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Numero do processo: 11762.720012/2013-81
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 24 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Mar 30 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Data do fato gerador: 26/11/2010, 23/12/2010, 15/08/2011
MULTA RESULTANTE DA CONVERSÃO DE PENA DE PERDIMENTO POR INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA.
A presunção da conduta de interposição fradulenta art.23, V, parágrafos 1º a 4º, do Decreto-lei nº 1.455, de 1976, erige-se a partir da comprovação da ausência de origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados nas operações.
Numero da decisão: 3201-002.078
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos., acordam os membros do colegiado, maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. Vencida a Conselheira Mércia Helena Trajano D'Amorim, que apresentará declaração de voto. Fez sustentação oral, pela Recorrente, o advogado Eduardo Oleari, OAB/ES nº 21540.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza Presidente
(assinado digitalmente)
Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo- Relatora
Participaram da sessão de julgamento, os Conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Mércia Helena Trajano Damorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Winderley Morais Pereira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Tatiana Josefovicz Belisário e Cássio Schappo.
Nome do relator: ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Data do fato gerador: 26/11/2010, 23/12/2010, 15/08/2011 MULTA RESULTANTE DA CONVERSÃO DE PENA DE PERDIMENTO POR INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. A presunção da conduta de interposição fradulenta art.23, V, parágrafos 1º a 4º, do Decretolei nº 1.455, de 1976, erigese a partir da comprovação da ausência de origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados nas operações. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos., acordam os membros do colegiado, maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. Vencida a Conselheira Mércia Helena Trajano D'Amorim, que apresentará declaração de voto. Fez sustentação oral, pela Recorrente, o advogado Eduardo Oleari, OAB/ES nº 21540. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza – Presidente (assinado digitalmente) Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 76 2. 72 00 12 /2 01 3- 81 Fl. 547DF CARF MF Impresso em 30/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 10/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORI M, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO 2 Participaram da sessão de julgamento, os Conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Mércia Helena Trajano Damorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Winderley Morais Pereira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Tatiana Josefovicz Belisário e Cássio Schappo. Relatório Referese o presente processo a auto de infração para a cobrança de multa equivalente ao valor aduaneiro, por conversão de pena de perdimento. Para bem elucidar os fatos, transcrevemse relatório da decisão proferida pela autoridade a quo: DO LANÇAMENTO Versa o presente processo sobre a lavratura de Auto de Infração (AI), às fls. 03 a 07 do processo digital, em 04.02.2013, por auditor da Inspetoria do Rio de Janeiro/RJ, para a cobrança de R$ 132.303,00 (cento e trinta e dois mil e trezentos e três reais), conforme Demonstrativo de Apuração da Multa proporcional ao Valor Aduaneiro, à fl. 03, tudo em consonância com o Demonstrativo Consolidado do Crédito Tributário, à fl. 02 dos autos digitais. A presente autuação deuse em razão de terem sido constatadas importações (três, ao todo), no período de 2010 a 2011, promovidas em nome da empresa Brasplanet Comércio Exterior Ltda. (importador ostensivo), através das DI nºs 10/20937051, 10/22862750 e 11/1511523 7, registradas em 26.11.2010, 23.12.2010 e 15.08.2011, à fl. 423 do Relatório Fiscal, parte integrante do AI, mediante ocultação do real adquirente dos bens, a autuada, Segura Rio Comércio de Ferramentas e Máquinas Ltda. ME (importador oculto), caracterizando a ocorrência de importações fraudulentas em operações de comércio exterior, nos termos do art. 23, § 3º, do Decretolei nº 1.455/76, com a redação do art. 59 da Lei nº 10.637/2002, c/c art. 81, III, da Lei nº 10.833/2003, infração punível com a pena de perdimento, convertida em multa (100%) equivalente ao valor aduaneiro, caso as mercadorias não sejam localizadas ou tenham sido consumidas. Os fatos e fundamentos legais que culminaram na lavratura do AI, objeto do presente processo, foram detalhadamente descritos no Relatório Fiscal, às fls. 400 a 438 dos autos, e serão apresentados resumidamente a seguir. 1. Os sócios da Brasplanet, Rafael César Nunes Sales e Fernando Luiz Pinel Carneiro, não possuíam capacidade econômica e financeira para integralizar o capital social da empresa, declarado como de R$ 100.000,00, em 2009, e tido como totalmente integralizado, em espécie, em 2010. Em 2009, conforme contrato social, do total de R$ 100.000,00 de capital social, apenas R$ 10.000,00 foram declarados como efetivamente integralizados, e, em 22.09.2010, teria sido integralizado o restante (fl.400). Fl. 548DF CARF MF Impresso em 30/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 10/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORI M, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO Processo nº 11762.720012/201381 Acórdão n.º 3201002.078 S3C2T1 Fl. 94 3 2. Nos anos de 2006, 2007 e 2008, Rafael César Nunes Sales declarou como total de rendimentos recebidos R$ 8.400,00 (2006), R$ 13.200,00 (2007) e R$ 9.500,00 (2008), e Fernando Luiz Pinel Carneiro declarou ter recebido rendimentos totais que oscilaram entre R$ 18.000,00 (2006) e R$ 26.000,00 (2008). 3. Com apenas R$ 10.000,00 integralizados, em 04.06.2010 a Brasplanet registrou a DI n° 10/09288808, cujo valor CIF das mercadorias totalizou R$ 13.196,00, valor superior ao seu próprio capital disponível (sem considerar tributos pagos e demais despesas), o que significa que a Brasplanet operava endividada em valor superior ao capital disponível. Até novembro de 2011, suas importações somaram R$ 5.186.156,00 (fls. 363 a 399 e 401). 4. Não há registro de importações por conta e ordem de terceiros, nem de operações por encomenda, e a Brasplanet não se caracteriza como uma "trading". 5. As mercadorias importadas pela Brasplanet são sempre inteiramente revendidas a poucos clientes ou, muitas vezes, a um único cliente, logo após o seu desembaraço. Mesmo as mercadorias compreendidas em uma mesma DI, revendidas a mais de um cliente, o foram todas em datas muito próximas entre si e ao desembaraço. A fiscalização cita, como exemplo, a DI nº 11/11332268, desembaraçada em 21.06.2011, que teve todas as suas mercadorias revendidas em 22.06.2011 à Servi Temper Vidraçaria Ltda, e a DI nº 11/11328864, desembaraçada em 20.06.2011, cujos produtos foram integralmente revendidos em 21.06.2011 à Eminência Comércio, Importação e Exportação Ltda. (fl. 401). 6. Os produto importados vão desde artigos de festa, guardachuvas, bijuterias, até motobombas e máquinas para indústria vidraceira (no caso específico da autuada, Segura Rio: furadeiras, perfuratrizes, unidades de discos de serras para mármore, etc). 7. As notas fiscais eletrônicas emitidas para cada um dos reais adquirentes (destinatários de cada operação), dentre eles a empresa Segura Rio, objeto do presente AI (DI e NF enumeradas à fl. 423 dos autos digitais), sujeito passivo desta ação fiscal, foram examinadas pela fiscalização. 8. Os sócios das Brasplanet receberam, em 29.02.2012 e 12.03.2012, por via postal, Termo de Constatação e Intimação para a apresentação dos documentos, tais como Contrato Social e alterações, comprobatórios do efetivo funcionamento da empresa do contribuinte, da escrita fiscal e contábil, e relativos às importações do período auditado, etc (fl.406). 9. Em 19.03.2012 foi realizada entrevista com o administrador da Brasplanet, Sr. Fernando Luiz Pinel Carneiro, comparecendo outros interessados, entrevista da qual a fiscalização transcreve as perguntas e as respostas, às fls. 408 a 413. 10. Os documentos entregues pela empresa, inclusive emails trocados entre ela e alguns dos seus fornecedores estrangeiros, no período de janeiro a outubro de 2011, além das DI registradas no período enfocado, foram juntados aos autos pela fiscalização. Fl. 549DF CARF MF Impresso em 30/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 10/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORI M, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO 4 11. Em 24.05.2012, foi realizada diligência no endereço da empresa, à Rua Visconde de Inhaúma, 77, sala 1.901, Centro, RJ, e foi constatado que: a) a empresa ocupava todo o 19º andar; b) esse endereço era da filial, enquanto a matriz localizavase em Nova Iguaçu, mas a filial estava em processo de transformação em matriz; b) a transportadora Transbirday alugava o espaço para armazenagem de mercadorias importadas pela Brasplanet; c) os produtos importados eram sacolas térmicas, conversores de sinais, amplificadores de voz, perfuratrizes, etc; d) a negociação se dava da seguinte forma: i) identificação de produto com potencial de mercado no Brasil; ii) coleta de preços e condições com fornecedores na rede virtual; iii) acordo com um fornecedor; iv) importação; v) busca de clientes; vi) empréstimos bancários para financiar a importação (fl.416). 12. Sem dúvida, ela importava conforme pedidos de seus clientes. Inclusive em seu sítio, na internet, apresentavase assim: “Quer importar e não sabe como? Nós importamos para você”. 13. A Segura Rio (real adquirente das mercadorias), em resposta à intimação da fiscalização, sobre os bens importados através das três DI investigadas (em nome da Brasplanet), nºs 10/20937051, 10/22862750 e 11/15115237, registradas em 26.11.2010, 23.12.2010 e 15.08.2011, respectivamente, totalizando o valor CIF de R$ 132.303,00, por ela (Segura Rio) adquiridos, no mesmo dia do seu desembaraço (as duas primeiras) e oito dias após o desembaraço (a terceira), informou que: a) não formalizara qualquer contrato com a Brasplanet, relativamente à importação desses bens; b) comprava (e pagava) as mercadorias importadas pela Brasplanet, após a sua entrega, sendo o pagamento realizado mediante transferência bancária, carteira e boletos bancários; c) não adquiria os produtos do exterior, mas diretamente da Brasplanet, no RJ; e) remunerava a Brasplanet pelas mercadorias adquiridas; e f) desconhecia os trâmites da importação e não tinha qualquer interferência na compra dos bens no exterior ou na seleção dos fornecedores. 13. Concluiu a fiscalização que as operações de comércio exterior da Brasplanet, tanto pela flagrante especificidade dos produtos importados, em grandes volumes, como também pelas coincidências de desembaraço dos bens com a sua imediata saída integral a poucos clientes, objetivamente comprovam que ela importava conforme pedidos dos reais adquirentes, e, no caso das três DI analisadas, por força de prévias encomendas feitas pela Segura Rio, real adquirente dos bens importados, empresa não habilitada para operações de comércio exterior, nos termos da INSRF nº 650/2006. DA IMPUGNAÇÃO A empresa apresentou a sua defesa, às fls. 451 a 456, anexando a documentação de fls. 457 a 471 (relação de anúncios no sítio do Google, na internet, de mercadorias similares a que importa, cópia da DI nº 11/15115237, de 12.08.2011, além de documentação de constituição da empresa e de seu representante legal), assim resumidas as suas alegações: Não pode a fiscalização levantar contra ela especificidades sobre a constituição de empresa de terceiros, seja no que toca ao Capital Social, seja sobre a vida pessoal dos sócios da Brasplanet. Fl. 550DF CARF MF Impresso em 30/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 10/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORI M, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO Processo nº 11762.720012/201381 Acórdão n.º 3201002.078 S3C2T1 Fl. 95 5 A abertura da Brasplanet ocorreu em 08.12.2009, enquanto a primeira compra de produtos pela autuada se deu em 26.11.2010, um ano após a suposta falta de recursos para fazer frente ao capital social da empresa importadora, que teria mais de um ano para fazer caixa e custear as suas próprias aquisições. A interposição fraudulenta fundada na não comprovação de origem, disponibilidade e transferência de recursos empregados no comércio exterior não pode dispensar a auditoria e a indicação das operações específicas em que tal fenômeno teria ocorrido. As meras generalizações constantes do presente AI não são provas admitidas em Direito, já que violam o devido processo legal e o princípio da legalidade. Fraude requer provas concretas do ato doloso cometido. Somente provas claras e inobjetáveis são aptas a elidirem a presunção da boafé. Não há qualquer prova nos autos que remeta a qualquer defeito nas importações apontadas (transcreve entendimento da DRJ/FNS, à fl. 454) e arguiu que há necessidade de se auditar DI a DI, para demonstrar eventuais cometimentos de infração, seja no tocante à não comprovação de origem dos recursos, seja no tocante à antecipação de recursos de terceiros. A sustentação das conclusões da fiscalização está no fato de que as vendas das mercadorias se deram, em dois casos, no mesmo dia dos desembaraços respectivos e, no terceiro caso, em cerca de oito dias depois, no que cabe ressaltar que, além desses dados nada provarem, há vários outros lapsos temporais a serem apreciados, como datas de aquisição das mercadorias no exterior (invoices); datas de embarques (BL); datas das chegadas dos bens ao país e, ainda, as datas dos registros das DI. Argumentou, ainda, que os artigos que importou, ao contrário do que afirmou a fiscalização, fazem parte de um nicho de mercado extremamente vasto, comum e disseminado e, portanto, não teria a Brasplanet qualquer dificuldade em encontrar compradores no país após a sua importação. Por todo o exposto, quer seja o AI julgado improcedente e exonerada a totalidade do crédito tributário. É o relatório. A Delegacia de Julgamento julgou improcedente a impugnação, em decisão assim ementada: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Data do fato gerador: 26/11/2010, 23/12/2010, 15/08/2011 Irregular importação por encomenda. Interposição fraudulenta de terceiros. A irregular importação por encomenda caracterizase quando a operação de comércio exterior, promovida por pessoa jurídica importadora, que Fl. 551DF CARF MF Impresso em 30/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 10/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORI M, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO 6 adquire as mercadorias no exterior para revenda a encomendante predeterminado, descumpre os requisitos e as condições estabelecidas na legislação para essa modalidade de importação, configurando, assim, interposição fraudulenta de terceiros. Entrega a consumo de mercadoria importada irregularmente. Dano ao erário. Perdimento convertido em multa equivalente ao valor aduaneiro dos bens. Considerase dano ao erário a interposição fraudulenta de terceiros, infração punível com a pena de perdimento, que é convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro, na hipótese em que as mercadorias não sejam localizadas ou tenham sido consumidas. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Na decisão recorrida afirmase que não teriam sido apresentados na defesa da ora Recorrente outros documentos comprobatórios que embasassem a argumentação de que não encomendou a importação dos produtos à Brasplanet. Ao contrário, haveria diversos indícios que apontam para a situação contrária. Considerandose que as operações internacionais teriam sido cursadas sem a devida comprovação da origem regular dos recursos aplicados, aplicouse a presunção legal estatuída no art. 23 do Decretolei nº 1.455/7676, com as alterações promovidas pela Lei nº10.637, de 2002, e Medida Provisória nº 497, de 2010, que definiu como dano ao erário a ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação mediante fraude, simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros, infração esta punida com o perdimento das mercadorias ou multa equivalente ao seu valor aduaneiro. No recurso voluntário apresentado, a Recorrente reiterou os argumentos de impugnação, ademais, juntou documento aos autos que comprovariam a origem dos recursos que a Brasplanet teria empregado nas operações de importação, qual seja, a decisão do procedimento fiscal de inaptidão da Brasplanet. Ademais, afirmou que a não comprovação de origem dos recursos deveria ser realizada especificamente por cada operação realizada, e não por acusações generalizadas. Afirmou que teria adquirido no mercado interno mercadoria oferecida pela Brasplanet, que estava com preço altamente competitivo, porém condicionado à compra de todo o lote de mercadoria para mantêlas em seus estoques, sem que tivesse realizado qualquer adiantamento para a realização das operações. É o relatório. Voto Conselheira Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Relatora: O presente recurso preenche as condições de admissibilidade, pelo que dele tomo conhecimento. Fl. 552DF CARF MF Impresso em 30/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 10/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORI M, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO Processo nº 11762.720012/201381 Acórdão n.º 3201002.078 S3C2T1 Fl. 96 7 Conforme se depreende dos autos, à ora Recorrente foi imputada a conduta de interposição fraudulenta, pois teria contratado interposta pessoa para a realização de importações dos produtos que comercializa. Os documentos acostados demonstram que a presente autuação originou se de fiscalização realizada na Brasnet, no âmbito da qual foram apuradas as seguintes condutas (transcrevese excertos das conclusões relatório da fiscalização, anexo ao auto de infração, às efls.400 e s.s.): Conforme resta patente diante das rotineiras sobreposições de desembaraço, entrada e saída de mercadorias destinadas, muitas das vezes, na íntegra de cada importação, a um determinado adquirente, não há outra conclusão a tirar que esta: BRASPLANET prestava serviço de operação de importação por encomenda ("Quer importar e não sabe como? Nós importamos para você.") [...] Conforme planilha que agrega e compara dados de suas importações e de suas notas fiscais de entrada e de saída portanto, provas objetivas , BRASPLANET realizou atividades de importação destinadas à encomendantes predeterminados. Conforme o desembaraço de cada DI, o registro de entrada daquelas mercadorias e o registro de saída convergem em datas muitíssimo próximas, muitas vezes com desembaraço e entrada num dia e saída de TODAS as mercadorias de uma mesma DI para um mesmo adquirente no dia seguinte, não há como acreditar que BRASPLANET buscasse clientes para mercadorias tão específicas quanto roupas, guardachuvas, gás refrigerante para ar condicionado e artigos para festas carnavalescas, enquanto vinham os navios da China para o Brasil. [...] As situações que o cruzamento de dados das planilhas provas objetivas descrevem são de importações conforme pedidos prévios, sendo que a simulação de importações próprias foi o meio encontrado para realizar a interposição de pessoas. Mas não se trata aqui de interposição de pessoas graciosa. Através da simulação se materializou a inobservância das obrigações acessórias definidas na IN SRF n.° 634/06, resultando em prejuízos ao controle aduaneiro, com a ocultação do real comprador. Portanto, a fiscalização pautouse, especialmente, na proximidade dos registros de importação versus a venda no mercado interno a diversos clientes da Brasnet, além do baixo capital social integralizado da empresa contrastante com a movimentação financeira realizada no período de fiscalização, algumas trocas de emails com exportadores chineses que apontariam a para autuação em nome de um encomendante, a ausência de utilização de entrepostos ou armazéns próprios para estocagem das mercadorias importadas, o que indicaria que essas mercadorias eram prontamente destinadas ao encomendante. Fl. 553DF CARF MF Impresso em 30/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 10/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORI M, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO 8 Nesse contexto, através dos documentos encontrados na Brasnet, verificouse as notas fiscais de venda no mercado interno, as declarações de importação correspondentes e os seus respectivos destinatários, realizando as autuações para a aplicação da multa de conversão da pena de perdimento, por força da afirmada existência de interposição fraudulenta nas operações, de forma generalizada, sem que se apontasse em cada uma das operações de importação realizadas, a existência dos requisitos que preencheriam as condições da conduta antijurídica. Não obstante, questão fundamental nos autos é a de que não houve comprovação da ausência de recursos próprios da Brasnet para efetuar as operações de importação, verificandose há diversos documentos comprovando a celebração de contratos de mútuo em nome da empresa, seja com pessoas físicas, seja com instituições financeiras . Por outro lado, o dispositivo que fundamentou a autuação foi o art.23, V, parágrafos 1º a 4º, do Decretolei nº 1.455, de 1976, dispões: Art. 23. Consideramse dano ao Erário as infrações relativas às mercadorias: (...) V estrangeiras ou nacionais, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros. § 1º O dano ao erário decorrente das infrações previstas no caput deste artigo será punido com a pena de perdimento das mercadorias. § 2º Presumese interposição fraudulenta na operação de comércio exterior a nãocomprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados. § 3º A pena prevista no § 1º convertese em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria que não seja localizada ou que tenha sido consumida. A presunção relativa de interposição fraudulenta erigese quando há a comprovação de ausência de recursos empregados para a realização da operação de comércio exterior, portanto, cabe à fiscalização comprovar que a ausência de tais recursos. A partir desse fato jurídico, todas as demais provas devem ser feitas pelo acusado, por força da inversão do ônus probatório. Para as três operações de importação realizadas no caso que se aprecia, não houve tal prova, apenas havendo a informação de que havia uma proximidade grande entre a data do registro da declaração de importação e as vendas no mercado interno, o que isoladamente consideradas, não são suficientes para comprovar a fraude. Observese que com o recurso voluntário foi juntada decisão proferida no procedimento administrativo de representação fiscal para fins de inaptidão de inscrição de pessoa jurídica no CNPJ, efls.529 e ss., instaurado contra a Brasnet (processo n. 11762.720002/201346), que foi julgada improcedente pelas autoridades administrativas, considerandose que para as duas operações de importação ali apreciadas, encontrouse respaldo financeiro para as operações – um empréstimo recebido por um dos sócios, de seu pai, devidamente declarado à Receita Federal. Fl. 554DF CARF MF Impresso em 30/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 10/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORI M, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO Processo nº 11762.720012/201381 Acórdão n.º 3201002.078 S3C2T1 Fl. 97 9 A despeito de no referido processo terem sido analisadas operações que não foram entabuladas com a ora Recorrente, demonstrase que o trabalho de autoridade de autuação foi falho, ao não fazer a análise individualizada de cada uma das operações de importação, pois, reiterese, a presunção de interposição fraudulenta apenas se constitui a partir da comprovação da ausência de recursos financeiros para realizar as importações. Mesmo os emails juntados, indícios de que as operações teriam sido realizadas por encomenda, não dizem respeitos às operações da Recorrente, pois os fatos constituídos nos autos demonstram que a fiscalização investigou as operações da Brasnet como um todo, e partir de suas conclusões, autuou todos aqueles que tinham com ela operado, sem inquirir sobre a especificidade de cada operação. Em face do exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário. Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo (assinado digitalmente) Declaração de Voto Conselheira MÉRCIA HELENA TRAJANO D'AMORIM Com o devido respeito à decisão acordada nesta Turma, seguem abaixo os motivos, mediante os quais exponho a minha discordância em relação à dispensa da multa prevista nos termos do art. 23, § 3º, do Decretolei nº 1.455/76, com a redação do art. 59 da Lei nº 10.637/2002, c/c art. 81, III, da Lei nº 10.833/2003, infração punível com a pena de perdimento, convertida em multa (100%) equivalente ao valor aduaneiro, caso as mercadorias não sejam localizadas ou tenham sido consumidas. Segundo o Relatório Fiscal, temse que: ....... A Segura Rio (real adquirente das mercadorias), em resposta à intimação da fiscalização, sobre os bens importados através das três DI investigadas (em nome da Brasplanet), nºs 10/20937051, 10/22862750 e 11/15115237, registradas em 26.11.2010, 23.12.2010 e 15.08.2011, respectivamente, totalizando o valor CIF de R$ 132.303,00, por ela (Segura Rio) adquiridos, no mesmo dia do seu desembaraço (as duas primeiras) e oito dias após o desembaraço (a terceira), informou que: a) não formalizara qualquer contrato com a Brasplanet, relativamente à importação desses bens; b) comprava (e pagava) as mercadorias importadas pela Brasplanet, após a sua entrega, sendo o Fl. 555DF CARF MF Impresso em 30/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 10/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORI M, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO 10 pagamento realizado mediante transferência bancária, carteira e boletos bancários; c) não adquiria os produtos do exterior, mas diretamente da Brasplanet, no RJ; e) remunerava a Brasplanet pelas mercadorias adquiridas; e f) desconhecia os trâmites da importação e não tinha qualquer interferência na compra dos bens no exterior ou na seleção dos fornecedores. Concluiu a fiscalização que as operações de comércio exterior da Brasplanet, tanto pela flagrante especificidade dos produtos importados, em grandes volumes, como também pelas coincidências de desembaraço dos bens com a sua imediata saída integral a poucos clientes, objetivamente comprovam que ela importava conforme pedidos dos reais adquirentes, e, no caso das três DI analisadas, por força de prévias encomendas feitas pela Segura Rio, real adquirente dos bens importados, empresa não habilitada para operações de comércio exterior, nos termos da INSRF nº 650/2006. A Segura Rio foi constituída em 09/02/2010 cujos sócios constam no contrato social ainda. A empresa não está habilitada a operar em comércio exterior, conforme fls. 09 a 14 do processo original e fl. 423 dos autos digitais. As mercadorias abrangidas pelas 3 Declarações de ImportaçãoDI fiscalizadas (em nome da Brasplanet), totalizaram o valor (CIF) de R$ 132.303,00, foram por ela (Segura Rio) absorvidas/adquiridas, no mesmo dia do seu desembaraço (as duas primeiras) e 8 dias após o desembaraço (a terceira), conforme quadro abaixo: DI/Adição Data desembaraço Data emissão NF 10/20937051 26.11.2010 26.11.2010 10/22862750 23.12.2010 23.12.2010 11/15115237 15.08.2011 23.08.2011 A segunda DI, por exemplo, acobertava a importação de: furadeiras com motor elétrico incorporado, com peso líquido de 2.778,40 kg; perfuratrizes de concreto, com peso líquido de 1.257 kg; e 10.500 unidades de discos de serras circulares para mármore, com peso líquido de 4.000 kg. Como ressaltou a decisão de primeira instância: As importações, registradas como diretas pela Brasplanet, são incompatíveis com a afirmação de um dos sócios da empresa, dada em resposta ao Termo nº 115/2012: “...em sendo recinto terceirizado (o depósito), envidamos esforços de vendas para obter compradores enquanto a mercadoria está em trânsito em alto mar, haja vista o longo período de transporte...” (Grifos acrescentados). Não há como supor que a Brasplanet importaria mais de 3.000 kg de furadeiras e perfuratrizes, e mais de 10.000 unidades de Fl. 556DF CARF MF Impresso em 30/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 10/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORI M, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO Processo nº 11762.720012/201381 Acórdão n.º 3201002.078 S3C2T1 Fl. 98 11 discos de serras para mármore (DI nº 10/22862750), produtos altamente específicos, e que, enquanto a carga era transportada por via marítima da China, “envidasse esforços” para buscar clientes no país que os absorvessem todos ou, ainda, que arcasse com as despesas do aluguel do depósito por um tempo indeterminado, até encontrar os clientes. Observase que as operações são compatíveis com encomendas prévias. A Brasplanet importava conforme pedidos feitos por reais adquirentes, no caso, a empresa Segura Rio, real adquirente oculto dos bens importados através das três DI mencionadas, empresa não habilitada para operar no comércio exterior, nos termos da INSRF nº 650/06. Então, a Brasplanet registrou as suas operações como próprias, de consumo, conforme dossiês das três DI juntadas aos autos. No entanto, percebese que as mercadorias por ela importadas já o foram com uma destinação certa: um real adquirente que permaneceu oculto no caso das DI analisadas, a empresa Segura Rio. O importador Brasplanet não possuía recursos para realizar as importações analisadas, o que envereda à presunção legal, conforme o art. 27 da Lei nº 10.637/2002, de que elas foram realizadas com os recursos do encomendante. Por sua vez, os art. 2o e 3o da INSRF n° 634/2006 foram estabelecidas as obrigações de vinculação das partes no Siscomex, habilitação dos dois intervenientes e identificação, em cada DI, pelo importador de direito, do CNPJ do encomendante, obrigações que visam garantir o adimplemento das obrigações principais do IPI, bem como do PIS e Cofins, por parte de importadora de direito e encomendante, que deveriam se equiparar à industrial, então sua inobservãncia, resulta em prejuízo ao controle aduaneirono comércio exterior brasileiro. Em sendo assim, a Brasplanet cedeu seu nome para a realização de negócios de comércio exterior de terceiros, ocultando e acobertando os reais intervenientes das operações, razão pela qual sujeitouse à aplicação da multa prevista no caput do art. 33 da Lei n.° 11.488/2007, para cada uma das operações de importações, de acordo com as informações prestadas pela fiscalização, multa constante de outro processo administrativo. Portanto, foi aplicada à Segura Rio, a sanção prevista no Decretolei n° 1.455/76, art. 23, inciso V, §§1° e 3o, com redação do art. 59, da Lei n° 10.637/02, relativamente às DI cujos bens reverteram pontualmente a ela, conforme cruzamento das extrações de dados do DW aduaneiro e do ContÁgil (NFe), tendo em vista, dano ao erário a ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação mediante fraude, simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros, infração esta punida com o perdimento das mercadorias ou multa equivalente ao seu valor aduaneiro. (assinado digitalmente) MÉRCIA HELENA TRAJANO D'AMORIM Fl. 557DF CARF MF Impresso em 30/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 10/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORI M, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO 12 Fl. 558DF CARF MF Impresso em 30/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 10/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORI M, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO
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Numero do processo: 13975.000189/2007-40
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 01 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue May 24 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples
Ano-calendário: 2004
SIMPLES FEDERAL. INEXISTÊNCIA DE ATIVIDADE VEDADA.
As pessoas jurídicas cuja atividade seja de prestação de serviços de reparo e manutenção em motores elétricos de roçadeiras e por não assemelhar-se às atividades de engenheiro, não estão impedidas de optar pelo Simples.
Numero da decisão: 1302-001.808
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
EDELI PEREIRA BESSA - Presidente.
(assinado digitalmente)
ROGÉRIO APARECIDO GIL - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edeli Pereira Bessa (Presidente), Ana de Barros Fernandes Wipprich, Alberto Pinto Souza Júnior, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Luiz Tadeu Matosinho Machado (Suplente) e Rogério Aparecido Gil. Ausente, momentaneamente, a Conselheira Talita Pimenta Félix.
Nome do relator: ROGERIO APARECIDO GIL
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INEXISTÊNCIA DE ATIVIDADE VEDADA. As pessoas jurídicas cuja atividade seja de prestação de serviços de reparo e manutenção em motores elétricos de roçadeiras e por não assemelharse às atividades de engenheiro, não estão impedidas de optar pelo Simples. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) EDELI PEREIRA BESSA Presidente. (assinado digitalmente) ROGÉRIO APARECIDO GIL Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edeli Pereira Bessa (Presidente), Ana de Barros Fernandes Wipprich, Alberto Pinto Souza Júnior, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Luiz Tadeu Matosinho Machado (Suplente) e Rogério Aparecido Gil. Ausente, momentaneamente, a Conselheira Talita Pimenta Félix. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 5. 00 01 89 /2 00 7- 40 Fl. 124DF CARF MF Impresso em 24/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2016 por ROGERIO APARECIDO GIL, Assinado digitalmente em 23/05/201 6 por ROGERIO APARECIDO GIL, Assinado digitalmente em 24/05/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado d igitalmente em 23/05/2016 por ROGERIO APARECIDO GIL 2 Tratase de recurso voluntário, interposto pela contribuinte, face ao Acórdão nº 1261.252 da 4ª Turma da DRJ/RJ1, cuja ementa assim dispõe: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2004 CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. É incabível a alegação de cerceamento do direito de defesa, quando todas as situações que ensejaram o feito fiscal estiverem perfeitamente identificadas dando suporte material suficiente para que o sujeito passivo possa conhecêlas e apresentar sua defesa. ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Anocalendário: 2004 OPÇÃO. IMPEDIMENTO. ATIVIDADE VEDADA. Quando a empresa não produz provas capazes de reverter o Ato Declaratório Executivo terá a sua exclusão do sistema simplificado ratificada. Manifestação de Inconformidade Improcedente Sem Crédito em Litígio O relatório da DRJ é completo e apresenta de forma precisa e objetiva os fatos e fundamentos relevantes para a apreciação do acórdão recorrido, o qual transcrevemos a seguir: DO ATO DECLARATÓRIO EXECUTIVO Tratam os autos do ATO DECLARATÓRIO EXECUTIVO DRF/BLU n° 556.190, de 02 de agosto de 2004 (fl.23), expedido pelo Delegado da Receita Federal daquele órgão, Sr.Edison José Santana da Cruz, cientificando a interessada acerca de sua exclusão de regime tributário do Simples, como abaixo se reproduz: "Art. 1°. Fica o contribuinte, a seguir identificado, excluído do Simples a partir do dia 01/05/2004 pela ocorrência da situação excludente indicada abaixo. Nome: BRAATZ SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO E REPAROS DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS LTDA. CNPJ: 85.778.215/000190 Data da opção pelo Simples: 01/01/1997 Situação excludente: (evento 306) Descrição: atividade econômica vedada: 31810/03 Manutenção e reparação de motores elétricos Data da ocorrência: 15/04/2004 Fl. 125DF CARF MF Impresso em 24/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2016 por ROGERIO APARECIDO GIL, Assinado digitalmente em 23/05/201 6 por ROGERIO APARECIDO GIL, Assinado digitalmente em 24/05/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado d igitalmente em 23/05/2016 por ROGERIO APARECIDO GIL Processo nº 13975.000189/200740 Acórdão n.º 1302001.808 S1C3T2 Fl. 3 3 Fundamentação legal: Lei n° 9.317, de 05/12/1996; art. 9°, XIII; art.12; art.14. 1; art.15, II. Medida Provisória n° 2.15834, de 27/07/2001; art.73. Instrução Normativa SRF n° 355, de 29/08/2003; art.20, XII; art..21; art.23,1; art.24, II, c/c parágrafo único." DA SOLICITAÇÃO DE REVISÃO DA EXCLUSÃO DO SIMPLES Restando insatisfeita com o feito fiscal supradito, do qual tomou ciência em 27/08/2004 (fl.34), a interessada protocolizou em 20/09/2004, na ARF RIO DO SUL SC a SRS n° 09204/556190 (fls.29/30), na qual apresenta as suas razões, como abaixo reproduzimos: • "A exclusão se deu tendo em vista ser a atividade econômica praticada assemelharse às desenvolvidas pelas empresas de engenharia elétrica, cujos profissionais são formados em cursos superiores, inscritos no CREA e possuem conhecimento técnico muito além do nosso; • Segundo o Contrato Social tem por objeto social a manutenção e reparos de motores elétricos, os quais, reconhecidamente, são banais, e podem ser exercidos por qualquer pessoa que detenha algum conhecimento de eletrônica, mesmo sem curso superior; • Até concorda que as suas atividades se assemelham àquelas de engenharia elétrica, todavia o seu exercício não está condicionado à qualquer habilitação profissional exigida por lei; • Oportuno é o voto proferido na ADIN n° 1.6431, pelo Ministro do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, Sr. MAURÍCIO CORRÊA, que escreveu que "a razoabilidade da Lei n° 9.317/1996 consiste em beneficiar as pessoas que não possuem habilitação profissional exigida por lei, seguramente as de menor capacidade contributiva e sem estrutura bastante para atender a complexidade burocrática comum aos empresários de maior porte e aos profissionais liberais"; • De fato, outra não pode ser a conclusão, de que a disposição inserida no inciso XIII, do art. 9°, da Lei n° 9.317/1996, após relacionar as atividades impedidas de usufruir do benefício fiscal, alí instituído, enuncia, ao final, o princípio que constitui a base da mesma,qual seja, o de que estariam abarcados pelo óbice quaisquer outras atividades"cu/o exercício dependa de habilitação profissional legalmente exigida"; • Colocada nestes termos, não há como se cogitar em nossa exclusão, especialmente por não se vislumbrar razoabilidade ou coerência no argumento de que, para exercício de atividades tão triviais pudesse ser exigido algum tipo de habilitação profissional; • As nossas atividades sempre foram aceitas pela Receita Federal do Brasil como sendo compatíveis com o SIMPLES. Fl. 126DF CARF MF Impresso em 24/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2016 por ROGERIO APARECIDO GIL, Assinado digitalmente em 23/05/201 6 por ROGERIO APARECIDO GIL, Assinado digitalmente em 24/05/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado d igitalmente em 23/05/2016 por ROGERIO APARECIDO GIL 4 Esta mudança de entendimento que agora ocorre, não pode, de modo algum importar em prejuízos para nós, que optamos de boa fé, e vínhamos recolhendo pela sistemática do Simples por acharmos agasalhados pela lei, até pela natureza das atividades; • Com efeito, a retroatividade da exclusão e a cobrança de diferenças é condenável por violar direito adquirido (CF/88 art. 5°, XXXVI) do contribuinte de ser tributado pela sistemática do SIMPLES, pelo menos até o recebimento do ADE; • DO EXPOSTO requer o cancelamento do ADE, em comento, e a sua manutenção na opção do SIMPLES." DO RESULTADO DA SRS Por meio da "Comunicação Simples n° 113/DRF/BLU/SACAT (fl.24), o Chefe da sessão, em apreço, cientificou a interessada (conforme. cópia do AR de fl.28, em 27/05/2007) ter considerado improcedentes os seus argumentos, indeferiu a sua SRS de n° 09204/556.190 (fls.29/30), tendo em vista não ter vislumbrado erro de fato em suas alegações. DO RECURSO Uma vez se mostrando irresignada com o indeferimento da SRS, repito, da qual tomou conhecimento em 21/05/2007, a interessada protocolizou na ARF RIO DO SUL SC, em 18/06/2007 sua manifestação de inconformidade (fls.02/13), que se fez acompanhar da documentação de fls.13/22, onde declara que: I OS FATOS • É empresa prestadora de serviços de manutenção e conserto de motores elétricos, e como tal, recupera e conserta motores elétricos dos tipos para roçadeira e eletrodomésticos, em geral, porém, foi excluída do SIMPLES por exercer atividade econômica semelhante à de engenheiro elétrico; • Peiteou revisão que foi indeferida, no que discorda. II O DIREITO PRELIMINAR • O ADE foi emitido sem qualquer processo administrativo que resultasse em prova de que a sua atividade, realmente, fosse assemelhada à de engenharia elétrica, ou mesmo se equiparasse às atividades de engenheiro, então pela averiguação do "código de atividade" foi excluída do regime tributário simplificado, sem qualquer justificativa; • A este respeito, e no intuito de reforçar a sua tese, acrescentou à sua manifestação de inconformidade acórdão exarado pelo CC, hoje CARF; • Assim, não nos foi dada oportunidade de defesa, e sequer foi provado que suas atividades são impeditivas ao Simples. II.2 MÉRITO Fl. 127DF CARF MF Impresso em 24/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2016 por ROGERIO APARECIDO GIL, Assinado digitalmente em 23/05/201 6 por ROGERIO APARECIDO GIL, Assinado digitalmente em 24/05/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado d igitalmente em 23/05/2016 por ROGERIO APARECIDO GIL Processo nº 13975.000189/200740 Acórdão n.º 1302001.808 S1C3T2 Fl. 4 5 • O ADE que determinou a sua exclusão sumária do Simples está equivocado, haja vista que exerce a atividade de manutenção e reparos em motores elétricos desde a sua constituição em 01/01/1997, e assim cumprindo com as obrigações acessórias e principais, e tais atividades em nada se identificam com serviços de engenharia elétrica; • O tratamento diferenciado das ME e das EPP é previsão constitucional, uma vez que a Lei n° 9.317/1996 teve como objetivo a regulamentação do art.179 da CF/1988; • "É de se notar que o legislador ao eleger a atividade econômica desempenhada pela pessoa jurídica como sendo obstáculo à admissão no tratamento diferenciado do SIMPLES, não levou em conta o porte econômico do contribuinte, mas tão somente a atividade exercida"; • A interpretação da norma que previu a condição excludente não pode prevalecer sem que se estabeleçam limites, sendo, pois, desnecessários maiores argumentos para se concluir que a atividade prestada pelo "eletricista" não exige preparação específica ou habilitação legalmente exigida: • Acerca do que afirmou acrescentou à sua defesa excertos de jurisprudência judicial; • Com o advento da Lei 10.964/2004 as nossas atividades econômicas não são impeditivas de opção pelo Simples, inclusive com efeitos retroativos. Aproveita, então o ensejo, para reproduzir o art. 4° do diploma legal em referência; • Aliás, assevera, o ADE deveria ser objeto de cancelamento nos termos do § 3°, do dispositivo legal retrocitado; III A CONCLUSÃO • À vista do que foi exposto, requer: a) Seja admitida a presente manifestação de inconformidade no seu efeito suspensivo; b) Declarada a nulidade do ADE n° 556.190, restabelecendo os efeitos da nossa opção pelo regime do "SIMPLES", por medida de inteira justiça; É O RELATÓRIO. O presente processo é examinado somente agora, em razão do volume de Ministro da Fazenda e do Secretário da Receita Federal (art. 27 do Decreto n° 70.235/1972, com redação dada pelo art. 67 da Lei n° 9.532/1997). A DRJ proferiu o seguinte acórdão: Fl. 128DF CARF MF Impresso em 24/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2016 por ROGERIO APARECIDO GIL, Assinado digitalmente em 23/05/201 6 por ROGERIO APARECIDO GIL, Assinado digitalmente em 24/05/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado d igitalmente em 23/05/2016 por ROGERIO APARECIDO GIL 6 Vistos, relatados e discutidos, os autos do processo em epígrafe, ACORDAM, por unanimidade de votos, os membros desta turma, REJEITAR A PRELIMINAR DE CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA e NÃO ACOLHER A MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE de fls.02/13 e MANTER O ATO DECLARATÓRIO EXECUTIVO DRF/BLU n° 556.190, de 02 de agosto de 2004 (fl.23). A recorrente foi notificada do acórdão da DRJ, em 17/12/2013 (fl. 53)e regularmente representada (fls. 62/81), interpôs recurso voluntário em 14/01/2014 (fls. 55/61), de cujas razões de defesa transcrevese os seguintes pontos relevantes à apreciação do pedido em questão: "...a recorrente faz da manutenção, rebobinamento e recuperação de motores elétricos para roçadeiras e eletrodomésticos em geral sua exclusiva atividade. Ela se apresenta como empresa de baixa capacidade econômica. Assim, a sua exclusão do SIMPLES Federal acarretaria em risco de inviabilização de sua manutenção. A fim de comprovar o alegado, a recorrente acosta à presente peça fotografias do espaço físico da empresa, as quais dão conta da situação. Como se vê, o espaço físico é pequeno, limitado, contando apenas com os equipamentos mínimos necessários para atender à pequena demanda. (...) Ademais, com relação especificamente ao ramo de atividade da recorrente, reiterase, em nada se compara ao de engenheiro elétrico. Para comprovar tal alegação, a recorrente acosta cópias das notas fiscais dos serviços emitidas. Denotase de tais documentos que todos os serviços efetuados pela recorrente se limitam aos procedimentos já mencionados, ou seja, manutenção, rebobinamento e recuperação de motores elétricos para roçadeiras e p'etrodomésticos em geral. A recorrente NÃO efetua nenhuma atividade que exija rofissional habilitado em engenharia. A atividade exercida pela recorrente, como se vê, é atinente ao eletricista, para cujo exercício, como é sabido, é dispensada preparação específica ou habilitação legalmente exigida. Assim, não há impedimento para que a recorrente permaneça no Simples Federal. Este é o entendimento esposado pelo próprio CARF, já sumulado como se vê: Súmula CARF 57: A prestação de serviços de manutenção, assistência técnica, instalação ou reparos em máquinas e equipamentos, bem como os serviços de usinagem, solda, tratamento e revestimento de metais, não se equiparam a serviços profissionais prestados por engenheiros e não impedem o ingresso ou a permanência da pessoa jurídica no SIMPLES Federal. (...) Fl. 129DF CARF MF Impresso em 24/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2016 por ROGERIO APARECIDO GIL, Assinado digitalmente em 23/05/201 6 por ROGERIO APARECIDO GIL, Assinado digitalmente em 24/05/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado d igitalmente em 23/05/2016 por ROGERIO APARECIDO GIL Processo nº 13975.000189/200740 Acórdão n.º 1302001.808 S1C3T2 Fl. 5 7 Cita julgamentos do CARF relativos a semelhante prestação de serviços e prossegue com os seguintes argumentos e fundamentos legais: Ora, Ilustres Senhores Conselheiros, as atividades prestadas pela empresa recorrente, quais sejam, de prestação de serviços de conserto de aparelhos elétricos e eletrônicos não se enquadram na atividade de engenheiro, nem exigem profissional legalmente habilitado. Inaplicável, portanto, a vedação do art. 99, XIII, da Lei 9.317/1996. E, de acordo com o entendimento esposado pelo citado Tribunal, a Lei 10.964/2004 afastou as restrições contidas na Lei 9.317/1996 às pessoas jurídicas que se dedicam às atividades de serviços de instalação, manutenção e reparação de máquinas de escritório e de informática, assim como a serviços de manutenção e reparação de aparelhos eletrodomésticos caso da empresa recorrente. A própria norma determinou a reinclusão no SIMPLES com efeitos retroativos (art. 42 da Lei 10.964/2004), senão vejase: Art. 49. Ficam excetuadas da restrição de que trata o inciso XIII do art. 9 o da Lei n o 9.317, de 5 de dezembro de 1996, as pessoas jurídicas que se dediquem às seguintes atividades: I serviços de manutenção e reparação de automóveis, caminhões, ônibus e outros veículos pesados; II serviços de instalação, manutenção e reparação de acessórios para veículos automotores; III serviços de manutenção e reparação de motocicletas, motonetas e bicicletas; IV serviços de instalação, manutenção e reparação de máquinas de escritório e de informática; V serviços de manutenção e reparação de aparelhos eletrodomésticos. Ilustres Senhores Conselheiros, em que pese o respeito que nutrimos pelos nobres julgadores que mantiveram o Ato Declaratório Executivo DRF/BLU n. 556/190, de 2 de agosto de 2004, é evidente que tal decisão deve ser reformada, uma vez que a própria legislação enquadra a recorrente no SIMPLES Federal, como se viu. Caso os argumentos e documentos acostados não sejam suficientes para que os Ilustres Senhores Conselheiros modifiquem a decisão e mantenham a recorrente no SIMPLES Federal o que não se admite então requerse seja procedida a vistoria in loco da sede da empresa, para que se constate a veracidade das alegações apostas no presente recurso. É o relatório. Fl. 130DF CARF MF Impresso em 24/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2016 por ROGERIO APARECIDO GIL, Assinado digitalmente em 23/05/201 6 por ROGERIO APARECIDO GIL, Assinado digitalmente em 24/05/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado d igitalmente em 23/05/2016 por ROGERIO APARECIDO GIL 8 Voto Conselheiro ROGÉRIO APARECIDO GIL A recorrente está regularmente representada e por ser tempestivo, conheço do recurso voluntário. Do Voto da DRJ destacamse os seguintes pontos: DO MÉRITO O sistema integrado de pagamento de impostos e contribuições das microempresas e das empresas de pequeno porte Simples constitui incentivo tributário de competência o 'egislador ordinário, conforme atribuição conferida pelo art. 179 da Carta Magna, a ele incumbe delimitar seu alcance e beneficiários. Logo, optando o legislador pela exclusão do b ^neficio para as pessoas jurídicas que exerçam as atividades vedadas relacionadas no art. 9° da Lei n° 9.317, de 1996, somente as empresas que desenvolvam atividades não vedadas poderão usufruir do incentivo, porquanto a extensão do benefício fiscal a situações não abrangidas pela norma desrespeita a exegese do art. 111, II, do CTN. In casu, a interessada recebeu o ADE DRF/BLU n° 556.190, de 02 de agosto de 2004 (fl.23), que a excluiria do regime tributário do Simples Federal a partir de 01/05/2004, cuja fundamentação legal se encontra no inciso XIII, do art. 9°, da Lei n° 9.317, de 05/12/1996, como abaixo se mostra: Art. 9° Não poderá optar pelo Simples a pessoa jurídica: (...) XIII que preste serviços profissionais de corretor, representante comercial, despachante, ator, empresário, diretor ou produtor de espetáculos, cantor, músico, dançarino, médico, dentista, enfermeiro, veterinário, engenheiro, arquiteto, físico, químico, economista, contador, auditor, consultor, estatístico, administrador, programador, analista de sistema, advogado, psicólogo, professor, jornalista, publicitário, fisicultor, ou assemelhados, e de qualquer outra profissão cujo exercício dependa de habilitação profissional legalmente exigida;" De acordo com a Cláusula Terceira do Contrato Social (fls. 15/19), a interessada exerce as seguintes atividades: a) Serviços de manutenção e reparos de equipamentos elétricos; b) Comércio varejista de componentes elétricos. A interessada assevera ser uma empresa prestadora de serviços de manutenção e conserto de motores elétricos, e como tal, Fl. 131DF CARF MF Impresso em 24/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2016 por ROGERIO APARECIDO GIL, Assinado digitalmente em 23/05/201 6 por ROGERIO APARECIDO GIL, Assinado digitalmente em 24/05/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado d igitalmente em 23/05/2016 por ROGERIO APARECIDO GIL Processo nº 13975.000189/200740 Acórdão n.º 1302001.808 S1C3T2 Fl. 6 9 recupera e conserta motores elétricos dos tipos para roçadeira e eletrodomésticos, em geral, porém, foi excluída do SIMPLES por exercer atividade econômica semelhante à de engeheiro elétrico. Porém, do que se vê, e por conseguinte, se depreende a partir da leitura da supradita Cláusula Terceira (fl. 16), traznos um sentido bem mais amplo para sua atividade econômica, lá descrita, do que aquilo que a interessada nos quer transmitir, e afinal de contas, nenhuma prova capaz de robustecer o que a interessada postula, em sua manifestação de inconformidade (fls.02/13), foi trazida aos autos. Dessa forma, tendo em vista que a única prova constante do processo sobre as atividades da interessada não tem força probante suficiente para que possa reverter a situação de sua exclusão. DA CONCLUSÃO Em face de tudo o que foi exposto, decido NÃO ACOLHER a MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE de fls.02/13, e MANTER o ATO DECLARATÓRIO EXECUTIVO DRF/BLU n° 556.190, de 02 de agosto de 2004 (fl.23). Respeitada essa conclusão, verifico, de modo diverso que assiste razão à recorrente, conforme passo a analisar. As atividades descritas pela recorrente, no sentido de que faz da manutenção, rebobinamento e recuperação de motores elétricos para roçadeiras e eletrodomésticos em geral sua exclusiva atividade, não equivalem, via de regra, a serviços profissionais de engenheiro ou assemelhado. Isto porque, a própria Resolução nº 218, de 29 de junho de 1973, do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, que discrimina atividades das diferentes modalidades profissionais da Engenharia, Arquitetura e Agronomia, também assim dispõe: Art. 1º Para efeito de fiscalização do exercício profissional correspondente às diferentes modalidades da Engenharia, Arquitetura e Agronomia em nível superior e em nível médio, ficam designadas as seguintes atividades: Atividade 01 Supervisão, coordenação e orientação técnica; Atividade 02 Estudo, planejamento, projeto e especificação; Atividade 03 Estudo de viabilidade técnicoeconômica; Atividade 04 Assistência, assessoria e consultoria; Atividade 05 Direção de obra e serviço técnico; Atividade 06 Vistoria, perícia, avaliação, arbitramento, laudo e parecer técnico; Atividade 07 Desempenho de cargo e função técnica; Atividade 08 Ensino, pesquisa, análise, experimentação, ensaio e divulgação técnica; extensão; Atividade 09 Elaboração de orçamento; Atividade 10 Padronização, mensuração e controle de qualidade; Atividade 11 Execução de obra e serviço técnico; Atividade 12 Fiscalização de obra e serviço técnico; Fl. 132DF CARF MF Impresso em 24/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2016 por ROGERIO APARECIDO GIL, Assinado digitalmente em 23/05/201 6 por ROGERIO APARECIDO GIL, Assinado digitalmente em 24/05/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado d igitalmente em 23/05/2016 por ROGERIO APARECIDO GIL 10 Atividade 13 Produção técnica e especializada; Atividade 14 Condução de trabalho técnico; Atividade 15 Condução de equipe de instalação, montagem, operação, reparo ou manutenção; Atividade 16 Execução de instalação, montagem e reparo; Atividade 17 Operação e manutenção de equipamento e instalação; Atividade 18 Execução de desenho técnico. [...] Art. 8º Compete ao ENGENHEIRO ELETRICISTA ou ao ENGENHEIRO ELETRICISTA, MODALIDADE ELETROTÉCNICA: I o desempenho das atividades 01 a 18 do artigo 1º desta Resolução, referentes à geração, transmissão, distribuição e utilização da energia elétrica; equipamentos, materiais e máquinas elétricas; sistemas de medição e controle elétricos; seus serviços afins e correlatos. Se, conforme disposições acima destacadas, o próprio Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia entende que a execução de obra e serviço técnico são atividades executáveis também por tecnólogos e técnicos de nível médio, é razoável concluir que as atividades em questão executadas pela recorrente, não constituemse em um serviço típico de engenheiro (ou assemelhado). Apreciando litígios formados em razão da exclusão de optantes que exerciam atividades de manutenção de máquinas e equipamentos, este Conselho, depois de reiteradas decisões, editou a Súmula CARF nº 57, citada pelo recorrente, retro transcrita.. Eventualmente poderseia questionar a aplicação da Súmula CARF nº 57 a serviços que não tratam de máquinas e equipamentos de uso comum. O que se vê, porém, é que a Súmula não distingue quais máquinas e equipamentos sujeitamse a manutenção, assistência técnica, instalação ou reparos, nem especifica qual a forma de execução destas atividades. Assim, confrontando o consignado em seu objeto social (e declarado pela interessada) com o teor dos dispositivos legais, não haveria fundamento para o ADE em comento, eis que não há como se enquadrar o caso em tela às vedações da Lei 9.317/1996, em seu artigo 9º, inciso XIII, pois não há como se concluir que os trabalhos realizados pelo recorrente seriam assemelhados às atividades de engenheiros. Por todo o exposto, voto por DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. ROGÉRIO APARECIDO GIL Relator Fl. 133DF CARF MF Impresso em 24/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2016 por ROGERIO APARECIDO GIL, Assinado digitalmente em 23/05/201 6 por ROGERIO APARECIDO GIL, Assinado digitalmente em 24/05/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado d igitalmente em 23/05/2016 por ROGERIO APARECIDO GIL Processo nº 13975.000189/200740 Acórdão n.º 1302001.808 S1C3T2 Fl. 7 11 Fl. 134DF CARF MF Impresso em 24/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2016 por ROGERIO APARECIDO GIL, Assinado digitalmente em 23/05/201 6 por ROGERIO APARECIDO GIL, Assinado digitalmente em 24/05/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado d igitalmente em 23/05/2016 por ROGERIO APARECIDO GIL
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Numero do processo: 12898.000061/2009-45
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 09 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Wed Apr 13 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2003, 2004, 2005
LUCRO INFLACIONÁRIO REALIZADO. DECADÊNCIA-
O prazo decadencial do lucro inflacionário conta-se a partir do exercício em que deve ser tributada sua realização e não de seu diferimento.
LUCRO INFLACIONÁRIO. REALIZAÇÃO MÍNIMA. PARCELAS DECAÍDAS
A partir de 1º de janeiro de 1996, a pessoa jurídica deverá realizar, no mínimo, dez por cento do lucro inflacionário acumulado existente em 31/12/1995. Na apuração do saldo do lucro inflacionário acumulado a ser tributado na realização devem-se considerar realizações mínimas anteriores, ainda que não tributadas por haverem sido alcançadas pelo instituto da decadência.
AÇÃO JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA COM PROCESSO ADMINISTRATIVO
A propositura de ação judicial prévia ou posteriormente ao lançamento, com o mesmo objeto, importa em renúncia às instâncias administrativas.
Numero da decisão: 1401-001.441
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, DAR provimento PARCIAL para reconhecer a decadência do lucro inflacionário realizado do ano-calendário de 2003, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Antonio Bezerra Neto - Presidente
(assinado digitalmente)
Fernando Luiz Gomes de Mattos - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Bezerra Neto (Presidente), Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Fernando Luiz Gomes de Mattos, Marcos de Aguiar Villas Boas, Ricardo Marozzi Gregorio e Livia De Carli Germano.
Nome do relator: FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS
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ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2003, 2004, 2005 LUCRO INFLACIONÁRIO REALIZADO. DECADÊNCIA O prazo decadencial do lucro inflacionário contase a partir do exercício em que deve ser tributada sua realização e não de seu diferimento. LUCRO INFLACIONÁRIO. REALIZAÇÃO MÍNIMA. PARCELAS DECAÍDAS A partir de 1º de janeiro de 1996, a pessoa jurídica deverá realizar, no mínimo, dez por cento do lucro inflacionário acumulado existente em 31/12/1995. Na apuração do saldo do lucro inflacionário acumulado a ser tributado na realização devemse considerar realizações mínimas anteriores, ainda que não tributadas por haverem sido alcançadas pelo instituto da decadência. AÇÃO JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA COM PROCESSO ADMINISTRATIVO A propositura de ação judicial prévia ou posteriormente ao lançamento, com o mesmo objeto, importa em renúncia às instâncias administrativas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, DAR provimento PARCIAL para reconhecer a decadência do lucro inflacionário realizado do ano calendário de 2003, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 89 8. 00 00 61 /2 00 9- 45 Fl. 551DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 2/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 12898.000061/200945 Acórdão n.º 1401001.441 S1C4T1 Fl. 3 2 Antonio Bezerra Neto Presidente (assinado digitalmente) Fernando Luiz Gomes de Mattos Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Bezerra Neto (Presidente), Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Fernando Luiz Gomes de Mattos, Marcos de Aguiar Villas Boas, Ricardo Marozzi Gregorio e Livia De Carli Germano. Relatório Por bem descrever os fatos, adoto e transcrevo parcialmente o relatório que consta da decisão de piso, fls. 367: Do lançamento O presente processo tem origem no auto de infração de fls. 266/273, datado de 26/01/2009, por meio do qual está sendo exigido da interessada acima qualificada o crédito tributário de Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ, no valor de R$ 1.975.550,94, acrescido da multa de ofício, no percentual de 75% e demais encargos moratórios, decorrente de adição a menor ao lucro líquido, para obtenção do lucro real, da realização mínima de lucro inflacionário nos exercícios de 2004, 2005 e 2006, anoscalendário 2003,2004e2005. A interessada deveria ter realizado o montante anual de R$ 2.749.974,58, equivalentes a dez por cento do saldo de Lucro Inflacionário Acumulado existente em 31 de dezembro de 1995, no valor de R$ 27.499.745,85 conforme o Sistema de Acompanhamento do Prejuízo e Lucro Inflacionário SAPLI (fls. 176/181), tendo realizado R$ 114.689,12 em cada um dos anos calendário de 2003 e 2004 e R$ 118.341,65 no anocalendário de 2005, resultando nas diferenças anuais de R$ 2.635.285,46 nos anoscalendário de 2003 e 2004 e R$ R$ 2.631.632,93 no anocalendário de 2005. O lançamento teve como enquadramento legal os artigos 8o da Lei n° 9.065, de 20 de junho de 1995; artigos 6o e 7o da Lei n° 9.249, de 26 de dezembro de 1995; e arts. 249, inciso I, e 449 do Regulamento para o Imposto de RendaRIR/1999, aprovado pelo Decreto n° 3.000, de 26 de março de 1999. Da Impugnação Inconformada com o lançamento, a interessada apresentou, em 20/02/2009, a peça impugnatória de fls. 278/284, juntando os documentos de fls. 285/299, onde argüi a tempestividade, descreve a autuação, discorre sobre a regras de diferimento e Fl. 552DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 2/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 12898.000061/200945 Acórdão n.º 1401001.441 S1C4T1 Fl. 4 3 realização do lucro inflacionário e reafirma que seu saldo de lucro inflacionário acumulado em 31/12/1995 montava em R$ 1.475.696,23, conforme cópia do seu Livro de Apuração do Lucro RealLalur, saldo este que deveria ser realizado no prazo de dez anos. Alega que em 31/12/2002 já havia realizado R$ 1.127.976,34 daquele saldo de lucro inflacionário, restando R$ 347.719,89, que deveria ser realizado nos anos seguintes de 2003, 2004 e 2005 pelo montante anual de R$ 115.906.63. Reconhece que nos anos de 2003 e 2004 realizou somente R$ 114.906,63, que ensejou uma diferença de R$ 1.217,51 em cada ano calendário, totalizando R$ 2.435,02. Já no ano de 2005, tendo identificado tal diferença, realizou espontaneamente o montante de R$ 118.341,65, sanando as inconsistências dos anos de 2003 e 2004 e realizando integralmente o saldo de lucro inflacionário remanescente. Encerra pedindo seja julgado improcedente o auto de infração, cancelandose a exigência fiscal a título de IRPJ e penalidades aplicadas. A DRJ Rio de Janeiro I julgou o lançamento procedente em parte, por meio de Acórdão assim ementado, fls. 354: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2000, 2001 LUCRO INFLACIONÁRIO REALIZADO. DECADÊNCIA O prazo decadencial do lucro inflacionário contase a partir do exercício em que deve ser tributada sua realização e não de seu diferimento. LUCRO INFLACIONÁRIO. REALIZAÇÃO MÍNIMA. PARCELAS DECAÍDAS A partir de 1º de janeiro de 1996, a pessoa jurídica deverá realizar, no mínimo, dez por cento do lucro inflacionário acumulado existente em 31/12/1995. Na apuração do saldo do lucro inflacionário acumulado a ser tributado na realização devemse considerar realizações mínimas anteriores, ainda que não tributadas por haverem sido alcançadas pelo instituto da decadência. AÇÃO JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA COM PROCESSO ADMINISTRATIVO A propositura de ação judicial prévia ou posteriormente ao lançamento, com o mesmo objeto, importa em renúncia às instâncias administrativas. Fl. 553DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 2/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 12898.000061/200945 Acórdão n.º 1401001.441 S1C4T1 Fl. 5 4 JUROS DE MORA. INCIDÊNCIA. INSUFICIÊNCIA DE DEPÓSITO JUDICIAL Inexistindo suspensão da exigibilidade do crédito tributário, ante a falta de depósito judicial do montante integral devido, é legítima a exigência de juros moratórios sobre o valor mantido. Lançamento Procedente em Parte Cientificada do Acórdão em 05/08/2011 (fls. 372), a contribuinte apresentou em 06/09/2011 o recurso voluntário de fls. 374391, inovando completamente seus argumentos de defesa, em relação àqueles que foram apresentados na fase impugnatória. Preliminarmente, argüiu a decadência do direito de constituir o crédito tributário de IRPJ referente ao anocalendário de 2003, com fundamento no art. 150, § 4º do CTN. No mérito, a recorrente alegou ter optado pelo reconhecimento e consequente tributação imediata do saldo credor complementar (diferença IPC x BTNF), efetuando o recolhimento integral do tributo em cota única, por meio de depósito judicial nos autos do Mandado de Segurança n° 93.00203681. Sobre o tema, acrescentou a recorrente, fls. 385386: [...] por entender que não deveria adicionar à base de cálculo do Imposto de Renda o saldo credor oriundo da correção monetária complementar IPC x BTNF de 1990, posto que esse procedimento viola os princípios do ato jurídico perfeito e da irretroatividade da lei fiscal gravosa, em 10/09/1993, a Recorrente ajuizou o Mandado de Segurança n.° 93.00203681. com o objetivo de garantir o seu direito líquido e certo de não reconhecer os efeitos da diferença de correção monetária complementar de 1990 pelos índices IPC x BTNF nos seus resultados, e tampouco sua realização. Em 22.09.93, o Juízo Federal da 2 1 a Vara/RJ, proferiu despacho deferindo a liminar requerida naqueles autos para suspender a exigibilidade do crédito tributário relativo ao IRPJ incidente sobre a parcela da correção monetária das demonstrações financeiras relativas ao períodobase de 1990 (correspondente à diferença entre a variação do IPC e do BTN Fiscal), mediante o depósito integral do valor questionado, o qual foi devidamente efetuado pela Recorrente em 30/09/93, perante a Caixa Econômica Federal na conta n.° 21.000.4826 (doe. 02). Atualmente, muito embora haja sido proferida sentença desfavorável à Recorrente, em 10.10.97, foi interposto Recurso Extraordinário, visando a reforma integral do acórdão proferido pela 1 a Turma do Tribunal Regional Federal da 2a Região, o qual encontrase pendente de julgamento no Supremo Tribunal Federal (RE 204.515), permanecendo integralmente depositado o valor do débito questionado, que será levantado ou convertido em renda da União somente após o transito em julgado da ação. Fl. 554DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 2/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 12898.000061/200945 Acórdão n.º 1401001.441 S1C4T1 Fl. 6 5 Insta consignar, deixando cristalina a questão, que para a realização do depósito judicial, a Recorrente, complementarmente, calculou a correção monetária de balanço do períodobase de 1990 utilizando o IPC, e tratou a diferença encontrada em relação ao cálculo feito com o BTN Fiscal como um acréscimo ao lucro real, depositando, integralmente, em cota única, o valor do IRPJ supostamente devido sobre essa parcela. Nestes termos, a recorrente requereu que seja declarada a insubsistência do Auto de Infração. Ao apreciar o presente processo, este colegiado converteu o julgamento em diligência, por meio da Resolução nº 1401000.174 (fls. 416419), determinando que: a) fosse a contribuinte intimada a apresentar certidão atualizadada de objeto e pé referente ao Mandado de Segurança 93.00203681, cópia autenticada dos comprovantes de depósito judicial efetuados no aludidos autos e comprovante de que os aludidos valores permanecem depositados em juízo; b) as autoridades diligenciantes elaborassem relatório conclusivo, demonstrando se os valores exigidos por meio do presente processo efetivamente encontravam se depositados judicialmente, por ocasião da lavratura do auto de infração de fls 266273. Em atendimento a esta solicitação, foi elaborada a Informação Fiscal de fls. 535536, da qual destaco os seguintes trechos: Analisando os documentos e esclarecimentos prestados pelo contribuinte, em resposta à intimação, e considerando as informações contidas na peça recursal em análise no CARF, chegamos à conclusão de que o depósito judicial efetuado em 30/09/1991, no valor de CR$ 3.339.807,08, não se revela suficiente, como alega o contribuinte, para extinguir o crédito tributário exigível sobre o saldo, em 31/12/1992, do lucro inflacionário acumulado. De fato, o inciso V do artigo 31 da Lei nº 8.541/92 estabelecia uma alíquota de IRPJ de 5% sobre esse saldo, mas a interessada aplicou sobre mesmo apenas 0,12% (zero vírgula doze por cento), como se demonstrará a seguir. [...] Constatase, então, que o valor depositado é ínfimo, comparado ao valor do IRPJ devido. Na verdade, a importância depositada, de CR$ 3.339.807,08, representa apenas 2,3% (dois vírgula três por cento) do valor do imposto devido, calculado de acordo com as regras do artigo 31 da Lei 8.541/92. Dessa forma, como dito anteriormente, entendemos que os valores exigidos por meio do processo em epígrafe não estavam efetivamente depositados judicialmente por ocasião da lavratura do auto de infração de fls. 266273. É o relatório. Fl. 555DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 2/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 12898.000061/200945 Acórdão n.º 1401001.441 S1C4T1 Fl. 7 6 Voto Conselheiro Fernando Luiz Gomes de Mattos Relator O recurso atende aos requisitos legais, razão pela qual deve ser conhecido. Preliminar de decadência De maneira inovadora, em sua peça recursal a contribuinte argüiu a decadência do direito da Fazenda de constituir o crédito tributário de IRPJ referente ao ano calendário de 2003, com fundamento no art. 150, § 4º do CTN. Embora tal questão não tenha sido argüida na fase impugnatória, já se solidificou no âmbito deste colegiado o entendimento de que a decadência pode ser argüida em qualquer fase processual. Assim sendo, passo a analisar tal argüição. Assiste razão à recorrente. Exvi do parágrafo 4º do art. 150 do Código Tributário Nacional CTN, o Fisco dispõe do prazo de cinco anos, se a lei não fixar prazo diferente, a contar do fato gerador, para homologar o crédito lançado e pago antecipadamente ou complementálo. Assim sendo, em 21/12/2009, data da ciência da lavratura do auto de infração, já havia decaído o direito de a Fazenda Nacional constituir o crédito tributário relativo aos fatos geradores ocorridos em 2003. Mandado de Segurança nº 93.00203681 Em sua peça recursal, a contribuinte afirmou ter impetrado o Mandado de Segurança nº 93.00203681, com o objetivo de garantir o seu alegado direito líquido e certo de não reconhecer os efeitos da diferença de correção monetária complementar de 1990 pelo índices IPC x BTNF nos seus resultados, e tampouco a sua realização. Alegou, outrossim, ter efetuado o recolhimento integral (sic) do saldo credor complementar (diferença IPC/BTNF) por meio de realização de depósito judicial nos autos do Mandado de Segurança nº 93.00203681. Segundo a recorrente, muito embora haja sido proferida sentença desfavorável à Recorrente, em 10/10/97, foi interposto Recurso Extraordinário, visando a reforma integral do acórdão proferido pela 1ª Turma do Tribunal Regional Federal da 2a Região, o qual encontrase pendente de julgamento no Supremo Tribunal Federal (RE 204.515), permanecendo integralmente depositado o valor do débito questionado, que será levantado ou convertido em renda da União somente após o transito em julgado da ação. A Informação Fiscal de fls. 535536, informa que o valor depositado era ínfimo, verbis: Analisando os documentos e esclarecimentos prestados pelo contribuinte, em resposta à intimação, e considerando as Fl. 556DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 2/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 12898.000061/200945 Acórdão n.º 1401001.441 S1C4T1 Fl. 8 7 informações contidas na peça recursal em análise no CARF, chegamos à conclusão de que o depósito judicial efetuado em 30/09/1991, no valor de CR$ 3.339.807,08, não se revela suficiente, como alega o contribuinte, para extinguir o crédito tributário exigível sobre o saldo, em 31/12/1992, do lucro inflacionário acumulado. De fato, o inciso V do artigo 31 da Lei nº 8.541/92 estabelecia uma alíquota de IRPJ de 5% sobre esse saldo, mas a interessada aplicou sobre mesmo apenas 0,12% (zero vírgula doze por cento), como se demonstrará a seguir. [...] Constatase, então, que o valor depositado é ínfimo, comparado ao valor do IRPJ devido. Na verdade, a importância depositada, de CR$ 3.339.807,08, representa apenas 2,3% (dois vírgula três por cento) do valor do imposto devido, calculado de acordo com as regras do artigo 31 da Lei 8.541/92. Dessa forma, como dito anteriormente, entendemos que os valores exigidos por meio do processo em epígrafe não estavam efetivamente depositados judicialmente por ocasião da lavratura do auto de infração de fls. 266273. Resulta evidente, portanto, que os valores exigidos por meio do presente processo efetivamente não se encontravam depositados judicialmente, por ocasião da lavratura do auto de infração de fls. 266273. Mérito A recorrente reitera o alegado em sua peça impugnatória, afirmado que o seu saldo de lucro inflacionário acumulado a realizar em 31/12/1995 montava em R$ 1.475.696,23, conforme cópia de seu Lalur que junta à fl. 296. Apresentou justificativas para embasar seu ponto de vista. No entanto, o saldo de lucro inflacionário acumulado a realizar da interessada em 31/12/1995, não era de R$ 1.475.696,23, mas sim de R$ R$ 27.499.745,85 conforme o Sistema de Acompanhamento do Prejuízo e Lucro InflacionárioSAPLI. Estas informações baseiamse nos valores transcritos pela interessada em suas Declaração de IRPJ desde o ano calendário de 1991. O acórdão de piso explica a formação desse saldo: Tal saldo é oriundo dos diferimentos dos lucros inflacionários do anocalendário de 1991, no montante de Cr$ 1.066.016.814,00, do mês de maio de 1992, no montante de Cr$ 355.796.539,00; dos meses de outubro e dezembro de 1994, nos montantes respectivos de R$ 109.643,00 e R$ 222.197,00; do ano calendário de 1995, no valor de R$ 441.807,96 e do saldo credor da diferença IPC/BTNF de 1990 transcrito pela interessada na linha 56, do quadro 04, do anexo A, de sua Declaração de Ajuste Anual do exercício de 1992, anobase 1991, que deveria, após corrigido, ser adicionado ao saldo de lucro inflacionário em 31/12/1992, para realização juntamente com o mesmo a partir de janeiro de 1993. Fl. 557DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 2/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 12898.000061/200945 Acórdão n.º 1401001.441 S1C4T1 Fl. 9 8 Foram consideradas as realizações efetuadas pela interessada nos meses dos anoscalendário de 1992, 1993 e 1994, bem como baixado por decadência as diferenças verificadas nas realizações a menor que as mínimas exigidas nos meses dos anoscalendário de 1993 e 1994, tudo conforme o relatório SAPLI que juntei às fls. 300/318 e que já havia sido cientificado à interessada na fase fiscalizatória. Intimada a justificar a diferença existente entre o saldo de lucro inflacionário em 31/12/1995 constante de seu Lalur e dos sistemas desta Secretaria, a contribuinte nada respondeu ou esclareceu concretamente, limitandose a reafirmar como correto o saldo constante de seu Lalur, inobstante o saldo do Sapli resultar dos valores transcritos nas Declarações apresentadas pela própria interessada. A decisão de piso apresentou informações complementares muito relevantes: Compulsando o acórdão n° 1218.000 (fls. 320/330), proferido em 29/01/2008 pela 2ª Turma desta DRJ/RJ01, que manteve a autuação objeto do processo n° 18471.002156/200567 que referiase igualmente a diferença de realização de lucro inflacionário da interessada, podemos verificar, através do relatório e voto, que a diferença buscada referese ao inconformismo da interessada em realizar o seu saldo credor da diferença IPC/BTNF de 1990, o que se consolidou nesta esfera administrativa como devido. Destarte, há que ser considerado o saldo de Lucro inflacionário em 31/12/1995 no montante de R$ 27.499.745,85, que resulta na procedência integral da autuação objeto do presente processo. Assim sendo, em relação ao presente tema, resulta claro que o recurso voluntário não merece provimento. Conclusão Diante de todo o exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao presente recurso voluntário, apenas para reconhecer a decadência referente aos fatos geradores ocorridos em 2003. (assinado digitalmente) Fernando Luiz Gomes de Mattos Fl. 558DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 2/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO
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Numero do processo: 13971.005204/2009-48
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu May 19 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Jun 09 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/09/2007 a 30/09/2007
REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE. TRANSPORTE DE BENS SEM DIREITO A CRÉDITO. DIREITO DE APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE.
No âmbito do regime não cumulativo da Cofins, se no transporte de bens para revenda ou utilizado como insumos na produção/industrialização de bens de destinados à venda, o gasto com frete, suportado pelo comprador, somente propicia a dedução de crédito se incluído no custo de aquisição dos bens, logo, se não há previsão legal de apropriação de crédito sobre o custo de aquisição dos bens transportados, por falta de previsão legal, não há como ser apropriada a parcela do crédito calculada exclusivamente sobre o valor do gasto com frete.
REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE NO TRANSPORTE DE PRODUTOS ACABADOS ENTRE ESTABELECIMENTOS DO CONTRIBUINTE E REMESSA PARA DEPÓSITO FECHADO E ARMAZÉM GERAL. DIREITO DE APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE.
No âmbito do regime não cumulativo, por falta de previsão legal, não é admitida a apropriação de créditos da Cofins calculados sobre os gastos com frete por serviços de transporte prestados nas transferências de produtos acabados entre estabelecimentos do próprio contribuinte ou nas remessas para depósitos fechados ou armazéns gerais.
REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE INTERNO NO TRANSPORTE DE PRODUTO IMPORTADO DIREITO DE APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE.
Os gastos com frete interno relativos ao transporte de bens destinados à revenda ou utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, ainda que pagos a pessoa jurídica domiciliada no País, não geram direito a crédito da Cofins e da Contribuição para o PIS/Pasep, pois sobre tais gastos não há pagamento da Cofins-Importação e da Contribuição para o PIS/Pasep-Importação, por não integrarem a base de cálculo destas contribuições, nem se enquadrarem nas demais hipóteses de dedução de crédito previstas nos incisos III a XI do art. 3º da Lei 10.833/2003.
REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE. TRANSFERÊNCIA DE INSUMOS ENTRE ESTABELECIMENTOS INDUSTRIAIS DO CONTRIBUINTE. SERVIÇO DE TRANSPORTE COMO INSUMO DE PRODUÇÃO. DIREITO DE APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. POSSIBILIDADE.
Na sistemática de apuração não cumulativa da Cofins, os gastos com frete por prestação de serviços de transporte de insumos, incluindo os produtos inacabados, entre estabelecimentos industriais do próprio contribuinte propiciam a dedução de crédito como insumo de produção/industrialização de bens destinados à venda.
REGIME NÃO CUMULATIVO. OPERAÇÕES DE DEVOLUÇÃO DE COMPRA E DE VENDA. DESPESA COM FRETE NO TRANSPORTE DO BEM DEVOLVIDO. DIREITO DE DEDUÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE.
No âmbito do regime não cumulativo, por falta de previsão legal, não é passível de apropriação os créditos da Contribuição para o PIS/Pasep calculados sobre as despesas com frete incorridas na operação de devolução de bem vendido ou comprado, ainda que tais despesas tenha sido suportadas pelo contribuinte.
REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE. FALTA DE COMPROVAÇÃO. GLOSA DOS CRÉDITOS APROPRIADOS. CABIMENTO.
No âmbito do regime não cumulativo, ainda que haja previsão legal da dedução, a glosa dos créditos da Cofins deve ser integralmente mantida se o contribuinte não comprova a realização do pagamento dos gastos com frete à pessoa jurídica domiciliada no País com documento hábil e idôneo.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/09/2007 a 30/09/2007
DESPACHO DECISÓRIO. MOTIVAÇÃO ADEQUADA E SUFICIENTE. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. DECLARAÇÃO DE NULIDADE. IMPOSSIBILIDADE.
No âmbito do processo administrativo fiscal, não configura cerceamento do direito de defesa a decisão que apresenta fundamentação adequada e suficiente para o indeferimento do pleito de restituição formulado pela contribuinte, que foi devidamente cientificada e exerceu em toda sua plenitude o seu direito de defesa nos prazos e na forma na legislação de regência.
DECISÃO DE PRIMEIRO GRAU. INOCORRÊNCIA CERCEAMENTO DIREITO DEFESA. DECLARAÇÃO DE NULIDADE. IMPOSSIBILIDADE.
Não é passível de nulidade, por cerceamento ao direito de defesa, a decisão de primeiro grau em que houve pronunciamento claro e suficiente sobre todas as razões de defesa suscitadas na peça impugnatória e cujas conclusões foram apresentadas de forma congruente e devidamente fundamentada.
PEDIDO DE PERÍCIA/DILIGÊNCIA. NÃO DEMONSTRADA A IMPRESCINDIBILIDADE. INDEFERIMENTO. POSSIBILIDADE.
Se nos autos há todos os elementos probatórios necessários e suficientes à formação da convicção do julgador quanto às questões de fato objeto da lide, indefere-se, por prescindível, o pedido de diligência e perícia formulado.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 3302-003.210
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguidas e o pedido de realização de diligência e, no mérito, dar parcial provimento ao Recurso Voluntário, para reverter a glosa correspondente aos gastos com fretes no transporte de insumos e produtos em elaboração transferidos entre estabelecimentos ou remetidos para depósitos fechados ou armazéns gerais. Os Conselheiros Walker Araújo e Domingos de Sá e a Conselheira Lenisa Prado votaram pelas conclusões em relação à manutenção da glosa sobre dos gastos com fretes vinculados às operações de devolução de venda. Fez sustentação oral o Dr. Fábio Ricardo Roble - OAB 254.891 - SP.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa Presidente.
(assinado digitalmente)
José Fernandes do Nascimento - Relator.
Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá Filho, José Fernandes do Nascimento,Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo.
Nome do relator: JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/09/2007 a 30/09/2007 REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE. TRANSPORTE DE BENS SEM DIREITO A CRÉDITO. DIREITO DE APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. No âmbito do regime não cumulativo da Cofins, se no transporte de bens para revenda ou utilizado como insumos na produção/industrialização de bens de destinados à venda, o gasto com frete, suportado pelo comprador, somente propicia a dedução de crédito se incluído no custo de aquisição dos bens, logo, se não há previsão legal de apropriação de crédito sobre o custo de aquisição dos bens transportados, por falta de previsão legal, não há como ser apropriada a parcela do crédito calculada exclusivamente sobre o valor do gasto com frete. REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE NO TRANSPORTE DE PRODUTOS ACABADOS ENTRE ESTABELECIMENTOS DO CONTRIBUINTE E REMESSA PARA DEPÓSITO FECHADO E ARMAZÉM GERAL. DIREITO DE APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. No âmbito do regime não cumulativo, por falta de previsão legal, não é admitida a apropriação de créditos da Cofins calculados sobre os gastos com frete por serviços de transporte prestados nas transferências de produtos acabados entre estabelecimentos do próprio contribuinte ou nas remessas para depósitos fechados ou armazéns gerais. REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE INTERNO NO TRANSPORTE DE PRODUTO IMPORTADO DIREITO DE APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. Os gastos com frete interno relativos ao transporte de bens destinados à revenda ou utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, ainda que pagos a pessoa jurídica domiciliada no País, não geram direito a crédito da Cofins e da Contribuição para o PIS/Pasep, pois sobre tais gastos não há pagamento da Cofins-Importação e da Contribuição para o PIS/Pasep-Importação, por não integrarem a base de cálculo destas contribuições, nem se enquadrarem nas demais hipóteses de dedução de crédito previstas nos incisos III a XI do art. 3º da Lei 10.833/2003. REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE. TRANSFERÊNCIA DE INSUMOS ENTRE ESTABELECIMENTOS INDUSTRIAIS DO CONTRIBUINTE. SERVIÇO DE TRANSPORTE COMO INSUMO DE PRODUÇÃO. DIREITO DE APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. POSSIBILIDADE. Na sistemática de apuração não cumulativa da Cofins, os gastos com frete por prestação de serviços de transporte de insumos, incluindo os produtos inacabados, entre estabelecimentos industriais do próprio contribuinte propiciam a dedução de crédito como insumo de produção/industrialização de bens destinados à venda. REGIME NÃO CUMULATIVO. OPERAÇÕES DE DEVOLUÇÃO DE COMPRA E DE VENDA. DESPESA COM FRETE NO TRANSPORTE DO BEM DEVOLVIDO. DIREITO DE DEDUÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. No âmbito do regime não cumulativo, por falta de previsão legal, não é passível de apropriação os créditos da Contribuição para o PIS/Pasep calculados sobre as despesas com frete incorridas na operação de devolução de bem vendido ou comprado, ainda que tais despesas tenha sido suportadas pelo contribuinte. REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE. FALTA DE COMPROVAÇÃO. GLOSA DOS CRÉDITOS APROPRIADOS. CABIMENTO. No âmbito do regime não cumulativo, ainda que haja previsão legal da dedução, a glosa dos créditos da Cofins deve ser integralmente mantida se o contribuinte não comprova a realização do pagamento dos gastos com frete à pessoa jurídica domiciliada no País com documento hábil e idôneo. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/09/2007 a 30/09/2007 DESPACHO DECISÓRIO. MOTIVAÇÃO ADEQUADA E SUFICIENTE. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. DECLARAÇÃO DE NULIDADE. IMPOSSIBILIDADE. No âmbito do processo administrativo fiscal, não configura cerceamento do direito de defesa a decisão que apresenta fundamentação adequada e suficiente para o indeferimento do pleito de restituição formulado pela contribuinte, que foi devidamente cientificada e exerceu em toda sua plenitude o seu direito de defesa nos prazos e na forma na legislação de regência. DECISÃO DE PRIMEIRO GRAU. INOCORRÊNCIA CERCEAMENTO DIREITO DEFESA. DECLARAÇÃO DE NULIDADE. IMPOSSIBILIDADE. Não é passível de nulidade, por cerceamento ao direito de defesa, a decisão de primeiro grau em que houve pronunciamento claro e suficiente sobre todas as razões de defesa suscitadas na peça impugnatória e cujas conclusões foram apresentadas de forma congruente e devidamente fundamentada. PEDIDO DE PERÍCIA/DILIGÊNCIA. NÃO DEMONSTRADA A IMPRESCINDIBILIDADE. INDEFERIMENTO. POSSIBILIDADE. Se nos autos há todos os elementos probatórios necessários e suficientes à formação da convicção do julgador quanto às questões de fato objeto da lide, indefere-se, por prescindível, o pedido de diligência e perícia formulado. Recurso Voluntário Provido em Parte.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/09/2007 a 30/09/2007 REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE. TRANSPORTE DE BENS SEM DIREITO A CRÉDITO. DIREITO DE APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. No âmbito do regime não cumulativo da Cofins, se no transporte de bens para revenda ou utilizado como insumos na produção/industrialização de bens de destinados à venda, o gasto com frete, suportado pelo comprador, somente propicia a dedução de crédito se incluído no custo de aquisição dos bens, logo, se não há previsão legal de apropriação de crédito sobre o custo de aquisição dos bens transportados, por falta de previsão legal, não há como ser apropriada a parcela do crédito calculada exclusivamente sobre o valor do gasto com frete. REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE NO TRANSPORTE DE PRODUTOS ACABADOS ENTRE ESTABELECIMENTOS DO CONTRIBUINTE E REMESSA PARA DEPÓSITO FECHADO E ARMAZÉM GERAL. DIREITO DE APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. No âmbito do regime não cumulativo, por falta de previsão legal, não é admitida a apropriação de créditos da Cofins calculados sobre os gastos com frete por serviços de transporte prestados nas transferências de produtos acabados entre estabelecimentos do próprio contribuinte ou nas remessas para depósitos fechados ou armazéns gerais. REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE INTERNO NO TRANSPORTE DE PRODUTO IMPORTADO DIREITO DE APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. Os gastos com frete interno relativos ao transporte de bens destinados à revenda ou utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 1. 00 52 04 /2 00 9- 48 Fl. 1449DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 03 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROS A 2 ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, ainda que pagos a pessoa jurídica domiciliada no País, não geram direito a crédito da Cofins e da Contribuição para o PIS/Pasep, pois sobre tais gastos não há pagamento da CofinsImportação e da Contribuição para o PIS/PasepImportação, por não integrarem a base de cálculo destas contribuições, nem se enquadrarem nas demais hipóteses de dedução de crédito previstas nos incisos III a XI do art. 3º da Lei 10.833/2003. REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE. TRANSFERÊNCIA DE INSUMOS ENTRE ESTABELECIMENTOS INDUSTRIAIS DO CONTRIBUINTE. SERVIÇO DE TRANSPORTE COMO INSUMO DE PRODUÇÃO. DIREITO DE APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. POSSIBILIDADE. Na sistemática de apuração não cumulativa da Cofins, os gastos com frete por prestação de serviços de transporte de insumos, incluindo os produtos inacabados, entre estabelecimentos industriais do próprio contribuinte propiciam a dedução de crédito como insumo de produção/industrialização de bens destinados à venda. REGIME NÃO CUMULATIVO. OPERAÇÕES DE DEVOLUÇÃO DE COMPRA E DE VENDA. DESPESA COM FRETE NO TRANSPORTE DO BEM DEVOLVIDO. DIREITO DE DEDUÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. No âmbito do regime não cumulativo, por falta de previsão legal, não é passível de apropriação os créditos da Contribuição para o PIS/Pasep calculados sobre as despesas com frete incorridas na operação de devolução de bem vendido ou comprado, ainda que tais despesas tenha sido suportadas pelo contribuinte. REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE. FALTA DE COMPROVAÇÃO. GLOSA DOS CRÉDITOS APROPRIADOS. CABIMENTO. No âmbito do regime não cumulativo, ainda que haja previsão legal da dedução, a glosa dos créditos da Cofins deve ser integralmente mantida se o contribuinte não comprova a realização do pagamento dos gastos com frete à pessoa jurídica domiciliada no País com documento hábil e idôneo. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/09/2007 a 30/09/2007 DESPACHO DECISÓRIO. MOTIVAÇÃO ADEQUADA E SUFICIENTE. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. DECLARAÇÃO DE NULIDADE. IMPOSSIBILIDADE. No âmbito do processo administrativo fiscal, não configura cerceamento do direito de defesa a decisão que apresenta fundamentação adequada e suficiente para o indeferimento do pleito de restituição formulado pela contribuinte, que foi devidamente cientificada e exerceu em toda sua plenitude o seu direito de defesa nos prazos e na forma na legislação de regência. DECISÃO DE PRIMEIRO GRAU. INOCORRÊNCIA CERCEAMENTO DIREITO DEFESA. DECLARAÇÃO DE NULIDADE. IMPOSSIBILIDADE. Fl. 1450DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 03 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 13971.005204/200948 Acórdão n.º 3302003.210 S3C3T2 Fl. 1.449 3 Não é passível de nulidade, por cerceamento ao direito de defesa, a decisão de primeiro grau em que houve pronunciamento claro e suficiente sobre todas as razões de defesa suscitadas na peça impugnatória e cujas conclusões foram apresentadas de forma congruente e devidamente fundamentada. PEDIDO DE PERÍCIA/DILIGÊNCIA. NÃO DEMONSTRADA A IMPRESCINDIBILIDADE. INDEFERIMENTO. POSSIBILIDADE. Se nos autos há todos os elementos probatórios necessários e suficientes à formação da convicção do julgador quanto às questões de fato objeto da lide, indeferese, por prescindível, o pedido de diligência e perícia formulado. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguidas e o pedido de realização de diligência e, no mérito, dar parcial provimento ao Recurso Voluntário, para reverter a glosa correspondente aos gastos com fretes no transporte de insumos e produtos em elaboração transferidos entre estabelecimentos ou remetidos para depósitos fechados ou armazéns gerais. Os Conselheiros Walker Araújo e Domingos de Sá e a Conselheira Lenisa Prado votaram pelas conclusões em relação à manutenção da glosa sobre dos gastos com fretes vinculados às operações de devolução de venda. Fez sustentação oral o Dr. Fábio Ricardo Roble OAB 254.891 SP. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa – Presidente. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá Filho, José Fernandes do Nascimento,Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo. Relatório Por bem descrever os fatos, adotase o Relatório encartado na decisão de primeiro grau, que segue integralmente transcrito: Trata o presente processo de pedido de restituição, por meio do qual a contribuinte acima qualificada busca repetir valor que teria sido indevidamente recolhido em 20/10/2007, referente ao período de apuração de setembro de 2007, a título de Cofins, no importe de R$ 8.591.821,99. Em análise do pleito, inicialmente, a Delegacia da Receita Federal do Brasil em Blumenau/SC entendeu por não reconhecer Fl. 1451DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 03 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROS A 4 o direito creditório pleiteado em sua totalidade (Parecer SAORT/DRF/Blumenau n.° 016/2010), decisão esta que foi objeto de manifestação de inconformidade por parte da contribuinte e, conseqüentemente, motivo de análise por parte desta Delegacia de Julgamento. Em sessão realizada no dia 25 de março de 2011, a 4ª Turma da DRJ/Florianópolis, por meio do Acórdão nº 0723.627 (fls. 263/272), anulou o referido Despacho Decisório e determinou que um novo fosse formalizado. Segundo a decisão prolatada pela DRF/Blumenau, o processo foi encaminhado à Seção de Fiscalização – Safis, para a análise das operações geradoras de crédito registradas pela contribuinte e a conseqüente determinação do valor da contribuição para a Cofins devida no mês de setembro de 2007, correspondente à linha 27 da ficha 25B do Dacon (Cofins a pagarFaturamento). Conforme o Relatório de Auditoria Fiscal, foram feitas as análises fiscais dos Pedidos de Ressarcimento realtivos aos Processos abaixo relacionados, todos do ano de 2007, instrumentadas através de diversas intimações à contribuinte para obtenção de informações, documentos e esclarecimentos. [...] Em razão da análise fiscal empreendida, procederamse às seguintes glosas: 1. Glosas de créditos constantes da Linha 01 do Dacon relativo a “Bens para Revenda”, os quais foram adquiridos para uso e consumo (Arquivo Digital RVJ), cujo critério para a glosa foi a descrição incompatível com a finalidade de revenda, constante do demonstrativo intitulado “Glosa Produtos Incompatíveis” – Linha 1.xls – DVD 2. 2. Glosas de Complemento de Valor, relativa a aquisições sem direito a crédito, constantes dos Arquivos RVJ, INJ, AGS e AGD, referentes às operações de compra de soja com “preço a fixar” (commoditie), relativa às remessas e/ou complementações de valor efetuadas em períodos pretéritos, sem direito à créditos da nãocumulatividade. A contribuinte efetua operações de compra, venda e industrialização de insumos (preponderância de soja) com preço a fixar, feitas de pessoas físicas e jurídicas. As glosas se fundamentaram, em síntese, no fato de que o direito ao crédito do PIS/Pasep apurado na modalidade nãocumulativa foi regulado respeitando o regime de competência. Desta forma, não foram consideradas as complementações dos valores ocorridas no regime nãocumulativo, em relação às remessas (aquisições) ocorridas no período da cumulatividade, bem como em relação àquelas que, no regime da nãocumulatividade, não geram direito aos créditos. Coube a glosa, da mesma forma, em relação aos créditos sem a devida comprovação das operações, bem como quanto às Fl. 1452DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 03 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 13971.005204/200948 Acórdão n.º 3302003.210 S3C3T2 Fl. 1.450 5 aquisições de milho em grão com fim específico de exportação (Compl_RVJ), identificados no campo “FEX” do Demonstrativo de percentual de glosas do 2º. Semestre de 2007. Para o cálculo das glosas dos complementos de valores foi considerada a mesma razão existente entre as remessas sem direito a créditos e as remessas totais, conforme o Demonstrativo de Percentual de Glosas dos Contratos de Complemento de Valores, onde constam todas as remessas de cada contrato informado no arquivo “Compl”. Os itens glosados estão contidos no Demonstrativo da Glosa de Complementos de Valor, cujas bases de cálculo encontramse totalizadas, conforme item 59 do Relatório Fiscal. 3. Glosas do Imobilizado, por falta de comprovação do valor de aquisição e inexistência de fundamentação legal para o crédito do bem. Os valores glosados encontram nos Demonstrativos de Glosa do Valor de Aquisição de bens do Imobilizado, por bem do Ativo Imobilizado e do arquivo AI_Aq. No arquivo AI_Aq_NF, foram identificados: diferenças entre o valor de aquisição do bem constante do arquivo AI_Aq e o valor comprovado no arquivo AI_Aq_NF no mercado interno, valores estes glosados por falta de comprovação; registros com o código de operação fiscal de importação, parte dos quais foram selecionados para instruir o processo; e registros com o código de operação fiscal de compra de material para uso ou consumo. Todos esses registros se encontram identificados no Demonstrativo de glosas do valor de aquisição do imobilizado Houve glosa, ainda, por falta de comprovação de aquisições em razão da não apresentação dos documentos fiscais solicitados, conforme identificados no Demonstrativo de glosas do valor de aquisição do imobilizado. No arquivo “AI_Imp”, foram localizados bens do Ativo Imobilizado importados, com tomada de crédito também no arquivo “AI_Aq”, o qual se refere a aquisições de ativo imobilizado no mercado interno, os quais foram glosados, sendo estas identificadas no Demonstrativo de glosa por bem do ativo imobilizado. 4. Glosa de valores incluídos no demonstrativo “Créditos sobre Peças 2007.xlx”, este relativo a aquisição de serviços e peças de manutenção, onde foram incluídas valores de bens e serviços relacionados à vigilância, limpeza, segurança contra incêncio, transporte de pessoas e outros que não guardam qualquer relação com a manutenção de máquinas e equipamentos utilizados como insumos na fabricação de bens destinados à venda. 5. Glosas dos Fretes: Fretes internos em importações (após desembaraço), correspondentes a operações com CFOP de importação; Fl. 1453DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 03 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROS A 6 Fretes em aquisições com CFOP indicativo de fim específico de exportação; Fretes correspondentes a operações de devolução de vendas ou de compras de mercadorias; Fretes em transferências de bens entre estabelecimentos BUNGE; Fretes correspondente a fretes em remessas para armazéns gerais; Fretes em aquisições de pessoas físicas de bens para revenda, Falta de comprovação dos fretes, relativas a operações com remetente Pessoa Física e CFOP de compra para comercialização; Frete relativo à aquisições de Pessoa Física de insumos para industrializaçâo que foram posteriormente revendidos/exportados, não gerando créditos, de forma que as despesas com os respectivos fretes são glosadas na mesma proporção daqueles estornos (arquivo EST_Rv). 6. Glosa – Falta de Comprovação, por falta de apresentação de documentos fiscais comprobatórios do crédito, por amostragem, conforme critério de relevância das operações. 7. Demonstrativo das Glosas: encontramse relacionados os demonstrativos no itens 132 do Relatório Fiscal. As totalizações encontramse discriminadas nos itens 133 a 135 do Relatório Fiscal. Em vista do Relatório de Auditoria Fiscal, foi proferido o Despacho Decisório ora impugnado, onde o direito creditório é reconhecido em parte e a restituição deferida parcialmente. Segundo o referido Despacho Decisório: Uma vez que a restituição pleiteada se refere a um valor supostamente indevido, relativo à COFINS apurada pelo regime da nãocumulatividade, o processo seguiu à apreciação da EFI3/Safis desta DRF/Blumenau, equipe especializada neste tributo. No decorrer da análise foram juntados os documentos de fls. 284/412 e, especialmente, a Informação Fiscal de fls. 389/392, cujos itens 4 a 7 esclarecem que os valores das glosas fiscais consideradas na AuditoriaFiscal provêm dos relatórios fiscais de fls. 752/781 e 789/809, bem assim dos exarados nos autos nºs 13971.001036/200598, 13971.001375/200493, 13971.001080/200417, 13971.001568/200444, 13971.005306/200963, 13971.000132/200519, 13971.001475/200509, 13971.005209/200971, 13971.005212/200994, e 13971.005208/200926, os quais, portanto, tiveram suas cópias juntadas às fls. 413/922. (g.n.) No tocante à utilização dos créditos e apuração de saldos, a AuditoriaFiscal confeccionou planilha demonstrativa da origem Fl. 1454DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 03 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 13971.005204/200948 Acórdão n.º 3302003.210 S3C3T2 Fl. 1.451 7 e aproveitamento dos créditos da empresa mediante a identificação: a) do crédito apurado no mês, que, quando transferidos de períodos de apuração anteriores, não correspondem aos do Dacon (contribuinte), mas aos saldos remanescentes de créditos do período de origem ajustados pelas glosas fiscais; b) das glosas fiscais aplicadas sobre o crédito apurado no mês; c) da eventual diminuição da glosa pela Delegacia de Julgamento – DRJ; d) da utilização do crédito em descontos, respeitandose sempre a informação do Dacon; e) dos remanejamentos dos créditos (de ofício, visando ao aproveitamento de créditos porventura existentes para cobrir insuficiências decorrentes de glosas fiscais, no próprio mês ou em meses seguintes); f) saldo disponível de créditos, antes da utilização em compensação ou ressarcimento. Em razão das glosas fiscais deste e de períodos anteriores, os créditos apurados e utilizados em desconto das contribuições mostraramse insuficientes no mês 09/2007. Tal insuficiência está demonstrada na planilha “Utilizações de Créditos Bunge – Cofins.xls” e sua constatação pelo Fisco repercute no valor da contribuição para a Cofins a pagar apurado pela contribuinte. De acordo com o Despacho Decisório, após “a análise das operações geradoras de crédito registradas pela contribuinte”, a AuditoriaFiscal demonstrou que o valor correto da Cofins a pagar (Linha 27 da Ficha 25B do Dacon) é R$ 7.834.886,66 e este, então, é o valor que a contribuinte deveria ter informado na DCTF como “Débito Apurado” e, por consequência, levado à conta para apuração de eventual pagamento indevido. Conclui, por fim, que uma parte do DARF reclamado pela contribuinte prestase a solver a contribuição devida no mês, remanescendo crédito em seu favor no importe de R$ 756.935,33, o que corresponde à diferença entre o pagamento (R$ 8.591.821,99) e o valor da contribuição (R$ 7.834.886,66). Manifestação de Inconformidade: Em sua manifestação de inconformidade, a contribuinte suscita inicialmente a tempestividade da manifestação. Explica que, com base em diversas Soluções de Consulta, retificou suas Dacon desde 2004 até 2008 para se ajustar aos termos das mesmas, formulando pedidos de restituição. Após, coloca as suas considerações com a legislação que rege o sistema tributário, às dificuldades da empresa para produzir as Fl. 1455DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 03 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROS A 8 provas documentais específicas em filiais remotas, e ao que chama de burocrático de sistema de obrigações acessórias e de pagamento dos tributos. Na continuidade, aborda as seguintes questões, ora em breve síntese: 1. Questões preliminares de mérito: Inicialmente, sob o título “Dos antecedentes processuais” a contribuinte traça um histórico do desenrolar do processo desde as Soluções de Consulta formuladas e dos pedidos de restituição, o que a levou a retificar os respectivos Dacon desde 2004 até 2008. Observa que as primeiras alterações que geraram as restituições pleiteadas ocorreram a partir de 2005 e que, em face de tais circunstâncias, nem todas as alterações foram para reduzir tributo, na medida em que também ocorreram alterações para aumentar o tributo devido ou diminuir os saldos credores acumulados. Em seguida, desenvolve os seus argumentos sob os seguinte títulos: Da natureza dos ajustes após 2009, em que observa que as alterações efetuadas após 2009 registraram apenas troca de linhas (reclassificações) e para reduzir o saldo credor ou aumentar o débito a recolher, nunca para reduzir a contribuição devida. Da inexistência de preclusão por força maior demonstrada e reconhecida pela própria Receita Federal do Brasil, em que sustenta que o prazo de 30 (trinta) dias é insuficiente para produzir a ampla defesa que lhe é assegurada constitucionalmente, em vista das assertivas fiscais e dos relatórios que incluem inúmeras planilhas de cálculos a serem examinados, e suscita a incidência da norma prevista no art. 16, do Decreto 70.235/72, §4º. por entender que a força maior está perfeitamente demonstrada nos autos pela declaração feita pelos agentes da RFB no que tange aos prazos exíguos para análise dos pedidos de restituição; Da contestação das premissas dos Despachos Decisórios e do feito fiscal, onde alega que os atos da administração pública lesivos ao patrimônio das pessoas de direito privado são tipificados nos termos da Lei nº. 4717/65, sendo anuláveis, segundo as prescrições legais. Da contribuição para o PIS/Pasep relativa ao período de dezembro/2003, onde alega que a análise do crédito depende do desfecho do Processo nº. 13971.000029/200498, uma vez que constatouse a inexistência de saldo credor no final do período de apuração do mês de dezembro/2003, e que não se pode considerar a inexistência de saldo, enquanto não houver decisão definitiva perante o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – Carf, sob pena de efetuarse glosas indevidamente. Da Decisão sobre alegações não contidas nas manifestações de inconformidade, onde argumenta que, no caso concreto, a própria ação fiscal demonstra com clareza o montante que julga ser devido, em face das circunstâncias materiais do caso concretamente examinado, sem subterfúgios a quaisquer Fl. 1456DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 03 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 13971.005204/200948 Acórdão n.º 3302003.210 S3C3T2 Fl. 1.452 9 eventuais “teses tributárias” que a fiscalização afirma existirem fora destes autos (existência de tributaristas que sustentam que o valor do tributo devido a ser considerado pela autoridade administrativa no exame de pedidos de restituição ou de declarações de compensação é o valor do débito declarado pelo sujeito passivo em DCTF) e que nunca foram alegadas neste processo e que, portanto, nada tem a ver com os lançamentos contidos nos Autos de Infração impugnados nem como os Despachos Decisórios objetos de manifestações de inconformidade protocoladas a tempo e modo. Suscita, ainda, que a ocorrência de decisões caracterizadamente “chapadas” enseja e confirma a nulidade do feito em face do vício de forma e do desvio de finalidade. Do pagamento indevido e do direito a restituição, em que alega vícios no despacho decisório que ensejariam a anulação do mesmo, tais como a exiguidade do intervalo de tempo entre a juntada do feito fiscal e o despacho decisório demonstra que quem decidiu sobre o assunto foram os agentes fiscais que promoveram a fiscalização direta e não o Sr. Delegado competente; que, no caso, não existe previsão legal de delegação de competência; e que esta evidência atrai a regra da Lei nº. 4.717/65 que considera caracterizada a incompetência quando o ato não se incluir nas atribuições legais do agente que o praticou. Suscita expressamente e questiona a matéria para os fins de evitarse a preclusão, devendo a questão ser apreciada e julgada para, ao final, determinar a nulidade do feito para que novo despacho seja proferido nos termos da Lei e do Direito como expressão de justiça. Da resistência ao cumprimento de sentenças, onde aduz que os procedimentos fiscais que embasaram o despacho decisório ora contestado (cita alguns exemplos), adotou os mesmos critérios genéricos e sem fundamento, tomou as falhas pontuais como reiteradas e uniformes, generalizou sob a forma de percentual e o aplicou durante todo o período de fiscalização, sem levar em conta o fato concretamente ocorrido; que, ao estabelecer critérios genéricos para determinar o montante a ser glosado, contraria expressamente o comando da decisão da 4ª. Turma da DRJ/FNS, a qual proíbe a aplicação deste tipo de procedimento; e reitera que o prazo de 30 dias é exíguo para se pronunciar acerca de cálculos produzidos por processamento eletrônico, o qual requer conhecimento especializado e estrito, além do conhecimento da matéria legal a ser examinada e contestada. Alega, ainda, que a comprovação desta ocorrência somente poderá ser feita mediante prova pericial, que o procedimento deve ser refeito, e, suscita a nulidade por falta de fundamento legal. Da produção de todas as provas admitidas em direito: Pedido de Perícia: Fl. 1457DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 03 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROS A 10 Requer expressamente, nos termos do regulamento do PAF, a produçaõ de perícia para exame e verificação das planilhas e processamento eletrônico de informações trazidas ao processo pelos auditores. Indica o perito assistente, formula 12 quesitos e justifica o pedidos, alegando que, os trabalhos de perícia e diligência se fazem necessários por envolver processamento eletrônico automático e inúmeras operações produzidas pela RFB que, a exemplo de outros casaos, tem dado azo a rpocessos administrativos totalmente deprovidos de sentido e realidade, tal como os lançamentos eletrônicos em processamentos de DCTF. Por outrolado, alega que há necessidade de testes de consistências impossíveis de serem transpostas por meio de documentos porque envolvem processamento de informações, seus cruzamentos e conciliações, somente possível por trbalho de auditoria e perícia, e, ainda, que em sendo constatado inconsistências, haverá necessidade de recorrerse aos documentos físicos. 2. Das circunstâncias materiais de fato e de direito: Da alegação de decadência impossível de ser vista nos autos, em que alega que o fundamento do indeferimento parcial nem de longe sustenta o feito em face da legalidade e das exigências previstas no art. 37 da Constituição Federal; e que, ao se recusar a examinar o que é de seu ofício, a autoridade fiscal remeteu o exame e fiscalização à DRJ, o que não pode ser feito, em face da incompatibilidade entre os trabalhos de exame da materialidade tributária (art. 142 do CTN) e a função de julgador no mesmo caso. Do que se pode efetivamente verificar nos autos: as retificações dos Dacon, onde alega que a retificação do Dacon em 2012 resultou em um aumento da contribuição devida e somente ocorreu devido a entendimentos com os auditores da RFB, conforme evidenciado nos emails anexos; que a retificação, como visto, não apresentou alterações para acrescer créditos, e que as afirmações dos auditores fiscais não podem ser levadas em consideração na questão relativa a qualquer decadência dos direitos creditórios. Da igualdade de todos perante a Lei: onde alega que a apresentação do Pedido de Restituição interrompe e extingue qualquer pretensão fazendária à decadência do direito da manifestante em se ver ressarcida do pagamento a maior ou indevido das contribuições sociais, afastando a possibilidade de alegarse a decadência do seu direito. As situações normadas: a exigência de verificação das circunstâncias materiais necessárias e da situação jurídica definitivamente constituída (art. 116 do CTN): – a exigência de verificação das circunstâncias materiais necessárias e da situação jurídica definitivamente constituída (art. 116, CTN) onde alega, após a citação de várias doutrinas/doutrinadores: Daí a razão pela qual o feito carece de sentido, uma vez que se prende ao mero formalismo abstrato da norma, sem considerar nem integrar a situação normada ao Direito a ser aplicado e observado (decisão conforme a lei e Direito – nos termos do Fl. 1458DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 03 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 13971.005204/200948 Acórdão n.º 3302003.210 S3C3T2 Fl. 1.453 11 Processo Administrativo Disciplinar), e constitutivo da fórmula concreta do Devido Processo Legal (...). Dos Complementos de Valor por preços a fixar e Do faturamento no regime de competência – o fato gerador das contribuições e a comparação com outros tributos sobre o faturamento: onde sustenta que, ao contrário do alegado pela autoridade fiscal (que o faturamento deve ocorrer no momento da tradição), cujo raciocínio seria induzido pela a analogia com os demais tributos (ISS, ICMS, IPI), o faturamento no regime de competência, onde se tem preço a fixar, jamais pode ser considerado no momento da tradição, eis que neste momento não há, a rigor, nenhum faturamento, pela absoluta ausência do preço real da transação, constando somente o seu valor simbólico em nota exclusivamente fiscal, sendo que o faturamento ocorrerá somente quando da fixação do preço, oportunidade em que os contratantes tomarão conhecimento preciso do valor da operação outrora contratada, o que seria impossível mensurar em tempo pretérito (à época da tradição). Alega, ainda, que a complementação de preço lastreada em remessa que detenha direito a crédito gera o direito de retificar a sua base, no momento do faturamento (quando da fixação do preço e não da tradição), para complementar o preço da transação de origem; que, havendo remessa originária com direito a crédito o mesmo deverá ocorrer na complementação, sendo que qualquer glosa contrária a tal regra deve ser repudiada; e que o § 4º do art. 3º da lei de regência do crédito é muito clara ao dispor expressamente que o crédito não apropriado no mês poderá ser aproveitado nos meses posteriores. Dos fatos geradores pendentes e o alcance da nova lei, onde remete aos artigos 105 e 116 do Código Tributário Nacional para afirmar que o caso pertinente ao tema “Preços a Fixar” abrange as duas situações: “de fato (manifestação do vendedor para fixar o preço) e jurídica (contrato – como assinalado pelos auditores, definitivamente constituído, porém pendente de liquidação do preço). E continua: Nestas circunstâncias os fatos futuros (reajustes e liquidação de preço) são submetidos definitivamente à lei nova como sempre entendeu a Fazenda Pública em termos de inovação legal para majoração da cobrança de tributos sujeitos à anterioridade anual e consolidada na Súmula 577 do STF (“Na importação de mercadorias do exterior, o fato gerador do Imposto de Circulação de Mercadorias ocorre no momento de sua entrada no estabelecimento do importado”), e também a Súmula 584 do STF: “Ao imposto de renda calculado sobre os rendimentos do anobase, aplicase a lei vigente no exercício financeiro em que deve ser apresentada a declaração.” Fl. 1459DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 03 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROS A 12 Completa a sua argüição afirmando que os casos específicos sujeitos à norma de transição foram expressamente contemplados na lei específica, tais como os casos dos contratos de longo prazo, atividades imobiliárias e inúmeros outros, o que motivou complexidade da legislação até então pendente de consolidação e unificação num Regulamento Geral. Do Complemento de preços nas remessas com FEX, onde sugere que podem ter havido falhas humanas eventuais e pontuais na execução dos procedimentos internos, principalmente nos primeiros anos em face dos motivos já alegados e que motivaram tantas retificações dos Dacons, mas não de procedimento uniforme e reiterado. Segundo ela, caso constatado o erro, estará sujeito ao ajuste necessário, mas jamais poderá ser generalizadamente calculado com base em percentuais para ser aplicado em todo o período fiscalizado, o que deverá ser objeto de reexame para eventual constatação, em homenagem ao Princípio da Verdade Real. Justifica a alegação pelo fato do feito fiscal desconsiderar os valores específicos de cada operação de entrada, considerando as todas ao mesmo preço, o que distorceria o cálculo final, motivo pelo qual haveria necessidade de perícia sobre os cálculos efetuados e em especial quanto aos critérios escolhidos pelos agentes. Dos créditos relativos aos contratos de transporte tomados de pessoas jurídicas ou a ela equiparadas e da situação normada as contribuições sociais sobre o faturamento no regime da não cumulatividade e as atividades econômicas empresariais: Sob estes itens, a contribuinte traça um perfil das atividades empresariais e conclui, em síntese, que, tanto as atividades principais quanto as secundárias, enquanto atividades que adicionam valor à economia da empresa e à renda nacional se habilitam à tomada de créditos, sendo as atividades auxiliares desprovidas dos requisitos que habilitam à tomada de créditos. Com base nas suas conclusões, entende que a contratação do frete está relacionado à atividade principal da empresa, estando atrelados por força das circunstâncias de que não há nem pode haver circulação de bens sem o necessário contrato de transporte. Aduz que os gastos com fretes nas aquisições de bens destinados ao custeio da atividade econômica não se encontra expressamente listado nos itens da norma que autoriza o direito ao crédito porque subsumese ao conceito de insumo necessário ao exercício das atividades relacionadas nos incisos I e II da norma autorizadora dos créditos. Em relação às despesas de frete com transferência dos bens para o armazém, alega que o mesmo fundamento que motiva a glosa, também fundamenta a contestação: a falta de fundamento legal para a glosa. Sustenta que falta autorização legal expressa para a glosa dos fretes que ocorrem nas operações de transferências internas entre estabelecimentos da mesma empresa para fins de remessa de industrialização ou para fins de armazenamento. Fl. 1460DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 03 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 13971.005204/200948 Acórdão n.º 3302003.210 S3C3T2 Fl. 1.454 13 Requer, desta forma, que sejam admitidos os créditos relativos aos fretes para a transferência entre estabelecimentos e para armazéns gerais ou depósitos fechados(para simples armazenamento ou para formação de lotes padronizados para venda). Remete à Solução de Consulta nº. 210/SRRF/8a. RF/Disit e ao Acórdão nº. 330100.4243ª Câmara/1ª Turma Ordinária. Sustenta que hão de ser considerados os créditos oriundos de fretes sobre transferências de matériasprimas, produtos intermediários, material de embalagem e serviços realizados entre filiais ou entre parceiros integrados a as filiais do contribuinte, os quais compõem o custo de produção do produto final, nos termos do art. 3º. , II, das Leis nº. 10.637/02 e 10.833/03, o que não se confunde com o transporte do produto acabado entre os estabelecimentos. Insurgese, ainda, contra o fato de ser negado o direito ao crédito em relação às compras de produtos adquiridos com a finalidade exclusiva de exportação. Das glosas de créditos sobre Fretes referentes a devoluções de compra e de venda, alega que devem ser analisados funcionalmente para o fim de ensejar direito de crédito, anulado o feito fiscal que entende em sentido contrário. Das glosas de créditos de Fretes Internos em importações (após o desembaraço), em importações (após o desembaraço), do Pedido Incidental, em aquisições de pessoas físicas para revenda, e das inconsistências em relação à nota vinculada: Alega que as importações constituem uma operação de compra, logo devem gerar o direito ao crédito, e contesta o fundamento da glosa com base no § 3º. da Lei 10.833/03. Insurgese, especificamente, contra a glosa com base no CFOP das operações, alegando que o CFOP das operações não podem ser os mesmos da importação de produtos, que não há nenhuma lógica, evidência, racionalidade e muito menos qualquer indicação de documentos que amparem este procedimento e que possibilite dar consistência aos argumentos trazidos à colação neste tópico; que não há cópias dos conhecimentos de transportes comprovando serem as prestadoras dos serviços de transportes empresas não domiciliadas no país, e que não há justificação séria nem a comprovação requerida para suportar a motivação do lançamento neste item; que é manifesto o cerceamento do amplo direito de defesa, como de resto, todos os argumentos contraditórios entre sai dificultam e impossibilitam a defesa. São mencionados os artigos 289 e 290 do RIR/99, que só se aplicam a insumos utilizados na produção industrial ou em relação a mercadorias para revenda, portanto, não há que deixar de reconhecer tratase da importação de bens que eles mesmos classificam como objeto da atividade principal e Fl. 1461DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 03 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROS A 14 secundária da impugnante e que, portanto , são geradores de créditos na importação. Que o desvio de forma se apresenta configurado de modo a atrair a nulidade , senão de todo o processo, pelo menos e sem dúvida deste tópico. Em face do exposto e considerando o que do Processo de Consulta nº. 13971.000992/200633, que resultou na Solução de Consulta nº. 441 de 18 de dezembro de 2006 da DISIT da 9ª. RF/SRRF, tendo como interessada a contribuinte identificada nestes autos, pede que seja apensado a este feito cópia daquela Solução de Consulta e do respectivo processo, ficando dispensada a produção de prova por se tratar de docuemntos emitidos pela própria RFB. Das glosas referentes à falta de comprovação e Das demais glosas referentes, a contribuinte alega que a eventual e fortuita falta de comprovação documental está sendo analisada e será providenciada tão logo tenha completado o ciclo das verificações necessárias para a presente defesa e contestação, nos termos justificados por motivo de força maior. Dos pedidos, onde requer, em síntese: o direito à restituição requerida até a apreciação final de todos os demais processos matrizes do qual este é parcialmente decorrente, em face da continência dos temas e das matérias; que seja declarada a improcedência das glosas de créditos; que, alternativa e sucessivamente, seja anulado o Despacho Decisório para que outro seja proferido, sob pena de cerceamento de defesa; que o presente processo seja convertido em diligência para o exame, verificação e constatação de quaisquer elementos da situação normada (nos termos do art. 114, 116 c/c art. 142 do CTN) e os termos do disposto no art. 18 do Decreto Federal nº. 70.235. Protesta pela produção de todas as provas em direito admitidas, em especial a juntada de novos documentos, bem como a realização de perícia técnica, e requer, em suma, que seja assegurado o seu direito de ser notificada da juntada de qualquer documento ou de qualquer outro ato ou fato superveniente que venha a ocorrer nos presentes autos. Sobreveio a decisão de primeira instância (fls. 1278/1309), em que, por unanimidade de votos, a manifestação de inconformidade foi julgada improcedente, com base nos fundamentos resumidos nos enunciados das ementas que seguem transcritos: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL – COFINS Período de apuração: 01/09/2007 a 30/09/2007 INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. INSUMOS. Para efeito da nãocumulatividade das contribuições, há de se entender o conceito de insumo não de forma genérica, atrelando o à necessidade na fabricação do produto e na consecução de sua atividadefim (conceito econômico), mas adstrito ao que determina a legislação tributária (conceito jurídico), vinculando Fl. 1462DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 03 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 13971.005204/200948 Acórdão n.º 3302003.210 S3C3T2 Fl. 1.455 15 a caracterização do insumo à sua aplicação direta ao produto fabricado. INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. INSUMOS. CRÉDITOS NA AQUISIÇÃO. Para fins de créditos na aquisição de insumos, a despesa é considerada incorrida quando ocorre o consumo do bem ou do serviço, independentemente do pagamento. INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. INSUMOS. SERVIÇOS. Para efeito da nãocumulatividade das contribuições, há de se entender o conceito de insumo não de forma genérica, atrelando o à necessidade na fabricação do produto e na consecução de sua atividadefim (conceito econômico), mas adstrito ao que determina a legislação tributária (conceito jurídico), vinculando a caracterização do insumo à sua aplicação direta ao produto em fabricação. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/09/2007 a 30/09/2007 PEDIDOS DE RESTITUIÇÃO, COMPENSAÇÃO OU RESSARCIMENTO. COMPROVAÇÃO DA EXISTÊNCIA DO DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA A CARGO DO CONTRIBUINTE No âmbito específico dos pedidos de restituição, compensação ou ressarcimento, é ônus do contribuinte/pleiteante a comprovação minudente da existência do direito creditório. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Em 30/5/2013, a autuada foi cientificada da referida decisão (fl. 1311). Inconformada, em 28/6/2013, postou o recurso voluntário de fls. 1314/1385, em que reafirmou as razões de defesa suscitadas na peça impugnatória. Adicionalmente, alegou nulidade da decisão de primeiro grau, sob o argumento de que (i) não fora reconhecida a segregação da função da autoridade julgadora e fiscalizadora, (ii) houve cerceamento do direito de defesa, por ausência de enfrentamento de alegações suscitadas na manifestação de inconformidade e inovação do feito, ao fazer afirmações não contidas no despacho decisório. Em caráter alternativo, caso não fossem acatados os pedidos de nulidade e improcedência formulados, que o julgamento fosse convertido em diligência, para juntada de novos documentos, comprovação dos motivos de força maior e realização de perícia técnica. É o relatório. Voto Fl. 1463DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 03 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROS A 16 Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Relator. O recurso é tempestivo, trata de matéria da competência deste Colegiado e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. Nos presentes autos, a recorrente pleiteou a restituição do pagamento da Cofins do mês de setembro de 2007, no valor total de R$ 8.591.821,99. Deste valor, a autoridade julgadora da unidade da Receita Federal de origem reconheceu o direito da recorrente à restituição da importância de R$ 756.935,33. e indeferiu o saldo remanescente no valor de R$ 7.834.886,66, que é parcela do valor do crédito objeto do presente litígio, que compreende questões preliminares e de mérito, a seguir analisadas. 1) Da Análise das Questões Preliminares. Em sede de preliminar, a recorrente alegou nulidade do despacho decisório e da decisão de primeiro grau e, em caráter alternativo, formulou pedido de realização diligência/perícia. Da preliminar de nulidade do despacho decisório. No recurso em apreço, a recorrente reiterou a preliminar de nulidade do despacho decisório, com base nos seguintes argumentos: (i) fora exíguo o intervalo de tempo entre a juntada do feito fiscal e o prolação do despacho decisório, (ii) foram adotados critérios genéricos para determinar o montante valor do crédito glosado e (iii) o prazo de defesa de 30 (trinta) dias fora insuficiente para analisar todos os documentos elaborados pela fiscalização. No âmbito processo administrativo fiscal federal, as hipóteses de nulidade do despacho decisório encontramse estabelecidas no art. 59, II, do Decreto 70.235/1972, a saber: (i) incompetência da autoridade julgadora e (ii) preterição do direito de defesa do sujeito passivo. No caso em tela, não se vislumbra nenhuma das situações. Com efeito, o citado despacho decisório foi proferido pelo titular da unidade da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) da jurisdição da recorrente, que é a autoridade competente para decidir sobre o pedido de restituição colacionados aos autos, nos termos do art. 302, VI, do Regimento Interno da RFB, aprovado pela Portaria MF 203/2012. E compulsando o referido decisório, verificase que ele apresenta adequada fundamentação fática e jurídica, ademais, nas robustas peças defensivas colacionadas aos autos a recorrente demonstrou pleno conhecimento das razões do indeferimento do seu pleito de restituição, o que afasta qualquer imputação de cerceamento de direito defesa. Dada essa característica, todas as alegações de vício de nulidade do citado despacho decisório, aduzidas pela recorrente, não tem procedência, pelas razões a seguir. A recorrente alegou que o intervalo de tempo exíguo entre a juntada dos documentos e relatórios de auditoria fiscal pela fiscalização e a prolação do despacho decisório em questão, o que demonstrava que quem decidira o assunto foram os agentes fiscais que promoveram a fiscalização e não o Sr. Delegado competente; que, no caso, não existia previsão legal de delegação de competência; e que esta evidência atrai a regra da Lei 4.717/1965, que considera caracterizada a incompetência quando o ato não se incluir nas atribuições legais do agente que o praticou. Fl. 1464DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 03 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 13971.005204/200948 Acórdão n.º 3302003.210 S3C3T2 Fl. 1.456 17 De forma equivocada a recorrente utilizase de conceitos e institutos da Lei 4.717/1965, denominada de Lei da Ação Popular, para fundamentar juridicamente os seus argumentos, quando é de sabença que o processo administrativo fiscal federal é regido por diploma legal próprio e específico (o Decreto 70.235/1972), aplicandoselhe subsidiariamente os preceitos da Lei 9.784/1999 e do Código de Processo Civil. E especificamente sobre o ponto em comento, expressamente autoriza o art. 501, § 1º, da Lei 9.784/199, que, na motivação do ato administrativo, principalmente, do ato administrativo de natureza decisória, a autoridade julgadora pode declarar concordância com fundamentos de anteriores informações, que, neste caso, passam integrar o ato decisório. No caso, foi o que fez a autoridade julgadora da unidade da RFB de origem, ao utilizar na motivação do questionado despacho decisório as informações colacionadas aos autos pela fiscalização, que foram exaradas em perfeita consonância com o disposto no art. 65 da Instrução Normativa RFB 900/2008, vigente à época do pedido, que assim determinava, in verbis: Art. 65. A autoridade da RFB competente para decidir sobre a restituição, o ressarcimento, o reembolso e a compensação poderá condicionar o reconhecimento do direito creditório à apresentação de documentos comprobatórios do referido direito, inclusive arquivos magnéticos, bem como determinar a realização de diligência fiscal nos estabelecimentos do sujeito passivo a fim de que seja verificada, mediante exame de sua escrituração contábil e fiscal, a exatidão das informações prestadas. [...] (grifos não originais) Também conflita com as informações e os dados detalhados nas planilhas e informações coligidas aos autos pela fiscalização, o argumento apresentado pela recorrente de que foram utilizados critérios genéricos para determinar o montante valor do crédito glosado, sem que apresentasse qualquer elemento indicativo da existência dessa circunstância. Também sem não procede alegada da recorrente de que fora insuficiente o prazo de 30 (trinta) dias para se manifestar sobre os demonstrativos e planilhas elaborados pela fiscalização. A uma, porque tais documentos foram elaborados com base nos dados e informações extraídos da escrituração contábil e fiscal da própria recorrente, portanto, elementos que já eram do seu pleno conhecimento. A duas, porque por ocasião da formulação do pedido de restituição a recorrente já deveria ter todos os elementos probatórios do valor do crédito pleiteado, logo, se não os tinha o valor do indébito pleiteado não era certo e líquido, ou seja, não existia e, por essa circunstância, o pedido fora formulado indevidamente. A três, porque o referido prazo de defesa foi estabelecido por lei, no caso o art. 15 do Decreto 70.235/1972, logo, aplicável a todos sem qualquer distinção; ademais, por se tratar de norma legal vigente, não cabe a este Colegiado afastar a sua aplicada. 1 “Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: [...] § 1oA motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato.” Fl. 1465DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 03 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROS A 18 Com base nessas considerações, ficam rejeitadas todas as alegações de nulidade do despacho decisório em apreço. Da nulidade da decisão primeiro grau. A recorrente alegou nulidade da decisão de primeiro grau, sob o argumento de que (i) não fora reconhecida a segregação da função da autoridade julgadora e fiscalizadora, (ii) houve cerceamento do direito de defesa, por ausência de enfrentamento de alegações suscitadas na manifestação de inconformidade e inovação do feito, ao fazer afirmações não contidas no despacho decisório. Sem razão a recorrente. Diferentemente do alegado, da leitura da decisão vergastada, constatase que o Colegiado se pronunciou de forma adequada e suficiente sobre todas as razões de defesa suscitadas pela recorrente na manifestação inconformidade. Portanto, tratase de decisão adequadamente motivada. Além disso, de acordo com robusta peça recursal em apreço, a recorrente demonstrou pleno conhecimento dos fundamentos fáticos e jurídicos aduzidos no voto condutor da questionada decisão, inclusive, apresentou as razões de discordância em relação aos argumentos aduzidos no voto condutor do referido julgado, o que contraria o alegado cerceamento do direito de defesa. O mero fato de a recorrente discordar dos referidos fundamentos, certamente, não representa circunstância idônea com vistas a conspurcar a legitimidade da decisão em apreço. Da mesma forma, o fato de constar do referido voto afirmações não contidas no despacho decisório não implica inovação do feito, pois, além de demonstrada, verificase tratarse novos argumentos destinados a rebater as razões de defesa e robustecer os motivos consignados no referido despacho como fundamento para o indeferimento do pedido de restituição em apreço, que foram integralmente mantidos pela decisão recorrida, sem qualquer inovação. Além disso, no âmbito do processo administrativo fiscal, não existe determinação de qualquer ordem que obrigue o julgador do órgão ad quem a utilizar os mesmos argumentos ou informações aduzidos no julgamento a quo, ao contrário, desde que devidamente motivado, o efeito devolutivo amplo e o princípio da livre convicção, previsto no art. 29 do Decreto 70.235/1972, asseguralhe ampla liberdade para fundamentar a sua decisão. Também não configura cerceamento do direito de defesa o fato de o órgão julgador de primeiro grau não ter analisado as provas coligidas aos autos pela recorrente após a fase de manifestação de inconformidade, porque atingidas pela preclusão e rejeitado o alegado motivo força maior. E nesse ponto, entende este Relator que decidiu com o acerto o Colegiado a quo, porque a razão aduzida pela recorrente, ou seja, a existência de relatórios fiscais que incluíam inúmeras planilhas de cálculos não tem a menor a procedência, pois, além de fácil compreensão, as glosas realizadas, na grande maioria, foi motivada por questões de direito, falta de previsão legal para apropriação de crédito ou em razão da decadência do direito incluir novos créditos no Dacon retificador. As glosas motivadas por ausência de provas e que demandavam a coleta de documentos foram inexpressivas e, por óbvio, não se inclui na alegada condição de força maior, principalmente tendo vista que, no ato formulação do pleito a recorrente estava obrigada a manter a disposição da fiscalização todos os documentos comprobatórios do crédito pleiteado. Também não justificativa a alegada força maior, o fato de a recorrente ter sido cientificada de vários despachos decisórios na mesma ou em data aproximada, pois, se não tinha condição de comprovar o alegado em tantos pedidos de restituição formulados, tal Fl. 1466DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 03 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 13971.005204/200948 Acórdão n.º 3302003.210 S3C3T2 Fl. 1.457 19 deficiência não pode ser apresentada como justificativa para o não cumprimento das normas legais. Enfim, não procede a alegação de que houve cerceamento do direito de defesa, porque o órgão julgador de primeira instância não apreciou todos os argumentos de defesa suscitados na manifestação inconformidade, pois, não se pode olvidar que, no âmbito do processo administrativo fiscal, por força do disposto no art. 312 do Decreto 70.235/1972, o órgão de julgamento de primeira instância deve analisar todas as razões de defesa suscitados pela impugnante/manifestante, porém, sem a obrigatoriedade de rebater, um a um, todos argumentos aduzidos na peça defensiva. No mesmo sentido, tem se pronunciado a jurisprudência do STF, conforme se infere dos enunciados da ementa do julgado, analisado sob regime de repercussão geral, que seguem transcritos: Questão de ordem. Agravo de Instrumento. Conversão em recurso extraordinário (CPC, art. 544, §§ 3° e 4°). 2. Alegação de ofensa aos incisos XXXV e LX do art. 5º e ao inciso IX do art. 93 da Constituição Federal. Inocorrência. 3. O art. 93, IX, da Constituição Federal exige que o acórdão ou decisão sejam fundamentados, ainda que sucintamente, sem determinar, contudo, o exame pormenorizado de cada uma das alegações ou provas, nem que sejam corretos os fundamentos da decisão. 4. Questão de ordem acolhida para reconhecer a repercussão geral, reafirmar a jurisprudência do Tribunal, negar provimento ao recurso e autorizar a adoção dos procedimentos relacionados à repercussão geral. (BRASIL. STF. AI 791292 QORG, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, julgado em 23/06/2010, REPERCUSSÃO GERAL MÉRITO DJe149 DIVULG 1208 2010 PUBLIC 13082010 EMENT VOL0241006 PP01289 RDECTRAB v. 18, n. 203, 2011, p. 113118 ) Com base nessas considerações, rejeitase a preliminar de nulidade da decisão de primeiro grau suscitada pela recorrente. Do pedido de realização de diligência/perícia. Em caráter alternativo, caso não fossem acatados os pedidos de nulidade e de improcedência formulados na peça recursal em apreço, a recorrente pleiteou que o julgamento fosse convertido em diligência, para juntada de novos documentos, comprovação dos motivos de força maior e realização perícia técnica. No âmbito do processo administrativo fiscal, além do atendimento dos requisitos legais, a decisão quanto ao deferimento ou não de realização de diligência ou de produção de prova pericial integra poder discricionário da autoridade julgadora. Assim, somente se esta entender necessária a obtenção de provas adicionais imprescindíveis ao deslinde da controvérsia é que converterá o julgamento em diligência, caso contrário, indeferirá 2 "Art. 31. A decisão conterá relatório resumido do processo, fundamentos legais, conclusão e ordem de intimação, devendo referirse, expressamente, a todos os autos de infração e notificações de lançamento objeto do processo, bem como às razões de defesa suscitadas pelo impugnante contra todas as exigências". (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) Fl. 1467DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 03 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROS A 20 o pedido, sendo suficiente que apresente fundamentação adequada para sua decisão. Esse é o entendimento que se extrai da leitura combinada dos arts. 18, 28 e 293 do Decreto 70.235/1972. Ainda segundo os referidos preceitos legais, o deferimento de realização de diligência somente se justifica se as provas documentais não puderem ser carreadas aos autos pelas partes e o de perícia somente quando há dúvida sobre questão de natureza técnica, cujos esclarecimentos dependem de conhecimento especializado, não sendo necessária nenhuma das duas quando o fato probante puder ser demonstrado com a mera juntada de documentos aos autos. No caso em tela, o pleito da autuada não merece acatamento, pois se limita a pedido de exame de provas documentais que se encontram sob sua guarda e que, certamente, poderia ter sido coligidas aos autos na fase processual adequada. Além disso, os questionamentos por ela formulados podem ser facilmente respondidos com base na análise dos elementos probatórios coligidos aos autos, em especial, dos demonstrativos e planilhas que integram o relatório fiscal, em que explicitados, pormenorizadamente, quais os valores dos créditos que foram glosados em correlação os valores informados nos respectivos Dacon, o que dispensa o concurso de profissional especializado, o que, por si só, torna desnecessária a realização da perícia requerida, conforme expressamente prevê o art. 4204, parágrafo único, I, do Código de Processo Civil. Com base nessas considerações, por entender prescindíveis, indeferese o pedido de diligência/perícia reiterado pela recorrente. 2) Da Análise das Questões de Mérito. Em relação ao pedido de restituição em apreço, de acordo com o Relatório de Auditoria Fiscal de fls. 354/380, os créditos glosados pela fiscalização referemse a: a) “Glosa de créditos calculados indevidamente”; b) “Glosas do Imobilizado”; c) “Glosa de Complementos de Valor”; d) “ Glosa dos Fretes”; e e) “Glosa de Falta de Comprovação”. No recurso em apreço, a recorrente não apresentou qualquer manifestação contrária a glosa dos créditos a créditos calculados indevidamente e sobre o imobilizado e não comprovados, com exceção da glosa dos créditos calculados sobre os gastos com frete não comprovados, a seguir analisados. Dessa forma, a controvérsia remanescente cingese a glosa dos créditos calculados sobre (i) complementos de preço; e (ii) gastos com fretes, por falta de amparo legal e por falta de comprovação. 2) Da Análise das Questões de Mérito. 3 "Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o disposto no art. 28, in fine. [...] Art. 28. Na decisão em que for julgada questão preliminar será também julgado o mérito, salvo quando incompatíveis, e dela constará o indeferimento fundamentado do pedido de diligência ou perícia, se for o caso. Art. 29. Na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias." 4 Eis a redação do citado preceito legal: "Art. 420. A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação. Parágrafo único. O juiz indeferirá a perícia quando: I a prova do fato não depender do conhecimento especial de técnico; II for desnecessária em vista de outras provas produzidas; III a verificação for impraticável." Fl. 1468DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 03 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 13971.005204/200948 Acórdão n.º 3302003.210 S3C3T2 Fl. 1.458 21 Em relação ao pedido de restituição em apreço, de acordo com o Relatório de Auditoria Fiscal de fls. 351/377, os créditos glosados pela fiscalização referemse a: a) “Glosa de créditos calculados indevidamente”; b) “Glosas do Imobilizado”; c) “Glosa de Complementos de Valor”; d) “ Glosa dos Fretes”; e e) “Glosa de Falta de Comprovação”. No recurso em apreço, a recorrente não apresentou qualquer manifestação contrária a glosa dos créditos a créditos calculados indevidamente e sobre o imobilizado e não comprovados, com exceção da glosa dos créditos calculados sobre os gastos com frete não comprovados, a seguir analisados. Dessa forma, a controvérsia remanescente cingese a glosa dos créditos calculados sobre (i) complementos de preço; e (ii) gastos com fretes, por falta de amparo legal e por falta de comprovação. No recurso em apreço, a recorrente não apresentou qualquer manifestação contrária a glosa dos créditos calculados indevidamente e sobre o valor do ativo imobilizado, bem como em relação aos créditos não comprovados, com exceção da glosa dos créditos calculados sobre os gastos com frete não comprovados, a seguir analisados. Dessa forma, a controvérsia remanescente cingese a glosa dos créditos calculados sobre (i) complementos de preço ou de valor; e (ii) gastos com fretes, por falta de amparo legal e por falta de comprovação, a seguir analisados. Da glosa dos créditos calculados sobre complementos de valor. De acordo com referido Relatório de Auditoria Fiscal, no período de apuração do crédito pleiteado, a recorrente adquiriu produtos (soja e outras commodities) de pessoas jurídicas para revenda, que dependia da fixação do preço definitivo a posteriori (modalidade de compra a “preço a fixar”), em que a entrega era feita em várias remessas, com preço unitário provisório, cujo preço definitivo somente era definido no final. Dada essas características, frequentemente, havia complementação do valor a ser pago pela adquirente, se o preço final fosse superior aos praticados nas remessas com preços provisórios. Caso contrário, ou seja, se o preço das remessas resultasse superior ao preço definitivo, havia a devolução simbólica de certa quantidade do bem e o acerto financeiro da diferença apurada. Segundo a fiscalização, no período analisado, a recorrente adquiriu parte das mercadorias (soja e outras commodities) com direito a crédito e outra parte sem direito a crédito da Cofins não cumulativa, porém, apropriou créditos sobre os valores integrais dos complementos de preço, isto é, sem excluir a parcela dos créditos referente às mercadorias adquiridas sem direito a crédito. No caso, se não havia amparo legal para apropriar crédito sobre o valor da aquisição desse tipo mercadoria, por óbvia, o valor complementar do preço da operação também não podia propiciar direito a crédito da referida contribuição. Aliás, a recorrente sequer questionou a legalidade da glosa em questão, tendo se limitado a solicitar a produção de prova pericial, para reavaliar o critério de apuração e a exatidão dos valores das glosas efetuadas pela autoridade fiscal, o que, evidentemente, não se justifica, por se tratar de valores calculados com base nos dados dos documentos fiscais emitidos pela própria recorrente e extraídos dos arquivos por ela fornecidos à fiscalização. Logo, se existente algum equívoco na apuração dos valores dos créditos glosados, cabia a Fl. 1469DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 03 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROS A 22 recorrente apurar qual seria o valor correto e indicar a documentação comprobatória do equívoco. Como não o fez, deve arcar com ônus da sua omissão. Por todas essas razões, mantémse a glosa do valor integral do crédito, conforme determinado pela fiscalização. Da glosa dos créditos relativo a gastos com frete. No que tange às glosas dos créditos calculados sobre o valor dos gastos com frete, antes de analisar os pontos controvertidos da lide, entendese oportuno apresentar uma breve digressão a respeito do fundamento jurídico do direito de apropriação de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep sobre os variadas formas como se efetivam os gastos com a prestação de serviços de transporte a pessoas jurídicas que desenvolvem atividades comercial e industrial ou de produção. Em consonância com a legislação vigente, há fundamento jurídico para a apropriação de créditos sobre o valor do frete sob a forma de custo de aquisição, custo de produção e despesa de venda, conforme demonstrado a seguir. No âmbito da atividade comercial (revenda de bens), embora não exista expressa previsão legal, a partir da interpretação combinada do art. 3°, I e § 1°, I, das Leis 10.637/2002 e 10.833/20035, com o art. 289 do Decreto 3.000/1999 (Regulamento do Imposto de Renda de 1999 RIR/1999), é possível extrair o fundamento jurídico para a apropriação dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins calculados sobre o valor dos gastos com os serviços de transporte de bens para revenda, conforme se infere dos trechos relevantes dos referidos preceitos normativos, a seguir transcritos: Lei 10.833/2003: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: I bens adquiridos para revenda, [...]; [...] § 1o Observado o disposto no § 15 deste artigo, o crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2º desta Lei sobre o valor: I dos itens mencionados nos incisos I e II do caput, adquiridos no mês; [...] (grifos não originais) RIR/1999: Art. 289. O custo das mercadorias revendidas e das matérias primas utilizadas será determinado com base em registro permanente de estoques ou no valor dos estoques existentes, de acordo com o Livro de Inventário, no fim do período de apuração (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 14). 5 Por haver simetria entre os textos dos referidos diplomas lgais, aqui será reproduzido apenas os preceitos da Lei 10.833/2003, por ser mais completa e, em relação aos dispositivos específicos, haver remissão expressa no seu art. 15 de que eles também se aplicam à Contribuição para o PIS/Pasep disciplinada na Lei 10.637/2002. Fl. 1470DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 03 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 13971.005204/200948 Acórdão n.º 3302003.210 S3C3T2 Fl. 1.459 23 §1º O custo de aquisição de mercadorias destinadas à revenda compreenderá os de transporte e seguro até o estabelecimento do contribuinte e os tributos devidos na aquisição ou importação (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 13). [...] (grifos não originais) Com base no teor dos referidos preceitos legais, podese afirmar que o valor do frete, relativo ao transporte de bens para revenda, integra o custo de aquisição dos referidos bens e somente nesta condição compõe a base cálculo dos créditos das mencionadas contribuições. Assim, somente se o custo de aquisição dos bens para revenda propiciar a apropriação dos referidos créditos, o valor do frete no transporte dos correspondentes bens, sob a forma de custo de aquisição, também integrará a base de cálculo dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins não cumulativas. Em contraposição, se sobre o valor do custo de aquisição dos bens para revenda não for permitida a dedução dos créditos das citadas contribuições (bens adquiridos de pessoas físicas ou com fim específico de exportação, por exemplo), por ausência de base cálculo, também sobre o valor do frete integrante do custo de aquisição desses bens não é permitida a apropriação dos citados créditos. Neste caso, apropriação de créditos sobre o valor do frete somente seria permitida se houvesse expressa previsão legal que autorizasse a dedução de créditos sobre o valor do frete na operação de compra de bens para revenda, o que, sabidamente, não existe. Em relação à atividade industrial, embora também não haja expressa previsão legal, a partir da interpretação combinada do art. 3°, II e § 1°, I, das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, com o art. 290 do RIR/1999, é possível extrair o fundamento jurídico para a apropriação dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, calculados sobre o valor do frete relativo ao serviço de transporte: a) de bens de produção (matériasprimas, produtos intermediários e material e embalagem) a serem utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda; e b) bens em fase de produção ou fabricação (produtos em fabricação) entre estabelecimentos fabris do contribuinte ou não. Senão, veja a redação dos trechos relevantes dos citados preceitos legais, in verbis: Lei 10.833/2003: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, [...]; [...] [...] § 1o Observado o disposto no § 15 deste artigo, o crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2ª desta Lei sobre o valor: Fl. 1471DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 03 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROS A 24 I dos itens mencionados nos incisos I e II do caput, adquiridos no mês; [...] (grifos não originais) Art. 290. O custo de produção dos bens ou serviços vendidos compreenderá, obrigatoriamente (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 13, §1º): I o custo de aquisição de matériasprimas e quaisquer outros bens ou serviços aplicados ou consumidos na produção, observado o disposto no artigo anterior; [...] (grifos não originais) De acordo com os referidos preceitos legais, inferese que a parcela do valor do frete, relativo ao transporte de bens a serem utilizados como insumos de produção ou fabricação de bens destinados à venda, integra o custo de aquisição dos referidos bens e somente nesta condição compõe a base cálculo dos créditos das mencionadas contribuições, enquanto que o valor do frete referente ao transporte dos bens em produção ou fabricação entre estabelecimentos fabris integra o custo produção na condição de serviços aplicados ou consumidos na produção ou fabricação de bens destinados à venda. Com a ressalva de que, pela razões anteriormente aduzidas, há direito de direito de apropriação de crédito sobre o valor do frete no transporte de bens utilizados como insumos, somente se o valor de aquisição destes bens gerar direito a apropriação de créditos das referidas contribuições. No âmbito da atividade de produção ou fabricação, os insumos representam os meios materiais e imateriais (bens e serviços) utilizados em todas as etapas do ciclo de produção ou fabricação, que se inicia com o ingresso dos bens de produção (matériasprimas ou produtos intermediários) e termina com a conclusão do produto a ser comercializado. Se a pessoa jurídica tem algumas operações do processo produtivo realizadas em unidades produtoras ou industriais situadas em diferentes localidades, certamente, durante o ciclo de produção ou fabricação haverá necessidade de transferência dos produtos em produção ou fabricação para os outros estabelecimentos produtores ou fabris, que demandará a prestação de serviços de transporte. Assim, em relação à atividade industrial ou de produção, a apropriação dos créditos calculados sobre o valor do frete, normalmente, darseá de duas formas diferentes, a saber: a) sob forma de custo de aquisição, integrado ao custo de aquisição do bem de produção (matériasprimas, produtos intermediários ou material de embalagem); e b) sob a forma de custo de produção, correspondente ao valor do frete referente ao serviço do transporte dos produtos em fabricação nas operações de transferências entre estabelecimentos industriais. Com o fim do ciclo de produção ou industrialização, há permissão de apropriação de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins sobre o valor do frete no transporte dos produtos acabados na operação de venda, desde que o ônus seja suportado pelo vendedor, conforme expressamente previsto no art. 3º, IX, e § 1º, II, da Lei 10.833/2003, que seguem reproduzidos: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2oa pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] Fl. 1472DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 03 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 13971.005204/200948 Acórdão n.º 3302003.210 S3C3T2 Fl. 1.460 25 IX armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor. [...] § 1o O crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2ª desta Lei sobre o valor: [...] II dos itens mencionados nos incisos IV, V e IX do caput, incorridos no mês; [...] (grifos não originais) Cabe ainda ressaltar que, em todas as hipóteses de creditamento, o direito de apropriação dos referidos créditos está condicionado ao atendimento das condições instituídas no art. 3º, § 3°, da Lei 10.637/2002, a seguir transcrito: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] § 3º O direito ao crédito aplicase, exclusivamente, em relação: I aos bens e serviços adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País; II aos custos e despesas incorridos, pagos ou creditados a pessoa jurídica domiciliada no País; III aos bens e serviços adquiridos e aos custos e despesas incorridos a partir do mês em que se iniciar a aplicação do disposto nesta Lei. Dessa forma, somente o valor do gasto com frete incorrido no mês (regime de competência), pago ou creditado a pessoa jurídica domiciliada no País, gera direito à apropriação de créditos das referidas contribuições. Em suma, chegase a conclusão que o direito de dedução dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, calculados sobre valor dos gastos com frete, são assegurados somente para os serviços de transporte: a) de bens para revenda, cujo valor de aquisição propicia direito a créditos, caso em que o valor do frete integra base de cálculo dos créditos sob forma de custo de aquisição dos bens transportados (art. 3º, I, da Lei 10;637/2002, c/c art. 289 do RIR/1999); b) de bens utilizados como insumos na prestação de serviços e produção ou fabricação de bens destinados à venda, cujo valor de aquisição propicia direito a créditos, caso em que o valor do frete integra base de cálculo dos créditos como custo de aquisição dos insumos transportados (art. 3º, II, da Lei 10;637/2002, c/c art. 290 do RIR/1999); Fl. 1473DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 03 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROS A 26 c) de produtos em produção ou fabricação entre unidades fabris do próprio contribuinte ou não, caso em que o valor do frete integra a base de cálculo do crédito da contribuição como serviço de transporte utilizado como insumo na produção ou fabricação de bens destinados à venda (art. 3º, II, da Lei 10;637/2002); e d) de bens ou produtos acabados, com ônus suportado do vendedor, caso em que o valor do frete integra a base de cálculo do crédito da contribuição como despesa de venda (art. 3º, IX, da Lei 10.637/2002). Enfim, cabe esclarecer que, por falta de previsão legal, o valor do frete no transporte dos produtos acabados entre estabelecimentos da mesma pessoa jurídica (entre matriz e filiais, ou entre filiais, por exemplo), não geram direito a apropriação de crédito das referidas contribuições, porque tais operações de transferências (i) não se enquadra como serviço de transporte utilizado como insumo de produção ou fabricação de bens destinados à venda, uma vez que foram realizadas após o término do ciclo de produção ou fabricação do bem transportado, e (ii) nem como operação de venda, mas mera operação de movimentação dos produtos acabados entre estabelecimentos, com intuito de facilitar a futura comercialização e a logística de entrega dos bens aos futuros compradores. O mesmo entendimento, também se aplica às transferência dos produtos acabados para depósitos fechados ou armazéns gerais. Será com base nesse entendimento que serão analisadas as glosas dos créditos apropriados sobre gastos com fretes objeto da presente controvérsia. De acordo com o citado Relatório da Auditoria Fiscal, a glosa dos créditos calculados sobre os gastos com fretes foram motivadas por falta de amparo legal, por falta de comprovação e por falta de estorno. As glosas por falta de amparo legal foram realizadas em relação aos créditos apropriados sobre os gastos com fretes relativos às operações de: a) de importação de bens após desembaraço (frete interno), b) aquisições de mercadorias com fim específico de exportação; c) de devolução de vendas e de compras de mercadorias; d) de transferências de mercadorias entre estabelecimentos; e) de remessas para armazéns gerais; e f) aquisições de pessoas físicas de bens para revenda. As glosas dos créditos com fretes não comprovados referemse aos gastos com transporte, em que, embora intimada a comprovar, a contribuinte não apresentou os documentos fiscais solicitados pela fiscalização. Por fim, as glosas dos créditos não estornados relativo a “frete de grãos exportados”, ou seja, a parcela do valor do crédito relativo aos gastos com frete correspondente ao valor dos insumos (bens) adquiridos de pessoas físicas para industrialização, posteriormente revendidos, cujo valores dos créditos estornados pela recorrente limitaramse apenas a parcela dos custos dos bens revendidos, sem o estorno do valor do frete incorporado aos custos de aquisição. A seguir serão analisados apenas as glosas relativas aos gastos com fretes contestados pela interessada no recurso em apreço e que se refira a glosas realizadas pela fiscalização. Do frete interno vinculado à operação de importação. Segundo a fiscalização, no regime não cumulativo da Cofins e da Contribuição para o PIS/Pasep não havia amparo legal para apropriação de créditos sobre os Fl. 1474DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 03 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 13971.005204/200948 Acórdão n.º 3302003.210 S3C3T2 Fl. 1.461 27 gastos com transporte de mercadoria importadas, inclusive, o frete interno (após o desembaraço aduaneiro) pago a pessoa jurídica domiciliada no País. Assiste razão à fiscalização, pois, em conformidade com o disposto no art. 3º, § 3º, da Lei 10.833/2003, o direito à dedução do crédito da Cofis e da Contribuição para o PIS/Pasep, em regra, é assegurado em relação ao custo de aquisição do bem para revenda ou utilizado como insumo de produção ou fabricação quando adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País, bem como em relação aos custos e despesas incorridos pagos ou creditados à pessoa jurídica domiciliada no País, expressamente designados no referido preceito legal. Em relação aos bens para revenda ou utilizados como insumo de produção ou fabricação de bens destinados à venda, adquiridos de pessoas não domiciliadas no País, excepcionalmente, é assegurado o direito de desconto de crédito das referidas contribuições somente em relação aos bens importados sujeitos ao pagamento da CofinsImportação e da Contribuição para o PIS/PasepImportação, porém, valor a ser deduzido, fica limitado ao valor das contribuições efetivamente pagas na importação dos respectivos bens, segundo dispõe o art. 15, I e II, e § 1º, da Lei 10.685/2004, a seguir transcritos: Art. 15. As pessoas jurídicas sujeitas à apuração da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, nos termos dos arts. 2o e 3odas Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, poderão descontar crédito, para fins de determinação dessas contribuições, em relação às importações sujeitas ao pagamento das contribuições de que trata o art. 1º desta Lei, nas seguintes hipóteses: (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008) I bens adquiridos para revenda; II – bens e serviços utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustível e lubrificantes; [...] § 1º O direito ao crédito de que trata este artigo e o art. 17 desta Lei aplicase em relação às contribuições efetivamente pagas na importação de bens e serviços a partir da produção dos efeitos desta Lei. [...] (grifos não originais) Assim, os gastos com frete interno relativos ao transporte de bens destinados à revenda ou utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, ainda que pagos a pessoa jurídica domiciliada no País, não geram direito a crédito da Cofins e da Contribuição para o PIS/Pasep, pois sobre tais gastos não há pagamento da CofinsImportação e da Contribuição para o PIS/PasepImportação, por não integrarem a base de cálculo destas contribuições, nem se enquadrarem nas demais hipóteses de dedução de crédito previstas nos incisos III a XI do art. 3º da Lei 10.833/2003. A recorrente alegou que o direito aos referidos créditos estava amparado no entendimento exarado na Solução de Consulta n° 441, de 18 de dezembro de 2006, editada pela Disit da Superintendência Regional da Receita Federal da 9ª Região Fiscal (Disit/SRRF/9ª RF), Fl. 1475DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 03 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROS A 28 expedida em resposta a consulta por ela formulada no âmbito do processo n° 13971.000992/200633. Sem razão a recorrente. O entendimento explicitado na referida Solução de Consulta não trata de direito ao crédito da Cofins e Contribuição para o PIS/Pasep sobre gasto com frete interno no transporte de produto importado, mas, especificamente, do direito ao crédito da Cofins na importação de cereais por cerealistas, condicionado a que a venda subsequente não fosse feita com suspensão das referidas contribuições, conforme se infere do texto em destaque do enunciado da ementa que segue transcrito: SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DA RECEITA FEDERAL 9ª REGIÃO FISCAL SOLUÇÃO DE CONSULTA Nº 441 de 18 de dezembro de 2006 EMENTA: SUSPENSÃO. CEREALISTA. AGROINDÚSTRIA. CRÉDITOS NA IMPORTAÇÃO. Somente cabe a suspensão da COFINS nas vendas efetuadas por cerealista em que, na aquisição, o cereal for utilizado como insumo na produção das mercadorias do caput do art. 8º da Lei nº 10.925/2004. As vendas de cereais, efetuadas por cerealista, para outros fins não dão direito à suspensão. Quando é desempenhada, pela pessoa jurídica, mais de uma atividade, a incidência da COFINS fica suspensa somente em relação às vendas na condição de cerealista, desde que essas vendas se destinem às pessoas jurídicas agroindustriais do caput do art. 8º da Lei nº 10.925/2004. Da mesma forma, somente as vendas na condição de pessoa jurídica agroindustrial, obedecidos os requisitos do caput do artigo 8º, permitem descontar crédito presumido em relação aos cereais do § 1º do artigo 8º da Lei nº 10.925/2004, adquiridos de cerealistas, utilizados como insumo na produção agroindustrial. Há direito ao desconto de créditos de COFINS, paga na importação de cereais por cerealista, somente quando a venda subseqüente não for feita com suspensão. (grifos não originais) Com base nessas considerações, mantémse a glosa integral dos créditos em questão. Dos fretes vinculados às aquisições com fim específico de exportação. Em relação aos gastos com fretes vinculados às aquisições de mercadorias com fim específico de exportação há expressa vedação à apropriação de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins sobre tais operações, determinada no art. 6º, § 4º, combinado com o disposto no art. 15, III, da Lei 10.833/2003, que seguem transcritos: Art. 6o A COFINS não incidirá sobre as receitas decorrentes das operações de: [...] III vendas a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação. [...] Fl. 1476DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 03 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 13971.005204/200948 Acórdão n.º 3302003.210 S3C3T2 Fl. 1.462 29 § 1º Na hipótese deste artigo, a pessoa jurídica vendedora poderá utilizar o crédito apurado na forma do art. 3o, para fins de: I dedução do valor da contribuição a recolher, decorrente das demais operações no mercado interno; II compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, observada a legislação específica aplicável à matéria. [...] § 4o O direito de utilizar o crédito de acordo com o § 1o não beneficia a empresa comercial exportadora que tenha adquirido mercadorias com o fim previsto no inciso III do caput, ficando vedada, nesta hipótese, a apuração de créditos vinculados à receita de exportação. [...] Art. 15. Aplicase à contribuição para o PIS/PASEP não cumulativa de que trata a Lei no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, o disposto: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) (...) III nos §§ 3o e 4o do art. 6o desta Lei; [...]. (grifos não originais) A razão da vedação em destaque é óbvia. Ela tem por objetivo evitar a apropriação de crédito em duplicidade, tanto pela pessoa jurídica vendedora quanto pela pessoa jurídica compradora e exportadora. Ademais, por se tratar norma legal vigente, por força do disposto no caput do art. 26A do Decreto 70.235/1972, não cabe a este Conselheiro afastar aplicação a referida norma sob argumento de que ela fere preceito de ordem constitucional, em especial, princípio da não cumulatividade das referidas contribuições. Em relação ao ponto, a recorrente alegou que era possível a apropriação de crédito sobre os gastos com frete vinculados tais operações, porque, como se tratava de operação isenta, em conformidade com o entendimento do STF, exarado no julgamento dos RREE 196.527/MG e 212.637/MG, era legítimo o direito de apropriação de crédito nas operações de fretes em questão, uma vez que houve incidência sobre o gasto com a operação de frete e a lei previa a manutenção de créditos nas operações anteriores à exportação. Sem razão à recorrente. A uma, porque à jurisprudência citada referese ao princípio da não cumulatividade do IPI e se encontra superada pela atual jurisprudência da colenda Corte. A duas, porque a glosa em apreço não se refere à manutenção de crédito sobre os gastos com frete vinculados à operação exportação, mas à gastos com operação de frete vinculado a vendas a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação, que, conforme demonstrado, há expressa determinação legal que proíbe a apropriação de créditos. Fl. 1477DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 03 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROS A 30 O entendimento exarado no Acórdão nº 340300.485 também não se aplica ao caso tela, pois, além de ser uma Resolução, no referido julgado não foi abordado o assunto em comento. Por todas essas razões, mantémse a glosa integral dos créditos apropriados sobre o valor dos gastos com frete vinculados às operações de venda com fim específico de exportação. Dos fretes vinculados às transferências entre estabelecimentos e remessas para depósitos fechados e armazéns gerais. Segundo a fiscalização, as glosas dos créditos calculados sobre os gastos com fretes nas operações de transporte entre estabelecimentos alcançavam transferência de produtos acabados, de produtos em elaboração e de insumos, pois, em qualquer dessas situações, inexistia previsão legal para a tomada de créditos relativamente aos serviços de transporte. O deslinde da questão envolve a análise do tipo gasto com transporte que permite apropriação de crédito. E com base no entendimento anteriormente esposado, geram de direito de créditos da Cofins os gastos com frete no transporte (i) de bens utilizados como insumos de industrialização de produtos destinados à venda e dos produtos em elaboração, nas transferências entre os estabelecimentos industriais da própria pessoa jurídica; e b) dos produtos acabados na operação de venda. Por outro lado, não geram direito a crédito da Cofins os gastos com o transporte de produtos acabados entre estabelecimentos industriais e os estabelecimentos distribuidores da pessoa jurídica, por não configurar transferência de bens a ser utilizado como insumo nem operação de venda, mas mera operação de transferência dos produtos acabados, com intuito de facilitar a comercialização e a logística de entrega aos futuros compradores. Dessa forma, chegase a conclusão que a recorrente só não faz jus aos créditos sobre os gastos com frete no transporte dos produtos acabados entre estabelecimentos da pessoa jurídica. Logo, apenas em relação a esses gastos deve ser mantida a glosa. Pelas mesmas razões anteriormente aduzidas, também deve ser mantida a glosa dos créditos calculados sobre os gastos com fretes nas operações de remessas de produtos acabados para depósito fechado ou armazém geral, porque, induvidosamente, tais operações também não se enquadram como serviço de transporte utilizado como insumo de industrialização nem como operação de venda, operações asseguram a apropriação dos referidos créditos, conforme anteriormente demonstrado. Dos fretes vinculados às operações de devolução de venda e de compra. Segundo a fiscalização, a presente glosa referese a créditos calculados sobre despesas com frete no transporte de mercadorias devolvidas tanto nas operações de devolução de compras quanto nas operações de devolução de vendas. Em relação à operação de devolução de venda, há permissão apenas para o estorno do valor do débito da contribuição calculado sobre o valor da receita da venda do bem devolvido, conforme se extrai do disposto no art. 3º, VIII, e § 1º, IV, da Lei 10.833/2003, a seguir transcrito: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: Fl. 1478DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 03 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 13971.005204/200948 Acórdão n.º 3302003.210 S3C3T2 Fl. 1.463 31 [...] VIII bens recebidos em devolução, cuja receita de venda tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior, e tributada conforme o disposto nesta Lei. [...] § 1º O crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2odesta Lei sobre o valor: [...] IV dos bens mencionados no inciso VIII do caput, devolvidos no mês. [...] (grifos não originais) Já no que tange à operação de devolução de compra, não há previsão de legal de apropriação de crédito, mas determinação para o estorno do valor do crédito calculado sobre custo de aquisição do bem devolvido. Assim, independentemente do tipo de operação de devolução, não existe amparo legal para a apropriação de crédito da contribuição calculado sobre os gastos com frete no transporte de bens devolvidos tanto nas operações de devolução de vendas6 quanto nas operações de devolução de compras. Com base nessas considerações, deve ser integralmente mantida a presente glosa determinada pela fiscalização. Dos fretes vinculados às aquisições de pessoas físicas de bens para revenda. Segundo a fiscalização, se não há direito a créditos nas aquisições de mercadorias para revenda, feitas de produtor pessoa física não havia que se falar em créditos relativos aos fretes relacionados a essas aquisições, visto que os mesmos constituemse em parte do custo de aquisição. Assiste razão à fiscalização. Os bens adquiridos para revenda de pessoas físicas não asseguram direito ao crédito da Cofins, segundo determina o art. 3º, § 3º, I, da Lei 10.833/2003, a seguir transcrito: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: I bens adquiridos para revenda, [...]; [...] 6 Cabe esclarecer que nas assentadas anteriores, com base na análise isolada do art. 3º, VIII, da Lei 10.637/2002, este Relator apresentou entendimento de que, em relação à operação de devolução de venda, era assegurado o direito de apropriação de crédito calculado sobre a despesa com frete no transporte dos bens devolvidos. Porém, após análise combinada do disposto no inciso VIII com o disposto no § 1º, IV, ambos do art. 3º da Lei 10.637/2002, este Relator rever o o entendimento anterior e passa a admitir que também em relação à operação de devolução de venda também não existe amparo legal para apropriação de crédito sobre o valor da despesa com frete relativa a esta operação. Fl. 1479DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 03 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROS A 32 § 3º O direito ao crédito aplicase, exclusivamente, em relação: I aos bens e serviços adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País; [...] (grifos não originais) Dessa forma, se os gastos com frete vinculados ao transporte de bens adquiridos para revenda admitem apropriação de crédito somente sob forma de custos agregados aos referidos bens, conforme anteriormente demonstrado, como não há direito a apropriação de crédito sobre aquisição de produtos adquiridos para revenda de pessoas físicas, por conseguinte, também não existe permissão para dedução de créditos sobre os gastos de frete com transporte de tais bens. Assim, fica demonstrada a improcedência da alegação da recorrente de que fazia jus ao referido crédito, porque as operações de aquisição e as operações de transporte (frete) eram operações de distintas naturezas e a isenção ou não incidência em uma das operações não afetava a incidência tributária da outra operação, nem lhe prejudicava o direito ao crédito quando admitido nos termos da lei. Com base nessas considerações, mantémse integralmente a glosa realizada pela fiscalização. Da glosa dos créditos de fretes não comprovados. Em relação as glosas dos créditos por falta de comprovação, a recorrente limitouse em alegar que não havia apresentados as provas em razão do prazo exíguo do 30 (trinta) dias que lhe fora concedido, que deveria ser dilatado por este Conselho, sob pena de mais uma vez ferir o direito de ampla defesa. Sem procedência a alegação da recorrente. Os documentos comprobatórios do valor crédito pleiteado, se existentes, deveriam estar em poder da recorrente desde o momento em que formulado o pedido de restituição, para que, quando solicitado pela fiscalização, fosse apresentado dentro do prazo estabelecido, o que não ocorreu no caso em tela. Noticiam os autos que, embora regularmente intimada, a recorrente não apresentou os documentos comprobatórios dos gastos relativos aos créditos declarados no respectivo Dacon. Da mesma forma, no prazo legal de apresentação manifestação de inconformidade, a recorrente também não apresentou tais documentos, a que estava obrigada, nos termos do art. 16, III, do Decreto 70.235/1972. Assim, ao não apresentar a referida documentação com a manifestação de inconformidade, por força do disposto no art. 16, § 4º, do Decreto 70.235/1972, consumouse a preclusão do direito de posteriormente apresentála nos presentes autos. Além disso, no recurso em apreço, a recorrente não dignou demonstrar quais a quais itens dos gastos com frete referiamse os supostos documentos comprobatórios, o que impossibilita analisálos. Com efeito, no final recurso, a recorrente apenas mencionou que foi coligido aos autos arquivo em excel contendo listagens das notas fiscais do ano 2007, sem contudo especificar quais tipos de gastos as referidas notas fiscais destinamse a comprovar. A propósito, não se pode olvidar que o exercício do direito de defesa prescinde de objetividade e clareza nos argumentos e, quando necessário a comprovação, da apresentação e referência direta aos elementos probatórios correspondentes. A apresentação de Fl. 1480DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 03 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 13971.005204/200948 Acórdão n.º 3302003.210 S3C3T2 Fl. 1.464 33 longo texto recheado, em grande parte, de argumentos desconexos e fora de contexto, sem qualquer referência direta aos meios de provas adequados que lhe dão sustentação, além de não esclarecer o cerne da questão, atrapalha e dificulta o deslinde da contenda. Dada essa circunstância, este Relator fica impossibilitado de analisar a citada documentação e, por conseguinte, converter o julgamento em diligência, pelas razões anteriormente aduzidas, por entender que, no caso em tela, não ficou demonstrada a intenção da recorrente em comprovar os fatos em questão, no tempo propício e por meio da documentação adequada, pois, se assim desejasse, certamente, teria trazido aos autos, sem dificuldade, a documentação adequada, posto que, no caso em tela, a comprovação dos fatos controversos dependia apenas da apresentação de documentos fiscais e contábeis que, se existentes, deveriam estar em poder da recorrente. Por essas razões, mantémse a glosa integral dos referidos créditos, por ausência de comprovação. Dos supostos erros de apuração cometidos pela fiscalização. No recurso em apreço, a recorrente reitera alegado erro de apuração cometido pela fiscalização na apuração dos créditos do 1º trimestre 2005 e no 2º trimestre de 2006. Entretanto, por não se referir ao período de apuração dos créditos em apreço e não haver a recorrente demonstrado qualquer influência dos alegados erros sobre a apuração do valor dos créditos apurados no período de apuração dos créditos objeto do presente pedido de restituição, deixase de analisar o mérito dos citados erros. 3) Da Conclusão. Por todo o exposto, votase pela rejeição das preliminares de nulidade do despacho decisório e da decisão de primeiro grau e pelo indeferimento do pedido de diligência/perícia, e, no mérito, pelo PROVIMENTO PARCIAL do recurso, para restabelecer o direito da recorrente à dedução dos créditos calculados sobre o valor dos gastos com frete no transporte de bens utilizados como insumos, inclusive os produtos inacabados, entre os estabelecimentos industriais da própria pessoa jurídica ou remetidos para depósitos fechados ou armazéns gerais. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Fl. 1481DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 03 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROS A
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Numero do processo: 13603.724498/2011-13
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 28 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri May 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/08/2008 a 31/08/2008
OMISSÃO, DÚVIDA OU CONTRADIÇÃO NO ACÓRDÃO. INEXISTÊNCIA. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO REJEITADOS.
Os embargos de declaração não se revestem em via adequada para rediscutir o direito, devendo ser rejeitados quando não presentes os pressupostos de dúvida, contradição ou omissão no acórdão recorrido.
Embargos rejeitados.
Numero da decisão: 3301-002.949
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os embargos formulados pela Fazenda Pública, na forma do relatório e do voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Andrada Márcio Canuto Natal - Presidente.
(assinado digitalmente)
Francisco José Barroso Rios - Relator.
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Francisco José Barroso Rios, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Paulo Roberto Duarte Moreira, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Acompanhou o julgamento pelo contribuinte o Dr. Marco Túlio Fernandes Ibrahim, OAB/MG n° 110.372.
Nome do relator: FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS
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ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/08/2008 a 31/08/2008 OMISSÃO, DÚVIDA OU CONTRADIÇÃO NO ACÓRDÃO. INEXISTÊNCIA. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO REJEITADOS. Os embargos de declaração não se revestem em via adequada para rediscutir o direito, devendo ser rejeitados quando não presentes os pressupostos de dúvida, contradição ou omissão no acórdão recorrido. Embargos rejeitados. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os embargos formulados pela Fazenda Pública, na forma do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Presidente. (assinado digitalmente) Francisco José Barroso Rios Relator. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Francisco José Barroso Rios, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Paulo Roberto Duarte Moreira, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. Acompanhou o julgamento pelo contribuinte o Dr. Marco Túlio Fernandes Ibrahim, OAB/MG n° 110.372. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 60 3. 72 44 98 /2 01 1- 13 Fl. 3681DF CARF MF Impresso em 06/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724498/201113 Acórdão n.º 3301002.949 S3C3T1 Fl. 3.682 2 Relatório Em sessão transcorrida em 29 de janeiro de 2016, esta Primeira Turma Ordinária deu parcial provimento ao recurso voluntário interposto pelo sujeito passivo, nos termos do acórdão nº 3301002.795, assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/08/2008 a 31/08/2008 COFINS. REGIME DA NÃOCUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO PELA AQUISIÇÃO DE BENS DESTINADOS AO ATIVO IMOBILIZADO E NÃO UTILIZADOS NA PRODUÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. O inciso VI do artigo 3º das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003 vincula o creditamento em relação a máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado – além de seu emprego para locação a terceiros – a seu uso “na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços”. Portanto, o legislador restringiu o creditamento da contribuição à aquisição de bens diretamente empregados na industrialização das mercadorias (ou na prestação de serviços), não sendo razoável admitir que seja passível do cômputo de créditos a aquisição irrestrita de bens necessários ao exercício das atividades da empresa como um todo. COFINS. REGIME DA NÃOCUMULATIVIDADE. UTILIZAÇÃO DE BENS E SERVIÇOS COMO INSUMOS. CREDITAMENTO. AMPLITUDE DO DIREITO. REALIDADE FÁTICA. SERVIÇOS ENQUADRADOS PARCIALMENTE COMO INSUMOS NOS TERMOS DO REGIME. DIREITO CREDITÓRIO RECONHECIDO EM PARTE. No regime de incidência nãocumulativa do PIS/Pasep e da COFINS, as Leis 10.637 de 2002 e 10.833 de 2003 (art. 3o, inciso II) possibilitam o creditamento tributário pela utilização de bens e serviços como insumos na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, ou ainda na prestação de serviços, com algumas ressalvas legais. O escopo das mencionadas leis não se restringe à acepção de insumo tradicionalmente proclamada pela legislação do IPI e espelhada nas Instruções Normativas SRF nos 247/2002 (art. 66, § 5º) e 404/2004 (art. 8o, § 4º), sendo mais abrangente, posto que não há, nas Leis nos 10.637/02 e 10.833/03, qualquer menção expressa à adoção do conceito de insumo destinado ao IPI, nem previsão limitativa à tomada de créditos relativos somente às matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem. Contudo, deve ser afastada a interpretação demasiadamente elástica e sem base legal de se dar ao conceito de insumo uma identidade com o de despesa dedutível prevista na legislação do imposto de renda, posto que a Lei, ao se referir expressamente à utilização do insumo na produção ou fabricação, não dá margem a que se considerem como Fl. 3682DF CARF MF Impresso em 06/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724498/201113 Acórdão n.º 3301002.949 S3C3T1 Fl. 3.683 3 insumos passíveis de creditamento despesas que não se relacionem diretamente ao processo fabril da empresa. Logo, há que se conferir ao conceito de insumo previsto pela legislação do PIS e da COFINS um sentido próprio, extraído da materialidade desses tributos e atento à sua conformação legal expressa: são insumos os bens e serviços utilizados (aplicados ou consumidos) diretamente no processo produtivo (fabril) ou na prestação de serviços da empresa, ainda que, no caso dos bens, não sofram alterações em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação. Realidade em que a empresa, fabricante de máquinas e equipamentos de grande porte, busca se creditar da contribuição em função de serviços com despacho aduaneiro, contabilidade geral, controle fiscal, contas a pagar e tesouraria, controle de ativo fixo, registro fiscal, faturamento, gestão tributária e societária, serviços de assessoria e expatriados, serviços os quais dizem respeito a atividades de caráter meramente administrativo, e que, por não estarem relacionados diretamente à atividade produtiva da interessada, não dão direito a creditamento. Diferentemente, poderão alicerçar creditamento os serviços relacionados ao controle de fluxo de produção e de estoque nas instalações fabris (sistema just in time), posto que esses são essenciais ao processo produtivo. COFINS. REGIME DA NÃOCUMULATIVIDADE. DESCONTO DE CRÉDITOS CALCULADOS EM RELAÇÃO A FRETES DECORRENTES DA TRANSFERÊNCIA DE PRODUTO ACABADO ENTRE ESTABELECIMENTOS DA INTERESSADA, OU AINDA, PELOS FRETES DO TRANSPORTE DE MERCADORIAS DESTINADAS AO ATIVO IMOBILIZADO OU A USO E CONSUMO. IMPOSSIBILIDADE. No regime da nãocumulatividade do PIS/PASEP e da COFINS a possibilidade de creditamento em relação a despesas com frete e armazenagem de mercadorias é restrita aos casos de venda de bens adquiridos para revenda ou produzidos pelo sujeito passivo, e, ainda assim, quando o ônus for suportado pelo mesmo. Logo, por falta de previsão legal, é inadmissível o creditamento em face de fretes decorrentes da transferência de produto acabado entre estabelecimentos da interessada, ou ainda, pelos fretes do transporte de mercadorias destinadas ao ativo imobilizado ou a uso e consumo. COFINS. REGIME DA NÃOCUMULATIVIDADE. DESCONTO DE CRÉDITOS CALCULADOS EM RELAÇÃO A FRETES PAGOS NA COMPRA DE INSUMOS ADQUIRIDOS DE PESSOA JURÍDICA. POSSIBILIDADE. O regime da nãocumulatividade do PIS/PASEP e da COFINS admite o creditamento calculado a partir de despesas com fretes pagos na compra de insumos adquiridos de pessoas jurídicas. COFINS. REGIME DA NÃOCUMULATIVIDADE. COMPENSAÇÃO OU RESSARCIMENTO DO SALDO CREDOR. AMPLITUDE LEGAL. A possibilidade de compensação ou de ressarcimento em espécie do saldo credor do PIS e da COFINS, antes restrita ao acúmulo de Fl. 3683DF CARF MF Impresso em 06/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724498/201113 Acórdão n.º 3301002.949 S3C3T1 Fl. 3.684 4 créditos decorrente da exportação de mercadorias ou de serviços para o exterior (sobre as quais não incidem as contribuições em tela), passou a alcançar todos os créditos apurados na forma do artigo 3º das Leis nos 10.637/2002 e 10.833/2003, bem como os créditos decorrentes da incidência das contribuições em tela sobre as importações – no caso de pessoas jurídicas sujeitas ao regime da não cumulatividade – nas hipóteses albergadas pelo artigo 15 da Lei nº 10.865/2004, dentre as quais se inclui a aquisição de bens para revenda (inciso I do artigo 15 da Lei nº 10.865/2004). COFINS. REGIME DA NÃOCUMULATIVIDADE. SALDO CREDOR. COMPENSAÇÃO OU RESSARCIMENTO. TRIMESTRALIDADE DA APURAÇÃO. Poderá ser objeto de compensação ou de ressarcimento o saldo credor da Contribuição para o PIS/PASEP e para a COFINS apurado na forma do art. 3º das Leis nos 10.637/2002 e 10.833/2003, bem como do art. 15 da Lei nº 10.865/2004, acumulado ao final de cada trimestre do anocalendário, em virtude da manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS (artigo 17 da Lei nº 11.033/2004). Recurso ao qual se dá parcial provimento O dispositivo do voto condutor do acórdão embargado segue abaixo transcrito: Por todo o exposto, voto para dar parcial provimento ao recurso, no seguinte sentido: I) negar o direito ao creditamento do PIS e da COFINS pela aquisição de bens destinados ao ativo imobilizado (item 3.1 do TVF); II) reconhecer em parte o direito a creditamento para que sejam admitidos os créditos calculados pelo sujeito passivo em relação aos serviços pagos à GFL Gestão de Fatores Logísticos Ltda. (item 3.2 do TVF); III) manter o entendimento da fiscalização pela impossibilidade de creditamento em face de fretes decorrentes da transferência de produto acabado entre estabelecimentos da interessada (item 3.4 do TVF), ou ainda, pelos fretes do transporte de mercadorias destinadas ao ativo imobilizado ou a uso e consumo (item 3.5 do TVF); IV) quanto à glosa dos créditos calculados sobre fretes pela “falta de identificação das mercadorias transportadas” (item 3.7 do TVF), dar parcial provimento ao recurso, nos termos dos cálculos apresentados pela autoridade fiscal no relatório de diligência de fls. 3609/3614; V) concernente à reclassificação de créditos (item 4.2 do TVF), desconsiderar os ajustes nos cálculos procedidos pela fiscalização, uma vez caracterizada a possibilidade de utilização dos créditos, para fins de compensação ou de ressarcimento, em Fl. 3684DF CARF MF Impresso em 06/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724498/201113 Acórdão n.º 3301002.949 S3C3T1 Fl. 3.685 5 vista das compras das máquinas e dos veículos destinadas à revenda; VI) quanto ao reposicionamento dos créditos (item 4.3 do TVF), dar parcial provimento ao recurso para permitir o ajuste necessário de forma a considerar a incidência de juros e de multa de mora sobre os débitos apenas até o término de cada trimestre data a partir da qual a contribuinte passou a ter direito ao crédito; VII) negar provimento quanto à retificação dos erros de cálculo. (grifouse) Aduz a d. Procuradoria que o acórdão em tela incide em omissão, contradição e dúvida a respeito das questões que elenca, as quais seguem abaixo discriminadas. Especificamente no que concerne ao item II do dispositivo acima transcrito, cujo entendimento foi o de "reconhecer em parte o direito a creditamento para que sejam admitidos os créditos calculados pelo sujeito passivo em relação aos serviços pagos à GFL Gestão de Fatores Logísticos Ltda. (item 3.2 do TVF)", aduz a Fazenda Nacional que referido entendimento se alicerçou no equivocado argumento de que os serviços prestados pela citada empresa seriam inerentes a um "sistema de controle de fluxo de produção e dos estoques ligados à produção", conforme seguinte trecho extraído do voto condutor do acórdão: [...] Contudo, em relação aos serviços prestados pela GFL Gestão de Fatores Logísticos Ltda., (“Gerenciamento das operações de transporte ‘Inbound’ Transportes de materiais/produtos que adentram na fábrica da contratante e "Followup" Acompanhamento de entrega de materiais e componentes a ser realizado pela contratada, perante os fornecedores da contratante”), esses, por estarem relacionados ao controle de fluxo de componentes nas instalações fabris, são essenciais ao processo produtivo, o qual, nas palavras da interessada, “depende da entrega de insumos na lógica do sistema just in time”. Com efeito, não se concebe o exercício da atividade industrial sem um eficaz sistema de controle do fluxo de produção e dos estoques ligados à produção, razão pela qual entendo que os créditos calculados com base nos serviços prestados pela GFL Gestão de Fatores Logísticos Ltda. deverão ser mantidos. Nessa parte, portanto, dou parcial provimento ao recurso voluntário para que sejam admitidos os créditos calculados pelo sujeito passivo em relação aos serviços pagos à GFL Gestão de Fatores Logísticos Ltda. Segundo a Fazenda Pública, o equívoco restaria caracterizado diante da leitura da Cláusula Primeira do contrato firmado entre a embargada e a GFL Gestão de Fatores Logísticos Ltda., cujo objeto estaria restrito à disponibilização de mãodeobra sob a gerência de órgão de planejamento da CNH. Assim o contrato contemplaria apenas a cessão de mãode obra, e não a prestação de serviços, como, ressalta, entendera a decisão de primeira instância, segundo a qual os serviços prestados pela citada empresa teriam caráter nitidamente administrativo. Fl. 3685DF CARF MF Impresso em 06/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724498/201113 Acórdão n.º 3301002.949 S3C3T1 Fl. 3.686 6 Assim, entende a Fazenda Nacional que deveria ser afastada a possibilidade de creditamento inerente às despesas contratuais com a pessoa jurídica GFL Gestão de Fatores Logísticos Ltda.. Em relação ao item V do dispositivo acima transcrito, concernente ao afastamento da reclassificação de créditos efetuada pela fiscalização (item 4.2 do TVF), entendeu a Fazenda Pública que seria contraditória a interpretação adotada pelo acórdão recorrido, eis que inadmissível o embargado valerse do desconto da base de cálculo do PIS e da COFINS (art. 17 da Lei nº 10.865) conjuntamente com o direito de compensação ou restituição do crédito veiculado pelo artigo 15 da mesma lei. Ressalta que a decisão da DRJ entendeu não ser possível a cumulação de ambos os benefícios fiscais, e que enquanto o artigo 17 da Lei nº 10.865 veicula norma de exclusão do crédito tributário, o artigo 15 da mesma lei trata de previsão de não cumulatividade. Ainda, aduz a d. Procuradoria que o Supremo Tribunal Federal, em sede de recurso extraordinário com repercussão geral, já se pronunciara sobre a impossibilidade de utilização concomitante da benesse da exclusão do crédito e da não cumulatividade. Reproduz a ementa do acórdão proferido nos autos do RE nº 398.365/RG, e ressalta que muito embora citado decisum trate do IPI, a questão foi analisada sob a ótica do artigo 153, inciso IV, § 3º, inciso II, da Constituição Federal, aplicável à nãocumulatividade das contribuições sociais. Reportase ainda a Fazenda Pública à interpretação literal de que trata o artigo 111 do CTN. Diante do exposto, e dada a aduzida necessidade de saneamento das supostas obscuridades, contradições e omissões, requer sejam acolhidos e providos os presentes embargos de declaração. É o relatório. Voto Conselheiro Francisco José Barroso Rios Inicio a análise dos presentes embargos declaratórios apreciando os questionamentos da d. Fazenda Pública quanto ao item II do dispositivo do voto condutor da decisão embargada, cujo entendimento foi no sentido de "reconhecer em parte o direito a creditamento para que sejam admitidos os créditos calculados pelo sujeito passivo em relação aos serviços pagos à GFL Gestão de Fatores Logísticos Ltda. (item 3.2 do TVF)". A Fazenda Nacional alega equivocado o argumento segundo o qual os serviços prestados pela citada empresa são inerentes a um "sistema de controle de fluxo de produção e dos estoques ligados à produção", conforme trecho extraído do voto condutor do acórdão, reproduzido linhas acima. Para a Fazenda Pública, a leitura da Cláusula Primeira do contrato firmado entre a interessada e a GFL Gestão de Fatores Logísticos Ltda. restringiria o objeto do contrato à disponibilização de mãodeobra sob a gerência de órgão de planejamento da CNH. Dessa forma, o contrato contemplaria apenas a cessão de mãodeobra, e não a prestação de serviços, Fl. 3686DF CARF MF Impresso em 06/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724498/201113 Acórdão n.º 3301002.949 S3C3T1 Fl. 3.687 7 como, ressalta, teria entendido a decisão de primeira instância, segundo a qual os serviços prestados pela citada empresa teriam caráter nitidamente administrativo. A Cláusula Primeira do contrato referenciado, no qual se alicerça a Fazenda Pública, segue abaixo reproduzida: De pronto, releva destacar que a cláusula primeira acima transcrita não se restringe à "disponibilização de três colaboradores" e, portanto, a mãodeobra, mas também, em parágrafo distinto, à "identificação das restrições dos métodos e processos produtivos (gargalos)" com a sugestão de "alternativas em prazos que possibilitem ações técnicas corretivas". Ou seja, entendemos que o contrato em tela contempla, sim, o "controle de fluxo de componentes nas instalações fabris [...] essenciais ao processo produtivo, o qual, nas palavras da interessada, 'depende da entrega de insumos na lógica do sistema just in time'" (nos termos da decisão embargada). Isso é corroborado pela Cláusula Sétima do contrato em evidência, segundo a qual a execução dos serviços pela contratada ocorrerá, também, "em local diverso das dependências da CONTRATANTE". Confirase: Ademais, conforme demonstrado no voto condutor do acórdão embargado, a suposta restrição do contrato em tela à sessão de mãodeobra não foi levantada em nenhum momento pela fiscalização. Com efeito, a fundamentação adotada pela fiscalização para a glosa do creditamento pelos serviços pagos à empresa GFL foi a impossibilidade de creditamento em face de serviços de "Gerenciamento das operações de transporte "IN Bound" Transportes de materiais/produtos que adentram na fábrica da contratante e "Followup" Acompanhamento de entrega de materiais e componentes a ser realizado pela contratada, perante os fornecedores da contratante". Isso é reiterado pela fiscalização quando reproduz a ementa da Solução de Consulta Nº 125/2007 da DISIT da 10ª RF, segundo a qual "não gera direito a crédito da Cofins a aquisição de serviços de movimentação e controle de estoques de matériasprimas, materiais de embalagem e produtos acabados, realizados nas instalações da pessoa jurídica ou da própria empresa contratada". Fl. 3687DF CARF MF Impresso em 06/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724498/201113 Acórdão n.º 3301002.949 S3C3T1 Fl. 3.688 8 Foi fundado nessa premissa que analisamos a questão e entendemos que [...] em relação aos serviços prestados pela GFL Gestão de Fatores Logísticos Ltda., (“Gerenciamento das operações de transporte ‘Inbound’ Transportes de materiais/produtos que adentram na fábrica da contratante e "Followup" Acompanhamento de entrega de materiais e componentes a ser realizado pela contratada, perante os fornecedores da contratante”), esses, por estarem relacionados ao controle de fluxo de componentes nas instalações fabris, são essenciais ao processo produtivo, o qual, nas palavras da interessada, “depende da entrega de insumos na lógica do sistema just in time”. Confirase o correspondente trecho da decisão embargada abaixo reproduzido: Das glosas objeto do item 3.2 do TVF: serviços não empregados diretamente na industrialização A fiscalização glosou o creditamento correspondente a alguns serviços que não foram “empregados diretamente na industrialização”. Reproduzo o trecho do relatório fiscal correspondente à questão: Instado, conforme Termo de Intimação nº 0551/2011, a informar quais tipos de serviços prestavam as empresas Fiat do Brasil S/A e GFL Gestão de Fatores Logísticos, e a apresentar os respectivos contratos, a empresa respondeu, em 01/09/2011, o seguinte: “Serviços prestados à INTIMADA pela FIAT DO BRASIL S/A: [...] Serviços prestados à INTIMADA pela GFL GESTÃO DE FATORES LOGÍSTICOS LTDA: • Gerenciamento das operações de transporte "IN Bound" Transportes de materiais/produtos que adentram na fábrica da contratante e "Followup" Acompanhamento de entrega de materiais e componentes a ser realizado pela contratada, perante os fornecedores da contratante.” Nenhuma destas atividades pode ser considerada como aplicada ou consumida na fabricação de produtos. Os serviços prestados pela Fiat do Brasil S/A, claramente, têm caráter administrativo, mas mesmo os prestados pela GFL não podem ser considerados insumos. Neste sentido, a ementa da Solução de Consulta Nº 125 de 2007 – DISIT – 10ª RF declara: INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. DIREITO DE CRÉDITO. SERVIÇOS DE MOVIMENTAÇÃO E CONTROLE DE ESTOQUES. Não gera direito a crédito da Cofins a aquisição de serviços de movimentação e controle de estoques de matérias primas, materiais de embalagem e produtos acabados, realizados nas instalações da pessoa jurídica ou da própria empresa contratada. As contas contábeis responsáveis pelo registro dos créditos de PIS e COFINS incidentes sobre serviços, conforme resposta ao Termo de Início entregue em 08/06/2011, são as de nos 144240 e 144241, e a esmagadora maioria dos lançamentos referemse a serviços prestados pelas duas empresas mencionadas anteriormente, com algumas exceções: a nota fiscal nº 149087 da Metropolitana Vigilância Comercial, cujo crédito o contribuinte afirmou não ter incluído na base de cálculo, e algumas notas Fl. 3688DF CARF MF Impresso em 06/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724498/201113 Acórdão n.º 3301002.949 S3C3T1 Fl. 3.689 9 fiscais, em 2010, referentes a treinamentos técnicos de diversos tipos, aos quais, pelos mesmos argumentos expostos acima, é vedada a geração de créditos. Deste modo, todo o crédito descrito como “Serviço Nacional” nas memórias de cálculo entregues em 08/07/2011, em resposta ao Termo de Início, deve ser glosado [...] A análise do problema envolve essa que talvez seja a questão mais controvertida em relação à nãocumulatividade do PIS/PASEP e da COFINS: definir o que são insumos para fins de creditamento das citadas contribuições. [...] Contudo, em relação aos serviços prestados pela GFL Gestão de Fatores Logísticos Ltda., (“Gerenciamento das operações de transporte ‘Inbound’ Transportes de materiais/produtos que adentram na fábrica da contratante e "Followup" Acompanhamento de entrega de materiais e componentes a ser realizado pela contratada, perante os fornecedores da contratante”), esses, por estarem relacionados ao controle de fluxo de componentes nas instalações fabris, são essenciais ao processo produtivo, o qual, nas palavras da interessada, “depende da entrega de insumos na lógica do sistema just in time”. Com efeito, não se concebe o exercício da atividade industrial sem um eficaz sistema de controle do fluxo de produção e dos estoques ligados à produção, razão pela qual entendo que os créditos calculados com base nos serviços prestados pela GFL Gestão de Fatores Logísticos Ltda. deverão ser mantidos. Nessa parte, portanto, dou parcial provimento ao recurso voluntário para que sejam admitidos os créditos calculados pelo sujeito passivo em relação aos serviços pagos à GFL Gestão de Fatores Logísticos Ltda. (os destaques em negrito não constam do original) Vale ressaltar, ainda, que, diferentemente do que afirma a d. Procuradoria, a decisão de primeira instância também não se fundamentou na apontada restrição do contrato referido à sessão de mãodeobra, conforme comprova o seguinte trecho da decisão em referência: 4. SERVIÇOS NÃO EMPREGADOS DIRETAMENTE NA INDUSTRIA LIZAÇÃO. ITEM 3.2 DO TVF. A DRF glosou tais despesas em virtude de a legislação somente autorizar o creditamento sobre serviços utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda, e desde que aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto e prestados por pessoa jurídica domiciliada no país. Afirma que a contribuinte não observou essa regra ao apurar os créditos das contribuições, indicados nas memórias de cálculo apresentadas, enquanto que, instada a informar quais os tipos de serviços prestados pelas pessoas jurídicas Fiat do Brasil Ltda. e GFL Gestão de Fatores Logísticos, a recorrente esclareceu que a primeira prestou serviços relativos ao comércio exterior, contabilidade geral, controle fiscal, gestão tributária e societária e assessoria a expatriados enquanto que a última teria prestado serviços relativos a gerenciamento das operações de Fl. 3689DF CARF MF Impresso em 06/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724498/201113 Acórdão n.º 3301002.949 S3C3T1 Fl. 3.690 10 transporte e acompanhamento de entrega de materiais e componentes. Nenhuma dessas atividades pode ser considerada como aplicada ou consumida na fabricação de produtos, eis que possuem caráter nitidamente administrativo. Em adição, a DRF informou que os serviços destacados correspondem à esmagadora maioria dos lançamentos contábeis nas contas nº 144240 e nº 144241, com exceção da nota fiscal nº 149087 da pessoa jurídica Metropolitana Vigilância Comercial, cujo crédito a contribuinte informou não ter incluído na base de cálculo, e algumas notas fiscais concernentes a treinamentos técnicos de diversos tipos, aos quais, pelos mesmos argumentos, é vedada a geração de créditos das contribuições em exame. Assim, concluiu a DRF, todo o crédito descrito como “Serviço Nacional” nos documentos acostados, foi objeto de glosa. Conforme evidenciado, podem ser considerados insumos para efeitos fiscais somente aqueles bens e serviços que, adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País, efetivamente sejam aplicados ou consumidos na fabricação ou na produção de bens, ou na prestação de serviços. Desse modo, os serviços em tela não podem ser tidos por insumos. Em adição, embora a requerente alegue que esses serviços são essenciais, não foi o critério da indispensabilidade ou essencialidade, como visto, que motivou a legislação ora em exame. (grifos nossos) Como se vê, também na decisão da DRJ é ressaltado que a natureza dos serviços prestados pela GFL Gestão de Fatores Logísticos Ltda. é a de "gerenciamento das operações de transporte e acompanhamento de entrega de materiais e componentes", tendo entendido a decisão de primeira instância, com base na rejeição do critério da "indispensabilidade ou essencialidade" acolhido na decisão embargada , que "nenhuma dessas atividades pode ser considerada como aplicada ou consumida na fabricação de produtos, eis que possuem caráter nitidamente administrativo". Assim, em vista de a aduzida (e equivocada) restrição à sessão de mãode obra no contrato firmado entre a interessada e a GFL, em nenhum momento, ter servido de fundamentação para a glosa dos créditos (seja pela unidade de origem, seja pela DRJ) o que revela inadmissível inovação argumentativa em sede de embargos , e ainda, pelo fato de referido contrato, com efeito, contemplar a "identificação das restrições dos métodos e processos produtivos (gargalos)" com a sugestão de "alternativas em prazos que possibilitem ações técnicas corretivas", demonstrando albergar o "controle de fluxo de componentes nas instalações fabris", como destacado na decisão embargada, entendo que, nessa parte, deverão ser rejeitados os embargos da d. Procuradoria da Fazenda Nacional, eis que demonstrada a perfeita higidez da decisão em tela e, portanto, a ausência de quaisquer dos pressupostos de admissibilidade de embargos de declaração (obscuridade, omissão ou contradição). O d. Procuradoria também se insurgiu contra o entendimento objeto do item V do dispositivo do voto condutor do acórdão embargado, o qual reproduzo novamente: V) concernente à reclassificação de créditos (item 4.2 do TVF), desconsiderar os ajustes nos cálculos procedidos pela fiscalização, uma vez caracterizada a possibilidade de utilização dos créditos, para fins de compensação ou de ressarcimento, em vista das compras das máquinas e dos veículos destinadas à revenda; Fl. 3690DF CARF MF Impresso em 06/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724498/201113 Acórdão n.º 3301002.949 S3C3T1 Fl. 3.691 11 Segundo a Fazenda Pública, seria contraditória a interpretação adotada pelo acórdão recorrido, eis que inadmissível o embargado valerse do desconto da base de cálculo do PIS e da COFINS (art. 17 da Lei nº 10.865) conjuntamente com o direito de compensação ou restituição do crédito veiculado pelo artigo 15 da mesma lei. Ressalta que a decisão da DRJ entendera não ser possível a cumulação de ambos os benefícios fiscais, e que enquanto o artigo 17 da Lei nº 10.865 veicula norma de exclusão do crédito tributário, o artigo 15 da mesma lei trata de previsão de não cumulatividade. Faz referência ainda ao RE nº 398.365/RG, cujo entendimento deveria ter sido observado na decisão embargada. Não obstante, da análise dos argumentos contidos no voto condutor do acórdão recorrido, vêse que, no mesmo, não há nenhuma contradição entre o que foi decidido e os fundamentos do acórdão que justifique o acolhimento dos presentes embargos declaratórios. Tãosomente foi adotada uma interpretação específica dentre entendimentos possíveis na lamentável colcha de retalhos que é a legislação inerente ao regime da não cumulatividade do PIS/Pasep e da COFINS. No caso, o colegiado entendeu que o artigo 16 da Lei nº 11.116/2005, ao admitir a compensação e o ressarcimento também em relação aos créditos decorrentes da incidência do PIS e da COFINS sobre as importações nas hipóteses albergadas pelo artigo 15 da Lei nº 10.865/2004, abrangia as mercadorias discriminadas no artigo 17 da mesma Lei nº 10.865/2004, por entender que aduzido dispositivo (artigo 17) trata de um subconjunto das hipóteses amplamente abordadas pelo artigo 15, principalmente considerando o teor do parágrafo 8º do mesmo artigo 17, segundo o qual "o disposto neste artigo alcança somente as pessoas jurídicas de que trata o art. 15 desta Lei" (grifei). Segundo o entendimento exarado no acórdão, a especificidade do artigo 17 referenciado seria inerente à forma de apuração dos créditos, prescrita em seu parágrafo 2º, o qual, no caso dos bens de que trata o § 3º do artigo 8º da Lei nº 10.865/2004 (“máquinas e veículos, classificados nos códigos 84.29, 8432.40.00, 8432.80.00, 8433.20, 8433.30.00, 8433.40.00, 8433.5, 87.01, 87.02, 87.03, 87.04, 87.05 e 87.06, da Nomenclatura Comum do Mercosul – NCM”), correspondia a 2% e a 9,6%, respectivamente, para o PIS e para a COFINS, nos termos da redação à época vigente do artigo 1º da Lei nº 10.485/20021, a que remete o inciso III do artigo 2º das Leis nos 10.637/2002 e 10.833/2003. Exceção, pois, às alíquotas gerais de 1,65% para o PIS e de 7,6% para a COFINS, prescritas pelo caput do artigo 2º das Leis nos 10.637/2002 e 10.833/2003. Evidentemente, acaso exista dissenso jurisprudencial no âmbito deste CARF, poderá a questão ser questionada via recurso especial, mas não mediante embargos de declaração, eis que este recurso não pode ser utilizado para a rediscussão do direito. Da conclusão 1 Art. 1° As pessoas jurídicas fabricantes e as importadoras de máquinas e veículos classificados nos códigos 84.29, 8432.40.00, 84.32.80.00, 8433.20, 8433.30.00, 8433.40.00, 8433.5, 87.01, 87.02, 87.03, 87.04, 87.05 e 87.06, da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados TIPI, aprovada pelo Decreto nº 4.070, de 28 de dezembro de 2001, relativamente à receita bruta decorrente da venda desses produtos, ficam sujeitas ao pagamento da contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, às alíquotas de 2% (dois por cento) e 9,6% (nove inteiros e seis décimos por cento), respectivamente. (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) Fl. 3691DF CARF MF Impresso em 06/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13603.724498/201113 Acórdão n.º 3301002.949 S3C3T1 Fl. 3.692 12 Diante do exposto, e considerando que o acórdão recorrido não está eivado de dúvida, omissão ou contradição que justifique a oposição de embargos de declaração, voto para que seja rejeitado o recurso formalizado pela Fazenda Pública, visto que este carece de pressuposto essencial à sua legitimação. Sala de sessões, em 28 de abril de 2016. (assinado digitalmente) Francisco José Barroso Rios – Relator Fl. 3692DF CARF MF Impresso em 06/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS
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Numero do processo: 15586.720261/2011-44
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 20 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Aug 01 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2008
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.
Verificadas omissões na decisão embargada, acolhem-se os embargos de declaração para o fim de suprir os vícios apontados.
INSUMOS. SERVIÇOS APLICADOS NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. CUSTO DE NAVIOS. DESPESAS DE EMBARQUE.
Comprovada a vinculação dos gastos incorridos com custos de navios e com as demais despesas na prestação de serviços de embarques de mercadorias de terceiros, afasta-se a glosa que foi fundamentada apenas na não vinculação.
CRÉDITO PRESUMIDO. AGROINDÚSTRIA.
À luz do art. 8º, §§ 2º e 3º da Lei nº 10.925/2004 o crédito presumido da agroindústria deve ser apurado com base no valor das notas fiscais de aquisição dos bens no mesmo período de apuração do crédito, não havendo amparo legal para ajustar o valor dessas aquisições pelo preço médio dos produtos em estoque.
Embargos acolhidos.
Numero da decisão: 3402-003.165
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração para suprir as omissões apontadas na decisão embargada e, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso da seguinte forma: a) por unanimidade de votos, para reverter as glosas dos créditos sobre serviços prestados a terceiros pela filial Santos; b) pelo voto de qualidade, para manter a glosa do crédito presumido. Vencidos os Conselheiros Thais De Laurentiis Galkowicz, Diego Diniz Ribeiro, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto, que votaram no sentido de converter o julgamento em diligência para apuração dos créditos presumidos sobre transferências entre filiais. Sustentou pela recorrente a Dra. Ana Carolina Saba Uttimati, OAB/SP nº 207.382.
(Assinado com certificado digital)
Antonio Carlos Atulim Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2008 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. Verificadas omissões na decisão embargada, acolhem-se os embargos de declaração para o fim de suprir os vícios apontados. INSUMOS. SERVIÇOS APLICADOS NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. CUSTO DE NAVIOS. DESPESAS DE EMBARQUE. Comprovada a vinculação dos gastos incorridos com custos de navios e com as demais despesas na prestação de serviços de embarques de mercadorias de terceiros, afasta-se a glosa que foi fundamentada apenas na não vinculação. CRÉDITO PRESUMIDO. AGROINDÚSTRIA. À luz do art. 8º, §§ 2º e 3º da Lei nº 10.925/2004 o crédito presumido da agroindústria deve ser apurado com base no valor das notas fiscais de aquisição dos bens no mesmo período de apuração do crédito, não havendo amparo legal para ajustar o valor dessas aquisições pelo preço médio dos produtos em estoque. Embargos acolhidos.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração para suprir as omissões apontadas na decisão embargada e, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso da seguinte forma: a) por unanimidade de votos, para reverter as glosas dos créditos sobre serviços prestados a terceiros pela filial Santos; b) pelo voto de qualidade, para manter a glosa do crédito presumido. Vencidos os Conselheiros Thais De Laurentiis Galkowicz, Diego Diniz Ribeiro, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto, que votaram no sentido de converter o julgamento em diligência para apuração dos créditos presumidos sobre transferências entre filiais. Sustentou pela recorrente a Dra. Ana Carolina Saba Uttimati, OAB/SP nº 207.382. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto.
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Verificadas omissões na decisão embargada, acolhemse os embargos de declaração para o fim de suprir os vícios apontados. INSUMOS. SERVIÇOS APLICADOS NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. CUSTO DE NAVIOS. DESPESAS DE EMBARQUE. Comprovada a vinculação dos gastos incorridos com custos de navios e com as demais despesas na prestação de serviços de embarques de mercadorias de terceiros, afastase a glosa que foi fundamentada apenas na não vinculação. CRÉDITO PRESUMIDO. AGROINDÚSTRIA. À luz do art. 8º, §§ 2º e 3º da Lei nº 10.925/2004 o crédito presumido da agroindústria deve ser apurado com base no valor das notas fiscais de aquisição dos bens no mesmo período de apuração do crédito, não havendo amparo legal para ajustar o valor dessas aquisições pelo preço médio dos produtos em estoque. Embargos acolhidos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração para suprir as omissões apontadas na decisão embargada e, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso da seguinte forma: a) por unanimidade de votos, para reverter as glosas dos créditos sobre serviços prestados a terceiros pela filial Santos; b) pelo voto de qualidade, para manter a glosa do crédito presumido. Vencidos os Conselheiros Thais De Laurentiis Galkowicz, Diego Diniz Ribeiro, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto, que votaram no sentido de converter o julgamento em diligência para AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 58 6. 72 02 61 /2 01 1- 44 Fl. 673DF CARF MF Impresso em 01/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 28/07/201 6 por ANTONIO CARLOS ATULIM 2 apuração dos créditos presumidos sobre transferências entre filiais. Sustentou pela recorrente a Dra. Ana Carolina Saba Uttimati, OAB/SP nº 207.382. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim – Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Tratase de embargos de declaração interpostos em tempo hábil pelo contribuinte ao Acórdão nº 3403002.759, sob o argumento de que existem omissões no referido julgado. Primeira omissão. Segundo a embargante, o colegiado reconheceu, em tese, o direito à tomada do crédito sobre os dispêndios com serviços portuários na prestação de serviços a terceiros. Entretanto, não reconheceu esse direito in concreto, por ter considerado que a recorrente não apresentara a documentação comprobatória da vinculação entre os gastos com despesas portuárias e a prestação de serviços a terceiros, em relação ao trimestre em questão. Após ter requerido cópia integral do processo, a defesa percebeu que a petição por ela protocolizada em 27 de novembro de 2013, com os documentos relativos ao 3º Trimestre de 2008, não havia sido juntada aos autos, o que fez com que o processo fosse julgado sem que os conselheiros tomassem conhecimento das referidas provas. Assim, por razão alheia ao controle e vontade da embargante e dos conselheiros, mas sim por falha exclusiva de procedimentos internos do CARF, a decisão recorrida omitiuse de se pronunciar sobre documentos que haviam sido regularmente apresentados antes de iniciado o julgamento do recurso voluntário, situação que deve ser sanada por meio destes embargos. Segunda omissão. Segundo a embargante, a fiscalização glosou o crédito presumido da agroindústria (art. 8º da Lei nº 10.925/2004), sob o argumento de que a empresa o registrou em momento posterior à efetiva aquisição da soja e com base em valor diverso do constante das notas ficais de aquisição. Em resposta, a defesa demonstrou que a sistemática adotada para apuração do crédito presumido tinha amparo legal, considerandose as particularidades da aquisição de soja. Ao analisar essa questão, o colegiado, de maneira inédita, decidiu manter a glosa sob o único fundamento de que o crédito presumido da agroindústria não poderia ter sido utilizado em pedido de ressarcimento. Fl. 674DF CARF MF Impresso em 01/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 28/07/201 6 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 15586.720261/201144 Acórdão n.º 3402003.165 S3C4T2 Fl. 5 3 Acontece, que o pedido de ressarcimento apresentado pela empresa não contempla o crédito presumido da agroindústria, pois se refere exclusivamente a créditos relativos às aquisições no mercado interno, vinculadas à receita de exportação. Tal fato pode ser comprovado por meio da análise do DACON às fls. 137/151. No referido documento, o crédito presumido de PIS foi efetivamente utilizado da forma como proposta pelo Colegiado, exclusivamente para a dedução da PIS devida nos meses de julho, agosto e setembro de 2008, não havendo qualquer saldo remanescente compondo o valor do crédito pleiteado no pedido de ressarcimento. É por tal motivo que as autoridades fiscais nunca acusaram a Embargante de ter pleiteado a restituição dos créditos presumidos e esse assunto nunca ter sido objeto de controvérsia. Ao analisar o pedido de ressarcimento apresentado, a fiscalização decidiu também analisar e glosar o crédito presumido, fato que implicou, entre outros motivos, a reapuração da PIS do período e o indeferimento do crédito pleiteado. Tendo sido comprovado que a situação fática existente neste processo é diferente da considerada na decisão embargada, ainda pende de exame a questão da validade do crédito presumido da forma apurada pelo contribuinte, omissão que merece ser sanada por meio destes embargos de declaração. É a síntese do necessário. Voto Conselheiro Antonio Carlos Atulim, relator. Relativamente à primeira omissão, tendo em vista que o despacho de admissibilidade de embargos de fls. 670/672 constatou que o Acórdão embargado foi proferido sem a análise dos documentos que haviam sido protocolados pela defesa em 27/11/2013, é necessário suprir a omissão alegada pela embargante. A omissão se refere à análise de provas, pois o Acórdão 3403002.759 analisou a questão de direito, relativa à tomada do crédito sobre serviços prestados a terceiros pela filial Santos, tendo rechaçado a interpretação da DRJ, e reconhecido o direito em tese. O problema foi que os documentos comprobatórios anexados com a impugnação não se referiam a este trimestrecalendário e os documentos pertinentes protocolados pelo contribuinte em 27/11/2013 só apareceram nos autos após a prolação do acórdão embargado. Sendo assim, esta turma não pode analisar a questão de direito, pois ela já foi decidida pela extinta Turma 3403, restando apenas verificar se os documentos protocolados pelo contribuinte em 27/11/2013 comprovam o fato alegado e se eles podem ser aceitos à luz do que preceitua o art. 16 do Decreto nº 70.235/72. No que concerne à preclusão do direito de apresentar documentos, o art. 16 do PAF regula o procedimento em relação ao julgamento de primeira instância, estabelecendo uma preclusão quanto a documentos apresentados após a impugnação, mas esse dispositivo legal não veda a possibilidade de o CARF apreciar a documentação serôdia. Pelo contrário, Fl. 675DF CARF MF Impresso em 01/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 28/07/201 6 por ANTONIO CARLOS ATULIM 4 existe previsão expressa no art. 16, § 6º, no sentido de que os documentos serôdios deverão permanecer no processo para serem analisados em segunda instância, no caso de haver interposição de recurso. Sendo assim, e diante do silêncio do Regimento Interno quanto à apresentação serôdia de documentos, entendo que os documentos apresentados pelo contribuinte em 27/11/2013 podem e devem ser conhecidos por este colegiado, sem que ocorra nenhuma ofensa a qualquer dispositivo legal que seja. Acrescento que no caso concreto nem se pode alegar que haveria supressão de instância, pois se tivessem sido juntados com a impugnação, a DRJ não teria apreciado esses documentos, pois para manter a glosa ela alterou o critério jurídico adotado pela fiscalização, conforme se pode comprovar no seguinte excerto, extraído do voto condutor do Acórdão 3403 002.759: "(...) Neste tópico, a decisão de primeira instância foi mais radical que a própria fiscalização, pois entendeu que a legislação não dá respaldo ao rateio das despesas, encargos e custos comuns, quando uma parte poderia gerar o crédito e a outra parte representa despesas operacionais. A DRJ chegou a essa conclusão analisando a literalidade dos arts. 3º, §§ 7º, 8º e 9º das Leis nº 10.637/02 e 10.833/04, os quais se referem ao rateio na hipótese de parte das receitas da pessoa jurídica estarem sujeitas ao regime cumulativo e parte ao regime não cumulativo. Tendo em vista que a lei silenciou quanto à hipótese de rateio com base na despesa, entendeu a DRJ que não haveria direito à tomada do crédito por ausência de previsão legal. A interpretação literal da DRJ não foi correta, pois de um lado, o direito de os contribuintes tomarem o crédito sobre serviços aplicados na prestação de serviços a terceiros foi contemplado no art. 3º, II das Leis nº 10.637/02 e 10833/03. E de outro lado, o art. 299, do RIR/99 conceitua o que são despesas operacionais. Se determinados gastos incorridos pela filial Santos configuram custo na prestação de serviços a terceiros e ao mesmo tempo despesa operacional da própria empresa, se não houver um sistema de custos integrado com a contabilidade, a única forma de garantir o direito estabelecido nos arts. 3º, II, das Leis nº 10.637/02 e 10.833/02 é fazer o rateio dessas despesas com base no percentual de mercadorias de terceiros em relação ao total de mercadorias movimentado a cada mês. Este foi também o entendimento da fiscalização, pois ela admitiu o crédito obtido mediante rateio e somente glosou as despesas identificadas no ANEXO II com a indicação "santos armaz", que ela não conseguiu identificar como sendo diretamente relacionadas a serviços prestados a terceiros. Assim, o único fato a ser provado pela defesa para o fim de elidir a glosa é a existência de vinculação dessas despesas com o embarque de mercadorias de terceiros efetuados no trimestre. (...)" Por tais razões, voto no sentido de que o colegiado admita e conheça dos documentos protocolados pela defesa em 27/11/2013. Fl. 676DF CARF MF Impresso em 01/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 28/07/201 6 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 15586.720261/201144 Acórdão n.º 3402003.165 S3C4T2 Fl. 6 5 Em sede de recurso e também nos documentos protocolados em 27/11/2013, o contribuinte explicou a forma e os critérios utilizados no rateio e alegou que tais documentos comprovam a vinculação de parte dos gastos com o serviço prestado a terceiros. Analisandose a documentação apresentada às fls. 578/629, verificase que restou plenamente comprovada a vinculação dos gastos com os serviços prestados a terceiros. Esses documentos permitem identificar os custos com navios e as demais despesas envolvidas, os nomes dos navios envolvidos e as quantidades de cargas pertencentes à empresa ADM e a terceiros movimentadas por cada embarque realizado e a cada mês do trimestre calendário em questão. Portanto, comprovada, em relação ao terceiro trimestre de 2008, a vinculação de uma parte das despesas com o embarque de cargas de terceiros, deve ser revertida a glosa efetuada no ANEXO II, sob a rubrica "santos armaz". No que concerne à segunda omissão, a defesa também tem razão, pois analisandose os dados consignados nas fichas 14 e 15B do DACON às fls. 137/151, verifica se que não houve pedido de ressarcimento do crédito presumido, mas apenas seu aproveitamento para dedução dos valores do PIS a serem recolhidos. Quanto ao mérito, a defesa argumentou, em síntese, que em virtude da flutuação do preço da soja, o preço efetivo do produto só é conhecido ao final do contrato de fornecimento. Em razão disso, existe uma diferença temporal entre o recebimento da soja e a determinação do preço, que somente é ajustado no final do contrato. O preço consignado na nota fiscal do vendedor pode ser inferior ou superior ao que é fixado no final do contrato, daí a razão de o contribuinte adotar o método de apurar o custo (e o crédito presumido) com base no valor médio da soja estocada, o que não foi aceito pela fiscalização. A embargante argumentou com o disposto no art. 8º, § 3º da Lei nº 10.925/2004, mas ignorou o disposto no § 2º do mesmo dispositivo legal, que para maior comodidade permitome transcrever: Art. 8º Omissis... § 1º Omissis... § 2oO direito ao crédito presumido de que tratam o caput e o § 1odeste artigo só se aplica aos bens adquiridos ou recebidos, no mesmo período de apuração, de pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no País, observado o disposto no § 4o do art. 3o das Leis nos10.637, de 30 de dezembro de 2002, e10.833, de 29 de dezembro de 2003. § 3oO montante do crédito a que se referem o caput e o § 1odeste artigo será determinado mediante aplicação, sobre o valor das mencionadas aquisições, de alíquota correspondente a: Da leitura conjunta dos dois parágrafos acima transcritos, concluise que a lei determina o cálculo do crédito presumido relativo a determinado período de apuração, tomando por base o valor das aquisições ocorridas no próprio mês. Fl. 677DF CARF MF Impresso em 01/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 28/07/201 6 por ANTONIO CARLOS ATULIM 6 A interpretação pretendida pela recorrente só seria viável, caso não existisse o parágrafo 2º. Mas o parágrafo 2º existe e ele determina que somente bens adquiridos ou recebidos no mesmo período de apuração do crédito é que podem gerar o crédito presumido. Portanto, o pleito da recorrente deve ser rejeitado, pois à luz do art. 8º, § 2º e 3º da Lei nº 10.925/2004, o crédito presumido deve ser apurado com base no valor das notas fiscais relativas à aquisição de bens ocorridas no mesmo período de apuração do crédito. Com esses fundamentos, voto no sentido de acolher os embargos de declaração para suprir as omissões apontadas no Acórdão 3403002.756, e, no mérito, voto por dar provimento parcial ao recurso para reverter as glosas efetuadas no ANEXO II sob a rubrica "santos armaz". (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Fl. 678DF CARF MF Impresso em 01/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 28/07/201 6 por ANTONIO CARLOS ATULIM
score : 1.0
Numero do processo: 15463.722418/2013-24
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 12 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu May 19 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2012
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO VOLUNTÁRIO. LIMITES DA LIDE. PAGAMENTO ANTERIOR. CONSTATAÇÃO.
O Decreto nº 70.235, de 1972, dispões sobre o processo administrativo fiscal e em seu artigo 33 estabelece que caberá recurso voluntário, total ou parcial, da decisão de 1ª instância. Para a solução do litígio tributário deve o julgador delimitar, claramente, a controvérsia posta à sua apreciação, restringindo sua atuação apenas a um território contextualmente demarcado. Esses limites são fixados, por um lado, pela pretensão do Fisco e, por outro, pela resistência do contribuinte, expressos, respectivamente, pelo ato de lançamento e pela impugnação/recurso.
Se no curso deste processo, constatar-se a concordância de opiniões, deve-se por fim ao processo, já que o próprio objeto da discussão perdeu o sentido. Hipótese em que o recorrente apenas aponta ter pago o imposto, em data anterior à autuação e que, se considerados os pagamentos, a mesma não existiria.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2202-003.308
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso.
Assinado digitalmente
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente.
Assinado digitalmente
Marcio Henrique Sales Parada - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Martin da Silva Gesto, Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Marcela Brasil de Araújo Nogueira (Suplente Convocada), José Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Marcio de Lacerda Martins (Suplente Convocado) e Marcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: MARCIO HENRIQUE SALES PARADA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2012 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO VOLUNTÁRIO. LIMITES DA LIDE. PAGAMENTO ANTERIOR. CONSTATAÇÃO. O Decreto nº 70.235, de 1972, dispões sobre o processo administrativo fiscal e em seu artigo 33 estabelece que caberá recurso voluntário, total ou parcial, da decisão de 1ª instância. Para a solução do litígio tributário deve o julgador delimitar, claramente, a controvérsia posta à sua apreciação, restringindo sua atuação apenas a um território contextualmente demarcado. Esses limites são fixados, por um lado, pela pretensão do Fisco e, por outro, pela resistência do contribuinte, expressos, respectivamente, pelo ato de lançamento e pela impugnação/recurso. Se no curso deste processo, constatar-se a concordância de opiniões, deve-se por fim ao processo, já que o próprio objeto da discussão perdeu o sentido. Hipótese em que o recorrente apenas aponta ter pago o imposto, em data anterior à autuação e que, se considerados os pagamentos, a mesma não existiria. Recurso Voluntário Provido.
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RECURSO VOLUNTÁRIO. LIMITES DA LIDE. PAGAMENTO ANTERIOR. CONSTATAÇÃO. O Decreto nº 70.235, de 1972, dispões sobre o processo administrativo fiscal e em seu artigo 33 estabelece que caberá recurso voluntário, total ou parcial, da decisão de 1ª instância. Para a solução do litígio tributário deve o julgador delimitar, claramente, a controvérsia posta à sua apreciação, restringindo sua atuação apenas a um território contextualmente demarcado. Esses limites são fixados, por um lado, pela pretensão do Fisco e, por outro, pela resistência do contribuinte, expressos, respectivamente, pelo ato de lançamento e pela impugnação/recurso. Se no curso deste processo, constatarse a concordância de opiniões, devese por fim ao processo, já que o próprio objeto da discussão perdeu o sentido. Hipótese em que o recorrente apenas aponta ter pago o imposto, em data anterior à autuação e que, se considerados os pagamentos, a mesma não existiria. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa – Presidente. Assinado digitalmente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 46 3. 72 24 18 /2 01 3- 24 Fl. 88DF CARF MF Impresso em 19/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 11 /05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 17/05/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 15463.722418/201324 Acórdão n.º 2202003.308 S2C2T2 Fl. 89 2 Marcio Henrique Sales Parada Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Martin da Silva Gesto, Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Marcela Brasil de Araújo Nogueira (Suplente Convocada), José Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Marcio de Lacerda Martins (Suplente Convocado) e Marcio Henrique Sales Parada. Relatório Adoto como relatório, em parte, aquele elaborado pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento (DRJ), complementandoo ao final (fl. 43): Tratase de impugnação contra Notificação de Lançamento (fls. 21/26) de crédito tributário relativo ao exercício 2012; ano calendário 2011. Detectadas dedução indevida de despesa médica com plano de saúde PAS Serpro, de R$ 7.460,19, e compensação indevida de imposto de renda complementar de R$ 3.469,04, por falta de comprovação, apurou se imposto de renda suplementar de R$ 5.518,30, assim dividido. Imposto suplementar com multa de ofício de 75% 2.050,70 Imposto de renda com multa de mora 3.467,60 Cientificado, o contribuinte impugna o lançamento (fls. 2/3), alega que as despesas médicas glosadas são relativas a si próprio e foram devidamente comprovadas no atendimento à intimação 2012/790469745512410. Quanto à compensação indevida de imposto complementar alega que utilizou o campo errado para informar o imposto pago no exercício 2012. Na análise da Impugnação, entendeu a DRJ que em relação à dedução indevida de despesas médicas detectada, o contribuinte não declarou os pagamentos a título de previdência complementar, de R$ 7.879,64, conforme consta no comprovante de rendimentos anexado (fl. 9), declarandoos erroneamente, como pagamentos a plano de saúde (código 26), o que resultou na glosa de despesas médicas. Quanto ao imposto de renda complementar glosado, de R$ 3.469,04, relata erro de declaração porque incluiu este imposto pago em 2012, no campo errado, mas não apresenta qualquer elemento que comprove estes pagamentos. Concluiu aquela Autoridade, então, que "quanto à dedução glosada, de R$ 7.879,64, entendo que constatado o erro de preenchimento de declaração, devese alterar o lançamento para incluíla". O resultado do julgamento foi "no sentido de julgar procedente em parte a impugnação e por manter o imposto de renda de R$ 3.351,40, sujeito à multa de mora." (destaquei) Cientificado dessa decisão em 20/12/2014, conforme consulta aos Correios na folha 79, o contribuinte apresenta manifestação com protocolo na folha 66, onde, Fl. 89DF CARF MF Impresso em 19/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 11 /05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 17/05/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 15463.722418/201324 Acórdão n.º 2202003.308 S2C2T2 Fl. 90 3 singelamente, diz que inclui os comprovantes de imposto pago, que informara em sua declaração, e pede o cancelamento da ação fiscal. Os documentos estão nas folhas 68 a 77. É o relatório. Voto Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada, Relator. O recurso é tempestivo, conforme relatado, e, atendidas as demais formalidades legais, dele tomo conhecimento. A numeração de folhas a que me refiro a seguir é a identificada após a digitalização do processo, transformado em meio eletrônico (arquivo.pdf). Foram duas as infrações apontadas na Notificação de Lançamento: glosa de despesas médicas, com multa de ofício de 75% e compensação indevida de imposto complementar, com multa de mora de 20%. Em relação à primeira, a DRJ já deu provimento para excluíla, ao analisar a Impugnação do contribuinte, e não nos cabe mais analisála aqui. A lide restringese então, em sede recursal, à consideração de pagamentos realizados pelo contribuinte, a título de imposto de renda, relativos ao ano calendário de 2011, exercício de 2012. Após as indicações da DRJ, juntamente com seu recurso, o Recorrente apresenta novos documentos que merecem ser considerados, haja vista o disposto na alínea "c", § 4º do artigo 16 do Decreto nº 70.235, de 1972, bem como em observância ao princípio da verdade material. O contribuinte realizou pagamentos conforme DARF de folhas 69 a 77, nos meses de abril a novembro de 2012, referentes ao período de apuração findo em 31/12/2011. Posteriormente, em 28/04/2013, apresentou um declaração retificadora (DIRPF 2012, fl. 27) onde apurou um imposto a restituir de apenas R$ 2,29, tendo informado R$ 3.469,04 como "imposto complementar" nessa apuração. Em procedimento de revisão, não localizando esse "imposto complementar" a Autoridade Fiscal efetuou a glosa do mesmo e o respectivo lançamento, aplicando a multa de mora. Em face dos documentos de arrecadação apresentados, entendo que a solução do litígio deva ser no sentido de determinar a verificação da disponibilidade e alocação dos DARF citados, na apuração do imposto de renda do contribuinte, no ano de 2011, exercício de 2012. Conforme o Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal, aprovado pela Portaria MF nº 203, de 14 de maio de 2012, temos que: Das Competências das Unidades Descentralizadas Art. 224. Às Delegacias da Receita Federal do Brasil DRF, à Delegacia Especial da Receita Federal do Brasil de Pessoas Físicas Derpf, às Alfândegas da Receita Federal do Brasil ALF e às Inspetorias da Receita Federal do Brasil IRF de Classes “Especial A”, “Especial B” e “Especial C”, quanto aos Fl. 90DF CARF MF Impresso em 19/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 11 /05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 17/05/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 15463.722418/201324 Acórdão n.º 2202003.308 S2C2T2 Fl. 91 4 tributos administrados pela RFB, inclusive os destinados a outras entidades e fundos, compete, no âmbito da respectiva jurisdição, no que couber, desenvolver as atividades de arrecadação, controle e recuperação do crédito tributário, de análise dos dados de arrecadação e acompanhamento dos maiores contribuintes, de atendimento e interação com o cidadão, de comunicação social, de fiscalização, de controle aduaneiro, de tecnologia e segurança da informação, de programação e logística, de gestão de pessoas, de planejamento, avaliação, organização, modernização, e, especificamente: (Redação dada pelo(a) Portaria MF nº 512, de 02 de outubro de 2013) ... IX desenvolver as atividades relativas à cobrança, recolhimento de créditos tributários e direitos comerciais, parcelamento de débitos, retificação e correção de documentos de arrecadação; X executar as atividades relacionadas à restituição, compensação, reembolso, ressarcimento, redução e reconhecimento de imunidade e isenção tributária, inclusive as relativas a outras entidades e fundos; XI controlar os valores relativos à constituição, suspensão, extinção e exclusão de créditos tributários; XXII proceder à retificação de declarações aduaneiras, à revisão de ofício de lançamentos e de declarações apresentadas pelo sujeito passivo, e ao cancelamento ou reativação de declarações a pedido do sujeito passivo; (sublinhei/grifei) CONCLUSÃO Portanto, VOTO no sentido de dar provimento ao recurso, cabendo à Unidade de origem observar a alocação dos valores já antecipados pelo Contribuinte. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Fl. 91DF CARF MF Impresso em 19/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 11 /05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 17/05/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 15463.722418/201324 Acórdão n.º 2202003.308 S2C2T2 Fl. 92 5 Fl. 92DF CARF MF Impresso em 19/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 11 /05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 17/05/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
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Numero do processo: 13888.720752/2014-16
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 13 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu May 05 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2010
DECISÃO JUDICIAL .EFEITOS.
Havendo decisão judicial que determina o pagamento do imposto de renda incidente sobre o abono de permanência de anos anteriores, através da DIPF de ano calendário diverso, cabe a autoridade administrativa verificar na DIRF do período da restituição se os valores coincidem e providenciar o cumprimento da decisão.
Recurso Provido.
Numero da decisão: 2201-003.085
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso.
assinado digitalmente
Eduardo Tadeu Farah - Presidente.
assinado digitalmente
Ivete Malaquias Pessoa Monteiro - Relatora.
EDITADO EM: 26/04/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Vasconcelos de Almeida, Carlos César Quadros Pierre, Ivete Malaquias Pessoa Monteiro, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Carlos Henrique de Oliveira, Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente convocada), Carlos Alberto Mees Stringari e Eduardo Tadeu Farah -Presidente.
Nome do relator: IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. assinado digitalmente Eduardo Tadeu Farah - Presidente. assinado digitalmente Ivete Malaquias Pessoa Monteiro - Relatora. EDITADO EM: 26/04/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Vasconcelos de Almeida, Carlos César Quadros Pierre, Ivete Malaquias Pessoa Monteiro, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Carlos Henrique de Oliveira, Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente convocada), Carlos Alberto Mees Stringari e Eduardo Tadeu Farah -Presidente.
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Havendo decisão judicial que determina o pagamento do imposto de renda incidente sobre o abono de permanência de anos anteriores, através da DIPF de ano calendário diverso, cabe a autoridade administrativa verificar na DIRF do período da restituição se os valores coincidem e providenciar o cumprimento da decisão. Recurso Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. assinado digitalmente Eduardo Tadeu Farah Presidente. assinado digitalmente Ivete Malaquias Pessoa Monteiro Relatora. EDITADO EM: 26/04/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Vasconcelos de Almeida, Carlos César Quadros Pierre, Ivete Malaquias Pessoa Monteiro, Ana Cecília AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 72 07 52 /2 01 4- 16 Fl. 55DF CARF MF Impresso em 05/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2016 por IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 29/04/2016 por IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por EDUARDO TAD EU FARAH 2 Lustosa da Cruz, Carlos Henrique de Oliveira, Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente convocada), Carlos Alberto Mees Stringari e Eduardo Tadeu Farah Presidente. Relatório Tratase de recurso contra o acórdão 0257.946 9ªTurma DRJ/BHE, de fls.29/32, interposto por NILCEU BENVINDO MACIEL. Transcrevo o relatório do voto condutor do acórdão recorrido, por ben definir o litígio: Trata este processo da Notificação de Lançamento nº 2010/766364737621450, juntada nas fls. 15 a 19 destes autos, com registro imposto a restituir ajustado no valor de R$1.387,55, relativa ao ano calendário de 2009, exercício de 2010. Nos termos da Notificação, o ajuste foi feito após revisão dos dados da declaração entregue pelo contribuinte, onde ficou constatada a infração por omissão de rendimento tributável no valor de R$11.793,80, que corresponde à diferença entre o rendimento tributável informado em Dirf para o notificado pelo Ministério da Fazenda, que importou em R$223,460,60 e o valor por ele declarado na DIRPF de 2009, retificadora, que foi de R$211.611,80. Recebida a notificação, contribuinte apresentou Solicitação de Revisão do Lançamento – SRL, e analisado o pedido a autoridade revisora concluiu pela manutenção da infração e no campo destinado à complementação dos dados da decisão proferida, assim informou: “omissão parcial de rendimentos tributáveis recebidos do MINISTÉRIO DA FAZENDA, CNPJ nº 00.394.460/011771, no valor de R$11.793,80, relativamente aos valores pagos a título de abono de permanência, e indevidamente considerados como isentos, por falta de comprovação da existência de determinação judicial para se restituir valores relativos a anos anteriores.” Ciente daquela decisão, o contribuinte apresentou defesa manifestando inconformismo e afirmando que retificou sua declaração de ajuste original com fundamento na Nota COSIT nº 07, de 14.01.2011, item 4, subitem 4.1 e item 5, que garante aos contribuintes o direito de retificar suas DIRRF para excluir da base de cálculo do imposto devido os valores relativos ao abono de permanência. Acresce que aquele dispositivo legal foi expedido pela Receita Federal após concluir que aquela verba não possui natureza salarial. Junta à defesa cópia de decisão judicial proferida no Mandado de Segurança de nº 00530850.2008.4.3.6100 impetrado pelo SINDIFISPSP. Fl. 56DF CARF MF Impresso em 05/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2016 por IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 29/04/2016 por IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por EDUARDO TAD EU FARAH Processo nº 13888.720752/201416 Acórdão n.º 2201003.085 S2C2T1 Fl. 56 3 Requer deferimento favorável à impugnação. Ciente da decisão em 25 de julho de 2014, conforme AR de fls.34, interpôs o recurso voluntário às fls.36/38, em 11 de agosto de 2014, onde reclama do procedimento adotado pela Delegacia de Julgamento, com menosprezo à orientação da Nota Cosit 07 de 14 de janeiro de 2011, que disciplinou a forma de reaver os valores retidos indevidamente. Destaca o caráter taxativo da nota, elaborada, em seu entender, em cumprimento às determinações judiciais. Informa que ilustrou os autos com as planilhas explicativas, relacionando os valores do abono de permanência com a retenção na fonte no período de dezembro de 2008 a abril de 2009 e somente a partir de maio de 2009 a Receita Federal passou a se abster de efetuar a retenção. A declaração retificadora do exercício 2010, ano calendário de 2009, está de acordo com a normativa e gerou um valor de imposto a restituir a maior, devendo ser restituído acrescidos dos juros correspondentes. Informa que o valor apurado após a retificação é de R$ 4.630,84, que subtraído do valor apurado antes da retificação , de R$ 1.387,55, é igual ao valor a restituir de R$ 3.243,29. No tocante ao direito aponta que se encontra amparado pela sentença patrocinada pelo Unafisco Sindical, processo nº 2007.34.00.0405520, da 1ª Vara da Seção Judiciária do Distrito Federal , expedida em 05 de agosto de 2010, onde na sentença, a juíza Solange Salgado estendeu o benefício da ação à toda categoria dos Auditores da Receita Federal do Brasil, do qual o recorrente é integrante. Embora a sentença date de 2010, faz menção aos valores retidos indevidamente, obedecendo a prescrição decenal. Alude como preliminar o transtorno causado pela COGEP que deixou de elaborar, com base na sentença judicial, a DIRF retificadora, bem como a emissão de novo comprovante de rendimentos, para que pudesse efetivar a retificação das declarações. Exterioriza sua indignação com o procedimento do órgão julgador. No mérito informa que junta a cópia da sentença antes referida. Pede a improcedência da notificação e a devolução da diferença do valor retido indevidamente, conforme declaração retificadora nº 01 do ano calendário de 2009. Despacho de fls. 54 remete os autos para conhecimento. É o Relatório. Voto Conselheira Ivete Malaquias Pessoa Monteiro. O recurso preenche os pressupostos de admissibilidade e dele conheço. Fl. 57DF CARF MF Impresso em 05/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2016 por IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 29/04/2016 por IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por EDUARDO TAD EU FARAH 4 Conforme anteriormente relatado tratase de exigência para o imposto de renda de pessoas físicas, conforme Notificação de Lançamento 2010/766364737621450, fls.16/19, por suposta omissão de rendimentos, no ano calendário de 2009, no valor de base de cálculo de R$ 11.793,80, o que implicou no reconhecimento do imposto a restituir no valor de R$ 1.387,55, enquanto o recorrente apurou o imposto a restituir no valor de R$ 4.630,84. O recorrente é beneficiária da sentença 241/2010 Tipo B, inclusa às fls 39/49 e invoca em seu socorro a Nota Cosit 07/2011. A decisão recorrida nas suas razões de decidir apontou: Em sua defesa, o contribuinte alega que o valor do rendimento considerado omitido se refere ao abono de permanência em serviço por ele recebido, verba de natureza não salarial já reconhecida pela Receita Federal. Para provar a sua assertiva junta aos autos tão somente cópia de decisão liminar proferida em Mandado de Segurança impetrado pelo SINDIFISP SP, onde se determina a suspensão do desconto de imposto de renda sobre o valor do abono de permanência pago aos Auditores filiados àquele Sindicato, bem como que fosse realizada a compensação dos valores descontados com parcelas futuras que seriam retidas para pagamento de imposto de renda– fls. 4 a 7. Não se trouxe aos autos nenhum documento que comprove que o notificado foi abrangido por aquela decisão; que de fato ele recebe abono de permanência em serviço; o valor acaso a este título recebido em 2009 e mais, que este valor está compondo o total do rendimento tributável informado em dirf – que foi de R$223.405,60. Esclareçase que o documento hábil a comprovar a assertiva do contribuinte seria o seu comprovante de rendimentos emitido pela sua fonte pagadora onde se acham informados todos os dados relativos aos rendimentos recebidos durante o ano, sua natureza, mormente os valores relativos a abono de permanência em serviço instituído pela Emenda Constitucional nº 41, de 2003, bem como se esta parcela encontrase como exigibilidade suspensa. Ou seja, as razões da negativa seriam de três ordens: a) falta de comprovação de que estaria albergado pelo mandado se segurança que gerou o direito à restituição; b)que de fato recebe abono de permanência em serviço;c) o valor acaso a este título recebido em 2009. Essas questões são respondidas ao longo do voto, não na ordem direta. Às fls. 28, consta a Declaração do Imposto sobre a Renda Retido na Fonte Dirf, do ano calendário de 2009, onde aponta o demonstrativo com a exigibilidade suspensa, já a partir de junho de 2009. e os valores coincidente com aqueles descontados para a previdência oficial, o que faz supor se tratar de contribuinte que tem direito ao abono de permanência. A sentença 242/2010, juntada às fls.39/49, datada de 05 de agosto de 2010, cujo relatório de fls.41 consignou: (...) Fl. 58DF CARF MF Impresso em 05/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2016 por IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 29/04/2016 por IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por EDUARDO TAD EU FARAH Processo nº 13888.720752/201416 Acórdão n.º 2201003.085 S2C2T1 Fl. 57 5 Pedido de antecipação dos efeitos da tutela deferido (fls.582/584) Cópias do agravo de instrumento nº 2008.01.00.0024085, interposto pela União às fls.589/599. A União apresentou contestação às fls.601/608, na qual pugna pela improcedência dos pedidos. às fls.610/611, 614;612/622,637 e 645/646, com documentos(fls.612;615;623;626/628;638;647/650) noticia a parte autora o descumprimento da decisão que deferiu o pedido de antecipação dos efeitos da tutela. Embargos de declaração opostos pelo Sindicato autor às fls.617/618. Decisão integrativa às fls.634/635. (...) Às fls.703/4 foi proferida nova decisão para determinar a ´Ré que expedisse nova Declaração de Rendimentos aos substituídos. Embargos de Declaração opostos pela União às fls.706/707. Decisão Integrativa às fls.713/715. Às fls. 747/749,com documentos (fls.750/762) noticia o Sindicato, uma vez mais, o descumprimento da decisão , época em que foi determinado que a multa fixada às fls.943/945 incidiria a partir da publicação da decisão de fls.763/764. Os efeitos da decisão proferida às fls.78/80 foi estendido a toda a categoria de AuditoresFiscais da Receita Federal do Brasil, nos termos da decisão de fls.793.(Destaque deste voto) Cópia do Agravo de Instrumento nº001906904.2010.4.01.0000 interposto pela União às fls.805/810. (...) Decido. (...)fls.48 Ante o exposto julgo PROCEDENTE os pedidos formulados para determinar à parte ré que se abstenha de efetuar o desconto do imposto de renda sobre as parcelas mensais de abono de permanência percebida pelos autores substituídos. Condeno, ainda, a União Federal (Fazenda Nacional) a restituir as importâncias indevidamente retidas a esse título, observada a prescrição decenal, acrescidas da taxa Selic desde a data dos recolhimentos indevidos. (...) Fl. 59DF CARF MF Impresso em 05/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2016 por IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 29/04/2016 por IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por EDUARDO TAD EU FARAH 6 Ás fls. 22, no termo de Resultado da Solicitação de Retificação de Lançamento SRL, consignou a autoridade julgadora o seguinte: ”Complementação da descrição dos fatos Omissão parcial de rendimentos tributáveis recebidos do Ministério da Fazenda,CNPJ 00.394.460/011771, no valor de R$ 11.793,80, relativamente aos valores pagos a título de abono de permanência e individualmente considerados como isentos, por falta de comprovação de determinação judicial para se restituir valores relativos a anos anteriores." Há determinação judicial para devolução das importâncias não alcançados pela prescrição decendial. A autoridade executora tem condição de conferir os valores apresentados (são aqueles das contribuições previdenciárias constantes de DIRF do ano base), portanto, só resta obedecer à decisão judicial. Nessa conformidade, voto no sentido de dar provimento ao recurso. assinado digitalmente Ivete Malaquias Pessoa Monteiro Fl. 60DF CARF MF Impresso em 05/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2016 por IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 29/04/2016 por IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por EDUARDO TAD EU FARAH
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Numero do processo: 19647.010681/2004-89
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Dec 10 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Apr 18 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2001, 2002, 2003
SIMPLES - EXCLUSÃO - PRECLUSÃO
Apesar de a exclusão do simples ser ato necessário para o lançamento, a realização deste não reabre o contraditório acerca do ato de exclusão que se consumou pela preclusão.
LANÇAMENTO DECORRENTE
Considerando a íntima relação de causa e efeito existente entre o auto de infração referente ao IRPJ (objeto do processo nº 19647.010684/2004-12) e o presente auto de infração referente à Cofins, o que restou decidido no processo principal deve se aplicar integralmente ao presente processo decorrente.
Numero da decisão: 1401-001.465
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, NEGAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Antonio Bezerra Neto - Presidente
(assinado digitalmente)
Fernando Luiz Gomes de Mattos - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Bezerra Neto (Presidente), Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Fernando Luiz Gomes de Mattos, Marcos de Aguiar Villas Boas, Ricardo Marozzi Gregorio e Livia De Carli Germano.
Nome do relator: FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS
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ementa_s : Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Ano-calendário: 2001, 2002, 2003 SIMPLES - EXCLUSÃO - PRECLUSÃO Apesar de a exclusão do simples ser ato necessário para o lançamento, a realização deste não reabre o contraditório acerca do ato de exclusão que se consumou pela preclusão. LANÇAMENTO DECORRENTE Considerando a íntima relação de causa e efeito existente entre o auto de infração referente ao IRPJ (objeto do processo nº 19647.010684/2004-12) e o presente auto de infração referente à Cofins, o que restou decidido no processo principal deve se aplicar integralmente ao presente processo decorrente.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2001, 2002, 2003 SIMPLES EXCLUSÃO PRECLUSÃO Apesar de a exclusão do simples ser ato necessário para o lançamento, a realização deste não reabre o contraditório acerca do ato de exclusão que se consumou pela preclusão. LANÇAMENTO DECORRENTE Considerando a íntima relação de causa e efeito existente entre o auto de infração referente ao IRPJ (objeto do processo nº 19647.010684/200412) e o presente auto de infração referente à Cofins, o que restou decidido no processo principal deve se aplicar integralmente ao presente processo decorrente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, NEGAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Antonio Bezerra Neto Presidente (assinado digitalmente) Fernando Luiz Gomes de Mattos Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Bezerra Neto (Presidente), Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 64 7. 01 06 81 /2 00 4- 89 Fl. 261DF CARF MF Impresso em 18/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 4/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 15/04/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 19647.010681/200489 Acórdão n.º 1401001.465 S1C4T1 Fl. 3 2 Fernando Luiz Gomes de Mattos, Marcos de Aguiar Villas Boas, Ricardo Marozzi Gregorio e Livia De Carli Germano. Relatório Por bem descrever os fatos, adoto e transcrevo parcialmente o relatório que integra a decisão de piso, fls. 203206: Contra a empresa acima qualificada foi lavrado o Auto de Infração às fls. 09 a 12, para exigência de crédito tributário referente aos anos calendário de 2001, 2002 e 2003, adiante especificado: O referido auto de infração foi decorrente de ação fiscal efetuada junto à contribuinte, na qual a fiscalização constatou infrações à legislação da COFINS, cujos enquadramentos legais encontramse discriminados no auto de infração, à fl. 12, e no Termo de Verificação e Constatação Fiscal, às fls. 03 a 07, que passam a integrar a presente decisão como se aqui transcritos fossem. As irregularidades constatadas e suas conseqüências podem ser assim resumidas: Auto de Infração COFINS Faturamento: Diferença apurada entre o valor escriturado e o declarado/pago. 1) A fiscalização procedeu às verificações entre os valores constantes da Declaração Anual Simplificada e os valores apurados pela Impugnante em sua escrita fiscal, o Livro Registro de Apuração do ICMS, relativos aos anos calendários de 2000, 2001, 2002 e 2003. Em 09/09/2004 foi dada ciência do Termo de Início de Fiscalização, solicitando a apresentação dos documentos indispensáveis ao desenvolvimento da ação fiscal. Em 28/09/2004, a contribuinte entregou Cópia do Contrato Social e Livros Registro de Apuração do ICMS; 2) A empresa aderiu ao SIMPLES em 01/01/1997, tendo entregue à SRF as Declarações Anuais Simplificadas mferentes aos anos calendário de 2000, 2001, 2002 e 2003. Todavia, em 13/11/2004, foi cientificada do Ato Declaratório Executivo n° 78, de 06/09/2004, que a excluiu do SiMPLES por ter ultrapassado no ano calendário de 2000 o limite estabelacido no art. 9°, inciso I, e não ter cumpriu o disposto nos artigos 12 e 13, inciso 11, alín3a "a", da Lei n° 9.317/96. Fl. 262DF CARF MF Impresso em 18/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 4/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 15/04/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 19647.010681/200489 Acórdão n.º 1401001.465 S1C4T1 Fl. 4 3 No ano calendário de 2000, o vaiar total registrado nos Livros Registro de Apuração do ICMS foi de R$ 262.610,62 como receitas brutas de vendas de mercadorias, ultrapassando o limite de R$ 120.000,00, estabelecido pelo art. 9°, inciso I, da Lei n° 9.317/96 e alterações posteriores, para enquadramento como microempresa. A contribuinte, contudo, não se manifes!ou, como era obrigatório, pela sua exclusão de SIMPLES na condição de microempresa, conforme determina o art. 22, inciso II, "a", da IN SRF n° 355, de 29/08/2003, que regulamenta a Lei n° 9.317/96 e posteriores. A empresa excluida "de ofício" do SIMPLES, a partir do ano calendário de 2001, ficou sujeita às normas de tributação para apuração dos resultados com base nas regras previstas para o lucro real trimestral; 3) Em cumprimento ao disposto no artigo 16, da Lei nº 9.317/96, a Autoridade Fiscal intimou a contribuinte a apresentar os livros contábeis Diário, Razão e LALUR, com apuração de resultados trimestrais, relativos aos anos calendário de 2001, 2002 e 2003. A contribuinte através de sua representante legal, no entanto, declarou (fi. 33) não poder apresentar os livros exigidos por motivo de extravio dos mesmos, conforme informação publicada no Diário de Pernambuco, em 13/08/2004. Dessa forma, considerando a impossibilidade de se apurar o lucro real nos anos calendário de 2001, 2002 e 2003, em razão da falta de escrituração contábil e fiscal, a Autoridade Fiscal procedeu, de acordo com o artigo 530, inciso I, do Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto nº 3.000, de 26/03/1999, ao arbitramento do lucro, no período de janeiro de 2001 a dezembro de 2003. A fiscalização apurou o IRPJ e a CSLL, sobre o lucro arbitrado, com base na receita conhecida escriturada nos Livros Registro de Apuração do ICMS, conforme Demonstrativo das Receitas Auferidas (fI. 20) . 4) Neste processo, ora em julgamento, encontrase o Auto de Infração da COFINS, resultado das verificações procedidas nos anos calendário de 2001, 2002 e 2003. A fiscalização, então, procedeu á autuação da COFINS com base na receita apurada através dos Livros Registro de Apuração do ICMS, conforme Demonstrativo de Receitas Auferidas, parte integrante deste Auto de Infração formalizado neste PROCESSO N° 19647.010681/200489; 4) Devese informar que foram formalizados também os seguintes Autos de Infração: do SIMPLES referente ao ano calendário de 2000; do IRPJ, da CSLL e do PIS referentes aos anos calendário 2001, 2002 e 2003, em processos específicos para cada tributo. Devidamente notificada, e não se conformando com o procedimento fiscal, a contribuinte apresentou, tempestivamente, as suas razões de defesa, ás fls. 173 a 178, na qual questiona integralmente o auto de infração, alegando em síntese o seguinte: Fl. 263DF CARF MF Impresso em 18/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 4/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 15/04/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 19647.010681/200489 Acórdão n.º 1401001.465 S1C4T1 Fl. 5 4 que em 13/10/2004, foi surpreendido com a entrega de Termo de Intimação Fiscal constando em anexo a Ato Declaratório nº 78, de 06/10/2004, indicando a sua exclusão do SIMPLES, retroativamente a partir do ano de 2001. A contribuinte afirma que contatou a DRF/Recife para questionar tal decisão; que nos dias subseqüentes, lhe foi exigida pelo Auditor Fiscal documentação que nunca foi instado a preencher e apresentar, nos anos calendário de 2001, 2002 e 2003, haja vista que tal obrigação não lhe fora solicitada durante o período que apresentou anualmente as informações junto a essa DRF como contribuintes pelo SIMPLES; que em vista da informação de que não possuíamos tais documentos, o Auditor Fiscal procedeu a vários exames sobre seus dados disponíveis e ao final entregou um grande contingente de folhas com informes de impostos incidentes sobre a sua Empresa, mas sem data nenhuma consignada e com titulação da DRF/Petrolina, sob o nº 0410100/00805/04. Documentos esses que apontam para um crédito tributário aproximado de R$ 100.000,00, que teria sido calculado pelo lucro presumido da sua empresa. Nas folhas dos Termos de Encerramento constam que foram encerradas ações fiscais sobre vários tributos, pelo que ficou intimado a recolher as citadas quantias ou impugnar no prazo de trinta dias da ciência dos autos de infração respectivos; que os autos de infração, ainda, contiveram dados incompletos sobre número de páginas, além da indicação de data incorreta, na folha 02, no parágrafo terceiro, onde se lê que: "Em 13/11/2004, foi cientificada pelo Termo de Intimação, fls_do Ato Declaratório Executivo nº 78 de 06.09.2004 ... que excluiu do SIMPLES ..." quando a data correta foi em 13/10/2004; que importa declarar que uma notificação não pode ser geradora de uma responsabilidade de débito, retroativo há mais de três anos, de uma monta que está acima da capacidade de pagamento por parte desta empresa; que é estranhissimo que tal procedimento venha a ser imputado logo após a notificação e mediante a DRF de outra cidade, no caso Petrolina/PE, pois que o quadro local seria o responsável pela diligência e não o de outra jurisdição; que as laudas dos termos de verificação não contém data para que se vislumbre o correto prazo recursal; que "os lançamentos de obrigações fiscais cumuladas com juros e multa se mostram, como objeto da ação fiscal, completamente descabidos e inconstitucionais, posto que agregam encargos em uma conta, sobre a qual não se pode ainda ser modificada, sendo a mesma atentatória à condição desta Empresa, que se movimenta com recursos escassos e diante de momento econômico completamente adverso"; Fl. 264DF CARF MF Impresso em 18/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 4/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 15/04/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 19647.010681/200489 Acórdão n.º 1401001.465 S1C4T1 Fl. 6 5 que "os faturamentos indicados, extraidos das despesas e dos custos dos bens relacionados (ganho líquido), sequer são suficientes para o custeio precário da Firma, pelo que não poderiam ser destinados para a cobertura dos altos encargos que se deseja imputar a Recorrente (pelos estimados lucros presumidos que nunca se realizaram como calculado)"; que "as ações foram feitas de forma cumulada e sem qualquer oportunidade de exame acurado, uma vez que a ação fiscalizadora ofertou todos os resultados de uma só vez e numa mesma data, sem qualquer pedido de informações e/ou checagem dos dados examinados, haja vista que foram utilizados valores a maior na análise do citado auditor"; que "entende a Impugnante que tais termos de verificação devem ser completamente revistos e sua exigibilidade só poderá ser intentada a partir da data da notificação que foi em 13.10.2004, data esta que foi relacionada erradamente como sendo 13.11.2004, pelo citado auditor, mais uma vez demonstrando sua inabilidade com o trato das informações obtidas junta esta Empresa Impugnante"; Por fim, requereu: que seja recebido com efeito suspensivo e acolhida esta impugnação ao Termo de Verificação e Constatação Fiscal em tela, por ser assentado em base de responsabilidade não plausivel com as possibilidades da Empresa; que a DRF isente a Titular de obrigações retroativas de encargos, conforme argumentado, na impugnação ora oferecida; que acolha a presente impugnação neste formato, já que em sede de procedimento administrativo é a forma única de, querendo, recorrer ao julgamento dos autos de infração lavrados; "que designe outro fiscalizador local, quando em confrontação com as indicações das despesas da Empresa possa efetuar novo quadro de responsabilidades, a serem doravante exigidas, bem como pela orientação para a utilização dos novos procedimentos relativos aos tributos antes não realizados". A 4ª Turma da DRJ/REC, por unanimidade, negou provimento à impugnação, por meio de Acórdão que recebeu a seguinte ementa, fls. 200201: Assunto: Contribuição para Financiamento da Seguridade Social Anocalendário: 2001, 2002, 2003 Ementa: EXCLUSÃO DO SIMPLES DE OFíCIO. Tendo sido excluída de oficio do sistema integrado, através de ato declaratório executivo, a contribuinte que optar de não apresentar impugnação contestando tal exclusão estará definitivamente excluido. Fl. 265DF CARF MF Impresso em 18/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 4/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 15/04/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 19647.010681/200489 Acórdão n.º 1401001.465 S1C4T1 Fl. 7 6 A pessoa jurídica excluída do SIMPLES sujeitarseá, a partir do período em que se processarem os efeitos da exclusão, às normas de tributação aplicáveis às demais pessoas juridicas. FALTA DE RECOLHIMENTO DA COFINS. Apurados, através de procedimento de ofício, valores devidos da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social, que não haviam sido declarados ou confessados pela contribuinte é procedente a autuação, com a aplicação da multa de ofício. MULTA DE OFíCIO E JUROS DE MORA (TAXA SELlC) INCONSTITUCIONALIDADE. A cobrança em auto de infração da multa de ofício e dos juros de mora (calculados pela TAXA SELlC) decorre da aplicação de dispositivos legais vigentes e eficazes na época de sua lavratura, que, em decorrência dos princípios da legalidade e da indisponibilidade, são de aplicação compulsória pelos agentes públicos, até a sua retirada do mundo jurídico, mediante revogação ou resolução do Senado Federal, que declare sua inconstitucionalidade. Não está compreendida no espectro de competência das Autoridades Administrativas de Julgamento a apreciação de alegação de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal. MATÉRIA NÃO CONTESTADA. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pela impugnante. Lançamento Procedente Houve a devida ciência do Acórdão em 27/06/2005 (fls. 212). Em 20/07/2005 a pessoa jurídica autuada interpôs o recurso voluntário de fls. 213217, basicamente reiterando os argumentos de defesa apresentados na fase impugnatória. Considerou esdrúxula e absurda a decisão de primeiro grau que não tomou conhecimento das suas razões dirigidas contra a sua exclusão do SIMPLES formalizada pelo ato declaratório n° 78 por não ter sido direcionada ao processo n° 19647.009795/200486. A autoridade, ao tornar conhecimento da sua inconformidade, deveria, por dever de oficio, corretamente a direcionado. No mais, a peça discorre sobre a atividade e o diadia da empresa e as suas dificuldades para pagar os tributos, as incoerências da Receita Federal e conclui que lhe deveria ser concedido um prazo para se regularizar e não lhe poderia ser imposta uma multa de caráter confiscatório. Ao final pede: (i) seja afastada a autuação por ferir o principio da capacidade contributiva e da ampla defesa, (ii) ou que seja reaberto o prazo para que ofereça defesa contra a exclusão do Simples no processo n° 19647.009795/200486. Fl. 266DF CARF MF Impresso em 18/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 4/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 15/04/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 19647.010681/200489 Acórdão n.º 1401001.465 S1C4T1 Fl. 8 7 Em 21/05/2010, esta Turma de Julgamento determinou a realização de diligência, para que fossem apensados ao presente os processos administrativos relativos à Exclusão do Simples e às exigência do IRPJ, PIS e CSLL. Em 20/11/2011 foi prestada a informação de fls. 257, dando conta de que o processo principal (relativo ao IRPJ) se encontrava inscrito em Dìvida Ativa da União. Somente em 18/03/2015 o presente processo foi reencaminhado a este Conselheiro, para julgamento, conforme Despacho de fls. 260.. É o relatório. Fl. 267DF CARF MF Impresso em 18/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 4/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 15/04/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 19647.010681/200489 Acórdão n.º 1401001.465 S1C4T1 Fl. 9 8 Voto Conselheiro Fernando Luiz Gomes de Mattos Relator O recurso atende aos requisitos legais, razão pela qual deve ser conhecido. Conforme relatado, a pessoa jurídica em apreço foi excluída do SIMPLES por meio do Ato Declaratório Executivo nº 78, de 06/10/2004, formalizado no âmbito do processo administrativo nº 19647.009795/200486. A contribuinte apresentou contestação intempestiva no retrocitado processo, razão pela qual a exclusão do SIMPLES tornouse definitiva, a partir do anocalendário 2001. Posteriormente, considerando a impossibilidade de se apurar o lucro real nos anos calendário de 2001, 2002 e 2003, em razão da falta de escrituração contábil e fiscal, procedeuse ao arbitramento do lucro, no periodo janeiro de 2001 a dezembro de 2003, apurandose o IRPJ sobre o lucro arbitrado, com base na receita conhecida apurada através dos livros Registro de Apuração do ICMS. A referida exigência do IRPJ, referente aos anoscalendário 2001 a 2003, constou do processo administrativo nº 19647.010684/200412. Em decorrência desse lançamento do IRPJ, foram constituídos os lançamentos reflexos, referentes à CSLL, PIS e Cofins, também relativos aos anoscalendário 2001 a 2003. A exigência relativa à CSLL constou do processo nº 19647.010682/200423. A exigência relativa ao PIS constou do processo nº 19647.010683/200478. E a exigência relativa à Cofins consta do presente processo nº 19647.010681/200489. Em atendimento ao pedido de diligência formulado por esta Turma de Julgamento, foi informado que o processo matriz ou principal, relativo ao IRPJ, encontrase inscrito em Dívida Ativa da União. Por meio do sistema EProcesso, foi possível obter cópia do Acórdão proferido pelo CARF no aludido processo nº 19647.010684/200412, referente ao IRPJ (processo principal). O Acórdão nº 10323.265, de 10/11/2007, da lavra do ilustre Conselheiro Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, recebeu a seguinte ementa e o seguinte voto vencedor: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Exercício: 2002, 2003, 2004 Ementa: SIMPLES EXCLUSÃO PRECLUSÃO Apesar de a exclusão do simples ser ato necessário para o lançamento, a realização deste não reabre o contraditório acerca do ato de exclusão que se consumou pela preclusão. ATIVIDADE DE FISCALIZAÇÃO E ORIENTAÇÃO — Iniciada a fiscalização, está a autoridade obrigada a promover o lançamento de valores não oferecidos à tributação, uma vez que a sua atividade é vinculada. Não há procedimentos legais de orientação de oficio. Em caso de dúvida acerca do cumprimento Fl. 268DF CARF MF Impresso em 18/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 4/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 15/04/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 19647.010681/200489 Acórdão n.º 1401001.465 S1C4T1 Fl. 10 9 de obrigações tributárias, cabe ao sujeito passivo se dirigir à administração para dirimilas. MULTA CARÁTER CONFISCATÓRIO Afastar sanções pecuniárias expressamente previstas em diplomas legais sob o fundamento de seu caráter confiscatório, implicaria declarar a inconstitucionalidade de lei, o que não é da competência de órgãos de “jurisdição” administrativa. […] Voto Conselheiro GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, Relator A exclusão do Simples é premissa da presente autuação. Nada obstante, a Delegacia de Julgamento deixou de apreciar essa questão, nos seguintes termos de seu voto: A contribuinte informou que tomou ciência de sua exclusão do SIMPLES em 13/10/2004 quando lhe foi entregue Termo de Intimação Fiscal com o Ato Declaratório n° 78, de 06/10/2004, em anexo. O Ato Declaratório Executivo a excluiu do SIMPLES com efeitos a partir de janeiro de 2001. Afirmou, ainda, que contatou a DRF/Recife para questionar tal decisão. Sobre esta alegação, temos que ressaltar que o Ato Declaratório Executivo n° 78, de 06/10/2004, encontrase formalizado em processo próprio de nº 19647.009795/200486 e a apresentação de contestações acerca da exclusão da empresa do sistema simplificado deveria ter sido efetuada nele. Informamos que a petição acostada no processo n° 19647.009795/200486 foi apresentada intempestivamente. Assim, de acordo com o art. 4° do Ato Declaratório Executivo, a exclusão tornou se definitiva. Informamos, então, que no processo ora em análise nos restringiremos a apreciar as argumentações da impugnação referentes a este Auto de Infração do IRPJ, formalizado neste processo de n° 19647.010684/200412. Assim, o fundamento da decisão da autoridade julgadora de primeiro grau foi a definitividade da exclusão do simples em razão da intempestiva petição do sujeito passivo. Tal ponto, em parte alguma do recurso foi contestado pelo sujeito passivo. A exclusão do "simples" é necessária para a realização do presente lançamento. No entanto, os dois atos são distintos e formalizados freqüentemente em momentos diversos, cada qual se sujeitando a prazos diversos para impugnação. Fl. 269DF CARF MF Impresso em 18/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 4/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 15/04/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 19647.010681/200489 Acórdão n.º 1401001.465 S1C4T1 Fl. 11 10 Uma vez esgotada a oportunidade para se contestar o ato de exclusão, o prazo para impugnar o lançamento não reabre o contraditório acerca da exclusão. A autoridade de primeiro grau não deixou de dirigir a contestação do sujeito passivo acerca da exclusão do Simples pelo motivo de a ter dirigido ao processo errado, mas sim porque ela estava preclusa neste ponto. Dessarte, só poderia ser conhecida relativamente às questões atinentes ao lançamento em si. Assim, seu procedimento foi correto e, em nada, feriu o direito à ampla defesa. [...] No tocante a alegação de caráter confiscatório da sanção pecuniária, afastar multa prevista expressamente em diploma legal sob tal fundamento implicaria declarar a inconstitucionalidade de lei, o que não é da competência deste Colegiado Administrativo, como já está sumulado: Súmula 1° CC n° 2: O Primeiro Conselho de Contribuintes não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Isso posto, não há fundamentos para se deferir qualquer dos pleitos da defesa. Voto, pois, por negar provimento ao recurso voluntário. Considerando a íntima relação de causa e efeito existente entre o auto de infração referente ao IRPJ (objeto do processo nº 19647.010684/200412) e o presente auto de infração referente à Cofins, considero que aquilo que restou decidido no processo principal deve se aplicar integralmente ao presente processo decorrente. Conclusão Diante de todo o exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Fernando Luiz Gomes de Mattos Fl. 270DF CARF MF Impresso em 18/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 4/04/2016 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 15/04/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO
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Numero do processo: 10935.721800/2011-31
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 15 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Apr 12 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2009
Ementa:
NULIDADE DA AUTUAÇÃO. OFENSA AOS PRINCÍPIOS DO DEVIDO PROCESSO LEGAL, CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. INEXISTÊNCIA.
O Recorrente não fez prova de que teve negado o acesso aos documentos que instruíram a correlata autuação fiscal. Em contrapartida, apresentou substanciosa defesa, o que denota que de fato conseguiu exercer o seu consagrado direito de defesa.
BASE DE CÁLCULO. NÃO CUMULATIVIDADE. LIVRO DE APURAÇÃO DO ICMS. LANÇAMENTO. PROCEDÊNCIA
Ante a inércia do contribuinte em apresentar outros documentos exigidos em sede fiscalizatória, o cotejo analítico entre DACONs e o Livro de Registro de Apuração do ICMS é método hábil para comprovar as entradas e saídas que geram os créditos e débitos da contribuição na sistemática da não cumulatividade, bem como para comprovar a base de cálculo da contribuição lançada de ofício.
BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS. EXCLUSÃO DO ICMS. IMPOSSIBILIDADE.
Ante a inexistência de uma posição judicial para a matéria e ressalvado o entendimento pessoal deste Relator, deve ser prestigiado o entendimento consagrado por este Tribunal administrativo para o tema, o que se dá em busca de segurança jurídica, tratamento igualitário entre diferentes contribuintes e, ainda, unidade judicativa. Assim, deve ser mantido o ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS.
CORREÇÃO DE DÉBITOS TRIBUTÁRIOS. TAXA SELIC. SÚMULA N. 4 DO CARF.
A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais.
MULTA DE OFÍCIO. OFENSA À CAPACIDADE CONTRIBUTIVA E À RAZOABILIDADE. SÚMULA N. 02 DO CARF
É vedado a CARF a realização de controle, ainda que difuso, de constitucionalidade de norma.
Numero da decisão: 3402-002.958
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso.
ANTONIO CARLOS ATULIM - Presidente.
DIEGO DINIZ RIBEIRO - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Antonio Carlos Atulim, Jorge Lock Freire, Valdete Aparecida Marinheiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais de Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: DIEGO DINIZ RIBEIRO
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2009 Ementa: NULIDADE DA AUTUAÇÃO. OFENSA AOS PRINCÍPIOS DO DEVIDO PROCESSO LEGAL, CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. INEXISTÊNCIA. O Recorrente não fez prova de que teve negado o acesso aos documentos que instruíram a correlata autuação fiscal. Em contrapartida, apresentou substanciosa defesa, o que denota que de fato conseguiu exercer o seu consagrado direito de defesa. BASE DE CÁLCULO. NÃO CUMULATIVIDADE. LIVRO DE APURAÇÃO DO ICMS. LANÇAMENTO. PROCEDÊNCIA Ante a inércia do contribuinte em apresentar outros documentos exigidos em sede fiscalizatória, o cotejo analítico entre DACONs e o Livro de Registro de Apuração do ICMS é método hábil para comprovar as entradas e saídas que geram os créditos e débitos da contribuição na sistemática da não cumulatividade, bem como para comprovar a base de cálculo da contribuição lançada de ofício. BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS. EXCLUSÃO DO ICMS. IMPOSSIBILIDADE. Ante a inexistência de uma posição judicial para a matéria e ressalvado o entendimento pessoal deste Relator, deve ser prestigiado o entendimento consagrado por este Tribunal administrativo para o tema, o que se dá em busca de segurança jurídica, tratamento igualitário entre diferentes contribuintes e, ainda, unidade judicativa. Assim, deve ser mantido o ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS. CORREÇÃO DE DÉBITOS TRIBUTÁRIOS. TAXA SELIC. SÚMULA N. 4 DO CARF. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais. MULTA DE OFÍCIO. OFENSA À CAPACIDADE CONTRIBUTIVA E À RAZOABILIDADE. SÚMULA N. 02 DO CARF É vedado a CARF a realização de controle, ainda que difuso, de constitucionalidade de norma.
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Recorrida UNIÃO ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2009 Ementa: NULIDADE DA AUTUAÇÃO. OFENSA AOS PRINCÍPIOS DO DEVIDO PROCESSO LEGAL, CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. INEXISTÊNCIA. O Recorrente não fez prova de que teve negado o acesso aos documentos que instruíram a correlata autuação fiscal. Em contrapartida, apresentou substanciosa defesa, o que denota que de fato conseguiu exercer o seu consagrado direito de defesa. BASE DE CÁLCULO. NÃO CUMULATIVIDADE. LIVRO DE APURAÇÃO DO ICMS. LANÇAMENTO. PROCEDÊNCIA Ante a inércia do contribuinte em apresentar outros documentos exigidos em sede fiscalizatória, o cotejo analítico entre DACONs e o Livro de Registro de Apuração do ICMS é método hábil para comprovar as entradas e saídas que geram os créditos e débitos da contribuição na sistemática da não cumulatividade, bem como para comprovar a base de cálculo da contribuição lançada de ofício. BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS. EXCLUSÃO DO ICMS. IMPOSSIBILIDADE. Ante a inexistência de uma posição judicial para a matéria e ressalvado o entendimento pessoal deste Relator, deve ser prestigiado o entendimento consagrado por este Tribunal administrativo para o tema, o que se dá em busca de segurança jurídica, tratamento igualitário entre diferentes contribuintes e, ainda, unidade judicativa. Assim, deve ser mantido o ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 5. 72 18 00 /2 01 1- 31 Fl. 1402DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM 2 CORREÇÃO DE DÉBITOS TRIBUTÁRIOS. TAXA SELIC. SÚMULA N. 4 DO CARF. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. MULTA DE OFÍCIO. OFENSA À CAPACIDADE CONTRIBUTIVA E À RAZOABILIDADE. SÚMULA N. 02 DO CARF É vedado ao CARF a realização de controle, ainda que difuso, de constitucionalidade de norma. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2009 Ementa: NULIDADE DA AUTUAÇÃO. OFENSA AOS PRINCÍPIOS DO DEVIDO PROCESSO LEGAL, CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. INEXISTÊNCIA. O Recorrente não fez prova de que teve negado o acesso aos documentos que instruíram a correlata autuação fiscal. Em contrapartida, apresentou substanciosa defesa, o que denota que de fato conseguiu exercer o seu consagrado direito de defesa. BASE DE CÁLCULO. NÃO CUMULATIVIDADE. LIVRO DE APURAÇÃO DO ICMS. LANÇAMENTO. PROCEDÊNCIA Ante a inércia do contribuinte em apresentar outros documentos exigidos em sede fiscalizatória, o cotejo analítico entre DACONs e o Livro de Registro de Apuração do ICMS é método hábil para comprovar as entradas e saídas que geram os créditos e débitos da contribuição na sistemática da não cumulatividade, bem como para comprovar a base de cálculo da contribuição lançada de ofício. BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS. EXCLUSÃO DO ICMS. IMPOSSIBILIDADE. Ante a inexistência de uma posição judicial para a matéria e ressalvado o entendimento pessoal deste Relator, deve ser prestigiado o entendimento consagrado por este Tribunal administrativo para o tema, o que se dá em busca de segurança jurídica, tratamento igualitário entre diferentes contribuintes e, ainda, unidade judicativa. Assim, deve ser mantido o ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS. CORREÇÃO DE DÉBITOS TRIBUTÁRIOS. TAXA SELIC. SÚMULA N. 4 DO CARF. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. MULTA DE OFÍCIO. OFENSA À CAPACIDADE CONTRIBUTIVA E À RAZOABILIDADE. SÚMULA N. 02 DO CARF Fl. 1403DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 10935.721800/201131 Acórdão n.º 3402002.958 S3C4T2 Fl. 1.403 3 É vedado a CARF a realização de controle, ainda que difuso, de constitucionalidade de norma. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. ANTONIO CARLOS ATULIM Presidente. DIEGO DINIZ RIBEIRO Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Antonio Carlos Atulim, Jorge Lock Freire, Valdete Aparecida Marinheiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais de Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório 1. Por bem retratar a demanda em julgamento, adoto parte do relatório desenvolvido pela instância a quo, o que faço nos seguintes termos: Trata o presente processo dos autos de infração lavrados em 07/12/2011, contra a contribuinte em epígrafe, referentes à Cofins e ao PIS não cumulativos, ambos relativos aos períodos de apuração de janeiro de 2006 a dezembro de 2009. O auto de infração de Cofins perfaz o valor total de R$ 48.685.667,98, sendo R$ 23.097.264,22 de valor da contribuição, acrescido das correspondentes parcelas relativas à multa de ofício de 75% e aos acréscimos legais calculados até 30/11/2011, e o de PIS o valor total de R$ 10.569.914,57, sendo R$ 5.014.537,68 de valor da contribuição, acrescido, também, das correspondentes parcelas relativas à multa de ofício de 75% e aos acréscimos legais, calculados até a citada data. Os autuações (sic) tiveram por base o procedimento fiscal que apurou, através da auditoria em livros e documentos contábeis da autuada, a insuficiência de confissão ou de recolhimento das contribuições (PIS e Cofins não cumulativas), conforme descrição detalhada no Termo de Constatação Fiscal L140/2011 e anexos que o acompanham. (...). 2. Devidamente notificado, o contribuinte, ora Recorrente, impugnou a exigência fiscal (fls. 39/68) alegando, em suma: · nulidade da autuação por ofensa ao devido processo legal e seus consectários lógicos (contraditório e ampla defesa), uma vez que não teria Fl. 1404DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM 4 recebido, juntamente com a autuação, cópia dos documentos que a embasaram; · ilegalidade do lançamento perpetrado, uma vez que referido ato administrativo teria sido exclusivamente efetuado com base em Livros de Registro de Apuração do ICMS; · ilegalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS; · ilegalidade da SELIC como juros moratórios no âmbito tributário; e, por fim · exclusão ou redução da multa aplicada em razão da ofensa aos princípios da capacidade contributiva e da razoabilidade. 4. Uma vez processada, a sobredita Impugnação foi julgada improcedente pela DRJ/SP, conforme se observa do acórdão de fls. 1.364/1.374 assim ementado: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2009 NULIDADE. PRESSUPOSTOS. Ensejam a nulidade apenas os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. JUNTADA DE PROVAS DOCUMENTAIS. As provas documentais devem ser apresentadas juntamente com a peça impugnatória, sob pena de preclusão, salvo exceções taxativamente previstas. INTIMAÇÃO AO PROCURADOR. FALTA DE PREVISÃO LEGAL. Não encontra amparo legal nas normas do Processo Administrativo Fiscal a solicitação para que a Administração Tributária efetue as intimações na pessoa do procurador do sujeito passivo. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2009 BASE DE CÁLCULO. NÃO CUMULATIVIDADE. LIVRO DE APURAÇÃO DO ICMS. LANÇAMENTO. PROCEDÊNCIA O Livro de Registro de Apuração do ICMS é hábil para comprovar as entradas e saídas que geram os créditos e débitos da contribuição na sistemática da não cumulatividade, bem como para comprovar a base de cálculo da contribuição lançada de ofício. Fl. 1405DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 10935.721800/201131 Acórdão n.º 3402002.958 S3C4T2 Fl. 1.404 5 BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÃO DO ICMS. IMPOSSIBILIDADE. Incabível a exclusão do valor devido a título de ICMS da base de cálculo da contribuição, pois esse valor é parte integrante do preço das mercadorias e dos serviços prestados, exceto quando referido imposto é cobrado pelo vendedor dos bens ou pelo prestador dos serviços na condição de substituto tributário. MULTA DE OFÍCIO. TAXA SELIC. Cobramse juros de mora equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic), e multa de ofício, por expressa previsão legal. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2009 BASE DE CÁLCULO. NÃO CUMULATIVIDADE. LIVRO DE APURAÇÃO DO ICMS. LANÇAMENTO. PROCEDÊNCIA O Livro de Registro de Apuração do ICMS é hábil para comprovar as entradas e saídas que geram os créditos e débitos da contribuição na sistemática da não cumulatividade, bem como para comprovar a base de cálculo da contribuição lançada de ofício. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÃO DO ICMS. IMPOSSIBILIDADE. Incabível a exclusão do valor devido a título de ICMS da base de cálculo da contribuição, pois esse valor é parte integrante do preço das mercadorias e dos serviços prestados, exceto quando referido imposto é cobrado pelo vendedor dos bens ou pelo prestador dos serviços na condição de substituto tributário. MULTA DE OFÍCIO. TAXA SELIC. Cobramse juros de mora equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic), e multa de ofício, por expressa previsão legal. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido. 5. Diante deste quadro, o contribuinte interpôs o presente Recurso Voluntário (fls. 1.384/1.394), repisando os fundamentos expostos em sua Impugnação. 6. É o relatório. Voto Fl. 1406DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM 6 Conselheiro Diego Diniz Ribeiro 7. O recurso voluntário é tempestivo e atende as demais exigências formais de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento, o que passo a fazer nos seguintes termos. I. Da nulidade da autuação 8. Segundo as genéricas alegações do Recorrente, o presente processo administrativo seria nulo, uma vez que ele (Recorrente) teria sido intimado da lavratura do Auto de Infração sem que, todavia, referida autuação viesse acompanhada dos documentos que fundamentaram o trabalho fiscal. 9. Com a devida vênia, tais argumentos são meramente retóricos1. Para se chegar a tal conclusão basta verificar que toda a atividade fiscal foi pautada por documentação contábilfiscal ofertada (ainda que parcialmente) pelo próprio contribuinte, o que fez em resposta a diferentes termos de intimação fiscal enunciados ao longo do procedimento fiscalizatório (vide fls. 02/25; fls. 27/56; fl. 1.292). 10. Ademais, o contribuinte diligente tem plena ciência que, uma vez autuado, todo e qualquer documento a instruir o referido Auto de Infração está à sua disposição na correspondente repartição fiscal. Assim, faria sentido supor eventual ofensa ao contraditório e à ampla defesa caso o Recorrente tivesse provado a impossibilidade de acessar tais documentos na aludida repartição, o que frisese não ocorreu em concreto. 11. Por fim, o contribuinte apresentou defesa substanciosa, o que demonstra que teve plena condição de se defender não apenas sob uma perspectiva formal, mas também de forma conteudística. 12. Nessa toada, refuto as alegações do contribuinte quanto à pretensa nulidade do presente Auto de Infração. II. Da ilegalidade do lançamento perpetrado com base em Livros de Registro de Apuração do ICMS 13. O Recorrente sustenta ser ilegal a apuração da base de cálculo das exações aqui tratadas por intermédio da análise dos Livros de Registro e Apuração de ICMS, bem como pela utilização das correspondentes GIAs, uma vez que as operações retratadas por tais documentos fiscais não teriam exata correspondência com as bases de cálculo das contribuições em cobro. Para a devida análise desta tese levantada pelo Recorrente, mister se faz rememorar a origem do presente Auto de Infração. 14. A presente autuação ter por origem, ainda que de forma reflexa, um Pedido Eletrônico de Ressarcimento PER formulado pelo contribuinte. Uma vez apresentado referido PER, o contribuinte foi reiteradamente intimado para que apresentasse os documentos fiscais hábeis para provar seu crédito, o que, todavia, não foi atendido. Assim, ante a inércia do contribuinte, o PER foi indeferido. 15. Referida postura (minimamente estranha) motivou que a fiscalização desse início a um processo fiscalizatório em prejuízo do Recorrente. Analisando a documentação fiscal exigida pela fiscalização e parcialmente entregue pelo contribuinte, foi possível observar a existência de DACONs retificadoras que, com exceção para o ano de 2009, 1 E não no sentido aristotélico do termo, mas sim enquanto assertivas vazias de conteúdo. Fl. 1407DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 10935.721800/201131 Acórdão n.º 3402002.958 S3C4T2 Fl. 1.405 7 implicaram (i) o aumento de créditos de PIS e COFINS e (ii) a redução dos saldos devedores para tais contribuições. 16. Diante da inércia do contribuinte em entregar todos os documentos fiscais exigidos pela fiscalização, o auditor responsável pela autuação passou a confrontar as sobreditas DACONs com os livros de registro e apuração de ICMS, bem como as correlatas GIAs, tudo isso devidamente provado nos autos, conforme se observa dos Anexos I, II, III e IV do processo administrativo em apreço. Assim, fazendo um confrontamento analítico entre DACONs e o livro de registro e apuração de ICMS a fiscalização provou que, no período fiscalizado, o contribuinte inflou seu crédito de PIS e COFINS, bem como diminuiu seu saldo devedor para tais exações. 17. Feito este breve histórico, é possível constatar que a presente autuação não se limitou a apurar as bases de cálculo das exações em comento apenas com fundamento em livros de registro e apuração de ICMS, como indevidamente defende o Recorrente. Pelo contrário, referida apuração decorreu, primeiramente, de (i) uma atitude aparentemente suspeita do contribuinte em relação ao seu Pedido Eletrônico de Ressarcimento PER que, em um segundo momento, levou a (ii) um confrontamento analítico entre as DACONs do contribuinte e seus livros fiscais de apuração e registro de ICMS e correlatas GIAs. 18. Ressaltese, inclusive, que ao fazer este confrontamento analítico, a fiscalização teve o cuidado de apontar, linha a linha, quais as entradas que não dariam direito a crédito, com a indicação do correspondente CFOP, bem como as saídas que redundariam em débitos, com a descrição da operação e o correlato CFOP. Em nenhum momento o contribuinte se insurgiu contra este trabalho fiscal em específico, limitandose a afirmar, genericamente, que os livros de apuração e registro de ICMS não poderiam redundar na exigência fiscal sub judice. 19. Assim, como bem constatou o acórdão recorrido, o procedimento de fiscalização, como se vê, relativamente as entradas e saídas, utilizandose dos Livros de Apuração de ICMS, e seguindo a sistemática da nãocumulatividade, apurou os créditos e débitos das contribuições e, face a existência de débitos em montante superior aos créditos, realizou o lançamento dos débitos que não haviam sido confessados ou pagos pela contribuinte. 20. Por tais razões, mantenho o acórdão recorrido neste tópico em particular. III. Da ilegalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS 21. Em relação a inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS, a questão não é nova no âmbito do contencioso tributário, razão pela qual, inclusive, já foi objeto de diferentes súmulas do Superior Tribunal de Justiça: Súmula n. 68 A parcela relativa ao ICM incluise na base de cálculo do PIS. Súmula n. 94 Fl. 1408DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM 8 A parcela relativa ao ICMS incluise na base de cálculo do FINSOCIAL. 22. Não se olvida, todavia, do atual precedente firmado pelo Supremo Tribunal Federal quando do julgamento do Recurso Extraordinário n. 240.785, o qual depois de quase uma década de pedidovista do Ministro Gilmar Mendes restou assim ementado: TRIBUTO – BASE DE INCIDÊNCIA – CUMULAÇÃO – IMPROPRIEDADE. Não bastasse a ordem natural das coisas, o arcabouço jurídico constitucional inviabiliza a tomada de valor alusivo a certo tributo como base de incidência de outro. COFINS – BASE DE INCIDÊNCIA – FATURAMENTO – ICMS. O que relativo a título de Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e a Prestação de Serviços não compõe a base de incidência da Cofins, porque estranho ao conceito de faturamento. (STF; RE 240.785, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 08/10/2014, DJe246 DIVULG 15 122014 PUBLIC 16122014 EMENT VOL0276201 PP 00001). 23. Apesar de tratarse de precedente Pretoriano, referida decisão não apresenta caráter vinculativo, uma vez que veiculada em caso não afetado por repercussão geral. Em verdade, o leading case que pretende solucionar essa demanda com efeito vinculante e erga omnes é o RExt n. 574.7062, submetido ao regime de repercussão geral, bem como a ADC n. 18. 24. Não obstante, por conta do precedente firmado no RE 240.785 do STF, já existem decisões do próprio STJ contrárias às suas súmulas n. 68 e 94, conforme se observa do seguinte julgado: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. PIS. COFINS. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÃO DO ICMS. POSSIBILIDADE. AGRAVO REGIMENTAL PROVIDO. I A existência de repercussão geral no RE 574.706PR, em relação à matéria ora debatida, não impede sejam julgados os recursos no âmbito desta Corte. II O ICMS é um imposto indireto, ou seja, tem seu ônus financeiro transferido, em última análise, para o contribuinte de fato, que é o consumidor final. 2 " Ementa Reconhecida a repercussão geral da questão constitucional relativa à inclusão do ICMS na base de cálculo da COFINS e da contribuição ao PIS. Pendência de julgamento no Plenário do Supremo Tribunal Federal do Recurso Extraordinário n. 240.785. (STF; RE 574706 RG, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, julgado em 24/04/2008, DJe088 DIVULG 1505 2008 PUBLIC 16052008 EMENT VOL0231910 PP02174 ) ." Fl. 1409DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 10935.721800/201131 Acórdão n.º 3402002.958 S3C4T2 Fl. 1.406 9 III Constituindo receita do EstadoMembro ou do Distrito Federal, a parcela correspondente ao ICMS pago não tem natureza de faturamento ou receita, mas de simples ingresso financeiro, não podendo compor a base de cálculo do PIS e da COFINS. IV Conquanto a jurisprudência desta Corte tenha sido firmada no sentido de que a parcela relativa ao ICMS incluise na base de cálculo do PIS e do extinto FINSOCIAL, posicionamento sedimentado com a edição das Súmulas 68 e 94, tal discussão alcançou o Supremo Tribunal Federal e foi analisada no RE 240.785/MG, julgado em 08.10.2014, que concluiu que "a base de cálculo da COFINS somente poderia incidir sobre a soma dos valores obtidos nas operações de venda ou de prestação de serviços. Dessa forma, assentou que o valor retido a título de ICMS não refletiria a riqueza obtida com a realização da operação, pois constituiria ônus fiscal e não faturamento" (Informativo do STF n. 762). V Agravo regimental provido. (STJ; AgRg no AREsp 593.627/RN, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, Rel. p/ Acórdão Ministra REGINA HELENA COSTA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 10/03/2015, DJe 07/04/2015). 25. A análise dos precedentes e súmulas acima referidos nos remetem a uma única conclusão: depois de décadas de debate a respeito da questão aqui tratada nossos Tribunais judiciais foram incapazes de dar uma solução definitiva para esta discussão, o que só reforça a atualidade da obra Carnaval tributário, do jurista gaúcho Alfredo Augusto Becker. 26. Assim, se a jurisprudência judicial é vacilante e, portanto, imprestável para solucionar a demanda, não resta alternativa senão nos debruçarmos sobre a jurisprudência administrativa formada por este Tribunal, de modo a prestigiála e, por conseguinte, ao menos no âmbito do CARF, prover de alguma segurança jurídica àqueles que aqui litigam, o que também redundará em um tratamento materialmente igualitário entre diferentes contribuintes e, ainda, em uma efetiva unidade judicativa neste Tribunal, o que, nas palavras de STRECK e ABBOUD, faz com que o jurisdicionado tenha a sensação de está participando de um “jogo limpo"3. 27. Neste esteio, insta destacar que o CARF possui uníssona jurisprudência no sentido de entender como válida a inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS, conforme se observa do julgado abaixo referido e exemplarmente colacionado: Ementa Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade 3 "Exigir coerência e integridade quer dizer que o aplicador não pode dar o drible da vaca hermenêutico na causa ou no recurso, do tipo 'segundo minha consciência, decido de outro modo'. O julgador não pode tirar da manga do colete um argumento que seja incoerente com aquilo que antes se decidiu. Também o julgador não pode quebrar a cadeia discursiva 'porque quer' (ou 'porque sim')." (ABBOUD, Georges. STRECK, Lênio. "O NCPC e os precedentes – afinal, do que estamos falando?". "In" Precedentes. Salvador: Juspodivm, 2015. p. 176.). Fl. 1410DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM 10 Social Cofins Anocalendário: 1999, 2000, 2001, 2002, 2003, 2004 NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DECADÊNCIA DO DIREITO DO FISCO. Restando configurado o lançamento por homologação pelo pagamento antecipado do tributo, o prazo de decadência do direito do Fisco efetuar o lançamento de ofício regese pela regra do art. 150, § 4º do CTN, operandose em cinco anos, contados da data do fato gerador. Inexistindo a antecipação do pagamento, aplicase a regra do art. 173, I, do CTN, contando se o prazo de cinco anos a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Precedente do STJ RESP 973.733. COFINS. BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO. Diante da declaração de inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º, da Lei no 9.718/98, a base de cálculo da contribuições sociais devidas pelas empresas comerciais passou a ser a receita bruta de vendas de bens e serviços, o que foi respeitado pela fiscalização, uma vez que nos autos de infração não foram tributadas receitas diversas do faturamento. PIS E COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DO ICMS. À luz do art. 12 do DecretoLei nº 1.598/77 e do art. 4º da IN SRF nº 51/78 o ICMS integra a receita bruta porque é imposto incidente sobre vendas, inexistindo amparo legal para sua exclusão das bases de cálculo. INCONSTITUCIONALIDADE. É vedado ao CARF negar vigência a acordo internacional, lei ou decreto em razão de arguição de inconstitucionalidade. MULTA DE OFÍCIO. Tratandose do lançamento de diferenças não declaradas e não recolhidas, apuradas em procedimento de ofício, incide a multa de 75% sobre o valor dos débitos apurados. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Recurso voluntário provido em parte. (CARF; Número do Processo 13973.000214/200462; Contribuinte SALOMÃO JOSÉ DEQUECH ME; RECURSO VOLUNTÁRIO; Data da Sessão 29/01/2016; Relator ANTONIO CARLOS ATULIM; Nº Acórdão 3402002.898; V.U.) (g.n.). 28. No mesmo sentido: PAs ns. 11516.721381/201212; 11634.720109/201198; 10830.002239/201166, dentre tantos outros. Fl. 1411DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 10935.721800/201131 Acórdão n.º 3402002.958 S3C4T2 Fl. 1.407 11 29. Assim, ressalvado meu entendimento pessoal a respeito da matéria4 e, ainda, levando em consideração a posição deste Tribunal administrativo para o tema vis a vis do vacilante entendimento dos nossos Tribunais judiciais para o mesmo assunto, me sinto obrigado a acatar o entendimento até então consolidado pelo CARF, uma vez que manifestações de caráter judicativo não devem refletir posições pessoais dos seus membros; ao contrário, devem sedimentar uma posição institucional do Tribunal para o assunto. 30. Logo, em relação ao presente tópico recursal, voto pela manutenção da inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS. IV. Da ilegalidade da SELIC como juros moratórios no âmbito tributário 31. No que diz respeito à incidência da SELIC como juros moratórios sobre débitos tributários é caso de aplicação da Súmula n. 4 deste Tribunal Administrativo, in verbis: Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. 32. Logo, não há como se esquivar da incidência da referida Súmula, sob pena, inclusive, de configurar hipótese de perda do mandato deste Conselheiro, conforme previsto no art. 45, inciso. VI do RICARF5. 33. Ademais, a questão é mais do que pacificada também no âmbito dos Tribunais judiciais em sentido desfavorável à pretensão do contribuinte, razão pela qual nego provimento ao presente recurso também neste tópico. V. Da exclusão ou redução da multa aplicada em razão da ofensa aos princípios da capacidade contributiva e da razoabilidade 34. Por fim, também não há que se falar em afastamento da multa aplicada por ofensa ao princípio da capacidade contributiva e ao postulado da razoabilidade. 35. Ressalvado meu entendimento pessoal, no sentido de que também é possível o exercício do controle difuso de constitucionalidade na instância administrativa de caráter judicativo67 – exatamente como se afigura aqui no CARF – não posso deixar de 4 Em minha opinião, o ICMS não deve ser incluído na base de cálculo do PIS e da COFINS, uma vez que o valor pago por tal tributo não apresenta natureza de faturamento ou receita, mas de simples ingresso financeiro, não podendo compor a base de cálculo das contribuições aqui tratadas. 5 "Art. 45. Perderá o mandato o conselheiro que: (...). VI deixar de observar enunciado de súmula ou de resolução do Pleno da CSRF, bem como o disposto no art. 62; (...)." 6 Ainda que o faça de forma atípica, o que é perfeitamente válido, haja vista a possibilidade dos diferentes Poderes do Estado (Executivo, Legislativo e Judiciário) desempenharem outras funções além daquelas que lhe foram tipicamente atribuídas pelo texto constitucional. Fl. 1412DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM 12 reconhecer o disposto no art. 62 do Regimento Interno deste Tribunal8 que, como regra, veda a possibilidade do sobredito controle. No mesmo sentido é o teor da Súmula n. 02 deste E. Tribunal Administrativo, a qual tem caráter vinculante para este julgador, nos termos do art. 42, inciso VI do RICARF9. 36. Neste diapasão, por expressa vedação normativa, nego provimento ao recurso voluntário interposto também neste particular. Dispositivo 37. Ante o exposto, voto para negar provimento ao recurso voluntário interposto pelo contribuinte. 38. É como voto. Diego Diniz Ribeiro Relator 7 Não me parece lógico muito menos válido juridicamente, que um órgão administrativo de caráter judicativo possa reconhecer o descompasso de um ato jurídico em face de uma lei, instrução normativa ou portaria, mas não possa fazêlo em relação à Constituição Federal, que, sob uma estrita perspectiva legal, é o fundamento de validade de todas as demais peças legislativas do ordenamento jurídico nacional. 8 "Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade." 9 "Súmula CARF nº 2 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária." Fl. 1413DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM
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