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Numero do processo: 10980.720324/2009-71
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 20 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Aug 11 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 15/08/2008 a 25/06/2009
CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. OPOSIÇÃO DE ATO ESTATAL. INEXISTÊNCIA. INCIDÊNCIA DA TAXA SELIC. IMPOSSIBILIDADE.
Consoante já decidido pelo STJ no rito dos processos repetitivos, somente a oposição de ato estatal que restringe, indevidamente, o ressarcimento postulado justifica a incidência da taxa Selic sobre o montante indeferido.
Recurso Especial do Procurador provido.
Numero da decisão: 9303-005.257
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Érika Costa Camargos Autran (relatora), Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado).
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Érika Costa Camargos Autran - Relatora
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Redator designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas Erika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: ERIKA COSTA CAMARGOS AUTRAN
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ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 15/08/2008 a 25/06/2009 CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. OPOSIÇÃO DE ATO ESTATAL. INEXISTÊNCIA. INCIDÊNCIA DA TAXA SELIC. IMPOSSIBILIDADE. Consoante já decidido pelo STJ no rito dos processos repetitivos, somente a oposição de ato estatal que restringe, indevidamente, o ressarcimento postulado justifica a incidência da taxa Selic sobre o montante indeferido. Recurso Especial do Procurador provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Érika Costa Camargos Autran (relatora), Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado). (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Érika Costa Camargos Autran Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 72 03 24 /2 00 9- 71 Fl. 728DF CARF MF Processo nº 10980.720324/200971 Acórdão n.º 9303005.257 CSRFT3 Fl. 729 2 (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Redator designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas Erika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto pela Fazenda Nacional contra o acórdão n.º 3401002.479, de 28 de janeiro de 2013, (fls. 691 a 701 do processo eletrônico), proferido pela Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção de Julgamento deste CARF, decisão que por maioria de votos, deu provimento parcial para reconhecer a incidência da taxa Selic entre a data do pedido e a sua utilização. A discussão dos presentes autos tem origem no pedido de ressarcimento de crédito presumido de IPI de que trata a Lei nº 9.363/96, calculado pelo regime alternativo da Lei nº 10.276/01, referente ao 1º trimestre/2003, deferido parcialmente e, na mesma medida, homologadas as compensações atreladas. O despacho decisório fundamentou a denegação parcial nos seguintes pontos: considerou na apuração somente a movimentação do estabelecimento que efetuou exportações (filial 000292; excluiu as exportações de milho e soja em grãos, admitindo apenas as vendas no mercado externo de farinha e óleo de soja; e, que não houve custos de energia elétrica e combustível aplicados na produção porque a industrialização se realizou por encomenda, em parques fabris de terceiros. Em Manifestação de Inconformidade o Contribuinte sustenta que a apuração deve abranger todos os estabelecimentos da pessoa jurídica e não apenas o que efetuou exportações; que a Lei nº 9.363/96 não exige que o produto exportado esteja no campo de incidência do IPI para fazer jus ao crédito; que o RIPI, ao definir estabelecimento industrial, não exclui aqueles que industrializam produtos não tributados pelo imposto. Fl. 729DF CARF MF Processo nº 10980.720324/200971 Acórdão n.º 9303005.257 CSRFT3 Fl. 730 3 A DRJ em Ribeirão Preto/SP julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada pelo Contribuinte. Irresignado com a decisão contrária ao seu pleito, o Contribuinte apresentou Recurso Voluntário, o Colegiado por maioria de votos, deu provimento parcial para reconhecer a incidência da taxa Selic entre a data do pedido e a sua utilização, conforme acórdão assim ementado in verbis: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 15/08/2008 a 25/06/2009 IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. LEIS NºS 9.363/96 E 10.276/01. EXPORTAÇÃO DE PRODUTOS NÃO TRIBUTADOS (NT). INCLUSÃO NA APURAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. A apuração do crédito presumido de IPI como ressarcimento das contribuições para o PIS/Pasep e Cofins de que tratam as leis nºs 9.363/96 e 10.276/01, a teor de suas disposições, não admite a inclusão de exportações de produtos que não se caracterizam como industrializados, nos termos da legislação específica, estando excluídos, portanto, aqueles que, segundo a Tabela de Incidência do IPI, correspondam a notação NT (não tributados). RESSARCIMENTO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. TAXA SELIC. CABIMENTO. SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. JULGAMENTO EM RECURSO REPETITIVO. ART. 62A DO RICARF. Consoante decisão exarada pelo Superior Tribunal de Justiça no REsp 1.035.847/RS, sob a sistemática do recurso repetitivo, o crédito referente a ressarcimento se sujeita à atualização monetária, tendo como termo inicial para sua fluência a formalização do requerimento, quando então poderia considerarse em mora a Fazenda Nacional, e o termo final, a data de sua efetiva utilização, seja pela compensação, seja pelo pagamento em espécie. Recurso voluntário provido em parte. A Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial de Divergência (fls. 704 a 718) em face do acordão recorrido que deu provimento parcial ao recurso do Contribuinte, a divergência suscitada da Fazenda Nacional diz respeito à impossibilidade de atualização do crédito presumido de IPI pela taxa Selic. Para comprovar a divergência jurisprudencial suscitada, a Fazenda Nacional apresentou como paradigmas os acórdãos de números CSRF n° 0203.718 e 9303 00.720. Fl. 730DF CARF MF Processo nº 10980.720324/200971 Acórdão n.º 9303005.257 CSRFT3 Fl. 731 4 A comprovação dos julgados firmouse pela transcrição integral das ementas no corpo da peça recursal. O Recurso Especial da Fazenda Nacional foi admitido, conforme despacho de fls. 720 a 723, sob o argumento que ficou evidenciado a divergência jurisprudencial, conforme disposto a seguir: A decisão recorrida invocou a decisão do STF, no RE n° 653.342, e do STJ, no REsp n° 1.035.847/RS, para defender que a oposição de ato estatal à percepção do direito creditório pode se caracterizar tanto de forma comissiva, pela expedição de ato administrativo que restrinja o direito, como de forma omissiva, pela inércia em examinar o pleito formulado em prazo razoável. Nesse sentido, com fulcro no art. 62A do RICARF, decidiu autorizar a correção pela taxa Selic de todo o valor do ressarcimento do protocolo do pedido administrativo e até a data da utilização por compensação ou, no caso de ressarcimento em espécie, até a sua efetivação. O Acórdão indicado como paradigma n° CSRF n° 0203.718, rejeitando a relação de gêneroespécie entre os institutos da restituição e do ressarcimento, asseverou que este, enquanto incentivo fiscal, incentivo fiscal, consubstanciase em mera liberalidade do sujeito ativo do tributo, que ao renunciar à receita sobre a qual teria direito, decidiu fazêlo sem a aplicação de correção monetária ou de juros. Aduziu que o art. 3°, inc. II, da Lei n° 8.748, de 9 de dezembro de 1993, estabeleceu expressamente distinção entre repetição de indébito e ressarcimento de créditos de IPI. O Contribuinte foi cientificado para apresentar contrarrazões, conforme se verifica às fls. 726 e 727 e não se manifestou. É o relatório em síntese. Voto Vencido Conselheira Érika Costa Camargos Autran Relatora Fl. 731DF CARF MF Processo nº 10980.720324/200971 Acórdão n.º 9303005.257 CSRFT3 Fl. 732 5 Depreendendose da análise do recurso especial interposto pela Fazenda Nacional entendo que devo conhecêlo, eis que observados os pressupostos para a admissibilidade do r. recurso, o que concordo com a manifestação dada em Despacho às fls. 720. O acórdão recorrido, aplicando a decisão do Superior Tribunal de Justiça no julgamento do REsp nº 1.035.847/RS reconhecendo o direito da atualização do valor a ser ressarcido pela taxa Selic, e como marco inicial, o protocolo do pedido administrativo até a data da utilização por compensação ou, no caso de ressarcimento em espécie, até a sua efetivação. A discussão dos presentes autos tem origem no pedido de ressarcimento de crédito presumido de IPI de que trata a Lei nº 9.363/96, calculado pelo regime alternativo da Lei nº 10.276/01, referente ao 1º trimestre/2003, deferido parcialmente e, na mesma medida, homologadas as compensações atreladas. O despacho decisório fundamentou a denegação parcial nos seguintes pontos: considerou na apuração somente a movimentação do estabelecimento que efetuou exportações (filial 000292; excluiu as exportações de milho e soja em grãos, admitindo apenas as vendas no mercado externo de farinha e óleo de soja; e, que não houve custos de energia elétrica e combustível aplicados na produção porque a industrialização se realizou por encomenda, em parques fabris de terceiros. Em Manifestação de Inconformidade o contribuinte sustenta que a apuração deve abranger todos os estabelecimentos da pessoa jurídica e não apenas o que efetuou exportações; que a Lei nº 9.363/96 não exige que o produto exportado esteja no campo de incidência do IPI para fazer jus ao crédito; que o RIPI, ao definir estabelecimento industrial, não exclui aqueles que industrializam produtos não tributados pelo imposto. Entendo que decisão recorrida não merece reparos a fazer quanto à interpretação que deu da análise de decidido no REsp nº 1.035.847/RS. Nesse sentido transcrevese sua ementa com grifos meus: Fl. 732DF CARF MF Processo nº 10980.720324/200971 Acórdão n.º 9303005.257 CSRFT3 Fl. 733 6 "PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543 C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IPI. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. EXERCÍCIO DO DIREITO DE CRÉDITO POSTERGADO PELO FISCO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE CRÉDITO ESCRITURAL. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. 1. A correção monetária não incide sobre os créditos de IPI decorrentes do princípio constitucional da não cumulatividade (créditos escriturais), por ausência de previsão legal. 2. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito oriundo da aplicação do princípio da nãocumulatividade, descaracteriza referido crédito como escritural, assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil. 3. Destarte, a vedação legal ao aproveitamento do crédito impele o contribuinte a socorrerse do Judiciário, circunstância que acarreta demora no reconhecimento do direito pleiteado, dada a tramitação normal dos feitos judiciais. 4. Consectariamente, ocorrendo a vedação ao aproveitamento desses créditos, com o consequente ingresso no Judiciário, postergase o reconhecimento do direito pleiteado, exsurgindo legítima a necessidade de atualizálos monetariamente, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Precedentes da Primeira Seção: EREsp 490.547/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.09.2005, DJ 10.10.2005; EREsp 613.977/RS, Rel. Ministro José Delgado, julgado em 09.11.2005, DJ 05.12.2005; EREsp 495.953/PR, Rel. Ministra Denise Fl. 733DF CARF MF Processo nº 10980.720324/200971 Acórdão n.º 9303005.257 CSRFT3 Fl. 734 7 Arruda, julgado em 27.09.2006, DJ 23.10.2006; EREsp 522.796/PR, Rel. Ministro Herman Benjamin, julgado em 08.11.2006, DJ 24.09.2007; EREsp 430.498/RS, Rel. Ministro Humberto Martins, julgado em 26.03.2008, DJe 07.04.2008; e EREsp 605.921/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 12.11.2008, DJe 24.11.2008). 5. Recurso especial da Fazenda Nacional desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008." O caso julgado em sede de recursos repetitivos pelo Superior Tribunal de Justiça aplicase ao presente processo administrativo, uma vez que também tratou de pedido de ressarcimento/compensação de crédito presumido de IPI da Lei nº 9.363/96, decorrente de impedimento interposto por atos normativos infralegais para aproveitamento do benefício, pois traziam vedação à inclusão na base de cálculo do incentivo das aquisições de insumos de pessoas físicas e cooperativas. Esta CSRF tem aplicado a referida decisão nas situações em que as Delegacias da Receita Federal indeferem o ressarcimento por alguma razão de direito que posteriormente venha a ser modificada no decorrer do trâmite do processo administrativo fiscal, esta situação já foi reconhecida e não é objeto do recurso. E também decido que a concessão dos juros Selic somente se aplica na parte do ressarcimento em que houve uma oposição estatal ilegítima e esta oposição somente é verificada na parte não concedida originalmente e revertida posteriormente no âmbito do julgamento dos processos administrativos correspondentes. No entanto, meu entendimento é do reconhecimento da incidência dos juros Selic no ressarcimento do crédito presumido de IPI desde o protocolo do pedido utilizando uma interpretação um pouco mais abrangente da aplicação do que foi decidido no REsp nº 1.035.847/RS. Fl. 734DF CARF MF Processo nº 10980.720324/200971 Acórdão n.º 9303005.257 CSRFT3 Fl. 735 8 Diante disto, nego provimento ao Recurso Especial da Fazenda, mantendo a decisão a quo, que concedeu a incidência da Selic. É como voto. (assinado digitalmente) Érika Costa Camargos Autran Fl. 735DF CARF MF Processo nº 10980.720324/200971 Acórdão n.º 9303005.257 CSRFT3 Fl. 736 9 Voto Vencedor Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza Redator Designado Discordamos da il. Relatora. Como é de todos conhecido, alteramos o nosso entendimento para adotar o que admite a incidência da taxa Selic somente quando há a oposição por ato estatal, administrativo ou normativo, obstando a fruição do crédito presumido de IPI. No caso em exame, conforme ressaltado no próprio Relatório, o pedido de ressarcimento de crédito presumido de IPI foi parcialmente deferido na origem. Todavia, não obstante as peças de irresignação, nada mais, a este título, foi posteriormente reconhecido no Contencioso Administrativo. Portanto, o que aqui se controverte é se cabe o reconhecimento da taxa Selic sobre os valores originariamente ressarcidos. E a resposta é não. Cabe destacar, temos decidido que a atualização monetária pela taxa Selic não advém de expressa disposição legal, mas de construção pretoriana, que somente a prevê quando há efetiva oposição ao aproveitamento do crédito, o que, no caso, como vimos, inexistiu, uma vez que, excetuada a taxa Selic, nada mais foi posteriormente concedido à contribuinte. Ante o exposto, dou provimento ao Recurso Especial interposto pela Procuradoria. É como voto. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 736DF CARF MF Processo nº 10980.720324/200971 Acórdão n.º 9303005.257 CSRFT3 Fl. 737 10 Fl. 737DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10865.001733/2007-20
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 04 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Aug 09 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/1999 a 31/12/2005
DECADÊNCIA - OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA
Aplica-se a regra do artigo 173, I aos lançamentos das obrigações acessórias
MULTA APLICAÇÃO DA REGRA MAIS BENIGNA
Reconhecido o direito na aplicação do artigo 106, II, c do CTN. Cotejo entre as multas deve se dar pela autoridade preparadora na forma dos arts. 476 e 476-A da IN 9971/09.
Numero da decisão: 2201-003.740
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguídas e, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator.
assinado digitalmente
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
assinado digitalmente
Marcelo Milton da Silva Risso - Relator.
EDITADO EM: 02/08/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: MARCELO MILTON DA SILVA RISSO
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/1999 a 31/12/2005 DECADÊNCIA - OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA Aplica-se a regra do artigo 173, I aos lançamentos das obrigações acessórias MULTA APLICAÇÃO DA REGRA MAIS BENIGNA Reconhecido o direito na aplicação do artigo 106, II, c do CTN. Cotejo entre as multas deve se dar pela autoridade preparadora na forma dos arts. 476 e 476-A da IN 9971/09.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguídas e, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator. assinado digitalmente Carlos Henrique de Oliveira - Presidente. assinado digitalmente Marcelo Milton da Silva Risso - Relator. EDITADO EM: 02/08/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
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Cotejo entre as multas deve se dar pela autoridade preparadora na forma dos arts. 476 e 476A da IN 9971/09. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguídas e, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator. assinado digitalmente Carlos Henrique de Oliveira Presidente. assinado digitalmente Marcelo Milton da Silva Risso Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 5. 00 17 33 /2 00 7- 20 Fl. 1360DF CARF MF 2 EDITADO EM: 02/08/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relatório 1 Tratase de Recurso Voluntário (fls.918/947) interposto pelo contribuinte contra a R. decisão da DRJRPO (fls. 903/913) que julgou procedente apenas em parte sua Impugnação ao lançamento Auto de Infração a obrigação acessória — DEBCAD n° 37.014.9181, lavrado em face da empresa acima identificada pela infração ao artigo 32, inciso IV e § 5° da Lei n° 8.212/91, na redação dada pela Lei n° 9.528/97 por ter constatado o I. AFRFB às fls. 18/20 (Relatório Fiscal) que o contribuinte teria deixado de apresentar em Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social GFIP's dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias do período de janeiro de 1999 a dezembro de 2005 já que deixou de informar valores referentes às verbas remuneratórias obtidas em folha de pagamento e na contabilidade. 2 – Adoto inicialmente como relatório a narrativa constante do V. Acórdão da DRJ (fls. 903/906) por sua precisão: “A Auditoria Fiscal identifica no relatório fiscal da infração e da multa aplicada e em seus anexos, por competência e por segurado, as omissões havidas, imputando lhes a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5 0 da Lei 8.212/91, combinado com o artigo 284, inciso II do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto 3.048/99, que importou em R$ 1.129.260,26 (Um milhão, cento e vinte e nove mil, duzentos e sessenta reais e vinte e seis centavos), com ciência do contribuinte em 31/10/2006. A empresa interessada contestou o lançamento mediante impugnação, na qual alega, em síntese e preliminarmente, que: i) a autuação é nula pela inclusão sem embasamento legal dos componentes da diretoria como coresponsáveis pelo debito, o que redunda em cerceamento de defesa da Impugnante. Fl. 1361DF CARF MF Processo nº 10865.001733/200720 Acórdão n.º 2201003.740 S2C2T1 Fl. 1.349 3 ii) operouse a decadência para o período de apuração compreendido entre janeiro de 1999 a outubro de 2001, tendo em vista a ciência do contribuinte em 31/10/06 e aplicandose ao caso o art. 150, § 40 do Código Tributário nacional (cita jurisprudência); refuta, também, o art. 45 da Lei n° 8.212/91 para embasar sua assertiva; iii) aduz que, ao considerar o valor mínimo para aplicação da penalidade em todas as competências como sendo aquele trazido pela Portaria n° 342 de 16/08/2006, no valor de R$ 1.156,95, aplica A Impugnante penalidade mais gravosa, ferindo o principio da irretroatividade da lei tributária (CTN, art. 105), uma vez que tais valores mínimos deveriam ser considerados como sendo aqueles vigentes A época dos fatos (elabora quadros demonstrativos dos valores então vigentes e da diferença entre as multas aplicadas); Quanto ao mérito, acrescenta: iv) que os valores lançados somente servirão de motivação aos autos após estarem definitivamente constituídos, o que se dará após a decisão final na esfera administrativa; nesse compasso, entende que enquanto não decidido definitivamente se são devidos os créditos lançados através das Notificações Fiscais impugnadas, não há que se falar em imposição de penalidade, o que impõe que os presentes autos sejam julgados em conjunto com aqueles. Posta nestes argumentos, requer a insubsistência do presente Auto de Infração e que seja julgado em conjunto com as NFLDs que cita. Em análise preliminar do processo e da defesa, entendeu por bem a Delegacia da Receita Previdencidria de São PauloOeste, jurisdicionante do contribuinte A época, encaminhar os autos aos Auditores Fiscais autuantes para análise conjunta da multa aplicada com as diligências suscitadas nos autos das NFLD's 37.014.9122 e 37.014.9130, já diligenciadas e que lhe eram conexas. Tendo em vista a mudança de endereço do contribuinte, todo o processo foi encaminhado para a Delegacia da Receita Federal do Brasil — Previdenciária, em Campinas (SP), sendo posteriormente remetido para esta Delegacia de Julgamento em Ribeirão Preto (SP), onde a diligência originalmente suscitada foi reiterada, em Despacho proveniente desta 6ª Turma. Fl. 1362DF CARF MF 4 Em cumprimento ao quanto disposto manifestaramse no processo a Auditora Fiscal originalmente autuante (As fls. 847) e a Auditora Fiscal incumbida da análise pela Delegacia agora jurisdicionante (As fls. 851/852), de tudo dandose ciência ao contribuinte (AR As fls. 878) e reabrindolhe prazo para manifestação, do qual efetivamente se valeu para, através do documento de fls. 881/885, reiterar os argumentos já explicitados em sede de impugnação acrescentado que, tendo em vista as alterações trazidas pela Lei n° 11.941/09, que revogou expressamente o artigo legal que dava embasamento A autuação, a multa aplicada deve ser afastada por completo (cita jurisprudência), ou ao menos ser recalculada pela aplicação dos dispositivos introduzidos pela supracitada Lei. Relatese, também que se encontram anexadas aos autos petições do contribuinte para que se proceda ao recálculo da multa aplicada, com o mesmo fundamento acima citado (As fls. 853) e outra, encaminhada em 26 de março de 2009 e recebida em 30 de março de 2009 pelo CAC/Pinheiros, em sac) Paulo (SP), dando conta da inovação introduzida no ordenamento jurídico pela Lei n° 11.457/2007, disposta em seu artigo 24, que obriga decisão administrativa no prazo máximo de 360 dias a contar do protocolo de defesa. Estando, naquele momento transcorrido mais de 2 anos e 4 meses da impugnação inicial, propugna pela extinção do lançamento ou pelo afastamento dos juros de mora a partir de 02/05/2008 (361° dia da data da entrada em vigor do dispositivo normativo), argumentando que o contribuinte não deu causa ao retardamento da apreciação da liquidez e certeza do crédito tributário, pela aplicação analógica do § 2° do art. 161 do CTN, que transcreve. 3 A decisão da DRJRPO (fls. 903/913) julgou procedente em parte a Impugnação do contribuinte, conforme decisão ementada abaixo: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Data do fato gerador: 27/10/2006 Fl. 1363DF CARF MF Processo nº 10865.001733/200720 Acórdão n.º 2201003.740 S2C2T1 Fl. 1.350 5 PREVIDENCIARIO. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. GFIP. DESCUMPRIMENTO. Constitui infração de obrigação acessória a apresentação de GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. PREVIDENCIARIO. PROCEDIMENTO FISCAL RELATÓRIO DE CORESPONSÁVEIS. O relatório de coresponsáveis não imputa, necessariamente, solidariedade aos gestores da empresa pelo crédito contra ela notificado. Apenas identifica, por período de atuação, todas as pessoas físicas e jurídicas representantes legais do sujeito passivo. DECADÊNCIA. OCORRÊNCIA PARCIAL. A partir da publicação da Súmula Vinculante no 08 do STF, em 20/06/2008, que reconheceu a inconstitucionalidade dos arts. 45 e 46 da Lei no 8.212/91, aplicamse aos créditos previdenciários o prazo decadencial qüinqüenal previsto no Código Tributário Nacional. MULTAS APLICADAS EM DECORRÊNCIA DO DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA E PRINCIPAL. LEGISLAÇÃO SUPERVENIENTE. MULTA MAIS BENÉFICA. ANALISE COMPARATIVA PARA RECALCULO DA MULTA. Verificandose em relação aos mesmos fatos geradores a aplicação de multa em decorrência do descumprimento da obrigação acessória prevista no parágrafo 5 °. do artigo 32 da Lei 8.212/91 e de multa moratória cominada no artigo 35 da mesma Lei (na redação dada pela Lei 9.876/99), para fins de determinação da penalidade mais benéfica, o somatório das mesmas deve ser comparado à multa de oficio prevista na legislação superveniente (artigo 44, I da Lei 9.430/96, em virtude da nova redação conferida pela MP 449/2008 ao artigo 35 da Lei 8.212/91). Fl. 1364DF CARF MF 6 Somente no momento do pagamento ou quando do ajuizamento da ação de execução fiscal será possível efetivar a comparação das multas a fim de estabelecer a aplicação mais benéfica ao contribuinte. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte” 4 Cientificados da decisão de piso (fls. 724/725), o contribuinte interpôs recurso voluntário às fls. (918/947) mantendo o mesmo argumento da impugnação e após distribuição para a 3ª T, 4ª Cam 2ª Sec do CARF em Resolução de nº 2403000.269 de fls. 1196/1200 o colegiado entendeu por converter o julgamento em diligência para anexar o processo aos demais PAF que estavam em trâmite referente à obrigação principal. 5 Às fls. 1202/1327 houve a juntada de diversas cópias de Acórdãos atendendo a Resolução 2403000.269 deste E. CARF, anexando as decisões proferias nas NFLD 370136241, 370136250, 370136284, 370136292, 370149122 e 3701491302 do recorrente. 6 É o relatório. Voto Conselheiro Marcelo Milton da Silva Risso 7 – O recurso é tempestivo e atende os demais requisitos de admissibilidade e, portanto, dele conheço. Preliminares Fl. 1365DF CARF MF Processo nº 10865.001733/200720 Acórdão n.º 2201003.740 S2C2T1 Fl. 1.351 7 Alegação de nulidade do lançamento em decorrência da inclusão dos CoResponsáveis 8 Não há nulidade do lançamento, conforme Súmula CARF 88 auto explicativa: Súmula CARF nº 88: A Relação de CoResponsáveis CORESP”, o “Relatório de Representantes Legais – RepLeg” e a “Relação de Vínculos – VÍNCULOS”, anexos a auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa. 9 Portanto, afastada tal nulidade com a aplicação da referida súmula CARF. Decadência 10 Quanto à decadência do período não afastado pela decisão da DRJ, requer o contribuinte que seja aplicado os termos do artigo 150,§ 4º do CTN e não o artigo 173, I, do CTN, requerendo seja reconhecida a decadência do período de 12/2000 a 10/2001. 11 A decisão da DRJ afastou o período de 01/1999 a 11/2000, portanto reconheceu em parte a decadência do lançamento do crédito tributário, na forma do artigo 173, I do CTN. 12 Ocorre que sujeitamse sempre ao regime referido no art. 173 do CTN os lançamentos tributários de penalidade pecuniária decorrentes do descumprimento de obrigações acessórias, eis que o crédito tributário dele consequente é sempre oriundo de lançamento de ofício, jamais de lançamento por homologação, circunstância que afasta, peremptoriamente, a incidência do preceito do §4º do art. 150 do CTN Fl. 1366DF CARF MF 8 13 Pelo exposto, correta a decisão da DRJ e afastada as alegações do contribuinte quanto à decadência do crédito tributário de 12/2000 a 10/2001. Mérito Da aplicação da Lei 11.941/09 e Discrepância de valores da multa lançada 14 – Alega o contribuinte que “(...) Ainda, nos presentes autos a Recorrente requereu a aplicação das alterações trazidas pela Lei 11.941/09, para o fim de que fosse afastada por completo a multa objeto da presente autuação. Isso porque, nos termos do ‘Relatório Fiscal da Aplicação da Multa’, a Recorrente estaria sujeita A. penalidade prevista no artigo 32, § 5°, da Lei 8.212/91. Ocorre que referido artigo foi expressamente revogado pela Lei n° 11.941/09, que é manifestamente mais benéfica que a legislação anterior e deve ser aplicada na hipótese, com fulcro no artigo 106, inciso II, alínea 'c', do CTN, a fim de que seja afastada totalmente a multa objeto do presente auto de infração. (...)” 15 – O contribuinte defende que deva ser afasta na totalidade a multa aplicada ao lançamento ou a ao menos, o recálculo da multa mediante aplicação das disposições do artigo 32A da Lei 8.212/91, introduzido pela Lei 11.941/09. 16 – Ocorre que o art. 35 da Lei nº 8.212/99, antes do advento da MP nº 449/08, transformada na lei 11.941/09, previa a existência de multas de mora decorrentes do não cumprimento da obrigação tributária até o seu vencimento graduadas de acordo com a etapa do procedimento administrativo em que apuradas, sendo no seu inciso II regrado o percentual de 24% a 58% para a multa verificada mediante lançamento de ofício. 17 Por conta disso havia a multa do § 5º do inciso VI do art. 32 da Lei nº 8.212/91, relativa às multas por descumprimento de obrigação acessória. Fl. 1367DF CARF MF Processo nº 10865.001733/200720 Acórdão n.º 2201003.740 S2C2T1 Fl. 1.352 9 18 – Com o advento da Lei 11.941/09 integrouse a sistemática das multas previdenciárias ao regramento adotado para as multas dos demais tributos federais, estabelecendo a multa de mora de 20% nos termos do art. 35 da Lei nº 8.212/91 c/c o art. 61 da Lei nº 9.430/96, e a multa por descumprimento de obrigação acessória no art. 32A da Lei nº 8.212/91. Além disso, foi prevista multa punitiva apurada via lançamento de ofício de 75%, pela infração de falta de pagamento ou pagamento a menor, falta de declaração e declaração inexata (art. 35A da Lei nº 8.212/91 c/c o art. 44 da Lei nº 9.430/96). 19 Na espécie, temse que, consoante Decisão da DRJ abaixo transcrita e que considero acertada, foi esse, precisamente, não o procedimento da fiscalização, que lançou o crédito antes do advento da mudança legislativa indicada alhures, contudo reconheceu que há a necessidade de aplicação do artigo 106, II, “a” do CTN, contudo manteve a existência do lançamento por conta da irregularidade (omissão) constatada pela fiscalização, o que entendo também correta. “VI — Das alterações havidas no ordenamento jurídico a partir da MP 449/08 e do recalculo da multa aplicada Quanto ao pleito do contribuinte no sentido de que se proceda ao recálculo da multa aplicada, em observância ao art. 106, II, 'c' do CTN e em consonância com as alterações normativas introduzidas pela MP 449/08, transformada na Lei n° 11.941/2009, temos a considerar que nos casos do lançamento de oficio, como no presente, incidiria sobre o contribuinte a multa moratória prevista no então vigente artigo 35 da Lei n° 8.212/91, percentual originalmente correspondente a 24%, por deixar de recolher as contribuições devidas em época própria, além de multa por descumprimento de obrigação acessória decorrente da declaração incorreta de todos os fatos geradores da obrigação principal, prevista no então vigente art. 32, § 5° da Lei n° 8.212/91. No entanto, com as modificações legislativas havidas previuse para os lançamentos de oficio uma única multa por competência para os casos de Fl. 1368DF CARF MF 10 falta de recolhimento e apresentação de declaração inexata em GFIP (art. 35A, da Lei 8.212/91, introduzido pela MP), enquanto que a legislação que vigia até a edição daquela Medida Provisória, previa uma multa de mora para a falta de recolhimento de contribuições previdencidrias e mais uma multa pecuniária por declaração inexata em GFIP, conforme acima explanado e em consonância com o aqui aplicado. Nesse sentido, verificandose a aplicação pela autoridade lançadora da multa prevista no então vigente mas agora revogado artigo 32, parágrafo 5° da Lei 8.212/91 (obrigação acessória) e também da sanção pecuniária prevista no artigo 35 desta Lei (obrigação principal, na redação vigente A. época dada pela Lei 9.876/99), como de fato observase no caso presente, o cotejo das duas multas, em conjunto, deve ser feito com a penalidade prevista no artigo 44, I, da Lei 9.430/96, pois esta abarca ambas as infrações (decorrentes do descumprimento da obrigação acessória e da obrigação principal). Confirase: Art. 44. Nos casos de lançamento de oficio, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei n°11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei n° 11.488, de 2007). Nessa linha, e como na presente ação fiscal redundou em penalidades aplicadas pelo descumprimento de obrigação acessória e principal, conforme dispositivos legais e normativos então vigentes, havia que se comparálos com a multa de oficio de 75% cominada no novo ordenamento jurídico após a edição da MP 449/2008 (atual redação do artigo 35 da Lei 8.212/91 combinado com o artigo 44, I da Lei 9.430/96), apurandose então, a situação mais benéfica ao sujeito passivo. Ocorre que, em razão das peculiaridades da multa moratória aplicada ao contribuinte, cujo percentual varia de acordo com a fase do andamento processual, o quantum devido é definido somente no momento do pagamento do débito, não sendo factível tal comparação na presente fase onde o contribuinte sequer reconhecelhe a procedência, devendo ser Fl. 1369DF CARF MF Processo nº 10865.001733/200720 Acórdão n.º 2201003.740 S2C2T1 Fl. 1.353 11 efetivada quando da propositura de seu pagamento ou parcelamento, ou quando do ajuizamento da execução fiscal, em conformidade com a Portaria Conjunta PGFN/RFB n° 14/12/2009, DOU de 8.12.2009, restando certo que deverá ser aplicada a multa mais benéfica ao contribuinte nos termos do supracitado artigo do CTN. Convém dizer, ainda, que a superveniente Medida Provisória posteriormente transformada na Lei n° 11.941/09, não deixou de imputar penalidade à conduta omissiva praticada pela Autuada, apenas cominoua com sistemática de cálculo diversa da original, razão pela qual não é cabível propugnarse pela insubsistência do Auto.” Grifei 20 Sem razão o recorrente, portanto, em relação à inaplicabilidade da multa, sendo que apenas reconheço a necessidade de aplicação do artigo 106, II, “c” do CTN pela autoridade preparadora quando do retorno dos autos e finalização do procedimento no CARF. 21 Nesse ponto, apenas dou provimento parcial ao recurso, para reconhecer a necessidade da aplicação do artigo 106, II, “c” do CTN pela autoridade preparadora na forma dos artigos 476 e 476A da IN 971/09. Da vinculação da NFLD com outros processos – Resolução 2403000.269 22 Resta prejudicado a Resolução CARF 2403000.269 para vinculação do presente processo para julgamento em conjunto dos demais processos em que há a obrigação principal na medida em que os processos foram julgados. O cálculo da multa segundo dispositivo revogado é (Incluir a fundamentação sugerida pelo Presidente) Fl. 1370DF CARF MF 12 23 – Outrossim, tal falta de vinculação não trouxe prejuízo algum à recorrente na medida em que conseguiu exercer com plenitude e riqueza de detalhes a sua defesa, trazendo aos autos muitos elementos para sua defesa. 24 – Ainda a respeito do assunto consoante o art. 9º do Dec. nº 70.235/72, a exigência do crédito tributário e a aplicação de penalidade isolada devem ser formalizados mediante notificações de lançamento ou autos de infração distintos para cada tributo ou penalidade. Nada obstante, tais autos de infração e notificações de lançamento, quando formalizados em relação ao mesmo sujeito passivo, PODEM ser objeto de um único processo, quando a comprovação dos ilícitos depender dos mesmos elementos de prova, a teor do §1º do mesmo dispositivo legal suso citado. 25 – Portanto, a Lei cria uma faculdade à Administração Pública Tributária Federal quanto ao aspecto de vinculação dos autos, e com isso afasto a alegação do contribuinte. Conclusão 26 Diante de todo o exposto, voto no sentido de conhecer do recurso voluntário e dar lhe parcial provimento para reconhecer a necessidade da aplicação do artigo 106, II, “c” do CTN pela autoridade preparadora na forma dos artigos 476 e 476A da IN 971/09 após o transito em julgado das 8 NFLD mencionadas no relatório fiscal, cujo resultado deve ser levado em consideração no cálculo da multa aplicada. assinado digitalmente Marcelo Milton da Silva Risso – Relator Fl. 1371DF CARF MF Processo nº 10865.001733/200720 Acórdão n.º 2201003.740 S2C2T1 Fl. 1.354 13 Fl. 1372DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10665.900860/2012-27
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Aug 03 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 31/03/2008
RECURSO VOLUNTÁRIO. PRAZO. INTEMPESTIVO.
É assegurado ao Contribuinte a interposição de Recurso Voluntário no prazo de 30 (trinta) dias a contar da data da ciência da decisão recorrida, após esse prazo legal considera-se intempestivo o recurso.
Recurso Voluntário não conhecido.
Numero da decisão: 3301-003.892
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do Recurso Voluntário, por ser intempestivo.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas, José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Data do fato gerador: 31/03/2008 RECURSO VOLUNTÁRIO. PRAZO. INTEMPESTIVO. É assegurado ao Contribuinte a interposição de Recurso Voluntário no prazo de 30 (trinta) dias a contar da data da ciência da decisão recorrida, após esse prazo legal considera-se intempestivo o recurso. Recurso Voluntário não conhecido.
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do Recurso Voluntário, por ser intempestivo. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas, José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
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PIS/COFINS. Recorrente DISTRIBUIDORA AMARAL LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 31/03/2008 RECURSO VOLUNTÁRIO. PRAZO. INTEMPESTIVO. É assegurado ao Contribuinte a interposição de Recurso Voluntário no prazo de 30 (trinta) dias a contar da data da ciência da decisão recorrida, após esse prazo legal considerase intempestivo o recurso. Recurso Voluntário não conhecido. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do Recurso Voluntário, por ser intempestivo. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas, José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto pelo Contribuinte contra decisão consubstanciada no Acórdão nº 02045.467, que julgou, por unanimidade de votos, improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada pelo Contribuinte, para não reconhecer o direito creditório postulado e não homologar a compensação em litígio. O Despacho Decisório proferido pela unidade de origem não homologou a compensação declarada em PER/DCOMP pela contribuinte acima qualificada, sob o AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 66 5. 90 08 60 /2 01 2- 27 Fl. 130DF CARF MF Processo nº 10665.900860/201227 Acórdão n.º 3301003.892 S3C3T1 Fl. 3 2 fundamento de que, a partir das características do DARF descrito no PerDcomp, foram localizados um ou mais pagamentos, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PerDcomp. Inconformada com a não homologação de sua compensação, interpôs a contribuinte manifestação de inconformidade, tempestivamente, conforme relatado na decisão recorrida, alegando, em síntese, o seguinte: verificase pelos documentos anexos, que foi realizada a apuração pelo regime não cumulativo no que atine ao mês em questão por meio do Dacon, porém segundo se apurou no Dacon retificador o valor do débito nãocumulativo devido seria inferior ao efetivamente recolhido, resultando um saldo a ser compensado no PerDcomp; deve ser esclarecido que, na época própria, o contribuinte realizou a devida retificação em anexo, porém, em virtude de alteração ocorrida na própria legislação que resultou na mudança de versões, tanto do Dacon quanto na DCTF, a retificação foi transmitida, gerando assim o débito constante do Despacho Decisório; contudo, a falha no sistema em deixar de transmitir a devida retificação não pode conduzir a que seja violado o princípio constitucional da nãocumulatividade, ainda que posteriormente demonstrada, de forma cabal e inequívoca, a existência do crédito que se pretende compensar; Requerendo, ainda, o acolhimento da manifestação de inconformidade para o fim de determinar o cancelamento do débito constante do presente processo. Tendo em vista a negativa do Acórdão da 2ª Turma da DRJ/BHE, que, por unanimidade de votos, julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada pelo Contribuinte, este ingressou com Recurso Voluntário visando reformar a referida decisão. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301003.883, de 29 de junho de 2017, proferido no julgamento do processo 10665.900851/201236, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301003.883): "O Recurso Voluntário, de 22 de agosto de 2013, interposto pelo Contribuinte, em face da decisão consubstanciada no Acórdão nº 0245.458, de Fl. 131DF CARF MF Processo nº 10665.900860/201227 Acórdão n.º 3301003.892 S3C3T1 Fl. 4 3 25 de junho de 2013, é intempestivo, logo não atende um pressuposto legal de admissibilidade, motivo pelo qual não deve ser conhecido. O prazo para que seja interposto o Recurso Voluntário contra as decisões das Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento é de 30 dias a partir da ciência da referida decisão. Observase no presente processo que a Decisão recorrida foi proferida em 25 de junho de 2013 e o Contribuinte tomou ciência da decisão recorrida em 09 de julho de 2013 como se depreende da leitura do Termo de Abertura de Documento (fls. 95): TERMO DE ABERTURA DE DOCUMENTO O Contribuinte tomou conhecimento do teor dos documentos relacionados abaixo, na data 09/07/2013 8:14h, pela abertura dos arquivos correspondentes no link Processo Digital, no Centro Virtual de Atendimento ao Contribuinte (Portal eCAC) através da opção Consulta Comunicados/Intimações. Acórdão de Manifestação de Inconformidade Contribuinte: 21.759.758/000188 DISTRIBUIDORA AMARAL LTDA (ou seu Representante Legal) DATA DE EMISSÃO : 09/07/2013 Já às fls. 96 apurase no Termo de Ciência por Decurso de Prazo que essa ciência por decurso de prazo ocorreu em 19 de julho de 2013: TERMO DE CIÊNCIA POR DECURSO DE PRAZO Foi dada ciência, ao Contribuinte, dos documentos relacionados abaixo, por decurso de prazo de 15 dias a contar da disponibilização destes documentos através da Caixa Postal, Modulo eCAC do Site da Receita Federal. Data da disponibilização na Caixa Postal: 04/07/2013 Data da ciência por decurso de prazo: 19/07/2013 Acórdão de Manifestação de Inconformidade DATA DE EMISSÃO : 20/07/2013 Constatase assim que Contribuinte tomou ciência da decisão recorrida em 09 de julho de 2013 como se depreende da leitura do Termo de Abertura de Documento e pelo Termo de Ciência por Decurso de Prazo que essa ciência ocorreu em 19 de julho de 2013. Assim, no melhor dos quadros, o prazo final para interpor o recurso seria em 20 de agosto de 2013, e que só ocorreu em 22 de agosto de 2013. Para bem ilustrar o ocorrido cito abaixo imagem do Recurso Voluntário do Contribuinte com o devido protocolo da Analista Tributário Glêucia Felipe Santiago, matrícula 012.91476 (fls. 107): Fl. 132DF CARF MF Processo nº 10665.900860/201227 Acórdão n.º 3301003.892 S3C3T1 Fl. 5 4 Portanto, de acordo com a legislação vigente e os autos do processo, voto em não conhecer do Recurso Voluntário por ser intempestivo." Da mesma forma que no caso do paradigma, no presente processo o recurso voluntário foi apresentado em 22/08/2013, e a data da ciência da decisão da DRJ, por decurso de prazo, também ocorreu em 19/07/2013. Comprovado está que também nestes autos o recurso voluntário foi apresentado após o prazo de 30 dias, portanto, intempestivamente. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, não conheço do Recurso Voluntário, por ser intempestivo. assinado digitalmente Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 133DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10830.901703/2014-41
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 15 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 30/09/2009
RESTITUIÇÃO. IMUNIDADE. AUSÊNCIA DE CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO PLEITEADO.
Para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez. No presente caso, não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009.
Recurso Voluntário negado.
Numero da decisão: 3301-003.732
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 30/09/2009 RESTITUIÇÃO. IMUNIDADE. AUSÊNCIA DE CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO PLEITEADO. Para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez. No presente caso, não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009. Recurso Voluntário negado.
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decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas.
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Ausência de certeza e liquidez do crédito pleiteado. Recorrente FUNDAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO DA UNICAMP FUNCAMP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 30/09/2009 RESTITUIÇÃO. IMUNIDADE. AUSÊNCIA DE CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO PLEITEADO. Para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez. No presente caso, não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009. Recurso Voluntário negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas. Relatório Tratase de manifestação de inconformidade contra Despacho Decisório eletrônico que indeferiu Pedido de Restituição Eletrônico PER referente a alegado crédito de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 90 17 03 /2 01 4- 41 Fl. 142DF CARF MF Processo nº 10830.901703/201441 Acórdão n.º 3301003.732 S3C3T1 Fl. 3 2 pagamento indevido ou a maior efetuado por meio do DARF, código de receita 8301 (PIS – Folha de Pagamento). Segundo o Despacho Decisório, o DARF informado no PER foi integralmente utilizado na quitação do respectivo débito, não restando crédito disponível para restituição. Em sua manifestação de inconformidade a interessada argumentou, em resumo, que o pagamento indevido decorre de sua condição de imune às contribuições sociais, nos termos dos art. 150, inciso VI, alínea “c”, art. 195, § 7º, c/c art. 205, art. 6º, art. 203, inciso III, art. 145, § 1º, art. 146, II, todos da Constituição Federal, e do art. 14 do CTN. Discorre sobre sua condição de imune. Requer que seja declarada como Entidade Beneficente de Assistência Social. Ao analisar o caso, a DRJ em Juiz de Fora (MG), entendeu por julgar improcedente a manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão 09060.090, com base primordialmente nos seguintes fundamentos: (i) a imunidade das contribuições sociais está sujeita às exigências estabelecidas pela Lei 12.101/2009; (ii) a Recorrente não possui CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social); (iii) o PIS não está abrangido pela imunidade estabelecida no art. 195, § 7º da Constituição Federal; e (iv) a Recorrente está sujeita ao PIS sobre a Folha de Salários e não sobre o Faturamento. Intimado da decisão e insatisfeito com o seu conteúdo, o contribuinte interpôs, tempestivamente, Recurso Voluntário através do qual alegou, resumidamente: (i) que o STF já teria pacificado seu entendimento quanto à submissão do PIS à imunidade tributária das contribuições previdenciárias fixada pelo art. 195, parágrafo 7º da Constituição Federal, conforme acórdão proferido no RE 636.941/RS, que teve repercussão geral reconhecida; (ii) que a Recorrente atende a todos os requisitos da Lei 12.101/2009 para fins de usufruto da imunidade, conforme comprovado no pedido de emissão do CEBAS protocolizado (trata sobre cada um dos requisitos); (iii) que a emissão do CEBAS é um ato administrativo vinculado, constituindo obrigação legal uma vez constatado o atendimento dos requisitos legais para gozo da imunidade; (iv) que a emissão do CEBAS tem caráter declaratório, sendolhe conferidos efeitos retroativos. Requer, ao final, que seja dado provimento ao seu recurso, para fins de deferir o pedido de restituição, por se tratar de instituição imune às contribuições previdenciárias. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301003.674, de 27 de junho de 2017, proferido no julgamento do processo 10830.900254/201333, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301003.674): Fl. 143DF CARF MF Processo nº 10830.901703/201441 Acórdão n.º 3301003.732 S3C3T1 Fl. 4 3 "O Recurso Voluntário é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Consoante acima narrado, tratase de Pedido de Restituição Eletrônico PER nº 23871.62072.130912.1.2.040241 referente a alegado crédito de pagamento indevido ou a maior da contribuição previdenciária sobre a folha de salários a cargo do empregador, efetuado por meio do DARF no valor original de R$ 42.011,75. Como é cediço, para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez, cuja comprovação deve ser efetuada pelo contribuinte. No caso concreto ora analisado, portanto, há de se verificar se o crédito tributário alegado pelo contribuinte encontrase revestido de tais características, sem as quais o pleito não pode ser deferido. Alega o contribuinte que o seu pleito decorre do seu direito seria líquido e certo ao gozo da imunidade. A DRJ, por seu turno, entendeu de forma diversa, conforme se extrai da passagem do voto a seguir transcrita: A imunidade relativa às pessoas jurídicas que prestam assistência social está prevista nos seguintes dispositivos constitucionais: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: [...] VI instituir impostos sobre:(Vide Emenda Constitucional nº 3, de 1993) a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; b) templos de qualquer culto; c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. [...] Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: [...] § 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. A imunidade prevista no artigo 150 acima transcrito é especifica para impostos não abrangendo às contribuições sociais. Portanto, não alcança o PIS/PASEP –Folha de Salários. A imunidade prevista no artigo 195, § 7º, é específica para contribuições para seguridade social e depende da caracterização da entidade como beneficente Fl. 144DF CARF MF Processo nº 10830.901703/201441 Acórdão n.º 3301003.732 S3C3T1 Fl. 5 4 de assistência social que atenda às exigências estabelecidas em lei, entre elas a certificação de que trata a Lei 12.101/2009, conforme dispositivos transcritos a seguir: Art. 1o A certificação das entidades beneficentes de assistência social e a isenção de contribuições para a seguridade social serão concedidas às pessoas III do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, quanto às entidades de assistência social. (...) Art. 29. A entidade beneficente certificada na forma do Capítulo II fará jus à isenção do pagamento das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, desde que atenda, cumulativamente, aos seguintes requisitos (grifo não original) Com base nos atos acima transcritos, que vinculam este colegiado de 1ª instância administrativa, a contribuinte, por não ser detentora do certificado de entidade beneficente de assistência social, não faz jus à imunidade prevista no artigo 195, § 7º, da CF/88, por descumprir exigência contida em lei. Com lastro no artigo 21 supra, não compete à RFB decidir sobre a concessão de certificados de entidade beneficente de assistência social, não tendo força vinculante as decisões judiciais e o posicionamento da doutrina mencionados pela defesa. De modo que, o pedido, para que seja declarada como Entidade Beneficente da Assistência Social, com força substitutiva do registro e da certificação de que trata o art. 21 da Lei nº 12.101/2009, não pode ser atendido no âmbito desse colegiado. A contribuinte impetrou o mandado de segurança nº 2007.61.05.0129681, junto à 2ª Vara Federal de Campinas, que atualmente tramita no TRF 3º Região, com sentença proferida reconhecendo o direito à imunidade prevista no art. 195, 7º, da CF/88, no tocante à Cofins, desde que cumpridos os requisitos do art. 14 do CTN e os deveres instrumentais acessórios estabelecidos pela legislação fiscal. Portanto, mantida a exigência do certificado de entidade beneficente de assistência social para gozo da imunidade prevista no artigo 195, 7º, da CF/88. Concordo com a conclusão a que chegou a DRJ no trecho acima, por entender que não restou comprovada a certeza e liquidez do crédito pleiteado pelo contribuinte. Embora a Recorrente tenha protocolizado pedido de emissão do CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social) desde 18/12/2013, é certo que este pedido ainda não foi deferido, encontrandose atualmente na situação de "encaminhado". E sendo esta emissão um requisito essencial ao gozo da imunidade pleiteada, nos termos do que determina a Lei nº 12.101/2009, não há como se entender que o crédito tributário objeto da presente demanda seja líquido e certo. Notese que o art. 29 da referida lei dispõe que fará jus à isenção a entidade beneficente certificada. Ademais, como bem destacou a DRJ em sua decisão, a análise quanto ao atendimento dos requisitos dispostos na Lei n. 12.101/2009 e a consequente concessão do Fl. 145DF CARF MF Processo nº 10830.901703/201441 Acórdão n.º 3301003.732 S3C3T1 Fl. 6 5 CEBAS não é de competência da Receita Federal do Brasil, ou mesmo deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Nesse contexto, ainda que o ato administrativo de concessão do CEBAS seja plenamente vinculado, e que os seus efeitos sejam declaratórios, conferindolhe aplicação retroativa, tais fatores não afastam a necessidade de que haja a análise quanto a tal pleito por parte da autoridade competente. Sendo assim, não há como se deferir o pleito do contribuinte de restituição apresentado, por faltarlhe certeza e liquidez. De outro norte, importante ainda que se analise o segundo fundamento da decisão recorrida, que assim dispôs: Ainda que a contribuinte fosse detentora de tal certificado, o entendimento da administração tributária é que o PIS/PASEP não está abrangido pelo artigo 195 da Carta Magna, sendo devido o seu recolhimento na forma da lei. No caso vertente, o crédito pretendido decorre de pagamento de PIS/PASEP – Folha de Salários. Cabe, então, observar o disposto no art. 13 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001: Art. 13. A contribuição para o PIS/PASEP será determinada com base na folha de salários, à alíquota de um por cento, pelas seguintes entidades: I templos de qualquer culto; II partidos políticos; III instituições de educação e de assistência social a que se refere o art. 12 da Lei no 9.532, de 10 de dezembro de 1997; IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, a que se refere o art. 15 da Lei no 9.532, de 1997; V sindicatos, federações e confederações; VI serviços sociais autônomos, criados ou autorizados por lei; VII conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas; jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, reconhecidas como entidades beneficentes de assistência social com a finalidade de prestação de serviços nas áreas de assistência social, saúde ou educação, e que atendam ao disposto nesta Lei. (...) Art. 21. A análise e decisão dos requerimentos de concessão ou de renovação dos certificados das entidades beneficentes de assistência social serão apreciadas no âmbito dos seguintes Ministérios: I da Saúde, quanto às entidades da área de saúde; II da Educação, quanto às entidades educacionais; e VIII fundações de direito privado e fundações públicas instituídas ou mantidas pelo Poder Público; IX condomínios de proprietários de imóveis residenciais ou comerciais; e Fl. 146DF CARF MF Processo nº 10830.901703/201441 Acórdão n.º 3301003.732 S3C3T1 Fl. 7 6 X a Organização das Cooperativas Brasileiras OCB e as Organizações Estaduais de Cooperativas previstas no art. 105 e seu § 1o da Lei no 5.764, de 16 de dezembro de 1971. [...].” [Grifei]. Por sua vez, os mencionados arts. 12 e 15 da Lei nº 9.532, de 1997, assim dispõem1: Art. 12. Para efeito do disposto no art. 150, inciso VI, alínea "c", da Constituição, considerase imune a instituição de educação ou de assistência social que preste os serviços para os quais houver sido instituída e os coloque à disposição da população em geral, em caráter complementar às atividades do Estado, sem fins lucrativos. (Vide artigos 1º e 2º da Mpv 2.18949, de 2001) (Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) § 1º Não estão abrangidos pela imunidade os rendimentos e ganhos de capital auferidos em aplicações financeiras de renda fixa ou de renda variável. § 2º Para o gozo da imunidade, as instituições a que se refere este artigo, estão obrigadas a atender aos seguintes requisitos: [...] Art. 15. Consideramse isentas as instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos. (Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) § 1º A isenção a que se refere este artigo aplicase, exclusivamente, em relação ao imposto de renda da pessoa jurídica e à contribuição social sobre o lucro líquido, observado o disposto no parágrafo subseqüente. [...] § 3º Às instituições isentas aplicamse as disposições do art. 12, § 2°, alíneas "a" a "e" e § 3° e dos arts. 13 e 14. Nesse sentido, o Decreto nº 4.527, de 17 de dezembro de 2002, ao regulamentar a Contribuição para o PIS/Pasep e a Cofins, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado em geral, assim dispõe: Art. 9º São contribuintes do PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários as seguintes entidades (Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 13): [...] III instituições de educação e de assistência social que preencham as condições e requisitos do art. 12 da Lei nº 9.532, de 1997; IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, que preencham as condições e requisitos do art. 15 da Lei nº 9.532, de 1997; [...] Fl. 147DF CARF MF Processo nº 10830.901703/201441 Acórdão n.º 3301003.732 S3C3T1 Fl. 8 7 Art. 46. As entidades relacionadas no art. 9º deste Decreto (Constituição Federal, art. 195, § 7º , e Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 13, art. 14, inciso X, e art. 17): I não contribuem para o PIS/Pasep incidente sobre o faturamento; e [...] Art. 50. A base de cálculo do PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários mensal, das entidades relacionadas no art. 9º, corresponde à remuneração paga, devida ou creditada a empregados. [...].” [Grifei]. Portanto, considerando as normas legais supracitadas e que a contribuinte se declara imune em razão da atividade por ela exercida (atividades de apoio à educação – exceto caixas escolares), não há incidência da contribuição para o PIS/Pasep sobre o faturamento. Entretanto, é devida a contribuição para o PIS/Pasep calculada sobre a folha de salários, conforme definido no art. 13 da MP nº 2.15835, de 2001, independentemente de sua imunidade decorrer do disposto no artigo 150 ou 195 da CF/88. Assim, diante da ausência de certeza do crédito pleiteado, voto por considerar improcedente a manifestação de inconformidade, ratificando o Despacho Decisório que indeferiu a restituição pretendida. Sobre este ponto, o contribuinte alegou em seu recurso voluntário que o STF já pacificou seu entendimento quanto à submissão do PIS à imunidade tributária das contribuições previdenciárias fixada pelo art. 195, parágrafo 7º da Constituição Federal, conforme acórdão proferido no RE 636.941/RS, publicado em 04/04/2014, que teve repercussão geral reconhecida. Da análise do referido julgado, extraise que o STF chegou à seguinte conclusão: A pessoa jurídica para fazer jus à imunidade do art. 195, § 7º, CF/88, com relação às contribuições sociais, deve atender aos requisitos previstos nos artigos 9º e 14, do CTN, bem como no art. 55, da Lei nº 8.212/91, alterada pelas Lei nº 9.732/98 e Lei nº 12.101/2009, nos pontos onde não tiveram sua vigência suspensa liminarmente pelo STF nos autos da ADIN 2.2085. As entidades beneficentes de assistência social, como consequência, não se submetem ao regime tributário disposto no art. 2º, II, da Lei nº 9.715/98, e no art. 13, IV, da MP nº 2.15835/2001, aplicáveis somente àquelas outras entidades (instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos) que não preencherem os requisitos do art. 55, da Lei nº 8.212/91, ou da legislação superveniente sobre a matéria, posto não abarcadas pela imunidade constitucional. A inaplicabilidade do art. 2º, II, da Lei nº 9.715/98, e do art. 13, IV, da MP º 2.15835/2001, às entidades que preenchem os requisitos do art. 55 da Lei nº 8.212/91, e legislação superveniente, não decorre do vício da inconstitucionalidade desses dispositivos legais, mas da imunidade em relação à contribuição ao PIS como técnica de interpretação conforme à Constituição. Fl. 148DF CARF MF Processo nº 10830.901703/201441 Acórdão n.º 3301003.732 S3C3T1 Fl. 9 8 Ou seja, o STF concluiu que as entidades beneficentes de assistência social não se submetem ao regime tributário disposto no art. 13, IV da MP n. 2.15835/2001, por fazerem jus à imunidade do art. 150, § 7º, da CF/88. E como restou conferida à tese ali assentada repercussão geral e eficácia erga omnes e ex tunc, tal entendimento deverá ser observado por este Conselho, por força do que dispõe o Regimento Interno deste Conselho, in verbis: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; (Redação dada pela Portaria MF nº 39, de 2016) II que fundamente crédito tributário objeto de: a) Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 103A da Constituição Federal; b) Decisão do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos do art. 543B ou 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), na forma disciplinada pela Administração Tributária; b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) (...). § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverãoser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Com base no entendimento do STF expresso no RE 636.941/RS, há de se reconhecer, portanto, a insubsistência da conclusão constante da decisão recorrida no sentido de seria "devida a contribuição para o PIS/Pasep calculada sobre a folha de salários, conforme definido no art. 13 da MP nº 2.15835, de 2001, independentemente de sua imunidade decorrer do disposto no artigo 150 ou 195 da CF/88". Contudo, para que se possa concluir pela aplicação do julgado do STF ao caso vertente, seria necessário verificar se a Recorrente se enquadra como entidade beneficente de assistência social e se atende os requisitos legais dispostos na legislação pertinente. Ocorre que, consoante anteriormente apontado, o pedido de concessão da CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social), um dos requisitos para o gozo da imunidade, ainda não foi deferido pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, a Fl. 149DF CARF MF Processo nº 10830.901703/201441 Acórdão n.º 3301003.732 S3C3T1 Fl. 10 9 quem compete analisar o atendimento dos requisitos dispostos na legislação pertinente (art. 14 do CTN, art. 55, da Lei nº 8.212/91, alterada pelas Lei nº 9.732/98, e Lei nº 12.101/2009). É válido destacar, inclusive, que o STF, ao julgar o RE 636.941/RS tratou expressamente desta certificação, concluindo que "a definição dos limites objetivos ou materiais, bem como dos aspectos subjetivos ou formais, atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade". É o que se infere da passagem a seguir transcrita, extraída do voto do Ministro Luiz Fux, relator do mencionado RE: Pela análise da legislação, percebese que se tem consagrado requisitos específicos mais rígidos para o reconhecimento da imunidade das entidades de assistência social (art. 195, § 7º, CF/88), se comparados com os critérios para a fruição da imunidade dos impostos (art. 150, VI, c, CF/88). Ilustrativamente, menciono aqueles exigidos para a emissão do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social – CEBAS, veiculados originariamente pelo art. 55 da Lei nº 8.212/91, ora regulados pela Lei nº 12. 101/2009. A definição dos limites objetivos ou materiais, bem como dos aspectos subjetivos ou formais, atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, não implicando significativa restrição do alcance do dispositivo interpretado, qual seja, o conceito de imunidade, e de redução das garantias dos contribuintes. Com efeito, a jurisprudência da Suprema Corte indicia a possibilidade de lei ordinária regulamentar os requisitos e normas sobre a constituição e o funcionamento das entidades de educação ou assistência (aspectos subjetivos ou formais). Diante do acima exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte, mantendo o indeferimento do pedido de restituição, conforme fundamentos acima expostos, em razão da não comprovação da certeza e liquidez do crédito pleiteado." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário, mantendo o indeferimento do pedido de restituição, conforme fundamentos acima expostos, em razão da não comprovação da certeza e liquidez do crédito pleiteado. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 150DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11829.720019/2015-43
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 25/08/2010
DECLARAÇÃO DE IMPORTAÇÃO. IMPORTAÇÃO POR CONTA E ORDEM DE TERCEIROS. OBSERVAÇÃO AOS REGRAMENTOS. A atuação da empresa interposta em importação tem regramento próprio (artigo 27 da Lei n° 10.637/02 e a IN SRF nº 225, de 2002, regramento da modalidade de Importação por conta e ordem ou artigo 11 da Lei nº 11.281/2006 e a IN SRF nº 634/2006, regramento da modalidade de Importação por encomenda), devendo observar rigorosamente os ditames da legislação sob o risco de configuração de prática efetiva da interposição fraudulenta de terceiros.
O objetivo pretendido pelos interessados, atentou contra a legislação do comércio exterior por ocultar o real adquirente das mercadorias estrangeiras e consequentemente afastá-lo de toda e qualquer obrigação tributária- aduaneira ou penal, decorrente do ingresso de tais mercadorias no país.
DANO AO ERÁRIO. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA NA IMPORTAÇÃO. NÃO LOCALIZAÇÃO DAS MERCADORIAS. CONVERSÃO DA PENA DE PERDIMENTO EM MULTA. Conforme previsão legal contida no § 3º do artigo 23, V, do Decreto 1.455/1976, considera-se dano ao Erário a ocultação do real adquirente da mercadoria, sujeito passivo na operação de importação, infrações puníveis com a pena de perdimento, que é convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro, caso as mercadorias não sejam localizadas ou tenham sido consumidas.
SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. RESPONSABILIDADE. EFEITOS. Conforme o art. 95, do Decreto-lei nº 37/66, responde pela infração, conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática ou dela se beneficie, bem como o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, por intermédio de pessoa jurídica importadora.
Recursos Voluntários Negados.
Numero da decisão: 3402-004.321
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, negar provimento ao recurso voluntário da Recorrente e da responsável solidária Multisourcing Tecnologia e Informática Ltda. Por voto de qualidade, foi rejeitada a exclusão de ofício dos responsáveis solidários Axicon Participações Ltda, Sra. Viviany Queiroz Costa e Sr. Edilson de Jesus Caetano. Neste ponto, restaram vencidos os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. O Conselheiro Diego Diniz Ribeiro apresentará declaração de voto.
(assinado digitalmente)
Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Relator
Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Carlos Augusto Daniel Neto, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 25/08/2010 DECLARAÇÃO DE IMPORTAÇÃO. IMPORTAÇÃO POR CONTA E ORDEM DE TERCEIROS. OBSERVAÇÃO AOS REGRAMENTOS. A atuação da empresa interposta em importação tem regramento próprio (artigo 27 da Lei n° 10.637/02 e a IN SRF nº 225, de 2002, regramento da modalidade de Importação por “conta e ordem” ou artigo 11 da Lei nº 11.281/2006 e a IN SRF nº 634/2006, regramento da modalidade de Importação por “encomenda”), devendo observar rigorosamente os ditames da legislação sob o risco de configuração de prática efetiva da interposição fraudulenta de terceiros. O objetivo pretendido pelos interessados, atentou contra a legislação do comércio exterior por ocultar o real adquirente das mercadorias estrangeiras e consequentemente afastálo de toda e qualquer obrigação tributária aduaneira ou penal, decorrente do ingresso de tais mercadorias no país. DANO AO ERÁRIO. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA NA IMPORTAÇÃO. NÃO LOCALIZAÇÃO DAS MERCADORIAS. CONVERSÃO DA PENA DE PERDIMENTO EM MULTA. Conforme previsão legal contida no § 3º do artigo 23, V, do Decreto 1.455/1976, considerase dano ao Erário a ocultação do real adquirente da mercadoria, sujeito passivo na operação de importação, infrações puníveis com a pena de perdimento, que é convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro, caso as mercadorias não sejam localizadas ou tenham sido consumidas. SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. RESPONSABILIDADE. EFEITOS. Conforme o art. 95, do Decretolei nº 37/66, responde pela infração, conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática ou dela se beneficie, bem como o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, por intermédio de pessoa jurídica importadora. Recursos Voluntários Negados. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 82 9. 72 00 19 /2 01 5- 43 Fl. 414DF CARF MF 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, negar provimento ao recurso voluntário da Recorrente e da responsável solidária Multisourcing Tecnologia e Informática Ltda. Por voto de qualidade, foi rejeitada a exclusão de ofício dos responsáveis solidários Axicon Participações Ltda, Sra. Viviany Queiroz Costa e Sr. Edilson de Jesus Caetano. Neste ponto, restaram vencidos os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. O Conselheiro Diego Diniz Ribeiro apresentará declaração de voto. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Presidente (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Relator Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Carlos Augusto Daniel Neto, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. Relatório Trata o presente processo de crédito tributário lançado através de Auto de Infração (fls. 2/8), lavrado contra a empresa PROVIDER TECNOLOGIA E SISTEMAS LTDA., CNPJ 07.194.496/000120, doravante denominada PROVIDER, no valor de R$ 178.618,25. O crédito lançado referese a aplicação da multa no valor aduaneiro da mercadoria, e tem base legal no art. 23, inciso V, § 3°, do Decreto Lei n° 1.455/76. Pelo exposto no Relatório de Procedimento Fiscal TVF, de fls. 9/55, a empresa MULTISOURCING Tecnologia e Informática Ltda, é pessoa fraudulentamente interposta nas operações em que figurou como importadora e adquirente de produtos para informática entre 2010 e 2013. O presente Auto de Infração tem por REAL COMPRADOR no mercado interno a empresa PROVIDER. Face ao exposto na Descrição dos Fatos e o constante no Termo de Verificação Fiscal e Descrição dos Fatos (TVF anexo ao Auto de Infração (fls. 9/55), o Fisco caracterizou o Termo de Responsabilidade solidária de que trata o art. 95 do DecretoLei nº 37/66, de 18/11/1966 (fls. 9 e 51/52), à empresa Multisourcing Tecnologia e Informática Ltda, Axicon Participações Ltda, Sra. Viviany Queiroz Costa e Sr. Edilson de Jesus Caetano. Por bem descrever os fatos destes autos, adoto o relatório objeto da decisão recorrida, nº 16070.884, prolatada pela 23ª Turma da DRJ em São Paulo (SP), a seguir transcrito (fls. 286/350): Trata o presente processo de auto de infração, lavrado em 12/08/2015, em face do contribuinte em epígrafe, formalizando a exigência de multa equivalente ao valor aduaneiro (100% do Fl. 415DF CARF MF Processo nº 11829.720019/201543 Acórdão n.º 3402004.321 S3C4T2 Fl. 415 3 V.A.), no valor de R$ 178.618,25, em virtude dos fatos a seguir descritos. A fiscalização apurou que a empresa Multisourcing Tecnologia e Informática Ltda não é a real adquirente das mercadorias importadas e que a mesma operava como interposta pessoa em comércio exterior, praticando assim infração à legislação aplicável à matéria com previsão de pena de perdimento às mercadorias transacionadas. Pelo exposto no Relatório de Procedimento Fiscal, a empresa Multisourcing Tecnologia e Informática Ltda, é pessoa fraudulentamente interposta nas operações em que figurou como importadora e adquirente de produtos para informática entre 2010 e 2013. O presente Auto de Infração tem por REAL COMPRADOR no mercado interno a empresa Provider Tecnologia e Sistemas Ltda. Face ao que determina o art. 23, inciso V, c/c o §3º, do Decreto Lei n° 1.455, de 07 de abril de 1976, foi lavrado o presente Auto de Infração para a aplicação de multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias importadas pela impossibilidade de apreensão de tais mercadorias. São responsáveis solidários: · A empresa Multisourcing Tecnologia e Informática Ltda, CNPJ 04.799.142/000111; · A empresa Axicon Participações Ltda, CNPJ 08.843.543/000182; · A Sra. Viviany Queiroz Costa, CPF 150.362.99884; · O Sr. Edilson de Jesus Caetano, CPF 051.708.07880. O Sr. Edilson de Jesus Caetano tomou ciência do Auto de Infração via Aviso de Recebimento, em 20/08/2015 (fls. 206). A empresa Provider Tecnologia e Sistemas Ltda tomou ciência do Auto de Infração via Aviso de Recebimento, em 19/08/2015 (fls. 211). A Sra. Viviany Queiroz Costa tomou ciência do Auto de Infração via Edital, em 01/09/2015 (fls. 216). A empresa Multisourcing Tecnologia e Informática Ltda tomou ciência do Auto de Infração via Edital, em 01/09/2015 (fls. 216). A empresa Axicon Participações Ltda tomou ciência do Auto de Infração via Aviso de Recebimento, em 20/08/2015 (fls. 218). A empresa Provider Tecnologia e Sistemas Ltda protocolizou impugnação, tempestivamente em 18/09/2015, na forma do artigo 56 do Decreto nº 7.574/2011, de fls. 225 à 258, instaurando assim a fase litigiosa do procedimento. O impugnante alegou que: Fl. 416DF CARF MF 4 DAS PRELIMINARES Preliminarmente, a IMPUGNANTE, insurgese, veementemente, contra a presente exação fiscal uma vez que, efetivamente, NÃO INFRINGIU, ABSOLUTAMENTE, nenhum dos artigos dicrimininados no presente Auto de Infração, como demonstraremos a seguir. Ainda, fazse mister esclarecer, que a impugnante comprovará de forma ABSOLUTAMENTE INEQUÍVOCA que jamais efetuou IMPORTAÇÕES POR CONTA E ORDEM DE TERCEIROS OU IMPORTAÇÃO POR ENCOMENDA ou ainda jamais foi ENCOMENDANTE de qualquer importação efetuada por MULTISOURCING ou qualquer um de seus fornecedores. Esclarece ainda que a presunção da autoridade fiscal, que relata de forma ABSOLUTAMENTE FANTASIOSA, que a PROVIDER foi adquirente oculto da empresa MULTISOURCING, está diametralmente oposta a verdade dos fatos e das provas que traremos aos autos. DO MÉRITO ⊙ MODELO DE NEGÓCIOS DA IMPUGNANTE A empresa Provider Informática foi uma empresa brasileira especializada no comércio de produtos de informática que atuou no mercado nacional desde 2005.. Desde a sua fundação sempre atuou no comércio de produtos de informática adquiridos no mercado interno sem jamais ter importado qualquer produto do exterior. O seu grupo de clientes se dividia basicamente entre revendas de informática, clientes corporativos e Órgãos Públicos. O modelo de negócios consistia em levantar as demandas existentes por produtos de informática em possíveis clientes da iniciativa privada e também junto aos órgãos públicos que adquirem através de concorrência pública, pesquisar junto aos nossos fornecedores nacionais as melhores condições comerciais e finalizar as vendas de forma a maximizar a rentabilidade da empresa. Neste modelo de negócios, a manutenção de estoques deve ser mínima e por isso geralmente as compras se efetivavam depois da conclusão do processo de vendas. Logo, após a efetivação de uma venda, seja ela feita para a iniciativa privada ou seja ela feita para o Governo, dávamos inicio ao processo de compras, inicialmente através da validação da melhor condição comercial já obtida junto aos nossos fornecedores nacionais. Para que o modelo de negócios fique bem demonstrado, listamos abaixo alguns exemplos de negócios realizados com diversos fornecedores, incluindo a Multisourcing. Exemplo 1 Em dezembro de 2008 vencemos uma concorrência para o fornecimento de 600 cameras webcam , produto este fabricado no exterior, junto a BANCO ITAU pelo valor total de R$ 50.604,00. Ao recebermos a confirmação da compra, procuramos junto aos nossos fornecedores a melhor condição comercial e fechamos a compra com a empresa Wisecase por R$ 32.513,90, com prazo de entrega de 30 dias. Fl. 417DF CARF MF Processo nº 11829.720019/201543 Acórdão n.º 3402004.321 S3C4T2 Fl. 416 5 Veja que não pagamos qualquer valor antecipado e também não firmamos qualquer conato de importação por encomenda nem por conta de terceiros. Exemplo 2 Em janeiro de 2009 fechamos a venda junto a ACAV para o fornecimento de 106 notebooks HP, material este fabricado no exterior, com prazo de entrega de 30 dias, pelo valor total de R$ 474.560,00. Ao recebermos a confirmação da compra, iniciamos as buscas junto aos nossos fornecedores pela melhor condição comercial e fechamos a compra com a empresa Alcateia por R$ 317.152,00, com prazo de entrega de 30 dias. Veja que não pagamos qualquer valor antecipado e também não firmamos qualquer contrato de importação por encomenda nem por conta de terceiros, apenas fizemos o pedido com prazo de entrega de 60 dias. A Alcateia efetuou a entrega dos produtos através da nota fiscal 535730, valor de R$ 317.152,00. O pagamento para o fornecedor foi em 20/03/2009. O faturamento e a entrega dos produtos para a ACAV foi feita no dia 23/03/2009 e o cliente efetuou o pagamento das mercadorias em 26/03/2009 através de depósito em conta corrente. Exemplo 3 Em outubro de 2009 vencemos uma licitação junto ao SESC para o fornecimento de 30 unidades da impressora Datamax, produto este fabricado no exterior. Ao recebermos a confirmação da compra, procuramos junto aos nossos fornecedores a melhor condição comercial e fechamos a compra por R$ 74.476,80 com a empresa CDC Brasil, com prazo de entrega de 30 dias. Veja que não pagamos qualquer valor antecipado e também não firmamos qualquer contrato de importação por encomenda nem por conta de terceiros, apenas fizemos o pedido com prazo de entrega de até 30 dias. A CDC Brasil efetuou a entrega dos produtos no valor de R$ 74.476,80 e efetuamos o respectivo pagamento no dia 07/12/2009. No dia 10/11/2009 faturamos e entregamos através da nota fiscal 2381, as mesmas 30 unidades que havíamos comprado, pelo valor total de R$105.000,00. Para fechar o ciclo do negocio, em 24/11/2009 recebemos o respectivo pagamento do SESC. ⊙ OCULTAÇÃO DO REAL COMPRADOR MEDIANTE FRAUDE OU SIMULAÇÃO Inicialmente cumpre nos esclarecer que, DIFERENTEMENTE do que alega o Ilustre Auditor, a PROVIDER jamais atuou no comércio exterior de forma fraudulenta e rechaça toda e qualquer tentativa de macular o bom nome da empresa através de suposições e ilações completamente dissociadas da verdade material dos fatos, em manifesta peça fictícia de acusação. Fl. 418DF CARF MF 6 A presunção da fiscalização de que as aquisições efetuadas pela PROVIDER junto a Multisourcing são importações realizadas por encomenda é ABSOLUTAMENTE EQUIVOCADA como demonstraremos nesta impugnação. Para que se caracterize uma importação por encomenda tem que se observar o que está disposto na legislação. Ora para que se tenha caracterizada uma importação por encomenda, entre rros quesitos, deve se ter uma ENCOMENDANTE PREVIAMENTE DETERMINADA (um CONTRATO ENTRE A IMPORTADORA E A ENCOMENDANTE. Isto posto, perguntamos: · Ao fecharmos a compra de produtos importados com um fornecedor nacional que não tem estes produtos em estoque e que nos solicita um prazo para entrega, SOMOS CONSIDERADOS ENCOMENDANTES DE UMA IMPORTAÇÃO POR ENCOMENDA? · Os compradores das mercadorias, nos casos listados, BANCO ITAU, ACAV e SESC também são CONSIDERADOS ENCOMENDANTES DE UMA IMPORTAÇÃO POR ENCOMENDA? · Se somos CONSIDERADOS ENCOMENDANTES DE UMA IMPORTAÇÃO POR ENCOMENDA quem são consideradas as IMPORTADORAS? São os nossos fornecedores ou alguma outra empresa que fez a importação anteriormente? · Se não há qualquer CONTRATO entre a empresa compradora e a empresa vendedora para que esta proceda a importação de algum bem em nome daquela, como se pode considerar a compradora como ENCOMENDANTE DE UMA IMPORTAÇÃO POR ENCOMENDA? Ora evidentemente a Fiscalização não poderá responder tais perguntas até por que não as tem. A PROVIDER não foi encomendante de nenhuma importação junto aos diversos fornecedores, até porque não conhece a organização, estrutura e funcionalidade de cada um deles. Não temos como saber de quem os nossos fornecedores compraram, quando o fizeram, qual valor foi pago e como adquiriram. Quando a PROVIDER fecha a compra com determinado fornecedor, buscase rantir a transparência do negócio, com documentação idônea (nota fiscal), compromisso com prazos de entrega, qualidade e garantia do produto ofertado. NÃO TEMOS como saber se o produto vai ser importado pelo fabricante, distribuidor ou qualquer outra empresa. Sabemos que grande parte dos materiais que comercializamos são produtos importados, entretanto nenhum dos nossos fornecedores ou clientes jamais mencionou a elaboração de qualquer tipo de contrato de importação. Ou seja, jamais fomos Fl. 419DF CARF MF Processo nº 11829.720019/201543 Acórdão n.º 3402004.321 S3C4T2 Fl. 417 7 encomendantes predeterminados de importadores, e tampouco vislubramos os nossos clientes como tais encomendantes. Logo, não havendo um ENCOMENDANTE PREDETERMINADO e nem tampouco qualquer tipo de contrato, como pode haver a situação de IMPORTAÇÃO POR ENCOMENDA? Evidentemente que não há! Nos termos da legislação federal, FICA EVIDENTE que não se pode considerar a empresa COMPRADORA como ENCOMENDANTE DE UMA IMPORTAÇÃO POR ENCOMENDA, visto que não há qualquer espécie de contrato entre a empresa compradora e a empresa vendedor. Desta forma fica CABALMENTE DEMONSTRADO que as partes envolvidas e os valores transacionados são absolutamente legítimos e que não há e não houve qualquer tipo de ocultação ou simulação. ⊙ INDÍCIOS DA PRÁTICA DE OCULTAÇÃO DOS REAIS ADQUIRENTES Em sua teoria, o ilustre agente do Fisco alega ter encontrado “Diversos indícios apontam para a constatação de que as mercadorias listadas nos itens de Dl relacionados no Capítulo 3 deste Termo de Verificação tinham como real destinatária a empresa PROVIDER, que permaneceu oculta na relação com o Fisco já que a MULTISOURCING registrou as Dls como importadora e adquirente. A seguir serão apresentadas tais evidências." ⊙ COINCIDÊNCIA OU PROXIMIDADE DOS SÓCIOS DO EXPORTADOR, IMPORTADOR E REAL ADQUIRENTE OCULTO Ora Ilustres Julgadores, vejam que o próprio auditor da Receita Federal afirma ter encontrado INDÍCIOS, que APONTAM, mas jamais produziu provas robustas do que alega. No presente caso, de maneira irresponsável faz suposições levianas acerca de Maria Helena da Silva e seu filho Anderson Pinto de Souza com acusações infundadas e sem qualquer respaldo fático. Além dos graves erros anteriormente apontados, o Ilustre Auditor, afirma que o "a empresa Conacta Inc., sediada em Weston, Florida, Estados Unidos da América.... foi desativada em 28/09/2012 (DOC 24).” A Sra Viviany Queiroz Costa, sócia da empresa Conacta declarou que o documento apresentado pelo fiscal, obtido através da internet, não faz qualquer prova de que a empresa esteja inativa. Além disso, qualquer cidadão mediano sabe que este “documento" não tem qualquer validade legal no Brasil, quer por não estar respaldado pelas formalidades legais, quer pela ausência da verdade material. Uma vez mais, partese de uma premissa errada e tenta validar a sua teoria! De forma ABSOLUTAMENTE INCONSEQUENTE, alega que “as mesmas pessoas controlavam todos os elos da cadeia de Fl. 420DF CARF MF 8 importação, desde o exportador ao real adquirente, passando pelo importador. Este controle absoluto facilita a prática de ilícitos aduaneiros tendentes a reduzir o custo total das importações, como a quebra da cadeia do IPI, ao utilizar o importador como mera empresa de fachada que repassa as mercadorias ao real adquirente a preço de custo ou com baixíssima margem de lucro." Ora se o illustre fiscal tem como comprovar que houve a prática de ilícitos aduaneiros, tem o dever legal de trazer as PROVAS do alegado aos autos e NÃO FAZER AFIRMAÇÕES IMPENSADAS e LEVIANAS de que este "controle absoluto" ... “facilita a prática de ilícitos aduaneiros”. Como pode ser visto acima, as diversas empresas possuem sócios distintos com participações acionárias diversas não caracterizando relação de dependência e muito menos de que a MULTISOURCING realizou importação em nome da PROVIDER. Ora o Senhor Auditor Fiscal partiu de premissas ABSOLUTAMENTE EQUIVOCADAS e concluiu o seu relatório de maneira desastrosa, chegando a conclusões muito DISTANTES da verdade dos fatos. O fato de existir pessoas comuns em diversas organizações que mantém relações comerciais entre si não as torna delinquentes, da mesma forma que o fato de existir pessoas distintas em empresas que mantém negócios não as exime da prática delitiva. O nobre auditor tem obrigação de provar o que afirma e não ficar supondo e bradando o seu festival de absurdos. ⊙ INCAPACIDADE OPERACIONAL DA MULTISOURCING A afirmação de que a empresa Multisourcing não tinha capacidade financeirooperacional para atuar como importadora e revendedora de mercadorias nos parece ser bastante desarrazoada visto que nas diversas aquisições feitas jamais tivemos que fazer qualquer pagamento antecipado, demonstrando capacidade financeira adequada ao porte da empresa. ⊙ NOTAS FISCAIS DE ENTRADA E SAÍDA DA MULTISOURCING A presunção apontada neste item carece ainda de qualquer validade jurídica, pois o que a empresa mantém em estoque devese NECESSARIAMENTE analisar o livro de inventário, ou ainda fazer o levantamento das entradas e das saídas de mercadorias. É inadmissível que se tente através das teorias dissociadas da verdade dos fatos, comprovar algo com ausência de pro/as reais da matéria. Não se pode admitir em qualquer hipótese que a Autoridade autante, a seu bel prazer, faça acusações sem provas apenas externando a sua teoria conspiratória. Em uma breve vista de um dos casos apresentados pelo fiscal, vemos que a sua teoria conspiratória não se sustenta em uma simples observação e análise dos dados. Se a Multisourcing importou 6 scanner HP Scanjet 5590C em 19/10/2012, e a PROVIDER era o real adquirente oculto, como Fl. 421DF CARF MF Processo nº 11829.720019/201543 Acórdão n.º 3402004.321 S3C4T2 Fl. 418 9 foram adquiridas 12 unidades deste produto? Qual foi a mágica de importar 6 unidades e vender 12? O senhor disse que a Multisourcing não fazia estoques, mas se ela importou 6 e vendeu 12 unidades ela deveria ter em estoque, não???? Por que a autoridade fiscal não demonstra para onde e para quem todos os itens importados pela Multisourcing foram vendidos em todas as suas importações? Certamente por que isto fulminaria a sua teoria de importação por encomenda ou por conta de terceiros. O ilustre auditor considerou que a Multisourcing pode também adquirir produtos importados no mercado nacional, junto a fabricantes e distribuidores? Lamentável que um auditor da Receita Federal use de expedientes, teorias, hipóteses, ilações, presunções e divagações para tentar provar o que não se pode, visto que NÃO É VERDADEIRO, pois suas teorias somente existem e sobrevivem no campo da ficção. Um elemento extraído da análise das notas fiscais é a baixa margem de lucro praticada pela MULTISOURCING em comparação com a margem de lucro praticada na revenda dos produtos de informática aos órgãos públicos. A margem de lucro é muito maior na revenda aos órgãos públicos, sendo a margem da MULTISOURCING em alguns casos até mesmo negativa! Isso mostra que a MULTISOURCING não era empresa com objetivo de gerar lucro e remunerar os sócios, mas tinha tào somente objetivo de ser a empresa que formalizava as importações do grupo, para assim ocultar os reais adquirentes da relação com o Fisco. ⊙ COMPARAÇAO DAS MARGENS DE LUCRO Não menos absurda é a consideração da autoridade autuante, que além de se equivocar no item anterior, incorre no mesmo equívoco insuperável neste item, relativamente à comparação de margens de lucro. A atitude de fiscal mais uma vez parte de uma premissa equivocada para construção de sua peça de ficção, ao afirmar que é “baixa a margem de lucro prática pela MULTISOURCING em comparação com a margem de lucro praticada pelos ocultados na revenda dos produtos de informática aos órgãos públicos." Os comparativos entre empresas de segmentos distintos , com estruturas e estratégias tão distintas NÃO nos permite extrair qualquer juizo de valor, principalmente na ABSURDA teoria de que "... a MULTISOURCING não era empresa com objetivo de gerar lucro e remunerar os sócios, mas tinha tão somente objetivo de ser a empresa que formalizava as importações do grupo, para assim ocultar os reais adquirentes da relação com o Fisco." Fl. 422DF CARF MF 10 Com todo o respeito, não conseguimos identificar, na escala de valores da Autoridade Fiscal o que seriam margens "alta" ou "baixa", por isso perguntamos: quais percentuais são baixos e quais são altos? 1%, 10%, 30%, 100% ou qual %? Ora, no caso em tela, é ABSURDA a presunção de que a empresa impugnante se apresenta como adquirente oculto, pois compra com margens de lucro baixas. O objetivo de qualquer empresa, NO MUNDO REAL DOS NEGÓCIOS, é comprar pelo MENOR VALOR possível e vender pelo MAIOR VALOR possível, maximizando assim o seu resultado. ⊙ QUEBRA DA CADEIA DO IPI Novamente a partir das notas fiscais emitidas por MULTISOURCING e PROVIDER. é possível visualizar intento de esquivarse da incidência do IPI cheio. Ao ocultar do Fisco o real adquirente ao não informálo na DI como importador por conta e ordem, ou como encomendante. A MULTISOURCING aparece como única importadora e. portanto, como única a equiparada a industrial. Assim, apenas a MULTISOURCING é devedora de IPI na saída das mercadorias de seu estabelecimento. Desta forma, o IPI total devido após a nacionalização da mercadoria é apenas aquele incidente sobre o baixo faturamento por produto da MULTISOURCING. enquanto o alto faturamento da PROVIDER fica imune à tributação de IPI. Esta prática de quebra de cadeia do IPI, além de reduzir o imposto devido, dá aos praticantes vantagem indevida sobre seus concorrentes no mercado. Novamente o Ilustre Auditor apresentou um relatório junto ao seu Auto de Infração que passa muito distante da verdade dos fatos, e que se mostra precário e infundado, repleto de teses incongruentes e desconectadas da realidade numa clara afronta às provas. Nos causa surpresa como um Auditor tão bem preparado possa ser tão vago e lacônico ao escrever sobre algo ou alguém que desconhece: “é possível visualizar intento de esquivarse da incidência do IPI cheio" . Visualizar intento? Visualizar como? Ora Senhores, este "visualizar" nada mais é do que o puro “achometro", aquele que alguém acha e por isso quer estabelecer isso como verdade, sem qualquer PROVA! “o modus operandi escolhido pelo sócios das empresas concentrou as margens de lucro na revenda do real adquirente em detrimento do lucro da importadora" . Ora Senhores, se há algum modus operandi , isto deveria ter sido provado e não através da repetição de frases de efeito do tipo sem qualquer lastro e amplitude. De maneira gravíssima a fiscalização ataca a impugnante acusando a de fraude sem ao menos ler com cuidado o que é definido como tal. É sabido no Direito que alegar e não provar é o mesmo que não alegar. A Justiça vive da prova e o arbítrio vive da presunção. Fl. 423DF CARF MF Processo nº 11829.720019/201543 Acórdão n.º 3402004.321 S3C4T2 Fl. 419 11 Apesar de haver farta documentação comprobatória de que a PROVIDER jamais foi encomendante de qualquer importação junto aos seus fornecedores, e a autoridade fiscal preferiu divagar, tentar provar o que não existiu. Por conseguinte, como pode a Fiscalização pretender provar o inexistente? Obviamente não pode e, como facilmente se verifica, efetivamente, não logrará êxito. ⊙ CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante de todas as provas e fatos apresentados, fica evidente que NÃO HOUVE qualquer prática irregular ou ilícita e muito menos houve qualquer infração à legislação aduaneira. Detalhamos exaustivamente que não participamos de qualquer importação nas modalidade por conta e ordem de terceiros ou por encomenda, como EQUIVOCADAMENTE aponta em seu relatório o Auditor Fiscal. Além dos equívocos acima apontados, o trabalho fiscal deixou de atentar para aspectos fundamentais do Direito, notadamente no campo da disciplina da matéria relativa às provas também no direito material. É inegável que o presente Auto de Infração não se cercou da produção de provas já que não trouxe qualquer prova material do que alegou. Contrariamente, a impugnante FULMINOU todas as premissas e teses NOTORIAMENTE FANTASIOSAS apresentadas, através de farta documentação COMPROBATÓRIA. Não se pode admitir em qualquer hipótese que a Autoridade autante, a seu bel prazer, faça acusações sem provas apenas externando a sua teoria conspiratória. Se há uma associação de empresas, que se unem para a prática de infrações delituosas o Ilustre Auditor teria que provar de maneira inequívoca e não ficar bradando. Aquele que acusa tem o dever legal de provar e ainda encaminhar a correspondente Representação para o Ministério Público Federal com o detalhamento dos ilícitos apontados. Não se pode olvidar a legislação de regência e o devido processo legal, transmudando segundo a sua conveniência e oportunidade a aplicabilidade da legislação em ofensa frontal ao Ordenamento Jurídico. Como todas as impropriedades acerca da alegação de que houve OCULTAÇÃO DO REAL COMPRADOR MEDIANTE FRAUDE OU SIMULAÇÃO foram completamente rebatidas nos itens anteriores cumprenos, uma vez mais ratificar que NÃO houve qualquer espécie de importação por conta e ordem ou por encomenda. ⊙ DO PEDIDO De todo o exposto, tendose demonstrado INEQUIVOCADAMENTE que o auto de infração ora Fl. 424DF CARF MF 12 impugnados carecem de fundamentos que os justificassem, e tendo em vista, ressaltese, a incoerência de tão desmedida exação, requer a Impugnante a V. Sa. que seja provida a presente impugnação, anulando integralmente o lançamento fiscal realizado, por ser de inteira justiça, protestando, desde logo, por todos os meios de prova admitidos. É o Relatório. Os argumentos aduzidos pelo sujeito passivo, no entanto, não foram acolhidos pela primeira instância de julgamento administrativo fiscal, conforme ementa do Acórdão abaixo transcrito: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Data do fato gerador: 25/08/2010 Dano ao Erário por infração de ocultação do verdadeiro interessado nas importações, mediante o uso de interposta pessoa. Pena de perdimento das mercadorias, comutada em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria. O objetivo pretendido pelos interessados atentou contra a legislação do comércio exterior por ocultar o real adquirente das mercadorias estrangeiras e consequentemente afastálo de toda e qualquer obrigação cível ou penal decorrente do ingresso de tais mercadorias no país. A atuação da empresa interposta em importação tem regramento próprio, devendo observar os ditames da legislação sob o risco de configuração de prática efetiva da interposição fraudulenta de terceiros. A aplicação da pena de perdimento não deriva da sonegação de tributos, muito embora tal fato possa se constatar como efeito subsidiário, mas da burla aos controles aduaneiros, já que é o objetivo traçado pela Receita Federal do Brasil possuir controle absoluto sobre o destino de todos os bens importados por empresas nacionais. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Posto isto, vamos às Intimações do resultado da decisão da DRJ/SPO e os Recursos Voluntários interpostos. A Recorrente (PROVIDER) foi regularmente intimada em 23/02/2016 (AR Correios fl. 360). Em 23/03/2016 (protocolo fl. 365), apresentou seu Recurso Voluntário de fls. 365/407. Fl. 425DF CARF MF Processo nº 11829.720019/201543 Acórdão n.º 3402004.321 S3C4T2 Fl. 420 13 A empresa MULTISOURCING TECNOLOGIA E INFORMATICA LTDA, foi intimada, nos termos do art. 23, § 1º, do Decreto nº. 70.235, de 1972, por não ter sido localizado no domicílio fiscal fornecido à RFB, conforme EDITAL de fl. 357. A empresa Axicon Participações Ltda, foi regularmente intimada no seu endereço cadastral perante a RFB, conforme documento AR Correios devolvido ao REMETENTE, envelope de fls. 361/362. Na sequência, nos termos do art. 23, § 1º, do Decreto nº 70.235, de 1972, por não ter sido localizado no domicílio fiscal fornecido à RFB, foi publicado o EDITAL, conforme documento de fl. 412. A Sra Viviany Queiroz Costa, foi regularmente intimada em 24/02/2016, conforme documento AR Correios de fl. 358. A Sr. Edilson de Jesus Caetano, foi regularmente intimada em 24/02/2016, conforme documento AR Correios de fl. 359. Quanto a Recorrente PROVIDER, em seu recurso, reitera todos os termos de sua impugnação, que apresenta resumidamente as seguintes razões: (i) da Nulidade do Lançamento apesar de extensa comprovação de que jamais houve qualquer tipo irregularidade nas aquisições efetuadas pela Recorrente, muito menos a suposta interposição fraudulenta, a Autoridade Julgadora se olvidou de analisar as robustas provas apresentadas na impugnação; em nenhum momento a Fiscalização provou ou comprovou a ocorrência de qualquer ato ou ação irregular por parte da Recorrente, e muito menos a pretensa interposição fraudulenta; (ii) do MODELO de negócio adotado: a empresa PROVIDER foi uma empresa brasileira especializada no comércio de produtos de informática que atuou no mercado nacional desde 2005; sempre atuou no comércio de produtos de informática adquiridos no mercado interno sem jamais ter importado qualquer produto do exterior. O seu grupo de clientes se dividia basicamente entre revendas de informática, clientes corporativos e Órgãos Públicos. Para demonstrar o seu modelo de negócios, lista no corpo do recurso, alguns exemplos de negócios realizados com fornecedores, incluindo a Multisourcing (Exemplos, 1 , 2 e 3); (iii) da OCULTAÇÃO do REAL comprador mediante fraude ou simulação: esclarece que a PROVIDER jamais atuou no comércio exterior de forma fraudulenta e rechaça toda e qualquer tentativa de macular o nome da empresa; a presunção da fiscalização de que as aquisições efetuadas pela PROVIDER junto a Multisourcing são importações realizadas por encomenda é absolutamente equivocada; que ao fecharmos a compra de produtos importados com um fornecedor nacional que não tem estes produtos em estoque e que nos solicita um prazo para entrega, somos considerados ENCOMENDANTES de uma importação por ENCOMENDA? Os compradores das mercadorias, nos casos, BANCO ITAU, ACAV e SESC também são considerados ENCOMENDANTES? Nos termos da legislação federal, FICA evidente que não se pode considerar a empresa COMPRADORA como ENCOMENDANTE de uma importação por encomenda, visto que não há qualquer espécie de contrato entre a empresa compradora e a empresa vendedora. (iv) INDÍCIOS da prática de ocultação dos reais adquirentes na teoria do Fisco, alega ter encontrado “diversos indícios apontam para a constatação de que as mercadorias listadas nos itens de DI relacionados no Capítulo 3 do TVF, tinham como real Fl. 426DF CARF MF 14 destinatária a empresa PROVIDER, que permaneceu oculta na relação com o Fisco já que a MULTISOURCING registrou as DIs como importadora e adquirente". (v) da coincidência ou proximidade dos SÓCIOS do Exportador, Importador e REAL ADQUIRENTE OCULTO: que de maneira irresponsável faz suposições levianas acerca de Maria Helena da Silva e seu filho Anderson Pinto de Souza com acusações infundadas e sem qualquer respaldo fático; além dos graves erros anteriormente apontados, a fiscalização afirma que o "a empresa CONACTA Inc., sediada em Weston, Florida, Estados Unidos da América, foi desativada em 28/09/2012; que a Sra. Viviany Queiroz Costa, sócia da empresa CONACTA declarou que o documento apresentado pelo fiscal, obtido através da internet, não faz qualquer prova de que a empresa esteja inativa; que o fato de existir pessoas comuns em diversas organizações que mantém relações comerciais entre si não as torna delinquentes, da mesma forma que o fato de existir pessoas distintas em empresas que mantém negócios não as exime da prática delitiva; (vi) da incapacidade OPERACIONAL da MULTISOURCING: a afirmação de que a empresa Multisourcing não tinha capacidade financeirooperacional para atuar como importadora e revendedora de mercadorias nos parece ser bastante desarrazoada visto que nas diversas aquisições feitas jamais tivemos que fazer qualquer pagamento antecipado, demonstrando capacidade financeira adequada ao porte da empresa; (vii) das Notas Fiscais de Entrada e Saída da MULTISOURCING: a presunção apontada neste item carece ainda de qualquer validade jurídica, pois o que a empresa mantém em estoque devese NECESSARIAMENTE analisar o livro de inventário, ou ainda fazer o levantamento das entradas e das saídas de mercadorias. É inadmissível que se tente através das teorias dissociadas da verdade dos fatos, comprovar algo com ausência de provas reais da matéria; (viii) indaga que o Fisco informa que a margem de lucro é muito maior na revenda aos órgãos públicos, sendo a margem da Multisourcing em alguns casos até mesmo negativa; isso mostra que a MULTISOURCING não era empresa com objetivo de gerar lucro e remunerar os sócios, mas tinha tão somente objetivo de ser a empresa que formalizava as importações do grupo, para assim ocultar os reais adquirentes da relação com o Fisco. Ora, os comparativos entre empresas de segmentos distintos, com estruturas e estratégias tão distintas NÃO nos permite extrair qualquer juízo de valor; não conseguimos identificar, na escala de valores da fiscalização o que seriam margens "alta" ou "baixa", por isso perguntamos: quais percentuais são baixos e quais são altos? 1%, 10%, 30%, 100% ou qual %? é ABSURDA a presunção de que a empresa impugnante se apresenta como adquirente oculto, pois compra com margens de lucro baixas. O objetivo de qualquer empresa, NO MUNDO REAL DOS NEGÓCIOS, é comprar pelo MENOR VALOR possível e vender pelo MAIOR VALOR possível, maximizando assim o seu resultado. (xi) da quebra da cadeia do IPI: Alega o Fisco que esta prática de quebra de cadeia do IPI, além de reduzir o imposto devido, dá aos praticantes vantagem indevida sobre seus concorrentes no mercado; novamente o Auditor apresentou um relatório junto ao seu Auto de Infração que passa muito distante da verdade dos fatos, e que se mostra precário e infundado, repleto de teses incongruentes e desconectadas da realidade numa clara afronta às provas. Diante de todas as provas e fatos apresentados, fica evidente que NÃO HOUVE qualquer prática irregular ou ilícita e muito menos houve qualquer infração à legislação aduaneira (ocultação do real comprador mediante fraude ou simulação). Face ao todo Fl. 427DF CARF MF Processo nº 11829.720019/201543 Acórdão n.º 3402004.321 S3C4T2 Fl. 421 15 exposto, requer que seja dado provimento ao presente Recurso para que seja anulada integralmente a decisão da DRJ. É o relatório. Voto Conselheiro Relator Waldir Navarro Bezerra 1. Da admissibilidade dos recursos Dada a hipótese de solidariedade na responsabilidade por infração à legislação aduaneira apontada na autuação fiscal, as razões de contestação apresentadas por um dos acusados em princípio aproveitam ao outro autuado, com exceção de eventuais alegações de caráter pessoal que possam importar na caracterização de dolo específico. Como relatado, os responsáveis solidários arrolados pela fiscalização são: empresa MULTISOURCING Tecnologia e Informática Ltda, CNPJ 04.799.142/000111; Axicon Participações Ltda, CNPJ 08.843.543/000182; a Sra. Viviany Queiroz Costa, CPF 150.362.99884 e o Sr. Edilson de Jesus Caetano, CPF 051.708.07880, que embora regularmente intimados, NÃO apresentaram seus recursos junto aos autos. Posto isto, passo ao exame do recurso voluntário apresentado pela PROVIDER, que é tempestivo e atende o pressupostos de admissibilidade, devendo, portanto, ser conhecido. Sem a presença de questões preliminares, passase ao MÉRITO. 2. Do fato que ensejou o Auto de Infração O cerne do litígio é a prática de interposição fraudulenta de terceiros entre as empresas MULTISOURCING Tecnologia e Informática Ltda e PROVIDER Tecnologia e Sistemas Ltda. Ressalto que adoto como fundamentos, nos termos do art. 50, §1º da Lei nº 9.784/99, alguns dos argumentos expostos na decisão recorrida, que passam a fazer parte integrante do presente voto, porque os mesmos estão em consonância com os precedentes adotados por este Conselho Administrativo. Consta do Termo de Procedimento Fiscal (anexo ao Auto de Infração fls. 9/55), que a fiscalização apurou que a empresa MULTISOURCING, não é a real adquirente das mercadorias importadas e que a mesma operava como interposta pessoa em comércio exterior, praticando assim infração à legislação aplicável à matéria com previsão de pena de perdimento às mercadorias transacionadas. A MULTISOURCING é pessoa fraudulentamente interposta nas operações em que figurou como importadora e adquirente de produtos para informática entre 2010 e 2013. O Auto de Infração tem por REAL COMPRADOR no mercado interno a empresa PROVIDER. Face ao que determina o art. 23, inciso V, c/c o §3º, do DecretoLei n° 1.455, de 07 de abril de 1976, foi lavrado o presente Auto de Infração para a aplicação de multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias importadas pela impossibilidade de apreensão de tais mercadorias, uma vez que foram revendidas. Fl. 428DF CARF MF 16 3. Do conceito de Interposição em Operação de Importação Na legislação aduaneira, a interposta pessoa nada mais é que aquela que executa um ato jurídico ou uma série de atos jurídicos, a mando ou ordem de alguém. O ato jurídico, objeto da presente análise, é justamente a operação de importação maculada pela prática de interposição fraudulenta de terceiros. Portanto, tratase de um ilícito aduaneiro. O sujeito passivo oculto é aquele que não pode ou não querer promover a operação de importação em seu próprio nome. Por isso se vale outra empresa importadora regular para obter produto importado no mercado interno. Ressaltase que é perfeitamente legal que terceiro utilize uma empresa importadora para obter produto importado no mercado interno. Para tal, a legislação prevê duas formas de identificar o terceiro (REAL COMPRADOR no mercado interno) responsável pela importação: (i) modalidade de "importação por conta e ordem de terceiros"; e (ii) modalidade de "importação por encomenda". Não se valendo dessas duas modalidades legal de importação, fica caracterizado o conceito de interposição fraudulenta de terceiros. A legislação conferiu a pena para a prática de interposição fraudulenta de terceiros com o perdimento da mercadoria de origem estrangeira. A nova redação do § 3º, do artigo 23, do DecretoLei nº 1.455/76, dada pela Lei nº 12.350/10, substituiu a redação originariamente dada pela Medida Provisória n° 66/2002, e estipulou a alternância de procedimentos, aplicandose ao caso sob exame a multa equivalente ao valor aduaneiro (100% do valor aduaneiro) se a mercadoria passível de perdimento não for localizada, ou tiver sido consumida ou revendida, e será aplicado o rito do Decreto n° 70.235, de 1972 (PAF). 4. Do regramento para atuação no Comex É importante ressaltar um ponto chave na consolidação da legislação de combate a interposição fraudulenta de terceiros em operações de comércio exterior e que servirá para o adequado deslinde do caso sob análise: O artigo 27 da Lei n° 10.637/02 e a IN SRF nº 225, de 18 de outubro de 2002 responsáveis pela definição, previsão e regulamentação da modalidade de Importação por “conta e ordem” assim como o artigo 11 da Lei nº 11.281/2006 e a IN SRF nº 634/2006 responsáveis pela definição, previsão e regulamentação da modalidade de Importação por “encomenda”. A legislação acima, não criam qualquer conduta infracional. O que elas regulamentam, simplesmente, são formas permissivas de atuação de empresa interposta na importação (controle aduaneiro). Assim, temos que inicialmente o artigo 27 da Lei n° 10.637/02 (modalidade de Importação por “conta e ordem”) e posteriormente o artigo 11 da Lei n° 11.281/06 (modalidade de Importação por “encomenda”) criam formas permissivas do uso do importador interposto. 5. Dos procedimentos Fiscais realizados Verificase no TVE, que o lançamento que está se discutindo é resultado de fiscalização executada junto à empresa MULTISOURCING, relativamente apenas informação de como “Adquirente da Mercadoria” de suas importações realizadas no período de agosto/2010 a março/2013. O resultado do procedimento está formalizado sob o TDPFF n° 08165002015 006952, emitido em nome da PROVIDER, empresa identificada como real adquirente oculto de mercadorias importadas pela MULTISOURCING. 5.1 Da Ação Fiscal na empresa MULTISOURCING A empresa MULTISOURCING Tecnologia e Informática Ltda, foi constituída em 07/12/2001 como PROVIDER Produtos e Sistemas Ltda, com objeto social “Comércio Varejista de Equipamentos e Suprimentos de Informática”, capital subscrito de Fl. 429DF CARF MF Processo nº 11829.720019/201543 Acórdão n.º 3402004.321 S3C4T2 Fl. 422 17 R$300.000,00, endereço na Av. Dr. Cardoso de Melo, 1450, Vila Olímpia, São PauloSP, sendo os sócios no momento da fundação André Luiz Costa, com 50% de participação e José Joaquim Costa de Oliveira, com 50% de participação. Alterações no quadro societário sucederamse até 07/01/2003, quando foram admitidos Viviany Queiroz Costa (cônjuge de André Luiz Costa), com 90% de participação, e Edilson de Jesus Caetano, com 10% de participação. Consta dos autos (relatados no TVE), que em 02/10/2014, a fiscalização se deslocou ao estabelecimento da empresa MULTISOURCING no endereço cadastrado no CNPJ da RFB, para entregar ao responsável o Termo n° 01 Início de Fiscalização e Intimação, porém, encontraram o local fechado com placas de “aluguel” na grade (fls. 59/62). Para tanto, lavrouse o devido Termo de Constatação nº 2, com as fotos do imóvel (fls. 63/67). O respectivo Termo n° 02, solicitava aos representantes da empresa, a comprovarem o efetivo funcionamento da empresa e a condição de real adquirente das mercadorias importadas, bem como a origem lícita, disponibilidade e efetiva transferência dos recursos utilizados na prática das operações, tudo conforme o art. 4° da Instrução Normativa n° 228/2002, além de apresentar: o contrato social; notas fiscais em papel emitidas em 2010 e 2011; contratos de câmbio celebrados entre 2010 e 2013; extratos de movimentação bancária de janeiro/2010 a março/2014; livros Caixa ou Diário de 2012 e 2013; e · arquivos digitais em caso de a sociedade ter escriturado suas contas utilizandose de processamento eletrônico. O sócio Edílson de Jesus Caetano protocolou petição em 29/10/2014, alegando que desde 2011 está afastado da empresa, embora seu nome ainda conste do quadro societário, mas que fez contato com a sócia majoritária Viviany Queiroz Costa e esta solicitou prorrogação de prazo para atendimento. Foi elaborado Termo de Reintimação, enviado para o endereço da empresa cadastrado no CNPJ (com retorno ao remetente em 03/11/2014) e no endereço dos sócios, mas nenhum representante da MULTISOURCING, atendeu ou compareceu para prestar os esclarecimentos solicitados. Assim, o Fisco expediu os Termos de Intimação n° 5 e 6, dirigidos a, respectivamente, Banco do Brasil S/A e Itaú Unibanco S/A, contendo Requisições de Informações sobre a Movimentação Financeira (RMF) das contas em nome da empresa fiscalizada, inclusive dos contratos de câmbio (fl. 75/82). O Banco do Brasil e o Banco Itaú apresentaram as informações solicitadas em mídia óptica (doc. fls. 83/96). Foram colhidos também os extratos das declarações de importação registradas pela MULTISOURCING no SISCOMEX, planilha das DIs do DW Aduaneiro, informações cadastrais da importadora (ocultante) e da real adquirente (ocultada) na Junta Comercial do Estado de São Paulo (JUCESP), notas fiscais emitidas pelas empresas fiscalizadas via sistema SPED, além de informações dos sistemas de cadastro de pessoas físicas e jurídicas e de recepção de declarações fiscais (docs. fls. 96/160). Analisadas as informações disponíveis, constatouse infração à legislação tributárioaduaneira, qual seja, ocultação do real adquirente das mercadorias importadas mediante fraude ou simulação. 5.2 Da Ação Fiscal na empresa PROVIDER A empresa PROVIDER, foi constituída em 13/01/2005, com objeto social “Comércio Varejista Especializado de Equipamentos e Suprimentos de Informática”, capital Fl. 430DF CARF MF 18 subscrito de R$ 100.000,00, endereço na Avenida Doutor Cardoso de Melo, 1.450, Vila Olímpia, São Paulo (SP), sendo os sócios no momento da fundação Edilson de Jesus Caetano, com 10% de participação e Elvio Neves de Queiroz, com 90% de participação. Este último foi substituído, em 13/06/2005, por André Luiz Costa. Alterações societárias ocorreram em 13/08/2007 e 19/08/2009, sendo que após esta última data, o capital social subscrito da sociedade havia aumentado para R$ 250.000,00, sendo 10% pertencentes a Edilson de Jesus Caetano e 90% à Axicon Participações Ltda. Em 17/05/2011, o capital social foi novamente redistribuído, ficando 99,96% com Axicon Participações Ltda e 0,04% com Viviany Queiroz Costa. A empresa Axicon Participações Ltda, fundada em 12/02/2007, tem como sócios Edilson de Jesus Caetano, com 5% de participação no capital social, e Viviany Queiroz Costa, com 95% de participação. Em 23/10/2014, foi averbada na Junta Comercial a falência da empresa (processo n° 0042868 38.2010.8.26.0100). Em 24/06/2015, foi enviado ao endereço da PROVIDER cadastrado no CNPJ o Termo de Início de Ação Fiscal, por via postal. O Termo foi retornado ao remetente com a indicação “Desconhecido”. Também foi enviado aos sócios da empresa Axicon Participações Ltda e Viviany Queiroz Costa, o Termo de Início de Ação Fiscal e Intimação nº 1, com o mesmo teor do termo de início anterior, acrescido de intimação para que os sócios providenciem, em 30 (trinta) dias, a atualização do endereço da empresa no órgão de registro competente dos atos constitutivos da empresa, nos termos do art. 24, § 1º da IN nº 1.470/2014, bem como atualização do endereço no CNPJ, sob pena de inaptidão da inscrição da empresa no CNPJ, nos termos do art. 37 daquela mesma Instrução Normativa. Não foi solicitada nenhuma informação à empresa em forma de intimação, pois as provas necessárias e suficientes para caracterização da infração por parte da PROVIDER já haviam sido coletadas por ocasião da fiscalização na MULTISOURCING. 6. Da Habilitação para Operador de Comex (PROVID4R e MULTISOURCING) A empresa PROVIDER atuava no período fiscalizado como fornecedora de equipamentos de informática e telecomunicações, e como ela mesma confirma em seu recurso, tinha como principais clientes órgãos públicos que adquiriam seus produtos através de pregão. Vejase trechos abaixo: "(...) a empresa sempre atuou no comércio de produtos de informática adquiridos no mercado interno sem jamais ter importado qualquer produto do exterior. O seu grupo de clientes se dividia basicamente entre revendas de informática, clientes corporativos e Órgãos Públicos". "(...) O modelo de negócios consiste em levantar as demandas existentes por produtos de informática em nossos clientes da iniciativa privada e também junto aos órgãos públicos que adquirem através de concorrência pública, pesquisar junto aos nossos fornecedores as melhores condições comerciais e com isso concluir as vendas de forma a maximar a rentabilidade da empresa. Em nosso modelo de negócios, a manutenção de estoques deve ser mínima e por isso geralmente as compras se efetivam depois de concluirmos o processo de vendas. Logo, após a efetivação de uma venda, seja ela feita para a iniciativa privada ou seja ela feita para o Governo, damos inicio ao processo de compras, inicialmente através da validação da melhor condição comercial já obtida junto aos nossos fornecedores nacionais ou eventualmente através de uma importação". O Fisco verificou que entre 07/05/2009 e 25/12/2010, a PROVIDER era habilitada a operar no comércio exterior na modalidade simplificada, submodalidade operação Fl. 431DF CARF MF Processo nº 11829.720019/201543 Acórdão n.º 3402004.321 S3C4T2 Fl. 423 19 de pequena monta, o que a limitava a importar $ 150.000 (cento e cinquenta mil dólares) em valor CIF a cada 6 meses. Em 25/12/2010, a habilitação foi suspensa por inatividade no comércio exterior. Embora habilitada a operar no comércio exterior, os produtos que revendia aos Órgãos públicos não eram oriundos de importações em nome próprio, mas de importações realizadas em nome da empresa Multisourcing Tecnologia e Informática Ltda, permanecendo a PROVIDER oculta perante o Fisco na operação de importação daquela. Já a empresa MULTISOURCING, se apresentava como comercializadora de equipamentos e suprimentos de informática importados. Para isto, conseguiu habilitação para operar no comércio exterior sem restrição de valor ou quantidade importada. Esta habilitação perdurou até 04/12/2014, quando foi suspensa no SISCOMEX, em procedimento de revisão de habilitação regulamente instaurado, na qual não respondeu a intimação encaminhada pela Receita Federal do Brasil. A fiscalização afirma que suas importações realizadas a partir de 2010 já tinham destinatários conhecidos de antemão e os recursos necessários eram adiantados pelos reais adquirentes ocultos. 7. Da incapacidade operacional da MULTISOURCING A fiscalização apurou que entre os anos de 2010 e 2013, a empresa MULTISOURCING registrou 41 Declarações de Importação, sendo todas elas como importação própria, perfazendo um total de R$ 2.700.223,27 em mercadorias descritas como equipamentos e suprimentos de informática, como copiadoras, scanners, impressoras, cartuchos de tinta, entre outros. A capacidade operacional se traduz em como o patrimônio é aplicado na atividade operacional da empresa, pois revela o nível de emprego dos fatores econômicos da Recorrente (infraestrutura, máquinas, equipamentos, funcionários, veículos, imóveis, capital de giro, etc.) na realização de seu objeto social, no caso, importação de mercadorias e revenda no mercado interno. Dentro deste contexto, vejase a análise efetuado pelo Fisco: 1) conforme verificado na GEFIP entregue em 2010, e doravante não apresentando mais, constatouse que a empresa não mantinha nenhum funcionário em seus registros para o desempenho de suas atividades regulares; 2) analisando as Declarações de Informação da Pessoa Jurídica (DIPJ) da MULTISOURCING, constatase que a DIPJ do ano de 2012 (relativo ao exercício 2011) aponta receita bruta zero e as DIPJ dos anos de 2013 e 2014 (relativas aos exercícios 2012 e 2013), não foram entregues pela empresa; 3) a fiscalização informa que, em consulta aos recolhimentos de tributos federais a partir de 2010, constatase que apenas os tributos incidentes na importação (Imposto de Importação, IPIImportação, PISImportação, COFINSImportação, taxa de utilização do Siscomex, multas aplicadas no despacho aduaneiro) foram recolhidos, não havendo recolhimento de nenhum outro, como IRPJ, CSLL, IPI e PIS/COFINS; Ou seja, concluiuse que a MULTISOURCING não tinha estrutura mínima para funcionamento e receitas no sentido convencional, para dela auferir lucro. Ela apenas recebia os adiantamentos dos reais adquirentes para cobrir os custos da importação. Fl. 432DF CARF MF 20 8. Do processo de Inaptdão do CNPJ da MULTISOURCING Considerando as provas juntadas nos autos que a empresa Multisourcing atuava, de fato, como mera cedente do nome para realização da importação, pois não tinha condições econômicofinanceiras e operacionais para atuar no negócio de importação e comercialização daqueles produtos, foi formalizado o PAF n° 11829720.050/201401 e a DECLARAÇÃO DE INAPTIDÃO do CNPJ foi publicada através do Ato Declaratório Executivo n° 003, de 02/03/15, no Edital Eletrônico n° 001075057 da Delegacia da Receita Federal do Brasil de CampinasSP. 9. Das importações x processos de perdimento das mercadorias Consta nos autos que, em 13/11/2012, a fiscalização da ALF/Guarulhos (SP) concluiu que a empresa MULTISOURCING registrou as DIs n° 12/00052058 e 12/0119356 9, respectivamente em 02/01/2012 e 19/01/2012, atuando como interposta pessoa, ocultando os reais adquirentes das mercadorias, no caso, dentre os reais adquirentes estava a empresa PROVIDER. O processo de perdimento foi formalizado sob o n° 10814 727.744/201204. Em 07/04/2014, foi aplicado nova pena de perdimento nas mercadorias cuja importação foi iniciada pela MULTISOURCING com o registro da Dl n° 13/10646114 em 04/06/2013. Tratavamse de unidades de armazenamento NAS, fontes de alimentação e cartuchos para toner. Novamente, concluiuse que dentre os verdadeiros adquirentes encontravase a PROVIDER. Este processo foi formalizado sob o n° 10814722.723/201456. 10. Da relação entre o EXPORTADOR e o ADQUIRENTE Em seu recurso argumenta a Recorrente que (fl. 385) "(...) Ora Ilustres Julgadores, vejam que o próprio auditor da Receita Federal afirma ter encontrado INDÍCIOS, que APONTAM, mas jamais produziu provas robustas do que alega, fazendo acusações de forma TOTALMENTE precária, e apresenta as seguintes "EVIDÊNCIAS(..)". Qualquer cidadão mediano sabe que este "documento" não tem qualquer validade legal no Brasil, quer por não estar respaldado pelas formalidades legais, quer pela ausência da verdade material. Uma vez mais, partese de uma premissa errada e tenta validar a sua teoria!". "(...) Como pode ser visto acima, as diversas empresas possuem sócios distintos com participações acionárias diversas não caracterizando relação de dependência e muito menos de que a MULTISOURCING realizou importação em nome da PROVIDER. Ora o Senhor Auditor Fiscal partiu de premissas ABSOLUTAMENTE EQUIVOCADAS e concluiu o seu relatório de maneira desastrosa, chegando a conclusões muito DISTANTES da verdade dos fatos". Por outro giro, afirma a fiscalização que todos as importações objeto deste Auto de infração tiveram como exportador a empresa CONACTA Inc., sediada em Weston, Florida, USA. Em pesquisa no site da Internet, cnsta que essa empresa foi desativada em 28/09/2012, mas aparece como exportadora das mercadorias importadas pela MULTISOURCING até 08/03/2013. No TVE (quadro de fl. 39), a fiscalização demonstra que a CONACTA (exportador), tinha como sócia a Sra. Viviany Queiroz Costa, que era a sócia com 90% de participação, junto com o Sr. Edilson de Jesus Caetano na importadora (10%), na MULTISOURCING. E que a Sra. Viviany, junto com a empresa Axicon eram sócios da empresa PROVIDER. A Axicon Participações Ltda tem como sócios Viviany Queiroz Costa (95%) e Edilson de Jesus Caetano (5%). Fl. 433DF CARF MF Processo nº 11829.720019/201543 Acórdão n.º 3402004.321 S3C4T2 Fl. 424 21 No referido quadro, resta demonstrado que as mesmas pessoas controlavam todos os elos da cadeia de importação, desde o exportador até o real adquirente, passando pelo importador. Conclui o Fisco que este controle absoluto sobre a cadeia facilita a prática de ilícitos aduaneiros. 11. Das Antecipações dos Recursos Aduz a Recorrente que, "(...) A fiscalização alega que a PROVIDER adiantava recursos nas contas da Multisourcing para pagamento ao exportador, tributos de importação e custos diversos como transporte, armazenagem e outros, entretanto isto é uma PRESUNÇÃO EQUIVOCADA DOS FATOS, visto que os valores não se tratavam de adiantamentos mas sim o pagamento de compras pretéritas" (...). A fiscalização efetuou a análise dos extratos bancários da MULTISOURCING que foram disponibilizados pelos Banco do Brasil e Itaú Unibanco, através de Requisição de Movimentação Financeira, e podese verificar frequentes adiantamentos de recursos (fls. 40/42). Reproduzo abaixo, como exemplo, depósito da PROVIDER na conta da MULTISOURCING no Itaú nº 50002, agência 3130. Esta transferência foi realizada para sua outra conta no Banco do Brasil nº 500003, agência 1880, no mesmo dia ou no dia útil anterior ao fechamento do câmbio de importação da MULTISOURCING. Por outro giro, a Recorrente, sobre esse tópico, rebate com diversos exemplos, aduzindo em seu recurso que (fl. 389): "(...) 1 (Figura 50) Em 07/04/2010 a Multisourcing vendeu diversos produtos a PROVIDER pelo valor total de R$ 120.683,00 através da nota fiscal 187 (fl. 390). Os pagamentos foram feitos da seguinte forma: Em 23/11/2010 valor pago de R$30.683,00 e em 06/12/2010 valor pago de R$ 90.000,00. Apresenta um "print" bancário, conforme abaixo: "(...) Logo, concluise que os pagamentos listados refletem o pagamento integral da nota fiscal 187 no valor de R$ R$ 120.683,00, ficando comprovado de forma CABAL que o valor apontado não se tratava de adiantamento para fechamento de câmbio de Fl. 434DF CARF MF 22 importação. RESTA CLARO mais uma vez que a PRESUNÇÃO de que os valores apontados seriam ADIANTAMENTOS feitos para a empresa MULTISOURCING não tem qualquer fundamento pois se referem a PAGAMENTOS DE AQUISIÇÕES PRETÉRITAS!!!! No entanto, chama a atenção, que o alegado valor pago de R$ 30.683,00, se deu em 23 de NOVEMBRO, de uma venda realizada em 07/ABRIL (mais de 7 meses depois). E nada comprovou sobre o restante da fatura no valor de R$ 90.000,00, que alegou ter sido pago em 06/dezembro/2010. Sobre o extrato acima, a Recorrente alega que "(Figura 61) Idem ao item anterior" Com relação a (Figura 72), argumenta que "(...) Em 27/01/2011 (data da autorização) a Multisourcing vendeu mercadorias a PROVIDER pelo valor total de R$ 42.324,94 através da nota fiscal 002 (vide abaixo). O pagamento foi feito no dia 04/03/2011, conforme extrato apresentado, fulminando a tentativa do Fisco de caracterizálo como adiantamento para custeio parcial de câmbio de importação. RESTA CLARO mais uma vez que a PRESUNÇÃO de que os valores apontados seriam ADIANTAMENTOS feitos para a empresa MULTISOURCING não tem qualquer fundamento pois se referem a PAGAMENTOS DE AQUISIÇÕES PRETÉRITAS!!!!. Como já relatado, a MULTISOURCING não tinha capacidade financeira para suportar o ônus das importações, incluindo pagamentos ao exportador, tributos de importação e custos diversos como transporte, armazenagem e outros. As despesas aduaneiras (tributos, taxa SISCOMEX, etc) também eram pagas indiretamente pelo real adquirente das mercadorias, que transferia os recursos para a conta da MULTISOURCING no mesmo dia ou com antecedência de poucos dias ao registro da DI. Vejase: Fl. 435DF CARF MF Processo nº 11829.720019/201543 Acórdão n.º 3402004.321 S3C4T2 Fl. 425 23 No exemplo acima, a PROVIDER depositou em 25/08/2010 um total de R$ 50.725,00, suficiente para cobrir as aduaneiras decorrentes do registro da DI nº 10/14776840 na mesma data (“SISCOMEX PROT 1210363213), além do pagamento de ICMSImportação (“SISPAG TRIBUTOS”) e pagamento a fornecedor (“PGL Brasil Ltda”). Acima, os adiantamentos da PROVIDER foi realizado em duas parcelas, uma no dia 22/11/2010 e outra em 23/11/2010, totalizando R$ 52.006,00, suficiente para cobrir as despesas com o Siscomex, ICMS e fornecedor (total R$ 50.683,50). A DI em tela é a de nº 10/20847230. Sobre esses extratos, a Recorrente alega o seguinte: (Figura 94) Uma vez mais, diferentemente do que afirma o auditor, os pagamentos efetuados em 22/11/2010 de R$ 21.323,00 e R$ 30.683,00 em 23/11/2010 são referentes a compras efetuadas pela PROVIDER junto a Multisourcing, através das notas fiscais 187 de 07/04/2010 e 189 de 13/05/2010, e não adiantamentos como quer fazer crer. Veja que todas estas aquisições foram feitas anteriormente aos seus respectivos pagamentos, conforme pode ser comprovado abaixo, fulminando a tentativa do Fisco de caracterizálos como adiantamentos para registro das Dl 10/20847230. A Nota Fiscal nº 187 de 07/04/2010 no valor total de R$ 120.683,00 foi paga em duas vezes conforme exposto no item 1 (Figura 50), sendo R$ 30.683,00 em 23/11/2010 e R$ 90.000,00 em 06/12/2010. 12. Análise das Notas Fiscais de Entrada e Saída MULTISOURCING Aduz a Recorrente que "(...) Em relação ao mapemanto de notas fiscais da Mutisourcing e demais considerações do auditor fiscal, não temos informações suficientes para tecer comentários, visto que não temos acesso aos dados fiscais e contábeis desta empresa. De qualquer maneira, REFUTAMOS VEEMENTEMENTE a acusação de sermos o real adquirente oculto destas ou de qualquer outra importação". A fiscalização extraiu via sistema SPED/DIGITAL as notas fiscais emitidas pela MULTISOURCING a partir de 01/01/2011 e os dados foram tabulados em planilhas. Foi realizado o mapeamento entre os itens das DIs, das notas fiscais de entrada e das notas fiscais de saída emitidas pela MULTISOURCING. Nas tabelas de fls. 43/44 (TVE), trazem os detalhes das notas fiscais emitidas pela MULTISOURCING relativas às mercadorias importadas a partir de 2011 cujo real adquirente oculto foi a PROMDER. No mapeamento realizado possibilitou visualizar as datas de saída nas mercadorias em relação às datas de entrada. Na maioria dos casos, a nota fiscal de saída foi emitida na mesma data que a nota de entrada. Em alguns casos foi emitida apenas poucos dias após a nota de entrada. Fl. 436DF CARF MF 24 Vejase um exemplo: 13. Das Margens de Lucro na venda das mercadorias Argumenta a Recorrente que, "(...) Ora, no caso em tela, é ABSURDA a presunção de que a empresa impugnante se apresenta como adquirente oculto, pois compra com margens de lucro baixas. O objetivo de qualquer empresa, NO MUNDO REAL DOS NEGÓCIOS, é comprar pelo MENOR VALOR possível e vender pelo MAIOR VALOR possível, maximizando assim o seu resultado". Informa o Fisco que outro elemento extraído da análise das notas fiscais é a baixa margem de lucro praticada pela MULTISOURCING em comparação com a margem de lucro praticada pelos ocultados na revenda dos produtos de informática aos Órgãos públicos. A tabela de fl. 45 (parcial) mostra as margens de lucro da PROVIDER na revenda dos produtos importados através das DIs nº 11/00482328 e 11/02811566 aos órgãos públicos em comparação às margens de lucro da MULTISOURCING na “revenda” à PROVIDER. Arremata o Fisco afirmando que "A margem de lucro é até dez vezes maior na revenda aos Órgãos públicos. Isso indica que a MULTISOURCING não era empresa com objetivo de gerar lucro e remunerar os sócios, mas tinha tão somente objetivo de ser a empresa que formalizava as importações do grupo, para assim ocultar os reais adquirentes da relação com o Fisco". 14. Da quebra da cadeia do IPI É cediço que conforme o art. 4º da Lei nº 4.502, de 1964, o importador de mercadoria estrangeira é estabelecimento equiparado a industrial, da mesma forma consoante o artigo 13 da Lei 13.281/2006. Desse modo, a saída de mercadoria estabelecimento equiparado a industrial, mesmo quando a importação não tenha sido realizada diretamente por ele, constitui fato gerador do IPI, sendo efetivamente devido o valor do imposto em razão da diferença entre o preço de entrada e o preço de saída, pelo princípio da nãocumulatividade, conforme artigo 35 do Decreto nº 7.212/10 (RIPI). Diz a Recorrente, "(...) Ora Senhores, se há algum modus operandi , isto deveria ter sido provado e não através da repetição de frases de efeito do tipo sem qualquer lastro e amplitude. O que é mais surpereendente nesta peça acusatória é que a Autoridade Fiscal acusa mas não apresenta qualquer prova material mas sim uma narrativa fantasiosa do que se vislumbou ser. Ora não se pode achar, imaginar e divagar". Fl. 437DF CARF MF Processo nº 11829.720019/201543 Acórdão n.º 3402004.321 S3C4T2 Fl. 426 25 Observase que, conforme demonstrado na Tabela comparativa de fl. 46, apenas a MULTISOURCING é devedora de IPI na saída das mercadorias de seu estabelecimento. E, como pode ser visto no tópico 8.5 do TVE, o modus operandi escolhido pelo sócios das empresas concentrou as margens de lucro na revenda do real adquirente em detrimento do lucro da importadora. Desta forma, o IPI total devido após a nacionalização da mercadoria é apenas aquele incidente sobre o baixo lucro da MULTISOURCING, enquanto o alto lucro da PROVIDER fica imune à tributação de IPI. 15. Resumo dos fatos indiciários Durante a ação fiscal a fiscalização reuniu elementos que indicam a ocorrência da interposição fraudulenta de terceiros entre o importador interposto e o sujeito passivo oculto. Em seu TVE, a fiscalização elaborou um resumo do quadro indiciário referentes a todos os fatos apurados durante o procedimento de fiscalização. Vejase: (i) ficou demonstrado nos autos que a mesma pessoa física Sra. Viviany Queiroz Costa, é sócia do exportador no exterior (CONACTA), do importador (MULTISOURCING) e do real adquirente das mercadorias (PROVIDER); (ii) que a empresa exportadora (embora inativa desde 28/09/2012), ainda constou como exportadora para a MULTISOURCING, nas DIs registradas até 08/03/2013; (iii) que a PROVIDER é a empresa que efetivamente revendia os produtos de informática no mercado interno, ao contrário da MULTISOURCING, que não possuía estrutura física, humanas e capacidade operacional para esta atividade; (iv) que a PROVIDER antecipou os recursos necessários para a MULTISOURCING liquidar o câmbio e/ou suportar os tributos e outras despesas no registro das declarações de importação; (v) as notas fiscais de entrada e saída da MULTISOURCING, foram emitidas no mesmo dia ou com poucos dias de diferença, o que revela que a empresa não fazia estoque, pois já sabia quem era o destinatário das mercadorias no momento da importação; (vi) as margens de lucro da MULTISOURCING são baixíssimas, enquanto o lucro maior é concentrado na PROVIDER, revelando que a MULTISOURCING não era empresa com objetivo de lucrar, mas apenas ceder seu nome como um elo na cadeia de importação; (vii) que a ocultação da PROVIDER como adquirente das mercadorias nas declarações de importação tornou a MULTISOURCING única equiparada a industrial e assim única contribuinte do IPI na saída da mercadoria, possibilitando assim a nãoincidência do IPI na venda da PROVIDER (quebra da cadeia do IPI); a MULTISOURCING não recolhe tributos federais internos (IR, CSLL, Pis/Cofins, IPI); (viii) que a MULTISOURCING teve sua inscrição declarada inapta no CNPJ por não ter sido localizada no endereço fornecido à RFB e estar inadimplente quanto a obrigações acessórias com o Fisco federal, e, portanto, não respondeu às intimações da fiscalização, demonstrando a intenção de se esquivar da investigação. Fl. 438DF CARF MF 26 Em face de todo o acima exposto, é possível concluir que os produtos importadas pela MULTISOURCING através das declarações de importação listadas na Tabela de fl. 16 (TVE), tinham destino certo no momento da compra junto ao exportador: a empresa PROVIDER. As importações foram intermediadas pela MULTISOURCING por conta e ordem da PROVIDER; esta, tendo em vista legislação já descrita, deveria estar identificada como adquirente da mercadoria nas DIs registradas pelo importador, e não o fez. 16. Da penalidade configuração do dano ao Erário A ocultação do real responsável pela operação de importação é considerada dano ao Erário, pois implica na simulação das DIs e das faturas apresentadas para o despacho aduaneiro e sujeita o infrator à pena de perdimento da mercadoria. Dentro do contexto apurado pelo Fisco, e considerando o conjunto das condutas acima verificadas, a infração enquadrase no seguintes dispositivo: DecretoLei nº 37/1966, art. 23, incisos V e §§1 e 3º e Decreto nº 6.759/2009, art. 689, incisos VI e XXII. Também consta dos autos, que as mercadorias importadas pela MULTISOURCING, que tinham como real adquirente oculto a PROVIDER, foram todas revendidas, conforme consta nas notas fiscais de venda por ela emitidas (doc. 26, arquivo não paginável do eprocesso). Visando garantir o interesse da Fazenda Nacional, o legislador previu a conversão da pena de perdimento em multa no caso de mercadorias sujeitas à pena de perdimento terem sido consumidas, revendidas ou não localizadas. É a inteligência do § 3º do artigo 23 do Decreto Lei nº 1.455/1976, transcrito abaixo: Art 23. Consideramse dano ao Erário as infrações relativas às mercadorias: (...) V estrangeiras ou nacionais, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) § 1º O dano ao erário decorrente das infrações previstas no caput deste artigo será punido com a pena de perdimento das mercadorias. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) § 2º Presumese interposição fraudulenta na operação de comércio exterior a não comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) § 3º As infrações previstas no caput serão punidas com multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, na importação, ou ao preço constante da respectiva nota fiscal ou documento equivalente, na exportação, quando a mercadoria não for localizada, ou tiver sido consumida ou revendida, observados o rito e as competências estabelecidos no Decreto no 70.235, de 6 de março de 1972. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010) Desta forma percebese que o núcleo da infração da prática de interposição fraudulenta de terceiros é o uso de interposta pessoa em operação de comércio exterior com o propósito de acobertar o sujeito passivo oculto. Como já dito, temos que inicialmente o artigo 27 da Lei n° 10.637/02 (modalidade de Importação por “conta e ordem”) e posteriormente o artigo 11 da Lei n° Fl. 439DF CARF MF Processo nº 11829.720019/201543 Acórdão n.º 3402004.321 S3C4T2 Fl. 427 27 11.281/06 (modalidade de Importação por “encomenda”) criam formas permissivas do uso do importador interposto. Caracterizada a prática de qualquer uma dessas duas modalidades de Importação, sem a adoção dos respectivos procedimentos previstos para a adequada identificação do adquirente ou do encomendante no mercado interno, resta configurada a ocultação do sujeito passivo (real beneficiário da importação) pelo importador interposto. A partir disso foi detectada a espécie de infração, qual seja, o uso de interpostas pessoas como meio para acobertar a identificação do responsável pela importação (ocultação) por infração contra o sistema tributário nacional (FRAUDES FISCAIS/SIMULAÇÃO). 17. Da Responsabilidade e da solidariedade A fiscalização ressalta que "a ocultação de adquirente em operação de comércio exterior só ocorre com o concurso das pessoas envolvidas o importador ostensivo e o adquirente oculto. Não há como um importador ostensivo realizar uma importação para terceiro e ocultálo, sem saber da existência desse terceiro e sem sua concordância; assim como não há como o adquirente fazer com que mercadorias ingressem no país sem saber que outra empresa efetuará tal operação. A participação das duas, ou mais, pessoas na operação irregular implica o cometimento da mesma infração por todos, sendo que uma oculta e outra é ocultada. E todos devem responder pelo núcleo do tipo da infração ocultação". Conforme o exposto no Termo de Verificação Fiscal (anexo ao presente Auto de Infração (fl. 9), o Fisco caracterizou o Termo de Responsabilidade de que trata o art. 95 do DecretoLei nº 37/66, de 18/11/1966 (combinado com os arts. 124 e 135, da Lei n° 5.172/66, Código Tributário Nacional), às seguintes PF e PJ: à empresa Multisourcing Tecnologia e Informática Ltda, Axicon Participações Ltda, Sra. Viviany Queiroz Costa e Sr. Edilson de Jesus Caetano. Desta forma, restou comprovado nos autos que a PROVIDER é a empresa (real) compradora das mercadorias no exterior, foi quem identificou a sua necessidade e colocou seus pedidos de compra junto a MULTISOURCING. A luz do art. 95, do Decretolei nº 37, de 1966 (art. 603, I e II do Regulamento Aduaneiro), restando comprovado que outra pessoa participou ou se beneficiou da infração, o Fisco não pode escolher apenas uma delas para autuar. A solidariedade entre os agentes ou beneficiários da infração decorre da Lei e tem como objetivo proporcionar maior segurança aos interesses públicos, inclusive no tocante à eficácia da norma punitiva. Nesse caso, ainda que o sujeito passivo solidário possa responder pela dívida em conjunto ou isoladamente, o lançamento deve ser contra ambos, de forma que a obrigação deles fique devidamente formalizada, consoante determina a Portaria RFB nº 2.284/2010. A opção legal sobre como eles vão responder efetivamente pela dívida diz respeito à fase de satisfação do crédito. A lei dispõe que os responsáveis solidários pela dívida podem responder em conjunto ou isoladamente, para satisfação do crédito tributário. Vejase a reprodução do art. 95, do Decretolei nº 37/66 (grifamos): Fl. 440DF CARF MF 28 Art. 95 Respondem pela infração: I conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática, ou dela se beneficie; [...]V conjunta ou isoladamente, o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso da importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) VI conjunta ou isoladamente, o encomendante pre determinado que adquire mercadoria de procedência estrangeira de pessoa jurídica importadora. (Incluído pela Lei nº 11.281, de 2006). O exposto no artigo 95 mencionado, mostra também que é incorreta a alegação da solidária de que na legislação aduaneira que disciplina o despacho de importação e a empresa importadora, somente pode ser atribuída responsabilidade tributária ao importador. Na importação realizada com interposição fraudulenta de terceiro, em que for identificado o real adquirente da mercadoria, tanto o importador oculto como o ostensivo podem ser qualificados como o contribuintes dos tributos e das penalidades incidentes nas operações. Nesse contexto, destaca o Fisco que: (i) Viviany Queiroz Costa: Conforme consta no cadastro da RFB e da Junta Comercial do Estado de São Paulo, Viviany Queiroz Costa era, à época dos fatos, sócia administradora de ambas empresas MULTISOURCING e PROVIDER (esta última tanto diretamente, como através da Axicon Participações Ltda). Sendo sócia em comum das duas empresas, bem como do exportador CONACTA, é evidente que tinha conhecimento da simulação empregada e beneficiouse dela diretamente. (ii) Edilson de Jesus Caetano: Conforme consta no cadastro da RFB e da Junta Comercial do Estado de São Paulo, Edilson de Jesus Caetano era, à época dos fatos, sócioadministrador de ambas empresas MULTISOURCING e PROVIDER (esta última tanto diretamente, como através da Axicon Participações Ltda). Sendo sócio em comum das duas empresas, é evidente que tinha conhecimento da simulação empregada e beneficiouse dela diretamente. (iii) Axicon Participações Ltda: Conforme consta no cadastro da RFB e da Junta Comercial do Estado de São Paulo, a Axicon Participações Ltda, cujos proprietários são Vivany Queiroz Costa e Edilson de Jesus Caetano, detinha, até 17/05/2011, 90% da empresa PROVIDER e, a partir daquela data, 99,96%. Como controladora do contribuinte infrator, a empresa montada pelos mesmos sócios da MULTISOURCING e da PROVIDER, deve ser arrolada como solidária no auto de infração, por ter se beneficiado da simulação empregada. Em outras palavras, mais de uma pessoa e empresas concorreu para a realização do mesmo fato gerador e, assim, todas poderão ocupar o polo passivo da relação tributária sem qualquer benefício de ordem, mormente em caso de conluio, conforme preceitua o art. 95, inciso I, do Decretolei nº 37/1966. Posto isto, ao tratar da responsabilidade e solidariedade, a fiscalização faz alusão ao citado art. 95 do Decretolei nº 37, de 1966, que preceitua a responsabilidade conjunta tanto daqueles que de alguma forma concorrem para a prática da infração ou dela se beneficiam quanto, especialmente, do importador e do adquirente de mercadoria estrangeira Fl. 441DF CARF MF Processo nº 11829.720019/201543 Acórdão n.º 3402004.321 S3C4T2 Fl. 428 29 importada por sua conta e ordem, o que é regulamentado pelo art. 603, incisos I e V, do Regulamento Aduaneiro. 18. Conclusão Convencido de que as constatações do Fisco deram conta de que ficou evidenciado nos autos os procedimentos adotados no processo de importação, tinha intuito único de ludibriar as autoridades dos Controles Aduaneiros (simulação) e se revela consistente as acusação de ocultação do sujeito passivo e o real importador, responsável pela operação e distribuído para a MULTISOURCING, o que leva concluir que a Recorrente (PROVIDER), incorreu na prática de Ocultação do Sujeito Passivo, do real comprador, mediante simulação, considerada como Dano ao Erário e punida com a pena de perdimento das mercadorias e convertido em multa do valor aduaneiro, conforme parágrafo 3º do artigo 23, inciso V, do Decreto lei nº 1.455, de 1976 . Posto isto, conheço do recurso interposto, para negarlhe provimento, mantendose a multa objeto da presente lide à empresa PROVIDER Tecnologia e Sistemas Ltda. e como responsáveis solidários, as seguintes PF e PJ: à empresa Multisourcing Tecnologia e Informática Ltda, Axicon Participações Ltda, Sra. Viviany Queiroz Costa e Sr. Edilson de Jesus Caetano. É como voto. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Fl. 442DF CARF MF 30 Declaração de Voto 1. Com a devida vênia, ouso parcialmente divergir do voto do ilustre relator do caso, o que fundamento nos seguintes termos. (i) Da responsabilidade das pessoas de Viviany Queiroz Costa, Edilson de Jesus Caetano e Axicon Participações Ltda. 2. Primeiramente, insta destacar que a presente exigência aduaneira foi estendida solidariamente às pessoas dos sócios das empresas aqui fiscalizadas, quais sejam, a Sra. Viviany Queiroz Costa, o Sr. Edilson de Jesus Caetano e, ainda, a empresa Axicon Participações Ltda., conforme se observa das fls. 51/52 do Termo de Verificação Fiscal. 3. Convém também registrar que tais pessoas não impugnaram a presente exigência fiscal, fato este que, todavia, não impede o conhecimento, de ofício, da questão quanto à responsabilidade aduaneira em questão. Isto porque, segundo reza o art. 485, § 3o do CPC1, aplicado aqui de forma subsidiária, nos termos do art. 15 do citado Codex2, determinadas questões litigiosas, como a legitimidade processual, podem ser conhecidas de ofício e, ainda, em qualquer tempo e grau de jurisdição. 4. Neste diapasão, resolvo por conhecer de ofício a questão a (i)legitimidade passiva dos responsáveis indicados no presente tópico. (i.i) Das qualificação jurídica da imputação de responsabilidade para as pessoas aqui analisadas 5. Antes, todavia, de seguir adiante na análise da questão da responsabilidade das pessoas físicas indicadas na presente autuação, mister se faz reiterar que se está diante de uma exigência aduaneira e não tributária, haja vista que a sanção aqui imposta é, exclusivamente, a aplicação de multa decorrente da conversão da pena de perdimento de mercadoria importada mediante interposição fraudulenta. Nesse sentido, a exigência aqui tratada apresenta um regime jurídico próprio, i.e., aduaneiro, e não tributário, o que decorre de pressupostos jurídicos próprios, exatamente como tem ressaltado a nossa melhor doutrina: (...). Notese que os pressupostos jurídicos e ontológicos do exercício da competência administrativa aduaneira definem um regime jurídico completamente diferente do regime jurídico tributário. Enquanto na aduaneira o estado busca a proteção do mercado nacional, proteção das fronteiras com o controle do fluxo das transações comerciais internacionais, e a administração das zonas aduaneiras, na tributária, busca a arrecadação de tributos, suprir o erário de recursos decorrentes das relações 1 "Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: (...). § 3o O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos IV, V, VI e IX, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito em julgado. (...)." 2 "Art. 15. Na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou administrativos, as disposições deste Código lhes serão aplicadas supletiva e subsidiariamente." Fl. 443DF CARF MF Processo nº 11829.720019/201543 Acórdão n.º 3402004.321 S3C4T2 Fl. 429 31 jurídicas de direito privado de cunho econômico e hipoteticamente previstas nas normas jurídicas tributárias3. 6. Logo, em se tratando de responsabilidade para fins de exigência da sanção aqui tratada, o fundamento legal a ser invocado é aquele próprio do regime aduaneiro, i.e., o art. 95, inciso I do Decretolei n. 37/664. 7. Acontece que, ao se analisar os termos de sujeição passiva destinados às pessoas particularmente tratadas no presente tópico, é possível observar que o fiscal fundamenta tal responsabilidade nos seguintes termos, v.g. (fls. 51/52): (...) Além da solidariedade entre importador e adquirente da mercadoria, há a solidariedade dos sócios e demais pessoas que têm estreita ligação com a empresa. O CTN, em seu art. 135, dispõe que respondem pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com infração de lei, diversas pessoas relacionadas à empresa: Código Tributário Nacional Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: (...) III os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. Por fim, o CTN ainda traz, em seu art. 124, a solidariedade tributária das pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal: Código Tributário Nacional Art. 124. São solidariamente obrigadas: I – as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; Tais dispositivos legais do CTN, associado ao inciso I do art. 95 do DL 37/66, implicou a inclusão das pessoas a seguir (relacionadas na primeira página deste Termo): a. Viviany Queiroz Costa: Conforme consta no cadastro da RFB e da Junta Comercial do Estado de São Paulo, Viviany Queiroz 3 DOMINGO, Luiz Roberto. "Direito aduaneiro e direito tributário regimes jurídicos distintos." "In": "Tributação aduaneira à luz da jurisprudência do CARF Conselho Administrativo de Recursos Fiscais". DOMINGO, Luiz Roberto. PEIXOTO, Marcelo Magalhães. SARTORI, Angela (coordenadores). São Paulo: MP Editora, 2013. p. 193. 4 " Art.95 Respondem pela infração: I conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática, ou dela se beneficie; (...)." Fl. 444DF CARF MF 32 Costa era, à época dos fatos, sóciaadministradora de ambas empresas MULTISOURCING e PROVIDER (esta última tanto diretamente, como através da Axicon Participações Ltda). Sendo sócia em comum das duas empresas, bem como do exportador CONACTA, é evidente que tinha conhecimento da simulação empregada e beneficiouse dela diretamente. b. Edilson de Jesus Caetano: Conforme consta no cadastro da RFB e da Junta Comercial do Estado de São Paulo, Edilson de Jesus Caetano era, à época dos fatos, sócioadministrador de ambas empresas MULTISOURCING e PROVIDER (esta última tanto diretamente, como através da Axicon Participações Ltda). Sendo sócio em comum das duas empresas, é evidente que tinha conhecimento da simulação empregada e beneficiouse dela diretamente. c. Axicon Participações Ltda: Conforme consta no cadastro da RFB e da Junta Comercial do Estado de São Paulo, a Axicon Participações Ltda, cujos proprietários são Vivany Queiroz Costa e Edilson de Jesus Caetano, detinha, até 17/05/2011, 90% da empresa PROVIDER e, a partir daquela data, 99,96%. Como controladora do contribuinte infrator, a empresa montada pelos mesmos sócios da MULTISOURCING e da PROVIDER, deve ser arrolada como solidária no auto de infração, por ter se beneficiado da simulação empregada. (...) (negritos no original, sublinha nossa). 8. Percebese, pois, que o fiscal ignora essa distinção de regimes jurídicos e trata o presente caso como se tributário fosse, convocando, por conseguinte, para fins de responsabilização, os artigos 124, inciso I e 135, inciso III, ambos do CTN. Ao assim fazer, a fiscalização incorre em notório erro de direito. 9. O erro de direito é uma problema decorrente da equivocada subsunção do fato à norma ou, em outros termos, que emerge de uma indevida qualificação jurídica dos fatos apurados. É, pois, um problema internormativo, haja vista ter sua origem no descompasso entre a norma individual e concreta com a norma geral e abstrata que lhe dá fundamento. Já o erro de fato, por seu turno, é um problema intranormativo, decorrente de um erro na identificação do fato social descrito no antecedente de uma norma geral e abstrata. Essa é a doutrina de Paulo de Barros Carvalho: O erro de direito é a distorção entre o enunciado protocolar da norma individual e concreta e a universalidade enunciativa da norma geral e abstrata, ao passo que o erro de fato é desajuste interno na formação do enunciado protocolar (CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário – fundamentos jurídicos da incidência. 5ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2007. p. 111.). 10. A orientação consolidada do Superior Tribunal de Justiça está em compasso com a doutrina alhures transcrita, consoante bem ilustram os julgados abaixo: Ementa TRIBUTÁRIO. GUIAS DE IMPORTAÇÃO VENCIDAS E UTILIZADAS PELO CONTRIBUINTE. DESEMBARAÇO ADUANEIRO AUTORIZADO PELA AUTORIDADE FISCAL. POSTERIOR REVISÃO DO LANÇAMENTO. POSSIBILIDADE. Fl. 445DF CARF MF Processo nº 11829.720019/201543 Acórdão n.º 3402004.321 S3C4T2 Fl. 430 33 ERRO DE FATO VERIFICADO DENTRO DO PRAZO DECADENCIAL PARA CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. 1. Se a autoridade fiscal procede ao desembaraço aduaneiro à vista de guias de importação vencidas, circunstância dela desconhecida e ocultada pelo contribuinte, caracterizase erro de fato, e não erro de direito. 2. Por erro de fato devese entender aquele relacionado ao conhecimento da existência de determinada situação. 3. Dizse erro de direito aquele que decorre do conhecimento e da aplicação incorreta da norma. 4. Se o desembaraço aduaneiro é realizado sob o pálio de erro de fato, é possível sua revisão dentro do prazo decadencial, à luz do art. 149, IV, do CTN. Precedentes desta Corte. Agravo regimental provido. (Superior Tribunal de Justiça – STJ; 2ª. Turma; AgRg no REsp 942.539/SP; Relator: Ministro HUMBERTO MARTINS; Data do Julgamento: 02/09/2010; Data da Publicação/Fonte: DJe 13/10/2010) (grifos não constantes no original). Ementa TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO. MANDADO DE SEGURANÇA. DESEMBARAÇO ADUANEIRO. CLASSIFICAÇÃO TARIFÁRIA. AUTUAÇÃO POSTERIOR. REVISÃO DE LANÇAMENTO. ERRO DE DIREITO. SÚMULA 227/TRF. PRECEDENTES. 1. "A mudança de critério jurídico adotado pelo fisco não autoriza a revisão do lançamento" (Súmula 227 do TFR). 2. A revisão de lançamento do imposto, diante de erro de classificação operada pelo Fisco aceitando as declarações do importador, quando do desembaraço aduaneiro, constituise em mudança de critério jurídico, vedada pelo CTN. 3. O lançamento suplementar resta, portanto, incabível quando motivado por erro de direito. (Precedentes: Ag 918.833/DF, Rel. Min. JOSÉ DELGADO, DJ 11.03.2008; AgRg no REsp 478.389/PR, Min. HUMBERTO MARTINS, DJ. 05.10.2007, p. 245; REsp 741.314/MG, Rela. Min. ELIANA CALMON, DJ. 19.05.2005; REsp 202958/RJ, Rel. Ministro FRANCIULLI NETTO, DJ 22.03.2004; REsp 12904/SC, Rel. Min. LUIZ FUX, DJ 27/05/2002, p. 142; Resp nº 171.119/SP, Rela. Min. ELIANA CALMON, DJ em 24.09.2001). 4. Recurso Especial desprovido. (Superior Tribunal de Justiça – STJ; 1ª. Turma; REsp 1.112.702/SP; Relator:Ministro LUIZ FUX; Data do Julgamento: 20/10/2009; Data da Publicação/Fonte: DJe 06/11/2009) (grifos não constantes no original). Fl. 446DF CARF MF 34 11. É exatamente o caso dos autos. Em suma, a fiscalização aparentemente apurou adequadamente o fato imputado aos responsáveis aqui tratados, mas o qualificou juridicamente de forma indevida, o que enseja o reconhecimento quanto a ilegitimidade passiva de todos os responsáveis solidários tratados no presente tópico em particular. (i.ii) Da falta de motivação do ato administrativo em relação à responsabilização das pessoas aqui tratadas 12. Não obstante as considerações acima expostas, suficientes para implicar o reconhecimento quanto à ilegitimidade passiva das pessoas aqui tratadas, existe ainda mais um fundamento autônomo para reforçar tal conclusão. 13. Para tanto, não é demais reforçar que a fiscalização entendeu que a empresa Provider teria interposto fraudulentamente a pessoa jurídica de Multisourcing. Assim, imputou à empresa Provider pena de perdimento, posteriormente convertida em multa, capitulada no 23, inciso V, § 1o do Decretolei n. 1.455/76, estendendo, de forma solidária, tal sanção à empresa Multisourcing. 13. Dito isso, convém destacar que uma sanção deste jaez, veiculada por agente público, ganha status de ato administrativo, i.e., apresentase como manifestação de vontade do Estado, enquanto poder público, individual, concreta, pessoal, na consecução do seu fim, de criação da utilidade pública, de modo direito e imediato, para produzir efeitos de direito5. E, em se tratando de ato administrativo, deve seguir com rigor todos os vetores valorativos que orientam tal conduta, com especial ênfase à motivação, esta última garantida constitucionalmente como desdobramento da ideia de moralidade pública6 (art. 37 da CF), bem como expressamente prescrita no art. 50 da lei n. 9.784/907. 14. Assim, quando se fala em motivação do ato administrativo, o que se tem é uma garantia do administrado e, em contrapartida, um dever do agente público, dever esse que consiste em (i) delimitar a circunstância fática para o qual o ato administrativo se dirige, (ii) identificar, com precisão, os fundamentos jurídicos que fundamentam o ato administrativo, e, ainda, (iii) concatenar, de forma explícita, clara e congruente a relação existente entre o fato e o fundamento jurídico que subsidia o ato administrativo. Neste mesmo diapasão são as lições do professor Celso Antônio Bandeira de Mello: 5 MELLO, Oswaldo Aranha Bandeira. "Princípios gerais do direito administrativo (vol. I)". Rio de Janeiro: Forense, 1968. p. 413. 6 Apenas um ato motivado é passível de controle, seja ele interno (do ato em si considerado), seja ele externo (por órgãos de controle e fiscalização). 7 "Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: I neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; II imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; III decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública; IV dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório; V decidam recursos administrativos; VI decorram de reexame de ofício; VII deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais; VIII importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo. § 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato. § 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser utilizado meio mecânico que reproduza os fundamentos das decisões, desde que não prejudique direito ou garantia dos interessados. § 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e comissões ou de decisões orais constará da respectiva ata ou de termo escrito." Fl. 447DF CARF MF Processo nº 11829.720019/201543 Acórdão n.º 3402004.321 S3C4T2 Fl. 431 35 Dito princípio implica para a Administração o dever de justificar seus atos, apontandolhes os fundamentos de direito e de fato, assim como a correlação lógica entre os eventos e situações que deu por existentes e a providência tomada, nos casos em que este último aclaramento seja necessário para aferirse a consonância da conduta administrativa com a lei que lhe serviu de arrimo8. 15. Dar este tratamento à motivação dos atos administrativos, em última análise, significa promover uma identificação das ações da Administração Pública sob o prisma de que o Direito Público precisa ser, antes de tudo, o Direito nãoautoritário, dialógico e, concomitantemente, promotor da concretização (mais homogênea possível) do núcleo essencial dos direitos fundamentais, acima e além de interpretativismos estritos9. 16. Feitas tais considerações e voltando ao caso decidendo, insta destacar que o ato administrativo de responsabilização aduaneira para as pessoas aqui tratada é o Termo de Verificação Fiscal, mais precisamente as fls. 51/52 deste documento. É neste documento, portanto, que estaria delimitado o cenário fáticojurídico que implica o ato administrativo de responsabilização aduaneira. 17. É exatamente aí que começam a surgir os problemas de tais responsabilizações. Isso porque, como visto acima, a motivação do ato administrativo deve ser precisa, em especial para aqueles atos chamados de vinculados, ou seja, sujeitos à ideia de legalidade estrita, haja vista tudo o que fora escrito alhures e, ainda, particularmente pelo fato de o presente ato administrativo potencialmente desembocar em um processo administrativo (e possível processo judicial), o que potencializa a necessidade de motivação do ato para que o administrado possa exercer de forma plena seu direito de defesa (isso no âmbito administrativo ou, ainda, seu substancial direito de ação, já falando aqui no plano judicial). Nesse sentido, compete à Administração precisar as circunstâncias fáticojurídicas que permeiam o ato administrativo, de modo que o Administrado saiba, com precisão, de qual acusação jurídica deve se defender. Não é isso, todavia, o que ocorre no presente caso. 18. Conforme se observa do TVF, a fiscalização fundamenta a responsabilidade de tais pessoas jurídicas sob o fundamento de infração ao disposto nos arts. 124, inciso I e 135, inciso, ambos do Código Tributário Nacional. 19. Primeiro ponto a se levantar aqui é a indevida convocação do disposto nos arts. 124, inciso I e 135, inciso III, ambos do CTN, o que configura erro de direito, conforme já exposto no item imediatamente anterior do presente voto. 20. Não obstante, existe outro ponto a macular tal responsabilização e que merece destaque: a ausência de motivação. Em suma, o pretenso ato administrativo de responsabilização se fundamenta em dois tipos de responsabilidades de diferentes naturezas: a a do art. 124, inciso I do CTN, que prevê uma responsabilidade solidária em razão de um interesse jurídico comum10 na prática do fato gerador do tributo; e, ainda, a do art. 135, 8 "in" "Curso de direito administrativo". p. 69. 9 FREITAS, Juarez, "O controle dos atos administrativos e os princípios fundamentais". 3a. ed. São Paulo: Malheiros, 2004. p. 263. 10 Segundo professa a doutrina,. só possuem interesse comum "as pessoas que estão no mesmo polo na situação que constitui o fato jurídico tributário. Assim, por exemplo, os condôminos tem 'interesse comum' na propriedade; se esta dá azo ao surgimento da obrigação de recolher o IPTU, são solidariamente responsáveis pelo pagamento do imposto todos os condôminos" (SCHOUERI, Luís Eduardo. Direito tributário. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 476.). No mesmo diapasão é a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, quando prescreve que para a incidência do Fl. 448DF CARF MF 36 inciso III do CTN, que prevê uma responsabilidade pessoal ou subsidiária, a depender da corrente doutrinária e/ou jurisprudencial que se segue, e de caráter doloso. 21. São duas hipóteses de responsabilidades díspares e que, portanto, pressupõe duas situações fáticas também distintas. Não pode a fiscalização, sob o pretexto de "motivar" o ato administrativo, sair a esmo "catando" dispositivos legais (até conflitantes entre si) para esse fim. Seria o mesmo que admitir um lançamento tributário com fundamento nos dispositivos situados entre os artigos 145 a 156 da Constituição Federal ou, ainda, para fins de responsabilização tributária, admitir uma atribuição de sujeição passiva com base nos artigos 121, 122, 123, 124, 125, 128, 131, 134, 135 e 136, todos do CTN. 22. A motivação dos atos administrativos, em especial daqueles atos de natureza vinculada, deve ser precisa, sob pena, inclusive, de desnaturar o caráter vinculativo do ato para tornálo discricionário ou, o que é pior, transformálo em um ato arbitrário. "Fundamentar", pois, o ato administrativo em inúmeros dispositivos legais sem que haja circunstância fáticojurídica para isso equiparase à não motivação do ato administrativo, o que torna indevida essa responsabilização "por rajada", inapropriadamente executada em concreto pela fiscalização. 23. Não há dúvida, também, que este "tiroteio" legislativomotivacional dificulta o exercício do direito de defesa dos responsabilizados sob uma perspectiva substancial (substantive due process), mitigandoo, uma vez que tais pessoas não conseguem identificar, com precisão, contra quais circunstâncias fáticojurídicas deverão articular suas defesas. 24. Diante deste quadro e também por este motivo, reconheço, de ofício, a ilegitimidade passiva das seguintes pessoas (físicas e jurídicas): Viviany Queiroz Costa, Edilson de Jesus Caetano e Axicon Participações Ltda 25. É como voto. Diego Diniz Ribeiro Conselheiro. art. 124, inciso I do CTN não basta o mero interesse econômico, havendo a especial necessidade de haver um interesse jurídico no fato gerador do tributo: "Ementa TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. ISS. LEGITIMIDADE PASSIVA. GRUPO ECONÔMICO. SOLIDARIEDADE. INEXISTÊNCIA. SÚMULA 7/STJ. 1. A jurisprudência do STJ entende que existe responsabilidade tributária solidária entre empresas de um mesmo grupo econômico, apenas quando ambas realizem conjuntamente a situação configuradora do fato gerador, não bastando o mero interesse econômico na consecução de referida situação. 2. A pretensão da recorrente em ver reconhecido o interesse comum entre o Banco Bradesco S/A e a empresa de leasing na ocorrência do fato gerador do crédito tributário encontra óbice na Súmula 7 desta Corte. Agravo regimental improvido." (AgRg no AREsp 21.073/RS, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 18/10/2011, DJe 26/10/2011) (g.n.). "Ementa PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA NO RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. ISS. EXECUÇÃO FISCAL. PESSOAS JURÍDICAS QUE PERTENCEM AO MESMO GRUPO ECONÔMICO. CIRCUNSTÂNCIA QUE, POR SI SÓ, NÃO ENSEJA SOLIDARIEDADE PASSIVA. 1. O entendimento prevalente no âmbito das Turmas que integram a Primeira Seção desta Corte é no sentido de que o fato de haver pessoas jurídicas que pertençam ao mesmo grupo econômico, por si só, não enseja a responsabilidade solidária, na forma prevista no art. 124 do CTN. Ressaltese que a solidariedade não se presume (art. 265 do CC/2002), sobretudo em sede de direito tributário. 2. Embargos de divergência não providos." (STJ; EREsp 834044/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/09/2010, DJe 29/09/2010) (g.n.). Fl. 449DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10909.004692/2009-31
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Aug 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 11/01/2005 a 30/12/2005
OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INFORMAÇÃO DE EMBARQUE. SISCOMEX. TRANSPOTADOR ESTRANGEIRO. RESPONSABILIDADE DA AGÊNCIA MARÍTIMA. REPRESENTAÇÃO.
A agência marítima, por ser representante, no país, de transportador estrangeiro, é solidariamente responsável pelas respectivas infrações à legislação tributária e, em especial, a aduaneira, por ele praticadas, nos termos do art. 95 do Decreto-lei nº 37/66.
LANÇAMENTO. DESCRIÇÃO DOS FATOS. CLAREZA. NULIDADE. INEXISTÊNCIA.
Descritas com clareza as razões de fato e de direito em que se fundamenta o lançamento, atende o auto de infração o disposto no art. 10 do Decreto nº 70.235/72, permitindo ao contribuinte que exerça o seu direito de defesa em plenitude, não havendo motivo para declaração de nulidade do ato administrativo assim lavrado.
INFORMAÇÃO SOBRE O EMBARQUE. INOBSERVÂNCIA DO PRAZO. CONDUTA DESCRITA NO ART. 107, INCISO IV, ALÍNEA E, DO DECRETO-LEI Nº 37/66.
O contribuinte que presta informações fora do prazo sobre o embarque de mercadorias para exportação incide na infração tipificada no art. 107, inciso IV, alínea e, do Decreto-lei nº 37/66, sujeitando-se à penalidade correspondente.
Recurso voluntário negado.
Numero da decisão: 3401-003.881
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário apresentado.
Rosaldo Trevisan Presidente
Robson José Bayerl Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Rosaldo Trevisan, Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
Nome do relator: ROBSON JOSE BAYERL
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 11/01/2005 a 30/12/2005 OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INFORMAÇÃO DE EMBARQUE. SISCOMEX. TRANSPOTADOR ESTRANGEIRO. RESPONSABILIDADE DA AGÊNCIA MARÍTIMA. REPRESENTAÇÃO. A agência marítima, por ser representante, no país, de transportador estrangeiro, é solidariamente responsável pelas respectivas infrações à legislação tributária e, em especial, a aduaneira, por ele praticadas, nos termos do art. 95 do Decretolei nº 37/66. LANÇAMENTO. DESCRIÇÃO DOS FATOS. CLAREZA. NULIDADE. INEXISTÊNCIA. Descritas com clareza as razões de fato e de direito em que se fundamenta o lançamento, atende o auto de infração o disposto no art. 10 do Decreto nº 70.235/72, permitindo ao contribuinte que exerça o seu direito de defesa em plenitude, não havendo motivo para declaração de nulidade do ato administrativo assim lavrado. INFORMAÇÃO SOBRE O EMBARQUE. INOBSERVÂNCIA DO PRAZO. CONDUTA DESCRITA NO ART. 107, INCISO IV, ALÍNEA ‘E’, DO DECRETOLEI Nº 37/66. O contribuinte que presta informações fora do prazo sobre o embarque de mercadorias para exportação incide na infração tipificada no art. 107, inciso IV, alínea ‘e’, do Decretolei nº 37/66, sujeitandose à penalidade correspondente. Recurso voluntário negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 90 9. 00 46 92 /2 00 9- 31Fl. 654DF CARF MF 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário apresentado. Rosaldo Trevisan – Presidente Robson José Bayerl – Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Rosaldo Trevisan, Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Relatório Cuidase de auto de infração para exigência da multa prevista no art. 107, IV, “e” do DecretoLei nº 37/66, em razão do descumprimento do prazo para prestação de informação, no SISCOMEX, sobre embarque de mercadorias para exportação. Em impugnação o contribuinte sustentou ilegitimidade passiva, por desempenhar atividade de agente marítimo e não transportador; decadência do direito de exigir a penalidade; falta de tipicidade da conduta; ocorrência de denúncia espontânea em relação à prestação das informações, ainda que extemporaneamente; e, por fim, que não teria havido embaraço à fiscalização ou dano ao erário, revelando a multa infligida ofensa aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade. A DRJ Florianópolis/SC manteve o lançamento em decisão assim ementada: “AGENTE MARÍTIMO. REPRESENTANTE DO TRANSPORTADOR ESTRANGEIRO. RESPONSABILIDADE POR INFRAÇÕES. LEGITIMIDADE PASSIVA. Respondem pela infração à legislação aduaneira, conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para a sua prática. DADOS DE EMBARQUE. INFORMAÇÃO INTEMPESTIVA. PENALIDADE APLICADA POR VIAGEM EM VEÍCULO TRANSPORTADOR. A penalidade que comina a prestação intempestiva de informação referente aos dados de embarque de mercadorias destinadas à exportação é aplicada por viagem do veiculo transportador. ARGÜIÇÃO DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DAS INSTANCIAS ADMINISTRATIVAS PARA APRECIAÇÃO. Não compete às autoridades administrativas proceder à análise da constitucionalidade ou legalidade das normas tributárias que regem a Fl. 655DF CARF MF Processo nº 10909.004692/200931 Acórdão n.º 3401003.881 S3C4T1 Fl. 11 3 matéria sob apreço, posto que essa atividade é de competência exclusiva do Poder Judiciário.” Em recurso voluntário o recorrente fulcrou sua defesa na ilegitimidade passiva, vício formal do lançamento, falta de tipicidade da conduta e ocorrência da denúncia espontânea a afastar a imposição da multa, basicamente repetindo, nesses pontos, a argumentação exordial. A 1ª Turma Ordinária/4ª Câmara/3ª SEJUL/CARF/MF, por intermédio do Acórdão 3401002.440, de 26/11/2013, à unanimidade de votos, deu provimento ao recurso voluntário, em decisão cuja ementa está vazada nos seguintes termos: “INFORMAÇÕES SOBRE A CARGA TRANSPORTADA. RESPONSABILIDADE DA AGÊNCIA MARÍTIMA. A agência marítima, por ser representante, no país, de transportadora estrangeira, é solidariamente responsável pelas infrações previstas no Decretolei nº 77, de 1966. CORRETA DESCRIÇÃO DOS FATOS. FALTA DE MOTIVO PARA DECLARAÇÃO DE NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. Quando o auditorfiscal relata com clareza e precisão os fatos ocorridos, não há motivo para declarar a nulidade do auto de infração com fundamento em falha na descrição dos fatos. INFORMAÇÃO SOBRE O EMBARQUE PRESTADA FORA DO PRAZO. CONDUTA DESCRITA NO ART. 107, INCISO IV, ALÍNEA ‘E’, DO DECRETOLEI Nº 37/66. O contribuinte que tiver prestado as informações sobre as mercadorias embarcadas somente após o prazo estipulado pela Secretaria da Receita Federal comete a infração descrita no art. 107, inciso IV, alínea ‘e’, do Decretolei nº 37/66. MULTA PREVISTA NA LEGISLAÇÃO. CÁLCULO CORRETO. No caso em tela, foi aplicada a multa de R$ 5.000,00 por cada embarque com informação prestada fora do prazo, conforme previsão do art. 107, inciso IV, alínea ‘e’, do Decretolei nº 37/66. Portanto, não há que se falar em montante desproporcional ou desarrazoado. INFORMAÇÃO SOBRE AS MERCADORIAS EMBARCARDAS PRESTADAS FORA DO PRAZO, MAS ANTES DO PROCEDIMENTO FISCAL. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. APLICABILIDADE. EXCLUSÃO DA MULTA. Aplicase a denúncia espontânea, nos termos do § 2º, do art. 102, do Decretolei nº 37/66 c/c o art. 138, do CTN, excluindose a multa aplicada, quando a agência marítima presta informação sobre a carga embarcada fora do prazo, mas antes do procedimento fiscal.” Inconformada, a Fazenda Nacional interpôs recuso especial, que foi acolhido pela Câmara Superior de Recursos Fiscais, por sua 3ª Turma, verbis: Fl. 656DF CARF MF 4 “PENALIDADE ADMINISTRATIVA. ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. A denúncia espontânea não alcança as penalidades infligidas pelo descumprimento de deveres instrumentais, como os decorrentes da inobservância dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira, mesmo após o advento da nova redação do art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, dada pelo art. 40 da Lei nº 12.350, de 2010.” O dispositivo do aresto determinou a devolução do processo à câmara baixa para apreciação das demais questões aviadas em recurso voluntário: “Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, em dar provimento parcial ao recurso especial para considerar inaplicável ao caso a denúncia espontânea, devendo o processo retornar à instância a quo para apreciação das demais questões trazidas no recurso voluntário e que não foram objeto de deliberação por aquele Colegiado. Vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martínez López, que negavam provimento.” É o relatório. Voto Conselheiro Robson José Bayerl, Relator Inicialmente, dada a peculiaridade da situação, necessária a delimitação do objeto deste julgamento. Consoante voto condutor, nada obstante o integral enfrentamento das questões postas em recurso voluntário, a denúncia espontânea consubstanciaria questão prejudicial que impediria o conhecimento das demais matérias e, uma vez ultrapassada aquela, no recurso especial, imporseia nova manifestação a seu respeito: “Afastada a aplicação da denúncia espontânea, necessário verificar o efeito desse entendimento sobre o resultado do julgamento, tendo em vista que a decisão neste processo será aplicada a diversos outros, na sistemática prevista nos §§ 1º a 3º do art. 47 do RICARF (recursos repetitivos). Como a denúncia espontânea é questão prejudicial de mérito, impede o julgamento das demais questões afetas à exigência da penalidade em foco. Portanto, ainda que o voto condutor do recorrido tenha se pronunciado sobre outras questões de mérito, tal pronunciamento não representa julgamento pelo colegiado a quo, constituindo, apenas, manifestação pessoal do relator. Por isso, afastada a denúncia espontânea, deve o processo retornar à instância a quo para que sejam enfrentadas as questões de mérito trazidas pelo Sujeito Passivo no recurso voluntário.” (grifo no original) Fl. 657DF CARF MF Processo nº 10909.004692/200931 Acórdão n.º 3401003.881 S3C4T1 Fl. 12 5 Data maxima venia, ouso divergir desse posicionamento. Luiz Guilherme Marinoni e Sérgio Cruz Arenhart1 assim conceituam as denominadas “questões prejudiciais”: “As questões prejudiciais, portanto são questões (pontos de fato ou de direito controvertidos) que constituem antecedente lógico para o conhecimento da pretensão do autor, mas que não são decididas pelo juiz da causa, e sim, incidentalmente, resolvidas por ele, porque sobre elas ninguém pede decisão específica do magistrado, já que não compõem o bojo do pedido formulado pelo autor – e o juiz somente pode proferir sentença, que seja efetivamente de mérito, acolhendo ou rejeitando, no todo ou em parte, o formulado pelo autor (art. 459 do CPC).” Fredie Didier Júnior2 se manifesta sobre o assunto da seguinte maneira: “Considerase questão prejudicial aquela cuja solução dependerá não a possibilidade nem a forma do pronunciamento sobre a outra questão, mas o teor mesmo desse posicionamento. A questão prejudicial funciona como uma espécie de placa de trânsito, que determina para onde o motorista (juiz) deve seguir. Costumase dizer que as questões prejudiciais podem ser objeto de um processo autônomo. São exemplos de questões prejudiciais: a) a validade do contrato, na demanda que se pretende a sua execução; b) a filiação, na demanda por alimentos; c) a inconstitucionalidade da lei, na demanda em que se pretenda a repetição do indébito tributário, etc. Quando a questão prejudicial é o próprio objeto litigioso do processo (questão a ser resolvida principaliter), a doutrina costuma referirse à causa prejudicial, ao invés de ‘questão prejudicial’, expressão que ficaria restrita à situação em que o exame da questão fará parte apenas da fundamentação da decisão. É, como visto, um problema terminológico: basta que se tenha em vista que tanto é questão a que apenas será conhecida como aquela que, além disso, será decidida.” Pontualmente, a dita questão prejudicial é antecedente lógico da subseqüente, porém, sobre ela não haverá decisão específica, salvo se, no decorrer no processo, mostrarse necessária tal providência, como lecionam os autores citados. No caso vertente, a matéria indicada como questão prejudicial, denúncia espontânea, exige decisão específica sobre o seu acolhimento ou não, como razão para o afastamento da autuação e, como não bastasse, enquanto “questão” (ponto controvertido), não é antecedente lógico de julgamento das demais matérias arroladas em recurso, a ilegitimidade passiva, o vício formal do lançamento e a ausência de tipicidade, mas sim, o contrário. Com efeito, só há que se debater a ocorrência de “denúncia espontânea” se, anteriormente, for decidido que o recorrente é o sujeito passivo da exigência, que o instrumento 1 Manual do processo de conhecimento. 4ª edição revista, atualizada e ampliada. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2005. Pág. 155. 2 Curso de direito processual civil. Teoria geral do processo e processo de conhecimento. Volume I. 11ª edição revista, ampliada e atualizada. Salvador: Editora JusPodium, 2009. Pág. 301. Fl. 658DF CARF MF 6 de lançamento é válido e que a sua conduta está devidamente tipificada como infração na legislação tributária. Portanto, a relação de prejudicialidade se verifica entre a ilegitimidade/atipicidade e a denúncia espontânea, não o inverso. Em conclusão, para o caso dos autos não haveria matéria remanescente a ser julgada por este colegiado, representando a decisão corporificada no Acórdão nº 3401002.440, de 26/11/2013, não opinião pessoal do relator, mas entendimento definitivo do colegiado, que teria esgotado sua atribuição judicante. Admitase que, para a finalidade da aplicação do julgamento, como paradigma representativo de controvérsia, nos recursos repetitivos a que alude o art. 47 do RICARF/2015, a “denúncia espontânea” possa ser tomada como questão prejudicial, porque não encerraria a divergência se incide ou não a multa do art. 107, IV do DL 37/66 aos casos de inobservância do prazo para registro de embarque no SISCOMEX, mormente se considerada sua aplicação, por analogia, aos demais recursos repetitivos e o grau de abstração que deveria ostentar a decisão paradigmática, sob pena de ineficácia da medida. Entretanto, como asseverado, entendo que o mesmo raciocínio não pode ser aplicado, por extensão, ao caso presente, onde os demais argumentos, em ordem lógica de julgamento, devem preceder à matéria “denúncia espontânea”. Em que pese estar convencido que o tema “denúncia espontânea”, nestes autos, não represente questão prejudicial ante os demais, o que acarretaria falta objeto à remessa procedida pela Câmara Superior de Recursos Fiscais e, em consequência, razão suficiente para seu não conhecimento, no desiderato de evitar debates improfícuos, postergando ainda mais a solução do litígio, passo ao reexame do recurso voluntário. Nesse passo, replico a decisão estampada no Acórdão nº 3401002.440, de cujo julgamento participei e por não vislumbrar motivo para alteração de posicionamento sobre os temas remanescentes – ilegitimidade passiva, vício formal do lançamento e atipicidade da conduta –, adoto como razão de decidir, oportunidade que peço licença para coligir o voto vencedor pronunciado naquela assentada, o qual acompanhei in totum: “1. Da ilegitimidade passiva A Recorrente alega sua ilegitimidade passiva, por ser mera agência de navegação marítima. Todavia a alegação da Recorrente não prospera. Conforme elucida o art. 4º, da IN/SRF nº 800, de 28 de dezembro de 2007, as agências marítimas são as representantes da empresa de navegação estrangeira no país. Por sua vez, o parágrafo único, inciso II, do art. 32, do Decretolei nº 37/66 dispõe que é responsável solidário pelo imposto ‘o representante, no país, do transportador estrangeiro’. Nessa linha, é inquestionável que a Recorrente é responsável solidária, nos termos do art. 128, do CTN. Portanto, não resta dúvida quanto à responsabilidade passiva da Recorrente. 2. Da nulidade do auto de infração por erro na descrição dos fatos Fl. 659DF CARF MF Processo nº 10909.004692/200931 Acórdão n.º 3401003.881 S3C4T1 Fl. 13 7 A Recorrente sustenta que o auto de infração é nulo em razão da incorreta descrição dos fatos, pois no auto de infração ela é indicada como transportadora quando, na realidade, é agência marítima. A alegação da Recorrente não retrata a realidade, haja vista a clareza com a qual foi descrita a situação da autuada, ora Recorrente, conforme é possível perceber no seguinte trecho, extraído da descrição dos fatos, presente na fl. 03 dos autos: ‘A informação destes dados no SISCOMEX é de responsabilidade do transportador que, no caso do transporte ao exterior por via marítima, recebe as mercadorias em seu veiculo no porto de embarque nacional e as conduz até o porto de destino no exterior. Geralmente este transportador é empresa estrangeira que a legislação pátria prevê seja representada no pais por pessoa jurídica nacional. A empresa nacional representa e agencia o armador internacional e é ela que figura como transportador no SISCOMEX, sendo a responsável pela informação dos dados de embarque no sistema. Esta é a situação do autuado em epígrafe’. (grifo nosso) Diante da clareza da descrição na qual a Recorrente foi apontada como responsável por ser a representante da transportadora, não existe erro na descrição dos fatos, nem erro cerceamento de defesa. Logo, não há motivo para declarar o auto de infração nulo. 3. Da descrição legal da conduta O enquadramento legal da infração praticada pela Recorrente é o art. 107, inciso IV, alínea ‘e’, do Decretolei nº 37, de 18 de novembro de 1966, que assim dispõe: ‘Art. 107. Aplicamse ainda as seguintes multas: (...) IV – de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): (...) e) por deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada à empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de serviços de transporte internacional expresso portaaporta, ou ao agente de carga’. A Recorrente alega que, muito embora tenha prestado as informações intempestivamente, não praticou o ato descrito no decretolei, pois não deixou de prestar a informação. Fl. 660DF CARF MF 8 Todavia a alegação apresentada não corresponde à melhor interpretação da norma. A tipificação da conduta não é apenas deixar de prestar informação, mas também deixar de prestar na forma ou no prazo estabelecido pela Secretaria da Receita Federal. Nessa linha, se o sujeito apresentar as informações depois do prazo estabelecido pela Secretaria da Receita Federal, estará cometendo a infração de ‘deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal’. No caso em tela, não se discute se a informação foi prestada tempestiva ou intempestivamente, pois o descumprimento do prazo foi confessado pela Recorrente. O que se discute é se o atraso na informação é a conduta tipificada no art. 107, inciso IV, alínea ‘e’, do Decretolei nº 37/66 e, como já analisado, a conduta da Recorrente está enquadrada de forma correta, de modo que não cabe o cancelamento do auto de infração.” O agente marítimo, na qualidade de representante do transportador estrangeiro, no país, por força do art. 95 do DL 37/66, responde pela infração consistente na prestação de informações sobre embarques de exportação, no SISCOMEX, fora do prazo, sendo legitimado passivo a figurar no lançamento respectivo. Quanto ao alegado vício formal, o auto de infração descreve claramente a infração imputada ao sujeito passivo, arrolando todas as razões de fato e de direito que ensejaram a sua lavratura, atendendo fielmente as disposições do art. 10 do Decreto nº 70.235/72. Concernente, à atipicidade da conduta, não acode o direito ao recorrente, haja vista que, prevista a obrigação de informar em prazo definido os embarques de exportação no sistema próprio, inobservada temporalidade da informação, plenamente cabível a infração prescrita no art. 107, IV, “e” do DL 37/66, consoante o qual é aplicável a multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), aplicável àquele que deixa de prestar informação sobre carga ou sobre as operações que execute, no prazo estabelecido pela Secretaria da Receita Federal, à empresa de transporte internacional ou ao agente de carga. Com estas considerações, voto por negar provimento ao recurso voluntário. Robson José Bayerl Fl. 661DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13886.720025/2013-80
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Jul 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Oct 11 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2008
RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. MOMENTO DA TRIBUTAÇÃO.
As diferenças decorrentes de verbas previdenciárias, ainda que recebidas acumuladamente pelo contribuinte, devem ser tributadas pelo imposto sobre a renda com a aplicação das tabelas progressivas vigentes à época da aquisição dos rendimentos (meses em que foram apurados os rendimentos percebidos a menor), ou seja, de acordo com o regime de competência, consoante decidido pelo STF no âmbito do RE 614.406/RS.
Numero da decisão: 9202-005.640
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Patrícia da Silva (relatora), Ana Paula Fernandes, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Heitor de Souza Lima Júnior.
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício.
(assinado digitalmente)
Patrícia aa Silva - Relatora.
(assinado digitalmente)
Heitor de Souza Lima Junior - Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Júnior, João Victor Ribeiro Aldinucci (Suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício).
Nome do relator: PATRICIA DA SILVA
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MOMENTO DA TRIBUTAÇÃO. As diferenças decorrentes de verbas previdenciárias, ainda que recebidas acumuladamente pelo contribuinte, devem ser tributadas pelo imposto sobre a renda com a aplicação das tabelas progressivas vigentes à época da aquisição dos rendimentos (meses em que foram apurados os rendimentos percebidos a menor), ou seja, de acordo com o regime de competência, consoante decidido pelo STF no âmbito do RE 614.406/RS. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Patrícia da Silva (relatora), Ana Paula Fernandes, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Heitor de Souza Lima Júnior. Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Patrícia aa Silva Relatora. (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior Redator designado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 6. 72 00 25 /2 01 3- 80 Fl. 109DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Júnior, João Victor Ribeiro Aldinucci (Suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício). Relatório Em sessão plenária de 11/05/2016, foi dado provimento ao Recurso Voluntário em epígrafe, prolatandose o Acórdão nº 2201003.169 (fls. 62 a 69), assim ementado: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2008 IRPF. RENDIMENTO RECEBIDO ACUMULADAMENTE. APLICAÇÃO DO REGIME DE COMPETÊNCIA. O Imposto de Renda incidente sobre os rendimentos pagos acumuladamente deve ser calculado de acordo com as tabelas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos, observando a renda auferida mês a mês pelo segurado. Não é legítima a cobrança de IR com parâmetro no montante global pago extemporaneamente. Recurso Voluntário Provido. Recurso provido." O processo foi encaminhado à PGFN em 30/05/2016 (Despacho de Encaminhamento de fls. 70). De acordo com o disposto no art. 7º, §§ 3º e 5º, da Portaria MF nº 527, de 2010, a intimação presumida da Fazenda Nacional ocorre 30 dias após essa data. Em 13/07/2016, tempestivamente, foi interposto o Recurso Especial de fls. 71 a 76 (Despacho de Encaminhamento de fls. 70). O apelo visa rediscutir a manutenção do lançamento relativo a omissão de rendimentos recebidos acumuladamente com recálculo do imposto de renda, para que seja apurado mensalmente, em correlação aos parâmetros fixados na tabela progressiva do imposto de renda vigente à época dos respectivos fatos geradores. Na origem decorre de procedimento de revisão de Declaração de Ajuste Anual 2011, ano calendário 2010 no qual foi apurado omissão de rendimentos no valor de R$ 313.887,40 que resultou em um imposto suplementar no valor de R$ 69.664,55. O contribuinte em epígrafe insurgese contra o lançamento de fl. 04, relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física, ano calendário 2007, que lhe exige crédito tributário no Fl. 110DF CARF MF Processo nº 13886.720025/201380 Acórdão n.º 9202005.640 CSRFT2 Fl. 110 3 montante de R$ 37.871,31correspondente a imposto suplementar, multa de ofício e juros de mora. O lançamento teve origem na constatação de omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica, pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social, na quantia de R$ 82.634,41. Em sua impugnação o contribuinte requer a retificação do lançamento alegando, em síntese, o que segue: Recebeu do INSS rendimentos acumulados desde a solicitação de sua aposentadoria até concessão desta. Como no montante recebido estão incluídos valores referentes a exercícios anteriores, não pagos à época própria, lançou tais valores no quadro “Rendimentos Isentos e Não Tributáveis; o lançamento é improcedente pois, nos termos do art. 43 do CTN c/c o art. 521 do RIR/99, impõese a observância do regime de competência mensal, com a respectiva tabela de cada mês; a morosidade na concessão de seu pleito acarretou a acumulação dos valores relativos ao pagamento de uma só vez, cuja expressão pecuniária é a mesma dos períodos originários, devidamente atualizados, pois caso fossem imputados os pagamentos de acordo com a divisão do montante por 65 meses, verificarseia que a quantia mensal não atinge o limite mínimo da tabela progressiva de cada mês; assim, não houve aquisição ou disponibilidade financeira a tributar, posto que sobre o valor mensal a ser recebido na época oportuna não haveria incidência de imposto; é nesse sentido a jurisprudência pacifica e dominante do STJ, conforme exemplo que transcreve; para dirimir tal questão, foi editado o Ato Declaratório PGFN nº 1, de 27 de março de 2009, que autorizou a dispensa de interposição de recursos e a desistência dos já interpostos, desde que inexista outro fundamento relevante, nas ações judiciais que visem obter a declaração de que, no cálculo do imposto renda incidente sobre rendimentos pagos acumuladamente, devem ser levadas em consideração as tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se referem tais rendimentos, devendo o cálculo ser mensal e não global; o referido Ato Declaratório categorizase no rol das normas complementares das leis, de que trata o art. 100, inciso I, do CTN, de eficácia plena e vinculante perante os órgãos fazendários. Passo adiante, a 4ª Turma da DRJ/SPOII entendeu por bem julgar a impugnação improcedente, em decisão que restou assim ementada: Fl. 111DF CARF MF 4 RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. APOSENTADORIA. Os rendimentos atrasados recebidos acumuladamente pelo contribuinte em decorrência de concessão de aposentadoria estão sujeitos à tributação na declaração de ajuste anual. Tais rendimentos são tributáveis no momento em que o contribuinte adquire a disponibilidade efetiva da renda (regime de caixa). Diante do julgado, visa a Fazenda Nacional rever o recorrido e cientificado o contribuinte apresenta contrarrazões pugnando pela manutenção do acórdão a quo. É o relatório. Voto Vencido Conselheira Patrícia da Silva Relatora Na interposição do presente recurso, entendo cumpridos todos os pressupostos de admissibilidade. Importante pressuposto para o deslinde da presente questão é a Aplicação do art. 62A do Regimento Interno do CARF, verbis: Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. § 1º Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543B. § 2º O sobrestamento de que trata o § 1º será feito de ofício pelo relator ou por provocação das partes. Isso porque a constitucionalidade da utilização do art. 12 da Lei nº 7.713/88 para a cobrança do IRPF incidente sobre rendimentos recebidos de forma acumulada – através da aplicação da alíquota vigente no momento do pagamento sobre o total recebido – teve sua repercussão geral admitida pelo STF no âmbito do RE nº 614.406/RS. O Recurso Extraordinário acima referido teve seu julgamento encerrado em 09/12/14, através de decisão que negou provimento ao Recurso da União, chancelando o acórdão proferido pelo TRF da 4ª Região (TRF4, Corte Especial, ARGINC 2002.72.05.0004340, Relator Desembargador Federal Álvaro Eduardo Junqueira), que através da técnica da inconstitucionalidade sem redução de texto, entendeu que o critério correto ao dimensionamento da obrigação tributária em questão deve observar a capacidade contributiva (base de cálculo) de cada exercício, bem como as respectivas alíquotas. Fl. 112DF CARF MF Processo nº 13886.720025/201380 Acórdão n.º 9202005.640 CSRFT2 Fl. 111 5 O Regimento Interno desse Conselho, em seu artigo 62, acima transcrito (caput), torna compulsória a aplicação do entendimento sufragado pelo STF. Outrossim, o recurso especial deve ser analisado a partir dos critérios fixados pela Corte Constitucional, de onde exsurge a importância do esclarecimento da sua ratio decidendi, frente ao que entendo absolutamente irrepreensíveis os dispositivos e justificações constantes do Voto Vencedor consubstanciado no acórdão 280200.713, da lavra do ilustre Conselheiro Rafael Pandolfo, que adoto como razão de decidir: 1.2 A decisão proferida pelo STF no RE nº 614.406/RS A decisão proferida pelo Supremo, que manteve a declaração de inconstitucionalidade, sem redução de texto do art. 12 da Lei nº 7.713/88, reconhecida pelo TRF da 4ª Região, foi assentada no fundamento de qua ainda que seja aplicado o regime de caixa aos rendimentos recebidos acumuladamente pelas pessoas físicas (nascimento da obrigação tributária), é necessário, sob pena de violação aos princípios constitucionais da isonomia, da capacidade contributiva e da proporcionalidade, que o dimensionamento da obrigação tributária observe o critério quantitativo (base de cálculo e alíquota) dos anoscalendários em que os valores deveriam ter sido recebidos, e não o foram. O julgamento recebeu a seguinte ementa: IMPOSTO DE RENDA – PERCEPÇÃO CUMULATIVA DE VALORES – ALÍQUOTA. A percepção cumulativa de valores há de ser considerada, para efeito de fixação de alíquotas, presentes, individualmente, os exercícios envolvidos. (RE 614406, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Relator(a) p/ Acórdão: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 23/10/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL MÉRITO DJe233 DIVULG 26112014 PUBLIC 27 112014) A supracitada decisão1, nos termos do voto da Ministra Carmen Lúcia, consolidou o entendimento de que a aplicação irrestrita do regime previsto na norma do art. 12 da Lei nº 7.713/88 implica em tratamento desigual aos contribuintes. Segundo a decisão, não é juridicamente crível que os contribuintes que receberam a renda em atraso paguem um montante maior de IR – uma vez que calculado sobre o total acumulado , enquanto os contribuintes que receberam as verbas devidas em dias sejam isentos ou suportem carga inferior de imposto. Ressaltou ainda a Ministra que a aplicação dada pela Fiscalização ao art. 12 da Lei nº 7.713/88 viola os princípios da capacidade contributiva, pois a incidência do imposto de renda deve considerar as alíquotas vigentes na data em que verba decorrente dos rendimentos recebidos acumuladamente deveria ter sido paga. Abaixo, transcrevo trechos do voto da Ministra Carmen Lúcia: Fl. 113DF CARF MF 6 19. No presente caso, a retenção do imposto de renda pelo regime de caixa afronta o princípio constitucional da isonomia, pois outros segurados/contribuintes com o mesmo direito receberia tratamento díspares. Como destacado pelos Ministros Marco Aurélio e Dias Toffoli, não se pode imputar ao Recorrido a responsabilidade pelo atraso no pagamento de proventos, sob pena de premiar e incentivar o Fisco no retardamento injustificado no cumprimento de suas obrigações legais. Ademais, a efetivação do direito do contribuinte/segurado, pela via judiciária, conforme ocorrido, passa também pelo restabelecimento da situação jurídica quo ante, o que pressupõe a aplicação das corretas alíquotas. À luz dos princípios da isonomia e da capacidade contributiva, significa dizer que a incidência do imposto de renda deve considerar as datas e as alíquotas vigentes na data em que essa verba deveria ter sido paga (disponibilidade jurídica, como advertido pelo Ministro Marco Aurélio), observada a renda auferida no mês pelo segurado. Disso resulta não ser razoável, tampouco proporcional, a incidência da alíquota máxima sobre o valor global pago fora do prazo, como se dá na espécie examida. (Voto Vista Ministra Carmen Lúcia, p. 22. RE 614406, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Relator(a) p/ Acórdão: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 23/10/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL MÉRITO DJe233 DIVULG 26112014 PUBLIC 27112014) A decisão proferida pelo STF confirmou a decisão que utilizou como técnica a inconstitucionalidade sem redução de texto. Atuando no campo semântico da norma, a ferramenta exclui do seu raio deôntico determinado significado. Sendo assim, é inválido (inconstitucional) todo e qualquer ato administrativo que tiver por fundamento a interpretação do art. 12 da Lei n° 7.713/88 infirmada pelo STF. Segundo a Corte, a validade do crédito tributário prescinde da aplicação da base de cálculo e alíquotas vigentes à época em que foram sonegados ao contribuinte os rendimentos posteriormente por si recebidos – de forma acumuluda. 2. Efeitos da decisão do STF sobre o crédito tributário O crédito tributário debatido no presente recurso foi apurado através da aplicação das alíquotas vigentes no anocalendário do pagamento acumulado dos rendimentos sonegados ao contribuinte, em virtude de decisão judicial trabalhista. Esse pagamento se deu ao longo de 2007 e 2008, e dizia respeito a diferenças que deixaram de ser pagas ao contribuinte em 1994. A alíquota aplicada ao presente caso (27,5%), teve como fundamento legal o art. 1º da Lei nº 11.482/07 e incidiu sobre uma base de cálculo acumulada de R$ 187.546,28. Ocorre que o lançamento foi amparado na intepretação jurídica do art. 12 da Lei nº 7.713/88 que foi fulminada pelo STF. Como consequência utilizou bases de cálculo, alíquotas e fundamentos legais distintos daqueles que deveria ter utilizado, de acordo Fl. 114DF CARF MF Processo nº 13886.720025/201380 Acórdão n.º 9202005.640 CSRFT2 Fl. 112 7 com o Supremo. O lançamento, portanto, é nulo, como entendeu essa turma em recente julgamento relatado pela Ilustre conselheira Dayse Fernandes Leite: RENDIMENTO RECEBIDOS ACUMULADAMENTE EM DECORRÊNCIA DE DECISÃO JUDICIAL. EQUÍVOCO NA APLICAÇÃO DA LEI QUE AFETOU SUBSTANCIALMENTE O LANÇAMENTO. INCOMPETÊNCIA DO JULGADOR PARA REFAZER O LANÇAMENTO. CANCELAMENTO DA EXIGÊNCIA. Ao adotar outra interpretação do dispositivo legal, o lançamento empregou critério jurídico equivocado, o que o afetou substancialmente, pois prejudicou a quantificação da base de cálculo, a identificação das alíquotas aplicáveis e o valor do tributo devido, caracterizandose um vício material a invalidá lo. Não compete ao órgão de julgamento refazer o lançamento com outros critérios jurídicos, as tão somente afastar a exigência indevida. (CARF. 2ª Seção de Julgamento, 2ª Câmara, 2 ª Turma Ordinária. Ac: 2202002.725. Rel. Conselheira Dayse Fernandes Leite. Julg.: 12/08/14). Grifo nosso. A nulidade é insanável e não caberia ao CARF refazer o lançamento, substituindo a administração na eleição do fundamento jurídico, alíquota e base de cálculo aplicáveis. A necessidade de substituição desses elementos implica cabalmente na invalidade do lançamento, uma vez que, a teor do art. 2º, parágrafo único, VII e art. 50, ambos da Lei nº 9.784/99, e do art. 10, IV, do Decreto nº 70.235/73, é imprescindível a indicação dos fundamentos de fato e de direito que dão fundamento ao lançamento. Em suma, a modificação do lançamento não pode ser efetuada em sede de julgamento de recurso voluntário, pois o recalculo da obrigação tributária com base em novas alíquotas, implica alteração do critério jurídico que serviu de fundamento ao lançamento, conforme entendimento já adotado por essa Turma: Assunto: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA – IRPF Anocalendário: 2004 MUDANÇA DE MOTIVOS DETERMINANTES. NULIDADE DO ACÓRDÃO DE IMPUGNAÇÃO. A motivação constitui o fundamento do lançamento tributário, ato administrativo vinculado. A adoção, pela decisão recorrida, de fundamento distinto do utilizado pelo auto de infração (infirmado pelo contribuinte), visando à manutenção da relação tributária, revelase inconciliável com o estado democrático de direito. Fl. 115DF CARF MF 8 Recurso voluntário provido (CARF. 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da Segunda Sessão. Acórdão nº 220201.548. Rel. Rafael Pandolfo. Julg. em 18/01/12.) No âmbito infralegal, a competência para realização do lançamento é estipulada pelos arts. 241 e 243 do Regimento Interno da Receita Federal do Brasil Portaria MF nº 203, de 14 de maio de 2012. Art. 241. Às Divisões de Orientação e Análise Tributária Diort, aos Serviços de Orientação e Análise Tributária Seort e às Seções de Orientação e Análise Tributária Saort competem as atividades de orientação e análise tributária, e em especial: V realizar diligências e proceder ao lançamento do crédito tributário, no âmbito de suas competências; Art. 243. Às Divisões de Controle e Acompanhamento Tributário Dicat, aos Serviços de Controle e Acompanhamento Tributário Secat e às Seções de Controle eAcompanhamento Tributário Sacat competem as atividades de controle e acompanhamento tributário e, em especial: IX realizar diligências e proceder o lançamento do crédito tributário, no âmbito de suas competências.(grifo nosso) Em outras palavras, cabe às autoridades eleitas pelos supracitados dispositivos a verificação do fato gerador e a quantificação da obrigação tributária que será atribuída ao contribuinte, com base nos critérios jurídicos indicados no lançamento (CTN, art. 142). A contrario sensu, o CARF não é competente para refazer o lançamento quando alterados os critérios jurídicos utilizados pela autoridade lançadora, porquanto não há lei que assim estipule. A função deste Conselho é definida pelo art. 1º do seu Regimento Interno Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009: Art. 1º O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), órgão colegiado, paritário, integrante da estrutura do Ministério da Fazenda, tem por finalidade julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de primeira instância, bem como os recursos de natureza especial, que versem sobrea aplicação da legislação referente a tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. Esse entendimento está cristalizado na jurisprudência desta Turma: Assunto: Imposto de Renda Pessoa Física –IRPF Ano calendário: 2002. ERRO ESCUSÁVEL. EXCLUSÃO DA MULTA DE OFÍCIO. Fl. 116DF CARF MF Processo nº 13886.720025/201380 Acórdão n.º 9202005.640 CSRFT2 Fl. 113 9 Depreendese dos autos que omissão de valores na Declaração de Ajuste Anual da recorrente é fruto de falta de informações prestadas pela Fonte Pagadora, em evidente descumprimento ao disposto no art. 941 do Decreto 3.000/99. INCOMPETÊNCIA DA DRJ PARA LANÇAR MULTA. A DRJ não possui competência para modificar o fundamento do lançamento, pois seu papel é corrigir o lançamento, não refazê lo a partir de esteio inaugural. (CARF. 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da Segunda Sessão. Acórdão nº 2202002.289. Relator Conselheiro Rafael Pandolfo. Julgado em 17/04/13) Diante do exposto, NEGO PROVIMENTO ao Recurso Especial da Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Patrícia da Silva Fl. 117DF CARF MF 10 Voto Vencedor Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior, Redator designado Com a devida vênia ao posicionamento esposado pela Relatora, ouso discordar no que diz respeito à existência de vício material no lançamento e/ou de utilização de critério jurídico equivocado, que levassem à necessidade de desconstituição integral do lançamento, na forma proposta pelo Colegiado recorrido. Sem dúvida, reconhecese aqui, em linha com o recorrido, que a matéria sob litígio foi objeto de análise recente pelo STF, no âmbito do RE 614.406/RS, objeto de trânsito em julgado em 11/12/2014, feito que teve sua repercussão geral previamente reconhecida (em 20 de outubro de 2010), obedecida assim a sistemática prevista no art. 543B do Código de Processo Civil vigente. Obrigatória, assim, a observância, por parte dos Conselheiros deste CARF dos ditames do Acórdão prolatado por aquela Suprema Corte em 23/10/2014, a partir de previsão regimental contida no art. 62, §2o. do Anexo II do Regimento Interno deste Conselho, aprovado pela Portaria MF no. 343, de 09 de junho de 2015. Reportandome a este último julgado vinculante, noto, porém, que, ali, se acordou, por maioria de votos, em manter a decisão de piso do TRF4 acerca da inconstitucionalidade do art. 12 da Lei no. 7.713, de 1988, devendo ocorrer, na forma ali determinada, a "incidência mensal para o cálculo do imposto de renda correspondente à tabela progressiva vigente no período mensal em que apurado o rendimento percebido a menor regime de competência (...)", afastandose assim o regime de caixa. Todavia, de se ressaltar aqui também que em nenhum momento se cogita, no Acórdão, de eventual cancelamento integral de lançamentos cuja apuração do imposto devido tenha sido feita obedecendo o art. 12 da referida Lei no. 7.713, de 1988, notese, diploma plenamente vigente na época em que efetuado o lançamento sob análise, o qual, ainda, em meu entendimento, guarda, assim, plena observância ao disposto no art. 142 do Código Tributário Nacional, não se estando destarte, diante de utilização de critério jurídico equivocado ou vício material no lançamento efetuado. A propósito, de se notar que os dispositivos legais que embasaram o lançamento constantes de efl. 5, em nenhum momento foram objeto de declaração de inconstitucionalidade ou de decisão em sede de recurso repetitivo de caráter definitivo que pudesse lhes afastar a aplicação ao caso in concretu. Deflui daquela decisão da Suprema Corte, em meu entendimento, inclusive, o pleno reconhecimento do surgimento da obrigação tributária que aqui se discute, ainda que em montante diverso daquele apurado quando do lançamento, o qual, repitase, obedeceu os estritos ditames da legalidade à época da ação fiscal realizada. Da leitura do inteiro teor do decisum do STF, é notório que, ainda que se tenha rejeitado o surgimento da obrigação tributária somente no momento do recebimento financeiro pela pessoa física, o que a faria mais gravosa, entendese, ali, inequivocamente, que se mantém incólume a obrigação tributária oriunda do recebimento dos valores acumulados pelo contribuinte pessoa física, mas agora a ser calculada em momento pretérito, quando o contribuinte fez jus à percepção dos Fl. 118DF CARF MF Processo nº 13886.720025/201380 Acórdão n.º 9202005.640 CSRFT2 Fl. 114 11 rendimentos, de forma, assim, a restarem respeitados os princípios da capacidade contributiva e isonomia. Assim, com a devida vênia ao posicionamento esposado por alguns membros deste Conselho, entendo que, a esta altura, ao se defender a exoneração integral do lançamento, se estaria, inclusive, a contrariar as razões de decidir que embasam o decisum vinculante, no qual, reitero, em nenhum momento, notese, se cogita da inexistência da obrigação tributária/incidência do Imposto sobre a Renda decorrente da percepção de rendimentos tributáveis de forma acumulada. Se, por um lado, manterse a tributação na forma do referido art. 12 da Lei no. 7.713, de 1988, conforme decidido de forma definitiva pelo STF, violaria a isonomia no que tange aos que receberam as verbas devidas "em dia" e ali recolheram os tributos devidos, exonerar o lançamento por completo a esta altura significaria estabelecer tratamento anti isonômico (também em relação aos que também receberam em dia e recolheram devidamente seus impostos), mas em favor daqueles que foram autuados e nada recolheram ou recolheram valores muito inferiores aos devidos, o que deve, em meu entendimento, também se rechaçar. Assim, diante de tais motivos, voto no sentido de dar provimento ao Recurso da Fazenda Nacional, no sentido de determinar a retificação do montante do crédito tributário com a aplicação tanto das tabelas progressivas como das alíquotas vigentes à época da aquisição dos rendimentos (meses em que foram apurados os rendimentos percebidos a menor), ou seja, de acordo com o regime de competência. É como voto. (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior Fl. 119DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10805.000661/00-15
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 09 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Aug 30 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Data do fato gerador: 30/09/1996
ALIENAÇÃO DE BENS. GANHO DE CAPITAL. APURAÇÃO. CUSTO DE AQUISIÇÃO. IMPOSTO SOBRE TRANSMISSÃO. INCLUSÃO.
Está sujeita à apuração do ganho de capital a operação de alienação de bens e direitos realizada por pessoa física. Para tanto, tratando-se de bem adquirido em 1992 e alienado em 1996, considera-se como custo de aquisição o valor em cruzeiros, cruzeiros reais ou Reais pago, dividido pelo valor da UFIR do mês de aquisição, reconvertido para Reais mediante a multiplicação por R$ 0,6767 e atualizado por 1,2246. No custo de aquisição pode ser incluído, entre outros dispêndios, o valor do Imposto de Transmissão pago pelo alienante na aquisição do imóvel que deu origem ao ganho de capital.
Numero da decisão: 2201-003.815
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para que o valor exonerado pela decisão recorrida seja ajustado de R$ 2.417,07 para R$ 2.959,95, com os reflexos que isso produz no cálculo da multa e dos juros moratórios.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
(assinado digitalmente)
Dione Jesabel Wasilewski - Relatora.
EDITADO EM: 25/08/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: DIONE JESABEL WASILEWSKI
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GANHO DE CAPITAL. APURAÇÃO. CUSTO DE AQUISIÇÃO. IMPOSTO SOBRE TRANSMISSÃO. INCLUSÃO. Está sujeita à apuração do ganho de capital a operação de alienação de bens e direitos realizada por pessoa física. Para tanto, tratandose de bem adquirido em 1992 e alienado em 1996, considerase como custo de aquisição o valor em cruzeiros, cruzeiros reais ou Reais pago, dividido pelo valor da UFIR do mês de aquisição, reconvertido para Reais mediante a multiplicação por R$ 0,6767 e atualizado por 1,2246. No custo de aquisição pode ser incluído, entre outros dispêndios, o valor do Imposto de Transmissão pago pelo alienante na aquisição do imóvel que deu origem ao ganho de capital. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para que o valor exonerado pela decisão recorrida seja ajustado de R$ 2.417,07 para R$ 2.959,95, com os reflexos que isso produz no cálculo da multa e dos juros moratórios. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente. (assinado digitalmente) Dione Jesabel Wasilewski Relatora. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 80 5. 00 06 61 /0 0- 15 Fl. 169DF CARF MF 2 EDITADO EM: 25/08/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relatório Tratase de recurso voluntário (fls. 122/158) apresentado em face do Acórdão nº 1730.773, da 5ª Turma da DRJ/SPOII (fls. 111/118), que deu parcial provimento à impugnação apresentada pelo sujeito passivo (fls. 38/51) ao auto de infração pelo qual se exige dele crédito tributário relativo ao Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF incidente sobre ganho de capital na alienação de bens. De acordo com o Termo de Verificação Fiscal (fls. 24/26), o contribuinte teria pedido restituição do IRPF no valor de R$ 12.991,96, incidente sobre ganho de capital apurado na alienação de um imóvel situado na cidade de São Paulo, que considerou ter recolhido indevidamente. Entretanto, de acordo com a fiscalização, o imóvel alienado por R$ 1.220.000,00 teria sido adquirido em 05/1992 pelo valor de Cr$ 550.000.000,00, equivalente a 397.546,58 UFIR (UFIR 05/1992 = 1.382,79) que, transformado para Reais pela UFIR 0,6767 e aplicado o coeficiente de 1,2246, conduziria a um custo de aquisição total de R$ 329.607,35, valor bastante inferior àquele que foi considerado pelo contribuinte quando pleiteou sua restituição (R$ 1.133.386,94). Do lançamento, que totalizou R$ 306.131,48, teve ciência o sujeito passivo em 26/04/2000 (fl. 26). Foi apresentada impugnação (fls. 38/51), que resultou na prolação da decisão acima identificada, pela qual se deu parcial provimento ao pleito do contribuinte para reconhecer a redução no ganho de capital em valor proporcional ao imposto de transmissão comprovadamente pago por ele na aquisição do bem (fls. 63/64). A ciência dessa decisão ocorreu em 14/04/2009 (fl. 121) e o recurso voluntário foi apresentado tempestivamente em 12/05/2009 (fls. 122/158). Suas razões recursais podem ser assim resumidas: Está incorreto o cálculo efetuada pela decisão de piso, pois deixou de corrigir o valor do ITBI até janeiro de 1996 pela UFIR de 0,8287; Não houve declaração inexata ou falta de declaração, já que o valor de alienação do bem estava na própria declaração do contribuinte, de forma que seria incorreta a aplicação da multa de 75%; A Lei nº 9.430 é do fim de 1996, posterior à ocorrência do fato gerador, que deuse em setembro de mesmo ano; A multa de 75% tem caráter confiscatório; Fl. 170DF CARF MF Processo nº 10805.000661/0015 Acórdão n.º 2201003.815 S2C2T1 Fl. 170 3 O valor do custo de aquisição do imóvel deve sofrer atualização monetária, inclusive por índices não expurgados, até o momento da alienação. Para tanto, a própria Administração deve moldar a lei em vigor à Constituição federal; Deve ser afastada a aplicação da taxa de juros pela Selic por inconstitucional e ilegal. Com base nesses argumentos, pede o cancelamento da exigência fiscal ou, sucessivamente, sua redução. É o que havia para ser relatado. Voto Conselheira Dione Jesabel Wasilewski Relatora O recurso apresentado preenche os requisitos de admissibilidade e dele conheço. O fato gerador da obrigação tributária em discussão consiste na apuração de ganho na alienação de bens e direitos, matéria que se encontrava regulada pela legislação descrita no documento de fl. 31. Segundo essas normas, o ganho de capital percebido por pessoa física na alienação de bens e direitos de qualquer natureza estaria sujeita à incidência do IR à alíquota de 15% (Lei nº 8.981, de 1995, art. 21), devendose considerar como custo de aquisição o preço ou valor pago (art. 16 da Lei nº 7.713, de 1991) e como preço de transmissão o efetivo da operação de venda ou cessão (art. 19 da Lei nº 7.713, de 1991). No caso de bens adquiridos até 31 de dezembro de 1994, o custo dos bens deveria ser convertido para UFIR (art. 22 da Lei nº 8.981, de 1995) e reconvertido para Reais com base na UFIR vigente no primeiro trimestre do anocalendário de 1995 (art. 24 da Lei nº 8.981, de 1995). De acordo com as instruções de preenchimento do formulário de apuração do ganho de capital do anocalendário 1996, constantes da Instrução Normativa SRF nº 55, desse mesmo ano, para os bens adquiridos até 31/12/1994, "considerase como custo de aquisição o valor constante da declaração relativa ao exercício de 1996, anocalendário de 1995, multiplicado por 1,2246". Ainda segundo essa IN, em seu item 3.9, o custo de aquisição poderia ser integrado, entre outros elementos, pelo "valor do Imposto de Transmissão pago pelo alienante na aquisição do imóvel que deu origem ao ganho de capital". No caso em questão, os documentos apresentados pelo contribuinte comprovam o pagamento do preço de Cr$ 550.000.000,00 e do imposto de transmissão no valor de Cr$ 32.927.542,03, perfazendo um total de Cr$ 582.927.542,03. Dividindo esse valor Fl. 171DF CARF MF 4 pela UFIR de maio de 1992, de Cr$ 1.382,79, chegase a 421.558,98 UFIR, que, convertidas para reais (x 0,6767), levariam a um custo de aquisição de R$ 285.268,96. Aplicado o coeficiente de 1,2246, o custo de aquisição seria de R$ 349.340,36 que, confrontado com o valor de alienação de R$ 1.220.000,00, levaria a um ganho de R$ 870.659,64 e um imposto de renda devido de R$ 130.598,94. Abatendose desse valor o efetivamente recolhido R$ 12.991,96, chegase a um valor de IR devido de R$ 117.606,98, ao qual devem ser aplicados ainda a multa de ofício e o juros de mora. Portanto, assiste razão ao contribuinte quando questiona a decisão de piso no ponto em que dá provimento à impugnação para incluir no custo de aquisição o valor pago a título de imposto de transmissão. Com efeito, a DRJ efetuou corretamente o cálculo até o momento da conversão para Real, mas deixou de aplicar o coeficiente de 1,2246. Quanto a este aspecto, dou provimento ao recurso apresentado para determinar que o valor acrescido pela DRJ ao custo de aquisição de R$ 16.113,84 seja ajustado para R$ 19.733,01, de forma que o valor exonerado passa de R$ 2.417,07 para R$ 2.959,95, com os reflexos que isso produz no cálculo da multa e do juros moratório. Dando seguimento à análise das razões recursais, temse que o contribuinte alega que não houve falta de declaração ou declaração inexata a justificar a aplicação da multa de ofício. Para afastar essa alegação, basta verificar o demonstrativo de folha 4, onde o custo de aquisição declarado supera o valor real em aproximadamente quatro vezes. Equívoco também cometido na DIRPF do exercício de 1996 (fl. 12). Com efeito, o contribuinte não apenas não declarou corretamente o valor devido, como não efetuou o pagamento de sua integralidade. Além de não ter cumprido com suas obrigações tributárias (principal e acessória) de forma correta, ainda pleiteou a devolução do pouco que foi pago. Quanto a esse aspecto, cumpre lembrar que a multa de 75% independe de demonstração de dolo ou culpa do contribuinte, sendo resultado direto do descumprimento da obrigação tributária. Alega também o Recorrente que a Lei nº 9.430 é do fim de 1996, posterior portanto à ocorrência do fato gerador, que deuse em setembro de mesmo ano, o que constituiria obstáculo à aplicação da multa de 75%. Ocorre entretanto que, na data da ocorrência do fato gerador, estava em vigor a Lei nº 8.218, de 29 de agosto de 1991, que, em relação aos impostos e contribuições federais, trazia a seguinte previsão: Art. 4º Nos casos de lançamento de ofício nas hipóteses abaixo, sobre a totalidade ou diferença dos tributos e contribuições devidos, inclusive as contribuições para o INSS, serão aplicadas as seguintes multas: I de cem por cento, nos casos de falta de recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; (...) Fl. 172DF CARF MF Processo nº 10805.000661/0015 Acórdão n.º 2201003.815 S2C2T1 Fl. 171 5 Assim, ao aplicar a multa de 75% prevista na Lei nº 9.430, de 1996, norma em vigor no momento em que ocorreu o lançamento de ofício, a fiscalização adotou a penalidade mais benéfica ao contribuinte, conforme determina o comando do art. 106, II, 'c' do Código Tributário Nacional. O recorrente também alega que a multa de 75% tem caráter confiscatório e que o valor do custo de aquisição do imóvel deve sofrer atualização monetária, inclusive por índices não expurgados, até o momento da alienação. Para tanto, argumenta, a própria Administração deve moldar a lei em vigor à Constituição federal. Ambos os argumentos evidenciam que o recorrente conhece as leis aplicáveis à espécie mas não se conforma com elas, buscando pelo contencioso administrativo afastar sua aplicação. Ocorre que essa pretensão esbarra no seguinte enunciado da Súmula de jurisprudência deste Colegiado: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Portanto, não cabe a esta instância administrativa afastar a aplicação de penalidade prevista em lei válida e em vigor, como também não lhe compete criar critérios de apuração da base de cálculo que não têm previsão legal. Também não merece acolhida o pedido de que seja afastada a aplicação da taxa de juros pela Selic por inconstitucional e ilegal. Além de aplicação do enunciado acima transcrito, esta alegação encontrase superada pelo que é transcrito abaixo: Súmula CARFnº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Com base no exposto, voto por conhecer do recurso voluntário apresentado para lhe dar parcial provimento, determinando que o valor exonerado pela decisão recorrida seja ajustado de R$ 2.417,07 para R$ 2.959,95, com os reflexos que isso produz no cálculo da multa e do juros moratório. Conselheira Dione Jesabel Wasilewski Relatora Fl. 173DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10855.720043/2014-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 04 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 15 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2009
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. ABONO PERMANÊNCIA. INCIDÊNCIA IMPOSTO DE RENDA.
O Abono de permanência previsto no artigo 7º, combinado com o artigo 16, § 1º, ambos da Lei nº 10.887, de 18 de junho de 2004, sujeita-se à incidência do imposto.
Numero da decisão: 2402-005.886
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho - Presidente
(assinado digitalmente)
Jamed Abdul Nasser Feitoza - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mario Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luiz Henrique Dias Lima, Theodoro Vicente Agostinho, Maurício Nogueira Righetti, Bianca Felícia Rothschild e Jamed Abdul Nasser Feitoza.
Nome do relator: JAMED ABDUL NASSER FEITOZA
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ABONO PERMANÊNCIA. INCIDÊNCIA IMPOSTO DE RENDA. O Abono de permanência previsto no artigo 7º, combinado com o artigo 16, § 1º, ambos da Lei nº 10.887, de 18 de junho de 2004, sujeitase à incidência do imposto. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 85 5. 72 00 43 /2 01 4- 11 Fl. 108DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Presidente (assinado digitalmente) Jamed Abdul Nasser Feitoza Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mario Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luiz Henrique Dias Lima, Theodoro Vicente Agostinho, Maurício Nogueira Righetti, Bianca Felícia Rothschild e Jamed Abdul Nasser Feitoza. Fl. 109DF CARF MF Processo nº 10855.720043/201411 Acórdão n.º 2402005.886 S2C4T2 Fl. 109 3 Relatório Após análise do mesmo, resolvemos adotar parte do relatório da decisão recorrida, vez que delineia adequadamente os fatos e os fundamentos do lançamento, da impugnação e dos incidentes ocorridos até então: "Da Notificação A Notificação de Lançamento relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física, do anocalendário 2010 ajustou o saldo do imposto a restituir, conforme demonstrativo abaixo: Após a revisão de sua Declaração de Ajuste Anual, foram apurados os seguintes valores: 1 Imposto a Restituir Apurado na Declaração após a Revisão ... 5.536,50 2 Imposto Já Restituído (*) 3.536,45 3 Saldo do Imposto a Restituir Ajustado (12) 2.000,05 (*) É o valor do imposto já restituído para o contribuinte relativamente ao exercício 2010, anocalendário de 2009. Conforme a Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal, o procedimento fiscal resultou na apuração das seguintes infrações: Omissão de Rendimentos Recebidos de Pessoa Jurídica. Confrontando o valor dos Rendimentos Tributáveis Recebidos de Pessoa Jurídica declarados, com o valor dos rendimentos informados pelas fontes pagadoras em Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte – Dirf, para o titular e/ou dependentes, constatouse omissão de rendimentos sujeitos à tabela progressiva, no valor de R$ 45.962,45 conforme relacionado abaixo. Na apuração do imposto devido, foi compensado o Imposto de Renda Retido (IRRF) sobre os rendimentos omitidos no valor de R$ 2.000,05. Resultado da Solicitação de Retificação de Lançamento SRL Houve uma SRL e esta foi indeferida em 09/12/2013, pelos seguintes motivos, conforme transcrito a seguir: Fl. 110DF CARF MF 4 O contribuinte alegou que a omissão parcial de R$ 45.962,45 da fonte pagadora Estado de Santa Catarina, referiase a Abono de Permanência, considerado isento por força de Decisão Judicial do Tribunal de Justiça de S. Catarina. Não obstante, não anexou planilha das verbas pagas demonstrando o valor do referido abono. Assim, acato os valores informes em DIRF pela fonte pagadora. Da Impugnação A Notificação de Lançamento foi lavrada em 04/11/2013. O contribuinte foi cientificado em 25/11/2013 e ingressou com impugnação em 23/12/2013, alegando, em síntese: Que os rendimentos subtraídos dos rendimentos tributáveis e lançados como isentos na declaração retificadora referemse a rendimentos do Abono de Permanência julgados como não tributáveis pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina. Solicita que considere os rendimentos referentes ao Abono de Permanência como não tributáveis. Assim, acatando a sentença do Tribunal de Justiça de Santa Catarina que considerou os rendimentos do Abono como não tributáveis." Em seu Recurso Voluntário limitouse a reprisar sua alegação de serem os valores recebidos à título de abono de permanência isentos da incidência de imposto de renda em conformidade com o Resp nº 1287227 SC. É o relatório. Fl. 111DF CARF MF Processo nº 10855.720043/201411 Acórdão n.º 2402005.886 S2C4T2 Fl. 110 5 Voto Conselheiro Jamed Abdul Nasser Feitoza Relator 1. Admissibilidade. O recurso é tempestivo e preenche as demais condições de admissibilidade dispostas no Decreto 70.235 de 06 de março de 1972, razão pela qual voto por conhecêlo. 2. Abono de permanência A Emenda Constitucional nº 41/03, alterou o Artigo 40 e seu §19 da Constituição de 1988, criando o abono de permanência: "Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003) (...) § 19. O servidor de que trata este artigo que tenha completado as exigências para aposentadoria voluntária estabelecidas no § 1º, III, a, e que opte por permanecer em atividade fará jus a um abono de permanência equivalente ao valor da sua contribuição previdenciária até completar as exigências para aposentadoria compulsória contidas no § 1º, II. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)" Em seguida o instituto foi tratado no artigo 7º, combinado com o artigo 16, § 1º, ambos da Lei nº 10.887, de 18 de junho de 2004, nos seguintes termos: "Art. 7º O servidor ocupante de cargo efetivo que tenha completado as exigências para aposentadoria voluntária estabelecidas na alínea a do inciso III do § 1o do art. 40 da Constituição Federal, no § 5o do art. 2o ou no § 1o do art. 3o da Emenda Constitucional no 41, de 19 de dezembro de 2003, e que opte por permanecer em atividade fará jus a abono de permanência equivalente ao valor da sua contribuição previdenciária até completar as exigências para aposentadoria compulsória contidas no inciso II do § 1o do art. 40 da Constituição Federal. (...) Art. 16. As contribuições a que se referem os arts. 4o, 5o e 6o desta Lei serão exigíveis a partir de 20 de maio de 2004. Fl. 112DF CARF MF 6 §1º Decorrido o prazo estabelecido no caput deste artigo, os servidores abrangidos pela isenção de contribuição referida no § 1o do art. 3o e no § 5o do art. 8o da Emenda Constitucional no 20, de 15 de dezembro de 1998, passarão a recolher contribuição previdenciária correspondente, fazendo jus ao abono a que se refere o art. 7o desta Lei." O abono de permanência consiste em um adicional a remuneração paga ao funcionário que tenha completado as exigências para aposentadoria. Seu valor é equivalente ao valor de sua contribuição previdenciária. O funcionário público que optar pela permanência na ativa, fará jus ao pagamento do abono de permanência até que formalize seu pedido de aposentadoria voluntária, tenha de se aposentar por invalidez ou por idade limite para a concessão da aposentadoria compulsória. Tal pagamento, segundo alguns julgados e doutrinadores, tem por objetivo incentivar a permanência na ativa de servidor apto a aposentadoria, bem como gerar economia ao erário público ao postergar a dupla despesa de pagar proventos a este e remuneração a outro que venha substituílo. Sua natureza jurídica vem sendo discutida, existindo teses que sustentam ter tais valores natureza indenizatória e outros reconhecendo como adicional de remuneração. Até 2010, o entendimento do STJ era pela não incidência de IR sobre o abono. A mudança jurisprudencial foi manifestada no julgamento do Recurso Especial 1.192.556, sob o rito dos recursos repetitivos. A partir da apreciação desse recurso, o STJ passou a admitir a incidência do IR sobre tais verbas. A contenda segue em discussão no Supremo Tribunal Federal, tema 677 RE 688001, e tinha como relator o Ministro Teori Zavascki. A repercussão geral não foi declarada. Isto posto, até a presente data, a Jurisprudência caminha no sentido de reconhecer como remuneratório o abono em questão, portanto, sujeito a incidência do Imposto de Renda, em conformidade com o entendimento adotado pela Administração Fazendária nos termos do disposto no Ato Declaratório Interpretativo SRF nº 24/2004 já citado pelo relator da decisão recorrida. "Ato Declaratório Interpretativo SRF nº 24, de 4 de outubro de 2004: Artigo único. Sujeitamse à incidência do imposto de renda, devendo ser tributados na fonte e na Declaração de Ajuste Anual, na Declaração de Saída Definitiva do País ou na Declaração Final de Espólio, os rendimentos recebidos a título de Vantagem Pecuniária Individual, instituída pela Lei nº 10.698, de 2 de julho de 2003, e de Abono de Permanência, a que se referem o § 19 do art. 40 da Constituição Federal, o § 5º do art. 2º e o § 1º do art. 3º da Emenda Constitucional nº 41, de 19 de dezembro de 2003, e o art. 7º da Lei nº 10.887, de 18 de junho de 2004. (Destaques da transcrição)" Outrossim, analisando o instituto do abono de permanência percebese que tratase de pagamento habitual e está diretamente relacionado ao trabalho do beneficiário, sendo inclusive proporcional à sua remuneração. Pelos argumentos expostos, é perceptível que a natureza jurídica de tal verba está num limiar entre indenizatória e remuneratória o que pode ser evidenciado pela mudança de posição jurisprudencial¸ ocorrida em 2010, no STJ. Fl. 113DF CARF MF Processo nº 10855.720043/201411 Acórdão n.º 2402005.886 S2C4T2 Fl. 111 7 Em que pese serem razoáveis os posicionamentos que reconhecem a natureza indenizatória, não compactuamos com tal posicionamento, estando mais alinhados a atual posição majoritária da jurisprudência. O abono de permanência não advém de um dano a ser recomposto, mas da opção do funcionário público em permanecer na ativa recebendo um incentivo financeiro equivalente ao valor devido de contribuição previdenciária. Tal opção pode ser exercida a qualquer tempo, de maneira livre, sendo essa inclusive uma das condições para fazer cessar tal direito. Não havendo previsão legal de isenção que suporte a pretensão do Recorrente, tendo a jurisprudência majoritária se posicionado pela incidência do Imposto de Renda sobre tais verbas e estando convictos de sua natureza remuneratória entendemos que a decisão recorrida não merece reparo. Conclusão Por todo exposto, voto por conhecer do recurso e, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Jamed Abdul Nasser Feitoza. Fl. 114DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.002963/2009-12
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 08 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Sep 06 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004
VALE TRANSPORTE EM PECÚNIA. SÚMULA CARF Nº 89.
Nos termos da Súmula CARF nº 89, a contribuição social previdenciária não incide sobre valores pagos a título de vale-transporte, mesmo que em pecúnia.
Assim, não integrando o salário de contribuição, não deve o valor pago a título de vale-transporte compor a base de cálculo das contribuições sociais relativas ao Fundo Aeroviário criado pelo Decreto-Lei n° 1.305 de 28/01/74.
Recurso Voluntário Provido
Numero da decisão: 2202-004.081
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente
(assinado digitalmente)
Martin da Silva Gesto - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurelio de Oliveira Barbosa, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto e Marcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: MARTIN DA SILVA GESTO
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SÚMULA CARF Nº 89. Nos termos da Súmula CARF nº 89, a contribuição social previdenciária não incide sobre valores pagos a título de valetransporte, mesmo que em pecúnia. Assim, não integrando o salário de contribuição, não deve o valor pago a título de valetransporte compor a base de cálculo das contribuições sociais relativas ao Fundo Aeroviário criado pelo DecretoLei n° 1.305 de 28/01/74. Recurso Voluntário Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurelio de Oliveira Barbosa, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto e Marcio Henrique Sales Parada. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 29 63 /2 00 9- 12 Fl. 167DF CARF MF Processo nº 19515.002963/200912 Acórdão n.º 2202004.081 S2C2T2 Fl. 168 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto nos autos do processo nº 19515.002963/200912, em face do acórdão nº 1623.591, julgado pela 12ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo I (DRJ/SP1), na sessão de julgamento de 24 de novembro de 2009, no qual os membros daquele colegiado entenderam por julgar improcedente a impugnação apresentada pela contribuinte. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de origem, que assim relatou os fatos: "DA AUTUAÇÃO Tratase de crédito lançado pela fiscalização, AI n° 37.211.183 1, contra a empresa acima identificada, de contribuições sociais relativas ao Fundo Aeroviário criado pelo DecretoLei n° 1.305 de 28/01/74, administrado pelo Ministério da Aeronáutica, pertinente ao código do Fundo de Previdência e Assistência Social – FPAS 558, atingindo o montante de R$ 12.718.632,07 (doze milhões e setecentos e dezoito mil e seiscentos e trinta e dois reais e sete centavos), consolidado em 28/07/2009. Foi constatado que o contribuinte não recolheu a contribuição do Fundo aeroviário sobre a remuneração paga a seus empregados em pecúnia a título de valetransporte, bem como sobre o salário de contribuição da Folha de Pagamento de salário normal e folha de pagamento de distribuição de bônus. Do pagamento do vale transporte em dinheiro No período de 01/2004 a 0812004 o contribuinte substituiu o fornecimento do vale transporte em bilhetes por pagamento em dinheiro, procedimento que viola a norma instituidora deste benefício, tornandose hipótese de incidência de contribuição previdenciária. O benefício do vale transporte foi instituído pela Lei n° 7.418185 alterada pela Lei n° 7.619/87 que estabeleceu em seu art. 5° a necessidade de aquisição pelo empregador de vale transporte e o Decreto n° 95.247187, que regulamentou a Lei n° 7.418/85 vetou sua substituição por dinheiro. A Lei n° 8.212/91, dispôs em seu art. 28, § 9°, alínea "f' com redação dada pela Lei n° 9.528/97 a obrigatoriedade da integração do salário de contribuição da parcela recebida de valetransporte em desacordo com a legislação própria. É notório o objetivo do legislador manifestado através dos diplomas legais mencionados em vedar a substituição do vale transporte em dinheiro, o que descaracteriza sua natureza não salarial, passando a integrar a base de cálculo de contribuição previdenciária Fl. 168DF CARF MF Processo nº 19515.002963/200912 Acórdão n.º 2202004.081 S2C2T2 Fl. 169 3 Da contribuição relativa ao vale transporte A apuração dos fatos geradores foi realizada com base na relação de pagamento de valetransporte disponibilizada pela autuada, já deduzida do valor total suportado pelos empregados (até 6% do salário) conforme discriminados na coluna "Custo Empresa" do Anexo I deste relatório. Da contribuição relativa a Folha de Pagamento de Salários No período de janeiro/2004 a dezembro/2004 a autuada também não efetuou o recolhimento do Fundo Aeroviário incidente sobre o salário de contribuição consignado na rubrica `8006 Base INSS Empresa" constante nos resumos das folhas de pagamento de empregados. Na competência fevereiro/2004 não foi acusado o recolhimento do Fundo Aeroviário incidente sobre o pagamento de Bônus/Gratificações a uma pequena parcela de empregados, conforme discriminado no Anexo II. Da discussão em juízo A obrigatoriedade do recolhimento do Fundo Aeroviário ora lançado, está sendo discutida em juízo por meio da Ação Judicial Ordinária n° 2001.51.01.0125300, na 8' Vara da Justiça Federal — Seção Rio de Janeiro, nos termos exarados na Certidão de Objeto e Pé expedida em 29/05/2009, cuja cópia encontrase às fls. 22. O crédito apurado tem o objetivo de evitar que os valores das contribuições para o Fundo Aeroviário que estão sendo objeto de discussão judicial sejam fulminados pela decadência. Do levantamento e outras informações Foi aplicada a alíquota de 2,5% para obtenção da contribuição vinculada ao Fundo Aeroviário. O crédito lançado sob os códigos de levantamento FVT — Fundo Aerov sobre vale transp e FFP — Fundo Aeroviário Folha Pagto encontrase fundamentado na legislação constante do anexo "Fundamentos Legais do Débito — FLD". Na análise das Guias da Previdência Social — GPS apresentadas não ficou constatado quaisquer valores relativos aos fatos geradores vinculados aos fatos geradores lançados. Em face do Auto de Infração Debcad n° 37.211.1793 possuir os mesmos elementos de prova e base de cálculo do presente, na 1 8 via daquele foram acostados os documentos relacionados (cópias das Atas de Assembléia Geral, termos emitidos durante a ação fiscal, CDR com os arquivos digitais disponibilizados pela autuada). Os fatos geradores não foram incluídos em GFIP/GRFP. Não foi emitido o Termo de Arrolamento de Bens — TAB em razão dos Fl. 169DF CARF MF Processo nº 19515.002963/200912 Acórdão n.º 2202004.081 S2C2T2 Fl. 170 4 débitos lançados não ultrapassarem o limite de 30% do patrimônio da empresa. O Relatório Fiscal relaciona os documentos integrantes do presente AI e demais documentos lavrados na ação fiscal. DA IMPUGNAÇÃO Nulidade do Auto de Infração — Desobediência à Ordem Judicial A Impugnante ajuizou perante a Justiça Federal do Rio de Janeiro, ação Ordinária com pedido de antecipação de Tutela (processo n° 2001.51.01.0125300) objetivando a declaração judicial de inexistência de relação jurídica que a obrigue ao recolhimento da contribuição destinada ao Fundo Aeroviário e a restituição de tudo quanto indevidamente pagou a título da referida contribuição. Em 10107/2001 a Exma. Juíza Cynthia Leite Marques, concedeu tutela antecipada à ora impugnante (doc. fls. 76/79). Em que pese a ressalva feita pela fiscalização no bojo de sua autuação, de que o lançamento do suposto crédito tributário tem como objetivo evitar que os valores das contribuições não recolhidas sejam atingidos pela decadência, ainda assim, a autoridade autuante desobedeceu, data venia, a ordem judicial, de efeitos concretos e específicos, uma vez que adotou medida de cobrança administrativa do tributo, o que lhe é defeso em virtude da ordem judicial. É evidente que só a lavratura do auto de infração em questão constitui já "medida tendente à cobrança administrativa do tributo", pois, conforme expresso nas "IPC Instruções para o Contribuinte", o contribuinte deverá pagar, parcelar o débito nas hipóteses autorizadas por lei ou apresentar impugnação, no prazo de trinta dias (..), sob pena de imediata cobrança judicial. O AI ora impugnado deve ser anulado e seus efeitos cassados.' Necessidade de sobrestamento do processo administrativo A despeito de ter ressaltado que o crédito apurado tem o objetivo de evitar que os valores das contribuições para o Fundo Aeroviário sejam atingidas pelo instituto da decadência, a autoridade fiscal não esclareceu que o trâmite do contencioso administrativo deverá ficar sobrestado. Caso não se determine a suspensão do processo administrativo poderão ser impostas à impugnante as penalidades que a decisão judicial cuidou de afastar (negativa de CND, inclusão em cadastros de inadimplentes, etc.). Impõese o sobrestamento do processo administrativo caso não se proclame sua nulidade. Descabimento da imposição de multa e juros de mora Fl. 170DF CARF MF Processo nº 19515.002963/200912 Acórdão n.º 2202004.081 S2C2T2 Fl. 171 5 O não recolhimento das contribuições no vencimento está amparada pela decisão judicial, por isso é que não se pode cogitar de mora da impugnante no caso, conforme art. 63 da Lei n° 9.430/96. Se a obrigação de recolher o tributo encontrase suspensa por ordem judicial é evidente que a impugnante não se encontra em mora. Impossível cogitarse de qualquer multa ou de juros moratórios. O Tribunal Regional Federal da le Região já se posicionou a respeito da impossibilidade de incidir multa e juros de mora durante o período em que o crédito estiver com a exigibilidade suspensa por força de liminar. Sobre o descabimento da contribuição incidente sobre o pagamento em dinheiro de vale transporte O Decreto n° 4.840 de 17.09.2003 é bastante claro ao reconhecer que não integra a remuneração do empregado o valor referente ao valetransporte, ainda que pago em dinheiro. Conforme o disciplinado no art. 28, § 9% alínea "f ' da Lei n° 8.212/91 os valores recebidos a título de vale transporte estão excluídos do salário de contribuição. Ao efetuar o pagamento do vale transporte, a autuada deduz da remuneração dos empregados a parte por eles devida. Sendo assim, de acordo com o entendimento do Egr.Superior Tribunal de Justiça, é inequívoco que não compõe o salário de contribuição o valor pago em pecúnia a título de vale transporte que tem natureza indenizátória e não salarial. Pedido Foi desobedecida a ordem judicial emanada do MM.Juízo da 8' Vara da Seção Judiciária do Rio de Janeiro. Caso assim não se entenda, requer o sobrestamento do contencioso administrativo, tendo em vista que a exigibilidade do crédito tributário encontrase suspensa, na forma do art. 151, V, do CTN. Se assim não se entender, pede seja julgado improcedente o auto de infração ou se não for julgado improcedente em sua totalidade, que sejam afastados os acréscimos moratórios impostos. É o relatório." A DRJ de origem julgou pela improcedência da impugnação apresentada. Inconformada, a contribuinte interpôs Recurso Voluntário às fls. 117/131, reiterando as alegações expostas em impugnação. Fl. 171DF CARF MF Processo nº 19515.002963/200912 Acórdão n.º 2202004.081 S2C2T2 Fl. 172 6 Após, às fls. 136/137, a contribuinte apresentou manifestação, onde promoveu a juntada de notícia extraída do site do Supremo Tribunal Federal, acompanhada da decisão do RE 478.410 (fls. 138/156). É o relatório. Voto Conselheiro Martin da Silva Gesto Relator O recurso voluntário foi apresentado dentro do prazo legal, reunindo, ainda, os demais requisitos de admissibilidade. Portanto, dele conheço. Delimitação da lide. Conforme exposto no relatório, foi constatado que a contribuinte não recolheu a contribuição do Fundo aeroviário sobre a remuneração paga a seus empregados em pecúnia a título de valetransporte, bem como sobre o salário de contribuição da Folha de Pagamento de salário normal e folha de pagamento de distribuição de bônus. Em relação a distribuição de bônus, considero que a matéria não foi impugnada, seja em sede de impugnação, como em recurso voluntário. Logo, não encontrandose na lide, considerase como matéria não impugnada. Mérito. Consoante consta no acórdão ora recorrido, o Relatório Fiscal esclarece que a contribuinte está discutindo em juízo a obrigatoriedade do recolhimento do Fundo Aeroviário, ora lançado, por meio da Ação Judicial Ordinária n° 2001.51.01.0125300, na 8a. Vara da Justiça Federal — Seção Rio de Janeiro, (cópia às fls. 47/79) nos termos da Certidão de Objeto e Pé expedida em 29/05/2009 (cópia às fls. 22), e desta forma o lançamento visou a prevenção da decadência. A DRJ de origem assim se posicionou : "Necessário se faz esclarecer, que do Relatório Fiscal, da Ação Ordinária n° 2001.51.01.0125300 e da defesa apresentada pelo notificado, concluise que a matéria trazida na impugnação não é idêntica à levada à apreciação do Poder Judiciário, pois administrativamente o impugnaste contesta a eleição do vale transporte pago em dinheiro como fato gerador da contribuição para o Fundo Aeroviário, enquanto a ação judicial tem por objeto a declaração de inexistência da relação jurídica que o obrigue ao recolhimento da referida contribuição. Portanto, não se verifica o pressuposto dos dispositivos legais citados devendo ser observado o parágrafo único do art. 62 do Decreto n° 70.235/72 que determina: Parágrafo único. O curso do processo administrativo, quando houver matéria distinta da constante do processo judicial, terá prosseguimento em relação à matéria diferenciada. " (NR) Fl. 172DF CARF MF Processo nº 19515.002963/200912 Acórdão n.º 2202004.081 S2C2T2 Fl. 173 7 Assim, é dever da primeira instância apreciar todos os aspectos impugnados, exceto os levados à apreciação do Poder Judiciário, pois sobre estes somente ele poderá decidir. Salientese que deixará de ser apreciada nesta Decisão a matéria deduzida em juízo, qual seja, a declaração de inexistência da relação jurídica que obrigue a autora a: (a) recolher a contribuição ao Fundo Aeroviário; (b) a restituição dos valores pagos devidamente corrigidos; (c) o direito de promover a compensação administrativa dos valores indevidamente recolhidos. Como não é possível o desmembramento da matéria controvertida (sub judice) e da matéria diferenciada, o processo administrativo terá prosseguimento normal. Após decisão administrativa irrecorrível, deverá se aguardar o desfecho da ação judicial." No que concerne aos valores pagos a título de vale transporte, é cediço que o saláriodecontribuição é constituído apenas por verbas remuneratórias, aquelas contraprestacionais aos serviços prestados pelos segurados, excluindose, portanto, as de caráter ressarcitório e indenizatório. Neste sentido, Wladmir Martinez aduz: “Integramno a remuneração e os ganhos habituais. Portanto, óbice respeitável à determinação das rubricas consiste em desvendar o conceito trabalhista de remuneração e seus institutos paralelos, indenização e ressarcimento de despesas. Fundamentalmente, repetese, a remuneração, nela contidos principalmente o salário e os desembolsos decorrentes de conquistas sociais. Restam excluídas importâncias ressarcitórias de gastos feitos pelo trabalhador em razão da prestação de serviços e as indenizatórias”. (MARTINEZ. Wladimir Novaes. Curso de Direito Previdenciário. 4ª Edição. São Paulo: LTr, 2011. p. 482) É por ser de natureza nitidamente indenizatória, o vale transporte não é incluído no conceito de salário de contribuição, nos termos do art. 2º da Lei 7.418/85, in verbis: Art. 2º O ValeTransporte, concedido nas condições e limites definidos, nesta Lei, no que se refere à contribuição do empregador: (Artigo renumerado pela Lei 7.619, de 30.9.1987) a) não tem natureza salarial, nem se incorpora à remuneração para quaisquer efeitos; b) não constitui base de incidência de contribuição previdenciária ou de Fundo de Garantia por Tempo de Serviço; c) não se configura como rendimento tributável do trabalhador. Apesar de constar a vinculação às condições legais específicas da concessão de valetransporte, é certo que não há possibilidade de sua natureza jurídica ser alterada em razão de como é feito o seu pagamento, sendo em cartão eletrônico, ticket ou pecúnia. Fl. 173DF CARF MF Processo nº 19515.002963/200912 Acórdão n.º 2202004.081 S2C2T2 Fl. 174 8 Qualquer que seja o modo, não há como desnaturar o caráter indenizatório de um benefício que, em sua essência, nada mais é do que uma antecipação ao trabalhador para utilização efetiva em despesas de deslocamento da sua residência ao trabalho e viceversa. Conquanto, independentemente da forma como esse benefício é antecipado ao empregado, não há hipótese que possa qualificálo como natureza salarial eis que é patente a sua natureza ressarcitória de despesas inerentes a execução do trabalho, e de modo algum caracterizado como prestação remuneratória. É neste sentido que, embora o Superior Tribunal de Justiça já tenha adotado posicionamento diverso, este foi alterado em razão do entendimento do Supremo Tribunal Federal, pacificando a jurisprudência da Corte Superior, em sede de Embargos de Divergência: TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. VALETRANSPORTE. PAGAMENTO EM PECÚNIA. NÃOINCIDÊNCIA. PRECEDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. JURISPRUDÊNCIA DO STJ. REVISÃO. NECESSIDADE. 1. O Supremo Tribunal Federal, na assentada de 10.03.2003, em caso análogo (RE 478.410/SP, Rel. Min. Eros Grau), concluiu que é inconstitucional a incidência da contribuição previdenciária sobre o valetransporte pago em pecúnia, já que, qualquer que seja a forma de pagamento, detém o benefício natureza indenizatória. Informativo 578 do Supremo Tribunal Federal. 2. Assim, deve ser revista a orientação desta Corte que reconhecia a incidência da contribuição previdenciária na hipótese quando o benefício é pago em pecúnia, já que o art.5º do Decreto 95.247/87 expressamente proibira o empregador de efetuar o pagamento em dinheiro. 3. Embargos de divergência providos. (STJ. 816829 RJ 2008/02249664, Relator: Ministro CASTRO MEIRA, Data de Julgamento: 14/03/2011, S1 PRIMEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 25/03/2011, grifouse) Por oportuno, colacionase o precedente jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal, utilizada como parâmetro para uniformização da jurisprudência pátria: RECURSO EXTRORDINÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INCIDÊNCIA. VALETRANSPORTE. MOEDA. CURSO LEGAL E CURSO FORÇADO. CARÁTER NÃO SALARIAL DO BENEFÍCIO. ARTIGO 150, I, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. CONSTITUIÇÃO COMO TOTALIDADE NORMATIVA. 1. Pago o benefício de que se cuida neste recurso extraordinário em valetransporte ou em moeda, isso não afeta o caráter não salarial do benefício. Fl. 174DF CARF MF Processo nº 19515.002963/200912 Acórdão n.º 2202004.081 S2C2T2 Fl. 175 9 2. A admitirmos não possa esse benefício ser pago em dinheiro sem que seu caráter seja afetado, estaríamos a relativizar o curso legal da moeda nacional. 3. A funcionalidade do conceito de moeda revelase em sua utilização no plano das relações jurídicas. O instrumento monetário válido é padrão de valor, enquanto instrumento de pagamento sendo dotado de poder liberatório: sua entrega ao credor libera o devedor. Poder liberatório é qualidade, da moeda enquanto instrumento de pagamento, que se manifesta exclusivamente no plano jurídico: somente ela permite essa liberação indiscriminada, a todo sujeito de direito, no que tange a débitos de caráter patrimonial. 4. A aptidão da moeda para o cumprimento dessas funções decorre da circunstância de ser ela tocada pelos atributos do curso legal e do curso forçado. 5. A exclusividade de circulação da moeda está relacionada ao curso legal, que respeita ao instrumento monetário enquanto em circulação; não decorre do curso forçado, dado que este atinge o instrumento monetário enquanto valor e a sua instituição [do curso forçado] importa apenas em que não possa ser exigida do poder emissor sua conversão em outro valor. 6. A cobrança de contribuição previdenciária sobre o valor pago, em dinheiro, a título de valestransporte, pelo recorrente aos seus empregados afronta a Constituição, sim, em sua totalidade normativa. Recurso Extraordinário a que se dá provimento. (STF. RE 478410/SP, Relator: Ministro EROS GRAU, Data de Julgamento: 10/03/2010, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJe 14/05/2010, grifouse) Declarada inconstitucional pela Corte Suprema a incidência de contribuição previdenciária sobre os valores pagos em pecúnia a título de valetransporte, este Conselho reúne inúmeros julgados que seguem o mesmo raciocínio dos Tribunais Superiores, conforme a seguir são transcritos: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS. Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2005 [...] VERBAS PAGAS A TÍTULO DE VALE TRANSPORTE. NATUREZA INDENIZATÓRIA. JURISPRUDÊNCIA UNÍSSONA DO STF E STJ. APLICABILIDADE. ECONOMIA PROCESSUAL. De conformidade com a jurisprudência mansa e pacífica no âmbito Judicial, especialmente no Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal de Justiça, os valores concedidos aos segurados empregados a título de Vale Transporte, pagos ou não em pecúnia, não integram a base de cálculo das contribuições previdenciárias, em razão de sua natureza indenizatória, Fl. 175DF CARF MF Processo nº 19515.002963/200912 Acórdão n.º 2202004.081 S2C2T2 Fl. 176 10 entendimento que deve prevalecer na via administrativa sobretudo em face da economia processual. [...] (CARF. 2ª Seção de Julgamento. Processo nº. 15758.000509/200832. Acórdão nº. 240102.093 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária. Sessão de 26 de outubro de 2011) ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS. Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2006 [...] VALE TRANSPORTE EM PECÚNIA. NATUREZA INDENIZATÓRIA, NÃO SE CARACTERIZA COMO SALÁRIO INDIRETO. DECRETO 95.247/87 EXTRAPOLOU O SEU CARÁTER DE REGULAMENTAR A LEI 7.418/85. O pagamento de Vale Transporte em pecúnia, não é integrante da remuneração do segurado, pois nítido o seu caráter indenizatório, referendado esse entendimento, inclusive, pelo Supremo Tribunal Federal. Ademais, a vedação quanto ao pagamento do vale transporte em, pecúnia inserida em nosso Ordenamento Jurídico pelo Decreto a. 95247/87, é ilegal, pois extrapolou o seu poder de regulamentar a Lei n. 7418/85. [...] (CARF. 2ª Seção de Julgamento. Processo nº. 14041.001.393/200862. Recurso de Ofício e Voluntário nº. 561.928. Acórdão nº. 230101.591 — 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária. Sessão de 08 de julho de 2010) ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/10/2000 a 30/09/2003 DECADÊNCIA. SALÁRIO INDIRETO. VALE TRANSPORTE. VALOR PAGO EM DINHEIRO. NÃO INTEGRA SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. LEI 7.418/85. O Supremo Tribunal Federal, através da Súmula Vinculante nº 08, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8,212, de 24/07/91, devendo, portanto, ser aplicadas as regras de decadência estabelecidas no Código Tributário Nacional. No presente caso aplicase a regra do artigo 173, inciso 1, do CTN, haja vista se tratar de auto de infração lavrado em desfavor do contribuinte por descumprimento de obrigação acessória. O valetransporte pago em espécie pela empresa não integra o salário de contribuição, ou seja, o beneficio não tem caráter salarial, porquanto está de acordo com a legislação que trata do assunto, em especial ao disposto no artigo 2º, da Lei n. 7.418/85. Fl. 176DF CARF MF Processo nº 19515.002963/200912 Acórdão n.º 2202004.081 S2C2T2 Fl. 177 11 O beneficio, em favor do empregado, é ofertado para a execução do trabalho, logo o pagamento realizado pela empresa não constitui fato gerador de contribuição social previdenciária e, por conseguinte, não há que se falar em descumprimento de obrigação tributária acessória. [...] (CARF. 2ª Seção de Julgamento. Processo nº. 35.301.000131/200761. Recurso Voluntário nº. 244.766. Acórdão nº. 230101.396 — 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária. Sessão de 28 de abril de 2010) Partindo, então, das premissas presentemente discutidas, não sobejam dúvidas quanto à impossibilidade de incidência de contribuições previdenciárias sobre os valores pagos em pecúnia a título de vale transporte, inclusive no que atine a obrigação acessória referente a tal rubrica, razão pela qual deve ser exonerado proporcionalmente aos valores referentes à vale transporte no DEBCAD nº 37.377.9178, assim como no Auto de Infração de obrigação acessória DEBCAD nº 37.377.9186. Por fim, importa referir que a questão da infração relativa ao pagamento de Vale Transporte em pecúnia, é objeto da Súmula CARF nº 89: Súmula CARF nº 89: A contribuição social previdenciária não incide sobre valores pagos a título de valetransporte, mesmo que em pecúnia. Ante o exposto, voto por dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto Relator Fl. 177DF CARF MF
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