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Numero do processo: 13830.900651/2012-12
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 18 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jul 31 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Exercício: 2008
ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMA TRIBUTÁRIA. INCOMPETÊNCIA DO JULGADOR ADMINISTRATIVO.INTELIGÊNCIA SÚMULA CARF N.2.
É vedado ao julgador administrativo negar aplicação de lei sob alegação de inconstitucionalidade em sede de recurso administrativo. Essa análise foge à alçada das autoridades administrativas, que não dispõem de competência para examinar hipóteses de violações às normas legitimamente inseridas no ordenamento jurídico.
ALEGAÇÕES GENÉRICAS. APLICAÇÃO DO ART. 17, DO DEC. N.° 70.235/72. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA.
Em processo administrativo tributário, o poder instrutório da defesa compete, em princípio, ao sujeito passivo, o que lhe exige carrear aos autos provas capazes de amparar convenientemente seu direito, o que não ocorreu no presente caso.
Inexistindo a insurgência específica com relação à fundamentação da decisão recorrida ou à motivação do próprio lançamento tributário, aplicável o art. 17, do Dec. n.° 70.235/72.
Numero da decisão: 1302-002.182
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alberto Pinto Souza Júnior, Marcos Antonio Nepomuceno (Relator), Rogério Aparecido Gil, Ester Marques Lins de Sousa e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente).
Nome do relator: LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Exercício: 2008 ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMA TRIBUTÁRIA. INCOMPETÊNCIA DO JULGADOR ADMINISTRATIVO.INTELIGÊNCIA SÚMULA CARF N.2. É vedado ao julgador administrativo negar aplicação de lei sob alegação de inconstitucionalidade em sede de recurso administrativo. Essa análise foge à alçada das autoridades administrativas, que não dispõem de competência para examinar hipóteses de violações às normas legitimamente inseridas no ordenamento jurídico. ALEGAÇÕES GENÉRICAS. APLICAÇÃO DO ART. 17, DO DEC. N.° 70.235/72. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. Em processo administrativo tributário, o poder instrutório da defesa compete, em princípio, ao sujeito passivo, o que lhe exige carrear aos autos provas capazes de amparar convenientemente seu direito, o que não ocorreu no presente caso. Inexistindo a insurgência específica com relação à fundamentação da decisão recorrida ou à motivação do próprio lançamento tributário, aplicável o art. 17, do Dec. n.° 70.235/72.
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INCOMPETÊNCIA DO JULGADOR ADMINISTRATIVO.INTELIGÊNCIA SÚMULA CARF N.2. É vedado ao julgador administrativo negar aplicação de lei sob alegação de inconstitucionalidade em sede de recurso administrativo. Essa análise foge à alçada das autoridades administrativas, que não dispõem de competência para examinar hipóteses de violações às normas legitimamente inseridas no ordenamento jurídico. ALEGAÇÕES GENÉRICAS. APLICAÇÃO DO ART. 17, DO DEC. N.° 70.235/72. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. Em processo administrativo tributário, o poder instrutório da defesa compete, em princípio, ao sujeito passivo, o que lhe exige carrear aos autos provas capazes de amparar convenientemente seu direito, o que não ocorreu no presente caso. Inexistindo a insurgência específica com relação à fundamentação da decisão recorrida ou à motivação do próprio lançamento tributário, aplicável o art. 17, do Dec. n.° 70.235/72. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente e Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 0. 90 06 51 /2 01 2- 12 Fl. 75DF CARF MF Processo nº 13830.900651/201212 Acórdão n.º 1302002.182 S1C3T2 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alberto Pinto Souza Júnior, Marcos Antonio Nepomuceno (Relator), Rogério Aparecido Gil, Ester Marques Lins de Sousa e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente). Relatório Tratam os autos de análise eletrônica de Pedido de Restituição, por intermédio do qual o contribuinte pretende a restituição de suposto crédito de pagamento indevido ou a maior de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ). Como resultado da análise foi proferido despacho decisório que decidiu pelo indeferimento do pedido de restituição, haja vista que o montante recolhido pelo Darf apontado como origem do crédito foi integralmente utilizado para liquidar débito confessado em Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF). Cientificado da decisão o contribuinte apresentou manifestação de inconformidade onde argumenta, em síntese, que os créditos de PIS e Cofins nãocumulativos não devem afetar a determinação do lucro real, nem a base de cálculo da CSLL. A exigência de IRPJ e CSLL sobre tais créditos desrespeita o princípio constitucional da neutralidade tributária. A DRJ ao apreciar a matéria assim decidiu, litteris: ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMA TRIBUTÁRIA. INCOMPETÊNCIA DO JULGADOR ADMINISTRATIVO. É o administrador um mero executor de leis não lhe cabendo questionar a legalidade ou constitucionalidade do comando legal. A análise de teses contra a legalidade ou a constitucionalidade de normas é privativa do Poder Judiciário, conforme competência conferida constitucionalmente. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Inconformado com o decisium, o recorrente interpôs Recurso Voluntário, alegando, em síntese, os mesmos argumentos da impugnação, acrescentando que a Administração não pode eximirse da competência sobre o controle de constitucionalidade das leis, decretos e portarias, bem como o fato de não ser razoável que a Administração Pública desconsidere as informações prestadas pelo Contribuinte na DCOMP, as quais apresentam presunção de legitimidade. É o relatório. Voto Fl. 76DF CARF MF Processo nº 13830.900651/201212 Acórdão n.º 1302002.182 S1C3T2 Fl. 4 3 Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho Machado, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1302002.134, de 18.05.2017, proferido no julgamento do processo nº 13830.900610/201226, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1302002.134): O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Conforme depreendese da leitura do Relatório acima, o Recorrente sustenta seus argumentos com base em supostas inconstitucionalidades perpetradas pela autoridade fiscal e ratificadas pela decisão recorrida. Contudo, é vedado ao julgador administrativo negar aplicação de lei sob alegação de inconstitucionalidade em sede de recurso administrativo. Essa análise foge à alçada das autoridades administrativas, que não dispõem de competência para examinar hipóteses de violações às normas legitimamente inseridas no ordenamento jurídico. As autoridades administrativas, enquanto responsáveis pela execução das determinações legais, devem sempre partir do pressuposto de que o legislador tenha editado leis compatíveis com a Constituição Federal e Código Tributário Nacional. Assim, não há que se cogitar de desobediência aos dispositivos legais elencados, no âmbito da Administração Tributária, quando esta, no exercício da sua atividade de fiscalização, logre efetuar o lançamento de crédito tributário, lastreado em fatos e atos atribuídos ao sujeito passivo, que ensejam a exigência de tributos e dos acréscimos legais pertinentes, desde que referido lançamento seja devidamente fundamentado em regular procedimento de ofício e de acordo com os dispositivos legais que regem a espécie. O tema é pacificado no âmbito deste Conselho Administrativo, nos termos da Súmula 02: “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de Lei Tributária”. Afasto, portanto, o presente argumento, por não ser o CARF competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Noutra banda, verificase que o recorrente sem acostar documentos comprobatórios aos presentes autos, em seu recurso voluntário, faz referências genéricas aos fatos que motivaram a presente autuação, bem como em relação a decisão proferida em Fl. 77DF CARF MF Processo nº 13830.900651/201212 Acórdão n.º 1302002.182 S1C3T2 Fl. 5 4 primeira instância, sem com isto trazer objetivamente os fundamentos e provas com base nas quais pede para que seja homologado o seu pedido de compensação. Para esse Relator fica claro que o Recorrente se insurge contra decisão proferida pela DRJ de forma genérica, fazendo mera referência parte das razões apresentadas em sede da impugnação e a necessidade de observação das provas já juntadas aos autos, não merecendo prosperar e, por conseguinte, não surte o efeito pretendido em alterar a decisão do julgador a quo. Nesse sentido já decidiu esta Corte Administrativa, conforme se extrai do decidido nos autos do processo nº 10935.720364/2013 45 que teve como relator Amílcar Barca Teixeira Júnior, como segue: "(...) 1. O contribuinte, em seu recurso, no concernente à obrigação principal, limitas se a prestar informações genéricas e não ataca o mérito, situação que não o favorece, enquadrando se, assim, na disciplina do art. 17 do Decreto nº 70.235, de 1972 (Acórdão nº 2803003.497. Rel. Amílcar Barca Teixeira Júnior. Sessão de 12/08/2014)." Diante do exposto, NEGO provimento ao Recurso Voluntário. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (documento assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Fl. 78DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10920.007785/2008-89
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jul 10 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/10/2006 a 31/12/2006
GLOSA DE CRÉDITO. REALIZAÇÃO DE DILIGÊNCIA. CONFIRMADA A EXISTÊNCIA DO CRÉDITO. RESTABELECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO. POSSIBILIDADE.
Se a própria autoridade fiscal, por meio de diligência, confirma a existência da totalidade do crédito pleiteado, restabelece-se o direito creditório indevidamente glosado.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/10/2006 a 31/12/2006
MULTA E JUROS MORATÓRIOS. DÉBITOS NÃO PAGOS NO VENCIMENTO. INCIDÊNCIA. OBRIGATORIEDADE.
Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei 9.430/1996.
MULTA DE MORA. EFEITO CONFISCATÓRIO. MATÉRIA DE NATUREZA CONSTITUCIONAL. CONHECIMENTO DA MATÉRIA PELOS MEMBROS DO CARF. IMPOSSIBILIDADE.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2).
CRÉDITO DA COFINS. RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA OU ACRÉSCIMOS DE JUROS MORATÓRIOS. IMPOSSIBILIDADE.
Por expressa determinação legal, é vedada a atualização monetária ou o acréscimo de juros moratórios ou compensatórios aos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins, apurados o regime não cumulativo, passíveis de compensação ou ressarcimento.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 3302-004.447
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para reconhecer o crédito pleiteado nos termos do relatório de diligência.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente.
(assinado digitalmente)
José Fernandes do Nascimento - Relator.
Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Charles Pereira Nunes, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, José Renato Pereira de Deus e Walker Araújo.
Nome do relator: JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/10/2006 a 31/12/2006 GLOSA DE CRÉDITO. REALIZAÇÃO DE DILIGÊNCIA. CONFIRMADA A EXISTÊNCIA DO CRÉDITO. RESTABELECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO. POSSIBILIDADE. Se a própria autoridade fiscal, por meio de diligência, confirma a existência da totalidade do crédito pleiteado, restabelece-se o direito creditório indevidamente glosado. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/10/2006 a 31/12/2006 MULTA E JUROS MORATÓRIOS. DÉBITOS NÃO PAGOS NO VENCIMENTO. INCIDÊNCIA. OBRIGATORIEDADE. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei 9.430/1996. MULTA DE MORA. EFEITO CONFISCATÓRIO. MATÉRIA DE NATUREZA CONSTITUCIONAL. CONHECIMENTO DA MATÉRIA PELOS MEMBROS DO CARF. IMPOSSIBILIDADE. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). CRÉDITO DA COFINS. RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA OU ACRÉSCIMOS DE JUROS MORATÓRIOS. IMPOSSIBILIDADE. Por expressa determinação legal, é vedada a atualização monetária ou o acréscimo de juros moratórios ou compensatórios aos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins, apurados o regime não cumulativo, passíveis de compensação ou ressarcimento. Recurso Voluntário Provido em Parte.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/10/2006 a 31/12/2006 GLOSA DE CRÉDITO. REALIZAÇÃO DE DILIGÊNCIA. CONFIRMADA A EXISTÊNCIA DO CRÉDITO. RESTABELECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO. POSSIBILIDADE. Se a própria autoridade fiscal, por meio de diligência, confirma a existência da totalidade do crédito pleiteado, restabelecese o direito creditório indevidamente glosado. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/10/2006 a 31/12/2006 MULTA E JUROS MORATÓRIOS. DÉBITOS NÃO PAGOS NO VENCIMENTO. INCIDÊNCIA. OBRIGATORIEDADE. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei 9.430/1996. MULTA DE MORA. EFEITO CONFISCATÓRIO. MATÉRIA DE NATUREZA CONSTITUCIONAL. CONHECIMENTO DA MATÉRIA PELOS MEMBROS DO CARF. IMPOSSIBILIDADE. “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária” (Súmula CARF nº 2). CRÉDITO DA COFINS. RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA OU ACRÉSCIMOS DE JUROS MORATÓRIOS. IMPOSSIBILIDADE. Por expressa determinação legal, é vedada a atualização monetária ou o acréscimo de juros moratórios ou compensatórios aos créditos da AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 0. 00 77 85 /2 00 8- 89 Fl. 1028DF CARF MF 2 Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins, apurados o regime não cumulativo, passíveis de compensação ou ressarcimento. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para reconhecer o crédito pleiteado nos termos do relatório de diligência. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Charles Pereira Nunes, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, José Renato Pereira de Deus e Walker Araújo. Relatório Tratase de pedido de ressarcimento (fls. 2/3) de créditos da Cofins não cumulativa exportação do 4º trimestre de 2006, no valor total de R$ 344.032,20, integralmente utilizado na compensação dos débitos discriminados nas Declarações de Compensação (DComp) de fls. 4/14. O titular da unidade da Receita Federal de origem, por meio despacho de fls. 400/407, reconheceu parcialmente o direito creditório pleiteado, no valor de RS 332.188,30, e homologou parcialmente as compensações declaradas, até o limite do crédito reconhecido. A glosa parcial dos créditos foi baseada nos seguintes motivos, in verbis: 1. Linha 02 do Dacon (Mercado Interno) R$ 14.834,55 Bens Utilizados Como Insumos. Foram glosadas as notas fiscais do fornecedor de CNPJ 00.457.089/006110, pois as mesmas também foram lançadas na linha 06 do Dacon como Despesas de Aluguel de Máquinas e Equipamentos. 2. Linha 03 do Dacon R$ 1.782,58 Serviços Utilizados como Insumos. Foi glosada a diferença entre a base de cálculo declarada pelo contribuinte e os valores de reembolso de salários e encargos constantes nas notas fiscais. Valores como por exemplo vale transporte, refeição, taxa administrativa, etc. não dão direito a crédito (fls. 130 e 186). 3. Linha 02 do Dacon (Importação) R$ 139.223,64 Bens Utilizados como Insumos. Foram glosados os valores de crédito de Pis/Pasep lançados nos arquivos digitais com o CFOP 3.127 (art 3º, § 2°, inciso II, da Lei 10.833/2003). Fl. 1029DF CARF MF Processo nº 10920.007785/200889 Acórdão n.º 3302004.447 S3C3T2 Fl. 1.029 3 Em sede de manifestação de inconformidade, a interessada, em síntese, alegou que não procedia a glosa relativa: a) ao valores das notas fiscais do fornecedor de CNPJ 00.457.089/000110, sob a alegação de que foram informadas tanto na linha 01, como na linha 06, porque o valor referente ao aluguel de máquinas e equipamentos foi retirado do somatório dos bens utilizados como insumos e foi aplicado exclusivamente como despesas de aluguéis e equipamentos; b) ao valor dos serviços utilizados como insumos, pois tinha o direito de aproveitar os créditos dos serviços utilizados como insumos na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. Todos os custos da mãodeobra (salários, encargos, taxa administrativa temporária, vale transporte), que estavam inclusos no preço do serviço (valor bruto da nota fiscal) prestado à recorrente eram considerados como insumos; gerando créditos passíveis de serem deduzidos das mencionadas contribuições; c) ao valor dos bens utilizados como insumos adquiridos no mercado externo, referente a operações correspondentes ao regime especial de drawback, a interessada afirmou que o arquivo digital apresentado estava com erros, mas as notas fiscais anexadas comprovariam seu direito ao crédito; Em relação à exigência de juros com base na taxa Selic e multa de 20% sobre o valor do débito não compensado, baseada no princípio da isonomia, argumentou que tais débitos deveriam compor a Dacon do mês seguinte, já que não se permitia a incidência de juros compensatórios nos créditos (art. 72, § 5, IN/SRF 900/2008), devendo serem retificadas todas as demais Dacon dos anos seguintes, de modo a se utilizar tais débitos mês a mês, excluindose a multa e os juros ora exigidos. Sobreveio a decisão de primeira instância (fls. 486/495), em que, por unanimidade de votos, a manifestação de inconformidade foi julgada procedente em parte, para restabelecer o direito à dedução da totalidade dos créditos relativos às duas primeiras glosas, com base nos fundamentos resumidos nos enunciados das ementas que seguem transcritos: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/10/2006 a 31/12/2006 REGIME DA NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. LOCAÇÃO DE MÃODEOBRA APLICADA DIRETAMENTE NA PRODUÇÃO OU FABRICAÇÃO DE BENS. Desde que atendidos os demais requisitos da legislação de regência, geram direito a créditos no regime da não cumulatividade da Contribuição para o PIS e da Cofins os valores pagos a outra pessoa jurídica em decorrência da locação de mãodeobra diretamente aplicada na produção ou na fabricação de bens destinados à venda. REGIME DA NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. MERCADORIA IMPORTADA. DRAWBACK. Fl. 1030DF CARF MF 4 Mercadoria importada sob o regime aduaneiro de drawback não gera direito a créditos no regime da nãocumulatividade da Contribuição para o PIS e da Cofins. Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte Em 4/4/2012, a recorrente foi cientificada da decisão de primeira instância (fls. 500/501). Em 4/5/2012, protocolou o recurso voluntário de fls. 502/527, em que alegou: a) nulidade da decisão recorrida, por cerceamento do direito de defesa, uma vez que a autoridade julgadora não analisou todos os documentos trazidos aos autos; b) nem todas as notas fiscais juntadas aos autos está vinculada a operações de Drawback, e que os créditos utilizados dizem respeito a operações de compras para industrialização; c) juntou documentos e informações com a manifestação de inconformidade, em que seria possível observar a existência do direito ao credito pleiteado; d) o arquivo digital apresentado à fiscalização continha erros materiais e que o novo arquivo juntado com a manifestação de inconformidade corrigiu estes equívocos. Cita diversos exemplo. Por fim, pugnou pela realização de perícia contábil nos documentos juntados na manifestação de inconformidade e replicados no recurso e pela exclusão da multa e dos juros aplicados. Na Sessão de 23 de julho de 2014, por meio da Resolução nº 3302000.424 (fls. 970/973), o julgamento foi convertido em diligência, para que para que a autoridade preparadora analisasse as notas fiscais apresentadas e as respectivas Declarações de Inconformidade e verificasse a existência de créditos passíveis de creditamento. E, caso fosse necessário, deveriam ser solicitados novos documentos e informações à recorrente, que, ao final, deveria ser intimada para manifestarse sobre o resultado da diligência. Por meio da Informação Fiscal de fls. 982/985, a autoridade fiscal prestou os seguintes esclarecimentos, in verbis: 6. Separandose da tabela inicialmente apresentada apenas as operações sob código 3.127 e 3.101, com valores creditados de PIS/Cofins, ficou claro que houve erro na indicação do valor devido de PIS/Cofins. Calculouse para as operações 3.101 os valores de alíquota do PIS/Cofins. Restou claro que houve erro em diversas linhas do arquivo (surgiram alíquotas de 2,03% e 0,44% para Cofins e PIS, por exemplo). Então, buscouse ajustar os valores de PIS e Cofins nas operações de código 3.101 que estavam com alíquotas inferiores a 1,65% e 7,6%. O resultado obtido (total) foi muito próximo ao indicado pelo contribuinte – fls. 978/979. Além desse procedimento, e talvez mais significativo, separaramse todos os CFOPs de importação, que geraram algum crédito de PIS/Cofins e se comparou com o indicado nas linhas 2 e 3 da apuração de da base de cálculo de créditos de importação (fl. 398). Não foram encontradas diferenças entre as bases de cálculo apuradas e declaradas (cerca de 1,2%) – fls. 980/981. Fl. 1031DF CARF MF Processo nº 10920.007785/200889 Acórdão n.º 3302004.447 S3C3T2 Fl. 1.030 5 7. Salientese que as notas foram verificadas por amostragem por ocasião do despacho decisório da Saort (verificação de valores e características formais). Não se refez tal trabalho, pois divergências não foram indicadas no relatório da fiscalização. 8. Portanto, concluise que o erro apontado pelo contribuinte levou ao erro da apuração do PIS/Cofins no momento da análise da DComp. Uma vez caracterizado este equívoco é de se reconhecer que o montante de crédito pretendido era existente de fato. Ainda que as glosas sobre as operações de drawback fossem corretas dada a natureza da operação, não se considerou o incremento de créditos nas operações 3.101. (grifos do original) Cientificada do resultado da diligência, por intermédio da petição de fls. 998/1001, a recorrente alegou que os valores dos créditos apurados eram suficientes para reconhecer integralmente o direito de crédito pleiteado e homologar as compensações declaradas. Entretanto, caso este Colegiado entendesse que a diligência fora insuficiente, para confirmar a higidez da informação, requeria que fosse determinado novamente a conversão do julgamento em diligência. É o relatório. Voto Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Relator. O recurso é tempestivo, trata de matéria da competência deste Colegiado e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. No recurso em apreço, a recorrente alegou nulidade da decisão de primeiro grau, porém, como o mérito do julgamento será favorável à recorrente, por força do disposto no art. 59, § 3º, do Decreto 70.235/1972, deixase de se pronunciar sobre essa questão. Inicialmente, cabe esclarecer que o reconhecimento parcial dos créditos, por meio do questionado despacho decisório, foi motivada pelas seguintes glosas: a) Linha 02 do Dacon (Mercado Interno) R$ 14.834,55 Bens Utilizados como Insumos; b) Linha 03 do Dacon R$ 1.782,58 Serviços Utilizados como Insumos; e c) Linha 02 do Dacon (Importação) R$139.223,64 Bens Utilizados como Insumos. Na decisão de primeira instância, os créditos relativos às duas primeiras glosas foram integralmente restabelecidos. Logo, por se tratar de decisão definitiva, a controvérsia remanescente ficou restrita apenas aos créditos relativos a terceira glosa. Após a realização da diligência proposta por este Colegiado, a autoridade fiscal concluiu que, uma vez caracterizado o equívoco alegado pela recorrente, “era de se reconhecer que o montante de crédito pretendido era existente de fato.” Assim, uma vez comprovada, pela própria fiscalização, a existência do crédito relativo à terceira glosa, objeto do recurso em apreço, não mais subsiste a controvérsia remanescente. Portanto, a recorrente faz jus a totalidade do crédito pleiteado. Fl. 1032DF CARF MF 6 Pela mesma razão, revelase de todo impertinente o pedido de realização de diligência reafirmado pela recorrente na resposta às conclusões apresentadas pela autoridade fiscal na referida informação. Em relação à cobrança da multa moratória e dos juros moratórios sobre a parcela do débito não compensada, a recorrente alegou que se os valores principais fossem exigidos, o que admitia apenas para argumentar, eles deveriam compor o Dacon do mês seguinte e retificadas todas as demais Dacon seguintes, de modo a ser utilizado tais débitos, excluindose a multa e os juros moratórios. Sem razão à recorrente. A forma de compensação por ela proposta contraria, frontalmente, as normas que disciplinam os procedimentos de compensação, em especial, o estabelecido no art. 74 da Lei 9.430/1996, com as alterações posteriores, e na Instrução Normativa SRF 600/2005, na época vigente, bem como nas demais instruções normativas sobre a matéria que lhe substituíram. Também não tem respaldo a jurídico a alegação da recorrente de que se admitida a cobrança dos juros moratórios e da multa moratória sobre a parcela dos débitos não compensados também deveria ser permitida a atualização do crédito a ser ressarcido. A uma, porque a cobrança da multa e dos juros moratórios encontrase, expressamente, determinado no art. 611 da Lei 9.430/1996, em plena vigência. A duas, porque a atualização dos créditos apurados no âmbito do regime não cumulativo da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins encontrase expressamente vedado no art. 132, combinado com o disposto no art. 15, VI, ambos da Lei 10.833/2003. Enfim, rejeitase a alegação de cobrança da multa moratória, por configurar inegável abuso de poder e se revestir de caráter confiscatório, por se tratar de questão que envolve o afastamento de norma legal vigente, o que é expressamente vedado aos membros deste Conselho, nos termos do art. 26A do Decreto 70.235/1972 e no art. 62 do Anexo II do Regimento Interno deste Conselho, aprovado pela Portaria MF 343/2015 (RICARF/2015). No mesmo sentido, dispõe Súmula CARF nº 02, de aplicação obrigatória pelos membros deste Conselho, que “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.” Por todo o exposto, votase por PROVIMENTO PARCIAL do recurso em apreço, para restabelecer a totalidade do crédito pleiteado, que deverá ser utilizado, até o limite do valor reconhecido, na compensação dos débitos, acrescidos dos encargos legais devidos, declarados nas DComp de fls. 4/14. (assinado digitalmente) 1 "Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) § 1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. (Vide Medida Provisória nº 1.725, de 1998) (Vide Lei nº 9.716, de 1998)" 2 "Art. 13. O aproveitamento de crédito na forma do § 4o do art. 3o, do art. 4o e dos §§ 1o e 2o do art. 6o, bem como do § 2o e inciso II do § 4o e § 5o do art. 12, não ensejará atualização monetária ou incidência de juros sobre os respectivos valores." Fl. 1033DF CARF MF Processo nº 10920.007785/200889 Acórdão n.º 3302004.447 S3C3T2 Fl. 1.031 7 José Fernandes do Nascimento Fl. 1034DF CARF MF
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Numero do processo: 10925.911407/2011-57
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jul 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário: 2006
ÔNUS DA PROVA. DIREITO CREDITÓRIO
O ônus da prova do crédito tributário é do contribuinte (Artigo 373 do CPC). Não sendo produzido nos autos provas capazes de comprovar seu pretenso direito, o despacho decisório que não homologou o pedido de restituição deve ser mantido.
ICMS. BASE DE CÁLCULO. PIS/COFINS. COMPOSIÇÃO.
O ICMS compõe a base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS, integrando, portanto, o conceito de receita bruta.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-004.405
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Walker Araujo, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Charles Pereira Nunes, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e José Renato Pereira de Deus.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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ementa_s : Assunto: Normas de Administração Tributária Ano-calendário: 2006 ÔNUS DA PROVA. DIREITO CREDITÓRIO O ônus da prova do crédito tributário é do contribuinte (Artigo 373 do CPC). Não sendo produzido nos autos provas capazes de comprovar seu pretenso direito, o despacho decisório que não homologou o pedido de restituição deve ser mantido. ICMS. BASE DE CÁLCULO. PIS/COFINS. COMPOSIÇÃO. O ICMS compõe a base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS, integrando, portanto, o conceito de receita bruta. Recurso Voluntário Negado.
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PROVA DO DIREITO CREDITÓRIO. INCLUSÃO DO ICMS NA BASE DE CÁLCULO DAS CONTRIBUIÇÕES. Recorrente PARATI S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2006 ÔNUS DA PROVA. DIREITO CREDITÓRIO O ônus da prova do crédito tributário é do contribuinte (Artigo 373 do CPC). Não sendo produzido nos autos provas capazes de comprovar seu pretenso direito, o despacho decisório que não homologou o pedido de restituição deve ser mantido. ICMS. BASE DE CÁLCULO. PIS/COFINS. COMPOSIÇÃO. O ICMS compõe a base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS, integrando, portanto, o conceito de receita bruta. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Walker Araujo, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Charles Pereira Nunes, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e José Renato Pereira de Deus. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 5. 91 14 07 /2 01 1- 57 Fl. 60DF CARF MF Processo nº 10925.911407/201157 Acórdão n.º 3302004.405 S3C3T2 Fl. 3 2 Relatório Trata o presente processo de Pedido de Restituição (PER) eletrônico por meio da qual a contribuinte solicita restituição de valor que teria sido indevidamente recolhido a título de Contribuição para o PIS/Pasep. Na apreciação do pleito, manifestouse a Delegacia da Receita Federal do Brasil em Joaçaba SC pelo indeferimento do pedido de restituição, mediante Despacho Decisório, fazendoo com base na constatação da inexistência do crédito informado, uma vez que o valor recolhido já havia sido integralmente utilizado para extinção do débito relativo ao período de apuração a que se referia, não restando crédito disponível para restituição. Inconformada com o indeferimento do PER, a contribuinte apresenta manifestação de inconformidade na qual alega que o pedido de restituição referese a créditos decorrentes de pagamentos a maior de PIS/Pasep e Cofins, em razão da inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições. A DRJ julgou, por unanimidade de votos, improcedente a manifestação de inconformidade nos termos do Acórdão 07031.518. O fundamento adotado, em síntese, foi: (i) que, pagamentos efetuados mediante DARF (vinculados a débitos declarados em DCTF) somente se caracterizam como indevidos ou a maior, quando o contribuinte retifica a DCTF, informando corretamente o débito (a menor); e (ii) que, não procede a alegação da contribuinte de que o ICMS não compõe as bases de cálculo da contribuição ao PIS/Pasep e da Cofins; e (iii) que o órgão administrativo não pode ser pronunciar sobre a inconstitucionalidade de legislação tributária. Intimada de decisão piso, a Recorrente interpôs tempestivamente recurso voluntário, aduzindo (i) ausência de previsão legal exigindo a retificação da DCTF como condição para a restituição; (ii) inconstitucionalidade e ilegalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS/COFINS; (iii) sobrestamento do feito até o transito em julgado da decisão proferida pelo STF (RE 574.706). É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302004.379, de 28 de junho de 2017, proferido no julgamento do processo 10925.907614/201298, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302004.379): Fl. 61DF CARF MF Processo nº 10925.911407/201157 Acórdão n.º 3302004.405 S3C3T2 Fl. 4 3 "I Tempestividade A Recorrente foi intimada da decisão de piso em 19.03.2014 (fls.43) e protocolou Recurso Voluntário em 07.04.2014 (fls.4653), dentro do prazo de 30 (trinta) dias previsto no artigo 33, do Decreto 70.235/721. Desta forma, considerando que o recurso preenche o requisito de admissibilidade, dele tomo conhecimento. II Mérito II.1 Inconstitucionalidade de lei tributária Súmula CARF nº 02 Inicialmente é imperioso destacar que nos termos da Súmula nº 02 "O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária". Deste modo, a análise da inconstitucionalidade da legislação tributária envolvendo a inclusão ou não do ICMS na base de cálculo do PIS/COFINS resta totalmente prejudicada. II.2 Ausência de retificação da DCTF direito creditório É incontroverso nos autos que a Recorrente não retificou a DCTF antes de apresentar o Pedido de Restituição (PER) Eletrônico nº 15219.42808.210808.1.2.043337, fato este que para fiscalização obsta o direito ao crédito buscado pelo contribuinte. Contudo, o fato de a Recorrente não ter retificado a DCTF antes de apresentar o pedido de restituição, por si só, não é motivo suficiente para que seu crédito não seja reconhecido, podendo, tal procedimento, ser superado com a apresentação de provas capazes de comprovar a existência de erro na apuração contábil/fiscal e consequentemente do pagamento indevido ou a maior alegado pelo contribuinte, nos termos do §1º ao art. 147 do CTN, a saber: Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. §1º. A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. No presente caso, a Recorrente não trouxe aos autos documentos necessários e substanciais à comprovar suas alegações e demonstrar a origem do crédito apresentado no Pedido de Restituição (PER) Eletrônico nº 15219.42808.210808.1.2.043337, alegando, pura e simplesmente que o citado pedido referese a créditos decorrentes de pagamentos a maior de PIS/Pasep e Cofins, em razão da inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições. 1 Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão. Fl. 62DF CARF MF Processo nº 10925.911407/201157 Acórdão n.º 3302004.405 S3C3T2 Fl. 5 4 Com efeito, o ônus da prova do crédito tributário é do contribuinte (Artigo 373 do CPC2). Não sendo produzido nos autos provas capazes de comprovar seu pretenso direito, o indeferindo do crédito é medida que se impõe. Nesse sentido: "Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 31/07/2009 a 30/09/2009 VERDADE MATERIAL. INVESTIGAÇÃO. COLABORAÇÃO. A verdade material é composta pelo dever de investigação da Administração somado ao dever de colaboração por parte do particular, unidos na finalidade de propiciar a aproximação da atividade formalizadora com a realidade dos acontecimentos. PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/ RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. DILIGÊNCIA/ PERÍCIA. Nos processos derivados de pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação do direito creditório incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco. (...)" (Processo n.º 11516.721501/201443. Sessão 23/02/2016. Relator Rosaldo Trevisan. Acórdão n.º 3401003.096 grifei) Pertinente destacar a lição do professor Hugo de Brito Machado, a respeito da divisão do ônus da prova: No processo tributário fiscal para apuração e exigência do crédito tributário, ou procedimento administrativo de lançamento tributário, autor é o Fisco. A ele, portanto, incumbe o ônus de provar a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária que serve de suporte à exigência do crédito que está a constituir. Na linguagem do Código de Processo Civil, ao autor incumbe o ônus do fato constitutivo de seu direito (Código de Processo Civil, art.333, I). Se o contribuinte, ao impugnar a exigência, em vez de negar o fato gerador do tributo, alega ser imune, ou isento, ou haver sido, no todo ou em parte, desconstituída a situação de fato geradora da obrigação tributária, ou ainda, já haver pago o tributo, é seu ônus de provar o que alegou. A imunidade, como isenção, impedem o nascimento da obrigação tributária. São, na linguagem do Código de Processo Civil, fatos impeditivos do direito do Fisco. A desconstituição, parcial ou total, do fato gerador do tributo, é fato modificativo ou extintivo, e o pagamento é fato extintivo do direito do Fisco. Deve ser comprovado, portanto, pelo contribuinte, que assume no processo administrativo de determinação e exigência do tributo posição equivalente a do réu no processo civil”. (original não destacado)3 2 Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor 3 Mandado de Segurança em Matéria Tributária, 3. ed., São Paulo: Dialética, 1998, p.252. Fl. 63DF CARF MF Processo nº 10925.911407/201157 Acórdão n.º 3302004.405 S3C3T2 Fl. 6 5 Somase a isso, que a escrituração somente faz prova a favor do sujeito passivo se acompanhada por documentos hábeis à comprovar a origem do crédito pleiteado, conforme previsão contida no artigo 26, do Decreto nº 7574/20114. Superada essa questão, passase a análise da matéria sobre a inclusão ou não do ICMS na base de cálculo do PIS/COFINS. II.3 ICMS na base de cálculo do PIS/COFINS Conforme relatado anteriormente, alega a Recorrente, sem contudo provar, que o pedido de restituição referese a créditos decorrentes de pagamentos a maior de PIS/Pasep e Cofins, em razão da inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições. Cita e pede aplicação dos RE´s 240.785 2/MS e 574.706. Para dirimir a controvérsia sobre a inclusão ou não do ICMS na base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS e afastar a aplicação da decisão proferida pela Suprema Corte ao presente caso, empresto as razões de decidir da i. Conselheira Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, nos autos do processo administrativo nº 10283.902818/201235 (acórdão 3302 004.158): A controvérsia cingese sobre a inclusão ou não do ICMS na base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS. A situação que permeia os tribunais na atualidade é de dois posicionamentos conflitantes quanto à inclusão ou não do tributo na base de cálculo do PIS e da COFINS. O Superior Tribunal de Justiça no REsp 1144469/PR, em sistema de recursos repetitivos assim decidiu: RECURSO ESPECIAL DO PARTICULAR: TRIBUTÁRIO. RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. PIS/PASEP E COFINS. BASE DE CÁLCULO. RECEITA OU FATURAMENTO. INCLUSÃO DO ICMS. 1. A Constituição Federal de 1988 somente veda expressamente a inclusão de um imposto na base de cálculo de um outro no art. 155, §2º, XI, ao tratar do ICMS, quanto estabelece que este tributo: "XI não compreenderá, em sua base de cálculo, o montante do imposto sobre produtos industrializados, quando a operação, realizada entre contribuintes e relativa a produto destinado à industrialização ou à comercialização, configure fato gerador dos dois impostos". 2. A contrario sensu é permitida a incidência de tributo sobre tributo nos casos diversos daquele estabelecido na exceção, já tendo sido reconhecida jurisprudencialmente, entre outros casos, a incidência: 2.1. Do ICMS sobre o próprio ICMS: repercussão geral no RE n. 582.461 / SP, STF, Tribunal Pleno, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 18.05.2011. 4 Art. 26. A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do sujeito passivo dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais (DecretoLei no 1.598, de 26 de dezembro de 1977, art. 9o, § 1o). Fl. 64DF CARF MF Processo nº 10925.911407/201157 Acórdão n.º 3302004.405 S3C3T2 Fl. 7 6 2.2. Das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS sobre as próprias contribuições ao PIS/PASEP e COFINS: recurso representativo da controvérsia REsp. n. 976.836 RS, STJ, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 25.8.2010. 2.3. Do IRPJ e da CSLL sobre a própria CSLL: recurso representativo da controvérsia REsp. n. 1.113.159 AM, STJ, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 11.11.2009. 2.4. Do IPI sobre o ICMS: REsp. n. 675.663 PR, STJ, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 24.08.2010; REsp. Nº 610.908 PR, STJ, Segunda Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 20.9.2005, AgRg no REsp.Nº 462.262 SC, STJ, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 20.11.2007. 2.5. Das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS sobre o ISSQN: recurso representativo da controvérsia REsp. n. 1.330.737 SP, Primeira Seção, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 10.06.2015. 3. Desse modo, o ordenamento jurídico pátrio comporta, em regra, a incidência de tributos sobre o valor a ser pago a título de outros tributos ou do mesmo tributo. Ou seja, é legítima a incidência de tributo sobre tributo ou imposto sobre imposto, salvo determinação constitucional ou legal expressa em sentido contrário, não havendo aí qualquer violação, a priori, ao princípio da capacidade contributiva. 4. Consoante o disposto no art. 12 e §1º, do DecretoLei n. 1.598/77, o ISSQN e o ICMS devidos pela empresa prestadora de serviços na condição de contribuinte de direito fazem parte de sua receita bruta e, quando dela excluídos, a nova rubrica que se tem é a receita líquida. 5. Situação que não pode ser confundida com aquela outra decorrente da retenção e recolhimento do ISSQN e do ICMS pela empresa a título de substituição tributária (ISSQNST e ICMSST). Nesse outro caso, a empresa não é a contribuinte, o contribuinte é o próximo na cadeia, o substituído. Quando é assim, a própria legislação tributária prevê que tais valores são meros ingressos na contabilidade da empresa que se torna apenas depositária de tributo que será entregue ao Fisco, consoante o art. 279 do RIR/99. 6. Na tributação sobre as vendas, o fato de haver ou não discriminação na fatura do valor suportado pelo vendedor a título de tributação decorre apenas da necessidade de se informar ou não ao Fisco, ou ao adquirente, o valor do tributo embutido no preço pago. Essa necessidade somente surgiu quando os diversos ordenamentos jurídicos passaram a adotar o lançamento por homologação (informação ao Fisco) e/ou o princípio da não cumulatividade (informação ao Fisco e ao adquirente), sob a Fl. 65DF CARF MF Processo nº 10925.911407/201157 Acórdão n.º 3302004.405 S3C3T2 Fl. 8 7 técnica específica de dedução de imposto sobre imposto (imposto pago sobre imposto devido ou "tax on tax"). 7. Tal é o que acontece com o ICMS, onde autolançamento pelo contribuinte na nota fiscal existe apenas para permitir ao Fisco efetivar a fiscalização a posteriori, dentro da sistemática do lançamento por homologação e permitir ao contribuinte contabilizar o crédito de imposto que irá utilizar para calcular o saldo do tributo devido dentro do princípio da não cumulatividade sob a técnica de dedução de imposto sobre imposto. Não se trata em momento algum de exclusão do valor do tributo do preço da mercadoria ou serviço. 8. Desse modo, firmase para efeito de recurso repetitivo a tese de que: "O valor do ICMS, destacado na nota, devido e recolhido pela empresa compõe seu faturamento, submetendo se à tributação pelas contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, sendo integrante também do conceito maior de receita bruta, base de cálculo das referidas exações". 9. Tema que já foi objeto de quatro súmulas produzidas pelo extinto Tribunal Federal de Recursos TFR e por este Superior Tribunal de Justiça STJ: Súmula n. 191/TFR: "É compatível a exigência da contribuição para o PIS com o imposto único sobre combustíveis e lubrificantes". Súmula n. 258/TFR: "Incluise na base de cálculo do PIS a parcela relativa ao ICM". Súmula n. 68/STJ: "A parcela relativa ao ICM incluise na base de cálculo do PIS". Súmula n. 94/STJ: "A parcela relativa ao ICMS inclui se na base de cálculo do FINSOCIAL". 10. Tema que já foi objeto também do recurso representativo da controvérsia REsp. n. 1.330.737 SP (Primeira Seção, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 10.06.2015) que decidiu matéria idêntica para o ISSQN e cujos fundamentos determinantes devem ser respeitados por esta Seção por dever de coerência na prestação jurisdicional previsto no art. 926, do CPC/2015. 11. Ante o exposto, DIVIRJO do relator para NEGAR PROVIMENTO ao recurso especial do PARTICULAR e reconhecer a legalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS. RECURSO ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL: TRIBUTÁRIO. RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. PIS/PASEP E COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DOS VALORES COMPUTADOS COMO RECEITAS QUE TENHAM SIDO TRANSFERIDOS PARA OUTRAS PESSOAS JURÍDICAS. ART. 3º, § 2º, III, DA LEI Nº 9.718/98. NORMA DE EFICÁCIA LIMITADA. NÃO APLICABILIDADE. 12. A Corte Especial deste STJ já firmou o entendimento de que a restrição legislativa do artigo 3º, § 2º, III, da Lei n.º 9.718/98 ao conceito de faturamento (exclusão dos valores computados como receitas que tenham sido transferidos para outras pessoas jurídicas) não teve eficácia no mundo jurídico já que dependia Fl. 66DF CARF MF Processo nº 10925.911407/201157 Acórdão n.º 3302004.405 S3C3T2 Fl. 9 8 de regulamentação administrativa e, antes da publicação dessa regulamentação, foi revogado pela Medida Provisória n. 2.158 35, de 2001. Precedentes: AgRg nos EREsp. n. 529.034/RS, Corte Especial, Rel. Min. José Delgado, julgado em 07.06.2006; AgRg no Ag 596.818/PR, Primeira Turma, Rel. Min. Luiz Fux, DJ de 28/02/2005; EDcl no AREsp 797544 / SP, Primeira Turma, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 14.12.2015, AgRg no Ag 544.104/PR, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, DJ 28.8.2006; AgRg nos EDcl no Ag 706.635/RS, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, DJ 28.8.2006; AgRg no Ag 727.679/SC, Rel. Min. José Delgado, Primeira Turma, DJ 8.6.2006; AgRg no Ag 544.118/TO, Rel. Min. Franciulli Netto, Segunda Turma, DJ 2.5.2005; REsp 438.797/RS, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, DJ 3.5.2004; e REsp 445.452/RS, Rel. Min. José Delgado, Primeira Turma, DJ 10.3.2003. 13. Tese firmada para efeito de recurso representativo da controvérsia: "O artigo 3º, § 2º, III, da Lei n.º 9718/98 não teve eficácia jurídica, de modo que integram o faturamento e também o conceito maior de receita bruta, base de cálculo das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, os valores que, computados como receita, tenham sido transferidos para outra pessoa jurídica". 14. Ante o exposto, ACOMPANHO o relator para DAR PROVIMENTO ao recurso especial da FAZENDA NACIONAL. (REsp 1144469/PR; Relator: Napoleão Nunes Maia Filho; Relator para o acórdão: Mauro Campbell Maques) (grifos não constam no original) Já o Supremo Tribunal Federal, no RE 574.706RG/PR, julgou, no dia 15.03.2017, no sentido de que: O Tribunal, por maioria e nos termos do voto da Relatora, Ministra Cármen Lúcia (Presidente), apreciando o tema 69 da repercussão geral, deu provimento ao recurso extraordinário e fixou a seguinte tese: "O ICMS não compõe a base de cálculo para a incidência do PIS e da Cofins". Vencidos os Ministros Edson Fachin, Roberto Barroso, Dias Toffoli e Gilmar Mendes. Nesta assentada o Ministro Dias Toffoli aditou seu voto. Plenário, 15.3.2017. (grifos não constam do original) No âmbito do regimento interno deste Egrégio Tribunal Administrativo, existe previsão normativa em seu artigo 62, anexo II, sobre a obrigatoriedade de se observar os precedentes em sistema de repetitivos e/ou repercussão geral na análise dos casos: RICARF Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Fl. 67DF CARF MF Processo nº 10925.911407/201157 Acórdão n.º 3302004.405 S3C3T2 Fl. 10 9 § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: (...) II que fundamente crédito tributário objeto de: (...) b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei n º 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) O RICARF prevê o requisito da decisão definitiva para a obrigatoriedade da aplicação do precedente, no caso em análise, o REsp 1.144.469/PR transitou em julgado em 10.03.2017 e o RE 574.706 RG/PR ainda espera a modulação de seus efeitos, não havendo, portanto, trânsito em julgado. Logo, devese observar a decisão, já transitada em julgado, do Superior Tribunal de Justiça. Em razão da obrigatoriedade por parte do conselheiro em aplicar o RICARF, acima exposto, os argumentos da Recorrente de desnecessidade de previsão legal para a exclusão do ICMS por respeito ao princípio da capacidade contributiva e da impossibilidade de considerar o ICMS como parte integrante do faturamento ficam, desde já, encontramse fundamentados com a aplicação do precedente obrigatório. Portanto, em conformidade com o REsp 1.144.469/PR, que firmou para efeito de recurso repetitivo a tese de que: "O valor do ICMS, destacado na nota, devido e recolhido pela empresa compõe seu faturamento, submetendose à tributação pelas contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, sendo integrante também do conceito maior de receita bruta, base de cálculo das referidas exações", é negado provimento ao recurso voluntário. II.4 Sobrestamento do processo Por fim, a Recorrente pleiteou o sobrestamento do feito até o julgamento definitivo do RE 504.706, suplicando pela aplicação do princípio da economia processual. Com todo respeito ao pedido formulado pela Recorrente, as hipóteses de sobrestamento do feito previstas no Regimento Interno deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, não albergam o pedido do contribuinte, logo, deve ser afastado o requerimento anteriormente citado, por total ausência de fundamento legal. III. Conclusão Diante do exposto, considerando que a Recorrente não comprovou a origem do crédito e, que a decisão do Superior Tribunal de Justiça (REsp 1.144.469/PR), aplicável ao presente caso, é no sentido de manter o ICMS na base de cálculo do PIS/COFINS, voto por negar provimento ao recurso voluntário." Fl. 68DF CARF MF Processo nº 10925.911407/201157 Acórdão n.º 3302004.405 S3C3T2 Fl. 11 10 Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo o recurso voluntário também foi apresentado tempestivamente e, não obstante a Recorrente não ter retificado a DCTF antes de apresentar o pedido de restituição, não logrou comprovar o crédito que alega fazer jus, decorrente de pagamentos a maior de PIS/Pasep e Cofins, em razão da inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 69DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.905134/2010-56
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 12 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon May 22 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Exercício: 1999
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PRAZO.
Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplica-se o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. Aplicação da Súmula CARF nº 91.
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PROVA DO DIREITO ALEGADO. ÔNUS DA PROVA.
O ônus da prova recai sobre quem alega o direito. No caso concreto, não restou comprovada, nos autos, a identidade entre a pessoa jurídica interessada no processo administrativo e aquela que figurava como litisconsorte no processo judicial, nem a existência de eventos societários que permitissem considerar a primeira como sucessora da segunda em direitos e obrigações.
Numero da decisão: 1301-002.373
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
[assinado digitalmente]
Waldir Veiga Rocha Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Waldir Veiga Rocha.
Nome do relator: WALDIR VEIGA ROCHA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Exercício: 1999 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PRAZO. Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplicase o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. Aplicação da Súmula CARF nº 91. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PROVA DO DIREITO ALEGADO. ÔNUS DA PROVA. O ônus da prova recai sobre quem alega o direito. No caso concreto, não restou comprovada, nos autos, a identidade entre a pessoa jurídica interessada no processo administrativo e aquela que figurava como litisconsorte no processo judicial, nem a existência de eventos societários que permitissem considerar a primeira como sucessora da segunda em direitos e obrigações. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. [assinado digitalmente] Waldir Veiga Rocha – Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Waldir Veiga Rocha. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 90 51 34 /2 01 0- 56 Fl. 160DF CARF MF Processo nº 16327.905134/201056 Acórdão n.º 1301002.373 S1C3T1 Fl. 3 2 BANCO VOLKSWAGEN S.A., já devidamente qualificada nestes autos, recorre a este Conselho contra a decisão prolatada pela 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo I / SP, que indeferiu os pedidos veiculados através de manifestação de inconformidade apresentada contra a decisão da DEINF/SP. Trata a lide de Pedido de Restituição (PER/DCOMP), no qual o alegado direito creditório é decorrente de pagamento indevido ou a maior da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Posteriormente, o contribuinte usou esse alegado direito creditório para a compensação com débito de sua titularidade, mediante a Declaração Eletrônica de Compensação (PER/DCOMP), transmitida em 2008. Consta dos autos intimação, informando ao contribuinte que o DARF por ele especificado não teria sido localizado nos sistemas da RFB e instandoo à regularização. Não consta do processo qualquer resposta ou providência do contribuinte. A unidade administrativa que primeiro analisou os pedidos formulados pela empresa (DEINF/SP) negou homologação à compensação. O motivo foi a não localização do DARF nos sistemas da RFB, mesmo após a intimação acima referida. Em sua manifestação de inconformidade contra o Despacho Decisório, a interessada, inicialmente, junta comprovante de arrecadação obtido no sítio eletrônico da Receita Federal. Na sequência, esclarece: Esse recolhimento foi indevidamente efetuado pelo Recorrente, uma vez que ele dispunha de decisão judicial definitiva, proferida nos autos do Mandado de Segurança n° 89.00112058, que o exonerava do recolhimento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, no período de 1988 a 09/1997 (data do trânsito em julgado da decisão judicial). Nem se alegue que o pagamento foi efetuado após o trânsito em julgado da decisão judicial exoneratória e com os benefícios previstos na Lei n° 9779/99, tendo em vista que, além desses fatos não servirem de fundamento para a negativa do pedido de restituição, o recolhimento se deu porque a própria Secretaria da Receita Federal, mesmo em face da decisão judicial favorável ao Recorrente, insistia na cobrança de tais valores, ao argumento de que os efeitos da decisão judicial alcançavam apenas a CSLL relativa ao exercício de 1989. Apenas com a decisão do 1º Conselho de Contribuintes (acórdão n° 101 93.610), proferida em 19/09/01, com acórdão formalizado em 11/12/01, que reconheceu expressamente o direito de um dos litisconsortes do ora Recorrente, no Mandado de Segurança n° 89.00112058, de não recolher a CSLL, no período de 1990 a 1997, ou seja, desde a propositura da medida judicial até o trânsito em julgado da decisão favorável, o que se deu em 02/09/97, é que o Recorrente obteve a comprovação de que também estava desobrigado do recolhimento da CSLL nesse período e que, portanto, tinha direito de reaver os montantes indevidamente recolhidos: "Ementa: IRPJ Normas Gerais. Lançamento Tributário. Sentença Judicial. Trânsito em Julgado. Efeitos. A sentença judicial reconhecendo a inconstitucionalidade dos artigos 1º, 2º, 3º e 8º, da Lei n° 7689, de 1988, e, de consequência, desobrigando a pessoa jurídica do recolhimento da CSLL, irradia seus efeitos jurídicos até o período no qual tenha ocorrido seu trânsito em julgado. Fl. 161DF CARF MF Processo nº 16327.905134/201056 Acórdão n.º 1301002.373 S1C3T1 Fl. 4 3 Recurso conhecido e provido. Trecho do Voto do Conselheiro Sebastião Rodrigues Cabral — Relator: Nesta linha de raciocínio, e considerando que no presente caso: i) A sentença judicial que acolheu a pretensão da Recorrente, no sentido de desobrigála do recolhimento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido instituída pela Lei n° 7689, de 1988, transitou em julgado em 02 de setembro de 1997, tal qual atestado na Certidão fornecida pela 10ª Vara Federal, anexa aos autos às fls.; ii) O Mandado de Segurança interposto pela Recorrente, em 1989, objetivou a dispensa do recolhimento da referida Contribuição sob alegação de inconstitucionalidade da lei que a instituiu (n° 7689, de 1988), o que foi integralmente reconhecido pela referida sentença transitada em julgado; iii) O auto de infração guerreado no presente processo pretende exigir da Recorrente a Contribuição Social relativa aos períodosbase de 1990 a 1994, portanto, anteriores ao trânsito em julgado da sentença judicial; só nos resta concluir que referidos períodos estão albergados pela 'coisa julgada', sendo defeso ao Fisco exigir a Contribuição em causa relativamente àqueles períodosbase." Assim, deve ser prontamente revisto o despachodecisório, ora recorrido, ante a comprovação do recolhimento indevido, a ensejar o direito à restituição, nos termos do artigo 165, I, do Código Tributário Nacional. A 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo I / SP analisou a manifestação de inconformidade apresentada pela contribuinte e indeferiu a solicitação. Ciente da decisão de primeira instância e com ela inconformada, a interessada apresentou recurso voluntário, mediante o qual oferece, em apertada síntese, os seguintes argumentos: Acerca do prazo para pleitear o indébito, a recorrente se reporta ao Pedido Eletrônico de Restituição, ao Pedido de Restituição protocolado na Deinf e sustenta que estaria plenamente respeitado, no caso, o prazo prescricional de cinco anos, previsto no art. 168, I, do CTN. A recorrente afirma ter anexado aos autos cópia do Mandado de Segurança nº 89.00112058, em que foi proferida a decisão transitada em julgado que a exonerava do recolhimento da CSLL de 1988 até 09/1997 (data do trânsito em julgado). Da mesma forma, anexa documentos que comprovam ser a recorrente a sucessora de Autolatina Financiadora S/A, que foi parte no processo judicial. A interessada reitera, ainda, os argumentos trazidos na Manifestação de Inconformidade, acerca da decisão proferida pelo 1º Conselho de Contribuintes em 2001. Conclui com o pedido de provimento de seu recurso e homologação da compensação declarada. É o Relatório. Voto Fl. 162DF CARF MF Processo nº 16327.905134/201056 Acórdão n.º 1301002.373 S1C3T1 Fl. 5 4 Conselheiro Waldir Veiga Rocha, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 1301002.287, de 12/04/2017, proferido no julgamento do processo 16327.900370/201248, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 1301002.287): O recurso voluntário e tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade. Dele conheço. Gira a lide em torno de pedido de restituição, posteriormente cumulado com declaração de compensação. No atual estágio da discussão administrativa, o alegado direito creditório não foi reconhecido por dois fundamentos autônomos, ou seja, cada um deles é suficiente, por si só, para o não reconhecimento do direito creditório. O primeiro fundamento adotado pelo julgador de primeira instância, de caráter preliminar, foi o transcurso do prazo para pleitear o indébito. Alega a recorrente que deveria ter sido considerado o período transcorrido entre a data do recolhimento, em 1999, e a data do protocolo do pedido de restituição, em 2004. Com isso, restaria atendido o prazo de cinco anos de que trata o art. 168, I, do CTN. Examinando a decisão recorrida, constatase que, efetivamente, houve um equívoco do julgador ao não considerar o pedido de restituição originalmente formulado em 2004. Isso fica evidenciado na afirmação de que “... observase que somente em 2008 veio pleitear compensação do referido crédito, ou seja, cerca de sete anos após ‘obter a comprovação’, e nove após a extinção do débito, pelo pagamento”. Ora, a declaração de compensação é datada de 2008, mas reportase ao anterior pedido de restituição, e é esse pedido que deve ser considerado, para fins da contagem do prazo para a repetição de indébito. No entanto, como se verá a seguir, a correção desse equívoco não trará modificação na conclusão. Esse prazo, se de cinco ou dez anos, bem assim a determinação dos termos inicial e final para a contagem, já foram objeto de acirrados debates, tanto no âmbito administrativo quanto no judicial. A inovação legislativa (arts. 3º e 4º da Lei Complementar nº 118/2005) tentou pacificar a questão, mas somente aumentou as divergências, tanto doutrinárias quanto jurisprudenciais. Finalmente, a questão foi pacificada pelo Poder Judiciário. De especial interesse, o Recurso Especial nº 1.002.932, de 25/11/2009, prolatado pelo STJ no regime do art. 543C do CPC então vigente, e o Recurso Extraordinário nº 566.321, de 04/08/2011, proferido pelo STF no regime do art. 543B do mesmo diploma legal. A reiterada aplicação administrativa dessas decisões conduziu à aprovação, em 09/12/2013, pelo Pleno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, da súmula CARF nº 91, a seguir reproduzida. Súmula CARF nº 91: Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplicase o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. Fl. 163DF CARF MF Processo nº 16327.905134/201056 Acórdão n.º 1301002.373 S1C3T1 Fl. 6 5 As súmulas CARF são de observância obrigatória pelos membros deste órgão administrativo, a teor do art. 72 do Anexo II do Regimento Interno, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015 e alterações supervenientes. No caso concreto, o pedido de restituição foi protocolado em 2004, antes da data limite prevista na súmula, aplicandose, portanto, o prazo prescricional de dez anos. O termo inicial da contagem é, também nos termos da súmula, a data do fato gerador. O fato gerador foi fixado pela própria interessada no pedido de restituição. Desta forma, para fatos geradores completados anteriormente a 12/02/1994 o prazo prescricional já se encontrava encerrado no momento do pedido de restituição. Observese que a data do recolhimento não é considerada para este fim, muito menos a circunstância alegada pela interessada acerca do julgamento administrativo de um auto de infração no qual o sujeito passivo seria um dos litisconsortes na ação judicial. Não se vislumbra qual a relação entre aquele julgamento administrativo e o prazo para a formulação do pedido de restituição aqui discutido. A constatação que se impõe é de que o decurso do prazo prescricional impede que seja atendido o pleito da interessada, independentemente de quaisquer considerações de mérito, negandose provimento ao recurso voluntário. O segundo fundamento adotado pelo julgador de primeira instância para o indeferimento do pleito foi a falta de comprovação do direito. O seguinte excerto do voto condutor do acórdão recorrido é elucidativo: Observese que a empresa não trouxe a petição inicial e nenhuma peça do processo judicial que afirma amparala, de forma a se poder verificar a correção de sua alegação central de mérito, o que, como demonstrado acima, seria ônus da empresa. E, em consulta ao sítio do TRF da 3ª Região, utilizandose do número de processo judicial fornecido pela Interessada, na opção “Consulta Processual – Visualizar Processo” a empresa não aparece como parte, mas sim as seguintes empresas: Consórcio Nacional Ford Ltda., Autolatina S/A, Autolatina Financiadora S/A Crédito Financiamento e Investimentos e Ford Brasil S/A. Junto com o recurso voluntário, a interessada faz acostar aos autos peças do processo judicial, e documentos que, segundo ela, comprovariam ser a recorrente sucessora da Autolatina Financiadora S/A, que foi parte no processo judicial. Compulsando os autos, especialmente as peças processuais do Mandado de Segurança nº 89.112058, constato que a impetrante foi Consórcio Nacional Ford Ltda., e que posteriormente foram admitidos como litisconsortes: (i) Autolatina S/A; (ii) Autolatina Financiadora S/A – Crédito, Financiamento e Investimentos; e (iii) Ford Brasil S/A. Prosseguindo na análise, encontro Ata da AGE de 31/05/1996 de Banco Autolatina S.A., na qual se registra a cisão parcial dessa pessoa jurídica, com a versão de parcela de seu patrimônio para o Banco Ford S/A e a mudança do nome da parcela remanescente da cisão do Banco Autolatina S/A para Banco Volkswagen S/A (a interessada). Na sequência, encontro também o Protocolo da cisão e versão do patrimônio. No entanto, não encontro prova de que Banco Autolatina S/A fosse parte da ação judicial. No documento datado de 17/02/2004, dirigido à DEINF/SP, a interessada se identifica como “BANCO VOLKSWAGEN S/A., atual denominação de BANCO AUTOLATINA S.A., anteriormente denominado AUTOLATINA Fl. 164DF CARF MF Processo nº 16327.905134/201056 Acórdão n.º 1301002.373 S1C3T1 Fl. 7 6 FINANCIADORA S.A., ...”. Mas tratase de mera afirmação, da qual não encontro prova documental nos autos. Apesar de saber que esse ponto foi um dos fundamentos adotado pelo julgador de primeira instância para negar seu pedido, a interessada apresentou apenas o documento da cisão parcial de Banco Autolatina S/A e posterior mudança de nome da parcela remanescente para Banco Volkswagen S/A, não se preocupando em rastrear e comprovar os eventos societários desde a litisconsorte na ação judicial (Autolatina Financiadora S/A – Crédito, Financiamento e Investimentos) até a atual pessoa jurídica, nem os direitos que teriam sido transmitidos em cada um desses eventos. Em se tratando de pedido de restituição, é ônus de quem alega o direito creditório comprovar o que alega, especialmente, no caso sob análise, que a pessoa jurídica que efetuou o recolhimento seria a sucessora em todos os direitos e obrigações da pessoa jurídica que foi parte na ação judicial. Ao não se encontrar nos autos essa comprovação, também por esse motivo o recurso voluntário há que ser negado. Os dois fundamentos autônomos anteriormente discutidos já seriam (e são) suficientes para que o recurso voluntário seja desprovido. Penso, entretanto, que uma consideração adicional há de ser feita. É que o pagamento em questão foi feito em 1999, ao amparo do art. 17 da Lei nº 9.779/1999. Confirase seu teor (grifos não constam do original): Art.17.Fica concedido ao contribuinte ou responsável exonerado do pagamento de tributo ou contribuição por decisão judicial proferida, em qualquer grau de jurisdição, com fundamento em inconstitucionalidade de lei, que houver sido declarada constitucional pelo Supremo Tribunal Federal, em ação direta de constitucionalidade ou inconstitucionalidade, o prazo até o último dia útil do mês de janeiro de 1999 para o pagamento, isento de multa e juros de mora, da exação alcançada pela decisão declaratória, cujo fato gerador tenha ocorrido posteriormente à data de publicação do pertinente acórdão do Supremo Tribunal Federal.(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) §1oO disposto neste artigo estendese:(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 2158 35, de 2001) Iaos casos em que a declaração de constitucionalidade tenha sido proferida pelo Supremo Tribunal Federal, em recurso extraordinário;(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) IIa contribuinte ou responsável favorecido por decisão judicial definitiva em matéria tributária, proferida sob qualquer fundamento, em qualquer grau de jurisdição;(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) IIIaos processos judiciais ajuizados até 31 de dezembro de 1998, exceto os relativos à execução da Dívida Ativa da União.(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) Fl. 165DF CARF MF Processo nº 16327.905134/201056 Acórdão n.º 1301002.373 S1C3T1 Fl. 8 7 §2oO pagamento na forma do caput deste artigo aplicase à exação relativa a fato gerador:(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) Iocorrido a partir da data da publicação do primeiro Acórdão do Tribunal Pleno do Supremo Tribunal Federal, na hipótese do inciso I do § 1o;(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) IIocorrido a partir da data da publicação da decisão judicial, na hipótese do inciso II do § 1o;(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) IIIalcançado pelo pedido, na hipótese do inciso III do § 1o.(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) §3oO pagamento referido neste artigo:(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) Iimporta em confissão irretratável da dívida;(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) IIconstitui confissão extrajudicial, nos termos dos arts. 348, 353 e 354 do Código de Processo Civil;(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) [...] Insisto: os pagamentos nesses termos são confissão irretratável da dívida e confissão extrajudicial. Ou seja, ainda que pudessem ser superados os dois fundamentos anteriormente expostos, o pedido de restituição encontraria obstáculo inarredável na disposição expressa da lei acima transcrita. Supondose, como hipótese argumentativa, que a interessada fosse, como afirma, sucessora da litisconsorte na ação judicial, o fato é que espontaneamente decidiu abrir mão do direito conquistado na ação judicial (possivelmente por vêlo ameaçado por reiteradas manifestações do STF no sentido da inconstitucionalidade da CSLL apenas para o primeiro ano de sua vigência) e parcelar o valor da contribuição para os anos subsequentes. A recorrente afirma que somente fez os pagamentos porque a Receita Federal insistia na cobrança, mesmo em face da decisão judicial que havia obtido. Ora, esse era o entendimento administrativo à época, atualmente ainda mais reforçado, tanto pelo sucesso obtido em ações rescisórias diversas propostas perante o Poder Judiciário, quanto por Pareceres da douta PGFN. Se a interessada tivesse plena convicção de seu direito, seu procedimento teria sido o de aguardar o lançamento e discutilo administrativa e judicialmente, nunca o de se antecipar, confessando a dívida de forma irretratável e recolhendo o tributo. A recorrente reclama, ainda, que esse aspecto não teria sido fundamento para a negativa do pedido de restituição, pelo que não poderia, agora, ser abordado. Observese que a DEINF/SP originalmente negou o pedido porque o pagamento (DARF) não foi identificado nos sistemas da RFB. Apesar de intimada, a interessada não se preocupou em trazer aos autos os esclarecimentos que Fl. 166DF CARF MF Processo nº 16327.905134/201056 Acórdão n.º 1301002.373 S1C3T1 Fl. 9 8 permitissem essa correta identificação. Essa questão foi plenamente superada em primeira instância. Somente então foi possível avançar e questionar outros aspectos, a saber, o prazo para pleitear o indébito e a comprovação do direito alegado. Quanto a este último aspecto, o julgador a quo se deteve na falta das peças do processo judicial e na falta de comprovação de que a interessada no processo administrativo fosse também uma das partes do processo judicial. Penso que as considerações aqui tecidas sobre esse ponto nada mais são do que um aprofundamento acerca da análise de mérito do pedido. Seriam, talvez, dispensáveis, como dito anteriormente, mas em nada prejudicam, antes reforçam a conclusão. Por todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. [assinado digitalmente] Waldir Veiga Rocha Fl. 167DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10882.907226/2012-51
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue May 23 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jul 10 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 28/02/2009
ICMS. BASE DE CÁLCULO. PIS/COFINS. COMPOSIÇÃO.
O ICMS compõe a base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS, integrando, portanto, o conceito de receita bruta.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-004.260
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Paulo Guilherme Déroulède, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araújo.
Nome do relator: RICARDO PAULO ROSA
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BASE DE CÁLCULO. ICMS. Recorrente INDÚSTRIA DE MÁQUINAS MIRUNA LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 28/02/2009 ICMS. BASE DE CÁLCULO. PIS/COFINS. COMPOSIÇÃO. O ICMS compõe a base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS, integrando, portanto, o conceito de receita bruta. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Paulo Guilherme Déroulède, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araújo. Relatório Tratase de pedido de PER/DCOMP para restituição de créditos de COFINS, cujo pedido foi indeferido, via despacho decisório. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 2. 90 72 26 /2 01 2- 51 Fl. 46DF CARF MF Processo nº 10882.907226/201251 Acórdão n.º 3302004.260 S3C3T2 Fl. 3 2 Inconformada, a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade alegando, em síntese: que o ICMS destacado nas vendas não pode ser considerado como faturamento ou como receita bruta, não devendo, por isso, ser incluído na base de cálculo do PIS e da COFINS; que a inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições em tela desrespeita o preceito do artigo 110 do CTN; que o STF, por meio do RE 240.785/MG, manifestou o entendimento de excluir o ICMS da base de cálculo do PIS e da COFINS. Sobreveio, então, julgamento da DRJ/Belo Horizonte, que indeferiu a manifestação de inconformidade nos termos do Acórdão 02050.862. A contribuinte, então, apresentou recurso voluntário repisando os argumentos da manifestação de inconformidade. É o relatório. Voto Conselheiro Ricardo Paulo Rosa, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302004.158, de 23 de maio de 2017, proferido no julgamento do processo 10283.902818/201235, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302004.158): "1. Dos requisitos de admissibilidade O Recurso Voluntário foi apresentado de modo tempestivo, a ciência do acórdão ocorreu em 28 de agosto de 2014, fls. 50, e o recurso foi protocolado em 29 de setembro de 2014, fls. 52. Tratase, portanto, de recurso tempestivo e de matéria que pertence a este colegiado. 2. Do mérito 2.1. Do ICMS na base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS A controvérsia cingese sobre a inclusão ou não do ICMS na base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS. A situação que permeia os tribunais na atualidade é de dois posicionamentos conflitantes quanto à inclusão ou não do tributo na base de cálculo do PIS e da COFINS. O Superior Tribunal de Justiça no REsp 1.144.469/PR, em sistema de recursos repetitivos assim decidiu: RECURSO ESPECIAL DO PARTICULAR: TRIBUTÁRIO. RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. PIS/PASEP E COFINS. BASE DE CÁLCULO. RECEITA OU FATURAMENTO. INCLUSÃO DO ICMS. Fl. 47DF CARF MF Processo nº 10882.907226/201251 Acórdão n.º 3302004.260 S3C3T2 Fl. 4 3 1. A Constituição Federal de 1988 somente veda expressamente a inclusão de um imposto na base de cálculo de um outro no art. 155, §2º, XI, ao tratar do ICMS, quanto estabelece que este tributo: "XI não compreenderá, em sua base de cálculo, o montante do imposto sobre produtos industrializados, quando a operação, realizada entre contribuintes e relativa a produto destinado à industrialização ou à comercialização, configure fato gerador dos dois impostos". 2. A contrario sensu é permitida a incidência de tributo sobre tributo nos casos diversos daquele estabelecido na exceção, já tendo sido reconhecida jurisprudencialmente, entre outros casos, a incidência: 2.1. Do ICMS sobre o próprio ICMS: repercussão geral no RE n. 582.461 / SP, STF, Tribunal Pleno, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 18.05.2011. 2.2. Das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS sobre as próprias contribuições ao PIS/PASEP e COFINS: recurso representativo da controvérsia REsp. n. 976.836 RS, STJ, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 25.8.2010. 2.3. Do IRPJ e da CSLL sobre a própria CSLL: recurso representativo da controvérsia REsp. n. 1.113.159 AM, STJ, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 11.11.2009. 2.4. Do IPI sobre o ICMS: REsp. n. 675.663 PR, STJ, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 24.08.2010; REsp. Nº 610.908 PR, STJ, Segunda Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 20.9.2005, AgRg no REsp.Nº 462.262 SC, STJ, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 20.11.2007. 2.5. Das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS sobre o ISSQN: recurso representativo da controvérsia REsp. n. 1.330.737 SP, Primeira Seção, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 10.06.2015. 3. Desse modo, o ordenamento jurídico pátrio comporta, em regra, a incidência de tributos sobre o valor a ser pago a título de outros tributos ou do mesmo tributo. Ou seja, é legítima a incidência de tributo sobre tributo ou imposto sobre imposto, salvo determinação constitucional ou legal expressa em sentido contrário, não havendo aí qualquer violação, a priori, ao princípio da capacidade contributiva. 4. Consoante o disposto no art. 12 e §1º, do DecretoLei n. 1.598/77, o ISSQN e o ICMS devidos pela empresa prestadora de serviços na condição de contribuinte de direito fazem parte de sua receita bruta e, quando dela excluídos, a nova rubrica que se tem é a receita líquida. 5. Situação que não pode ser confundida com aquela outra decorrente da retenção e recolhimento do ISSQN e do ICMS pela empresa a título de substituição tributária (ISSQNST e ICMS ST). Nesse outro caso, a empresa não é a contribuinte, o contribuinte é o próximo na cadeia, o substituído. Quando é assim, a própria legislação tributária prevê que tais valores são meros Fl. 48DF CARF MF Processo nº 10882.907226/201251 Acórdão n.º 3302004.260 S3C3T2 Fl. 5 4 ingressos na contabilidade da empresa que se torna apenas depositária de tributo que será entregue ao Fisco, consoante o art. 279 do RIR/99. 6. Na tributação sobre as vendas, o fato de haver ou não discriminação na fatura do valor suportado pelo vendedor a título de tributação decorre apenas da necessidade de se informar ou não ao Fisco, ou ao adquirente, o valor do tributo embutido no preço pago. Essa necessidade somente surgiu quando os diversos ordenamentos jurídicos passaram a adotar o lançamento por homologação (informação ao Fisco) e/ou o princípio da não cumulatividade (informação ao Fisco e ao adquirente), sob a técnica específica de dedução de imposto sobre imposto (imposto pago sobre imposto devido ou "tax on tax"). 7. Tal é o que acontece com o ICMS, onde autolançamento pelo contribuinte na nota fiscal existe apenas para permitir ao Fisco efetivar a fiscalização a posteriori, dentro da sistemática do lançamento por homologação e permitir ao contribuinte contabilizar o crédito de imposto que irá utilizar para calcular o saldo do tributo devido dentro do princípio da não cumulatividade sob a técnica de dedução de imposto sobre imposto. Não se trata em momento algum de exclusão do valor do tributo do preço da mercadoria ou serviço. 8. Desse modo, firmase para efeito de recurso repetitivo a tese de que: "O valor do ICMS, destacado na nota, devido e recolhido pela empresa compõe seu faturamento, submetendose à tributação pelas contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, sendo integrante também do conceito maior de receita bruta, base de cálculo das referidas exações". 9. Tema que já foi objeto de quatro súmulas produzidas pelo extinto Tribunal Federal de Recursos TFR e por este Superior Tribunal de Justiça STJ: Súmula n. 191/TFR: "É compatível a exigência da contribuição para o PIS com o imposto único sobre combustíveis e lubrificantes". Súmula n. 258/TFR: "Incluise na base de cálculo do PIS a parcela relativa ao ICM". Súmula n. 68/STJ: "A parcela relativa ao ICM incluise na base de cálculo do PIS". Súmula n. 94/STJ: "A parcela relativa ao ICMS incluise na base de cálculo do FINSOCIAL". 10. Tema que já foi objeto também do recurso representativo da controvérsia REsp. n. 1.330.737 SP (Primeira Seção, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 10.06.2015) que decidiu matéria idêntica para o ISSQN e cujos fundamentos determinantes devem ser respeitados por esta Seção por dever de coerência na prestação jurisdicional previsto no art. 926, do CPC/2015. 11. Ante o exposto, DIVIRJO do relator para NEGAR PROVIMENTO ao recurso especial do PARTICULAR e reconhecer a legalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS. RECURSO ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL: TRIBUTÁRIO. Fl. 49DF CARF MF Processo nº 10882.907226/201251 Acórdão n.º 3302004.260 S3C3T2 Fl. 6 5 RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. PIS/PASEP E COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DOS VALORES COMPUTADOS COMO RECEITAS QUE TENHAM SIDO TRANSFERIDOS PARA OUTRAS PESSOAS JURÍDICAS. ART. 3º, § 2º, III, DA LEI Nº 9.718/98. NORMA DE EFICÁCIA LIMITADA. NÃO APLICABILIDADE. 12. A Corte Especial deste STJ já firmou o entendimento de que a restrição legislativa do artigo 3º, § 2º, III, da Lei n.º 9.718/98 ao conceito de faturamento (exclusão dos valores computados como receitas que tenham sido transferidos para outras pessoas jurídicas) não teve eficácia no mundo jurídico já que dependia de regulamentação administrativa e, antes da publicação dessa regulamentação, foi revogado pela Medida Provisória n. 2.15835, de 2001. Precedentes: AgRg nos EREsp. n. 529.034/RS, Corte Especial, Rel. Min. José Delgado, julgado em 07.06.2006; AgRg no Ag 596.818/PR, Primeira Turma, Rel. Min. Luiz Fux, DJ de 28/02/2005; EDcl no AREsp 797544 / SP, Primeira Turma, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 14.12.2015, AgRg no Ag 544.104/PR, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, DJ 28.8.2006; AgRg nos EDcl no Ag 706.635/RS, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, DJ 28.8.2006; AgRg no Ag 727.679/SC, Rel. Min. José Delgado, Primeira Turma, DJ 8.6.2006; AgRg no Ag 544.118/TO, Rel. Min. Franciulli Netto, Segunda Turma, DJ 2.5.2005; REsp 438.797/RS, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, DJ 3.5.2004; e REsp 445.452/RS, Rel. Min. José Delgado, Primeira Turma, DJ 10.3.2003. 13. Tese firmada para efeito de recurso representativo da controvérsia: "O artigo 3º, § 2º, III, da Lei n.º 9718/98 não teve eficácia jurídica, de modo que integram o faturamento e também o conceito maior de receita bruta, base de cálculo das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, os valores que, computados como receita, tenham sido transferidos para outra pessoa jurídica". 14. Ante o exposto, ACOMPANHO o relator para DAR PROVIMENTO ao recurso especial da FAZENDA NACIONAL. (REsp 1144469/PR; Relator: Napoleão Nunes Maia Filho; Relator para o acórdão: Mauro Campbell Maques) (grifos não constam no original) Já o Supremo Tribunal Federal, no RE 574.706RG/PR, julgou, no dia 15.03.2017, no sentido de que: O Tribunal, por maioria e nos termos do voto da Relatora, Ministra Cármen Lúcia (Presidente), apreciando o tema 69 da repercussão geral, deu provimento ao recurso extraordinário e fixou a seguinte tese: "O ICMS não compõe a base de cálculo para a incidência do PIS e da Cofins". Vencidos os Ministros Edson Fachin, Roberto Barroso, Dias Toffoli e Gilmar Mendes. Nesta assentada o Ministro Dias Toffoli aditou seu voto. Plenário, 15.3.2017. Fl. 50DF CARF MF Processo nº 10882.907226/201251 Acórdão n.º 3302004.260 S3C3T2 Fl. 7 6 (grifos não constam do original) No âmbito do regimento interno deste Egrégio Tribunal Administrativo, existe previsão normativa em seu artigo 62, anexo II, sobre a obrigatoriedade de se observar os precedentes em sistema de repetitivos e/ou repercussão geral na análise dos casos: RICARF Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: (...) II que fundamente crédito tributário objeto de: (...) b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei n º 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) O RICARF prevê o requisito da decisão definitiva para a obrigatoriedade da aplicação do precedente; no caso em análise, o REsp 1.144.469/PR transitou em julgado em 10.03.2017 e o RE 574.706 RG/PR ainda espera a modulação de seus efeitos, não havendo, portanto, trânsito em julgado. Logo, devese observar a decisão, já transitada em julgado, do Superior Tribunal de Justiça. Em razão da obrigatoriedade por parte do conselheiro em aplicar o RICARF, acima exposto, os argumentos da Recorrente de desnecessidade de previsão legal para a exclusão do ICMS por respeito ao princípio da capacidade contributiva e da impossibilidade de considerar o ICMS como parte integrante do faturamento encontramse, desde já, fundamentados com a aplicação do precedente obrigatório. Portanto, em conformidade com o REsp 1.144.469/PR, que firmou para efeito de recurso repetitivo a tese de que: "O valor do ICMS, destacado na nota, devido e recolhido pela empresa compõe seu faturamento, submetendose à tributação pelas contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, sendo integrante também do conceito maior de receita bruta, base de cálculo das referidas exações", é negado provimento ao recurso voluntário. 3. Conclusão Por todo o exposto, conheço do recurso voluntário, mas, no mérito, nego provimento." Da mesma forma que no caso do paradigma, no presente processo o recurso voluntário também foi apresentado tempestivamente. Fl. 51DF CARF MF Processo nº 10882.907226/201251 Acórdão n.º 3302004.260 S3C3T2 Fl. 8 7 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. assinado digitalmente Ricardo Paulo Rosa Fl. 52DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.003605/2007-65
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 09 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Jun 22 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2002, 2003, 2004, 2005
Ementa:
DECADÊNCIA. DEPÓSITO BANCÁRIO. INOCORRÊNCIA.
O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do ano-calendário." (Súmula CARF nº 38)
NULIDADE MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL - MPF
O Mandado de Procedimento Fiscal MPF constitui mero instrumento de controle criado pela Administração Tributária, sendo assim irregularidades em sua emissão ou prorrogação não são motivos suficientes para anular o lançamento.
SIGILO BANCÁRIO. DECISÃO DO STF. REPERCUSSÃO GERAL.
O Supremo Tribunal Federal já definiu a questão em sede de Repercussão Geral no RE nº 601.314, e consolidou a seguinte tese: "O art. 6º da Lei Complementar 105/01 não ofende o direito ao sigilo bancário, pois realiza a igualdade em relação aos cidadãos, por meio do princípio da capacidade contributiva, bem como estabelece requisitos objetivos e o translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal". Nos termos do art. 62 do Anexo II ao RICARF, tal decisão deve ser repetida por esse Conselho.
DEPÓSITO BANCÁRIO. PRESUNÇÃO RELATIVA ESTABELECIDA POR LEI.
A Lei nº 9.430/1996 estabelece, em seu art. 42, uma presunção relativa de omissão de rendimentos quando, identificados depósitos bancários em favor do sujeito passivo, e previamente intimado, este não é capaz de apresentar provas da origem dos mesmos.
DEPÓSITOS BANCÁRIOS. COMPROVAÇÃO. ÔNUS.
A comprovação da origem dos recursos deve ser feita "individualizadamente", como expressamente prescrito no § 3º do artigo 42, da Lei em comento. Alegações genéricas de exercício de atividade comercial não podem ilidir a presunção legalmente estabelecida. Em relação à alegada administração de negócios sobre imóveis, não é possível excluir da base de cálculo depósitos específicos, uma vez que o Contribuinte não logrou realizar a conciliação individualizada dos valores depositados com os documentos juntados. Por outro lado, os depósitos relacionados aos contratos de compra e venda de imóveis tem suas origens justificadas por possuírem lastro documental e passíveis de serem individualizados em data e valor, razão pela qual devem ser excluídos do Auto de Infração.
TAXA SELIC. SÚMULA CARF.
"A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais." (Súmula CARF nº 4).
Numero da decisão: 2202-003.835
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, rejeitar a preliminar de diligência suscitada pelo Conselheiro Dilson Jatahy Fonseca Neto (Relator). No mérito, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso para excluir da base de cálculo o valor de R$ 263.000,00, do ano-calendário 2005, vencido o Conselheiro Dilson Jatahy Fonseca Neto (Relator), que deu provimento parcial em maior extensão para excluir também os valores transferidos aos titulares dos imóveis administrados. Foi designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada.
(assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente
(assinado digitalmente)
Dilson Jatahy Fonseca Neto - Relator
(assinado digitalmente)
Marcio Henrique Sales Parada - Redator designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Martin da Silva Gesto, Cecilia Dutra Pillar e Marcio Henrique Sales Parada. Ausente justificadamente Rosemary Figueiroa Augusto.
Nome do relator: DILSON JATAHY FONSECA NETO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2002, 2003, 2004, 2005 Ementa: DECADÊNCIA. DEPÓSITO BANCÁRIO. INOCORRÊNCIA. O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do ano-calendário." (Súmula CARF nº 38) NULIDADE MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL - MPF O Mandado de Procedimento Fiscal MPF constitui mero instrumento de controle criado pela Administração Tributária, sendo assim irregularidades em sua emissão ou prorrogação não são motivos suficientes para anular o lançamento. SIGILO BANCÁRIO. DECISÃO DO STF. REPERCUSSÃO GERAL. O Supremo Tribunal Federal já definiu a questão em sede de Repercussão Geral no RE nº 601.314, e consolidou a seguinte tese: "O art. 6º da Lei Complementar 105/01 não ofende o direito ao sigilo bancário, pois realiza a igualdade em relação aos cidadãos, por meio do princípio da capacidade contributiva, bem como estabelece requisitos objetivos e o translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal". Nos termos do art. 62 do Anexo II ao RICARF, tal decisão deve ser repetida por esse Conselho. DEPÓSITO BANCÁRIO. PRESUNÇÃO RELATIVA ESTABELECIDA POR LEI. A Lei nº 9.430/1996 estabelece, em seu art. 42, uma presunção relativa de omissão de rendimentos quando, identificados depósitos bancários em favor do sujeito passivo, e previamente intimado, este não é capaz de apresentar provas da origem dos mesmos. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. COMPROVAÇÃO. ÔNUS. A comprovação da origem dos recursos deve ser feita "individualizadamente", como expressamente prescrito no § 3º do artigo 42, da Lei em comento. Alegações genéricas de exercício de atividade comercial não podem ilidir a presunção legalmente estabelecida. Em relação à alegada administração de negócios sobre imóveis, não é possível excluir da base de cálculo depósitos específicos, uma vez que o Contribuinte não logrou realizar a conciliação individualizada dos valores depositados com os documentos juntados. Por outro lado, os depósitos relacionados aos contratos de compra e venda de imóveis tem suas origens justificadas por possuírem lastro documental e passíveis de serem individualizados em data e valor, razão pela qual devem ser excluídos do Auto de Infração. TAXA SELIC. SÚMULA CARF. "A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais." (Súmula CARF nº 4).
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DEPÓSITO BANCÁRIO. INOCORRÊNCIA. O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do anocalendário." (Súmula CARF nº 38) NULIDADE MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL MPF O Mandado de Procedimento Fiscal MPF constitui mero instrumento de controle criado pela Administração Tributária, sendo assim irregularidades em sua emissão ou prorrogação não são motivos suficientes para anular o lançamento. SIGILO BANCÁRIO. DECISÃO DO STF. REPERCUSSÃO GERAL. O Supremo Tribunal Federal já definiu a questão em sede de Repercussão Geral no RE nº 601.314, e consolidou a seguinte tese: "O art. 6º da Lei Complementar 105/01 não ofende o direito ao sigilo bancário, pois realiza a igualdade em relação aos cidadãos, por meio do princípio da capacidade contributiva, bem como estabelece requisitos objetivos e o translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal". Nos termos do art. 62 do Anexo II ao RICARF, tal decisão deve ser repetida por esse Conselho. DEPÓSITO BANCÁRIO. PRESUNÇÃO RELATIVA ESTABELECIDA POR LEI. A Lei nº 9.430/1996 estabelece, em seu art. 42, uma presunção relativa de omissão de rendimentos quando, identificados depósitos bancários em favor do sujeito passivo, e previamente intimado, este não é capaz de apresentar provas da origem dos mesmos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 36 05 /2 00 7- 65 Fl. 1312DF CARF MF 2 DEPÓSITOS BANCÁRIOS. COMPROVAÇÃO. ÔNUS. A comprovação da origem dos recursos deve ser feita "individualizadamente", como expressamente prescrito no § 3º do artigo 42, da Lei em comento. Alegações genéricas de exercício de atividade comercial não podem ilidir a presunção legalmente estabelecida. Em relação à alegada administração de negócios sobre imóveis, não é possível excluir da base de cálculo depósitos específicos, uma vez que o Contribuinte não logrou realizar a conciliação individualizada dos valores depositados com os documentos juntados. Por outro lado, os depósitos relacionados aos contratos de compra e venda de imóveis tem suas origens justificadas por possuírem lastro documental e passíveis de serem individualizados em data e valor, razão pela qual devem ser excluídos do Auto de Infração. TAXA SELIC. SÚMULA CARF. "A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais." (Súmula CARF nº 4). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, rejeitar a preliminar de diligência suscitada pelo Conselheiro Dilson Jatahy Fonseca Neto (Relator). No mérito, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso para excluir da base de cálculo o valor de R$ 263.000,00, do anocalendário 2005, vencido o Conselheiro Dilson Jatahy Fonseca Neto (Relator), que deu provimento parcial em maior extensão para excluir também os valores transferidos aos titulares dos imóveis administrados. Foi designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente (assinado digitalmente) Dilson Jatahy Fonseca Neto Relator (assinado digitalmente) Marcio Henrique Sales Parada Redator designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Martin da Silva Gesto, Cecilia Dutra Pillar e Marcio Henrique Sales Parada. Ausente justificadamente Rosemary Figueiroa Augusto. Relatório Tratase, em breves linhas, de auto de infração lavrado em desfavor do Contribuinte para constituir crédito fazendário em função de omissão de rendimentos por depósitos bancários de origem não comprovada. Intimado, o Contribuinte apresentou Fl. 1313DF CARF MF Processo nº 19515.003605/200765 Acórdão n.º 2202003.835 S2C2T2 Fl. 1.313 3 Impugnação, que foi julgada improcedente pela DRJ. Inconformado, interpôs Recurso Voluntário. Em primeira análise, o CARF entendeu por converter o julgamento em diligência. Realizada esta, e já tendo o Contribuinte se manifestado sobre seu resultado, retornam os autos para julgamento. Feito o breve resumo da lide, passo ao relatório pormenorizado dos autos. Em 22/11/2007, foi formalizado Auto de Infração (fls. 387/394), em função da identificação de "omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada". Conforme o Termo de Verificação Fiscal (fls. 301/304 e docs. anexos fls. 305/381): "O contribuinte foi regularmente intimado por via postal através do Termo de Início de Fiscalização a apresentar os extratos das contas bancárias mantidas em instituições financeiras e informar comprovar a origem dos valores creditados / depositados em sua conta corrente bancária. Os valores de DEPÓSITOS / CRÉDITOS constantes na relação Extrato da Movimentação Financeira foram extraídos dos extratos bancários entregues pelo contribuinte em atendimento às Intimações acima citadas e representam 98% do total dos créditos / depósitos na conta corrente dos anoscalendário 2002, 2003, 2004 e 2005 e que os 2% não relacionados segregam movimentação de pequeno valor. Tendo decorrido o prazo concedido para apresentar/comprovar a origem dos recursos depositados/creditados em contas correntes bancárias, nenhum documento que comprovasse a origem dos depósitos/créditos foi apresentado a esta fisca1ização. (...) Isto posto, montamos o demonstrativo mensal dos valores depositados e não comprovados, que foram elaborados a partir dos valores constantes das Intimações acima referidas e os relacionados no "Extrato da Movimentação Financeira", ressaltando ainda que foram excluídas as devoluções de cheque e/ou depósitos e resgates de aplicações financeiras. Faz parte integrante deste Termo de Verificação Fiscal o "Extrato de Movimentação Financeira" do Banco Itaú / agencia e conta n°. 0078 46018 composto de folhas numeradas de 01 a 73, do Banco ABN AMRO REAL composto de 01 ( uma ) folha, do Banco SantanderBanespa composto de 03 ( três ) folhas, cujos valores foram extraídos dos extratos bancários entregues pelo contribuinte." fls. 301/302; Intimado do lançamento em 03/12/2007 (fl. 396), o Contribuinte apresentou Impugnação em 21/12/2007 (fls. 401/443 e docs. anexos fls. 444/572). Em 19/01/2009, a DRJ proferiu o acórdão nº 1729.550 (fls. 575 /592), que julgou improcedente a defesa, e restou assim ementado: Fl. 1314DF CARF MF 4 "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2003, 2004, 2005, 2006 DECADÊNCIA. Tratandose de lançamento ex officio, a regra aplicável na contagem do prazo decadencial é a estatuída pelo art. 173, I, do Código Tributário Nacional, iniciandose o prazo decadencial no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. Desde que não acarretem prejuízos irreparáveis ao contribuinte fiscalizado, quaisquer irregularidades na emissão ou na prorrogação dos Mandados de Procedimentos Fiscais não provocam a nulidade do lançamento tributário decorrente. APLICAÇÃO DO DECRETO N.° 70.235/72 X LEI N." 9.784/99. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 69 DA LEI N.º 9.784/99. Pelo que se infere cio artigo 69 da Lei n.° 9.784 , 99, aplica se apenas subsidiariamente as normas previstas pela citada lei para os processos administrativos fiscais administrados pela Receita Federal do Brasil. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS COMPROVAÇÃO DE ORIGEM DOS CRÉDITOS EM CONTA CORRENTE. A partir de 1° de janeiro de 1997, com a entrada em vigor da Lei 9.430 de 1996, consideramse rendimentos omitidos autorizando o lançamento do imposto correspondente os depósitos junto a instituições financeiras quando o contribuinte, após regulai mente intimado, não lograr êxito em comprovar mediante documentação hábil e idônea a origem dos recursos utilizados. Somente enseja a revisão do lançamento à apresentação pelo contribuinte de prova robusta que comprove a origem de depósito bancário lançado como omissão de rendimento pela autoridade fiscal. MULTA DE OFÍCIO DE 75%. APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DE RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. IMPOSSIBILIDADE. CARÁTER VINCULADO DA ATIVIDADE FISCAL. A multa de 75%, prescrita no artigo 44, inciso 1, da Lei 9.430/1996, é aplicável sempre nos lançamentos de oficio realizados pela Fiscalização da Receita Federal do Brasil. Não é possível qualquer cotejamento em relação aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade na fase administrativa, tendo em vista o caráter vinculado da atividade fiscal (único do artigo 142 do CTN). PERÍCIA = CABIMENTO. Fl. 1315DF CARF MF Processo nº 19515.003605/200765 Acórdão n.º 2202003.835 S2C2T2 Fl. 1.314 5 A perícia deve ser determinada pela autoridade julgadora, de ofício ou à. requerimento do impugnante, quando entende1a n6cessária. Deficiências da defesa na apresentação de provas, quando estas são de responsabilidade do contribuinte, não implica na necessidade de realização de perícia com o objetivo de angariar e analisar essas mesmas provas. . DECISÕES ADMINISTRATIVAS E JUDICIAIS. DOUTRINA. EFEITOS As decisões administrativas, mesmo as proferidas pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, e as judiciais, excetuandose as Proferidas pelo STF sobre a inconstitucionalidade das normas legais, não se constituem em normas gerais, razão pela' qual seus julgados não se aproveitam em relação a qualquer outra ocorrência, senão aquele objeto da decisão. A doutrina transcrita não pode ,ser oposta ao texto explícito do direito positivo, mormente em se tratando do direito tributário brasileiro. por sua estrita subordinação à legalidade. Inteligência do artigo 150, inciso 1, da Constituição Federal de 1988. Lançamento Procedente." fls. 575/576 Intimado em 29/04/2009 (fl. 597), o Contribuinte interpôs Recurso Voluntário em 27/05/2009 (fls. 601/629 e docs. anexos fls. 630/1.264), argumentando, em síntese: · Que houve cerceamento do direito de defesa na decisão recorrida ao negar o pedido de produção de prova pericial contábil, o que ofendeu os preceitos do devido processo legal, ampla defesa e contraditório insculpidos no art. 5º, XXXV e LIV, da CF/1988; · Que o Contribuinte, inclusive, preencheu os requisitos do art. 16, IV, do Decreto nº 70.235/1972 c/ art. 3º, III, da Lei nº 9.784/1999; · Que, nos termos do art. 150, §4º, do CTN, houve decadência dos fatos geradores ocorridos até dezembro de 2002; · Que o lançamento é nulo por ter descumprido os requisitos do Mandado de Procedimento Fiscal, nos termos da explicados na impugnação; · Que o lançamento é nulo por ofensa ao art. 37 da CF/1988 e ao arts. 3º, 26 e 44 da Lei nº 9.784/1999, uma vez que o Contribuinte não foi intimado após o término das diligências realizadas durante a fiscalização; · Que não é possível efetuar o lançamento com base em presunção, uma vez que o processo administrativo fiscal deve ser guiado pelo princípio da verdade real nesse contexto, que não é possível Fl. 1316DF CARF MF 6 simplesmente lavrar auto de infração com base em presunção lastreada em extratos bancários, sem demonstração de sinais exteriores de riqueza do Contribuinte; · Que os extratos bancários não se prestam a demonstrar omissão de rendimento nem acréscimo patrimonial a descoberto, cabendo ao fisco demonstrar, minimamente, que o Contribuinte consumiu a renda supostamente omitida; · Que o art. 43 a 45 do CTN exigem o acréscimo patrimonial, o que não ocorreu no caso haja vista que o Contribuinte apenas administrava renda de terceiros, gerada por meio de aluguel de seus imóveis ou por sucesso em demandas judiciais; · Que a multa de 75% ofende preceitos constitucionais e legais; · Que houve descumprimento do poderdever estipulado na LC nº 105/2001; e · Que é inaplicável a taxa SELIC. Em 12/03/2013, o CARF proferiu a Resolução nº 2202000.454 (fls. 1.270/1.275), determinando a conversão do julgamento em diligência nos seguintes termos: "O recorrente apresenta perícia contábil e documentação na qual a mesma está amparada. Considerando a natureza das alegações suscitadas e sua plausibilidade, entendo conveniente a conversão do julgamento em diligência, na qual seja analisado, pela autoridade lançadora, o material apresentado (fls. 627645), visando ao esclarecimento dos seguintes pontos: a) As origens atribuídas aos depósitos pelo laudo possuem lastro documental? b) Caso seja negativa a resposta ao item anterior, qual a justificativa para rejeição da origem atribuída pela perícia? Discriminar por rubrica. c) Existem valores a serem excluídos do auto de infração? Realizada a diligência, solicito sejam dadas vistas da mesma ao recorrente, para manifestação, ao cabo da qual serão remetidos aos autos a esse Conselho." fl. 1.275; Em resposta à diligência, foi formalizada "Informação Fiscal" (fls. 1.287/1.289), que propôs a exclusão do montante de R$ 263.000,00 da base de cálculo. O Contribuinte foi intimado (fls. 1.301/1.302) e já se manifestou sobre o relatório de diligência (fls. 1.303/1.308). É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Dilson Jatahy Fonseca Neto Relator Fl. 1317DF CARF MF Processo nº 19515.003605/200765 Acórdão n.º 2202003.835 S2C2T2 Fl. 1.315 7 O recurso voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto dele conheço. Diligência Analisando os autos, entendo que o processo não está apto a ser julgado. A verdade é que este CARF determinou, por meio da Resolução nº 2202000.454, de 12/03/2013 (fls. 1.270/1.275), a realização de diligência para que fosse analisada a perícia contábil e a documentação apresentadas. Em resposta, a DRF apresentou Informação Fiscal (fls. 1.287/1.289), esclarecendo que parte da documentação juntada se referia aos repasses feitos a outras pessoas que conforme o laudo seriam os proprietários dos imóveis administrados. Contudo, entende que essa documentação não é apta a demonstrar a origem dos valores creditados. Realizando análise por amostragem, percebese que: · O Contribuinte apresentou cópias dos contratos de locação de imóvel, nos quais se percebe no cabeçalho e no rodapé que foram elaborados por sua empresa (ex. fl. 546/551). Especificamente, o contrato não estabelece nenhuma conta bancária para depósitos, mas apenas, em sua cláusula 13ª, estabelece o valor e que o pagamento deve ser feito na administradora do imóvel (o Contribuinte) ou em outro local previamente determinado pelo locador. Em outras palavras, o pagamento pode ter sido feito em dinheiro e, por essa razão, não ser identificável o depósito/crédito no valor exato nos extratos bancários. Ressaltase que os extratos bancários registram inúmeras operações de depósito/TED em dinheiro. · Mais, juntou diversos "Extratos Detalhado do Proprietário" (ex. fl. 1.241) e "Quitações" (recibos) (ex. fl. 1.241), no qual destrincha o valore recebido a título de aluguel, as despesas incorridas na administração dos imóveis (IPTU, e.g.), o montante devido ao locador cujo imóvel administrava e o montante referente à "taxa de administração": Fl. 1318DF CARF MF 8 Enfim, como conciliação, apresentou cheque emitido por ele, enquanto pessoa física, a ser sacado da conta identificada no lançamento, no mesmo valor apurado como devido ao locador e em nome de colocadora (ex. fl. 1.240). Efetivamente, a documentação não é apta a comprovar a origem individualizada dos recursos creditados nas contas bancárias do Contribuinte. Contudo, as provas constantes nos autos são suficientes para convencer que o Contribuinte exercia atividade de administração de imóveis alheios e que, nesse contexto, recebia o valor integral dos alugueis, realizando os pagamentos referentes à administração e manutenção dos imóveis, repassando o valor líquido do aluguel e retendo apenas a sua comissão. Nesse contexto, entendo ser necessário determinar a realização de nova diligência para, considerando as provas e o laudo pericial, a) que a autoridade fiscalizadora elabore tabela individualizando os valores que o Contribuinte logrou comprovar incorrido na administração dos imóveis e ter repassado aos locadores; b) que seja intimado o Contribuinte para, caso queira, se manifestar do resultado da diligência no prazo de 30 dias; e Fl. 1319DF CARF MF Processo nº 19515.003605/200765 Acórdão n.º 2202003.835 S2C2T2 Fl. 1.316 9 c) retornem os autos para continuidade do julgamento. Decadência: Tendo sido vencido em relação à diligência, dou continuidade ao julgamento. Argumenta o Contribuinte pela decadência dos fatos gerador ocorridos antes de dezembro de 2002. Tal pleito não pode prevalecer. A verdade é que este e.CARF já consolidou a Súmula nº 38, que tem a seguinte redação: O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do anocalendário. Nesse sentido, tratandose de regra de observância obrigatória nos termos do art. 45, VI, do Anexo II ao RICARF, deve ser aplicada ao caso ora sob análise. Especificamente, o Contribuinte foi intimado do lançamento em 03/12/2007 (fl. 396), de sorte que, mesmo contado pela forma do art. 150, §4º, do CTN, não é caduco o lançamento realizado sobre o anocalendário de 2002. Preliminares de nulidade: Nulidade do lançamento em função da inobservância dos requisitos do Mandado de Procedimento Fiscal: Argumenta a Contribuinte que o lançamento em si mesmo é nulo, uma vez que teriam sido descumpridos os requisitos estabelecidos para o Mandado de Procedimento Fiscal MPF. Como bem explicitou a decisão recorrida: "O MPF é um instrumento interno de planejamento e controle das atividades e procedimentos fiscais relativos aos tributos e contribuições administrados., atualmente pela Receita Federal do Brasil. Desde que não acarretem prejuízos irreparáveis ao contribuinte fiscalizado, quaisquer irregularidades na emissão ou na prorrogação dos Mandados de Procedimentos Fiscais não provocam a nulidade tanto da ação fiscal quanto do lançamento tributário decorrente. Estes instrumentos, instituídos por meio de portaria, não podem obstar o exercício da atividade de lançamento conferida ao Auditor Fiscal por força de lei (Lei n.° 10.593/2002). Ainda que haja irregularidades na emissão do MPF, a competência do Auditor Fiscal tanto para executar a ação fiscal quanto para constituir o crédito tributário mediante atividade de lançamento não é abalada." fls. 583/584; Fl. 1320DF CARF MF 10 Efetivamente, a competência para constituir o crédito tributário vem do art. 142 do CTN, e não dos MPF's, que são meramente instrumentos de organização interna da Receita Federal. Nesse sentido a jurisprudência deste Conselho: NULIDADE MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL MPF O Mandado de Procedimento Fiscal MPF constitui mero instrumento de controle criado pela Administração Tributária, sendo assim irregularidades em sua emissão ou prorrogação não são motivos suficientes para anular o lançamento. (acórdão CARF nº 2202003.687, de 08/02/2017) VÍCIOS DO MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL MPF. ALEGAÇÃO DE NULIDADE. INEXISTÊNCIA. Falhas quanto a prorrogação do MPF ou a identificação de infrações em tributos não especificados, não causam nulidade no lançamento. Isto se deve ao fato de que a atividade de lançamento é obrigatória e vinculada, e,detectada a ocorrência da situação descrita na lei como necessária e suficiente para ensejar o fato gerador da obrigação tributária, não pode o agente fiscal deixar de efetuar o lançamento, sob pena de responsabilidade funcional. (acórdão CARF nº 2301003.514, de 15/05/2013 FALHA NA PRORROGAÇÃO DO PRAZO DO MPF. INOCORRÊNCIA DE NULIDADE. Não dá causa à nulidade do lançamento falha cometida na prorrogação do prazo do MPF. (acórdão CARF nº 3301003.163, de 25/01/2017) Especificamente no caso de autos de infração lastreado no art. 42 da Lei nº 9.430/1996, percebese a exigência de intimação prévia ao lançamento, indicando individualmente os créditos cuja comprovação se exige. Essa obrigação foi adimplida, como se percebe do Termo de Intimação lavrado em 04/10/2007 (fl. 31 e docs. anexos fls. 32/108), do qual o Contribuinte foi intimado em 15/10/2007 (fl. 109). Nulidade do lançamento falta de intimação das diligências: Argumenta o Contribuinte, ainda, que há nulidade do lançamento por desrespeito aos comandos do art. 37 da CF/1988, do art. 3º, 26 e 44 da Lei nº 9.784/1999, uma vez que não foi intimado de atos ocorridos durante a tramitação do presente processo. Acontece que se trata de alegação genérica, não esclarecendo a quais atos se refere. O que é mais, percebese que o Contribuinte foi devidamente intimado do Termo de Início de Fiscalização (fl. 24); dos Termos de Continuação (fls. 26, 28 e 30); do Termo de Intimação para comprovar a origem dos recursos (fl. 109); do lançamento (fl. 396); da decisão de 1ª instância (fl. 597); bem como da diligência (fls. 1.301 e 1.302). Em suma, não foram identificadas quaisquer nulidades. Nulidade da decisão recorrida por cerceamento do direito de defesa indeferimento da produção de prova pericial: Argumenta o Contribuinte que a decisão recorrida é nula por cerceamento do seu direito de defesa uma vez que foi indeferido o seu pedido de produção de prova pericial e, ao mesmo tempo, negar provimento ao recurso voluntário por falta de provas. Fl. 1321DF CARF MF Processo nº 19515.003605/200765 Acórdão n.º 2202003.835 S2C2T2 Fl. 1.317 11 Efetivamente, o art. 59 do Decreto nº 70.235/1972 estabelece que são nulas as decisões proferidas com preterição do direito de defesa. Não se observa, entretanto, a referida nulidade in casu: a decisão recorrida indeferiu o pedido de diligência com base no art. 18 do Decreto nº 70.235/1972 e, além disso, bem fundamentou sua decisão, esclarecendo que: "Salientamos que somente justificase a formulação de pedidos de perícias pelo autuado quanto à matéria de fato, ou em razão da natureza técnica do assunto, cuja Comprovação não possa ser feita no corpo dos autos, quer pelo volume de papéis envolvidos na Verificação, quer pela impossibilidade de deslocar os elementos materiais examináveis, quer seja pela localização da prova, que, por exemplo, pode encontrarse em poder de terceiros, ou em outros procedimentos fiscais existentes. Não é o caso deste processo em exame. Deficiências da defesa na apresentação de provas, quando estas(1. rio de responsabilidade do contribuinte, não implica na necessidade de realização de perícia contábil com o objetivo de angariar e analisar essas mesmas provas." fls. 591/592 (grifos no original) Portanto, ainda que o Contribuinte ou mesmo este Conselho venham a discordar a decisão de 1ª Instância, não é possível atacála por cerceamento do direito de defesa. Mérito: Da presunção de omissão de rendimento: Argumenta o Contribuinte, ainda, que não é possível lavrar auto de infração lastreado em presunção, muito menos baseada simplesmente em extratos bancários, sem uma análise aprofundada da autoridade lançadora que, no presente caso, sequer se esforçou para demonstrar o acréscimo patrimonial ou o consumo do rendimento supostamente auferido e omitido. Tratase de questionamento de grande valia para o Poder Judiciário, o que é atestado, inclusive, pela recente declaração do STF de que o argumento é objeto de repercussão geral, no Tema nº 842, em decisão que restou assim ementada: “IMPOSTO DE RENDA – DEPÓSITOS BANCÁRIOS – ORIGEM DOS RECURSOS NÃO COMPROVADA – OMISSÃO DE RENDIMENTOS CARACTERIZADA – INCIDÊNCIA – ARTIGO 42 DA LEI Nº 9.430, DE 1996 – ARTIGOS 145, § 1º, 146, INCISO III, ALÍNEA “A”, E 153, INCISO III, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL – RECURSO EXTRAORDINÁRIO – REPERCUSSÃO GERAL CONFIGURADA. Possui repercussão geral a controvérsia acerca da constitucionalidade do artigo 42 da Lei nº 9.430, de 1996, a autorizar a constituição de créditos tributários do Imposto de Renda tendo por base, exclusivamente, valores de depósitos bancários cuja origem não seja comprovada pelo contribuinte no âmbito de procedimento fiscalizatório. (RE 855649 RG, Relator(a): Min. MARCO Fl. 1322DF CARF MF 12 AURÉLIO, julgado em 27/08/2015, PROCESSO ELETRÔNICO DJe188 DIVULG 21092015 PUBLIC 22092015 ) Em sede de processo administrativo, entretanto, essa tese não pode prevalecer. A verdade é que a presunção foi criada por Lei, que permanece vigente, não sendo possível a este Conselho afastar a sua aplicação, nos termos do caput do art. 62 do RICARF. Ademais, a redação da Lei é clara: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. (grifo nosso) Em outras palavras, identificados depósitos bancários, exigese tão somente que a autoridade fazendária intime o Contribuinte para comprovar a origem dos recursos. A este é que cabe o ônus da prova, não sendo suficiente a apresentação de argumentos ou indícios. Nesse caminho, não pode prevalecer a tese de que cabia à autoridade fazendária aprofundar as investigações quando o Contribuinte, devidamente intimado, não logrou apresentar os documentos requeridos. Convém ressaltar, ademais, que o CARF tem diversas súmulas tratando da matéria, e nenhuma delas questiona a sua legalidade. São os casos das Súmulas CARF nº 26, 30 e 38. Da Lei Complementar nº 105/2001: Nos pedidos, o Contribuinte pleiteia ainda que seja cancelado o lançamento porque "houve total descumprimento ao poderdever estipulado na LC 105/2001". Percebese, entretanto, que o STF já reconheceu, por meio do RE nº 601.314, em sede de repercussão geral que obrigatoriamente deve ser repetido por este Conselho, nos termos do art. 62 do Anexo II ao RICARF a validade da quebra do sigilo bancário realizada diretamente pela autoridade fazendária, prescindindo de autorização judicial para tanto: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. DIREITO TRIBUTÁRIO. DIREITO AO SIGILO BANCÁRIO. DEVER DE PAGAR IMPOSTOS. REQUISIÇÃO DE INFORMAÇÃO DA RECEITA FEDERAL ÀS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. ART. 6º DA LEI COMPLEMENTAR 105/01. MECANISMOS FISCALIZATÓRIOS. APURAÇÃO DE CRÉDITOS RELATIVOS A TRIBUTOS DISTINTOS DA CPMF. PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE DA NORMA TRIBUTÁRIA. LEI 10.174/01. 1. O litígio constitucional posto se traduz em um confronto entre o direito ao sigilo bancário e o dever de pagar tributos, ambos referidos a um mesmo cidadão e de caráter constituinte no que se refere à comunidade política, à luz da finalidade precípua da tributação de realizar a igualdade em seu duplo compromisso, a autonomia individual e o autogoverno coletivo. 2. Do ponto de vista da autonomia individual, o sigilo bancário é uma das expressões do direito de personalidade que se traduz em ter suas atividades e informações bancárias livres de ingerências ou ofensas, qualificadas como arbitrárias ou ilegais, de quem quer que seja, inclusive do Estado ou da própria instituição financeira. 3. Fl. 1323DF CARF MF Processo nº 19515.003605/200765 Acórdão n.º 2202003.835 S2C2T2 Fl. 1.318 13 Entendese que a igualdade é satisfeita no plano do autogoverno coletivo por meio do pagamento de tributos, na medida da capacidade contributiva do contribuinte, por sua vez vinculado a um Estado soberano comprometido com a satisfação das necessidades coletivas de seu Povo. 4. Verificase que o Poder Legislativo não desbordou dos parâmetros constitucionais, ao exercer sua relativa liberdade de conformação da ordem jurídica, na medida em que estabeleceu requisitos objetivos para a requisição de informação pela Administração Tributária às instituições financeiras, assim como manteve o sigilo dos dados a respeito das transações financeiras do contribuinte, observandose um translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal. 5. A alteração na ordem jurídica promovida pela Lei 10.174/01 não atrai a aplicação do princípio da irretroatividade das leis tributárias, uma vez que aquela se encerra na atribuição de competência administrativa à Secretaria da Receita Federal, o que evidencia o caráter instrumental da norma em questão. Aplicase, portanto, o artigo 144, §1º, do Código Tributário Nacional. 6. Fixação de tese em relação ao item “a” do Tema 225 da sistemática da repercussão geral: “O art. 6º da Lei Complementar 105/01 não ofende o direito ao sigilo bancário, pois realiza a igualdade em relação aos cidadãos, por meio do princípio da capacidade contributiva, bem como estabelece requisitos objetivos e o translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal”. 7. Fixação de tese em relação ao item “b” do Tema 225 da sistemática da repercussão geral: “A Lei 10.174/01 não atrai a aplicação do princípio da irretroatividade das leis tributárias, tendo em vista o caráter instrumental da norma, nos termos do artigo 144, §1º, do CTN”. 8. Recurso extraordinário a que se nega provimento. (RE 601314, Relator(a): Min. EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, julgado em 24/02/2016, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL MÉRITO DJe198 DIVULG 1509 2016 PUBLIC 16092016) Neste, inclusive, restou fixada a seguinte tese: O art. 6º da Lei Complementar 105/01 não ofende o direito ao sigilo bancário, pois realiza a igualdade em relação aos cidadãos, por meio do princípio da capacidade contributiva, bem como estabelece requisitos objetivos e o translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal; Nos termos do art. 62 do Anexo II ao RICARF, essa decisão deve ser repetida por este Conselho. Por essa razão, não pode prevalecer o presente argumento. Da comprovação da origem dos recursos: Visando comprovar a origem dos recursos depositados/creditados em suas contas bancárias, o Contribuinte esclareceu que atuava como advogado e administrador de imóveis alheios, de sorte que transitava em suas contas bancárias recursos de terceiros, os quais não podem ser configurados como rendimentos omitidos. Nesse sentido, trouxe aos autos: Fl. 1324DF CARF MF 14 · cópias de cheques emitidos em favor de seus clientes (fls. 543; 552; 564; 571; etc.); · recibos de clientes cujos imóveis administrava (fls. 544/545; 553/556; 565; 572; etc.); · contratos de aluguel desses imóveis (fl. 546/551; 557/563; 566/570; etc.); · laudo pericial contábil (fls. 630/649 e docs. anexos fls. 650/1.264); Esse laudo pericial concluiu que: · Boa parte dos recursos depositados nas contas bancárias do contribuinte referiamse a valores de titularidade de terceiros em função da administração de imóveis (aluguel); · Que houve valores referentes a venda de bens imóveis; · Que houve ainda custos com a atividade realizada, dedutíveis pelo livro caixa; e · Que houve omissão de rendimento, porém em valor muito inferior àquele lançado. Observase que, dentre os documentos anexados, encontrase um "controle financeiro pessoal", que da empresa que o contribuinte administra, bem como cópias de contratos de compra e venda de imóveis. Diante da juntada do laudo pericial, este e.CARF converteu o julgamento em diligência, como já relatado. A autoridade diligenciadora concluiu que: "3 Examinando a documentação dos valores dos repasses acostados ao Laudo Pericial observamos que não identifica vínculos de datas e valor com as entradas / depósitos listados no anexo do TERMO DE VERIFICAÇÃO FISCAL (valores autuados), se revelando ineficaz para justificar os mencionados créditos nas contas correntes, como também ao analisar os valores não vislumbramos associação direta com os valores dos depósitos de forma a comprovar a origem dos mesmos e que deveriam ser justificados de forma individualizada. 4 Com relação ao grupo de documentos denominados "CONTRATOS COMPRA E VENDA (C/V) DE IMÓVEIS" examinamos os contratos apresentados e montamos o demonstrativo em anexo que indica vínculos de depósitos com os dados constantes nos contratos de C/V apresentados. Dos depósitos com a indicação "não localizado" destacase os relacionados ao contrato de C/V do imóvel na Rua (...) tendo em vista que o Contribuinte não consta nem como promissário vendedor nem como comprador. (...) Diante do exposto, de acordo com a documentação apresentada e s.m.j., observamos que os depósitos relacionados aos contratos Fl. 1325DF CARF MF Processo nº 19515.003605/200765 Acórdão n.º 2202003.835 S2C2T2 Fl. 1.319 15 de C/V de imóveis tem suas origens justificadas por possuírem lastro documental e passíveis de serem individualizados em data e valor, razão pela qual devem ser excluídos do Auto de Infração." fl. 1.288/1.289; Pois bem. Compulsando os autos, percebese que: · O Contribuinte não declarou quaisquer valores a título de livrocaixa nas suas DIRPF's (fls. 7/21). Outrossim, tampouco trouxe qualquer comprovante da efetiva ocorrência de quaisquer valores; · O Contribuinte efetivamente declarou em sua DIRPF ter recebido da Porto Seguro Saúde S.A. o valor de R$ 19.933,44 no anocalendário de 2002 (fl. 9), R$ 27.055,40 no anocalendário de 2003 (fl. 12), R$ 29.427,72 no anocalendário de 2004 (fl. 16) e R$ 34.503,64 no ano calendário de 2005 (fl. 20). Contudo, não trouxe aos autos quaisquer provas da motivação de ter recebido tal valor, nem indicou qual o(s) depósito(s) que perfez(izeram) tal soma; Portanto, ante a falta de comprovação, não é possível deduzilos da base de cálculo. Diferente é a situação das operações de alienação de imóveis e de administração de imóveis de terceiros. Em relação à alienação de imóveis, como bem resumiu a autoridade diligenciadora, percebese que foram juntados aos autos cópias dos contratos de compra e venda, bem como é possível identificar quais foram os depósitos realizados e que devem ser excluídos da base de cálculo. Por esse motivo, concordamos com o resultado da diligência. No tocante ao argumento de que boa parte dos valores se referem a administração de imóveis alheios e, portanto, não são renda sua, tenho que discordar da conclusão alcançada pela DRF em resultado da diligência, como já exposto acima em proposta de nova diligência. Em suma, não é possível excluir da base de cálculo depósitos específicos, uma vez que o Contribuinte não logrou realizar a conciliação individualizada dos valores depositados com os documentos juntados. Contudo, diante das circunstâncias fáticas, entendo que restou comprovada a natureza da atividade do Contribuinte e, portanto, ser necessário deduzir do lançamento os valores que, mediante a apresentação de cheques e de extratos de sua contabilidade, demonstrou ter saído de sua conta para pagar aos locadores sob pena de transformar uma presunção legal em verdadeira ficção jurídica e tributar valores que, reconhecidamente, não configuram rendimento do sujeito passivo. Da multa: Argumenta o Recorrente, subsidiariamente, pela inaplicabilidade da multa de ofício de 75%, argumentando que ela é ilegal e inconstitucional, que não havendo fato gerador não pode ser aplicada multa e que não houve fato típico para aplicar multa em tal percentual. Fl. 1326DF CARF MF 16 O Contribuinte tem razão em tese, mas não no direito: afastandose a ocorrência do fato gerador, afastarseia igualmente a multa de ofício. Contudo, o lançamento é mantido parcialmente, razão pela qual mantémse também a multa. Outrossim, não pode prevalecer o argumento do Recorrente pela ilegalidade e inconstitucionalidade da multa. Em primeiro lugar, conforme a Súmula CARF nº 02 e o art. 62 do Anexo II ao RICARF, não é possível afastar a aplicabilidade de Lei com base em argumento de inconstitucionalidade, com exceções específicas, que não se observam neste caso. Mais, a verdade é que a multa de ofício é determinada por Lei, não podendo a autoridade lançadora deixar de impôla nem este Conselho cancelála. Da taxa SELIC: Enfim, argumenta o Recorrente ainda pela inaplicabilidade da Taxa SELIC. Acontece que, mais uma vez, este Conselho já tem jurisprudência consolidada, de observância obrigatória, na Súmula CARF nº 4. Dispositivo: Diante de tudo quanto exposto, voto por rejeitar as preliminares e, no mérito, por dar provimento parcial para afastar da base de cálculo o valor de R$ 263.000,00 no ano calendário referente à alienação dos imóveis, assim como os valores comprovadamente transferidos aos titulares dos imóveis administrados. (assinado digitalmente) Dilson Jatahy Fonseca Neto Relator. Voto Vencedor Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada, Redator designado. Peço licença para divergir pontualmente do ilustre Relator, Conselheiro Dilson Jatahy Fonseca Neto, primeiro no que tange à sua proposta de conversão do julgamento em diligência e, decidindose pelo prosseguimento do julgamento, neste momento, na extensão do provimento ao recurso, que entendo deva ser mais restrita, pelas razões a seguir expostas. Colho do Voto do Relator, a seguinte passagem: Efetivamente, a documentação não é apta a comprovar a origem individualizada dos recursos creditados nas contas bancárias do Contribuinte. Contudo, as provas constantes nos autos são suficientes para convencer que o Contribuinte exercia atividade de administração de imóveis alheios e que, nesse contexto, recebia o valor integral dos alugueis, realizando os pagamentos referentes à administração e manutenção dos imóveis, repassando o valor líquido do aluguel e retendo apenas a sua comissão. (destaquei) Esclareceu a Fiscalização, por ocasião da Informação Fiscal de fls. 1287 e seguintes, que: Preliminarmente, esclarecemos que o presente processo foi baixado em diligência para análise de documentos que foram Fl. 1327DF CARF MF Processo nº 19515.003605/200765 Acórdão n.º 2202003.835 S2C2T2 Fl. 1.320 17 apresentados na fase de julgamento, não tendo, portanto, o objetivo de suprir deficiências de instrução do processo. (...) Examinando a documentação dos valores dos repasses acostado ao Laudo Pericial observamos que não identifica vínculos de data e valor com as entradas/depósitos listados no anexo do Termo de Verificação Fiscal... (...) ... de acordo com a documentação apresentada, observamos que os depósitos relacionados aos contratos de C/V de imóveis tem suas origens justificadas por possuírem lastro documental e passíveis de serem individualizados em data e valor, razão pela qual devem ser excluídos do Auto de Infração. (sublinhei) Na folha 1289/90, constam duas tabelas onde se verifica, individualizadamente, quais contratos de compra e venda de imóveis, apontados pelo recorrente, foram relacionados com depósitos lançados no Auto de Infração. O valor total é de R$ 263.000,00 (identificado como "total dos depósitos justificados"). Ao se manifestar sobre o resultado da diligência, o contribuinte, assim como vem fazendo desde a impugnação, conforme relatório que consta da Resolução que a determinou, procura apontar nulidades e impropriedades no lançamento, como por exemplo pugnar pela aplicação do RE nº 389.8086/PR "que afastou a quebra de sigilo bancários sem autorização judicial", mas, como se demonstra na parte acima destacada, do voto do Relator, aqui em debate, não foi capaz de justificar, individualizadamente, a origem dos depósitos, na forma do artigo 42, da Lei nº 9.430, de 1996. A nova diligência não se presta a esclarecer dúvidas do julgador, mas para que a fiscalização analise a documentação e faça provas a favor do contribuinte, para excluir depósitos cuja origem ele deveria ter identificado desde a fase que precedeu a lavratura do Auto de Infração, quando foi regularmente intimado. Vejamos a jurisprudência da Câmara Superior de Recursos Fiscais: Acórdão nº 9303002.548, de 09/10/2013. NORMAS PROCESSUAIS. NULIDADE. Não cabe à Administração suprir, por meio de diligências, mesmo em seus arquivos internos, má instrução probatória realizada pelo contribuinte. Sua denegação, pois, não constitui cerceamento do direito de defesa que possa determinar a nulidade da decisão nos termos dos arts. 59 e 60 do Decreto 70.235/72. A ausência de prova do direito alegado, autoriza seu indeferimento. Recurso Especial do Contribuinte Negado. A análise de depósitos bancários, para fins de aplicação do supracitado artigo 42, deve se dar "individualizadamente", a partir de provas que devem ser produzidas pelo contribuinte. Vejamos que em seu voto, mesmo após a anexação do grande volume de Fl. 1328DF CARF MF 18 documentos, o Relator disse estar convencido de que "as provas constantes nos autos são suficientes para convencer que o Contribuinte exercia atividade de administração de imóveis alheios e que, nesse contexto, recebia o valor integral dos alugueis, realizando os pagamentos referentes à administração e manutenção dos imóveis, repassando o valor líquido do aluguel e retendo apenas a sua comissão". Mas que parte é essa? Quais depósitos são provenientes dessa atividade e quais não são? E ainda dentre os que fossem provenientes dessa atividade, quais são tributáveis e quais não são? Porque a "comissão" que recebia é rendimento tributável para a pessoa física, produto do trabalho. E de quem é o ônus da prova, para individualizar o depósito, identificar a origem e apontar o que é comissão e o que é repasse, em cada caso? Diz o artigo 42 da Lei nº 9.430, de 1996: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente a origem dos recursos utilizados nessas operações. (...) § 3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados:(...) (destaquei) Assim, demonstrar que exercia determinada atividade comercial, utilizando indevidamente conta de pessoa física para trânsito de valores que não lhe pertenciam, conforme alega, não é suficiente para ilidir a presunção legal, no caso, que a lei confere ao Fisco. Vejamos o que diz a Súmula CARF nº 32: Súmula CARF nº 32: A titularidade dos depósitos bancários pertence às pessoas indicadas nos dados cadastrais, salvo quando comprovado com documentação hábil e idônea o uso da conta por terceiros. Por isso, divirjo de que o julgamento deva ser convertido em nova diligência, conforme proposto pelo Relator, para que: ... a autoridade fiscalizadora elabore tabela individualizando os valores que o Contribuinte logrou comprovar incorrido na administração dos imóveis e ter repassado aos locadores; Esse ônus é do contribuinte, não da fiscalização. Isso porque existe, no caso, a inversão do ônus da prova, não necessitando o Fisco demonstrar que aquele depósito tratase de ingresso patrimonial inédito na esfera de disponibilidade do contribuinte, portanto passível de tributação, cabendo ao sujeito passivo demonstrar o contrário. As presunções legais são admitidas em diversos casos para fins de tributação e isso não é inovação ou exclusividade da legislação brasileira. Regina Helena Costa e Misabel Derzi ensinam que o legislador, para tornar viável a aplicação da lei, muitas vezes cria presunções, ficções, padronizações, dentro do que as autoras definem como "praticabilidade da tributação" (COSTA, Regina Helena, Praticabilidade e justiça tributária. Fl. 1329DF CARF MF Processo nº 19515.003605/200765 Acórdão n.º 2202003.835 S2C2T2 Fl. 1.321 19 Exequidade de Lei Tributária e Direitos do Contribuinte. São Pauto: Malheiros, 2007, p.52 DERZI, Misabel. Princípio da Praticabilidade do Direito Tributário, in Revista de Direito Tributário nº 47. São Paulo: Malheiros, janmar/ 1989, p.166179) Assim, os extratos bancários constantes dos autos são suficientes para a comprovação dos depósitos bancários e sobre estes é correta a aplicação da presunção de omissão de rendimentos, quando o contribuinte, regularmente intimado, não demonstra, com documentação hábil e idônea, a origem dos recursos. A comprovação da origem dos recursos deve ser feita "individualizadamente", como expressamente prescrito no § 3º do artigo 42, da Lei em comento. Alegações genéricas não podem ilidir a presunção legalmente estabelecida. Vejamos, mais uma vez, a jurisprudência da Câmara Superior de Recursos Fiscais: Acórdão 9202003.823, de 08 de março de 2016 Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Exercício: 1999 LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS. Quando da constatação de depósitos bancários cuja origem reste não comprovada pelo sujeito passivo, de se aplicar o comando constante do art. 42 da Lei no 9.430, de 1996, presumida, assim a omissão de rendimentos. (...) Bem, superada a questão da nova diligência, registro que acompanho o relator nos demais pontos de seu voto, no que trata de decadência, preliminares de nulidade e possibilidade de lançamento com base em depósitos bancários, bem como em relação a aplicação da multa de ofício e da taxa de juros Selic, divergindo, porém, quando o ilustre Conselheiro conclui que: Em suma, não é possível excluir da base de cálculo depósitos específicos, uma vez que o Contribuinte não logrou realizar a conciliação individualizada dos valores depositados com os documentos juntados. Contudo, diante das circunstâncias fáticas, entendo que restou comprovada a natureza da atividade do Contribuinte e, portanto, ser necessário deduzir do lançamento os valores que, mediante a apresentação de cheques e de extratos de sua contabilidade, demonstrou ter saído de sua conta para pagar aos locadores sob pena de transformar uma presunção legal em verdadeira ficção jurídica e tributar valores que, reconhecidamente, não configuram rendimento do sujeito passivo. Isso porque, na sistemática e na vontade do artigo 42 da Lei nº 9.430, de 1996, conforme se procurou aqui demonstrar, não cabe ilidir a presunção legal com a Fl. 1330DF CARF MF 20 demonstração de exercício de atividade, de forma genérica, mas apenas comprovando, um a um, com razoável correspondência de datas e valores, os referidos depósitos. CONCLUSÃO Pelo exposto, VOTO por rejeitar a proposta de conversão do julgamento em diligência, rejeitar as preliminares e, no mérito, por dar provimento parcial para retirar da base de cálculo o valor de R$ 263.000,00, no anocalendário de 2005, referente à alienação dos imóveis. (assinado digitalmente) Marcio Henrique Sales Parada Fl. 1331DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13971.720763/2012-87
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 21 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon May 29 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Simples Nacional
Período de apuração: 01/07/2007 a 31/12/2007
SIMPLES FEDERAL. EXCLUSÃO. FRACIONAMENTO DE ATIVIDADES. UTILIZAÇÃO DE INTERPOSTAS PESSOAS NA CONSTITUIÇÃO E FUNCIONAMENTO DE PESSOA JURÍDICA. ABUSO DE FORMA. AUSÊNCIA DE AUTONOMIA OPERACIONAL E PATRIMONIAL. ADMINISTRAÇÃO ÚNICA E ATÍPICA. PREVALÊNCIA DA SUBSTÂNCIA SOBRE A FORMA. DESCONSIDERAÇÃO DE NEGÓCIOS JURÍDICOS SIMULADOS.
O abuso de forma viola o direito e a fiscalização deve rejeitar o planejamento tributário que nela se funda, cabendo a requalificação dos atos e fatos ocorridos, com base em sua substância, para a aplicação do dispositivo legal pertinente. Não há nesse ato nenhuma violação dos princípios da legalidade ou da tipicidade, nem de cerceamento de defesa, pois o conhecimento dos atos materiais e processuais pela recorrente e o seu direito ao contraditório estiveram plenamente assegurados.
A simulação pode configurar-se quando as circunstâncias e evidências indicam a coexistência de empresas com regimes tributários favorecidos, perseguindo a mesma atividade econômica, com sócios ou administradores em comum e a utilização dos mesmos empregados e meios de produção, implicando confusão patrimonial e gestão empresarial atípica.
O fracionamento das atividades empresariais, mediante a utilização de mão de obra existente em empresas interpostas, sendo estas desprovidas de autonomia operacional, administrativa e financeira, para usufruir artificial e indevidamente dos benefícios do regime de tributação do Simples Nacional, viola a legislação tributária, cabendo então a partir de inúmeras e sólidas evidências a desconsideração daquela prestação de serviços formalmente constituída.
É cabível a exclusão do regime simplificado quando ficar comprovada a utilização de interpostas pessoas na constituição e no funcionamento de pessoa jurídica, de modo a encobrir quem são os verdadeiros sócios administradores.
Numero da decisão: 1302-002.071
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente.
(assinado digitalmente)
Rogério Aparecido Gil - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente), Alberto Pinto Souza Júnior, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Rogério Aparecido Gil e Ana de Barros Fernandes Wipprich.
Nome do relator: ROGERIO APARECIDO GIL
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ementa_s : Assunto: Simples Nacional Período de apuração: 01/07/2007 a 31/12/2007 SIMPLES FEDERAL. EXCLUSÃO. FRACIONAMENTO DE ATIVIDADES. UTILIZAÇÃO DE INTERPOSTAS PESSOAS NA CONSTITUIÇÃO E FUNCIONAMENTO DE PESSOA JURÍDICA. ABUSO DE FORMA. AUSÊNCIA DE AUTONOMIA OPERACIONAL E PATRIMONIAL. ADMINISTRAÇÃO ÚNICA E ATÍPICA. PREVALÊNCIA DA SUBSTÂNCIA SOBRE A FORMA. DESCONSIDERAÇÃO DE NEGÓCIOS JURÍDICOS SIMULADOS. O abuso de forma viola o direito e a fiscalização deve rejeitar o planejamento tributário que nela se funda, cabendo a requalificação dos atos e fatos ocorridos, com base em sua substância, para a aplicação do dispositivo legal pertinente. Não há nesse ato nenhuma violação dos princípios da legalidade ou da tipicidade, nem de cerceamento de defesa, pois o conhecimento dos atos materiais e processuais pela recorrente e o seu direito ao contraditório estiveram plenamente assegurados. A simulação pode configurar-se quando as circunstâncias e evidências indicam a coexistência de empresas com regimes tributários favorecidos, perseguindo a mesma atividade econômica, com sócios ou administradores em comum e a utilização dos mesmos empregados e meios de produção, implicando confusão patrimonial e gestão empresarial atípica. O fracionamento das atividades empresariais, mediante a utilização de mão de obra existente em empresas interpostas, sendo estas desprovidas de autonomia operacional, administrativa e financeira, para usufruir artificial e indevidamente dos benefícios do regime de tributação do Simples Nacional, viola a legislação tributária, cabendo então a partir de inúmeras e sólidas evidências a desconsideração daquela prestação de serviços formalmente constituída. É cabível a exclusão do regime simplificado quando ficar comprovada a utilização de interpostas pessoas na constituição e no funcionamento de pessoa jurídica, de modo a encobrir quem são os verdadeiros sócios administradores.
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EXCLUSÃO. INTERPOSTAS EMPRESAS Recorrente TRANSPORTES E LOGISTICA MANDALA LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: SIMPLES NACIONAL Período de apuração: 01/07/2007 a 31/12/2007 SIMPLES FEDERAL. EXCLUSÃO. FRACIONAMENTO DE ATIVIDADES. UTILIZAÇÃO DE INTERPOSTAS PESSOAS NA CONSTITUIÇÃO E FUNCIONAMENTO DE PESSOA JURÍDICA. ABUSO DE FORMA. AUSÊNCIA DE AUTONOMIA OPERACIONAL E PATRIMONIAL. ADMINISTRAÇÃO ÚNICA E ATÍPICA. PREVALÊNCIA DA SUBSTÂNCIA SOBRE A FORMA. DESCONSIDERAÇÃO DE NEGÓCIOS JURÍDICOS SIMULADOS. O abuso de forma viola o direito e a fiscalização deve rejeitar o planejamento tributário que nela se funda, cabendo a requalificação dos atos e fatos ocorridos, com base em sua substância, para a aplicação do dispositivo legal pertinente. Não há nesse ato nenhuma violação dos princípios da legalidade ou da tipicidade, nem de cerceamento de defesa, pois o conhecimento dos atos materiais e processuais pela recorrente e o seu direito ao contraditório estiveram plenamente assegurados. A simulação pode configurarse quando as circunstâncias e evidências indicam a coexistência de empresas com regimes tributários favorecidos, perseguindo a mesma atividade econômica, com sócios ou administradores em comum e a utilização dos mesmos empregados e meios de produção, implicando confusão patrimonial e gestão empresarial atípica. O fracionamento das atividades empresariais, mediante a utilização de mão de obra existente em empresas interpostas, sendo estas desprovidas de autonomia operacional, administrativa e financeira, para usufruir artificial e indevidamente dos benefícios do regime de tributação do Simples Nacional, viola a legislação tributária, cabendo então a partir de inúmeras e sólidas evidências a desconsideração daquela prestação de serviços formalmente constituída. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 1. 72 07 63 /2 01 2- 87 Fl. 846DF CARF MF Processo nº 13971.720763/201287 Acórdão n.º 1302002.071 S1C3T2 Fl. 3 2 É cabível a exclusão do regime simplificado quando ficar comprovada a utilização de interpostas pessoas na constituição e no funcionamento de pessoa jurídica, de modo a encobrir quem são os verdadeiros sócios administradores. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente. (assinado digitalmente) Rogério Aparecido Gil Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente), Alberto Pinto Souza Júnior, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Rogério Aparecido Gil e Ana de Barros Fernandes Wipprich. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto face ao acórdão nr. 0127.616, de 30/10/2013 da 2ª. Turma da DRJ de Belém PA que, por unanimidade de votos, julgou improcedente a manifestação de inconformidade que manteve o Ato Declaratório Executivo nº 16, de 02 de abril de 2012 (ADE) que excluiu a recorrente do Simples Nacional., a seguir transcrito: Art. 1º Excluir do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte a pessoa jurídica TRANSPORTES E LOGÍSTICA MANDALA Ltda. (CNPJ: 07.907.864/000130 e PROCESSO: 13971.720762/201232), pelas seguintes razões: I Formação de grupo econômico, de fato, com a empresa FRIGORÍFICO ELL' GOLLI Ltda (CNPJ:02.225.085/000131), consequentemente, incidindo na vedação imposta pelo artigo 9o (incisos II, IX e X) da Lei 9317/96 e artigo 20° (incisos II, IX e X) da IN SRF 608/06; II Realização de locação de mão de obra e, consequentemente, prática reiterada de infração à legislação tributária (artigos 9º (inciso XII, letra “f”) e 14° (inciso V) da Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996 e artigos 20º (inciso XI, letra “e”) e 23° (inciso V) da IN SRF 608/06). Fl. 847DF CARF MF Processo nº 13971.720763/201287 Acórdão n.º 1302002.071 S1C3T2 Fl. 4 3 A exclusão de que trata o ato citado produz efeitos retroativos ao período de 01/01/2007 a 30/06/2007, nos termos do art. 15º (incisos II, IV e V) da Lei 9.317, de 05 de dezembro de 1996 e do art. 24º (incisos II, VI e VII) da IN SRF 608/2006. O presente processo trata exclusivamente da exclusão da recorrente do Simples Nacional, a partir de 01/07/2007. As autuações de índole previdenciária, referentes à fiscalização originária, constam dos PAF nº 13971.720766/201211, 13971.720764/201221, 13971.720765/201276 e 13971.720767/201265, assim como a defesa apresentada para cada uma das autuações. O Proc. 13971.720762/201232, também julgado nessa sessão, iniciou esse trabalho fiscal e resultou na exclusão da recorrente do Simples Nacional no período de 01/01/2007 a 30/06/2007, mantida no Acórdão nº 0127.616, da 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de julgamento em Belém PA, em 30 de outubro de 2013. Para tal conclusão, as empresas foram fiscalizadas, em cujo relatório constou evidências que demonstram interligação e o entrelaçamento das empresas, verificadas com base no(a): a) cotejamento dos respectivos contratos sociais e alterações, ao longo do tempo; b) localização das sedes das empresas, no mesmo imóvel; a) faturamento, despesas com empregados e forma de tributação das empresas; b) transferência de empregados da empresa Ell’ Golli para a emrpesa Mandala; c) prestação de serviços entre as mesmas empresas; d) mesmos proprietários das instalações, máquinas e equipamentos; e) reclamações trabalhistas/acordos; f) procurações outorgadas pelas empresas com coincidência entre seus representantes (empresas administradas pelos mesmos membros de uma mesma família). Após a apreciação do Relatório Fiscal e da Manifestação de Inconformidade, a DRJ concluiu pela existência de simulação, envolvendo a empresa excluída do Simples Nacional, Transportes e Logística Mandala Ltda., criada pela empresa Frigorífico Ell' Golli Ltda (CNPJ 02.225.085/000131) para reduzir sua carga tributária, aproveitandose do regime mais benéfico, o Simples Nacional. A recorrente foi intimada do acórdão da DRJ, em 20/11/2013 (fl. 772) e interpôs recurso voluntário, em 19/12/2013 (fl. 773). Desde suas primeiras defesas, até o recurso voluntário em questão, a recorrente alega a impossibilidade de o ato administrativo retroagir; inexistência de simulação; Fl. 848DF CARF MF Processo nº 13971.720763/201287 Acórdão n.º 1302002.071 S1C3T2 Fl. 5 4 inexistência de grupo econômico; inexistência de vínculo laboral; arbitramento fiscal sem base ou por mera presunção; ausência de fundamento legal válido; impossibilidade de desconsideração de personalidade jurídica; inobservância à hierarquia das normas. Ao final, requereu a improcedência da exclusão da sistemática do Simples Nacional e efeito suspensivo do ato de exclusão. Não requereu o acolhimento, nem mesmo o provimento do Recurso Voluntário. Os detalhes relativos a cada alegação em razões de recursos serão analisada no voto a seguir. É o relatório. Voto Conselheiro Rogério Aparecido Gil Relator Presentes os pressupostos de admissibilidade e diante da tempestividade conheço do Recurso Voluntário. I. Efeitos da Exclusão A recorrente questiona os efeitos da exclusão do Simples nos seguintes termos: Enquanto merecedor de inclusão no sistema SIMPLES, não pode o contribuinte ser exigido de alguns tributos, os quais não poderão ser cobrados em virtude da Exclusão do SIMPLES, pois a decisão que exclui uma empresa do SIMPLES não faz retroagir seus efeitos ao período em que vigia a inclusão, nem tampouco pode surtir efeito enquanto não houver decisão definitiva no processo tributário. Nos termos do art. 15 (incisos II, IV e V) da Lei nº 9.317, de 05 de dezembro de 1996 e do art. 24 (incisos II, VI e VII) da IN SRF 608/2006, a exclusão produzirá efeitos a partir de 01/01/2007 até 30/06/2007. Os efeitos da exclusão do Simples, somente serão considerados definitivos, em âmbito administrativo, quando esgotados os recursos conferidos ao contribuinte, nesta esfera. II. Da Exclusão do Simples A questão está concentrada na apuração, pela fiscalização, de que a empresa Frigorífico Ell' Golli Ltda. (CNPJ:02.225.085/000131) se utilizava da empresa Transportes e Logística Mandala Ltda., optante do Simples, com poder de direção unificado, mesmas instalações físicas, interligação logística, econômica e administrativa entre as mesmas e com faturamento total superior ao limite estabelecido para a opção pelo SIMPLES. Limites para opção pelo SIMPLES Fl. 849DF CARF MF Processo nº 13971.720763/201287 Acórdão n.º 1302002.071 S1C3T2 Fl. 6 5 R$ 1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil reais), estabelecido pelo item II do art.2o da Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996 e de R$ 2.400.000,00 (dois milhões e quatrocentos mil reais) a partir de 14/10/05 (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) A partir de inúmeros fatos constatados pela fiscalização, excluiuse a recorrente do regime do Simples, nos termos do referido Ato Declaratório Executivo DRF/BLUMENAU nº 16, de 02/04/2012 (fls.677). Não há como acolher as alegações de que as duas empresas seriam distintas e independentes entre si, cada uma com seus próprios administradores. Mesmo que não possuíssem entre os sócios familiares, como se afigura no presente caso, posto verificarse que a direção das empresas é composta por integrantes de um só núcleo familiar. A análise dos Contratos Sociais e alterações, docs. 16 e 17, demonstra claramente o entrelaçamento familiar na sociedade das empresas Frigorífico Ell' Golli Ltda. (CNPJ:02.225.085/000131) e Transportes e Logística Mandala Ltda.; embora não seja este o motivo determinante para a constatação da simulação detectada pela fiscalização, seja esta, a de que a empresa Mandala foi criada com o objetivo de reduzir a carga tributária da empresa Ell’ Golli. Somando a esta situação, percebe se a existência de procurações das duas empresas – outorgando poderes à Sra. Sandra Cristina Stein Andrioli – contribuindo para a indicação de uma gestão unificada dos negócios, e consequente falta de autonomia e de independência gerencial. É também peculiar o fato descrito nas planilhas de fls.667/668, proveniente do cruzamento das informações prestadas em GFIP pelas empresas ELL' GOLLI e Mandala, no qual constata se a existência de inúmeros funcionários dispensados em uma e admitidos na outra, o que fortifica ainda mais o entendimento de que a empresa MANDALA, optante do SIMPLES, estava sendo usada para reduzir os encargos trabalhistas da ELL’ GOLLI. Neste sentido, descabe a tentativa de aventar que não sendo tais funcionários empregados da Ell Golli, não há vínculo empregatício entre eles e a recorrente, mesmo porque no presente caso, a recorrente é a empresa Mandala. A planilha de fl.666, demonstra nitidamente a redução tanto de empregados, como de percentual de despesas com empregados/receita bruta, ocorrida com a empresa Ell’ Golli, conforme a empresa Mandala aumentava o número de funcionários. As funções exercidas por esses empregados eram idênticas ou semelhantes, coerentes com o próprio objeto social das empresas citadas. Este quadro, fl.666, demonstra que ao transferir funcionários para a empresa MANDALA, a empresa Ell' Golli, que era tributada pelo Lucro Presumido, diminuía os encargos trabalhistas, visto que no regime de tributação da empresa Mandala, o Simples Nacional, não sofria a incidência da contribuição previdenciária patronal. Também não merece credibilidade a alegação de que as empresas possuíam sedes próprias. O local de funcionamento da empresa Mandala resume se a uma sala, localizada dentro das instalações da empresa Ell' Golli, sendo que seus empregados são Fl. 850DF CARF MF Processo nº 13971.720763/201287 Acórdão n.º 1302002.071 S1C3T2 Fl. 7 6 alocados e prestam serviços nas dependências da empresa Ell' Golli. Ressalte se que a tentativa de registrar o endereço da empresa Mandala em localidade diferente do centro de suas atividades, constatado pela fiscalização, é mais uma comprovação da simulação intentada. Constatou se ainda, de acordo com os docs. 24 a 26, que as instalações, máquinas e equipamentos utilizados pelos empregados da empresa Mandala nos vários setores: administrativo, financeiro, de embalagem, de expedição e de comercialização, bem como nas várias etapas do processo de industrialização, pertencem a empresa Ell' Golli. O próprio contrato de comodato de equipamentos mencionado pela recorrente, está incluído na tentativa de simulação. Se a mera apresentação de um contrato de comodato fosse suficiente a sobrepor todo o rol de situações que demonstram a intenção de simulação, jamais poderia uma empresa ser enquadrada nesta categoria, bastando para tanto a apresentação de um contrato de comodato entre, justamente, as duas partes a quem recai a tese de simulação. III. Dos Serviços Prestados de Transporte Rodoviário de Cargas Corroborando a tese de simulação, foi constatado pela fiscalização que os serviços prestados de transporte rodoviário de cargas, pela empresa Mandala, eram em sua grande maioria para a empresa Ell' Golli, e apenas uma pequena parcela para as empresas Vida Longa e Madvida (também com participação societária da família). Note se ainda, o contra censo, de que mesmo sendo a empresa Mandala, constituída para prestar o serviço de Transporte Rodoviário de Cargas, até o dia 31/03/2008, a mesma não possuía nenhum caminhão. E mais agravante, os caminhões que utilizava eram alugados das empresas para as quais prestava os serviços, sendo que por dois anos consecutivos, este aluguel não sofreu qualquer reajuste, permanecendo em R$500,00. A planilha apresentada à fl.669, assim como os lançamentos contábeis e recibos de pagamento referentes aos aluguéis dos caminhões, contidos no doc. 22, demonstram o que acima foi observado, contribuindo também para o entendimento de que ocorria uma simulação de serviços prestados, funcionando as duas empresas, Mandala e Ell' Golli, como uma única empresa. IV. Dos Serviços de Industrialização Se ao observarmos serviços prestados de transporte rodoviário de cargas, ainda paira a dúvida sobre a união administrativa das empresas Mandala e Ell' Golli, quando verificamos os serviços de industrialização prestados pela empresa Mandala, não há o que contrapor a tese de simulação. Os serviços de industrialização são prestados, exclusivamente, para a empresa Ell' Golli, utilizando se das instalações, máquinas e equipamentos de propriedade desta. A planilha de fl.670, demonstra o percentual de faturamento da empresa Mandala, por seus serviços prestados às empresas Ell' Golli, Madvida e Vida Longa. Mais de 95% do faturamento provém de serviços prestados à empresa Ell' Golli, sendo que 100% de seus serviços prestados de industrialização, tem como cliente a empresa Ell' Golli. Neste caso não se trata apenas de locação de mão de obra, mas de locação exclusiva de mão de obra. Fl. 851DF CARF MF Processo nº 13971.720763/201287 Acórdão n.º 1302002.071 S1C3T2 Fl. 8 7 Complementando a convicção de uma clara ocorrência de simulação, note se que mesmo as empresas compartilhando as mesmas instalações, conforme docs. 24 a 26, são apresentadas cópias de notas fiscais/faturas simulando a remessa e retorno de mercadorias para industrialização entre as empresas. V. Ell' Golli e Mandala Verificase que está correta a autuação ao considerar que além da formação de um grupo econômico que superava em seu faturamento o limite permitido para a permanência no Simples Nacional, a empresa Mandala incorria ainda na atividade vedada de locação de mão de obra, pois como vimos, seus funcionários exerciam continuamente a prestação de serviços à empresa Ell' Golli, inclusive dentro de suas instalações, as quais correspondiam ao mesmo local para as duas empresas. É cristalino o entendimento de que não há como dissociar se as duas empresas, sendo a criação da empresa MANDALA uma mera simulação visando a redução de encargos trabalhistas, conforme já apontado pelo relatório fiscal. A seu turno, não são trazidos elementos de prova bastantes para infirmar o relato da fiscalização; apenas se alega que a MANDALA era eminentemente prestadoras de serviços, cujos empregados atuavam nas dependências das contratantes. A convicção que se forma vai no sentido de que ocorria industrialização propriamente dita, contandose com mão de obra conjunta dos trabalhadores da MANDALA. E para a concretização dessas operações fazias e necessária a existência de instalações físicas próprias, quais sejam, as da ELL GOLLI. Tal qual apontado pela fiscalização. Outro indício consistente da atuação empresarial unificada é representado pelas constantes locações a preços reduzidos e sem reajuste entre as empresas em tela, conforme lançamentos contábeis consolidados em planilha de fls.669, denotando, inequivocamente, uma interdependência administrativa e financeira, além de acentuada confusão patrimonial. Logo, não se pode falar em independência e autonomia das empresas em tela; e mesmo a distinção formal dos sócios das empresas fica severamente comprometida – na prática – em razão da unidade de direção existente, de forma objetiva e por meio de documentação, pela impugnante. É perfeitamente razoável concluir que a direção dos rumos empresariais era traçada de forma centralizada, tanto no aspecto gerencial como nos aspectos técnicos da produção. Neste momento, cabe destacar que – diante dos fatos e indícios encontrados na auditoria fiscal – pode o Fisco, com respaldo na legislação, desconsiderar a existência de certos negócios ou situações jurídicas, formalmente existentes entre trabalhadores e uma ou mais empresas. Explica se. Um dos pilares do direito tributário está consignado no CTN, artigos 114 (que define o fato gerador), 1161 e 149, os quais prevêem a possibilidade de buscar a realidade subjacente a quaisquer formalidades jurídicas, a partir da identificação concreta e material da situação legalmente necessária à ocorrência do fato gerador. Corolário de tal premissa culmina no poder de requalificar o negócio aparente entre duas ou mais empresas, apurando e cobrando o tributo efetivamente devido. Fl. 852DF CARF MF Processo nº 13971.720763/201287 Acórdão n.º 1302002.071 S1C3T2 Fl. 9 8 A questão que se coloca é sobre a legitimidade ou não do “planejamento tributário”, assim denominado pela doutrina majoritária como uma disposição dos negócios do contribuinte – fazendo uso de uma ou mais pessoas jurídicas – com o intuito de economizar tributos, dentro dos limites legais. A depender das circunstâncias e do contexto, o planejamento realizado pode amoldar se a uma elisão fiscal (lícita, portanto); ou, ao contrário, pode apresentar se de forma abusiva, muitas vezes com o escopo de atingir negócio jurídico indireto, tornando se, então, ilegal e passível de descaracterização por parte do Fisco. A doutrina também a prática indicam ser tênue a linha que separa, de um lado, o direito de qualquer contribuinte organizar sua empresa, com base na livre iniciativa e na autonomia negocial privada, e de outro, o poder de o EstadoFisco considerar tais disposições ineficazes, a partir de pressupostos fáticos lastreados em fraudes, abuso de formas e simulações. Nesse sentido, temse ainda o art. 2293 e § 2º c/c art. 9º, caput e inciso I do Decreto nº 3.048/99 (Regulamento da Previdência Social RPS). Tais disposições regulamentares decorrem da própria natureza da atividade fiscalizatória, inerente ao poder dever estatal de tributar, previsto, dentre outros, no art. 142 do CTN. E isso não significa que a fiscalização “decretou” a inexistência de uma empresa ou pessoa jurídica, mesmo porque para tanto seria necessário provimento judicial. De fato, não houve desconsideração jurídica da empresa contratada, mas tão somente, para fins tributários, deuse a prevalência da essência sobre a forma, em razão da utilização dos trabalhadores da empresa MANDALA de maneira interposta, com vistas à subdivisão contábil (fracionamento) dos respectivos faturamentos e redução da tributação previdenciária, haja vista a opção ao regime simplificado. Em última análise, o Fisco buscou alcançar a verdade material fundamentado em elementos concretos de prova , em detrimento dos aspectos aparentes e formais dos negócios jurídicos apresentados pelo contribuinte. Luciano Amaro, em sua obra “Direito Tributário Brasileiro”, 14ª ed., São Paulo, Saraiva, 2008, pág. 238 reconhece a validade de atos praticados pela autoridade fiscal, tais como na presente autuação: O que se permite à autoridade fiscal nada mais é do que, ao identificar a desconformidade entre os atos ou negócios efetivamente praticados (situação jurídica real) e os atos ou negócios retratados formalmente (situação jurídica aparente), desconsiderar a aparência em prol da realidade. Oportuno trazer ao presente voto a conclusão de Natanael Martins no artigo “Considerações sobre o Planejamento Tributário e as Decisões do Conselho de Contribuintes”, parte integrante da obra “Grandes Questões Atuais do Direito Tributário” – 11o. Volume, Editora Dialética, São Paulo, 2007, páginas 343/344: “Todavia, se por um lado a liberdade de contratação e de associação é a regra, por outro lado, esses conceitos devem, necessariamente, estar conectados à idéia que, de fato e de direito, negócios efetivos tenham sido praticados e que, embora ligadas em cadeia e negociando entre si, sociedades empresariais existam, operando, cada uma, na busca do seu Fl. 853DF CARF MF Processo nº 13971.720763/201287 Acórdão n.º 1302002.071 S1C3T2 Fl. 10 9 específico objeto empresarial, todas, enfim, buscando a verdadeira razão de existência de qualquer sociedade empresarial, a percepção de lucros. Isso porque, se é verdade que no Direito brasileiro existe a ampla liberdade de associação e a possibilidade da busca do melhor modelo empresarial, sobretudo em face da excessiva carga tributária hoje existente, não menos verdade é o fato de que na busca de tais ideais é imperativo que realidades, de fato e de direito, estejam sendo objeto de criação, sob pena de, no contexto do Direito Tributário, as autoridades fiscais buscarem a essência daquilo que se procurou evitar. Desse modo, a busca pela estrutura tributária mais eficiente, apesar de não vedada pelo ordenamento jurídico, não deve corromper os institutos de direito privado, devendo o contribuinte se sujeitar às conseqüências típicas dos negócios praticados. E é justamente essa linha interpretativa do Direito que vem sendo adotada pelo Tribunal Administrativo, que na busca da essência do negócio praticado pelos contribuintes, cada vez mais vem se desvinculando da forma com que as operações estão sendo externadas.” (g. n.) Ficou evidenciado, no caso sob exame, um arranjo negocial, um caminho indireto, simulado ou aparente, baseado em normas de contorno, juridicamente válidas em si mesmas, mas que desbordam a incidência tributária normal, sem a existência evidente e razoável do chamado motivo ou propósito negocial. Verificouse tão somente o desejo de economia fiscal. O conjunto probatório relatado pela fiscalização ancorado em elementos e evidências robustas, repita se, não de forma isolada, mas dentro de um contexto abrangente , atinente à disposição empresarial atípica, à unicidade dos meios produtivos, com centralização de gestão, de direção dos negócios, da localização física, do relacionamento com os empregados e com o público externo, leva à convicção de que a realidade fática essencial das atividades realizadas pelas empresas foi modificada artificialmente, com o intuito de usufruir indevidamente dos benefícios do sistema de tributação Simples. E, nesse propósito, a validade intrínseca da constituição formal da pessoa jurídica da empresa MANDALA foi burlada, em sua essência, a partir do arranjo circunstancial concebido pela justaposição física e operacional com a empresa ELL GOLLI. A par das formalidades da constituição jurídica de cada uma das empresas envolvidas, de seu inter relacionamento e de quais as pessoas físicas estavam,de fato, à frente da direção e dos negócios empresariais, observase que foram descritas suficientemente pela fiscalização as circunstâncias e provas de que não só a constituição da MANDALA, como também seu funcionamento, representam, inequivocamente, um desmembramento das atividades operacionais desenvolvidas em conjunto com a ELL GOLLI (por esta liderada). A prestação de serviços (na verdade, a industrialização) exclusiva por parte da MANDALA a ELL GOLLI constitui forte elemento de convicção da interposição de pessoas presente neste caso. Fl. 854DF CARF MF Processo nº 13971.720763/201287 Acórdão n.º 1302002.071 S1C3T2 Fl. 11 10 A situação encontrada não se enquadra no art. 112 do CTN, eis que, diante dos inúmeros elementos de prova trazidos, não pairam dúvidas sobre os antecedentes e conseqüentes tributários, isto é, sobre o grau de envolvimento e interdependência das empresas em tela. Portanto, lastreada nas circunstâncias fáticas apontadas e suporte jurídico pertinente, a auditoria fiscal logrou demonstrar que o artifício apontado teve como propósito oferecer validade jurídica e formal a uma disposição negocial exclusivamente concebida e destinada a obter vantagens fiscais indevidas (o regime simplificado). Por tudo que foi exposto, é forçoso reconhecer a improcedência das argumentações em contrário oferecidas pela interessada; e concluir pela sua correta exclusão do Simples Nacional. VI. Da Prática Reiterada Sobre o tema, vejamos o que dispõe a Resolução do CGSN N.94/2011: Art. 76. A exclusão de ofício da ME ou da EPP do Simples Nacional produzirá efeitos: IV a partir do próprio mês em que incorridas, impedindo nova opção pelo Simples Nacional pelos 3 (três) anos calendário subsequentes, nas seguintes hipóteses: (Lei Complementar n º 123, de 2006, art. 29, incisos II a XII e § 1 º ) d) tiver sido constatada prática reiterada de infração ao disposto na Lei Complementar n º 123, de 2006; § 6 º Considerase prática reiterada, para fins do disposto nas alíneas "d", "j" e "k" do inciso IV do caput : (Lei Complementar n º 123, de 2006, art. 29, § 9 º ) I a ocorrência, em dois ou mais períodos de apuração, consecutivos ou alternados, de idênticas infrações, inclusive de natureza acessória, verificada em relação aos últimos cinco anos calendário, formalizadas por intermédio de auto de infração ou notificação de lançamento, em um ou mais procedimentos fiscais; II a segunda ocorrência de idênticas infrações, caso seja constatada a utilização de artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento que induza ou mantenha a fiscalização em erro, com o fim de suprimir ou reduzir o pagamento de tributo. 62. No presente caso, está comprovado, e não apenas presumido, que a constituição da empresa MANDALA teve o intuito de redução de carga tributária previdenciária patronal da empresa ELL’ GOLLI, ou seja, a prática já tornouse reiterada a partir do segundo mês de apuração do SIMPLES NACIONAL pela empresa MANDALA, ora excluída. Como a empresa MANDALA já declarava pelo SIMPLES NACIONAL desde o ano calendário 2006, a configuração da prática reiterada está condizente com o que diz o normativo legal acima apresentado. Fl. 855DF CARF MF Processo nº 13971.720763/201287 Acórdão n.º 1302002.071 S1C3T2 Fl. 12 11 VII. Do Julgamento Considerando a análise acima exposta, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário, mantendo a exclusão do Simples Nacional determinada pelo Ato Declaratório Executivo DRF/BLUMENAU N.16, de 02/04/2012 (fls.677). (assinado digitalmente) Rogério Aparecido Gil Fl. 856DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15521.000030/2009-51
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 09 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri May 26 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2003,2004
RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. CURADOR.
O auto de Infração foi lavrado na pessoa do curador, na qualidade de titular de fato das contas bancárias. Não há que se falar em responsabilidade limitada ao quinhão, uma vez que os valores tributados não decorrem de sucessão.
OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA.
"A Lei n° 9.430, de 1996, em seu art. 42, autoriza a presunção de omissão de receita com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o contribuinte titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações". (Súmula CARF nº 26)
QUALIFICAÇÃO DA MULTA DE OFÍCIO. CABIMENTO.
"Nos lançamentos em que se apura omissão de receita ou rendimentos, decorrente de depósitos bancários de origem não comprovada, é cabível a qualificação da multa de ofício, quando constatada a movimentação de recursos em contas bancárias de interpostas pessoas". (Súmula CARF nº 34)
Numero da decisão: 2202-003.833
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar e, no mérito, negar provimento ao recurso
(Assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa- Presidente.
(Assinado digitalmente)
Júnia Roberta Gouveia Sampaio - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Martin da Silva Gesto, Cecilia Dutra Pillar, Marcio Henrique Sales Parada. Ausente justificadamente a Conselheira Rosemary Figueiroa Augusto.
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Nome do relator: JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO
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CURADOR. O auto de Infração foi lavrado na pessoa do curador, na qualidade de titular de fato das contas bancárias. Não há que se falar em responsabilidade limitada ao quinhão, uma vez que os valores tributados não decorrem de sucessão. OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. "A Lei n° 9.430, de 1996, em seu art. 42, autoriza a presunção de omissão de receita com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o contribuinte titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações". (Súmula CARF nº 26) QUALIFICAÇÃO DA MULTA DE OFÍCIO. CABIMENTO. "Nos lançamentos em que se apura omissão de receita ou rendimentos, decorrente de depósitos bancários de origem não comprovada, é cabível a qualificação da multa de ofício, quando constatada a movimentação de recursos em contas bancárias de interpostas pessoas". (Súmula CARF nº 34) Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar e, no mérito, negar provimento ao recurso (Assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 52 1. 00 00 30 /2 00 9- 51 Fl. 7253DF CARF MF 2 (Assinado digitalmente) Júnia Roberta Gouveia Sampaio Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Martin da Silva Gesto, Cecilia Dutra Pillar, Marcio Henrique Sales Parada. Ausente justificadamente a Conselheira Rosemary Figueiroa Augusto. . Relatório Por bem descrever os fatos, adoto, no que couber, o relatório da Delegacia da Receita Federal de Julgamento do Rio de Janeiro/RJ. Tratase de lançamento de crédito tributário de Imposto de Renda da Pessoa Física relativo ao exercício 2006, ano calendário de 2005, lavrado em 10/02/2009 (fls. 606 a 612), em face do contribuinte acima identificado, no montante de R$ 4.083.777,97 (quatro milhões, oitenta e três mil, setecentos e setenta e sete reais e noventa e sete centavos), correspondente ao imposto devido no valor de R$ 1.441.164,77 já acrescido de multa de oficio de 150% (R$ 2.163.247,15) sobre o valor do principal e de juros de mora calculados até 30/01/2009 (R$ 478.366,05). O procedimento fiscal teve início em 01/04/2008 (Aviso de Recebimento AR de fls. fl 24), com a ciência do Termo de Início de Ação Fiscal (fls. 6 a 8) e do MPF (fl. 14) pelo Interessado, como representante legal da contribuinte Nazerina Dulce Rocha Rossi, intimada a apresentar toda a documentação relativa a Declaração de Ajuste Anual do Exercício 2006, bem como extratos bancários de conta corrente e aplicações financeiras, cadernetas de poupança de todas as contas mantidas pela declarante, cônjuge e dependentes junto a instituições financeiras no Brasil e no exterior, referentes ao período acima especificado. De acordo com o TERMO DE VERIFICAÇÃO FISCAL de fls. 613 a 791, bem como de acordo com os elementos constantes dos autos, o Interessado, na qualidade de procurador desde 01/01/2002 (Procuração da Correntista à fl. 32), curador desde 13/12/2002 (Termo de Curatela Provisória à fi. 126), representante legal da contribuinte sob fiscalização, falecida em 04/06/2007 (Certidão de Óbito à fl. 23), não apresentou a movimentação financeira solicitada relativa ao Anocalendário 2005, limitandose a apresentar Comprovante de Rendimentos Pagos e de Retenção do Imposto de Renda na Fonte e os Informes de Rendimentos Financeiros de Nazerina Dulce Rocha Rossi. (fl. 19/21). Com base na legislação citada no Termo de Verificação Fiscal (art. 33 da Lei 9.430/96, art. 3° do Decreto 3.724/2001, Lei Fl. 7254DF CARF MF Processo nº 15521.000030/200951 Acórdão n.º 2202003.833 S2C2T2 Fl. 7.254 3 Complementar 105/2001 regulamentada pelos Decretos n° 4545/2002 e 4489/2002), fl. 615, foram requisitadas às instituições financeiras informações sobre movimentação financeira das contas de Nazerina Dulce Rocha Rossi, ficando evidenciado que o Interessado efetuava toda a movimentação financeira, evidenciandose a ocorrência de omissão de rendimento, caracterizandose ainda a omissão de informação e caracterizandose ainda a omissão de informação e prestação de declaração falsa à autoridade fazendária com vistas à supressão de tributo, o constitui, em tese, Crime contra Ordem Tributária, nos termos da Lei 8.137/1990. Ante o exposto foi encerrada sem resultado a fiscalização da contribuinte Nazerina Dulce Rocha Rossi, e aberta fiscalização na Pessoa Física do Interessado, de acordo com o Relatório Fiscal de fls. 161/163, e conforme Termo de Inicio da Ação Fiscal 0710400.2008.00329 de 09/07/2008 (fls. 164/167), por ter ficado evidenciado que Rossini Rocha Rossi, ora Interessado, “se aproveitava da conta bancária de sua curatelada (mãe) para movimentações financeiras INCOMPATÍVEIS com a condição de servidora pública estadual acometida de enfermidade que lhe impossibilitava de responder por seus próprios atos”. No Termo e Início da Ação Fiscal acima mencionado foi exigida toda a documentação relativa ao Interessado e sua mãe e curatelada, exigindo a comprovação da origem dos valores creditados em contas bancárias desta, conforme relação de 48 páginas. Cientificado do referido Termo em 24/07/2008, o Interessado solicitou prorrogação de prazo para apresentar documentos e não juntou sua própria documentação solicitada, tampouco sua própria movimentação financeira, pelo que, a Autoridade Fiscal lavrou Termo de Intimação Fiscal n° 300 (fls. 283 a 284 e 518 a 535), recebido pelo Interessado em 30/07/2008, por via postal mediante AR, intimandoo a detalhar os motivos pelos quais os créditos bancários relacionados não foram oferecidos à tributação, tendo ficado ciente da possibilidade do lançamento de oficio por omissão de rendimentos com base no art. 42, da Lei 9.430/1996. Não tendo o Interessado atendido o Termo de Intimação, foram requisitadas informações sobre sua movimentação junto às instituições financeiras onde mantinha conta corrente, informações que serviram de base para emissão do Termo de Intimação Fiscal n° 398 de 15/10/2008 (fls. 520/525), para que fossem esclarecidas a origem e natureza dos recursos utilizadas naquelas operações relacionadas em planilha integrante do referido Termo. O Interessado foi novamente cientificado da possibilidade do lançamento com base no art. 42 da lei 9.430/96, tendo apresentado resposta ao Termo de Intimação Fiscal n° 398, sem apresentar total e corretamente a documentação exigida, apesar das prorrogações de prazo, não apresentando justificativas Fl. 7255DF CARF MF 4 condizentes dos valores creditados em contas nas Instituições abaixo relacionadas, de sua titularidade e de pessoa de quem era curador, não informando o motivo pelo qual não ofereceu tais valores à tributação. Banco do Brasil S/A Agência 08613/Conta 105635 e Agência 08613/Conta 152420 Caixa Econômica Federal Agência/Conta: 1335001 00000120/4,133501300001008/8, 018701300002688/3 Banco Itaú S/A Agência 4553, Conta 020316 Finalmente, em resposta ao Termo de Intimação Fiscal n° 443 de 16/12/2008 (fls. 599 e 602), que solicitava o comparecimento do Interessado para prestar esclarecimentos em data ali especificada (04/02/2009), este não compareceu pessoalmente como requisitado e limitouse a apresentar por intermédio de terceira pessoa, documento que não o justificava sua ausência, tampouco pedia dilação do prazo. Portanto, os depósitos bancários de origem não comprovada relacionados na planilha integrante do Relatório Fiscal (fls. 727/788), totalizando R$ 5.255.901,73, foram considerados rendimentos tributáveis e omitidos, tendo sido efetuado o lançamento com base no art. 42 da lei 9.430/96. Os valores de rendimentos tributáveis recebidos pelo Interessado que foram por ele informados na Declaração de Ajuste Anual Exercício 2006, não foram incluídos no lançamento. Quanto aos rendimentos recebidos por Nazerina Dulce Rocha Rossi naquele Anocalendário de 2005, incluídos em sua declaração pelo Interessado, seu filho e curador, estes eram rendimentos isentos em virtude de sua enfermidade. Conforme Termo de Verificação Fiscal de fls. 612/793, parte integrante e inseparável do Auto de Infração de fls. 606/612, com fundamento no art. 42, e parágrafos da Lei 9.430/96, foi apurada omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada. Lavrado com fundamento no art. 124, da Lei 5.172/66 (CTN) o TERMO DE SUJEIÇÃO PASSIVA SOL1DÁR1A em nome de Maria Evelyn Padilha Aquino Rossi, CPF 569.376.95772, cônjuge do Interessado e segunda titular das contas: Agências/contas correntes n° 133500100000120/4, 1335013 00001008/8 e 018701300002688/3 da Caixa Econômica Federal (fls. 792/793), Termo que passou a fazer parte do Auto de Infração. Conclui o Termo de Verificação que, tendo ficado caracterizada a omissão de informações e prestação de declaração falsa à autoridade fazendária com vistas à supressão de tributo, o que constitui, em tese, hipótese de crime contra a ordem tributária nos termos da Lei 8.137/1990, foi aplicada a multa qualificada (art. 44, II, da Lei 9.430/1996, conforme Demonstrativo de Multa e Juros de Mora , fl. 609), e formalizada a Representação Fiscal para Fins Penais conforme Portaria RFB n° 665, de 24 de abril de 2008. Fl. 7256DF CARF MF Processo nº 15521.000030/200951 Acórdão n.º 2202003.833 S2C2T2 Fl. 7.255 5 DA IMPUGNAÇÃO Devidamente cientificado do lançamento por remessa postal mediante Aviso de RecebimentoAR em 16/02/2009 (fl. 794), o Interessado apresentou impugnação em 13/03/2009 (fls. 798/808), regularmente instruída, anexando cópia do Auto de Infração e documentos às fls. 832/842, alegando as razões a seguir expostas. Depósito bancário Presunção Legal Alega o Impugnante que a autoridade lançadora teria considerado que no Anocalendário 2005 o Interessado não atendeu intimações para prestar esclarecimentos sobre depósitos em contas bancárias de sua mãe e curatelada, que não foram consignados na declaração de bens desta, o que foi suficiente para o Fisco considerálo como contribuinte na condição de Responsável tributário. Argumenta que a presunção legal do art. 42, da Lei 9.430/96, exigiria a prova da vinculação entre depósitos e renda consumida, indício fático suficiente para evidenciar a existência de rendimento omitido. Assim, seria necessária demonstração de sinais exteriores de riqueza ou outros elementos vinculados à atividade do sujeito passivo, pois o art. 42, da Lei 9430/96, reproduziria o art 6°, §5°, da Lei 8.021/90, e não contempla a inversão do ônus da prova quanto à demonstração do fato gerador, que consiste em dever da autoridade administrativa conforme CF/ 88 e CTN. Responsabilidade do Impugnante Segue alegando que além de curador é herdeiro e sucessor da falecida mãe, limitandose (sic) sua responsabilidade ao quinhão da herança, conforme art. 23, I, do RIR, devendo a exigência se amoldar à imposição legal (transcreve jurisprudência administrativa e afirma estar juntando Escritura Pública). Da Multa Qualificada Entende o sujeito passivo que não teria ficado comprovada a pratica de atos dolosos ou fraudulentos definidos nos artigos 71, 72 e 73 da Lei 4.502/64, que justificassem a multa qualificada nos termos do art. 44, II, da Lei 9430/96. Neste sentido,afirma que o fiscal teria admitido em seu relato, ter o Impugnante respondido todos os pedidos de esclarecimento no curso da fiscalização. Quanto à presunção relativa e ao ônus da prova do art. 42 da Lei 9.430/96,argumenta que não se estenderiam ao art, 44, II, da mesma Lei 9.430/96, que não comporta presunção de qualquer espécie, conforme jurisprudência administrativa. A qualificação das penalidades requer existência de dolo e a simples ocorrência de omissão de rendimentos caracterizada por Fl. 7257DF CARF MF 6 depósitos bancários de origem não comprovada não se amolda à hipótese de sonegação que justificaria a multa qualificada Transcreve jurisprudência administrativa no sentido de que a multa qualificada de 150%, seria aplicável em caso de existência comprovada de fraude e/ou o intuito, e de que a simples omissão caracterizada por depósito de origem não comprovada, ainda que reiteradamente, não caracterizaria por si só o dolo, fraude ou simulação nos termos do art. 71, a 73 da Lei n° 4.502/64 Segue alegando que a única multa aplicável seria a do parágrafo único do art. 134, do CTN, que restringe a aplicação de multa moratório aos curadores que sejam responsabilizados solidariamente pelo cumprimento da obrigação principal do curatelado. A Delegacia Regional de Julgamento negou provimento à impugnação (fls. 955/966) em decisão cuja ementa é a seguinte: ASSUNTO: IMPOSTO s0BRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2005 DEPÓSITOS BANCÁRIOS. PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS. Para os fatos geradores ocorridos a partir de 01/01/1997, a Lei n° 9.430, de 1996, em seu art. 42, autoriza a presunção de omissão de rendimentos com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. MULTA QUALIFICADA É cabível a aplicação da multa qualificada quando restar comprovado o intento doloso do contribuinte de reduzir indevidamente sua base de cálculo, a fim de se eximir do imposto devido. RESPONSABILIDADE PELO CRÉDITO TRIBUTÁRIO . LIMITAÇÃO A limitação da responsabilidade pelo crédito tributário disposta no art. 23, I, do RIR, não se aplica ao crédito tributário lançado relativamente a rendimentos não decorrentes de sucessão. Cientificado da decisão acima mencionada (AR fls. 971) o contribuinte interpôs recurso voluntário (fls. 974/984) no qual reitera as alegações suscitadas quando da Impugnação. É o relatório. Voto Fl. 7258DF CARF MF Processo nº 15521.000030/200951 Acórdão n.º 2202003.833 S2C2T2 Fl. 7.256 7 Conselheira Júnia Roberta Gouveia Sampaio Relatora O recurso preenche os pressupostos legais de admissibilidade, motivo pelo qual, dele conheço. 1) PRELIMINAR INDICAÇÃO ERRÔNEA DO SUJEITO PASSIVO. Alega o Recorrente que, uma vez afastada pelo acórdão recorrido a solidariedade passiva prevista no art. 124, I do CTN, deverá ser igualmente afastada a responsabilidade do Recorrente. Em primeiro lugar, é importante registrar que a obrigação solidária (art. 124 do CTN) foi imputada à esposa do Recorrente. Ou seja, a responsabilidade solidária não se deu em relação a sua mãe (titular das contas bancárias analisadas). Conforme se observa pelo relatório fiscal, tendo em vista a vasta documentação de que os valores foram movimentados pelo Recorrente que, à época, agia como curador da sua mãe, a fiscalização lavrou o Auto de Infração contra o ele. Em outras palavras, o Recorrente responde ao presente lançamento na qualidade de contribuinte dos valores movimentados. Tal fato fica claro das seguintes passagens do Relatório Fiscal: Com este Termo de Início de Ação Fiscal, V.S'Í passa a, ser fiscalizado como CONTRIBUINTE de. DIREITO e além disso RESPONSÁVEL TRIBUTÁRIO por NAZERINA DULCE ROCHA ROSSI(FALECIDA), CPF N" 963.096.60772. (FLS. 713 do Relatório Fiscal) O contribuinte Sr. ROSSINI ROCHA ROSSI, CPF n° 681.001.40715, NÃO apresenta a sua própria Declaração de Imposto de Renda, exercício 2006, anocalendário 2005, NÃO apresenta a sua movimentação financeira e demais documentos solicitados no Termo de Início de Ação Fiscal recebido em 24/07/2008. (fls. 716) TERMO DE INTIMAÇÃO FISCAL N° 00398, enviado por meio postal, em 15/10/2008, com Aviso de Recebimento (AR) que foi recebido em 21/10/2008 para que o contribuinte(Sr. ROSSINI ROCHA ROSSI, CPF n° 681.001.40715) apresentasse detalhadamente, crédito a crédito, o(s) MOTIVO(S) pelo(s) qual(is) tais valores, créditos, não foram oferecidos à tributação em sua Declaração de Imposto de Renda Pessoa Física, exercício 2006 anocalendário 2005; "PERÍODO. 01/01/2005 A 31/12/2005. PRAZO 5(cinco) dias.. 1 V.S“. deve observar o Relatório Fiscal encaminhado em anexo e estar ciente que a partir de 24/07/2008, com o recebimento do Termo de Início de Ação Fiscal, e Mandado de Procedimento Fiscal, anexos, bem como seu Aviso de Fl. 7259DF CARF MF 8 Recebimento(AR), anexo, V.S. “ passou a ser a pessoa física fiscalizada e não mais a pessoa fisica de NAZERINA DULCE ROCHA ROSS1(FALECIDA), CPF N " 963.096. 60 7 72, em que V.S'Í funcionava como C URADOR. Verificase pela análise das cópias dos cheques fornecidas pelas Instituições Financeiras '. Banco do Brasil S/A Agência 08613 Conta 105635 , Caixa Econômica Federal Agências/ContasCorrentes n” 133500100000120/4, 1335013 00001008/8, 0187 01300002688/3, Banco do Brasil S/A Agência 08613 Conta 152420: e Banco Itaú S/A Agência 4553, Conta n” 020316, que o contribuinte Sr. ROSSINI ROCHA ROSSI, CPF n° 681.001.40715 aproveitava se das contas bancárias em nome de pessoas físicas, a sua e de sua falecida mãe, para movimentar quantia extremamente elevada e totalmente fora da normalidade para operações bancárias de pessoa física. Há robustos indícios de fraude mascarando movimentação financeira TOTALMENTE incompatível com a normalidade.. Tendo em vista o acima relatado, o contribuinte Sr. ROSSINI ROCHA ROSSI, CPF n°0 681.001.40715, foi autuado pela infração abaixo discriminada .(fls. 855) (grifamos) O relatório fiscal não deixa dúvida que o Recorrente não responde na qualidade de responsável e sim de contribuinte, uma vez que, na qualidade de curador, a ele cabia a movimentação financeira das contas analisadas e, por consequência, a justificativa da origem dos depósitos, bem como efetuar a declaração desses rendimentos em nome da sua mãe. Verificase, assim, que a responsabilidade apontada no mencionado lançamento é pessoal e não solidária ou subsidiária. Nesse sentido, é importante analisar as regras de responsabilidade de terceiros previstas no Código Tributário Nacional. O artigo 134 do CTN dispõe que : Art. 134. Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte, respondem solidariamente com este nos atos em que intervierem ou pelas omissões de que forem responsáveis: I os pais, pelos tributos devidos por seus filhos menores; II os tutores e curadores, pelos tributos devidos por seus tutelados ou curatelados; III os administradores de bens de terceiros, pelos tributos devidos por estes; IV o inventariante, pelos tributos devidos pelo espólio; V o síndico e o comissário, pelos tributos devidos pela massa falida ou pelo concordatário; Fl. 7260DF CARF MF Processo nº 15521.000030/200951 Acórdão n.º 2202003.833 S2C2T2 Fl. 7.257 9 VI os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício, pelos tributos devidos sobre os atos praticados por eles, ou perante eles, em razão do seu ofício; VII os sócios, no caso de liquidação de sociedade de pessoas.(grifamos) A referida responsabilidade, no entanto, passa a ser pessoal quando comprovado que as pessoas mencionadas no artigo acima transcritos agiram com excesso de poderes. É o que dispõe o artigo 135 do CTN: Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: I as pessoas referidas no artigo anterior; II os mandatários, prepostos e empregados; III os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado.(grifamos) No caso em questão, restou comprovado pelo trabalho fiscal que o Recorrente utilizavase da conta corrente da sua curatelada para movimentação de recursos financeiros claramente incompatíveis com a renda desta. Por esse mesmo motivo é improcedente a alegação do Recorrente no sentido de que sua responsabilidade pelo crédito discutido nesses autos deveria estar limitada ao montante do quinhão, legado ou meação, conforme disposto no artigo 131, II do CTN. Isso porque, como já exposto, o auto de Infração foi lavrado na pessoa do curador, na qualidade de titular de fato das contas bancárias. Sendo assim, não há que se falar em responsabilidade limitada ao quinhão, uma vez que os valores tributados não decorrem de sucessão. Em face do exposto, entendo correta a sujeição passiva apontada pelo trabalho fiscal. 2) MÉRITO 2.1) SINAS EXTERIORES DE RIQUEZA E ACRÉSCIMO PATRIMONIAL Alega do Recorrente que a fiscalização não comprovou a ocorrência do fato gerador do imposto de renda o que só seria possível mediante a demonstração de sinais exteriores de riqueza ou do efetivo acréscimo patrimonial. É correta a afirmação do Recorrente no sentido de que o simples depósito em conta corrente não significa renda. No entanto, é pacífico que uso de presunções em matéria tributária é admitido, desde que tais presunções sejam relativas, como é o caso da presunção estabelecida no artigo 42 da Lei nº 9.430/96, o qual dispõe: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente Fl. 7261DF CARF MF 10 intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. § 2° Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. § 3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: I os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$12.000,00 (doze mil Reais), desde que o seu somatório, dentro do ano calendário, não ultrapasse o valor de R$80.000,00 (oitenta mil Reais). §4° Tratandose de pessoa física, os rendimentos omitidos serão tributados no mês em que considerados recebidos, com base na tabela progressiva vigente à época em que tenha sido efetuado o crédito pela instituição financeira.(grifamos) Como destaca Ricardo Mariz de Oliveira1 as razões que justificam a aceitação do uso de presunções relativas no direito tributário são as seguintes: a ocorrência do fato gerador é constatada a partir de fatos conhecidos e comprovadamente existentes; há correlação lógica entre o fato conhecido (índices de produção, consumo de materiais, sinais exteriores de riqueza, acréscimos patrimoniais, saldo credor de caixa) e o fato desconhecido cuja existência se quer provar (fato gerador); o método de interpretação e aplicação da lei a partir da presunção é previsto e autorizado por lei, e não decorre apenas de suposição do agente lançador; a presunção não é absoluta, admitindo prova em contrário pelo contribuinte, característica implícita em toas as citadas hipóteses legais, quando não expressa; tratase de mero meio de prova, com inversão do ônus da prova da inocorrência do gerador, pela comprovação de outros fatos, também desconhecidos, mas hábeis a excluir a incidência tributária. (grifamos) 1 OLIVEIRA, Ricardo Mariz de Presunções no Direito Tributário. In Martins Ives Gandra da Silva (coord.). Presunções no Direito Tributário. São Paulo: Centro de Estudos de Extensão Universitária e Editora Resenha Tributária, 1984. (Caderno de Pesquisas Tributárias, 9) p. 299300 Fl. 7262DF CARF MF Processo nº 15521.000030/200951 Acórdão n.º 2202003.833 S2C2T2 Fl. 7.258 11 A exigência fiscal em exame decorre de expressa previsão legal, pela qual existe uma presunção em favor do Fisco, que fica dispensado de provar o fato que originou a omissão de rendimentos, cabendo ao contribuinte elidir a imputação, comprovando a origem dos recursos. Conforme previsão do art. 42 da Lei nº 9.430/96, é necessário comprovar, individualizadamente, a origem dos recursos, identificandoos como decorrentes de renda já oferecida à tributação ou como rendimentos isentos/não tributáveis. Tratase,portanto, de ônus exclusivo do contribuinte, a quem cabe comprovar, de maneira inequívoca, a origem dos valores que transitaram por sua conta bancária, não sendo bastante alegações e indícios de prova. Ademais, a legitimidade da inversão do ônus da prova, no caso em questão, é matéria que já se encontra sumulada pela jurisprudência do CARF, conforme se constata pela Súmula nº 26 abaixo transcrita: Súmula CARF nº 26: A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada 2.2) DA MULTA QUALIFICADA Requer a Recorrente a redução da multa qualificada no percentual de 150%, pois não haveria nos autos a comprovação de que ele agiu com dolo. Todavia, no decorrer do trabalho fiscal restou suficientemente demonstrado que o titular de fato das contas bancárias era o Recorrente. Conforme disposto na Súmula CARF nº 32 "A titularidade dos depósitos bancários pertence às pessoas indicadas nos dados cadastrais, salvo quando comprovado com documentação hábil e idônea o uso da conta por terceiros." Sendo assim, correta a qualificação da multa de ofício, uma vez que foi demonstrado no trabalho fiscal que a movimentação dos recurso era realizada por terceiros. É o que determina a Súmula CARF nº 34 (Vinculante) abaixo transcrita: Súmula CARF nº 34 (VINCULANTE): Nos lançamentos em que se apura omissão de receita ou rendimentos, decorrente de depósitos bancários de origem não comprovada, é cabível a qualificação da multa de ofício, quando constatada a movimentação de recursos em contas bancárias de interpostas pessoas. Por fim, a alegação de que, nos termos do artigo 134, parágrafo único do CTN, a multa deveria se restringir a de caráter moratório, também não procede. Isso porque, conforme exposto no item 1 dessa decisão, o Recorrente responde na qualidade de contribuinte e não de responsável. 3) CONCLUSÃO Em face do exposto, rejeito a preliminar e, no mérito, nego provimento ao recurso. Fl. 7263DF CARF MF 12 (Assinado digitalmente) Júnia Roberta Gouveia Sampaio. Fl. 7264DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 18471.001510/2006-17
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Fri May 12 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jun 19 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2001
DECADÊNCIA. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO E/OU DECLARAÇÃO DE TRIBUTO. ART. 173 CTN.
Não comprovada a declaração e/ou pagamento dos tributos, a regra decadencial a aplicável é a do artigo 173, I, do CTN.
Numero da decisão: 9101-002.849
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento. Todos os membros do colegiado acompanharam o relator pelas conclusões.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente
(assinado digitalmente)
Gerson Macedo Guerra - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, Andre Mendes de Moura, Luis Flavio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado em substituição à ausência da conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio), Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: GERSON MACEDO GUERRA
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ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2001 DECADÊNCIA. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO E/OU DECLARAÇÃO DE TRIBUTO. ART. 173 CTN. Não comprovada a declaração e/ou pagamento dos tributos, a regra decadencial a aplicável é a do artigo 173, I, do CTN. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento. Todos os membros do colegiado acompanharam o relator pelas conclusões. (assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente (assinado digitalmente) Gerson Macedo Guerra Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, Andre Mendes de Moura, Luis Flavio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado em substituição à ausência da AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 47 1. 00 15 10 /2 00 6- 17 Fl. 401DF CARF MF 2 conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio), Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto. Relatório Tratase, na origem, de Auto de Infração lavrado para cobrança de IRPJ, CSLL, PIS e COFINS, e consectários legais. Por bem resumir os fatos, trago a colação parte do relatório da decisão a quo: "Compulsando os autos, vêse que matéria discutida cingese à tributação, desenvolvida pela DEFIC do Rio de Janeiro, de omissão de receitas caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada, presumida nos termos do art. 42 da Lei n" 9.430/96, relativamente ao ano calendário de 2001, ano em que a empresa adotou a tributação pelo lucro presumido, cuja declaração foi entregue totalmente zerada (if 04 a 21). 0 procedimento foi iniciado em 12/09/2006 (fl. 24), intimandose a fiscalizada a apresentar os livros contábeis e fiscais e os extratos bancários das contas movimentadas naquele ano de 2001. Entregues os extratos, houve intimação individualizada para justificar a origem dos depósitos, conforme intimação de fls. 105 a 118. Não justificados a contento os depósitos, seu montante foi considerado como omissão de receita, por presunção, nos valores especificados nas fls. 156 a 162, resultando uma autuação no valor total de R$ 7.587.384,68, tudo conforme relatado no Termo de Verificação Fiscal (fl. 151 a 155). Ainda, é oportuno frisar que a autuação foi procedida com base no lucro arbitrado, pois segundo o fisco, a recorrente exercia atividades vedadas ao lucro presumido, razão pela qual deveria ter adotado a sistemática de tributação do lucro real. Além, ainda segundo o autuante, mesmo que a interessada não exercesse atividade vedada ao lucro presumido, ainda assim seria inaceitável sua opção pelo lucro presumido, pois não apresentou à fiscalização qualquer livro contábil e fiscal, nem mesmo um livro caixa. Diante disso, o lucro foi arbitrado, adotandose o percentual de arbitramento do lucro, para o Imposto de Renda, de 38,4%. Por fim, cabe referir que a recorrente não efetuou qualquer pagamento, relativamente a 2001, concernente aos tributos autuados neste processo IRPJ, CSLL, PIS e COFINS. A autuação foi notificada à recorrente em 30/11/2006 (fl. 189), que a impugnou, tempestivamente, em 29/12/2006 (if 191). Corno questão preliminar, inicialmente, a impugnante alegou ter ocorrido decadência parcial do lançamento, abarcando todos os fatos geradores ocorridos anteriormente a 30 de novembro de 2001, uma vez que a exigência foi notificada à recorrente somente em 30/11/2006 (fl. 189)." Fl. 402DF CARF MF Processo nº 18471.001510/200617 Acórdão n.º 9101002.849 CSRFT1 Fl. 403 3 Impugnado o Auto de Infração, a DRJ manteve integralmente o lançamento, com base na fundamentação expressa de forma sintética nas próprias ementas, ou seja, afastou o pleito da decadência por entender ser aplicável o art. 173 do CTN por ausentes pagamentos, e ainda, apoiou o arbitramento do lucro procedido pelo fisco por não apresentados os livros de escrituração contábil e fiscal. Inconformado, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário ao CARF repisando, basicamente, as arguições da impugnação (fl. 294). No julgamento do Recurso a 3ª Turma Ordinária, da 1ª Câmara, da 1ª Seção de Julgamento deu parcial provimento ao Recurso, para acolher a preliminar de decadência, conforme ementa e decisão abaixo transcritas: Assunto: Omissão de Receitas — IRPJ e reflexos Anocalendário: 2001 Ementa: DECADÊNCIA — IRPJ E LANÇAMENTOS REFLEXOS DE CSLL, PIS E COFINS Quando ausente dolo, fraude ou simulação, ao teor do disposto no art. 150, § 4 0, do CTN (Lei n° 5.172/1966), mesmo que ausentes pagamentos relacionados ao período, o Fisco dispõe de 5 (cinco) anos, a contar do respectivo fato gerador, para revisar o procedimento do contribuinte e, quando for o caso, constituir crédito tributário. Sob este enfoque, no caso, o lançamento, notificado ao contribuinte em 30/11/2006, não pode prosperar em relação aos fatos geradores, mensais ou trimestrais, ocorridos anteriormente a 30/11/2001. ARBITRAMENTO DO LUCRO. AUSÊNCIA DE ESCRITURAÇÃO OU LIVRO CAIXA. POSSIBILIDADE. A empresa optante pelo lucro presumido deve, no mínimo, elaborar e exibir ao fisco o livro caixa, sob pena de, não o fazendo, ter seu lucro arbitrado, conforme dispõe o art. 527, combinado com o inc. III do art. 530, ambos do Decreto n° 3.000/99 (RIR/99). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, DAR parcial provimento ao recurso voluntário, para acolher a preliminar de decadência em relação aos fatos geradores anteriores a 30/11/2001, vencidos os Conselheiros Mário Sérgio Fernandes Barroso e José Sérgio Gomes e, no mérito, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao Recurso, nos termos do relatório e voto que integram este julgamento. Cientificada da decisão a Fazenda Nacional, tempestivamente, apresentou Recurso Especial de divergência, objetivando rediscutir a matéria decadência. Para demonstração da divergência a Fazenda apresenta o Acórdão 9101 00.460, como paradigma, argumentando que na decisão ali exarada, o entendimento foi totalmente oposto àquele contido no recorrido, no sentido de que configurado que o sujeito passivo não efetuou recolhimentos, o prazo decadencial do direito do Fisco constituir o crédito tributário deve observar a regra do art. 173, inciso I, do CTN. Fl. 403DF CARF MF 4 Nesse contexto, a Fazenda Nacional requer o conhecimento de seu Recurso Especial. Em suas razões, alega, em suma: ü Na hipótese dos autos, em que o contribuinte não antecipa o pagamento dos tributos recolhidos mediante "lançamento por homologação", a contagem do prazo decadencial deverá se dar com fulcro no art. 173, inciso I, do CTN, conforme majoritário entendimento jurisprudencial e doutrinário sobre o tema; ü Esse posicionamento já está pacificado no âmbito do STJ, de acordo com recente decisão da Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (sessão de julgamentos do dia 12.08.2009) no Recurso Especial 973.733/SC, de Relatoria do Min. Luiz Fux, representativo de divergência, nos termos do procedimento do art. 543C do CPC A Autoridade competente deu seguimento ao Recurso Especial, nos seguintes termos: “Com efeito, enquanto que no caso do recorrido, o Colegiado fixou entendimento no sentido de que, a contagem do prazo decadencial do lançamento por homologação regese, sempre, pelo art. 150, § 4º, do CTN, independentemente de ter ocorrido, ou não, qualquer pagamento antecipado de tributo. Por outro lado, no paradigma, a turma assentou que, ausente o pagamento antecipado, nos casos de lançamento por homologação, a regra de contagem de prazo decadencial aplicável é aquela prevista no art. 173, I, do CTN. Verificase, assim, que os casos em tudo se assemelham, mas as conclusões a que chegaram as Turmas de Julgamento foram totalmente opostas, o que caracteriza o dissenso jurisprudencial.” Regularmente intimado, o Contribuinte apresentou contrarrazões, alegando e requerendo, em suma: ü Não há divergência jurisprudencial evidenciada, pois no presente caso houve pagamento parcial dos tributos, de modo que corretamente foi aplicado o entendimento do STJ pela Turma a quo; ü Assim não foi demonstrada qual a legislação foi interpretada de maneira divergente; ü Dessa forma requer que seja negado seguimento ao Recurso da Fazenda Nacional. É o relatório. Voto Conselheiro Gerson Macedo Guerra, Relator Fl. 404DF CARF MF Processo nº 18471.001510/200617 Acórdão n.º 9101002.849 CSRFT1 Fl. 404 5 Não há reparos a se fazer na análise da admissibilidade do presente Recurso, eis que presentes os pressupostos de admissibilidade. Assim, passo à análise do mérito da questão. O lançamento por homologação, regulado pelo artigo 150 do CTN, tem como principal característica a atribuição ao contribuinte do dever de antecipar o pagamento do tributo, ficando a autoridade administrativa com o dever de posteriormente chancelar ou não o valor do recolhimento efetuado e, sendo o caso, efetuar cobrança de diferença, verbis: Art.150 O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. A regra da decadência do direito do fisco de lançar o tributo por homologação é regra especial, contida no §4º, do artigo 150 em questão, que estabelece o prazo de cinco anos contados da data da ocorrência do fato gerador do tributo, caso não comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, verbis: § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, por ocasião do julgamento do Recurso Especial repetitivo 973.733/SC, firmou o seguinte entendimento em relação a questão em debate: “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito.” (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005. Acórdão Fl. 405DF CARF MF 6 submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.” Ao se posicionar sobre o tema a 1ª Turma da CSRF, por maioria, se manifestou que a aplicação do artigo 173, I, do CTN na constituição de crédito relativo a tributos sujeitos ao lançamento por homologação, apenas pode ocorrer na hipótese de não haver pagamento, nem declaração do tributo, conforme trecho do voto vencedor do Acórdão 9101002.021, abaixo transcrito: A interpretação do texto transcrito nos leva à conclusão de que devemos nos dirigir ao artigo 173, I, do CTN quando, a despeito da previsão legal de pagamento antecipado da exação, o mesmo inocorre e inexiste declaração prévia do débito que constitua o crédito tributário. Assim, encontraríamos duas condições para sairmos do artigo 150, §4º: 1) não haver o pagamento e 2) não haver declaração prévia constitutiva do crédito. Assim, mesmo não existindo o pagamento, a declaração prévia constitutiva do crédito bastaria para mantermos a contagem do prazo a partir do fato gerador. Entendo pertinente essa última colocação, no sentido de que a declaração prévia basta para manutenção da contagem do prazo decadencial a partir da ocorrência do fato gerador. Nesse contexto o próprio STJ, no fim do ano de 2015, editou a Súmula 555, que possui a seguinte redação: Quando não houver declaração do débito, o prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário contase exclusivamente na forma do art. 173, I, do CTN, nos casos em que a legislação atribui ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa. A meu ver, para fins de contagem do prazo decadencial a declaração do débito na competente obrigação acessória se equivale ao pagamento. Assim, para a aplicação do §4º, do artigo 150, do CTN exigese a ocorrência dos seguintes situações: 1. A lei deve estabelecer que o lançamento do tributo é realizado na modalidade homologação; 2. Não ocorra a comprovação de dolo, fraude ou simulação pelo ente tributante; 3. Haja pagamento e/ou declaração do tributo. Passo, então, a verificar a aplicação da decisão representativa de controvérsia do Recurso Especial nº 973.733 ao caso ora sob análise. A Turma a quo decidiu que, ainda que ausentes pagamentos, e quando não constatado dolo, fraude ou simulação, a homologação tácita do procedimento do contribuinte se concretiza em cinco anos a contar do fato gerador, ao teor do disposto no art. 150, § .4°, do CTN. Fl. 406DF CARF MF Processo nº 18471.001510/200617 Acórdão n.º 9101002.849 CSRFT1 Fl. 405 7 Sobre a ausência de declaração e pagamento dos tributos o Relator do Acórdão a quo já se manifesta no relatório da decisão, nos seguintes termos: Ainda, é oportuno frisar que a autuação foi procedida com base no lucro arbitrado, pois segundo o fisco, a recorrente exercia atividades vedadas ao lucro presumido, razão pela qual deveria ter adotado a sistemática de tributação do lucro real. Além, ainda segundo o autuante, mesmo que a interessada não exercesse atividade vedada ao lucro presumido, ainda assim seria inaceitável sua opção pelo lucro presumido, pois não apresentou à fiscalização qualquer livro contábil e fiscal, nem mesmo um livro caixa. Diante disso, o lucro foi arbitrado, adotandose o percentual de arbitramento do lucro, para o Imposto de Renda, de 38,4%. Por fim, cabe referir que a recorrente não efetuou qualquer pagamento, relativamente a 2001, concernente aos tributos autuados neste processo IRPJ, CSLL, PIS e COFINS. Além disso, compulsando os autos não foi possível verificar a existência de declaração ou qualquer pagamento dos tributos. Logo, não vislumbro o cumprimento dos requisitos constantes da decisão do STJ anteriormente citada. Nesse contexto, voto DAR provimento ao recurso da União, para aplicação da regra decadencial do art. 173, I, do CTN ao presente caso. Vale destacar que a maioria dos Conselheiros entende que a declaração que traz a aplicação do artigo 150, §4º do CTN é apenas a declaração constitutiva do crédito tributário, diferentemente do entendimento deste relator, para quem qualquer declaração se presta a tal finalidade. Destaquese, ainda, que no entendimento dos Conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto e Adriana Gomes Rego apenas o pagamento efetivo atrai a aplicação do artigo 150, §4ª, do CTN. (assinado digitalmente) Gerson Macedo Guerra Fl. 407DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11128.720679/2015-21
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jul 03 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 11/04/2012 a 24/01/2014
OCULTAÇÃO DO REAL INTERESSADO NAS OPERAÇÕES DE MERCADO EXTERNO.
Configura infração e presume interposição fraudulenta na operação de comércio exterior a não comprovação da origem dos recursos empregados, autoriza aplicação da pena de perdimento de mercadorias, não localizadas, impõe conversão em multa equivalente ao valor aduaneiro ou preço de venda.
Ementa; SOLIDARIEDADE. PROVA.
Demonstrado o interesse direto nas operações por meio de fornecimento de recursos financeiros resta caracterizado interposição fraudulenta, impondo a solidariedade.
SOLIDARIEDADE. AUSÊNCIA DE PROVA.
Constatado existência de prova robusta em relação a uma das empresas apontadas na sujeição passiva, impõe em manter solidariedade atribuída.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-004.147
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e negar provimento ao recurso voluntário.
Ricardo Paulo Rosa - Presidente.
Domingos de Sá Filho - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Ricardo Paulo Rosa (presidente), Jose Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho (relator), Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Paulo Guilherme Deroulede, Sarah Maria Linhares de Araujo e Walker Araujo.
Nome do relator: DOMINGOS DE SA FILHO
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 11/04/2012 a 24/01/2014 OCULTAÇÃO DO REAL INTERESSADO NAS OPERAÇÕES DE MERCADO EXTERNO. Configura infração e presume interposição fraudulenta na operação de comércio exterior a não comprovação da origem dos recursos empregados, autoriza aplicação da pena de perdimento de mercadorias, não localizadas, impõe conversão em multa equivalente ao valor aduaneiro ou preço de venda. Ementa; SOLIDARIEDADE. PROVA. Demonstrado o interesse direto nas operações por meio de fornecimento de recursos financeiros resta caracterizado interposição fraudulenta, impondo a solidariedade. SOLIDARIEDADE. AUSÊNCIA DE PROVA. Constatado existência de prova robusta em relação a uma das empresas apontadas na sujeição passiva, impõe em manter solidariedade atribuída. Recurso Voluntário Negado.
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E OUTROS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 11/04/2012 a 24/01/2014 OCULTAÇÃO DO REAL INTERESSADO NAS OPERAÇÕES DE MERCADO EXTERNO. Configura infração e presume interposição fraudulenta na operação de comércio exterior a não comprovação da origem dos recursos empregados, autoriza aplicação da pena de perdimento de mercadorias, não localizadas, impõe conversão em multa equivalente ao valor aduaneiro ou preço de venda. Ementa; SOLIDARIEDADE. PROVA. Demonstrado o interesse direto nas operações por meio de fornecimento de recursos financeiros resta caracterizado interposição fraudulenta, impondo a solidariedade. SOLIDARIEDADE. AUSÊNCIA DE PROVA. Constatado existência de prova robusta em relação a uma das empresas apontadas na sujeição passiva, impõe em manter solidariedade atribuída. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e negar provimento ao recurso voluntário. Ricardo Paulo Rosa Presidente. Domingos de Sá Filho Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 12 8. 72 06 79 /2 01 5- 21 Fl. 1032DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Ricardo Paulo Rosa (presidente), Jose Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho (relator), Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Paulo Guilherme Deroulede, Sarah Maria Linhares de Araujo e Walker Araujo. Relatório Cuidase de Recursos Voluntários apresentados pelo devedor principais e solidários responsáveis diante da irresignação com a decisão que manteve a exigência de multa por acusação de ocultação do real adquirente e pessoas interessadas comum na situação que constituiu fato gerador da obrigação principal. Acusação é de infração de que trata o art. 23, §3º do Decreto Lei nº 1.455/1976, com re3dação dada pelo art. 59 da Lei nº 10.637, de 2002, equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias importadas, suscetíveis da aplicação da pena de perdimento, por já terem sido consumidas ou revendidas ou não localizadas. A contribuinte teria sido intimada apresentar documentos de constituição e alterações posteriores, demonstrar a capacidade operacional relativas às operações realizadas, informando a existência de empregados, contratos de terceirização, armazenamento, etapas de movimentação de mercadorias, incluindo entrega da logística praticada pela empresa. Foram solicitados, também, arquivos digitais dos registros contábeis do período de 01/01/2012 a 01/2014. Solicitou, ainda, extratos bancários, termos de negociações realizadas para aquisição de mercadorias, cópias de contratos de câmbios, etc., outros documentos necessários ao procedimento de fiscalização. Segundo a fiscalização foram entregue parte da documentação. Da documentação apresentada foi realizada análise por meio das declarações de Imposto de Renda dos sócios, cuja conclusão da incompatibilidade com o capital social, observou doação de quotas e empréstimos mútuos de pessoa jurídica para acusada. Apontou também como elementos de convicção da incapacidade financeira da empresa a estreita ligação das empresas STEEL, COMÉRCIO, DISTRIBUIÇÃO E REPRESENTAÇÃO D LTDA. e DIRECT LOGÍSTICA LTDA. com a Acusada, abalizada pelo fato dos sócios senhores Cláudio Corrêa de Moura e Mário Sérgio dos Santos, também participar do quadro societário da Interessada. Toma como subsídio o fato do terceiro sócio da Direct Logística, Hugo César Evangelista, ser filho da senhora Cleusa Maria Evangelista, que teria figurado como sócia da Aliança nos idos de 2005, tendo à época transferida as quotas à filha Cristiane Piffer Evangelista, que figurou como sócia até o ano de 2007. Descreve a fiscalização os depósitos e saques de contas de uma empresa e o ingresso em outra, concluiu tratarse de adiantamento de pagamento de notas fiscais de venda por meio de “Transferência Eletrônica Disponível (TED) por ter ocorrido anteriormente à emissão das respectivas emissões das notas fiscais de venda, conforme demonstrativo consignado no termo de fiscalização. Transcrevo o relatório da decisão recorrida por bem representar os fatos: Fl. 1033DF CARF MF Processo nº 11128.720679/201521 Acórdão n.º 3302004.147 S3C3T2 Fl. 12 3 “Relatório Trata o presente processo do Auto de Infração, de fls. 5/9, por meio do qual é feita a exigência de R$ 1.453.160,40, relativa à multa de que trata o art. 23, §3º do DecretoLei nº 1.455, de 1976, com redação dada pelo art. 59 da Lei nº 10.637, de 2002, equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias importadas, suscetíveis da aplicação da pena de perdimento, por já terem sido consumidas/revendidas ou não localizadas. Relata a auditoria, às fls. 604/633, que se constatou ligação entre a ALIANÇA e as empresas STEEL COMÉRCIO, DISTRIBUIÇÃO E REPRESENTAÇÃO LTDA, CNPJ 13.474.016/000188 e DIRECT LOGÍSTICA LTDA, CNPJ 02.119.270/000141. Estas duas últimas empresas trazem como endereço o mesmo indicado nos dados cadastrais da ALIANÇA e apresentam como sócios: Cláudio Correa de Moura, casado com a sócia da ALIANÇA Djenane Salvadori Moura; e Mario Sérgio dos Santos, casado com Luceli Assenjo de Souza Santos, que fora sócia da ALIANÇA e que repassou suas cotas para a filha – Adriana Assenjo dos Santos. As sócias constantes do quadro societário da ALIANÇA não apresentam capacidade econômica para fazer frente aos valores indicados como capital social (R$ 235.000,00), se analisada a evolução patrimonial constante das suas DIRPF. Relata que a empresa DIRECT promoveu transferências de numerários no montante de, aproximadamente, R$ 1.066.000,00, à empresa ALIANÇA, a título de mútuo, conforme resposta à intimação. Grande parte deste valor (R$ 746.939,46) advém de seu sócio Cláudio Correa Moura, após ser depositado na conta da empresa DIRECT, conforme consta dos comprovantes bancários. Verificou, na contabilidade da empresa DIRECT, os seguintes pagamentos dos empréstimos: no montante de R$170.000,00, divididos em operações realizadas nos meses de julho e setembro de 2012; R$ 480.000,00 em 2013; e, em 2014, pagamentos no valor de R$ 150.000,00 (anexo 4). A auditoria explica que, conforme extratos bancários da empresa ALIANÇA, os pagamentos por ela efetuados à DIRECT têm suporte nos valores realizados como adiantamentos pela STEEL. E que tais recursos podem ser utilizados pela DIRECT para fechamento de câmbios ou pagamentos de tributos na realização de importações realizadas pela Aliança. Na resposta à intimação, a auditoria fiscal observou diversas inconsistências, eis que, questionada acerca das transferências, a empresa ALIANÇA remete a notas fiscais com emissão em datas posteriores àquelas nas quais se observou o fluxo econômico e, muitas vezes, a quantia constante do extrato bancário é muito superior ao valor da Fl. 1034DF CARF MF 4 nota mencionada, conforme exemplifica. Assim, a auditoria concluiu que a demonstração da origem dos recursos não é clara e nem guarda lógica quanto aos valores e datas. A empresa STEEL aparece como principal compradora dos produtos comercializados pela ALIANÇA, atingindo o percentual de 86% das transações desta empresa. Em relatórios extraídos da contabilidade da STEEL, observou que foram providenciados adiantamentos em valores substanciais que serviram de custeio às operações realizadas pela Aliança, como os exemplos mostrados, sem que, no entanto, haja coerência entre as datas (até um ano após) e os valores apontados nas notas fiscais a que se relacionam seus históricos. Esses adiantamentos são encontrados também na contabilidade da empresa ALIANÇA, historiados como pagamentos referentes às notas fiscais emitidas em data muito posterior àquelas em que se observam as transferências de recursos. Verificou, também, a existência de uma conta denominada “empréstimos aliança”, onde se pode ver a periodicidade e os montantes enviados à importadora visando ao financiamento das importações. Informa que a empresa STEEL não possuía habilitação para operar no comércio exterior, tendo permanecido oculta, uma vez que é tida como real adquirente das mercadorias despachadas através das DI listadas, registradas pela ALIANÇA como operação por conta própria. Nota que não foram seguidos os passos e as condições que devem ser observadas para tais operações, através de Instrução Normativa RFB nº 225, de 18 de outubro de 2002, e que o seu descumprimento traz prejuízo ao controle aduaneiro. Observa que, embora existisse fundamento jurídico para a aplicação da pena de perdimento das mercadorias objeto das citadas DI , estas já foram revendidas pelo real adquirente como se viu na sua contabilidade – conta “mercadorias para revenda” , com saldo zerado no ano de 2012. Em 2013 e 2014, não há registro desta conta, porém, a de “importação em andamento”. Considerou a existência de solidariedade entre as empresas ALIANÇA, STEEL e DIRECT LOGÍSTICA, com base no art. 124 do DecretoLei nº 5.172/66 (CTN). Cientificadas do lançamento (fls. 643/645 e 842), as empresas STEEL, DIRECT e ALIANÇA apresentaram suas impugnações (fls. 647/669, 717/741 e 782/804, respectivamente), nas quais, em síntese: Alegam que, somandose os valores dos adiantamentos, não é possível chegar ao real valor descrito nas notas fiscais e que as vendas estão lançadas nas contabilidades de ambas as empresas. Aduzem que os valores relacionados como adiantamentos são decorrentes de outras transações entre as empresas e não se pode presumir ocultação do real adquirente somente pelo fato da existência de pagamentos em datas próximas às datas das compras das mercadorias no exterior. Informam que a empresa ALIANÇA possuía saldo em conta corrente, no momento do Fl. 1035DF CARF MF Processo nº 11128.720679/201521 Acórdão n.º 3302004.147 S3C3T2 Fl. 13 5 desembaraço aduaneiro, decorrente de empréstimos por meio de contrato de mútuo com a empresa DIRECT. Desta forma, não existe dano ao erário e motivo da referida fiscalização. Além disto, não houve a caracterização de forma pormenorizada da ocultação do sujeito, não havendo “obscuridade do sujeito”, pois o agente fiscal já sabia quais eram as empresas que compraram referidas mercadorias importadas. Assim, esta ausência de motivo fere os princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa, gerando a nulidade do ato administrativo. Aduzem que não houve ocultação do sujeito passivo, pois o auditor fiscal sabia para quem fora vendida a mercadoria, intimando a suposta empresa ocultada para prestar informações, e que falta clareza na descrição dos fatos, não atendendo todos os requisitos de validade elencados pela legislação vigente. Não havendo a perfeita subsunção do fato concreto à hipótese prevista legalmente, não há que se falar na aplicação da presente penalidade. Alegam incompetência do agente, pois a equipe que formaliza os autos de infração nas importações onde existam indícios de fraude em matéria aduaneira é da Eqpea e não da Eqaufi, que foi responsável pelo lançamento. Aduzem que houve a prática de atos com excesso de poderes com relação ao Mandado de Procedimento Fiscal (MPF), pois não lhe foram atribuídos poderes para solicitar extratos bancários das contas correntes, ferindo princípios constitucionais. No mérito, alegam duplicidade de penalização com relação às DI que relacionam, em vista da lavratura do lançamento constante do processo 11128.730.203/201418, acarretando bis in idem. Alegam que a pena de perdimento aplicada não se encontra amparada legalmente, pois o auditor sabe para quem foi vendida a mercadoria, não havendo que se falar em ocultação do sujeito passivo. Elenca os procedimentos da ALIANÇA, relativos à importação e venda das mercadorias, caracterizandoa como por encomenda. Afirmam que não existem provas cabais das alegações do fisco e que a pena aplicável seria tão somente a disposta no art. 711, III, da Lei nº 6.759/2009, ou seja, 1% do valor aduaneiro, conforme art. 712, 736, I, e 737, da mesma lei, pois, havendo o pagamento dos tributos a multa há de ser relevada. Argumentam que as três empresas são independentes entre si, com endereços em locais distintos, possuem objetos sociais diversos e, portanto, não formam um grupo econômico. Ademais, mesmo que exista parentesco entre os sócios das empresas e realização de negociações comerciais entre si, não significa que atuem com o intuito de fraude ou simulação a fim de ocultar os reais adquirentes das mercadorias, tanto isto é verdade que o auditorfiscal não encontrou empecilhos para constatar que a empresa adquirente é a STELL. Fl. 1036DF CARF MF 6 Informam que o valor de R$ 746.939,46 é originário da venda de imóvel localizado na rua Antônio Bento de Amorim, 83, em Santos/SP, o que se comprova pela DIRPF anexada do Sr. Cláudio Correa Moura. Este valor foi investido na DIRECT que, por sua vez, realizou um contrato de mútuo com a empresa ALIANÇA, sendo uma operação lícita. Assim, a ALIANÇA realizou as importações de mercadorias com seus próprios recursos, por encomenda e por fim revendia a seus clientes, dentre eles a STELL, não havendo que se falar em fraude ou simulação. Ademais, a empresa ALIANÇA, ao vender mercadorias, recebia os pagamentos de seus clientes, como é o caso da STEEL, constituindo caixa e pagando aos seus credores, sendo um deles a empresa DIRECT, não havendo nenhuma irregularidade. Aduzem que a auditora supõe que a STELL fizesse adiantamentos à Aliança, sem comprovar, pois são decorrentes de outras transações entre as empresas, tanto que não coincidem com os valores das notas fiscais. Requerem seja declarada a nulidade do presente auto de infração, pelos motivos expostos, ou que seja desconstituído o lançamento, ou, que seja reduzido o valor da multa para 1%, pelo erro de preenchimento da DI, abstendose dos procedimentos de cobrança pela suspensão da exigibilidade do crédito tributário. Requerem a produção de provas, inclusive sustentação oral.” Sobreveio o Voluntário, tempestivo, apresentado pela empresa Aliança Comercial Importadora e Exportadora Ltda., em conjunto com as responsáveis solidárias, Direct Logística Ltda. e STEEL Comércio Distribuição e Representação Ltda. Mantém os mesmos argumentos da fase inicial, bem como, preliminar de Ausência de Motivo do Lançamento, por entender que faltou o motivo que conduziram o agente público a elaboração do ato administrativo, constaria que a situação fática e jurídica que levou a lavratura do auto de infração não teria ocorrido, segundo o seu raciocínio, não existiu ocultação do real adquirente para realização de operações de comércio exterior. Sustenta também incompetência do agente, alegando, no caso de fraude em matéria aduaneira é da “Eqcol” e não da “Equafi”, quem lavrou o auto em discussão, menciona o artigo 59 do Decreto 70.235/72. Alega, ainda, pratica excedente ao MPF e indeferimento de PRODUÇÃO DE PROVA. Sustenta duplicidade em relação à penalidade aplicada e não caracterização da pena de perdimento. É o relatório. Voto Fl. 1037DF CARF MF Processo nº 11128.720679/201521 Acórdão n.º 3302004.147 S3C3T2 Fl. 14 7 Conselheiro Domingos de Sá Filho, Relator. Cuidase de recurso tempestivo e atende os demais pressupostos de admissibilidade, motivo pelo qual deve ser conhecido. A matéria devolvida ao exame se refere à ocultação de real adquirente, consequentemente, conversão em pena de perdimento das mercadorias, não localizadas, aplicação de penalidade. Há preliminares, antes de se dirigir ao ponto nodal da situação controvertida, impõese examinar questões atinentes admissibilidade do recurso, que propiciam acesso ao pedido propriamente dito. 1. AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO Não merece prosperar, a sustentação por si só confunde com o mérito, pois trata de situação fática e jurídica, se existiu ou não ocultação do real adquirente nas operações realizadas de comércio exterior é o objeto principal do processo. Ademais, o fato do auditor entender tratarse de situação que configure a ocultação, revela o convencimento da autoridade para proceder ao lançamento, por essa razão não se vislumbra existência de elementos capaz de macular o lançamento. Sendo assim, o assunto será examinado quando da apreciação do mérito. 2. COMPETÊNCIA DO AGENTE. A competência do auditor da Receita Federal para proceder à auditoria e lançamento decorre de força de lei desde que inerentes à função, por isso o acerto da decisão recorrida. A parda alegação de que a matéria aduaneira é da “Eqcol” e não da “Equafi”, não se sustenta, basta exame da legislação, dispõe o art. 9º do Decreto 70.235/72 e o art. 9º da Lei nº 11.457, de 2007, in verbis: “Art. 9º) A exigência de crédito tributário, a retificação de prejuízo fiscal e a aplicação de penalidade isolada serão formalizadas em autos de infração ou notificação de lançamento, distintos para cada imposto, contribuição ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito. § 2º Os procedimentos de que tratam este artigo e o art. 7º, serão válidos, mesmo que formalizados por servidor competente de jurisdição diversa da do domicílio tributário do sujeito passivo. § 3º A formalização da exigência, nos termos do parágrafo anterior, previne a jurisdição e prorroga a competência da autoridade que dela primeiro conhecer. Lei nº 11.457, de 2007: Fl. 1038DF CARF MF 8 Art. 9º) A Lei no 10.593, de 6 de dezembro de 2002, passa a vigorar com a seguinte redação: Art. 6º São atribuições dos ocupantes do cargo de AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil: I no exercício da competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil e em caráter privativo: a) constituir, mediante lançamento, o crédito tributário e de contribuições. b) elaborar e proferir decisões ou delas participar em processo administrativofiscal, bem como em processos de consulta, restituição ou compensação de tributos e contribuições e de reconhecimento de benefícios fiscais. c) executar procedimentos de fiscalização, praticando os atos definidos na legislação específica, inclusive os relacionados com o controle aduaneiro, apreensão de mercadorias, livros, documentos, materiais, equipamentos e assemelhados. d) examinar a contabilidade de sociedades empresariais, empresários, órgãos, entidades, fundos e demais contribuintes, não se lhes aplicando as restrições previstas nos arts. 1.190 a 1.192 do Código Civil e observado o disposto no art. 1.193 do mesmo diploma legal.” (...) Sendo assim, não merece prosperar, rejeito. 3. VÍCIO NO MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. O MPF disciplina a execução do procedimento fiscal relativo aos tributos e contribuições sociais administrados pela Receita Federal, sendo assim, se revela instrumento de controle administrativo e de informação ao contribuinte, em síntese a meu ver é meramente autorização para que o agente se apresente ao Contribuinte. A ausência desse documento abre a porta para o contribuinte recusar o atendimento das solicitações efetivadas, entretanto, quaisquer omissão não macula o lançamento. Portanto, não vislumbro qualquer macula capaz de dar azo nulidade. 4. PRODUÇÃO DE PROVA. INDEFERIMENTO. A produção de prova é direito constitucional. Os códigos de rito disciplinam os momentos oportunos as quais devem ser exibidas, com exceções daquelas que podem ser objeto ao longo do curso do procedimento, e, não há dúvida de que o impedimento configura o cerceamento de defesa. No caso dos autos a irresignação está vinculada ao pedido de produção posterior de provas sustentado na fase de impugnação como se extraí da narração da peça recursal. Como restou bem contornado a questão pelo julgador de piso, a produção de prova deve ocorrer no momento da impugnação, cabe a parte provar as alegações por meio Fl. 1039DF CARF MF Processo nº 11128.720679/201521 Acórdão n.º 3302004.147 S3C3T2 Fl. 15 9 idôneos, juntar os documentos pertinentes ao assunto debatido, requerer outras, pericia desde que justificável, ficando a cargo da autoridade julgar se é conexas deferir ou não. Mesmo em nome da verdade material, deve o Interessado fazer prova mínima do alegado, o complemento para momento diferente encontra disciplinado no artigo 16 do Decreto nº 70.235/72, se demonstrado cabe o Julgador deferir, não é o caso dos autos, pois não há qualquer justificativa capaz de convencer o deferimento para outro momento. Sendo deve ser afastada alegação de cerceamento de defesa. NO MÉRITO. O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Inicialmente cabe verificar se ocorreu de fato ocultação do real adquirente das mercadorias nas operações de comércio exterior analisadas neste processo. E nesse aspecto os elementos probatórios na autuação encontram fincados no grau de parentesco entre os sócios das três em pesas envolvidas nesse processado, ALIANÇA, DIRECT e STEEL, incapacidade financeira de alguns dos sócios em integralizar o capital, transferência de quotas por meio de doação entre sócios, empréstimos por meio de contrato de mútuos entre ALIANÇA e a DIRECT, bem como, o fato das vendas para STEEL representar mais de 86% e os valores adiantados ocorrer muito tempo antes da emissão das notas fiscais de venda. Contra essas acusações a defesa não traçou uma linha sequer, contentou em sustenta a inexistência de ocultação de real interessado que não fosse a própria Aliança. Apenas apresentou com a impugnação cópia do contrato de mútuo firmado entre as empresas Aliança e a Direct. A fiscalização toma como elementos de convicção a incapacidade financeira dos sócios, bem como, da Aliança, demonstra por meio de fluxo saída de recursos financeiros da empresa Steel para Aliança sem contra partida de venda. Demonstrou que o montante emprestado por meio de mútuo da DIRECT para Aliança foi devolvido em diversas parcelas oriundo das remessas de dinheiro efetivados pela empresa STEEL, que esse mesmo recurso financeiro circulava constantemente entre as três empresas. Assim como, os empréstimos bancários eram quitados por meio dos adiantamentos efetivados pela STEEL, curiosamente contabilizados em conta de “adiantamento para importação futura”, como afirmado no relatório fiscal. Apenas um item dos elementos da autuação é contestado na impugnação e no recurso voluntário, que não logra afastar a caracterização da ocultação. Aduz que os valores pagos à Aliança pela STEEL são decorrentes de outras transações efetuadas entre as empresa não se revela suficiente para fazer prova contrária, necessita de muito mais, cabia vincular as operações de venda com as respectivas notas fiscais demonstrando que valor recebido se referia aquela transação. Não basta alegar licitude das operações realizadas entre as duas empresas, no caso concreto impõe provar por meio de documentos idôneos que tratava de operação de Fl. 1040DF CARF MF 10 compra e venda por se referir empresa que guarda estreito vinculo familiar, cujos recursos financeiros são oriundos de empréstimo de mútuo de outra empresa familiar. O fato de a empresa ter adquirido com dinheiro próprio ou de terceiro as mercadorias, não afasta a existência de acobertamento. Em relação à empresa DIRECT COMÉRCIO LOGÍSTICA LTDA., colocada no pólo por suposto interesse comum, ao fundamento de que há relação estreita entre os sócios por grau de parentesco e mútuo concretizado com a empresa ALIANÇA, o qual teria sido pago por meio de parcelas, além desses dois fatos mencionados demonstração robusta desse suposto empenho nas operações comerciais oriundas do mercado externo. O grau de parentesco e o empréstimo têm como suficientes a caracterizar interesse específico nas importações de mercadorias do exterior. Em razão da existência de demonstrações do interesse atribuído, caminho no sentido de manter a solidariedade imputada. No tocante ao pedido alternativo, que no caso de manter o lançamento, fosse aplicado à multa de 1% (um por cento) em razão do pagamento integral dos tributos, por erro de preenchimento no sistema SISCOMEX, cabe examinar se há possibilidade da substituição da penalidade. A conduta atribuída pela infração encontra capitulada no art. 23 do Decreto lei nº 1.455, 1976, que impõe o perdimento das mercadorias. Acusação interposição fraudulenta na operação de comércio exterior decorrente da não comprovação da origem dos recursos financeiros empregados na operação, prevê multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias. No caso dos autos não se vislumbra possibilidade de substituição, sendo assim, impossibilita acudir o apelo. Diante do exposto, conheço dos recursos voluntários e nego provimento. É como voto. Domingos de Sá Filho Fl. 1041DF CARF MF
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