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Numero do processo: 11070.000883/2007-25
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Aug 16 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Sep 19 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 9303-005.551
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama (relatora), Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal. Acordam ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, em dar-lhe provimento parcial, apenas quanto aos equipamentos de proteção. Votaram pelas conclusões os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal e Charles Mayer de Castro Souza.
(Assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(Assinado digitalmente)
Tatiana Midori Migiyama - Relatora
(Assinado digitalmente)
Andrada Márcio Canuto Natal Redator designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: TATIANA MIDORI MIGIYAMA
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PIS NÃO CUMULATIVO. CRITÉRIO DA ESSENCIALIDADE. DESPESAS COM ALIMENTAÇÃO E VALE TRANSPORTE. COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES UTILIZADOS EM VEÍCULOS QUE TRANSPORTAM EMPREGADOS. Em respeito ao critério da essencialidade à atividade do sujeito passivo, para fins de definição de insumos para o aproveitamento de crédito de PIS e de Cofins, não há que se falar em apropriação de crédito das contribuições sobre as despesas com alimentação e vale transporte, combustíveis e lubrificantes utilizados em veículos que transportam empregados para a prestação e serviços, eis que devem ser consideradas como meras despesas administrativas e/ou despesas da atividade meio, não essenciais para a atividade objeto do sujeito passivo. CONCEITO DE INSUMOS. PIS NÃO CUMULATIVO. CRITÉRIO DA ESSENCIALIDADE. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO E SEGURANÇA. No que tange aos equipamentos de proteção e segurança, considerando a atividade do sujeito passivo, é cabível a constituição de crédito das contribuições, eis tais itens serem essenciais para a atividade do sujeito passivo quando da operacionalização das máquinas que produzem as suas mercadorias. CONSTITUIÇÃO DE CRÉDITO. PIS NÃO CUMULATIVO. IMPOSSIBILIDADE. FALTA DE PREVISÃO LEGAL. Não cabe o aproveitamento de crédito de PIS em relação à despesa financeira, por falta de previsão legal. PIS. REGIME NÃOCUMULATIVO. CONCEITO DE INSUMOS. CRÉDITO. COMBUSTÍVEIS, LUBRIFICANTES. FRETES. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 07 0. 00 08 83 /2 00 7- 25 Fl. 746DF CARF MF Processo nº 11070.000883/200725 Acórdão n.º 9303005.551 CSRFT3 Fl. 3 2 A legislação das Contribuições Sociais não cumulativas PIS/COFINS informa de maneira exaustiva todas as possibilidades de aproveitamento de créditos. Não há previsão legal para creditamento sobre a aquisição de combustíveis, lubrificantes e fretes não utilizados diretamente no processo produtivo do produto destinado a venda. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama (relatora), Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal. Acordam ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, em darlhe provimento parcial, apenas quanto aos equipamentos de proteção. Votaram pelas conclusões os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal e Charles Mayer de Castro Souza. (Assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (Assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama Relatora (Assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal – Redator designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello. Fl. 747DF CARF MF Processo nº 11070.000883/200725 Acórdão n.º 9303005.551 CSRFT3 Fl. 4 3 Relatório Tratamse de Recursos interposto pela Fazenda Nacional e pelo sujeito passivo contra o Acórdão nº 340100.865, da 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, que, por maioria de votos, deu provimento parcial ao recurso para admitir a inclusão das despesas com combustíveis e fretes no computo do cálculo do crédito da Cofins. O Colegiado, assim, consignou a seguinte ementa: “Ementa: PIS NÃO CUMULATIVO. RESSARCIMENTO. INSUMOS. VALETRANSPORTE. ALIMENTAÇÃO. EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL. COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES. Não configuram insumos passíveis de crédito do PIS não cumulativo vale transporte despesas com alimentação, equipamento de proteção individual, combustíveis e lubrificantes utilizados em veículos que transportam empregados para prestação de serviços, uma vez que estes insumos não são utilizados em veículos que transportam empregados para prestação de serviços, uma vez que estes insumos não são utilizados diretamente na prestação de serviços ou produção industrial. PIS NÃO CUMULATIVO. RESSARCIMENTO. INSUMOS. COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES. FRETE. As aquisições de combustíveis e lubrificantes utilizados na produção e na operação de entrega direta de produtos industrializados e vendidos pelo produtor/vendedor integram o conceito de Insumos e geram créditos dedutíveis do PIS não cumulativo devido mensalmente, assim, como as despesas com fretes suportados por ele.” Irresignada, a Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial, trazendo, entre outros, que não há como prosperar o entendimento do r. acórdão, que reconheceu como insumos determinados bens e serviços, cujo conceito não se enquadram para fins de geração de créditos de Cofins não cumulativo, conforme determina o art. 3º da Lei 10.637/02 (e Lei 10.833/03, para a Cofins), em concomitância com o entendimento exposto na IN SRF 247/02, com alterações introduzidas pela IN SRF 358/03. Requer, assim, a Fazenda Nacional o conhecimento e o provimento do recurso para reformar o decidido em acórdão, de modo a não admitir a inclusão das despesas com combustíveis e fretes no computo do cálculo do crédito da Cofins. Fl. 748DF CARF MF Processo nº 11070.000883/200725 Acórdão n.º 9303005.551 CSRFT3 Fl. 5 4 Em Despacho às fls. 83 e 84, foi dado seguimento ao recurso especial. Contrarrazões ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional foram apresentadas pelo sujeito passivo, que aduz, entre outros: · O sujeito passivo é pessoa jurídica que tem como atividade a industrialização de estruturas metálicas, instalações industriais, pecuária leiteira, armazenagem e fabricação de ração animal, bem como a prestação de serviços de manutenção dos seus equipamentos. Não obstante, a Fazenda Nacional utilizou a fundamentos de outro recurso, cuja atividade econômica é a industrialização de calçados; · O art. 3º, inciso II, das Leis 10.637/02 e 10.833/03, ao estabelecer as hipóteses de creditamento, para efeito de dedução dos valores da base de cálculo do PIS e da Cofins, prevê o aproveitamento de bens e serviços utilizados como insumo na produção de bens ou produtos destinados à venda ou na prestação de serviços, inclusive combustíveis e lubrificantes; · O conceito de insumo para o PIS e a Cofins deve ser interpretado como todo o custo e/ou despesa indispensável para o processo produtivo, necessária para a obtenção de receita; · Custo ou despesa que, sem o qual, é impossibilitada a continuidade do processo produtivo, ou, ainda que possibilitado, há perda de qualidade do produto acabado; · No caso dos autos, é legítimo o direito creditório em relação a despesas com combustíveis e lubrificantes, despesas com alimentação, vale transporte, equipamentos de proteção individual e despesas financeiras, visto que estritamente vinculados e essenciais à atividade produtiva e econômica do sujeito passivo, na forma do art. 3º, inciso II, das Leis 10.637/02 e 10.833/03 e dos arts. 290 e 299 do RIR/99. Requer, assim, o sujeito passivo que seja negado seguimento ao recurso especial interposto pela Fazenda Nacional e que seja mantido o entendimento pela legitimidade do direito creditório em relação as aquisições de combustíveis e lubrificantes utilizados na produção e na operação de entrega direta de produtos industrializados e vendidos pelo produtor/vendedor. Insatisfeito, o sujeito passivo interpôs Recurso Especial, trazendo, entre outros, que os custos e despesas que abrangem o processo de produção e os serviços utilizados para a efetivação da venda dos r. produtos, se subsumem ao conceito de insumo Fl. 749DF CARF MF Processo nº 11070.000883/200725 Acórdão n.º 9303005.551 CSRFT3 Fl. 6 5 para PIS/Cofins e, portanto, é legítimo o creditamento de equipamentos de proteção individual, despesas com alimentação, vale transporte, despesas financeiras e combustíveis e lubrificantes. Em Despacho às fls. 719 a 725, foi dado seguimento ao Recurso especial interposto pelo sujeito passivo. Contrarrazões ao recurso interposto pelo sujeito passivo foram apresentadas pela Fazenda Nacional, trazendo, entre outros, que: · Quanto à glosa de despesas financeiras, não foi demonstrada nenhuma divergência; · No caso de uma empresa cuja atividade principal seja a produção de bens e produtos, serão insumos aqueles elementos (bens ou serviços) utilizados diretamente em sua fabricação; e no caso de uma empresa cuja atividade preponderante seja a prestação de serviços, serão insumos os elementos aplicados diretamente na sua prestação. É o relatório. Voto Vencido Conselheira Tatiana Midori Migiyama Relatora Depreendendose da análise dos Recursos interpostos pela Fazenda Nacional e pelo sujeito passivo, entendo que devo conhecêlos, eis que atendidos os critérios de conhecimento trazidos pelo art. 67 do RICARF/2015 – com alterações posteriores. O que concordo com o despacho de exame de admissibilidade. É de se atentar que essa conselheira se curvou ao entendimento da maioria do Colegiado que, em vários julgamentos, considerou o conhecimento de recursos que tenham trazidos somente divergências/apontamentos de conceitos de insumos, independentemente dos tipos de insumos discutidos em cada aresto. O que, por conseguinte, em respeito à segurança jurídica, conheço os recursos interpostos pela Fazenda Nacional e pelo sujeito passivo. Recordo apenas que, o recurso especial interposto: · Pela Fazenda Nacional, ressurge com a aquisições de combustíveis e lubrificantes na operação de entrega direta de produtos industrializados e vendidos pelo sujeito passivo; · Pelo sujeito passivo, ressurge com a discussão envolvendo gastos com equipamentos de proteção individual, despesas com Fl. 750DF CARF MF Processo nº 11070.000883/200725 Acórdão n.º 9303005.551 CSRFT3 Fl. 7 6 alimentação, equipamento de proteção individual, combustíveis e lubrificantes utilizados em veículos que transportam empregados para a prestação de serviços. Ventiladas tais considerações, passo a discorrer a priori sobre o conceito de insumos. Primeiramente, sobre os critérios a serem observados para a conceituação de insumo para a constituição do crédito do PIS e da Cofins trazida pela Lei 10637/02 e Lei 10.833/03, não é demais enfatizar que se trata de matéria controvérsia. Vêse que a Constituição Federal não outorgou poderes para a autoridade fazendária para se definir livremente o conteúdo da não cumulatividade. O que, por conseguinte, concluo que a devida observância da sistemática da não cumulatividade exige que se avalie a natureza das despesas incorridas pelo contribuinte – considerando a legislação vigente, bem como a natureza da sistemática da não cumulatividade. Sempre que estas despesas/custos se mostrarem essenciais ao exercício de sua atividade, devem implicar, a rigor, no abatimento de tais despesas como créditos descontados junto à receita bruta auferida. Importante elucidar que no IPI se tem critérios objetivos (desgaste durante o processo produtivo em contato direto com o bem produzido ou composição ao produto final), enquanto, no PIS e na COFINS essa definição sofre contornos subjetivos. Tenho que, para se estabelecer o que é o insumo gerador do crédito do PIS e da COFINS, ao meu sentir, tornase necessário analisar a essencialidade do bem ao processo produtivo da recorrente, ainda que dele não participe diretamente. Continuando, frisese tal entendimento que vincula o bem e serviço para fins de instituição do crédito do PIS e da Cofins com a essencialidade no processo produtivo o Acórdão 3403002.765 – que, por sua vez, traz em sua ementa: "O conceito de insumo, que confere o direito de crédito de PIS/Cofins nãocumulativo, não se restringe aos conceitos de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, tal como traçados pela legislação do IPI. A configuração de insumo, para o efeito das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, depende da demonstração da aplicação do bem e serviço na atividade produtiva concretamente desenvolvida pelo contribuinte." Vêse que na sistemática não cumulativa do PIS e da COFINS o conteúdo semântico de insumo é mais amplo do que aquele da legislação do IPI, Fl. 751DF CARF MF Processo nº 11070.000883/200725 Acórdão n.º 9303005.551 CSRFT3 Fl. 8 7 porém mais restrito do que aquele da legislação do imposto de renda, abrangendo os “bens” e serviços que integram o custo de produção. Ademais, vêse que, dentre todas as decisões do CARF e do STJ, é de se constatar que o entendimento predominante considera o princípio da essencialidade para fins de conceituação de insumo. Não obstante à jurisprudência dominante, importante discorrer sobre o tema desde a instituição da sistemática não cumulativa das r. contribuições. Em 30 de agosto de 2002, foi publicada a Medida Provisória 66/02, que dispôs sobre a sistemática não cumulativa do PIS, o que foi reproduzido pela Lei 10.637/02 (lei de conversão da MP 66/02) que, em seu art. 3º, inciso II, autorizou a apropriação de créditos calculados em relação a bens e serviços utilizados como insumos na fabricação de produtos destinados à venda. É a seguinte a redação do referido dispositivo: “Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI;” Em relação à COFINS, temse que, em 31 de outubro de 2003, foi publicada a MP 135/03, convertida na Lei 10.833/03, que dispôs sobre a sistemática não cumulatividade dessa contribuição, destacando o aproveitamento de créditos decorrentes da aquisição de insumos em seu art. 3º, inciso II, em redação idêntica àquela já existente para o PIS/Pasep, in verbis (Grifos meus): “Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Fl. 752DF CARF MF Processo nº 11070.000883/200725 Acórdão n.º 9303005.551 CSRFT3 Fl. 9 8 Lei nº10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004)”. Posteriormente, em 31 de dezembro de 2003, foi publicada a Emenda Constitucional 42/2003, sendo inserida ao ordenamento jurídico o § 12 ao art. 195: “Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições: [...] §12 A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão não cumulativas.” Com o advento desse dispositivo, restou claro que a regulamentação da sistemática da não cumulatividade aplicável ao PIS e à COFINS ficaria sob a competência do legislador ordinário. Vêse, portanto, em consonância com o dispositivo constitucional, que não há respaldo legal para que seja adotado conceito excessivamente restritivo de "utilização na produção" (terminologia legal), tomandoo por "aplicação ou consumo direto na produção" e para que seja feito uso, na sistemática do PIS/Pasep e Cofins não cumulativos, do mesmo conceito de "insumos" adotado pela legislação própria do IPI. Nessa lei, há previsão para que sejam utilizados apenas subsidiariamente os conceitos de produção, matéria prima, produtos intermediários e material de embalagem previstos na legislação do IPI. Ademais, a sistemática da não cumulatividade das contribuições é diversa daquela do IPI, visto que a previsão legal possibilita a dedução dos valores de determinados bens e serviços suportados pela pessoa jurídica dos valores a serem recolhidos a título dessas contribuições, calculados pela aplicação da alíquota correspondente sobre a totalidade das receitas por ela auferidas. Não menos importante, vêse que, para fins de creditamento do PIS e da COFINS, admite se também que a prestação de serviços seja considerada como insumo, o que já leva à conclusão de que as próprias Leis 10.637/2002 e 10.833/2003 ampliaram a definição de "insumos", não se limitando apenas aos elementos físicos que compõem o produto. Fl. 753DF CARF MF Processo nº 11070.000883/200725 Acórdão n.º 9303005.551 CSRFT3 Fl. 10 9 Nesse ponto, Marco Aurélio Grego (in "Conceito de insumo à luz da legislação de PIS/COFINS", Revista Fórum de Direito Tributário RFDT, ano1, n. 1, jan/fev.2003, Belo Horizonte: Fórum, 2003) diz que será efetivamente insumo ou serviço com direito ao crédito sempre que a atividade ou a utilidade forem necessárias à existência do processo ou do produto ou agregarem (ao processo ou ao produto) alguma qualidade que faça com que um dos dois adquira determinado padrão desejado. Sendo assim, seria insumo o serviço que contribua para o processo de produção – o que, podese concluir que o conceito de insumo efetivamente é amplo, alcançando as utilidades/necessidades disponibilizadas através de bens e serviços, desde que essencial para o processo ou para o produto finalizado, e não restritivo tal como traz a legislação do IPI. Frisese que o raciocínio de Marco Aurélio Greco traz, pra tanto, os conceitos de essencialidade e necessidade ao processo produtivo. O que seria inexorável se concluir também pelo entendimento da autoridade fazendária que, por sua vez, validam o creditamento apenas quando houver efetiva incorporação do insumo ao processo produtivo de fabricação e comercialização de bens ou prestação de serviços, adotando o conceito de insumos de forma restrita, em analogia à conceituação adotada pela legislação do IPI, ferindo os termos trazidos pelas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, que, por sua vez, não tratou, tampouco conceituou dessa forma. Resta, por conseguinte, indiscutível a ilegalidade das Instruções Normativas SRF 247/02 e 404/04 quando adotam a definição de insumos semelhante à da legislação do IPI. As Instruções Normativas da Secretaria da Receita Federal do Brasil que restringem o conceito de insumos, não podem prevalecer, pois partem da premissa equivocada de que os créditos de PIS e COFINS teriam semelhança com os créditos de IPI. Isso, ao dispor: · O art. 66, § 5º, inciso I, da IN SRF 247/02 o que segue (Grifos meus): “Art. 66. A pessoa jurídica que apura o PIS/Pasep não cumulativo com a alíquota prevista no art. 60 pode descontar créditos, determinados mediante a aplicação da mesma alíquota, sobre os valores: [...] § 5º Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput, entendese como insumos: (Incluído) Fl. 754DF CARF MF Processo nº 11070.000883/200725 Acórdão n.º 9303005.551 CSRFT3 Fl. 11 10 I utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: (Incluído) a. Matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; (Incluído) b. Os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. (Incluído) [...]” · art. 8º, § 4ª, da IN SRF 404/04 (Grifos meus): “Art. 8 º Do valor apurado na forma do art. 7 º, a pessoa jurídica pode descontar créditos, determinados mediante a aplicação da mesma alíquota, sobre os valores: [...] § 4 º Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput, entendese como insumos: utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: a) a matériaprima, o produto intermediário, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto; II utilizados na prestação de serviços: Fl. 755DF CARF MF Processo nº 11070.000883/200725 Acórdão n.º 9303005.551 CSRFT3 Fl. 12 11 a) os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado; e b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no país, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. [...]” Tais normas infraconstitucionais restringiram o conceito de insumo para fins de geração de crédito de PIS e COFINS, aplicandose os mesmos já trazidos pela legislação do IPI. O que entendo que a norma infraconstitucional não poderia extrapolar essa conceituação frente a intenção da instituição da sistemática da não cumulatividade das r. contribuições. Considerando que as Leis 10.637/02 e 10.833/03 trazem no conceito de insumo: a. Serviços utilizados na prestação de serviços; b. Serviços utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda; c. Bens utilizados na prestação de serviços; d. Bens utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda; e. Combustíveis e lubrificantes utilizados na prestação de serviços; f. Combustíveis e lubrificantes utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. Vêse claro, portanto, que não poderseia considerar para fins de definição de insumo o trazido pela legislação do IPI, já que serviços não são efetivamente insumos, se considerássemos os termos dessa norma. Não obstante, depreendendose da análise da legislação e seu histórico, bem como intenção do legislador, entendo também não ser cabível adotar de forma ampla o conceito trazido pela legislação do IRPJ como arcabouço interpretativo, tendo em vista que nem todas as despesas operacionais consideradas para fins de dedução de IRPJ e CSLL são utilizadas no processo produtivo e simultaneamente tratados como essenciais à produção. Ora, o termo "insumo" não devem necessariamente estar contidos nos custos e despesas operacionais, isso porque a própria legislação previu que algumas despesas não operacionais fossem passíveis de creditamento, tais como Despesas Financeiras, energia elétrica utilizada nos estabelecimentos da empresa, etc. Fl. 756DF CARF MF Processo nº 11070.000883/200725 Acórdão n.º 9303005.551 CSRFT3 Fl. 13 12 O que entendo que os itens trazidos pelas Leis 10.637/02 e 10.833/03 que geram o creditamento, são taxativos, inclusive porque demonstram claramente as despesas, e não somente os custos que deveriam ser objeto na geração do crédito dessas contribuições. Eis que, se fossem exemplificativos, nem poderiam estender a conceituação de insumos as despesas operacionais que nem compõem o produto e serviços – o que até prejudicaria a inclusão de algumas despesas que não contribuem de forma essencial na produção. Com efeito, por conseguinte, podese concluir que a definição de “insumos” para efeito de geração de crédito das r. contribuições, deve observar o que segue: · Se o bem e o serviço são considerados essenciais na prestação de serviço ou produção; · Se a produção ou prestação de serviço são dependentes efetivamente da aquisição dos bens e serviços – ou seja, sejam considerados essenciais. Tanto é assim que, em julgado recente, no REsp 1.246.317, a Segunda Turma do STJ reconheceu o direito de uma empresa do setor de alimentos a compensar créditos de PIS e Cofins resultantes da compra de produtos de limpeza e de serviços de dedetização, com base no critério da essencialidade. Para melhor transparecer esse entendimento, trago a ementa do acórdão (Grifos meus): “PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO ART. 535, DO CPC. VIOLAÇÃO AO ART. 538, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 98/STJ. CONTRIBUIÇÕES AO PIS/PASEP E COFINS NÃO CUMULATIVAS. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. ART. 3º, II, DA LEI N. 10.637/2002 E ART. 3º, II, DA LEI N. 10.833/2003. ILEGALIDADE DAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS SRF N. 247/2002 E 404/2004. 1. Não viola o art. 535, do CPC, o acórdão que decide de forma suficientemente fundamentada a lide, muito embora não faça considerações sobre todas as teses jurídicas e artigos de lei invocados pelas partes. 2. Agride o art. 538, parágrafo único, do CPC, o acórdão que aplica multa a embargos de declaração interpostos notadamente com o propósito de prequestionamento. Súmula n. 98/STJ: Fl. 757DF CARF MF Processo nº 11070.000883/200725 Acórdão n.º 9303005.551 CSRFT3 Fl. 14 13 "Embargos de declaração manifestados com notório propósito de prequestionamento não têm caráter protelatório ". 3. São ilegais o art. 66, §5º, I, "a" e "b", da Instrução Normativa SRF n. 247/2002 Pis/Pasep (alterada pela Instrução Normativa SRF n. 358/2003) e o art. 8º, §4º, I, "a" e "b", da Instrução Normativa SRF n. 404/2004 Cofins, que restringiram indevidamente o conceito de "insumos" previsto no art. 3º, II, das Leis n. 10.637/2002 e n. 10.833/2003, respectivamente, para efeitos de creditamento na sistemática de nãocumulatividade das ditas contribuições. 4. Conforme interpretação teleológica e sistemática do ordenamento jurídico em vigor, a conceituação de "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, não se identifica com a conceituação adotada na legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, posto que excessivamente restritiva. Do mesmo modo, não corresponde exatamente aos conceitos de "Custos e Despesas Operacionais" utilizados na legislação do Imposto de Renda IR, por que demasiadamente elastecidos. 5. São "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade da empresa, ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes. 6. Hipótese em que a recorrente é empresa fabricante de gêneros alimentícios sujeita, portanto, a rígidas normas de higiene e limpeza. No ramo a que pertence, as exigências de condições sanitárias das instalações se não atendidas implicam na própria impossibilidade da produção e em substancial perda de qualidade Fl. 758DF CARF MF Processo nº 11070.000883/200725 Acórdão n.º 9303005.551 CSRFT3 Fl. 15 14 do produto resultante. A assepsia é essencial e imprescindível ao desenvolvimento de suas atividades. Não houvessem os efeitos desinfetantes, haveria a proliferação de microorganismos na maquinaria e no ambiente produtivo que agiriam sobre os alimentos, tornandoos impróprios para o consumo. Assim, impõe se considerar a abrangência do termo "insumo" para contemplar, no creditamento, os materiais de limpeza e desinfecção, bem como os serviços de dedetização quando aplicados no ambiente produtivo de empresa fabricante de gêneros alimentícios. 7. Recurso especial provido.” Aquele colegiado entendeu que a assepsia do local, embora não esteja diretamente ligada ao processo produtivo, é medida imprescindível ao desenvolvimento das atividades em uma empresa do ramo alimentício. Em outro caso, o STJ reconheceu o direito aos créditos sobre embalagens utilizadas para a preservação das características dos produtos durante o transporte, condição essencial para a manutenção de sua qualidade (REsp 1.125.253). O que, peço vênia, para transcrever a ementa do acórdão: “COFINS – NÃO CUMULATIVIDADE – INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA – POSSIBILIDADE – EMBALAGENS DE ACONDICIONAMENTO DESTINADAS A PRESERVAR AS CARACTERÍSTICAS DOS BENS DURANTE O TRANSPORTE, QUANDO O VENDEDOR ARCAR COM ESTE CUSTO – É INSUMO NOS TERMOS DO ART. 3º, II, DAS LEIS N. 10.637/2002 E 10.833/2003. 1. Hipótese de aplicação de interpretação extensiva de que resulta a simples inclusão de situação fática em hipótese legalmente prevista, que não ofende a legalidade estrita. Precedentes. 2. As embalagens de acondicionamento, utilizadas para a preservação das características dos bens durante o transporte, deverão ser consideradas como insumos nos termos definidos no art. 3º, II, das Leis n. 10.637/2002 e 10.833/2003 sempre que a operação de venda incluir o transporte das mercadorias e o vendedor arque com estes custos.” Fl. 759DF CARF MF Processo nº 11070.000883/200725 Acórdão n.º 9303005.551 CSRFT3 Fl. 16 15 Tornase necessário se observar o princípio da essencialidade para a definição do conceito de insumos com a finalidade do reconhecimento do direito ao creditamento ao PIS/Cofins nãocumulativos. Sendo assim, entendo não ser aplicável o entendimento de que o consumo de tais bens e serviços sejam utilizados DIRETAMENTE no processo produtivo, bastando somente serem considerados como essencial à produção ou atividade da empresa. Passadas tais considerações, ressurgindo ao caso vertente, é de se recordar que o sujeito passivo é pessoa jurídica que tem como atividade a industrialização de estruturas metálicas, instalações industriais, pecuária leiteira, armazenagem e fabricação de ração animal, bem como a prestação de serviços de manutenção dos seus equipamentos. O que, por conseguinte, em vista de todo o exposto, tenho que, quanto ao Recurso Especial interposto: · Pela Fazenda Nacional, nego provimento, eis serem os custos com aquisições de combustíveis e lubrificantes utilizados na operação de entrega direta de produtos industrializados e vendidos pelo sujeito passivo – essencial à sua atividade. · Pelo sujeito passivo: ü Nego provimento em relação: o Às despesas com alimentação e vale transporte, combustíveis e lubrificantes utilizados em veículos que transportam empregados para a prestação e serviços, eis que devem ser considerados como meras despesas administrativas, não essenciais para a atividade objeto do sujeito passivo; Apenas atento que, relativamente aos veículos que transportam empregados, caso tivesse evidências que seriam essenciais para a atividade, considerando o acesso e particularidades do processo de produção, essa Conselheira em casos específicos tem acatado o direito ao crédito. Não obstante, não é o caso do presente processo. Fl. 760DF CARF MF Processo nº 11070.000883/200725 Acórdão n.º 9303005.551 CSRFT3 Fl. 17 16 o À despesa financeira, pois não há previsão legal para tanto e, pelo seu objeto social, nem se poderia cogitar em constituir tal despesa como “insumo”; ü Dou provimento em relação aos equipamentos de proteção, eis que para a realização de sua atividade, são essenciais os materiais de proteção e segurança quando da operacionalização das máquinas que produzem as suas mercadorias. É o meu voto. (Assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama Voto Vencedor Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal, Redator designado. Com todo respeito ao voto da ilustre relatora, mas discordo, em parte, de suas conclusões. A discussão gira em torno do conceito de insumos para fins do creditamento do PIS no regime da nãocumulatividade previsto na Lei 10.637/2002. Como visto a relatora aplicou o entendimento, bastante comum no âmbito do CARF, de que para dar direito ao crédito basta que o bem ou o serviço adquirido seja essencial para o exercício da atividade produtiva por parte do contribuinte. É uma interpretação bastante tentadora do ponto de vista lógico, porém, na minha opinião não tem respaldo na legislação que trata do assunto. Confesso que já compartilhei em parte deste entendimento, adotando uma posição intermediária quanto ao conceito de insumos. Porém, refleti melhor, e hoje entendo que a legislação do PIS/Cofins traz uma espécie de numerus clausus em relação aos bens e serviços considerados como insumos para fins de creditamento, ou seja, fora daqueles itens expressamente admitidos pela lei, não há possibilidade de aceitálos dentro do conceito de insumo. O objeto de discussão no recurso do contribuinte é quanto a possibilidade de manutenção de créditos da não cumulatividade do PIS e da Cofins sobre combustíveis, lubrificantes e fretes. O acórdão recorrido entendeu pela possibilidade de tal creditamento, afirmando que tais itens integram o conceito de insumos utilizados na produção dos bens produzidos e vendidos pelo produtor/vendedor. Fl. 761DF CARF MF Processo nº 11070.000883/200725 Acórdão n.º 9303005.551 CSRFT3 Fl. 18 17 A Fazenda Nacional insurgese contra esta possibilidade argumentando em apertada síntese pela falta de previsão legal para a concessão dos créditos nesta hipótese. Porém, como já dito, adoto um conceito de insumos bem mais restritivo do que o conceito da essencialidade, adotados pelo acórdão recorrido e pelo relatora do voto vencido. Nesse sentido, importante transcrever o art. 3º da Lei nº 10.637/2002, que trata das possibilidades de creditamento do PIS: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) (...) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) III (VETADO) IV – aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; V valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa jurídica, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) VII edificações e benfeitorias em imóveis de terceiros, quando o custo, inclusive de mãodeobra, tenha sido suportado pela locatária; VIII bens recebidos em devolução, cuja receita de venda tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior, e tributada conforme o disposto nesta Lei. IX energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) Fl. 762DF CARF MF Processo nº 11070.000883/200725 Acórdão n.º 9303005.551 CSRFT3 Fl. 19 18 X valetransporte, valerefeição ou valealimentação, fardamento ou uniforme fornecidos aos empregados por pessoa jurídica que explore as atividades de prestação de serviços de limpeza, conservação e manutenção. (Incluído pela Lei nº 11.898, de 2009) XI bens incorporados ao ativo intangível, adquiridos para utilização na produção de bens destinados a venda ou na prestação de serviços. (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) (...) § 2o Não dará direito a crédito o valor: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) I de mãodeobra paga a pessoa física; e (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) II da aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota 0 (zero), isentos ou não alcançados pela contribuição. (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) § 3o O direito ao crédito aplicase, exclusivamente, em relação: I aos bens e serviços adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País; II aos custos e despesas incorridos, pagos ou creditados a pessoa jurídica domiciliada no País; III aos bens e serviços adquiridos e aos custos e despesas incorridos a partir do mês em que se iniciar a aplicação do disposto nesta Lei. (...). Ora, segundo este dispositivo legal, somente geram créditos da contribuição custos com bens e serviços utilizados como insumo na fabricação dos bens destinados a venda. Note que o dispositivo legal descreve de forma exaustiva todas as possibilidades de creditamento. Fosse para atingir todos os gastos essenciais à obtenção da receita não necessitaria ter sido elaborado desta forma, bastava um único artigo ou inciso. Não necessitaria ter descido a tantos detalhes. No presente caso é incontroverso que as despesas com combustíveis, lubrificantes e fretes não foram utilizadas no processo produtivo direto do produto destinado a venda. O Seguinte trecho do Relatório Fiscal, efl. 331, deixa isto evidente: Fl. 763DF CARF MF Processo nº 11070.000883/200725 Acórdão n.º 9303005.551 CSRFT3 Fl. 20 19 O legislador restringiu a possibilidade de creditamento do PIS e da Cofins aos insumos utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda e na prestação de serviços. Portanto considerando que tais despesas não foram utilizadas diretamente na produção, não é possível tal creditamento. Diante do exposto, voto por dar provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. Aproveito a oportunidade, em face de ter acompanhado pelas conclusões a relatora no provimento parcial ao recurso especial interposto pelo contribuinte, para explicar a razão do provimento parcial pelas conclusões. Como visto no presente voto, não concordo com a relatora quanto a adoção do princípio da essencialidade para o conceito de insumos no creditamento do PIS e da Cofins na regime da não cumulatividade. No caso dos Equipamentos de Proteção, a razão que reconheço o crédito é simplesmente pelo fato de serem utilizados e consumidos, com o tempo, no processo produtivo direto do produto destinado a venda. (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Fl. 764DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15971.000322/2007-23
Turma: Segunda Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 25 00:00:00 UTC 2011
Ementa: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte – Simples Ano calendário: 2002 Ementa: OPÇÃO PELO SIMPLES. COMPROVAÇÃO DO IMPEDIMENTO LEGAL. Havendo nos autos prova de que a pessoa jurídica tenha exercido a atividade impeditiva de arquitetura e consultoria torna-se cabível a sua exclusão do SIMPLES por restar configurado o impedimento legal de que trata o inciso XIII do artigo 9º da Lei nº 9.317/96.
Numero da decisão: 1802-000.895
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
Matéria: Simples- proc. que não versem s/exigências cred.tributario
Nome do relator: ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
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ementa_s : Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte – Simples Ano calendário: 2002 Ementa: OPÇÃO PELO SIMPLES. COMPROVAÇÃO DO IMPEDIMENTO LEGAL. Havendo nos autos prova de que a pessoa jurídica tenha exercido a atividade impeditiva de arquitetura e consultoria torna-se cabível a sua exclusão do SIMPLES por restar configurado o impedimento legal de que trata o inciso XIII do artigo 9º da Lei nº 9.317/96.
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COMPROVAÇÃO DO IMPEDIMENTO LEGAL. Havendo nos autos prova de que a pessoa jurídica tenha exercido a atividade impeditiva de arquitetura e consultoria tornase cabível a sua exclusão do SIMPLES por restar configurado o impedimento legal de que trata o inciso XIII do artigo 9º da Lei nº 9.317/96. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (documento assinado digitalmente) Ester Marques Lins De Sousa – Presidente e Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, José De Oliveira Ferraz Corrêa, Marco Antonio Nunes Castilho, Nelso Kichel, André Almeida Blanco e Marcelo de Assis Guerra. Relatório Fl. 1DF CARF MF Emitido em 01/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 29/05/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Assinado digitalmente em 29/05/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 2 Por economia processual e bem descrever a lide adoto o Relatório da decisão recorrida (fl.31) que a seguir transcrevo: Trata o processo, de exclusão da contribuinte acima identificada do Sistema Integrado de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte — SIMPLES (Federal), a partir de 01/01/2002 conforme Ato Declaratório Executivo (ADE) DRF/Araraquara/SP n° 66, de 25 de setembro de 2007 (fl. 20), considerando que a empresa exerceu atividade vedada para a opção pelo sistema, de acordo com a Lei n° 9.317, de 1996, art. 9°, inciso XIII — "serviços de arquiteto" e "serviços de consultor", conforme consta do despacho decisório de fls. 18/19. Mediante recebimento do ADE, e do referido despacho, conforme da comunicação DRF/Araraquara/Sacat n° 636 (fl.21), a contribuinte teve ciência da exclusão em 02/10/2007(AR de fl. 22), tendo em vista as atividades de arquiteto e consultor. Em 24/10/2007, apresentou manifestação de inconformidade (fl. 24), na qual solicitou o cancelamento de sua exclusão do regime, em suma, sob os seguintes argumentos: • A empresa, constituída em 1997, tinha como objeto social e o exercia, elaboração de desenhos e modelagem gráfica, trabalho que não necessita de nenhum conhecimento técnico especializado. Qualquer pessoa pode desenvolver essa atividade. , • Atuou nesse ramo até 28/09/2004, quando então realmente passou a exercer, uma nova atividade: projetos e arquitetura, assessoria técnica em construção planejamento e gerenciamento de obras e de reformas em casas, edifícios, prédios e demais imóveis, conforme registro de alteração contratual no registro civil de pessoas jurídica sob n° 39037. Na Receita Federal foi entregue a declaração da pessoa jurídica relativa ao exercício 2005, anocalendário 2004 e em consulta elaborada junto ao órgão, a empresa estava enquadrada no regime. • Todos os impostos foram devidamente recolhidos e as obrigações acessórias cumpridas, pleiteando ser considerada enquadrada no Simples, após o período da data da alteração contratual. A 6ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ/Ribeirão/SP), decidiu pelo indeferimento da solicitação do Contribuinte mediante o Acórdão nº 1425.561, de 05/08/2009 (fls.30/32), assim ementado: ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Anocalendário: 2002 ATIVIDADE VEDADA. ARQUITETO. CONSULTOR. Constatado nos autos que a empresa exerce atividade de arquiteto e consultor, vedadas pela legislação tributária para opção pelo Simples, cabe sua exclusão do sistema. Fl. 2DF CARF MF Emitido em 01/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 29/05/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Assinado digitalmente em 29/05/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 15971.000322/200723 Acórdão n.º 180200.895 S1TE02 Fl. 2 3 A empresa foi cientificada da decisão acima, conforme o Aviso de Recebimento (AR), de 14/09/2009, fl.34, e, interpôs o recurso voluntário ao Conselho de Contribuintes atual Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, em 09/10/20, fl.35. com os mesmos argumentos apresentados na manifestação de inconformidade em sede de primeira instância. A recorrente alega, em síntese, que a empresa inicialmente denominada Cryonics Serviços Técnicos S/C Ltda., constituída em 07/10/1997 com a atividade de elaboração de desenhos e modelagem gráfica (editoração eletrônica), tinha como finalidade desenvolver catálogos de equipamentos e materiais audiovisuais diversos para promoção, marketing institucional e comercial. Os produtos eram produzidos a partir de ferramentassofwares de tratamento de imagens e demais recursos audiovisuais e finalizados na forma de catálogos ou imagens, que eram posteriormente entregues aos clientes. Estas atividades eram perfeitamente compatíveis com o sistema tributário denominado “Simples” e perduraram até 09/2004, quando a atividade foi abandonada e substituída pela atividade de elaboração de projetos de arquitetura. Afirma que somente em 01/09/2004 é que a empresa passa a trabalhar com projetos de Arquitetura o que não era possível anteriormente porque só a partir de 2003 é que foi obtida a habilitação nesta área. A recorrente explica que nas cópias das notas fiscais anexadas a este processo, a palavra "consultoria", que aparece em algumas das notas no campo descrição dos serviços foi empregada de maneira errada, sua intenção era apenas a de ressaltar o caráter de assunto de seu domínio, conhecimento específico a despeito de catálogos de produtos e ou imagem institucional, não sendo, portanto nenhuma atividade relacionada a arquitetura ou consultoria como entendido pela Receita Federal. Finalmente, a recorrente solicita que a exclusão do sistema Simples só ocorra a partir da data de alteração real de sua nova atividade, ou seja, 01/09/2004. É o relatório. Fl. 3DF CARF MF Emitido em 01/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 29/05/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Assinado digitalmente em 29/05/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 4 Voto Conselheira Relatora Ester Marques Lins De Sousa O recurso voluntário é tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235/72, dele conheço. A Recorrente requer seja reformada a decisão no tocante ao Ato Declaratório Executivo DRF/AQA n° 66, de 25 de setembro de 2007, por entender que as condutas praticadas pela Recorrente até 01/09/2004 não são vetadas pela legislação do SIMPLES, ou seja que não exerceu a atividade de “consultoria e arquitetura” até a mencionada data, somente a partir de 01/09/2004 em que a empresa passa a trabalhar com projetos de Arquitetura. Sobre o assunto a Lei n° 9.317/1996 em seu art. 9°, inciso XIII, e inciso II do artigo 15, assim dispõe: Art. 9° Não poderá optar pelo SIMPLES, a pessoa jurídica: (...) XIII que preste serviços profissionais de corretor, representante comercial, despachante, ator, empresário, diretor ou produtor de espetáculos, cantor, músico, dançarino, médico, dentista, enfermeiro, veterinário, engenheiro, arquiteto, físico, químico, economista, contador, auditor, consultor, estatístico, administrador, programador, analista de sistema, advogado, psicólogo, professor, jornalista, publicitário, fisicultor, ou assemelhados, e de qualquer outra profissão cujo exercício dependa de habilitação profissional legalmente exigida; (...) Art. 15. A exclusão do SIMPLES nas condições de que tratam os arts. 13 e 14 surtirá efeito: I a partir do anocalendário subseqüente, na hipótese de que trata o inciso I do art. 13; II a partir do mês subseqüente ao em que incorrida a situação excludente, nas hipóteses de que tratam os incisos III a XVIII do art. 9º; II a partir do mês subseqüente àquele em que se proceder à exclusão, ainda que de ofício, em virtude de constatação de situação excludente prevista nos incisos III a XVIII do art. 9o; (Redação dada pela Lei nº 9.732, de 11.12.1998) (Vide Lei nº 10.925, de 2004) II a partir do mês subseqüente ao que for incorrida a situação excludente, nas hipóteses de que tratam os incisos III a XIV e XVII a XIX do caput do art. 9o desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) III a partir do início de atividade da pessoa jurídica, sujeitandoa ao pagamento da totalidade ou diferença dos respectivos impostos e contribuições, devidos de conformidade com as normas gerais de incidência, acrescidos, apenas, de juros Fl. 4DF CARF MF Emitido em 01/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 29/05/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Assinado digitalmente em 29/05/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 15971.000322/200723 Acórdão n.º 180200.895 S1TE02 Fl. 3 5 de mora quando efetuado antes do início de procedimento de ofício, na hipótese do inciso II, "b", do art. 13; IV a partir do anocalendário subseqüente àquele em que for ultrapassado o limite estabelecido, nas hipóteses dos incisos I e II do art. 9º; V a partir, inclusive, do mês de ocorrência de qualquer dos fatos mencionados nos incisos II a VII do artigo anterior. VI a partir do anocalendário subseqüente ao da ciência do ato declaratório de exclusão, nos casos dos incisos XV e XVI do caput do art. 9o desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) (Destaquei) Sobre os efeitos da exclusão em seu aspecto temporal, cumpre lembrar que o artigo 73 da Medida Provisória nº 2.15835/01 regulamentou o assunto da seguinte forma: (...) Art.73.O inciso II do art. 15 da Lei no 9.317, de 1996, passa a vigorar com a seguinte redação: (Revogado pela Lei nº 11.196, de 2005) "IIa partir do mês subseqüente ao que incorrida a situação excludente, nas hipóteses de que tratam os incisos III a XIX do art. 9º;” (NR) (Revogado pela Lei nº 11.196, de 2005) As Notas Fiscais juntadas aos autos, fls.07/12 emitidas no período de 2001 e 2002, registram, no campo "Natureza da Operação", que se trata de prestação de serviços, e na descrição dos serviços “Consultoria”. Concluise assim, que a recorrente teve como objetivo social (fl.13) a prestação de qualquer dos serviços (de desenho e modelagem gráfica), no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (fl.02), serviços de arquitetura, e, comprovado nos autos que exerceu atividade de consultoria, portanto, não reúne condições para adesão ao sistema tributário SIMPLES. A documentação acima mencionada deixa comprovado que a recorrente exerceu a atividade de prestação de serviços de consultoria o que é vedado conforme inciso XIII do artigo 9º da Lei nº 9.317/96. De fato, pelo citado dispositivo legal excluise do referido SIMPLES a atividade de arquitetura e consultoria. A recorrente afirma que somente em 01/09/2004 é que a empresa passa a trabalhar com projetos de Arquitetura o que não era possível anteriormente porque só a partir de 2003 é que foi obtida a habilitação nesta área. Ora, tal afirmação não significa provar que não exercia de fato a atividade de arquitetura antes da dita “habilitação”, até porque na Nota Fiscal fl.05, consta “Serviços Realizados na Obra...” Fl. 5DF CARF MF Emitido em 01/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 29/05/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Assinado digitalmente em 29/05/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 6 A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Araraquara/SP emitiu o Ato Declaratório Executivo AQA/SPO n°66/2007, de exclusão do SIMPLES em 25/09/2007, com efeitos retroativos a partir de 01/01/2002 (fl. 20) cientificado ao interessado em 02/10/2007 (fl. 22). Consta dos fundamentos para a expedição do Ato Declaratório à fl.18, a seguinte conclusão: Em linhas gerais, a empresa Mirô Arquitetura e Urbanismo elabora desenhos técnicos, projetos e presta consultoria nesta área (conforme notas fiscais anexas), estando assim impedida em optar pelo SIMPLES, pois presta serviços profissionais de arquiteto e também de consultor nesta área. Desse modo, ainda, que constatada a situação excludente, prevista no inciso XIII do artigo 9º, e expedido o Ato Declaratório somente em 2007, os efeitos da exclusão retroagem ao tempo em que incorrida tal situação excludente. Tratase pois, de respeito ao princípio da legalidade, pois, desde 2001 com a edição da MP nº nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001, e, com a nova redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005 ao inciso II do art. 15 da Lei no 9.317, de 1996, a exclusão do SIMPLES na condição de que trata o presente processo (inciso XIII do caput do art. 9o da Lei 9.317/96) tem efeito retroativo a partir do mês subseqüente ao que for incorrida a situação excludente, ou seja, em 01/01/2002, e, não a partir de 2004 porque habilitada claramente a exercer a atividade de arquitetura como pretende a recorrente. Conforme demonstrado nas notas fiscais (fls.07/12)desde 2001 a recorrente se encontrava em situação irregular, razão pela qual deve ser mantida a exclusão a partir do mês subseqüente ao que incorrida a situação excludente, portanto, a partir de 01/01/2002. Com efeito, havendo nos autos prova de a pessoa jurídica exerceu atividade de consultoria e arquitetura em 2001, resta configurado o impedimento legal de que trata o inciso XIII do artigo 9º da Lei nº 9.317/96, portanto, cabível a sua exclusão da sistemática do Simples, a partir de 01/01/2002, nos termos da Súmula CARF nº 56 (Portaria CARF nº 49 de 01/12/2010), verbis: Súmula CARF nº 56: No caso de contribuintes que fizeram a opção pelo SIMPLES Federal até 27 de julho de 2001, constatada uma das hipóteses de que tratam os incisos III a XIV, XVII e XVIII do art. 9º da Lei n° 9.317, de 1996, os efeitos da exclusão darseão a partir de 1º de janeiro de 2002, quando a situação excludente tiver ocorrido até 31 de dezembro de 2001 e a exclusão for efetuada a partir de 2002. Diante do exposto, voto no sentido de NEGAR provimento ao recurso. (documento assinado digitalmente) Ester Marques Lins De Sousa Fl. 6DF CARF MF Emitido em 01/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 29/05/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Assinado digitalmente em 29/05/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 15971.000322/200723 Acórdão n.º 180200.895 S1TE02 Fl. 4 7 Fl. 7DF CARF MF Emitido em 01/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 29/05/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Assinado digitalmente em 29/05/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
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Numero do processo: 19515.001446/2007-64
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Oct 05 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2003
TRIBUTOS. EXIGIBILIDADE SUSPENSA. IMPUGNAÇÃO ADMINISTRATIVA. DEDUTIBILIDADE. REGIME DE CAIXA.
Os tributos cuja exigibilidade estiver suspensa por impugnação administrativa são dedutíveis segundo o Regime de Caixa.
ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. COMPENSAÇÃO NÃO DECLARADA POSTERIORMENTE ANALISADA POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. DESCABIMENTO.
Descabido o lançamento quando verificado que a compensação originariamente considerada não declarada é examinada em razão de ordem judicial.
CRÉDITO TRIBUTÁRIO. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. DESCABIMENTO.
Descabe formalizar, por meio de lançamento de ofício, crédito tributário objeto de Declaração de Compensação, pois esta é confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência caso o crédito tributário nela informado seja considerado indevidamente compensado.
LANÇAMENTO DE OFÍCIO. ERRO DE FATO. EXONERAÇÃO.
Cabe exonerar a parcela do crédito tributário decorrente de erro de fato cometido pela autoridade autuante ao formalizar o lançamento.
MULTA ISOLADA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO.REDUÇÃO.
Reduz-se de ofício de 75% para 50% o percentual da multa isolada aplicada, já que se aplica a ato pretérito não definitivamente julgado, a norma que comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo de sua prática.
JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. LEGALIDADE.
A multa de ofício, sendo parte integrante do crédito tributário, está sujeita à incidência dos juros de mora a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao do vencimento.
CRÉDITO VENCIDO. JUROS DE MORA. TAXA SELIC.
Os créditos Tributários vencidos e ainda não pagos devem ser acrescidos de juros de mora equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic).
Numero da decisão: 1302-002.314
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício, e em dar provimento parcial ao recurso voluntário, quanto à exigência de multa isolada sobre estimativas não recolhidas; e em cancelar parcialmente a exigência do IRPJ apurado no Saldo de ajuste anual, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente.
(assinado digitalmente)
Gustavo Guimarães da Fonseca - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos César Candal, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Ester Marques Lins de Sousa, Moreira Filho, Eduardo Morgado Rodrigues e Luiz Tadeu Matosinho Machado (presidente de turma).
Nome do relator: GUSTAVO GUIMARAES DA FONSECA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2003 TRIBUTOS. EXIGIBILIDADE SUSPENSA. IMPUGNAÇÃO ADMINISTRATIVA. DEDUTIBILIDADE. REGIME DE CAIXA. Os tributos cuja exigibilidade estiver suspensa por impugnação administrativa são dedutíveis segundo o Regime de Caixa. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. COMPENSAÇÃO NÃO DECLARADA POSTERIORMENTE ANALISADA POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. DESCABIMENTO. Descabido o lançamento quando verificado que a compensação originariamente considerada não declarada é examinada em razão de ordem judicial. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. DESCABIMENTO. Descabe formalizar, por meio de lançamento de ofício, crédito tributário objeto de Declaração de Compensação, pois esta é confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência caso o crédito tributário nela informado seja considerado indevidamente compensado. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. ERRO DE FATO. EXONERAÇÃO. Cabe exonerar a parcela do crédito tributário decorrente de erro de fato cometido pela autoridade autuante ao formalizar o lançamento. MULTA ISOLADA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO.REDUÇÃO. Reduz-se de ofício de 75% para 50% o percentual da multa isolada aplicada, já que se aplica a ato pretérito não definitivamente julgado, a norma que comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo de sua prática. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. LEGALIDADE. A multa de ofício, sendo parte integrante do crédito tributário, está sujeita à incidência dos juros de mora a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao do vencimento. CRÉDITO VENCIDO. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. Os créditos Tributários vencidos e ainda não pagos devem ser acrescidos de juros de mora equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic).
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ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2003 TRIBUTOS. EXIGIBILIDADE SUSPENSA. IMPUGNAÇÃO ADMINISTRATIVA. DEDUTIBILIDADE. REGIME DE CAIXA. Os tributos cuja exigibilidade estiver suspensa por impugnação administrativa são dedutíveis segundo o Regime de Caixa. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. COMPENSAÇÃO NÃO DECLARADA POSTERIORMENTE ANALISADA POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. DESCABIMENTO. Descabido o lançamento quando verificado que a compensação originariamente considerada não declarada é examinada em razão de ordem judicial. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. DESCABIMENTO. Descabe formalizar, por meio de lançamento de ofício, crédito tributário objeto de Declaração de Compensação, pois esta é confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência caso o crédito tributário nela informado seja considerado indevidamente compensado. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. ERRO DE FATO. EXONERAÇÃO. Cabe exonerar a parcela do crédito tributário decorrente de erro de fato cometido pela autoridade autuante ao formalizar o lançamento. MULTA ISOLADA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO.REDUÇÃO. Reduzse de ofício de 75% para 50% o percentual da multa isolada aplicada, já que se aplica a ato pretérito não definitivamente julgado, a norma que comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo de sua prática. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 14 46 /2 00 7- 64 Fl. 3394DF CARF MF Processo nº 19515.001446/200764 Acórdão n.º 1302002.314 S1C3T2 Fl. 3.395 2 JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. LEGALIDADE. A multa de ofício, sendo parte integrante do crédito tributário, está sujeita à incidência dos juros de mora a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao do vencimento. CRÉDITO VENCIDO. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. Os créditos Tributários vencidos e ainda não pagos devem ser acrescidos de juros de mora equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício, e em dar provimento parcial ao recurso voluntário, quanto à exigência de multa isolada sobre estimativas não recolhidas; e em cancelar parcialmente a exigência do IRPJ apurado no Saldo de ajuste anual, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente. (assinado digitalmente) Gustavo Guimarães da Fonseca Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos César Candal, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Ester Marques Lins de Sousa, Moreira Filho, Eduardo Morgado Rodrigues e Luiz Tadeu Matosinho Machado (presidente de turma). Relatório Fl. 3395DF CARF MF Processo nº 19515.001446/200764 Acórdão n.º 1302002.314 S1C3T2 Fl. 3.396 3 Cuida o feito de Auto de Infração lavrado pela Delegacia da Receita Federal de São Paulo em face do contribuinte BANK OF AMÉRICA HOLDINGS LTDA. (sucessor, por incorporação, da empresa BANKOFAMÉRICA COMERCIAL E PARTICIPAÇÕES LTDA.), através do qual foram apuradas infrações à legislação tributária federal, a saber: 1) insuficiência de recolhimento do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica IRPJ apurado anualmente, e declarado em DIPJ relativa ao exercício de 2004, anocalendário 2003; o valor apurado alçou a monta de R$ 15.622.171,47, acrescida de multa de ofício calculada a ordem de 75%; 2) insuficiência de recolhimento de estimativas mensais devidas nos meses de janeiro à abril de 2003, tendo sido imposta multa isolada no valor total de R$ 11.582.767,69 (fixada no percentual de 75%). No mesmo procedimento, apurouse, também, inconsistências entre os valores declarados em DCTF e na DIPJ (e ainda no razão), concernentes à CSLL, à contribuição para o PIS e a COFINS e, a despeito do TVF de fls. 121 a 124 ter identificado os problemas quanto aos quatro tributos, foram lavrados autos de infração distintos para cada qual; este feito, digase, restringese ao crédito tributário relativo ao IRPJ, porquanto decorrente de fatos distintos dos que foram considerados para o lançamento das demais exações. O contribuinte foi então cientificado da lavratura do auto de infração (conforme AR de fl 136), tendo oposto sua impugnação a fls. 138/166, por meio da qual sustentou, em apertada síntese, que: a) a divergência encontrada pela auditoria quanto ao recolhimento do ajuste de IRPJ, resultou do desconhecimento, pelo fiscal, de pedidos de compensação transmitidos pelo contribuinte para quitar as estimativas devidas nos meses de janeiro e fevereiro de 2003 (compensação autuada no PA de nº 16237.001059/200412) e também para quitar parte do ajuste devido (PERDCOMP 33821.00539290104.1.3.021171), pugnando pelo cancelamento da exigência; b) seriam indevidas as multas isoladas exigidas em razão da insuficiência de recolhimento de estimativas mensais uma vez que, em relação à janeiro e fevereiro, as mesmas teriam, como já dito, sido extintas por compensações transmitidas mas, segundo o contribuinte, não analisadas até a data da lavratura do auto de infração; c) a despeito de considerar os valores recolhidos pelo contribuinte no demonstrativo de fl. 125, a fiscalização teria desconsiderado os pagamentos realizados quanto as estimativas devidas nos meses de março e abril, afirmando ter juntado à defesa os documentos comprobatórios deste recolhimento; d) não obstante a alegação anterior, afirmou, também, que a auditoria teria se equivocado ao fixar a multa isolada relativa a estimativa devida em abril (no auto de infração foi consignado um valor de R$ 984.082,45 quando, em verdade, este é o montante da estimativa devida, e não da multa); e) alegou, mais, a ilegalidade da concomitância da imposição de multa de ofício e isolada; Fl. 3396DF CARF MF Processo nº 19515.001446/200764 Acórdão n.º 1302002.314 S1C3T2 Fl. 3.397 4 f) sucessivamente pediu que, mesmo que mantidas as exigências, fossem decotados do valor devido a título IRPJ anual os montantes lançados pela autoridade fiscal em outro auto de infração (v. TVF) a título de PIS/COFINS, notadamente porque, a teor da legislação de regência, as deduções de tributos da base de cálculo do IR sujeitarseiam à regra de competência, sendo irrelevante a ocorrência ou não de seu pagamento efetivo; 8) por fim, sustentou a ilegalidade da exigência de juros sobre a multa de ofício e da utilização da SELIC como taxa de juros para atualização de créditos tributários. Ao apreciar a impugnação supra, conforme acórdão de fls. 352/368, a DRJ/SP houve por bem dar parcial provimento às alegações do contribuinte para: a) manter o lançamento em relação às estimativas de janeiro e fevereiro, notadamente por ter verificado que a compensação noticiada pelo contribuinte teria sido considerada não declarada, em função de questões de ordem procedimental, sem prejuizo do fato de que, na aludida compensação, o próprio contribuinte teria informado um crédito insuficiente para quitar as aludidas estimativas; b) afastar a cobrança do saldo de R$ 1.058.517,96 concernente a parte do ajuste devido (resultante da diferença entre o crédito tributário declarado em DIPJ e o valor efetivamente pago), uma vez que tal valor teria sido objeto de PERDCOMP pendente de decisão definitiva, cujo crédito ali porventura constituído teria que ser objeto de cobrança no processo administrativo decorrente da compensação eventualmente indeferida; c) cancelar a cobrança do crédito principal e das multas aplicadas quanto às estimativas de março e abril de 2003, uma vez que comprovados os seus recolhimentos pelos documentos de fls. 304 e 305; d) reconhecer a procedência da alegação do contribuinte concernente à retroatividade benigna, reduzindose a multa isolada relativa às estimativas não recolhidas em janeiro e fevereiro, de 75% para 50%, afastando, outrossim, a alegação de impossibilidade da aplicação concomitante das penalidades de ofício e isolada. e) afastar a pretensão do contribuinte de incluir na base de cálculo do IR as deduções concernentes à apuração de créditos tributários de PIS e da COFINS, justificando seu posicionamento a partir das disposições contidas nos artigos 41,§1ª, da Lei 8.981 e no art. 151, III, do CTN, afirmando que, na hipótese em testilha, as despesas incorridas com tais tributos obedeceriam ao regime de caixa. f) afastar, por fim, a alegação concernente à ilegalidade da incidência de juros sobre as multas aplicadas, desacolhendo, também, a arguida invalidade da SELIC como taxa de atualização de créditos tributários. Como houve exoneração de crédito tributário por importância superior ao valor alçada (conforme tabelas de fls. 368/369), foi interposto recurso de ofício à este Colegiado. Em 11/06/2008, o contribuinte foi cientificado do acórdão da DRJ (ARs de fl. 375), tendo interposto o seu recurso voluntário em 10/07/2008 (conforme carimbo verificável a fl. 376), através do qual, basicamente, reiterou os fundamentos já deduzidos na impugnação, acrescendo, tão só, os seguintes argumentos: Fl. 3397DF CARF MF Processo nº 19515.001446/200764 Acórdão n.º 1302002.314 S1C3T2 Fl. 3.398 5 a) mesmo considerada não declarada a compensação intentada quanto as estimativas de janeiro e fevereiro, lá há a exigência das estimativas, e respectiva multa, cobradas neste processo; b) quanto ao pedido de dedução dos créditos lançados de PIS e COFINS, que, à época da lavratura deste auto de infração, os preditos tributos não estavam com a exigibilidade suspensa, não se sujeitando, pois, a limitação do §1º do art. 41 da Lei 8.981. Recebidos os autos por esse Colegiado, e após apresentação de fatos novos por intermédio de memoriais, em que se alegou que os débitos objetos de cobrança neste PAF (estimativas de janeiro e fevereiro de 2003) estavam sendo cobrados pela PGFN através de execução fiscal e, mais, que a DRF teria deferido parcialmente as compensações noticiadas em relação à estes débitos, decidiuse por converter em diligência o julgado, justamente para se atestar tais fatos. Apresentado relatório de diligência (sem fl.), constatouse a cobrança, nos autos dos PA de nº 10880.720230/200840, referentes às estimativas de janeiro e fevereiro de 2003, e, inclusive, a respectiva exigência via execução fiscal, autuada sob o nº 0018480 07.208.403.6182, que tramita perante o Juízo da 9ª Vara Federal (Execuções Fiscais) da Seção Judiciária de São Paulo; à execução em questão foram opostos, inclusive, embargos de devedor (posteriormente, o contribuinte informou que desistiu dos preditos embargos, tendo incluido os valores exigidos na execução no REFIS preconizado pela Lei 11.941). Além disso, informouse, também, no predito relatório, além do processamento da manifestação de inconformidade manejada no PA de nº 16237.001059/2004 12 (e acolhimento parcial desta), a homologação parcial da compensação retratada na PERDCOMP de nº 33821.00539290104.1.3.021171 (decisão contra a qual foi oposta manifestação de inconformidade até, então, não apreciada). Esta compensação, digase, abrange, de fato, como já reconhecido pela DRJ/SP, o valor tratado neste PA, relativo à diferença apurada entre o valor devido de IRPJ e o valor pago quando do ajuste informado na DIPJ/2004. Cientificado o contribuinte do resultado da diligência (em 16/06/2015), os autos, então, retornaram à esse Colegiado para a apreciação Este o relatório. Voto Conselheiro Gustavo Guimarães da Fonseca Relator 1. Do recurso de ofício Consoante descrito no relatório, acima, a DRJ/SP cancelou as exigências relativas parcela do valor do ajuste anual ante a comprovação da transmissão da DECOMP de Fl. 3398DF CARF MF Processo nº 19515.001446/200764 Acórdão n.º 1302002.314 S1C3T2 Fl. 3.399 6 nº 33821.00539290104.1.3.021171, cujo valor confessado será objeto de cobrança no próprio processo de compensação; cancelou, também, o crédito relativo às estimativas de março e abril, ante a comprovação de seu recolhimento tempestivo pelo contribuinte (excluindose, também, as multas isoladas aplicadas); e, por fim, aplicou a regra encartada no art. 106 do CTN, para reduzir os valores referentes à multa isolada aplicada pela insuficiência de recolhimento das estimativas concernentes aos meses de janeiro e fevereiro de 2003. Neste particular, não merece reparos a decisão primerva. Com efeito, no que tange ao valor de R$ 1.058.517,96, parcela componente do ajuste apurado na DPIJ2004, constatase que foi anexado ao feito a cópia da DCOMP mencionada acima, conforme se extrai do documento de fls. 298 a 301, tendo sido confirmado o seu processamento pelo órgão competente pelo relatório de diligência também acostado aos autos (fls.2 e 3 do aludido relatório). Como a DECOMP encerra a confissão de dívida (nos termos do art. 74, § 6º, da Lei 9.430/96) e impõe a cobrança dos créditos confessados no próprio processo de compensação, a manutenção da exigência neste procedimento importaria, inegavelmente, em bis in idem, como, aliás, vem reconhecendo pelo CARF: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2011 IPRJ. SALDO NEGATIVO. COMPENSAÇÃO. ESTIMATIVAS. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. INDEDUTIBILIDADE Constatado que as estimativas compensadas não foram homologadas, mas que o respectivo crédito tributário foi inscrito em dívida ativa, e posteriormente objeto de execução fiscal devidamente garantida, reconhece se o direito de crédito correspondente (Acórdão: 1402002.430 Número do Processo: 16327.903462/201441 Data de Publicação: 03/07/2017). Mesmo que o pedido de compensação não tenha sido integralmente acolhido, com reconhecimento apenas parcial do crédito, o fato é que o saldo devedor identificado no predito pedido será objeto de cobrança (e, de fato, o foi), sendo ilícita a pretensão de se exigílo também neste feito. Quanto as estimativas relativas aos meses de março e abril, não há dúvidas sobre seu efetivo recolhimento pelo contribuinte, dado que demonstrado pelo documentos de fls. 304 e 305, valendo destacar que tais recolhimentos foram, inclusive considerados pela Auditoria Fiscal, quando da demonstração do crédito tributário a fls. 188. Tratase, objetivamente, de erro material incorrido pela autoridade lançadora, sendo correta a exclusão das multas isoladas aplicadas. Por fim, também revelase acertada a decisão recorrida ao determinar a aplicação das disposições do art. 106, II, "c", do Código Tributário Nacional ao caso concreto, quando verificada a redução da multa isolada de 75% para 50% (mediante alteração dos preceitos do ar. 44 da Lei 9.430/96 pela Lei 11.488/2007); o processo não se encontrava definitivamente julgado e a nova penalização cominada é, por óbvio, menos severa que aquela anteriormente estipulada, restando tipificada, a perfeição, a hipótese de retroação da lei tributária em testilha. Fl. 3399DF CARF MF Processo nº 19515.001446/200764 Acórdão n.º 1302002.314 S1C3T2 Fl. 3.400 7 Pelo exposto, voto por negar provimento ao recurso de ofício. 2. Do recurso voluntário. A questão central aventada no recurso voluntário cinge às consequências advindas da compensação realizada pelo contribuinte através do processo de nº 16237.001059/200412, conquanto considerada não declarada, teve o seu processamento realizado por força, inclusive, de determinação judicial noticiada à fls. 1771/1775. Por tal razão, peço venia para inverter a ordem da análise dos itens da autuação, examinando, primeiramente, a multa isolada aplicada sobre os valores não recolhidos a título de estimativas devidas nos meses de janeiro e fevereiro de 2003. 2.1 Estimativas de janeiro e fevereiro de 2003 Pois bem. A fls. 1919/1928, foi juntada decisão da lavra da DIORT/SP, em que referido órgão reconheceu os créditos declarados pelo contribuinte no PTA de nº 16237.001059/200412, nos valores de R$ 2.641.731,50 (saldo negativo de IR, exercício de 2002) e R$ 710.296,45 (saldo negativo de CSLL, exercício de 2002), apurados na DIPJ/2003, homologando, parcialmente, a compensação ali postulada. Abaixo reproduzse a descrição dos valores cuja compensação postulava o contribuinte: Para a DRJ, esta compensação não teria o condão de extinguir as estimativas de janeiro e fevereiro de 2003 porque, como já dito, foi considerada, originariamente, como não declarada (o contribuinte teria manejado o pedido através de formulário físico, quando, pelas normas vigentes à época, deveria ter sido intentada mediante PERDCOMP). Esta premissa, todavia, foi derrubada pelos fatos novos descritos acima, dado que apesar do vício formal, o pedido de compensação terminou por ser analisado, gerando, por isso mesmo, os efeitos preconizados pelo já citado § 6º do art. 74, da Lei 9.430/96. E aqui, vejam bem, a compensação em destaque terminou por ser processada e, por isso mesmo, ensejou, inclusive, a cobrança dos créditos ali confessados através do PA de nº PA de nº 10880.720230/200840 que, posteriormente, foi remetido à PGFN para inscrição em dívida ativa; ressaltese que, pelos documentos acostados ao relatório de diligência tais débitos foram, de fato, objeto de cobrança judicial, autuada sob o nº 0018480 07.208.403.6182, que tramita perante o Juízo da 9ª Vara Federal (Execuções Fiscais) da Seção Judiciária de São Paulo (neste sentido confirase o documento de fl. 1657/1658). Diante de tal constatação, ao caso deve ser dada a mesma interpretação conferida anteriormente, quando tratei da parcela do ajuste compensada através da DECOMP Fl. 3400DF CARF MF Processo nº 19515.001446/200764 Acórdão n.º 1302002.314 S1C3T2 Fl. 3.401 8 de nº 32156.62739290104.1.3.038585, invocandose, no caso, a mesma decisão já reproduzida acima (acórdão nº 1402002.430; Número do Processo: 16327.903462/201441; Data de Publicação: 03/07/2017): não me parece possível, exigirse, aqui, a multa isolada sobre as estimativas de janeiro e fevereiro, uma vez que estas seriam objeto de processo de compensação devidamente processado e cujos débitos já estão sendo, inclusive, cobrados através de execução fiscal; semelhante exigência representaria, como, aliás, já dito linhas acima, negável bis in idem. Cumpre apenas afastar a correção da assertiva constante do acórdão da DRJ que, a fls. 359/360, afirmouse o que se segue: Cabe dizer, quanto as estas compensações consideradas não declaradas que, ainda que fossem admitidas, no mérito não seriam homologadas integralmente, pois para compensar um débito de R$ 13.979.332,40 (R$ 10.425.478,77 + 3.553.853,63) apontam como indébito tributário o saldo negativo de imposto de renda apurado no anocalendário 2002, que segundo Declaração de Informações retificada pela segunda vez em 31/03/2005 pela própria contribuinte (fls. 347 a 350), é de apenas R$ 2.641.731,50. Ora, a despeito de ter informado um crédito muito inferior aos débitos que pretendia compensar, o contribuinte confessou, a luz dos preceitos do art. 74, § 6º, da Lei 9.430/96, o valor integral daquelas estimativas e o crédito tributário restou, a partir daí, definitivamente constituído (com todas as ressalvas técnicas que a expressão "definitivamente constituído" merece). Aliás, não fosse o descuido do recorrente, estes valores não teriam sido inscritos e dívida ativa e não seriam executados pela PGFN, dado que seriam objeto, até a data presente, de discussão administrativa. Nada obstante tudo o que foi exposto, há que se aplicar aqui os termos da Súmula 105/CARF. No entender deste relator, pelo que foi exposto até aqui e provado, inclusive, pela diligência fiscal realizada nestes autos, a exigência de multa isolada sobre as estimativas de janeiro e fevereiro representa iniludível bis in idem e, destarte, devem ser canceladas, pelo que, voto por dar provimento ao recurso para afastálas 2.2 Ajuste relativo ao Exercício 2004, ano calendário 2003. As infrações aqui tratadas, foram identificadas, a partir do cruzamento das informações constantes das DCTFs transmitidas no curso do ano de 2003 com a DIPJ do exercício de 2004, anocalendário 2003, e, ainda, com as informações de pagamentos extraídas do sistema SINAL. Com efeito, de acordo com a ficha 12B (fls 21), da predita DIPJ, o contribuinte teria informado: a) um valor total de imposto a pagar no montante de R$ 94.669.641,78 (IPRJ, acrescido do adicional); b) um valor total de estimativas pagas no importe de R$ 38.882.852,08; Fl. 3401DF CARF MF Processo nº 19515.001446/200764 Acórdão n.º 1302002.314 S1C3T2 Fl. 3.402 9 c) uma saldo de ajuste a pagar de R$ 55.786.889,70; d) uma valor pago de IRPJ Ajuste Anual de R$ 54.144.050,63; Todavia, por meio do citado sistema SINAL, a autoridade lançadora encontrou recolhimentos realizados quanto as estimativas que totalizavam, tão só, R$ 24.903.419,68 (v. demonstrativo de fl. 125). Observem que a diferença entre o valor de estimativas informado na ficha 12B (R$ 38.882.852,02) e os pagamentos efetivamente realizados e constatados pela auditoria perfazem a monta de R$ 13.979.332,40, valor que coincide, nos centavos, com o débito confessado através do pedido de compensação tratado no PA de nº 16237.001059/200412. Lembrando que parte do Ajuste Anual teria sido objeto compensação (PERDCOMP de nº 33821.00539290104.1.3.021171) no valor de 1.058.517,96, e considerando o valor de estimativas declaradas (incluindose o valor concernente ao PA 16237.001059/200412), terseia a seguinte realidade: CALCULO DO IR SOBRE LUCRO REAL IR sobre o Lucro Real (DIPJ) 56.816.185,17 Adicional (DIPJ) 37.853.456,71 () IR pago por estimativa (SINAL) (24.903.419,68) () Estimativa de janeiro a fevereiro compensada (PA16237.001059/200412) (13.979.332,40) IR a pagar 55.786.889,8 () Valor pago no ajuste anual (54.144.050,63) () parcela do ajuste compensada (DECOMP 33821.00539290104.1.3.02 1171) (1.058.517,96) Saldo devedor de ajuste anual 584.321,21 Não há nenhuma alegação ou documento que, de qualquer forma, comprove a quitação deste saldo. A questão que remanesce, agora, é: as estimativa confessadas por meio do PA 16237.0001059/200412 devem ser consideradas para calcularse o saldo de IR devido no ajuste anual? Não me parece haver dúvidas, já que os valores concernentes às estimativas de janeiro e fevereiro, reiterese, são, atualmente, objeto de execução fiscal; isto é, no feito executivo em questão, exigese, não só, a multa isolada de 50%, mas, também, o crédito relativo ao próprio tributo. Fl. 3402DF CARF MF Processo nº 19515.001446/200764 Acórdão n.º 1302002.314 S1C3T2 Fl. 3.403 10 De outra sorte, se se considerar os valores ora tratados para a definição do saldo de ajuste anual a recolher se teria, de um lado, na execução fiscal, a exigência R$ 13.979.332,40 confessado através da compensação autuada no PA de nº 16237.001059/2004 12 (e, pelas notícias, inclusive, trazidas pelo recorrente, em vias de ser quitada mediante conversão de depósito judicial em renda e inclusão do débito no REFIS da Lei 11.941 documento juntado em 2015, conforme termo de juntada datado de 29/06/2015), e, de outro, a exigência, neste feito, do valor de R$ 15.622.171,47, o qual foi apurado, justamente, pela diferença entre o valor de ajuste a pagar, declarado pelo contribuinte, e o valor de ajuste pago (cálculo que compreende as estimativas pagas, identificadas através do SINAL, e que, pela análise fiscal, não abrangeria o débito descrito no PA 16237.001059/200412). Mais uma vez, fica evidente que, uma vez processada a compensação de nº 16237.001059/200412, desconsiderar o valor ali confessado (e cobrado pela União, por meio de execução fiscal), os valores das estimativas descritas no predito PA devem ser consideradas para a formação do saldo de ajuste a pagar ou, que me desculpem a insistência, imporiase ao recorrente bis in idem ilegal. Todavia, digase, como se observou dos cálculos refeitos acima, considerandose o valor das estimativas compensadas para a formação do saldo de ajuste a pagar, ainda assim, ficou demonstrado um uma valor em aberto, no montante de R$ 584.321,21. Na mesma manifestação em que o recorrente trouxe a lume a inclusão do débito constante do PA de nº 10880.720230/200840 no REFIS da c Crise (executado através da execução fiscal de nº 001848007.208.403.6182), o contribuinte tratou, pela primeira vez, nestes autos, de uma PERDCOMP (de nº 16884.22523.291014.1.3.022449) autuada no PA de nº 10880.916891/200879, cujo objeto seria a compensação do mesmo saldo de ajuste apurado na DIPJ/2009, almejandose, ali, a compensação de uma débito de R$ 499.987,91. A despeito de parecer inovação e, lado outro, uma afronta direta aos preceitos do art. 16, § 4º, do Decreto 70.235, o fato é que a existência desta PERDCOMP foi, em verdade, elucidada e trazida aos autos pela própria Auditoria Fiscal, quando do cumprimento da diligência determinada por este colegiado (fl. 2, da diligência): A DCOMP 33821.00539290104.1.3.021171 e a relacionada ao mesmo crédito nº 16884.22523.2901041.3.022449 que foram transmitidas à Receita Federal em 29/01/2004, está na situação de manifestação de inconformidade na DRJ/SP1 no processo nº 10880.916891/200879. Cópia da diligencia efetuada até o momento em anexo, às fls. 3017/3020 do relatório de diligencia que reconheceu um crédito de SN do ac 2003 da sucedida 00.134.408/000156 no valor de R$ 381.300,25, para compensar os débitos das duas compensações no total de R$ 1.558.505,87 relativos a IRPJ de ajuste anual de 2003 da empresa CNPJ 92.791.813/000165. Este fato, pois, não foi trazido pelo contribuinte, mas, efetivamente, pela própria autoridade lançadora; o contribuinte, então, juntou os documentos constantes de sua ultima manifestação, dentre os quais, a DECOMP ora tratada... a ver deste conselheiro, a juntada deste documento (DECOMP) não só se adequa às disposições do art. 16, § 4º, "c", do mencionado Decreto 70.235/72, como impõe a sua apreciação e consideração por este colegiado a luz do princípio da verdade material. Fl. 3403DF CARF MF Processo nº 19515.001446/200764 Acórdão n.º 1302002.314 S1C3T2 Fl. 3.404 11 Se a própria fiscalização se encarregou de noticiar a existência desta DECOMP nos autos, e, mais, ante tudo o que já foi tratado e decidido acima, devemos, aqui, reconhecer, também esta última DECOMP para recálculo do IRPJ/Ajuste (Exercício de 2004), decotandose, pois, o valor ali confessado do saldo de ajuste apurado nestes autos, conforme planilha abaixo reproduzida: CALCULO DO IR SOBRE LUCRO REAL IR sobre o Lucro Real (DIPJ) 56.816.185,17 Adicional (DIPJ) 37.853.456,71 () IR pago por estimativa (SINAL) (24.903.419,68) () Estimativa de janeiro a fevereiro compensada (PA16237.001059/200412) (13.979.332,40) IR a pagar 55.786.889,8 () Valor pago no ajuste anual (54.144.050,63) () parcela do ajuste compensada (DECOMP 33821.00539290104.1.3.02 1171) (1.058.517,96) () parcela do ajuste compensada (DECOMP 16884.22523.291014.1.3.02 2449) (499.987,91) Saldo devedor de ajuste anual 84.333,30 Assim, é de se reconhecer a procedência da alegações do recorrente para se dar parcial provimento ao recurso voluntário, mantendose o lançamento somente em relação ao valor de R$ 84.333,30 e acréscimos legais (multa de ofício e juros de mora). 2.3 Da cumulação de multa de isolada com a multa de ofício. Não obstante a minha posição pessoal quanto a este tema (por entender incabível a exigência concomitante das duas penalidades), o fato é que esta questão restou prejudicada, dado que, conforme decidi acima, as exigências concernentes às estimativas relativas à janeiro e fevereiro de 2003 foram canceladas (lembrando que a cobrança concernente às estimativas de março e abril já haviam sido canceladas pela DRJ). 2.4 Da dedutibilidade, ou não, dos valores exigidos pela Fiscalização, em outro auto de infração, de débitos de PIS/COFINS Aqui bem andou a DRJ ao, invocando os preceitos do art. 41, § 1º, da Lei 8.981/95, afastar a pretensão do contribuinte. O dispositivo em destaque, digase, é claro a não mais poder: Art. 41. Os tributos e contribuições são dedutíveis, na determinação do lucro real, segundo o regime de competência. Fl. 3404DF CARF MF Processo nº 19515.001446/200764 Acórdão n.º 1302002.314 S1C3T2 Fl. 3.405 12 § 1° O disposto neste artigo não se aplica aos tributos e contribuições cuja exigibilidade esteja suspensa, nos termos dos incisos II a IV do art. 151 da Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966, haja ou não depósito judicial. E alegação do contribuinte de que, à época deste lançamento, o crédito tributário relativo à contribuição para o PIS e à COFINS não estava com sua exigibilidade suspensa (dado que, lançado concomitantemente ao tributo exigido neste PA, e, portanto, antes da apresentação de eventual impugnação administrativa), não procede. Ao efetivar o lançamento, o tributo passa a ser exigível apenas tão somente após o decurso do prazo de 30 dias veiculado pelo art. 15 do já citado Decreto 70.235; até aí, a meu ver, o crédito não estaria, nem mesmo, constituído definitivamente, a luz do que dispõe o art. 145, I, do CTN, e, por isso mesmo, não autorizaria, de fato, a sua dedução. 2.5 Dos juros sobre multa de ofício e da SELIC como taxa de juros incidente sobre os créditos tributários. Este colegiado e boa parte das Turmas deste Conselho vem, cada vez mais, perfilhandose ao entendimento de que a exigência de juros sobre a multa de ofício é licita. Neste sentido, são ínúmeras as decisões, conforme se extrai das ementas abaixo reproduzidas: JUROS SOBRE MULTA. As multas proporcionais aplicadas em lançamento de ofício, por descumprimento a mandamento legal que estabelece a determinação do valor de tributo administrado pela Receita Federal do Brasil a ser recolhido no prazo legal, estão inseridas na compreensão do § 3º do artigo 61 da Lei nº 9.430/1996, sendo, portanto, suscetíveis à incidência de juros de mora à taxa Selic (Acórdão: 1301002.233 Número do Processo: 16561.720184/201335 Data de Publicação: 22/06/2017). JUROS SOBRE MULTA. As multas proporcionais aplicadas em lançamento de ofício, por descumprimento a mandamento legal que estabelece a determinação do valor de tributo administrado pela Receita Federal do Brasil a ser recolhido no prazo legal, estão inseridas na compreensão do § 3º do artigo 61 da Lei nº 9.430/1996, sendo, portanto, suscetíveis à incidência de juros de mora à taxa Selic (Acórdão: 1301002.278 Número do Processo: 10830.016637/200945 Data de Publicação: 20/06/2017). Ainda que este entendimento desafie críticas, é fato inegável que a jurisprudência desta Corte está, realmente, sedimentada a respeito. No que toca, por fim, à aplicação da SELIC ao crédito remanescente, não procede a alegação do contribuinte, seja por força da Sumula 4, deste Conselho, que trata, especificamente, da correção da exigência da SELIC como taxa para atualização de créditos tributários da União, seja porque, para reconhecer a sua imprestabilidade, terseia que se reconhecer, também a inconstitucionalidade da Lei 9.430/96, o que é vedado aos julgadores deste Conselho, por força da Súmula 2/CARF. Fl. 3405DF CARF MF Processo nº 19515.001446/200764 Acórdão n.º 1302002.314 S1C3T2 Fl. 3.406 13 Improcedem, pois, neste ponto, as razões recursais. Por todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso de ofício e dar parcial provimento ao recurso voluntário, nos termos do tópico 2.2, mantendose o o lançamento quanto ao ajuste anual de IRPJ, exercício 2004, no montante R$ 84.333,30. e respectivos encargos. (assinado digitalmente) Gustavo Guimarães da Fonseca Fl. 3406DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10650.900493/2009-25
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 20 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Aug 11 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/04/2006 a 30/04/2006
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. POSSIBILIDADE DE ANÁLISE DE NOVOS ARGUMENTOS E PROVAS EM SEDE RECURSAL. PRECLUSÃO.
A manifestação de inconformidade e os recursos dirigidos a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais seguem o rito processual estabelecido no Decreto nº 70.235/72, além de suspenderem a exigibilidade do crédito tributário, conforme dispõem os §§ 4º e 5º da Instrução Normativa da RFB nº 1.300/2012.
Os argumentos de defesa e as provas devem ser apresentados na manifestação de inconformidade interposta em face do despacho decisório de não homologação do pedido de compensação, precluindo o direito do Sujeito Passivo fazê-lo posteriormente, salvo se demonstrada alguma das exceções previstas no art. 16, §§ 4º e 5º do Decreto nº 70.235/72.
Numero da decisão: 9303-005.208
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento, vencidas as Conselheiras Tatiana Midori Migiyama e Érika Costa Camargos Autran, que lhe deram provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Vanessa Marini Cecconello - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas (suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: VANESSA MARINI CECCONELLO
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/04/2006 a 30/04/2006 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. POSSIBILIDADE DE ANÁLISE DE NOVOS ARGUMENTOS E PROVAS EM SEDE RECURSAL. PRECLUSÃO. A manifestação de inconformidade e os recursos dirigidos a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais seguem o rito processual estabelecido no Decreto nº 70.235/72, além de suspenderem a exigibilidade do crédito tributário, conforme dispõem os §§ 4º e 5º da Instrução Normativa da RFB nº 1.300/2012. Os argumentos de defesa e as provas devem ser apresentados na manifestação de inconformidade interposta em face do despacho decisório de não homologação do pedido de compensação, precluindo o direito do Sujeito Passivo fazêlo posteriormente, salvo se demonstrada alguma das exceções previstas no art. 16, §§ 4º e 5º do Decreto nº 70.235/72. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento, vencidas as Conselheiras Tatiana Midori Migiyama e Érika Costa Camargos Autran, que lhe deram provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 65 0. 90 04 93 /2 00 9- 25 Fl. 460DF CARF MF Processo nº 10650.900493/200925 Acórdão n.º 9303005.208 CSRFT3 Fl. 461 2 (assinado digitalmente) Vanessa Marini Cecconello Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas (suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela Contribuinte ALTA GENETICS DO BRASIL LTDA. (fls. 394 a 430) com fulcro nos artigos 67 e seguintes do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/09, buscando a reforma do Acórdão nº 380303.317 (fls. 379 a 384) proferido pela 3ª Turma Especial da Terceira Seção de julgamento, em 19/07/2012, no sentido de negar provimento ao recurso voluntário, com ementa nos seguintes termos: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/04/2006 a 30/04/2006 Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. ALEGAÇÕES E PROVAS APRESENTADAS SOMENTE NO RECURSO. PRECLUSÃO. Consideramse precluídos, não se tomando conhecimento, os argumentos e provas não submetidos ao julgamento de primeira instância, apresentados somente na fase recursal. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/04/2006 a 30/04/2006 COMPENSAÇÃO. REQUISITOS. É vedada a compensação de débitos com créditos desvestidos dos atributos de liquidez e certeza. Recurso Voluntário Negado Direito Creditório Não Reconhecido O presente processo tem origem em Declaração de Compensação (Per/Dcomp) de créditos de COFINS, resultantes de pagamento indevido ou a maior, com débitos de CSLL, transmitido pela Contribuinte em 31/07/2006 (fls. 94 a 98), o qual restou Fl. 461DF CARF MF Processo nº 10650.900493/200925 Acórdão n.º 9303005.208 CSRFT3 Fl. 462 3 não homologado nos termos do despacho decisório proferido de 25/03/2009 (fls. 90 a 93), por ter a DRF/Uberaba MG constatado que o DARF discriminado na declaração de compensação foi integralmente utilizado para quitação de outros débitos, não restando saldo disponível para compensação. Não resignada, apresentou manifestação de inconformidade e documentos DCTF original e retificadora, DACON original e PER/DCOMP (fls. 168 a 367), em cujo julgamento foi mantida a não homologação do pedido de compensação, conforme fundamentos lançados no Acórdão nº 0934.237 da 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juiz de Fora/MG (fls. 103 a 106), sintetizados na seguinte ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/04/2006 a 30/04/2006 DÉBITO INFORMADO EM DOCUMENTOS FISCAIS. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DO ERRO. A simples retificação de documentos fiscais (DCTF e DACON), para alterar valores originalmente declarados, desacompanhada de documentação hábil e idônea, não pode ser admitida para modificar despacho decisório, cuja ciência pelo interessado deuse antes da transmissão dos documentos retificadores. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e a existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Contra referida decisão, o Sujeito Passivo apresentou recurso voluntário (fls. 110 a 165), ao qual foi negado provimento nos termos do Acórdão nº 380303.316 (fls. 378 a 383) proferido pela 3ª Turma Especial da Terceira Seção de julgamento, em 19/07/2012, ora recorrido, por ter entendido o Colegiado, em síntese, pela impossibilidade de apresentação de provas e argumentos na fase recursal, sem que tenha sido comprovada uma das circunstâncias previstas no art. 16 do Decreto nº 70.235/72, configurandose a ocorrência da preclusão. Em face da referida decisão, a Contribuinte interpôs recurso especial (fls. 394 a 430), alegando divergência jurisprudencial quanto à possibilidade de apreciação, em grau de recurso voluntário, de provas e argumentos apresentados posteriormente à impugnação. Para comprovar o dissenso interpretativo, colacionou como paradigma o acórdão nº 3201 000.967. Fl. 462DF CARF MF Processo nº 10650.900493/200925 Acórdão n.º 9303005.208 CSRFT3 Fl. 463 4 Nas razões recursais, o Sujeito Passivo sustenta, em síntese, que: (a) o Colegiado a quo deu interpretação extremamente formalista ao art. 16 do Decreto nº 70.235/72, bem como que a não apreciação das provas apresentadas em qualquer momento processual acarreta apego demasiado à forma em detrimento da busca pela verdade material; (b) discorre sobre os princípios do processo administrativo que autorizam ser estendida a produção de provas para qualquer fase do processo a fim de resguardálo, sendo possível, inclusive, dispensar determinado formalismo sempre que não haja prejuízo a terceiros nem comprometa o interesse público; (c) ao contrário do entendimento consignado no acórdão recorrido, as provas anexadas ao recurso voluntário, consubstanciadas em documentos contábeis e fiscais da empresa, são hábeis para atestar a liquidez e certeza do crédito tributário pretendido compensar; (d) ao final, requer o provimento do recurso especial com a homologação da compensação e extinção da cobrança. Foi admitido o recurso especial do Sujeito Passivo por meio do despacho S/Nº, de 29 de julho de 2015 (fls. 435 a 437), proferido pelo ilustre Presidente da 3ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento em exercício à época, por entender comprovada a divergência jurisprudencial com relação "à possibilidade de apreciação, em grau de recurso voluntário, de provas e argumentos apresentados posteriormente à impugnação". A Fazenda Nacional apresentou contrarrazões (fls. 439 a 441) postulando a negativa de provimento do recurso especial da Contribuinte. O presente processo foi distribuído a essa Relatora por meio de sorteio regularmente realizado, estando apto o feito a ser relatado e submetido à análise desta Colenda 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais 3ª Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. É o Relatório. Voto Conselheira Vanessa Marini Cecconello, Relatora Admissibilidade Fl. 463DF CARF MF Processo nº 10650.900493/200925 Acórdão n.º 9303005.208 CSRFT3 Fl. 464 5 O recurso especial de divergência interposto pela Contribuinte atende aos pressupostos de admissibilidade constantes no art. 67 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, devendo, portanto, ser conhecido. Além disso, ao contrário do que afirmado em preliminar de contrarrazões pela Fazenda Nacional, no recurso especial depreendese haver discussão quanto à possibilidade de apreciação de argumentos e provas trazidos apenas na fase recursal, distanciandose do reexame do conjunto probatório dos autos. No tópico da peça recursal relativo à "suposta ausência de produção de provas em momento oportuno" (fls. 401 a 404), a argumentação centrase nos princípios que regem o processo administrativo fiscal, em especial, o princípio da verdade material, não havendo incursão na documentação eventualmente colacionada aos autos. Portanto, deve ser conhecido o apelo especial. Mérito O mérito da demanda consiste na possibilidade de serem apreciados argumentos e provas trazidos na fase recursal, posteriormente ao julgamento de primeira instânciA manifestação de inconformidade e os recursos dirigidos a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais seguem o rito processual estabelecido no Decreto nº 70.235/72, além de suspenderem a exigibilidade do crédito tributário, conforme dispõem os §§ 4º e 5º do art. 771 da Instrução Normativa RFB nº 1300/2012, que reproduzem os termos dos §§ 4º e 5º do art. 66 da IN RFB nº 900/2008. No âmbito do processo administrativo fiscal, portanto, da mesma forma que a impugnação, a manifestação de inconformidade, instaura a sua fase litigiosa (art. 14, do Decreto nº 70.235/72) e constituise em meio de suspensão da exigibilidade do débito pela Fazenda Nacional, nos termos do art. 151, inciso III, do Código Tributário Nacional CTN. Assim, quando o contribuinte omitese em combater algum item da exigência fiscal na impugnação ou deixa de juntar os documentos que comprovem o seu direito, caracterizarseá a sua concordância com aquela parte, considerandose como não impugnada, razão pela qual poderá a Autoridade Administrativa providenciar, em autos apartados, a cobrança da parcela não contestada. Conforme disposto nos artigos 16 e 17 do Decreto nº 70.235/1972, não se pode discutir no processo administrativo aquilo que o contribuinte se absteve de questionar na 1 Art. 77 . É facultado ao sujeito passivo, no prazo de 30 (trinta) dias, contados da data da ciência da decisão que indeferiu seu pedido de restituição, ressarcimento ou reembolso ou, ainda, da data da ciência do despacho que não homologou a compensação por ele efetuada, apresentar manifestação de inconformidade contra o indeferimento do pedido ou a não homologação da compensação. [...] § 4º A manifestação de inconformidade e o recurso de que tratam o caput e o § 3º obedecerão ao rito processual do Decreto nº 70.235, de 1972. § 5º A manifestação de inconformidade contra a não homologação da compensação, bem como o recurso contra a decisão que julgou improcedente essa manifestação de inconformidade, enquadramse no disposto no inciso III do art. 151 do CTN relativamente ao débito objeto da compensação. [...] Fl. 464DF CARF MF Processo nº 10650.900493/200925 Acórdão n.º 9303005.208 CSRFT3 Fl. 465 6 impugnação/manifestação de inconformidade, pois operase o fenômeno da preclusão. O texto legal está assim redigido: Art. 16. A impugnação mencionará: I a autoridade julgadora a quem é dirigida; II a qualificação do impugnante; III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. V se a matéria impugnada foi submetida à apreciação judicial, devendo ser juntada cópia da petição. § 1º Considerarseá não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16. § 2º É defeso ao impugnante, ou a seu representante legal, empregar expressões injuriosas nos escritos apresentados no processo, cabendo ao julgador, de ofício ou a requerimento do ofendido, mandar riscálas. § 3º Quando o impugnante alegar direito municipal, estadual ou estrangeiro, provarlheá o teor e a vigência, se assim o determinar o julgador. § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. § 6º Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão nos autos para, se for interposto recurso, serem apreciados pela autoridade julgadora de segunda instância. Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. Fl. 465DF CARF MF Processo nº 10650.900493/200925 Acórdão n.º 9303005.208 CSRFT3 Fl. 466 7 Por conseguinte, a não impugnação da matéria trará, efetivamente, a presunção de verdade das alegações, impedindo o julgador de adentrar nas discussões a ela pertinentes. Assim, no caso em tela, o efeito legal da omissão do Sujeito Passivo em aduzir na manifestação de inconformidade os argumentos contra a não homologação do pedido de compensação e juntar os documentos hábeis a comprovar a liquidez e certeza do crédito pretentido compensar, é a preclusão, impossibilidade de o fazer em outro momento. Sobre a preclusão, lecionam os ilustres doutrinadores Maria Teresa Martínez López e Marcos Vinícius Neder, na obra Processo Administrativo Fiscal Federal Comentado: "A preclusão ligase ao princípio do impulso processual. Consiste em um fato impeditivo a garantir o avanço progressivo da relação processual e a obstar o recuo às fases anteriores do procedimento. Por força deste princípio, anulase uma faculdade ou o exercício de algum poder ou direito processual. Em processo fiscal, a inicial e a impugnação fixam os limites da controvérsia, integrando o objeto da defesa às afirmações contidas na petição inicial e na documentação que a acompanha. Se o contribuinte não contesta alguma exigência feita pelo Fisco, na fase da impugnação, não poderá mais contestá la no recurso voluntário. A preclusão ocorre com relação à pretensão de impugnar ou recorrer à instância superior. Na sistemática do processo administrativo fiscal, as discordâncias recursais não devem ser opostas contra o lançamento em si, mas contra as questões processuais e de mérito decididas em primeiro grau. Tal qual no processo civil, o administrativo fiscal, pelas regras do Decreto nº 70.235/72, prevê a concentração dos atos processuais em momentos processuais preestabelecidos conforme se depreende do exame do seu artigo 16, a saber: "Art. 16. A impugnação mencionará: I omissis; II omissis; III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância, as razões e provas que possuir." Nessa mesma linha, o artigo 17 do PAF considera não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. Segundo este dispositivo não é lícito inovar na produção recursal para incluir questão diversa daquela que foi originariamente deduzida quando da impugnação do lançamento na instância a quo. Apenas os fatos ainda não ocorridos na fase impugnatória ou os de que o contribuinte não tinha conhecimento é que podem ser suscitados no recurso ou durante o seu processamento." Diferentemente seria a situação de apresentação de razões e documentos complementares à impugnação/manifestação de inconformidade, em momento anterior ao julgamento de primeira instância, na qual se admitiria a possibilidade de o julgador proceder à análise dos argumentos suscitados pelo sujeito passivo naquele momento processual em atenção aos princípios da verdade material, do contraditório e da ampla defesa. Fl. 466DF CARF MF Processo nº 10650.900493/200925 Acórdão n.º 9303005.208 CSRFT3 Fl. 467 8 Esse não é o caso dos presentes autos, em que o arrazoado quanto à certeza e liquidez do crédito tributário e juntada de documentos fiscais e contábeis deuse tão somente no recurso voluntário, caracterizandose a preclusão. Também com relação à produção de provas no âmbito do processo administrativo fiscal, admitese a relativização do princípio da preclusão, tendo em vista que, por força do princípio da verdade material, podem ser analisados documentos e provas trazidos aos autos posteriormente à análise do processo pela autoridade de primeira instância, ainda mais quando alteram substancialmente a prova do fato constitutivo. A flexibilização está no próprio art. 16 do Decreto nº 70.235/72, ao prever hipóteses de juntada de provas em momento posterior à impugnação. Pertinente nesse aspecto, para que o posicionamento aqui defendido o seja de forma clara, transcrever uma vez mais lição dos ilustres Maria Teresa Martínez López e Marcos Vinícius Neder, na obra Processo Administrativo Fiscal Federal Comentado: "Este tratamento, contudo, não tem sido levado às últimas consequências pela Fazenda nos casos de inovação de prova, mediante juntada aos autos de elementos não submetidos à apreciação da autoridade monocrática. Nessa hipótese, por força do princípio da verdade material, impõese o exame dos fatos. Sobretudo, se os documentos alteram, substancialmente, a prova do fato constitutivo. [...] O direito da parte à produção de provas comporta graduação a critério da autoridade julgadora, com fulcro em seu juízo de valor acerca de sua utilidade e necessidade, de modo a assegurar o equilíbrio entre a celeridade desejável e a segurança indispensável na realização da Justiça. [...] O artigo 38 da Lei nº 9.784/99 flexibiliza o rigor do artigo 16 do Decreto nº 70.235/72 e permite que requerimentos probatórios possam ser feitos até a tomada da decisão administrativa. Nesse mesmo sentido, é o permissivo contido no art. 63, parágrafo 2º, da Lei nº 9.784/99 que admite a revisão pela Administração do ato ilegal mesmo não tendo sido conhecido o recurso desde que não operada a preclusão administrativa. Ainda nesta linha, o artigo 65, parágrafo único, da Lei nº 9.784/99 prescreve que poderão ser revistos, a qualquer tempo, os processos administrativos de que resultem sanções quando surgirem fatos novos ou circunstância relevantes suscetíveis de justificar a inadequação da sanção aplicada." Não é o que ocorre no caso dos autos. Esclareçase não se estar privilegiando o formalismo exacerbado em detrimento do princípio da verdade material, norteador do processo administrativo fiscal. Ocorre que não ficou demonstrada no caso em exame qualquer das hipóteses autorizadoras do acolhimento das provas apresentadas somente na fase recursal, quais sejam: (a) impossibilidade de apresentação oportuna, por força maior; (b) sejam referentes a fato ou a direito supervenientes ou, ainda, (c) destinemse a contrapor fatos ou razões posteriormente veiculados nos autos. Fl. 467DF CARF MF Processo nº 10650.900493/200925 Acórdão n.º 9303005.208 CSRFT3 Fl. 468 9 Somese aos fundamentos até aqui expendidos, que, conforme consignado no acórdão recorrido, mesmo sendo admitidos os documentos fiscais e contábeis trazidos pelo Sujeito Passivo em sede de recurso voluntário, não seriam suficientes para comprovar a certeza e a liquidez do indébito tributário. Por conseguinte, demandaria a reabertura da fase de instrução do processo para que a Contribuinte colacionasse aos autos outras provas complementares, as quais provavelmente estavam em seu poder quando da apresentação da manifestação de inconformidade, providência incabível, nesse caso, em sede de recurso. Admitirseia a análise de argumentos e provas novas se os mesmos tivessem sido apresentados com a manifestação de inconformidade e, somente no julgamento da mesma por meio de acórdão, tivessem sido considerados por insuficientes. Nessa hipótese, em prol da busca da verdade real dos fatos e demonstrando, a empresa, o intuito de comprovar o seu direito ao crédito pleiteado, poderseia acolher a complementação das alegações e do conjunto probatório trazido ao processo. Nesse diapasão, os argumentos e provas não trazidos em sede de manifestação de inconformidade, mas tão somente em sede de recurso voluntário, são considerados preclusos, não podendo ser analisados por este Conselho em sede recursal. Diante do exposto, negase provimento ao recurso especial da contribuinte. É o voto. (assinado digitalmente) Vanessa Marini Cecconello Fl. 468DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10435.723003/2013-91
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 08 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Sep 18 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/03/2011 a 31/07/2012
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO VOLUNTÁRIO. PRAZO INEXISTÊNCIA DE JUSTA CAUSA. INTEMPESTIVIDADE. RECURSO NÃO CONHECIDO.
O prazo legal para interposição do recurso voluntário é de trinta dias, a contar da intimação da decisão recorrida. Apresentando-se recurso voluntário fora do prazo legal sem a prova de ocorrência de qualquer coisa impeditiva, é intempestivo o recurso e, portanto, não pode ser conhecido.
Numero da decisão: 2401-004.992
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em não conhecer do recurso, por intempestividade.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente
(assinado digitalmente)
Carlos Alexandre Tortato - Relator
Participaram do presentejulgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andréa Viana Arrais Egypto e Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez.
Nome do relator: CARLOS ALEXANDRE TORTATO
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RECURSO VOLUNTÁRIO. PRAZO INEXISTÊNCIA DE JUSTA CAUSA. INTEMPESTIVIDADE. RECURSO NÃO CONHECIDO. O prazo legal para interposição do recurso voluntário é de trinta dias, a contar da intimação da decisão recorrida. Apresentandose recurso voluntário fora do prazo legal sem a prova de ocorrência de qualquer coisa impeditiva, é intempestivo o recurso e, portanto, não pode ser conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 43 5. 72 30 03 /2 01 3- 91 Fl. 368DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em não conhecer do recurso, por intempestividade. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente (assinado digitalmente) Carlos Alexandre Tortato Relator Participaram do presentejulgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andréa Viana Arrais Egypto e Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez. Fl. 369DF CARF MF Processo nº 10435.723003/201391 Acórdão n.º 2401004.992 S2C4T1 Fl. 369 3 Relatório Tratase de recurso voluntário (fls. 291/361) interposto em face do Acórdão nº. 1449.857 (fls. 245/285) da DRJ/RPO, cuja ementa restou assim redigida: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/03/2011 a 31/07/2012 JUÍZO DE INCONSTITUCIONALIDADE INCOMPETÊNCIA DA AUTORIDADE ADMINISTRATIVA. É legalmente vedado à instância administrativa de julgamento proferir decisões acerca da constitucionalidade das leis. COMPENSAÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS ATRAVÉS DE GFIP HIPÓTESES LEGAIS. A compensação de contribuições previdenciárias obedece a regramento específico, pressupondo a existência de crédito líquido e certo, decorrente de recolhimento indevido ou a maior. A existência de crédito decorrente de contribuições previdenciárias previstas em legislação formalmente vigente somente é compensável após ser definitivamente afastada por decisão judicial a respectiva legislação. INCIDÊNCIAS DE MULTAS DE MORA E ISOLADA CARACTERIZAÇÃO DAS RAZÕES QUE AS FUNDAMENTAM. A inclusão em GFIP de crédito compensável, sem que tenham sido cumpridas as exigências legais pertinentes existência de crédito líquido e certo, decorrente de contribuições indevidas ou recolhidas a maior caracteriza a prática que justifica a imposição de multa de mora. ALÍQUOTA DO SAT FIXAÇÃO SEGUNDO CRITÉRIOS DEFINIDOS EM LEI. A fixação da alíquota de contribuição para custeio do seguro de acidente do trabalho por ato do Poder Executivo deve ser considerada regular, quando autorizada por lei, nos limites, condições e parâmetros por ela estabelecidos. ALEGAÇÕES GENÉRICAS DE OCORRÊNCIA DE NULIDADE NO LANÇAMENTO FISCAL. A mera alegação genérica da ocorrência de nulidade do lançamento fiscal não é suficiente para demonstrar o vício processual, mormente quando se encontram cumpridas e Fl. 370DF CARF MF 4 presentes as formalidades legais que asseguram a regularidade do processo. OBRIGATORIEDADE DE APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS E PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES À FISCALIZAÇÃO. O fato de ter a RFB acesso a informações disponíveis em meios digitais e em outras fontes de informação, decorrentes de declarações prestadas pelo Contribuinte e de outros meios de comunicação, não exclui a obrigação legal do Contribuinte cumprir as obrigações tributárias acessórias, como, por exemplo, prestação de informações e esclarecimentos, elaboração de folhas de pagamento e de livros fiscais. CONCOMITÂNCIA DE DISCUSSÃO ADMINISTRATIVA E JUDICIAL POSSIBILIDADE DE REALIZAÇÃO DO LANÇAMENTO FISCAL. A discussão judicial iniciada antes ou no curso do processo administrativo corresponde à renúncia do Contribuinte desta instância de julgamento, vinculandoa à decisão judicial a ser proferida, o que, de qualquer forma, não exclui, quando devida, a obrigação funcional de realizar o lançamento fiscal, para prevenção da decadência. REPRESENTAÇÃO FISCAL PARA FINS PENAIS. A Representação Fiscal para Fins Penais, constituindo obrigação funcional do Auditor Fiscal da RFB, correspondente ao mero relato, a ser encaminhado oportunamente à Autoridade Pública Competente, de fatos e circunstâncias que, em tese, constituam fato penal típico, não constitui objeto do processo administrativo fiscal, não comportando discussão nos presentes autos. Nos termos do Relatório Fiscal (fls. 16/22), temos que tratase o presente processo administrativo fiscal do lançamento de dois DEBCAD´s que foram assim bem descritos pela decisão de piso: I – DEBCAD 51.045.6804 O crédito tributário, consolidado em 13/11/2013, é assim composto: RUBRICA VALOR Principal 1.136.709,24 Juros 176.555,80 Multa de Mora 227.341,83 Total 1.540.606,87 Fl. 371DF CARF MF Processo nº 10435.723003/201391 Acórdão n.º 2401004.992 S2C4T1 Fl. 370 5 O lançamento fiscal é composto pelo levantamento codificado como “GL– GLOSA DE COMPENSAÇÃO” e compreende as competências de março de 2011 a julho de 2012. Os valores glosados constam de planilha incluída no Relatório Fiscal (fl.17), na qual constam: 1. Competência em que se realizou a compensação. 2. Valores compensados. 3. Período a que se referem os valores compensados. 4. Data em que foi transmitida a GFIP, através da qual foram declaradas as compensações. A Fiscalização, quanto às informações acerca da origem dos créditos compensados, esclarece no Relatório Fiscal que (fl. 17): 4.1.2. O contribuinte não apresentou qualquer planilha demonstrando os valores que teriam sido recolhidos indevidamente e posteriormente compensados (conforme tabela acima). Em documento datado de 17/12/2012, subscrito pelo advogado Moacir A. Guimarães Neto (um dos procuradores da Prefeitura de São José de Belmonte/PE), o contribuinte declarou que as compensações realizadas pelo contribuinte decorriam de créditos oriundos do recolhimento de contribuições previdenciárias patronais de prefeito, viceprefeito e vereadores (agentes políticos) do período compreendido entre 04/2000 e 09/2004, bem como valores a título de 1/3 de férias, horasextras, auxíliodoença e diferença de alíquota RAT. Alegou desnecessidade na apresentação da documentação comprobatória do crédito tributário compensado. 4.1.3. Cumpre esclarecer que o documento datado de 17/12/2012 e encaminhado pelo contribuinte, a esta fiscalização, foi em resposta ao Termo de Início de Procedimento Fiscal – TIPF, de 21/11/2012 (com ciência em 28/11/2012). São as seguintes as razões que, segundo a Fiscalização, fundamentam as glosas: 1. Falta de demonstração dos créditos declarados, com indicação de segurados e respectivos valores recolhidos. 2. A realização de compensações baseadas em alegados créditos decorrentes de contribuições sobre a remuneração de vereadores, realizadas em GFIP da Prefeitura (caso existam efetivamente os respectivos e regulares créditos, estes deveriam ter sido compensados em GFIP da Câmara Municipal, desde que atendidos os demais requisitos legais). 3. Quanto à incidência de contribuições previdenciárias sobre terço constitucional de férias, horasextras, assim como a alíquota de contribuição para o custeio do seguro de acidente do trabalho, ressalva a existência de legislação vigente que dá fundamento às respectivas cobranças. Fl. 372DF CARF MF 6 4. Parte dos créditos compensados é relativa a período atingido pela prescrição. E nem mesmo a ação judicial intentada pelo Contribuinte, no sentido de ser declarado o prazo prescricional de dez anos garantiulhe este direito (ação 0005646 92.2010.4.05.83000 – 5ª Vara da Justiça Federal da 5ª Região). 5. Não foram realizadas as devidas correções (retificações) das correspondentes GFIP, para compatibilizar as informações quanto às apurações dos saldos das contribuições devidas e recolhidas, em face das compensações realizadas, em relação ao que a Fiscalização ressalva (fl. 20): Ou seja, o contribuinte reduziu suas contribuições previdenciárias, através da compensação, e não efetuou a correção de todas as GFIP em que estes recolhimentos estavam a maior, o que pode gerar distorções nos cálculos e concessões de benefícios previdenciários. De acordo com o Demonstrativo de Agregações e Normalizações – DNA, as competências que não tiveram retificação de GFIP foram (referentes aos agentes políticos): 03/2000 a 11/2000; 01/2001 a 02/2001; 04/2002 a 11/2002; 01/2003 a 05/2003; 08/2003; 11/2003; 02/2004; 04/2004; 08/2004 a 09/2004. 6. Finalmente, a Fiscalização destaca o não cumprimento da exigência legal constante do artigo 170A do CTN. II – DEBCAD 51.045.6812 O crédito tributário, consolidado em 13/11/2013, é assim composto: RUBRICA VALOR Valor atualizado 0,00 Multa Isolada 1.705.063,90 Total 1.705.063,90 O lançamento fiscal é composto levantamento “MI – MULTA ISOLADA” e também compreende as competências de março de 2011 a julho de 2012 (fls. 20/21). A Fiscalização assim justifica a aplicação da multa isolada: 4.2.2. O contribuinte efetuou compensações sem demonstrar efetivamente a origem destes valores. Optou por não apresentar as planilhas de cálculos, que poderiam explicar a origem dos valores usados nas compensações. Limitouse a declarar que as compensações referiamse às contribuições previdenciárias, referentes a agentes políticos, pagas indevidamente no período de 04/2000 e 09/2004, bem como valores a título de 1/3 de férias, horasextras, auxíliodoença e diferença de alíquota RAT. 4.2.3. Considerando as razões relacionadas nos subitens 4.1.5, 4.1.6, 4.1.7 e 4.1.8 deste relatório, sobre as quais baseavase a Fl. 373DF CARF MF Processo nº 10435.723003/201391 Acórdão n.º 2401004.992 S2C4T1 Fl. 371 7 compensação efetuada pelo contribuinte, consideramos que as GFIP informando as compensações foram elaboradas com falsidade. 4.2.4. De acordo com o inc. II, do art. 44 da Lei 9.430/96, a multa prevista é de 150% (Cento e cinquenta por cento), calculada sobre a totalidade ou diferença da contribuição previdenciária apurada, nos casos de evidente intuito de fraude e/ou sonegação. Foi, ainda, lavrada representação fiscal para fins penais. Apresentadas impugnações aos DEBCAD nº. 51.045.6812 (fls. 132/160) e DEBCAD nº. 51.045.6804 (fls. 168/232), estas foram julgadas conjuntamente por meio do Acórdão nº. 1449.857 (fls. 245/285), sendo ambas improcedentes. Intimada do referido acórdão em 29/07/2014 (fl. 288), a recorrente apresentou o seu recurso voluntário em 29/08/2014 (fls. 291/361), alegando, em síntese: a) tempestividade, posto que sua intimação se deu em 30/07/2014 e o fim do prazo para interposição do recurso se daria em 29/08/2014, data do protocolo do recurso voluntário; b) desnecessidade de comprovação de recolhimento das contribuições que ensejaram o crédito para a realização das compensações, posto que a Autoridade Fazendária teria os meios necessários para verificação de tais informações, requerendo assim a dispensa da apresentação da documentação probatória; c) os créditos são originários dos recolhimentos previdenciários patronais incidentes sobre os subsídios dos agentes políticos, declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal; d) ausência de individualização dos contribuintes no procedimento fiscal, vício formal insanável do Auto de Infração e que acarreta ausência de certeza e liquidez do crédito tributário; e) não incidência da contribuição previdenciária sobre os montantes pagos a título de verbas de natureza indenizatória; f) inaplicabilidade de multa ente pessoas jurídicas de direito público; g) retroatividade benigna na aplicação das multa moratórias; É o relatório. Fl. 374DF CARF MF 8 Voto Conselheiro Carlos Alexandre Tortato Relator Nos termos do art. 33 do Decreto 70.235/72, das decisões de primeira instância caberá a interposição de recurso voluntário, no prazo de 30 dias, a contar da ciência da decisão: Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão. Contudo, este pressuposto de admissibilidade – tempestividade – não se faz presente e o presente recurso voluntário não deve ser conhecido. O contribuinte foi intimado do Acórdão nº. 1449.857 de fls. 245/285 em 29/07/2014, terçafeira, conforme Aviso de Recebimento de fls. 288. Vejamos: O prazo recursal de 30 dias iniciouse no primeiro dia útil seguinte, 30/07/2014, quartafeira, encerrandose em 28/08/2014, quintafeira, conforme determina o art. 5º do Decreto 70.235/72: Art. 5º Os prazos serão contínuos, excluindose na sua contagem o dia do início e incluindose o do vencimento. Fl. 375DF CARF MF Processo nº 10435.723003/201391 Acórdão n.º 2401004.992 S2C4T1 Fl. 372 9 O recurso voluntário interposto pelo contribuinte foi protocolado em 29/08/2014, conforme carimbo de recebimento à fl. 291: Ainda, o contribuinte não informa e, consequentemente, não prova a ocorrência de qualquer justa causa que o tenha impedido de recorrer no prazo legal, nos termos do § 1º do art. 183 do Código de Processo Civil: Art. 183. Decorrido o prazo, extinguese, independentemente de declaração judicial, o direito de praticar o ato, ficando salvo, porém, à parte provar que o não realizou por justa causa. § 1o Reputase justa causa o evento imprevisto, alheio à vontade da parte, e que a impediu de praticar o ato por si ou por mandatário. Destacase que o recurso voluntário, no tópico relativo à tempestividade, informa que a ciência do acórdão recorrido se deu em 30/07/2014, quando, como visto acima, se deu na verdade em 29/07/2014. Portanto, considerando o não cumprimento do requisito previsto no art. 33 do Decreto 70.235/72 para interposição do recurso voluntário, tampouco apresentada qualquer justa causa que demonstrasse a impossibilidade de cumprimento do prazo legal, o recurso voluntário é intempestivo. Fl. 376DF CARF MF 10 CONCLUSÃO Ante o exposto, voto no sentido de NÃO CONHECER DO RECURSO VOLUNTÁRIO, por não cumprir o requisito da TEMPESTIVIDADE. É como voto. (assinado digitalmente) Carlos Alexandre Tortato Fl. 377DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10540.720550/2013-18
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 04 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 29 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2011
IRPF. RENDIMENTO RECEBIDO ACUMULADAMENTE. APLICAÇÃO DO REGIME DE COMPETÊNCIA.
O Imposto de Renda incidente sobre os rendimentos pagos acumuladamente deve ser calculado de acordo com as tabelas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos, observando a renda auferida mês a mês pelo segurado. Não é legítima a exigência do imposto de renda com parâmetro no montante global pago extemporaneamente.
Recurso Voluntário Provido
Numero da decisão: 2202-004.021
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso para cancelar a exigência fiscal, vencidos os Conselheiros Denny Medeiros da Silveira e Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, que deram provimento parcial ao recurso para aplicar aos rendimentos pagos acumuladamente as tabelas e alíquotas do imposto de renda vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos, e a Conselheira Rosemary Figueiroa Augusto, que deu provimento parcial ao recurso, para excluir da base de cálculo os juros moratórios. Foram designados os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa como redator ad hoc e Martin da Silva Gesto para redigir o voto vencedor. A Conselheira Rosemary Figueiroa Augusto proferiu seu voto na sessão de 16/03/2017, razão pela qual a Conselheira Rosy Adriane da Silva Dias, que a substitui, não participou do presente julgamento (art. 58, § 5º, do Anexo II do RICARF).
(assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente e Redator ad hoc
(assinado digitalmente)
Martin da Silva Gesto - Redator designado
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Fernanda Melo Leal, Denny Medeiros da Silveira, Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto e Marcio Henrique Sales Parada. A Conselheira Rosemary Figueiroa Augusto proferiu seu voto na sessão de 16/03/2017, razão pela qual a Conselheira Rosy Adriane da Silva Dias, que a substitui, não participou do presente julgamento (art. 58, § 5º, do Anexo II do RICARF).
Nome do relator: ROSEMARY FIGUEIROA AUGUSTO
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RENDIMENTO RECEBIDO ACUMULADAMENTE. APLICAÇÃO DO REGIME DE COMPETÊNCIA. O Imposto de Renda incidente sobre os rendimentos pagos acumuladamente deve ser calculado de acordo com as tabelas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos, observando a renda auferida mês a mês pelo segurado. Não é legítima a exigência do imposto de renda com parâmetro no montante global pago extemporaneamente. Recurso Voluntário Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso para cancelar a exigência fiscal, vencidos os Conselheiros Denny Medeiros da Silveira e Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, que deram provimento parcial ao recurso para aplicar aos rendimentos pagos acumuladamente as tabelas e alíquotas do imposto de renda vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos, e a Conselheira Rosemary Figueiroa Augusto, que deu provimento parcial ao recurso, para excluir da base de cálculo os juros moratórios. Foram designados os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa como redator ad hoc e Martin da Silva Gesto para redigir o voto vencedor. A Conselheira Rosemary Figueiroa Augusto proferiu seu voto na sessão de 16/03/2017, razão pela qual a Conselheira Rosy Adriane da Silva Dias, que a substitui, não participou do presente julgamento (art. 58, § 5º, do Anexo II do RICARF). (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente e Redator ad hoc AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 54 0. 72 05 50 /2 01 3- 18 Fl. 185DF CARF MF Processo nº 10540.720550/201318 Acórdão n.º 2202004.021 S2C2T2 Fl. 186 2 (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto Redator designado Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Fernanda Melo Leal, Denny Medeiros da Silveira, Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto e Marcio Henrique Sales Parada. A Conselheira Rosemary Figueiroa Augusto proferiu seu voto na sessão de 16/03/2017, razão pela qual a Conselheira Rosy Adriane da Silva Dias, que a substitui, não participou do presente julgamento (art. 58, § 5º, do Anexo II do RICARF). Relatório Tratase de recurso voluntário de fls. 171/178, interposto contra o acórdão nº 1278.542 da 18ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro (RJ) DRJ/RJO (fls. 160/165), cujo relatório transcrevese a seguir: Contra a contribuinte acima qualificada foi lavrado o Auto de Infração do anocalendário de 2010 (fls. 62 a 71), com data de ciência em 22/04/13 (fl. 84), relativo à omissão de rendimentos do trabalho no valor de R$ 62.751,65. O crédito tributário lançado e o enquadramento legal constam no Auto de Infração. O Termo de Verificação encontrase nas fls. 72 a 78. De acordo com o referido Termo, houve uma notificação de lançamento anterior relativa à glosa de fonte que foi anulado. Contudo, haja vista a omissão de rendimentos apurada, foi lavrado o presente Auto de Infração. Após a ciência do lançamento a contribuinte apresentou a sua impugnação, em 15/05/13, às fls. 86 a 98, alegando, em síntese, que: 1. Teria optado pela tributação exclusiva na fonte de seus rendimentos recebidos acumuladamente, com fundamento no "parágrafo 7°, art. 12A, da Lei n° 12.350/10", não sendo vedada a retratação, pois se refere a rendimento recebido antes da vigência da Lei, diferente da figura apontada no parágrafo 5° do mesmo diploma legal; 2. Ainda que o termo "opção irretratável" abrangesse a opção do parágrafo 7°, a Lei seria inconstitucional; 3. Cita decisões administrativas e judiciais no intuito de justificar seus argumentos de defesa; 4. Não teria havido dolo da contribuinte, pois a restituição declarada seria inferior ao valor que deveria ser restituído, sendo indevida a multa aplicada; 5. Os rendimentos recebidos seriam juros moratórios, possuindo natureza indenizatória, conforme jurisprudência judicial e administrativa; Fl. 186DF CARF MF Processo nº 10540.720550/201318 Acórdão n.º 2202004.021 S2C2T2 Fl. 187 3 6. Caberia deduzir o desconto previdenciário, não obstante o desconto padrão, tendo em vista tratarse de tributação em separado, ou seja, rendimentos recebidos acumuladamente; 7. Apresenta cálculo com o seu entendimento de como o imposto a restituir deveria ter sido apurado; 8. Teria cometido um engano em não declarar os rendimentos recebidos acumuladamente na ficha própria. Diz que a fonte pagadora declarada no ajuste anual não seria aquela que pagou o RRA, não sendo um mero formalismo como dito pela fiscalização. A DRJ/RJO, analisou as alegações e julgou improcedente a impugnação, conforme ementa a seguir: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2010 RENDIMENTOS OBTIDOS ACUMULADAMENTE. INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA. Todo contribuinte que auferir rendimentos do trabalho recebidos acumuladamente durante o ano de 2010 ou posteriormente, deve optar pela forma de tributação, ao elaborar a sua declaração de ajuste anual, sendo tal opção irretratável, independente de o rendimento ter sido recebido no ano em 2010 ou depois. Erro no preenchimento do CNPJ da efetiva fonte pagadora, não muda a verdade material dos fatos, ou seja, a contribuinte optou pela tributação sujeita ao ajuste anual ao ter declarado parte dos rendimentos pagos pela DERBA. Sendo a declaração da contribuinte no modelo simplificado, não há que se cogitar na dedução do desconto previdenciário. Restou configurada a omissão de rendimentos sujeita ao ajuste anual, lembrando que o contribuinte não logrou comprovar qual seria a parcela dos juros que estaria inserida no montante bruto tributável. ARGUIÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. A autoridade administrativa não é competente para se manifestar acerca da constitucionalidade de dispositivos legais, prerrogativa essa reservada ao Poder Judiciário. DECISÕES ADMINISTRATIVAS E JUDICIAIS. EFEITOS. As decisões administrativas e judiciais não se constituem em normas gerais, razão pela qual seus julgados não se aplicam a qualquer outra ocorrência, senão àquela objeto da decisão. Impugnação Improcedente Fl. 187DF CARF MF Processo nº 10540.720550/201318 Acórdão n.º 2202004.021 S2C2T2 Fl. 188 4 Crédito Tributário Mantido Após ciência dessa decisão, houve interposição do recurso voluntário de fls. 171/178, pelo cônjuge da contribuinte (falecida em 22/02/2015), no qual basicamente repisa os argumentos trazidos na impugnação, destacando que: não fez opção irretratável pelo ajuste anual, uma vez que sequer indicou essa a verba na ficha de rendimentos recebidos acumuladamente, na qual deveria optar pelo regime a ser adotado; diz que houve erro, que pode ser corrigido (assim como o foi o CNPJ da fonte pagadora), tendo em vista sua manifestação em optar pela tributação exclusiva na fonte; os juros são indenizatórios e devem ser excluídos dos rendimentos tributáveis, como já assentado em decisões administrativas e da Justiça Federal e do Trabalho, e por contrariar a fundamentação da própria decisão recorrida; a contribuição previdenciária também deve ser reduzida, independentemente da opção pelo desconto simplificado, nos termos do § 3º, II, do art. 12A, da Lei nº 12.350/2010; a multa por infração também deve ser expurgada, pois não agiu de má fé; Faz demonstração do cálculo pretendido e pede restituição integral do imposto de renda retido na fonte ou o que for apurado na forma dos pedidos anteriores. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Redator ad hoc O Relatório e Voto da Relatora, Rosemary Figueiroa Augusto, foram proferidos na sessão de 16/03/2017 e foram obtidos da pasta T do servidor de dados do CARF, onde ficam armazenados os votos dos Conselheiros por ocasião da sessão de julgamento. A Conselheira Relatora, Rosemary Figueiroa Augusto, não mais integrava o CARF quando da conclusão desse julgamento, razão pela qual fui designado Redator ad hoc. A seguir o voto da Relatora: Admissibilidade A ciência da decisão recorrida se deu em 23/03/2016 (169) e recurso voluntário foi apresentado em 22/04/2016 (fls. 171), sendo, portanto, tempestivo. Observase ainda que o recurso foi apresentado pelo cônjuge da contribuinte (falecida em 22/02/2015), conforme fls. 179/182. Tratase, assim, de interessado no processo administrativo, nos termos do art. 9º, II, da Lei nº 9.784/1999, a seguir: Fl. 188DF CARF MF Processo nº 10540.720550/201318 Acórdão n.º 2202004.021 S2C2T2 Fl. 189 5 Art. 9º São legitimados como interessados no processo administrativo: (...) II aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm direitos ou interesses que possam ser afetados pela decisão a ser adotada; Dessa forma, atendidos os pressuposto de admissibilidade, o recurso merece ser conhecido. Opção irretratável pela sujeição dos rendimentos recebidos acumuladamente ao ajuste anual Sobre os rendimentos recebidos acumuladamente no ano de 2010, como ocorreu no caso em questão, se aplica o art. 12A, da Lei nº 7.713/1988, incluído pela art. 44, da Lei nº 12.350/2010, a seguir: Art. 44. A Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, passa a vigorar acrescida do seguinte art. 12A: “Art. 12A. Os rendimentos do trabalho e os provenientes de aposentadoria, pensão, transferência para a reserva remunerada ou reforma, pagos pela Previdência Social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, quando correspondentes a anoscalendários anteriores ao do recebimento, serão tributados exclusivamente na fonte, no mês do recebimento ou crédito, em separado dos demais rendimentos recebidos no mês. § 1o O imposto será retido pela pessoa física ou jurídica obrigada ao pagamento ou pela instituição financeira depositária do crédito e calculado sobre o montante dos rendimentos pagos, mediante a utilização de tabela progressiva resultante da multiplicação da quantidade de meses a que se refiram os rendimentos pelos valores constantes da tabela progressiva mensal correspondente ao mês do recebimento ou crédito. § 2o Poderão ser excluídas as despesas, relativas ao montante dos rendimentos tributáveis, com ação judicial necessárias ao seu recebimento, inclusive de advogados, se tiverem sido pagas pelo contribuinte, sem indenização. § 3o A base de cálculo será determinada mediante a dedução das seguintes despesas relativas ao montante dos rendimentos tributáveis: I – importâncias pagas em dinheiro a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial, de acordo homologado judicialmente ou de separação ou divórcio consensual realizado por escritura pública; e Fl. 189DF CARF MF Processo nº 10540.720550/201318 Acórdão n.º 2202004.021 S2C2T2 Fl. 190 6 II – contribuições para a Previdência Social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. § 4o Não se aplica ao disposto neste artigo o constante no art. 27 da Lei no 10.833, de 29 de dezembro de 2003, salvo o previsto nos seus §§ 1o e 3o. § 5o O total dos rendimentos de que trata o caput, observado o disposto no § 2o, poderá integrar a base de cálculo do Imposto sobre a Renda na Declaração de Ajuste Anual do ano calendário do recebimento, à opção irretratável do contribuinte. § 6o Na hipótese do § 5o, o Imposto sobre a Renda Retido na Fonte será considerado antecipação do imposto devido apurado na Declaração de Ajuste Anual. § 7o Os rendimentos de que trata o caput, recebidos entre 1o de janeiro de 2010 e o dia anterior ao de publicação da Lei resultante da conversão da Medida Provisória no 497, de 27 de julho de 2010, poderão ser tributados na forma deste artigo, devendo ser informados na Declaração de Ajuste Anual referente ao anocalendário de 2010. (...) (Grifouse) O fato de o contribuinte declarar os montantes recebidos do Departamento de Estradas de Rodagem da Bahia DERBA na ficha de rendimentos tributáveis recebidos de pessoa jurídica, com a dedução respectivo imposto de renda retido na fonte e, assim, tendo apurado o resultado do exercício, materializa a opção de tributar essas verbas pelo regime de ajuste anual. O interessado alegou que houve erro nesse preenchimento, inclusive quanto ao CNPJ da fonte pagadora, o qual foi corrigido pela fiscalização, mas foi negada a retificação do equívoco quanto ao regime de tributação. Nesse sentido, cabe ressaltar que o CNPJ da fonte pagadora, assim como outras informações na DIRPF são passíveis de correção pelo fisco, se verificado o erro de fato. Porém, a opção por oferecer os rendimentos recebidos acumuladamente à tributação sujeita ao ajuste anual é irretratável nos termos do § 5º, do art. 12A, da Lei nº 7.713/1988. Portanto, não é possível dar provimento ao recurso do interessado neste aspecto. Incidência de IRPF sobre juros relativos à verbas pagas em razão de reclamatória trabalhista Em decisão definitiva na sistemática de recurso repetitivo proferida pelo STJ no REsp 1.227.133/RS, combinado com a decisão no REsp 1.089.720/RS, afastouse a incidência do imposto de renda sobre os juros moratórios decorrentes do recebimento em atraso de verbas trabalhistas, independentemente da natureza destas, pagas no contexto da rescisão do contrato do trabalho, em reclamatória trabalhista ou não. Fl. 190DF CARF MF Processo nº 10540.720550/201318 Acórdão n.º 2202004.021 S2C2T2 Fl. 191 7 Esse entendimento passou a vincular a Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), em face da manifestação da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional na Nota PGFN/CRJ nº 1582/2012, e, recentemente, com os esclarecimentos da Solução de Consulta Interna nº 13 COSIT, de 2016; como também vincula as decisões no CARF, em razão do art. 62, § 2º, do Anexo II, do RICARF, de 2015. A primeira instância julgadora reconheceu que existe entendimento de que os juros moratórios sobre verbas trabalhistas recebidas por rescisão do contrato de trabalho são isentas do imposto de renda, conforme decisões proferidas pelo STJ na sistemática do art. 543 C do Código de Processo Civil e esclarecimentos contidos na Nota PGFN/CRJ nº 1582/2012. Assim, entendese que esse aspecto está superado na primeira instância. Contudo, a DRJ/RJO entendeu que não foi demonstrado pelo contribuinte, de forma cabal e idônea, qual seria a parcela correspondente aos juros inserida no montante bruto tributável. Nesse sentido, observase que a fiscalização apurou o montante tributável, englobando os juros moratórios, com base nas planilhas apresentadas nos autos pelo contribuinte (fls. 27/53), conforme se verifica no Termo de Constatação (fls. 06/09) e Termo de Verificação Fiscal (fls. 76/77). Logo, essas planilhas devem ser aceitas para retificação do valor lançado, desconsiderandose da base tributável a parcela proporcional aos juros. Contribuição Previdenciária (Funprev) O interessado aduz que a contribuição previdenciária também deve ser reduzida, independentemente da opção pelo desconto simplificado, nos termos do § 3º, II, do art. 12A, da Lei nº 7.713/88, na redação da Lei nº 12.350/10. Repetese, a seguir, a legislação citada: Art. 12A. Os rendimentos do trabalho e os provenientes de aposentadoria, pensão, transferência para a reserva remunerada ou reforma, pagos pela Previdência Social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, quando correspondentes a anoscalendários anteriores ao do recebimento, serão tributados exclusivamente na fonte, no mês do recebimento ou crédito, em separado dos demais rendimentos recebidos no mês. § 1o O imposto será retido pela pessoa física ou jurídica obrigada ao pagamento ou pela instituição financeira depositária do crédito e calculado sobre o montante dos rendimentos pagos, mediante a utilização de tabela progressiva resultante da multiplicação da quantidade de meses a que se refiram os rendimentos pelos valores constantes da tabela progressiva mensal correspondente ao mês do recebimento ou crédito. § 2o Poderão ser excluídas as despesas, relativas ao montante dos rendimentos tributáveis, com ação judicial necessárias ao Fl. 191DF CARF MF Processo nº 10540.720550/201318 Acórdão n.º 2202004.021 S2C2T2 Fl. 192 8 seu recebimento, inclusive de advogados, se tiverem sido pagas pelo contribuinte, sem indenização. § 3o A base de cálculo será determinada mediante a dedução das seguintes despesas relativas ao montante dos rendimentos tributáveis: I – importâncias pagas em dinheiro a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial, de acordo homologado judicialmente ou de separação ou divórcio consensual realizado por escritura pública; e II – contribuições para a Previdência Social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. § 4o Não se aplica ao disposto neste artigo o constante no art. 27 da Lei no 10.833, de 29 de dezembro de 2003, salvo o previsto nos seus §§ 1o e 3o. § 5o O total dos rendimentos de que trata o caput, observado o disposto no § 2o, poderá integrar a base de cálculo do Imposto sobre a Renda na Declaração de Ajuste Anual do ano calendário do recebimento, à opção irretratável do contribuinte. (...) (Grifouse) Como se depreende dos parágrafos 2º e 5º acima destacados, no caso dos autos, em que há opção por oferecer os rendimentos acumulados à tributação sujeita ao ajuste anual, apenas é permitido excluir do total dos rendimentos recebidos as despesas com a ação judicial necessárias ao seu recebimento, inclusive de advogados, quando pagas pelo contribuinte, sem indenização. As demais deduções devem seguir as regras relativas ao ajuste anual. Nesse aspecto, observase que a contribuinte apresentou a declaração do ano calendário 2010 com opção pelo desconto simplificado de vinte por cento (fls. 59), o qual abrange todas as deduções, incluindo os descontos de contribuição previdenciária.conforme trechos do RIR. aprovado pelo Decreto nº 3.000/99, a seguir: Art. 74. Na determinação da base de cálculo sujeita à incidência mensal do imposto, poderão ser deduzidas (Lei nº 9.250, de 1995, art. 4º, incisos IV e V): I as contribuições para a Previdência Social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; (...) Art. 84. Independentemente do montante dos rendimentos tributáveis na declaração, recebidos no anocalendário, o contribuinte poderá optar por desconto simplificado, que consistirá em dedução de vinte por cento desses rendimentos, limitada a oito mil reais, na Declaração de Ajuste Anual, dispensada a comprovação da despesa e a indicação de sua Fl. 192DF CARF MF Processo nº 10540.720550/201318 Acórdão n.º 2202004.021 S2C2T2 Fl. 193 9 espécie (Lei nº 9.250, de 1995, art. 10, e Medida Provisória nº 1.75316, de 11 de março de 1999, art. 12). § 1º O desconto simplificado substitui todas as deduções admitidas nos arts. 74 a 82 (Lei nº 9.250, de 1995, art. 10, § 1º). (...) (Grifouse) Assim, não é possível acatar o pedido do interessado quanto à dedução da contribuição previdenciária. Multa de Infração (de ofício) O interessado pede que a multa por infração também deve ser expurgada, por não ter agido de má fé. No entanto, tratase de multa correspondente ao percentual de 75% sobre o montante exigido, que deve ser aplicada pelo Fisco quando efetua o lançamento de ofício, nos termos do art. 44, I, da Lei nº 9.430/1996, a seguir: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) (...) Não há previsão legal para afastála em face da ausência de má fé do contribuinte. Assim, permanecendo tributos exigíveis neste lançamento, há que se manter a multa de oficio correspondente. Cálculos apresentados pelo interessado Não é possível acatar os cálculos trazidos pelo interessado no recurso, uma vez que esses foram por ele elaborados considerando a modalidade de tributação "exclusiva na fonte", a qual não foi adotada na declaração de ajuste anual, como já se tratou em item específico acima. Conclusão Por fim, diante do exposto, voto por conhecer do recurso voluntário e DAR LHE PARCIAL PROVIMENTO, para que seja excluído dos rendimentos tributáveis os juros moratórios. Fl. 193DF CARF MF Processo nº 10540.720550/201318 Acórdão n.º 2202004.021 S2C2T2 Fl. 194 10 (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Redator ad hoc Voto Vencedor Conselheiro Martin da Silva Gesto Redator designado Peço vênia a ilustre Relatora, Conselheira Rosemary Figueiroa Augusto, para divergir de seu voto no que tange a forma de tributação dos rendimentos recebidos acumuladamente pela contribuinte. Sobre os rendimentos recebidos acumuladamente no ano de 2010, como ocorreu no caso em questão, se aplica o art. 12A, da Lei nº 7.713/1988, incluído pela art. 44, da Lei nº 12.350/2010, já transcrito no voto da Conselheira Relatora. Como bem referiu a Relatora em seu voto, a contribuinte declarou os montantes recebidos do Departamento de Estradas de Rodagem da Bahia DERBA na ficha de rendimentos tributáveis recebidos de pessoa jurídica, com a dedução respectivo imposto de renda retido na fonte e, assim, tendo apurado o resultado do exercício. Com isso, nos termos da na legislação, materializouse a opção de tributar essas verbas pelo regime de ajuste anual. A contribuinte alegou que houve erro nesse preenchimento, inclusive quanto ao CNPJ da fonte pagadora, o qual foi corrigido pela fiscalização. Todavia, foi negada a retificação do equívoco quanto ao regime de tributação Ocorre que, como acertadamente referiu a ilustre Relatora, a opção por oferecer os rendimentos recebidos acumuladamente à tributação sujeita ao ajuste anual é irretratável nos termos do § 5º, do art. 12A, da Lei nº 7.713/1988. Então, claro está que a contribuinte não poderia, diante da opção irretratável que fez, ter seus rendimentos recebidos acumuladamente tributados pelo forma prevista no art. 12A, da Lei nº 7.713/1988. Deveria, portanto, ser tributada com a devida obediência ao regime de competência, ao invés do regime de caixa previsto no 12, da Lei nº 7.713/1988. Ou seja, diante da impossibilidade de tributar os rendimentos recebidos acumuladamente pelo art. 12A da Lei nº 7.713/1988, deveria o lançamento tributário ser realizado não pelo regime de caixa, mas sim por competência, obedecendose as tabelas, as alíquotas, e os limites de isenção de cada competência (mês a mês), o que não ocorreu. Importa referir que ao analisar a questão sob o rito dos recursos repetitivos, o Superior Tribunal de Justiça STJ, em decisão já transitada em julgado, firmou o entendimento de que no caso de recebimento acumulado, o Imposto de Renda da Pessoa Física – IRPF não deve ser calculado por regime de caixa, mas sim por competência, obedecendose as tabelas, as alíquotas, e os limites de isenção de cada competência (mês a mês): TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. AÇÃO REVISIONAL DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. PARCELAS ATRASADAS RECEBIDAS DE FORMA ACUMULADA. Fl. 194DF CARF MF Processo nº 10540.720550/201318 Acórdão n.º 2202004.021 S2C2T2 Fl. 195 11 1. O Imposto de Renda incidente sobre os benefícios pagos acumuladamente deve ser calculado de acordo com as tabelas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos, observando a renda auferida mês a mês pelo segurado. Não é legítima a cobrança de IR com parâmetro no montante global pago extemporaneamente. Precedentes do STJ. 2. Recurso Especial não provido. Acórdão sujeito ao regime do art. 543C do CPC e do art. 8º da Resolução STJ 8/2008. (REsp 1118429/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 24/03/2010, DJe 14/05/2010) No presente caso, a fiscalização realizou o lançamento utilizando o regime de caixa e não o de competência, conforme regra estabelecida no art. 12 da Lei nº 7.713, de 1988. Ao meu entender, o lançamento em questão não pode prosperar. Isso porque a constitucionalidade da utilização do art. 12 da Lei nº 7.713/88 para a cobrança do IRPF incidente sobre rendimentos recebidos de forma acumulada, através da aplicação da alíquota vigente no momento do pagamento sobre o total recebido, teve sua inconstitucionalidade reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do Recurso Extraordinário nº 614.406/RS, o qual foi submetido à sistemática da repercussão geral prevista no artigo 543B do Código de Processo Civil. De acordo com a referida decisão, transitada em julgado em 09/12/2014, ainda que seja aplicado o regime de caixa aos rendimentos recebidos acumuladamente pelas pessoas físicas (nascimento da obrigação tributária), é necessário, sob pena de violação aos princípios constitucionais da isonomia, da capacidade contributiva e da proporcionalidade, que o dimensionamento da obrigação tributária observe o critério quantitativo (base de cálculo e alíquota) dos anos calendários em que os valores deveriam ter sido recebidos, e não o foram. O julgamento recebeu a seguinte ementa: IMPOSTO DE RENDA – PERCEPÇÃO CUMULATIVA DE VALORES – ALÍQUOTA. A percepção cumulativa de valores há de ser considerada, para efeito de fixação de alíquotas, presentes, individualmente, os exercícios envolvidos. (RE 614406, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Relator(a) p/ Acórdão: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 23/10/2014 ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL MÉRITO DJe233 DIVULG 26112014 PUBLIC 27112014) O entendimento da Suprema Corte, em sede de repercussão geral, é de observância obrigatória pelos membros deste Conselho, conforme disposto no art. 62, § 2º da Portaria nº 343, de 09 de junho de 2015 (novo Regimento Interno do CARF), assim descrito: Art.62 (...) §2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria Fl. 195DF CARF MF Processo nº 10540.720550/201318 Acórdão n.º 2202004.021 S2C2T2 Fl. 196 12 infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Assim, considerando que o lançamento foi amparado na interpretação jurídica do art. 12 da Lei nº 7.713/88, é de se reconhecer que houve um vício material no lançamento, que utilizou fundamento legal inválido. Ante o exposto, voto por dar provimento ao recurso, para cancelar a exigência fiscal. (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto Redator designado Fl. 196DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13804.004251/2005-72
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 22 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3201-001.002
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência.
Winderley Morais Pereira - Presidente Substituto
Paulo Roberto Duarte Moreira- Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Renato Vieira de Ávila.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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Winderley Morais Pereira Presidente Substituto Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Renato Vieira de Ávila. Relatório Tratase o presente processo de pedido de ressarcimento de Cofins, relativo a receitas de exportação, referente a 10/2004 e 03, 04, 06, 07, 08, 09/2005. Por bem descrever os fatos ocorridos, até então, adoto o relatório da decisão recorrida, que transcrevo, a seguir: 4. O caso submetido à apreciação desta DRJ versa sobre declaração de compensação apresentada pela empresa Perdigão Agroindustrial S/A (incorporada posteriormente por BRF – Brasil Foods S/A), com o objetivo de compensar débitos próprios com supostos créditos de Cofins oriundos de operações de exportação, os quais teria apurado em outubro de 2004 e diversos meses de 2005 pelo regime não cumulativo e com fundamento no art. 6°, § 1°, da lei n° 10.833/2003. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 38 04 .0 04 25 1/ 20 05 -7 2 Fl. 3230DF CARF MF Processo nº 13804.004251/200572 Resolução nº 3201001.002 S3C2T1 Fl. 3 2 5. A declaração citada, apresentada em 04/11/2005, ocupa as fls. 1/8 dos autos. 6. Dada a complexidade da matéria e a necessidade de apurar a liquidez e certeza dos créditos informados pela requerente, a Divisão de Orientação e Análise Tributária (DIORT) da DERAT/SPO, em despacho de 22/08/2007 (fls. 74/75), determinou o envio do processo principal e seus apensos à DEFIS/SP para a realização de auditoria fiscal. 7. As autoridades tributárias incumbidas da diligência elaboraram em 22/07/2009 a informação fiscal anexa às fls. 88/90, na qual declaram em síntese que o sujeito passivo não apresentou a documentação mencionada no Termo de Início de Ação Fiscal (fls. 78/83), reiterado pelo Termo de Reintimação constante nas fls. 85/86, o que as impediu de analisar os créditos reivindicados. 8. Retornando os autos à DERAT/SP, a DIORT emitiu em 07/10/2009 o Parecer Decisório anexo às fls. 91/95, no qual se exprime nos seguintes termos: “Diante do exposto, indefiro o pedido de restituição e, como conseqüência, não homologo as compensações constantes das declarações de compensação vinculadas aos processos em tela, pela falta de comprovação dos créditos pleiteados, nos termos da legislação tributária vigente.” (fl. 94) 9. Intimado da decisão por via postal em 10/12/2009 (fl. 96 – v.), a interessada apresentou em 30/12/2009 a manifestação de inconformidade anexa às fls. 107/125, cujo teor resumo a seguir, acompanhada de diversos documentos (fls. 126/181). Resumo I. Apresenta inicialmente um quadro demonstrativo na fl. 108, no qual expõe minuciosamente o conteúdo da declaração de compensação ora examinada, informando a natureza dos débitos, bem como os respectivos valores, códigos e períodos de apuração. II. Afirma que o “histórico do objeto” emitido pelos Correios e anexo à fl. 84 indica meramente a data de entrega do Termo de Início de Fiscalização, não contendo o aviso de recebimento com o nome e assinatura do recebedor. Acrescenta que o setor responsável da empresa não recebeu o aludido documento, o que a levou a solicitar aos Correios informações acerca do nome do recebedor no intuito de averiguar se teria havido extravio no interior de suas dependências. III. Assevera que, ao receber o Termo de Reintimação, entrou em contato com os auditores fiscais por intermédio de seu patrono, a fim de obter cópia do Termo de Início de Fiscalização e solicitar prorrogação do prazo de 5 dias concedido para a entrega dos arquivos magnéticos, tendo em vista que o art. 2o da IN SRF n° 86/2001 lhe facultava prazo de 20 dias para cumprir tal exigência. IV. Observando que, além de indeferir o pedido de prorrogação, os auditores fiscais não aceitaram os arquivos magnéticos que lhes foram Fl. 3231DF CARF MF Processo nº 13804.004251/200572 Resolução nº 3201001.002 S3C2T1 Fl. 4 3 apresentados após o decurso do prazo de 5 dias, assinala que o prazo de atendimento da segunda intimação também deveria ser de 20 dias, visto que, embora possuam discricionariedade para decidir se devem reintimar ou não o contribuinte, não podem as ditas autoridades fixar o prazo a ser cumprido, quando este se encontra previsto em diploma legal. Entende portanto que a fixação do referido prazo constitui ato vinculado, diferentemente do envio de nova intimação, a seu ver ato discricionário da autoridade administrativa. V. Ressalta ademais ser desnecessária a verificação dos arquivos magnéticos pertinentes à contabilidade da empresa, alegando que, para atestar a existência e a validade dos créditos de Cofins apurados, bastaria analisar seus documentos fiscais, que sempre estiveram à disposição do Fisco, consistindo basicamente em DIPJ, DCTF, DACON, notas fiscais, livros de registro de entradas e saídas, etc. VI. Salienta a impossibilidade de apresentar no exíguo prazo de 5 dias os documentos requisitados, em virtude de seu volume expressivo, o qual se deve à quantidade de informações solicitadas e de lançamentos correspondentes. VII. No tocante ao item “6” do Termo de Início de Fiscalização, afirma que as notas fiscais de entrada e saída nele mencionadas sempre estiveram à disposição do Fisco e continuam a sua disposição. VIII. Esclarece que os créditos de cofins pleiteados, como consta no demonstrativo anexo à fl. 2, provêm de custos, despesas e encargos vinculados a receitas de exportação e que os apurou na forma da lei n° 10.833/2003, declarandoos devidamente na DIPJ e no DACON IX. Ressalta que as autoridades fiscais, além de não abordar nenhum aspecto relativo à inexistência do direito creditório ou do seu quantum, não comprovaram que ele seja ficto ou inventado. X. Voltando a mencionar o DACON, o demonstrativo de créditos de Cofins anexo à fl. 2, a DCTF e a DIPJ, assinala que os auditores fiscais não lhes questionaram a veracidade ou validade. XI. Declara que, ao não apreciar os arquivos magnéticos, a DIPJ (fichas 24 e 25), o DACON, a DCTF, as notas fiscais de saída e de entrada e os livros fiscais, que sempre estiveram à disposição do Fisco, o autor do parecer decisório impugnado feriu os princípios da instrumentalidade processual e da verdade material. XII. Afirma haver juntado aos autos 1 DVD contendo os arquivos magnéticos solicitados, assim como cópia física dos seguintes documentos: DACON, Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais — DACON e Demonstrativo do Crédito de Cofins (“Anexo 2”). XIII. Finalmente, estribada em diversos julgados do Conselho de Contribuintes transcritos nas fls. 115/124, requer que — na linha desses precedentes e em nome do princípio da verdade material — este órgão judicante anule o presente processo a partir do despacho decisório e determine que a autoridade a quo analise o pedido de restituição à luz dos documentos e arquivos magnéticos trazidos aos autos, “deferindose, por conseguinte, o pedido de restituição e Fl. 3232DF CARF MF Processo nº 13804.004251/200572 Resolução nº 3201001.002 S3C2T1 Fl. 5 4 homologandose as compensações declaradas vinculadas ao presente processo” (fl. 125). 10. É o relatório. O pleito foi indeferido no julgamento de primeira instância, nos termos do acórdão 1625.463 de 27/05/2010, proferida pelos membros da 6ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo/SP, cuja ementa dispõe, verbis: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2004, 2005 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. A falta de comprovação do crédito informado não permite a homologação das compensações declaradas. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Inconformada, a recorrente apresentou recurso voluntário, tempestivamente, onde repisou os argumentos anteriormente apresentados. Submetido a julgamento nesta Turma Ordinária, em preliminar, fora suscitada dúvida quanto à regularidade da ciência ao contribuinte do Mandado de Procedimento Fiscal e do Termo de Início de Ação Fiscal, realizada por via postal (Correios, com AR). Por conseguinte, com unanimidade de votos, a Turma decidiu pela conversão do julgamento em DILIGÊNCIA, através da Resolução de n° 3201000.573, de 25/01/2016 (fls. 3.114/3.119) para que a unidade de origem anexasse aos autos cópias do AR, nos termos abaixo: Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator. O recurso atende a todos os requisitos de admissibilidade previstos em lei, razão pela qual dele se conhece. O litígio versa sobre pedido de compensação de débito próprio com crédito da Cofins apurada sob o regime não cumulativo oriundo de operações de exportação de mercadorias para o exterior. Indeferido o pleito e mantida a decisão pela instância a quo, a Recorrente comparece a este Colegiado Administrativo alegando, preliminarmente, a nulidade do Despacho Decisório, ao fundamento de cerceamento ao seu direito de defesa. Argumenta que, através do Termo de Início de Ação Fiscal de fls. 85/90, teria sido intimada a apresentar, no prazo de 5 (cinco) dias, uma série de documentos e arquivos magnéticos referentes a compensações de débitos seus com créditos de PIS/Cofins, solicitação que, no entanto, sustenta jamais ter chegado ao seu conhecimento, embora conste nos autos extrato dos Correios indicando que a entrega se deu em 17/04/2009 (fl. 91). Posteriormente, em 29/05/2009, foi Fl. 3233DF CARF MF Processo nº 13804.004251/200572 Resolução nº 3201001.002 S3C2T1 Fl. 6 5 reintimada a apresentar, também no prazo de 5 (cinco) dias, os documentos e arquivos antes solicitados (Termo de Reintimação de fls. 92/93), que foi recebido em 24/06/2009, conforme cópia do Aviso de Recebimento AR de fls. 94. Assevera que, em face do exíguo prazo para a apresentação dos documentos e arquivos magnéticos, o que estaria em desacordo com o disposto no art. 2° da Instrução Normativa – IN SRF n° 86, de 2001, solicitou a dilação de prazo à fiscalização, pedido que, todavia, foi indeferido, “não tendo sido aceita a apresentação de qualquer documento à fiscalização após 29 de junho de 2009 (5 dias após o recebimento do Termo de Reintimação)”. Em seguida, a unidade de origem prolatou a sua decisão, negando, por falta de comprovação do crédito vindicado, o pedido formulado pela Recorrente. Pois bem. De início, verificamos existir uma irregularidade na intimação que teria ocorrido por meio do primeiro Termo de Início de Ação Fiscal: não há nos autos prova de que tenha sido recebido no endereço cadastral da Recorrente, uma vez que não anexado aos autos o AR correspondente, mas apenas informação unilateral, extraída do site dos Correios, de que a entrega teria ocorrido em 17/04/2009. A lei processual, contudo, exige a prova do recebimento, vale dizer, a assinatura do recebedor, que não necessariamente precisa ser o representante legal do contribuinte, sendo perfeitamente válida a intimação mesmo que o AR tenha sido firmado por membro de sua família ou pelo porteiro do prédio onde mora ou onde funciona o seu estabelecimento. É o que estabelece o art. 23 do Decreto nº 70.235, de 1972, na redação dada pelo Redação dada pelo art. 67 da Lei n.º 9.532/1997: Art. 23. Farseá a intimação: (...) II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo;” (g.n.) Considerar, tal como considerou a decisão recorrida, que o simples histórico da entrega do AR, extraído do sítio eletrônico dos Correios, constituiria documento oficial dotado de fé pública, demandando, para que se o infirme, prova em contrário, significa exigir da Recorrente apresentar prova negativa do fato da intimação, algo absolutamente impossível de ser realizado. Ante o exposto, voto por CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA, a fim de que a unidade de origem anexe aos autos cópia do AR correspondente à primeira intimação cuja data de realização consta do extrato dos Correios de fl. 91. Ao término do procedimento, devem os autos retornar a este Colegiado para julgamento. É como voto. Charles Mayer de Castro Souza Fl. 3234DF CARF MF Processo nº 13804.004251/200572 Resolução nº 3201001.002 S3C2T1 Fl. 7 6 Retornou da unidade de origem com a juntada dos seguintes documentos: a) Cópia do Ofício 101/2016, de 04/05/2016 (fl. 3.127) – RFB/Delex encaminhado aos Correios (GENCO). b) Cópia do Ofício 8449/2016, de 11/05/2016 (fl. 3.129/3.131) – GENCO/SPM – GMRO01/DEOPE/VIENC encaminhado à RFB. O Ofício 101/2016 fora encaminhado à Genco – Gerência de Encomendas da Diretoria São Paulo Metropolitana dos Correios, que é setor dos correios responsável por manter informações sobre as encomendas, solicitando a 2ª via do AR nº SX604609249BR A resposta dos Correios deuse por intermédio do Ofício 8449/2016 que, em síntese, afirmou não mais dispor do documento, e informou que o Sr. Josué Mendes da Silva é quem havia recebido a correspondência (Termo de Início) cujo AR é o de nº SX604609249BR . Submetido a novo julgamento, na sessão de 25/01/2017, este relator propôs nova conversão em diligência em razão da ausência de ciência do resultado da diligência à interessada. Assim, por intermédio da Resolução nº 3201000.772 a Turma decidiu determinar o retorno dos autos à Unidade de Origem para suprir a deficiência processual. A interessada foi cientificada e se manifesta (fls. 3.212/3.226) quanto ao resultado da diligência e documentos acostados, que em síntese aduz: a. Resta evidenciada a nulidade do procedimento de fiscalização em razão da intimação revelarse inválida e irregular; b. Não fora cumprida a determinação deste CARF para anexar cópia do AR, com a comprovação da entrega do objeto (Termo de Início de Ação Fiscal); c. A fiscalização da RFB tivera oportunidade para sanar o vício da intimação, contudo sem fazêla; d. O Ofício expedido por setor dos Correios não supre a ausência de comprovação do recebimento da regular intimação no domicílio tributário eleito pelo contribuinte, como preceitua o inciso II, do art. 23 do Decreto nº 70.235/1972; e. A conclusão é que jamais ocorrera sua intimação no Termo de Início de Ação Fiscal lavrado em 14/04/2009; f. A jurisprudência do CARF é pacífica em afirmar a necessidade da comprovação da intimação mediante a apresentação do AR assinado e datado (cita acórdãos); Finaliza suas razões com o pedido de reconhecimento de nulidade de todos os atos processuais posteriores à irregular intimação do Termo de Início de Ação Fiscal. O processo foi redistribuído e encaminhado a este Conselheiro para prosseguimento, de forma regimental. É o relatório. Voto Fl. 3235DF CARF MF Processo nº 13804.004251/200572 Resolução nº 3201001.002 S3C2T1 Fl. 8 7 Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator. O recurso voluntário fora recebido como tempestivo, razão pela qual esta Turma apreciouo em julgamento anterior e dele tomou conhecimento. A conversão do julgamento em diligência teve o claro escopo de verificar a existência de comprovante de entrega da intimação por intermédio de AR, com data e assinatura do recebedor, pois do contrário evidenciaria irregularidade na intimação. Com o devido respeito ao entendimento exarado pela Turma no julgamento de 23/02/2016, penso despiciendo enfrentar questão relativa à ciência do Termo de Início de Ação Fiscal, de 14/04/2009 (fls. 85/90). Eis as razões. A uma, a contribuinte não nega seu recebimento, mas tão somente alega que o Termo não fora recebido pelo setor responsável pelo atendimento à Fiscalização (fl. 122), com os excertos reproduzidos; a duas, a Fiscalização diligentemente procedeu à reintimação da recorrente, mediante o envio pelos Correios do Termo de Reintimação, de 29/05/2009 (fls. 92/93), entregue no domicílio da contribuinte, em 24/06/2009, conforme AR (fl. 94). Assim, entendo inexistência da alegada falta de intimação do conteúdo do Termo de Início de Ação Fiscal, pois restou suprido pelo Termo de Reintimação do qual a recorrente mostrou ter pleno conhecimento em suas peças recursais. Conquanto a complementação das alegações da recorrente e a correspondente documentação comprobatória terem sido apresentadas após Despacho Decisório, o que, em tese, estaria atingida pela preclusão consumativa, o entendimento predominante deste Colegiado é no sentido da prevalência da verdade material, mormente quando a Turma de Julgamento de primeira instância manteve a decisão denegatória da compensação, com base no argumento de que não foram apresentadas as provas adequadas e suficientes à comprovação do crédito compensado, quando tal questão não fora abordada no âmbito do Despacho Decisório guerreado. Há ainda questão relevante acerca do diminuto prazo concedido para a apresentação de substancioso conjunto de documentos e providências comprobatórias do alegado direito creditório, que por certo demandaria prazo superior aos 05 (cinco) dias concedidos pela fiscalização. Vejo sob esta ótica mais uma vertente do princípio da verdade material que rege o processo administrativo, pois que na instauração do contencioso foram apresentados pelos contribuinte argumentos e indícios que apontam para um direito seu perante o Fisco, assim, mister se faz a mitigação da preclusão na apresentação de provas. Pois bem. O Termo de Início de Ação Fiscal e o Termo de Reintimação tiveram por escopo intimar a contribuinte a comprovar seu direito creditório declarado em PER/DCOMP. Coube o procedimento à Delegacia de Fiscalização de São Paulo DEFIS/SP em face da complexidade da matéria e a necessidade de apurar a liquidez e certeza dos créditos, como apontado (fl. 81): Tendo em vista a complexidade que advém da análise desse incentivo fiscal, bem como a necessidade de comprovação da liquidez e certeza do crédito pretendido, o presente deve ser encaminhado ao Órgão Fl. 3236DF CARF MF Processo nº 13804.004251/200572 Resolução nº 3201001.002 S3C2T1 Fl. 9 8 competente a fim de que seja realizada auditoria fiscal para apurar a exatidão das informações prestadas pelo contribuinte, em conformidade com o artigo 24 da Instrução Normativa n° 600/2005 da Secretaria da Receita Federal (...) Entendeu a fiscalização que seriam necessários documentos normalmente possuídos pela contribuinte (declarações de entrega à RFB DIPJ, DCTF, DACON, notas fiscais, Livros fiscais e contábeis), além de arquivos digitais e planilhas de dados a serem elaboradas conforme ato normativo da Receita Federal e/ou "layout" especificado pela autoridade solicitante. O prazo para atendimento de intimação fiscal para apresentação de arquivos digitais é regido pela Lei nº 8.218/91, com a redação alterada pela Medida Provisória nº 2.158 35/2001: Art. 11 As pessoas jurídicas que utilizarem sistemas de processamento eletrônico de dados para registrar negócios e atividades econômicas ou financeiras, escriturar livros ou elaborar documentos de natureza contábil ou fiscal, ficam obrigadas a manter, à disposição da Secretaria da Receita Federal, os respectivos arquivos digitais e sistemas, pelo prazo decadencial previsto na legislação tributária. .(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001). (...) § 3º A Secretaria da Receita Federal expedirá os atos necessários para estabelecer a forma e o prazo em que os arquivos digitais e sistemas deverão ser apresentados. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001). § 4º Os atos a que se refere o § 3º poderão ser expedidos por autoridade designada pelo Secretário da Receita Federal. Atendendo a essa determinação, a Receita Federal editou a Instrução Normativa nº 86, de 2001, que dispõe, textualmente: O SECRETÁRIO DA RECEITA FEDERAL, no uso da atribuição que lhe confere o inciso III do art. 209 do Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal, aprovado pela Portaria MF Nº 259, de 24 de agosto de 2001, e tendo em vista o disposto no art. 11 da Lei Nº 8.218, de 29 de agosto de 1991, alterado pela Lei Nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991, com a redação dada pelo art. 72 da Medida Provisória Nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001, resolve: Art. 1º. As pessoas jurídicas que utilizarem sistemas de processamento eletrônico de dados para registrar negócios e atividades econômicas ou financeiras, escriturar livros ou elaborar documentos de natureza contábil ou fiscal ficam obrigadas a manter, à disposição da Secretaria da Receita Federal (SRF), os respectivos arquivos digitais e sistemas, pelo prazo decadencial previsto na legislação tributária. (...) Art. 2º. As pessoas jurídicas especificadas no art. 1º, quando intimadas pelos AuditoresFiscais da Receita Federal, apresentarão, no prazo de vinte dias, os arquivos digitais e sistemas contendo informações relativas aos seus negócios e atividades econômicas ou financeiras. Fl. 3237DF CARF MF Processo nº 13804.004251/200572 Resolução nº 3201001.002 S3C2T1 Fl. 10 9 Há ainda a previsão legal para se intimar concedendo o mesmo prazo de vinte dias e, em situação específica, o prazo de cinco dias úteis, prevista no art. 71, da MP nº 2.15835, de 2001, que alterou a redação do artigos 19 da Lei nº 3.470/1958, conforme abaixo destacado: Art. 71. O art. 19 da Lei nº 3.470, de 28 de novembro de 1958, passa a vigorar com as seguintes alterações: Art. 19. O processo de lançamento de ofício será iniciado pela intimação ao sujeito passivo para, no prazo de vinte dias, apresentar as informações e documentos necessários ao procedimento fiscal, ou efetuar o recolhimento do crédito tributário constituído. § 1º Nas situações em que as informações e documentos solicitados digam respeito a fatos que devam estar registrados na escrituração contábil ou fiscal do sujeito passivo, ou em declarações apresentadas à administração tributária, o prazo a que se refere o caput será de cinco dias úteis. Assim, temse prazos distintos para a intimações que visam a entrega de arquivos digitais e informações/documentos necessários ao procedimento fiscal vinte dias; e aquele em que as informações e documentos referemse a fatos que devam estar registrados na escrituração contábil ou fiscal cinco dias úteis. Na situação presente, vislumbrase apresentação de arquivos, documentos e informações necessários aos procedimento fiscal e aqueles que devam estar registrados na escrituração contábil/fiscal. Portanto, razoável seria que a intimação concedesse o prazo único de cumprimento de 20 (vinte dias) a todas às solicitações. Por outro lado, a exigência de apresentação de arquivos digitais e planilhas no prazo de cinco dias encontrase em desacordo com o que determina a legislação que rege o tema. Tal fato, ao meu sentir torna perfeitamente razoável e necessária a flexibilização das regras de preclusão estabelecidas no § 4º, do art. 16 do Decreto nº 70.235/72 para que se analise todos os documentos apresentados, relacionados nos Anexos da Manifestação de Inconformidade e em sede de Recurso Voluntário, dentre eles: a. Cópia do Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais DACON; b. Cópia da Ficha 25 da DIPJ onde consta a base de cálculo da Cofíns Regime Nãocumulativo Incidência Total ou parcial; c. Cópia da Ficha 24 da DIPJ onde consta a Apuração dos Créditos da Cofíns Regime nãocumulativo, cujas informações conferem com o DACON; d. Planilhas informando a composição dos valores constante da DACON (linha a linha), indicando as contas contábeis lançadas; e. Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais DACON; e Demonstrativo do crédito da COFINS; Fl. 3238DF CARF MF Processo nº 13804.004251/200572 Resolução nº 3201001.002 S3C2T1 Fl. 11 10 f. Planilha Excel contendo as informações das DACONs conforme leiaute previsto na intimação, com seu respectivo hash code (recibo SVA em conjunto); g. Livros de registro de Entradas e Saídas do ano calendário de 2004/2005 (item 7 do Termo de Intimação); h. Arquivos magnéticos 4.1.1, 4.1.2, 4.3.1, 4.3.2, 4.3.3. 4.3.4, 4.3.5, 4.3.6, 4.4.1, 4.5.2 (individual para cada início e fim de mês), 4.6.1, 4.7.1, 4.9.1, 4.9.2, 4.9.5, conforme "layout" definido pela IN SRF 86/2001, do ano calendário de 2004/2005 (item 7 do Termo de Intimação); i. Planilha em Excel com a identificação dos produtos utilizados pela empresa referente a Combustíveis e Energia Elétrica nos arquivos 4.3.4 (arquivo de itens de mercadorias/Serviços (entradas) Emitidas por Terceiros). Ressaltase que este entendimento coadunase com aquele expresso por este Colegiado no julgamento do processo nº 13804.000470/200582, da mesma recorrente e com semelhança fática: Nesse sentido, não tendo sido apreciado quaisquer documentos juntados aos autos em detrimento da Verdade Material, proponho a conversão do julgamento em diligência, para que o processo retorne à autoridade preparadora, para serem apreciados os documentos trazidos aos autos, e outros, que se entendam necessários, nesse caso dandose o prazo de 30 dias, para que referida documentação seja apresentada pela Recorrente. Analisados os documentos e elaborado o relatório de diligência, intimese a Recorrente e a Procuradoria da Fazenda Nacional, para que, desejando, manifestemse. Após, retornem os autos a esse Turma Julgadora, para prosseguimento do julgamento. (Resolução 3201 000.645, sessão de 23/02/2016, Cons. Relatora Conselheira Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo) Assim, pactuo com a decisão exarada em processo semelhante da mesma recorrente e voto para a CONVERSÃO DO JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA, nos mesmos termos da Resolução nº 3201000.645, para a análise dos documentos "a" a "i", antes mencionados, dandose às partes o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável uma única vez por igual, para a manifestação ao relatório de diligência. É como voto. Paulo Roberto Duarte Moreira. Fl. 3239DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10715.004580/93-75
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Feb 02 00:00:00 UTC 2011
Ementa: CLASSIFICACAO DE MERCADORIAS
Data do fato gerador: 27/07/1990
MULTA POR ERRO NA CLASSIFICAÇÃO. METIL CENEDRIL CETONA. VERTOFIX COEUR.
Mistura de isômeros contendo diversas cetonas e subprodutos próprios da reação química a que foi submetido o óleo de cedro - acetilação, considerados inseparáveis por processo industrial Ainda que tenha sido aceita pela Câmara a quo a classificação alegada pela administração tributária 3302.90.0100. o grau de impureza, em qualquer teor, desde que resultante do processo
químico de obtenção do produto, e que seja inseparável por razões
econômicas, não é importante para os efeitos de classificação fiscal.
Só é passível a aplicação das multas quando a descrição do produto não permite enquadrá-lo corretamente, o que não é o caso destes autos.
Recurso Especial do Procurador Negado.
Numero da decisão: 9303-001.348
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar
provimento ao recurso. Votou pelas conclusões o Conselheiro Henrique Pinheiro Torres. Declarou-se impedida de votar, em razão da parte, a conselheira Nanci Gama.
Nome do relator: Judith Amaral Marcondes Armando
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ASSUNTO: CLASSIFICACAO DE MERCADORIAS Data do fato gerador: 27/07/1990 MULTA POR ERRO NA CLASSIFICAÇÃO. METIL CENEDRIL CETONA. VERTOFIX COEUR. Mistura de isômeros contendo diversas cetonas e subprodutos próprios da reação química a que foi submetido o óleo de cedro - acetilação, considerados inseparáveis por processo industrial Ainda que tenha sido aceita pela Câmara a quo a classificação alegada pela administração tributária 3302.90.0100. o grau de impureza, em qualquer teor, desde que resultante do processo químico de obtenção do produto, e que seja inseparável por razões econômicas, não é importante para os efeitos de classificação fiscal. S6 é passível a aplicação das multas quando a descrição do produto não permite enquadrá-lo corretamente, o que não é o caso destes autos. Recurso Especial do Procurador Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, ern negar provimento ao recurso. Votou pelas conclusões o Conselheiro Henrique Pinheiro Torres. Declarou-se impedida de votar, em razão da parte, a con hetra Nanci Gama. 11 CL • udith A a al Marcondes ArmiIdRelà tora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Susy Gomes Hoffmann, Judith do Amaral Marcondes Armando, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Leonardo Siade Manzan, Henrique Pinheiro Torres, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Possas, Maria Teresa Martinez Lopez e Caio Marcos Cândido. Relatório Por hem descrever os fatos, adoto o Relatório do acórdão recorrido: O Contribuinte em referência importou, ao amparo da Declaração de impor/ação (DI) n° 16.048/89, mercadoria assim especificado (fls. 2 a 17): A IETIL CEDRENIL CE TONA, tipo COL/ER, 98% de pureza aproximada . TAB/8'H: 2914.29.9900 (Imposto de Importação: 40% coin redução pura 8% 1 Imposto sobre Produtos Industrializados: 0%). A 171ellCionada Declaração de Importação foi desembaraçada soh "Termo de Responsabilidade" firmado no campo 17 ° 24 do citado documento, sob compromisso de recolhimento de tributos e multas ou outros encargos fiscais que vierem a ser apurados em conseqüência do exame, se o resultado da analise não confirmar a exatidão do que houver sido declarado nos termos do item n° 02, da Instrução Normativa (SRF) n° 14/85. Entretanto, durante o Ato de Revisão Aduaneira realizada em 08/07/1993, pela Autoridctde Fiscal, a mercadoria fbi identificado com base no laudo Técnico n° 21411/89, emitido pelo Laboratório de Análises do Ministério da Fazenda (f/s. 15), COMO: Mistura odorífera para uso em perfumaria onde foi detectada a presença de METIL CEDRENIL CETONA, TAB: 3302.90.0100 (hnposto de Importação: 60%; Impost° sobre Produtos Industrializados: 12%). Assim sendo, o Contribuinte foi autuado por incorreta classificação lar//ária e declaração indevida de mercadoria despachada na referida Declaração de Importação (fls.. 01). O Contribuinte foi devidamente intimado e, em impugnação tempestiva alegou, ell7 síntese, que a exigência consubstanciado no Auto de infração apresentava imperfeição e carecia de elementos Indispensáveis a uma decisão segura sobre a nuttéria ([is. 17 a 20). O Agente Fiscal autuante não acolheu as razries de defesa sob o argumento de que a impugnação apresentada em nada acrescentou ou modificou o laudo de análises do Labor, mantendo o Auto de Infração lavrado (fls. 21). Processo n° 10715.004580/93-75 Acórdão n.° 9303-01.348 A Autoridade de Primeira Instância converteu o julgamento em diligência para que o Laboratório de Analises do Ministério da Fazenda respondesse aos quesitos referentes ao produto VER TOFIX COUER, objeto do Laudo de Analise n° 21.411/89, necessários para afirmar com convicção acerca da matéria, assim como foi notificada, a Interessada, a apresentar os quesitos que deseja submeter à apreciação do Instituto Nacional de Tecnologia (fls. 23 a 26). Considerando o fato de existir comprovada divergência quanto a sua caracterização como "produto de constituição química definida" entre o Labor (jls. 28/29) e o Instituto Nacional de Tecnologia (fls. 39/40), a referida autoridade solicitou novo pronunciamento do Labor que prestou as informações técnicas 044/ 98 «is. 43/44): Como o litígio em causa está ligado à aplicação ou não do conceito de "composto de constituição química definida apresentado isoladamente" ao produto ME TIL CEDRENIL CETONA (VERTOFIX COVER,), a Autoridade juntou a titulo de subsidio, o pronunciamento do Conselho Regional de Química sobre a matéria correlata e, por fim, deu-se ciência à interessada todas as informações colhidas, fornecendo novo prazo para editar suas razões de defesa (fls. 54/55). Na sua Segunda Impugnação, a Recorrente não trouxe qualquer novo elemento de Juizo, limitando-se a reproduzir trechos dos pareceres técnicos colhidos e a solicitar nova diligência. Pelo fato de ter sido dado ampla e irrestrita oportunidade de defesa à Interessada sem que a mesma apresentasse argumentos de fato sobre a matéria, a Autoridade de Primeira Instancia deixa de atender ao pleito de nova perícia. Por oportuno, a referida Autoridade observa que a Interessada não contestou (fls. 59/65) em nenhum momento a afirmação do Labor de que o METIL CEDRENIL CE TONA representaria apenas 53,2% da composição da amostra analisada, o que, além de reforçar o entendimento de que os demais componentes encontrados não seriam meras "impurezas" resultantes do processo de fabricação, mas substâncias proporcionalmente deixadas para torná-lo apto para o fim especifico a que se destina, qual seja, o uso como substancia odorífera na indústria da perfumaria, com classificação, pela RG1 1, combinada com a RGI 6 do capitulo 33, posição 3302, subitenz 3302.90.0100. O acórdão foi assim ementado: CETONAVERTOFIX COEUR Mistura odorífera para uso em perfumaria, ica-se no código TAB/SH 3302.90.0100. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. CSRF-T3 Fl. 333 A decisão foi embargada pela Fazenda Nacional, não tendo o presidente do Terceiro Conselho de Contribuintes acatado o pedido. 3 Inconformada, a Procuradoria apresentou recurso especial, o qual foi recebido nos termos do Regimento Interno, à época em vigor. A autoridade executora apresentou embargos declaratórios motivados por erro material. O pedido resultou no Acórdão n° 30131.139, cuja ementa foi assim registrada: NORMAS PROCESSUAIS - EMBARGOS DE DECLARAÇÃO -A omissão no julgamento de questão veiculada no Recurso Voluntcirio impõe o conhecimento de Embargos de Declaração. MULTA - CLASSIFICAÇÃO FISCAL - AFASTAMENTO - Estando corretamente descrita a mercadoria importada nos documentos que ampararam a importação, deve ser afastada a penalidade por força do Ato Declaratório (Normativo) n 0. 10/97. EMBARGOS PROVIDOS A Procuradoria apresentou recurso especial, fls. 123/129, por meio do qual requereu a reforma do acórdão ora fustigado, alegando contrariedade à evidência das provas. 0 recurso foi admitido pelo Presidente da la Camara do Terceiro Conselho de Contribuintes, por meio de despacho As fls. 130/132. O sujeito passivo apresentou recurso especial As fls. 136/189, e contra razões As fls. 190/197. O recurso do sujeito passivo não foi admitido. É o relatório. Voto Conselheira Judith do Amaral Marcondes Armando, Relatora Aprecio o Recurso Especial interposto em nome da Fazenda Nacional, irresignada diante da decisão proferida pela Camara a quo, que determinou e exclusão das multas por classificação errada de mercadoria descrita corretamente. Revendo as provas contidas nos autos, exatamente para saber se a mercadoria estava ou não descrita corretamente percebi que a descrição incorreta alegada pela Procuradoria refere-se ao grau de impureza descrito na DI. O laudo mencionado pela PGFN, do LABOR, fala em mistura odorífera para uso em perfumaria onde foi detectada a presença de metil cedril cetona. 4 Judith do maral Marcondes Armando e Processo n° 10715.004580/93-75 CSRF-T3 Acórdão n.° 9303-01.348 Fl. 2'4 Observo que, para classificação fiscal correta desse produto o fato de existirem impurezas, em qualquer quantidade, desde que resultantes do processo químico de sua obtenção, e não separável por razões econômicas, não é importante. Transcrevo o brilhante voto as fis 147 a 151, do relator YUGHO IKEMOTO. No caso, as impurezas mencionadas resultam do processo químico a que foi submetida a mercadoria, e não foram acrescentadas pelo produtor para dar finalidade especifica ao produto, e tampouco foram retiradas em razão do elevado custo de fazê-lo. Ademais, ainda que o Recurso especial interposto pelo contribuinte não tenha obtido segmento por falta do cumprimento de um dos pressupostos para admissibilidade, no caso a ausência de paradigmas — é .fato inconteste que a administração tributária já aceita a nomenclatura adotada pela empresa. Assim, considerando o teor do voto mencionado, voto por desprover o Recurso Especial da PGFN. e 5
score : 1.0
Numero do processo: 10530.904872/2011-75
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Aug 10 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3201-000.987
Decisão: Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Orlando Rutigliani Berri (Suplente convocado), Marcelo Giovani Vieira e Renato Vieira de Ávila (Suplente convocado).
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Orlando Rutigliani Berri (Suplente convocado), Marcelo Giovani Vieira e Renato Vieira de Ávila (Suplente convocado). Relatório Tratase de Recurso Voluntário apresentado pelo contribuinte supra identificado em face do acórdão da DRJ Belo Horizonte/MG que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade manejada para se requerer a reforma do despacho decisório exarado pela repartição de origem. De acordo com o despacho decisório, o crédito informado na Declaração de Compensação já se encontrava integralmente alocado a outro débito do sujeito passivo, decorrendo daí o indeferimento do pedido de restituição. Na Manifestação de Inconformidade, o contribuinte requereu o reconhecimento do direito à restituição da contribuição recolhida sobre receitas estranhas ao conceito de faturamento, em face da inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/1998, declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento submetido à sistemática da repercussão geral, cujo teor deve ser reproduzido pelos Conselheiros do CARF, por força do disposto no art. 62A do Regimento Interno do CARF. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 05 30 .9 04 87 2/ 20 11 -7 5 Fl. 1159DF CARF MF Processo nº 10530.904872/201175 Resolução nº 3201000.987 S3C2T1 Fl. 3 2 A decisão da DRJ Belo Horizonte/MG, denegatória do direito pleiteado, fundamentouse na falta de comprovação da liquidez e certeza do crédito, dada a ausência de apresentação da prova do indébito. Cientificado da decisão de primeira instância, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário, reiterando a existência do crédito tributário postulado e requerendo seu integral deferimento, tendose em conta o princípio da verdade material que exige o aprofundamento da investigação dos fatos por parte da Fiscalização, em face do conjunto probatório por ele produzido. É o relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução nº 3201000.905, de 29/06/2017, proferido no julgamento do processo 10530.904837/201156, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução nº 3201000.905): A questão em apreço se resolveria pela aplicação do decidido pelo Supremo Tribunal Federal em sede de repercussão geral, conforme ementa a seguir transcrita: "RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ de 1º.9.2006; REs nos 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006) Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98." (RE 585235 QORG, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, julgado em 10/09/2008, REPERCUSSÃO GERAL MÉRITO DJe227 DIVULG 27 112008 PUBLIC 28112008 EMENT VOL0234310 PP02009 RTJ VOL0020802 PP00871 ) Temse, então, que o § 1° do art. 3° da Lei 9.718/98 foi declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. Como sabido, a aplicação do decidido pela Corte Suprema em sede de repercussão geral é de aplicação obrigatória por parte deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, conforme se depreende da redação do art. do RICARF: "Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: Fl. 1160DF CARF MF Processo nº 10530.904872/201175 Resolução nº 3201000.987 S3C2T1 Fl. 4 3 (...) II que fundamente crédito tributário objeto de: (...) b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal o u do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei n º 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016)" A jurisprudência deste colegiado administrativo é pacífica em relação ao tema. Vejamos: "Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/09/2001 a 30/09/2001 COFINS. BASE DE CÁLCULO. ART. 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718/1998. INCONSTITUCIONALIDADE DE DECLARADA PELO STF. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. APLICAÇÃO DO ART. 62 DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. OBRIGATORIEDADE DE REPRODUÇÃO DO ENTENDIMENTO. O §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/1998 foi declarado inconstitucional pelo STF no julgamento do RE nº 346.084/PR e no RE nº 585.235/RG, este último decidido em regime de repercussão geral (CPC, art. 543B). Assim, deve ser aplicado o disposto no art. 62 do Regimento Interno do Carf, o que implica a obrigatoriedade do reconhecimento da inconstitucionalidade do referido dispositivo legal." (Processo 11516.002621/200719; Acórdão 3401003.239; Conselheiro LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJO BRANCO, Sessão de 26/09/2016) Ocorre que, no caso em debate tanto o despacho decisório, quanto a decisão proferida em sede de manifestação de inconformidade informam não estar comprovada a certeza e a liquidez do direito creditório. A decisão, portanto, foi no sentido de que inexiste crédito apto a lastrear o pedido da recorrente. No entanto, entendo como razoável as alegações produzidas pela recorrente aliado aos documentos apresentados nos autos, o que atesta que procurou se desincumbir do seu ônus probatório em atestar a existência dos créditos alegados. A recorrente além das DCTF's apresentou planilha de cálculo, balancete e comprovante de arrecadação referente ao período em apreço e, por fim, juntamente com o seu recurso anexa o LivroRazão. Neste contexto, a teor do que preconiza o art. 373 do diploma processual civil, teve a manifesta intenção de provar o seu direito creditório, sendo que tal procedimento, também está pautado pela boafé. Saliento o fato de assistir razão à recorrente quando alega que a falta de retificação de declaração não tem o condão de tornar devido o que é indevido, sob pena de ofensa aos princípios da legalidade e da verdade material. Fl. 1161DF CARF MF Processo nº 10530.904872/201175 Resolução nº 3201000.987 S3C2T1 Fl. 5 4 Neste sentido já decidiu o CARF: "Assunto: Normas de Administração Tributária Anocalendário: 2002 CONEXÃO. IMPOSSIBILIDADE. Os processos referemse a períodos diferentes, o que ocasiona fatos jurídicos tributários diferentes, com a consequente diferenciação no que concerne à produção probatória, impossibilitando a conexão. FALTA DE RETIFICAÇÃO NA DCTF. Ainda que o sujeito passivo não tenha retificado a DCTF, mas demonstre, por meio de prova cabal, a existência de crédito, a referida formalidade não se faz necessária. Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Anocalendário: 2002 INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 3º, §1º, DA LEI Nº 9.718/1998. RECONHECIMENTO. Quanto à ampliação da base de cálculo prevista pela Lei nº 9.718/1998, tal fato já foi decidido pelo Supremo Tribunal Federal em regime de repercussão geral, RE 585235 QORG." (Processo 10280.905801/2011 89; Acórdão 3302003.619; Conselheira SARAH MARIA LINHARES DE ARAÚJO PAES DE SOUZA; Sessão de 21/02/2017) (nosso destaque) Recentemente, em questão similar, em processo relatado pela Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário (10830.917695/201111 Resolução 3201000.848), esta Turma por unanimidade de votos, decidiu em converter o julgamento em diligência, conforme a seguir transcrito: "Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto da Relatora." Do voto da relatora destaco: "Na hipótese dos autos, observase que não houve inércia do contribuinte na apresentação de documentos. O que se verifica é que os documentos inicialmente apresentados em sede de Manifestação de Inconformidade se mostraram insuficientes para que a Autoridade Julgadora determinasse a revisão do crédito tributário. E, imediatamente após tal manifestação, em sede de Recurso Voluntário, foram apresentados novos documentos. Ademais, não se pode olvidar que se está diante de um despacho decisório eletrônico, ou seja, a primeira oportunidade concedida ao contribuinte para a apresentação de documentos comprobatórios do seu direito foi, exatamente, no momento da apresentação da sua Manifestação de Inconformidade. E, foi apenas em sede de acórdão, que tais documentos foram tidos por insuficientes. Sabese quem em autuações fiscais realizadas de maneira ordinária, é, em regra, concedido ao contribuinte diversas oportunidades de apresentação de documentos e esclarecimentos, por meio dos Termos de Intimação emitidos durante o procedimento. Assim, limitar, na autuação eletrônica, a oportunidade de apresentação de documentos à manifestação de inconformidade, aplicando a preclusão relativamente ao Recurso Voluntário, não me parece razoável ou isonômico, além de atentatório aos princípios da ampla defesa e do devido processo legal." Ademais, em casos análogos envolvendo a recorrente, este conselho administrativo nos processos 10530.902899/201123 e Fl. 1162DF CARF MF Processo nº 10530.904872/201175 Resolução nº 3201000.987 S3C2T1 Fl. 6 5 10530.902898/201189 decidiu por converter o julgamento em diligência através das Resoluções 3801000.816 e 3801000.815. Assim, entendo que há dúvida razoável no presente processo acerca da liquidez, certeza e exigibilidade do direito creditório, o que justifica a conversão do feito em diligência, não sendo prudente julgar o recurso em prejuízo da recorrente, sem que as questões aventadas sejam dirimidas. Diante do exposto, voto pela conversão do julgamento em diligência à repartição de origem, para que possa ser apurado e informado, de modo pormenorizado, o valor do débito e do crédito existentes na data de transmissão dos PER/DCOMPs dos processos, bem como a existência do crédito postulado a partir de toda a documentação apresentada pelo contribuinte e outras diligências que possam ser realizadas a critério da autoridade competente, com a elaboração do devido relatório. Deve, ainda, a autoridade administrativa informar se há o direito creditório alegado pela recorrente e se o mesmo é suficiente para a extinção do débito existente tomando por base toda a documentação apresentada pelo contribuinte. Isto posto, deve ser oportunizada à recorrente o conhecimento dos procedimentos efetuados pela repartição fiscal, com abertura de vistas pelo prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período, para que se manifeste nos autos e apresente documentos adicionais, caso entenda necessário, para, na sequência, retornarem os autos a este colegiado para prosseguimento do julgamento. Importante frisar que os documentos juntados pelo contribuinte no processo paradigma, como prova do direito creditório, também foram juntados em cópias nestes autos (planilha, balancete e/ou razão). Dessa forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, decido por converter o julgamento em diligência, para que a Autoridade Preparadora certifique a efetiva existência do crédito postulado, a partir dos documentos apresentados pelo contribuinte e por meio de outras diligências que se mostrarem necessárias, apurando os valores do débito e do crédito existentes na data de transmissão do PER/DCOMP, consignandoos em relatório pormenorizado. Após a realização da diligência, concedase vista ao contribuinte pelo prazo de 30 (trinta dias) para se manifestar acerca das conclusões. Após, retornemse os autos para julgamento. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 1163DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13896.002439/2010-61
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Sep 25 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2005, 2006, 2007
LEI TRIBUTÁRIA. PERCENTUAL DE MULTA DE OFÍCIO. NATUREZA CONFISCATÓRIA.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2).
SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. INTERESSE COMUM NÃO DEMONSTRADO. IMPROCEDÊNCIA.
A caracterização da solidariedade obrigacional prevista no inciso I, do art. 124, do CTN, prescinde da demonstração do interesse comum de natureza jurídica, e não apenas econômica, entendendo-se como tal aquele que recaia sobre a realização do fato que tem a capacidade de gerar a tributação.
TERMO DE SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. ART. 135, DO CTN.
O artigo 135 só encontra aplicação quando o ato de infração à lei societária, contrato social ou estatuto cometido pelo administrador for realizado à revelia da sociedade. Caso não o seja, a responsabilidade tributária será da pessoa jurídica. Isto porque, se o ato do administrador não contrariar as normas societárias, contrato social ou estatuto, quem está praticando o ato será a sociedade, e não o sócio, seja de direito ou de fato, devendo a pessoa jurídica responder pelo pagamento do tributo.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2005, 2006, 2007
INTIMAÇÃO VIA POSTAL. RECEBIMENTO POR TERCEIROS.
É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário. (Súmula CARF nº 9).
MULTA QUALIFICADA. PRÁTICA REITERADA DE ENTREGA DE DECLARAÇÃO À FAZENDA FEDERAL COM VALORES MUITO INFERIORES AOS AUFERIDOS.
A reiteração da entrega de declaração em valor significativamente inferior ao constante em seus livros fiscais por longo período caracteriza o intuito doloso e autoriza a qualificação da multa, nos termos da jurisprudência da CSRF.
Numero da decisão: 1402-002.687
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado: I) por unanimidade de votos, não conhecer do recurso voluntário da pessoa jurídica no que se refere às arguições de confisco e, na parte conhecida, dar-lhe provimento parcial para: i)reduzir a base tributável do lançamento aos valores indicados como receita total omitida na tabela contida no bojo do voto condutor, obtida a partir do item 11.1, Quadro 02 (Demonstrativo das Receitas Omitidas apuradas na Diligência) da Informação Fiscal prolatada como resultado do procedimento de diligência determinado pela Resolução 1402-000.149; e: ii) reduzir a multa de ofício ao percentual de 150% para os valores da receita originalmente informados nos Livros, conforme tabela contida no bojo do voto condutor; e: II) por maioria de votos, dar provimento aos recursos voluntários dos coobrigados para excluí-los da relação jurídico-tributária. Vencidos os Conselheiros Paulo Mateus Ciccone e Marco Rogério Borges que votaram por manter a responsabilidade do coobrigado Paulo Roberto Murray e o Conselheiro Lizandro Rodrigues de Sousa, que votou por manter a responsabilização de todos os coobrigados.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Marco Rogério Borges, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Lizandro Rodrigues de Sousa, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto.
Nome do relator: LEONARDO DE ANDRADE COUTO
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2005, 2006, 2007 LEI TRIBUTÁRIA. PERCENTUAL DE MULTA DE OFÍCIO. NATUREZA CONFISCATÓRIA. O CARF não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. INTERESSE COMUM NÃO DEMONSTRADO. IMPROCEDÊNCIA. A caracterização da solidariedade obrigacional prevista no inciso I, do art. 124, do CTN, prescinde da demonstração do interesse comum de natureza jurídica, e não apenas econômica, entendendo-se como tal aquele que recaia sobre a realização do fato que tem a capacidade de gerar a tributação. TERMO DE SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. ART. 135, DO CTN. O artigo 135 só encontra aplicação quando o ato de infração à lei societária, contrato social ou estatuto cometido pelo administrador for realizado à revelia da sociedade. Caso não o seja, a responsabilidade tributária será da pessoa jurídica. Isto porque, se o ato do administrador não contrariar as normas societárias, contrato social ou estatuto, quem está praticando o ato será a sociedade, e não o sócio, seja de direito ou de fato, devendo a pessoa jurídica responder pelo pagamento do tributo. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2005, 2006, 2007 INTIMAÇÃO VIA POSTAL. RECEBIMENTO POR TERCEIROS. É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário. (Súmula CARF nº 9). MULTA QUALIFICADA. PRÁTICA REITERADA DE ENTREGA DE DECLARAÇÃO À FAZENDA FEDERAL COM VALORES MUITO INFERIORES AOS AUFERIDOS. A reiteração da entrega de declaração em valor significativamente inferior ao constante em seus livros fiscais por longo período caracteriza o intuito doloso e autoriza a qualificação da multa, nos termos da jurisprudência da CSRF.
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PERCENTUAL DE MULTA DE OFÍCIO. NATUREZA CONFISCATÓRIA. O CARF não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. INTERESSE COMUM NÃO DEMONSTRADO. IMPROCEDÊNCIA. A caracterização da solidariedade obrigacional prevista no inciso I, do art. 124, do CTN, prescinde da demonstração do interesse comum de natureza jurídica, e não apenas econômica, entendendose como tal aquele que recaia sobre a realização do fato que tem a capacidade de gerar a tributação. TERMO DE SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. ART. 135, DO CTN. O artigo 135 só encontra aplicação quando o ato de infração à lei societária, contrato social ou estatuto cometido pelo administrador for realizado à revelia da sociedade. Caso não o seja, a responsabilidade tributária será da pessoa jurídica. Isto porque, se o ato do administrador não contrariar as normas societárias, contrato social ou estatuto, quem está praticando o ato será a sociedade, e não o sócio, seja de direito ou de fato, devendo a pessoa jurídica responder pelo pagamento do tributo. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2005, 2006, 2007 INTIMAÇÃO VIA POSTAL. RECEBIMENTO POR TERCEIROS. É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário. (Súmula CARF nº 9). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 89 6. 00 24 39 /2 01 0- 61 Fl. 22100DF CARF MF 2 MULTA QUALIFICADA. PRÁTICA REITERADA DE ENTREGA DE DECLARAÇÃO À FAZENDA FEDERAL COM VALORES MUITO INFERIORES AOS AUFERIDOS. A reiteração da entrega de declaração em valor significativamente inferior ao constante em seus livros fiscais por longo período caracteriza o intuito doloso e autoriza a qualificação da multa, nos termos da jurisprudência da CSRF. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado: I) por unanimidade de votos, não conhecer do recurso voluntário da pessoa jurídica no que se refere às arguições de confisco e, na parte conhecida, darlhe provimento parcial para: i)reduzir a base tributável do lançamento aos valores indicados como receita total omitida na tabela contida no bojo do voto condutor, obtida a partir do item 11.1, Quadro 02 (Demonstrativo das Receitas Omitidas apuradas na Diligência) da Informação Fiscal prolatada como resultado do procedimento de diligência determinado pela Resolução 1402000.149; e: ii) reduzir a multa de ofício ao percentual de 150% para os valores da receita originalmente informados nos Livros, conforme tabela contida no bojo do voto condutor; e: II) por maioria de votos, dar provimento aos recursos voluntários dos coobrigados para excluílos da relação jurídicotributária. Vencidos os Conselheiros Paulo Mateus Ciccone e Marco Rogério Borges que votaram por manter a responsabilidade do coobrigado Paulo Roberto Murray e o Conselheiro Lizandro Rodrigues de Sousa, que votou por manter a responsabilização de todos os coobrigados. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Marco Rogério Borges, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Lizandro Rodrigues de Sousa, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto. Fl. 22101DF CARF MF Processo nº 13896.002439/201061 Acórdão n.º 1402002.687 S1C4T2 Fl. 22.101 3 Relatório Trata o presente de Autos de Infração para exigência do IRPJ (R$ 22.845.929,14), CSLL (R$ 7.561.615,14), Cofins (R$ 9.683.399,89) e PIS (R$ 982.928,25) nos anoscalendário de 2005, 2006 e 2007; aí incluídos juros de mora e multa de ofício no percentual de 225%. Foi apurada omissão de receitas operacionais a partir de divergências entre os valores constantes dos livros fiscais e, de um lado, aqueles por ele indicados na DIPJ e, de outro, aqueles informados por terceiros aos quais prestou serviços. Também foi constatado o pagamento a título de Adiantamentos de Lucros sem identificação dos beneficiários o que implicou na cobrança do IRRF em processo distinto. Foi imputada multa qualificada motivada, de acordo com o Fisco, pela prática reiterada de oferecer na DIPJ apenas uma parcela da receita auferida nos anoscalendário sob exame, comportamento esse já verificado em procedimento fiscal anterior referente ao ano calendário de 2003 (processo 10882.000579/200841). A multa agravada teve como origem, segundo a Fiscalização, o fato do sujeito passivo deixar de fornecer, ou fazêlo fora do prazo, os esclarecimentos exigidos pela autoridade lançadora. Nessa questão, destaca o Fisco que as intimações datadas de 16/02/2009 (AR fl n° 010), 06/08/2009 (AR fl n° 419), 01/10/2009 (AR fl n° 421), 06/11/2009 (AR fl n° 425), 22/12/2009 (AR fl n° 455), 28/01/2010(AR fl n° 490), 05/03/2010, (AR fl n° 527), 07/04/2010 (AR fl n° 679), 20/05/2010 (AR fl n° 686), 01/06/2010 (AR fl n° 688), e 29/06/2010 (AR fl n° 294) nunca foram atendidas. Ainda nessa questão, o Fisco registra os prejuízos causados ao sujeito passivo, seja nas diligências para localizar a fiscalizada e nas inúmeras diligências efetuadas junto aos tomadores de serviço, o que teria prolongado desnecessariamente o trabalho fiscal. Foi imputada responsabilidade passiva solidária aos sócios com base nos arts. 135 (sócio gerente) e 124, I (demais sócios) do CTN. Todos os coobrigados e a pessoa jurídica autuada (interessada) apresentaram impugnação. Em síntese da peça impugnatória, a interessada admite o erro no preenchimento da DIPJ mas defende que apresentou DCTFs suprindo a falta. Faz considerações afirmando não haver razões para a imputação da multa qualificada e agravada. Questiona a responsabilização dos sócios minoritários, com percentual mínimo do capital e sem gerência. Afirma que na apuração da base tributável foram considerados valores em duplicidade. Fl. 22102DF CARF MF 4 O sócio Paulo Roberto Murray apresentou impugnação afirmando que não praticou qualquer ato que pudesse ensejar a descaracterização da personalidade jurídica da sociedade e sustenta que a pessoa jurídica e as pessoas de seus sócios são distintas. Os demais coobrigados apresentaram impugnação de mesmo teor, reproduzindo em parte as razões de defesa apresentadas pela pessoa jurídica e pelo coobrigado Paulo Roberto Murray. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campinas prolatou o Acórdão 0535.399 considerando o lançamento integralmente procedente, em decisão consubstanciada na seguinte ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário:2005, 2006, 2007 NULIDADE. INOCORRÊNCIA. São considerados nulos somente atos e termos lavrados por pessoa incompetente e despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa, nos termos do art. 59, incisos I e II, do Decreto nº 70.235, de 1972, incorporado pelo Decreto 7.574, de 29/09/2011, não havendo que se falar em nulidade quando observados nos lançamentos formalizados os requisitos contidos no art. 142 do CTN bem como no disciplinamento do Processo Administrativo Fiscal (PAF). FASE PROCEDIMENTAL. CARÁTER INQUISITÓRIO. O procedimento fiscal tem caráter inquisitório e, aos particulares, cabe colaborar e respeitar os poderes legais dos quais a autoridade administrativa está investida, não se justificando questionamentos acerca de sua duração, da quantidade de intimações formuladas e do local de sua realização, sobretudo se regularmente amparado em Mandado de Procedimento Fiscal. Ademais, no processo administrativo fiscal, é a impugnação que instaura a fase propriamente litigiosa ou processual, não encontrando amparo jurídico questionamentos relacionados a cerceamento de defesa durante o procedimento administrativo de fiscalização, por dificuldades para acompanhálo. COMPETÊNCIA. UNIDADE DE LAVRATURA. DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO. É válido o lançamento formalizado por Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil de jurisdição diversa da do domicílio tributário do sujeito passivo, sendo incabíveis questionamentos quanto a este aspecto, mormente se a realização do procedimento fiscal, e a conseqüente formalização do Auto de Infração, em jurisdição diversa daquela a que pertence o atual domicílio tributário da pessoa jurídica decorreu do incorreto endereço por ela própria informado para fins cadastrais à Receita Federal, informação esta que somente veio Fl. 22103DF CARF MF Processo nº 13896.002439/201061 Acórdão n.º 1402002.687 S1C4T2 Fl. 22.102 5 a ser corrigida após o início do procedimento administrativo de fiscalização. CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. A alegação de dificuldades na obtenção de cópia integral do processo não configura cerceamento de defesa se (1) a pessoa jurídica e seus sócios foram regularmente cientificados dos autos de infração e seus anexos, deles recebendo cópia e, em relação às demais peças do processo, seu conteúdo já era de conhecimento dos interessados, por terem sido a eles dirigidas por via postal, ou por eles apresentadas, ou, quando apresentadas por terceiros, os correspondentes dados foram consolidados em planilhas e encaminhados em anexo a intimações, além de terem sido disponibilizadas para vistas, no curso do procedimento fiscal; (2) as cópias requeridas não foram procuradas pelos interessados na data em que disponibilizadas e, quando de posse delas, defesa complementar alguma foi apresentada que suscitasse análise das condições previstas no art. 16 do Decreto 70.235/72, e, (3) nas impugnações, os interessados demonstram pleno conhecimento de todos os detalhes da autuação e das infrações que lhes foram imputadas, a elas se opondo e fazendo referência de forma minuciosa. RETIFICAÇÃO DE DECLARAÇÕES. PROCEDIMENTO FISCAL INICIADO. PERDA DA ESPONTANEIDADE. O início do procedimento fiscal exclui a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores e, independentemente de intimação, a dos demais envolvidos nas infrações verificadas, não surtindo qualquer efeito sobre o lançamento de ofício a DCTF retificadora entregue durante a ação fiscal. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2005, 2006, 2007 OMISSÃO DE RECEITAS. PROVA DIRETA. Cabível o lançamento de ofício fundado na caracterização de receitas omitidas apuradas com base em documentação obtida junto a clientes da pessoa jurídica. ALEGAÇÃO DE ERRO NA BASE DE CÁLCULO. NÃO COMPROVAÇÃO. A alegação de que valores de receitas teriam sido considerados em duplicidade na apuração da base de cálculo apurada porque estariam contemplados em lançamentos contábeis efetuados de forma conjunta e resumida, não é hábil a alterar o auto de infração se ausentes registros auxiliares e prova documental que permitam a identificação e comprovação dos valores que teriam sido duplicados. Fl. 22104DF CARF MF 6 RETENÇÕES NA FONTE. Não comprovadas retenções na fonte além daquelas já consideradas pela Fiscalização, tanto a título de imposto de renda como de contribuições, em função do que discriminado nas notas de honorários, não há como reduzir os valores lançados, pois meras alegações de outras retenções desacompanhadas das correspondentes provas documentais não são hábeis a alterar o lançamento. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL. PIS. COFINS. Em se tratando de exigência reflexa que tem por base os mesmos fatos que ensejaram o lançamento do IRPJ, a decisão de mérito prolatada no principal constitui prejulgado na decisão do decorrente. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2005, 2006, 2007 ARGÜIÇÕES RELATIVAS A INCONSTITUCIONALIDADE. A apreciação de questionamentos relacionados a ilegalidade e inconstitucionalidade da legislação tributária não é de competência da autoridade administrativa, sendo exclusiva do Poder Judiciário. DECADÊNCIA. Do texto do caput do art. 150 do CTN e seu parágrafo 4º, observase que o legislador elegeu, como condição essencial ao lançamento por homologação, além da antecipação do pagamento pelo sujeito passivo, decorrente de apuração regular, a existência de boa fé. Ausentes tais circunstâncias, nos casos em que apurado dolo, fraude ou simulação, o início da contagem do prazo decadencial permanece na regra geral do art. 173, I, do CTN. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. Evidenciadas pela fiscalização circunstâncias que denotam intuito de fraude, regular a qualificação da multa. FALTA DE ATENDIMENTO A INTIMAÇÃO NO PRAZO MARCADO. Mantémse o percentual de 225% nos casos em que o sujeito passivo não atende, no prazo marcado, intimação para prestar esclarecimentos. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. SÓCIO ADMINISTRADOR. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com infração de lei, os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. Fl. 22105DF CARF MF Processo nº 13896.002439/201061 Acórdão n.º 1402002.687 S1C4T2 Fl. 22.103 7 RESPONSABILIDADE. INTERESSE COMUM. Descritas pela Fiscalização circunstâncias que evidenciam a participação comum ou conjunta dos sócios na situação que constitui o fato gerador dos tributos lançados, permitindo, através de suas ações ou omissões, a prática de ilícitos, tributários ou não, resta configurado o interesse comum, caracterizador da responsabilidade solidária de fato dos sócios. Devidamente cientificados, os coobrigados recorreram a este colegiado, ratificando em essência as razões expedidas na peça impugnatória. Fl. 22106DF CARF MF 8 Voto Conselheiro Leonardo de Andrade Couto Relator Os recursos voluntários são tempestivos e foram interpostos por signatários devidamente legitimados e, portanto, deles conheço. Especificamente no caso da coobrigada PATRÍCIA GOLDBERG, que não teve a impugnação conhecida por falha de representação, entendo que caberia preliminarmente à Unidade Local, quando do recebimento da peça impugnatória, intimar a interessada a suprir a omissão. Tudo indica que a irregularidade não foi percebida naquele momento. Se o Órgão julgador de primeira instância constata a irregularidade processual e, mais ainda, a ausência de intimação para que o instrumento de representação fosse apresentado, deveria ter determinado o retorno dos autos à Unidade Local até porque, ainda que muito pouco provável no caso, em tese o documento faltante poderia ter sido extraviado. O saneamento dos autos nesses moldes tem previsão no Código de Processo Civil (art. 13 do antigo e 76, do atual). Ainda que não olvide do caráter subsidiário do CPC no âmbito do processo administrativo fiscal, é razoável o entendimento de que se no formalismo do processo judicial existe a previsão legal do saneamento do autos para suprir a representação processual, não haveria como ser diferente no âmbito administrativo onde prevalece o formalismo moderado. Sendo assim, a princípio caberia o retorno dos autos à Unidade Local para que a coobrigada fosse intimada a demonstrar que, quando da apresentação da impugnação, o signatário dispunha de legitimidade para fazêlo. Entretanto, à luz do § 3º, do art. 59, do Decreto nº 70.235/72; a decisão de mérito suprirá a falta, como se verá em momento posterior deste voto. Quanto aos recursos voluntários em si, serão apreciadas neste votos os fatos e circunstâncias que tenham efetivo impacto no julgamento. De imediato, não se conhece das razões de defesa referentes ao IRRF, eis que exigido em processo distinto Além disso, nos termos já expostos no voto condutor da Resolução 1402 000.149, questões suscitadas pela Contribuinte tais como a suposta perseguição da fiscalização, a desnecessidade e irrazoabilidade de certos procedimentos realizados, a morosidade na conclusão dos trabalhos, etc, assim como as alegações fiscais sobre a suposta prática de atos simulados, pela Contribuinte, com intuito de lesar o Fisco Municipal, não serem aqui enfrentadas, posto que desnecessárias ao deslinde do mérito. No recurso voluntário a pessoa jurídica autuada denomina como primeira e segunda preliminares a arguição de que nenhum dos sócios minoritários participou da administração da sociedade, questiona as razões que levaram à imputação da multa de 225%. . Fl. 22107DF CARF MF Processo nº 13896.002439/201061 Acórdão n.º 1402002.687 S1C4T2 Fl. 22.104 9 Entendo que são questões de mérito e serão apreciadas em momento posterior deste voto. Cabe apenas, de imediato, registrar que falece competência ao julgador administrativo para apreciar questionamentos voltados à suposta natureza confiscatória das disposições legais que fundamentam o lançamento, por envolver valores constitucionais. Assim prevê a Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária. A reclamação pela ausência de critério na responsabilização dos coobrigados não merece prosperar. O entendimento do Fisco foi pela responsabilização dos sócios que foram reincluídos na sociedade na alteração ocorrida em 11/05/2009, por entendêla irregular. Se essa responsabilização está ou não correta é questão de mérito. No que se refere à entrega das DCTFs e a suposta reaquisição da espontaneidade penso que a decisão recorrida bem enfrentou o tema. A entrega daqueles documentos ocorreu em 14/12/2009, ainda dentro do prazo de sessenta (60) dias, prazo esse que se iniciou com o Termo de Reintimação Fiscal lavrado em 06/11/2009 e recebido em 12/11/2009, conforme AR. Registrese que, demonstrado o endereçamento correto do documento ao domicílio do sujeito passivo, o recebimento por pessoa que não pertença formalmente aos quadro funcional, não desqualifica a ciência. Assim estabelece a Súmula CARF nº 9: É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário. Assim, não há que se falar em espontaneidade. Como bem ressaltou a decisão recorrida, cabe apenas à Unidade Local adotar as medidas cabíveis para evitar cobrança em duplicidade. A interessada apresentou questionamentos quanto à base de cálculo utilizada pelo Fisco suscitando, principalmente, o cômputo de valores em duplicidade. Por esse motivo, em primeira apreciação este Colegiado converteu o julgamento do recurso em diligência. O procedimento foi realizado nos moldes solicitados e com elogiável nível de detalhamento, acolhendo parcialmente as reclamações do sujeito passivo. Importa ressaltar que, cientificada do resultado da diligência, a interessada não se manifestou sobre os cálculos, preferindo ratificar razões de defesa contra a responsabilização imputada. Nesses termos, no que se refere à base de cálculo, adoto o resultado da diligência e voto por reduzir a base tributável aos valores indicados no item 11.1, Quadro 02 (Demonstrativo das Receitas Omitidas apuradas na Diligência) da Informação Fiscal referente àquele procedimento. Com relação à imputação da multa qualificada, registrese que a omissão de receita apurada no procedimento fiscal sob exame tem origem em duas situações. Numa delas, foram constatados valores informados nos livros fiscais e em outra a constatação decorreu de Fl. 22108DF CARF MF 10 circularização entre os clientes da interessada ou seja, nesse último caso o montante tido como omitido não havia sido informado em nenhum documento da recorrente. A princípio, seria razoável o entendimento de que são situações distintas em relação as quais não caberia o mesmo tratamento. O fato de não declarar em DIPJ ou DCTF receitas informadas em livros fiscais poderia em tese ser entendido como decorrente de equívoco sujeito a lançamento de ofício mas não à qualificação da multa. Entretanto, o que está sob exame é a conduta reiterada nessas condições, ou seja, uma prática contínua de declarar a menor valores que sabe devidos. Assim se manifestou a autoridade lançadora: [..] 1. A prática reiterada de oferecer à tributação nas DIPJ apenas parcela reduzida da receita auferida em três anoscalendário consecutivos (2005, 2006 e 2007) evidencia a intenção dolosa da pessoa jurídica fiscalizada de evitar a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, de modo a, deliberadamente, reduzir o montante do tributo devido. Ressaltese que tal comportamento já fora verificado em fiscalização anterior e gerou a autuação do sujeito passivo no anocalendário 2003 através do processo n° 10882.000579/2008 41 (Auto de Infração de IRPJ e reflexos). [...] Em diversos julgados manifesteime contrariamente ao entendimento de que a conduta reiterada em situações como a presente implicaria no intuito doloso. Entendia que a “prática reiterada da fraude” demandaria a subjetividade de estabelecer o que seria a reiteração. Para alguns, na linha da autoridade responsável pelo procedimento fiscal, a presença da irregularidade em três anoscalendário bastaria para essa caracterização. Outros talvez entendam que, na hipótese de pessoa jurídica com apuração trimestral de resultado, a ocorrência do ilícito nos quatro trimestres do anocalendário seriam suficientes. O que me parecia claro é que tal conceito envolveria um alto nível de subjetividade que o torna insuficiente para determinar a ocorrência da fraude. Até porque, pensava eu, bastaria uma conduta fraudulenta específica para justificar a qualificação da multa, independentemente de sua repetição ou reiteração. Por outro lado pareciame insofismável que se uma irregularidade tributária não era tipificada como fraude, o fato de ser reiterada não a tornaria fraudulenta. Hoje, melhor refletindo sobre o tema e, principalmente, considerando a jurisprudência consolidada na CSRF deste CARF, vejo que a prática reiterada de entrega das declarações com receita muito inferior à efetivamente obtida, reflete uma conduta voltada a omitir da autoridade fazendária os elementos indicativos da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, situação típica enquadrável no art. 71, da Lei nº 4.502/64. QUALIFICAÇÃO DE MULTA – INTUITO DOLOSO – PRÁTICA REITERADA DE ENTREGA DE DECLARAÇÃO À FAZENDA FEDERAL COM VALORES INFERIORES AOS ESCRITURADOS NOS LIVROS A reiteração da entrega de declaração em valor significativamente inferior ao constante em seus livros fiscais por longo período caracteriza o intuito doloso e autoriza a qualificação da multa. (Acórdão 0105.697, sessão de 10/09/2007) Fl. 22109DF CARF MF Processo nº 13896.002439/201061 Acórdão n.º 1402002.687 S1C4T2 Fl. 22.105 11 Nos termos da jurisprudência majoritária da CSRF, e das Câmaras da Primeira Seção do CARF, a pratica reiterada de infrações à legislação tributária denota a intenção dolosa do contribuinte de fraudar a aplicação da legislação tributária e lesar o fisco. (Acórdão 910100.140, sessão de 11/05/2009) MULTA QUALIFICADA Sendo o fato “auferir receitas” indicador de ocorrência do fato gerador de contribuições que têm por base o faturamento, a conduta reiterada de, por cinco anos consecutivos o contribuinte deixar de informar à Receita Federal que auferiu receitas, quando seus livros fiscais estaduais demonstram que ele as auferia e conhecia seu valor, denota a intenção de subtrair (ou retardar) o conhecimento, pela autoridade tributária, da ocorrência do fato gerador, tipificada no art. 71 da Lei nº 4.502/64. (Acórdão 9101001.318, sessão de 25/04/2012) MULTA QUALIFICADA. CONDUTA REITERADA. A escrituração e a declaração sistemática de receita menor que a real, provada nos autos, demonstra a intenção, de impedir ou retardar, parcialmente o conhecimento da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal por parte da autoridade fazendária e enquadrase perfeitamente na norma hipotética contida do artigo 71 da Lei 4.502/64, justificando a aplicação da multa qualificada. (Acórdão 9101001.956, sessão de 18/07/2014)” Por outro lado, no que se refere às receitas que só foram conhecidas através do procedimento de circularização junto a terceiros, independentemente de reiteração não há que se falar em simples omissão mas claro intuito de esconder da autoridade a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária. Do exposto, deve ser mantida a exigência da multa qualificada. Em relação à imputação da multa agravada, assim se manifestou a autoridade fiscal (destaques acrescidos): [...] Para evidenciar esse comportamento observese que as intimações datadas de 16/02/2009 (AR fl n° 010), 06/08/2009 (AR fl n° 419), 01/10/2009 (AR fl n° 421), 06/11/2009 (AR fl n° 425), 22/12/2009 (AR fl n° 455), 28/01/2010(AR fl n° 490), 05/03/2010, (AR fl n° 527), 07/04/2010 (AR fl n° 679), 20/05/2010 (AR fl n° 686), 01/06/2010 (AR fl n° 688), e 29/06/2010 (AR fl n° 294) nunca foram atendidas, ficando clara a recalcitrância de seu comportamento. Importante salientar que tal multa tem como finalidade reparar os prejuízos causados pelo sujeito passivo que, ao não atender às requisições fiscais ou atendêlas fora do prazo impõe à Administração Pública empenho adicional para obter as informações necessárias à autuação e ampliação do tempo gasto no procedimento fiscal. No presente caso, tal se materializou nas diligências efetuadas para localizar a fiscalizada, nas intimações aos integrantes de seu quadro societário e nas 95 diligências efetuadas junto a seus tomadores de serviços, que prorrogou os trabalhos Fl. 22110DF CARF MF 12 de fiscalização por mais de um ano. Portanto, não há como negar o prejuízo ao Erário e o enquadramento na hipótese de agravamento da multa de ofício prevista no inc I do § 2° do artigo 44 da Lei 9430/96 (Redação dada pela Lei n° 11.488, de 2007), abaixo transcrito: [...] Vêse que o agravamento da multa foi motivado pelo não atendimento de diversas intimações mas não apenas isso, pois a questão primordial teria sido o prejuízo causado pelo sujeito passivo à Fiscalização, nos moldes supra transcritos. De imediato, retirase das razões de agravamento as dificuldades de localização da interessada, pois não há como vincular tal fato ao não atendimento às solicitações de esclarecimentos. Por outro lado, no que se refere à necessidade de realização das diligências junto aos clientes pareceme que assiste razão ao Fisco, pois algumas das intimações não atendidas referiamse à obtenção da informações quanto à totalidade das receitas auferidas pela recorrente e só após aquela circularização os dados foram obtidos. Nesse caso, o prejuízo à ação fiscal é patente, cabendo o agravamento da penalidade em relação às receitas não contabilizadas. Entretanto, por uma questão de coerência, não há como aplicar o agravamento sobre as receitas obtidas a partir da escrituração da pessoa jurídica, haja vista não se caracterizar nesse caso o prejuízo suscitado pela autoridade fiscal. Com base no exposto, a imputação da multa de ofício ocorrerá nos seguintes moldes, tendo como ponto de partida a receita total omitida informada no item 11.1, Quadro 02 (Demonstrativo das Receitas Omitidas apuradas na Diligência) da Informação Fiscal prolatada como resultado do procedimento de diligência: PERÍODO Receita Total Omitida Receita Omitida sujeita à multa de 150% Receita Omitida sujeita à multa de 225% 1º trimestre 2005 4.421.629,89 3.149.750,02 1.271.879,87 2º trimestre 2005 6.519.264,62 5.106.194,71 1.413.069,91 3º trimestre 2005 3.105.516,54 2.884.381,96 221.134,58 4º trimestre 2005 2.827.052,97 2.409.323,53 417.729,44 1º trimestre 2006 2.621.722,47 2.228.974,77 392.747,70 2º trimestre 2006 3.376.279,81 2.811.074,32 565.205,49 3º trimestre 2006 6.171.763,89 5.381.906,21 789.857,68 4º trimestre 2006 4.302.982,90 3.784.701,37 518.281,53 1º trimestre 2007 3.709.404,28 3.660.417,65 48.986,63 2º trimestre 2007 7.261.759,60 6.836.632,01 425.127,59 Fl. 22111DF CARF MF Processo nº 13896.002439/201061 Acórdão n.º 1402002.687 S1C4T2 Fl. 22.106 13 3º trimestre 2007 2.318.125,88 2.144.216,89 173.908,99 4º trimestre 2007 3.269.846,46 3.269.846,46 Em relação à decadência, na hipótese de dolo, fraude ou simulação, a contagem do prazo segue a regra do inciso I, do art. 173, do CTN. Para o anocalendário de 2005, com apuração trimestral, o termo inicial da contagem do prazo seria 02/01/2006 e o termo final 02/01/2011. Como a ciência ocorreu em data anterior (23/10/2010) não ocorreu a decadência. No que se refere à responsabilização dos coobrigados, o Termos de Sujeição Passiva do sócio administrador foi lavrado com base no inciso III, do art. 135, do CTN. Quanto aos demais sócios, o enquadramento ocorreu sob a égide do inciso I, do art. 124, do CTN. A solidariedade prevista no art. 124, do CTN, não é um mecanismo de eleição de responsável tributário. Em outras palavras, não tem o condão de incluir um terceiro no pólo passivo da obrigação tributária, mas apenas de graduar a responsabilidade daqueles sujeitos que já o compõem. 1 Tanto é assim, que o dispositivo em comento não integra o capítulo do CTN que trata da responsabilidade tributária. Assim, a definição da sujeição passiva deve ocorrer em momento anterior ao estabelecimento da solidariedade. Ainda que tal assertiva tenha características de obviedade, seu escopo dirigese à ressalva da fragilidade do inciso I, do mencionado art. 124, do CTN; muitas vezes utilizado de forma equivocada para estabelecer uma espécie de sujeição passiva de forma indireta. Para que haja solidariedade com supedâneo no art. 124, I do CTN, é preciso que todos os devedores tenham um interesse focado exatamente na situação que constitua o fato gerador da obrigação tributária. Ainda que mais de uma pessoa tenha interesse comum em algum fato, para que haja solidariedade tributária é necessário que o objeto deste interesse recaia sobre a realização do fato que tem a capacidade de gerar a tributação. 2 Mais ainda, é necessário que o interesse comum não seja simplesmente econômico mas sim jurídico, entendendose como tal aquele derivado de uma relação jurídica de qual o sujeito de direito seja parte integrante, e que interfira em sua esfera de direitos e deveres e o legitima a postular em juízo em defesa do seu interesse. No que se refere aos sócios minoritários, o interesse jurídico não pode ser aferido pela simples presença no quadro social, sendo necessária a exposição das razões específicas que teriam implicado na lavratura dos Termos de Sujeição Passiva. Nesse ponto, a meu ver, a autoridade lançadora manifestouse de forma genérica ao dizer que "demonstraram através de seus atos estarem associados ao sujeito passivo para a prática de atos que 1 Derzi, Misabel Abreu.Atualização da obra de Aliomar Baleeiro. Direito Tributário Brasileiro. 11ª ed. Rio de Janeiro: Forense , p. 729 2 BARCELOS, Soraya Marina. Os Limites da Obrigação Tributária Solidária Prevista no art. 124 do Código Tributário Nacional e o Princípio da Preservação da Empresa. Disponível em http://www.mcampos.br/posgraduacao/Mestrado/dissertacoes/2011. Acesso em 31/08/2012. Fl. 22112DF CARF MF 14 permitissem a esse impedir ou retardar do conhecimento da autoridade tributária a ocorrência de fatos geradores." Especificamente em relação às irregularidades que implicaram na formalização das autuações de que tratam os autos, não foi indicada a prática de nenhum ato pelos sócios minoritários. É notório que escritórios de advocacia são organizados sob a forma de sociedade, por questões de conveniência que não cabem aqui serem discutidas. Nessa organização, a maior parte dos associados são mencionados no contrato social sob um aspecto eminentemente formal mas sem qualquer poder decisório na organização. Sob esse prisma, não me parece razoável afirmar que os sócios minoritários teriam sido omissos por não terem vigiado o sócio administrador ou tenham "participado ativamente" da reorganização societária da empresa em desrespeito inclusive ao estatuto da OAB salientandose que, nesse último caso, tratase de situação estranha às irregularidades tributárias apuradas. Assim, firmei convicção de que não cabe a sujeição passiva dos sócios minoritários não administradores. Quanto ao sócio administrador, o art. 135 estabelece hipóteses de responsabilização pela prática de atos infracionais ali descritos.Para aplicação desse dispositivo é necessário preliminarmente que seja identificado expressamente qual ato infracional gerou o enquadramento e quem o praticou. Mas não é só isso. O artigo 135 só encontra aplicação quando o ato de infração à lei societária, contrato social ou estatuto cometido pelo administrador for realizado à revelia da sociedade. Caso não o seja, a responsabilidade tributária será da pessoa jurídica. Isto porque, se o ato do administrador não contrariar as normas societárias, contrato social ou estatuto, quem está praticando o ato será a sociedade, e não o sócio, devendo a pessoa jurídica responder pelo pagamento do tributo. Importante destacar que a infração à lei capaz de gerar a responsabilidade do administrador é aquela de natureza societária. Afinal, o que objetiva este artigo é justamente responsabilizar o administrador que age à revelia dos interesses da sociedade, e a forma com a qual ele age de tal modo seria descumprindo as normas societárias que prescrevem que a sua atuação deve observar os interesses da empresa, dentro de determinados limites. 3 Sob essa ótica, com todo respeito à autoridade lançadora entendo que não houve a precisa identificação da prática de atos pelo sócio administrador que justificasse a responsabilização nos termos efetuados. Afirma a autoridade fiscal: [...] O sócio majoritário praticou atos relacionados à ocorrência do fato gerador que escapam totalmente de uma administração regular e se locupletou ao desviar, intencionalmente, valores da tributação e aplicálos em atividades outras, seja ou não em proveito pessoal, dos demais sócios ou da empresa. [...] 3 BARCELOS, Soraya Marina. A responsabilidade dos administradores prevista no art. 135, III do CTN: hipótese de responsabilidade solidária, subsidiária ou exclusiva?. Jus Navigandi, Teresina, ano 16, n. 3089, 16 dez. 2011 . Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/20662>. Acesso em: 23 dez. 2013. Fl. 22113DF CARF MF Processo nº 13896.002439/201061 Acórdão n.º 1402002.687 S1C4T2 Fl. 22.107 15 A afirmativa de que o sócio teria se locupletado e desviado recursos da empresa em proveito pessoal ou de outros sócios é grave e, se demonstrada, justificaria a responsabilização. Entretanto, no que se refere à matéria tributável a descrição das irregularidades envolve exclusivamente a omissão de receitas pela pessoa jurídica inclusive de forma a justificar a qualificação da multa, mas não trata da individualização de conduta do sócio administrador voltada ao prejuízo da empresa. Sendo assim, também no que concerne ao sócio administrador, meu voto é no sentido de excluílo da relação jurídicotributária. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Relator Fl. 22114DF CARF MF
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