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Numero do processo: 11159.000098/2004-50
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 10 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jun 11 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples
Data do Fato Gerador: 01/11/2000
SIMPLES. EXISTÊNCIA DE DÉBITOS SEM EXIGIBILIDADE SUSPENSA. EXCLUSÃO.
Consoante o que dispõe a legislação, é cabível a exclusão das pessoas jurídicas do Simples quando da existência de débitos, sem exigibilidades suspensas, junto ao INSS ou, junto à Fazenda Pública Federal.
Comprovado que a recorrente parcelou o débito que deu origem à exclusão do Simples, suspendendo a sua exigibilidade, porém o fazendo após o prazo de regularização, mantém-se a exclusão, porém fica aberta a possibilidade de requerer nova inclusão, atendidos os requisitos legais a serem aferidos em momento e procedimento próprio.
Recurso Voluntário Negado
Sem crédito em Litígio
Numero da decisão: 1002-000.202
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Ailton Neves da Silva - Presidente.
(assinado digitalmente)
Leonam Rocha de Medeiros - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ailton Neves da Silva (Presidente), Ângelo Abrantes Nunes, Breno do Carmo Moreira Vieira e Leonam Rocha de Medeiros.
Nome do relator: LEONAM ROCHA DE MEDEIROS
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EXISTÊNCIA DE DÉBITOS SEM EXIGIBILIDADE SUSPENSA. EXCLUSÃO. Consoante o que dispõe a legislação, é cabível a exclusão das pessoas jurídicas do Simples quando da existência de débitos, sem exigibilidades suspensas, junto ao INSS ou, junto à Fazenda Pública Federal. Comprovado que a recorrente parcelou o débito que deu origem à exclusão do Simples, suspendendo a sua exigibilidade, porém o fazendo após o prazo de regularização, mantémse a exclusão, porém fica aberta a possibilidade de requerer nova inclusão, atendidos os requisitos legais a serem aferidos em momento e procedimento próprio. Recurso Voluntário Negado Sem crédito em Litígio Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Ailton Neves da Silva Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 15 9. 00 00 98 /2 00 4- 50 Fl. 82DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Leonam Rocha de Medeiros Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ailton Neves da Silva (Presidente), Ângelo Abrantes Nunes, Breno do Carmo Moreira Vieira e Leonam Rocha de Medeiros. Relatório Cuidase, o caso versando, de Recurso Voluntário (efls. 64/65) ― autorizado nos termos do art. 33 do Decreto n.º 70.235, de 6 de março de 1972, que dispõe sobre o processo administrativo fiscal, interposto com efeito suspensivo e devolutivo ―, protocolado pela recorrente, indicada no preâmbulo, devidamente qualificada nos fólios processuais, relativo ao inconformismo com a decisão de primeira instância, datada da sessão de 21/12/2006, consubstanciada no Acórdão n.º 7.460 (efls. 54/56), da 3.ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de Belém/PA (DRJ/BEL), que, por unanimidade de votos, julgou improcedente a manifestação de inconformidade (efls. 36/37), que pretendia desconstituir o Despacho Decisório (efl. 33) que indeferiu o requerimento administrativo de reinclusão no Simples Nacional (efl. 1), em razão de existência de inscrição de débito na Dívida Ativa da União em nome do sócio titular da empresa contribuinte que motivou a exclusão da recorrente com efeitos para 01/11/2000, nos termos do artigo 9°, inciso XVI, da Lei nº 9.317, de 1996, tendo sido assim ementada a decisão vergastada: Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte Simples Anocalendário: 2000 Ementa: (Dispensa de elaboração da ementa concedida pelo art. 1°, inciso “I” , da Portaria SRF nº 1.364, de 10 de novembro de 2004). Solicitação Indeferida. Em despacho decisório registrouse que a contribuinte possuía débito inscrito na Dívida Ativa da União em nome do seu titular, DIOMÍDIO CAETANO DE SOUZA (CPF 43.900.40987), motivo pelo qual foi excluída do Simples Nacional com efeito em 01/11/2000. Ao final, foi concedido à contribuinte prazo de 30 (trinta) dias para apresentar impugnação, ocasião em que apresentou manifestação de inconformidade para a DRJ/. Na manifestação alegase, em suma, que a contribuinte desconhecia a dívida que havia motivado a inscrição do seu titular; que só tomou conhecimento do fato após penhora em seu patrimônio; que estava discutindo a dívida no Poder Judiciário. Pediu, no ensejo, o deferimento do pedido de reinclusão. A tese de defesa não foi acolhida pela DRJ/BEL, que ponderou: “pelos documentos acostados ao processo verificouse que o contribuinte não comprovou até a presente data o deslinde da questão na Justiça Federal, com decisão transitada em julgado favorável ao mesmo, e assim, no ano de 2000 quando foi determinada sua exclusão da modalidade de tributação denominada de SIMPLES, através do Ato Declaratório Executivo n° Fl. 83DF CARF MF Processo nº 11159.000098/200450 Acórdão n.º 1002000.202 S1C0T2 Fl. 83 3 0305851, a Administração desta Secretaria adotou o procedimento estritamente legal, com base no art. 9º da Lei nº 9.317/96 (...)”. Na sequência, a contribuinte interpôs recurso voluntário (efls. 64/65), inconformado com a decisão a quo, ocasião em que alegou que desconhecia a existência da dívida na época em que solicitou o ingresso no Simples em 1997; que embargou à execução movida pela União perante a Justiça Federal; que tomou conhecimento de que a dívida era de pequeno valor e optou por pagála, extinguindoa; que na ocasião do recurso, a recorrente não devia mais nada à União. Pediu a reforma da decisão colegiada. Os autos foram encaminhados para este Egrégio Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), sendo, posteriormente, distribuído para este relator. É o que importa relatar. Passo a devida fundamentação analisando os juízos de admissibilidade e de mérito para, posteriormente, finalizar em dispositivo. Voto Conselheiro Leonam Rocha de Medeiros, Relator O Recurso Voluntário apresentase tempestivo (efls. 59 e 64 – ciência do acórdão em 30/04/2007, iniciandose o prazo em 02/05/2007 e protocolo o recurso em 31/05/2007; efls. 78/79 despacho da DRF), tendo respeitado o trintídio legal, na forma exigida no art. 33 do Decreto n.º 70.235, de 1972, que dispõe sobre o processo administrativo fiscal. Demais disto, observo a plena competência deste Colegiado, na forma do art. 23B, inciso I, do Regimento Interno do CARF, com redação da Portaria MF n.º 329, de 2017. Isto por cuidar os autos de exclusão do Simples, desvinculado de exigência de crédito tributário, a indicar a aplicação do art. 23B, inciso I, do Regimento Interno do CARF, com redação da Portaria MF n.º 329, de 2017. Portanto, dele conheço. Quanto ao mérito, entendo que não assiste razão a recorrente. A controvérsia deste recurso gravita em torno da exclusão do Simples por existência de débito fiscal inscrito em Dívida Ativa da União, sem exigibilidade suspensa, por ocasião da dita exclusão, fato que levou o contribuinte à condição vedada para permanência no regime diferenciado do Simples, nos termos do artigo 9º, inciso XV, da Lei nº 9.317/1996. Na manifestação de inconformidade, o contribuinte não nega ou desconstitui o débito, apenas alega que o desconhecia e que estava discutindo o mesmo na Justiça Federal. Já no recurso voluntário, o recorrente reconhece a procedência da dívida, vez que informa que, pelo seu valor, providenciou o parcelamento e pagamento, afirmando que, a partir de então, inexistiria qualquer dívida perante a União. A priori, a alegação de parcelamento poderia ser tida como matéria preclusa, já que o assunto "parcelamento" não foi ventilado na primeira instância, no entanto, como o pedido é para afastar a exclusão, bem como considerando que o eventual parcelamento tem, em tese, condições de afastar a dita exclusão, guardando pertinência temática com o pedido, bem como sopesando que o parcelamento foi efetivado após a defesa inicial, podendo ser considerado um fato novo (artigo 16, § 4º, alínea “b”, do Fl. 84DF CARF MF 4 Decreto nº 70.235/72), enfrento o assunto, porém para rechaçar a tese do contribuinte e explico nas linhas seguintes. Vejase. A exclusão ocorreu pelo fato incontroverso de existir o débito, sem exigibilidade suspensa, naquela oportunidade, demais disto, a após o afastamento do regime especial, a situação não foi regularizada dentro de trinta dias. Logo, ultrapassado o prazo de trinta dias, consolidouse, em definitivo, a exclusão, sem prejuízo de poder haver a postulação de novo ato de inclusão, embora deva ser tratado como um ato autônomo e independente a ser considerado em momento e procedimento próprio. Em casos tais, nos quais o contribuinte parcela os débitos que ensejaram a exclusão em momento posterior à exclusão, o ato que a excluiu mantém sua higidez, pois estava correto naquele momento, não havendo que se falar no seu cancelamento ou na sua nulidade. Nada impedia, todavia, que o contribuinte ao invés de atacar o ato corretamente lançado postule, em momento próprio, a reintegração no regime especial, fazendoo na via competente, não cabendo ao presente Egrégio Conselho referida conduta. Nessa esteira, cito o acórdão nº 1301000.853, da 3ª Câmara da 1ª Turma Ordinária deste Conselho Administrativo, proferido na sessão de 15 de março de 2012, cuja ementa ficou assim sintetizada: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica – IRPJ Anocalendário:2010 SIMPLES. DÉBITO SEM EXIGIBILIDADE SUSPENSA NO MOMENTO DA EXCLUSÃO. POSTERIOR PARCELAMENTO E CONSEQUENTE SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO DÉBITO. MANTIDO O ATO DE EXCLUSÃO E AFIRMADA A POSSIBILIDADE DE NOVA INCLUSÃO NO SIMPLES. Comprovado que a recorrente parcelou o débito que deu origem à exclusão do SIMPLES, suspendendo a sua exigibilidade, de rigor manterse a exclusão para o período em que se constatou a existência de débito sem suspensão da exigibilidade e assentarse a possibilidade de nova inclusão a partir do parcelamento. Com efeito, à luz da documentação constante nos autos e conforme afirmativas da contribuinte em sua própria impugnação, resta demonstrado que o sujeito passivo, por ocasião de sua exclusão, na forma do ADE em referência, de fato se encontrava com débitos sem exigibilidade suspensa, circunstância que resulta na correta exclusão. De mais a mais, os fundamentos levantados pelo recorrente não são capazes de infirmar as razões de decidir da DRJ, que sequer são rebatidos a contento no recurso voluntário, pelo que não merece reparos a decisão vergastada. Aliás, o recurso confirma os fatos que serviram de razão de decidir do Juízo a quo ao informar que preferiu reconhecer o débito e pagálo, desistindo da discussão na esfera judicial. Não havia, no caso, qualquer efeito suspensivo sobre o débito, tanto é que o mesmo estava regularmente inscrito na Dívida Ativa da União e estava sendo objeto de execução perante a Justiça Federal. Fl. 85DF CARF MF Processo nº 11159.000098/200450 Acórdão n.º 1002000.202 S1C0T2 Fl. 84 5 Logo, existindo condição vedada para permanência no Simples, correta a decisão administrativa para manter a exclusão dentro daquele contexto, aplicando o disposto no artigo 9º, inciso XVI, da Lei nº 9.317/1996, legislação vigente à época. Demais disto, a quitação dos débitos inscritos em Dívida Ativa da União, que motivaram a exclusão em comento, habilitariam a contribuinte para fazer nova opção para viger a partir do primeiro dia do anocalendário subsequente, nos termos dos §§ 1° e 2° do art. 8° da Lei n° 9.317, de 5 de dezembro de 1996; ou, ainda, na forma prevista na Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006 caso o novo pedido de inclusão viesse a ser formulado após a entrada em vigor da nova legislação. O ato consumado de exclusão não pode ser desfeito, uma vez perfectibilizado como ato jurídico perfeito, ainda mais quando no controle de legalidade não se observa reparos a fazer no ato administrativo. Destarte, à luz da documentação constante nos autos e conforme afirmativas da contribuinte em sua própria impugnação, resta demonstrado que o sujeito passivo, por ocasião de sua exclusão, de fato se encontrava com débitos sem exigibilidade suspensa, circunstância que resulta no correto afastamento do regime especial naquele momento, de modo que a exclusão se consumou a tempo e modo, sendo ato juridicamente perfeito, aplicouse adequadamente o direito para o fato observado. Considerando o até aqui esposado e enfrentadas todas as questões necessárias para a decisão, entendo pela manutenção do julgamento da DRJ. Ante o exposto, de livre convicção, relatado, analisado e por mais o que dos autos constam, voto em conhecer do recurso voluntário e, no mérito, em lhe negar provimento, mantendo íntegra a decisão recorrida. É como Voto. (assinado digitalmente) Leonam Rocha de Medeiros Relator Fl. 86DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11052.001420/2010-02
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Mar 16 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jun 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples
Ano-calendário: 2006
PROCEDIMENTO DE FISCALIZAÇÃO. COLHEITA DE PROVAS NO INTERESSE EXCLUSIVO DO FISCO. CARÁTER INQUISITÓRIO. FASE PRÉ-PROCESSUAL. ATOS DECLARATÓRIOS EXECUTIVOS DE EXCLUSÃO DO SIMPLES. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO. PRELIMINAR DE NULIDADE REJEITADA.
O procedimento de fiscalização tem caráter repressivo; é realizado no interesse exclusivo do fisco para investigação ou apuração de infração à legislação tributária; configura fase pré-processual.
O procedimento de investigação fiscal, por ter natureza inquisitorial, não é banhado pelos princípios do contraditório e ampla defesa, pois ainda inexiste acusação formal, ainda não há processo nem lide.
O devido processo legal administrativo instaura-se a partir da pretensão resistida, ou seja, a partir do oferecimento de impugnação à acusação formal formulada pelo fisco de prática de infração à legislação tributária (exclusão do Simples) e da qual o contribuinte tomou ciência na forma da legislação de regência.
Os cânones constitucionais do contraditório e da ampla defesa são de observância obrigatória no âmbito do processos judicial e administrativo. No caso do caso processo administrativo, a partir da impugnação na primeira instância de julgamento.
Os ADE de exclusão do Simples, diferentemente do alegado, não se vislumbra vício algum, não há prejuízo à defesa ou cerceamento do direito de defesa, pois foram produzidos em observância da legislação de regência, possuem justa causa, motivação, caracterização da situação excludente desse regime simplificado de tributação e fundamentação legal e com efeito da exclusão a partir do primeiro dia do ano seguinte à ocorrência da infração.
Na fase processual, no presente devido processo legal administrativo que trata dos ADE de exclusão do Simples, desde o início do processo, foi e continua sendo asseguradas as garantias do devido processo legal, onde a contribuinte exerceu e continua exercendo plenamente o contraditório e a ampla defesa, não se vislumbrando vício algum que pudesse macular ou inquinar de nulidade os Atos de Exclusão do Simples e do presente processo.
ATOS DECLARATÓRIOS DE EXCLUSÃO DO SIMPLES FEDERAL E NACIONAL. EXCESSO DE RECEITA BRUTA. PROCESSOS CONEXOS. ESTE TEM POR OBJETO A EXCLUSÃO DO SIMPLES. OUTRO TRATA DE LANÇAMENTO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO DO SIMPLES PELA IMPUTAÇÃO DA INFRAÇÃO OMISSÃO DE RECEITAS. RELAÇÃO DE DEPENDÊNCIA DOS PROCESSOS. SOBRESTAMENTO. INEXISTÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL.
A infração imputada omissão de receitas no Simples Federal ano-calendário 2006 (processo conexo), que implicou reflexamente excesso de receita bruta para continuar a empresa nesse regime simplificado de tributação nos anos seguintes, foi objeto de exclusão do Simples pelos ADE objeto deste processo, com efeito a partir de 01/01/2007 (Simples Federal) e 01/07/2007 (Simples Nacional).
Inexiste previsão legal de suspensão dos efeitos da exclusão do Simples até que sobrevenha decisão definitiva na esfera administrativa no processo (conexo) que trata do auto de infração de omissão de receitas nesse regime.
O tratamento da relação de dependência entre os processos se dá fazendo simplesmente com que, num mesmo nível de instância de julgamento, a decisão sobre a omissão de receita repercuta no processo de exclusão do Simples.
De sorte que no processo conexo nº 11052.001299/2010-19, em grau de recurso na instância ordinária do CARF, a omissão de receitas do ano-calendário 2006 restou confirmada (Acórdão nº 1402-001.579-4ª Câmara/2ª Turma Ordinária, Sessão de 13/02/2014). Com isso, o total das receitas auferidas naquele ano ultrapassou o limite permitido para permanência no regime simplificado de tributação, a partir de 01/01/2007. Assim, devem ser mantidos os Atos Declaratórios de Exclusão do Simples Federal e Nacional com efeito, respectivamente, a partir de 01/01/2007 e 01/07/2007, os quais são objeto do presente processo.
DESISTÊNCIA DO PROCESSO CONEXO QUE TRATA DE OMISSÃO DE RECEITAS. PEDIDO DE PARCELAMENTO. CONFISSÃO DE DÍVIDA.
No caso de desistência do processo, informando pedido ou opção formalizada pelo parcelamento, isso implica confissão irretratável de dívida e renúncia ao direito sobre o qual se funda o recurso interposto pelo sujeito passivo, inclusive na hipótese de já ter ocorrido decisão favorável ao recorrente, inteligência do art. 78, Anexo II, do RICARF/2015.
Mantida, confirmada a infração omissão de receitas, nos termos da decisão proferida nos autos do processo nº 11052.001299/2010-19 (conexo), a contribuinte na sequência em 22/08/2014, naqueles autos, acostou petição de desistência daquele processo, em virtude de inclusão dos débitos em parcelamento da União.
Naqueles autos, a desistência do processo, pedido de parcelamento, implicou confissão irretratável de dívida e renúncia ao direito sobre o qual se funda o recurso, nos termos do art. 78, Anexo II, do RICARF/2015.
Restando confessada pela contribuinte a omissão de receitas do ano-calendário 2006 no processo conexo, reflexamente implicou confirmação do excesso de receita bruta para a empresa continuar figurando no regime simplificado de tributação do Simples de que tratam os Atos Declaratórios de Exclusão do Simples Federal e Nacional, respectivamente, com efeitos a partir de 01/01/2007 e 01/07/2007, os quais são objeto do presente processo.
Numero da decisão: 1301-002.911
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar suscitada, e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente.
(assinado digitalmente)
Nelso Kichel- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto (Presidente), Roberto Silva Junior, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Nelso Kichel, José Eduardo Dornelas Souza, Milene de Araújo Macedo e Bianca Felícia Rothschild.
Nome do relator: NELSO KICHEL
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar suscitada, e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente. (assinado digitalmente) Nelso Kichel- Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto (Presidente), Roberto Silva Junior, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Nelso Kichel, José Eduardo Dornelas Souza, Milene de Araújo Macedo e Bianca Felícia Rothschild.
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ementa_s : Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples Ano-calendário: 2006 PROCEDIMENTO DE FISCALIZAÇÃO. COLHEITA DE PROVAS NO INTERESSE EXCLUSIVO DO FISCO. CARÁTER INQUISITÓRIO. FASE PRÉ-PROCESSUAL. ATOS DECLARATÓRIOS EXECUTIVOS DE EXCLUSÃO DO SIMPLES. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO. PRELIMINAR DE NULIDADE REJEITADA. O procedimento de fiscalização tem caráter repressivo; é realizado no interesse exclusivo do fisco para investigação ou apuração de infração à legislação tributária; configura fase pré-processual. O procedimento de investigação fiscal, por ter natureza inquisitorial, não é banhado pelos princípios do contraditório e ampla defesa, pois ainda inexiste acusação formal, ainda não há processo nem lide. O devido processo legal administrativo instaura-se a partir da pretensão resistida, ou seja, a partir do oferecimento de impugnação à acusação formal formulada pelo fisco de prática de infração à legislação tributária (exclusão do Simples) e da qual o contribuinte tomou ciência na forma da legislação de regência. Os cânones constitucionais do contraditório e da ampla defesa são de observância obrigatória no âmbito do processos judicial e administrativo. No caso do caso processo administrativo, a partir da impugnação na primeira instância de julgamento. Os ADE de exclusão do Simples, diferentemente do alegado, não se vislumbra vício algum, não há prejuízo à defesa ou cerceamento do direito de defesa, pois foram produzidos em observância da legislação de regência, possuem justa causa, motivação, caracterização da situação excludente desse regime simplificado de tributação e fundamentação legal e com efeito da exclusão a partir do primeiro dia do ano seguinte à ocorrência da infração. Na fase processual, no presente devido processo legal administrativo que trata dos ADE de exclusão do Simples, desde o início do processo, foi e continua sendo asseguradas as garantias do devido processo legal, onde a contribuinte exerceu e continua exercendo plenamente o contraditório e a ampla defesa, não se vislumbrando vício algum que pudesse macular ou inquinar de nulidade os Atos de Exclusão do Simples e do presente processo. ATOS DECLARATÓRIOS DE EXCLUSÃO DO SIMPLES FEDERAL E NACIONAL. EXCESSO DE RECEITA BRUTA. PROCESSOS CONEXOS. ESTE TEM POR OBJETO A EXCLUSÃO DO SIMPLES. OUTRO TRATA DE LANÇAMENTO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO DO SIMPLES PELA IMPUTAÇÃO DA INFRAÇÃO OMISSÃO DE RECEITAS. RELAÇÃO DE DEPENDÊNCIA DOS PROCESSOS. SOBRESTAMENTO. INEXISTÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. A infração imputada omissão de receitas no Simples Federal ano-calendário 2006 (processo conexo), que implicou reflexamente excesso de receita bruta para continuar a empresa nesse regime simplificado de tributação nos anos seguintes, foi objeto de exclusão do Simples pelos ADE objeto deste processo, com efeito a partir de 01/01/2007 (Simples Federal) e 01/07/2007 (Simples Nacional). Inexiste previsão legal de suspensão dos efeitos da exclusão do Simples até que sobrevenha decisão definitiva na esfera administrativa no processo (conexo) que trata do auto de infração de omissão de receitas nesse regime. O tratamento da relação de dependência entre os processos se dá fazendo simplesmente com que, num mesmo nível de instância de julgamento, a decisão sobre a omissão de receita repercuta no processo de exclusão do Simples. De sorte que no processo conexo nº 11052.001299/2010-19, em grau de recurso na instância ordinária do CARF, a omissão de receitas do ano-calendário 2006 restou confirmada (Acórdão nº 1402-001.579-4ª Câmara/2ª Turma Ordinária, Sessão de 13/02/2014). Com isso, o total das receitas auferidas naquele ano ultrapassou o limite permitido para permanência no regime simplificado de tributação, a partir de 01/01/2007. Assim, devem ser mantidos os Atos Declaratórios de Exclusão do Simples Federal e Nacional com efeito, respectivamente, a partir de 01/01/2007 e 01/07/2007, os quais são objeto do presente processo. DESISTÊNCIA DO PROCESSO CONEXO QUE TRATA DE OMISSÃO DE RECEITAS. PEDIDO DE PARCELAMENTO. CONFISSÃO DE DÍVIDA. No caso de desistência do processo, informando pedido ou opção formalizada pelo parcelamento, isso implica confissão irretratável de dívida e renúncia ao direito sobre o qual se funda o recurso interposto pelo sujeito passivo, inclusive na hipótese de já ter ocorrido decisão favorável ao recorrente, inteligência do art. 78, Anexo II, do RICARF/2015. Mantida, confirmada a infração omissão de receitas, nos termos da decisão proferida nos autos do processo nº 11052.001299/2010-19 (conexo), a contribuinte na sequência em 22/08/2014, naqueles autos, acostou petição de desistência daquele processo, em virtude de inclusão dos débitos em parcelamento da União. Naqueles autos, a desistência do processo, pedido de parcelamento, implicou confissão irretratável de dívida e renúncia ao direito sobre o qual se funda o recurso, nos termos do art. 78, Anexo II, do RICARF/2015. Restando confessada pela contribuinte a omissão de receitas do ano-calendário 2006 no processo conexo, reflexamente implicou confirmação do excesso de receita bruta para a empresa continuar figurando no regime simplificado de tributação do Simples de que tratam os Atos Declaratórios de Exclusão do Simples Federal e Nacional, respectivamente, com efeitos a partir de 01/01/2007 e 01/07/2007, os quais são objeto do presente processo.
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COLHEITA DE PROVAS NO INTERESSE EXCLUSIVO DO FISCO. CARÁTER INQUISITÓRIO. FASE PRÉPROCESSUAL. ATOS DECLARATÓRIOS EXECUTIVOS DE EXCLUSÃO DO SIMPLES. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO. PRELIMINAR DE NULIDADE REJEITADA. O procedimento de fiscalização tem caráter repressivo; é realizado no interesse exclusivo do fisco para investigação ou apuração de infração à legislação tributária; configura fase préprocessual. O procedimento de investigação fiscal, por ter natureza inquisitorial, não é banhado pelos princípios do contraditório e ampla defesa, pois ainda inexiste acusação formal, ainda não há processo nem lide. O devido processo legal administrativo instaurase a partir da pretensão resistida, ou seja, a partir do oferecimento de impugnação à acusação formal formulada pelo fisco de prática de infração à legislação tributária (exclusão do Simples) e da qual o contribuinte tomou ciência na forma da legislação de regência. Os cânones constitucionais do contraditório e da ampla defesa são de observância obrigatória no âmbito do processos judicial e administrativo. No caso do caso processo administrativo, a partir da impugnação na primeira instância de julgamento. Os ADE de exclusão do Simples, diferentemente do alegado, não se vislumbra vício algum, não há prejuízo à defesa ou cerceamento do direito de defesa, pois foram produzidos em observância da legislação de regência, possuem justa causa, motivação, caracterização da situação excludente desse AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 05 2. 00 14 20 /2 01 0- 02 Fl. 152DF CARF MF Processo nº 11052.001420/201002 Acórdão n.º 1301002.911 S1C3T1 Fl. 153 2 regime simplificado de tributação e fundamentação legal e com efeito da exclusão a partir do primeiro dia do ano seguinte à ocorrência da infração. Na fase processual, no presente devido processo legal administrativo que trata dos ADE de exclusão do Simples, desde o início do processo, foi e continua sendo asseguradas as garantias do devido processo legal, onde a contribuinte exerceu e continua exercendo plenamente o contraditório e a ampla defesa, não se vislumbrando vício algum que pudesse macular ou inquinar de nulidade os Atos de Exclusão do Simples e do presente processo. ATOS DECLARATÓRIOS DE EXCLUSÃO DO SIMPLES FEDERAL E NACIONAL. EXCESSO DE RECEITA BRUTA. PROCESSOS CONEXOS. ESTE TEM POR OBJETO A EXCLUSÃO DO SIMPLES. OUTRO TRATA DE LANÇAMENTO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO DO SIMPLES PELA IMPUTAÇÃO DA INFRAÇÃO OMISSÃO DE RECEITAS. RELAÇÃO DE DEPENDÊNCIA DOS PROCESSOS. SOBRESTAMENTO. INEXISTÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. A infração imputada omissão de receitas no Simples Federal anocalendário 2006 (processo conexo), que implicou reflexamente excesso de receita bruta para continuar a empresa nesse regime simplificado de tributação nos anos seguintes, foi objeto de exclusão do Simples pelos ADE objeto deste processo, com efeito a partir de 01/01/2007 (Simples Federal) e 01/07/2007 (Simples Nacional). Inexiste previsão legal de suspensão dos efeitos da exclusão do Simples até que sobrevenha decisão definitiva na esfera administrativa no processo (conexo) que trata do auto de infração de omissão de receitas nesse regime. O tratamento da relação de dependência entre os processos se dá fazendo simplesmente com que, num mesmo nível de instância de julgamento, a decisão sobre a omissão de receita repercuta no processo de exclusão do Simples. De sorte que no processo conexo nº 11052.001299/201019, em grau de recurso na instância ordinária do CARF, a omissão de receitas do ano calendário 2006 restou confirmada (Acórdão nº 1402001.5794ª Câmara/2ª Turma Ordinária, Sessão de 13/02/2014). Com isso, o total das receitas auferidas naquele ano ultrapassou o limite permitido para permanência no regime simplificado de tributação, a partir de 01/01/2007. Assim, devem ser mantidos os Atos Declaratórios de Exclusão do Simples Federal e Nacional com efeito, respectivamente, a partir de 01/01/2007 e 01/07/2007, os quais são objeto do presente processo. DESISTÊNCIA DO PROCESSO CONEXO QUE TRATA DE OMISSÃO DE RECEITAS. PEDIDO DE PARCELAMENTO. CONFISSÃO DE DÍVIDA. No caso de desistência do processo, informando pedido ou opção formalizada pelo parcelamento, isso implica confissão irretratável de dívida e renúncia ao direito sobre o qual se funda o recurso interposto pelo sujeito passivo, inclusive na hipótese de já ter ocorrido decisão favorável ao recorrente, inteligência do art. 78, Anexo II, do RICARF/2015. Fl. 153DF CARF MF Processo nº 11052.001420/201002 Acórdão n.º 1301002.911 S1C3T1 Fl. 154 3 Mantida, confirmada a infração omissão de receitas, nos termos da decisão proferida nos autos do processo nº 11052.001299/201019 (conexo), a contribuinte na sequência em 22/08/2014, naqueles autos, acostou petição de desistência daquele processo, em virtude de inclusão dos débitos em parcelamento da União. Naqueles autos, a desistência do processo, pedido de parcelamento, implicou confissão irretratável de dívida e renúncia ao direito sobre o qual se funda o recurso, nos termos do art. 78, Anexo II, do RICARF/2015. Restando confessada pela contribuinte a omissão de receitas do ano calendário 2006 no processo conexo, reflexamente implicou confirmação do excesso de receita bruta para a empresa continuar figurando no regime simplificado de tributação do Simples de que tratam os Atos Declaratórios de Exclusão do Simples Federal e Nacional, respectivamente, com efeitos a partir de 01/01/2007 e 01/07/2007, os quais são objeto do presente processo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar suscitada, e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente. (assinado digitalmente) Nelso Kichel Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto (Presidente), Roberto Silva Junior, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Nelso Kichel, José Eduardo Dornelas Souza, Milene de Araújo Macedo e Bianca Felícia Rothschild. Fl. 154DF CARF MF Processo nº 11052.001420/201002 Acórdão n.º 1301002.911 S1C3T1 Fl. 155 4 Relatório Cuidam os autos do Recurso Voluntário de efls. 88/106 em face do Acórdão de 30/05/2011 da 13ª Turma da DRJ/Rio de Janeiro I (efls. 80/83) que julgou Manifestação de Inconformidade improcedente, mantendo a exclusão: a) do Simples Federal a partir de 01/01/2007; e, b) do Simples Nacional a partir de 01/07/2007. Quanto aos fatos imputados e razões de defesa deduzidas pelo sujeito passivo na primeira instância de julgamento, transcrevo o relatório da decisão recorrida que, até então, resumiu os aspectos relevantes da lide (efl. 82), in verbis: (...) Tratase de manifestação de inconformidade contra o ADE DRF/RJOII n° 53/2010 e contra o ADE DRF/RJOII n° 54/2010, que excluíram o contribuinte do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES FEDERAL (Lei 9.317/96) e SIMPLES NACIONAL (Lei Complementar 123/06), com efeitos a partir de 01/01/2007. 2. A motivação fática foi o excesso de receita bruta em 2006, no montante de R$ 5.913.342,77. Foi lavrado AI (COMPROT 11052.001299/201019) para a apuração do Crédito Tributário correlato. Da Manifestação de Inconformidade 3. Irresignado, o sujeito passivo apresentou manifestação de inconformidade contra os ADEs 53/2010 e 54/2010, mediante argumentação apresentada, em síntese, a seguir: nulidade dos ADEs, pois não houve o contraditório. ausência de motivação, falta de caracterização da situação excludente. Ataca o procedimento fiscal e a forma de operação dada à Lei Complementar 105/01. alinha os mesmos argumentos já decididos no Acórdão nº 36.431/2001, da 1a Turma de Julgamento da DRJ/RJI. (...) Como dito inicialmente, o acórdão recorrido da DRJ/Rio de Janeiro I manteve a exclusão do Simples, conforme a parte dispositiva que transcrevo: (...) Vistos, relatados e discutidos os autos do processo em epígrafe, os membros desta Turma acordam, por unanimidade de votos, Fl. 155DF CARF MF Processo nº 11052.001420/201002 Acórdão n.º 1301002.911 S1C3T1 Fl. 156 5 negar provimento à manifestação de inconformidade, nos termos do Relatório e do Voto que passam a integrar o presente decisum, mantendo os Atos Declaratórios Executivos DRF/RJO II n° 53/2010 (fl. 29) e n° 54/2010 (fls.30). (...) Inconformado com esse decisum, o sujeito passivo apresentou Recurso Voluntário a esta instância ordinária recursal do CARF, cujas razões, em síntese, são as seguintes: Nulidade dos atos declaratórios executivos a) ausência de contraditório e ampla defesa: que o contribuinte deve ser intimado acerca da existência do fato passível de exclusão do Simples para defesa prévia antes da emissão ou expedição do ato declaratório de exclusão do Simples, ex vi do art. 15,§ 3º, da Lei 9.317/96, com redação incluída pela Lei 9.732/98; que, em amparo de sua argumentação, cita o entendimento da 1ª Turma do STJ, REsp 764111/RS, Relator Ministro LUIZ FUX, data do julgamento:15/05/2007. b) ausência de motivação: (...) A caracterização de que os limites de receita bruta estabelecidos pela norma legal para permanência do Simples só restará aperfeiçoada no "trânsito em julgado administrativo" do ato que relatou a suposta ultrapassagem dos limites de receita bruta para permanência no regime simplificado, ocasião em que ocorreria (o que, certamente, não se consolidará) a constituição definitiva do crédito tributário e o aperfeiçoamento da infração às regras contidas nas leis que regem o SIMPLES. Contudo, mesmo antes da decisão definitiva em âmbito administrativo, foram lavrados os atos declaratórios de exclusão, quando ainda não havia sido configurada a ultrapassagem aos limites que, enquanto não violados, definem a empresa de pequeno porte. A motivação fática a que se refere a Delegacia de Julgamento, qual seja, o excesso de receita bruta não é ainda uma situação plenamente definida. A base de cálculo dos impostos delineada no Auto de Infração constante do processo administrativo n° 11052 .0 01299 /2010 19 não se encontra ainda plenamente definida, devendo sofrer alterações nos termos do artigo 145, do Código Tributário Nacional. Esse dado nos permite concluir, portanto, pela ausência de motivação fática que nos permita deduzir o excesso de receita bruta alegado. (...) Fl. 156DF CARF MF Processo nº 11052.001420/201002 Acórdão n.º 1301002.911 S1C3T1 Fl. 157 6 c) falta de caracterização da situação excludente: (...) A Lei Complementar n° 105, de 10 de janeiro de 2001, artigo 6o, e o Decreto n° 3.724, de mesma data, artigo 2o, § 5°, estabelecem que o exame das informações atinentes à movimentação financeira do contribuinte sob fiscalização somente poderá ser levado a efeito quando houver procedimento de fiscalização em curso, instaurado mediante outorga de Mandado de Procedimento Fiscal de Fiscalização e tenha sido constatada hipótese de indispensabilidade prevista no artigo 3° do Decreto regulamentar. No que se refere à existência de procedimento fiscal em curso, este requisito foi atendido, uma vez que estava em vigor o MPF n° 0719000/04758/09. Entretanto, o outro requisito não foi atendido. No TERMO N° 11 VERIFICAÇÃO FISCAL, o Auditor limitase a mencionar que "a presente ação fiscal (...) tem como parâmetro a movimentação financeira da empresa por conta da acentuada discrepância observada entre os valores relativos à base de cálculo da CPMF e os informados na Declaração Anual Simplificada (DAS)", sem enquadrar a situação em uma das hipóteses de indispensabilidade previstas no artigo 3°, do Decreto n° 3.724, de 2001. O que informa é apenas a existência de indícios de incompatibilidade entre os rendimentos declarados e a movimentação financeira, o que, por si só, não autoriza o exame das informações bancárias. As hipóteses listadas no artigo 3o do Decreto n° 3.724, de 2001 não contemplam meros indícios, mas situações concretas, apontadas pela autoridade fiscal de forma precisa e clara, conforme artigo 4o, § 6°, do Decreto n° 3.724, de 2001, que, se efetivamente ocorridas, autorizam, ai sim, o exame das informações relativas a terceiros, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras. Dessa forma, não havia qualquer norma que autorizasse a quebra de sigilo bancário, como realizado. E a prova de que não havia qualquer hipótese de indispensabilidade não pode ser repassada ao contribuinte que teria que provar o impossível, tendo que argumentar sobre todas as hipóteses previstas no Decreto 3.724, de 2001. Esse enquadramento cabe ao Fiscal, que tem o ônus de provar os fatos que alega. Tendo sido efetuada a quebra do sigilo financeiro ao arrepio da legislação, todas as provas dela obtidas devem ser ignoradas pela teoria dos frutos da árvore envenenada. (...) Além disso, cabe assinalar que a presunção prevista no artigo 42, da Lei n° 9.430, de 1996, não pode conduzir o aplicador da lei ao absurdo. A tributação não pode ultrapassar o conceito de Fl. 157DF CARF MF Processo nº 11052.001420/201002 Acórdão n.º 1301002.911 S1C3T1 Fl. 158 7 renda previsto nos artigos 43 e 44 do Código Tributário Nacional. Por essa razão, os depósitos bancários não podem ensejar a presunção válida de omissão de rendimentos se desacompanhados de outros indícios, uma vez que podem se referir a renda não tributável, já tributada ou tributada de forma diversa. Essa posição tem sido adotada pela Jurisprudência conforme Súmula 182 do TFR ("é ilegitimo o lançamento do Imposto de Renda arbitrado apenas em extratos ou depósitos bancários") . (...) Por fim, o sujeito passivo pediu o cancelamento dos atos declaratórios de exclusão do Simples Federal e Nacional, resumindo as razões aduzidas no recurso: (...) a) Cabe a nulidade do Ato Declaratório de Exclusão por não estar revestido das formalidades previstas na Lei n° 9.317, de 1996, em ofensa à finalidade, imposta pelo formalismo estabelecido, de preservar os direitos e garantias fundamentais caros ao Estado Democrático de Direito; b) Cabe, também, a decretação de nulidade, em razão da descrição de fatos que ainda não haviam sido corretamente configurados no mundo fenomênico, haja vista que o ato de exclusão foi lavrado antes da decisão administrativa final acerca do auto de infração que informou a omissão de receitas; c) A caracterização da situação excludente não restou evidenciada em razão de o exame dos extratos bancários que sugeriu a omissão de rendimentos, pela suposta existência de depósitos com origem não comprovada foi realizado sem que houvesse enquadramento em quaisquer das hipóteses de indispensabilidade previstas no artigo 3o, do Decreto n° 3.724, de 2001, conforme artigo 2o, § ° do mesmo Decreto, o que afasta a omissão de rendimentos; e os "depósitos não comprovados" não podem servir, por si só, como prova de omissão de renda, mormente quando se demonstra nos autos que parcela significativa deles não se refere à renda ou referese a rendimentos não tributáveis ou já tributados. (...) É o relatório. Fl. 158DF CARF MF Processo nº 11052.001420/201002 Acórdão n.º 1301002.911 S1C3T1 Fl. 159 8 Voto Conselheiro Nelso Kichel, Relator. O recurso voluntário foi apresentado tempestivamente, e atende aos demais pressupostos de admissibilidade. Por isso, dele conheço. Conforme relatado, a lide versa acerca da exclusão da contribuinte do Simples Federal com efeito a partir de 01/01/2007 e do Simples Nacional a partir de 01/07/2007, em face do excesso de receita bruta auferida no anocalendário 2006. No anocalendário 2006, a recorrente informou ao fisco, ofereceu à tributação, receita bruta, valor R$ 1.126.447,08. Porém, a receita bruta acumulada nesse ano foi de R$ 5.864.485,42, em face da imputação de Receita Omitida Depósitos Bancários de Origem Não Comprovada (processo conexo), extrapolando, por conseguinte, o limite máximo de receita bruta permitido para permanecer nesse regime simplificado de tributação, a partir do primeiro dia do exercício seguinte ao da ocorrência da infração, conforme os ADE (e fls. 31/32). Estes autos, portanto, tratam apenas acerca da exclusão do Simples. A infração omissão de receitas é objeto do processo conexo nº 11052.001299/201019. Vale dizer, a infração omissão de receitas depósitos bancários não escriturados e de origem não comprovada do anocalendário 2006, reflexamente, determinou a exclusão da contribuinte do Simples Federal e Nacional, respectivamente, a partir de 01/01/2007 e 01/07/2007. Quanto à exclusão do Simples Federal e Nacional, matéria objeto dos presentes autos, a contribuinte argumentou, então, que o fisco: a) não propiciou o contraditório e a ampla defesa na fase de investigação fiscal, fase préprocessual (fase anterior à ciência dos Atos Declaratórios Executivos ADE de Exclusão do Simples); b) não poderia excluíla do Simples, com efeito a partir de 01/01/2007, sem antes esperar a decisão final no âmbito administrativo da lide do processo nº 11052.001299/201019; c) que, ademais, os ADE de exclusão do Simples conteriam vícios ou máculas de nulidade insanável, por falta de motivação e falta de caracterização da situação excludente (antes da decisão final na órbita administração quanto à infração omissão de receitas no processo conexo). Fl. 159DF CARF MF Processo nº 11052.001420/201002 Acórdão n.º 1301002.911 S1C3T1 Fl. 160 9 Identificados os pontos controvertidos, passo a enfrentálos. Devido processo legal administrativo. Contraditório e ampla defesa. ADE. Inexistência de vício. Inexistência de Nulidade. A contribuinte alegou que os ADE de exclusão do Simples conteriam vício ou mácula de nulidade, pois o fisco deveria intimála acerca da existência do fato passível de exclusão do Simples para defesa prévia antes da emissão ou expedição do ato declaratório de exclusão do Simples e que isso teria implicado ausência de contraditório e ampla defesa na fase préprocessual. Pretensão descabida da contribuinte. Na fase préprocessual não há acusação, não há infração imputada, não há lide (pretensão resistida), logo não há que se falar em contraditório e ampla defesa, pois há apenas procedimento de fiscalização ostensiva, repressiva, no interesse exclusivo do fisco, de caráter inquisitório, onde a investigação visa à apuração de possível ocorrência de infração à legislação tributária, buscando reunir elementos de prova que confirmem ou não as suspeitas. O procedimento de fiscalização (investigação de infração tributária), assim, se desenvolve nos moldes do inquérito policial, ou seja, tem caráter inquisitorial. Ainda, diversamente do alegado pela recorrente, o art. 15, $3º, da Lei 9.317/96 trata do contraditório e da ampla defesa na fase processual, e não na fase pré processual (procedimento de investigação). Na fase processual, neste devido processo legal administrativo, a contribuinte, desde a ciência dos ADE de Exclusão do Simples, apresentou impugnação (pretensão resistida), exerceu e vem exercendo plenamente, em todas as instâncias recursais, as garantias constitucionais do devido processo legal: o contraditório e a ampla defesa. Os ADE de exclusão do Simples, diferentemente do alegado, possuem justa causa, motivação e caracterização da situação excludente, ou seja, o excesso de receita bruta auferida no anocalendário 2006, extrapolando o limite superior de receita bruta para permanecer no Simples, justificando plenamente a exclusão da recorrente do regime simplificado de tributação do Simples Federal e do Simples Nacional, respectivamente, a partir de 01/01/2007 e 01/07/2007. Assim, os ADE de exclusão do Simples Federal e Nacional, diferentemente do alegado pela contribuinte, não apresentam vício algum que os pudessem inquinar de nulidade, pois foram editados, produzidos com observância da legislação de regência. Preliminar de nulidade rejeitada. Fl. 160DF CARF MF Processo nº 11052.001420/201002 Acórdão n.º 1301002.911 S1C3T1 Fl. 161 10 Inexiste previsão legal para suspensão dos efeitos da exclusão do Simples até que sobrevenha decisão definitiva na esfera administrativa do auto de infração que imputou a infração omissão de receitas (processo conexo): Não merece prosperar a irresignação da contribuinte. O presente processo de exclusão do Simples e o processo de lançamento de ofício de diferença de tributos no âmbito do Simples em face da infração imputada omissão de receitas e que, reflexamente, implicou excesso de receita bruta no anocalendário 2006 para a contribuinte continuar no Simples, a partir do anocalendário seguinte, são conexos. Isso é fato! Porém, diversamente da pretensão da contribuinte, não há previsão legal de suspensão ou sobrestamento do processo de exclusão do Simples. Nesse sentido, são os precedentes jurisprudenciais do CARF, ou seja, pela inexistência de suspensão do processo que trata dos ADE de exclusão do Simples enquanto não sobrevenha decisão definitiva de mérito na instância administrativa do processo (conexo) que trata do auto de infração omissão de receitas. A seguir transcrevo ementas de julgados do CARF, in verbis: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ. Anocalendário:2003, 2004, 2005, 2006 (...) EXCLUSÃO DO SIMPLES. SUSPENSÃO. Inexiste previsão legal estabelecendo a suspensão dos efeitos da exclusão até que sobrevenha decisão definitiva na esfera administrativa do auto de infração. (Ac. 1402001.987–4ªCâmara/2ªTurma Ordinária da 1ª Seção de Julgamento do CARF, sessão de 09/12/2015, Relator FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR). ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES. Ano calendário:2004. ATO ADMINISTRATIVO DE EXCLUSÃO DO SIMPLES. NATUREZA DECLARATÓRIA. RETROATIVIDADE NÃO CONFIGURADA. SUSPENSÃO DOS SEUS EFEITOS. FALTA DE PREVISÃO LEGAL. INEXISTÊNCIA DE VíCIO. O ato declaratório executivo de exclusão do Simples, ainda que impugnado administrativamente, não tem caráter constitutivo de direito, mas sim natureza declaratória de situação jurí dica previamente constituída; reportaseà data de ocorrência da infração, a partir da qual o contribuinte por expressa pre visão legal, deixou de preencher, de pleno direito, as con dições para figurar no regime simplificado de tributação, fi cando, desde então, sujeito às normas de apuração dos tributos aplicáveis às demais pessoas jurídicas. Como decorrência natural, em relação ao ato declaratório executivo, Fl. 161DF CARF MF Processo nº 11052.001420/201002 Acórdão n.º 1301002.911 S1C3T1 Fl. 162 11 não há que se objetar efeito retroativo ou irretroativo, pois somente declara situação jurídica anteriormente constituída ou consumada. No âmbito do processo administrativo, o efeito suspensivo não se presume, isto é, deve estar expresso em lei. Por ter presunção de legalidade, o ato declaratório exe cutivo de exclusão do Simples, por falta de previsão legal, não tem efeito suspensivo. (Ac. 1802000.817–2ªTurma Especial da 1ª Seção de Julgamento do CARF, sessão de 23/02/2011, Relator Nelso Kichel). Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ. Anocalendário: 2006, 2007. Ementa: EXCLUSÃO DO SIMPLES.NULIDADE. O ato de exclusão do Simples é declaratório, e não constitutivo. A concreção da hipótese de exclusão e o efeito prescrito se dão ope legis. O pressuposto de fato para a exclusão do Simples foi a apuração de receita bruta superior a R$ 2.400.000,00 no ano calendário imediatamente anterior ao da exclusão. O efeito prescrito pela lei é a exclusão do Simples a partir do ano seguinte àquele em que ultrapassado o limite previsto. Inexistência de efeito retroativo. Só houve emprego de um critério jurídico, não havendo lugar para aplicação do art. 146 do CTN. Exclusão que não merece rechaço. (Ac.1103 00.577–1ª Câmara/3ªTurma Ordinária da 1ª Seção de Julgamento do CARF, sessão de 23/11/2011, Relator Mário Sérgio Fernandes Barroso–Redator designado). EXCLUSÃO DO SIMPLES EXCESSO DE RECEITA EXCLUSÃO DO SIMPLES EXCESSO DE RECEITA BRUTA — EFEITOS A exclusão do Simples motivada por excesso de receita bruta surte efeitos a partir do exercício seguinte ao que foi ultrapassado o limite, inexistindo previsão de suspensão da exclusão até decisão administrativa definitiva. (Ac. 120200.009 — 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária da 1ª Seção de Julgamento do CARF, sessão de 11/03/2009, Relator Irineu Bianchi). ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES. Ano calendário: 2001 ATO DECLARATÓRIO DE EXCLUSÃO.LIMITE DE RECEITAS PARA O ENQUADRAMENTO NO SIMPLES. MONTANTE DE RECEITAS APURADO EM OUTRO PROCESSO. Não há qualquer norma legal que inviabilize a edição de Ato Declaratório de Exclusão do Simples, e mesmo a realização de lançamento nos períodos subseqüentes (no regime normal de tributação), enquanto não houver decisão definitiva sobre a omissão de receitas que motivou a exclusão do Simples, e que é objeto de outro processo. Constatado o excesso de receitas no anocalendário 2000, deveria mesmo o Fisco exarar Ato De claratório de Exclusão com efeitos a partir de 01/01/2001, co Fl. 162DF CARF MF Processo nº 11052.001420/201002 Acórdão n.º 1301002.911 S1C3T1 Fl. 163 12 mo foi feito. O tratamento da relação de dependência entre os processos se dá fazendo simplesmente com que, num mesmo nível de instância de julgamento, a decisão sobre a omissão de receita repercuta no processo de exclusão do Simples. Havendo no processo nº 10909.002267/200401 a confirmação da omissão de receitas em 2000, no montante apurado pela fiscalização, infração que faz com que o total das receitas auferidas naquele ano ultrapasse o limite permitido para o enquadramento no regime simplificado de tributação, deve ser mantido o Ato Declaratório de Exclusão do Simples com efeitos a partir de 01/01/2001, que é objeto do presente processo. (Ac. CSRF nº 9101002.573 – 1ª Turma da CSRF, sessão de 13/03/2017, Relator Rafael Vidal De Araújo). Assim, restou prejudicada a alegação da contribuinte de que faltaria motivação fática e falta de caracterização da situação excludente para os atos de exclusão do Simples antes da decisão administrativa final acerca do auto de infração no processo conexo que trata da omissão de receitas do anocalendário 2006 que, reflexamente, implicou excesso de receita bruta no anocalendário 2006, pois não há previsão legal de suspensão do processo de Exclusão do Simples. Prejudicialidade da lide do processo conexo nº 11052.001299/201019: Aqui, vale citar a Súmula CARF nº 77, que embora trate de situação inversa à presente, em suma, revela a possibilidade do encaminhamento concomitante destas questões: Súmula CARF nº 77:A possibilidade de discussão administrativa do Ato Declaratório Executivo (ADE) de exclusão do Simples não impede o lançamento de ofício dos créditos tributários devidos em face da exclusão. Não há dúvida de que há aqui uma relação de dependência entre o processo que trata da omissão de receitas do anocalendário 2006 (Processo nº 11052.001299/201019) e o presente processo de exclusão do Simples Federal e Nacional, respectivamente, a partir de 01/01/2007 e 01/07/2007, porque a omissão de receitas do anocalendário 2006 repercute diretamente no montante da receita auferida e também no excesso de receitas que motivou a exclusão do Simples. Assim, em face da prejudicialidade, os processos deveriam tramitar juntos: o processo do auto de infração do Simples e o processo de exclusão do Simples, mas não necessariamente, pois o tratamento dessa relação de dependência dáse fazendo simplesmente com que, num mesmo nível de instância de julgamento, a decisão sobre a omissão de receita repercuta no processo de exclusão do Simples. De sorte que, naquele processo que trata do auto do infração omissão de receitas, já há decisão do CARF nesta mesma instância de julgamento recursal ordinária. Vale dizer, a infração omissão de receitas foi mantida praticamente em sua integralidade, ou seja, foi dado parcial provimento ao recurso voluntário no processo conexo nº Fl. 163DF CARF MF Processo nº 11052.001420/201002 Acórdão n.º 1301002.911 S1C3T1 Fl. 164 13 11052.001299/201019, para excluir apenas R$ 12.393,18 da base cálculo, conforme Acórdão nº 1402001.579– 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária, sessão de 13 de fevereiro de 2014. Como visto, o valor ínfimo excluído não interfere em nada nos ADE de exclusão do Simples por excesso de receita bruta no anocalendário 2006, pois permanece o excesso de receita bruta auferida, em face da manutenção da infração Omissão de Receitas praticamente na sua integralidade, como já dito, cuja ementa e parte dispositiva do Acórdão proferido naquele processo transcrevo a seguir, in verbis: (...) Pocesso nº 11052.001299/201019 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1402001.579– 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 13 de fevereiro de 2014 Matéria IRPJ Recorrente ELEVADORES IDEAL LTDA. Recorrida 1ª Turma da DRJ/RJI ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2006 FISCALIZAÇÃO. ACESSO A INFORMAÇÕES FINANCEIRAS NA POSSE DE INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. LEI COMPLEMENTAR 105, DE 2001. DESNECESSIDADE DE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. A Autoridade Tributária pode, com base na LC nº 105, de 2001, à vista de procedimento fiscal instaurado e presente a indispensabilidade do exame de informações relativas a terceiros, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, solicitar destas referidas informações, prescindindose da intervenção do Poder Judiciário. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. REQUISIÇÃO DE EXTRATOS E DADOS BANCÁRIOS DIRETO PELA RFB. ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE INCOMPETÊNCIA DO CARF. SÚMULA 2. O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, órgão integrante da estrutura administrativa da União, não é competente para enfrentar argüições acerca de inconstitucionalidade de lei tributária. ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Anocalendário: 2006 OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ORIGEM NÃO COMPROVADA. Caracterizamse omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Demonstrado nos autos que parte dos valores não representam receita, tais valores devem ser expurgados. Fl. 164DF CARF MF Processo nº 11052.001420/201002 Acórdão n.º 1301002.911 S1C3T1 Fl. 165 14 TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL. PIS. COFINS. SIMPLES. Os lançamentos reflexos devem observar o mesmo procedimento adotado no principal, em virtude da relação de causa e efeito que os vincula. (...) Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso para excluir da base de cálculo o valor de R$ 12.393,18 referente ao IRF sobre serviços prestados ao Fundo Nacional de Saúde, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (...) Confirmada a infração omissão de receitas, nos termos da decisão proferida nos autos do processo nº 11052.001299/201019 transcrita retro, estão prejudicadas, novamente, as alegações da recorrente de que faltaria motivação fática ou caracterização da situação excludente do Simples, pois restou confirmado o excesso de receita bruta no ano calendário no anocalendário 2006, justificando a exclusão da contribuinte do Simples Federal e Nacional, com efeito, respectivamente, a partir de 01/01/2007 e 01/07/2007. Desistência do processo conexo e renúncia ao direito que se funda o recurso. Adesão a parcelamento da União: Na sequência, em 22/08/2014 a contribuinte, por procurador legal, acostou aos autos petição de desistência do processo (conexo), em virtude de inclusão dos débitos em parcelamento da União. A propósito, transcrevo o teor da petição juntada ao Processo nº 11052.001299/201019 (conexo) (efls. 711/719 daquele processo), in verbis: (...) PETIÇÃO Eu, Fernando Stortti Fernandes, inscrito no CRC/RJ sob o n° 095768/02, e CPF: 056.782.16767, procurador da empresa ELEVADORES IDEAL LTDA, inscrito no CNPJ sob o n° 34.059.055/000199, situada a Estrada Macembu, n° 1552, Taquara, CEP: 22.710245, vem por meio desta solicitar a desistência do processo administrativo n° 11052001.299/2010 19, em virtude de inclusão dos débitos em parcelamento oriundo da Receita Federal do Brasil. (...) Fl. 165DF CARF MF Processo nº 11052.001420/201002 Acórdão n.º 1301002.911 S1C3T1 Fl. 166 15 Na sequência constam daqueles autos (efls. 726/728), telas juntadas pelo fisco, confirmando a extinção do processo decisão administrativa irreformável controle parcelamento parcelado e despacho: (...) PROCESSO/PROCEDIMENTO:11052.001299/201019 INTERESSADO: ELEVADORES IDEAL LTDA DESTINO: EQPARFAZDICATDRFRJ2RJORJ Receber Processo Triagem DESPACHO DE ENCAMINHAMENTO Tendo em vista a consolidação do parcelamento, conforme telas anexadas ao processo (fls. 726 a 727), encaminhese o presente à EQPARFAZ/DICAT/DRFRJ2 para acompanhamento. DATA DE EMISSÃO : 07/12/2015 (...) Neste caso de desistência, pedido de parcelamento, implicou confissão irretratável de dívida e renúncia ao direito sobre o qual se funda o recurso naquele processo, nos termos do art. 78, Anexo II, do RICARF/2015, in verbis: Art. 78. Em qualquer fase processual o recorrente poderá desistir do recurso em tramitação. § 1º A desistência será manifestada em petição ou a termo nos autos do processo. § 2º O pedido de parcelamento, a confissão irretratável de dívida, a extinção sem ressalva do débito, por qualquer de suas modalidades, ou a propositura pelo contribuinte, contra a Fazenda Nacional, de ação judicial com o mesmo objeto, importa a desistência do recurso. § 3º No caso de desistência, pedido de parcelamento, confissão irretratável de dívida e de extinção sem ressalva de débito, estará configurada renúncia ao direito sobre o qual se funda o recurso interposto pelo sujeito passivo, inclusive na hipótese de já ter ocorrido decisão favorável ao recorrente. A desistência do recurso, naqueles autos (processo conexo), pedido de parcelamento, implicou confissão irretratável de dívida e renúncia ao direito que se fundou o recurso. Assim, o excesso de receita bruta do anocalendário 2006 restou confirmado de forma definitiva, irretratável, irreformável na órbita administrativa naqueles autos (processo conexo), e reflexamente, por conseguinte, está justificada, sacramentada, a exclusão do Simples Federal com efeito a partir de 01/01/2007 e a exclusão do Simples Nacional a partir de 01/07/2007 pelos ADE, por excesso de receita bruta auferida no anocalendário 2006 (receita bruta extrapolou o limite máximo para permanência no Simples). Fl. 166DF CARF MF Processo nº 11052.001420/201002 Acórdão n.º 1301002.911 S1C3T1 Fl. 167 16 Portanto, confessada pela contribuinte a omissão de receitas do ano calendário 2006, nos termos do Acórdão nº 1402001.579– 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária, Sessão de 13 de fevereiro de 2014, pela desistência do processo conexo (renúncia à lide), em face da adesão ao parcelamento do débito correspondente, restou confirmada, reflexamente, nestes autos, a causa ou motivação da exclusão da recorrente do Simples Federal e Nacional. Devem ser mantidos, por conseguinte, os Atos Declaratórios de Exclusão do Simples Federal e Nacional, respectivamente, com efeitos a partir de 01/01/2007 e 01/07/2007, os quais são objeto do presente processo. Por tudo que foi exposto, voto para rejeitar a preliminar suscitada e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Nelso Kichel Fl. 167DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 35318.000039/2007-12
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 03 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue May 08 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/08/2000 a 30/03/2003
PREVIDENCIÁRIO. AUTO DE INFRAÇÃO. INOBSERVÂNCIA DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. ART. 32, INCISO IV, § 5º, LEI Nº 8.212/91.
Constitui fato gerador de multa, por descumprimento de obrigação acessória, apresentar o contribuinte à fiscalização Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social - GFIP com omissão de fatos geradores de todas contribuições previdenciárias.
MULTA/PENALIDADE. LEGISLAÇÃO POSTERIOR MAIS BENÉFICA. RETROATIVIDADE. Aplica-se ao lançamento legislação posterior à sua lavratura que comine penalidade mais branda, nos termos do artigo 106, inciso II, alínea c, do Código Tributário Nacional, impondo seja recalculada a multa com esteio na Medida Provisória nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009.
Numero da decisão: 2401-005.403
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso, e, no mérito, dar-lhe parcial provimento para que a multa seja recalculada nos termos da Lei 8.212/91, art. 32-A.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente
(assinado digitalmente)
Rayd Santana Ferreira - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier, Cleberson Alex Friess, Andrea Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho e Rayd Santana Ferreira.
Nome do relator: RAYD SANTANA FERREIRA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/08/2000 a 30/03/2003 PREVIDENCIÁRIO. AUTO DE INFRAÇÃO. INOBSERVÂNCIA DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. ART. 32, INCISO IV, § 5º, LEI Nº 8.212/91. Constitui fato gerador de multa, por descumprimento de obrigação acessória, apresentar o contribuinte à fiscalização Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social - GFIP com omissão de fatos geradores de todas contribuições previdenciárias. MULTA/PENALIDADE. LEGISLAÇÃO POSTERIOR MAIS BENÉFICA. RETROATIVIDADE. Aplica-se ao lançamento legislação posterior à sua lavratura que comine penalidade mais branda, nos termos do artigo 106, inciso II, alínea c, do Código Tributário Nacional, impondo seja recalculada a multa com esteio na Medida Provisória nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009.
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AUTO DE INFRAÇÃO. INOBSERVÂNCIA DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. ART. 32, INCISO IV, § 5º, LEI Nº 8.212/91. Constitui fato gerador de multa, por descumprimento de obrigação acessória, apresentar o contribuinte à fiscalização Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social GFIP com omissão de fatos geradores de todas contribuições previdenciárias. MULTA/PENALIDADE. LEGISLAÇÃO POSTERIOR MAIS BENÉFICA. RETROATIVIDADE. Aplicase ao lançamento legislação posterior à sua lavratura que comine penalidade mais branda, nos termos do artigo 106, inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, impondo seja recalculada a multa com esteio na Medida Provisória nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 35 31 8. 00 00 39 /2 00 7- 12 Fl. 803DF CARF MF 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso, e, no mérito, darlhe parcial provimento para que a multa seja recalculada nos termos da Lei 8.212/91, art. 32A. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier, Cleberson Alex Friess, Andrea Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho e Rayd Santana Ferreira. Fl. 804DF CARF MF Processo nº 35318.000039/200712 Acórdão n.º 2401005.403 S2C4T1 Fl. 3 3 Relatório COPENAVEM COOPERATIVA DE TRABALHO DE NAVEGAÇÃO MARÍTIMA LTDA, contribuinte, pessoa jurídica de direito privado, já qualificada nos autos do processo em referência, recorre a este Conselho da DecisãoNotificação n° 17.423.4/0055/2007 da antiga Delegacia da receita Previdenciária em Niterói/RJ, às efls. 633/635, que julgou procedente o lançamento fiscal, decorrente do descumprimento da obrigação acessória de apresentar a Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia e Informações à Previdência SocialGFIP com os dados correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, conforme previsto na Lei 8.212, de 24.07.91, art. 32, inciso IV,§ 5°. Conforme consignado no Relatório Fiscal da Infração, às fls. 16/17, fora constatado durante a ação fiscal que o Contribuinte apresentou a Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia e Informações à Previdência Social GFIP relativa ao período de 08/2000 a 03/2003, com incorreções. Os valores das contribuições previdenciárias referentes aos fatos geradores não informados nas correspondentes competências, os nomes dos segurados e a metodologia de cálculo da penalidade aplicada encontramse relacionadas no Relatório Fiscal da Aplicação da Multa, às fls. 18/19 e nos documentos de às fls. 20/537. Inconformada com a Decisão recorrida, a contribuinte apresentou Recurso Voluntário, às fls. 595, procurando demonstrar sua improcedência, desenvolvendo em síntese as seguintes razões. A recorrente que em sede de impugnação houvera confessado em sua defesa de fls. 595 que de fato não apresentara as GFIPs, pedindo inclusive dilatação de prazo para fazêlo, interpôs Recurso Voluntário onde não reiterou as alegações que fizera em instancia “ad quod ”. Não tendo feito em sede de impugnação por não ter providenciado, inovou e juntou a este recurso os protocolos de envio de arquivos das GFIPs do período de agosto de 2000 a abril de 2003, todos datados em 2007, posteriormente ao encerramento da ação fiscal reclamando de que nenhum dos arquivos protocolados fora apreciado na esfera administrativa. Não houve apresentação de contrarrazões. Em 08 de fevereiro de 2011, a 3° Turma Ordinária da 4° Câmara, entendeu por bem julgar procedente em parte o recurso, exonerando o crédito tributário, por entender restar decaído pelo art. 150, § 4° do CTN e, na parte não decadente, determinar o recálculo da multa com base no art. 32A da Lei 8.212/91, o fazendo sob a égide dos fundamentos inseridos no Acórdão nº 240300.325, de efls. 669/683, sintetizados na seguinte ementa: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/08/2000 a 30/03/2003 Fl. 805DF CARF MF 4 DECADÊNCIA. CUSTEIO.DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. NÃO INFORMAÇÃO DE FATOS GERADORES DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. Ocorre a decadência com a extinção do direito pela inércia de seu titular, quando sua eficácia foi, de origem, subordinada à condição de seu exercício dentro de um prazo prefixado, e este se esgotou sem que esse exercício tivesse se verificado. As edições da Súmula Vinculante n° 8 exarada pelo Supremo Tribunal Federal STF e da Lei Complementar n° 128 de dezembro de 2008, artigo 13, I , “a ”,determinaram que são inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1.569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário. A apresentação de GFIP com dados que não correspondam à totalidade dos fatos geradores das contribuições previdenciárias caracteriza infração, ensejando a lavratura de Auto de Infração para cominação da multa cabível. Regularmente intimada e inconformada com a Decisão acima, a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional apresentou Embargos de Declaração, os quais não foram admitidos, e posteriormente Recurso Especial, às efls., pleiteando a manutenção do lançamento, e conseguinte reforma da Decisão. Por sua vez, a 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais entendeu por bem julgar procedente o recurso especial da fazenda para considerar o artigo 173 do Código tributário Nacional como forma de contagem para determinar a decadência das obrigações acessórias em questão, com retorno dos autos à turma a quo para análise das competências não decaídas pelo artigo encimado, o fazendo sob a égide dos fundamentos inseridos no Acórdão nº 9202004.479/2016, de efls. 782/789. Após regular processamento, os autos fora distribuídos a este Conselheiro, para relato e inclusão em pauta, o que fazemos nesta assentada. É o Relatório. Fl. 806DF CARF MF Processo nº 35318.000039/200712 Acórdão n.º 2401005.403 S2C4T1 Fl. 4 5 Voto Conselheiro Rayd Santana Ferreira Relator. Presente o pressuposto de admissibilidade, por ser tempestivo, conheço dos recursos e passo ao exame das alegações recursais. DELIMITAÇÃO DA LIDE Tratase de retorno dos autos da Câmara Superior para análise quanto ao mérito das competências anteriormente declaradas decadentes, são elas: improcedência do lançamento e, de ofício, por ter sido o recurso protocolado antes da alteração da legislação, o recalculo da multa. MÉRITO A Empresa apresentou as GFIPs nas competências 08/2000 à 03/2003 com informações não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias conforme consignado no Relatório Fiscal da Infração. Desse modo, incorreu em infração ao dispositivo legal que estabelece a obrigação acessória, no caso especifico, o § 5°, Inciso IV, do Art. 32 da Lei 8.212 de 24 de julho de 1991, com redação dada pela Lei 9.528 de 10/12/97. Caracterizada a infração por descumprimento da obrigação acessória foi lavrado o auto de infração, nos termos do artigo 33 da Lei 8.212, de 24/07/91, e do artigo 293 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto 3.048/99 que analisado se reveste dos requisitos legais indispensáveis à sua validade. Dessa forma, não merece guarida a pretensão da contribuinte, consoante restou muito bem explicitado no voto condutor do Acórdão n° 240300.325, o qual me filio, da lavra do Conselheiro Ivacir Júlio de Souza, exarado pela 3a Turma Ordinária da $° Câmara nos autos deste processo, o qual se posicionou acerca das competências anteriormente não decaídas, de onde peça vênia para transcrever excerto e adotar como razões de decidir, in verbis: A Recorrente já tivera sido informada na forma da DECISÃO NOTIFICAÇÃO n° 17.423.4/0055/2007 de que : “A Administração Pública submetese em sua atuação ao principio da legalidade, dentre outros. Como corolário deste principio os agentes da Administração cingemse aos estreitos limites impostos pelo que a lei determina, de maneira que é defeso aos agentes da Administração praticar qualquer ato que não esteja previsto em lei. Portanto, será indeferida a dilação de prazo solicitada pela Autuada, para que possa promover a correção da falta com a entrega das respectivas GFIP, uma vez que carece de amparo legal, pois o prazo para a apresentação de documentos que instruem a defesa é de quinze dias, conforme previsto no § 1°, do artigo 293, do RPS Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n° 3.048, de 06.05.99.” Fl. 807DF CARF MF 6 Muito embora devidamente notificada da decisão, a Recorrente insiste em proceder a entrega em sede de recurso. A empresa que já houvera confessado em sua defesa de fls. 596 que de fato não apresentara as GFIPs, pedindo inclusive dilatação de prazo para fazêlo, prazo este negado conforme foi visto, inovou e não reiterou as alegações que fizera em instancia “ad quod ”. Não tendo feito em sede de impugnação por não ter providenciado, reclamando de que nenhum dos arquivos protocolados fora apreciado na esfera administrativa, juntou a este recurso, intempestivamente, os protocolos de envio de arquivos das GFIPs do período de agosto de 2000 a abril de 2003, todos datados em 2007. É relevante notar que os documentos foram protocolizados posteriormente ao encerramento da ação fiscal efetivada em 26/12/2006 sendo legítima e procedente, portanto, a autuação ora em comento. Como se observa é insustentável o procedimento da Recorrente não lhe assistindo , pois, razão em sua argumentação. DO CÁLCULO DA MULTA – LEI Nº 11.941/2009 RETROATIVIDADE Por derradeiro, em que pese à procedência do lançamento em seu mérito, destacase que posteriormente à lavratura do Auto de Infração fora publicada a Medida Provisória nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, trazendo nova redação ao artigo 32 da Lei nº 8.212/91, acrescentando, ainda, o artigo 32A aquele Diploma Legal, estabelecendo nova forma do cálculo da multa ora exigida e, bem assim, determinando a exclusão da multa de mora do artigo 35 da Lei nº 8.212/91, com a conseqüente aplicação das multas constantes da Lei nº 9.430/96, e, tendo sido protocolado o recurso antes da alteração, analiso de ofício, senão vejamos: Art. 32. A empresa é também obrigada a: I preparar folhasdepagamento das remunerações pagas ou creditadas a todos os segurados a seu serviço, de acordo com os padrões e normas estabelecidos pelo órgão competente da Seguridade Social; II lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições, o montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos; III – prestar à Secretaria da Receita Federal do Brasil todas as informações cadastrais, financeiras e contábeis de seu interesse, na forma por ela estabelecida, bem como os esclarecimentos necessários à fiscalização; (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) IV – declarar à Secretaria da Receita Federal do Brasil e ao Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, na forma, prazo e condições estabelecidos por esses órgãos, dados relacionados a fatos geradores, base de cálculo e Fl. 808DF CARF MF Processo nº 35318.000039/200712 Acórdão n.º 2401005.403 S2C4T1 Fl. 5 7 valores devidos da contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS ou do Conselho Curador do FGTS; (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) [...] § 1o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) § 2o A declaração de que trata o inciso IV do caput deste artigo constitui instrumento hábil e suficiente para a exigência do crédito tributário, e suas informações comporão a base de dados para fins de cálculo e concessão dos benefícios previdenciários. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) § 3o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) § 4o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) § 5o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) § 6o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) § 7o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) § 8o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) § 9o A empresa deverá apresentar o documento a que se refere o inciso IV do caput deste artigo ainda que não ocorram fatos geradores de contribuição previdenciária, aplicandose, quando couber, a penalidade prevista no art. 32A desta Lei. § 10. O descumprimento do disposto no inciso IV do caput deste artigo impede a expedição da certidão de prova de regularidade fiscal perante a Fazenda Nacional. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) § 11. Em relação aos créditos tributários, os documentos comprobatórios do cumprimento das obrigações de que trata este artigo devem ficar arquivados na empresa até que ocorra a prescrição relativa aos créditos decorrentes das operações a que se refiram. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitar seá às seguintes multas: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). Fl. 809DF CARF MF 8 § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). [...] Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). Partindo dessa premissa, em face da legislação posterior contemplando penalidades mais benéficas para o mesmo fato gerador, impõese à aplicação desse novo calculo da multa, em observância ao disposto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, que assim prescreve: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifamos) Antes mesmo de contemplar as razões meritórias, mister analisarmos o disposto no artigo 113 do Código Tributário Nacional, o qual determina que as obrigações Fl. 810DF CARF MF Processo nº 35318.000039/200712 Acórdão n.º 2401005.403 S2C4T1 Fl. 6 9 tributárias são divididas em duas espécies, principal e obrigação acessória. A primeira diz respeito à ocorrência do fato gerador do tributo em si, por exemplo, recolher ou não o tributo propriamente dito, extinguindo juntamente com o crédito decorrente. Por outro lado, a obrigação acessória relacionase às prestações positivas ou negativas constantes da legislação de regência, de interesse da arrecadação ou fiscalização tributária, sendo exemplo de seu descumprimento deixar a contribuinte de informar em GFIP a totalidade dos fatos geradores das contribuições previdenciárias, situação que se amolda ao caso sub examine. Após a unificação das Secretarias das Receitas Previdenciária e Federal, em Receita Federal do Brasil (“Super Receita”), as contribuições previdenciárias passaram a ser administradas pela RFB que, em curto lapso temporal, compatibilizou os procedimentos fiscalizatórios e, por conseguinte, de constituição de créditos tributários, estabelecendo, igualmente, para os tributos em epígrafe multas de ofício a serem aplicadas em observância à Lei n° 9.430/1996, conforme alterações na legislação introduzidas pela Lei nº 11.941/2009. Como se observa, a nova legislação, de fato, contemplou inédita formula de cálculo de aludidas multas que, em suma, vem sendo conduzida pelo Fisco, da seguinte forma: 1) Na hipótese do descumprimento de obrigações acessórias ocorrer de maneira isolada (p.ex. tão somente deixar de informar a totalidade dos fatos geradores em GFIP), com a ocorrência da observância da obrigação principal (pagamento do tributo devido), aplicarseá para o cálculo da multa o artigo 32A da Lei n° 8.212/91; 2) Por seu turno, quando o contribuinte, além de inobservar as obrigações acessórias, também deixar de recolher o tributo correspondente, a multa a ser aplicada deverá obedecer aos ditames do artigo 35A da Lei n° 8.212/91, que remete ao artigo 44 da Lei n° 9.430/96, determinando a aplicação de multa de ofício de 75%; Não obstante parecer simples, aludida matéria encontrase distante de remansoso desfecho. Isto porque, a legislação anterior apartava as autuações por descumprimento de obrigações acessórias das notificações fiscais (NFLD) decorrentes de inobservância das obrigações principais, levando a efeito multas distintas, inclusive, no segundo caso, com aplicação de multa de mora variável no decorrer do tempo (fases processuais). Assim, com a introdução de novas formas de cálculo da multa, nos casos de descumprimento de obrigações tributárias (principal e acessória), os lançamentos pretéritos, bem como aqueles mais recentes que abarcam fatos geradores relacionados a período anterior a referida alteração, tiveram que ser reanalisados com a finalidade de se verificar a melhor modalidade do cálculo da penalidade e, se mais benéfico, aplicálo. In casu, observase que apenas houve o lançamento da obrigação acessória, conforme depreendese do Termo de Encerramento Fiscal, efls. 219. A propósito da matéria, o ilustre Conselheiro Júlio César Vieira Gomes se manifestou com muita propriedade, conforme se depreende do excerto do Voto condutor do Acórdão n° 2402001.895, exarado nos autos do processo n° 15983.000199/200892, de onde peço vênia para transcrever e adotar como razões de decidir: Fl. 811DF CARF MF 10 [...] O recorrente já se beneficiou do direito à relevação de parte da multa aplicada pela correção parcial da falta, mas ainda não quanto à retroatividade benéfica prevista no artigo 106 do Código Tributário Nacional e em face da regra trazida pelo artigo 26 da Lei n° 11.941, de 27/05/2009 que introduziu na Lei n° 8.212, de 24/07/1991 o artigo 32A. Passo, então, ao exame desse direito. Seguem transcrições: [...] Podemos identificar nas regras do artigo 32A os seguintes elementos: a) é regra aplicável a uma única espécie de declaração, dentre tantas outras existentes (DCTF, DCOMP, DIRF etc): a Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social – GFIP; b) é possibilitado ao sujeito passivo entregar a declaração após o prazo legal, corrigila ou suprir omissões antes de algum procedimento de ofício que resultaria em autuação; c) regras distintas para a aplicação da multa nos casos de falta de entrega/entrega após o prazo legal e nos casos de informações incorretas/omitidas; sendo no primeiro caso, limitada a vinte por cento da contribuição; d) desvinculação da obrigação de prestar declaração em relação ao recolhimento da contribuição previdenciária; e) reduções da multa considerando ter sido a correção da falta ou supressão da omissão antes ou após o prazo fixado em intimação; e f) fixação de valores mínimos de multa. Inicialmente, esclarecese que a mesma lei revogou as regras anteriores que tratavam da aplicação da multa considerando cem por cento do valor devido limitado de acordo com o número de segurados da empresa: Art. 79. Ficam revogados: I – os §§ 1o e 3º a 8º do art. 32, o art. 34, os §§ 1º a 4º do art. 35, os §§ 1º e 2º do art. 37, os arts. 38 e 41, o § 8º do art. 47, o § 2º do art. 49, o parágrafo único do art. 52, o inciso II do caput do art. 80, o art. 81, os §§ 1º, 2º, 3º, 5º, 6º e 7º do art. 89 e o parágrafo único do art. 93 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991; Para início de trabalho, como de costume, devese examinar a natureza da multa aplicada com relação à GFIP, sejam nos casos de “falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo” ou “informações incorretas ou omitidas”. No inciso II do artigo 32A em comento o legislador manteve a desvinculação que já havia entre as obrigações do sujeito passivo: acessória, quanto à declaração em GFIP e Fl. 812DF CARF MF Processo nº 35318.000039/200712 Acórdão n.º 2401005.403 S2C4T1 Fl. 7 11 principal, quanto ao pagamento da contribuição previdenciária devida: II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. Portanto, temos que o sujeito passivo, ainda que tenha efetuado o pagamento de cem por cento das contribuições previdenciárias, estará sujeito à multa de que trata o dispositivo. Comparando com o artigo 44 da Lei n° 9.430, de 27/12/1996, que trata das multas quando do lançamento de ofício dos tributos federais, vejo que as regras estão em outro sentido. As multas nele previstas incidem em razão da falta de pagamento ou, quando sujeito a declaração, pela falta ou inexatidão da declaração, aplicandose apenas ao valor que não foi declarado e nem pago. Melhor explicando essa diferença, apresentamos o seguinte exemplo: o sujeito passivo, obrigado ao pagamento de R$ 100.000,00 apenas declara em DCTF R$ 80.000,00, embora tenha efetuado o pagamento/recolhimento integral dos R$ 100.000,00 devidos, qual seria a multa de ofício a ser aplicada? Nenhuma. E se houvesse pagamento/recolhimento parcial de R$ 80.000,00? Incidiria a multa de 75% (considerando a inexistência de fraude) sobre a diferença de R$ 20.000,00. Isto porque a multa de ofício existe como decorrência da constituição do crédito pelo fisco, isto é, de ofício através do lançamento. Caso todo o valor de R$ 100.000,00 houvesse sido declarado, ainda que não pagos, a DCTF já teria constituiria o crédito tributário sem necessidade de autuação. A diferença reside aí. Quanto à GFIP não há vinculação com o pagamento. Ainda que não existam diferenças de contribuições previdenciárias a serem pagas, estará o contribuinte sujeito à multa do artigo 32A da Lei n° 8.212, de 24/07/1991. Seguem transcrições: LEI Nº 9.430, DE 27 DE DEZEMBRO DE 1996. Dispõe sobre a legislação tributária federal, as contribuições para a seguridade social, o processo administrativo de consulta e dá outras providências. ... Seção V Normas sobre o Lançamento de Tributos e Contribuições ... Multas de Lançamento de Ofício Fl. 813DF CARF MF 12 Art.44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; II cento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. A DCTF tem finalidade exclusivamente fiscal, diferentemente do caso da multa prevista no artigo 32A, em que independentemente do pagamento/recolhimento da contribuição previdenciária, o que se pretende é que, o quanto antes (daí a gradação em razão do decurso do tempo), o sujeito passivo preste as informações à Previdência Social, sobretudo os salários de contribuição percebidos pelos segurados. São essas informações que viabilizam a concessão dos benefícios previdenciários. Quando o sujeito passivo é intimado para entregar a GFIP, suprir omissões ou efetuar correções, o fisco já tem conhecimento da infração e, portanto, já poderia autuálo, mas isso não resolveria um problema extrafiscal: as bases de dados da Previdência Social não seriam alimentadas com as informações corretas e necessárias para a concessão dos benefícios previdenciários. Por essas razões é que não vejo como se aplicarem as regras do artigo 44 aos processos instaurados em razão de infrações cometidas sobre a GFIP. E no que tange à “falta de declaração e nos de declaração inexata”, parte também do dispositivo, além das razões já expostas, devese observar o Princípio da Especificidade a norma especial prevalece sobre a geral: o artigo 32A da Lei n° 8.212/1991 traz regra aplicável especificamente à GFIP, portanto deve prevalecer sobre as regras no artigo 44 da Lei n° 9.430/1996 que se aplicam a todas as demais declarações a que estão obrigados os contribuintes e responsáveis tributários. Pela mesma razão, também não se aplica o artigo 43 da mesma lei: Auto de Infração sem Tributo Art.43. Poderá ser formalizada exigência de crédito tributário correspondente exclusivamente a multa ou a juros de mora, isolada ou conjuntamente. Parágrafo único. Sobre o crédito constituído na forma deste artigo, não pago no respectivo vencimento, incidirão juros de mora, calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Em síntese, para aplicação de multas pelas infrações relacionadas à GFIP devem ser observadas apenas as regras do Fl. 814DF CARF MF Processo nº 35318.000039/200712 Acórdão n.º 2401005.403 S2C4T1 Fl. 8 13 artigo 32A da Lei n° 8.212/1991 que regulam exaustivamente a matéria. É irrelevante para tanto se houve ou não pagamento/recolhimento e, nos casos que tenha sido lavrada NFLD (período em que não era a GFIP suficiente para a constituição do crédito nela declarado), qual tenha sido o valor nela lançado. E, aproveitando para tratar também dessas NFLD lavradas anteriormente à Lei n° 11.941, de 27/05/2009, não vejo como lhes aplicar o artigo 35A, que fez com que se estendesse às contribuições previdenciárias, a partir de então, o artigo 44 da Lei n° 9.430/1996, pois haveria retroatividade maléfica, o que é vedado; nem tampouco a nova redação do artigo 35. Os dispositivos legais não são interpretados em fragmentos, mas dentro de um conjunto que lhe dê unidade e sentido. As disposições gerais nos artigos 44 e 61 são apenas partes do sistema de cobrança de tributos instaurado pela Lei n° 9.430/1996. Quando da falta de pagamento/recolhimento de tributos são cobradas, além do principal e juros moratórios, valores relativos às penalidades pecuniárias, que podem ser a multa de mora, quando embora a destempo tenha o sujeito passivo realizado o pagamento/recolhimento antes do procedimento de ofício, ou a multa de ofício, quando realizado o lançamento para a constituição do crédito. Essas duas espécies são excludentes entre si. Essa é a sistemática adotada pela lei. [...] Retomando os autos de infração de GFIP lavrados anteriormente à Lei n° 11.941, de 27/05/2009, há um caso que parece ser o mais controvertido: o sujeito passivo deixou de realizar o pagamento das contribuições previdenciárias (para tanto foi lavrada a NFLD) e também de declarar os salários de contribuição em GFIP (lavrado AI). Qual o tratamento do fisco? Por tudo que já foi apresentado, não vejo como bis in idem que seja mantida na NFLD a multa que está nela sendo cobrada (ela decorre do falta de pagamento, mas não pode retroagir o artigo 44 por lhe ser mais prejudicial), sem prejuízo da multa no AI pela falta de declaração/omissão de fatos geradores (penalidade por infração de obrigação acessória ou instrumental para a concessão de benefícios previdenciários). Cada uma das multas possuem motivos e finalidades próprias que não se confundem, portanto inibem a sua unificação sob pretexto do bis in idem. Agora, temos que o valor da multa no AI deve ser reduzido para ajustálo às novas regras mais benéficas trazidas pelo artigo 32A da Lei n° 8.212/1991. Nada mais que a aplicação do artigo 106, inciso II, alínea “c” do CTN: [...] De fato, nelas há limites inferiores. No caso da falta de entrega da GFIP, a multa não pode exceder a 20% da contribuição previdenciária e, no de omissão, R$ 20,00 a cada grupo de dez ocorrências: Fl. 815DF CARF MF 14 Art. 32A. (...): I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. Certamente, nos eventuais casos em a multa contida no autodeinfração é inferior à que seria aplicada pelas novas regras (por exemplo, quando a empresa possui pouquíssimos segurados, já que a multa era proporcional ao número de segurados), não há como se falar em retroatividade. Outra questão a ser examinada é a possibilidade de aplicação do §2° do artigo 32A: § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. Deve ser esclarecido que o prazo a que se refere o dispositivo é aquele fixado na intimação para que o sujeito passivo corrija a falta. Essa possibilidade já existia antes da Lei n° 11.941, de 27/05/2009. Os artigos 291 e 292 que vigeram até sua revogação pelo Decreto nº 6.727, de 12/01/2009 já traziam a relevação e a atenuação no caso de correção da infração. E nos processos ainda pendentes de julgamento neste Conselho, os sujeitos passivos autuados, embora pudessem fazê lo, não corrigiram a falta no prazo de impugnação; do que resultaria a redução de 50% da multa ou mesmo seu cancelamento. Entendo, portanto, desnecessária nova intimação para a correção da falta, oportunidade já oferecida, mas que não interessou ao autuado. Resulta daí que não retroagem as reduções no §2°: Art.291.Constitui circunstância atenuante da penalidade aplicada ter o infrator corrigido a falta até o termo final do prazo para impugnação. §1oA multa será relevada se o infrator formular pedido e corrigir a falta, dentro do prazo de impugnação, ainda que não contestada a infração, desde que seja o infrator Fl. 816DF CARF MF Processo nº 35318.000039/200712 Acórdão n.º 2401005.403 S2C4T1 Fl. 9 15 primário e não tenha ocorrido nenhuma circunstância agravante. ... CAPÍTULO VI DA GRADAÇÃO DAS MULTAS Art.292. As multas serão aplicadas da seguinte forma: ... V na ocorrência da circunstância atenuante no art. 291, a multa será atenuada em cinqüenta por cento. Retornando à aplicação do artigo 32A da Lei n° 8.212, de 24/07/1991, ressaltase que a verificação da regra mais benéfica deve ser em relação ao valor da multa aplicada no autode infração, anteriormente à qualquer outra redução em face da correção parcial da falta ou outro motivo. Isto porque a retroatividade benéfica do artigo 106 do CTN se opera no plano da subsunção do fato à nova regra jurídica. A relevação de parte da multa pela correção parcial da falta do decorrer do processo deve ser realizada após a incidência da nova regra. Melhor explicando: devem ser comparadas as duas multas, a aplicada pela fiscalização com a prevista no artigo 32A, inciso II da Lei n° 8.212, de 24/07/1991, prevalecendo a menor; após, a relevação de parte da multa remanescente na proporção da correção parcial da infração. [...] Na esteira desse entendimento, em que pese à procedência do lançamento em relação ao mérito, impõese determinar o recálculo da multa, com fulcro no artigo 32A da Lei n° 8212/91, na forma prescrita na legislação hodierna mais benéfica, retroagindo, portanto, para alcançar fatos pretéritos. Fazendo prevalecer a multa mais benéfica para a contribuinte. Por todo o exposto, estando o Auto de Infração sub examine em parcial consonância com os dispositivos legais que regulamentam a matéria, VOTO NO SENTIDO DE CONHECER DO RECURSO VOLUNTÁRIO e, no mérito, DARLHE PROVIMENTO PARCIAL, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. É como voto. (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira Fl. 817DF CARF MF
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Numero do processo: 10980.923315/2011-55
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 19 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jun 19 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3301-000.596
Decisão: Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
José Henrique Mauri - Presidente e Relator.
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado), Valcir Gassen, Marcos Roberto da Silva (Suplente convocado), Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Ari Vendramini e Semíramis de Oliveira Duro.
Nome do relator: JOSE HENRIQUE MAURI
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COFINS. Recorrente Sociedade Paranaense de Ensino e InformáticaSPEI Recorrida Fazenda Nacional Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Presidente e Relator. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado), Valcir Gassen, Marcos Roberto da Silva (Suplente convocado), Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Ari Vendramini e Semíramis de Oliveira Duro. Relatório Trata o presente processo administrativo de PER/DCOMP para obter reconhecimento de direito creditório do tributo por suposto pagamento a maior e aproveitar esse crédito com débito de outro tributo. A DRF, no despacho decisório, indeferiu o pedido, em razão do recolhimento indicado no PER/DCOMP ter sido integralmente utilizado para quitação de débito confessado pelo contribuinte, não restando crédito disponível para restituição ou compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Assim, diante da inexistência de crédito, o Pedido de Restituição foi indeferido e a compensação declarada não foi homologada, conforme o caso. Cientificada, a interessada apresentou manifestação de inconformidade cuja argumentação é a seguir resumida. Sustenta que é uma instituição de educação sem fins lucrativos e, nos termos do art. 14, X da MP nº 2.15835, de 2001, estaria isenta da COFINS. Argumenta que tal RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 09 80 .9 23 31 5/ 20 11 -5 5 Fl. 62DF CARF MF Processo nº 10980.923315/201155 Resolução nº 3301000.596 S3C3T1 Fl. 3 2 dispositivo estabelece que tal isenção se dá, a partir de 01/02/1999, para as receitas relativas às atividades próprias das entidades a que se refere o art. 13, o qual, por sua vez, referese às “instituições de educação e de assistência social” arroladas no art. 12 da Lei n° 9.532, de 10 de dezembro de 1997. Afirma que se encaixa nos requisitos legais, uma vez que: (a) não remunera, por qualquer forma, seus dirigentes pelos serviços prestados; (b) aplica integralmente seus recursos na manutenção e desenvolvimento dos seus objetivos sociais; e (c) assegura a destinação de seu patrimônio à outra instituição congênere, em caso de extinção. Anexa o seu Estatuto Social para provar o alegado. Relativamente à expressão “atividade própria” (art. 14, X, da MP 2.158/35), argumenta que deve ser entendida como aquela atividade regular e relativa à natureza essencial da entidade. Sustenta que ‘própria’ é toda a atividade prevista em seu estatuto, ou na lei, já que conexa à própria existência da pessoa jurídica. Assim, assevera que “a existência de finalidade lucrativa não devia ser vinculada à gratuidade ou não dos serviços prestados ou à forma de obtenção da receita, nas, sim, à forma como ela é aplicada. Caso constitua objetivo da instituição exercer atividade educacional sem fins lucrativos, ainda que o serviço seja prestado mediante o pagamento de mensalidade ou retribuições, a receita obtida com as mensalidades constitui receita própria de sua atividade e, desta forma, estaria isenta da COFINS.” Afirma, outrossim, que os princípios da legalidade e da legalidade tributária impede o Fisco de exigir tributo que não está previsto em lei, acrescentando que a lei, nesse caso, prevê expressamente uma isenção. Portanto, em seu entendimento, não há “espaço para que atos normativos como, por exemplo, decretos, instruções normativas, atos interpretatórios ou declaratórios criem qualquer redução ou limitação à isenção de COFINS prevista nos artigos 13 e 14 da MP 2.15835/01”. No seguimento, tece comentários sobre o instituto da compensação para afirmar que “tendo a instituição recolhido o tributo de forma indevida tem direito à restituição/compensação”. Em razão do alegado, requer a homologação da compensação pleiteada. A 3ª Turma da DRJ/CTA indeferiu a manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão 06046.035. Em seu recurso voluntário, a empresa: § Reitera os fundamentos de sua manifestação de inconformidade; § Declara que se subsume à isenção do art. 14, X da MP n° 2.15835; § Aduz que “todos os valores que são aplicados no desenvolvimento da atividade da entidade sem fins lucrativos são receitas decorrentes de atividades próprias”. § Defende a inaplicabilidade da IN n° 247/2002; § Junta documentos que comprovariam sua condição de isenta. É o relatório. Fl. 63DF CARF MF Processo nº 10980.923315/201155 Resolução nº 3301000.596 S3C3T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro José Henrique Mauri, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução 3301000.589, de 19 de abril de 2018, proferido no julgamento do processo 10980.934789/200916, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução 3301000.589): "O recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto dele tomo conhecimento. Os fundamentos da negativa do pleito da Recorrente pela DRJ foram: I. Na interpretação do art. 14, X da MP, entendeu o voto condutor que seriam receitas de atividades próprias das instituições a que se refere o art. 12 da Lei nº 9.532/97, apenas as receitas típicas dessas entidades, como as decorrentes de contribuições, doações e subvenções por elas recebidas, bem assim mensalidades ou anuidades pagas por seus associados, destinadas à manutenção da instituição e consecução de seus objetivos sociais, sem caráter contraprestacional. A DRJ aplicou o art. 47, da Instrução Normativa n° 247/2002: Art. 47. As entidades relacionadas no art. 9º desta Instrução Normativa: I – não contribuem para o PIS/Pasep incidente sobre o faturamento; e II – são isentas da Cofins em relação às receitas derivadas de suas atividades próprias. § 1º Para efeito de fruição dos benefícios fiscais previstos neste artigo, as entidades de educação, assistência social e de caráter filantrópico devem possuir o Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social expedido pelo Conselho Nacional de Assistência Social, renovado a cada três anos, de acordo com o disposto no art. 55 da Lei nº 8.212, de 1991. § 2º Consideramse receitas derivadas das atividades próprias somente aquelas decorrentes de contribuições, doações, anuidades ou mensalidades fixadas por lei, assembléia ou estatuto, recebidas de associados ou mantenedores, sem caráter contraprestacional direto, destinadas ao seu custeio e ao desenvolvimento dos seus objetivos sociais. II. Atendeu ao comando do art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98, aduzindo que se sujeitam à incidência da COFINS, as receitas decorrentes de atividades comuns às dos agentes econômicos, como as resultantes da venda de mercadorias e prestação Fl. 64DF CARF MF Processo nº 10980.923315/201155 Resolução nº 3301000.596 S3C3T1 Fl. 5 4 de serviços, inclusive as receitas de matrículas e mensalidades dos cursos ministrados pelas entidades educacionais, ainda que exclusivamente a seus associados e em seu benefício e, receitas de aplicações financeiras. Concluiu que estão sujeitas à COFINS, por força da Lei nº 9.718/98, as receitas de caráter contraprestacional, inclusive as mensalidades cobradas por instituições de educação e as receitas financeiras auferidas. A revisão dos dois pontos será feita a seguir. Isenção do art. 14, X, da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001 Prescreve o art. 14, X da MP n° 2.15835: Art. 14. Em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1o de fevereiro de 1999, são isentas da COFINS as receitas: (...) X relativas às atividades próprias das entidades a que se refere o art. 13. Por sua vez, o art. 13 do mesmo veículo normativo dispõe: Art. 13. A contribuição para o PIS/PASEP será determinada com base na folha de salários, à alíquota de um por cento, pelas seguintes entidades: III instituições de educação e de assistência social a que se refere o art. 12 da Lei n° 9.532, de 10 de dezembro de 1997; Notese que o art. 13, III da MP nº 2.15835/2001 ao fazer remissão ao art. 12 da Lei n° 9.532/1997, condiciona a Instituição ao cumprimento das exigências impostas por esta Lei. O art. 12 da Lei n° 9.532/1997, com redação vigente à época, exigia: Art. 12. Para efeito do disposto no art. 150, inciso VI, alínea "c", da Constituição, considerase imune a instituição de educação ou de assistência social que preste os serviços para os quais houver sido instituída e os coloque à disposição da população em geral, em caráter complementar às atividades do Estado, sem fins lucrativos. § 1º Não estão abrangidos pela imunidade os rendimentos e ganhos de capital auferidos em aplicações financeiras de renda fixa ou de renda variável. § 2º Para o gozo da imunidade, as instituições a que se refere este artigo, estão obrigadas a atender aos seguintes requisitos: a) não remunerar, por qualquer forma, seus dirigentes pelos serviços prestados; b) aplicar integralmente seus recursos na manutenção e desenvolvimento dos seus objetivos sociais; Fl. 65DF CARF MF Processo nº 10980.923315/201155 Resolução nº 3301000.596 S3C3T1 Fl. 6 5 c) manter escrituração completa de suas receitas e despesas em livros revestidos das formalidades que assegurem a respectiva exatidão; d) conservar em boa ordem, pelo prazo de cinco anos, contado da data da emissão, os documentos que comprovem a origem de suas receitas e a efetivação de suas despesas, bem assim a realização de quaisquer outros atos ou operações que venham a modificar sua situação patrimonial; e) apresentar, anualmente, Declaração de Rendimentos, em conformidade com o disposto em ato da Secretaria da Receita Federal; f) recolher os tributos retidos sobre os rendimentos por elas pagos ou creditados e a contribuição para a seguridade social relativa aos empregados, bem assim cumprir as obrigações acessórias daí decorrentes; g) assegurar a destinação de seu patrimônio a outra instituição que atenda às condições para gozo da imunidade, no caso de incorporação, fusão, cisão ou de encerramento de suas atividades, ou a órgão público; h) outros requisitos, estabelecidos em lei específica, relacionados com o funcionamento das entidades a que se refere este artigo. § 3º Considerase entidade sem fins lucrativos a que não apresente superávit em suas contas ou, caso o apresente em determinando exercício, destine referido resultado integralmente ao incremento de seu ativo imobilizado. Ocorre que as mensalidades cobradas por instituições de educação estão ao abrigo da norma isentiva, como já pacificado pela Súmula CARF n° 107 e pelo REsp 1.353.111 RS, DJ 18/12/2015, julgado como recurso repetitivo, transitado em julgado desde 02/03/2016, verbis: Súmula CARF nº 107 A receita da atividade própria, objeto da isenção da Cofins prevista no art. 14, X, c/c art. 13, III, da MP nº 2.15835, de 2001, alcança as receitas obtidas em contraprestação de serviços educacionais prestados pelas entidades de educação sem fins lucrativos a que se refere o art. 12 da Lei nº 9.532, de 1997. REsp 1.353.111 – RS PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. COFINS. CONCEITO DE RECEITAS RELATIVAS ÀS ATIVIDADES PRÓPRIAS DAS ENTIDADES SEM FINS LUCRATIVOS PARA FINS DE GOZO DA ISENÇÃO PREVISTA NO ART. 14, X, DA MP N. 2.15835/2001. ILEGALIDADE DO ART. 47, II E § 2º, DA INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF N. 247/2002. SOCIEDADE CIVIL EDUCACIONAL OU DE Fl. 66DF CARF MF Processo nº 10980.923315/201155 Resolução nº 3301000.596 S3C3T1 Fl. 7 6 CARÁTER CULTURAL E CIENTÍFICO. MENSALIDADES DE ALUNOS. 1. A questão central dos autos se refere ao exame da isenção da COFINS, contida no art. 14, X, da Medida Provisória n. 1.858/99 (atual MP n. 2.15835/2001), relativa às entidades sem fins lucrativos, a fim de verificar se abrange as mensalidades pagas pelos alunos de instituição de ensino como contraprestação desses serviços educacionais. O presente recurso representativo da controvérsia não discute quaisquer outras receitas que não as mensalidades, não havendo que se falar em receitas decorrentes de aplicações financeiras ou decorrentes de mercadorias e serviços outros (vg. estacionamentos pagos, lanchonetes, aluguel ou taxa cobrada pela utilização de salões, auditórios, quadras, campos esportivos, dependências e instalações, venda de ingressos para eventos promovidos pela entidade, receitas de formaturas, excursões, etc.) prestados por essas entidades que não sejam exclusivamente os de educação. 2. O parágrafo § 2º do art. 47 da IN 247/2002 da Secretaria da Receita Federal ofende o inciso X do art. 14 da MP n° 2.15835/01 ao excluir do conceito de "receitas relativas às atividades próprias das entidades", as contraprestações pelos serviços próprios de educação, que são as mensalidades escolares recebidas de alunos. 3. Isto porque a entidade de ensino tem por finalidade precípua a prestação de serviços educacionais. Tratase da sua razão de existir, do núcleo de suas atividades, do próprio serviço para o qual foi instituída, na expressão dos artigos 12 e 15 da Lei n.º 9.532/97. Nessa toada, não há como compreender que as receitas auferidas nessa condição (mensalidades dos alunos) não sejam aquelas decorrentes de "atividades próprias da entidade", conforme o exige a isenção estabelecida no art. 14, X, da Medida Provisória n. 1.858/99 (atual MP n. 2.15835/2001). Sendo assim, é flagrante a ilicitude do art. 47, §2º, da IN/SRF n. 247/2002, nessa extensão. 4. Precedentes do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF (...) 6. Tese julgada para efeito do art. 543C, do CPC: as receitas auferidas a título de mensalidades dos alunos de instituições de ensino sem fins lucrativos são decorrentes de "atividades próprias da entidade" , conforme o exige a isenção estabelecida no art. 14, X, da Medida Provisória n. 1.858/99 (atual MP n. 2.15835/2001), sendo flagrante a ilicitude do art. 47, §2º, da IN/SRF n. 247/2002, nessa extensão. 7. Recurso especial não provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/2008. Logo, deve a decisão de piso ser reformada nesse ponto. A respeito do cumprimento dos requisitos do art. 12 da lei n° 9.532/97, aponta a Instituição os artigos do seu Estatuto Social que comprovam exatamente o exigido pela Lei n° 9.532/97 (art. 1°, 3°, 30, 32, 34), junta a DIPJ alegando que sua condição sempre foi de conhecimento do fisco e prossegue: Fl. 67DF CARF MF Processo nº 10980.923315/201155 Resolução nº 3301000.596 S3C3T1 Fl. 8 7 Entendo que a prova do cumprimento dos requisitos é da Recorrente, contudo não foi instada a isso quando da edição do Despacho Decisório. No recurso voluntário, acostou documentos que merecem a análise da Delegacia de Origem. Alargamento da Base de Cálculo da COFINS – RE n° 585.235/MG RG Resta pacificado no STF o entendimento sobre a inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98. Dessa forma, considerase receita bruta ou faturamento o que decorre da venda de mercadorias, da venda de serviços ou de mercadorias e serviços, não se considerando receita de natureza diversa. É o resultado econômico das operações empresariais típicas, que constitui a base de cálculo do PIS. O alcance do termo faturamento abarcando a atividade empresarial típica restou assente no RE nº 585.235/MG, no qual se reconheceu a repercussão geral do tema concernente ao alargamento da base de cálculo do PIS prevista no §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, reafirmando a jurisprudência consolidada pelo STF: RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ DE 1º.9.2006; REs nº 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006). Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, §1º, da Lei nº 9.718/98. No voto, o Ministro Cezar Peluso consignou: O recurso extraordinário está submetido ao regime de repercussão geral e versa sobre tema cuja jurisprudência é consolidada nesta Corte, qual seja, a inconstitucionalidade do §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, que ampliou o conceito de receita bruta, violando, assim, a noção de faturamento pressuposta na redação original do art. 195, I, b, da Constituição da República, e cujo significado é o estrito de receita bruta das vendas de mercadorias e da prestação de serviços de qualquer natureza, ou seja, soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais... Em decorrência, apenas o faturamento decorrente da prestação de serviços e da venda de mercadorias (não se podendo incluir outras receitas, tais como aquelas de natureza financeira) pode ser tributado pelo PIS. Fl. 68DF CARF MF Processo nº 10980.923315/201155 Resolução nº 3301000.596 S3C3T1 Fl. 9 8 Logo, assiste razão à Recorrente quando alega que as receitas financeiras não podem compor a base de cálculo da COFINS. Conclusão Diante da plausibilidade do pleito da Recorrente, entendo necessária a conversão em diligência deste processo para a confirmação da tributação indevida pela COFINS sobre as receitas operacionais (“próprias”), bem como sobre as receitas financeiras. Isso porque a tributação sobre as “receitas próprias”, incluídas as mensalidades pagas por alunos, são isentas, nos termos do art. 14, X da Medida Provisória. Ao passo que a exclusão das receitas financeiras se dá com base na inconstitucionalidade do alargamento a base de cálculo da COFINS pelo art. 3º, §1º, da Lei n.º 9.718/1998. Por conseguinte, voto pela conversão do julgamento em diligência para que seja solicitado à unidade de origem que: a) Examine a documentação juntada pela Recorrente no recurso voluntário; b) Verifique, com base nessa documentação, se houve a indevida inclusão das receitas próprias e receitas financeiras na base de cálculo da COFINS, fazendo a segregação entre as receitas, se houver; c) Verifique o cumprimento pela Recorrente dos requisitos do art. 12 da Lei n° 9.532/1997. Para tanto, intime o sujeito passivo para prestar outros esclarecimentos, caso necessário; d) Aponte a exatidão do valor pleiteado pelo Recorrente, bem como se a utilização deste foi efetivamente realizada; e) Cientifique a interessada do resultado da diligência, concedendolhe prazo para manifestação; f) Após, retorne o processo ao CARF para julgamento. É como voto." Importante frisar que os documentos juntados pela contribuinte no processo paradigma, como prova do direito creditório, encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o Colegiado decidiu converter o julgamento em diligência para que seja solicitado à unidade de origem que: a) Examine a documentação juntada pela Recorrente no recurso voluntário; b) Verifique, com base nessa documentação, se houve a indevida inclusão das receitas próprias e receitas financeiras na base de cálculo da COFINS, fazendo a segregação entre as receitas, se houver; Fl. 69DF CARF MF Processo nº 10980.923315/201155 Resolução nº 3301000.596 S3C3T1 Fl. 10 9 c) Verifique o cumprimento pela Recorrente dos requisitos do art. 12 da Lei n° 9.532/1997. Para tanto, intime o sujeito passivo para prestar outros esclarecimentos, caso necessário; d) Aponte a exatidão do valor pleiteado pelo Recorrente, bem como se a utilização deste foi efetivamente realizada; e) Cientifique a interessada do resultado da diligência, concedendolhe prazo para manifestação; f) Após, retorne o processo ao CARF para julgamento. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Fl. 70DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.007510/2003-26
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Feb 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jun 07 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Período de apuração: 01/01/1998 a 30/06/1998
CRÉDITO TRIBUTÁRIO. CONSTITUIÇÃO. DECADÊNCIA. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. INOCORRÊNCIA.
Por força do disposto no art. 62-A do RICARF. c/c a decisão do STJ, no REsp 973.733/SC, sob o regime do art. 543-C do CPC, a contagem do prazo qüinqüenal decadencial, nos casos em que há antecipação de pagamento por conta das parcelas lançadas e exigidas, deve ser efetuada nos termos do § 4º do art. 150 do Código Tributário Nacional (CTN).
Recurso Especial do Procurador Negado.
Numero da decisão: 9303-006.372
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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ementa_s : Assunto: Normas de Administração Tributária Período de apuração: 01/01/1998 a 30/06/1998 CRÉDITO TRIBUTÁRIO. CONSTITUIÇÃO. DECADÊNCIA. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. INOCORRÊNCIA. Por força do disposto no art. 62-A do RICARF. c/c a decisão do STJ, no REsp 973.733/SC, sob o regime do art. 543-C do CPC, a contagem do prazo qüinqüenal decadencial, nos casos em que há antecipação de pagamento por conta das parcelas lançadas e exigidas, deve ser efetuada nos termos do § 4º do art. 150 do Código Tributário Nacional (CTN). Recurso Especial do Procurador Negado.
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(incorporadora de HOTÉIS DEVILLE LTDA.) ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Período de apuração: 01/01/1998 a 30/06/1998 CRÉDITO TRIBUTÁRIO. CONSTITUIÇÃO. DECADÊNCIA. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. INOCORRÊNCIA. Por força do disposto no art. 62A do RICARF. c/c a decisão do STJ, no REsp 973.733/SC, sob o regime do art. 543C do CPC, a contagem do prazo qüinqüenal decadencial, nos casos em que há antecipação de pagamento por conta das parcelas lançadas e exigidas, deve ser efetuada nos termos do § 4º do art. 150 do Código Tributário Nacional (CTN). Recurso Especial do Procurador Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 00 75 10 /2 00 3- 26 Fl. 430DF CARF MF Processo nº 10980.007510/200326 Acórdão n.º 9303006.372 CSRFT3 Fl. 431 2 Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto tempestivamente pela Fazenda Nacional contra o Acórdão nº 280100.105, de 01/06/2009, proferido pela 1ª Turma Especial da 1ª Câmara da Segunda Seção do CARF, conforme ementa transcrita na parte que interessa ao presente litígio: "ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/1998 a 30/06/1998 DECADÊNCIA. PRAZO. O direito de a Fazenda Pública constituir o credito relativo à COFINS decai em cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador. Decaídos os períodos de janeiro a julho de 1998. (...) Recurso Voluntário Parcialmente Provido" Insatisfeita com a decisão, a Fazenda Nacional apresentou o recurso especial às fls. 373e/395e, questionando a contagem do prazo decadencial quinquenal, defendoa, nos termos do art. 173, inciso I, do Código Tributário Nacional (CTN), sob o argumento de que não houve antecipação de pagamento, para as parcelas mensais lançadas e exigidas, janeiro a junho de 1998. Por meio do Despacho de Exame de Admissibilidade às fls. 399e/401e, o Presidente da 3ª Câmara da 3ª Seção do CARF deu seguimento ao recurso. Intimado do acórdão, do recurso especial da Fazenda Nacional e do despacho de sua admissibilidade, o contribuinte apresentou tempestivamente suas contrarrazões às fls. 418e/424e, arguindo, em preliminar, o não conhecimento do recurso da Fazenda Nacional, sob o argumento de que não foi provada a divergência suscitada por ela; e, no mérito, a improcedência do recurso especial, defendendo a contagem, nos termos do § 4º do art. 150 do CTN, sob o fundamento de que a compensação, efetuada por ele, equivale a pagamento. Alegou ainda que os débitos de Cofins autuados, em procedimento de revisão interna da DCTF/1998, foram objetos, à época própria, de compensação com créditos de Finsocial, originários de ação judicial (AO 94.00052561, de 5ª Vara Federal em Curitiba/PR) transitada em julgado em 24/9/1997. Alegou também que os débitos em discussão já foram extintos por compensação e o presente processo não tem mais objeto, conforme expressamente tratado no acórdão recorrido às fls. 363e/364e. O conteúdo de parte dessas folhas foi transcrito nas contrarrazões às fls. 423e/434e. É o relatório. Fl. 431DF CARF MF Processo nº 10980.007510/200326 Acórdão n.º 9303006.372 CSRFT3 Fl. 432 3 Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O recurso apresentado atende ao pressuposto de admissibilidade e deve ser conhecido. Quanto à suscitada preliminar de não conhecimento do recurso especial, ao contrário do entendimento do contribuinte, a divergência apontada pela Fazenda Nacional foi comprovada, conforme se verifica do Despacho de Exame de Admissibilidade às fls. 399 e/401e. O fato de o paradigma apresentado se referir à contribuição para o PIS não descaracteriza a divergência. Ambos os acórdãos, paradigma e recorrido, tratam da decadência do direito de a Fazenda Nacional constituir crédito tributário de contribuições sujeitas a lançamento por homologação, como no presente caso. Assim, rejeitase a preliminar de não conhecimento do recurso especial da Fazenda Nacional pleiteada pelo contribuinte. No mérito, a matéria se restringe à contagem do prazo decadencial quinquenal de que a Fazenda Nacional dispunha para a constituição do crédito tributário correspondente às competências mensais de janeiro a junho de 1998. Assim, as alegações estranhas a essa matéria, expendidas pelo contribuinte nas Contrarrazões apresentadas por ele, não serão apreciadas. A decadência do direito de se constituir créditos tributários está regulada no Código Tributário Nacional (CTN), que assim dispõe: “Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; (...). Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. [...]. § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.” Fl. 432DF CARF MF Processo nº 10980.007510/200326 Acórdão n.º 9303006.372 CSRFT3 Fl. 433 4 Já no julgamento do REsp nº 973.733/SC, o Superior Tribunal Justiça (STJ) assim decidiu, quanto à decadência: “1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR. Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008. AgRg nos EREsp 216.755/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP. Rel. Ministro Luis Fux, julgado em 13.12.2004, J 28.02.2005)”. Consoante os dispositivos citados e transcritos acima, para os casos em que há antecipação de pagamento por conta das parcelas da contribuição devida, a contagem do prazo quinquenal decadencial deve ser efetuada, nos termos do art. 150, § 4º do CTN, ou seja, cinco anos a partir da data do respectivo fato gerador; já para os casos em que o contribuinte não efetua quaisquer antecipações, a contagem deve ser efetuada nos termos do art. 173, inciso I, desse mesmo Código, ou seja, a partir do 1º dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. No pressente caso, ao contrário do entendimento da Fazenda Nacional, o lançamento em discussão não corresponde aos valores mensais integrais das parcelas das contribuições devidas e sim à glosa da compensação efetuada pelo contribuinte de parte da contribuição devida mensalmente. Embora não conste dos autos as cópias dos DARF referentes aos recolhimentos da Cofins, para as competências de janeiro a junho de 1998, do exame do auto de infração, mais especificamente do "ANEXO I DEMONSTRATIVO DOS CRÉDITOS VINCULADOS NÃO CONFIRMADOS" às fls. 59e/61e, verificase, com segurança, que os valores lançados e exigidos para as competências de janeiro a dezembro de 1998, correspondem à parte da contribuição devida mensalmente que foi compensada pelo contribuinte, glosa exigida pela Fiscalização, no lançamento em discussão. Na coluna "VALOR DO DÉBITO APURADO DECLARADO" constam valores mensais muito superiores aos lançados e exigidos no "ANEXO III DEMONSTRATIVO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO A PAGAR", na coluna "DÉBITO PRINCIPAL A PAGAR VALOR DO PRINCIPAL LANÇADO" às fls. 69e. Assim, concluise que houve antecipações de pagamentos por conta das parcelas da contribuição devida para as competências de janeiro a junho de 1998. Caso contrário, a autoridade administrativa competente teria exigido o total declarado nas respectivas DCTF e não apenas a parte compensada cuja compensação foi glosada e lançada de ofício. Assim, por força do disposto no art. 62A do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF), c/c a decisão do STJ, no REsp nº 973.733/SC, a contagem do prazo quinquenal decadencial deve ser feita nos termos do § 4º do art. 150 do CTN, ou seja, a partir da data do respectivo fato gerador, conforme decidiu a Câmara baixa. Além disso, consoante a planilha "CONTROLE DA COMPENSAÇÃO DO FINSOCIAL (COFINS", doc. 07, à fl. 177e, todas as parcelas lançadas e exigidas, no auto de Fl. 433DF CARF MF Processo nº 10980.007510/200326 Acórdão n.º 9303006.372 CSRFT3 Fl. 434 5 infração em discussão, foram compensadas com indébitos do Finsocial, nos termos da ação judicial n° 95.04.147429, certidão às fls. 187e. Ante o exposto voto, por NEGAR PROVIMENTO ao recurso especial interposto pela Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 434DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13851.902691/2013-31
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Apr 13 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jun 07 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2012
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DESPACHO DECISÓRIO. INTIMAÇÃO. INCONSISTÊNCIAS DO PEDIDO. NULIDADE INEXISTENTE.
Diante da certeza de que o despacho decisório de não homologação da compensação explicita de maneira fundamentada os motivos pelos quais o crédito pleiteado foi considerado inexistente, não assiste razão à Recorrente a respeito da alegação de sua nulidade. Também não acarreta nulidade a dispensa de intimação para a comprovação do crédito quando não há nenhuma dúvida quanto à sua falta de liquidez e certeza.
Numero da decisão: 1401-002.469
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso nos termos do voto do Relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Lívia De Carli Germano, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, Abel Nunes de Oliveira Neto, Daniel Ribeiro Silva, Letícia Domingues Costa Braga e Luiz Augusto de Souza Gonçalves.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DE SOUZA GONCALVES
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2012 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DESPACHO DECISÓRIO. INTIMAÇÃO. INCONSISTÊNCIAS DO PEDIDO. NULIDADE INEXISTENTE. Diante da certeza de que o despacho decisório de não homologação da compensação explicita de maneira fundamentada os motivos pelos quais o crédito pleiteado foi considerado inexistente, não assiste razão à Recorrente a respeito da alegação de sua nulidade. Também não acarreta nulidade a dispensa de intimação para a comprovação do crédito quando não há nenhuma dúvida quanto à sua falta de liquidez e certeza.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Lívia De Carli Germano, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, Abel Nunes de Oliveira Neto, Daniel Ribeiro Silva, Letícia Domingues Costa Braga e Luiz Augusto de Souza Gonçalves.
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PERDCOMP Recorrente JOSÉ MARIA DOS SANTOS TRANSPORTADORA ME Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2012 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DESPACHO DECISÓRIO. INTIMAÇÃO. INCONSISTÊNCIAS DO PEDIDO. NULIDADE INEXISTENTE. Diante da certeza de que o despacho decisório de não homologação da compensação explicita de maneira fundamentada os motivos pelos quais o crédito pleiteado foi considerado inexistente, não assiste razão à Recorrente a respeito da alegação de sua nulidade. Também não acarreta nulidade a dispensa de intimação para a comprovação do crédito quando não há nenhuma dúvida quanto à sua falta de liquidez e certeza. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Lívia De Carli Germano, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, Abel Nunes de Oliveira Neto, Daniel Ribeiro Silva, Letícia Domingues Costa Braga e Luiz Augusto de Souza Gonçalves. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 85 1. 90 26 91 /2 01 3- 31 Fl. 62DF CARF MF Processo nº 13851.902691/201331 Acórdão n.º 1401002.469 S1C4T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de PER/DCOMP em que a Contribuinte pretende compensar débito de sua titularidade com crédito de IRPJ, recolhido via DARF em 14/01/2013, no valor de R$ 11.400,99. Analisando o pedido, a Autoridade Administrativa que jurisdiciona a Recorrente não homologou a compensação pretendida ante a constatação de que o pagamento indicado teria sido integralmente utilizado para a quitação de outros débitos de sua responsabilidade, não restando crédito disponível para a compensação pretendida. Irresignado com o indeferimento do PER/DCOMP, a Contribuinte apresentou manifestação de inconformidade à DRJ, tendo a Delegacia de Julgamento assim se pronunciado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2012 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. Não se admite a compensação se o contribuinte não comprovar a existência de crédito líquido e certo. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Intimado do Acórdão de Manifestação de Inconformidade, apresentou Recurso Voluntário onde, em apertada síntese, argui o seguinte: 1) Reitera a arguição de nulidade do despacho decisório haja vista a forma sintética como foi tratado o direito da Recorrente, o que o estaria impedindo de ter uma visão clara do porque o seu crédito fora declarado inexistente. Fundamenta suas alegações no disposto no art. 59, inc. II, do Decreto 70.235/72; 2) Entende que deveria, obrigatoriamente, ter sido intimado previamente à edição do despacho decisório para que tivesse oportunidade de comprovar a existência do crédito pleiteado, conforme o disposto no art. 65, da Instrução Normativa SRF nº 900/2008. Afinal, vieram os autos para este Conselheiro relatar e votar. É o relatório. Fl. 63DF CARF MF Processo nº 13851.902691/201331 Acórdão n.º 1401002.469 S1C4T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1401002.457, de 13.04.2018, proferida no julgamento do Processo nº 13851.902677/201338, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1401002.457): O Recurso Voluntário é tempestivo e sua matéria se enquadra na competência deste Colegiado. Os demais pressupostos de admissibilidade igualmente foram atendidos. A peça recursal limitase a reclamar a nulidade do despacho decisório que não homologou a compensação pleiteada. Nenhuma arguição de mérito, principalmente em relação à existência do crédito declarado, foi trazida pelo recurso. E, como veremos adiante, as alegações de que o despacho decisório incorreria em nulidade são totalmente descabidas. O primeiro ponto, relativo à falta de motivação/fundamentação, que teria impedido a Contribuinte de "ter uma visão clara" do porque o seu crédito fora declarado inexistente foi assim tratado no acórdão recorrido: O despacho não deixa dúvida quanto à sua motivação: o fundamento de fato para a não homologação é a inexistência do crédito utilizado na compensação; o fundamento legal é, entre outros, o art. 74 da Lei n.º 9.430, de 1996. O caput do referido artigo diz que o sujeito passivo que apurar crédito passível de restituição ou de ressarcimento poderá utilizálo na compensação de débitos próprios. Isso significa que, se o sujeito passivo não apurar crédito passível de restituição ou ressarcimento, não poderá fazer compensação. Portanto, a inexistência do crédito utilizado no PER/DCOMP é fundamento de fato legítimo e suficiente para a não homologação. O despacho decisório explicita de maneira fundamentada, como se concluiu pela inexistência do crédito utilizado. Lá consta que o Darf apresentado como origem do crédito foi utilizado para pagamento de tributo declarado. Entre as informações nele apresentadas, estão o valor original do débito declarado, seu período de apuração e o código do tributo. Demonstrase, assim, que o despacho traz, de forma explícita, a motivação da não homologação. A exposição é clara e exaustiva, não havendo preterição do direito de defesa. Fl. 64DF CARF MF Processo nº 13851.902691/201331 Acórdão n.º 1401002.469 S1C4T1 Fl. 5 4 A análise da motivação é questão de mérito. Sua eventual improcedência não é motivo de nulidade e não afeta o estabelecimento da relação jurídica processual. Perfeita a análise empreendida pela DRJ. Os motivos pelos quais o despacho decisório declarou a inexistência do crédito estão muito bem delineados. Vejam abaixo uma fotografia do próprio despacho decisório que evidencia o dito pelo acórdão: Aliás, a própria decisão recorrida traz uma informação, não contestada pela Contribuinte no Recurso Voluntário, de que o mesmo DARF tido como origem do crédito teria sido utilizado em outras 19 (dezenove) PER/DCOMP, além desta. Vejam: Ainda que o DARF utilizado constituísse pagamento indevido, não seria suficiente para fazer frente a tantas compensações com ele pretendidas. O mesmo DARF, no valor de R$ 11.411,75, foi utilizado em 20 PER/DCOMP para compensar débitos que somam R$93.176,36, conforme abaixo discriminado: Então, resta claramente demonstrado que a Contribuinte sabia exatamente o que estava fazendo, bem assim do porque o alegado crédito seria inexistente. Também muito bem explicado o porque de a Contribuinte limitarse a aventar a nulidade do despacho decisório, ao invés de tentar demonstrar a existência do crédito. Fl. 65DF CARF MF Processo nº 13851.902691/201331 Acórdão n.º 1401002.469 S1C4T1 Fl. 6 5 O segundo ponto levantado pela Recorrente trata da pretensa obrigatoriedade de a Autoridade Administrativa intimála, previamente à edição do despacho decisório, para que comprovasse a existência do crédito pleiteado, diante da inconsistência apontada, conforme o disposto no art. 65, da Instrução Normativa SRF nº 900/2008. Curioso, neste ponto, é que quando da manifestação de inconformidade, a norma citada fora a Instrução Normativa SRF nº 1.300/2012, e não a IN SRF nº 900/2008. Ocorre que a IN SRF nº 900/2008 foi totalmente revogada pela IN SRF nº 1.300/2012, esta sim, passível de citação pelo Recurso Voluntário, eis que vigente à época da transmissão da PER/DCOMP. Fato é que a IN SRF nº 1.300/2012 reproduziu em seu art. 74 a redação contida no art. 65 da IN SRF nº 900/2008, utilizada pela Recorrente. Abaixo colaciono o referido dispositivo: IN SRF nº 1.300/2012 Art. 76. A autoridade da RFB competente para decidir sobre a restituição, o ressarcimento, o reembolso e a compensação poderá condicionar o reconhecimento do direito creditório à apresentação de documentos comprobatórios do referido direito, inclusive arquivos magnéticos, bem como determinar a realização de diligência fiscal nos estabelecimentos do sujeito passivo a fim de que seja verificada, mediante exame de sua escrituração contábil e fiscal, a exatidão das informações prestadas. Quer nos fazer crer a Recorrente que a expressão "poderá", grifada no texto, constituirseia em um poderdever da Administração de intimar o contribuinte quando, durante a análise de pedidos como este que estamos apreciando, houver sido verificada, em suas próprias palavras, "uma inconsistência nos créditos declarados pelo contribuinte". Aqui, claramente, estamos diante de uma tentativa de inversão do alcance do dispositivo colacionado. Tal norma nada mais é do que uma garantia posta ao Fisco de somente conceder a restituição/ressarcimento/compensação quando estiver seguro quanto a liquidez e certeza do crédito apresentado pelo Contribuinte. Em havendo dúvida por parte do Fisco em relação ao crédito apresentado, o referido dispositivo lhe permite condicionar o pagamento/compensação à sua efetiva comprovação, seja pela apresentação "de documentos comprobatórios do referido direito, inclusive arquivos magnéticos", seja pela determinação de "realização de diligência fiscal nos estabelecimentos do sujeito passivo a fim de que seja verificada, mediante exame de sua escrituração contábil e fiscal, a exatidão das informações prestadas". No caso em apreço, não houve dúvida nenhuma da parte do Fisco ao não homologar a compensação, eis que patente a inexistência do crédito pleiteado, ante à sua total utilização para a quitação de outros débitos que não aqueles apontados na PER/DCOMP sob análise. Fl. 66DF CARF MF Processo nº 13851.902691/201331 Acórdão n.º 1401002.469 S1C4T1 Fl. 7 6 Não se trata, portanto, de uma obrigação, mas tão somente de uma faculdade posta à disposição da Autoridade Administrativa para garantir a correção no deferimento dos pleitos dos Contribuintes. Portanto, também neste ponto, rechaço as alegações da Recorrente. Por todo o exposto, nego provimento ao recurso voluntário. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Fl. 67DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11555.001421/2010-88
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 04 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon May 07 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/07/1999 a 30/04/2004
PRELIMINAR DE NULIDADE DE CITAÇÃO. INTIMAÇÃO POSTAL. VALIDADE. QUALIFICAÇÃO DO RECEBEDOR. ENUNCIADO DE SÚMULA CARF N. 09.
É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário.
No caso concreto, o recebedor foi o próprio procurador, constituído pelo Recorrente mediante instrumento procuratório público registrado em cartório, com amplos e ilimitados poderes.
PRELIMINAR DE NULIDADE DE MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. EMISSÃO. CIÊNCIA. IRREGULARIDADE. INEXISTÊNCIA.
O Mandado de Procedimento Fiscal é uma autorização ao Auditor-Fiscal para fiscalizar a empresa e verificar o cumprimento das obrigações previdenciárias previstas na Lei n. 8.212/91.
Expedido de acordo com a legislação vigente à época dos fatos, bem assim com a devida ciência do seu teor ao fiscalizado, não há que se falar em nulidade ou irregularidade, principalmente quando a ação fiscal transcorre dentro dos estritos limites legais.
OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INFRAÇÃO A DISPOSITIVO LEGAL. CARACTERIZAÇÃO. OBRIGAÇÃO DE FAZER. NÃO CUMPRIMENTO.
Constitui infração ao art. 31 da Lei n. 8.212/91 c/c art. 219 do RPS, aprovado pelo Decreto n. 3.048/99, deixar a empresa de de reter 11% (onze por cento) do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços na contratação de serviços executados mediante cessão de mão de obra.
GRUPO ECONÔMICO. CARACTERIZAÇÃO. SOLIDARIEDADE. ART. 30, IX, DA LEI N. 8.212/91. ART. 124 DO CTN.
Caracterizado a formação de grupo econômico, com provas substanciais nos autos do processo administrativo fiscal, decorre a solidariedade quanto à obrigação tributária de natureza previdenciária, forte no art. 30, IX, da Lei n. 8.212/91 c/c art. 124 do CTN.
Numero da decisão: 2402-006.112
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares de nulidade e negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho - Presidente
(assinado digitalmente)
Luís Henrique Dias Lima - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Renata Toratti Cassini, Luís Henrique Dias Lima, João Victor Ribeiro Aldinucci, Gregório Rechmann Júnior e Mauricio Nogueira Righetti.
Nome do relator: LUIS HENRIQUE DIAS LIMA
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INTIMAÇÃO POSTAL. VALIDADE. QUALIFICAÇÃO DO RECEBEDOR. ENUNCIADO DE SÚMULA CARF N. 09. É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário. No caso concreto, o recebedor foi o próprio procurador, constituído pelo Recorrente mediante instrumento procuratório público registrado em cartório, com amplos e ilimitados poderes. PRELIMINAR DE NULIDADE DE MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. EMISSÃO. CIÊNCIA. IRREGULARIDADE. INEXISTÊNCIA. O Mandado de Procedimento Fiscal é uma autorização ao AuditorFiscal para fiscalizar a empresa e verificar o cumprimento das obrigações previdenciárias previstas na Lei n. 8.212/91. Expedido de acordo com a legislação vigente à época dos fatos, bem assim com a devida ciência do seu teor ao fiscalizado, não há que se falar em nulidade ou irregularidade, principalmente quando a ação fiscal transcorre dentro dos estritos limites legais. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INFRAÇÃO A DISPOSITIVO LEGAL. CARACTERIZAÇÃO. OBRIGAÇÃO DE FAZER. NÃO CUMPRIMENTO. Constitui infração ao art. 31 da Lei n. 8.212/91 c/c art. 219 do RPS, aprovado pelo Decreto n. 3.048/99, deixar a empresa de de reter 11% (onze por cento) do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços na contratação de serviços executados mediante cessão de mão de obra. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 55 5. 00 14 21 /2 01 0- 88 Fl. 1243DF CARF MF 2 GRUPO ECONÔMICO. CARACTERIZAÇÃO. SOLIDARIEDADE. ART. 30, IX, DA LEI N. 8.212/91. ART. 124 DO CTN. Caracterizado a formação de grupo econômico, com provas substanciais nos autos do processo administrativo fiscal, decorre a solidariedade quanto à obrigação tributária de natureza previdenciária, forte no art. 30, IX, da Lei n. 8.212/91 c/c art. 124 do CTN. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares de nulidade e negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Presidente (assinado digitalmente) Luís Henrique Dias Lima Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Renata Toratti Cassini, Luís Henrique Dias Lima, João Victor Ribeiro Aldinucci, Gregório Rechmann Júnior e Mauricio Nogueira Righetti. Fl. 1244DF CARF MF Processo nº 11555.001421/201088 Acórdão n.º 2402006.112 S2C4T2 Fl. 102 3 Relatório Cuidase de Recurso Voluntário de efls. 1167/1182 em face da Decisão Notificação (DN) n. 26.401.4/0071/2006 Seção do Contencioso Administrativo Delegacia da Receita Previdenciária Porto Velho/RO (efls. 1138/1147), que julgou procedente o lançamento consignado no Auto de Infração (AI) DEBCAD n. 35.601.3820 consolidado no valor total de multa de R$ 1.101,75 Código de Fundamentação Legal (CFL) 93 na data de 22/12/2005 Período de Autuação: 07/1999 a 04/2004 (efls. 03/09) com fulcro em infração ao art. 31 da Lei n. 8.212/91 c/c art. 219 do Regulamento da Previdência Social (RPS), aprovado pelo Decreto n. 3.048/99, lavrado em desfavor do contribuinte em epígrafe, por deixar de reter 11% (onze por cento) do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços na contratação de serviços executados mediante cessão de mão de obra identificados no Anexo I do Relatório Fiscal de efls. 32/34. O Relatório Fiscal (efls. 32/34), bem assim o Relatório de Grupo Econômico RGE (efls. 35/62), caracterizam os procedimentos fiscais realizados; as evidências constatadas no curso da fiscalização e a solidariedade das empresas FRIGORÍFICO BONSUCESSO LTDA., FRIGORÍFICO PORTO LTDA., FRIGORÍFICO VALE DO RIO ACRE LTDA., FRIGORÍFICO SANTA ELVIRA LTDA. e FRIGORÍFICO NOVO ESTADO S/A que constituem grupo econômico de fato pelo débito de natureza previdenciária em apreço. A Recorrente foi regularmente cientificada do AI DEBCAD n. 35.601.3820 (efls. 03/09) em 29/12/2005 (efl. 1132), e, irresignada, apresentou, em 10/01/2006, a impugnação de efls. 1107/1120), aduzindo, em síntese: i) Preliminar de nulidade de citação; ii) Inexistência de grupo econômico; iii) Inexistência de solidariedade; iv) Irregularidades no decorrer da ação fiscal; v) Improcedência da autuação; vi) Inobservância das regras que disciplinam o Mandado de Procedimento Fiscal. O crédito tributário de natureza previdenciária no AI DEBCAD n. 35.601.3820 (efls. 03/09) foi mantido no julgamento de primeiro grau, consoante a Decisão Notificação (DN) n. 26.401.4/0071/2006 (efls. 1138/1147), que sumarizou seu entendimento conforme emenda abaixo reproduzida: Fl. 1245DF CARF MF 4 A Recorrente foi cientificada do teor da DecisãoNotificação (DN) n. 26.401.4/0071/2006 (efls. 1138/1147) em 30/05/2006, conforme editais publicados em 16/05/2006; 23/05/2006 e 30/05/2006 (efls. 1162/1164), e, inconformada, apresentou Recurso Voluntário ao Conselho de Recursos Fiscais da Previdência Social em 16/06/2006 (efls. 1167/1182), esgrimindo os mesmos argumentos da impugnação de efls. 1107/1120. Todavia, o Recurso Voluntário de efls. 1167/1182, a despeito de sua tempestividade, foi considerado deserto (insuficiência/ausência de depósito recursal) e, por consequência, negado o seu seguimento, com fundamento no art. 126, § 1°., da Lei n. 8.213/1991, com a redação dada pela Lei n. 10.684/2003, nos termos exatos da decisão exarada pela Seção do Contencioso Administrativo Delegacia da Receita Previdenciária Porto Velho/RO (efls. 1192/1193). Entretanto, com o advento da Súmula Vinculante STF n. 21 29/10/2009 DJe n. 223 27/11/2009 restou caracterizada a inconstitucionalidade da exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para a admissibilidade de recurso administrativo. Nesse contexto, a Procuradoria da Fazenda Nacional em Rondônia procedeu à revisão da legalidade dos atos praticados pela autoridade administrativa (Seção do Contencioso Administrativo Delegacia da Receita Previdenciária Porto Velho/RO), concluindo pelo cancelamento da inscrição em Dívida Ativa da União (DAU) e devolução deste processo ao âmbito administrativo para o julgamento do Recurso Voluntário de efls. 1167/1182, conforme despacho de acompanhamento especial de efls. 1235/1236. É o relatório. Fl. 1246DF CARF MF Processo nº 11555.001421/201088 Acórdão n.º 2402006.112 S2C4T2 Fl. 103 5 Voto Conselheiro Luís Henrique Dias Lima Relator. Consoante já relatado, o Recurso Voluntário de efls. 1167/1182, a despeito de sua tempestividade, foi considerado deserto (insuficiência/ausência de depósito recursal) e, por consequência, negado o seu seguimento, com fundamento no art. 126, § 1°., da Lei n. 8.213/1991, com a redação dada pela Lei n. 10.684/2003, nos termos exatos da decisão exarada pela Seção do Contencioso Administrativo Delegacia da Receita Previdenciária Porto Velho/RO (efls. 1192/1193). Entretanto, com o advento da Súmula Vinculante STF n. 21 29/10/2009 DJe n. 223 27/11/2009 restou caracterizada a inconstitucionalidade da exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para a admissibilidade de recurso administrativo. Destarte, com fulcro na Súmula Vinculante STF n. 21, a Procuradoria da Fazenda Nacional em Rondônia procedeu ao controle de legalidade da decisão que negou seguimento ao recurso administrativo com fundamento no art. 126, § 1°., da Lei n. 8.213/1991, com a redação dada pela Lei n. 10.684/2003, exarada pela autoridade administrativa (Seção do Contencioso Administrativo Delegacia da Receita Previdenciária Porto Velho/RO) efls. 1192/1193, concluindo pelo cancelamento da inscrição em Dívida Ativa da União (DAU) e devolução deste processo ao âmbito administrativo para o julgamento do Recurso Voluntário de efls. 1167/1182, conforme despacho de acompanhamento especial de efls. 1235/1236. Uma vez declarada a nulidade do ato que indeferiu o seguimento do recurso, deve ser proferida nova decisão administrativa sobre o juízo de admissibilidade recursal, e, não havendo outra causa autônoma impeditiva do seguimento do recurso, este deve ser processado normalmente. Isto posto, o Recurso Voluntário (efls. 1167/1182) é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade previstos no Decreto n. 70.235/72 e alterações posteriores, portanto dele CONHEÇO. Da Preliminar de Nulidade de Citação De plano, cabe ressaltar que a ciência por via postal é modalidade de intimação prevista no art. 23, II do Decreto n. 70.235/1972 que dispõe sobre o processo administrativo fiscal , bem assim na IN SRP/MPS n. 03/2005 e Portaria MPS n. 520/2004 vigentes à época dos fatos. Outrossim, inexiste ordem de preferência entre a intimação pessoal e a intimação postal para efeito do processo administrativo fiscal estabelecido no Decreto n. 70.235/1972. A teor do art. 23, § 1°., do Decreto n. 70.235/1972, apenas para a intimação ficta, por via editalícia, é que se exige ordem de preferência, uma vez que deve resultar improfícuo a intimação pessoal ou postal (sem ordem de preferência entre estas). Fl. 1247DF CARF MF 6 Da análise dos autos, constatase que a ciência do AI DEBCAD n. 35.601.3820 (efls. 03/09) e de diversos outros documentos afetos ao lançamento em lide foi direcionada à bastante procuradora LUCIMAR NASCIMENTO DIAS RG 303.598 SSP/RO CPF 621.104.38215, nomeada e constituída pela Recorrente mediante o instrumento procuratório público registrado no Tabelionato Figueiredo Ofício Único de Notas Vilhena/RO na data de 14/02/2005 Traslado: Primeiro Livro: 228 Folhas: 031 com validade até 31/12/2005 (efl. 21). No instrumento de procuração pública de efl. 21, a Recorrente outorga amplos e ilimitados poderes à bastante procuradora LUCIMAR NASCIMENTO DIAS, a seguir transcritos: Não à toa, a bastante procuradora LUCIMAR NASCIMENTO DIAS assinou, recebeu e forneceu diversos documentos vinculados à fiscalização que resultou no lançamento do AI DEBCAD n. 35.601.3820 (efls. 03/09) em desfavor do Recorrente, tais como: Mandados de Procedimento Fiscal Fiscalização e Complementar, Termos de Intimação para Apresentação de Documentos, Relatório de Grupo Econômico, Termo de Cientificação de Constituição de Crédito em Grupo Econômico, Agendamento de Devolução Parcial de Documentos Apreendidos e TEAF (efls. 10/20). E foi exatamente a bastante procuradora LUCIMAR NASCIMENTO DIAS RG 303.598 SSP/RO CPF 621.104.38215 a signatária do Aviso de Recebimento (AR) e fl. 1132 da correspondência cujo conteúdo compreende, entre outros documentos, o AI DEBCAD n. 35.601.3820 (efls. 03/09), ora questionado. Destarte, é reprovável e afronta o princípio da boafé objetiva que, em sede de Recurso Voluntário, a Recorrente pretenda infirmar os poderes outorgados à procuradora LUCIMAR NASCIMENTO DIAS, que o representou em todo o curso da ação fiscal que culminou com o lançamento do crédito tributário consubstanciado no AI DEBCAD n. 35.601.3820 (efls. 03/09), negando que a retrocitada procuradora represente os seus interesses, não obstante a validade do mandato ter como limite a data de 31/12/2005, e o aperfeiçoamento do lançamento em litígio ter ocorrido em 29/12/2005, data da assinatura da procuradora no AR de efl. 1132. Com relação à validade da intimação por via postal, inclusive no que tange à qualificação do recebedor, objeto de questionamento pelo Recorrente, é relevante resgatar o Enunciado de Súmula CARF n. 09, verbis: É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário. É oportuno salientar que, ainda que falta ou irregularidade houvesse na intimação (ciência do AI DEBCAD n. 35.601.3820 efls. 03/09), o comparecimento do Fl. 1248DF CARF MF Processo nº 11555.001421/201088 Acórdão n.º 2402006.112 S2C4T2 Fl. 104 7 Recorrente aos autos, consubstanciado na apresentação da impugnação de efls. 1107/1120, é bastante para sanear eventual vício existente na intimação. Por fim, convém destacar que a Recorrente encontrase com situação cadastral no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) baixada desde 09/02/2015, por motivo de omissão contumaz, conforme consulta realizada no sítio da RFB (receita.fazenda.gov.br/pessoajurídica/cnpj/cnpjreva/Cnpjreva_Comprovante_asp). Isto posto, rejeito a preliminar. 3. Da Preliminar de Nulidade de Mandado de Procedimento Fiscal No que tange ao questionamento em face do Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) e de supostas irregularidades verificadas no decorrer da ação fiscal, não há reparo a fazer na decisão recorrida, vez que o MPF Fiscalização n. 09233178 expedido em 13/04/2005 com validade até 11/08/2005 para verificação do cumprimento das obrigações principais decorrentes de Folha de Pagamento e Contribuição Rural (efl. 10) e o MPF Complementar 01 n. 09233178 expedido em 16/06/2005 com validade até 14/10/2005 para verificação de todos os fatos geradores (efl. 11), encontram abrigo no art. 196 do CTN; art. 1°. da Lei n. 11.098/2005; na Instrução Normativa INSS/DC n. 100/2003 e no Decreto n. 3.969/2001, todos vigentes à época dos fatos, observandose ainda que a execução da ação fiscal decorreuse dentro dos estritos limites legais. Isto posto, rejeito a preliminar. Do Mérito Em relação à insurgência contra a caracterização de grupo econômico e a consequente solidariedade entre as empresas do grupo, não assiste razão à Recorrente. Com efeito, resta sobejamente comprovado nos autos os fundamentos que evidenciam a composição de grupo econômico compreendendo as seguintes pessoas jurídicas: i) Frigorífico Bonsucesso Ltda.; ii) Frigorífico Porto Ltda.; iii) Frigorífico Vale do Rio Acre Ltda..; iv) Frigorífico Santa Elvira Ltda.; e o Frigorífico Novo Estado S/A. A DecisãoNotificação (DN) n. 26.401.4/0071/2006 (efls. 1138/1147) elucida e esclarece, de forma minuciosa, com amparo no Relatório de Grupo Econômico (efls. 35/62), as questões de fato e de direito suficientes à caracterização de grupo econômico e à solidariedade entre as respectivas empresas, quanto ao crédito tributário de natureza previdenciária consubstanciado no AI DEBCAD n. 35.601.3820 (efls. 03/09), a seguir resumidas: Fl. 1249DF CARF MF 8 O art. 124 do CTN (Lei n. 5.172/1966), informa norma geral aplicável a todos os tributos existentes no sistema tributário nacional, nos seguintes termos: "Art. 124. São solidariamente obrigadas: I as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; II as pessoas expressamente designadas por lei. Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem. (grifei)" Não obstante a expressão "interesse comum" consignada no art. 124, I, do CTN, encartar um conceito indeterminado, é mister procederse a uma interpretação sistemática das normas tributárias, de modo a alcançarse a ratio essendi do referido dispositivo legal. Assim, verificase que o interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal implica que as pessoas jurídicas solidariamente obrigadas estejam no mesmo polo da relação jurídica que deu azo à hipótese de incidência tributária, exatamente porque não encontraria respaldo na lógica jurídicatributária a integração no polo passivo da relação jurídica de uma empresa que não tenha qualquer participação na ocorrência do fato gerador da obrigação tributária. Nessa perspectiva, é forçoso concluir que o interesse qualificado pela lei não há de ser o mero interesse social, moral ou econômico no resultado ou no proveito da situação que constitui o fato gerador da obrigação principal, mas sim o interesse jurídico, atrelado à atuação comum ou conjunta no pressuposto fático do tributo. Fl. 1250DF CARF MF Processo nº 11555.001421/201088 Acórdão n.º 2402006.112 S2C4T2 Fl. 105 9 Assim, caracteriza responsabilidade solidária em matéria tributária a realização conjunta de situações que, per se, configuram a hipótese de incidência tributária, irrelevante que se trate ou não de grupo econômico formalmente constituído. É cediço que os grupos econômicos de fato caracterizamse por serem criados com o fim exclusivo de redução do risco empresarial e maximização de lucros, caracterizando se um abuso de direito, inclusive para fins de afastar a incidência de tributos, no caso concreto, na espécie contribuições sociais. Constatase, a partir das situações relatadas nos autos e sintetizadas pela DecisãoNotificação (DN) n. 26.401.4/0071/2006 (efls. 1138/1147), acima reproduzidas, uma unidade de interesse jurídico das várias pessoas jurídicas (frigoríficos) envolvidas, consolidandose evidente interesse comum nos atos negociais de propriedade e de circulação de riquezas. Noutro giro, há previsão legal de solidariedade quanto às contribuições à Seguridade Social, independentemente da natureza (formal ou de fato) do grupo econômico, bastando tãosomente a sua caracterização, nos termos exatos do art. 30, IX, da Lei n. 8.212/1991, verbis: "Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de outras importâncias devidas à Seguridade Social obedecem às seguintes normas: [...] IX as empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza respondem entre si, solidariamente, pelas obrigações decorrentes desta Lei; [...] (grifei)" Considerandose o disposto no art. 30, IX, da Lei n. 8.212/91, acima reproduzido, não há dúvidas que, no caso específico das contribuições previdenciárias, incide não apenas a regra do inciso I do art. 124 do CTN, mas também do inciso II do retrocitado dispositivo legal. Na peça recursal de efls. 1167/1182, a Recorrente, em sua defesa, informa que "improcedente a aplicação da penalidade através da lavratura do AUTO DE INFRAÇÃO sob a alegação do descumprimento de obrigações acessórias por conta de retenções não efetuadas porquanto no caso informado não está configurada a previsão legal e normativa inserta na legislação previdenciária que determina que a mencionada retenção deverá ocorrer quando da contratação de serviços mediante a cessão ou empreitada de mãodeobra, colocados à disposição do contratante, de segurados que realizem serviços contínuos, o que de fato não ocorreu no mencionado caso existindo, tão somente, a execução de serviço eventual, de forma descontínua e , por isso, incabível a retenção. Todavia, não é o que se constata nos autos, vez que resta sobejamente comprovado, conforme constatase no Anexo I do Relatório Fiscal de efls. 32/34, robustecido pelos elementos de prova acostados às efls. 108/1105, a configuração da infração denunciada no AI DEBCAD n. 35.601.3820 (efls. 03/09). A Recorrente não acosta aos autos qualquer elemento de prova de suas alegações, não havendo, destarte, como acolher os seus argumentos. Desta forma, por Fl. 1251DF CARF MF 10 determinação expressa na legislação vigente à época dos fatos, é procedente a lavratura do auto de infração por descumprimento de obrigação acessória, inclusive quanto ao valor lançado, forte no art. 31 da Lei n. 8.212/91 c/c art. 219 do RPS, aprovado pelo Decreto n. 3.048/99; art. 92 e 102 da Lei n. 8.212/91 c/c art. 283, caput e § 3°., e art. 373, do RPS, aprovado pelo Decreto n. 3.048/99; art. 292, inciso I, do RPS , aprovado pelo Decreto 3.048/99; e Portaria MPS n. 822/05. Nessa perspectiva, o lançamento consubstanciado no AI DEBCAD n. 35.601.3820 (efls. 03/09) encontrase alinhado à configuração da Lei n. 8.212/91 da época dos fatos, particularmente em seus arts. 31 e 30, IX. Ante o exposto, voto no sentido de CONHECER do Recurso Voluntário (e fls. 1167/1182), REJEITAR AS PRELIMINARES, e, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO. (assinado digitalmente) Luís Henrique Dias Lima Fl. 1252DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.918863/2016-52
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri May 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 25/04/2011
CRÉDITO INTEGRALMENTE RECONHECIDO E DEFERIDO EM PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. DISCORDÂNCIA QUANTO À COMPENSAÇÃO EM PROCEDIMENTO DE OFÍCIO.
Não se conhece de recurso voluntário cujo direito creditório fora integralmente reconhecido e deferido em Pedido de Restituição.
A negativa da unidade de origem em efetuar compensação de crédito deferido em razão de débito pendentes de liquidação não se constitui matéria a ser apreciada pela instância julgadora.
Recurso Voluntário Não Conhecido
Numero da decisão: 3201-003.543
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente Substituto e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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DISCORDÂNCIA QUANTO À COMPENSAÇÃO EM PROCEDIMENTO DE OFÍCIO. Não se conhece de recurso voluntário cujo direito creditório fora integralmente reconhecido e deferido em Pedido de Restituição. A negativa da unidade de origem em efetuar compensação de crédito deferido em razão de débito pendentes de liquidação não se constitui matéria a ser apreciada pela instância julgadora. Recurso Voluntário Não Conhecido Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente Substituto e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade. Relatório MRV ENGENHARIA E PARTICIPAÇÕES S/A declarou compensação de crédito da contribuição (PIS/Cofins) com débito de sua titularidade. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 91 88 63 /2 01 6- 52 Fl. 75DF CARF MF Processo nº 10680.918863/201652 Acórdão n.º 3201003.543 S3C2T1 Fl. 3 2 A repartição de origem emitiu Despacho Decisório Eletrônico não homologando a compensação, em razão do fato de que os pagamentos informados pelo declarante já haviam sido integralmente utilizados para quitação de débitos de sua titularidade, não restando crédito disponível. Em Manifestação de Inconformidade, o Requerente requereu a anulação do despacho decisório e a homologação da compensação, alegando o seguinte: a) transmitira Pedido de Restituição (PER) para garantir o direito ao crédito de pagamento efetuado a maior, crédito esse objeto de compensação declarada posteriormente; b) devido a incompatibilidade do programa gerador da declaração, o número do PER não foi informado na declaração de compensação. Nos termos do Acórdão nº 06058.684, a Manifestação de Inconformidade foi julgada improcedente, tendo a Delegacia de Julgamento (DRJ) decidido que, por se encontrar retido o direito creditório reconhecido administrativamente até que fossem liquidados os débitos existentes em nome do contribuinte para com a Fazenda Pública, encontravase correto o despacho decisório de não homologação da compensação declarada. Inconformado, o Contribuinte apresentou Recurso Voluntário, aduzindo, inicialmente, que havia entendido que a glosa de seu crédito se dera por ocorrência de erro operacional nos sistemas da Receita Federal, fato esse esclarecido somente na decisão da DRJ. Arguiu o Recorrente que a decisão recorrida sustentarase na premissa equivocada de que o não deferimento do direito creditório decorrera da discordância do contribuinte quanto ao procedimento de compensação de ofício, procedimento esse que não alcança débitos que se encontrem com exigibilidade suspensa, de acordo com decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) REsp nº 1.213.082/PR , submetido à sistemática dos recursos repetitivos, de observância obrigatória pelos Conselheiros do CARF,. É o relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF 343, de 9 de junho de 2015, aplicandose, portanto, ao presente litígio o decidido no Acórdão 3201003.508, de 20/03/2018, proferido no julgamento do processo 10680.904616/201679, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3201003.508): O Recurso Voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. (...) Fl. 76DF CARF MF Processo nº 10680.918863/201652 Acórdão n.º 3201003.543 S3C2T1 Fl. 4 3 Não há litígio a ser decidido nesta instância. A pretensão da contribuinte é ter reconhecido seu direito ao crédito informado em Pedido de Restituição. Ocorre que, conforme informado no voto da decisão recorrida, o crédito indicado já foi integralmente reconhecido e deferido no PER n° 39452.15834.310314.1.2.044815, tendo como resultado extraído da tela do Sief Processo: "DEFERIDO TOTALMENTE RDC AUTOMÁTICO". Ora, uma vez reconhecido e deferido o crédito não há o que se decidir quanto ao direito da contribuinte. A negativa da unidade de origem em efetuar a compensação, sob o fundamento de que o crédito está retido frente a débito pendente de liquidação, não se constitui matéria a ser apreciada pelo CARF, devendo negar conhecimento ao recurso da contribuinte. Conclusão Diante do exposto, voto para NÃO CONHECER do recurso voluntário interposto, uma vez que na origem o crédito fora reconhecido e deferido. Destaquese que, não obstante o processo paradigma se referir unicamente à Cofins, a decisão ali prolatada se aplica nos mesmos termos à contribuição para o PIS. Além disso, devese ressaltar, que, neste processo, também ocorreram fatos da mesma natureza daqueles observados no processo paradigma que ensejaram o não conhecimento do recurso voluntário. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu não conhecer do recurso voluntário. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira . Fl. 77DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10803.720115/2012-74
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Apr 25 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 30/05/2006 a 31/12/2007
RECURSO DE OFÍCIO. LIMITE. PORTARIA MF. SÚMULA CARF 103.
Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplica-se o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. A Portaria MF no 63, de 9/2/2017 (vigente a partir da data de publicação no DOU - 10/02/2017) estabeleceu o limite de alçada para interposição de recurso de ofício como R$ 2.500.000,00, referente a exoneração de pagamento de tributos e encargos de multa.
Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 30/05/2006 a 31/12/2007
IPI. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. ADQUIRENTE DE FATO. EQUIPARADO A INDUSTRIAL.
Detectada a interposição fraudulenta de terceiro em operação de importação, o ocultado, real adquirente, é considerado estabelecimento equiparado a industrial, para efeito de incidência do IPI.
Numero da decisão: 3401-004.476
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício, em função de não estar superado o atual limite de alçada, na forma estabelecida na Súmula CARF no 103, e em negar provimento ao recurso voluntário apresentado.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Robson José Bayerl, André Henrique Lemos, Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 30/05/2006 a 31/12/2007 RECURSO DE OFÍCIO. LIMITE. PORTARIA MF. SÚMULA CARF 103. Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplica-se o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. A Portaria MF no 63, de 9/2/2017 (vigente a partir da data de publicação no DOU - 10/02/2017) estabeleceu o limite de alçada para interposição de recurso de ofício como R$ 2.500.000,00, referente a exoneração de pagamento de tributos e encargos de multa. Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 30/05/2006 a 31/12/2007 IPI. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. ADQUIRENTE DE FATO. EQUIPARADO A INDUSTRIAL. Detectada a interposição fraudulenta de terceiro em operação de importação, o ocultado, real adquirente, é considerado estabelecimento equiparado a industrial, para efeito de incidência do IPI.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício, em função de não estar superado o atual limite de alçada, na forma estabelecida na Súmula CARF no 103, e em negar provimento ao recurso voluntário apresentado. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Robson José Bayerl, André Henrique Lemos, Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
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LIMITE. PORTARIA MF. SÚMULA CARF 103. Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. A Portaria MF no 63, de 9/2/2017 (vigente a partir da data de publicação no DOU 10/02/2017) estabeleceu o limite de alçada para interposição de recurso de ofício como R$ 2.500.000,00, referente a exoneração de “pagamento de tributos e encargos de multa”. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 30/05/2006 a 31/12/2007 IPI. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. ADQUIRENTE DE FATO. EQUIPARADO A INDUSTRIAL. Detectada a interposição fraudulenta de terceiro em operação de importação, o ocultado, real adquirente, é considerado estabelecimento equiparado a industrial, para efeito de incidência do IPI. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício, em função de não estar superado o atual limite de alçada, na forma estabelecida na Súmula CARF no 103, e em negar provimento ao recurso voluntário apresentado. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan – Presidente e Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 80 3. 72 01 15 /2 01 2- 74 Fl. 2666DF CARF MF 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Robson José Bayerl, André Henrique Lemos, Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). Relatório Versa o presente sobre o Auto de Infração de fls. 398 a 4071, lavrado em 03/12/2012, para exigência de IPI, no valor original de R$ 3.438.040,63, acrescido de multa de ofício majorada (150%), e juros de mora, totalizando R$ 10.607.284,79, por ter dado a autuada, no período de 30/05/2006 a 31/12/2007, saída a produtos tributados de estabelecimento caracterizado como equiparado a industrial, importados da empresa “Waytec Tecnologia em Comunicação LTDA”. No Termo de Verificação e Conclusão da Ação Fiscal de fls. 336 a 396, narra a fiscalização que: (a) a empresa “EVERBIZ Comércio de Produtos Eletrônicos LTDA (doravante “EVERBIZ”) foi constituída tendo no quadro societário a empresa “PKR Brasil Empreendimentos e Participações LTDA” (doravante “PKR”, uma off shore do Paraguai) e Saulo José da Silva (residente em Foz do Iguaçu, e representante da “PKR” no Brasil), e tendo diretores residentes na cidade de São Paulo, e endereço comercial em Barueri/São Paulo, trabalhando com consagradas marcas na área de Tecnologia da Informação; (b) em fiscalizações de importações da empresa “WAYTEC Tecnologia em Comunicação LTDA” (doravante “WAYTEC”), verificouse que havia expressiva quantidade de mercadorias destinadas à “EVERBIZ”, e recebidas do exportador “Agrizzi Enterprises Corporation”, de Miami, que faz parte de grupo empresarial (“Grupo AGRIZZI”) constituído, entre outras empresas, por “Agrizzi do Brasil” e “EVERBIZ”; (c) a empresa “Wheatfield Investment Group GV”, que é sócia da “EVERBIZ” (com 99,8% do capital social desde 20/04/2006), tem como presidente e sócio o Sr. Pedro Anselmo Agrizzi, presidente da “Agrizzi Enterprises Corporation”, e com participação societária em várias empresas do “Grupo AGRIZZI”, domiciliado, para efeitos fiscais, no Paraguai; (d) detectouse, na “Operação Columbus”, que a empresa “WAYTEC”, que se declarava como importadora por conta própria, não participava efetivamente das negociações (que era, de fato, entre “EVERBIZ” e o exportador do “Grupo AGRIZZI”), conforme mensagens eletrônicas acostadas aos autos (exemplos indicados às fl. 351 e seguintes, nos quais se percebe que há depósitos das despesas de importação, incluindo registro da DI e débito em conta dos tributos devidos, planilhas de custos, fechamentos de câmbio, etc., permitindo a elaboração e planilha com fluxo financeiro e de mercadorias nas importações); (e) comprovado que a empresa “EVERBIZ” era a real importadora nas importações promovidas pela “WAYTEC”, a “EVERBIZ é também estabelecimento equiparado a industrial, e, portanto, obrigado ao recolhimento do IPI; (f) as mercadorias importadas pela “WAYTEC” saem dos recintos alfandegados com nota fiscal de saída de venda para a “EVERBIZ” (que não possui depósitos) indicando como local de entrega armazémgeral, sendo emitida, quase ao mesmo tempo, nota de simples remessa da “EVERBIZ” que corresponde a um espelho da nota emitida pela “WAYTEC”, com destino ao mesmo armazémgeral, havendo, após a venda, emissão de nota de retorno do armazémgeral para a “EVERBIZ”, que, simultaneamente, emite nota ao consumidor (exemplo do procedimento completo às fls. 372 a 378); (g) a “EVERBIZ” não atendeu algumas solicitações 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 2667DF CARF MF Processo nº 10803.720115/201274 Acórdão n.º 3401004.476 S3C4T1 Fl. 2.667 3 da fiscalização para discriminar em planilhas as notas de entrada e saída, e os créditos contabilizados, alegando o custo administrativo da atividade; (h) o lançamento se refere à apuração de IPI na saída de produtos oriundos da empresa “WAYTEC”, a partir do cruzamento de planilhas fornecidas pela empresa com informações presentes nos arquivos magnéticos da contabilidade; e (i) em razão da qualificação da infração, a multa foi majorada e foi elaborada representação fiscal para fins penais pela ocorrência, em tese, de crime contra a ordem tributária. Ciente da autuação, a empresa apresenta Impugnação (fls. 2584 a 2604), alegando, em síntese, que: (a) à época dos fatos (2006/2007), diante das dificuldades da empresa para obter habilitação no SSCOMEX, a empresa não podia efetuar importações, e, por isso, viuse obrigada a encontrar um fornecedor local que lhe vendesse os produtos já nacionalizados: a “WAYTEC”, que não pertence ao grupo econômico nem tem qualquer relação societária com a empresa; (b) sendo as operações entre a empresa e a “WAYTEC” internas, e sem qualquer tipo de fraude ou interposição, não havia incidência de IPI; (c) os Anexos do auto de infração não instruíram a autuação (a empresa tomou ciência dos anexos apenas pelo “termo complementar” ao termo de verificação e conclusão da ação fiscal, identificando ainda que há centenas de laudas nos Anexos I e III com dados aparentemente sigilosos de terceiros, e que o Anexo II, embora se refira à empresa, não tem conexão com os fatos em discussão), pelo que deve ser declarada nula, por cerceamento do direito de defesa; (d) a autuação não tomou em conta os créditos de IPI (das importações da “WAYTEC”), nem as alíquotas e bases de cálculo corretas, à época, havendo necessidade de perícia para apurar os erros cometidos no Anexo VI (quesitos às fls. 2603/2604); (e) houve decadência para grande parcela do crédito tributário (maio/2006 a novembro/2007), conforme artigo 150, § 4o do Código Tributário Nacional, e decisões do STJ, na sistemática dos recursos repetitivos, pois a empresa apresentava regularmente DCTF, e pagava sobre o tributo apurado; (f) não houve perda de arrecadação, até porque as importações e subsequentes operações internas seguiram rigorosamente os comandos legais (pelo contrário, houve arrecadação a maior de Contribuição para o PIS/PASEP e COFINS); e (g) não cabe a qualificação da multa, porque a cobrança é indevida, e não houve intenção de causar dano ao fisco ou realizar fraude ou simulação. Em 30/04/2013 ocorre o julgamento de primeira instância (fls. 2609 a 2625), decidindo unanimemente o colegiado administrativo pela procedência parcial do lançamento, sob os seguintes fundamentos: (a) não houve cerceamento do direito de defesa, tendo a empresa sido notificada de todos os elementos caracterizadores da infração, e, seis dias depois, dos anexos da autuação, o que poderia ter ensejado demanda por apresentação e impugnação complementar, considerando tal prazo, e a empresa demonstra na peça recursal conhecimento pleno da infração que lhe é imputada e de seus fundamentos jurídicos e probatórios; (b) a perícia demandada é desnecessária e dispensável, pois todos os quesitos levantados podem ser perfeitamente verificados pelos documentos que compõem o processo e não demandam conhecimento técnico pericial especializado; (c) considerando que não houve pagamento antecipado de IPI, e que houve fraude, configurase apenas a decadência em relação aos fatos geradores de maio a novembro de 2006 (cujo termo final para a cobrança seria 01/01/2012), restando hígidos os lançamentos de dezembro/2016 a dezembro/2017; (d) a operação de comércio exterior realizada mediante utilização de recursos de terceiro presumese por conta e ordem deste; (e) a caracterização da infração não requer a indicação de qual o benefício auferido pelo adquirente ocultado, mas apenas a demonstração de que houve a interposição fraudulenta, pois a prova principal para a caracterização da interposição, na verdade, é a antecipação de recursos (provada a antecipação de recursos por parte da empresa oculta, provase que a importação foi realizada por conta e ordem desta e que houve a Fl. 2668DF CARF MF 4 interposição fraudulenta na importação); (f) o IPI pago na importação já foi utilizado pela “WAYTEC”, interposta, nas saídas pelas operações comerciais realizadas, e a empresa pode continuar utilizando o IPI destacado em notas fiscais de compra como custo; e (g) em relação aos erros apontados, tratase de alegação genérica, ao desamparo de provas, não tendo o julgador de piso encontrado nenhuma divergência nas planilhas. Em função do valor exonerado (tabela à fl. 2625), foi interposto recurso de ofício. Cientificada da decisão de piso em 04/07/2013 (fl. 2632), a empresa interpôs recurso voluntário em 26/07/2013 (fls. 2635 a 2657), reiterando as razões expostas na impugnação, e acrescentando que a decisão da DRJ, apesar de confirmar que houve nulidade na autuação pela não juntada imediata de anexos, a mantém, impondo ônus à empresa, e que o julgamento de piso é contraditório ao analisar a possibilidade de desconto de créditos. No CARF, o processo foi distribuído a este relator, por sorteio, em janeiro de 2017, tendo sido indicado para pauta desde julho de 2017, mas não incluído pelo excesso de número de processos a julgar. Em janeiro, fevereiro e março de 2018, o processo foi pautado e retirado de pauta por falta de tempo hábil para julgamento. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, Relator O recurso voluntário apresentado preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Quanto ao recurso de ofício, percebe se que o valor exonerado a título de principal foi de R$ 989.348,13, o que, acrescido da multa de ofício lançada de forma majorada (150%), resulta em um total de crédito tributário exonerado de R$ 2.473.370,33. Sobre a interposição de recurso de ofício, assim dispõe o Decreto no 70.235/1972, que regula o processo administrativo de determinação e exigência de crédito tributário: “Art. 34. A autoridade de primeira instância recorrerá de ofício sempre que a decisão: I exonerar o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa de valor total (lançamento principal e decorrentes) a ser fixado em ato do Ministro de Estado da Fazenda” (...) Art. 42. São definitivas as decisões: I de primeira instância esgotado o prazo para recurso voluntário sem que este tenha sido interposto; (...) Parágrafo único. Serão também definitivas as decisões de primeira instância na parte que não for objeto de recurso voluntário ou não estiver sujeita a recurso de ofício.” (grifo nosso) Fl. 2669DF CARF MF Processo nº 10803.720115/201274 Acórdão n.º 3401004.476 S3C4T1 Fl. 2.668 5 À época em que foi proferida a decisão de piso (30/04/2013), o Ministro da Fazenda fixava, para efeitos do disposto no artigo 34, I, do Decreto no 70.235/1972, o valor de R$ 1.000.000,00, na Portaria MF no 3/2008. Legítima, assim, em primeira análise, a interposição de recurso de ofício. No entanto, dispõe a Súmula CARF no 103, de observância obrigatória por este tribunal administrativo, que: “Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância”. E, na data de apreciação em segunda instância, já vige o limite fixado na Portaria MF no 63, de 09/02/2017, de R$ 2.500.000,00. Assim, não se deve conhecer do recurso de ofício, em função de não estar superado o atual limite de alçada, na forma estabelecida na Súmula CARF no 103. No recurso voluntário apresentado, percebese que remanescem contenciosos os seguintes temas: (a) a existência ou não de nulidade na autuação, por ter havido ciência dos anexos apenas dias após a ciência da autuação; (b) a existência ou não de interposição fraudulenta (e as penalidades eventualmente decorrentes); (c) a ocorrência ou não de decadência para os períodos de dezembro/2006 a novembro/2007; e (d) a existência ou não de erros de cálculo no lançamento. Quanto à alegação de nulidade da autuação, por não terem os anexos a instruído de imediato, e por ter tomado a empresa ciência a seu respeito apenas pelo “termo complementar” ao termo de verificação e conclusão da ação fiscal, cabe destacar, em endosso ao decidido na instância de piso, que a autuada teve ciência do teor da autuação e de seus fundamentos. Há clara confusão da defesa em relação à distinção entre “fundamentos da autuação”, expressos no auto de infração, e o conteúdo dos Anexos. Ademais, a própria defesa, ainda na impugnação, reforça a pouca importância dos Anexos I a III, a seu ver, e que o Anexo IV seria um documento por ela própria elaborado (fl. 2600): Fl. 2670DF CARF MF 6 Segundo a defesa, paradoxalmente, a autuação seria nula por terlhe sido cientificado somente dias depois da autuação o teor de tais anexos, que ela alega serem irrelevantes (I a III), por ela própria elaborados (IV) ou nada provarem, contendo evidentes erros (V e VI). Entende ainda a recorrente, equivocadamente, que a DRJ teria reconhecido eventual nulidade, quando, em verdade, o que faz o julgador de piso é exatamente destacar que tais documentos, que foram objeto de ciência à recorrente, ainda no prazo legal de impugnação, não constituem a fundamentação da autuação, e não houve, notoriamente, prejuízo à defesa. Não vislumbramos, também, no caso, qualquer cerceamento do direito de defesa, tendo a recorrente, ainda no prazo legal de impugnação (que, como destacou o julgador de piso, poderia ser excepcionalmente estendido, no caso, tendo em vista a complementação da ciência), compreendido o teor tanto dos fundamentos da autuação quanto de seus anexos. Ademais, nos únicos tópicos em que poderia a defesa ter aprofundado a análise dos anexos (nos citados erros), tanto a impugnação quanto o recurso voluntário limitamse a afirmar que houve erros, sequer apontando especificamente um (fl. 2559, itens 74 e 75 da impugnação, e fl. 2653, itens 76 e 77 do recurso voluntário): Fl. 2671DF CARF MF Processo nº 10803.720115/201274 Acórdão n.º 3401004.476 S3C4T1 Fl. 2.669 7 As poucas alterações de texto entre a impugnação e o recurso voluntário, em relação ao tema, denotam não só o caráter genérico das alegações, mas que a empresa sequer demonstrou especificamente a ocorrência de qualquer erro de cálculo na impugnação, ou em seu recurso voluntário. Deveria a empresa ter apresentado ao menos uma nota com valor incorreto, ou uma alíquota que tivesse sido erroneamente empregada, para suscitar a dúvida neste julgador, a ponto de converter o julgamento em diligência. Solicitar perícia para “apurar e constatar os erros” (como expresso na impugnação) ou “definitivamente identificar” tais erros (como se demanda no recurso voluntário) somente vem a endossar que a recorrente não se desincumbe de seu ônus de refutar as alegações fiscais de modo a, ao menos, gerar dúvida no julgador, a ponto de se converter o julgamento em diligência para esclarecer erros objetivamente apontados. A diligência não é instrumento de postergação da defesa de mérito, mas ferramenta a cargo do julgador, em caso de dúvida que, suscitada pela parte ou surgida de ofício, obstaculize a sequência do julgamento. E, no presente caso, não consigo visualizar tal obstáculo, visto que a defesa não apresenta exatamente o erro que aponta existir na base de cálculo ou na alíquota do tributo apurado. É igualmente deficiente a defesa no que se refere ao mérito da imputação fiscal, de que empresa “WAYTEC”, que se declarava como importadora por conta própria, não participava efetivamente das negociações (que eram, de fato, entre “EVERBIZ” e o exportador do “Grupo AGRIZZI”), conforme mensagens eletrônicas acostadas aos autos (exemplos indicados às fl. 351 e seguintes, nos quais se percebe que há depósitos das despesas de importação, incluindo registro da DI e débito em conta dos tributos devidos, planilhas de custos, fechamentos de câmbio, etc., permitindo a elaboração e planilha com fluxo financeiro e de mercadorias nas importações). Fl. 2672DF CARF MF 8 Como se destacou na decisão de piso, restou devidamente caracterizada a antecipação de recursos, inclusive com menção aos exemplos citados no relatório fiscal, que demonstram a forma de atuação das empresas no comércio exterior. Esperavase que a defesa refutasse especificamente tais alegações, demonstrando, ainda que exemplificativamente, que resultaram de equívoco da fiscalização, ou de erro na compreensão do detalhamento da operação. No entanto, o que se vê na peça recursal é a concentração dos argumentos na aqui já mencionada alegação de nulidade (fls. 2639 a 2644, e 2654/2655), e na eventual ocorrência de decadência, a ser ainda por nós analisada neste voto (fls. 2644 a 2647). No excerto do recurso voluntário denominado de “Mérito” (fls. 2647 a 2650), limitase a defesa a alegar falta de provas na autuação, olvidandose de rebater as provas ali apresentadas, como a citada antecipação de recursos, aliada à tratativa por conta da “EVERBIZ”, documentada. Apresentase, assim, defesa genérica também no que se refere ao mérito, ignorando os aspectos detalhados no relatório fiscal, pelo simples fato de considerar a peça recursal que as provas (sem sequer fazer menção expressa a elas) eram deficientes. Ainda no que se refere ao mérito, defende a empresa que não incide IPI nas operações em tela (fl. 2650) e que não houve prejuízo ao Erário (fls. 2650/2651), além de suscitar os já referidos “erros de cálculo” (fls. 2651 a 2653), e defender o nãocabimento da “multa qualificada” (fls. 2655/2656). Ou seja, não há defesa específica de mérito que conteste a verificação de que a “WAYTEC” não participava efetivamente das negociações, apesar de se declarar importadora por conta próprio, ou de que a “EVERBIZ” antecipava recursos, ou de que as mercadorias efetivamente tinham notas de saída emitidas logo após o desembaraço, ou de qualquer dos elementos aqui relatados, e que o julgador de piso sintetiza à fl. 2621. Ademais, caracterizandose que a importação era, de fato, efetuada pela “EVERBIZ”, utilizandose da “WAYTEC” (interposta fraudulentamente), inclusive com antecipação de recursos, o que resta claro na autuação, operase a presunção do artigo 27 da Lei no 10.637/2002, que culmina na equiparação a industrial do estabelecimento destinatário da mercadoria importada. Eis o fundamento para a incidência do IPI, e que figura expressamente no termo que acompanha a autuação (fl. 371): E a incidência do IPI, decorrente de lei, não pode ser afastada pela simples alegação (novamente desprovida de detalhamento) de que não existiria prejuízo ao Erário, por ter sido recolhida modalidade tributária diversa a maior. Entendendo a empresa que recolheu a maior ou indevidamente determinado tributo, cabe a ela a demanda pela respectiva restituição, sujeita a trâmites administrativos próprios. Fl. 2673DF CARF MF Processo nº 10803.720115/201274 Acórdão n.º 3401004.476 S3C4T1 Fl. 2.670 9 No caso, há ocultação do real adquirente da mercadoria, mediante interposição fraudulenta, em importações, sendo tal adquirente equiparado a estabelecimento industrial. Ocultante e ocultado tinham plena ciência e participação na operação e importação, que apresentava ao fisco um cenário de importação por conta própria, diverso do que efetivamente ocorria nas operações, que eram conduzidas e negociadas pelo ocultado, inclusive com antecipação de recursos. Mas o fato de identificarmos a fraude (gênero) na ocultação do real adquirente não implica, necessariamente, a fraude (espécie) prevista no artigo 72 da Lei de regência do IPI (Lei no 4.502/1964), ali definida como “... ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento”. No caso concreto, no entanto, presentes tanto a fraude da legislação aduaneira (na ocultação do real adquirente) quanto a tributária (que buscava impedir a ocorrência do fato gerador do IPI, disfarçando de direta a operação de importação que, de fato, era sabidamente indireta). Correta, assim, a majoração da multa. E, havendo fraude, o cômputo decadencial é regido pelo artigo 173 do Código Tributário Nacional (e não pelo artigo 150, § 4o da mesma codificação, conforme expresso em seu próprio texto), não merecendo aparas a decisão de piso em relação à matéria. Por fim, sobre a alegação de que a autuação não tomou em conta créditos devidos, cabe ressaltar que desde a impugnação a empresa alega que a fiscalização ignorou tais créditos, das vendas da “WAYTEC” à “EVERBIZ”, em violação ao princípio da não cumulatividade. E informava ainda a impugnação que trazia exemplo de nota fiscal de fornecimento da “WAYTEC” com destaque de IPI, sustentando que (fls. 2528/2529): A referida nota fiscal exemplificativa (no 23.806 – venda da “WAYTEC” para a “EVERBIZ”), datada de 20/12/2016, consta à fl. 2581, e aponta destaque de IPI, mas não é possível vinculála, conclusivamente, ao lançamento fiscal. Da mesma forma que a defesa foi genérica nos demais aspectos, também aqui pareceu a peça recursal terceirizar à perícia a atividade de defesa (disponível em documentos de posse da empresa, com informações a respeito das quais esta deveria ter controle). Aliás, a recalcitrância da empresa em fornecer precisamente as informações necessárias a eventuais cômputos de créditos remonta à fase de fiscalização (fls. 392/393). Fl. 2674DF CARF MF 10 A DRJ, ao analisar a alegação, trouxe duas possibilidades: a consideração dos valores como custo (como fez a autuação, que defende o julgador ser a correta) e o abatimento do IPI lançado (como defende a recorrente, e que o julgador afirmou ser incompatível com a alegação e que a empresa não é importadora). No recurso voluntário, a defesa afirma ter entrado o julgador de piso em contradição, pois apesar de sustentar não ter havido desconsideração do negócio realizado, não reconheceu a possibilidade de crédito de IPI, violando o princípio da não cumulatividade. O julgador de piso, pelo que se percebe, endossou a forma de cálculo tomada em conta pela fiscalização, com os dados a ela disponibilizados pela autuada, o que entendemos correto, e não contraditório, nem avesso à não cumulatividade. Não havendo um mínimo de suporte probatório às alegações de defesa, concluise que a fiscalização tomou em conta todos os dados a ela fornecidos, e calculou os tributos a partir de tais dados. Não merece, então, prosperar a defesa, que, também em relação a esse tópico, opera de forma genérica. Pelo exposto, voto por não conhecer do recurso de ofício, em função de não estar superado o atual limite de alçada, na forma estabelecida na Súmula CARF no 103, e em negar provimento ao recurso voluntário apresentado. Rosaldo Trevisan Fl. 2675DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11070.000793/2010-30
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 09 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon May 28 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Ano-calendário: 2007, 2008
COMPENSAÇÃO INDEVIDA. CRÉDITO DECORRENTE DE AÇÃO JUDICIAL.
Sendo evidente equívoco cometido no provimento judicial, não há que se falar em afronta à coisa julgada, sendo correto o procedimento fiscal que resguarda o interesse público promovendo o lançamento fiscal.
Restando rescindido, por via rescisória, o citado provimento equivocado, é procedente a cobrança do crédito tributário indevidamente compensado.
LANÇAMENTO FISCAL. NULIDADE.
Não tendo sido proferido por pessoa incompetente ou com preterição do direito de defesa e tendo sido apresentada ao contribuinte a adequada descrição dos fatos e fundamentação legal, não há que se falar em nulidade do lançamento fiscal.
RETROATIVIDADE BENIGNA. LIMITES.
Nos lançamentos de ofício de contribuições previdenciárias, para fins de apuração da penalidade que se apresenta mais benéfica ao autuado, deve ser comparado o conjunto das multas previstas na legislação vigente na época da ocorrência das infrações, com a nova penalidade veiculada por diploma legal superveniente.
Numero da decisão: 2201-004.503
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso voluntário e, na parte conhecida, em rejeitar as preliminares arguidas e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Marcelo Milton da Silva Risso, Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Dione Jesabel Wasilewski, Douglas Kakazu Kushiyama, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado).
Nome do relator: CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO
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CRÉDITO DECORRENTE DE AÇÃO JUDICIAL. Sendo evidente equívoco cometido no provimento judicial, não há que se falar em afronta à coisa julgada, sendo correto o procedimento fiscal que resguarda o interesse público promovendo o lançamento fiscal. Restando rescindido, por via rescisória, o citado provimento equivocado, é procedente a cobrança do crédito tributário indevidamente compensado. LANÇAMENTO FISCAL. NULIDADE. Não tendo sido proferido por pessoa incompetente ou com preterição do direito de defesa e tendo sido apresentada ao contribuinte a adequada descrição dos fatos e fundamentação legal, não há que se falar em nulidade do lançamento fiscal. RETROATIVIDADE BENIGNA. LIMITES. Nos lançamentos de ofício de contribuições previdenciárias, para fins de apuração da penalidade que se apresenta mais benéfica ao autuado, deve ser comparado o conjunto das multas previstas na legislação vigente na época da ocorrência das infrações, com a nova penalidade veiculada por diploma legal superveniente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso voluntário e, na parte conhecida, em rejeitar as preliminares arguidas e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 07 0. 00 07 93 /2 01 0- 30 Fl. 297DF CARF MF 2 Carlos Alberto do Amaral Azeredo Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Marcelo Milton da Silva Risso, Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Dione Jesabel Wasilewski, Douglas Kakazu Kushiyama, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado). Relatório O presente processo trata de lançamento de ofício de contribuições previdenciárias devidas à Seguridade Social. Do procedimento fiscal, resultaram os documentos de crédito relacionados no Termo de Encerramento de fl. 50, do quais será aqui tratado o seguinte DEBCAD: 37.252.2149, referente a multa por descumprimento de obrigação acessória, por ter o contribuinte apresentado GFIP com dados não correspondente aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, O Relatório Fiscal consta de fl. 58/61 do processo 11070.000798/201062, ao qual o presente tramitava apensado, tendo sido separado por ato deste Conselheiro, basicamente em razão de que, embora o julgamento em 1ª instância tenha sido levado a termo de forma conjunta, há recursos voluntários independentes, com matérias diversas sendo tratadas. Naturalmente, a descrição da infração ora sob análise consta do Auto de Infração de fl. 2 e o contribuinte estava devidamente cientificado tanto da tramitação em conjunto supracitada, como em relação aos lançamentos de que resultaram a presente exigência, conforme se verifica no Termo de Encerramento de fl. 50. Ciente da autuação em 29 de abril de 2010, conforme fl. 02, inconformado, o contribuinte formalizou tempestivamente a Impugnação de fl. 54/121, a qual foi analisada em 1ª Instância pela 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Santa Maria/RS, em sessão de 28 de julho de 2010, resultando no Acórdão de fl. 136/142, que julgou a impugnação improcedente, lastreada nas conclusões abaixo resumidas: (...) esta é a decisão transitada em julgado em favor da cooperativa, reconhecendo a inconstitucionalidade do FUNRURAL e mantida a exigência do art. 25 da Lei nº 8.212/91. Assim, segundo a legislação atual, para a falta de pagamento do tributo e a apresentação de declaração com erros temos multa única, no montante de 75% do tributo não recolhido, a teor do art. 44, I, da Lei no 9.430/96. O exame foi feito caso a caso pela fiscalização, aferindose matematicamente os valores por uma ou outra metodologia, consoante demonstrativo ... ... para ao final lançar a multa da legislação mais benéfica, que no caso foi a da legislação vigente à época dos fatos. Ciente do Acórdão da DRJ em 23 de agosto de 2010, AR em fl. 1416 do processo 11070.000798/201062 (antes apensado), ainda inconformado, o contribuinte apresentou, em 21 de setembro de 2010, o Recurso Voluntário de fl. 148 a 210, onde reitera os Fl. 298DF CARF MF Processo nº 11070.000793/201030 Acórdão n.º 2201004.503 S2C2T1 Fl. 298 3 argumentos apresentados em sede de impugnação, os quais serão tratados no curso do voto a seguir. É o relatório necessário. Voto Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Relator Por ser tempestivo e por atender as demais condições de admissibilidade, conheço do Recurso Voluntário. A Recorrente inicia sua peça recursal alegando que a Decisão recorrida fundamentouse em premissa equivocada, devendo ser reformada, sob pena de afronta à coisa julgada, já que, ainda que a Autoridade julgadora discorde dos fundamentos que reconheceram a inexigibilidade da contribuição previdenciária prevista no art. 25 I e II da Lei 8.212/91, esta decisão transitou em julgado, não podendo ser objeto de lançamento por parte da RFB, devendo ser plenamente acatada pela Delegacia de Julgamento. Ressalta que conta com uma decisão judicial que reconheceu a inconstitucionalidade e ilegalidade da Contribuição Previdenciária sobre Produção Rural FUNRURAL, bem como o direito a repetir o que pagou indevidamente, podendo compensar o indébito com obrigações previdenciárias vincendas. DA INOBSERVÂNCIA DA LEI Nº 11.941/09 A Recorrente alega que o presente auto está amparado no art. 32 da Lei 8.212/91, quando deveria ter sido imposta a penalidade determinada pela lei 11.941/09, concluindo que, pela nova previsão legal, haveria de ser imposta penalidade de R$ 20,00 para cada conjunto de 10 informações incorretas ou omitidas, o que lhe seria mais benéfico do que a penalidade prevista no art. 32 da Lei 8.212/91. De início cumpre destacar que os artigos da Lei nº 8.212, de 1991, com as alterações da Lei n° 9.528, de 1997, que previam as penalidades por descumprimento de obrigações principais e acessórias, tinham a seguinte redação: “Art. 32. A empresa é também obrigada a:(...) IV informar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro SocialINSS, por intermédio de documento a ser definido em regulamento, dados relacionados aos fatos geradores de contribuição previdenciárias e outras informações de interesse do INSS. (...) §4º. A não apresentação do documento previsto no inciso IV, independentemente do recolhimento da contribuição, sujeitará o infrator à pena administrativa correspondente a multa variável equivalente a um multiplicador sobre o valor mínimo previsto no art. 92, em função do número de segurados, conforme quadro abaixo. (...) Fl. 299DF CARF MF 4 § 7º. A multa de que trata o § 4º sofrerá acréscimo de cinco por cento por mês calendário ou fração, a partir do mês seguinte àquele em que o documento deveria ter sido entregue. (...) Art. 35. Para os fatos geradores ocorridos a partir de 1º e abril de 1997, sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos: (...) II. para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento: a) doze por cento, em até quinze dias do recebimento da notificação; b) quinze por cento, após o 15º dia do recebimento da notificação; c)vinte por cento, após apresentação de recurso desde que antecedido de defesa, sendo ambos tempestivos, até quinze dias da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social – CRP; d) vinte e cinco por cento, após o 15º dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, enquanto não inscrito em Dívida Ativa.” Assim, no caso em apreço, considerandose que houve aplicação de multas pelo descumprimento de obrigações principais e acessórias, no contexto de lançamento de ofício, o entendimento corrente neste Conselho é no sentido de que, embora a antiga redação dos artigos 32 e 35 da Lei nº 8.212, de 1991, não contivesse a expressão “lançamento de ofício”, o fato de as penalidades serem exigidas por meio de Auto de Infração e NFLD não deixava dúvidas acerca da natureza material de multas de ofício. Resta perquirir se as alterações posteriores à autuação, implementadas pela Lei nº 11.941, de 2009, representariam a exigência de penalidade mais benéfica ao Contribuinte, hipótese que autorizaria a sua aplicação retroativa, a teor do art. 106, II, do CTN. Para tanto, porém, é necessário que se estabeleça a exata correlação entre as multas anteriormente previstas e aquelas estabelecidas pela Lei nº 11.941, de 2009, e ver se efetivamente seria o caso, e em que condições aplicarseia a retroatividade benigna. As alterações promovidas pela Lei nº 11.941, de 2009, nos artigos 32 e 35, da Lei nº 8.212, de 1991, no sentido de uniformizar os procedimentos de constituição e exigência dos créditos tributários, previdenciários e não previdenciários, são as seguintes: “Art. 32. A empresa é também obrigada a: (...) IV – declarar à Secretaria da Receita Federal do Brasil e ao Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, na forma, prazo e condições estabelecidos por esses órgãos, dados relacionados a fatos geradores, base de cálculo e valores devidos da contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS ou do Conselho Curador do FGTS; (...) Fl. 300DF CARF MF Processo nº 11070.000793/201030 Acórdão n.º 2201004.503 S2C2T1 Fl. 299 5 § 2o A declaração de que trata o inciso IV do caput deste artigo constitui instrumento hábil e suficiente para a exigência do crédito tributário, e suas informações comporão a base de dados para fins de cálculo e concessão dos benefícios previdenciários. (...) Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitar seá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. (...) Art. 35. Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. E o art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, por sua vez, assim estabelece: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (grifouse) Destarte, com o advento da Lei nº 11.941, de 2009, o lançamento de ofício envolvendo a exigência de contribuições previdenciárias, bem como a verificação de falta de declaração do respectivo fato gerador em GFIP, sujeita o Contribuinte a uma única multa, no percentual de 75%, sobre a totalidade ou diferença da contribuição, prevista no art. 44, inciso I, da Lei nº 9.430, de 1996. Com efeito, a interpretação sistemática da legislação tributária não admite a instituição, em um mesmo ordenamento jurídico, de duas penalidades para a mesma conduta, o que autoriza a interpretação no sentido de que as penalidades previstas no art. 32A não são aplicáveis às situações em que se verifica a falta de declaração/declaração inexata, combinada Fl. 301DF CARF MF 6 com a falta de recolhimento da contribuição previdenciária, eis que tal conduta está claramente tipificada no art. 44, inciso I, da Lei nº 9.430, de 1996. Diante dessas considerações, prestigiando o comando contido no art. 16, inciso II, alínea "c" da Lei 5.172/66 (CTN), há que se verificar qual critério seria mais benéfico ao contribuinte, a saber: a soma das multas vigentes à época do fato gerador ou a multa de 75% prevista no inciso I do art. 44, da Lei 9.430/96. Contudo, consta das informações prestadas pela Autoridade Lançadora: 8 Os fatos geradores lançados neste auto de infração não foram declarados em GFIP. Fizemos uma planilha comparativa entre a multa de ofício 75%, com a multa de mora na alíquota de 24% mais o auto de infração fundamento legal 68 (entregar GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições). A multa aplicada foi a mais benéfica para a empresa, conforme previsto no artigo 106, inciso II, alínea "c" da Lei 5.172 de 25.10.1966 CTN. A multa aplicada para os lançamentos deste auto de infração foi multa de mora de 24% e aplicado o auto de infração CFL 68. Portanto, a aplicação da penalidade mais benéfica entre o conjunto das penalidades então vigentes com a penalidade nova, já foi devidamente observada no lançamento fiscal, não merecendo prosperar, neste ponto, as alegações da recorrente. Da afronta à coisa julgada material Alega que existe um título judicial alcançado pelo instituto da coisa julgada, certificada em 04 de março de 2004, declarando a inexistência da contribuição previdenciária incidente sobre a produção rural, bem como o direito à repetição do indébito via compensação e que, sendo inexistente a obrigação tributária, não há como se reconhecer a legitimidade do crédito lançado em desfavor da Recorrente. Sustenta que é inverídica a tese de que houve erro material no julgamento da lide, em razão de que tal afirmativa foi rechaçada na decisão do Agravo Regimental, que concluiu que "não houve julgamento de matéria estranha aos autos, a configurar decisão extra petita. (...) Não só a petição inicial, como a r. sentença e, por fim, o próprio v. acórdão de segundo grau discutiram exatamente a tese que foi aborda na decisão ora agravada. A referência feita, nas instâncias ordinárias, ao PRORURAL não retira o caráter conclusivo da real matéria debatida nos autos, qual se sucedeu com o decisório proferido por esta Corte Superior". Afirma que se a Receita Federal entende que tal decisão afrontou lei federal, deve aguardar o resultado da Ação Rescisória, para somente então promover o lançamento, concluindo que o lançamento é indevido, por pretender rediscutir matéria que já vem sendo discutida em ação rescisória. Em suas contrarrazões, a Fazenda Nacional, após considerações teóricas sobre os elementos da ação, traça um histórico da lide judicial da qual resultou a presente celeuma administrativa. Afirma que a decisão transitada em julgado é referente à inexigibilidade da contribuição para o FUNRURAL das empresas vinculadas exclusivamente à Previdência Urbana, sendo pleiteada, incidentalmente, a declaração de inconstitucionalidade do art. 25 da Fl. 302DF CARF MF Processo nº 11070.000793/201030 Acórdão n.º 2201004.503 S2C2T1 Fl. 300 7 Lei 8.212/91, mas que tal pedido teria sido negado pelo TRF da 4ª Região e não analisado pelo STJ, razão pela qual não haveria trânsito em julgado para afastar a incidência da contribuição, ao contrário, para mantêla. Ainda que fosse, não resultaria em coisa julgada, já que o art. 469 do Código de Processo Civil é expresso ao preceituar que não fazem coisa julgada a apreciação de questão judicial, decidida incidentalmente no processo, citando entendimento do Supremo Tribunal Federal de que a declaração de inconstitucionalidade em sede de controle difuso não é alcançada pela coisa julgada, por não ser o objeto da lide. Resumidas as alegações que amparam o interesse formulado, na cópia da inicial da ação ordinária de nº 2001.71.05.0027940, protocolada em julho de 2001, o pedido está assim expresso: a) seja reconhecida a inexigibilidade das contribuições previdencidrias exigidas, a titulo de FUNRURAL (PRO RURAL), a partir do advento do art. 138, da Lei n° 8.213/91, considerandose como não devidas e inexigíveis, as contribuições previdenciárias, incidentes sobre os produtos agrícolas, a partir de novembro/1991, inclusive, nos valores descritos no discriminativo e nas cópias das Guias de Recolhimento da Previdência Social (GRPS), anexas; b) seja declarado o direito de a autora, receber, a titulo de repetição de indébito, os valores, indevidamente, recolhidos ao réu, de 2,2% (dois virgula dois por cento), calculados com base nos valores pagos ou creditados, a partir de 01 de novembro de 1991, na importância de R$ 11.972.476,54 (Onze milhões, novecentos setenta e dois, quatrocentos setenta e seis reais e cinqüenta e quatro centavos); c) seja, também, reconhecido à autora, o direito de ter seu crédito corrigido, monetariamente, desde o mês dos recolhimentos indevidos; A referida demanda judicial restou decidida em favor da Recorrente, conforme excerto da Ementa da decisão: 4. Não é de se cogitar mais o pagamento das contribuições relativas ao INCRA e ao FUNRURAL das empresas vinculadas exclusivamente à Previdência Urbana em face da impossibilidade da superposição contributiva. Pacificação da matéria no EREsp nº 173380/DF, 1ª Seção. A contribuição para o INCRA só foi exigível até o advento da Lei nº 8.212/91, e a do FUNRURAL ate a Lei n" 7.787/89, motivo pelo qual, a partir dessas normas, deve ser reconhecida como indevida a cobrança. 3. A contribuição para o INCRA só foi exigível até o advento da Lei n2 8.21291, e a do FUNRURAL até a Lei nº 7.787/89, motivo pelo qual, a partir dessas normas, deve ser reconhecida como indevida a cobrança. Ora, considerando que o pleito judicial buscou reconhecimento da inexigibilidade das contribuições previdenciárias a título de Funrural e sendo a autora entidade que congrega produtores rurais, é inconteste que o provimento judicial não ocorreu alinhado ao objeto que o originou. Fl. 303DF CARF MF 8 Convicto de tal impropriedade, o Instituto Nacional do Seguro Social promoveu ação rescisória nº 3.206RS (2004/01553511), cuja decisão, datada de 08 de agosto de 2012, restou assim ementada: AÇÃO RESCISÓRIA. VIOLAÇÃO A EXPRESSO DISPOSITIVO DE LEI. ARTIGOS 128 E 460 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. JULGAMENTO EXTRA PETITA. CARACTERIZAÇÃO. JUÍZO RESCISÓRIO. NOVA ANÁLISE DO RECURSO ESPECIAL. CONHECIMENTO EM PARTE E PROVIMENTO TAMBÉM EM PARTE. 1. A ação rescisória está fundada na alegada violação de lei (art. 485, V, do CPC) e erro de fato (art. 485, IX, do CPC), ajuizada pelo INSS contra a Cooperativa Tritícola Serrana – Cotrijuí, no julgamento do REsp 518.135RS, 1ª Turma, Rel. Min. José Delgado. 2. Na ação anterior, a Cooperativa buscava o reconhecimento da inexigibilidade das contribuições incidentes sobre o valor dos produtos rurais (artigo 25, I e II, da Lei 8.212/91) devidas ao INSS. 3. O recurso especial julgado neste Superior Tribunal concluiu que não se poderia exigir as contribuições ao Funrural e ao Incra de empresas vinculadas exclusivamente à previdência urbana, em razão da impossibilidade de superposição contributiva. 4. Dessa forma, ao julgar fora dos limites da lide, foi caracterizado o vício de julgamento extra petita, devendose proceder à rescisão do julgado. 5. O juízo rescisório deve limitarse ao julgamento do recurso especial interposto pela Cooperativa nos autos anteriores (art. 488, I, e 494, primeira parte, ambos do CPC). Precedentes. 6. A primeira alegação do recurso especial, anteriormente interposto pela Cotrijuí, referese à violação do artigo 138 da Lei 8.213/91, ao argumento de que esse artigo extinguiu a contribuição ao Funrural. Ocorre que esse também foi o entendimento do TRF da 4ª Região, que foi além, ao verificar que o artigo 25 da Lei 8.212/91 criou, simultaneamente, nova contribuição com suporte no artigo 195, I e § 8º da CF. Na espécie, deve incidir a Súmula 284/STF, tendo em vista a ausência de ataque específico ao núcleo do julgado – permanência da obrigação previdenciária. 7. Ainda que ultrapassado esse óbice, o recurso não poderia ser provido, já que não houve contrariedade ao artigo 138 da Lei 8.213/91. A jurisprudência desta Corte se firmou no sentido de que a contribuição ao Funrural foi extinta com o advento da Lei 8.213/91, exatamente na linha do aresto recorrido e da própria argumentação da recorrente. 8. O segundo tema do recurso especial consiste na inconstitucionalidade do artigo 30, III, da Lei 8.212/91, ao argumento de que teria instituído nova contribuição e, portanto, somente poderia ser criada mediante Lei Complementar. Essa questão não pode ser conhecida em sede de recurso especial, já Fl. 304DF CARF MF Processo nº 11070.000793/201030 Acórdão n.º 2201004.503 S2C2T1 Fl. 301 9 que verificar o campo de atuação das espécies normativas implica a interpretação da Constituição Federal, o que é vedado na Documento: 23949988 EMENTA / ACORDÃO Site certificado DJe: 24/08/2012 Página 1 de 2 Superior Tribunal de Justiça presente seara. 9. A divergência jurisprudencial quanto à interpretação do artigo 138 da Lei 8.213/91 não pode ser conhecida, porquanto pressupõe que os julgados tenham conferido "interpretação diversa" a dispositivo de lei federal, o que não ocorreu. 10. Por fim, o recurso especial aponta violação do artigo 20, § 3º e § 4º, do CPC, devendo, no ponto, prosperar. Isso porque os honorários foram fixados pelo Tribunal de origem em, aproximadamente, R$360.000,00. Levando em consideração as alíneas do § 3º do citado artigo, os honorários devem ser fixados em R$120.000,00 (aproximadamente 1% do valor da causa). 11. Ação rescisória ajuizada pelo INSS julgada procedente para rescindir o julgado proferido no REsp 518.135RS e em sede de juízo rescisório, conhecer em parte do recurso especial interposto pela Cooperativa Tritícola Serrana e darlhe provimento, em parte, apenas para reduzir os honorários para R$120.000,00 (cento e vinte mil reais). Assim, a dúvida em relação ao alcance do provimento judicial obtido pelo contribuinte se mostra superada em favor da tese da Fazenda. Ademais, em sendo considerada inconstitucional a contribuição do empregador rural pessoa física já recolhida, por subrogação, somente o próprio produtor rural poderia pleitear o direito à restituição, já que é quem sofreu o ônus do tributo. O Regulamento da Previdência Social é expresso ao prever que A restituição de contribuição indevidamente descontada do segurado somente poderá ser feita ao próprio segurado, ou ao seu procurador, salvo se comprovado que o responsável pelo recolhimento já lhe fez a devolução1. Quanto à alegação recursal de que o Fisco deveria aguardar as conclusões da ação rescisória para só assim promover o lançamento, esta não merece prosperar já que atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. Ou seja, diante de uma infração à legislação tributária, é obrigação da Autoridade Fazendária constituir o crédito tributário mediante lançamento, sendo certo que o prazo decadencial flui sem interrupções ou suspensões e não sendo exercido do direito de constituição do crédito tributário, este restaria extinto, nos termos do art. 156 da Lei 5.172/66 (CTN). 1 Decreto 3.048/91 Art. 247. Somente poderá ser restituída ou compensada contribuição para a seguridade social, arrecadada pelo Instituto Nacional do Seguro Social, na hipótese de pagamento ou recolhimento indevido. (...) § 3º Somente será admitida a restituição ou a compensação de contribuição a cargo da empresa, recolhida ao Instituto Nacional do Seguro Social, que, por sua natureza, não tenha sido transferida ao preço de bem ou serviço oferecido à sociedade. Fl. 305DF CARF MF 10 Assim, nego provimento ao Recurso Voluntário. INCONSTITUCIONALIDADE DO FUNRURAL No presente tema, o contribuinte traz à balha considerações sobre a inconstitucionalidade do Funrural, fazendo um histórico legislativo; tratando da extinção do PróRural; da reinstituição da contribuição sobre a comercialização rural; dos conflitos entre as leis 8.21291 e 8870/94; da distinção entre receita bruta e faturamento; da vedação à utilização de mesma base de cálculo para diversas contribuições; da inconstitucionalidade da contribuição sobre a comercialização rural; precedentes do STF sobre o tema; da previsão contida no § 8º do art. 195 da CF; afronta aos Princípios constitucionais vigentes. Contudo, não me perece que tais argumentos tenham espaço nos autos do presente processo. A multa ora aplicada, em parte, deriva da cobrança de contribuições previdenciárias devidas à Seguridade Social, por ter o contribuinte efetuado compensações indevidas e, por tal razão, ter deixado de recolher parcialmente as contribuições incidentes sobre a folha de pagamento dos empregados, diretores, contribuintes individuais e a incidente sobre faturas ou notas fiscais emitidas por cooperativas prestadoras de serviço. A compensação considerada indevida tinha amparo em um provimento judicial rescindido pelo Superior Tribunal de Justiça, que reconheceu que houve julgamento fora dos limites da lide, caracterizando o vício de julgamento extra petita. Desta forma, o presente contencioso está restrito a identificar se foi procedente ou não a autuação fiscal de que resultou a cobrança em discussão, não podendo se voltar à origem dos supostos créditos pleiteados, seja em razão de que o procedimento fiscal deve ser avaliado a partir da realidade existente no momento em que efetivada a compensação; seja em razão de que não há liquidez e certeza no crédito pleiteado, em particular neste caso, em que considerou um provimento judicial estranho ao objeto da ação; seja por não haver legitimidade ativa para pleitear o que foi recolhido pelos produtores rurais; seja por não ser adequada a discussão administrativa de tema que foi submetido ao crivo do judiciário e, por fim, por ausência de competência desta Corte administrativa para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei, nos termos da Súmula abaixo reproduzida, de observância obrigatória, nos termos do art. 72 de seu Regimento Interno, aprovado pela Portaria do Ministério da Fazenda nº 343, de 09 de junho de 2015, cujos conteúdos transcrevo abaixo: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Desta forma, deixo de conhecer o tema em questão. DO EXCESSO DE LANÇAMENTO E DA NECESSIDADE DE PERÍCIA Neste tema, o contribuinte apenas alega que o crédito tributário, além de ter sido constituído indevidamente, sendo desrespeitada decisão judicial, ainda utilizou base de cálculo estranha à definida em lei, conforme pretende ver demonstrado por perícia. Assim dispõe o Decreto 70.235/72: Art. 16. A impugnação mencionará:(...) Fl. 306DF CARF MF Processo nº 11070.000793/201030 Acórdão n.º 2201004.503 S2C2T1 Fl. 302 11 IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. (...) § 1º Considerarseá não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16. Quanto ao suposto desrespeito a provimento judicial, este já foi tratado acima, remanescendo a certeza de que o procedimento fiscal foi correto. Já em relação à questão da utilização de base de cálculo estranha, fato que seria demonstrado por perícia, o pleito do contribuinte se apresenta de forma genérica, sem pontuar nenhum motivo específico do qual resulte sua convicção. Assim, não tendo atendido aos termos do art. 16 do Decreto 70.235/72, considero não formulado o pedido de perícia. DA NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO PELA AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO/FUNDAMENTAÇÃO Sustenta o recorrente que o auto de infração deve ser anulado, uma vez que, ante à existência de decisão transitada em julgado, inexiste motivação para o ato administrativo. Assim dispõe o Decreto 70.235/72: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. O Auto de Infração de fl. 02, em cotejo com o Termo de Encerramento de fl 50, não deixa nenhuma dúvida sobre os motivos que levaram à presente exigência. Ademais, o Relatório produzido ao fim do procedimento fiscal, do qual o contribuinte foi regulamente cientificado, descreve com clareza os elementos que levaram à convicção da Autoridade lançadora sobre a necessidade da constituição do crédito tributário. Sendo incontroverso que o Auto foi lavrado por autoridade competente e considerando todos esses elementos em que baseou a autoridade fiscal, pelos quais se pode afirmar que não houve cerceamento de defesa, o que se evidencia pelas extensas peças processuais produzidas pela defesa, não há que se falar em nulidade do lançamento. Assim, rejeito os argumentos recursais. Conclusão: Fl. 307DF CARF MF 12 Assim, tendo em vista tudo que conta nos autos, bem assim na descrição e fundamentos legais que constam do presente, voto por conhecer parcialmente do Recurso Voluntário e, na parte conhecida, negarlhe provimento (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Fl. 308DF CARF MF
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