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Numero do processo: 10380.731025/2013-16
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue May 23 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed May 31 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Importação - II
Data do fato gerador: 01/10/2013, 18/10/2013
CESSÃO DO NOME. ACOBERTAMENTO DE ADQUIRENTES OU ENCOMENDANTES. IMPORTAÇÃO. MULTA.
A pessoa jurídica que ceder seu nome para a realização de operações de comércio exterior com acobertamento dos reais intervenientes ou beneficiários sujeita-se à multa de 10% do valor da operação, nos termos do artigo 33 da Lei nº 11.488/2007.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3402-004.135
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto, que deram provimento por entenderem que a conduta do contribuinte não revelou que houve finalidade de acobertamento.
Assinatura Digital
Antonio Carlos Atulim - Presidente
Assinatura Digital
Maria Aparecida Martins de Paula - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Data do fato gerador: 01/10/2013, 18/10/2013 CESSÃO DO NOME. ACOBERTAMENTO DE ADQUIRENTES OU ENCOMENDANTES. IMPORTAÇÃO. MULTA. A pessoa jurídica que ceder seu nome para a realização de operações de comércio exterior com acobertamento dos reais intervenientes ou beneficiários sujeitase à multa de 10% do valor da operação, nos termos do artigo 33 da Lei nº 11.488/2007. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto, que deram provimento por entenderem que a conduta do contribuinte não revelou que houve finalidade de acobertamento. Assinatura Digital Antonio Carlos Atulim Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 73 10 25 /2 01 3- 16 Fl. 211DF CARF MF 2 Assinatura Digital Maria Aparecida Martins de Paula Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Tratase de recurso voluntário contra decisão da Delegacia de Julgamento em São Paulo que julgou improcedente a impugnação da contribuinte, conforme ementa abaixo: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Data do fato gerador: 01/10/2013, 18/10/2013 CESSÃO DE NOME PARA REALIZAÇÃO DE OPERAÇÃO DE COMÉRCIO EXTERIOR. Incorre na multa tipificada no artigo 33 da Lei nº 11.488, de 2007, a pessoa jurídica importadora que ceder seu nome para a realização de operações de comércio exterior de terceiros, omitindo na declaração de importação os dados do real interveniente ou beneficiário da operação, visando o seu acobertamento. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Versa o processo sobre a exigência da multa pela cessão do nome da pessoa jurídica para a realização de operações de comércio exterior, prevista pelo artigo 33 da Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007, com vistas ao acobertamento dos reais intervenientes ou beneficiários, no valor de R$ 10.213,54. A fiscalização fundamentou a autuação com base, em síntese, nos seguintes fatos e fundamentos: i) A FORMIL VETERINÁRIA LTDA. submeteu a despacho de importação as Declarações de Importação DI's nº 13/19336959, registrada em 01/10/2013, e nº 13/20620614, registrada em 18/10/2013, nas quais figurou como empresa importadora e adquirente das mercadorias klinofeed em pó (material mineral destinado a rações de aves e suínos). Apesar de a FORMIL estar localizada no município de Jandira/SP, foi escolhido o Porto de Fortaleza/CE para a entrada das mercadorias no território nacional, fato que levantou suspeitas por parte da fiscalização quanto a ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou do responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiro, ensejando a instauração do procedimento especial de controle aduaneiro previsto pela IN RFB nº 1.169/201 com a retenção das mercadorias. ii) Em resposta à intimação da fiscalização sobre o local onde a empresa deposita suas mercadorias estrangeiras, a FORMIL respondeu que, quando importadas por Fortaleza, após o desembaraço aduaneiro são revendidas à empresa TECNAVIC COMÉRCIO E REPRESENTAÇÃO IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA. (atual TECNAVIC COMÉRCIO E REPRESENTAÇÕES LTDA.), CNPJ nº 00.152.705/000124, que seria sua revendedora autorizada; iii) Apurou a fiscalização que a FORMIL realizou, entre setembro de 2010 e setembro de 2013, trinta e duas importações das mesmas mercadorias pelo Porto de Fortaleza, Fl. 212DF CARF MF Processo nº 10380.731025/201316 Acórdão n.º 3402004.135 S3C4T2 Fl. 212 3 declarando todas como importação própria, todavia, a análise das notas fiscais emitidas pela empresa revelou que todas as cargas foram destinadas à TECNAVIC; iv) A análise das diversas importações realizadas pela FORMIL no anocalendário de 2013, cujas mercadorias foram destinadas à TECNAVIC, revelou que as notas fiscais de entrada e saída foram emitidas pela empresa com numeração sequencial e coincidência de datas, ou seja, as notas fiscais de saída foram emitidas nas mesmas datas das respectivas notas fiscais de entrada ou no dia seguinte; v) Entendeu a fiscalização que esse modus operandi foi utilizado pela FORMIL para acobertar a verdadeira adquirente das mercadorias, a TECNAVIC, que foi ocultada em todas as declarações de importação; vi) Assim, foi lavrado auto de infração propondo a aplicação da pena de perdimento às mercadorias, prevista pelo inciso XXII e § 6º, do artigo 689, do Decreto nº 6.759/2009, no qual figuram como autuadas as empresas FORMIL e TECNAVIC, bem como o presente para a exigência da multa prevista no art. 33 da Lei nº 11.488/2007 em face da empresa FORMIL. Cientificada, a contribuinte apresentou sua defesa, alegando, em síntese, que: a) é distribuidora exclusiva no território nacional do produto klinofeed e atende, por meio de seu representante local no Ceará, a empresa TECNAVIC; b) Dada às características do produto, preço de custo e de venda baixos e custo de frete alto, sua nacionalização deve ocorrer no porto mais próximo de seus clientes; c) as importações em questão ocorreram por conta própria; d) não existe nenhuma prova do suposto vínculo entre a revendedora TECNAVIC e as importações realizadas, ou seja, a referida empresa não participa da negociação, contração de transporte, seguro, frete interno, pagamento do despacho aduaneiro, que são realizados unicamente pela impugnante; e) a TECNAVIC não teve qualquer influência na compra, forma ou sistema adotado para a importação dos produtos; f) a interpretação dada ao caso pela fiscalização restringe os princípios constitucionais da livre iniciativa e da ordem econômica; g) os processos administrativos nº 10380.731025/201316, nº 10380.731026/2013 52 e nº 10380.731024/201363 são conexos e devem ser julgados conjuntamente. A contribuinte acessou o teor dos documentos relacionados à decisão recorrida na data 07/07/2016, pela abertura dos arquivos digitais correspondentes no link Processo Digital, no Centro Virtual de Atendimento ao Contribuinte (Portal eCAC), data em que se considera feita a intimação nos termos do art. 23, § 2º, inciso III, alínea 'b' do Decreto nº 70.235/72. Em 04/08/2016, a contribuinte apresentou recurso voluntário, aduzindo, em síntese por ela efetuada, o que se segue: Concluise por todo o exposto, Que, se tratou de uma venda normal da Formil a Tecnavic, que é um distribuidor exclusivo para o nordeste do Brasil e um dos milhares de clientes espalhados pelo território nacional. Que, a Tecnavic é uma distribuidora com exclusividade na região nordeste dos produtos veterinários da Formil, como também de produtos de outros concorrentes como a Bayer e etc. Fl. 213DF CARF MF 4 Que, ficou também entendido que por força de lei a Tecnavic não teria nenhuma intenção de fazer importações dos produtos regulados pelo MAPA, pois teria que registrálos e se comprasse do produtor não teria nenhum problema. Que, pelo mesmo motivo, citado acima, e por parceria internacional a Formil é distribuidora exclusiva da Unipoint AG no Brasil, não teria motivo para fazer a importação por encomenda. Que, a importação por Fortaleza se dá, meramente, por uma questão de custos logísticos, ou seja a utilização do programa Just in Time, que tanto a Fiscalização como a DRJ alcunharam de modus operandi. Que, não há beneficio fiscal de ICMS ou de qualquer outro imposto e que o IPI do produto é 0 % (zero) pontos percentuais, logo não existe nenhuma evasão fiscal ou vantagem recebida pelos participantes. Que, não houve danos ao controle do comércio exterior, pois as informações foram todas corretas, haveria sim se fosse informada a importação por encomenda. Que, a responsabilidade técnica com relação ao produto é da Formil. Que, a fundamentação deste auto de infração e de seus complementares nos processos n°s 10380.731024/201363 e 10380.731026/201352, os quais tiveram como resultado a penalidade de perdimento das mercadorias importadas pelas DIs objeto desse processo, não têm a fundamentação necessária para serem mantidos, uma vez que não representam a verdade dos fatos e sim um equivoco fiscal, que custou muito caro ao contribuinte e que deve agora ser corrigido por uma questão de justiça. E finalmente, não foi encontrada nenhuma motivação, que justificase que esta importação fosse considerada por encomenda e para encobrir o real adquirente como foi citado pela fiscalização, muito pelo contrário ficou claro e evidente que se tratou de uma operação de venda mercantil. É o relatório. Voto Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula, Relatora Atendidos aos requisitos de admissibilidade, tomase conhecimento do recurso voluntário. Entendeu a fiscalização que os indícios apurados convergem no sentido de que as importações registradas pela FORMIL foram todas efetuadas no interesse da TECNAVIC, sem que tivesse sido informada, nas Declarações de Importação, a identificação desta última na condição de encomendante predeterminado ou de terceiro adquirente de uma operação por conta e ordem, razão pela qual concluiu que a FORMIL cedeu o seu nome para a realização de importações com acobertamento de seu real interveniente ou beneficiário, o que é punível com a multa prevista no art. 33 da Lei nº 11.488/2007, que assim dispõe: Fl. 214DF CARF MF Processo nº 10380.731025/201316 Acórdão n.º 3402004.135 S3C4T2 Fl. 213 5 Art. 33. A pessoa jurídica que ceder seu nome, inclusive mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas no acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários fica sujeita a multa de 10% (dez por cento) do valor da operação acobertada, não podendo ser inferior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Parágrafo único. À hipótese prevista no caput deste artigo não se aplica o disposto no art. 81 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Vejamos as duas modalidades de importações terceirizadas: por conta e ordem de terceiro e por encomenda. Nos termos do no art. 1º, parágrafo único da Instrução Normativa SRF nº 225/2002, entendese por importador por conta e ordem de terceiro "a pessoa jurídica que promover, em seu nome, o despacho aduaneiro de importação de mercadoria adquirida por outra, em razão de contrato previamente firmado, que poderá compreender, ainda, a prestação de outros serviços relacionados com a transação comercial, como a realização de cotação de preços e a intermediação comercial". Essa Instrução Normativa estabelece1, nos seus arts. 2º e 3º, os requisitos e condições para a autuação por conta e ordem de terceiros. No sítio da Receita Federal2, consta a seguinte explicação para a importação na modalidade por conta e ordem de terceiro: A importação por conta e ordem de terceiro é um serviço prestado por uma empresa – a importadora –, a qual promove, em seu nome, o despacho aduaneiro de importação de mercadorias adquiridas por outra empresa – a adquirente –, em razão de contrato previamente firmado, que pode compreender ainda a prestação de outros serviços relacionados com a transação comercial, como a realização de cotação de preços e a intermediação comercial (art. 1º da IN SRF nº 225/02 e art. 12, § 1°, I, da IN SRF nº 247/02). Assim, na importação por conta e ordem, embora a atuação da empresa importadora possa abranger desde a simples execução do despacho de importação até a intermediação da negociação 1 Art. 2º A pessoa jurídica que contratar empresa para operar por sua conta e ordem deverá apresentar cópia do contrato firmado entre as partes para a prestação dos serviços, caracterizando a natureza de sua vinculação, à unidade da Secretaria da Receita Federal (SRF), de fiscalização aduaneira, com jurisdição sobre o seu estabelecimento matriz. Parágrafo único. O registro da Declaração de Importação (DI) pelo contratado ficará condicionado à sua prévia habilitação no Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex), para atuar como importador por conta e ordem do adquirente, pelo prazo previsto no contrato. Art. 3º O importador, pessoa jurídica contratada, devidamente identificado na DI, deverá indicar, em campo próprio desse documento, o número de inscrição do adquirente no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ). § 1º O conhecimento de carga correspondente deverá estar consignado ou endossado ao importador, configurando o direito à realização do despacho aduaneiro e à retirada das mercadorias do recinto alfandegado. § 2º A fatura comercial deverá identificar o adquirente da mercadoria, refletindo a transação efetivamente realizada com o vendedor ou transmitente das mercadorias. 2 http://idg.receita.fazenda.gov.br/orientacao/aduaneira/importacaoeexportacao/operacoesrealizadapor intermediodeterceiros/importacaocomcontaeordem#oquee. Acesso em 10/03/2016. Fl. 215DF CARF MF 6 no exterior, contratação do transporte, seguro, entre outros, o importador de fato é a adquirente, a mandante da importação, aquela que efetivamente faz vir a mercadoria de outro país, em razão da compra internacional; embora, nesse caso, o faça por via de interposta pessoa – a importadora por conta e ordem –, que é uma mera mandatária da adquirente. Em última análise, é a adquirente que pactua a compra internacional e dispõe de capacidade econômica para o pagamento, pela via cambial, da importação. Entretanto, diferentemente do que ocorre na importação por encomenda, a operação cambial para pagamento de uma importação por conta e ordem pode ser realizada em nome da importadora ou da adquirente, conforme estabelece o Regulamento do Mercado de Câmbio e Capitais Internacionais (RMCCI – Título 1, Capítulo 12, Seção 2) do Banco Central do Brasil (Bacen). Dessa forma, mesmo que a importadora por conta e ordem efetue os pagamentos ao fornecedor estrangeiro, antecipados ou não, não se caracteriza uma operação por sua conta própria, mas, sim, entre o exportador estrangeiro e a empresa adquirente, pois dela se originam os recursos financeiros. De outra parte, a importação por encomenda tem seu conceito delimitado no art. 11 da Lei nº 11.281/20063 e no art. 1° da Instrução Normativa SRF nº 634/20064, dos quais se extraem as principais características da modalidade: a) Há um encomendante que manifesta previamente ao importador o interesse em adquirir determinada mercadoria estrangeira; b) O importador adquire de fato as mercadorias junto ao exportador, devendo cumprir todas as obrigações contábeis e cambiais decorrentes de uma compra internacional; c) As mercadorias devem ser adquiridas com recursos próprios do importador, o qual, portanto, deve ter capacidade econômica para tal, não se admitindo, ainda que parcialmente, a utilização de recursos do encomendante para se efetivar a compra das mercadorias no exterior (parágrafo único do art. 1° da Instrução Normativa SRF nº 634/2006); d) O importador é responsável pela nacionalização das mercadorias, as quais, posteriormente, serão revendidas ao encomendante predeterminado; e e) Não há necessidade de efetiva participação do encomendante na negociação internacional para a compra das mercadorias (art. 11, §3° da Lei nº 11.281/2006, incluído pela Lei nº 11.452/2007). 3 Art. 11. A importação promovida por pessoa jurídica importadora que adquire mercadorias no exterior para revenda a encomendante predeterminado não configura importação por conta e ordem de terceiros. § 1o A Secretaria da Receita Federal: I estabelecerá os requisitos e condições para a atuação de pessoa jurídica importadora na forma do caput deste artigo; e II poderá exigir prestação de garantia como condição para a entrega de mercadorias quando o valor das importações for incompatível com o capital social ou o patrimônio líquido do importador ou do encomendante. § 2o A operação de comércio exterior realizada em desacordo com os requisitos e condições estabelecidos na forma do § 1o deste artigo presumese por conta e ordem de terceiros, para fins de aplicação do disposto nos arts. 77 a 81 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001. § 3o Considerase promovida na forma do caput deste artigo a importação realizada com recursos próprios da pessoa jurídica importadora, participando ou não o encomendante das operações comerciais relativas à aquisição dos produtos no exterior. (Incluído pela Lei nº 11.452, de 2007) 4 Art. 1º O controle aduaneiro relativo à atuação de pessoa jurídica importadora que adquire mercadorias no exterior para revenda a encomendante predeterminado será exercido conforme o estabelecido nesta Instrução Normativa. Parágrafo único. Não se considera importação por encomenda a operação realizada com recursos do encomendante, ainda que parcialmente. Fl. 216DF CARF MF Processo nº 10380.731025/201316 Acórdão n.º 3402004.135 S3C4T2 Fl. 214 7 Estabelecidas essas premissas, retornemos ao caso concreto. Esclarece a recorrente que, nos termos do art. 10 do Decreto nº 5.053/2004, para a importação de produto de uso veterinário o fabricante no exterior deve ter representante exclusivo e legalmente habilitado, o que é o caso da FORMIL, que importa o produto Klinofeed com exclusividade, conforme declaração do exportador registrada na Câmara de Comércio da Suíça. De outra parte, o art. 8º do Decreto nº 6299/2007 isenta de registro o estabelecimento que apenas comercializa, armazena ou distribua os produtos destinados à alimentação animal. Nessa esteira é que a TECNAVIC fez um pedido de compra a FORMIL, da mesma forma que faz relativamente a outros fornecedores, que também importam seus produtos, eis que a primeira os quer nacionalizados, sem necessidade de obtenção de um registro para cada produto. De fato, não há ilegalidade na realização de importação no interesse de outra pessoa jurídica, desde que, obviamente, se atenda aos requisitos estabelecidos na legislação para as importações terceirizadas, quais sejam, por encomenda ou por conta e ordem de terceiros. Considerando que o que ora se julga é a multa por cessão de nome a terceiro para realizar importação, o qual teria sido acobertado nas declarações de importação, este é o ponto da controvérsia: se as duas importações, na forma como foram realizadas pela recorrente, seriam diretas ou terceirizadas. O fato de a recorrente afirmar que houve um pedido de compra prévio da TECNAVIC para a FORMIL realizar a importação ou descrever a vantagem para a TECNAVIC nesse tipo de operação em nada a auxilia na tese de que seria um importação direta, pelo contrário, corrobora no sentido sustentado pela fiscalização, de que seria uma operação por conta e ordem de terceiro ou a encomendante predeterminado. Quanto à informação levantada pela fiscalização de que haveria 32 importações declaradas como próprias pelo Porto de Fortaleza/CE cujas mercadorias eram idênticas às retidas, acrescenta a recorrente que, na verdade, realizou 175 importações do mesmo produto, sendo que só 32 delas foram para o Porto de Fortaleza, assim conclui ela que as vendas ocorrem em todo o país e por uma condição de logística, importa no porto mais próximo do comprador. Da mesma forma, também não há qualquer irregularidade em se importar pelo porto mais próximo do comprador. O que causou estranhamento à fiscalização, ensejando a abertura do procedimento fiscal, com razão, foi o seguinte: "Como a FORMIL não possui filial no estado do Ceará, nem tampouco na região Nordeste, ficou claro que os produtos importados pela FORMIL seriam destinados a uma empresa local, a despeito de não haver indicação nas DI que a importação seria por encomenda ou por conta e ordem de terceiros." Em relação às notas fiscais relativas às importações realizadas pelo Porto de Fortaleza, apurou a fiscalização mais um elemento que apontava no sentido de que não se tratariam de importações diretas: todas as mercadorias eram destinadas à TECNAVIC, sendo que as notas fiscais de entrada na FORMIL eram emitidas na data do desembaraço aduaneiro das mercadorias e as notas fiscais de saída da FORMIL para a TECNAVIC eram emitidas no mesmo dia ou no dia seguinte. É verdade que nada impede que isso seja feito pela importadora na logística "just in time" para redução de custos de frete e armazenagem, mas desde que atendidos aos requisitos da legislação para identificação dos beneficiários das importações. No entanto, não deixa de se tratar de mais um indício, favorável à tese da fiscalização de que as importações estavam com clientes predefinidos. Fl. 217DF CARF MF 8 Tem razão a recorrente quando diz que, em relação à alegação da fiscalização de que as notas fiscais teriam sido emitidas de forma simulada, "não existe outra maneira de se operacionalizar a retirada da mercadoria do Porto e entregála ao comprador ou encomendante, que não fosse utilizada pela Formil". Não se deve olvidar que na importação por encomenda o importador adquire a mercadoria junto ao exportador no exterior para depois, efetivamente, revendêla ao encomendante predeterminado, de forma que as notas fiscais de saída do estabelecimento do importador e de entrada no estabelecimento da encomendante devem refletir, obviamente, esta última operação de compra e venda. Também na importação por conta e ordem deverão ser emitidas as notas fiscais de saída e entrada na forma prescrita no sítio da RFB5. Não obstante não seja procedente o argumento da fiscalização acerca da irregularidade apontada das notas fiscais, remanescem os outros elementos apurados no sentido convergente de que houve a realização das importações com acobertamento do encomendante ou do terceiro adquirente. Menciona a recorrente a Solução de Consulta SRRF/7ª RF/DISIT Nº 119, de 30 de abril de 2007, cuja ementa assim dispõe: "IMPORTAÇÃO POR CONTA PRÓPRIA, REVENDA POR DISTRIBUIDOR. A pessoa jurídica ao praticar todos os atos de comércio internacional com independência e seus próprios recursos, sendo o único responsável pela fase comercial, logística de transporte, desembaraço, pagamento de tributos, arcando com a contabilização e revenda das mercadorias nacionalizadas a Distribuidor interno, está praticando ato de comércio de compra e venda, não se configurando a encomenda prevista na Instrução Normativa SRF nº 634, de 2006". No entanto, o entendimento veiculado pela referida Solução de Consulta em nada pode ser aproveitado para a recorrente, eis que não comprovado nos autos que a FORMIL se enquadraria na situação da consulente6 ou que a TECNAVIC seria seu "Distribuidor interno". 5 http://idg.receita.fazenda.gov.br/orientacao/aduaneira/importacaoeexportacao/operacoesrealizadapor intermediodeterceiros/importacaocomcontaeordem/importacaoporcontaeordem Acesso em 18/04/2017. (...) Além do exposto acima, nos termos dos arts. 86 e 87 da IN SRF nº 247/02, a pessoa jurídica importadora deverá, entre outros: Emitir, na data em que se completar o despacho aduaneiro, nota fiscal de entrada das mercadorias, informando, entre outros, em linhas separadas, o valor de cada tributo incidente na importação; Evidenciar em seus registros contábeis e fiscais que se trata de mercadorias de propriedade de terceiros, registrando, ainda, em conta específica, o valor das mercadorias importadas por conta e ordem de terceiros, pertencentes aos respectivos adquirentes; e Emitir, na data da saída das mercadorias de seu estabelecimento e obrigatoriamente tendo como destinatário o adquirente da importação: a) Nota de saída, na qual conste, entre outros: o valor das mercadorias, acrescido dos tributos incidentes na importação; o valor do IPI calculado; e o destaque do ICMS; e b) Nota fiscal de serviços, pelo valor dos serviços prestados ao adquirente, constando o número das notas fiscais de saída das mercadorias a que correspondem esses serviços. Caso o adquirente determine que as mercadorias sejam entregues em outro estabelecimento, nos termos do artigo 88 da IN SRF nº 247/02, devem, ainda, ser observados os seguintes procedimentos: A pessoa jurídica importadora deve emitir nota fiscal de saída das mercadorias para o adquirente; e O adquirente deve emitir nota fiscal de venda para o novo destinatário, com destaque do IPI, com a informação, no corpo da nota fiscal, de que a mercadoria deverá sair do estabelecimento da importadora, bem assim com a indicação do número de inscrição no CNPJ e do endereço da pessoa jurídica importadora. (...) 6 Solução de Consulta SRRF/7ª RF/DISIT Nº 119, de 30 de abril de 2007 (...) Fl. 218DF CARF MF Processo nº 10380.731025/201316 Acórdão n.º 3402004.135 S3C4T2 Fl. 215 9 Aduz também a recorrente que a fiscalização não provou que o comprador tivesse a intenção de importar o produto, sendo que, na verdade, para a TECNAVIC não interessaria se o produto veio de navio, caminhão ou avião. Ocorre, entretanto, que isso não descaracteriza eventual importação terceirizada. Como visto no conceito acima, na importação por encomenda não há a necessidade de efetiva participação do encomendante na negociação internacional ou no transporte das mercadorias. Ademais, na importação por conta e ordem, a atuação do importador pode envolver o despacho de importação, intermediação da negociação no exterior e contratação do transporte e seguro. É de se esclarecer à recorrente que o que realmente ocorre nas importações terceirizadas é que o terceiro adquirente ou encomendante não tem mesmo intenção em realizar, ele mesmo, a importação, tanto que transfere tal incumbência a outrem em operações legítimas, mas claro que com observância da legislação atinente à espécie. Por fim, quanto as outras 531 notas fiscais de venda do mesmo produto a outros compradores espalhados pelo Brasil, elas não foram mesmo objeto desta ação fiscal e em nada influem na presente autuação, relacionada especificamente às Declarações de Importação nºs 13/19336959 e 13/20620614, registradas em 01/10/2013 e 18/10/2013, respectivamente. Dessa forma, em síntese, em consonância com a doutrina e a jurisprudência administrativa, que considera plenamente aceitável o uso da prova indireta em direito tributário, a fiscalização apurou todo um quadro indiciário que, por presunção simples, conduz ao cometimento da infração. Os elementos indiciários apurados devem ser considerados conjuntamente e, mesmo que a existência de somente um deles pudesse não ser suficiente para a configuração da infração, o que importa é que o conjunto probatório, considerado como um todo, conduz à verificação da irregularidade tipificada no art. 33 da Lei n° 11.488/07. 2. Esclarece ser “integrante de grupo de empresas , atuando nas atividades de comércio exterior há mais de trinta anos, prospecta mercados no exterior, identifica compradores de produtos brasileiros, e, paralelamente, seleciona produtos e identifica fornecedores estrangeiros interessados no mercado brasileiro para realizar operações de importação, procurando normalmente atuar com contrato de exclusividade, sendo ou nomeando o XXX”. 3. “Dessa forma, nomeia e utiliza empresa do grupo (XXX) com a finalidade de realizar distribuição máster dos produtos importados, a qual pode nomear distribuidores regionais e/ou realizar vendas diretas para varejistas bem como atuar em operações com mercadorias diversas e comprar e vender produtos de outras empresas importadoras”. 4. Informa que “é sua a decisão do que comprar, onde comprar, de quem e quando comprar, discutindo diretamente com os fornecedores preços e condições de pagamento, fazendo as remessas cambiais e pagamento dos tributos na importação, exclusivamente com recursos próprios”. (...) Fl. 219DF CARF MF 10 Assim, tendo em vista que as alegações da recorrente não são hábeis a afastar o quadro probatório levantado pela fiscalização no sentido de que foram realizadas operações terceirizadas sem a informação dos reais beneficiários ou intervenientes, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. (assinatura digital) Maria Aparecida Martins de Paula Relatora Fl. 220DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15504.723633/2011-57
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Apr 10 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue May 23 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2008, 2009
DECADÊNCIA. ÁGIO. TERMO INICIAL. AMORTIZAÇÃO.
É pacífico neste Colegiado que, para início da contagem do prazo decadencial, deve-se ater à data de ocorrência dos fatos geradores, e não à data de contabilização de fatos passados que possam ter repercussão futura. Com efeito, o prazo decadencial somente tem início após a ocorrência do fato gerador (art. 150, § 4º, do CTN), ou após o primeiro dia do exercício seguinte ao que o lançamento poderia ter sido efetuado nas hipóteses do art. 173, I, do CTN. Portanto, a contagem do prazo decadencial deve se dar, não a partir da formação dos ágios, mas sim de sua efetiva amortização.
PRELIMINAR. NULIDADE. FATOS IMPUTADOS A FISCALIZADA QUE NÃO SÃO OBJETO DO AUTO DE INFRAÇÃO. PREJUDICIALIDADE NÃO CARACTERIZADA. NÃO ACOLHIMENTO.
Não têm relevância fatos novos imputados a fiscalizada, trazidos pela autoridade de primeira instância, que não interfiram no julgamento do mérito em sede de instância recursal.
ÁGIO. AMORTIZAÇÃO. REGRA GERAL.
Quanto à amortização de ágio, a regra é a indedutibilidade dos valores. Somente em casos específicos é permitida a dedutibilidade (art. 7º, da Lei 9.532/97), que visa beneficiar aquele que efetivamente incorreu em ônus, ou seja, desembolsou valores/patrimônio para a aquisição de uma participação societária com ágio.
ÁGIO. AMORTIZAÇÃO. LAUDO DE AVALIAÇÃO EXTEMPORÂNEO. INADMISSIBILIDADE.
É necessário um laudo prévio de avaliação - e não extemporâneo - com base na expectativa de rentabilidade futura da empresa em avaliação para autorizar-se a dedutibilidade da amortização do ágio para fins de apuração da base de cálculo do IRPJ e CSLL.
MULTA ISOLADA POR FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS. MULTA DE OFÍCIO PELA FALTA OU INSUFICIÊNCIA DE TRIBUTO. MATERIALIDADES DISTINTAS. NOVA REDAÇÃO DADA PELA MP 351/2007. APLICÁVEL À FALTA DE RECOLHIMENTO DAS ESTIMATIVAS A PARTIR DA COMPETÊNCIA DE DEZEMBRO DE 2006.
A partir do advento da MP 351/2007, convertida na Lei 11.488/2007 a multa isolada passa a incidir sobre o valor não recolhido da estimativa mensal independentemente do valor do tributo devido ao final do ano, cuja falta ou insuficiência, se apurada, estaria sujeita à incidência da multa de ofício. São duas materialidades distintas, uma refere-se ao ressarcimento ao Estado pela não entrada de recursos no tempo determinado e a outra pelo não oferecimento à tributação de valores que estariam sujeitos à mesma.
JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO.
A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de ofício proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de ofício, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic.
AUTOS REFLEXOS. CSLL.
A decisão referente às infrações do IRPJ aplica-se às demais tributações, no que couber.
Numero da decisão: 1402-002.451
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, negar provimento ao recurso voluntário: i) por unanimidade quanto à glosa de despesas com ágio; e ii) por maioria de votos quanto à multa isolada. Vencidos nessa parte os Conselheiros Demetrius Nichele Macei, Leonardo Luis Pagano Gonçalves e Caio Cesar Nader Quintella. que votaram por cancelar a exigência dessa penalidade. Designado o Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto para redigir o voto vencedor em relação à multa isolada.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto - Presidente.
(assinado digitalmente)
Demetrius Nichele Macei - Relator.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Leonardo de Andrade Couto (Presidente), Demetrius Nichele Macei, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Caio Cesar Nader Quintella, Paulo Mateus Ciccone, Luiz Augusto de Souza Gonçalves e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Ausente justificadamente o Conselheiro Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira.
Nome do relator: DEMETRIUS NICHELE MACEI
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ÁGIO. TERMO INICIAL. AMORTIZAÇÃO. É pacífico neste Colegiado que, para início da contagem do prazo decadencial, devese ater à data de ocorrência dos fatos geradores, e não à data de contabilização de fatos passados que possam ter repercussão futura. Com efeito, o prazo decadencial somente tem início após a ocorrência do fato gerador (art. 150, § 4º, do CTN), ou após o primeiro dia do exercício seguinte ao que o lançamento poderia ter sido efetuado nas hipóteses do art. 173, I, do CTN. Portanto, a contagem do prazo decadencial deve se dar, não a partir da formação dos ágios, mas sim de sua efetiva amortização. PRELIMINAR. NULIDADE. FATOS IMPUTADOS A FISCALIZADA QUE NÃO SÃO OBJETO DO AUTO DE INFRAÇÃO. PREJUDICIALIDADE NÃO CARACTERIZADA. NÃO ACOLHIMENTO. Não têm relevância fatos novos imputados a fiscalizada, trazidos pela autoridade de primeira instância, que não interfiram no julgamento do mérito em sede de instância recursal. ÁGIO. AMORTIZAÇÃO. REGRA GERAL. Quanto à amortização de ágio, a regra é a indedutibilidade dos valores. Somente em casos específicos é permitida a dedutibilidade (art. 7º, da Lei 9.532/97), que visa beneficiar aquele que efetivamente incorreu em ônus, ou seja, desembolsou valores/patrimônio para a aquisição de uma participação societária com ágio. ÁGIO. AMORTIZAÇÃO. LAUDO DE AVALIAÇÃO EXTEMPORÂNEO. INADMISSIBILIDADE. É necessário um laudo prévio de avaliação e não extemporâneo com base na expectativa de rentabilidade futura da empresa em avaliação para AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 50 4. 72 36 33 /2 01 1- 57 Fl. 1498DF CARF MF 2 autorizarse a dedutibilidade da amortização do ágio para fins de apuração da base de cálculo do IRPJ e CSLL. MULTA ISOLADA POR FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS. MULTA DE OFÍCIO PELA FALTA OU INSUFICIÊNCIA DE TRIBUTO. MATERIALIDADES DISTINTAS. NOVA REDAÇÃO DADA PELA MP 351/2007. APLICÁVEL À FALTA DE RECOLHIMENTO DAS ESTIMATIVAS A PARTIR DA COMPETÊNCIA DE DEZEMBRO DE 2006. A partir do advento da MP 351/2007, convertida na Lei 11.488/2007 a multa isolada passa a incidir sobre o valor não recolhido da estimativa mensal independentemente do valor do tributo devido ao final do ano, cuja falta ou insuficiência, se apurada, estaria sujeita à incidência da multa de ofício. São duas materialidades distintas, uma referese ao ressarcimento ao Estado pela não entrada de recursos no tempo determinado e a outra pelo não oferecimento à tributação de valores que estariam sujeitos à mesma. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de ofício proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de ofício, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic. AUTOS REFLEXOS. CSLL. A decisão referente às infrações do IRPJ aplicase às demais tributações, no que couber. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, negar provimento ao recurso voluntário: i) por unanimidade quanto à glosa de despesas com ágio; e ii) por maioria de votos quanto à multa isolada. Vencidos nessa parte os Conselheiros Demetrius Nichele Macei, Leonardo Luis Pagano Gonçalves e Caio Cesar Nader Quintella. que votaram por cancelar a exigência dessa penalidade. Designado o Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto para redigir o voto vencedor em relação à multa isolada. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente. (assinado digitalmente) Demetrius Nichele Macei Relator. (assinado digitalmente) Fl. 1499DF CARF MF Processo nº 15504.723633/201157 Acórdão n.º 1402002.451 S1C4T2 Fl. 1.499 3 Fernando Brasil de Oliveira Pinto Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Leonardo de Andrade Couto (Presidente), Demetrius Nichele Macei, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Caio Cesar Nader Quintella, Paulo Mateus Ciccone, Luiz Augusto de Souza Gonçalves e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Ausente justificadamente o Conselheiro Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira. Fl. 1500DF CARF MF 4 Relatório Adoto, em sua integralidade, o relatório do Acórdão de Impugnação nº 02 39.569, da 3ª Turma da DRJ em Belo Horizonte (MG), transcrito abaixo: Os autos de infração a folhas 1.079 a 1.108 exigem o recolhimento de crédito tributário no montante de R$ 22.609.312,62, assim discriminado: TRIBUTO JUROS DE MORA MULTA PROPORCION AL MULTA ISOLADA TOTAL Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) 6.380.356,03 1.031.065,53 4.785.267,01 3.689.648,54 15.886.337,11 Contribuição Social s/ o Lucro Líquido (CSLL) 2.614.932,46 430.357,13 1.961.199,33 5.006.488,92 Contribuição Social s/ o Lucro Líquido (CSLL) 1.716.486,59 1.716.486,59 Descrição das infrações imputadas Auto de infração de IRPJ O autuante, fazendo referência ao relatório de auditoria fiscal anexado a folhas 1.060 a 1.070, atribui à autuada o cometimento das infrações de cuja descrição adiante se faz uma síntese. 1. AMORTIZAÇÃO VALORES NÃO AMORTIZÁVEIS Amortização indevida de ágio em decorrência de incorporação reversa, constatada em fiscalização anterior relativa a 2005, 2006 e 2007. Foi confirmada a continuação da amortização indevida em 2008 e 2009. Valor apurado conforme os dados extraídos dos arquivos digitais da fiscalizada, referentes aos lançamentos contábeis escriturados na conta 006580000 Amortização de Ágios. Datas do fato gerador: 31.12.2008 e 31.12.2009. Enquadramento legal: artigo 13, inciso III, da Lei n° 9.249, de 1995; artigo 249, inciso I, artigo 251, parágrafo único, artigo 299, artigo 324, §§ 2° e 4°, artigo 325, todos do Decreto n° 3.000, de 26 de março de 1999 Regulamento do Imposto de Renda RIR 1999. 2. MULTAS ISOLADAS FALTA DE RECOLHIMENTO DO IRPJ SOBRE BASE DE CÁLCULO ESTIMADA Falta de pagamento do IRPJ incidente sobre a base de cálculo estimada em função da receita bruta e acréscimos, ou em balanços de suspensão ou redução, apurado após adição dos ágios não amortizáveis. Períodos de apuração: 31.01.2008, 30.06.2008, 31.07.2008, 31.05.2009, 30.06.2009, 31.07.2009, 31.08.2009, 30.09.2009, 31.10.2009, 30.11.2009 e 31.12.2009. Enquadramento legal: artigo 44, inciso II, alínea "b", da Lei n° 9.430, de 1996, com a redação dada pelo artigo 14 da Lei n° 11.488, de 2007; artigos 222 e 843 do RIR 1999. Primeiro auto de infração de CSLL (fls. 1.089 e seguintes) O autuante atribui à autuada o cometimento de uma só infração, que é a mesma constante do item 1 do auto de infração precedente, referente ao IRPJ. Datas do fato gerador: 31.12.2008 e 31.12.2009. Enquadramento legal: artigo 2°, e seus parágrafos, artigo 3°, ambos da Lei n° 7.689, de 15.12.1988, com as alterações da Lei n° 11.727, de 2008; artigo 1° da Lei n° 9.316, de 22.12.1996; artigo 28 da Lei n° 9.430, de 27.12.1996. Fl. 1501DF CARF MF Processo nº 15504.723633/201157 Acórdão n.º 1402002.451 S1C4T2 Fl. 1.500 5 Segundo auto de infração de CSLL (fls. 1.100 e seguintes) O autuante atribui à autuada o cometimento de uma só infração, que é a mesma constante do item 2 do auto de infração referente ao IRPJ. Períodos de apuração: 31.01.2008, 31.05.2008, 30.06.2008, 31.07.2008, 31.05.2009, 30.06.2009, 31.07.2009, 31.08.2009, 30.09.2009, 31.10.2009, 30.11.2009 e 31.12.2009. Enquadramento legal: artigo 28 e artigo 44, § 1°, inciso IV, da Lei n° 9.430, de 1996, com a redação dada pelo artigo 14 da Lei n° 11.488, de 2007; artigos 222 e 843 do RIR 1999. Relatório de auditoria fiscal No relatório de auditoria fiscal a folhas 1.060 a 1.070 o autuante apresenta a motivação dos lançamentos. Dele extraemse as observações e argumentos resumidos adiante. • A ação fiscal teve como objetivo, mediante o exame da escrituração contábil e fiscal do contribuinte referentes aos anoscalendários de 2008 e 2009, verificar se houve a continuação de uma amortização indevida que fora constatada em fiscalização anterior, relativa aos anos de 2005 a 2007. • Em decorrência da fiscalização anterior, o contribuinte foi autuado. O o auto de infração consta do processo n° 13609.001447/201089, na qual já foi proferida decisão de primeira instância administrativa. O Acórdão 0232964 da 3a Turma de Julgamento da DRJ/BHE, de 22/06/11, julgou improcedente a impugnação e manteve integralmente o crédito tributário lançado. A folhas 988 a 1.040 foi anexada uma cópia da decisão, e a sua ementa é transcrita neste relatório. • Como a presente fiscalização continua a anterior e os seus fundamentos fáticos e de direito foram confirmados pelo órgão julgador de primeira instância administrativas, eles são adotados integralmente neste relatório. Fazse, por isso, remissão ao inteiro teor do relatório de auditoria fiscal elaborado na fiscalização precedente, cópia do qual é anexada a folhas 746 a 764. • Durante o ano de 2004 houve diversas reestruturações societárias na Mineração Belocal e em suas controladoras. As empresas envolvidas são assim referidas: Calmit Industrial Ltda (Calmit), Companhia de Cimento Portland Itaú (CCPI), Call Itaú Participações Minas Gerais S/A (Call), Lhoist do Brasil Ltda (Lhoist), Cananga Participações Ltda (Cananga) e Belocal. • Em junho de 2004 (momento de criação da empresa), o controle da Belocal, cujo capital ainda estava inteiramente por ser integralizado, estava dividido entre a Calmit (20%) e a CCPI (80%), ambas do grupo Votorantim. • Em 30.08.2004, a Calmit e a CCPI cedem suas quotas à Call, também pertencente ao grupo Votorantim, a qual as integraliza com a cessão dos créditos decorrentes do contrato de compra de ativos, no montante de R$ 114.756.341,00. O capital social da Belocal passa de R$100.000,00, para R$ 114.856.341,00. • Em 31.08.2004 a CCPI transfere sua única quota à Call, que passa a ser a única quotista. • Em 31.08.2004 a Call emite 100 novas ações ordinárias, com direito a voto (correspondentes a 50% do capital social e a 100% do capital votante), subscritas e integralizadas em dinheiro pela Lhoist, no montante de R$ 447.555.000,00. A Call, em Fl. 1502DF CARF MF 6 atendimento à cláusula 1.1 do Contrato de Investimentos e Outras Avenças (fls. 250 a 277), registra R$ 332.698.559,00 a título de reserva de ágio. • Em 30.09.2004, a Call resgata as cem ações subscritas em agosto pela Lhoist. Em pagamento, transfere a esta a totalidade das quotas da Belocal, conforme o Acordo de Desinvestimento e Outras Obrigações (fls. 240 a 246). A Call então passa a ser uma controlada integral do grupo Votorantim, enquanto a Belocal assume essa condição em relação à Lhoist. Estranhamente, a Lhoist somente registra em sua contabilidade a aquisição das quotas da Belocal e a baixa de seu investimento em 01.11.2004. • Paralelamente a esses fatos, o grupo LHOIST realizou alterações na CANANGA, visando a sua posterior utilização nessa reorganização societária que tinha como objetivo um planejamento tributário indevido. • A CANANGA foi constituída em 22/12/2002, tendo em seu quadro societário as empresas Gesellschaft Participações Ltda e Schaft Participações Ltda. O quadro societário dessas duas empresas era composto, exclusivamente, por pessoas que, à época, eram funcionários da empresa Pinheiro Neto Advogados. Tanto a CANANGA quanto a LHOIST registram em sua contabilidade a prestação de serviços por essa empresa de advocacia. • Em 23/08/2004 a LHOIST e Marcos de Azevedo Ferreira França, responsável legal por todas as empresas do grupo LHOIST, substituem a Gesellschaft e Schaft no quadro societário da Cananga. • A relação entre a participação no quadro societário da Gesellschaft e da Schaft e o vínculo empregatício com a Pinheiro Neto Advogados, comum a todos seus sócios, fica ainda mais evidente quando se constata que, logo após o desligamento dos empregados Ayae Ikeda e Célia Vettore de Oliveira, ocorrido em 27/09/2001, eles deixaram também o quadro societário da Schaft e foram substituídos por outros funcionários da Pinheiro Neto Advogados. • Apesar de não possuir, na época, nenhum ativo e contar com capital social de R$100,00 (ainda não integralizádo), em setembro de 2003 a CANANGA obteve um empréstimo de 180.000 euros da empresa Participations et Investissements Mineraux, sediada em Luxemburgo, conforme relatório do Departamento de Capitais Estrangeiros e Câmbio do Banco Central. Essa empresa, conforme página do Journal Officiel du GrandDuché de Luxembourg, tem como administrador Leon A. Lhoist, o qual faz parte do conselho executivo do Grupo LHOIST. • As únicas operações relevantes praticadas pela CANANGA foram: a) a obtenção de empréstimo da empresa Participations et Investissements Mineraux, no valor de EUR 180.000; b) aquisição, em 2003, da Master Administração Técnica de Venda, dos direitos minerários da Extramil, que foram transferidos para a Lhoist do Brasil Ltda em 03/01/2004, por uma quantia muito semelhante ao valor daquele empréstimo; c) o pagamento dessa transferência de direitos, mediante o repasse de R$ 512.252,50 (apesar de referirse à liquidação de um direito creditório, a CÁNANGA estranhamente registra a operação como "Vr.Ref. a empréstimo"); d) em 27/08/2004, a aquisição do controle acionário da CANANGA pela LHOIST, por RS 100,00; e) a liquidação do empréstimo concedido pela empresa luxemburguesa', em 30.09.2004 (no histórico do razão a operação é descrita como "Vr. Ref. a pagto do empréstimo Lhoist", em vez de se referir à mutuante; os recursos para a liquidação advieram, em grande parte, do pagamento da transferência dos direito minerários da Extramil, feito pela Lhoist na mesma data). • Em 17.12.2004, a Lhoist, já sendo a detentora do controle acionário da Belocal e da Cananga, aumenta o capital desta e o integraliza com as quotas daquela, de modo que ela passa a ser integralmente controlada pela Cananga. O capital da CANANGA passa a Fl. 1503DF CARF MF Processo nº 15504.723633/201157 Acórdão n.º 1402002.451 S1C4T2 Fl. 1.501 7 R$456.557.006,00. O ágio de R$ 332.698.559,00 é registrado a débito da conta 00082 Ágio s/Investimentos Mineração Belocal Ltda, tendo como descrição, na coluna histórico de seu livro razão "vr. Ref. a integralização de capital com Investimento na Mineração Belocal Ltda, parte ágio", e, como contrapartida, o lançamento na conta capital realizado. • Em 31.12.2004 a Belocal incorpora a Cananga, voltando a ser uma controlada integral da Lhoist. Com a incorporação, o ágio que estava registrado na Cananga, relativo ao investimento na BELOCAL, foi lançado na escrituração da própria BELOCAL, a débito da conta Ágio na Incorporação Cananga Participações e partir de janeiro de 2005 passou a ser amortizado. • A investigação levada a efeito pela fiscalização, confirmou que esse ágio, amortizado pela BELOCAL, teve origem naquelas operações de reoganização societária, cuja finalidade era a obtenção de benefícios fiscais, mediante planejamento tributário indevido. Da inexistência de ágio a ser amortizado • O ágio foi gerado pela LHOIST, por ocasião do resgate das cem ações da CALL, quando recebeu, como pagamento, a totalidade das quotas da BELOCAL. Essas quotas da BELOCAL foram transferidas para CANANGA, por ocasião do aumento de seu capital, pela LHOIST, juntamente com o ágio, que já estava reconhecido. Quando a BELOCAL, que era, então, controlada da CANANGA, é incorporada por esta, recebe seu próprio ágio nessa operação. • A origem do ágio, no entanto, é indevida, pois a operação a que se refere o contrato pelo qual a Lhoist cede suas ações da Call e recebe em troca a totalidade das quotas da Belocal caracterizase como permuta. Conforme o artigo 533 da Lei n° 10.406, de 2002 (Código Civil), às operações de permuta aplicamse as disposições pertinentes à compra e venda. Assim, é aplicável ao caso o artigo 426 do RIR 1999. Logo, a operação de resgate representou uma perda na alienação de investimentos pela LHOIST (332.698.659,00), que deveria ser reconhecido no resultado do exercício correspondente, e não ser novamente contabilizada como ágio. • A Cananga não pagou ágio na operação ocorrida em 17.12.2004 (fls. 78 a 89), pela qual houve a integralização de seu capital por parte da Lhoist. O custo de aquisição do investimento na Belocal foi de R$456.464.249,18, de acordo com o previsto no artigo 20 do Decretolei 1.598, de 1977 e com os registros contábeis da Lhoist, nas contas 00585 (Mineração Belocal R$114.856.441,00 e R$8.909.249,18, referente à equivalência patrimonial) e 00596 (Ágio sobre Investimentos Mineração Belocal (R$332.698.559,00 fls. 348). O pagamento deuse por meio da emissão de novas quotas da Cananga, no valor exato do investimento adquirido, de acordo com os registros contábeis da Lhoist. • Isso se comprova pelos lançamentos contábeis na conta Capital Social Realizado, da Cananga, quando é aumentado o capital de R$ 100,00 para R$ 456.464.349,18, em virtude da integralização em causa, e do Protocolo de Incorporação e Justificação (fls. 232 a 239), no qual é discriminado o montante e o valor de cada quota da Cananga. Sendo o custo de aquisição das quotas da Belocal pela Cananga idêntico ao valor de patrimônio líquido do investimento adquirido, nos registros da Lhoist, não houve também nessa operação, o surgimento de ágio, como definido no artigo 385 do RIR 1999. • Inexistindo ágio a ser contabilizado, não há valores relativos a sua amortização a serem deduzidos pela fiscalizada. Fl. 1504DF CARF MF 8 Da inexistência de fundamentação econômica • Em 30.09.2004, em pagamento do resgate das cem ações da Call que havia adquirido trinta dias antes, a Lhoist recebe todas as quotas da Mineração Belocal, tornandose sua controladora direta. No entanto, a empresa somente registra na contabilidade esse investimento (e também o ágio) em 01.11.2004. • De acordo com o art. 20 do DecretoLei 1.598/77, esse registro deveria ter sido feito no momento da aquisição do investimento, e é também, no momento do lançamento deveria ser comprovado o fundamento econômico do ágio. • O documento que, de acordo com o § 3° do artigo 20 do Decretolei n° 1.598, de 1977, devia servir de base para o lançamento do ágio, foi elaborado mais de dois meses depois da data de celebração do contrato apresentado pela Lhoist. Portanto, esse documento não pode servir para o propósito desejado. • Talvez por esse motivo a Lhoist fez o lançamento contábil da aquisição do investimento somente em novembro. Tal tentativa de se adequar ao artigo 20 do Decretolei n° 1.598, de 1977, mostrase infrutífera, pois fere o princípio contábil da oportunidade, previsto no art. 6° da Resolução CFC n° 750, de 1993. • Desrespeita também o disposto no mesmo artigo 20 do Decretolei 1.578, de 1977, que prevê que o desdobramento do custo de aquisição em valor de patrimônio líquido e ágio na aquisição deverá ser feito no momento de aquisição da participação. • Da combinação do disposto no caput do artigo 20 (obrigatoriedade de, na ocasião da aquisição do investimento, desdobrar custo de aquisição em valor de patrimônio líquido e ágio), com o seu § 3° (necessidade de que o lançamento do ágio cujo fundamento seja a rentabilidade futura seja baseado em documento que o comprove), concluise que, tanto na data da celebração do contrato de investimento (31.08.2004), quanto na data da celebração do contrato de desinvestimento (30.09.2004), não havia a comprovação do fundamento econômico do ágio pago. • O Relatório de Avaliação EconômicoFinanceira Mineração Belocal Ltda foi elaborado com o único objetivo de adequar, extemporaneamente, o pagamento do ágio na aquisição do investimento, já ocorrido, à legislação tributária. Isto é expressamente afirmado nos seus itens 1.4, 1.5 e 1.6. • Concluise que o pagamento do ágio, ocorrido em 31.08.2004, não foi baseado em nenhum documento que comprovasse, no momento de sua ocorrência, sua fundamentação econômica. Portanto, por não se enquadrar nas disposições do artigo 7° da Lei n° 9.532, de 1997, ele não é amortizável. Da ausência de _ finalidade negocial • A CANANGA, controladora .da BELOCAL, que foi incorporada, é empresa veículo, cujo ágio não tem fundamento econômico, nos termos da alínea "a" do § 1° do art. 6° da Instrução CVM 319/99, com a redação dada pelo art. 1o da Instrução CVM 349/01. • Ficou demonstrado que não havia propósito negocial nem societário em proceder à subscrição de participação societária em empresa pertencente ao mesmo grupo econômico que, em curto espaço de tempo, foi incorporada por sua controlada. A caracterização da Cananga como empresaveículo, utilizada com a única finalidade de carrear os ágios contabilizados, é evidente. • Os procedimentos previstos na Instrução CVM 349 foram adotados pela Belocal na contabilização do ágio e sua respectiva provisão. Portanto, se o disposto na Instrução CVM 349/01 é exclusivo para os casos em que houve a utilização de empresaveículo, como Fl. 1505DF CARF MF Processo nº 15504.723633/201157 Acórdão n.º 1402002.451 S1C4T2 Fl. 1.502 9 esclarece a CVM através do OFÍCIOCIRCULAR/CVM/SNC/SEP n° 01/2007, e os procedimentos nela previstos foram adotados pela Belocal nos lançamentos contábeis relativos ao ágio e respectiva provisão, é inegável o papel de empresaveículo que a Cananga desempenhou. Da utilização de empresa de prateleira • A Cananga foi utilizada como empresa de prateleira, o que reforçou os indícios de ausência de finalidade negocial ou societária na operação. • O fato da constituição da CANANGA por duas empresas que tinham como sócios unicamente funcionários do escritório de advocacia que prestava serviços ao grupo LHOIST do Brasil, a sua inatividade por um ano inteiro e o perfil das alterações patrimoniais registradas por ela, resultantes unicamente de operações relacionadas ao grupo LHOIST, mesmo antes do registro contábil da aquisição de seu controle, caracterizam a CANANGA como uma empresa de prateleira, controlada oficiosamente pelo grupo LHOIST a partir de 2003 e utilizada para operações internas do grupo, sem fundamento econômico que as justificasse. • Não havendo fundamento econômico para as operações, não há como admitir a amortização do ágio. A jurisprudência do Primeiro Conselho de Contribuintes (acórdão 10323290, datado de 05/12/2007) confirma a impossibilidade de' aproveitamento de ágio com fundamento em expectativa de rentabilidade futura, quando este se incorpora ao patrimônio da empresa por meio de incorporação sem nenhuma finalidade negocial ou societária. Da não caracterização de despesa dedutível • Nos termos do art. 299, do RIR 1999, são operacionais as despesas não computadas nos custos, necessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora. A fiscalização considerou que a amortização de ágio realizada pela BELOCAL não seria necessária a atividade da empresa, nem à manutenção da fonte produtora. Portanto, não é uma despesa dedutível. Por esse motivo, os valores referentes a essas amortizações foram adicionados ao lucro líquido apurado pela empresa, conforme determinado pelo artigo 249 do RIR 1999. Conclusão • Como foi constatada a continuição da amortização indevida de ágios, nos anoscalendários 2008 e 2009, procedeuse à glosa desses valores, e o conseqüente lançamento dos créditos tributários devidos. • São indevidas as despesas de amortização de ágio, uma vez que não foram satisfeitas as seguintes condições de dedutibilidade: a) demonstração do fundamento,do ágio mediante documentação hábil e tempestiva; b) existência de substância econômica e propósito negocial nas operações de reorganização societária; c) independência entre si e possibilidade de livre negociação quanto a todas as pessoas jurídicas envolvidas na operação; d) ônus efetivo na aquisição do ágio para a pessoa jurídica que o registrar em sua contabilidade e cujo patrimônio for absorvido; e) reunião numa só pessoa jurídica do patrimônio que tiver sofrido o encargo do ágio e o patrimônio que presumivelmente gerará os lucros que justificaram o seu pagamento. • Em decorrência da glosa das despesas de amortização do ágio, os resultados mensais escriturados pelo contribuinte foram ajustados, ensejando o surgimento de estimativas Fl. 1506DF CARF MF 10 devidas, enão recolhidas, de IRPJ e CSLL. Assim, nos termos da legislação em vigor, efetuouse o lançamento da multa isolada, pela falta de pagamento dessas estimativas. • Os valores informados em Dirf a título de IRRF foram deduzidos no auto de infração, tanto na apuração das estimativas como no ajuste anual. • Conforme extratos dos sistemas da RFB, fls 979 a 987, no lançamento anterior todos os prejuízos fiscais e bases negativas deCSLL foram exauridos, não havendo compensações a fazer. Impugnação do lançamento Conforme assinatura aposta nos próprios autos de infração por seu representante legal, o sujeito passivo foi cientificado do lançamento pessoalmente em 06.10.2011. Em 04.11.2011 foi apresentada uma só impugnação, juntada a folhas 1.111 a 1.144, e acompanhada dos documentos juntados a folhas 1.145 a 1.290. Os enunciados seguintes resumem o conteúdo da impugnação. PRELIMINARES Tempestividade • A requerente teve ciência dos autos de infração em 06.10.2011. De acordo com o artigo 5° do Decreto n° 70.235, de 1972 e com o artigo 210 do Código Tributário Nacional (CTN), a contagem do prazo se inicia no primeiro dia útil subsequente, 07.10.2011, e termina em 05.11.2010, um sábado, de forma que o prazo fatal se desloca para 07.11.2011, uma segunda feira. Portanto, fica demonstra a tempestividade da impugnação. Esclarecimentos iniciais • Considerando que o termo de verificação fiscal é o mesmo para os três autos de infração, a requerente apresenta impugnação idêntica para cada um deles e que abrange todas as matérias em discussão. Em virtude do princípio da economia processual, pleiteiase a reunião dos processos administrativos. Decadência • A exigência fiscal referese a tributos decorrentes de operações ocorridas no períodobase de 2004, de forma que toda ela está abrangida pela decadência. • Para os tributos sujeitos à modalidade de lançamento por homologação, como é o caso do IRPJ e da CSLL, o prazo decadencial é de cinco anos, contado da ocorrência do fato gerador, nos termos do artigo 150, § 4°, do CTN. • Os supostos fatos geradores das obrigações tributárias constantes desta exigência fiscal ocorreram ainda no anocalendário de 2004. Essa conclusão é muito clara, pois, uma vez ocorrida a incorporação da Cananga pela requerente no anocalendário de 2004 já nasce o direito de a sociedade sobrevivente amortizar o ágio no prazo previsto na legislação. Assim, o prazo para questionar os efeitos fiscais dessas operações expirou em 31.12.2009. OS AUTOS DE INFRAÇÃO • A fiscalização adotou como premissa do lançamento que era inexistente e sem finalidade negocial o ágio reconhecido e amortizado pela requerente, e que o ágio, pago pela Lhoist do Brasil (LDB) pelas ações da Call Itaú Participações Minas Gerais S/A (Call) não possuía nenhuma fundamentação econômica. • Ainda segundo a fiscalização e levandose em consideração a decisão de Ia instância relativa ao Processo n° 13609.001447/201089, a amortização fiscal do ágio seria indevida, uma vez que não teriam sido atendidas as seguintes condições de dedutibilidade: (i) Fl. 1507DF CARF MF Processo nº 15504.723633/201157 Acórdão n.º 1402002.451 S1C4T2 Fl. 1.503 11 demonstração do fundamento do ágio mediante documentação hábil e tempestiva; (ii) existência de substância econômica e propósito negocial nas operações de reorganização societária; (iii) independência entre si e possibilidade de negociação quanto a todas as pessoas jurídicas envolvidas na operação; (iv) ônus efetivo da aquisição do ágio a pessoa jurídica que o registrar em sua contabilidade e cujo patrimônio for absorvido; e (v) reunião numa só pessoa jurídica do patrimônio que tiver sofrido o encargo do ágio e o patrimônio que presumivelmente gerará os lucros que justificaram o seu pagamento. • A premissa adotada pela D. Fiscalização é manifestamente equivocada. Ademais, a Recorrente não foi notificada da decisão de primeira instância, cujo conteúdo é amplamente utilizado pela fiscalização para fundamentar a lavratura das autuações. • A partir do momento em que a Recorrente não tem conhecimento do conteúdo de referida Decisão da DRJ/BHE, que versa sobre a amortização do ágio nos anoscalendário de 2005, 2006 e 2007, as alegações trazidas pela D. Fiscalização para sustentar a glosa da amortização do ágio relativa aos exercícios de 2008 e 2009 devem ser desconsideradas de imediato, não servindo como argumento para fundamentar as presentes autuações. OS FATOS • A requerente é sociedade limitada que tem por objeto social, entre outros, a extração, beneficiamento e comercialização de produtos calcários. É contribuinte de diversos tributos, entre os quais o IRPJ e a CSLL, que são regularmente recolhidos aos cofres públicos nos prazos e formas previstos em lei. • Em 2004 a requerente foi objeto de uma série de operações societárias, graças às quais a totalidade do seu capital passou a ser detida pela LDB. A fiscalização equivocadamente concluiu que essas operações societárias não permitiriam que a requerente procedesse à amortização do ágio. Subscrição das ações da Callpela LDB • Em 31.08.2004, conforme comprova a ata da Assembléia Geral Extraordinária da Call, essa sociedade emitiu novas ações ordinárias, representando 50% de seu capital social e 100% de seu capital votante, que foram subscritas e integralizadas em sua totalidade pela LDB ao preço de R$447.555.000,00. • Após a subscrição das ações, o patrimônio líquido da Call correspondia, aproximadamente, a R$562.411.441,00. Logo, o valor do ágio pago pela LDB pela aquisição de 50% do capital da Call correspondeu a aproximadamente R$166.349.279,50. • Entretanto, certa de que o investimento realizado pela LDB na Call representava, em essência, a aquisição da totalidade das quotas da requerente então detidas pela Call, a LDB, desde o início, registrou em sua contabilidade o ágio relativo ao investimento na Call pelo mesmo valor (R$332.698.559,00) que seria registrado na hipótese de a aquisição de participação no capital social da requerente tivesse sido realizada diretamente. Resgate de ações da Call • Em 30.09.2004, conforme a ata da Assembléia Geral Extraordinária da Call (doc. 5), esta promoveu o resgate de 100 ações ordinárias detidas pela LDB, que representavam 50% de seu capital social. O resgate foi realizado por meio da devolução de ativos de sua titularidade para LDB, conforme faculta a legislação. Esses ativos corresponderam à totalidade das quotas que a Call detinha na requerente. Fl. 1508DF CARF MF 12 • As quotas foram entregues pelo seu valor contábil, conforme expressamente autorizado pelo artigo 22 da Lei n° 9.249, de 1995. Esse fato tem implicações cruciais no registro do ágio em relação ao investimento que a LDB passou a contabilizar na requerente. O registro do investimento na requerente e a contabilização do ágio pela LDB • No momento em que recebeu as quotas da requerente como devolução de sua participação no capital social da Call, a LDB substituiu o investimento que detinha na Call pelo investimento que passou a deter na requerente, atribuindolhe o preço (custo) inicialmente pago pelas ações da Call, conforme expressamente previsto no artigo 22, § 2°, da Lei n° 9.249, de 1995. • Como a LDB passou a ser a sociedade controladora direta da requerente, ela estava legalmente obrigada a avaliar o investimento segundo o método da equivalência patrimonial, desdobrandose o seu valor total (R$447.555.000,00) em: a) patrimônio líquido da participação societária (R$114.856.441,00); b) ágio (R$ 332.698.559,00). Logo, a partir desse momento é que a LDB apurou o ágio em relação ao investimento detido na requerente. • O ágio registrado pela LDB em relação ao investimento na requerente comprova que a real intenção do grupo Lhoist sempre foi a de adquirir integralmente a requerente. O fundamento econômico desse ágio era a expectativa de rentabilidade futura. O cálculo da expectativa de rentabilidade _ futura data do laudo de avaliação • O valor da expectativa de rentabilidade futura da requerente, de aproximadamente R$462.000.000,00, foi primeiramente calculado em estudo econômicofinanceiro preparado internamente pela LDB e seu controlador Lhoist S/A, sociedade constituída e existente de acordo com as leis da Bélgica. • Para que não restasse dúvida a respeito da qualidade do cálculo, em 17.08.2004, antes da aquisição das ações da Call e da requerente, a LDB solicitou à KPMG Corporate Finance Ltda a confirmação das projeções de resultados futuros, com o fim de obter sua validação para fins fiscais. • Em 12.11.2004, a KPMG emitiu o Relatório de Avaliação Econômico Financeira da Mineração Belocal Ltda (doc. 7), ratificando expressamente as premissas adotadas e o valor que a LDB tinha para a expectativa de rentabilidade futura da requerente. Esse relatório foi emitido antes da incorporação da Cananga pela requerente e, portanto, antes do início da amortização fiscal do ágio. • Portanto, não cabe que a fiscalização lance dúvidas sobre esse cálculo, alegando que o laudo de avaliação tem data posterior à escrituração do ágio pela LDB. Aumento de capital da Cananga, integralizado com as quotas da requerente • Em 17.12.2004, o capital social da Cananga foi aumentado de R$100,00 para R$456.464.249,00, conforme alteração do contrato social realizada em 17.12.2004 (doc. 8). O aumento foi totalmente subscrito e integralizado pela LDB mediante a entrega da totalidade das quotas que a LDB tinha da requerente. Com isso, a Cananga passou a deter totalidade do capital social da requerente. • A transferência das quotas se deu pelo valor contábil, conforme consta da alteração contratual, o que foi atestado em laudo de avaliação datado de 17.12.2004 e emitido pela Deloitte Touche Tohmatsu Auditores Independentes (doc. 9). A incorporação da Cananga _pela requerente Fl. 1509DF CARF MF Processo nº 15504.723633/201157 Acórdão n.º 1402002.451 S1C4T2 Fl. 1.504 13 • Em 31.12.2004 foram realizadas reuniões de quotistas da requerente e da Cananga (doc. 10), por meio dos quais foi aprovada a incorporação da Cananga pela requerente, nos termos e condições estabelecidas no protocolo de incorporação, datado de 26.12.2004. A operação foi realizada pelo valor contábil e, nesse sentido, suportada por laudo de avaliação da Cananga preparado pela Deloitte Touche Tohmatsu Auditores Independentes em 27.12.2004. O tratamento _ fiscal do ágio registrado pela requerente após a incorporação da Cananga • No instante que antecedeu à incorporação, a Cananga detinha a totalidade das quotas da requerente, com o custo desdobrado em ágio e valor do patrimônio líquido. Esse ágio encontravase fundamentado na expectativa de rentabilidade futura da requerente, suportado por laudo de avaliação emitido em 12.11.2004 por empresa especializada, ou seja, antes da incorporação da Cananga e do início da amortização fiscal do ágio pela requerente. • Com a incorporação da Cananga, a requerente passou a atender todas as condições exigidas pela legislação para que o ágio pudesse ser tratado como despesa amortizável, no prazo mínimo de cinco anos. Assim, a requerente passou a contabilizar esse ágio na conta de ativo diferido e a amortizálo como despesa operacional, à taxa média de 1/84, de modo que toda a amortização pudesse ser concluída em sete anos. • Embora a requerente estivesse autorizada pela legislação a amortizar o ágio em cinco anos, fêlo em sete anos, levando em consideração as projeções de rentabilidade futura da requerente, atestadas no relatório preparado pela KPMG. Esta é mais uma evidência de que a requerente sempre adotou as melhores práticas fiscais e contábeis e nunca agiu de forma que violasse a legislação. O equivocado entendimento da _fiscalização • Nada há nos fatos narrados que possa justificar a glosa de despesas de amortização de ágio. A operação consistiu nada mais do que na aquisição da requerente pelo grupo belga Lhoist. Foi realizada com pagamento de ágio, entre partes independentes (Votorantim e Lhoist), de forma que o ágio gerado na operação é legítimo e passível de amortização para fins fiscais. • Somente com base nos fatos narrados, fica evidente a total improcedência dos autos de infração, que são frutos de alegações infundadas da fiscalização e devem ser imediatamente cancelados. Ainda assim, a requerente discorre sobre suas razões de direito. O DIREITO À AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO Subscrição das ações da Callpela LDB e subsequente resgate • O artigo 22, § 2°, da Lei n° 9.249, de 1995, determina que, quando uma pessoa jurídica receber um bem ou direito em devolução de sua participação no capital de determinada sociedade, esse bem ou direito deverá ser registrado: a) pelo mesmo valor contábil da participação societária, se a pessoa jurídica que estiver reduzindo o seu capital social tiver avaliado esse bem ou direito pelo seu valor contábil; b) pelo valor de mercado do bem ou direito recebido, se a pessoa jurídica que estiver reduzindo o seu capital tiver feito a avaliação pelo valor de mercado. • A Call resgatou as ações da LDB e entregou a essa sociedade as quotas da requerente pelo seu valor contábil. Portanto, ante o artigo 22, § 2°, da Lei n° 9.249, de 1995, a LDB tinha a obrigação legal de contabilizar as quotas da requerente pelo mesmo valor contábil atribuído às ações que a LDB tinha na Call antes de a operação de resgate de ações ter sido realizada. A norma estabelece uma regra obrigatória para a pessoa jurídica que está recebendo o bem Fl. 1510DF CARF MF 14 ou o direito, e não uma faculdade. Assim, não havia alternativa senão registrar as quotas da requerente recebidas como devolução da Call pelo valor de R$447.555.000,00. • Segundo determina o artigo 426 do RIR 1999, o valor contábil da participação societária avaliada pelo método da equivalência patrimonial deve considerar tanto o seu valor de patrimônio líquido, quanto o ágio registrado em relação a esse investimento. Portanto, a conclusão é que a LDB agiu corretamente ao atribuir à participação da requerente então recebida o mesmo custo do investimento anteriormente detido na Call, em razão da devolução de capital. • Diferentemente da alegação infundada da fiscalização, a operação em causa não se confunde com uma permuta. O resgate de ações nada mais é que uma operação típica de devolução de capitais ao acionista e está tipificado na Lei das S/A e também no artigo 22 da Lei n° 9.249, de 1995. Esse entendimento é corroborado pelo parecer técnico de Eliseu Martins (doc. 12), profundo conhecedor e formulador da normatização contábil brasileira. • Nem poderia ser diferente, pois o propósito da LDB consistia em adquirir a requerente pelo valor de R$447.555.000,00. A aquisição das ações da Call, num primeiro momento, somente foi realizada objetivando a negociação da requerente. Os R$447.555.000 eram, portanto, o custo do investimento para a LDB na Call e, por força do artigo 22, § 2°, da Lei n° 9.249, de 1995, ele continuou a ser o custo do novo investimento que a LDB passou a deter na requerente. A apuração do ágio relativo ao investimento na requerente • Concluída a devolução de capital da Call, a LDB passou à condição de sociedade controladora da requerente. Por força dos artigos 384 e 385 do RIR 1999 a LDB tinha a obrigação legal de avaliar esse investimento pelo método da equivalência patrimonial, desdobrando o seu valor total em patrimônio líquido e em ágio ou deságio. Da mesma forma, nos termos do artigo 248 da Lei das S/A, os investimentos em sociedades coligadas ou controladas devem ser avaliados pelo método da equivalência patrimonial. • O procedimento da LDB é corroborado pelo acórdão n° 10194.008, do Primeiro Conselho de Contribuintes, cuja ementa se transcreve na impugnação, bem como pelo Carf, por meio do acórdão n° 1101.00.064, da 1° Câmara da 1a Turma Ordinária, datado de 13.05.2009. Esses precedentes confirmam o argumento da requerente de que a LDB agiu de acordo com a legislação fiscal em vigor. Fica, portanto, afastada a alegação fiscal de que a operação em causa resultou numa perda para a LDB e na consequente baixa do ágio relativo ao seu investimento na Call. Esse entendimento é corroborado pelo parecer técnico elaborado por Eliseu Martins. A contribuição da requerente no aumento do capital da Cananga • A LDB pagou R$447.555.000,00 para adquirir as quotas da requerente, valor que correspondia ao valor de mercado das quotas e que foi contabilizado pela adquirente como custo do investimento. Dessa forma, a contribuição das quotas da requerente em aumento de capital da Cananga foi feita pelo valor de R$ 447.555.000,00, ou seja, pelo mesmo valor contabilizado pela LDB relativamente a tal participação societária. • O valor contábil da participação na requerente incluía ganhos de equivalência patrimonial reconhecidos pela LDB durante o período em que registrou o investimento na requerente até o momento em que as quotas da requerente foram contribuídas em aumento de capital da Cananga. • Em consequência, por ter recebido (adquirido) a titularidade dessas quotas por um valor superior ao valor de patrimônio líquido, a Cananga foi obrigada a desdobrar, por força de disposição legal, o custo de aquisição em valor de patrimônio líquido e ágio. Fl. 1511DF CARF MF Processo nº 15504.723633/201157 Acórdão n.º 1402002.451 S1C4T2 Fl. 1.505 15 • Do ponto de vista da Cananga, o recebimento das quotas da requerente como contribuição em aumento de seu capital social teve a natureza de verdadeira aquisição, para quaisquer fins de direito. • Adquirir é um comando verbal que exprime uma ação. A ação de adquirir um bem ou direito tem relação direta com a inclusão do bem ou direito no patrimônio de uma pessoa jurídica. Adquirir é transferir para si a propriedade ou direito até então pertencente a outrem. A aquisição pode ocorrer de várias formas, entre elas, compra e venda, permuta, recebimento de doação, contribuição em aumento de capital, dação em pagamento. Em relação a uma pessoa jurídica, está claro que a titularidade de um bem ou direito pode ser adquirida por meio do recebimento do bem em contribuição em aumento de capital. • A corroborar esse entendimento, tal como previsto no artigo 3°, § 3°, da Lei n° 7.713, de 1988, já se pronunciaram a Receita Federal do Brasil, o Carf e o Superior Tribunal de Justiça _ STJ, conforme ementa das respectivas decisões transcritas na impugnação. • O que houve foi a efetiva transferência de titularidade das quotas da requerente, que antes eram detidas diretamente pela LDB e, após o referido evento de contribuição em aumento de capital, passaram a ser detidas diretamente pela Cananga. • Adquirir participação societária com ágio é uma questão factual, e não interpretativa. Se o custo de aquisição da participação que a Cananga passou então a deter na requerente for superior ao seu patrimônio líquido, como de fato o era, a Cananga tinha a obrigação legal de contabilizar essa diferença como ágio relativo ao investimento que passou a deter. Esse entendimento é corroborado pelo parecer técnico de autoria de Eliseu Martins. • O valor contábil do investimento da LDB na requerente era superior ao valor do patrimônio líquido em aproximadamente R$322.000.000,00. O custo de aquisição das quotas da requerente pela Cananga foi equivalente ao valor contábil do investimento da LDB, de aproximadamente R$456.000.000,00. Isso comprova que o custo de aquisição do investimento foi superior ao valor do patrimônio líquido da requerente (R$123.000.000,00), de forma que foi gerado um ágio de R$332.000.000,00. • O ágio reconhecido pela Cananga é originado da aquisição da requerente de um terceiro independente (Grupo Votorantim), e não gerado em operações internas dentro dum mesmo grupo econômico. • Fica claro ser infundado o entendimento da fiscalização segundo o qual, sendo o custo de aquisição das quotas pela Cananga idêntico ao valor do patrimônio líquido do investimento adquirido nos registros da Lhoist, não houve o surgimento de ágio. Incorporação da Cananga pela requerente e tratamento _ fiscal do ágio • A amortização fiscal do ágio pela requerente está expressamente autorizada pelo artigo 386 do RIR 1999, que tem base nos artigos 7° e 9° da Lei n° 9.532, de 1997. • Quando a requerente incorporou a Cananga em 31.12.2004, passou a reunir todas as condições exigidas pelo artigo 386 do RIR 1999 para a amortização do ágio, que foi legitimamente gerado em operação de compra e venda com parte não relacionada. • O fato de a requerente ter utilizado o prazo de sete anos para a amortização, no lugar dos cinco anos mínimos exigidos pela legislação constitui evidência de que jamais pretendeu obter qualquer vantagem fiscal indevida ou ilegal. Ao contrário, sua conduta foi sempre pautada pelo conservadorismo e pela seriedade nas adoção de procedimentos fiscais e contábeis. Fl. 1512DF CARF MF 16 A comprovação documental do _fundamento econômico do ágio • O § 2° do inciso II, e o § 3°, do artigo 385 do RIR 1999 exigem que o ágio fundamentado na expectativa de rentabilidade futura seja baseado em demonstração, que o contribuinte arquivará como comprovante do ágio. • Em 31.08.2004 e em 30.09.2004, quando a LDB escriturou, respectivamente, os ágios relativos aos seus investimentos na Call e na requerente, a LDB possuía estudos internos que atestavam o valor da expectativa de rentabilidade futura da requerente em aproximadamente R$462 milhões. Esses estudos foram preparados pelo próprio grupo Lhoist para servir de base na definição de aquisição do investimento na requerente, com o fim de permitir a análise da viabilidade do negócio que o grupo Lhoist pretendia fazer. Por meio deles, o grupo Lhoist definiu que o valor de mercado da referida sociedade correspondia R$447.555.000,00. • Levandose em consideração a magnitude da transação e da sofisticação do grupo Lhoist em operações de fusão e aquisição (está presente em diversos países, tais como França, Reino Unido, Alemanha, Estados Unidos e Polônia, e a sua entrada nesses mercados tem sido realizada, principalmente, por via de aquisição de participações societárias), seria leviano esperar que o grupo Lhoist concordaria pagar R$447 milhões pela requerente e até mesmo iniciar negociações com o grupo Votorantim, sem que estivesse apoiado em estudos de viabilidade econômicofinanceira da requerente. • Para que não restasse nenhuma dúvida, no entanto, a LDB solicitou à KPMG, em 16.08.2004, antes da aquisição da Call e da requerente, a confirmação das projeções de resultados futuros da requerente, com o fim de obter sua validação para fins fiscais. Em 12.11.2004, a KPMG emitiu relatório confirmando expressamente o preço de aquisição pago pela LDB. • Não cabe, portanto, lançar dúvidas sobre o cálculo dessa expectativa de rentabilidade futura, alegando que o laudo de avaliação que deu fundamento ao ágio tem data posterior a sua escrituração pela LDB, o que o tornaria dispensável e inidôneo para os fins a que se propõe. • O fato de o estudo da KPMG ter sido emitido antes da conclusão da incorporação da Cananga pela requerente e, portanto, antes do início da amortização do ágio, é de especial importância. • Ainda que a fiscalização pudesse desconsiderar os estudos internos preparados pelo grupo Lhoist antes da escrituração do ágio pela LDB, os efeitos fiscais do lançamento do ágio somente passaram a se materializar após a incorporação da Cananga. • A própria legislação em vigor (artigo 386, § 6°, I, do RIR 1999, refletindo o disposto no artigo 8°, "a" da Lei n° 9.532, de 1997) concede o direito à amortização do ágio até mesmo quando o investimento não é obrigatoriamente avaliado pelo valor do patrimônio líquido. Nessa hipótese, o investidor não é obrigado a desdobrar, no momento da aquisição, o valor do investimento em valor patrimonial e em ágio ou deságio. Nesse contexto, não há falar em necessidade de fundamentação do ágio com base nos critérios previstos na legislação fiscal em vigor. • Na hipótese de a investidora incorporar a investida, ou viceversa, eventual ágio pago na aquisição de investimento não relevante também se torna dedutível, para fins fiscais, desde que os critérios para a fundamentação do ágio sejam observados. • O momento efetivamente requerido pela legislação fiscal para que o contribuinte comprove a fundamentação do ágio na aquisição de participação societária é aquele imediatamente anterior à incorporação do investidorinvestida, uma vez que é nesse momento que é Fl. 1513DF CARF MF Processo nº 15504.723633/201157 Acórdão n.º 1402002.451 S1C4T2 Fl. 1.506 17 concretizada a amortização fiscal do ágio. Esse entendimento é corroborado pelo parecer técnico de autoria de Eliseu Martins. • Portanto, mais uma vez fica comprovada a improcedência das alegações fiscais. O direito à amortização do ágio por ocasião da incorporação da Cananga • Os pronunciamentos da CVM exaustivamente citados pela fiscalização em nenhum momento contestam a existência de fundamentação econômica dos ágios reconhecidos em operações reversas. A preocupação da CVM é tãosomente ajustar, para fins contábeis, o valor que a sociedade resultante da incorporação irá atribuir ao ágio recebido da sociedade incorporada. O ajuste ocorre por meio da constituição de uma provisão na sociedade incorporada, de forma que o valor do ágio (ativo transferido à incorporadora) somente seja reconhecido pelo montante do benfício fiscal esperado. A preocupação do regulador é proteger os acionistas minoritários da sociedade resultante da incorporação, porque na hipótese de amortização contábil do ágio em seu valor integral, os resultados da companhia são afetados negativamente e é reduzida sua capacidade de distribuir dividendos. • Em nenhum momento a CVM disputa a existência do ativo fiscal reconhecido pela companhia resultante da incorporação. Ao contrário, são diversos os trechos dos normativos da CVM em que é expressamente afirmado o entendimento de que a incorporação resulta no reconhecimento de um ativo fiscal, relativo à amortização fiscal do ágio, pela sociedade incorporadora, uma vez que tal direito se encontra expressamente regulado na legislação. • Justamente por entender ser legítima a amortização fiscal do ágio por via de reestruturação societária tal como a realizada no caso concreto, é que a CVM emitiu os referidos normativos, para tãosomente regular as implicações contábeis, e não fiscais, da amortização do ágio. Em abono do argumento, citase passagem de voto atribuído à Diretora da CVM Norma Parente. • A constituição da provisão de 66% pela Cananga, relativamente ao ágio correspondente ao seu investimento na requerente, em nenhum momento coloca à prova a substância econômica desse ágio. Ao contrário, a provisão foi constituída somente para atender um aspecto societário e financeiro importante para o grupo Lhoist, a saber, a preservação da capacidade da requerente de distribuir dividendos. • Considerando que o ágio é legítimo, que a validade do procedimento na sua constituição se encontra expressamente prevista na legislação, que foi gerado em operação com terceiro independente e que é inconteste sua substância econômica, nada é mais correto e coerente que o grupo Lhoist se valer da sua amortização na incorporação da Cananga pela requerente. Esse entendimento é corroborado pelo parecer técnico de autoria de Eliseu Martins. • É infundada a alegação de que a Cananga consiste numa empresaveículo. A Cananga consistia, de fato, numa empresa pertencente ao grupo Lhoist desde 2003, e foi utilizada pelo grupo para a realização de operações no mercado brasileiro, tal como a aquisição de direitos minerários da Extramil. • Com isso, não há admitir a validade das suposições da fiscalização segundo a qual a Cananga consistia numa empresa de prateleira. Empresa de prateleira não faz atividade nenhuma, não adquire direitos minerários e não tem propósito negocial algum, características que não se coadunam com a função exercida pela Cananga no âmbito das atividades desempenhadas pelo grupo Lhoist no Brasil. Fl. 1514DF CARF MF 18 • A contribuição da requerente em aumento de capital da Cananga, seguida da incorporação desta, consistiu numa forma legítima de o grupo Lhoist simplificar sua estrutura societária no Brasil (que incluía a LDB, a Cananga e a requerente) e amortizar, para fins fiscais, o ágio gerado na aquisição da requerente, sem que para isso tivesse de abrir mão do controle de suas operações no Brasil por meio de uma sociedade holding. • Tal reestruturação societária em nada diferiria de uma alternativa em que a LDB, ainda na qualidade de investidora da requerente, fosse incorporada por esta e, ato contínuo, o grupo Lhoist tivesse contribuído a requerente num aumento de capital de uma nova sociedade holding do grupo no Brasil. • Não restam dúvidas de que, caso a LDB tivesse sido diretamente incorporada pela requerente, o ágio originalmente registrado pela LDB seria passível de amortização. Também não restam dúvidas de que seria válida e legal a constituição de nova sociedade holding pelo grupo Lhoist no Brasil, o que não comprometeria a amortização fiscal do ágio pela requerente. • Com isso afastase por completo a alegação fiscal de que não há fundamento econômico para as operações que ocasionaram a contabilização do ágio. Os atos normativos da CVM indicados pela fiscalização não produzem efeitos fiscais • Tais atos normativos têm como propósito trazer orientações de mero cunho contábil para as companhias abertas. Eles não são capazes de produzir nengum efeito fiscal. • Na medida em que a CVM não tem competência para legislar sobre matéria tributária, a legislação fiscal deve, obrigatoriamente, prevalecer sobre qualquer normativo emitido por aquele órgão (incluindo regras que versem sobre a amortização fiscal do ágio), sob pena de ilegalidade. • Esse foi o mesmo entendimento que prevaleceu em recente julgamento do Conselho Administrativo de Recurso Fiscais, proferido no Acórdão 110100.354. O caso, julgado em 2.9.2010, tratou exatamente da questão dos possíveis efeitos tributários advindos dos normativos emitidos pela CVM. Há, ainda, outro recente julgamento do Conselho Administrativo de Recurso Fiscais nesse mesmo sentido, proferido no Acórdão 1402 00.3421, em que o órgão julgador colocou em evidência a inaplicabilidade dos instrumentos normativos da CVM para fins tributários. Transcrevemse trechos desses acórdãos na impugnação. • Assim, ficou comprovado que os normativos emitidos pela CVM não produzem efeitos tributários, razão pela qualnão podem ser utilizados pela D.Fiscalização para alegar, de forma claramente equivocada, que o ágio gerado pela Requerente não possui justificativa econômica e que a CANANGA seria apenas uma empresaveículo. A CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO • Os argumentos expostos são também aplicáveis à CSLL, já que a base legal para os autos de infração referentes à CSLL é a mesma do IRPJ, ou seja, o artigo 22 da Lei n° 9.249, de 1995. • Demonstrada a total improcedência da autuação relativa ao IRPJ, tornase também improcedente a exigência de CSLL. Cabe a plena restituição das bases de cálculo negativas dessa contribuição para os períodos subsequentes. A MULTA E OS JUROS • É totalmente improcedente a exigência de multa, seja ela punitiva, seja isolada, pois os tributos questionados não são devidos. Fl. 1515DF CARF MF Processo nº 15504.723633/201157 Acórdão n.º 1402002.451 S1C4T2 Fl. 1.507 19 • A fiscalização extrapolou os limites previstos na Lei n° 9.430, de 1996, ao exigir a dupla cobrança de multa. Deve ser imediatamente cancelada a exigência de multa isolada, tendo em vista que ela seria totalmente improcedente. Tal é o entendimento da Câmara Superior de Recursos Fiscais, conforme ementa transcrita na impugnação. • Ainda que as multas aplicadas por falta de pagamentos mensais por estimativa de IRPJ e de CSLL fossem exigíveis, elas nem sequer poderiam ser cobradas da requerente, porque o ordenamento veda a exigência de estimativa após o encerramento do anobase. Em abono do argumento, transcrevese ementa de decisão atribuída à Câmara Superior de Recursos Fiscais. • Quanto aos juros de mora, a jurisprudência tem reconhecido a inaplicabilidade da taxa Selic aos créditos tributários, uma vez que essa taxa não foi criada por lei para fins tributários, conforme decisão proferida pelo Superior Tribunal de Justiça nos autos do recurso especial n° 450.422/PR. A CONCLUSÃO E O PEDIDO • A impugnação é tempestiva e deve ser integralmente apreciada, nas preliminares e no mérito. • A Recorrente não foi notificada da decisão de primeira instância relativa ao processo n° 13609.001447/201089, cujo conteúdo é amplamente utilizado pela fiscalização para fundamentar a lavratura das autuações. Dessa forma, as alegações trazidas pela Fiscalização para sustentar a glosa da amortização do ágio devem ser desconsideradas de imediato, não servindo como argumento para fundamentar as presentes autuações. • A exigência fiscal referese a valores de tributos que derivaram diretamente de operações ocorridas no períodobase de 2004, de forma que toda essa autuação já se encontra irremediavelmente fulminada pela decadência. • O ágio amortizado foi gerado na aquisição, via negócio jurídico indireto, da Requerente pela LDB. Referido ágio é legítimo e substanciado economicamente, na medida em que deriva de uma operação de aquisição realizada entre partes independentes (grupos Lhoist e Votorantim), sendo, portanto, passível de amortização para fins fiscais. • Ficou comprovada a improcedência das alegações da fiscalização de que o estudo preparado pela KPMG tem data posterior à escrituração do ágio pela LDB. Em primeiro lugar, porque a LDB já tinha, quando da referida escrituração, estudos internos que demonstravam o valor da expectativa de rentabilidade futura da Requerente, estudos esses que foram utilizados para os fins da negociação com o grupo Votorantim. Em segundo lugar, porque, ainda que essa demonstração fosse havida como inválida e inidônea, o que se admite para fins de argumentação, o estudo da KPMG foi emitido antes da conclusão da incorporação da CANANGA pela Requerente e, portanto, do início da amortização do ágio em questão. • A Requerente também demonstrou a total improcedência da alegação de que o resgate de ações da CALL, mediante a entrega das quotas da Requerente à LDB, resultou em uma perda para a LDB, o que levaria à conclusão de que o ágio reconhecido pela Requerente seria inexistente. Isso porque (a) o resgate de ações da CALL é ato societário típico de devolução de capital que não se confunde com uma venda de ações; (b) a LDB não auferiu nenhuma perda com essa operação, já que as quotas da Requerente foram registradas em sua contabilidade pelo mesmo custo total do investimento previamente detido na participação cancelada na CALL, conforme determina o artigo 22, § 2°, da Lei 9.249/95. Fl. 1516DF CARF MF 20 Não houve qualquer realização de investimento nesse momento, já que o custo de uma participação deve ser migrado para o ativo recebido em devolução de capital. • A jurisprudência do Primeiro Conselho de Contribuintes, no caso do Acórdão de n° 101 94.008, datado de 6.11.2002, bem como do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, no caso do Acórdão de n° 110100.064 Ia Câmara/ia Turma Ordinária, datado de 13.5.2009, confirmam que a LDB agiu corretamente quando registrou as quotas da Requerente pelo mesmo custo total da participação detida na CALL anteriormente à referida devolução do capital da CALL. • A contribuição do investimento na Requerente em aumento de capital da CANANGA resultou no reconhecimento, por parte da CANANGA, de ágio relativo ao seu investimento na Requerente. Como visto, referido ágio é legítimo e substanciado economicamente, na medida em que tem origem de uma operação de aquisição realizada entre partes independentes (grupos Lhoist e Votorantim), sendo, portanto, passível de amortização para fins fiscais. • O ágio relativo à aquisição da participação societária na Requerente é legítimo e foi gerado em operação com terceiro independente (Grupo Votorantim), e é inconteste a sua substância econômica. Logo, nada é mais correto e coerente do que o grupo Lhoist valerse da amortização fiscal de referido ágio quando da incorporação da CANANGA pela Requerente, ainda mais porque a validade de referido procedimento encontrase expressamente prevista na legislação fiscal em vigor. • É infundada a alegação de que a CANANGA consistiria em uma "empresa veículo", de "prateleira." Isso porque, empresa de "prateleira" não faz atividade nenhuma, não adquire direitos minerários e não tem propósito negocial algum, características essas que não se coadunam com a função exercida pela CANANGA no âmbito das atividades desempenhadas pelo grupo Lhoist no Brasil. Além disso, as alegações da fiscalização nesse ponto estariam suportadas por normativos emitidos pela CVM, os quais, de acordo com a própria jurisprudência do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, não são hábeis a produzir nenhum efeito fiscal. • Aplicamse à CSLL os mesmos argumentos desenvolvidos em relação ao IRPJ. • A multa aplicada é confiscatória e indevida e deve ser cancelada integralmente. • Os juros de mora devem ser calculados com base no artigo 161, § 1°, do CTN, e não de acordo com a taxa Selic, que tem conotação de juros remuneratórios e não foi estipulada por lei. • A requerente tem por comprovada a exatidão dos procedimentos adotados e a total improcedência dos autos de infração, bem como o equívoco cometido pela fiscalização ao interpretar os fatos e o direito aplicável ao caso. • A requerente pleiteia o acolhimento integral da impugnação, com o objetivo de cancelar os autos de infração e as penalidades aplicadas, com o consequente arquivamento do processo administrativo. • Protesta pela juntada posterior de documentos. Passo, agora, a complementar este relatório. Recurso Voluntário foi interposto, trazendo nova alegação de que a decisão da DRJ inova em relação aos autos de infração (página 11 do Recurso Voluntário). Fl. 1517DF CARF MF Processo nº 15504.723633/201157 Acórdão n.º 1402002.451 S1C4T2 Fl. 1.508 21 Eis a ementa da decisão combatida: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2008, 2009 ÁGIO FUNDAMENTADO EM EXPECTATIVA DE RESULTADOS FUTUROS DEDUTIBILIDADE DA AMORTIZAÇÃO A pessoa jurídica que, em virtude de incorporação reversa, absorver patrimônio de sua controlada, a qual tinha desdobrado o valor da participação em seu capital em valor patrimonial e em ágio fundamentado em expectativa de resultados futuros, somente poderá deduzir a despesa com a amortização desse ágio se observadas as seguintes condições: demonstração do fundamento do ágio mediante documentação hábil e tempestiva; existência de substância econômica e propósito negocial nas operações de reorganização societária; independência entre si e possibilidade de livre negociação quanto a todas as pessoas jurídicas envolvidas na operação; ônus efetivo na aquisição do ágio para a pessoa jurídica que o registrar em sua contabilidade e cujo patrimônio for absorvido; reunião numa só pessoa jurídica do patrimônio que tiver sofrido o encargo do ágio e o patrimônio que presumivelmente gerará os lucros que justificaram o seu pagamento. FALTA DE PAGAMENTO DE ANTECIPAÇÃO MENSAL Verificada a falta de pagamento de antecipação mensal por estimativa cabe exigir a multa isolada, que incidirá sobre o valor não recolhido. LANÇAMENTO DECORRENTE CSLL O decidido para o lançamento de IRPJ estendese ao lançamento que com ele compartilha o mesmo fundamento factual e para os quais não há nenhuma razão de ordem jurídica que lhe recomende tratamento diverso. Não há Contrarrazões. Não há Recurso de Ofício. É o relatório. Fl. 1518DF CARF MF 22 Voto Vencido Conselheiro Demetrius Nichele Macei O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, razão pela qual, dele conheço. Seguindo, na ordem, os argumentos dispostos pela Recorrente, passo à sua análise, nos tópicos que adiante seguem. 1. Da nulidade do auto de lançamento DECADÊNCIA Para o contribuinte, “a presente exigência fiscal referese a valores de tributos decorrentes de operações ocorridas no períodobase de 2004, de forma que toda essa autuação está abrangida pela decadência”. Conclui que o prazo para questionar os efeitos fiscais dessas operações encerrouse em 31.12.2009 e a ciência da autuação deuse em 06.10.2011, o que demonstraria a decadência ao direito do fisco de constituir os créditos tributários de IRPJ e CSLL objeto deste processo administrativo. Há um equívoco do contribuinte ao avaliar os fatos à luz da legislação que regulamenta a decadência em matéria tributária. Em verdade, apenas no anocalendário de 2008 e 2009 é que as despesas decorrentes das operações societárias ocorridas em 2004 afetaram a apuração da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, reduzindo o montante de tributo pago pelo contribuinte. A fiscalização possui o prazo decadencial de 5 (cinco) anos para constituir o crédito tributário, contado do primeiro dia do exercício seguinte àquele que o lançamento poderia ter sido realizado (art. 173, I, do CTN). Nos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, declarado o tributo e efetuado o pagamento antecipado, considerando a situação típica do IRPJ e CSLL, cujo fato gerador ocorre, efetivamente, ao término do ano fiscal, a homologação tácita, a teor do § 4º, do art. 150, do CTN, ocorre com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos a contar do pagamento. Seja num ou noutro caso, como a fiscalização intimou o contribuinte da lavratura dos autos de infração em 06.11.2011, fato confirmado pelo próprio contribuinte, o aparente recolhimento a menor de tributos, por parte do contribuinte, nos anos calendário de 2008 e 2009, passível de fiscalização pelos fiscais da Receita Federal do Brasil, não estava decaído, nem o eventual pagamento realizado estava definitivamente homologado. Desta forma, afasto a preliminar de decadência suscitada pelo contribuinte. 2. Decisão inova em relação aos Autos de Infração Alega o contribuinte que a decisão recorrida incorre em nulidade, uma vez que, segundo o contribuinte, as DD Autoridades Julgadoras, em sua ânsia por desqualificar a legitimidade da amortização fiscal do ágio, teriam trazido fatos novos no voto, que nunca foram objeto de questionamento pela fiscalização quando da lavratura do auto de infração, como inexistência de laudo detido pela Cananga que suporte a fundamentação econômica do ágio relativo ao seu investimento na Recorrente, falha no laudo da KPMG, falta de propósito negocial, dentre outros. Fl. 1519DF CARF MF Processo nº 15504.723633/201157 Acórdão n.º 1402002.451 S1C4T2 Fl. 1.509 23 As supostas inovações apresentadas pelo contribuinte, ao ver desse Julgador, são situações pontuais que não interferiram no resultado final do julgamento, como será demonstrado nos argumentos de mérito no decorrer desse voto. Afasto, assim, a preliminar aduzida pelo contribuinte, por não vislumbrar as nulidades apontadas. 3. Mérito – Direito à amortização do ágio registrado pela Cananga em relação às quotas da Recorrente O próprio contribuinte, contextualizando as operações societárias realizadas em 2004, que geraram o ágio amortizado em 2008 e 2009, glosado pela fiscalização, esclareceu que o foco da operação societária era a venda da Belocal, ora Recorrente, pertencente ao Grupo Votorantim, através da holding CALL, para a Grupo Lhoist. Para operacionalizar a compra e venda desejada, as partes realizaram um negócio indireto: a Lhoist do Brasil LDB subscreveu e integralizou ações emitidas pela holding CALL, que detinha a integralidade das quotas da Recorrente e, um mês depois, saiu da sociedade, mediante o resgate da totalidade das ações da CALL detida pela LDB, mediante a entrega de 100% das quotas da Belocal, detidas pela CALL, para a LDB. Ou seja, ao final da operação societária, a CALL ficou com o dinheiro e a LDB com as quotas da Belocal. Em grandes números, a CALL tinha 100% das quotas da Belocal e um patrimônio líquido de R$ 114 milhões; a CALL emite ações que representavam 50% da totalidade de suas ações, as quais são subscritas e integralizadas pela LDB com o aporte de R$ 447 milhões. Ou seja, por metade do capital social da CALL – R$ 281 milhões, a LDB desembolsou R$ 447 milhões, o que significa um ágio de R$ 166 milhões na subscrição de ações, em agosto/2004. Em setembro/04, foi realizado o resgate da totalidade das ações detidas pela LDB na CALL e, pelo pagamento desse resgate, foi entregue para a LDB pela CALL a totalidade das quotas da Belocal, ora Recorrente, avaliadas a valor contábil, ou seja, R$ 114 milhões. Aqui, ao ver deste Julgador, há um equívoco na interpretação realizada pelo contribuinte em seu recurso voluntário: se a LDB possuía 50% das ações da CALL e o PL da CALL era de R$ 562 milhões em setembro/04, significa que, por equivalência patrimonial, a LDB tinha um investimento de R$ 281 milhões (por deter 50% das ações da CALL) e um ágio de R$ 166 milhões registrado em sua contabilidade, uma vez que desembolsou o valor de R$ 447 milhões por essas ações. Por outro lado, ao receber um bem, pelo valor contábil, no importe de R$ 114 milhões, pelo resgate de ações de sua propriedade que, de acordo com o PL da CALL, valiam R$ 281 milhões, há, de fato, uma perda por parte da LDB e não uma aquisição com ágio, como alega o contribuinte em seu recurso voluntário. Não há, ao pé da letra, uma simples troca de investimento, como quer fazer crer o contribuinte. Ainda que o objetivo tenha sido, de fato, a aquisição da Belocal quando do aporte de recursos pela LDB na CALL, fato é que se forem realizados os registros contábeis do passo a passo das operações societárias, o resultado final não é o apontado pelo contribuinte em seu recurso voluntário quanto ao suposto ágio. Vejamos o disposto no art. 22, da Lei nº 9.249/95: Fl. 1520DF CARF MF 24 Art. 22. Os bens e direitos do ativo da pessoa jurídica, que forem entregues ao titular ou a sócio ou acionista a título de devolução de sua participação no capital social, poderão ser avaliados pelo valor contábil ou de mercado. § 1º No caso de a devolução realizarse pelo valor de mercado, a diferença entre este e o valor contábil dos bens ou direitos entregues será considerada ganho de capital, que será computado nos resultados da pessoa jurídica tributada com base no lucro real ou na base de cálculo do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido devidos pela pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido ou arbitrado. § 2º Para o titular, sócio ou acionista, pessoa jurídica, os bens ou direitos recebidos em devolução de sua participação no capital serão registrados pelo valor contábil da participação ou pelo valor de mercado, conforme avaliado pela pessoa jurídica que esteja devolvendo capital. § 3º Para o titular, sócio ou acionista, pessoa física, os bens ou direitos recebidos em devolução de sua participação no capital serão informados, na declaração de bens correspondente à declaração de rendimentos do respectivo anobase, pelo valor contábil ou de mercado, conforme avaliado pela pessoa jurídica. § 4º A diferença entre o valor de mercado e o valor constante da declaração de bens, no caso de pessoa física, ou o valor contábil, no caso de pessoa jurídica, não será computada, pelo titular, sócio ou acionista, na base de cálculo do imposto de renda ou da contribuição social sobre o lucro líquido. (grifei) Ou seja, a legislação permite, a teor do caput do art. 22, acima transcrito, que o bem ou direito que será entregue ao acionista possa ser avaliado pelo valor contábil. À vista das próprias informações prestadas pelo contribuinte, o valor contábil das quotas da Belocal seriam de aproximadamente R$ 114 milhões (valor da CALL antes da subscrição de ações e integralização de capital pela LDB). No entanto, o disposto no § 2º, do art. 22, também acima transcrito, não diz que a acionista pessoa jurídica registrará os bens ou direitos pelo valor contábil destes, mas pelo valor contábil de sua participação. Em outras palavras, a participação da LDB na CALL, antes do resgate das ações, era de R$ 281 milhões, segundo números apresentados pela própria Recorrente. Como recebeu um bem avaliado por valor contábil de R$ 114 milhões e sua participação era de R$ 281 milhões, não se vislumbra ágio, mas deságio na operação. Compulsando o parecer do i. Eliseu Martins, não se localizou qualquer menção ao art. 22, da Lei nº 9.249/95, acima transcrito, razão pela qual suas conclusões talvez tenham partido de situação fática diversa da apresentada pela fiscalização neste processo administrativo. Além da incongruência acima apontada, ainda que se admita, apenas para desenvolvimento de raciocínio, que o ágio registrado na LDB estivesse correto (não está, como acima demonstrado), a sequência de operações societárias que se seguiram não tiveram qualquer conteúdo negocial ou econômico que justificasse a LDB aumentar capital na CANANGA, mediante a integralização das quotas da Belocal a valor de mercado (R$ 447 Fl. 1521DF CARF MF Processo nº 15504.723633/201157 Acórdão n.º 1402002.451 S1C4T2 Fl. 1.510 25 milhões) em meados de dezembro/04 e, no final do mesmo mês, promover a incorporação da CANANGA pela Belocal, senão a intenção de subsumirse às regras do art. 7º, da Lei 9.532/97 e amortizar as despesas com ágio, conforme permissivo do inciso III, do referido artigo? Importa ressaltar que, no que se refere à amortização de ágio, a regra é a indedutibilidade dos valores. Somente em casos específicos é permitida a dedutibilidade (art. 7º, da Lei 9.532/97), que visa beneficiar aquele que efetivamente incorreu em ônus, ou seja, desembolsou valores/patrimônio para a aquisição de uma participação societária com ágio. Esse entendimento está em linha com a definição de “Custo de Aquisição” trazida pelo Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações elaborado pela FIPECAFI (item 10.3.2.a, da 7ª ed., 2008). Vejase: “a) CUSTO DE AQUISIÇÃO O custo de aquisição é o valor efetivamente despendido na transação por subscrição relativa a aumento de capital, ou ainda pela compra de ações de terceiros, quando a base do custo é o preço total pago. Vale lembrar que esse valor pago é reduzido dos valores recebidos a título de distribuição de lucros (dividendos), dentro do período de seis meses após a aquisição das cotas ou ações da investida. (sublinhei) Ou seja, os valores a serem registrados como custo de aquisição, como preço pago, deve corresponder ao valor despendido, pago, nas transações com agentes externos, para a aquisição do investimento. Dessa forma, a subscrição de ações da CALL, pela LDB, com ágio e a respectiva integralização de capital social demonstram que, nessa primeira operação societária não há dúvidas da existência do ágio. A questão é que já nessa primeira operação a contabilização dos valores não atendeu a legislação, como já demonstrado mais acima e, todos os atos posteriores ficaram comprometidos, para justificar a amortização de ágio pela Recorrente. Quanto à questão do laudo de avaliação extemporâneo, o próprio contribuinte esclareceu o que de fato ocorreu: “tendo em vista a complexidade de operações de compra e venda de empresas, escaparia a qualquer senso de razoabilidade condicionar a amortização fiscal do ágio ao arquivamento, no exato momento da aquisição, do comprovante de justificativa econômica do ágio”. É sabido que os negociadores/executivos chegam a um número e, posteriormente, os assessores e consultores vão adequar os instrumentos necessários para a formalização da operação societária. No entanto, a falta de um laudo prévio de avaliação, com base na expectativa de rentabilidade futura da empresa em avaliação, significa que “outros motivos econômicos” levaram as partes a fechar o valor da operação, contemplando ágio ou deságio, conforme o caso. Desta forma, o lapso observado na operação societária em exame, no qual o laudo de avaliação formalizado pela KPMG está datado de novembro/04 para uma operação formalizada em agosto/04, momento que, efetivamente, a LDB pagou ágio na subscrição de ações da CALL, não se pode admitir que o contribuinte tenha atendido aos requisitos formais que autorizariam a dedutibilidade da amortização de ágio para fins de apuração da base de cálculo do IRPJ e CSLL. Fl. 1522DF CARF MF 26 Todos os argumentos acima expendidos se estendem para o auto de infração de CSLL correlato. Por oportuno menciono que esta Turma já analisou o caso concreto ora em exame, nos autos do processo administrativo nº 15504.723708/201361, conforme Acórdão nº 1402002.124, de 01.03.2016, relatado pelo i. Conselheiro Leonardo de Andrade Couto, no qual se chegouse fundamentalmente às mesmas conclusões, quais sejam: que se houve ágio na operação descrita ocorreu apenas na subscrição de ações pela LDB na CALL, no importe de R$ 166 milhões e, por ocasião das operações societárias para o aproveitamento do ágio pelo contribuinte, não havia propósito negocial, as partes eram relacionadas, utilizouse de empresa veículo, de tal forma que o presente voto segue no mesmo caminho. Por todo o exposto, voto no sentido de manter a indedutibilidade do ágio amortizado pela Recorrente nos anoscalendário de 2008 e 2009 e, consequentemente, os créditos tributários de IRPJ e CSLL constituídos pela fiscalização. 4. Concomitância da multa de ofício e multa isolada A questão não é nova e, com a devida vênia dos que pensam diferente, de fato, não é possível admitirse a concomitância da multa de ofício com a multa isolada por falta de recolhimento de IRPJ e CSLL sobre estimativas mensais, notadamente em razão da falta de recolhimento pelo contribuinte ter decorrido de glosa de despesas, que também afetaram a constituição do crédito tributário ao término do anocalendário. A norma contida no art. 44, II, alínea b, da Lei 9.430/96 (redação dada pela Lei nº 11.488/07) dirigese ao contribuinte do IRPJ e CSLL, sujeito ao regime de tributação com base no Lucro Real Anual, que deixar de promover a antecipação dos tributos devidos em razão de estimativas mensais positivas (base de cálculo) apuradas pelo contribuinte mensalmente. O parágrafo 3º, do citado art. 44, traz, textualmente, que “a pessoa jurídica que optar pelo pagamento do imposto na forma deste artigo deverá apurar o lucro real em 31 de dezembro de cada ano”, exceto nos casos de incorporação, fusão, cisão ou extinção da pessoa jurídica. Ou seja, os valores pagos mensalmente, com base em estimativas, são apenas uma antecipação do tributo, por opção do contribuinte, que será apurado, efetivamente, apenas no encerramento do anocalendário. Nesse contexto, até o encerramento do anocalendário o que se tem por tributo devido, a título de IRPJ e CSLL, é o apurado mensalmente sobre as estimativas; após o encerramento do anocalendário e apuração definitiva do IRPJ e da CSLL pelo lucro real, não há dúvidas de que o montante do tributo devido é aquele definitivamente apurado, após adições, exclusões e compensações legais. Vale destacar a lição de Marco Aurélio Greco a respeito do tema, in verbis: “(...) mensalmente o que se dá é apenas o pagamento por imposto determinado sobre base de cálculo estimada (art. 2º, caput), mas a materialidade tributada é o lucro real apurado em 31 de dezembro de cada ano (§ 3º do art. 2º). Portanto, imposto e contribuição verdadeiramente devidos, são apenas aqueles apurados ao final do ano. O recolhimento mensal não resulta de outro fato gerador distinto do relativo período de apuração Fl. 1523DF CARF MF Processo nº 15504.723633/201157 Acórdão n.º 1402002.451 S1C4T2 Fl. 1.511 27 anual; ao contrário, corresponde a mera antecipação provisória de um recolhimento, em contemplação de um fato gerador e uma base de cálculo positiva que se estima venha ou possa vir a ocorrer no final do período. Tanto é provisória e em contemplação de evento futuro que se reputa em formação – e que dele não pode se distanciar que, mesmo durante o período de apuração, o contribuinte pode suspender o recolhimento se o valor acumulado pago exceder o valor calculado com base no lucro do período em curso (art. 35 da Lei nº 8.891/95)”.1 O que se observa, à vista da lição do mestre, é que um contribuinte pode, ao longo do anocalendário, ter bases positivas para a apuração de IRPJ e CSLL sobre estimativas, como prejuízo, em cada competência. Nas que houver prejuízo, não há base de cálculo para apuração e recolhimento antecipado; e, ainda que haja uma base positiva após um prejuízo, se aquela for menor que esta e, no acumulado do ano, o que já foi antecipado supera o devido, mesmo tendo a base positiva, não haverá o recolhimento da antecipação. Assim, se o lançamento é efetuado antes do fim do exercício, a base para a imposição da multa isolada é o valor devido a título de IRPJ e CSLL por antecipação até o momento do lançamento; após o encerramento do anocalendário, já haverá a apuração definitiva do tributo devido e este valor apurado passa a ser o limite quantitativo da imposição de multa isolada. Em outras palavras, o valor a ser antecipado pelo contribuinte pode, inclusive, ser suspenso ou reduzido, enquanto balanços ou balancetes mensais demonstrarem que o valor acumulado, já pago, exceder o valor do imposto calculado com base no lucro real do período em curso (art. 39, § 2º, da Lei 8.383/91), demonstrando que não há, de fato, fatos jurídicos autônomos que justifique a imposição de duas penalidades distintas ao contribuinte, em concomitância. Pedese vênia para, neste ponto, transcreverse abaixo trecho do voto do i. Conselheiro Ricardo Marozzi Gregorio, proferido no julgamento do processo administrativo nº 10480.720836/201355 pela 1ª Câmara / 2ª Turma Ordinária, em conclusão lógica quanto ao acima exposto: “(...) Assim, a exegese que se extrai dos comandos legais contidos no artigo 44 da Lei nº 9.430/96, mesmo após as alterações inseridas pela Lei nº 11.488/07, é aquela segundo a qual o lançamento da multa isolada pode ser feito em duas hipóteses: (i) antes da apuração do tributo devido no balanço do final do anocalendário, quando a base para a imposição da multa observará um dos seguintes critérios: (i.1) o valor correspondente às antecipações não pagas calculadas a partir da margem setorial (o percentual definido em lei) da receita bruta acumulada; ou (i.2) o valor correspondente às antecipações não pagas calculadas a partir do balanço de redução ou suspensão (neste último caso, ainda que não tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa da CSLL). 1 In “Multa Agravada em Duplicidade”, São Paulo, Revista Dialética de Direito Tributário nº 76, p. 159. Fl. 1524DF CARF MF 28 (ii) após a apuração do tributo devido no balanço do final do anocalendário, somente se ficar constatado que houve parcela do tributo devido que deixou de ser paga na forma de antecipação (quando deveria ter sido paga nesta forma), mas foi paga no ajuste. A base para a imposição da multa corresponderá exatamente ao valor da mencionada parcela. Não se admite, por óbvio, que tal base supere o valor do tributo devido apurado. Assim, há que se verificar se os valores de estimativa a pagar foram deduzidos na apuração anual. Em caso positivo, isto significa que o tributo devido não foi recolhido nem como estimativa nem como resultado do ajuste, portanto, não se trata de cobrar multa isolada, mas, sim, de cobrar o tributo acompanhado da multa proporcional. Em caso negativo, isto significa que o tributo não foi recolhido como estimativa, mas foi recolhido como resultado do ajuste, portanto, é cabível a multa isolada. Contudo, a base para a imposição da multa deverá corresponder ao valor da estimativa não paga que deixou de ser deduzida na apuração anual do imposto devido. Não se admite, também, que essa base supere o valor do imposto devido calculado na apuração anual. Concluise, portanto, que impor sanção pelo não recolhimento de IRPJ e CSLL, apurada através de lançamento de ofício (2011) com os anoscalendário já finalizados (2008 e 2009), com a respectiva multa proporcional de 75%, e, ao mesmo tempo, impor multa isolada de 50% como sanção pelo não recolhimento de antecipações devidas em competência compreendidas entre janeiro/08 e dezembro/09, observandose que o IRPJ e a CSLL em questão não foram recolhidos nem por antecipação, nem como resultado do ajuste anual, é penalizar o contribuinte duas vezes pelo mesmo tributo e, neste caso, uma penalidade é excludente da outra, não se admitindo a concomitância. Afasto, desta forma, o lançamento da multa isolada no presente caso, mantendo, tão somente, a multa proporcional de 75%. 5. Da utilização da Taxa Selic na correção dos créditos tributários A insurgência do contribuinte está limitada à citação de um precedente do E. STJ, sem sequer transcrever a ementa da decisão. Não há motivos para divagações e, objetivamente, a utilização da Taxa Selic para a correção de créditos tributários decorre de lei. No caso do IRPJ – art. 6º, § 2º, da Lei 9.430/96 e no CSLL, o mesmo dispositivo, combinado com o art. 28. A jurisprudência pacífica do E. STJ admite que a “Taxa SELIC é legítima como índice de correção monetária e de juros de mora, na atualização dos débitos tributários pagos em atraso”. Afasto, pois, o argumento do contribuinte, mantendo a correção monetária e os juros de mora dos créditos tributários constituídos corrigidos pela Taxa SELIC. Por todo o exposto, dou provimento parcial do Recurso Voluntário para, tão somente, afastar a incidência concomitante da multa isolada com a multa de ofício, restando íntegros os créditos tributários de IRPJ e CSLL constituídos quanto aos demais aspectos. É o voto. (assinado digitalmente) Demetrius Nichele Macei Relator Fl. 1525DF CARF MF Processo nº 15504.723633/201157 Acórdão n.º 1402002.451 S1C4T2 Fl. 1.512 29 Voto Vencedor Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Com a devida vênia, pelo vênia para discordar do i. Conselheiro Relator somente em relação à exigência de multa isolada aplicada em razão da falta de recolhimento de estimativas. Em razão da infração principal, a autuada deixou de recolher valores a título de estimativas de IRPJ e CSLL, ensejando a exigência de multas isoladas. Há de separar a exigência em dois períodos distintos em razão da nova redação dada ao art. 44 da Lei nº 9.430/1996: o primeiro até o advento da Medida Provisória nº 351/2007 (convertida na Lei nº 11.488/2007) e o segundo após a edição de tal ato. DAS MULTAS ISOLADAS ATÉ O ADVENTO DA MEDIDA PROVISÓRIA Nº 351/2007 Em relação à aplicação da multa isolada de forma concomitante com a multa de ofício, em que pese meu entendimento pessoal sobre a matéria, recentemente foi aprovada súmula impedindo tal cobrança quando baseada no art. 44, §1º, inciso IV, da Lei nº 9.430/96, conforme se observa do enunciado nº 105 da Súmula CARF: "A multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício." Considerandose que a Medida Provisória nº 351/2007 que em seu art. 14 deu nova redação ao art. 44 da Lei nº 9.430/1996 – foi editada em 22 de janeiro de 2007 (e posteriormente convertida na Lei nº 11.488/2007), as multas isoladas cujos recolhimentos deveriam ter sido realizados antes de tal data devem ser exoneradas. Assim sendo, como o vencimento para pagamento da estimativa é o último dia útil do mês subsequente, devemse exonerar as multas isoladas relativas às estimativas referentes ao período de janeiro a novembro de 2006, já que a estimativa referente ao mês de dezembro de 2006 deveria ter sido recolhida até o dia 31/01/2007, quando já vigia a nova redação do dispositivo legal em questão. No caso concreto, a exigência diz respeito aos anoscalendário de 2008 e 2009, ou seja, a fatos geradores que ocorreram após o advento da MP nº 351/2007 que alterou a redação do art. 44 da Lei nº 9.430/96 a que se refere Súmula CARF nº 105, ou seja, tal súmula é inaplicável ao caso concreto. Passo à análise desse novo dispositivo legal. DAS MULTAS ISOLADAS APÓS O ADVENTO DA MEDIDA PROVISÓRIA Nº 351/2007 Fl. 1526DF CARF MF 30 Com a edição da Medida Provisória nº 351/2007 em 22/01/2007, posteriormente convertida na Lei nº 11.488/2007, a multa isolada por falta de recolhimento de estimativas de IRPJ e CSLL passou a ter novo regramento. Desse modo, a partir da estimativa devida referente ao mês de dezembro de 2006, cujo vencimento se deu em 31/01/2007, a penalidade isolada aplicada no lançamento de ofício encontrase prevista no art. 44, inciso II, da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, com a redação que lhe foi dada pelo art. 14 da Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007, não se aplicando, portanto, a Súmula CARF nº 105. Confirase a nova redação do dispositivo em questão: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: a) na forma do art. 8º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; b) na forma do art. 2º desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. [....] As multas exigidas juntamente com o tributo ou isoladamente, como definidas no art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, vinculamse a infrações de natureza distinta. A Lei nº 9.430, de 1996, em seu art. 1º, estabeleceu como regra geral, a partir do mês de janeiro de 1997, a apuração do lucro real trimestral. Apenas por exceção a pessoa jurídica poderia optar pela apuração do lucro real anual, situação em que fica obrigada a efetuar os recolhimentos do IRPJ e da CSLL mensalmente, calculados por estimativa (artigo 2º). As bases de cálculo do IRPJ e da CSLL devidos mensalmente são determinadas por meio da aplicação, sobre a receita bruta do mês, de percentuais estabelecidos pelo artigo 15 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, de acordo com as atividades desenvolvidas pela pessoa jurídica. Consoante se verifica pela redação das normas transcritas, são essencialmente duas as penalidades previstas no art. 44 retrotranscrito (“serão aplicadas as seguintes multas”, “I...II”): uma, exigida juntamente com o tributo faltante, nas hipóteses de “de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata”. Essa penalidade está valorada em 75% “sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição”; outra, exigida de forma isolada, no percentual de 50%, na hipótese da falta recolhimento das estimativas mensais de IRPJ e da CSLL. É pertinente esclarecer que os recolhimentos efetuados mensalmente a título de estimativas (art. 2º, §§ 3º e 4º, da Lei nº 9.430, de 1996) não são definitivos, porquanto a apuração definitiva do tributo devido se dará somente ao final de cada anocalendário. Fl. 1527DF CARF MF Processo nº 15504.723633/201157 Acórdão n.º 1402002.451 S1C4T2 Fl. 1.513 31 Esse o motivo pelo qual a penalidade pelo inadimplemento dessa obrigação é denominada multa isolada, uma vez que pode ser exigida independentemente de haver ou não tributo devido ao final do período de apuração. E também não há qualquer correlação entre o valor do tributo devido ao final de apuração e a multa isolada: sua base de cálculo é o valor do pagamento mensal (estimativa) de IRPJ ou CSLL que deixar de ser recolhido. Diante dessas constatações, é imperioso concluir que as multas são distintas e autônomas. Isso decorre, acima de tudo, das evidentes diferenças que existem entre as hipóteses de incidência e os consequentes das normas punitivas. No IRPJ e na CSLL, observamos que os critérios material e temporal são completamente distintos. O tributo não pago, decorrente da existência de lucro apurado trimestralmente ou anualmente, submetese à multa do inciso I do art. 44 da Lei nº 9.430 de 1996, enquanto que a estimativa não recolhida, decorrente da existência de receita bruta mensal ou balanços de redução, submetese à multa do inciso II do dispositivo antes citado. No caso do inciso I do art. 44 da Lei nº 9.430 de 1996, a quantificação toma por base o tributo devido em função do lucro, fazendo incidir o percentual de 75% (regra geral passível de qualificação e agravamento § § 1º e 2º do art. 44). No caso do inciso II, letra “b”, do dispositivo antes citado, a quantificação toma por base a estimativa apurada em função da receita bruta ou resultados mensais, fazendo incidir o percentual de 50% (regra geral não passível de qualificação ou agravamento). Como se pode observar, são duas normas distintas e autônomas, que punem, em diferentes graus, ilicitudes diversas. Alega a Recorrente que a aplicação da penalidade isolada, tal qual perpetrada no auto de infração, viola o princípio da legalidade. Aduz ainda que não se poderia aplicála após o encerramento do exercício, tampouco em concomitância com a multa de ofício de 75%. Cita diversos acórdãos do CARF que dariam guarida a sua tese. Não merecem prosperar os argumentos de defesa. Vejamos. Em primeiro lugar, conforme já transcrito, a penalidade isolada por ausência de recolhimento de estimativas mensais está prevista no art. 44, II, da Lei nº 9.430/96, não havendo que se falar em ofensa ao princípio da legalidade. Nesse sentido, também, não há ofensa ao art. 97, V, do CTN, uma vez que a multa em discussão foi instituída por lei. Em relação a não aplicabilidade das multas isoladas após o encerramento do exercício, implicaria ofensa à literalidade do art. 44, II, “b”, da Lei nº 9.430/96, dispositivo que prevê, de forma expressa, a aplicação da penalidade isolada “ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente”. Ora, se a própria norma prevê sua aplicação ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base negativa de CSLL, pressupõese, por óbvio, que o exercício já tenha sido encerrado, sem o que não se poderia falar em apuração do resultado do exercício. Podese concluir que o ordenamento jurídico protege, com a multa isolada, o fluxo financeiro advindo do pagamento mensal das estimativas. Ora, inexistindo penalidade pelo seu não recolhimento não haveria como obrigar o contribuinte a antecipar o tributo, e o Fl. 1528DF CARF MF 32 pagamento das estimativas acabaria por se tornar mera faculdade do contribuinte, retirando da norma a sua força cogente, o que não se mostra razoável. Em relação às decisões colacionadas pela Recorrente, frisese que se baseiam na redação anterior do art. 44 da Lei nº 9.430/96. Em que pese minha particular discordância com a interpretação do referido dispositivo dada pelos acórdãos em questão, não se pode olvidar que os argumentos utilizados não se amoldam a novel redação dada ao dispositivo pelo art. 14 da Lei nº 11.488/2007. Vejamos. Ao se comparar a alteração da redação do art. 44 da Lei nº 9.430/96, constatase que se buscou adequar o dispositivo à jurisprudência então dominante no CARF, mais precisamente a firmada em torno do entendimento do então Conselheiro e Presidente de Câmara José Clóvis Alves, que atacava a redação do caput do art. 44 da Lei nº 9.430/96 ("Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição..."), e também o fato da ocorrência de bis in idem, pois a "mesma" multa seria aplicada quando do lançamento de ofício do tributo (Acórdão CSRF 0105503101134520). Na nova redação do citado artigo, o caput não mais faz referência à diferença de tributo (“Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas...”), sendo tal expressão utilizada somente no inciso I, que trata da multa de 75% aplicada sobre a diferença de tributo lançado de ofício. A referência à multa isolada agora é tratada em dispositivo específico (inciso II), com multa em percentual distinto da multa de ofício (esta é de 75%, e aquela de 50%). Vêse, assim, que a nova multa isolada é aplicada, em percentual próprio, sobre o valor do pagamento mensal que deixou de ser efetuado a título de estimativa, não mais se falando em diferença sobre tributo que deixou de ser recolhido. Em voto que a meu ver bem reflete a tese aqui exposta, o ilustre Conselheiro GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES foi preciso na análise do tema (Acórdão 10323.370, Sessão de 24/01/2008): [...] Nada obstante, as regras sancionatórias são em múltiplos aspectos totalmente diferentes das normas de imposição tributária, a começar pela circunstância essencial de que o antecedente das primeiras é composto por uma conduta antijurídica, ao passo que das segundas se trata de conduta lícita. Dessarte, em múltiplas facetas o regime das sanções pelo descumprimento de obrigações tributárias mais se aproxima do penal que do tributário. Pois bem, a Doutrina do Direito Penal afirma que, dentre as funções da pena, há a PREVENÇÃO GERAL e a PREVENÇÃO ESPECIAL. A primeira é dirigida à sociedade como um todo. Diante da prescrição da norma punitiva, inibese o comportamento da coletividade de cometer o ato infracional. Já a segunda é dirigida especificamente ao infrator para que ele não mais cometa o delito. É, por isso, que a revogação de penas implica a sua retroatividade, ao contrário do que ocorre com tributos. Uma vez que uma conduta não mais é tipificada como delitiva, não faz mais sentido aplicar pena se ela deixa de cumprir as funções preventivas. Essa discussão se torna mais complexa no caso de descumprimento de deveres provisórios ou excepcionais. Fl. 1529DF CARF MF Processo nº 15504.723633/201157 Acórdão n.º 1402002.451 S1C4T2 Fl. 1.514 33 Hector Villegas, (em Direito Penal Tributário. São Paulo, Resenha Tributária, EDUC, 1994), por exemplo, nos noticia o intenso debate da Doutrina Argentina acerca da aplicação da retroatividade benigna às leis temporárias e excepcionais. No direito brasileiro, porém, essa discussão passa ao largo há muitas décadas, em razão de expressa disposição em nosso Código Penal, no caso, o art. 3º: Art. 3º A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplicase ao fato praticado durante sua vigência. O legislador penal impediu expressamente a retroatividade benigna nesses casos, pois, do contrário, estariam comprometidas as funções de prevenção. Explico e exemplifico. Como é previsível, no caso das extraordinárias, e certo, em relação às temporárias, a cessação de sua vigência, a exclusão da punição implicaria a perda de eficácia de suas determinações, uma vez que todos teriam a garantia prévia de, em breve, deixarem de ser punidos. É o caso de uma lei que impõe a punição pelo descumprimento de tabelamento temporário de preços. Se após o período de tabelamento, aqueles que o descumpriram não fossem punidos e eles tivessem a garantia prévia disso, por que então cumprir a lei no período em que estava vigente? Ora, essa situação já regrada pela nossa codificação penal é absolutamente análoga à questão ora sob exame, pois, apesar de a regra que estabelece o dever de antecipar não ser temporária, cada dever individualmente considerado é provisório e diverso do dever de recolhimento definitivo que se caracterizará no ano seguinte. Desse modo, após o advento da MP nº 351/2007, entendo que as multas isoladas devem ser mantidas, ainda que aplicadas em concomitância com as multas de ofício pela ausência de recolhimento/pagamento de tributo apurado de forma definitiva. Tal conclusão decorre da constatação de se tratarem de penalidades distintas, com origem em fatos geradores e períodos de apuração diversos, e ainda aplicadas sobre bases de cálculos diferenciadas. A legislação, em nenhum momento, vedou a aplicação concomitante das penalidades em comento. Em complemento, e em especial em relação à suposta aplicação do princípio da consunção, transcrevo o entendimento firmado pelo Conselheiro Leonardo de Andrade Couto em seus votos sobre o tema em debate: Manifesteime em outras ocasiões pela aplicação ao caso do princípio da consunção, pelo qual prevalece a penalidade mais grave quando uma pluralidade de normas é violada no desenrolar de uma ação. De forma geral, o princípio da consunção determina que em face a um ou mais ilícitos penais denominados consuntos, que funcionam apenas como fases de preparação ou de execução de um outro, mais grave que o(s) primeiro(s), chamado consuntivo, ou tão somente como condutas, anteriores ou posteriores, mas sempre intimamente interligado ou inerente, dependentemente, deste último, o sujeito ativo só deverá ser responsabilizado pelo ilícito mais grave. Fl. 1530DF CARF MF 34 Vejase que a condição básica para aplicação do princípio é a íntima interligação entre os ilícitos. Pelo até aqui exposto, podese dizer que a intenção do legislador tributário foi justamente deixar clara a independência entre as irregularidades, inclusive alterando o texto da norma para ressaltar tal circunstância. No voto paradigma que decidiu casos como o presente sob a ótica do princípio da consunção, o relator cita Miguel Reale Junior que discorre sobre o crime progressivo, situação típica de aplicação do princípio em comento. Pois bem. Doutrinariamente, existe crime progressivo quando o sujeito, para alcançar um resultado normativo (ofensa ou perigo de dano a um bem jurídico), necessariamente deverá passar por uma conduta inicial que produz outro evento normativo, menos grave que o primeiro. Noutros termos: para ofender um bem jurídico qualquer, o agente, indispensavelmente, terá de inicialmente ofender outro, de menor gravidade — passagem por um minus em direção a um plus. (destaques acrescidos). Estaríamos diante de uma situação de conflito aparente de normas. Aparente porque o princípio da especialidade definiria a questão, com vistas a evitar a subsunção a dispositivos penais diversos e, por conseguinte, a confusão de efeitos penais e processuais. Aplicandose essa teoria às situações que envolvem a imputação da multa de ofício, a irregularidade que gera a multa aplicada em conjunto com o tributo não necessariamente é antecedida de ausência ou insuficiência de recolhimento do tributo devido a título de estimativas, suscetível de aplicação da multa isolada. Assim, não há como enquadrar o conceito da progressividade ao presente caso, motivo pelo qual tal linha de raciocínio seria injustificável para aplicação do princípio da consunção. Ainda seguindo a analogia com o direito penal, a grosso modo poderseia dizer que a situação sob exame representaria um concurso real de normas ou, mais especificamente, um concurso material: duas condutas delituosas causam dois resultados delituosos. Abstraindose das questões conceituais envolvendo aspectos do direito penal, a Lei nº 9.430/96, ao instituir a multa isolada sobre irregularidades no recolhimento do tributo devido a título de estimativas, não estabeleceu qualquer limitação quanto à imputação dessa penalidade juntamente com a multa exigida em conjunto com o tributo. Isso posto, voto por manter a exigência das multas isoladas. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Redator designado Fl. 1531DF CARF MF Processo nº 15504.723633/201157 Acórdão n.º 1402002.451 S1C4T2 Fl. 1.515 35 Fl. 1532DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10983.901992/2008-97
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jul 24 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2004
RETENÇÃO NA FONTE POR ÓRGÃOS PÚBLICOS. COMPENSAÇÃO DOS VALORES RETIDOS COM DÉBITOS POSTERIORES.
O direito à compensação dos valores retidos por órgãos públicos quando de pagamentos efetuados pelo fornecimento de bens ou prestação de serviços, com débitos posteriores existe, mas antes é preciso que tais retenções na fonte, como antecipações das exações devidas no período a que se referem que são, sejam antes utilizadas como dedução dos impostos e contribuições referentes ao mesmo período-base de que fazem parte. Apenas o saldo eventualmente remanescente desta confrontação, é que é passível de compensação com débitos de períodos-base posteriores.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3401-003.641
Decisão: Por unanimidade de votos, deu-se provimento ao recurso voluntário, acolhendo o colegiado os valores apurados na diligência, reconhecendo-os como pagamentos a maior.
ROSALDO TREVISAN - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson Bayerl (presidente da turma), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente), Eloy Eros da Silva Nogueira, Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, André Henrique Lemos e Tiago Guerra Machado.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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COMPENSAÇÃO DOS VALORES RETIDOS COM DÉBITOS POSTERIORES. O direito à compensação dos valores retidos por órgãos públicos quando de pagamentos efetuados pelo fornecimento de bens ou prestação de serviços, com débitos posteriores existe, mas antes é preciso que tais retenções na fonte, como antecipações das exações devidas no período a que se referem que são, sejam antes utilizadas como dedução dos impostos e contribuições referentes ao mesmo períodobase de que fazem parte. Apenas o saldo eventualmente remanescente desta confrontação, é que é passível de compensação com débitos de períodosbase posteriores. Recurso Voluntário Provido. Por unanimidade de votos, deuse provimento ao recurso voluntário, acolhendo o colegiado os valores apurados na diligência, reconhecendoos como pagamentos a maior. ROSALDO TREVISAN Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson Bayerl (presidente da turma), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente), Eloy Eros da Silva Nogueira, Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, André Henrique Lemos e Tiago Guerra Machado. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 3. 90 19 92 /2 00 8- 97 Fl. 181DF CARF MF Processo nº 10983.901992/200897 Acórdão n.º 3401003.641 S3C4T1 Fl. 3 2 Tratase de Pedido de Compensação de crédito de contribuição para a COFINS, referente a pagamento efetuado indevidamente ou ao maior. A Delegacia da Receita Federal (DRF) proferiu Despacho Decisório indeferindo o pedido formulado, sob o fundamento de que o DARF discriminado no PER/DCOMP, não foi localizado nos sistemas da Receita Federal. A contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade na qual alegou, em síntese, que: (i) a não identificação do DARF está associada ao fato de que o recolhimento é uma consolidação das retenções na fonte relativas a quatro exações distintas (IRPJ, CSL, COFINS e PIS), e que a DCOMP, ao incluir os dados relativos ao DARF, segregou o valor retido referente a cada uma destas exações; (ii) não se utilizou das retenções para deduzilas das contribuições devidas relativas aos períodosbase a que se referem, porque só percebeu que a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) vinha efetuando tais retenções posteriormente; como já havia anteriormente adimplido as contribuições devidas relativas a estes períodosbase, só lhe restou a utilização daqueles valores retidos e não contemporaneamente deduzidos, para a compensação de débitos posteriores; (iii) está acobertado pelo artigo 74 da Lei n° 9.430/1996, razão pela qual entende que o Despacho Decisório deve ser revisado, com a conseqüente homologação da compensação declarada. Foi proferido Acórdão DRJ julgando improcedente a manifestação de inconformidade interposta, de maneira a não reconhecer o direito creditório pleiteado, nos termos da ementa abaixo transcrita: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2004 RETENÇÃO NA FONTE POR ÓRGÃOS PÚBLICOS. COMPENSAÇÃO DOS VALORES RETIDOS COM DÉBITOS POSTERIORES. O direito à compensação dos valores retidos por órgãos públicos quando de pagamentos efetuados pelo fornecimento de bens ou prestação de serviços, com débitos posteriores existe, mas antes é preciso que tais retenções na fonte, como antecipações das exações devidas no período a que se referem que são, sejam antes utilizadas como dedução dos impostos e contribuições referentes ao mesmo períodobase de que fazem parte. Apenas o saldo eventualmente remanescente desta confrontação, é que é passível de compensação com débitos de períodosbase posteriores. A contribuinte interpôs Recurso Voluntário, reiterando as razões veiculadas em sua manifestação de inconformidade, em especial que a retenção é uma forma de pagamento, e afirmou, ainda, nunca ter utilizado o valor da retenção para fins de redução do saldo a pagar da Contribuição devida. Após encaminhamento e distribuição a este Conselho, resolveram os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, proferindo, assim, Resolução CARF para que a unidade local se pronunciasse acerca da existência de DCTF retificadora e sobre o seu acatamento ou não, bem como sobre a existência ou não de pagamento a maior realizado pela contribuinte. Fl. 182DF CARF MF Processo nº 10983.901992/200897 Acórdão n.º 3401003.641 S3C4T1 Fl. 4 3 A unidade, em resposta à diligência formulada, concluiu, em síntese, que verificouse a ilegitimidade ad causam da contribuinte; e que não foi verificada a existência de pagamento a maior no período de apuração analisado. O processo foi encaminhado a este Conselho, e resolveram os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter novamente o julgamento em diligência, proferindo, assim, Resolução CARF nº 3401000.598 para conceder prazo para a contribuinte sanar a irregularidade na sua representação processual, bem como se manifestar acerca da resposta formulada em sede de diligência. A unidade realizou nova resposta à diligência, na qual informa ter constatado "(...) a existência de retenção em benefício da recorrente, equivalente à quantia de R$ 31.028,91(código 6147)1, a qual foi realizada pela fonte pagadora Universidade Federal de Santa Catarina (CNPJ 83.899.526/000182), ..., o qual foi obtido por meio de diligência outrora realizada por esta Unidade junto àquela fonte pagadora", e reforçou o entendimento, na mesma oportunidade, de se tratar de crédito inidôneo para fins de compensação, por falta de amparo legal. Em manifestação sobre a diligência, a contribuinte apontou a informação prestada pela autoridade fiscal no sentido de que a empresa de fato teria deixado de se valer da faculdade de dedução do valor relativo à COFINS retido na fonte, no montante mencionado, e mencionou, ainda, que a diligência, ao defender que a retenção não pode ser considerada como uma modalidade de pagamento indevido, adentra inadvertidamente a matéria de mérito em momento inoportuno. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3401003.637 de 25 de abril de 2017, proferido no julgamento do processo 10983.901975/200850, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão, (Acórdão 3401003.637): "O recurso voluntário é tempestivo e preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele tomo conhecimento. Fl. 183DF CARF MF Processo nº 10983.901992/200897 Acórdão n.º 3401003.641 S3C4T1 Fl. 5 4 A questão se resume (i) à comprovação, em primeiro lugar, da afirmação da contribuinte recorrente de que adimpliu as parcelas referentes à Cofins sem antes deduzir os respectivos valores retidos pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), bem como do quantum retido e não utilizado, e (ii) à resposta à indagação, em segundo lugar, sobre se as retenções na fonte podem ou não ser consideradas "pagamento indevido" ou a maior e, logo, se são ou não suscetíveis de compensação posterior. Quanto à primeira questão, destacamse, da segunda diligência efetuada, os seguintes trechos: "(...) a existência de retenção em benefício da recorrente, equivalente à quantia de R$ 17.281,96 (código 6147), a qual foi realizada pela fonte pagadora Universidade Federal de Santa Catarina (CNPJ 83.899.526/000182), consoante o documento de fls. 146, o qual foi obtido por meio de diligência outrora realizada por esta Unidade junto àquela fonte pagadora. (...) Em consulta aos Sistemas da RFB, notadamente o DIPJ, verificase que a recorrente teria, de fato, deixado de se valer da faculdade de dedução do valor relativo ao PIS/PASEP retido na fonte, nos termos do art. 64, § 3º, da Lei nº 9430/1996, consoante se verifica da Ficha 19a,/Linha 20 – Cálculo do PIS/PASEP (junho/2001), extraído da DIPJ 2002 (entregue à RFB na data de 29/03/2007) – fls. 149" (seleção e grifos nossos). Entendemos que os obstáculos procedimentais, em especial aqueles relativos ao fato de não ter a contribuinte procedido à entrega de DCTF retificadora mencionado pela segunda diligência, possam ser plenamente superáveis caso se comprove a existência efetiva de valores recolhidos a maior, o que de todo modo foi feito por meio da diligência realizada, em conformidade com os trechos acima transcritos, restando, assim, comprovada a alegação de fato da contribuinte. Quanto à segunda questão, de maneira a melhor colocála, o que se discute no presente caso é se houve ou não o recolhimento a maior; neste sentido, descabe se aventar se o valor a ser restituído é proveniente da retenção, pois esta era devida: indevido foi o recolhimento por parte da contribuinte, que, por lapso, deixou de deduzir o valor retido. Assim, nos termos do art. 64 da Lei nº 9.430/1996, acresce à fundamentação da contribuinte o fato de que todos os pagamentos efetuados por órgãos, autarquias e fundações da administração pública federal se sujeitam à incidência, na fonte do IRPJ, da CSL, da Cofins e do PIS/PASEP, sendo que o "valor retido" é, de um lado, nos termos do § 2º do dispositivo legal, levado a crédito da respectiva conta de receita da União Federal, e, de outro, nos termos do § 3º, é considerado como antecipação do que for devido pela contribuinte em relação ao mesmo imposto e às mesmas contribuições. Assim, assiste razão ao despacho decisório quando menciona que a contribuinte não observou a forma adequada para a realização da compensação, i.e., apontar como a origem do crédito o pagamento indevido, mas a retenção realizada pela Universidade Federal de Santa Catarina. Tal inobservância, no entanto, merece ser superada uma vez constatada a existência do crédito, conforme apontado pela diligência efetuada. Fl. 184DF CARF MF Processo nº 10983.901992/200897 Acórdão n.º 3401003.641 S3C4T1 Fl. 6 5 Neste sentido, ademais, vem decidindo este Conselho, como no Acórdão CARF nº 3401002.805, proferido em sessão de 11/11/2014, de relatoria do Conselheiro Jean Cleuter Simões Mendonça, que julgou procedente, por unanimidade de votos, o recurso voluntário interposto pela mesma contribuinte do presente caso, em sessão da qual participaram, além do relator, os conselheiros Júlio César Alves Ramos (presidente), Robson José Bayerl, Ângela Sartori, Eloy Eros da Silva e Bernardo Leite de Queiroz Lima, e cuja ementa abaixo se transcreve: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Anocalendário: 2002 PIS. VALOR RETIDO NA FONTE POR ENTIDADE PÚBLICA. NÃO UTILIZAÇÃO PARA DEDUÇÃO. POSSIBILIDADE DE COMPENSAÇÃO. O valor referente à retenção na fonte do PIS por entidade pública e não utilizado pelo contribuinte para dedução do valor devido pode ser posteriormente utilizado para compensar outros débitos. Não obstante, conforme também já decidido por este Conselho em inúmeros casos desta mesma contribuinte, fixase desde já, com a finalidade de se evitar a prorrogação indefinida deste contencioso, que a correção monetária dos valores a maior deverá ser calculada a partir do pagamento indevido, ou seja, jamais a partir do momento da retenção (devida), mas sim a partir do dies a quo do lapso do recolhimento sem a dedução realizado pela empresa, em conformidade com a ementa abaixo transcrita do Acórdão CARF nº 3401002.120, proferido em sessão de 31/01/2013, por unanimidade de votos, e de relatoria do Conselheiro Odassi Guerzoni Filho: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Data do fato gerador: 20/08/2002 PAGAMENTO A MAIOR OU INDEVIDO. RETENÇÃO NA FONTE FEITA POR ÓRGÃO PÚBLICO. DEDUÇÃO LEGAL DO VALOR DEVIDO NÃO EXERCIDA. CARACTERIZAÇÃO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA A PARTIR DO PAGAMENTO E NÃO DA RETENÇÃO. Caracterizase como “pagamento indevido ou a maior” a parcela correspondente ao valor da retenção na fonte feita por órgão publico sobre o valor das receitas auferidas, retenção essa que, por lapso da empresa que sofreu a retenção, deixou de ser utilizada na época correspondente para reduzir o valor da contribuição devida. De outra parte, a atualização monetária do valor reconhecido como pago a maior deve levar em conta a data do recolhimento/pagamento” da contribuição, e não a data em que houve a retenção. Recurso Voluntário Provido em Parte. Assim, voto por conhecer e, no mérito, dar provimento ao recurso voluntário, para reconhecer o crédito no valor de R$ 17.281,96, de modo a acolher os exatos e precisos termos, quanto à apuração dos esclarecimentos de fato, da diligência realizada, devendo ser a correção monetária realizada a partir do efetivo pagamento indevido, e não do momento da retenção." Fl. 185DF CARF MF Processo nº 10983.901992/200897 Acórdão n.º 3401003.641 S3C4T1 Fl. 7 6 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, dou provimento ao recurso voluntário para reconhecer o crédito no valor de R$ 31.028,91, de modo a acolher os exatos e precisos termos, quanto à apuração dos esclarecimentos de fato, da diligência realizada, devendo ser a correção monetária realizada a partir do efetivo pagamento indevido, e não do momento da retenção. assinado digitalmente. Rosaldo Trevisan Relator Fl. 186DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10820.902204/2012-29
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jun 26 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 29/02/2008
PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO DO POSTULANTE.
Nos processos que versam a respeito de compensação ou de ressarcimento, a comprovação do direito creditório recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato, que deve apresentar elementos probatórios mínimos aptos a comprovar as suas alegações. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco.
PAGAMENTO A MAIOR. RESTITUIÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA.
A carência probatória inviabiliza o reconhecimento do direito creditório pleiteado.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3401-003.626
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado, vencidos os Conselheiros Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira e André Henrique Lemos, que votavam pela conversão em diligência.
(Assinado digitalmente)
ROSALDO TREVISAN - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Rosaldo Trevisan (Presidente), Augusto Fiel Jorge DOliveira, Tiago Guerra Machado, Leonardo Ogassawara de Araujo Branco (Vice-Presidente), Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Robson Jose Bayerl, e André Henrique Lemos.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ÔNUS PROBATÓRIO DO POSTULANTE. Nos processos que versam a respeito de compensação ou de ressarcimento, a comprovação do direito creditório recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato, que deve apresentar elementos probatórios mínimos aptos a comprovar as suas alegações. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco. PAGAMENTO A MAIOR. RESTITUIÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA. A carência probatória inviabiliza o reconhecimento do direito creditório pleiteado. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado, vencidos os Conselheiros Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira e André Henrique Lemos, que votavam pela conversão em diligência. (Assinado digitalmente) ROSALDO TREVISAN Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Rosaldo Trevisan (Presidente), Augusto Fiel Jorge D’Oliveira, Tiago Guerra Machado, Leonardo Ogassawara de Araujo Branco (VicePresidente), Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Robson Jose Bayerl, e André Henrique Lemos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 82 0. 90 22 04 /2 01 2- 29 Fl. 1065DF CARF MF Processo nº 10820.902204/201229 Acórdão n.º 3401003.626 S3C4T1 Fl. 3 2 Relatório 1. Tratase de Pedido de Restituição de crédito de COFINS, referente a pagamento efetuado indevidamente ou ao maior transmitido por meio do PER/Dcomp. 2. A Delegacia da Receita Federal (DRF) proferiu Despacho Decisório indeferindo o pedido formulado, uma vez que o pagamento indicado no PER/Dcomp em referência teria sido integralmente utilizado para quitar débito da contribuinte. 3. A contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade na qual alegou, em síntese, que: (i) à época do fato gerador, como optante pelo regime do lucro presumido, submetiase à sistemática cumulativa de apuração da Cofins (à alíquota de 3%) e do PIS (à alíquota de 0,65%), havendo recolhido indevidamente tais contribuições calculadas sobre a saída de mercadorias que, por se tratarem de produtos farmacêuticos e cosméticos, já haviam sofrido incidência monofásica em etapa anterior da cadeia, nos termos da Lei nº 10.147/2000, e em conformidade com a Instrução Normativa SRF nº 594/2005; (ii) no momento em que se deu conta do equívoco cometido, procedeu à retificação da DACON respectiva. 4. Em data posterior ao protocolo da manifestação de inconformidade e anterior ao julgamento de primeira instância administrativa, requereu a contribuinte, mediante petição simples, a juntada dos livros de Registro de Entrada e Saída de Mercadorias e declarou, ainda, não ter logrado êxito em juntar as notas fiscais de compra das mercadorias, requerendo, nesta oportunidade, a realização de diligência para confirmação do crédito tributário pleiteado. 5. Foi proferido Acórdão DRJ julgando improcedente a manifestação de inconformidade interposta, de maneira a não reconhecer o direito creditório pleiteado, nos termos da ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Data do fato gerador: 29/02/2008 RESTITUIÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. DCTF. RETIFICAÇÃO. Retificada a DCTF após o despacho decisório que indeferiu a restituição, o direito creditório somente pode ser deferido se devidamente comprovado por meio de documentação contábil e fiscal. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. Os valores recolhidos a maior ou indevidamente somente são passíveis de restituição/compensação caso os indébitos reúnam as características de liquidez e certeza. PRODUTOS FARMACÊUTICOS, DE PERFUMARIA, DE TOUCADOR OU DE HIGIENE PESSOAL. ALÍQUOTA. Os produtos farmacêuticos, de perfumaria, de toucador ou de higiene pessoal sobre cuja receita de venda incidem o PIS e a COFINS com Fl. 1066DF CARF MF Processo nº 10820.902204/201229 Acórdão n.º 3401003.626 S3C4T1 Fl. 4 3 alíquota zero são apenas aqueles identificados na legislação de regência pelo seu código na TIPI. 6. A contribuinte interpôs Recurso Voluntário, reiterando as razões veiculadas em sua manifestação de inconformidade. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3401003.583, de 25 de abril de 2017, proferido no julgamento do processo 10820.902161/201281, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3401003.583): "8. O recurso voluntário é tempestivo e preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele tomo conhecimento. 9. Entendeu o julgador de primeira instância administrativa, após minuciosa análise dos fatos e documentos que instruem o presente feito, pelo não conhecimento do documento juntado intempestivamente, correspondente aos Livros de Registro de Entrada e Saída de Mercadorias, com fundamento no Ato Declaratório Normativo (ADN) COSIT nº 15, de 12/07/1996. 10. Contudo, ainda que transposto obstáculo da preclusão consumativa, verificase, a partir da apreciação dos documentos não conhecidos pela decisão a quo, que tais livros não realizam a discriminação dos tipos de produtos, não sendo possível se afirmar com a necessária precisão se de fato atendem aos desígnios e requisitos da Lei nº 10.147/2000 e da Instrução Normativa SRF nº 594/2005, não se prestando, portanto, a comprovar o direito creditório pleiteado. 11. Aduz a decisão a quo que, na DCTF original, foi declarado débito em montante igual ao recolhido, motivo pelo qual não encontrou a autoridade fiscal saldo de pagamento disponível. A identidade entre valor declarado e recolhido se deve à crença da contribuinte, no momento da declaração e do pagamento respectivos, de que se tratava de operação tributada regularmente pelas contribuições em comento. 12. Apenas em momento posterior ao do despacho decisório que indeferiu o pedido formulado por inexistência de saldo é que a contribuinte, ora recorrente, procedeu à entrega da DCTF retificadora. Por conta desta sucessão de eventos, entendeu o julgador de primeiro piso que a retificação não teria produzido efeitos, pois, nos termos do inciso I do art. 7º do Decreto nº 70.235/1972, o procedimento fiscal já havia se iniciado e, portanto, pretendeu a contribuinte alterar débitos de contribuições de Fl. 1067DF CARF MF Processo nº 10820.902204/201229 Acórdão n.º 3401003.626 S3C4T1 Fl. 5 4 maneira indevida, nos termos do inciso II do § 2º e do § 3º da Instrução Normativa RFB nº 1.110/2010. 13. Entendemos que tais obstáculos procedimentais possam ser plenamente superáveis caso a recorrente comprove o erro que fundamenta a retificação da declaração, o que poderia ser feito mediante a apresentação de seus registros contábeis e fiscais, em conformidade com o art. 147 do Código Tributário Nacional, abaixo transcrito: Código Tributário Nacional Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. § 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. 14. A aplicação do preceptivo normativo da Lei nº 10.147/2000 conduz à conclusão de que foram reduzidas a zero as alíquotas do PIS e da Cofins incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda dos produtos farmacêuticos e de perfumaria, de toucador ou de higiene pessoal classificados em determinadas posições da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados (TIPI), aprovada pelo Decreto nº 4.070, de 28 de dezembro de 2001 às pessoas jurídicas não enquadradas como industrial ou importador e não optantes pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Simples), e de acordo com as normas necessárias para a aplicação da lei, implementadas pela edição da Instrução Normativa SRF nº 594/2005. 15. Depreendese, da análise dos documentos juntados pela contribuinte recorrente, não ser possível se apontar o código NCM dos produtos por ela comercializados, informação que seria passível de conferência a partir da análise das notas fiscais que comprovam a venda das mercadorias sujeitas à alíquota zero, não havendo como se validar a retificação da DCTF ou se perscrutar a existência do crédito almejado. 16. Observase que o julgador de primeiro piso chegou à minúcia de verificar que a contribuinte não consta no rol das empresas credenciadas para emitir nota fiscal eletrônica, de forma que, para fins de comprovação de seu pleito, tais documentos deveriam ter sido apresentados no momento do manejo da manifestação de inconformidade. 17. Ressaltase, ademais, que, nos pedidos de compensação ou de restituição, como o presente, o ônus de comprovar o crédito postulado permanece a cargo da contribuinte, a quem incumbe a demonstração do preenchimento dos requisitos necessários para a compensação, pois "(...) o ônus da prova recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato".1 1 CINTRA, Antonio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini; e DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria geral do processo. São Paulo: Malheiros Editores, 26ª edição, 2010, p. 380. Fl. 1068DF CARF MF Processo nº 10820.902204/201229 Acórdão n.º 3401003.626 S3C4T1 Fl. 6 5 18. Neste sentido, já se manifestou esta turma julgadora em diferentes oportunidades, como no Acórdão CARF nº 3401003.096, de 23/02/2016, de relatoria do Conselheiro Rosaldo Trevisan: VERDADE MATERIAL. INVESTIGAÇÃO. COLABORAÇÃO. A verdade material é composta pelo dever de investigação da Administração somado ao dever de colaboração por parte do particular, unidos na finalidade de propiciar a aproximação da atividade formalizadora com a realidade dos acontecimentos. PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. DILIGÊNCIA/PERÍCIA. Nos processos derivados de pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação do direito creditório incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco. 19. Verificase, portanto, a completa inviabilidade do reconhecimento do crédito pleiteado em virtude da carência probatória do pedido formulado pela contribuinte recorrente. Assim, voto por conhecer e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (Assinado com certificado digital) Rosaldo Trevisan Fl. 1069DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13975.000186/2005-44
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu May 18 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Jun 09 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/05/2005
PROCESSO ADMINISTRATIVO E JUDICIAL. DESISTÊNCIA
O pedido de parcelamento, a confissão irretratável de dívida, a extinção sem ressalva do débito, por qualquer de suas modalidades, ou a propositura pelo contribuinte, contra a Fazenda Nacional, de ação judicial com o mesmo objeto, importa a desistência do recurso nos termos do artigo 78 , parágrafo 2º do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), aprovado pela Portaria MF nº 342, de junho de 2015.
Numero da decisão: 9303-005.183
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial, em razão da desistência do processo administrativo fiscal pelo contribuinte através de ação judicial com o mesmo objeto, nos termos do Art. 78, § 2º do RICARF.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Demes Brito - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Charles Mayer De Castro Souza, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: DEMES BRITO
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/01/2005 a 31/05/2005 PROCESSO ADMINISTRATIVO E JUDICIAL. DESISTÊNCIA O pedido de parcelamento, a confissão irretratável de dívida, a extinção sem ressalva do débito, por qualquer de suas modalidades, ou a propositura pelo contribuinte, contra a Fazenda Nacional, de ação judicial com o mesmo objeto, importa a desistência do recurso nos termos do artigo 78 , parágrafo 2º do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), aprovado pela Portaria MF nº 342, de junho de 2015.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial, em razão da desistência do processo administrativo fiscal pelo contribuinte através de ação judicial com o mesmo objeto, nos termos do Art. 78, § 2º do RICARF. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Demes Brito - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Charles Mayer De Castro Souza, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
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ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2005 a 31/05/2005 PROCESSO ADMINISTRATIVO E JUDICIAL. DESISTÊNCIA O pedido de parcelamento, a confissão irretratável de dívida, a extinção sem ressalva do débito, por qualquer de suas modalidades, ou a propositura pelo contribuinte, contra a Fazenda Nacional, de ação judicial com o mesmo objeto, importa a desistência do recurso nos termos do artigo 78 , parágrafo 2º do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), aprovado pela Portaria MF nº 342, de junho de 2015. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial, em razão da desistência do processo administrativo fiscal pelo contribuinte através de ação judicial com o mesmo objeto, nos termos do Art. 78, § 2º do RICARF. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Demes Brito Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Charles Mayer De Castro Souza, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 5. 00 01 86 /2 00 5- 44 Fl. 824DF CARF MF Processo nº 13975.000186/200544 Acórdão n.º 9303005.183 CSRFT3 Fl. 825 2 Relatório Tratase de Recurso Especial de divergência interposto pela Fazenda Nacional com fundamento no artigo 67 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais — CARF, aprovado pela Portaria MF 256, de 22 de junho de 2009, contra ao acórdão nº 3201001.644, proferido pela 2º Câmara/1º Turma Ordinária do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, que decidiu em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, reconhecendo direito ao crédito sobre gastos incorridos com extração, carregamento, guincho, corte, transporte, poda, manuseio, despesas com máquinas utilizadas para a extração, todos os pagamentos de serviços necessários para que a madeira seja extraída e ingresse no processo fabril. Transcrevo, inicialmente, excerto do relatório da decisão de primeiro grau: Trata o presente processo de Pedido de Ressarcimento de créditos da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS de que trata o art. 5° da Lei 10.637/2002, relativo ao primeiro trimestre de 2005. A DRF/BLUMENAU exarou o Despacho Decisório de fls. 550 a 584 deferindo parcialmente o pedido da interessada para reconhecer o direito creditório no valor de R$176.286,09, referente ao saldo remanescente da apuração não cumulativa da COFINS a título de mercado externo. A Delegacia de Julgamento julgou procedente em parte a manifestação de inconformidade, em decisão assim ementada: Assunto:COFINS Período de apuração: 0l/01/2005 a 31/03/2005 VENDAS COM FIM ESPECÍFICO DE EXPORTAÇÃO. COMPROVAÇÃO. A aquisição de bens utilizados como insumo na fabricação de produtos destinados à venda gera direito a crédito a ser descontado da Cofins nãocumulativa, quando não comprovado que a aquisição tenha sido efetuada com o fim específico de exportação. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMOS. Os serviços caracterizados como insumos são aqueles diretamente aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto. Despesas e custos indiretos, embora necessários à realização das atividades da empresa, não podem ser considerados insumos para fins de apuração dos créditos no regime da não cumulatividade. COFINS REGIME NÃO CUMULATIVO. GLOSA DE CRÉDITOS. COMPROVAÇÃO. As despesas com frete na aquisição de insumos compõem a base de cálculo do crédito a ser descontado da Cofms no regime nãocumulativo quando o Fl. 825DF CARF MF Processo nº 13975.000186/200544 Acórdão n.º 9303005.183 CSRFT3 Fl. 826 3 serviço for prestado por pessoa jurídica domiciliada no país e quando devidamente escrituradas e amparadas por documentos hábeis que lhe dêem suporte. COFINS. CRÉDITOS RELATIVO ATIVO IMOBILIZADO. O crédito de Cofins relativo a bens incorporados ao ativo imobilizado pode, à opção do contribuinte, ser calculado no prazo de quatro anos, mediante aplicação da alíquota ,de 7,6% sobre a parcela correspondente a 1/48 do valor de aquisição do bem, restringindose tal opção às máquinas e aos equipamentos adquiridos para utilização na fabricação de produtos destinados à venda ou na prestação de serviços. COFINS. CRÉDITOS. BENS INCORPORADOS _AO ATIVO IMOBILIZADO. CUSTO DE AQUISIÇÃO. ICMS. Integram a base de cálculo dos créditos da Cofins os valores do ICMS suportados na compra de máquinas e equipamentos incorporados ao ativo imobilizado, desde que tais valores não sejam recuperados pelo contribuinte. DECISÃO ADMINISTRATIVA. MATÉRIA NÃO CONTESTADA. Consideramse definitivos os ajustes efetuados na base de cálculo dos créditos a descontar relativamente aos itens que não foram expressamente contestados. Solicitação Deferida em Parte O Acórdão da decisão recorrida restou assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005 COFINS. NÃO CUMULATIVIDADE, DIREITO CREDITÓRIO. As despesas com os serviços de extração de madeira é passível de direito creditório, pois se trata de atividade essencial e necessária à sua realização do processo produtivo de portas e batentes de pinus. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. ÔNUS DA PROVA DO DIREITO CREDITÓRIO. Nos pedidos de ressarcimento, é ônus do contribuinte da prova do direito creditório afirmado. Não conformada com tal decisão, a Fazenda Nacional interpõe o presente Recurso, sustentando que a "formalização do conceito de insumo já foi firmada por meio da Instrução Normativa SRF n° 247/2002 e da Instrução Normativa SRF nº 404/2004, atos estes de caráter vinculante para os agentes públicos que compõem a Administração Tributária Fl. 826DF CARF MF Processo nº 13975.000186/200544 Acórdão n.º 9303005.183 CSRFT3 Fl. 827 4 Federal. Tais atos administrativos, ao explicitarem o que se deve ter por insumo para os fins colimados pelas Leis nº 10.637/2002 e nº 10.833/2003. Para comprovar o dissenso jurisprudencial, foi apontado, como paradigma, o Acórdão nº 3801001.885. O recurso teve seguimento nos termos do Despacho de Admissibilidade, fls. 814/816. A Contribuinte não apresentou contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheiro Demes Brito Relator. O recurso é tempestivo, mas, em razão dos fatos a seguir apontados, dele não tomo conhecimento. Conforme acima relatado, o Pedido de Restituição formulado pelo ora Recorrente, guerreado neste Conselho por meio do Processo Administrativo nº 13975.000186/200544, versa sobre a mesma matéria submetida à apreciação do Poder Judiciário, Processo nº 500358476.2013.404.7213/SC, fls. 405/443, informado junto aos autos, o que configurou desistência do Recurso. Essa questão encontrase no artigo 78, parágrafo 2º do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), aprovado pela Portaria MF nº 342, de junho de 2015, nos seguintes termos: Art. 78. Em qualquer fase processual o recorrente poderá desistir do recurso em tramitação. § 2º O pedido de parcelamento, a confissão irretratável de dívida, a extinção sem ressalva do débito, por qualquer de suas modalidades, ou a propositura pelo contribuinte, contra a Fazenda Nacional, de ação judicial com o mesmo objeto, importa a desistência do recurso. Uma vez submetida determinada matéria à apreciação do Poder Judiciário, cuja decisão prevalecerá na ordem jurídica, qualquer outra discussão paralela mostrase inoportuna e ineficaz, uma vez que suas conclusões, indubitavelmente, quedarseão ao decisum judicial manifesto ou a ser proferido. Diante do exposto, não conheço do Recurso interposto pela Fazenda Nacional, declarandose a extinção do feito, com a devolução dos autos a unidade de origem. É como voto. (Assinado digitalmente) Demes Brito Fl. 827DF CARF MF Processo nº 13975.000186/200544 Acórdão n.º 9303005.183 CSRFT3 Fl. 828 5 Fl. 828DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10166.722303/2010-28
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 05 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon May 22 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/1999 a 31/12/2002
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CABIMENTO.
Cabíveis embargos de declaração quando o acórdão contém obscuridade ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar-se a turma.
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS E DE TERCEIROS. PRAZO DECADENCIAL E FIXAÇÃO DO TERMO INICIAL DE CONTAGEM. JURISPRUDÊNCIA DO STF E DO STJ DE OBSERVÂNCIA OBRIGATÓRIA PELO CARF. A Fazenda Nacional dispõe do prazo de cinco anos para exercer seu direito potestativo de constituição do crédito tributário. O Superior Tribunal de Justiça fixou, por ocasião do julgamento do Recurso Especial nº 973.733-SC, em 12/08/2009, afetado à sistemática dos recursos repetitivos, que o termo inicial da contagem do prazo decadencial seguirá o disposto no art. 150, §4º do CTN, se houver pagamento antecipado do tributo; caso contrário, observará o teor do art. 173, I do CTN.
Numero da decisão: 2301-004.997
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer e dar provimento aos embargos de declaração, com efeitos infringentes, com o objetivo de reconhecer a existência de omissão no acórdão embargado quanto à contagem do prazo decadencial com base no art. 150, §4º do CTN, devendo ser excluídas do lançamento as competências 01/1999 a 05/1999 (inclusive), mantendo-se a cobrança quanto às demais.
(assinado digitalmente)
Andréa Brose Adolfo Presidente em Exercício.
(assinado digitalmente)
Fábio Piovesan Bozza Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andréa Brose Adolfo (presidente em exercício), Júlio César Vieira Gomes, Fábio Piovesan Bozza, Jorge Henrique Backes, Alexandre Evaristo Pinto, Maria Anselma Coscrato dos Santos.
Nome do relator: FABIO PIOVESAN BOZZA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/1999 a 31/12/2002 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CABIMENTO. Cabíveis embargos de declaração quando o acórdão contém obscuridade ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar-se a turma. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS E DE TERCEIROS. PRAZO DECADENCIAL E FIXAÇÃO DO TERMO INICIAL DE CONTAGEM. JURISPRUDÊNCIA DO STF E DO STJ DE OBSERVÂNCIA OBRIGATÓRIA PELO CARF. A Fazenda Nacional dispõe do prazo de cinco anos para exercer seu direito potestativo de constituição do crédito tributário. O Superior Tribunal de Justiça fixou, por ocasião do julgamento do Recurso Especial nº 973.733-SC, em 12/08/2009, afetado à sistemática dos recursos repetitivos, que o termo inicial da contagem do prazo decadencial seguirá o disposto no art. 150, §4º do CTN, se houver pagamento antecipado do tributo; caso contrário, observará o teor do art. 173, I do CTN.
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CABIMENTO. Cabíveis embargos de declaração quando o acórdão contém obscuridade ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciarse a turma. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS E DE TERCEIROS. PRAZO DECADENCIAL E FIXAÇÃO DO TERMO INICIAL DE CONTAGEM. JURISPRUDÊNCIA DO STF E DO STJ DE OBSERVÂNCIA OBRIGATÓRIA PELO CARF. A Fazenda Nacional dispõe do prazo de cinco anos para exercer seu direito potestativo de constituição do crédito tributário. O Superior Tribunal de Justiça fixou, por ocasião do julgamento do Recurso Especial nº 973.733SC, em 12/08/2009, afetado à sistemática dos recursos repetitivos, que o termo inicial da contagem do prazo decadencial seguirá o disposto no art. 150, §4º do CTN, se houver pagamento antecipado do tributo; caso contrário, observará o teor do art. 173, I do CTN. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer e dar provimento aos embargos de declaração, com efeitos infringentes, com o objetivo de reconhecer a existência de omissão no acórdão embargado quanto à contagem do prazo decadencial com base no art. 150, §4º do CTN, devendo ser excluídas do lançamento as competências 01/1999 a 05/1999 (inclusive), mantendose a cobrança quanto às demais. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 72 23 03 /2 01 0- 28 Fl. 464DF CARF MF 2 Andréa Brose Adolfo – Presidente em Exercício. (assinado digitalmente) Fábio Piovesan Bozza – Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andréa Brose Adolfo (presidente em exercício), Júlio César Vieira Gomes, Fábio Piovesan Bozza, Jorge Henrique Backes, Alexandre Evaristo Pinto, Maria Anselma Coscrato dos Santos. Relatório Tratase de embargos de declaração opostos pela contribuinte Adler – Assessoramento Empresarial Representações Ltda. em face do acórdão nº 2803001.738, de 14/08/2012, que julgou improcedente o recurso voluntário interposto e manteve a cobrança de contribuições previdenciárias patronais, incidentes sobre a remuneração dos segurados empregados, relativamente ao período de 01/1999 a 12/2002. O presente processo administrativo cuida de lançamento de ofício substitutivo, com finalidade específica de constituir um novo, em virtude de o lançamento originário ter sido anulado, por vício formal. Nesse sentido: – o lançamento originário abarcava a exigência de contribuições no período de 01/1994 a 12/2002, foi lavrado em 07/06/2004 e anulado no âmbito administrativo por decisão tomada em 14/12/2005; – o lançamento substitutivo abarca a exigência de contribuições no período de 01/1999 a 12/2002 e foi cientificado em 11/10/2010. Aduz a Embargante a existência de omissão no referido acórdão, uma vez que a turma teria deixado de apr eciar qual a regra de decadência deveria ser aplicada ao caso em apreço (art. 173, I versus art. 150, §4º, ambas do CTN), porquanto a decadência referese à matéria de ordem pública e pode ser revista mesmo sem formal requerimento pela Embargante em suas razões recursais. Os embargos de declaração tiveram sua admissibilidade aceita em decisão exarada pelo presidente de turma, merecendo destacar o seguinte trecho da fundamentação: De acordo com o artigo 65 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF n 256, de 22/06/2009, a omissão quanto a algum ponto sobre o qual deveria se pronunciar a turma possibilita a oposição de embargos de declaração: Art. 65. Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciarse a turma. Devese entender por omissão o vício resultante da falta de alguma declaração que a decisão deveria conter. Nesse caso, os Fl. 465DF CARF MF Processo nº 10166.722303/201028 Acórdão n.º 2301004.997 S2C3T1 Fl. 465 3 embargos têm por fim provocar a declaração do ponto omitido, a fim de se completar a decisão. Com efeito, sendo a decadência matéria de ordem pública, deveria esta Colenda Turma ter se pronunciado expressamente sobre qual a regra a ser aplicada no caso concreto, conforme entendimento deste Conselho no Acórdão 340300.541 (“O efeito translativo próprio dos recursos ordinários, inclusive os administrativos, em especial o voluntário, permite a manifestação do órgão julgador ad quem de temas não expressamente abordados no apelo recursal, desde que se cuidem de matérias de ordem pública, como é o caso da decadência em matéria tributária.” – j. 26.08.2010) e no Acórdão 230101.512 (“A decadência é matéria de ordem pública e deve ser conhecida de ofício” – j. 09.06.2010). Ora, os embargos de declaração possuem o escopo de aprimoramento do julgado, como bem observou o Eminente Ministro Marco Aurélio em seu voto no AI 163.047 5/PR: “os embargos declaratórios não consubstanciam crítica ao ofício judicante, mas servemlhe ao aprimoramento. Ao apreciálos, o órgão deve fazêlo com espírito de compreensão, atentando para o fato de consubstanciarem verdadeira contribuição da parte em prol do devido processo legal”. É o relatório. Voto Conselheiro Fábio Piovesan Bozza A decadência é matéria de ordem pública (compõe o interesse de agir, uma das condições da ação), sendo cognoscível em qualquer instância, de ofício ou a requerimento da parte. Tendo a decisão de admissibilidade dos presentes embargos já encampado essas características, volto minha atenção para a omissão apontada. Realmente, verifico que a questão relacionada ao eventual transcurso do prazo de decadência para a constituição do crédito tributário não foi tratada nas peças de defesa nem nas decisões administrativas precedentes, havendo apenas menção em relatório do critério adotado pela fiscalização na atividade de lançamento (fls. 408): Frisa que o crédito original apurou valores no período de janeiro/1994 e dezembro/2002; porém, após ter sido excluído do mundo jurídico o prazo de dez anos (art. 45 da Lei n. 8.212/91), está sendo utilizado o prazo decadencial de 5 (cinco) anos estipulado pelo art. 173, I do CTN. Pois bem. Depois de longo debate jurisprudencial, o Superior Tribunal de Justiça consolidou seu entendimento no Recurso Especial nº 973.733, de 12/08/2009, julgado sob o regime dos recursos repetitivos. Fl. 466DF CARF MF 4 Assim, o prazo decadencial para o Fisco lançar o crédito tributário é de cinco anos, contados: (i) a partir da ocorrência do fato gerador, quando houver antecipação de pagamento e não houver dolo, fraude ou simulação (art. 150, §4º, CTN); ou (ii) a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, no caso de ausência de antecipação de pagamento (art. 173, I, CTN). Vale salientar que o referido entendimento jurisprudencial é de observância obrigatória por este tribunal administrativo (art. 62, §2º, Anexo II do Regulamento do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015). Considerando que existe prova da antecipação de pagamento dos tributos em discussão, conforme consta do relatório “DDDiscriminativo do Débito” que integra o auto de infração (fls. 1422), aplicase à espécie a regra de contagem do prazo decadencial prevista no art. 150, §4º do CTN. Nesse sentido, como a ciência do lançamento originário ocorreu em 06/2004, considero decaídos os lançamentos relativos às competências 01/1999 a 05/1999 (inclusive), mantendose a cobrança quanto aos demais. Conclusão Em face do exposto, voto por conhecer e dar provimento aos embargos de declaração, com efeitos infringentes, com o objetivo de reconhecer a existência de omissão no acórdão embargado quanto à contagem do prazo decadencial com base no art. 150, §4º do CTN, devendo ser excluídas do lançamento as competências 01/1999 a 05/1999 (inclusive), mantendose a cobrança quanto às demais. É como voto. Fábio Piovesan Bozza – Relator. Fl. 467DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13830.901040/2013-72
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 18 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jul 31 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Exercício: 2009
ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMA TRIBUTÁRIA. INCOMPETÊNCIA DO JULGADOR ADMINISTRATIVO.INTELIGÊNCIA SÚMULA CARF N.2.
É vedado ao julgador administrativo negar aplicação de lei sob alegação de inconstitucionalidade em sede de recurso administrativo. Essa análise foge à alçada das autoridades administrativas, que não dispõem de competência para examinar hipóteses de violações às normas legitimamente inseridas no ordenamento jurídico.
ALEGAÇÕES GENÉRICAS. APLICAÇÃO DO ART. 17, DO DEC. N.° 70.235/72. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA.
Em processo administrativo tributário, o poder instrutório da defesa compete, em princípio, ao sujeito passivo, o que lhe exige carrear aos autos provas capazes de amparar convenientemente seu direito, o que não ocorreu no presente caso.
Inexistindo a insurgência específica com relação à fundamentação da decisão recorrida ou à motivação do próprio lançamento tributário, aplicável o art. 17, do Dec. n.° 70.235/72.
Numero da decisão: 1302-002.194
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alberto Pinto Souza Júnior, Marcos Antonio Nepomuceno (Relator), Rogério Aparecido Gil, Ester Marques Lins de Sousa e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente).
Nome do relator: LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO
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INCOMPETÊNCIA DO JULGADOR ADMINISTRATIVO.INTELIGÊNCIA SÚMULA CARF N.2. É vedado ao julgador administrativo negar aplicação de lei sob alegação de inconstitucionalidade em sede de recurso administrativo. Essa análise foge à alçada das autoridades administrativas, que não dispõem de competência para examinar hipóteses de violações às normas legitimamente inseridas no ordenamento jurídico. ALEGAÇÕES GENÉRICAS. APLICAÇÃO DO ART. 17, DO DEC. N.° 70.235/72. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. Em processo administrativo tributário, o poder instrutório da defesa compete, em princípio, ao sujeito passivo, o que lhe exige carrear aos autos provas capazes de amparar convenientemente seu direito, o que não ocorreu no presente caso. Inexistindo a insurgência específica com relação à fundamentação da decisão recorrida ou à motivação do próprio lançamento tributário, aplicável o art. 17, do Dec. n.° 70.235/72. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente e Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 0. 90 10 40 /2 01 3- 72 Fl. 74DF CARF MF Processo nº 13830.901040/201372 Acórdão n.º 1302002.194 S1C3T2 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alberto Pinto Souza Júnior, Marcos Antonio Nepomuceno (Relator), Rogério Aparecido Gil, Ester Marques Lins de Sousa e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente). Relatório Tratam os autos de análise eletrônica de Pedido de Restituição, por intermédio do qual o contribuinte pretende a restituição de suposto crédito de pagamento indevido ou a maior de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Como resultado da análise foi proferido despacho decisório que decidiu pelo indeferimento do pedido de restituição, haja vista que o montante recolhido pelo Darf apontado como origem do crédito foi integralmente utilizado para liquidar débito confessado em Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF). Cientificado da decisão o contribuinte apresentou manifestação de inconformidade onde argumenta, em síntese, que os créditos de PIS e Cofins nãocumulativos não devem afetar a determinação do lucro real, nem a base de cálculo da CSLL. A exigência de IRPJ e CSLL sobre tais créditos desrespeita o princípio constitucional da neutralidade tributária. A DRJ ao apreciar a matéria assim decidiu, litteris: ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMA TRIBUTÁRIA. INCOMPETÊNCIA DO JULGADOR ADMINISTRATIVO. É o administrador um mero executor de leis não lhe cabendo questionar a legalidade ou constitucionalidade do comando legal. A análise de teses contra a legalidade ou a constitucionalidade de normas é privativa do Poder Judiciário, conforme competência conferida constitucionalmente. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Inconformado com o decisium, o recorrente interpôs Recurso Voluntário, alegando, em síntese, os mesmos argumentos da impugnação, acrescentando que a Administração não pode eximirse da competência sobre o controle de constitucionalidade das leis, decretos e portarias, bem como o fato de não ser razoável que a Administração Pública desconsidere as informações prestadas pelo Contribuinte na DCOMP, as quais apresentam presunção de legitimidade. É o relatório. Voto Fl. 75DF CARF MF Processo nº 13830.901040/201372 Acórdão n.º 1302002.194 S1C3T2 Fl. 4 3 Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho Machado, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1302002.134, de 18.05.2017, proferido no julgamento do processo nº 13830.900610/201226, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1302002.134): O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Conforme depreendese da leitura do Relatório acima, o Recorrente sustenta seus argumentos com base em supostas inconstitucionalidades perpetradas pela autoridade fiscal e ratificadas pela decisão recorrida. Contudo, é vedado ao julgador administrativo negar aplicação de lei sob alegação de inconstitucionalidade em sede de recurso administrativo. Essa análise foge à alçada das autoridades administrativas, que não dispõem de competência para examinar hipóteses de violações às normas legitimamente inseridas no ordenamento jurídico. As autoridades administrativas, enquanto responsáveis pela execução das determinações legais, devem sempre partir do pressuposto de que o legislador tenha editado leis compatíveis com a Constituição Federal e Código Tributário Nacional. Assim, não há que se cogitar de desobediência aos dispositivos legais elencados, no âmbito da Administração Tributária, quando esta, no exercício da sua atividade de fiscalização, logre efetuar o lançamento de crédito tributário, lastreado em fatos e atos atribuídos ao sujeito passivo, que ensejam a exigência de tributos e dos acréscimos legais pertinentes, desde que referido lançamento seja devidamente fundamentado em regular procedimento de ofício e de acordo com os dispositivos legais que regem a espécie. O tema é pacificado no âmbito deste Conselho Administrativo, nos termos da Súmula 02: “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de Lei Tributária”. Afasto, portanto, o presente argumento, por não ser o CARF competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Noutra banda, verificase que o recorrente sem acostar documentos comprobatórios aos presentes autos, em seu recurso voluntário, faz referências genéricas aos fatos que motivaram a presente autuação, bem como em relação a decisão proferida em Fl. 76DF CARF MF Processo nº 13830.901040/201372 Acórdão n.º 1302002.194 S1C3T2 Fl. 5 4 primeira instância, sem com isto trazer objetivamente os fundamentos e provas com base nas quais pede para que seja homologado o seu pedido de compensação. Para esse Relator fica claro que o Recorrente se insurge contra decisão proferida pela DRJ de forma genérica, fazendo mera referência parte das razões apresentadas em sede da impugnação e a necessidade de observação das provas já juntadas aos autos, não merecendo prosperar e, por conseguinte, não surte o efeito pretendido em alterar a decisão do julgador a quo. Nesse sentido já decidiu esta Corte Administrativa, conforme se extrai do decidido nos autos do processo nº 10935.720364/2013 45 que teve como relator Amílcar Barca Teixeira Júnior, como segue: "(...) 1. O contribuinte, em seu recurso, no concernente à obrigação principal, limitas se a prestar informações genéricas e não ataca o mérito, situação que não o favorece, enquadrando se, assim, na disciplina do art. 17 do Decreto nº 70.235, de 1972 (Acórdão nº 2803003.497. Rel. Amílcar Barca Teixeira Júnior. Sessão de 12/08/2014)." Diante do exposto, NEGO provimento ao Recurso Voluntário. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (documento assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Fl. 77DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11080.720525/2010-19
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed May 17 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Jun 30 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/10/2008 a 30/09/2009
CRÉDITO. FRETES NA TRANSFERÊNCIA DE PRODUTOS ACABADOS ENTRE ESTABELECIMENTOS DA MESMA EMPRESA.
Cabe a constituição de crédito de PIS/Pasep sobre os valores relativos a fretes de produtos acabados realizados entre estabelecimentos da mesma empresa, considerando sua essencialidade à atividade do sujeito passivo.
Não obstante à observância do critério da essencialidade, é de se considerar ainda tal possibilidade, invocando o art. 3º, inciso IX, da Lei 10.833/03 e art. 3º, inciso IX, da Lei 10.637/02 - eis que a inteligência desses dispositivos considera para a r. constituição de crédito os serviços intermediários necessários para a efetivação da venda - quais sejam, os fretes na operação de venda. O que, por conseguinte, cabe refletir que tal entendimento se harmoniza com a intenção do legislador ao trazer o termo frete na operação de venda, e não frete de venda - quando impôs dispositivo tratando da constituição de crédito das r. contribuições.
CRÉDITO. FRETES NA TRANSFERÊNCIA DE MATÉRIAS-PRIMAS ENTRE ESTABELECIMENTOS
Os fretes na transferência de matérias-primas entre estabelecimentos, essenciais para a atividade do sujeito passivo, eis que vinculados com as etapas de industrialização do produto e seu objeto social, devem ser enquadrados como insumos, nos termos do art. 3º, inciso II, da Lei 10.833/03 e art. 3º, inciso II, da Lei 10.637/02. Cabe ainda refletir que tais custos nada diferem daqueles relacionados às máquinas de esteiras que levam a matéria-prima de um lado para o outro na fábrica para a continuidade da produção/industrialização/beneficiamento de determinada mercadoria/produto.
PIS. COFINS. CRÉDITO. NÃO CUMULATIVIDADE. FRETES NA AQUISIÇÃO DE INSUMOS TRIBUTADOS COM ALÍQUOTA ZERO OU ADQUIRIDOS COM SUSPENSÃO DO PIS E DA COFINS. IMPOSSIBILIDADE.
Não há previsão legal para aproveitamento dos créditos sobre os serviços de fretes utilizados na aquisição de insumos não onerados pelas contribuições ao PIS e a Cofins.
Numero da decisão: 9303-005.151
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Júlio César Alves Ramos, Andrada Márcio Canuto Natal e Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), que lhe negaram provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, (i) quanto a despesas com fretes de transferência de matéria-prima entre os estabelecimentos, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencido o conselheiro Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), que lhe deu provimento e (ii) quanto a despesas com fretes na aquisição de insumos tributados com alíquota zero ou adquiridos com suspensão do PIS e da Cofins, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama (relatora), Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor, quanto a despesas com fretes na aquisição de insumos tributados com alíquota zero ou adquiridos com suspensão do PIS e da Cofins, o conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal. Solicitou apresentar declaração de voto o conselheiro Júlio César Alves Ramos.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Tatiana Midori Migiyama Relatora
(assinado digitalmente)
Andrada Márcio Canuto Natal Redator Designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Charles Mayer de Castro Souza, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: TATIANA MIDORI MIGIYAMA
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/10/2008 a 30/09/2009 CRÉDITO. FRETES NA TRANSFERÊNCIA DE PRODUTOS ACABADOS ENTRE ESTABELECIMENTOS DA MESMA EMPRESA. Cabe a constituição de crédito de PIS/Pasep sobre os valores relativos a fretes de produtos acabados realizados entre estabelecimentos da mesma empresa, considerando sua essencialidade à atividade do sujeito passivo. Não obstante à observância do critério da essencialidade, é de se considerar ainda tal possibilidade, invocando o art. 3º, inciso IX, da Lei 10.833/03 e art. 3º, inciso IX, da Lei 10.637/02 - eis que a inteligência desses dispositivos considera para a r. constituição de crédito os serviços intermediários necessários para a efetivação da venda - quais sejam, os fretes na operação de venda. O que, por conseguinte, cabe refletir que tal entendimento se harmoniza com a intenção do legislador ao trazer o termo frete na operação de venda, e não frete de venda - quando impôs dispositivo tratando da constituição de crédito das r. contribuições. CRÉDITO. FRETES NA TRANSFERÊNCIA DE MATÉRIAS-PRIMAS ENTRE ESTABELECIMENTOS Os fretes na transferência de matérias-primas entre estabelecimentos, essenciais para a atividade do sujeito passivo, eis que vinculados com as etapas de industrialização do produto e seu objeto social, devem ser enquadrados como insumos, nos termos do art. 3º, inciso II, da Lei 10.833/03 e art. 3º, inciso II, da Lei 10.637/02. Cabe ainda refletir que tais custos nada diferem daqueles relacionados às máquinas de esteiras que levam a matéria-prima de um lado para o outro na fábrica para a continuidade da produção/industrialização/beneficiamento de determinada mercadoria/produto. PIS. COFINS. CRÉDITO. NÃO CUMULATIVIDADE. FRETES NA AQUISIÇÃO DE INSUMOS TRIBUTADOS COM ALÍQUOTA ZERO OU ADQUIRIDOS COM SUSPENSÃO DO PIS E DA COFINS. IMPOSSIBILIDADE. Não há previsão legal para aproveitamento dos créditos sobre os serviços de fretes utilizados na aquisição de insumos não onerados pelas contribuições ao PIS e a Cofins.
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Júlio César Alves Ramos, Andrada Márcio Canuto Natal e Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), que lhe negaram provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, (i) quanto a despesas com fretes de transferência de matéria-prima entre os estabelecimentos, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencido o conselheiro Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), que lhe deu provimento e (ii) quanto a despesas com fretes na aquisição de insumos tributados com alíquota zero ou adquiridos com suspensão do PIS e da Cofins, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama (relatora), Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor, quanto a despesas com fretes na aquisição de insumos tributados com alíquota zero ou adquiridos com suspensão do PIS e da Cofins, o conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal. Solicitou apresentar declaração de voto o conselheiro Júlio César Alves Ramos. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício (assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama Relatora (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Redator Designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Charles Mayer de Castro Souza, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
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CONCEITO DE INSUMOS. Recorrentes SLC ALIMENTOS S/A FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/10/2008 a 30/09/2009 CRÉDITO. FRETES NA TRANSFERÊNCIA DE PRODUTOS ACABADOS ENTRE ESTABELECIMENTOS DA MESMA EMPRESA. Cabe a constituição de crédito de PIS/Pasep sobre os valores relativos a fretes de produtos acabados realizados entre estabelecimentos da mesma empresa, considerando sua essencialidade à atividade do sujeito passivo. Não obstante à observância do critério da essencialidade, é de se considerar ainda tal possibilidade, invocando o art. 3º, inciso IX, da Lei 10.833/03 e art. 3º, inciso IX, da Lei 10.637/02 eis que a inteligência desses dispositivos considera para a r. constituição de crédito os serviços intermediários necessários para a efetivação da venda quais sejam, os fretes na “operação” de venda. O que, por conseguinte, cabe refletir que tal entendimento se harmoniza com a intenção do legislador ao trazer o termo “frete na operação de venda”, e não “frete de venda” quando impôs dispositivo tratando da constituição de crédito das r. contribuições. CRÉDITO. FRETES NA TRANSFERÊNCIA DE MATÉRIASPRIMAS ENTRE ESTABELECIMENTOS Os fretes na transferência de matériasprimas entre estabelecimentos, essenciais para a atividade do sujeito passivo, eis que vinculados com as etapas de industrialização do produto e seu objeto social, devem ser enquadrados como insumos, nos termos do art. 3º, inciso II, da Lei 10.833/03 e art. 3º, inciso II, da Lei 10.637/02. Cabe ainda refletir que tais custos nada diferem daqueles relacionados às máquinas de esteiras que levam a matéria prima de um lado para o outro na fábrica para a continuidade da produção/industrialização/beneficiamento de determinada mercadoria/produto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 72 05 25 /2 01 0- 19 Fl. 3012DF CARF MF Processo nº 11080.720525/201019 Acórdão n.º 9303005.151 CSRFT3 Fl. 3 2 PIS. COFINS. CRÉDITO. NÃO CUMULATIVIDADE. FRETES NA AQUISIÇÃO DE INSUMOS TRIBUTADOS COM ALÍQUOTA ZERO OU ADQUIRIDOS COM SUSPENSÃO DO PIS E DA COFINS. IMPOSSIBILIDADE. Não há previsão legal para aproveitamento dos créditos sobre os serviços de fretes utilizados na aquisição de insumos não onerados pelas contribuições ao PIS e a Cofins. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Júlio César Alves Ramos, Andrada Márcio Canuto Natal e Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), que lhe negaram provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, (i) quanto a despesas com fretes de transferência de matériaprima entre os estabelecimentos, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencido o conselheiro Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), que lhe deu provimento e (ii) quanto a despesas com fretes na aquisição de insumos tributados com alíquota zero ou adquiridos com suspensão do PIS e da Cofins, por voto de qualidade, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama (relatora), Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor, quanto a despesas com fretes na aquisição de insumos tributados com alíquota zero ou adquiridos com suspensão do PIS e da Cofins, o conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal. Solicitou apresentar declaração de voto o conselheiro Júlio César Alves Ramos. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas – Presidente em exercício (assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama – Relatora (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal – Redator Designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Charles Mayer de Castro Souza, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello. Fl. 3013DF CARF MF Processo nº 11080.720525/201019 Acórdão n.º 9303005.151 CSRFT3 Fl. 4 3 Relatório Tratamse de Recursos interpostos pelo sujeito passivo e Fazenda Nacional contra o Acórdão nº 3302002.779, da 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 3ª Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, que acordaram dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos seguintes termos: 1) Por maioria votos, para reconhecer o direito ao crédito normal em relação: (i) à aquisição de arroz em casca em cuja nota fiscal não consta que a operação foi realizada com suspensão do PIS e da Cofins, (ii) em relação às despesas com fretes de transferência de matériaprima entre os estabelecimentos da Recorrente, (iii) em relação aos fretes na aquisição de insumos tributados com alíquota zero ou adquiridos com suspensão do PIS e da Cofins; 2) Pelo voto de qualidade, para negar provimento quanto aos créditos relativos às despesas com pragas e armazenagem/serviços de terceiros; 3) Por maioria de votos, para negar provimento quanto ao crédito relativo às despesas de fretes na transferência de produtos acabados. 4) Por unanimidade de votos, para negar provimento quanto à demais matérias. Foi consignada, assim, a seguinte ementa: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/10/2008 a 30/09/2009 NÃO CUMULATIVIDADE. BASE DE CÁLCULO. APURAÇÃO. Para fins de cálculo na apuração do valor das contribuições para o PIS e Cofins, segundo o regime da não cumulatividade, a pessoa jurídica somente poderá descontar os créditos expressamente autorizados na legislação de regência. NÃO CUMULATIVIDADE. DIREITO DE CRÉDITO. BENS E SERVIÇOS UTILIZADOS COMO INSUMOS.CONCEITO Fl. 3014DF CARF MF Processo nº 11080.720525/201019 Acórdão n.º 9303005.151 CSRFT3 Fl. 5 4 Consideramse insumos, para fins de desconto de créditos na apuração das contribuições de PIS e/ou Cofins não cumulativos, os bens e serviços adquiridos de pessoas jurídicas domiciliadas no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda ou na prestação de serviços. MOVIMENTAÇÃO E ACONDICIONAMENTO DE MERCADORIAS. As despesas com a movimentação e o acondicionamento de mercadorias não podem ser descontadas como crédito da Cofins e da Contribuição para o PIS/Pasep, por não se configurarem como despesas de armazenamento. DESPESAS COM ARMAZENAGEM DE CARGAS x DESPESAS COM MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS. SOLUÇÃO DE CONSULTA. VINCULAÇÃO. Vinculase a contribuinte à solução de consulta por ela formulada que decide que as despesas com a movimentação e o acondicionamento de mercadorias não podem ser descontadas como crédito da Cofins e da Contribuição para o PIS/Pasep, por não se configurarem como despesa de armazenamento. CRÉDITOS. AQUISIÇÃO. INSUMOS NÃO SUJEITOS AO PAGAMENTO DA CONTRIBUIÇÃO (ALÍQUOTA ZERO. SUSPENSÃO). Com o advento da Lei nº 10.865, de 2004, que introduziu o parágrafo 2º, aos arts. 3º da Leis nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002 (PIS) e nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003 (COFINS), há impedimento para apuração de créditos relativos às contribuições para o PIS e Cofins decorrentes de aquisições de insumos não sujeitos ao pagamento das contribuições (alíquota zero, suspensão e isenção) utilizados na produção ou fabricação de produtos destinados à venda. CRÉDITO. FRETE DE INSUMOS. POSSIBILIDADE. INEXISTÊNCIA DE VINCULAÇÃO AO CRÉDITO DO BEM ADQUIRIDO. É permitido ao contribuinte tomar crédito do custo do transporte de insumos quando ainda em fase de produção. Neste diapasão, uma vez que o frete em si é tributado pelas contribuições, ainda que os objetos transportados se refiram a insumos que não sofreram a incidência do PIS e COFINS, o custo do serviço gera direito a crédito. Fl. 3015DF CARF MF Processo nº 11080.720525/201019 Acórdão n.º 9303005.151 CSRFT3 Fl. 6 5 CRÉDITO. FRETE NA TRANSFERÊNCIA DE PRODUTOS PRONTOS ENTRE ESTABELECIMENTOS DA EMPRESA Inexiste previsão legal para a utilização de créditos relativos a fretes realizados entre estabelecimentos da mesma empresa, não clientes, como forma de dedução para a apuração das Contribuições de PIS e Cofins não cumulativos. DESPESAS COM ALUGUEL DE VEÍCULOS. IMPOSSIBILIDADE DE CRÉDITO Na apuração do PIS e Cofins não cumulativos, é incabível o desconto de créditos calculados em relação ao valor incorrido no mês relativo aos aluguéis de veículos, posto não se confundir com o termo “máquinas” utilizados ao longo de toda legislação. CRÉDITO. NOTA FISCAL SEM RESSALVA. INEXISTÊNCIA DE DECLARAÇÃO. Não tendo o fornecedor exigido e nem o comprador fornecido a declaração do Anexo I da IN SRF nº 660/06 e não constando da nota fiscal que a venda foi efetuada com suspensão da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, presumese normal a operação de compra e venda e o respectivo crédito básico. Crédito concedido. Recurso Voluntário Provido em Parte” Irresignada, a Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial contra o acórdão proferido que reconheceu o direito ao crédito em relação às despesas com fretes de transferência de matériaprima entre os estabelecimentos e com fretes na aquisição de insumos tributados com alíquota zero ou adquiridos com suspensão do PIS e da Cofins. Traz em seu Recurso Especial, em síntese, que: · O regime da não cumulatividade busca desonerar a cadeia produtiva mediante a atribuição de crédito na aquisição dos insumos que serão utilizados no ciclo de produção de bens e serviços e esse é o entendimento dispensado ao creditamento das indigitadas contribuições tanto pela Lei 10.637/02, como pela Lei 10.833/03; Fl. 3016DF CARF MF Processo nº 11080.720525/201019 Acórdão n.º 9303005.151 CSRFT3 Fl. 7 6 · Referidas leis, ao definirem a possibilidade de creditamento de insumos, destacaram que estes serão, portanto, os bens e serviços, inclusive combustíveis e lubrificantes, utilizados na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda; · As hipóteses de desconto de créditos na apuração da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins devidas são exaustivamente estabelecidas pela Lei, não cabendo alteração por interpretação extensiva; · A título de interpretação e regulamentação do tema, a Receita Federal do Brasil editou as IN´s SRF 247/02 e 404/04, determinando que os bens e serviços utilizados como insumos e que ensejam o direito ao crédito destas contribuições devem: (i) ter interferido diretamente sobre o serviço ou produto vendidos, cuja receita de venda configurará base de cálculo dessas contribuições; (ii) ter sido utilizados na produção do bem ou na prestação do serviço que configuram a atividade fim da empresa, e não meras atividades acessórias. Em Despacho, foi dado seguimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. Continuando, o sujeito passivo traz manifestação requerendo que seja determinada a baixa do presente processo à instância de origem para a apuração e disponibilização do valor do crédito já reconhecido por este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – ou seja, o valor relativo ao crédito normal em relação à aquisição de arroz em casca, devidamente acrescido pela taxa Selic, desde a data do protocolo do Pedido de Ressarcimento, antes da apreciação do Recurso Especial interposto, conforme procedimento adotado nos demais processos da ora recorrente. Contrarrazões ao recurso especial interposto pela Fazenda Nacional foram apresentadas pelo sujeito passivo, aduzindo, entre outros, que: · Para se determinar o que seria insumo gerador do crédito do PIS e da Cofins é necessário verificar se o bem ou o serviço é essencial ao processo produtivo, ainda que dele não participe diretamente; Fl. 3017DF CARF MF Processo nº 11080.720525/201019 Acórdão n.º 9303005.151 CSRFT3 Fl. 8 7 · A essencialidade significa considerar todos os bens e serviços empregados direta ou indiretamente na fabricação do bem e na prestação do serviço cuja subtração importe na impossibilidade da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obste a atividade da empresa, ou implique em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes; · O insumo não precisa ser necessariamente aplicado ou consumido no processo produtivo, podendo abranger os custos indiretos da produção, conforme ocorre com o tratamento de efluentes – resíduos industriais · O sujeito passivo tem como atividade econômica a industrialização, a comercialização, a exportação e a importação de produtos de alimentação; · Por vezes, contrata os serviços de prestação de transporte para o fim de remessa e retorno da matériaprima, que após sofrer determinada etapa de industrialização, retornará para a conclusão. A transferência de matéria prima são serviços que envolvem as etapas de industrialização e é parte fundamental do processo produtivo; · Quanto as despesas de fretes nas aquisições de bens com alíquota zero de PIS e Cofins, o sujeito passivo adquiriu produtos sujeito à alíquota zero e às suas expensas contratou prestação de serviços de transporte de tais mercadorias apurando crédito sobre tais despesas. · O creditamento observou tão somente os valores referentes às despesas de fretes dos produtos, e não os valores de aquisição dos insumos adquiridos com alíquota zero das contribuições. Insatisfeito também, o sujeito passivo interpôs Recurso Especial contra o acórdão que entendeu não haver direito ao crédito de PIS e de Cofins sobre as despesas com fretes de transferência de produtos acabados entre os seus estabelecimentos. Traz, entre outros, que é legítima a apropriação de crédito de frete para transferência de produtos para o Centro de Distribuição, eis que seria mero desdobramento de operação de venda, encontrando previsão legal nos arts. 3º, inciso IX e 15, inciso II, da Lei 10.833/03. Proveitoso trazer que consta dos autos desse processo: Fl. 3018DF CARF MF Processo nº 11080.720525/201019 Acórdão n.º 9303005.151 CSRFT3 Fl. 9 8 · A discussão judicial motivada pelo sujeito passivo acerca da atualização do crédito concedido em acórdão de recurso voluntário e que não fora objeto de nova rediscussão nessa Câmara, eis que não houve interposição de recurso especial pela Fazenda Nacional em relação à determinada parte concedida pela turma a quo; · Manifestação do sujeito passivo acerca da compensação pretendida pela autoridade fazendária ao desejar ver seu direito constituído em relação a parte que efetivamente “ganhou” de forma definitiva quando da decisão proferida pela Câmara abaixo, esclarecendo que os débitos que entende a autoridade já foram objeto de quitação com adesão ao PRORELIT. Em Despacho, foi dado seguimento ao Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo. Contrarrazões foram apresentadas pela Fazenda Nacional, trazendo, entre outros, que: · Somente poderiam gerar direito a crédito da contribuição para o PIS as despesas com frete que estivessem estritamente relacionadas com operações de venda, a teor do inciso IX do art. 3º da Lei 10.833/03; · O serviço de transporte de produtos entre estabelecimentos da própria pessoa jurídica, analisado por este prisma, não pode ser considerado como insumo na produção, tendo em vista que, durante o transporte, inexiste qualquer alteração nesses produtos intermediários. É o relatório. Fl. 3019DF CARF MF Processo nº 11080.720525/201019 Acórdão n.º 9303005.151 CSRFT3 Fl. 10 9 Voto Vencido Conselheira Tatiana Midori Migiyama Relatora Depreendendose da análise dos Recursos interpostos pela Fazenda Nacional e pelo sujeito passivo, entendo que devo conhecêlos, eis que atendidos os pressupostos de admissibilidade dispostos pelo art. 67 do RICARF/2015 – Portaria MF 343/15 com alterações posteriores. No que tange ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, é de se recordar que tal recurso traz a discussão acerca da constituição de crédito das contribuições em relação às: · Despesas com fretes de transferência de matériaprima entre os estabelecimentos; e · Despesas com fretes na aquisição de insumos tributados com alíquota zero ou adquiridos com suspensão do PIS e da Cofins. Quanto às discussões suscitadas pela Fazenda Nacional, para se comprovar o dissenso em relação à 1ª matéria foram colacionados como paradigmas os Acórdão nºs 3801 002.668 e 3301002.298. Depreendendose da leitura dos acórdãos indicados como paradigmas, é de se trazer que, no acórdão recorrido, foi concedido o crédito sobre os fretes de transporte de insumo matériaprima para depósitos/estabelecimentos do sujeito passivo. Enquanto, nos acórdãos indicados como paradigmas, decidiuse que os valores com gastos com fretes somente geram direito de descontar créditos da contribuição se associados diretamente à operação de vendas das mercadorias e arcados pelo vendedor, bem como que os fretes incidentes nas aquisições de produtos para revenda e/ ou utilizados como insumos na produção de bens destinados a venda, desonerados da contribuição, no qual se incluem os insumos não tributados, sujeitos a suspensão decorrente do crédito presumido ou alíquota zero, não geram créditos passíveis de desconto/ressarcimento. No que tange à discussão acerca da existência de créditos em relação aos fretes na aquisição de insumos tributados com alíquota zero ou adquiridos com suspensão do Fl. 3020DF CARF MF Processo nº 11080.720525/201019 Acórdão n.º 9303005.151 CSRFT3 Fl. 11 10 PIS e da Cofins, vêse que para se comprovar o dissenso foram colacionados como paradigmas do recurso os acórdãos 3801002.668 e 3301002.298. Da leitura dos arestos, temse que o acórdão recorrido decidiu que cabe crédito integral de PIS e Cofins não cumulativos sobre o frete, independentemente de o insumo transportado não ser tributado ou estar sujeito ao crédito presumido ou alíquota zero. Enquanto, os acórdãos indicados como paradigmas contemplaram entendimentos divergentes – eis que se decidiu que os valores com gastos com fretes somente geram direito de descontar créditos da contribuição se associados diretamente à operação de vendas das mercadorias e arcados pelo vendedor, bem como que os fretes incidentes nas aquisições de produtos para revenda e/ ou utilizados como insumos na produção de bens destinados a venda, desonerados da contribuição, no qual se incluem os insumos não tributados, sujeitos a suspensão decorrente do crédito presumido ou alíquota zero, não geram créditos passíveis de desconto/ressarcimento. Em vista do exposto, conheço o Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional em sua integralidade. Ventiladas tais considerações, passo a analisar o Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo, que ressurgiu com a discussão acerca do direito ao crédito de PIS e de Cofins sobre as despesas com fretes de transferência de produtos acabados entre os seus estabelecimentos. No que tange a esse tema, para se comprovar o dissenso foi colacionado, como paradigma no recurso, o acórdão 3301001.577 – o que cabe recordar que no acórdão recorrido entendeuse que não há previsão legal para a constituição de crédito de PIS e de Cofins sobre os valores de fretes de produtos acabados realizados entre os estabelecimentos da mesma empresa, somente tendo direito de crédito o frete contratado para entrega de mercadorias aos clientes, na venda, quando o ônus for suportado pelo vendedor. Enquanto no acórdão paradigma entendeuse que as despesas com fretes para transporte de produtos em elaboração e, ou produtos acabados entre estabelecimentos do sujeito passivo, pagas e/ou creditadas a pessoas jurídicas, mediante conhecimento de transporte ou de notas fiscais de prestação de serviços, geram créditos básicos de PIS e Cofins. Sendo assim, é de se conhecer o Recurso interposto pelo sujeito passivo. Quanto às Contrarrazões apresentadas, não se devem ignorálas, pois foram apresentadas tempestivamente pela Fazenda Nacional e pelo sujeito passivo. Fl. 3021DF CARF MF Processo nº 11080.720525/201019 Acórdão n.º 9303005.151 CSRFT3 Fl. 12 11 Ventiladas tais considerações, importante, a priori, discorrer sobre os critérios a serem observados para a conceituação de insumo para a constituição do crédito de PIS e Cofins trazida pelas Leis 10.637/02 e 10.833/03, bem como para a aplicação do art. 3º, inciso IX, das Leis (“IX – armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor”). Em relação ao conceito de insumo, para fins de fruição do crédito de PIS e da COFINS não cumulativos, não é demais enfatizar que se trata de matéria controvérsia. Vêse que a Constituição Federal não outorgou poderes para a autoridade fazendária para se definir livremente o conteúdo da não cumulatividade. O que, por conseguinte, concluo que a devida observância da sistemática da não cumulatividade exige que se avalie a natureza das despesas incorridas pelo contribuinte – considerando a legislação vigente, bem como a natureza da sistemática da não cumulatividade. Sempre que estas despesas/custos se mostrarem essenciais ao exercício de sua atividade, devem implicar, a rigor, no abatimento de tais despesas como créditos descontados junto à receita bruta auferida. Importante elucidar que no IPI se tem critérios objetivos (desgaste durante o processo produtivo em contato direto com o bem produzido ou composição ao produto final), enquanto, no PIS e na COFINS essa definição sofre contornos subjetivos. Tenho que, para se estabelecer o que é o insumo gerador do crédito do PIS e da COFINS, ao meu sentir, tornase necessário analisar a essencialidade do bem ao processo produtivo da recorrente, ainda que dele não participe diretamente. Continuando, frisese tal entendimento que vincula o bem e serviço para fins de instituição do crédito do PIS e da Cofins com a essencialidade no processo produtivo o Acórdão 3403002.765 – que, por sua vez, traz em sua ementa: "O conceito de insumo, que confere o direito de crédito de PIS/Cofins não cumulativo, não se restringe aos conceitos de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, tal como traçados pela legislação do IPI. A configuração de insumo, para o efeito das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, depende da demonstração da aplicação do bem e serviço na atividade produtiva concretamente desenvolvida pelo contribuinte." Vêse que na sistemática não cumulativa do PIS e da COFINS o conteúdo semântico de insumo é mais amplo do que aquele da legislação do IPI, porém mais restrito Fl. 3022DF CARF MF Processo nº 11080.720525/201019 Acórdão n.º 9303005.151 CSRFT3 Fl. 13 12 do que aquele da legislação do imposto de renda, abrangendo os “bens” e serviços que integram o custo de produção. Ademais, vêse que, dentre todas as decisões do CARF e do STJ, é de se constatar que o entendimento predominante considera o princípio da essencialidade para fins de conceituação de insumo o que, em respeito a segurança jurídica das jurisprudências emitidas pelo Conselho e pelo Tribunal Superior, é de se atestar a observância do princípio da essencialidade para a adoção do conceito de insumo, afastando o entendimento restritivo dado pela autoridade fazendária na IN SRF 247/02. Não obstante a esses pontos, ressurgindome à questão posta, passo a discorrer sobre o tema desde a instituição da sistemática não cumulativa das r. contribuições. Em 30 de agosto de 2002, foi publicada a Medida Provisória 66/02, que dispôs sobre a sistemática não cumulativa do PIS, o que foi reproduzido pela Lei 10.637/02 (lei de conversão da MP 66/02) que, em seu art. 3º, inciso II, autorizou a apropriação de créditos calculados em relação a bens e serviços utilizados como insumos na fabricação de produtos destinados à venda. É a seguinte a redação do referido dispositivo: “Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI;” Em relação à COFINS, temse que, em 31 de outubro de 2003, foi publicada a MP 135/03, convertida na Lei 10.833/03, que dispôs sobre a sistemática não cumulatividade dessa contribuição, destacando o aproveitamento de créditos decorrentes da aquisição de insumos em seu art. 3º, inciso II, em redação idêntica àquela já existente para o PIS/Pasep, in verbis (Grifos meus): Fl. 3023DF CARF MF Processo nº 11080.720525/201019 Acórdão n.º 9303005.151 CSRFT3 Fl. 14 13 “Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei nº10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004)”. Posteriormente, em 31 de dezembro de 2003, foi publicada a Emenda Constitucional 42/2003, sendo inserida ao ordenamento jurídico o § 12 ao art. 195: “Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições: [...] §12 A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão não cumulativas.” Com o advento desse dispositivo, restou claro que a regulamentação da sistemática da não cumulatividade aplicável ao PIS e à COFINS ficaria sob a competência do legislador ordinário. Vêse, portanto, em consonância com o dispositivo constitucional, que não há respaldo legal para que seja adotado conceito excessivamente restritivo de "utilização na produção" (terminologia legal), tomandoo por "aplicação ou consumo direto na produção" e para que seja feito uso, na sistemática do PIS/Pasep e Cofins não cumulativos, do mesmo conceito de "insumos" adotado pela legislação própria do IPI. Fl. 3024DF CARF MF Processo nº 11080.720525/201019 Acórdão n.º 9303005.151 CSRFT3 Fl. 15 14 Nessa lei, há previsão para que sejam utilizados apenas subsidiariamente os conceitos de produção, matéria prima, produtos intermediários e material de embalagem previstos na legislação do IPI. É de se lembrar ainda que o IPI é um imposto que onera efetivamente o consumo, diferentemente do PIS e da Cofins que são contribuições que incidem sobre a receita, nos termos da legislação vigente. E nessa senda, haja vista que o IPI onera efetivamente o consumo, vêse que a não cumulatividade relacionase ao conceito de insumo como sendo o de bens que são consumidos ou desgastados durante a fabricação de produtos. Enquanto a sistemática não cumulativa das contribuições ao PIS e a Cofins está diretamente relacionada às receitas auferidas com a venda desses produtos. Sendo assim, resta claro que a sistemática da não cumulatividade das contribuições é diversa daquela do IPI, visto que a previsão legal possibilita a dedução dos valores de determinados bens e serviços suportados pela pessoa jurídica dos valores a serem recolhidos a título dessas contribuições, calculados pela aplicação da alíquota correspondente sobre a totalidade das receitas por ela auferidas. Não menos importante, vêse que, para fins de creditamento do PIS e da COFINS, admite se também que a prestação de serviços seja considerada como insumo, o que já leva à conclusão de que as próprias Leis 10.637/2002 e 10.833/2003 ampliaram a definição de "insumos", não se limitando apenas aos elementos físicos que compõem o produto. Nesse ponto, Marco Aurélio Grego (in "Conceito de insumo à luz da legislação de PIS/COFINS", Revista Fórum de Direito Tributário RFDT, ano1, n. 1, jan/fev.2003, Belo Horizonte: Fórum, 2003) diz que será efetivamente insumo ou serviço com direito ao crédito sempre que a atividade ou a utilidade forem necessárias à existência do processo ou do produto ou agregarem (ao processo ou ao produto) alguma qualidade que faça com que um dos dois adquira determinado padrão desejado. Sendo assim, seria insumo o serviço que contribua para o processo de produção – o que, podese concluir que o conceito de insumo efetivamente é amplo, alcançando as utilidades/necessidades disponibilizadas através de bens e serviços, desde que essencial para o processo ou para o produto finalizado, e não restritivo tal como traz a legislação do IPI. Fl. 3025DF CARF MF Processo nº 11080.720525/201019 Acórdão n.º 9303005.151 CSRFT3 Fl. 16 15 Frisese que o raciocínio de Marco Aurélio Greco traz, para tanto, os conceitos de essencialidade e necessidade ao processo produtivo. O que seria inexorável se concluir também pelo entendimento da autoridade fazendária que, por sua vez, validam o creditamento apenas quando houver efetiva incorporação do insumo ao processo produtivo de fabricação e comercialização de bens ou prestação de serviços, adotando o conceito de insumos de forma restrita, em analogia à conceituação adotada pela legislação do IPI, ferindo os termos trazidos pelas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, que, por sua vez, não tratou, tampouco conceituou dessa forma. Resta, por conseguinte, indiscutível a ilegalidade das Instruções Normativas SRF 247/02 e 404/04 quando adotam a definição de insumos semelhante à da legislação do IPI. As Instruções Normativas da Secretaria da Receita Federal do Brasil que restringem o conceito de insumos, não podem prevalecer, pois partem da premissa equivocada de que os créditos de PIS e COFINS teriam semelhança com os créditos de IPI. Isso, ao dispor: · O art. 66, § 5º, inciso I, da IN SRF 247/02 o que segue (Grifos meus): “Art. 66. A pessoa jurídica que apura o PIS/Pasep nãocumulativo com a alíquota prevista no art. 60 pode descontar créditos, determinados mediante a aplicação da mesma alíquota, sobre os valores: [...] § 5º Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput, entendese como insumos: (Incluído pela IN SRF 358, de 09/09/2003) I utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: (Incluído pela IN SRF 358, de 09/09/2003) a. Matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; (Incluído pela IN SRF 358, de 09/09/2003) Fl. 3026DF CARF MF Processo nº 11080.720525/201019 Acórdão n.º 9303005.151 CSRFT3 Fl. 17 16 b. Os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. (Incluído pela IN SRF 358, de 09/09/2003) [...]” · art. 8º, § 4ª, da IN SRF 404/04 (Grifos meus): “Art. 8 º Do valor apurado na forma do art. 7 º, a pessoa jurídica pode descontar créditos, determinados mediante a aplicação da mesma alíquota, sobre os valores: [...] § 4 º Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput, entendese como insumos: utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: a) a matériaprima, o produto intermediário, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto; II utilizados na prestação de serviços: a) os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado; e b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no país, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. [...]” Tais normas infraconstitucionais restringiram o conceito de insumo para fins de geração de crédito de PIS e COFINS, aplicandose os mesmos já trazidos pela legislação do IPI. O que entendo que a norma infraconstitucional não poderia extrapolar essa conceituação frente a intenção da instituição da sistemática da não cumulatividade das r. contribuições. Fl. 3027DF CARF MF Processo nº 11080.720525/201019 Acórdão n.º 9303005.151 CSRFT3 Fl. 18 17 A Receita Federal do Brasil extrapolou sua competência administrativa ao “legislar” limitando o direito creditório a ser apurado pelo sujeito passivo. Considerando que as Leis 10.637/02 e 10.833/03 trazem no conceito de insumo: a. Serviços utilizados na prestação de serviços; b. Serviços utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda; c. Bens utilizados na prestação de serviços; d. Bens utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda; e. Combustíveis e lubrificantes utilizados na prestação de serviços; f. Combustíveis e lubrificantes utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. Vêse claro, portanto, que não poderseia considerar para fins de definição de insumo o trazido pela legislação do IPI, já que serviços não são efetivamente insumos, se considerássemos os termos dessa norma. Não obstante, depreendendose da análise da legislação e seu histórico, bem como intenção do legislador, entendo também não ser cabível adotar de forma ampla o conceito trazido pela legislação do IRPJ como arcabouço interpretativo, tendo em vista que nem todas as despesas operacionais consideradas para fins de dedução de IRPJ e CSLL são utilizadas no processo produtivo e simultaneamente tratados como essenciais à produção. Ora, o termo "insumo" não devem necessariamente estar contidos nos custos e despesas operacionais, isso porque a própria legislação previu que algumas despesas não operacionais fossem passíveis de creditamento, tais como Despesas Financeiras, energia elétrica utilizada nos estabelecimentos da empresa, etc. O que entendo que os itens trazidos pelas Leis 10.637/02 e 10.833/03 que geram o creditamento, são taxativos, inclusive porque demonstram claramente as despesas, e não somente os custos que deveriam ser objeto na geração do crédito dessas contribuições. Eis que, se fossem exemplificativos, nem poderiam estender a conceituação de insumos as despesas operacionais que nem compõem o produto e serviços – o que até prejudicaria a inclusão de algumas despesas que não contribuem de forma essencial na produção. Fl. 3028DF CARF MF Processo nº 11080.720525/201019 Acórdão n.º 9303005.151 CSRFT3 Fl. 19 18 Nesse ínterim, cabe trazer que a observância do critério de se aplicar o conceito de “despesa necessária” para a definição de insumo, tal como preceituado no art. 299 do RIR/99 não seria a mais condizente, pois direciona a sistemática da não cumulatividade das referidas contribuições à sistemática de dedutibilidade aplicada para o imposto incidente sobre o lucro. O que, entendo que não há como se conferir que os custos ou despesas destinadas à aferição e lucro possam ser considerados como insumos necessários para o aferimento da receita. Com efeito, por conseguinte, podese concluir que a definição de “insumos” para efeito de geração de crédito das r. contribuições, deve observar o que segue: · Se o bem e o serviço são considerados essenciais na prestação de serviço ou produção; · Se a produção ou prestação de serviço são dependentes efetivamente da aquisição dos bens e serviços – ou seja, sejam considerados essenciais. Tanto é assim que, em julgado recente, no REsp 1.246.317, a Segunda Turma do STJ reconheceu o direito de uma empresa do setor de alimentos a compensar créditos de PIS e Cofins resultantes da compra de produtos de limpeza e de serviços de dedetização, com base no critério da essencialidade. Para melhor transparecer esse entendimento, trago a ementa do acórdão (Grifos meus): “PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO ART. 535, DO CPC. VIOLAÇÃO AO ART. 538, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 98/STJ. CONTRIBUIÇÕES AO PIS/PASEP E COFINS NÃOCUMULATIVAS. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. ART. 3º, II, DA LEI N. 10.637/2002 E ART. 3º, II, DA LEI N. 10.833/2003. ILEGALIDADE DAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS SRF N. 247/2002 E 404/2004. 1. Não viola o art. 535, do CPC, o acórdão que decide de forma suficientemente fundamentada a lide, muito embora não faça considerações sobre todas as teses jurídicas e artigos de lei invocados pelas partes. Fl. 3029DF CARF MF Processo nº 11080.720525/201019 Acórdão n.º 9303005.151 CSRFT3 Fl. 20 19 2. Agride o art. 538, parágrafo único, do CPC, o acórdão que aplica multa a embargos de declaração interpostos notadamente com o propósito de prequestionamento. Súmula n. 98/STJ: "Embargos de declaração manifestados com notório propósito de prequestionamento não têm caráter protelatório ". 3. São ilegais o art. 66, §5º, I, "a" e "b", da Instrução Normativa SRF n. 247/2002 Pis/Pasep (alterada pela Instrução Normativa SRF n. 358/2003) e o art. 8º, §4º, I, "a" e "b", da Instrução Normativa SRF n. 404/2004 Cofins, que restringiram indevidamente o conceito de "insumos" previsto no art. 3º, II, das Leis n. 10.637/2002 e n. 10.833/2003, respectivamente, para efeitos de creditamento na sistemática de não cumulatividade das ditas contribuições. 4. Conforme interpretação teleológica e sistemática do ordenamento jurídico em vigor, a conceituação de "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, não se identifica com a conceituação adotada na legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, posto que excessivamente restritiva. Do mesmo modo, não corresponde exatamente aos conceitos de "Custos e Despesas Operacionais" utilizados na legislação do Imposto de Renda IR, por que demasiadamente elastecidos. 5. São "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade da empresa, ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes. 6. Hipótese em que a recorrente é empresa fabricante de gêneros alimentícios sujeita, portanto, a rígidas normas de higiene e limpeza. No ramo a que pertence, as exigências de condições sanitárias das instalações se não atendidas implicam na própria impossibilidade da produção e em substancial perda de qualidade do produto resultante. A assepsia é essencial e imprescindível ao desenvolvimento de suas atividades. Não houvessem os Fl. 3030DF CARF MF Processo nº 11080.720525/201019 Acórdão n.º 9303005.151 CSRFT3 Fl. 21 20 efeitos desinfetantes, haveria a proliferação de microorganismos na maquinaria e no ambiente produtivo que agiriam sobre os alimentos, tornandoos impróprios para o consumo. Assim, impõese considerar a abrangência do termo "insumo" para contemplar, no creditamento, os materiais de limpeza e desinfecção, bem como os serviços de dedetização quando aplicados no ambiente produtivo de empresa fabricante de gêneros alimentícios. 7. Recurso especial provido.” Aquele colegiado entendeu que a assepsia do local, embora não esteja diretamente ligada ao processo produtivo, é medida imprescindível ao desenvolvimento das atividades em uma empresa do ramo alimentício. Em outro caso, o STJ reconheceu o direito aos créditos sobre embalagens utilizadas para a preservação das características dos produtos durante o transporte, condição essencial para a manutenção de sua qualidade (REsp 1.125.253). O que, peço vênia, para transcrever a ementa do acórdão: COFINS – NÃO CUMULATIVIDADE – INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA – POSSIBILIDADE – EMBALAGENS DE ACONDICIONAMENTO DESTINADAS A PRESERVAR AS CARACTERÍSTICAS DOS BENS DURANTE O TRANSPORTE, QUANDO O VENDEDOR ARCAR COM ESTE CUSTO – É INSUMO NOS TERMOS DO ART. 3º, II, DAS LEIS N. 10.637/2002 E 10.833/2003. 1. Hipótese de aplicação de interpretação extensiva de que resulta a simples inclusão de situação fática em hipótese legalmente prevista, que não ofende a legalidade estrita. Precedentes. 2. As embalagens de acondicionamento, utilizadas para a preservação das características dos bens durante o transporte, deverão ser consideradas como insumos nos termos definidos no art. 3º, II, das Leis n. 10.637/2002 e 10.833/2003 sempre que a operação de venda incluir o transporte das mercadorias e o vendedor arque com estes custos.” Fl. 3031DF CARF MF Processo nº 11080.720525/201019 Acórdão n.º 9303005.151 CSRFT3 Fl. 22 21 Tornase necessário se observar o princípio da essencialidade para a definição do conceito de insumos com a finalidade do reconhecimento do direito ao creditamento ao PIS/Cofins nãocumulativos. Sendo assim, entendo não ser aplicável o entendimento de que o consumo de tais bens e serviços sejam utilizados DIRETAMENTE no processo produtivo, bastando somente serem considerados como essencial à produção ou atividade da empresa. Dessa forma, para fins de se elucidar a atividade do sujeito passivo, importante recordar que o sujeito passivo é pessoa jurídica de direito privado, dos ramos de indústria, comércio, importação e exportação de alimentos, em especial, o arroz. Passadas tais considerações, no que tange ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, recordase que tal recurso traz a discussão acerca da constituição de crédito das contribuições em relação às: · Despesas com fretes de transferência de matériaprima entre os estabelecimentos; e · Despesas com fretes na aquisição de insumos tributados com alíquota zero ou adquiridos com suspensão do PIS e da Cofins. Ambos os fretes são essenciais para a atividade do sujeito passivo, pois estão vinculados com as etapas de industrialização do produto e seu objeto social, sendo enquadrados tais custos como insumos, nos termos do art. 3º, inciso II, das Leis 10.833/03 e 10.637/02. Vêse que tais custos nada diferem daqueles relacionados às máquinas de esteiras que levam a matériaprima de um lado para o outro na fábrica para a produção de determinada mercadoria. Ora, nesse caso, as matérias primas são direcionadas de um estabelecimento para o outro para a continuidade da industrialização/beneficiamento do produto. O que resta tratar esses custos como insumos. Ademais, é de se atentar que a legislação não traz restrição em relação à constituição de crédito das contribuições por ser o frete empregado ainda na aquisição de insumos tributados à alíquota zero, mas apenas às aquisições de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota zero, isentos ou não alcançados pela contribuição – art. 3º, § 2º, inciso II, das Leis 10.637/02 e 10.833/03. Fl. 3032DF CARF MF Processo nº 11080.720525/201019 Acórdão n.º 9303005.151 CSRFT3 Fl. 23 22 No caso vertente, o sujeito passivo adquiriu produtos sujeito à alíquota zero e às suas expensas contratou prestação de serviços de transporte de tais mercadorias apurando crédito sobre tais despesas. O que não há vedação legal e tais custos são essenciais à sua atividade. É de se clarificar que a constituição do crédito observou tão somente os valores referentes às despesas de fretes dos produtos, e não os valores de aquisição dos insumos adquiridos com alíquota zero das contribuições. Em vista de todo o exposto, voto por conhecer o Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e negarlhe provimento. Em relação ao Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo, que ressurgiu com a discussão acerca do direito ao crédito de PIS e de Cofins sobre as despesas com fretes de transferência de produtos acabados entre os seus estabelecimentos, entendo que lhe assiste razão. Eis que os fretes de produtos acabados em discussão, para sua atividade de comercialização, são essenciais para a sua atividade de “comercialização”, eis que: · Sua atividade impõe a transferência de seus produtos para Centros de Distribuição de sua propriedade; caso contrário, tornarseia inviável a venda de seus produtos para compradores das Regiões Sudeste, Centro Oeste e Nordeste do país; · Os grandes consumidores dos produtos industrializados e comercializados pelo sujeito passivo, possuem uma logística que não mais comporta grandes estoques, devido à extensa diversidade de produtos necessários para abastecer suas unidades, bem como devido ao custo que lhes geraria a manutenção de locais com o fito exclusivo de estocagem, visto a alta rotatividade dos produtos em seus estabelecimentos; O que, impõese para fins de comercialização e sobrevivência da empresa, os Centros de Distribuição; · O sujeito passivo, que possui sede em Porto Alegre, se viu obrigada a manter Centros de Distribuição em pontos estratégicos do país, considerando a localidade dos maiores demandantes de seus produtos. Considerando, então, a atividade do sujeito passivo, devese considerar os fretes como essenciais e, aplicandose o critério da essencialidade, é de se dar provimento ao recurso interposto pelo sujeito passivo. Fl. 3033DF CARF MF Processo nº 11080.720525/201019 Acórdão n.º 9303005.151 CSRFT3 Fl. 24 23 Não obstante à essa fundamentação e ignorandoa, cabe trazer que, tendo em vista que: · A maioria dos fretes são destinados ao Centro de Distribuição da empresa, para que se torne viável a remessa dos produtos e são realizados com a demora usual de 15 dias até a chegada do produto, para conseguir atender a sua demanda de pedidos, o sujeito passivo, devido à demora no trânsito das mercadorias, já transacionou as mercadorias, sendo que ao chegarem as mercadorias ao destino muitas já se encontram vendidas; · A mercadoria já é vendida em trânsito, para quando chegar ao Centro de Distribuição já sair para a pronta entrega ao adquirente, descaracterizando, assim, um frete para mero estoque com venda posterior. É de se entender que, em verdade, se trata de frete para a venda, passível de constituição de crédito das contribuições, nos termos do art. 3º, inciso IX, das Lei 10.833/03 e Lei 10.637/02 – pois a inteligência desse dispositivo considera o frete na “operação” de venda. A venda de per si para ser efetuada envolve vários eventos. Por isso, que a norma traz o termo “operação” de venda, e não frete de venda. Inclui, portanto, nesse dispositivo os serviços intermediários necessários para a efetivação da venda, dentre as quais o frete ora em discussão. Dessa forma, voto por conhecer o Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo, dandolhe provimento. Em vista de todo o exposto, concluo pelo conhecimento de ambos os recursos: · Negandolhe provimento ao recurso da Fazenda Nacional; · Dandolhe provimento ao recurso do sujeito passivo. (Assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama Fl. 3034DF CARF MF Processo nº 11080.720525/201019 Acórdão n.º 9303005.151 CSRFT3 Fl. 25 24 Voto Vencedor Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal – Redator designado Fui designado redator somente da parte em que a relatora foi vencida no recurso especial da Fazenda Nacional no que se refere à possibilidade de aproveitamento de créditos da não cumulatividade do PIS e da Cofins sobre serviços de frete na aquisição de insumos tributados com alíquota zero ou adquiridos com suspensão das referidas contribuições. Com todo respeito ao voto da ilustre relatora, não concordo com suas conclusões de que é possível tal creditamento. A discussão gira em torno do conceito de insumos para fins do creditamento do PIS e da Cofins no regime da nãocumulatividade previstos nas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003. Como visto a relatora aplicou o entendimento, bastante comum no âmbito do CARF, de que para dar direito ao crédito basta que o bem ou o serviço adquirido seja essencial para o exercício da atividade produtiva por parte do contribuinte. É uma interpretação bastante tentadora do ponto de vista lógico, porém, na minha opinião não tem respaldo na legislação que trata do assunto. Confesso que já compartilhei em parte deste entendimento, adotando uma posição intermediária quanto ao conceito de insumos. Porém, refleti melhor, e hoje entendo que a legislação do PIS/Cofins traz uma espécie de numerus clausus em relação aos bens e serviços considerados como insumos para fins de creditamento, ou seja, fora daqueles itens expressamente admitidos pela lei, não há possibilidade de aceitálos dentro do conceito de insumo. Conforme relatado o contribuinte adquire insumos com alíquota zero ou com suspensão da incidência do PIS e da Cofins e pretende creditarse dos serviços de frete contratados para o transporte desses insumos. Porém como veremos mais a frente não há previsão legal para o aproveitamento destes créditos no regime da não cumulatividade. A partir destes fatos, importante transcrever os artigos da legislação que tratam do creditamento de PIS e Cofins. Transcrevo somente os artigos da Lei 10.833/2003, da Cofins, pois repetem basicamente o que dispõe a Lei 10.637/2002 do PIS. Lei 10.833/2003: Fl. 3035DF CARF MF Processo nº 11080.720525/201019 Acórdão n.º 9303005.151 CSRFT3 Fl. 26 25 Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da Tipi; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) (...) IX armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor. (...) § 2o Não dará direito a crédito o valor: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) (...) II da aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota 0 (zero), isentos ou não alcançados pela contribuição. (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) Portanto da análise da legislação, entendo que o frete na aquisição de insumos só pode ser apropriado integrando o custo de aquisição do próprio insumo, ou seja, se o insumo é onerado pelo PIS e pela Cofins, o frete integra o seu custo de aquisição para fins de cálculo do crédito das contribuições. Não sendo o insumo tributado, como se apresenta no presente caso, não há previsão legal para este aproveitamento. Neste sentido destaco alguns trechos do voto vencido do acórdão recorrido, os quais espelham bem o meu entendimento a respeito do assunto: (...) Conforme já registrado alhures, repitase, sendo taxativas as hipóteses contidas nos incisos dos arts. 3º das Leis nº 10.637/02 (PIS) e nº 10.833/03 (COFINS) referente à autorização de uso de créditos aptos a serem descontados quando da apuração das contribuições, somente geram créditos os custos e despesas explicitamente relacionados nos incisos do próprio artigo, salvo se os custos e despesas integrarem os valores dos insumos utilizados na produção de bens ou na Fl. 3036DF CARF MF Processo nº 11080.720525/201019 Acórdão n.º 9303005.151 CSRFT3 Fl. 27 26 prestação de serviços, de acordo com a atividade da pessoa jurídica. Assim, se dá com os valores referentes aos fretes. Também já foi manifestado acima que, em conformidade com o prescrito no art. 3º das Leis nº 10.637/2002 (PIS) e 10.883/2003 (COFINS), somente em duas situações é possível creditarse do valor de frete para fins de apuração do PIS e COFINS: 1) Quando o valor do frete estiver contido no custo do insumo previsto no inciso II do referido art. 3º, seguindo, assim, a regra de crédito na aquisição do respectivo insumo; 2) Quando se trate de frete na operação de vendas, sendo o ônus suportado pelo vendedor, consoante previsão contida no inciso IX do mesmo artigo 3º. Se o frete pago pelo adquirente (como se dá no presente caso, segundo afirma a recorrente) compõe o valor do custo de aquisição do insumo e sendo este submetido à tributação do PIS e COFINS na sistemática da não cumulatividade, então o crédito a ser deduzido terá como base de cálculo o valor pago na aquisição do bem, que, por lógica, incluirá o valor do frete pago na aquisição de bens para revenda ou utilizado como insumo, posto que este valor do frete se agrega ao custo de aquisição do insumo. Para a apuração do crédito, aplicase, então, sobre tal valor de aquisição do insumo a alíquota prevista no caput do art. 2º das Leis nº 10.637/02 (PIS) e nº 10.833/03 (COFINS). É o que prescreve o dispositivo no §1º do art. 3º das leis de regência do PIS e COFINS não cumulativos: (...) Se o insumo tributado para as contribuições do PIS e Cofins, no entanto, está sujeito à alíquota zero ou à suspensão, o crédito encontrase vedado por determinação legal contida no Art. 3° §2° inciso II das Leis nº 10.637/02 (PIS) e nº 10.833/03 (COFINS). (...) Tal orientação consta no ajuda do preenchimento da DACON, conforme destacou a auditora fiscal na sua informação fiscal que a seguir se transcreve: “O frete faz parte do custo de aquisição dos bens e produtos adquiridos para revenda ou utilizados como insumos sendo essa a única forma que esses fretes entram na base de cálculo dos créditos, ou seja, como custo de aquisição e não como serviços utilizados como insumos e tal orientação inclusive consta do Ajuda do Dacon – Demonstrativo de Apuração das Contribuições Sóciais. AJUDA DO DACON – INSTRUÇÕES DE PREENCHIMENTO BASE DE CÁLCULO DOS CRÉDITOS À ALÍQUOTA DE 1,65% Linha 06A/01 – Bens para Revenda Informar nesta linha o valor das aquisições, efetuadas no mercado interno, de bens ou mercadorias para revenda. Atenção: 1) ... 2) ... Fl. 3037DF CARF MF Processo nº 11080.720525/201019 Acórdão n.º 9303005.151 CSRFT3 Fl. 28 27 3) Integram o custo de aquisição dos bens e das mercadorias o seguro e o frete pagos na aquisição, quando suportados pelo comprador. Linha 06A/02 – Bens Utilizados como Insumos Informar nesta linha o valor das aquisições, efetuadas no mercado interno, de bens utilizados como insumos na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. (..) 3) Integram o custo de aquisição dos insumos o seguro e o frete pagos na aquisição, quando suportados pelo comprador”. Não obstante tenha a recorrente alegado que o transportador das mercadorias constitui fato distinto da aquisição dos insumos, não comprovou ter contratado diretamente este serviço. Contudo, mesmo que houvesse comprovado, tal alegação é irrelevante para o presente caso. Pois que, em sendo de fato operação distinta da aquisição dos insumos, não compondo o frete em questão o custo de aquisição dos insumos, tal frete não poderia servir de base de apuração de crédito para dedução do PIS e COFINS, por total falta de previsão legal, já que não estaria inserta em nenhuma das hipóteses legais de crédito referente à frete acima mencionadas, sendo indevida a sua dedução. (...) Diante do exposto, voto por dar provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional em relação a esta matéria. (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Fl. 3038DF CARF MF Processo nº 11080.720525/201019 Acórdão n.º 9303005.151 CSRFT3 Fl. 29 28 Declaração de Voto Conselheiro Júlio César Alves Ramos Considerei conveniente explicitar as razões do meu voto, que pode parecer contraditório com outros que proferi. Como acredito já ser de conhecimento pleno, adoto como critério para definição do crédito de insumos a execução do serviço durante o processo produtivo. Acolhoo, portanto, sempre que o processo já tenha iniciado e ainda não tenha acabado. Créditos em outras situações, só com expressa previsão legal. Por isso, tenho reiteradamente reconhecido a possibilidade de crédito relativo a fretes nas transferências entre estabelecimentos ocorridas após o início do processo produtivo, isto é, aquelas que se refiram a movimentações de produtos em elaboração, em que o processo se inicia em um estabelecimento e tem prosseguimento e conclusão em outro(s). Com esse mesmo critério, tenho negado tal crédito quando as transferências se referem a produtos já acabados, pois, nesse caso, o processo já está encerrado, não se podendo enquadrar como insumo o frete a ele relativo, e tampouco se aplicando ao caso, em meu entender, o crédito do frete em operação de venda, pois venda alguma ainda se consumou. E também o nego quanto ao frete pago na aquisição de matérias primas, quando o processo sequer se iniciou. Por fim, e a meu ver, nenhuma relevância tem para tal definição que o produto que está sendo transportado (ou aquele que dele resultará) sofra uma efetiva incidência da contribuição em tela, bastando que o frete em si o seja e esteja na sistemática da não cumulatividade. Com essas balizas em mente é que aceitei o crédito nas transferências entre estabelecimentos de produtos em elaboração, ainda que não sofram a incidência da contribuição, e o neguei nas outras duas hipóteses, também independente de ser ele tributado ou não. Fl. 3039DF CARF MF Processo nº 11080.720525/201019 Acórdão n.º 9303005.151 CSRFT3 Fl. 30 29 Acredito não sejam essas, exatamente, as razões dos demais conselheiros que votaram dando provimento ao recurso do contribuinte e provimento parcial ao da Fazenda, daí a validade dessa declaração de voto. (assinado digitalmente) Júlio César Alves Ramos Fl. 3040DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 12466.000603/2010-01
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon May 22 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Jun 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Classificação de Mercadorias
Data do fato gerador: 11/03/2010
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. DESCRIÇÃO DETALHADA DA MERCADORIA INSUFICIENTE PARA DEFINIÇÃO DO CORRETO TRATAMENTO ADUANEIRO E TARIFÁRIO. INDEFERIMENTO.
Deve ser indeferido o pedido de restituição do imposto de importação para Declaração de Importação (DI) na qual a mercadoria não esteja corretamente descrita, com todos os elementos suficientes à definição do correto tratamento aduaneiro e tarifário pleiteado.
CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS. SISTEMA HAMONIZADO. ACORDO INTERNACIONAL. ATIVIDADE JURÍDICA QUE NÃO SE CONFUNDE COM PERÍCIA.
A classificação de mercadorias é atividade jurídica, calcada nas Regras constantes do Sistema Harmonizado, fruto de acordo regularmente incorporado ao ordenamento jurídico nacional, com estatura de paridade com alei ordinária brasileira, e não se confunde com a perícia. O perito, técnico em determinada área (química, mecânica, elétrica etc.) informa, se necessário, quais são as características e a composição da mercadoria, especificando-a, e o especialista em classificação (conhecedor das regras do SH e de outras normas complementares), então, classifica a mercadoria, seguindo tais disposições normativas.
CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS. NOME COMERCIAL. "NPEL 128". DESNECESSIDADE DE PERÍCIA.
Tendo o produto a ser classificado nome comercial que o individualize tecnicamente (no caso, "NPEL 128"), desnecessária a demanda por perícia, diante da existência de fichas técnicas sobre a mercadoria, especificando suas características.
CARF. SOLUÇÕES DE CONSULTA E DIVERGÊNCIA DA RFB. NÃO VINCULAÇÃO.
O CARF, por ser órgão externo à RFB, não é vinculado por Soluções de Consulta e de Divergência por ela emitidas, podendo emitir juízo independente sobre classificação de mercadorias, desde que calcado nas Regras do Sistema Harmonizado, e nas normas que o complementam, internacional, regional e nacionalmente.
Numero da decisão: 3401-003.762
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado. A Conselheira Larissa Nunes Girard atuou em substituição ao Conselheiro Robson José Bayerl, ausente justificadamente.
ROSALDO TREVISAN Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, André Henrique Lemos, Tiago Guerra Machado e Renato Vieira de Ávila.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Data do fato gerador: 11/03/2010 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. DESCRIÇÃO DETALHADA DA MERCADORIA INSUFICIENTE PARA DEFINIÇÃO DO CORRETO TRATAMENTO ADUANEIRO E TARIFÁRIO. INDEFERIMENTO. Deve ser indeferido o pedido de restituição do imposto de importação para Declaração de Importação (DI) na qual a mercadoria não esteja corretamente descrita, com todos os elementos suficientes à definição do correto tratamento aduaneiro e tarifário pleiteado. CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS. SISTEMA HAMONIZADO. ACORDO INTERNACIONAL. ATIVIDADE JURÍDICA QUE NÃO SE CONFUNDE COM PERÍCIA. A classificação de mercadorias é atividade jurídica, calcada nas Regras constantes do Sistema Harmonizado, fruto de acordo regularmente incorporado ao ordenamento jurídico nacional, com estatura de paridade com alei ordinária brasileira, e não se confunde com a perícia. O perito, técnico em determinada área (química, mecânica, elétrica etc.) informa, se necessário, quais são as características e a composição da mercadoria, especificandoa, e o especialista em classificação (conhecedor das regras do SH e de outras normas complementares), então, classifica a mercadoria, seguindo tais disposições normativas. CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS. NOME COMERCIAL. "NPEL 128". DESNECESSIDADE DE PERÍCIA. Tendo o produto a ser classificado nome comercial que o individualize tecnicamente (no caso, "NPEL 128"), desnecessária a demanda por perícia, diante da existência de fichas técnicas sobre a mercadoria, especificando suas características. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 46 6. 00 06 03 /2 01 0- 01 Fl. 314DF CARF MF 2 CARF. SOLUÇÕES DE CONSULTA E DIVERGÊNCIA DA RFB. NÃO VINCULAÇÃO. O CARF, por ser órgão externo à RFB, não é vinculado por Soluções de Consulta e de Divergência por ela emitidas, podendo emitir juízo independente sobre classificação de mercadorias, desde que calcado nas Regras do Sistema Harmonizado, e nas normas que o complementam, internacional, regional e nacionalmente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado. A Conselheira Larissa Nunes Girard atuou em substituição ao Conselheiro Robson José Bayerl, ausente justificadamente. ROSALDO TREVISAN – Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, André Henrique Lemos, Tiago Guerra Machado e Renato Vieira de Ávila. Relatório Versa o presente sobre o Pedido de Reconhecimento de Crédito decorrente de Retificação da Declaração de Importação (DI) no 09/01881362, registrada em 12/02/2009, e desembaraçada em 13/02/2009, em canal verde. Na retificação efetuada na DI (da classificação da mercadoria importada, “NPEL 128 – Resina Epóxida sem carga inorgânica, na forma líquida”, do código NCM 3907.30.29 para o código NCM 2910.90.90), pleiteiase o direito de restituição do imposto de importação, em função da diferença de alíquota entre os códigos, no valor de R$ 17.104,70, com fundamento “em decisão favorável proferida no Agravo de Instrumento no 2008.01.00.0706389/DF (originário do Mandado de Segurança no 2008.34.00.0029650). Os documentos referentes à DI e às retificações se encontram às fls. 3 a 10.1 Depois de ter vista aos autos da ação judicial, a fiscalização narra, na informação de fls. 114 a 116, que a empresa entendeu lhe ser favorável a decisão na Solução de Consulta SRRF/DIANA no 291, de 29/09/2006 (fls. 79 a 83, relativa, entre outros, a “NPEL 128”, a ser importado pela empresa, entendido como classificado no código NCM 2910.90.90), e que não houve apreciação da classificação da mercadoria pelo juízo, pelo que se recomendava a revisão aduaneira da DI. Anexase ainda aos autos a Solução de Divergência no 17, de 24/10/2007, proferida pela CoordenaçãoGeral de Administração Aduaneira (COANA), que reforma a Solução de Consulta SRRF/DIANA no 291/2006, entendendo como correta a 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 315DF CARF MF Processo nº 12466.000603/201001 Acórdão n.º 3401003.762 S3C4T1 Fl. 315 3 classificação do produto de nome comercial “NPEL 128” no código NCM 3907.30.29 (fls. 84 a 89). No parecer conclusivo de fls. 120 a 124, narra a fiscalização que: (a) na Solução de Consulta SRRF/DIANA no 291/2006 a empresa informa que a mercadoria objeto da consulta seria o composto epóxi fenólico NPEL 134 e NPEL 128, matériaprima para fabricação de resina epóxida, enquanto nas DI declara que a mercadoria importada seria resina epóxida NPEL 134 e NPEL 138; (b) a COANA expressamente reformou a Solução de Consulta SRRF/DIANA no 291/2006, em 24/10/2007, estabelecendo que o composto epóxi fenólico NPEL 128 classificase no código NCM 3907.30.29; (c) diante da reforma, a empresa foi cientificada sobre a improcedência da retificação, diante da divergência na descrição, e da impossibilidade de laudo técnico, em função de já estarem as mercadorias fora do recinto alfandegado; (d) que a empresa reconhece que existe a resina epóxida NPEL 128, mas que não a importa, mas sim a matériaprima composto epóxi fenólico NPEL 128; (e) a empresa impetrou o Mandado de Segurança no 2008.34.00.0029650 buscando fosse declarada a nulidade da Solução de Divergência COANA no 17/2007, mantendose os efeitos da Solução de Consulta SRRF/DIANA no 291/2006, sendo a sentença pela improcedência do pedido, havendo, no Agravo de Instrumento no 2008.01.00.0706389 sido autorizada a suspensão dos efeitos da Solução de Divergência COANA no 17/2007, mediante depósito judicial da diferença de tributos; (f) embora a empresa pleiteie a nulidade da referida solução de consulta, suas declarações de importação versam sobre resina epóxida NPEL 128, e não sobre a mercadoria objeto da consulta, como atesta o próprio exportador (NAN YA PLASTIC CORP); e (g) a empresa não se desincumbe do ônus de provar que as mercadorias declaradas pelo importador e pelo exportador na declaração de importação (e em outras 48 DI) como “resina epóxida NPEL 128” em verdade se tratavam de “composto epóxi fenólico NPEL 128”. Com fundamento em tal informação, o pedido de restituição é indeferido pelo Despacho Decisório de fl. 133, datado de 11/04/2013. Ciente do despacho em 02/12/2013 (fl. 133), a empresa apresenta, em 30/12/2013, a Manifestação de Inconformidade de fls. 135 a 146, sustentando, basicamente, que: (a) importa “composto epóxi fenólico NPEL 128”, utilizado como matériaprima para fabricação de resina epóxi, e o classifica no código NCM 29.10.90.90, recolhendo o imposto de importação á alíquota de 2%; (b) a classificação foi confirmada na Solução de Consulta SRRF/DIANA no 291/2006; (c) a empresa demandou retificação da DI, alterando o código NCM de 3907.30.29 para 29.10.90.90, e a autoridade fiscal a retificou e desembaraçou, mas tal retificação foi irregularmente tornada sem efeito pelo despacho decisório, sob o pretexto de que não mais se teria condição de avaliar as condições da mercadoria importada; (d) no despacho decisório, que reconhece a retificação efetuada pela fiscalização, não foi apresentada qualquer razão para que esta fosse desconsiderada; e (e) a alegação de que não havia mais condições de verificar a mercadoria é improcedente, visto que tal avaliação já foi realizada por diversas vezes pelo fisco (v.g., em agosto de 2003). A decisão de primeira instância, proferida em 21/05/2015 (fls. 221 a 227) é, unanimemente, pela improcedência da manifestação de inconformidade, e pela negativa de diligência, pelos seguintes fundamentos: (a) a solução de consulta formulada pelo sujeito passivo revela o pronunciamento formal da Administração sobre a classificação de mercadorias suscitada pelo consulente; (b) o pedido de retificação foi deferido por entender a autoridade fiscal que a decisão proferida no Agravo de Instrumento, ao deferir o efeito suspensivo ao recurso de apelação proposto pela requerente, implicaria atendimento ao pedido formulado pela interessada de retificação da DI em questão; (c) no momento do registro da DI encontravase em Fl. 316DF CARF MF 4 vigor a Solução de Divergência COANA no 17/2007, que determinava a classificação dos produtos denominados "resina epóxida NPEL128 e NPEL134” na NCM 3907.30.29, devendo tal norma ser cumprida pela Administração e pelo julgador administrativo da RFB; e (d) o efeito suspensivo atribuído ao recurso de agravo de instrumento pelo C.P.C. se refere unicamente às decisões de cunho positivo, ou seja, àquelas que concedem algo, não podendo tal efeito suspender uma tutela que havia sido negada pelo juízo a quo. Após ciência da decisão da DRJ, em 29/05/2015 (termo de fl. 231), a empresa apresenta o Recurso Voluntário de fls. 233 a 250, em 26/06/2015 (fl. 289), alegando reiterar os argumentos expressos na manifestação de inconformidade (de que houve retificação pela autoridade aduaneira, aceitando a alteração na classificação, e de que é inaplicável ao caso a Solução de Divergência COANA no 17/2007, porque a empresa importa “composto epóxi fenólico NPEL 128”, utilizado como matériaprima para fabricação de resina epóxi, e não “resina epóxi”, como comprovam os laudos técnicos juntados aos autos), e agregando que: (a) houve decadência, contandose mais de 5 anos entre a aceitação da retificação da DI e a decisão da DRJ; (b) em nome da verdade material, deve ser demandada diligência, para análise dos laudos elaborados, sob pena de nulidade; e (c) houve alteração de critério jurídico utilizado para a classificação fiscal, e a homologação do lançamento se deu com a retificação da DI e com a concordância da classificação fiscal adotada pela recorrente. Às fls. 293 a 313 são apresentadas cópias de peças judiciais (mandado de segurança e petição) nas quais se percebe que o juízo deferiu liminar para que se desse andamento, no prazo de quinze dias, a 19 processos administrativos, no CARF, entre os quais o presente. Em 30/03/2017, o processo foi a mim sorteado, para inclusão em pauta. Ao final de abril, fui informado, por email, pela assessoria jurídica do CARF, de que haveria decisão judicial determinando o julgamento imediato do processo, pelo que o incluí na primeira pauta subsequente. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso voluntário apresentado atende os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. O cerne da questão tratada no presente processo, e jamais submetida a juízo pela empresa, é a correta classificação das mercadorias importadas na DI no 09/01881362. Contudo, há que se enfrentar, preliminarmente, as alegações da empresa de que teria havido decadência. Das preliminares Fl. 317DF CARF MF Processo nº 12466.000603/201001 Acórdão n.º 3401003.762 S3C4T1 Fl. 316 5 A alegação de decadência é afastada de plano por revelar simples equívoco da recorrente em relação aos termos a serem utilizados para contagem do prazo, pois a empresa toma o julgamento da DRJ como se fosse a negativa originária do direito de restituição, olvidandose de que a DRJ é mera instância recursal, e que a negativa deriva do despacho decisório da unidade local (11/04/2013 fl. 133), que não apresenta interstício superior a cinco anos em relação ao pedido de restituição (datado de 11/03/2010 – fl. 3). Ainda como preliminar, cabe destacar que as Soluções de Consulta e de Divergência vinculam a RFB, instituição da qual faz parte tanto a autoridade aduaneira que aceitou a retificação quanto a DRJ. A Lei no 9.430/1996 o esclarece, em seus artigos 48 e 50: Art. 48. No âmbito da Secretaria da Receita Federal, os processos administrativos de consulta serão solucionados em instância única. (...) § 11. A solução da divergência acarretará, em qualquer hipótese, a edição de ato específico, uniformizando o entendimento, com imediata ciência ao destinatário da solução reformada, aplicandose seus efeitos a partir da data da ciência. § 12. Se, após a resposta à consulta, a administração alterar o entendimento nela expresso, a nova orientação atingirá, apenas, os fatos geradores que ocorram após dado ciência ao consulente ou após a sua publicação pela imprensa oficial. (...) Art. 50. Aplicamse aos processos de consulta relativos à classificação de mercadorias as disposições dos arts. 46 a 53 do Decreto no 70.235, de 6 de março de 1972 e do art. 48 desta Lei. § 1o O órgão de que trata o inciso I do § 1o do art. 48 poderá alterar ou reformar, de ofício, as decisões proferidas nos processos relativos à classificação de mercadorias. § 2o Da alteração ou reforma mencionada no parágrafo anterior, deverá ser dada ciência ao consulente. § 3o Em relação aos atos praticados até a data da ciência ao consulente, nos casos de que trata o § 1o deste artigo, aplicamse as conclusões da decisão proferida pelo órgão regional da Secretaria da Receita Federal. (...)” Assim, descabe à DRJ se manifestar sobre o conteúdo de Solução de Consulta ou de Divergência. Passamos, no entanto, a analisar a alegação de que a mercadoria importada efetivamente não corresponde àquela constante na Solução de Divergência COANA no 17/2007, porque a empresa importa “composto epóxi fenólico NPEL 128”, utilizado como matériaprima para fabricação de resina epóxi, e não “resina epóxi”. Para avaliar a afirmação, há que se estar certo sobre haver identidade entre a mercadoria importada e aquela presente na Solução de Consulta e na Solução de Divergência. Fl. 318DF CARF MF 6 Da mercadoria efetivamente importada Na DI no 09/01881362, em análise no presente processo, a empresa declara as mercadorias que está a importar, no campo “descrição detalhada da mercadoria”, como (fl. 9): A DI no 09/01881362, recordese, foi registrada em 12/02/2009, e desembaraçada em 13/02/2009, em canal verde (ou seja, com desembaraço automático pelo sistema SISCOMEX, sem ter havido verificação da mercadoria nem exame dos documentos de importação). A empresa, no campo livre “informações complementares” da referida DI, não sujeito a críticas ou a seletividade, pelo SISCOMEX, já informava que discordava da classificação que ela própria declarava na DI, dando a entender que algo a compelia a classificar o produto em tal código NCM (fl. 8): O pedido de retificação, alterando a classificação do código NCM 3907.30.29 para o código NCM 2910.90.90, mantendo intacta a descrição detalhada da mercadoria, aqui já transcrita, foi apresentado após o desembaraço, pelo importador, invocando decisão judicial (no Agravo de Instrumento no 2008.01.00.0706389/DF, relativo ao Mandado de Segurança no 2008.34.00.0029650 – peças judiciais às fls. 90 a 111). Reparese, por fim, que o pedido de retificação, apesar de alterar a classificação, mantém no texto das informações complementares a mensagem (que passa a ser contraditória) de que “a mercadoria NPEL 128 objeto da adição 001 foi classificada na posição (sic) 3907.30.29 em que pese não concordar, por entender que a classificação correta é a NCM 2910.90.90”. E adicionese que o pedido de retificação foi feito pelo importador, e inserido no SISCOMEX pela fiscalização tão somente porque após o desembaraço o importador não mais consegue, por si, inserir demandas de retificação no referido sistema. É o que dispõe a norma infralegal que disciplina a matéria, IN RFB no 680/2006, em seus artigos 44 e 45: “Art. 44. A retificação de informações prestadas na declaração, ou a inclusão de outras, no curso do despacho aduaneiro, ainda que por exigência da fiscalização aduaneira, será feita, pelo importador, no Siscomex. (...) Fl. 319DF CARF MF Processo nº 12466.000603/201001 Acórdão n.º 3401003.762 S3C4T1 Fl. 317 7 § 3o Em qualquer caso, a retificação da declaração não elide a aplicação das penalidades fiscais e sanções administrativas cabíveis. Art. 45. A retificação da declaração após o desembaraço aduaneiro, qualquer que tenha sido o canal de conferência aduaneira ou o regime tributário pleiteado, será realizada: I de ofício, na unidade da SRF onde for apurada, em ato de procedimento fiscal, a incorreção; ou II mediante solicitação do importador, formalizada em processo e instruída com provas de suas alegações e, se for o caso, do pagamento dos tributos, direitos comerciais, acréscimos moratórios e multas, inclusive as relativas a infrações administrativas ao controle das importações, devidos, e do atendimento de eventuais controles específicos sobre a mercadoria, de competência de outros órgãos ou agências da administração pública federal. (...) § 7o A retificação a que se refere o caput independe do procedimento de revisão aduaneira de toda a declaração de importação que, caso necessário, poderá ser proposta à unidade da SRF com jurisdição para fins de fiscalização dos tributos incidentes no comércio exterior, sobre o domicílio do importador.(...)” (grifo nosso) No caso, a retificação foi feita a pedido (e não de ofício), tendo sido recomendada a revisão aduaneira pela fiscalização, tendo em vista que a aceitação definitiva da retificação pendia de decisão judicial. Tudo conforme a legislação aduaneira. Das ações judiciais (AI no 2008.01.00.0706389/DF e MS no 2008.34.00.0029650) No relatório da sentença proferida no Mandado de Segurança em epígrafe, resta bem sintetizada a demanda da empresa em juízo: Fl. 320DF CARF MF 8 Adotando descrição da mercadoria diferente daquela que usou (e não retificou) na DI, a empresa afirma expressamente que formulou consulta em relação a tal mercadoria, e que a revisão efetuada pela COANA seria equivocada, por tratar de produtos diferentes dos que importa. Exemplar a informação do juízo de que a via mandamental é inadequada para discutir a classificação da mercadoria no Sistema Harmonizado: Passa, então, o Poder Judiciário apenas a analisar eventuais vícios na decisão da RFB, não os encontrando. E não há, nos autos, nenhuma decisão judicial em sentido contrário, sendo a única tutela obtida em juízo a referente à necessidade de análise célere do pleito pela Administração, e a presente no Agravo de Instrumento no 2008.01.00.0706389, no seguinte sentido: Fl. 321DF CARF MF Processo nº 12466.000603/201001 Acórdão n.º 3401003.762 S3C4T1 Fl. 318 9 A decisão judicial no Agravo de Instrumento é entendida pela autoridade local (fls. 114 a 116) como autorizando a empresa a classificar a mercadoria no código NCM 2910.90.90: E, por isso, é efetuada a retificação solicitada, no SISCOMEX, em 05/04/2010 (fls. 93/94), entendendose que a decisão judicial amparava a classificação a partir da interposição, em 24/01/2008 (fl. 118). No entanto, a restituição não é autorizada, tendo em vista que a descrição detalhada da mercadoria na DI, e endossada pelo exportador nas faturas comerciais, é incompatível com a tratada na Solução de Consulta (fl. 123): Fl. 322DF CARF MF 10 Daí o indeferimento da restituição, que não contrapõe a decisão judicial, nem a retificação efetuada, pois discute tema diverso: a ausência de prova de que a mercadoria efetivamente importada na DI se tratava de “composto epóxi fenólico NPEL 128”, contrariando a própria declaração da empresa e do exportador: Equivocado, assim, o argumento de defesa que entende que o indeferimento da restituição constitui uma rediscussão da retificação efetuada na classificação, e que a classificação correta seria, segundo o fisco, a indicada na Solução de Divergência COANA no 17/2007. Dita reclassificação, demandada pela empresa e efetuada pelo fisco “em decorrência de determinação judicial”, não constituiu a razão de indeferimento, mas a impossibilidade de se saber se a mercadoria efetivamente importada era a descrita pelo importador e pelo exportador como “resina epóxida, sem carga inorgânica, na forma líquida” (tanto antes quanto depois da reclassificação), endossada pela indisponibilidade da mercadoria para análise. Da Solução de Consulta SRRF/DIANA no 291, de 29/09/2006 A empresa, apesar de não incluir a referida Solução de Consulta no campo referente à justificativa da retificação, expressamente a menciona em sua defesa, defendendo que trata exatamente dos produtos que importa. Vejase, sobre o tema, a descrição no relatório da consulta (fl. 79): Fl. 323DF CARF MF Processo nº 12466.000603/201001 Acórdão n.º 3401003.762 S3C4T1 Fl. 319 11 No relatório da Solução de Consulta são mencionados diversos laudos, de períodos e declarações distintos, mas com o mesmo nome comercial de “NPEL 128”, um deles (FUCAMP) concluindo que a mercadoria era “resina epóxida, sem carga inorgânica, na forma líquida”, outro (IPT), que era uma “resina epóxi”, e outros (Maria C. H. Tcharbadjian e USP) que era “composto epóxi fenólico”. Não tendo sido possível ao laboratório da Aduana (LABOR) analisar a mercadoria, a classificação foi feita com base nas informações prestadas pelo consulente, como assevera a conclusão da Solução de Consulta (sintética, por sequer trafegar pelos textos das posições e notas do Sistema Harmonizado fl. 83): Assim, sequer houve análise efetiva da mercadoria pela Aduana durante o processo que culminou na Solução de Consulta SRRF/DIANA no 291/2006. Mas o relatório da Solução de Consulta é suficiente para que perceba que havia diferentes entendimentos a respeito do que seria o produto de nome comercial “NPEL 128”. Poderia ser o produto de nome comercial “NPEL 128” uma “resina epóxida, sem carga inorgânica, na forma líquida” (exatamente como a recorrente declarou na DI e como declarou o exportador na fatura comercial) ou um “composto epóxi fenólico” (como a própria recorrente defende que era o produto que importava). É nesse sentido que busca a Solução de Divergência COANA no 17/2007, com base na própria ficha técnica do produto de nome comercial “NPEL 128”, sua definição, obtendo o seguinte resultado: A nosso ver, então, pouco resta a eventual laudo técnico, sendo fácil classificar o produto a partir das próprias informações sobre sua composição, fornecidas na ficha técnica. E foi exatamente o que fez a Solução de Divergência COANA no 17/2007, que, indubitavelmente, trata do mesmo produto “NPEL 128”, agora sim percorrendo detidamente as Regas do Sistema Harmonizado. Aliás, se não tratasse de tal produto a divergência sequer faria sentido que ela reformasse a Solução de Consulta SRRF/DIANA no 291/2006. Vejase, para afastar qualquer dúvida, de qual produto do qual trata a solução de divergência (fl. 85): Fl. 324DF CARF MF 12 Assim, pouco importa que a empresa, ao alterar a classificação, tenha eventualmente esquecido de alterar também a descrição detalhada da mercadoria de “resina epóxida, sem carga inorgânica, na forma líquida” para “composto epóxi fenólico”. Isso porque o produto tem nome comercial conhecido, que permite, tecnicamente, sua categorização (“NPEL 128”). A prestação de informação incorreta na descrição da mercadoria tem como consequência, aqui, apenas o afastamento da discussão sobre esta conter todos os elementos necessários ao correto tratamento aduaneiro e enquadramento tarifário pleiteado, visto que o presente processo não trata de multa por erro na descrição da mercadoria. Entendemos, sabendo do que se trata o “NPEL 128”, ser possível a classificação da mercadoria, segundo as regras do Sistema Harmonizado, acordo internacional do qual o Brasil é signatário, tendo sido regularmente incorporado seu texto ao ordenamento jurídico nacional, o que confere ao tratado a estatura de paridade com a lei ordinária brasileira, como entende o STF (v.g., ADIN no 1.480/DF). Inócua, assim, a realização de diligências, pois se sabe a própria composição da mercadoria, em grau suficiente para se ter certeza sobre sua classificação no Sistema Harmonizado, qualquer que seja sua descrição detalhada na DI. No entanto, cabe esclarecer que o contencioso que a DRJ não podia oferecer à empresa, discutindo o mérito das Soluções de Consulta e Divergência, pode ser objeto de análise por este CARF, órgão externo à RFB. Na sequência, tratase do tema, após considerações iniciais esclarecedoras sobre a classificação de mercadorias. Da classificação de mercadorias A classificação de mercadorias se presta primordialmente à uniformização internacional. De nada adiantaria, por exemplo, pactuar alíquotas sobre o imposto de importação internacionalmente, se não fosse possível designar sobre quais produtos recai o acordo. A "Babel" de idiomas sempre foi um fator de dificuldade para o controle tributário e aduaneiro, e também para a elaboração de estatísticas de comércio internacional, e é agravada pelas diversas denominações que uma mercadoria pode ter mesmo dentro de um mesmo idioma (v.g., no Brasil, a tangerina, também denominada de mexerica, bergamota ou mimosa, entre outros). Embora haja registro de iniciativas no século XIX, na Europa, de confecção de listas alfabéticas de mercadorias, é em 29/12/1913, em Bruxelas, na segunda Conferência Internacional sobre Estatísticas Comerciais, que 29 países chegam à primeira nomenclatura de real importância, dividindo o universo de mercadorias em 186 posições, agrupadas em cinco capítulos: animais vivos, alimentos e bebidas, matériaprima ou simplesmente preparada, produtos manufaturados, e ouro e prata. Depois de diversas iniciativas, como a Nomenclatura de Genebra, da década de 30 do século passado, e a Nomenclatura Aduaneira de Bruxelas, de 1950, com o nome alterado, em 1974, para Nomenclatura do Conselho de Cooperação Fl. 325DF CARF MF Processo nº 12466.000603/201001 Acórdão n.º 3401003.762 S3C4T1 Fl. 320 13 Aduaneira – NCCA, chegase à Convenção do “Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias" (SH), aprovada em 1983, e que entrou em vigor internacional em 1o de janeiro de 1988.2 A Convenção do SH é hoje aplicada em âmbito mundial, não só entre os 155 países signatários, mas em suas relações com terceiros. No Brasil, a referida convenção foi aprovada pelo Decreto Legislativo no 71, de 11/10/1988, e promulgada pelo Decreto no 97.409, de 23/12/1988, com depósito internacional do instrumento de ratificação em 08/11/1988. Desde 1o de janeiro de 1989, a convenção é plenamente aplicável no Brasil, tendo, segundo entendimento dominante em nossa suprema corte, "status" de paridade com a lei ordinária.3 O Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias (SH) é uma nomenclatura estruturada sistematicamente buscando assegurar a classificação uniforme de todas as mercadorias (existentes ou que ainda existirão) no comércio internacional, e compreende seis Regras Gerais Interpretativas (RGI), Notas de Seção, de Capítulo e de Subposição, e 21 seções, totalizando 96 capítulos, com 1.244 posições, várias destas divididas em subposições de 1 travessão (primeiro nível) ou dois (segundo nível), formando aproximadamente 5.000 grupos de mercadorias, identificados por um código de 6 dígitos, conhecido como Código SH.4 Desde que não contrariem o estabelecido no SH, os países ou blocos regionais podem estabelecer complementos aos seis dígitos internacionalmente acordados, e utilizar a codificação inclusive para temas e tributos internos. A Nomenclatura Comum do MERCOSUL (NCM), que serve de base à aplicação da Tarifa Externa Comum (TEC), acrescenta aos seis dígitos formadores do código do Sistema Harmonizado mais dois, um referente ao item (sétimo dígito) e outro ao subitem (oitavo dígito). A inclusão de um par de dígitos efetuada na NCM demandou ainda a edição de Regras Gerais Complementares (RGC) às seis Regras Gerais do SH (para disciplinar a interpretação no que se refere a itens e subitens) e de Notas Complementares.5 2 DALSTON, Cesar Olivier. Classificando Mercadorias: uma Abordagem Didática da Ciência da Classificação de Mercadorias. 2. ed. São Paulo: Aduaneiras, 2014, p. 182187; BIZELLI, João dos Santos. Classificação fiscal de mercadorias. São Paulo: Aduaneiras, 2003, p. 14; e TREVISAN, Rosaldo. A revisão aduaneira de classificação de mercadorias na importação e a segurança jurídica: uma análise sistemática. In: BRANCO, Paulo Gonet; MEIRA, Liziane Angelotti; CORREIA NETO, Celso de Barros (coords.). Tributação e Direitos Fundamentais conforme a jurisprudência do STF e do STJ. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 358361. 3 Sobre a estatura de paridade dos tratados internacionais regularmente incorporados ao ordenamento jurídico brasileiro com as leis, vejase a ADIn n. 1.480DF. 4 Além do constante estabelecimento de atualizações na nomenclatura, decorrentes de descobertas e aperfeiçoamentos de novos produtos, há publicações complementares que auxiliam no processo de designação e classificação de mercadorias, como as Notas Explicativas do Sistema Harmonizado NESH (expressando o posicionamento oficial do CCAOMA), o índice alfabético do Sistema Harmonizado e das Notas Explicativas, publicado pelo CCAOMA, os pareceres de classificação emitidos pelo Comitê do Sistema Harmonizado, criado pela convenção, e os atos normativos emitidos por autoridades nacionais a respeito de classificação de mercadorias. 5 Em 01/01/1995, tendo em vista o Tratado de Assunção, os entendimentos havidos no âmbito do Mercosul, e a publicação do Decreto n. 1.343, de 23/12/1994, a antiga Tarifa Aduaneira do Brasil (TAB), que utilizava dez dígitos (os seis do SH mais dois para itens e dois para subitens), deu lugar à Tarifa Externa Comum (TEC), uniformemente adotada por todos os membros do bloco. Tal evolução serviu de base à substituição, em 01/01/1997, após a publicação do Decreto n. 1.767, de 28/12/1995, da Nomenclatura Brasileira de Mercadorias (NBM) pela Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM). Fl. 326DF CARF MF 14 Assim, se o Brasil, por exemplo, pactua internacionalmente as alíquotas máximas (no âmbito da Organização Mundial do Comércio OMC) ou a alíquota extrabloco (no âmbito do MERCOSUL) do imposto de importação para determinada classificação, tais pactos são aplicáveis ao que se entende internacionalmente abarcado por tal classificação. Não pode assim, o Brasil, dar a determinada expressão, utilizada na nomenclatura do SH, significado ou amplitude distinta da ali estabelecida, de modo a tornar não uniforme o termo, internacionalmente, sob pena de ser a medida, inclusive, interpretada como tratamento discriminatório no âmbito da OMC (Artigos I e III do GATT). É notório que a classificação de mercadorias é hoje tema complexo, que demanda atenção de especialistas na matéria. No entanto, não se pode confundir especialistas em classificação de mercadorias com especialistas em informar o que são determinadas mercadorias (em geral, peritos). O perito não tem a função de classificar mercadorias na nomenclatura. O perito químico, por exemplo, tem a função, entre outras, de, a partir da composição de determinada mercadoria, informar qual é seu nome técnico e quais são suas características. Esses aspectos são eminentemente técnicos. A classificação de mercadorias é atividade jurídica, a partir de informações técnicas. O perito, técnico em determinada área (mecânica, elétrica etc.) informa, se necessário, quais são as características e a composição da mercadoria, especificandoa, e o especialista em classificação (conhecedor das regras do SH e outras normas complementares), então, classifica a mercadoria, seguindo tais disposições normativas. Tais atividades não se confundem. No presente processo, já se sabe o nome técnico da mercadoria, e as características necessárias a sua classificação, e, por isso, é realmente inócua a diligência demandada pela empresa. Podese, então, classificar a mercadoria com fundamento nas Regras do Sistema Harmonizado à luz das informações prestadas nos próprios elementos já carreados aos autos. Cabe, no entanto, informar que a análise de classificação fiscal a ser empreendida por este colegiado administrativo, no curso do contencioso, no caso concreto, não se confunde com aquela que foi objeto de Solução de Consulta e de Solução de Divergência, aplicável, de forma geral, à empresa, o que é melhor esclarecido no tópico seguinte. Da relação do processo contencioso de classificação de mercadorias com o processo de consulta sobre classificação de mercadorias É um pressuposto do Sistema Harmonizado que para toda e qualquer mercadoria existente haja uma e tãosomente uma classificação correta na codificação de seis dígitos internacionalmente acordada (à qual, como exposto, foram agregados posteriormente, em 1995, dois dígitos, no âmbito do MERCOSUL). Na era da complexidade e da multifuncionalidade, contudo, nem sempre é fácil (aliás, quase sempre é difícil) identificar a correta classificação das mercadorias. Ainda mais porque a classificação envolve temas técnicos multidisciplinares, a serem apreciados à luz das Regras Gerais acordadas internacionalmente, e com auxílio de mecanismos gerenciados pela própria Convenção que disciplina o Sistema Harmonizado. Fl. 327DF CARF MF Processo nº 12466.000603/201001 Acórdão n.º 3401003.762 S3C4T1 Fl. 321 15 O Sistema Harmonizado, como estabelece a própria convenção (Artigo 1o, “a”), compreende as posições (quatro primeiros dígitos) e subposições (quinto e sexto dígitos) e seus respectivos códigos numéricos, as Notas de Seção, de Capítulo e de Subposição, bem como as seis Regras Gerais para interpretação (Anexo da Convenção), permitindo desdobramentos regionais (como o efetuado no âmbito do MERCOSUL, com a inclusão de item e subitem/sétimo e oitavo dígitos, e de duas Regas Gerais Complementares). A convenção cria ainda um Comitê (Artigo 6o), composto por representantes dos Estados Partes, estando entre as funções do Comitê (Artigo 7o, “b”) “redigir as Notas Explicativas, Pareceres de Classificação e outros pareceres para interpretação do Sistema Harmonizado” e formular recomendações em caso de controvérsias entre Estados Partes sobre interpretação e aplicação da convenção (Art. 10, 2). Assim, são hoje instrumentos para interpretação e aplicação das Regras do Sistema Harmonizado, além do texto da própria Convenção (e suas emendas), as seguintes publicações complementares: (a) as Notas Explicativas do Sistema Harmonizado (NESH)6, expressando o posicionamento do Conselho de Cooperação Aduaneira/CCA (conhecido como Organização Mundial de Aduanas/OMA), o índice alfabético do SH, também publicado pela OMA; e os pareceres de classificação emitidos pelo Comitê do SH7. Ao lado destes atos internacionais há ainda manifestações no âmbito do MERCOSUL8 e atos normativos nacionais, como Instruções Normativas (IN) da RFB e Atos Declaratórios Interpretativos da RFB (ADI). Para que o comerciante, industrial ou importador classifique as mercadorias a serem transacionadas neste vasto universo, seja para fins tributários, de tratamento administrativo ou outro, ou ainda para simples finalidade estatística, é preciso um conhecimento específico nem sempre disponível internamente nas empresas. E, como a classificação fiscal incorreta pode ocasionar, por exemplo, uma maior (ou menor) tributação, uma permissão (ou restrição, ou ainda vedação) à importação, ou mesmo a aplicação de penalidades, tornouse necessário o estabelecimento de um mecanismo pelo qual o órgão público nacional aplicador da convenção esclarecesse previamente aos comerciantes/industriais/importadores a correta classificação as mercadorias transacionadas, contribuindo para a segurança jurídica no comércio (nacional ou internacional). Antes mesmo da existência do Sistema Harmonizado, o processo de consulta sobre classificação de mercadorias já esteve9 inserido no próprio texto da norma que disciplina o processo administrativo de determinação e exigência de crédito tributário, Decreto no 70.235/1972 (arts. 46 a 58), que estabelecia processo em instância única (art. 54, III, “a”), a ser julgado pelo Coordenador do Sistema de Tributação. 6 A última versão traduzida para língua portuguesa das NESH foi aprovada pela Instrução Normativa no 1.260/2012. Segundo o art. 94, parágrafo único do atual Regulamento Aduaneiro (Decreto n. 6.759/2009), a interpretação do conteúdo das posições e desdobramentos da NCM será feita com observância das Regras Geria Interpretativas e Complementares, das Notas Complementares e, subsisiariamente, das NESH. 7 A IN RFB n. 1.459, de 28/03/2014 aprova o texto dos pareceres de classificação do Comitê do SH, e adota as decisões correspondentes. 8 A Comissão de Comércio do MERCOSUL (CCM) tem um Comitê Técnico (CT n. 1 "Tarifas, Nomenclatura e Classificação de Mercadorias") específico para o tratamento do tema. 9 Em verdade, ainda está ali inserido, devendose, na aplicação dos artigos correspondentes, observar também os comandos legais posteriores, que prevalecem em caso de divergência com a disicplina estabelecida no Decreto n. 70.235/1972. Fl. 328DF CARF MF 16 Já sob a égide do Sistema Harmonizado, a consulta sobre classificação de mercadorias ganha, no Brasil, disciplina legal e processo próprios, nos arts. 48 e 50 da Lei no 9.430/1996, aqui já citados, e que mantêm a apreciação em instância única, por órgão central (se a consulta for efetuada também por órgão central ou entidade representativa de âmbito nacional) ou regional da Secretaria da Receita Federal (hoje RFB). O texto do comando legal revela clara preocupação com a celeridade, com a eficiência, com a publicidade e com a segurança jurídica. E a disciplina da lei, em matéria de classificação de mercadorias, vem tanto nos Regulamentos Aduaneiros (Decreto no 4.543/2002 art. 701; e Decreto no 6.759/2009 – art. 790), como nas diversas (e sucessivas) Instruções Normativas da RFB sobre a matéria, sempre mantida a instância única, aliada à disciplina para recurso de divergência e da representação. Efetuei análise detalhada do tema em Declaração de Voto apresentada no Acórdão no 3403 003.186, de 20/08/2014, no qual também discuti os efeitos da consulta sobre o processo administrativo contencioso (naquele caso, referente a auto de infração, que adapto a este, que trata de pedido de restituição). Podese afirmar que a consulta sobre classificação de mercadorias se presta aparentemente a duas finalidades: (a) sanar dúvida do comerciante/industrial/importador sobre caso concreto, e (b) confirmar (ou não) o entendimento do comerciante/industrial/importador sobre a classificação empregada, protegendoo contra eventuais entendimentos diversos nas unidades fiscais da RFB. Há ainda uma terceira finalidade (relevante, mas pouco explorada), que seria a manutenção da livre concorrência (finalidade que não será tratada aqui por fugir ao escopo direto deste estudo).10 Contudo, ao analisar a legislação sobre a matéria, percebese que a primeira finalidade (sanar dúvida) é apenas aparente, pois no momento da consulta a empresa já deve indicar a classificação fiscal adotada e a pretendida, e os correspondentes critérios utilizados, (além de dados técnicos detalhados). Ademais, a consulta não se destina a mera prestação de assessoria jurídica ou contábilfiscal pela RFB. Retirase, assim, do cenário, a sedutora argumentação de que a consulta se presta a simplesmente ajudar o comerciante/industrial/importador a entender as Regras do Sistema Harmonizado ou a ensinálo como classificar as mercadorias que deseja transacionar. Concluise, então, que a real finalidade da consulta é confirmar (ou não) o entendimento do comerciante/industrial/importador sobre a classificação empregada, protegendoo contra eventuais entendimentos diversos nas unidades fiscais da RFB. E tal propósito é suficientemente nobre e homenageia a segurança jurídica, pois evita que a empresa, detentora de resposta oficial da RFB sobre qual é a classificação do produto transacionado seja surpreendida com entendimentos regionais, locais ou até individuais do fisco em sentido diverso. Abremse, assim, três possibilidades, em relação à consulta, partindose da premissa (para tornar mais completo o exemplo) de que a classificação adotada seja diferente 10 Se um comerciante/industrial/importador tem convicção da classificação adotada para determinado produto, mas tem ciência de que seus concorrentes utilizam outra classificação (às vezes, simplesmente para recolher menos tributos ou fugir a controles administrativos/aduaneiros), deveria existir um mecanismo tão ágil quanto a consulta para que, numa espécie de delação em prol da livre concorrência, o fisco pudesse garantir o recolhimento uniforme de tributos e o exercício uniforme dos controles apropriados. O próprio formulário eletrônico de consulta deveria permitir que a empresa revelasse (se soubesse) quais outras empresas comercializam/industrializam/importam o mesmo produto, e as respectivas classificações adotadas. Isso certamente contribuiria em proporção mais larga que a inicialmente imaginada pela IN para a uniformização da classificação de mercadorias no país. Fl. 329DF CARF MF Processo nº 12466.000603/201001 Acórdão n.º 3401003.762 S3C4T1 Fl. 322 17 da pretendida (e de que a empresa cumpra as demais regras necessárias à formulação da consulta, principalmente no que se refere à espontaneidade): (a) a resposta à consulta confirma a classificação adotada; (b) a resposta à consulta confirma a classificação pretendida; e (c) a resposta à consulta indica como correta uma terceira classificação. Em qualquer dos casos, durante o período da consulta (do protocolo até o 30o dia seguinte à ciência do resultado) não se pode iniciar qualquer procedimento fiscal relativamente à mercadoria consultada, e não são devidos acréscimos moratórios no caso de eventual pagamento. São os efeitos do próprio procedimento interno, independentemente do resultado da consulta. Sintetizando nosso raciocínio, também detalhado na Declaração de Voto formulada no Acórdão no 3403003.186, de 20/08/2014, temos que o atendimento ao resultado da solução de consulta/divergência impede a lavratura pela RFB de auto de infração em relação à matéria consultada. E o não atendimento ao resultado da solução de consulta, por sua vez, permite a lavratura da autuação, ou a negativa de restituição, que devem ser objeto de julgamento por rito absolutamente diverso daquele inerente ao processo de consulta, e com apreciação restrita à matéria objeto da autuação ou do pedido de restituição. No processo de consulta a solução dada pelo fisco se alastra no tempo, além do período que vai da consulta até a ciência do consulente. Não havendo disposição posterior (v.g. solução divergente, revogação de ofício ou ato normativo superveniente), os efeitos são eternos. E no processo de consulta sempre haverá a indicação da classificação correta, seja ela a adotada pelo consulente, a pretendida pelo consulente, ou outra. No processo de determinação e exigência de crédito tributário, referente a autuação ou a pedido de restituição, a solução dada restringese ao caso concreto analisado, sendo imprestável a vincular a fiscalização em casos ou períodos diversos, ainda que para o mesmo produto e para a mesma empresa. E em tal processo, não há a necessidade de que o julgador chegue à classificação correta. Basta que consiga comprovar que a classificação/argumentação adotada na autuação ou no pedido de restituição estava correta ou que deve ser afastada (sem que seja necessário seguir a busca pela classificação correta). Em suma, o afastamento dos efeitos da consulta se dá apenas dentro do rito processual relacionado às consultas, e não no rito de determinação e exigência de crédito tributário, ou de pedido de restituição, no qual a análise é restrita ao caso autuado, no período autuado, com os elementos constantes na autuação (sejam ou não eles simples cópia dos externados na Solução de Consulta/Divergência). E, por óbvio, a resposta obtida no processo de consulta não inibe o contencioso administrativo provocado pelo fisco em autuação, ou pela empresa, em pedido de restituição. Por isso, ao mesmo tempo em que se compreende ter a DRJ alegado estar vinculada pela Solução de Consulta/Divergência, decindindo ser a classificação aquela já fixada pela RFB e informada à própria empresa, passase aqui, no CARF, órgão externo à RFB, a analisar a procedência do pedido de restituição, no caso concreto, e com efeitos somente sobre ele, de forma independente ao resultado da Solução de Consulta/Divergência. Da classificação da mercadoria importada (“NPEL 128”) Fl. 330DF CARF MF 18 Como exposto no tópico anterior, a descrição do produto de nome comercial “NPEL 128” deixa pouca margem de dúvidas ao classificador. E a ficha técnica indicada na Solução de Divergência não representa palpite sobre o produto extraído da internet, mas efetivamente ficha técnica de instituição especialista no tema. Aliás, não é difícil endossar a definição do “NPEL 128” nos sites especializados sobre o tema, inclusive fazendo menção ao fabricante “NAN YA”: “NAN YA EPOXY RESIN NPEL128 General: NPEL128 is a liquid resin,which is manufactured from bisphenolA and epichlorohydrin. It is recognized as standard form which vari ations have been developed. Cured NPEL128 always offers quality and high purity properties in applications,such as maximun mechanical strength,good chemical resistance and excellent heat resistance,etc.” (disponível em: http://www.compositesone.com/wp content/uploads/2013/07/NPEL128.pdf, acesso em 09 mai.2017) “Product Class:Resin Product Name:NPEL128 Supplier Name:NanYa NPEL128 is a liquid resin, which is manufactured from bisphenolA and epichlorohydrin. It is recognized as the standard form which variations have been developed. Cured NPEL128 always offers quality and high purity properties in applications, such as maximum mechanical strength, good chemical resistance and excellent heat resistance, etc.” (disponível em: http://www.fitzchem.com/npel128.html, acesso em 09 mai.2017) “IDENTIFICATION OF THE PRODUCT AND OF THE COMPANY Trade name: NPEL128 Company identification: NAN YA Plastics Corporation Ingredients: BisphenolA epoxy resin(number average molecular weight < 700)” (disponível em: http://www.ankushenterprise.com/pdf/epoxy_resins/epoxyNPEL 128.pdf, acesso em 09 mai.2017) “Nan Ya NPEL128 Multiple Nan Ya Plastics Corp NPEL128 is a liquid Bisphenol A type epoxy resin.” (disponível em: http://maroon.maroongroupllc.com/products/nan ya%20npel128, acesso em 09 mai.2017) “NPEL 128R Technical DataSheet | Supplied by Nan Ya Fl. 331DF CARF MF Processo nº 12466.000603/201001 Acórdão n.º 3401003.762 S3C4T1 Fl. 323 19 Lesscrystallizable, epoxy resin produced with bisphenolA and epichlorohydrin. Used in cationic electrodeposition coating and solventfree paint. Offers nonvolatility when curing, small shrinkage, very good dimension stability and electric and mechanism properties, water and chemical resistance, very good adhesive performance with metals, woods, concrete, ceramic and glass, very good performance on hardness and abrasion and storage stability. Can be used in combination with various hardeners, diluents and fillers.” (disponível em: http://coatings.specialchem.com/product/rnanyanpel128r, acesso em 09 mai.2017) Veja que não se está exemplificando o exposto com sítios de “blogs” ou “wikipedia”, ou sites leigos/vulgares sobre o tema, mas em catálogos internacionais, por meio dos quais, inclusive, é possível comprar o produto de nome comercial “NPEL 128”, produzido pelo fabricante “NAN YA”. E, sabendose das características do produto, não é difícil acompanhar o raciocínio empreendido na Solução de Divergência COANA no 17/2007, o que, por óbvio, não se confunde com aplicála ao caso. De acordo com a Regra Geral Interpretativa (RGI) no 1, do Sistema Harmonizado: “Os títulos das Seções, Capítulos e Subcapítulos têm apenas valor indicativo. Para os efeitos legais, a classificação é determinada pelos textos das posições e das Notas de Seção e de Capítulo e, desde que não sejam contrárias aos textos das referidas posições e Notas, pelas Regras seguintes”. Vejamos, então, os textos das posições em discussão, a posição 29.10, defendida como correta pela empresa no pedido de retificação e a posição 39.07, na qual a empresa originalmente classifica os produtos: Para se resolver o presente contencioso, desnecessário seguir adiante na classificação (determinando, na sequência, o quinto, o sexto, o sétimo e o oitavo dígitos do código NCM, obrigatoriamente nessa ordem, em função da RGI no 6 e da Regra Geral Complementar – RGC no 1), bastando informar qual a posição correta (quatro primeiros dígitos, que é por onde se inicia a classificação, em obediência à RGI no1, aqui já transcrita. E a mesma RGI no1 remete às notas de capítulo, como a Nota 1, “a” do Capítulo 29, que estabelece: Fl. 332DF CARF MF 20 Como o equivalente epóxido do “NPEL 128” se estende ao longo de uma faixa, não se pode entender ser o produto de constituição química definida, sendo incabível a classificação na posição 29.10. Logo, a classificação do “NPEL 128” jamais poderia ser a solicitada na retificação (código NCM 2910.90.90). Por mais que não seja aqui necessário endossar a classificação externada na Solução de Divergência COANA no 17/2007 (código NCM 3907.30.29), bastando afastar a posição pretendida no pedido de restituição, cabe destacar que, internacionalmente, há precedentes no sentido de que o código SH correto é 3907.30, como a lista de concessões tarifárias da Nova Zelândia, afetada pelo mesmo Sistema Harmonizado (SH), com vigor internacional, nos seis primeiros dígitos: 3907.30.09: Epoxy resin, viz: NPEK114, NPEK115, NPEK 132, NPEF164X, NPEF170, NPEF185, Free Free 99 999554E 3/03 NPSN134X90, NPSN901X75, NPEF187, NPES601, NPES604, NPES607, NPES609A, NPEL128, NPES609C, NPES609D, NPES627, NPES629, NPES901, NPES902, NPES903, NPES904, NPES301, NPSN301X65, NPSN 301X75. (grifo nosso) (disponível em: http://www.customs.govt.nz/news/resources/listsandguides/docu ments/approvals.pdf, acesso em 09 mai.2017) Caso se desejasse adquirir o produto, adicionese ainda, a título ilustrativo, que as informações dos exportadores/vendedores, disponíveis em seus sítios web, informam (v.g., Resin NPEL Buyers e Drum NPEL Buyers) ser a classificação tarifária no código SH 3907.30. E, recordese, os seis primeiros dígitos, conforme o SH, são de caráter internacional. Reiterese que o CARF, por ser órgão externo à RFB, não é vinculado pelas Soluções de Consulta e Divergência por ela emitidas, podendo analisar de forma independente a matéria, como aqui se faz, por mais que haja coincidência de argumentos em relação àqueles invocados na Solução de Divergência COANA no 17/2007. Assim, é absolutamente irrelevante, neste julgamento administrativo, eventual afastamento judicial da Solução de Divergência COANA no 17/2007, pois as razões de decidir desta turma não são dela extraídas, mas apenas com ela coincidentes. No pedido de restituição, é inegável que a empresa discorda da própria descrição detalhada da mercadoria por ela inserida (e mantida) na DI, e endossada pelo exportador. Com razão, então, a unidade local em indeferir o pleito, por carência probatória. E, aqui neste voto, destacase que, ainda que, eventualmente, superada a alegação de carência probatória, em virtude do aqui exposto, em relação ao nome comercial do produto, restaria incorreta a classificação demandada. E não pode o colegiado autorizar a restituição de quantia que se sabe indevida. Com relação à alegação de alteração de critério jurídico, inaugurada no recurso voluntário, com fundamento no artigo 146 do Código Tributário Nacional, é Fl. 333DF CARF MF Processo nº 12466.000603/201001 Acórdão n.º 3401003.762 S3C4T1 Fl. 324 21 conveniente destacar que aqui que, ao contrário dos processos comumente tratados por este colegiado sobre o tema, encontrase, efetivamente, no caso, uma alteração de critério jurídico. O critério jurídico (seja ele correto ou incorreto) fixado pela fiscalização, para a empresa, após a ciência da Solução de Consulta SRRF/DIANA no 291, de 29/09/2006, era o de que a classificação do produto de nome comercial “NPEL 128” se dava no código NCM 2910.90.90. E tal entendimento foi revisto pela Solução de Divergência COANA no 17, de 24/10/2007, que passou a entender que o mesmo produto deveria ser classificado no código NCM 3907.30.29. Reparese que não poderia o novo entendimento externado na Solução de Divergência COANA no 17/2007 retroagir a importações da empresa efetuadas antes de sua emissão (em 2006, por exemplo). Mas não é o que se vê nos autos, que trata de importação de 2009. E a retificação proposta após o desembaraço aduaneiro e registrada no SISCOMEX pela fiscalização, a pedido da empresa, está longe de constituir um critério jurídico, ou uma homologação de lançamento, afinal de contas, deuse em função de decisão judicial, a título precário, e que ainda pendia de análise definitiva. Se houve, em tal ato de retificação, um critério jurídico, tal critério seria o seguinte: “respeitese a decisão judicial”. Tal decisão judicial até podia ser um óbice à apreciação pelos órgãos que necessitavam da Solução de Divergência COANA no 17/2007 para decidir, como a unidade local da RFB e a DRJ, mas tal problema não se apresenta neste tribunal administrativo, que pode emitir decisões de forma independente à externada em Soluções de Consulta e Divergência proferidas pela RFB. Para fazer jus à restituição, deveria a empresa comprovar que a mercadoria que sempre declarou como “resina epóxi” não era resina epóxi (erro de fato), não com laudos técnicos contraditórios, mas com demonstração inequívoca, ou ao menos convincente o suficiente para demandar diligência a fim de melhor esclarecer os fatos. Mas, a nosso ver, tal tarefa esbarraria, ainda, na comprovação da correção da classificação demandada, diante da existência de nome comercial para o produto, como aqui exposto. E fracassa a defesa nas duas providências. Das considerações finais Por todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário apresentado. Rosaldo Trevisan Fl. 334DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10930.003414/95-60
Turma: Segunda Câmara
Seção: Segundo Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Wed Sep 17 00:00:00 UTC 1997
Ementa: ITR - I) NORMAS PROCESSUAIS: O disposto no art. 147, § lº do Código Tributário Nacional, não impede o contribuinte de impugnar informações por ele mesmo prestadas na DITR, no âmbito do processo administrativo fiscal; II) ÁREAS IMPUGNADAS ACEITAS: Laudo técnico emitido por Engenheiro Agrônomo, acompanhado de cópia da Anotação de Responsabilidade Técnica - ART, devidamente registrada no CREA, constitui elemento hábil comprobatório
de erro de fato alegado nas informações prestadas relativas às áreas de preservação permanente (art. 2 do Código Florestal), imprestáveis, ocupadas por benfeitorias e de criação animal; III) VTN: Não é suficiente como prova para impugnar o VTNm Laudo de Avaliação que não demonstra o atendimento aos requisitos das Normas da ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas (NBR 8799), através da explicitação dos métodos avaliatórios e fontes
pesquisadas que levaram à convicção do valor atribuído ao imóvel e dos bens nele incorporados.
Recurso provido em parte.
Numero da decisão: 202-09.557
Decisão: ACORDAM os Membros da Segunda Câmara do Segundo Conselho de
Contribuintes, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator.
Nome do relator: Antonio Carlos Bueno Ribeiro
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CDe ...... jW4 ............... MINISTÉRIO DA FAZENDA C --------------- Rubrica SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES '6535 Processo : 10930.003414/95-60 Acórdão : 202-09.557 Sessão • 17 de setembro de 1997 Recurso : 99.842 Recorrente : VICENTE VANDERLE I PIZZA Recorrida : DRJ em Curitiba - PR ITR - I) NORMAS PROCESSUAIS: O disposto no art. 147, § l, do Código Tributário Nacional, não impede o contribuinte de impugnar informações por ele mesmo prestadas na DITR, no âmbito do processo administrativo fiscal; II) ÁREAS IMPUGNADAS ACEITAS: Laudo técnico emitido por Engenheiro Agrônomo, acompanhado de cópia da Anotação de Responsabilidade Técnica - ART, devidamente registrada no CREA, constitui elemento hábil comprobatório de erro de fato alegado nas informações prestadas relativas às áreas de preservação permanente (art. 2 do Código Florestal), imprestáveis, ocupadas por benfeitorias e de criação animal; III) VTN: Não é suficiente como prova para impugnar o VTNm Laudo de Avaliação que não demonstra o atendimento aos requisitos das Normas da ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas (NBR 8799), através da explicitação dos métodos avaliatórios e fontes pesquisadas que levaram à convicção do valor atribuído ao imóvel e dos bens nele incorporados. Recurso provido em parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso interposto por: VICENTE VANDERLEI PIZZA. ACORDAM os Membros da Segunda Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. Sala das Sessie 17 de setembro de 1997 Á Ma Vinícius eder de Lima ' residente .JI1eno Riberro elator Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Helvio Escovedo Barcellos, Tarásio Campelo Borges, Oswaldo Tancredo de Oliveira, José de Almeida Coelho, Antonio Sinhiti Myasava e José Cabral Garofano. /OVRS/ 1 de:2, MINISTÉRIO DA FAZENDA SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10930.003414/95-60 Acórdão : 202-09.557 Recurso : 99.842 Recorrente : VICENTE VANDERLET PIZZA RELATÓRIO Em atenção à Diligência ri 202-01.865, decidida na Sessão de 27.02.97 deste Colegiado, cujo relatório e voto leio para lembrança dos Srs. Conselheiros, foi anexado aos autos o Laudo de Avaliação e Vistoria Técnica de fls. 40/49, elaborado pela EMPAER-MT. É o relatório. 2 MINISTÉRIO DA FAZENDA *04 SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10930.003414/95-60 Acórdão : 202-09.557 VOTO DO CONSELHEIRO-RELATOR ANTÔNIO CARLOS BUENO RIBEIRO Conforme relatado, a Recorrente contesta o lançamento do ITR/94 referente ao imóvel em foco com alegações que implicam em negar as informações por ele mesma prestadas nas quais o dito lançamento se fundou. Embora não haja dúvidas quanto a impossibilidade de o Contribuinte apresentar declaração retificadora visando a reduzir ou a excluir tributo sem atendimento das condições estabelecidas no § 1' do art. 147 do CTN (comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado do lançamento), este Colegiado já firmou entendimento que isto não o impede de impugnar, no âmbito do processo administrativo fiscal, informações por ele mesmo prestadas, sob pena de afrontar o princípio da verdade material e do amplo direito de defesa garantido pela Constituição. O fato de a norma complementar em comento estabelecer, como condição de admissibilidade do pedido de retificação da declaração, que ele seja anterior à notificação do lançamento, deixa claro que as suas disposições regulam procedimentos que antecedem ao lançamento propriamente dito. Assim, uma vez constituído o crédito tributário, a suspensão da sua exigibilidade, através de reclamações e recursos, só está adstrita aos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo, é o que dispõe o art. 151, I, do Código Tributário Nacional. Aliás, outro não é o entendimento da Administração Tributária sobre este assunto, conforme expresso pela Coordenação do Sistema de Tributação, em situação análoga, através da Orientação Normativa Interna n2 15/76, a saber: "Cabe impugnação contra lançamento efetuado a maior por erro cometido pelo contribuinte ao prestar a declaração de rendimentos, inobstante vedada a retificação propriamente dita desta última." E, especificamente, nas instruções estabelecendo procedimentos relativos à administração do ITR e seus consectários, como nos dá conta, por exemplo, os itens ai? transcritos da NORMA DE EXECUÇÃO SRF/COSAR/COSIT/N 02/96: 3 3“, MINISTÉRIO DA FAZENDA SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10930.003414/95-60 Acórdão : 202-09.557 CC 49. A reclamação, formalizada através de Solicitação de Retificação de Lançamento - SRL/ITR, ou de impugnação, mencionará os motivos de fato e de direito em que se fundamenta. 49.1 - A reclamação que versar sobre matéria de fato, isto é, discordância do contribuinte quanto aos dados informados por ele na DITR, deverá estar acompanhada dos documentos relacionados no ANEXO IX, conforme o caso, comprobatórios do erro de fato alegado. 54.1 - sendo a decisão favorável ou favorável em parte ao contribuinte, demandará nova emissão de notificação/DARF, que será comandada no Sistema ITR - MÓDULO DADOS DE LANÇAMENTO, via opção RETIFICAÇÃO (3LANCANTER), quando forem necessárias alterações cadastrais, mantendo-se a data de vencimento original. Quando se tratar de alteração do VTN utilizado no lançamento do imóvel rural, ela será feita via opção Lançamento Especial (7ESPECIAL); 77 Portanto, uma vez instaurado o litígio, incumbe ao contribuinte provar o erro que alega em toda a sua extensão e através de elementos hábeis, em conformidade com o disposto no art. 16 do Decreto n 70.235/72. A seguir, passo a examinar a suficiência das provas apresentadas e complementadas através de diligência pela Recorrente com vistas a demonstrar que devido a erros cometidos na DITR/94 o imposto lançado estaria excessivo. No tocante à área de reserva legal, apontada no Laudo de fls. 40/49 como sendo de 573, 4 ha, a ausência de prova de sua averbação no Registro de Imóveis torna inaceitável a retificação desta informação. Quanto às áreas de preservação permanente (art. 2 do Código Florestal), imprestáveis, ocupadas por benfeitorias, de criação animal, o referido Laudo Técnico, aprovado por Engenheiro Florestal da EMPAER-MT, é o instrumento que a própria administração tributária reconhece como comprobatório de erro de fato alegado dessa natureza, nos termos da Norma de Execução SRF/COSAR/COSIT/1•1 2 01/95, considerando a ausência de "ART" supridaa oficialidade do órgão emissor desse laudo. 4 ) . , MINISTÉRIO DA FAZENDA SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES •".",;Z:!. _f -- , Processo : 10930 003414/95-60i • Acórdão : 7A2-09.557 // Finalmente, em que pese a origem do laudo, ele não demonstra a observância das disposic oes estabelecidas para atividade de avaliação pela Associação Brasileira de Normas Técnica. (NBR 8799), conforme solicitado na diligência, notadamente as seguintes: .. - indicação e caracterização de cada um dos elementos que contribuíram para ---- ......" formar a convicção do valor; - escolha e justificativa dos métodos e critérios de avaliação; - tratamento dos elementos de acordo com os critérios escolhidos e com o nível de precisão da avaliação; - cálculo dos valores com base nos elementos pesquisados e nos critérios estabelecidos; - determinação do valor final com indicação da data de referência. Dai porque não o considero como prova suficiente para infirmar o VTNm no qual fundou o presente lançamento. Isto posto, dou provimento parcial ao recurso para que se altere o lançamento em foco, levando-se em conta os seguintes elementos considerados adequadamente comprovados neste voto: - Área Inaproveitável: 63,3 ha; - Área de Preservação Permanente: 200,0 ha; - Área de Pastagem Nativa: 465,0 ha; - Área de Pastagem Plantada: 280,0 ha - Área de Pastoreio Temporário: 1.285,0 ha. 1 Sala das Sessões, em 17 de setembro de 1997 AN â w'' b OS SUENO RIBEIRO 5 1 PUBLI r.D0 NO D. G. C. I C.‘ ------- : Rubriel à MINISTÉRIO DA FAZENDA - t SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10930.003414/95-60 Acórdão : 202-10.220 Sessão : 03 de junho de 1998 Recurso : 99.842 Recorrente : VICENTE VANDERLEI PIZZA Recorrida : DRJ em Curitiba - PR NORMAS PROCESSUAIS - NOVO JULGAMENTO DE RECURSO - Uma vez constatado que a conclusão do voto é incompatível com seu conteúdo (inexatidão material), cabe novo julgamento do recurso apresentado pelo contribuinte para, em função desses eventos, retificar ou ratificar o acórdão anteriormente prolatado. ITR - I) NORMAS PROCESSUAIS - O disposto no art. 147, § 1 , do Código Tributário Nacional, não impede o contribuinte de impugnar informações por ele mesmo prestadas na DITR, no âmbito do Processo Administrativo Fiscal. II) VTN - Não é suficiente como prova para impugnar o VTNm Laudo de Avaliação que não demonstra o atendimento aos requisitos das Normas da ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas (NBR 8799), através da explicitação dos métodos avaliatórios e fontes pesquisadas que levaram à convicção do valor atribuído ao imóvel e dos bens nele incorporados. III) ÁREAS IMPUGNADAS ACEITAS - Laudo Técnico emitido por engenheiro agrônomo, acompanhado de cópia da Anotação de Responsabilidade Técnica - ART, devidamente registrada no CREA, constitui elemento hábil comprobatório de erro de fato alegado nas informações prestadas relativas às áreas de preservação permanente (art. 2' do Código Florestal), imprestáveis, ocupadas por benfeitorias e de criação animal, não sendo de adotá-las caso implique em agravamento da decisão singular. Recurso negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso interposto por: VICENTE VANDERLEI PW7A ACORDAM os Membros da Segunda Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, retificar o Acórdão n° 202-09.557 para, no mérito, negar provimento ao recurso. Sala das Ses õe e ; 03 de junho de 1998 Á Marc* V nícius Neder de Lima Pres*dente - • Ade,:e - - e= ator Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros José de Almeida Coelho, Oswaldo Tancredo de Oliveira, Tarásio Campelo Borges, Ricardo Leite Rodrigues, Maria Teresa Martínez López e Helvio Escovedo Barcellos. /OVRS/CF 1 MINISTÉRIO DA FAZENDA SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10930.003414/95-60 Acórdão : 202-10.220 Recurso : 99.842 Recorrente : VICENTE VANDERLEI PIZZA RELATÓRIO Retorna o processo para novo exame, após o Despacho de fls., do Sr. Presidente desta Câmara, que aprovou a Manifestação de fls., no sentido de acolher a Petição de fls. 60/61 como Embargo de Declaração ao Acórdão ri 202-09.557, haja vista a evidente inexatidão material de sua decisão, ou seja, o provimento parcial do recurso na realidade provocou o agravamento da exigência (reformatio in pejus), o que é defeso a este Conselho. Deve ser mantido o relatório formalizado quando do julgamento anterior, acrescentando o conteúdo das peças acima citadas, todas lidas em plenário para conhecimen e • o pares. É o relatório. 2 _t4.k MINISTERIO DA FAZENDA SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10930.003414/95-60 Acórdão : 202-10.220 VOTO DO CONSELHEIRO-RELATOR ANTONIO CARLOS BUENO RIBEIRO Conforme relatado, o Recorrente contesta o lançamento do ITR/94, referente ao imóvel em foco, com alegações que implicam em negar as informações por ele mesmo prestadas, nas quais o dito lançamento se fundou. Embora não haja dúvida quanto à impossibilidade de o Contribuinte apresentar declaração retificadora visando reduzir ou excluir tributo sem atendimento das condições estabelecidas no § 1 do art. 147 do CTN (comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado do lançamento), este Colegiado já firmou entendimento que isto não o impede de impugnar, no âmbito do Processo Administrativo Fiscal, informações por ele mesmo prestadas, sob pena de afrontar ao princípio da verdade material e ao amplo direito de defesa garantido pela Constituição Federal. O fato de a norma complementar em comento estabelecer, como condição de admissibilidade do pedido de retificação da declaração, que ele seja anterior à notificação do lançamento, deixa claro que as suas disposições regulam procedimentos que antecedem ao lançamento propriamente dito. Assim, uma vez constituído o crédito tributário, a suspensão da sua exigibilidade, através de reclamações e recursos, só está adstrita aos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo, é o que dispõe o art. 151, I, do Código Tributário Nacional. Aliás, outro não é o entendimento da Administração Tributária sobre este assunto, conforme expresso pela Coordenação do Sistema de Tributação, em situação análoga, através da Orientação Normativa Interna n 2 15/76, a saber: "Cabe impugnação contra lançamento efetuado a maior por erro cometido pelo contribuinte ao prestar a declaração de rendimentos, inobstante vedada a retificação propriamente dita desta última." E, especificamente, nas instruções estabelecendo procedimentos relativos à administração do ITR e seus consectários, como nos dá conta, por exemplo, os itens abaixo transcritos da NORMA DE EXECUÇÃO SRF/COSAR/COSIT/M 02/96: 49. A reclamação, formalizada através de Solicitação de Retificação de-- 3 MINISTÉRIO DA FAZENDA fr j-", SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10930.003414/95-60 Acórdão : 202-10.220 Lançamento - SRL/ITR, ou de impugnação, mencionará os motivos de fato e de direito em que se fundamenta. 49.1 - A reclamação que versar sobre matéria de fato, isto é, discordância do contribuinte quanto aos dados informados por ele na DITR, deverá estar acompanhada dos documentos relacionados no ANEXO IX, conforme o caso, comprobatórios do erro de fato alegado. 54.1 - sendo a decisão favorável ou favorável em parte ao contribuinte, demandará nova emissão de notificação/DARF, que será comandada no Sistema ITR - MÓDULO DADOS DE LANÇAMENTO, via opção RETIFICAÇÃO (3LANCANTER), quando forem necessárias alterações cadastrais, mantendo-se a data de vencimento original. Quando se tratar de alteração do VTN utilizado no lançamento do imóvel rural, ela será feita via opção Lançamento Especial (7E SPECIAL); Portanto, uma vez instaurado o litígio, incumbe ao contribuinte provar o erro que alega em toda a sua extensão e através de elementos hábeis, em conformidade com o disposto no art. 16 do Decreto ri 70.235/72. A seguir, passo a examinar a suficiência das provas apresentadas e complementadas, através de diligência, pelo Recorrente, com vistas a demonstrar que, devido a erros cometidos na DITR/94, o imposto lançado estaria excessivo. No tocante à área de reserva legal, apontada no Laudo de fls. 40/43 como sendo de 573,4 ha, a ausência de prova de sua averbação, no Registro de Imóveis, torna inaceitável a retificação desta informação. Quanto às áreas de preservação permanente (art. 2' do Código Florestal), imprestáveis, ocupadas por benfeitorias, de criação animal, o referido Laudo Técnico, aprovado por engenheiro florestal da EMPAER-MT, é o instrumento que a própria Administração Tributária reconhece como comprobatório de erro de fato alegado dessa natureza, nos termos da Norma de Execução SRF/COSAR/COSIT tf 01/95, considerando a ausência de "ART" suprida pela oficialidade do órgão emissor desse laudo. Finalmente, em que pese a origem do laudo, ele não demonstra a observância das disposições estabelecidas para atividade de avaliação pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (NBR 8799), conforme solicitado na diligência, notadamente as seguintes: • 4 ff MIN ISTERIO DA FAZENDA SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10930.003414/95-60 Acórdão : 202-10.220 a) indicação e caracterização de cada um dos elementos que contribuíram para formar a convicção do valor; b) escolha e justificativa dos métodos e critérios de avaliação; c) tratamento dos elementos de acordo com os critérios escolhidos e com o nível de precisão da avaliação; d) cálculo dos valores com base nos elementos pesquisados e nos critérios estabelecidos; e e) determinação do valor final com indicação da data de referência. Daí porque não o considero como prova suficiente para infirmar o VTNm no qual fundou o presente lançamento. E, no que concerne às áreas para as quais neste voto considero o laudo em comento apto para retificar as anteriormente declaradas, não é de se adotar as nele consignadas para alterar o presente lançamento, porquanto, na realidade, conforme se depreende do Demonstrativo de fls. 58/59, implicaria agravamento da decisão recorrida, o que é defeso a este Colegiado. Isto posto, voto no sentido de retificar o Acórdão tf 202-09.557, de 17.09.97, para, no mérito, negar provimento ao recurso. Sala das Sessões, em 03 de junho de 1998 - - • 4,0 :4 -IN : O ' I: O 5
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