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Numero do processo: 12585.000207/2011-09
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed May 31 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/04/2007 a 30/06/2007
DESCUMPRIMENTO DE PRAZO PARA APRECIAÇÃO. CONSEQUÊNCIAS.
A impossibilidade de observância do prazo estabelecido no art. 24 da Lei no 11.457(2007 no julgamento de processos administrativos fiscais não enseja nulidade de autuação/despacho decisório, nem aproveitamento tácito de crédito.
PROCESSO ADMINISTRATIVO. APRECIAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI VIGENTE. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF 2.
No processo administrativo, o julgador não tem competência para se manifestar sobre eventual alegação de inconstitucionalidade de lei vigente.
Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/04/2007 a 30/06/2007
AQUISIÇÃO DE VEÍCULOS E AUTOPEÇAS PARA REVENDA. ALÍQUOTA ZERO. LEI N. 10.485/2002. CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. VEDAÇÃO EXPRESSA EM LEI.
As aquisições de veículos e autopeças, tributados à alíquota zero, em função da Lei no 10.485/2002, para revenda, não geram créditos em função de expressa vedação nas leis de regência das contribuições (Lei no 10.637/2002 - Contribuição para o PIS/PASEP, e Lei no 10.833/2003 - COFINS), nos artigos 3o, I, b, combinados com os artigos 1o, § 2o, III e IV. E tal situação não foi alterada pela legislação superveniente: nem pelo art. 16 da Medida Provisória no 206/2004 (atual art. 17 da Lei no 11.033/2004) que somente esclareceu que o fato de a alíquota na venda ser zero não impede a manutenção do crédito (obviamente nas hipóteses em que ele já existia), nem pelo art. 16 da Lei no 11.116, de 18/05/2005, que apenas limitou temporalmente a utilização do saldo credor acumulado no trimestre.
Numero da decisão: 3401-003.530
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado.
(Assinado com certificado digital)
ROSALDO TREVISAN Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, André Henrique Lemos, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/04/2007 a 30/06/2007 DESCUMPRIMENTO DE PRAZO PARA APRECIAÇÃO. CONSEQUÊNCIAS. A impossibilidade de observância do prazo estabelecido no art. 24 da Lei no 11.457(2007 no julgamento de processos administrativos fiscais não enseja nulidade de autuação/despacho decisório, nem aproveitamento tácito de crédito. PROCESSO ADMINISTRATIVO. APRECIAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI VIGENTE. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF 2. No processo administrativo, o julgador não tem competência para se manifestar sobre eventual alegação de inconstitucionalidade de lei vigente. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/04/2007 a 30/06/2007 AQUISIÇÃO DE VEÍCULOS E AUTOPEÇAS PARA REVENDA. ALÍQUOTA ZERO. LEI N. 10.485/2002. CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. VEDAÇÃO EXPRESSA EM LEI. As aquisições de veículos e autopeças, tributados à alíquota zero, em função da Lei no 10.485/2002, para revenda, não geram créditos em função de expressa vedação nas leis de regência das contribuições (Lei no 10.637/2002 - Contribuição para o PIS/PASEP, e Lei no 10.833/2003 - COFINS), nos artigos 3o, I, b, combinados com os artigos 1o, § 2o, III e IV. E tal situação não foi alterada pela legislação superveniente: nem pelo art. 16 da Medida Provisória no 206/2004 (atual art. 17 da Lei no 11.033/2004) que somente esclareceu que o fato de a alíquota na venda ser zero não impede a manutenção do crédito (obviamente nas hipóteses em que ele já existia), nem pelo art. 16 da Lei no 11.116, de 18/05/2005, que apenas limitou temporalmente a utilização do saldo credor acumulado no trimestre.
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CONSEQUÊNCIAS. A impossibilidade de observância do prazo estabelecido no art. 24 da Lei no 11.457/2007 no julgamento de processos administrativos fiscais não enseja nulidade de autuação/despacho decisório, nem aproveitamento tácito de crédito. PROCESSO ADMINISTRATIVO. APRECIAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI VIGENTE. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF 2. No processo administrativo, o julgador não tem competência para se manifestar sobre eventual alegação de inconstitucionalidade de lei vigente. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/2007 a 30/06/2007 AQUISIÇÃO DE VEÍCULOS E AUTOPEÇAS PARA REVENDA. ALÍQUOTA ZERO. LEI N. 10.485/2002. CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. VEDAÇÃO EXPRESSA EM LEI. As aquisições de veículos e autopeças, tributados à alíquota zero, em função da Lei no 10.485/2002, para revenda, não geram créditos em função de expressa vedação nas leis de regência das contribuições (Lei no 10.637/2002 Contribuição para o PIS/PASEP, e Lei no 10.833/2003 COFINS), nos artigos 3o, I, “b”, combinados com os artigos 1o, § 2o, III e IV. E tal situação não foi alterada pela legislação superveniente: nem pelo art. 16 da Medida Provisória no 206/2004 (atual art. 17 da Lei no 11.033/2004) que somente esclareceu que o fato de a alíquota na venda ser zero não impede a manutenção do crédito (obviamente nas hipóteses em que ele já existia), nem AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 58 5. 00 02 07 /2 01 1- 09 Fl. 185DF CARF MF Processo nº 12585.000207/201109 Acórdão n.º 3401003.530 S3C4T1 Fl. 3 2 pelo art. 16 da Lei no 11.116, de 18/05/2005, que apenas limitou temporalmente a utilização do saldo credor acumulado no trimestre. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado. (Assinado com certificado digital) ROSALDO TREVISAN – Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, André Henrique Lemos, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). Relatório Versa o presente sobre Pedido de Ressarcimento de crédito referente a contribuição nãocumulativa, versando sobre receitas tributadas à alíquota zero, de incidência monofásica (revenda de veículos e autopeças), com fundamento no artigo 17 da Lei no 11.033/2004. O pedido foi indeferido em Despacho Decisório, por haver expressa vedação legal à tomada de créditos, no caso (artigo 3o, I, ”b”, c/c artigo 2o, § 1o, III e IV das Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003, e Lei no 10.485/2002, que trata da incidência monofásica, para veículos e autopeças, com alíquota zero para as receitas apuradas), e por tratar o artigo 17 da Lei no 11.033/2004 de manutenção de créditos existentes, e não de criação de créditos novos. Ciente do despacho, a empresa apresentou manifestação de inconformidade, alegando, em síntese, que: (a) está sujeita à tributação das contribuições nos termos da Lei no 9.718/1998; (b) com a edição da Lei no 10.485/2002, houve a pretensão de se criar uma tributação chamada supostamente de “monofásica”, que objetivou atribuir, para a cadeia produtiva automobilista, uma alíquota elevada para um elo (indústria/importador), e alíquota zero para os demais elos, gerando equívocos de interpretação; (c) na veiculação das leis de regência das contribuições não cumulativas (Lei no 10.637/2002 e Lei no 10.833/2003), foi mantida a sistemática anterior (Lei no 10.485/2002), e restou vedada a possibilidade de tomada de créditos; (d) a situação desigual foi corrigida na Medida Provisória no 206, de 09/08/2004 (no art. 16), posteriormente convertida na Lei no 11.033, de 22/12/2004 (art. 17), que foi alastrada à Instrução Normativa SRF no 594/2005 (art. 38); (e) não há qualquer norma de PIS/COFINS que tenha previsão de tributação monofásica (com incidência em uma fase e nãoincidência em todas as demais) para os produtos da empresa, sendo juridicamente vazia qualquer tentativa de retirála do campo da não cumulatividade (com alíquota zero, que pode, em tese, ser majorada), baseado em suposição que existe uma “monofasia” na sua cadeia produtiva; (f) o creditamento das contribuições, por utilizar o método subtrativo indireto, independe de quanto foi, ou sequer se houve, tributação na cadeia anterior, ou mesmo se o elo Fl. 186DF CARF MF Processo nº 12585.000207/201109 Acórdão n.º 3401003.530 S3C4T1 Fl. 4 3 anterior estava no regime da não cumulatividade; (g) negar o direito ao crédito, no caso, ofende não apenas a legalidade estrita, mas a não cumulatividade, a moralidade e a segurança jurídica, pois não se coadunava com a sistemática constitucional a anterior vedação de tomar créditos, o que ficou afastado a partir do art. 17 da Lei no 11.033/2004 (confirmado pelo art. 16 da Lei no 11.116/2005); (h) o art. 17 da Lei no 11.033/2004 é especial e não geral, e se destina exatamente aos casos que tinham vedação expressa nas leis de regência das contribuições, porque os demais não precisavam, justamente porque não estavam vedados, então o creditamento era tranquilo, aceito pelo próprio fisco; (i) outro reforço à tese que permite o direito de crédito foi a revogação, pela Lei no 11.727/2008, do inciso IV do § 3o do art. 1o, entre outros, das leis de regência das contribuições; e (j) quando o legislador desejou excluir a aplicação do art. 17 da Lei no 11.033/2004 ele o fez expressamente, como nas Medidas Provisórias no 413/2008 e no 451/2008, nenhuma delas convertida em lei no que se refere a tais dispositivos. A empresa apresenta, posteriormente, nova manifestação, no sentido de que sequer seria necessária a análise de mérito de seus argumentos de defesa, em face do reconhecimento tácito do direito. No julgamento de primeira instância, a DRJ decidiu, unanimemente, pela improcedência da manifestação de inconformidade, sob os seguintes fundamentos: (a) o prazo de cinco anos para o pronunciamento da autoridade administrativa diz respeito apenas à compensação declarada pelo contribuinte, não se aplicando aos casos de restituição e/ou ressarcimento o reconhecimento tácito do direito dos créditos pleiteados; (b) a Lei no 10.485/2002 concentrou a tributação nas pessoas dos fabricantes e importadores de máquinas, veículos e autopeças, sendo denominada de tributação monofásica ou concentrada, sendo as receitas de venda obtidas pelas concessionárias desoneradas com a aplicação da alíquota zero; (c) as leis de regência das contribuições, ao criarem o sistema da não cumulatividade, excluíram da novel sistemática determinadas receitas, cuja apuração deveria ser realizada nos termos da legislação anterior, entre estas a que concentrava a tributação monofásica (Lei no 10.485/2002), sendo expressamente vedado o direito ao crédito em tais aquisições (art. 3o, I das leis de regência); (d) o art. 17 da Lei no 11.033/2004, não ampara o creditamento das contribuições, com base na sistemática da não cumulatividade, pelas revendedoras de veículos automotores, em decorrência da vedação legal expressa, que persiste, para o aproveitamento do crédito nas vendas submetidas à incidência monofásica, desde a sua definição; e (e) a tributação monofásica não se confunde com a apuração cumulativa, tendo a tributação monofásica também natureza não cumulativa, quando a pessoa jurídica está submetida ao regime de apuração não cumulativa das contribuições, como é o caso dos autos, o que lhe permite o aproveitamento de créditos, inerente ao regime da não cumulatividade, mas somente em relação aos créditos que são passíveis de utilização, como energia elétrica, aluguéis, depreciação, e não em relação aos créditos expressamente vedados, os referentes a veículos e autopeças adquiridos para revenda. Tendo ciência da decisão da DRJ, a empresa apresenta recurso voluntário, alegando que: (a) o prazo para decidir os processos de restituição não é eterno, como defendeu a DRJ, e está sujeito aos ditames do artigo 74 da Lei no 9.430/1996, além de dever respeito ao prazo de 360 dias (cf. artigo 24 da Lei no 11.457/2007), consolidado pelo STJ na sistemática dos recursos repetitivos, no REsp no 1.138.206/RS; (b) a empresa está sujeita ao regime da não cumulatividade, e adquire produtos com alíquota zero (e não com monofasia), tendo sido a vedação existente nas leis de regência das contribuições revista no artigo 17 da Lei no 11.033/2004 (norma multitemática), endossado pelo artigo 16 da Lei no 11.116/2005; (c) Fl. 187DF CARF MF Processo nº 12585.000207/201109 Acórdão n.º 3401003.530 S3C4T1 Fl. 5 4 quando a lei nova altera a situação legal, ela deve ressalvar os casos que permanecem na dicção antiga (como se tentou fazer, por duas vezes, em relação ao o artigo 17 da Lei no 11.033/2004, que é norma específica aos casos para os quais havia vedação ao creditamento); e (d) o direito de crédito é coerente com a técnica de não cumulatividade para as contribuições (método indireto subtrativo), e independe de haver tributação na etapa anterior. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3401003.517, de 25 de abril de 2017, proferido no julgamento do processo 12585.000182/201135, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3401003.517): "O recurso voluntário atende os requisitos de admissibilidade, pelo que dele se toma conhecimento. Dos prazos para a Administração se manifestar sobre pedidos de restituição/ressarcimento e da consequência pelo descumprimento Na peça apresentada em complemento a sua manifestação de inconformidade, a recorrente sustentou que seria de cinco anos o prazo máximo para análise de seu pedido, sob pena de atendimento tácito, com fundamento no § 5o do artigo 74 da Lei no 9.430/1996. O PER em análise, recordese, foi transmitido em 30/04/2008. E a DRJ, ainda que sequer tenha verificado a efetiva data de ciência do despacho decisório (15/02/2013, cf. fl. 92), que foi equivocadamente informada pela recorrente como sendo 02/07/2013, resultando na contagem incorreta do prazo, respondeu acertadamente que o prazo a que se refere o § 5o do artigo 74 da Lei no 9.430/1996 se refere a homologação tácita de compensações, e não a restituição/ressarcimento delas desacompanhado. Aliás, tal conclusão deriva da simples leitura da norma: “Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. (...) Fl. 188DF CARF MF Processo nº 12585.000207/201109 Acórdão n.º 3401003.530 S3C4T1 Fl. 6 5 § 5o O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação.” (grifo nosso) Inaplicável, assim, o comando legal invocado ao caso em análise neste processo. Adicionese que a mesma questão, referente à mesma empresa, e abrangendo as contribuições no ano de 2004, entre outros, foi submetida à Segunda Turma desta Quarta Câmara, tendo o colegiado chegado a conclusão unânime sobre a matéria: “GLOSA DE CRÉDITOS. AUTO DE INFRAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. INAPLICABILIDADE. A homologação tácita, prevista no art. 73, § 5o, da Lei no 9.430/1996, limitase às compensações formalizadas em Dcomp, não atingindo o direito de a Fiscalização, em procedimento autônomo, examinar a existência dos créditos e glosar, mediante auto de infração, aqueles para os quais não haja suficiente comprovação. (Acórdão no 3402 003.660, Rel. Cons. Jorge Olmiro Lock Freire, unânime, sessão de 13 dez. 2016)” No recurso voluntário, a empresa adiciona o argumento de que lhe favorece, no presente caso, a decisão do STJ, na sistemática dos recursos repetitivos (REsp no 1.138.206/RS), no sentido de que se aplica ao processo administrativo tributário o disposto no artigo 24 da Lei no 11.457/2007, que estabelece o prazo de 360 dias para as decisões administrativas: “Art. 24. É obrigatório que seja proferida decisão administrativa no prazo máximo de 360 (trezentos e sessenta) dias a contar do protocolo de petições, defesas ou recursos administrativos do contribuinte.” É cediço que o comando legal indicado inserese em um contexto que busca dotar de maior celeridade o processo administrativo, em consonância com os princípios constitucionais que regem a matéria. Contudo, é preciso reconhecer que não atribuiu o legislador consequência (v.g., reconhecimento tácito do crédito, como demanda a recorrente) ao processo em desacordo com o comando. E poderia têlo feito, se o desejasse, visto que a mesma Lei no 11.457/2007 promove alterações ao Decreto no 70.235/1972, que disciplina o processo administrativo fiscal. Neste Decreto é que se arrolam, por exemplo, as causas de nulidade (art. 59). Também é sabido que no processo há prazos próprios e impróprios, e que estes não acarretam consequências processuais, embora possam ensejar discussões sobre responsabilização funcional, caso o retardo não seja justificável. Vejase, a título ilustrativo, o art. 226 do novo Código de Processo Civil – CPC (artigo 189 do antigo CPC), que também tem por escopo a celeridade nos julgados: “Art. 226. O juiz proferirá: Fl. 189DF CARF MF Processo nº 12585.000207/201109 Acórdão n.º 3401003.530 S3C4T1 Fl. 7 6 I os despachos no prazo de 5 (cinco) dias; II as decisões interlocutórias no prazo de 10 (dez) dias; III as sentenças no prazo de 30 (trinta) dias.” Embora se possa entender o objetivo do artigo, afigurase irrazoável dele deduzir que um processo com decisão judicial proferida após trinta dias seria, por exemplo objeto de nulidade, ou subtração de custas ou atualizações, ou ainda reconhecimento de direitos de crédito. No mesmo sentido as observações em relação ao art. 24 da Lei no 11.457/2007. Ademais, o art. 24 da Lei no 11.457/2007 possuía dois parágrafos que foram vetados pelo Poder Executivo (veto mantido). Um deles exatamente porque atribuía efeitos ao processo no caso de descumprimento (o § 2o dispunha que “haverá interrupção do prazo, pelo período máximo de 120 dias, quando necessária à produção de diligências administrativas, que deverá ser realizada no máximo em igual prazo, sob pena de seus resultados serem presumidos favoráveis ao contribuinte”). Na mensagem no 140, de 16/3/2007, são esclarecidas as razões do veto presidencial, proposto pelos Ministérios da Fazenda e da Justiça: “Razões do veto “Como se sabe, vigora no Brasil o princípio da unidade de jurisdição previsto no art. 5o, inciso XXXV, da Constituição Federal. Não obstante, a esfera administrativa tem se constituído em via de solução de conflitos de interesse, desafogando o Poder Judiciário, e nela também são observados os princípios do contraditório e da ampla defesa, razão pela qual a análise do processo requer tempo razoável de duração em virtude do alto grau de complexidade das matérias analisadas, especialmente as de natureza tributária. Ademais, observase que o dispositivo não dispõe somente sobre os processos que se encontram no âmbito do contencioso administrativo, e sim sobre todos os procedimentos administrativos, o que, sem dúvida, comprometerá sua solução por parte da administração, obrigada a justificativas, fundamentações e despachos motivadores da necessidade de dilação de prazo para sua apreciação. Por seu lado, devese lembrar que, no julgamento de processo administrativo, a diligência pode ser solicitada tanto pelo contribuinte como pelo julgador para firmar sua convicção. Assim, a determinação de que os resultados de diligência serão presumidos favoráveis ao contribuinte em não sendo essa realizada no prazo de cento e vinte dias é passível de induzir comportamento não desejável por parte do contribuinte, o que poderá fazer com que o órgão julgador deixe de deferir ou até de solicitar diligência, em razão das consequências de sua não realização. Ao final, o prejudicado poderá ser o próprio contribuinte, pois o julgamento poderá ser levado a efeito sem os esclarecimentos necessários à adequada apreciação da matéria.” Fl. 190DF CARF MF Processo nº 12585.000207/201109 Acórdão n.º 3401003.530 S3C4T1 Fl. 8 7 Derradeiramente, não devemos confundir a celeridade procedimental com a duração razoável do processo (ambas garantidas pelo Texto Constitucional): “Embora seja difícil conceituar precisamente a noção de razoável duração do processo, percebese que tal conceito não está relacionado única e exclusivamente ao “processo rápido” propriamente dito. O processo deve ser rápido o suficiente para dar a resposta apropriada à lide, porém adequadamente longo para garantir a segurança jurídica da demanda. Por tal motivo, o princípio da razoável duração do processo é dúplice, pois tanto a abreviação indevida como o alongamento excessivo são potencialmente danosos ao indivíduo.” 1 Improcedente, assim, o pleito no sentido de atribuição de efeitos à inobservância do prazo estabelecido no art. 24 da Lei no 11.457/2007. Reparese que nem a norma e nem o julgado na sistemática dos recursos repetitivos (REsp no 1.138.206/RS) objetivam as consequências da inobservância, como deseja a recorrente. Nesse sentido já me manifestei em processos julgados neste tribunal, sempre com acolhida unânime da turma: DESCUMPRIMENTO DE PRAZO PARA JULGAMENTO. CONSEQUÊNCIAS. A impossibilidade de observância do prazo estabelecido no art. 24 da Lei n. 11.457/2007 no julgamento de processos administrativos fiscais não enseja nulidade, nem diminuição dos consectários legais do crédito tributário. (Acórdão no 3403002.782, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, sessão de 25 fev. 2014) NULIDADE. DESCUMPRIMENTO DE PRAZO PARA JULGAMENTO. A impossibilidade de observância do prazo estabelecido no art. 24 da Lei n. 11.457/2007 no julgamento de processos administrativos fiscais não enseja nulidade. (Acórdão no 3403002.746, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, sessão de 30 jan. 2014) NULIDADE. DESCUMPRIMENTO DE PRAZO PARA JULGAMENTO. A impossibilidade de observância do prazo estabelecido no art. 24 da Lei n. 11.457/2007 no julgamento de processos administrativos fiscais não enseja nulidade. (Acórdão no 3403002.374, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, sessão de 24 jul. 2013) Portanto, não merecem prosperar as alegações de defesa no que se refere a prazos para a Administração se manifestar sobre pedidos de restituição/ressarcimento, ensejando consequências pelo descumprimento. Das considerações preliminares sobre o cerne do contencioso 1 MARINS, James. Direito Processual Tributário Brasileiro (Administrativo e Judicial). 8.ed. São Paulo: Dialética, 2015, p.194195. Fl. 191DF CARF MF Processo nº 12585.000207/201109 Acórdão n.º 3401003.530 S3C4T1 Fl. 9 8 Antes de se ingressar, propriamente, nas matérias contenciosas, há que se registrar o que é inconteste, no presente processo. Tanto a recorrente quanto a fiscalização acordam que as operações para as quais se demanda crédito são aquisições de veículos e autopeças, tributados à alíquota zero, em função da Lei no 10.485/2002, para revenda. E ambas também reconhecem que o direito de crédito foi expressamente vedado pelas leis de regência das contribuições (Lei no 10.637/2002 Contribuição para o PIS/PASEP, e Lei no 10.833/2003 – COFINS), nos artigos 3o, I, “b”, combinados com os artigos 1o, § 2o, III e IV: “Art. 2o Para determinação do valor da COFINS aplicarseá, sobre a base de cálculo apurada conforme o disposto no art. 1o, a alíquota de 7,6% (sete inteiros e seis décimos por cento): (...) § 1o Excetuase do disposto no caput deste artigo a receita bruta auferida pelos produtores ou importadores, que devem aplicar as alíquotas previstas: (...) III no art. 1o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, e alterações posteriores, no caso de venda de máquinas e veículos classificados nos códigos 84.29, 8432.40.00, 84.32.80.00, 8433.20, 8433.30.00, 8433.40.00, 8433.5, 87.01, 87.02, 87.03, 87.04, 87.05 e 87.06, da TIPI; IV no inciso II do art. 3o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, no caso de vendas para comerciante atacadista ou varejista ou para consumidores, de autopeças relacionadas nos Anexos I e II da mesma Lei; (...) Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (...) b no § 1o do art. 2o desta Lei.” (grifo nosso) Não há nenhuma controvérsia, nos autos, como exposto, sobre estarem as aquisições inseridas no contexto da Lei no 10.485/2002, e sobre haver a vedação nas leis de regência. Tampouco há divergência sobre o fato de que as contribuições em apreço são não cumulativas. Antes do advento da Medida Provisória no 206, de 09/08/2004, posteriormente convertida na Lei no 11.033, de 22/12/2004, então, o único inconformismo manifestado pela recorrente se refere a eventual incompatibilidade das restrições com o mecanismo inerente à não cumulatividade das contribuições, ou com princípios constitucionais. Fl. 192DF CARF MF Processo nº 12585.000207/201109 Acórdão n.º 3401003.530 S3C4T1 Fl. 10 9 No que se refere a tal inconformismo, é de se destacar, preliminarmente, que a Constituição não assegura nãocumulatividade irrestrita ou ilimitada. E sequer diz que a lei fixará os casos de cumulatividade, sendo a contrário senso os demais casos de não cumulatividade. O texto constitucional permite à lei definir exatamente os setores para os quais operará a nãocumulatividade. E também não dispõe que para tais setores a nãocumulatividade será irrestrita ou ilimitada. É nesse contexto que surgem os dispositivos legais que regem as contribuições nãocumulativas, basicamente as Leis no 10.637/2002 (Contribuição para o PIS/PASEP) e no 10.833/2003 (COFINS), que limitam/restringem a nãocumulatividade referida no texto constitucional. Portanto, o simples fato de apurarse a contribuição pela sistemática nãocumulativa não garante à empresa créditos em relação a quaisquer operações, mas somente àquelas para as quais exista previsão legal de amparo, e não estejam contempladas em vedações nas leis de regência. Sobre a afronta a princípios constitucionais por norma legal vigente, não cabe manifestação desta corte administrativa, em função da Súmula CARF no 2: “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária”. Basta, assim, que sejam examinadas administrativamente as normas legais vigentes, assumidas como constitucionais (salvo em caso de expressa declaração de inconstitucionalidade pelo juízo competente). É essa tarefa que se empreende a seguir, com especial destaque para o cerne da controvérsia, que se refere à natureza do comando presente no artigo 17 da Lei no 11.033/2004. Da natureza do comando presente no artigo 17 da Lei no 11.033/2004 No próprio despacho decisório, destaca a autoridade fiscal que o artigo 17 da Lei no 11.033/2004 trata de manutenção de créditos existentes, e não de criação de créditos novos. Por outro lado, a recorrente dispõe que a Medida Provisória no 206, de 09/08/2004 (no art. 16), posteriormente convertida na Lei no 11.033, de 22/12/2004 (art. 17), alastrada à Instrução Normativa SRF no 594/2005 (art. 38), veio a corrigir situação desigual entre os diferentes elos da cadeia produtiva automobilística, que, de fato, não é monofásica, mas com um dos elos sujeitos à alíquota zero. Sobre o correto emprego do termo “monofásico”, é de se informar que a legislação aqui já transcrita não se preocupou efetivamente em definilo, precisamente, mas expressamente estabeleceu vedação ao desconto de créditos em relação a determinadas situações (sejam elas ou não “monofásicas”, na acepção restrita do termo, defendida pela recorrente) previstas em lei, entre as quais a Lei no 10.485/2002, na qual indiscutivelmente se enquadram as operações da recorrente. Fl. 193DF CARF MF Processo nº 12585.000207/201109 Acórdão n.º 3401003.530 S3C4T1 Fl. 11 10 Assim, é irrelevante ao deslinde do presente contencioso a discordância terminológica, visto que as menções da lei não são simplesmente a operações monofásicas, mas a operações expressamente previstas em determinadas leis, entre as quais aquela na qual se enquadra a situação da operação realizada pela recorrente. Aliás, o termo “monofásica” aparece uma única vez na Lei no 10.833/2003, no artigo 12, § 7o (que trata do desconto correspondente ao estoque de abertura). E basta a leitura de tal parágrafo para que se perceba que o legislador não teve a mesma visão restritiva do termo albergada pela recorrente: “§ 7o O disposto neste artigo aplicase, também, aos estoques de produtos que não geraram crédito na aquisição, em decorrência do disposto nos §§ 7o a 9o do art. 3o desta Lei, destinados à fabricação dos produtos de que tratam as Leis nos 9.990, de 21 de julho de 2000, 10.147, de 21 de dezembro de 2000, 10.485, de 3 de julho de 2002, e 10.560, de 13 de novembro de 2002, ou quaisquer outros submetidos à incidência monofásica da contribuição.” (grifo nosso) Portanto, as discussões suscitadas pela recorrente em relação a monofasia, ou à sistemática de apuração das contribuições, assumem reduzida importância diante dos textos expressos dos comandos legais, que indiscutivelmente vedavam o desconto de créditos para as operações em análise, textos legais esses que não podem ser afastados pelo julgador administrativo em função de eventuais inconstitucionalidades apontadas pela empresa, como aqui já destacado. Resta, assim, à defesa, um único argumento que não esbarraria na discussão sobre a constitucionalidade das vedações existentes, de que teria a Lei no 11.033/2004, resultante da conversão da Medida Provisória no 206/2004, efetivamente criado uma nova hipótese de desconto de crédito, derrogando a existente nas leis de regência das contribuições. Sobre a alegação, cabe salientar que, em 09/08/2004 foi publicada a Medida Provisória no 206/2004 (vigente a partir de 09/08/2004), que, em seu art. 16, dispôs:2 “Art. 16. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota zero ou nãoincidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações.” A Exposição de Motivos da Medida Provisória (EM No 00111/2004 MF) parece não deixar dúvidas sobre o caráter declaratório (e não constitutivo) do comando: “19. As disposições do art. 16 visam esclarecer dúvidas relativas à interpretação da legislação da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS.”(sic) (grifo nosso) 2 Com a conversão da Medida Provisória no 206/2004 na Lei no 11.033/2004, o comando passou a figurar no art. 17 da lei, com idêntico teor. Fl. 194DF CARF MF Processo nº 12585.000207/201109 Acórdão n.º 3401003.530 S3C4T1 Fl. 12 11 Não se cria obrigação, assim, com o art. 16, nem se derroga eventual vedação existente nas leis de regência das contribuições. Apenas se garante a “manutenção” (palavra essa que já sugere o caráter interpretativo do comando) dos créditos vinculados, já se destacando que a “manutenção” do crédito pressupõe a prévia existência do direito ao crédito. E isso decorre claramente da conclusão lógica/semântica de que é impossível “manter” aquilo que não se tem. E, com a publicação da Lei no 11.116, de 18/05/2005 (vigente a partir de 19/05/2005), também não há revogação de vedação ou alteração substancial no direito de crédito previsto nas leis de regência das contribuições. Já enfrentamos o tema em mais de uma oportunidade, chegando a entendimento consolidado no sentido de que: “Sintetizando nosso entendimento: é possível a apuração de créditos previstos nas Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003 em relação a insumos tributados na aquisição (ainda que a saída do produto final esteja sujeita a alíquota zero), cabendo apenas observar se tal direito de crédito não encontra óbice nas vedações estabelecidas no corpo das próprias leis (v.g. inciso II do § 2o do art. 3o). E tal situação não foi alterada pela legislação superveniente: nem pelo art. 16 da Medida Provisória no 206/2004 (atual art. 17 da Lei no 11.033/2004), que somente esclareceu que o fato de a alíquota na venda ser zero não impede a manutenção do crédito (obviamente nas hipóteses em que ele já existia), nem pelo art. 16 da Lei no 11.116, de 18/05/2005, que apenas limitou temporalmente a utilização do saldocredor acumulado no trimestre.” (grifo nosso) (Acórdão no 3403003.488, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação ao entendimento em apreço, sessão de 27 jan. 2015) No mesmo sentido, de que não houve revogação de vedação a direito de crédito existente nas leis de regência pela Lei no 11.033/2004, em casos de revendedora de veículos e autopeças, já decidiu unanimemente este tribunal administrativo: “COFINS. TRIBUTAÇÃO MONOFÁSICA. REVENDEDORA DE VEÍCULOS. APURAÇÃO DE CRÉDITOS. IMPOSSIBILIDADE. A aquisição de máquinas e veículos relacionados no art. 1º da Lei 10.485/02, para revenda, quando feita por comerciantes atacadistas ou varejistas desses produtos, não gera direito a crédito do PIS e da Cofins,, dada a expressa vedação, consoante o art. 3o , inciso I, alínea "b”” das Leis nº 10.637/02 e nº 10.833/03, respectivamente. A previsão contida no art. 17 da Lei n° 11.033/04 tratase de regra geral não se aplicando nos casos de tributação monofásica por força da referida vedação legal.” (grifo nosso) (Acórdãos n. 3801004.111 a 139, todos unânimes, Rel. Cons. Marcos Antonio Borges, sessão de 19 ago. 2014) “DISTRIBUIDORA DE BEBIDAS. INCIDÊNCIA MONOFÁSICA COM ALÍQUOTA ZERO NAS OPERAÇÕES DE REVENDA. IMPOSSIBILIDADE DE CREDITAMENTO NOS TERMOS DO ART. 17 DA LEI 11.033/2004. Os artigos 2º, Fl. 195DF CARF MF Processo nº 12585.000207/201109 Acórdão n.º 3401003.530 S3C4T1 Fl. 13 12 parágrafo 1º, VIII e 3º, I, b, das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003 vedam expressamente o direito ao creditamento das referidas contribuições em relação a bebidas adquiridas para revenda. O benefício contido no artigo 17 da Lei 11.033, de 2004, de que o vendedor tem direito a créditos vinculados às vendas efetuadas com alíquota zero do PIS e COFINS, não se aplica no caso de os bens adquiridos não estarem sujeitos ao pagamento das contribuições.” (Acórdão n. 3302002.272, unânime, Rel. Cons. Gileno Gurjão Barreto, sessão de 21 ago. 2013) Em síntese, a falta de uniformidade sobre o que se designa exatamente como “monofásico” é absolutamente marginal diante das vedações, que remetem a dispositivos legais, e não à “monofasia”, em geral. E a Lei no 11.033/2004 não afetou a vigência de tais vedações, previstas nas leis de regência das contribuições. Não socorre a recorrente, a nosso ver, então, a tese de que a Lei no 11.033/2004 teria revogado dispositivos legais que vedavam o aproveitamento de créditos, nas leis de regência das contribuições. A Lei no 11.033/2004 não traz disposição “mais específica” que as constantes nas leis de regência, mas disciplina adicional a elas, com caráter explicativo, e não derrogador de disposição legal expressa, não sendo difícil concluir que a palavra “manterão”, nem de longe, parece ter o condão de transformar vedação expressa em permissão. Derradeiramente, adicionese que as disposições constantes em medidas provisórias diversas, e que não foram convertidas em lei, relacionadas pela recorrente, não se prestam a formar conclusões a contrário senso. O complexo processo que leva à não conversão de medidas provisórias em lei (de concordância parcial, discordância, desnecessidade, irrelevância, inadequação redacional, entre outros) não pode ser simploriamente resumido à conclusão de que cada comando da MP não convertida em lei deveria ser interpretado como comando legal vigente com a redação oposta. Destarte, são totalmente improcedentes as alegações de defesa. Pelo exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário apresentado." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário apresentado. (Assinado com certificado digital) Rosaldo Trevisan Fl. 196DF CARF MF
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Numero do processo: 11080.723860/2010-79
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 15 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed May 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/09/2005 a 31/12/2005
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS SOBRE REMUNERAÇÕES.
Há necessidade de informação em GFIP e recolhimento das verbas previdenciárias referentes a contribuições incidentes sobre remunerações denominadas tarefa e quebra de caixa.
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. AUXÍLIO-CRECHE.
Não incidem contribuições previdenciárias sobre as verbas concedidas aos segurados empregados a título de auxílio-creche, na forma do artigo 7º, inciso XXV, da Constituição Federal, em face de sua natureza indenizatória.
MULTA OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. RETROATIVIDADE BENIGNA. CRITÉRIO. FATOS GERADORES NÃO DECLARADOS EM GFIP. Aos processos de lançamento fiscal dos fatos geradores ocorridos antes da vigência da MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, e não declarados em GFIP, aplica-se a multa mais benéfica, obtida pela comparação do resultado entre a soma da multa vigente à época da ocorrência dos fatos geradores (obrigação principal) e da multa por falta de declaração em GFIP vigente à época da materialização da infração (obrigação acessória), com a multa de ofício (75%) prevista no artigo 35-A, da Lei nº 8.212/1991.
Numero da decisão: 2301-004.732
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado: (a) por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário em relação ao auxílio-creche; acompanhou pelas conclusões o conselheiro Fabio Piovesan Bozza; (b) quanto à multa previdenciária, submetida a questão ao rito do art. 60 do Regimento Interno do CARF, foram apreciadas as seguintes teses: a) aplicação da regra do artigo 35 da Lei 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei 11.941, de 2009; b) aplicação das regras estabelecidas pela Portaria Conjunta PGFN/RFB 14, de 2009; c) aplicação da regra do artigo 35 da Lei 8.212, de 1991, vigente à época dos fatos geradores, limitada ao percentual de 75%, previsto no artigo 44, I, da Lei 9.430, de 1996; em primeira votação, se manifestaram pela tese "a" os conselheiros Alice Grecchi, Gisa Barbosa Gambogi Neves e Fabio Piovesan Bozza ; pela tese "b" Andrea Brose Adolfo, Marcela Brasil de Araújo Nogueira e João Bellini Júnior e pela tese "c" Julio Cesar Vieira Gomes e Amílcar Barca Teixeira Júnior; excluída a tese "c" por força do disposto no art. 60, parágrafo único, do Regimento Interno do CARF, em segunda votação, por maioria de votos, restou vencedora a tese "b", vencidos os conselheiros Alice Grecchi, Gisa Barbosa Gambogi Neves e Fabio Piovesan Bozza; com isso, as multas restaram mantidas como constam no lançamento; designada para redigir o voto vencedor a conselheira Andrea Brose Adolfo.
(assinado digitalmente)
João Bellini Júnior Presidente e redator ad hoc na data de formalização do acórdão.
(assinado digitalmente)
Andrea Brose Adolfo - Redatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Bellini Júnior (Presidente), Julio Cesar Vieira Gomes, Alice Grecchi, Andréa Brose Adolfo, Fabio Piovesan Bozza, Marcela Brasil de Araujo Nogueira, Gisa Barbosa Gambogi Neves e Amilcar Barca Teixeira Junior.
Nome do relator: GISA BARBOSA GAMBOGI NEVES
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado: (a) por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário em relação ao auxílio-creche; acompanhou pelas conclusões o conselheiro Fabio Piovesan Bozza; (b) quanto à multa previdenciária, submetida a questão ao rito do art. 60 do Regimento Interno do CARF, foram apreciadas as seguintes teses: a) aplicação da regra do artigo 35 da Lei 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei 11.941, de 2009; b) aplicação das regras estabelecidas pela Portaria Conjunta PGFN/RFB 14, de 2009; c) aplicação da regra do artigo 35 da Lei 8.212, de 1991, vigente à época dos fatos geradores, limitada ao percentual de 75%, previsto no artigo 44, I, da Lei 9.430, de 1996; em primeira votação, se manifestaram pela tese "a" os conselheiros Alice Grecchi, Gisa Barbosa Gambogi Neves e Fabio Piovesan Bozza ; pela tese "b" Andrea Brose Adolfo, Marcela Brasil de Araújo Nogueira e João Bellini Júnior e pela tese "c" Julio Cesar Vieira Gomes e Amílcar Barca Teixeira Júnior; excluída a tese "c" por força do disposto no art. 60, parágrafo único, do Regimento Interno do CARF, em segunda votação, por maioria de votos, restou vencedora a tese "b", vencidos os conselheiros Alice Grecchi, Gisa Barbosa Gambogi Neves e Fabio Piovesan Bozza; com isso, as multas restaram mantidas como constam no lançamento; designada para redigir o voto vencedor a conselheira Andrea Brose Adolfo. (assinado digitalmente) João Bellini Júnior Presidente e redator ad hoc na data de formalização do acórdão. (assinado digitalmente) Andrea Brose Adolfo - Redatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Bellini Júnior (Presidente), Julio Cesar Vieira Gomes, Alice Grecchi, Andréa Brose Adolfo, Fabio Piovesan Bozza, Marcela Brasil de Araujo Nogueira, Gisa Barbosa Gambogi Neves e Amilcar Barca Teixeira Junior.
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Há necessidade de informação em GFIP e recolhimento das verbas previdenciárias referentes a contribuições incidentes sobre remunerações denominadas tarefa e quebra de caixa. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. AUXÍLIOCRECHE. Não incidem contribuições previdenciárias sobre as verbas concedidas aos segurados empregados a título de auxíliocreche, na forma do artigo 7º, inciso XXV, da Constituição Federal, em face de sua natureza indenizatória. MULTA OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. RETROATIVIDADE BENIGNA. CRITÉRIO. FATOS GERADORES NÃO DECLARADOS EM GFIP. Aos processos de lançamento fiscal dos fatos geradores ocorridos antes da vigência da MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, e não declarados em GFIP, aplicase a multa mais benéfica, obtida pela comparação do resultado entre a soma da multa vigente à época da ocorrência dos fatos geradores (obrigação principal) e da multa por falta de declaração em GFIP vigente à época da materialização da infração (obrigação acessória), com a multa de ofício (75%) prevista no artigo 35A, da Lei nº 8.212/1991. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado: (a) por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário em relação ao auxíliocreche; acompanhou pelas conclusões o conselheiro Fabio Piovesan Bozza; (b) quanto à multa previdenciária, submetida a questão ao rito do art. 60 do Regimento Interno do CARF, foram apreciadas as seguintes teses: a) aplicação da regra do artigo 35 da Lei 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei 11.941, de 2009; b) aplicação das regras estabelecidas pela Portaria Conjunta PGFN/RFB 14, de 2009; c) aplicação da regra do artigo 35 da Lei 8.212, de 1991, vigente à época dos fatos geradores, limitada ao percentual de 75%, previsto no AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 72 38 60 /2 01 0- 79 Fl. 506DF CARF MF 2 artigo 44, I, da Lei 9.430, de 1996; em primeira votação, se manifestaram pela tese "a" os conselheiros Alice Grecchi, Gisa Barbosa Gambogi Neves e Fabio Piovesan Bozza ; pela tese "b" Andrea Brose Adolfo, Marcela Brasil de Araújo Nogueira e João Bellini Júnior e pela tese "c" Julio Cesar Vieira Gomes e Amílcar Barca Teixeira Júnior; excluída a tese "c" por força do disposto no art. 60, parágrafo único, do Regimento Interno do CARF, em segunda votação, por maioria de votos, restou vencedora a tese "b", vencidos os conselheiros Alice Grecchi, Gisa Barbosa Gambogi Neves e Fabio Piovesan Bozza; com isso, as multas restaram mantidas como constam no lançamento; designada para redigir o voto vencedor a conselheira Andrea Brose Adolfo. (assinado digitalmente) João Bellini Júnior – Presidente e redator ad hoc na data de formalização do acórdão. (assinado digitalmente) Andrea Brose Adolfo Redatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Bellini Júnior (Presidente), Julio Cesar Vieira Gomes, Alice Grecchi, Andréa Brose Adolfo, Fabio Piovesan Bozza, Marcela Brasil de Araujo Nogueira, Gisa Barbosa Gambogi Neves e Amilcar Barca Teixeira Junior. Fl. 507DF CARF MF Processo nº 11080.723860/201079 Acórdão n.º 2301004.732 S2C3T1 Fl. 3 3 Relatório Para registro e esclarecimento, consigno que, pelo fato da conselheira Gisa Barbosa Gambogi Neves, relatora original, ter deixado o CARF antes de sua formalização, fui designado ad hoc para fazêlo. Esclareço que aqui reproduzo o relatório e voto deixado pela conselheira nos sistemas internos do CARF, com o qual não necessariamente concordo. Feito o registro. Cuida o recurso voluntário aviado à fls. 345 a 367 em que o RECORRENTE insurgese em face de decisão oriunda da DRJ (RS) de fls. 330 a 336. A discussão tem origem por conta de fato relatado no auto de infração de fls. 02 em que ficou constatado que o RECORRENTE procedeu descontos em folha, de contribuição previdenciária incidente sobre o pagamento de seus funcionários, nas rubricas TAREFA (377); AUXILIO CRECHE (355) e QUEBRA DE CAIXA (372) (vide relatório fiscal do AI fl.12). Apesar de ocorrerem os descontos previdenciários referentes às rubricas anteriormente mencionadas, verificouse a não ocorrência da necessária informação à GFIP restando inconteste o não recolhimento de contribuições sociais elencadas no parágrafo único do art. 11 da lei 8.212/91 atraindo para o ora RECORRENTE as penalidades constantes do art. 35 da Lei 8.212/91 – penalidade de multa, calculada na forma do art. 34A do citado diploma legal, destacandose, por fim que foi observado o critério da penalidade mais benéfica ao contribuinte atendendo ao mandamento insculpido na alínea “c”, inciso II do art. 106 do Código Tributário Nacional (Lei 5.172/66). Consta do processo Relatório Fiscal do Auto de Infração DEBCAD Nº 37.273.158.9; COMPROT Nº 11.080.723.860, conforme se verifica à fls. 12 a 16 que referenda as conclusões alcançadas no auto de infração atentado que as rubricas lançadas em folha não foram informadas à GFIP, asseverando ainda a prática em tese dos crimes de sonegação de contribuição previdenciária e apropriação indébita tributária, tipos penais estes capitulados, respectivamente nos arts. 337A, inciso I e art. 168A do Código Penal. Os autos contam com recibo de entrega de arquivos ao contribuinte fl. 33 a 34; termo de intimação fiscal fl. 35 a 39, restando assegurado o contraditório ao contribuinte, bem como seu direito à ampla defesa, insculpidos no art. 5º inciso LV da Constituição da República. Instruem o processo folhas de pagamentos de fls. 75 a 80 bem com recibos de pagamento se salário de fls. 82 a 90 dos presentes autos. Fl. 508DF CARF MF 4 Às fls. 196 foi apresentada impugnação tempestiva, às fls. 196/214, alegando em síntese, nos termos do relatório da DRJ, que: " a) seja recebida e provida a presente impugnação, suspendendo a exigibilidade do crédito tributário, com base no art. 151, III do CTN; b) seja cancelado o Auto de Infração n° 37.273.1589, haja vista a absoluta nulidade do mesmo, seja diante da ausência da descrição correta dos fatos, seja pela ausência de fundamentação legal utilizada pela Fiscalização para embasar o referido lançamento; c) no caso de não acolhimento do pedido anterior, o que se admite a titulo de argumentação, seja julgado improcedente o lançamento diante da existência de Parcelamento Timemania, relativamente aos valores objeto de autuação. O extrato fiscal emitido em 06/11/2007 (Doc. 02), comprova as competências que estavam em aberto junto à Previdência Social, as quais foram incluídas no parcelamento. Diz que a documentação anexada (doc. 02) comprova que permanece em dia com os pagamentos do parcelamento, tendo efetuado todos os pagamentos corretamente desde a data da adesão. Inclusive, a certidão conjunta positiva com Efeitos de Negativa emitida recentemente demonstra a ausência de pendências relativas ao período objeto de autuação, comprovando a alegação de que tais débitos se encontram parcelados. Refere, por oportuno, que em virtude de uma limitação no programa de adesão ao parcelamento, a inclusão dos débitos previdenciários teve de ser efetivada de maneira manual, de modo que vem realizando o pagamento das parcelas, contudo, não possui informações dos débitos consolidados, por um problema interno da SRF. Nesta senda, comprovada a adesão do parcelamento TIMEMANIA, no qual foram incluídos todos os débitos da impugnante em aberto até a data da adesão, ocorrida em novembro/2007, não há dúvidas da improcedência da autuação pretendendo a cobrança de contribuições que já estão sendo objeto de pagamento pela impugnante. Aduz que não pode ser prejudicado em razão de um problema interno no sistema da receita, mormente quando vem efetuando o recolhimento de todos os valores devidos, conforme autorizado por legislação especifica que autorizou o parcelamento de débitos do INSS para entidades desportivas na modalidade futebol, exatamente como no seu caso. Destaca que a jurisprudência do Conselho de Contribuintes, atual Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, não deixa dúvidas acerca da improcedência da autuação quando comprovada a adesão a parcelamento. d) por fim, na eventual hipótese de ser mantida a penalidade aplicada, é de ser aplicada a norma mais benéfica trazida pela Fl. 509DF CARF MF Processo nº 11080.723860/201079 Acórdão n.º 2301004.732 S2C3T1 Fl. 4 5 MP 449/2008, já convertida na Lei n° 11.941/2009, que limitou a multa moratória a 20%; e) requer, por derradeiro, que todas as intimações e comunicações do presente procedimento administrativo, inclusive para fins de sustentação oral, sejam sempre realizadas em nome dos procuradores signatários, com endereço profissional na Rua Washington Luiz, n° 820, conj. 201, Porto Alegre RS, CEP 90010460." Às fls. 330 foi proferida decisão da DRJ (RS), vindo o recurso voluntário às fls. 345 em que o RECORRENTE inova em seus argumentos ao sustentar preliminar de suposta ilegitimidade passiva, ao fundamento de que a responsabilidade de proceder os recolhimentos das obrigações tributárias, ora discutidas, seriam dos empregados e não do empregador. Quanto ao mérito, sustentou o RECORRENTE, que haveria parcelamento e que a contribuição não incidiria sobre verbas indenizatórias pugnando ao final pela redução de multa. É o relatório. O processo foi distribuído para este redator ad hoc em 15/02/2017, em face de a conselheira relatora, Gisa Barbosa Gambogi Neves, ter renunciado ao seu mandato antes da formalização do acórdão. Fl. 510DF CARF MF 6 Voto Vencido Conselheiro João Bellini Júnior, redator ad hoc na data da formalização do acórdão. Para registro e esclarecimento, consigno que, pelo fato da conselheira Gisa Barbosa Gambogi Neves, relatora, ter renunciado ao seu mandato no CARF antes de sua formalização, fui designado ad hoc para fazêlo. Esclareço que aqui reproduzo o relatório e voto deixado pela conselheira nos sistemas internos do CARF, com o qual não necessariamente concordo. Feito o registro. Conheço do recurso por estarem presentes os pressupostos de admissibilidade. Não prospera a alegação preliminar do RECORRENTE aposta em seu recurso voluntário de fls. 345 a 367 alegando que o recolhimento de contribuição previdenciária seria encargo dos empregados. Tal argumento “data venia” cai por terra diante dos dispositivos legais pertinentes à espécie, notadamente arts. 32 e 32A da Lei 8.212/91 e Instrução Normativa RFB 925/2009. Não se sustenta também o argumento de que o débito fiscal seria objeto de parcelamento porquanto restou evidenciado nas decisões administrativas precedentes que não houve prova da efetiva concretização e pagamento do dito parcelamento, sendo certo os documentos trazidos à baila dos presentes autos à fls. 310 a 315 não se prestam a demonstrar o suposto parcelamento da obrigação tributária versada nos presentes autos. Não se sustenta também a argumentação de que as verbas TAREFA (377) e QUEBRA DE CAIXA (372) teriam natureza indenizatória e, portanto, inexistiria obrigação de recolhimento previdenciário incidente sobre as mesmas. Resta evidente que qualquer remuneração destinada a retribuir o trabalho gera a obrigação da empresa de proceder a contribuição nos moldes da lei 8.212/92 sendo expressa tal obrigação no art. 28 do citado diploma legal. De se ressaltar que o grifo traçado sobre a citação acima, além de destacar a obrigatoriedade de contribuição previdenciária evidencia que tal disposição está presente na referida lei em todas as suas edições, ou seja, a contribuição irá incidir nas verbas que remuneram o trabalho, ou seja, verbas remuneratórias. Assim sendo, estes singelos argumentos espancam toda a matéria arguida pela RECORRENTE no recurso voluntário de fls. 345 a 367 a exceção de um, que diz respeito à natureza indenizatória do AUXILIO CRECHE. Fl. 511DF CARF MF Processo nº 11080.723860/201079 Acórdão n.º 2301004.732 S2C3T1 Fl. 5 7 Somente neste particular assiste razão o RECORRENTE porquanto o AUXILIO CRECHE, realmente tem natureza indenizatória sendo tal questão matéria sumulada neste Conselho, senão vejase: “Súmula CARF nº 64: Não incidem contribuições previdenciárias sobre as verbas concedidas aos segurados empregados a título de auxíliocreche, na forma do artigo 7o, inciso XXV, da Constituição Federal, em face de sua natureza indenizatória” (sem grifos no original) Face a todo o exposto temse que a parcial procedência do Recurso Voluntário é medida que se impõe. Conclusão Desta forma, o encaminhamento dado é por DAR PARCIAL PROVIMENTO ao Recurso Voluntário apenas para decotar os valores referentes a AUXÍLIO CRECHE bem como percentuais de multa sobre ele incidentes tendo em vista previsão expressa de Súmula deste Conselho, limitando a multa ao percentual de 20%. É o voto ASSIM VOTOU A CONSELHEIRA NA SESSÃO DE JULGAMENTO. João Bellini Júnior Redator ad hoc na data da formalização do acórdão. Voto Vencedor Conselheira Andrea Brose Adolfo Redatora Retroatividade Benigna. Peço vênia para discordar do posicionamento adotado pela conselheira relatora, no que tange ao critério de aplicação da retroatividade benigna em virtude das alterações promovidas pela Lei nº 11.941, de 2009, na Lei nº 8.212, de 1991. De acordo com o relatório fiscal, o presente processo trata de lançamento de contribuições previdenciárias referente ao período de 10/2005 a 12/2005 sendo que, no momento da aplicação da multa (autuação), já foi observado o princípio da retroatividade benigna, conforme os seguintes excertos: 10. A multa incidente sobre as contribuições devidas à Previdência Social acrescida àquelas por descumprimento de obrigações acessórias referentes às informações prestadas em Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia e Tempo de Fl. 512DF CARF MF 8 Serviço e de Informações à Previdência Social GFIP, de acordo com o contido na alínea 'c' do Inciso II do art. 106 do Código Tributário Nacional CTN, foram devidamente comparadas, por competência, entre a legislação vigente à época dos fatos geradores, conforme o art. 35 da Lei 8212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei 11941, de 2009, e a calculada na forma do art. 35A da Lei 8212, de 1991, acrescido pela Lei 11941, de 2009, aplicandose a penalidade mais benéfica. Vide quadro demonstrativo abaixo denominado "Planilha Comparativo de Multa" Multa de Ofício 75% Atual Art. 35A da Lei 8212/91, acrescido pela Lei 11941/2009, aplicada sobre as contribuições devidas à Previdência Social, apuradas no DD Discriminativo do Débito Multa de mora de 24% Anterior Art. 35 da Lei 8212/91, anterior à redação dada pela Lei 11941/2009 vigente à época do fato gerador, aplicada sobre as contribuições devidas à Previdência Social, apuradas no DD Discriminativo do Débito AIOA 68 Auto de Infração de Obrigações Acessórias, Código de Fundamentação Legal CFL 68 correspondente a 100% do valor da contribuição previdenciária devida relativa à contribuição não declarada em GFIP, apurada por competência, observado o limite mensal previsto no § 4º do art. 32 da Lei nº 8.212/91, que considera o número total de segurados da empresa. Revogado a partir das alterações implementadas através Medida Provisória 449 de 03 de dezembro de 2008, transformada na Lei 11941 de 27 de maio de 2009. O instituto das multas em matéria previdenciária foi profundamente alterado pela Medida Provisória nº 449, de 03/12/2008, convertida na Lei 11.941/2009. Assim, após a edição da MP, a multa mais benéfica deve ser apurada mediante comparação entre o valor resultante do cálculo vigente à época dos fatos geradores e o valor resultante da multa calculada com base no art. 35A da Lei 8.212/91, com a redação da MP 449/2008, convertida na Lei 11.941/2009. Este entendimento está explicitado no art. 476A da Instrução Normativa RFB nº 971/2009: Art. 476A. No caso de lançamento de oficio relativo a fatos geradores ocorridos: (Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.027, de 20 de abril de 2010) I até 30 de novembro de 2008, deverá ser aplicada a penalidade mais benéfica conforme disposto na alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 1966 (CTN), cuja análise será Fl. 513DF CARF MF Processo nº 11080.723860/201079 Acórdão n.º 2301004.732 S2C3T1 Fl. 6 9 realizada pela comparação entre os seguintes valores: (Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.027, de 20 de abril de 2010) a) somatório das multas aplicadas por descumprimento de obrigação principal, nos moldes do art. 35 da Lei n º 8.212, de 1991 , em sua redação anterior à Lei n º 11.941, de 2009 , e das aplicadas pelo descumprimento de obrigações acessórias, nos moldes dos §§ 4º, 5º e 6º do art. 32 da Lei n º 8.212, de 1991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009; e (Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.027, de 20 de abril de 2010) b) multa aplicada de ofício nos termos do art. 35A da Lei n º 8.212, de 1991 , acrescido pela Lei n º 11.941, de 2009 . (Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.027, de 20 de abril de 2010) II a partir de 1º de dezembro de 2008, aplicamse as multas previstas no art. 44 da Lei n º 9.430, de 1996 . (Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.027, de 20 de abril de 2010) Notase que o auditorfiscal, no momento da autuação já elaborou quadro comparativo das multas (efls. 13/14) no qual é apresentado o valor utilizado na determinação da multa aplicável em cada competência. Destacandose que a multa prevista na legislação atual (multa de ofício de 75%), foi considerada a mais benéfica ao contribuinte nas competências do presente lançamento. Portanto, entendo que a multa mais benéfica já foi calculada no momento da autuação, de acordo com o disposto no art. 476A da IN RFB nº 971/2009, acima transcrito, e nos termos do art. 2º da Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 14, de 04/12/2009. Assim, não há que se falar em aplicação do princípio da retroatividade benigna, consoante o disposto no artigo 106, II, c, do CTN, uma vez que tal procedimento já foi realizado pela fiscalização no momento da lavratura do auto de infração. É como voto. Fl. 514DF CARF MF
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Numero do processo: 10925.720209/2014-29
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Apr 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jun 19 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Classificação de Mercadorias
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009, 01/01/2010 a 31/12/2010, 01/01/2011 a 31/12/2011
CLASSIFICAÇÃO FISCAL. REGRAS DE INTERPRETAÇÃO.
As Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado e as Regras Gerais Complementares devem servir de fundamento para a classificação de mercadorias na Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) - Tarifa Externa Comum (TEC) e na Nomenclatura Brasileira de Mercadorias (NBM) - Tabela do Imposto sobre Produtos Industrializados (TIPI).
Pneumáticos novos, radiais, de borracha, para camionetas, furgões, vans, utilitários esportivos etc., classificam-se no código da NCM/NBM 4011.99.90.
CLASSIFICAÇÃO FISCAL. LAUDOS PERICIAIS. PEDIDO DE DILIGÊNCIA.
Os laudos periciais devem se ater aos aspectos técnicos, e não têm o condão de tipificar ou classificar para fins fiscais o produto periciado, pois a classificação se trata de ato de aplicação do direito por parte da autoridade competente a fazê-lo. De igual sorte, a realização de diligências ou perícias é uma prerrogativa da autoridade julgadora, inteligência que deflui do art. 18 do Decreto nº 70.235/72.
Numero da decisão: 3401-003.498
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado da Primeira Turma da Quarta Câmara da Terceira Seção, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.
Rosaldo Trevisan - Presidente.
Leonardo Ogassawara de Araújo Branco - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (Presidente), Augusto Fiel Jorge DOliveira, Tiago Guerra Machado, Leonardo Ogassawara de Araujo Branco (Vice-Presidente), Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Robson Jose Bayerl, André Henrique Lemos
Nome do relator: LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJO BRANCO
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 11; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1822; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T1 Fl. 1.527 1 1.526 S3C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10925.720209/201429 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3401003.498 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 24 de abril de 2017 Matéria Classificação Fiscal de mercadorias Recorrente LAGB ACESSORIOS E PEÇAS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009, 01/01/2010 a 31/12/2010, 01/01/2011 a 31/12/2011 CLASSIFICAÇÃO FISCAL. REGRAS DE INTERPRETAÇÃO. As Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado e as Regras Gerais Complementares devem servir de fundamento para a classificação de mercadorias na Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) Tarifa Externa Comum (TEC) e na Nomenclatura Brasileira de Mercadorias (NBM) Tabela do Imposto sobre Produtos Industrializados (TIPI). Pneumáticos novos, radiais, de borracha, para camionetas, furgões, vans, utilitários esportivos etc., classificamse no código da NCM/NBM 4011.99.90. CLASSIFICAÇÃO FISCAL. LAUDOS PERICIAIS. PEDIDO DE DILIGÊNCIA. Os laudos periciais devem se ater aos aspectos técnicos, e não têm o condão de tipificar ou classificar para fins fiscais o produto periciado, pois a classificação se trata de ato de aplicação do direito por parte da autoridade competente a fazêlo. De igual sorte, a realização de diligências ou perícias é uma prerrogativa da autoridade julgadora, inteligência que deflui do art. 18 do Decreto nº 70.235/72. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado da Primeira Turma da Quarta Câmara da Terceira Seção, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 5. 72 02 09 /2 01 4- 29 Fl. 1527DF CARF MF 2 ROSALDO TREVISAN Presidente. LEONARDO OGASSAWARA DE ARAÚJO BRANCO Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (Presidente), Augusto Fiel Jorge D’Oliveira, Tiago Guerra Machado, Leonardo Ogassawara de Araujo Branco (VicePresidente), Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Robson Jose Bayerl, André Henrique Lemos Relatório 1. Tratase auto de infração, situado às fls. 2 a 35, lavrado com a finalidade de formalizar a cobrança de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), acrescido de juros e de multa de ofício de 75%, em virtude do não recolhimento do imposto, referente aos períodos de apuração de 01/2009 a 12/2009, 01/2010 a 12/2010 e 01/2011 a 12/2011, no valor histórico de R$ 2.897.495,80, correspondente às seguintes DIs: 2. Segundo se depreende do Termo de Verificação Fiscal, situado às fls. 32 a 67, a contribuinte, estabelecimento equiparado a industrial: (i) no período de 02/2009 a 12/2011, deu saída a pneumáticos novos importados "utilizados em ônibus e caminhões", classificados na posição 4011.20, oferecidos à tributação do IPI a uma alíquota de 2%. Entendeu a autoridade fiscal, no entanto, ao aplicar as RGI do Sistema Harmonizado e as NESH, que o produto em questão deveria ter sido classificado na subposição 2011.99.90, com alíquota de IPI correspondente a 15%, pois, na verdade, os produtos seriam utilizados em "camionetas e similares"; (ii) no período de 01/2009 a 12/2009, deixou de recolher saldo devedor de IPI escriturado, inexistindo, neste interregno, guia DARF correspondente ou Fl. 1528DF CARF MF Processo nº 10925.720209/201429 Acórdão n.º 3401003.498 S3C4T1 Fl. 1.528 3 informação de IPI nas DCTF; (iii) no período de 01/2009 a 07/2010, constatouse a utilização de crédito indevido, por inexistente. 3. A contribuinte apresentou, em 20/03/2014, impugnação, situada às fls. 1294 a 1433, argumentando, em síntese: (i) ter recolhido, por meio de guia DARF, o crédito tributário consistente nos itens "ii" e "iii" acima, em data posterior à lavratura do auto de infração ora combalido, por reconhecer se tratar de matéria incontroversa, restando, assim, apenas a discussão acerca do erro de classificação fiscal na saída de pneumáticos novos importados no período de 02/2009 a 12/2011, cujo crédito tributário correspondente, acrescido de juros e multa de 75%, resulta no valor histórico de R$ 822.021,51; (ii) a nulidade do auto de infração por inexistência de justa causa e inocorrência de ilicitude; (iii) quanto ao mérito, a correção da classificação adotada, uma vez que a autoridade fiscal detalhou de forma incompleta as medidas/modelos dos pneus importados e que estaria equivocada quanto ao seu uso 4. Em 12/03/2014, o crédito tributário não impugnado foi transferido para o Processo Administrativo nº 13982.720.187/201419, em conformidade com o Termo de Transferência de Crédito Tributário, situado às fls. 1292 a 1293, para cobrança imediata dos seguintes valores: 5. Foi, ainda, formalizada Representação Fiscal para fins Penais, no Processo Administrativo nº 10925.720.210/201453 contra LUIZ AFONSO GONSALES, inscrito no CPF sob o nº 020.170.72923 e JOÃO PAULO GONSALES, inscrito no CPF sob o nº 071.063.13912, que se encontra apensado a este processo conforme termo de apensação situado à fl. 1278. 6. Em sessão de 16/09/2014, foi proferido o Acórdão DRJ nº 01 30.060, situado às fls. 1442 a 1465, e proferido pela 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Belém (PA), sob a relatoria da AuditoraFiscal Claudia Gorresen Mello, que decidiu, por votação unânime, julgar improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário exigido, nos termos da ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009, 01/01/2010 a 31/12/2010, 01/01/2011 a 31/12/2011 Fl. 1529DF CARF MF 4 CLASSIFICAÇÃO FISCAL. REGRAS DE INTERPRETAÇÃO. As Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado e as Regras Gerais Complementares são o suporte legal para a classificação de mercadorias na Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) Tarifa Externa Comum (TEC) e na Nomenclatura Brasileira de Mercadorias (NBM) Tabela do Imposto sobre Produtos Industrializados (TIPI). Pneumáticos novos, radiais, de borracha, para camionetas, furgões, vans, utilitários esportivos etc., classificamse no código da NCM/NBM 4011.99.90. CLASSIFICAÇÃO FISCAL. LAUDOS PERICIAIS. Os laudos periciais devem se ater aos aspectos técnicos, sendo que a classificação fiscal não é assim considerada. A competência administrativa para considerar correta, em caso concreto, a classificação fiscal de produto específico pertence às autoridades fiscais do quadro da SRF. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009, 01/01/2010 a 31/12/2010, 01/01/2011 a 31/12/2011 NULIDADE. AUTO DE INFRAÇÃO. ATOS ADMINISTRATIVOS VINCULADOS. FALTA DE MOTIVAÇÃO DO LANÇAMENTO. Descabe a alegação de falta de motivação para a lavratura de auto de infração quando as autoridades fiscais o fizeram indicando os pressupostos de fato e de direito em que se fundamentaram os lançamentos. PEDIDO DE DILIGÊNCIA. Indeferese o pedido de diligência quando prescindíveis novos meios de prova. 7. A contribuinte, intimada da decisão em 26/09/2014, mediante envio postal acompanhado de aviso de recebimento, interpôs, em 27/10/2014, recurso voluntário, situado às fls. 1477 a 1517, no qual reiterou as razões defendidas em sua impugnação unicamente quanto: (i) à classificação fiscal da mercadoria e (ii) ao pedido de perícia. É o relatório. Voto Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco Fl. 1530DF CARF MF Processo nº 10925.720209/201429 Acórdão n.º 3401003.498 S3C4T1 Fl. 1.529 5 8. O recurso voluntário é tempestivo e preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele tomo conhecimento. 1. PEDIDO DE DILIGÊNCIA PARA REALIZAÇÃO DE PERÍCIA TÉCNICA 9. Em síntese, a recorrente requereu a baixa em diligência para a realização de prova pericial nos termos do inciso IV do art. 16 do Decreto nº 70.235/1972, o que formulou nos seguintes termos, que recortamos das razões do seu recurso voluntário: 10. O acórdão de primeira instância administrativa indeferiu o requerimento de produção de prova pericial sob a alegação de que: (i) tal pedido não se coaduna com a natureza e finalidade do processo administrativo, pois realizado sem fundamento em causa justa e plausível; e (ii) há elementos suficientes nestes autos administrativos para o deslinde da questão. 11. De fato, o pedido é realizado de maneira genérica, sem especificar em nenhum momento qual aspecto técnico seria melhor esclarecido com a realização da prova pericial, chegando mesmo a afirmar que a diligência deveria trazer a "(...) tipificação, caracterização, e classificação" do produto, que se trata, justamente, da matéria controversa posta em debate, pretensão que se repete, em outras palavras no item "c" acima transcrito, e de maneira expressa no item "b" ao pretender "(...) tipificar, caracterizar e classificar". 12. Ademais, há de se ressaltar que os quesitos elaborados pela contribuinte na verdade confundem as respostas técnicas aptas a classificar as mercadorias segundo as regras da Convenção Internacional sobre o Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias com aquelas voltadas a periciar os elementos constitutivos do produto. Já nos pronunciamos a respeito do tema em declaração de voto apresentada no Fl. 1531DF CARF MF 6 Acórdão CARF nº 3401003.431, proferido em 28/03/2017, de relatoria do Conselheiro Augusto Fiel Jorge D'Oliveira: "A perícia não se volta à classificação, mas a subsidia na medida em que esclarece características do material a se classificar. Isto ocorre porque a decisão de vincular um produto a um código se trata de um típico ato de aplicação do direito, ou seja, uma atividade jurídica por excelência. O classificador se volta às regras e metaregras de seu repertório normativo, enquanto que o perito se volta aos elementos constitutivos do produto. Logo, indiferente é, ao profissional que realiza a perícia, a classificação correta, padecendo de qualquer propósito a pretensão veiculada acima de que, por meio de um laudo técnico, "tipifiquese" ou "classifiquese" o produto, pois não é tarefa do químico, do engenheiro ou do matemático aplicar o direito neste caso: podem participar da confecção da norma concreta, mas jungidos, restritos e atrelados a seu especialíssimo campo de atuação. Suas considerações técnicas acerca do produto deverão ser, sempre que pertinentes, acolhidas com redobrado interesse pelo direito, que envidará esforços para compreendêlas, mas quaisquer suposições no que pertine à sua inserção em uma ou outra posição da nomenclatura deverão ser relegadas ao esquecimento no momento da concreção normativa" (seleção e grifos nossos). 13. De outro lado, o art. 18 do Decreto nº 70.235/72 dispõe que a realização de diligências ou perícias é uma prerrogativa da autoridade julgadora, e não do impugnante, o que afasta a alegação de que o indeferimento de perícia consubstanciaria um cerceamento do direito de defesa: Decreto nº 70.235/72 "Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o art. 28 in fine". 14. Entendo, ao analisar o pedido de reabertura da fase de instrução formulado pela recorrente, que os quesitos por ela formulados pouco ou nada acrescerão à formação de minha convicção sobre o caso trazido a conhecimento, alinhandome à posição do julgador de primeira instância administrativa no sentido de que ela seria plenamente prescindível. A avaliação da necessidade de se realizar a perícia participa da esfera da discricionariedade do aplicador e, assim, façome acompanhar de precedentes deste Conselho, como se depreende da leitura do Acórdão nº 3201000.617, de 02/02/2011 (3ª Seção), do Acórdão nº 20501.497, de 03/02/2009 (2ª Seção), e do Acórdão nº 10323.470, de 28/05/2008 (1ª Seção). 15. Assim, pelas justificativas acima descritas, dadas as circunstâncias do caso concreto, com base no art. 18 do Decreto nº 70.235/72 e nos precedentes ora referenciados, voto pelo indeferimento do pedido de diligência e entendo, ademais, neste particular, não ter havido qualquer prejuízo à ampla defesa da recorrente. Fl. 1532DF CARF MF Processo nº 10925.720209/201429 Acórdão n.º 3401003.498 S3C4T1 Fl. 1.530 7 2. CLASSIFICAÇÃO FISCAL DA MERCADORIA 16. Concerne à questão de fundo deslindar se correta a classificação utilizada pela contribuinte (4011.20.90), ou se equivocada aquela proposta pela autoridade fiscal (4011.99.90): uma ou outra conclusão terá como efeito imediato a improcedência do auto de infração lavrado. 17. Para a contribuinte recorrente, a mercadoria deve ser classificada no Capítulo 40 ("Borracha e suas obras"), Posição 4011 ("Pneumáticos novos, de borracha"), Subposição 4011.20 ("Dos tipos utilizados em ônibus ou caminhões"), Item e Subitem 4011.20.90 ("Outros"), submetida, portanto, a uma alíquota de 2% de IPI. 18. Por outro lado, a autoridade fiscal, em que pese concordar com a classificação quanto ao Capítulo 40 ("Borracha e suas obras") e quanto à Posição 4011 ("Pneumáticos novos, de borracha"), discorda quanto aos seus sucedâneos, reputando como correta a Subposição, Item e Subitem 4011.99.90 ("Outros"), submetida, portanto, a uma alíquota de 15% de IPI. 19. Cabe, portanto, conceber se o produto objeto do presente debate se trata de um pneumático novo, de borracha utilizado em (i) ônibus e caminhões, como defende a contribuinte, ou (ii) camionetes e similares, como defende a autoridade fiscal. 20. Para se responder à indagação acima, recorrese, em primeiro lugar, à regras gerais de interpretação (RGI) estabelecidas no anexo da Convenção Internacional do Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de Mercadorias firmada em 1983, à qual o Brasil veio a aderir três anos depois, e que dão base à Tarifa Externa Comum (TEC) e internalizadas ao direito brasileiro por meio do Decreto Legislativo nº 71/1988 e promulgada por meio do Decreto nº 97.409/1988. Para tal análise, deverá o aplicador considerar, ainda, as notas explicativas do sistema harmonizado (NESH) que servem de orientação interpretativa até o nível das subposições, aprovadas pelo Decreto nº 435/1992, bem como as regras gerais complementares (RGC) da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) que, por seu turno, é fonte para a Nomenclatura Brasileira de Mercadorias (NBM) aplicáveis aos itens e subitens. 21. Quanto à classificação internacional, a inserção do produto no capítulo 40 ("borracha e suas obras") é incontroversa, encontrandose a discordância no que se refere à subposição de primeiro nível: 4011.20, reputada correta pela contribuinte, ou 4011.9, reputada correta pela autoridade fiscal. A se explorar a Nomenclatura Brasileira de Mercadorias que subsidia a Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados (TIPI), a posição 4011 se refere a "pneumáticos novos, de borracha". Em conformidade com a RGI nº 6, a classificação de mercadorias nas subposições é determinada pelo texto tanto destas subposições como das respectivas notas de subposição. Voltase o intento classificatório, a partir deste momento, à análise das mercadorias importadas: pneus novos de borracha das marcas: Kumho Tire, Goodride, Westlake e Linglong, com as seguintes medidas e modelos. conforme Relatório Fiscal, situado à fl. 44: Fl. 1533DF CARF MF 8 22. De acordo com a RGI nº 1, os títulos de seções, capítulos e subcapítulos têm valor meramente indicativo, devendo ser determinada a classificação de acordo com os textos das posições e notas. 23. Ressaltase, por outro lado, que, com amparo na Solução de Consulta SRRF da 9ª RF/DIANA nº 115/2007, produto similar, ainda que de outra marca (Hankook) foi classificado no Código 4011.99.90, nos seguintes termos: "Pneumático novo de borracha, codificação 205/75R16C110/108RD RA08, radial, do tipo sem câmaradear, com diâmetro de raio de 406,4mm (14"), com capacidade de carga correspondente a 8 lonas (D), que não apresenta banda de rodagem em forma de "espinha de peixe" ou semelhante, enquadrado no Manual de Normas Técnicas 20052006 da ALAPA (Associação Latino Americana de Pneus e Aros), na categoria de pneus para camionetas (que inclui camionetas, microônibus e utilitários), reconhecido no mercado internacional como pneumático para camionetas ("light trucks", "pickup"), furgões, vans, utilitários esportivos ("SUV") etc., e não enquadrado na categoria de pneumáticos para "ônibus ou caminhões", marca Hankook" (seleção e grifos nossos). Fl. 1534DF CARF MF Processo nº 10925.720209/201429 Acórdão n.º 3401003.498 S3C4T1 Fl. 1.531 9 24. Como se sabe, para se resolver a questão sob litígio, necessário o recurso às Notas Explicativas do Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de mercadorias (NESH). Uma vez que se trate de pneumático novo de borracha (posição 4011), a determinação deve se ater ao campo das subposições e, de acordo com a RGI nº 6, a classificação nas Subposições de uma mesma posição é realizada pelos textos dessas Subposições e pelas notas de Subposições respectivas. Ao se perscrutarem as subposições de primeiro nível da posição em referência, temse o seguinte quadro: "4011.10 Dos tipos utilizados em automóveis de passageiros (incluídos os veículos de uso misto e os automóveis de corrida); 4011.20 Dos tipos utilizados em ônibus ou caminhões; 4011.3 Dos tipos utilizados em veículos aéreos; 4011.40 Dos tipos utilizados em motocicletas; 4011.50 Dos tipos utilizados em bicicletas; 4011.6 Outros, com bandas de rodagem em forma de "espinha de peixe" e semelhantes; 4011.9 – Outros" (seleção e grifos nossos). 25. Diante deste quadro, a contribuinte alega, em suas razões recursais, que: (i) o Código de Trânsito Brasileiro se limita a definir caminhão como "veículo destinado a transporte de carga", o que não incluiria passageiros, transporte típico de ônibus ou semelhante; (ii) a ABNT, na NBR 9762:2005, item 2.5, define caminhão como "veículo automotor complementado com equipamento veicular que o torna apto a desempenhar os trabalhos de transporte a que se destina"; (iii) as Resoluções CONTRAN nº 291 e 292/2008, com alterações subseqüentes, e as Portarias DETRAN nº 1.100 e 1.101 definem caminhão como "veículo automotor complementado com equipamento veicular que o torna apto a desempenhar os trabalhos de transporte a que se destina se o peso bruto total (PBT) for superior a 3.500 kg"; (iv) que o Código Brasileiro de Trânsito define as categorias da habilitação para dirigir veículo automotor de acordo com o parâmetro de 3.500 kg, peso a partir do qual é exigida a "categoria C"; (v) que, de acordo com a posição oficial do Departamento Estadual de Trânsito de Santa Catarina, manifestada por meio de Ofício de 22/02/2012, caminhão é "veículo destinado ao transporte de carga com peso bruto maior do que três mil e quinhentos quilogramas". A partir de tal arrazoado, conclui a recorrente que a classificação correta dos pneumáticos em referência deve ser "utilizados em ônibus e caminhões", pois suportam carga superior a 3.500 kg. 26. Necessário se ressaltar que, em casos de classificação fiscal de mercadorias, ainda que inúmeras fontes subsidiárias possam ser utilizadas pelo aplicador, tais como pareceres, notas explicativas ou mesmo manuais de classificação, devese, em primeiro lugar, observância às RGI elaboradas pelo Conselho de Cooperação Aduaneira, complementadas pelas Regras Gerais Complementares (RGC) estabelecidas pela Coordenação Geral de Administração Aduaneira/Divisão de Nomenclatura e Divisão Fiscal (Coana/Dinom), pelo Grupo Mercado Comum e pela Associação LatinoAmericada de Integração (Aladi). Fontes periciais, manuais ou pareceres são importantes para elucidar a classificação a partir da perspectiva destas regras de classificação, não podendo jamais antecedêlas ou ocluílas. Neste sentido, de iluminar a interpretação dos textos das subposições, que a autoridade fiscal buscou subsidiar seu entendimento em informações da Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (ANIP), que confirmou que o produto objeto da controvérsia em análise se enquadra na categoria de "pneus para camionetas" de acordo com os padrões da Associação Latino Americana de Pneus e Aros (ALAPA) e de outras organizações internacionais, o que se Fl. 1535DF CARF MF 10 comprovou por meio do Manual ALAPA e, ainda em conformidade com os dados da Solução de Consulta SRRF da 9ª RF/DIANA nº 115/2007, o pneumático em referência se encontra relacionado no Capitulo 3 ("Pneus para Camionetas"). 27. Observese que caminho oposto foi eleito pela contribuinte ao iniciar o seu intento classificatório por meio da consulta aos dispositivos do Código de Trânsito Brasileiro, às normas da ABNT, às resoluções CONTRAN, às Portarias DETRAN, e à interpretação do Departamento Estadual de Trânsito de Santa Catarina. Caso houvesse se atentado, em primeiro lugar, às RGI, constataria que o emprego dos pneumáticos em veículos do tipo "camionetas" (ou equivalente) não é encontrado em nenhum momento nos textos das subposições da Posição 4011. Assim, correta a decisão recorrida ao destacar, da solução de consulta acima mencionada, o seguinte trecho, em tudo pertinente ao deslinde do caso: "(...) não há uma correlação direta entre essa categoria técnicocomercial de pneus e os desdobramentos da Nomenclatura do Sistema Harmonizado. Todavia, o consulente, com a ratificação da AN1P, ao que parece, interpretou a matéria de maneira analógica, comparandose a utilização "comercial" desses pneumáticos com aqueles utilizados por "ônibus ou caminhões" e, por conseguinte, fez o enquadramento da mercadoria na Subposição 4011.20. Pelo que foi informado, fabricantes nacionais e/ou outros importadores estariam procedendo da mesma maneira. A interpretação adotada, no entanto, está equivocada e não tem amparo legal. Isso porque, de acordo com a mencionada Regra Geral n° 6 do Sistema Harmonizado, na Subposição 4011.20 só podem ser incluídos os artigos que sejam abrangidos pelo seu texto (ou dizeres). Nesse código, portanto, só podem ser classificados os pneumáticos especificamente concebidos para ônibus ou caminhões, o que não é o caso dos pneumáticos para camionetas e similares" (seleção e grifos nossos). 28. A reclassificação da mercadoria para o código 4011.99.90 foi, portanto, esclarecida por meio dos questionamentos realizados à ANIP, que concluiu que os pneumáticos se enquadravam na categoria "pneus para camionetas", o que é consentâneo com o entendimento da ALAPA, bem como "(...) pelas informações extraídas dos sítios na internet dos três maiores fabricantes/importadores (Michelin, Pirelli e Goodyear)", pois há, em tais loci, especificação de categoria apartada para ônibus e caminhões. 29. Os fundamentos trazidos pela contribuinte passam completamente ao largo das regras e metaregras ínsitas à Nomenclatura do Sistema Harmonizado e, ainda que construa a definição de "caminhão" com base nos termos da Portaria DETRAN nº 1.101/2011, mesmo que em perfeita harmonia com o Código de Trânsito Brasileiro, tais diplomas, em que pese sua irrefutável importância para outros momentos de aplicação do direito, não vinculam a classificação fiscal e, observese, tampouco a infirmam no presente caso, o que se, caso ocorresse, permitiria se cogitar eventual ofensa ao art. 110 do Código Tributário Nacional no sentido de que a lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado para definir ou limitar competências tributárias. Não se trata, nem de longe, deste caso, e tampouco foi este o sentido da argumentação sustentada na peça recursal. 30. Correta, portanto, a classificação indicada pela autoridade fiscal, devendo ser aplicada a Subposição, Item e Subitem 4011.99.90 ("Outros") ao produto em Fl. 1536DF CARF MF Processo nº 10925.720209/201429 Acórdão n.º 3401003.498 S3C4T1 Fl. 1.532 11 análise e, assim, voto negar provimento ao recurso voluntário interposto naquilo que concerne à classificação fiscal da mercadoria. Pelo exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário, devendo ser mantido o crédito tributário correspondente. Leonardo Ogassawara de Araújo Branco Relator Fl. 1537DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13888.900252/2014-58
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jun 19 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Data do fato gerador: 25/02/2011
PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITOS DE IPI PAGOS INDEVIDAMENTE OU A MAIOR COM DÉBITOS DA COFINS. AUSÊNCIA DE PROVAS DO CONTRIBUINTE. ÔNUS QUE LHE INCUMBE. RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO.
Contribuinte que pede compensação, instruindo seu pedido com a DCOMP; sobrevindo decisão dizendo que não há mais créditos a serem aproveitados tem o dever de provar a sua existência por outros meios, dentre outros, por intermédio de DARF, DCTF, Livro de Apuração e Registro do IPI, mas não o fez.
Numero da decisão: 3401-003.658
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado.
ROSALDO TREVISAN - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente da turma), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente), Robson José Bayerl, Eloy Eros da Silva Nogueira, Augusto Fiel Jorge O'Oliveira, Fenelon Moscoso de Almeida, André Henrique Lemos (relator) e Tiago Guerra Machado.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado. ROSALDO TREVISAN - Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente da turma), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente), Robson José Bayerl, Eloy Eros da Silva Nogueira, Augusto Fiel Jorge O'Oliveira, Fenelon Moscoso de Almeida, André Henrique Lemos (relator) e Tiago Guerra Machado.
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CRÉDITOS DE IPI PAGOS INDEVIDAMENTE OU A MAIOR COM DÉBITOS DA COFINS. AUSÊNCIA DE PROVAS DO CONTRIBUINTE. ÔNUS QUE LHE INCUMBE. RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO. Contribuinte que pede compensação, instruindo seu pedido com a DCOMP; sobrevindo decisão dizendo que não há mais créditos a serem aproveitados tem o dever de provar a sua existência por outros meios, dentre outros, por intermédio de DARF, DCTF, Livro de Apuração e Registro do IPI, mas não o fez. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado. ROSALDO TREVISAN Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente da turma), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente), Robson José Bayerl, Eloy Eros da Silva Nogueira, Augusto Fiel Jorge O'Oliveira, Fenelon Moscoso de Almeida, André Henrique Lemos (relator) e Tiago Guerra Machado. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 90 02 52 /2 01 4- 58 Fl. 63DF CARF MF Processo nº 13888.900252/201458 Acórdão n.º 3401003.658 S3C4T1 Fl. 3 2 Versam os autos sobre PER/DCOMP cujo direito creditório alegado seria oriundo de recolhimento indevido do IPI, a ser compensado com débito de tributo administrado pela RFB. O despacho decisório não homologou a compensação em razão do recolhimento indevido já ter sido integralmente quitado com outros débitos do contribuinte. O contribuinte apresentou tempestivamente sua manifestação de inconformidade, arguindo várias nulidades, mormente que o aludido Despacho não teria fundamentação, teria se desviado de sua finalidade e lhe causado cerceamento de defesa. Sobreveio decisão da DRJ de Ribeirão Preto/SP, na qual, por unanimidade de votos, julgou improcedente a manifestação de inconformidade, cuja ementa possui o seguinte teor: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Data do fato gerador: 25/02/2011 NULIDADES. As causas de nulidade no âmbito do processo administrativo fiscal são somente aquelas elencadas na legislação de regência. O Despacho Decisório devidamente fundamentado é regularmente válido. RESTITUIÇÃO. COMPENSAÇÃO. A homologação das compensações declaradas requer créditos líquidos e certos contra a Fazenda Nacional. Não caracterizado o pagamento indevido, não há créditos para compensar com os débitos do contribuinte. ÔNUS DA PROVA. Cabe à defesa o ônus da prova dos fatos modificativos, impeditivos ou extintivos da pretensão fazendária. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido A contribuinte interpôs tempestivamente o seu recurso voluntário, asseverando que a decisão não levou em consideração, nas razões de decidir a eficácia dos princípios constitucionais da motivação dos atos administrativos e da ampla defesa, impedindo que a Recorrente apresentasse defesa, bem como demonstrasse a existência do crédito, requerendo a nulidade da decisão, vez que não lhe foi oportunizado conhecer os motivos pelos quais sua compensação não foi homologada. É o relatório. Voto Fl. 64DF CARF MF Processo nº 13888.900252/201458 Acórdão n.º 3401003.658 S3C4T1 Fl. 4 3 Conselheiro Rosaldo Trevisan Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3401003.652, de 25 de abril de 2017, proferido no julgamento do processo 13888.900243/201467, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3401003.652): Como se viu do relatório, o presente recurso voluntário visa a nulidade da decisão da DRJ de Ribeirão Preto/SP, entendendo que esta não restou motivada, implicando seu cerceamento de defesa. Não merece prosperar as alegações da Recorrente. A uma, disse o Despacho Decisório: A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. A duas, mencionou expressamente a decisão de piso que a Recorrente não trouxe qualquer prova (DARF, DCTF, Livro de Apuração e Registro do IPI), indício ou justificativa que permitisse comprovar o alegado recolhimento indevido. A propósito, merece destaque parte do voto do e. relator: Inicialmente vale verificar o que consta no Despacho Decisório, devidamente assinado pela autoridade competente: A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Ou seja, o alegado pagamento indevido não foi restituído porque já tinha sido utilizado para quitar outros débitos. Com efeito, se há erro nos arquivos da Receita, bastaria o interessado juntar a idônea e hábil documentação contraditória (DARF, DCTF e Livro de Apuração e Registro do IPI), até em homenagem o princípio da verdade material tanto invocado, sendo que, se tratam de declarações e livros cuja boa guarda e apresentação imediata estão legalmente determinadas. A manifestação do interessado não traz qualquer prova, indício ou mesmo justificativa que permita comprovar o alegado Fl. 65DF CARF MF Processo nº 13888.900252/201458 Acórdão n.º 3401003.658 S3C4T1 Fl. 5 4 recolhimento indevido, limitandose, tão somente a colecionar julgados e doutrinas sobre nulidades. Considerando que nos sistemas da Secretaria da Receita Federal do Brasil, consta que os valores recolhidos no indigitado DARF já foram utilizados para quitar outros débitos e nada o contribuinte a isto contrapõe, não há o que reconsiderar ou anular, sendo que não se justifica a falta de apresentação de documentos que provassem seu direito creditório, na medida que a alegação de cerceamento da defesa não se sustenta. A três, vêse que a decisão fora motivada, embora cingiramse as assertivas da Recorrente apenas e tão somente na juntada da DCOMP, informando que detinha um crédito de IPI, oriundo de pagamento indevido, o qual seria compensado com débitos da COFINS. A quatro, temse que, sobrevindo a decisão da manifestação de inconformidade, deveria a Recorrente fazer prova deste suposto pagamento indevido ou a maior do IPI, conforme determinava o artigo 333 do CPC, vigente à época ademais, como ressalvada pela decisão da DRJ , porém, quedou silente a contribuinterecorrente. A quinto, o processo há de vir devidamente instruído para que o Colegiado possa apreciálo, de modo que, diante da ausência de qualquer prova, a conclusão que se chega é que a decisão de piso não merece reparos. Não maiores ilações a serem feitas e diante da ausência de provas, voto em negar provimento ao recurso voluntário. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (Assinado com certificado digital) Rosaldo Trevisan Fl. 66DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.670505/2009-78
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 10 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Jun 14 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2007, 2008
GANHO DE CAPITAL. PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. REVOGAÇÃO DA ISENÇÃO CONCEDIDA NO DECRETO-LEI Nº 1.510, DE 1976.
A isenção prevista no artigo 4º do DecretoLei nº 1.510, de 1976, por ter sido expressamente revogada pelo artigo 58 da Lei nº 7.713, de 1988, não se aplica a fato gerador (alienação) ocorrido a partir de 1º de janeiro de 1989 (vigência da Lei nº 7.713, de 1988), pois inexiste direito adquirido a regime jurídico.
RESTITUIÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO.
O contribuinte somente tem direito à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, quando restar comprovado erro ou recolhimento indevido do crédito tributário.
Numero da decisão: 2202-003.854
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso, vencidos os Conselheiros Martin da Silva Gesto (Relator), Junia Roberta Gouveia Sampaio e Dilson Jatahy Fonseca Neto, que deram provimento integral ao recurso. Foi designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Marco Aurélio de Oliveira Barbosa.
(assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente e Redator designado
(assinado digitalmente)
Martin da Silva Gesto - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurelio de Oliveira Barbosa, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Martin da Silva Gesto, Cecilia Dutra Pillar e Marcio Henrique Sales Parada. Ausente justificadamente Rosemary Figueiroa Augusto.
Nome do relator: MARTIN DA SILVA GESTO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2007, 2008 GANHO DE CAPITAL. PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. REVOGAÇÃO DA ISENÇÃO CONCEDIDA NO DECRETO-LEI Nº 1.510, DE 1976. A isenção prevista no artigo 4º do DecretoLei nº 1.510, de 1976, por ter sido expressamente revogada pelo artigo 58 da Lei nº 7.713, de 1988, não se aplica a fato gerador (alienação) ocorrido a partir de 1º de janeiro de 1989 (vigência da Lei nº 7.713, de 1988), pois inexiste direito adquirido a regime jurídico. RESTITUIÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO. O contribuinte somente tem direito à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, quando restar comprovado erro ou recolhimento indevido do crédito tributário.
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PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. REVOGAÇÃO DA ISENÇÃO CONCEDIDA NO DECRETOLEI Nº 1.510, DE 1976. A isenção prevista no artigo 4º do DecretoLei nº 1.510, de 1976, por ter sido expressamente revogada pelo artigo 58 da Lei nº 7.713, de 1988, não se aplica a fato gerador (alienação) ocorrido a partir de 1º de janeiro de 1989 (vigência da Lei nº 7.713, de 1988), pois inexiste direito adquirido a regime jurídico. RESTITUIÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO. O contribuinte somente tem direito à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, quando restar comprovado erro ou recolhimento indevido do crédito tributário. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso, vencidos os Conselheiros Martin da Silva Gesto (Relator), Junia Roberta Gouveia Sampaio e Dilson Jatahy Fonseca Neto, que deram provimento integral ao recurso. Foi designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Marco Aurélio de Oliveira Barbosa. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente e Redator designado (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 67 05 05 /2 00 9- 78 Fl. 780DF CARF MF Processo nº 10880.670505/200978 Acórdão n.º 2202003.854 S2C2T2 Fl. 781 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurelio de Oliveira Barbosa, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Martin da Silva Gesto, Cecilia Dutra Pillar e Marcio Henrique Sales Parada. Ausente justificadamente Rosemary Figueiroa Augusto. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto nos autos do processo nº 10880.670505/200978, em face do acórdão nº 1757.670, julgado pela 7ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo (DRJ/SP2) no qual os membros daquele colegiado entenderam por julgar improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pelo contribuinte. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da DRJ de origem que assim os relatou: O contribuinte acima identificado, apresentou, em 4/01/2010, manifestação de inconformidade de fls. 12/33, discordando do Despacho Decisório exarado pela DERAT/São Paulo (fl. 09), que indeferiu o pedido de restituição no valor total de R$ 325.070,68, em 10/12/2009, por inexistência do crédito. Por intermédio da manifestação de inconformidade de fls. 12/33, o interessado argumenta, em síntese, que: 1) Trata o presente processo administrativo de pedido de restituição apresentado, por meio eletrônico, relativamente aos valores recolhidos indevidamente a titulo de Imposto de Renda Pessoa Física IRPF, incidente sobre o ganho de capital na venda da participação societária, nos anos de 2007 e 2008, adquirida anteriormente ao prazo de 5 anos a contar da vigência da Lei 7.713/88. 2) O Recorrente detinha o direito à nãoincidência do IRPF conferida pelo DecretoLei 1510/76, art. 4º , letra "d", em razão do direito adquirido à nãoincidência do IRPF na alienação da participação societária. 3) O Despacho Decisório é completamente nulo pelas seguintes razões: o recorrente deixou de ser intimado a apresentar documentação que comprove seu direito a restituição; a motivação da Delegacia de São Paulo fundouse apenas no conteúdo do Pedido Eletrônico de Restituição – PER/DCOMP; e a impossibilidade de acostar documentos e o conteúdo simplista e genérico do despacho decisório suprime o direito a ampla defesa do recorrente. 4) A Lei nº 7.984/1999, art. 3º, prevê que o contribuinte tem direito à apresentação de documentos antes da decisão Fl. 781DF CARF MF Processo nº 10880.670505/200978 Acórdão n.º 2202003.854 S2C2T2 Fl. 782 3 administrativa e a IN nº 900/2008 revela que a autoridade competente deve intimar o contribuinte a comprovar o seu direito de crédito. 5) A Constituição Federal de 1988, juntamente com a Lei nº 7.984/1999, revela que o ato administrativo deve obedecer ao princípio da motivação e “....os atos administrativos, dentre os quais se encontram as decisões proferidas pelos julgadores administrativos, precisam, necessariamente, serem motivados.” 6) O ilustre Prof. Diógenes Gasparini esclarece que “devem ser mencionadas para prática de qualquer ato administrativo as razões de fato e de direito que levaram a Administração a proceder daquele modo”. Porém a DRF/SP não fundamentou especificamente o despacho decisório, mas tão somente indeferiu o pedido de restituição por “inexistência de crédito”. 7) “Essas imperfeições no processo administrativo decorrentes da ausência de intimação do Recorrente e deficiência da motivação do despacho decisório, acarretam, outrossim, na nulidade pela afronta ao primado da ampla defesa.” 8) A Magna Carta, a Lei nº 7.984/1999 4 e o Decreto n° 70.235/1972 são claros ao dizer que o desrespeito à ampla defesa é causa de nulidade da decisão administrativa. 9) A jurisprudência do Conselho de Contribuintes, atual Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, é unânime quanto à nulidade de despacho decisório que deixa de analisar os fatos, possui motivação deficiente e suprime o direito de defesa do contribuinte. 10) O recorrente, desde 25/08/1983, era titular de cotas do capital da empresa Unidade Radiológica Paulista Clinica de Diagnóstico por Imagem S/C Ltda. URP (originalmente denominada CLIDIM — Clinicas de Diagnóstico por Imagem S/C Ltda.). Pelo contrato de venda e compra, de 14 de fevereiro de 2006, alienou a participação na Unidade Radiológica Paulista Clinica de Diagnóstico por Imagem S/C • Ltda. URP, cujo preço total foi fixado pelo montante equivalente a R$ 3.204.000,00 (três milhões, duzentos e quatro mil reais), compreendendo a parte pertencente ao Recorrente, recebido de forma parcelada. 11) Como se pode atestar de todas as alterações contratuais da empresa, o Recorrente foi proprietário da participação societária da Unidade Radiológica Paulista Clinica de Diagnóstico por Imagem S/C Ltda. URP de 1983 a 2006. 12) Por decorrência do recebimento das parcelas da venda da participação societária, o Recorrente recolheu IRPF sobre ganho de capital no período de 2006 a 2008. Em relação aos recolhimentos de IRPF realizados no período de 2006, o Recorrente apresentou PER/DCOMP própria, que ainda tramita na DRF/SP, sob n° 10962.19550.210507.2.2.040010, motivo pelo qual eles não fazem parte do presente pedido. Fl. 782DF CARF MF Processo nº 10880.670505/200978 Acórdão n.º 2202003.854 S2C2T2 Fl. 783 4 13) No que tange aos recolhimentos feitos em 2007 e 2008, que são objeto do presente pedido, o Recorrente apresentou as Declarações de IRPF, com os demonstrativos de apuração do ganho de capital, decorrentes da alienação da participação societária da Unidade Radiológica Paulista Clinica de Diagnóstico por Imagem S/C Ltda. 14) Por conta dessa referida operação de tributação exclusiva com ganho de capital e do recebimento parcelado do preço, o Recorrente recolheu IRPF nos anos de 2007 e 2008 (docs. 24 a 44), como comprovam as seguintes cópias autenticadas das guias de recolhimento: RECOLHIMENTO DATA VALOR TOTAL (R$) 29/01/2007 6.794,71 26/02/2007 6.794,71 26/03/2007 87.743,71 29/04/2007 6.794,71 29/05/2007 6.794,71 29/06/2007 6.794,71 27/07/2007 6.794,71 29/08/2007 6.794,71 28/09/2007 5.489,12 31/10/2007 5.501,79 28/11/2007 5.518,26 26/12/2007 5.531,52 31/01/2008 5.540,18 28/02/2008 5.561,84 27/03/2008 86.524,17 30/04/2008 5.581,60 30/05/2008 1.837,42 30/06/2008 1.845,67 30/07/2008 3.041,62 29/08/2008 3.041,62 30/09/2008 54.749,19 TOTAL NOMINAL 230.532,26 15) Constatase, dessa maneira, que o pedido de restituição é referente ao IRPF recolhido sobre o ganho de capital da venda de participação societária da Unidade Radiológica Paulista Clinica de Diagnóstico por Imagem S/C Ltda. URP relativo às parcelas recebidas nos anos de 2007 e 2008. 16) Temse que a participação societária na empresa URP foi adquirida anteriormente ao prazo de 5 (cinco) anos a contar da vigência da Lei 7.713/88 e, por isso, o Recorrente acredita que possui o direito à nãoincidência do IRPF, prevista no Decreto Lei 1.510/76, art. 4 0 ,"d", e à devolução dos valores recolhidos na operação. 17) “...a nãoincidência do IRPF, depois de cumprida a condição do DecretoLei 1.510/76 (art. 4° , "d"), passou a fazer parte do patrimônio do Recorrente, e, com base no comando constitucional do respeito ao direito adquirido, não há como incidir o tributo, independentemente do momento da venda.” Fl. 783DF CARF MF Processo nº 10880.670505/200978 Acórdão n.º 2202003.854 S2C2T2 Fl. 784 5 18) Estão relacionados na Lei Maior os direitos fundamentais do cidadão, que devem ser respeitados por toda a coletividade, incluindose as pessoas políticas (Unido, Estados, Distrito Federal e Municípios), estando inserido o direito adquirido entre as garantias fundamentais. A Lei de Introdução ao Código Civil —recepcionada pela Constituição Federal de 1988 — também cuidou de consagrar o direito adquirido. 19) Nesse sentido, temse lição de José Afonso da Silva, de Plácido e Silva e da Profª. Maria Helena Diniz. 20) O não exercício do direito não significa que tenha este perecido por ocasião da nova ordem normativa, entendimento confirmado por Celso Antonio Bandeira de Mello. 21) “No caso em apreço, ao preencher o critério necessário ao direito à nãoincidência Do IRPF — qual seja, ser titular, pelo prazo de 05 anos, da propriedade da participação societária — o Recorrente cumpriu a condição indispensável e necessária ao usufruto da intangibilidade fiscal.” 22) “...o Recorrente poderia exercer tal direito a qualquer tempo; ou seja, a nãoincidência do IRPF seria verificada quando fosse alienada a participação societária, que poderia ocorrer até mesmo depois do advento da Lei n° 7.713/88, como de fato ocorreu.” 23) A matéria acerca da não incidência do IRPF na constância do cumprimento da condição prevista no DecretoLei 1.510/76, se encontra totalmente pacificada no âmbito da jurisprudência administrativa e judicial. Observase acórdãos das Delegacias da Receita Federal de Julgamento, do atual Conselho Administrativo de Recursos Fiscais e da Câmara Superior de Recursos Fiscais e decisões do Superior Tribunal de Justiça. Diante de todo o exposto, requer: a) A restituição integral do valor recolhido indevidamente a título de Imposto de Renda Pessoa Física em 2007 e 2008, decorrentes da venda de participação societária, devidamente atualizada pela taxa Selic. b) Prioridade no julgamento da manifestação em razão do disposto no art. 71, § 3º, da Lei nº 10.741/2003. A DRJ de origem entendeu pela improcedência da manifestação de inconformidade apresentada pelo contribuinte. Inconformado, o contribuinte apresentou recurso voluntário às fls. 634/659, reiterando as alegações expostas em manifestação de inconformidade. O contribuinte juntou aos autos cópia de acórdãos de decisões proferidas pelo STJ na mesma matéria, bem como deste Conselho, a fim de embasar suas alegações. Em relação ao mérito, entendeu a DRJ que não há direito adquirido a regimes jurídicos, reforçando seu posicionamento com base no art. 144 do Código Tributário Nacional. Quanto à restituição, em razão da inexistência de crédito, não foi dado razão ao pedido do interessado. Fl. 784DF CARF MF Processo nº 10880.670505/200978 Acórdão n.º 2202003.854 S2C2T2 Fl. 785 6 É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Martin da Silva Gesto Relator O recurso voluntário foi apresentado dentro do prazo legal, reunindo, ainda, os demais requisitos de admissibilidade. Portanto, dele conheço. Conforme se depreende da análise dos autos, tratase de pedido de restituição de Imposto sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF, incidente sobre ganho de capital auferido na alienação de participação societária, que permanecem no patrimônio do contribuinte por mais de cinco anos durante a vigência do Decretolei nº 1.510, de 1976, ocorrendo, porém, a alienação após a revogação da norma isentiva pela Lei nº 7.713/88. Em suas razões recursais, pretende o contribuinte a reforma do decisum guerreado, asseverando ter contrariado entendimento de diversas Câmaras do CARF, assim como, da 2a. Câmara Superior de Recursos Fiscais, a respeito da mesma matéria, conforme se extrai do Acórdão nº CSRF/0103.725. A fazer prevalecer seu entendimento, sustenta que os documentos colacionados aos autos comprovam que a contribuinte foi titular da participação societária da empresa em epígrafe durante 05 (cinco) anos, quando da vigência do DecretoLei nº 1.510/76, fazendo jus, assim, ao direito adquirido contemplado por aquele diploma legal, independentemente deste ter sido alterado posteriormente, revogando a isenção sob análise. Consoante se verifica dos elementos que instruem o processo, os argumentos do contribuinte têm o condão de reformar o Acórdão atacado, por representar a melhor interpretação a propósito do tema, garantindo a segurança jurídica em homenagem ao direito adquirido à isenção de ganho de capital sobre a alienação de participação societária, posteriormente à vigência do DecretoLei nº 1.510/76, conquanto que tenha permanecido com a propriedade de sua participação por 05 (cinco) anos durante o período de validade de aludido Diploma Legal, impondo o acolhimento do pleito do Recorrente e, com o fito de se restabelecer a ordem legal nesse sentido. Com efeito, a Colenda 2a. Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais já se manifestou em diversas ocasiões a respeito da matéria, oferecendo guarida ao requerimento do contribuinte, conforme se extrai do excerto do voto do ilustre Conselheiro Gonçalo Bonet Allage, acolhido de forma unânime, exarado nos autos do processo nº 10875.004768/0054, Acórdão nº 9202.00.102, o qual peço vênia para transcrever e adotar como razões de decidir, in verbis: “Segundo a recorrente, como a alienação ocorreu após a revogação da isenção prevista pelo Decretolei n° 1.510/76 e inexiste direito adquirido no caso, estão corretos os recolhimentos efetuados e não merece prosperar o pedido de restituição. Eis a matéria em litígio. Pois bem, o artigo 4°, alínea “d”, do Decretolei n° 1.510/76, que tratou, entre outros temas, da tributação de resultados obtidos na venda de participações societárias por pessoas físicas, estabeleceu o seguinte: Fl. 785DF CARF MF Processo nº 10880.670505/200978 Acórdão n.º 2202003.854 S2C2T2 Fl. 786 7 Art. 4°. Não incidirá o imposto de que trata o art. 1°: (...) d) nas alienações efetivadas após decorrido o período de 5 (cinco) anos da data da subscrição ou aquisição da participação. Este benefício fiscal foi revogado pelo artigo 58 da Lei n° 7.713/88. No caso, é incontroverso que o contribuinte recebeu por doação participações societárias em 22/08/1979 e em 15/04/1983, tendoas alienado em 14/05/1996. Com isso, ele faz jus a tal benefício? Penso que sim, de modo que a decisão recorrida merece ser confirmada. Sob minha ótica, o benefício fiscal previsto no Decretolei n° 1.510/76 tinha por objetivo excluir da tributação os ganhos auferidos quando da alienação de participações societárias, após decorrido o prazo de cinco anos da aquisição ou subscrição das participações. Salvo melhor juízo, esta foi a intenção do legislador. Nesse sentido, não se pode olvidar que ao tempo da edição da Lei n° 7.713/88, o interessado já havia cumprido a exigência prevista no artigo 4°, alínea “d”, do Decretolei n° 1.510/76, pois era proprietário das ações da empresa Pardelli S.A. Indústria e Comércio desde 22/08/1979 e 15/04/1983, quando as recebeu por doação. Entendo que a incidência do imposto de renda pessoa física sobre o ganho de capital apurado na alienação de participações societárias não se aplica quando tais ações foram adquiridas há mais de cinco anos contados do início de vigência da Lei n° 7.713/88, como ocorre no caso em tela. Devese respeitar o direito adquirido, previsto no artigo 5°, inciso XXXVI, da Constituição Federal e no artigo 6° da Lei de Introdução ao Código Civil – LICC. Segundo De Plácido e Silva1,: ... direito adquirido quer significar o direito que já se incorporou ao patrimônio da pessoa, já é de sua propriedade, já constitui um bem, que deve ser judicialmente protegido contra qualquer ataque exterior, que ouse ofendêlo ou turbálo. (...) O direito adquirido tira a sua existência dos fatos jurídicos passados e definitivos, quando o seu titular os pode exercer. No entanto, não deixa de ser adquirido o direito, mesmo quando o seu exercício depende de um termo prefixado ou de uma condição preestabelecida, inalterável a arbítrio de outrem. Por isso, sob o ponto de vista da retroatividade das leis, não somente se consideram adquiridos os direitos aperfeiçoados ao tempo em que se promulga a lei 1 Vocabulário Jurídico / atualizadores: Nagib Slaibi Filho e Gláucio Carvalho Rio de Janeiro, 27. ed., 2008, p. 464. Fl. 786DF CARF MF Processo nº 10880.670505/200978 Acórdão n.º 2202003.854 S2C2T2 Fl. 787 8 nova, como os que estejam subordinados a condições ainda não verificadas, desde que não se indiquem alteráveis ao arbítrio de outrem. Sob minha ótica, a edição da Lei n° 7.713/88 não pode prejudicar o direito do contribuinte previsto no artigo 4°, alínea “d”, do Decretolei n° 1.512/76, apenas pelo fato de a alienação da participação societária não ter ocorrido anteriormente, ou seja, antes da revogação do benefício fiscal. A posição defendida por este julgador é corroborada pela jurisprudência amplamente majoritária do extinto e Egrégio Conselho de Contribuintes e da Câmara Superior de Recursos Fiscais, conforme ilustram as ementas dos seguintes acórdãos: IRPF – PARTICIPAÇÕES SOCIETÁRIAS – DIREITO ADQUIRIDO – DECRETOLEI 1.510/76 – Não incide imposto de renda na alienação de participações societárias integrantes do patrimônio do contribuinte há mais de cinco anos, nos termos do art. 4º, alínea d, do DecretoLei 1.510/76 a época da publicação da Lei de nº 7.713, em decorrência do direito adquirido. Recurso especial negado. (CSRF, Quarta Turma, Recurso n° 102134.080, Acórdão CSRF/0400.215, Relator Conselheiro Wilfrido Augusto Marques, julgado em 14/03/2006) IRPF – PARTICIPAÇÕES SOCIETÁRIAS – AQUISIÇÃO SOBRE OS EFEITOS DA HIPÓTESE DE NÃO INCIDÊNCIA PREVISTOS NO ART. 4º, ALÍNEA "d" DO DECRETOLEI 1.510/76 – DIREITO ADQUIRIDO A ALIENAÇÃO SEM TRIBUTAÇÃO MESMO NA VIGÊNCIA DE LEGISLAÇÃO POSTERIOR ESTABELECENDO A HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA (LEI 7.713/88) – Se a pessoa Física titular da participação societária, sob a égide do artigo 4º "d", do DecretoLei 1.510/76, subsequentemente ao período de 5 (cinco) anos da aquisição da participação, alienoua, ainda que legislação posterior ao decurso do prazo de 5 (cinco) anos tenha transformado a hipótese de não incidência em hipótese de incidência, não torna aquela alienação tributável, prevalecendo, sob o manto constitucional do direito adquirido o regime tributário completado na vigência da legislação anterior que afastava qualquer hipótese de tributação. (CSRF, Primeira Turma, Recurso n° 106013.824, Acórdão CSRF/0103.725, Redator Designado Conselheiro Victor Luís de Salles Freire, julgado em 18/02/2002) IMPOSTO SOBRE GANHO DE CAPITAL PARTICIPAÇÕES SOCIETÁRIAS ISENÇÃO Participações societárias com mais de cinco anos sob a titularidade de uma mesma pessoa, completados até 31.12.88, trazem a marca de bens exonerados do pagamento do imposto sobre ganho de capital, na forma do Fl. 787DF CARF MF Processo nº 10880.670505/200978 Acórdão n.º 2202003.854 S2C2T2 Fl. 788 9 art. 4º letra d, do DL 1.510/76, sendo irrelevante que a alienação tenha ocorrido já na vigência da Lei nº. 7.713/88. IRPF PARTICIPAÇÕES SOCIETÁRIAS DIREITO ADQUIRIDO DECRETOLEI 1.510/76 Não incide imposto de renda na alienação de participações societárias integrantes do patrimônio do contribuinte há mais de cinco anos, nos termos do art. 4º, alínea d, do Decretolei 1.510/76 a época da publicação da Lei de nº. 7.713, em decorrência do direito adquirido. DISPONIBILIDADE ECONÔMICA. De ser afastada a alegação de que parte dos valores foram recebidos e posteriormente depositados em conta especial, sem permitir ao contribuinte a disponibilidade econômica e jurídica sobre o valor tributado, já que a estipulação efetuada entre as partes, comprador e vendedor das ações, não modificou a natureza da forma de pagamento. Recurso provido. (Primeiro Conselho, Segunda Câmara, Recurso Voluntário n° 158.393, Acórdão n° 10249.306, Relatora Conselheira Vanessa Pereira Rodrigues, julgado em 08/10/2008) AQUISIÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA SOB A ÉGIDE DO DECRETOLEI Nº. 1510, DE 1976 ALIENAÇÃO NA VIGÊNCIA DE NOVA LEI REVOGADORA DO BENEFÍCIO DIREITO ADQUIRIDO PAGAMENTO INDEVIDO RESTITUIÇÃO A alienação de participação societária adquirida sob a égide do art. 4°, alínea "d", do Decretolei nº. 1.510, de 1976, após decorridos cinco anos da aquisição, não constitui operação tributável, ainda que realizada sob a vigência de nova lei revogadora do benefício, tendo em vista o direito adquirido, constitucionalmente previsto. Implementada a condição antes da revogação da lei que concedia o benefício, os pagamentos porventura efetuados são indevidos, portanto passíveis de restituição. Recurso provido. (Primeiro Conselho, Quarta Câmara, Recurso Voluntário n° 147.557, Acórdão n° 10421.519, Relator Conselheiro Nelson Mallmann, julgado em 26/04/2006) Entendo, portanto, que a decisão recorrida merece ser confirmada. Diante do exposto, voto por negar provimento ao recurso da Fazenda Nacional.” Na hipótese dos autos, tendo o contribuinte permanecido com sua participação societária por mais de cinco anos, durante a vigência do DecretoLei nº 1.510/1976, não há que se falar em expectativa de direito, mas, sim, em direito adquirido, tendo em vista o cumprimento dos pressupostos legais para fruição da isenção no decorrer do período regido pela legislação referida. Fl. 788DF CARF MF Processo nº 10880.670505/200978 Acórdão n.º 2202003.854 S2C2T2 Fl. 789 10 Destarte, o fato de a alienação de sua participação societária ter ocorrido sob o manto dos preceitos insculpidos na Lei nº 7.713/88, não tem o condão de rechaçar o seu direito adquirido. Como muito bem asseverou o contribuinte há de se observar o princípio do tempus regit actum, implicando dizer que a contribuinte adquiriu o direito de gozar de aludida benesse fiscal no período em que vigia a norma isentiva, não sendo possível a alteração introduzida pela Lei nº 7.713/88 retroagir de maneira a alcançar fato jurídico perfeito e acabado. Portanto, fazendo jus a isenção de imposto de renda, deve ser deferido o pedido de restituição do contribuinte. Conclusão. Ante o exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto Relator Voto Vencedor Conselheiro Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Redator designado. Inobstante o bem fundamentado voto do Relator, peço vênia para divergir. Tratase de Pedido de Restituição em função de alegada isenção de IRPF sobre o ganho de capital na alienação de participação societária estabelecida no art. 4º, "d", do DecretoLei nº 1.510/1976. O Contribuinte pleiteia seu direito, sob a alegação de ter direito adquirido, uma vez que já possuía as ações há mais de 5 (cinco) anos quando da revogação pela Lei nº 7.713/1988. Como já é sabido, o dispositivo em referência foi revogado pela Lei nº 7.713, de 23 de dezembro de 1988. A controvérsia reside em saber se a revogação citada alcança o ganho de capital obtido em alienações efetuadas após 1º/01/1989, desde que, naquela data, a participação societária já contasse com mais de cinco anos no domínio do alienante. Nessa matéria, entendo que as alienações em apreço ocorreram já sob a égide da Lei nº 7.713/1988, que restabeleceu a tributação desse ganho de capital. Vejase que o artigo 58 dessa lei revogou expressamente, sem qualquer ressalva, o art. 4º, "d", do DecretoLei nº 1.510/1976, que dispunha sobre a isenção pleiteada, conforme abaixo. Lei nº 7.713/1988: Art. 58. Revogamse o art. 50 da Lei nº 4.862, de 29 de novembro de 1965, os arts. 1º a 9º do DecretoLei nº 1.510, de 27 de dezembro de 1976, os arts. 65 e 66 do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, os arts. 1º a 4º do Decreto Fl. 789DF CARF MF Processo nº 10880.670505/200978 Acórdão n.º 2202003.854 S2C2T2 Fl. 790 11 Lei nº 1.641, de 7 de dezembro de 1978, os arts. 12 e 13 do DecretoLei nº 1.950, de 14 de julho de 1982, os arts. 15 e 100 da Lei nº 7.450, de 23 de dezembro de 1985, o art. 18 do DecretoLei nº 2.287, de 23 de julho de 1986, o item IV e o parágrafo único do art. 12 do DecretoLei nº 2.292, de 21 de novembro de 1986, o item III do art. 2º do DecretoLei nº 2.301, de 21 de novembro de 1986, o item III do art. 7º do DecretoLei nº 2.394, de 21 de dezembro de 1987, e demais disposições em contrário. O artigo 178 do Código Tributário Nacional CTN assim dispõe: Art. 178 A isenção, salvo se concedida por prazo certo e em função de determinadas condições, pode ser revogada ou modificada por lei, a qualquer tempo, observado o disposto no inciso III do art. 104. (Redação dada pela Lei Complementar nº 24, de 1975) A isenção aqui discutida foi concedida de forma genérica e ficou vigente por prazo indeterminado, não se amoldando à ressalva contida no artigo em referência, que diz respeito àquelas concedidas por prazo certo ou em função de determinadas condições. O artigo 144 do CTN dispõe que "o lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada". No presente caso, o fato gerador ocorreu quando da alienação das participações societárias, já sob a vigência da Lei nº 7.713/1988, que revogou expressamente a isenção pretendida. Nesse sentido as seguintes decisões deste Conselho: GANHO DE CAPITAL. ALIENAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. INCIDÊNCIA DO IMPOSTO. INEXISTÊNCIA DE DIREITO ADQUIRIDO. A isenção prevista no art. 4º do DecretoLei nº 1.510, de 1976, por ter sido expressamente revogada pelo artigo 58 da Lei nº 7.713, de 1988, não se aplica a fato gerador (alienação) ocorrido a partir de 1º de janeiro de 1989 (vigência da Lei nº 7.713, de 1988), pois inexiste direito adquirido a regime jurídico. (Acórdão nº 2201002.861, Rel. Eduardo Tadeu Farah, publicado em 18/03/2016). ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2009 GANHO DE CAPITAL. ALIENAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. INCIDÊNCIA DO IMPOSTO. INEXISTÊNCIA DE DIREITO ADQUIRIDO. PRECEDENTES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. A isenção prevista no art. 4º, do DecretoLei nº 1.510, de 1976, foi expressamente revogada pelo art. 58, da Lei nº 7.713, de 1988 e não se aplica a fato gerador (alienação) ocorrido a partir Fl. 790DF CARF MF Processo nº 10880.670505/200978 Acórdão n.º 2202003.854 S2C2T2 Fl. 791 12 de 1º de janeiro de 1989 (vigência da Lei nº 7.713, de 1988), pois inexiste direito adquirido a regime jurídico. (Acórdão nº 2101002.495, Rel. Alexandre Naoki Nishioka, Redator designado Heitor de Souza Lima Junior, publicado em 07/08/2014). ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2004 GANHO DE CAPITAL. ALIENAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. INCIDÊNCIA DO IMPOSTO. INEXISTÊNCIA DE DIREITO ADQUIRIDO. A isenção prevista no artigo 4º do DecretoLei nº 1.510, de 1976, por ter sido expressamente revogada pelo artigo 58 da Lei nº 7.713, de 1988, não se aplica a fato gerador (alienação) ocorrido a partir de 1º de janeiro de 1989 (vigência da Lei nº 7.713, de 1988), pois inexiste direito adquirido a regime jurídico. (Acórdão nº 2201002.450, Rel. Francisco Marconi de Oliveira, publicado em 26/08/2014). [...] Dessa forma, voto no sentido de NEGAR provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Redator designado Fl. 791DF CARF MF
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Numero do processo: 16327.903794/2011-83
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 12 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon May 22 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Exercício: 1999
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PRAZO.
Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplica-se o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. Aplicação da Súmula CARF nº 91.
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PROVA DO DIREITO ALEGADO. ÔNUS DA PROVA.
O ônus da prova recai sobre quem alega o direito. No caso concreto, não restou comprovada, nos autos, a identidade entre a pessoa jurídica interessada no processo administrativo e aquela que figurava como litisconsorte no processo judicial, nem a existência de eventos societários que permitissem considerar a primeira como sucessora da segunda em direitos e obrigações.
Numero da decisão: 1301-002.365
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
[assinado digitalmente]
Waldir Veiga Rocha Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Waldir Veiga Rocha.
Nome do relator: WALDIR VEIGA ROCHA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Exercício: 1999 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PRAZO. Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplicase o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. Aplicação da Súmula CARF nº 91. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PROVA DO DIREITO ALEGADO. ÔNUS DA PROVA. O ônus da prova recai sobre quem alega o direito. No caso concreto, não restou comprovada, nos autos, a identidade entre a pessoa jurídica interessada no processo administrativo e aquela que figurava como litisconsorte no processo judicial, nem a existência de eventos societários que permitissem considerar a primeira como sucessora da segunda em direitos e obrigações. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. [assinado digitalmente] Waldir Veiga Rocha – Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Waldir Veiga Rocha. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 90 37 94 /2 01 1- 83 Fl. 125DF CARF MF Processo nº 16327.903794/201183 Acórdão n.º 1301002.365 S1C3T1 Fl. 3 2 BANCO VOLKSWAGEN S.A., já devidamente qualificada nestes autos, recorre a este Conselho contra a decisão prolatada pela 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo I / SP, que indeferiu os pedidos veiculados através de manifestação de inconformidade apresentada contra a decisão da DEINF/SP. Trata a lide de Pedido de Restituição (PER/DCOMP), no qual o alegado direito creditório é decorrente de pagamento indevido ou a maior da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Posteriormente, o contribuinte usou esse alegado direito creditório para a compensação com débito de sua titularidade, mediante a Declaração Eletrônica de Compensação (PER/DCOMP), transmitida em 2008. Consta dos autos intimação, informando ao contribuinte que o DARF por ele especificado não teria sido localizado nos sistemas da RFB e instandoo à regularização. Não consta do processo qualquer resposta ou providência do contribuinte. A unidade administrativa que primeiro analisou os pedidos formulados pela empresa (DEINF/SP) negou homologação à compensação. O motivo foi a não localização do DARF nos sistemas da RFB, mesmo após a intimação acima referida. Em sua manifestação de inconformidade contra o Despacho Decisório, a interessada, inicialmente, junta comprovante de arrecadação obtido no sítio eletrônico da Receita Federal. Na sequência, esclarece: Esse recolhimento foi indevidamente efetuado pelo Recorrente, uma vez que ele dispunha de decisão judicial definitiva, proferida nos autos do Mandado de Segurança n° 89.00112058, que o exonerava do recolhimento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, no período de 1988 a 09/1997 (data do trânsito em julgado da decisão judicial). Nem se alegue que o pagamento foi efetuado após o trânsito em julgado da decisão judicial exoneratória e com os benefícios previstos na Lei n° 9779/99, tendo em vista que, além desses fatos não servirem de fundamento para a negativa do pedido de restituição, o recolhimento se deu porque a própria Secretaria da Receita Federal, mesmo em face da decisão judicial favorável ao Recorrente, insistia na cobrança de tais valores, ao argumento de que os efeitos da decisão judicial alcançavam apenas a CSLL relativa ao exercício de 1989. Apenas com a decisão do 1º Conselho de Contribuintes (acórdão n° 101 93.610), proferida em 19/09/01, com acórdão formalizado em 11/12/01, que reconheceu expressamente o direito de um dos litisconsortes do ora Recorrente, no Mandado de Segurança n° 89.00112058, de não recolher a CSLL, no período de 1990 a 1997, ou seja, desde a propositura da medida judicial até o trânsito em julgado da decisão favorável, o que se deu em 02/09/97, é que o Recorrente obteve a comprovação de que também estava desobrigado do recolhimento da CSLL nesse período e que, portanto, tinha direito de reaver os montantes indevidamente recolhidos: "Ementa: IRPJ Normas Gerais. Lançamento Tributário. Sentença Judicial. Trânsito em Julgado. Efeitos. A sentença judicial reconhecendo a inconstitucionalidade dos artigos 1º, 2º, 3º e 8º, da Lei n° 7689, de 1988, e, de consequência, desobrigando a pessoa jurídica do recolhimento da CSLL, irradia seus efeitos jurídicos até o período no qual tenha ocorrido seu trânsito em julgado. Fl. 126DF CARF MF Processo nº 16327.903794/201183 Acórdão n.º 1301002.365 S1C3T1 Fl. 4 3 Recurso conhecido e provido. Trecho do Voto do Conselheiro Sebastião Rodrigues Cabral — Relator: Nesta linha de raciocínio, e considerando que no presente caso: i) A sentença judicial que acolheu a pretensão da Recorrente, no sentido de desobrigála do recolhimento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido instituída pela Lei n° 7689, de 1988, transitou em julgado em 02 de setembro de 1997, tal qual atestado na Certidão fornecida pela 10ª Vara Federal, anexa aos autos às fls.; ii) O Mandado de Segurança interposto pela Recorrente, em 1989, objetivou a dispensa do recolhimento da referida Contribuição sob alegação de inconstitucionalidade da lei que a instituiu (n° 7689, de 1988), o que foi integralmente reconhecido pela referida sentença transitada em julgado; iii) O auto de infração guerreado no presente processo pretende exigir da Recorrente a Contribuição Social relativa aos períodosbase de 1990 a 1994, portanto, anteriores ao trânsito em julgado da sentença judicial; só nos resta concluir que referidos períodos estão albergados pela 'coisa julgada', sendo defeso ao Fisco exigir a Contribuição em causa relativamente àqueles períodosbase." Assim, deve ser prontamente revisto o despachodecisório, ora recorrido, ante a comprovação do recolhimento indevido, a ensejar o direito à restituição, nos termos do artigo 165, I, do Código Tributário Nacional. A 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo I / SP analisou a manifestação de inconformidade apresentada pela contribuinte e indeferiu a solicitação. Ciente da decisão de primeira instância e com ela inconformada, a interessada apresentou recurso voluntário, mediante o qual oferece, em apertada síntese, os seguintes argumentos: Acerca do prazo para pleitear o indébito, a recorrente se reporta ao Pedido Eletrônico de Restituição, ao Pedido de Restituição protocolado na Deinf e sustenta que estaria plenamente respeitado, no caso, o prazo prescricional de cinco anos, previsto no art. 168, I, do CTN. A recorrente afirma ter anexado aos autos cópia do Mandado de Segurança nº 89.00112058, em que foi proferida a decisão transitada em julgado que a exonerava do recolhimento da CSLL de 1988 até 09/1997 (data do trânsito em julgado). Da mesma forma, anexa documentos que comprovam ser a recorrente a sucessora de Autolatina Financiadora S/A, que foi parte no processo judicial. A interessada reitera, ainda, os argumentos trazidos na Manifestação de Inconformidade, acerca da decisão proferida pelo 1º Conselho de Contribuintes em 2001. Conclui com o pedido de provimento de seu recurso e homologação da compensação declarada. É o Relatório. Voto Fl. 127DF CARF MF Processo nº 16327.903794/201183 Acórdão n.º 1301002.365 S1C3T1 Fl. 5 4 Conselheiro Waldir Veiga Rocha, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 1301002.287, de 12/04/2017, proferido no julgamento do processo 16327.900370/201248, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 1301002.287): O recurso voluntário e tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade. Dele conheço. Gira a lide em torno de pedido de restituição, posteriormente cumulado com declaração de compensação. No atual estágio da discussão administrativa, o alegado direito creditório não foi reconhecido por dois fundamentos autônomos, ou seja, cada um deles é suficiente, por si só, para o não reconhecimento do direito creditório. O primeiro fundamento adotado pelo julgador de primeira instância, de caráter preliminar, foi o transcurso do prazo para pleitear o indébito. Alega a recorrente que deveria ter sido considerado o período transcorrido entre a data do recolhimento, em 1999, e a data do protocolo do pedido de restituição, em 2004. Com isso, restaria atendido o prazo de cinco anos de que trata o art. 168, I, do CTN. Examinando a decisão recorrida, constatase que, efetivamente, houve um equívoco do julgador ao não considerar o pedido de restituição originalmente formulado em 2004. Isso fica evidenciado na afirmação de que “... observase que somente em 2008 veio pleitear compensação do referido crédito, ou seja, cerca de sete anos após ‘obter a comprovação’, e nove após a extinção do débito, pelo pagamento”. Ora, a declaração de compensação é datada de 2008, mas reportase ao anterior pedido de restituição, e é esse pedido que deve ser considerado, para fins da contagem do prazo para a repetição de indébito. No entanto, como se verá a seguir, a correção desse equívoco não trará modificação na conclusão. Esse prazo, se de cinco ou dez anos, bem assim a determinação dos termos inicial e final para a contagem, já foram objeto de acirrados debates, tanto no âmbito administrativo quanto no judicial. A inovação legislativa (arts. 3º e 4º da Lei Complementar nº 118/2005) tentou pacificar a questão, mas somente aumentou as divergências, tanto doutrinárias quanto jurisprudenciais. Finalmente, a questão foi pacificada pelo Poder Judiciário. De especial interesse, o Recurso Especial nº 1.002.932, de 25/11/2009, prolatado pelo STJ no regime do art. 543C do CPC então vigente, e o Recurso Extraordinário nº 566.321, de 04/08/2011, proferido pelo STF no regime do art. 543B do mesmo diploma legal. A reiterada aplicação administrativa dessas decisões conduziu à aprovação, em 09/12/2013, pelo Pleno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, da súmula CARF nº 91, a seguir reproduzida. Súmula CARF nº 91: Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplicase o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. Fl. 128DF CARF MF Processo nº 16327.903794/201183 Acórdão n.º 1301002.365 S1C3T1 Fl. 6 5 As súmulas CARF são de observância obrigatória pelos membros deste órgão administrativo, a teor do art. 72 do Anexo II do Regimento Interno, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015 e alterações supervenientes. No caso concreto, o pedido de restituição foi protocolado em 2004, antes da data limite prevista na súmula, aplicandose, portanto, o prazo prescricional de dez anos. O termo inicial da contagem é, também nos termos da súmula, a data do fato gerador. O fato gerador foi fixado pela própria interessada no pedido de restituição. Desta forma, para fatos geradores completados anteriormente a 12/02/1994 o prazo prescricional já se encontrava encerrado no momento do pedido de restituição. Observese que a data do recolhimento não é considerada para este fim, muito menos a circunstância alegada pela interessada acerca do julgamento administrativo de um auto de infração no qual o sujeito passivo seria um dos litisconsortes na ação judicial. Não se vislumbra qual a relação entre aquele julgamento administrativo e o prazo para a formulação do pedido de restituição aqui discutido. A constatação que se impõe é de que o decurso do prazo prescricional impede que seja atendido o pleito da interessada, independentemente de quaisquer considerações de mérito, negandose provimento ao recurso voluntário. O segundo fundamento adotado pelo julgador de primeira instância para o indeferimento do pleito foi a falta de comprovação do direito. O seguinte excerto do voto condutor do acórdão recorrido é elucidativo: Observese que a empresa não trouxe a petição inicial e nenhuma peça do processo judicial que afirma amparala, de forma a se poder verificar a correção de sua alegação central de mérito, o que, como demonstrado acima, seria ônus da empresa. E, em consulta ao sítio do TRF da 3ª Região, utilizandose do número de processo judicial fornecido pela Interessada, na opção “Consulta Processual – Visualizar Processo” a empresa não aparece como parte, mas sim as seguintes empresas: Consórcio Nacional Ford Ltda., Autolatina S/A, Autolatina Financiadora S/A Crédito Financiamento e Investimentos e Ford Brasil S/A. Junto com o recurso voluntário, a interessada faz acostar aos autos peças do processo judicial, e documentos que, segundo ela, comprovariam ser a recorrente sucessora da Autolatina Financiadora S/A, que foi parte no processo judicial. Compulsando os autos, especialmente as peças processuais do Mandado de Segurança nº 89.112058, constato que a impetrante foi Consórcio Nacional Ford Ltda., e que posteriormente foram admitidos como litisconsortes: (i) Autolatina S/A; (ii) Autolatina Financiadora S/A – Crédito, Financiamento e Investimentos; e (iii) Ford Brasil S/A. Prosseguindo na análise, encontro Ata da AGE de 31/05/1996 de Banco Autolatina S.A., na qual se registra a cisão parcial dessa pessoa jurídica, com a versão de parcela de seu patrimônio para o Banco Ford S/A e a mudança do nome da parcela remanescente da cisão do Banco Autolatina S/A para Banco Volkswagen S/A (a interessada). Na sequência, encontro também o Protocolo da cisão e versão do patrimônio. No entanto, não encontro prova de que Banco Autolatina S/A fosse parte da ação judicial. No documento datado de 17/02/2004, dirigido à DEINF/SP, a interessada se identifica como “BANCO VOLKSWAGEN S/A., atual denominação de BANCO AUTOLATINA S.A., anteriormente denominado AUTOLATINA Fl. 129DF CARF MF Processo nº 16327.903794/201183 Acórdão n.º 1301002.365 S1C3T1 Fl. 7 6 FINANCIADORA S.A., ...”. Mas tratase de mera afirmação, da qual não encontro prova documental nos autos. Apesar de saber que esse ponto foi um dos fundamentos adotado pelo julgador de primeira instância para negar seu pedido, a interessada apresentou apenas o documento da cisão parcial de Banco Autolatina S/A e posterior mudança de nome da parcela remanescente para Banco Volkswagen S/A, não se preocupando em rastrear e comprovar os eventos societários desde a litisconsorte na ação judicial (Autolatina Financiadora S/A – Crédito, Financiamento e Investimentos) até a atual pessoa jurídica, nem os direitos que teriam sido transmitidos em cada um desses eventos. Em se tratando de pedido de restituição, é ônus de quem alega o direito creditório comprovar o que alega, especialmente, no caso sob análise, que a pessoa jurídica que efetuou o recolhimento seria a sucessora em todos os direitos e obrigações da pessoa jurídica que foi parte na ação judicial. Ao não se encontrar nos autos essa comprovação, também por esse motivo o recurso voluntário há que ser negado. Os dois fundamentos autônomos anteriormente discutidos já seriam (e são) suficientes para que o recurso voluntário seja desprovido. Penso, entretanto, que uma consideração adicional há de ser feita. É que o pagamento em questão foi feito em 1999, ao amparo do art. 17 da Lei nº 9.779/1999. Confirase seu teor (grifos não constam do original): Art.17.Fica concedido ao contribuinte ou responsável exonerado do pagamento de tributo ou contribuição por decisão judicial proferida, em qualquer grau de jurisdição, com fundamento em inconstitucionalidade de lei, que houver sido declarada constitucional pelo Supremo Tribunal Federal, em ação direta de constitucionalidade ou inconstitucionalidade, o prazo até o último dia útil do mês de janeiro de 1999 para o pagamento, isento de multa e juros de mora, da exação alcançada pela decisão declaratória, cujo fato gerador tenha ocorrido posteriormente à data de publicação do pertinente acórdão do Supremo Tribunal Federal.(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) §1oO disposto neste artigo estendese:(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 2158 35, de 2001) Iaos casos em que a declaração de constitucionalidade tenha sido proferida pelo Supremo Tribunal Federal, em recurso extraordinário;(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) IIa contribuinte ou responsável favorecido por decisão judicial definitiva em matéria tributária, proferida sob qualquer fundamento, em qualquer grau de jurisdição;(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) IIIaos processos judiciais ajuizados até 31 de dezembro de 1998, exceto os relativos à execução da Dívida Ativa da União.(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) Fl. 130DF CARF MF Processo nº 16327.903794/201183 Acórdão n.º 1301002.365 S1C3T1 Fl. 8 7 §2oO pagamento na forma do caput deste artigo aplicase à exação relativa a fato gerador:(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) Iocorrido a partir da data da publicação do primeiro Acórdão do Tribunal Pleno do Supremo Tribunal Federal, na hipótese do inciso I do § 1o;(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) IIocorrido a partir da data da publicação da decisão judicial, na hipótese do inciso II do § 1o;(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) IIIalcançado pelo pedido, na hipótese do inciso III do § 1o.(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) §3oO pagamento referido neste artigo:(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) Iimporta em confissão irretratável da dívida;(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) IIconstitui confissão extrajudicial, nos termos dos arts. 348, 353 e 354 do Código de Processo Civil;(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) [...] Insisto: os pagamentos nesses termos são confissão irretratável da dívida e confissão extrajudicial. Ou seja, ainda que pudessem ser superados os dois fundamentos anteriormente expostos, o pedido de restituição encontraria obstáculo inarredável na disposição expressa da lei acima transcrita. Supondose, como hipótese argumentativa, que a interessada fosse, como afirma, sucessora da litisconsorte na ação judicial, o fato é que espontaneamente decidiu abrir mão do direito conquistado na ação judicial (possivelmente por vêlo ameaçado por reiteradas manifestações do STF no sentido da inconstitucionalidade da CSLL apenas para o primeiro ano de sua vigência) e parcelar o valor da contribuição para os anos subsequentes. A recorrente afirma que somente fez os pagamentos porque a Receita Federal insistia na cobrança, mesmo em face da decisão judicial que havia obtido. Ora, esse era o entendimento administrativo à época, atualmente ainda mais reforçado, tanto pelo sucesso obtido em ações rescisórias diversas propostas perante o Poder Judiciário, quanto por Pareceres da douta PGFN. Se a interessada tivesse plena convicção de seu direito, seu procedimento teria sido o de aguardar o lançamento e discutilo administrativa e judicialmente, nunca o de se antecipar, confessando a dívida de forma irretratável e recolhendo o tributo. A recorrente reclama, ainda, que esse aspecto não teria sido fundamento para a negativa do pedido de restituição, pelo que não poderia, agora, ser abordado. Observese que a DEINF/SP originalmente negou o pedido porque o pagamento (DARF) não foi identificado nos sistemas da RFB. Apesar de intimada, a interessada não se preocupou em trazer aos autos os esclarecimentos que Fl. 131DF CARF MF Processo nº 16327.903794/201183 Acórdão n.º 1301002.365 S1C3T1 Fl. 9 8 permitissem essa correta identificação. Essa questão foi plenamente superada em primeira instância. Somente então foi possível avançar e questionar outros aspectos, a saber, o prazo para pleitear o indébito e a comprovação do direito alegado. Quanto a este último aspecto, o julgador a quo se deteve na falta das peças do processo judicial e na falta de comprovação de que a interessada no processo administrativo fosse também uma das partes do processo judicial. Penso que as considerações aqui tecidas sobre esse ponto nada mais são do que um aprofundamento acerca da análise de mérito do pedido. Seriam, talvez, dispensáveis, como dito anteriormente, mas em nada prejudicam, antes reforçam a conclusão. Por todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. [assinado digitalmente] Waldir Veiga Rocha Fl. 132DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.905136/2010-45
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 12 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon May 22 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Exercício: 1999
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PRAZO.
Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplica-se o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. Aplicação da Súmula CARF nº 91.
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PROVA DO DIREITO ALEGADO. ÔNUS DA PROVA.
O ônus da prova recai sobre quem alega o direito. No caso concreto, não restou comprovada, nos autos, a identidade entre a pessoa jurídica interessada no processo administrativo e aquela que figurava como litisconsorte no processo judicial, nem a existência de eventos societários que permitissem considerar a primeira como sucessora da segunda em direitos e obrigações.
Numero da decisão: 1301-002.375
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
[assinado digitalmente]
Waldir Veiga Rocha Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Waldir Veiga Rocha.
Nome do relator: WALDIR VEIGA ROCHA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Exercício: 1999 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PRAZO. Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplicase o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. Aplicação da Súmula CARF nº 91. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PROVA DO DIREITO ALEGADO. ÔNUS DA PROVA. O ônus da prova recai sobre quem alega o direito. No caso concreto, não restou comprovada, nos autos, a identidade entre a pessoa jurídica interessada no processo administrativo e aquela que figurava como litisconsorte no processo judicial, nem a existência de eventos societários que permitissem considerar a primeira como sucessora da segunda em direitos e obrigações. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. [assinado digitalmente] Waldir Veiga Rocha – Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Waldir Veiga Rocha. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 90 51 36 /2 01 0- 45 Fl. 156DF CARF MF Processo nº 16327.905136/201045 Acórdão n.º 1301002.375 S1C3T1 Fl. 3 2 BANCO VOLKSWAGEN S.A., já devidamente qualificada nestes autos, recorre a este Conselho contra a decisão prolatada pela 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo I / SP, que indeferiu os pedidos veiculados através de manifestação de inconformidade apresentada contra a decisão da DEINF/SP. Trata a lide de Pedido de Restituição (PER/DCOMP), no qual o alegado direito creditório é decorrente de pagamento indevido ou a maior da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Posteriormente, o contribuinte usou esse alegado direito creditório para a compensação com débito de sua titularidade, mediante a Declaração Eletrônica de Compensação (PER/DCOMP), transmitida em 2008. Consta dos autos intimação, informando ao contribuinte que o DARF por ele especificado não teria sido localizado nos sistemas da RFB e instandoo à regularização. Não consta do processo qualquer resposta ou providência do contribuinte. A unidade administrativa que primeiro analisou os pedidos formulados pela empresa (DEINF/SP) negou homologação à compensação. O motivo foi a não localização do DARF nos sistemas da RFB, mesmo após a intimação acima referida. Em sua manifestação de inconformidade contra o Despacho Decisório, a interessada, inicialmente, junta comprovante de arrecadação obtido no sítio eletrônico da Receita Federal. Na sequência, esclarece: Esse recolhimento foi indevidamente efetuado pelo Recorrente, uma vez que ele dispunha de decisão judicial definitiva, proferida nos autos do Mandado de Segurança n° 89.00112058, que o exonerava do recolhimento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, no período de 1988 a 09/1997 (data do trânsito em julgado da decisão judicial). Nem se alegue que o pagamento foi efetuado após o trânsito em julgado da decisão judicial exoneratória e com os benefícios previstos na Lei n° 9779/99, tendo em vista que, além desses fatos não servirem de fundamento para a negativa do pedido de restituição, o recolhimento se deu porque a própria Secretaria da Receita Federal, mesmo em face da decisão judicial favorável ao Recorrente, insistia na cobrança de tais valores, ao argumento de que os efeitos da decisão judicial alcançavam apenas a CSLL relativa ao exercício de 1989. Apenas com a decisão do 1º Conselho de Contribuintes (acórdão n° 101 93.610), proferida em 19/09/01, com acórdão formalizado em 11/12/01, que reconheceu expressamente o direito de um dos litisconsortes do ora Recorrente, no Mandado de Segurança n° 89.00112058, de não recolher a CSLL, no período de 1990 a 1997, ou seja, desde a propositura da medida judicial até o trânsito em julgado da decisão favorável, o que se deu em 02/09/97, é que o Recorrente obteve a comprovação de que também estava desobrigado do recolhimento da CSLL nesse período e que, portanto, tinha direito de reaver os montantes indevidamente recolhidos: "Ementa: IRPJ Normas Gerais. Lançamento Tributário. Sentença Judicial. Trânsito em Julgado. Efeitos. A sentença judicial reconhecendo a inconstitucionalidade dos artigos 1º, 2º, 3º e 8º, da Lei n° 7689, de 1988, e, de consequência, desobrigando a pessoa jurídica do recolhimento da CSLL, irradia seus efeitos jurídicos até o período no qual tenha ocorrido seu trânsito em julgado. Fl. 157DF CARF MF Processo nº 16327.905136/201045 Acórdão n.º 1301002.375 S1C3T1 Fl. 4 3 Recurso conhecido e provido. Trecho do Voto do Conselheiro Sebastião Rodrigues Cabral — Relator: Nesta linha de raciocínio, e considerando que no presente caso: i) A sentença judicial que acolheu a pretensão da Recorrente, no sentido de desobrigála do recolhimento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido instituída pela Lei n° 7689, de 1988, transitou em julgado em 02 de setembro de 1997, tal qual atestado na Certidão fornecida pela 10ª Vara Federal, anexa aos autos às fls.; ii) O Mandado de Segurança interposto pela Recorrente, em 1989, objetivou a dispensa do recolhimento da referida Contribuição sob alegação de inconstitucionalidade da lei que a instituiu (n° 7689, de 1988), o que foi integralmente reconhecido pela referida sentença transitada em julgado; iii) O auto de infração guerreado no presente processo pretende exigir da Recorrente a Contribuição Social relativa aos períodosbase de 1990 a 1994, portanto, anteriores ao trânsito em julgado da sentença judicial; só nos resta concluir que referidos períodos estão albergados pela 'coisa julgada', sendo defeso ao Fisco exigir a Contribuição em causa relativamente àqueles períodosbase." Assim, deve ser prontamente revisto o despachodecisório, ora recorrido, ante a comprovação do recolhimento indevido, a ensejar o direito à restituição, nos termos do artigo 165, I, do Código Tributário Nacional. A 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo I / SP analisou a manifestação de inconformidade apresentada pela contribuinte e indeferiu a solicitação. Ciente da decisão de primeira instância e com ela inconformada, a interessada apresentou recurso voluntário, mediante o qual oferece, em apertada síntese, os seguintes argumentos: Acerca do prazo para pleitear o indébito, a recorrente se reporta ao Pedido Eletrônico de Restituição, ao Pedido de Restituição protocolado na Deinf e sustenta que estaria plenamente respeitado, no caso, o prazo prescricional de cinco anos, previsto no art. 168, I, do CTN. A recorrente afirma ter anexado aos autos cópia do Mandado de Segurança nº 89.00112058, em que foi proferida a decisão transitada em julgado que a exonerava do recolhimento da CSLL de 1988 até 09/1997 (data do trânsito em julgado). Da mesma forma, anexa documentos que comprovam ser a recorrente a sucessora de Autolatina Financiadora S/A, que foi parte no processo judicial. A interessada reitera, ainda, os argumentos trazidos na Manifestação de Inconformidade, acerca da decisão proferida pelo 1º Conselho de Contribuintes em 2001. Conclui com o pedido de provimento de seu recurso e homologação da compensação declarada. É o Relatório. Voto Fl. 158DF CARF MF Processo nº 16327.905136/201045 Acórdão n.º 1301002.375 S1C3T1 Fl. 5 4 Conselheiro Waldir Veiga Rocha, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 1301002.287, de 12/04/2017, proferido no julgamento do processo 16327.900370/201248, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 1301002.287): O recurso voluntário e tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade. Dele conheço. Gira a lide em torno de pedido de restituição, posteriormente cumulado com declaração de compensação. No atual estágio da discussão administrativa, o alegado direito creditório não foi reconhecido por dois fundamentos autônomos, ou seja, cada um deles é suficiente, por si só, para o não reconhecimento do direito creditório. O primeiro fundamento adotado pelo julgador de primeira instância, de caráter preliminar, foi o transcurso do prazo para pleitear o indébito. Alega a recorrente que deveria ter sido considerado o período transcorrido entre a data do recolhimento, em 1999, e a data do protocolo do pedido de restituição, em 2004. Com isso, restaria atendido o prazo de cinco anos de que trata o art. 168, I, do CTN. Examinando a decisão recorrida, constatase que, efetivamente, houve um equívoco do julgador ao não considerar o pedido de restituição originalmente formulado em 2004. Isso fica evidenciado na afirmação de que “... observase que somente em 2008 veio pleitear compensação do referido crédito, ou seja, cerca de sete anos após ‘obter a comprovação’, e nove após a extinção do débito, pelo pagamento”. Ora, a declaração de compensação é datada de 2008, mas reportase ao anterior pedido de restituição, e é esse pedido que deve ser considerado, para fins da contagem do prazo para a repetição de indébito. No entanto, como se verá a seguir, a correção desse equívoco não trará modificação na conclusão. Esse prazo, se de cinco ou dez anos, bem assim a determinação dos termos inicial e final para a contagem, já foram objeto de acirrados debates, tanto no âmbito administrativo quanto no judicial. A inovação legislativa (arts. 3º e 4º da Lei Complementar nº 118/2005) tentou pacificar a questão, mas somente aumentou as divergências, tanto doutrinárias quanto jurisprudenciais. Finalmente, a questão foi pacificada pelo Poder Judiciário. De especial interesse, o Recurso Especial nº 1.002.932, de 25/11/2009, prolatado pelo STJ no regime do art. 543C do CPC então vigente, e o Recurso Extraordinário nº 566.321, de 04/08/2011, proferido pelo STF no regime do art. 543B do mesmo diploma legal. A reiterada aplicação administrativa dessas decisões conduziu à aprovação, em 09/12/2013, pelo Pleno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, da súmula CARF nº 91, a seguir reproduzida. Súmula CARF nº 91: Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplicase o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. Fl. 159DF CARF MF Processo nº 16327.905136/201045 Acórdão n.º 1301002.375 S1C3T1 Fl. 6 5 As súmulas CARF são de observância obrigatória pelos membros deste órgão administrativo, a teor do art. 72 do Anexo II do Regimento Interno, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015 e alterações supervenientes. No caso concreto, o pedido de restituição foi protocolado em 2004, antes da data limite prevista na súmula, aplicandose, portanto, o prazo prescricional de dez anos. O termo inicial da contagem é, também nos termos da súmula, a data do fato gerador. O fato gerador foi fixado pela própria interessada no pedido de restituição. Desta forma, para fatos geradores completados anteriormente a 12/02/1994 o prazo prescricional já se encontrava encerrado no momento do pedido de restituição. Observese que a data do recolhimento não é considerada para este fim, muito menos a circunstância alegada pela interessada acerca do julgamento administrativo de um auto de infração no qual o sujeito passivo seria um dos litisconsortes na ação judicial. Não se vislumbra qual a relação entre aquele julgamento administrativo e o prazo para a formulação do pedido de restituição aqui discutido. A constatação que se impõe é de que o decurso do prazo prescricional impede que seja atendido o pleito da interessada, independentemente de quaisquer considerações de mérito, negandose provimento ao recurso voluntário. O segundo fundamento adotado pelo julgador de primeira instância para o indeferimento do pleito foi a falta de comprovação do direito. O seguinte excerto do voto condutor do acórdão recorrido é elucidativo: Observese que a empresa não trouxe a petição inicial e nenhuma peça do processo judicial que afirma amparala, de forma a se poder verificar a correção de sua alegação central de mérito, o que, como demonstrado acima, seria ônus da empresa. E, em consulta ao sítio do TRF da 3ª Região, utilizandose do número de processo judicial fornecido pela Interessada, na opção “Consulta Processual – Visualizar Processo” a empresa não aparece como parte, mas sim as seguintes empresas: Consórcio Nacional Ford Ltda., Autolatina S/A, Autolatina Financiadora S/A Crédito Financiamento e Investimentos e Ford Brasil S/A. Junto com o recurso voluntário, a interessada faz acostar aos autos peças do processo judicial, e documentos que, segundo ela, comprovariam ser a recorrente sucessora da Autolatina Financiadora S/A, que foi parte no processo judicial. Compulsando os autos, especialmente as peças processuais do Mandado de Segurança nº 89.112058, constato que a impetrante foi Consórcio Nacional Ford Ltda., e que posteriormente foram admitidos como litisconsortes: (i) Autolatina S/A; (ii) Autolatina Financiadora S/A – Crédito, Financiamento e Investimentos; e (iii) Ford Brasil S/A. Prosseguindo na análise, encontro Ata da AGE de 31/05/1996 de Banco Autolatina S.A., na qual se registra a cisão parcial dessa pessoa jurídica, com a versão de parcela de seu patrimônio para o Banco Ford S/A e a mudança do nome da parcela remanescente da cisão do Banco Autolatina S/A para Banco Volkswagen S/A (a interessada). Na sequência, encontro também o Protocolo da cisão e versão do patrimônio. No entanto, não encontro prova de que Banco Autolatina S/A fosse parte da ação judicial. No documento datado de 17/02/2004, dirigido à DEINF/SP, a interessada se identifica como “BANCO VOLKSWAGEN S/A., atual denominação de BANCO AUTOLATINA S.A., anteriormente denominado AUTOLATINA Fl. 160DF CARF MF Processo nº 16327.905136/201045 Acórdão n.º 1301002.375 S1C3T1 Fl. 7 6 FINANCIADORA S.A., ...”. Mas tratase de mera afirmação, da qual não encontro prova documental nos autos. Apesar de saber que esse ponto foi um dos fundamentos adotado pelo julgador de primeira instância para negar seu pedido, a interessada apresentou apenas o documento da cisão parcial de Banco Autolatina S/A e posterior mudança de nome da parcela remanescente para Banco Volkswagen S/A, não se preocupando em rastrear e comprovar os eventos societários desde a litisconsorte na ação judicial (Autolatina Financiadora S/A – Crédito, Financiamento e Investimentos) até a atual pessoa jurídica, nem os direitos que teriam sido transmitidos em cada um desses eventos. Em se tratando de pedido de restituição, é ônus de quem alega o direito creditório comprovar o que alega, especialmente, no caso sob análise, que a pessoa jurídica que efetuou o recolhimento seria a sucessora em todos os direitos e obrigações da pessoa jurídica que foi parte na ação judicial. Ao não se encontrar nos autos essa comprovação, também por esse motivo o recurso voluntário há que ser negado. Os dois fundamentos autônomos anteriormente discutidos já seriam (e são) suficientes para que o recurso voluntário seja desprovido. Penso, entretanto, que uma consideração adicional há de ser feita. É que o pagamento em questão foi feito em 1999, ao amparo do art. 17 da Lei nº 9.779/1999. Confirase seu teor (grifos não constam do original): Art.17.Fica concedido ao contribuinte ou responsável exonerado do pagamento de tributo ou contribuição por decisão judicial proferida, em qualquer grau de jurisdição, com fundamento em inconstitucionalidade de lei, que houver sido declarada constitucional pelo Supremo Tribunal Federal, em ação direta de constitucionalidade ou inconstitucionalidade, o prazo até o último dia útil do mês de janeiro de 1999 para o pagamento, isento de multa e juros de mora, da exação alcançada pela decisão declaratória, cujo fato gerador tenha ocorrido posteriormente à data de publicação do pertinente acórdão do Supremo Tribunal Federal.(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) §1oO disposto neste artigo estendese:(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 2158 35, de 2001) Iaos casos em que a declaração de constitucionalidade tenha sido proferida pelo Supremo Tribunal Federal, em recurso extraordinário;(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) IIa contribuinte ou responsável favorecido por decisão judicial definitiva em matéria tributária, proferida sob qualquer fundamento, em qualquer grau de jurisdição;(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) IIIaos processos judiciais ajuizados até 31 de dezembro de 1998, exceto os relativos à execução da Dívida Ativa da União.(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) Fl. 161DF CARF MF Processo nº 16327.905136/201045 Acórdão n.º 1301002.375 S1C3T1 Fl. 8 7 §2oO pagamento na forma do caput deste artigo aplicase à exação relativa a fato gerador:(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) Iocorrido a partir da data da publicação do primeiro Acórdão do Tribunal Pleno do Supremo Tribunal Federal, na hipótese do inciso I do § 1o;(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) IIocorrido a partir da data da publicação da decisão judicial, na hipótese do inciso II do § 1o;(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) IIIalcançado pelo pedido, na hipótese do inciso III do § 1o.(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) §3oO pagamento referido neste artigo:(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) Iimporta em confissão irretratável da dívida;(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) IIconstitui confissão extrajudicial, nos termos dos arts. 348, 353 e 354 do Código de Processo Civil;(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) [...] Insisto: os pagamentos nesses termos são confissão irretratável da dívida e confissão extrajudicial. Ou seja, ainda que pudessem ser superados os dois fundamentos anteriormente expostos, o pedido de restituição encontraria obstáculo inarredável na disposição expressa da lei acima transcrita. Supondose, como hipótese argumentativa, que a interessada fosse, como afirma, sucessora da litisconsorte na ação judicial, o fato é que espontaneamente decidiu abrir mão do direito conquistado na ação judicial (possivelmente por vêlo ameaçado por reiteradas manifestações do STF no sentido da inconstitucionalidade da CSLL apenas para o primeiro ano de sua vigência) e parcelar o valor da contribuição para os anos subsequentes. A recorrente afirma que somente fez os pagamentos porque a Receita Federal insistia na cobrança, mesmo em face da decisão judicial que havia obtido. Ora, esse era o entendimento administrativo à época, atualmente ainda mais reforçado, tanto pelo sucesso obtido em ações rescisórias diversas propostas perante o Poder Judiciário, quanto por Pareceres da douta PGFN. Se a interessada tivesse plena convicção de seu direito, seu procedimento teria sido o de aguardar o lançamento e discutilo administrativa e judicialmente, nunca o de se antecipar, confessando a dívida de forma irretratável e recolhendo o tributo. A recorrente reclama, ainda, que esse aspecto não teria sido fundamento para a negativa do pedido de restituição, pelo que não poderia, agora, ser abordado. Observese que a DEINF/SP originalmente negou o pedido porque o pagamento (DARF) não foi identificado nos sistemas da RFB. Apesar de intimada, a interessada não se preocupou em trazer aos autos os esclarecimentos que Fl. 162DF CARF MF Processo nº 16327.905136/201045 Acórdão n.º 1301002.375 S1C3T1 Fl. 9 8 permitissem essa correta identificação. Essa questão foi plenamente superada em primeira instância. Somente então foi possível avançar e questionar outros aspectos, a saber, o prazo para pleitear o indébito e a comprovação do direito alegado. Quanto a este último aspecto, o julgador a quo se deteve na falta das peças do processo judicial e na falta de comprovação de que a interessada no processo administrativo fosse também uma das partes do processo judicial. Penso que as considerações aqui tecidas sobre esse ponto nada mais são do que um aprofundamento acerca da análise de mérito do pedido. Seriam, talvez, dispensáveis, como dito anteriormente, mas em nada prejudicam, antes reforçam a conclusão. Por todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. [assinado digitalmente] Waldir Veiga Rocha Fl. 163DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13888.907940/2011-04
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jun 12 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/01/2010 a 31/03/2010
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PRECLUSÃO.
O contencioso administrativo instaura-se com a impugnação ou manifestação de inconformidade, que devem ser expressas, considerando-se preclusa a matéria que não tenha sido diretamente contestada. Inadmissível a apreciação em grau de recurso de matéria atinente à glosa não contestada por ocasião da manifestação de inconformidade.
NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. INSUMOS. CONCEITO.
Insumos para fins de creditamento das contribuições sociais não cumulativas são todos aqueles bens e serviços pertinentes e essenciais ao processo produtivo ou à prestação de serviços, considerando como parâmetro o custo de produção naquilo que não seja conflitante com o disposto nas Leis nºs 10.637/02 e 10.833/03.
FRETE E ARMAZENAMENTO. CUSTO DE AQUISIÇÃO DO ADQUIRENTE. CRÉDITO VÁLIDO INDEPENDENTEMENTE DO REGIME DE CRÉDITO DO BEM TRANSPORTADO/ARMAZENADO.
A apuração do crédito de frete e de armazenamento não possui uma relação de subsidiariedade com a forma de apuração do crédito do produto transportado/armazenado. Não há qualquer previsão legal neste diapasão. Uma vez provado que o dispêndio configura custo de aquisição para o adquirente, ele deve ser tratado como tal, i.e., custo e, por conseguinte, gerar crédito em sua integralidade.
INSUMOS. CREDITAMENTO. EMBALAGENS. TRANSPORTE. POSSIBILIDADE.
Os itens relativos a embalagem para transporte, desde que não se trate de um bem ativável, deve ser considerado para o cálculo do crédito no sistema não cumulativo de PIS e Cofins, eis que a proteção ou acondicionamento do produto final para transporte também é um gasto essencial e pertinente ao processo produtivo, de forma que o produto final destinado à venda mantenha-se com características desejadas quando chegar ao comprador.
Recurso voluntário parcialmente conhecido e, na parte conhecida, provido.
Numero da decisão: 3402-004.030
Decisão: Acordam os membros do colegiado, em dar provimento ao recurso da seguinte forma: a) por unanimidade de votos, foram revertidas as glosas relativas às aquisições de paletes "one way"; e b) por maioria de votos, foram revertidas as glosas sobre fretes e despesa de armazenagem sobre as aquisições de insumos. Vencidos os Conselheiros Jorge Freire, Waldir Navarro Bezerra e Maria Aparecida Martins de Paula.
Assinatura Digital
Antonio Carlos Atulim - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Renato Vieira de Avila, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/01/2010 a 31/03/2010 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PRECLUSÃO. O contencioso administrativo instaura-se com a impugnação ou manifestação de inconformidade, que devem ser expressas, considerando-se preclusa a matéria que não tenha sido diretamente contestada. Inadmissível a apreciação em grau de recurso de matéria atinente à glosa não contestada por ocasião da manifestação de inconformidade. NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. INSUMOS. CONCEITO. Insumos para fins de creditamento das contribuições sociais não cumulativas são todos aqueles bens e serviços pertinentes e essenciais ao processo produtivo ou à prestação de serviços, considerando como parâmetro o custo de produção naquilo que não seja conflitante com o disposto nas Leis nºs 10.637/02 e 10.833/03. FRETE E ARMAZENAMENTO. CUSTO DE AQUISIÇÃO DO ADQUIRENTE. CRÉDITO VÁLIDO INDEPENDENTEMENTE DO REGIME DE CRÉDITO DO BEM TRANSPORTADO/ARMAZENADO. A apuração do crédito de frete e de armazenamento não possui uma relação de subsidiariedade com a forma de apuração do crédito do produto transportado/armazenado. Não há qualquer previsão legal neste diapasão. Uma vez provado que o dispêndio configura custo de aquisição para o adquirente, ele deve ser tratado como tal, i.e., custo e, por conseguinte, gerar crédito em sua integralidade. INSUMOS. CREDITAMENTO. EMBALAGENS. TRANSPORTE. POSSIBILIDADE. Os itens relativos a embalagem para transporte, desde que não se trate de um bem ativável, deve ser considerado para o cálculo do crédito no sistema não cumulativo de PIS e Cofins, eis que a proteção ou acondicionamento do produto final para transporte também é um gasto essencial e pertinente ao processo produtivo, de forma que o produto final destinado à venda mantenha-se com características desejadas quando chegar ao comprador. Recurso voluntário parcialmente conhecido e, na parte conhecida, provido.
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, em dar provimento ao recurso da seguinte forma: a) por unanimidade de votos, foram revertidas as glosas relativas às aquisições de paletes "one way"; e b) por maioria de votos, foram revertidas as glosas sobre fretes e despesa de armazenagem sobre as aquisições de insumos. Vencidos os Conselheiros Jorge Freire, Waldir Navarro Bezerra e Maria Aparecida Martins de Paula. Assinatura Digital Antonio Carlos Atulim - Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Renato Vieira de Avila, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2010 a 31/03/2010 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PRECLUSÃO. O contencioso administrativo instaurase com a impugnação ou manifestação de inconformidade, que devem ser expressas, considerandose preclusa a matéria que não tenha sido diretamente contestada. Inadmissível a apreciação em grau de recurso de matéria atinente à glosa não contestada por ocasião da manifestação de inconformidade. NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. INSUMOS. CONCEITO. Insumos para fins de creditamento das contribuições sociais não cumulativas são todos aqueles bens e serviços pertinentes e essenciais ao processo produtivo ou à prestação de serviços, considerando como parâmetro o custo de produção naquilo que não seja conflitante com o disposto nas Leis nºs 10.637/02 e 10.833/03. FRETE E ARMAZENAMENTO. CUSTO DE AQUISIÇÃO DO ADQUIRENTE. CRÉDITO VÁLIDO INDEPENDENTEMENTE DO REGIME DE CRÉDITO DO BEM TRANSPORTADO/ARMAZENADO. A apuração do crédito de frete e de armazenamento não possui uma relação de subsidiariedade com a forma de apuração do crédito do produto transportado/armazenado. Não há qualquer previsão legal neste diapasão. Uma vez provado que o dispêndio configura custo de aquisição para o adquirente, ele deve ser tratado como tal, i.e., custo e, por conseguinte, gerar crédito em sua integralidade. INSUMOS. CREDITAMENTO. EMBALAGENS. TRANSPORTE. POSSIBILIDADE. Os itens relativos a embalagem para transporte, desde que não se trate de um bem ativável, deve ser considerado para o cálculo do crédito no sistema não AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 90 79 40 /2 01 1- 04 Fl. 218DF CARF MF Processo nº 13888.907940/201104 Acórdão n.º 3402004.030 S3C4T2 Fl. 3 2 cumulativo de PIS e Cofins, eis que a proteção ou acondicionamento do produto final para transporte também é um gasto essencial e pertinente ao processo produtivo, de forma que o produto final destinado à venda mantenhase com características desejadas quando chegar ao comprador. Recurso voluntário parcialmente conhecido e, na parte conhecida, provido. Acordam os membros do colegiado, em dar provimento ao recurso da seguinte forma: a) por unanimidade de votos, foram revertidas as glosas relativas às aquisições de paletes "one way"; e b) por maioria de votos, foram revertidas as glosas sobre fretes e despesa de armazenagem sobre as aquisições de insumos. Vencidos os Conselheiros Jorge Freire, Waldir Navarro Bezerra e Maria Aparecida Martins de Paula. Assinatura Digital Antonio Carlos Atulim Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Renato Vieira de Avila, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Tratase de recurso voluntário em face do Acórdão 14052.627 da DRJ/RPO, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade da contribuinte, conforme ementa abaixo: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2010 a 31/03/2010 NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. INSUMOS. Os insumos utilizados no processo produtivo somente dão direito a crédito no regime de incidência nãocumulativa, se incorporados diretamente ao bem produzido ou se consumidos/alterados no processo de industrialização em função de ação exercida diretamente sobre o produto e desde que não incorporados ao ativo imobilizado. NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. Somente dão direito a crédito no regime de incidência não cumulativa, os gastos expressamente previstos na legislação de regência. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Versa o processo sobre pedido de ressarcimento, relativamente ao saldo credor de COFINS não cumulativo(a) exportação. Fl. 219DF CARF MF Processo nº 13888.907940/201104 Acórdão n.º 3402004.030 S3C4T2 Fl. 4 3 Mediante despacho decisório, a DRF/Piracicaba reconheceu parcialmente o direito creditório, em face das glosas de créditos referente aos seguintes itens: a) aquisição de produtos químicos, fertilizantes e defensivos agropecuários, tributados à alíquota zero; b) gastos relativos a transporte e armazenamento de insumos importados ocorridos após o desembaraço aduaneiro; c) gastos com embalagens de transporte (paletes); d) comissões de compra; e) despesas de energia térmica A contribuinte apresentou manifestação de inconformidade sustentando, em síntese, que foram indevidas as glosas relativas às: i) despesas de frete e armazenagem de insumos importados após o desembaraço aduaneiro e ii) aquisições de paletes. Os argumentos da manifestante não foram acatados pela Delegacia de Julgamento, em síntese, sob os seguintes fundamentos: Quanto às gastos com embalagens, só podem ser considerados insumos se elas se incorporarem ao produto em fabricação ou sofrer alteração em suas propriedades em função da ação diretamente exercida sobre ele, ou seja, somente as embalagens de apresentação do produto geram direito ao crédito, posto que estas se incorporam ao produto em fabricação. Assim, as embalagens destinadas apenas a proteger ou transportar o produto acabado não dão direito a crédito da não cumulatividade, mesmo que descartáveis e/ou de utilização obrigatória. De acordo com o art. 3º, IX da Lei nº 10.833/2003, apenas os gastos com armazenagem e frete na operação de venda dão direito a créditos da não cumulatividade, portanto não se aplica às aquisições de insumos importados, como ocorreu com as glosas aplicadas no caso concreto. O “valor aduaneiro” definido pela Lei como base de cálculo do crédito relativo aos insumos importados, abrange apenas os gastos ocorridos até a importação, ou seja, até a realização do desembaraço aduaneiro. De forma que procedeu corretamente a autoridade a quo ao glosar os créditos referentes a gastos com armazenagem e frete relativos aos insumo importados, mas realizados após o desembaraço das mercadorias. A contribuinte apresentou recurso voluntário, aduzindo, em síntese: 1. Da interpretação do conceito de Insumo para efeitos de tomada de créditos de pis e de cofins O conceito de insumo para fins de crédito de PIS e de COFINS não pode ser restrito ao que está estabelecido nas Instruções Normativas da SRF, devendo ser entendido como todos os custos diretos e indiretos incorridos, abrangendo, inclusive, outras despesas tidas como essenciais para o desenvolvimento da atividade empresarial. 2. Da glosa indevida de créditos relativos à aquisição de produtos químicos, fertilizantes e defensivos agropecuários, tributados à alíquota zero A aquisição dos produtos químicos, fertilizantes e defensivos agropecuários tributados à alíquota zero gera, sim, créditos de PIS e de COFINS, uma vez que tais insumos foram previamente sujeitos a incidência em cascata dos tributos, nas etapas anteriores da circulação. Podese considerar que não há de fato uma alíquota zero, mas, sim, uma antecipação do pagamento das contribuições, um desvio de finalidade do modelo de tributação que fora concebido para esses tributos, porquanto se tributará valor além do agregado, caso a glosa de tais créditos seja mantida. Fl. 220DF CARF MF Processo nº 13888.907940/201104 Acórdão n.º 3402004.030 S3C4T2 Fl. 5 4 3. Da glosa indevida de créditos relativos a despesas com frete e com armazenagem de insumos importados A apropriação creditória referente aos dispêndios com frete e com armazenagem dão direito a crédito per se, sem que seja necessário vinculálos à importação. o simples desembolso de valores, a esse título, permite a tomada de créditos, como técnica de realização da não cumulatividade das contribuições em foco. Há muitas decisões administrativas que entendem pela possibilidade de tomada de crédito das despesas de frete, conforme se verifica nas ementas transcritas. No que tange às despesas com armazenagem, é plenamente possível a tomada de crédito de PIS e COFINS, conforme o julgado firmado pelo e. Tribunal Regional Federal da 4ª Região na Apelação Cível n° 0029040 40.2008.404.7100/RS Relator : Des. Federal Joel Ilan Paciornik. A própria Receita Federal do Brasil já assegurou, em Resposta a Consulta Fiscal, que a apropriação de créditos calculados sobre expensas com frete e com armazenagem é válida per se, desde que comprovados tais dispêndios. A incidência ou não das contribuições sobre as operações de entrada e de saída, assim como a inclusão destes custos na base de cálculo dos tributos, é completamente irrelevante. Não fosse assim, não se permitiria o creditamento nos casos em que a tributação é monofásica, conforme Solução de Consulta nº 323, de 19 de Dezembro de 2012. 4. Da glosa indevida de créditos na aquisição de pallets A recorrente adquire pallets de madeira, do tipo "One Way", que são utilizados como materiais de embalagem para possibilitar as vendas, principalmente as exportações de seus produtos, sendo certo que não os recebe em retorno. Portanto, tais pallets não são contabilizados no ativo da recorrente. Em tal cenário, esses pallets compõem o custo de fabricação e comercialização dos produtos exportados, configurando insumo essencial a estas atividades. É completamente irrelevante o fato de o pallet não compor a compleição final das mercadorias, mormente porquanto tal critério não está posto por qualquer lei, quer complementar, quer ordinária. 5. Da glosa indevida de créditos sobre os pagamentos de comissões de compra As comissões compõem o custo de compra das mercadorias, de maneira a integrar a base de cálculo do creditamento correlato ao insumo. Os artigos 3º, § 1º, inciso I das Leis n° 10.637/2002 e 10.833/2003 são claros ao dispor que "o crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2° desta Lei sobre o valor dos itens mencionados no inciso II do caput, adquiridos no mês". Dizer em sentido contrário corresponderia a mitigar a nãocumulatividade da contribuição ao PIS e da COFINS, diferenciando parcelas de composição do custo de aquisição que a lei não quis segregar. 6. Da glosa indevida de créditos sobre despesas de energia térmica, por falta de previsão legal A tomada de crédito de PIS e de COFINS calculados em relação a despesas com energia térmica está elencada nos artigos 3o, incisos III, das Leis n° 10.637/2002 e 10.833/2003. A corroborar com o dispositivo legal há a Solução de Consulta n° 61, de março de 2013. 7. Da busca da verdade material no processo administrativo tributário Os documentos que instruem a manifestação de inconformidade, bem como os julgados e soluções de consultas transcritos, atestam, de maneira clara e inequívoca, a possibilidade de tomada dos créditos de PIS e COFINS oriundos das despesas com armazenamento e frete das Fl. 221DF CARF MF Processo nº 13888.907940/201104 Acórdão n.º 3402004.030 S3C4T2 Fl. 6 5 mercadorias importadas pela ora recorrente, bem como da aquisição de pallets de madeira, utilizado como material de embalagem para possibilitar as exportações de seus produtos industrializados. Em atenção ao princípio da verdade material, tem a autoridade administrativa o dever de apurar a verdade dos fatos, que, neste caso, é a possibilidade de tomada de créditos de PIS e COFINS em nome da recorrente e, por conseguinte, a realização do ressarcimento da forma correta. É o relatório. Voto Conselheiro Antonio Carlos Atulim, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402004.008, de 25 de abril de 2017, proferido no julgamento do processo 13888.907915/201112, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão 3402004.008): "Atendidos os requisitos de admissibilidade, tomase conhecimento do recurso voluntário. Cotejandose o conteúdo da manifestação de inconformidade com o do recurso voluntário, verificase que a recorrente inova neste último relativamente a várias matérias. Na manifestação de inconformidade, além das alegações de ordem genérica acerca do conceito de insumos para fins de creditamento das contribuições e do princípio da verdade material, a manifestante somente tinha contestado as glosas referentes às: i) despesas de frete e armazenagem de insumos importados após o desembaraço aduaneiro e ii) aquisições de paletes. Posteriormente, no recurso voluntário, a recorrente traz outras alegações de defesa e contesta expressamente todas as glosas efetuadas pela fiscalização, conforme tópicos do Relatório acima. A possibilidade de conhecimento e apreciação de novas alegações e novos documentos deve ser avaliada à luz das normas que regem o Processo Administrativo Fiscal Decreto n.º 70.235/72, o qual dispõe: Art. 14. A impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento. Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. Fl. 222DF CARF MF Processo nº 13888.907940/201104 Acórdão n.º 3402004.030 S3C4T2 Fl. 7 6 (...) Art. 16. A impugnação mencionará: (...) III – os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei n.º 8.748, de 1993) (...) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior;(Incluído pela Lei no 9.532, de 1997): b) refirase a fato ou a direito superveniente;(Incluído pela Lei n.º 9.532, de 1997); c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.(Incluído pela Lei n.º 9.532, de 1997) (...) Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. (Redação dada pela Lei n.º 9.532, de 1997). Assim, nos termos dos arts. 14 a 17 do Decreto nº 70.235/72, acima transcritos, a fase litigiosa do processo administrativo fiscal somente se instaura se apresentada a manifestação de inconformidade ou impugnação contendo as matérias expressamente contestadas, de forma que são os argumentos submetidos à primeira instância que determinam os limites do litígio, não se devendo conhecer de inovação recursal. A competência do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF circunscrevese ao julgamento de "recursos de ofício e voluntários de decisão de primeira instância, bem como recursos de natureza especial”, de forma que não se aprecia a matéria não impugnada ou não recorrida. Nesse sentido, tem este CARF decidido por não conhecer de matéria que não tenha sido objeto de litígio no julgamento de primeira instância, como nas ementas que ora se transcreve: Acórdão nº 9303004.566 – 3ª Turma /CSRF Sessão de 08 de dezembro de 2016 Relator: Demes Brito Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/09/1998 a 31/12/2003 Fl. 223DF CARF MF Processo nº 13888.907940/201104 Acórdão n.º 3402004.030 S3C4T2 Fl. 8 7 PRECLUSÃO. JULGAMENTO PELO COLEGIADO DE SEGUNDA INSTÂNCIA DE MATÉRIA NÃO SUSCITADA PELO SUJEITO PASSIVO. IMPOSSIBILIDADE. O julgamento da causa é limitado pelo pedido, devendo haver perfeita correspondência entre o postulado pela parte e a decisão, não podendo o julgador afastarse do que lhe foi pleiteado, sob pena de vulnerar a imparcialidade e a isenção, conforme teor do art. 17 do Decreto nº 70.235/72, considerase não impugnada a matéria não deduzida expressamente no recurso inaugural, o que, por consequência, redunda na preclusão do direito de fazêlo em outra oportunidade. (...) Acórdão 3301002.475 – CARF 3º Seção/3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária, Relator: Sidney Eduardo Stahl, j. 11/11/ 2014 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Ano calendário: 2006, 2007 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PRECLUSÃO. O contencioso administrativo instaurase com a impugnação, que deve ser expressa, considerandose não impugnada a matéria que não tenha sido diretamente contestada pelo impugnante. Inadmissível a apreciação em grau de recurso de matéria não suscitada na instância a quo. Não se conhece do recurso quando este pretende alargar os limites do litígio já consolidado, sendo defeso ao contribuinte tratar de matéria não discutida na impugnação. (...) Assim, não conheço das inovações recursais trazidas no recurso voluntário sob os seguintes tópicos: 2. Da glosa indevida de créditos relativos à aquisição de produtos químicos, fertilizantes e defensivos agropecuários, tributados à alíquota zero; 5. Da glosa indevida de créditos sobre os pagamentos de comissões de compra; e 6. Da glosa indevida de créditos sobre despesas de energia térmica, por falta de previsão legal. Passase a analisar somente a matéria do recurso voluntário que esteja contida na lide delimitada pela manifestação de inconformidade. "Da interpretação do conceito de Insumo para efeitos de tomada de créditos de pis e de cofins" Este Conselho Administrativo não tem adotado, para fins de aproveitamento de créditos do PIS/Pasep e da Cofins, a Fl. 224DF CARF MF Processo nº 13888.907940/201104 Acórdão n.º 3402004.030 S3C4T2 Fl. 9 8 interpretação restrita de insumos veiculada pelas Instruções Normativas SRF nºs 247/2002 e 404/2004, e nem tão amplo, de acordo com a legislação do Imposto de Renda. Filiome ao entendimento que tem aceitado os créditos de PIS/Cofins relativos a bens e serviços utilizados como insumos que são pertinentes e essenciais ao processo produtivo ou à prestação de serviços, considerando como parâmetro o custo de produção naquilo que não seja conflitante com o disposto nas Leis nºs 10.637/02 e 10.833/03, conforme conceito de insumo delineado no Voto do Conselheiro Antonio Carlos Atulim no Acórdão nº 3403002.816– 4ª Câmara / 3ª Turma Ordinária, de 27 de fevereiro de 2014, abaixo transcrito: (...) Já no regime não cumulativo das contribuições ao PIS e à Cofins, o crédito é calculado, em regra, sobre os gastos e despesas incorridos no mês, em relação aos quais deve ser aplicada a mesma alíquota que incidiu sobre o faturamento para apurar a contribuição devida (art. 3º, § 1º das Leis nº 10.637/02 e 10.833/04). E os eventos que dão direito à apuração do crédito estão exaustivamente citados no art. 3º e seus incisos, onde se nota claramente que houve uma ampliação do número de eventos que dão direito ao crédito em relação ao direito previsto na legislação do IPI. Essa distinção entre os regimes jurídicos dos créditos de IPI e das contribuições não cumulativas permite vislumbrar que no IPI o direito de crédito está vinculado de forma imediata e direta ao produto industrializado, enquanto que no âmbito das contribuições está relacionado ao processo produtivo, ou seja, à fonte de produção da riqueza. Assim, a diferença entre os contextos da legislação do IPI e da legislação das contribuições, aliada à ampliação do rol dos eventos que ensejam o crédito pelas Leis nº 10.637/02 e 10.833/04, demonstra a impropriedade da pretensão fiscal de adotar para o vocábulo “insumo” o mesmo conceito de “produto intermediário” vigente no âmbito do IPI. Contudo, tal ampliação do significado de “insumo”, implícito na redação do art. 3º das Leis nº 10.637/02 e 10.833/04, não autoriza a inclusão de todos os custos e despesas operacionais a que alude a legislação do Imposto de Renda, pois no rol de despesas operacionais existem gastos que não estão diretamente relacionados ao processo produtivo da empresa. Se a intenção do legislador fosse atribuir o direito de calcular o crédito das contribuições não cumulativas em relação a todas despesas operacionais, seriam desnecessários os dez incisos do art. 3º, das Leis nº 10.637/02 e 10.833/04, onde foram enumerados de forma exaustiva os eventos que dão direito ao cálculo do crédito. Portanto, no âmbito do regime não cumulativo das contribuições, o conteúdo semântico de “insumo” é mais amplo do que aquele da legislação do IPI e mais restrito do que aquele da legislação do imposto de renda, abrangendo os Fl. 225DF CARF MF Processo nº 13888.907940/201104 Acórdão n.º 3402004.030 S3C4T2 Fl. 10 9 “bens” e “serviços” que, não sendo expressamente vedados pela lei, forem essenciais ao processo produtivo para que se obtenha o bem ou o serviço desejado. Na busca de um conceito adequado para o vocábulo insumo, no âmbito das contribuições não cumulativas, a tendência da jurisprudência no CARF caminha no sentido de considerar o conceito de insumo coincidente com conceito de custo de produção, pois além de vários dos itens descritos no art. 3º da Lei nº 10.833/04 integrarem o custo de produção, esse critério oferece segurança jurídica tanto ao fisco quanto aos contribuintes, por estar expressamente previsto no artigo 290 do Regulamento do Imposto de Renda. Nessa linha de raciocínio, este colegiado vem entendendo que para um bem ser apto a gerar créditos da contribuição não cumulativa, com base no art. 3º, II, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2002, ele deve ser aplicado ao processo produtivo (integrar o custo de produção) e não ser passível de ativação obrigatória à luz do disposto no art. 301 do RIR/991. Se for passível de ativação obrigatória, o crédito deverá ser apropriado não com base no custo de aquisição, mas sim com base na despesa de depreciação ou amortização, conforme normas específicas. (...) ... "Da glosa indevida de créditos na aquisição de pallets" Acerca das glosas relativas aos paletes de madeira do tipo "One Way", entendo que elas devem ser revertidas, acompanhando o voto do Ilustre Conselheiro Waldir Navarro Bezerra, proferido em face da recorrente no processo nº 13878.000213/200587 (Acórdão nº 3402002.826– 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária, Sessão de 25 de janeiro de 2016, conforme extrato abaixo: (...) A decisão recorrida, como se vê, foi além do conceito restrito de insumo das Instruções Normativas n° 247/2002 e n° 404/2004. Aplicando diretamente as disposições do Regulamento do IPI (Decreto nº 4.544/2002), restringiu o direito ao crédito apenas às embalagens incorporadas ao produto no processo de industrialização. Tratase, porém, de interpretação que não tem respaldo na legislação, à medida que a IN SRF nº 247/2002, não opera com a distinção adotada pela decisão recorrida: (...) 1 Art. 301. O custo de aquisição de bens do ativo permanente não poderá ser deduzido como despesa operacional, salvo se o bem adquirido tiver valor unitário não superior a trezentos e vinte e seis reais e sessenta e um centavos, ou prazo de vida útil que não ultrapasse um ano (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 15, Lei nº 8.218, de 1991, art. 20, Lei nº 8.383, de 1991, art. 3º, inciso II, e Lei nº 9.249, de 1995, art. 30). Fl. 226DF CARF MF Processo nº 13888.907940/201104 Acórdão n.º 3402004.030 S3C4T2 Fl. 11 10 E mais. Neste caso, entendo que tratase, assim, diferentemente dos casos em que ocorre especificamente para a etapa de transporte, e sim de acondicionamento diretamente relacionado à produção do bem e que afasta o seu enquadramento com bem do ativo imobilizado, pois são descartáveis. A recorrente fabrica e exporta seus produtos, que notoriamente são sensíveis e facilmente afetados por situações cotidianas, como por exemplo contatos físicos com outros produtos, deterioração por contatos de produtos naturais, como água, umidade, produtos químicos, etc. No presente caso, verificase que a paletização que envolve o acondicionamento (pallet, papelão e os filmes strech) não é realizada apenas para fins de transporte, mas para a própria estocagem no estabelecimento industrial. Isso porque, devido ao tamanho reduzido das embalagens individuais, não há como estocar o produto na fábrica sem a sua paletização. Do contrário, haveria o desmoronamento das pilhas de armazenagem, por exemplo. Ademais, a paletização, além de indispensável à estocagem e ao transporte da mercadoria, constitui exigência de normas de controle sanitário na área de alimentos. Com efeito, de acordo com a Portaria SVS/MS (Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde) nº 326, de 30 de julho de 1997, que aprova o Regulamento Técnico; “Condições Higiênicos Sanitárias e de Boas Práticas de Fabricação para Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos”: “5.3.10 Os insumos, matérias primas e produtos terminados devem estar localizados sobre estrados e separados das paredes para permitir a correta higienização do local.” “8.8 – Armazenamento e transporte de matérias primas e produtos acabados: 8.8.1 – As matéria primas e produtos acabados devem ser armazenados e transportados segundo as boas práticas respectivas de forma a impedir a contaminação e/ou a proliferação de microorganismos e que protejam contra a alteração ou danos ao recipiente ou embalagem. Durante o armazenamento deve ser exercida uma inspeção periódica dos produtos acabados, a fim de que somente sejam expedidos alimentos aptos para o consumo humano e sejam cumpridas as especificações de rótulo quanto as condições e transporte, quando existam.” (g.n.) A paletização, portanto, atende exigência de acondicionamento dos produtos acabados em estrados (item 5.3.10), de forma a impedir a contaminação do produto e a ocorrência de alteração ou danos ao recipiente ou embalagem (item 8.8.1), nos termos previstos na Portaria SVS/MS nº 326/1997. Fl. 227DF CARF MF Processo nº 13888.907940/201104 Acórdão n.º 3402004.030 S3C4T2 Fl. 12 11 Tratase, assim, diferentemente dos casos em que ocorre especificamente para a etapa de transporte, de acondicionamento diretamente relacionado à produção do bem e que decorre de exigências sanitárias. Foi informado ainda pela recorrente que o pallet têm natureza one way (sem retorno), o que afasta o seu enquadramento com bem do ativo imobilizado. (...) "Da busca da verdade material no processo administrativo tributário" Por fim, a invocação do princípio da verdade material em nada auxilia a recorrente no presente processo, eis que não há aqui controvérsia sobre matérias de fato, mas tão somente divergências quanto à qualificação jurídica dos fatos. Assim, em face do exposto, voto no sentido de não conhecer o recurso voluntário no que concerne às inovações recursais (alíquota zero, comissões de compra e energia térmica) e, na parte conhecida, darlhe provimento parcial para reverter as glosas relativas às aquisições de paletes "one way". (...)2 "Da glosa indevida de créditos relativos a despesas com frete e com armazenagem de insumos importados" 1. Com a devida vênia, ousei divergir da douta relatora do caso apenas em relação ao creditamento nas operações de frete e armazenamento, haja vista as razões que passo a expor 2. Convém destacar que, segundo o que restou apurado nos autos, a fiscalização e o contribuinte convergem em relação ao fato de que os dispêndios em questão (frete e armazenamento) foram arcados pela Recorrente, configurando, pois, custo em relação à tomada de tais serviços. Em suma, a recorrente e a fiscalização admitem que os dispêndios citados são formalmente custeados pela recorrente, o que torna este fato inconteste. 3. A discussão, todavia, gravita em torno do fato da fiscalização ter partido da premissa que tais dispêndios não dariam direito a crédito, uma vez que o insumo transportado/armazenado não estaria sujeito à incidência da COFINS. Por outro giro verbal, o que a fiscalização sustenta, indevidamente, é que o crédito de frete e de armazenamento deve seguir a mesma sistemática de creditamento do bem transportado, como se houvesse uma relação de subsidiariedade entre tais créditos. 2 Não foi transcrita a parte do voto da relatora do paradigma que tratou do direito de crédito relativo a despesas com frete e com armazenagem, por ser entendimento que restou vencido na votação, e por constar, na íntegra, do acórdão do processo paradigma. Transcreveuse, tãosomente, o entendimento que prevalesceu sobre a questão. Fl. 228DF CARF MF Processo nº 13888.907940/201104 Acórdão n.º 3402004.030 S3C4T2 Fl. 13 12 4. Tal entendimento, todavia, é indevido. A apuração dos créditos em tela não possui uma relação de subsidiariedade com a forma de apuração do crédito do produto transportado/armazenado. Não há qualquer previsão legal neste diapasão, até que porque não haveria qualquer sentido nisso, já que o frete e o armazenamento sofreram a incidência integral da contribuição e, por isso, não podem ser comparados ao procedimento aplicável ao bem transportado/armazenado. Não se comparam elementos distintos por absoluta impropriedade de meio e inconsistência de conclusão. 5. Logo, uma vez provado que o frete e o armazenamento configuram custo de aquisição para o adquirente, ele deve ser tratado como tal e, por conseguinte, gerar crédito em sua integralidade. Inclusive, é assim que tem decidido este Tribunal administrativo, consoante se observa das ementas abaixo transcritas: Ementa ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/10/2008 a 30/09/2009 (...). CRÉDITO. FRETE DE INSUMOS. POSSIBILIDADE. INEXISTÊNCIA DE VINCULAÇÃO AO CRÉDITO DO BEM ADQUIRIDO. É permitido ao contribuinte tomar crédito do custo do transporte de insumos quando ainda em fase de produção. Neste diapasão, uma vez que o frete em si é tributado pelas contribuições, ainda que os objetos transportados se refiram a insumos que não sofreram a incidência do PIS e COFINS, o custo do serviço gera direito a crédito. (...). Recurso Voluntário Provido em Parte. (CARF; Acórdão n. 3302002.780; 2a T. da 3a Câmara da 3a Seção; j. em 11/12/2014). Ementa Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007 (...). CRÉDITO. FRETE NA AQUISIÇÃO. INEXISTÊNCIA DE VINCULAÇÃO AO CRÉDITO DO BEM ADQUIRIDO. Tratandose de frete tributado pelas contribuições, ainda que se refiram a insumos adquiridos que não sofreram a incidência, o custo do serviço gera direito a crédito. (...). Fl. 229DF CARF MF Processo nº 13888.907940/201104 Acórdão n.º 3402004.030 S3C4T2 Fl. 14 13 (CARF; Acórdão n. 3302001.916; 2a T. da 3a Câmara da 3a Seção; j. em 29/01/2013) 6. Neste sentido, inclusive, é o recentíssimo julgado desta turma julgadora, conforme se observa da seguinte ementa: Ementa Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2004 (...). FRETE. CUSTO DE AQUISIÇÃO DO ADQUIRENTE. CRÉDITO VÁLIDO INDEPENDENTEMENTE DO REGIME DE CRÉDITO DO BEM TRANSPORTADO. A apuração do crédito de frete não possui uma relação de subsidiariedade com a forma de apuração do crédito do produto transportado. Não há qualquer previsão legal neste diapasão. Uma vez provado que o frete configura custo de aquisição para o adquirente, ele deve ser tratado como tal e, por conseguinte, gerar crédito em sua integralidade. Recurso voluntário parcialmente provido. Direito creditório reconhecido em parte. (Acórdão n. 3402003.968; sessão de 28 março de 2017). 7. Assim, com base em tais fundamentos reconheço como válidos os créditos de frete e armazenamento vindicados pela recorrente, motivo pelo qual, na parte reconhecida, dou integral provimento ao recurso voluntário interposto." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, conheço parcialmente do recurso voluntário, e na parte conhecida, dou integral provimento. assinado digitalmente Antônio Carlos Atulim Fl. 230DF CARF MF
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Numero do processo: 12466.723779/2013-70
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed May 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Jun 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 05/01/2010 a 30/12/2011
REGISTRO DE ENTREGA DE CARGA. PRAZO. DESCUMPRIMENTO. MULTA. CABIMENTO.
Nos termos do art. 39, § 1o da IN RFB no 800/07, o depositário deve informar previamente, no sistema específico, a entrega da carga ao importador, sob pena de, em caso de inobservância da providência, ensejar a imposição da sanção capitulada no art. 107, IV, f do Decreto-Lei no 37/66.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 05/01/2010 a 31/12/2011
PENALIDADE. GRADUAÇÃO. DÚVIDA. ART. 112 DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL.
Havendo dúvida fundada sobre a graduação de penalidade por descumprimento às regras de controle aduaneiro, deve a norma ser interpretada de maneira mais favorável ao interveniente, ex vi do art. 112, IV do Código Tributário Nacional.
Recurso voluntário provido em parte.
Numero da decisão: 3401-003.795
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário apresentado, para reduzir a multa ao valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), vencidos o Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, que afastava integralmente o lançamento, por não haver sido previamente instaurado procedimento para aplicação da penalidade prevista no artigo 76 da Lei no 10.833/2003, conforme disciplina o artigo 728, § 4o do Regulamento Aduaneiro (Decreto no 6.759/2009), e os Conselheiros Fenelon Moscoso de Almeida e Rosaldo Trevisan, que mantinham o lançamento, tendo o último manifestado a intenção de apresentar declaração de voto. Os conselheiros Fenelon Moscoso de Almeida e Eloy Eros da Silva Nogueira alteraram seus votos proferidos em abril de 2007, em função dos novos debates havidos. O Conselheiro Renato Vieira de Ávila atuou em substituição ao Conselheiro Augusto Fiel Jorge DOliveira, que se declarou suspeito. O voto do Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, ausente justificadamente, foi coletado em abril de 2017.
Rosaldo Trevisan Presidente
Robson José Bayerl Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Renato Vieira de Ávila, Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
Nome do relator: ROBSON JOSE BAYERL
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PRAZO. DESCUMPRIMENTO. MULTA. CABIMENTO. Nos termos do art. 39, § 1o da IN RFB no 800/07, o depositário deve informar previamente, no sistema específico, a entrega da carga ao importador, sob pena de, em caso de inobservância da providência, ensejar a imposição da sanção capitulada no art. 107, IV, “f” do DecretoLei no 37/66. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 05/01/2010 a 31/12/2011 PENALIDADE. GRADUAÇÃO. DÚVIDA. ART. 112 DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL. Havendo dúvida fundada sobre a graduação de penalidade por descumprimento às regras de controle aduaneiro, deve a norma ser interpretada de maneira mais favorável ao interveniente, ex vi do art. 112, IV do Código Tributário Nacional. Recurso voluntário provido em parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário apresentado, para reduzir a multa ao valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), vencidos o Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, que afastava integralmente o lançamento, por não haver sido previamente instaurado procedimento para aplicação da penalidade prevista no artigo 76 da Lei no 10.833/2003, conforme disciplina o artigo 728, § 4o do Regulamento Aduaneiro (Decreto no 6.759/2009), e os Conselheiros Fenelon Moscoso de Almeida e Rosaldo Trevisan, que mantinham o lançamento, tendo o AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 46 6. 72 37 79 /2 01 3- 70Fl. 9163DF CARF MF 2 último manifestado a intenção de apresentar declaração de voto. Os conselheiros Fenelon Moscoso de Almeida e Eloy Eros da Silva Nogueira alteraram seus votos proferidos em abril de 2007, em função dos novos debates havidos. O Conselheiro Renato Vieira de Ávila atuou em substituição ao Conselheiro Augusto Fiel Jorge D’Oliveira, que se declarou suspeito. O voto do Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, ausente justificadamente, foi coletado em abril de 2017. Rosaldo Trevisan – Presidente Robson José Bayerl – Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Renato Vieira de Ávila, Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Relatório Cuidase de auto de infração relativo à multa prevista no art. 107, VI, “f” do DecretoLei no 37/66, referente ao período janeiro/2010 a dezembro/2011, em razão de o autuado, na condição de depositário, deixar de registrar a entrega das cargas aos respectivos importadores, no sistema SiscomexCARGA, no prazo estabelecido na IN RFB no 800/2007. Em impugnação, o contribuinte alegou que jamais fora intimado formalmente do início do procedimento fiscal; que não lhe fora aplicada a sanção administrativa de advertência, prevista no art. 735, I, “b” do RA/2009, em substituição à multa imposta; que, ainda que cabível indigitada multa, a advertência deveria anteceder a exigência do crédito fiscal, nos termos do art. 728, § 4o do RA/2009; que não haveria tipicidade entre sua conduta e a hipótese legalmente prevista para inflição da multa; que a multa deveria incidir uma única vez, por se tratar de conduta única, mesmo que reiterada (infração continuada), não havendo respaldo para aplicála sobre cada um dos Conhecimentos Eletrônicos (CE) registrados em atraso; que seria desproporção entre os meios empregados e a finalidade almejada pela Administração Tributária; que houve desvio de finalidade da multa cominada, ante o desiderato da IN RFB no 800/2007, que foi atendido; e, que a prática supostamente infracional não ocasionou prejuízo algum à Administração Tributária. Posteriormente houve complementação para juntada de cópia da Solução de Consulta Interna no 8 – Cosit, de 14/02/2008, que ampararia a incidência da multa aplicada em seu valor singular. A DRJ Florianópolis/SC manteve integralmente o lançamento, em decisão assim ementada: “REGISTRO DE ENTREGA DA CARGA. DEPOSITÁRIO. FORMA E PRAZO. DESCUMPRIMENTO. Fl. 9164DF CARF MF Processo nº 12466.723779/201370 Acórdão n.º 3401003.795 S3C4T1 Fl. 9.158 3 O depositário deverá informar à Secretaria da Receita Federal do Brasil, previamente à efetiva entrega das mercadorias ao importador, mediante registro no Sistema Siscomex Carga, a operação de entrega da carga. O descumprimento desta obrigação tipifica o disposto no artigo 107, inciso IV, alínea “f” do DecretoLei no 37/66.” O recurso voluntário, com alguma variação, reprisou a impugnação. Na sessão de 19/05/2016, através da Resolução no 3401000.930, o julgamento foi convertido em diligência para prestação de esclarecimentos. Encerrada a diligência, retornaram os autos para prosseguimento. É o relatório. Voto Conselheiro Robson José Bayerl, Relator O juízo de admissibilidade do recurso voluntário já foi, a seu tempo, realizado. Relativamente à preliminar de nulidade da autuação, por cerceamento de defesa e inobservância do devido processo legal, em razão de que “jamais foi intimada formalmente do início da fiscalização”, não deve ser acolhida. O próprio recorrente reconhece que recebeu o Termo de Intimação SEVIG 11/2012, onde as autoridades aduaneiras exigiram esclarecimento sobre o motivo pelo qual deixou de registrar a entrega das cargas no sistema SISCOMEXCarga, conforme determinação do art. 39 da IN RFB no 800/2007. Como bem pontuado pela decisão recorrida, o início do procedimento fiscal ocorre com primeiro ato de ofício escrito praticado pela autoridade competente, consoante art. 7o, I do Decreto no 70.235/72. Demais disso, o procedimento fiscal, precedente à constituição do crédito tributário, possui natureza eminentemente inquisitiva, dispensando, nessa fase, a participação do sujeito passivo, acaso disponíveis todos os elementos necessários à formalização do crédito tributário respectivo, remetendose o contraditório à fase contenciosa, que se inicia com a ciência do lançamento, notificação de lançamento ou despacho decisório, razão porque não há que se falar em cerceamento de defesa durante o procedimento fiscal. Outrossim, supostos vícios ou mesmo a necessidade de emissão de Mandado de Procedimento Fiscal – MPF não implicam invalidade do lançamento, sendo que a jurisprudência hodierna desse sodalício é firme no sentido que o MPF é mero instrumento de planejamento e controle administrativo, de maneira que, dada essa condição, a sua ausência ou mesmo a falha na sua emissão ou prorrogação não têm o condão de eivar de nulidade o lançamento, cujos requisitos mínimos de validade vêm arrolados numerus clausus no art. 10 do Fl. 9165DF CARF MF 4 Decreto no 70.235/1972, dele não constando a prévia emissão ou mesmo a manutenção, ao longo do procedimento fiscal, do mandado em comento. O exercício da atividade de lançamento atribuída ao Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil – AFRFB, na qualidade de autoridade fiscal, deflui diretamente dos textos legais, mormente o art. 142 do Código Tributário Nacional e Lei no 10.593/2002. Para referendar o posicionamento, colaciono, de forma exemplificativa, acórdãos recentes desta casa julgadora: “MPF E NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. É de ser rejeitada a nulidade do lançamento por constituir o Mandado de Procedimento Fiscal elemento de controle da administração tributária, não influindo na legitimidade do lançamento tributário.” (Acórdão nº 9303003.506, de 15/03/2016) “VÍCIOS DO MPF NÃO GERAM NULIDADE DO LANÇAMENTO. As normas que regulamentam a emissão de mandado de procedimento fiscal MPF, dizem respeito ao controle interno das atividades da Secretaria da Receita Federal, portanto, eventuais vícios na sua emissão e execução não afetam a validade do lançamento.” (Acórdão nº 9202 003.956, de 12/04/2016) “PROCEDIMENTO FISCAL. FALTA DE MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. INEXISTÊNCIA DE NULIDADE DO LANÇAMENTO. O Mandado de Procedimento Fiscal visa o controle administrativo das ações fiscais da RFB, não podendo afastar a vinculação da autoridade tributária à Lei, nos exatos termos do art. 142 do CTN, sob pena de responsabilização funcional. O Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil, no pleno gozo de suas funções, detém competência exclusiva para o lançamento, não podendo se esquivar do cumprimento do seu dever funcional em função de portaria administrativa e em detrimento das determinações superiores estabelecidas no CTN, por isso que a inexistência de MPF não implica nulidade do lançamento.” (Acórdão nº 9303003.876, de 19/05/2016) “NORMAS PROCESSUAIS. MPFMANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. PRAZOS. AUSÊNCIA DE NULIDADE DO LANÇAMENTO. O pleno exercício da atividade fiscal não pode ser obstruído por força de ato administrativo de caráter gerencial. O mandado de procedimento fiscal, por ser medida disciplinadora visando a administração dos trabalhos de fiscalização, não pode sobreporse ao que dispõe o CTN acerca do lançamento tributário, bem como Fl. 9166DF CARF MF Processo nº 12466.723779/201370 Acórdão n.º 3401003.795 S3C4T1 Fl. 9.159 5 aos dispositivos da Lei nº 10.593/2002, que trata da competência funcional para a lavratura do auto de infração.” (Acórdão nº 3402003.288, de 27/09/2016) “MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. O Mandado de Procedimento Fiscal representa mero instrumento de controle interno da Administração Tributária, não podendo dar causa à nulidade do lançamento eventual irregularidade na sua emissão ou prorrogação.” (Acórdão nº 1201001.574, de 16/02/2017) “MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL MPF. LANÇAMENTO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. O MPF é mero instrumento interno, disciplinado por ato administrativo, de planejamento e controle da administração tributária federal. Eventuais omissões ou irregularidades formais em sua emissão ou prorrogação, não ensejam a nulidade do lançamento de ofício, vinculado e obrigatório, por lei.” (Acórdão nº 3401003.437, de 28/03/2017) “MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. IRREGULARIDADES. AUSÊNCIA. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. O Mandado de Procedimento Fiscal é instrumento administrativo de planejamento e controle das atividades de fiscalização da Secretaria da Receita Federal do Brasil. Nem irregularidades, equívocos cometidos na sua emissão, na sua prorrogação, alteração ou qualquer outro, ou mesmo a circunstância de o procedimento fiscal ter sido instaurado sem a emissão do Mandado acarreta nulidade do auto de infração lavrado por autoridade que, nos termos da lei, possui competência para tanto.” (Acórdão nº 3302 004.019, de 29/03/2017) “MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL MPF. AUSÊNCIA DE NULIDADE. O MPF é instrumento de controle administrativo e de informação ao contribuinte. Eventuais omissões ou incorreções no MPF não são causa de nulidade do lançamento.” (Acórdão nº 2401004.735, de 24/04/2017) “NULIDADE DO LANÇAMENTO. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA DE CIÊNCIA DE PRORROGAÇÃO. INOCORRÊNCIA. O Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) é mero instrumento de controle administrativo da fiscalização e não tem o condão de outorgar e menos ainda de suprimir a Fl. 9167DF CARF MF 6 competência legal do AuditorFiscal da Receita Federal para fiscalizar os tributos federais e realizar o lançamento quando devido. Assim, se o procedimento fiscal foi regularmente instaurado e os lançamentos foram realizados pela autoridade administrativa competente, nos termos do art. 142 do CTN, e, ainda, a recorrente pôde exercitar com plenitude o seu direito de defesa, afastase quaisquer alegação de nulidade relacionada à emissão, prorrogação ou alteração do MPF.” (Acórdão nº 1302 002.067, de 25/04/2017). Quanto à desobediência ao devido processo legal, acarretada pela ausência do procedimento preliminar previsto no art. 76 da Lei no 10.833/03, regulamentado pelo art. 735 do Decreto no 6.759/2009, após muito refletir, a partir, inclusive, das próprias considerações tecidas pela fiscalização no relatório de diligência fiscal, concluí que não cabe tal providência no caso dos autos. Consoante art. 735, I, “b” do RA/2009, em tese violado, caberia a pena de advertência aos intervenientes, no caso o depositário, que deixassem de registrar ou registrassem de forma irregular documentos relativos à entrada ou saída de mercadorias em recinto alfandegado. Ocorre que, no caso dos autos, a infração não recai sobre defeito no registro de documentos, mas sim no registro de fatos atinentes à movimentação de carga sobre controle aduaneiro, porquanto, segundo a autuação, o recorrente não teria observado as disposições do art. 39 da IN RFB, que prevê o seguinte: “A entrega da carga importada, quando armazenada em recinto não controlado pelo Siscomex Mantra, deverá ser informada pelo respectivo depositário no Siscomex Carga, ressalvados os casos definidos em ato da Coana.” Portanto, a infração não se amolda à conduta tipificada no indigitado art. 735, I, “b” do Decreto no 6.759/2009, razão porque é despiciente discutir sobre o procedimento preliminar de advertência e sua cumulação com outras penalidades previstas na legislação aduaneira, não havendo qualquer violação ao devido processo legal. Respeitante à alegação de ausência de tipicidade para a penalidade infligida, temse que a infração cominada está alicerçada no art. 107, IV, “f” do DecretoLei no 37/66, que dispõe ser aplicável multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por deixar de prestar informação sobre carga armazenada, ou sob sua responsabilidade, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada ao depositário ou ao operador portuário. Considerando que a conduta imputada como infracional consistiu em não registrar a entrega da carga aos respectivos importadores na data aprazada, entendo que há, sim, subsunção na capitulação indicada, pois o depositário deixou de prestar informações obrigatórias sobre a carga armazenada, dentro do prazo estabelecido. Acentuese que a cominação da penalidade vem prevista em lei em sentido formal, DecretoLei no 37/66, sendo que apenas a exigência administrativa, a obrigação acessória, está veiculada em ato normativo, não representando qualquer vilipêndio às normas gerais de direito tributário, mormente o art. 97, V do Código Tributário Nacional. Com efeito, nos termos do codex, art. 113, § 2o, a obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas Fl. 9168DF CARF MF Processo nº 12466.723779/201370 Acórdão n.º 3401003.795 S3C4T1 Fl. 9.160 7 no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos, integrando a expressão “legislação tributária” os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas (art. 96 c/c art. 100, I), aí se incluindo as instruções normativas, de maneira que a inobservância destas obrigações acessórias convertese em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária (art. 113, § 3o). Também não procede o argumento que as multas do art. 107 do DL no 37/66 somente teriam lugar no âmbito do “regime aduaneiro”, não alcançando as situações em que a mercadoria já estivesse nacionalizada, isso porque não há qualquer referência nesse sentido no texto de lei, como asseverado pela decisão reclamada, além do que, enquanto a mercadoria permanecer em recinto sujeito a controle aduaneiro, ainda que nacionalizada, sujeitase às obrigações previstas na legislação específica. Uma vez fixada o cabimento da multa aplicada, resta o exame de sua gradação. Para melhor balizar o raciocínio, transcrevo o dispositivo em que fundada a pena: “Art. 107. Aplicamse ainda as seguintes multas: (...) IV de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): (...) f) por deixar de prestar informação sobre carga armazenada, ou sob sua responsabilidade, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada ao depositário ou ao operador portuário;” O recorrente defende que a conduta seria única, qualificandose como infração continuada, o que exigiria a imposição de uma única multa. A fiscalização, por seu turno, entende que são várias condutas, daí porque a multa deveria ser imposta por cada informação prestada a destempo. Nesse passo, o DecretoLei no 37/66 dispõe sobre o concurso e a continuidade infracional no seu art. 99, da seguinte forma: “Art.99 Apurandose, no mesmo processo, a prática de duas ou mais infrações pela mesma pessoa natural ou jurídica, aplicamse cumulativamente, no grau correspondente, quando for o caso, as penas a elas cominadas, se as infrações não forem idênticas. § 1º Quando se tratar de infração continuada em relação à qual tenham sido lavrados diversos autos ou representações, serão eles reunidos em um só processo, para imposição da pena. § 2º Não se considera infração continuada a repetição de falta já arrolada em processo fiscal de cuja instauração o infrator tenha sido intimado.” (destacado) Fl. 9169DF CARF MF 8 Segundo o texto, ocorrendo duas ou mais infrações, no mesmo processo, a imposição das penas a elas correspondentes deve se dar cumulativamente, desde que as infrações não sejam idênticas. Então, a contrario senso e em tese, poderseia inferir que, sendo as infrações idênticas, como no caso vertente, as multas não seriam cumuláveis. Entretanto, remanesceria a dúvida sobre a que se refere a expressão “no grau correspondente”. Tratarseia da definição do quantitativo da pena dentro dos limites legais, nos termos do art. 97, II do DL no 37/66? Seria a quantificação da sanção, como proposto pelas autoridades fiscais? Quid juris? Então, não me parece que o referido art. 99 apresente uma solução clara para o problema. De outra banda, o mesmo art. 107, quando pretendeu graduar a punição em função de alguma unidade de medida o fez textualmente, a exemplo da cominação de multas diárias, por tonelada de carga, por mêscalendário, por erro, por volume, dentre outros, no entanto, em outras situações optou por descrever genericamente a conduta, sem especificação da referida graduação. Na penalidade ora tratada, a lei não fez qualquer referência à unidade de graduação, como, p.e., por documento, por carga, por informação, etc., como nas demais alíneas, apresentando um texto generalista, o que, em princípio, poderia levar à conclusão que a punição alcançaria a conduta individualmente considerada, pouco importando o número de informações não prestadas. Sob essa ótica, é certo que a inflição da multa em valor único, independente do número de condutas antijurídicas praticadas, acarretaria a equiparação do contribuinte que comete uma única falta àquele que comete a mesma falta reiterada vezes, porém, não se pode perder de vista que o móvel desta sanção é simplesmente compelir o interveniente, seja importador, transportador ou depositário, a prestar as informações em tempo hábil e de maneira correta, com vistas ao adequado controle administrativo das operações de comércio exterior, jamais podendo ser encarada como sucedâneo de instrumento arrecadatório. Neste processo, a inflição da penalidade atingiu a cifra de R$ 29.745.000,00 (vinte e nove milhões, setecentos e quarenta e cinco mil reais). Ainda, em seu favor, o autuado arregimentou a conclusão estampada na SCI Cosit no 8, de 14/02/2008, que, tratando de multa por registro de dados no SISCOMEX após o prazo, em reiteração infracional, assentou que se configuraria infração única. Naquela ocasião, a CoordenaçãoGeral de Administração Aduaneira (COANA) indagou se a multa fixa deveria ser aplicada por cada declaração de exportação (DE) com dados informados fora do prazo ou, tendo em vista o art. 99 do DL no 37/66, deveria ser imposta apenas uma multa para todos as DE com dados informados fora do prazo. A resposta da CoordenaçãoGeral de Tributação foi a seguinte: “16. Restaria assim, a dúvida se a cada informação não prestada, sobre cada uma das declarações de exportação, geraria uma multa de R$ 5.000,00 ou se a multa seria pelo descumprimento de obrigação acessória de deixar o transportador de informar os dados sobre a carga, como um Fl. 9170DF CARF MF Processo nº 12466.723779/201370 Acórdão n.º 3401003.795 S3C4T1 Fl. 9.161 9 todo, transportada. Ora, o transportador que deixou de informar os dados de embarque em uma declaração de exportação e o que deixou de informar os dados de embarque sobre todas as declarações de exportação cometeram a mesma infração, ou seja, deixaram de cumprir a obrigação acessória de informar os dados de embarque. Nestes termos, a multa deve ser aplicada uma única vez por veículo transportador, pela omissão de não prestar as informações exigidas na forma e no prazo estipulados. Conclusão 17. Em face de todo exposto, concluise que: (...) c)deve ser aplicada ao transportador uma única multa de R$ 5.000,00, uma vez que o descumprimento de obrigação acessória de informar os dados de embarque, no Siscomex, não sendo determinante a quantidade de dados não informados. (...)” Ocorre que, posteriormente, a mesma CoordenaçãoGeral de Tributação, por intermédio da SCI Cosit no 02/2016, examinando o mesmo dispositivo administrativopenal albergado neste processo, concluiu de maneira diversa, como subsegue: "a) a multa estabelecida no art. 107, inciso IV, alíneas “e” e “f” do DecretoLei nº 37, de 18 de novembro de 1966, com a redação dada pela Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, é aplicável para cada informação prestada em desacordo com a forma ou nos prazos estabelecidos na Instrução Normativa RFB nº 800, de 27 de dezembro de 2007; (...)" Como se vê, as inferências das soluções de consulta mencionadas apenas realçam o quão tormentosa é a questão, revelando a existência de dúvida interpretativa fundada a seu respeito, o que, sob minha ótica, mesmo que verse sobre infração por descumprimento a regra de controle aduaneiro, atrai as disposições do art. 112, IV do Código Tributário Nacional: “Art. 112. A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpretase da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto: (...) IV à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação.” Ainda que se trate de multa por inobservância controle aduaneiro e por entender que a matéria está sujeita à incidência das normas gerais de direito tributário, assevero que diante desta imprecisão sobre a correta interpretação acerca da gradação da penalidade, cabível a observância do princípio insculpido no art. 112, IV, devendo a norma ser aplicada de maneira mais favorável ao interveniente, ora sujeito passivo. Fl. 9171DF CARF MF 10 Esse, a meu ver, o principal argumento a justificar, como interpretação mais favorável ao sujeito passivo, a redução da pena imposta – a dúvida sobre sua graduação. Nessa vereda, pela integração do art. 107, IV, “f” do DL 37/66 com art. 112, IV do Código Tributário Nacional, concluo que a multa imposta deve ser reduzida para o patamar de R$ 5.000.00 (cinco mil reais). Tocante ao desvio de finalidade da pena cominada e o atendimento à finalidade da IN RFB 800/07, entendo como inocorrente, pois, ainda que se tome a providência como atendida, é inconteste que as medidas foram adotadas extemporaneamente e ao arrepio da determinação lá contida, ao exigir que a entrega da carga somente está autorizada após a prestação da informação no sistema específico, o que não ocorreu. Também não procede a alegação de irrazoabilidade da norma inserta no art. 39 em comento com as demais normas de regência do sistema aduaneiro, haja vista que a pretensa incompatibilidade operacional das normas não se resolve pelo seu simples descumprimento, mas pelas vias legalmente postas à disposição do administrado, como o processo de consulta ou os remédios jurídicos. Relativamente à desproporcionalidade da pena, tenho que a questão esteja prejudicada pelo acatamento do pedido de redução do valor da multa. Com estas considerações, voto por dar parcial provimento ao recurso voluntário para reduzir a multa ao valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Robson José Bayerl Fl. 9172DF CARF MF Processo nº 12466.723779/201370 Acórdão n.º 3401003.795 S3C4T1 Fl. 9.162 11 Declaração de Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, Registro, na presente declaração, as razões de divergir em relação a dois posicionamentos externados no seio do colegiado: (a) o de que o lançamento deveria ser cancelado, por não haver sido previamente instaurado procedimento para aplicação da penalidade prevista no artigo 76 da Lei no 10.833/2003, conforme disciplina o artigo 728, § 4o do Regulamento Aduaneiro (Decreto no 6.759/2009); e (b) o de que a multa deveria ser reduzida de R$ 27.945.000,00 para R$ 5.000,00, que acabou prevalecendo no resultado do julgamento. Tais razões foram ensejadoras de pedido de vistas, por minha parte, na sessão de abril de 2017, e acabaram por alterar, nos debates, o posicionamento de dois membros do colegiado. Inicio pela análise do entendimento de que o lançamento deveria ser cancelado, por não haver sido previamente instaurado procedimento para aplicação da penalidade de advertência. Tal posicionamento, inicialmente sustentando pelo Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira, foi acompoanhado pelo Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Na rediscussão do tema pelo colegiado, após a apresentação do votovista, expresso a seguir, mudou seu posicionamento o Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira, aderindo ao voto do relator. E o Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, que já havia votado, em relação à matéria, na sessão de abril, esteve ausente, justificadamente, na sessão de maio, sendo computado o voto já proferido, que, por óbvio, não tomava em conta a mudança de posicionamento do Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira, a quem inicialmente acompanhou o Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Da relação entre a multa prevista no art. 107, IV, “f”, do DL 37/1966 e a sanção administrativa de advertência A multa aplicada, no presente processo, encontra expressa previsão legal no art. 107, IV, “f” do DecretoLei no 37/1966, com a redação dada pela Lei no 10.833/2003, que assim dispõe: “Art. 107. Aplicamse ainda as seguintes multas: (...) IV de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): (...) f) por deixar de prestar informação sobre carga armazenada, ou sob sua responsabilidade, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada ao depositário ou ao operador portuário; Fl. 9173DF CARF MF 12 (...) § 2o As multas previstas neste artigo não prejudicam a exigência dos impostos incidentes, a aplicação de outras penalidades cabíveis e a representação fiscal para fins penais, quando for o caso” (grifo nosso). Reparese que o texto normativo explicita a possibilidade de cumulatividade com outras penalidades cabíveis. Apresentese agora o disposto no art. 76 da mesma Lei no 10.833/2003, no que se refere à penalidade de advertência: “Art. 76. Os intervenientes nas operações de comércio exterior ficam sujeitos às seguintes sanções: I advertência, na hipótese de: (...) b) falta de registro ou registro de forma irregular dos documentos relativos a entrada ou saída de veículo ou mercadoria em recinto alfandegado; (revogado pela Lei no 13.043/2014) (...) § 2o Para os efeitos do disposto neste artigo, considerase interveniente o importador, o exportador, o beneficiário de regime aduaneiro ou de procedimento simplificado, o despachante aduaneiro e seus ajudantes, o transportador, o agente de carga, o operador de transporte multimodal, o operador portuário, o depositário, o administrador de recinto alfandegado, o perito, o assistente técnico, ou qualquer outra pessoa que tenha relação, direta ou indireta, com a operação de comércio exterior. (...) § 15. As sanções previstas neste artigo não prejudicam a exigência dos impostos incidentes, a aplicação de outras penalidades cabíveis e a representação fiscal para fins penais, quando for o caso.” (grifo nosso) Aqui também há expressa menção legal à possibilidade de cumulatividade com outras penalidades cabíveis. Absolutamente independentes, e cumuláveis, assim, as penalidades, ainda que a conduta ensejadora de ambas seja a mesma. E foi exatamente para essa situação (uma única conduta culminando em ambas as penalidades) que sobreveio a disciplina do artigo 728, § 4o do Regulamento Aduaneiro (Decreto no 6.759/2009): § 4o Nas hipóteses em que a conduta tipificada neste artigo ensejar também a imposição de sanção administrativa referida no art. 735 ou 735C, a lavratura do auto de infração para exigência da multa será efetuada após a conclusão do processo relativo à aplicação da sanção administrativa, salvo para Fl. 9174DF CARF MF Processo nº 12466.723779/201370 Acórdão n.º 3401003.795 S3C4T1 Fl. 9.163 13 prevenir a decadência. (Redação dada pelo Decreto no 8.010, de 2013). A leitura atenta de tal dispositivo regulamentar, que não pode, por certo, contrapor os ditames da lei, revela que o comando normativo não está a afirmar que eventual autuação para aplicação da multa será cancelada quando lavrada posteriormente à autuação para aplicação da sanção administrativa de advertência (que, digase, é julgada por órgão distinto do CARF, e com rito delineado no próprio artigo 76 da Lei no 10.833/2003, e diferente do previsto no Decreto no 70.235/1972). Está, simplesmente, a norma, a estabelecer uma ordem procedimental administrativa, para compatibilizar os trâmites de um julgamento ao outro, na medida do possível, visto que caso se aproxime o período decadencial, a autuação para aplicação da multa teria de ser lavrada independente do curso daquela que versa sobre a advertência. Não há nenhuma margem, em tal comando regulamentar, para a afirmação de que a ausência de lavratura de auto de infração para aplicação da advertência enseja o cancelamento do lançamento da multa. E, ainda que tal leitura distorcida fosse feita do dispositivo regulamentar, restaria hígida a autuação para prevenção da decadência, apenas aguardando eventual desfecho do processo relativo à aplicação da sanção de advertência, calcado nos mesmos elementos de prova. Assim, mesmo na discussão em tese, seria incabível o afastamento de multa prevista no art. 107, IV, “f” do DecretoLei no 37/1966 pela simples alegação de que não teria sido lavrada a autuação para aplicação da sanção administrativa de advertência. Rechaçase, assim, veementemente, o entendimento de que o artigo 728, § 4o do Regulamento Aduaneiro (Decreto no 6.759/2009) possa ser usado como fundamento para calcelar um lançamento de multa aduaneira (como a prevista no artigo 107, IV, “f”, do DecretoLei no 37/1966), pela simples razão de não ter sido lavrado auto de autuação diverso (para aplicação da sanção administrativa de advertência). Mas, no caso concreto, a alegação resta ainda mais absurda. A multa foi aplicada, recordese, pelo fato de o depositário, de 05/01/2010 a 30/12/2011, não ter prestado informação sobre operações que executou (registro da entrega de carga) nos prazos estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (na IN SRF no 800/2007, art. 39), em relação à mercadorias amparadas pelos conhecimentos de carga listados às fls. 873 a 985, cf, descrição dos fatos de fls. 521 a 528.1 Não é preciso muito esforço para concluir que tal conduta se subsume perfeitamente ao tipo previsto no art. 107, IV, “f” do DecretoLei no 37/1966, aqui transcrito (deixar de prestar informação sobre operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada ao depositário ou ao operador portuário). Aliás, tal conclusão foi unânime, no colegiado, pois nenhum dos conselheiros entendeu (e nem poderia entender, por se tratar de fato) que não houve a prática da infração descrita no dispositivo legal. Seria tal conduta do depositário (não ter prestado informação sobre operações que executou registro da entrega de carga ao importador) punida também com advertência? 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 9175DF CARF MF 14 Apenas a resposta positiva a tal afirmação poderia remeter ao artigo 728, § 4o do Regulamento Aduaneiro. Ainda na impugnação, a autuada responde que sim, invocando o artigo 735, I, “b” do Regulamento Aduaneiro (com base legal aqui transcrita – o artigo 76, I, “b” da Lei no 10.833/2003, já revogado pela Lei no 13.043/2014), que entendeu ser a única penalidade aplicável (fl. 996). E, recordese, é isso que fez com que o colegiado unanimemente convertesse o julgamento em diligência, em 19/05/2006, na Resolução no 3401000.930 (fls. 9100 a 9108) para saber se, de fato, foi lavrada alguma autuação para aplicação de advertência. No relatório de fls. 9125 a 9130, a fiscalização informa que não foi nem será lavrada autuação para aplicação da penalidade de advertência, porque a conduta de ausência de registro da entrega não se amolda ao tipo precisto na norma infracional de advertência do art. 76, I, “b” da Lei no 10.833/2003 (àquela altura já revogado) de falta de registro de “documento”, pois o registro de entrega da mercadoria não é um registro de documento, mas um registro de operação. Ou seja, não se está aqui a tratar de conduta única que enseja ambas as penalidades (multa e advertência), mas de consuta que implica tãosomente a aplicação da multa exisgida na autuação, prevista no art. 107, IV, “f” do DecretoLei no 37/1966, com a redação dada pela Lei no 10.833/2003. Por essas razões é que creio que o entendimento de que o artigo 728, § 4o do Regulamento Aduaneiro representa um obstáculo ao lançamento, no caso em análise, apenas restou mantido por um conselheiro ausente aos novos debates, e que já havia proferido voto, com base apenas nos elementos carreados no debate anterior, na sessão de abril de 2017. Cabe, no entanto, externar a seguir as razões pelas quais divirjo do posicionamento que acabou prevalecendo no colegiado, sustentado pelo relator e acompanhado por quatro conselheiros, de redução do valor da multa de R$ 27.945.000,00 para R$ 5.000,00. Da possibilidade de redução da multa a R$ 5.000,00 Como visto, a infração inequivocamente ocorreu, e foi unanimemente reconhecida pelo colegiado. E, afastado o posicionamento que impedia a exigência da multa (calcado em leitura no artigo 728, § 4o do Regulamento Aduaneiro, inaplicável ao caso), pouco resta a discutir sobre a materialidade. Não se tem a mínima dúvida de que a recorrente deixou, por 5949 vezes, de prestar informação sobre a operação de registro de entrega de carga, que executou, nos prazos estabelecidos pelo artigo 39 da IN SRF no 800/2007. E o fato de ter o depositário prestado as informações posteriormente de forma alguma o desenquadra do dispositivo infracional (pelo contrário, endossa que as informações forma prestadas após o prazo estabelecido pela Receita Federal). A espantosa cifra de R$ 27.945.000,00 só é alcançada pela espantosa quantidade de vezes que a empresa dexou de prestar as informações (cinco mil novecentas e quarenta e nove vezes, ao todo, relacionadas detalhadamente, uma a uma, na tabela de fls. 873 a 985). Houvesse a empresa deixado de prestar informações por três vezes, não se consideraria espantosa a cifra de R$ 15.000,00. Fl. 9176DF CARF MF Processo nº 12466.723779/201370 Acórdão n.º 3401003.795 S3C4T1 Fl. 9.164 15 Sobre a possibilidade de serem continuadas as infrações, ensejando a aplicação de penalidade única, cabe informar que a disciplina do tema, na área aduaneira, não o permite. Encontramos competente esclarecimento sobre as infrações continuadas na área tributária na premiada obra de PAULO JOSÉ DA COSTA JR. e ZELMO DENARI2, quando este, no tópico intitulado “Infrações tributárias continuadas” sustenta: “O instituto penal dos crimes continuados supõe que crimes da mesma espécie sejam praticados em tais condições de tempo, lugar e maneira de execução que os subsequente sejam havidos como continuação dos precedentes. Nesta hipótese, a lei penal prevê a aplicação da pena de um só dos crimes, ou a mais grave se diversos, aumentada de um sexto a dois terços (conforme art. 71 do Código Penal). Na área tributária, é possível, da mesma sorte, sustentar, em tese, a ocorrência de violações continuadas à lei tributária, caracterizadas pela prática sucessiva de infrações da mesma espécie, de tal sorte que, presentes as condições de tempo, lugar e maneira de execução, possam ser qualificadas como infrações continuadas. Um dos exemplos mais flagrantes de infrações continuadas é o que decorre da falta sistemática de emissão de documentos fiscais. De todo modo, nossa legislação não as contempla, o que faz crer que devemos dispensarlhes o mesmo tratamento do concurso material de infrações: cumulamse as penas pecuniárias aplicadas às infrações ainda que continuadas. (grifo nosso) Vejase que o Direito Penal positivo contempla expressamente a figura da infração continuada e seu tratamento (aumento de pena de um sexto a dois terços), enquanto no reino das penalidades administrativas tributárias (Direito Tributário Sancionatório) inexiste tratamento específico para a matéria. Em matéria aduaneira, no entanto, o legislador esboçou um tratamento, ainda que incompleto, no art. 99 do DecretoLei no 37/1966: “Art.99 Apurandose, no mesmo processo, a prática de duas ou mais infrações pela mesma pessoa natural ou jurídica, aplicam se cumulativamente, no grau correspondente, quando for o caso, as penas a elas cominadas, se as infrações não forem idênticas. § 1º Quando se tratar de infração continuada em relação à qual tenham sido lavrados diversos autos ou representações, serão eles reunidos em um só processo, para imposição da pena. 2 COSTA JÚNIOR, Paulo José da; DENARI, Zelmo. Infrações Tributárias e Delitos Fiscais. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1996, p. 2728. A obra foi agraciada com o prêmio "Livro do Ano de 1995" pela Academia Brasileira de Direito Tributário. Fl. 9177DF CARF MF 16 § 2º Não se considera infração continuada a repetição de falta já arrolada em processo fiscal de cuja instauração o infrator tenha sido intimado.”(grifo nosso) A preocupação do legislador aponta para o aspecto formal (reunião ou não de processos para aplicação unificada da penalidade). Entretanto, não afirma objetivamente a providência sancionatória a ser adotada após a junção dos diversos processos em um, o que levou o Poder Executivo a interpretar o dispositivo (art. 679 do Regulamento Aduaneiro Decreto no 6.759/2009) no sentido de que também aí cumularseiam as penalidades. Assim, em que pesem alguns posicionamentos jurisprudenciais aplicando à seara administrativa os atributos do crime continuado (ora estabelecendo a multa correspondente à infração acrescida de um sexto a dois terços, ora aplicandoa simplesmente uma vez), entendemos carente de disciplinamento legal a matéria. Improcedente, destarte, a argumentação no sentido de aplicação de uma penalidade única de R$ 5.000,00, por configurarse infração continuada. Não entendo, ainda, e caminhando, nesse aspecto, na mesma trilha do relator, que possa ser afastada ou reduzida a penalidade simplesmente em nome da razoabilidade ou da proporcionalidade. Sobre a razoabillidade e a proporcionalidade, ainda que indiretamente, também trata o DecretoLei no 37/1966, em seus arts. 97 e 98: “Art.97 Compete à autoridade julgadora: I determinar a pena ou as penas aplicáveis ao infrator ou a quem deva responder pela infração, nos termos da lei; II fixar a quantidade da pena, respeitados os limites legais. Art.98 Quando a pena de multa for expressa em faixa variável de quantidade, o chefe da repartição aduaneira imporá a pena mínima prevista para a infração, só a majorando em razão de circunstância que demonstre a existência de artifício doloso na prática da infração, ou que importe agravar suas consequências ou retardar seu conhecimento pela autoridade fazendária.” A simples leitura do comando do artigo 97 leva à conclusão de que o julgador só o descumpriria se se abstivesse de determinar a pena legalmente aplicável, ou a fixasse fora dos limites legais. Não é o que se vê no presente processo. E o juízo de razoabilidade ou proporcionalidade tem íntima ligação com o comando que acabamos de analisar, assim como com o artigo 98 da mesma norma de estatura legal. Vejase que o julgador, ao fixar a quantidade da pena (art. 97, II), respeitados os limites legais (v.g., dentro da faixa variável a que se refere o art. 98), não pode fugir ao razoável. Ocorre que nos casos em que a lei já fixa o montante da penalidade (ex: R$ 5.000,00 por deixar de prestar informação na forma e nos prazos estabelecidos pela RFB), não resta tal ponderação ao julgador. A ponderação previamente feita pelo legislador, ex lege, no entanto, pode revelarse desmedida em alguns casos. Contudo, tal análise fugiria à competência deste tribunal, pois implicaria o afastamento da aplicação da norma legal irrazoável, com base em princípio com guarida constitucional, apreciação vedada pela Súmula CARF no 2. Fl. 9178DF CARF MF Processo nº 12466.723779/201370 Acórdão n.º 3401003.795 S3C4T1 Fl. 9.165 17 A recorrente invoca ainda em seu favor o resultado da Solução de Consulta Interna COSIT no 8, de 14/02/2008 (juntada às fls. 9025 a 9031), que trata da multa aplicável ao transportador, prevista na alínea “e” do inciso IV do artigo 107 do DecretoLei no 37/1966, com a redação dada pela Lei no 10.833/2003: “Art. 107. Aplicamse ainda as seguintes multas: (...) IV de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): (...) e) por deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada à empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de serviços de transporte internacional expresso portaaporta, ou ao agente de carga; (...)” (grifo nosso) Sobre tal penalidade, decidiu a COSIT, entre outras coisas, que (fl. 9031): No presente processo, não se está a tratar de penalidade aplicável ao transportador, e nem com fundamento na alínea “e” do inciso IV do artigo 107 do DecretoLei no 37/1966, mas há que se reconhecer que se está a apreciar penalidade igualmente aplicável “por deixar de prestar informação... sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal” (parte por nós grifada do dispositivo de estatura legal). Daí ter entendido o relator que haveria dúvida fundada acerca da correta interpretação sobre a gradação da penalidade, devendo ser observado o princípio insculpido no art. 112, IV do Código Tributário Nacional. Entretanto, concluo, de forma diversa, que não se aproveita o curto raciocínio (de um parágrafo, pois o restante da consulta trata de outro tema) da solução de consulta Fl. 9179DF CARF MF 18 interna em relação à penalidade aplicada no presente caso. Aliás, tal solução de consulta já não se presta nem ao caso originalmente por ela tratado, tendo em vista a Solução de Consulta Interna COSIT no 2, de 04/02/2016, essa sim versando tanto sobre a multa prevista na alínea “e” quanto a prevista na alínea “f” do inciso IV do artigo 107 do DecretoLei no 37/1966. Há que se reconhecer que, da mesma forma em que a Solução de Consulta Interna COSIT no 8, de 14/02/2008 trata do tema aqui em discussão em um parágrafo (por se referir seu temamestre à retroatividade benigna), também a Solução de Consulta Interna COSIT no 2, de 04/02/2016, trata tangencialmente do assunto, pois o tema central de tal consulta são as retificações extemporâneas de informações já prestadas tempestivamente (tema não presente nestes autos). A nosso ver, nenhuma das Soluções de Consulta enfrentou diretamente o tema aqui em discussão. A primeira, por revelar superficialmente que “deixar de prestar informação sobre carga” seria conduta perene, sendo irrelevante quantas informações deixassem de ser prestadas, e a segunda, por sequer aprofundar o conteúdo de “informação” (se se refere a uma carga, ou a um dado referente a carga, ou a um veículo, ou a um conjunto de cargas transportadas em um veículo, etc). Não entendo, assim, que tais soluções de consulta auxiliem na resolução do presente contencioso, pelo que retorno ao tipo previsto originalmente no artigo 107 do Decreto Lei no 37/1966, com a redação dada pela Lei no 10.833/2003, contendo multas aduaneiras expressas em reais (R$), e não em termos percentuais em relação ao valor da operação. Tais multas são típicas penalidades por descumprimento de obrigação acessória aduaneira, e sempre associadas a uma unidade que norteia sua aplicação (de unidade de carga/transporte, de medida, de quantidade, de tempo etc.). Percebese nitidamente que o artigo 107 traz penalidades em que a unidade é facilmente perceptível, e não é antecedida por um verbo. Exemplifiquese: “(...) I de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), por contêiner ou qualquer veículo contendo mercadoria, inclusive a granel, ingressado em local ou recinto sob controle aduaneiro, que não seja localizado; II de R$ 15.000,00 (quinze mil reais), por contêiner ou veículo contendo mercadoria, inclusive a granel, no regime de trânsito aduaneiro, que não seja localizado; (...) IV de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): Fl. 9180DF CARF MF Processo nº 12466.723779/201370 Acórdão n.º 3401003.795 S3C4T1 Fl. 9.166 19 (...) b) por mêscalendário, a quem não apresentar à fiscalização os documentos relativos à operação que realizar ou em que intervier, bem como outros documentos exigidos pela Secretaria da Receita Federal, ou não mantiver os correspondentes arquivos em boa guarda e ordem; (...) VII de R$ 1.000,00 (mil reais): a) por volume depositado em local ou recinto sob controle aduaneiro, que não seja localizado; (...) d) por dia, pelo descumprimento de condição estabelecida pela administração aduaneira para a prestação de serviços relacionados com o despacho aduaneiro; e) por dia, pelo descumprimento de requisito, condição ou norma operacional para habilitarse ou utilizar regime aduaneiro especial ou aplicado em áreas especiais, ou para habilitarse ou manter recintos nos quais tais regimes sejam aplicados; f) por dia, pelo descumprimento de requisito, condição ou norma operacional para executar atividades de movimentação e armazenagem de mercadorias sob controle aduaneiro, e serviços conexos; e g) por dia, pelo descumprimento de condição estabelecida para utilização de procedimento aduaneiro simplificado;” (grifo nosso) No entanto, o mesmo artigo 107 apresenta diversas multas aplicáveis em unidades que remetem a condutas individualizadas, antecedidas de verbo: “(...) IV de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): (...) d) a quem promover a saída de veículo de local ou recinto sob controle aduaneiro, sem autorização prévia da autoridade aduaneira; e) por deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada à empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de serviços de transporte internacional expresso portaaporta, ou ao agente de carga; e Fl. 9181DF CARF MF 20 f) por deixar de prestar informação sobre carga armazenada, ou sob sua responsabilidade, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada ao depositário ou ao operador portuário; (...) VIII de R$ 500,00 (quinhentos reais): (...) e) pela nãoapresentação do romaneio de carga (packinglist) nos documentos de instrução da declaração aduaneira; (...) “(grifo nosso) Nesses casos, não temos dúvida de que a unidade de aplicação da multa não é o verbo, mas complemento que lhe sucede. Nessa linha, na multa “... a quem promover a saída de veículo de local ou recinto sob controle aduaneiro, sem autorização prévia da autoridade aduaneira”, a unidade é veículo, sendo aplicável a multa para cada veículo que deixou o recinto sem autorização. Da mesma forma, na multa “... pela nãoapresentação do romaneio de carga (packinglist) nos documentos de instrução da declaração aduaneira”, a unidade é romaneio, não constituindo a ausência de apresentação de romaneio em diversas ou sucessivas declarações de importação conduta apenável com multa única de R$ 500,00. E, da mesma forma, retornando ao caso em análise, a multa “...por deixar de prestar informação sobre carga armazenada, ou sob sua responsabilidade, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal” tem por unidade a informação. Entender, em tais casos, que a conduta é punível tendo o verbo como unidade, levaria à paradoxal conclusão de que ao deixar de apresentar um romaneio, ou ao deixar de promover a saída de um veículo sem autorização, ou, ainda, para retornar ao caso que esse está aqui a apreciar, ao deixar de prestar uma informação no prazo previsto pela RFB, o interveniente estaria livre para cometer eternamente a mesma infração sem ser punido, visto que a unidade de medida (o verbo) esgotouse. Nada mais absurdo. E, para contornar o absurdo (não se crê aqui que alguém no colegiado, ou mesmo fora dele, defenda que a aplicação de uma penalidade de R$ 5.000,000 permita ao interveniente perpetrar idêntica infração impunemente pelo resto de seus dias), poderseia argumentar que em cada ocasião em que fosse verificada a irregularidade, a penalidade seria aplicável. Assim, se a cada informação que deixasse de ser prestada, a fiscalização efetivasse uma autuação, todas seriam cabíveis. Tal linha de entendimento, mais razoável (ou, ao menos, menos absurda), levaria ao privilégio da forma sobre a substância, pois bastaria à fiscalização, ao invés de lavrar, como no presente caso, uma autuação de R$ 27.945.000,00, lavrar cinco mil novecentas e quarenta e nove autuações de R$ 5.000,00, uma para cada conhecimento de carga/declaração de importação, para que fossem igualmente procedentes os 5949 lançamentos. Aliás, registro que esse mesmo colegiado, de forma unânime, manteve, em uma mesma sessão de julgamento, dezenove penalidades de R$ 5.000,00 aplicáveis a um mesmo transportador por “deixar de prestar informações sobre carga transportada/operações que execute” (multa prevista na alínea “e” do artigo 107 do DecretoLei no 37/1966, na redação dada pela Lei no 10.833/2003): “REGRAS DE CONTROLE ADUANEIRO. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE Fl. 9182DF CARF MF Processo nº 12466.723779/201370 Acórdão n.º 3401003.795 S3C4T1 Fl. 9.167 21 VEÍCULO OU CARGA TRANSPORTADA, OU SOBRE OPERAÇÃO QUE EXECUTAR. Obrigatoriedade de prestação de informações à Receita Federal do Brasil, tanto pelo transportador, quanto pelo agente de cargas. Incidência de multa pelo descumprimento de obrigação acessória, na forma do caput e § 1o, do art. 37, e art. 107, do Decretolei no 37/1966, com redação dada pela Lei no 10.833/2003.” (Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Augusto Fiel Jorge D’Oliveira, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Rodolfo Tsuboi). (Acórdãos no 3403003.381 a 399, em 13 mar. 2017) E tal posicionamento é corrente também nos demais colegiados que compõem esta Terceira Seção, competente para apreciar matéria aduaneira. Vejamse, por exemplo, julgados da Segunda Turma da Terceira desta Terceira Seção do CARF, nos quais se decidiu, também unanimemente, pela manutenção de mais de quatro dezenas de lançamentos de R$ 5.000,00 em relação a um mesmo transportador (multa prevista na alínea “e” do artigo 107 do DecretoLei no 37/1966, na redação dada pela Lei no 10.833/2003): “OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INOBSERVÂNCIA AO PRAZO ESTABELECIDO PREVISTO EM NORMA. AUSÊNCIA DE PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO. É obrigação do contribuinte prestar informações sobre a desconsolidação de carga dentro dos prazos previstos no artigo 22 c/c o artigo 50 da IN SRF no 800/2007, sob pena de sujeitarse à aplicação da multa prevista no artigo 107, inciso I, IV, alínea "e", do DecretoLei no 37/66” (Acórdãos no 3302003.440 a 488, em 29 set. 2016) Endossese o aqui exposto com julgados da Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara desta Terceira Seção do CARF, que decidiu, também unanimemente, pela manutenção de mais de cinco dezenas de lançamentos de R$ 5.000,00 em relação a um mesmo transportador (multa prevista na alínea “e” do artigo 107 do DecretoLei no 37/1966, na redação dada pela Lei no 10.833/2003), mesmo reconhecendo a aplicação de uma única penalidade por viagem do veículo, e não por conhecimento de carga: “OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INOBSERVÂNCIA AO PRAZO ESTABELECIDO PREVISTO EM NORMA. AUSÊNCIA DE PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO. É obrigação do contribuinte prestar informações sobre a desconsolidação de carga dentro dos prazos previstos no artigo 22 c/c o artigo 50 da IN SRF no 800/2007, sob pena de sujeitarse à aplicação da multa prevista no artigo 107, inciso I, IV, alínea "e", do Decreto Lei no 37/66. MULTA POR ATRASO NA PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE A CARGA. APLICAÇÃO POR MANIFESTO DE CARGA. IMPOSSIBILIDADE. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. A multa regulamentar sancionadora da infração por omissão ou atraso na prestação de informação sobre a carga transportada por empresa de transporte internacional de carga deve ser aplicada uma única vez por viagem do veículo transportador e não por cada manifesto de carga da mesma viagem. Contudo, se não estiverem presentes nos autos informações suficientes que comprovem a penalização Fl. 9183DF CARF MF 22 por cada manifesto de carga, não há como cancelar o lançamento”. (Acórdãos no 3201002.524 a 575, em 21 fev. 2017) O tratamento distinto a autuações que são diferentes apenas por agruparem em um mesmo processo diversas infrações, por este tribunal, a meu ver, pode ensejar um posicionamento utilitarista de desmembramento dos processos nas unidades locais da RFB, que não contribuirá em nada para a missão deste CARF, de julgar os processos com imparcialidade e celeridade. Pelo que se percebe, este colegiado administrativo, atualmente, em suas diversas turmas, não tem privilegiado o verbo, ou sua locução (“deixar de prestar”), mas o complemento (“informação”). E é aí, no complemento, que surge a única dúvida que tenho na graduação da penalidade, e que poderia remeter à aplicação do artigo 112, IV do CTN. Quando se trata de dados de embarque, por exemplo, uma “informação” seria equivalente a cada dado (cada campo do formulário eletrônico) ou cada conjunto de dados (cada formulário eletrônico), ou ainda a cada “conjunto de formulários”. No presente caso, deixar de prestar informação sobre operação (registro de dados de entrega de mercadoria ao importador) se referiria a cada dado (cada campo a ser preenchido em um mesmo registro) ou a cada conjunto de dados (cada registro de entrega). No entanto, no presente processo sequer é necessário suscitar a questão, pois a autuação foi lavrada por entrega/declaração de importação, como se percebe da tabela de fls. 873 a 985. E os dados de entrega de carga não são lançados em bloco (a demandar o raciocínio de que haveria um “conjunto de fomulários”), mas individualizadamente, por entrega. Pelo exposto, tenho como correto o lançamento, que deve ser mantido, justamente em homenagem e respeito à proporcionalidade, no patamar de R$ 27.945.000,00, que equivale à multa legalmente prevista (R$ 5.000,00) pela infração, multiplicada pelo número de ocorrências de condutas irregulares (cinco mil novecentas e quarenta e nove, de 05/01/2010 a 30/12/2011) praticadas pelo depositário, de forma individualizada, em distintas declarações de importação. Rosaldo Trevisan Fl. 9184DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10240.000852/2007-11
Turma: Segunda Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 14 00:00:00 UTC 2010
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ
Exercício: 2003
DEPÓSITOS BANCÁRIOS - OMISSÃO DE RECEITA
Feita a prova da existência de depósitos bancários à margem da escrituração comercial, é licita a conclusão no sentido da ocorrência de omissão de receita, cabendo ao contribuinte a prova em sentido contrário.
Numero da decisão: 1802-000.741
Decisão: ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado
Nome do relator: João Francisco Bianco
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Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Processo n° 10240.000852/2007-11 51-TE02 Acórdão n.° 1802-00.741 FL 2 EDITADO EM:TY joN 2. 0 Participaram do julgamento os Conselheiros Ester Marques Lins de Sousa, José de Oliveira Ferraz Correa, Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior, Nelso Kichel, André Almeida Blanco e João Francisco Bianco. Relatório Tratam os presentes autos da cobrança de IRPJ, CSLL, PIS e COFINS sobre receitas supostamente omitidas. No Termo de Verificação Fiscal, consta que a Recorrente teria sido intimada a apresentar extratos bancários das contas-correntes mantidas em diversas instituições financeiras. Dada a ausência de resposta As intimações, a fiscalização solicitou tais informações As instituições financeiras em que a Recorrente mantinha conta-corrente. Confrontando tais extratos com os Livros Diário e Razão da Recorrente, constatou que, no período compreendido entre 01.04.2002 e 30.06.2002, a Recorrente deixou de escriturar em sua contabilidade parte da movimentação financeira mantida em tais instituições. Em resposta A notificação emitida pela fiscalização solicitando esclarecimentos, a Recorrente informou que não localizou em seus lançamentos contábeis relativos ao ano de 2002 os valores correspondentes As informações constantes dos extratos bancários. Em face desse contexto, a fiscalização considerou omitidas receitas no montante de R$ 660.065,15. Em sua impugnação (fls. 104), a Recorrente alega cerceamento de defesa, dado o conteúdo genérico do MPF, bem como o fato de o auto de infração ter sido lavrado fora do local de sua sede. Suscita, ademais, a nulidade do auto de infração por não ter sido indicada adequadamente a fundamentação legal da infração. Alega a impossibilidade de lavratura da autuação em relação ao PIS e A COFINS, uma vez que não teriam sido solicitados quaisquer documentos relativos a esses tributos, mas, tão somente, ao ICMS, o que não poderia ser admitido. Alega, ademais, que o MPF teve sua validade encerrada em 04.07.2006, mas que a respectiva prorrogação só foi a ela informada em 08.09.2006, ocasião em que a primeira prorrogação, válida ate 02.09.2006, já havia, inclusive, expirado. No mérito, alega que não apresentou os extratos bancários porque considera tais documentos protegidos por sigilo fiscal. Ademais, alega que a autuação é precária, dado ter sido construída apenas com base nos extratos bancários, sem que sua escrituração tenha sido devidamente analisada. A DRJ (fls. 117) manteve em parte o lançamento, reconhecendo, de oficio, o decurso do prazo decadencial, nos termos do artigo 150, parágrafo 4°, do CTN em relação aos fatos geradores do PIS e da COFINS ocorridos em 30.04.2002 e 31.05.2002, dado o auto de infração ter sido lavrado em 28.06.2007. Em relação As preliminares suscitadas, afasta a alegação de cerceamento do direito de defesa, sob o argumento de que apenas a lavratura do 2 Processo n° 10240.000852/2007-11 S1-TE02 Acórdão n.° 1802-00.741 Ft. 3 auto de infração é que instaura a fase litigiosa do processo administrativo, não havendo que se falar na necessidade de intimação do contribuinte na fase investigatória. Igualmente, afasta a nulidade do MPF por não conter referência a CSLL, PIS e COFINS, dado consistirem em lançamentos decorrentes do principal (IRPJ). No mérito, atesta que a constatação da omissão de receita decorre de presunção legal, que deve ser refutada mediante prova a ser apresentada pelo contribuinte. Sustenta, ademais, a validade de utilização dos livros de ICMS com base no artigo 332, do CPC, e 199, do CTN. Por fim, afirma que não constitui violação ao sigilo bancário a solicitação de informações às instituições financeiras, citando vasta fundamentação legal, e destacando que os agentes fiscais são obrigados a resguardar as informações obtidas em processo administrativo. Inconformada, a Recorrente apresentou recurso voluntário (fls. 136), reiterando os argumentos apresentados em sede de impugnação. Alega, ainda, que suas atividades envolvem vendas financiadas, pagamentos em dinheiro, cheques sem fundo que são reapresentados, dentre outras situações, o que impede, por vezes, a conciliação bancária. Contesta a lavratura do auto de infração com base exclusivamente em presunção simples, dado não terem sido analisadas outras provas que não os extratos bancários. Por fim, afirma que caberia A. fiscalização deduzir as receitas omitidas verificadas com base em extratos bancários daquelas informadas em DCTF e DIPJ. o relatório. 3 Processo n° 10240.000852/2007-11 S1-TE02 Acórdão n.° 1802-00.741 Fl. 4 Voto Conselheiro Relator, João Francisco Bianco 0 recurso atende aos requisitos de admissibilidade. Passo a apreciá-lo. Discute-se, nos autos, a constatação de omissão de receitas aferida com base em extratos bancários onde constam depósitos supostamente não registrados na escrituração contábil da Recorrente. Inicio com a análise das preliminares suscitadas pela Recorrente. I — Cerceamento do direito de defesa Em que pese o inconformismo da Recorrente, não vislumbro nulidade decorrente do local de lavratura do auto de infração, em consonância com a jurisprudência desse E. Conselho, bem como com a Súmula 4 do 2° Conselho de Contribuintes, in verbis: Súmula 2°CC le 4: t legitima a lavratura de auto de infra cão no local em que constatada a infração, ainda que fora do estabelecimento do contribuinte. II— Nulidade do MPF Tenho para mim que a DRJ andou bem ao afastar a nulidade argüida. 0 MPF é efetivamente mero instrumento de controle administrativo das ações fiscais e eventual inobservância dos seus termos não teria o condão de eivar de nulidade o trabalho fiscal. III — Da precariedade da autuação Nesse passo, alega a Recorrente que o auto de infração não teria descrito suficientemente a fundamentação legal das supostas infrações cometidas, bem como que o MPF se referia apenas ao IRPJ, tendo sido também lavrados autos de infração de CSLL, PIS e COFINS. Entendo que não procedem as alegações da Recorrente. Dado que a autuação foi lavrada com base em presunção legal, constante do artigo 42, da Lei 9.430, de 1996, basta a demonstração da ocorrência da situação de fato descrita na norma jurídica (depósitos bancários não contabilizados) para que seja autorizada a conseqüência (omissão de receita). Com relação aos lançamentos decorrentes, não vejo prejuízo A. Recorrente em virtude de a fiscalização ter tido inicio somente em relação ao IRPJ. Porem, tendo constatada a omissão de receitas, é de se consignar a infração relativa também aos demais tributos cuja base de cálculo restou indevidamente reduzida por sua prática, nos termos do parágrafo 2°, do artigo 42, da Lei 9.430/96 e do artigo 24, parágrafo 2°, da Lei 9.249/95. 4 Processo n° 10240.000852/2007-11 81-TE02 Acórdão n.° 1802-00.741 Fl. 5 Assim, entendo que a lavratura dos lançamentos de oficio decorrentes está fundamentada em dispositivo legal expresso, nada havendo que modificar nesse tópico em relação A. r. decisão recorrida. Ademais, conforme decidido no Acórdão 101-96.524, da lavra da ex- Conselheira Sandra Maria Faroni, não é imprescindível a menção A. CSLL, PIS e COFINS no mandado de procedimento fiscal que inicia a fiscalização para fins de IRPJ. Vejamos: "MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL — A CSLL, o PIS e a COFINS consideram-se incluídos no mesmo procedimento relativo ao IRPJ, independentemente de estarem mencionados no MPF." Destaco que as alegações da Recorrente de que a fiscalização teria indicado como data de ocorrência dos fatos geradores dos tributos ora cobrados dias não úteis, o que teria dificultado sua defesa, carece de fundamentação. As datas de ocorrência dos fatos geradores dos tributos são definidas legalmente, sendo certo que, caso tais datas caiam em dias não úteis, o fato gerador será considerado ocorrido no primeiro dia útil anterior. Assim, infundadas as assertivas da Recorrente. IV — Mérito Analisadas as preliminares apresentadas, passo ao mérito da discussão. Entendo que assiste razão A. fiscalização. Com efeito, ainda que rapidamente, julgo necessário abordar os conceitos de presunção e de ficção, por terem sido suscitados pela Recorrente. Na doutrina civilista, costuma-se conceituar a presunção como a ilação a que se chega a partir de um fato certo, para fins de prova da ocorrência de um outro fato, este desconhecido. Trata-se assim de um processo lógico para se atingir uma verdade legal. A partir de um fato comprovado, presume-se a sua conseqüência. Não se presume o fato. Este deve ser sempre provado e induvidoso. 0 que se presume é a conseqüência. As presunções podem ser divididas em duas espécies: as presunções comuns e as presunções legais. As primeiras, também chamadas de "praesumptio hominis", não são previstas em lei, mas baseiam-se naquilo que ordinária e logicamente acontece. 'rem natureza de meio de prova nos casos em que a prova testemunhal é permitida, conforme previsto no artigo 230 do Código Civil. JA as segundas fundamentam-se em expressa previsão legal, mas também devem ser fixadas a partir de uma razoável relação de pertinência entre o fato ocorrido e a conseqüência legal presumida. As presunções legais podem ser subdivididas entre absolutas e relativas. As presunções absolutas são aquelas que não admitem prova em sentido contrário. A conseqüência presumida de um ato ocorrido deve sempre prevalecer, não importando se ela é ou não verdadeira. Para o direito, no caso, acima da verdade dos fatos deve ser preservado um interesse maior de ordem pública, que se sobrepõe ao interesse particular. 5 Processo n° 10240.000852/2007-11 81-TE02 Acórdão n.° 1802-00.741 Já as presunções relativas são aquelas cujas conseqüências previstas em lei podem ser afastadas mediante a produção de prova em sentido contrário. Assim, as conseqüências presumidas a partir de um fato certo prevalecem, enquanto não contraditadas por prova válida. A verdade dos fatos, portanto, nas presunções relativas, sobrepõe-se a conseqüência presumida. Não há, no caso, interesse de ordem pública a ser preservado. 0 que prevalece é a verdade material, desde que devidamente comprovada. Ficção não se confunde com presunção. Na doutrina, costuma-se sustentar ser a ficção legal uma negação intencional da realidade, o estabelecimento de uma verdade sabidamente artificial, ou seja, uma mentira legal. Ocorre a ficção quando uma determinada situação de fato é considerada ocorrida pela legislação. No direito tributário, as presunções comuns, sem base em lei, não podem ser utilizadas como meio de prova da ocorrência do fato gerador. Regida pelos princípios da legalidade e da verdade material, a incidência do tributo somente pode ser reconhecida quando efetivamente comprovadas as situações de fato ou de direito que lhe dão origem. As presunções relativas, por seu turno, podem ser — e efetivamente o são — utilizadas no direito tributário como técnica legislativa, pois sempre asseguram ao contribuinte o direito a produção da prova em sentido contrário, sem qualquer prejuízo ao principio da verdade material. 3 á as presunções absolutas exigem mais cautela do legislador. Não podem elas ser utilizadas para exigir tributo, sem que tenha sido comprovada a ocorrência do fato gerador. Mas quando não envolverem a exigência de tributo, as presunções absolutas podem sim ser utilizadas no direito tributário. 0 artigo 185 do CTN, por exemplo, presume validamente a existência de fraude na alienação de bens por sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, independentemente de qualquer tipo de prova. Os fatos geradores de obrigação tributária não podem ser fictos, sob pena de ser ferido o principio da legalidade e da verdade material. A efetiva existência da situação de fato ou de direito prevista em lei, como necessária e suficiente A. ocorrência do fato gerador do tributo, é imprescindível para o surgimento da obrigação tributária. E o que determina o artigo 114 do CTN. Logo, inexistentes as situações de fato ou de direito ensej adoras da ocorrência do fato gerador, impossível falar-se no surgimento de obrigação tributária. No caso dos autos, a natureza jurídica da exigência fiscal não é de ficção. Trata-se claramente de hipótese de presunção legal relativa. Sendo vejamos. 0 artigo 42 da Lei n. 9430, de 27.12.1996, estabelece que caracteriza omissão de receita o valor do depósito bancário em relação ao qual o contribuinte não comprove a origem dos recursos utilizados na operação. 0 exame do dispositivo legal mencionado nos mostra que, identificada uma determinada situação de fato, a lei estabelece uma conseqüência. Em outras palavras, comprovada a existência de um fato (depósito bancário com origem não comprovada e regular intimação do contribuinte a prestar esclarecimentos sem que o faça), dá-se a conseqüência legal (tributação do valor não comprovado como receita omitida). 6 Processo n° 10240.000852/2007-11 51-TE02 Acórdão n.° 1802-00.741 Fl. 7 No caso dos autos, a comprovação da origem dos depósitos não foi feita pela Recorrente. Ao contrário, em resposta A. primeira intimação emitida após a verificação dos extratos bancários, a Recorrente atesta não ter localizado tais recursos financeiros em sua contabilidade. Da mesma forma, ao longo do processo administrativo, apenas busca descaracterizar o trabalho fiscal sem, contudo, apresentar qualquer prova concreta que impeça a construção da presunção de omissão de receitas. Vale referir que, embora a Recorrente alegue ter havido duplicidade no lançamento das receitas omitidas, não faz qualquer prova nesse sentido. Não acosta ao seu recurso qualquer prova das alegações de que as receitas ora lançadas não teriam sido deduzidas daquelas informadas em DCTF e DIPJ. Aliás, como já mencionado, a própria Recorrente reconheceu que tais montantes não estão escriturados em sua contabilidade, o que leva a crer que não haviam sido também informados em DIPJ e DCTF, contrariando suas alegações recursais. Por fim, entendo correto o entendimento sustentado pela DRJ no que tange à alegação de violação ao sigilo bancário da Recorrente, em vista da edição da Lei Complementar 105/2001. Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário. Sala das Sessões, em 14 de dezembro de 2010. i s Jar Francisco Bianco --) ( C.A.........._ ......2 7
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