Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (28,899)
- Segunda Câmara (27,777)
- Primeira Câmara (25,077)
- Segunda Turma Ordinária d (16,594)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,671)
- Primeira Turma Ordinária (15,251)
- Segunda Turma Ordinária d (15,173)
- Primeira Turma Ordinária (15,154)
- Primeira Turma Ordinária (15,001)
- Segunda Turma Ordinária d (13,782)
- Primeira Turma Ordinária (12,673)
- Primeira Turma Ordinária (11,721)
- Segunda Turma Ordinária d (11,695)
- Quarta Câmara (11,510)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (11,138)
- Quarta Câmara (81,380)
- Terceira Câmara (63,185)
- Segunda Câmara (50,669)
- Primeira Câmara (16,202)
- 3ª SEÇÃO (15,671)
- 2ª SEÇÃO (11,138)
- 1ª SEÇÃO (6,624)
- Pleno (786)
- Sexta Câmara (302)
- Sétima Câmara (172)
- Quinta Câmara (133)
- Oitava Câmara (123)
- Terceira Seção De Julgame (114,979)
- Segunda Seção de Julgamen (108,014)
- Primeira Seção de Julgame (70,951)
- Primeiro Conselho de Cont (49,037)
- Segundo Conselho de Contr (48,602)
- Câmara Superior de Recurs (37,027)
- Terceiro Conselho de Cont (25,920)
- IPI- processos NT - ressa (4,985)
- Outros imposto e contrib (4,458)
- PIS - ação fiscal (todas) (4,037)
- IRPF- auto de infração el (3,972)
- PIS - proc. que não vers (3,957)
- IRPJ - AF - lucro real (e (3,943)
- Cofins - ação fiscal (tod (3,829)
- Simples- proc. que não ve (3,681)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (3,040)
- IPI- processos NT- créd.p (2,235)
- IRPF- ação fiscal - omis. (2,215)
- Cofins- proc. que não ver (2,098)
- IRPJ - restituição e comp (2,087)
- Finsocial -proc. que não (1,996)
- IRPF- restituição - rendi (1,990)
- Não Informado (56,831)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (4,955)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,442)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (4,269)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,256)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,270)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (3,219)
- HELCIO LAFETA REIS (3,172)
- ROSALDO TREVISAN (3,165)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,146)
- Não se aplica (2,782)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,594)
- HONORIO ALBUQUERQUE DE BR (2,474)
- WILDERSON BOTTO (2,439)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,330)
- 2020 (41,074)
- 2021 (35,801)
- 2019 (30,944)
- 2018 (26,036)
- 2024 (25,832)
- 2012 (23,620)
- 2023 (22,452)
- 2014 (22,372)
- 2013 (21,085)
- 2011 (20,979)
- 2010 (18,056)
- 2008 (17,072)
- 2017 (16,838)
- 2009 (15,828)
- 2006 (15,269)
- 2009 (69,607)
- 2020 (39,854)
- 2021 (34,153)
- 2019 (30,464)
- 2023 (25,918)
- 2024 (23,874)
- 2014 (23,412)
- 2018 (23,139)
- 2013 (16,584)
- 2017 (16,398)
- 2008 (15,518)
- 2006 (14,849)
- 2022 (13,226)
- 2007 (13,013)
- 2005 (12,075)
Numero do processo: 19515.004363/2010-22
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 18 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Tue Jan 29 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2006
ALIMENTAÇÃO FORNECIDA PELO EMPREGADOR. INCIDÊNCIA E ISENÇÃO COM REQUISITOS NO INTERESSE DA SAÚDE DO TRABALHADOR. ACATAMENTO DE PARECER DA PGFN EM HOMENAGEM AO PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA.
A alimentação fornecida pelo empregador tem natureza salarial e está no campo da incidência da contribuição previdenciária, mas goza de isenção segundo o requisito legal. O requisito de inscrição no Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) atende à proporcionalidade, pois objetiva proteger a saúde do trabalhador e não representa óbice excessivamente gravoso para a empresa. Sem obediência a tal requisito legal não haveria como reconhecer o direito à isenção. Porém, considerando a existência do Parecer PGFN 2.117/2011 associado aos efeitos do art. 19 da Lei 10.522/2002, concluímos, em homenagem ao princípio da eficiência e para evitar a edição de ato administrativo sem finalidade, que não pode prevalecer a inclusão do benefício na base de cálculo da contribuição apenas motivada pela inexistência de inscrição no PAT.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2301-003.150
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado I) Por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, devido a se tratar de auxílio alimentação sem inscrição no Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), nos termos do voto do(a) Relator(a). Sustentação oral: Luiz Felipe de Alencar Melo Minidouro. OAB: 292.531/SP.
(assinado digitalmente)
Marcelo Oliveira - Presidente.
(assinado digitalmente)
Mauro José Silva - Relator.
Participaram do presente julgamento a Conselheira Bernadete de Oliveira Barros, bem como os Conselheiros Leonardo Henrique Pires Lopes, Damião Cordeiro de Moraes, Adriano González Silvério, Mauro José Silva e Marcelo Oliveira.
Nome do relator: MAURO JOSE SILVA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201210
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2006 ALIMENTAÇÃO FORNECIDA PELO EMPREGADOR. INCIDÊNCIA E ISENÇÃO COM REQUISITOS NO INTERESSE DA SAÚDE DO TRABALHADOR. ACATAMENTO DE PARECER DA PGFN EM HOMENAGEM AO PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA. A alimentação fornecida pelo empregador tem natureza salarial e está no campo da incidência da contribuição previdenciária, mas goza de isenção segundo o requisito legal. O requisito de inscrição no Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) atende à proporcionalidade, pois objetiva proteger a saúde do trabalhador e não representa óbice excessivamente gravoso para a empresa. Sem obediência a tal requisito legal não haveria como reconhecer o direito à isenção. Porém, considerando a existência do Parecer PGFN 2.117/2011 associado aos efeitos do art. 19 da Lei 10.522/2002, concluímos, em homenagem ao princípio da eficiência e para evitar a edição de ato administrativo sem finalidade, que não pode prevalecer a inclusão do benefício na base de cálculo da contribuição apenas motivada pela inexistência de inscrição no PAT. Recurso Voluntário Provido.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Jan 29 00:00:00 UTC 2013
numero_processo_s : 19515.004363/2010-22
anomes_publicacao_s : 201301
conteudo_id_s : 5183061
dt_registro_atualizacao_tdt : Sat Feb 02 00:00:00 UTC 2013
numero_decisao_s : 2301-003.150
nome_arquivo_s : Decisao_19515004363201022.PDF
ano_publicacao_s : 2013
nome_relator_s : MAURO JOSE SILVA
nome_arquivo_pdf_s : 19515004363201022_5183061.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado I) Por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, devido a se tratar de auxílio alimentação sem inscrição no Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), nos termos do voto do(a) Relator(a). Sustentação oral: Luiz Felipe de Alencar Melo Minidouro. OAB: 292.531/SP. (assinado digitalmente) Marcelo Oliveira - Presidente. (assinado digitalmente) Mauro José Silva - Relator. Participaram do presente julgamento a Conselheira Bernadete de Oliveira Barros, bem como os Conselheiros Leonardo Henrique Pires Lopes, Damião Cordeiro de Moraes, Adriano González Silvério, Mauro José Silva e Marcelo Oliveira.
dt_sessao_tdt : Thu Oct 18 00:00:00 UTC 2012
id : 4463562
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 08:56:13 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041217615298560
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2292; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C3T1 Fl. 119 1 118 S2C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19515.004363/201022 Recurso nº 999.999 Voluntário Acórdão nº 2301003.150 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 18 de outubro de 2012 Matéria CONT. DE TERCEIROS ALIMENTAÇÃO SEM PAT Recorrente ACUMENT SISTEMAS DE FIXAÇÃO S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2006 ALIMENTAÇÃO FORNECIDA PELO EMPREGADOR. INCIDÊNCIA E ISENÇÃO COM REQUISITOS NO INTERESSE DA SAÚDE DO TRABALHADOR. ACATAMENTO DE PARECER DA PGFN EM HOMENAGEM AO PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA. A alimentação fornecida pelo empregador tem natureza salarial e está no campo da incidência da contribuição previdenciária, mas goza de isenção segundo o requisito legal. O requisito de inscrição no Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) atende à proporcionalidade, pois objetiva proteger a saúde do trabalhador e não representa óbice excessivamente gravoso para a empresa. Sem obediência a tal requisito legal não haveria como reconhecer o direito à isenção. Porém, considerando a existência do Parecer PGFN 2.117/2011 associado aos efeitos do art. 19 da Lei 10.522/2002, concluímos, em homenagem ao princípio da eficiência e para evitar a edição de ato administrativo sem finalidade, que não pode prevalecer a inclusão do benefício na base de cálculo da contribuição apenas motivada pela inexistência de inscrição no PAT. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado I) Por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, devido a se tratar de auxílio alimentação sem inscrição no Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), nos termos do voto do(a) Relator(a). Sustentação oral: Luiz Felipe de Alencar Melo Minidouro. OAB: 292.531/SP. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 43 63 /2 01 0- 22 Fl. 122DF CARF MF Impresso em 29/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/12/2012 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 18/01/2013 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/12/2012 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 19515.004363/201022 Acórdão n.º 2301003.150 S2C3T1 Fl. 120 2 (assinado digitalmente) Marcelo Oliveira Presidente. (assinado digitalmente) Mauro José Silva Relator. Participaram do presente julgamento a Conselheira Bernadete de Oliveira Barros, bem como os Conselheiros Leonardo Henrique Pires Lopes, Damião Cordeiro de Moraes, Adriano González Silvério, Mauro José Silva e Marcelo Oliveira. Fl. 123DF CARF MF Impresso em 29/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/12/2012 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 18/01/2013 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/12/2012 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 19515.004363/201022 Acórdão n.º 2301003.150 S2C3T1 Fl. 121 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra decisão de primeira instância que julgou improcedente a impugnação apresentada pela(o) interessada(o). O processo teve início com o Auto de Infração (AI) nº 37.308.8876, lavrado em 06/12/2010, que constituiu crédito tributário relativo a contribuições de terceiros, incidentes sobre auxílio alimentação fornecido sem inscrição no Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), no período de 01/2006 a 12/2006, tendo resultado na constituição do crédito tributário de R$ 154.553,84, fls. 01. Após tomar ciência pessoal da autuação em 10/12/2010, fls. 01, a recorrente apresentou impugnação, fls. 33/53, na qual apresentou argumentos similares aos constantes do recurso voluntário. A 11ª Turma da DRJ/São Paulo I, no Acórdão de fls. 71/90, julgou a impugnação improcedente, tendo a recorrente sido cientificada do decisório em 03/02/2012, fls. 97. O recurso voluntário, apresentado em 27/02/2012, fls. 98/115, apresentou argumentos conforme a seguir resumimos. Sustenta que a questão da necessidade de inscrição no PAT para garantir o direito à isenção foi objeto do Ato Declaratório da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN) 03/2011, o que levaria à nulidade da autuação. Entende que o arbitramento foi aplicado sem obediência aos ditames legais. Tal medida extrema estaria, no presente caso, em ofensa ao art. 142 do CTN. Reclama da excessividade da multa e requer a aplicação da multa mais benéfica. Solicita a exclusão dos diretores como coresponsáveis por entender que não foram atendidos os requisitos dos arts. 134 e 135 do CTN. É o relatório. Fl. 124DF CARF MF Impresso em 29/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/12/2012 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 18/01/2013 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/12/2012 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 19515.004363/201022 Acórdão n.º 2301003.150 S2C3T1 Fl. 122 4 Voto Conselheiro Mauro José Silva Reconhecemos a tempestividade do recurso apresentado e dele tomamos conhecimento. Passamos a apresentar nossa análise sobre cada um dos pontos abordados no Recurso Voluntário que sejam relevantes para o deslinde do presente, bem como sobre as eventuais questões de ordem pública identificadas no caso. Auxílio alimentação. Necessidade de inscrição no PAT. Alinhamento com Parecer PGFN. Princípio da eficiência. Conforme previsto no caput do art. 458 da CLT, a alimentação fornecida ao trabalhador está compreendida no conceito de salário. Apesar do dispositivo legal suscitar poucas dúvidas, temos que acrescentar que o Tribunal Superior do Trabalho (TST) já editou a Súmula 241 sobre o assunto, in verbis: Súmula Nº 241 do TST SALÁRIOUTILIDADE. ALIMENTAÇÃO O vale para refeição, fornecido por força do contrato de trabalho, tem caráter salarial, integrando a remuneração do empregado, para todos os efeitos legais. Estando compreendida no conceito de salário, é verba que está no campo de incidência da contribuição previdenciária. No entanto, quis o legislador, no art. 28, §9º, alínea “c” instituir uma isenção para a alimentação concedida in natura, ou seja, para a alimentação fornecida pela própria empresa. Como requisito para o gozo da isenção, foi estabelecido que a parcela in natura seja “recebida de acordo com os programas de alimentação aprovados pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, nos termos da Lei nº 6.321, de 14 de abril de 1976”. A referida Lei, em seu art. 3º, traz texto similar à Lei 8.212/91, conforme segue: Art 3º Não se inclui como salário de contribuição a parcela paga in natura , pela empresa, nos programas de alimentação aprovados pelo Ministério do Trabalho. Fl. 125DF CARF MF Impresso em 29/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/12/2012 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 18/01/2013 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/12/2012 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 19515.004363/201022 Acórdão n.º 2301003.150 S2C3T1 Fl. 123 5 Vêse, pois, que a exigência de que a alimentação fornecida in natura esteja de acordo com programa de alimentação aprovado pelo Ministério do trabalho tem dupla previsão legal. Tal constatação, por si só, já seria suficiente para afastarmos qualquer possibilidade de afastarmos, na aplicação da lei, a exigência de tal requisito para o reconhecimento da isenção. No entanto, a título argumentativo, compulsamos a legislação do Ministério do Trabalho que trata do assunto para verificarmos quais as exigências do referido programa, de modo a concluirmos se seriam exigências que atendem ao princípio da proporcionalidade. No art 1º da Portaria 03/2002 há a previsão de que o Programa de Alimentação do Trabalhador “tem por objetivo a melhoria da situação nutricional dos trabalhadores, visando a promover sua saúde e prevenir as doenças profissionais.”. Notase, portanto, que a regulamentação do PAT traz em si uma preocupação com o bem estar dos trabalhadores. Nesse sentido, o art 5º da mesma Portaria estabelece critérios para garantir que o trabalhador receba uma alimentação saudável, com respeito aos alimentos regionais e ao significado socioeconômico e cultural dos vários alimentos. Prossegue a norma infralegal com preocupações sobre os macronutrientes que devem estar contidos em cada uma das refeições do dia. Quanto às formalidades necessárias para adesão ao PAT, não vislumbramos serem demasiadamente excessivas de modo a, consideradas as finalidades de interesse público do PAT, ferirem a proporcionalidade. A necessidade de obediência ao PAT, portanto, é uma exigência legal para o benefício da isenção que tem objetivo proteger o trabalhador, evitando que o empregador forneça alimentação inadequada para sua saúde e bem estar, e que foi regulada atendendo ao princípio da proporcionalidade. Desconsiderar a adesão ao PAT, além de afrontar o texto legal, é operar em desfavor do trabalhador na medida em que implicaria afastar norma que tenta preservar sua saúde. A par disso, não ignoramos que o STJ tem jurisprudência que afasta a incidência da contribuição previdenciária sobre a alimentação in natura, estando ou não a empresa vinculada ao PAT. No entanto, ao analisarmos os vários Acórdãos nesse sentido, observamos, mais uma vez, um encadeamento de referências a precedentes que acabam por tomar como leading case o RESP 85.306DF de 1996 com a seguinte ementa: CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. ALIMENTAÇÃO FORNECIDA POR EMPRESA.PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO AO TRABALHADOR (PAT). NATUREZA NÃO SALARIAL. REEXAME DE PROVAS. IMPOSSIBILIDADE PELA VIA ELEITA DO ESPECIAL. I AFIGURASE ESCORREITO O V. ACÓRDÃO VERGASTADO AO DECIDIR QUE A ALIMENTAÇÃO PAGA, ESTEJA O EMPREGADOR INSCRITO OU NÃO NO PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO DO TRABALHADOR (PAT), NÃO E SALÁRIO "IN NATURA", NÃO E SALÁRIO UTILIDADE, POR ISSO QUE NÃO PODE, NUM OU NOUTRO CASO, HAVER INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. ADEMAIS, NÃO E O RECURSO ESPECIAL O MEIO HABIL PARA REEXAMINAR PROVAS. II RECURSO NÃO CONHECIDO. Fl. 126DF CARF MF Impresso em 29/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/12/2012 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 18/01/2013 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/12/2012 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 19515.004363/201022 Acórdão n.º 2301003.150 S2C3T1 Fl. 124 6 Indo além da ementa, o voto condutor do leading case assumiu as conclusões do Parecer do Ministério Público Federal que fez considerações sobre a alimentação fornecida de maneira não gratuita aos funcionários de uma empresa. Ora, é fora de dúvidas que se o trabalhador paga pela alimentação que recebe, não podemos cogitar que isso seja salário. Não sendo salário, não seria mesmo necessário cogitar da inscrição ou não no PAT, pois não faz parte do campo de incidência da contribuição previdenciária. Mas veja que o leading case, tantas vezes repetido no STJ, tratava de uma situação específica de alimentação paga pelo trabalhador e não pela empresa em benefício do trabalhador. Apesar disso, a partir de tal Acórdão foram se multiplicando os Acórdãos que tomavam tal decisum como precedente para, em situação diversa, não exigir o registro no PAT em casos de alimentação in natura fornecidas gratuitamente ao trabalhador. Escapando da reiterada confusão, o RESP 476.194 fez uma clara distinção da situação para a qual não se exige o PAT: REsp 476194 / PR TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. EMPREGADOR NÃO INSCRITO NO PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO AO TRABALHADOR. FORNECIMENTO DE REFEIÇÕES DECORRENTE DE CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO. NÃO INCIDÊNCIA. TAXA SELIC. 1. Empresa não cadastrada no Programa de Alimentação ao Trabalhador não faz jus aos benefícios fiscais previstos na Lei 6.321/76, que exclui o custo da alimentação fornecida pelo empregador da parcela incorporada ao salário para fins de contribuição previdenciária. 2. Fornecida a alimentação pelo empregador não inscrito no PAT e havendo desconto do salário do empregado que a usufrui, para cobrir custos dos alimentos auferidos, não se caracteriza como salário in natura, e, por isso, como salário de contribuição para a receita da seguridade. Por outro lado, não sendo integral o pagamento da refeição, fica caracterizada como parcela salarial a diferença do que foi pago, integrando este excedente a base de cálculo da contribuição previdenciária. 3. É pacífico na jurisprudência da Corte o entendimento segundo o qual é legítima a incidência, tanto na cobrança de dívida fiscal,quanto na repetição de indébito tributário, da Taxa SELIC. 4. Recurso especial a que se nega provimento. Lamentavelmente, o Acórdão acima não prevaleceu, tendo sido objeto de Embargos de divergência que acabaram por retomar o conteúdo da jurisprudência reiterada que não exige a inscrição no PAT. De nossa parte, com a devida vênia, assinalamos que a repetida jurisprudência do STJ que dispensa a vinculação ao PAT em qualquer caso está amparada em premissa específica que não permitiria sua aplicação genérica como vem sendo feita. Assim, nossa posição é, seguindo a expressa determinação legal, no sentido de exigir a inscrição no PAT como requisito para desfrutar da isenção em relação à alimentação in natura. Fl. 127DF CARF MF Impresso em 29/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/12/2012 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 18/01/2013 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/12/2012 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 19515.004363/201022 Acórdão n.º 2301003.150 S2C3T1 Fl. 125 7 A posição acima registrada diz respeito ao mérito da discussão sem considerar os efeitos do art. 19 da Lei 10.522/2002 e o princípio da eficiência. A respeito da incidência da contribuição previdenciária sobre o seguro em vida em grupo temos que considerar o teor do Parecer PGFN/CRJ/Nº 2.117/2011, aprovado pelo Ministro da Fazenda em Despacho de 24/11/2011, que concluiu pela dispensa de apresentação de contestação, de interposição de recursos e pela desistência dos já interpostos, desde que inexista outro fundamento relevante, com relação às ações judiciais que visem obter a declaração de que sobre o pagamento in natura do auxílioalimentação não há incidência de contribuição previdenciária. Diante da existência do Parecer PGFN aprovado pelo Ministro da Fazenda, ocorrerão os efeitos do art. 19 da Lei 10.522/2002, in verbis: Art. 19. Fica a ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional autorizada a não contestar, a não interpor recurso ou a desistir do que tenha sido interposto, desde que inexista outro fundamento relevante, na hipótese de a decisão versar sobre: (Redação dada pela Lei nº 11.033, de 2004) I matérias de que trata o art. 18; II matérias que, em virtude de jurisprudência pacífica do Supremo Tribunal Federal, ou do Superior Tribunal de Justiça, sejam objeto de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, aprovado pelo Ministro de Estado da Fazenda. § 1o Nas matérias de que trata este artigo, o Procurador da Fazenda Nacional que atuar no feito deverá, expressamente, reconhecer a procedência do pedido, quando citado para apresentar resposta, hipótese em que não haverá condenação em honorários, ou manifestar o seu desinteresse em recorrer, quando intimado da decisão judicial. (Redação dada pela Lei nº 11.033, de 2004) § 2o A sentença, ocorrendo a hipótese do § 1o, não se subordinará ao duplo grau de jurisdição obrigatório. § 3o Encontrandose o processo no Tribunal, poderá o relator da remessa negarlhe seguimento, desde que, intimado o Procurador da Fazenda Nacional, haja manifestação de desinteresse. § 4o A Secretaria da Receita Federal não constituirá os créditos tributários relativos às matérias de que trata o inciso II do caput deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 11.033, de 2004) § 5o Na hipótese de créditos tributários já constituídos, a autoridade lançadora deverá rever de ofício o lançamento, para efeito de alterar total ou parcialmente o crédito tributário, conforme o caso. (Redação dada pela Lei nº 11.033, de 2004) Fl. 128DF CARF MF Impresso em 29/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/12/2012 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 18/01/2013 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/12/2012 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 19515.004363/201022 Acórdão n.º 2301003.150 S2C3T1 Fl. 126 8 Do dispositivo acima transcrito, extraímos a conclusão de que a Secretaria da Receita Federal do Brasil irá rever de ofício o lançamento que tratar de matérias objeto de parecer da PGFN aprovado pelo Ministro. Ou seja, ainda que o CARF decida pela manutenção do lançamento nesse aspecto, o crédito tributário não prevalecerá para inscrição em dívida ativa. Se insistirmos em expressar nossa posição de mérito em Acórdão do Colegiado, tal ato administrativo restará desprovido de finalidade e em dissonância com o princípio da eficiência. Portanto, mesmo não concordando com as conclusões do referido Parecer PGFN, adotaremo las para evitarmos a emissão de um ato administrativo (Acórdão) sem finalidade e em homenagem ao princípio da eficiência. Assim, votamos por excluir da base de cálculo os valores do auxílio alimentação pago in natura. Por todo o exposto, voto no sentido de CONHECER e DAR PROVIMENTO ao RECURSO VOLUNTÁRIO. (assinado digitalmente) Mauro José Silva Relator Fl. 129DF CARF MF Impresso em 29/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/12/2012 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 18/01/2013 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/12/2012 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 19515.004363/201022 Acórdão n.º 2301003.150 S2C3T1 Fl. 127 9 Fl. 130DF CARF MF Impresso em 29/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/12/2012 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 18/01/2013 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/12/2012 por MAURO JOSE SILVA
score : 1.0
Numero do processo: 10921.000838/2008-21
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 25 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Wed Feb 20 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 18/10/2004
DENÚNCIA ESPONTÂNEA. ART. 138 DO CTN. NÃO APLICABILIDADE ÀS OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS.
A denúncia espontânea prevista no art. 138 do CTN não se aplica às obrigações acessórias, onde a multa regulamentar atinge não apenas o seu descumprimento, mas também o cumprimento com atraso de entrega de declarações ou fornecimento de informações ao Fisco.
Numero da decisão: 3401-001.962
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator.
Júlio César Alves Ramos Presidente
Emanuel Carlos Dantas de Assis - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Emanuel Carlos Dantas de Assis, Jean Cleuter Simões Mendonça, Odassi Guerzoni Filho, Ângela Sartori, Fernando Marques Cleto Duarte e Júlio César Alves Ramos.
Nome do relator: EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201209
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 18/10/2004 DENÚNCIA ESPONTÂNEA. ART. 138 DO CTN. NÃO APLICABILIDADE ÀS OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS. A denúncia espontânea prevista no art. 138 do CTN não se aplica às obrigações acessórias, onde a multa regulamentar atinge não apenas o seu descumprimento, mas também o cumprimento com atraso de entrega de declarações ou fornecimento de informações ao Fisco.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Feb 20 00:00:00 UTC 2013
numero_processo_s : 10921.000838/2008-21
anomes_publicacao_s : 201302
conteudo_id_s : 5186383
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Feb 21 00:00:00 UTC 2013
numero_decisao_s : 3401-001.962
nome_arquivo_s : Decisao_10921000838200821.PDF
ano_publicacao_s : 2013
nome_relator_s : EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS
nome_arquivo_pdf_s : 10921000838200821_5186383.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. Júlio César Alves Ramos Presidente Emanuel Carlos Dantas de Assis - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Emanuel Carlos Dantas de Assis, Jean Cleuter Simões Mendonça, Odassi Guerzoni Filho, Ângela Sartori, Fernando Marques Cleto Duarte e Júlio César Alves Ramos.
dt_sessao_tdt : Tue Sep 25 00:00:00 UTC 2012
id : 4492113
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 08:56:27 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041217653047296
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1946; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T1 Fl. 76 1 75 S3C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10921.000838/200821 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3401001.962 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 25 de setembro de 2012 Matéria MULTA REGULAMENTAR. NÃO PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES SOBRE CARGA TRANSPORTADA. Recorrente ALLFREIGHT LOGÍSTICA E TRANSPORTE INTERNACIONAL LTDA Recorrida DRJ FLORIANÓPOLISSC ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 18/10/2004 EMBARQUE MARÍTIMO. ATRASO NAS INFORMAÇÕES SOBRE A CARGA. MULTA REGULAMENTAR. Apurado que as informações sobre o embarque foram registradas com atraso no Siscomex, aplicase ao transportador a multa prevista no art. 107, IV, “e” do DecretoLei nº 37/1966, com a redação dada pelo art. 77 da Lei nº 10.833/2003. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 18/10/2004 DENÚNCIA ESPONTÂNEA. ART. 138 DO CTN. NÃO APLICABILIDADE ÀS OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS. A denúncia espontânea prevista no art. 138 do CTN não se aplica às obrigações acessórias, onde a multa regulamentar atinge não apenas o seu descumprimento, mas também o cumprimento com atraso de entrega de declarações ou fornecimento de informações ao Fisco. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. Júlio César Alves Ramos – Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 1. 00 08 38 /2 00 8- 21 Fl. 76DF CARF MF Impresso em 21/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 02/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 12/01/2013 por JULIO CESAR A LVES RAMOS Processo nº 10921.000838/200821 Acórdão n.º 3401001.962 S3C4T1 Fl. 77 2 Emanuel Carlos Dantas de Assis Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Emanuel Carlos Dantas de Assis, Jean Cleuter Simões Mendonça, Odassi Guerzoni Filho, Ângela Sartori, Fernando Marques Cleto Duarte e Júlio César Alves Ramos. Relatório Tratase de auto de infração por descumprimento de obrigação acessória, por meio do qual foi constituído o crédito tributário no valor de R$ 5.000,00, relativo à multa regulamentar por informações registradas com atraso no Siscomex, sobre cargas transportadas. Por bem resumir o que consta dos autos até então, reproduzo o relatório da DRJ: Depreendese da leitura da descrição dos fatos (fl. 04 e 05) e dos demais documentos constantes dos autos, que a interessada deixou de registrar os dados de embarque de mercadorias despachadas através da Declaração de Exportação (DE) n° 2041116320/5 no SISCOMEX, na forma e prazo estabelecidos, conforme o disposto no art. 37 da IN SRF n° 28/94 com redação dada pela IN SRF n° 510/2005. Conforme demonstrado nos documentos juntados aos autos, telas de consulta do Siscomex (fls. 09 e 10), as mercadorias foram embarcadas, mas os "dados de embarque" no Siscomex foram registrados após o prazo legal de 7 dias para tal registro, implicando na infração citada no artigo 44 da IN SRF n° 28/94. Entendendo estar caracterizada a prestação de informação fora do prazo estabelecido pela Receita Federal, a autoridade fiscal aplicou a multa de R$ 5.000,00 por embarque, pelo descumprimento do prazo na informação dos dados de embarque no Siscomex em 1 embarque de navio. Regularmente cientificada (fls. 11), a interessada apresentou impugnação de folhas 13 a 17, que em síntese apresenta os seguintes argumentos: Que, a peticionária não cometeu a infração de não prestar informação sobre veículo ou carga, ou sobre operações que executar. O principal objetivo social é o agenciamento de cargas, que emite conhecimentos de transporte do tipo BL's house (filhotes). Não é o transportador Docenave que emitiu o BL master, pois não é a proprietária do veículo de transporte objeto da presente lide, tampouco é representante legal do transportador. Que a sua posição é de mera compradora de espaço físico nos veículos de cargas e por tanto, não pode ser considerada responsável; Fl. 77DF CARF MF Impresso em 21/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 02/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 12/01/2013 por JULIO CESAR A LVES RAMOS Processo nº 10921.000838/200821 Acórdão n.º 3401001.962 S3C4T1 Fl. 78 3 Que, ocorre ofensa aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade. Requer seja reconhecida a insubsistência e improcedência do auto de infração, com o cancelamento do débito fiscal reclamado. Requer ainda que seja reduzida a sanção pecuniária em atenção ao princípio da razoabilidade. A 1ª Turma da DRJ manteve a autuação, nos termos do Acórdão de fls. 39/44. No Recurso Voluntário, tempestivo, a contribuinte insiste na preliminar de ilegitimidade passiva e, no mérito, no reconhecimento de ausência de embaraço à atividade de fiscalização aduaneira e da denúncia espontânea ou, em caso contrário, na redução da multa aplicada, em atenção aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade. É o relatório, elaborado a partir do processo digitalizado. Voto O Recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos do Processo Administrativo Fiscal, pelo que dele conheço. Diante da peça recursal, que repete as alegações da Impugnação e não traz elementos novos a refutar o lançamento ou o acórdão recorrido, este não deve ser reformado, mantendose a autuação. Não se sustenta a preliminar de ilegitimidade passiva, apoiada nas afirmações de que a empresa autuada “não é e nunca foi representante de qualquer empresa transportadora e sua atividade limitavase em comprar e vender espaços nos veículos dos transportadores”, e de que a obrigação tributária é da empresa Navegação Vale do Rio Doce S/A, pois era a representante do transportador do Brasil e, inclusive conforme nota fiscal de serviços nº 000794 (Doc. 1), recebeu pelos serviços de liberação do B/L” (fls. 59 e 60). Como se vê pelo documento juntado pela fiscalização à fl. 10, a própria autuada informou ao sistema Siscomex Exportação que era, sim, transportadora. Nas informações desse sistema (“CONSULTA DADOS DE EMBARQUE”) constam, no campo CNPJ/CPF TRANSPORTADOR, o CNPJ da autuada e o seu nome. Ainda que a Recorrente não possua veículos de transporte próprios, o seu contrato informa o seguinte, no Artigo 3º, “f” e “g” (fl. 19): Artigo 3º) A sociedade tem como objeto social a prestação de serviços de: (...) f) Transporte rodoviário de cargas nacionais e internacionais, em veículos próprios ou de terceiros; Fl. 78DF CARF MF Impresso em 21/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 02/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 12/01/2013 por JULIO CESAR A LVES RAMOS Processo nº 10921.000838/200821 Acórdão n.º 3401001.962 S3C4T1 Fl. 79 4 g) Transporte internacional ou multimodal porta a porta na exportação e na importação, no país e no exterior, por via marítima, rodoviária, ferroviária, fluvial e lacustre; As informações fornecidas no sistema Siscomex, em consonância com o objeto social da empresa, são contrárias à afirmação de que a Recorrente não seria transportadora, sendo que nenhum documento foi apresentado em sentido contrário. Além do mais, ainda que tenha atuado como representante de transportador estrangeiro, cabe a autuação. Neste sentido interpretou a DRJ, considerando o seguinte: Em análise dos extratos emitidos de "Consulta Dados de Embarque" (fls. 10) e conhecimento de carga (fls. 26), verifica se que a autuada consta como transportadora, fazendo as vezes da função de transportador, informando no Siscomex os dados relativos à mercadoria exportada. Assim, como se percebe, não procede a alegação de que haveria erro na sujeição passiva da autuação. Os documentos acostados aos autos claramente indicam que a interessada atuava como representante do transportador estrangeiro, executando diretamente a tarefa de apor no sistema Siscomex os "dados de embarque". Assim, o responsável no País do transportador estrangeiro, como é o caso da impugnante, é inclusive expressamente designado responsável solidário pelo pagamento do imposto de importação nos casos em que se opera a transferência de responsabilidade pelo pagamento desse imposto, nos termos do inciso II do parágrafo único do art. 32 do DecretoLei n.° 37, de 1966, com redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 1988. Da mesma forma, a responsabilidade de quem representa o transportador, desincumbindose do cumprimento das obrigações acessórias que lhe são próprias, é expressa nos termos do inciso I do art. 95 do mesmo diploma legal, já que respondem pela infração, conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para a sua prática. ‘Art. 32. É responsável pelo imposto: I o transportador, quando transportar mercadoria procedente do exterior ou sob controle aduaneiro, inclusive em percurso interno; II o depositário, assim considerada qualquer pessoa incumbida da custódia de mercadoria sob controle aduaneiro. Parágrafo único. E responsável solidário: a) o adquirente ou cessionário de mercadoria beneficiada com isenção ou redução do imposto; b) o representante, no País, do transportador estrangeiro. (...) Fl. 79DF CARF MF Impresso em 21/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 02/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 12/01/2013 por JULIO CESAR A LVES RAMOS Processo nº 10921.000838/200821 Acórdão n.º 3401001.962 S3C4T1 Fl. 80 5 Art. 95. Respondem pela infração: II conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática, ou dela se beneficie; Quanto à Nota Fiscal de Serviços anexada à peça recursal (fl. 70), emitida pela DOCENAVE Navegação Vale do Rio Doce para a autuada pela prestação de serviços de liberação de B/L, não infirma a condição de transportadora da Recorrente. Destarte, rejeito a argüição de ilegitimidade passiva. Sendo certo que as informações foram prestadas com atraso, cuido agora da denúncia espontânea estatuída no art. 138 do CTN, que não se aplica às obrigações tributárias acessórias. Como a multa regulamentar decorre exatamente do atraso na prestação das informações – nisto consiste a obrigação acessória em questão , é ilógico cogitar da denúncia espontânea para excluir a penalidade. No sentido de que a denúncia espontânea não se aplica às obrigações acessórias, a jurisprudência uníssona do STJ, do qual colaciono os acórdãos abaixo, o mais antigo da Primeira Seção: TRIBUTÁRIO. MULTA MORATÓRIA. ART. 138 DO CTN. ENTREGA EM ATRASO DA DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS. 1. A denúncia espontânea não tem o condão de afastar a multa decorrente do atraso na entrega da declaração de rendimentos, uma vez que os efeitos do artigo 138 do CTN não se estendem às obrigações acessórias autônomas. Precedentes. 2. Agravo regimental não provido. (AgRg no AREsp 11340 / SC AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL2011/01079325, Relator Ministro CASTRO MEIRA, unânime, SEGUNDA TURMA, julgamento em 13/09/2011, Dje de 27/09/2011. PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. CTN, ART. 138. PAGAMENTO INTEGRAL DO DÉBITO FORA DO PRAZO. IMPOSSIBILIDADE DE EXCLUSÃO DA MULTA MORATÓRIA. 1. É cediço que "não resta caracterizada a denúncia espontânea, com a conseqüente exclusão da multa moratória, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação declarados pelo contribuinte e recolhidos fora do prazo de vencimento." (RESP 624.772/DF) 2. A configuração da denúncia espontânea, como consagrada no art. 138 do CTN não tem a elasticidade pretendida, deixando sem punição as infrações administrativas pelo atraso no cumprimento das obrigações fiscais. A extemporaneidade no pagamento do tributo é considerada como sendo o descumprimento, no prazo fixado pela norma, de uma atividade fiscal exigida do contribuinte. É regra de conduta formal que não se confunde com o nãopagamento do tributo, nem com as multas decorrentes por tal procedimento. Fl. 80DF CARF MF Impresso em 21/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 02/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 12/01/2013 por JULIO CESAR A LVES RAMOS Processo nº 10921.000838/200821 Acórdão n.º 3401001.962 S3C4T1 Fl. 81 6 3. As responsabilidades acessórias autônomas, sem qualquer vínculo direto com a existência do fato gerador do tributo, não estão alcançadas pelo art. 138 do CTN. Precedentes. 4. Não há denúncia espontânea quando o crédito tributário em favor da Fazenda Pública encontrase devidamente constituído por autolançamento e é pago após o vencimento. (EDAG 568.515/MG) 5. Agravo Regimental desprovido. (AgRg nos EREsp 639107/RS AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA NO RECURSO ESPECIAL2005/00180559, Relator Ministro LUIZ FUX, unânime, PRIMEIRA SEÇÃO, julgamento em 14/12/2005, DJ 13/02/2006 p. 657). Na mesma linha, mais uma vez a corroborar a interpretação ora adotada, a Súmula CARF nº 49, de 2010, com o seguinte enunciado: “A denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração.” Esta Súmula, embora específica para a obrigação acessória consistente na entrega de declaração, contempla verbete que poderia ter sido estendido a todas as obrigações acessórias, dentre as quais a prestação das informações debatidas neste processo. A penalidade imposta foi estabelecida pelo art. 77 da Lei nº 10.833/2003, ao modificar a redação do art. 107 do DecretoLei no 37/1966, que passou a ser a seguinte: Art. 107. Aplicamse ainda as seguintes multas: (...) IV de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): (...) e) por deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada à empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de serviços de transporte internacional expresso portaaporta, ou ao agente de carga; A obrigação acessória prestar informações de embarque no Siscomex encontrase estabelecida no art. 37 do DecretoLei nº 37/1966, com a redação também modificada pelo art. 77 da Lei nº 10.833/2003: Art. 37. O transportador deve prestar à Secretaria da Receita Federal, na forma e no prazo por ela estabelecidos, as informações sobre as cargas transportadas, bem como sobre a chegada de veículo procedente do exterior ou a ele destinado.(Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) § 1o O agente de carga, assim considerada qualquer pessoa que, em nome do importador ou do exportador, contrate o transporte de mercadoria, consolide ou desconsolide cargas e preste serviços conexos, e o operador portuário, também devem prestar Fl. 81DF CARF MF Impresso em 21/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 02/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 12/01/2013 por JULIO CESAR A LVES RAMOS Processo nº 10921.000838/200821 Acórdão n.º 3401001.962 S3C4T1 Fl. 82 7 as informações sobre as operações que executem e respectivas cargas.(Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) § 2o Não poderá ser efetuada qualquer operação de carga ou descarga, em embarcações, enquanto não forem prestadas as informações referidas neste artigo.(Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) § 3o A Secretaria da Receita Federal fica dispensada de participar da visita a embarcações prevista no art. 32 da Lei no5.025, de 10 de junho de 1966.(Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) § 4o A autoridade aduaneira poderá proceder às buscas em veículos necessárias para prevenir e reprimir a ocorrência de infração à legislação, inclusive em momento anterior à prestação das informações referidas no caput.(Renumerado do Parágrafo único com nova pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) Cuidando do prazo previsto no art. 37 do DecretoLei nº 37/1966, acima transcrito, a Instrução Normativa SRF n° 28/94 estipulou (negritos acrescentados): Art. 37. Imediatamente após realizado o embarque da mercadoria, o transportador registrará os dados pertinentes, no SISCOMEX, com base nos documentos por ele emitidos. Parágrafo único. Na hipótese de embarque de mercadoria em viagem internacional, por via rodoviária, fluvial ou lacustre, o registro de dados do embarque, no SISCOMEX, será de responsabilidade do exportador ou do transportador, e deverá ser realizado antes da apresentação da mercadoria e dos documentos à unidade da SRF de despacho. Art. 37. O transportador deverá registrar, no Siscomex, os dados pertinentes ao embarque da mercadoria, com base nos documentos por ele emitidos, no prazo de dois dias, contado da data da realização do embarque. (Redação dada pela IN 510, de 2005) § 1º Na hipótese de embarque de mercadoria em viagem internacional, por via rodoviária, fluvial ou lacustre, o registro de dados do embarque, no Siscomex, será de responsabilidade do exportador ou do transportador, e deverá ser realizado antes da apresentação da mercadoria e dos documentos na unidade da SRF de despacho. § 2º Na hipótese de embarque marítimo, o transportador terá o prazo de sete dias para o registro no sistema dos dados mencionados no caput deste artigo. Art. 37. O transportador deverá registrar, no Siscomex, os dados pertinentes ao embarque da mercadoria, com base nos documentos por ele emitidos, no prazo de 7 (sete) dias, contados da data da realização do embarque. (Redação dada Fl. 82DF CARF MF Impresso em 21/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 02/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 12/01/2013 por JULIO CESAR A LVES RAMOS Processo nº 10921.000838/200821 Acórdão n.º 3401001.962 S3C4T1 Fl. 83 8 pela Instrução Normativa RFB nº 1.096, de 13 de dezembro de 2010) § 1º Na hipótese de embarque de mercadoria em viagem internacional, por via rodoviária, ferroviária, fluvial ou lacustre, o registro de dados do embarque, no Siscomex, será de responsabilidade do exportador ou do transportador, e deverá ser realizado antes da apresentação da mercadoria e dos documentos na unidade da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) de despacho. (Redação dada pela Instrução Normativa RFB nº 1.096, de 13 de dezembro de 2010) § 2º Na hipótese de o registro da declaração para despacho aduaneiro de exportação ser efetuado depois do embarque da mercadoria ou de sua saída do território nacional, nos termos do art. 52, o prazo a que se refere o caput será contado da data do registro da declaração. (Redação dada pela Instrução Normativa RFB nº 1.096, de 13 de dezembro de 2010) § 3º Os dados de embarque da mercadoria poderão ser informados pela fiscalização aduaneira nas hipóteses estabelecidas em ato da CoordenaçãoGeral de Administração Aduaneira (Coana).(Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.096, de 13 de dezembro de 2010) Mesmo antes da IN SRF nº 510, de 14/02/2005, que estabeleceu o prazo de sete dias na hipótese destes autos, de embarque marítimo, o termo “imediatamente” posto no caput do art. 37 da IN SRF 28/94, vigente na época do fato gerador deste processo, já era tido pela administração tributária como equivalente à referida quantidade de dias. Como dá conta a DRJ, a notícia SISCOMEX n° 0105, de 27/07/1994, inicialmente entendeu que “imediatamente” correspondia a “em até 24 horas da data do efetivo embarque”, prazo estendido depois, segundo a notícia SISCOMEX n° 002, de 07/01/2005, para sete dias. De todo modo, levandose em conta o prazo máximo de sete dias as informações foram registradas com atraso. Examinandose os extratos de "Consulta Histórico Despacho" e "Consulta Dados de Embarque" (fls. 9 e 10), constatase que as mercadorias exportadas ao amparo do Conhecimento Marítimo (BL) n° 229002779083S, emitido em 09/10/2004 (fls. 26), tiveram seus dados de embarque registrados somente em 18/10/2004. Daí a manutenção da multa aplicada. Ao contrário da Recorrente, não vejo, no valor de R$ 5.000,00, qualquer ofensa à razoabilidade ou proporcionalidade. Como informado no Auto de Infração, esse valor é aplicado por cada viagem do veiculo transportador em que o registro de dados do embarque tenha se dado fora do prazo, independentemente da quantidade de Declarações de Despacho de Exportação (DDE). Pelo exposto, nego provimento ao Recurso. Emanuel Carlos Dantas de Assis Fl. 83DF CARF MF Impresso em 21/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 02/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 12/01/2013 por JULIO CESAR A LVES RAMOS Processo nº 10921.000838/200821 Acórdão n.º 3401001.962 S3C4T1 Fl. 84 9 Fl. 84DF CARF MF Impresso em 21/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 02/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 12/01/2013 por JULIO CESAR A LVES RAMOS
score : 1.0
Numero do processo: 16327.903228/2008-76
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 26 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Wed Dec 12 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Assunto: Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários - IOF
Data do Fato Gerador: 18/09/2002
COMPENSAÇÃO DE PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. EXIGÊNCIA DE CRÉDITO LIQUÍDO E CERTO.
O crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior somente pode ser objeto de indébito tributário, quando comprovado a sua certeza e liquidez.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3102-001.636
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencido o Conselheiro Álvaro Arthur Lopes de Almeida Filho. O Conselheiro Elias Fernandes Eufrásio votou pelas conclusões. Ausente a Conselheira Nanci Gama.
Luis Marcelo Guerra de Castro - Presidente.
Winderley Morais Pereira - Relator.
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Luis Marcelo Guerra de Castro, Ricardo Paulo Rosa, Álvaro Arthur Lopes de Almeida Filho, Winderley Morais Pereira, Elias Fernandes Eufrásio e Nanci Gama.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201209
camara_s : Primeira Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários - IOF Data do Fato Gerador: 18/09/2002 COMPENSAÇÃO DE PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. EXIGÊNCIA DE CRÉDITO LIQUÍDO E CERTO. O crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior somente pode ser objeto de indébito tributário, quando comprovado a sua certeza e liquidez. Recurso Voluntário Negado
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Dec 12 00:00:00 UTC 2012
numero_processo_s : 16327.903228/2008-76
anomes_publicacao_s : 201212
conteudo_id_s : 5177592
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Dec 17 00:00:00 UTC 2012
numero_decisao_s : 3102-001.636
nome_arquivo_s : Decisao_16327903228200876.PDF
ano_publicacao_s : 2012
nome_relator_s : WINDERLEY MORAIS PEREIRA
nome_arquivo_pdf_s : 16327903228200876_5177592.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencido o Conselheiro Álvaro Arthur Lopes de Almeida Filho. O Conselheiro Elias Fernandes Eufrásio votou pelas conclusões. Ausente a Conselheira Nanci Gama. Luis Marcelo Guerra de Castro - Presidente. Winderley Morais Pereira - Relator. Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Luis Marcelo Guerra de Castro, Ricardo Paulo Rosa, Álvaro Arthur Lopes de Almeida Filho, Winderley Morais Pereira, Elias Fernandes Eufrásio e Nanci Gama.
dt_sessao_tdt : Wed Sep 26 00:00:00 UTC 2012
id : 4418587
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 08:55:28 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041217668775936
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1768; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C1T2 Fl. 385 1 384 S3C1T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16327.903228/200876 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3102001.636 – 1ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 26 de setembro de 2012 Matéria IOF Recorrente BANCO CITIBANK Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGUROS OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS IOF Data do Fato Gerador: 18/09/2002 COMPENSAÇÃO DE PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. EXIGÊNCIA DE CRÉDITO LIQUÍDO E CERTO. O crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior somente pode ser objeto de indébito tributário, quando comprovado a sua certeza e liquidez. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencido o Conselheiro Álvaro Arthur Lopes de Almeida Filho. O Conselheiro Elias Fernandes Eufrásio votou pelas conclusões. Ausente a Conselheira Nanci Gama. Luis Marcelo Guerra de Castro Presidente. Winderley Morais Pereira Relator. Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Luis Marcelo Guerra de Castro, Ricardo Paulo Rosa, Álvaro Arthur Lopes de Almeida Filho, Winderley Morais Pereira, Elias Fernandes Eufrásio e Nanci Gama. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 90 32 28 /2 00 8- 76 Fl. 385DF CARF MF Impresso em 14/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/11/2012 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 12/12/ 2012 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 13/11/2012 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA 2 Relatório Trata o presente processo de pedido de compensação de créditos de pagamento a maior do Imposto Sobre Operações Financeiras – IOF. Em auditoria eletrônica, o pedido de compensação não foi homologado em razão dos créditos informados estarem integralmente alocados a débitos da Recorrente, conforme declarado em DCTF, não restando créditos a serem utilizados. Inconformada, a Recorrente impugnou o despacho, alegando que os créditos teriam origem em valores recolhidos indevidamente do IOF. Para justificar o recolhimento a maior, apresentou os seguintes esclarecimentos: “A Requerente, Instituição Financeira, efetuou operações de crédito (empréstimo) com diversos clientes (pessoas jurídicas). Para tais operações, o art. 7°, I, "b", 1. do Decreto n°4.494/02 previu a incidência do IOF: "Art. 7° A base de cálculo e respectiva alíquota reduzida do I0F são (Lei n° 8.894, de 1994, art. 1°, parágrafo único, e Lei n° 5.172, de 1966, art. 64, inciso I): I na operação de empréstimo, sob qualquer modalidade, inclusive abertura de crédito: (...) b) quando ficar definido o valor do principal a ser utilizado pelo mutuário, a base de cálculo é o principal entregue ou colocado à sua disposição, ou quando previsto mais de um pagamento, o valor do principal de cada uma das parcelas: 1. Mutuário pessoa jurídica: 0,0041% ao dia;” 0 mesmo Decreto, no art. 7°, § 1º, limitou a incidência do IOF sobre as operações de crédito financiamento ao "valor resultante da aplicação da alíquota diária a cada valor de principal, prevista para a operação, multiplicada por trezentos e sessenta e cinco dias" (365 dias x 0,0041%). Tal limitação ocorre, inclusive, quando há prorrogação da operação de crédito. É o que diz o § 7° do art. 7° do Decreto n° 4.494/02: § 7° Na prorrogação, renovação, novação, composição, consolidação, confissão de divida e negócios assemelhados, de operação de crédito em que lido haja substituição de devedor, a base de cálculo do IOF será o valor não liquidado da operação anteriormente tributada, sendo essa tributação considerada complementar a anteriormente feita, aplicandose a alíquota em vigor à época da operação inicial. Fl. 386DF CARF MF Impresso em 14/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/11/2012 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 12/12/ 2012 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 13/11/2012 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA Processo nº 16327.903228/200876 Acórdão n.º 3102001.636 S3C1T2 Fl. 386 3 Conclusão: nas operações de credito (empréstimos) efetuadas pela Requerente com seus clientes, o IOF devido é aquele relativo ao valor objeto do empréstimo a alíquota diária de 0,0041% (limitada a 365 dias).” Detalhado o funcionamento dos contratos de mútuo, a empresa alega que o recolhimento a maior ocorreu por erro de sistema, que considerou novamente o IOF em cada prorrogação do prazo das operações com as empresas AON Affinity do Brasil e General Mills, dessa forma não limitou o cálculo do IOF à alíquota máxima de 0,0041% x 365 dias. Informa ainda na impugnação, que por ser mera responsável pela retenção do IOF, apurou os pagamentos efetuados a maior e providenciou a devolução dos valores indevidamente retidos aos clientes, acrescidos de juros. Demonstrado dessa forma que a empresa assumiu o encargo financeiro, resta comprovado o direito a restituição do IOF. Ao apreciar a impugnação a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campinas/SP analisou todas as alegações e a documentação apresentada, concluindo pelo provimento parcial da impugnação. A homologação parcial do pedido de restituição/compensação foi assim justificada no voto da decisão da autoridade a quo: “Por seu turno, a comprovação da existência dos empréstimos envolvendo a empresa AON Affinity do Brasil ressentese da ausência dos contratos que comprovem a contratação e a renovação dos empréstimos alegados. A ausência desse elemento probatório compromete a força dos demais, uma vez que, sem os contratos de empréstimo, ficam sem comprovação da sua própria efetividade, assim como a renovação que seria o motivo da existência do crédito. Sem a comprovação de que houve um empréstimo e de quais foram suas condições, os extratos e os documentos que seriam relativos a devolução feita ao cliente, perdem a coerência e, com isso, a força probatória e o necessário elo com a reivindicação de crédito. Nesse contexto, o que se extrai dos documentos trazidos aos autos é que existiram débitos de IOF nas contas correntes dos clientes, sem que haja qualquer vinculo com as operações de empréstimo que teriam originado o crédito reivindicado. 0 acatamento das razões da interessada requer, como já se disse, a congruência e comprovação de todos os aspectos das operações para que as alegações da existência do indébito tributário sejam aceitas. No caso a operação ressentese da comprovação de elemento crucial, a própria materialização d empréstimo. Sendo assim, o conjunto probatório reunido pela interessada é inepto para provar que parte do crédito que sustentaria a compensação declarada decorre de excesso na aplicação da alíquota legalmente definida para as operações de crédito e suas renovações..” Fl. 387DF CARF MF Impresso em 14/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/11/2012 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 12/12/ 2012 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 13/11/2012 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA 4 A decisão da DRJ foi assim ementada: “ASSUNTO: Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ou Relativas a Títulos ou Valores Mobiliários IOF Dara do fato gerador:19/03/2003 OPERAÇÕES DE CRÉDITO. ALÍQUOTA. LIMITE DE INCIDÊNCIA. EXTRAPOLAÇÃO. CRÉDITO. O valor do imposto recolhido sobre operações de crédito que exceder àquele correspondente ao resultante da aplicação da alíquota máxima legalmente estabelecida é considerado como pagamento a maior e passível de restituição/compensação. DIREITO CREDITÓRIO. PROVA. O reconhecimento do direito creditório pleiteado requer a prova de sua existência e montante, sem o que não pode ser restituído ou utilizado em compensação. Faltando ao conjunto probatório carreado aos autos pela interessada elemento que permita a verificação da existência de pagamento indevido ou a maior frente à legislação tributária, o direito creditório não pode ser admitido. COMPENSAÇÃO. RESPONSÁVEL. TRIBUTO RETIDO. CONDIÇÕES. A compensação de tributo por quem realizou a retenção na condição de responsável tributário depende da comprovação da assunção do encargo financeiro. Comprovada nos autos a devolução aos clientes do imposto cobrado a maior, considera se cumprida a condição legal. Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte” Cientificada da decisão, a empresa apresentou recurso voluntário, repisando as alegações apresentadas na impugnação, reafirmando o direito ao crédito. No Recurso, discorre sobre o contrato de mutuo e que a sua prova não necessita de forma escrita, podendo ser feita por outros meios e no caso de mutuo bancário, basta provar a ocorrência do crédito dos valores na conta corrente. As alegações sobre a efetividade da operação com base na documentação apresentada, foram assim detalhadas pela Recorrente: “Pois bem, no caso em tela, o Recorrente celebrou, em 12.03.2001 e 10.09.2001, contratos de mútuo com a empresa AON Affinity do Brasil, nos valores de R$ 1.084.900,00 e R$ 7.065.100,00, conforme claramente demonstrado nas planilhas e Fl. 388DF CARF MF Impresso em 14/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/11/2012 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 12/12/ 2012 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 13/11/2012 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA Processo nº 16327.903228/200876 Acórdão n.º 3102001.636 S3C1T2 Fl. 387 5 nos extratos de contacorrente bancária apresentados com a Manifestação de Inconformidade, os quais se anexa novamente (doc. 03 e 04). Notese, por relevante, que as referidas planilhas encontramse rubricadas pela empresa mutuária. Por sua vez, os débitos do 10F na contacorrente da empresa mutuária se encontram individualizados nas planilhas e com a devida correspondência nos aludidos extratos, que demonstram sua efetividade..” Ao analisar o Recurso, a Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara resolveu determinar a baixa dos autos em diligência para que a Unidade Preparadora intimasse a Recorrente à apresentar os contratos de mutuo com a empresa AON affinity. Atendendo a intimação realizada pela Unidade de Origem, a Recorrente apresentou cópias de contratos de mutuo realizados com a empresa AON affinity. Os autos retornaram ao CARF para prosseguimento. É o Relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator. O recurso é voluntário e tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, merecendo, por isto, ser conhecido. A teor do relatado o cerne da lide é a discussão sobre as provas apresentadas para comprovação do indébito tributário. A autoridade considerou que parte dos créditos foram comprovados por meio da documentação apresentada, restando não comprovado as operações referentes à empresa AON Affinity. A lide da questão merece uma abordagem objetiva em relação aos documentos constantes dos autos. A autoridade a quo entendeu ser necessário para comprovação do contrato de mútuo da Recorrente com a empresa AON Affinity o contrato de mutuo e suas renovações. Os documentos constantes dos autos trazidos pela Recorrente para comprovar as operações com a empresa AON Affinity não trouxeram os contratos de mutuo e as respectivas renovação, conforme descrito no julgamento da primeira instância. Fl. 389DF CARF MF Impresso em 14/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/11/2012 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 12/12/ 2012 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 13/11/2012 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA 6 Para melhor enfrentar a questão, vejamos o enunciado do artigo 170, do Código Tributário Nacional – CTN, que ao disciplinar o instituto da compensação, exige certeza e liquidez dos créditos alegados. “Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Parágrafo único. Sendo vincendo o crédito do sujeito passivo, a lei determinará, para os efeitos deste artigo, a apuração do seu montante, não podendo, porém, cominar redução maior que a correspondente ao juro de 1% (um por cento) ao mês pelo tempo a decorrer entre a data da compensação e a do vencimento.” A exigência de liquidez e certeza dos créditos sempre foi condição sine qua non, para a compensação. Autorizar a compensação com créditos pendentes de certeza e liquidez é inaplicável. A autoridade a quo de forma diligente analisou toda a documentação traga pela Recorrente e decidiu pela homologação parcial do pedido de compensação. Para o restante, a não homologação ocorreu por entender estar ausente documentação essencial para comprovação do pagamento a maior do IOF. O fato que estamos discutindo na presente lide é se foram apresentadas provas e se estas são suficientes para a comprovação das alegações constantes do Recurso. Diante deste fato, resolveu a Terceira Turma da Quarta Câmara baixar os autos em diligência para unidade preparadora intime a recorrente a apresentar os contratos de mutuo com a empresa AON Affinity que poderiam suprir a necessidade de comprovação documental. Realizada a diligência, foram trazidas cópias de contrato de mutuo realizados entre a Recorrente e a empresa AOF affinity. O contrato apresentado detalha um contrato de abertura de crédito, firmado em 22 de abril de 1999. com um valor principal de R$ 2.400,000,00 ( dois milhões e quatrocentos mil reais) e prazo do contrato de 180 (cento e oitenta) dias, sendo colecionados prorrogações deste contrato original. Na sua manifestação de inconformidade a Recorrente apresentou detalhes do contrato de mutuo que teria dado origem ao recolhimento a maior do IOF. (fl. 31). Nesta planilha é detalhado um financiamento de R$ 1.084.900,00 (um milhão, oitenta e quatro mil e novecentos reais), firmado em 12/03/2001, com data de vencimento em 10/09/2001 e um outro contrato de financiamento (fl. 42) no valor de R$ 7.065.100,00 (sete milhões, sessenta e cinco mil e cem reais), firmado em 10/09/2001 com vencimento em 10/11/2001. O contrato apresentado na diligência e as informações apresentadas pela Recorrente informando a existência de dois contratos que teriam dado origem ao indébito tributário não correspondem em valor, tampouco em data de realização. Portanto, não há como vincular os documentos apresentados na diligência àqueles informados pela Recorrente que justificariam o recolhimento a maior do IOF. Fl. 390DF CARF MF Impresso em 14/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/11/2012 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 12/12/ 2012 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 13/11/2012 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA Processo nº 16327.903228/200876 Acórdão n.º 3102001.636 S3C1T2 Fl. 388 7 Diante do exposto, por ausência de comprovação do indébito tributário, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. Winderley Morais Pereira Fl. 391DF CARF MF Impresso em 14/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/11/2012 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 12/12/ 2012 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 13/11/2012 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA
score : 1.0
Numero do processo: 10325.900127/2006-15
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 25 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Tue Feb 26 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/04/2003 a 30/06/2003
CRÉDITO PRESUMIDO DO IPI. AQUISIÇÃO DE INSUMO SEM INCIDÊNCIA DO PIS E DA COFINS. GERAÇÃO DE CRÉDITO.
Conforme a Súmula nº 494 do STJ, os insumos e matérias-primas adquiridas de pessoas físicas ou jurídicas, ainda que essas não recolham o PIS e a COFINS, geram crédito presumido do IPI
Numero da decisão: 3401-002.050
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário interposto
JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS - Presidente.
JEAN CLEUTER SIMÕES MENDONÇA - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Júlio César Alves Ramos (Presidente), Fernando Marques Cleto Duarte, Odassi Guerzoni Filho, Emanuel Carlos Dantas de Assis, Jean Cleuter Simões Mendonça e Ângela Sartori.
Nome do relator: JEAN CLEUTER SIMOES MENDONCA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201210
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/04/2003 a 30/06/2003 CRÉDITO PRESUMIDO DO IPI. AQUISIÇÃO DE INSUMO SEM INCIDÊNCIA DO PIS E DA COFINS. GERAÇÃO DE CRÉDITO. Conforme a Súmula nº 494 do STJ, os insumos e matérias-primas adquiridas de pessoas físicas ou jurídicas, ainda que essas não recolham o PIS e a COFINS, geram crédito presumido do IPI
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Feb 26 00:00:00 UTC 2013
numero_processo_s : 10325.900127/2006-15
anomes_publicacao_s : 201302
conteudo_id_s : 5186989
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Feb 26 00:00:00 UTC 2013
numero_decisao_s : 3401-002.050
nome_arquivo_s : Decisao_10325900127200615.PDF
ano_publicacao_s : 2013
nome_relator_s : JEAN CLEUTER SIMOES MENDONCA
nome_arquivo_pdf_s : 10325900127200615_5186989.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário interposto JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS - Presidente. JEAN CLEUTER SIMÕES MENDONÇA - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Júlio César Alves Ramos (Presidente), Fernando Marques Cleto Duarte, Odassi Guerzoni Filho, Emanuel Carlos Dantas de Assis, Jean Cleuter Simões Mendonça e Ângela Sartori.
dt_sessao_tdt : Thu Oct 25 00:00:00 UTC 2012
id : 4497418
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 08:56:32 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041217682407424
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 3; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1650; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T1 Fl. 638 1 637 S3C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10325.900127/200615 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3401002.050 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 25 de outubro de 2012 Matéria CRÉDITO PRESUMIDO DO IPI Recorrente VIENA SIDERURGICA S/A Recorrida DRJBELÉM/PA ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/04/2003 a 30/06/2003 CRÉDITO PRESUMIDO DO IPI. AQUISIÇÃO DE INSUMO SEM INCIDÊNCIA DO PIS E DA COFINS. GERAÇÃO DE CRÉDITO. Conforme a Súmula nº 494 do STJ, os insumos e matériasprimas adquiridas de pessoas físicas ou jurídicas, ainda que essas não recolham o PIS e a COFINS, geram crédito presumido do IPI Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário interposto JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS Presidente. JEAN CLEUTER SIMÕES MENDONÇA Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Júlio César Alves Ramos (Presidente), Fernando Marques Cleto Duarte, Odassi Guerzoni Filho, Emanuel Carlos Dantas de Assis, Jean Cleuter Simões Mendonça e Ângela Sartori. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 32 5. 90 01 27 /2 00 6- 15 Fl. 753DF CARF MF Impresso em 26/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/12/2012 por JEAN CLEUTER SIMOES MENDONCA, Assinado digitalmente em 14 /01/2013 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 14/12/2012 por JEAN CLEUTER SIMOES ME NDONCA 2 Relatório Trata o presente processo de pedido de ressarcimento do crédito presumido do IPI do segundo trimestre de 2003, transmitido por PER/DCOMP em 01/09/2003 (fls.04/23), para compensar diversos débitos apresentados. A delegacia de origem glosou parte do crédito, fundamentando que a Contribuinte não excluiu do cálculo do crédito aquisições de carvão vegetal acobertadas por notas fiscais complementares de entrada. Segundo a fiscalização, como essas aquisições não sofrem incidência do PIS e da COFINS, não geram crédito presumido do IPI (fls.585/588). A Contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade (fls.595/599), mas a DRJ em Belém/PA ratificou o entendimento da delegacia de origem e manteve a glosa (fls.635/644). A Contribuinte foi intimada do acórdão da DRJ em 08/02/2011 (fl.646) e interpôs Recurso Voluntário 04/03/2011 (fls.647/660) alegando, em suma, que o fato de as notas fiscais complementares de entrada serem emitidas por ela não é motivo para a glosa dos créditos. Ao fim, a Recorrente pediu a reforma do acórdão da DRJ para que o crédito seja integralmente reconhecido. É o Relatório. Voto Conselheiro JEAN CLEUTER SIMÕES MENDONÇA O Recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. O cerne da questão consiste no debate acerca da geração de crédito oriundos de aquisição de insumos que não sofrem incidência do PIS e da COFINS. O debate acerca do direito ao crédito presumido do IPI em relação às aquisições de insumos de pessoas físicas ou jurídica que não sofrem incidência das citadas contribuições já foi acirrado em outrora. Contudo, o Superior Tribunal de Justiça pacificou o tema, ao editar a Súmula 494, cuja redação é a seguinte: “Súmula 494 O benefício fiscal do ressarcimento do crédito presumido do IPI relativo às exportações incide mesmo quando Fl. 754DF CARF MF Impresso em 26/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/12/2012 por JEAN CLEUTER SIMOES MENDONCA, Assinado digitalmente em 14 /01/2013 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 14/12/2012 por JEAN CLEUTER SIMOES ME NDONCA Processo nº 10325.900127/200615 Acórdão n.º 3401002.050 S3C4T1 Fl. 639 3 as matériasprimas ou os insumos sejam adquiridos de pessoa física ou jurídica não contribuinte do PIS/PASEP”. Portanto, não restam mais dúvidas de que a Recorrente tem direito ao crédito relativo à aquisição carvão vegetal que não sofre a incidência do PIS e da COFINS. Ex positis, dou provimento ao Recurso Voluntário interposto, para reformar o acórdão da DRJ, cancelando as glosas relativas à aquisição de carvão vegetal que não sofrem incidência do PIS e da COFINS. É como voto. JEAN CLEUTER SIMÕES MENDONÇA Relator Fl. 755DF CARF MF Impresso em 26/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/12/2012 por JEAN CLEUTER SIMOES MENDONCA, Assinado digitalmente em 14 /01/2013 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 14/12/2012 por JEAN CLEUTER SIMOES ME NDONCA
score : 1.0
Numero do processo: 15578.000318/2008-99
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 28 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Tue Mar 05 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/2006 a 31/03/2006
PIS NÃO CUMULATIVO - RECEITA DE EXPORTAÇÃO - PROVAS
Para a utilização do benefício previsto no inciso III, artigo 5º, da Lei nº 10.637/02 - isenção de receita de exportação -, é preciso comprovar que as mercadorias foram exportadas ou transferidas com o fim específico de exportação. In casu, a ausência de comprovação específica neste sentido, o registro no CFOP de mercadorias comercializadas no mercado nacional e o aproveitamento do crédito pelo adquirente da mercadoria impedem o reconhecimento da exclusão da tributação.
INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. BASE DE CÁLCULO. CRÉDITOS. INSUMOS. CONCEITO.
Somente insumos utilizados na produção e fabricação de produtos geram direito de crédito da contribuição não cumulativa.Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 3302-001.694
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado em dar provimento parcial ao recurso voluntário nos seguintes termos: por maioria de votos, para excluir a variação cambial ativa da base de cálculo da exação; pelo voto de qualidade, para manter as glosas dos créditos efetuados pela fiscalização; por unanimidade de votos para manter a glosa de receita de exportação (vendas para a CVRD). Designado o conselheiro José Antonio Francisco para redigir o voto vencedor. Fez sustentação oral o patrono Tarek Moysés Moussallem, OAB/ES 8132.
(assinado digitalmente)
WALBER JOSÉ DA SILVA - Presidente.
(assinado digitalmente)
FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS - Relatora.
(assinado digitalmente)
JOSÉ ANTONIO FRANCISCO - Redator designado.
EDITADO EM: 24/02/2013
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva, José Antonio Francisco, Fabiola Cassiano Keramidas, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Alexandre Gomes e Gileno Gurjão Barreto.
Nome do relator: FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201206
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2006 a 31/03/2006 PIS NÃO CUMULATIVO - RECEITA DE EXPORTAÇÃO - PROVAS Para a utilização do benefício previsto no inciso III, artigo 5º, da Lei nº 10.637/02 - isenção de receita de exportação -, é preciso comprovar que as mercadorias foram exportadas ou transferidas com o fim específico de exportação. In casu, a ausência de comprovação específica neste sentido, o registro no CFOP de mercadorias comercializadas no mercado nacional e o aproveitamento do crédito pelo adquirente da mercadoria impedem o reconhecimento da exclusão da tributação. INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. BASE DE CÁLCULO. CRÉDITOS. INSUMOS. CONCEITO. Somente insumos utilizados na produção e fabricação de produtos geram direito de crédito da contribuição não cumulativa.Recurso Voluntário Provido em Parte
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Mar 05 00:00:00 UTC 2013
numero_processo_s : 15578.000318/2008-99
anomes_publicacao_s : 201303
conteudo_id_s : 5189578
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Mar 05 00:00:00 UTC 2013
numero_decisao_s : 3302-001.694
nome_arquivo_s : Decisao_15578000318200899.PDF
ano_publicacao_s : 2013
nome_relator_s : FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS
nome_arquivo_pdf_s : 15578000318200899_5189578.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado em dar provimento parcial ao recurso voluntário nos seguintes termos: por maioria de votos, para excluir a variação cambial ativa da base de cálculo da exação; pelo voto de qualidade, para manter as glosas dos créditos efetuados pela fiscalização; por unanimidade de votos para manter a glosa de receita de exportação (vendas para a CVRD). Designado o conselheiro José Antonio Francisco para redigir o voto vencedor. Fez sustentação oral o patrono Tarek Moysés Moussallem, OAB/ES 8132. (assinado digitalmente) WALBER JOSÉ DA SILVA - Presidente. (assinado digitalmente) FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS - Relatora. (assinado digitalmente) JOSÉ ANTONIO FRANCISCO - Redator designado. EDITADO EM: 24/02/2013 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva, José Antonio Francisco, Fabiola Cassiano Keramidas, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Alexandre Gomes e Gileno Gurjão Barreto.
dt_sessao_tdt : Thu Jun 28 00:00:00 UTC 2012
id : 4511242
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 08:56:42 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041217687650304
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 24; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2312; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 781 1 780 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15578.000318/200899 Recurso nº 906.953 Voluntário Acórdão nº 3302001.694 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 28 de junho de 2012 Matéria PIS NÃO CUMULATIVO Recorrente CIA COREANO BRASILEIRA DE PELOTIZAÇÃO KOBRASCO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2006 a 31/03/2006 PIS NÃO CUMULATIVO RECEITA DE EXPORTAÇÃO PROVAS Para a utilização do benefício previsto no inciso III, artigo 5º, da Lei nº 10.637/02 isenção de receita de exportação , é preciso comprovar que as mercadorias foram exportadas ou transferidas com o fim específico de exportação. In casu, a ausência de comprovação específica neste sentido, o registro no CFOP de mercadorias comercializadas no mercado nacional e o aproveitamento do crédito pelo adquirente da mercadoria impedem o reconhecimento da exclusão da tributação. INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. BASE DE CÁLCULO. CRÉDITOS. INSUMOS. CONCEITO. Somente insumos utilizados na produção e fabricação de produtos geram direito de crédito da contribuição não cumulativa.Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado em dar provimento parcial ao recurso voluntário nos seguintes termos: por maioria de votos, para excluir a variação cambial ativa da base de cálculo da exação; pelo voto de qualidade, para manter as glosas dos créditos efetuados pela fiscalização; por unanimidade de votos para manter a glosa de receita de exportação (vendas para a CVRD). Designado o conselheiro José Antonio Francisco para redigir o voto vencedor. Fez sustentação oral o patrono Tarek Moysés Moussallem, OAB/ES 8132. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 57 8. 00 03 18 /2 00 8- 99 Fl. 1138DF CARF MF Impresso em 05/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 02/0 3/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 04/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Ass inado digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS 2 WALBER JOSÉ DA SILVA Presidente. (assinado digitalmente) FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Relatora. (assinado digitalmente) JOSÉ ANTONIO FRANCISCO Redator designado. EDITADO EM: 24/02/2013 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva, José Antonio Francisco, Fabiola Cassiano Keramidas, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Alexandre Gomes e Gileno Gurjão Barreto. Relatório Tratase de crédito de PIS não cumulativo, acumulado em virtude de exportação §1º, artigo 5º1, da Lei nº 10.637/02 – apurados no primeiro trimestre de 2006, compensados com débitos de IRPJ e CSLL por meio de DComp. Após analisar o pleito da contribuinte, a Delegacia da Receita Federal DRF/Vitória – exarou Despacho Decisório (fls. 247), concluindo pela homologação parcial do crédito pleiteado (deferido: R$ 342.109,25), com base no Parecer DRF/VIT/SEORT nº 2590/2008 (fls. 232/247) que, nos termos do relatório de primeira instância administrativa consignou, em resumo: “1) A produção da CIA Coreano Brasileira de Pelotização — KOBRASCO é comercializada tanto no mercado interno, com vendas para a Companhia Vale do Rio Doce — CVRD, como no mercado externo. A partir de 01/12/2002, a empresa interessada ficou sujeita ao regime de incidência não cumulativo da contribuição para o PIS; 1 “Art. 5o A contribuição para o PIS/Pasep não incidirá sobre as receitas decorrentes das operações de: I exportação de mercadorias para o exterior; II prestação de serviços para pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) III vendas a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação. § 1o Na hipótese deste artigo, a pessoa jurídica vendedora poderá utilizar o crédito apurado na forma do art. 3o para fins de: I dedução do valor da contribuição a recolher, decorrente das demais operações no mercado interno; II compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, observada a legislação específica aplicável à matéria. § 2o A pessoa jurídica que, até o final de cada trimestre do ano civil, não conseguir utilizar o crédito por qualquer das formas previstas no § 1o, poderá solicitar o seu ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria.” (destaquei) Fl. 1139DF CARF MF Impresso em 05/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 02/0 3/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 04/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Ass inado digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 15578.000318/200899 Acórdão n.º 3302001.694 S3C3T2 Fl. 782 3 2) O exame da escrita contábil e fiscal, notas fiscais de saída, dos demonstrativos de apuração do PIS nãocumulativo e dos demais elementos apresentados pela empresa revelou inconsistências nos valores dos créditos compensados. No que tange à base de cálculo apurada pelo sujeito passivo, foram realizados ajustes e adições adequandoos ao que foi disciplinado pela legislação tributária; 3) Ao analisar os DACON constatouse que praticamente toda a produção da empresa foi destinada ao mercado externo. Como revelam os Livros Registro de Apuração do ICMS, balancetes e Notas Fiscais de venda, a empresa destinou grande parte de sua produção para a sua coligada Companhia Vale do Rio Doce CVRD, CNPJ 33.592.510/022042, registrando as operações sob o Código Fiscal de Operação 5.11 e 5.101, utilizado para vendas no mercado interno. Da mesma forma, na escrituração contábil os lançamentos fazem menção a vendas no mercado interno; 4) O código utilizado nas Notas Fiscais revela a ausência da finalidade exigida pela Lei 10.637/02 para a fruição do beneficio da isenção fiscal, bem como dá suporte para que o destinatário de seus produtos aproveite os créditos de PIS nãocumulativo vinculados às aquisições, o que em uma operação com fim especifico de exportação não é admitido, conforme art. 21, § 2 ° da IN 600/2005; 5) Em diligência realizada junto à CVRD, CNPJ 33.592.510/022042, verificouse que em muitos casos, o estabelecimento escriturou em seus Livros de Entradas as compras como aquisições no mercado interno, com CFOP 1.12 c 1.102. As vendas realizadas pela CVRD são registradas sob os códigos 5.11 e 7.11 (até dez/02) e 5.101 e 7.101 (a partir de jan/03), todas identificadas como vendas de produção própria, não havendo registros no código 7.501 que identifica as exportações de mercadorias recebidas com fim especifico de exportação; 6) Em verdade, tratase de comercialização normal no mercado interno, em que se tributa a receita auferida pelo produtor e mantémse o crédito na escrita do comprador; 7) A própria CVRD, em atendimento ao Termo de Solicitação de Documentos, anexou consulta formulada internamente em que alega estar utilizando os créditos decorrentes dessas vendas; 8) De acordo com a definição legal dada à expressão "fim especifico de exportação", para o gozo do beneficio fiscal, as mercadorias vendidas devem ser remetidas diretamente do estabelecimento industrial para embarque de exportação ou para recintos alfandegados, por conta e ordem da empresa comercial exportadora. É o que dispõem a IN/SRF 247/02, art. 46, § 1 °, a Lei 9.532/97, art. 39, § e o Decretolei 1.248/72, art. 1°, parágrafo único; 9) Intimada, a CVRD informou que as pelotas são entregues no pátio do remetente. Cumpre observar que o estabelecimento Fl. 1140DF CARF MF Impresso em 05/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 02/0 3/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 04/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Ass inado digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS 4 industrial da KOBRASCO não está compreendido em área ou recinto alfandegado, conforme esclarecimento da Inspetoria da Receita Federal do Brasil; 10) Verificase, assim, que as vendas efetuadas pela interessada à CVRD não estão amparadas pela isenção da contribuição ao PIS, pois não se enquadram na definição de fim especifico de exportação; 11) Intimado, o contribuinte apresentou planilhas elencando os itens que compuseram a base de cálculo dos créditos de PIS não cumulativo; 12) Foram efetuadas glosas em alguns serviços contratados, tendo em vista não se enquadrarem na definição de insumos delineada pela legislação; 13) O conceito de insumo adveio do Decreto 247/2002. Destarte, para que o serviço prestado possa ser utilizado para fins de apuração dos créditos a descontar, deve ser necessariamente aplicado ou consumido na produção ou fabricação dos do produto; 14) Foram elaboradas as tabelas de Serviços Contratados Diretos — Serviços Excluídos (fl.222) onde são discriminados os serviços/contratos que foram excluídos da base de cálculo dos créditos a descontar, visto não se enquadrarem na definição de insumos. A Planilha de Apuração da BC dos Serviços Contratados (fl. 223) corresponde à soma dos serviços que serviram de base para o cálculo dos créditos e que foi transportada para a Planilha de Apuração da Contribuição para o PIS/PASEP (fls. 224/229); 15) O sujeito passivo foi intimado a apresentar as notas fiscais dos serviços contratados da CVRD e o contrato de operação da usina de pelotização. De posse do referido contrato, verificouse que a CVRD realizou a operação das usinas de pelotização da Kobrasco no período analisado, ficando ajustado uma compensação a ser paga por essa operação; 16) O sujeito passivo aproveitou de forma integral os valores repassados pela CVRD. Foram glosados os serviços que não geram direito ao crédito de PIS; 17) O Fator K corresponde a despesas gerais e também foram excluídos da base de cálculo dos créditos por não se enquadrarem na definição de serviços aplicados na produção; 18) O fator Y corresponde à remuneração do capital de giro provido pela CVRD. Não existe previsão legal para que esse tipo de despesa se insira na base de cálculo dos créditos a descontar; 19) O Fator T corresponde a gastos realizados pela utilização de uma pilha adicional, tendo sido mantido na base de cálculo dos créditos a descontar; 20) Foram elaboradas as Planilhas de Apuração a Contribuição para o PIS (fls. 224/229). O campo Receita da Exportação foi preenchido já com seus valores líquidos, retratando nada mais Fl. 1141DF CARF MF Impresso em 05/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 02/0 3/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 04/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Ass inado digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 15578.000318/200899 Acórdão n.º 3302001.694 S3C3T2 Fl. 783 5 do que os valores lançados a crédito no Livro Balancete da empresa menos os valores lançados a débito. Foi utilizado o saldo das respectivas contas; 21) O sujeito passivo informou ter adotado o regime de rateio proporcional entre as receitas de exportação e receitas no mercado interno, sendo então utilizada essa metodologia no preenchimento das planilhas de apuração da contribuição; 22) Foi elaborada a Planilha de Compensação (fl. 230), a qual ilustra as compensações efetuadas a partir dos valores de débitos e créditos apurados pela diligência. O saldo de créditos do mercado externo existente ao final do trimestre foi integralmente utilizado para fins de compensação. As compensações foram homologadas em parte em função da insuficiência de créditos; 23) 0 direito creditório apurado, passível de compensação foi de R$ 342.109,25.” – destaquei. Irresignada com a decisão que concedeu parcialmente os créditos pleiteados, a Recorrente interpôs Manifestação de Inconformidade (fls. 257 a 275), alegando, em síntese, conforme relatado pela decisão de primeira instância administrativa, a saber: “1) A Requerente não realiza operação de venda de pelota de minério de ferro que não seja destinada ao mercado externo; 2) A Carta Magna prescreve expressamente imunidade tributária atinente às receitas decorrentes de exportação (art. 149, § 2º, inciso I da CF). O art. 5º da Lei nº 10.637/2002, repete expressamente a determinação Constitucional; 3) O disposto no art. 5º da Lei 10.637/2002 referese diretamente à regra da imunidade constitucional das receitas de operações de exportação e, por isso, deve ser interpretado extensivamente; 4) Assim, para o aproveitamento da imunidade não importa que a venda seja destinada a recinto alfandegado ou mesmo que seja destinada diretamente ao embarque para exportação. Basta que o contribuinte comprove que figura na cadeia de exportação e que suas receitas decorrem de operações de exportação; 5) As vendas realizadas pela requerente para a CVRD são destinadas exclusivamente ao mercado externo, conforme os memorandos de exportação; 6) O modo sob o qual os bens ou serviços são empregados no processo produtivo (se direta ou indiretamente) não é relevante para a ocorrência ou não do crédito. Tal interpretação se dá com base no art. 145, § 12 da CF e no art. 3 °, inciso II, da Lei 10.637/2002; 7) O conceito de insumo é muito mais amplo que os conceitos de matéria prima, produtos intermediários e material de embalagem, juntos ou isoladamente. Dessa forma, não pode Fl. 1142DF CARF MF Impresso em 05/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 02/0 3/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 04/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Ass inado digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS 6 prosperar o entendimento restritivo esposado pela autoridade fiscal; 8) A autoridade fiscal não aceitou os créditos computados pela requerente decorrentes da utilização de serviços relativos A operação das usinas da requerente. Tal entendimento não pode prosperar, pois o inciso II do art. 3° da Lei 10.637/2002 deve ser interpretado A luz do regime nãocumulativo imposto pelo art. 195, § 12 da CF; 9) Tendo o legislador federal eleito que determinado setor da atividade econômica ficará submetido ao sistema da não cumulatividade, ele não poderá ultrapassar certos limites jurídicos impostos pela matriz constitucional das contribuições; 10) Para que seja atingida a nãocumulatividade imposta pela sistemática constitucional, o art. 3° da Lei 10.637/2002, deve ser interpretado de modo apto a desfazer os malefícios causados pela cumulatividade, ou seja, a incidência do tributo em cascata sobre todas as fases de produção; 11) Dessa forma, não tem razão a autoridade fiscal ao excluir da base de cálculo do crédito referente a contribuição para o PIS relativa à aquisição dos serviços de operação das usinas de pelotização da requerente; 12) Por fim requer seja dado provimento à manifestação de inconformidade com a finalidade de reformar in totum o despacho decisório. Outrossim, requer a produção de todos os meios de prova cabíveis no processo administrativo fiscal.” – destaquei. Após analisar as razões apresentadas, a 5ª Turma da Delegacia de Julgamento do Rio de Janeiro – DRJ/RJ II – proferiu o acórdão nº 1330.262, por meio do qual manteve o entendimento apresentado pela Delegacia da Receita Federal, conforme ementa registrada a seguir: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2006 a 31/03/2006 VENDAS COM FIM ESPECÍFICO DE EXPORTAÇÃO. COMPROVAÇÃO. Consideramse isentas da contribuição para o PIS as receitas de vendas efetuadas com o fim especifico de exportação somente quando comprovado que os produtos tenham sido remetidos diretamente do estabelecimento industrial para embarque de exportação ou para recintos alfandegados, por conta e ordem da empresa comercial exportadora. NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. INSUMOS. Para fins de apuração de créditos da nãocumulatividade, consideramse insumos os bens e serviços diretamente aplicados ou consumidos na fabricação do produto. APRESENTAÇÃO DE PROVAS APÓS A IMPUGNAÇÃO. A prova documental deve ser apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento Fl. 1143DF CARF MF Impresso em 05/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 02/0 3/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 04/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Ass inado digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 15578.000318/200899 Acórdão n.º 3302001.694 S3C3T2 Fl. 784 7 processual, a menos que fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior, refirase a fato ou a direito superveniente ou destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.” destaquei. Inconformada, a Recorrente interpôs recurso voluntário (fls. 345/415), por meio do qual reiterou as razões trazidas em sua impugnação esclarecendo, ainda, que, ao contrário do alegado pela decisão recorrida, as pelotas foram remetidas diretamente do estabelecimento industrial para recintos alfandegado. Neste sentido, discorre sobre o fato de que as pelotas ficaram armazenadas no estabelecimento da empresa (que não era alfandegário) e foram transferidas direto para o recinto alfandegado da CVRD. Ainda, alega a Recorrente que devem ser analisados os fatos (de que mercadoria direcionada para recinto alfandegário tem que ser exportada, dos memoriais de exportação e de ser a Recorrente eminentemente exportadora), não os códigos de entrada e saída da mercadoria, que indicam que as pelotas não foram exportadas, em prol da verdade material. Requer, ainda, a realização de diligência. Consta ainda dos autos documentação juntada pela Recorrente à posteriori, a título de documentos novos, que trouxeram à colação (i) o contrato firmado entre a CVRD e a Recorrente; (ii) memorando de exportação; (iii) relatórios mensais de controle de estoque (período de dez/2002 até dez/2008); (iv) modelo esquemático da planta industrial do complexo de Tubarão; (v) cartas de correção das notas fiscais (vi) carta de encaminhamento da Vale S.A. declarando que não se creditou do PIS e COFINS; (vii) declaração da Vale S.A. informando os termos contratuais firmados com a Kobrasco afirmando que as pelotas fornecidas foram adquiridas com o fim específico de exportação; (viii) decisão da DRJ/RJ II, favorável ao contribuinte sobre os mesmos temas (exportação), ainda que fatos geradores distintos. É o relatório. Voto Vencido Conselheira FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS O recurso atende os pressupostos de admissibilidade, razão pela qual dele conheço. Conforme relatado, tratase de crédito de PIS apurado pelo sistema não cumulativo, supostamente devido ao contribuinte nos termos do §1º, artigo 5º, da Lei nº 10.637/02, a saber: “Art. 5o A contribuição para o PIS/Pasep não incidirá sobre as receitas decorrentes das operações de: I exportação de mercadorias para o exterior; II prestação de serviços para pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) III vendas a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação. Fl. 1144DF CARF MF Impresso em 05/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 02/0 3/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 04/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Ass inado digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS 8 § 1o Na hipótese deste artigo, a pessoa jurídica vendedora poderá utilizar o crédito apurado na forma do art. 3o para fins de: I dedução do valor da contribuição a recolher, decorrente das demais operações no mercado interno; II compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, observada a legislação específica aplicável à matéria. § 2o A pessoa jurídica que, até o final de cada trimestre do ano civil, não conseguir utilizar o crédito por qualquer das formas previstas no § 1o, poderá solicitar o seu ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria.” (destaquei) As glosas foram realizadas pelas seguintes razões: (i) inexistência de comprovação da exportação das pelotas; (ii) utilização de insumos que não foram consumidos diretamente no processo produtivo (fls. 222) Passemos à análise de cada item, separadamente. (i) Inexistência de Comprovação de Exportação O primeiro item a ser analisado referese à alegação da Recorrente de que os produtos em referência estariam incluídos no inciso III, do artigo 5º, da Lei nº 10.637/02, por terem sido transferidos com o fim específico de exportação. De acordo com a decisão de primeira instância administrativa, concluiuse que as pelotas comercializadas no período de janeiro a março de 2005 não foram exportadas em virtude: (i) do fato de as mercadorias terem sido entregues em área considerada não alfandegária; (ii) do código de classificação (CFOP) das mercadorias, adotado pela Requerente (remetente) e pela CVRD (receptora); (iii) do aproveitamento do crédito tributário pela CVRD. Em relação ao primeiro item analisado, a consideração de que a mercadoria teria sido entregue em estabelecimento não alfandegário, conforme se depreende dos termos do Recurso Voluntário apresentado, a Recorrente pretende que seja reconhecido que a saída de seus produtos ocorreu diretamente para o pátio da Companhia Vale do Rio Doce – CVRD – que é área alfandegada, verbis: Trecho do Rec. Voluntário – fls. 309/310 – Vol. II – Fls. 139/140 “8. De fato, a operação contida no contrato se sucede em duas fases: 1ª) as pelotas deixam a área de produção da RECORRENTE e são destinadas à estocagem nos pátios da própria RECORRENTE; e, 2ª) as pelotas deixam os pátios da RECORRENTE por meio de esteiras e são destinadas por essas esteiras diretamente: Fl. 1145DF CARF MF Impresso em 05/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 02/0 3/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 04/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Ass inado digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 15578.000318/200899 Acórdão n.º 3302001.694 S3C3T2 Fl. 785 9 i) para os patios da VALE, que são considerados Area alfandegadas, de acordo com o que prescreve o ADE da 7 a RF de n° 320, de 14 de setembro de 2006, dali seguindo para o embarque em navios com destino ao exterior; ou, ii) diretamente para o embarque em navios com destino ao exterior.” Para tanto, discorre sobre o fato de que as mercadorias ficam armazenadas em estabelecimento próprio da Recorrente, considerado simples armazém. Este estabelecimento, no entender da Recorrente, por não ser autônomo, é uma extensão da própria empresa, razão pela qual a entrega da mercadoria só pode ser considerada ocorrida no momento da transferência para o pátio da Vale. Pareceme que a questão não é tão singela quanto faz parecer a defesa. Foi a própria CVRD quem definiu, para a fiscalização, o momento que lhe foi entregue a mercadoria, a saber: Trecho do Parecer DRF/VIT/SEO nº 2590/2008 (fls. 239) “27. Intimados a empresa destinatária (CVRD) a elucidar como se operou a entrega das pelotas de minério de ferro, e, no caso de as mesmas terem sido diretamente remetidas do estabelecimento industrial para embarque de exportação ou para recintos alfandegados, por conta e ordem da empresa comercial exportadora, a apresentar a documentação suporte de tais remessas. Foi esclarecido que as pelotas são entregues no pátio da remetente, inexistindo, desse modo, a documentação requerida (fl 203). Tal fato foi corroborado com visita realizada ao parque fabril da KOBRASCO. Convém salientar que, apesar da KOBRASCO estar instalada próxima a terminais portuários, seu estabelecimento não está compreendido em área ou recinto alfandegado. 28. Simultaneamente, foi oficiado junto a Inspetoria da Receita Federal do Brasil com vistas a elucidar acerca do alfandegamento dos pátios das usinas de pelotização das empresas coligadas da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD). Atendendo ao ofício, constatouse que referidos pátios não são alfandegados, estando as áreas de alfandegamento da CVRD definidos no ADE SRRFO7 N° 320/2006, publicado no DOU de 18/09/2006 (fls. 218\221), o que não engloba as áreas dos pátios das usinas de pelotização.” No mais, na hipótese de as mercadorias terem sido encaminhadas diretamente para o recinto alfandegário, as empresas envolvidas possuiriam os documentos suporte necessários para este procedimento, o que não ocorre in casu, verbis: “...foi esclarecido que as pelotas são entregues no pátio da remetente, inexistindo, desse modo, a documentação requerida (fl. 203).” Todavia, não foram apresentados documentos neste sentido, apenas alegações acerca do procedimento logístico da Recorrente, o que por si só não comprova a exportação das mercadorias. Fl. 1146DF CARF MF Impresso em 05/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 02/0 3/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 04/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Ass inado digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS 10 No que se refere ao segundo e terceiro itens, consubstanciados no erro constatado nos códigos de classificação (CFOP) das mercadorias e no aproveitamento do crédito tributário pela CVRD, a alegação Recorrente está vinculada à premissa adotada, uma vez que a mercadoria só vai para área alfandegada, a conseqüência lógica é que se trata de exportação e qualquer registro em sentido contrário foi realizado indevidamente (erro formal). Registrase que a fiscalização apurou que as pelotas transferidas foram registradas como se tivessem sido comercializadas no mercado interno, a saber: Trecho do Parecer DRF/VIT/SEORT nº 2590/2008 (fls. 236) “17. Verificase, em pesquisa ao Convênio CONFAZ s/n°, de 15 de dezembro de 1970, com as alterações impostas pelo Ajuste SINIEF 06/00 e 07/01, que desde 1° de janeiro de 2001 vigoram CFOP próprios para as operações com fim especifico de exportação. Desde então as saídas de produção do estabelecimento para trading company ou para empresa comercial exportadora, com fim especifico de exportação, passaram a ser identificadas pelos códigos 5.86 e 5.501, cujo registro nos livros do destinatário das mercadorias/produtos correspondem aos códigos 1.86 e 1.501 1 , respectivamente. 18. Assim, muito embora o contribuinte insira no campo "Informações Complementares" nas Notas Fiscais a expressão "remessa com o fim especifico de exportação", a identificação da natureza das operações como vendas de produção do estabelecimento, enquadrandoas nos CFOP 5.11 ou 5.101, revela a ausência da finalidade exigida pela Lei 10.637/02 para fruição do beneficio da isenção fiscal. (...)” Assim, uma vez que a Recorrente não comprovou (sequer alegou) que os procedimentos indicados pela fiscalização estão errados, forçoso concluir que realmente as mercadorias estavam registradas como se pertencentes ao mercado nacional. Esta questão por si só é problemática, mas o que torna inviável o argumento da Recorrente, a meu ver, é a conseqüência deste fato. Conforme esclarecido pela fiscalização, a classificação da mercadoria como transitada no mercado nacional, gerou a possibilidade do adquirente da mercadoria (no caso CVRD) se creditar do tributo por proceder à exportação do produto. No caso, necessário registrar que de acordo com a informação prestada pela CVRD constante dos autos, no ano de 2006, não foi realizado o aproveitamento do crédito em virtude da exportação (fls. 159). Todavia, isso não muda o fato de que, em virtude de a mercadoria estar registrada como comprada e destinada ao mercado nacional, poder gerar – no prazo prescricional – o aproveitamento, pela CVRD do crédito tributário. Esta possibilidade, por si só, elide a presunção pretendida pela Recorrente, neste sentido: Trecho do Parecer DRF/VIT/SEORT nº 2590/2008 (fls. 236) “Observe que ao declarar nas Notas Fiscais a natureza da operação via CFOP 5.11 e 5.101, o contribuinte dá suporte para que o destinatário de seus produtos, enquanto não decaído o direito, aproveite créditos de PIS nãocumulativo vinculados ás aquisições, o que em uma operação eminentemente com fim especifico de exportação não é admitido, consoante o próprio Art. 21 § 2° da IN 600/2005, acima transcrito. Fl. 1147DF CARF MF Impresso em 05/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 02/0 3/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 04/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Ass inado digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 15578.000318/200899 Acórdão n.º 3302001.694 S3C3T2 Fl. 786 11 19. Tais conclusões foram corroboradas ao analisar os documentos do destinatário das pelotas de minério de ferro, qual seja, o estabelecimento de CNPJ 33.592.510/022042, pertencente à Companhia Vale do Rio Doce, empresa coligada do sujeito passivo. Baseado na operação identificada nas Notas Fiscais da remetente, em muitos casos este estabelecimento escriturou em seus Livros Registro de Entradas as compras realizadas junto à KOBRASCO como aquisições normais no mercado interno, com CFOP 1.12 e 1.102 (fls. 204/211). Não se pode olvidar, todavia, que também há registros nos citados livros com os códigos CFOP 1.86 e 1.501, contudo, e mesmo nestes casos, enquanto no decair do seu direito poderá o estabelecimento matriz da CVRD, munido das Notas Fiscais de aquisições, requerer o aproveitamento do crédito de PIS por meio de compensação ou ressarcimento. Ademais, não se vislumbra poder o contribuinte utilizarse de informações ambíguas por ele inseridas em documentos fiscais obrigatórios para garantirlhe o beneficio da isenção fiscal, sem, entretanto, afastar a possibilidade de o destinatário das mercadorias aproveitarse do crédito, em desacordo com a legislação tributária.” destaquei Impossível, portanto, a aplicação da proposta da Recorrente, de presunção de destino da mercadoria (exterior) em razão de ter sido transferida para recinto alfandegário. Necessários alguns esclarecimentos acerca dos documentos trazidos aos autos após o recurso voluntário, quando do julgamento do recurso. Em prol do princípio da verdade material, ante a natureza dos documentos, os mesmos foram recebidos e discutidos pela Turma em preliminar de diligência. Conforme relatado, foram apresentados os seguintes documentos: (i) contrato firmado entre a CVRD e a Recorrente; (ii) memorando de exportação; (iii) relatórios mensais de controle de estoque (período de dez/2002 até dez/2008); (iv) modelo esquemático da planta industrial do complexo de Tubarão; (v) cartas de correção das notas fiscais (vi) carta de encaminhamento da Vale S.A. declarando que não se creditou do PIS e COFINS; (vii) declaração da Vale S.A. informando os termos contratuais firmados com a Kobrasco afirmando que as pelotas fornecidas foram adquiridas com o fim específico de exportação; (viii) decisão da DRJ/RJ II, favorável ao contribuinte sobre os mesmos temas (exportação), ainda que fatos geradores distintos. Todavia, após a discussão dos temas e análise das informações trazidas, o colegiado concluiu que os documentos apresentados não eram suficientes para gerar a diligência pleiteada, razão pela qual negouse a preliminar suscitada. Em relação ao (i) contrato firmado entre a CVRD e a Recorrente e (ii) os memorandos de exportação; entendeuse que não são documentos suficientes para contrapor os fatos averiguados nos autos, posto que se tratam de documentos de particulares das empresas , sem força pública. Da mesma forma em relação aos (iii) relatórios mensais de controle de estoque (período de dez/2002 até dez/2008); haja vista que seria preciso verdadeira auditoria fiscal para comprovar as informações constantes dos relatórios. Fl. 1148DF CARF MF Impresso em 05/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 02/0 3/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 04/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Ass inado digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS 12 Ainda, em relação ao (iv) modelo esquemático da planta industrial do complexo de Tubarão; não foi considerado suficiente para contrapor aos fatos trazidos à colação pela fiscalização quando do indeferimento do crédito pleiteado. Melhor sorte não se aplica às (v) cartas de correção das notas fiscais e à (vi) carta de encaminhamento da Vale S.A. declarando que não se creditou do PIS e COFINS. Neste caso a questão é que o colegiado entendeu que atualmente, passados 11 anos da ocorrência do fato gerador, a produção de prova da época referese é impossível de ser realizada, posto que a realidade já está alterada. Tal raciocínio depreendese, por exemplo, do fato de que as cartas de correção foram feitas após 5 anos do fato gerador (em abril/2011, sendo que os fatos geradores ocorreram em 2004), sem qualquer produção de efeitos fiscais. Logo, o Colegiado entendeu que a prova produzida não tem a força pretendida pela Recorrente, porque não produz nenhum efeito fiscal. Por outro giro, consta dos autos declaração da Vale S. A. no sentido exatamente oposto ao que agora apresenta a Recorrente, de que se creditou de créditos de PIS e COFINS na operação de compra de pelotas da Kobrasco. Isto é, não se pode considerar as declarações da Vale, tendo em vista que elas se contradizem, seriam necessários outros indícios para gerar uma diligência em um processo administrativo que já está em fase de julgamento de segunda instância administrativa. No que se refere à (vii) declaração da Vale S.A. informando os termos contratuais firmados com a Kobrasco, afirmando que as pelotas fornecidas foram adquiridas com o fim específico de exportação; o Colegiado também entendeu que seriam necessárias provas complementares. É que nesta mesma declaração, a Vale afirmou que vende pelotas para o mercado interno. Como saber se a pelota comprada da Kobrasco não foi mesmo direcionada para o mercado interno? Conforme vinha sendo afirmado pela própria Vale nos documentos analisados pela Fiscalização? A simples declaração da Vale, em vista das patentes divergências em suas declarações, não é suficiente, seria preciso analisar os fatos à época em que ocorreram. Não há meios desta auditoria obter sucesso quase dez anos após a venda da mercadoria. Para melhor compreensão, cito trecho da carta da Vale, verbis: Trecho da Carta da Vale, trazida à colação pela Recorrente quando do julgamento do recurso voluntário: “A VALE S.A. reitera que nos termos contratuais adquiriu pelotas produzidas pela KOBRASCO, as quais foram fornecidas com o fim especifico de exportação e que de fato foram todas revendidas e exportadas para o exterior. Nessa operação, a VALE S.A. atua na qualidade de comercial exportadora, recebendo o produto em sua área portuária localizada na Ponta de Tubarão. A VALE S.A. informa que efetuou e efetua venda de pelotas no mercado interno, as quais se originam de produção de suas usinas próprias e de industrialização por encomenda. O volume de vendas de pelotas no mercado interno é inferior a quantidade produzida, restando volume para ser exportado, como tem sido feito ao longo dos anos. Esta informação esta demonstrada de modo bem claro para o período de 31/12/2002 a 31/12/2008 no ANEXO CJNICO de 8 (oito) páginas.” – destaquei. Ademais, em relação à (viii) decisão da DRJ/RJ II, favorável ao contribuinte sobre os mesmos temas (exportação); importa esclarecer que este tribunal está desvinculado das decisões de primeira instância administrativa tendo, inclusive, competência de reformar aquelas decisões. No que se refere à decisão em si, sua análise é suficiente para constatar que foi proferida com base, principalmente, nas provas apresentadas naquele processo. Conforme Fl. 1149DF CARF MF Impresso em 05/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 02/0 3/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 04/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Ass inado digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 15578.000318/200899 Acórdão n.º 3302001.694 S3C3T2 Fl. 787 13 se depreende da decisão citada, o julgador analisou os elementos trazidos pela Recorrente juntamente com a contabilidade, concluindo que houve a operação de exportação. Constato que parte dos documentos trazidos agora pela Recorrente, no momento do julgamento, também foram apresentados naquele processo administrativo, todavia, registro que aqueles autos continham ainda mais elementos, os quais, analisados conjuntamente, foram entendidos pelos julgadores como suficientes para a comprovação dos fatos pretendidos. Todavia, sendo o período distinto, não se aplicam as mesmas conclusões, visto que em um período as mercadorias podem ter sido vendidas para o mercado interno enquanto em outro período para o mercado externo. Tais análises, aliada ao fato de que este processo referese a pedido de ressarcimento, procedimento no qual, como é cediço, a prova deve ser realizada pelo contribuinte, levou à conseqüência de indeferimento do pedido formulado. (ii) Insumos Não Consumidos Diretamente no Processo Produtivo Outro item glosado pela fiscalização referese aos insumos não consumidos diretamente no processo de industrialização da Recorrente. Nos termos do Parecer DRF/VIT/SEORT nº 2590/2008 (fls. 242): “39. Destarte, para que o serviço prestado possa ser utilizado para fins de apuração dos créditos a descontar, deve estar em consonância com a definição esboçada pela legislação fiscal, ou seja, o serviço prestado deve necessariamente ser aplicado ou consumido na produção ou fabricação do produto. 40. Assim sendo, serviços administrativos, serviços de auditoria, serviços decorrentes de atividades meio estariam fora dessa definição, não configurando serviços sujeitos a apuração de créditos da contribuição.” A problemática inferese no fato de a legislação referirse a insumos de forma genérica, o que permite aos operadores do direito realizar a própria interpretação do conceito e alcance do termo “insumo”. E é exatamente o que se discute nos presentes autos, o conceito de insumo para a Recorrente. Determina a lei: “Lei 10.637/02 – PIS Não Cumulativo Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) a) nos incisos III e IV do § 3o do art. 1o desta Lei2; e (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) b) no § 1o do art. 2o desta Lei3; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) 2 Nova redação: "a) no inciso III do § 3o do art. 1o desta Lei;" dada pela Lei nº 11.727, de 2008 3 Nova redação: Fl. 1150DF CARF MF Impresso em 05/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 02/0 3/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 04/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Ass inado digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS 14 II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) III (VETADO) IV – aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; V valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa jurídica, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) VI máquinas e equipamentos adquiridos para utilização na fabricação de produtos destinados à venda, bem como a outros bens incorporados ao ativo imobilizado4; VII edificações e benfeitorias em imóveis de terceiros, quando o custo, inclusive de mãodeobra, tenha sido suportado pela locatária; VIII bens recebidos em devolução, cuja receita de venda tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior, e tributada conforme o disposto nesta Lei. IX energia elétrica consumida nos estabelecimentos da pessoa jurídica5. (Incluído pela Lei nº 10.684, de 30.5.2003) X valetransporte, valerefeição ou valealimentação, fardamento ou uniforme fornecidos aos empregados por pessoa jurídica que explore as atividades de prestação de serviços de limpeza, conservação e manutenção. (Incluído pela Lei nº 11.898, de 2009) § 1o O crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2o desta Lei sobre o valor: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) I dos itens mencionados nos incisos I e II do caput, adquiridos no mês; "b) nos §§ 1o e 1oA do art. 2o desta Lei;" Redação dada pela Lei nº 11.787, de 2008) (Vide Lei nº 9.718, de 1998. 4 Nova redação: "VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços." Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005 5 Nova redação: "IX energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica." Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007 Fl. 1151DF CARF MF Impresso em 05/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 02/0 3/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 04/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Ass inado digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 15578.000318/200899 Acórdão n.º 3302001.694 S3C3T2 Fl. 788 15 II dos itens mencionados nos incisos IV, V e IX do caput, incorridos no mês; (Redação dada pela Lei nº 10.684, de 30.5.2003) III dos encargos de depreciação e amortização dos bens mencionados nos incisos VI e VII do caput, incorridos no mês; IV dos bens mencionados no inciso VIII do caput, devolvidos no mês. § 2o Não dará direito a crédito o valor: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) I de mãodeobra paga a pessoa física; e (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) II da aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota 0 (zero), isentos ou não alcançados pela contribuição. (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) § 3o O direito ao crédito aplicase, exclusivamente, em relação: I aos bens e serviços adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País; II aos custos e despesas incorridos, pagos ou creditados a pessoa jurídica domiciliada no País; III aos bens e serviços adquiridos e aos custos e despesas incorridos a partir do mês em que se iniciar a aplicação do disposto nesta Lei. § 4o O crédito não aproveitado em determinado mês poderá sêlo nos meses subseqüentes. (...)” – destaquei. A discussão acerca da conceituação do termo “insumos” têm tomado tempo e espaço da doutrina e da jurisprudência administrativa. Naturalmente, os intérpretes buscam definições já conhecidas. A Receita Federal defende, para o PIS e Cofins, o emprego do conceito de insumos utilizado pela legislação de IPI e ICMS. Já alguns julgadores deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF emprestam o conceito de custo e despesa aplicado no imposto de renda (RIR artigos 290/299). Particularmente, entendo que o sistema não cumulativo de PIS e COFINS não se identifica com o IPI, ICMS ou IRPJ. O tributo é diverso, a sistemática é diversa, e não há necessidade de se aplicar um conceito préexistente simplesmente porque ele já existe. A meu sentir, é preciso que o intérprete do direito utilize as normas de hermenêutica, juntamente com as demais regras do ordenamento jurídico, e forme um conceito próprio de insumo que seja aplicável a esta nova sistemática. Em vista desta disparidade de entendimentos, pareceme prudente realizar uma prévia análise acerca das diferenças entre as formas de apuração. Fl. 1152DF CARF MF Impresso em 05/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 02/0 3/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 04/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Ass inado digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS 16 No que se refere à equiparação dos sistemas não cumulativos do IPI/ICMS e PIS/Cofins, tenho defendido a total diferença entre os regimes6, as quais causam reflexos indiscutíveis e indissociáveis à apuração dos créditos tributários. É cediço que até a criação do sistema não cumulativo para o PIS e Cofins, a não cumulatividade alcançava, apenas, o imposto estadual sobre circulação de mercadorias – ICMS – e o imposto federal incidente sobre o produto industrializado – IPI. Em vista deste fato, conforme já esclarecido, é natural que os intérpretes do direito (neste caso entendidos como as autoridades administrativas fiscalizadoras por aplicarem as normas e as autoridades administrativas de julgamento por julgar a forma como as normas foram aplicadas) busquem as definições préestabelecidas e já conhecidas dos regimes cumulativos do ICMS e IPI para conceituar o novo sistema. Foi exatamente o que ocorreu no caso em apreço, por entender que os insumos não foram utilizados diretamente na produção, os agentes administrativos glosaram os créditos ora objeto do presente recurso voluntário. Todavia, este procedimento quase que automático, ao invés de solucionar a questão, acabou por confundir e inviabilizar a correta aplicação da norma tributária. A não cumulatividade para fins de PIS e COFINS instituiuse, inicialmente no âmbito legislativo, tendo sido expedidas as medidas provisórias MP 66/02 e 135/03, posteriormente convertidas nas Leis Ordinárias nº 10.637/02 – PIS – e nº10.833/03 – Cofins. O supedâneo constitucional surgiu com a alteração do artigo 195 da carta magna, ao qual foi incluído o parágrafo 12, conforme redação trazida pela Emenda Constitucional nº 42 (EC nº 42 de 19.12.03), in verbis: "Art. 195. ......................................................................................................... § 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão nãocumulativas. (...)” Além da diversidade de fundamentação legal e constitucional, o principal fato diferenciador dos regimes deve ser observado em relação à regra matriz do tributo, especificamente em relação ao seu aspecto material. É exatamente este o critério que entendo que deve ser observado para nortear a interpretação da regra do crédito na sistemática em apreço. As contribuições ao PIS/Cofins, desde o início de sua “existência”, pretenderam a tributação da receita7 das pessoas jurídicas, sem qualquer vinculação a um bem 6 ARTIGO PUBLICADO in “Planejamento Fiscal – Aspectos Teóricos e Práticos”, Volume II, Quartier Latin, artigo entitulado “O Conceito de Insumos e a NãoCumulatividade do PIS e COFINS”, fls. 197/208 7 "Art. 1o A Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, com a incidência não cumulativa, tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. § 1o Para efeito do disposto neste artigo, o total das receitas compreende a receita bruta da venda de bens e serviços nas operações em conta própria ou alheia e todas as demais receitas auferidas pela pessoa jurídica. § 2o A base de cálculo da contribuição é o valor do faturamento, conforme definido no caput. § 3o Não integram a base de cálculo a que se refere este artigo as receitas: I isentas ou não alcançadas pela incidência da contribuição ou sujeitas à alíquota 0 (zero); II nãooperacionais, decorrentes da venda de ativo permanente; Fl. 1153DF CARF MF Impresso em 05/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 02/0 3/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 04/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Ass inado digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 15578.000318/200899 Acórdão n.º 3302001.694 S3C3T2 Fl. 789 17 ou produto, incidindo, portanto, sobre uma grandeza econômica formada por uma série de fatores contábeis, os quais constituem a receita de uma empresa. Já o IPI/ICMS, prevêem a tributação do valor de determinado produto. Tal diferença torna evidente a distinção dos regimes não cumulativos. Explico. Adoto a premissa de que o conceito de cumulatividade significa tributar mais de uma vez a mesma grandeza econômica. Nestes termos, para se alcançar o efeito não cumulativo é necessário, exatamente, evitar esta reiterada incidência tributária sobre a mesma riqueza. No caso da não cumulatividade aplicável ao IPI/ICMS este processo é facilmente constatável. Isto porque se está tratando de não cumulatividade vinculada ao preço do produto, logo, toda vez que o produto for tributado (independente da fase em que ele se encontre), estarseá diante da cumulação de carga tributária. O reflexo no aumento do preço do produto é visível, quase palpável, e o simples destaque na nota fiscal permite impedir a cumulatividade da carga tributária. Todavia, este mesmo pressuposto não se aplica à não cumulatividade trazida ao PIS/Cofins. Diferentemente da hipótese dos impostos, a cumulação que se pretende evitar no caso das contribuições, referese à receita da pessoa jurídica. É em relação a esse aspecto econômico que se deve impedir a reiterada incidência tributária. Neste sentido cito Marco Aurélio Greco8: “Embora a não cumulatividade seja uma idéia comum a IPI e a PIS/COFINS a diferença de pressuposto de fato (produto industrializado versus receita) faz com que assuma dimensão e perfil distintos. Por esta razão, pretender aplicar na interpretação de normas de PIS/COFINS critérios ou formulações construídas em relação ao IPI é: a) desconsiderar os diferentes pressupostos constitucionais; b) agredir a racionalidade da incidência de PIS/COFINS; e c) contrariar a coerência interna da exigência, pois esta se forma a partir do pressuposto ‘receita’e não ‘produto’.” O critério “receita”, ao contrário do critério “produto”, não possui, como bem esclarecido pelo doutrinador supracitado, “um ciclo econômico a ser considerado, posto ser fenômeno ligado a uma única pessoa”. Inexiste imposto de etapa anterior a ser deduzido, uma vez que não há estágio prévio na apuração da receita da pessoa jurídica, e esta particularidade inviabiliza a aplicação da mesma interpretação para ambos os regimes. III auferidas pela pessoa jurídica revendedora, na revenda de mercadorias em relação às quais a contribuição seja exigida da empresa vendedora, na condição de substituta tributária; IV – (Revogado pela Lei nº 11.727, de 2008) V referentes a: a) vendas canceladas e aos descontos incondicionais concedidos; b) reversões de provisões e recuperações de créditos baixados como perda que não representem ingresso de novas receitas, o resultado positivo da avaliação de investimentos pelo valor do patrimônio líquido e os lucros e dividendos derivados de investimentos avaliados pelo custo de aquisição que tenham sido computados como receita. VI decorrentes de transferência onerosa a outros contribuintes do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS de créditos de ICMS originados de operações de exportação, conforme o disposto no inciso II do § 1o do art. 25 da Lei Complementar no 87, de 13 de setembro de 1996. (Incluído pela Lei nº 11.945, de 2009)." 8 MARCO AURELIO GRECCO in “NãoCumulatividade no PIS e na COFINS”, Leandro Paulsen (coord.), São Paulo: IOB Thomsom, 2004 Fl. 1154DF CARF MF Impresso em 05/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 02/0 3/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 04/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Ass inado digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS 18 Não há meios, portanto de confusão entre os sistemas não cumulativos de impostos e contribuições. Diferentemente do regime previsto para o IPI e ICMS que pretende a compensação de “imposto sobre imposto”, importandose com o valor despendido a título de tributo, a não cumulatividade das contribuições sociais se preocupa com o quantum consumido pelo contribuinte a título de insumos em todo processo de produção. Importa sim, para viabilizar o crédito, que o insumo tenha sido tributado, mas é irrelevante a forma desta tributação e o quanto representou esta incidência tributária. O contribuinte terá direito ao crédito se o insumo tiver sido tributado pelo regime cumulativo, pelo regime não cumulativo ou mesmo pelo Simples, até porque o montante recolhido a título de PIS e Cofins não consiste em fator decisivo à obtenção do crédito tributário9. Tanto é assim que, independentemente do critério de tributação ao qual foi submetido o insumo, o contribuinte terá direito à grandeza de 9,25% (PIS + COFINS) de todo o valor que foi despendido para a sua aquisição. Assim, claro está que não é o valor gasto a título de tributo que interessa, contrariamente aos regimes aplicados ao IPI/ICMS. Tenho para mim que o legislador infraconstitucional, ao definir os ditames para evitar a cumulação das contribuições, criou critério híbrido e único, mesclando conceitos já existentes com outros inevitavelmente formados de significação específica para as contribuições ao PIS/Cofins. Tal procedimento pretendeu alcançar os aspectos particulares das contribuições sociais, bem como neutralizar efetivamente a cumulação destes tributos, que possuem regra matriz de incidência totalmente diversa dos demais tributos não cumulativos. Conforme este raciocínio cito Eduardo de Carvalho Borges10: “No caso do PIS e da COFINS, o legislador federal optou por um sistema misto: apesar de ter concedido ao contribuinte um crédito a ser abatido das contribuições a serem pagas, tal crédito não é apurado em função do tributo recolhido em fase anterior, mas mediante a aplicação, ao valor do bem ou serviço proveniente de etapa anterior, da alíquota à qual está sujeito o contribuinte ao qual o crédito é outorgado. Vejamos o seguinte exemplo: (i) um produto X é vendido por A a B por 100 reais; (ii) estando A sujeito ao regime cumulativo, recolhe 3,65 reais a título de PIS e COFINS; (iii) estando B sujeito ao regime nãocumulativo, apura crédito de PIS e COFINS no valor de 7,60 reais; e (iv) ao revender o produto X por 200 reais, B recolhe 7,60 reais (200 reais x 7,6% 7,60 reais = 7,60 reais) a título de PIS e COFINS. Em tal caso, o critério adotado propiciou o mesmo resultado da aplicação do método “base sobre base” (200 reais – 100 reais x 7,6% = 7,60 reais).” – destaquei. Realmente, dos termos legais não se depreende a limitação invocada pelo acórdão recorrido, não sendo lícito ao agente administrativo, sem fundamentação legal, deliberar em sentido de reduzir o crédito do contribuinte. Não se aplica, portanto, o critério de IPI/ICMS, uma vez que não importa, no caso das contribuições em análise, se o insumo consumido obteve ou não algum contato com o produto final comercializado. Da mesma forma não interessa em que momento do processo de produção o insumo foi utilizado. 9 Lei nº 10.833/03, art. 3º, 10 Eduardo de Carvalho Borges in “Os Créditos de PIS e COFINS na Indústria de Papel e Celulose, O Caso das Florestas Próprias”, Tributação no Agronegócio, Quartier Latin Fl. 1155DF CARF MF Impresso em 05/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 02/0 3/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 04/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Ass inado digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 15578.000318/200899 Acórdão n.º 3302001.694 S3C3T2 Fl. 790 19 Melhor sorte não alcança a equiparação do conceito da não cumulatividade com as noções de custo e despesa necessária para o Imposto de Renda, conforme os artigos 29011 e 29912 do RIR/99. Realmente, correta a doutrina ao perceber que o conceito de receita está mais próximo do conceito de lucro, do que da definição de valor agregado ao produto, aplicável ao ICMS e IPI. Todavia, não se trata de identidade de materialidade, receita não é lucro e este fato não pode ser ignorado. Ao analisar o disposto na legislação verificase que as despesas contabilizadas como “operacionais” são mais amplas do que o conceito de insumos em análise. O critério de classificação da despesa operacional é que ela seja necessária, usual ou normal para as atividades da empresa. Todavia, este não é o critério utilizado para o conceito de insumos. Vários itens, que são classificados como despesas necessárias (despesas realizadas com vendas, pessoal, administração, propaganda, publicidade, etc) ao meu sentir, não serão, obrigatoriamente, insumos para o PIS e Cofins não cumulativos. Da mesma forma, o custo de produção também é diferente de insumos, basta constatar que as Leis nº10.833/03 e 10.637/02 negam, expressamente, a folha de salários como insumo para o PIS COFINS. Por outro giro, a legislação específica define que a base do crédito, para o PIS e Cofins, será formada pelas despesas e custos de “bens e serviços, utilizados como insumo na 11 Custo de Produção Art. 290. O custo de produção dos bens ou serviços vendidos compreenderá, obrigatoriamente (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 13, § 1º): I o custo de aquisição de matériasprimas e quaisquer outros bens ou serviços aplicados ou consumidos na produção, observado o disposto no artigo anterior; II o custo do pessoal aplicado na produção, inclusive de supervisão direta, manutenção e guarda das instalações de produção; III os custos de locação, manutenção e reparo e os encargos de depreciação dos bens aplicados na produção; IV os encargos de amortização diretamente relacionados com a produção; V os encargos de exaustão dos recursos naturais utilizados na produção. Parágrafo único. A aquisição de bens de consumo eventual, cujo valor não exceda a cinco por cento do custo total dos produtos vendidos no período de apuração anterior, poderá ser registrada diretamente como custo (Decreto Lei nº 1.598, de 1977, art. 13, § 2º). 12 Despesas Necessárias Art. 299. São operacionais as despesas não computadas nos custos, necessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47). § 1º São necessárias as despesas pagas ou incorridas para a realização das transações ou operações exigidas pela atividade da empresa (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47, § 1º). § 2º As despesas operacionais admitidas são as usuais ou normais no tipo de transações, operações ou atividades da empresa (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47, § 2º). § 3º O disposto neste artigo aplicase também às gratificações pagas aos empregados, seja qual for a designação que tiverem. Fl. 1156DF CARF MF Impresso em 05/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 02/0 3/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 04/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Ass inado digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS 20 prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes...” A redação do dispositivo legal é clara, e define como critério os bens e serviços UTILIZADOS na PRESTAÇÃO de serviços; na PRODUÇÃO e na FABRICAÇÃO de bens e produtos. Neste sentido, “somente os bens e serviços que forem utilizados direta ou indiretamente na fabricação de bens ou na prestação de serviços darão direito ao crédito. Essa ressalva é muito importante, na medida em que a lei exige que os bens e serviços sejam efetivamente utilizados pela empresa para tais finalidades, e não simplesmente adquiridos e consumidos em suas operações.” 13 A questão é que e aqui, entendo se formar um critério específico para o conceito de insumos no PIS e COFINS não cumulativo para a produção/fabricação de determinada mercadoria final (ou serviço), o insumo tem que ser UTILIZADO e, mais ainda, tem que ser INDISPENSÁVEL para o resultado final pretendido. De acordo com este raciocínio o insumo, para gerar crédito, deve estar diretamente vinculado ao objeto social da empresa e, em meu entender, é este o componente diferenciador que deve ser considerado pelos intérpretes do direito. Com base na legislação pertinente ao assunto, concluo que para gerar crédito de PIS e Cofins não cumulativo o insumo deve: ser UTILIZADO direta ou indiretamente pelo contribuinte; ser INDISPENSÁVEL para a formação daquele produto/serviço final; e estar RELACIONADO ao objeto social do contribuinte. Mencionada conclusão foi realizada à luz da materialidade das contribuições sociais em análise, sendo que o critério material da regra matriz de incidência tributária do PIS/Cofins é aferir receita14, e a receita de uma empresa está diretamente ligada à atividade que esta empresa exerce. Logo, para conceituar insumo, primordial verificar o que foi utilizado para se alcançar aquela determinada receita naquele específico mês. Finalizada esta análise preliminar de conceitos, é preciso avaliar se os insumos pleiteados pela Recorrente são desta forma considerado pela legislação do PIS/Cofins. como se depreende do Relatório do mencionado Parecer DRF/VIT/SEORT nº 2590/2008 (fls. 253), constato que o objeto da empresa é, verbis: “As informações constantes dos sistemas da RFB, assim como aquelas colhidas em diligências no estabelecimento da pessoa jurídica dão conta que a Cia Coreano Brasileira de Pelotização — Kobrasco, neste parecer designado apenas de Kobrasco, atua 13 Pedro Anan Jr, in "PIS e COFINS à luz da Jurisprudência do CARF Conselho Administrativo de Recursos Fiscais", em artigo entitulado "A Questão do Crédito de PIS e COFINS no Regime da Não Cumulatividade e a Jurisprudência do CARF", fls. 486, MP Editora destaquei 14 No sentido de busca da "formação da receita" cito o doutrinador Marco Aurélio Grecco (in “Não Cumulatividade no PIS e na COFINS”, Leandro Paulsen (coord.), São Paulo: IOB Thomsom, 2004), a saber: “Por isso, o critério utilizado para o fim de identificar quais verbas serão consideradas na nãocumulatividade do PIS/COFINS apóiase na inerência do dispêndio em relação ao fator de produção ao qual se relaciona. O pressuposto de fato é a receita, portanto, é importante saber o que participa da sua formação – que a lei escolheu estar relacionado com o processo de prestação de serviço ou fabricação e produção. Portanto, é relevante determinar quais dispêndios ligados à prestação de serviços e à fabricação/produção que digam respeito aos respectivos fatores de produção (= deles sejam insumos). Se entre o dispêndio e os fatores de capital e trabalho houver uma relação de inerência, haverá – em princípio – direito à dedução.” Fl. 1157DF CARF MF Impresso em 05/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 02/0 3/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 04/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Ass inado digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 15578.000318/200899 Acórdão n.º 3302001.694 S3C3T2 Fl. 791 21 na produção e comercialização de pelotas de minério de ferro, com sua planta industrial situada no complexo CVRD — Ponta de Tubarão, em Vitória/ES. Sua produção é comercializada tanto no mercado interno, com vendas para Companhia Vale do Rio Doce CVRD, CNPJ 33.592.510/022042, como no mercado externo.” Já de acordo com os termos do Recurso Voluntário (fls. 281), o objeto social da empresa está consubstanciado: “A RECORRENTE é sociedade empresária cujo objeto societário é a produção e venda de pelotas de minério de ferro, bem como o exercício de outras atividades direta ou indiretamente relacionadas com a produção e venda de pelotas de minério de ferro. Na consecução de seus fins societários, a RECORRENTE adquire minério de ferro bruto ('pellet feed') da COMPANHIA VALE DO RIO DOCE — CVRD e, em seu estabelecimento fabril (usina de pelotização), transforma esse minério em pelotas destinandoas à venda no mercado externo.” Em princípio esclareço, por conseqüência lógica da premissa adotada (diversidade entre os regimes não cumulativos), que o conceito de insumos para a não cumulatividade de PIS/COFINS difere daquele utilizado para ICMS/IPI15, bem assim não pode ser equiparado ao critério utilizado pelo Imposto de Renda. De acordo com a premissa adotada, entendo que para gerar crédito de PIS não cumulativo o insumo deve: ser UTILIZADO direta ou indiretamente pelo contribuinte; ser INDISPENSÁVEL para a formação daquele produto/serviço final; e estar RELACIONADO ao seu objeto social. Prestador de Serviço Serviço Prestado Novo Rumo Serviços Topográficos Serviços de topografia Metacon Engenharia serviços técnicos de engenharia de projetos industriais 15 Neste sentido, segue ementa do Acórdão proferido no Processo Administrativo nº 11020.000607/201058: "COFINS NÃO CUMULATIVIDADE RESSARCIMENTO CONCEITO DE INSUMO LEIS Nº 10.637/02 E Nº 10.684/03. O princípio da não cumulatividade da COFINS visa neutralizar a cumulação das múltiplas incidências da referida contribuição nas diversas etapas da cadeia produtiva até o consumo final do bem ou serviço, de modo a desonerar os custos de produção destes últimos. A expressão “insumos e despesas de produção incorridos e pagos”, obviamente não se restringe somente aos insumos utilizados no processo de industrialização, tal como definidos nas legislações de regência do IPI e do ICMS, mas abrange também os insumos utilizados na produção de serviços, designando cada um dos elementos necessários ao processo produtivo de bens e serviços, imprescindíveis à existência, funcionamento, aprimoramento ou à manutenção destes últimos." Fl. 1158DF CARF MF Impresso em 05/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 02/0 3/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 04/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Ass inado digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS 22 Ecosoft Consultoria manutenção e monitoramento da qualidade do ar Sindus Manutenção e Sistemas Industriais serviços de manutenção eletromecânica nos equipamentos de monitoramento ambiental AGR Serviços e Participações serviços de locação de sanitários portáteis hidráulicos Cepemar Serviços de Consultoria em MA serviços de monitoramento ambiental das partículas emitidas no complexo industrial Chole Monitoramento de Máquinas coleta de dados para análise de vibrações e monitoramento em equipamentos Deloitte Touche Tomatsu serviços de auditoria Price Water House Coopers serviços de auditoria Em vista do objeto social da Recorrente ser a produção de pelotas de minério de ferro, de todos os serviços que foram glosados como insumos, entendo que a glosa deve ser mantida em relação aos contratos de auditoria referentes às empresas: Deloitte Touche Tomatsu; Price Water House Coopers, por entender que são serviços necessários à qualquer empresa (auditoria), não especialmente àquelas que desenvolvem a atividade da Recorrente. Ainda, concluo pela impossibilidade de considerar o contrato com a AGR Serviços e Participações, cujo objeto é a locação de sanitários portáteis hidráulicos, por não ter sido comprovada a utilização no processo produtivo, nem mesmo a habitualidade da contratação do serviço, o que seria necessário caso estivesse vinculado à operação. Concedo os demais serviços glosados em virtude de entendêlos utilizados, imprescindíveis e relacionados ao objeto social da Recorrente. Ante o exposto, CONHEÇO do recurso apresentado, posto que presentes os pressupostos de admissibilidade, para o fim de DARLHE PARCIAL PROVIMENTO, reconhecendo o crédito dos insumos pleiteados (com exceção daqueles referentes aos contratos firmados com a Deloitte Touche Tomatsu; Price Water House Coopers e AGR). É como voto. (assinado digitalmente) FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Relatora Fl. 1159DF CARF MF Impresso em 05/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 02/0 3/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 04/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Ass inado digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 15578.000318/200899 Acórdão n.º 3302001.694 S3C3T2 Fl. 792 23 Voto Vencedor Conselheiro José Antonio Francisco, Redator Designado quanto às glosas dos créditos. Discordo do entendimento da Ilustre Relatora em relação ao conceito de insumos, para efeito do direito de crédito. As leis que tratam de PIS e Cofins não cumulativos trazem diversas exclusões específicas e, genericamente, no art. 3º, II, tratam dos insumos: “Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] II – bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei nº 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004)” Referido dispositivo referese a bens e serviços utilizados como insumos na prestação de serviços ou na produção ou fabricação de produtos destinados a vendas. Dentro desse conceito é que se tentam enquadrar os mais variados custos e despesas incorridos pela empresa produtora para o fim de creditamento das contribuições não cumulativas. Entretanto, é preciso ter em conta que, de um lado, tal conceito não se confunde com o de insumo de IPI, restrito a matérias primas, produtos intermediários e material de embalagem. De outro, não é qualquer bem ou serviço adquirido que gera direito de crédito. A condição, expressamente ditada pelo texto legal, é de que o bem ou serviço seja insumo, mas não qualquer insumo, uma vez que o dispositivo especifica claramente que deva ser utilizado na prestação de serviços ou na produção e fabricação de produtos. Portanto, embora insumo seja genericamente qualquer elemento necessário para produzir mercadorias ou serviços, a lei exige que, para gerar crédito, ele seja utilizado na produção ou fabricação. Tal disposição, singela e bastante clara, restringe drasticamente as pretensões de interpretar a disposição legal citada como referente a todo e qualquer insumo de produção. Fl. 1160DF CARF MF Impresso em 05/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 02/0 3/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 04/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Ass inado digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS 24 A primeira conclusão é elementar: custos e despesas posteriores à produção ou à prestação de serviços não geram direito de crédito com base no dispositivo. Assim, somente os casos previstos em outros incisos específicos do citado dispositivo geram crédito, quando não enquadrados no conceito de insumo utilizado na produção. Em segundo lugar, os insumos precisam ser utilizados na produção, vale dizer, devem fazer parte do processo produtivo. Nesse contexto é que devem ser examinados os itens seguintes tratados no presente recurso. Dessa forma, nem mesmo os serviços prestados pelas empresas RH Conservadora e Serviços, Agência Estado, Deloitte Touche Tomatsu caracterizamse como insumos, uma vez que não são aplicados na produção. À vista do exposto, voto por negar provimento ao recurso em relação a essa matéria e por acompanhar a Relatora em relação às demais. (Assinado digitalmente) JOSÉ ANTONIO FRANCISCO Fl. 1161DF CARF MF Impresso em 05/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 02/0 3/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 04/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Ass inado digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS
score : 1.0
Numero do processo: 10983.901975/2008-50
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 27 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Wed Feb 20 00:00:00 UTC 2013
Numero da decisão: 3401-000.589
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
RESOLVEM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Fernando Marques Cleto Duarte.
Júlio César Alves Ramos - Presidente
Emanuel Carlos Dantas de Assis - Relator
Participaram do julgamento os Conselheiros Emanuel Carlos Dantas de Assis, Jean Cleuter Simões Mendonça, Ângela Sartori, Odassi Guerzoni Filho, Fábia Regina Freitas e Júlio César Alves Ramos.
Nome do relator: EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201211
camara_s : Quarta Câmara
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Feb 20 00:00:00 UTC 2013
numero_processo_s : 10983.901975/2008-50
anomes_publicacao_s : 201302
conteudo_id_s : 5186391
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Feb 21 00:00:00 UTC 2013
numero_decisao_s : 3401-000.589
nome_arquivo_s : Decisao_10983901975200850.PDF
ano_publicacao_s : 2013
nome_relator_s : EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS
nome_arquivo_pdf_s : 10983901975200850_5186391.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. RESOLVEM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Fernando Marques Cleto Duarte. Júlio César Alves Ramos - Presidente Emanuel Carlos Dantas de Assis - Relator Participaram do julgamento os Conselheiros Emanuel Carlos Dantas de Assis, Jean Cleuter Simões Mendonça, Ângela Sartori, Odassi Guerzoni Filho, Fábia Regina Freitas e Júlio César Alves Ramos.
dt_sessao_tdt : Tue Nov 27 00:00:00 UTC 2012
id : 4492121
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 08:56:27 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041217711767552
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 3; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1748; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T1 Fl. 141 1 140 S3C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10983.901975/200850 Recurso nº Resolução nº 3401000.589 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Data 27 de novembro de 2012 Assunto Determinação de Diligência Recorrente CENTRAIS ELETRICAS DE SANTA CATARINA SA Recorrida FLORIANÓPOLISSC Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. RESOLVEM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Fernando Marques Cleto Duarte. Júlio César Alves Ramos Presidente Emanuel Carlos Dantas de Assis Relator Participaram do julgamento os Conselheiros Emanuel Carlos Dantas de Assis, Jean Cleuter Simões Mendonça, Ângela Sartori, Odassi Guerzoni Filho, Fábia Regina Freitas e Júlio César Alves Ramos. Relatório Tratase de recurso voluntário contra acórdão que manteve Despacho Decisório eletrônico não homologando compensação constante de PER/DCOMP, cujo crédito tem origem, segundo a contribuinte, em retenções feitas pela Universidade Federal de Santa Catarina. Segundo o Despacho denegatório o DARF não foi localizado nos sistemas da Receita Federal. O processo retorna a este Colegiado após duas diligências: RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 09 83 .9 01 97 5/ 20 08 -5 0 Fl. 141DF CARF MF Impresso em 21/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 04/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 12/01/2013 por JULIO CESAR A LVES RAMOS Processo nº 10983.901975/200850 Resolução nº 3401000.589 S3C4T1 Fl. 142 2 a primeira determinou ao órgão de origem se pronunciar sobre a DCTF retificadora e a existência de pagamento a maior ou não, quando a DRF de Florianópolis entendeu não caber qualquer revisão no Despacho Decisório que não reconheceu o crédito e, além do mais, afirmou que o recurso voluntário não devia ser conhecido porque firmado por pessoa sem poderes de representação para tanto; a segunda visou sanar a falha na representação e intimar a contribuinte a se pronunciar sobre o entendimento da DRF FlorianópolisSC, exposto na primeira diligência. Intimado por ocasião da segunda diligência, a contribuinte insiste na compensação, referindose a outros dois processos semelhantes a este – os de nºs 10983.901218/200886 e 10983.901097/200872 – e afirmando que as telas SIAFI demonstram a retenção pelos órgãos públicos. Requer a reforma do acórdão recorrido ou, então, nova diligência para que se proceda à juntada dos “Comprovantes Anuais de Retenção de IRPJ, CSLL, COFINS e PIS”, expedidos pelos órgãos públicos pagadores, que são espelhos das telas SIAFI, tal como adotado nos dois processos acima referidos, nos quais o valor compensado decorrente das retenções foi confirmado pela DRF. É o relatório, elaborado a partir do processo digitalizado. Voto Conselheiro Emanuel Carlos Dantas de Assis, Relator Diante da insuficiência das diligências realizadas até agora, e por ter sido regularizada a representação processual, carece realizar uma nova, desta feita para que a unidade de origem adote procedimentos semelhantes aos realizados nos processos nºs 10983.901218/200886 e 10983.901097/200872, investigando a fundo a existência de pagamento a maior ou não. Para tanto, deve buscar junto ao SIAFI os dados das retenções e, se necessário, solicitar à contribuinte os Comprovantes Anuais de Retenção de IRPJ, CSLL, COFINS e PIS fornecidos por órgãos públicos (incluindo autarquias e fundações da administração pública federal) a pessoas jurídicas fornecedoras de bens ou prestadoras de serviços, nos termos do art. 64 da Lei nº 9.430/96. A Recorrente possui inúmeros processos semelhantes ao presente, sendo em que alguns foram comprovadas, ao menos em parte, as retenções alegadas. Diante dessas comprovações, reforçase a necessidade de nova investigação. Pelo exposto, voto por converter o presente julgamento em nova diligência para que a unidade de origem, primeiro, verifique as retenções alegadas, seja por meio do sistema SIAFI, seja obtendo junto à contribuinte os Comprovantes Anuais de Retenção de IRPJ, CSLL, COFINS e PIS, e segundo, emita parecer conclusivo sobre a compensação, respondendo: a) se restaram comprovadas tais retenções, discriminando os seus valores em caso positivo, e b) se houve ou não compensação com os montantes devidos, elaborando demonstrativo com os valores retidos, compensados e os saldos porventura disponíveis. Fl. 142DF CARF MF Impresso em 21/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 04/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 12/01/2013 por JULIO CESAR A LVES RAMOS Processo nº 10983.901975/200850 Resolução nº 3401000.589 S3C4T1 Fl. 143 3 Do parecer deve ser dada ciência à contribuinte, abrindoselhe o prazo de trinta dias para, querendo, se manifestar sobre o resultado desta nova diligência. Emanuel Carlos Dantas de Assis Fl. 143DF CARF MF Impresso em 21/02/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 04/01/2013 por EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS, Assinado digitalmente em 12/01/2013 por JULIO CESAR A LVES RAMOS
score : 1.0
Numero do processo: 11065.724992/2011-97
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 29 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Mon Mar 04 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007
NÃO CUMULATIVIDADE. DIREITO DE CRÉDITO. BENS E SERVIÇOS UTILIZADOS COMO INSUMOS. CONCEITO.
Os insumos utilizados na fabricação de produtos e prestação de serviços que são direito de crédito da contribuição não cumulativa são somente aqueles que representem bens e serviços.
NÃO CUMULATIVIDADE. BASE DE CÁLCULO. APURAÇÃO.
Do valor do PIS ou da Cofins, apurados segundo o regime da não cumulatividade, a pessoa jurídica somente poderá descontar os créditos listados na legislação de regência.
CRÉDITOS. AQUISIÇÃO. ALÍQUOTA ZERO.
Com o advento da Lei nº 10.865, de 2004, que deu nova redação ao art. 3º da Lei nº 10.637, de 2002, não mais se poderá apurar créditos relativos à Cofins decorrentes de aquisições de insumos com alíquota zero, utilizados na produção ou fabricação de produtos destinados à venda.
CRÉDITO. SERVIÇOS DE ESGOTO. POSSIBILIDADE.
Como é relativa a serviço utilizado indiretamente no processo produtivo, a taxa de esgoto gera direito de crédito.
CRÉDITO. FRETE NA AQUISIÇÃO. INEXISTÊNCIA DE VINCULAÇÃO AO CRÉDITO DO BEM ADQUIRIDO.
Tratando-se de frete tributado pelas contribuições, ainda que se refiram a insumos adquiridos que não sofreram a incidência, o custo do serviço gera direito a crédito.
CRÉDITO. FRETE DE PRODUTOS PRONTOS.
Não existe previsão legal para o cálculo de créditos a descontar da Cofins não cumulativa sobre valores relativos a fretes realizados entre estabelecimentos da mesma empresa, não clientes.
CRÉDITO. DAÇÃO EM PAGAMENTO.
Ainda que pagas por meio de dação em pagamento, as aquisições tributadas pelas contribuição que se enquadrem no conceito de insumo utilizado na produção geram direito a crédito.
CRÉDITO. SERVIÇOS RELACIONADOS A IMPORTAÇÃO.
Não se tratando de insumos utilizados na produção, nem de valores que componham a base de cálculo das aquisições do exterior que, prevista em lei, gera crédito, não se reconhece o direito em relação a serviços de importação.
CRÉDITO. EMBALAGENS. AQUISIÇÕES NÃO COMPROVADAS.
A falta de comprovação da aquisição impede o creditamento relativo a aquisições de embalagens.
CRÉDITO. FRETE NA EXPORTAÇÃO.
Os serviços contratados de agenciamento, logística e intermediação de exportação ou frete não são passíveis de creditamento, o que não abrange o frete contratado de empresa brasileira que tenha subcontratado empresa estrangeira.
CRÉDITO PRESUMIDO. ATIVIDADES AGROINDUSTRIAIS. ALÍQUOTA APLICÁVEL EM RELAÇÃO AO INSUMO ADQUIRIDO.
As pessoas jurídicas sujeitas à sistemática de não-cumulatividade da Cofins e da Contribuição ao PIS que produzirem mercadorias relacionadas no caput do art. 8º da Lei nº 10.925, de 2004, desde que atendidos todos os requisitos exigidos pela legislação tributária, poderão usufruir crédito presumido, na forma disposta nesse artigo e respectivos parágrafos, calculado sobre o valor dos bens adquiridos de pessoa física ou de outros fornecedores descritos no § 1º do mencionado artigo, sendo a alíquota definida pela natureza do insumo adquirido.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 3302-001.916
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos,
Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do voto do redator designado. Vencidos os conselheiros Fabiola Cassiano Keramidas (relatora), Alexandre Gomes e Gileno Gurjão Barretos, relativamente às matérias consignadas nos itens d, f, h e j do voto da Relatora. A turma acompanhou a relatora quanto às matérias consignadas nos demais itens do seu voto, exceto o Conselheiro José Antonio Francisco, vencido em relação aos serviços de esgoto. Designado o Conselheiro José Antonio Francisco para redigir o voto vencedor.
(assinado digitalmente)
WALBER JOSÉ DA SILVA - Presidente.
(assinado digitalmente)
FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS - Relatora.
(assinado digitalmente)
JOSÉ ANTONIO FRANCISCO - Redator designado.
EDITADO EM: 11/02/2013
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Walber José da Silva, José Antonio Francisco, Fabiola Cassiano Keramidas, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Alexandre Gomes e Gileno Gurjão Barreto.
Nome do relator: FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201301
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007 NÃO CUMULATIVIDADE. DIREITO DE CRÉDITO. BENS E SERVIÇOS UTILIZADOS COMO INSUMOS. CONCEITO. Os insumos utilizados na fabricação de produtos e prestação de serviços que são direito de crédito da contribuição não cumulativa são somente aqueles que representem bens e serviços. NÃO CUMULATIVIDADE. BASE DE CÁLCULO. APURAÇÃO. Do valor do PIS ou da Cofins, apurados segundo o regime da não cumulatividade, a pessoa jurídica somente poderá descontar os créditos listados na legislação de regência. CRÉDITOS. AQUISIÇÃO. ALÍQUOTA ZERO. Com o advento da Lei nº 10.865, de 2004, que deu nova redação ao art. 3º da Lei nº 10.637, de 2002, não mais se poderá apurar créditos relativos à Cofins decorrentes de aquisições de insumos com alíquota zero, utilizados na produção ou fabricação de produtos destinados à venda. CRÉDITO. SERVIÇOS DE ESGOTO. POSSIBILIDADE. Como é relativa a serviço utilizado indiretamente no processo produtivo, a taxa de esgoto gera direito de crédito. CRÉDITO. FRETE NA AQUISIÇÃO. INEXISTÊNCIA DE VINCULAÇÃO AO CRÉDITO DO BEM ADQUIRIDO. Tratando-se de frete tributado pelas contribuições, ainda que se refiram a insumos adquiridos que não sofreram a incidência, o custo do serviço gera direito a crédito. CRÉDITO. FRETE DE PRODUTOS PRONTOS. Não existe previsão legal para o cálculo de créditos a descontar da Cofins não cumulativa sobre valores relativos a fretes realizados entre estabelecimentos da mesma empresa, não clientes. CRÉDITO. DAÇÃO EM PAGAMENTO. Ainda que pagas por meio de dação em pagamento, as aquisições tributadas pelas contribuição que se enquadrem no conceito de insumo utilizado na produção geram direito a crédito. CRÉDITO. SERVIÇOS RELACIONADOS A IMPORTAÇÃO. Não se tratando de insumos utilizados na produção, nem de valores que componham a base de cálculo das aquisições do exterior que, prevista em lei, gera crédito, não se reconhece o direito em relação a serviços de importação. CRÉDITO. EMBALAGENS. AQUISIÇÕES NÃO COMPROVADAS. A falta de comprovação da aquisição impede o creditamento relativo a aquisições de embalagens. CRÉDITO. FRETE NA EXPORTAÇÃO. Os serviços contratados de agenciamento, logística e intermediação de exportação ou frete não são passíveis de creditamento, o que não abrange o frete contratado de empresa brasileira que tenha subcontratado empresa estrangeira. CRÉDITO PRESUMIDO. ATIVIDADES AGROINDUSTRIAIS. ALÍQUOTA APLICÁVEL EM RELAÇÃO AO INSUMO ADQUIRIDO. As pessoas jurídicas sujeitas à sistemática de não-cumulatividade da Cofins e da Contribuição ao PIS que produzirem mercadorias relacionadas no caput do art. 8º da Lei nº 10.925, de 2004, desde que atendidos todos os requisitos exigidos pela legislação tributária, poderão usufruir crédito presumido, na forma disposta nesse artigo e respectivos parágrafos, calculado sobre o valor dos bens adquiridos de pessoa física ou de outros fornecedores descritos no § 1º do mencionado artigo, sendo a alíquota definida pela natureza do insumo adquirido. Recurso Voluntário Provido em Parte
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Mar 04 00:00:00 UTC 2013
numero_processo_s : 11065.724992/2011-97
anomes_publicacao_s : 201303
conteudo_id_s : 5189236
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Mar 04 00:00:00 UTC 2013
numero_decisao_s : 3302-001.916
nome_arquivo_s : Decisao_11065724992201197.PDF
ano_publicacao_s : 2013
nome_relator_s : FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS
nome_arquivo_pdf_s : 11065724992201197_5189236.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do voto do redator designado. Vencidos os conselheiros Fabiola Cassiano Keramidas (relatora), Alexandre Gomes e Gileno Gurjão Barretos, relativamente às matérias consignadas nos itens d, f, h e j do voto da Relatora. A turma acompanhou a relatora quanto às matérias consignadas nos demais itens do seu voto, exceto o Conselheiro José Antonio Francisco, vencido em relação aos serviços de esgoto. Designado o Conselheiro José Antonio Francisco para redigir o voto vencedor. (assinado digitalmente) WALBER JOSÉ DA SILVA - Presidente. (assinado digitalmente) FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS - Relatora. (assinado digitalmente) JOSÉ ANTONIO FRANCISCO - Redator designado. EDITADO EM: 11/02/2013 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Walber José da Silva, José Antonio Francisco, Fabiola Cassiano Keramidas, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Alexandre Gomes e Gileno Gurjão Barreto.
dt_sessao_tdt : Tue Jan 29 00:00:00 UTC 2013
id : 4508624
ano_sessao_s : 2013
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 08:56:39 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041217720156160
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 53; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2207; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 6.262 1 6.261 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11065.724992/201197 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3302001.916 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 29 de janeiro de 2013 Matéria PIS E COFINS NÃO CUMULATIVOS Recorrente MOINHOS CRUZEIRO DO SUL S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007 ALEGAÇÕES. COMPROVAÇÃO. ÔNUS. É ônus da interessada a comprovação das alegações, em especial o erro de preenchimento de declaração alegado em seu favor, de modo a revisar o auto de infração devidamente fundamentado em divergência entre escrituração fiscal e créditos constantes do Dacon. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007 NÃO CUMULATIVIDADE. DIREITO DE CRÉDITO. BENS E SERVIÇOS UTILIZADOS COMO INSUMOS. CONCEITO. Os insumos utilizados na fabricação de produtos e prestação de serviços que são direito de crédito da contribuição não cumulativa são somente aqueles que representem bens e serviços. NÃO CUMULATIVIDADE. BASE DE CÁLCULO. APURAÇÃO. Do valor do PIS ou da Cofins, apurados segundo o regime da não cumulatividade, a pessoa jurídica somente poderá descontar os créditos listados na legislação de regência. CRÉDITOS. AQUISIÇÃO. ALÍQUOTA ZERO. Com o advento da Lei nº 10.865, de 2004, que deu nova redação ao art. 3º da Lei nº 10.637, de 2002, não mais se poderá apurar créditos relativos à Cofins decorrentes de aquisições de insumos com alíquota zero, utilizados na produção ou fabricação de produtos destinados à venda. CRÉDITO. SERVIÇOS DE ESGOTO. POSSIBILIDADE. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 5. 72 49 92 /2 01 1- 97 Fl. 6263DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 13/02/20 13 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS 2 Como é relativa a serviço utilizado indiretamente no processo produtivo, a taxa de esgoto gera direito de crédito. CRÉDITO. FRETE NA AQUISIÇÃO. INEXISTÊNCIA DE VINCULAÇÃO AO CRÉDITO DO BEM ADQUIRIDO. Tratandose de frete tributado pelas contribuições, ainda que se refiram a insumos adquiridos que não sofreram a incidência, o custo do serviço gera direito a crédito. CRÉDITO. FRETE DE PRODUTOS PRONTOS. Não existe previsão legal para o cálculo de créditos a descontar da Cofins não cumulativa sobre valores relativos a fretes realizados entre estabelecimentos da mesma empresa, não clientes. CRÉDITO. DAÇÃO EM PAGAMENTO. Ainda que pagas por meio de dação em pagamento, as aquisições tributadas pelas contribuição que se enquadrem no conceito de insumo utilizado na produção geram direito a crédito. CRÉDITO. SERVIÇOS RELACIONADOS A IMPORTAÇÃO. Não se tratando de insumos utilizados na produção, nem de valores que componham a base de cálculo das aquisições do exterior que, prevista em lei, gera crédito, não se reconhece o direito em relação a serviços de importação. CRÉDITO. EMBALAGENS. AQUISIÇÕES NÃO COMPROVADAS. A falta de comprovação da aquisição impede o creditamento relativo a aquisições de embalagens. CRÉDITO. FRETE NA EXPORTAÇÃO. Os serviços contratados de agenciamento, logística e intermediação de exportação ou frete não são passíveis de creditamento, o que não abrange o frete contratado de empresa brasileira que tenha subcontratado empresa estrangeira. CRÉDITO PRESUMIDO. ATIVIDADES AGROINDUSTRIAIS. ALÍQUOTA APLICÁVEL EM RELAÇÃO AO INSUMO ADQUIRIDO. As pessoas jurídicas sujeitas à sistemática de nãocumulatividade da Cofins e da Contribuição ao PIS que produzirem mercadorias relacionadas no caput do art. 8º da Lei nº 10.925, de 2004, desde que atendidos todos os requisitos exigidos pela legislação tributária, poderão usufruir crédito presumido, na forma disposta nesse artigo e respectivos parágrafos, calculado sobre o valor dos bens adquiridos de pessoa física ou de outros fornecedores descritos no § 1º do mencionado artigo, sendo a alíquota definida pela natureza do insumo adquirido. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do voto do redator designado. Vencidos os conselheiros Fabiola Cassiano Keramidas (relatora), Alexandre Gomes e Gileno Gurjão Barretos, relativamente às matérias consignadas nos itens “d”, “f”, “h” e “j” do voto da Fl. 6264DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 13/02/20 13 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 11065.724992/201197 Acórdão n.º 3302001.916 S3C3T2 Fl. 6.263 3 Relatora. A turma acompanhou a relatora quanto às matérias consignadas nos demais itens do seu voto, exceto o Conselheiro José Antonio Francisco, vencido em relação aos serviços de esgoto. Designado o Conselheiro José Antonio Francisco para redigir o voto vencedor. (assinado digitalmente) WALBER JOSÉ DA SILVA Presidente. (assinado digitalmente) FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Relatora. (assinado digitalmente) JOSÉ ANTONIO FRANCISCO Redator designado. EDITADO EM: 11/02/2013 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Walber José da Silva, José Antonio Francisco, Fabiola Cassiano Keramidas, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Alexandre Gomes e Gileno Gurjão Barreto. Relatório Tratase de autos de infração lavrados para fim de constituir valores a título de Cofins (fls. 5986 a 6004) e PIS (fls. 6005 a 6022) referentes ao sistema não cumulativo, nos meses de janeiro a dezembro de 2007. Por retratar a realidade dos fatos, peço vênia a meus pares para transcrever trecho do relatório constante da decisão de primeira instância administrativa, a saber: “A fiscalização refez a apuração e apurou irregularidade nos créditos, tendo constatado que nos meses em questão resultaria valores a pagar das contribuições. De acordo com o Relatório de Ação Fiscal (fls. 6025 a 6062), as seguintes irregularidades foram constatadas: (1) Crédito presumido com utilização indevida do percentual de 60%, ao invés do correto de 35%; (2) Creditamento indevido de fretes de pessoas físicas; (3) Crédito básico indevido sobre aquisições de pintos de 1 (um) dia e vacinas veterinárias; (4) Crédito indevido para pagamento de serviços de esgoto; (5) Crédito básico indevido para fretes de compras que integram o presumido; (6) Creditamento sobre fretes de produtos prontos entre unidades; (7) Crédito indevido sobre doação; (8) Crédito indevido de serviços relacionados à importação de trigo; (9) Crédito sobre aquisições de embalagens não comprovadas; (10) Créditos sobre fretes de exportação Fl. 6265DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 13/02/20 13 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS 4 descontados indevidamente, por mostraremse efetivamente relacionados a logística da operação de exportação, intermediários entre a fiscalizada e o transportador; (11) Créditos integrais sobre compras de milho e trigo com suspensão; (12) Crédito integral sobre aquisição realizada de pessoa física; (13) Crédito sobre insumos (milho) devolvidos, e; (14) Crédito efetuado em duplicidade nos itens “serviços” e “fretes”. O valor total dos lançamentos, incluindo multa de 75% e juros até 11/2011, somou R$ 12.530.966,71 (Cofins) e R$ 2.720.538,81 (PIS). A empresa foi cientificada em 21/11/2011. Em 19/12/2011, a empresa apresentou impugnação parcial (fls. 6065 a 6169). Concorda com as glosas referentes aos itens 2, 12, 13 e 14 acima, contestando os demais. Genericamente, se insurge contra o conceito de insumo adotado pela RFB e pelo auditor fiscal autuante, que seria aplicável somente ao IPI. Sustenta que a aplicação de tal conceito resulta na transformação da sistemática não cumulativa em cumulativa, com a alíquota maior, em desacordo com os objetivos da introdução da não cumulatividade. Entende que a necessária “utilização” dos bens e serviços no processo produtivo é o critério que deveria ser adotado. Apresenta textos jornalísticos e citações que refletem o amplo debate sobre o conceito de insumo, inclusive com questionamentos à interpretação restrita adotada pela RFB, seja de julgadores do Carf, seja em decisões judiciais. Especificamente, questiona: Quanto ao item 1: Explica a atividade exercida. Indica que o pinto de 1 dia, o frango vivo e o milho (para a ração) não são revendidos, destinandose exclusivamente à produção do frango a ser abatido e vendido, sendo todos os produtos da posição 02.07 da TIPI. Acrescenta que, na realidade, teria direito a totalidade do crédito, uma vez que são todos insumos sem indicação do tratamento tributário de suspensão. Junta cópias de documentos fiscais a título exemplificativo, informando encontraremse os demais a disposição; Quanto ao item 3: Entende que o fisco confunde os tributos sujeitos à alíquota zero com a isenção. Sustenta que os produtos estão submetidos à tributação, estando autorizado o crédito ao adquirente; Quanto ao item 4: Protesta contra o conceito de insumo utilizado pelo fisco, conforme já destacado. Indica ser a tarifa de esgoto e a água utilizada indissociáveis, com mesma base, sendo a tarifa custo vinculado e compulsório. Aponta ser referido custo absolutamente necessário na produção de farinha; Quanto ao item 5: Argumenta que o frete pago é distinto dos insumos e que o serviço foi tributado pelas contribuições. Entende inexistir fundamento legal para a glosa, citando Soluções de Consulta da RFB que sustentariam o creditamento; Quanto ao item 6: Explica que o produto pronto é remetido à filial que o revendeu para entrega ao destinatário final, não sendo operação similar àquela da Solução de Divergência Cosit 26/08, citada pelo autuante. O valor do frete é suportado e repassado ao preço pelo impugnante. A apuração de créditos tem fundamento no art. 3°, IX, da Lei 10.833/03. Fl. 6266DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 13/02/20 13 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 11065.724992/201197 Acórdão n.º 3302001.916 S3C3T2 Fl. 6.264 5 Apresenta, como exemplo do entrosamento da cadeia produtiva, planilha com a correspondência entre a nota de remessa para as unidades e a(s) nota(s) fiscal(is) de venda do produto respectivo. Transcreve, ainda, solução de consulta e excerto de jurisprudência que apoiariam seu entendimento; Quanto ao item 7: Argumenta que prestou serviço de moagem de trigo, sendo este o pagamento pela compra de farelo, por isso a empresa “Bom Gosto” (“Vitarella”) fez constar da nota fiscal “dação em pagamento”. Argumenta que, ao contrário do afirmado no Relatório da Ação Fiscal, a operação é tributável pelo PIS e Cofins para a emitente. Indica que a impugnante também emitiu as respectivas notas fiscais pela prestação de serviço, das quais teria anexado uma cópia como exemplo, resultando que, se aceita a autuação, o PIS e Cofins sofreriam dupla incidência; Quanto ao item 8: Alega que todos os gastos foram para mercadoria já desembaraçada e nacionalizada. Repisa a crítica ao conceito adotado de insumo. Refuta a hipótese levantada pelo autuante de que, se os custos integraram o valor aduaneiro, teria se duplo creditamento, pois tal não ocorreu, inexistindo comprovação em contrário. Alega que se trata de gastos comprovados e necessários ao processo produtivo que sofreram a incidência em sua origem; Quanto ao item 9: Explica que tratouse apenas de equívoco da unidade Trigobel no preenchimento do Dacon, ao incluir o total do item “aquisições para industrialização”, exceto o valor da compra de trigo, na linha do Dacon correspondente a “embalagens”, quando deveriam constar em “Bens e Serviços para Produção/Com de Produtos no País”. Elabora tabela para comprovação, indicando que algumas diferenças restaram não identificadas até a entrega da impugnação, embora o cômputo total demonstre inexistir diferença; Quanto ao item 10: Alega que a glosa contraria disposição legal e o princípio da não cumulatividade, tratandose de pagamentos no Brasil para empresas brasileiras, apontando documentos para comprovação. Indica que o nome do documento (Nota de Débito) é problema com o emissor. Considera que as informações prestadas pelos agentes são para eximirse do tributo; Quanto ao item 11: Repisa os argumentos do item 2.1, indicando inexistir indicação de “venda com suspensão” no documento fiscal.” destaquei Após analisar as razões de impugnação trazidas pela Recorrente, a 2ª Turma da Delegacia de Julgamento de Porto Alegre – DRJ/POA – proferiu o acórdão nº 1037.773 (fls. 6.179/6.199), que restou da seguinte forma ementa, verbis: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007 CRÉDITO PRESUMIDO. ALÍQUOTA APLICÁVEL. O percentual de 60% aplicável sobre a alíquota prevista no art. 2º da Lei nº 10.637/2002 será utilizado apenas para os insumos de origem animal classificados nos Capítulos 2 a 4, 16, e nos códigos 1501 a 1506, 1516.10, e as misturas ou preparações de gorduras ou de óleos animais dos códigos 15.17 e 15.18 Fl. 6267DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 13/02/20 13 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS 6 adquiridos de pessoa física, aplicandose o percentual de 35% para os demais produtos, com exceção de soja e seus derivados que possui percentual específico de 50%. CRÉDITOS. AQUISIÇÃO. ALÍQUOTA ZERO. Com o advento da Lei nº 10.865, de 2004, que deu nova redação ao art. 3º da Lei nº 10.637, de 2002, não mais se poderá apurar créditos relativos ao PIS decorrentes de aquisições de insumos com alíquota zero, utilizados na produção ou fabricação de produtos destinados à venda. NÃO CUMULATIVIDADE. BASE DE CÁLCULO. APURAÇÃO. Do valor do PIS ou da Cofins, apurados segundo o regime da não cumulatividade, a pessoa jurídica somente poderá descontar os créditos listados na legislação de regência. PIS NÃOCUMULATIVO. DIREITO DE CRÉDITO. INSUMO. Consideramse insumos, para fins de desconto de créditos na apuração da Cofins não cumulativa, os bens e serviços adquiridos de pessoas jurídicas, aplicados ou consumidos na fabricação de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. A despesa com a tarifa de esgoto não pode ser considerada insumo na fabricação/produção de bens destinados à venda. POSSIBILIDADE DE CRÉDITO. FRETE NA AQUISIÇÃO. VINCULAÇÃO AO CRÉDITO DO BEM ADQUIRIDO. Não existe previsão legal expressa para o cálculo de crédito sobre o valor do frete na aquisição. Esse é permito apenas quando o bem adquirido for passível de creditamento, e na mesma proporção em que se der esse creditamento, já que o frete compõe o custo de aquisição. POSSIBILIDADE DE CRÉDITO. FRETE DE PRODUTOS PRONTOS. Não existe previsão legal para o cálculo de créditos a descontar do PIS não cumulativo sobre valores relativos a fretes realizados entre estabelecimentos da mesma empresa, não clientes. NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITO. AGENCIAMENTO DE TRANSPORTE. Os serviços contratados de agenciamento, logística e intermediação de exportação ou frete não são passíveis de creditamento. ALEGAÇÕES. FALTA DE COMPROVAÇÃO. INDEFERIMENTO. É ônus da interessada a comprovação das alegações, em especial o erro de preenchimento de declaração alegado em seu favor, de modo a revisar o auto de infração devidamente fundamentado em divergência entre escrituração fiscal e créditos constantes do Dacon. Fl. 6268DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 13/02/20 13 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 11065.724992/201197 Acórdão n.º 3302001.916 S3C3T2 Fl. 6.265 7 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007 CRÉDITO PRESUMIDO. ALÍQUOTA APLICÁVEL. O percentual de 60% aplicável sobre a alíquota prevista no art. 2º da Lei nº 10.637/2002 será utilizado apenas para os insumos de origem animal classificados nos Capítulos 2 a 4, 16, e nos códigos 1501 a 1506, 1516.10, e as misturas ou preparações de gorduras ou de óleos animais dos códigos 15.17 e 15.18 adquiridos de pessoa física, aplicandose o percentual de 35% para os demais produtos, com exceção de soja e seus derivados que possui percentual específico de 50%. CRÉDITOS. AQUISIÇÃO. ALÍQUOTA ZERO. Com o advento da Lei nº 10.865, de 2004, que deu nova redação ao art. 3º da Lei nº 10.637, de 2002, não mais se poderá apurar créditos relativos à Cofins decorrentes de aquisições de insumos com alíquota zero, utilizados na produção ou fabricação de produtos destinados à venda. NÃO CUMULATIVIDADE. BASE DE CÁLCULO. APURAÇÃO. Do valor do PIS ou da Cofins, apurados segundo o regime da não cumulatividade, a pessoa jurídica somente poderá descontar os créditos listados na legislação de regência. COFINS NÃO CUMULATIVA. DIREITO DE CRÉDITO. INSUMO. Consideramse insumos, para fins de desconto de créditos na apuração da Cofins não cumulativa, os bens e serviços adquiridos de pessoas jurídicas, aplicados ou consumidos na fabricação de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. A despesa com a tarifa de esgoto não pode ser considerada insumo na fabricação/produção de bens destinados à venda. POSSIBILIDADE DE CRÉDITO. FRETE NA AQUISIÇÃO. VINCULAÇÃO AO CRÉDITO DO BEM ADQUIRIDO. Não existe previsão legal expressa para o cálculo de crédito sobre o valor do frete na aquisição. Esse é permito apenas quando o bem adquirido for passível de creditamento, e na mesma proporção em que se der esse creditamento, já que o frete compõe o custo de aquisição. POSSIBILIDADE DE CRÉDITO. FRETE DE PRODUTOS PRONTOS. Não existe previsão legal para o cálculo de créditos a descontar da Cofins não cumulativa sobre valores relativos a fretes realizados entre estabelecimentos da mesma empresa, não clientes. Fl. 6269DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 13/02/20 13 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS 8 NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITO. AGENCIAMENTO DE TRANSPORTE. Os serviços contratados de agenciamento, logística e intermediação de exportação ou frete não são passíveis de creditamento. ALEGAÇÕES. FALTA DE COMPROVAÇÃO. INDEFERIMENTO. É ônus da interessada a comprovação das alegações, em especial o erro de preenchimento de declaração alegado em seu favor, de modo a revisar o auto de infração devidamente fundamentado em divergência entre escrituração fiscal e créditos constantes do Dacon. Impugnação Improcedente. Crédito Tributário Mantido.” Irresignada, a Recorrente interpôs Recurso Voluntário (fls.6207/6259), reiterando as razões de impugnação. É o relatório. Voto Vencido Conselheira Relatora FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, vencida em parte O recurso atende aos pressupostos de admissibilidade, razão pela qual dele conheço. Conforme relatado, a discussão em comento reportase à glosa de créditos de PIS e Cofins não cumulativos, o que gerou a insuficiência de créditos e, consequentemente, a lavratura de autos de infração. As matérias em questão são as seguintes: (i) Crédito básico – Insumo para o PI/Cofins não cumulativo (a) Crédito básico indevido sobre aquisições de pintos de 1 (um) dia e vacinas veterinárias; (b) Crédito indevido para pagamento de serviços de esgoto; (c) Crédito básico indevido para fretes de compras que integram o presumido; (d) Creditamento sobre fretes de produtos prontos entre unidades; (e) Crédito indevido sobre doação; (f) Crédito indevido de serviços relacionados à importação de trigo; (g) Crédito sobre aquisições de embalagens não comprovadas; (h) Créditos sobre fretes de exportação descontados indevidamente, por mostraremse efetivamente relacionados a logística da operação de exportação, intermediários entre a fiscalizada e o transportador; (i) Créditos integrais sobre compras de milho e trigo com suspensão; (ii) Crédito presumido Lei nº 10.925/04 Crédito presumido com utilização indevida do percentual de 60%, ao invés do correto, no entender da fiscalização, de 35%. Passo à análise dos itens em separado. Fl. 6270DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 13/02/20 13 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 11065.724992/201197 Acórdão n.º 3302001.916 S3C3T2 Fl. 6.266 9 (I) CRÉDITO BÁSICO – INSUMO PARA O PIS/COFINS NÃO CUMULATIVO A problemática inferese no fato de a legislação referirse a insumos de forma genérica, o que permite aos operadores do direito realizar a própria interpretação do conceito e alcance do termo “insumo”. E é exatamente o que se discute nos presentes autos, o conceito de insumo para a atividade da Recorrente. Determina a lei: “Lei nº 10.833/03 Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) a) nos incisos III e IV do § 3o do art. 1o desta Lei; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) b) no § 1o do art. 2o desta Lei; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da Tipi; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) III energia elétrica consumida nos estabelecimentos da pessoa jurídica; III energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) IV aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; V valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa jurídica, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços; (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) VII edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa; (Cofins) Fl. 6271DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 13/02/20 13 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS 10 VIII bens recebidos em devolução cuja receita de venda tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior, e tributada conforme o disposto nesta Lei; IX armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor. X valetransporte, valerefeição ou valealimentação, fardamento ou uniforme fornecidos aos empregados por pessoa jurídica que explore as atividades de prestação de serviços de limpeza, conservação e manutenção. (Incluído pela Lei nº 11.898, de 2009) § 1o Observado o disposto no § 15 deste artigo e no § 1o do art. 52 desta Lei, o crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2o desta Lei sobre o valor: (Redação dada pela Lei nº 10.925, de 2004) §1o Observado o disposto no §15 deste artigo, o crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2o desta Lei sobre o valor: (Redação dada pela Lei nº 11.727, efeitos a partir de nov/2008) I dos itens mencionados nos incisos I e II do caput, adquiridos no mês; II dos itens mencionados nos incisos III a V e IX do caput, incorridos no mês; III dos encargos de depreciação e amortização dos bens mencionados nos incisos VI e VII do caput, incorridos no mês; IV dos bens mencionados no inciso VIII do caput, devolvidos no mês. § 2o Não dará direito a crédito o valor: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) I de mãodeobra paga a pessoa física; e (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) II da aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota 0 (zero), isentos ou não alcançados pela contribuição. (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) § 3o O direito ao crédito aplicase, exclusivamente, em relação: I aos bens e serviços adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País; II aos custos e despesas incorridos, pagos ou creditados a pessoa jurídica domiciliada no País; III aos bens e serviços adquiridos e aos custos e despesas incorridos a partir do mês em que se iniciar a aplicação do disposto nesta Lei. Fl. 6272DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 13/02/20 13 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 11065.724992/201197 Acórdão n.º 3302001.916 S3C3T2 Fl. 6.267 11 § 4o O crédito não aproveitado em determinado mês poderá sê lo nos meses subseqüentes. (...)” – destaquei. Ainda, à época dos fatos (2007), a redação da Lei nº 10.637/02 era a seguinte: “Lei 10.637/02 Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) a) nos incisos III e IV do § 3o do art. 1o desta Lei; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) b) no § 1o do art. 2o desta Lei; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da Tipi; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) III – vetado. IV aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; V valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa jurídica, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços; (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) VII edificações e benfeitorias em imóveis de terceiros, quando o custo, inclusive de mãodeobra, tenha sido suportado pela locatária; Fl. 6273DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 13/02/20 13 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS 12 VIII bens recebidos em devolução cuja receita de venda tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior, e tributada conforme o disposto nesta Lei; IX energia elétrica consumida nos estabelecimentos da pessoa jurídica. (Incluído pela Lei nº 10.684, de 30.5.2003) IX energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) X valetransporte, valerefeição ou valealimentação, fardamento ou uniforme fornecidos aos empregados por pessoa jurídica que explore as atividades de prestação de serviços de limpeza, conservação e manutenção. (Incluído pela Lei nº 11.898, de 2009) § 1o O crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2o desta Lei sobre o valor: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) (Vide Lei nº 11.727, de 2008) (Vigência) I dos itens mencionados nos incisos I e II do caput, adquiridos no mês; II dos itens mencionados nos incisos IV, V e IX do caput, incorridos no mês; (Redação dada pela Lei nº 10.684, de 30.5.2003) III dos encargos de depreciação e amortização dos bens mencionados nos incisos VI e VII do caput, incorridos no mês; IV dos bens mencionados no inciso VIII do caput, devolvidos no mês. § 2o Não dará direito a crédito o valor: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) I de mãodeobra paga a pessoa física; e (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) II da aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota 0 (zero), isentos ou não alcançados pela contribuição. (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) § 3o O direito ao crédito aplicase, exclusivamente, em relação: I aos bens e serviços adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País; II aos custos e despesas incorridos, pagos ou creditados a pessoa jurídica domiciliada no País; III aos bens e serviços adquiridos e aos custos e despesas incorridos a partir do mês em que se iniciar a aplicação do disposto nesta Lei. Fl. 6274DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 13/02/20 13 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 11065.724992/201197 Acórdão n.º 3302001.916 S3C3T2 Fl. 6.268 13 § 4o O crédito não aproveitado em determinado mês poderá sêlo nos meses subseqüentes. § 5o (VETADO) § 6o (VETADO) § 7o Na hipótese de a pessoa jurídica sujeitarse à incidência nãocumulativa da contribuição para o PIS/Pasep, em relação apenas a parte de suas receitas, o crédito será apurado, exclusivamente, em relação aos custos, despesas e encargos vinculados a essas receitas. (Vide Lei nº 10.865, de 2004) § 8o Observadas as normas a serem editadas pela Secretaria da Receita Federal, no caso de custos, despesas e encargos vinculados às receitas referidas no § 7o e àquelas submetidas ao regime de incidência cumulativa dessa contribuição, o crédito será determinado, a critério da pessoa jurídica, pelo método de: I – apropriação direta, inclusive em relação aos custos, por meio de sistema de contabilidade de custos integrada e coordenada com a escrituração; ou II – rateio proporcional, aplicandose aos custos, despesas e encargos comuns a relação percentual existente entre a receita bruta sujeita à incidência não cumulativa e a receita bruta total, auferidas em cada mês. § 9o O método eleito pela pessoa jurídica será aplicado consistentemente por todo o anocalendário, observadas as normas a serem editadas pela Secretaria da Receita Federal. § 12. Ressalvado o disposto no § 2o deste artigo e nos §§ 1o a 3o do art. 2o desta Lei, na aquisição de mercadoria produzida por pessoa jurídica estabelecida na Zona Franca de Manaus, consoante projeto aprovado pelo Conselho de Administração da Superintendência da Zona Franca de Manaus SUFRAMA, o crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota de 1% (um por cento) e, na situação de que trata a alínea b do inciso II do § 4o do art. 2o desta Lei, mediante a aplicação da alíquota de 1,65% (um inteiro e sessenta e cinco centésimos por cento). (Redação dada pela Lei nº 11.307, de 2006) § 13. Não integram o valor das máquinas, equipamentos e outros bens fabricados para incorporação ao ativo imobilizado na forma do inciso VI do caput deste artigo os custos de que tratam os incisos do § 2o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) (...)” – destaquei Ainda com relação ao PIS não cumulativos e à possibilidade de insumos, a Lei nº 10.833/03 em seu artigo 15 assim determina: “Art. 15. Aplicase à contribuição para o PIS/PASEP não cumulativa de que trata a Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, o disposto: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) Fl. 6275DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 13/02/20 13 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS 14 I nos incisos I e II do § 3º do art. 1º1 desta Lei; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) II nos incisos VI, VII e IX do caput2 e nos §§ 1º e 10 a 20 do art. 3º3 desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) III nos §§ 3º e 4º do art. 6º4desta Lei; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) 1 Lei nº 10.833/03 "Art. 1º A Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, com a incidência nãocumulativa, tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. § 1º Para efeito do disposto neste artigo, o total das receitas compreende a receita bruta da venda de bens e serviços nas operações em conta própria ou alheia e todas as demais receitas auferidas pela pessoa jurídica. § 2º A base de cálculo da contribuição é o valor do faturamento, conforme definido no caput. § 3º Não integram a base de cálculo a que se refere este artigo as receitas: I isentas ou não alcançadas pela incidência da contribuição ou sujeitas à alíquota 0 (zero); II nãooperacionais, decorrentes da venda de ativo permanente; (...)" 2 Lei 10.833/03, artigo 3º: "(...) VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços; (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) VII edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa; (...) IX armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor. (...)" 3 Lei 10.833/03 artigo 3º: " Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) § 1º Observado o disposto no § 15 deste artigo, o crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2º desta Lei sobre o valor: (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 23 de junho de 2008) I dos itens mencionados nos incisos I e II do caput, adquiridos no mês; II dos itens mencionados nos incisos III a V e IX do caput, incorridos no mês; III dos encargos de depreciação e amortização dos bens mencionados nos incisos VI e VII do caput, incorridos no mês; IV dos bens mencionados no inciso VIII do caput, devolvidos no mês. (...) § 10. O valor dos créditos apurados de acordo com este artigo não constitui receita bruta da pessoa jurídica, servindo somente para dedução do valor devido da contribuição. (...) § 20. Relativamente aos créditos referidos no § 19 deste artigo, seu montante será determinado mediante aplicação, sobre o valor dos mencionados pagamentos, de alíquota correspondente a 75% (setenta e cinco por cento) daquela constante do art. 2º desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004)" 4 Lei 10.833/03: Art. 6º A COFINS não incidirá sobre as receitas decorrentes das operações de: (...) Fl. 6276DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 13/02/20 13 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 11065.724992/201197 Acórdão n.º 3302001.916 S3C3T2 Fl. 6.269 15 IV nos arts. 7º e 8º5 desta Lei; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) V nos incisos VI, IX a XXVII do caput e nos §§ 1º e 2º do art. 106 desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 21/11/2005) VI no art. 137 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004).” A discussão acerca da conceituação do termo “insumos” têm tomado tempo e espaço da doutrina e da jurisprudência administrativa. Naturalmente, os intérpretes buscam definições já conhecidas. A Receita Federal defende, para o PIS e para a COFINS, o emprego do conceito de insumos utilizado pela legislação de IPI e ICMS. Já alguns julgadores deste § 3º O disposto nos §§ 1º e 2ºaplicase somente aos créditos apurados em relação a custos, despesas e encargos vinculados à receita de exportação, observado o disposto nos §§ 8ºe 9º do art. 3º. § 4º O direito de utilizar o crédito de acordo com o § 1ºnão beneficia a empresa comercial exportadora que tenha adquirido mercadorias com o fim previsto no inciso III do caput, ficando vedada, nesta hipótese, a apuração de créditos vinculados à receita de exportação. 5 Lei nº 10.833 "Art. 7º No caso de construção por empreitada ou de fornecimento a preço predeterminado de bens ou serviços, contratados por pessoa jurídica de direito público, empresa pública, sociedade de economia mista ou suas subsidiárias, a pessoa jurídica optante pelo regime previsto no art. 7º da Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998, somente poderá utilizar o crédito a ser descontado na forma do art. 3º, na proporção das receitas efetivamente recebidas. Art. 8º A contribuição incidente na hipótese de contratos, com prazo de execução superior a 1 (um) ano, de construção por empreitada ou de fornecimento, a preço predeterminado, de bens ou serviços a serem produzidos, será calculada sobre a receita apurada de acordo com os critérios de reconhecimento adotados pela legislação do imposto de renda, previstos para a espécie de operação. Parágrafo único. O crédito a ser descontado na forma do art. 3ºsomente poderá ser utilizado na proporção das receitas reconhecidas nos termos do caput." 6 Lei nº 10.833/03: "Art. 10. Permanecem sujeitas às normas da legislação da COFINS, vigentes anteriormente a esta Lei, não se lhes aplicando as disposições dos arts. 1º a 8º: (Vide Medida Provisória nº 252, de 15/06/2005). (...) VI as sociedades cooperativas; (...) IX as receitas decorrentes de prestação de serviços das empresas jornalísticas e de radiodifusão sonora e de sons e imagens; (...) XXVII (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.196, de 21/11/2005) Parágrafo único. Ficam convalidados os recolhimentos efetuados de acordo com a atual redação do inciso IX deste artigo. (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) § 1º (antigo parágrafo único) Ficam convalidados os recolhimentos efetuados de acordo com a atual redação do inciso IX deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) § 2º O disposto no inciso XXV do caput deste artigo não alcança a comercialização, licenciamento ou cessão de direito de uso de software importado. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004)" 7 Lei. 10.833/03: "Art. 13. O aproveitamento de crédito na forma do § 4º do art. 3º, do art. 4º e dos §§ 1º e 2ºdo art. 6º, bem como do § 2º e inciso II do § 4º e § 5º do art. 12, não ensejará atualização monetária ou incidência de juros sobre os respectivos valores." Fl. 6277DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 13/02/20 13 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS 16 Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF emprestam o conceito de “custo” e de “despesa” aplicados pela legislação do imposto de renda (RIR artigos 290/299). Particularmente, entendo que o sistema não cumulativo de PIS e COFINS não se identifica com os sistemas do IPI, do ICMS ou do IRPJ. O tributo é diverso, a sistemática é diversa, e não há necessidade de se aplicar um conceito préexistente simplesmente porque ele já existe. A meu sentir, é preciso que o intérprete do direito utilize as normas de hermenêutica, juntamente com as demais regras do ordenamento jurídico, e forme um conceito próprio de insumo que seja aplicável a esta nova sistemática. Em vista desta disparidade de entendimentos, pareceme prudente realizar uma prévia análise acerca das diferenças entre as formas de apuração não cumulativa dos tributos. No que se refere à equiparação dos sistemas não cumulativos do IPI/ICMS e do PIS/COFINS, tenho defendido a total diferença entre os regimes8, o que causa reflexos indiscutíveis e indissociáveis à apuração dos créditos tributários. É cediço que até a criação do sistema não cumulativo para o PIS e para a COFINS, a não cumulatividade alcançava, apenas, o imposto estadual sobre circulação de mercadorias – ICMS – e o imposto federal incidente sobre o produto industrializado – IPI. Em vista deste fato, conforme já esclarecido, é natural que os intérpretes do direito (neste caso entendidos como as autoridades administrativas fiscalizadoras por aplicarem as normas e as autoridades administrativas de julgamento por julgar a forma como as normas foram aplicadas) busquem as definições préestabelecidas e já conhecidas dos regimes cumulativos do ICMS e IPI para conceituar o novo sistema. Foi exatamente o que ocorreu no caso em apreço, por entender que os insumos não tiveram contato direto com o produto, os agentes administrativos glosaram os créditos ora objeto do presente recurso voluntário. Todavia, este procedimento quase que automático, ao invés de solucionar a questão, acabou por confundir e inviabilizar a correta aplicação da norma tributária. A não cumulatividade para fins de PIS e COFINS instituiuse, inicialmente no âmbito legislativo, tendo sido expedidas as Medidas Provisórias nº 66/02 e 135/03, posteriormente convertidas nas Leis Ordinárias nº 10.637/02 – PIS – e nº 10.833/03 – COFINS. O supedâneo constitucional surgiu com a alteração do artigo 195 da Carta Magna, ao qual foi incluído o parágrafo 12, conforme redação trazida pela Emenda Constitucional nº 42 (EC nº 42 de 19.12.03), in verbis: "Art. 195. ......................................................................................................... § 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão nãocumulativas. (...)” 8 ARTIGO PUBLICADO in “Planejamento Fiscal – Aspectos Teóricos e Práticos”, Volume II, Quartier Latin, artigo entitulado “O Conceito de Insumos e a NãoCumulatividade do PIS e COFINS”, fls. 197/208 Fl. 6278DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 13/02/20 13 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 11065.724992/201197 Acórdão n.º 3302001.916 S3C3T2 Fl. 6.270 17 Além da diversidade de fundamentação legal e constitucional, o principal fato diferenciador dos regimes deve ser observado em relação à regra matriz do tributo, especificamente em relação ao seu aspecto material. É exatamente este o critério que entendo que deve ser observado para nortear a interpretação da regra do crédito na sistemática em apreço. As contribuições ao PIS/COFINS, desde o início de sua “existência”, pretenderam a tributação da receita9 das pessoas jurídicas, sem qualquer vinculação a um bem ou produto, incidindo, portanto, sobre uma grandeza econômica formada por uma série de fatores contábeis, os quais constituem a receita de uma empresa. Já o IPI/ICMS, prevêem a tributação do valor de determinado produto. Tal diferença torna evidente a distinção dos regimes não cumulativos. Explico. Adoto a premissa de que o conceito de cumulatividade significa tributar mais de uma vez a mesma grandeza econômica. Nestes termos, para se alcançar o efeito não cumulativo é necessário, exatamente, evitar esta reiterada incidência tributária sobre a mesma riqueza. No caso da não cumulatividade aplicável ao IPI/ICMS este processo é facilmente constatável. Isto porque se está tratando de não cumulatividade vinculada ao preço do produto, logo, toda vez que o produto for tributado (independente da fase em que ele se encontre), estarseá diante da cumulação de carga tributária. O reflexo no aumento do preço do produto é visível, quase palpável, e o simples destaque na nota fiscal permite impedir a cumulatividade da carga tributária. Todavia, este mesmo pressuposto não se aplica à não cumulatividade trazida ao PIS/COFINS. Diferentemente da hipótese dos impostos, a cumulação que se pretende evitar no caso das contribuições, referese à receita da pessoa jurídica. É em relação a esse aspecto econômico que se deve impedir a reiterada incidência tributária. Neste sentido cito Marco 9 "Art. 1o A Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, com a incidência não cumulativa, tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. § 1o Para efeito do disposto neste artigo, o total das receitas compreende a receita bruta da venda de bens e serviços nas operações em conta própria ou alheia e todas as demais receitas auferidas pela pessoa jurídica. § 2o A base de cálculo da contribuição é o valor do faturamento, conforme definido no caput. § 3o Não integram a base de cálculo a que se refere este artigo as receitas: I isentas ou não alcançadas pela incidência da contribuição ou sujeitas à alíquota 0 (zero); II nãooperacionais, decorrentes da venda de ativo permanente; III auferidas pela pessoa jurídica revendedora, na revenda de mercadorias em relação às quais a contribuição seja exigida da empresa vendedora, na condição de substituta tributária; IV – (Revogado pela Lei nº 11.727, de 2008) V referentes a: a) vendas canceladas e aos descontos incondicionais concedidos; b) reversões de provisões e recuperações de créditos baixados como perda que não representem ingresso de novas receitas, o resultado positivo da avaliação de investimentos pelo valor do patrimônio líquido e os lucros e dividendos derivados de investimentos avaliados pelo custo de aquisição que tenham sido computados como receita. VI decorrentes de transferência onerosa a outros contribuintes do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS de créditos de ICMS originados de operações de exportação, conforme o disposto no inciso II do § 1o do art. 25 da Lei Complementar no 87, de 13 de setembro de 1996. (Incluído pela Lei nº 11.945, de 2009)." Fl. 6279DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 13/02/20 13 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS 18 Aurélio Greco10: “Embora a não cumulatividade seja uma idéia comum a IPI e a PIS/COFINS a diferença de pressuposto de fato (produto industrializado versus receita) faz com que assuma dimensão e perfil distintos. Por esta razão, pretender aplicar na interpretação de normas de PIS/COFINS critérios ou formulações construídas em relação ao IPI é: a) desconsiderar os diferentes pressupostos constitucionais; b) agredir a racionalidade da incidência de PIS/COFINS; e c) contrariar a coerência interna da exigência, pois esta se forma a partir do pressuposto ‘receita’e não ‘produto’.” O critério “receita”, ao contrário do critério “produto”, não possui, como bem esclarecido pelo doutrinador supracitado, “um ciclo econômico a ser considerado, posto ser fenômeno ligado a uma única pessoa”. Inexiste imposto de etapa anterior a ser deduzido, uma vez que não há estágio prévio na apuração da receita da pessoa jurídica, e esta particularidade inviabiliza a aplicação da mesma interpretação, a respeito da geração dos créditos que visam evitar a cumulatividade, para ambos os regimes. Não há meios, portanto de confusão entre os sistemas não cumulativos de impostos e contribuições. Diferentemente do regime previsto para o IPI e ICMS, que pretende a compensação de “imposto sobre imposto”, importandose com o valor despendido a título de tributo, a não cumulatividade das contribuições sociais se preocupa com o quantum consumido pelo contribuinte a título de insumos, em todo processo de produção. Importa sim, para viabilizar o crédito na sistemática aplicada ao PIS e à COFINS, que o insumo tenha sido tributado, mas é irrelevante a forma através da qual se deu esta tributação ou o quanto representou esta incidência tributária. O contribuinte terá direito ao crédito se o insumo tiver sido tributado pelo regime cumulativo, pelo regime não cumulativo ou mesmo pela sistemática do SIMPLES, até porque o montante recolhido a título de PIS e COFINS não consiste em fator decisivo à obtenção do crédito tributário11. Tanto é assim que, independentemente do critério de tributação ao qual foi submetido o insumo, o contribuinte terá direito a um crédito correspondente à grandeza de 9,25% (PIS + COFINS) de todo o valor que foi despendido para a sua aquisição. Assim, claro está que não é o valor gasto a título de tributo que interessa para a apuração do crédito sobre o insumo, ao contrário do que ocorre na apuração de créditos nos regimes aplicados ao IPI/ICMS. Tenho para mim que o legislador infraconstitucional, ao definir os ditames para evitar a cumulação das contribuições, criou critério híbrido e único, mesclando conceitos já existentes, com outros inevitavelmente inovadores, pois formados de significação específica para a sistemática de não cumulatividade das contribuições ao PIS e à COFINS. Tal procedimento pretendeu alcançar os aspectos particulares das contribuições sociais, bem como neutralizar efetivamente a cumulação destes tributos, que possuem regra matriz de incidência totalmente diversa dos demais tributos não cumulativos. Conforme este raciocínio cito Eduardo de Carvalho Borges12: “No caso do PIS e da COFINS, o legislador federal optou por um sistema misto: apesar de ter concedido ao contribuinte um crédito a ser abatido das contribuições a serem pagas, tal crédito não é apurado em função do tributo recolhido em fase anterior, mas mediante a aplicação, ao valor do bem ou serviço proveniente de etapa anterior, da alíquota à qual está sujeito o contribuinte ao qual o crédito é outorgado. Vejamos o seguinte exemplo: (i) um produto X é vendido por A a B por 100 reais; (ii) estando A sujeito ao regime cumulativo, recolhe 3,65 reais a título de 10 MARCO AURELIO GRECCO in “NãoCumulatividade no PIS e na COFINS”, Leandro Paulsen (coord.), São Paulo: IOB Thomsom, 2004 11 Lei nº 10.833/03, art. 3º, 12 Eduardo de Carvalho Borges in “Os Créditos de PIS e COFINS na Indústria de Papel e Celulose, O Caso das Florestas Próprias”, Tributação no Agronegócio, Quartier Latin Fl. 6280DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 13/02/20 13 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 11065.724992/201197 Acórdão n.º 3302001.916 S3C3T2 Fl. 6.271 19 PIS e COFINS; (iii) estando B sujeito ao regime nãocumulativo, apura crédito de PIS e COFINS no valor de 7,60 reais; e (iv) ao revender o produto X por 200 reais, B recolhe 7,60 reais (200 reais x 7,6% 7,60 reais = 7,60 reais) a título de PIS e COFINS. Em tal caso, o critério adotado propiciou o mesmo resultado da aplicação do método “base sobre base” (200 reais – 100 reais x 7,6% = 7,60 reais).” – destaquei. Realmente, dos termos legais não se depreende a limitação invocada pelo acórdão recorrido, não sendo lícito ao agente administrativo, sem fundamentação legal, deliberar em sentido de reduzir o crédito do contribuinte. Não se aplicam, portanto, os critérios da não cumulatividade do IPI/ICMS, uma vez que não importa, no caso das contribuições em análise, se o insumo consumido obteve ou não algum contato com o produto final comercializado. Da mesma forma, na apuração não cumulativa do PIS e da COFINS, não interessa em que momento do processo de produção o insumo foi utilizado, para determinar se ele dá ou não direito ao correspondente crédito. Melhor sorte não alcança a equiparação do conceito da não cumulatividade com as noções de custo e despesa necessária para o Imposto de Renda, estabelecidos pelos artigos 29013 e 29914 do RIR/99. Realmente, correta a doutrina ao perceber que o conceito de receita está mais próximo do conceito de lucro, do que da definição de valor agregado ao produto, aplicável ao ICMS e IPI. Todavia, não se trata de identidade de materialidade, receita não é lucro e este fato não pode ser ignorado. 13 Custo de Produção Art. 290. O custo de produção dos bens ou serviços vendidos compreenderá, obrigatoriamente (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 13, § 1º): I o custo de aquisição de matériasprimas e quaisquer outros bens ou serviços aplicados ou consumidos na produção, observado o disposto no artigo anterior; II o custo do pessoal aplicado na produção, inclusive de supervisão direta, manutenção e guarda das instalações de produção; III os custos de locação, manutenção e reparo e os encargos de depreciação dos bens aplicados na produção; IV os encargos de amortização diretamente relacionados com a produção; V os encargos de exaustão dos recursos naturais utilizados na produção. Parágrafo único. A aquisição de bens de consumo eventual, cujo valor não exceda a cinco por cento do custo total dos produtos vendidos no período de apuração anterior, poderá ser registrada diretamente como custo (Decreto Lei nº 1.598, de 1977, art. 13, § 2º). 14 Despesas Necessárias Art. 299. São operacionais as despesas não computadas nos custos, necessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47). § 1º São necessárias as despesas pagas ou incorridas para a realização das transações ou operações exigidas pela atividade da empresa (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47, § 1º). § 2º As despesas operacionais admitidas são as usuais ou normais no tipo de transações, operações ou atividades da empresa (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47, § 2º). § 3º O disposto neste artigo aplicase também às gratificações pagas aos empregados, seja qual for a designação que tiverem. Fl. 6281DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 13/02/20 13 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS 20 Ao analisar o disposto na legislação verificase que as despesas contabilizadas como “operacionais” são mais amplas do que o conceito de insumos em análise. O critério de classificação da despesa operacional é que ela seja necessária, usual ou normal para as atividades da empresa. Todavia, este não é o critério utilizado para o conceito de insumos. Vários itens, que são classificados como despesas necessárias (por exemplo, despesas realizadas com vendas, pessoal, administração, propaganda, publicidade, etc...) ao meu sentir, não serão, obrigatoriamente, considerados como insumos geradores de crédito na apuração do PIS e da COFINS não cumulativos. Da mesma forma, o conceito de custo de produção também é diferente do conceito de insumos utilizado pela legislação das contribuições, basta constatar que as Leis nº 10.833/03 e 10.637/02 negam, expressamente, a equiparação do valor gasto com a folha de salários com o conceito de insumo para o PIS e para a COFINS. Por outro giro, a legislação específica define que a base do crédito, para o PIS e para a COFINS, será formada pelas despesas e custos de “bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes (...)”. A redação do dispositivo legal é clara, e define como critério os bens e serviços UTILIZADOS na PRESTAÇÃO de serviços; na PRODUÇÃO e na FABRICAÇÃO de bens e produtos. Neste sentido, “somente os bens e serviços que forem utilizados direta ou indiretamente na fabricação de bens ou na prestação de serviços darão direito ao crédito. Essa ressalva é muito importante, na medida em que a lei exige que os bens e serviços sejam efetivamente utilizados pela empresa para tais finalidades, e não simplesmente adquiridos e consumidos em suas operações.” 15 A questão é que e aqui, entendo se formar um critério específico para o conceito de insumos no PIS e COFINS não cumulativos para a produção/fabricação de determinada mercadoria final (ou serviço), o insumo tem que ser UTILIZADO e, mais ainda, tem que ser INDISPENSÁVEL para o resultado final pretendido. De acordo com este raciocínio o insumo, para gerar crédito, deve estar diretamente vinculado ao objeto social da empresa e, em meu entender, é este o componente diferenciador que deve ser considerado pelos intérpretes do direito. Com base na legislação pertinente ao assunto, concluo que para gerar crédito de PIS e COFINS não cumulativo o insumo deve: ser UTILIZADO direta ou indiretamente pelo contribuinte na sua atividade (produção ou prestação de serviços); ser INDISPENSÁVEL para a formação daquele produto/serviço final; e estar RELACIONADO ao objeto social do contribuinte. Mencionada conclusão foi realizada à luz da materialidade das contribuições sociais em análise, sendo que o critério material da regra matriz de incidência tributária do PIS 15 Pedro Anan Jr, in "PIS e COFINS à luz da Jurisprudência do CARF Conselho Administrativo de Recursos Fiscais", em artigo entitulado "A Questão do Crédito de PIS e COFINS no Regime da Não Cumulatividade e a Jurisprudência do CARF", fls. 486, MP Editora destaquei Fl. 6282DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 13/02/20 13 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 11065.724992/201197 Acórdão n.º 3302001.916 S3C3T2 Fl. 6.272 21 e da COFINS é aferir receita16, e a receita de uma empresa está diretamente ligada à atividade que esta empresa exerce. Logo, para conceituar insumo, primordial verificar o que foi utilizado para se alcançar aquela determinada receita, naquele específico mês. Finalizada esta análise preliminar de conceitos, é preciso avaliar se os insumos pleiteados pela Recorrente são desta forma considerados pela legislação do PIS e da COFINS. Dos fatos relatados, constato que o objeto da empresa é a moagem de trigo e atividades afins, além da produção avícola17, sendo que a Recorrente requer créditos sobre: (a) Crédito básico indevido sobre aquisições de pintos de 1 (um) dia e vacinas veterinárias; (b) Crédito básico sobre o pagamento de serviços de esgoto; (c) Crédito básico sobre fretes de compras que integram o presumido; (d) Creditamento sobre fretes de produtos prontos entre unidades; (e) Crédito base sobre doação; (f) Crédito base sobre serviços relacionados à importação de trigo; (g) Crédito básico sobre aquisições de embalagens não comprovadas; (h) Créditos sobre fretes de exportação descontados indevidamente, por mostrarem se efetivamente relacionados a logística da operação de exportação, intermediários entre a fiscalizada e o transportador; (i) Créditos integrais sobre compras de milho e trigo com suspensão. Em princípio esclareço, por conseqüência lógica da premissa adotada (diversidade entre os regimes não cumulativos), que o conceito de insumos para a não cumulatividade de PIS/COFINS difere daquele utilizado para ICMS/IPI18, bem assim não pode ser equiparado ao critério utilizado pelo Imposto de Renda. 16 No sentido de busca da "formação da receita" cito o doutrinador Marco Aurélio Grecco (in “Não Cumulatividade no PIS e na COFINS”, Leandro Paulsen (coord.), São Paulo: IOB Thomsom, 2004), a saber: “Por isso, o critério utilizado para o fim de identificar quais verbas serão consideradas na nãocumulatividade do PIS/COFINS apóiase na inerência do dispêndio em relação ao fator de produção ao qual se relaciona. O pressuposto de fato é a receita, portanto, é importante saber o que participa da sua formação – que a lei escolheu estar relacionado com o processo de prestação de serviço ou fabricação e produção. Portanto, é relevante determinar quais dispêndios ligados à prestação de serviços e à fabricação/produção que digam respeito aos respectivos fatores de produção (= deles sejam insumos). Se entre o dispêndio e os fatores de capital e trabalho houver uma relação de inerência, haverá – em princípio – direito à dedução.” 17 Informação constante no Relatório de Ação Fiscal às Fls. 6025. 18 Neste sentido, segue ementa do Acórdão proferido no Processo Administrativo nº 11020.000607/201058: "COFINS NÃO CUMULATIVIDADE RESSARCIMENTO CONCEITO DE INSUMO LEIS Nº 10.637/02 E Nº 10.684/03. O princípio da não cumulatividade da COFINS visa neutralizar a cumulação das múltiplas incidências da referida contribuição nas diversas etapas da cadeia produtiva até o consumo final do bem ou serviço, de modo a desonerar os custos de produção destes últimos. A expressão “insumos e despesas de produção incorridos e pagos”, obviamente não se restringe somente aos insumos utilizados no processo de industrialização, tal como definidos nas legislações de regência do IPI e do ICMS, mas abrange também os insumos utilizados na produção de Fl. 6283DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 13/02/20 13 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS 22 Nos termos do II do art. 3º das Leis nº 10.637/02 e 10.833/03, para fim de se aferir a não cumulatividade destas contribuições são entendidos como insumos: “bens e serviços utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes,...” Passo a análise de cada item de crédito pleiteado pela Recorrente. (a) Aquisições de Pintos de 1 (um) dia e Vacinas Veterinárias; De acordo com o Termo de Relatório Fiscal, às fls. 6030, a Recorrente: “apropriouse de créditos básicos da não cumulatividade sobre as aquisições de pinto de um dia (notas fiscais anexadas às fls. 5158 a 5161) e vacinas veterinárias (NCM 3302.30) efetuadas de pessoas jurídicas. A Lei nº 10.925/04 definiu em seu art. 1º, incisos VII e X, que ficaram reduzidas a zero as alíquotas dos referidos insumos.” Em virtude do disposto no §2º, do artigo 3º, das Leis nº 10.833/03 e 10.637/02, a autoridade fiscal glosou os créditos aproveitados a este título. Dizem os dispositivos legais: Leis nº 10.833/03 e 10.637/02 “(...) § 2o Não dará direito a crédito o valor: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) (...) II da aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota 0 (zero), isentos ou não alcançados pela contribuição. (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004)” Ocorre que os insumos pleiteados pela Recorrente estão sujeitos à alíquota zero, a saber: Decreto nº 5.630 de 22 de dezembro de 2005 “Art. 1º Ficam reduzidas a zero as alíquotas da Contribuição para o PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS incidentes na importação e sobre a receita bruta decorrente da venda no mercado interno de: (...) VII vacinas para medicina veterinária, classificadas no código 3002.30 da NCM; (...) IX pintos de um dia classificados no código 0105.11 da TIPI; (...)” serviços, designando cada um dos elementos necessários ao processo produtivo de bens e serviços, imprescindíveis à existência, funcionamento, aprimoramento ou à manutenção destes últimos." Fl. 6284DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 13/02/20 13 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 11065.724992/201197 Acórdão n.º 3302001.916 S3C3T2 Fl. 6.273 23 Entende, portanto, a fiscalização que o fato de os insumos estarem sujeitos à alíquota zero impede que gerem créditos no sistema não cumulativo. A Recorrente desenvolve em sua defesa a tese da não cumulatividade, esclarecendo que a não concessão de crédito no caso de insumos tributados à alíquota zero fere o objetivo de desoneração de todo sistema. Discorre também sobre o artigo 17 da Lei nº 11.033/2004 e artigo 16 da Lei nº 11.116/2005, no sentido de que a negativa do crédito seria paradoxal em virtude destes artigos legais preverem a manutenção do crédito no caso de saídas desoneradas. Para melhor compreensão, reproduzo os mencionados dispositivos legais, verbis: Lei nº 11.033/2004 “Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações.” Lei nº 11.116/2005 “Art. 16. O saldo credor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins apurado na forma do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e do art. 15 da Lei no 10.865, de 30 de abril de 2004, acumulado ao final de cada trimestre do anocalendário em virtude do disposto no art. 17 da Lei no 11.033, de 21 de dezembro de 2004, poderá ser objeto de: I compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, observada a legislação específica aplicável à matéria; ou II pedido de ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria. Parágrafo único. Relativamente ao saldo credor acumulado a partir de 9 de agosto de 2004 até o último trimestrecalendário anterior ao de publicação desta Lei, a compensação ou pedido de ressarcimento poderá ser efetuado a partir da promulgação desta Lei.” Ainda, a Recorrente desenvolve a argumentação de que alíquota zero é diferente de isenção, e representa uma espécie de tributação, mesmo que seja zero. Com razão a fiscalização. A legislação é clara ao tratar das exceções de crédito no sistema não cumulativo, no sentido que não gera crédito “...a aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição”. A opção do legislador não foi por excluir os insumos que não estivessem sujeitos à contribuição em si, hipótese que poderia ser Fl. 6285DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 13/02/20 13 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS 24 submetida à tese de a alíquota zero sofrer uma espécie de sujeição, ainda que sem efeito econômico. A lei fala em não sujeição ao pagamento e essa conseqüência, financeira, é gerada pela alíquota zero. Inaplicável, portanto, na espécie, a tese pretendida pela Recorrente. Em relação à afronta ao princípio da não cumulatividade, entendo que não se aplica o raciocínio desenvolvido pela Recorrente exatamente porque para estes casos o legislador criou o crédito presumido de Pis e Cofins. Não há afronta, posto que antevendo toda a problemática que poderia ser ocasionada com os insumos não tributados, o legislador optou por criar créditos presumidos, balanceando novamente o sistema. Melhor sorte não alcança as Leis nº 11.033/2004 e 11.116/2005. Ao meu sentir, não há nenhum paradoxo na coexistência das normas citadas com a interpretação apresentada pela fiscalização, ao contrario. O artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, garante a manutenção do crédito, pelo vendedor, no caso de o produto vendido ser desonerado (alíquota zero, não tributado, isento). Pareceme claro que é mantida a regra do sistema não cumulativo, que consiste em considerar os insumos no caso da concessão do crédito tributário. O que importa no sistema não cumulativo, são os insumos. São este que, se tributados, concederão o crédito base e se não tributados, gerarão crédito presumido. Todo o sistema está envolto na premissa do insumo. Neste diapasão, ao manter o crédito em caso de saída desonerada, o legislador está confirmando a premissa: o que importa é o insumo. Se o contribuinte pagou tributo no insumo, vai ter direito ao crédito sobre o insumo, ainda que a saída seja desonerada, porque não importa o produto final. Assim, não há contraposição com a interpretação de que a entrada desonerada não é causa de crédito base, ao contrário, tratase de uma antítese que confirma a regra. Em vista dos fatos apresentados, nego provimento ao recurso do contribuinte quanto ao pleito de crédito básico sobre o custo com vacinas e a com a compra de pintos de 1 (um) dia. (b) Crédito decorrente do Pagamento de Serviços de Esgoto Conforme se depreende do Relatório da Ação Fiscal, às Fls. 6031, “O contribuinte incluiu entre “Outras operações com direito a crédito” (Linha 13 das Fichas 6A e 16 A do DACON) os dispêndios com água (fls. 360 a 361 e 455 a 460). Em relação á unidade Moluz, os dispêndios com água adquirida da companhia de abastecimento que integraram a base de cálculo dos créditos da não cumulatividade seriam basicamente utilizadas no processo produtivo (umedecimento do trigo antes da moagem), conforme já verificado em procedimento de fiscalização anterior. Todavia, examinando as contas mensais de água (fls. 473 a 481), verificamos que juntos com a tarifa de água é cobrada Taxa de Esgoto, que, embora seja um serviço necessário, não pode ser considerado um insumo, haja vista que não integra o produto.” Registrase que o contribuinte não localizou todas as contas de água do período solicitado, razão pela qual a fiscalização analisou as contas apresentadas e aplicou o percentual médio de valor aplicável à Taxa de Esgoto (45%), glosando créditos nesta proporção. Fl. 6286DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 13/02/20 13 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 11065.724992/201197 Acórdão n.º 3302001.916 S3C3T2 Fl. 6.274 25 A Recorrente disserta sobre a diferença entre os sistemas cumulativos do IPI/ICMS e PIS/COFINS, bem como sobre a natureza específica do insumo deste último sistema, que estaria condicionado à utilização no sistema produtivo. Concordo em gênero, número e grau com o raciocínio apresentado pela Recorrente. É exatamente esta a premissa que desenvolvi no início deste voto. Conforme esclareci preliminarmente,“concluo que para gerar crédito de PIS e Cofins não cumulativo o insumo deve: ser UTILIZADO direta ou indiretamente pelo contribuinte na sua atividade (produção ou prestação de serviços); ser INDISPENSÁVEL para a formação daquele produto/serviço final; e estar RELACIONADO ao objeto social do contribuinte. A Taxa de Esgoto atende todos os pressupostos que, a meu sentir, são necessários à conceituação como insumo no sistema não cumulativo de PIS e COFINS, tratase de serviço UTILIZADO, ainda que indiretamente na atividade do contribuinte, INDISPENSÁVEL para sua atividade e que está relacionado ao seu objeto social. Neste particular, não é relevante o fato de que não se trata de serviço que “integra o produto”, porque este critério é aplicável apenas ao IPI, não às contribuições sociais. Com razão, portanto, a Recorrente no que se refere ao pleito de custo com serviço de esgoto. (c) Crédito básico sobre Fretes de Compras que Integram o Presumido Tratase do crédito pleiteado pela Recorrente sobre os fretes dos insumos que estão sujeitos ao crédito presumido. Nos termos o Relatório Fiscal das fls. 6033/6034, verbis: “Como já referido, não existe previsão específica para inclusão dos fretes sobre compras na base de cálculo dos créditos da não cumulatividade. Estes dispêndios integram a base de cálculo dos créditos na condição de integrante do custo de aquisição do insumo/mercadoria. Assim, os fretes sobre compras, relativamente aos créditos da não cumulatividade, recebem o mesmo tratamento do bem adquirido. Por exemplo, se o bem adquirido não gera direito ao crédito, o mesmo tratamento será dado ao respectivo frete. Se o bem adquirido possibilita apenas o direito ao crédito presumido sobre produtos de origem vegetal (alíquotas aplicadas sobre 35% do valor de aquisição) os fretes darão direito ao crédito presumido no mesmo percentual. Esse é o caso dos fretes relacionados ao pelo contribuinte em sua resposta (aquisições de trigo para as unidades moageiras e de milho e de aves vivas para a unidade da avicultura). Assim, sobre estes valores é cabível apenas a apropriação de créditos à razão de 35% do valor do crédito base, em vez dos 100% adotados pelo contribuinte.” Este entendimento foi mantido pela r. decisão recorrida, a saber: Fl. 6287DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 13/02/20 13 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS 26 Trecho do v. acórdão – fls. 6192 “No caso sob análise, o frete advém de aquisições milho, frango vivo e trigo, que compõem a base do crédito presumido relativo a produtos de origem animal (avicultura) e vegetal (unidades moageiras). Essas aquisições não dão direito ao chamado crédito básico, uma vez que foram adquiridos de pessoas físicas ou estão submetidas ao regime de suspensão. Entretanto, estas compras permitem o cálculo de crédito presumido no percentual de 35% das alíquotas do art. 2º das Leis nº 10.637/2002 e nº 10.833/2003, nos termos do disposto no art. 8º, da Lei nº 10.925/2004. Nesse caso, como a possibilidade de creditamento dos valores despendidos com frete só é possível por ele integrar o custo de aquisição do bem, entendese que o cálculo desses créditos deva se dar da mesma forma como ocorre o cálculo do crédito do insumo. Portanto, correto o procedimento fiscal que permitiu apenas o crédito do valor dos fretes na aquisição de milho, frango vivo e trigo, no percentual de 35% das alíquotas do PIS e Cofins.” A Recorrente, em sua defesa, discorre sobre o fato de que insumo e frete são dissociáveis, o que é comprovado pelo fato de, na operação de frete, o contribuinte recolher o PIS e COFINS em sua integralidade. Alega ainda que o raciocínio da fiscalização carece de fundamentação legal. Pareceme que não há controvérsia no fato da existência de crédito no frete do insumo adquirido para utilização no processo produtivo. A questão aqui debatida referese ao quantum deste crédito. Concordo com a fiscalização e decisão recorrida no que se refere ao entendimento de que esta espécie de frete é acrescido ao custo de aquisição do produto, verbis: Trecho do acórdão recorrido – Fls. 6191 “No que toca ao frete pago pelo adquirente na compra de mercadorias para revenda e de insumos para produção, não existe previsão legal específica para o cálculo de créditos da não cumulatividade. Entretanto, há que se notar que o mesmo integra o custo de aquisição, consoante a boa técnica contábil e de acordo com o disposto no art. 289, § 1º, do Regulamento do Imposto de Renda (RIR), aprovado pelo Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999: Art. 289. O custo das mercadorias revendidas e das matériasprimas utilizadas será determinado com base em registro permanente de estoques ou no valor dos estoques existentes, de acordo com o Livro de Inventário, no fim do período de apuração (DecretoLei nº 1.598/1977, art. 14). § 1º O custo de aquisição de mercadorias destinadas à revenda compreenderá os de transporte e seguro até o estabelecimento do contribuinte e os tributos devidos na aquisição ou importação (DecretoLei nº 1.598/1977, art. 13). § 2º Os gastos com desembaraço aduaneiro integram o custo de aquisição. Fl. 6288DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 13/02/20 13 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 11065.724992/201197 Acórdão n.º 3302001.916 S3C3T2 Fl. 6.275 27 § 3º Não se incluem no custo os impostos recuperáveis através de créditos na escrita fiscal.(grifouse)” Todavia, não coaduno com a conclusão apresentada de que por acrescer ao custo de produção, o cálculo do crédito com o frete deve ter a si aplicada a restrição de crédito sofrida pelo insumo que transporta. Assim como esclarecido alhures, entendo que o crédito presumido é “presumido” porque, em vista do insumo ser não tributado, isento ou sujeito à alíquota zero, não é possível a aplicação do crédito base calculável nos termos do artigo 3º das Leis nº 10.637/02 e 10.833/03. O contribuinte tem razão quando argumenta que o frete sofreu a incidência integral do PIS e da COFINS e, por isso, não pode ser comparado ao procedimento aplicável ao insumo não tributado. Não se comparam elementos distintos por absoluta impropriedade de meio e inconsistência de conclusão. Ao meu sentir também não é possível a restrição imposta sob a fundamentação de que o custo do frete passa a ser o custo do próprio insumo. O custo do insumo é aquele representado na nota fiscal de sua compra e é sobre este número que se deve imputar as regras específicas do crédito presumido. Qualquer outra interpretação resultaria na redução do direito ao crédito do contribuinte sem o supedâneo de fundamentação legal para tanto. Com isso, quanto à possibilidade de crédito integral no frete de insumos dou provimento ao recurso do contribuinte. (d) Creditamento sobre Fretes de Produtos Prontos entre Unidades Este item versa sobre o frete de produtos acabados entre estabelecimentos da Recorrente, especialmente entre as unidades de armazenamento/ distribuição/ comercialização. Neste item a Recorrente foge à vala das alegações comuns e traz um novo argumento para o colegiado, esclarecendo que “... tratase de despesa de produto já produzido, portanto, um ciclo mediato de comercialização superveniente à produção do bem demandado por motivos logísticos, prático e de tempo, entre o trecho da fábrica e o estabelecimento do cliente comprador.” Vale ressaltar que a Recorrente já havia feito esta alegação na fiscalização, “o contribuinte argumentou que nem todas essas operações seriam fretes de transferência. Segundo sua manifestação, parcelas destas transferências seriam referentes a vendas já consumadas cuja nota fiscal de venda teria sido emitida pela filial destinatária (que teria negociado a venda), assim que a carga chegou ao destino.(...) Solicitouse que, na hipótese de existirem fretes que pudessem ser configurados como fretes de vendas (vendas já consumadas cuja nota fiscal de venda teria sido emitida pela filial destinatária do frete de remessa assim que a carga chegou ao destino), fosse apresentada a relação destas operações.(...) Em sua resposta, o contribuinte não apresentou qualquer ressalva quanto às quantificações da Fiscalização.” A Recorrente reitera as razões em sua impugnação e traz a notas fiscais para comprovar o alegado. A DRJ constata a veracidade do procedimento da Recorrente mas, ainda assim, entende que não é caso de equiparação ao custo (ou inclusão do custo) no transporte de venda, cuja concessão está prevista legalmente, a saber: Trecho do v. acórdão Fls. 6192 Fl. 6289DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 13/02/20 13 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS 28 “O art. 3º, inciso IX19, da Lei nº 10.833/2002, anteriormente transcrito, prevê a hipótese de calcular créditos sobre o frete na operação de venda, quando o ônus for suportado pelo vendedor. No caso, a empresa alega transportar a mercadoria para outra unidade da empresa simplesmente para entregar ao destinatário final, apesar do protesto da empresa, entendese que o frete passível de creditamento é somente aquele destinado à entrega direta aos clientes. Na impugnação, inclusive, a empresa apresenta planilha relacionando as notas de remessa para as diversas filiais (Santarém, Manaus, Maceió entre outras) com as notas fiscais de venda emitidas pela filial. Com efeito, as planilhas, mesmo que por amostragem, oferecem uma idéia da integração entre as unidades produtivas e a comercialização dos produtos. Para os casos em questão, demonstram que os produtos são remetidos as filiais e, na seqüência, são vendidos pela filial (por vezes no mesmo dia, por vezes após dias ou semanas).” – destaquei. Inicialmente devo registrar meu posicionamento no sentido da impossibilidade de crédito no caso de frete entre estabelecimentos da empresa. Esta interpretação encontra supedâneo no próprio artigo 3º das Leis nº 10.637/02 e 10.833/03, que definem que o insumo deverá estar vinculado à produção. Neste sentido, entendo que falta a este insumo um dos três requisitos que considero indispensáveis para a concessão do crédito, que determina que o insumo deve: ser UTILIZADO direta ou indiretamente pelo contribuinte em sua produção. Todavia, mister admitir que não é esta a hipótese dos autos. A Recorrente não pleiteia o crédito em razão deste frete estar incluído em sua fase de “produção”. O crédito aqui requerido, o é com base no entendimento de que em verdade referese à operação de frete de venda de produto. In casu, concordo com o contribuinte. A meu ver, a própria fiscalização teria concedido o crédito se a Recorrente tivesse comprovado no momento da auditoria, o que comprovou apenas em seu recurso de impugnação, que se tratava de “vendas já consumadas cuja nota fiscal de venda teria sido emitida pela filial destinatária do frete de remessa assim que a carga chegou ao destino”. Essa “idéia da integração entre as unidades produtivas e a comercialização dos produtos” mencionada pela decisão recorrida que “demonstram que os produtos são remetidos às filiais e, na seqüência, são vendidos pela filial (por vezes no mesmo dia, por vezes após dias ou semanas)” em meu entender fazem a prova pretendida pela Recorrente, e que são efetivamente despesas de fretes de venda. Todavia, para que incida o dispositivo legal, é ainda necessário verificar se o ônus foi do vendedor. De acordo com o próprio recurso da Recorrente,”... as vendas são feitas no regime CIF, suportando a Recorrente ao pagamento do frete, o qual é repassado no preço do produto vendido, configurando, sem dúvida, frete sobre vendas pago pelo vendedor 19 Lei nº 10.833/03 Artigo 3 º ............. "(...) IX armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor." Fl. 6290DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 13/02/20 13 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 11065.724992/201197 Acórdão n.º 3302001.916 S3C3T2 Fl. 6.276 29 (Recorrente), em nada diferindo do frete sobre vendas em relação ao qual a legislação admite o crédito do PIS e COFINS.” 20 Entendo que se o frete foi efetivamente pago pelo vendedor, é possível o crédito pleiteado, uma vez que vinculado à operação de venda. Desta forma, com razão a Recorrente. (e) Crédito Base sobre Doação/ Dação Tratase de crédito aproveitado com base em insumo recebido na forma de “dação em pagamento”. Assim com esclarece a Recorrente, ocorreu a prestação de serviços à empresa Vitarella que pagou os serviços com parte do produto moído, farelo de trigo. Nestes termos esclarece a v. decisão recorrida, verbis: Fls. 6193/6194 “As questões de fato não são objeto de controvérsia neste ponto. A empresa Moinhos Cruzeiro do Sul prestou serviço de industrialização por encomenda para Indústria de Alimentos Bom Gosto Vitarella, procedendo à moagem do trigo recebido e obtendo farinha e farelo. O farelo ficava na empresa como pagamento da operação, tendo como contrapartida a nota fiscal (NF) de doação emitida pela Vitarella (Nota na fl. 5125 – datada de fevereiro de 2007). O farelo é vendido pela Moinhos Cruzeiro, incidindo PIS e Cofins na venda. Sobre a nota emitida por Vitarella, a impugnante apurou créditos de PIS e Cofins. A impugnante entende tratarse de regular aquisição de mercadoria, nada significando o termo “dação em pagamento”, de livre iniciativa da emitente. Entende que a empresa Vitarella apurou PIS e Cofins na operação, tendo inclusive feito constar da NF a expressão “venda direta”, no campo “dados adicionais”. Assim, teria dado quitação à NF de prestação de serviço emitida por Moinhos Cruzeiro. Dessa forma, tributou o valor, informando que anexou a NF nº 324598 como comprovação.” destaquei A v.decisão recorrida entendeu que a alegação da Recorrente não restou comprovada: “Com relação à nota fiscal de prestação de serviço alegada, destaquese que não foi possível identificála nos autos. Na impugnação, foram juntadas as NF’s das fls. 6127 – 6165, mas não a indicada pela empresa, correspondente a prestação de serviço da impugnante para Bom Gosto – Vitarella. Assim, não foi possível identificar a dupla incidência indicada pela empresa na prestação de serviço e na glosa do pagamento pelo serviço, realizado em farelo. Desse modo, não há elementos para alterar o lançamento.” Em virtude de não ter localizado as notas, os julgadores administrativos de primeira instância entenderam que houve efetivamente uma doação, a qual, por definição, não está sujeita a carga tributária, razão pela qual o insumo não poderia ser utilizado para fim de crédito. 20 Trecho do Recurso Fls. 6237. Fl. 6291DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 13/02/20 13 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS 30 A Recorrente, traz nas razões do Recurso Voluntário as Notas Fiscais mencionadas e pleiteia o reconhecimento do credito do mencionado insumo que teria sido utilizado em sua produção. Pareceme estar com razão a Recorrente. Dos documentos trazidos em memorial – as notas fiscais anexadas aos autos estavam ilegíveis – percebo que, apesar de o insumo ter sido “comprado” pela Recorrente pela moeda da “prestação de serviços”, fato é que a vendedora emitiu nota fiscal de venda (NF 559890), com a indicação do valor do insumo vendido. Desta forma, mister concluir que o insumo não está dentre as exceções legais de aproveitamento do crédito, as quais estão consubstanciadas na condição de o insumo ser não tributado. Importa registrar que a prestação de serviços também foi registrada por meio de notas fiscais. Neste sentido, a troca de notas fiscais permite à fiscalização a identificação e tributação da operação em todas as suas etapas: (i) prestação de serviços, que significa receita tributável para a Recorrente e (ii) venda de mercadoria, que significa receita tributável para a tomadora do serviço e vendedora da mercadoria. Por estas considerações, entendo estar com razão a Recorrente. (f) Crédito Base sobre Serviços relacionados à Importação de Trigo Conforme anotado no Termo de Relatório Fiscal (fls. 6039), “O contribuinte informou no DACON, nas linhas referentes aos créditos básicos sobre a aquisição de insumos, material de embalagem e bens para revenda, valores de serviços relativos a procedimentos portuários, despacho aduaneiro, descarga, recepção e armazenagem de trigo adquirido pelas unidades Trigobel, Montrigo, Mopesa e Moluz (Rio), conforme se verifica nos respectivos DPC fornecedores.” De acordo com o agente fiscal, o crédito para insumos importados está previsto no §3º, do artigo 15 da Lei nº 10.865/04, a qual define que a base de cálculo do crédito não é o mesmo que o definido para os insumos no mercado nacional (custo de aquisição, que inclui frete interno e parcelas acessórias), mas o valor aduaneiro acrescido do IPI, quando este for incluído no custo da aquisição. Vejamos o texto legal: Lei nº 10.865/05: “Art. 15. As pessoas jurídicas sujeitas à apuração da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, nos termos dos arts. 2º e 3º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, poderão descontar crédito, para fins de determinação dessas contribuições, em relação às importações sujeitas ao pagamento das contribuições de que trata o art. 1º desta Lei, nas seguintes hipóteses: I bens adquiridos para revenda; II bens e serviços utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustível e lubrificantes; III energia elétrica consumida nos estabelecimentos da pessoa jurídica; Fl. 6292DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 13/02/20 13 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 11065.724992/201197 Acórdão n.º 3302001.916 S3C3T2 Fl. 6.277 31 IV aluguéis e contraprestações de arrendamento mercantil de prédios, máquinas e equipamentos, embarcações e aeronaves, utilizados na atividade da empresa; V máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos para locação a terceiros ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 21/11/2005) § 1º O direito ao crédito de que trata este artigo e o art. 17 desta Lei aplicase em relação às contribuições efetivamente pagas na importação de bens e serviços a partir da produção dos efeitos desta Lei. § 2º O crédito não aproveitado em determinado mês poderá sêlo nos meses subseqüentes. § 3º O crédito de que trata o caput deste artigo será apurado mediante a aplicação das alíquotas previstas no caput do art. 2º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, sobre o valor que serviu de base de cálculo das contribuições, na forma do art. 7º desta Lei, acrescido do valor do IPI vinculado à importação, quando integrante do custo de aquisição. (...)” Ao interpretar o dispositivo legal mencionado, a autoridade administrativa entendeu por bem conceder crédito “...apenas sobre as compras (e parcelas acessórias) que sofreram a incidência de PIS/PASEPImportação e CofinsImportação. Logo, os custos de transporte e seguro, descargas, proteção de aquaviário, supervisão de embarque e reembarque, os gastos associados a transporte e armazenagem incorridos no território aduaneiro, a partir dos locais referidos acima, bem como as despesas com assessoria no despacho, por não terem integrado a base de cálculo da contribuição vinculada à importação, não dão direito a créditos do PIS/PASEP e da Cofins por falta de disposição legal.” 21 No decorrer dos autos tornase incontroverso o conceito de que os insumos pleiteado não compõe o valor aduaneiro, bem como a vinculação dos serviços tomados pela Recorrente e a importação dos insumos. Nos termos da decisão ora guerreada, fls. 6194, verbis: “Neste ponto, reproduzse novamente a discussão relacionada aos bens e serviços passíveis de creditamento e ao conceito de insumo, bem como quanto a alegada violação pela legislação com relação ao princípio da não cumulatividade. A empresa concorda que os serviços glosados não fazem parte do valor aduaneiro, sendo que o PIS e Cofins importação já foram abatidos no item próprio do Dacon. O Relatório Fiscal e os documentos que o acompanham demonstram a vinculação dos itens glosados com as importação de trigo, sendo as atividades 21 Relatório Fiscal Fls. 6045. Fl. 6293DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 13/02/20 13 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS 32 descritas como armazenagem e recepção de trigo argentino, mão de obra avulsa aplicada, despacho aduaneiro, entre outras.” destaquei A decisão ora recorrida manteve a negativa dos créditos com fundamento na aplicação do § 3º do artigo 15 da Lei 10.865/0522 e considerando que, mesmo na hipótese de se aplicar o dispositivo genérico de crédito previsto no artigo 3º das Leis nº 10.637/02 e 10.833/03, por meio da análise isolada de cada item requerido, não seria possível a concessão do crédito, por ausência de dispositivo legal que permitisse a concessão destes créditos para insumos importados23. Discordo da interpretação conferida pela fiscalização e julgadores administrativos de primeira instância. É certo que o crédito decorrente do insumo importado está delimitado pelo conceito definido pelo mencionado artigo 15 da Lei nº 10.865/05, todavia esta restrição não alcança os demais valores de insumos pleiteados pela Recorrente. Neste diapasão correto o contribuinte quando alega que este entendimento “confunde créditos decorrentes dos gastos com bens e serviços utilizados como insumos na fabricação dos produtos destinados à venda pela Recorrente, com base de cálculo e créditos originados de importação.” Ao meu sentir, o dispositivo legal apenas têm importância para os demais insumos pleiteados para fim de tornar indiscutível que devem ser considerados, porque o insumo importado é legalmente aceito. Assim, o custo decorrente desta importação, a meu ver, passa a ser admitido e considerado como qualquer outro insumo, devendose para tanto considerar os dispositivos genéricos previstos no artigo 3º das Leis 10.637/02 e 10.833/03, como se nacionais fossem, sem qualquer espécie de restrição. In casu, conforme registrado pela Recorrente, os créditos pleiteados são preponderantemente: “armazenagem de trigo, descarga e transporte do trigo ao portomoinho, custos que compõe gastos com mercadoria já desembaraçada e nacionalizada...” Portanto, aqui se discute a aplicação e restrição do inciso IX da Lei nº 10.833/03, que assim determina: Lei nº 10.833/03 22 Decisão DRJ Fls. 6194: “Com efeito, os gastos com desembaraço aduaneiro e outros relacionados neste item do relatório fiscal fazem parte do custo do bem importado (por força do art. 289, § 2º, do Decreto nº 3.000/99, Regulamento do Imposto de Renda RIR/ 1999, e das normas contábeis), e, em relação ao custo de aquisição de bem importado, é patente que, na forma do art. 3º, incisos I e II, da Lei nº 10.637/02 e da Lei nº 10.833/03, não há direito a crédito. Dispêndios concernentes à importação de bens só podem gerar créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins na forma do art. 15, incisos I e II, e §§ 1º e 3º, da Lei nº 10.865/04, ou seja, quando tenham se sujeitado ao pagamento da Contribuição para o PIS/Pasep Importação e da Cofins Importação: (...)” 23 Decisão DRJ Fls. 1695: “Ademais, ainda que se considerasse isoladamente tais gastos (como não integrantes do custo de aquisição do bem – insumo afastandose, assim, a vedação do inciso I do § 3º do art. 3º da Lei nº 10.637, de 2002, e da Lei nº 10.833, de 2003), não haveria dispositivo legal que autorizasse a tomada de crédito das contribuições – antes de tudo, esses serviços não constituem insumos, conforme definição antecedentemente reproduzida. Portanto, na legislação vigente, não há previsão para o creditamento dos gastos relacionados ao trigo importado após o desembaraço aduaneiro. No caso da importação, o crédito será calculado sobre a mesma base de cálculo utilizada para o cálculo do PISimportação e da Cofins importação, já abatido no Dacon, inexistindo previsão legal para o creditamento defendido pela empresa. Quanto a este item, portanto, deve ser mantido o lançamento.” Fl. 6294DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 13/02/20 13 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 11065.724992/201197 Acórdão n.º 3302001.916 S3C3T2 Fl. 6.278 33 “Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) IX armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor.” É o conceito de “armazenagem” que importa neste tópico. Imperioso ressaltar que a legislação, aqui, não traz qualquer referência ao crédito estar restrito à armazenagem de insumos nacionais, assim como não limita o aproveitamento deste custo no caso de insumos importados. Inaplicável, assim, restrição com este fundamento. Analisemos o conceito de armazenagem em si. Pareceme evidente que quando o legislador se refere a armazenagem não está entendendo apenas como passível de crédito o armazém. Isto porque se fosse este o caso, a disposição expressa seria despicienda, uma vez que consta item expresso para o aproveitamento de aluguel de bens imóveis24. Claro está portanto, por conclusão lógica, que o dispositivo legal que se refere a despesas com “armazém” engloba mais do que o simples imóvel onde se armazena os produtos. Acrescido a este fato, é preciso considerar que para que seja possível a armazenagem de produtos é preciso que eles cheguem até os armazéns, logo é preciso que eles sejam transportados de alguma forma, descarregados deste meio de transporte guardados no armazém. A meu ver é indissociável, do conceito de custo com armazenagem o gasto incorrido com descarga e transporte. Neste sentido – de extensão do conceito de armazenagem já votei anteriormente, acompanhando o ilustre relator Alexandre Gomes, que o analisar o processo nº 11686.000405/200868 proferiu com extrema clareza este mesmo posicionamento, a saber: “Já no tocante as despesas de monitoramento e taxas de risco, a Recorrente assim as conceituou: Imperioso neste momento, tratar do serviço de monitoramento que ocorre no armazém localizado dentro do porto. Ao chegar na área portuária, a mercadoria é depositada nas câmaras frigoríficas localizadas no interior dos armazéns. Antes de proceder o transporte da mercadoria para dentro do navio, o produto é transferido para containeres refrigerados. (...) Quanto à taxa de risco, tratase de serviço que se encontra também vinculado à armazenagem, pois, o pagamento efetuado pela Recorrente se refere a um "seguro" que é exigido para o caso extremo de perda ou roubo da mercadoria ou ainda o seu perecimento enquanto esta estiver armazenada dentro do armazém. 24 Lei 10.833/03 Lei 10.637/02 "Artigo 3º:............. IV aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa." Fl. 6295DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 13/02/20 13 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS 34 Como se depreende da leitura dos conceitos acima transcritos, as glosas de despesas analisadas e expressamente impugnadas dizem respeito a despesas incorridas na fase de armazenamento e transporte para a exportação das mercadorias produzidas pela Recorrente. O art. 3 das Lei 10.637/02 e 10.833/03 expressamente permitiu o creditamento das despesas relacionadas ao armazenamento de mercadorias e do frete na operação de venda, quando o ônus for suportado pelo vendedor. Em relação ao ônus não há lide, uma vez que induvidoso que este recaiu sobre a Recorrente. A celeuma instaura exige que se é decida sobre qual a amplitude que se pode conferir a determinação que autoriza o creditamento das despesas de armazenagens de mercadorias nas operações de venda. Temse de defendido exaustivamente que somente seria possível o creditamento de despesas relacionadas ao processo produtivo. E os argumentos são os mais diversos. Contudo, a própria legislação tratou de conferir algumas exceções como no caso do armazenamento de mercadorias para a venda, que inquestionavelmente não esta relacionado diretamente a produção da mercadoria. Diante deste impasse, deve o interprete procurar identificar na norma sob análise qual a seu melhor enquadramento, e no caso sob análise a intenção do legislador ordinário era, sem sombra de dúvida, garantir a maior desoneração possível da cadeia produtiva permitindo maior incidência tributária. Diante deste contexto me parece correto afirmar que todas as despesas relacionadas a armazenagem dos produtos destinados a venda podem gerar direito a crédito, motivo pelo qual reconheço tal possibilidade em relação aos serviços de capatazia, movimentação de carga e descarga e os serviços de monitoramente das mercadorias.. Já em relação as despesas de taxa de risco, que segundo a Recorrente se enquadra na categoria de seguro, entendo que não há direito ao crédito posto que sua essencialidade, no ponto de vista deste relator, bem como sua relação com a armazenagem dos produtos é bastante relativa.” destaquei Ante o exposto, divirjo do posicionamento defendido pela decisão atacada no que se refere à possibilidade de creditamento do custo de despesas com armazenagem. (g) Crédito básico sobre Aquisições de Embalagens Não Comprovadas De acordo com a decisão ora recorrida, Fls. 1695, a saber: “A fiscalização apurou divergência na unidade Trigobel entre o valor das aquisições de embalagens informados no Dacon e o Fl. 6296DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 13/02/20 13 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 11065.724992/201197 Acórdão n.º 3302001.916 S3C3T2 Fl. 6.279 35 seu valor no Demonstrativo de PIS e Cofins (DPC Entrada), que se mostrou coerente com os arquivos de notas fiscais entregues. A empresa indica ter se tratado apenas de equívoco de classificação incorreta, não tendo alterado o resultado final. Explica que o total do item “Aquisições para Industrialização” da planilha, exceto o valor do trigo, foi imputado na linha do Dacon correspondente a Embalagens, e não na linha correta de “Bens e Serviços p/ Produção/Com de PT no País”. Para comprovação, elabora planilha na qual inclui os valores constantes do DPC no item próprio (são os itens de compra de material para industrialização: “Power Bake”, “Bicarbonato de Sódio”, “Pirofosfato” etc.). Na planilha, das glosas totais da base de cálculo do crédito referentes ao item, de R$ 883.444,88, restaria comprovado R$ 767.299,73. Quanto a diferença, informa apenas que no cômputo total do Demonstrativo não se verifica diferença, não tendo sido possível precisar a identificação do saldo até o prazo da impugnação.” A decisão recorrida entendeu por bem manter a negativa de crédito por entender que não restou comprovada a alegação da Recorrente de que houve erro de preenchimento da DACON. Mantenho a decisão de primeira instância. Em seu recurso voluntário a Recorrente continua alegando em seu favor o erro de informação do sistema de apuração de créditos, todavia não trouxe documentos comprovando suas alegações e os erros “evidentes” que indica, como o que estaria localizado às fls. 595, referente à fevereiro/2007, no valor de R$60.090,41, que corresponderiam aos “demais insumos utilizados na produção” simplesmente não foram localizados. Impossível, portanto, alterar o resultado pela apresentação da Recorrente de meros argumentos. (h) Créditos sobre Fretes de Exportação De acordo com a informação contida nos autos, estes valores foram considerados como tendo sido descontados indevidamente por mostraremse efetivamente relacionados a logística da operação de exportação, intermediários entre a fiscalizada e o transportador. Todavia não é apenas isso. Restou comprovado nos autos que os efetivos prestadores de serviço não estão domiciliados no Brasil, mas que possuíam representantes no país25. Por entender que foram contratadas empresas domiciliadas no exterior, a decisão recorrida aplicou as restrições contidas no §§ 2º e 3º do artigo 3º26 das mencionadas Leis nº 25 Trecho do acórdão recorrido Fls. 6.196 "A empresa descontou créditos sobre fretes marítimos relacionados ao produto exportado. A apuração da fiscalização constatou que os valores apresentados se referem, efetivamente, a despesas pagas para as empresas que agenciaram a operação. O efetivo transporte teria sido prestado por armadores domiciliados no exterior. Mesmo que fossem considerados como frete, não faria jus ao crédito pela operação ser isenta da contribuição. A empresa contesta, apresentando pagamentos efetuados no Brasil para empresas brasileiras, indicando que os agentes que foram objeto da circularização têm objetivo de eximirse do tributo." 26 Leis 10.637/02 10.833/03: Fl. 6297DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 13/02/20 13 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS 36 10.637/02 e 10.833/03, que impedem o crédito quando “os insumos não são tributados”, quando os serviços são adquiridos de pessoa jurídica não domiciliada no país ou quando o pagamento é creditado a pessoa jurídica não domiciliada no Brasil. A Recorrente defendese dizendo que se trata de fretes pagos à pessoas jurídicas domiciliadas no Brasil, indicando para corroborar suas alegações documentos trazidos em sua impugnação. Ainda, diz que é irrelevante que o pagamento do transporte seja realizado através de nota de débito, pois a lei não determina algum modo específico e que as informações dos agentes que responderam às cartas de circularização (fls. 5889/5949) denotam um evidente propósito de se eximirem do pagamento da tributação incidente sobre sua operação. Pois bem. Evidente a peculiaridade do caso ora analisado. Aqui não se discute se o frete é ou não de venda, ou ainda se a exportação se equipara à venda. A questão sob análise referese a conceitos totalmente distintos. A meu ver são três os pontos aqui discutidos: (i) se o fato de a receita do serviço contratado não ser tributada é relevante para considerar o gasto com o frete como crédito; (ii) se os serviços de frete foram adquiridos de pessoa jurídica não domiciliada no país e (iii) se o pagamento foi creditado a pessoa jurídica não domiciliada no Brasil. Em relação ao primeiro item indicado, entendo ser absolutamente irrelevante para o cômputo do crédito, a tributação ou não da receita do serviço contratado pela Recorrente. Conforme dito alhures, a lei é clara ao considerar para o crédito de PIS e COFINS não cumulativo o insumo e o que importa para a lei é se o insumo é tributado. O artigo 17 da Lei 11.033/04 é cristalino ao garantir o crédito no sistema não cumulativo de PIS e COFINS no caso de o produto (portanto a saída) ser desonerado. Aqui chegamos ao primeiro ponto, a lei não faz referência às despesas serem ou não tributadas, apenas a insumo, logo, nem que fosse só por isso, a restrição em tela não poderia ser realizada. Ademais, ainda que se admitisse a restrição aplicada pela fiscalização, haveria de se considerar que a aplicação da analogia de não tributação da receita do serviço contratado significaria um paralelo com a saída do produto não tributada e este fato, como determinado pelo artigo 17 da Lei nº 11.033/04, não impediria a manutenção do crédito. Desta forma, o item (i) supra mencionado, a meu sentir, não é requisito para a restrição do crédito por parte da Recorrente. No que se refere ao item (ii), “se os serviços de frete foram adquiridos de pessoa jurídica não domiciliada no país” e ao item (iii) “se o pagamento foi creditado a pessoa jurídica não domiciliada no Brasil”, necessárias algumas considerações. Inicialmente vale esclarecer que esta questão de frete de exportação é regrado pela Instrução Normativa RFB nº 800, de 27 de dezembro de 200727, a qual: “Dispõe sobre o Artigo 3º .................... (...) § 2o Não dará direito a crédito o valor: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) (...) II da aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota 0 (zero), isentos ou não alcançados pela contribuição. (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) § 3o O direito ao crédito aplicase, exclusivamente, em relação: I aos bens e serviços adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País; II aos custos e despesas incorridos, pagos ou creditados a pessoa jurídica domiciliada no País; (...)" 27 DOU de 28.12.2007 Fl. 6298DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 13/02/20 13 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 11065.724992/201197 Acórdão n.º 3302001.916 S3C3T2 Fl. 6.280 37 controle aduaneiro informatizado da movimentação de embarcações, cargas e unidades de carga nos portos alfandegados.” Em relação ao procedimento aplicável ao frete de exportação, ambas as alegações (Receita Federal e Contribuinte) são verdadeiras. A prestação de serviço de transporte internacional, realizado por navios, é sim realizado por pessoas jurídica domiciliadas no exterior, e a explicação para este fato é simples: o Brasil não possui armadores, logo, é impossível outra opção, todos os navios que operam em nossa costa são de outros países. Logo, a premissa da fiscalização está correta: o serviço em si, de transporte de cargas, é efetivamente realizado por empresas estrangeiras, o que estas pessoas jurídicas possuem no Brasil são representantes, agenciadores que fazem a reserva e organização do espaço no navio, consolidam e desconsolidam (carregam e descarregam) as mercadorias no navio. Todavia, este simples fato não é suficiente para a conclusão alcançada pela fiscalização, isto porque nos termos da mencionada IN/SRF nº 800/07, uma das pessoas equiparadas ao transportador é justamente este agenciador marítimo, a saber: “Art. 2º Para os efeitos desta Instrução Normativa definese como: I unitização de carga, o acondicionamento de diversos volumes em uma única unidade de carga; II consolidação de carga, o acobertamento de um ou mais conhecimentos de carga para transporte sob um único conhecimento genérico, envolvendo ou não a unitização da carga; III navegação de longo curso, aquela realizada entre portos brasileiros e portos marítimos, fluviais ou lacustres estrangeiros; IV armador, a pessoa física ou jurídica que, em seu nome ou sob sua responsabilidade, apresta a embarcação para sua utilização no serviço de transporte; V transportador, a pessoa jurídica que presta serviços de transporte e emite conhecimento de carga; (...) § 1º Para os fins de que trata esta Instrução Normativa: (...) IV o transportador classificase em: a) empresa de navegação operadora, quando se tratar do armador da embarcação; b) empresa de navegação parceira, quando o transportador não for o operador da embarcação; Fl. 6299DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 13/02/20 13 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS 38 c) consolidador, tratandose de transportador não enquadrado nas alíenas "a" e "b", responsável pela consolidação da carga na origem; d) desconsolidador, no caso de transportador não enquadrado nas alíenas "a" e "b", responsável pela desconsolidação da carga no destino; e e) agente de carga, quando se tratar de consolidador ou desconsolidador nacional; (...)” – destaquei. Desta forma, uma vez que a Receita Federal considera como transportador o próprio agenciador, o simples fato de o serviço ser efetivamente prestado por navios estrangeiros não impede o aproveitamento do crédito, pois estando o agenciador estabelecido no Brasil, se o contrato for firmado e o pagamento for realizado para esta pessoa jurídica sediada no Brasil, haveria a possibilidade do crédito. Entretanto, estas condições deveriam estar comprovadas nos autos. Assim, ao meu sentir, haja vista que o agenciador – que é empresa brasileira – equiparase ao transportador por determinação da própria Receita Federal, está atendida a necessidade imposta pelo inciso I do §3º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98. Todavia, ainda seria necessário comprovar que o contrato – e o pagamento – foram realizados com/para esta empresa. Consta do processo a circularização realizada pelo Fisco entre os agenciadores para saber a característica do serviço prestado (Fls. 5889/5949), sendo que as respostas são uníssonas ao esclarecer que foram contratados pela Recorrente nos termos da IN 800/2007, verbis: “Art. 4º A empresa de navegação é representada no País por agência de navegação, também denominada agência marítima. § 1º Entendese por agência de navegação a pessoa jurídica nacional que represente a empresa de navegação em um ou mais portos no País. § 2º A representação é obrigatória para o transportador estrangeiro. § 3º Um transportador poderá ser representado por mais de uma agência de navegação, a qual poderá representar mais de um transportador.” As informações obtidas dos agenciadores podem ser da seguinte forma resumidas: EMPRESA FOLHAS INFORMAÇÕES MSC Mediterranean do Brasil 5893/5894 vínculo de agenciador recibos de recebimento de valores da Recorrente às fls. 6158/6165 Maersk Line 5899/5901 vínculo de agenciador de empresa Dinamarquesa Fl. 6300DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 13/02/20 13 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 11065.724992/201197 Acórdão n.º 3302001.916 S3C3T2 Fl. 6.281 39 Dinamarquesa CMA / CGM 5904/5920 vínculo de agenciador exclusivo da empresa CMA/CGM CSAV Group Agencies 5925/5928 vínculo de agenciador exclusivo da empresa Cid Sud Vapores S.A . – Chilena registra expressamente que os contratos são feitos diretamente com o armador chileno, sem a participação do Agente. Cia Libra de Navegação 5933/5936 vínculo de agenciador exclusivo, da empresa Cid Sud Vapores S.A . – Chilena registra expressamente que os contratos são feitos diretamente com o armador chileno, sem a participação do Agente. CCS – Central Cargo Ship 5945/5947 organização logística de transporte de cargas (operador de transporte multimodal), no caso foi contratada para buscar a transportadora que melhor atendesse seus interesses comerciais e econômicos. junta conhecimento de transporte que tem força de escritura pública; a empresa cobrou da Recorrente o valor de seus serviços de logística internacional, e repassou para a transportadora o valor do frete junto com outras despesas. Das informações prestadas é possível constatar que apenas o último contratado (CCS – Central Cargo Ship), em virtude do objeto de seu contrato, não traz dúvida quanto à contratação de empresa brasileira e recebimento do serviço por empresa no Brasil. In casu, ocorreu a subcontratação de empresa estrangeira, sendo que a Recorrente contratou a CCS, a qual, a meu ver, deve ter recebido e tributado todo o valor faturado posto que se trata de receita recebida. Todavia, todos os demais casos necessitariam de comprovação tanto da contratação quanto do valor pago. As únicas provas trazidas aos autos pela Recorrente encontramse às fls. 6158/6165, anexadas à Impugnação. Com estas provas a Recorrente comprova a realização do pagamento do frete internacional ao agenciador brasileiro da empresa MSC Mediterranean do Brasil. Logo, apenas nestes casos comprovados, em relação aos pagamentos trazidos à colação, que concluo pela possibilidade de crédito. Os demais casos, por prescindirem de provas, não podem ser contemplados pelo crédito. Inclusive, alguns agenciadores (CSAV Group Agencies e Cia Libra de Fl. 6301DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 13/02/20 13 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS 40 Navegação) são expressos ao esclarecer que “...os contratos são celebrados diretamente entre o embarcador da carga (in casu a Moinhos Cruzeiro do Sul) e armador chileno, dele não participando o agente armador”. É este o pressuposto que deve ser utilizado, em razão do serviço ser efetivamente prestado por empresa não domiciliada no Brasil; de não ter sido realizada contraprova pela Recorrente e de tratarse de compensação de crédito, onde a prova é do contribuinte que pretende utilizar o crédito. Ante o exposto, concedo apenas o crédito referente às comprovações realizadas às fls. 6158/6165 e em relação aos fretes pagos para a empresa CCS – Central Cargo Ship. (i) Créditos Integrais sobre Compras de Milho e Trigo com Suspensão As questões aqui em discussão referemse à situações específicas ocorridas com a Recorrente. A primeira delas referese ao fato de as notas fiscais objeto do crédito integral ora contestado não estarem com o registro da informação do fornecedor de tributação suspensa. Isto é, não se discute aqui se os insumos adquiridos se sujeitam à regra da suspensão, o que resta comprovado pela classificação fiscal do insumo (milho – posição 1005 TIPI e trigo – 1001 TIPI) e pela resposta da circularização realizada com os fornecedores. O assunto em discussão consubstanciase na possibilidade de eximir a Recorrente por ter se aproveitado do crédito integral em virtude de o fornecedor ter descumprido a obrigação acessória de informar a suspensão do PIS e COFINS. A Recorrente traz em seu favor a argumentação de que a obrigação era do fornecedor, sendo que o crédito base só estaria obstado nesta hipótese, cita em seu favor a Instrução Normativa da Secretaria da Receita Federal – IN/SRF – 660/2006, artigo 2º, §2º, que seria de aplicação obrigatória, a saber: IN/SRF – 660/2006 “Art.2º Fica suspensa a exigibilidade da Contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda: I de produtos in natura de origem vegetal, classificados na Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) nos códigos: a) 09.01, 10.01 a 10.08, exceto os códigos 1006.20 e 1006.30; b) 12.01 e 18.01; II de leite in natura; III de produto in natura de origem vegetal destinado à elaboração de mercadorias classificadas no código 22.04, da NCM; e IV de produtos agropecuários a serem utilizados como insumo na fabricação dos produtos relacionados no inciso I do art. 5º. §1º Para a aplicação da suspensão de que trata o caput, devem ser observadas as disposições dos arts. 3º e 4º. Fl. 6302DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 13/02/20 13 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 11065.724992/201197 Acórdão n.º 3302001.916 S3C3T2 Fl. 6.282 41 §2º Nas notas fiscais relativas às vendas efetuadas com suspensão, deve constar a expressão "Venda efetuada com suspensão da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS", com especificação do dispositivo legal correspondente.” destaquei A desobediência do dispositivo supracitado, no entender da Recorrente, eximiria seu procedimento. Defende que “...o ato normativo não confere nenhuma outra alternativa...”, “...se assim não fosse, qual a razão para que o Fisco (SRFB) determinasse essa condição no ato normativo?” e traz para justificar seu entendimento as Soluções de Consulta nº 25 e 50/2008 SRRF 10ª/Disit e 249/2009 da SRRF/9ª Região Fiscal. Com razão a fiscalização. O crédito é concedido e restringido pela lei, as instruções normativas tem apenas a função de complementar e até mesmo tornar efetiva a aplicação das regras legais, sem mencionar os sistemas de controle da própria administração pública. Outro entendimento significaria conceber a possibilidade de Instrução Normativa restringir/ampliar a aplicação dos termos da Lei. Isto porque, neste raciocínio, a IN SRF 660/06 alteraria o direito ao crédito bem como a natureza do crédito aplicável ao insumo, e a mera ausência de registro de “suspenso” seria suficiente para permitir a utilização pelo contribuinte de crédito base, não presumido. Impossível tal interpretação, as normas complementares não tem este condão e é exatamente isso que é a IN 660, uma norma complementar, espécie jurídica de caráter secundário cuja normatividade está diretamente subordinada à lei. Esta função complementar das instruções normativas no sistema tributário está previsto no próprio Código Tributário Nacional CTN artigo 96, combinado com o inciso I, do artigo 100, a saber: “Art. 96. A expressão "legislação tributária" compreende as leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes.. ... Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos: I os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas” (destaquei) É indiscutível que a Lei determina, expressamente, a função das Instruções Normativas como normas complementares do ordenamento jurídico, devendo ser desta forma consideradas. E, se a Instrução Normativa é norma complementar, significa que não pode inovar o ordenamento jurídico, menos ainda alterar a natureza do crédito aplicável a referido insumo. O crédito é concedido pela Lei e vinculado ao insumo, e as obrigações acessórias neste caso existem, a meu ver, apenas para o controle dos contribuintes envolvidos e da própria fiscalização. Desta forma, correta a fiscalização ao realizar a glosa do crédito básico, definindo o aproveitamento como sendo crédito presumido, em vista da suspensão dos tributos. Fl. 6303DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 13/02/20 13 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS 42 Há ainda uma segunda situação a ser analisada, relativa à compra específica da fornecedora Cooperativa Tritícola Regional Santo Ângelo Ltda (CNPJ 96.203.302/000136). Em procedimento de circularização junto ao fornecedor a fiscalização foi informada que se trata de venda de 9.000 toneladas de trigo padronizado por R$766,00/tonelada, mediante contrato de compra e venda nº 34.315 (fls. 5872 a 5878). Este insumo, pela sua natureza, confere direito à crédito percentual presumido, não crédito básico integral. Todavia, a fiscalização não obteve êxito em formar, na contabilidade da Recorrente, a contrapartida do trigo adquirido. Localizou a fatura nº 236.439 relativa a 4.350,673 toneladas no valor de R$ 766,00/ton. e a fatura 263.440, referentes a 4.000 toneladas no valor R$ 483,87/ton., valor portanto menor do que o pactuado (R$ 766,00 – R$483,87 = R$ 282,13/ton.), sendo que a diferença para as 4.000/ton. é de R$ 1.128.520,00. Na seqüência, a fiscalização localizou a fatura nº 114, sobre a prestação de serviços de padronização no valor de R$ 1.154.520,00, sendo que as três notas fiscais foram emitidas na mesma data: R$ 07/11/07. A Recorrente contabilizou crédito presumido sobre as faturas nº 236439 e 236440 e crédito básico integral sobre a fatura nº 114. Ao concluir a fiscalização o agente desconsiderou o registro de prestação de serviço, uma vez que o trigo foi vendido já pasteurizado e considerou este custo como parte da operação descrita no contrato de compra e venda nº 34.315. Em sua defesa a Recorrente diz que o Fisco não tem elementos para desconsiderar a operação da forma como foi realizada e que não tem sentido pressupor que a empresa estaria fazendo simulação. Fato é que a Recorrente não apresentou argumentos sólidos em sua defesa, não trouxe aos autos qualquer documento que justificasse a rescisão ou retificação do contrato de compra e venda nº 34.315 (o que poderia esclarecer a alteração de quantidade e/ou a mudança de preço/qualidade do trigo vendido); também não apresentou a nota fiscal faltante para que fosse completada a operação descrita no contrato de compra; assim como não justificou a razão do preço do trigo vendido por intermédio da nota fiscal 263.440 estar abaixo do valor pactuado no mesmo contrato 34.315 (R$ 766,00). Por outro giro a fiscalização trouxe a coincidência de datas, quantidades, registros, a declaração do fornecedor em procedimento de circularização. Com razão a fiscalização que realizou minuncioso trabalho de investigação para descobrir os fatos verdadeiramente incorridos a despeito do aspecto formal das notas fiscais apresentadas pela Recorrente como justificativa para os créditos tomados. (II) CRÉDITO PRESUMIDO LEI Nº 10.925/04 Neste item, é preciso analisar os critérios do crédito presumido trazido pela Lei n 10.925/04, em seu artigo 8º, que da seguinte forma versa: Lei nº 10.925/2004 “Art. 8º As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos capítulos 2, 3, exceto os produtos vivos desse capítulo, e 4, 8 a 12, 15, 16 e 23, e nos códigos 03.02, 03.03, Fl. 6304DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 13/02/20 13 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 11065.724992/201197 Acórdão n.º 3302001.916 S3C3T2 Fl. 6.283 43 03.04, 03.05, 0504.00, 0701.90.00, 0702.00.00, 0706.10.00, 07.08, 0709.90, 07.10, 07.12 a 07.14, exceto os códigos 0713.33.19, 0713.33.29 e 0713.33.99, 1701.11.00, 1701.99.00, 1702.90.00, 18.01, 18.03, 1804.00.00, 1805.00.00, 20.09, 2101.11.10 e 2209.00.00, todos da NCM, destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3o das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) (Vide art. 37 da Lei nº 12.058, de 13 de outubro de 2009)(Vide art. 57 da Lei nº 12.350, de 20 de dezembro de 2010) § 1º O disposto no caput deste artigo aplicase também às aquisições efetuadas de: I cerealista que exerça cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal, classificados nos códigos 09.01, 10.01 a 10.08, exceto os dos códigos 1006.20 e 1006.30, 12.01 e 18.01, todos da NCM; (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 21/11/2005); II pessoa jurídica que exerça cumulativamente as atividades de transporte, resfriamento e venda a granel de leite in natura; e III pessoa jurídica que exerça atividade agropecuária e cooperativa de produção agropecuária.(Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004). § 2º O direito ao crédito presumido de que tratam o caput e o §1º deste artigo só se aplica aos bens adquiridos ou recebidos, no mesmo período de apuração, de pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no País, observado o disposto no § 4º do art. 3º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003. § 3º O montante do crédito a que se referem o caput e o § 1º deste artigo será determinado mediante aplicação, sobre o valor das mencionadas aquisições, de alíquota correspondente a: I 60% (sessenta por cento) daquela prevista no art. 2º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, para os produtos de origem animal classificados nos Capítulos 2 a 4, 16, e nos códigos 15.01 a 15.06, 1516.10, e as misturas ou preparações de gorduras ou de óleos animais dos códigos 15.17 e 15.18; e II 35% (trinta e cinco por cento) daquela prevista no art. 2º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, para os demais produtos. II 50% (cinqüenta por cento) daquela prevista no art. 2o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de Fl. 6305DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 13/02/20 13 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS 44 dezembro de 2003, para a soja e seus derivados classificados nos Capítulos 12, 15 e 23, todos da TIPI; e (Redação dada pela Lei no 11.488, de 15 de junho de 2007) III 35% (trinta e cinco por cento) daquela prevista no art. 2o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, para os demais produtos. (Renumerado pela Lei no 11.488, de 15 de junho de 2007) § 4º É vedado às pessoas jurídicas de que tratam os incisos I a III do § 1o deste artigo o aproveitamento: I do crédito presumido de que trata o caput deste artigo; II de crédito em relação às receitas de vendas efetuadas com suspensão às pessoas jurídicas de que trata o caput deste artigo. § 5º Relativamente ao crédito presumido de que tratam o caput e o § 1o deste artigo, o valor das aquisições não poderá ser superior ao que vier a ser fixado, por espécie de bem, pela Secretaria da Receita Federal. § 6o Para os efeitos do caput deste artigo, considerase produção, em relação aos produtos classificados no código 09.01 da NCM, o exercício cumulativo das atividades de padronizar, beneficiar, preparar e misturar tipos de café para definição de aroma e sabor (blend) ou separar por densidade dos grãos, com redução dos tipos determinados pela classificação oficial. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004);(Vide Medida Provisória nº 545, 2011) (Revogado pela Lei nº 12.599, de 23 de março de 2012) § 7o O disposto no § 6o deste artigo aplicase também às cooperativas que exerçam as atividades nele previstas. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004).(Vide Medida Provisória nº 545, 2011) (Revogado pela Lei nº 12.599, de 23 de março de 2012) § 8º (Vide Medida Provisória nº 552, de 1º de dezembro de 2011) § 9º (Vide Medida Provisória nº 556, de 23 de dezembro de 2011)” destaquei Em resumo, a fiscalização entende que a Recorrente encontrase na regra geral, que permite crédito na grandeza de 35% (incisos II ou III, dependendo do mês do ano de 2007) enquanto a Recorrente interpreta que tem direito a 60% de crédito, conforme garante o inciso “I” supra citado. Neste sentido registra a r. decisão recorrida, às fls. 6183/6184, verbis: “A auditoria fiscal realizada alterou o percentual aplicado pela empresa para o cálculo do crédito presumido, de 60% para 35%, glosando a diferença. As aquisições incluídas pela empresa na apuração deste crédito referemse a pintos de 1 dia, frango vivo e milho. Defende a interessada, inicialmente, que o percentual correto seria de 60%, por entender que todos esses bens são usados exclusivamente para obter frango abatido, sujeito ao percentual de 60%.” Fl. 6306DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 13/02/20 13 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 11065.724992/201197 Acórdão n.º 3302001.916 S3C3T2 Fl. 6.284 45 Vêse claramente que o pomo da discórdia aqui é a interpretação dos incisos “I” e “II/III”. A Recorrente entende que ao mencionar que o crédito será concedido “60%...para os produtos de origem animal classificados” e “35% ... para os demais produtos”o legislador pretendeu definir o percentual do crédito pelo resultado produzido pelo contribuinte. Assim se dado contribuinte PRODUZ “produtos de origem animal classificados nos Capítulos 2 a 4, 16, e nos códigos 15.01 a 15.06, 1516.10”, como é o caso da Recorrente, tem direito a 60% do crédito. Já a fiscalização conclui que o critério de apuração do crédito está vinculado ao insumo, não ao produto, por isso é o insumo que deve ser “de origem animal classificados nos Capítulos 2 a 4, 16, e nos códigos 15.01 a 15.06, 1516.10”. E para isso não importa que o legislador tenha utilizado a terminologia “produto”. A questão é bastante tortuosa e incitou pareceres de juristas em ambos os sentidos, com conclusões antagônicas. Confesso que tive que recorrer a larga pesquisa e à análise do ordenamento para decidir qual, a meu ver, foi a vontade do legislador à época da inclusão do dispositivo legal. Esta estudo fezse necessário porque a Lei nº 10.865/04 foi inserida no ordenamento jurídico por intermédio de Medida Provisória (MP 183/04) sendo que sequer fez parte do texto original da MP e não consta nos registros buscados no Planalto, na Câmara de Deputados ou no Senado Federal a motivação da inclusão deste crédito presumido na MP. Os registros encontrados não são suficientes para sanar a dúvida confrontada nos presentes autos, o que tornou inviável a realização da interpretação autêntica da norma. Pois bem. Pareceme claro que para o sistema não cumulativo das contribuições ao PIS e COFINS – e este ponto já foi diversas vezes mencionado neste voto – o que importa é o insumo. Neste sentido, diferentemente do regime previsto para o IPI e ICMS, que pretende a compensação de “imposto sobre imposto”, importandose com o valor despendido a título de tributo, a não cumulatividade das contribuições sociais se preocupa com o quantum consumido pelo contribuinte a título de insumos, em todo processo de produção. Outra conclusão que me parece lógica é que o crédito de PIS e COFINS não cumulativo pretende incentivar as empresas nacionais, principalmente a indústria, maior utilizadora do sistema de créditos. O crédito é costumeiramente calculado sobre o custo dos insumos, sendo que um dos requisitos é que o insumo seja tributado. Isto porque o crédito em questão nada mais é do que uma compensação do débito tributário incidente na cadeia. A questão se restringe à hipótese em que o insumo não é tributado. Neste caso, não há débito prévio a ser “compensado”. Todavia, ainda assim a legislação entendeu por bem criar uma espécie de crédito, o qual, por total impossibilidade de opção diversa, deve ser calculado na forma presumida. É o que determina o mencionado artigo 8º da Lei nº 10.825/04. A particularidade que me parece relevante no caso é: inexistindo débito tributário prévio, qual débito o legislador pretendeu compensar? No sistema contábil temse que o insumo não tributado, da mesma forma que não gera um débito (valor a pagar de imposto) por consequência lógica, não gera um crédito (a Fl. 6307DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 13/02/20 13 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS 46 compensar na próxima operação). Logo, as hipóteses de insumos não tributados ocasionam um débito de imposto integral na saída, vez que não há saldo a compensar. Pareceme claro que a intenção do legislador, portanto, foi compensar justamente este tributo que é devido com a saída do produto do estabelecimento industrial. Neste aspecto, a meu ver a base lógica para o cálculo do crédito presumido não é o INSUMO adquirido, como pretende a fiscalização, mas o PRODUTO saído, como interpreta a Recorrente. Corrobora este entendimento o uso, pelo legislador, da terminologia “produto” para justificar a concessão do crédito proporcional: “60%...para os produtos de origem animal classificados” e “35% ... para os demais produtos”. A lei, quando intenciona tratar dos INSUMOS utiliza exatamente esta terminologia, razão pela qual não se pode olvidar o termo indicado no dispositivo legal, qual seja, PRODUTO. Neste aspecto, pareceme adequada a interpretação conferida pelo contribuinte ao texto legal, sendo aplicável à espécie em análise do crédito presumido de 60%. Ante o exposto, é conheço do presente recurso para o fim de DARLHE PARCIAL PROVIMENTO concedendo INTEGRALMENTE o crédito básico solicitado em relação aos itens referentes: (b) ao pagamento de serviços de esgoto; (c) aos fretes de compras que integram o presumido; (e) Crédito sobre operação de dação; (f) Crédito indevido de serviços relacionados à importação de trigo, preponderantemente representando custos com armazenagem; PARCIALMENTE o crédito pleiteado no item (h) referente à fretes de exportação concedendo neste ponto apenas o crédito referente às comprovações realizadas às fls. 6158/6165 e em relação aos fretes pagos para a empresa CCS – Central Cargo Ship e (i) crédito presumido na proporção de 60%. É como penso. É como voto. (assinado digitalmente) FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Voto Vencedor Conselheiro José Antonio Francisco Discordo da ilustre Relatora apenas em relação ao creditamento sobre fretes de produtos prontos entre unidades, ao crédito base sobre serviços relacionados à importação de trigo, aos créditos sobre fretes de exportação e ao crédito presumido da agroindústria. Fiquei vencido, entretanto, em relação ao item relativo aos “serviços de esgotos”, em prevalecendo, no caso, o voto da Relator. Antes de iniciar o exame do mérito, destaquese, quanto às questões constitucionais, a aplicação ao presente caso dos seguintes dispositivos do Regimento Interno Fl. 6308DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 13/02/20 13 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 11065.724992/201197 Acórdão n.º 3302001.916 S3C3T2 Fl. 6.285 47 do Carf (Ricarf, anexo II à Portaria MF n. 256, de 2009, com as alterações da Portaria MF n. 446, de 2009): Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal; ou II que fundamente crédito tributário objeto de: a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei n° 10.522, de 19 de julho de 2002; b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar n° 73, de 1993; ou c) parecer do Advogado Geral da União aprovado pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar n° 73, de 1993. Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. § 1º Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543B. {2} § 2º O sobrestamento de que trata o § 1º será feito de ofício pelo relator ou por provocação das partes. Ademais, aplicase também a Súmula Carf n. 2 (Portaria Carf n. 106, de 21 de dezembro de 2009): Súmula Carf no 2 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Portanto, deve ser aplicada ao caso dos autos a lei em sua integralidade. As leis que tratam de PIS e Cofins não cumulativos trazem diversas exclusões específicas e, genericamente, no art. 3º, II, tratam dos insumos: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] Fl. 6309DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 13/02/20 13 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS 48 II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei nº 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) Referido dispositivo referese a bens e serviços utilizados como insumos na prestação de serviços ou na produção ou fabricação de produtos destinados a vendas. Dentro desse conceito é que se tentam enquadrar os mais variados custos e despesas incorridos pela empresa produtora para o fim de creditamento das contribuições não cumulativas. Entretanto, é preciso ter em conta que, de um lado, tal conceito não se confunde com o de insumo de IPI, restrito a matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem. De outro, não é qualquer bem ou serviço adquirido que gera direito de crédito. No caso do IPI, o aproveitamento de créditos ficou restrito aos insumos classificados como matériaprima, produto intermediário ou material de embalagem. Matériaprima é o insumo que dá origem ao produto; produto intermediário, um produto obtido no meio do processo de fabricação; material de embalagem, aquele utilizado no acondicionamento do produto. Enquanto que, relativamente ao material de embalagem, a única controvérsia resumese à diferenciação do Ripi entre embalagens para transporte e de apresentação, em relação aos produtos intermediários é que se formou uma grande discussão. Como o Regulamento dispõe que, para ser considerado produto intermediário, não precisa haver incorporação do bem ao produto acabado, desde que o bem também não se destine ao ativo permanente, abriuse margem à interpretação de que seriam essas as únicas condições para caracterização do conceito. Entretanto, a Receita Federal emitiu o entendimento, pelo Parecer CST n. 65, de 1979, de que seria necessário o consumo imediato e direto Nesse contexto, importa ressaltar que o Superior Tribunal de Justiça, em sede de recurso repetitivo (Resp nº 1.075.508) decidiu que os materiais que são consumidos no processo industrial, ainda que não integrem o produto final, geram direito ao crédito presumido de IPI, nos seguintes termos: PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IPI. CREDITAMENTO. AQUISIÇÃO DE BENS DESTINADOS AO ATIVO IMOBILIZADO E AO USO E CONSUMO. IMPOSSIBILIDADE. RATIO ESSENDI DOS DECRETOS 4.544/2002 E 2.637/98. 1. A aquisição de bens que integram o ativo permanente da empresa ou de insumos que não se incorporam ao produto final ou cujo desgaste não ocorra de forma imediata e integral durante o processo de industrialização não gera direito a Fl. 6310DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 13/02/20 13 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 11065.724992/201197 Acórdão n.º 3302001.916 S3C3T2 Fl. 6.286 49 creditamento de IPI, consoante a ratio essendi do artigo 164, I, do Decreto 4.544/2002 (Precedentes das Turmas de Direito Público: AgRg no REsp 1.082.522/SP, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 16.12.2008, DJe 04.02.2009; AgRg no REsp 1.063.630/RJ, Rel. Ministro Francisco Falcão, Primeira Turma, julgado em 16.09.2008, DJe 29.09.2008; REsp 886.249/SC, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, julgado em 18.09.2007, DJ 15.10.2007; REsp 608.181/SC, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, julgado em 06.10.2005, DJ 27.03.2006; e REsp 497.187/SC, Rel. Ministro Franciulli Netto, Segunda Turma, julgado em 17.06.2003, DJ 08.09.2003). 2. Deveras, o artigo 164, I, do Decreto 4.544/2002 (assim como o artigo 147, I, do revogado Decreto 2.637/98), determina que os estabelecimentos industriais (e os que lhes são equiparados), entre outras hipóteses, podem creditarse do imposto relativo a matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, adquiridos para emprego na industrialização de produtos tributados, incluindose "aqueles que, embora não se integrando ao novo produto, forem consumidos no processo de industrialização, salvo se compreendidos entre os bens do ativo permanente’.. 3. In casu, consoante assente na instância ordinária, cuidase de estabelecimento industrial que adquire produtos "que não são consumidos no processo de industrialização (...), mas que são componentes do maquinário (bem do ativo permanente) que sofrem o desgaste indireto no processo produtivo e cujo preço já integra a planilha de custos do produto final", razão pela qual não há direito ao creditamento do IPI. 4. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.” (destaquei) Como se deduz do trecho destacado acima, somente os insumos incorporados ao produto final ou que se desgastam no processo de industrialização é que geram direito de crédito. Em seu voto, o Ministro relator destacou o seguinte: [...] Dessumese da norma insculpida no supracitado preceito legal que o aproveitamento do crédito de IPI dos insumos que não integram ao produto pressupõe o consumo, ou seja, o desgaste de forma imediata e integral do produto intermediário durante o processo de industrialização e que o produto não esteja compreendido no ativo permanente da empresa. [...] In casu, consoante assente na instância ordinária, cuidase de estabelecimento industrial que adquire produtos "que não são consumidos no processo de industrialização (...), mas que são Fl. 6311DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 13/02/20 13 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS 50 componentes do maquinário (bem do ativo permanente) que sofrem o desgaste indireto no processo produtivo e cujo preço já integra a planilha de custos do produto final", razão pela qual não há direito ao creditamento do IPI. [...] Conforme esclarecido acima, somente geram direito a crédito de IPI os insumos que além de não se destinarem ao ativo permanente ou se incorporem ao produto fabricado ou cujo desgaste ocorra de forma imediata e integral durante o processo de industrialização. Portanto, para o IPI o critério para definição de insumo (mais restrito) é do consumo do bem no processo de produção. Tratandose de PIS e Cofins, no entanto, a condição expressamente prevista na lei é de que o bem ou serviço seja “utilizado” na prestação de serviços ou na produção e fabricação de produtos. Portanto, embora insumo seja genericamente qualquer elemento necessário para produzir mercadorias ou serviços, a lei exige que, para gerar crédito, ele seja utilizado na produção ou fabricação. Não é necessário seu consumo direto e imediato, como no caso do IPI. Entretanto, tal disposição, singela e bastante clara, restringe drasticamente as pretensões de interpretar a disposição legal citada como referente a todo e qualquer insumo de produção. A primeira conclusão é elementar: custos e despesas posteriores à produção ou à prestação de serviços não geram direito de crédito com base no dispositivo. Assim, somente os casos previstos em outros incisos específicos do citado artigo geram crédito, quando não enquadrados no conceito de insumo utilizado na produção. Além disso, o critério adotado pela lei para que uma despesa gere crédito não é a circunstância de se tratar de despesa necessária, imprescindível ou obrigatória para a obtenção do produto, que, para o caso, é irrelevante. Ademais, a legislação permite, ao contrário do IPI, o creditamento relativo aos encargos de depreciação e amortização, que representam, indiretamente, o creditamento diferido do ativo imobilizado. Entretanto, tal creditamento também sofre restrições, a começar pela de que somente os bens adquiridos a partir de 1º de maio de 2004 podem gerar os créditos. Consequentemente, os bens adquiridos anteriormente à data mencionada e as partes e peças de máquinas que devam ser registradas no ativo fixo, como aquelas que aumentem a vida útil do bem em mais de um ano (art. 346 do Regulamento do Imposto de Renda de 1999), não podem gerar crédito diretamente. Em linhas gerais, essas são as regras que devem orientar a análise do direito de crédito de PIS e Cofins não cumulativos. Em relação ao primeiro item, tratase de fretes de produtos prontos entre as unidades, em relação aos quais a Interessada alegou referiremse a saídas de produtos já vendidos. Dessa forma, o referido frete seria parte da operação de venda, como são os fretes relativos a produtos vendidos. Fl. 6312DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 13/02/20 13 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 11065.724992/201197 Acórdão n.º 3302001.916 S3C3T2 Fl. 6.287 51 Entretanto, para que a referida operação pudesse enquadrarse na hipótese prevista em lei, seria preciso que os produtos saíssem do primeiro estabelecimento, com destino ao segundo, com a venda já efetuada. Não tendo ocorrido tal hipótese, é impossível considerar que se trate de “frete em operação de venda”, como prevê a lei, descabendo o direito de crédito. Quanto ao segundo item, que tratou de serviços na importação de trigo, não se trata de serviços utilizados como insumos, conforme explanado no início do voto. Dessa forma, os créditos não são legítimos nem pela aplicação das disposições da Lei n. 10.865, de 2005, nem pela aplicação do art. 3º das Leis n. 10.637, de 2002, e 10.833, de 2003. Em relação ao terceiro item, tratouse de créditos relativos a transporte na exportação, discordo apenas parcialmente da ilustre relatora em relação aos valores pagos à empresa MSC Mediterranean do Brasil. Nesse caso, o pagamento a agenciador brasileiro não implica necessariamente que tenha ocorrido pagamento a transportador brasileiro, uma vez que o agenciador é simplesmente intermediário na realização do serviço, que é realizado pela empresa do exterior, ao contrário do caso da empresa CCS – Central Cargo Ship. Quanto ao percentual de apuração do crédito presumido, reproduzse parte do dispositivo legal: § 3o O montante do crédito a que se referem o caput e o § 1o deste artigo será determinado mediante aplicação, sobre o valor das mencionadas aquisições, de alíquota correspondente a: I 60% (sessenta por cento) daquela prevista no art. 2o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, para os produtos de origem animal classificados nos Capítulos 2 a 4, 16, e nos códigos 15.01 a 15.06, 1516.10, e as misturas ou preparações de gorduras ou de óleos animais dos códigos 15.17 e 15.18; e II 35% (trinta e cinco por cento) daquela prevista no art. 2o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, para os demais produtos. Notase que o dispositivo é claro ao mencionar que o percentual é aplicado “sobre o valor das mencionadas aquisições”. Portanto, ao se referir aos “produtos de origem animal classificados nos Capítulos [...]”, o inciso I claramente trata das aquisições e não dos produtos fabricados, que é do que trata o caput. Assim, o entendimento do que seja “produto fabricado” ou “insumo” deve ser feito pela análise do dispositivo e não a partir de uma tentativa de sistematização de nomenclatura genérica como pretendeu a Interessada. Em outras palavras, nem sempre quando a legislação menciona “produto” está referindose ao produto fabricado, como no caso em questão. Fl. 6313DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 13/02/20 13 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS 52 Não se pode olvidar tratarse de um crédito presumido exatamente sobre os insumos adquiridos, a fim de dar efetividade à não cumulatividade de PIS/Cofins. Portanto, a intenção é descontar do valor devido na saída um valor presumido apurado na entrada, o que somente poderia ser feito sobre os valores dos “insumos”, não havendo razão para se estabelecer percentuais e alíquotas a partir dos produtos fabricados. Tanto é assim que a mensagem de veto no 443, de 23 de julho de 2004, disse o seguinte sobre o inciso VIII do art. 1º (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004 2006/2004/Msg/Vep/VEP44304.htm): Razões do veto O inciso I do § 3odo art. 8odo projeto de lei de conversão concede crédito presumido, destinado a compensar, na sistemática da nãocumulatividade, a incidência das referidas contribuições sobre os insumos, incluídos os produtos relacionados no inciso VIII do art. 1o, equivalente a 60% (sessenta por cento) do valor dos produtos de origem animal, adquiridos de produtores rurais pessoas físicas, classificados nos Capítulos 2 a 4, a serem utilizados como matériaprima para a produção de mercadorias destinadas à alimentação humana ou animal, e a 35% (trinta e cinco por cento) do valor dos produtos de origem vegetal (sic) com idêntica destinação. Registrese que a sistemática do crédito presumido visa compensar a incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da Cofins sobre os insumos agropecuários utilizados por pessoas físicas produtoras e fornecedoras, à indústria de alimentos, de produtos de origem animal ou vegetal. Assim, na forma acordada entre o Governo Federal, parlamentares e representantes dos mais diversos segmentos do agronegócio brasileiro, na produção de alimentos de origem vegetal, seus insumos mais importantes teriam alíquota zero, enquanto no de origem animal o mesmo não ocorreria, em razão da diferença entre os percentuais de crédito presumido. É mais cristalino que a redução a zero das alíquotas da Contribuição para o PIS/PASEP e da Cofins para as rações, mantendose os percentuais de crédito presumido inalterados e diferenciados provoca grave desequilíbrio no setor, tornandose tecnicamente inconsistente e politicamente inadequada. Ademais, a redução a zero das referidas alíquotas e a manutenção do crédito presumido no elevado e injustificado patamar de 60% (sessenta por cento) pode vir a configurar concessão de subsídio, prejudicando a política de exportação do País, além de gerar perda de arrecadação da ordem de R$ 900 milhões anuais. De fato, os percentuais foram fixados em função dos insumos porque cada um deles tem certo número de etapas de produção, o que independe do produto ao qual são aplicados. Não há, assim, razão lógica ou jurídica para se estabelecerem os percentuais a partir dos produtos em que são empregados os insumos. Fl. 6314DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 13/02/20 13 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 11065.724992/201197 Acórdão n.º 3302001.916 S3C3T2 Fl. 6.288 53 Vejase que a última tese que tentava emplacar tal forma de apuração foi a de créditos de insumos de alíquota zero, que restou considerada improcedente pelo Supremo Tribunal Federal. Dessa forma, voto por dar provimento parcial ao recurso, para reconhecer o direito de crédito, além dos casos em que a relatora não foi vencida, em relação apenas aos serviços de frete na exportação contratados com a empresa CCS – Central Cargo Ship. (assinado digitalmente) JOSÉ ANTONIO FRANCISCO Fl. 6315DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2013 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 13/02/20 13 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 26/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS
score : 1.0
Numero do processo: 10580.002350/98-21
Turma: Segunda Câmara
Seção: Segundo Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Thu Oct 18 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Thu Feb 28 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Ano-calendário: 1995
RECURSO ESPECIAL. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. NÃO CONHECIMENTO. TAXA SELIC.
Não pode ser conhecido recurso especial quanto à matéria que não tenha sido objeto de apreciação pela decisão recorrida.Não tendo o acórdão recorrido se pronunciado sobre a matéria afeta à incidência da Taxa Selic e não tendo o interessado oposto embargos de declaração para que a Câmara Ordinária se pronunciasse sobre essa matéria, não há como se conhecer o recurso especial de divergência quanto à matéria afeta à taxa Selic.
COMPENSAÇÃO COM DÉBITOS DE TERCEIRO. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI RELATIVO A PERÍODO ANTERIOR A 1º DE JANEIRO DE 1997. IMPOSSIBILIDADE. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 15 DA IN SRF nº 21/1997.
O crédito presumido do IPI, quando relativo a período anterior a 1º de janeiro de 1997, não pode ser utilizado para compensação com débitos vincendos de outro contribuinte, ainda que protocolado durante a vigência da IN 21/1997 (de 1º de janeiro de 1997 até a data da publicação da IN SRF nº 41/2000, que revogou o artigo 15 da IN SRF nº 21/1997).
Recurso Especial do Contribuinte Negado.
Numero da decisão: 9303-002.159
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso especial.
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente Substituto
Nanci Gama - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Nanci Gama, Júlio César Alves Ramos, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Pôssas, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Maria Teresa Martínez López, Antônio Lisboa Cardoso e Luiz Eduardo de Oliveira Santos.
Ausentes, justificadamente, a Conselheira Mércia Helena Trajano DAmorim, e, momentaneamente, o Conselheiro Henrique Pinheiro Torres.
Nome do relator: NANCI GAMA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201210
ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Ano-calendário: 1995 RECURSO ESPECIAL. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. NÃO CONHECIMENTO. TAXA SELIC. Não pode ser conhecido recurso especial quanto à matéria que não tenha sido objeto de apreciação pela decisão recorrida.Não tendo o acórdão recorrido se pronunciado sobre a matéria afeta à incidência da Taxa Selic e não tendo o interessado oposto embargos de declaração para que a Câmara Ordinária se pronunciasse sobre essa matéria, não há como se conhecer o recurso especial de divergência quanto à matéria afeta à taxa Selic. COMPENSAÇÃO COM DÉBITOS DE TERCEIRO. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI RELATIVO A PERÍODO ANTERIOR A 1º DE JANEIRO DE 1997. IMPOSSIBILIDADE. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 15 DA IN SRF nº 21/1997. O crédito presumido do IPI, quando relativo a período anterior a 1º de janeiro de 1997, não pode ser utilizado para compensação com débitos vincendos de outro contribuinte, ainda que protocolado durante a vigência da IN 21/1997 (de 1º de janeiro de 1997 até a data da publicação da IN SRF nº 41/2000, que revogou o artigo 15 da IN SRF nº 21/1997). Recurso Especial do Contribuinte Negado.
turma_s : Segunda Câmara
dt_publicacao_tdt : Thu Feb 28 00:00:00 UTC 2013
numero_processo_s : 10580.002350/98-21
anomes_publicacao_s : 201302
conteudo_id_s : 5190006
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Mar 07 00:00:00 UTC 2013
numero_decisao_s : 9303-002.159
nome_arquivo_s : Decisao_105800023509821.PDF
ano_publicacao_s : 2013
nome_relator_s : NANCI GAMA
nome_arquivo_pdf_s : 105800023509821_5190006.pdf
secao_s : Segundo Conselho de Contribuintes
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso especial. Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente Substituto Nanci Gama - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Nanci Gama, Júlio César Alves Ramos, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Pôssas, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Maria Teresa Martínez López, Antônio Lisboa Cardoso e Luiz Eduardo de Oliveira Santos. Ausentes, justificadamente, a Conselheira Mércia Helena Trajano DAmorim, e, momentaneamente, o Conselheiro Henrique Pinheiro Torres.
dt_sessao_tdt : Thu Oct 18 00:00:00 UTC 2012
id : 4515362
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 08:56:46 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041217739030528
conteudo_txt : Metadados => date: 2012-12-20T12:01:43Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.5; xmp:CreatorTool: pdfsam-console (Ver. 2.4.0e); access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dcterms:created: 2012-12-20T12:01:43Z; Last-Modified: 2012-12-20T12:01:43Z; dcterms:modified: 2012-12-20T12:01:43Z; dc:format: application/pdf; version=1.5; Last-Save-Date: 2012-12-20T12:01:43Z; pdf:docinfo:creator_tool: pdfsam-console (Ver. 2.4.0e); access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2012-12-20T12:01:43Z; meta:save-date: 2012-12-20T12:01:43Z; pdf:encrypted: true; modified: 2012-12-20T12:01:43Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; meta:creation-date: 2012-12-20T12:01:43Z; created: 2012-12-20T12:01:43Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; Creation-Date: 2012-12-20T12:01:43Z; pdf:charsPerPage: 1986; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: iText 2.1.7 by 1T3XT; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: iText 2.1.7 by 1T3XT; pdf:docinfo:created: 2012-12-20T12:01:43Z | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 361 1 360 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10580.002350/9821 Recurso nº 220.472 Especial do Contribuinte Acórdão nº 9303002.159 – 3ª Turma Sessão de 18 de outubro de 2012 Matéria IPI Recorrente ACRINOR ACRILONITRILA DO NORDESTE S/A Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Anocalendário: 1995 RECURSO ESPECIAL. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. NÃO CONHECIMENTO. TAXA SELIC. Não pode ser conhecido recurso especial quanto à matéria que não tenha sido objeto de apreciação pela decisão recorrida.Não tendo o acórdão recorrido se pronunciado sobre a matéria afeta à incidência da Taxa Selic e não tendo o interessado oposto embargos de declaração para que a Câmara Ordinária se pronunciasse sobre essa matéria, não há como se conhecer o recurso especial de divergência quanto à matéria afeta à taxa Selic. COMPENSAÇÃO COM DÉBITOS DE TERCEIRO. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI RELATIVO A PERÍODO ANTERIOR A 1º DE JANEIRO DE 1997. IMPOSSIBILIDADE. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 15 DA IN SRF nº 21/1997. O crédito presumido do IPI, quando relativo a período anterior a 1º de janeiro de 1997, não pode ser utilizado para compensação com débitos vincendos de outro contribuinte, ainda que protocolado durante a vigência da IN 21/1997 (de 1º de janeiro de 1997 até a data da publicação da IN SRF nº 41/2000, que revogou o artigo 15 da IN SRF nº 21/1997). Recurso Especial do Contribuinte Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 00 23 50 /9 8- 21 Fl. 723DF CARF MF Impresso em 07/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/12/2012 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 05/02/2013 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 22/02/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso especial. Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente Substituto Nanci Gama Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Nanci Gama, Júlio César Alves Ramos, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Pôssas, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Maria Teresa Martínez López, Antônio Lisboa Cardoso e Luiz Eduardo de Oliveira Santos. Ausentes, justificadamente, a Conselheira Mércia Helena Trajano D’Amorim, e, momentaneamente, o Conselheiro Henrique Pinheiro Torres. Relatório Tratase de recurso especial interposto pelo contribuinte com fulcro no artigo 5º, inciso II e seguintes do antigo Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, bem como no artigo 32, inciso II do antigo Regimento Interno do Conselho de Contribuintes, ambos aprovados pela Portaria MF nº 55/98, em face ao acórdão de n.º 20215.533, proferido pela Segunda Câmara do extinto Segundo Conselho de Contribuintes, que, por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso voluntário para não reconhecer o direito do contribuinte compensar crédito presumido de IPI relativo a período anterior a 1º de janeiro de 1997 com débitos vincendos de outro contribuinte, conforme ementa a seguir: “IPI – CRÉDITO PRESUMIDO – COMPENSAÇÃO COM DÉBITOS DE TERCEIROS – IMPOSSIBILIDADE – O crédito presumido do IPI, quando relativo a período anterior a 1º de janeiro de 1997, não pode ser utilizado para compensação com débitos vincendos de outro contribuinte. Recurso ao qual se nega provimento.” Inconformado, o contribuinte interpôs, em 25/06/2006, recurso especial suscitando que o acórdão recorrido teria sido divergente do acórdão de nº 20310.122, proferido pela Terceira Câmara do extinto Segundo Conselho de Contribuintes, a qual teria entendido pela possibilidade da realização de compensação semelhante à requerida pelo contribuinte nos presentes autos, bem como pela possibilidade de atualização monetária dos mesmos pela SELIC, conforme ementa a seguir: “IPI. CRÉDITO PRESUMIDO DO IPI INSTITUÍDO PELA LEI 9.363/96. RESSARCIMENTO. COMPENSAÇÃO COM DÉBITOS DE TERCEIROS. PEDIDO FORMULADO ATÉ 07/4/00. POSSIBILIDADE. A possibilidade de utilização de créditos oriundos de restituição ou ressarcimento para compensação com débitos de terceiros foi autorizada pelo art. 15 da IN SRF nº 21/97, tendo permanecido até 07/4/00. A circunstância de a compensação se dar com valores de Fl. 724DF CARF MF Impresso em 07/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/12/2012 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 05/02/2013 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 22/02/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10580.002350/9821 Acórdão n.º 9303002.159 CSRFT3 Fl. 362 3 ressarcimento do Crédito Presumido do IPI instituído pela Lei nº 9.363/96, apurado no ano de 1995, não exclui tal possibilidade. Recurso Provido.” Em despacho de admissibilidade de fls. 307/308, o i. Presidente da Segunda Câmara do extinto Segundo Conselho de Contribuintes recebeu e deu seguimento ao recurso especial de divergência interposto pelo contribuinte, tendo apenas se pronunciado no que concerne à compensação com débitos de outro contribuinte e se omitido quanto à questão da taxa SELIC. Regularmente intimada a Fazenda Nacional apresentou suas contrarrazões às fls. 312/329 requerendo não fosse conhecido o recurso especial de divergência interposto pelo contribuinte ou que caso o mesmo fosse conhecido, que lhe fosse negado provimento. É o relatório. Voto Conselheira Nanci Gama, Relatora O recurso especial de divergência interposto pelo contribuinte com fulcro no artigo 5º, II do Regimento Interno vigente à época de sua interposição, qual seja, o aprovado pela Portaria MF nº 55/98 e alterações introduzidas pela Portaria MF nº 1.132/2002, é tempestivo, razão pela qual passo a analisar os seus pressupostos de admissibilidade. Quanto à questão da taxa SELIC, entendo que o recurso especial do contribuinte não deva ser conhecido tendo em vista que aludida matéria não foi apreciada pelo acórdão recorrido, bem como que o contribuinte não opôs embargos de declaração em face do mesmo quando teve oportunidade para tanto. Assim, em vista da ausência de pronunciamento da Câmara Ordinária sobre a matéria, não há como se admitir o recurso especial de divergência interposto pelo contribuinte quanto à taxa SELIC. Quanto à questão da compensação de crédito presumido de IPI relativo a período anterior a 1º de janeiro de 1997 com débitos de outro contribuinte, entendo que a divergência tenha sido devidamente demonstrada, bem como que os demais pressupostos de admissibilidade tenham sido preenchidos, razão pela qual conheço do mesmo quanto à essa matéria. A divergêncianesse ponto consiste em determinar se é possível aplicar o disposto no artigo 15 da IN SRF nº 21/1997 para pedido de compensação, protocoladoem 30/04/1998, de créditos presumidos de IPI relativos a período anterior a 1º de janeiro de 1997 com débitos vincendos de contribuinte diferente do detentor dos créditos. Primeiramente, vejase o disposto no artigo 15 da IN SRF nº 21/1997, o qual foi revogado pela IN SRF nº 41/2000: Fl. 725DF CARF MF Impresso em 07/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/12/2012 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 05/02/2013 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 22/02/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 4 “Art. 15. A parcela do crédito a ser restituído ou ressarcido a um contribuinte, que exceder o total de seus débitos, inclusive os que houverem sido parcelados, poderá ser utilizada para a compensação com débitos de outro contribuinte, inclusive se parcelado.” Aludido dispositivo introduziu uma nova possibilidade de compensação para o contribuinte, o qual passou a ter a faculdade de compensar seus créditos presumidos de IPI com débitos vincendos de outro contribuinte. Tratouse, portanto, de uma cortesia que a Secretaria da Receita Federal (SRF) concedeu aos contribuintes nos termos e limites em que previa. Um dos limites, entretanto, para que os dispositivos constantes dessa Instrução Normativa fossem aplicados era o previsto no seu artigo 24, o qual previa que o crédito presumido de IPI apenas poderia ser aplicado para os créditos presumidos relativos aos períodos posteriores a 1º de janeiro de 1997, a saber: “Art. 24. A apuração e utilização do crédito presumido do IPI, como ressarcimento das contribuições PIS/PASEP e COFINS, relativo a períodos anteriores a 1º de janeiro de 1997, serão efetuadas com observância do disposto na Portaria MF nº 129, de 5 de abril de 1995, e na Instrução Normativa SRF nº 21, de 12 de abril de 1995. Parágrafo único. Relativamente ao períodos iniciados a partir de 1º de janeiro de 1997 aplicamse as normas da Portaria MF nº 038, de 1997, e desta Instrução Normativa.” Segundo aludido dispositivo, os créditos presumidos de IPI relativos a períodos anteriores a 1º de janeiro de 1997 não observariam o disposto na IN 21/1997, mas tão somente observariam os dispositivos constantes das normas anteriores à publicação dessa IN. Assim, as normas que previam a possibilidade de compensação do crédito presumido de IPI relativos aos períodos anteriores à IN 21/1997 eram a Portaria MF nº 129/95 e a IN SRF nº 21/95, as quais não previam a possibilidade de compensar esse crédito com débitos de outro contribuinte, não sendo, portanto, procedente a pretensão do contribuinte de realizar a compensação dessa parte do seu crédito com débitos de outro contribuinte. Frisese que o indeferimento do presente recurso não impede, conforme mencionado no próprio acórdão recorrido e na decisão da DRJ, que o contribuinte utilize esses créditos (i) para abater o IPI devido nos períodos subsequentes ao da sua apuração; (ii) por antecipação, no mês seguinte àquele em que forem realizadas as exportações; (iii) para abater o IPI devido nos períodos subsequentes ao do encerramento do balanço ou, ainda (iv) como valores a serem ressarcidos ou restituídos em moeda corrente. Face ao exposto, conheço do recurso especial interposto pelo contribuinte para, no mérito, negarlhe provimento para não reconhecer a possibilidade de realizar compensação de créditos presumidos de IPI relativos a períodos anteriores a 1º de janeiro de 1997 com débitos vincendos de outro contribuinte. Nanci Gama Fl. 726DF CARF MF Impresso em 07/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/12/2012 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 05/02/2013 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 22/02/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
score : 1.0
Numero do processo: 11052.000201/2010-06
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 04 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Mon Mar 04 00:00:00 UTC 2013
Numero da decisão: 1402-000.160
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
RESOLVEM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto - Presidente
(assinado digitalmente)
Carlos Pelá - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio José Praga de Souza, Carlos Pelá, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira e Leonardo de Andrade Couto.
Relatório
Nome do relator: Não se aplica
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201212
camara_s : Quarta Câmara
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Mar 04 00:00:00 UTC 2013
numero_processo_s : 11052.000201/2010-06
anomes_publicacao_s : 201303
conteudo_id_s : 5189254
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Mar 04 00:00:00 UTC 2013
numero_decisao_s : 1402-000.160
nome_arquivo_s : Decisao_11052000201201006.PDF
ano_publicacao_s : 2013
nome_relator_s : Não se aplica
nome_arquivo_pdf_s : 11052000201201006_5189254.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. RESOLVEM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto - Presidente (assinado digitalmente) Carlos Pelá - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio José Praga de Souza, Carlos Pelá, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira e Leonardo de Andrade Couto. Relatório
dt_sessao_tdt : Tue Dec 04 00:00:00 UTC 2012
id : 4508642
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 08:56:40 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041217747419136
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 3; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1241; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T2 Fl. 2 1 1 S1C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11052.000201/201006 Recurso nº Voluntário Resolução nº 1402000.160 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Data 04 de dezembro de 2012 Assunto IRPJ Recorrente BEST POWER LTDA Recorrida 2ª Turma da DRJ/RJ1 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. RESOLVEM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente (assinado digitalmente) Carlos Pelá Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio José Praga de Souza, Carlos Pelá, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira e Leonardo de Andrade Couto. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 10 52 .0 00 20 1/ 20 10 -0 6 Fl. 1060DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/02/2013 por CARLOS PELA, Assinado digitalmente em 07/02/2013 por CARL OS PELA, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 11052.000201/201006 Resolução nº 1402000.160 S1C4T2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de autos de infração de IRPJ, CSLL, PIS e COFINS, de pessoa jurídica tributada sob o SIMPLES, atinentes ao anocalendário de 2006, acrescido de juros e multa de 75%, lavrados em razão da suposta omissão de receitas. Conforme Termo de Verificação (fls. 679), fundamentaram, materialmente, as exações as diferenças mensais entre as Notas Fiscais emitidas, fornecidas pela contribuinte, conforme relação de janeiro a dezembro de 2006, juntamente com as cópias das notas fiscais de fevereiro a dezembro (notas fiscais de janeiro não foram encontradas) e a receita bruta declarada. Assim, foram exigidas igualmente as insuficiências tributárias advindas das alterações dos coeficientes aplicáveis à receita bruta. A contribuinte apresentou impugnação (fls. 774/777), alegando, em síntese: (i) dificuldades em apresentar a contabilidade no exíguo prazo estabelecido pela fiscalização, tendo em vista que o funcionário responsável pela contabilidade à ter abandonado a empresa sem ter feito nenhum lançamento contábil, o que só foi descoberto após o recebimento da intimação fiscal, (ii) a empresa elaborou rapidamente um livro caixa auxiliar, onde constam todas as notas fiscais canceladas, uma a uma, títulos protestados e cheques devolvidos de vários clientes; (iii) vícios formais, passíveis de regularização, não suficientes para determinar o arbitramento do lucro, quando existe a escrituração e a documentação em que ela se fundamenta, à época em que ocorre a fiscalização, e essa escrituração e documentação são, desde logo, colocados a disposição do fisco, para seu exame (conforme Acórdão nº 1053920/89), (iv) requer a realização de perícia para revisão da receita apurada. A 2ª Turma da DRJ/RJ1 julgou o lançamento procedente (fls. 865/869), entendendo não ter a contribuinte apresentado provas capazes de afastar a omissão de receitas apurada pela fiscalização ou aptas a comprovar a inclusão de notas fiscais canceladas na apuração fiscal. Quanto à perícia, entendeu prescindível ante a documentação acostada aos autos e a omissão do sujeito passivo na apresentação de provas objetivas. A contribuinte apresentou recurso voluntário (fls. 1043/1054), sustentando, em síntese, que: (i) o lançamento é nulo, pois inexiste mandado de procedimento fiscal em face da contribuinte, (ii) há erro na apuração da base de cálculo já que foram consideradas 23 notas fiscais canceladas, (iii) a fiscalização não motivou a segunda infração (insuficiência de recolhimento), ou seja, não explicitou os motivos de fato e de direito que jusitifcariam o lançamento e (iv) a multa de ofício aplicada é inconstitucional e confiscatória. Consta, ainda, ter a contribuinte apresentado a petição de fls. 870, anexando as 23 notas fiscais supostamente canceladas (fl. 888/1037) e requerendo sua exclusão do cálculo do lançamento. É o Relatório. Fl. 1061DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/02/2013 por CARLOS PELA, Assinado digitalmente em 07/02/2013 por CARL OS PELA, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 11052.000201/201006 Resolução nº 1402000.160 S1C4T2 Fl. 4 3 Voto O recurso voluntário atende a todos os pressupostos de admissibilidade. Deve, pois, ser conhecido. De plano, cumpre destacar que o recurso voluntário, assim como a impugnação interposta pela contribuinte é parcial, haja vista não apresentar qualquer contestação expressa às infrações que lhe foram imputadas pela fiscalização dando origem aos lançamentos de IRPJ, CSLL, PIS e COFINS calculados de acordo com a sistemática do Simples Nacional. Assim, a omissão na contestação dos fatos apurados, por si só caracteriza a concordância do sujeito passivo relativamente à parte não contestada, ensejando a aplicação do art. 17 do Decreto nº. 70.235/1972, que rege o Processo Administrativo Fiscal. Dito isso, passo a analisar a preliminar argüida pela Recorrente, relativa à nulidade do lançamento, em razão (i) da inexistência de mandado de procedimento fiscal e (ii) da falta de motivação para a infração 2 “insuficiência de recolhimento”. Consta dos autos o Termo de Início de fiscalização às fls. 21, referente ao Simples no exercício 2007, MPF nº. 2009048132, demonstrando ser descabida a alegação da Recorrente. Além disso, menos amparo merece a afirmação de que a insuficiência de recolhimento apurada não foi devidamente explicada nos autos. Da atenta leitura do Termo de Verificação (fls. 679), notase estarem devidamente expostas as razões fiscais para o lançamento, sendo elas, a verificação de receitas omitidas e a insuficiência de recolhimento dos tributos lançados que é sua conseqüência. No mérito, quanto ao cancelamento das notas fiscais de número 1357 a 2005, listadas às fl. 888 dos autos, as quais somam R$ 342.810,93, a Contribuinte anexou, às fls. 889 a 1037, cópias das quatro vias de cada uma destas notas. Por força do princípio da verdade material, que vem manifestado no art. 149, VIII, do CTN, dentre outros dispositivos, entendo que tais documentos devem ser apreciados. É possível verificar a observação de "cancelada" em todas as vias anexadas. Embora sejam fortes os indícios de que as notas não ampararam qualquer operação de saída de mercadorias, após deliberações com os demais conselheiros, entendi necessário converter este julgamento em diligência, para que a autoridade fiscal ateste que as notas foram efetivamente canceladas. (assinado digitalmente) Carlos Pelá Fl. 1062DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/02/2013 por CARLOS PELA, Assinado digitalmente em 07/02/2013 por CARL OS PELA, Assinado digitalmente em 01/03/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO
score : 1.0
Numero do processo: 12269.002970/2008-43
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 21 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Wed Mar 06 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2003 a 31/07/2003
PREVIDENCIÁRIO - CUSTEIO - NOTIFICAÇÃO FISCAL DE LANÇAMENTO DE DÉBITO - SÚMULA VINCULANTE STF Nº. 8 - PERÍODO ATINGIDO PELA DECADÊNCIA QÜINQÜENAL - APLICAÇÃO DO ART. 150, § 4º, CTN.
O STF em julgamento proferido em 12 de junho de 2008, declarou a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei n º 8.212/1991. Após, editou a Súmula Vinculante n º 8, publicada em 20.06.2008, nos seguintes termos:São inconstitucionais os parágrafo único do artigo 5º do Decreto-lei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário.
Nos termos do art. 103-A da Constituição Federal, as Súmulas Vinculantes aprovadas pelo Supremo Tribunal Federal, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terão efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal
Na hipótese dos autos, aplica-se o entendimento do STJ no REsp 973.733/SC nos termos do art. 62-A, Anexo II, Regimento Interno do CARF - RICARF, com a regra de decadência insculpida no art. 150, § 4º, CTN posto que houve recolhimentos antecipados a homologar feitos pelo contribuinte.
No presente caso, o fato gerador ocorreu entre as competências 01/2003 a 07/2003 e 02/2006 a 12/2006, a ciência do AIOP ocorreu em 01.09.2008, dessa forma, já se operara a decadência do direito de constituição dos créditos ora lançados até a competência 08/2003, inclusive, nos termos do art. 150, § 4º, CTN.
Recurso Voluntário Provido
Numero da decisão: 2403-001.766
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, nas preliminares, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para reconhecer a decadência até a competência de 08/2003, inclusive, com base no art. 150,§ 4º, CTN. No mérito: Por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para determinar o recálculo da multa de mora de acordo com o disposto no art. 35, "caput", da Lei 8.212/91, na redação dada pela Lei 11.941/2009.
Carlos Alberto Mees Stringari - Presidente
Paulo Maurício Pinheiro Monteiro - Relator
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Marcelo Magalhães Peixoto, Carolina Wanderley Landim e Maria Anselma Coscrato dos Santos. Ausente o Conselheiro Ivacir Júlio de Souza.
Nome do relator: PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201211
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2003 a 31/07/2003 PREVIDENCIÁRIO - CUSTEIO - NOTIFICAÇÃO FISCAL DE LANÇAMENTO DE DÉBITO - SÚMULA VINCULANTE STF Nº. 8 - PERÍODO ATINGIDO PELA DECADÊNCIA QÜINQÜENAL - APLICAÇÃO DO ART. 150, § 4º, CTN. O STF em julgamento proferido em 12 de junho de 2008, declarou a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei n º 8.212/1991. Após, editou a Súmula Vinculante n º 8, publicada em 20.06.2008, nos seguintes termos:São inconstitucionais os parágrafo único do artigo 5º do Decreto-lei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário. Nos termos do art. 103-A da Constituição Federal, as Súmulas Vinculantes aprovadas pelo Supremo Tribunal Federal, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terão efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal Na hipótese dos autos, aplica-se o entendimento do STJ no REsp 973.733/SC nos termos do art. 62-A, Anexo II, Regimento Interno do CARF - RICARF, com a regra de decadência insculpida no art. 150, § 4º, CTN posto que houve recolhimentos antecipados a homologar feitos pelo contribuinte. No presente caso, o fato gerador ocorreu entre as competências 01/2003 a 07/2003 e 02/2006 a 12/2006, a ciência do AIOP ocorreu em 01.09.2008, dessa forma, já se operara a decadência do direito de constituição dos créditos ora lançados até a competência 08/2003, inclusive, nos termos do art. 150, § 4º, CTN. Recurso Voluntário Provido
turma_s : Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Mar 06 00:00:00 UTC 2013
numero_processo_s : 12269.002970/2008-43
anomes_publicacao_s : 201303
conteudo_id_s : 5189660
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Mar 06 00:00:00 UTC 2013
numero_decisao_s : 2403-001.766
nome_arquivo_s : Decisao_12269002970200843.PDF
ano_publicacao_s : 2013
nome_relator_s : PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO
nome_arquivo_pdf_s : 12269002970200843_5189660.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, nas preliminares, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para reconhecer a decadência até a competência de 08/2003, inclusive, com base no art. 150,§ 4º, CTN. No mérito: Por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para determinar o recálculo da multa de mora de acordo com o disposto no art. 35, "caput", da Lei 8.212/91, na redação dada pela Lei 11.941/2009. Carlos Alberto Mees Stringari - Presidente Paulo Maurício Pinheiro Monteiro - Relator Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Marcelo Magalhães Peixoto, Carolina Wanderley Landim e Maria Anselma Coscrato dos Santos. Ausente o Conselheiro Ivacir Júlio de Souza.
dt_sessao_tdt : Wed Nov 21 00:00:00 UTC 2012
id : 4513380
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 08:56:43 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041217751613440
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 13; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2440; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T3 Fl. 164 1 163 S2C4T3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 12269.002970/200843 Recurso nº 999.999 Voluntário Acórdão nº 2403001.766 – 4ª Câmara / 3ª Turma Ordinária Sessão de 21 de novembro de 2012 Matéria CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PREVIDENCIÁRIA Recorrente VM PLANEJAMENTO E CONSTRUCOES LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2003 a 31/07/2003 PREVIDENCIÁRIO CUSTEIO NOTIFICAÇÃO FISCAL DE LANÇAMENTO DE DÉBITO SÚMULA VINCULANTE STF Nº. 8 PERÍODO ATINGIDO PELA DECADÊNCIA QÜINQÜENAL APLICAÇÃO DO ART. 150, § 4º, CTN. O STF em julgamento proferido em 12 de junho de 2008, declarou a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei n º 8.212/1991. Após, editou a Súmula Vinculante n º 8, publicada em 20.06.2008, nos seguintes termos:“São inconstitucionais os parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário”. Nos termos do art. 103A da Constituição Federal, as Súmulas Vinculantes aprovadas pelo Supremo Tribunal Federal, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terão efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal Na hipótese dos autos, aplicase o entendimento do STJ no REsp 973.733/SC nos termos do art. 62A, Anexo II, Regimento Interno do CARF RICARF, com a regra de decadência insculpida no art. 150, § 4º, CTN posto que houve recolhimentos antecipados a homologar feitos pelo contribuinte. No presente caso, o fato gerador ocorreu entre as competências 01/2003 a 07/2003 e 02/2006 a 12/2006, a ciência do AIOP ocorreu em 01.09.2008, dessa forma, já se operara a decadência do direito de constituição dos créditos ora lançados até a competência 08/2003, inclusive, nos termos do art. 150, § 4º, CTN. Recurso Voluntário Provido AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 26 9. 00 29 70 /2 00 8- 43 Fl. 171DF CARF MF Impresso em 06/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/01/2013 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 14/01/2013 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 17/02/2013 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, nas preliminares, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para reconhecer a decadência até a competência de 08/2003, inclusive, com base no art. 150,§ 4º, CTN. No mérito: Por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para determinar o recálculo da multa de mora de acordo com o disposto no art. 35, "caput", da Lei 8.212/91, na redação dada pela Lei 11.941/2009. Carlos Alberto Mees Stringari Presidente Paulo Maurício Pinheiro Monteiro Relator Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Marcelo Magalhães Peixoto, Carolina Wanderley Landim e Maria Anselma Coscrato dos Santos. Ausente o Conselheiro Ivacir Júlio de Souza. Fl. 172DF CARF MF Impresso em 06/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/01/2013 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 14/01/2013 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 17/02/2013 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 12269.002970/200843 Acórdão n.º 2403001.766 S2C4T3 Fl. 165 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto pela Recorrente – VM PLANEJAMENTO E CONSTRUÇÕES LTDA.. contra Acórdão nº 0932.469 5ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de Juiz de Fora MG que julgou procedente a autuação por descumprimento de obrigação principal, Auto de Infração de Obrigação Principal – AIOP nº. 37.146.4749, às fls. 01, com valor consolidado de R$ 3.210,71. O crédito previdenciário se refere às contribuições previdenciárias destinadas à Seguridade Social referente a contribuições dos segurados empregados arrecadadas pela empresa mediante desconto da remuneração, no período de 01/2003 a 07/2003. O Relatório Fiscal, às fls. 25 a 27, informa: 2. A ação fiscal teve início em 0 2 / 0 6 / 0 8 , com a ciência do sujeito passivo do Termo de Início da Ação Fiscal TIAF. O Mandado de Procedimento Fiscal MPF n° 1010100.2008.00760, encontrase disponível na página da Secretaria da Receita Federal do Brasil na Internet, www.receita.fazenda.qov.br, onde deverão ser informados o número do CNPJ e o código de acesso constante no TIAF. Foram emitidos, ainda, durante a ação fiscal, o Termo de Intimação para Apresentação de Documentos TIAD datado de 17/07/2008. 3. A empresa, sujeito passivo do presente lançamento fiscal, tem por objeto social empreendimentos imobiliários, planejamento e í construções,"compra emenda, incorporações de imóveis e empreitada de mão de obra na construção civil estando enquadrada no código 507 do ' Fundo de Previdência e Assistência Social FPAS e o Código Nacional de Atividade Econômica CNAE é 45.217. 6. O fato gerador da obrigação previdenciária tem como base a remuneração dos segurados empregados lançada nas folhas de pagamentos e não declaradas em GFIP Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia e Informações à Previdência Social, antes do início da ação fiscal. Nesta ação fiscal foram utilizadas as GFIPs constantes dos sistemas Plenus, CNISA e GFIPWEB em 02/06/2008, data da ciência do contribuinte do início da ação fiscal. 7. O presente AI compõese do seguinte levantamento para identificar a situação encontrada na empresa sob ação fiscal: ND Não declarado em GFIP Neste levantamento constam contribuições descontadas de segurados empregados. Nas competências 01/2003 a 07/2003 as i contribuições foram descontadas de empregados da obra Matr. 39.000.02919/73. Fl. 173DF CARF MF Impresso em 06/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/01/2013 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 14/01/2013 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 17/02/2013 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI 4 8. Durante a ação fiscal a empresa informou as contribuições constantes no levantamento ND em GFIP Guia de Recolhimento do FGTS e Informação à Previdência Social, antes da constituição do crédito, beneficiandose da redução da multa. 9. Verificada a ausência do repasse à Previdência Social da parte das contribuições sociais dos segurados empregados, arrecadadas pela , empresa mediante desconto incidente sobre a respectiva remuneração, fica o contribuinte cientificado que tal fato configura, em tese, ilícito penal, que será objeto de comunicação ao Ministério Público Federar para a eventual propositura de ação penal, em relatório à parte . Recorrente teve ciência do AIOP em 01.09.2008. O período objeto do auto de infração, conforme o Relatório Discriminativo Sintético do Débito DSD, às fls. 06, é de 01/2003 a 07/2003. A Recorrente apresentou Impugnação tempestiva, conforme o Relatório da decisão da primeira instância: a auditora fiscal se equivocou ao emitir o Auto de Infração, pois o correto seria a Notificação Fiscal de Lançamento de Débito; em 23/05/2007 transmitiu via Conectividade Social a GFIP/SEFIPs das competências 01 a 07/2003 com as informações do CEI 39.000.02919/73: no exame das GFIP/SEFIPs constatou qiie as informações enviadas no código 150 são errônea, sendo correto o código 155 por se tratar de CEI de obra própria; a autuada novamente reenviou a GFIP/SEFIPs no código 150, excluindo a SEFIP do CEI referido, contudo não adotou o código 155; durante a ação fiscal a autuada informou as contribuições do levantamento ND na GFIP e antes da constituição do crédito; ainda na ação fiscal a auditoria fiscal constituiu os débitos lançados do período de 01 a 07/2003. no CEI 39.000.02919/73, cujos valores já tinham sido quitados e apresentados no plantão fiscal em 22/03/2003. onde se originou a CND de 22/09/2003 da obra de 708,95 m2; a auditoria fiscal relacionou as GPS pagas no Relatório de Documentos Apresentados (RDA) e não as considerou e notificou a autuada ao novo recolhimento: a impugnante ao examinar as GPS recolhidas em 2003. verificou que as mesmas foram recolhidas no CNPJ e não na matrícula CEI, apesar de constar a averbação nas mesmas para o CEI 39.000.02919/73 e código de pagamento 2208; em 11/09/2008 a impugnante protocolou requerimento para a alteração dos recolhimentos; Fl. 174DF CARF MF Impresso em 06/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/01/2013 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 14/01/2013 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 17/02/2013 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 12269.002970/200843 Acórdão n.º 2403001.766 S2C4T3 Fl. 166 5 serão compensadas na competência 09/2008 as GPSs recolhidas em dobro do período de 01 a 07/2003; A Recorrida analisou a autuação e a impugnação, julgando procedente a autuação, nos termos do Acórdão nº 0932.469 5ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de Juiz de Fora MG, conforme Ementa a seguir: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2003 a 31/07/2003 Ementa: AUTO DE INFRAÇÃO. REMUNERAÇÕES DE EMPREGADOS. CONTRIBUIÇÕES DESCONTADAS DOS SEGURADOS. NÃO DECLARADAS EM GF1P. IMPUGNAÇÃO TEMPESTIVA E IMPROCEDENTE. As contribuições não declaradas em GFIP é alvo da constituição de lançamento fiscal para a sua cobrança. A GFIP feita com o código errado deve ser retificada. O recolhimento de contribuições durante a ação fiscal não inibe o lançamento das contribuições. Não ocorre a duplicação no recolhimento das contribuições se as mesmas foram consideradas na apuração do crédito tributário e frente a não equivalência de valores. A alteração do estabelecimento na GPS recolhida após a ciência do lançamento fiscal não altera o mesmo em seu valor. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformada com a decisão de 1ª instância, a Recorrente apresentou Recurso Voluntário, reiterando os argumentos utilizados em sede de Impugnação, em apertada síntese: (i) mantém na íntegra a defesa feita em sede de Impugnação; (ii) Diante dos fatos, a requerente constatou que no relatório do referido acórdão, os membros da 5a Turma, não levaram em consideração a data da entrega das GFIP/SEFIP's das competências 01/2003 à 07/2003 com informações no CEI 39.000.02919/73, em data de 23/05/2007, data esta anterior a fiscalização. Bem como reconhecimento da quitação das referidas GPS's. (iii) Questiona o período 01/2003 a 07/2003. A fiscal notificante, na ocasião da fiscalização, tomou conhecimento das recolhidas conforme RDA Relatório de Documentos Apresentados à folhas 1 e 2 referente as competências 01 a 07/2003 nos valores de R$ 723,81 R$ Fl. 175DF CARF MF Impresso em 06/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/01/2013 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 14/01/2013 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 17/02/2013 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI 6 638,69 R$ 1.017,48 R$ 1.148,21 R$ 1.023,37 R$ 1.143,74 e R$ 2.669,55. Obs.: Os valores mencionados referemse ao pagamento integral da contribuição, incluindo desconto dos empregados, parte patronal e outras entidades. Mesmo com o conhecimento de pagamento das referidas GPS's, a fiscal não apropriouas conforme demonstrado no RADA Relatório de Apropriação de Documentos Apresentado à folha 1. Que a requerente anexa a presente cópia das GFIP's das competências 01 a 07/2003 enviadas em 23/05/2007, onde são informados os dados dos empregados com seus respectivos salários, coincidindo com a cópia das folhas de pagamento autenticadas pela agente fiscal, onde consta inclusive, o número da matrícula CEI 39.000.02919/73 e GPS's respectivas. Que o requerente acredita, que foi mal interpretada a sua defesa primitiva por haver débitos do período de janeiro a julho de 2003 com referência a matricula CEI 39.000.02919/73, fato esteja demonstrado que a quitação das referidas competências deuse no CNPJ da empresa, e não na matricula CEI. Posteriormente, os autos foram enviados ao Conselho, para análise e decisão, fls. 160. É o Relatório. Fl. 176DF CARF MF Impresso em 06/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/01/2013 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 14/01/2013 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 17/02/2013 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 12269.002970/200843 Acórdão n.º 2403001.766 S2C4T3 Fl. 167 7 Voto Conselheiro Paulo Maurício Pinheiro Monteiro , Relator PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE O recurso foi interposto tempestivamente, conforme informação à fl. 160. Avaliados os pressupostos, passo para as Questões Preliminares. DAS QUESTÕES PRELIMINARES (i) Da decadência. Analisemos. O Supremo Tribunal Federal STF, conforme o Informativo STF nº 510 de 19 de junho de 2008, por entender que apenas lei complementar pode dispor sobre prescrição e decadência em matéria tributária, nos termos do artigo 146, III, b, da Constituição Federal, negou provimento por unanimidade aos Recursos Extraordinários nºs 556664/RS, 559882/RS, 559.943 e 560626/RS, em decisão plenária que declarou a inconstitucionalidade dos artigos 45 e 46, da Lei nº 8.212/91, atribuindose, à decisão, eficácia ex nunc apenas em relação aos recolhimentos efetuados antes de 11.6.2008 e não impugnados até a mesma data, seja pela via judicial, seja pela administrativa. Após, o STF aprovou o Enunciado da Súmula Vinculante nº 8, publicada em 20.06.2008, nestes termos: Súmula Vinculante nº 8 São inconstitucionais os parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1.569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário. Publicada no DOU de 20/6/2008, Seção 1, p.1. É necessário observar ainda que as súmulas aprovadas pelo STF possuem efeitos vinculantes, conforme se depreende do art. 103A e parágrafos da Constituição Federal, que foram inseridos pela Emenda Constitucional nº 45/2004. in verbis: Fl. 177DF CARF MF Impresso em 06/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/01/2013 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 14/01/2013 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 17/02/2013 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI 8 “Art. 103A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. § 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica. § 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprovação, revisão ou cancelamento de súmula poderá ser provocada por aqueles que podem propor a ação direta de inconstitucionalidade. § 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgandoa procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso (g.n.)." Portanto, da leitura do dispositivo constitucional acima, concluise que a vinculação à súmula alcança a administração pública e, por conseqüência, os julgadores no âmbito do contencioso administrativo fiscal. Ademais, no termos do artigo 64B da Lei 9.784/99, com a redação dada pela Lei 11.417/06, a administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, deve adequar a decisão administrativa ao entendimento do STF, sob pena de responsabilização pessoal nas esferas cível, administrativa e penal. “Art. 64B. Acolhida pelo Supremo Tribunal Federal a reclamação fundada em violação de enunciado da súmula vinculante, darseá ciência à autoridade prolatora e ao órgão competente para o julgamento do recurso, que deverão adequar as futuras decisões administrativas em casos semelhantes, sob pena de responsabilização pessoal nas esferas cível, administrativa e penal” Cumpre ressaltar que o art. 62, caput do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF do Ministério da Fazenda, Portaria MF nº 256 de 22.06.2009, veda o afastamento de aplicação ou inobservância de legislação sob fundamento de inconstitucionalidade. Porém, o art. 62, parágrafo único, inciso I, do Regimento Interno do CARF, ressalva que o disposto no caput não se aplica a dispositivo que tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal: “Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Fl. 178DF CARF MF Impresso em 06/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/01/2013 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 14/01/2013 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 17/02/2013 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 12269.002970/200843 Acórdão n.º 2403001.766 S2C4T3 Fl. 168 9 Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal; ou II que fundamente crédito tributário objeto de: a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei n° 10.522, de 19 de julho de 2002; b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar n° 73, de 1993; ou c) parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar n° 73, de 1993. (g.n.)” Portanto, em razão da declaração de inconstitucionalidade dos arts 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991 pelo STF, há que serem observadas as regras previstas no Código Tributário Nacional CTN. Dessa forma, constatase que já se operara a decadência do direito de constituição dos créditos ora lançados, nos termos dos artigos 150, § 4o, e 173 do Código Tributário Nacional. O Código Tributário Nacional, ao dispor sobre a decadência, causa extintiva do crédito tributário, assim estabelece em seu artigo 173: “Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extinguese definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento. (g.n.)” Já em se tratando de tributo sujeito a lançamento por homologação, quando ocorre pagamento antecipado inferior ao efetivamente devido, sem que o contribuinte tenha incorrido em fraude, dolo ou simulação, aplicase o disposto no § 4º, do artigo 150, do CTN, segundo o qual, se a lei não fixar prazo à homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador: “Art.150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade Fl. 179DF CARF MF Impresso em 06/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/01/2013 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 14/01/2013 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 17/02/2013 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI 10 administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. § 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação do lançamento. § 2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito. § 3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém considerados na apuração do saldo porventura devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação. § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. (g.n.)” Essas interpretações estão em sintonia com decisões do Poder Judiciário. “Ementa: ....1. O entendimento jurisprudencial consagrado no Superior Tribunal de Justiça é no sentido de que, em se tratando de tributos sujeitos a lançamento por homologação cujo pagamento ocorreu antecipadamente, o prazo decadencial de que dispõe o Fisco para constituir o crédito tributário é de cinco anos, contados a partir do fato gerador.Todavia, se não houver pagamento antecipado, incide a regra do art. 173, I, do Código Tributário Nacional.” (STJ.1ª Turma, AgRg no Ag 972.949/RS, Rel.: Min.Denise Arruda.,ago/08.) (g.n.) “Ementa: ....4. Nas exações cujo lançamento se faz por homologação, havendo pagamento antecipado, contase o prazo decadencial a partir da ocorrência do fato gerador (art. 150, § 4º, do CTN). Somente quand onão há pagamento antecipado, ou há prova de fraude, dolo ou simulação é que se aplica o disposto no art. 173, I, do CTN. Em normais circunstâncias, não se conjugam os dispositivos legais. Precedentes das Turmas de Direito Público e da Primeira Seção. 5.Hipótyese dos autos em que não houve pagamento antecipado, aplicandose a regra do art. 173, I, do CTN.” (STJ. 2ª Turma, AgRg no Ag 939.714/RS, Rel.: Min. Eliana Calmon., fev/08.) . (g.n.) “Ementa: .... Em se tratando de tributo sujeito a lançamento por homologação, a fixação do termo a quo do prazo decadencial para a constituição do crédito deve considerar, em conjunto, os arts. 150, § 4º, e 173, I, do Código Tributário Nacional. Na hipótese em exame, que cuida de lançamento por homologação (contribuição previdenciária) com pagamento antecipado, o prazo decadencial será de cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador. (...) Somente quando não há pagamento antecipado, ou há prova de fraude, dolo ou simulação é que se aplica o disposto no art. 173, I, do CTN..” (STJ. EREsp 278727/DF. Rel.: Min. Franciulli Netto. 1ª Seção. Decisão: 27/08/03. DJ de 28/10/03, p. 184.) . (g.n.) Fl. 180DF CARF MF Impresso em 06/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/01/2013 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 14/01/2013 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 17/02/2013 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 12269.002970/200843 Acórdão n.º 2403001.766 S2C4T3 Fl. 169 11 Uma corrente doutrinária também aponta que no caso de tributo lançado por homologação, desde que haja a antecipação de pagamento, se aplica uma regra especial disposta no art. 150, § 4º, CTN em detrimento da aplicação da regra geral do art. 173, I, CTN. No entanto, nos casos de dolo, fraude ou simulação, de modo a que se configure a comprovada máfé do sujeito passivo, não corre o prazo do art. 150, § 4º, CTN mas sim a decadência tributária se rege pela disposição genérica do art. 173, I, CTN. Nesta corrente doutrinária podese citar, dentre outros, Ricardo Lobo Torres1, Eduardo Sabbag2, Mauro Luís Rocha Lopes3 e Leandro Paulsen4. Há vozes discordantes na doutrina que defendem que a decadência opera com base na regra geral de decadência exposta no art. 173 do CTN, haja ou não pagamento antecipado no caso de lançamento por homologação, de forma a não se aplicar o art. 150, § 4º, CTN. O meu posicionamento se identifica com o direcionamento do Superior Tribunal de Justiça – STJ e com a primeira corrente doutrinária exposta no sentido de no caso de tributo lançado por homologação, desde que haja a antecipação de pagamento e não se configure os casos de dolo, fraude ou simulação, se aplica a regra especial disposta no art. 150, § 4º, CTN, conforme se depreende do REsp 973.733/SC nos termos do art. 62A, Anexo II, Regimento Interno do CARF – RICARF. Na hipótese presente, verificase que o Relatório de Documentos Apresentados – RDA, às fls. 08 a 14, apresenta recolhimentos feitos pela Recorrente entre as competências 01/2003 a 12/2006. Então, considerandose que houve recolhimentos antecipados a homologar feitos pelo contribuinte nas competências 01/2003 a 12/2006 e aplicandose o entendimento do STJ no REsp 973.733/SC nos termos do art. 62A, Anexo II, Regimento Interno do CARF – RICARF, entendo que exsurge a regra de decadência insculpida no art. 150, § 4º, CTN. Verificase, da análise dos autos, que a cientificação do AIOP pela Recorrente, às fls. 01, se deu em 01.09.2008 e o débito se refere ao seguinte período: 01/2003 a 07/2003. Dessa forma, nos termos do artigo 150, § 4o, CTN, constatase que já se operara a decadência do direito de constituição dos créditos lançados até a competência 08/2003, inclusive. DA MULTA DE MORA. Analisemos. 1 TORRES, Ricardo Lobo. Curso de direito financeiro e tributário. 16. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2009. p. 283. 2 SABBAG, Eduardo. Manual de direito tributário. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 723. 3 LOPES, Mauro Luís Rocha. Direito tributário brasileiro. Rio de Janeiro: Impetus, 2009. p. 248. 4 PAULSEN, Leandro. Direito tributário: constituição e código tributário à luz da doutrina e da jurisprudência. 11. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora; ESMAFE, 2009. p. 1036. Fl. 181DF CARF MF Impresso em 06/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/01/2013 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 14/01/2013 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 17/02/2013 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI 12 Esta Colenda Turma de Julgamento vem se posicionando reiteradamente, por maioria, em relação ao recálculo dos acréscimos legais, para que se recalcule a multa de mora, com base na redação dada pela lei 11.941/2009 ao artigo 35 da Lei 8.212/91, com a prevalência da mais benéfica ao contribuinte: A multa de mora aplicada teve por base o artigo 35 da Lei 8.212/91, que determinava aplicação de multa que progredia conforme a fase e o decorrer do tempo e que poderia atingir 50% na fase administrativa e 100% na fase de execução fiscal. Ocorre que esse artigo foi alterado pela Lei 11.941/2009, que estabeleceu que os débitos referentes a contribuições não pagas nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora nos termos do art. 61 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, que estabelece multa de 0,33% ao dia, limitada a 20%. Visto que o artigo 106, II, c do CTN determina a aplicação retroativa da lei quando, tratandose de ato não definitivamente julgado, lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática, princípio da retroatividade benigna, impõese o cálculo da multa com base no artigo 61 da Lei 9.430/96 para comparála com a multa aplicada com base na redação anterior do artigo 35 da Lei 8.212/91 (presente no crédito lançado neste processo) para determinação e prevalência da multa mais benéfica. Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Ressalvase a posição do Relator, posição vencida nesta Colenda Turma, na qual se deve determinar o recálculo dos acréscimos legais na forma de juros de mora (com base no art. 35, Lei 8.212/1991 c/c art. 61, § 3º Lei 9.430/1996 c/c art. 5º, § 3º Lei 9.430/1996) e da multa de ofício (com base no art. 35A, Lei 8.212/1991 c/c art. 44 Lei 9.430/1996), com a prevalência dos acréscimos legais mais benéficos ao contribuinte. Fl. 182DF CARF MF Impresso em 06/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/01/2013 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 14/01/2013 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 17/02/2013 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 12269.002970/200843 Acórdão n.º 2403001.766 S2C4T3 Fl. 170 13 CONCLUSÃO Voto no sentido de CONHECER do recurso, NO MÉRITO, DAR PROVIMENTO PARCIAL AO RECURSO, para se reconhecer a decadência até a competência 08/2003, com base no art. 150, § 4º, CTN e determinar o recálculo da multa de mora, de acordo com o disposto no art. 35, caput, da Lei 8.212/91, na redação dada pela Lei 11.941/2009 (art. 61, da Lei no 9.430/96), prevalecendo o valor mais benéfico ao contribuinte. É como voto. Paulo Maurício Pinheiro Monteiro Fl. 183DF CARF MF Impresso em 06/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/01/2013 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 14/01/2013 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 17/02/2013 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI
score : 1.0