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Numero do processo: 19515.722262/2012-07
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed May 02 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/01/2007 a 30/09/2007
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONHECIMENTO. OMISSÃO. CABIMENTO.
É de se conhecer os embargos de declaração apresentados pelo embargante, quando comprovada a existência do alegado vício de omissão no Acórdão embargado.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/01/2007 a 30/09/2007
DECADÊNCIA. CABIMENTO EM PARTE.
O termo inicial de contagem do prazo fatal para a constituição do crédito tributário, em relação aos tributos sujeitos a lançamento por homologação, como é o caso do Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI, encontra-se pacificada na jurisprudência deste E. CARF que acolhe o entendimento disposto no item 1 da ementa da decisão do STJ, na apreciação do REsp nº 973.333-SC, na sistemática de recursos repetitivos.
Estando comprovados nos autos, o pagamento referente aos períodos de apuração de janeiro, maio a julho de 2007, constata-se que as exigências formalizadas no auto de infração que se referem aos respectivos períodos, estão alcançadas pela decadência, ex vi do artigo 150, §4º do CTN.
Por outro lado, inexistindo pagamento referente ao período de setembro de 2007, o lançamento quanto a esse período, não está alcançado pela decadência, ex vi do artigo 173, I do CTN.
Numero da decisão: 3302-005.381
Decisão: Embargos acolhidos em Parte.
Crédito Tributário Mantido em Parte.
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher, parcialmente, os embargos de declaração, para rerratificar e integrar o Acórdão embargado, com efeitos infringentes, nos termos do voto da relatora.
[assinado digitalmente]
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente.
[assinado digitalmente]
Maria do Socorro Ferreira Aguiar - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, José Renato Pereira de Deus, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Jorge Lima Abud, Diego Weis Júnior, Raphael Madeira Abad e Walker Araújo.
Nome do relator: MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR
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IPI Embargante WHIRLPOOL S/A Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2007 a 30/09/2007 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONHECIMENTO. OMISSÃO. CABIMENTO. É de se conhecer os embargos de declaração apresentados pelo embargante, quando comprovada a existência do alegado vício de omissão no Acórdão embargado. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2007 a 30/09/2007 DECADÊNCIA. CABIMENTO EM PARTE. O termo inicial de contagem do prazo fatal para a constituição do crédito tributário, em relação aos tributos sujeitos a lançamento por homologação, como é o caso do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, encontrase pacificada na jurisprudência deste E. CARF que acolhe o entendimento disposto no item 1 da ementa da decisão do STJ, na apreciação do REsp nº 973.333SC, na sistemática de recursos repetitivos. Estando comprovados nos autos, o pagamento referente aos períodos de apuração de janeiro, maio a julho de 2007, constatase que as exigências formalizadas no auto de infração que se referem aos respectivos períodos, estão alcançadas pela decadência, ex vi do artigo 150, §4º do CTN. Por outro lado, inexistindo pagamento referente ao período de setembro de 2007, o lançamento quanto a esse período, não está alcançado pela decadência, ex vi do artigo 173, I do CTN. Embargos acolhidos em Parte. Crédito Tributário Mantido em Parte. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 72 22 62 /2 01 2- 07 Fl. 2354DF CARF MF 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher, parcialmente, os embargos de declaração, para rerratificar e integrar o Acórdão embargado, com efeitos infringentes, nos termos do voto da relatora. [assinado digitalmente] Paulo Guilherme Déroulède Presidente. [assinado digitalmente] Maria do Socorro Ferreira Aguiar Relatora. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, José Renato Pereira de Deus, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Jorge Lima Abud, Diego Weis Júnior, Raphael Madeira Abad e Walker Araújo. Relatório Trata o presente processo de Embargos opostos pela contribuinte em face do acórdão nº 3302004.436, proferido em 29 de junho de 2017, pela 2ª Turma Ordinária, da 3ª Câmara, da 3ª Seção do CARF. A Embargante sustenta que o acórdão rechaçado padece dos vícios de contradição e omissão, nos seguintes termos: 3. Em primeiro lugar, a Embargante entende que o Voto do V. Acórdão embargado é contraditório com o relatório. Muito embora o Relatório do V. Acórdão tenha expressamente mencionado a existência dos comprovantes de pagamento (DARFs), o Voto do V. Acórdão contraditoriamente afirma que tais pagamentos não teriam sido verificados e que a Embargante teria utilizado créditoprêmio de IPI para quitar os débitos de IPI (desconsiderando os valores recolhidos por meio de DARFs no período de janeiro a setembro de 2007). 4. Adicionalmente, e na mesma linha de raciocínio, o V. Acórdão embargado é omisso em relação ao resultado da diligência realizada nestes autos (Informação Fiscal de fls. 2.181/2.184). Frisese que, sem margem a dúvidas ou entendimento contrário, o trabalho de diligência constatou a existência de comprovantes de pagamento (DARFs) no período autuado (janeiro de 2007 a dezembro de 2011).(grifei). Com base nas razões aduzidas no despacho de fls. 2346/2347, com fundamento no art. 65, § 3º, do Anexo II do Regimento Interno deste Conselho, aprovado pela Portaria MF 259/2009 (RICARF/2009), o presidente da 2ª Turma Ordinária, da 3ª Câmara, desta 3ª Seção de Julgamento admitiu os embargos de declaração opostos pelo sujeito passivo. Em 11/12/2017, através do Termo de Solicitação de Juntada, fl.2.348, apresenta petição para informar que o Ministro RICARDO LEWANDOWSKI proferiu decisão monocrática que negou seguimento ao ARE 930.643 (Agravo interposto contra a decisão que não admitiu o Recurso Extraordinário da União). Contra essa decisão, a União interpôs recurso Fl. 2355DF CARF MF Processo nº 19515.722262/201207 Acórdão n.º 3302005.381 S3C3T2 Fl. 342 3 de Agravo Interno à Segunda Turma do E. STF e que Recentemente, a Segunda Turma do E. STF proferiu Acórdão que negou provimento ao Agravo Interno da União. Informa ainda que o Acórdão transitou em julgado recentemente, em 01/12/2017, inexistindo assim qualquer recurso cabível contra a decisão judicial que homologou o laudo pericial elaborado na fase de liquidação de sentença da Ação Ordinária n° 92.00166610f de modo que o montante dos créditos de IPI fixado no processo judicial resta definitivamente apurado. É o relatório. Voto Conselheira Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Relatora: Dos requisitos de admissibilidade Uma vez cumpridos os requisitos de admissibilidade, tomase conhecimento dos presentes embargos de declaração, para análise do alegado vício de omissão. Pugna a Recorrente pela decadência do lançamento do IPI referente aos períodos de apuração de janeiro, maio a julho e setembro de 2007, por força do artigo 150, § 4º do CTN, aduzindo em favor de sua tese jurisprudência do E.STJ. Verificase assistir, em parte, razão à recorrente. O processo foi convertido em diligência, através da Resolução CARF nº 3302000.435, de 21/08/2014, nos seguintes termos: A lide dos presentes autos a ser solucionada neste julgamento referese: 1. Preliminar de Decadência referentes aos períodos de apuração de janeiro, maio a julho e setembro de 2007; (...) Portanto, como bem esclarecido, o lançamento ora questionado foi efetuado para prevenir a decadência do direito de constituir os eventuais débitos de IPI em discussão, uma vez que a Recorrente compensou estes débitos com créditos de IPI reconhecidos na Ação Ordinária n° 92.00166610, tendo a constituição do crédito tributário sido efetuada com a exigibilidade suspensa (CTN, art. 151) e sem aplicação da multa de ofício, nos termos da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, art. 63. Segundo a autoridade fiscal, se em análise perfunctória uma medida liminar ou antecipação de tutela tem o condão de suspender a exigibilidade do crédito tributário, com muito mais propriedade esse efeito suspensivo emana de sentenças e acórdãos, em que a cognição é exauriente. Fl. 2356DF CARF MF 4 A Contribuinte alegou decadência do direito de lançar os períodos de 01/01/2007 a 31/01/2007, 01/05/2007 a 31/07/2007, 01/09/2007 – Homologação tácita . Vejamos: (...) É inconteste que no caso de IPI a legislação atribui ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa. (...) Consta dos autos cópias do Livro de Apuração de IPI, referente ao período fiscalizado e neste constatase que em diversos dos Períodos de Apuração a contribuinte apurou saldo devedor. Restaria demonstrar que o mesmo efetuou o recolhimento dos saldos devedores apurados, para que, assim, seja possível constatarse a submissão, ou não, do fato à regra do inciso I do parágrafo único do art. 124 do RIPI/2002, acima transcrito e, consequentemente, concluir se aplica ao presente caso o art. 150 ou 173 do CTN. Entretanto, a recorrente embora tenha alegado a decadência, não trouxe aos autos a comprovação dos efetivos recolhimentos dos saldos devedores apurados, fazendose, necessário, buscar tal informação, para viabilizar a análise de decadência. Também, não se localizou nos autos a existência desses recolhimentos.(grifei). Assim, com base no acima exposto e sendo determinante para o julgamento dos presentes autos a anexação de tais informações e documentos, voto no sentido de converter o julgamento em diligência, para: i. Verificar e informar se houve recolhimento dos saldos devedores originalmente apurados pela a contribuinte, em cada um dos períodos de apuração objeto do presente lançamento, anexando os respectivos comprovantes.(...) ii. Informar sobre o atual andamento do processo de liquidação; ii. prestar demais informações que entendam necessários; iii dar ciência do resultado da diligência para a contribuinte, concedendolhe prazo para manifestação; iv. retornar o presente processo ao CARF para posterior julgamento. Em decorrência da diligência foi emitida a Informação Fiscal de fls.2.181/2.184, reproduzida a seguir em apertada síntese: A Turma de julgamento requisitou esclarecimento acerca da existência de pagamentos relativos aos valores de IPI apurados nos RAIPI em cada um dos meses objeto do lançamento de ofício. Ainda requisitou informações sobre o andamento da liquidação de sentença. Fl. 2357DF CARF MF Processo nº 19515.722262/201207 Acórdão n.º 3302005.381 S3C3T2 Fl. 343 5 Diante do pedido formulado pelo CARF, foi emitido o TDPF identificado acima e o sujeito passivo foi intimado a comprovar os recolhimentos dos saldos devedores apurados nos RAIPI relativamente ao período de janeiro de 2007 a dezembro de 2011. Também foi requerida a apresentação de certidão de objeto e pé do agravo pendente de julgamento na esfera do Poder Judiciário. Além do que foi requerido pelo CARF, foi constatado que havia algumas divergências entre os RAIPI em meio físico (utilizados para apuração das bases de cálculo na ocasião do lançamento de ofício) e os RAIPI constantes do SPED. O sujeito passivo também foi intimado a esclarecer tais diferenças. Inicialmente, o sujeito passivo apresentou cópia da certidão de objeto e pé do ARESP n° 371.491 (que junto ao autos) e pediu prorrogação de prazo para apresentar os comprovantes de recolhimento e para esclarecer as diferenças entre os RAIPI. Em 15/05/2015, o sujeito passivo apresentou os comprovantes de pagamento nos valores discriminados abaixo (nas colunas “DARF”), o que foi confirmado pelo relatório extraído do Sistema SIEFPagamentos (fls. 1.998 a 2.009). Nos meses destacados com hachura houve pagamento suplementar e os comprovantes foram apresentados conforme protocolo entregue em 25/07/2015. (...) Sendo essas as informações requeridas pela 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, concluo que, em relação ao anocalendário de 2007, NÃO HOUVE PAGAMENTO DE IPI NO ESTABELECIMENTO 0028 nos meses de MARÇO, AGOSTO e SETEMBRO.(grifei). Encontrase pacificada na jurisprudência deste E. CARF que acolhe o entendimento disposto nos itens 1 e 3 da ementa da decisão do STJ, na apreciação do REsp nº 973.333SC, na sistemática de recursos repetitivos, conforme excertos a seguir: 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou Fl. 2358DF CARF MF 6 simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). (...). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199).(Grupo). Diante da informação fiscal acima destacada e tendo em vista que se encontra pacificada na jurisprudência deste E. CARF que acolhe o entendimento disposto nos itens 1 e 3 da ementa da decisão do STJ, na apreciação do REsp nº 973.333SC, na sistemática de recursos repetitivos, conforme excertos a seguir, verificase que, havendo pagamento antecipado, o prazo de decadência deve ser contado a partir da realização do fato gerador do tributo (artigo 150, §4º do CTN). A contrario sensu, o prazo deve ser contado do primeiro dia do exercício seguinte àquele que poderia ser cobrado (artigo 173, I, do CTN). No caso dos autos, tendo a ciência do lançamento ocorrido em 15/10/2012, fl.1.345, estão alcançados pela decadência, por força artigo 150, §4º do CTN, os lançamentos referentes a janeiro, maio a julho de 2007. Quanto a setembro de 2007, inexistindo pagamento, o lançamento está abrigado pelo artigo 173, I, do CTN. Diante do exposto, acolho parcialmente os presentes embargos, para rerratificar e integrar o Acórdão embargado, com efeitos infringentes, nos termos dos fundamentos acima. [Assinado digitalmente] Maria do Socorro Ferreira Aguiar Fl. 2359DF CARF MF Processo nº 19515.722262/201207 Acórdão n.º 3302005.381 S3C3T2 Fl. 344 7 Fl. 2360DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 12466.722771/2011-24
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue May 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jun 21 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Importação - II
Ano-calendário: 2006, 2007
VALORAÇÃO ADUANEIRA. MÉTODO SUBSTITUTIVO AO VALOR DE TRANSAÇÃO. ARBITRAMENTO POR FRAUDE. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA FRAUDE.
A dúvida razoável sobre a veracidade ou exatidão do valor declarado e a insuficiência das explicações apresentadas pelo importador podem ser fundamentos para afastamento do método do valor da transação declarado. Porém, tais situações, por si só, não implicam em fraude sujeita ao arbitramento do artigo 88 da MP nº 2.158-35/2001, a qual consiste em pressuposto para o arbitramento e deve ser provada.
Recurso Voluntário Provido.
Crédito Tributário Exonerado.
Numero da decisão: 3302-005.466
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Fenelon Moscoso de Almeida, Walker Araujo, Vinicius Guimaraes, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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MÉTODO SUBSTITUTIVO AO VALOR DE TRANSAÇÃO. ARBITRAMENTO POR FRAUDE. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA FRAUDE. A dúvida razoável sobre a veracidade ou exatidão do valor declarado e a insuficiência das explicações apresentadas pelo importador podem ser fundamentos para afastamento do método do valor da transação declarado. Porém, tais situações, por si só, não implicam em fraude sujeita ao arbitramento do artigo 88 da MP nº 2.15835/2001, a qual consiste em pressuposto para o arbitramento e deve ser provada. Recurso Voluntário Provido. Crédito Tributário Exonerado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Fenelon Moscoso de Almeida, Walker Araujo, Vinicius Guimaraes, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 46 6. 72 27 71 /2 01 1- 24 Fl. 1127DF CARF MF Processo nº 12466.722771/201124 Acórdão n.º 3302005.466 S3C3T2 Fl. 1.128 2 Trata o presente de Autos de Infração para constituição de crédito tributário de Imposto de Importação, Imposto sobre Produtos Industrializados, PIS/PasepImportação, CofinsImportação, em decorrência de revisão aduaneira, na qual detectouse que os preços de importação praticados pela Multimex eram inferiores na ordem de 50% do preço praticado no mesmo período e em mercadoria idêntica, por outros importadores. Foi aplicada, ainda, a multa de 100% entre o preço declarado e preço arbitrado, de acordo com o artigo 88 da MP nº 2.158 35/2001. A multa de ofício incidente sobre os tributos devidos não foi qualificada. A fiscalização informou que a recorrente importou, na modalidade conta própria, aparelhos eletrônicos da marca APPLE, no período de novembro/2006 a dezembro/2007, provavelmente em conluio com empresa encomendante de firma exportadora, inexistente de fato e de direito, situada no Estado da Flórida e com falsidade dos valores declarados. Informou ter havido a comprovação de que o real vendedor teria sido um grande varejista norteamericano, BEST BUY CO. INC., mediante rastreamento pela APPLE COMPUTER BRASIL que teria confirmado a negociação com origem na empresa BEST BUY, conforme processos 12466.000061/201069 e 12466.720661/201128. Informou que constou como exportadora nas DI´s a empresa WOODLANDS DISTRIBUTION INC., que não possuía qualquer relacionamento com importadores brasileiros, exceto a MULTIMEX. Houve cotejamento dos preços praticados pela MULTIMEX com produtos idênticos e no mesmo período, percebendo grande discrepância nos preços, na ordem de 50% dos valores declarados pelos demais do comércio exterior, mesmo em alguns casos em que o volume transacionado pelos demais operadores era muito superiores aos da MULTIMEX. Intimada, a MULTIMEX respondeu que desconhecia os motivos que teriam influenciado direta ou indiretamente o valor da negociação das mercadorias e que não dispunha das provas materiais desta. As mercadorias descritas de forma semelhante foram presumidas idênticas para fins de determinação do tratamento aduaneiro ou tributário, conforme artigo 68 da Lei nº 10.833/2003. Aplicouse um arbitramento mediante um acréscimo de 100% sobre os preços FOB declarados, em razão de indícios significativos de subfaturamento da ordem de 50%, com base em mercadorias idênticas, feitas à mesma época, nos termos do artigo 88 da MP nº 2.15835/2001, bem como a multa administrativa de que trata seu parágrafo único. A fiscalização anexou o Auto de Infração e Termo de Apreensão e Guarda Fiscal do processo nº 12466.000061/201069 no qual foi aplicada a pena de perdimento por ocultação do real vendedor na importação e por falsificação de documento necessário ao desembaraço (faturas comerciais). Em impugnação, a recorrente alegou: 1. A decadência dos lançamentos ocorridos há mais de cinco anos do fato gerador; 2. Nulidade do lançamento por vício formal, por ausência de juntada de todos os documentos necessários, em especial as DI´s paradigmas, para verificar se as mercadorias são idênticas e estão submetidas às mesmas condições comerciais, em especial as DI´s paradigmas; Fl. 1128DF CARF MF Processo nº 12466.722771/201124 Acórdão n.º 3302005.466 S3C3T2 Fl. 1.129 3 3. A Nulidade do lançamento por ausência de descrição específica de cada infração; 4. A impossibilidade de extensão das conclusões obtidas em outro procedimento a todas as importações do contribuinte; 5. No mérito, que a fatura comercial é prova suficiente da veracidade ou exatidão do valor declarado, que a aplicação do artigo 88 da MP nº 2.15835/2001 pressupõe a comprovação do agir com fraude, sonegação ou conluio e que a autoridade fiscal não logrou êxito em provar o ato doloso ou em infirmar a veracidade das faturas comerciais; 6. A indevida desconsideração dos valores da transação comercial, pois não foram juntadas as DI´s paradigmas que serviriam para confirmação da identidade das mercadorias paradigmas, de modo a aferir a identidade de qualidade, de quantidade, de tempo de vida útil e nível comercial, país de origem e que o Comitê Técnico de Valoração Aduaneira fixou entendimento de que o simples fato de um preço declarado ser inferior aos preços correntes de mercado não poder ser motivo para sua rejeição para fins do Artigo 1. Em 23/12/2013, a DRJ converteu o processo em diligência para que a fiscalização apresentasse solução para as seguintes questões: "A – De início, reapresente os estudos de preços mencionados na peça de autuação, observando o preenchimento de todos os campos da planilha abaixo, de modo que seja possível a certificação de que os preços apresentados, de fato, referemse a preços de importação de mercadorias idênticas ou similares, nos termos das definições contidas no Art. 15 do AVAGATT. Frise se que, a critério da fiscalização, outros campos poderão ser adicionados ao cabeçalho da referida planilha. Preferencialmente, deverá ser apresentada uma planilha para cada mercadoria analisada: Produto (Descrição: modelo/marca): Empresa Importadora: A, B....N (não é necessário indicar o nome da empresa importadora); Fabricante; País de Origem ; País de Procedência; N.º DI; Data de Registro; DI; Quantidade Importada; Valor Unitário (US$ Dólar) 1 B – Ainda no formato da planilha acima, deverão ser apresentados também os preços de importação encontrados nos sistemas da RFB para mercadorias idênticas ou similares às demais mercadorias constantes das faturas desconsideradas pela autuação (fls. 100,103, 106, 109, 112, 113 e 116). Caso não sejam encontradas mercadorias idênticas ou similares para alguns produtos, tal fato deve ser registrado na resposta apresentada, com as considerações que se fizerem necessárias; C – Observando as planilhas preenchidas, justificar porque as mercadorias pesquisadas nos sistemas da RFB, de fato, são idênticas ou similares às mercadorias importadas pela autuada, nos termos do Art. 15 do AVAGATT; 1 planilha solicitada em forma de tabela Fl. 1129DF CARF MF Processo nº 12466.722771/201124 Acórdão n.º 3302005.466 S3C3T2 Fl. 1.130 4 D Com base no Art. 88 da MP 2.15835/ 2001, indique qual foi o critério de arbitramento utilizado e explique a conclusão de subfaturamento da ordem de 50% (cinquenta por cento) para todas as mercadorias importadas pela autuada.) Em resposta, a fiscalização reiterou (efls. 961) que foram utilizadas importações de mercadorias idênticas e de mesmo período de tempo de inconfundíveis produtos da marca Apple; que o percentual de 50% adotado é razoável, uma vez que todas as importações da recorrente utilizaram preços abaixo dos 50% dos preços das importações paradigmas; reportou, novamente, ao processo 12466.000061/201089, que possuiu comparação similar de preços com a empresa BEST BUY. Manifestando sobre o resultado da diligência, a recorrente reforçou que a fiscalização não demonstrara o critério de arbitramento utilizado, nem a explicação para se adotar o percentual de 50% de subfaturamento, que produtos autuados não são idênticos aos utilizados como paradigma, exemplificando; que o país de origem não é o mesmo, que o artigo 9º do Decreto nº 70.235/1972 que determina a juntada de todas as provas no Auto de Infração, o qual ser aplicado, tendo como consequência, o cancelamento do lançamento; A Vigésima Quarta Turma da DRJ/SP1 em São Paulo proferiu o Acórdão nº 1658.140, cuja ementa transcrevese: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2006, 2007 Subfaturamento. Arbitramento. No caso de caracterização de fraude, o arbitramento dos preços das mercadorias deve ser realizado observandose as determinações contidas no artigo 88 da Medida Provisória nº 2.15835/2001, para exigência da diferença de imposto que deixou de ser recolhida, acrescida das multas aplicáveis e dos juros de mora. Decadência. Dolo, fraude ou simulação. Em caso de dolo, fraude ou simulação, o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após cinco anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. São nulos os lançamentos efetuados após o decurso do prazo decadencial. Direito ao contraditório e à ampla defesa. Descrição dos fatos. Enquadramento legal. Diante de alentada descrição dos fatos e indicação do enquadramento legal específico no auto de infração, devidamente instruído com as provas em que se baseia a exigência fiscal, resta infundada a arguição de cerceamento do direito de defesa. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte. Fl. 1130DF CARF MF Processo nº 12466.722771/201124 Acórdão n.º 3302005.466 S3C3T2 Fl. 1.131 5 Cientificada em 02/06/2014, a recorrente interpôs recurso voluntário, reiterando: 1. A nulidade do auto de infração, por vício formal, em razão da posterior juntada de documentos e aprimoramento do lançamento; 2. Ausência de descrição específica das irregularidades praticadas nos processos de importação e a falta de provas acerca dos fatos imputados; 3. Ausência de demonstração do critério de arbitramento e utilização de prova emprestada sem a devida correspondência ao caso concreto; 4. Decadência dos lançamentos ocorridos há mais de cinco anos do fato gerador; 5. Ausência de elementos aptos a desqualificar as faturas e mera existência de preços inferiores no mercado, incidência da opinião consultiva 2.1; 6. A desconsideração de qualidades intrínsecas da mercadoria e utilização de cotação para produtos distintos, sem levar em consideração o país de origem. Na forma regimental, o processo foi distribuído a este relator. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator. O recurso voluntário atende aos pressupostos de admissibilidade e dele tomo conhecimento. A recorrente alega várias preliminares de nulidade: nulidade por vício formal da autuação, por ausência de documentos necessários, confirmada por juntada posterior de documentos na diligência requerida pelo colegiado a quo. De fato, a autoridade julgadora converteu o julgamento em diligência para que novos documentos fossem acostados aos autos. Porém, em relação aos produtos IPOD NANO DE 2GB e IMAC PRO MA356LL/A, a fiscalização apresentou os estudos nas planilhas de efls. 119 a 147, cujos dados foram retirados do SISCOMEX (sistema cujos registros informatizados das operações de importação e exportação equivalem à Guia de Exportação, à Declaração de Exportação, ao Documento Especial de Exportação, à Guia de Importação e à Declaração de Importação, para todos fins e efeitos legais, conforme artigo 6º do Decreto nº 660/1992), sendo que a diligência detalhou tal estudo com juntada dos extratos das DI´s paradigmas para possibilitar uma melhor defesa da recorrente, o que entendo estar inserido no poder de livre convencimento do julgador, de que trata o artigo 29 do Decreto nº 70.235/1972, como também estar em consonância com o princípio da verdade material, norteador do processo fiscal administrativo. Fl. 1131DF CARF MF Processo nº 12466.722771/201124 Acórdão n.º 3302005.466 S3C3T2 Fl. 1.132 6 Quanto à ausência de descrição específica das irregularidades e a falta de provas, ausência de demonstração do critério de arbitramento, utilização de prova emprestada sem correspondência ao caso concreto, tais questões se confundem com o mérito e adiante serão analisadas. Ainda em prejudicial de mérito, a recorrente alegou decadência para os lançamentos ocorridos há mais de cinco anos da data do fato gerador, ou seja, o registro das DI´s. Assim, estariam decaídos os lançamentos relativos às DI´s registradas antes de 25/05/2007, uma vez que a ciência dos Autos de Infração ocorreu em 25/05/2012. A análise do prazo decadencial depende da configuração da ocorrência de fraude, o que deslocaria a contagem do prazo decadencial do artigo 150, §4º para o artigo 173, inciso I do CTN. Portanto, tal análise será realizadas posteriormente. No mérito, a acusação fiscal baseouse em dois fundamentos fáticos, conforme descrição dos fatos nas efls. 5 a 7: a) ações fiscais conduzidas anteriormente; b) a firma exportadora WOODLANDS DISTRIBUTION INC. possui sócia pessoa física que também figura como sócia de outras nova empresas no Brasil, dentre elas, uma de razão social WOODLANDS DISTRIBUIDORA DE INFORMÁTICA LTDA e que a exportadora americana, estranhamente, só possuía relacionamento comercial com a MULTIMEX, c) os estudos com os produtos IPOD NANO 2GB SILVER – REF MA477ZY/A e IMAC PRO – REF MA356LL/A indicando subfaturamento da ordem de 50%, d) a resposta da recorrente de que desconhecia os motivos que tenham influenciado direta ou indiretamente o valor de negociação das mercadorias e que não dispunha de provas materiais desta negociação. O primeiro ponto referese a ações conduzidas anteriormente, citando os processos fiscais 12466.000061/201069 e 12466.720661/201128. O de final 201069 foi juntado aos autos e trata de pena perdimento por ocultação do real vendedor na importação e por falsificação de documento necessário ao desembaraço (faturas comerciais). A pena de perdimento foi aplicada a mercadoria importada em 11/04/2008, tendo a MULTIMEX como importadora e a GREENMAX como encomendante e a FLIGHTWITH INC como exportadora. A fiscalização iniciou a partir da constatação de que os preços declarados na DI eram muito inferiores aos preços constantes nos sites de vendas de internet das empresas localizadas no país de procedência (EUA), informando tabela com o comparativo com preços da AMAZON.COM, para os produtos IMAC MA876LL/A, IMAC MA877LL/A e IMAC MA878LL/A. Diante da constatação, procedeuse aos exames documental e físico das mercadorias, nos quais foram encontrados pedidos de compra demonstrando que as mercadorias foram adquiridas junta à BEST BUY CO. e indicando os preços do site da referida empresa, os quais eram inferiores, mas próximos dos preços praticados pela AMAZON.COM. Dado o indício de falsidade, foi aberto o procedimento especial de controle aduaneiro previsto na IN SRF 206/2002, artigos 65 a 69, tendo sido constatado que: o domicílio da empresa exportadora não correspondia ao constante da fatura comercial que instruiu o despacho de importação, que a exportadora fora registrada 79 dias antes da emissão da fatura comercial (o que tornaria improvável uma mudança de domicílo do Estado de Delaware para a Flórida, endereço da fatura comercial), que após a intimação da fiscalização, a exportadora efetivou a mudança de endereço no site governamental, que o registro do domínio do site da exportadora FLIGHTWITH flightwith.com foi realizado pela responsável da encomendante GREENMAX Sr. Maurício Costa, que os pedidos de compra encontrados nas embalagens das Fl. 1132DF CARF MF Processo nº 12466.722771/201124 Acórdão n.º 3302005.466 S3C3T2 Fl. 1.133 7 mercadorias mostram que foram realizados pelo Sr. Maurício Costa, ou seja, indicando que não houve a intermediação da FLIGHTWITH, em desacordo com o informado na DI, que a APPLE DO BRASIL confirmou que 83 dos 95 equipamentos importados foram vendidos pela APPLE dos EUA à BEST BUY, contrariando informando da FLIGHTWITH de que apenas parte dos produtos havia sido adquiridos da BEST BUY, que a assinatura da fatura comercial emitida pela FLIGHTWITH foi firmada pelo sócio da GREENMAX, em exame documentoscópio realizado por peritos da Polícia Federal, que a APPLE DO BRASIL confirmou em email que todos os produtos vendidos para a BEST BUY foram em preços superiores aos declarados na DI, que os valores declarados são inferiores aos praticados no site da BEST BUY, que no SISCOMEX os preços comercializados diretamente pela APPLE dos EUA ou por seus revendedores a outros importadores brasileiros é muito superior aos declarados na DI, que os produtos importados pela MULTIMEX em meses anteriores era semelhante aos declarados na DI em análise, que alguns produtos apreendidos continuaram a ser comercializados para o Brasil por preços muito superiores aos declarados, que o sócio da GREENMAX não compareceu à Alfândega para prestar esclarecimentos sobre os fatos. Ao final, culminou na aplicação da pena de perdimento por interposição fraudulenta do real vendedor e falsidade da fatura comercial, em razão dos valores subfaturados, da inexistência de fato da empresa emissora e da assinatura feita na fatura pelo sócia da empresa encomendante. Os produtos apreendidos foram: IMAC MA876LL/A, : IMAC MA877LL/A, IMAC MA878LL/A, MAC PRO MA970LL/A, MONITOR APPLE M9178LL/A, MONITOR APPLE M9177LL/A. Verificase, assim, que a fiscalização desenvolvida foi aprofundada e teve como foco a interposição fraudulenta e, especialmente, a participação do sócio da encomendante GREENMAX, pessoa jurídica e física que não foram mencionadas nestes autos. Constatase também que os produtos objeto da apreensão não são idênticos aos aqui tratados. Defluise que as provas produzidas no processo 12466.000061/201069 não se aplicam aos fatos aqui narrados, em razão, principalmente, do foco do processo 201069 se concentrar na GREENMAX e em seu sócio, que, conforme as investigações lá descritas, foi o responsável pela interposição da exportadora FLIGHTWITH (que não participou das importações aqui autuadas), sua criação e falsificação da fatura comercial, além de se tratar de produtos distintos dos aqui autuados e de períodos distintos (abril de 2008 no processo 201069 e novembro/2006 a dezembro/2007). A respeito do período, o processo 201069 referese a fato gerador posterior aos aqui tratados, não sendo lógico supor uma continuidade delitiva. Se isso fosse o motivo desta autuação, então a MULTIMEX, e não a GREENMAX, seria a mentora da fraude, o que não foi o direcionamento do processo 201069. Na realidade, a fiscalização não utilizou as provas emprestadas do processo 201069, o que, em tese, é perfeitamente possível e permitido, mas sim as conclusões sobre a fraude detectada na fatura e na interposição do real vendedor, como um procedimento contumaz da recorrente, tendoo aplicado ao presente processo, em razão da diferença de preços verificados no SISCOMEX e os declarados nas DI´s. Neste sentido: Acórdão nº 10515.188 PROVA EMPRESTADA A jurisprudência tem repudiado a prova emprestada aproveitada quanto às conclusões. Deve ser admitido o procedimento da autoridade julgadora que, aproveitando documentos de outro processo da mesma Fl. 1133DF CARF MF Processo nº 12466.722771/201124 Acórdão n.º 3302005.466 S3C3T2 Fl. 1.134 8 contribuinte, relativamente aos mesmos fatos, porém ocorridos no anocalendário anterior, os utiliza para fundamentar suas alegações. Porém, as provas trazidas referente ao processo nº 12466.000061/201069 não se aplicam aos fatos aqui narrados, pois a resposta da APPLE não abordou os produtos aqui autuados, a GREENMAX e seu sócio não foram mencionados nas operações aqui autuadas, além de não se tratar dos mesmos produtos e do mesmo período. O ponto em comum é o fato de nos dois processos haverem produtos declarados com valores inferiores aos constantes no SISCOMEX, importados por outras empresas. Quanto ao processo nº 12466.720661/201128, apesar de não localizar seus autos no presente processo, em pesquisa no site do CARF, constatase que nele foi proferido o Acórdão nº 3301002.876, que versou sobre a aplicação da multa substitutiva à pena de perdimento de que trata o §3º do artigo 23 do Decreto nº 1.455/1976, em razão da não localização de mercadorias importadas em março de 2008, cuja acusação fiscal é idêntica ao do processo nº 12466.000061/201069, acima analisado. Relativamente à WOODLANDS DISTRIBUTION INC, a fiscalização não faz acusação de ser interposta pessoa, mas informa que sua sócia também é sócia de outras empresas no Brasil e de mesmo ramo (e uma com Razão Social semelhante), e que, estranhamente, a WOODLANDS não possui relacionamento comercial com outros importadores, exceto a MULTIMEX. A meu ver, estes fatos não provam a falsidade da fatura comercial, nem indicam que a MULTIMEX teria criado artificiosamente a WOODLANDS, diferentemente do processo nº 201069, no qual a investigação provou que a FLIGHTWITH fora criada pelo sócio da encomendante GREENMAX. No que tange aos estudos de preço acostados aos autos, referentes aos produtos IPOD NANO 2GB SILVER – REF MA477ZY/A e IMAC PRO – REF MA356LL/A, as planilhas de efls. 119 a 147 mostram que para o primeiro foram identificados preços em US$ de 144,66 132,60 142,00 e 138,00 para um preço de 70,00, declarado pela recorrente. Para o IMAC PRO – REF MA356LL/A foram identificados preços de 1.673,15 1.658,31 1652,77 1.640,27 1.640,27 1.628,62 1.580,40 1.615,19 1.627,88 e 1.899,00 para um preço declarado pela recorrente de 797,52. A fiscalização intimou a recorrente para que esta apresentasse os fatores que teriam influenciado direta ou indiretamente o valor de transação, bem como informar como ocorreram as negociações com a WOODLANDS, o nome da pessoa a quem coube a tarefa no Brasil e nos EUA e outras informações. Como resposta, a recorrente declarou que o preço de aquisição foi determinado pela quantidade a ser adquirida, pela programação de compras ao longo do ano e forma de pagamento e que não havia como localizar as correspondências de comercialização, uma vez que eram efetivadas por antigo funcionário e que não possuía acesso ao seu email e Skype, desde meados de 2009. Informou, ainda, que não pode cumprir integralmente a intimação, em razão de que arquivara apenas os documentos exigidos pela fiscalização, como invoice, B/L, Contrato de Câmbio etc. Antes de analisarmos as consequências da situação descrita acima, necessário expor sucintamente as regras de valoração aduaneira, que, à época dos fatos, era regida pelas normas constantes no artigo 82 do Decreto nº 4.543/2002, pelas disposições da IN SRF nº 327/2003, devendo ainda serem observados as Decisões 3.1, 4.1 e 6.1 do Comitê de Valoração Aduaneira, da Organização Mundial de Comércio (OMC); o parágrafo 8.3 das Questões e Fl. 1134DF CARF MF Processo nº 12466.722771/201124 Acórdão n.º 3302005.466 S3C3T2 Fl. 1.135 9 Interesses Relacionados à Implementação do Artigo VII do GATT de 1994, emanado da IV Conferência Ministerial da OMC; e as Notas Explicativas, Comentários, Opiniões Consultivas, Estudos e Estudos de Caso, emanados do Comitê Técnico de Valoração Aduaneira, da Organização Mundial de Aduanas (OMA), conforme IN SRF 318/2003. Nos procedimentos de valoração aduaneira previstos na IN SRF nº 327/2003 constam o seguinte: Art. 32. Quando as informações prestadas não forem suficientes para comprovar o valor declarado e a fiscalização aduaneira tiver motivos para duvidar da veracidade ou exatidão das informações ou dos documentos apresentados para justificar essa declaração, poderá solicitar ao importador o fornecimento de explicações, documentos ou outras provas, de que o valor declarado representa o montante efetivamente pago ou a pagar pelas mercadorias importadas, ajustado em conformidade com as disposições do Artigo 8, e a apresentar, conforme o caso, elementos para proceder à valoração com base em método substitutivo. § 1º Se, após o recebimento de informação adicional, ou na falta de resposta, a fiscalização aduaneira ainda tiver dúvidas razoáveis sobre a veracidade ou exatidão do valor declarado, poderá decidir pela impossibilidade da aplicação do método do valor de transação, nos termos do art. 82 do Decreto nº 4.543, de 2002. § 2º As dúvidas da fiscalização aduaneira poderão ser fundamentadas, além de outras hipóteses, na incompatibilidade do preço declarado com: I os preços usualmente praticados em importações de mercadorias idênticas ou similares; II os valores, para mercadorias idênticas ou similares, indicados em cotações de preços internacionais, publicações especializadas, faturas comerciais pro forma e ofertas de venda; III os custos de produção de mercadoria idêntica ou similar. IV o preço de revenda da mercadoria importada ou de idêntica ou similar. § 3º As explicações e os outros documentos ou provas complementares, referidos no caput deste artigo, compreendem, além das informações e documentos previstos no art. 30, outros elementos que justifiquem o valor declarado e possam esclarecer as dúvidas existentes. § 4º Na hipótese de recusa da aplicação do método de valor declarado, a autoridade aduaneira deverá cientificar o importador sobre os seus motivos. Art. 33. O valor aduaneiro também será apurado com base em método substitutivo ao do valor de transação, quando o importador ou o adquirente da mercadoria não apresentar à Fl. 1135DF CARF MF Processo nº 12466.722771/201124 Acórdão n.º 3302005.466 S3C3T2 Fl. 1.136 10 fiscalização, em perfeita ordem e conservação, os documentos comprobatórios das informações prestadas na DI, a correspondência comercial, bem assim os respectivos registros contábeis, se obrigado à escrituração. Destacase, ainda, que o procedimento previsto na IN SRF nº 327/2003 não se aplica aos casos de fraude, conforme disposto em seu artigo 38: Art. 38. O disposto nesta norma não se aplica aos casos em que se verifique elemento indiciário de fraude, sonegação ou conluio, envolvendo o valor aduaneiro declarado, hipótese em que serão adotados, pela autoridade aduaneira da unidade da SRF que identificar o fato, os procedimentos especiais de controle aduaneiro previstos na legislação específica. Já o artigo 82 do RA/2002 dispunha: Art. 82. A autoridade aduaneira poderá decidir, com base em parecer fundamentado, pela impossibilidade da aplicação do método do valor de transação quando (Acordo de Valoração Aduaneira, Artigo 17, aprovado pelo Decreto Legislativo no 30, de 1994, e promulgado pelo Decreto no 1.355, de 1994): I houver motivos para duvidar da veracidade ou exatidão dos dados ou documentos apresentados como prova de uma declaração de valor; e II as explicações, documentos ou provas complementares apresentados pelo importador, para justificar o valor declarado, não forem suficientes para esclarecer a dúvida existente. Parágrafo único. Nos casos previstos no caput, a autoridade aduaneira poderá solicitar informações à administração aduaneira do país exportador, inclusive o fornecimento do valor declarado na exportação da mercadoria De outro giro, observase que a Decisão 6.1 constante do Anexo da IN SRF 318/2003 dispõe de modo similar ao artigo 32 da IN SRF nº 327/2003 e ao artigo 82 do RA/2002: "DECIDE o seguinte: 1. Quando tiver sido apresentada uma declaração e a Administração Aduaneira tiver motivo para duvidar da veracidade ou exatidão das informações ou dos documentos apresentados para justificar essa declaração, a Administração Aduaneira poderá solicitar ao importador o fornecimento de uma explicação adicional, bem assim documentos ou outras provas, de que o valor declarado representa o montante efetivamente pago ou a pagar pelas mercadorias importadas, ajustado em conformidade com as disposições do Artigo 8. Se, após o recebimento de informação adicional, ou na falta de resposta, a Administração Aduaneira ainda tiver dúvidas razoáveis sobre a veracidade ou exatidão do valor declarado, poderá decidir, tendo em conta as disposições do Artigo 11, que Fl. 1136DF CARF MF Processo nº 12466.722771/201124 Acórdão n.º 3302005.466 S3C3T2 Fl. 1.137 11 o valor aduaneiro das mercadorias importadas não pode ser determinado com base nas disposições do Artigo 1. Antes de tomar uma decisão definitiva, a Administração Aduaneira comunicará ao importador, por escrito, quando solicitado, suas razões para duvidar da veracidade ou exatidão das informações ou dos documentos apresentados e lhe dará oportunidade razoável para responder. Quando for tomada uma decisão definitiva, a Administração Aduaneira comunicará ao importador, por escrito, os motivos que a embasaram. Inferese que a autoridade aduaneira pode desconsiderar a aplicação do método de valor de transação, quando as informações prestadas não forem suficientes para comprovar o valor declarado e a fiscalização aduaneira tiver motivos para duvidar da veracidade ou exatidão das informações ou dos documentos apresentados para justificar essa declaração. É caso, a meu ver da situação descrita nos autos, ou seja, preços praticados no SISCOMEX de mercadorias idênticas em valores superiores aos declarados em DI e falta de prestação de informações suficientes pela recorrente que pudessem justificar tais preços, certamente, acarretam dúvidas razoáveis e motivos para duvidar do preço declarado nas DI´s. Ocorre que a fiscalização não utilizou os procedimentos de valoração aduaneira na autuação, mas sim o procedimento de arbitramento nos casos de fraude, sonegação ou conluio previstos no artigo 88 da MP nº 2.15835/2001 e reproduzidos no artigo 84 do RA/2002: MP nº 2.15835/2001: Art. 86. O valor aduaneiro será apurado com base em método substitutivo ao valor de transação, quando o importador ou o adquirente da mercadoria não apresentar à fiscalização, em perfeita ordem e conservação, os documentos comprobatórios das informações prestadas na declaração de importação, a correspondência comercial, bem assim os respectivos registros contábeis, se obrigado à escrituração [...] Art. 88. No caso de fraude, sonegação ou conluio, em que não seja possível a apuração do preço efetivamente praticado na importação, a base de cálculo dos tributos e demais direitos incidentes será determinada mediante arbitramento do preço da mercadoria, em conformidade com um dos seguintes critérios, observada a ordem seqüencial: I preço de exportação para o País, de mercadoria idêntica ou similar; II preço no mercado internacional, apurado: a) em cotação de bolsa de mercadoria ou em publicação especializada; b) de acordo com o método previsto no Artigo 7 do Acordo para Implementação do Artigo VII do GATT/1994, aprovado pelo Decreto Legislativo no 30, de 15 de dezembro de 1994, e promulgado pelo Decreto no 1.355, de 30 de dezembro de 1994, Fl. 1137DF CARF MF Processo nº 12466.722771/201124 Acórdão n.º 3302005.466 S3C3T2 Fl. 1.138 12 observados os dados disponíveis e o princípio da razoabilidade; ou c) mediante laudo expedido por entidade ou técnico especializado. Parágrafo único. Aplicase a multa administrativa de cem por cento sobre a diferença entre o preço declarado e o preço efetivamente praticado na importação ou entre o preço declarado e o preço arbitrado, sem prejuízo da exigência dos impostos, da multa de ofício prevista no art. 44 da Lei no 9.430, de 1996, e dos acréscimos legais cabíveis. RA/2002: Art. 84. No caso de fraude, sonegação ou conluio, em que não seja possível a apuração do preço efetivamente praticado na importação, a base de cálculo dos tributos ou contribuições e demais direitos incidentes será determinada mediante arbitramento do preço da mercadoria, em conformidade com um dos seguintes critérios, observada a ordem seqüencial (Medida Provisória no 2.15835, de 2001, art. 88): I preço de exportação para o País, de mercadoria idêntica ou similar; ou II preço no mercado internacional, apurado: a) em cotação de bolsa de mercadoria ou em publicação especializada; b) mediante método substitutivo ao do valor de transação, observado ainda o princípio da razoabilidade; ou c) mediante laudo expedido por entidade ou técnico especializado. Art. 85. O valor aduaneiro será apurado com base em método substitutivo ao valor de transação, quando o importador ou o adquirente da mercadoria não apresentar à fiscalização, em perfeita ordem e conservação, os documentos comprobatórios das informações prestadas na declaração de importação, a correspondência comercial e, se obrigado à escrituração, os respectivos registros contábeis (Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001, art. 86). A aplicação do artigo 88 pressupõe a comprovação da fraude, o que entendo não restou comprovada nos autos, uma vez que os elementos utilizados como prova da fraude foram a existência de preços inferiores no SISCOMEX, a resposta insuficiente da recorrente e as conclusões obtidas em procedimento fiscal anterior, mas em fato gerador posterior. Os dois primeiros fundamentos são também fundamentos para a realização da valoração aduaneira segundo as normas da IN SRF 327/2003 e, portanto, não implicam, automaticamente, a assunção de ocorrência de fraude. Entender deste modo, significa considerar fraudulenta toda aplicação do método substitutivo previsto no artigo 2º, quando lastreada em preços inferiores e falta de resposta suficiente dos contribuintes. Já o empréstimo de conclusões, como visto, não é Fl. 1138DF CARF MF Processo nº 12466.722771/201124 Acórdão n.º 3302005.466 S3C3T2 Fl. 1.139 13 possível, mas sim o empréstimo das provas, devendo a fiscalização demonstrar a subsunção dos fatos à tipificação utilizada. No caso, a fiscalização deveria ter aprofundado as investigações, como efetuado no processo nº 12466.000061/201069. Diante do exposto, voto para dar provimento ao recurso voluntário, cancelando o lançamento. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 1139DF CARF MF
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Numero do processo: 15374.903625/2008-10
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Apr 03 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jun 25 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2003
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO INEXISTENTE. PAGAMENTO DEVIDO.
Não há pagamento indevido quando efetivado nos termos da legislação vigente editada em momento posterior ao trânsito em julgado de decisão judicial.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2003
IMUNIDADE RECONHECIDA POR DECISÃO JUDICIAL. INEXISTÊNCIA. CESSAÇÃO DOS EFEITOS DA COISA JULGADA MATERIAL.
Em se tratando de relação jurídica continuada, alteradas as circunstâncias fáticas ou jurídicas existentes à época da prolação da decisão, cessam automaticamente os efeitos vinculantes da coisa julgada. Aplicação da cláusula rebus sic stantibus, subjacente às decisões de mérito em geral.
Numero da decisão: 9101-003.530
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Gerson Macedo Guerra, Luís Flávio Neto e Daniele Souto Rodrigues Amadio, que lhe deram provimento.
(assinado digitalmente)
Adriana Gomes Rêgo - Presidente e Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Luis Flávio Neto, Flávio Franco Corrêa, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra, Adriana Gomes Rêgo (Presidente) e José Eduardo Dornelas Souza (suplente convocado para os impedimentos de conselheiros).
Nome do relator: ADRIANA GOMES REGO
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DIREITO CREDITÓRIO INEXISTENTE. PAGAMENTO DEVIDO. Não há pagamento indevido quando efetivado nos termos da legislação vigente editada em momento posterior ao trânsito em julgado de decisão judicial. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2003 IMUNIDADE RECONHECIDA POR DECISÃO JUDICIAL. INEXISTÊNCIA. CESSAÇÃO DOS EFEITOS DA COISA JULGADA MATERIAL. Em se tratando de relação jurídica continuada, alteradas as circunstâncias fáticas ou jurídicas existentes à época da prolação da decisão, cessam automaticamente os efeitos vinculantes da coisa julgada. Aplicação da cláusula rebus sic stantibus, subjacente às decisões de mérito em geral. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Gerson Macedo Guerra, Luís Flávio Neto e Daniele Souto Rodrigues Amadio, que lhe deram provimento. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Presidente e Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 37 4. 90 36 25 /2 00 8- 10 Fl. 417DF CARF MF Processo nº 15374.903625/200810 Acórdão n.º 9101003.530 CSRFT1 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Luis Flávio Neto, Flávio Franco Corrêa, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra, Adriana Gomes Rêgo (Presidente) e José Eduardo Dornelas Souza (suplente convocado para os impedimentos de conselheiros). Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto pelo Contribuinte, em face de acórdão onde se analisou pedido de restituição/compensação de IRPJ pago, porém sob os efeitos de decisão judicial transitada em julgado que reconhecia o direito à imunidade dos impostos ao Contribuinte. Decidiu a Turma a quo que "o óbice encontrado pela decisão recorrida consiste no fato de o Supremo Tribunal Federal, em caso alheio ao processo da ora recorrente, ter decidido que as entidades de previdência privada não gozavam da imunidade de impostos de que trata a alínea "c" do inciso VI do art. 150 da CF (sendo este o fundamento da imunidade da recorrente), e que a lei inovadora não encontra limites na sua eficácia em razão de decisão judicial anterior, evitando eternizarse os efeitos da coisa julgada". Desse modo, por entender assistir razão à decisão recorrida, negou provimento ao recurso voluntário. Na origem, tratase de PER/DECOMP apresentado pelo contribuinte, para compensação de tributos com crédito oriundo de IRPJ pago. Para o Contribuinte, o imposto pago o foi por equívoco, na medida em que possuía decisão judicial transitada em julgado reconhecendo sua imunidade da cobrança de todos os impostos, de forma ampla e irrestrita, independente de mudança da legislação infraconstitucional, já que a decisão transitada em julgado no MS n° 90.100712 se fundava em regras constitucionais. No decorrer do processo administrativo, sua pretensão não foi acolhida. Na decisão proferida pelos componentes da Turma a quo, os argumentos da recorrente foram rejeitados sob os seguintes fundamentos: (i) a recorrente gozou da imunidade reconhecida pelo Poder Judiciário, todavia, com a alteração legislativa do art. 1º da Medida Provisória nº 2.222/01, convertida na Lei nº 11.053/04, ficou obrigada ao pagamento do imposto recolhido; (ii) a coisa julgada não obsta que lei nova possa reger a matéria em termos diversos. Irresignado, tempestivamente o Contribuinte apresentou recurso especial de divergência, demonstrando que em casos similares, mais especificamente, casos em que contribuintes que possuíam decisão judicial reconhecendolhes o direito de não recolher a CSLL, por tratarse de tributo cobrado com base em leis inconstitucionais, mesmo havendo decisão do STF e alteração da legislação do tributo posteriores ao trânsito em julgado da respectiva ação, este Tribunal reconheceu eficácia às decisões judiciais. Fl. 418DF CARF MF Processo nº 15374.903625/200810 Acórdão n.º 9101003.530 CSRFT1 Fl. 4 3 No mérito, contribuinte traz ao julgamento entendimento sobre ser aplicável ao caso o RESP 1.118.893, proferido com base no regime do artigo 543C do antigo CPC, onde restou decidido que: (i) o fato de o Supremo Tribunal Federal posteriormente manifestarse em sentido oposto à decisão judicial transitada em julgado em nada pode alterar a relação jurídica estabilizada pela coisa julgada, sob pena de negar validade ao próprio controle difuso de constitucionalidade; e (ii) declarada a inexistência de relação jurídicotributária entre o contribuinte e o fisco, mediante declaração de inconstitucionalidade da Lei 7.689/88, que instituiu a CSLL, afastase a possibilidade de sua cobrança com base nesse diploma legal, ainda não revogado ou modificado em sua essência. O recurso do Contribuinte foi admitido pelo Presidente da câmara. A Fazenda apresenta contrarrazões, pugnando pela manutenção da decisão recorrida. É o relatório. Voto Conselheira Adriana Gomes Rêgo, Relatora O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 9101003.521, de 04/04/2018, proferido no julgamento do Processo nº 15374.901199/2008 80, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Sobre a admissibilidade do Recurso, entendo não haver reparos a serem feitos no despacho de admissibilidade, portanto, dele conheço. Nos presentes autos o contribuinte solicita a restituição do pagamento a maior de IRPJ efetuado em 30/04/2003, relativo ao período de apuração de 31/03/2003. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento, contido no voto vencedor, que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 9101 003.521): "A contribuinte defende que possui imunidade tributária ampla e irrestrita a todo e qualquer imposto, em razão do MS 90.00100712 e dos AG n.1999.02.01.0320250 e n. 2002.02.01.0425528, que por conseqüência, o pagamento de Fl. 419DF CARF MF Processo nº 15374.903625/200810 Acórdão n.º 9101003.530 CSRFT1 Fl. 5 4 IRPJ realizado em 31/01/2002 foi indevido, resultando no crédito a compensar. Inicialmente, cabe um breve resumo acerca da ação judicial citada. O mandado de segurança nº 90.00100712 foi impetrado contra ato do Delegado da Receita Federal no Rio de Janeiro, no sentido de não sofrer a incidência do IOF, instituído pela Lei nº 8.033/90. Alegou a impetrante ser imune ao referido imposto em razão de decisão judicial proferida ainda na vigência da Emenda Constitucional nº1, de 17 de outubro de 1969. A segurança foi concedida em 1ª instância, já sob a égide da Constituição Federal de 1988, em sentença proferida em 31 de agosto de 1990, e ratificada no Tribunal Regional Federal da 2ª Região. A União agravou da decisão (AG 1999.02.01.0320250) e o Tribunal negou provimento ao agravo de instrumento e julgou prejudicado o agravo regimental. Transcrevo ementa do voto: EMENTA: CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANÇA IMUNIDADE TRIBUTARIA COISA JULGADA. 1. Reconhecida a imunidade tributária da recorrida por sentença transitada em julgada, proferida em mandado de segurança, com base em dispositivo constitucional, não pode a Fazenda Nacional exigir o recolhimento de IOF com base em legislação infraconstitucional superveniente. 2. Inalterada a finalidade para a qual foi constituida e que conduziu ao reconhecimento de sua imunidade tributária, permanece a recorrente ao abrigo da coisa julgada. 3. Agravo de instrumento desprovido e agravo regimental prejudicado. (grifo nosso) Houve ainda outro agravo de instrumento, de nº 2002.02.01.0425528, por parte da Fundação de Seguridade e embargos de declaração no agravo. A União ainda apelou contra essa decisão, porém em 15 de maio de 1991, o tribunal negou provimento ao recurso de apelação. Assim, de fato, não há como se negar que durante um determinado período a recorrente gozou de imunidade tributária reconhecida por força de decisão judicial transitada em julgado. É que há situações que fazem cessar os efeitos da coisa julgada material, como a superveniência de legislação ou as decisões do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, conforme o caso, com eficácia erga omnes. É nesse sentido que se manifesta o Parecer PGFN/CRJ/n. 492/2011 que trata de decisão transitada em julgado relativa à Fl. 420DF CARF MF Processo nº 15374.903625/200810 Acórdão n.º 9101003.530 CSRFT1 Fl. 6 5 relação jurídica tributária continuativa, conforme se pode depreender: 1. A alteração das circunstâncias fáticas ou jurídicas existentes ao tempo da prolação de decisão judicial voltada à disciplina de uma dada relação jurídica tributária de trato sucessivo faz surgir uma relação jurídica tributária nova, que, por isso, não é alcançada pelos limites objetivos que balizam a eficácia vinculante da referida decisão judicial. Daí por que se diz que, alteradas as circunstâncias fáticas ou jurídicas existentes à época da prolação da decisão, esta naturalmente deixa de produzir efeitos vinculantes, dali para frente, dada a sua natural inaptidão de alcançar a nova relação jurídica tributária. (...) 10. Ocorre que a imutabilidade e a eficácia vinculante da decisão transitada em julgado apenas recairá sobre os desdobramentos futuros da declaração, nela contida, de existência ou inexistência da relação jurídica de direito material sucessiva deduzida em juízo, se e enquanto permanecerem inalterados os suportes fático e jurídico existentes ao tempo da sua prolação, ou seja, se e enquanto continuarem ocorrendo aqueles mesmos fatos e continuar a incidir (ou a não incidir) aquela mesma norma sob os quais o juízo de certeza se formou. Alteradas as circunstâncias fáticas ou jurídicas existentes à época da prolação da decisão, o que se faz possível em face da natureza conhecidamente dinâmica dos fatos e do direito, essa decisão naturalmente deixa de produzir efeitos vinculantes, dali para frente; tratase da cláusula rebus sic stantibus subjacente às sentenças em geral, com especial destaque àquelas que se voltam à disciplina de relações jurídicas de trato continuado.(Grifei) Aplicase, portanto, a cláusula rebus sic stantibus, onde se conserva o instituto da coisa julgada com seu caráter de imutabilidade até que sobrevenham mudanças fáticas e jurídicas, que tornam imperativo o devido ajuste às relações tributárias de trato sucessivo. Ademais, é preciso ter em conta o aspecto de a imunidade ser matéria constitucional e sendo o STF o “Guardião da Constituição”, seu pronunciamento em caráter definitivo afasta qualquer dúvida sobre a constitucionalidade/inconstitucionalidade de uma norma. Como bem observado no citado Parecer PGFN/CRJ nº 492/2011, após 3 de maio de 2007 (data da alteração regimental do STF, introduzindo as disposições da Lei nº 11.418, de 2006), possuem essa característica de alterar o sistema jurídico pátrio declarando a constitucionalidade ou inconstitucionalidade de uma norma, os precedentes do STF formados: Fl. 421DF CARF MF Processo nº 15374.903625/200810 Acórdão n.º 9101003.530 CSRFT1 Fl. 7 6 iii) quando anteriores a 3 de maio de 2007, aqueles formados em sede de controle difuso de constitucionalidade, seguidos, ou não, de Resolução Senatorial, desde que, nesse último caso, tenham sido oriundos do Plenário do STF e sejam confirmados em julgamentos posteriores da Suprema Corte. Ainda, de acordo com as conclusões do Parecer, após vasto estudo pautado na doutrina e regimento interno do STF: (iii) o advento de precedente objetivo e definitivo do STF configura circunstância jurídica nova apta a fazer cessar a eficácia vinculante das anteriores decisões tributárias transitadas em julgado que lhe forem contrárias; De acordo com o vasto estudo reproduzido nesse Parecer, antes de março de 2007, as decisões proferidas pelo STF em controle difuso sobre uma determinada questão constitucional, mesmo que não submetidas a Resolução Senatorial, se proferidas pelo Plenário, e cujo entendimento tenha sido reafirmado em diversos julgados posteriores, também têm esse efeito. No caso em apreço, como bem reconheceu tanto a decisão de 1ª instância, quanto a de 2ª instância, a despeito das decisões judiciais que haviam a favor da contribuinte, em sessão de 08/11/2001, portanto após essas decisões judiciais citadas, o Plenário do Supremo Tribunal Federal decidiu (RE 202700/DF) que as entidades que as entidades de previdência privada não gozavam da imunidade de impostos de que trata a alínea “c” do inciso VI do art. 150 da CF, que foi a mesma base legal citada pelas decisões judiciais transitadas em julgado. Por oportuno, reproduzo ementa do acórdão: EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. PREVIDÊNCIA PRIVADA. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. INEXISTÊNCIA. 1. Entidade fechada de previdência privada. Concessão de benefícios aos filiados mediante recolhimento das contribuições pactuadas. Imunidade tributária. Inexistência, dada a ausência das características de universalidade e generalidade da prestação, próprias dos órgãos de assistência social. 2. As instituições de assistência social, que trazem ínsito em suas finalidades a observância ao princípio da universalidade, da generalidade e concede benefícios a toda coletividade, independentemente de contraprestação, não se confundem e não podem ser comparadas com as entidades fechadas de previdência privada que, em decorrência da relação contratual firmada, apenas contempla uma categoria específica, ficando o gozo dos benefícios previstos em seu estatuto social dependente do recolhimento das contribuições avençadas, conditio sine qua non para a respectiva integração no sistema. Recurso extraordinário conhecido e provido. (Grifei) Fl. 422DF CARF MF Processo nº 15374.903625/200810 Acórdão n.º 9101003.530 CSRFT1 Fl. 8 7 Acerca dos julgados posteriores que corroboram esse entendimento, nada mais flagrante do que a Sumula STF n. 730, que assim dispõe: A imunidade tributária conferida a instituições de assistência social sem fins lucrativos pelo art. 150, VI, "c", da Constituição, somente alcança as entidades fechadas de previdência social privada se não houver contribuição dos beneficiários. No caso em comento, a própria recorrente declara ser mantida pelas contribuições da sua patrocinadora e dos seus participantes (conforme se pode depreender do item 2 do seu recurso especial), sendo assim não atenderia aos requisitos para imunidade. Aliás, o próprio Tribunal Regional Federal da 2ª Região, quando negou provimento ao recurso de apelação no Mandado de Segurança em apreço, proferiu decisão que, após a manifestação do STF, é flagrantemente contrária a essa. Por oportuno, transcrevo a ementa: ENTIDADES FECHADAS DE PREVIDÊNCIA PRIVADAS As entidades fechadas de previdência privada, embora cobrando das seus associados contribuições mensais, a título de remuneração pelos serviços prestadas, gozam de imunidade tributária. Basta que atendam aos requisitos do artigo 14 do Código Tributário Nacional, nao se restringindo o benefício à entidades beneficentes. (Negritei) Logo, somente essa decisão do Plenário do STF e a jurisprudência reiterada já seriam suficientes para alterar os efeitos da coisa julgada material relativa às decisões transitadas em julgado a favor da contribuinte. A recorrente argumenta, a partir da decisão nos autos do REsp nº 1.118.893MG, de 23/3/2011, que a mudança de entendimento do STF nada poderia alterar a relação jurídica estabilizada pela coisa julgada. Contudo, é preciso esclarecer que esse entendimento do Ministro Arnaldo Esteves Lima é no sentido de que o pronunciamento do STF não pode retroagir. Não tratou o STJ, naquele caso, dos efeitos prospectivos da decisão do STF. É flagrante no voto do Ministro que o valor perquirido foi a segurança jurídica daqueles que se comportaram segundo uma decisão transitada em julgado em controle difuso, consoante trecho que ora transcrevo: “Outrossim, o fato de o Supremo Tribunal Federal posteriormente manifestarse em sentido oposto à decisão judicial transitada em julgado em nada pode alterar a relação jurídica estabilizada pela coisa julgada, sob pena Fl. 423DF CARF MF Processo nº 15374.903625/200810 Acórdão n.º 9101003.530 CSRFT1 Fl. 9 8 de negar validade à própria existência do controle difuso de constitucionalidade, fragilizando, sobremodo, a res judicata, com imensurável repercussão negativa no seio social.” Da mesma forma, analisandose o RE 730.462/SP, julgado sob o rito da Repercussão Geral, podese verificar que o bem tutelado foi a segurança jurídica e que na dicção do Relator, Min. Teori Zavascki, em relação aos fatos geradores ocorridos após a publicação de pronunciamento do STF em sede de controle concentrado, não há que se falar em eficácia da sentença judicial contrária a esse pronunciamento. Ou seja, para fatos geradores anteriores, seria necessária uma ação rescisória para fazer cessar os efeitos da coisa julgada material; contudo, para o futuro, tal ação é prescindível. Por oportuno, transcrevo trechos do voto para demonstrar essa conclusão, fazendo grifos das partes que considero importantes: 4. É importante distinguir essas duas espécies de eficácia (a normativa e a executiva), pelas consequências que operam em face das situações concretas. A eficácia normativa (= declaração de constitucionalidade ou de inconstitucionalidade) se opera ex tunc, porque o juízo de validade ou nulidade, por sua natureza, dirigese ao próprio nascimento da norma questionada. Todavia, quando se trata da eficácia executiva, não é correto afirmar que ele tem eficácia desde a origem da norma. É que o efeito vinculante, que lhe dá suporte, não decorre da validade ou invalidade da norma examinada, mas, sim, da sentença que a examina. Derivando, a eficácia executiva, da sentença (e não da vigência da norma examinada), seu termo inicial é a data da publicação do acórdão do Supremo no Diário Oficial (art. 28 da Lei 9.868/1999). É, consequentemente, eficácia que atinge atos administrativos e decisões judiciais supervenientes a essa publicação, não atos pretéritos. Os atos anteriores, mesmo quando formados com base em norma inconstitucional, somente poderão ser desfeitos ou rescindidos, se for o caso, em processo próprio. Justamente por não estarem submetidos ao efeito vinculante da sentença, não podem ser atacados por simples via de reclamação. É firme nesse sentido a jurisprudência do Tribunal: “Inexiste ofensa à autoridade de pronunciamento do Supremo Tribunal Federal se o ato de que se reclama é anterior à decisão emanada da Corte Suprema. A ausência de qualquer parâmetro decisório, previamente fixado pelo Supremo Tribunal Federal, torna inviável a instauração de processo de reclamação, notadamente porque inexiste o requisito necessário do interesse de agir” (Rcl 1723 AgRQO, Min. Celso de Mello, Pleno, DJ de 6.4.2001). No mesmo sentido: Rcl 5388 AgR, Min. Roberto Barroso, 1ª Turma, DJe de 23.10.14; Rcl. 12741 AgR, 2ª Turma, Min. Ricardo Fl. 424DF CARF MF Processo nº 15374.903625/200810 Acórdão n.º 9101003.530 CSRFT1 Fl. 10 9 Lewandowski, DJe de 18.9.201; Rcl 4962, Min. Cármen Lúcia, 2ª Turma, DJe 25.6.2014). 5. Isso se aplica também às sentenças judiciais anteriores. Sobrevindo decisão em ação de controle concentrado declarando a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade de preceito normativo, nem por isso se opera a automática reforma ou rescisão das sentenças anteriores que tenham adotado entendimento diferente. Conforme asseverado, o efeito executivo da declaração de constitucionalidade ou inconstitucionalidade deriva da decisão do STF, não atingindo, consequentemente, atos ou sentenças anteriores, ainda que inconstitucionais. Para desfazer as sentenças anteriores será indispensável ou a interposição de recurso próprio (se cabível), ou, tendo ocorrido o trânsito em julgado, a propositura da ação rescisória, nos termos do art. 485, V, do CPC, observado o respectivo prazo decadencial (CPC, art. 495). Ressalva se desse entendimento, quanto à indispensabilidade da ação rescisória, a questão relacionada à execução de efeitos futuros da sentença proferida em caso concreto, notadamente quando decide sobre relações jurídicas de trato continuado, tema de que aqui não se cogita. Interessante notar que o novo Código de Processo Civil (Lei 13.105, de 16.3.2015), com vigência a partir de um ano de sua publicação, traz disposição explícita afirmando que, em hipóteses como a aqui focada, “caberá ação rescisória, cujo prazo será contado do trânsito em julgado da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal” (art. 525, § 12 e art. 535, § 8º). No regime atual, não há, para essa rescisória, termo inicial especial, o qual, portanto, se dá com o trânsito em julgado da decisão a ser rescindida (CPC, art. 495). No caso dos autos, a decisão Plenária do STF é de 2001 e a contribuinte passou a recolher em 2002! Daí porque descabe falar em ofensa ao princípio da segurança jurídica. É importante registrar, portanto, que sequer se pode cogitar em ofensa ao art. 62 do RICARF, como quer entender a recorrente, porque aquela decisão do STJ decidiu outra lide (CSLL), em outro contexto (analisou apenas os dispositivos então vigentes naquele processo) e ainda assim, não emana entendimento divergente do que estou adotando, porque tutela a conduta do contribuinte relativa a fatos anteriores à mudança de entendimento do STF. Mas além disso, é importante destacar que a ação judicial era de natureza mandamental, ou seja, não propriamente uma ação de conhecimento, e que por meio desta foi concedida a segurança para garantir a imunidade da contribuinte em relação ao IOF. Ou seja, o pedido inicial nos autos do MS n.90. 00100712 foi no sentido de não ser impelida ao pagamento do IOF pelo Delegado da Receita Federal no Rio de Janeiro, logo não caberia a Fl. 425DF CARF MF Processo nº 15374.903625/200810 Acórdão n.º 9101003.530 CSRFT1 Fl. 11 10 ampliação dos efeitos da coisa julgada para além do que foi demandado. A recorrente argumenta que obteve decisões de agravo e trechos de ofício, os quais conferem imunidade a todo e qualquer imposto. No entanto, no que diz respeito ao conteúdo dos ofícios, convém registrar que sequer são decisões judiciais. Quanto às decisões proferidas em sede dos recursos de agravo de instrumento e agravo regimental, tratamse de decisões interlocutórias no processo. E, a respeito da coisa julgada, que é tratada na seção V, do capítulo XIII do livro I da parte especial no Novo Código de Processo Civil – NCPC, cumpre observar: Seção V Da Coisa Julgada Art. 502. Denominase coisa julgada material a autoridade que torna imutável e indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita a recurso. (Destaquei) Portanto, a coisa julgada se dá nas decisões de mérito proferidas no processo e não nas decisões interlocutórias. Por conseguinte, não há que se falar em efeitos da coisa julgada em relação a decisões interlocutórias, muito menos em relação ao conteúdo dos ofícios emitidos pelas autoridades judiciais. Ainda em relação à coisa julgada, merecem destaque os arts. 503 e 505, do NCPC: Art. 503. A decisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem força de lei nos limites da questão principal expressamente decidida. (...) Art. 505. Nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas relativas à mesma lide, salvo: I se, tratandose de relação jurídica de trato continuado, sobreveio modificação no estado de fato ou de direito, caso em que poderá a parte pedir a revisão do que foi estatuído na sentença; II nos demais casos prescritos em lei. Ou seja, conforme o citado art. 503, a decisão judicial de mérito tem força de lei, jamais de norma constitucional. Por conseguinte, a lei nova ou uma medida provisória podem fazer cessar os efeitos da coisa julgada, ainda que o objeto da demanda judicial tenha interpretado matéria constitucional. E, à luz do art. 505, sobrevindo modificação de direito, descabe falar de eficácia da coisa julgada. Fl. 426DF CARF MF Processo nº 15374.903625/200810 Acórdão n.º 9101003.530 CSRFT1 Fl. 12 11 Na esteira, então da legislação superveniente, temse a MP nº 2.222/01, convertida posteriormente na Lei nº 11.053/2004, que inovou o estado de direito e fez cessar quaisquer efeitos da coisa julgada porventura existentes em relação ao IRPJ. Nesse sentido, transcrevo o art. 1º da referida MP: Art. 1º A partir de 1º de janeiro de 2002, os rendimentos e ganhos auferidos nas aplicações de recursos das provisões, reservas técnicas e fundos de entidades abertas de previdência complementar e de sociedades seguradoras que operam planos de benefícios de caráter previdenciário, ficam sujeitos à incidência do imposto de renda de acordo com as normas de tributação aplicáveis às pessoas físicas e às pessoas jurídicas não financeiras. Parágrafo único. O imposto correspondente à parcela do rendimento ou ganho apropriada ao participante ou assistido pelo plano não pode ser compensado com qualquer imposto ou contribuição devido pelas pessoas jurídicas referidas neste artigo ou pela pessoa física participante ou assistida. Logo, ainda que se entendesse que a decisão transitada em julgado nos autos do MS n. 90. 00100712 abrangeria outros impostos, como o imposto de renda, a coisa julgada encontra outros limites para o IRPJ, dada a edição da MP nº 2.222/01, como bem compreendera a contribuinte, quando passou a recolher o tributo que depois entendeu ser indevido e que é objeto da presente lide. Relativamente à afirmação do acórdão recorrido de que, nos termos da LC nº 73/93, o CARF estaria vinculado ao entendimento exarado no Parecer PGFN/CRJ/nº 492/2011, alega a recorrente que, de acordo como art. 18, inciso XXII do Regimento Interno do CARF (Portaria nº 256/2009), somente há obrigatoriedade de observância a parecer quando este for emitido pela Advocacia Geral da União e aprovado pela Presidência da República, nos termos do art. 40, combinado com o art. 41 da referida LC nº 73/93. De fato, entendo que o CARF não está vinculado a referido parecer; entretanto, por concordar com as conclusões nele exaradas quanto à cessação dos efeitos da coisa julgada material nas relações jurídicas tributárias continuativas é que o utilizo na fundamentação do presente acórdão. Quanto ao fato de a contribuinte ter se declarado isenta e não imune, penso que esse argumento utilizado pelas decisões anteriores é irrelevante ao deslinde da matéria. Pelo exposto, entendo que o pagamento do IRPJ era devido nos termos do art.1º da MP n.2222/01, posto que editada posteriormente ao trânsito em julgado do mandamus, e que, portanto, não há pagamento indevido a justificar o pedido de compensação objeto do presente processo. Conclusão Fl. 427DF CARF MF Processo nº 15374.903625/200810 Acórdão n.º 9101003.530 CSRFT1 Fl. 13 12 Em face do exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Especial interposto pelo contribuinte, mantendo o indeferimento do pedido de compensação objeto da presente lide. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Especial interposto pelo contribuinte, mantendo o indeferimento do pedido de compensação objeto da presente lide. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Fl. 428DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11080.934304/2009-92
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 18 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri May 11 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Classificação de Mercadorias
Ano-calendário: 2008
Ementa:
SOLUÇÃO DE CONSULTA DESFAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE. ALTERAÇÃO POR DECISÃO PROFERIDA NO ÂMBITO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. VALIDADE.
Não há óbice legal para que seja alterado entendimento veiculado em solução de consulta, desfavorável ao contribuinte, por decisão emanada no âmbito do contencioso administrativo fiscal.
SERVIÇOS DE INSTALAÇÃO DE ELEVADORES.
A instalação de elevadores amolda-se ao conceito de "serviço", do que decorre que se submete ao regime cumulativo das contribuições ao PIS e à COFINS. Inteligência do Decreto n.7708/2011, que instituiu a Nomenclatura Brasileira de Serviços.
Recurso voluntário provido. Direito creditório reconhecido.
Numero da decisão: 3402-005.192
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. Os Conselheiros Maria Aparecida Martins de Paula, Pedro Sousa Bispo, Thais De Laurentiis Galkowicz, Carlos Augusto Daniel Neto e Waldir Navarro Bezerra acompanharam o Relator do acórdão paradigma pelas conclusões (art. 63, § 8º do RICARF).
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Pedro Sousa Bispo, Thais De Laurentiis Galkowicz, Vinícius Guimarães (Suplente convocado), Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Ausente justificadamente o Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire, que foi substituído pelo Conselheiro Suplente convocado.
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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ALTERAÇÃO POR DECISÃO PROFERIDA NO ÂMBITO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. VALIDADE. Não há óbice legal para que seja alterado entendimento veiculado em solução de consulta, desfavorável ao contribuinte, por decisão emanada no âmbito do contencioso administrativo fiscal. SERVIÇOS DE INSTALAÇÃO DE ELEVADORES. A instalação de elevadores amoldase ao conceito de "serviço", do que decorre que se submete ao regime cumulativo das contribuições ao PIS e à COFINS. Inteligência do Decreto n.7708/2011, que instituiu a Nomenclatura Brasileira de Serviços. Recurso voluntário provido. Direito creditório reconhecido. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. Os Conselheiros Maria Aparecida Martins de Paula, Pedro Sousa Bispo, Thais De Laurentiis Galkowicz, Carlos Augusto Daniel Neto e Waldir Navarro Bezerra acompanharam o Relator do acórdão paradigma pelas conclusões (art. 63, § 8º do RICARF). (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Pedro Sousa Bispo, Thais De AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 93 43 04 /2 00 9- 92 Fl. 364DF CARF MF Processo nº 11080.934304/200992 Acórdão n.º 3402005.192 S3C4T2 Fl. 0 2 Laurentiis Galkowicz, Vinícius Guimarães (Suplente convocado), Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Ausente justificadamente o Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire, que foi substituído pelo Conselheiro Suplente convocado. Relatório Trata o presente processo de DCOMP transmitida com objetivo de compensar os débitos nela apontados com créditos provenientes de pagamento indevido ou a maior. A matéria foi objeto de decisão proferida por intermédio do Despacho Decisório, no qual a Delegacia de origem, com base em informação fiscal resultante de diligência do Serviço de Fiscalização para apuração do direito creditório informado na DCOMP, onde ficou constatada a improcedência do mesmo, revisou de ofício o reconhecimento do direito creditório automático para não reconhecimento do direito creditório por inexistência do crédito e também de ofício revisou a homologação total da compensação efetuada através da mencionada declaração para compensação não homologada. A autoridade fiscal que proferiu a referida informação tomou por base a Solução de Consulta 446 SRRF/8ª RF/Disit, de 18/08/2007, uma vez que a Solução de Consulta 104 SRRF/10ª RF/Disit, de 18/08/2008, foi anulada pelo Parecer 52 SRRF10/Disit, de 13/09/2011, sob o seguinte argumento: É vedada a coexistência de duas soluções de consulta vigentes e eficazes sobre o mesmo fato, relativas a um mesmo sujeito passivo(...). Por sua vez, a Solução de Consulta vigente tem a seguinte ementa para o PIS: ELEVADORES. NÃOCUMULATIVIDADE. A instalação de elevador por seu produtor não caracteriza obra de construção civil, descabendo a aplicação do art. 10, XX, da Lei nº 10.833, de 2003. Caracterizase como operação de industrialização, na modalidade montagem, a reunião de partes, peças e componentes da qual resulte elevador, inclusive quando realizada fora do estabelecimento do executor, no próprio prédio onde esse equipamento será utilizado. Sofre incidência da contribuição para o PIS/Pasep em regime de apuração não cumulativo o total das receitas decorrentes do fornecimento de elevador por seu produtor, o qual se conclui ao final do processo de montagem. Para a Cofins foi proferida ementa com igual teor. (...). Uma vez intimado o contribuinte apresentou a manifestação de inconformidade, a qual foi julgada improcedente pelo acórdão 09054.960, que entendeu que a compensação pressupõe a existência de direito creditório líquido e certo, não verificado no caso em comento, afastou a preliminar de nulidade do Despacho Decisório e concluiu que "a Fl. 365DF CARF MF Processo nº 11080.934304/200992 Acórdão n.º 3402005.192 S3C4T2 Fl. 0 3 decisão judicial transitada em julgado é, na verdade, a lei aplicada ao caso concreto e, tratandose de exclusão do crédito tributário, deve ser interpretada literalmente". Diante deste quadro, o contribuinte apresentou o recurso voluntário tempestivo, oportunidade em que repisou os fundamentos desenvolvidos em sede de impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402005.145, de 18 de abril de 2018, proferido no julgamento do processo 11080.729500/201323, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402005.145): "5. O recurso voluntário é tempestivo e preenche os demais pressupostos formais de admissibilidade, motivo pelo qual dele tomo conhecimento. I. A discussão travada nos autos e o precedente vinculante deste CARF favorável ao contribuinte 6. A questão aqui travada não é nova, uma vez que já foi decidida por este CARF para o mesmíssimo contribuinte de forma paradigmática, i.e., nos termos do art. 47, § 2º do RICARF. Referida decisão foi veiculada por intermédio do acórdão n. 3201002.448 e encontrase assim prescrita: (...). A princípio, temse que o cerne da questão é definir qual a natureza da atividade exercida pela Recorrente (instalação de elevadores): se construção civil ou se industrialização. Tal definição determinará se a Recorrente deveria, à época dos fatos geradores, apurar o recolhimento do PIS e da COFINS pelo regime não cumulativo ou pelo cumulativo. Há peculiar situação no feito, consistente no fato de que a Recorrente teria apresentado duas Consultas Fiscais acerca do tratamento tributário mais adequado, obtendo Soluções conflitantes. Na primeira delas, Solução de Consulta nº 446/2007, da 8ª Região Fiscal, concluiuse que se tratava de industrialização e que, portanto, as receitas estariam Fl. 366DF CARF MF Processo nº 11080.934304/200992 Acórdão n.º 3402005.192 S3C4T2 Fl. 0 4 sujeitas ao regime não cumulativo das citadas contribuições. A segunda, Solução de Consulta nº 104/2008, da 10ª Região Fiscal, afirmou que as receitas estariam sob o regime cumulativo. No caso, o crédito postulado pela Recorrente origina da aplicação do segundo entendimento. Os créditos postulados, portando, decorrem da reapuração do PIS e da COFINS outrora calculados pelo regime não cumulativo e reajustados para o cumulativo. Idêntica questão já foi examinada por esta mesma Turma na sessão de 24 de fevereiro de 2016, em decisão por maioria proferida nos autos do Processo nº 11080.726628/201335, da mesma THYSSENKRUPP ELEVADORES S/A, no qual a Conselheira Doutora Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo foi designada Relatora para o Voto Vencedor. O referido Acórdão nº 3201002.070 recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/06/2008 a 31/12/2009 SOLUÇÃO DE CONSULTA DESFAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE. ALTERAÇÃO POR DECISÃO PROFERIDA NO ÂMBITO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. VALIDADE. Não há óbice legal para que seja alterado entendimento veiculado em solução de consulta, desfavorável ao contribuinte, por decisão emanada no âmbito do contencioso administrativo fiscal. SERVIÇOS DE INSTALAÇÃO DE ELEVADORES. A instalação de elevadores subsumese ao conceito de "serviço", do que decorre que se submete ao regime cumulativo das contribuições ao PIS e à COFINS. Inteligência do Decreto n.7708/2011, que instituiu a Nomenclatura Brasileira de Serviços. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO No lançamento de ofício, o valor originário do crédito tributário compreende o valor do tributo e da multa por lançamento de ofício. Sobre a multa por lançamento de oficio não paga no vencimento incidem juros de mora. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/06/2008 a 31/12/2009 Fl. 367DF CARF MF Processo nº 11080.934304/200992 Acórdão n.º 3402005.192 S3C4T2 Fl. 0 5 SOLUÇÃO DE CONSULTA DESFAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE. ALTERAÇÃO POR DECISÃO PROFERIDA NO ÂMBITO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. VALIDADE. Não há óbice legal para que seja alterado entendimento veiculado em solução de consulta, desfavorável ao contribuinte, por decisão emanada no âmbito do contencioso administrativo fiscal. SERVIÇOS DE INSTALAÇÃO DE ELEVADORES. A instalação de elevadores subsumese ao conceito de "serviço", do que decorre que se submete ao regime cumulativo das contribuições ao PIS e à COFINS. Inteligência do Decreto n.7708/2011, que instituiu a Nomenclatura Brasileira de Serviços. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO No lançamento de ofício, o valor originário do crédito tributário compreende o valor do tributo e da multa por lançamento de ofício. Sobre a multa por lançamento de oficio não paga no vencimento incidem juros de mora. Recurso Voluntário Provido e Recurso de Ofício Negado Vistos,relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício e por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. Vencido o Conselheiro Winderley Morais Pereira, relator. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo. Como consta em ata, o voto da i. Conselheira Doutora Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo foi por mim acompanhado integralmente. Por essa razão, peço vênia para transcrevêlo como fundamento do presente julgado: Como se depreende do voto do eminente relator, o mérito da presente demanda não foi conhecido, por se entender que havia solução de consulta, proferida para a situação específica dos autos e proposta pela própria Recorrente. Com efeito, no mérito a Recorrente alega que o regime jurídico de apuração das contribuições sociais, tome a sua atividades de instalação de elevadores como prestação de serviços de construção civil, o que determinaria a aplicação do regime cumulativo. A Recorrente obteve a solução de consulta SRRF/8ªRF/DISIT nº 446, de 18/09/2007, que ao analisar as atividades realizadas pela Recorrente de instalação de elevadores, decidiu não ser atividade de construção civil e portanto, estariam sujeita a apuração do PIS e da COFINS no regime não cumulativo. Fl. 368DF CARF MF Processo nº 11080.934304/200992 Acórdão n.º 3402005.192 S3C4T2 Fl. 0 6 Não obstante, a Recorrente protocolou nova consulta, na Superintendência da Receita Federal do Brasil na 10ª Região Fiscal (Solução de Consulta SRRF/10ªRF/DISIT nº 104, de 18 de agosto de 2008), que considerou a atividade da Recorrente como prestação de serviços de construção civil e portanto, enquadrada nas disposições do art. 10, XX, da Lei nº 10.833/2003, determinando a apuração do PIS e da COFINS no regime cumulativo.(fls. 391 a 397). O entendimento do eminente Conselheiro Winderley Morais Pereira foi no sentido de que, em sendo a solução de consulta instrumento de garantia do contribuinte para esclarecimentos quanto a aplicação da legislação, a possibilidade de consultas do mesmo contribuinte tratando da mesma matéria serem protocoladas em unidades diversas da RFB, poderia mitigar a força normativa das consultas. Por essa razão, a decisão anterior não produziria efeito, nos termos do art. 54, IV do Decreto nº 70.235/72. Contudo, a questão que se põe e da qual se diverge do ilustre relator, é precisamente sobre a possibilidade de a decisão proferida no âmbito do contencioso administrativo fiscal, se sobrepor a decisão em solução de consulta, para o mesmo contribuinte. Ora, embora pelo processo de consulta possa se entender que o contribuinte recorra à Administração para buscar a correta exegese de determinada norma jurídica, verificase o que se busca, invariavelmente, é uma medida protetiva, de cunho preventivo, para a estruturação tributária de suas operações. O fato é que no âmbito do processo de consulta, o contribuinte não comparece na condição de mero consulente, até mesmo porque, já traz em seu pedido o posicionamento que entende cabível, com a respectiva fundamentação legal, o que aliás, é condição para o processamento de sua consulta, de acordo com a legislação em vigor, sob pena de sua ineficácia. Embora o procedimento de consulta não se equipare lógica e juridicamente ao processo administrativo fiscal, o fato é que este também possui conteúdo persuasivo, buscandose convencimento da Administração, acerca de determinada interpretação. E se assim for o caso, a solução em consulta conferelhe medida protetiva, um verdadeiro escudo contra eventuais futuros entendimentos administrativos contrários. Por essa razão, apenas a solução de consulta favorável ao contribuinte tem repercussões no contencioso administrativo fiscal, no sentido de coibir o lançamento. Observese que, nessa toada, dispõe o art. 100 do Decreto n. 7574/2011: (...). Fl. 369DF CARF MF Processo nº 11080.934304/200992 Acórdão n.º 3402005.192 S3C4T2 Fl. 0 7 Acresçase, por fim, que as decisões proferidas em procedimentos de consulta e no processo administrativo fiscal são lógica e juridicamente distintas, de sorte que não se verifica quaisquer relações de hierarquia entre elas. Superadas a questão, partese para o conhecimento do mérito da lide. A atividade de instalação de elevadores deve ser caracterizada como serviço, e não como atividade de industrialização, frisandose que, na hipótese dos autos, a Recorrente aparta a atividade de fabricação dos elevadores, da de sua instalação. Além de todas os fundamentos jurídicos trazidos pela Recorrente, como o fato de que a instalação de elevadores sob encomenda ser complemento da obra de construção civil, esta, indubitavelmente subsumida ao conceito de serviço, por se agregarem ao solo, dentre outras, temse que, para efeitos da legislação federal, que passou a tributar os serviços pelas contribuições sociais, bem como instituir o instrumental necessário para o controle do comércio exterior de serviços, com a edição da Nomenclatura Brasileira de Serviços, Decreto n. 7708/2011, não há mais dúvidas quanto ao enquadramento. Destarte, de acordo com o art. 2o do decreto, a NBS será adotada como nomenclatura única na classificação das transações com serviços, intangíveis e outras operações que produzam variações no patrimônio das pessoas físicas, pessoas jurídicas e entes despersonalizados. Os serviços de instalação de elevadores estão assim dispostos: SEÇÃO I SERVIÇOS DE CONSTRUÇÃO Capítulo 1 Serviços de construção 1.0131 Outros serviços de instalação 1.0131.10.00 Serviços de instalação de elevadores, esteiras e escadas rolantes O direito positivo brasileiro não traz um conceito conotativo de "serviço' nem mesmo para efeitos de incidência do ISSQN, operando sempre com definições denotativas, ou seja, com listas que arrolam o que são considerados os "serviços" para efeitos de tributação. Portanto, não se questiona a validade, vigência e eficácia da Nomenclatura Brasileira de Serviços, para esse fim. Não se olvide, finalmente, que os decretos são de aplicação obrigatória para o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, de maneira que considerada a atividade em questão como serviço, deve ser a aplicação do regime cumulativo das contribuições sociais. Fl. 370DF CARF MF Processo nº 11080.934304/200992 Acórdão n.º 3402005.192 S3C4T2 Fl. 0 8 Por essas razões, entendo que há de ser dado provimento ao recurso voluntário.Com efeito, não vislumbro a possibilidade de uma Solução de Consulta expedida pela Receita Federal do Brasil vincular, ad eternum, uma exigência tributária que se mostre claramente ilegítima. Não se trata aqui de discutir se o contribuinte poderia ou não ter formulado uma segunda Consulta Fiscal, ou mesmo qual das respostas deveria prevalecer. Tratase aqui de reconhecer a legalidade ou ilegalidade de uma exigência tributária, ou, melhor dizendo, de definição acerca do alcance de uma norma tributária. Mesmo se admitisse que, de acordo com as normas procedimentais, a segunda Solução de Consulta deveria ser tida por inexistente, tal constatação, por óbvio, não chancela a legitimidade da primeira Solução de Consulta. Afinal, este não é o meio adequado para se definir fato gerador de obrigação tributária. E, nesse sentido, trago o seguinte precedente do Superior Tribunal de Justiça que reconhece o serviço de instalação e montagem de elevadores como obra de engenharia, e não como industrialização (portanto, atraindo a incidência do regime cumulativo do PIS e da COFINS à época dos fatos geradores): TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. FORNECIMENTO DE ELEVADORES. IPI. NÃO INCIDÊNCIA. 1. A atividade de fornecimento de elevadores, que envolve a produção sob encomenda e a instalação no edifício, encerra, precipuamente, uma obra de engenharia que complementa o serviço de construção civil, não se enquadrando no conceito de montagem industrial, para fins de incidência do IPI. 2. Recurso especial provido. (REsp 1231669/RS, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 07/11/2013, DJe 16/05/2014) Diante do exposto, voto por CONHECER e DAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário do Contribuinte, exonerando o crédito tributário lançado. 7. Referida decisão apresenta um caráter vinculante, devendo ser seguida por esta Turma julgadora. Neste aspecto, todavia, não concordou o colegiado, que entende que, em tese, o colegiado poderia julgar de forma diferente daquele precedente paradigmático, haja vista que se está diante de outro lote de processos (ainda que referentes aos mesmíssimos fatos e com as mesmíssimas partes litigantes). Deixo tais considerações aqui registradas em razão do disposto no esquizofrênico art. 63, Fl. 371DF CARF MF Processo nº 11080.934304/200992 Acórdão n.º 3402005.192 S3C4T2 Fl. 0 9 §8º do RICARF1, que determina que as conclusões adotadas pelo colegiado seja externada por aquele Conselheiro que divergiu (e continua divergindo) e que foi vencido em relação à tais conclusões. 8. Tais considerações do colegiado, entretanto, não trazem qualquer repercussão no caso prático, até porque, no que tange ao mérito, a Turma julgadora aderiu integralmente com as precisas considerações elaboradas pela então Conselheira Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo e replicadas pela Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário (transcritas alhures), motivo pelo qual emprego tais fundamentos para fins de motivação do presente voto, o que faço com amparo no art. 50, § 1o da lei n. 9.784/992. Dispositivo 9. Diante do exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário interposto pelo contribuinte. 10. É como voto." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. 1 "Art. 63. As decisões dos colegiados, em forma de acórdão ou resolução, serão assinadas pelo presidente, pelo relator, pelo redator designado ou por conselheiro que fizer declaração de voto, devendo constar, ainda, o nome dos conselheiros presentes e dos ausentes, especificandose, se houver, os conselheiros vencidos e a matéria em que o foram, e os impedidos. (...). § 8º Na hipótese em que a decisão por maioria dos conselheiros ou por voto de qualidade acolher apenas a conclusão do relator, caberá ao relator reproduzir, no voto e na ementa do acórdão, os fundamentos adotados pela maioria dos conselheiros." 2 "Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: (...). § 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato. (...)." Fl. 372DF CARF MF Processo nº 11080.934304/200992 Acórdão n.º 3402005.192 S3C4T2 Fl. 0 10 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do anexo II do RICARF, o colegiado deu provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra . Fl. 373DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 12266.721304/2013-03
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri May 11 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Período de apuração: 30/04/2008 a 31/12/2008
ASSUNTO: REGIMES ADUANEIROS Período de apuração: 30/04/2008 a 31/12/2008 ZONA FRANCA DE MANAUS. BENEFÍCIOS FISCAIS. IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO. PIS/PASEP. COFINS. DESCUMPRIMENTO DO PROCESSO PRODUTIVO BÁSICO. INOCORRÊNCIA.
O direito aos benefícios fiscais relativos ao Imposto de Importação, PIS/PASEP e COFINS, no tocante aos produtos industrializados na Zona Franca de Manaus remetidos para outro local do território nacional, está condicionado ao cumprimento do Processo Produtivo Básico fixado na legislação. Não restando comprovado o descumprimento da condição estabelecida por lei para fruição dos incentivos fiscais, descabe a exigência dos créditos tributários constituídos.
Numero da decisão: 3401-004.466
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan- Presidente
(assinado digitalmente)
Leonardo Ogassawara De Araújo Branco - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (Presidente), Robson Jose Bayerl, Andre Henrique Lemos, Leonardo Ogassawara de Araujo Branco (Vice-Presidente), Mara Cristina Sifuentes e Tiago Guerra Machado. Ausente à sessão o Conselheiro Fenelon Moscoso de Almeida.
Nome do relator: LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJO BRANCO
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ementa_s : Assunto: Normas de Administração Tributária Período de apuração: 30/04/2008 a 31/12/2008 ASSUNTO: REGIMES ADUANEIROS Período de apuração: 30/04/2008 a 31/12/2008 ZONA FRANCA DE MANAUS. BENEFÍCIOS FISCAIS. IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO. PIS/PASEP. COFINS. DESCUMPRIMENTO DO PROCESSO PRODUTIVO BÁSICO. INOCORRÊNCIA. O direito aos benefícios fiscais relativos ao Imposto de Importação, PIS/PASEP e COFINS, no tocante aos produtos industrializados na Zona Franca de Manaus remetidos para outro local do território nacional, está condicionado ao cumprimento do Processo Produtivo Básico fixado na legislação. Não restando comprovado o descumprimento da condição estabelecida por lei para fruição dos incentivos fiscais, descabe a exigência dos créditos tributários constituídos.
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TOLEDO DA AMAZONIA INDUSTRIA E COMERCIO DE VEICULOS LTDA ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Período de apuração: 30/04/2008 a 31/12/2008 ASSUNTO: REGIMES ADUANEIROS Período de apuração: 30/04/2008 a 31/12/2008 ZONA FRANCA DE MANAUS. BENEFÍCIOS FISCAIS. IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO. PIS/PASEP. COFINS. DESCUMPRIMENTO DO PROCESSO PRODUTIVO BÁSICO. INOCORRÊNCIA. O direito aos benefícios fiscais relativos ao Imposto de Importação, PIS/PASEP e COFINS, no tocante aos produtos industrializados na Zona Franca de Manaus remetidos para outro local do território nacional, está condicionado ao cumprimento do Processo Produtivo Básico fixado na legislação. Não restando comprovado o descumprimento da condição estabelecida por lei para fruição dos incentivos fiscais, descabe a exigência dos créditos tributários constituídos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente (assinado digitalmente) Leonardo Ogassawara De Araújo Branco Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 26 6. 72 13 04 /2 01 3- 03 Fl. 23107DF CARF MF Processo nº 12266.721304/201303 Acórdão n.º 3401004.466 S3C4T1 Fl. 23.108 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (Presidente), Robson Jose Bayerl, Andre Henrique Lemos, Leonardo Ogassawara de Araujo Branco (VicePresidente), Mara Cristina Sifuentes e Tiago Guerra Machado. Ausente à sessão o Conselheiro Fenelon Moscoso de Almeida. Relatório 1. Tratase de Autos de Infração, situado às fls. 07 a 54, em 08/04/2013, lavrado com a finalidade de formalizar a exigência de imposto de importação, IPI Importação e PIS e CofinsImportação, referentes ao período de apuração compreendido entre 30/04/2008 a 31/12/2008, acrescidos de multa e juros de mora, em virtude de perda do direito ao benefício do Decretolei nº 288/1967, por não comprovação do cumprimento do processo produtivo básico, de maneira a totalizar o crédito tributário histórico de R$ 773.279.911,40, em conformidade com a descrição dos fatos e enquadramentos legais: “1. O contribuinte fabrica motocicletas e motonetas acima de 100 cm3 até 450 cm3 e acima de 450 cm3, em relação as quais possui benefícios fiscais da Zona Franca de Manaus, conforme Resolução Suframa 300 de 01/11/2005. 2. No período de 2008, importou, conforme relação anexa, estas partes e peças do motor: 2.1. Tampa Lateral do Motor(cárter); 2.2. SemiCárter(carcaça) direita e esquerda; 2.3. SemiCárter(carcaça) Superior e Inferior; 2.4. Filtro de óleo do Motor; 2.5. Virabrequim; 2.6. Cabeçote do Motor; 2.7. Embreagem; 2.8. Eixo Primário de Transmissão; 2.9. Eixo Secundário de Transmissão; 2.10.Eixo Balanceador; 2.11.Bomba de Óleo; 2.12.Gerador Elétrico; 2.13.Rotor do Magneto; 2.14.Motor de Partida; Fl. 23108DF CARF MF Processo nº 12266.721304/201303 Acórdão n.º 3401004.466 S3C4T1 Fl. 23.109 3 2.15.Bomba D'Agua; 2.16.Carburador; 2.17.Filtro de Ar. 3. Estas mercadorias estão previstas na Nota Técnica n. 116/2001 SRP/DEAPI/COPIN que regulamenta o nível de desagregação mínima das partes e peças relacionadas ao motor das motonetas e motocicletas, conforme artigo 1º, IV, parágrafo 3º da Portaria Interministerial 20 de 15/02/2006 e Portaria n. 414/2006 da Superintendência da Zona Franca de Manaus. Todas aquelas partes e peças fazem parte da estrutura do bem final de motocicletas e motonetas com capacidade acima de 100 cm3 até 450 cm3, bem como das motocicletas e motonetas acima de 450 cm3, conforme se depreende da norma citada. 4. Esta desagregação é prérequisito para o cumprimento das etapas do Processo Produtivo Básico, indispensável à fruição da isenção do Imposto de Importação por ocasião da internação. 5. A relação QUANTIDADE SAÍDA POR PRODUTO sintetiza as saídas de produção do estabelecimento, baseada nas notas fiscais emitidas pelo contribuinte, constante da relação SAÍDA PRODUÇÃO DO ESTABELECIMENTO, segundo cada modelo produzido de motocicletas e motonetas. 6. As partes e peças importadas relacionamse com cada modelo do bem final na proporção de um para um, com exceção do cabeçote do motor da motocicleta modelo DL1000, cuja relação se estabelece na proporção dois para um, conforme se depreende do Demonstrativo do Coeficiente de ReduçãoDCR n. 2007/09457. 7. Apropriando os insumos(partes e peças do motor)a cada modelo da relação QUANTIDADE SAÍDA POR PRODUTO, chegase à RELAÇÃO INSUMO PRODUTO anexa, a qual retrata a quantidade daquelas partes e peças do motor presentes nas saídas de produção do estabelecimento. 8. Os estoques iniciais estão demonstrados na tabela ESTOQUE INICIAL e na documentação extraída do livro Registro de Inventário anexa. 9. Da análise da saída de produção do estabelecimento, dos estoques iniciais e das compras(importação), registrados na escrita fiscal e nos sistemas da Receita Federal do Brasil chegouse a esta constatação: 9.1. O contribuinte não demonstrou possuir a quantidade de insumos(partes e peças do motor) em nível de desagregação mínima compatível com as saídas de produção do estabelecimento, conforme TABELA APURAÇÃO DAS PARTES RELACIONADAS AO MOTOR. Fl. 23109DF CARF MF Processo nº 12266.721304/201303 Acórdão n.º 3401004.466 S3C4T1 Fl. 23.110 4 10. Explicando a TABELA APURAÇÃO DAS PARTES RELACIONADAS AO MOTOR: Tomemos o item gerador elétrico. 10.1.Houve a importação de 1.200(um mil e duzentos) geradores elétricos. 10.2.Não havia estoque inicial de matéria prima (EI MP) gerador elétrico. 10.3.O Estoque Inicial de Produtos em Elaboração poderia ou não conter, no estágio em que se encontrava o bem, o gerador elétrico na estrutura do produto. Para fins de levantamento da verificação das partes e peças em níveis mínimos de desagregação disponíveis para produção, adotouse esta posição: Computouse nos produtos em elaboração 29 geradores elétricos, tomando por base a relação insumoproduto de um para um. Esta postura metodológica é a mais benéfica ao contribuinte na lógica do levantamento aqui proposto. 10.4.Por sua vez, o estoque inicial de produto acabado possuía na estrutura dos produtos 2.391 geradores elétricos, segundo a relação insumoproduto de um para um. 10.5.Somandose os geradores elétricos dos estoques e das importações(compras) chegase ao montante de 3.620 geradores elétricos, que representam a disponibilidade de saída de produtos acabados (DISPONIBILIDADE PARA SAIDA PRODUÇÃO DO ESTABELECIMENTO), com comprovação de desagregação mínima em unidades do insumo exigida para atender o Processo Produtivo Básico(PPB)). 10.6.As quantidades de SAÍDA PRODUÇÃO DO ESTABELECIMENTO somam 143.377 motocicletas ou motonetas, conforme tabelas SAÍDA PRODUÇÃO DO ESTABELECIMENTO e QUANTIDADE SAÍDA POR PRODUTO. 10.7.Do cotejo entre a DISPONIBILIDADE PARA SAÍDA PRODUÇÃO ESTABELECIMENTO e a SAÍDA PRODUÇÃO DO ESTABELECIMENTO obtémse a variação negativa de 139.757 motocicletas ou motonetas. 10.8.Significa dizer que o contribuinte deu saída de produção do estabelecimento de 139.757 motocicletas ou motonetas, em relação as quais não comprovou possuir documentação hábil e idônea capaz de informar em nível de desagregação exigida pela norma de regência para cumprimento do PPB, a quantidade em unidades individuais de geradores elétricos suficientes para cobrir esse volume de saída. Fl. 23110DF CARF MF Processo nº 12266.721304/201303 Acórdão n.º 3401004.466 S3C4T1 Fl. 23.111 5 11.Observase este raciocínio em todas as partes e peças constantes da TABELA APURAÇÃO DAS PARTES RELACIONADAS AO MOTOR. 12.Contudo, para fins de apuração do imposto devido adotouse a variação apurada em relação ao gerador elétrico" (seleção e grifos nossos). 2. A contribuinte, cientificada do auto de infração em 10/04/2013, apresentou tempestiva impugnação em 09/05/2013, na qual argumentou pela improcedência do auto de infração. 3. Em 10/09/2013, a 7ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Fortaleza (CE) prolatou a Resolução DRJ nº 0836.667, nos seguintes termos: “1) Manifestarse sobre as afirmações e exemplos da J TOLEDO, de fls. 9.465 9.468, no sentido de haver modelos que não têm determinadas partes ou peças, assim como a proporção fixada entre partes e peças e produto final ser variável; pronunciarse também sobre o documento nº 10, por ela apresentado; manifestarse, ainda, sobre a declaração da defendente, à fl. 9.470, de que, como consequência, os estoques iniciais e finais de alguns modelos estariam errados nos cálculos efetuados; 2) Justificar o motivo de não ter havido a não inclusão (sic), nos estoques iniciais, das motocicletas incluídas em “Matéria Prima Importada” no livro Registro de Inventário de 31/12/2007, conforme informado pela impugnante à fl. 9.469; 3) Pronunciarse sobre a alegação da impugnante, à fl. 9.471, de que não foram consideradas, nos cálculos, as saídas de produtos ocorridas antes de 17/04/2008. Pronunciarse sobre o documento 11 apresentado pela defendente; 4) Manifestarse sobre a declaração da J TOLEDO, às fls. 9.4729.473, relativa à inclusão, nos cálculos, da saída de modelos não incentivados; 5) Esclarecer se procede a afirmação da defendente, às fls. 9.4739.474, de que não houve o cômputo, nos cálculos das diversas DI’s por ela apontadas, conforme documento 12; manifestarse sobre este documento; 6) No caso de procedência das informações trazidas pela impugnante, reelaborar todas as tabelas para as quais sejam necessárias alterações, refazendo os cálculos relativos aos tributos, se for o caso; 7) Manifestarse sobre as tabelas e os cálculos efetuados pela impugnante às fls. 9.4749.490, relativos a cada parte/peça, assim como sobre o documento 13, apresentado; Fl. 23111DF CARF MF Processo nº 12266.721304/201303 Acórdão n.º 3401004.466 S3C4T1 Fl. 23.112 6 8) Prestar quaisquer outros esclarecimentos e, se for o caso, anexar documentos que sejam relevantes para o deslinde das questões. Por fim, com vista a garantir o exercício do contraditório e da ampla defesa, cabe cientificar o sujeito passivo acerca da diligência efetuada, assegurandolhe o prazo de trinta dias para se pronunciar sobre as informações e os documentos trazidos aos autos, decorrentes das providências acima solicitadas, conforme art. 16, § 4º, “c”, do Decreto nº 70.235/1972, com redação dada pela Lei nº 9.532/1997, c/c art. 35, parágrafo único, do Decreto nº 7.475/2011.”. 4. Em 10/09/2013, a 7ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Fortaleza (CE) prolatou a Resolução DRJ nº 0836.667, nos seguintes termos: “1) Manifestarse sobre as afirmações e exemplos da J TOLEDO, de fls. 9.465 9.468, no sentido de haver modelos que não têm determinadas partes ou peças, assim como a proporção fixada entre partes e peças e produto final ser variável; pronunciarse também sobre o documento nº 10, por ela apresentado; manifestarse, ainda, sobre a declaração da defendente, à fl. 9.470, de que, como consequência, os estoques iniciais e finais de alguns modelos estariam errados nos cálculos efetuados; 2) Justificar o motivo de não ter havido a não inclusão (sic), nos estoques iniciais, das motocicletas incluídas em “Matéria Prima Importada” no livro Registro de Inventário de 31/12/2007, conforme informado pela impugnante à fl. 9.469; 3) Pronunciarse sobre a alegação da impugnante, à fl. 9.471, de que não foram consideradas, nos cálculos, as saídas de produtos ocorridas antes de 17/04/2008. Pronunciarse sobre o documento 11 apresentado pela defendente; 4) Manifestarse sobre a declaração da J TOLEDO, às fls. 9.4729.473, relativa à inclusão, nos cálculos, da saída de modelos não incentivados; 5) Esclarecer se procede a afirmação da defendente, às fls. 9.4739.474, de que não houve o cômputo, nos cálculos das diversas DI’s por ela apontadas, conforme documento 12; manifestarse sobre este documento; 6) No caso de procedência das informações trazidas pela impugnante, reelaborar todas as tabelas para as quais sejam necessárias alterações, refazendo os cálculos relativos aos tributos, se for o caso; 7) Manifestarse sobre as tabelas e os cálculos efetuados pela impugnante às fls. 9.4749.490, relativos a cada parte/peça, assim como sobre o documento 13, apresentado; Fl. 23112DF CARF MF Processo nº 12266.721304/201303 Acórdão n.º 3401004.466 S3C4T1 Fl. 23.113 7 8) Prestar quaisquer outros esclarecimentos e, se for o caso, anexar documentos que sejam relevantes para o deslinde das questões. Por fim, com vista a garantir o exercício do contraditório e da ampla defesa, cabe cientificar o sujeito passivo acerca da diligência efetuada, assegurandolhe o prazo de trinta dias para se pronunciar sobre as informações e os documentos trazidos aos autos, decorrentes das providências acima solicitadas, conforme art. 16, § 4º, “c”, do Decreto nº 70.235/1972, com redação dada pela Lei nº 9.532/1997, c/c art. 35, parágrafo único, do Decreto nº 7.475/2011.”. 5. Em decorrência, a unidade elaborou o Relatório de Diligência situado às fls. 22.428 a 22.436, nos seguintes termos, quanto à "providência nº 01": A fiscalização tirou este entendimento da Nota Técnica SUFRAMA Nº 116/2001, fundada nas disposições da Portaria Interministerial No 20, de 15/02/2006, que definiu o nível de desagregação para os produtos produzidos pela impugnante. A ausência de qualquer um dos insumos que a norma definiu como nível mínimo de desagregação, caracteriza, em princípio, o descumprimento do PPB, condição necessária para a fruição dos benefícios da Zona Franca de Manaus, ZFM. O Documento 10, apresenta as Declarações de Importação DI's e Demonstrativo do Coeficiente de Redução do Imposto de Importação DCRE's, por produto final, assim como uma tabela com os 17 insumos analisados, informando a relação insumo x produto tomando por base os DCRE’s. O DCRE, IN 17/2001, é uma declaração feita pelo próprio contribuinte, onde é obrigado a declarar os insumos que compõem o produto final, para fins de apuração de Imposto de Importação reduzido. A simples constatação da ausência de um determinado insumo no DCRE, que a ação fiscal selecionou para a verificação do cumprimento do Processo Produtivo Básico, não prova nem elucida de nenhuma forma o ponto central do tema tratado na fiscalização. [...]Desta forma a simples informação que determinado insumo ‘não se aplica’ porque não consta no respectivo DCRE, não justifica a ausência do insumo exigido na NT 116/2001, o que torna o Documento 10 inócuo no esclarecimento das ausências de insumos encontradas na fiscalização. Visando esclarecer os fatos, esta situação foi explicada a empresa e materializada no TIF 59/2014, na forma de questionamento, por exemplo, sobre o Insumo EMBREAGEM no modelo INTRUDER 125 , assim como no geral, onde foi dada a empresa, a oportunidade de explicar o motivo da ausência de qualquer um dos 17 insumos objetos da análise da fiscalização que foram apresentados com a situação ‘não se aplica’. Fl. 23113DF CARF MF Processo nº 12266.721304/201303 Acórdão n.º 3401004.466 S3C4T1 Fl. 23.114 8 (...) Não constam na tabela acima os insumos FILTRO DE ÓLEO DO MOTOR, VIRABREQUIM, CABEÇOTE DO MOTOR, EIXO SECUNDÁRIO DE TRANSMISSÃO, BOMBA DE ÓLEO, ROTOR DO MAGNETO, MOTOR DE PARTIDA, FILTRO DE AR, pois a própria impugnante informou a proporção ‘um para um’ para os referidos insumos, a mesma proporção utilizada no Auto de Infração. Com esta informação fornecida pela empresa, foi feita uma consulta à SUFRAMA através do oficio GAB/ALF/MNS nr 0405/2014 em 12/12/2014, folhas 22.218 e 22.219. A resposta veio em 02/03/2015, através do ofício 1018/2015 GABIN.SUP, folhas 22.220 e 22.221. Considerando: • A resposta ao TIF 59_2014, folhas 22.078 a 22.137; • Reunião realizada na SUFRAMA com técnicos que tratam de PPB em 21/01/2015; • A resposta formal da SUFRAMA contida no ofício 1018/2015 GABIN.SUP; • Foram feitas diversas pesquisas na Internet , Google, Fornecedores de Peças para Motos , Textos especializados que explicam a função de certas peças de motores de motos, que confirmaram as informações apresentadas pela empresa. A diligência concluiu ser procedente as alegações apresentadas pela empresa , em relação a relação insumo x produto correta a ser utilizadas na fiscalização. Desta forma, nas demais apurações quantitativas que se seguem nesta diligência, foram feitas considerando a relação insumo x produto apresentada pela empresa. SEGUNDA PARTE A declaração da defendente, na folha 9.470, referese aos desdobramentos da utilização da relação insumo x produto incorreta nos estoques iniciais. A alegação é procedente, entretanto não requer nenhuma ação além da utilização da relação insumo x produto correta. 6. Transcrevese, abaixo, quanto aos demais itens da diligência determinada, em prestígio ao fiel relato dos fatos, trecho do relatório da decisão devolvida à cognição deste colegiado por meio de recurso de ofício: Em relação à segunda providência “Justificar o motivo de não ter havido a não inclusão, nos estoques iniciais, das motocicletas incluídas em "Matéria Prima Importada" no livro Registro de Inventário de 31/12/2007, conforme informado pela impugnante à fl. 9.469”, diz a fiscalização: Fl. 23114DF CARF MF Processo nº 12266.721304/201303 Acórdão n.º 3401004.466 S3C4T1 Fl. 23.115 9 “(...) Desta forma , após a explicação contida no estudo da EY e a forma característica de importação da empresa, os estoques de (MPI) contidos no Livro Registro de Inventário serão considerados na apuração, sendo procedente a alegação da empresa.” A respeito da terceira providência “pronunciarse sobre a alegação da impugnante, à fl. 9.471, de que não foram consideradas, os cálculos, as saídas de produtos ocorridas antes de 17/04/2008. Pronunciarse sobre o documento 11 apresentado pela defendente”, a resposta é: “A essência da ação fiscal foi assegurar o cumprimento do PPB Processo Produtivo Básico pela empresa, de forma indireta, buscando os insumos necessários à produção (17 insumos selecionados), no nível de desagregação definido pelo SUFRAMA. É o cotejamento entre a produção aferida pelas Notas Fiscais de Saída, e a existência dos 17 insumos selecionados nas Declarações de Importação DI's. Como os estoques iniciais disponíveis e utilizados no procedimento são de 31/12/2007, só faz sentido a apuração completa de 1/01/2008 a 31/12/2008 , tanto para as Notas Fiscais de Saída, quanto para as Importações, para se chegar a alguma conclusão. Desta forma é procedente a alegação da empresa no que se refere a considerar as saídas ocorridas antes de 17/04/2015. Em relação ao documento 11, tratamse de cópias de Notas Fiscais, folhas 14.896 a 18.643. Para viabilizar as apurações necessárias, a empresa foi intimada , TIF_59_2014 folhas 22.071 a 22.076 e TIF_68_2014 folhas 22.139 a 22.150 a apresentar a relação de Notas Fiscais emitidas em 2008 em meio magnético, que foi a fonte dos dados utilizados nas apurações desta diligência. A partir da planilha com todas as Notas Fiscais de Saídas e Entradas, foi feito um levantamento de todas as saídas "físicas" da indústria, abatendose as entradas "físicas". Em outras palavras, foram excluídos da apuração os CFOP's de saídas e entradas simbólicas oriundas de operação com armazém geral. As Tabelas CFOP ENTRADAS, CFOP SAÍDAS E SAÍDAS ENTRADAS, folhas 22.222 a 22.225 apresentam o resumo do levantamento.” Fl. 23115DF CARF MF Processo nº 12266.721304/201303 Acórdão n.º 3401004.466 S3C4T1 Fl. 23.116 10 No que se refere à quarta providência, “Manifestarse sobre a declaração da J TOLEDO, às fls. 9.4729.473, relativa à inclusão, nos cálculos, da saída de modelos não incentivados” o responsável pela diligência declara: “A tabela denominada MODELOS NÃO INCENTIVADOS, folha 22.226 , apresenta a extração do SISCOMEX de Declarações de Importação com recolhimento integral de recursos, que confirmam as alegações da empresa. São procedentes as afirmações da impugnante. Deve ser observado que no Documento 3a , a impugnante apresenta uma Declaração de Importação de Partes e Peças de apenas 2 unidades do modelo GSX 1300BK, motivo pelo qual na apuração final desta diligência, aparece o modelo GSX 1300BK, com apenas 2 unidades. Ou seja, para o modelo GSX 1300BK, houve a industrialização de 2 unidades que foram objeto de apuração e as demais unidades foram no Regime Comum de Importação, conforme alegado pela impugnante, excluídas portanto da apuração.” Quanto à quinta providencia “Esclarecer se procede a afirmação da defendente,às fls. 9.4739.474, de que não houve o cômputo, nos cálculos das diversas DI's por ela apontadas, conforme documento 12; manifestarse sobre este documento”, a resposta da unidade de origem é: “(...) A Tabela abaixo apresenta o resumo do conteúdo do DOCUMENTO 12 apresentado pela impugnante: (...) Após a tabela a impugnante apresenta cópia dos extratos das ADIÇÕES/ITENS das DI's contido no item 5 acima. Em função da grande quantidade de itens alegados, primeiramente a empresa foi intimada a apresentar em meio magnético na forma de arquivo digital, todas as planilhas que deram suporte a elaboração da impugnação, TIF 09_2014. Na resposta, a planilha denominada APLICAÇÃO DE INSUMO MODELO _DI , que é um espelho das tabelas apresentadas no DOCUMENTO 12, foi utilizada para responder de forma objetiva se houve ou não o cômputo alegado pela impugnante. Deve ser observado que nas tabelas contidas na APLICAÇÃO DE INSUMO MODELO _DI constam Fl. 23116DF CARF MF Processo nº 12266.721304/201303 Acórdão n.º 3401004.466 S3C4T1 Fl. 23.117 11 as DI’S/ADIÇÕES/ITENS alegados ‘esquecidos’ pela fiscalização, assim como as DI's já ‘lembrados’ no Auto de Infração. As respostas de forma individualizada para cada DI'S/ADIÇÕES/ITENS alegada como esquecida pela fiscalização, estão nas tabelas abaixo organizadas por peça fiscalizada: (...) Deve ser observado que: • Para cada DI/ITEM/ADIÇÃO alegado, foi feita a vinculação com a extração da DI/ITEM/ADIÇÃO do SISCOMEX, visando atestar a veracidade da informação. Quando eventualmente o item alegado não era encontrado na base SISCOMEX ou apresentava alguma inconsistência, foi feita nova busca tentando encontrar a peça, e consta no campo OBSERVAÇAO o que foi encontrado. • Existe uma coluna denominada ‘Alegação da Impugnação é procedente?’. Em caso positivo a peça é considerada como insumo válido e entrou na apuração. Caso a resposta seja não a peça não foi considerada na apuração. • Consta também na Tabela as DI's já consideradas no AI e que não foram objeto da impugnação, entretanto tem que estar na tabela para se obter o ‘total’ do ano para que a nova apuração com as alegações aqui consideradas faça sentido.” Em relação à providência nº 06 “No caso de procedência das informações trazidas pela impugnante, reelaborar todas as tabelas para as quais sejam necessárias alterações, refazendo os cálculos relativos aos tributos, se for o caso”, a fiscalização afirma: “Como a maioria das alegações feitas pela impugnante foi procedente, foi feito o BALANÇO FINAL, tabela denominada BALANÇO FINAL, levando em consideração os novos valores de ESTOQUE, IMPORTAÇÕES E SAÍDAS. Apesar de algumas inconsistências em algumas peças, houve saldo de insumos suficiente para quase a totalidade dos modelos produzidos em 2008. Fl. 23117DF CARF MF Processo nº 12266.721304/201303 Acórdão n.º 3401004.466 S3C4T1 Fl. 23.118 12 Apenas um modelo, a BANDIT N1200 apresentou insuficiência de insumos, e a tabela denominada BANDIT N1200 apresenta os tributos calculados, com os subtotais, por data de Fato Gerador.” Quanto à sétima providência “Manifestarse sobre as tabelas e os cálculos efetuados pela impugnante, às fls. 9.4749.490, relativos a cada parte/peça, assim como sobre o documento 13, apresentado”, o responsável pela diligência explica: “A metodologia dos cálculos está correta, pois coteja ESTOQUES INICIAIS+IMPORTAÇÃO com SAÍDAS, ou seja, QUALITATIVAMENTE, as alegações são procedentes. Já a resposta se QUANTITATIVAMENTE são procedentes ou não, está na tabela elaborada pela diligência denominada BALANÇO FINAL, que apresenta de forma individualizada as respostas com as quantidades de peças/modelos apurados”. 7. Cientificada do Relatório de Fiscalização em 13/03/2015, situada à fl. 22.443, por abertura de mensagem, a ora recorrente apresentou, em 10/04/2015, a manifestação situada às fls. 22.446 a 22.465, reiterando a) Preliminarmente, a declaração de nulidade do Auto de Infração por total ausência de liquidez e certeza do crédito tributário, o que foi plenamente confirmado após todas as diligências, as quais confirmaram que o auto de infração foi lavrado sem qualquer base fática, sem critérios mínimos de procedimentos, eficiência e razoabilidade, gerando, assim, equívoco em todos os números e cálculos apresentados para se chegar a conclusão de descumprimento do PPB pela Impugnante; b) No mérito, o reconhecimento da total improcedência do processo, com anulação dos quatro autos de infração (II, IPI, PIS e COFINS), em razão da absoluta inexistência de qualquer descumprimento ao PPB, extinguindoo de plano, vez que não houve incidência de desvio de finalidade apto a ensejar a cobrança de qualquer tributo; c) Com a declaração de improcedência dos retrocitados autos de infração, que seja declarada regular a atividade industrial da Impugnante no exercício fiscal de 2008, em razão do cumprimento de todos os requisitos formais e material que regem o regime do Polo Industrial de Manaus. Fl. 23118DF CARF MF Processo nº 12266.721304/201303 Acórdão n.º 3401004.466 S3C4T1 Fl. 23.119 13 8. Em 27/05/2015, a 7ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Fortaleza (CE) prolatou a Resolução DRJ nº 2935, convertendo novamente o julgamento em diligência nos seguintes termos: “1) Manifestarse sobre o Documento 11 (tabela “Saídas 2008 – CFOP 6905”), às fls. 22.49522.499, elaborada pela impugnante, pronunciandose a respeito das repetições referentes a saídas de chassis apontadas, assim como sobre as informações de fl. 22.463 e 22.15322.158, no que se refere a operações com Armazém Geral, assim como em relação aos organogramas de fluxo das mercadorias citados; 2) considerando que não se consegue visualizar na íntegra as informações contidas no documento arquivo não paginável de fl. 22.151 (arquivos intitulados “PLANILHA NF´S ENTRADAS 2008.xlsx” e “PLANILHA NFS SAIDAS 2008.xlsx”), as quais parecem conter apenas parte da operações de entradas e saídas, apresentar relação das notas fiscais de entrada e saída referentes às operações acima citadas, envolvendo as 124 unidades entradas e 148 unidades saídas, citadas à fl. 22.426, relativas ao modelo BANDIT N1200, contendo, no mínimo, número e série da nota fiscal, data, código da operação, descrição da mercadoria, código da mercadoria (chassi), valor da mercadoria e quantidade, anexando aos autos os documentos pertinentes; 3) Tendo em vista a manifestação da impugnante a respeito das repetições de chassis constantes da tabela “Saídas 2008 – CFOP 6905”, assim como sobre as operações com Armazém Geral, reelaborar a Tabela BALANÇO FINAL (fls. 22.42522.426), informando se ainda persistem diferenças em relação ao modelo Bandit N1200 e, sendo o caso, alterar a tabela de fl. 22.427. 4) Prestar quaisquer outros esclarecimentos e, se for o caso, anexar documentos que sejam relevantes para o deslinde das questões. Por fim, com vista a garantir o exercício do contraditório e da ampla defesa, cabe cientificar o sujeito passivo acerca da diligência efetuada, assegurandolhe o prazo de trinta dias para se pronunciar sobre as informações e os documentos trazidos aos autos, decorrentes das providências acima solicitadas, conforme art. 16, § 4º, “c”, do Decreto nº 70.235/1972, com redação dada pela Lei nº 9.532/1997, c/c art. 35, parágrafo único, do Decreto nº 7.475/2011.”. 9. A unidade, em atendimento à determinação acima transcrita, elaborou o Relatório de Diligência situado às fls. 22.979 a 22.982, nos seguintes termos: “(...) Diante disso, , intimouse a empresa para prestar esclarecimentos conforme TIF n° 90/2015, anexo. A partir da documentação apresentada pela empresa, concluiu se que: Fl. 23119DF CARF MF Processo nº 12266.721304/201303 Acórdão n.º 3401004.466 S3C4T1 Fl. 23.120 14 houve a contagem em duplicidade de saída no CFOP 6905, tendo em vista a dinâmica utilizada com operações com Armazém Geral. Isso decorreu de a empresa emitir nota fiscal de saída no CFOP 6905 (remessa para depósito fechado ou armazém geral) tanto na saída física da mercadoria, quanto na saída simbólica de mercadoria para armazém geral. Observase que todas as emissões de saída física foram efetuadas na série UN, diferente das demais emissões que se utilizaram da série 1; verificouse que para se obter o correto valor das saídas físicas de mercadorias, haveria de ter sido feita a confrontação dos CFOP 6905 com o 6913 (retorno simbólico de demonstração), subtraindo a quantidade emitida desse último CFOP da quantidade total do CFOP 6905, de modo a se evitar a dupla contagem. No entanto, frisase que a emissão da nota fiscal de retorno simbólico se dá pelas concessionárias da marca; constatase, desse modo, que houve a saída física de 121 unidades e que ao se computar o estoque inicial e as importações realizadas resultaria em 3 unidades no estoque final, em concordância com o apresentado pela impugnante; no que tange as informações de fl 22.463 e 22.15322.158, as operações com Armazém Geral, assim como os organogramas de fluxo das mercadorias, são pertinentes. Ressaltase, no entanto, que nas operações de remessa simbólica de mercadoria da fábrica para o armazém geral deveria terse utilizado do CFOP 6934 (remessa simbólica de mercadoria depositada em armazém geral ou depósito fechado), conforme redação do Convênio s/n° de 15 de dezembro de 1970, alterado pelos Ajustes SINIEF posteriores: (grifei) Classificamse neste código as remessas simbólicas de mercadorias depositadas em depósito fechado ou armazém geral, efetuadas nas situações em que haja a transmissão de propriedade com a permanência das mercadorias em depósito ou quando a mercadoria tenha sido entregue pelo remetente diretamente a depósito fechado ou armazém geral. Pois, assim haveria a segregação das operações de remessa física e de remessa simbólica, não havendo desse modo a dupla contagem. Observase que a empresa em sua resposta ao TIF n° 90/2015 informa que se baseia no art. 356 do RICMS/AM Decreto lei n° 20.686/99, entretanto, este artigo é referente a remessa física de mercadoria para estabelecimento destinatário situado em estado diverso do armazém geral, conforme se observa no caput do artigo. Art. 356. Na saída de mercadoria para entrega em armazém geral situado em Estado diverso daquele do estabelecimento destinatário, este será considerado depositante, devendo o remetente: Fl. 23120DF CARF MF Processo nº 12266.721304/201303 Acórdão n.º 3401004.466 S3C4T1 Fl. 23.121 15 concluise que a realidade fática foi a saída de 121 motocicletas, estando o registro de estoque da empresa correto, apesar de se utilizar de registros que não refletem as boas práticas contábeis. (...) Extraiuse do processo os arquivos PLANILHA NF'S ENTRADAS 2008.xlsx e PLANILHA NF'S SAIDAS 2008.xlsx, e verificouse a capacidade de visualização de todas as informações. Ressaltase que cada arquivo possui emissões de notas ficais em todos os meses do ano de 2008. Frisese que toda a documentação comprobatória do fluxo de mercadoria e notas fiscais emitidas para cada um dos 22 Chassis em análise se encontra anexa à resposta da empresa ao n° TIF n° 90/2015. (...) Constatouse que as alegações referentes as repetições de saídas do mesmo chassi são procedentes para o modelo Bandit N1200, diante disso, reelaborouse a Tabela BALANÇO FINAL, alterando os dados referentes ao objeto desta diligência (verificação da saída física das motocicletas do referido modelo). Assim, diante da procedência da alegação da empresa não há tributos a serem lançados”. 10. Cientificada do Relatório de Fiscalização em 26/01/2016 (fl. 22.985), por abertura de mensagem, a impugnante apresentou, em 16/02/2016, a manifestação de fls. 22.99022.999, nos seguintes termos: “(...)Dessa forma, resta evidente o quanto alegado pela Impugnante desde a primeira impugnação apresentada, ou seja, que não houve nenhuma irregularidade no cumprimento do Processo Produtivo Básico do ano de 2008, já que possuía documentação hábil para provar que todos os motores inseridos nas motocicletas saídas do estabelecimento durante o ano de 2008 teriam sido montados com o nível de desagregação exigido (...) Como se vê, Nobres Julgadores, se analisadas em conjunto as duas conclusões das diligências realizadas durante o julgamento da presente impugnação, terseá que não houve nenhuma irregularidade praticada pela Impugnante, já que provado pela mesma, pela empresa de auditoria independente por ela contratada (EY Ernest Young) e pela própria fiscalização nas diligências realizadas, que houve insumos suficientes (estoque inicial e importação) para todas as saídas realizadas naquele ano de 2008, não havendo que se falar em descumprimento às normas do Processo Produtivo Básico (PPB) e, consequentemente, à perda dos incentivos fiscais concedidos no modelo Zona Franca de Manaus, restando demonstrado que a autuação imposta à Impugnante é totalmente improcedente, devendo, assim, ser reconhecida por V. Sas. Fl. 23121DF CARF MF Processo nº 12266.721304/201303 Acórdão n.º 3401004.466 S3C4T1 Fl. 23.122 16 (...) a) Preliminarmente, a declaração de nulidade do Auto de Infração por total ausência de liquidez e certeza do crédito tributário, o que foi plenamente confirmado após todas as diligências realizadas em decorrência da Resolução 082.513 da 7ª Turma da DRJ/FOR, as quais confirmaram que o auto de infração foi lavrado sem qualquer base fática, sem critérios mínimos de procedimentos, eficiência e razoabilidade, gerando, assim, equívoco em todos os números e cálculos apresentados para se chegar a conclusão de descumprimento do PPB pela Impugnante; b) No mérito, o reconhecimento da TOTAL IMPROCEDÊNCIA do Processo nº 12266.721304/201303, com anulação dos quatro autos de infração (II, IPI, PIS e COFINS) decorrentes do MPF nº 0227600/00467/11, em razão da absoluta inexistência de qualquer descumprimento ao processo produtivo básico, extinguindoo de plano, vez que não houve incidência de desvio de finalidade apto a ensejar a cobrança de qualquer tributo, ainda mais nos absurdos patamares propostos pelo agente fiscal; c) Com a declaração de improcedência dos retrocitados autos de infração, que seja declarada regular a atividade industrial da Impugnante no exercício fiscal de 2008, em razão do cumprimento de todos os requisitos formais e material que regem o regime do Polo Industrial de Manaus". 11. Em 07/05/2016, a 7ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Fortaleza (CE) prolatou a Resolução DRJ nº 3004, convertendo novamente o julgamento em diligência nos seguintes termos: “1) desmembrar o presente processo, de modo que seja formalizado um novo processo, para o qual será transferido o crédito tributário relativo ao IPI, o qual deverá ser instruído com correspondente auto de infração do IPI e respectivos documentos, demonstrativos, termos e todos os elementos de prova pertinentes, bem como com cópia da impugnação apresentada, das manifestações relativas às diligências anteriores, e ainda com a da presente Resolução e da manifestação dela decorrente, acaso apresentada; 2) no presente processo deverão permanecer os autos de infração relativos ao Imposto de Importação, Contribuição para o PIS/Pasep e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), bem como todos os demais documentos pertinentes; 3) após o desmembramento acima indicado, o presente processo administrativo deverá retornar a esta DRJ/FOR para dar seguimento à sua apreciação; 4) No que tange ao processo administrativo referente ao IPI, deve ser observada a Portaria RFB nº 1.022, de 29 de julho de Fl. 23122DF CARF MF Processo nº 12266.721304/201303 Acórdão n.º 3401004.466 S3C4T1 Fl. 23.123 17 2013 e anexos I/II (que dispõe sobre a movimentação de processos administrativos referentes a tributos administrados pela SRF) para a devida movimentação; 5) cientificar o sujeito passivo J TOLEDO SUZUKI MOTOS DO BRASIL LTDA do teor da presente Resolução (fornecendolhe cópia), bem como de seu resultado, para, caso queira, apresentar manifestação específica quanto às questões aqui suscitadas, no prazo de até 30 (trinta) dias de sua ciência”. 12. Em decorrência, a fiscalização elaborou a Informação Fiscal (fl. 23.014), nos seguintes termos: “(...) O processo administrativo nº 12266.721694/201494 foi desmembrado, passando a ter como objeto o Imposto de Importação, a Contribuição para o PIS/Pasep e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins). Criouse um novo processo administrativo nº 10283723.146/201627, relativo ao IPI. O desmembramento foi feito de forma que nenhuma peça foi retirada do processo original, mas apenas foram copiados os documentos pertinentes para compor o novo processo, o qual foi instruído com todos os seus respectivos termos e demais elementos de prova indispensáveis à acusação, bem como com a Impugnação, a Resolução nº 083.004, e a presente Informação Fiscal. Não há demais esclarecimentos considerados necessários por parte da Eqfia/ALF/MNS à instrução e julgamento do feito”. 13. Em 24/06/2016, a 7ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Fortaleza (CE) prolatou o Acórdão DRJ nº 0836.667, por unanimidade de votos, em conhecer da impugnação para, preliminarmente, rejeitar a argüição de nulidade do lançamento e, no mérito, julgar integralmente procedente a impugnação, exonerando o sujeito passivo dos créditos tributários correspondentes a Imposto de Importação, Contribuição para o PIS/PASEP e Cofins, nos termos da ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 30/04/2008 a 31/12/2008 LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. ARGUIÇÃO DE NULIDADE. DESCABIMENTO. Não contendo o lançamento imprecisão no tocante à forma utilizada para o levantamento da base de cálculo do imposto, à fundamentação legal adotada, às alíquotas aplicadas, ou ao montante do crédito tributário lançado, descabe falar em nulidade. Fl. 23123DF CARF MF Processo nº 12266.721304/201303 Acórdão n.º 3401004.466 S3C4T1 Fl. 23.124 18 ASSUNTO: REGIMES ADUANEIROS Período de apuração: 30/04/2008 a 31/12/2008 ZONA FRANCA DE MANAUS. BENEFÍCIOS FISCAIS. IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO. PIS/PASEP. COFINS. DESCUMPRIMENTO DO PROCESSO PRODUTIVO BÁSICO. INOCORRÊNCIA. O direito aos benefícios fiscais relativos ao Imposto de Importação, PIS/PASEP e COFINS, no tocante aos produtos industrializados na Zona Franca de Manaus remetidos para outro local do território nacional, está condicionado ao cumprimento do Processo Produtivo Básico fixado na legislação. Não restando comprovado o descumprimento da condição estabelecida por lei para fruição dos incentivos fiscais, descabe a exigência dos créditos tributários constituídos. Impugnação Procedente Crédito Tributário Exonerado 14. Diante do cancelamento do crédito tributário, o acórdão foi submetido à apreciação deste Conselho por recurso de ofício, de acordo com o art. 34 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, e alterações introduzidas pela Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de1997, e Portaria MF nº 3, de 3 de janeiro de 2008. É o relatório. Voto Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, Relator. 15. O recurso de ofício preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele conheço. 16. Reproduzimos, abaixo, a íntegra do trecho do acórdão objeto de reanálise de ofício: "A Zona Franca de Manaus ZFM, tal como estabelece o artigo 1º do Decreto Lei nº 288, de 28 de fevereiro de 1967, “é uma área de livre comércio de importação e exportação e de incentivos fiscais especiais, estabelecida com a finalidade de criar no interior da Amazônia um centro industrial, comercial e agropecuário dotado de condições econômicas que permitam seu Fl. 23124DF CARF MF Processo nº 12266.721304/201303 Acórdão n.º 3401004.466 S3C4T1 Fl. 23.125 19 desenvolvimento, em face dos fatores locais e da grande distância, a que se encontram, os centros consumidores de seus produtos”. Dispõe o art. 3º do citado DecretoLei: “Art 3º A entrada de mercadorias estrangeiras na Zona Franca, destinadas a seu consumo interno, industrialização em qualquer grau, inclusive beneficiamento, agropecuária, pesca, instalação e operação de indústrias e serviços de qualquer natureza e a estocagem para reexportação, será isenta dos impostos de importação, e sobre produtos industrializados. § 1º Excetuamse da isenção fiscal prevista no caput deste artigo as seguintes mercadorias: armas e munições, fumo, bebidas alcoólicas, automóveis de passageiros e produtos de perfumaria ou toucador, preparados e preparações cosméticas, salvo quanto a estes (posições 3303 a 3307 da Tarifa Aduaneira do Brasil TAB), se destinados, exclusivamente, a consumo interno na Zona Franca de Manaus, ou quando produzidos com utilização de matériasprimas da fauna e flora regionais, em conformidade com o processo produtivo básico. (Redação dada pela Lei nº 8.387, de 30/12/1991)" A regulamentação do ato legal acima parcialmente transcrito se deu com a edição do Decreto n° 61.244/1967, cujo art. 3º dispõe: “Art 3º Farseá com suspensão dos impostos de importação e sobre produtos industrializados a entrada, na Zona Franca de Manaus, de mercadorias procedentes do estrangeiro e destinadas: I a seu consumo interno; II a industrialização de outros produtos, no seu Território; III à pesca e à agropecuária; IV à instalação e operação de industrias e serviços de qualquer natureza; V à estocagem para reexportação; VI à estocagem para comercialização ou emprego em outros pontos do território nacional. (...) Fl. 23125DF CARF MF Processo nº 12266.721304/201303 Acórdão n.º 3401004.466 S3C4T1 Fl. 23.126 20 § 4º As obrigações tributárias suspensas, nos termos deste artigo: I se resolvem efetivandose a isenção integral nos casos dos incisos I, III, IV e V, com o emprego da mercadoria nas finalidades previstas nos mesmos incisos; II se resolvem, quanto à parte percentual reduzida do imposto, nos casos dos incisos II, quando atendido o disposto no inciso II do artigo 7º; III tornamse exigíveis, nos casos do inciso VI, quando as mercadorias forem remetidas para outro ponto do território nacional.” Os dispositivos acima reproduzidos estabelecem que o regime da ZFM tem como característica a suspensão dos tributos cabíveis na importação de bens, a saber, o Imposto de Importação, cujo fato gerador se perfaz no momento do registro da DI e o Imposto sobre Produtos Industrializados, cujo fato gerador é o desembaraço aduaneiro da mercadoria, até a ocorrência de uma das hipóteses previstas, quando então a suspensão se transformará em isenção integral ou parcial, também chamada de redução; caso contrário, será cabível a exigência dos tributos. Assim do cotejo dos atos citados e considerandose as disposições do § 4º do art. 3º do Decreto n° 61.244/67 constata se que as obrigações tributárias suspensas, nos termos deste artigo se resolvem efetivandose a isenção integral nas hipóteses indicadas nos incisos I (a seu consumo interno), III, IV e V, com o emprego da mercadoria nas finalidades previstas nos mesmos incisos e quanto à parte percentual reduzida do Imposto de Importação, no caso de industrialização de produtos na ZFM, quando atendido o disposto no artigo 7º do citado DecretoLei nº 288/67 (com a redação dada pela Lei nº 8.387, de 30/12/1991). (...) Em relação ao PIS/PASEP, estabelecia a Lei nº 10.637/2002 (...) Art. 1º, Art. 2º §4º, I e II, e Art. 4º (...) Quanto à COFINS, previa a Lei nº 10.833/2003: (...) Art. 1º, Art. 2º §5º II e II, e Art.5º. (...) Este é, portanto, o tratamento tributário conferido pela legislação às mercadorias de procedência estrangeira admitidas na ZFM, bem como dos produtos industrializados dela saídos. Constatase dos dispositivos acima destacados que os produtos industrializados na ZFM, por estabelecimentos com projetos aprovados pelo Conselho de Administração da Superintendência da Zona Franca de Manaus – Suframa, que não sejam industrializados pelas modalidades de acondicionamento ou reacondicionamento, destinados à comercialização em qualquer outro ponto do território nacional, excluídos os produtos acima delimitados no texto legal, estão abrigados pelos benefícios do regime se estiverem em conformidade com o Processo Produtivo Fl. 23126DF CARF MF Processo nº 12266.721304/201303 Acórdão n.º 3401004.466 S3C4T1 Fl. 23.127 21 Básico (PPB) aprovado pelo Conselho de Administração da Suframa. No caso sub examine, o cerne principal da lide diz respeito ao cumprimento ou não do Processo Produtivo Básico a que a empresa impugnante ficou obrigada por ocasião da edição da Resolução SUFRAMA 300/2005 (fl. 295), relativa à fabricação de motocicletas e motonetas acima de 100 cm3 até 450 cm3 e acima de 450 cm3. Dúvidas não há quanto à importação de diversos insumos estrangeiros, tais como: bomba de óleo, gerador elétrico, motor de partida, e muitos outros, listados às fls. 2829. Estas mercadorias estão previstas na Nota Técnica n. 116/2001 SRP/DEAPI/COPIN que regulamenta o nível de desagregação mínima das partes e peças relacionadas ao motor das motonetas e motocicletas, conforme artigo 1º, IV, parágrafo 3º da Portaria Interministerial 20 de 15/02/2006 e Portaria n. 414/2006 da Superintendência da Zona Franca de Manaus. Esta desagregação é prérequisito para o cumprimento das etapas do Processo Produtivo Básico, indispensável à fruição da redução do Imposto de Importação por ocasião da internação, bem com da redução de alíquota da COFINS e do PIS/PASEP. Após a realização da primeira diligência, afirmou a fiscalização, no Relatório de Diligência, à fl. 22.436: “Como a maioria das alegações feitas pela impugnante foi procedente, foi feito o BALANÇO FINAL, tabela denominada BALANÇO FINAL, levando em consideração os novos valores de ESTOQUE, IMPORTAÇÕES E SAÍDAS. Apesar de algumas inconsistências em algumas peças, houve saldo de insumos suficiente para quase a totalidade dos modelos produzidos em 2008. Apenas um modelo, a BANDIT N1200 apresentou insuficiência de insumos, e a tabela denominada BANDIT N1200 apresenta os tributos calculados, com os subtotais, por data de Fato Gerador.” Ou seja, após a realização dessa diligência, a fiscalização apurou divergências apenas em relação ao modelo BANDIT N1200, tendo sido o crédito tributário relativo a Imposto de Importação, IPI, PIS e COFINSfaturamento, reduzido para R$ 288.054,33, conforme tabela de fl. 22.427. Portanto, o ponto fulcral da lide passou a ser a verificação sobre se havia realmente insuficiência de insumos e, conseqüentemente, o descumprimento do PPB em relação ao modelo BANDIT N1200. Porém, após a realização da segunda diligência (Resolução nº 2.935, de 27/05/2015), fls 22.50722.519, foi afirmado pela Fl. 23127DF CARF MF Processo nº 12266.721304/201303 Acórdão n.º 3401004.466 S3C4T1 Fl. 23.128 22 fiscalização, taxativamente, no Relatório de Fiscalização, às fls. 22.98022.981, a respeito do referido modelo BANDIT N1200: “constatase, desse modo, que houve a saída física de 121 unidades e que ao se computar o estoque inicial e as importações realizadas resultaria em 3 unidades no estoque final, em concordância com o apresentado pela impugnante;” (...) no que tange as informações de fl 22.463 e 22.153 22.158, as operações com Armazém Geral, assim como os organogramas de fluxo das mercadorias, são pertinentes (...): concluise que a realidade fática foi a saída de 121 motocicletas, estando o registro de estoque da empresa correto, apesar de se utilizar de registros que não refletem as boas práticas contábeis. (...) Constatouse que as alegações referentes as repetições de saídas do mesmo chassi são procedentes para o modelo Bandit N1200, diante disso, reelaborouse a Tabela BALANÇO FINAL, alterando os dados referentes ao objeto desta diligência (verificação da saída física das motocicletas do referido modelo). Assim, diante da procedência da alegação da empresa não há tributos a serem lançados. Portanto, em conformidade com o que foi afirmado e trazido pela fiscalização aos autos, após a realização das duas diligências, nos Relatórios de Diligências, às fls. 22.428 22.436, e 22.97922.982, assim como de acordo com os documentos e tabelas que os acompanham, especialmente a tabela “BALANÇO GERAL”, corrigida pela fiscalização após a segunda diligência e anexada às fls. 22.98322.984, não houve, na ação fiscal, a constatação de irregularidades quanto ao PPB relativo ao modelo BANDIT N1200 e em relação aos demais modelos, não havendo portanto, segundo essas informações, quaisquer tributos a serem exigidos da impugnante. Quanto ao pedido de considerar regular a atividade industrial da impugnante no exercício fiscal de 2008, cabe destacar que tal tarefa não se compreende entre as atribuições das Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento" (grifos do original). 17. Concluiu, assim, a decisão ora em análise, nos seguintes termos: "Em face de todo o exposto, e considerando a devida competência regimental, e ainda o disposto na Portaria nº 20 da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Fortaleza/CE, de 22/06/2016 (DOU de 24/06/2016 – seção 1), Fl. 23128DF CARF MF Processo nº 12266.721304/201303 Acórdão n.º 3401004.466 S3C4T1 Fl. 23.129 23 VOTO no sentido de conhecer da peça impugnatória para, PRELIMINARMENTE, REJEITAR a arguição de nulidade do lançamento e, NO MÉRITO, JULGAR PROCEDENTE a impugnação, EXONERANDO o sujeito passivo do crédito tributário correspondente aos tributos, contribuições, multas de ofício e juros de mora exigidos" (grifos do original). 18. Não tendo as partes apresentado novos argumentos ou razões de defesa perante esta segunda instância administrativa, propõese a confirmação e adoção da decisão recorrida, nos termos da Portaria MF nº 343, de 09/06/2015, que aprovou o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF), com a alteração da Portaria MF nº 329, de 04/06/2017, que acrescentou o § 3º ao art. 57 da norma regimental: Portaria MF nº 343, de 09/06/2015 (RICARF) Art. 57. Em cada sessão de julgamento será observada a seguinte ordem: I verificação do quorum regimental; II deliberação sobre matéria de expediente; e III relatório, debate e votação dos recursos constantes da pauta. § 1º A ementa, relatório e voto deverão ser disponibilizados exclusivamente aos conselheiros do colegiado, previamente ao início de cada sessão de julgamento correspondente, em meio eletrônico. § 2º Os processos para os quais o relator não apresentar, no prazo e forma estabelecidos no § 1º, a ementa, o relatório e o voto, serão retirados de pauta pelo presidente, que fará constar o fato em ata § 3º A exigência do § 1º pode ser atendida com a transcrição da decisão de primeira instância, se o relator registrar que as partes não apresentaram novas razões de defesa perante a segunda instância e propuser a confirmação e adoção da decisão recorrida" (seleção e grifos nossos). 19. Com base nesses fundamentos, voto pela confirmação e adoção da decisão recorrida, devendo, portanto, ser rejeitado o recurso de ofício. (assinado digitalmente) Leonardo Ogassawara De Araújo Branco Relator Fl. 23129DF CARF MF Processo nº 12266.721304/201303 Acórdão n.º 3401004.466 S3C4T1 Fl. 23.130 24 Fl. 23130DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10120.903069/2013-15
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Feb 23 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri May 25 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 1201-000.358
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos da voto da relatora. Vencida a conselheira Gisele Barra Bossa que dava provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa - Presidente e Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, Eva Maria Los, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli e Gisele Barra Bossa. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros José Carlos de Assis Guimarães e Rafael Gasparello Lima.
Nome do relator: ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
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Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos da voto da relatora. Vencida a conselheira Gisele Barra Bossa que dava provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente e Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, Eva Maria Los, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli e Gisele Barra Bossa. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros José Carlos de Assis Guimarães e Rafael Gasparello Lima. Relatório Tratase de PER/DCOMP com demonstrativo de crédito oriundo de pagamento indevido ou a maior, de IRPJ, referente ao período de apuração de julho de 2009. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 01 20 .9 03 06 9/ 20 13 -1 5 Fl. 300DF CARF MF Processo nº 10120.903069/201315 Resolução nº 1201000.358 S1C2T1 Fl. 3 2 A DRF de origem emitiu Despacho Decisório eletrônico de não homologação da compensação, fundamentando sua decisão na alocação integral do pagamento a outros débitos, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Cientificada desse despacho, a interessada apresentou sua manifestação de inconformidade, alegando, em síntese, que diante da não homologação, foi verificado que a empresa cometeu erro material ao declarar na DCTF um débito fictício, solicitando que seja, assim, processada e homologada a PER/DCOMP inicialmente apresentada, uma vez que, a empresa não deve ser apenada por esse equívoco formal que não desnatura a compensação realizada. Dando prosseguimento ao processo este foi encaminhado para o julgamento em primeira instância e, por unanimidade de votos, a Manifestação de Inconformidade foi considerada improcedente face à ausência dos elementos de prova capazes de atestar a certeza e liquidez do crédito utilizado na compensação. A DRJ/RPO não acatou os argumentos da Recorrente, em síntese, sob os seguintes fundamentos: A não homologação da compensação decorreu da inexistência do crédito utilizado, pois o valor recolhido correspondeu ao débito expresso na DCTF que se achava ativa na data em que o despacho decisório foi emitido. Estando o pagamento integralmente alocado, não havia saldo disponível para suportar a extinção do crédito tributário pretendida pelo contribuinte. A partir da ciência do contribuinte do despacho decisório que negou a compensação requerida, deixa de existir a espontaneidade e a retificação da DCTF somente será válida caso esteja acompanhada de elementos de prova suficientes para o convencimento da autoridade fiscal quanto ao erro praticado no documento retificado, conforme disposto no artigo 9º, §§ 1º e 2º, da Instrução Normativa RFB nº 974/2009. De acordo com o §4º do artigo 16 do Decreto nº 70.235/72, caberia ao contribuinte não só a juntada das declarações retificadoras, mas também a apresentação de outros elementos, tais como cópias de livros contábeis e fiscais com os lançamentos dos valores apropriados na apuração, capazes de demonstrar o propalado erro cometido no preenchimento da declaração original. Ao invés disso, o contribuinte limitouse a indicar o erro cometido na DCTF com base no balancete, o que não é suficiente para a comprovação do alegado erro praticado pelo sujeito passivo. Cientificada da decisão de primeira instância, a Recorrente interpôs Recurso Voluntário reiterando as razões já expostas em sede de Manifestação de Inconformidade e reforçando que: (i) houve recolhimento a maior de IRPJ referente ao mês de julho de 2009; (ii) o erro no preenchimento da DCTF acabou por refletirse no valor a maior constante do DARF; (iii) a partir da análise da DIPJ, LALUR e balancete de verificação é possível observar o valor do IRPJ apurado no mês de julho de 2009. É o relatório. Fl. 301DF CARF MF Processo nº 10120.903069/201315 Resolução nº 1201000.358 S1C2T1 Fl. 4 3 Voto Conselheira Ester Marques Lins de Sousa Relatora. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução nº 1201000.339, de 23.02.2018, proferida no julgamento do Processo nº 10120.903043/201369, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. No processo paradigma o contribuinte solicitou a compensação de débitos com crédito relativo a pagamento indevido ou a maior que o devido de IRPJ, do período de apuração de abril de 2007 e, nos presentes autos, o contribuinte solicita a compensação de débito com crédito oriundo de pagamento indevido ou a maior que o devido de IRPJ do período de apuração de julho de 2009. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução nº 1201000.339), adequandoa ao caso concreto: "[...] Conforme visto, a recorrente trouxe aos autos documentação robusta no que tange à apuração do IRPJ devido no mês em referência. No entanto, [...], há que se proceder à verificação quanto à liquidez e certeza do crédito, no que se refere aos demais períodos não incluídos nos presentes autos, considerandose, mutatis mutandis, o contido nas conclusões do Parecer Normativo Cosit nº 2/2015: a) as informações declaradas em DCTF – original ou retificadora – que confirmam disponibilidade de direito creditório utilizado em PER/DCOMP, podem tornar o crédito apto a ser objeto de PER/DCOMP desde que não sejam diferentes das informações prestadas à RFB em outras declarações, tais como DIPJ e Dacon, por força do disposto no § 6º do art. 9º da IN RFB nº 1.110, de 2010, sem prejuízo, no caso concreto, da competência da autoridade fiscal para analisar outras questões ou documentos com o fim de decidir sobre o indébito tributário; b) não há impedimento para que a DCTF seja retificada depois de apresentado o PER/DCOMP que utiliza como crédito pagamento inteiramente alocado na DCTF original, ainda que a retificação se dê depois do indeferimento do pedido ou da não homologação da compensação, respeitadas as restrições impostas pela IN RFB nº 1.110, de 2010; c) retificada a DCTF depois do despacho decisório, e apresentada manifestação de inconformidade tempestiva contra o indeferimento do PER ou contra a não homologação da DCOMP, a DRJ poderá baixar em diligência à DRF. Caso se refira apenas a erro de fato, e a revisão do despacho decisório implique o deferimento integral daquele crédito (ou homologação integral da DCOMP), cabe à DRF assim proceder. Caso haja questão de direito a ser decidida ou a revisão seja parcial, compete ao órgão julgador administrativo decidir a lide, sem prejuízo de renúncia à instância administrativa por parte do sujeito passivo; Fl. 302DF CARF MF Processo nº 10120.903069/201315 Resolução nº 1201000.358 S1C2T1 Fl. 5 4 Em face do exposto, voto pela conversão do presente julgamento em diligência, para que a unidade da Receita Federal da circunscrição da contribuinte: a) verifique as DCTFs retificadoras apresentadas, efetuando a apuração do crédito relativo a cada um dos meses, observandose, no que couber, as disposições da IN RFB nº 1.110/2010; b) faça o cotejamento desses créditos com as Dcomps relativas a pagamento a maior de estimativa de IRPJ do anocalendário em questão, procedendo à valoração para fins de verificação de suficiência destes, considerandose, inclusive, alguma Dcomp porventura já homologada. Para fins dessa verificação, a contribuinte poderá ser intimada a apresentar livros e documentos. Encerrada a diligência, a contribuinte deverá ser intimada para que, querendo, manifestese num prazo de trinta dias. Havendo ou não manifestação da contribuinte, após esgotado o prazo a ela concedido os autos devem retornar ao CARF para julgamento." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, converto o julgamento em diligência, nos termos do voto acima transcrito. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Fl. 303DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.000881/2010-77
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 12 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jun 05 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 1302-000.583
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, CONVERTER o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente.
(assinado digitalmente)
Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa (Relator), Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Lizandro Rodrigues de Sousa (Suplente convocado), Gustavo Guimarães da Fonseca, Flavio Machado Vilhena Dias, e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente).
Nome do relator: MARCOS ANTONIO NEPOMUCENO FEITOSA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, CONVERTER o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente. (assinado digitalmente) Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa (Relator), Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Lizandro Rodrigues de Sousa (Suplente convocado), Gustavo Guimarães da Fonseca, Flavio Machado Vilhena Dias, e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente).
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, CONVERTER o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente. (assinado digitalmente) Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa (Relator), Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Lizandro Rodrigues de Sousa (Suplente convocado), Gustavo Guimarães da Fonseca, Flavio Machado Vilhena Dias, e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente). RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 95 15 .0 00 88 1/ 20 10 -7 7 Fl. 249DF CARF MF Processo nº 19515.000881/201077 Resolução nº 1302000.583 S1C3T2 Fl. 250 2 Relatório Versa o processo sobre recurso voluntário, interposto pela contribuinte face ao Acórdão nº 1647.816 da 13ª Turma da DRJ/SP1. Para a devida síntese do processo, transcrevo o relatório da DRJ: "1. Conforme Termo de Verificação Fiscal de fls. 78/80, datado de 30/03/2010, tratase de crédito lançado pela Fiscalização contra o Contribuinte acima identificado (optante pelo SIMPLES – Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições), em relação ao anocalendário de 2005, vez que no procedimento fiscal foi verificada omissão de receitas, o que resultou na lavratura de Autos de Infração (acompanhados de demonstrativos de apuração dos valores devidos e demonstrativos de acréscimos legais – multa e juros), fls. 96/145. 1.1. Em atendimento à determinação contida no Mandado de Procedimento Fiscal (fls. 04), a Autoridade Fiscal emitiu em 14/08/2008 o Termo de Início de Ação Fiscal e Intimação (fls. 05) que foi recebido pelo Contribuinte na mesma data. 1.2. Juntado às fls.07/13 cópia da alteração do contrato social da empresa; às 14/15 a ficha cadastral da empresa na JUCESP e às fls. 16/33, a Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica – PJSI 2006, ano calendário 2005. 1.3. Em 15/09/2008, lavrado Termo de Reintimação, fls. 34, com reiteração para que o Contribuinte apresentasse os livros e documentos enumerados no Termo anterior. “AR” recebido em 18/09/2008. 1.4. Em resposta, o Contribuinte solicitou prorrogação do prazo para apresentar a documentação, pretensão esta atendida com dilação concedida até 22/10/2008, fls.36. 1.5. Nova reintimação, datada de 02/03/2009 (fls. 41), foi encaminhada ao Contribuinte pela via postal e recebida em 06/05/2009, “AR” às fls. 42. 1.6. Em 28/04/2009, encaminhado ofício à Prefeitura do Município de São Paulo solicitando cópias de todas as Notas Fiscais emitidas pela Somlux contra a Secretaria Municipal de Finanças. 1.7. A resposta da Administração Municipal está juntada às fls. 46/47 e veio acompanhada dos documentos contábeis disponíveis relativos aos pagamentos efetuados para a empresa em questão, fls. 48/63. 1.8. A Autoridade Fiscal, considerando que a Fiscalizada foi intimada em várias oportunidades a apresentar sua escrituração contábil, mas deixou de atender ao solicitado, constatou a receita auferida e não declarada pelo Contribuinte com base nos elementos e documentos disponíveis, a saber, a DIRF, emitida pela Prefeitura do Município de São Paulo e demais documentos contábeis da Secretaria de Finanças da Municipalidade comprobatórios do pagamento pelos serviços prestados pela Somlux e, ainda, a declaração Simplificada da Pessoa jurídica – Simples (PJSI). 1.9. Assim, foi elaborado o Termo de Constatação e Intimação contendo Tabela resumo com discriminação mensal da receita não declarada no ano de 2005, fls. 74/75, Fl. 250DF CARF MF Processo nº 19515.000881/201077 Resolução nº 1302000.583 S1C3T2 Fl. 251 3 encaminhado ao Fiscalizado com reiteração, ao final do referido documento, da intimação para que o Contribuinte apresentasse os documentos anteriormente solicitados e prestasse esclarecimentos quanto às diferenças constatadas, ressaltando que o não atendimento sujeitaria ao lançamento de ofício sobre as receitas não declaradas e demonstradas no Termo, com agravamento de multa. 1.9.1. O documento foi recebido pelo Fiscalizado em 23/03/2010, “AR” às fls. 76. 1.10. Sem qualquer manifestação do Fiscalizado e diante das diferenças constatadas quanto aos valores dos rendimentos declarados à Receita Federal do Brasil, a Autoridade Fiscal emitiu em 30/03/2010 o Termo de Verificação Fiscal, fls. 78/80. 2. Do Termo de Verificação Fiscal (às fls. 78/80 e com ciência do Fiscalizado no próprio Termo, em 30/03/2010) e dos elementos acostados aos autos, destacamse as seguintes intimações, documentos e informações: 2.1. De início, Autoridade Fiscal relata os atos praticados durante o procedimento fiscal, as intimações realizadas e a apresentação apenas da 18º alteração e consolidação do contrato social pelo Contribuinte. 2.2. Com base nos documentos recebidos da Secretaria Municipal de Finanças de São Paulo e tendo em vista a opção do Contribuinte pelo regime de competência, quando da entrega da Declaração das Pessoas Jurídicas optantes pelo SIMPLES (PJSI), exercício 2006, anocalendário 2005, foi elaborado o Termo de Constatação e Intimação no qual constam as receitas mensais não oferecidas à tributação na declaração, reconhecidas pelo citado regime e demonstradas no referido Termo. 2.3. Registrado no Termo a fundamentação legal (arts. 186 e 188, do RIR/99; arts. 2° § 2º; 3° § 1°; 5° e 7°, § 1º da Lei no 9.317/96 c.c. art. 3° da Lei n° 9.732/98; IN SRF n° 608, arts. 4° e 33.); a base de cálculo para apuração do Simples, conforme Lei 9.317/96 (vendas de serviços a Prefeitura do Município de São Paulo PMSP, não declaradas, caracterizadas como receitas tributáveis) e os percentuais majorados com respectiva fundamentação (majoração de 50% aplicada às multas de lançamento de oficio em virtude do não atendimento as intimações, art. 959 do RIR/99). 2.4. Informado pela Autoridade Fiscal que ultrapassado o limite de receita bruta total de R$ 1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil reais) no ano fiscalizado, de ofício decorre a exclusão do Contribuinte da sistemática de apuração do SIMPLES a partir do ano calendário 2006, conforme disposto no art. 9°, Inciso II, art. 14, Inciso I e art. 15, Inciso IV, da Lei n° 9.317/96 e, nestas condições, protocolada representação para exclusão do Simples às fls. 77, tendo sido o Interessado intimado, no Termo de Verificação Fiscal, a regularizar seus registros contábeis e fiscais no sentido de efetuar a apuração e recolhimento dos tributos federais em outro regime de apuração, inclusive quanto ao INSS, a partir do anocalendário 2006. 2.5. Anotase que no referido Termo consta planilha com a discriminação da base de cálculo para autuação dos tributos/contribuições devidos, contendo os dados quanto ao período, com especificação para cada mês de 2005 do valor da receita de vendas não oferecida à tributação; do imposto de renda retido na fonte; da receita declarada na PJSI e das diferenças mensais, ou seja, a receita omitida. Fl. 251DF CARF MF Processo nº 19515.000881/201077 Resolução nº 1302000.583 S1C3T2 Fl. 252 4 2.6. O Demonstrativo Consolidado do Crédito Tributário do Processo, fls. 02, informa que o valor total do crédito apurado no presente processo é de R$ 1.144.359,37, incluídos o principal, multa e juros. 2.7. O presente processo contém, ainda, o demonstrativo de percentuais aplicáveis sobre a receita bruta (fls. 81/83), o demonstrativo de apuração dos valores não recolhidos (fls. 84/90), assim como o demonstrativo de apuração dos imposto/contribuição sobre diferenças apuradas, fls. 91/95, com Multa de 112,5%. 2.8. Em 30/03/2010 foram lavrados os seguintes Autos de Infração, cujas cópias foram entregues ao Contribuinte em 30/03/2010 (ciência às fls. 102, 112, 122. 132 e 142) assim como os respectivos valores de crédito apurado, demonstrativo dos valores devidos e demonstrativo de multa e juros: Imposto de Renda Pessoa Jurídica – SIMPLES. Valor de crédito apurado: R$ 57.470,26; Auto de Infração, fls. 101/105 e demonstrativos às fls. 96/100; Contribuição para o PIS/PASEP – SIMPLES. Valor de crédito apurado: R$ 57.470,26; Auto de Infração, fls. 111/115 e demonstrativos às fls. 106/110; Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – SIMPLES. Valor de crédito apurado: R$ 93.160,12; Auto de Infração, fls. 121/125 e demonstrativos às fls. 116/120; Contribuição para Financiamento da Seguridade Social – SIMPLES. Valor de crédito apurado: R$ 186.320,28; Auto de Infração, fls. 131/135 e demonstrativos às fls. 126/130; Contribuição para Seguridade Social – INSS – SIMPLES. Valor de crédito apurado: R$ 749.938,46; Auto de Infração, fls. 141/145 e demonstrativos às fls. 136/140. 2.9. Anotase que ao final de cada Auto de Infração, consta a respectiva fundamentação legal relativa ao tributo e aos acréscimos legais (multa e juros). 2.10. Informado que o enquadramento legal da multa de ofício aplicada é o artigo 44, § 2º da Lei nº 9.430/1996 c/c art. 19 da Lei nº 9.317/96 (112,5%) e que o enquadramento legal dos juros de mora aplicado é o artigo 61, § 3º, da Lei nº 9.430/1996. 2.11. O Termo de encerramento da Ação Fiscal, datado de 30/03/2010, foi juntado às fls. 146. 2.12. A Fiscalizada foi cientificada pessoalmente do Termo de Verificação Fiscal, de todos os Autos de Infrações e do Termo de Encerramento em 30/03/2010, vide assinatura do representante legal em cada um dos documentos. 3. A Autoridade Fiscal apresentou Representação Fiscal para exclusão do Simples, fls. 148/149. Nesta, narra que foi efetivada no procedimento fiscal que culminou na autuação conforme processo administrativo fiscal ali identificado a constatação de que o Contribuinte, empresa de pequeno porte, auferiu, no decorrer do ano calendário 2005, receita bruta excedente ao limite legal para enquadramento no Simples, infringido ao art. 9º, II da Lei 9.317/96 e assim sujeitouse à exclusão do Simples, conforme disposto nos arts. 12, 13 e 14, I da Lei nº 9.317/96, propondo referida medida com efeitos a partir de 01/01/2006, de acordo com o inciso IV do art. 15 da mencionada Lei. Fl. 252DF CARF MF Processo nº 19515.000881/201077 Resolução nº 1302000.583 S1C3T2 Fl. 253 5 4. O Contribuinte interpôs, tempestivamente (fls.173), impugnação à autuação (razões às fls. 152/153). Acompanham a impugnação as seguintes cópias (fls. 154/166): documentos pessoais da sócia; cópias de documentos do processo (instruções para o contribuinte, Termo de Verificação Fiscal); cartão CNPJ e 18ª alteração de seu contrato social. Os argumentos impugnativos, em síntese, são: 4.1. Inicialmente a Defendente narra os fatos e, em preliminar afirma que por se tratar de empresa optante do Simples, de acordo com a legislação, tem benéfico a tratamento simplificado de escrituração. 4.2. Contesta a imposição de multa por mera presunção, com base na apresentação da fonte pagadora através de DIRF, sem apuração da veracidade total dos fatos. 4.3. Afirma que todo serviço prestado à Prefeitura Municipal de São Paulo foi recebido por regime de competência e de cada pagamento foi descontado: 11% de retenção do INSS, 1,5% de retenção de Imposto de Renda e 5% de ISS. Alega que o Auto demonstra a receita não declarada, sendo que a base de cálculo e percentuais majorados não levaram em conta as retenções e que, no caso do INSS, o valor retido é infinitamente superior ao apontado no Auto de Infração. 4.4. Em conclusão espera a requer que sua impugnação seja acolhida, cancelado o débito fiscal reclamado, compensado todo imposto retido, tais como INSS e o Imposto objeto da autuação. 5. Às fls. 176, juntado o Ato Declaratório Executivo DERAT/DIORT/EQPIR nº 38/2010 que exclui do Simples o Contribuinte em questão, por ter ultrapassado o limite legal de receita bruta, estabelecido para ingresso e permanência no sistema, com efeitos a partir de 01/01/2006. 5.1. A respectiva intimação (cópia às fls. 178) foi encaminhada pela via postal e recebida pelo Contribuinte em 10/08/2010, “AR” às fls. 179. 6. Dentro do prazo (fls. 323), o Interessado apresentou manifestação de inconformidade ao Ato Declaratório Executivo de exclusão do contribuinte do Simples, razões às fls. 180/181, com as seguintes alegações, em suma: 6.1. Inicialmente informa que apresentou impugnação à autuação e argumenta que por ser empresa optante do Simples, de acordo com a legislação, tem benéfico a tratamento simplificado de escrituração. 6.2. Alega que o desenquadramento não pode prosperar e afirma que própria Receita não verificou a veracidade total dos fatos. 6.3. Em conclusão, afirmando ter demonstrado a insubsistência e improcedência da notificação de desenquadramento, requer o acolhimento de sua manifestação com o cancelamento do débito fiscal reclamado e a compensação de todo imposto retido, tais como INSS e Imposto objeto da autuação. 6.4. A manifestação de inconformidade foi instruída com a cópia dos seguintes documentos: Intimação da exclusão, Ato Declaratório Executivo Fl. 253DF CARF MF Processo nº 19515.000881/201077 Resolução nº 1302000.583 S1C3T2 Fl. 254 6 Derat/SPO/DIORT/EQPIR nº 38/2010, impugnação à autuação, 18ª alteração do contrato social, documento pessoal da sócia. 6.5. Nestas condições, fls.196, o processo foi encaminhado para esta Delegacia, para julgamento." Após análise das razões de impugnação, a DRJ/SP1 decidiu pela sua improcedência e manteve o crédito tributário, como denota a ementa do julgado a seguir transcrito: ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Anocalendário:2005 OMISSÃO DE RECEITAS. NÃO APRESENTAÇÃO DE LIVROS E DOCUMENTOS. DIVERGÊNCIA ENTRE VALORES DA DECLARAÇÃO SIMPLIFICADA E NOTAS FISCAIS EMITIDAS PELO CONTRIBUINTE. Justificase o lançamento dos tributos do Simples quando apurado com base na divergência entre os valores constantes da declaração simplificada e as notas fiscais emitidas pelo contribuinte, obtidas junto aos tomadores de serviços, ainda mais quando o Contribuinte, intimado, deixa de apresentar livros e documentos contábeis. OMISSÃO DE RECEITAS. DETERMINAÇÃO DO IMPOSTO. REGIME DE TRIBUTAÇÃO. Verificada a omissão de receita, o imposto a ser lançado de ofício deve ser determinado de acordo com o regime de tributação a que estiver submetida a pessoa jurídica no período base a que corresponder a omissão. SIMPLES. EXCLUSÃO. A pessoa jurídica será excluída do SIMPLES se, na condição de empresa de pequeno porte, tiver auferido receita bruta superior àquela estabelecida na legislação de regência. A exclusão surtirá efeito a partir do anocalendário subsequente àquele em que for ultrapassado o referido limite. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2005 MULTA AGRAVADA. APLICAÇÃO. Correta a aplicação do agravamento da multa nos casos em que o Contribuinte, embora regularmente intimado, deixa de atender às intimações da Autoridade Fiscal no prazo. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Notificado da decisão de 1ª instância o contribuinte interpôs Recurso Voluntário, alegando, em síntese, que todo o serviço prestado a Prefeitura Municipal de São Paulo além de ser recebido por regime de competência, foi descontado: 11% de retenção do Fl. 254DF CARF MF Processo nº 19515.000881/201077 Resolução nº 1302000.583 S1C3T2 Fl. 255 7 INSS; 1,5% de retenção de Imposto de Renda e 5% de ISS e reitera a solicitação de compensação de impostos. É o relatório. Voto Conselheiro Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa – Relator. Presentes os pressupostos de admissibilidade recursal, tomo conhecimento do presente Recurso Voluntário. Segundo consta do relatório fiscal foram apurados valores referentes à omissão de receitas, decorrentes do cruzamento de informações existentes no banco de dados da Receita Federal do Brasil e da Secretaria Municipal de Finanças. Notificado da decisão de 1ª instância o contribuinte interpôs Recurso Voluntário, alegando, em síntese, que todo o serviço prestado a Prefeitura Municipal de São Paulo além de ser recebido por regime de competência, foi descontado: 11% de retenção do INSS; 1,5% de retenção de Imposto de Renda e 5% de ISS e reitera a solicitação de compensação de impostos. Compulsando os autos, notadamente às fls. 46 e segs., constatase nas informações prestadas pela Prefeitura do Município de São Paulo comprovante anual de rendimentos e relatório de credores sujeitos a retenção na fonte de tributos, demonstrando vários pagamentos realizados a recorrente, os quais sofreram retenção na fonte e que aparentemente não foram aproveitados pela autoridade fiscal no momento da lavratura da presente autuação, notadamente no que diz respeito ao INSS e ISS. Assim, para dirimir o conflito mister é que a unidade preparadora esclareça o seguinte: 1. No ano de 2005 o contribuinte sofreu retenções a título de INSS e Imposto de Renda? 2. Em caso afirmativo, o montante de tais retenções foi utilizado para abater os tributos constituídos por meio do presente auto de infração; 3. Caso a resposta seja negativa em relação a indagação do item anterior, quantificar o montante das retenções não utilizadas e que estejam ainda disponíveis para utilização. 4. Ao final a autoridade fiscal designada ao cumprimento das diligências deverá elaborar relatório fiscal, dando ciência a recorrente, para, caso queira, se manifeste no prazo regulamentar, retornando os autos a este Conselheiro, após expirar se o prazo. É como voto. (assinado digitalmente) Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa Fl. 255DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10283.901756/2009-49
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 09 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jun 25 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2004
PERDCOMP. INOVAÇÃO. COMPENSAÇÃO.
Incabível compensar débitos informados em declaração de compensação com valores referentes a créditos diversos daquele indicado no documento, os quais simplesmente não integram o seu conteúdo.
Numero da decisão: 1001-000.522
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
(Assinado Digitalmente)
Lizandro Rodrigues de Sousa - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros:Lizandro Rodrigues de Sousa (presidente), Edgar Bragança Bazhuni, José Roberto Adelino da Silva e Eduardo Morgado Rodrigues.
Nome do relator: LIZANDRO RODRIGUES DE SOUSA
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INOVAÇÃO. COMPENSAÇÃO. Incabível compensar débitos informados em declaração de compensação com valores referentes a créditos diversos daquele indicado no documento, os quais simplesmente não integram o seu conteúdo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (Assinado Digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros:Lizandro Rodrigues de Sousa (presidente), Edgar Bragança Bazhuni, José Roberto Adelino da Silva e Eduardo Morgado Rodrigues. Relatório Tratase de Declaração de Compensação 05464.33746.260905.1.7.042057 (efls. 02/06), de 26/09/2005, através da qual o contribuinte pretende compensar débitos de sua responsabilidade com créditos decorrentes de pagamentos indevidos (IRPJ PA dezembro/2004 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 3. 90 17 56 /2 00 9- 49 Fl. 106DF CARF MF 2 lucro real estimativa mensal). O pedido foi indeferido, conforme Despacho Decisório 824955715 (efl. 07), que analisou as informações e reconheceu que o pagamento foi integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. O contribuinte apresentou manifestação de inconformidade na qual alega ter ocorrido erro na elaboração do PER/DCOMP, no que se refere ao tipo de crédito, sendo sua intenção compensar o saldo negativo de IRPJ (e não IRPJ estimativa recolhido a maior). A manifestação foi analisada pela Delegacia de Julgamento (Acórdão 0120.022 3a Turma da DRJ/BEL, efl. 41/43). Assim dispôs em relatório aquela decisão de primeira instância: Trata o presente processo de PER/DCOMP transmitido em 26.09.2005, através do qual foi pedida restituição de IRPJ (PA dezembro/2004 lucro real estimativa mensal) no valor original de R$ 19.607,10 e efetivada a compensação de débitos da interessada acima identificada com parte desse crédito (fl. 05). 2. A DRF/Manaus, através de despacho decisório eletrônico (fl. 06), indeferiu o pedido de restituição e considerou "não homologada" a referida compensação, sob o argumento de que não é cabível a restituição de recolhimentos de estimativas mensais, por não se configurarem como pagamento extintivo de crédito tributário, mas tão somente antecipações do tributo devido, a ser apurado no término do período. 3. Cientificada em 02.04.2009 (fl. 10) a interessada apresentou, tempestivamente, em 30.04.2009, manifestação de inconformidade (fls. 11/15) na qual, em síntese: a) Alega ter ocorrido erro na elaboração do PER/DCOMP, no que se refere ao tipo de crédito, sendo sua intenção compensar o saldo negativo de IRPJ, cujo valor para o exercício foi de R$ 29.407,52, tendo sido R$ 4.292,90 já utilizados em outras compensações, restando saldo para a presente; b) O restante do valor seria utilizado no presente e no processo 10283.901757/200993, também em apreciação por esta DRJ; c) Entende que a simples análise da DIPJ e do PER/DCOMP comprovam o seu direito e que o erro cometido não poderia extinguir seu crédito; d) Ao final, requer a procedência de seus argumentos.. A mesma decisão de primeira instância julgou a manifestação de inconformidade improcedente, por entender que crédito cuja existência pretende a recorrente ver discutida no recurso era diferente daquele utilizado na compensação cuja "não homologação" estava sendo analisada. A Interessada interpôs recurso voluntário, protocolado em 09/03/2011 (efl. 44), em que alega, em resumo, que o equívoco no preenchimento do PER/DCOMP não pode extinguir seu direito creditório. Voto Conselheiro Lizandro Rodrigues de Sousa Relator Fl. 107DF CARF MF Processo nº 10283.901756/200949 Acórdão n.º 1001000.522 S1C0T1 Fl. 107 3 O recurso ao CARF é tempestivo, e portanto dele conheço. Cabe assinalar que o reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional exige liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior de tributo (art. 74 da lei 9.430/96), fazendose necessário verificar a exatidão das informações referentes ao crédito alegado em PERDCOMP e confrontar com análise da situação fática, de modo a se conhecer qual o tributo devido no período de apuração e comparálo ao pagamento declarado e comprovado. A decisão de primeira instância bem interpretou a legislação aplicável à restituição e à compensação (em especial ao seu § 5° do art. 74 da Lei n 9.430, de 1996) ao concluir que a compensação deixou de ser um pedido submetido à apreciação da autoridade administrativa, tratandose, antes, de procedimento efetivado pelo próprio contribuinte, sujeito apenas a posterior homologação pelo Fisco, de forma expressa ou tácita. Mas em sua manifestação de inconformidade à primeira instância o recorrente inovou e apontou como fundamento de seu crédito origem diversa daquela constante na PERDCOMP. Desta forma confirmo o entendimento do Acórdão 0120.022 3a Turma da DRJ/BEL, efl. 41/43, razão pela qual peço vênia para reproduzila: 7. Ou seja, através do PER/Dcomp ora em análise, a empresa efetuou uma compensação na qual o crédito utilizado referese ao DARF apontado no documento. 8. Em sua impugnação a interessada inova, afirmando que a origem do crédito seria o saldo negativo apurado no ano. o qual não foi objeto de análise por parte da Unidade de origem. A título de informação, em pesquisa nos sistemas da Receita Federal, verificase a existência de PER/DCOMP (19952.21131.270907.1.7.010547) cujo crédito é o saldo negativo do exercício 2005, e que está com a sua análise suspensa pelo seguinte motivo: "SELECIONADO PARA ANÁLISE DO USUÁRIO". 9. Logo, não pode ser acolhida a pretensão da contribuinte no sentido de fazer compensar débito informado em seu PER/Dcomp com valores referentes a créditos diversos daquele indicado, os quais simplesmente não integram o seu conteúdo. Em síntese, não se trata de negar a apresentação de documentos comprobatórios, inobservando o princípio da verdade material, mas do fato do crédito cuja existência pretende ver discutida a contribuinte ser diferente daquele utilizado na compensação cuja "não homologação" está sendo analisada. / Pelo exposto, voto por negar provimento ao recurso. (Assinado Digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Fl. 108DF CARF MF 4 Fl. 109DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13888.724438/2011-51
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 04 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon May 14 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2010
CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. PESSOA FÍSICA QUE EXERCE ATIVIDADE ECONÔMICA POR CONTA PRÓPRIA. PROFISSÃO REGULAMENTADA. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. MÚLTIPLAS FONTES PAGADORAS. DEVER DE GUARDA DOS DOCUMENTOS PELA FONTE. LEI DAS LICITAÇÕES. NORMA GERAL QUE NÃO AFASTA A NORMA ESPECÍFICA DE CUSTEIO. CONSELHEIROS TUTELARES. REGIME PRÓPRIO. INEXISTÊNCIA DE PROVAS.
1. As pessoas físicas que exercem, por conta própria, atividade econômica de natureza urbana, com fins lucrativos ou não, são seguradas obrigatórias da previdência social.
2. O contribuinte individual que auferir remunerações no mês em montante superior ao limite máximo do salário-de-contribuição deverá informar o fato à fonte pagadora, mediante apresentação de documento.
3. A fonte pagadora deverá manter arquivada, à disposição da RFB, a respectiva documentação comprobatória.
4. O art. 71 da Lei 8666/93 é uma disposição geral que não dispensa as obrigações específicas contidas na Lei 8212/91, seja no que atina à quota patronal, seja no que atina à quota do segurado.
5. O recorrente não provou que os conselheiros tutelares que enumerou estariam sob um regime próprio. Quer dizer, caso fosse possível acatar as suas alegações, o sujeito passivo deveria demonstrar quem seriam os conselheiros tutelares e também a existência de regime previdenciário próprio.
Numero da decisão: 2402-006.123
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho - Presidente
(assinado digitalmente)
João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior.
Nome do relator: JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2010 CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. PESSOA FÍSICA QUE EXERCE ATIVIDADE ECONÔMICA POR CONTA PRÓPRIA. PROFISSÃO REGULAMENTADA. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. MÚLTIPLAS FONTES PAGADORAS. DEVER DE GUARDA DOS DOCUMENTOS PELA FONTE. LEI DAS LICITAÇÕES. NORMA GERAL QUE NÃO AFASTA A NORMA ESPECÍFICA DE CUSTEIO. CONSELHEIROS TUTELARES. REGIME PRÓPRIO. INEXISTÊNCIA DE PROVAS. 1. As pessoas físicas que exercem, por conta própria, atividade econômica de natureza urbana, com fins lucrativos ou não, são seguradas obrigatórias da previdência social. 2. O contribuinte individual que auferir remunerações no mês em montante superior ao limite máximo do salário-de-contribuição deverá informar o fato à fonte pagadora, mediante apresentação de documento. 3. A fonte pagadora deverá manter arquivada, à disposição da RFB, a respectiva documentação comprobatória. 4. O art. 71 da Lei 8666/93 é uma disposição geral que não dispensa as obrigações específicas contidas na Lei 8212/91, seja no que atina à quota patronal, seja no que atina à quota do segurado. 5. O recorrente não provou que os conselheiros tutelares que enumerou estariam sob um regime próprio. Quer dizer, caso fosse possível acatar as suas alegações, o sujeito passivo deveria demonstrar quem seriam os conselheiros tutelares e também a existência de regime previdenciário próprio.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho - Presidente (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior.
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PESSOA FÍSICA QUE EXERCE ATIVIDADE ECONÔMICA POR CONTA PRÓPRIA. PROFISSÃO REGULAMENTADA. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. MÚLTIPLAS FONTES PAGADORAS. DEVER DE GUARDA DOS DOCUMENTOS PELA FONTE. LEI DAS LICITAÇÕES. NORMA GERAL QUE NÃO AFASTA A NORMA ESPECÍFICA DE CUSTEIO. CONSELHEIROS TUTELARES. REGIME PRÓPRIO. INEXISTÊNCIA DE PROVAS. 1. As pessoas físicas que exercem, por conta própria, atividade econômica de natureza urbana, com fins lucrativos ou não, são seguradas obrigatórias da previdência social. 2. O contribuinte individual que auferir remunerações no mês em montante superior ao limite máximo do saláriodecontribuição deverá informar o fato à fonte pagadora, mediante apresentação de documento. 3. A fonte pagadora deverá manter arquivada, à disposição da RFB, a respectiva documentação comprobatória. 4. O art. 71 da Lei 8666/93 é uma disposição geral que não dispensa as obrigações específicas contidas na Lei 8212/91, seja no que atina à quota patronal, seja no que atina à quota do segurado. 5. O recorrente não provou que os conselheiros tutelares que enumerou estariam sob um regime próprio. Quer dizer, caso fosse possível acatar as suas alegações, o sujeito passivo deveria demonstrar quem seriam os conselheiros tutelares e também a existência de regime previdenciário próprio. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 72 44 38 /2 01 1- 51 Fl. 112DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Presidente (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior. Fl. 113DF CARF MF Processo nº 13888.724438/201151 Acórdão n.º 2402006.123 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório A fiscalização lavrou os seguintes Autos de Infração (AI) em face do sujeito passivo: (a) AI 51.015.3933, para a constituição das contribuições devidas à seguridade social, parte patronal, inclusive o adicional para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho; (b) AI 51.015.3941, para a constituição das contribuições devidas à seguridade social, parte dos segurados; (c) AI 51.015.3917, para a constituição de multa por descumprimento de obrigação acessória, por ter o sujeito passivo deixado de arrecadar, mediante desconto e recolhimento, as contribuições dos segurados; (d) AI 51.015.3925, para a constituição de multa por descumprimento de obrigação acessória, por ter o sujeito passivo elaborado folhas de pagamento, para todo o período, com omissões de remunerações e segurados. Os fatos geradores das contribuições lançadas foram as remunerações pagas/creditadas a segurados empregados e contribuintes individuais no período de 01/2009 a 13/2010. Esses pagamentos foram declarados em DIRF, código 0588 – Rendimentos do Trabalho sem Vínculo Empregatício, sem a correspondente declaração em GFIP. A partir de 06/2007, a alíquota RAT foi alterada de 1% para 2%, em razão da nova redação dada ao Anexo V do Decreto 3048/99 pelo Decreto 6042/07, mas o sujeito passivo continuou utilizando o percentual de 1%. Desde a competência 01/2010, foi aplicado o FAP. O contribuinte apresentou impugnação alegando basicamente o seguinte: a) o presente processo deve ser apensado ao Processo nº 13.888.724.438/201151, ante a existência de conexão entre ambos; b) os valores pagos a Ana Cristina Barranco e João Luiz Melikardi são relativos aos aluguéis de imóvel, e não a contraprestação de serviços prestados, conforme demonstram os documentos constante do processo. Portanto, indevida a retenção; c) os pagamentos efetuados a Arnaldo Annicchino Nacaratto referemse a serviços médicos de ultrasonografia contratados mediante procedimento licitatório. Ainda que fosse devida a retenção, referido Fl. 114DF CARF MF 4 profissional já contribui sobre o valor do teto, pois também exerce a função de vereador junto a Câmara Municipal de CapivariSP; d) os pagamentos efetuados a Aurora Alves de Souza, João Lino de Oliveira, Mário César Franco Júnior, Jadeilma Soares dos Santos e Fátima Aparecida Rodrigues Scarso referemse à remuneração de conselheiros tutelares, que tem o seu regime diferenciado, através da legislação própria, que não prevê os recolhimentos exigidos em questão, conforme demonstra a Lei Municipal nº 2.545/2009; e) os pagamentos efetuados a Luiz Carlos Chiarini são relativos a honorários advocatícios, contratados mediante procedimento licitatório, e os efetuados a Lourenço Corsi são relativos a serviços de orientação técnica na área de engenharia civil. Em ambos os casos, tratase de contratação de serviços com exercício de profissão regulamentada e executados pessoalmente. Portanto, indevida a retenção; f) a retenção sobre os valores pagos a Luiz Carlos Forti, relativos a serviços de informática, é indevida, pois ele já contribui sobre o teto, já que trabalha na PUC –Pontifícia Universidade Católica de Campinas; g) a retenção sobre os valores pagos a Emerson Dal Fabro, relativos a serviços de lavagem de veículos do Município, é indevida, pois ele já contribui sobre o teto; h) em relação aos serviços prestados mediante regular procedimento licitatório, o próprio artigo 71 da Lei nº 8.666 estabelece que o contratado é o responsável pelos encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais resultantes da execução do contrato; i) todas as prestações de serviços foram realizadas por profissional com profissão regulamentada, o que torna indevida a exigência; j) é indevida a inclusão no auto de infração, de todos os pagamentos constantes das planilhas em anexo, relativas aos exercícios de 2007 a 2010, uma vez que não se constituem em base de cálculo de contribuição social; k) eventuais omissões ocorridas quando da prestação de informações previdenciárias ao Fisco não se deram por máfé, e sim pela falha do sistema de informática implantando, ou pelo simples descuido ou desconhecimento do servidor encarregado de prestar as informações; l) requer o acolhimento da defesa apresentada para que os autos de infração sejam cancelados e determinado o arquivamento do processo, ou ainda, para que sejam retificados, com a exclusão dos valores que neles foram incluídos indevidamente. A este processo encontrase apensado o processo nº 13888.724407/201109. A impugnação foi julgada parcialmente procedente, conforme decisão assim ementada: CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. RETENÇÃO DOS 11%. Fl. 115DF CARF MF Processo nº 13888.724438/201151 Acórdão n.º 2402006.123 S2C4T2 Fl. 4 5 A empresa é obrigada a arrecadar a contribuição do segurado contribuinte individual a seu serviço, descontandoa da respectiva remuneração, e a recolher o valor arrecadado juntamente com a contribuição a seu cargo. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. RETENÇÃO DOS 11%. RECOLHIMENTO SOBRE O TETO DO SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO. A empresa deverá manter arquivadas, à disposição da RFB, pelo prazo decadencial previsto na legislação tributária, cópias dos comprovantes de pagamento ou a declaração apresentada pelo contribuinte individual, para comprovar a falta de retenção em razão do segurado já haver sofrido retenção sobre o teto do salário de contribuição. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. CONTRATO COM A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. RETENÇÃO DOS 11%. DEVIDA. A responsabilidade do contratado pelos encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais decorrentes da execução do contrato, prevista na Lei das Licitações e Contratos Públicos, não elide a obrigação da empresa contratante de efetuar a retenção de 11% sobre o valor pago ao contribuinte individual, prevista no artigo 4º da Lei nº 10.666/2003. Aquela é relativa à contribuição devida pela empresa, enquanto esta é relativa à contribuição devida pelo segurado contribuinte individual. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. MEMBRO DE CONSELHO TUTELAR. Deve contribuir obrigatoriamente na qualidade de contribuinte individual, o membro do conselho tutelar de que trata o art. 132 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, quando remunerado. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. PROFISSÃO REGULAMENTADA. RETENÇÃO DOS 11%. DEVIDA. A dispensa da contratante de efetuar retenção quando o serviço for prestado por profissional com profissão regulamentada é relativa aos serviços prestados mediante cessão de mãodeobra ou empreitada, conforme previsto no artigo 120 da Instrução Normativa RFB nº 971/2009, diversa, portanto, da retenção prevista no artigo 4º da Lei nº 10.666/2003. Aquela é relativa à contribuição devida pela empresa, enquanto esta é relativa à contribuição devida pelo segurado contribuinte individual. (como no original) O montante exonerado não desafiou a interposição de recurso de ofício. Intimada da decisão em 22/05/2013, através de aviso de recebimento, a contribuinte interpôs recurso voluntário em 12/06/2013, no qual apenas reafirmou os fundamentos de sua impugnação. Fl. 116DF CARF MF 6 O julgamento do feito foi convertido em diligência, para que a autoridade fiscal verificasse se houve impugnação específica para os lançamentos efetuados neste PAF. Conforme se vê às fls. 115/118 do PAF em apenso, o contribuinte foi intimado para prestar esclarecimentos, mas não se manifestou. Sem contrarrazões. É o relatório. Fl. 117DF CARF MF Processo nº 13888.724438/201151 Acórdão n.º 2402006.123 S2C4T2 Fl. 5 7 Voto Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci Relator 1 Conhecimento O recurso voluntário é tempestivo e estão presentes os demais requisitos de admissibilidade, devendo, portanto, ser conhecido. 2 No mérito Primeiramente, cabe afirmar que a aparente falta de impugnação específica aos lançamentos efetuados no bojo deste processo pode ser suprida. Isso porque, muito embora a impugnação não faça referência aos números específicos dos Autos de Infração, ela também ataca os seus períodos de apuração e grande parte dos seus fundamentos. Devem ser prestigiados, portanto, os princípios da verdade real e do formalismo moderado. Outra circunstância extremamente relevante, e que não pode passar despercebida, é que a DRJ julgou parcialmente procedente a impugnação, retificando, inclusive, parte dos períodos de apuração que compõem este PAF. Ou seja, a aplicação do art. 17 do Decreto 70.235/72, para efeito de tornar definitivo o lançamento não impugnado, implicaria reformatio in pejus, o que é vedado em grau recursal. Logo, o recurso será analisado e julgado. Resumidamente, o sujeito passivo defende a inexigibilidade das contribuições argumentando (a) que elas não incidiriam sobre profissões regulamentadas; (b) que determinadas retenções seriam indevidas, porque os profissionais já teriam efetuado os recolhimentos sobre o teto; (c) que, para os profissionais contratados mediante licitação, a responsabilidade seria dos próprios prestadores; (d) que os conselheiros tutelares que enumerou estariam sob um regime próprio; e (e) que teria havido a inclusão indevida de valores na base de cálculo dos lançamentos. Equivocouse o contribuinte. Na dicção do inc. V do art. 12 da Lei 8212/91, são segurados obrigatórios da previdência social, como contribuintes individuais, as pessoas físicas que exercem, por conta própria, atividade econômica de natureza urbana, com fins lucrativos ou não. O fato de a profissão ser regida por uma legislação própria, a exemplo dos advogados, contabilistas, médicos, psicólogos, etc, não afasta a circunstância de a referida Fl. 118DF CARF MF 8 profissão ser exercida por uma pessoa física, por conta própria, sujeitandose, portanto, ao comando legal previdenciário, mesmo porque as diferentes regulamentações cuidam mais de aspectos técnicos, disciplinares, orgânicos, etc, e não dos seus efeitos previdenciários. Por outro lado, a eventual existência de múltiplas fontes pagadoras e de recolhimentos das contribuições da parte do segurado por montante igual ou superior ao limite máximo não é ignorada pela legislação. O contribuinte individual que auferir remunerações no mês em montante superior ao limite máximo do saláriodecontribuição deverá informar o fato à fonte pagadora, mediante apresentação de documento. A fonte pagadora deverá manter arquivada, à disposição da RFB, a respectiva documentação comprobatória, como demonstra o § 6º abaixo reproduzido. Art. 67. O contribuinte individual que prestar serviços a mais de uma empresa ou, concomitantemente, exercer atividade como segurado empregado, empregado doméstico ou trabalhador avulso, quando o total das remunerações recebidas no mês for superior ao limite máximo do saláriodecontribuição deverá, para efeito de controle do limite, informar o fato à empresa em que isto ocorrer, mediante a apresentação: I do comprovante de pagamento ou declaração previstos no § 1º do art. 64, quando for o caso; II do comprovante de pagamento previsto no inciso V do art. 47, quando for o caso. § 1º O contribuinte individual que no mês teve contribuição descontada sobre o limite máximo do saláriodecontribuição, em uma ou mais empresas, deverá comprovar o fato às demais para as quais prestar serviços, mediante apresentação de um dos documentos previstos nos incisos I e II do caput. § 2º Quando a prestação de serviços ocorrer de forma regular a pelo menos uma empresa, da qual o segurado como contribuinte individual, empregado ou trabalhador avulso receba, mês a mês, remuneração igual ou superior ao limite máximo do saláriodecontribuição, a declaração prevista no inciso I do caput, poderá abranger um período dentro do exercício, desde que identificadas todas as competências a que se referir, e, quando for o caso, daquela ou daquelas empresas que efetuarão o desconto até o limite máximo do saláriodecontribuição, devendo a referida declaração ser renovada ao término do período nela indicado ou ao término do exercício em curso, o que ocorrer primeiro. § 3º O segurado contribuinte individual é responsável pela declaração prestada na forma do inciso I do caput e, na hipótese de, por qualquer razão, deixar de receber a remuneração declarada ou receber remuneração inferior à informada na declaração, deverá recolher a contribuição incidente sobre a soma das remunerações recebidas das outras empresas sobre as quais não houve o desconto em face da declaração por ele prestada, observados os limites mínimo e máximo do saláriodecontribuição e as alíquotas definidas no art. 65. § 4º A contribuição complementar prevista no § 3º, observadas as disposições do art. 65, será de: I 11% (onze por cento) sobre a diferença entre o saláriode contribuição efetivamente declarado em GFIP, somadas todas as fontes Fl. 119DF CARF MF Processo nº 13888.724438/201151 Acórdão n.º 2402006.123 S2C4T2 Fl. 6 9 pagadoras no mês, e o saláriodecontribuição sobre o qual o segurado sofreu desconto; ou II 20% (vinte por cento) quando a diferença de remuneração provém de serviços prestados a outras fontes pagadoras que não contribuem com a cota patronal, por dispensa legal ou por isenção. § 5º O contribuinte individual deverá manter sob sua guarda cópia das declarações que emitir na forma prevista neste artigo juntamente com os comprovantes de pagamento, para fins de apresentação ao INSS ou à RFB, quando solicitado. § 6º A empresa deverá manter arquivadas, à disposição da RFB, pelo prazo decadencial previsto na legislação tributária, cópias dos comprovantes de pagamento ou a declaração apresentada pelo contribuinte individual, para fins de apresentação ao INSS ou à RFB, quando solicitado. Logo, em não havendo prova, por parte do sujeito passivo, de que os profissionais tenham efetuado o recolhimento das contribuições, parte do segurado, pelo teto, não há como acolher o recurso nesse particular. De outro vértice, o art. 71 da Lei 8666/93 é uma disposição geral que não dispensa as obrigações específicas contidas na Lei 8212/91, seja no que atina à quota patronal, seja no que atina à quota do segurado (vide art. 30 da Lei 8212/91 e art. 4º da Lei 10666/03). Ainda, o recorrente não provou que os conselheiros tutelares que enumerou estariam sob um regime próprio. Quer dizer, caso fosse possível acatar as suas alegações, o sujeito passivo deveria demonstrar quem seriam os conselheiros tutelares e também a existência de regime previdenciário próprio. Por fim, o sujeito passivo fez uma mera alegação genérica de que teria havido a inclusão indevida de valores na base de cálculo dos lançamentos. 3 Conclusão Diante do exposto, votase no sentido de CONHECER e NEGAR provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Fl. 120DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13971.722141/2013-74
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 11 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jun 18 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2009
DILIGÊNCIA. DESNECESSIDADE.
A diligência somente é cabível quando a convicção do julgador não está completamente desenvolvida. Não presente tal condição, impõe-se afastar o pedido de diligência.
NULIDADE. INOCORRÊNCIA DAS HIPÓTESES DO ART. 59 DO DECRETO Nº 70.235/1972.
Não tendo ocorrido nenhuma das hipóteses do art. 59 do Decreto nº 70.235/1972, deve-se afastar o pedido de nulidade formulado pela parte.
Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2009
FACTORING. RECEITA OPERACIONAL. DESÁGIO.
Em regra, a receita operacional tributável decorrente das atividades de factoring cinge-se ao deságio apurado na operação. Como deságio, entende-se o valor resultante da subtração do valor de face do título pelo valor quitado pelo título, o que não necessariamente coincide com o valor desembolsado.
RECOMPRA DE TÍTULOS. DEFINIÇÃO. BASE PARA REDUÇÃO DA RECEITA OPERACIONAL.
O contrato de cessão de títulos de créditos geralmente comporta cláusula de recompra dos títulos por parte do cedente (cliente da factoring/securitizadora), caso o sacado (cliente do cedente/cliente) não cumpra sua obrigação de quitar o título. Geralmente, faz-se um conta-corrente entre as contratantes em razão da natureza recíproca de credoras e devedoras. Desta forma, o que a empresa de factoring deixa de pagar em razão do crédito que possui perante a cedente, por conta da recompra dos títulos, não pode ser interpretado como um deságio e, assim, não pode ser tributado como se ganho fosse. Entretanto, o valor a ser abatido (ou não acrescido), para fins de apuração da receita operacional, não pode ser maior que o valor de face do referido título recomprado.
OUTRAS DEDUÇÕES. FALTA DE COMPROVAÇÃO.
Não é porque a justificativa para a dedução da receita operacional tem supedâneo em custos e despesas inerentes à atividade de fomento mercantil que a empresa não precisa comprová-los. Pelo contrário, o argumento só se torna sólido e aceitável quando acompanhado de documentos hábeis a corroborá-lo.
JUROS PASSIVOS. NECESSIDADE.
Se o financiamento contratado não se mostra necessário à atividade da empresa, provado por repasse ou dispêndios a terceiros com cláusulas mais benéficas do que aquelas constantes nos contratos de financiamento, a despesa financeira torna-se desnecessária à atividade da empresa, cabendo sua glosa na proporcionalidade dos valores repassados com os ingressos por financiamento.
DESISTÊNCIA PARCIAL DO PROCESSO. PARCELAMENTO.
O pedido de parcelamento, a confissão irretratável da dívida, a extinção sem ressalva do débito, por qualquer de suas modalidades, ou a propositura pelo contribuinte contra a Fazenda Nacional de ação judicial com o mesmo objeto, importa a desistência do processo. Portaria MF 341/2011.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2009
MULTA ISOLADA E MULTA DE OFÍCIO. ABSORÇÃO OU CONSUNÇÃO.
A multa isolada pelo descumprimento do dever de recolhimentos antecipados deve ser aplicada sobre o total que deixou de ser recolhido, ainda que a apuração definitiva após o encerramento do exercício redunde em montante menor. Pelo princípio da absorção ou consunção, contudo, não deve ser aplicada penalidade pela violação do dever de antecipar, na mesma medida em que houver aplicação de sanção sobre o dever de recolher em definitivo. Tratando-se de mesmo tributo, esta penalidade absorve aquela até o montante em que suas bases se identificarem.
MULTA. VIOLAÇÃO A PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. SÚMULA CARF Nº 2.
Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Numero da decisão: 1401-002.356
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em afastar as arguições de nulidade, negar provimento ao pedido de diligência, e, no mérito, dar parcial provimento ao recurso voluntário nos termos do voto do Relator. Por maioria de votos, dar provimento ao recurso voluntário em relação à multa isolada. Vencidos os Conselheiros Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa e Luiz Augusto de Souza Gonçalves. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Livia De Carli Germano.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente
(assinado digitalmente)
Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa - Relator
(assinado digitalmente)
Livia De Carli Germano - Redatora Designada
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Livia De Carli Germano, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Abel Nunes de Oliveira Neto, Daniel Ribeiro Silva e Letícia Domingues Costa Braga.
Nome do relator: LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2009 DILIGÊNCIA. DESNECESSIDADE. A diligência somente é cabível quando a convicção do julgador não está completamente desenvolvida. Não presente tal condição, impõe-se afastar o pedido de diligência. NULIDADE. INOCORRÊNCIA DAS HIPÓTESES DO ART. 59 DO DECRETO Nº 70.235/1972. Não tendo ocorrido nenhuma das hipóteses do art. 59 do Decreto nº 70.235/1972, deve-se afastar o pedido de nulidade formulado pela parte. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2009 FACTORING. RECEITA OPERACIONAL. DESÁGIO. Em regra, a receita operacional tributável decorrente das atividades de factoring cinge-se ao deságio apurado na operação. Como deságio, entende-se o valor resultante da subtração do valor de face do título pelo valor quitado pelo título, o que não necessariamente coincide com o valor desembolsado. RECOMPRA DE TÍTULOS. DEFINIÇÃO. BASE PARA REDUÇÃO DA RECEITA OPERACIONAL. O contrato de cessão de títulos de créditos geralmente comporta cláusula de recompra dos títulos por parte do cedente (cliente da factoring/securitizadora), caso o sacado (cliente do cedente/cliente) não cumpra sua obrigação de quitar o título. Geralmente, faz-se um conta-corrente entre as contratantes em razão da natureza recíproca de credoras e devedoras. Desta forma, o que a empresa de factoring deixa de pagar em razão do crédito que possui perante a cedente, por conta da recompra dos títulos, não pode ser interpretado como um deságio e, assim, não pode ser tributado como se ganho fosse. Entretanto, o valor a ser abatido (ou não acrescido), para fins de apuração da receita operacional, não pode ser maior que o valor de face do referido título recomprado. OUTRAS DEDUÇÕES. FALTA DE COMPROVAÇÃO. Não é porque a justificativa para a dedução da receita operacional tem supedâneo em custos e despesas inerentes à atividade de fomento mercantil que a empresa não precisa comprová-los. Pelo contrário, o argumento só se torna sólido e aceitável quando acompanhado de documentos hábeis a corroborá-lo. JUROS PASSIVOS. NECESSIDADE. Se o financiamento contratado não se mostra necessário à atividade da empresa, provado por repasse ou dispêndios a terceiros com cláusulas mais benéficas do que aquelas constantes nos contratos de financiamento, a despesa financeira torna-se desnecessária à atividade da empresa, cabendo sua glosa na proporcionalidade dos valores repassados com os ingressos por financiamento. DESISTÊNCIA PARCIAL DO PROCESSO. PARCELAMENTO. O pedido de parcelamento, a confissão irretratável da dívida, a extinção sem ressalva do débito, por qualquer de suas modalidades, ou a propositura pelo contribuinte contra a Fazenda Nacional de ação judicial com o mesmo objeto, importa a desistência do processo. Portaria MF 341/2011. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2009 MULTA ISOLADA E MULTA DE OFÍCIO. ABSORÇÃO OU CONSUNÇÃO. A multa isolada pelo descumprimento do dever de recolhimentos antecipados deve ser aplicada sobre o total que deixou de ser recolhido, ainda que a apuração definitiva após o encerramento do exercício redunde em montante menor. Pelo princípio da absorção ou consunção, contudo, não deve ser aplicada penalidade pela violação do dever de antecipar, na mesma medida em que houver aplicação de sanção sobre o dever de recolher em definitivo. Tratando-se de mesmo tributo, esta penalidade absorve aquela até o montante em que suas bases se identificarem. MULTA. VIOLAÇÃO A PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. SÚMULA CARF Nº 2. Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
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DESNECESSIDADE. A diligência somente é cabível quando a convicção do julgador não está completamente desenvolvida. Não presente tal condição, impõese afastar o pedido de diligência. NULIDADE. INOCORRÊNCIA DAS HIPÓTESES DO ART. 59 DO DECRETO Nº 70.235/1972. Não tendo ocorrido nenhuma das hipóteses do art. 59 do Decreto nº 70.235/1972, devese afastar o pedido de nulidade formulado pela parte. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2009 FACTORING. RECEITA OPERACIONAL. DESÁGIO. Em regra, a receita operacional tributável decorrente das atividades de factoring cingese ao deságio apurado na operação. Como deságio, entende se o valor resultante da subtração do valor de face do título pelo valor quitado pelo título, o que não necessariamente coincide com o valor desembolsado. RECOMPRA DE TÍTULOS. DEFINIÇÃO. BASE PARA REDUÇÃO DA RECEITA OPERACIONAL. O contrato de cessão de títulos de créditos geralmente comporta cláusula de recompra dos títulos por parte do cedente (cliente da factoring/securitizadora), caso o sacado (cliente do cedente/cliente) não cumpra sua obrigação de quitar o título. Geralmente, fazse um conta corrente entre as contratantes em razão da natureza recíproca de credoras e devedoras. Desta forma, o que a empresa de factoring deixa de pagar em razão do crédito que possui perante a cedente, por conta da recompra dos títulos, não pode ser interpretado como um deságio e, assim, não pode ser AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 1. 72 21 41 /2 01 3- 74 Fl. 8172DF CARF MF 2 tributado como se ganho fosse. Entretanto, o valor a ser abatido (ou não acrescido), para fins de apuração da receita operacional, não pode ser maior que o valor de face do referido título recomprado. OUTRAS DEDUÇÕES. FALTA DE COMPROVAÇÃO. Não é porque a justificativa para a dedução da receita operacional tem supedâneo em custos e despesas inerentes à atividade de fomento mercantil que a empresa não precisa comproválos. Pelo contrário, o argumento só se torna sólido e aceitável quando acompanhado de documentos hábeis a corroborálo. JUROS PASSIVOS. NECESSIDADE. Se o financiamento contratado não se mostra necessário à atividade da empresa, provado por repasse ou dispêndios a terceiros com cláusulas mais benéficas do que aquelas constantes nos contratos de financiamento, a despesa financeira tornase desnecessária à atividade da empresa, cabendo sua glosa na proporcionalidade dos valores repassados com os ingressos por financiamento. DESISTÊNCIA PARCIAL DO PROCESSO. PARCELAMENTO. O pedido de parcelamento, a confissão irretratável da dívida, a extinção sem ressalva do débito, por qualquer de suas modalidades, ou a propositura pelo contribuinte contra a Fazenda Nacional de ação judicial com o mesmo objeto, importa a desistência do processo. Portaria MF 341/2011. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2009 MULTA ISOLADA E MULTA DE OFÍCIO. ABSORÇÃO OU CONSUNÇÃO. A multa isolada pelo descumprimento do dever de recolhimentos antecipados deve ser aplicada sobre o total que deixou de ser recolhido, ainda que a apuração definitiva após o encerramento do exercício redunde em montante menor. Pelo princípio da absorção ou consunção, contudo, não deve ser aplicada penalidade pela violação do dever de antecipar, na mesma medida em que houver aplicação de sanção sobre o dever de recolher em definitivo. Tratandose de mesmo tributo, esta penalidade absorve aquela até o montante em que suas bases se identificarem. MULTA. VIOLAÇÃO A PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. SÚMULA CARF Nº 2. Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em afastar as arguições de nulidade, negar provimento ao pedido de diligência, e, no mérito, dar parcial provimento ao recurso voluntário nos termos do voto do Relator. Por maioria de votos, dar provimento ao recurso voluntário em relação à multa isolada. Vencidos os Conselheiros Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa e Luiz Augusto de Souza Gonçalves. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Livia De Carli Germano. Fl. 8173DF CARF MF Processo nº 13971.722141/201374 Acórdão n.º 1401002.356 S1C4T1 Fl. 8.173 3 (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente (assinado digitalmente) Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa Relator (assinado digitalmente) Livia De Carli Germano Redatora Designada Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Livia De Carli Germano, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Abel Nunes de Oliveira Neto, Daniel Ribeiro Silva e Letícia Domingues Costa Braga. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto em face de decisão proferida pela 8ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro (DRJ/RJO), que, por meio do Acórdão 1268.697, de 23 de setembro de 2014, julgou improcedente a impugnação apresentada pela empresa. Reproduzo, por oportuno, o teor do relatório constante no acórdão da DRJ: (início da transcrição do relatório do acórdão da DRJ) Trata o processo de autos de infração lavrados pela DRF/Blumenau, exigindo da Interessada, acima identificada, o Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica, (IRPJ), com multa isolada, a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, (CSLL), e a correlata multa isolada, respectivamente, nos valores de R$3.315.791,79, R$1.642.583,90, R$1.202.325,04 e R$593.002,81, acrescidos os tributos de multa de ofício de 75%, e juros de mora calculados até 07/2013. Consta nos autos de infração que foram constatadas oito infrações para o ano de 2009: infração 0001: omissão de receitas de venda e serviços infração 0002: bens de natureza permanente deduzidos como custo ou despesa infração 0003: despesas financeiras não necessárias; infração 0004: despesas não necessárias; infração 0005: despesas não comprovadas; Fl. 8174DF CARF MF 4 infração 0006: despesas assistenciais. Inobservância de requisitos legais; infração 0007: resultados escriturados e não declarados; infração 0008: falta de IRPJ/CSLL sobre base de cálculo estimada Consta no relatório fiscal o que segue: A Interessada adotou o lucro real anual, mas apresentou a DIPJ/2010 em branco. Quanto à infração 0001, consta: a Interessada foi intimada a listar os títulos adquiridos, data, nome do alienante e valores, bem como datas e valores de apropriação dos respectivos títulos com custo e receita; em resposta, a Interessada apresentou planilha com os dados das operações; para cada uma das operações, informou a Interessada que a diferença entre o valor de face e o desembolso da operação, teve a sua devida destinação e caracterização; até 30/06/2009, a diferença foi contabilizada como deságio e advalorem, e a partir de 01/07/2009, foram registrados nas contas da Receita Operacional e os demais valores, foram registrados nas contas do Passivo Circulante 2.1.1.08.002 e 2.1.1.08.003, uma vez que representavam uma obrigação para com o cliente (valores debitados na operação); registrou a Fiscalização que não existe a coluna Receitas da Securitização de Créditos a partir de 01/07/2013 (sic ???) (?) e a receita operacional registrada na contabilidade referese exclusivamente a soma dos valores das colunas Deságio e Advalorem; ressaltou que a planilha apresentada não discrimina os títulos que compõem cada operação; entendeu a Fiscalização que a diferença entre o valor de face do título e o desembolso corresponde à receita operacional da empresa, sendo que a decomposição da diferença em várias rubricas não muda a sua natureza; concluiu a Fiscalização que a diferença entre o valor de face e o desembolso e a soma das colunas Diferencial ou Deságio e Advalorem devem ser consideradas omissão de receita, conforme demonstrado na tabela 1, de fls. 3.506; informou a Fiscalização que a Interessada alegou que as demais colunas (além das colunas Diferencial ou Deságio e Advalorem) foram escrituradas em contas do passivo, como direitos dos seus clientes, contudo, não apresentou qualquer prova de que tenha devolvido os respectivos valores; destacou a Fiscalização que a coluna despesas, por exemplo, parece ser uma dedução em duplicidade das despesas já escrituradas na contabilidade, pois o valor é abatido da receita e, posteriormente, no cálculo do lucro real, é novamente abatida através do computo das despesas escrituradas na contabilidade; ressaltou a Fiscalização que a omissão de receita calculada e resumida na tabela 1 engloba tanto a omissão de receita escriturada como não escriturada, pois as planilhas apresentadas pela Interessada continham valores não escriturados, estando o cálculo da omissão baseado nelas; Fl. 8175DF CARF MF Processo nº 13971.722141/201374 Acórdão n.º 1401002.356 S1C4T1 Fl. 8.174 5 estas diferenças não escrituradas foram apontadas no Anexo 1 do Termo de Intimação Fiscal nº 04 e reconhecidas integralmente pela Interessada em resposta anexada aos autos, conforme fls. 3.506. Quanto à infração 0002: bens de natureza permanente deduzidos como custo ou despesa, consta: foram glosadas despesas com imóveis de terceiros; a conta contábil 4.2.01.01.20 Benfeitorias em Bens Terceiros registra despesas efetuadas no imóvel ocupado pela Interessada, de propriedade da empresa AAZ, conforme descrito pela própria Interessada; não foi localizada na contabilidade da Interessada registro de despesa de qualquer aluguel pago por ela; a empresa AAZ pertence a Edson Osimar Zambonetti, que detém 95% do seu capital social (os outros 5% são de Nádia Diva de Borba Zambonetti); da análise das despesas escrituradas, verificouse que a vida útil é superior a um exercício pois tratase de material de construção, como ferro, arame, eletrodutos, telhas de zinco, manta de impermeabilização, tubos de pvc, cimento, vidro, portas, dentre outros; assim, pelas razões expostas às fls. 3.511/3.512, o montante escriturado na conta contábil 4.2.01.01.20 Benfeitorias em Bens Terceiros (resumido na tabela 5) foi glosado como despesa; estas despesas não podem ser deduzidas, uma vez que os valores gastos teriam de ser ativados para posterior amortização ou depreciação, dependendo dos termos do contrato de locação. Quanto à infração 0003: despesas financeiras não necessárias, consta: a Interessada apropriou despesas com empréstimos que foram parcialmente repassados para terceiros (empresas do mesmo sócio e ao próprio sócio), sem que houvesse cobrança de qualquer encargo destes terceiros; são desnecessárias à atividade da empresa, as despesas financeiras de financiamentos que foram repassados a terceiros, uma vez que esta despesa somente é necessária a quem utilizase efetivamente dos empréstimos e não a quem serviu de veículo para viabilizar o mesmo assim, tais despesas financeiras com financiamentos repassados a terceiros foram glosadas por serem consideradas despesas não necessárias a atividade da empresa; às fls.3.513/3.514, constam as contas de ativo e passivo que registraram os mútuos e os financiamentos de terceiros arcados pela Interessada; a glosa foi calculada com base na proporção entre os financiamentos repassados e o total de financiamentos obtidos aplicada no montante das despesas financeiras, mensalmente; para o cálculo da proporção dos recursos repassados foi efetuada a consolidação diária dos lançamentos dos dois grupos de contas (Empréstimos Ativos e Financiamentos) e calculada a média ponderada dos saldos mensalmente (saldos Fl. 8176DF CARF MF 6 do grupo Empréstimos Ativos multiplicado pelo número de dias, dividido pelo saldo do grupo Financiamentos multiplicado pelo número de dias); esta proporção foi aplicada ao montante de despesas financeiras no mês (representados pelas contas contábeis “4.2.01.03.03 Juros s Emprestimos e Financ.” e “4.2.01.03.08 Despesas c IOF”); para determinar o montante mensal da despesa com IOF, foi necessário considerar as compensações efetuadas contabilmente; ocorre que a Interessada compensou indevidamente o IOF a pagar de suas operações, escriturado na conta do passivo “2.1.1.03.010 IOF a Recolher” com o IOF retido na tomada de financiamentos (da conta “4.2.01.03.08 Despesas c IOF”), deixando de recolher o IOF em 2009; assim, a primeira compensação do IOF devido foi efetuada no dia 30/03/2009, remanescendo saldo de R$2.207,14 na conta “4.2.01.03.08 Despesas c IOF”; este saldo foi considerado como despesa financeira para o mês de março de 2009, ficando sem despesa nos meses de janeiro e fevereiro; a segunda e última compensação deuse em 30/06/2009, mas havia despesa de IOF suficiente no mês de junho para suportar o valor compensado; os razões dos grupos Empréstimos Ativos e Financiamentos, das contas “2.1.1.03.010 IOF a Recolher”, “4.2.01.03.08 Despesas c IOF” e “4.2.01.03.03 Juros s Emprestimos e Financ.”, assim como a consolidação diária de saldos dos grupos Empréstimos Ativos e Financiamentos, com os respectivos cálculos das médias ponderadas dos saldos encontramse no ANEXO 2; a tabela 08 de fls.3.515, resume os cálculos das despesas financeiras com financiamentos repassados a terceiros. Quanto à infração 0004: despesas não necessárias, consta: houve a glosa de despesas com veículos escrituradas nas contas contábeis listadas às fls. 3.507; tais veículos estavam registrados no Ativo PermanenteImobilizado, nas contas listadas às fls. 3.508; as razões da glosa estão descritas às fls. 3.508, onde também consta a tabela 2, com os valores glosados; o ANEXO 1 contém os lançamentos glosados por conta, bem como todas as contas contábeis relacionadas aos veículos; a glosa das despesas escrituradas na conta 4.1.1.02.010 Combustíveis e Lubrificantes também gerou reflexos em PIS e COFINS, (outro processo administrativo). Quanto à infração 0005: despesas não comprovadas, consta: a Interessada pagou serviço de consultoria para a VetorAuditores Independentes s/s, CNPJ 06.374.826/000105, para a criação da Z Security SA, CNPJ 10.505.192/000141; Fl. 8177DF CARF MF Processo nº 13971.722141/201374 Acórdão n.º 1401002.356 S1C4T1 Fl. 8.175 7 não se trata de despesas com serviços prestados a empresa ZZA, mas ao seu diretor presidente, principal interessado na criação de outra empresa, já que a empresa criada não tem qualquer ligação com a ZZA, razão pela qual foram glosados os valores contidos nas notas fiscais enumeradas às fls. 3.512/3.513; as demais razões para as glosas estão às fls.3.513, sendo que a tabela 7, na mesma folha, apresenta os valores glosados. Quanto à infração 0006: despesas assistenciais. Inobservância de requisitos legais, consta: no ano de 2009, a Interessada abateu despesas com o pagamento de planos de saúde para empregados e diretores; as razão da glosa foi que não houve uniformidade no plano de saúde, pois não foi oferecido indistintamente a empregados e dirigentes; houve dois planos de saúde: um com internação em enfermaria (destinado aos empregados contrato 4184) e outro com internação em apartamento standard (destinado aos diretores e familiares – contrato 4183); na lista dos beneficiários do contrato 4184 (dos empregados), foram incluídos fornecedores, como no caso de Rosangela Maria Herbert; às fls.3.511, consta a tabela 4, com os valores glosados; além disto, foram glosadas despesas com brindes, (conta contábil 4.2.01.01.30 Despesas c Brindes), por base no artigo 249, inciso VIII, do RIR/99; o valor glosado consta na tabela 6, da fls.3.512. Quanto à infração 0007: resultados escriturados e não declarados, consta que o valor do lucro real escriturado no LALUR, R$ 197.183,23, não teve os IRPJ e CSLL incidentes sobre ele, declarados, tendo sido tais tributos lançados de ofício. Quanto à infração 0008: falta de IRPJ/CSLL sobre base de cálculo estimada, consta: a Interessada não recolheu as estimativas mensais de IRPJ e CSLL; assim, com base na DIPJ apresentada no curso da fiscalização (que está de acordo com o LALUR apresentado), foram calculados os montantes das antecipações não recolhidas de IRPJ e de CSLL, tendo sido, sobre esses valores, imposta multa de 50%; a tabela 9, de fls.3.515, resume o cálculo das multas isoladas. Houve o arrolamento de bens, processo 13971.722142/201319. Fl. 8178DF CARF MF 8 Inconformada com o crédito tributário originado da ação fiscal da qual teve ciência do lançamento em 31072013, a Interessada apresentou em 30082013, impugnação instruída com documentos, argüindo, em síntese, o que segue. Quanto à omissão de receitas: não ocorreu omissão de receita, mas apenas a ausência de escrituração de determinado valores, expressamente mencionado no Anexo 1 do Termo de Intimação Fiscal nº 4, os quais são aqui novamente detalhados no Anexo "A", (doc.02); a Fiscalização omitiu as informações apresentadas no Anexo 1 do mencionado Termo de Intimação, que comprovam que a omissão de receita se refere apenas a determinados valores, que por equívoco não foram escriturados, tais valores estão elencados às fls. 3.553, e detalhados no Anexo "A"; tendo por base que a afirmação sustentada pela Fiscalização não reflete a realidade conforme se demonstrou e comprovou, é nulo o procedimento fiscal; a Fiscalização, para apuração da receita operacional, considerou apenas a diferença entre o valor de face do título e o desembolso, sem considerar várias rubricas que serão a seguir apontadas; assim, a autuação fiscal violou os conceitos de receita e faturamento que constam na CF/88 e CTN; o conceito de receita encontra respaldo na CF, art. 212, § 1º, que determina que os valores que uma pessoa política transferir para outra, por força do referido dispositivo, não devem ser considerados receita sua, mas sim da pessoa que os receber; assim, os valores das recompras de títulos e demais rubricas não são receitas e não poderão compor a base de cálculo para a cobrança das exações, visto que não se subsumem à hipótese constitucionalmente prevista para a exigência dessas contribuições, pois recompras/subrogações nada mais são que a substituição de um título de crédito por outro; claras são as ligações entre o IRPJ e a CSLL, de forma que tudo quanto se observar para um desses tributos aplicase também para o outro, nada impedindo que se proceda sua investigação conjunta, mormente quando se tem que a própria legislação tributária determina serem aplicáveis à CSLL as mesmas normas de apuração e pagamento estabelecidas para o IRPJ (Lei nº 8.981/95, art. 57), sendo que o que realmente diferencia essas exações é tãosomente à necessidade da destinação do produto da arrecadação da contribuição social ao custeio da seguridade social e, em tese, nada mais; houve violação ao princípio da verdade real, pois o lançamento foi feito com base em mera presunção, eis que as recompras e outras rubricas por si só não fazem com que se conclua pela existência de renda; a recompra é mera cláusula especial do "Instrumento Particular de Contrato de Compromisso de Cessão de Crédito", doc.03, (respectiva cláusula transcrita às fls.3.561), que nada mais é que o "desfazimento do negócio", pelo que, e por óbvio, naquilo em que o "valor de face" de uma negociação de títulos tem o seu valor reduzido por "recompras" de títulos, entre outros fatores, é evidente que, ao contrário do tão simplista quanto errado critério da Fiscalização, jamais teremos o valor da "receita tributável" obtido pela pura simples e errada confrontação entre o "valor de face" das negociações e o valor líquido do "desembolso"; Fl. 8179DF CARF MF Processo nº 13971.722141/201374 Acórdão n.º 1401002.356 S1C4T1 Fl. 8.176 9 assim, grande parte dos valores tidos como receitas, se referem a "recompras" de títulos, nas operações realizadas no período em que a empresa "ZZA Factor Fomento Mercantil Ltda", se dedicava a operações de "Factoring", ou seja, de janeiro a junho de 2009, referentes títulos negociados em operações anteriores, ocorridas e/ou vencidas inclusive em períodos bem anteriores; nesse período, foram "recomprados" diversos títulos, de diversos clientes, por diversos motivos, em relação a diversos sacados, grande parte deles vencidos, inclusive com vencimentos anteriores a 01/01/2009; a partir de julho de 2009, foi transformada em Sociedade Anônima, passando a ter por objeto social a aquisição e securitização de créditos comerciais não padronizados e imobiliários passíveis de securitização e, além do novo regime jurídico, do novo objeto social, passou a operar com a razão social de "ZZA Securitizadora S/A; também nesse período, julho de 2009 a dezembro de 2009, grande parte do valor apontado como se receita fosse, referese a "recompra e/ou subrogação de títulos que, independente do nome que se dê, objetivamente não passa de "desfazimento" de um negócio anterior; a simples confrontação entre os "valores de face" e o líquido "desembolsado" em cada operação não corresponde à receita de uma empresa de Factoring e/ou de uma empresa Securitizadora; às fls. 3.563, produz exemplo, itens 4.9, 4.10 e 4.11 da impugnação, que entende comprovar que recompra não é receita, ocorrendo no caso, mero desfazimento das operações; além disto, a Fiscalização não considerou que alguns títulos recomprados pelo cliente e que foram quitados pelos sacados em banco, em alguns casos, o aviso de movimentação bancária somente foi enviado pela instituição financeira após a data da operação de recompra, cuja devolução pela ZZA do valor desse título foi acrescida dos encargos correspondentes; a Fiscalização não considerou descontos/abatimentos/bonificações" concedidas diretamente pelo "cliente" da impugnante, ao "Sacado", o que normalmente ocorre antes mesmo do aceite do título na operação, mas também pode ocorrer depois de a negociação ser concretizada; tanto nos casos em que o título já é negociado com instrução de "desconto/abatimento/bonificação", quanto nos casos em que a instrução de "desconto/abatimento/bonificação" ocorre após o fechamento da negociação, é certo que esse valor não pode ser cobrado pela impugnante do sacado do título, logo, tal valor jamais pode ser tido sequer como ingresso de valor, até mesmo por que ele não ingressa no patrimônio da impugnante, nem direta nem indiretamente, e muito menos poderia ser "confundido" com receita; a Fiscalização também não considerou despesas com a cobrança bancárias e/ou de cartório; no caso dos autos, as "despesas bancárias" incorridas pela colocação dos títulos negociados em cobrança na rede bancária, foram debitadas/descontadas do valor líquido que o cliente teria a receber, pelo que, ao contrário da percepção fiscal, tais valores não poderiam ter sido contabilizados em conta de receita; Fl. 8180DF CARF MF 10 conforme já mencionado, embora vinculadas ao mesmo CNPJ, operou como "Sociedade Limitada", tendo como objeto a atividade de "Fomento Mercantil Factoring", de janeiro a junho de 2009; ocorre que, a Fiscalização tratou como receita, valor do IOF retido dos clientes, além de também assim tratar os valores retidos a título de IRRF; quanto aos demonstrativos de operação e contabilização das diversas rubricas, o sistema de processamento da empresa, nunca teve uma coluna "receitas de securitização", assim como nunca teve uma coluna de "receitas de Factoring", simplesmente por que trata o "deságio" em coluna específica denominada "diferencial", o que não muda em absolutamente nada a natureza do ali descrito; os valores de receitas lançadas, somente representam o somatório das colunas "deságio" e "Advalorem", durante o período em que operou como empresa de "Fomento Mercantil", o que sabidamente ocorreu até 30/06/2009, sendo que à partir de 01/07/2009 (e não 01/07/2013), passou a operar como Securitizadora; a planilha apresentada à Fiscalização apresenta todas as informações analiticamente "POR OPERAÇÃO/ADITIVO", e foi apresentada por ser representativa das contabilizações diárias, conforme exemplos apresentados no "Anexo B", (doc.02); nada que tenha sido solicitado pela Fiscalização foi negado, pelo que, bastava a fiscalização ter solicitado o detalhamento de cada aditivo, o que não ocorreu; contabilizou as "receitas" em contas contábeis de "resultado receitas" e, os demais valores que não são receitas, em contas de Passivo Circulante; assim, a Fiscalização não pode considerar como receitas valores do passivo, simplesmente por que não concorda com a forma de contabilização ou por que achou trabalhoso apurar os fatos reais dos autos, aplicando a sistemática que lhe exigiu o "menor esforço", sem qualquer compromisso com a verdade real/material; a solução de consulta citada não se aplica ao caso, pois tratouse de mero "desfazimentos totais/parciais de operações" e repasse "financeiro" em "conta corrente" de "recompras" ocorridas em relação a títulos negociados anteriormente; o quadro exemplificativo dos lançamentos contábeis que constam no Anexo "B", (doc.02), às fls.3.570/3.571, identifica os valores das receitas, das recompras (estorno de receita por desfazimento do negócio), dos impostos retidos, dos valores decorrentes de encontro de contas em conta corrente referentes principalmente a recompras de títulos envolvendo operações anteriores; houve impropriedade técnica da Fiscalização ao mencionar: "PARECE SER UMA DEDUÇÃO EM DUPLICIDADE"; ainda que assim o fosse, a inocorrida "dedução em duplicidade" ensejaria a glosa da despesa dita "em dobro", e jamais ensejaria o seu lançamento como receita; não há que se falar em dedução em duplicidade, uma vez que os valores contabilizados como "despesas de cobrança" no resultado, não chegam sequer a 20% do total apurado pela Fiscalização; a afirmação que não foram apresentadas provas de que os valores retidos/cobrados dos clientes tenham sido "devolvidos", não constrói argumento plausível para impor que verbas que não são tecnicamente classificáveis como receitas, sejam consideradas como se fossem, até por que, os valores em questão são e sempre foram tratados "em contas correntes" com os diversos clientes, pelo que, ao Fl. 8181DF CARF MF Processo nº 13971.722141/201374 Acórdão n.º 1401002.356 S1C4T1 Fl. 8.177 11 contrário do que tenta impor com base em ilações, não existe qualquer elemento nos autos que indique que tenha deixado de entregar tais valores aos seus clientes, ainda que por compensação em operações futuras, conforme sugere a compensação empreendida; no período de janeiro a junho de 2009 (quando atuou como Factoring), a Fiscalização apontou para a existência de uma receita operacional de R$ 5.426.264,58; ocorre que, conforme "Anexo C", (doc.02), e "SubAnexos de 1 a 6", (doc.02), daquele valor, R$ 2.677.323,61 não podem ser considerados receitas, pois tratamse de: Recompras diretas nas operações desfazimento de negócio jurídico – devolução, no valor de R$ 933.998,83; Abatimentos concedidos pelo cliente ao sacado, no valor de R$ 99.444,23; Mera movimentação financeira em conta corrente, decorrente de débitos e créditos gerados principalmente por recompras e seus efeitos referentes a operações anteriores, no valor de R$ 1.646.129,70; e, Retenções de IRRF (negativas), no valor de R$ 2.249,15; conforme ainda o mencionado Anexo "C" e seus subanexos, entre janeiro e junho de 2009, deveriam ter sido reconhecidas receitas operacionais no montante de R$ 1.472.570,44, sendo R$ 1.426.060,29 a título de "diferencial/deságio" e R$ 46.510,15 a título de "AdValorem, entretanto, conforme demonstrado no Anexo "A", por erro já informado durante o procedimento fiscal, o total de R$ 44.428,76 de receitas operacionais, deixaram de ser lançados por erro de contabilização, sendo R$ 44.392,87 a título de "diferencial" e R$ 35,89 a título de AdValorem; o mesmo Anexo "C" e seus subanexos aponta para um total contabilizado no passivo, como "crédito" de clientes, o valor de R$ 1.276.370,54, sendo R$ 341.585,89 referentes a "despesas de cobrança reembolsadas" diretamente na operação, R$ 71.134,32 referentes a "IOF reembolsado" diretamente na operação, R$ 131.343,74 referentes a "Recuperação de despesas com cobrança bancárias e de cartório" em conta corrente, e de R$ 732.306,59 referentes a "Recuperação de Encargos Financeiros" em conta corrente; conforme também demonstrado no "Anexo CC" e seus "SubAnexos de 1 à 6", no período de julho a dezembro de 2009 (Securitização), período em que a Fiscalização apontou para a existência de receita operacional de R$10.570.619,89, existe um total de R$ 5.842.406,34, que não podem ser considerados como receitas, visto se tratarem de: R$ 378.121,40 Recompras/Subrogações diretas nas operações desfazimento de negócio jurídico devolução troca de títulos; R$ 124.508,60 Abatimentos concedidos pelo cliente ao sacado; R$ 5.339.776,34 Mera movimentação financeira em conta corrente, decorrente de débitos e créditos gerados principalmente por recompras e seus efeitos referentes a operações anteriores; conforme ainda o Anexo "CC" e seus subanexos, entre julho e dezembro de 2009, deveriam ter sido reconhecidas receitas operacionais no montante de R$ 3.600.142,82, a título de "diferencial/deságio" receita de securitização, entretanto, conforme demonstrado no Anexo "AA", por erro já informado durante o procedimento de fiscalização, um total de R$ 474.000,00 de receitas operacionais, deixaram de ser lançadas; o mesmo Anexo "CC" e seus subanexos, aponta para um total de valores contabilizados no passivo, como "crédito" de clientes de R$ 1.128.070,73, sendo referentes a "despesas de cobrança reembolsadas" diretamente na operação R$ 631.847,46, "Recuperação de despesas c/ cobrança bancárias e de cartório" em conta Fl. 8182DF CARF MF 12 corrente R$ 38.369,12, e, "Recuperação de Encargos Financeiros" em conta corrente de R$ 457.854,15. Quanto à glosa de despesas com veículos: todos os veículos relacionados estão registrados no ativo imobilizado da empresa e serviram indistintamente para visitas regulares a clientes, estão, sem a menos dúvida, intrinsecamente ligado ao objeto social da empresa; as despesas com combustíveis e manutenção de veículos escriturados no ativo imobilizado da pessoa jurídica por presunção legal, são necessárias à atividade; o ônus da prova da desnecessidade cabe ao fisco; o ônus da prova se inverte em se tratando de despesas com veículos de empregados, administradores ou sócios da pessoa jurídica; a atividade desenvolvida pela empresa, como factoring até 31/06/2009 e como securitizadora a partir dessa data, é imprescindível a utilização de veículos para captação de clientela, de modo que as despesas foram devidamente comprovadas e ao contrário do entendimento da fiscalização são efetivamente necessárias a realização das operações ou transações exigidas pela atividade da empresa, nos termos do artigo 299 do RIR/99. Quanto à glosa de despesas com planos de saúde: a Fiscalização não aplicou corretamente o artigo 360, do RIR/99, pois o que se exige é que os serviços de assistência médica abranjam todos os segurados empregados da impugnante, e foi exatamente o que ocorreu; não há no referido art. 360 do RIR a condição estipulada pela Fiscalização de que os planos de saúde sejam idênticos, mas sim que haja assistência médica para todos os empregados e dirigentes. Quanto à glosa com imóveis de terceiros: os gastos se referem a "instalações comerciais materiais aplicados na confecções de divisórias em gesso e ferragens inerentes", "móveis", "portas", e etc, sendo possível afirmar que os gastos com as imobilizações em questão, se referem a uma imobilização com vida útil estimada em 10 (dez) anos, como "móveis e/ou instalações comerciais"; embora a dedutibilidade dos gastos contabilizados, aplicados em imóvel de terceiros, não possa ser tomada integralmente no momento em que foram "dispendidos na benfeitoria", eles podem e devem ter sua dedutibilidade reconhecida pela sua depreciação, que no caso é de 1/120 (um, cento e vinte avos) por mês ou fração; assim, o Anexo "H", doc.02, apresenta os valores mensais que devem ser considerados como dedutíveis, pela "depreciação" ocorrida no período em análise, conforme Parecer 104/75 e, em consonância com a própria interpretação fiscal que, estranhamente não a aplicou. Quanto à glosa com brindes: O Parecer Normativo CST 15/76 reconhece expressamente que as despesas com brindes podem ser deduzidas como operacionais, desde que sejam de pequeno valor, se comparadas à receita da empresa; Fl. 8183DF CARF MF Processo nº 13971.722141/201374 Acórdão n.º 1401002.356 S1C4T1 Fl. 8.178 13 a receita operacional da empresa no ano de 2009 representa o valor de R$ 5.072.713,26, as despesas com brindes representam a ínfima quantia de R$ 5.127,90, de modo que, nos termos do Parecer Normativo CST 15/76, é perfeitamente possível a dedutibilidade dessa despesa, justamente por sua irrelevância (0,10%). Quanto a glosa de despesas com serviços de terceiros: os serviços prestados para a empresa "Vetor Auditores Independentes tratou de cobrar pela prestação de serviços de consultoria voltada a criação de empresa securitizadora sendo que a "ZZA Securitizadora S/A, Sociedade Anônima de Propósito Especifico", foi criada para atuar no ramo de SECURITIZAÇÃO e, embora seja uma espécie de "continuação" do mesmo CNPJ da "ZZA Factor Fomento Mercantil S/A, ela foi "criada" e não caiu do céu; não há nada nos autos que sustente a tese fiscal de que os serviços de consultoria em questão não foram aplicados na atividade da "ZZA Securitizadora S/A; também não há nos autos explicação clara da motivação que ensejou glosa fiscal em relação as notas fiscais 1613 R$ 1.710,00 (10/10/2009), 1729 R$ 1.670,00 (10/11/2009) emitidas por Factor Gestor Tecnologia da informação Ltda, supostamente por se tratarem de "serviços prestados a "Z Security S/A". Quanto à glosa de juros passivos: os documentos do Anexo "I" comprovam que o imóvel edificado na Avenida Arno Carlos Gracher, no Centro da Cidade de Brusque SC, teve sua Matrícula de Construção junto a RFB registrada sob nº 51.207.00316/77 em nome de ZZA SECURITIZADORA S/A; conforme atesta também o Alvará de Construção de nº 244/2010, emitido pela Prefeitura Municipal de Brusque SC, referente a construção do mesmo imóvel, concedeu "licença a ZZA SECURITIZADORA S/A (Anexo "I"), doc.02; no mesmo Anexo "I", doc.02, consta a ART Anotação de Responsabilidade Técnica n°.35241942, descrevendo como contratante a empresa "ZZA FACTOR FOMENTO MERCANTIL LTDA", para a realização de obra na Av. Carlos Gracher Centro Brusque – SC; consta ainda no Anexo "I", doc.02, copia do "Alvará Sanitário n° 671535", emitido pela Vigilância Sanitária do Município de Brusque – SC, indicando como "proprietário" a empresa, "ZZA SECURITIZADORA S/A, devidamente acompanhado do comprovante do pagamento da pertinente taxa; assim, o imóvel em questão foi edificado/construído/encravado em terreno de terceiro, tratandose de "imobilização em imóvel de terceiro"; desta forma, valores contabilizados no ativo permanente, referentes a gastos em imobilização sua em imóvel de terceiro, irrelevante de quem seja, não podem ser tratados como "repasses de recursos da empresa para terceiros, sem encargos" — como se os recurso não saíram da empresa?; bem é de propriedade da ZZA Securitizadora S/A, na época inclusive estava em construção, com toda a documentação, desde o alvará para a construção em nome da impugnante, bem como os gastos contabilizados em conta específica em seu ativo permanente; Fl. 8184DF CARF MF 14 a "proporção" entre os valores "tomados" no mercado e os "cedidos sem ônus" para apurar um valor de "despesas financeiras" tidas como "não necessárias" a atividade da impugnante, não tem base legal e fática; da mesma forma, não tem sustentação a inclusão de valores aplicados em obra de propriedade da impugnante, como se tivessem sido transferidos para terceiros, o que representou a incorreta glosa de R$1.340.500,00 conforme detalhado no Anexo "J", doc.02; no mesmo Anexo "J", doc.02, resta evidenciado que não houve justificativa e/ou demonstração da composição dos valores, além do que, não foi indicado quais seriam as contas contábeis consideradas no "Anexo 2", fls.3.513 e 3.514, uma vez que sequer constam de seus levantamentos todos os lançamentos das contas citadas; conforme demonstrado no "Anexo J", doc.02, o levantamento fiscal não permite entender e/ou imaginar qual seria a motivação para que determinados lançamentos das contas contábeis elencadas pela Fiscalização foram "subtraídos", "ignorados", "extirpados", e quando não, são provenientes de contas não elencadas e/ou origem "ignorada", "incerta" ou "não sabida", resultando que, ainda que se concordasse com os critérios para a glosa de "despesas financeiras", não há como como concordar com os cálculos apresentados, totalmente divorciados dos fatos dos autos; além disto, valores contabilizados na conta contábil "1.2.1.03.009.01 Créditos EOZ", conta esta que se prestou para o registro de valores devidos pelo sócio/acionista, Sr. Edson Osimar Zambonetti, referente a contrato de mútuo foram considerados nos cálculos, ainda que por critérios/motivos desconhecidos alguns lançamentos da conta foram omitidos e outros que não são da conta foram considerados. Quanto às multas, alegou: a inexigibilidade da multa isolada após o encerramento do exercício fiscal; incabível a concomitância da multa isolada com a multa proporcional; violação ao princípio da capacidade contributiva pela aplicação de multa confiscatória. Às fls. 3.790/3.798, consta requerimento de desistência parcial da Interessada objetivando aproveitar os benefícios da Lei 12.996, de 18 de junho de 2014, a qual reabriu o parcelamento instituído pela Lei 11.941/2009, e ainda ampliou a possibilidade de parcelamento de débitos vencidos até 31 de dezembro 2013, optando por parcelar os débitos assinalados às fls. 3.791/3.792. Às fls. 3.794/3.798, constam documentos emitidos pela Receita Federal confirmando o parcelamento. É o relatório. (término da transcrição do relatório do acórdão da DRJ) A 8ª Turma da DRJ/RJO, por meio do Acórdão 1268.697, de 23 de setembro de 2014, julgou improcedente a impugnação apresentada pela empresa, conforme a seguinte ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Fl. 8185DF CARF MF Processo nº 13971.722141/201374 Acórdão n.º 1401002.356 S1C4T1 Fl. 8.179 15 Anocalendário: 2009 PARCELAMENTO DE PARTE DA AUTUAÇÃO. DESISTÊNCIA PARCIAL DO PROCESSO. O pedido de parcelamento, a confissão irretratável da dívida, a extinção sem ressalva do débito, por qualquer de suas modalidades, ou a propositura pelo contribuinte contra a Fazenda Nacional de ação judicial com o mesmo objeto, importa a desistência do processo. Portaria MF 341/2011. LANÇAMENTO. FATO IMPEDITIVO. FATO MODIFICATIVO. FATO EXTINTIVO. ALEGAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. O ônus da prova incumbe ao sujeito passivo quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do Fisco lançar. AQUISIÇÃO DE DIREITOS CREDITÓRIOS. FATO GERADOR. O fato gerador do IRPJ e da CSLL, no caso de aquisição de direitos creditórios incorporados em títulos vencidos ou a vencer por empresa de fomento comercial, ocorre na data da operação de aquisição. DIREITOS CREDITÓRIOS. AQUISIÇÃO. BASE DE CÁLCULO. A receita a ser reconhecida no lucro líquido, seja para fins de apuração do Lucro Real ou da base de cálculo da CSLL é a diferença entre a quantia expressa no título de crédito adquirido (valor de face) e o valor da aquisição. LUCRO LÍQUIDO. DESPESA DESNECESSÁRIA. GLOSA. Caracterizamse como despesas desnecessárias aquelas ligadas a práticas sem propósitos empresariais. A contabilização de despesas sem propósito empresarial implica inobservância do princípio contábil da entidade, devendo ensejar a glosa da despesa comprovadamente desnecessária no cálculo do lucro líquido da entidade, afetando, portanto, a base de cálculo do IRPJ e da CSLL. DESPESAS DEDUTÍVEIS. Somente pode ser deduzida a despesa de determinado bem se o seu uso estiver relacionado intrinsecamente com a produção ou comercialização dos produtos e serviços. Artigo 25, da Instrução Normativa nº11 de 1996. DESPESAS. COMPROVAÇÃO. ÔNUS. Em processo fiscal predomina o princípio de que as afirmações sobre omissão de rendimentos devem ser provadas pelo fisco, enquanto as afirmações que importem redução, exclusão, suspensão ou extinção do crédito tributário competem ao contribuinte. ESCRITURAÇÃO. FORÇA PROBANTE. A escrituração contábil mantida com observância das disposições legais somente faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados se forem comprovados por documentos hábeis e idôneos, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais. PROVA DA PROPRIEDADE SOBRE BEM IMÓVEL. Fl. 8186DF CARF MF 16 Nos termos do artigo 1.227 do Código Civil, a comprovação da propriedade de imóvel somente se faz através da apresentação da escritura devidamente registrada no Cartório de Registro de Imóveis competente . IMPUGNAÇÃO. DOCUMENTOS. A apresentação de alegações visando desconstituir as provas apresentadas pela Fiscalização devem vir acompanhadas de documentos hábeis e idôneos. IMPUGNAÇÃO. INEFICÁCIA. Não há como abrigar alegações que não logram desconstituir os fundamentos da autuação. LANÇAMENTO DECORRENTE. Decorrendo o lançamento da CSLL de infração constatada na autuação do IRPJ, o julgamento daquela segue a mesma sorte deste, em virtude da relação de causa e efeito que os une. MULTA. CONFISCO. INOCORRÊNCIA. A vedação ao confisco, como limitação ao poder de tributar, restringese ao valor do tributo, conforme previsto no inciso IV do art. 150 da Constituição Federal de 1988. A exigência de multa de ofício de 75% concomitante com a multa isolada previstas na legislação vigente, não violam o princípio da capacidade contributiva, devendo ser aplicadas. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Cientificada, via postal, da decisão de DRJ em 03/10/2014 sextafeira (cf. AR de efl. 3.840) e insatisfeita com a decisão, a empresa apresentou Recurso Voluntário (e fls. 3.842 a 3.896) em 03/11/2014 (conforme protocolo de efl. 3.842), em que apresenta basicamente os mesmos argumentos trazidos na impugnação, alterados apenas para contra argumentar a fundamentação de alguns pontos combatidos pela DRJ. No CARF, esta turma ordinária, em outra composição, decidiu baixar o processo em diligência, para que autoridade fiscal verificasse o seguinte (efl. 3.947): Diante desse contexto ainda de incerteza, mas por se vislumbrar indícios de que a Recorrente tenha pelo menos alguma razão mesmo que parcial, bem assim em respeito ao princípio da verdade material orientador do Processo Administrativo Fiscal, inclinome pela conversão do julgamento em diligência, para que seja adotada as seguintes providências pela Fiscalização: Verificar na contabilidade da Recorrente bem assim intimar o contribuinte a trazer outras provas que entenda necessárias, mesmo que por amostragem, a fim de verificar, à luz das alegações e provas (anexos) já trazidas na impugnação, se as referidas rubricas não foram consideradas indevidamente na apuração da base de cálculo dos tributos. Em relação às operações de desfazimento (recompras), verificar se de fato aconteceram conforme alegado pela Recorrente e avaliar o impacto delas no cálculo da base tributável. Ofertar nova oportunidade à Recorrente no sentido de trazer ao feito novos documentos que comprovem suas alegações; Fl. 8187DF CARF MF Processo nº 13971.722141/201374 Acórdão n.º 1401002.356 S1C4T1 Fl. 8.180 17 Se for o caso, refazer a base de cálculo dos tributos devidos; O Autuante pode trazer aos autos quaisquer outras informações que entenda importantes para o deslinde da matéria. Elaborar relatório conclusivo das verificações, ressalvado o fornecimento de informações adicionais e a juntada de outros documentos que entender necessários, entregar cópia do relatório à interessada e conceder prazo de 30 (trinta) dias para que ela se pronuncie sobre as suas conclusões, após o que, o processo deverá retornar a este Conselho para prosseguimento do julgamento. No termo de início de diligência fiscal, a fiscalização solicitou os seguintes documentos à empresa (efl. 3.951): Da Intimação No exercício das funções de AuditorFiscal da Receita Federal, e com base nos artigos 927 e 928 do RIR/992, fica a mesma intimada a apresentar, em 20 (vinte) dias: 1) Documentação hábil e idônea que comprove os pagamentos escriturados na conta CRÉDITOS CLIENTES A PAGAR (2.1.1.08.002), indicando a que títulos cambiais se referem as despesas e qual sua natureza. 2) Documentação hábil e idônea que comprove a recompra de títulos cambiais, escriturados na conta CLIENTES ZZA (1.2.1.02.001.01), identificando os títulos, seu emissor, o valor de face e de recompra e a data da aquisição e recompra. 3) Documentação hábil e idônea que comprove os valores de Abatimento escriturados na conta CLIENTES ZZA (1.2.1.02.001.01). 4) Justificar o lançamento a débito de R$8.683.111,45 na conta CRÉDITOS CLIENTES A PAGAR (2.1.1.08.002) em 31/12/2009, comprovando com documentação hábil e idônea. 5) Justificar o lançamento a débito de R$7.218.419,84 na conta NEGOCIAÇÕES A PAGAR (2.1.1.08.001) em 31/12/2009, comprovando com documentação hábil e idônea. Em resposta, a empresa apresentou várias justificativas e colacionou inúmeros documentos que, segundo a recorrente, comprovam que a receita oferecida à tributação está correta. Entretanto, algumas falhas e equívocos na contabilidade e na forma de apuração do lucro a ser tributado fez com a fiscalização não reconhecesse os argumentos da recorrente. No encerramento da diligência fiscal, a autoridade fiscal elaborou Informação Fiscal em que apresenta conclusões rasas quanto aos itens pedidos pela diligência proposta pelo CARF. Cientificada do teor da Informação Fiscal preparada pela fiscalização, a ora recorrente apresentou manifestação na data de 18/01/2017 (efls. 8.116 a 8.132), pugnando mais uma vez pela procedência de seus argumentos e improcedência do lançamento fiscal. Com o término do mandato do conselheiro Relator (Antonio Bezerra Neto), o processo foi novamente distribuído, cabendo a mim sua relatoria. Fl. 8188DF CARF MF 18 É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa Relator O recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Delimitação da Lide Como visto, a recorrente protocolou, na data de 01/09/2014 (efls. 3.790 a 3.793), ou seja, pouco antes da decisão da DRJ, pedido de adesão ao Parcelamento Especial de Regularização Tributária (PERT). De acordo com suas informações, as infrações que não foram objeto do referido parcelamento e que devem ser enfrentadas neste acórdão são as que seguem: 1) Infração 1 parte do item 3.1 (Receitas não Declaradas), naquilo que o valor autuado excede ao reconhecido como devido na inclusão da base de cálculo do IRPJ e CSLL (valor reconhecido de R$ 518.392,86); ou seja, em relação ao item 3.1 a recorrente não reconhece e contesta a inclusão na base de cálculo do IRPJ e da CSLL do valor de R$ 10.376.446,63. 2) Infração 3 integralmente os itens 3.3 e 3.5 do Termo de Verificação Fiscal, que tratam de glosa de juros passivos (R$ 1.888.267,35) e a correspondente aplicação de multa isolada. NULIDADE voto vencedor A recorrente pede pela nulidade do lançamento fiscal, uma vez que a fiscalização teria afirmado que a empresa autuada reconhecera suposta omissão de receitas. Em seu recurso voluntário, a recorrente informa que apenas reconheceu que, por um equívoco contábil, alguns valores não foram levados à tributação, mas não a totalidade das receitas levantadas pela fiscalização, acrescendo informação de que tais valores foram objeto de parcelamento nos termos da Lei nº 12.996/2014. Em respeito ao princípio da boafé, pugna pela nulidade do lançamento fiscal. Pois bem. Não entendo que tal fato possa causar a nulidade do lançamento fiscal. Vejo que a situação pode ser avaliada como uma diferença de nomenclatura: a fiscalização entende que a recorrente reconheceu uma omissão de receitas, mesmo que não seja a totalidade lançada, e a recorrente, por sua vez, reconhece um equívoco que gerou uma tributação a menor. Fl. 8189DF CARF MF Processo nº 13971.722141/201374 Acórdão n.º 1401002.356 S1C4T1 Fl. 8.181 19 Ora, o que importa em um lançamento fiscal é saber se efetivamente o sujeito passivo deixou de recolher tributo que seria de sua obrigação. A meu ver, a receita que deixou de ser tributada deve ser denominada "omissão de receitas". Outra questão, que não é objeto deste processo, é saber se a omissão resulta de conduta intencional, dolosa. Desta feita, não vejo presente as condições de nulidade previstas no art. 59 do Decreto nº 70.235/1972, transcrito abaixo: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Diante do exposto, afasto o pedido de nulidade do lançamento fiscal e da decisão da DRJ. DILIGÊNCIA voto vencedor A recorrente faz pedido de diligência para que sejam analisados os documentos apresentados tanto na fase impugnatória quanto na diligência proposta por esta turma, que, segundo a pugnante, não foram analisados percucientemente pela fiscalização. Pois bem. O pedido de diligência deve ser atendido se o julgador não estiver preparado para formar sua convicção quanto ao julgamento da lide. É o que dita o art. 18 do decreto nº 70.235/1972: Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o disposto no art. 28, in fine. No caso dos autos, entendo que minha convicção está formada. Os documentos juntados são suficientes para o julgamento deste processo. No caso concreto, a recorrente é quem deve (ou deveria) fornecer esclarecimentos detalhados sobre as supostas incorreções cometidas pela fiscalização, mesmo tendo apresentado documentos que entende serem suficientes para comprovar seus argumentos. Digo isto pois entendo que quem quer fazer prova negativa de determinada imputação precisa sempre ter como premissa que os documentos e esclarecimentos devem estar concatenados a tal ponto que se consiga avaliar, nas minúcias que o caso requer, se efetivamente todos os argumentos ofertados pela parte são verdadeiros. Fl. 8190DF CARF MF 20 Desta forma, não entendo saudável ao processo propor mais uma diligência para se analisar supostamente algo que já deveria fazer parte do processo. Seria caminhar contra a tão almejada celeridade processual. Sendo assim, julgo desnecessário baixar o processo em diligência, pelo que proponho o afastamento de tal pedido. MÉRITO Procurarei abordar os argumentos conforme as infrações constantes no auto de infração deste processo administrativo fiscal. Infração 1 omissão de receitas Neste caso, devese avaliar se a receita apurada pela recorrente decorre da expressão "valor de face (menos) valor desembolsado" ou se há demais deduções que impõem necessariamente a redução da receita levada à autuação. Pois bem. Reconheço que a busca da verdade material é princípio que norteia o processo administrativo fiscal. Inobstante, percebo que sua aplicação não pode ser absoluta, mormente em detrimento ao princípio da eficiência dos atos administrativos, neles incluída a celeridade processual. A meu ver, a verdade material deve ser buscada somente quando são fornecidos meios adequados para a sua elucidação. Invocar argumentos e apresentar documentos que não possuem uma concatenação adequada com o que se quer provar, não pode ser aceito como prova da verdade material. Compulsando os autos, percebese uma conduta desidiosa da ora recorrente no tratar com a fiscalização. Por diversas vezes, a fiscalização solicitou documentos e esclarecimentos que sequer foram "compreendidos" pela empresa fiscalizada. Além disso, muitos esclarecimentos foram prestados a destempo, confirmando o tratamento com indiferença prestado à fiscalização. Por conseguinte, a legislação prevê formas de se apenar a mal atendimento à autoridade, como por exemplo: multa de ofício agravada, multa regulamentar por falta de arquivos digitais, embaraço à fiscalização e requisição de movimentação financeira, dentre outros tratamentos. Não obstante, tal conduta desidiosa não obsta a avaliação dos argumentos da recorrente: se são verdadeiros e condizem com a realidade fática vivida na época da apuração do fato gerador do IRPJ (2009). Para tanto, sirvome da imputação arbitrada à recorrente tanto no relatório do auto de infração quanto no relatório da diligência , e de seus argumentos recurso voluntário e manifestação do relatório da diligência fiscal. A fiscalização reconheceu que a receita omitida pela empresa decorria do deságio calculado a partir dos valores de face dos títulos adquiridos subtraídos dos valores desembolsados naquela operação, ou naquele período. A recorrente, por sua vez, argumenta que a receita operacional auferida comporta considerar também despesas e custos que foram despendidos para a sua obtenção. Fl. 8191DF CARF MF Processo nº 13971.722141/201374 Acórdão n.º 1401002.356 S1C4T1 Fl. 8.182 21 Concordo parcialmente com ambos. Primeiro com a recorrente pelo fato de que, nessas operações, o ganho não necessariamente corresponde ao resultado da subtração do valor de face com o desembolso. Por outro lado, justificar referida redução na base tributável, requer comprovação de que efetivamente arcou com eventuais custos e despesas. E tal análise é o que passarei doravante a fazer. Recompra voto vencedor A recorrente requer que se considere, como redução da receita tributável, os valores de recompra dos títulos que foram efetuados por seus clientes, denominados neste tipo de operação como cedentes (dos títulos de crédito). A recompra, como definiu a ora recorrente, é um subterfúgio utilizado pelas empresas de factoring e de securitização, que tem finalidade de proteger tais empresas quando os clientes de seus clientes (denominados na operação como "sacado") descumprem a obrigação de quitar o título de crédito emitido em seu desfavor. Em sua peça recursal, mormente na parte que trata da base de cálculo para lançamento (item A do mérito do recurso), a recorrente "gasta tintas" combatendo a falta de enfrentamento da documentação apresentada por ela ao fisco. Invoca fundamentos legais da constituição federal, do código tributário nacional, cita suposto erro de cálculo cometido pelo fisco, declara que somente são tributáveis os acréscimos patrimoniais, apresenta magistério de juristas renomados, tudo isso para pedir que os valores de recompra sejam excluídos da base de tributação. Na diligência solicitada por esta turma ordinária, o fisco não se manifestou sobre os documentos apresentados pela recorrente, veja abaixo, com destaque meu: (início da transcrição do relatório da fiscalização) Relativamente ao quesito 2, respondeu: QUESITO 2: Em resposta ao segundo quesito efetuado pela fiscalização, para apresentação de documentação hábil e idônea que comprova a recompra de títulos cambiais, escriturados na conta CLIENTES ZZA (1.2.1.01.001.01), identificando os títulos, seu emissor, o valor de face e de recompra e a data de aquisição e recompra, a contribuinte esclarece de antemão que é impossível apresentar toda a documentação solicitada no prazo estipulado, entretanto, estão sendo juntadas todas as operações de recompra realizadas nos meses de janeiro e fevereiro de 2009, no modalidade "recompras ocorridas na própria operação". Além dessas, estão sendo juntados documentos que comprovam grande parte das operações realizadas de março a dezembro de 2009, sob essa modalidade, por amostragem. Vale ressaltar que se trata de 112 lançamentos totalizando R$ 1.287.643,63. Fl. 8192DF CARF MF 22 Juntou os documentos que julgou suficientes no prazo com as dilações solicitadas. (término da transcrição do relatório da fiscalização) Pois bem. Independentemente de qualquer avocação de direito feita pela recorrente, entendo que se trata de uma questão probatória, uma vez que percebo, pela descrição da operação de factoring e securitização, que a recompra não pode fazer parte da receita a ser tributada. E, no caso da recompra, entendo que a recorrente fez prova de sua existência. Foram juntados alguns contratos que demonstram a obrigatoriedade de recompra dos títulos (e fls. 3.780), vários Borderôs que demonstram a concretização da recompra dos títulos por parte das cedentes (clientes da recorrente). Além disso, foram juntados os comprovantes bancários que demonstram que o pagamento foi efetuado ao cedente pelo valor líquido, incluindo na dedução do valor de face o valor da recompra. E mesmo que não tenha juntado todos os contratos, borderôs e comprovantes de recebimento, todos referentes às recompras, entendo possível estender a comprovação para todos os valores de recompra. Proponho isso: 1º) porque os documentos acostados comprovam que a operação se deu conforme alegado pela recorrente; e 2º) porque esta turma do CARF permitiu que se fosse feita amostragem para confirmar a operação, conforme se extrai da proposta contida na resolução nº 1401000.410, de 07/07/2016. Além do mais, acho pouco provável que a recorrente tenha criado várias rubricas para minimizar a tributação de suas receitas. Isto porque esta operação de factoring requer o dispêndio com despesas e custos para que o negócio seja concretizado. Pensar que somente a diferença entre o valor de face e o desembolso é a receita da operação, e, por conseguinte, é o próprio lucro da operação, é entender que a saída e ingresso de recursos é que ditam receitas e despesas de uma operação, o que não se pode aceitar. Cito, por exemplo, as operações de permuta de bens e o contacorrente entre cliente e fornecedor, que demonstram que a receita a ser tributada e o custo/despesa a serem deduzidos não representam necessariamente o ingresso e a saída de recursos. Por outro viés, há que se avaliar se o total da recompra pode ser abatido do valor da receita a ser tributada. Entendo que não! E digo isso justamente pelos mesmos motivos que me fizeram a considerar o que o deságio não representa a diferença entre o valor de face e o valor desembolsado. Ora, o valor pago pela recompra, conforme se depreende da análise dos contratos anexados ao processo, comporta o valor de face do título mais os encargos moratórios incidentes. Como exemplo, posso citar a venda e, posterior, recompra do título de crédito emitido em desfavor da empresa (sacado) Continental do Brasil Produtos Autom., que fora vendido (título) pela empresa Açopeças Ind Peças Aço Ltda (cedente) à recorrente. Fl. 8193DF CARF MF Processo nº 13971.722141/201374 Acórdão n.º 1401002.356 S1C4T1 Fl. 8.183 23 Na compra do título de crédito, a recorrente pagou pelo título o valor de R$ 14.272,83, sendo que o valor de face do título era R$ 14.925,76 (efl. 3.972). Em uma conta bem simplória, apurou um ganho a ser tributado de R$ 652,93. O valor da recompra (que ingressou no caixa da recorrente), no entanto, foi de R$ 15.274,03, que se refere ao somatório do valor de face do título (R$ 14.925,76) com os encargos incidentes sobre a mora (R$ 348,27) efl. 3.971. Ou seja, o ingresso de recursos no contacorrente da empresa de factoring (recorrente) é maior que o valor pago por aquele título (R$ 15.274,03 e R$ 14.272,83, respectivamente). Se na aquisição do título, a receita tributada não corresponde à diferença entre o valor de face e o valor desembolsado, na venda do título pela recorrente ao seu cliente/cedente do título, não pode ser considerado um valor acima daquele que corresponde ao valor de face do título. Desta forma, proponho reconhecer o direito da dedução da recompra dos títulos, mas limitado ao valor de face do título de crédito. Abatimentos voto vencedor Quanto aos abatimentos, a recorrente apresentou a seguinte resposta na diligência fiscal: Além disso, complementarmente, cumpre esclarecer em relação aos abatimentos (quesito 3) que elas ocorrem de duas formas (conforme o momento): 1) Abatimento concedido pelo cliente ao sacado já no momento do fechamento da operação, que estão sendo, nesse momento, citados, detalhados e comprovados com documentação hábil e idônea em resposta ao quesito 3; 2) Abatimento concedido pelo cliente ao sacado após o abatimento da operação. Essa situação ocorre quando após negociar o título, o cliente concede um abatimento ao sacado, comandando/determinando o ajustamento do valor devido pelo sacado do título, esse cliente passa a ser ele o responsável pelo pagamento deste valor que ele concedeu ao sacado de um título que ele havia negociado com a contribuinte. Esses valores, via de regra, eram controlados em "contacorrente" pela contribuinte para posterior cobrança isolada, ou juntamente com a próxima operação do cliente. Em relação a esse tipo de abatimento, a contribuinte está providenciando o levantamento dos dados, e estarão sendo apresentados em momento oportuno. Como subsídio complementar, a contribuinte junta anexo relatório de "Negócios Realizados" contemplando as operações que cotejam valor de face abatimento deságio = valor líquido, visto que esta é a efetiva movimentação da operação, sendo os demais campos indicativos apenas e tão somente da movimentação financeira de valores a serem abatidos. A fiscalização assim se manifestou sobre o quesito que tratava dos abatimentos, com destaque meu: (início da transcrição do relatório da fiscalização) Sobre o quesito 3, respondeu: Fl. 8194DF CARF MF 24 QUESITO 3: No quesito 3, é solicitada a apresentação de documentação hábil e idônea que comprove os valores de abatimento escriturados na conta CLIENTES ZZA (1.2.1.02.001.01). Em resposta, a contribuinte apresenta todos os documentos que comprovam os abatimentos vinculados a cada operação realizada durante o ano calendário de 2009 na modalidade de abatimento no fechamento da operação. Juntou documentos (término da transcrição do relatório da fiscalização) É de se perceber que a fiscalização não se manifestou sobre os documentos e esclarecimentos apresentados pela recorrente, ao contrário do que foi solicitado pela resolução desta turma ordinária. Entendo que tanto o fisco quanto o sujeito passivo devem apresentar, respectivamente, fundamentos concretos para a manutenção e exoneração de um crédito tributário. Da mesma forma que fundamentei neste voto, para a manutenção do lançamento fiscal, que a empresa não apresentou justificativa convincente para o atendimento de alguns de seus pedidos, percebo que o fisco não enfrentou a contento os esclarecimentos e documentos juntados pela recorrente ao processo, tornandose inerte e atribuindo, mesmo que tangencialmente, a este julgador o dever de analisar os documentos. Nos documentos anexados ao processo, por exemplo, constam os borderôs que indicam os abatimentos concedidos nos títulos de crédito. Desta forma, em razão da falta de manifestação por parte da fiscalização e tendo em vista a irrelevância do valor do abatimento em relação à base de cálculo deste auto de infração, proponho dar provimento ao recurso voluntário quanto a este ponto. Demais custos e despesas voto vencedor Quanto aos demais custos e despesas sobre os quais a recorrente indica que não devem fazer parte da receita operacional para fins de tributação (despesas bancárias, tributos e outros ajustes), concordo com o posicionamento da fiscalização e da DRJ de que não há prova contundente de suas ocorrências, mas tão somente planilhas que foram juntadas ao processo. Como exemplo, citese a planilha "Negócios Realizados", que somente corresponde a um indício da ocorrência de seus registros, mas que não pode ser referendada por não estar acompanhada de documentação comprobatória. Excepcionamse nesse caso os valores das recompras, que foram aceitas por este relator. Assim, proponho negar provimento quanto a este ponto. Duplicidade de Despesas voto vencedor Quanto à informação da fiscalização de que despesas foram apropriadas em duplicidade, entendo que isto não pode servir de guarida nem para manter o lançamento fiscal, Fl. 8195DF CARF MF Processo nº 13971.722141/201374 Acórdão n.º 1401002.356 S1C4T1 Fl. 8.184 25 tampouco para exonerálo: (i) a um, porque a fiscalização não provou com elementos concretos que houve efetivamente dedução em duplicidade; (ii) a dois, porque a recorrente alega que a duplicidade de despesas não poderia gerar tributação de receitas omitidas, mas sim glosa de despesas. Nesse (segundo) ponto, penso que a própria recorrente tenha causado tal celeuma, quando contabilizou em seu resultado contábil somente o resultado líquido da operação (receita) que, a seu ver, deveria ser tributada, esquecendose de que o lucro comporta o confronto de receitas, custos e despesas. Assim, alegar uma fundamentação (glosa de despesas) em detrimento de outra (omissão de receitas) resultaria em alegar a própria torpeza, o que deve ser afastado veementemente. Não obstante, entendo que esta suposta duplicidade não deve ser considerada como fundamento neste voto, pois, como visto, a parte mantida deste lançamento está fundamentada na falta de apresentação de documentos. Infração 0003 despesas financeiras não necessárias (Juros Passivos) Dispêndio em Obra voto vencedor Quanto à glosa de juros passivos, a recorrente apresentou as mesmas alegações da impugnação, repetindo ipsis litteris o teor da impugnação; contestando apenas as despesas que decorrem da obra situada na Av. Arno Carlos Gracher e o contrato de mútuo firmado com o sócio Edson Osimar Zambonnetti. Quanto à obra situada na Av. Arno Carlos Gracher, a DRJ manteve a autuação da glosa com base no seguinte fundamento: Assim, em hipótese alguma, a matrícula de construção apresentada à RFB, o alvará de construção emitido por Prefeitura Municipal, a anotação de Responsabilidade Técnica e o alvará sanitário de Vigilância Sanitária de Município, ainda que acompanhado de comprovante de pagamento de taxas, terão o condão de comprovar a propriedade de bem imóvel. Pelo contrário, da análise dos documentos de fls.3.665/3.672, (Anexo "I", com Matricula de Construção, Alvará de Construção, Anotação de Responsabilidade Técnica e Alvará Sanitário emitido pela Vigilância Sanitária), há de se concluir, tão somente, que a Interessada prestou serviços ligados a edificação e construção para terceiros. Entendo que a dedução fiscal dos juros independe da comprovação da propriedade do imóvel. A questão central, que me fez concluir pela possibilidade de tal dedução, reside na comprovação dos dispêndios com a referida obra. Em análise dos documentos apresentados pela recorrente, como registro da matrícula CEI (Cadastro Específico do INSS) nº 51.207.00316/77, Alvará de Construção nº 244/2010, ART (Anotação de Responsabilidade Técnia tendo como contratante, da recorrente, a empresa ZZA Factor e Fomento Mercantil Ltda e Alvará sanitário nº 671535, vêse ao mínimo que a recorrente foi responsável pela obra situada no endereço acima. Desta forma, demonstrada está a necessidade de obter recursos para a concretização da obra. Como tais recursos foram obtidos por meio de contratos de empréstimo, os juros daí decorrentes tornam Fl. 8196DF CARF MF 26 se necessários para o início e conclusão da obra, pois sem levantar tais recursos provavelmente a recorrente não conseguiria executar a obra. E isso independe de ter a referida obra sido feita em terreno de terceiros. Isto não invalida o direito da recorrente de deduzir a despesa para fins fiscais. Pelo contrário, a despesa neste caso é necessária à atividade da empresa e, sendo assim, impende considerála dedutível. Desta forma, proponho dar provimento quanto às despesas de juros decorrentes das obras/benfeitorias praticadas no imóvel situado na Av. Arno Carlos Gracher. Repasse ao sócio Edson Osimar Zambonetti voto vencedor Quanto aos valores glosados da despesa de juros referentes à proporção dos valor que foram repassados ao sócio Edson Osimar Zambonetti, por meio de mútuo, a recorrente alegou o seguinte: além disto, valores contabilizados na conta contábil "1.2.1.03.009.01 Créditos EOZ", conta esta que se prestou para o registro de valores devidos pelo sócio/acionista, Sr. Edson Osimar Zambonetti, referente a contrato de mútuo que foram considerados nos cálculos, ainda que por critérios/motivos desconhecidos alguns lançamentos da conta foram omitidos e outros que não são da conta foram considerados. A recorrente faz alegações sem apresentar nada de novo no recurso voluntário. Como visto, o repasse ao sócio da recorrente, por meio de contrato de mútuo, revelou a intenção da recorrente em beneficiar seu sócio, por receber recursos da empresa, e em beneficiar a si própria, pois deduziu no resultado fiscal as despesas de juros contratados com terceiros. Além disso, o argumento da recorrente de que o pagamento de despesas do referido sócio havia sido tributado pela receita federal como omissão de receitas, não impede o lançamento fiscal de glosa constante neste processo, uma vez que se trata de pessoas distintas e que a natureza da despesa ou receita atribuída a uma das pessoas da relação contratual não desnatura a natureza da receita ou despesa atribuída à outra pessoa, razão pela qual proponho manter o lançamento fiscal de glosa de despesas financeiras. Atividade de Factoring x Securitização Apenas como observação, a alteração da atividade de factoring para atividade de securitização não traz nenhum prejuízo ao lançamento fiscal. Somente seria objeto de discussão se a recorrente tivesse alterado sua forma de tributação do IRPJ e da CSLL, de lucro real para, por exemplo, lucro presumido, em razão da permissão para as atividades de securitização de se enquadrar em outra forma de apuração do IRPJ e a CSLL diversa do lucro real, o que não é permitido às atividades de factoring, que devem ser tributadas pelo lucro real. CSLL voto vencedor Fl. 8197DF CARF MF Processo nº 13971.722141/201374 Acórdão n.º 1401002.356 S1C4T1 Fl. 8.185 27 Não havendo questionamento específico em relação à CSLL, mas, pelo contrário, com a confirmação no corpo do recurso voluntário de que há aplicação reflexa da CSLL em relação à decisão emanada para o IRPJ, proponho manter a tributação da CSLL, nos mesmos moldes daquela aplicada ao IRPJ. Infração 0008 Multa Isolada Inaplicabilidade após o encerramento do exercício fiscal voto vencido A recorrente pede pela inexigibilidade da multa isolada após o encerramento do exercício fiscal. Apesar de vencido na turma em que sou julgador, entendo que, após a alteração dispositiva promovida pela Lei nº 11.488/2007 na redação do art. 44 da Lei 9.430/1996, as multas de ofício e isolada podem ser aplicadas concomitantemente, pois têm fundamentos distintos. Veja a redação legal: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) a) na forma do art. 8º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) Há que distinguir as duas infrações: uma, trata da falta de cumprimento de obrigação de recolher, até o mês subsequente à apuração mensal (com base em estimativa pura ou monitorada1); e a outra trata da punição decorrente de inexatidão de base de cálculo do IRPJ e da CSLL, resultantes de procedimento de fiscalização. Outro ponto de relevo é que a falta de recolhimento de estimativa gera a aplicação de multa isolada, cabível tão somente pelo fato aqui destacado falta de recolhimento ou recolhimento a menor, e é aplicada mesmo que ao final do exercício não haja 1 Entendese por estimativa pura o cálculo do IRPJ e da CSLL com base na receita bruta do período, ajustada pelas adições e exclusões permitidas por lei. Já a estimativa monitorada resulta do cálculo do IRPJ e da CSLL com base em balanço ou balancete de suspensão ou redução do resultado fiscal. Fl. 8198DF CARF MF 28 imposto a pagar. Ou seja, há uma nítida dissociação com a necessidade de verificação de tributo a recolher. Já a multa de ofício, por sua vez, necessita da verificação de declaração inexata e do tributo a recolher. Por todo o exposto, entendo cabível a aplicação de ambas as multas, pelo que proponho negar provimento ao recurso voluntário quanto a este ponto. Em julgamento no CARF, fui vencido quanto a este ponto, ocasião em que foi designada a Conselheira Livia De Carli Germano para redigir o voto vencedor. Violação a Princípios Constitucionais voto vencedor Quanto à alegação de violação à capacidade contributiva, ao não confisco (multa confiscatória), ao devido processo legal, ao princípio da proporcionalidade e da razoabilidade, enfim, entendo que este tribunal não é competente para se manifestar sobre regras constitucionais, devendo apenas cumprir o que determina a lei. É o que se depreende da Súmula CARF nº 2: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Conclusão Diante do exposto, voto por AFASTAR as arguições de nulidade, NEGAR provimento ao pedido de diligência, e, no mérito, voto por DAR PARCIAL provimento ao recurso voluntário para aceitar a dedução da recompra, pelo seu valor de face, dos abatimentos e dos juros passivos decorrentes dos valores aplicados no imóvel situado na Av. Arno Carlos Gracher. (assinado digitalmente) Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa Voto Vencedor Conselheira Livia De Carli Germano Redatora Designada Fui designada para redigir o voto vencedor e respectiva ementa exclusivamente com relação à multa isolada. A Recorrente sustenta a impossibilidade de aplicação de multa isolada de 50% por falta de antecipação das estimativas mensais de IRPJ e CSLL. Fl. 8199DF CARF MF Processo nº 13971.722141/201374 Acórdão n.º 1401002.356 S1C4T1 Fl. 8.186 29 Ressalto que, sendo o caso de lançamento relativo ao anocalendário de 2009, entendo não aplicável a Súmula CARF n. 105, uma vez que esta trata da redação da Lei 9.430/1996 na redação anterior à Lei 11.488/2007, e a multa isolada foi lançada com base no artigo 44, II, "b", da Lei 9.430/1997, com redação dada pela Lei 11.488/2007. Súmula CARF nº 105: A multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício. A questão da multa em razão de falta ou insuficiência de pagamento das estimativas mensais não está pacificada neste CARF. Dos inúmeros julgados a respeito do tema extraemse, pelo menos, três correntes de entendimento. Em um extremo está a corrente que defende que, mesmo após a Lei 11.488/2007, uma vez encerrado o anocalendário não mais cabe aplicar a multa isolada por falta ou insuficiência de estimativas, pois essas ficam absorvidas pelo tributo incidente sobre o resultado anual. Por outro lado, há os que entendem que a imposição da multa independe do resultado apurado no encerramento do exercício financeiro, devendo ser aplicada sempre sobre o valor da estimativa não recolhida. Em uma posição intermediária está a corrente adotada pelo presente voto, há muito sustentada pelo Conselheiro Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, desta Turma. Segundo este entendimento, a multa isolada pelo descumprimento do dever de recolhimentos antecipados deve ser aplicada sobre o total que deixou de ser recolhido, ainda que a apuração definitiva após o encerramento do exercício redunde em montante menor; não obstante, pelo princípio da absorção ou consunção, não deve ser aplicada penalidade pela violação do dever de antecipar, na exata medida em que houver aplicação de sanção sobre o dever de recolher em definitivo, já que esta penalidade absorve aquela até o montante em que suas bases se identificarem. É a máxima do direito punitivo que, para uma mesma conduta devese aplicar uma só punição. A título ilustrativo reproduzo trecho do acórdão 120100.235, de 7 de abril de 2010, da lavra do ilustre Conselheiro: As regras sancionatórias são em múltiplos aspectos totalmente diferentes das normas de imposição tributária, a começar pela circunstância essencial de que o antecedente das primeiras é composto por uma conduta antijurídica, ao passo que das segundas se trata de conduta lícita. Dessarte, em múltiplas facetas o regime das sanções pelo descumprimento de obrigações tributárias mais se aproxima do penal que do tributário. Pois bem, a Doutrina do Direito Penal afirma que, dentre as funções da pena, há a PREVENÇÃO GERAL e a PREVENÇÃO ESPECIAL. Fl. 8200DF CARF MF 30 A primeira é dirigida à sociedade como um todo. Diante da prescrição da norma punitiva, inibese o comportamento da coletividade de cometer o ato infracional. Já a segunda é dirigida especificamente ao infrator para que ele não mais cometa o delito. É, por isso, que a revogação de penas implica a sua retroatividade, ao contrário do que ocorre com tributos. Uma vez que uma conduta não mais é tipificada como delitiva, não faz mais sentido aplicar pena se ela deixa de cumprir as funções preventivas. Essa discussão se torna mais complexa no caso de descumprimento de deveres provisórios ou excepcionais. Hector Villegas, (em Direito Penal Tributário. São Paulo, Resenha Tributária, EDUC, 1994), por exemplo, nos noticia o intenso debate da Doutrina Argentina acerca da aplicação da retroatividade benigna às leis temporárias e excepcionais. No direito brasileiro, porém, essa discussão passa ao largo há muitas décadas, em razão de expressa disposição em nosso Código Penal, no caso, o art. 3°: Art. 3o A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplicase ao fato praticado durante sua vigência. O legislador penal impediu expressamente a retroatividade benigna nesses casos, pois, do contrário, estariam comprometidas as funções de prevenção. Explico e exemplifico. Como é previsível a cessação da vigência de leis extraordinárias e certo, em relação às temporárias, a exclusão da punição implicaria a perda de eficácia de suas determinações, uma vez que todos teriam a garantia prévia de, em breve, deixarem de ser punidos. É o caso de uma lei que impõe a punição pelo descumprimento de tabelamento temporário de preços. Se após o período de tabelamento, aqueles que o descumpriram não fossem punidos e eles tivessem a garantia prévia disso, por que então cumprir a lei no período em que estava vigente? Ora, essa situação já regrada pela nossa codificação penal é absolutamente análoga à questão ora sob exame, pois, apesar de a regra que estabelece o dever de antecipar não ser temporária, cada dever individualmente considerado é provisório e diverso do dever de recolhimento definitivo que se caracterizará no ano seguinte. Nada obstante, também entendo que as duas sanções (a decorrente do descumprimento do dever de antecipar e a do dever de pagar em definitivo) não devam ser aplicadas conjuntamente pelas mesmas razões de me valer, por terem a mesma função, dos institutos do Direito Penal. Nesta seara mais desenvolvida da Dogmática Jurídica, aplicase o Princípio da Consunção. Na lição de Oscar Stevenson, "pelo princípio da consunção ou absorção, a norma definidora de um crime, cuja execução atravessa fases em si representativas desta, bem como de outras que Fl. 8201DF CARF MF Processo nº 13971.722141/201374 Acórdão n.º 1401002.356 S1C4T1 Fl. 8.187 31 incriminem fatos anteriores e posteriores do agente, efetuados pelo mesmo fim prático". Para Delmanto, "a norma incriminadora de fato que é meio necessário, fase normal de preparação ou execução, ou conduta anterior ou posterior de outro crime, é excluída pela norma deste". Como exemplo, os crimes de dano, absorvem os de perigo. De igual sorte, o crime de estelionato absorve o de falso. Nada obstante, se o crime de estelionato não chega a ser executado, punese o falso. É o que ocorre em relação às sanções decorrentes do descumprimento de antecipação e de pagamento definitivo. Uma omissão de receita, que enseja o descumprimento de pagar definitivamente, também acarreta a violação do dever de antecipar. Assim, punese com multa proporcional. Todavia, se há uma mera omissão do dever de antecipar, mas não do de pagar, punese a não antecipação com multa isolada. Assim, consideramos imperioso verificar se houve, em relação aos fatos que ensejaram a autuação de multas isoladas, também a imposição de multa proporcional e em que medida. O valor tributável é o mesmo (R$ 15.470.000,00). Isso, contudo, não implica necessariamente numa perfeita coincidência delitiva, pois pode ocorrer também que uma omissão de receita resulte num delito quantitativamente mais intenso. Foi o que ocorreu. Em razão de prejuízos posteriores ao mês do fato gerador, o impacto da omissão sobre a tributação anual foi menor que o sofrido na antecipação mensal. Desse modo, a absorção deve é apenas parcial. Conforme o demonstrativo de fls. 21, a omissão resultou numa base tributável anual do IR no valor de R$ 5.076.300,39, mas numa base estimada de R$ 8.902.754,18. Assim, deve ser mantida a multa isolada relativa à estimativa de imposto de renda que deixou de ser recolhida sobre R$ 3.826.453,79 (R$ 8.902.754,18 R$ 5.076.300,39), parcela essa que não foi absorvida pelo delito de não recolhimento definitivo, sobre o qual foi aplicada a multa proporcional. Faz toda a diferença considerar que estamos tratando de direito sancionatório e, nesta seara, não se pode admitir que se trate como independentes penas aplicadas sobre uma infração conteúdo (provisório) e sobre uma infração continente (e efetiva). Em outros termos: não há dúvida de que estamos tratando de multas relacionadas a um mesmo fato gerador de tributo (isto é, IRPJ/CSLL devidos em 31 de dezembro do anocalendário), de maneira que, mesmo que se queira dizer que não se trata da mesma infração (conduta), impõese considerar que o bem jurídico maior é o tributo efetivamente devido, do que é conteúdo provisório ou iter preparatório o bem jurídico representado pelo dever de adiantar estimativas de "algo" (e não "algo efetivo"). Desse modo, se por um lado é preciso dar sentido à norma que prevê a aplicação da multa pelo não recolhimento de estimativas mesmo em caso de apuração de prejuízo fiscal ou base negativa (redação do art. 44 da Lei 9.430/1996 dada pela Lei 11.488/2007), por outro mantémse a premissa de que não se pode penalizar mais a infração conteúdo que a infraçãocontinente. Fl. 8202DF CARF MF 32 Assim, no caso em questão, as multas isoladas devem ser canceladas na exata medida em que as suas bases sejam menores que as bases tributáveis anuais utilizadas para fins de aplicação das multas de ofício de IRPJ e CSLL. (assinado digitalmente) Livia De Carli Germano Fl. 8203DF CARF MF
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