justamente, à existência ou não de direito ao creditamento do PIS nãocumulativo em vista da aquisição de bens e de serviços utilizados no processo produtivo destinado à exportação. Com efeito, o inciso II do artigo 3o da Lei no 10.833/2003, bem como do correspondente preceito da Lei no 10.637 de 2002, prevê o cálculo de créditos a serem descontados ou ressarcidos em relação a bens e serviços utilizados como insumos na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. 4.1) Da definição de insumos no contexto da nãocumulatividade Sabese que essa questão é polêmica, mas uma análise mais detida da Lei nº 10.833/02 revela que o legislador não determinou que o significado do vocábulo “insumo” fosse buscado na legislação deste ou daquele tributo. Fl. 531DF CARF MF Impresso em 30/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 12 Se não existe tal determinação, o intérprete deve atribuir ao vocábulo “insumo” um conteúdo semântico condizente com o contexto em que está inserido o art. 3º , II, da Lei nº 10.833/02. Nesse passo, distinguemse as não cumulatividade do IPI e do PIS/COFINS, qual seja, no IPI a técnica utilizada é imposto contra imposto (art. 153, § 3º, II da CF/88). No PIS/Cofins, a técnica é base contra base (art. 195, § 12 da CF/88 e arts. 2º e 3º , § 1º da Lei nº 10.637/02 e 10.833/04). Assim, também não podemos caminhar no sentido de considerar o conceito de insumo coincidente com conceito de custo de produção, apesar de vários dos itens descritos no art. 3º da Lei nº 10.833/04, integrarem o custo de produção, e tal critério oferecer segurança jurídica tanto ao fisco quanto aos contribuintes, por estar expressamente previsto no artigo 290 do Regulamento do Imposto de Renda, entendo também não estar coerente sua aplicabilidade ao conceito de insumo no caso das contribuições (PIS e a COFINS). A recorrente aduz em seu recurso que: (...) “ao contrário do que ocorre na legislação do IPI, as leis que regulam o regime do PIS e da COFINS não cumulativos não delimitam o significado de insumo. No entanto, a Receita Federal, extrapolando sua competência, expediu as Instruções Normativas 247/02 e 404/04, que se amoldando a legislação do IPI, restringiu o significado de insumo para o PIS e a COFINS não cumulativos”. E segue defendendo: (...)“Dessarte, devem ser considerados insumos os gastos que, ligados inseparavelmente aos elementos produtivos, proporcionam a existência do produto ou serviço, o seu funcionamento, a sua manutenção ou o seu aprimoramento. Sob essa ótica, o insumo pode integrar as etapas que resultam no produto ou serviço ou até mesmo as posteriores, desde que seja imprescindível para o funcionamento do fator de produção”. Ou seja, pelo entendimento da contribuinte, insumo, no âmbito da não cumulatividade, não seria composto somente pelas matériasprimas utilizadas diretamente na produção, mas por todos os bens e serviços, desde que utilizados na fabricação de bens e serviços, anexando excerto de texto de jurista nesse sentido. No entanto, da leitura das redações do dispositivo que trata do creditamento em decorrência da aquisição de insumos – a atual e as historicamente concebidas para referido preceito – constatase que o termo “insumo”, na forma como é e sempre foi empregado, nunca se apresentou no texto normativo de forma isolada, mas continuamente associado ao seu papel de fator de produção ou na prestação de serviços, ou na fabricação de produtos destinados à venda, ou seja, ao processo de industrialização. No regime nãocumulativo de PIS/Cofins, a Lei dispõe de maneira diferente da legislação do IPI, reconhecendo o crédito em relação à aquisição de “bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes” (art. 3º, II, da Lei nº 10.637/2002 e da Lei nº 10.833/2003). O legislador, como visto, vai além do âmbito da industrialização, utilizando termos mais amplos, referindose à produção ou fabricação de bens e, também, à prestação de serviços. Fl. 532DF CARF MF Impresso em 30/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10825.720018/200847 Acórdão n.º 3802003.600 S3TE02 Fl. 527 13 O contexto em que ocorre a incidência de PIS e a COFINS, apresenta como fato gerador a receita bruta ou faturamento, referindose, assim, a todo tipo e amplitude de atividade produtiva, não se limitando apenas à fase de industrialização. Desde o primeiro momento este Conselho recusou a pretensão de confinar o conceito de insumo aos mesmos critérios da legislação do IPI, conforme serve de exemplo o seguinte julgado da Câmara Superior de Recursos Fiscais, no qual foi negado provimento ao recurso do Procurador da Fazenda Nacional: CRÉDITO. RESSARCIMENTO, A inclusão no conceito de insumos das despesas com serviços contratados pela pessoa jurídica e com as aquisições de combustíveis e de lubrificantes, denota que o legislador não quis restringir o creditamento do PIS/Pasep às aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e ou material de embalagens (alcance de insumos na legislação do IPI) utilizados, diretamente, na produção industrial, ao contrário, ampliou de modo a considerar insumos como sendo os gastos gerais que a pessoa jurídica precisa incorrer na produção de bens ou serviços por ela realizada. Recurso negado Acórdão 9303001.035, Processo 11065.101271/200647, Rel. Cons. Henrique Pinheiro Torres, j. 23/08/2010 Como vimos acima, concluímos que geram direito de crédito todos os insumos – bens ou serviços – que sejam aplicados na produção – de bens ou serviços –, cuja receita esteja sujeita à incidência sob o regime nãocumulativo. No entanto, não é toda e qualquer aquisição que gera direito de crédito, mas apenas aquelas que se enquadrem nas hipóteses de crédito previstas nas Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003. São estas Leis a fonte primária de definição dos critérios para o direito de crédito. O entendimento deste Conselho, com efeito, é de que: “O conceito de insumo previsto no inciso II do art. 3° da Lei n° 10.637/02 e normalizado pela IN SRF n° 247/02, art. 66, § 5°, inciso I, na apuração de créditos a descontar do PIS não cumulativo, não pode ser interpretado como todo e qualquer bem ou serviço que gera despesa necessária à atividade da empresa, mas tão somente aqueles adquiridos de pessoa jurídica, intrínsecos à atividade, que efetivamente sejam aplicados ou consumidos na produção de bens destinados à venda ou na prestação do serviço, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado. (…) (Acórdão 330100.423, Processo 11080.003383/200483, Rel. Cons. Maurício Taveira e Silva, j. 03/02/2010). Nessa linha de raciocínio, este colegiado vem entendendo que para um bem ser apto a gerar créditos da contribuição não cumulativa, com base no art. 3º, II, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2002, ele deve ser aplicado ao processo produtivo e não ser passível de ativação obrigatória à luz do disposto no art. 301 do RIR/992. Fl. 533DF CARF MF Impresso em 30/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 14 Se for passível de ativação obrigatória, o crédito deverá ser apropriado não com base no custo de aquisição, mas sim com base na despesa de depreciação ou amortização, conforme normas específicas. Para definir o conceito de insumo no PIS e na COFINS não cumulativos é necessário constatar a essencialidade do bem ao processo produtivo do contribuinte. Assim, geram crédito do PIS e da COFINS não cumulativos somente as despesas com materiais considerados essenciais. Portanto, para decidir quanto ao direito ao crédito de PIS e da COFINS não cumulativo é imprescindível que primeiro se confiram as características da atividade produtiva desenvolvida pela empresa para, então, analisar quais as aquisições que configuram insumo para os bens e serviços por ela produzidos. É com este enfoque que passaremos a examinar os argumentos apresentados pela reclamante frente os elementos e constatações presentes nos autos. 4.2) Dos Insumos consumidos pela recorrente A recorrente discorre em seu recurso voluntário que no desenvolvimento de sua atividade produtiva, adquire diversas matériasprimas, produtos intermediários, materiais de embalagem e serviços que são empregados no processo de fabricação e comercialização de seus produtos. Dentre eles, aqueles arrolados nos demonstrativos de fls. 213/225 (Análise dos dados da empresa feitas durante ação fiscal), que no entender da recorrente, geram o direito ao crédito do PIS. Ressalta que os produtos e serviços concorrem decisivamente para a obtenção do açúcar e do álcool, ou seja, inúmeros produtos e serviços que são adicionados ao caldo durante a decantação, fermentação, destilação (álcool) ou filtração, evaporação, cozimento centrifugação e secagem (açúcar) visando um só e único fim: o produto final industrializado. No entanto, a defesa se limitou a fazer alegações genéricas em relação ao seu direito de tomar o crédito em relação a todos os custos e despesas necessários à manutenção da sua atividade, com base no art. 3º, II das Leis nº 10.637/02 e 10.833/03, mas não trouxe aos autos nenhum elemento hábil à comprovação de que os bens glosados nas planilhas fls. 213/225, se enquadram nos requisitos que garantem o direito de crédito com base no custo de aquisição do bem. O simples exame das referidas planilhas não permite ao julgador constatar que os bens ali discriminados se enquadram no conceito de insumo que vem sendo adotado por este colegiado. Alguns dos itens glosados definitivamente se verifica que não integram o custo de produção. Por outro lado, ao meu ver, entendo que outros poderiam gerar o crédito das contribuições, como por exemplo produtos químicos, lubrificantes e combustíveis, se aplicados na produção; materiais de manutenção/reparos, desde que efetuados na fábrica ou em máquinas utilizadas diretamente na produção. Embora a Recorrente trouxe aos autos uma descrição do processo produtivo da empresa (Etapas do Processo Industrial e Fluxogramas fls. 164/179), por si só não permite ao julgador correlacionar os materiais glosados com as formas pelas quais são utilizados no referido processo produtivo. Fl. 534DF CARF MF Impresso em 30/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10825.720018/200847 Acórdão n.º 3802003.600 S3TE02 Fl. 528 15 No caso sob análise, quanto aos elementos probatórios, tratase de processo de iniciativa do contribuinte, no qual ele compareceu perante a administração para pleitear o direito aos créditos da contribuição. Competelhe, portanto, o ônus de comprovar que o direito alegado é certo quanto à sua existência e líquido quanto ao valor solicitado. Ressaltese que para todos os itens glosados nos autos, a fiscalização elaborou uma planilha denominada “Análise de dados da empresa feita durante a ação fiscal” (fls. 213/225), que contém a discriminação e identificação das despesas apresentadas pela Recorrente, tais como: as linhas do DACON, data e número da Nota Fiscal, descrição dos produtos, serviços, fornecedores, valores e a informação da manutenção do item ou a glosa efetuada pela fiscalização bem como seu motivo. Para tanto, foi tomado a devida ciência da empresa. 4.3) Dos Produtos (Lubrificantes) Graxa Sobre este item, a recorrente argumenta em seu recurso voluntário que, (...) “quanto aos insumos, nas alegações para justificar o feito fiscal, a fiscalização referese expressamente às aquisições de graxa feitas pela Recorrente e glosa os créditos a ela relativo invocando a Solução de Divergência nº 12/07”. Essa matéria foi esclarecida pelo Fisco, uma vez que nas planilhas demonstrativas das glosas (fl. 214), na coluna apropriada, a fiscalização descreve a motivação do ato: glosa – graxa não é lubrificante. A recorrente visando elucidar a questão no intento de elidir a glosa perpetrada pelo Fisco, reproduz várias conceituação do vocábulo “graxa”, pesquisado em abalizadas publicações linguísticas e técnicas (dicionários, sites, Wikipédia, etc.), visando conceituar o termo graxa, concluindo que a graxa nada mais é que um lubrificante indispensável ao funcionamento de máquinas, equipamentos, motores, etc. Isto porque, conforme definido na legislação (Lei nº 10.637, de 2002, art. 3º, II e § 2º; Lei nº 10.865, de 2004, art. 40) os combustíveis e lubrificantes utilizados ou consumidos no processo de produção de bens e serviços geram créditos do regime de apuração nãocumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep. No entanto, o Fisco, em seu Termo de Constatação Fiscal, informa que (fls. 96/99): (...) “Com relação aos insumos, aplicandose o disposto na IN SRF 404/2004, art. 8o, inciso I, "b" e § 4 o , inciso I, "a", foram glosados valores referentes à compra de graxa (conforme Solução de Divergência Cosit 12/2007) e óleos lubrificantes empregados nos veículos da empresa. Relação das notas fiscais, com direito a crédito, mantidas pela fiscalização, às fls. 157 a 167”. Quando da elaboração do Termo de Diligência (fls. 380/389), a fiscalização reforça que: (...) “Lubrificantes – Foram glosadas as notas fiscais de compras de lubrificantes para máquinas agrícolas e de graxa, em razão da Solução de Divergência Cosit nº 12/2007. O inciso Fl. 535DF CARF MF Impresso em 30/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 16 II do artigo 3º da Lei 10.637/02 prevê o desconto de créditos sobre lubrificantes, e conforme consta da citada Solução de Divergência, graxa não é lubrificante, em definição da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Bicombustíveis (ANP). Como se nota, o Fisco escorouse na Solução de Divergência Cosit nº 12/2007, que conclui que não são considerados insumos, para fins de desconto de créditos da contribuição para o PISPasep e da Cofins, os materiais de limpeza de equipamentos e máquinas, graxas, pinos, tarraxas e ferramentas. No entanto, entendo que o produto graxa, no caso, tem a finalidade de preservar a integridade e o regular funcionamento das máquinas utilizadas na atividade produtiva e, portanto, atividade intrínseca ao processo produtivo da empresa. Não há atividade produtiva sem a constante preservação dos maquinários. O dicionário Wikipédia ao se referir ao vocábulo “graxa” dános o seguinte ensinamento: “Graxas são o nome genérico e popular dado a lubrificantes pastosos compostos (semi plásticos) ou de alta viscosidade, compostos de misturas de óleos lubrificantes minerais (de diversas viscosidades) e seus aditivos e especialmente do ponto de vista químico, sais de determinados ácidos graxos com cálcio, sódio, lítio, alumínio, bário e magnésio (geralmente chamados de sabão que em formam com os óleos de origem mineral uma emulsão, que atuam como agente espessador. Em tais formulações o óleo mineral entra como o verdadeiro lubrificante e o espessador, além de conferir a viscosidade à mistura, atua na retenção do óleo mineral” (g.n). Portanto, no que se refere ao produto graxa, devese reconhecer o direito de crédito do PIS, pois o art. 3º, II, das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003 é expresso em reconhecer tal direito em relação às aquisições de combustíveis e lubrificantes, não havendo dúvida de que a graxa é um lubrificante e de que tem a sua aplicação como lubrificante nos equipamentos e máquinas utilizados na fabricação de produtos destinados à venda. Com base nos conceitos acima, concluo, pois, pelo reconhecimento do direito de crédito na aquisição de graxa (demonstrativo fl. 214). 4.4) Os Lubrificantes Utilizados no Processo Produtivo Nos termos relatados nos autos, a Fiscalização glosou créditos calculados sobre determinados bens e serviços, considerandoos não abrangidos pelo conceito de insumos, nos termos do art. 3°, inciso II, das Leis n° 10.637, de 2002 e 10.833, de 2003. Neste tópico específico, argumenta a recorrente em seu recurso voluntário, no que se refere ao entendimento oficial concernente à apuração indevida de créditos sobre combustíveis e lubrificantes, alegando que estes teriam sido efetivamente utilizados no processo produtivo, e que: (...) “Segundo a disposição expressa no art. 3º, inciso II, da Lei nº 10.637/02, 22 e segundo, ainda, a disciplina contida no art. 66, inciso I, alínea ”b”, da Instrução Normativa SRF 247/02, geram direito a créditos da COFINS os dispêndios com combustíveis e lubrificantes utilizados ou consumidos no processo de produção de bens e serviços destinados à venda”. E segue, (...) “Esclarecendo o alcance da norma em comento, a Coordenação Geral do Sistema de Tributação – COSIT, expediu a Solução de Divergência nº 37/08, firmando o entendimento abaixo transcrito:”(...). Por outro lado, de acordo com o Termo de Constatação Fiscal (fls. 96/99), o Fisco relata que: Fl. 536DF CARF MF Impresso em 30/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10825.720018/200847 Acórdão n.º 3802003.600 S3TE02 Fl. 529 17 (...) “Com relação aos insumos, aplicandose o disposto na IN SRF 404/2004, art. 8o, inciso I, "b" e § 4 o , inciso I, "a", foram glosados valores referentes à compra de graxa (conforme Solução de Divergência Cosit 12/2007) e óleos lubrificantes empregados nos veículos da empresa. Relação das notas fiscais, com direito a crédito, mantidas pela fiscalização, às fls. 85 a 91”. No Relatório de Diligência (fl. 380/389) a fiscalização, esclarece: (...) “Lubrificantes – Foram glosadas as notas fiscais de compras de lubrificantes para máquinas agrícolas (...)”. (...) “Combustível – foram glosadas as despesas apresentadas como óleo combustível para veículos, máquinas agrícolas, caminhões e tratores por não serem insumos diretamente ligados ao processo produtivo do açúcar e outros produtos sujeitos a não cumulatividade” (g.n). Resta claro que somente os bens e serviços utilizados de forma direta na produção da pessoa jurídica dão direito ao crédito das contribuições, devendo ser, efetivamente, absorvidos no processo produtivo que constitui o objeto da sociedade empresarial. De acordo com os dispositivos legais (arts. 3º da Lei nº 10.637/2002 e da Lei nº 10.833/2003) já reproduzidos, é possível constatar que a lei prevê, de forma expressa, o direito de creditamento relativo a combustíveis e lubrificantes utilizados como insumos na prestação de serviços ou na produção de bens ou produtos destinados à venda. Com efeito, revendo os Termos elaborados pela Fisco, verificase que, concernente aos combustíveis adquiridos, a priori, sua admissão não foi vetada, entretanto, restringida àqueles utilizados como óleo combustível para veículos, máquinas agrícolas, caminhões e tratores por não serem insumos diretamente ligados ao processo produtivo do açúcar e outros produtos sujeitos a não cumulatividade, na premissa que o termo “insumo” referese aos bens e serviços utilizados diretamente no processo industrial ou produtivo, razão porque apenas estes materiais poderiam ser admitidos como tal. Já nas planilhas denominadas Análise dos Dados da Empresa Feita durante a Ação Fiscal (fls. 213/225), a fiscalização esclarece, na coluna especificada para os Lubrificantes, quais créditos foram mantidos, glosandose as graxas, por não ser considerado lubrificantes e combustíveis por não ter sido utilizado na produção. No caso a fiscalização tomou a cautela de segregar as aquisições dos produtos dentre os quais foram aplicados ou não no processo produtivo da empresa. Podemos observar que, dos combustíveis adquiridos, que não foram mantidos os créditos constam da relação das notas fiscais (fls. 214), motivado por não terem sido utilizado na produção. Relativamente à prova dos gastos efetuados com tais bens e serviços, há que se ressaltar que a Fiscalização, deixou consignado no Termo que teve acesso a toda a documentação apresentada pelo contribuinte, tendo glosado os créditos respectivos em razão da falta de sua vinculação entre os serviços serem considerados insumos diretamente ligados ao processo produtivo do açúcar e outros produtos sujeitos a não cumulatividade. Fl. 537DF CARF MF Impresso em 30/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 18 Por outro lado, a recorrente em seu recurso, não demonstrou, mediante apresentação de provas, que tais glosas foram indevidas, ou seja que tais aquisições foram objeto de aplicação no processo produtivo da requerente. Como é sabido, não podem descontar da contribuição para o PIS/Pasep apurada mensalmente, créditos calculados em relação aos valores das aquisições de materiais de consumo, por absoluta falta de amparo legal uma vez que tais despesas não se encontram relacionados no art. 3º da Lei nº 10.637, de 2002, nem tampouco caracterizam insumos utilizados na fabricação de produtos destinados à venda. Diante disso, entendo que não assiste razão a recorrente, pois o fisco somente glosou aquisição de produtos (combustível e lubrificantes) cuja utilização se dava em veículos (veículos, máquinas agrícolas, tratores, caminhões) utilizados para fins diversos e não diretamente ligado ao processo produtivo da empresa, não podendo ser considerada na base de cálculo de créditos das contribuições sociais, pois tais dispêndios não estão diretamente atrelados ao processo produtivo, tão pouco podem ser considerados insumos, não atendendo, portanto, os requisitos do inciso II do art 3° das Leis 10.637, de 2002 e 10.833, de 2003. Assim, não há como acolher os argumentos da recorrente no que diz respeito ao alegado direito de creditamento relativamente às aquisições de combustíveis e lubrificantes que foram empregados, conforme apurado pela fiscalização, para fins diversos ao processo produtivo da empresa. 4.5) Falta de Distinção Entre o Álcool Cumulativo e Não Cumulativo Argumenta a recorrente que no que se refere à glosa relativa aos insumos empregados no fabrico do álcool carburante (cumulativo), tampouco assiste razão à fiscalização. 4.5.1) Produtos Químicos utilizados Em seu recurso aduz que: (...) “A fiscalização glosou o crédito de vários produtos químicos que possuem emprego geral no processo produtivo, ou seja: são aplicados tanto na industrialização do álcool como do açúcar, conforme se vê na planilha – utilização anexada aos autos, sem a mínima preocupação em estabelecer o necessário e indispensável rateio proporcional para distinguir a quantidade destinada à produção do álcool e daquela destinada à produção do açúcar. Com efeito, revendo os termos da fiscalização, verifico que, concernente aos produtos químicos adquiridos, a priori, sua admissão não foi vetada, entretanto, restringida àqueles utilizados no tratamento de água, na limpeza de caldeiras, nas torres de resfriamento e os utilizados exclusivamente na fabricação de álcool, na premissa que o termo “insumo” referese aos bens e serviços utilizados diretamente no processo industrial ou produtivo, razão porque apenas estes materiais poderiam ser admitidos como tal. Tal fato, consta quando o Fisco relata em seu Termo de Diligência (fls. 380/389) que glosou as compras de alguns produtos químicos: (...) “que foram utilizados no tratamento de água, na limpeza de caldeiras, nas torres de resfriamento e os utilizados exclusivamente na fabricação de álcool, pois nesses casos, eles não foram consumidos diretamente na produção ou incorporados aos produtos não cumulativos”. Fl. 538DF CARF MF Impresso em 30/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10825.720018/200847 Acórdão n.º 3802003.600 S3TE02 Fl. 530 19 No referido Termo, o Fisco informou ainda que os produtos de utilização comum na produção do álcool dos outros produtos não cumulativos, como o açúcar e levedura, foram rateados de acordo com o percentual não cumulativo, apurado com base nas receitas, e os de uso exclusivo dos produtos não cumulativos foram considerados sem aplicação do rateio. Já nas planilhas denominadas Análise dos Dados da Empresa Feita durante a Ação Fiscal (fls. 213/225), a fiscalização esclarece, na coluna especificada para os Produtos Químicos, quais créditos foram mantidos e as referidas glosas. Não tendo o contribuinte se observado do ônus de comprovar o direito alegado no recurso, há que se manter as glosas do Produtos Químicos consignados nas planilhas de fls. 213/225. 4.5.2) Álcool Cumulativo e Não Cumulativo Neste mesmo tópico a Recorrente prossegue alegado em seu recurso que: (...) “Ainda seguindo este confuso raciocínio, em momento algum a fiscalização preocupouse em verificar se todo o álcool produzido teria sido, de fato, comercializado como álcool carburante (hidratado ou anidro) – CUMULATIVO ou se, como comprovadamente ocorreu, teria havido também a comercialização de álcool destinado a outros fins que não ao consumo como combustível e, portanto, NÃOCUMULATIVO. A par deste fato, a Recorrente apresentou cópias de inúmeras notas fiscais emitidas que comprovam cabalmente que a operação de venda por elas acobertadas referemse à venda de álcool etílico hidratado ou álcool etílico anidro destinados à utilização de diversos outros fins que não ao uso como combustível. As operações de vendas do álcool “Outros Fins“ foi igualmente comprovada através do registro contábil daquelas vendas no período de auditado, conforme espelhado nas folhas do Razão Analítico juntado aos autos. A título de exemplo, listamos abaixo algumas notas fiscais, dentre aquelas já anexadas, que evidenciam, apenas pela singela leitura da razão social do destinatário da mercadoria, não se tratar de operação relativa à venda de álcool anidro ou hidratado para fins carburantes, já que a comercialização de álcool combustível somente é permitida, pela Agência Nacional de Petróleo ANP, para as distribuidoras por ela credenciadas. NF. 105694 – 08/05/2007 Butilamil Inds. Reunidas S/A NF. 105894 – 11/05/2007 – Butilamil Inds. Reunidas S/A NF. 105895 – 11/05/2007 – Butilamil Inds. Reunidas S/A Ora, como é conhecimento comezinho, o álcool carburante ou combustível, quando do advento da lei instituidora do regime nãocumulativo permaneceu no regime cumulativo, enquanto que o álcool não destinado ao uso como combustível foi tangido ao regime da nãocumulatividade. Decorre daí a certeza da precariedade e subjetividade do trabalho realizado pela fiscalização que, por consequência atestam a incontestável nulidade da glosa efetuada”. Quanto à apresentação de Nota Fiscal de venda de álcool para outros fins, observese que na manifestação de inconformidade, a fiscalização esclarece que todo álcool foi considerado como sendo carburante, acrescentando que a própria empresa, nas planilhas apresentadas não fez menção a produção/venda de álcool outros fins. Fl. 539DF CARF MF Impresso em 30/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 20 No entanto, a DRJ ao analisar a questão da venda de álcool outros fins, se pronunciou da seguinte forma, conforme texto abaixo reproduzido: (...) No caso vertente, a interessada somente apresentou a nota fiscal de venda de álcool para outros fins de fl. 182/188, os demais documentos apresentados, cópia do livro Razão e relação discriminando várias notas fiscais, não comprovam documentalmente esse tipo de venda e não podem ser aceitos. Destarte, para apuração do crédito relativo às vendas de álcool para outros fins, efetivamente comprovadas pela impugnante, na fase impugnatória, os insumos utilizados na sua produção devem ser rateados na proporção da receita por elas gerada em relação à receita total da venda de álcool. Verificase que pelo exposto acima, a decisão a quo acatou as vendas efetivamente comprovadas através de documentação hábil juntadas aos autos (cópia de Notas Fiscais de fls. 182/188). Na linha do acima decidido, os respectivos valores de créditos foram ajustados pela Delegacia da RFB de origem, conforme se verifica no documento intitulado “Informação Fiscal”, que se encontra juntado aos autos (fls. 428/430), e pode ser observado no trecho abaixo transcrito: (...) No acórdão 1440.072 de 29/01/2013 o voto foi pela procedência parcial da manifestação de inconformidade, reconhecendo a parcela do direito creditório referente à venda de álcool para outros fins. À folha nº 422 consta: (...). (...) A receita total da venda de álcool foi informada pela empresa na fls. 38/39, e utilizada pela fiscalização para os rateios (fl. 223). A receita de álcool para outros fins, que não o carburante, são as comprovadas nas notas fiscais identificadas. Portanto a proporção da receita de álcool para outros em relação á receita total de álcool é: (...). Quanto aos demais argumentos da recorrente, não podem ser considerados, uma vez que no caso, a interessada somente apresentou as notas fiscais de venda de álcool para outros fins de fl. 182/188, que foram analisadas e consideradas pela DRJ (inclusive àquelas notas fiscais fls. 182, 184 e 185, mencionadas no seu recurso voluntário), os demais documentos apresentados, cópia do livro Razão (fl. 180/181) e uma “relação” discriminando várias notas fiscais, não comprovam documentalmente esse tipo de venda e não podem ser aceitos. Os documentos nessa condição, a meu ver, não satisfazem os requisitos de admissibilidade mínimos para comprovar a transação neles consignados a ponto de dar ensejo ao reconhecimento do direito creditório pleiteado. Logo, tendo em vista que não foram acostados novas provas hábeis contrária pelo contribuinte em sede de manifestação de inconformidade e tampouco nesta fase, objetivando comprovar o alegado pela Recorrente, temse que não devem ser reconhecidos o direito pleiteado, salvo o já considerado pela decisão recorrida. 4.6) Materiais de Embalagem Específicos Para o Açúcar No contexto, aduz a recorrente que: (...) “A glosa, de forma inexplicável, atingiu os créditos oriundos da aquisição de sacaria destinada especificamente à embalagem do açúcar. O acondicionamento do açúcar constituise em etapa da industrialização e, como tal em face do princípio da não cumulatividade das Fl. 540DF CARF MF Impresso em 30/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10825.720018/200847 Acórdão n.º 3802003.600 S3TE02 Fl. 531 21 contribuições, deve ter todos os valores relativos às suas aquisições de fornecedores considerados para fins de dedução de créditos. Neste aspecto, diante da obviedade do direito ao creditamento, cremos desnecessária argumentação mais aprofundada acerca deste tema”. A fiscalização no seu Termo de Diligência (fls.382) apresenta a fundamentação da glosa dessas aquisições pelo seguinte motivo: Embalagens: Glosadas por se tratarem de embalagens de transporte e não de apresentação. Notese que do Termo de Diligência elaborado pelo Fisco, consta que (fl. 382): (...) “a embalagem de apresentação é aquela que incorporada ao produto durante o processo de fabricação, há que se ter tal aquela que é usualmente empregada para a venda do produto ao consumidor final e que contenha o produto em quantidades compatíveis com sua venda no varejo; a também podese ter como tal aquela que, apesar de conter quantidades maiores, contenham rótulos destinados exclusivamente ao propósito de promover ou valorizar o produto; de outro lado há que se ter como embalagens de transporte àquelas que se destinam apenas ao transporte dos produtos, por comportarem quantidades superiores às usualmente vendidas no varejo e não conterem indicações promocionais destinada à valorização do produto (são geralmente, latas, caixas, engradados, tambores, as sacas de 50 kgs, etc.). Essas embalagens não fazem parte do processo produtivo, o produto é embalado após o processo de produção. Fundamentação legal: art. 3º, II, da Lei 10.637/2002 c/c o artigo 66, I, “b” da Instrução Normativa SRF nº 247/2002”. No entanto, nas planilhas denominadas Análise dos Dados da Empresa Feita durante a Ação Fiscal (fls. 213/225), a fiscalização demonstra, nas colunas especificas, as notas fiscais referentes aos créditos que foram glosados e seus motivos. Com efeito, revendo o Termo de Constatação elaborado pelo Fisco (fls. 96/99), verifico que, concernente ao material de embalagem específico para o açúcar, a priori, sua admissão não foi vetada, pois não constamos nenhuma alusão a aquisição nem a glosa desses produtos, conforme verificado nos demonstrativos de fls. 213/225. No entanto, a recorrente alega que a glosa, atingiu os créditos oriundos da aquisição de sacaria destinada especificamente à embalagem do açúcar, porém, não junta aos autos nenhum elemento de prova sobre tal afirmação. Feito esse registro, ingressando no exame do caso concreto, verificase que a fiscalização, nada glosou com referência a aquisições de embalagens, portanto não conheço dessa parte do recurso por falta de interesse recursal. 4.7) Serviços Tomados Pela Recorrente Nos termos relatados neste processo, o Fisco glosou créditos calculados sobre determinados bens e serviços, considerandoos não abrangidos pelo conceito de insumos, nos termos do art. 3°, inciso II, das Leis n° 10.637, de 2002 e 10.833, de 2003. Sobre este item, a recorrente argumenta em seu recurso que: (...) “concluise que insumo , no contexto das regras desta não cumulatividade da contribuição ao PIS, comporta a contratação de serviços destinados a execução de outros serviços. Mais ainda, o inciso II, do art. 3º, da Lei nº 10.637/02 e o art. 3º, Fl. 541DF CARF MF Impresso em 30/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 22 inciso II, da Lei nº 10.833/03, conjugados com as demais regras previstas nesta lei, autoriza nos a concluir que a expressão “serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda” acolhe a possibilidade de haver a contratação de serviços para a execução de outros serviços, quaisquer que sejam, desde utilizados com o escopo final que é a obtenção do produto final industrializado. Resta, destarte evidenciado que não foi a preocupação da autoridade lançadora a especificação de cada tipo ou categoria de serviço e sua identificação, aspectos de suma relevância para a caracterização e legitimação da glosa. Por derradeiro, cumpre esclarecer que nenhum dos serviços, tomados pela Recorrente e que foram utilizados no seu processo produtivo, se enquadram entre aqueles que são passíveis de registro no ativo imobilizado ou permanente, de acordo com as normas contábeis geralmente aceitas, bem como com as de regência do Imposto de Rendas Pessoas Jurídicas, eis que se tratam de serviços que em sua essência e própria finalidade devem e foram lançados diretamente como custo de produção”. Como já abordado neste voto, os §§ 2º e 3º do art. 3º da Lei nº 10.637/02 e da Lei nº 10.833/03 vedam o crédito da contribuição à COFINS e ao PIS se os bens e serviços forem adquiridos de pessoa física ou de pessoa jurídica não estabelecida no País. Desta forma, as exceções às regras de apropriação de créditos já estão claramente dispostas em tais parágrafos, cumprindo, assim, a função que lhes foi atribuída pela alínea “c ” do inciso III, do art. 11, da Lei Complementar nº 95/09. Verificase que no Termo de Constatação Fiscal (fls. 96/99), consta que: (...) “As despesas com prestação de serviço com direito ao crédito do PIS não cumulativo estão disciplinadas pelo disposto na IN SRF 404/2004, art. 8º, inciso I, “'b". " b.1 " , § 4º , I. '"b". Foram objetos de glosa as despesas apresentadas pela empresa que não se enquadravam na definição supramencionada: "os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto"; neste caso, açúcar e outros produtos sujeitos ao regime não cumulativo do PIS. Relação das notas fiscais com direito a crédito, mantidas pela fiscalização, às fls. 157 a 167”. Também não procede as alegações da recorrente no que concerne que não houve a preocupação da autoridade lançadora quanto a especificação de cada tipo ou categoria de serviço e sua identificação, aspectos de suma relevância para a caracterização e legitimação da glosa. No Termo de Diligência (fls. 380/389) a fiscalização elaborou relatório bem detalhado no tópico “SERVIÇOS UTILIZADOS COM INSUMO”, onde descreve que, “como regra foram glosados todos os serviços que não estavam diretamente ligados à produção dos produtos não cumulativos ou à manutenção de máquinas diretamente ligados à produção”. Seguindo o tópico, o Fisco esclarece no documento a fundamentação e a base legal sobre os conceitos de insumos para fins de creditamento sobre tais bens e serviços, especificando as glosas efetuados. Vejase: “Com a base legal acima, foram efetuadas as seguintes glosas: “não corresponde ao conceito de insumo” – notas fiscais de serviços não relacionados o processo produtivo, citados no anexo, como por exemplo controle de pragas, Fl. 542DF CARF MF Impresso em 30/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10825.720018/200847 Acórdão n.º 3802003.600 S3TE02 Fl. 532 23 assessoria técnica, locação de toalhas, serviços com máquinas agrícolas, serviço reboque, carregamento de cana, movimentação de sacaria, pintura, hidrojateamento entre outros. “NF não identifica se é custo ou despesa” – notas fiscais com descrição genérica não sendo possível identificar se é despesa ou custo: serviço de revisão de válvulas, usinagem, etc. “valor que deveria ser incorporado ao ativo” – notas fiscais de reformas de equipamentos que deveriam ser ativadas em razão do aumento da vida útil do bem reparado: revisão de peças da moenda, automação industrial, montagem industriais, balanceamento industrial. As partes e peças de reposição utilizadas em máquinas e equipamentos que respondem diretamente pela fabricação ou produção de bens destinados à venda, podem ser consideradas insumos para efeito de apuração de créditos relativos à contribuição para o PIS/PASEP e a COFINS nãocumulativa, desde que referidas partes e peças sofram alterações decorrentes da ação diretamente exercida no processo de fabricação do produto e desde que não estejam incorporadas ao ativo imobilizado da empresa. Com efeito, revendo os termos do relatório do Fisco, verificase que, concernente aos materiais acima especificados, a priori, sua admissão não foi vetada, entretanto, restringida àqueles enquadrados no conceito do termo “insumo”, este quando referese aos bens e serviços utilizados diretamente no processo industrial ou produtivo. Quanto a alegação de que nenhum dos serviços, tomados pela Recorrente e que foram utilizados no seu processo produtivo, se enquadram entre aqueles que são passíveis de registro no ativo imobilizado ou permanente, de acordo com as normas contábeis geralmente aceitas, bem como com as de regência do IRPJ, verificamos que a fiscalização relata em seu Termo de Constatação Fiscal que, (...) “Foram glosadas as notas fiscais de serviço que não correspondiam ao conceito de insumo na fabricação dos produtos de incidência nãocumulativa, as que deveriam ter sido ativadas (vez que a empresa não comprovou que não houve aumento da vida útil do bem reparado em mais de um ano) e aquelas cuja descrição não permitia determinar se correspondiam a custo ou despesa operacional”. Se as partes e peças adquiridas no caso, forem para máquinas ou equipamentos que estiverem no ativo imobilizado, deixarão de ser consideradas como insumos e poderão gerar créditos decorrentes de depreciação futura, conforme previsto na Lei n° 10.637/2002, art. 3º, Inciso VI, combinado com o seu § 1º, Inciso III, (c/ artigo 15 da Lei nº 10.833/2003). Desta forma, esses produtos que atuam diretamente em todo o processo de fabricação dos bens ou produtos destinados à venda, que representem acréscimo de vida útil superior a um ano ao bem no qual ocorra sua aplicação, devem ser capitalizados, consoante estabelece o art. 346 do RIR (Regulamento do Imposto de Renda Decreto n° 3.000/1999) . Consta do Termo de Constatação que a empresa Santa Cândida possui uma moenda com seis ternos e ainda apresentou descritivos de manutenção da recepção de cana, do preparo da cana e da moenda. Verificase que as mesas alimentadoras, esteiras metálicas, bem como a moenda são desmontadas e recuperadas ao final da safra com troca de pinos, buchas e outras peças de acordo com o projeto de engenharia. Fl. 543DF CARF MF Impresso em 30/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 24 Verificase no Termo de Diligência que, (...) “Os tornos são compostos por castelo, bagaceira, cabeçotes, rolos e pentes. Nas notas fiscais de serviços não se verifica a aquisição ou instalação desses elementos anualmente. As notas fiscais de serviços glosadas referemse a soldas, frisamentos, aplicações de chapas inox, válvulas, hidrojateamanto, recuperação de cilindros, desfibrilador, usinagem, etc., portanto são substituições de partes e peças que resultam em aumento da vida útil em mais de um ano, devendo ser ativadas. Também consideramos que devem ser ativados as notas fiscais de fornecimento de mão de obra de pedreiros, pintores e serviços de engenharia, o mesmo acontece com os serviços de limpeza”. Portanto, não tendo o contribuinte se observado do ônus de comprovar o direito alegado no recurso, correto as glosas de parte dos valores dos serviços tomados pela Recorrente, conforme consta dos demonstrativos de fls. 213/250. 4.8) Aluguel de Máquinas e Equipamentos Aduz a recorrente em seu recurso que: (...) “Segundo a dicção do Fisco, não geram direito a crédito o aluguel de máquinas, escavadeira ou guindaste, porque a Recorrente não demonstrou terem sido eles utilizados na fabricação do açúcar. A respeito há que se ter presente que a escavadeira é utilizada na tanto movimentação da matériaprima (canadeaçúcar), como no transporte e movimentação do açúcar em bruto. O mesmo se dá com o guindaste que faz a movimentação dos contêineres de açúcar, tanto no empilhamento e armazenagem quanto no carregamento nos veículos de transporte. É também utilizado na movimentação de peças e equipamentos pesados. Assim, ou se deveria reconhecer o direito ao crédito integral ou, ao menos, proporcional na hipótese de movimentação da matériaprima da qual deriva tanto o açúcar como o álcool. Tal questão foi dessa maneira analisada pela fiscalização em seu Termo de Constatação Fiscal (fls. 96/99): (...) Também não geraram direito a crédito o aluguel de máquinas que não se enquadravam no disposto no art. 66, inciso II, i b" da IN 247/2002: "aluguel de prédios, máquinas e equipamentos utilizados nas atividades da empresa". Assim, não foram consideradas as Notas Fiscais referentes a aluguel de escavadeira, andaimes ou guindastes, máquinas que a empresa não demonstrou terem sido utilizadas na fabricação de açúcar e outros produtos com direito ao crédito da PIS não cumulativo. Relação das notas fiscais com direito a crédito, mantidas pela fiscalização, às fls. 86 a 91 (grifamos). O artigo 3º da Lei nº 10.637/02 prevê a utilização das despesas de máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa. Porém, como se verifica no Termo de Diligência efetuado pela fiscalização (fl. 387), Linha 6 –Despesas de aluguéis de Máquinas e Equipamentos Locados de Pessoas Jurídicas, tais despesas foram glosadas porque verificouse que tratam de locação de máquinas e equipamentos referente à atividade de construção civil da empresa. Nas planilhas denominadas Análise dos Dados da Empresa Feita durante a Ação Fiscal (fl. 217), a fiscalização demonstra, na coluna especificada para as L06 – Aluguel Fl. 544DF CARF MF Impresso em 30/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10825.720018/200847 Acórdão n.º 3802003.600 S3TE02 Fl. 533 25 de Máquinas e Equipamentos, quais notas fiscais os créditos foram glosados em cada mês e as que os créditos foram mantidos. As glosas efetuadas estão assim motivadas: glosa – equipamento de concretagem de piso, equipamentos construção. A recorrente não faz provas nos autos de que tais despesas foram aplicados no processo produtivo. Portanto, correto o entendimento da fiscalização e os gastos com tais itens escapam do conceito de insumo e não geram crédito das contribuições sociais não cumulativas. Mantenhamse as glosas procedidas a esse título. 4.9) Do Leasing A empresa em seu recurso argumenta que: (...) “A Fiscalização, é omissa ao fato tanto no Despacho Decisório como no Termo de Verificação Fiscal, porém elaborou os demonstrativos e fichas do DACON de acordo com seu critério e entendimento, desprezando as informações prestadas anteriormente pela Recorrente no mesmo DACON relativamente aos créditos, oriundos de operações de arrendamento mercantil (leasing), que foram sumariamente glosados. Assim, no DACON elaborado pelo Fisco não constou sequer uma das aquisições de bens na modalidade de leasing, sendo que, na realidade existem várias no período examinado que, inexplicavelmente, foram desprezadas. Nada há no bojo dos autos que indique, especifique, ou sequer sugira o porque da glosa ou da omissão naquele DACON dos valores relativos aos contratos de leasing ignorados pelo Fisco”. Não procede a alegação de omissão colocada pela recorrente, senão vejamos o que foi relatado pelo Fisco sobre este tópico no Termo de Constatação Fiscal (fls. 96/99): (...) A partir de 01/05/2004 em virtude de alterações na Lei 10.637/2002, introduzidas pela Lei 10.865/2004, deixaram de dar direito a crédito: despesas financeiras, aquisições de máquinas e equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado para utilização na produção de bens destinados à venda anteriores a 01/05/2004. Portanto, os valores referentes a esses lançamentos foram glosados. E o Fisco segue informando no Relatório de Diligência (fls. 380/389): (...) “Linha 8 – Arrendamento Mercantil – mantidas as despesas informadas de veículos e equipamentos adquiridos após 01/05/2004. Glosados os valores das notas fiscais da Laponia Sudeste Ltda (caminhões Volvo) referente a arrendamento mercantil feito em 18/02/2004 e 30/03/2004, pois o inciso V do art. 3º da Lei 10.637/02, com redação dada pelo art. 37 da Lei 10.865/04 foi limitado pelo art. 31 da Lei 10.865/04 às aquisições a partir de 01/05/2004. Nas planilhas denominadas Análise dos Dados da Empresa Feita durante a Ação Fiscal (fl. 218) a fiscalização demonstra, na coluna especificada para as L08 – Arrendamento Mercantil, quais notas fiscais os créditos foram glosados e as que os créditos foram mantidos. As glosas estão assim motivadas: aquisição anterior a 01/05/2004. Fl. 545DF CARF MF Impresso em 30/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 26 A Lei nº 6.099, de 12 de setembro de 1974, regula o tratamento tributário que deve ser dispensado ao contrato de arrendamento mercantil. O art. 3º, da mencionada lei, assim determina: “Art. 3º Serão escriturados em conta especial do ativo imobilizado da arrendadora os bens destinados a arrendamento mercantil” Assim, não resta dúvida de que os bens destinados ao arrendamento mercantil compõem o ativo imobilizado das arrendadoras. No entanto, verificase que no Termo de Constatação Fiscal, o Fisco promoveu a glosa do valor das despesas com Arrendamento Mercantil, realizadas antes de 30/04/2004, com fundamento no inciso V do art. 3º da Lei 10.637/02, com redação dada pelo art. 37 da Lei 10.865/04, limitado pelo art. 31 da Lei nº 10.865/04 às aquisições a partir de 01/05/2004. O art. 31, § 3º, da Lei nº 10.865/2004, define que: Art. 31. É vedado, a partir do último dia do terceiro mês subseqüente ao da publicação desta Lei, o desconto de créditos apurados na forma do inciso III do § 1o do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, relativos à depreciação ou amortização de bens e direitos de ativos imobilizados adquiridos até 30 de abril de 2004. (...) § 3º É também vedado, a partir da data a que se refere o caput, o crédito relativo a aluguel e contraprestação de arrendamento mercantil de bens que já tenham integrado o patrimônio da pessoa jurídica (g.n). Notese que a Lei não se refere a arrendamento mercantil no parágrafo primeiro do artigo 31. Isso é apenas tratado no parágrafo 3º, para vedar apenas o crédito relativo a arrendamento mercantil de bens que já tenham integrado patrimônio da Pessoa Jurídica, o que não restou demonstrado nos autos pelo Fisco. Portanto, assiste razão a recorrente em reclamar de seu direito, uma vez que não consta dos autos, que as aquisições dos referidos veículos, já tinham em algum momento, integrado o patrimônio da empresa. Por este motivo legal, no presente caso, não deve ser mantida a glosa dos valores computados em desacordo com a legislação. 4.10) Da Aquisição de Insumos de Pessoas Jurídicas De acordo com a Administração tributária, a vinculação dos créditos aos tipos de receitas auferidas deve ser realizada diretamente quando for possível identificar a sua vinculação exclusiva a cada tipo de receita, sendo que, em relação aos custos comuns das atividades cumulativas e não cumulativas, facultase à pessoa jurídica a utilização de qualquer dos critérios previstos no § 8º do art. 3º da Lei nº 10.637, de 2002, ou seja, a apropriação direta (no caso de a pessoa jurídica possuir sistema de custos integrado e coordenado com a escrituração) ou o rateio proporcional. Fl. 546DF CARF MF Impresso em 30/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10825.720018/200847 Acórdão n.º 3802003.600 S3TE02 Fl. 534 27 No que se refere a essa matéria, a recorrente alega que: (...) “No indigitado DACON elaborado pela Fiscalização foi utilizado e aplicado, indevidamente, para fins de cálculo do valor a ser creditado nas aquisições de canadeaçúcar, efetuadas de Pessoa Jurídica, o mesmo critério e método de apuração adotado para se apurar o Crédito Presumido (para o PIS 70% e para a COFINS 80%), reduzindo, sem base legal, o montante do crédito a ser aproveitado pela Recorrente. Igualmente, ao item imediatamente anterior, nada há nos autos e nas notas feitas a ele que esclareça o motivo e justifique tamanha parcialidade”. No entanto, verificase que no Termo de Diligência a fiscalização informa que: (...) “Cana adquirida de Pessoa Jurídica” – foi utilizado o rateio informado no livro de produção diária da empresa”. Mais adiante, em 15/03/2013, quando do cumprimento do Acórdão ora recorrido, a unidade da RFB de origem, em sua Informação Fiscal (fls. 428/430), esclarece a forma, os percentuais e os cálculos utilizados para elaborar os referidos rateios, conforme texto do documento abaixo reproduzido: (...) A receita total da venda de álcool foi informada pela empresa na fls. 38/39, e utilizada pela fiscalização para os rateios (fl. 223). A receita de álcool para outros fins, que não o carburante, são as comprovadas nas notas fiscais identificadas. Portanto a proporção da receita de álcool para outros em relação á receita total de álcool é: (...). Observamos ainda que, quanto ao rateio entre os insumos referentes a venda de álcool “Outros fins”, que a impugnante demonstrou também vender, e aqueles relativos ao álcool carburante, que está no regime cumulativo, cabe esclarecer que o percentual das receitas cumulativas e nãocumulativas foi informado pela própria requerente, conforme planilha às fls. 39/40 e 223, sendo nela apurado o percentual das receitas cumulativas (álcool carburante) em relação ao total das receitas e, por diferença, o percentual das nãocumulativas. Da mesma forma, a metodologia estão demonstradas nas planilhas denominadas “Analise dos dados da empresa feita durante a ação fiscal” (fls. 213/225). Como se sabe, na hipótese de a pessoa jurídica sujeitarse à incidência "não cumulativa" do PIS/PASEP em relação apenas a parte de suas receitas, o crédito será apurado, exclusivamente, em relação aos custos, despesas e encargos vinculados a essas receitas. Para tanto, a pessoa jurídica deverá alocar, a cada mês, separadamente para a modalidade de incidência as parcelas dos custos respectivos. No caso de custos, despesas e encargos vinculados às receitas sujeitas à "não cumulatividade" e àquelas submetidas ao regime de incidência cumulativa dessa contribuição, o crédito será determinado, a critério da pessoa jurídica, pelo método de: a) apropriação direta, inclusive, em relação aos custos, por meio de sistema de contabilidade de custos integrada e coordenada com a escrituração; ou b) rateio proporcional, aplicandose aos custos, despesas e encargos comuns a relação percentual existente entre a receita bruta sujeita à incidência não cumulativa e a receita bruta total, auferidas em cada mês. Fl. 547DF CARF MF Impresso em 30/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 28 Verificase que o método eleito pela Recorrente foi aceito pela Fisco e aplicado consistentemente por todo o período analisado. 5) Da Aplicação Indevida de Rateio Dispõe o § 7º do art. 3º das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003 que “Na hipótese de a pessoa jurídica sujeitarse à incidência nãocumulativa da COFINS, em relação apenas à parte de suas receitas, o crédito será apurado, exclusivamente, em relação aos custos, despesas e encargos vinculados a essas receitas”. Como já abordado no tópico anterior, a regra acima implica em que, se o contribuinte auferir receitas sujeitas aos regimes cumulativo e nãocumulativo, os insumos apenas gerarão crédito na proporção em que forem aplicados nestas últimas. A comercialização de álcool “para fins carburantes” submetese à incidência de PIS/Cofins pelo regime cumulativo, de modo que, por não se submeter ao regime não cumulativo das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, os insumos aplicados na sua produção não geram direito de crédito. Nesse contexto a recorrente alega em seu recurso que: (...) “Houve, ainda, no DACON da fiscalização, aplicação indevida de rateio proporcional para fins de apurar o valor do crédito, em situações em que o crédito deve ser integral, a exemplo dos serviços de ensacamento, marcação e manuseio da sacaria, serviços estes utilizados especificamente na produção do açúcar. Da mesma forma, esse erro crasso foi cometido em relação à levedura, sendo que por serem ambos os produtos não cumulativos, o crédito corresponde a 100%”. Como se observa, a Recorrente sustenta que a fiscalização, ao fazer os ajustes na base de cálculo do PIS e COFINS, distorceu os valores do crédito em que nos casos citados os créditos deveriam ser integrais. Vejase que no Termo de Diligência elaborado pela fiscalização, ressalta que: “Os produtos de utilização comum na produção do álcool e de outros produtos não cumulativos, como açúcar e a levedura, foram rateados de acordo com o percentual não cumulativo, apurado com base nas receitas, e os de uso exclusivo dos produtos não cumulativos foram considerados sem aplicação do rateio”. Portanto, não conseguimos vislumbrar as inconsistências apresentadas pela recorrente, uma vez que não demonstra claramente, com base em documentos e números, onde se encontra as referidas distorções, pois examinando os autos e verificandose os rateio mencionados (fls. 39/41 e 223), bem como o demonstrado nas planilhas denominadas “Analise dos dados da empresa feita durante a ação fiscal” (fls. 213/225), concluise pela inclusão de tais serviços nas referidas composições dos rateios, exceto àqueles que foram objeto de glosa. Na mesma linha, se processa a “Informação Fiscal” elaborada pela fiscalização da Unidade de origem, quando do cumprimento do Acórdão recorrido (fls. 428/430): Fl. 548DF CARF MF Impresso em 30/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10825.720018/200847 Acórdão n.º 3802003.600 S3TE02 Fl. 535 29 (...) A receita total da venda de álcool foi informada pela empresa na fls. 38/39, e utilizada pela fiscalização para os rateios (fl. 223). Isto posto, não leva a outro caminho senão à manutenção da forma com procedeu a fiscalização nesse tópico, fazendose, obviamente, os ajustes necessários, decorrentes desta decisão. 6) Das provas Como já analisado neste voto, a fiscalização apurou glosas de bens e serviços. A recorrente, porém, com exceção relativo às vendas de álcool para outros fins efetivamente comprovadas pela recorrente, não anexou aos autos as provas junto com suas manifestações contrárias aos outros itens glosados, o que acaba por ser um empecilho à comprovação de suas alegações. Não sendo possível a análise do vínculo entre as supostas determinações e os gastos que elas o teriam obrigado. O reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional exige averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento a maior do tributo, desse modo, afim de comprovar a existência do crédito alegado, a interessada deve instruir sua defesa, em especial a manifestação de inconformidade, com documentos que respaldem suas afirmações, considerando o disposto nos artigos 15 e 16 do Decreto nº 70.235/1972: “Art.15.A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. Art.16.A impugnação mencionará: (...) III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (RedaçãodadapelaLeinº8.748,de1993)” No processo administrativo fiscal, assim como no processo civil, o ônus de provar a veracidade do que afirma é de quem alega a sua existência, ou seja, do interessado, é assim que dispõe a Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de1999 no seu artigo 36: Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no artigo37 desta Lei. No mesmo sentido os artigos 333 e 396 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973CPC: Art.333.O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Art.396. Compete à parte instruir a petição inicial (art.283), ou a resposta (art. 297), com os documentos destinados a provar lhe as alegações. Fl. 549DF CARF MF Impresso em 30/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 30 7) Da apresentação das provas O artigo 16 do Decreto nº 70.235/72 em seu § 4º determina, ainda, o momento processual para a apresentação de provas no processo administrativo fiscal, bem como as exceções albergadas que transcrevemos a seguir: “§ 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b)refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.” A análise da norma supracitada é clara e direta ao estabelecer o momento correto a serem carreadas as provas a fim de substanciar os argumentos da Recorrente, qual seja, na manifestação de inconformidade, contudo, esta turma recursal tem firmado entendimento no sentido de admitir, excepcionalmente, a análise de provas trazidas em sede de recurso voluntário, quando estas não dependam de análise técnica aprofundada e sejam complementares às provas trazidas em Manifestação de Inconformidade, contudo, mesmo neste momento processual, não foram trazidas aos autos quaisquer outros documento que provassem que o sujeito passivo realizou gastos em decorrência das glosas de bens e serviços apurados pelo fisco, excetuandose a já comentada. 8) Conclusão Diante das considerações e fundamentos acima expostos, voto da seguinte forma: a) não conhecer do recurso voluntário na parte concernente ao seguinte item: aquisição de embalagens (item 4.6), por falta de interesse recursal. b) na parte conhecida para: rejeitar as preliminares, e c) dar provimento parcial, para reconhecer o direito do crédito calculado do PIS não cumulativo calculado sobre os seguintes itens: graxa (item 4.3) operações com arrendamento mercantil Leasing (item 4.9), conforme o contido neste voto; d) negar provimento em relação aos seguintes itens: lubrificantes (item 4.4), produtos químicos (4.5.1); dos insumos utilizados nas vendas de álcool para “outros fins” (referente às notas fiscais já contempladas pela decisão DRJ item 4.5.2); dos serviços utilizados como insumos (item 4.7) e do aluguel de máquinas e equipamentos (item 4.8), e e) manter o entendimento do Fisco em relação aos créditos decorrentes da aquisição de insumos de pessoas jurídicas, já que os cálculos foram baseados em dados da próprio sujeito passivo (itens 4.10 e 5), de acordo com o contido neste voto. Fl. 550DF CARF MF Impresso em 30/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10825.720018/200847 Acórdão n.º 3802003.600 S3TE02 Fl. 536 31 Este julgado limitouse a reconhecer o direito em tese, ficando a quantificação do crédito, o cálculo e a homologação da compensação declarada a cargo da autoridade administrativa da circunscrição fiscal do contribuinte. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra – Relator 8) Conclusão Diante das considerações e fundamentos acima expostos, voto no sentido de conhecer em parte do recurso voluntário e na parte conhecida, rejeitar as preliminares e dar provimento parcial, para reconhecer o direito do crédito do PIS não cumulativo exclusivamente na aquisição do produto graxa (item 4.3) e Operações com Arrendamento Mercantil Leasing (item 4.9), conforme consta deste voto. Este julgado limitouse a reconhecer o direito em tese, ficando a quantificação do crédito, o cálculo e a homologação da compensação declarada a cargo da autoridade administrativa da circunscrição fiscal do contribuinte. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra – Relator Fl. 551DF CARF MF Impresso em 30/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2014 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/20 14 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 29/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM
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Numero do processo: 10920.724530/2012-61
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 16 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Aug 28 00:00:00 UTC 2014
Numero da decisão: 2302-000.311
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros da Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por unanimidade, em converter o julgamento em diligência para aguardar a decisão acerca da exclusão do contribuinte do SIMPLES.
(assinado digitalmente)
LIEGE LACROIX THOMASI Presidente
(assinado digitalmente)
ANDRÉ LUÍS MÁRSICO LOMBARDI Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Liége Lacroix Thomasi (Presidente), Leonardo Henrique Pires Lopes (Vice-presidente), Arlindo da Costa e Silva, Juliana Campos de Carvalho Cruz, Leo Meirelles do Amaral e André Luís Mársico Lombardi.
Nome do relator: ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros da Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por unanimidade, em converter o julgamento em diligência para aguardar a decisão acerca da exclusão do contribuinte do SIMPLES. (assinado digitalmente) LIEGE LACROIX THOMASI Presidente (assinado digitalmente) ANDRÉ LUÍS MÁRSICO LOMBARDI Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Liége Lacroix Thomasi (Presidente), Leonardo Henrique Pires Lopes (Vice-presidente), Arlindo da Costa e Silva, Juliana Campos de Carvalho Cruz, Leo Meirelles do Amaral e André Luís Mársico Lombardi.
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Resolvem os membros da Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por unanimidade, em converter o julgamento em diligência para aguardar a decisão acerca da exclusão do contribuinte do SIMPLES. (assinado digitalmente) LIEGE LACROIX THOMASI – Presidente (assinado digitalmente) ANDRÉ LUÍS MÁRSICO LOMBARDI – Relator RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 09 20 .7 24 53 0/ 20 12 -6 1 Fl. 600DF CARF MF Impresso em 28/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 27/ 08/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por LIEGE LACROIX THOMA SI Processo nº 10920.724530/201261 Resolução nº 2302000.311 S2C3T2 Fl. 601 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Liége Lacroix Thomasi (Presidente), Leonardo Henrique Pires Lopes (Vicepresidente), Arlindo da Costa e Silva, Juliana Campos de Carvalho Cruz, Leo Meirelles do Amaral e André Luís Mársico Lombardi. Fl. 601DF CARF MF Impresso em 28/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 27/ 08/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por LIEGE LACROIX THOMA SI Processo nº 10920.724530/201261 Resolução nº 2302000.311 S2C3T2 Fl. 602 3 RELATÓRIO Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou improcedente a impugnação da recorrente, mantendo os seguintes créditos tributários lançados: AI 37.337.5239: Contribuição devida pelos segurados, no valor total de R$ 181.234,93, consolidado em 12/2012 (competências até 12/2008); AI 37.337.5247:Contribuição devida pela empresa e GILRAT, no valor total de R$ 509.969,63, consolidado em 12/2012 (competências até 12/2008); AI 37.337.5255: Contribuição destinada aos Terceiros (Salário Educação FNDE, INCRA, SESC, SENAC e SEBRAE), no valor total de R$113.005,83, consolidado em 12/2012 (competências até 12/2008). Consta dos autos que a recorrente foi excluída do Sistema de Tributação Simplificada – SIMPLES NACIONAL (processo nº 10920.723722/201250 – Ato Declaratório Executivo DRF/JOI nº 87 de 6 de dezembro de 2012), com efeitos a partir do ano de 2007 e também que a houve a baixa de CNPJ da empresa Sui Lan Aparecida, com data retroativa à sua abertura, tendo em vista a configuração de que a sua abertura teria consistido em mera manobra de “transformação” da filial em suposta empresa independente (Sui Lan Aparecida), que se mostrou inexistente de fato (processo n° 10920.722969/201178 – baixa de CNPJ Ato Declaratório Executivo DRF/JOI nº 68 de 24 de agosto de 2012). Até o procedimento fiscal, constavam dos dados da Receita Federal do Brasil as seguintes formas de tributação das “empresas”: Foram utilizados os seguintes códigos de levantamento: Fl. 602DF CARF MF Impresso em 28/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 27/ 08/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por LIEGE LACROIX THOMA SI Processo nº 10920.724530/201261 Resolução nº 2302000.311 S2C3T2 Fl. 603 4 4.1 O levantamento “FP1 – PATRONAL NÃO DECLARADA GFIP SE”, ainda FP2, JC e J, são referentes à contribuições, apuradas sobre remunerações registradas na folha de pagamento, que não foram informadas na GFIP na totalidade, portanto da parte contributiva patronal, no período de 01/08 a 06/10 de sua unidade conhecida por Xangai, cujas multas estão descritas em nosso item 15 deste. Neste levantamento a folha de pagamento é a que dá suporte aos seus registros contábeis, apresentadas a esta auditoria. 4.2 O levantamento “SL1 – CONTRIB SUI LAN A V REINKE SE”, ainda SL2, SU e U, são referentes à contribuições, apuradas sobre remunerações registradas na folha de pagamento, da unidade conhecida por Biergarten, que não foram informadas na totalidade na GFIP da autuada, sendo a parte dos segurados e contributiva patronal, no período de 11/07 a 06/10, com as multas descritas em nosso item 15 deste. Neste levantamento os valores das folhas de pagamento foram tomados por aferição indireta, isto é com lançamento por arbitramento das contribuições, uma vez que não tinham suporte na contabilidade da autuada, com vistas nos §§ 3º e 6º do art. 33 da lei 8.212/91. Estes segurados empregados, da unidade Biergarten, já tiveram registro na filial encerrada, no livro próprio, CNPJ nº 01.193.851/000360, à época, e depois somente transferidos, levaram consigo as mesmas ocupações e salários, que consideramos estar dentro dos parâmetros da realidade, por isso os valores em nosso levantamento. Como resultado destas deficiências também foram lavradas as autuações identificadas no bojo deste relatório 4.3 O levantamento “BI – CONTRIB INSS SEGURADOS BIERG”, ainda “I”, são referentes à contribuições, apuradas sobre remunerações registradas na folha de pagamento, da unidade conhecida por Biergarten, que não foram informadas na totalidade na GFIP da autuada, sendo este da parte dos segurados empregados e contribuição individual, apuradas conforme tabela progressiva, não recolhidas a seguridade, pela autuada, no período de 11/07 a 06/10. Neste levantamento as remunerações da segurada Sui Lan Aparecida Vendrami Reinke, foram consideradas, por constar como pagamento feito, na mesma condição de contribuinte individual. Após a impugnação da recorrente, como afirmado, o acórdão de fls. 538 e seguintes julgou a impugnação improcedente, mantendo os créditos tributários lançados: Fl. 603DF CARF MF Impresso em 28/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 27/ 08/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por LIEGE LACROIX THOMA SI Processo nº 10920.724530/201261 Resolução nº 2302000.311 S2C3T2 Fl. 604 5 Inconformada, a recorrente apresentou recurso voluntário, onde alega em síntese: * impossibilidade de lançamento, tendo em vista que a recorrente ainda não foi definitivamente excluída do SIMPLES; * impossibilidade de utilização do Auto de Infração para constituição de crédito tributário, sendo apenas meio para aplicação de penalidades; * nulidade formal por ausência de documentos imprescindíveis; * preterição do direito de defesa pela ausência de motivação explícita, clara, precisa, lógica e congruente na exposição das razões de fato e de direito constantes dos autos, bem como pela ausência de descrição específica dos dispositivos que fundamentam o Auto de Infração; * confusão entre multa de mora e multa punitiva para aplicação da legislação mais benéfica; * necessidade de perícia. É o relatório. Fl. 604DF CARF MF Impresso em 28/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 27/ 08/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por LIEGE LACROIX THOMA SI Processo nº 10920.724530/201261 Resolução nº 2302000.311 S2C3T2 Fl. 605 6 VOTO Consta dos autos que a recorrente foi excluída do Sistema de Tributação Simplificada – SIMPLES NACIONAL (processo nº 10920.723722/201250 – Ato Declaratório Executivo DRF/JOI nº 87 de 6 de dezembro de 2012), com efeitos a partir do ano de 2007 e também que a houve a baixa de CNPJ da empresa Sui Lan Aparecida, com data retroativa à sua abertura, tendo em vista a configuração de que a sua abertura teria consistido em mera manobra de “transformação” da filial em suposta empresa independente (Sui Lan Aparecida), que se mostrou inexistente de fato (processo n° 10920.722969/201178 – Ato Declaratório Executivo DRF/JOI nº 68 de 24 de agosto de 2012). Tanto a exclusão do SIMPLES como a baixa do CNPJ são questões prejudiciais ao mérito recursal, sendo de se ressaltar que não há informação nos autos a respeito da definitividade das decisões proferidas dos aludidos processos (trânsito em julgado administrativo). Entendo, portanto, não ser possível prosseguir com este julgamento sem que antes seja decidido acerca da definitividade da exclusão da empresa do SIMPLES (10920.723722/201250) e da baixa de CNPJ da empresa Sui Lan Aparecida (processo n° 10920.722969/201178), razão pela qual voto pela conversão do julgamento em diligência para que os autos retornem à origem para aguardar as decisões definitivas, na esfera administrativa, sobre a exclusão da recorrente do SIMPLES e sobre a baixa de CNPJ e, somente após tal informação, retornem os autos a este Colegiado, devidamente instruído com informações a respeito do desfecho de ambos os processos. Especificamente quanto ao processo nº 10920.723722/201250 – Exclusão do SIMPLES), verifico que os autos encontramse em apenso, com recurso voluntário interposto e pendente de julgamento. Ocorre que a competência para julgamento é da Primeira Seção deste Egrégio Conselho (art. 2°, V, do RICARF), razão pela qual os autos devem ser desapensados para encaminhamento ao referido órgão. Do resultado da diligência deve ser dado conhecimento à recorrente e concedido prazo para manifestação. É como voto. (assinado digitalmente) ANDRÉ LUÍS MÁRSICO LOMBARDI – Relator Fl. 605DF CARF MF Impresso em 28/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 27/ 08/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por LIEGE LACROIX THOMA SI
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Numero do processo: 19515.003129/2006-00
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 28 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Sep 18 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2001
NULIDADE. FUNDAMENTAÇÃO LEGAL DEFICIENTE. CERCEAMENTO DE DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA.
Inexiste a alegada deficiência de fundamentação se o relatório fiscal descreveu minuciosamente as operações societárias realizadas pela recorrente e, apoiado nas normas que regem a matéria, apontou as razões para que a amortização do ágio levada a efeito fosse glosada. Além disso, tendo a recorrente demonstrado, em sua impugnação e recurso voluntário, completo entendimento das acusações fiscais imputadas, trazendo ampla argumentação contra as imputações e escudando o seu procedimento na mesma legislação apontada não Termo de Constatação Fiscal e no Auto de Infração, não há que se cogitar de cerceamento ao direito de defesa.
DECADÊNCIA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO PARA GLOSA DE AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. TERMO A QUO.
O prazo decadencial para que a Fazenda Nacional efetue o lançamento deve ser contado, na regra geral do art. 150, § 4º do CTN, a partir da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária. No caso da amortização do ágio, independentemente do ano em que o mesmo tenha sido gerado, o Fisco somente pode verificar a regularidade da dedução a partir do momento em que o sujeito passivo passa a deduzi-lo de seus resultados. Antes disso, não deflui qualquer prazo decadencial em relação ao direito do Fisco verificar a regularidade do lançamento por homologação realizado pelo Sujeito Passivo.
ÁGIO. GLOSA DE AMORTIZAÇÃO. DEMONSTRAÇÃO QUE JUSTIFIQUE A AQUISIÇÃO DA PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA PARA FUNDAMENTAR O ÁGIO COM BASE NA RENTABILIDADE FUTURA. ÔNUS DO SUJEITO PASSIVO. LAUDO POSTERIOR. IMPOSSIBILIDADE.
A demonstração do fundamento econômico da mais valia paga deve ser contemporânea ao reconhecimento do ágio na escrita contábil do contribuinte. Embora a legislação não estabeleça a forma dessa demonstração, o corolário é que esta deva existir ao menos na data do registro da aquisição da participação societária, com vistas ao seu desdobramento contábil. Trata-se de requisito legal indispensável, à cargo do sujeito passivo para fruição do benefício fiscal estabelecido.
Não tem o Fisco que demonstrar qual seria o outro fundamento econômico para o ágio pago, mas sim ao contribuinte comprovar, mediante documentação hábil e idônea, que pagou o ágio baseado na rentabilidade futura projetada para o investimento.
PERDAS COM NUMERÁRIO EM TRÂNSITO. ERROS DE CONTABILIZAÇÃO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. INDEDUTIBILIDADE.
Não tendo a recorrente trazido aos autos nenhum elemento que pudesse comprovar o erro de contabilização alegado é de ser mantida a glosa da despesa. Tratando-se de dedução de despesas, independente de sua classificação, cabe ao sujeito passivo demonstrar e comprovar a sua natureza e ainda, se preenche os requisitos de necessidade, usualidade e normalidade.
MULTA DE OFÍCIO. APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE FRENTE AO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. IMPOSSIBILIDADE.
Não cabe ao julgador administrativo ponderar juízos de razoabilidade e proporcionalidade, à míngua de expressa autorização legal.
JUROS DE MORA CALCULADOS À TAXA SELIC. LEGALIDADE. CONSTITUCIONALIDADE
A aplicação da taxa de juros Selic para corrigir o crédito tributário lançado decorre de expressa disposição legal, inexistindo ilegalidade ou inconstitucionalidade na sua aplicação. Observância da Sumula nº 4 do CARF.
JUROS SELIC APLICADOS SOBRE A MULTA DE OFÍCIO.
O crédito tributário decorre da obrigação tributária principal, que compreende o tributo e a multa de oficio. Assim, sobre o total do crédito tributário constituído, incluindo a multa de oficio, deve incidir juros de mora, calculados à taxa Selic.
Numero da decisão: 1301-001.637
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
WILSON FERNANDES GUIMARÃES Presidente em exercício.
(assinado digitalmente)
LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO - Relator.
Participaram do julgamento os conselheiros: Wilson Fernandes Guimarães, Paulo Jakson da Silva Lucas, Valmir Sandri, Luiz Tadeu Matosinho Machado, Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior e Carlos Augusto de Andrade Jenier. Presidiu o julgamento o Conselheiro Wilson Fernandes Guimarães. Ausente justificadamente o Conselheiro Valmar Fonsêca de Menezes (Presidente).
Nome do relator: LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO
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Glosa de amortização. Recorrente PROCOMP COMÉRCIO E SERVIÇOS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2001 NULIDADE. FUNDAMENTAÇÃO LEGAL DEFICIENTE. CERCEAMENTO DE DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Inexiste a alegada deficiência de fundamentação se o relatório fiscal descreveu minuciosamente as operações societárias realizadas pela recorrente e, apoiado nas normas que regem a matéria, apontou as razões para que a amortização do ágio levada a efeito fosse glosada. Além disso, tendo a recorrente demonstrado, em sua impugnação e recurso voluntário, completo entendimento das acusações fiscais imputadas, trazendo ampla argumentação contra as imputações e escudando o seu procedimento na mesma legislação apontada não Termo de Constatação Fiscal e no Auto de Infração, não há que se cogitar de cerceamento ao direito de defesa. DECADÊNCIA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO PARA GLOSA DE AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. TERMO A QUO. O prazo decadencial para que a Fazenda Nacional efetue o lançamento deve ser contado, na regra geral do art. 150, § 4º do CTN, a partir da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária. No caso da amortização do ágio, independentemente do ano em que o mesmo tenha sido gerado, o Fisco somente pode verificar a regularidade da dedução a partir do momento em que o sujeito passivo passa a deduzilo de seus resultados. Antes disso, não deflui qualquer prazo decadencial em relação ao direito do Fisco verificar a regularidade do lançamento por homologação realizado pelo Sujeito Passivo. ÁGIO. GLOSA DE AMORTIZAÇÃO. DEMONSTRAÇÃO QUE JUSTIFIQUE A AQUISIÇÃO DA PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA PARA FUNDAMENTAR O ÁGIO COM BASE NA RENTABILIDADE FUTURA. ÔNUS DO SUJEITO PASSIVO. LAUDO POSTERIOR. IMPOSSIBILIDADE. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 31 29 /2 00 6- 00 Fl. 1167DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 16 /09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 17/09/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 19515.003129/200600 Acórdão n.º 1301001.637 S1C3T1 Fl. 1.168 2 A demonstração do fundamento econômico da mais valia paga deve ser contemporânea ao reconhecimento do ágio na escrita contábil do contribuinte. Embora a legislação não estabeleça a forma dessa demonstração, o corolário é que esta deva existir ao menos na data do registro da aquisição da participação societária, com vistas ao seu desdobramento contábil. Tratase de requisito legal indispensável, à cargo do sujeito passivo para fruição do benefício fiscal estabelecido. Não tem o Fisco que demonstrar qual seria o “outro fundamento econômico” para o ágio pago, mas sim ao contribuinte comprovar, mediante documentação hábil e idônea, que pagou o ágio baseado na rentabilidade futura projetada para o investimento. PERDAS COM NUMERÁRIO EM TRÂNSITO. ERROS DE CONTABILIZAÇÃO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. INDEDUTIBILIDADE. Não tendo a recorrente trazido aos autos nenhum elemento que pudesse comprovar o erro de contabilização alegado é de ser mantida a glosa da despesa. Tratandose de dedução de despesas, independente de sua classificação, cabe ao sujeito passivo demonstrar e comprovar a sua natureza e ainda, se preenche os requisitos de necessidade, usualidade e normalidade. MULTA DE OFÍCIO. APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE FRENTE AO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. IMPOSSIBILIDADE. Não cabe ao julgador administrativo ponderar juízos de razoabilidade e proporcionalidade, à míngua de expressa autorização legal. JUROS DE MORA CALCULADOS À TAXA SELIC. LEGALIDADE. CONSTITUCIONALIDADE A aplicação da taxa de juros Selic para corrigir o crédito tributário lançado decorre de expressa disposição legal, inexistindo ilegalidade ou inconstitucionalidade na sua aplicação. Observância da Sumula nº 4 do CARF. JUROS SELIC APLICADOS SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. O crédito tributário decorre da obrigação tributária principal, que compreende o tributo e a multa de oficio. Assim, sobre o total do crédito tributário constituído, incluindo a multa de oficio, deve incidir juros de mora, calculados à taxa Selic. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) WILSON FERNANDES GUIMARÃES – Presidente em exercício. Fl. 1168DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 16 /09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 17/09/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 19515.003129/200600 Acórdão n.º 1301001.637 S1C3T1 Fl. 1.169 3 (assinado digitalmente) LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Relator. Participaram do julgamento os conselheiros: Wilson Fernandes Guimarães, Paulo Jakson da Silva Lucas, Valmir Sandri, Luiz Tadeu Matosinho Machado, Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior e Carlos Augusto de Andrade Jenier. Presidiu o julgamento o Conselheiro Wilson Fernandes Guimarães. Ausente justificadamente o Conselheiro Valmar Fonsêca de Menezes (Presidente). Fl. 1169DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 16 /09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 17/09/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 19515.003129/200600 Acórdão n.º 1301001.637 S1C3T1 Fl. 1.170 4 Relatório PROCOMP COMÉRCIO E SERVIÇOS LTDA., já qualificada nestes autos, inconformada com o Acórdão n° 1621.983, de 29 de junho de 2009, da 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em SÃO PAULOI/SP, recorre voluntariamente a este Colegiado, objetivando a reforma do referido julgado. O interessado foi autuado, no IRPJ e CSLL, em 26/12/2006, tendo sido reduzido o prejuízo fiscal e a base negativa dos tributos mencionados, no anocalendário de 2001. A autuação decorreu de glosa de despesas com ágio, em face da aquisição de 44.418.316 ações da empresa Procomp Amazônia Indústria Eletrônica S/A pela empresa 261 Comércio, Importação, Exportação e Participações Ltda, que após complexa reorganização societária, foi transferida parcialmente, em decorrência de cisão do empreendimento, para a interessada. O lançamento também abrangeu a glosa de despesas relativas a perdas de numerário registradas na conta contábil 0033.8037.44100 — Perdas Numerário em Transito (Indedutível). Irresignada, impugnou tempestivamente o lançamento, instaurando a fase litigiosa do presente processo administrativo fiscal. Suas alegações foram sintetizadas no acórdão recorrido, nos seguintes termos: 4. Cientificado dos autos de infração em 26/12/2006 (fls. 431 e 434), o contribuinte apresentou, em 26/01/2007, a impugnação de fls. 451/485, aduzindo, em síntese, que: 4.1. A impugnação teria sido apresentada tempestivamente, pois o termo final do prazo legalmente previsto para tanto recaiu em 25/01/2007, que é feriado no Município de São Paulo. 4.2. A autuação seria nula, vez que a fiscalização não teria indicado propriamente as disposições legais infringidas pelo contribuinte, pois se limitou a listar um apanhado de normas tributárias, sem estabelecer qualquer relação entre seus respectivos conteúdos e os fatos que originaram o presente processo administrativo. Assim, teria ferido as normas veiculadas no art. 10 do Decreto nº. 70.235/72 e no art. 142 do Código Tributário Nacional – CTN, ressaltandose que o art. 244 da Lei nº. 6.404/76, arrolado pela fiscalização como um dos fundamentos legais da autuação, não guardaria qualquer pertinência com a mesma. 4.3. No anocalendário de 1999, quando ainda era detida pela Procomp Amazônia Indústria Eletrônica S/A (PAM), a Requerente esteve envolvida em uma seqüência de operações societárias que teriam resultado na reorganização do grupo no Brasil e na entrada de um novo sócio no negócio, que era a Diebold, por meio da holding criada para ser o veículo de investimento e que foi denominada “261”. Neste esteio, a entrada da Diebold no negócio se deu mediante a emissão de novas ações da PAM, que foram integralizadas pela 261 com ágio, tendo por base a expectativa de rentabilidade futura da PAM e, consequentemente, de suas sociedades controladas, dentre as quais a Impugnante. Fl. 1170DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 16 /09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 17/09/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 19515.003129/200600 Acórdão n.º 1301001.637 S1C3T1 Fl. 1.171 5 4.3.1. Ademais, como posteriormente a 261 teria sido objeto de cisão e versão total de seu patrimônio para as suas sociedades controladas, a Requerente passou a deduzir despesas de amortização do ágio registrado por ocasião da subscrição de ações realizadas pela 261, à taxa média de 1/60 avos por mês. 4.3.2. Contudo, a fiscalização teria equivocadamente concluído que as operações societárias em questão não permitiriam que a Requerente procedesse à amortização desse ágio. No entanto, certa que agiu em estreita conformidade com a legislação fiscal em vigor, a Defendente passou a comentar cada uma dessas operações, de modo a evidenciar a total improcedência da presente exigência fiscal, tecendo, ao final, suas considerações em relação às aventadas impropriedades da autuação. (a) Reorganização do grupo Procomp no Brasil a.1. No ano de 1999, as quotas da Requerente eram detidas pela PAM, que, por sua vez, era controlada por acionistas pessoas físicas (82,72% das ações – “Pessoas Físicas”) e por um fundo de investimento americano (18,28% das ações – “Fundo”); a.2. Em 14/10/1999, o Fundo vendeu as ações da PAM para as Pessoas Físicas, que passaram a deter 100% das ações da PAM. Em 21/10/1999, as Pessoas Físicas aumentaram o capital social da Procomp Comércio e Participações Ltda. (“PCP”), que foi subscrito e integralizado com as ações que as pessoas físicas detinham na PAM, a valor contábil. Com isso, as Pessoas Físicas passaram a deter um investimento direto na PCP, que detinha a totalidade das ações da PAM. A PAM, por sua vez, controlava três outras sociedades, dentre as quais a Requerente. (b) Investimento do grupo Diebold no Brasil b.1. Em 10/09/1999, a Diebold Inc., sediada no Estado de Ohio, e a Diebold Latin America Holding Company (DLAH) constituíram a Diebold Brasil, com capital social de R$ 1.000,00 (um mil Reais), sendo R$ 999,00 (novecentos e noventa e nove Reais) da DLAH e R$ 1,00 (um Real) da Diebold Inc.; b.2 Em 14/10/1999, a Diebold Inc. e a DLAH adquiriram a totalidade das quotas da 261, a valor contábil, cujo capital social era de R$ 1.000,00 (um mil Reais), sendo R$ 999,00 (novecentos e noventa e nove Reais) da DLAH e R$ 1,00 (um Real) da Diebold Inc.; b.3) Em 20/10/1999, a DLAH aumentou o capital social da Diebold Brasil com moeda corrente e ações da Diebold Inc. Com esta operação, o capital social da Diebold Brasil passou a ser de R$ 341.716.443,00 (trezentos e quarenta e um milhões, setecentos e dezesseis mil, quatrocentos e quarenta e três Reais), sendo R$ 1,00 (um Real) da Diebold Inc. e R$ 341.715.443,00 (trezentos e quarenta e um milhões, setecentos e quinze mil, quatrocentos e quarenta e três Reais) da DLAH; b.4) Em 21/10/1999, a DLAH aumentou novamente o capital social da Diebold Brasil. Com esta operação, o capital social da Diebold Brasil passou a ser de R$ 447.292.443,00 (quatrocentos e quarenta e sete milhões, duzentos e noventa e dois mil, quatrocentos e quarenta e três Reais), sendo R$ 1,00 (um Real) da Diebold Inc. e R$ 447.292.442,00 (quatrocentos e quarenta e sete milhões, duzentos e noventa e dois mil, quatrocentos e quarenta e dois Reais). O capital foi subscrito e integralizado pela DLAH mediante a efetiva remessa de R$ 105.576.000,00 (cento e cinco milhões, quinhentos e setenta e seis mil Reais); Fl. 1171DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 16 /09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 17/09/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 19515.003129/200600 Acórdão n.º 1301001.637 S1C3T1 Fl. 1.172 6 b.5) Destarte, em contrapartida ao capital de R$ 447.292.442,00 (quatrocentos e quarenta e sete milhões, duzentos e noventa e dois mil, quatrocentos e quarenta e dois Reais), a Diebold Brasil registrou em seus ativos um caixa de R$ 360.924.829,00 (trezentos e sessenta milhões, novecentos e vinte e quatro mil, oitocentos e vinte e nove Reais) e um investimento na Diebold Inc. no valor de R$ 86.366.613,10 (oitenta e seis milhões, trezentos e sessenta e seis mil, seiscentos e treze Reais e dez centavos); b.6) Continuando a operação, a DLAH e a Diebold Inc. aumentaram o capital social da 261, que foi subscrito e integralizado com as quotas que a DLAH detinha na Diebold Brasil, a valor contábil. Com isso, a DLAH e a Diebold Inc. passaram a deter a totalidade das quotas da 261 que, por sua vez, detinha a Diebold Brasil. Ressalta o Defendente que a totalidade dos recursos financeiros remetidos do exterior para a integralização do capital da Diebold Brasil foi devidamente registrada junto ao BACEN, sendo que a parcela do capital da Diebold Brasil que foi integralizada mediante a conferência de ações da Diebold Inc. não foi registrada no BACEN, uma vez que na época não haveria na legislação mecanismo que previsse o registro de tal investimento; b.7) Outro aspecto relevante seria que, na estrutura de investimento da Diebold no Brasil, a Diebold Brasil era detida em quase sua totalidade pela DLAH, sendo apenas uma quota dessa sociedade de propriedade da Diebold Inc. A Diebold Brasil, por sua vez, detinha uma participação no valor de R$ 86.366.613,10 (oitenta e seis milhões, trezentos e sessenta e seis mil, seiscentos e treze Reais e dez centavos) na Diebold Inc. Ou seja, na estrutura de investimento do Grupo Diebold no Brasil, nunca teria havido participação recíproca vedada pela legislação, como alegou a fiscalização. Ademais, essa situação teria sido resolvida poucos meses depois e, ainda que não houvesse sido eliminada a participação recíproca, a sua existência em nada prejudicaria o registro contábil de um investimento. (c) Subscrição de ação da PAM pela 261 c.1) Em 21/10/1999, a PAM aumentou seu capital em 27,76%, permitindo o ingresso do novo investidor estrangeiro (Diebold) através de sua sociedade brasileira 261, que subscreveu e integralizou as 44.418.316 novas ações emitidas pela PAM ao preço de R$ 447.292.443,00 (quatrocentos e quarenta e sete milhões, duzentos e noventa e dois mil, quatrocentos e quarenta e três Reais), pagas mediante a entrega das quotas que a 261 detinha na Diebold Brasil. Portanto, a Diebold, por meio de sua sociedade brasileira 261, pagou pela subscrição e integralização do aumento de capital da PAM o valor de R$ 447.292.443,00 (quatrocentos e quarenta e sete milhões, duzentos e noventa e dois mil, quatrocentos e quarenta e três Reais) mediante a entrega das quotas que detinha da Diebold Brasil. Com isso, esse valor passou a ser o custo de aquisição da participação que a 261 detinha em relação ao investimento na PAM. A PAM, por sua vez, passou a deter a totalidade das quotas da Diebold Brasil, além dos investimentos que já eram de sua propriedade (Requerente, Procomp Indústria Eletrônica Ltda. PIE e Mecaf Indústria Eletrônica S/A MECAF); c.2) Após ingressar no capital social da PAM, a 261 foi obrigada a avaliar o investimento adquirido pelo método da equivalência patrimonial, desdobrando o custo de aquisição de R$ 447.292.443,00 em valor de patrimônio líquido das ações adquiridas e ágio. Nesse aspecto residiria mais um equívoco da fiscalização, uma vez que o valor pago pela 261 para as ações da PAM (R$ 447.292.443,00) foi primeiramente calculado em estudo econômicofinanceiro preparado em julho de 1999 pela KPMG dos Estados Unidos (dos. 13) e ratificado por um relatório de Fl. 1172DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 16 /09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 17/09/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 19515.003129/200600 Acórdão n.º 1301001.637 S1C3T1 Fl. 1.173 7 avaliação elaborado em agosto de 1999 pela Salomon Smith Barney (doc. 14), após detalhado processo de revisão das atividades da PAM e de suas controladas. Assim, não seria verídica a alegação da fiscalização no sentido de que a aquisição das ações da PAM foi feita pela 261 sem qualquer suporte ou avaliação; c.3) Outro aspecto importante a se notar seria que a valoração do ágio independe de avaliação específica, posto que este seria apenas decorrente da operação matemática resultante da diferença entre o valor pago por um investimento e o valor do patrimônio líquido desse investimento. Além disso, a operação em questão teria sido realizada integralmente entre partes nãorelacionadas, ou seja, não existiria qualquer razão para que a subscrição das ações da PAM, realizada pelo novo investidor estrangeiro Diebold, através da sociedade brasileira 261, fosse realizada por um valor que não fosse real. (d) Contabilização do investimento da 261 na PAM d.1) Sendo a 261 controladora da PAM (detendo 27,76% do seu capital social), esse investimento deveria ser avaliado pela 261 segundo o método da equivalência patrimonial, isto é, desdobrandose seu valor total em: (i) valor de patrimônio líquido da participação societária; e (ii) ágio ou deságio, conforme o caso. Vale notar que o fundamento econômico desse ágio registrado em relação à PAM era a expectativa de rentabilidade futura. (e) Redução de capital da PAM e.1) Em 21/10/1999, A PAM procedeu a uma redução de 72,24% do seu capital social, correspondente a 115.590.027 ações de sua emissão. Referida redução foi realizada por meio da devolução de ativos de sua titularidade para a PCP, avaliados a valor contábil, conforme faculta a legislação em vigor. No caso em exame, esses ativos corresponderam à totalidade das quotas que a PAM então detinha na Diebold Brasil. Nessa mesma operação, a Diebold Inc. transferiu a sua única quota da Diebold Brasil para Eric Jan Roorda e a Diebold Brasil alterou sua denominação para Janral Comércio e Participações Ltda. (“Janral”); e.2) Com essa operação, a Diebold, por intermédio da sociedade brasileira 261, passou a ser a única sócia da PAM, detendo a totalidade de sua ações, que continuaram registradas em sua contabilidade pelo custo de aquisição de R$ 447.292.443,00 (quatrocentos e quarenta e sete milhões, duzentos e noventa e dois mil, quatrocentos e quarenta e três Reais). (f) Aumento de capital da RM f.1) Em 23/11/1999, a DLAH e a Diebold Inc. adquiriram a RM Comércio e Comunicações Ltda. (“RM”) por R$ 1.000,00 (um mil Reais), sendo 999 quotas de propriedade da DLAH e uma cota de propriedade da Diebold Inc. Ato contínuo, a DLAH aumentou e integralizou o capital social da RM mediante a entrega das quotas da 261, a valor contábil. No mesmo ato, A DLAH e a Diebold Inc. deliberaram a alteração da denominação da RM para Diebold Brasil Ltda. (“Die Brasil”). Com isso, a Die Brasil passou a deter a totalidade das quotas da 261 que, por sua vez, detinha a totalidade das ações da PAM. (g) Cisão parcial da PAM g.1) Em 23/12/1999, antes, portanto, de qualquer aproveitamento fiscal do ágio, a KPMG validou as premissas do estudo inicial e elaborou um laudo de avaliação, avaliando de forma exaustiva a expectativa de rentabilidade futura da Fl. 1173DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 16 /09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 17/09/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 19515.003129/200600 Acórdão n.º 1301001.637 S1C3T1 Fl. 1.174 8 PAM e das suas controladas (PIE, Requerente e MECAF), incluindo uma projeção completa da receitas, custos e despesas. O laudo teria sido requerido pela 261, a fim de fundamentar fiscalmente o ágio pago na aquisição das ações da PAM; g.2) Em 29/12/1999, a PAM foi parcialmente cindida, sendo que a parcela do ativo correspondente às ações da PIE, Requerente e MECAF foi incorporada à 261. Com a incorporação dessa parcela da PAM pela 261, esta última sociedade passou a ser controladora direta da Requerente, da MECAF, da PIE e da PAM; g.3) Em razão da existência do laudo de avaliação da KPMG e da cisão parcial da PAM com a versão de seu acervo para a 261, as parcelas do ágio contabilizadas por esta sociedade foram alocadas proporcionalmente e na razão definida no laudo a cada um dos investimentos recebidos. (h) Cisão total de 261 h.1) Após os fatos acima relatados, e com base no laudo de avaliação da KPMG, que teria avaliado a totalidade dos ativos da 261, foi deliberada, em 29/12/1999, a cisão total da 261, com a versão total de seus ativos para as suas sociedades controladas, que eram a Requerente, PAM, PIE e MECAF. Com esta operação, a DLAH e a Diebold Inc. passaram a ser controladoras da Die Brasil que, por sua vez, controlava quatro sociedades operacionais, que eram a Requerente, PAM, MECAF e PIE; h.2) A integralidade dos ativos da 261 teria sido proporcionalmente distribuída entre as suas sociedades controladas, sendo que, em relação ao investimento detido pela 261 na Requerente, a parcela do ágio que havia sido a ela atribuída foi registrada pela Requerente, que passou a proceder à sua amortização à razão de 1/60. 4.4. Após a explicitação de toda a reorganização societária realizada pela Defendente, a mesma busca evidenciar as impropriedades da lavratura com base nas asserções abaixo resumidas. 4.4.1. A apuração do ágio pela 261 na aquisição de 44.418.316 novas ações emitidas pela PAM ao preço de R$ 447.292.443,00 (quatrocentos e quarenta e sete milhões, duzentos e noventa e dois mil, quatrocentos e quarenta e três Reais) decorreria da própria legislação de regência, notadamente dos arts. 384 e 385 do RIR/99. 4.4.2. Com a cisão parcial da PAM, parte do investimento detido pela 261 no capital da PAM foi vertida para a 261. Contudo, ao invés de verter caixa à 261 em troca do seu capital social, a PAM entregou à 261 ativos de sua titularidade, correspondentes às participações societárias detidas na Requerente, PIE e MECAF, avaliados pelo valor contábil com fulcro na norma ventilada no art. 21 da Lei nº. 9.249/95. Nesse momento, parte do ágio referente à parcela da PAM que foi absorvida já é fiscalmente amortizável, conforme se deflui da disciplina estatuída no art. 7º, inciso III, da Lei nº. 9.532/97. 4.4.2.1. Ressalta o Impugnante que o art. 7º, inciso III, da Lei nº. 9.532/97 deixa bastante claro que, em decorrência da cisão parcial da PAM, seguida de versão de seu patrimônio cindido para a 261 via incorporação, esta sociedade deve proceder à segregação do custo do investimento de forma proporcional, alocando o custo do investimento antes registrado em relação às ações da PAM para cada um dos ativos vertidos (dentre os quais as quotas da Requerente). Fl. 1174DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 16 /09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 17/09/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 19515.003129/200600 Acórdão n.º 1301001.637 S1C3T1 Fl. 1.175 9 4.4.5. Ademais, o art. 8º da Lei nº. 9.532/97 determinaria claramente ser irrelevante, para fins de amortização do ágio, a incorporação acontecer da sociedade controladora ou às avessas, ficando demonstrada, deste modo, a incorreção das considerações tecidas pela fiscalização de que a incorporação às avessas não daria o benefício de amortização do ágio. Frisase que foi justamente esta forma de incorporação que ocorreu no dia 29/12/1999, quando a 261 foi totalmente cindida e as parcelas de seu patrimônio foram vertidas e incorporadas pelas suas sociedades controladas. Nesse momento, a totalidade do ágio contabilizado em 261, em relação às suas sociedades controladas, foi distribuído com base no laudo de avaliação da KPMG de 23/12/1999 e foi contabilizada como ativo diferido nas respectivas sociedades. Logo, no momento em que a Requerente incorporou parcela da 261, em 29/12/1999, estariam reunidas todas as condições exigidas pelo artigo 386 do RIR/99 para a amortização do ágio contabilizado. Por esta razão, a partir desta data a Requerente iniciou a amortização do ágio a uma taxa média de 1/60 (um sessenta avos), tendo em vista que as projeções de rentabilidade futura realizadas pela KPMG consideravam um cenário de 5 anos para a sua realização. 4.4.6. A comprovação documental do fundamento econômico do ágio em foco (expectativa de rentabilidade futura) residiu nos estudos econômicofinanceiros preparados pela KPMG dos Estados Unidos, em julho de 1999, e pela Salomon Smith Barney, em agosto de 1999. Não obstante, estando ciente de que posteriormente a Diebold poderia vir a ser incorporada pelas suas controladas e, a partir de então, considerar o ágio pago na aquisição da PAM e suas controladas como despesa dedutível, a Diebold solicitou à KPMG do Brasil uma revisão de suas projeções de resultados futuros da PAM e de suas controladas, sendo que tal laudo ratificou e validou o valor da expectativa de rentabilidade futura da PAM e de suas controladas em aproximadamente R$ 447 milhões. 4.4.6.1. A Impugnante aduz que o fato do laudo da KPMG Brasil acima relembrado ser anterior à dedução do ágio no Brasil é relevante, desconstituindo a alegação da fiscalização de que inexistiria estudo técnico que embasasse o valor deste dispêndio. 4.4.7. A asserção inserta na autuação de que o ágio fundado em rentabilidade futura só poderia ser deduzido na efetiva existência de lucros carece de respaldo legal, pois o art. 7º da Lei nº. 9.532/97 condiciona sua amortização fiscal somente à existência de laudo de avaliação coerente e desde que seja respeitada a razão de 1/60 avos mensais após a incorporação da sociedade adquirida pela investidora ou vice versa. Além disso, a própria Instrução Normativa SRF nº. 11/99 não faz qualquer menção à necessidade de confirmação dos lucros apurados para que o ágio seja amortizado. Ora, não estando previsto tal requisito na lei, e nem sequer na própria legislação infralegal emitida pela Secretaria da Receita Federal, não haveria fundamento que justificasse o questionamento contido no auto de infração. 4.4.7.1. A fiscalização tenta justificar a necessidade da apuração de lucros para a dedutibilidade do ágio sob análise no art. 14, §2º, alínea “a”, da Instrução CVM nº. 247/1996. Contudo, tal norma não acobertaria o raciocínio expendido na autuação, vez que não consta deste normativo qualquer restrição ao aproveitamento do ágio no caso de nãocomprovação dos resultados projetados. Além disso, ressaltase que as instruções normativas da CVM são destinadas exclusivamente às sociedades anônimas, e não às sociedades limitadas, conforme conclui expressamente a Lei nº. 6.385/76, que criou a CVM, falecendo competência a esta autarquia para legislar sobre matéria tributária. Por fim, nos anos seguintes a 2001, os resultados obtidos pela Requerente confirmaram todas as projeções de rentabilidade previstas no laudo de avaliação da KPMG (doc. 16), não havendo que Fl. 1175DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 16 /09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 17/09/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 19515.003129/200600 Acórdão n.º 1301001.637 S1C3T1 Fl. 1.176 10 se falar, desta forma, em irregularidade cometida no tocante ao aproveitamento do ágio registrado. 4.4.8. No tocante às supostas irregularidade ocorridas durante a reestruturação empresarial do Grupo Diebold no Brasil, não assistiria melhor sorte à fiscalização. 4.4.8.1. Inicialmente, as duas irregularidade aventadas [(i) falta de registro, perante o BACEN, das ações da Diebold Inc. integralizadas pela DLAH no aumento de capital da Diebold Brasil; (ii) participação recíproca direta ocorrida entre a Diebold Brasil e a Diebold Inc. e, ato reflexo, a participação recíproca indireta entre a Diebold e a 261] não guardariam qualquer relação com a amortização do ágio. Frisase que nem a JUCESP e tampouco o BACEN questionaram as operações realizadas durante a reestruturação societária do grupo no Brasil. 4.4.8.2. No tocante à primeira irregularidade, quando a DLAH integralizou as ações da Diebold Brasil com ações da Diebold Inc., era impossível efetuar o registro no sistema do BACEN de contribuições internacionais de ativos. Como tal registro passou a existir somente em 2001, com a edição da Circular nº. 3.037, de 31/05/2001, seria certo inexistir a irregularidade em foco apontada pela fiscalização. 4.4.8.3. Em relação à participação recíproca, a Requerente destaca que esta situação é comum em operações de reorganização societária e, muito embora não seja permitida sua manutenção, o parágrafo 5º do artigo 244 da Lei das Sociedades Anônimas LSA, prevê que esta situação pode durar por até 1 ano. Além disso, como o caput do art. 244 da LSA é enfático em vedar a participação recíproca entre uma companhia e suas controladas e coligadas, seria evidente a inaplicabilidade de tal disciplina ao caso vertente, pois a Diebold Inc. era detentora de apenas uma quota da diebold Brasil, não podendo ser caracterizada como sua controlada ou coligada. 4.5. No tocante à dedutibilidade do valor contabilizado na conta 0033.8037.44100 – Perdas Numerários em Trânsito, frisase que a contabilização da perda objeto da autuação (R$ 147.077,16 – cento e quarenta e sete mil, setenta e sete Reais e dezesseis centavos) teria decorrido de mero equívoco. De fato, após a análise das despesas lançadas na conta contábil em comento, a Defendente verificou que os lançamentos nela registrados nada mais eram do que diferenças de caixa apontados por falha da máquina dispensadora de notas e, por isso, não existiam motivos para que esta despesa fosse considerada indedutível, mesmo que não adotados quaisquer procedimentos policiais, posto que tal valor não estaria relacionado com fraude ou atuação delituosa de funcionários da Requerente. 4.5.1. Neste diapasão, nem deveria ser aplicada a disciplina veiculada no art. 364 do RIR/99, sendo plenamente dedutível a importância mencionada no parágrafo anterior. 4.6. Por fim, em decorrência de remanescer prejuízo fiscal mesmo que mantidas as asserções deduzidas pela fiscalização, seria evidente o descabimento da aplicação de multa. 4.7. O pedido é pelo cancelamento da autuação. A 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em SÃO PAULOI/SP analisou a impugnação apresentada pela contribuinte e, por meio do Acórdão n° 1621.983, de 29 de junho de 2009, considerou procedente o lançamento com a seguinte ementa: Fl. 1176DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 16 /09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 17/09/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 19515.003129/200600 Acórdão n.º 1301001.637 S1C3T1 Fl. 1.177 11 ÁGIO. AUSÊNCIA DE LAUDO CONTEMPORÂNEO À AQUISIÇÃO DA PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. FUNDAMENTO EM OUTRAS RAZÕES ECONÔMICAS. POSSIBILIDADE DE DEDUÇÃO APENAS NA ALIENAÇÃO OU LIQUIDAÇÃO DO INVESTIMENTO. O ágio suportado em aquisição de investimento por valor superior ao registrado contabilmente na empresa investida e desacompanhado de estudo técnico (laudo) que embase o fundamento do mesmo só é dedutível na apuração do ganho de capital na alienação ou liquidação do investimento, vez que se configura como fundado em “outras razões econômicas”. ÁGIO FUNDADO EM “OUTRAS RAZÕES ECONÔMICAS”. INCORPORAÇÃO ÀS AVESSAS. DESCABIMENTO DA DEDUÇÃO MENSAL DE 1/60 PELA INCORPORADORA. A incorporação às avessas de sociedade controladora, que detinha ágio do investimento adquirido em sociedade controlada fundado em “outras razões econômicas”, não é hábil a permitir a dedução deste ágio, pela incorporadora (anteriormente, controlada), na razão mensal de 1/60. PERDAS DE NUMERÁRIO EM TRÂNSITO REGISTRADAS CONTABILMENTE COMO INDEDUTÍVEIS. As despesas referentes a valores contabilizados em conta criada especialmente para o registro de perdas indedutíveis de numerário, que minoraram o lucro líquido, devem ser glosadas pela fiscalização, notadamente nos casos em que o contribuinte não comprova qualquer incorreção na consecução dos referidos lançamentos contábeis. LANÇAMENTO REFLEXO. MESMOS EVENTOS. DECORRÊNCIA. A ocorrência de eventos que representam, ao mesmo tempo, fatos geradores de vários tributos impõe a constituição dos respectivos créditos tributários, sendo que a decisão quanto à ocorrência desses eventos repercute na decisão de todos os tributos a eles vinculados. Assim, o decidido em relação ao Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ aplicase à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL. REGULARIDADE FORMAL DA AUTUAÇÃO. Cumpridos os requisitos estabelecidos no art. 10, inciso IV, do Decreto nº. 70.235/72, notadamente a exauriente descrição dos fundamentos legais da autuação, é notória a regularidade formal da lavratura. Ciente da decisão de primeira instância em 01/06/2012, a contribuinte apresentou recurso voluntário em 03/07/2012. A recorrente alega em caráter preliminar: Fl. 1177DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 16 /09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 17/09/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 19515.003129/200600 Acórdão n.º 1301001.637 S1C3T1 Fl. 1.178 12 a) A decadência do lançamento, na medida em que “não cabe a D. Fiscalização pretender questionar, por meio da lavratura de Auto de Infração no anocalendário de 2006, os atos jurídicos relativos à formação de um ágio no anocalendário de 1999, em razão do total transcurso do prazo decadencial de cinco anos para esse fim”. Aduz que “a cisão parcial da PAM, que transformou primeiramente o referido ágio em amortizável para fins fiscais, se deu ainda em 23.11.1999. Logo, seja tomando como referência para início do prazo decadencial o momento de registro do ágio em 21.10.1999, seja utilizandose a data da cisão como fato gerador da obrigação tributária, em ambos os casos, esta autuação já estaria fulminada pela decadência. Assim, “nos termos do artigo 150, § 4o do CTN, as Autoridades Fiscais dispõem de 5 (cinco) anos para exigir quaisquer valores de IRPJ e CSL considerados devidos, a contar do fato gerador da obrigação tributária”. Cita jurisprudência administrativa que corroboraria seus argumentos. Adverte ainda que, embora não suscitada em sua impugnação, sendo a decadência matéria de ordem pública, pode ser alegada em qualquer fase processual, conforme jurisprudência do STF. b) A nulidade do lançamento por erro no enquadramento legal, na medida em que “em lugar de fundamentar a presente autuação com a indicação das específicas normas tributárias que teriam sido supostamente infringidas pela Recorrente, a D. Fiscalização limitou se a listar um apanhado de normas tributárias, sem estabelecer a necessária relação entre seus respectivos conteúdos e os fatos que originaram o presente processo administrativo”, o que viola o princípio da estrita legalidade. Acrescenta que uma das normas citadas (o art. 244 da Lei nº 6.404/76), sequer tem correlação com a autuação. No mérito, a recorrente reitera as razões trazidas na impugnação e, ainda, questiona o entendimento exarado no acórdão recorrido, alegando em síntese: a) Que são claramente infundadas as conclusões da decisão recorrida ao entender que teria obtido uma vantagem fiscal ilegítima, pois demonstrou que a aquisição das sociedades PAM, PIE, PCS e Mecaf pelo grupo Diebold no anocalendário de 1999 foi feita de partes não relacionadas (grupo Procomp) e em condições justas de mercado, no contexto de ingresso do grupo Diebold no Brasil e de expansão de suas atividades pela América Latina. E, ainda, que os valores pagos a título de ágio Fl. 1178DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 16 /09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 17/09/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 19515.003129/200600 Acórdão n.º 1301001.637 S1C3T1 Fl. 1.179 13 pelo grupo Diebold estavam devidamente fundados em laudos de avaliação preparados anteriormente à aquisição pela KPMG e pelo Salomon Smith Barney, no contexto das negociações entre os grupos Procomp e Diebold (respectivamente, em Maio e em Agosto de 1999), tendo sido corroborados pela KPMG, no Brasil, em 23.10.1999, de modo que as alegações formuladas pela decisão recorrida no sentido de que não havia laudos anteriores à aquisição se mostraria incorreta. b) Que não há que se falar em abuso de direito, pois as operações em exame foram efetivamente motivadas por razões negociais legítimas, e decorreram de uma efetiva aquisição de participação societária entre dois grupos não relacionados (grupo Procomp e grupo Diebold), com base em valores justos de mercado, que justificaram especificamente a adoção dos atos jurídicos em questão, e que eram, cada uma, independentes de finalidades tributárias. c) Que a apuração do ágio gerado e sua posterior amortização estão amparados nos artigos 385 e 386 do RIR/1999 e que é que a empresa 261 agiu corretamente ao atribuir à participação recebida na Recorrente uma parcela proporcional do custo do investimento anteriormente detido na PAM, em razão da cisão parcial dessa sociedade. d) Que, com a cisão parcial da PAM e a incorporação, pela empresa 261, dos ativos por ela detidos (PCS, PIE e Mecaf), a 261 passou a deter, nesse momento, o direito de amortização das parcelas registradas a título de ágio em relação ao investimento adquirido na PAM. Todavia, com a cisão total da 261, em 29.12.1999 e a incorporação de seu patrimônio pelas sociedades por ela então detidas (PAM, PIE, PCS e Mecaf), cada uma dessas controladas passou a registrar em sua contabilidade as parcelas apuradas pela 261 a título de ágio, na condição de sucessoras universais dessa sociedade. e) Que, nos termos do art. 227 da Lei nº 6.404/1976, a incorporadora sucede a incorporada em todos os seus direitos e obrigações. f) Que, no momento da cisão parcial da PAM, o ágio apurado na 261, passou a ser considerado como amortizável para fins fiscais, sendo registrado proporcionalmente por cada uma de suas sociedades controladas (PIE, PAM, PCS e Mecaf), quando de sua Fl. 1179DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 16 /09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 17/09/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 19515.003129/200600 Acórdão n.º 1301001.637 S1C3T1 Fl. 1.180 14 cisão total, na condição de sucessoras universais de seus bens e direitos, em razão da incorporação de seu patrimônio. Assim, no momento em que a Recorrente incorporou uma parcela da 261, em 29.12.1999, estavam reunidas todas as condições exigidas pela legislação fiscal aplicável para que os valores de ágio apurados pela 261 passassem a ser por ela contabilizados. g) Que, a premissa adotada pela Fiscalização, e indevidamente mantida pela decisão recorrida, de que a amortização de ágio seria ilegítima uma vez que a sociedade incorporada (261) seria a sociedade controladora da empresa incorporadora (PCS), e, nessa condição, a operação poderia ser considerada "abusiva" é equivocada, pois a legislação fiscal expressamente autoriza a amortização do ágio nessa situação, conforme prevê o art. 386, inciso II, §6°, do RIR/99, que tem por base legal o artigo 8o da Lei 9.532/97. h) Que é equivocado o entendimento da Fiscalização de que o ágio somente poderia ser amortizado pela Recorrente caso se confirmasse a expectativa de rentabilidade futura atribuída a ela, pois o ágio é um dado contábil resultante da diferença entre o valor pago pela aquisição de um negócio e o valor contábil do negócio adquirido, tendo sempre um fundamento econômico qualquer e, quando o ágio é fundamentado com base na expectativa de rentabilidade futura do negócio adquirido, baseada em um laudo de avaliação coerente, o artigo 7o da Lei 9.532/97 permite a sua amortização fiscal, à razão de 1/60 avos mensais após a incorporação da sociedade adquirida pela investidora ou viceversa. Estes requisitos legais para a amortização do ágio foram devidamente cumpridos pela Recorrente. i) Que a autoridade fiscal e a decisão recorrida tentam fundamentar esse equivocado entendimento invocando o artigo 14, § 2°, alínea "a", da Instrução Normativa n° 247, de 27.3.1996 da Comissão de Valores Mobiliários CVM, com as alterações promovidas pelas Instruções Normativas n° 269/97 e 285/98; j) Que a IN CVM 247/96 apenas determina que é necessária a verificação anual dos resultados projetados para que sejam ajustados os critérios de amortização, ou seja, o tempo de amortização e que não existe nesse ato normativo qualquer restrição ao aproveitamento do ágio no caso de não comprovação dos resultados projetados. Fl. 1180DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 16 /09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 17/09/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 19515.003129/200600 Acórdão n.º 1301001.637 S1C3T1 Fl. 1.181 15 k) Que as instruções normativas da CVM são destinadas exclusivamente às sociedades anônimas, e não às sociedades limitadas, conforme estatui expressamente a Lei n° 6.385, de 7.12.1976, que criou a CVM. l) Que a CVM não tem competência para legislar sobre matéria tributária e a lei tributária deve, necessariamente, prevalecer sobre qualquer regulamentação infralegal da CVM, para fins de regulação dos efeitos fiscais da amortização de ágio, sob pena de gravíssima e insanável ilegalidade. m) Que os únicos requisitos a que está atrelada a Recorrente para amortizar o ágio em tela são aqueles estatuídos na Lei 9.532/97 e na IN SRF. Nº 11/99, que foram totalmente preenchidos. n) Que, com relação ás dúvidas lançadas pela decisão recorrida em torno da validade dos estudos econômico financeiros elaborados pela KPMG e pelo Salomon Smith Barney, assim como ao laudo que fundamenta a expectativa de rentabilidade futura elaborado no Brasil pela KPMG, alega que o § 3º do art. 385 não estabeleceu forma especial para a comprovação da justificativa econômica adotada pelo contribuinte na contabilização do ágio. Ao contrário, o dispositivo legal acima mencionado exigiu somente que o valor desse ágio seja suportado em "demonstração", que deverá ser arquivada pela sociedade investidora para comprovar o seu lançamento contábil. o) Que é completamente equivocado o entendimento adotado pela decisão recorrida, no sentido de desconsiderar os três laudos de avaliação solicitados pelo grupo Diebold para, em seguida, tentar mudar a fundamentação econômica do ágio pago pelo grupo Diebold para adquirir as sociedades do grupo Procomp para "outras razões econômicas" . p) Que na medida em que os laudos de avaliação chegam à conclusão de que os valores pagos a título de ágio pelo grupo Diebold quando da aquisição das sociedades então detidas pelo grupo Procomp estava fundamentada na expectativa de rentabilidade futura, não podem as autoridades julgadoras de primeira instância administrativa inferirem que nenhum valor pago pelo grupo Diebold esteja fundamentado em expectativa de rentabilidade futura das sociedades adquiridas, devendo sim ser respeitada a avaliação/fundamentação econômica Fl. 1181DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 16 /09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 17/09/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 19515.003129/200600 Acórdão n.º 1301001.637 S1C3T1 Fl. 1.182 16 do ágio realizada pelo contribuinte, em clara observância da legislação fiscal em vigor. q) Que não houve uma incorporação às avessas, como ventilado na decisão recorrida. r) Que a suposta ausência de ganho de capital apurada pelos vendedores, ventilada na decisão recorrida, em nada altera a essência dos fatos discutidos no presente processo administrativo em relação ao grupo Diebold, na condição de adquirente do investimento na PAM e em suas controladas. s) Que inexistiu participação societária recíproca entre as empresas do grupo, o que é vedado pelo art. 244 da Lei das SA, pois como a Diebold Inc. era detentora de apenas uma quota da Diebold BR, esta não poderia ser caracterizada como sua controlada ou coligada vedação do artigo 244 da Lei das Sociedades Anônimas. Esse fato, por si só, basta para descaracterizar a suposta irregularidade levantada pela fiscalização e equivocadamente validada pela. decisão recorrida. t) Que a respeito do fato de as ações da Diebold Inc. entregues pela Diebold L.A. em aumento de capital da Diebold BR não possuírem registro perante o Banco Central do Brasil., tido como irregular pela atuação e corroborado pelo acórdão recorrido, esclarece que em 1999, quando ocorreu a integralização das ações era impossível efetuar registro no sistema do Banco Central do Brasil de contribuições internacionais de ativos, pois tal registro somente passou a existir em 2001, com a edição da Circular n° 3.037, de 31.5.2001, que alterou a consolidação das normas cambiais, instituindo e regularizando o registro da conferência internacional de ações. u) Que, com relação à glosa de valores contabilizados na conta (0033.8037.44100 Perdas Numerário Trânsito (Despesa Indedutível), afirma que registrava valores relativos a perdas de numerário para os quais, por motivo de conveniência ou materialidade, dispensaria procedimentos austeros no âmbito policial. Assim, por não ter tomado providências para registrar o acontecimento perante as autoridades policiais, a Autoridade Fiscalizadora, assim como a decisão recorrida, entenderam, de forma equivocada, que a Recorrente não poderia ter deixado de adicionar tal valor como despesa indedutível na sua DIPJ referente ao ano calendário de 2001. Fl. 1182DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 16 /09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 17/09/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 19515.003129/200600 Acórdão n.º 1301001.637 S1C3T1 Fl. 1.183 17 v) Alega que a contabilização da perda em questão na conta Conta n° 0033.8037.44100 Perdas Numerário Trânsito (Despesa Indedutível) “ocorreu por um erro de procedimento. Com efeito, ao se examinar as despesas lançadas na Conta n° 0033.8037.44100 Perdas Numerário Trânsito (Despesa Indedutível), para fins de apresentação da DIPJ, verificouse que os lançamentos efetuados nessa conta nada mais eram do que diferenças de caixa apontadas por falha da máquina dispensadora de notas, e, por isso, não existiam motivos para que esta despesa fosse considerada indedutível, mesmo que não adotados quaisquer procedimentos policiais, eis que tal valor nada estava relacionado com fraude ou atuação delituosa de funcionários da Recorrente” e que, assim, seria inaplicável o disposto no art. 364 do RIR/1999, pois tal dispositivo “trata da hipótese de "desfalque, apropriação indébita e furto, por empregados ou terceiros", o que não ocorreu neste caso, não se justificando, portanto, a adoção de qualquer procedimento ali consignado”. w) Que teria demonstrado claramente que não há razão para adicionar o valor de R$ 147.077,16 como despesa indedutível no cálculo dos prejuízos fiscais e da base negativa da CSL, pois a inclusão na conta de despesa indedutível se deu por um equívoco na contabilização, sendo a despesa em questão perfeitamente dedutível. x) Que a recorrente demonstrou que agiu em conformidade com a legislação societária e fiscal em vigor, de forma que não seria justo atribuirlhe uma penalidade de 75% sobre o valor do suposto crédito tributário ora discutido, que ultrapassa os limites da razoabilidade e proporcionalidade, devendo ser prontamente reduzida. y) Que é inaplicável a correção pela taxa de juros Selic, cuja constitucionalidade é questionada nos tribunais. z) Que não há amparo legal para a incidência de juros Selic sobre a multa de ofício aplicada. Ao final, requer que “seja o presente Recurso Voluntário integralmente provido, com o objetivo de reformar a r. decisão recorrida e cancelar integralmente o Auto de Infração, juntamente com as penalidades e juros aplicados, com o conseqüente arquivamento do processo administrativo”. A Procuradoria da Fazenda Nacional apresentou contrarrazões ao recurso voluntário interposto, sustentando, em síntese: Fl. 1183DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 16 /09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 17/09/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 19515.003129/200600 Acórdão n.º 1301001.637 S1C3T1 Fl. 1.184 18 1) Que da análise do Termo de Constatação Fiscal e do Auto de Infração, é possível verificar que a autoridade fiscal fundamentou adequadamente as infrações cometidas pela recorrente, nos seguintes termos: Na aferição da indedutibilidade da despesa com a amortização do ágio, a Fiscalização destacou que: de acordo com o artigo 386 do RIR/99 e normas da CVM, o ágio não pode ser amortizado em período que a empresa apura prejuízo; de acordo com o artigo 385 do RIR/99, o ágio não pode ser deduzido ser não for pautado em laudo tempestivo; de acordo com o artigo 244 da Lei n° 6.404/1976, não é válido um ágio que decorre de participação recíproca; de acordo com o artigo 386 do RIR/99, o ágio não pode ser deduzido por empresa que não participou da operação societária que lhe deu ensejo. No que concerne à indedutibilidade das perdas de numerário, o Auditor ressaltou que, uma vez não tendo o contribuinte demonstrado o cumprimento dos requisitos de dedutibilidade dessas perdas exigidos pelo artigo 364 do RIR/99, tais valores devem ser adicionados na apuração do IRPJ e da CSLL. 2) Que “no caso específico do ágio, o Auditor citou mais de uma razão que leva a sua indedutibilidade. Assim, o ágio registrado é indedutível por quatro motivos distintos e independentes entre si: primeiro, foi amortizado quando a empresa que o absorveu apurou prejuízo (violação ao artigo 386 do RIR/99 e a normas da CVM); segundo, não fora registrado com lastro em um documento que atestasse de forma tempestiva o seu fundamento econômico na rentabilidade futura do investimento que lhe deu ensejo (violação ao artigo 385 do RIR/99); terceiro, decorreu de operações societárias vedadas legalmente (violação ao artigo 244 da Lei n° 6.404/1976); e quarto, fora deduzido por empresa que não participou da aquisição de investimento que lhe deu origem (violação ao artigo 386 do RIR/99)”. Que os fundamentos adotados são distintos e independentes entre si, de modo que o não reconhecimento de um deles não invalida os demais. 3) Que o lançamento apurou de forma clara as infrações cometidas pelo contribuinte, assim como indicou de forma precisa as normas infringidas. Para cada ato ilegal cometido pelo contribuinte, o Auditor especificou o dispositivo legal violado. 4) Que o direito da Fazenda fiscalizar os procedimentos relativos à criação de um ágio a ser amortizado não se submete ao prazo decadencial tributário, pois para a contagem da decadência, devese ter em mira a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária que será constituída. Sem a materialização no campo da existência de qualquer hipótese de incidência tributária prevista em lei, não há que se falar em constituição de crédito fiscal, o que, por sua vez, afasta a possibilidade de contagem do prazo decadencial. Ou seja, não havendo fato gerador, não haverá prazo decadencial a ser contado. 5) Que o simples registro de um ágio a ser amortizado, não afeta a tributação incidente sobre o contribuinte em nenhum aspecto. Somente com a efetiva utilização desse valor como benefício fiscal nos balanços de apuração do lucro real, que o sujeito passivo altera o "quantum debeatur" dos tributos que por ele serão devidos. 6) Que somente em face a amortização ágio registrado pelo contribuinte como perda dedutível, o Fisco pode, ao averiguar a sua regularidade, concordar ou não com a sua amortização na apuração das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL. Se concluído que o registro contábil se adequa aos requisitos impostos pelo benefício fiscal concedido pela legislação, a amortização será homologada. Caso contrário, a amortização será glosada, sendo Fl. 1184DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 16 /09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 17/09/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 19515.003129/200600 Acórdão n.º 1301001.637 S1C3T1 Fl. 1.185 19 mantido, porém, a existência contábil do ágio registrado. Vêse, assim, que o que é alvo da homologação é a amortização do ágio, não o seu registro. 7) Que, em face do exposto, temse como lógico que o prazo decadencial para o Fisco homologar os efeitos fiscais atribuídos pelo contribuinte aos ágios por ele registrados não se conta a partir das operações societárias que os transformaram em perdas dedutíveis, mas sim da efetiva utilização deles para redução do cálculo dos tributos. 8) Que no caso dos autos, embora o ágio tenha sido gerado em 1999, sua amortização, objeto do lançamento, ocorreu no ano 2001, cujo fato gerador ocorreu em 31/12/2001. Assim, o prazo decadencial para sua constituição somente se esgotou em 31/12/2006. 9) Que, sobre o laudo elaborado pela KPMG em 23/12/1999, tal documento não serve para justificar o fundamento econômico do ágio pago na rentabilidade futura da PAM, e, assim, a dedutibilidade dessa "mais valia". Como o laudo não foi elaborado à época em que o ágio foi pago (mais especificamente, antes do pagamento), esse documento não pode ser aceito para a finalidade pretendida pelo contribuinte. Devese considerar que o ágio foi pago com base em quaisquer outras razões econômicas, mas não na rentabilidade futura da PAM. 10) que o artigo 385 do RIR/99 estabelece que o lançamento contábil do ágio deve indicar a razão econômica que levou o seu pagamento, a qual, por seu turno, deve estar demonstrada em um documento arquivado na contabilidade da empresa. Assim, existe a necessidade da vontade econômica que levou ao pagamento de um ágio ser comprovado em um documento elaborado antes do seu efetivo desembolso. 11) Que, tendo o artigo 385 determinado que o lançamento do ágio deve registrar o fundamento econômico, e que essa justificativa deve estar arquivada na contabilidade da empresa, não há como imaginar que o documento que ateste a razão econômica de um ágio seja elaborado após o seu efetivo pagamento. 12) Caso o referido documento seja produzido após o pagamento da "mais valia", o registro contábil do ágio, que ocorre quando do seu efetivo pagamento, não terá qualquer fundamento a que se referir, haja vista que não haverá qualquer informação a ser arquivada na contabilidade que demonstre a sua existência. 13) Que, numa operação pela qual uma participação societária é adquirida, a razão econômica que justifica o preço cobrado/pago necessariamente deve anteceder o seu efetivo desembolso. Em face de um negócio realizado, o estabelecimento entre as partes do valor envolvido indispensavelmente antecede a sua circulação. 14) Que no caso dos autos, verificase que o laudo elaborado pela KPMG em 23/12/1999 não é um documento hábil a demonstrar o fundamento econômico do ágio na rentabilidade futura da PAM, pois foi elaborado em data posterior àquela em que o ágio foi pago. Em que pese a 261 ter negociado as ações da PAM, com o pagamento de ágio, no dia 21/10/1999, o laudo trazido para justificar o fundamento econômico desse montante foi elaborado somente em 23/12/1999. 15) Que essa intempestividade afeta de maneira irrefutável o alegado fundamento econômico da "mais valia" paga, pois tendo sido elaborado em data posterior, não Fl. 1185DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 16 /09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 17/09/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 19515.003129/200600 Acórdão n.º 1301001.637 S1C3T1 Fl. 1.186 20 há como o laudo elaborado em 23/12/1999 atestar que o ágio pago em 21/10/1999 teve como fundamento a rentabilidade futura da participação societária adquirida. Aduz que a elaboração de um laudo no presente não é hábil a atestar o elemento volitivo das partes em um negócio que se realizou no passado. Afirma: ou o documento foi elaborado à época do pagamento do ágio e, portanto, é possível aferir a justificativa econômica eleita; ou o documento não existe, não sendo possível aferir a razão que levou o pagamento do ágio. 16) Com relação aos dois outros documentos apresentados para justificar o fundamento econômico do ágio, assevera: Primeiro, com relação ao laudo elaborado pela KPMG em 20/05/1999, destacase que tal documento, apesar de fazer uma breve análise econômica de uma empresa denominada PROCOMP, não informa o valor de mercado da PAM com base em sua rentabilidade futura. Ademais, o documento apresenta a denominação de "minuta para discussão", e conclui pela necessidade de pesquisa de determinação de preço da PROCOMP. Ou seja, além de não determinar o valor de mercado da PAM com base em sua rentabilidade futura, tal documento reconhece a necessidade de apurar esse valor. Segundo, quanto ao laudo elaborado pela SOLOMON SMITH BARNEY em 02/08/1999, destacase que tal documento se refere a outra operação de aquisição de societária, não tendo, assim, qualquer relação com a aquisição da PAM pela 261, ou pelo grupo DIEBOLD. De fato, tal como destacou a decisão de primeira instância, referido documento estrangeiro faz referência a uma operação que iria ser realizada entre a empresa DOLLAR INCORPORATED e a empresa REAL, e, provavelmente, envolvendo a aquisição da empresa FRANCO. Demonstrase, assim, que o contribuinte não logrou demonstrar o fundamento econômico exigido pela lei do ágio pago pela 261 quando da aquisição das ações da PAM. Não consta dos autos qualquer documento prévio ao seu pagamento que ateste a sua fundamentação na rentabilidade futura da empresa. Não há no processo qualquer elemento que ateste o elemento volitivo da 261 quando da aquisição das ações da PAM. 17) Subsidiariamente, sustenta que, caso seja entendido que o contribuinte logrou comprovar o fundamento econômico do ágio, o valor do ágio passível de dedução deve ser correspondente ao percentual do patrimônio adquirido e à rentabilidade futura apurada pelo laudo, pelos seguintes fundamento trazidos nas contrarrazões: Como dito no item anterior, a operação que deu ensejo ao ágio ora em debate decorreu da aquisição da PAM pela 261 (grupo DIEBOLD) pelo valor de R$ 447.291.442,10. Contudo, o pagamento do preço combinado não se deu de forma direta. Antes de ser destinado aos antigos acionistas da PAM, o pagamento fora transferido a própria PAM como investimento em uma terceira empresa, a DIEBOLD BRASIL. Por essa razão, os antigos acionistas da PAM, no mesmo dia que aumentaram o seu capital social em 27,76% a valor de mercado, reduziramno em 72,24% pelo valor contábil. Os 27,76% foram criados para receber a DIEBOLD BRASIL, ou seja, o pagamento pela PAM. Os 72,24%, para retirar esse pagamento e sem pagar qualquer ganho de capital. Pois bem, decifrada a engenharia realizada, indagase: qual foi a operação que deu ensejo ao ágio registrado pela 261? Qual foi o percentual de patrimônio da PAM que deu ensejo ao registro de ágio pela 261? Fl. 1186DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 16 /09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 17/09/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 19515.003129/200600 Acórdão n.º 1301001.637 S1C3T1 Fl. 1.187 21 Diante das operações societárias declaradas pelo contribuinte, a 261 registrou um ágio no valor de R$ 277.474.422,00 em face da aquisição de 27,76% da PAM. Contudo, de acordo, por exemplo, com o laudo elaborado pela KPMG em 23/12/1999, 27,76% da PAM corresponderia a um ágio no valor de R$ 137.981.080,00 (27,76% de R$ 447 milhões). Ou seja, tendo por base o laudo elaborado pela KPMG em 23/12/1999, do ágio pago no valor de R$ 277.474.422,00, apenas R$ 137.981.080,00 estão pautados na rentabilidade futura da PAM apurada pela KPMG. Destarte, caso seja reconhecida a validade de algum dos documentos trazidos pelo contribuinte para tentar justificar o fundamento econômico do ágio pago pela 261 quando da aquisição da PAM, demonstrase que o valor do ágio passível de dedução deve ser restrito ao percentual de 27,76% do valor apurado pelo laudo. Como tais documentos aferem o valor de mercado da empresa como um todo, o ágio relativo à aquisição parcial dessa empresa deve ser correspondente a essa parcialidade. 18) Que com relação à glosa de perdas de numerário, consideradas indedutíveis pelo Fisco, o ônus da prova de sua dedutibilidade é do sujeito passivo, mediante a demonstração de que se trata de despesa necessária a sua atividade e a manutenção de sua fonte produtora, sendo insuficiente a alegação de que ocorreu equívoco na sua contabilização. 19) Que a incidência de juros Selic sobre a multa decorre do art. 161 do CTN e dos artigos 43 e 61 da Lei nº 9.430/1996. É o Relatório. Fl. 1187DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 16 /09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 17/09/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 19515.003129/200600 Acórdão n.º 1301001.637 S1C3T1 Fl. 1.188 22 Voto Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho Machado O recurso voluntário é tempestivo e atende aos pressupostos regimentais, assim, dele conheço. Impõese apreciar as alegações preliminares, antes de adentrar ao mérito. A recorrente alega a nulidade do lançamento por erro no enquadramento legal, na medida em que a fiscalização teria se limitado a citar diversas normas tributárias sem fazer a necessária correlação com os fatos discutidos neste processo, o que violaria o princípio da estrita legalidade. Alega ainda que o art. 244 da Lei nº 6.404/76, citado no enquadramento legal sequer tem correlação com a autuação. Assim, cabe analisar se existe tal omissão e, em existindo, se é suficiente para acarretar a nulidade da autuação, ou se descrição dos fatos e sua fundamentação foram capazes de suprir tal lacuna, sem prejuízo ao direito de defesa, nos termos aceitos pela jurisprudência administrativa1. Não vislumbro qualquer razão para inquinar de nulidade o lançamento realizado pela autoridade fiscal. Entendo que não é causa de nulidade. O relatório fiscal descreveu minuciosamente as operações societárias realizadas pela recorrente e, apoiado nas normas que regem a matéria, apontou as razões para que a amortização do ágio levada a efeito pela recorrente fosse glosada, considerando que: a) o ágio não pode ser amortizado em período que a empresa apura prejuízo (com base no artigo 386 do RIR/99 e normas da CVM) b) o ágio não pode ser deduzido ser não for pautado em laudo tempestivo (nos termos do artigo 385 do RIR/99); c) não é válido um ágio que decorre de participação recíproca (conforme o artigo 244 da Lei n° 6.404/1976); d) o ágio não pode ser deduzido por empresa que não participou da operação societária que lhe deu ensejo (nos termos do artigo 386 do RIR/99). 1 AUTO DE INFRAÇÃO DISPOSIÇÃO LEGAL INFRINGIDA O erro no enquadramento legal da infração cometida não acarreta a nulidade do auto de infração, quando comprovado, pela judíciosa descrição dos fatos nele contida e a alentada ímpugnação apresentada pelo contribuinte contra as imputações que lhe foram feitas, que ínocorreu preterição do direito de defesa. (Acórdão n.° 10313.567,3ª Câmara do Primeiro Conselho de Contribuints, DOU de 28/05/1995) Fl. 1188DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 16 /09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 17/09/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 19515.003129/200600 Acórdão n.º 1301001.637 S1C3T1 Fl. 1.189 23 Com relação à indedutibilidade das perdas de numerário, a autoridade fiscal entendeu que não foi comprovado o alegado erro de contabilização e, assim, não preenchendo os requisitos de dedutibilidade dessas perdas previstos nos artigos 249, inciso I, 251 e parágrafo único, e 364 do RIR/99, esses valores deveriam ser adicionados na apuração do IRPJ e da CSLL. A adequação ou não de tal fundamentação, como a impugnada citação do art. 244, da Lei das S/A, consiste em matéria de mérito a ser avaliada para decidir se tais fundamentos são suficientes para justificar a glosa das despesas efetuadas. Por outro lado, a recorrente, demonstrou em sua impugnação e recurso completo entendimento das acusações fiscais imputadas, trazendo ampla argumentação contra as imputações, escudando o seu procedimento na mesma legislação apontada não Termo de Constatação Fiscal e no Auto de Infração.. Ora resta claro que a recorrente compreendeu as imputações feitas pela fiscalização, que determinou a glosa da amortização do ágio e das despesas com perdas de numerários e pode exercer sem restrição o seu direito de defesa. Ante ao exposto, afasto a preliminar de nulidade. No que concerne à preliminar de mérito, relativa à decadência do lançamento, trazida apenas em sede de recurso voluntário, entendo que também não assiste razão à recorrente. Não obstante a alegação de decadência não tenha sido levantada na impugnação, a jurisprudência predominante entende que é questão de ordem pública, que deve ser apreciada, inclusive de ofício, em qualquer fase processual, conforme acórdão proferidos pelo Superior Tribunal de Justiça, in verbis: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO – AGRAVO REGIMENTAL – DECADÊNCIA – LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO (ART. 150, § 4º E 173 DO CTN) – NULIDADE ABSOLUTA – CONHECIMENTO EX OFFICIO – LIMITES DO RECURSO ESPECIAL. 1. O prequestionamento é exigência indispensável ao conhecimento do recurso especial, fora do qual não se pode reconhecer sequer as nulidades absolutas. 2. A mais recente posição doutrinária admite sejam reconhecidas nulidades absolutas ex officio, por ser matéria de ordem pública. Assim, se ultrapassado o juízo de conhecimento, por outros fundamentos, abrese a via do especial (Súmula 456/STF). 3. Hipótese em que se conheceu do recurso especial por violação do art. 161 do CTN, ensejando no seu julgamento o reconhecimento ex officio da decadência. 4. Nas exações cujo lançamento se faz por homologação, havendo pagamento antecipado, contase o prazo decadencial a partir da ocorrência do fato gerador (art. 150, § 4º, do CTN). Somente quando não há pagamento antecipado, ou há prova de fraude, dolo ou simulação é que se aplica o disposto no art. 173, Fl. 1189DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 16 /09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 17/09/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 19515.003129/200600 Acórdão n.º 1301001.637 S1C3T1 Fl. 1.190 24 I, do CTN. Em normais circunstâncias, não se conjugam os dispositivos legais. Precedentes das Turmas de Direito Público e da Primeira Seção. 5. Hipótese dos autos em que não houve pagamento antecipado, aplicandose a regra do art. 173, I, do CTN. 6. Crédito tributário fulminado pela decadência, nos termos do art. 156, V do CTN. 7. O julgamento do recurso especial com observância às regras técnicas que lhe são inerentes não importa em negativa de prestação jurisdicional, supressão de instância ou contrariedade a qualquer dispositivo constitucional, inclusive aos princípios do devido processo legal, ampla defesa ou contraditório. 8. Agravo regimental provido para prover em parte o recurso especial e reconhecer, de ofício, a decadência AgRg no AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 939.714 RS (2007/01947068) – Relatora Ministra Eliana Calmon – Dje 21/02/2008 PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. DECADÊNCIA. MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA. 1. A decadência, por ser matéria de ordem pública, deve ser declarada a qualquer tempo, perante as instâncias ordinárias, até de ofício. Precedentes. 2. Não havendo apreciação pela Corte de apelação sobre a alegada decadência dos créditos tributários cujos fatos geradores remontam ao ano de 1999, cabe o retorno dos autos ao Tribunal de origem a fim de que novo julgamento seja proferido. 3. Prejudicialidade das demais questões suscitadas. 4. Recurso especial conhecido em parte e provido. RECURSO ESPECIAL Nº 1.082.600 PR (2008/01853337) – Relator Ministro Castro Meira – DJe 17/03/200. No caso dos autos, no entanto, não há como acolher a tese da recorrente quanto ao momento inicial da contagem do prazo decadencial. A recorrente alega que, em 2006, a fiscalização não poderia questionar os atos jurídicos que levaram à formação de um ágio ocorrida em 1999, pois já haveria transcorrido o prazo de cinco anos entre tal evento e o lançamento. Com a devida vênia, o prazo decadencial para que a Fazenda Nacional efetue o lançamento deve ser contado, na regra geral do art. 150, § 4º do CTN, a partir da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária. No caso da amortização do ágio, independentemente do ano em que o mesmo tenha sido gerado, o Fisco somente pode verificar a regularidade da dedução a partir do momento em que o sujeito passivo passa a deduzilo de seus resultados. Fl. 1190DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 16 /09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 17/09/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 19515.003129/200600 Acórdão n.º 1301001.637 S1C3T1 Fl. 1.191 25 Antes disso, não deflui qualquer prazo decadencial em relação ao direito do Fisco verificar a regularidade do lançamento por homologação realizado pelo Sujeito Passivo. Assim, ao examinar a dedução do ágio, incumbe ao Fisco examinar por completo as operações que lhe dariam suporte, ainda que ocorridas há mais de cinco anos da data em que o lançamento vier a ser efetuado. As mutações patrimoniais verificadas na contabilidade do sujeito passivo somente têm interesse fiscal e podem ser objeto de verificação pelo Fisco a partir do momento em que produzam efeitos nos resultados tributáveis apurados pelo sujeito passivo, como ocorre, p.ex, na depreciação dos bens adquiridos para o ativo permanente. Somente após o registro das quotas de depreciação como despesas tem o Fisco o interesse na verificação de sua regularidade, independente da data em que tal bem tenha sido adquirido. Raciocínio similar ocorre em relação à tributação do lucro inflacionário, cujo prazo decadencial somente se conta a partir do período de sua efetiva apuração, conforme Súmula 10 do CARF2. Ante ao exposto e tendo o lançamento sido realizado dentro do prazo decadencial previsto no art. 150,§ 4º do CTN, voto por rejeitar a preliminar de mérito relativa à decadência. Passo a apreciar as razões de mérito. Analiso inicialmente a questão da glosa das despesas com amortização de ágio. A recorrente questiona as imputações feitas pela autoridade fiscal, corroboradas pelo acórdão recorrido, quanto à impossibilidade de amortização das despesa com ágio verificadas na operação, ocorrida em 23/10/1999, de aquisição de participação societária na empresa PROCOMP AMAZÔNIA INDÚSTRIA ELETRÔNICA S/A (PAM), então controladora da recorrente, pela empresa 261 COMÉRCIO, IMPORTAÇÃO, EXPORTAÇÃO E PARTICIPAÇÃO LTDA (261), subsidiária no país do grupo DIEBOLD. O ágio, verificado, nesta operação passaria a ser deduzido pela ora recorrente em face da posterior cisão parcial da empresa PAM (que controlava, além da ora recorrente, as empresa PROCOMP INDÚSTRIA ELETRÔNICA AS – [PIE] e MECAF ELETRÔNICA AS – [MECAF] cujos patrimônios foram vertidos para a empresa 261). A incorporação do ágio na recorrente e sua posterior amortização, foi viabilizada mediante a extinção da empresa 261, em 10/02/2000, e versão proporcional do seu patrimônio, por incorporação para as empresas PAM, PIE, MECAF E PCS (recorrente), que passara a ser controladas diretamente pela empresa Diebold Brasil Ltda, constituída em 23/11/1999 e que, até então era a detentora, no país, do controle da empresa 261, em nome do grupo DIEBOLD. A recorrente afirma que são claramente infundadas as conclusões da decisão recorrida ao entender que teria obtido uma vantagem fiscal ilegítima, pois demonstrou que a aquisição das sociedades PAM, PIE, PCS e Mecaf pelo grupo Diebold, no anocalendário de 1999, foi feita de partes nãorelacionadas (grupo Procomp) e em condições justas de mercado, 2 Súmula nº 10 CARF: O prazo decadencial para constituição do crédito tributário relativo ao lucro inflacionário diferido é contado do período de apuração de sua efetiva realização ou do período em que, em face da legislação, deveria ter sido realizado, ainda que em percentuais mínimos. Fl. 1191DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 16 /09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 17/09/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 19515.003129/200600 Acórdão n.º 1301001.637 S1C3T1 Fl. 1.192 26 no contexto de ingresso do grupo Diebold no Brasil e de expansão de suas atividades pela América Latina. Alega que não há que se falar em abuso de direito, sustentado pelo acórdão recorrido, pois as operações em exame foram efetivamente motivadas por razões negociais legítimas, e decorreram de uma efetiva aquisição de participação societária entre dois grupos não relacionados (grupo Procomp e grupo Diebold), com base em valores justos de mercado, que justificaram especificamente a adoção dos atos jurídicos em questão, e que eram, cada uma, independentes de finalidades tributárias. De fato, o acórdão recorrido desvendou que, por trás da complexa operação societária realizada, em curtíssimo espaço de tempo, restou claro que, um dos objetivos do modelo utilizado visou a ocultar o ganho de capital realizado pelos vendedores do controle acionário da PAM, conforme o excerto abaixo: 9.1.11. As complexas operações societárias referidas no item precedente buscaram evidentemente dissimular a ocorrência do ganho de capital na alienação do investimento titulado pela PCP na PAM. De fato, como tal investimento possuía valor patrimonial de R$ 171.886.944,00 (cento e setenta e um milhões, oitocentos e oitenta e seis mil, novecentos e quarenta e quatro Reais), conforme consta do Termo de Constatação Fiscal (fls. 425), é certo que a PCP percebeu vultoso ganho de capital ao alienar sua participação societária na PAM para a 261 por R$ 447.292.442,12 (quatrocentos e quarenta e sete milhões, duzentos e noventa e dois mil, quatrocentos e quarenta e dois Reais e doze centavos). 9.1.11.1. Entretanto, em decorrência de a PCP certamente avaliar seu investimento na PAM por equivalência patrimonial, é induvidoso que o aumento de capital empreendido pela 261 na PAM deve ter sido refletido na PCP por equivalência patrimonial, fazendo o investimento em comento saltar para o valor de R$ 447.292.442,12 (quatrocentos e quarenta e sete milhões, duzentos e noventa e dois mil, quatrocentos e quarenta e dois Reais e doze centavos). Deste modo, afastarseia o aventado ganho de capital na redução do capital da PAM mediante a extinção de todas as cotas tituladas pela PCP, tendo a mesma recebido a propriedade de 447.292.442,12 cotas representativas de 100% menos uma cota do capital social da Janral Comércio e Participações Ltda. 9.1.12. Deste modo, entendese que o motivo determinante para a aquisição da PAM pela DLAH ter sido empreendida pela sociedade efêmera (2 horas) das empresas 261 e PCP no capital da PAM residiu em ocultar a percepção de ganho de capital pela PCP. Ressaltese que, mesmo não sendo objeto da presente autuação, se entende evidente o abuso de direito no conjunto das operações societárias relatadas nos itens 9.1.1 a 9.1.7 retro, sendo pertinente transcrevermos os seguintes ensinamentos tecidos por Hermes Marcelo Huck na obra Evasão e Elisão – Rotas Nacionais e Internacionais do Planejamento Tributário, Saraiva, 1997: [...] 9.2. Após explicitarmos a real intenção das complexas operações societárias que culminaram com a aquisição da PAM pela 261 (ocultação do ganho de capital percebido pela PCP em tal operação societária) e com a incorporação às avessas da 261 por suas controladas (antecipar a dedução do ágio na aquisição da PAM pela 261 para fins fiscais), é imperioso verificarmos a ocorrência efetiva de ágio na aquisição das 44.418.316 ações subscritas pela 261 no aumento de capital da PAM realizado em 21/10/1999, no valor total de R$ 447.292.443,00 (quatrocentos e Fl. 1192DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 16 /09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 17/09/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 19515.003129/200600 Acórdão n.º 1301001.637 S1C3T1 Fl. 1.193 27 quarenta e sete milhões, duzentos e noventa e dois mil, quatrocentos e quarenta e três Reais). Ademais, em caso positivo, é necessário verificarse se o mesmo encontravase embasado em demonstração suficiente para justificar que a sua fundamentação econômica residia em perspectiva de rentabilidade futura da empresa adquirida, conforme aventado na defesa, em respeito à norma ventilada no art. 385, §3º, do RIR/99. Em que pese ficar claro que um dos objetivos da forma negocial adotada tenha sido, efetivamente, ocultar o ganho de capital dos vendedores do controle acionário da empresa PAM, o próprio acórdão recorrido não chegou a afastar a validade do negócio, no tocante à dedução do ágio, com base em tal pressuposto. No que concerne especificamente ao pólo da negociação ocupado pela recorrente, com relação ao ágio gerado, entendo, pelo menos em princípio, que o formato negocial utilizado, por si só, não invalidaria o aproveitamento desse ágio, um vez presentes os demais requisitos de sua dedutibilidade. Com efeito, verifico que, no presente caso a negociação se deu entre partes independentes e que ocorreu um efetivo pagamento, por parte da empresa 261, pela participação societária adquirida. Assim, tem razão a recorrente ao afirmar que a eventual ausência de tributação do ganho de capital pelos vendedores, não é motivo para invalidar os efeitos do negócio, no que concerne à geração e aproveitamento do ágio. A recorrente rebate como equivocado o entendimento da Fiscalização de que o ágio somente poderia ser amortizado pela Recorrente caso se confirmasse a expectativa de rentabilidade futura atribuída a ela. Alega que a autoridade fiscal e a decisão recorrida tentam fundamentar esse equivocado entendimento invocando o artigo 14, § 2°, alínea "a", da Instrução Normativa n° 247, de 27.3.1996 da Comissão de Valores Mobiliários CVM, com as alterações promovidas pelas Instruções Normativas n° 269/97 e 285/98. Afirma que a referida apenas determina que é necessária a verificação anual dos resultados projetados para que sejam ajustados os critérios de amortização, ou seja, o tempo de amortização e que não existe nesse ato normativo qualquer restrição ao aproveitamento do ágio no caso de não comprovação dos resultados projetados. Aduz que as instruções normativas da CVM são destinadas exclusivamente às sociedades anônimas, e não às sociedades limitadas, conforme estatui expressamente a Lei n° 6.385, de 7.12.1976, que criou a CVM e que a CVM não tem competência para legislar sobre matéria tributária e a lei tributária deve, necessariamente, prevalecer sobre qualquer regulamentação infralegal da CVM, para fins de regulação dos efeitos fiscais da amortização de ágio, sob pena de gravíssima e insanável ilegalidade. Assevera, por fim, que os únicos requisitos a que está atrelada a Recorrente para amortizar o ágio em tela são aqueles estatuídos na Lei nº 9.532/97 e na IN SRF. Nº 11/99, que foram totalmente preenchidos. Entendo que, não obstante as empresas devam observar as instruções e orientações emanadas das entidades competentes para a regulamentação das normas contábeis e societárias, em sua escrituração comercial, fundadas nos princípios contábeis geralmente aceitos, neste ponto assiste razão à recorrente, pois a dedutibilidade das despesas com ágio fundamentada na rentabilidade futura, consoante o que estabelece os artigos 7º e 8º da Lei nº 9.532/1997, não é condicionada à efetiva confirmação da ocorrência desta rentabilidade no Fl. 1193DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 16 /09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 17/09/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 19515.003129/200600 Acórdão n.º 1301001.637 S1C3T1 Fl. 1.194 28 momento futuro. Me parece que, em que pese as instruções da CVM possam ser utilizadas subsidiariamente pelas sociedades não sujeitas à sua fiscalização, desta feita tal norma não se reveste de efeitos tais que possam modificar ou condicionar os efeitos fiscais determinados pela Lei nº 9.532/1997, no tocante à possibilidade de amortização do ágio. Também me parece correta a afirmação da recorrente de que não se configurou a participação societária recíproca entre as empresas do grupo aponta pelo Fisco, o que seria vedado pelo art. 244 da Lei das SA. De fato, se a Diebold Inc. era detentora de apenas uma quota da Diebold BR, esta não poderia ser caracterizada como sua controlada ou coligada. E, ainda que, esta tivesse se verificado, não me parece suficiente para invalidar o conjunto das operações realizadas. A respeito do fato de as ações da Diebold Inc. entregues pela Diebold L.A. em aumento de capital da Diebold BR não possuírem registro perante o Banco Central do Brasil., considerado como irregular pela atuação e corroborado pelo acórdão recorrido, entendo que não há como exigir tal registro à época dos fatos, se a legislação ainda não previa. Como esclareceu a recorrente, o registro no sistema do Banco Central do Brasil de contribuições internacionais de ativos, só passou a existir em 2001, com a edição da Circular n° 3.037, de 31.5.2001, que alterou a consolidação das normas cambiais, instituindo e regulamentando o registro da conferência internacional de ações. Assim, não se pode acusála de descumprir norma então inexistente. Resta, por fim, analisar a questão relativa à comprovação do fundamento econômico do ágio pago. A fiscalização entendeu que não restou comprovado o fundamento econômico baseado na rentabilidade futura do investimento, na medida em que o laudo de avaliação apresentado no curso da ação fiscal, elaborado pela empresa de consultoria KPMG foi elaborado em 23/12/1999, ou seja, dois meses após a realização do negócio. Na sua impugnação, a recorrente apresentou dois outros documentos que consistiriam em estudos prévios à realização do negócio que, no seu entender, seriam suficientes para comprovar o fundamento econômico do ágio pago. Além disso, reafirma a validade do laudo da KPMG apresentado à fiscalização, na medida em que a amortização fiscal do ágio só passou a ser realizada após a elaboração desse laudo. O acórdão recorrido entendeu que os documentos apresentados não se prestaram à comprovação do fundamento econômico do ágio pago, pelas razões abaixo, transcritas do voto condutor, in verbis: 9.2.2. Na data de 21/10/1999, a PAM emitiu 44.418.316 ações subscritas pela 261 no valor total de R$ 447.292.443,00 (quatrocentos e quarenta e sete milhões, duzentos e noventa e dois mil, quatrocentos e quarenta e três Reais), sendo o valor patrimonial de cada ação subscrita de R$ 10,07 (dez Reais e sete centavos), passando esta última a deter 27,76% do capital social da PAM. Logo, teria ocorrido ágio nesta operação, conforme exposto no quadro abaixo: Qtde. total de ações da PAM após aumento de capital pela 261 160.008.583 Valor do capital social da PAM após aumento de capital pela 261 R$619.179.386,12 Fl. 1194DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 16 /09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 17/09/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 19515.003129/200600 Acórdão n.º 1301001.637 S1C3T1 Fl. 1.195 29 Valor patrimonial da ação da PAM após aumento de capital pela 261 R$ 3,87 Valor pago por ação no aumento de capital da PAM pela 261 R$ 10,07 Ágio pago por ação pela 261 no aumento de capital da PAM R$ 6,20 Total do ágio pago pela 261 no aumento de capital da PAM R$ 275.408.502,41 9.2.3. O ágio exposto no quadro supra deve restar fundamentado em alguma das hipóteses previstas no art. 385, §2º, incisos I a III, do RIR/99, sendo certo que a Autuada alegou que o mesmo se fundaria em perspectiva de rentabilidade futura. Ademais, a dedução em foco somente pode ser realizada nos momentos legalmente estatuídos, conforme previsto nos arts. 386 e 426 do RIR/99. 9.2.4. No caso vertente, a Autuada não logrou apresentar à fiscalização qualquer documento prévio à aquisição das 44.418.316 ações da PAM pela 261 que justificasse o desembolso do vultoso ágio mencionado no item 9.2.2 supra (R$ 275.408.502,41 – duzentos e setenta e cinco milhões, quatrocentos e oito mil, quinhentos e dois Reais e quarenta e um centavos). De fato, consta do Termo de Constatação Fiscal que o único documento apresentado para justificar o ágio em foco residiu no “Relatório de Avaliação de Lucros Futuros da Procomp Amazônia Indústria Eletrônica S.A. e Controladas” emitido pela KPMG em 23/12/1999 (fls. 144/197), ou seja, em data posterior ao aumento de capital em comento (21/10/1999). 9.2.4.1. O contribuinte aduz que, além do “Relatório de Avaliação de Lucros Futuros da Procomp Amazônia Indústria Eletrônica S.A. e Controladas” apresentado no curso da ação fiscal, teriam sido elaborados dois “laudos” no exterior que embasariam o valor desembolsado pela 261 na aquisição de sua participação societária na PAM, sendo que as traduções juramentadas de ambos foi requerida em 21/03/2007 (Laudo KPMG – fls. 753/769; Laudo Salomon Smith Barney – fls. 770/779). 9.2.4.2. No entanto, os laudos mencionados nos dois parágrafos precedentes não suportam o pagamento do ágio mencionado no item 9.2.2 supra, senão vejamos. 9.2.4.2.1. O “laudo” emitido por Salomon Smith Barney parece não guardar qualquer correlação com a efetiva análise do valor do aumento de capital da PAM pela 261. De fato, o conteúdo de tal documento destinase à Dollar Incorporated (fls. 770), não havendo qualquer menção à Diebold Incorporated ou à Diebold Latin América Holding Company Inc, que eram as sócias da 261 na data do aumento do capital social da PAM pela 261. 9.2.4.2.1.1. Ademais, neste “laudo” não há qualquer referência expressa à PAM, sendo que a “ordem do dia” inserta no mesmo parece confirmar sua estranheza em relação à operação societária sob análise, sendo pertinente transcreverse o seguinte excerto (fls. 770): “Ordem do dia A SALOMON SMITH BARNEY TEM O PRAZER DE ASSESSORAR A DOLLAR, INCORPORATED (“DOLLAR”), COM RELAÇÃO À UMA Fl. 1195DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 16 /09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 17/09/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 19515.003129/200600 Acórdão n.º 1301001.637 S1C3T1 Fl. 1.196 30 POTENCIAL OPERAÇÃO DE COMBINAÇÃO DE NEGÓCIOS COM A REAL (“REAL”), BEM COMO UMA AVALIAÇÃO ATUALIZADA DA FRANCO (“FRANCO”)” 9.2.4.2.1.2. Destarte, é evidente que o teor do “laudo” emitido por Salomon Smith Barney não é suficiente para comprovar que a fundamentação do ágio suportado pela 261 ao subscrever 44.418.316 ações da PAM referirseia à rentabilidade futura desta última. 9.2.4.2.2. O Laudo KPMG emitido em 20/05/1999, cuja tradução juramentada encontrase acostada aos autos, referese à avaliação da Procomp para fins de aquisição (fls. 753). Contudo, não consta deste laudo, de forma inequívoca, qual seria o valor de mercado desta empresa com base em sua rentabilidade futura. 9.2.4.2.2.1. De fato, no item “Projeção DCF” constam dois valores patrimoniais estimados distintos (US$ 120.742.000,00 – cento e vinte milhões, setecentos e quarenta e dois mil dólares americanos fls. 758 e US$ 160.132.000,00 – cento e sessenta milhões, cento e trinta e dois mil dólares americanos – fls. 760), sendo o primeiro identificado com um cenário denominado “base case” e o segundo denominado “cenário otimista”. 9.2.4.2.2.2. Ademais, mesmo que considerássemos o cenário otimista mencionado no laudo em testilha, é certo que a 261 só deveria desembolsar US$ 44.452.643,20 (quarenta e quatro milhões, quatrocentos e cinqüenta e dois mil, seiscentos e quarenta e três dólares americanos e vinte cents), equivalentes a R$ 88.585.227,37 (oitenta e oito milhões, quinhentos e oitenta e cinco mil, duzentos e vinte e dois Reais e trinta e sete centavos), para adquirir 27,76% do capital social da PAM, considerada a taxa de câmbio de R$ 1,9928 vigente na data de 21/10/1999. No entanto, a 261 desembolsou uma quantia extremamente superior a esta importância, vez que adquiriu a participação acionária em foco por R$ 447.292.443,00 (quatrocentos e quarenta e sete milhões, duzentos e noventa e dois mil, quatrocentos e quarenta e três Reais). 9.2.4.2.2.3. Logo, o teor do Laudo KPMG emitido em 20/05/1999 também não é suficiente para comprovar que a rentabilidade futura da PAM motivou o pagamento do ágio de R$ 275.408.502,41 (duzentos e setenta e cinco milhões, quatrocentos e oito mil, quinhentos e dois Reais e quarenta e um centavos) na aquisição de 27,76% do capital social da PAM pela 261. 9.2.4.2.3. O Laudo KPMG emitido no Brasil em 23/12/1999 (fls. 144/197) é inapto para corroborar o suporte do ágio explicitado no item 9.2.2 supra, vez que a subscrição das 44.418.316 ações da PAM pela 261, no valor total de R$ 447.292.443,00 (quatrocentos e quarenta e sete milhões, duzentos e noventa e dois mil, quatrocentos e quarenta e três Reais), foi empreendida em 21/10/1999, ou seja, antes da emissão do respectivo laudo. A recorrente alega que o § 3º do art. 385 não estabeleceu forma especial para a comprovação da justificativa econômica adotada pelo contribuinte na contabilização do ágio; ao contrário; o dispositivo legal acima mencionado exigiu somente que o valor desse ágio seja suportado em "demonstração", que deverá ser arquivada pela sociedade investidora para comprovar o seu lançamento contábil. Sustenta ainda que é completamente equivocado o entendimento adotado pela decisão recorrida, no sentido de desconsiderar os três laudos de avaliação solicitados pelo Fl. 1196DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 16 /09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 17/09/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 19515.003129/200600 Acórdão n.º 1301001.637 S1C3T1 Fl. 1.197 31 grupo Diebold para, em seguida, tentar mudar a fundamentação econômica do ágio pago pelo grupo Diebold para adquirir as sociedades do grupo Procomp para "outras razões econômicas". Argumenta que, na medida em que os laudos de avaliação chegam à conclusão de que os valores pagos a título de ágio pelo grupo Diebold quando da aquisição das sociedades então detidas pelo grupo Procomp estava fundamentada na expectativa de rentabilidade futura, não podem as autoridades julgadoras de primeira instância administrativa inferirem que nenhum valor pago pelo grupo Diebold esteja fundamentado em expectativa de rentabilidade futura das sociedades adquiridas, devendo sim ser respeitada a avaliação/fundamentação econômica do ágio realizada pelo contribuinte, em clara observância da legislação fiscal em vigor. Examinando o primeiro laudo, apresentado à fiscalização no curso da ação fiscal, elaborado pela empresa KMPG em 23/12/1999, entendo que o mesmo não pode ser o documento de suporte à fundamentação do ágio com base na rentabilidade futura projetada. Em que pese o fato de seus aspectos extrínsicos e intrínsicos não estarem em discussão, a sua elaboração dois meses após a formalização das operações societárias que deram ensejo ao surgimento do ágio, impede, por questão lógica, que seja este o documento hábil para informar o fundamento econômico que justificou o pagamento do ágio. Com efeito, o § 3º do art. 385 do RIR/1999 estabelece, in verbis: Art. 385. O contribuinte que avaliar investimento em sociedade coligada ou controlada pelo valor de patrimônio líquido deverá, por ocasião da aquisição da participação, desdobrar o custo de aquisição em: I valor de patrimônio líquido na época da aquisição, determinado de acordo com o disposto no artigo seguinte; e II ágio ou deságio na aquisição, que será a diferença entre o custo de aquisição do investimento e o valor de que trata o inciso anterior. [...] II valor de rentabilidade da coligada ou controlada, com base em previsão dos resultados nos exercícios futuros; III fundo de comércio, intangíveis e outras razões econômicas. § 3º O lançamento com os fundamentos de que tratam os incisos I e II do parágrafo anterior deverá ser baseado em demonstração que o contribuinte arquivará como comprovante da escrituração. Resta evidente que a demonstração do fundamento deve ao mínimo ser contemporânea ao reconhecimento do ágio na escrita contábil do contribuinte. Se a legislação atual não estabelece a forma dessa demonstração, é possível deduzir do dispositivo legal que essa demonstração deva existir ao menos na data do registro da aquisição da participação societária, com vistas ao seu desdobramento contábil. Fl. 1197DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 16 /09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 17/09/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 19515.003129/200600 Acórdão n.º 1301001.637 S1C3T1 Fl. 1.198 32 Não se trata, no caso, de inferir que o fundamento do ágio seja outro motivo econômico; tratase sim de ônus probatório do sujeito passivo com vistas a possibilitar a futura amortização do ágio pelo fundamento alegado. Assim, não cabe ao Fisco investigar quais os motivos que levaram o contribuinte a efetuar o pagamento de uma mais valia pela participação societária adquirida, mas sim de requisito legal indispensável, à cargo do sujeito passivo, para fruição do benefício fiscal estabelecido. Dito de outra forma. Não tem o Fisco que demonstrar qual seria o “outro fundamento econômico” para o ágio pago, mas cabe ao contribuinte comprovar que pagou o ágio baseado na rentabilidade futura projetada para o investimento. Já o estudo apresentado pela Salomon Smith Barney (fls. 808/817 do e processo) carece de comprovação vínculo com o negócio realizado. Como destacou o acórdão recorrido, o conteúdo desse documento avalia a empresa Real e destinase à empresa Dollar Incorporated, não havendo qualquer indicativo de que o mesmo se refira à compra das empresas do grupo PROCOMP pela Diebold Incorporated ou à Diebold Latin América Holding Company Inc, ou ainda pela sua controlada 261. A recorrente alega o desconhecimento das autoridades julgadoras de primeiro grau quanto aos aspectos sigilosos deste tipo de operação, mas não apresentou qualquer outro elemento que pudesse validar ou indicar que este documento, produzido pela empresa Salomon Smith Barney, refirase e tenha fundamentado o negócio realizado. Desta feita, entendo correta a decisão de primeiro grau que rejeitou o referido relatório como documento comprobatório da fundamentação econômica do ágio. Por fim, resta analisar se o outro estudo realizado também pela consultoria KPMG, em data anterior às operações consiste em documento hábil para justificar o fundamento econômico do ágio pago. Inicialmente a interessada apresentou na sua impugnação um documento em língua inglesa (Doc 13 fls. 600/656 do eprocesso), denominado Project Procomp (Status Udate: July 21, 1999). Posteriormente, em 21/03/2007, a impugnante requereu (fls. 790 do e processo) a juntada da tradução juramentada do estudo econômicofinanceiro preparado em julho de 1999 pela KPMG dos Estados Unidos (doc nº 1 – referente ao doc nº 13 da impugnação). O documento traduzido encontrase anexado às fls. 791/807 do eprocesso. Desde a primeira folha do documento traduzido é possível perceber que tal estudo não corresponde ao documento em língua inglesa, apresentado anteriormente. Consta no início do documento: “Recebido em 20 de maio de 1999” – “KPMG” – “Minuta para Discussão”. O documento prossegue relatando os “Objetivos do Projeto” e o resultado de reunião de 29 de abril e as etapas decididas para a aquisição da PROCOMP. Na sequência são apresentados diversos dados e projeções relativas à empresa PROCOMP. A tradutora juramentada cita em várias passagens do documento a transcrição de dados “manuscritos”, que não se vislumbram no documento apresentado em língua inglesa. Não se trata, portanto, da tradução do mesmo documento (nº 13) apresentado na impugnação, mas sim de outro estudo, inclusive com data anterior àquele apresentado em Fl. 1198DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 16 /09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 17/09/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 19515.003129/200600 Acórdão n.º 1301001.637 S1C3T1 Fl. 1.199 33 lingual inglesa. A recorrente, porém, não apresentou o documento original, na língua inglesa e, ainda, indicou que se tratava da tradução do documento nº 13 apresentado junto com a impugnação. Essa circunstância, por si só, fragiliza em muito a validade dos documentos apresentados como prova da existência de uma laudo prévio à aquisição do investimento. Ainda que se admitisse tais elementos como prova de terem sido realizados estudos pela empresa KPMG com vistas à aquisição da empresa PROCOMP pela interessada, notase que tais estudos eram ainda inconclusivos quanto ao valor de mercado da empresa a ser adquirida. Como destacou o acórdão recorrido, referindose ao documento traduzido, in verbis: 9.2.4.2.2. O Laudo KPMG emitido em 20/05/1999, cuja tradução juramentada encontrase acostada aos autos, referese à avaliação da Procomp para fins de aquisição (fls. 753). Contudo, não consta deste laudo, de forma inequívoca, qual seria o valor de mercado desta empresa com base em sua rentabilidade futura. 9.2.4.2.2.1. De fato, no item “Projeção DCF” constam dois valores patrimoniais estimados distintos (US$ 120.742.000,00 – cento e vinte milhões, setecentos e quarenta e dois mil dólares americanos fls. 758 e US$ 160.132.000,00 – cento e sessenta milhões, cento e trinta e dois mil dólares americanos – fls. 760), sendo o primeiro identificado com um cenário denominado “base case” e o segundo denominado “cenário otimista”. 9.2.4.2.2.2. Ademais, mesmo que considerássemos o cenário otimista mencionado no laudo em testilha, é certo que a 261 só deveria desembolsar US$ 44.452.643,20 (quarenta e quatro milhões, quatrocentos e cinqüenta e dois mil, seiscentos e quarenta e três dólares americanos e vinte cents), equivalentes a R$ 88.585.227,37 (oitenta e oito milhões, quinhentos e oitenta e cinco mil, duzentos e vinte e dois Reais e trinta e sete centavos), para adquirir 27,76% do capital social da PAM, considerada a taxa de câmbio de R$ 1,9928 vigente na data de 21/10/1999. No entanto, a 261 desembolsou uma quantia extremamente superior a esta importância, vez que adquiriu a participação acionária em foco por R$ 447.292.443,00 (quatrocentos e quarenta e sete milhões, duzentos e noventa e dois mil, quatrocentos e quarenta e três Reais). 9.2.4.2.2.3. Logo, o teor do Laudo KPMG emitido em 20/05/1999 também não é suficiente para comprovar que a rentabilidade futura da PAM motivou o pagamento do ágio de R$ 275.408.502,41 (duzentos e setenta e cinco milhões, quatrocentos e oito mil, quinhentos e dois Reais e quarenta e um centavos) na aquisição de 27,76% do capital social da PAM pela 261. Com efeito, as projeções feitas nos estudos apresentados pela recorrente são no sentido de aferir o valor de mercado da empresa com um todo, ou seja, 100% do seu quadro acionário. No entanto, de acordo com o que foi formalizado por ocasião da concretização da operação a recorrente adquiriu inicialmente apenas a proporção de 27,76% do capital da adquirida, mediante a subscrição de novas ações, com a redução proporcional da participação dos antigos acionistas. As operações subseqüentes, que resultaram na saída dos antigos controladores, mediante a cisão e entrega de ativos da empresa PAM e, por consequência na assunção do controle total da empresa pela adquirente (261), não tem o condão de modificar o negócio formalizado inicialmente, salvo admissão expressa de que teria ocorrido dissimulação do negócio efetivamente realizado pelas partes. Fl. 1199DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 16 /09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 17/09/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 19515.003129/200600 Acórdão n.º 1301001.637 S1C3T1 Fl. 1.200 34 Nenhum dos estudos apresentados pela recorrente, todavia, analisam o cenário de subscrição de ações que resultaram na aquisição de apenas 27,76% das ações da empresa PAM, e os fundamentos para o valor do ágio que se configurou com o pagamento do valor de R$ 10,07 por ação contra um valor patrimonial de R$ 3,87 por ação, apurado na data do negócio, após aumento de capital pela 261, conforme Termo de Constatação Fiscal. A recorrente silencia sobre este aspecto do negócio, tratandoo apenas como uma aquisição do controle total da empresa, mas negando a existência de qualquer ato viciado que pudesse ocultar a real transação realizada. Ante ao exposto, entendo que a recorrente não se desincumbiu do mister de comprovar por meios hábeis e idôneos o fundamento do ágio baseado na expectativa de rentabilidade futura da empresa adquirida, e voto no sentido de manutenção do lançamento no que tange à glosa da amortização de ágio. Passo ao exame da infração relativa indedutibilidade das perdas com numerários em trânsito. Alega a recorrente que a contabilização da perda em questão na conta Conta n° 0033.8037.44100 Perdas Numerário Trânsito (Despesa Indedutível) decorreu de erro de procedimento no registro incorreto das despesas lançadas na Conta n° 0033.8037.44100 Perdas Numerário Trânsito (Despesa Indedutível), nada mais eram do que diferenças de caixa apontadas por falha da máquina dispensadora de notas, e, por isso, não existiam motivos para que esta despesa fosse considerada indedutível, mesmo que não adotados quaisquer procedimentos policiais, eis que tal valor nada estava relacionado com fraude ou atuação delituosa de funcionários da Recorrente” e que, assim, seria inaplicável o disposto no art. 364 do RIR/1999. Com efeito, embora alegue erro de contabilização a recorrente não trouxe aos autos nenhum elemento que pudesse comprovar o referido erro. Ora, tratandose de dedução de despesas, independente de sua classificação, incumbe à empresa demonstrar e comprovar a sua natureza e ainda, se preenche os requisitos de necessidade, usualidade e normalidade. Não tendo a recorrente apresentado qualquer elemento que comprovasse suas alegações, entendo que deve ser mantida a glosa e sua adição ao resultado tributável. Subsidiariamente a recorrente alega que demonstrou que agiu em conformidade com a legislação societária e fiscal em vigor, de forma que não seria justo atribuirlhe uma penalidade de 75% sobre o valor do suposto crédito tributário ora discutido, que ultrapassa os limites da razoabilidade e proporcionalidade, devendo ser prontamente reduzida. Não há como acolher o pleito da recorrente. A multa, nos casos de lançamento de ofício de 75% decorre de expressa previsão legal (art. 44, inc. I da Lei nº 9.430/1996). Não cabe ao julgador administrativo ponderar juízos de razoabilidade e proporcionalidade, à míngua de expressa autorização legal. Assim, mantémse a multa de ofício aplicada. Fl. 1200DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 16 /09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 17/09/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 19515.003129/200600 Acórdão n.º 1301001.637 S1C3T1 Fl. 1.201 35 A recorrente alega ainda que é inaplicável a correção pela taxa de juros Selic, cuja constitucionalidade é questionada nos tribunais. No que concerne a aplicação da taxa de juros Selic para corrigir o crédito tributário lançado, também esta decorre de disposição legal (Art. 13 da Lei 9.065/1995 e Art. 61, § 3º da Lei nº 9.430/1996)3, não podendo ser acolhida por este colegiado a alegação de inconstitucionalidade do dispositivo, nos termos acima expostos. Também não se vislumbra qualquer ilegalidade ou contrariedade ao CTN, pois o mesmo estabelece, no § 1º do seu art. 161, que a taxa de juros de mora será calculada à taxa de 1%, se a lei não dispuser de modo diverso4. Além disso, a Súmula CARF nº 4, assim dispõe sobre a aplicação dos juros à taxa Selic: A partir de 1° de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Por fim a recorrente se insurge contra a incidência de juros Selic alegando que não há amparo legal para a tal incidência. Não assiste razão à recorrente. Dispõe o art. 161 do CTN que o crédito tributário não pago no vencimento deve ser acrescido de juros de mora, qualquer que seja o motivo da sua falta. Dispõe ainda em 3 Lei nº 9.065/1995: Art. 13. A partir de 1º de abril de 1995, os juros de que tratam a alínea c do parágrafo único do art. 14 da Lei nº 8.847, de 28 de janeiro de 1994, com a redação dada pelo art. 6º da Lei nº 8.850, de 28 de janeiro de 1994, e pelo art. 90 da Lei nº 8.981, de 1995, o art. 84, inciso I, e o art. 91, parágrafo único, alínea a.2, da Lei nº 8.981, de 1995, serão equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente. Lei nº 9.430/1996: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (...) § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. 4 Lei nº 5.172/66 (CTN): Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. (...) Fl. 1201DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 16 /09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 17/09/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 19515.003129/200600 Acórdão n.º 1301001.637 S1C3T1 Fl. 1.202 36 seu parágrafo primeiro que se a lei não dispuser de modo diverso os juros são calculado à taxa de 1% ao mês. Ocorre que o legislador estabeleceu no art. 61 da Lei nº 9.430/1996 que, a partir de janeiro de 1997, os débitos vencidos com a União serão acrescidos de juros de mora calculados pela taxa Selic quando não pagos nos prazos previstos na legislação tributária, até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Não resta dúvida que os débitos a que se refere a Lei nº 9.430/1996 correspondem ao crédito tributário de que dispõe o art. 161 do CTN. O crédito tributário, nos termos do art. 139 do CTN, decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta. Por sua vez, o art. 113, em seu parágrafo primeiro define que a obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. Ora, se o crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta deve abranger o tributo e a penalidade pecuniária. Assim é que o art. 142 do mesmo CTN determina que a autoridade competente constitua o crédito tributário, calculando o montante do tributo e a penalidade aplicável. A multa de oficio é prevista no art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996, e é exigida juntamente com o tributo devido. Assim, uma vez constituído o crédito pelo lançamento de ofício, ao tributo agregase a multa de ofício, tendo ambos a natureza de obrigação tributária principal e, sobre ele deve incidir integramente os juros à taxa Selic. Por fim, o art. 43 da Lei 9.430/1996, ao prever expressamente a incidência de juros Selic sobre a multa isolada somente reforça o entendimento de sua incidência sobre a penalidade pecuniária, pois na haveria sentido algum em exigila quando o crédito relativo à multa é constituído separadamente, nos casos previstos na legislação tributária, e não o seja quando a penalidade é exigida em conjunto com o tributo devido. A jurisprudência das turmas desta câmara e da própria CSRF é majoritária a favor da incidência dos juros Selic sobre a multa de ofício: Acórdão nº 1301000.111, de 04/12/2012: JUROS SOBRE MULTA. INAPLICABILIDADE. FALTA DE PREVISÃO LEGAL. NÃO OCORRÊNCIA. A obrigação tributária principal dáse com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto tanto o pagamento do tributo como a penalidade pecuniária decorrente do seu não pagamento, incluindo a multa de ofício proporcional, de sorte que o crédito tributário corresponde à obrigação tributária principal, incluindo a multa de ofício proporcional, sobre o qual, assim, devem incidir os juros de mora à taxa Selic. Acórdão nº 1302000.959, de 07/08/2012: Fl. 1202DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 16 /09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 17/09/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 19515.003129/200600 Acórdão n.º 1301001.637 S1C3T1 Fl. 1.203 37 JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO. É escorreita a cobrança de juros, calculados à taxa Selic, sobre multa de ofício, nos termos do §3º do art. 61 da Lei nº 9.430/96. Acórdão nº 910100.539, de 11/03/2010 JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de oficio proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de oficio, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic. Com relação ao lançamento relativo à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, por se constituírem infrações decorrentes e vinculadas, nos termos do § 2º do art. 24 da Lei 9.249/1995, aplicamse integralmente à contribuição o quanto decidido com relação ao IRPJ. Por todo o exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. Sala de Sessões, em 28 de Agosto de 2014. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Relator Fl. 1203DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 16 /09/2014 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO, Assinado digitalmente em 17/09/2014 por WILSON FERNANDES GUIMARAES
score : 1.0
Numero do processo: 10580.911764/2009-49
Turma: Segunda Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 20 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Sep 18 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 31/08/2004
Direito ao crédito não conhecido.
Ausência da prova do crédito pleiteado.
Numero da decisão: 3802-003.492
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o presente recurso e negar-lhe provimento, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Mércia Helena Trajano Damorim- Presidente.
(assinado digitalmente)
Cláudio Augusto Gonçalves Pereira- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim (presidente da turma), Francisco José Barroso Rios, Waldir Navarro Bezerra, Sólon Sehn, Bruno Maurício Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira.
Nome do relator: CLAUDIO AUGUSTO GONCALVES PEREIRA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o presente recurso e negar-lhe provimento, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Mércia Helena Trajano Damorim- Presidente. (assinado digitalmente) Cláudio Augusto Gonçalves Pereira- Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim (presidente da turma), Francisco José Barroso Rios, Waldir Navarro Bezerra, Sólon Sehn, Bruno Maurício Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira.
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Ausência da prova do crédito pleiteado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o presente recurso e negarlhe provimento, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Mércia Helena Trajano Damorim Presidente. (assinado digitalmente) Cláudio Augusto Gonçalves Pereira Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim (presidente da turma), Francisco José Barroso Rios, Waldir Navarro Bezerra, Sólon Sehn, Bruno Maurício Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 91 17 64 /2 00 9- 49 Fl. 178DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/09/2014 por CLAUDIO AUGUSTO GONCALVES PEREIRA, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por CLAUDIO AUGUSTO GONCALVES PEREIRA, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 2 Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão da 2a Turma da DRJ/BHE, a qual, por unanimidade de votos, julgou pela IMPROCEDÊNCIA da manifestação de inconformidade, tendo em vista que, na ótica fazendária, o contribuinte não conseguiu comprovar o direito ao crédito e, por via de conseqüência, não houve a homologação da compensação pleiteada. Em ato contínuo, o processo de Declaração de Compensação fora realizado pelo contribuinte por meio eletrônico, no qual pretendia quitar os débitos declarados no referido documento, com créditos decorrentes de recolhimento indevido realizado, por meio de DARF, nos termos do Acórdão assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 31/08/2004 PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. Na falta de comprovação do pagamento indevido ou a maior, não há que se falar de crédito passível de compensação. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecimento. Em sede de impugnação e de recurso, o contribuinte apresenta os mesmos argumentos, que, em síntese, se referem à identificação e exclusão da base de cálculo do PIS e da COFINS os medicamentos com incidência de alíquota zero, conforme decisão em seu favor, ainda não transitada em julgado, perante a 9ª Vara Federal da Seção Judiciária Federal do Distrito Federal sob o número 2009.34.00.0314472, de modo a manter a integralidade do crédito declarado e a homologar a compensação pleiteada por intermédio do PER/DCOMP. É o relatório. Voto Admissibilidade do Recurso. Tendo em vista que os requisitos de admissibilidade do presente recurso se fazem presentes, é de rigor dele tomar conhecimento e analisar o mérito da questão. Mérito Consultando os autos do processo noticiado pelo contribuinte, se verifica que houve a propositura de mandado de segurança coletivo, impetrado pela Confederação Nacional de Saúde, Hospitais e Estabelecimentos e Serviços, com o objetivo de suspensão da exigibilidade do PIS e da COFINS proveniente de medicamentos que já sofreram tal tributação, na forma prevista pela Lei nº 10.147/00, com as alterações posteriores feitas pela Lei nº 10.548/02, de modo a isentar ou impedir a cobrança de tais valores dos Hospitais e Clínicas substituídos. Nessa decisão de primeira instância do Pode Judiciário em favor ao recorrente, a qual está em segundo grau de jurisdição, a segurança foi concedida para Fl. 179DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/09/2014 por CLAUDIO AUGUSTO GONCALVES PEREIRA, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por CLAUDIO AUGUSTO GONCALVES PEREIRA, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10580.911764/200949 Acórdão n.º 3802003.492 S3TE02 Fl. 112 3 determinar à autoridade fiscal que se abstivesse de exigir o recolhimento da contribuição para o PIS e COFINS sobre a receita proveniente da utilização de medicação, bem como foi declarado o direito dos substituídos à compensação de todos os valores indevidamente recolhidos a título de PIS e da COFINS sobre a receita de medicamentos. A partir da decisão judicial proferida pelo Justiça Federal, surge a seguinte situação: o contribuinte cumpre a determinação judicial e, por sua conta e risco, adota esse novo modelo tributário para o futuro e aqui sempre é bom lembrar que essa decisão judicial ainda não é definitiva, pois comporta recursos de ambas as partes envolvidas no processo até o seu ultimato da marcha processual. E, por outro lado, em relação ao passado, o contribuinte se antecipa e requer a compensação dos direitos decorrentes da própria decisão judicial. Pois bem! Para que se possa promover a compensação dos pretensos créditos, necessário se faz o preenchimento dos requisitos da liquidez e certeza decorrentes do artigo 170 do Código Tributário Nacional. E é justamente aqui se esbarra o direito do contribuinte. A compensação tributária dáse nas condições estipuladas pela lei, entre créditos líquidos e certos, vencidos e vincendos do sujeito passivo. Não é possível o encontro de contas se o contribuinte não demonstrar, previamente, estes dois requisitos. No presente caso, o recorrente tem ao seu favor uma decisão judicial precária que suspende a exigibilidade do PIS e da COFINS proveniente de medicamentos que já sofreram tal tributação, na forma prevista pela Lei nº 10.147/00, com as alterações posteriores, bem como declaração do direito dos substituídos à compensação de todos os valores indevidamente recolhidos a título de PIS e da COFINS sobre a receita de medicamentos. Esta situação, por sua vez, não implica no reconhecimento da liquidez e da certeza dos créditos tributários. A compensação de tributos devidos com créditos do particular em face do fisco é permitida em nossa legislação, desde que satisfeitos certos requisitos para tanto. Inicialmente, é interessante lembrar que a matéria está prevista no Código Tributário Nacional, no caput do art. 170: "Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública." Desde logo se verifica que o CTN é expresso ao afirmar que a lei poderá permitir a compensação, desde que seja ela feita com a utilização de créditos líquidos e certos. Não basta, assim, que existam hipotéticos pagamentos de um tributo posteriormente julgado indevido: é preciso que exista a certeza do pagamento, bem como o valor atualizado do seu montante. Por via de conseqüência, qualquer decisão judicial que autorize a compensação de créditos ilíquidos ou incertos estará violando o art. 170 do CTN. Interessante observar que o dispositivo transcrito acima não condiciona a compensação a uma necessária intervenção do Poder Judiciário. Não exige o CTN, assim, que somente possa compensar créditos aquele que tenha uma autorização judicial para tanto. O caput do art. 66 da Lei nº 8.383, de 30/12/91, autoriza a compensação prevista no art. 170 do CTN: "Art. 66. Os casos de pagamento indevido ou a maior de tributos e contribuições federais, inclusive previdenciárias, mesmo quando resultante de reforma, anulação, revogação Fl. 180DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/09/2014 por CLAUDIO AUGUSTO GONCALVES PEREIRA, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por CLAUDIO AUGUSTO GONCALVES PEREIRA, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 4 ou rescisão de decisão condenatória, o contribuinte poderá efetuar a compensação desse valor no recolhimento de importância correspondente a períodos subseqüentes." Expressamente se verifica, inicialmente, que há de haver pagamento indevido ou a maior de tributos para que possa surgir o direito à compensação. Além disso, como mencionado acima, os créditos precisam ser líquidos e certos. Assim, se inexiste pagamento indevido ou a maior, não é possível compensar (art. 66 da Lei nº 8.383/91). Nesse sentido, se não há a certeza da existência dos pagamentos devidos, ou se estes não são líquidos, não é possível compensar (art. 170 do CTN). Presentes esses requisitos, tem o contribuinte o direito à compensação. Se não estão presentes esses requisitos, não tem o contribuinte o direito à compensação. Tendo em vista que, no presente caso, o contribuinte tem em seu poder uma decisão judicial passível de reforma, já que não houve o acertamento tributário definitivo, sou pelo CONHECIMENTO do presente recurso e dele NEGOLHE provimento para manter a decisão de primeira instância. (assinado digitalmente) Cláudio Augusto Gonçalves Pereira Relator Fl. 181DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/09/2014 por CLAUDIO AUGUSTO GONCALVES PEREIRA, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por CLAUDIO AUGUSTO GONCALVES PEREIRA, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM
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Numero do processo: 11050.001633/2009-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 25 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Sep 11 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Data do fato gerador: 07/08/2009
MULTA POR EMBARAÇO À FISCALIZAÇÃO. TRANSPORTE DE CARGAS INFORMADO COMO CABOTAGEM. ESCALA NO EXTERIOR.
Transporte de cargas declarado à RFB como navegação de cabotagem mas que faz escalas em portos internacionais antes da chegada ao porto nacional de destino configura conduta de embaraço à fiscalização, ensejando na aplicação da multa respectiva.
Numero da decisão: 3201-001.570
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. Vencidos os conselheiros Daniel Mariz Gudino, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo e Luciano Lopes de Almeida Moraes. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto.
JOEL MIYAZAKI - Presidente.
ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO - Relator.
CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO- Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Joel Miyazaki (presidente), Winderley Morais Pereira, Daniel Mariz Gudino, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo e Luciano Lopes de Almeida Moraes.
Nome do relator: ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. Vencidos os conselheiros Daniel Mariz Gudino, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo e Luciano Lopes de Almeida Moraes. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto. JOEL MIYAZAKI - Presidente. ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO - Relator. CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO- Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Joel Miyazaki (presidente), Winderley Morais Pereira, Daniel Mariz Gudino, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo e Luciano Lopes de Almeida Moraes.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Data do fato gerador: 07/08/2009 MULTA POR EMBARAÇO À FISCALIZAÇÃO. TRANSPORTE DE CARGAS INFORMADO COMO CABOTAGEM. ESCALA NO EXTERIOR. Transporte de cargas declarado à RFB como navegação de cabotagem mas que faz escalas em portos internacionais antes da chegada ao porto nacional de destino configura conduta de embaraço à fiscalização, ensejando na aplicação da multa respectiva. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. Vencidos os conselheiros Daniel Mariz Gudino, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo e Luciano Lopes de Almeida Moraes. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto. JOEL MIYAZAKI Presidente. ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO Relator. CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Joel Miyazaki (presidente), Winderley Morais Pereira, Daniel Mariz Gudino, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo e Luciano Lopes de Almeida Moraes. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 05 0. 00 16 33 /2 00 9- 11 Fl. 162DF CARF MF Impresso em 11/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/08/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 26/08/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 10/09/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 02/09/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO 2 Relatório Referese o presente processo a auto de infração para a cobrança de multa por embaraço à fiscalização. Para bem relatar os fatos, transcrevese o relatório da decisão proferida pela autoridade julgadora a quo: Trata o presente processo de auto de infração lavrado para constituição de crédito tributário no valor de R$ 5.000,00, referentes a multa regulamentar por embaraço à ação de fiscalização, conforme art. 107, IV, “c” do DecretoLei no 37/66, assim descrita em Relatório Fiscal: Em 18/08/2009, chegou ao porto de Rio Grande o navio ALIANÇA IPANEMA, trazendo, a bordo, as mercadorias relativas ao Manifesto de Cargas n°2109301393169, transportando 5 contêineres, em cabotagem, cujo conhecimento de transporte aquaviário de cargas foi emitido pela filial da autuada estabelecida em Salvador. O armador responsável pela operação da embarcação e também transportador emissor dos conhecimentos de transporte é a ALIANÇA NAVEGAÇÃO E LOGÍSTICA LTDA. Sendo de cabotagem, deveria referirse, portanto, de transporte doméstico entre portos nacionais. Ocorre que, verificando as condições em que se deu o transporte, constatase que os containeres embarcados em Salvador foram levados aos portos de Buenos Aires (Argentina) e Montevidéu (Uruguai), descaracterizando uma operação de navegação de CABOTAGEM e, além disso, que as cargas foram levadas ao exterior sem controle aduaneiro. Após deixar Salvador com cargas em navegação de cabotagem com destino a Rio Grande, deuse a saída do território nacional, com as cargas, ao porto de Buenos Aires para, só depois, levá las a Rio Grande. A embarcação efetuou uma navegação de LONGO CURSO e conduziu ao exterior mercadorias sem autorização das autoridades competentes. Não se tratando, assim, de um transporte doméstico, mas de um transporte internacional envolvendo, supostamente, carga doméstica. A ALIANÇA NAVEGAÇÃO E LOGÍSTICA, transportadora emissora dos conhecimentos de transporte e armador responsável pela embarcação, informou no Siscomex Carga que se tratava de uma operação de CABOTAGEM, ou seja, de transporte aquaviário de carga nacional entre portos em território brasileiro. Contudo, levou as cargas ao exterior, a bordo do navio ALIANÇA IPANEMA, informalmente alegando que tais mercadorias retornaram ao território nacional, na mesma viagem, e sem desembarcar em porto estrangeiro. No caso presente, a transportadora marítima ora autuada promoveu a saída do território nacional de contêineres contendo mercadorias sem autorização ou despacho da Secretaria da Receita Federal do Brasil. Tampouco cumpriu as demais formalidades previstas na legislação. Quando do retorno ao país Fl. 163DF CARF MF Impresso em 11/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/08/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 26/08/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 10/09/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 02/09/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO Processo nº 11050.001633/200911 Acórdão n.º 3201001.570 S3C2T1 Fl. 163 3 dos referidos contêineres, verificouse que contêm produtos químicos sem indicação do fabricante nacional e sem indicação da origem. As condutas que caracterizam a infração são embaraçar, dificultar ou impedir a ação da fiscalização aduaneira. No caso presente, ao promover a saída de mercadorias do território aduaneiro sem autorização da fiscalização aduaneira, verificou se então que a atuada praticou conduta que se constituiu em impedimento à ação da fiscalização, pois as mercadorias saíram do país sem qualquer tipo de conferência ou controle pelas autoridades aduaneiras. Cientificada do lançamento em 02/09/2009, fl.4, o contribuinte apresentou impugnação em 23/09/2009, na qual alega em síntese que: não há expressa proibição de que as mercadorias embarcadas no Brasil para serem entregues no Brasil possam transitar por um porto estrangeiro antes do destino. no caso em apreço, as mercadorias embarcaram em porto brasileiro e tinha como destinação um outro porto brasileiro, do que não se pode concluir que houve operação de exportação. não existia previsão legal de modalidade mista (nacional e internacional) de transporte de mercadorias, como atribuíase a “grande cabotagem”, que não encontrase mais regulada em lei ou proibida por qualquer outro diploma. o art. 23 do Código Tributário Nacional define a exportação como a destinação de mercadoria “para o estrangeiro”, jamais tendo como destino final o próprio país de envio. o autuante alega que o verbo “destinar” deve ter interpretação ampla, não referindose apenas a destinação final. No entanto a determinação do fato gerador do tributo, em homenagem ao principio da tipicidade, deve sofrer interpretação literal. o Regulamento Aduaneiro quando diz que “toda mercadoria destinada ao exterior, inclusive a reexportada, está sujeita ao despacho de exportação”, está a referirse estritamente à mercadoria cujo destinatário esteja estabelecido e vá usufruir o produto no exterior do país. as mercadorias transportadas pelo navio “Aliança Ipanema” ao Porto de Rio Grande/RS são brasileiras, provenientes de Salvador/BA, não contendo o requisito de internacionalidade que a legislação exige. não é verdadeira a afirmação do fiscal aduaneiro acerca do total desconhecimento da Receita Federal sobre a escala que o navio faria no porto de Buenos Aires/ARG, anteriormente a atracação no porto de Rio Grande/RS. Toda a rota de transporte foi prévia e regularmente informada às autoridades fiscais, conforme comprova o documento “Consulta de Escala”. Fl. 164DF CARF MF Impresso em 11/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/08/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 26/08/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 10/09/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 02/09/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO 4 o procedimento de informação foi feito no próprio site da Receita Federal, pelo sistema SISCOMEX, tendo sido corretamente seguidas todas as formalidades, bem como informados todos os detalhes de tráfego aquaviário exigidos pelo banco de dados, inclusive os pontos de escala, a ordem das atracações, e as datas de partida e chegada nos portos de rota. O Porto de Buenos Aires inclusive está referido em primeiro lugar nessas informações. no tocante à vistoria da mercadoria, realizada superficialmente pela alfândega, importante ressaltar que a mera visualização do conteúdo dos contêineres, por meio da abertura das portas, sem a devida retirada da carga, impediu uma correta análise da regularidade do transporte. Sendo que eventuais irregularidades referentes à rotulagem e à marcação das cargas são de inteira responsabilidade do fabricante e do embarcador, não cabendo ao armador qualquer providência no sentido de conferir ou retificar tais imperfeições, acaso existentes. o transporte da carga não ocorreu na clandestinidade. A rota definida pela empresa de navegação preencheu todas as formalidades legais, tendo sido previamente informada, no que foi possível, mediante o sistema informatizado padrão da Receita Federal (SISCOMEX), que não se insurgiu quanto à possibilidade de escala no porto de Buenos Aires. Ocorre que não existe previsão no sistema para a informação de modalidade de navegação mista, que inclua o transporte de cabotagem e de longo curso. Assim, o que determina a espécie de transporte é a origem e o destino da carga. tratandose de cabotagem, não há que se falar em necessidade de pedido de autorização ou de licença à Receita Federal, não ocorrendo qualquer tentativa de embaraço ou impedimento à fiscalização por parte da Defendente, já que o transporte de cargas entre portos nacionais dispensa tal procedimento. Se a carga é brasileira e se destina à empresa estabelecida no país, tendo com ela contratado a entrega da mercadoria, é inequívoca a ocorrência da navegação de cabotagem. não havendo a incidência do imposto, não há que se falar em dano ao Erário capaz de fundamentar a aplicação da penalidade pecuniária, já que não há valor a ser restituído ao Fisco. Não há legislação que preveja o transporte concomitante sob as modalidades de cabotagem e de longo curso. Por outro lado, também inexiste qualquer vedação a esse tipo de navegação. as cargas apreendidas foram embarcadas confortadas por documentação de origem absolutamente escorreita (notas fiscais) e de transporte (Conhecimentos de Transporte) que pode ser conferida e confrontada a qualquer momento com as mercadorias que se encontram acondicionadas nos containeres retidos. e mesmo em relação à saída da embarcação do pais, para fins de escala no porto de Buenos Aires, não se pode alegar eventual embaraço, já que a rota foi previamente declarada no sistema SISCOMEX, junto à Receita Federal, o que retira por completo Fl. 165DF CARF MF Impresso em 11/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/08/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 26/08/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 10/09/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 02/09/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO Processo nº 11050.001633/200911 Acórdão n.º 3201001.570 S3C2T1 Fl. 164 5 qualquer insinuação de máfé ou de dolo da Defendente no sentido de burlar a fiscalização. por fim, requer que seja considerado insubsistente o auto de infração e, por consequência, seja cancelada a penalidade imposta. A Delegacia de Julgamento julgou improcedente a impugnação, em decisão assim ementada: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Data do fato gerador: 07/08/2009 EMBARAÇO À FISCALIZAÇÃO. Aplicase a multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a quem, por qualquer meio ou forma, omissiva ou comissiva, embaraçar, dificultar ou impedir ação de fiscalização aduaneira. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Na decisão ora recorrida entendeuse, em síntese, que, legislação ao conceituar o instituto da cabotagem,somente ocorre quando envolve portos ou aeroportos nacionais. Se o legislador pretendesse uma combinação de institutos, visando a mitigar os conceitos de exportação, o teria feito expressamente, prevendo a hipótese da “grande cabotagem”, a partir da previsão da possibilidade de que mercadorias que saíssem do território nacional pudessem retornar sem que fossem consideradas exportadas como ocorre casos como o da exportação temporária. A necessidade do cumprimento das obrigações acessórias independe da existência ou não da obrigação principal, além de que a Recorrente informou a realização de navegação de cabotagem, sendo que de fato realizou transporte em condições não correspondentes a este instituto, pois transitou por portos internacionais, em que ficaram ao largo da possibilidade fiscal da administração tributária brasileira. Observese, em relação aos mesmos fatos foi protocolada a Representação Fiscal para Fins Penais (processo n° 11050.001636/200946) vinculada ao Auto de Infração e Termo de Apreensão e Guarda Fiscal n° 1017700/00250/09. Em sede de recurso voluntário, a Recorrente reafirmou os argumentos da impugnação. É o relatório. Voto Vencido Fl. 166DF CARF MF Impresso em 11/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/08/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 26/08/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 10/09/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 02/09/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO 6 Conselheira Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Relatora O presente recurso preenche as condições de admissibilidade, pelo que dele tomo conhecimento. De acordo com o relatado, a sanção aplicada à Recorrente foi a prescrita no art.107, IV,’c’, do Decreto –lei n. 37/66, in verbis: Art. 107. Aplicamse ainda as seguintes multas: IV de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) [...] c) a quem, por qualquer meio ou forma, omissiva ou comissiva, embaraçar, dificultar ou impedir ação de fiscalização aduaneira, inclusive no caso de nãoapresentação de resposta, no prazo estipulado, a intimação em procedimento fiscal; Assim, depreendese que a conduta típica na espécie, é “embaraçar, dificultar ou impedir a fiscalização aduaneira”. Em consonância com a decisão recorrida, a Recorrente teria incorrido na multa pois informou a realização de navegação de cabotagem, sendo que de fato realizou transporte em condições não correspondentes a este instituto, realizando escala no Porto de Buenos Aires e Montevidéu. Em outras palavras, teria realizado uma navegação de longo curso, posto que envolvendo um porto nacional e um porto estrangeiro, e não de cabotagem, nos termos das definições trazidas pela Lei n° 9.432/97. No auto de infração, destacouse que a fiscalização aduaneira restou prejudicada no caso concreto, pois no tráfego doméstico, como seria a cabotagem, a administração aduaneira não tem a mesma “a procedência nem exerce controle aduaneiro permanente, embora possa, incidentalmente, efetuar fiscalização para verificar a regularidade de mercadorias importadas que se encontrem em tráfego doméstico” Posto que cabe à Secretaria da Receita Federal do Brasil, a fiscalização e o controle aduaneiro permanente da entrada e saída de mercadorias, cargas e embarcações do território aduaneiro procedentes ou destinadas ao exterior, portanto, em tráfego doméstico, a administração aduaneira não tem a referida procedência nem exerce controle aduaneiro permanente, embora possa, incidentalmente, efetuar fiscalização para verificar a regularidade de mercadorias importadas que se encontrem em tráfego doméstico. Ademais, o embaraço à fiscalização teria se materializado no caso concreto pela circunstância de a fiscalização ter entendido que a mercadoria não estaria em perfeitas condições de identificação, nos termos da legislação em vigor. Portanto, inicialmente, sobre a questão da cabotagem, verificase que, se por um lado, a fiscalização acusa a Recorrente de se utilizar artifício para se furtar ao controle aduaneiro na exportação, a Recorrente defendese afirmando que não haveria expressa proibição de que as mercadorias embarcadas no Brasil com destino final no Brasil possam transitar por um porto estrangeiro antes do destino, além de que, tendo as mercadorias Fl. 167DF CARF MF Impresso em 11/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/08/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 26/08/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 10/09/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 02/09/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO Processo nº 11050.001633/200911 Acórdão n.º 3201001.570 S3C2T1 Fl. 165 7 embarcado em porto brasileiro, com destino a outro porto brasileiro, do que não se pode concluir que houve operação de exportação. Entendo que ambos estão equivocados. Quanto à acusação fiscal, verificase que às fls. 59 dos autos, no documento de “consulta de escalas” informado no Siscomex Carga, consignase como portos de procedência e destino, Buenos Aires e Montevidéo. Portanto, embora a Recorrente possa ter erroneamente classificado a operação de transporte realizada como “cabotagem”, seja porque considerou apenas o origem e destino final do transporte, seja porque entendeu estar realizando operação de “grande cabotagem”, o fato é que efetivamente foi declarado à Receita Federal, o percurso que transcorreu. Considerandose que a informação que, de plano descaracterizaria a operação da Recorrente foi devidamente informada, não se pode presumir que a incorreta designação da operação como “cabotagem”, teria sido perpetrada com o intuito de embaraçar, dificultar ou impedir ação de fiscalização aduaneira, como se consignou no auto de infração, em que se afirma que o artifício foi empregado para que não houvesse o controle aduaneiro de mercadorias na saída das mercadorias para porto internacional. De acordo com a autoridade de autuação: Até a implementação do Siscomex Carga, em fins de março do último ano, verificar quais cargas estavam chegando ou saindo e suas respectivas origens e destinos era por demais trabalhosa, posto que baseada em documentos (pilhas deles), o que tornava o controle quase impraticável. A atenção se voltava aos recintos alfandegados e aos terminais portuários, no sentido de evitar que deles saíssem ou neles entrassem mercadorias em situação irregular. Com a introdução do Siscomex Carga, o controle foi facilitado para a Aduana e simplificado para o contribuinte, em virtude da eliminação do fluxo de papéis e da inserção das informações em sistema informatizado. A informatização da fiscalização favorece, à. fiscalização, mas esta não se faz sozinha. Os dados existentes nos sistemas ainda necessitam ser extraídos, trabalhados e analisados, ou seja, ainda se requer um elevado contingente de mãodeobra fiscal. Ademais, a navegação de cabotagem, por sua própria natureza, não deveria demandar da fiscalização aduaneira maior atenção. Como já dito, o controle existente decorre do fato de as embarcações operarem em recintos Alfandegados. Por tais motivos, foi com surpresa que se constatou, no ano passado, que a atuada efetuava operações de cabotagem de modo irregular, levando cargas ao exterior sem controle aduaneiro.(g.n.) Contudo, as precárias infraestrutura administrativa de alguns órgãos públicos para o exercício de sua função, não podem, por óbvio, serem repassados à sociedade, ou seja, se o Siscomex Carga não conseguia fazer o cruzamento de dados do tipo de percurso realizado e suas escalas (cabotagem X escalas internacionais), não é possível tomar como Fl. 168DF CARF MF Impresso em 11/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/08/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 26/08/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 10/09/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 02/09/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO 8 premissa que o contribuinte assim fez as declarações, para se furtar à fiscalização, aproveitandose, eventualmente, dessa deficiência sistêmica. Por outro lado,da mesma forma, é hialino que a Recorrente não pode ignorar todas as regras e controles que incidem sobre o comércio exterior, pois, efetivamente, para efeitos da legislação de regência, a saída da mercadoria de território nacional configurase como exportação e o seu retorno, em importação. Embora, para efeitos comerciais e fáticos, como assevera a Recorrente, não tenha havido essa operação (afirma que não teria havido “desnacionalização”), o ordenamento jurídico erigese de maneira a abranger todas as varáveis possíveis das situações fáticas que ocorrerão no futuro, de forma geral e abstrata, em caráter superincludente. Portanto, o Direito em sua função de regular as condutas, deve precrever as cautelas necessárias, para que haja a certificação de que a saída de determinada mercadoria no território nacional, com posterior retorno, não se configure como exportação ou que retorne mercadoria diversa que deu saída inicialmente. Assim, foram criados os regimes aduaneiros especiais, como o de exportação aduaneira, que permitem identificar dentre as saídas físicas, aquelas que efetivamente poderão se subsumir ao conceito de “exportação”, sob controle aduaneiro, pois, no regime aduaneiro comum, a saída física de mercadoria, sempre será considerada pelo ordenamento jurídico como exportação. Observese, como bem pontuado na autuação, que mesmo na época em que revogado Decreto n° 87.648, de 24 de setembro de 1982, que aprovou o Regulamento para o Tráfego Marítimo, que previa a “grande cabotagem”, esse mesmo decreto determinava as cautelas fiscais necessárias, para a saída da mercadoria do território nacional, ao passo que, n ocaso em tela, No houve qualquer controle sobre essa saída. Contudo, nessa senda, entendo que aqui há um problema de tipicidade, ou de falta de subsunção da conduta reputada como antijurídica à norma sancionatória aplicada ao caso concreto. Destarte, não houve a conduta de embaraço à fiscalização, pois as informações sobre as escalas internacionais foram efetivamente prestadas, conforme a previsão da Instrução Normativa RFB nº 800, de 27 de dezembro de 2007 Art. 8º A empresa de navegação operadora da embarcação ou a agência de navegação que a represente deverá informar à RFB a escala da embarcação em cada porto nacional, conforme estabelecido no Anexo I . § 1º A informação da escala deverá ser prestada independentemente da procedência da embarcação, inclusive para embarcações arribadas, navios de passageiros e embarcações militares utilizadas no transporte de mercadoria. § 2º A informação da escala somente poderá ser alterada ou excluída pelo transportador que a incluiu no sistema. § 3º Não será permitido ao transportador alterar informação de escala encerrada. Fl. 169DF CARF MF Impresso em 11/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/08/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 26/08/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 10/09/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 02/09/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO Processo nº 11050.001633/200911 Acórdão n.º 3201001.570 S3C2T1 Fl. 166 9 § 4º A informação da escala poderá ser alterada pela unidade da RFB com jurisdição sobre o porto, mesmo depois de encerrada, a pedido do transportador que incluiu a escala, ou de ofício. § 5º Não será permitido alterar os seguintes dados da informação da escala: I o número da escala; II a agência de navegação; III a embarcação; IV o porto da escala; e V a data e a hora prevista para a atracação, caso esta já tenha sido efetivada. § 6º A informação da escala poderá ser excluída desde que não possua registro de atracação ou manifesto vinculado. Aliás, nessa mesma instrução normativa, há dispositivo sobre as sanções a serem aplicadas por infração aos seus termos: Art. 45. O transportador, o depositário e o operador portuário estão sujeitos à penalidade prevista nas alíneas "e" ou "f" do inciso IV do art. 107 do DecretoLei nº 37, de 1966, e quando for o caso, a prevista no art. 76 da Lei nº 10.833, de 2003, pela não prestação das informações na forma, prazo e condições estabelecidos nesta Instrução Normativa. Art. 46. O depositário que dificultar ou impedir a ação da fiscalização aduaneira por inobservância do disposto no artigo 36 desta Instrução Normativa está sujeito à penalidade prevista na alínea "c" do inciso IV do art. 107 do DecretoLei nº 37, de 1966. Vêse, pois, que o art. 45 da Instrução Normativa RFB nº 800, de 27 de dezembro de 2007 estabelece penalidade para prestação de informações em desacordo com forma e con nas alíneas "e" ou "f" do inciso IV do art. 107 do DecretoLei nº 37, de 1966dições estabelecidas pela legislação, ao passo que o art.46 trata do embaraços à fiscalização, que implica a atuação de impedir ou dificultar, a fiscalização. As multas para a primeira hipótese, nas alíneas "e" ou "f" do inciso IV do art. 107 do DecretoLei nº 37, de 1966, são assim descritas: e) por deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada à empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de serviços de transporte internacional expresso portaaporta, ou ao agente de carga; e Fl. 170DF CARF MF Impresso em 11/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/08/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 26/08/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 10/09/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 02/09/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO 10 f) por deixar de prestar informação sobre carga armazenada, ou sob sua responsabilidade, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada ao depositário ou ao operador portuário; Cabe observar, por último, que o argumento da fiscalização de que as mercadorias não cumpririam as exigências da lei e do regulamento do IPI, pois não haveria indicação do fabricante e de seu CNPJ, não constou a expressão "indústria brasileira", de maneira que não se poderia identificar a origem da mercadoria, não se presta como indício de intenção de embaraçar a fiscalização, pois não foi atestado a inexistências dessas informações, porém, a dificuldade de obtenção, por circunstâncias alheias à intenção da Recorrente e atinentes ao tipo de mercadoria transacionada, como se depreende do seguinte excerto do auto de infração: (...)não é possível verificar o conteúdo dos containeres ou dos contenedores flexíveis, apenas observálo de fora, situação que impede que se efetue uma conferência física propriamente dita Observouse que se trata de produto químico em estado liquido, acondicionado em contenedores flexíveis, que são basicamente sacos de material sintético de grandes dimensões, ocupando cada um a maior parte do volume interno do container. Assim,cada container contém um contenedor flexível. Abrindose os containeres, verificase que imediatamente após a porta há uma proteção (contenção) espessa, de madeira, para evitar que o contenedor caia para fora (por ser flexível). Nem mesmo foi possível abrir as duas portas dos containeres simultaneamente, devido ao risco de a contenção ceder sob o peso da carga liquida, provocando o rompimento do contentor Sendo assim, não é possível verificar o conteúdo dos containeres ou dos contenedores flexíveis, apenas observálo de fora, situação que impede que se efetue uma conferência física propriamente dita. Além disso, o art. 43 da Lei n° 4.502/64 estabelece: De fato, de acordo com o quanto narrado, houve a presunção de que a mercadoria não continha a identificação de acordo com a legislação de regência, pois, em verdade, não houve a desova do container, com a conferência física dos contenedores, que pudessem revestir de certeza a assertiva da fiscalização. Finalmente, observo que a multa administrativa por embaraço à fiscalização, embora não tenha alto valor pecuniário, impacta diretamente na imagem de determinado contribuinte, seja perante o mercado, seja perante o próprio Fisco, posto lhe apõe uma marca negativa de não colaboradora com a Administração, de forma que deve ser aplicada com cautela e verificação da efetiva ocorrência das condutas imputadas. Em face do exposto, dou provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo Fl. 171DF CARF MF Impresso em 11/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/08/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 26/08/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 10/09/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 02/09/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO Processo nº 11050.001633/200911 Acórdão n.º 3201001.570 S3C2T1 Fl. 167 11 Voto Vencedor Conselheiro Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto Inicialmente, esclareço que minha divergência em relação ao voto da eminente relatora fundamentase no fato de que a conduta da recorrente, ao apresentar à RFB Manifesto de Carga de Cabotagem referente a transporte de carga embarcada em Salvador/BA e com destino à Rio Grande/RS, com escalas nos portos de Buenos Aires (Argentina) e Montevidéu (Uruguai), dificultou a atividade fiscalizatória da RFB, praticando, portanto, a conduta descrita no DecretoLei nº 37/66, artigo 107, IV, “c”. De acordo com este dispositivo, configura infração punível com multa no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a prática de ações ou omissões capazes de embaraçar, dificultar ou impedir o desenvolvimento da atividade fiscal aduaneira. A recorrente confirma ter apresentado informação à RFB de que realizaria, por cabotagem, o transporte de cargas embarcadas no Porto de Salvador/BA e com destino ao Porto de Rio Grande/RS. O DecretoLei nº 37/66, que rege a Aduana, conceitua o transporte por cabotagem em seu artigo 62: Art.62 O regulamento disporá sobre as cautelas fiscais a serem adotadas no transporte por cabotagem, assim entendido o efetuado entre portos e aeroportos nacionais. A navegação por cabotagem, desta forma, restringese àquela realizada entre portos ou pontos do território nacional. Este conceito, inclusive, é de pleno conhecimento dos operadores de transporte aquaviário, encontrandose previsto também na Lei nº 9.432/97, que regulamenta a atividade. Esta Lei, em seu artigo 2º, estabelece ainda o conceito de navegação de longo curso, nestes termos: Art. 2º Para os efeitos desta Lei, são estabelecidas as seguintes definições: [...] IX navegação de cabotagem: a realizada entre portos ou pontos do território brasileiro, utilizando a via marítima ou esta e as vias navegáveis interiores; [...] XI navegação de longo curso: a realizada entre portos brasileiros e estrangeiros; Inexiste dúvida, portanto, de que a navegação por cabotagem restringese àquela realizada entre portos nacionais, bem como que a navegação realizada de porto nacional para porto estrangeiro se conceitua como navegação de longo curso. Fl. 172DF CARF MF Impresso em 11/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/08/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 26/08/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 10/09/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 02/09/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO 12 Pois bem, consta dos autos que a recorrente apresentou à RFB Manifesto de Cargas de Cabotagem, informando o transporte de cinco containeres relativos ao Conhecimento de Transporte Aquaviario de Cargas n° 030149, de 07/08/2009. Os containeres foram embarcados no porto de Salvador/BA, tendo por destino o porto de Rio Grande/RS. Estas cargas, contudo, antes de chegarem ao seu destino no porto de Rio Grande, foram levadas ao exterior por meio de escalas nos portos de Buenos Aires (Argentina) e Montevidéu (Uruguai). De pronto, constatase que a informação prestada pela recorrente em seu manifesto de carga estava incorreta, pois a navegação realizada caracterizase como de longo curso, e não de cabotagem. Tal fato, indubitavelmente, prejudicou a atividade de fiscalização aduaneira das cargas, tendo em vista que as cautelas adotadas pela Aduana em relação a transporte internacional de cargas não são aplicadas quando se trata de transporte doméstico. A autoridade fiscal responsável pela autuação esclarece de forma bastante clara o embaraço causado pela conduta da recorrente: [...] As cargas em CABOTAGEM estavam em circulação doméstica e, por tal motivo, não haveria controle aduaneiro sobre a operação em si, senão o decorrente do fato de a embarcação operar em zona primária e em recintos alfandegados, sujeitos ao controle aduaneiro. Desse modo, o embarque de carga em embarcação em percurso doméstico não depende de autorização ou despacho por parte da Secretaria da Receita Federal do Brasil, pois a carga se encontra em circulação comercial no Pais, logo ou foi nele produzida ou foi introduzida regulamente no território nacional. No entanto, a situação é completamente diferente se a embarcação em questão, após deixar Salvador com cargas em navegação de cabotagem com destino a Rio Grande, sai do território nacional com essas cargas levandoas ao porto de Buenos Aires para, só depois, leválas a Rio Grande. A embarcação efetuou uma navegação de LONGO CURSO e conduziu ao exterior mercadorias sem autorização das autoridades competentes. Não se trata de um transporte doméstico, mas de um transporte internacional envolvendo, supostamente, carga doméstica. [...] Nos termos da legislação em vigor, TODA a mercadoria destinada ao exterior está sujeita a despacho de exportação, sendo que se considera também estrangeira a mercadoria nacional ou nacionalizada exportada que retornar ao Pais (art. 1°, § 1°, do DecretoLei n° 37/66, com a redação que lhe deu o DecretoLei n° 2.472/88). Por tal motivo, toda mercadoria nacional saída do território aduaneiro, ao retornar ao pais, é considerada estrangeira e nesta situação deve ser informada em manifesto eletrônico de LONGO CURSO IMPORTAÇÃO, o qual é destinado ao transporte de cargas estrangeiras, com carregamento em porto estrangeiro e descarregamento em porto Fl. 173DF CARF MF Impresso em 11/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/08/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 26/08/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 10/09/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 02/09/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO Processo nº 11050.001633/200911 Acórdão n.º 3201001.570 S3C2T1 Fl. 168 13 nacional (art. 2°, § 1°, inciso III, alínea "a", da Instrução Normativa RFB n° 800/07). [...] O caput do art. 33 do DecretoLei n° 37/66 dita que a jurisdição dos serviços aduaneiros se estende por todo o território aduaneiro. O art. 20 do Regulamento Aduaneiro dispõe que o território aduaneiro compreende todo o território nacional. O art. 17 do mesmo Regulamento dispõe: (grifei) Art. 17. Nas áreas de portos, aeroportos, pontos de fronteira e recintos alfandegados, bem como em outras áreas nas quais se autorize carga e descarga de mercadorias, ou embarque e desembarque de viajante, procedentes do exterior ou a ele destinados, a administração aduaneira tem precedência sobre os demais órgãos que ali exerçam suas atribuições (DecretoLei no 37, de 1966, art. 35). § lº A precedência de que trata o caput implica: [...] II a competência da administração aduaneira, sem prejuízo das atribuições de outros Órgãos para disciplinar a entrada, a permanência , a movimentação e a saída de pessoas, veículos, unidades de carga e mercadorias nos locais referidos no caput, no que interessar a Fazenda Nacional. Sendo assim, incumbe ao Ministério da Fazenda, por meio da Secretaria da Receita Federal do Brasil, a fiscalização e o controle da entrada e saída de mercadorias, cargas e embarcações do território aduaneiro. Notese que em locais onde ocorra a carga ou descarga de mercadorias não procedentes ou destinadas ao exterior, portanto em tráfego doméstico, a administração aduaneira não tem a referida procedência nem exerce controle aduaneiro permanente, embora possa, incidentalmente, efetuar fiscalização para verificar a regularidade de mercadorias importadas que se encontrem em tráfego doméstico. Observo ainda que o fato da recorrente ter informado a realização das escalas em portos internacionais não descaracteriza o embaraço causado a fiscalização. Estas informações conflitantes não impedem totalmente a atividade fiscal, mas causam dificuldades praticamente intransponíveis à luz das ferramentas de fiscalização que possuem as autoridades aduaneiras. Diante do exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto Relator Fl. 174DF CARF MF Impresso em 11/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/08/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 26/08/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 10/09/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 02/09/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO 14 Fl. 175DF CARF MF Impresso em 11/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/08/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 26/08/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 10/09/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 02/09/2014 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO
score : 1.0
Numero do processo: 19515.003080/2003-34
Turma: Segunda Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 12 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Aug 25 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 1999
Ementa:
DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ORIGEM. FALTA DE COMPROVAÇÃO. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. PRESUNÇÃO LEGAL.
Para fatos ocorridos a partir de 01/01/1997, a Lei nº 9.430, de 1996, no art. 42, estabeleceu uma presunção legal de omissão de rendimentos que autoriza o lançamento do imposto correspondente, sempre que o titular da conta bancária, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em sua conta de depósito ou de investimento.
ÔNUS DA PROVA. APLICAÇÃO DA SÚMULA CARF Nº 26.
A presunção estabelecida no art. 42 da Lei n° 9.430, de 1996 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. (Súmula CARF nº 26).
Recurso voluntário provido em parte
Numero da decisão: 2802-003.016
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, rejeitar a preliminar de nulidade do lançamento e, no mérito, por unanimidade de votos DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário para excluir da base tributada o valor de R$6.320,06 (seis mil, trezentos e vinte reais e seis centavos), nos termos do voto do relator. Vencido em preliminar o Conselheiro German Alejandro San Martín Fernández que votou pela preliminar de nulidade do lançamento por falta de autorização judicial para acesso aos dados bancários do sujeito passivo.
(assinado digitalmente)
Jorge Cláudio Duarte Cardoso - Presidente.
(assinado digitalmente)
Jaci de Assis Junior - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Claudio Duarte Cardoso (Presidente), Jaci de Assis Junior, German Alejandro San Martín Fernández, Ronnie Soares Anderson, Julianna Bandeira Toscano e Carlos André Ribas de Mello.
Nome do relator: Jaci de Assis Junior
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ORIGEM. FALTA DE COMPROVAÇÃO. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. PRESUNÇÃO LEGAL. Para fatos ocorridos a partir de 01/01/1997, a Lei nº 9.430, de 1996, no art. 42, estabeleceu uma presunção legal de omissão de rendimentos que autoriza o lançamento do imposto correspondente, sempre que o titular da conta bancária, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em sua conta de depósito ou de investimento. ÔNUS DA PROVA. APLICAÇÃO DA SÚMULA CARF Nº 26. A presunção estabelecida no art. 42 da Lei n° 9.430, de 1996 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. (Súmula CARF nº 26). Recurso voluntário provido em parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, rejeitar a preliminar de nulidade do lançamento e, no mérito, por unanimidade de votos DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário para excluir da base tributada o valor de R$6.320,06 (seis mil, trezentos e vinte reais e seis centavos), nos termos do voto do relator. Vencido em preliminar o Conselheiro German Alejandro San Martín Fernández que votou pela preliminar de nulidade do lançamento por falta de autorização judicial para acesso aos dados bancários do sujeito passivo. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 30 80 /2 00 3- 34 Fl. 367DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/08/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/08/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO 2 Jorge Cláudio Duarte Cardoso Presidente. (assinado digitalmente) Jaci de Assis Junior Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Claudio Duarte Cardoso (Presidente), Jaci de Assis Junior, German Alejandro San Martín Fernández, Ronnie Soares Anderson, Julianna Bandeira Toscano e Carlos André Ribas de Mello. Relatório Tratase de auto de infração, fls. 109 a 114, lavrado para exigência de crédito tributário relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física em virtude da constatação de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada, no valor global de R$ 690.372,28, relativamente ao anocalendário de 1998. Contestando tal lançamento, o contribuinte apresentou impugnação, fls. 120 a 130, alegando, em síntese, que: “(...) 6 As importâncias apontadas pelo Fisco como sendo, supostamente, receitas tributáveis omitidas ou de origem não comprovada compõemse, na verdade, de valores de terceiros que tãosomente transitaram pelas contascorrentes do fiscalizado, operações automáticas de débito e crédito entre contas bancárias de mesma titularidade e venda de quota de consórcio de bem durável não sujeita a tributação, conforme restará amplamente demonstrado no discorrer destas razões. 15. Esclarecida, portanto, e efetivamente comprovada a origem dos recursos e valores que transitaram ou foram creditados nas contascorrentes do Defendente, no curso do ano calendário de 1.998, passase a resumir de forma englobada, a natureza jurídica desses ativos financeiros: a) R$ 12.000,00 (doze mil reais), que transitaram pela contacorrente n° 0994158114, agência n° 0106, banco n° 641, e contacorrente n° 10019933, agência n° 116, banco n° 033, correspondente à parte do valor da venda de um imóvel pertencente aos pais do Defendente, Bruno Orvalho Pasini e sua mulher, conforme se demonstrou nos itens 07 e 08, destas razões; b) R$ 316.791,82 (trezentos e dezesseis mil, setecentos e noventa e um reais e oitenta e dois centavos), correspondente às 76 (setenta e seis) movimentações financeiras automáticas e conjugadas entre poupança e contacorrente, no período de 25/03/98 e 23/12/98, efetuadas pelo Banco Mercantil de São Paulo S.A. para cobertura de saldos devedores, conforme relatado nos itens 09 e 10, retro; c) R$ 9.069,31 (nove mil e sessenta e nove reais e trinta e um centavos) relativos a transferências bancárias através de cheques realizadas entre contas correntes da mesma titularidade do Defendente, consoante esclarecimentos constantes nos itens 11 e 12 desta peça; Fl. 368DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/08/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/08/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO Processo nº 19515.003080/200334 Acórdão n.º 2802003.016 S2TE02 Fl. 368 3 d) R$ 82.258,55 (oitenta e dois mil, duzentos e cinqüenta e oito reais e cinqüenta e cinco centavos), que foram creditados na contacorrente do Defendente como produto da venda da cota de consórcio AUTOPLAN, de veículo automotor, adquirida em 11 de novembro de 1994, cujas parcelas foram pagas até 19/08/97 (itens 13 e 14). 16.Assim, temos que os valores oriundos dos depósitos bancários acima discriminados, cuja origem resta demonstrada e comprovada, e que apontam uma movimentação financeira do Defendente, no ano calendário de 1998 no montante de R$ 420.119,68 (quatrocentos e vinte mil, cento e dezenove reais e sessenta e oito centavos) não podem constituir base de incidência de imposto de renda, como equivocadamente pretende o Fisco, por não caracterizarem uma disponibilidade econômica de renda e proventos de qualquer natureza. (...) 18.Aliás, a fiscalização não pode amparar o lançamento de ofício somente em extratos bancários sem estabelecer um liame de conexidade entre omissão de rendimentos e sinais exteriores de riqueza, até porque o depósito em contacorrente não é o fato gerador do imposto de renda. Vejase, nesse sentido, os seguintes julgados: (...) 19.Ressaltese, por outro lado, que o fato de o Defendente ter apresentado Declaração de Imposto de Renda Pessoa Física, para o ano calendário de 1998, informando rendimentos tributáveis no valor de R$ 12.700,00 (doze mil e setecentos reais), e, nesse mesmo período, ter realizado unia movimentação bancária da ordem de R$ 506.307,77, não configurou, no caso vertente, um aumento patrimonial a descoberto, como pretende caracterizar o Fisco em sua motivação, haja visto que na indigitada ação fiscal não foram consideradas e nem tampouco apuradas todas as disponibilidades financeiras do sujeito passivo existentes em anoscalendário anteriores e, especialmente, em 31.12.1997, incidindo, destarte, o Fisco, em tributação com base exclusiva no patrimônio do contribuinte, o que é vedado conforme já se decidiu através do seguinte julgado: (...) 21.Isto posto, o Defendente requer, por IMPUGNAÇÃO, sejam acolhidas, as presentes razões, tendo em vista que a autuação levada a efeito pelos Srs. Auditores Fiscais, é manifestamente incabível, abusiva e ilegal, devendo ser, ipso facto, ANULADO o Auto de Infração (...)” A DRJ em Fortaleza/CE julgou o lançamento parcialmente procedente, proferindo o Acórdão no 0810.590, fls. 295 a 307, de 13/04/2007, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 1998 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITO BANCÁRIO. Para os fatos geradores ocorridos a partir de 1° de janeiro de 1997, o art. 42 da Lei n°9.430, de 1996, autoriza a presunção legal de omissão de rendimentos com base em depósitos bancários cuja origem dos recursos não for comprovada pelo Fl. 369DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/08/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/08/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO 4 titular, mormente se a movimentação financeira for incompatível com os rendimentos declarados. O órgão julgador a quo, examinando os argumentos da defesa, excluiu da base de cálculo o montante de R$332.662,13, fl. 306, referente a venda de um imóvel realizada pelos pais do contribuinte (R$6.000,00), a movimentação conjugada entre poupança versus contacorrente (R$317.592,82) e transferências interbancárias (R$9.069,31). Cientificado em 02/07/2008, fls. 337 do processo digital, o interessado interpôs recurso voluntário em 23/07/2008, alegando, em síntese, que: comprovou que o valor do depósito de R$6.000,00, não acatado pela decisão recorrida, referese ao recebimento de parte da venda do imóvel realizado pelo seu genitor; com relação à venda de conta consorcial no valor de R$82.258,55, os documentos acostados à impugnação dão conta da contemplação de tal cota, sendo certo que, embora o extrato juntado mencione o faturamento do veículo, o mesmo não foi faturado em nome do recorrente, mas sim de terceiros, em negociação direta com o consórcio; encontrase impossibilitado de comprovar essa negociação, pois, por ser documento em poder de consórcio, o aludido consórcio se encontra inoperante; reitera que o conjunto probatório fornecido ao fisco é suficiente para comprovar que os valores recibos pelo recorrente somente transitaram por sua conta, sem acréscimo patrimonial e, por outro lado, o fisco não consegue comprovar que os valores depositados não se referem unicamente aos bens alienados e que houve aumento patrimonial; requer a reforma da decisão recorrida para o fim de excluir da base de cálculo do imposto de renda os valores cuja origem comprovou e demonstrou não se tratar de omissão de rendimentos, mas de valores que transitaram por sua conta corrente oriundos da venda de imóvel de propriedade de seus genitores e venda de cota consorcial, cujo valor não enseja tributação. O processo foi incluído na pauta da sessão realizada em 17 de outubro de 2012, tendo a 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 2ª Sejul proferido a Resolução nº 2202 000.353, que, por unanimidade de votos, sobrestou o julgamento nos termos do §1º do art. 62 A do Anexo II da Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009 que aprovou o Regimento Interno do CARF RICARF c/c Portaria CARF nº 01/2012, fls. 183 a 189. Tendo em vista que a Portaria nº 545, de 18 de novembro de 2013, revogou os parágrafos primeiro e segundo do art. 62 A do RICARF, o presente processo foi redistribuído a este Conselheiro em 11/04/2014. É o relatório. Voto Conselheiro Jaci de Assis Junior, Relator O recurso foi tempestivamente apresentado e preenche os requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. Fl. 370DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/08/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/08/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO Processo nº 19515.003080/200334 Acórdão n.º 2802003.016 S2TE02 Fl. 369 5 A exigência constante do presente processo decorre da apuração de omissão de rendimentos caracterizada por valores creditados em contas de depósito ou investimento, mantidas em instituições financeiras, em relação aos quais o contribuinte, regularmente intimado, não comprovou a origem dos recursos utilizados nessas operações. Inicialmente, cumprese ressaltar que, conforme constou da Resolução nº 2202000.293, proferida pela 2ª Turma Ordinária, da 2ª Câmara da 2ª Seção, a matéria tratada neste processo administrativo se encontra sob apreciação do Supremo Tribunal Federal em diversos processos, entre os quais cumpre destacar o Recurso Extraordinário 601314, com a decisão que segue1: EMENTA: CONSTITUCIONAL. SIGILO BANCÁRIO. FORNECIMENTO DE INFORMAÇÕES SOBRE MOVIMENTAÇÃO BANCÁRIA DE CONTRIBUINTES, PELAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS, DIRETAMENTE AO FISCO, SEM PRÉVIA AUTORIZAÇÃO JUDICIAL (LEI COMPLEMENTAR 105/2001). POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DA LEI 10.174/2001 PARA APURAÇÃO DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS REFERENTES A EXERCÍCIOS ANTERIORES AO DE SUA VIGÊNCIA. RELEVÂNCIA JURÍDICA DA QUESTÃO CONSTITUCIONAL. EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. Decisão: O Tribunal reconheceu a existência de repercussão geral da questão constitucional suscitada. Não se manifestaram os Ministros Cármen Lúcia e Cezar Peluso. Até a vigência do § 1º do art. 62A do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – RICARF, com as alterações dadas pela Portaria nº 586, de 2010, havia previsão para que os julgamentos dos recursos interpostos no âmbito dos processos administrativos fiscais fossem sobrestados sempre que o e. STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria. Com a revogação de tal regra regimental pela Portaria nº 545, de 18 de novembro de 2013, e diante do fato de o RE nº 601314 ainda se encontrar pendente de julgamento pelo STF, cabe a esse Colegiado examinar a matéria à luz da legislação tributária vigente. Ratificando decisões reiteradas desta Turma Julgadora, rejeito a preliminar suscitada, em sessão de julgamento, pelo Conselheiro German Alejandro San Martin Fernandez, que foi vencido, decorrente da decisão no RE389.808/PR, quanto à nulidade do lançamento por falta de autorização judicial para obtenção de dados bancários do contribuinte. Nesse sentido, ficou patente o entendimento de que: a) a obtenção de dados bancários do contribuinte foi regular, posto que fundamentada em lei; b) as decisões do STF em controle difuso de constitucionalidade proferidas fora da sistemática do art. 1 RERG 601314, em 22/10/2009, DJe nº 218 Divulgação 19/11/2009 Publicação 20/11/2009, Relator Min. Ricardo Lewandowski. Fl. 371DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/08/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/08/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO 6 543B do CPC (art. 62A do Regimento Interno do CARF) não vinculam os membros do CARF. c) a interpretação sistemática do Regimento Interno do CARF é no sentido de que a possibilidade de o CARF afastar a aplicação ou deixar de observar lei ou Decreto sob fundamento de inconstitucionalidade é medida excepcional e que, na matéria sob apreciação, não se pode tomar como declaração de inconstitucionalidade por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal (inciso I do parágrafo único do art. 62 do RICARF) a decisão dada no RE389.808/PR, uma vez que o Recurso Extraordinário designado como paradigma e ainda pendente de julgamento é o de nº 601314, este sim, uma vez julgado e com trânsito em julgado, será de reprodução obrigatória. Alega o recorrente que depósitos bancários não constituem renda tributável, pois, deve ser demonstrada a efetiva existência de renda consumida, através de sinais exteriores de riqueza. Entende, pois, ser inaplicável a presunção de omissão de receitas sobre depósitos bancários. A tributação da omissão de rendimentos provenientes de depósitos bancários pautouse no art. 42 e parágrafos, da Lei n° 9.430, de 1996, com as alterações posteriores introduzidas pelo art. 4° da Lei n° 9.481, de 13 de agosto de 1997, e pelo art. 58 da Lei no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, nos seguintes termos: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. § 2º Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. § 3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: I os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$ 12.000,00 (doze mil reais), desde que o seu somatório, dentro do ano calendário, não ultrapasse o valor de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais). (redação dada pela Lei nº 9.481, de 1997) § 4º Tratandose de pessoa física, os rendimentos omitidos serão tributados no mês em que considerados recebidos, com base na Fl. 372DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/08/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/08/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO Processo nº 19515.003080/200334 Acórdão n.º 2802003.016 S2TE02 Fl. 370 7 tabela progressiva vigente à época em que tenha sido efetuado o crédito pela instituição financeira. § 5º Quando provado que os valores creditados na conta de depósito ou de investimento pertencem a terceiro, evidenciando interposição de pessoa, a determinação dos rendimentos ou receitas será efetuada em relação ao terceiro, na condição de efetivo titular da conta de depósito ou de investimento.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) § 6º Na hipótese de contas de depósito ou de investimento mantidas em conjunto, cuja declaração de rendimentos ou de informações dos titulares tenham sido apresentadas em separado, e não havendo comprovação da origem dos recursos nos termos deste artigo, o valor dos rendimentos ou receitas será imputado a cada titular mediante divisão entre o total dos rendimentos ou receitas pela quantidade de titulares.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002). Depreendese da leitura do dispositivo legal acima que o legislador estabeleceu, a partir de 01/01/1997, uma presunção legal de omissão de rendimentos, autorizando o lançamento do imposto correspondente, desde que o titular da conta bancária, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprovasse, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em sua conta de depósito ou de investimento. Assim, cabe ao contribuinte o dever de demonstrar que o numerário creditado não é renda tributável, invertendo, portanto, o ônus da prova, característica das presunções relativas, as quais admitem prova em contrário. Observese que, diferentemente da tese defendida pelo recorrente, a autoridade fiscal não tem a obrigação de comprovar renda consumida. Neste sentido foi editada a Súmula CARF nº 26, nos seguintes termos: SÚMULA CARF Nº 26: A presunção estabelecida no art. 42 da Lei n° 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. Portanto, perfeitamente válida a aplicação da presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, no caso examinado nos presentes autos. De acordo com o Termo de Verificação Fiscal, fls. 126, o contribuinte foi intimado a “informar e comprovar as operações efetuadas em suas contascorrentes, de acordo com a relação anexa à intimação (doc. de fls.97/100) (...). Nenhum documento foi apresentado, além de alguns entregues durante os trabalhos de fiscalização, (...)”. Quanto ao depósito no valor de R$82.258,55, realizado em 22/05/1998, fls. 183 (digital), o recorrente alega que possui origem na negociação da cota de consórcio por ele contemplada, conforme extrato da conta corrente da cota do consórcio mantida pelo contribuinte na operadora Autoplan, fls. 172 (digital). Do exame desse extrato, constatase que, na data de 19/09/1997, ao contribuinte foi creditada a importância de R$95.243,75, cujo histórico aponta tratarse de “crédito aplicado”. Esse mesmo valor foi novamente registrado sob o histórico de “pagamento crédito”, na data de 19/05/1999. Fl. 373DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/08/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/08/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO 8 Uma vez que as referidas operações aconteceram, respectivamente, oito meses antes e um ano depois da data do depósito questionado pelo lançamento, não há como acatar as alegações apresentadas pelo contribuinte de que teria havido negociação de cota contemplada. Ademais, seria bom observar que, concorre em desfavor do recorrente, a constatação de que os únicos rendimentos discriminados na declaração de ajuste anual, fls. 22 (digital), totalizam 13.240,00 (R$12.700,00, rendimentos tributáveis, mais R$540,00, rendimentos isentos), bem como o fato de, do exame dos bens relacionados nessa declaração, nenhuma menção foi feita em relação à alegada negociação da cota de consórcio contemplada. O contribuinte alega que o valor do depósito de R$6.320,06 corresponde a parte do recebimento da venda de imóvel de propriedade de seus genitores. A DRJ não acatou o cheque de fls. 158 (fls. 181, digital) ao argumento de que, embora esse cheque coincida com o valor depositado, o contribuinte não teria sido apresentado comprovação de sua origem. O exame desse cheque, contudo, revela que, conforme informou o contribuinte em sua impugnação, ele teria sido emitido da conta corrente mantida por ele próprio no Banco Finasa. Portanto, tratandose de mera transferência de recursos entre contas correntes mantidas pelo contribuinte, o valor correspondente não deverá ser considerado para efeito de determinação do rendimento omitido, nos termos do inciso I, do § 3º do art. 42, da Lei n° 9.430, de 1996. Em face do exposto, voto por rejeitar a preliminar de nulidade do lançamento e, no mérito, DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário para excluir da base tributada o valor de R$6.320,06 (seis mil, trezentos e vinte reais e seis centavos). (assinado digitalmente) Jaci de Assis Junior Fl. 374DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/08/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/08/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO
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Numero do processo: 15956.000255/2010-31
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 12 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOAS JURÍDICA - IRPJ
Exercício: 2005, 2006
RECURSO DE OFÍCIO. RECOMPOSIÇÃO DA BASE DE CÁLCULO. PREJUÍZO FISCAL DECLARADO.
O prejuízo fiscal declarado pelo contribuinte, referente ao próprio ano-calendário objeto de fiscalização, deve ser considerado na apuração da base de cálculo do imposto devido.
REVISÃO DE LANÇAMENTO POR ERRO DE DIREITO. Consoante o artigo 149 do CTN, é vedada a revisão de lançamento por erro de direito. Somente por falsidade, erro ou omissão é possível provocar a revisão.
Assunto: CONTRIBUIÇÃO SOVIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO - CSLL
Exercício: 2005, 2006
RECURSO DE OFÍCIO. RECOMPOSIÇÃO DA BASE DE CÁLCULO. BASE DE CÁLCULO NEGATIVA DECLARADA.
A base de cálculo negativa declarada pelo contribuinte, referente ao próprio ano-calendário objeto de fiscalização, deve ser considerada na apuração da base de cálculo da contribuição devida.
REVISÃO DE LANÇAMENTO POR ERRO DE DIREITO. Consoante o artigo 149 do CTN, é vedada a revisão do lançamento por erro de direito. Somente por falsidade, erro ou omissão é possível provocar a revisão.
TRIBUTAÇÃO REFLEXA.
Às matérias tributáveis baseadas nos mesmos elementos de prova aplica-se o quanto decidido em relação ao IRPJ.
Numero da decisão: 1202-000.796
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício. Quanto ao recurso voluntário, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso, vencida a conselheira Viviane Vidal Wagner (relatora) que negava provimento ao recurso. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Nereida de Miranda Finamore Horta.
Nome do relator: Viviane Vidal Wagner
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ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOAS JURÍDICA - IRPJ Exercício: 2005, 2006 RECURSO DE OFÍCIO. RECOMPOSIÇÃO DA BASE DE CÁLCULO. PREJUÍZO FISCAL DECLARADO. O prejuízo fiscal declarado pelo contribuinte, referente ao próprio ano-calendário objeto de fiscalização, deve ser considerado na apuração da base de cálculo do imposto devido. REVISÃO DE LANÇAMENTO POR ERRO DE DIREITO. Consoante o artigo 149 do CTN, é vedada a revisão de lançamento por erro de direito. Somente por falsidade, erro ou omissão é possível provocar a revisão. Assunto: CONTRIBUIÇÃO SOVIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO - CSLL Exercício: 2005, 2006 RECURSO DE OFÍCIO. RECOMPOSIÇÃO DA BASE DE CÁLCULO. BASE DE CÁLCULO NEGATIVA DECLARADA. A base de cálculo negativa declarada pelo contribuinte, referente ao próprio ano-calendário objeto de fiscalização, deve ser considerada na apuração da base de cálculo da contribuição devida. REVISÃO DE LANÇAMENTO POR ERRO DE DIREITO. Consoante o artigo 149 do CTN, é vedada a revisão do lançamento por erro de direito. Somente por falsidade, erro ou omissão é possível provocar a revisão. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. Às matérias tributáveis baseadas nos mesmos elementos de prova aplica-se o quanto decidido em relação ao IRPJ.
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