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Numero do processo: 10325.001779/2008-37
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue May 21 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Jul 02 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2004
AQUISIÇÃO DE PRODUTOR RURAL PESSOA FÍSICA - SUBRROGAÇÃO DO ART. 30, III DA LEI Nº 8.212/91 - CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS INCIDENTES SOBRE A RECEITA DA COMERCIALIZAÇÃO DE SUA PRODUÇÃO. CONTRIBUIÇÃO TERCEIROS - SENAR.
A contribuição do empregador rural pessoa física e a do segurado especial, referidos, respectivamente, na alínea a do inciso V e no inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212/91, para o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), não foi objeto de reconhecimento de inconstitucionalidade no Recurso Extraordinário n 363.852/MG. Desse modo, permanece a exação tributária.
A responsabilidade atribuída à pessoa jurídica adquirente, consumidora ou consignatária e ainda à cooperativa não está prevista apenas no §5º do Decreto nº 566/1992, mas também no inciso III, do art. 30, da Lei nº 8.212/91 cuja regulamentação se deu por meio do Decreto nº 3.048/99, cumprindo-se assim o princípio da legalidade previsto no art. 128 do CTN.
Numero da decisão: 9202-007.843
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, com retorno dos autos ao colegiado de origem, para apreciação das demais questões do recurso voluntário. Votaram pelas conclusões os conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Miriam Denise Xavier (suplente convocada) e Maria Helena Cotta Cardozo.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Miriam Denise Xavier (suplente convocada), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo
Nome do relator: RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI
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CONTRIBUIÇÃO TERCEIROS SENAR. A contribuição do empregador rural pessoa física e a do segurado especial, referidos, respectivamente, na alínea a do inciso V e no inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212/91, para o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), não foi objeto de reconhecimento de inconstitucionalidade no Recurso Extraordinário n 363.852/MG. Desse modo, permanece a exação tributária. A responsabilidade atribuída à pessoa jurídica adquirente, consumidora ou consignatária e ainda à cooperativa não está prevista apenas no §5º do Decreto nº 566/1992, mas também no inciso III, do art. 30, da Lei nº 8.212/91 cuja regulamentação se deu por meio do Decreto nº 3.048/99, cumprindose assim o princípio da legalidade previsto no art. 128 do CTN. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento, com retorno dos autos ao colegiado de origem, para apreciação das demais questões do recurso voluntário. Votaram pelas conclusões os conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Miriam Denise Xavier (suplente convocada) e Maria Helena Cotta Cardozo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 32 5. 00 17 79 /2 00 8- 37 Fl. 188DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em exercício (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Miriam Denise Xavier (suplente convocada), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo Relatório Tratase Auto de Infração (Debcad n° 37.198.1450) para cobrança de contribuições sociais destinadas ao Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – SENAR, devidas por subrogação pelos adquirentes de produto rural de pessoa física, nos termos do artigo 6º da Lei nº 9528/97, com a redação dada pela Lei nº 10.256/2001. O período de apuração abrange 01/2003 a 12/2004. A subrogação está fundamentada no art. 30, inciso III da Lei nº 8.212/91 (efls. 18). Nos termos do relatório fiscal (efls. 21 e seguintes) a infração foi assim resumida: 3DO OBJETO DO LANÇAMENTO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO 3 . 1 0 objeto do lançamento são as contribuições previdenciárias não recolhidas, devidas a Receita Federal do BrasilRFB incidentes sobre a aquisição de produto rural, identificados pela aquisição de gado para abate de produtor rural pessoa física. 3.2 São contribuições devidas pela empresa na condição de sub rogada, destinadas a outras entidades (TERCEIROS)SENAR, apurada com alíquota de 0,20% 3.3 Foi emitido outro AIOP Debcad n° 37.198.1441, com o mesmo fato gerador e mesma base de cálculo para as contribuições destinadas ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrentes dos riscos ambientais do trabalho RAT e contribuições previdenciárias rurais. Após o trâmite processual, a 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária deu provimento ao recurso voluntário para cancelar o lançamento haja vista declaração de inconstitucionalidade proferida pelo STF no recurso extraordinário nº 363.852/MG. Acórdão 2401003.254 recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2004 Fl. 189DF CARF MF Processo nº 10325.001779/200837 Acórdão n.º 9202007.843 CSRFT2 Fl. 3 3 SUBROGAÇÃO NA PESSOA DO ADQUIRENTE DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS INCIDENTES SOBRE A COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO RURAL POR PESSOAS FÍSICAS. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE PELO STF. IMPROCEDÊNCIA Declarada pelo Supremo Tribunal Federal, em decisão plenária (RE n.º 363.852/MG), a inconstitucionalidade do art. 1.º da Lei n. 8.540/1992 e as atualizações posteriores até a Lei n. 9.528/1997, as quais, dentre outras, deram redação ao art. 30, IV, da Lei n. 8.212/1991, são improcedentes as contribuições sociais exigidas dos adquirentes da produção rural da pessoa física na condição de subrogado. Recurso Voluntário Provido. Intimada a Fazenda Nacional interpôs, tempestivamente, recurso especial. Citando como paradigmas os acórdãos 230201.599 e 2402001.724, a Recorrente assim resumiu a divergência: Observase que nos paradigmas, assim como no acórdão recorrido, tratavase da discussão a respeito da constitucionalidade das contribuições sociais destinadas ao custeio da Seguridade Social, incidentes sobre a receita bruta da comercialização da produção rural. Contudo, enquanto na decisão hostilizada concluiuse pela sua inconstitucionalidade, nos acórdãos paradigmas, refutouse tal argumentação, mantendose o lançamento, com base na Lei nº 10.256/2001, editada sob o manto constitucional aberto pela Emenda Constitucional nº 20/98. Como se vê, os acórdãos paradigmas acima transcritos, ao tratarem de casos idênticos ao dos autos, adotaram entendimento diametralmente oposto ao firmado no acórdão recorrido. Nessas condições, demonstrada a divergência jurisprudencial diante dos acórdãos paradigmas em anexo, nos termos do art. 67 do RICARF aprovado pela Portaria MF nº 256/2009, afiguram se presentes os requisitos de admissibilidade do Recurso Especial. Contrarrazões do contribuinte juntada às fls. 155 e seguintes. Defende a recorrida a manutenção do acórdão sob o argumento de que a inconstitucionalidade do FUNRURAL declarada pelo RE 363.852/MG não teria sido superada com a edição da Emenda Constitucional nº 20/98 e Lei n° 10.256/2001. Faz considerações sobre o princípio da isonomia reiterando argumentos apresentados no seu Recurso Voluntário. É o relatório. Voto Fl. 190DF CARF MF 4 Conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Relatora O recurso preenche os pressupostos formais e deve ser conhecido. Tratase de recurso especial interposto pela Fazenda Nacional contra decisão proferida pela Turma a quo que cancelou o lançamento cujo objeto é exigência de contribuições sociais destinadas ao Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – SENAR, devidas por subrogação pelos adquirentes de produto rural de pessoa física, nos termos do artigo 6º da Lei nº 9528/97, com a redação dada pela Lei nº 10.256/2001. No entendimento do Colegiado a subrrogação prevista no art. 30, IV da Lei 8.212/91 foi declarada inconstitucional pelo STF no recurso extraordinário nº 363.852/MG. Importante destacar que o lançamento ora discutido abrange fatos geradores ocorridos já na vigência da nova redação dada pela Lei nº 10.526/2001 ao art. 6º da Lei nº 9.528/97 e, ao contrário do citado na decisão recorrida, a responsabilidade pelo recolhimento da referida contribuição foi atribuída à Autuada também com base no inciso III do art. 30 da Lei nº 8.212/91, conforme se verifica do auto de infração lavrado, e sobre tal dispositivo não há qualquer manifestação de inconstitucionalidade. Na verdade, há decisão do Supremo Tribunal Federal, sob a sistemática da Repercussão Geral, no RE nº 718.874/RS concluindo no sentido de ser constitucional, formal e materialmente, a contribuição social do empregador rural pessoa física, instituída pela Lei 10.256/2001, incidente sobre a receita bruta obtida com a comercialização de sua produção. O julgado recebeu a seguinte ementa: Ementa: TRIBUTÁRIO. EC 20/98. NOVA REDAÇÃO AO ARTIGO 195, I DA CF. POSSIBILIDADE DE EDIÇÃO DE LEI ORDINÁRIA PARA INSTITUIÇÃO DE CONTRIBUIÇÃO DE EMPREGADORES RURAIS PESSOAS FÍSICAS INCIDENTE SOBRE A COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO RURAL. CONSTITUCIONALIDADE DA LEI 10.256/2001. 1.A declaração incidental de inconstitucionalidade no julgamento do RE 596.177 aplicase, por força do regime de repercussão geral, a todos os casos idênticos para aquela determinada situação, não retirando do ordenamento jurídico, entretanto, o texto legal do artigo 25, que, manteve vigência e eficácia para as demais hipóteses. 2.A Lei 10.256, de 9 de julho de 2001 alterou o artigo 25 da Lei 8.212/91, reintroduziu o empregador rural como sujeito passivo da contribuição, com a alíquota de 2% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção; espécie da base de cálculo receita, autorizada pelo novo texto da EC 20/98. 3. Recurso extraordinário provido, com afirmação de tese segundo a qual É constitucional formal e materialmente a contribuição social do empregador rural pessoa física, instituída pela Lei 10.256/01, incidente sobre a receita bruta obtida com a comercialização de sua produção. Fl. 191DF CARF MF Processo nº 10325.001779/200837 Acórdão n.º 9202007.843 CSRFT2 Fl. 4 5 Neste cenário, e considerando que as contribuições do art. 25 também são recolhidas pelo adquirente por força do mesmo art. 30, III da Lei nº 8.212/91, dispositivo cuja validade nunca fora questionada, deve o acórdão recorrido ser revisto. No entendimento desta Conselheira, por meio do RE 363.852/MG, o Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade do inciso IV do art. 30 da Lei nº 8.212/91, vício que ainda subsistiria, entretanto é notável que o presente lançamento não está baseado exclusivamente no mencionado inciso. A exigência ora discutida tem como fundamento também o inciso III do mesmo art. 30, o que por si só afastaria a argumentação de inconstitucionalidade suscitada, uma vez que sobre este dispositivo o STF não faz qualquer consideração. Vale destacar que o entendimento da maioria do Colegiado vai além, entendendo pela inexistência de qualquer vício/inconstitucionalidade sobre o art. 30, inciso IV da Lei nº 8.212/91. Por diversas vezes o tema já foi submetido a apreciação desta Câmara Superior. Recentemente, por meio do acórdão nº 9202007.280, o Colegiado, por unanimidade, entendeu pela legalidade da cobrança do SENAR e pela previsão de regra normativa para exigência da contribuição por subrrogação. As contribuições para terceiros se sujeitam aos mesmos prazos, condições, sanções e privilégios das contribuições estabelecidas pela Lei nº 8.212/1991 e das contribuições instituídas a título de substituição. A Conselheira Relatora, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, após discorrer acerca das decisões proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e sobre seu entendimento acerca da abrangência da inconstitucionalidade declarada pelo STF inclusive tratando sobre o inciso IV do art. 30 concluiu pela legalidade da cobrança. Pela relevância transcrevo parte do voto proferido: SENAR CONTRIBUIÇÃO SOBRE AQUISIÇÃO DA PRODUÇÃO RURAL DE PESSOAS FÍSICAS ... A contribuição do empregador rural pessoa física e a do segurado especial, referidos, respectivamente, na alínea a do inciso V e no inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, para o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), criado pela Lei no 8.315, de 23 de dezembro de 1991, é de zero vírgula dois por cento, incidente sobre a receita bruta proveniente da comercialização de sua produção rural. A contribuição sobre a comercialização da produção está descrita no art. 25 da Lei 8212/91: ... Quanto às contribuições destinadas ao Senar, as mesmas possuem previsão no art. 6º da Lei n 9.528 de 1997, nestas palavras: Art. 6º A contribuição do empregador rural pessoa física e a do segurado especial, referidos, respectivamente, na alínea a do inciso V e no inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, para o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), criado pela Lei no 8.315, de 23 de dezembro de 1991, é de zero vírgula Fl. 192DF CARF MF 6 dois por cento, incidente sobre a receita bruta proveniente da comercialização de sua produção rural. (Redação dada pela Lei nº 10.256, de 9.7.2001) É de se destacar, também, o disposto nos artigos 2º e 3º da Lei n.º 11.457, de 16/03/2007, parcialmente reproduzidos a seguir. Art. 2º Além das competências atribuídas pela legislação vigente à Secretaria da Receita Federal, cabe à Secretaria da Receita Federal do Brasil planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas a tributação, fiscalização, arrecadação, cobrança e recolhimento das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e das contribuições instituídas a título de substituição. (...) Art. 3º As atribuições de que trata o art. 2º desta Lei se estendem às contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, na forma da legislação em vigor, aplicandose em relação a essas contribuições, no que couber, as disposições desta Lei. (...) § 2º O disposto no caput deste artigo abrangerá exclusivamente contribuições cuja base de cálculo seja a mesma das que incidem sobre a remuneração paga, devida ou creditada a segurados do Regime Geral de Previdência Social ou instituídas sobre outras bases a título de substituição. § 3º As contribuições de que trata o caput deste artigo sujeitamse aos mesmos prazos, condições, sanções e privilégios daquelas referidas no art. 2º desta Lei, inclusive no que diz respeito à cobrança judicial. (...) (grifos nossos) Essas contribuições não foram objeto de reconhecimento de inconstitucionalidade no Recurso Extraordinário n 363.852, como citado pelo recorrente. Desse modo, permanece a exação tributária. Porém, tais contribuições eram recolhidas pelo substituto tributário e não pelos produtores rurais; a transferência da responsabilidade para os substitutos está prevista no art. 94 da Lei n 8.212, art. 3º da Medida Provisória n 222 de 2004, combinado com o art. 30, inciso IV da Lei n 8.212 de 1991. Assim, importante destacar que não mais paira qualquer duvida acerca da constitucionalidade aplicável ao caso, conforme veremos a seguir. Possibilidade de exigência via subrrogação. A subrogação descrita nesta NFLD está respaldada no que dispõe o art. 30, IV, da Lei 8.212/91, com redação da lei 9528/97: ... Sobre tais valores foi aplicada a alíquota de 0,1% até 12/2001 e 0,2% a partir de 01/2002, de acordo com o FPAS 744. A alíquota de contribuição devida ao SENAR foi alterada face nova redação dada pelo art. 3º da Lei 10.256/2001 no art. 6º da Lei 9.528/1997. "Art.6º A contribuição do empregador rural pessoa física e a do segurado especial, referidos, respectivamente, na alínea a do inciso V e no inciso VII do art. 12 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, para o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), criado pela Lei nº 8.315, de 23 de dezembro de 1991, é de zero vírgula dois Fl. 193DF CARF MF Processo nº 10325.001779/200837 Acórdão n.º 9202007.843 CSRFT2 Fl. 5 7 por cento, incidente sobre a receita bruta proveniente da comercialização de sua produção rural." (NR) Lei 8315 Art. 3º § 3° A arrecadação da contribuição será feita juntamente com a Previdência Social e o seu produto será posto, de imediato, à disposição do Senar, para aplicação proporcional nas diferentes Unidades da Federação, de acordo com a correspondente arrecadação, deduzida a cota necessária às despesas de caráter geral. Com base no exposto, devidamente respaldado encontrarseia o trabalho da auditoria fiscal. O problema surge a partir do julgamento pelo STF o Recurso Extraordinário nº 363.852, cujo Plenário deu provimento ao recurso em acórdão com a seguinte ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO – PRESSUPOSTO ESPECÍFICO – VIOLÊNCIA À CONSTITUIÇÃO – ANÁLISE – CONCLUSÃO – Porque o Supremo, na análise da violência à Constituição, adora entendimento quanto à matéria de fundo extraordinário, a conclusão a que chega deságua, conforme sempre sustentou a melhor doutrina – José Carlos Barbosa Moreira , em provimento ou desprovimento do recurso, sendo impróprias as nomenclaturas conhecimento e não conhecimento. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL – COMERCIALIZAÇÃO DE BOVINOS – PRODUTORES RURAIS PESSOAS NATURAIS – SUBROGAÇÃO – LEI Nº 8.212/91 – ART. 195, INCISO I, DA CARTA FEDERAL – PERÍODO ANTERIOR À EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20/98 – UNICIDADE DE INCIDÊNCIA – EXCEÇÕES – COFINS E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PRECEDENTE – INEXISTÊNCIA DE LEI COMPLEMENTAR – Ante o texto constitucional, não subsiste a obrigação tributária subrogada do adquirente, presente a venda de bovinos, por produtores rurais, pessoas naturais, prevista os artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II e 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/91, com as redações decorrentes das Leis nº 8.540/92 e 9.528/97. Aplicação de leis no tempo – considerações (g.n.) ... Notase que o objeto do RE 363.852 referese à discussão da constitucionalidade dos dispositivos da Lei nº 8.212/1991 nas redações dadas pelas Leis 8.540/1992 e 9.528/1997, ambas anteriores à Emenda Constitucional nº 20/1998. Portanto, decidiu o STF que a inovação da contribuição sobre comercialização de produção rural da pessoa física não encontrava respaldo na Carta Magna até a Emenda Constitucional 20/98, decidindo expressamente pela inconstitucionalidade acerca das Leis 8.540/92 e 9.528/97, razão pela qual compete a este Conselho, em observância ao art. 62A determinar a improcedência dos lançamento envolvendo períodos anteriores. ... Isto posto, com a entrada em vigor da Lei nº 10.256/2001, editada sob o manto constitucional aberto pela Emenda Constitucional nº 20/98, passam a Fl. 194DF CARF MF 8 ser devidas as contribuições sociais a cargo do empregador rural pessoa física, às alíquotas de 2% e 0,1% incidentes sobre a receita bruta proveniente da comercialização da sua produção, nos termos assinalados no art. 25 da Lei nº 8.212/91, com a redação que lhe foi introduzida pela Lei nº 10.256/2001. O caso ora sob análise, conforme acima destacamos, envolve contribuições para o período de 01/2008 a 08/2008, ou seja, em período integralmente coberto pela regência da Lei nº 10.256/2001, não havendo que se falar em inconstitucionalidade da exação, pois esta decorre diretamente da norma tributária inserida no ordenamento pelo diploma legal, e não sob as contribuições descritas nas leis nº 8.540/92 e 9.528/97, declaradas inconstitucionais pelo STF. Embora já se aplicasse esse entendimento, ao apreciar apressadamente a decisão do STF tevese a idéia de que a subrrogação descrita no art. 30, IV da lei 8212/91, nas redações dadas pelas leis nº 8.540/92 e 9.528/97, teria sido por derradeira também declarada inconstitucional, o que resultava na inviabilizando da utilização da sistemática de subrrogação nos casos de aquisição de produção rural de produtores rurais pessoas físicas. Todavia, essa possibilidade já foi por deveras superada nos mais diversos acórdãos deste conselho, de tribunais e por decisões posteriores do próprio STF. ... Quanto a este ponto, apreciando os diversos julgamentos realizados no âmbito do CARF, valhome de um especificamente, do ilustre Conselheiro Arlindo da Costa e Silva, datado de 18 de abril de 2013 – Acórdão 2302 02.445, da FRIGO VALE INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE CARNES LTDA, que de forma fantástica analisou profundamente os efeitos das decisões dos tribunais sobre a sistemática da SUBRROGAÇÃO, determinando a procedência da autuação. O posicionamento referenciado no acórdão mostroume muito mais acertada, do que aquele até então por mim adotado, razão pela qual adotoo como razão de decidir, transcrevendo a parte pertinente abaixo: 3.1.4.DA SUBROGAÇÃO Por derradeiro, mas não menos importante, restanos apreciar a questão atávica à subrogação do adquirente, do consignatário ou da cooperativa pelo cumprimento das obrigações do empregador rural pessoa física e do segurado especial assentadas no art. 25 da Lei nº 8.212/91. Verificase no voto condutor acima revisitado, que a matéria atinente à subrogação em momento algum foi discutida no julgamento do Supremo Sodalício. Com efeito, o Supremo não se pronunciou acerca de nenhum vício de inconstitucionalidade a macular a subrogação, até porque esta foi expressamente prevista na própria Lex Excelsior. Constituição Federal, de 03 de outubro de 1988 Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) Fl. 195DF CARF MF Processo nº 10325.001779/200837 Acórdão n.º 9202007.843 CSRFT2 Fl. 6 9 §7º A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a condição de responsável pelo pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente, assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso não se realize o fato gerador presumido. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993) Assim proclamou o Min. Marco Aurélio, ad litteris et verbis: “Ante esses aspectos, conheço e provejo o recurso interposto para desobrigar os recorrentes da retenção e do recolhimento da contribuição social ou do seu recolhimento por subrogação sobre a “receita bruta proveniente da comercialização da produção rural” de empregadores, pessoas naturais, fornecedores de bovinos para abate, declarando a inconstitucionalidade do artigo 1º da Lei nº 8.540/92, que deu nova redação aos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/91, com redação atualizada até a Lei nº 9.528/97, até que legislação nova, arrimada na Emenda Constitucional nº 20/98, venha a instituir a contribuição, tudo na forma do pedido inicial, invertidos os ônus da sucumbência.” Olhando com os olhos de ver, o Min. Marco Aurélio não declarou a inconstitucionalidade do inciso IV do art. 30 da Lei nº 8.212/91, mas, tão somente, a inconstitucionalidade do art. 1º da Lei nº 8.540/92, o qual, dentre outras tantas providências, “deu nova redação aos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/91”. Lei nº 8.540, de 22 de dezembro de 1992 Art. 1º A Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, passa a vigorar com alterações nos seguintes dispositivos: Art. 12. ................................................... V ............................................. a) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade agropecuária ou pesqueira, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de prepostos e com auxílio de empregados, utilizados a qualquer título, ainda que de forma não contínua; b) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade de extração mineral garimpo , em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de prepostos e com auxílio de empregados, utilizados a qualquer título, ainda que de forma não contínua; c) o ministro de confissão religiosa e o membro de instituto de vida consagrada e de congregação ou de ordem religiosa, este quando por ela mantido, salvo se filiado obrigatoriamente à Previdência Social em razão de outra atividade, ou a outro sistema previdenciário, militar ou civil, ainda que na condição de inativo; d) o empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro em funcionamento no Brasil, salvo quando coberto por sistema próprio de previdência social; e) o brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial internacional do qual o Brasil é membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo quando coberto por sistema de previdência social do país do domicílio; Art. 22. ....................................................................... Fl. 196DF CARF MF 10 §5º O disposto neste artigo não se aplica à pessoa física de que trata a alínea "a" do inciso V do art. 12 desta Lei. Art. 25. A contribuição da pessoa física e do segurado especial referidos, respectivamente, na alínea "a" do inciso V e no inciso VII do art. 12 desta Lei, destinada à Seguridade Social, é de: I dois por cento da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção; II um décimo por cento da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção para financiamento de complementação das prestações por acidente de trabalho. §1º O segurado especial de que trata este artigo, além da contribuição obrigatória referida no "caput", poderá contribuir, facultativamente, na forma do art. 21 desta Lei. §2º A pessoa física de que trata a alínea "a" do inciso V do art. 12, contribui, também, obrigatoriamente, na forma do art. 21 desta Lei. §3º Integram a produção, para os efeitos deste artigo, os produtos de origem animal ou vegetal, em estado natural ou submetidos a processos de beneficiamento ou industrialização rudimentar, assim compreendidos, entre outros, os processos de lavagem, limpeza, descaroçamento, pilagem, descascamento, lenhamento, pasteurização, resfriamento, secagem, fermentação, embalagem, cristalização, fundição, carvoejamento, cozimento, destilação, moagem, torrefação, bem como os subprodutos e os resíduos obtidos através desses processos. §4º Não integra a base de cálculo dessa contribuição a produção rural destinada ao plantio ou reflorescimento, nem sobre o produto animal destinado a reprodução ou criação pecuária ou granjeira e a utilização como cobaias para fins de pesquisas científicas, quando vendido pelo próprio produtor e quem a utilize diretamente com essas finalidades, e no caso de produto vegetal, por pessoa ou entidade que, registrada no Ministério da Agricultura, do Abastecimento e da Reforma Agrária, se dedique ao comércio de sementes e mudas no País. § 5º (VETADO) (...) Art. 30. .................................................... IV o adquirente, o consignatário ou a cooperativa ficam subrogados nas obrigações da pessoa física de que trata a alínea "a" do inciso V do art. 12 e do segurado especial pelo cumprimento das obrigações do art. 25 desta Lei, exceto no caso do inciso X deste artigo, na forma estabelecida em regulamento; X a pessoa física de que trata a alínea "a" do inciso V do art. 12 e o segurado especial são obrigados a recolher a contribuição de que trata o art. 25 desta Lei no prazo estabelecido no inciso III deste artigo, caso comercializem a sua produção no exterior ou, diretamente, no varejo, ao consumidor.” Ora, caros leitores, o fato de o art. 1º da Lei nº 8.540/92 ter sido declarado, na via difusa, inconstitucional, não implica ipso facto que todas as modificações legislativas por ele introduzidas sejam tidas por inconstitucionais. A pensar assim, seria inconstitucional a fragmentação da alínea ‘a’ do inciso V do art. 12 da Lei nº 8.212/91, nas alíneas ‘a’ e ‘b’ do mesmo dispositivo legal, sem qualquer modificação em sua essência, assim como a renumeração das alíneas ‘b’, ‘c’ e ‘d’ do mesmo Fl. 197DF CARF MF Processo nº 10325.001779/200837 Acórdão n.º 9202007.843 CSRFT2 Fl. 7 11 inciso V acima citado para ‘c’, ‘d’ e ‘e’, respectivamente, sem qualquer modificação de texto. (...) E o que falar, então, sobre a constitucionalidade do Inciso VII do art. 12 da Lei nº 8.212/91, o qual, embora citado pelo Sr. Min. Marco Aurélio, sequer se houve por tocado pelo art. 1º da Lei nº 8.540/92. Seria, assim, o Inciso VII do art. 12 da Lei nº 8.212/91 inconstitucional simplesmente e tão somente porque fora citado pelo Min. Marco Aurélio em seu voto? Não nos parece ser essa a melhor exegese do caso em debate. (...) Aditese que o inciso IX do art. 93 da CF/88 determina, taxativamente, que todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário, aqui incluído por óbvio o STF, devem ser públicos, e fundamentadas todas as suas decisões, sob pena de nulidade. Ora ... No julgamento do RE 363.852/MG inexiste qualquer menção, ínfima que seja, a possíveis vícios de inconstitucionalidade na subrogação encartada no inciso IV do art. 30 da Lei nº 8.212/91. Aliás, o vocábulo “subrogação” assim como a referência ao “inciso IV do art. 30 da Lei nº 8.212/91” somente são mencionados na conclusão do Acórdão, ocasião em que o Sr. Min. Relator desobriga os recorrentes do RE 363.852/MG da retenção e do recolhimento da contribuição social ou do seu recolhimento por subrogação sobre a “receita bruta proveniente da comercialização da produção rural” de empregadores, pessoas naturais, fornecedores de bovinos para abate, e que é declarada inconstitucionalidade do art. 1º da Lei nº 8.540/92, o qual deu nova redação aos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/91, com redação atualizada até a Lei nº 9.528/97. Realmente, ao verificar o texto integral da decisão do Ministro Marco Aurélio no acórdão RE 363.852, o mesmo não adentrou, em momento algum a apreciação da inconstitucionalidade do art. 30, IV da lei 8212/91, o que ao meu ver, impede a extensão dos efeitos da inconstitucionalidade das contribuições instituídas lei 8.540/92, o qual deu nova redação aos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/91, com redação atualizada até a Lei nº 9.528/97, para as contribuições lançadas após a lei 10.256/2001. Todavia, não foi apenas esse fato mencionado no voto do ilustre Conselheiro Arlindo da Costa, que me levou a alterar o posicionamento até então adotado. Senão vejamos, outro texto do acórdão que novamente adoto como razões de decidir: A quatro, porque a responsabilidade pelo recolhimento das contribuições de que trata o art. 25 da Lei nº 8.212/91 foi determinada ao adquirente, ao consignatário e à cooperativa, expressamente, pelo inciso III do art. 30 da Lei nº 8.212/91, o qual não foi igualmente atingido, sequer de raspão, pelos petardos da declaração de inconstitucionalidade aviada no RE nº 363.852/MG, permanecendo tal obrigação tributária ainda vigente e eficaz, mesmo em relação ao empregador rural pessoa física após a publicação da Lei nº 10.256/2001, produzindo todos os efeitos jurídicos que lhe são típicos. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 25. A contribuição do empregador rural pessoa física, em substituição à contribuição de que tratam os incisos I e II do art. 22, e a do segurado especial, referidos, respectivamente, na alínea a do inciso V e no inciso VII do art. 12 desta Lei, destinada à Seguridade Social, é de: (Redação dada pela Lei nº 10.256/2001). I 2% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção; (Redação dada pela Lei nº 9.528/97). Fl. 198DF CARF MF 12 II 0,1% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção para financiamento das prestações por acidente do trabalho. (Redação dada pela Lei nº 9.528/97). Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de outras importâncias devidas à Seguridade Social obedecem às seguintes normas, observado o disposto em regulamento: (...) III a empresa adquirente, consumidora ou consignatária ou a cooperativa são obrigadas a recolher a contribuição de que trata o art. 25, até o dia 2 do mês subsequente ao da operação de venda ou consignação da produção, independentemente de estas operações terem sido realizadas diretamente com o produtor ou com intermediário pessoa física, na forma estabelecida em regulamento; (Redação dada pela Lei 9.528/97) IV a empresa adquirente, consumidora ou consignatária ou a cooperativa ficam subrogadas nas obrigações da pessoa física de que trata a alínea "a" do inciso V do art. 12 e do segurado especial pelo cumprimento das obrigações do art. 25 desta Lei, independentemente de as operações de venda ou consignação terem sido realizadas diretamente com o produtor ou com intermediário pessoa física, exceto no caso do inciso X deste artigo, na forma estabelecida em regulamento; (Redação dada pela Lei 9.528/97) É certo que o disposto no inciso IV do art. 30 da Lei nº 8.212/91 já seria bastante e suficiente para impingir ao adquirente, consumidor, consignatário e à cooperativa o dever jurídico de recolher as contribuições incidentes sobre a comercialização de produção rural. Mas o Legislador Ordinário foi mais seletivo: Isolou, propositadamente, no inciso III do art. 30 da Lei de Custeio da Seguridade Social, a obrigação tributária do adquirente, do consumidor, do consignatário e da cooperativa de recolher a contribuição de que trata o art. 25 dessa mesma lei, no prazo normativo, independentemente de as operações de venda ou consignação terem sido realizadas diretamente com o produtor ou com intermediário pessoa física, outorgando ao Regulamento da Previdência Social a competência para dispor sobre a forma de efetivação de tal obrigação acessória. Acomodou no inciso IV do art. 30 da Lei nº 8.212/91, de maneira genérica, a sub rogação do adquirente, do consumidor, do consignatário e da cooperativa nas demais obrigações, de qualquer naipe, do empregador rural pessoa física e do segurado especial decorrentes do art. 25 desse Diploma Legal, independentemente de as operações de venda ou consignação terem sido realizadas diretamente com o produtor ou com intermediário pessoa física. Da análise dos dispositivos legais acima selecionados, restou visível que a obrigação da empresa adquirente, consumidora, consignatária e a cooperativa pelo recolhimento das contribuições previstas no art. 25 da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 10.256/2001, decorre não da norma inscrita no inciso IV do art. 30 da Lei de Custeio da Seguridade Social, mas, sim, do preceito assentado no inciso III desse mesmo dispositivo legal, em atenção ao princípio jurídico da especialidade na solução dos conflitos aparentes de normas jurídicas, que faz com que a norma específica prevaleça sobre aquela editada de maneira genérica, princípio eternizado no brocardo latino “lex specialis derogat generali”. A cinco, porque o próprio dispositivo do Acórdão do RE 363.852/MG declara a “inconstitucionalidade do artigo 1º da Lei nº 8.540/92, que deu nova redação aos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/91, com redação atualizada até a Lei nº 9.528/97, até que legislação nova, arrimada na Emenda Constitucional nº 20/98, venha a instituir a contribuição, tudo na forma do Fl. 199DF CARF MF Processo nº 10325.001779/200837 Acórdão n.º 9202007.843 CSRFT2 Fl. 8 13 pedido inicial”. Salta aos olhos que a sanatória da inconstitucionalidade vislumbrada pela Suprema Corte depende, tão somente, da promulgação de legislação nova, arrimada na EC n° 20/98, que institua a contribuição então viciada. Tais exigências houveramse por integralmente supridas com a promulgação da Lei nº 10.256, de 09 de julho de 2001, sob cuja égide ocorreram todos os fatos geradores contidos no presente lançamento tributário. (...) Avulta, de todo o exposto, que o provimento permeado no Acórdão do STF em tela visou a desobrigar o recorrente do RE 363.852/MG da retenção e do recolhimento da contribuição social sobre a “receita bruta proveniente da comercialização da produção rural” de empregadores, pessoas naturais, fornecedores de bovinos para abate, ou do seu recolhimento por subrogação, não por defeito jurídico no instituto da subrogação, mas, sim, por vício de inconstitucionalidade da própria exação em si considerada. ... Ademais a obrigação legal de arrecadar as contribuições descritas no art. 25 não encontra respaldo apenas no art. 30, IV da lei 8212/91, mas também na obrigação legal esculpida no inciso III do mesmo artigo: “III a empresa adquirente, consumidora ou consignatária ou a cooperativa são obrigadas a recolher a contribuição de que trata o art. 25, até o dia 2 do mês subsequente ao da operação de venda ou consignação da produção, independentemente de estas operações terem sido realizadas diretamente com o produtor ou com intermediário pessoa física, na forma estabelecida em regulamento; (Redação dada pela Lei 9.528/97) (grifos nossos) ... Conforme destacado no trecho do inciso III, a lei remeteu a regulamento a instituição da sistemática, para que a empresa adquirente promova o recolhimento da contribuição prevista no art. 25 da lei 8212/91. Na função de regulamentar não apenas o inciso III, mas inúmeros outros pontos da lei 8212/91, foi editado o Decreto nº 3.048/1999, aprovando o Regulamento da Previdência Social, ainda hoje em vigor, cujos artigos 200, 200A e 216 instituíram a obrigação acessória da empresa adquirente, consumidora, consignatária ou da cooperativa, na condição de subrogada, a arrecadar, mediante desconto e a recolher as contribuições sociais incidentes sobre a receita bruta oriunda da comercialização da produção devidas pelo produtor rural pessoa física e pelo segurado especial. Senão vejamos: Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Dec. nº 3.048/99 Art. 200. A contribuição do empregador rural pessoa física, em substituição à contribuição de que tratam o inciso I do art. 201 e o art. 202, e a do segurado especial, incidente sobre a receita bruta da comercialização da produção rural, é de: (Redação dada pelo Decreto nº 4.032, de 2001) I dois por cento para a seguridade social; e II zero vírgula um por cento para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho. Fl. 200DF CARF MF 14 (...) §4º Considerase receita bruta o valor recebido ou creditado pela comercialização da produção, assim entendida a operação de venda ou consignação. §5º Integram a produção, para os efeitos dos incisos I e II do caput, os produtos de origem animal ou vegetal, em estado natural ou submetidos a processos de beneficiamento ou industrialização rudimentar, assim compreendidos, entre outros, os processos de lavagem, limpeza, descaroçamento, pilagem, descascamento, lenhamento, pasteurização, resfriamento, secagem, socagem, fermentação, embalagem, cristalização, fundição, carvoejamento, cozimento, destilação, moagem e torrefação, bem como os subprodutos e os resíduos obtidos através desses processos. (...) §7º A contribuição de que trata este artigo será recolhida: I Pela empresa adquirente, consumidora ou consignatária ou a cooperativa, que ficam subrogadas no cumprimento das obrigações do produtor rural pessoa física de que trata a alínea "a" do inciso V do caput do art. 9º e do segurado especial, independentemente de as operações de venda ou consignação terem sido realizadas diretamente com estes ou com intermediário pessoa física, exceto nos casos do inciso III; (grifos nossos) II pela pessoa física não produtor rural, que fica subrogada no cumprimento das obrigações do produtor rural pessoa física de que trata a alínea "a" do inciso V do caput do art. 9º e do segurado especial, quando adquire produção para venda, no varejo, a consumidor pessoa física; ou III pela pessoa física de que trata alínea "a" do inciso V do caput do art. 9º e pelo segurado especial, caso comercializem sua produção com adquirente domiciliado no exterior, diretamente, no varejo, a consumidor pessoa física, a outro produtor rural pessoa física ou a outro segurado especial. §8º O produtor rural pessoa física continua obrigado a arrecadar e recolher ao Instituto Nacional do Seguro Social a contribuição do segurado empregado e do trabalhador avulso a seu serviço, descontandoa da respectiva remuneração, nos mesmos prazos e segundo as mesmas normas aplicadas às empresas em geral. Art. 200A. Equiparase ao empregador rural pessoa física o consórcio simplificado de produtores rurais, formado pela união de produtores rurais pessoas físicas, que outorgar a um deles poderes para contratar, gerir e demitir trabalhadores rurais, na condição de empregados, para prestação de serviços, exclusivamente, aos seus integrantes, mediante documento registrado em cartório de títulos e documentos. (Incluído pelo Decreto nº 4.032/2001) §1º O documento de que trata o caput deverá conter a identificação de cada produtor, seu endereço pessoal e o de sua propriedade rural, bem como o respectivo registro no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ou informações relativas à parceria, arrendamento ou equivalente e à matrícula no INSS de cada um dos produtores rurais. (Incluído pelo Decreto nº 4.032/2001) §2º O consórcio deverá ser matriculado no INSS, na forma por este estabelecida, em nome do empregador a quem hajam sido outorgados os mencionados poderes.(Incluído pelo Decreto nº 4.032/2001) Art. 200B. As contribuições de que tratam o inciso I do art. 201 e o art. 202, bem como a devida ao Serviço Nacional Rural, são substituídas, em relação à remuneração paga, devida ou creditada ao trabalhador rural contratado pelo consórcio simplificado de produtores rurais de que trata o art. 200A, pela contribuição dos respectivos produtores rurais. (Incluído pelo Decreto nº 4.032/2001) Fl. 201DF CARF MF Processo nº 10325.001779/200837 Acórdão n.º 9202007.843 CSRFT2 Fl. 9 15 Art. 216. A arrecadação e o recolhimento das contribuições e de outras importâncias devidas à seguridade social, observado o que a respeito dispuserem o Instituto Nacional do Seguro Social e a Secretaria da Receita Federal, obedecem às seguintes normas gerais: I A empresa é obrigada a: (...) III a empresa adquirente, consumidora ou consignatária ou a cooperativa são obrigadas a recolher a contribuição de que trata o art. 200 no prazo referido na alínea "b" do inciso I, no mês subsequente ao da operação de venda ou consignação da produção rural, independentemente de estas operações terem sido realizadas diretamente com o produtor ou com o intermediário pessoa física; (grifos nossos) IV o produtor rural pessoa física e o segurado especial são obrigados a recolher a contribuição de que trata o art. 200 no prazo referido na alínea "b" do inciso I, no mês subsequente ao da operação de venda, caso comercializem a sua produção com adquirente domiciliado no exterior, diretamente, no varejo, a consumidor pessoa física, a outro produtor rural pessoa física ou a outro segurado especial; V o produtor rural pessoa física é obrigado a recolher a contribuição de que trata o inciso II do caput do art. 201 no prazo referido na alínea "b" do inciso I; (Revogado pelo Decreto nº 3.452/2000) (...) §5º O desconto da contribuição e da consignação legalmente determinado sempre se presumirá feito, oportuna e regularmente, pela empresa, pelo empregador doméstico, pelo adquirente, consignatário e cooperativa a isso obrigados, não lhes sendo lícito alegarem qualquer omissão para se eximirem do recolhimento, ficando os mesmos diretamente responsáveis pelas importâncias que deixarem de descontar ou tiverem descontado em desacordo com este Regulamento. Assim, considerando que a imputação fiscal também se baseia no art. 30, inciso III da Lei nº 8.212/91 e no art. 216 do Decreto nº 3.048/99, dispositivos que prevêem expressamente a cobrança e a responsabilidade do adquirente pelo recolhimento da contribuição devida pelo produtor rural, e considerando que, como dito, as contribuições para terceiros se sujeitam aos mesmos prazos, condições, sanções e privilégios das contribuições estabelecidas pela Lei nº 8.212/1991, devese afastar a inconstitucionalidade arguida. Importante destacar que o recurso voluntário, além da tese ora enfrentada, apresenta como linha de defesa outras fundamentações que não foram apreciadas pelo Colegiado recorrido, entre elas a própria discussão acerca da aplicação do princípio da isonomia trazida em sede de contrarrazões. Diante do exposto, dou provimento ao recurso, com retorno dos autos à Câmara de origem para análise das demais questões postas no Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Fl. 202DF CARF MF 16 Fl. 203DF CARF MF
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Numero do processo: 10805.721978/2016-72
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 07 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Jun 18 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2012 a 31/12/2012
ART. 24 DA LINDB. INAPLICABILIDADE. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. APLICAÇÃO DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL. EFEITOS DAS DECISÕES JUDICIAIS. REGRAMENTO PROCESSUAL PRÓPRIO.
1. O Código Tributário Nacional tem norma específica que regulamenta os efeitos das decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, os quais, inclusive, não coincidem com os efeitos a que se pretende atribuir através do art. 24 da LINDB.
2. Ademais, o art. 146 do Código é claro ao determinar que a modificação introduzida, de ofício ou em conseqüência de decisão administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento somente pode ser efetivada, em relação a um mesmo sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua introdução, de tal forma que tal modificação tem efeitos prospectivos, e não retroativos.
3. O direito processual já estabelece uma lógica de precedentes (baseada no mesmo valor de segurança jurídica), a exemplo das decisões com repercussão geral, das decisões proferidas em recursos repetitivos, ou as próprias súmulas vinculantes deste CARF.
NOVA CLT. APLICAÇÃO RETROATIVA. IMPOSSIBILIDADE.
O art. 611-A da CLT não pode retroagir para alcançar situações que já estavam definitivamente consolidadas quando da sua entrada em vigência.
CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. PLR. PERIODICIDADE. PAGAMENTOS RELATIVOS A PLANOS DE DIFERENTES EXERCÍCIOS. CUMPRIMENTO DA LEGISLAÇÃO.
1. O que a lei veda é o pagamento antecipado ou a distribuição antecipada de valores que descumpra a periodicidade mínima estabelecida, até mesmo para que a participação não substitua e nem complemente a remuneração.
2. Os pagamentos de 01/2012 e 06/2012 são relativos a programas distintos, pois o primeiro corresponde ao PLR 2011 e o segundo à antecipação do PLR 2012, não tendo havido infringência à norma.
PLR. ACORDO. APLICAÇÃO. EMPREGADOS. SINDICATO. BASE TERRITORIAL.
O acordo para pagamento de Participação nos Lucros e Resultados (PLR) se aplica, tão somente, aos empregados que pertençam à base territorial do sindicato signatário do acordo.
CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. REEMBOLSO ESCOLAR DESTINADO AOS EMPREGADOS. CURSOS SUPERIORES. NÃO INCIDÊNCIA.
A hipótese de exclusão da alínea "t" do § 9º do art. 28 da Lei 8212/91 abrange, expressamente, tanto a educação tecnológica, quanto a educação profissional dos empregados, bastando que o curso esteja vinculado às atividades desenvolvidas pela empresa.
Numero da decisão: 2402-007.237
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício. Quanto ao recurso voluntário, em relação à extensão do acordo coletivo da matriz para os empregados dos escritórios regionais, negado provimento por voto de qualidade, sendo vencidos os Conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci (Relator), Thiago Duca Amoni, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior, que deram provimento. Em relação ao aditamento do acordo de PLR, negado provimento por maioria de votos, sendo vencidos os Conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci (Relator), Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior, que deram provimento. Em relação aos reembolsos escolares, dado provimento por unanimidade de votos. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Denny Medeiros da Silveira.
(assinado digitalmente)
Denny Medeiros da Silveira - Presidente e Redator Designado
(assinado digitalmente)
João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Luis Henrique Dias Lima, João Victor Ribeiro Aldinucci, Paulo Sergio da Silva, Thiago Duca Amoni (Suplente Convocado), Mauricio Nogueira Righetti, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior.
Nome do relator: JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI
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INAPLICABILIDADE. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. APLICAÇÃO DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL. EFEITOS DAS DECISÕES JUDICIAIS. REGRAMENTO PROCESSUAL PRÓPRIO. 1. O Código Tributário Nacional tem norma específica que regulamenta os efeitos das decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, os quais, inclusive, não coincidem com os efeitos a que se pretende atribuir através do art. 24 da LINDB. 2. Ademais, o art. 146 do Código é claro ao determinar que a modificação introduzida, de ofício ou em conseqüência de decisão administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento somente pode ser efetivada, em relação a um mesmo sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua introdução, de tal forma que tal modificação tem efeitos prospectivos, e não retroativos. 3. O direito processual já estabelece uma lógica de precedentes (baseada no mesmo valor de segurança jurídica), a exemplo das decisões com repercussão geral, das decisões proferidas em recursos repetitivos, ou as próprias súmulas vinculantes deste CARF. NOVA CLT. APLICAÇÃO RETROATIVA. IMPOSSIBILIDADE. O art. 611A da CLT não pode retroagir para alcançar situações que já estavam definitivamente consolidadas quando da sua entrada em vigência. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. PLR. PERIODICIDADE. PAGAMENTOS RELATIVOS A PLANOS DE DIFERENTES EXERCÍCIOS. CUMPRIMENTO DA LEGISLAÇÃO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 80 5. 72 19 78 /2 01 6- 72 Fl. 2712DF CARF MF Processo nº 10805.721978/201672 Acórdão n.º 2402007.237 S2C4T2 Fl. 2.713 2 1. O que a lei veda é o pagamento antecipado ou a distribuição antecipada de valores que descumpra a periodicidade mínima estabelecida, até mesmo para que a participação não substitua e nem complemente a remuneração. 2. Os pagamentos de 01/2012 e 06/2012 são relativos a programas distintos, pois o primeiro corresponde ao PLR 2011 e o segundo à antecipação do PLR 2012, não tendo havido infringência à norma. PLR. ACORDO. APLICAÇÃO. EMPREGADOS. SINDICATO. BASE TERRITORIAL. O acordo para pagamento de Participação nos Lucros e Resultados (PLR) se aplica, tão somente, aos empregados que pertençam à base territorial do sindicato signatário do acordo. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. REEMBOLSO ESCOLAR DESTINADO AOS EMPREGADOS. CURSOS SUPERIORES. NÃO INCIDÊNCIA. A hipótese de exclusão da alínea "t" do § 9º do art. 28 da Lei 8212/91 abrange, expressamente, tanto a educação tecnológica, quanto a educação profissional dos empregados, bastando que o curso esteja vinculado às atividades desenvolvidas pela empresa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício. Quanto ao recurso voluntário, em relação à extensão do acordo coletivo da matriz para os empregados dos escritórios regionais, negado provimento por voto de qualidade, sendo vencidos os Conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci (Relator), Thiago Duca Amoni, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior, que deram provimento. Em relação ao aditamento do acordo de PLR, negado provimento por maioria de votos, sendo vencidos os Conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci (Relator), Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior, que deram provimento. Em relação aos reembolsos escolares, dado provimento por unanimidade de votos. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Denny Medeiros da Silveira. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira Presidente e Redator Designado (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Luis Henrique Dias Lima, João Victor Ribeiro Aldinucci, Paulo Sergio da Silva, Thiago Duca Amoni (Suplente Convocado), Mauricio Nogueira Righetti, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior. Fl. 2713DF CARF MF Processo nº 10805.721978/201672 Acórdão n.º 2402007.237 S2C4T2 Fl. 2.714 3 Relatório A 10ª Turma da DRJ/RPO fez um relato preciso do lançamento, da impugnação e dos incidentes ocorridos até a prolatação do acórdão de impugnação, que passa a integrar, em parte, o presente relatório: Tratase de crédito tributário constituído pela fiscalização e materializado por meio de Auto de Infração (AI) contra o sujeito passivo acima identificado, verificado em 22 estabelecimentos da empresa em diversos municípios nos estados de SP, RJ, DF, MG, PR, SC, RS, BA e PE, lançado em 20/06/2016 e com a ciência pessoal ao contribuinte em 29/06/2016 (fls. 1596/1599), com lançamento das seguintes contribuições previdenciárias: Constituíram fatos geradores das contribuições lançadas as seguintes verbas: PRL Excedente: valores pagos a título de participação nos resultados aos empregados em cargos subordinados em período inferior a seis meses, no período de 01/2012 a 12/2012; PRL a Líderes Excedente no Semestre: valores pagos a título de participação nos resultados aos empregados em cargos de líderes ou superiores em período inferior a seis meses, no período de 01/2012 a 12/2012; PRL em Unidades sem Acordo Coletivo: valores pagos a título de participação nos resultados aos empregados de unidades sem Acordo Coletivo ou qualquer outro instrumento de negociação coletiva, no período de 01/2012 a 12/2012; PRL Líderes: valores pagos a título de participação nos resultados aos empregados em cargos de líderes ou superiores sem Acordo Coletivo ou qualquer outro instrumento de negociação coletiva, no período de 01/2012 a 12/2012; e Reembolso Escolar: valores pagos a título de reembolso escolar em desacordo com a legislação. A fiscalização informa que aplicou a alíquota GILRAT declaradas pela própria empresa em GFIP para todo o período, em concordância com decisão judicial transitada em julgado no Mandado de Segurança nº 2007.61.14.0004617 da 2ª Vara Federal da 14ª Subseção Judiciária de São Bernardo do Campo – SP, que garantiu ao contribuinte o direito de recolher Fl. 2714DF CARF MF Processo nº 10805.721978/201672 Acórdão n.º 2402007.237 S2C4T2 Fl. 2.715 4 conforme o enquadramento decorrente da atividade preponderante de cada estabelecimento. Foi aplicada a multa de 75% decorrente do lançamento de ofício realizado. O contribuinte apresentou impugnação, em 28/07/2016 (Termo de Solicitação de Juntada a fl. 1604), às fls. 1605/1634, e anexos, com as considerações a seguir descritas. 1. Reclama a tempestividade da impugnação, afirmando ter sido cientificado em 29/06/2016 e que o prazo para impugnação se encerraria somente em 29/07/2016. 2. Alega ausência de motivação adequada para identificação do fato gerador da obrigação tributária constituída, com base na afirmação de que não teria sido desconstituída a natureza indenizatória das verbas tributadas, condição necessária para aplicação do art. 28, §9º, da Lei nº 8.212/1991, como fundamento do lançamento. Constrói raciocínio segundo o qual a incidência das contribuições sociais é primariamente estabelecida sobre verbas de natureza remuneratória, nos termos do art. 11, da Lei nº 8.212/1991, e do art. 195, da CF. Reforça com decisão administrativa do CARF, sob a égide dos recursos repetitivos, que estabelece não ser taxativo o referido rol do art. 28, §9º, devendo ser examinado, no caso concreto, se a parcela paga ao empregado possui natureza salarial, devendo ser excluídas dessa incidência as que tenham natureza indenizatória. Considera que o PLR estaria abrangido por imunidade tributária, que o reembolso escolar não teria natureza contraprestativa e, mais especificamente, que o PLR referente à unidade de Sorocaba remete a pagamentos de 06/2011, que não foram objeto do lançamento (06/2012), resultando em insanável vício material do lançamento por imprecisão na identificação e discriminação da matéria tributária e conseqüentemente com preterição do direito de defesa. 3. Insurgese contra a tributação dos pagamentos de PLR por periodicidade inferior a um semestre, alegando que há somente dois pagamentos de PLR para cada funcionário em cada ano civil, portanto estaria atendida a condição legal que proíbe “periodicidade inferior a um semestre civil ou mais de duas vezes no mesmo ano civil”. Fundamenta sua posição com trechos da exposição de motivos na MP nº 794/1994, que deu origem a regulamentação do PLR e à Lei nº 10.101/2000 usada pela fiscalização para fundamentar o lançamento, com a Consulta Técnica INSS nº 507/2004, que conclui pela possibilidade de pagamento de PLR em “no máximo duas vezes no ano civil, ainda que no mesmo semestre civil”, e traz decisões do CARF e do TST no mesmo sentido. Ressalta que os pagamentos considerados referemse a programas e acordos coletivos distintos, o que já foi motivação para decisão do CARF favorável ao contribuinte em outro processo. Reforça que a interpretação da fiscalização foi demasiadamente formalística e literal, inclusive apontando que a legislação imediatamente Fl. 2715DF CARF MF Processo nº 10805.721978/201672 Acórdão n.º 2402007.237 S2C4T2 Fl. 2.716 5 posterior, a Lei nº 12.832/2013, passou a aceitar pagamentos de PLR com intervalos mínimos de 3 meses, invocando também o princípio da retroatividade da norma favorável. 4. Combate a imposição do lançamento ao PLR pago aos empregados em cargos de liderança de unidades que a fiscalização considerou não abrangidas pelos acordos coletivos por entender que todos esses empregados estariam abrangidos pelos acordos firmados. Expõe haver cláusula nos Acordos Coletivos de São José dos Campos, Sorocaba, Mogi das Cruzes, São Paulo e Gravataí prevendo expressamente a possibilidade de inclusão deeses funcionários mediante simples aditamento e que havia acordo coletivo específico para todos esses funcionários provendo tal aditamento e contemplando todos os estabelecimentos da impugnante na PLR de 2011. Para a PLR de 2012, havia previsão expressa da possibilidade de antecipação do pagamento da PLR para as unidades de São Paulo, Mogi das Cruzes, Recife, Belo Horizonte, Porto Alegre, Brasília, Rio de Janeiro e Salvador, o qual não teria sido considerado pela autoridade lançadora. Reforça que esses acordos não estabeleceram qualquer formalidade para o aditamento e tampouco exigiram nova anuência dos respectivos sindicatos, pois já haviam autorizado o aditamento com expresso respaldo dos sindicatos signatários. Traz decisão administrativa do CARF. Menciona que a própria fiscalização reconheceu que a PLR paga a esse empregados no estabelecimento matriz observou todos os requisitos legais. Acrescenta que os acordos têm abrangência nacional, conforme estatuto social do sindicato signatário, que anexa, e entende que a lei não veda a extensão do PLR do estabelecimento matriz para os estabelecimentos filiais. Ressalta a inclusão, no lançamento do PLR de líderes e superiores proveniente de São José dos Campos, de funcionário que não ocupava nenhuma das funções discriminadas (seria horista e não líder ou superior) e tampouco era proveniente da fábrica de São José dos Campos. 5. Contesta o lançamento do PLR pago a funcionários lotados em pequenos escritórios regionais por falta de cobertura de acordo coletivo, sob a alegação de que eles estariam cobertos pela extensão do acordo coletivo da matriz, pois a limitação territorial da abrangência do sindicato não possuiria um caráter absoluto. Traz Portaria do MTE que admite tal extensão para empresa que presta serviço em local diverso da sua sede. Defende que a interpretação do PLR, enquanto integrante do contrato de trabalho, deve se dar de forma mais favorável ao trabalhador, nos termos da CLT. Justifica essa extensão com os altos custos envolvidos na mobilização de outros sindicatos. Destaca que o sindicato signatário do acordo coletivo da matriz possui notória credibilidade no território nacional, não havendo prejuízo ao trabalhador, conforme extratos da imprensa que cola aos autos, e traz decisão do CARF sobre extensão do acordo em caso de prestação de serviço em localidade fora da abrangência do sindicato. Acrescenta que o referido PLR teve um sucesso estrondoso e não representou prejuízo aos empregados. Fl. 2716DF CARF MF Processo nº 10805.721978/201672 Acórdão n.º 2402007.237 S2C4T2 Fl. 2.717 6 6. Refuta a incidência da contribuição previdenciária sobre despesas escolares dos funcionários custeadas a título de reembolso escolar afirmando não haver nenhuma vedação legal ao custeio de cursos de nível superior voltados para capacitação profissional dos funcionários. Sustenta que a lei adota um conceito amplo de educação profissional e tecnológica que também abrange os cursos de nível superior e pósgraduação, exigindo apenas a vinculação com a atividade desempenhada. Entende ser exatamente esse o escopo de seu tradicional programa de reembolso escolar implementado desde 1970, esclarecendo que os cursos abrangidos referemse, entre outros, a cursos de Engenharia Elétrica, Engenharia Mecânica, Administração, Gestão de Negócios, Gestão de Produção, os quais apresentam inequívoca vinculação com as atividades desenvolvidas pelo impugnante. Traz comprovantes a título de exemplo, decisões de Turma e da CSRF do CARF e jurisprudência do STJ. 7. Reclama a exclusão do lançamento do GILRAT, adjetivando de imprecisa e incongruente sua apuração a partir da aplicação de FAP superior ao obtido pelo impugnante em decisão administrativa (1,7724 e 1,770, ao invés de 1,4074), conforme havia informado à fiscalização em resposta ao TIF nº 06, o que teria caracterizado atribuição de critério de lançamento distinto do efetivamente lançado. Traz decisão administrativa. Esclarece que o impugnante teria sido orientado pela própria RFB a informar em GFIP o FAP de 1,0000 para 2012 por ter apresentado impugnação à majoração de seu FAP. 8. Taxa de irregular a incidência de juros moratórios sobre a multa sancionatória de ofício de 75%, por ser desvinculada da obrigação tributária principal. Traz decisão administrativa e jurisprudência do TRF da 4º Região. Encerra requerendo a improcedência dos lançamentos fiscais e de toda e qualquer exigência fiscal que deles decorram e, alternativamente, a nulidade do lançamento sob a rubrica GILRAT e o afastamento da incidência de todo e qualquer juros sobre a multa de ofício de 75% sobre eventual saldo remanescente. A 10ª Turma da DRJ/RPO julgou a impugnação procedente em parte, conforme decisão cujo acórdão e ementa são, respectivamente, as seguintes: Acordam os membros da 10ª Turma de Julgamento, por unanimidade de votos, julgar procedente em parte a impugnação, para excluir os valores lançados no levantamento “PLR EXCEDENTE”, mantendose o restante do crédito tributário, nos termos do voto do relator. Intimese para pagamento do crédito mantido no prazo de 30 dias da ciência, salvo interposição de recurso voluntário ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, em igual prazo, conforme facultado pelo art. 33 do Decreto n.º 70.235, de 6 de Fl. 2717DF CARF MF Processo nº 10805.721978/201672 Acórdão n.º 2402007.237 S2C4T2 Fl. 2.718 7 março de 1972, alterado pelo art. 1º da Lei n.º 8.748, de 9 de dezembro de 1993, e pelo art. 32 da Lei 10.522, de 19 de julho de 2002. Submetase à apreciação do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por força de recurso necessário, considerando a exoneração do crédito tributário no valor total de R$ 69.360.582,71, considerando tributo e multa, portanto superior ao valor de alçada. A exoneração do crédito procedida por este acórdão só será definitiva após o julgamento em segunda instância. ......................................................................................................... NULIDADE. ARGÜIÇÃO DE MOTIVAÇÃO INADEQUADA. INAPLICABILIDADE. Não caracteriza fundamento de preliminar de nulidade a argüição de motivação inadequada decorrente de eventual erro de interpretação na qualificação jurídica dos fatos verificados, por se tratar de análise afeta ao mérito e não a vício de natureza processual. PLR. PERIODICIDADE SEMESTRAL. CRITÉRIO DE APLICAÇÃO. A vedação legal ao pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil, não atinge o pagamento de parcelas dessa natureza que porventura ocorram em intervalo inferior a seis meses, desde que se refiram a programas de exercícios distintos ou que não seja caracterizada a periodicidade pela constatação de pelo menos dois intervalos subseqüentes inferiores a seis meses. ACORDO COLETIVO. PLR. EXTENSÃO A EMPREGADOS DE UNIDADES SOB CIRCUNSCRIÇÃO DE SINDICATO DIVERSO DO SINDICATO SIGNATÁRIO. INADMISSIBILIDADE. Em respeito aos princípios da unicidade sindical e da territorialidade, não é admissível a extensão de acordo coletivo, ou de cláusulas específicas relativas a instituição de participação nos lucros e resultados, assinado por um sindicato para abranger empregados de unidades sujeitas à representação sindical distinta da signatária do acordo, por falta de representatividade. REEMBOLSO ESCOLAR. GRADUAÇÃO FORA DO CONCEITO LEGAL DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA. INCIDÊNCIA. Incide contribuição previdenciária sobre o valor relativo a plano educacional, ou bolsa de estudo, que vise ao custeio de curso de Fl. 2718DF CARF MF Processo nº 10805.721978/201672 Acórdão n.º 2402007.237 S2C4T2 Fl. 2.719 8 graduação fora do conceito legal de educação profissional e tecnológica de empregados. CONTRIBUIÇÃO AO SAT/RAT. ALÍQUOTA PONDERADA PELO FATOR ACIDENTÁRIO DE PREVENÇÃO ESTABELECIDO. AUSÊNCIA DE CONTESTAÇÃO AO FATOR APURADO. Não comprovada a existência de contestação administrativa, direcionada ao órgão competente, pendente de decisão, a alíquota para custeio dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho deve ser ajustada pelo Fator Acidentário de Prevenção FAP estabelecido por aquele órgão. JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A multa de ofício, sendo parte integrante do crédito tributário, está sujeita à incidência dos juros de mora a partir do primeiro dia do mês subsequente ao do vencimento. ......................................................................................................... O montante exonerado implicou a interposição de recurso de ofício. Intimado da decisão em 11/04/2017, pela abertura dos arquivos digitais correspondentes no link Processo Digital, o sujeito passivo interpôs seu recurso voluntário em 10/05/2017, no qual basicamente reiterou os fundamentos da impugnação a respeito da (i) natureza não tributável da PLR e dos reembolsos escolares e da (ii) não incidência de juros moratórios sobre a multa de ofício. Iniciado o julgamento neste Conselho, o representante do contribuinte apresentou petição requerendo a aplicação do DecretoLei nº 4.657/1942 (Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro LINDB), com as alterações dadas pela Lei nº 13.655/2018, assim como a aplicação do art. 611A da CLT, que, no seu entender, teria caráter interpretativo. Na sequência, a Fazenda Nacional requereu sua notificação formal de referida petição. Em virtude disso, o processo foi retirado de pauta com vista ao atendimento da solicitação da PGFN. Em sua manifestação, a Procuradoria basicamente pediu o indeferimento da aplicação do art. 24 da LINDB e do art. 611A da CLT. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci Relator 1 Conhecimento O recurso voluntário é tempestivo e estão presentes os demais requisitos de admissibilidade, devendo, portanto, ser conhecido. O recurso de ofício também deve ser Fl. 2719DF CARF MF Processo nº 10805.721978/201672 Acórdão n.º 2402007.237 S2C4T2 Fl. 2.720 9 conhecido, porque a decisão recorrida exonerou o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa em valor total de R$ 69.360.582,71, montante este superior a R$ 2.500.000,00, conforme previsto na Portaria MF nº 63/2017. Vejase: Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). § 1º O valor da exoneração deverá ser verificado por processo. § 2º Aplicase o disposto no caput quando a decisão excluir sujeito passivo da lide, ainda que mantida a totalidade da exigência do crédito tributário. 2 LINDB Basicamente, e no entender da recorrente, a revisão quanto à validade de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, deve levar em consideração as orientações gerais da época, entre as quais se incluiria a jurisprudência judicial ou administrativa, tendo em vista a norma do art. 24 da LINDB. Vejase o texto legal: Art. 24. A revisão, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, quanto à validade de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa cuja produção já se houver completado levará em conta as orientações gerais da época, sendo vedado que, com base em mudança posterior de orientação geral, se declarem inválidas situações plenamente constituídas.(Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018) Parágrafo único. Consideramse orientações gerais as interpretações e especificações contidas em atos públicos de caráter geral ou em jurisprudência judicial ou administrativa majoritária, e ainda as adotadas por prática administrativa reiterada e de amplo conhecimento público.(Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018) Em sendo assim, e de acordo com a tese do sujeito passivo, a observância do artigo retro mencionado implicaria afastar os efeitos do lançamento. No entanto, entendo que o Código Tributário Nacional tem norma específica que regulamenta os efeitos das decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, os quais, inclusive, não coincidem com os efeitos a que se pretende atribuir através do art. 24 da LINDB. Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos: I os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas; Fl. 2720DF CARF MF Processo nº 10805.721978/201672 Acórdão n.º 2402007.237 S2C4T2 Fl. 2.721 10 II as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa; III as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas; IV os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Parágrafo único. A observância das normas referidas neste artigo exclui a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo. Sobre esse dispositivo, segue a inexcedível doutrina do Prof. Luís Eduardo Schoueri: Devese atentar que meras decisões de órgãos julgadores administrativos não são as "normas complementares" a que se refere o Código. Apenas aquelas cuja eficácia normativa seja assegurada por lei é que ali estariam. Assim, por faltar lei federal que dê eficácia normativa às decisões administrativas, em processos administrativos em geral não pode o contribuinte invocar, como razão para a adoção de determinado comportamento, o fato de um colegiado administrativo, em determinado caso, ter adotado tal entendimento. A tal contribuinte não virá em socorro o parágrafo único do artigo 100 do Código Tributário Nacional. Sua adoção consistente, entretanto, poderá indicar "prática reiterada", como se verá abaixo. Tratandose solução de consulta Cosit ou solução de divergência, seu efeito vinculante é assegurado no âmbito da Secretaria da Receita Federal do Brasil, respaldando o sujeito passivo que a aplicar, independentemente de ser o consulente, nos termos do artigo 9º da Instrução Normativa (RFB) n. 1.396/2013, na redação dada pela Instrução Normativa (RFB) n. 1.434/20131. Quer dizer, em confronto com o art. 100, a recorrente pretende atribuir eficácia normativa às decisões do Conselho, com efeitos ainda mais extensos do que aqueles atribuídos pelo Código (o art. 24 afastaria todo o lançamento, diferentemente do art. 100), o que me parece equivocado. Vejase que a observância das decisões a que a lei atribua eficácia normativa excluiria a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização monetária, mas não o próprio tributo; e a doutrina retro mencionada evidencia que, "por faltar lei federal que dê eficácia normativa às decisões administrativas, em processos administrativos em geral não pode o contribuinte invocar, como razão para a adoção de determinado comportamento, o fato de um colegiado administrativo, em determinado caso, ter adotado tal entendimento". O art. 146, inc. III, da Constituição Federal, preleciona que cabe à lei complementar estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, entre as quais se 1 SCHOUERI, Luís Eduardo. Direito tributário. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2017, p. 133. Fl. 2721DF CARF MF Processo nº 10805.721978/201672 Acórdão n.º 2402007.237 S2C4T2 Fl. 2.722 11 inclui a norma do art. 100 do CTN, que enumera as normas complementares das leis, das convenções internacionais e dos decretos. Além disso, o próprio art. 146 do Código é claro ao determinar que a modificação introduzida, de ofício ou em conseqüência de decisão administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento somente pode ser efetivada, em relação a um mesmo sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua introdução, de tal forma que tal modificação tem efeitos prospectivos, e não retroativos, ao contrário do que pretende fazer crer a recorrente. Por outro lado, a interpretação da recorrente não resiste às normas processuais que tratam, entre outras questões, das decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade, dos enunciados de súmula vinculante, dos acórdãos em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos, etc, estes sim de observância obrigatória por parte deste Conselho, ex vi do disposto no art. 62 do seu Regimento Interno. No mais, adiro às seguintes razões de decidir, do voto proferido pelo ilustre Conselheiro Daniel Ribeiro Silva, no PAF 16561.720065/201382, neste ponto julgado por unanimidade de votos: Não há como negar que o valor que se busca com tal norma é nobre, qual seja, o de garantir a segurança jurídica, em especial aos contribuintes que acabam por serem obrigados a interpretar e aplicar uma legislação tributária absolutamente complexa. Entretanto, entendo que não se pode buscar, sob esse pretexto, ampliar o alcance ou impor a aplicação de uma norma (expressiva de um valor jurídico importante), sobre outras normas jurídicas já postas e absolutamente aplicáveis. Seria, a meu ver, buscar a segurança gerando ainda mais insegurança ao próprio sistema jurídico. É fato conhecido que o contexto de criação da norma tiveram como pano de fundo os processos de controle das contratações públicas, em especial aqueles das instâncias de controle dos gastos públicos, como o TCU e a CGU. Tal fato é manifestado claramente quando se aprecia a justificação do PL, de autoria do Senador Antônio Anastasia: Como fruto da consolidação da democracia e da crescente institucionalização do Poder Público, o Brasil desenvolveu, com o passar dos anos, ampla legislação administrativa que regula o funcionamento, a atuação dos mais diversos órgãos do Estado, bem como viabiliza o controle externo e interno do seu desempenho. Ocorre que, quanto mais se avança na produção dessa legislação, mais se retrocede em termos de segurança jurídica. O aumento de regras sobre processos e controle da administração têm provocado aumento da incerteza e da Fl. 2722DF CARF MF Processo nº 10805.721978/201672 Acórdão n.º 2402007.237 S2C4T2 Fl. 2.723 12 imprevisibilidade e esse efeito deletério pode colocar em risco os ganhos de estabilidade institucional. Outrossim, exatamente por isso que o texto da norma fala em ato administrativo, contrato administrativo, ajuste administrativo, processo administrativo ou norma administrativa. É a conclusão que se chega da concordância verbal do dispositivo, bem como da interpretação sistemática do seu parágrafo único e demais artigos inseridos da alteração legislativa. [...] Como bem manifestado pela Conselheira Livia Di Carli em voto sobre o tema: A entrega de declaração pelo contribuinte, pelo que se opera o "autolançamento" ou o "lançamento por homologação", não gera situação plenamente constituída, já que por definição a apuração feita pelo contribuinte é sempre provisória e precária, sujeita a homologação da autoridade competente, não havendo que se falar em "situação plenamente constituída" antes da homologação (expressa ou tácita) pela autoridade fiscal. [...] Entretanto, ressalto que o direito processual já estabelece uma lógica de precedentes (baseado no mesmo valor de segurança jurídica), a exemplo de decisões com repercussão geral ou as próprias súmulas administrativas vinculantes deste CARF. Entretanto, em todos esses casos há um procedimento específico para sua produção, e defender a aplicação direta do art. 24 da LINDB me parece ser tentar burlar um sistema de precedentes já posto. Ainda, necessário lembrar que o direito tributário possui regramento próprio na Constituição Federal que não pode ser ignorado, em especial quando se analisa a hierarquia das fontes normativas. O artigo 146 da Constituição Federal estabelece que a edição de normas gerais em matéria tributária é matéria reservada à lei complementar. E tem uma razão de ser em função da repartição de competências tributárias entre diversos entes federativos. É esse o status do Código Tributário Nacional e de qualquer norma que pretenda veicular norma geral em matéria tributária. Assim, já causa estranheza que o legislador tenha pretendido o alcance que defende a Recorrente por meio da edição de uma lei ordinária federal. Ademais, merece menção que o Núcleo de Estudos Fiscais (NEF) da FGV Direito SP realizou recente colóquio com o objetivo de debater os possíveis impactos da Nova Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro (LINDB) no direito tributário (https://direitosp.fgv.br/evento/novaleideintroducaonormasdireit obrasileirolindbobjetivandoprincipiosestruturantesd). Fl. 2723DF CARF MF Processo nº 10805.721978/201672 Acórdão n.º 2402007.237 S2C4T2 Fl. 2.724 13 No referido evento, um dos idealizadores do projeto de lei que gerou a alteração da LINDB (Prof. Carlos Ari Sundfeld) ao ser indagado sobre a aplicação do art. 24 da LINDB ao processo administrativo tributário, foi contundente ao afirmar que no direito tributário já existem os artigos 100 e 146 do CTN que trazem o "mesmo valor" buscado pela LINDB, e que o art. 24 não se prestaria como algo novo, mas sim um reforço de aplicação à norma já existente. Isto porque que o CTN possui regramento específico sobre a matéria, estabelecendo o artigo 100 que a observância das chamadas normas complementares (das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos) exclui tão somente a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo. Jamais o principal de tributo. Da mesma forma, o artigo 146 do CTN traz regramento próprio sobre o efeito intertemporal da introdução de novos critérios jurídicos – leiase, nova interpretação – no processo de constituição do crédito tributário. Ou ainda, o próprio art. 112 do CTN determina a interpretação mais benéfica ao contribuinte de normas que cominem penalidade. Diante disso, dar ao artigo 24 da LINDB o alcance que a Recorrente pretende é, ao fim e ao cabo, acreditar que lei ordinária federal poderia trazer uma espécie de exceção à norma do artigo 100 do CTN, o que vai de encontro a regras básicas de interpretação das normas em um sistema constitucional complexo como o brasileiro. Permitome citar, novamente, trecho de voto da Conselheira Livia Di Carli sobre o tema: o alcance pretendido pela Recorrente em nome da "segurança jurídica" acabaria por "engessar" o contencioso administrativo, impossibilitandoo de evoluir com eficiência, retirando dos debates tributários a tecnicidade da especialização dos Tribunais/Conselhos de Recursos Fiscais, que diuturnamente lidam com casos que envolvem critérios contábeis, situações e documentos específicos que o Poder Judiciário não tem condição (e nem estrutura) para analisar, o que acabaria por aumentar a vulnerabilidade dos contribuintes trazendo, veja só, insegurança jurídica. Nesse contexto, entendo que uma interpretação do sistema jurídico constitucional, tributário e processual resulta na conclusão de que o art. 24 não tem os efeitos pretendidos pela recorrente. Fl. 2724DF CARF MF Processo nº 10805.721978/201672 Acórdão n.º 2402007.237 S2C4T2 Fl. 2.725 14 Quanto ao art. 202, igualmente sem razão o sujeito passivo, pois, como frisado pela Procuradoria, "a tributação de valores pagos a título de PLR com base na legislação de regência não está alicerçada em abstrações ou normas indeterminadas". Muito pelo contrário, a presente autuação está objetivamente calcada no descumprimento dos requisitos previstos nas legislações que desvinculam a PLR, o plano educacional e a bolsa de estudo da remuneração dos trabalhadores, vendose, ainda, que a autoridade lançadora não lançou mão de valores jurídicos abstratos. 3 Nova CLT No meu entender, a tese de que o art. 611A da CLT3 é norma de “eminente caráter interpretativo” está equivocada. Tal norma estabelece a prevalência da convenção coletiva e do acordo coletivo de trabalho sobre a lei, quando dispuserem sobre a participação nos lucros ou resultados da empresa, mas as situações pretéritas, objeto do lançamento, já estavam definitivamente consolidadas quando da entrada em vigência do novo dispositivo legal. O art. 6º da LINDB, em consonância com a Constituição Federal (art. 5º, inc. XXXVI), preleciona que "a Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada", não se admitindo, assim, a aplicação retroativa da nova lei, para alcançar e modificar os efeitos dos atos já praticados pelas partes, sob pena, inclusive, de violação ao princípio da segurança jurídica. O CTN excepciona a aplicação da lei a fatos futuros, em se tratando de lei expressamente interpretativa, o que não é o caso do art. 611A, como já frisado, e até porque o legislador não afirmou, de forma expressa, que tal regra seria meramente interpretativa. Quando da formulação dos planos e dos pagamentos, a recorrente estava ciente de que deveria cumprir rigorosamente a Lei 10101/00. Ela estava igualmente ciente dos requisitos para a desvinculação do reembolso escolar da remuneração dos trabalhadores. 4 Recurso de ofício A DRJ julgou parcialmente procedente a impugnação, porque, em relação à acusação relativa ao descumprimento da regra da periodicidade, entendeu que os pagamentos de 01/2012 e 06/2012 são relativos a programas distintos, pois o primeiro corresponde ao PLR 2011 e o segundo à antecipação do PLR 2012. Neste tocante, a interpretação da DRJ está de acordo com a lei e o recurso de ofício deve ser desprovido. 2 Art. 20. Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se decidirá com base em valores jurídicos abstratos sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018) Parágrafo único. A motivação demonstrará a necessidade e a adequação da medida imposta ou da invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, inclusive em face das possíveis alternativas. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018) 3 Art. 611A. A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm prevalência sobre a lei quando, entre outros, dispuserem sobre: (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017). XV participação nos lucros ou resultados da empresa. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) Fl. 2725DF CARF MF Processo nº 10805.721978/201672 Acórdão n.º 2402007.237 S2C4T2 Fl. 2.726 15 O que a lei veda é o pagamento antecipado ou a distribuição antecipada de valores que descumpra a periodicidade mínima estabelecida, até mesmo para que a participação não substitua e nem complemente a remuneração. A regra da periodicidade está inserida no art. 3º abaixo transcrito, que trata exatamente da impossibilidade de a participação substituir ou complementar a remuneração devida ao empregado, para não ficar caracterizada a habitualidade, que é própria dos salários, os quais sabidamente integram a base de cálculo das contribuições devidas à seguridade social, diferentemente da PLR. Art.3oA participação de que trata o art. 2º não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista, não se lhe aplicando o princípio da habitualidade. §1oPara efeito de apuração do lucro real, a pessoa jurídica poderá deduzir como despesa operacional as participações atribuídas aos empregados nos lucros ou resultados, nos termos da presente Lei, dentro do próprio exercício de sua constituição. §2oÉ vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil. § 2oÉ vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em mais de 2 (duas) vezes no mesmo ano civil e em periodicidade inferior a 1 (um) trimestre civil.(Redação dada pela Lei nº 12.832, de 2013)(Produção de efeito) A própria fiscalização asseverou no relatório fiscal que o pagamento final relativo ao ano de 2011 foi efetuado em 01/2012, e que o pagamento efetuado em 06/2012 seria atinente à antecipação relativa a esse ano. Vejase: 75. Conforme Acordos Coletivos apresentados, para os empregados horistas e mensalistas, excetuados líderes e acima, a empresa efetuou o pagamento final relativo ao ano de 2011 em 01/2012 [...]. Fica evidente, no entender deste relator, a inexistência de descumprimento da regra da periodicidade, pois a empresa não antecipou valores em dissonância com a regra do § 2º do art. 3º vigente à época dos fatos geradores, devendo ser negado provimento ao recurso de ofício. 5 Recurso voluntário 5.1 EXTENSÃO DO ACORDO COLETIVO DA MATRIZ PARA OS EMPREGADOS DOS ESCRITÓRIOS REGIONAIS DA RECORRENTE Neste ponto, a recorrente afirmou que os empregados dos escritórios regionais estariam cobertos pela extensão do acordo coletivo da matriz, pois a limitação territorial da abrangência do sindicato não possuiria caráter absoluto, conforme Portaria do Ministério do Trabalho. Ela defendeu, ainda, que a interpretação da PLR, enquanto integrante Fl. 2726DF CARF MF Processo nº 10805.721978/201672 Acórdão n.º 2402007.237 S2C4T2 Fl. 2.727 16 do contrato de trabalho, deve se dar de forma mais favorável ao trabalhador, nos termos da CLT. A DRJ divergiu desse entendimento, arvorandose no alegado princípio da unicidade, segundo o qual o sindicato teria competência territorial. Pois bem. Neste ponto, é necessário recordar que a não incidência das contribuições sobre a PLR é uma imunidade, vez que é uma norma de não tributação prevista na Constituição Federal. Ao estabelecer que tal verba está desvinculada da remuneração, a Lei Maior criou uma norma negativa de competência, impedindo o próprio exercício de atividade legislativa para criar imposição fiscal a ela atinente: Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XI participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei; E diferentemente do que costumeiramente se afirma, a PLR não é apenas um instrumento de integração entre o capital e o trabalho, visando a incrementar a produtividade, mas sobretudo um direito social do trabalhador. Tanto o caput do artigo, como o capítulo no qual ele está inserido, não deixam margem para dúvidas. Essa circunstância tem passado despercebida, mormente porque a lei regulamentadora parece têla deixado em segundo plano, nem mesmo fazendo menção à expressão direitos sociais. Muito embora a lei regulamentadora pareça ter negligenciado a participação nos lucros ou resultados como um direito social, pois nem mesmo faz qualquer menção a esse respeito, fato é que a Constituição a outorgou como um efetivo direito daquela natureza, o que deve ser levado em consideração pelo aplicador da lei, na busca da máxima eficácia da norma constitucional. Os direitos sociais visam a criar as condições materiais necessárias ao alcance da igualdade real entre o dono do capital e o trabalhador. Segundo José Afonso da Silva, "são prestações positivas proporcionadas pelo Estado direta ou indiretamente, enunciadas em normas constitucionais, que possibilitam melhores condições de vida aos mais fracos, direitos que tendem a realizar a igualização de situações sociais desiguais" (Curso de Direito Constitucional Positivo, 12ª ed., rev., Malheiros Editores, 1996, p. 277). Buscando igualar o empregador e o trabalhador, a Constituição lhe outorgou o direito à participação nos lucros ou resultados e na própria gestão da empresa. Não fosse a Constituição e a consequente regra imunizante, o trabalhador não teria as condições materiais necessárias para participar dos lucros ou resultados, os quais, por consectário lógico, decorrem do capital do qual ele não é dono. Toda interpretação, portanto, deve ter como norte os direitos sociais. E diante de interpretações plausíveis e alternativas, o exegeta deve adotar aquela que se amolda à Lei Maior. O ministro Luís Roberto Barroso decompõe o princípio da interpretação conforme a Constituição nos seguintes termos: Fl. 2727DF CARF MF Processo nº 10805.721978/201672 Acórdão n.º 2402007.237 S2C4T2 Fl. 2.728 17 1) Tratase da escolha de uma interpretação da norma legal que a mantenha em harmonia com a Constituição, em meio a outra ou outras possibilidades interpretativas que o preceito admita. 2) Tal interpretação busca encontrar um sentido possível para a norma, que não é o que mais evidentemente resulta da leitura de seu texto. 3) Além da eleição de uma linha de interpretação, procedese à exclusão expressa de outra ou outras interpretações possíveis, que conduziriam a resultado contrastante com a Constituição. 4) Por via de conseqüência, a interpretação conforme a Constituição não é mero preceito hermenêutico, mas, também, um mecanismo de controle de constitucionalidade pelo qual se declara ilegítima uma determinada leitura da norma legal." (Interpretação e aplicação da constituição : fundamentos de uma dogmática constitucional transformadora. 3. ed. Saraiva, p. 181 182) Deve ser abandonado, pois, o eventual rigor interpretativo, para compatibilizar a leitura da Lei nº 10.101/2000 com a Constituição, inclusive para viabilizar a fruição do direito à PLR pela maioria dos trabalhadores da empresa, sendo oportuno rememorar a seguinte lição doutrinária: [...] numa primeira acepção, representa o princípio protetor a atuação sobre as normas disponíveis, para que, havendo duas ou mais soluções possíveis, seja priorizada aquela que melhor atende aos anseios do direito do trabalho do ponto de vista da decência do trabalho, da dignidade do trabalhador e do avanço da legislação social, o que pode ser resumido pela expressão da norma mais favorável4. O sindicato da matriz ou do estabelecimento que concentra a produção da empresa tem grande representatividade sobre os direitos dos trabalhadores, sendo razoável admitir a extensão do acordo coletivo por ele firmado, para outras localidades, mormente para empregados lotados em escritórios regionais. Tal circunstância não passou despercebida por este Conselho no julgamento do PAF 10805.721660/201519, da mesma empresa recorrente, como se vê no seguinte trecho do voto condutor do acórdão, de autoria do Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira: Ora, havendo determinação do Direito do Trabalho do uso de norma mais favorável e não havendo vedação do Direito Tributário para tanto ainda mais quanto ao gozo de direitos constitucionais é forçoso reconhecer que a extensão de acordo sobre a PLR firmado com sindicato representativo da categoria profissional de determinada localidade que contém quantidade representativa de trabalhadores da empresa (matriz ou estabelecimento que concentra o cerne da produção), pode ser estendido aos demais trabalhadores sem descumprimento dos requisitos da Lei nº 10.101/00. 4 Homero Batista Mateus da Silva, Curso de Direito do Trabalho Aplicado, Parte Geral, Ed. Elsevier, fls. 224. Fl. 2728DF CARF MF Processo nº 10805.721978/201672 Acórdão n.º 2402007.237 S2C4T2 Fl. 2.729 18 Ademais, e como bem pontuado no PAF 10805.723248/201363, também do mesmo sujeito passivo: [...] a questão a ser apreciada diz respeito a possibilidade de aplicabilidade do Acordo Coletivo de Trabalho supra mencionado amparar os trabalhadores da empresa que prestam serviço em locais distintos daqueles da base territorial do sindicato. Para que não haja incidência de contribuições previdenciárias, a PLR paga a empregados deve resultar de negociação entre a empresa e seus empregados, por comissão escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; e/ou por convenção ou acordo coletivo. Em regra, o enquadramento sindical deve levar em consideração a base territorial do local da prestação dos serviços. Entretanto, o entendimento do Ministério do Trabalho e Emprego, sintetizado na Ementa nº 12, aprovada pela Portaria nº 1, de 22 de março de 2002, publicada no Diário Oficial da União de 25 de março de 2002, é no sentido de que esta regra deve ser ressalvada quando se tornar necessária a observância dos princípios constitucionais que prescrevem a irredutibilidade de salários e do direito adquirido e, ainda, na hipótese de transferência temporária do empregado, in verbis: CONVENÇÃO OU ACORDO COLETIVO DE TRABALHO. LOCAL DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO. Empresa que presta serviço em local diverso de sua sede, independentemente de possuir filial neste local, deve atender às condições de trabalho e salariais constantes do instrumento coletivo firmado pelos sindicatos do local da prestação do serviço, em virtude das limitações decorrentes dos critérios de categoria e de base territorial, ainda que não tenha participado da negociação de que resultou a convenção coletiva. Ficam ressalvados os princípios constitucionais que prescrevem a irredutibilidade de salários e de direito adquirido, bem como as hipóteses de transferência transitória do empregado, nos termos do § 3º, do art. 469, da Consolidação das Leis do Trabalho” Por certo, o pagamento da PLR nos termos do Acordo Coletivo negociado, inclusive para trabalhadores que prestam serviço em locais distintos daqueles da base territorial do sindicato, configura direito adquirido dos empregados que se enquadrem nos critérios estabelecidos no instrumento coletivo. Destarte, concluo que o referido acordo coletivo de trabalho tem o condão de amparar a PLR paga aos seus empregados, inclusive, aos trabalhadores da empresa que prestam serviço em locais distintos daqueles da base territorial do sindicato. Ou seja, a extensão da PLR pactuada em acordo coletivo de trabalho para trabalhadores da empresa que prestam serviço em locais distintos daqueles da base territorial do sindicato, não é, por si só, fato que altere a natureza do pagamento efetuado. Fl. 2729DF CARF MF Processo nº 10805.721978/201672 Acórdão n.º 2402007.237 S2C4T2 Fl. 2.730 19 5.2 ADITAMENTO DA PLR: FUNCIONÁRIOS LÍDERES DE GRUPO Tratase, aqui, do levantamento PLR LÍDERES, relativo à participação paga aos empregados lotados em cargos de liderança e diretoria, vinculados aos estabelecimentos de São Paulo, Mogi das Cruzes, Recife, Belo Horizonte, Porto Alegre, Brasília, Rio de Janeiro e Salvador. De acordo com a fiscalização, os valores teriam sido pagos sem Acordo Coletivo ou qualquer outro instrumento de negociação coletiva. O sujeito controverteu, ao argumento de que a cláusula 4ª, § 2º, dos Acordos Coletivos das PLRs 2011/2012, de São José dos Campos, Sorocaba, Mogi das Cruzes, São Paulo e Gravataí teria previsto expressamente a possibilidade de inclusão daqueles funcionários mediante simples aditamento. Diante de tal possibilidade, teria sido firmado acordo coletivo específico para todos os funcionários de cargos de supervisão e acima, em aditamento à cláusula 4ª, § 2º, dos Acordos Coletivos anteriormente mencionados, contemplando todos os estabelecimentos da recorrente na PLR de 2011. Igualmente, haveria acordo coletivo específico para esses funcionários, firmado por sindicato com abrangência nacional, contemplando todos os estabelecimentos da recorrente na PLR 2012. Neste particular, e segundo se observa na decisão recorrida, a DRJ não discordou da possibilidade de aditamento dos planos e nem dos aditamentos em si, mas sim da possibilidade de sua assinatura por outro sindicato, que não a própria entidade sindical signatária do acordo original. Vejase: Portanto, mesmo existindo previsão de aditamento ao acordo para inclusão de disposições adicionais, esse aditamento não poderia ser suprido por instrumento assinado por outro sindicato que não o próprio signatário do acordo original, sob pena de violação do princípio da unicidade estabelecido na norma constitucional. Ocorre que o § 2º da cláusula 4ª supra mencionado realmente não exigiu nenhuma formalidade específica para o aditamento. Mais importante ainda, tal dispositivo facultou à própria empresa realizar o citado aditamento em favor dessa categoria especial de empregados (vide abaixo). Quer dizer, o acordo originário não só não proibiu que outro sindicato viesse a firmar as novas condições em favor de tais funcionários, como também determinou que a própria empresa poderia fazêlo. De todo modo, às fls. 562 e seguintes vislumbrase o acordo coletivo específico para os empregados ocupados em cargos de liderança alocados na unidade de Mogi das Cruzes; e às fls. 584 e seguintes vêse o acordo coletivo dessa categoria, firmado pela Fl. 2730DF CARF MF Processo nº 10805.721978/201672 Acórdão n.º 2402007.237 S2C4T2 Fl. 2.731 20 empresa e pelo Sindicato de Metalúrgicos de São Paulo, abrangendo os funcionários estabelecidos em escritórios regionais de São Paulo, Sorocaba, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, Curitiba, Brasília e Belo Horizonte. Logo, equivocouse a fiscalização quando afirmou que inexistiriam acordos coletivos para essa categoria especial, ou qualquer outro instrumento de negociação coletiva. A recorrente demonstrou a existência dos supra citados instrumentos negociais, de tal maneira que a autoridade administrativa deveria ter demonstrado outras infringências aptas a desconstituir os pagamentos efetuados a título de PLR. Nesse contexto, o recurso voluntário deve ser provido neste ponto. 5.3 REEMBOLSOS ESCOLARES O lançamento foi efetuado ao argumento genérico de que os cursos superiores não estariam enquadrados na hipótese de exclusão do art. 28, § 9º, “t”, da Lei 8212/91. Vejase: O acórdão de impugnação teve até um entendimento diverso da fiscalização, pois afirmou que um curso de "educação profissional de nível superior, graduação e pós graduação (inciso III, § 2º, art. 39 da Lei nº 9.394, de 1996, introduzido pela Lei nº 11.741, de 2008)" realmente teria o seu custo não integrante do salário de contribuição. Vejase: Combinando o o art. 28, § 9º, alínea “t”, da Lei 8.212/1991, com o art. 39, § 2º, inciso III, da Lei 9.394/1996, temos que, se o curso patrocinado pela sociedade empresária atender aqueles prérequisitos, estará sim albergado pela norma isentiva de contribuições previdenciárias. Ainda sobre o tema, o Decreto nº 5.773, de 9 de maio de 2006, dispõe em seu art. 42: Art. 42. A autorização, o reconhecimento e a renovação de reconhecimento de cursos superiores de tecnologia terão por base o catálogo de denominações de cursos publicado pela Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica. (Redação dada pelo Decreto nº 6.303, de 2007) (grifouse) A versão mais recente do referido catálogo é aquela referente ao ano de 2016 publicada no sítio do MEC na internet, no endereço http://portal.mec.gov.br/catalogonacionaldoscursosuperiores detecnologia. Como se vê, com esta nova legislação, foi instituído um curso qualificado como educação profissional de nível superior, graduação e pósgraduação (inciso III, § 2º, art. 39 da Lei nº Fl. 2731DF CARF MF Processo nº 10805.721978/201672 Acórdão n.º 2402007.237 S2C4T2 Fl. 2.732 21 9.394, de 1996, introduzido pela Lei nº 11.741, de 2008), cujo custo é passível de não integração ao salário de contribuição, nos termos da alínea “t”, § 9º, art. 28 da Lei nº 8.212, de 1991. Contudo, a DRJ realmente acabou por introduzir um novo fundamento para manter a autuação, pois, diferentemente da autoridade fiscal, a qual se arvorou no argumento genérico segundo o qual a educação superior não estaria abrangida pela hipótese de exclusão, o acórdão de impugnação asseverou que a recorrente não teria informado e comprovado um rol de cursos custeados a seus empregados. Vejase: Não obstante, a empresa deixou de informar e comprovar um rol de cursos custeados a seus empregados, conforme descrito pela fiscalização em seu relatório (itens 11 a 198, fls. 1086/1087), e, daqueles que foram informados e comprovados, custeou tanto cursos de formação profissional e tecnológica, que foram devidamente afastados do objeto do lançamento (planilha às fls. 1371/1392), como cursos de graduação fora desse grupo (Administração, Engenharia, Gerenciamento de Projetos) [...] A rigor, poderseia afirmar que a decisão a quo seria nula neste particular, pois, ao inovar, preteriu o direito de defesa da contribuinte, na dicção do inc. II do art. 59 do Decreto 70235/72. Todavia, o § 3º deste artigo preleciona que, quando puder decidir de mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. É o caso dos autos. Primeiramente, cabe observar que o reembolso escolar objeto da autuação é aquele relativo aos valores pagos aos empregados, e não aos seus dependentes. Isso está muito claro no item 196 do relatório fiscal e no excerto transcrito acima, do acórdão recorrido, que alude expressamente a "cursos custeados a seus empregados". Em segundo lugar, vejase que a hipótese de exclusão da alínea "t" do § 9º do art. 28 da Lei 8212/91 abrange, expressamente, tanto a educação tecnológica, quanto a educação profissional dos empregados, bastando que o curso esteja vinculado às atividades desenvolvidas pela empresa. Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente:(Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) t) o valor relativo a plano educacional, ou bolsa de estudo, que vise à educação básica de empregados e seus dependentes e, desde que vinculada às atividades desenvolvidas pela empresa, à educação profissional e tecnológica de empregados, nos termos da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e:(Redação dada pela Lei nº 12.513, de 2011) Do acórdão de impugnação, observase que se trataria de cursos de administração, engenharia, gerenciamento de projetos, etc (vide excerto acima), os quais, por razões óbvias, estão vinculados às atividades fins de uma empresa que tem entre os seus objetos sociais as seguintes atividades: Fl. 2732DF CARF MF Processo nº 10805.721978/201672 Acórdão n.º 2402007.237 S2C4T2 Fl. 2.733 22 Ademais, tais verbas não têm natureza salarial porque não se destinam a retribuir o trabalho prestado ou colocado à disposição do empregador. São, em verdade, verbas empregadas para o trabalho, e não pelo trabalho, como já consignado pelo STJ no julgamento do REsp 324.178 PR, ressalvadas, evidentemente, as hipóteses em que ficar comprovado o pagamento de salários através de reembolsos escolares pagos de forma simulada. Segue o entendimento deste Conselho a respeito da matéria: [...] BOLSAS DE ESTUDOS. REEMBOLSO. EDUCAÇÃO SUPERIOR. EXCLUSÃO DE PARTE DOS EMPREGADOS. POSSIBILIDADE. AVALIAÇÃO DO CASO CONCRETO. NÃO INCIDÊNCIA. Avaliado o caso concreto à luz da legislação aplicável aos fatos geradores ocorridos no ano de 2008, as despesas relativas a reembolso de educação superior aos segurados empregados, quando comprovadamente se referem a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, mesmo que excluídos do benefício os menores aprendizes, os empregados contratados por prazo determinado e os empregados afastados do trabalho por motivo de doença ou acidente de trabalho, não integra a base de cálculo previdenciária. [...] (CARF, Relator(a) CLEBERSON ALEX FRIESS, Acórdão 2401 004.212, julgado em 08/03/2016) ......................................................................................................... [...] SALÁRIO INDIRETO. AUXÍLIO EDUCAÇÃO DESTINADO AOS EMPREGADOS. NÍVEL SUPERIOR. CURSOS DE CAPACITAÇÃO E QUALIFICAÇÃO. POSSIBILIDADE DE ENQUADRAMENTO. A descrição prevista no art. 28, §9º, "t" da lei 8212/91, admite a interpretação de que a educação superior estaria abrangida nos cursos de capacitação ou mesmo qualificação profissional até a edição da Lei nº 12.513, de 2011, que alterou o dispositivo, devendo a autoridade fiscal, apresentar o descumprimento da extensão a todos ou da desvinculação das atividades na empresa para respaldar o lançamento. Fl. 2733DF CARF MF Processo nº 10805.721978/201672 Acórdão n.º 2402007.237 S2C4T2 Fl. 2.734 23 (CSRF, Acórdão 9202006.578, Relator(a) ANA PAULA FERNANDES, Redator designado MÁRIO PEREIRA DE PINHO FILHO, julgado em 20/03/2018) Logo, o recurso voluntário deve ser provido também neste tocante. 6 Conclusão Diante do exposto, voto no sentido de conhecer e negar provimento ao recurso de ofício, e de conhecer e dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Voto Vencedor Denny Medeiros da Silveira – Redator Designado. Acompanho o Ilustre Relator nas demais questões, porém, com a maxima venia, divirjo quanto à extensão do acordo coletivo para os empregados dos escritórios regionais da Recorrente e quanto à assinatura de aditamento do acordo para pagamento de Participação nos Lucros e Resultados (PLR) por sindicato não signatário do acordo original. Da extensão do acordo coletivo De fato, a PLR é um direito do trabalhador, previsto na Carta Republicana. Dessa forma, visando proteger esse direito, o Estado estabeleceu regras que devem ser rigorosamente observadas. Uma dessas regras diz respeito à participação da entidade sindical dos empregados na negociação para pagamento de PLR. Vejamos: Lei 10.101, de 9/12/00: Art. 2º A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de comum acordo: I comissão paritária escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; (Redação dada pela Lei nº 12.832, de 2013) II convenção ou acordo coletivo. Da exegese dos dispositivos acima, temse que a PLR será objeto de negociação entre a empresa e os empregados e que tal negociação deverá ser realizada mediante comissão paritária ou convenção/acordo coletivo. Fl. 2734DF CARF MF Processo nº 10805.721978/201672 Acórdão n.º 2402007.237 S2C4T2 Fl. 2.735 24 Pois bem, no caso sob análise, cada um dos sindicatos envolvidos na negociação para pagamento da PLR possui uma área territorial específica de abrangência, o que torna injustificável a extensão do acordão a empregados de regiões não abrangidas pelos sindicatos signatários, sendo nessa linha a decisão recorrida: Ora, o núcleo da questão aqui é a representatividade sindical para determinado grupo vinculado a determinada localidade associado à abrangência estabelecida no acordo coletivo. A representatividade de um sindicato é estabelecida em seu instrumento de constituição e engloba um ou mais municípios, sendo o município a área mínima de abrangência e esta deve se submeter ao princípio da unicidade sindical, tudo nos termos do art. 8º, II, da CF1. Por seu turno, a abrangência do acordo coletivo é estabelecida em cláusula específica e fica restrita à abrangência territorial do sindicato. No caso concreto, temse diversos sindicatos, cada um signatário de um acordo coletivo específico e com cobertura territorial expressa sobre as respectivas áreas de abrangência. Portanto, o princípio da unicidade sindical impõe que não é possível a extensão de qualquer desses acordos para áreas abrangidas por outros acordos ou por outros sindicatos à revelia dessas entidades. (Grifos no original) Em suma, ao se aceitar a extensão dos acordos a empregados de regiões não abrangidas pelos sindicatos signatários, estarseá aceitando que empregados recebam valores a título de PLR sem que os sindicatos, ao qual estejam filiados, tenham participado efetivamente da negociação, o que viola o regramento protetivo do direito em tela. Sobre a base territorial do sindicato, vide o que dispõe o art. 520 da CTL5: Art. 520. Reconhecida como sindicato a associação profissional, serlheá expedida carta de reconhecimento, assinada pelo ministro do Trabalho, Indústria e Comércio, na qual será especificada a representação econômica ou profissional conferida e mencionada a base territorial outorgada. Insta trazermos à baila, também, a seguinte decisão da Câmara Superior de Recursos Fiscais deste Conselho, consignada no Acórdão nº 9202007.292, de 23/10/18: ACORDO DE PLR HOMOLOGADO POR UM SINDICATO EXTENSIVO ÀS DEMAIS LOCALIDADES DA EMPREGADORA ABRANGIDA POR OUTROS SINDICATOS. INADMISSIBILIDADE. Em respeito aos princípios da unicidade sindical, em sua territorialidade, e da interpretação restritiva da legislação que leva à exclusão da tributação, não é aceitável um sindicato reger o acordo de PLR dos trabalhadores da mesma empresa em locais que são territorialmente abrangidos por outro sindicato. 5 Consolidação das Leis do Trabalho, DecretoLei nº 5.452, de 1/5/43. Fl. 2735DF CARF MF Processo nº 10805.721978/201672 Acórdão n.º 2402007.237 S2C4T2 Fl. 2.736 25 (Grifo nosso) Destacase, ainda, que os próprios acordos coletivos firmados entre a empresa e as entidades sindicais estabeleceram, expressamente, a sua abrangência territorial, como se vê nesse excerto do relatório fiscal, fl. 1.063, referente ao sindicato de São Caetano do Sul/SP: 46. A empresa apresentou Acordo Coletivo firmado com o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas, de Material Elétrico e Eletrônico, Siderúrgicas, Veículos e de Autopeças de São Caetano do Sul, estado de São Paulo, acordo específico sobre a PARTICIPAÇÃO NOS RESULTADOS – ANO 2012, datado de 24 de maio de 2012, com vigência de 1° de janeiro de 2012 até 31 de dezembro de 2012. 47. Na Cláusula Segunda o Acordo estabelece sua abrangência territorial: São Caetano do Sul/SP. (Grifos no original) Logo, não se trata de mero rigor interpretativo, mas sim de proteção ao direito dos empregados de verem a sua representação sindical participando efetivamente da negociação para pagamento da PLR. Sendo assim, não há como se acolher a defesa em relação à extensão dos acordos a empregados situados fora da abrangência territorial dos sindicatos signatários. Do aditamento do acordo Aqui também não merece guarida a defesa apresentada. Segundo o Relator, a fiscalização teria se equivocado ao afirmar que inexistiriam "acordos coletivos para funcionários líderes de grupo ou qualquer outro instrumento de negociação coletiva", uma vez que a Recorrente teria "demonstrado a existência dos instrumentos negociais, de tal maneira que a autoridade administrativa deveria ter demonstrado outras infringências aptas a desconstituir os pagamentos efetuados a título de PLR". Todavia, o relatório fiscal, fls. 1.082 e 1.083, demonstra, de forma clara, as unidades sem acordo coletivo. Confirase: XII – DAS UNIDADES SEM ACORDO COLETIVO PARA PAGAMENTO DE PARTICIPAÇÃO NOS RESULTADOS 173. Ocorreram pagamentos a título de participação nos resultados aos estabelecimentos 59.275.792/001121, 59.275.792/001202, 59.275.792/001393, 59.275.792/002365, 59.275.792/002527, 59.275.792/003094, 59.275.792/003175, 59.275.792/008134 e 59.275.792/009378 no período de 01 a 06/2012. Fl. 2736DF CARF MF Processo nº 10805.721978/201672 Acórdão n.º 2402007.237 S2C4T2 Fl. 2.737 26 174. Conforme resposta ao TIF nº 4, entregue pela empresa em 02/03/2016, as unidades, exceto Joinville, seguem o Acordo Coletivo da planta matriz. 175. Neste ponto ressaltamos a Cláusula Segunda do Acordo citado, segundo a qual a abrangência territorial é São Caetano do Sul/SP (2012 item 39 – 2011 item 53), a Cláusula Quinta, segundo a qual o adiantamento será concedido mediante depósito bancário em contacorrente dos empregados no âmbito de representação do Sindicato (2012 item 42 – 2011 item 56), e a Cláusula Décima Primeira, segundo a qual estão abrangidos pelo Acordo os empregados que integram o estabelecimento da General Motors do Brasil Ltda em São Caetano do Sul (2012 item 50 – 2011 item 60), e, portanto, o Acordo não é extensivo a outros municípios. 176. Assim sendo, em relação às unidades indicadas no item 173, todos os pagamentos a título de participação nos resultados, rubrica 302P – PRÊMIO PART. RESULTADO da folha de pagamento, não se enquadram no disposto no art. 28, § 9º, alínea j da Lei nº 8.212/91, e, portanto, integram a base de cálculo das contribuições previdenciárias. [...] 178. Para os empregados de nível de liderança e Diretoria, a empresa apresentou Acordos Coletivos de Trabalho 2012 – Liderança / Diretoria com o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de São Paulo e Mogi das Cruzes de um lado e de outro as filiais e escritórios regionais em Recife, CNPJ 59.275.792/001121, Belo Horizonte, CNPJ 59.275.792/001202, Porto Alegre, CNPJ 59.275.792/001393, Brasília, CNPJ 59.275.792/002527, Rio de Janeiro, CNPJ 59.275.792/003094, Salvador, CNPJ 59.275.792/009378 , os quais, nas respectivas Cláusula Quinta, estabelece a data de 29/03/2013 para pagamento, estando, portanto, fora do período estabelecido no presente procedimento fiscal. 179. Em relação a unidade Joinville, CNPJ 59.275.792/002012, a empresa apresentou Acordo Coletivo para pagamento de participação nos resultados, o qual estabeleceu o pagamento em 31/01/2013. (Grifo no original) Como se percebe, a própria Recorrente informou, à fiscalização, que as unidades sem acordo específico, à exceção da unidade de Joinville, seguem o acordo coletivo da planta matriz. Ora, sem adentrarmos na possibilidade ou não dos aditamentos, as cláusulas Segunda, Quinta e Décima Primeira do acordo coletivo da planta matriz, como visto na transcrição acima, fixam a abrangência do acordo, inclusive em relação aos aditamentos, apenas para os empregados que integram o estabelecimento da General Motors do Brasil Ltda. de São Caetano do Sul/SP, não sendo, portanto, "extensivo a outros municípios". Fl. 2737DF CARF MF Processo nº 10805.721978/201672 Acórdão n.º 2402007.237 S2C4T2 Fl. 2.738 27 Ademais, para os empregados de nível de liderança e Diretoria, vinculados aos estabelecimentos de São Paulo, Mogi das Cruzes, Recife, Belo Horizonte, Porto Alegre, Brasília, Rio de Janeiro e Salvador, os acordos apresentados se referem à PLR paga em ano calendário não abarcado pelo procedimento fiscal sob análise. Dessa forma, cotejandose esse quadro fático com a necessidade de efetiva participação do sindicato, na negociação, conforme tratado no item anterior desse voto, entendemos por correto o posicionamento do órgão julgador de primeiro grau ao não aceitar que o aditamento seja "assinado por outro sindicato que não o próprio signatário do acordo original", pois tal situação importaria em "violação do princípio da unicidade estabelecido na norma constitucional". Conclusão Isso posto, voto por DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário, cancelando o lançamento apenas em relação aos valores pagos a título "reembolsos escolares", nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira Fl. 2738DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10872.720490/2016-24
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 09 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Jun 18 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 2301-000.823
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter os autos em diligência para que a responsável solidária Luciana Adriano Franco seja intimada da decisão de primeira instância para, querendo, apresentar recurso voluntário.
(documento assinado digitalmente)
João Maurício Vital - Presidente
(documento assinado digitalmente)
Marcelo Freitas de Souza Costa - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Antônio Sávio Nastureles, Wesley Rocha, Reginaldo Paixão Emos, Wilderson Botto (Suplente convocado), Cleber Ferreira Nunes, Marcelo Freitas de Souza Costa, Gabriel Tinoco Palatnic (Suplente convocado) e João Maurício Vital (Presidente), a fim de ser realizada a presente Sessão Ordinária. O conselheiro Wilderson Botto (Suplente convocado) atuou em substituição à conselheira Juliana Marteli Fais Feriato.
Nome do relator: MARCELO FREITAS DE SOUZA COSTA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter os autos em diligência para que a responsável solidária Luciana Adriano Franco seja intimada da decisão de primeira instância para, querendo, apresentar recurso voluntário. (documento assinado digitalmente) João Maurício Vital - Presidente (documento assinado digitalmente) Marcelo Freitas de Souza Costa - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Antônio Sávio Nastureles, Wesley Rocha, Reginaldo Paixão Emos, Wilderson Botto (Suplente convocado), Cleber Ferreira Nunes, Marcelo Freitas de Souza Costa, Gabriel Tinoco Palatnic (Suplente convocado) e João Maurício Vital (Presidente), a fim de ser realizada a presente Sessão Ordinária. O conselheiro Wilderson Botto (Suplente convocado) atuou em substituição à conselheira Juliana Marteli Fais Feriato.
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter os autos em diligência para que a responsável solidária Luciana Adriano Franco seja intimada da decisão de primeira instância para, querendo, apresentar recurso voluntário. (documento assinado digitalmente) João Maurício Vital - Presidente (documento assinado digitalmente) Marcelo Freitas de Souza Costa - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Antônio Sávio Nastureles, Wesley Rocha, Reginaldo Paixão Emos, Wilderson Botto (Suplente convocado), Cleber Ferreira Nunes, Marcelo Freitas de Souza Costa, Gabriel Tinoco Palatnic (Suplente convocado) e João Maurício Vital (Presidente), a fim de ser realizada a presente Sessão Ordinária. O conselheiro Wilderson Botto (Suplente convocado) atuou em substituição à conselheira Juliana Marteli Fais Feriato. Relatório Trata-se de auto de infração lavrado contra o contribuinte acima identificado em face do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) nos exercícios 2014 e 2015, com ciência do contribuinte em 01/12/2016. De acordo com a fiscalização o autuado omitiu rendimentos recebidos de pessoas jurídicas, por meio de e interpostas pessoas tendo havido também a omissão de rendimentos caracterizados por valores creditados em conta de depósito, mantida em instituição financeira, em relação aos quais, o contribuinte, regularmente intimado, não comprovou, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Sobre os valores de impostos apurados decorrentes de omissão de rendimentos recebidos, por meio de interposta pessoa, nos anos-calendário de 2013 e 2014, foi aplicada multa de ofício qualificada. Segundo o Termo de Verificação Fiscal, a conduta dolosa do contribuinte visava impedir a autoridade fazendária de conhecer e mensurar rendimentos milionários auferidos, de maneira ilícita. RE SO LU Çà O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 72 .7 20 49 0/ 20 16 -2 4 Fl. 1275DF CARF MF Fl. 2 da Resolução n.º 2301-000.823 - 2ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10872.720490/2016-24 De acordo com o Termo de Verificação Fiscal - TVF, o procedimento fiscal iniciado contra o contribuinte se relaciona aos fatos apurados no âmbito da denominada “Operação Lava Jato, em trâmite perante a 13ª Vara Criminal da Subseção Judiciária de Curitiba, onde o sujeito passivo firmou Termo de Colaboração Premiada, com apresentação de diversos depoimentos e entrega de provas, os quais foram compartilhados com a Receita Federal do Brasil por meio de autorização judicial. Os rendimentos omitidos referem-se ao recebimento de vantagens indevidas, pagas por intermediários, provenientes das empresas/consórcios contratados pela Petrobrás para execução de diversos projetos, sendo que a maior parte dos recursos foram recebidos em depósitos/transferências realizados no exterior, em contas de off-shore, cujo beneficiário e titular de fato é o fiscalizado. Os recursos recebidos estão sujeitos à tributação pelo imposto de renda, conforme fundamento de direito previsto no Código Tributário Nacional (Art. 43, §1º), Lei 7.713/88 (Art. 3º, §4º), e, em especial, a hipótese contida no art. 26 da Lei nº 4.506/64, em que se assinala que os rendimentos derivados de atividades ou transações ilícitas, ou percebidos com infração à lei, são sujeitos à tributação, sem prejuízo das sanções que couberem. Argumentou que o autuado também auferiu vantagens indevidas por meio de um outro artifício ilícito, não informado nos Termos de Colaboração Premiada, o qual consistia em forjar receitas fictícias de prestação de serviços, por meio de pessoas jurídicas, com a apropriação dos recursos. Foi aplicada multa qualificada, de 150%, prevista no §1º do inciso I do art. 44 da Lei nº 9.430/96, em razão de o fiscalizado ter incorrido nas práticas de sonegação, fraude e conluio, pois os rendimentos omitidos foram depositados em contas abertas em nome de empresas off-shore, para dissimular o real titular das mesmas, em conluio com os operadores das empresas/consórcios praticantes de ilícitos criminais, com o objetivo específico de ocultação e dissimulação das importâncias recebidas. Cientificado do Auto de Infração em 01/12/2016, fls. 1.133/1.135, o contribuinte, por meio de seu procurador, fls1.169/1.171, apresentou impugnação em 29/12/2016, efls. 1.144/1.152. Foi atribuída responsabilidade tributária, com base no interesse comum na ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, à pessoa física Luciana Adriano Franco, CPF nº 051.825.087-35, e à pessoa jurídica Several Patrimonial e Participações Ltda., CNPJ nº 17.330.262/0001-17. Argumenta que a Several Patrimonial e Participações Ltda. era sócia majoritária da Concept Consultoria em Petróleo e Gás Natural Ltda., com 99% das quotas sociais, e que Luciana Adriana Franco detinha participação social na primeira sociedade empresária, variando de 39,5% a 50,94% no período de sua constituição social até a quarta alteração contratual, vindo a se tornar sócia majoritária e administradora a partir de 12/12/2014. Luciana apresentou impugnação às efls. 1172 e sgts e a Several às efls. 1195 e sgts.. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento 4.923 em Belo Horizonte (MG) julgou procedente a autuação (efls. 1223 e sgts.) Contra referida decisão apenas o autuado apresentou recurso (efls 1245/1260) Fl. 1276DF CARF MF Fl. 3 da Resolução n.º 2301-000.823 - 2ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10872.720490/2016-24 É o relatório necessário. Voto Conselheiro Marcelo Freitas de Souza Costa - Relator Antes de adentrar nas razões recursais apresentadas entendo necessária a baixa dos autos em diligência para corrigir uma falha procedimental que pode vir a prejudicar o julgamento do processo. Do que se depreende dos autos, foi imputada responsabilidade tributária à Luciana Adriano Franco e à Several Patrimonial e Participações Ltda, que apresentaram tempestivamente impugnação, tendo estas sido devidamente enfrentadas pela decisão de primeira instância. Ao analisar os autos verifica-se que apenas o autuado Pedro Barusco foi cientificado do teor do Acórdão 02-72.463 - 7ª Turma da DRJ/BHE. Para que não seja configurado um eventual cerceamento do direito de defesa entendo necessária a baixa dos autos em diligência para cientificar as responsáveis solidárias Luciana Adriano Franco e Several Patrimonial e Participações Ltda do inteiro teor da decisão de primeira instância afim de que estas, querendo, apresentem Recurso Voluntário. Ante ao exposto, voto no sentido de converter os autos em diligência para cumprimento do acima determinado. (documento assinado digitalmente) Marcelo Freitas de Souza Costa Fl. 1277DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13629.901251/2011-39
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 16 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jul 08 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 1401-000.644
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência nos termos do voto do Relator.
(documento assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente
(documento assinado digitalmente)
Eduardo Morgado Rodrigues - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Abel Nunes de Oliveira Neto, Carlos André Soares Nogueira, Cláudio de Andrade Camerano, Daniel Ribeiro Silva, Eduardo Morgado Rodrigues, Letícia Domingues Costa Braga, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin e Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente).
Nome do relator: EDUARDO MORGADO RODRIGUES
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência nos termos do voto do Relator. (documento assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente (documento assinado digitalmente) Eduardo Morgado Rodrigues - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Abel Nunes de Oliveira Neto, Carlos André Soares Nogueira, Cláudio de Andrade Camerano, Daniel Ribeiro Silva, Eduardo Morgado Rodrigues, Letícia Domingues Costa Braga, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin e Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente).
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência nos termos do voto do Relator. (documento assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente (documento assinado digitalmente) Eduardo Morgado Rodrigues - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Abel Nunes de Oliveira Neto, Carlos André Soares Nogueira, Cláudio de Andrade Camerano, Daniel Ribeiro Silva, Eduardo Morgado Rodrigues, Letícia Domingues Costa Braga, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin e Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente). Relatório Trata-se de Recurso Voluntário (fls. 775 a 784) interposto contra o Acórdão nº 12- 52.491, proferido pela 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo/SP (fls. 57 a 62), que, por unanimidade, julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada pela ora Recorrente, decisão esta consubstanciada na seguinte ementa: "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Ano-calendário: 2005 DCOMP. PAGAMENTO INDEVIDO. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 36 29 .9 01 25 1/ 20 11 -3 9 Fl. 790DF CARF MF Fl. 2 da Resolução n.º 1401-000.644 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 13629.901251/2011-39 A mera alegação da existência do crédito, desacompanhada de elementos cabais de prova, não é suficiente para reformar a decisão não homologatória de compensação. DESPACHO DECISÓRIO. AUSÊNCIA DE SALDO DISPONÍVEL. MOTIVAÇÃO. Motivada é a decisão que, por conta da vinculação total de pagamento a débito do próprio interessado, expressa a inexistência de direito creditório disponível para fins de compensação. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido" Por sua precisão na descrição dos fatos que desembocaram no presente processo, peço licença para adotar e reproduzir os termos do relatório da decisão da DRJ de origem: " 1. Trata o presente processo de declaração de compensação DCOMP nº 32201.51117.191007.1.3.048773, objeto de Despacho Decisório – DD (fl. 44) emanado pela Autoridade Administrativa que analisou e não homologou a compensação declarada, em razão da localização de um ou mais pagamentos, mas integralmente utilizados para a quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados na DCOMP. 1.1. De acordo com os sistemas da Receita Federal do Brasil, o DARF discriminado na referida DCOMP possui: período de apuração – 31/03/2005; data de arrecadação – 31/01/2006; código de receita – 2372 (CSLL PJ QUE APURAM O IRPJ COM BASE EM LUCRO PRESUMIDO OU ARBITRADO); valor original total R$9.694,23. O limite do crédito analisado, correspondente ao valor do crédito original na data de transmissão, informado na DCOMP é de R$5.194,96. A transmissão da DCOMP ocorreu em 19/10/2007. 1.2. O Despacho Decisório, emitido eletronicamente em 02/08/2011, informa o valor original utilizado de R$9.694,23. 2. A empresa apresentou Manifestação de Inconformidade (fls. 3/5), acompanhada de documentos (fls. 6/52), alegando, em síntese, que: (...) Ocorre que a aludida decisão não merece prevalecer, eis que pautada em falsa premissa, notadamente, suposta inexistência de crédito do contribuinte junto a Receita Federal do Brasil. Com efeito, entendeu-se que todo o valor recolhido em DARF no código 2372 R$ 9.694,23 foi utilizado para quitação da contribuição social devida (PA 31/12/2005) 2 A premissa, porém, não é verdadeira, já que, conforme entendimento exarado pelo próprio fisco federal Solução de Consulta exarada no processo 13629.000405/200797 (documento anexo) o coeficiente de presunção de lucro para cômputo da CSLL devida em relação a receitas decorrentes de construção civil com emprego de materiais é 12% e não 32%. Veja-se, por oportuno, trecho conclusivo da Solução: Fl. 791DF CARF MF Fl. 3 da Resolução n.º 1401-000.644 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 13629.901251/2011-39 "À vista do exposto, respondo a consulente que, a partir da vigência da IN SRF n° 480/2004, as receitas relativas as atividades de construção civil, estão sujeitas ao percentual de 12% na determinação da base da CSLL". Decorre exatamente daí o crédito do contribuinte utilizado para compensação tributária. Vejamos. 3 Fato é que o contribuinte, em 31/01/06, efetuou pagamento no valor de R$ 9.694,23, referente à CSLL PA 31/12/2005. O pagamento, contudo, foi parcialmente indevido, eis que apurado com base no coeficiente de 32% de presunção de lucro (base de cálculo), e não de 12% como permitido pela legislação. Ora, tratando-se de receitas decorrentes de obras de construção civil em que há emprego de materiais em qualquer quantidade, o percentual aplicado para apuração da base de cálculo deveria ser de 12%. Assim, o valor de CSLL devido era de R$ 4.499,27 e não R$ 9.694,23. Cristalina, destarte, a existência de crédito no valor de no valor de R$ 5.194,96, resultante da diferença entre o valor recolhido e o valor devido. 4 Resta inconteste, pois, que o débito de IRPJ de R$ 1.531,89 deve ser extinto por compensação tributária, tal como devidamente declarado em PER/DCOMP, sendo certo que na data de transmissão havia crédito original suficiente para legitimar a compensação. DO PEDIDO Face ao exposto, requer seja julgada procedente a presente manifestação, para fins de reformando o Despacho Decisório exarado, homologar a compensação declarada na PER/DCOMP n° 32201.51117.191007.1.3.048773. Na oportunidade, protesta por produção de novas e eventuais provas. 3. Conforme Histórico das Comunicações, às fls. 47, a ciência do DD ocorreu em 16/08/2011 e a Manifestação de Inconformidade foi protocolada em 15/09/2011 (fl. 3)." O acórdão de primeira instância rechaçou os argumentos da Interessada sob o fundamento de que esta não teria apresentado provas que demonstrassem o preenchimento dos requisitos para a redução do percentual de presunção do Lucro Presumido para 12%. Inconformada com a decisão de primeiro grau, a ora Recorrente apresentou o recurso sob análise juntando uma série de novos documentos e demonstrativos, buscando comprovar o seu direito alegado. É o relatório. Voto Fl. 792DF CARF MF Fl. 4 da Resolução n.º 1401-000.644 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 13629.901251/2011-39 Conselheiro Eduardo Morgado Rodrigues O presente Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. O presente processo versa sobre a não homologação da DCOMP (fl. 48 a 52) apresentada pela Recorrente sob o argumento de que o recolhimento que ampararia o crédito a ser utilizado já teria sido integralmente alocado para quitação de outro débito. Por sua vez a Recorrente alega que é tributada pela modalidade do Lucro Presumido e vinha aplicando o percentual equivocado de 32% para determinação de sua base tributável, quando o correto seria de 12%, vez que alega prestar serviço de construção civil com fornecimento integral dos materiais. Desta diferença se originaria seu direito creditório. Escora sua pretensão nos dispostos da IN 480/2004 que determinou a base da CSLL de 12% para as receitas provenientes das atividades de construção civil e na SOlução de Consulta n° 077 SRRF/6ª RF/Disit de 15 de Junho de 2007, relativa ao processo nº 13629.000405/200797 (interessado: Engecel Construções e Comércio Ltda – CNPJ: 17.840.083/000120). Por oportuno, replico a conclusão da mesma: "(...) Conclusão 11. À vista do exposto, respondo à consulente que, a partir da vigência da IN SRF nº 480/2004, as receitas relativas às atividades de construção civil no regime de empreitada com emprego de materiais estão sujeitas ao percentual de 12% na determinação da base de cálculo da CSLL somente nos casos em que o empreiteiro fornecer todos os materiais, sendo que tais materiais devem ser incorporados à obra. Na hipótese de o material ser fornecido, em parte ou no todo, pelo contratante da obra, o percentual a ser aplicado será de 32% (trinta e dois por cento)." Conforme narrado a Decisão de piso bem apontou que a Recorrente falhou em carrear aos autos elementos que demonstrassem a subsunção de suas atividades aos requisitos supra expostos para o gozo do percentual de presunção reduzido. Diante deste cenário, tendo a presente lide desembocado em questões exclusivamente fáticas e probatórias, a Recorrente trouxe em seu recurso diversos documentos novos para comprovar o preenchimento dos requisitos necessários. São eles: Contrato Social, Livro Diário, Livro Razão, Contratos de Empreitadas e Declarações Fiscais, todos referentes ao período do crédito apontado. Inclusive, se faz oportuno considerar também como prova neste feito os documentos apresentados no bojo do processo nº 13629.900806/2011-25 e nº 13629.900730/2011-38, autos correlatos ao presente que são objetos desta mesma sessão de julgamento. Os contratos apresentados (fls. 442 a 608) se compreendem em uma série de obras contratadas por licitação com a Prefeitura Municipal de Coronel Fabriciano/MG incluindo diversas obras de construção, manutenção e reparos em vias, prédios e demais componentes da Fl. 793DF CARF MF Fl. 5 da Resolução n.º 1401-000.644 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 13629.901251/2011-39 infra-estrutura pública. Outrossim, também há contratos com a empresa CAF Santa Bárbara LTDA, do Grupo Arcelor, para a construção de fornos de alvenaria. Em todos estes contratos há a previsão expressa de fornecimento dos materiais necessários para a consecução de cada objeto por parte da Recorrente. Ainda, apresenta a Recorrente os seus livros Diários (fls. 250 a 439 do presente processo; e fls. 376 a 584 do processo nº 13629.900806/2011-25) e Razão (fls. 70 a 247 do presente processo; e fls. 156 a 373 do processo nº 13629.900806/2011-25) visando demonstrar tanto a aquisição dos materiais utilizados em cada empreitada, quanto as origem das receitas obtidas. As cópias do Livro Razão que foram digitalmente protocoladas neste processo estão absolutamente ilegíveis, não permitindo a este julgador que as apreciem. Já os Livros Diários mostram vultuosas quantias gastas com diversos fornecedores de materiais e insumos típicos da construção civil. Igualmente, há registros de receitas provenientes de seus contratantes. Em primeira análise as comprovações trazidas pelo Interessado parecem corroborar com suas pretensões. Contudo, penso que a DRF de origem possui melhor condições para realizar a verificação de todos os novos documentos, cotejar com seus próprios registros e cálculos e, por fim, opinar quanto ao eventual direito creditório do Contribuinte. Outrossim, insta salientar que, se tratando de documentação trazida pela Recorrente apenas nesta fase recursal, deve-se proporcionar ao Fisco a oportunidade do contraditório. Portanto, para maior convicção e segurança da decisão, entendo que se faz oportuno a baixa do feito em diligência para verificações e confirmação dos novos elementos carreados ao processo. Desta forma, pelo exposto, VOTO por CONVERTER o presente julgamento em diligência para que a autoridade fiscal competente proceda às verificações pertinentes de todo material probatório apresentado pela Recorrente no bojo dos Recursos Voluntários dos Processos nº 13629.901251/2011-39, 13629.900806/2011-25 e 13629.900730/2011-38, podendo, se for necessário, intimar a Recorrente a reapresentar novamente o Livro Razão de forma legível, e elabore termo circunstanciado esclarecendo quanto a suficiência dos materiais adquiridos e receitas obtidas dos contratos de empreitada em relação aos declarados ao fisco para a determinação do direito ao percentual reduzido para presunção de receita tributável. Após, a Recorrente deve ser cientificada, com reabertura de prazo de 30 dias para complementar as suas razões do recurso. É como voto. (documento assinado digitalmente) Fl. 794DF CARF MF Fl. 6 da Resolução n.º 1401-000.644 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 13629.901251/2011-39 Eduardo Morgado Rodrigues - Relator Fl. 795DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13971.720628/2007-74
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 09 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Jun 12 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL (ITR)
Exercício: 2004
PROVA PERICIAL. CONVICÇÃO DO JULGADOR. INDEFERIMENTO.
Indefere-se o pedido de perícia ou de diligência quando o julgador administrativo, após avaliar o caso concreto, considerá-las prescindíveis para o deslinde das questões controvertidas
ITR. ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO. NECESSIDADE. SÚMULA CARF N° 122.
A averbação da Área de Reserva Legal (ARL) na matrícula do imóvel em data anterior ao fato gerador supre a eventual falta de apresentação do Ato declaratório Ambiental (ADA).
ITR. VALOR DA TERRA NUA - VTN. COMPROVAÇÃO. NECESSIDADE.
O valor da terra nua, apurado pela fiscalização, em procedimento de oficio nos termos do art. 14 da Lei 9.393/96, não é passive de alteração, quando o contribuinte não apresentar elementos de convicção que justifiquem reconhecer valor menor.
Numero da decisão: 2401-006.513
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 13971.720616/2007-40, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(documento assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Presidente e Relatora
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Cleberson Alex Friess, Matheus Soares Leite, Jose Luis Hentsch Benjamin Pinheiro, Rayd Santana Ferreira, Marialva de Castro Calabrich Schlucking, Andrea Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa e Miriam Denise Xavier.
Nome do relator: MIRIAM DENISE XAVIER
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ementa_s : ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL (ITR) Exercício: 2004 PROVA PERICIAL. CONVICÇÃO DO JULGADOR. INDEFERIMENTO. Indefere-se o pedido de perícia ou de diligência quando o julgador administrativo, após avaliar o caso concreto, considerá-las prescindíveis para o deslinde das questões controvertidas ITR. ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO. NECESSIDADE. SÚMULA CARF N° 122. A averbação da Área de Reserva Legal (ARL) na matrícula do imóvel em data anterior ao fato gerador supre a eventual falta de apresentação do Ato declaratório Ambiental (ADA). ITR. VALOR DA TERRA NUA - VTN. COMPROVAÇÃO. NECESSIDADE. O valor da terra nua, apurado pela fiscalização, em procedimento de oficio nos termos do art. 14 da Lei 9.393/96, não é passive de alteração, quando o contribuinte não apresentar elementos de convicção que justifiquem reconhecer valor menor.
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CONVICÇÃO DO JULGADOR. INDEFERIMENTO. Indefere-se o pedido de perícia ou de diligência quando o julgador administrativo, após avaliar o caso concreto, considerá-las prescindíveis para o deslinde das questões controvertidas ITR. ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO. NECESSIDADE. SÚMULA CARF N° 122. A averbação da Área de Reserva Legal (ARL) na matrícula do imóvel em data anterior ao fato gerador supre a eventual falta de apresentação do Ato declaratório Ambiental (ADA). ITR. VALOR DA TERRA NUA - VTN. COMPROVAÇÃO. NECESSIDADE. O valor da terra nua, apurado pela fiscalização, em procedimento de oficio nos termos do art. 14 da Lei 9.393/96, não é passive de alteração, quando o contribuinte não apresentar elementos de convicção que justifiquem reconhecer valor menor. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 13971.720616/2007-40, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (documento assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier – Presidente e Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros: Cleberson Alex Friess, Matheus Soares Leite, Jose Luis Hentsch Benjamin Pinheiro, Rayd Santana Ferreira, Marialva de Castro Calabrich Schlucking, Andrea Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa e Miriam Denise Xavier. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 1. 72 06 28 /2 00 7- 74 Fl. 183DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 2401-006.513 - 2ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 13971.720628/2007-74 Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do Acórdão nº 2401-006.511, de 09 de maio de 2019 - 4ª Câmara/1ª Turma Ordinária, proferido no âmbito do processo n° 13971.720616/2007-40, paradigma deste julgamento. “BERNARDO HERMANN WOLFGANG WERNER, contribuinte, pessoa física, já qualificado nos auto do processo em referência, recorre a este Conselho da decisão da Turma da Delegacia Regional de Julgamento, que julgou procedente o lançamento fiscal, referente ao Imposto sobre a Propriedade Rural - ITR, em relação ao exercício em questão, conforme Notificação de Lançamento e demais documentos que instruem o processo. Trata-se de Notificação de Lançamento, lavrada nos moldes da legislação de regência, contra o contribuinte acima identificado, constituindo-se crédito tributário no valor consignado na folha de rosto da autuação, decorrente da glosa da área de utilização limitada por não restar comprovada e arbitramento do valor da terra nua - VTN. Inconformado com a Decisão recorrida, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário procurando demonstrar a total improcedência da Notificação, desenvolvendo em síntese as seguintes razões. Após breve relato das fases processuais, bem como dos fatos que permeiam o lançamento, reitera as razões da impugnação, esclarecendo ter apresentado inventário florestal elaborado por engenheiro florestal, demonstrando que a maior parte da propriedade esta ocupada por mata atlântica em avançado grau de regeneração. Alega que também anexou parecer técnico elaborado por engenheiro florestal e croqui da área em questão, indicando que o imóvel tem grande parte de sua área constituída de terreno acidentado, considerada de preservação permanente. O croqui também demonstra a ocupação arbórea da quase totalidade da área por mata atlântica e avançado estagio de regeneração. Ressalta que o imóvel encontra-se situado no Parque Nacional da Serra do Itajai, estando impedida a sua exploração econômica. No tocante ao valor da terra nua - VTN aduz ter anexado aos autos laudo de avaliação do imóvel, comprovando a veracidade da declaração prestada à fiscalização o laudo de avaliação em questão afasta o arbitramento efetuado pela autoridade lançadora, citando jurisprudência do TRF. Pugna pela realização e produção de prova pericial. Por fim, requer o conhecimento e provimento do seu recurso, para desconsiderar a Notificação de Lançamento, tornando-o sem efeito e, no mérito, a sua absoluta improcedência. Não houve apresentação de contrarrazões. É o relatório.” Fl. 184DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 2401-006.513 - 2ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 13971.720628/2007-74 Voto Conselheira Miriam Denise Xavier, Relatora. Este processo foi julgado na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplica-se o decidido no Acórdão nº 2401-006.511, de 09 de maio de 2019 - 4ª Câmara/1ª Turma Ordinária, proferido no âmbito do processo n° 13971.720616/2007-40, paradigma deste julgamento. Transcreve-se, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido na susodita decisão paradigma, a saber, Acórdão nº 2401-006.511, de 09 de maio de 2019 - 4ª Câmara/1ª Turma Ordinária: Acórdão nº 2401-006.511 - 4ª Câmara/1ª Turma Ordinária “Presente o pressuposto de admissibilidade, por ser tempestivo, conheço do recurso voluntário. Presente o pressuposto de admissibilidade, por ser tempestivo, conheço do recurso e passo ao exame das alegações recursais. PERÍCIA Quanto ao pedido de perícia, o exame pericial é um meio de prova, necessário apenas quando a elucidação de fato ou o exame de matéria demanda o auxílio de um especialista em determinado ramo específico do conhecimento. É dizer que a realização da perícia não constitui direito subjetivo do interessado. Compete ao julgador avaliar a prescindibilidade e viabilidade da produção da prova técnica para a elucidação dos fatos e como instrumento de convicção para a solução da lide. Ademais, nos termos do art. 29 do Decreto nº 70.235/1972, a autoridade julgadora, na apreciação das provas, formará livremente sua convicção, podendo indeferir o pedido de perícia que entender desnecessário. Logo, prescindível a perícia não merece acolhimento o pleito da recorrente. MÉRITO ÁREA RESERVA LEGAL Na descrição dos fatos, o fiscal autuante relata que foi apurada a falta de recolhimento do ITR, decorrente de glosa parcial da área declarada como de reserva legal, por falta de comprovação do cumprimento dos requisitos legais, conforme averbações na matricula. O recorrente alega, em síntese, que a isenção relativa às áreas de reserva legal dá-se pelo simples efeito da Lei (Código Florestal), não estando sujeita a nenhuma formalidade adicional. Sustenta, ainda, que a legislação que rege a matéria determina que estas áreas não estão sujeitas à prévia comprovação por parte do contribuinte. Fl. 185DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 2401-006.513 - 2ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 13971.720628/2007-74 Aduz que a área está localizada na Mata Atlântica, em avançado grau de regeneração, sofrendo limitações à exploração econômica. In casu, relativamente à Área de Reserva Legal, o fiscal autuante reconheceu como isenta à área declarada pelo contribuinte e averbada na matrícula do imóvel, glosando apenas a diferença. Ao analisarmos os autos, agiu da melhor forma a autoridade lançadora, pois não há nenhuma documentação hábil e idônea para rechaçar a pretensão fiscal. Vale salientar que não estamos diante do clássico caso de exigência do ADA para comprovação da área pleiteada, o que, no entendimento deste Relator, é totalmente descabido. Aliás, afora o posicionamento pessoal acerca do momento da averbação, o Pleno da CSRF aprovou a Súmula CARF n° 122, contemplando o tema, senão vejamos: A averbação da Área de Reserva Legal (ARL) na matrícula do imóvel em data anterior ao fato gerador supre a eventual falta de apresentação do Ato declaratório Ambiental (ADA). Portanto, com relação à área de reserva legal, conforme já mencionado, deveria ser apresentada a Certidão da Matricula do Imóvel, na qual deveria constar a averbação da área declarada. Assim, julgo procedente a referida glosa. VALOR DA TERRA NUA - VTN O contribuinte discorda do valor atribuído à terra nua, argumentando que não foi considerado o fato de que a propriedade é coberta pela mata atlântica, o que lhe retira quase a totalidade do valor comercial. Pede que seja aceito o valor proposto por Engenheiro Civil, em parecer anexado. Pois bem, uma vez que o contribuinte simplesmente repisas as alegações da defesa inaugural e não junta novos documentos, peço vênia para transcrever excertos da decisão recorrida e adotá-los como razões de decidir, por muito bem analisar as alegações suscitadas pelo autuado e documentos acostados aos autos, in verbis: (...) É certo que o valor apurado pela fiscalização pode ser questionado, mediante Laudo Técnico revestido de rigor cientifico suficiente a firmar a convicção da autoridade. Há de ser respeitado o disposto no item 9.2.3.5, alínea "b", da Norma NBR 14.653-3, da ABNT, que dispõe que, para enquadramento nos graus de fundamentação II e III, é obrigatório que o Laudo contenha, "no mínimo, cinco dados de mercado efetivamente utilizados". Os dados de mercado coletados (no mínimo cinco) devem, ainda, se referir a imóveis localizados no município do imóvel avaliando, na data do fato gerador do ITR. Nestes Autos, não foi apresentado Laudo Técnico de Avaliação que atendesse as condições elencadas pela norma da ABNT, não havendo o que ser revisto no valor atribuído ao imóvel no lançamento. O documento apresentado pelo impugnante e anexado folha 83 é datado de 12 de outubro de 1997 e se trata de mera opinião, haja vista que se refere a valor estimado, aquela época, de quatro areas de propriedade do próprio impugnante. Fl. 186DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 2401-006.513 - 2ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 13971.720628/2007-74 É o caso de se reconhecer a incidência do item 9.1.2 da NBR 14.653-3, que estipula que o laudo que não atende os requisitos mínimos deve ser considerado parecer técnico. Não ha como, em sede de julgamento, acatar-se levantamento precário, inapto a alterar o valor atribuído no lançamento. Sobre a metodologia de cálculo do valor da terra nua, é necessário desfazer o equivoco manifestado na impugnação. Afirma o impugnante que a valoração do imóvel não atentou para o fato a área estar inserida na Região da Mata Atlântica. Incorre em erro o impugnante. A exclusão da area de preservação permanente e de reserva legal— se estas forem comprovadas— é sempre feita no sistema de cálculo do ITR. Ê s6 observar, no Demonstrativo de f. 03 (assim como no Quadro de Cálculo de Imposto da DITR), que a areas de preservação permanente e de reserva legal são excluídas quando do cálculo do valor da terra nua tributável (Linha 18). Desta forma, uma area de preservação permanente ou de utilização limitada comprovada nunca comporá a base de cálculo do ITR. Essas são as razões de decidir do órgão de primeira instância, as quais estão muito bem fundamentadas, motivo pelo qual, após análise minuciosa da demanda, compartilho das conclusões acima esposadas, especialmente do trecho grifado. Mais uma vez, repiso, o contribuinte nada se esforça ou traz novos documentos sobre a infração que lhe foi imputada e/ou contrapõe sobre os fundamentos da decisão de piso, uma vez "entregue o caminho das pedras" pela autoridade julgadora de primeira instância, caberia ao contribuinte instruir seu recurso com a documentação hábil e idônea capazes de justificar seus argumentos. Por todo o exposto, estando o Auto de Infração sub examine em dissonância com as normas legais que regulamentam a matéria, VOTO NO SENTIDO DE CONHECER DO RECURSO VOLUNTÁRIO e, no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, a, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. É como voto.” Por todo o exposto, estando o Auto de Infração sub examine em dissonância com as normas legais que regulamentam a matéria, VOTO NO SENTIDO DE CONHECER DO RECURSO VOLUNTÁRIO e, no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, a, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. (documento assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Fl. 187DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15586.000227/2008-54
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 19 00:00:00 UTC 2019
Ementa: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL - COFINS
Período de apuração: 01/12/2002 a 31/10/2003, 01/12/2003 a 31/01/2004
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. DECADÊNCIA.
Verificada a inexistência de pagamento para a Cofins, aplica-se a esse período de apuração a regra do art. 173, I, do CTN
Numero da decisão: 3302-007.285
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração, para sanar a omissão, com efeitos infringentes, e reconhecer a decadência do direito de a Fazenda constituir o crédito tributário relativo apenas ao período de apuração dezembro de 2002
Nome do relator: JORGE LIMA ABUD
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ementa_s : CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL - COFINS Período de apuração: 01/12/2002 a 31/10/2003, 01/12/2003 a 31/01/2004 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. DECADÊNCIA. Verificada a inexistência de pagamento para a Cofins, aplica-se a esse período de apuração a regra do art. 173, I, do CTN
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conteudo_txt : Metadados => date: 2019-06-29T05:06:52Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.7; pdf:docinfo:title: Microsoft Word - HISPANO.docx; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dc:creator: CARF; dcterms:created: 2019-06-29T05:06:52Z; Last-Modified: 2019-06-29T05:06:52Z; dcterms:modified: 2019-06-29T05:06:52Z; dc:format: application/pdf; version=1.7; title: Microsoft Word - HISPANO.docx; Last-Save-Date: 2019-06-29T05:06:52Z; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2019-06-29T05:06:52Z; meta:save-date: 2019-06-29T05:06:52Z; pdf:encrypted: true; dc:title: Microsoft Word - HISPANO.docx; modified: 2019-06-29T05:06:52Z; Content-Type: application/pdf; pdf:docinfo:creator: CARF; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; creator: CARF; meta:author: CARF; meta:creation-date: 2019-06-29T05:06:52Z; created: 2019-06-29T05:06:52Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; Creation-Date: 2019-06-29T05:06:52Z; pdf:charsPerPage: 1747; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; Author: CARF; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2019-06-29T05:06:52Z | Conteúdo => S3-C 3T2 Ministério da Economia Conselho Administrativo de Recursos Fiscais Processo nº 15586.000227/2008-54 Recurso Embargos Acórdão nº 3302-007.285 – 3ª Seção de Julgamento / 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 19 de junho de 2019 Embargante CONSELHEIRO WALBER JOSÉ DA SILVA Interessado COMPANHIA HISPANO BRASILEIRA DE PELOTIZAÇÃO HISPANOBRAS ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL - COFINS Período de apuração: 01/12/2002 a 31/10/2003, 01/12/2003 a 31/01/2004 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. DECADÊNCIA. Verificada a inexistência de pagamento para a Cofins, aplica-se a esse período de apuração a regra do art. 173, I, do CTN. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração, para sanar a omissão, com efeitos infringentes, e reconhecer a decadência do direito de a Fazenda constituir o crédito tributário relativo apenas ao período de apuração dezembro de 2002. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho Presidente (assinado digitalmente) Jorge Lima Abud Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Corintho Oliveira Machado, Walker Araujo, Luis Felipe de Barros Reche (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Denise Madalena Green e Gilson Macedo Rosenburg Filho. Relatório Contra a empresa recorrente foi lavrado auto de infração para exigir o pagamento de Cofins, relativa a fatos geradores ocorridos entre dezembro de 2002 e janeiro de 2004, tendo em vista que a Fiscalização constatou a falta de inclusão, na base de cálculo da exação, de receita de venda de mercadoria no mercado interno. Fl. 1815DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 3302-007.285 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15586.000227/2008-54 Inconformada com a autuação a empresa interessada impugnou o lançamento, cujas razões estão sintetizadas no relatório do acórdão recorrido. A 5a Turma de Julgamento da DRJ no Rio de Janeiro - RJ julgou parcialmente procedente o lançamento para excluir o crédito tributário dos períodos de apuração de 12/2002 e 01/2003, em face da decadência, nos termos do Acórdão n° 13-20.612, de 17/07/2008 - fls. 531/541. Da referida decisão, a turma julgadora, em nome da Fazenda Nacional, recorreu de ofício ao extinto Segundo Conselho de Contribuintes. Ciente desta decisão em 17/09/2008 (AR de fl. 546), a interessada ingressou, no dia 16/10/2008, com o recurso voluntário de fls. 547/556, no qual alega, em síntese, que a venda realizada para a CVRD destina-se exclusivamente ao mercado externo e para gozar da imunidade basta que o contribuinte comprove que figura na cadeia de exportação e que suas receitas são decorrentes das operações de exportação. Na sessão do dia 27 de outubro de 2010 foi julgado o Recurso Voluntário impetrado pela empresa COMPANHIA HISPANO BRASILEIRA DE PELOTIZAÇÃO - HISPANOBRÁS contra Acórdão n° 13-20.612, proferido pela DRJ no Rio de Janeiro - RJ, que exonerou a parte do crédito tributário extinta pela decadência. Da parte exonerada, a DRJ recorreu de ofício a este CARF. O Conselheiro Walber José da Silva, da 2a Turma Ordinária, da 3a Câmara, da 3a Seção de Julgamento do CARF, foi designado para relatar tanto o recurso voluntário quanto o recurso de ofício. Foram apresentados embargos de Conselheiro, nos seguintes termos: Embora tenha relatado e apresentado o voto quanto ao recurso de ofício, apenas o recurso voluntário foi objeto de deliberação e votação na sessão do dia 27/10/2010, conforme se pode constar no resultado do julgamento constante do Acórdão n° 3302- 00.644 (fl. 601), abaixo transcrito. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. Fez sustentação oral, pela recorrida, o Procurador da Fazenda Nacional Marco Aurélio Marques. Portanto, houve omissão da Turma de Julgamento que deixou de apreciar e votar o recurso de ofício, razão pela qual, com fulcro no art. 65, § 1°, do RICARF, venho apresentar estes embargos de declaração para que seja sanado a omissão existe no referido Acórdão n° 3302-.0644, devendo o recurso de ofício ser incluído em pauta para julgamento. Com base nos §§ 1o e 3o do art. 65 do Regimento Interno do CARF (Anexo II à Portaria MF no 256, de 22/06/2009) e nos termos da Informação n° 3302-016 (fls. 603), foram ACOLHIDOS os presentes embargos declaratórios, por serem procedentes as alegações suscitadas. É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Lima Abud – Relator. 1. DA ADMISSIBILIDADE DO RECURSO Fl. 1816DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 3302-007.285 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15586.000227/2008-54 Em 03 de novembro de 2010, através de Despacho de Admissibilidade de Embargos proferido pela 2a Turma Ordinária, da 3a Câmara, da 3a Seção de Julgamento do CARF, foi admitido o recurso de EMBARGOS DE DECLARAÇÃO para a manifestação quanto à omissão existente no Acórdão n° 3302-.0644. Portanto, entende-se que o recurso é admissível por atender a forma do artigo 65 do RICARF. 2. DO CABIMENTO O Acórdão n° 3302-000.644, da 2a Turma Ordinária, da 3a Câmara, da 3a Seção de Julgamento do CARF, data de 27 de outubro de 2010. O Conselheiro Walber José da Silva, da 2a Turma Ordinária, da 3a Câmara, da 3a Seção de Julgamento do CARF, ingressou com informações em Embargos em 03 de novembro de 2011, pois o recurso de ofício ainda está pendente de julgamento. Assim, fez-se necessária a abertura do processo de representação n°15582.720531/2018-23 para que seja feita a transferência dos créditos tributários que estão definitivamente constituídos, de forma a se efetivar o prosseguimento da cobrança. 3. DA OMISSÃO Houve omissão da Turma de Julgamento que deixou de apreciar e votar o recurso de ofício, razão pela qual, com fulcro no art. 65, § 1°, do RICARF, foram apresentados estes embargos de declaração para que seja sanada a omissão existente no referido Acórdão n° 3302-.0644. 4. DO DEFERIMENTO A interpretação sobre o art. 150 do CTN é a de que o lançamento por homologação ocorre quando o sujeito passivo antecipa o pagamento do tributo sem prévio exame da autoridade administrativa, sob condição resolutória de ulterior homologação ao lançamento. Não havendo pagamento, não se cumpre o requisito básico disposto no mencionado artigo, verbis: Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, opera-se pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. § 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento. (...) § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. (grifou-se) Dessa forma, conforme se observa na transcrição acima, entende-se que a lei atribuiu requisito ao lançamento por homologação, qual seja, a antecipação do pagamento. Assim, não basta que a legislação determine o pagamento antecipado do tributo para que se caracterize o lançamento por homologação, mas sim, que haja efetivamente o pagamento. Não atendida a condição, não se pode configurar o lançamento por homologação e, neste caso, aplica-se a regra geral de contagem do prazo decadencial prevista no art. 173, Fl. 1817DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 3302-007.285 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15586.000227/2008-54 inciso I do CTN, ou seja, a contagem do prazo tem início no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. A interpretação da RFB foi manifestada pela Cosit nas Soluções de Consulta Interna nº 16, de 5 de junho de 2003; 23, de 24 de agosto de 2004; e 26, de 1º de novembro de 2005. Em suma, havendo pagamento, ainda que parcial, aplica-se a regra do art. 150 do CTN; não havendo pagamento, aplica-se a regra do art. 173 do mesmo Código. Nesse mesmo sentido concluiu a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, por meio do Parecer PGFN/CAT nº 1617/2008, ao analisar a decadência das contribuições previdenciárias. No referido parecer, a PGFN registra entendimentos dos então Conselhos de Contribuintes no sentido de que “se a legislação atribui ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, o tributo amolda-se à sistemática de lançamento denominada homologação, onde a contagem do prazo decadencial dá-se com a ocorrência do fato gerador, na forma disciplinada pelo § 4º do art. 150 do CTN (...)”. Ressalta-se que consta do item 36 desse parecer, a seguir transcrito, que os Conselhos estariam começando a mudar o entendimento: (...) 36. Os Conselhos de Contribuintes, no entanto, começam a mudar o entendimento. Aplicou-se recentemente o art. 173, I, do CTN, em caso de lançamento de ofício, no qual não houve pagamento. Refiro-me ao Recurso RP/ 203-123287. Entendeu o Conselho que deve se verificar se o contribuinte recolheu valores no período fiscalizado. Na existência do recolhimento, deve se aplicar o § 4º do art. 150 do CTN. Na inexistência de recolhimentos, deve ser aplicado o art. 173, I, do mesmo CTN. De igual modo, decidiu-se no Recurso RD/204-130232, bem como no RD/203-115797. (...) Ao final conclui o Parecer PGFN/CAT nº 1617/2008: (...) d) para fins de cômputo do prazo de decadência, não tendo havido qualquer pagamento, aplica-se a regra do art. 173, inc. I do CTN, pouco importando se houve ou não declaração, contando-se o prazo do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; e) para fins de cômputo do prazo de decadência, tendo havido pagamento antecipado, aplica-se a regra do § 4º do art. 150 do CTN; (...) Prescreve o art. 173 do Código Tributário Nacional – CTN, in verbis: Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados: I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II - da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extingue-se definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a Fl. 1818DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 3302-007.285 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15586.000227/2008-54 constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento. (grifei). O artigo 173 do Código Tributário Nacional estabelece que o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário via lançamento extingue-se após 5 (cinco) anos. Estabelecido o quantum do prazo, é curial verificar seu dia de início. Podemos destacar três hipóteses: (i) primeiro, o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, forte no artigo 173, inciso I, do CTN; (ii) segundo, o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado, forte no artigo 173, inciso II, do CTN; (iii) terceiro, o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados da data em a Fazenda deveria ter homologado o lançamento, forte no artigo 150, §4º, do CTN; Assim temos que: Regra geral – prevista no artigo 173, inciso I do CTN que prevê que a contagem do prazo decadencial tem início no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; Regra especial – é retirada do artigo 150, parágrafo quarto e utilizada para os tributos sujeitos ao lançamento por homologação e nos casos em que tenha ocorrido efetivamente a antecipação do pagamento. Determina que o início da contagem do prazo decadencial é a data do fato gerador. Ocorrendo dolo, fraude ou simulação nos casos de lançamento por homologação, aplica-se a regra geral; Regra do lançamento anulado – estabelece que, quando existir lançamento anulado por vício formal, o início da contagem do prazo decadencial dar-se-á na data em que se tornar definitiva a decisão que anulou o lançamento anteriormente efetuado (art. 173, II, CTN). Aclare-se que o crédito tributário torna-se definitivamente constituído quando não for mais suscetível de modificação na esfera administrativa. Iniciar-se-á a partir de então a contagem do prazo prescricional. No presente caso, o Período de Apuração compreende dezembro/2002 à janeiro/2004 (e-folhas 511-512). A ciência do contribuinte ocorreu em 27/02/2008 (e-folhas 510). Sobre o assunto assim se manifesta o Acórdão de Impugnação, às e-folhas 646: Fl. 1819DF CARF MF Fl. 6 do Acórdão n.º 3302-007.285 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 15586.000227/2008-54 No presente caso, vê-se que a empresa autuada apresentou, em relação aos períodos objeto do lançamento, DIPJ, nas quais informou as receitas auferidas e a apuração dos valores devidos a título de COFINS inferiores ao apurado pela Fiscalização. Desta forma, é cabível a aplicação do disposto no artigo 150, § 4o do CTN, considerando que houve efetivamente declaração pelo contribuinte, de valores devidos a título de COFINS para os períodos fiscalizados, cabendo sua homologação, ou não, por parte da Fiscalização, no prazo de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador. Em consequência, tendo em vista que a ciência do lançamento se deu em 27/02/08, constata-se a ocorrência da decadência do direito de a Fazenda constituir o crédito tributário relativo aos períodos de apuração dezembro de 2002 e janeiro de 2003. Não assiste razão à decisão de 1a instância, isso porque não foram apresentados recolhimentos no período. Assim deve ser aplica a regra do artigo 173, I, do Código Tributário Nacional. Sendo assim, acolho os embargos, com efeitos infringentes, para suprir a OMISSÃO, em relação à a ocorrência da decadência do direito de a Fazenda constituir o crédito tributário relativo apenas ao período de apuração dezembro de 2002, cujo lapso decadencial ocorreu em 31/12/2007. É como voto. Jorge Lima Abud - Relator. Fl. 1820DF CARF MF
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Numero do processo: 13888.908287/2012-73
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 16 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jun 10 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3001-000.203
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, em converter o julgamento do recurso em diligência à Unidade de Origem, para tomar conhecimento dos documentos (e argumentos) carreados aos autos após a prolação do v. Acórdão recorrido, nos termos do voto do Relator. Vencido o conselheiro Luis Felipe de Barros Reche que rejeitou o pedido de diligência.
(assinado digitalmente)
Marcos Roberto da Silva - Presidente
(assinado digitalmente)
Francisco Martins Leite Cavalcante - Relator.
- Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Roberto da Silva, Francisco Martins Leite Cavalcante e Luis Felipe de Barros Reche.
Nome do relator: FRANCISCO MARTINS LEITE CAVALCANTE
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, em converter o julgamento do recurso em diligência à Unidade de Origem, para tomar conhecimento dos documentos (e argumentos) carreados aos autos após a prolação do v. Acórdão recorrido, nos termos do voto do Relator. Vencido o conselheiro Luis Felipe de Barros Reche que rejeitou o pedido de diligência. (assinado digitalmente) Marcos Roberto da Silva Presidente (assinado digitalmente) Francisco Martins Leite Cavalcante Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Roberto da Silva, Francisco Martins Leite Cavalcante e Luis Felipe de Barros Reche. RELATÓRIO Por bem resumir os fatos, adoto por transcrição o suscinto relatório do v. Acórdão Recorrido (fls. 102/104), verbis. DESPACHO DECISÓRIO RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 38 88 .9 08 28 7/ 20 12 -7 3 Fl. 940DF CARF MF Processo nº 13888.908287/201273 Resolução nº 3001000.203 S3C0T1 Fl. 3 2 O presente processo trata de Manifestação de Inconformidade contra o Despacho Decisório nº rastreamento 41035446 emitido eletronicamente em 05/12/2012, referente ao PER/DCOMP nº 04097.80413.201211.1.3.046303. A Declaração de Compensação gerada pelo programa PER/DCOMP foi transmitida com o objetivo de compensar o(s) débito(s) discriminado(s) no referido PER/DCOMP com crédito de COFINS, Código de Receita 5856, no valor original na data de transmissão de R$51.729,53, decorrente de recolhimento com Darf efetuado em 25/03/2011. De acordo com o Despacho Decisório, a partir das características do DARF descrito no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Assim, diante da inexistência de crédito, a compensação declarada NÃO FOI HOMOLOGADA. Como enquadramento legal citouse: arts. 165 e 170, da Lei nº 5.172 de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional CTN), art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE Cientificado do Despacho Decisório em 17/12/2012, o interessado apresentou a manifestação de inconformidade em 16/01/2013, ressaltando a tempestividade do contraditório e fazendo um resumo dos fatos. Em preliminar, argui a nulidade do despacho decisório, ante a aplicação de decisão genérica, por cerceamento do direito de defesa e do exercício do contraditório, haja vista a insuficiente motivação para a nãohomologação da compensação declarada. No mérito, destaca os procedimentos administrativos motivadores do PER/DCOMP, tendo ressaltado que a empresa está submetida à incidência não cumulativa do PIS e da Cofins, nos termos das Leis 10.637/02 e 10.833/03, tendo procedido à revisão dos créditos da contribuição ao PIS/Pasep e da Cofins, do período de agosto/2006 a junho/2011, verificando que pagou de forma indevida e a maior. No presente caso, assevera que apurou pagamento indevido e a maior de COFINS, com base no Dacon original, tendo o débito sido reduzido com a retificação do Dacon, daí decorrendo o crédito apurado. Passa então a discorrer sobre a compensação com o débito especificado no PER/DCOMP. Destaca que procedeu de acordo com as disposições legais, art.165, I do CTN e art. 74 da Lei 9.430/96, apurando crédito passível de restituição, o qual pode ser compensado com débitos próprios do contribuinte, não havendo razão justificável para a não homologação da compensação declarada. Fl. 941DF CARF MF Processo nº 13888.908287/201273 Resolução nº 3001000.203 S3C0T1 Fl. 4 3 Ao final, requer, preliminarmente, o reconhecimento da nulidade do despacho decisório e, caso não acolhida a preliminar, que a presente manifestação de inconformidade seja provida, culminando no reconhecimento integral da compensação. A DRF de origem se manifestou pela tempestividade da manifestação de inconformidade, consoante documentos anexados. No mérito, destaca os procedimentos administrativos motivadores do PER/DCOMP, tendo ressaltado que a empresa está submetida à incidência não cumulativa do PIS e da Cofins, nos termos das Leis 10.637/02 e 10.833/03, tendo procedido à revisão dos créditos da contribuição ao PIS/Pasep e da Cofins, do período de agosto/2006 a junho/2011, verificando que pagou de forma indevida e a maior.Regularmente cientificada do teor do v. Acórdão recorrido, a empresa ingressou com Recurso Voluntário instruído com centena de documentos, reiterando suas razões impugnatórias e sustentando mais que: (a) o Fisco laborou realmente em nulidade ao não atentar para as normas adequadas de regência; (b) houve cerceamento ao direito de defesa do contribuinte pela falta de análise das provas apresentadas pela empresa, afrontando e desrespeitando o princípio de que se deve perseguir a verdade material nos processos administrativos; (c) de fato laborou a empresa em erro material, o qual foi materialmente corrigido através de DACON; (d) o simples fato de a DCTF não ter sido retificada pelo contribuinte, e portanto estar divergente do DACON, não poderia ser suficiente para indeferir o pedido da empresa, visto que a mesma (DCTF) por si só, não é garantia de liquidez ou certeza da compensação, consoante já decidido através do Acórdão 3302002.224, da 2ª Turma da 3ª Cârama do CARF. Arrimado na doutrina de Alexandre Gomes e em julgados deste Conselho, argumentou que não pode o julgador simplesmente alegar a inexistência do crédito com simples base na conferência da DCTF, sem analisar os demais documentos pertinentes à operação. A própria 2ª Turma da DRJ/BH deveria ter se manifestado sobre o conteúdo do DACON retificador e solicitado diligência para apurar as divergências entre o DACON e a DCTF, para obter a chamada “verdade material” intrínseca ao processo administrativo. Prossegue sustentando que a apontada divergência se deu em razão de, no mês de julho de 2011, a Recorrente ter realizado uma revisão dos seus créditos da contribuição PIS/PASEP e da COFINS tomados no período de agosto de 2006 a junho de 2011, quando ficou constatado que a empresa "deixou de tomar crédito das referidas contribuições sobre serviços de ferramentaria, usinagem de peças e de manutenção de máquinas; armazenagem de mercadorias; serviços de transporte (frete) e aquisições de materiais e peças para a manutenção de máquinas e equipamentos e outros insumos, o que resultou no seu pagamento da contribuição PIS/Pasep e da COFINS a maior durante todo o período revisado". Transcreve ementa do Acõrdão 3302002.224, da 2ª Turma, da 3ª Câmara, do CARF, no sentido de que "o direito à repetição de indébito não está condicionado à prévia retificação de DCTF ou de DACON, que contenham erro material.; a DCTF (retificadora ou original) e a DACON não fazem prova da liquidez e certeza do cfédito a restituir; e na apuração da liquidez e certeza do crédito pleiteado, devese apreciar as provas trazidas pelo contribuinte e solicityar outras sempre que necessário" Após sustentar que não pode o julgador simplesmente alegar a inexistência do crédito com simples base na conferência da DCTF, sem analisar os demais documentos pertinentes à operação, prosseguiu o recorrente argumentando que a própria 2ª Turma da DRJ/BH deveria ter se manifestado sobre o conteúdo do DACON retificador e solicitado diligência para apurar as divergências entre o DACON e a DCTF, para Fl. 942DF CARF MF Processo nº 13888.908287/201273 Resolução nº 3001000.203 S3C0T1 Fl. 5 4 obter a chamada “verdade material” intrínseca ao processo administrativo; e não simplesmente negar o direito certo da empresa pela só divergência nos dados da DCTF e da DACON.. Finaliza argumentando que o art. 3º das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003 garante aos contribuintes optante pelo regime não cumulativo da contribuição ao PIS/PASEP e COFINS a apropriação dos créditos decorrentes da aquisição de bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. Entende que insumo e custo de produção, na prática, são a mesma coisa., podendose observar que "insumo" e "custo" possuem o mesmo significado, representam a mesma realidade, a dos gastos realizados pela empresa na aquisição de bens e serviços utilizados na produção de outros bens e serviços Na sequêncvia, foi exarado despacho pela DRF/Piracicaba, encaminhando o Processo para o CARF e atestando a tempestividade do Recurso Voluntário (fls. 998). É o relatório. VOTO Francisco Martins Leite Cavalcante Relator A tempestividade do Recurso Voluntário já foi reconhecida pelos órgãos de origem, consoante informação acima referida, pelo que conheço do apelo. Como se verifica do relatório, a divergência reside no fato de que (a) a empresa entende que fez a retificação dos dados primitivos da DCTF através de DACON e, mesmo diante do erro material, comprovou a existência do apontado crédito que pretende lhe seja restituído, conforme documentos exibidos com sua impugnação/manifestação de inconformidade e, principalmente, no seu Recurso Voluntário; e, (b) por sua vez, sustenta o Fisco a tese de que não tendo sido retificada a DCTF por outra DCTF, a retificação de DCTF por DACON não caracteriza a liquidez e A certeza legalmente necessáriaS para a restituição pretendida. Registrese que após a Manifestação de Inconformidade, e até a prolação do Acórdão recorrido, a discussão girou em torno da alegada intempestividade da impugnação, culminando com o reconhecimento da tempestividade da defesa da empresa e o consequente julgamento que resultou no v. Acórdão recorrido. Com o recurso voluntário, porém, vieram aos autos centenas de outros documentos exibidos pela empresa, com o objetivo de comprovar suas alegações formalizadas na impugnação e reiteradas nas razões recursais, referentes (a) à retificação da DCTF, embora que através da DACON; corroborar o seu alegado erro material; (b) demonstrar a legitimidade do perseguido crédito tributário cuja restituição cuidase neste processo; (c) insistir com os argumentos no sentido de que a autoridade recorrida cerceou o seu direito de defesa ao não analisar adequadamente os seus documentos comprobatório de seu direito à restituição; e, (d) reiterar que não pode o julgador simplesmente alegar a inexistência do crédito com simples base na conferência da DCTF, sem analisar os demais documentos pertinentes à operação. Entre outros documentos exibidos com o Recurso Voluntário, o contribuinte trouxe aos autos demonstrativos de apuração de contribuição social; notas fiscais de diferentes Fl. 943DF CARF MF Processo nº 13888.908287/201273 Resolução nº 3001000.203 S3C0T1 Fl. 6 5 empresas; e, cópias do livro diário, documentos estes que, no dizer do recorrente, corroboram a existência do seu crédito, com a liquidez e a certeza capaz de lhe garantir o direito a restituição pretendida nos termos da legislação de regência. Relevante salientar que os chamados documentos novos, trazidos com o Recurso Voluntário, não foram analisados pelos ilustres membros do Colegiado autor do v. Acórdão recorrido, posto que exibidos somente em grau de recurso. A propósito, é relevante ressaltar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais já se pronunciou sobre situação semelhante àquela objeto destes autos, em julgamento proferido em 16 de maio de 2017, quando emitiu o Acórdão nº 9303005.065, cuja parte da ementa pertinente ao assunto, foi assim redigida, verbis. ............................................(omissis)........................................................ PROVAS DOCUMENTAIS NÃO CONHECIDAS. REVERSÃO DA DECISÃO NA INSTÂNCIA SUPERIOR. RETORNO DOS AUTOS PARA APRECIAÇÃO E PROLAÇÃO DE NOVA DECISÃO. Considerado equivocado o acórdão recorrido ao entender pelo não conhecimento de provas documentais somente carreadas aos autos após o prazo para apresentação da impugnação, estes devem retornar à instância inferior para a sua apreciação e prolação de novo Acórdão. Com arrimo no Acórdão CSRF 9303005.065 acima mencionado, diversos processos da empresa Autotrac Comércio e Telecomunicações Ltda. foram baixados em Diligência à Unidade de Origem, por esta 1ª TE/3ª SE, a partir da Resolução nº 3001000.085, de 10 de julho de 2018 (do qual fui o Relator), para que a Unidade de Origem tome conhecimento dos documentos (e argumentos) carreados aos autos após o Acórdão daquele órgão julgador de 1ª instância, nos termos determinados pela E. Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF. Do meu voto que resultou na mencionada Resolução nº 3001000.085, constou, entre outros, os seguintes argumentos principais, verbis. Verificase, porém, que a documentação e os fundamentos que foram trazidos com o apelo a este Colegiado e posteriormente reiterados e complementados nos Embargos Declaratórios subsequentes não passaram pelo crivo e apreciação da 2ª Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de Brasília Distrito Federal, prolatora da primitiva decisão colegiada proferida através do v. Acórdão 0330.127, da 2ª Turma da DRJ/BSB, de 30 de março de 2009 (fls. 342/346). ............................................(omissis)............................................ Registrese, por outro lado, que o Recurso Especial do contribuinte recorrente foi provido, à unanimidade, pela CSRF, determinandose o "retorno dos autos ao colegiado de origem para análise de novos documentos juntados pelo sujeito passivo" (fls. 655); e, no voto vencido, o relator aderiu à decisão da maioria, e, assim, concluiu o seu voto (fls. 659) : "Donde o necessário envio dos autos à Câmara baixa para apreciação das provas carreadas aos autos, ainda que em sede de recurso voluntário.". Fl. 944DF CARF MF Processo nº 13888.908287/201273 Resolução nº 3001000.203 S3C0T1 Fl. 7 6 Diante do exposto, coerente com o voto condutor do v. Acórdão da CSRF acima citado, tendo em conta principalmente a parte final da ementa do mencionado Acórdão, e para que não se alegue futuramente que houve supressão de instância, VOTO pela conversão do julgamento em Diligência para que o órgão julgador de 1ª instância, no caso a DRJ/BSA, tome conhecimento dos documentos (e argumentos) carreados aos autos após o Acórdão por ele proferido, nos termos determinados pela E. Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF, através do Acórdão 9303005.065 3ª Turma.. Acrescentese mais que, na esteira do que vem decidindo a Câmara Superior de Recursos Fiscais, esta 1ª Turma Extraordinária e diversas outras Turmas e Câmaras julgadoras do CARF, têm entendido que os documentos novos exibidos com o recurso voluntário assim entendido aqueles que não foram exibidos e/ou apreciados pela turma julgadora singular devem ser recebidos e considerados em prol da defesa do contribuinte, buscandose, assim, a verdade material. Ressaltese, ademais, que tenho proferido diversos votos nesta Turma no sentido de que os órgãos julgadores, na esfera administrativa sejam as Delegacias da Receita Federal de Julgamento, sejam as diversas Turmas e Sessões deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais devem balizar seus posicionamentos sempre tendo em mira a busca, em primeiro lugar, da verdade material, da verdade real, sem os excessos de formalismos, ou mesmo, sem os rigores exagerados do chamado legalismo. Neste sentido, tenho entendido que os cognominados 'erros materiais escusáveis' são perfeitamente passíveis de serem supridos, através da comprovação de sua existência, mas sempre tendo como objetivo maior a busca da verdade material. Diante do exposto, tendo em vista o já decidido pela E. CSRF, e coerente com meus pronunciamentos anteriores, VOTO no sentido de tomar conhecimento do Recurso do Contribuinte para converter o julgamento em DILIGÊNCIA à Unidade de Origem com vista a adotar as seguintes providências : 01) Analisar os documentos (e argumentos) carreados aos autos por ocasião do Recurso Voluntário do contribuinte; 02) Confirmar se os documentos conferem com as informações constantes no DACON/DCTF; 03) Caso entenda necessário, intimar a empresa para apresentar outros documentos que julgar pertinentes; 04) Elaborar relatório conclusivo e circunstanciado sobre os procedimentos adotados; e, 05) Dar ciência do relatório à recorrente, concedendolhe prazo de 30 dias para, querendo, se manifestar. Para tanto, devem os presentes autos retornarem para a Delegacia da Receita Federal do Brasil em Piraciba São Paulo, para atendimento da diligência. Fl. 945DF CARF MF Processo nº 13888.908287/201273 Resolução nº 3001000.203 S3C0T1 Fl. 8 7 Ao final, os presentes autos deverão ser devolvidos a este CARF, para prosseguimento do feito. (assinado digitalmente) Francisco Martins Leite Cavalcante Relator Fl. 946DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13746.001340/2002-56
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 11 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Jun 28 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Data do fato gerador: 31/12/1989, 31/12/1990
TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. RESTITUIÇÃO. PEDIDO FORMULADO ANTES DE 9 DE JUNHO DE 2005. DECADÊNCIA. PRAZO DE DEZ ANOS. SÚMULA CARF Nº 91.
Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplica-se o prazo de decadência de 10 (dez) anos, contado do fato gerador.
ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE (IRRF)
Data do fato gerador: 31/12/1989, 31/12/1990
COMPENSAÇÃO. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO ANTERIOR. DIREITO CREDITÓRIO. NÃO RECONHECIMENTO. NÃO HOMOLOGAÇÃO.
Não tendo sido reconhecido o direito creditório pleiteado em processo administrativo de restituição formulado anteriormente à apresentação da Declaração de Compensação, impõe-se a não homologação da compensação declarada nesta, que se embasava no crédito indeferido.
Numero da decisão: 1302-003.623
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator.
(documento assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente
(documento assinado digitalmente)
Paulo Henrique Silva Figueiredo - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros Paulo Henrique Silva Figueiredo, Gustavo Guimarães da Fonseca, Ricardo Marozzi Gregório, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Flávio Machado Vilhena Dias, Marcelo José Luz de Macedo (Suplente convocado) e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente).
Nome do relator: PAULO HENRIQUE SILVA FIGUEIREDO
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RESTITUIÇÃO. PEDIDO FORMULADO ANTES DE 9 DE JUNHO DE 2005. DECADÊNCIA. PRAZO DE DEZ ANOS. SÚMULA CARF Nº 91. Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplica-se o prazo de decadência de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE (IRRF) Data do fato gerador: 31/12/1989, 31/12/1990 COMPENSAÇÃO. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO ANTERIOR. DIREITO CREDITÓRIO. NÃO RECONHECIMENTO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. Não tendo sido reconhecido o direito creditório pleiteado em processo administrativo de restituição formulado anteriormente à apresentação da Declaração de Compensação, impõe-se a não homologação da compensação declarada nesta, que se embasava no crédito indeferido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator. (documento assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente (documento assinado digitalmente) Paulo Henrique Silva Figueiredo - Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Paulo Henrique Silva Figueiredo, Gustavo Guimarães da Fonseca, Ricardo Marozzi Gregório, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Flávio Machado Vilhena Dias, Marcelo José Luz de Macedo (Suplente convocado) e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 74 6. 00 13 40 /2 00 2- 56 Fl. 130DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 1302-003.623 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 13746.001340/2002-56 Relatório Trata-se de Recurso Voluntário em relação ao Acórdão nº 12-19.269, proferido pela 7ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro I (fls. 82 a 88), que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pelo sujeito passivo, e cuja ementa é a seguinte: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE - IRRF Ano-calendário: 1990, 1991 RESTITUIÇÃO. PRAZO DE DECADÊNCIA. ILL. O prazo decadencial para o contribuinte pleitear a restituição ou a compensação de tributo pago indevidamente ou em valor maior que o devido, inclusive na hipótese de o pagamento ter sido efetuado com base em lei Posteriormente declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, extingue-se após o transcurso do prazo de 5 anos contados da data de extinção do crédito tributário - arts. 165, I, e 168, I, do Código Tributário Nacional (Ato Declaratório SRF n.° 96/1999). Segundo dispõe o art. 3° da Lei Complementar n° 118, de 09 de fevereiro de 2005, para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei n° 5.172/1966 (Código Tributário Nacional), a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1° do art. 150 da referida Lei." Por meio dos formulários de fls. 2 e 4, a Recorrente apresentou, em 14 de novembro de 2002, Declaração de Compensação (DComp), na qual compensou débitos de sua responsabilidade com suposto crédito referente a Pedido de Restituição apresentado no âmbito do processo administrativo nº 13746.000817/2001-03. A autoridade administrativa, por meio do Despacho Decisório de fl. 32, com base no Parecer de fl. 30, não homologou as compensações realizadas, posto que o créditos pleiteados no referido processo administrativo não haviam sido reconhecidos, conforme Parecer e Despacho Decisório juntado às fls. 22 a 26 destes autos. O sujeito passivo apresentou a Manifestação de Inconformidade de fls. 40 a 50, na qual sustenta, essencialmente, que: (i) a compensação não foi homologada, em razão de o pedido de restituição referente a Imposto sobre Lucro Líquido (ILL) haver sido indeferido, nos autos do processo administrativo nº 13746.000817/2001-03, sob o fundamento de que o direito já se encontrava prescrito; (ii) o desfecho do referido processo administrativo deve refletir nos presentes autos; (iii) o prazo para a repetição de indébito relativo ao ILL, para as sociedades anônimas, conta-se a partir da data da Resolução do Senado Federal nº 82, de 18 de novembro de 1996, e, para as sociedades limitadas, a partir da data da Instrução Normativa SRF nº 63, de 24 de julho de 1997, independentemente da data em que o tributo foi recolhido; Fl. 131DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 1302-003.623 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 13746.001340/2002-56 (iv) não haveria, portanto, ocorrido a prescrição dos créditos relacionados com a compensação sob análise. O Acórdão recorrido, entretanto, pautou-se pelo entendimento de que o direito de se pleitear a restituição pagos indevidamente ou a maior que o devido em relação a tributos e contribuições, ainda que na hipótese de lei posteriormente declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, extingue-se no prazo de cinco anos contados da data da extinção do crédito tributário. Registrou, ainda, que, ainda que assim não fosse, para as demais sociedades, a IN SRF nº 63, de 1997, somente dispensava a cobrança do ILL, nos casos em que o contrato social, na data de encerramento do período-base de apuração, não previsse a disponibilidade, econômica ou jurídica, imediata ao sócio quotista, do lucro líquido apurado. Caberia, portanto, ao sujeito passivo fazer a referida prova. Por fim, não tendo sido reconhecido o direito creditório pleiteado no processo administrativo nº 13746.000817/2001-03, não se homologaria as compensações realizadas nestes autos. Após a ciência da decisão, foi interposto o Recurso Voluntário de fls. 100 a 112, no qual: (i) reitera as alegações já trazidas na Manifestação de Inconformidade, quanto à contagem do prazo para a extinção do direito à restituição/compensação; (ii) invoca, também, a tese de que o prazo somente se extinguiria após dez anos do fato gerador, para os pedidos formalizados até o dia 09 de junho de 2005, pelo que, igualmente, não teria decorrido o prazo extintivo. É o Relatório. Voto Conselheiro Paulo Henrique Silva Figueiredo - Relator I. Da admissibilidade do Recurso O sujeito passivo foi cientificado da decisão de primeira instância, por via postal, em 23 de junho de 2008 (fl. 98), tendo apresentado Recurso Voluntário em 03 de julho do mesmo ano (fl. 100), dentro, portanto, do prazo de 30 (trinta) dias previsto no art. 33 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. O Recurso é assinado pelos representantes legais pela pessoa jurídica. A competência para o julgamento de todo o crédito é da 1ª Seção de Julgamento do CARF, conforme Arts. 3º, inciso II, e 7º, do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RI/CARF), aprovado pela Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2015, combinado com a Portaria CARF nº 146, de 12 de dezembro de 2018. Fl. 132DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 1302-003.623 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 13746.001340/2002-56 Isto posto, o Recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. II. Do mérito A discussão nos presentes autos, como reconhecido pelo próprio Recorrente, encontra-se vinculada àquela travada nos autos do processo administrativo nº 13746.000817/2001-03. É que, ali, discutiu-se a procedência, ou não, do direito creditório invocado pelo sujeito passivo para a realização das compensações de que trata o presente processo. Por meio do Acórdão nº 2802-002.944, de 16 de julho de 2014, foi proferida a decisão definitiva no mencionado processo administrativo, concluindo-se pela improcedência do crédito pleiteado, uma vez que, embora a questão relativa à contagem do prazo prescricional do direito de se pleitear a restituição/compensação de indébitos relativos a tributos sujeitos ao lançamento por homologação tenha sido pacificada no sentido da tese dos dez anos contados do fato gerador, no caso sob análise teria ocorrido a prescrição do citado direito, já que os pagamentos se referem aos fatos geradores ocorridos no períodos encerrados em 31/12/1989 e 31/12/1990, e o pedido de restituição somente foi realizado em 13/11/2001. In verbis: "A decisão de primeira instância considerou que o pedido de restituição foi protocolado após o prazo de cinco anos previsto no inciso I do art. 168 do Código Tributário Nacional CTN c/c art. 3º da Lei Complementar 118/2005. O recorrente sustenta que tal prazo conta-se de outra forma, amparando-se em doutrina e precedentes. Com o tempo essa questões jurídica foi pacificada pelo Superior Tribunal de Justiça – STJ com o julgamento do RE 566621/RS (que substituiu, como paradigma, o RE561908). Vejamos a ementa do julgado. COMPLEMENTAR Nº 118/2005 – DESCABIMENTO –VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS – APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS AJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts. 150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se autoproclamado interpretativa, implicou inovação normativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Lei supostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência de violação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se submete, como qualquer outra, ao controle judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação retroativa de novo e reduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato, pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensões pendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa ao princípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do acesso à Justiça. Fl. 133DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 1302-003.623 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 13746.001340/2002-56 Afastando-se as aplicações inconstitucionais e resguardando-se, no mais, a eficácia da norma, permite-se a aplicação do prazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corte no enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas que tomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos. Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/08, que pretendeu a aplicação do novo prazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral, tampouco impede iniciativa legislativa em contrário. Reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC 118/05, considerandose válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tãosomente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543B, § 3º, do CPC aos recursos sobrestados. Recurso extraordinário desprovido. O STF considerou que a LC 118/2005 ao se referir à aplicação retroativa estava reduzindo o prazo de restituição de 10 para 5 anos, pois o prazo de 10 anos correspondia a jurisprudência consolidada no STJ. Do voto da relatora Ministra Ellen Gracie extrai-se: “Inexistindo direito adquirido a regime jurídico, não há que se advogar, pois, o suposto direito de quem pagou indevidamente um tributo a poder buscar ressarcimento no prazo estabelecido pelo CTN por ocasião do indébito. Isso não quer dizer, contudo, que a redução de prazo possa retroagir para fulminar, de imediato, pretensões que ainda poderiam ser deduzidas no prazo vigente quando da modificação legislativa. Ou seja, não se pode, de modo algum, entender que o legislador pudesse determinar que pretensões já ajuizadas ou por ajuizar estejam submetidas, de imediato, ao prazo, sem qualquer regra de transição.” (...) “o julgamento de preliminar de prescrição relativamente a ações já ajuizadas, tendo como referência novo prazo reduzido por lei posterior, sem qualquer regra de transição, atentaria, indiscutivelmente, contra, ao menos, dois destes conteúdos, quais sejam: a confiança no tráfego jurídico e o acesso à Justiça. Estando um direito sujeito a exercício em determinado prazo, seja mediante requerimento administrativo ou, se necessário, ajuizamento de ação judicial, temse de reconhecer eficácia à iniciativa tempestiva tomada pelo seu titular nesse sentido, pois tal resta resguardado pela proteção à confiança. (...) Reconheço, pois, a inconstitucionalidade da aplicação retroativa da redução de prazo que alcance prazos já interrompidos, bem como da aplicação, imediatamente após a publicação da lei, às novas ações ajuizadas, sem assegurar aos contribuintes nenhum prazo para que, deduzindo suas pretensões em Juízo, pudessem evitar o perecimento do seu direito, ...” Buscou-se, então, definir o momento a partir do qual se aplicaria o prazo de cinco anos a contar da extinção do crédito tributário pelo pagamento. Foram apreciadas duas linhas de pensamento: a do acórdão do TRF da 4ª Região que aplicava a LC 118/2005 às ações ajuizadas após o período de vacacio legis da referida Fl. 134DF CARF MF Fl. 6 do Acórdão n.º 1302-003.623 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 13746.001340/2002-56 lei; e o entendimento da Primeira Seção do STJ, baseado na regra de transição do art. 2.028 do Código Civil, de modo que os indébitos anteriores à vigência da LC 118/2005 submetiam-se ao prazo de 10 anos, limitado ao prazo máximo de cinco anos, a contar da vigência da nova lei. O STF sufragou o entendimento que aplica o prazo da LC 118/2005 às ações ajuizadas após a vacacio legis (120 dias), essencialmente por entender que o período de vacacio legis foi suficiente para que os contribuintes ajuizassem ações de repetição de indébito, destacando a existência de “significativa avalanche de ações ajuizadas perante a primeira instância em tal prazo, até 8 de junho de 2005” e que proteger o contribuinte que não ajuizou ação dentro desse prazo é proteger o contribuinte de sua própria inércia. Posteriormente, a Primeira Seção do STJ, ao apreciar o REsp submetido ao regime do art. 543C do CPC, inclinandose ao decidido pela Corte Suprema, reconheceu ter sido superado o entendimento que vinha adotando até então, passando a reconhecer que, para as ações ajuizadas a partir de 9/6/2005, aplicase o art. 3º da LC n. 118/2005, contandose o prazo prescricional dos tributos sujeitos a lançamento por homologação em cinco anos a partir do pagamento antecipado de que trata o art. 150, § 1º, do CTN (REsp 1.269.570MG, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 23/5/2012) Por força do art. 62A do Regimento Interno do CARF, o entendimento do STF em recurso julgado no rito do art. 543B do Código de Processo Civil é de observância obrigatório pelos membros do CARF. As lições e precedentes apontados pelo recorrente foram superados pela jurisprudência. A recorrente é uma sociedade limitada cujos atos constitutivos juntados aos autos prevêem imediata disponibilidade econômico ou jurídica do lucro líquido aos seus sócios. Cláusula Doze — BALANÇOS E RESULTADOS: Ao final de Cada exercício social, serão levantados um balanço geral e uma demonstração de resultados do exercício; o resultado líquido apurado será suportado ou utilizado pelos sócios na proporção de suas participações societárias, da maneira que lhes convier, mas de forma que não comprometa a continuidade dos objetivos sociais. (fls. 46 do processo 13746.000177/200395 apenso) O pedido em questão foi formulado em 13/11/2001, portanto antes de estar em vigor a Lei Complementar 118/2005 (09/06/2005), de forma que a aplicação do entendimento adotado pelo Supremo Tribunal Federal implica em contar o prazo para o pedido de restituição segundo a denominada “tese dos cinco mais cinco”. Ausente a homologação expressa do lançamento, o prazo é de cinco anos a contar do fato gerador, acrescido de mais cinco anos. Os pagamentos ocorridos em 30/04/1990 e 30/04/1991 referem-se a tributo sujeito ao lançamento por homologação e a fatos geradores ocorridos em 31/12/1989 e 31/12/1990 (art. 35 a 37 da lei 7.713/1988), dessa forma os correspondentes pedidos de restituição deveriam ter sido feitos até 31/12/1999 e 31/12/2000, respectivamente, o que leva à conclusão que o pedido protocolado pelo recorrente em 13/11/2001 não deve ser admitido, efeito que, por conseqüência lógica, se estende às declarações de compensação. Diante do exposto, voto por NEGAR PROVIMENTO aos recursos voluntários interpostos, neste processo e no processo 13746.000177/200395 (apensado)." De fato, a contagem do prazo na forma adotada pela decisão recorrida está pacificada no âmbito do CARF, por meio da Súmula CARF nº 91, que aplicou o entendimento adotado pelo STF à esfera administrativa: Fl. 135DF CARF MF Fl. 7 do Acórdão n.º 1302-003.623 - 1ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 13746.001340/2002-56 "Súmula CARF nº 91 Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplica-se o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. (Vinculante, conforme Portaria MF nº 277, de 07/06/2018, DOU de 08/06/2018)" Uma vez, porém, que, apesar de tal entendimento, a compensação realizada por meio das DComp de fls. 2 e 4 foi efetuada com o suposto crédito apurado no processo administrativo nº 13746.000817/2001-03, e não tendo sido, como visto, reconhecido qualquer direito creditório naquele processo, não há outra solução possível que não manter a não- homologação das referidas compensações. Isto posto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário interposto pelo sujeito passivo. (assinado digitalmente) Paulo Henrique Silva Figueiredo Fl. 136DF CARF MF
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Numero do processo: 14751.002246/2009-84
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 09 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jun 24 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2007
IRPF. VERBA DE GABINETE. NATUREZA JURÍDICA.
A incidência ou não do imposto de renda sobre a verba gabinete requer perquirir a sua natureza jurídica: a) se indenizatória, que, via de regra, não retrata hipótese de incidência da exação; ou b) se remuneratória, ensejando a tributação.
Os requisitos necessários para caracterização da natureza indenizatória da verba de gabinete são (i) a previsão de destinação na norma que a instituiu e (ii) prestação de contas de sua utilização.
NORMAS INTERPRETATIVAS. RETROATIVIDADE.
As normas ditas "interpretativas" podem retroagir, observados alguns critérios, dentre eles o de não introduzirem inovação no ordenamento jurídico.
Numero da decisão: 2402-007.272
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Denny Medeiros da Silveira - Presidente
(assinado digitalmente)
Renata Toratti Cassini - Relatora
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Luis Henrique Dias Lima, Mauricio Nogueira Righetti, Paulo Sergio da Silva, João Victor Ribeiro Aldinucci, Thiago Duca Amoni (Suplente Convocado), Gregório Rechmann Junior e Renata Toratti Cassini.
Nome do relator: RENATA TORATTI CASSINI
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VERBA DE GABINETE. NATUREZA JURÍDICA. A incidência ou não do imposto de renda sobre a verba gabinete requer perquirir a sua natureza jurídica: a) se indenizatória, que, via de regra, não retrata hipótese de incidência da exação; ou b) se remuneratória, ensejando a tributação. Os requisitos necessários para caracterização da natureza indenizatória da verba de gabinete são (i) a previsão de destinação na norma que a instituiu e (ii) prestação de contas de sua utilização. NORMAS INTERPRETATIVAS. RETROATIVIDADE. As normas ditas "interpretativas" podem retroagir, observados alguns critérios, dentre eles o de não introduzirem inovação no ordenamento jurídico. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira Presidente (assinado digitalmente) Renata Toratti Cassini Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 75 1. 00 22 46 /2 00 9- 84 Fl. 523DF CARF MF Processo nº 14751.002246/200984 Acórdão n.º 2402007.272 S2C4T2 Fl. 524 2 Participaram do presente julgamento os conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Luis Henrique Dias Lima, Mauricio Nogueira Righetti, Paulo Sergio da Silva, João Victor Ribeiro Aldinucci, Thiago Duca Amoni (Suplente Convocado), Gregório Rechmann Junior e Renata Toratti Cassini. Relatório Por bem descrever os fatos, adoto o relatório constante da decisão recorrida, que reproduzo abaixo: Do Auto De Infração Em desfavor do Contribuinte, acima identificado, foi lavrado o Auto de Infração, às fls. 02/06, relativo ao imposto de renda pessoa fisica (IRPF) do exercício 2008, que lhe exige imposto no valor de R$ 116.798,09, ao qual são acrescidos juros de mora no valor de R$ 18.419,05 e multa de oficio no valor de R$ 87.598,56. Antes do inicio do Procedimento Fiscal, houve a Operação denominada "Taturana", iniciada após o oficio n°. 4400 COAF MF Conselho de Controle de Atividades Financeiras do Ministério da Fazenda, o qual noticiava ao Ministério Publico Federal o entrelaçamento financeiro e movimentações atípicas, envolvendo membros do Poder Legislativo do Estado de Alagoas, funcionários, além de terceiros sem nenhuma vinculação com a Assembléia Legislativa. Tal Operação desencadeou várias ações fiscais. A ação fiscal em questão iniciouse com a expedição, em 07/04/2009, do Termo de Inicio de Procedimento Fiscal, às fl. 09/12, pelo qual foi solicitado ao contribuinte que apresentasse, em relação ao anocalendário 2007, a documentação relacionada no Termo de Inicio de Fiscalização, de fl. 09/14. Constatouse, na ação fiscal, ilícito tributário, ou seja, omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica, sem vinculo empregaticio. Como um dos objetos da intimação foi os valores recebidos da Assembléia Legislativa do Estado de Alagoas, a titulo de verba de gabinete, apontouse a totalidade dos valores recebidos pelo contribuinte e ordens bancárias, que foram relacionadas, requisitandose os documentos relativos a prestação de contas prevista nas normas administrativas que regem a verba de gabinete e esclarecimentos sobre os valores recebidos acima do limite para a verba de gabinete, conforme limite previsto nas normas administrativas emanadas pela Assembléia legislativa do Estado de Alagoas. Fl. 524DF CARF MF Processo nº 14751.002246/200984 Acórdão n.º 2402007.272 S2C4T2 Fl. 525 3 Intimado e reintimado, o Contribuinte apresentou certidões, cópias de normas administrativas de lavra da Assembléia Legislativa do Estado de Alagoas e argumentação no sentido de que: os documentos relativos às prestações de contas foram entregues a Assembléia Legislativa do Estado de Alagoas; e não havia recebido valores de verba de gabinete acima do limite previsto em face de norma interpretativa da Assembléia Legislativa do Estado de Alagoas, Resolução 482/2008 e demais normas relativas administrativas regentes da matéria. Na mesma linha, também foi encaminhada Intimação à Assembléia Legislativa do Estado de Alagoas, solicitando: apresentação dos documentos originais das prestações de contas dos valores entregues ao contribuinte a titulo de verba de gabinete ou suas cópias, no caso de os originais terem sido objeto de apreensão; e eventual Termo de Apreensão. Em atendimento à intimação, a Assembléia Legislativa do Estado de Alagoas encaminhou o Oficio , no qual aduziu as informações que entendeu pertinentes, afirmando que: houve prestação de contas por parte do contribuinte; os documentos das prestações de contas dos deputados teriam sido objeto de busca e a apreensão pela Policia Federal; e não foi encontrado o Termo de Busca e Apreensão, além de não possuir cópias dos documentos apreendidos. Após solicitação por parte da RFB, a Policia Federal encaminhou os documentos apreendidos na Assembléia Legislativa do Estado de Alagoas, sendo dada ciência ao Contribuinte que não havia nenhum documento relacionada à prestação de contas da utilização de verbas recebidas, a titulo de verbas de gabinete. Afirma, ainda, o Auditor, reiterando esclarecimentos já expostos, que as infrações deste Auto de Infração tem a mesma capitulação e são ambas omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica, sem vinculo empregaticio, porém são situações distintas. Um dos fatos geradores é o recebimento de valores, sob o titulo de verba de gabinete, todavia não houve prestação de contas, sendo esta condição necessária para caracterizar a verba indenizatória. Outro fato gerador é o recebimento de valores acima do limite previsto para verba indenizatória. Essas, ainda que houvessem sido objeto de prestação de contas, também seriam tributáveis, uma vez que pagas em valores superiores ao limite previsto nas normas de regência. Em suma, segundo a Autoridade Fiscal, os valores lançados no presente AI, como bases de calculo, referemse a valores recebidos a titulo de verba de gabinete que não se caracterizam como verba indenizatória, uma vez que se subsumem a hipótese do art. 43, inciso X, do Decreto n° 3.000/99 (RIR199), que considera tributáveis os rendimentos do trabalho assalariado e assemelhados. Da Impugnação Fl. 525DF CARF MF Processo nº 14751.002246/200984 Acórdão n.º 2402007.272 S2C4T2 Fl. 526 4 Cientificado, via postal, em 17/10/2008, o Contribuinte apresentou sua impugnação, em 17/11/2008, onde alega ser absolutamente improcedente a autuação fiscal lavrada, ao se considerar como tributável a verba indenizatória das despesas de gabinete parlamentar, de responsabilidade do Requerente. Com mais especificidade, argumenta: I — há de se reafirmar que a verba de gabinete recebida por este parlamentar no exercício de referência foi pura decorrência de suas aches parlamentares, sempre efetuadas às despesas em plena obediência aos textos legais que regem a questão na órbita do Parlamento Estadual Alagoano, não podendo ser confundida, em hipótese alguma, com rendimentos não declarados; II — a questão é versada no Regimento Interno da Assembléia, sendo a matéria regulada por diversas Resoluções, tendo a Resolução de nº 482/2008, dispositivo interpretativo, pacificado o entendimento sobre os limites indenizatórios. Aduz que as Resoluções estabelecem os limites indenizatórios de ressarcimento de verba de gabinete; IV — Em resumo, a Assembleia Legislativa, através da Res. 482, de 16.07.2008, interpretando os termos das resoluções anteriores, reafirmou um valor como sendo o limite de pagamento de verbas de gabinete, pelo que nenhuma anormalidade pode recair sobre esses pagamentos efetuados aos Senhores Deputados Estaduais para fazer frente às suas despesas com atuação parlamentar; V — o Impugnante sempre realizou suas prestações de contas, depositandoas mensalmente na Diretoria Financeira da Assembléia Legislativa Alagoana. Quanto às destinações dadas aos referidos recursos, recebidos no período objeto de fiscalização e que se referem aos pagamentos de despesas previstos no art. 1° da Resolução n. 392, de 1995, resta comprovado que todas essas despesas seguiram o discriminado no Regimento Interno da Casa Legislativa e obedeceram a Resolução; VI —apresenta valores ditos como recebidos, a titulo de verba de gabinete, e despendidos, reiterando o aspecto indenizatório dos mesmos. Por fim, colaciona aos autos diversos verbetes da jurisprudência administrativa sobre o tema, tentando justificar suas alegações defensórias, requerendo a improcedência do lançamento, em questão. A DRJ julgou a impugnação improcedente e manteve o lançamento em decisão assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FiSICA IRPF Anocalendário: 2007 Fl. 526DF CARF MF Processo nº 14751.002246/200984 Acórdão n.º 2402007.272 S2C4T2 Fl. 527 5 DECISÕES ADMINISTRATIVAS. EFEITOS. As decisões administrativas não se constituem em normas gerais, razão pela qual seus julgados não se aproveitam em relação a qualquer outra ocorrência, senão àquela objeto da decisão. ONUS DA PROVA. FATO ALEGADO. Se o ônus da prova, por presunção legal, é de quem alegar o fato, cabe ao Contribuinte a prova de que houve a efetiva prestação de contas. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. Seri efetuado lançamento de oficio no caso de omissão de rendimentos tributáveis percebidos pelo contribuinte e omitidos na declaração de ajuste anual. VERBA DE GABINETE. INCIDÊNCIA TRIBUTARIA. REQUISITOS. Havendo norma prevendo seu pagamento, previsão de destinação na norma que a institui e prestação de contas, os rendimentos percebidos a titulo de verba de gabinete são verbas de caráter indenizatôrio. Ausente algum destes requisitos, impõese a incidência tributária. IMPOSTO SOBRE A RENDA. INCIDÊNCIA. A incidência do Imposto sobre a Renda independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Intimado aos 19/03/12 dessa decisão (fls. 330), o recorrente interpôs recurso voluntário aos 18/04/12 (fls. 334 ss.), no qual reproduz os mesmos os argumentos já trazidos em suas manifestações anteriores e anexou aos autos cópias dos documentos que alega terem sido apresentados à Assembleia Legislativa de Alagoas como prestação de contas dos valores recebidos a título de verba de gabinete. Não houve contrarrazões. É o relatório. Fl. 527DF CARF MF Processo nº 14751.002246/200984 Acórdão n.º 2402007.272 S2C4T2 Fl. 528 6 Voto Conselheira Renata Toratti Cassini Relatora O recurso voluntário é tempestivo e estão presentes os demais requisitos de admissibilidade, pelo que dele conheço. Conforme relatado, por meio do auto de infração foram apuradas infrações consistentes em omissão de rendimentos recebidas de pessoa jurídica sem vínculo empregatício decorrentes de fatos geradores distintos, quais sejam: a) o recebimento de valores pelo recorrente a título de verba de gabinete sem a necessária prestação de contas, condição necessária para a caracterização da natureza dessa verba como indenizatória; e b) recebimento de valores a título de verba de gabinete acima do limite previsto, de modo que, ainda que houvessem sido objeto de prestação de contas, mesmo assim, seriam tributáveis em razão de terem sido pagos em valores superiores ao limite previsto nas normas de regência. Da natureza indenizatória da verba recebida da prestação de contas Em seu recurso voluntário, o recorrente alega, em síntese, que "não tem o que se discutir" quanto à natureza indenizatória da verba de gabinete. Para amparar seu argumento nesse sentido, cita trecho do Parecer PGFN nº 1.084, de 05/06/07 no qual consta que: "Dos julgados trazidos à baila, depreendese a tendência, sobretudo do Superior Tribunal de Justiça, em consolidar o entendimento de que verbas com destinação similar à "verba indenizatória do exercício parlamentar" como a "verba de gabinete", por exemplo, são verbas de caráter indenizatório e que, não implicando acréscimo patrimonial, estão fora da incidência do imposto de renda". Cita, também, julgados do então Conselho de Contribuintes e precedente do STJ (AgRg no REsp 1041436/ES) no mesmo sentido. No mais, afirma que prestou contas mês a mês em relação à verba de gabinete recebida, que os documentos foram analisados e a natureza das despesas e os ressarcimentos postulados foram aprovados. Afirma que sempre realizou suas prestações de contas, depositandoas mensalmente na Diretoria Financeira da Assembleia Legislativa de Alagoas, "as quais, por conseguinte, eram levadas ao conhecimento público oficial porque, mês a mês, eram lançadas no SIAFEM, conforme pode se extrair da Certidão emitida pelo Diretor Financeiro da Assembleia Legislativa...". Alega, ainda, ser "absolutamente despropositada e inaceitável a conclusão do Ilustre AuditorFiscal, para sustentar seu voto, na condição de Relator do processo de impugnação da DRJ/Recife, ao por em dúvida a Certidão emitida pela Diretoria Financeira da Assembléia Legislativa, em que se atesta que o Recorrente entregou suas prestações de contas, afirmando em seu relatório, que "a referida certidão foi emitida em data posterior àquela da apreensão dos documentos pela Polícia Federal. Portanto, tornase inconsistente uma certidão, posterior à apreensão dos documentos, atestar a prestação de contas, com base nos arquivos da Diretoria Financeira, tendo em vista informação de que a documentação Fl. 528DF CARF MF Processo nº 14751.002246/200984 Acórdão n.º 2402007.272 S2C4T2 Fl. 529 7 encontrarseia de posse do Departamento de Polícia Federal, não constando sequer cópias para exame por pare da Secretaria da Receita Federal do Brasil.". Diz que a certidão em questão foi emitida justamente para auxiliar em sua defesa quando de sua autuação, que, a propósito, foi decorrência da ação policial por meio da qual se deu a apreensão daqueles documentos. Assim, conclui que a certidão somente poderia ter sido expedida após a apreensão. Por fim, procedeu à juntada aos autos dos documentos de fls. 359 e seguintes, que se trataria das cópias dos documentos apresentados à Assembleia Legislativa de Alagoas como prestação de contas dos valores recebidos a título de verba de gabineta no ano de 2007. Pois bem. Inicialmente, cumpre anotar que, como bem observado pelo r. auditor no Termo de Verfificação Fiscal, embora o menciondo Parecer PGFN n° 1084/2007 tenha, de fato, concluído que há uma tendência nos julgados do STJ no sentido de que verbas com destinação similar à "verba de gabinete" são verbas de caráter indenizatório e, não implicando acréscimo patrimonial, estão fora da incidência do imposto de renda, mencionado parecer também tratou dos requisitos necessários para caracterização da natureza indenizatória da verba de gabinete, quais sejam (i) a previsão de destinação na norma que institui a verba E (ii) a prestação de contas. Julgados do Conselho de Contribuintes citados pelo recorrente em seu recurso são, igualmente, nesse mesmo sentido, uma vez que concluem que valores recebidos sob a rubrica "verba de gabinete", sobre os quais devem ser prestadas contas, não se enquadram no conceito de renda. E nesse sentido, também, é o precedente do Superior Tribunal de Justiça apontado pelo recorrente (AgRg no REsp 1041436/ES). Com efeito, da análise da íntegra do julgado, fica claro que a não incidência do imposto de renda sobre a verba em questão depende da análise de sua natureza, se indenizatória ou não. O próprio precedente, aliás, faz referência, como suporte ao ali decidido, a outros julgados no mesmo sentido daquele próprio Tribunal Superior, dentre os quais citamos o julgado abaixo, qual seja REsp 842931/MG, rel. Min. LUIZ FUX, 1ª Turma, j. 24/10/06, DJ 20/11/06, p. 287): TRIBUTÁRIO. PARLAMENTARES. IMPOSTO DE RENDA. VIOLAÇÃO DO ART. 535, II, DO CPC. INOCORRÊNCIA. VERBAS PERCEBIDAS A TÍTULO DE AJUDA DE CUSTO. NÃO INCIDÊNCIA DO IRRF. VERBAS INDENIZATÓRIAS DESTINADA A RESSARCIR DESPESAS DO GABINETE. 1. As verbas de gabinete recebidas pelos parlamentares, embora pagas de modo constante, não se incorporam aos seus subsídios. (Precedentes do STJ e do STF: Resp 689052/AL, 1ª Turma, Rel. Min. José Delgado, DJ 06/06/2005; RE 204.143/RN, Rel. Min. Octávio Galloti, DJ 12/12/1997) 2. É que a incidência do imposto de renda sobre a verba intitulada "ajuda de custo" requer perquirir a natureza jurídica desta: a) se indenizatória, que, via de regra, não retrata hipótese de incidência da exação; ou b) se remuneratória, ensejando a tributação. Fl. 529DF CARF MF Processo nº 14751.002246/200984 Acórdão n.º 2402007.272 S2C4T2 Fl. 530 8 3. In casu, a instância a quo, com ampla cognição fático probatória, assentou tratarse a verba de ajuda de custo percebida pelo parlamentar, destinada ao custeio de despesas com o gabinete, necessárias ao desempenho da atividade parlamentar, com nítida natureza indenizatória, sujeita, inclusive, à prestação de contas, o que se revela inconciliável com o quantum percebido a título salarial. (...) Desse modo, não há como negar que essas verbas não se revestem de cunho salarial ou remuneratório. Não correspondem, de fato, a qualquer contraprestação do serviço prestado pelo empregado. Não pode incidir sobre elas, portanto, o imposto de renda. (...)" 5. Inexiste ofensa ao art. 535, do CPC, quando o tribunal de origem pronunciase de forma clara e suficiente sobre a questão posta nos autos. Ademais, o magistrado não está obrigado a rebater, um a um, os argumentos trazidos pela parte, desde que os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar a decisão. 6. Recurso especial desprovido. (Destacamos) Nessa linha, no presente caso, as normas disciplinadoras da verba de gabinete estabelecem a sua utilização em determinadas destinações, a prestação de contas e limite a ser indenizado, de modo que a falta de algum dos requisitos a descaracteriza como verba indenizatória. A disciplina relativa à indenização com despesa de gabinete parlamentar no Estado de Alagoas está prevista na Resolução da Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas de nº 392/95, que dispõe: Art. 1º. Os Gabinetes dos Senhores Deputados serão matidos à conta de indenização das depesas de que trata o § 2º do art. 77, da Resolução nº 369 de 11 de janeiro de 1993, efetuada com material de expediente, passagens, assistência social e outras correlatas. Art. 2º. A indenização de que trata o artigo anterior será paga mensalmente e não pode exceder de R$ 10.000,00 (dez mil reais) cada pagamento. Art. 3º. Os Senhores Deputados, ao requerer ao 1º Secretário o pagamento da indenização, farão juntar ao pedido a prestação de contas do mês vencido. Parágrafo Único Os eventuais saldos existentes ao fim de cada Sessão legislativa deverao ser recolhidos ao Departamento Financeiro deste Poder até o dia 15 (quinze) do mês subsequente ao encerramento. (...). Fl. 530DF CARF MF Processo nº 14751.002246/200984 Acórdão n.º 2402007.272 S2C4T2 Fl. 531 9 O art. 77, § 2º da da Resolução nº 369 de 11 de janeiro de 1993, por sua vez, dispõe o seguinte: Art. 77. O subsídio, dividido em parte fixa e variável, e ajuda de custo, serão estabelecidos no fim de cada legislatura para a subsequente. (...) §2º Considerase ajuda de custo a compensação de despensas com transporte e indenização com despesa de gabinete parlamentar a outras imprescindìveis para o comparecimento à Sessão Legislativa Ordinária ou à Sessão decorrente de convocação extraordinária. O recorrente afirma que prestou contas em relação à verba de gabinete recebida, depositando mensalmente suas prestações de contas junto à Diretoria Financeira da Assembleia Legislativa de Alagoas, conforme determina a legislação, o que se poderia verificar da Certidão emitida pelo Diretor Financeiro daquele órgão público, reproduzida em seu recurso, a fls. 341. Acrescenta, ainda, que "para espancar qualquer dúvida que ainda se (sic) remanesça sobre a comprovação dos gastos de ação parlamentar do Recorrente", anexa aos autos "cópias dos documentos tempestivamente apresentados a (sic) Assembléia Legislativa, afastando de uma vez por todas as insinuações levadas a termo pela fiscalização no caso presente [de que] não teria havido a necessária prestação de contas" (fls. 359/519). Ocorre que a documentação anexada aos autos com o recurso voluntário demonstra exatamente o contrário do que pretende o recorrente. Com efeito, conforme se constata dos aludidos documentos, se houve prestação de contas, fato é que os respectivos processos, relativos aos meses de fevereiro a novembro de 2007, teriam dado entrada na Diretoria Financeira da Assembléia Legislativa do Estado de Alagoas apenas aos 23/09/2009, ou seja, dois anos ou mais após os pagamentos terem sido realizados, contrariando o art. 3º da Resolução nº 392/05 e a própria afirmação do recorrente, no sentido de que prestava suas contas mês a mês, depositandoas mensalmente junto à Diretoria Financeira da Assembleia Legislaltiva de Alagoas. Ora, como é possível que prestasse suas contas mês a mês, depositandoas mensalmente junto à Diretoria Financeira da Assembléia Legislativa de Alagoas, se os documentos juntados aos autos, que o recorrente afirma se tratar de "cópias dos documentos tempestivamente apresentados a (sic) Assembléia Legislativa", estão todos registrados com a mesma data de entrada naquele órgão público, qual seja 23 de setembro de 2009? Esse fato também põe em cheque a aludida Certidão reproduzida pelo recorrente em seu recurso a fls. 341, emitida pelo Diretor Financeiro da Assembléia Legislativa do Estado de Alagoas, que abaixo também reproduzimos: Fl. 531DF CARF MF Processo nº 14751.002246/200984 Acórdão n.º 2402007.272 S2C4T2 Fl. 532 10 Notese que, conforme destacado em amarelo, acima, a Certidão em questão está datada de 21 de maio de 2009. No entanto, ela certifica fato que, como o recorrente demonstra com a documentação juntadada aos autos com o seu recurso voluntário, somente teria ocorrido após a sua emissão, posto que se, de fato, houve prestação de contas dos valores por ele recebidos a título de verba de gabinete no ano de 2007, os documentos correspondentes a essa prestação de contas somente foram entregues à Assembleia Legislativa de Alagoas no dia 23 de setembro de 2009. Assim, também por essa razão, a Certidão em questão se revela inconsistente, e toda a farta documentação constante dos autos demonstra que não houve prestação de contas no presente caso concreto como determinam as normas de regência da verba de gabinete ora questionada. Do limite de gastos da Verba de Gabinete O recorrente afirma que os valores recebidos a título de verba de gabinete sempre respeitaram os limites estabelecidos nas Resoluções da Assembleia Legislativa de Alagoas que disciplinam matéria. Nessa linha, esclarece que a Assembléia Legislativa, por meio da Resolução nº 482, de 16/07/08, "interpretando os termos das Resoluções nº 392/06 e nº 471/07, reafirmou o valor de R$ 39.100,00 como sendo o limite de pagamento para a verba de gabinete, pelo que nenhuma anormalidade pode recair sobre esses pagamentos efetuados aos Deputados Estaduais para fazer frente às suas despesas com atuação parlamentar". O art. 2º da Resolução 392/05, acima transcrito, previu o valor mensal da verba de gabinete em R$ 10.000,00, que seria o limite de cada pagamento. Posteriormente, como esclarece o Termo de Verificação Fiscal, resoluções que se seguiram atribuíram indexadores a esse valor de R$ 10.000,00, conforme abaixo: Fl. 532DF CARF MF Processo nº 14751.002246/200984 Acórdão n.º 2402007.272 S2C4T2 Fl. 533 11 a) a Resolução 428/2002 atribui um indexador de 52,20% sobre a parcela paga prevista no art. 2º da Resolução 392/95, a vigorar a partir de dezembro/01; b) a Resolução nº 462/06 atribuiu um multiplicador de 2,0 (dois inteiros) sobre a parcela paga prevista no art. 2º da Resolução nº 392/05, a vigorar a partir de dezembro/06; e c) a Resolução 471/07 atribuiu um multiplicador de 2,91 (dois inteiros e noventa e um centésimos) sobre a parcela paga prevista no art. 2º da Resolução nº 392/05, a vigorar a partir de abril/07. De acordo com as normas em questão, os valoreslimite para o pagamento da verba de gabinete estão expressos no quadro abaixo: Finalmete, foi editada a Resolução 482/081, com objetivo de "interpretar" o art. 2º da Resolução 392/05 e o art. 1º da Resolução nº 471/07, determinando que a verba indenizatória criada pela Resolução nº 392/95, fixada em valor máximo de R$ 10.000,00 pelo art. 2°, sobre a qual foi atribuída o multiplicador de 2,91 (dois inteiros e noventa e um centésimos) pela Resolução n° 471/07, compõe e se incorpora à sua própria base de cálculo, tendo como resultado R$ 39.100,00. Ou seja, a pretexto de "interpretar" as resoluções nºs 392/05 e 471/07, o que fez a Resolução nº 482/08, na verdade, foi criar norma nova, alterando o limite máximo para a verba de gabinete dos parlamentares estaduais, ao estabelecer que os valores máximos a serem ressarcidos aos parlamentares do Estado de Alagoas seriam aqueles resultantes da multiplicação de determinado índice (2,91) pelo valor da verba, adicionadose esse resultado ao valor inicial da própria verba ("compõe e se incorpora à sua própria base de cálculo"). Como bem observado pela Fiscalização no Termo de Verificação Fiscal (fls. 102), "é sabido que as normas ditas "interpretativas" podem retroagir, observados alguns critérios, dentre eles o de não introduzirem invação no ordenamento" (Destacamos). 1 Art 1° A verba indenizatória, criada pela Resolução no 392, de 19/06/1995, fixáda em valor máximo de R$ 10.000,00 (dez mil reais) pelo art. 2° daquele diploma normativo, sobre a qual foi atribuida o multiplicador de 2,91 (dois inteiros e noven a e hum) pela resolução n.° 471, de 24/04/07, que compõe e se incorpora a sua base cálculo, têm como resultado o montante inicial mais o seu multiplicador, totalizando em R$ 39.100,00 (trinta e nove mil e cem reais). Parágrafo único Para os fins de encontrar o valor total da verba indenizatória tomase como base a seguinte fórmula: VTVBI = Vo + V1 x Vo, onde: VTVBI valor total da verba indenizatória procurada. Vo verba indenizatória inicial fixada pelo art. 2° da Resolução n° 392/1995. V1 coeficiente multiplicador da verba inderiizatória atribuido pela Resolução n° 471/2007 Art.2° Esta resolução entrará em vigor na data de sua publicação. Fl. 533DF CARF MF Processo nº 14751.002246/200984 Acórdão n.º 2402007.272 S2C4T2 Fl. 534 12 Portanto, a Resolução nº 482, de 16 de julho de 2008, supostamente interpretativa, mas que, na verdade, introduziu no ordenamento jurídico direito novo, não pode ser fundamento para aferição do limite do valor recebido pelos parlamentares do Estado de Alagoas pelo recorrente, inclusive a título de verba de gabinete no ano de 2007. Desse modo, considerando os valoreslimite para o pagamento da verba de gabinete constantes do quadro acima, elaborado nos termos das Resoluções nº 392/95, 428/02, 462/06 e 471/07, e que a Fiscalização apurou o excesso recebido pelo recorrente no período autuado, conforme quadro constante do Termo de Verificação Fiscal a fls. 105, abaixo reproduzido, não tem razão o recorrente em sua irresignação. Conclusão Por todo o exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Renata Toratti Cassini Relatora Fl. 534DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16682.903212/2012-09
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu May 23 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Jul 04 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL (COFINS)
Ano-calendário: 2008
CRÉDITO TRIBUTÁRIO. ÔNUS DA PROVA. PRECLUSÃO
O contribuinte possui o ônus de prova do direito invocado mediante a apresentação de escrituração contábil e fiscal, lastreada em documentação idônea que dê suporte aos seus lançamentos. A juntada dos documentos deve observar a regra prevista no §4º, do artigo 16, do Decreto 70.235/72.
Numero da decisão: 3302-007.222
Decisão:
Acordam os membros do Colegiado, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Gilson Macedo Rosenburg Filho - Presidente Substituto e Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho (presidente substituto), Corintho Oliveira Machado, Jorge Lima Abud, Luis Felipe de Barros Reche (Suplente Convocado), Raphael Madeira Abad, Walker Araujo, José Renato de Deus e Denise Madalena Green.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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ÔNUS DA PROVA. PRECLUSÃO O contribuinte possui o ônus de prova do direito invocado mediante a apresentação de escrituração contábil e fiscal, lastreada em documentação idônea que dê suporte aos seus lançamentos. A juntada dos documentos deve observar a regra prevista no §4º, do artigo 16, do Decreto 70.235/72. Acordam os membros do Colegiado, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho - Presidente Substituto e Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho (presidente substituto), Corintho Oliveira Machado, Jorge Lima Abud, Luis Felipe de Barros Reche (Suplente Convocado), Raphael Madeira Abad, Walker Araujo, José Renato de Deus e Denise Madalena Green. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 68 2. 90 32 12 /2 01 2- 09 Fl. 240DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 3302-007.222 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 16682.903212/2012-09 Relatório O presente processo trata de PER/Dcomp, transmitido eletronicamente com o objetivo de compensar o(s) débito(s) nele discriminado(s) com crédito de COFINS decorrente de recolhimento em Darf. Após processamento eletrônico, foi emitido Despacho Decisório no qual ficou consignado que o DARF descrito no referido PER/Dcomp fora integralmente utilizado para quitação total ou parcial de outros débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados. Diante da inexistência de crédito, a compensação declarada não foi homologada. Devidamente cientificada, a contribuinte interpôs Manifestação de Inconformidade, alegando que a empresa realizou um trabalho de análise das despesas, custos e encargos contabilizados à luz da legislação fiscal vigente, com o objetivo de avaliar a possibilidade de aproveitamento de créditos de PIS e Cofins. Como resultado, teriam sido identificadas as seguintes oportunidades: 1) partes e peças de reposição que, durante o processo de fabricação dos medicamentos e cosméticos, se desgastam ou deterioram e são substituídas. Tais peças não são destinadas ao ativo imobilizado, representando custo na produção de suas mercadorias; 2) produtos aplicados no controle de qualidade, como por exemplo reagentes, vasilhames, gases especiais etc, todos passíveis de enquadramento no conceito de insumo; 3) despesa com pagamentos de frete incorridos quando da aquisição de insumos. Acrescenta que todas as oportunidades mencionadas estão em conformidade com o entendimento da Receita Federal no tocante ao crédito de PIS e Cofins, observando que a empresa levantou os créditos relativos aos últimos cinco anos e passou a compensá-los via PER/Dcomp. Argumenta que por uma falha não retificou na época a DCTF e o Dacon relativos ao período de origem do crédito e, tendo em vista o fato de o crédito ainda não ter prescrito, apresenta juntamente com a Manifestação de Inconformidade a DCTF e o Dacon retificadores do período. Por seu turno, DRJ julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, por entender inexistir nos autos prova da origem do crédito apurado pela recorrente, decidindo novamente pela não homologação da compensação pleiteada, em razão da ausência de comprovação da existência do crédito. Irresignada, a Recorrente interpôs Recurso Voluntário, alegando, em síntese: (i) que o direito creditório é oriundo de dispêndios com insumos, tais como, partes e peças de reposição, produtos utilizados para atendimento da ANVISA e pagamentos de fretes incorridos na aquisição de insumos; (ii) que as retificações realizadas no DACON e na DCTF demonstram ter havido inclusão indevida no valor devido a título de contribuição; e (iii) que existindo dúvida em relação crédito, seja realizada diligência para sanear o processo. Juntou documentos para respaldar suas pretensões. É o relatório. Fl. 241DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 3302-007.222 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 16682.903212/2012-09 Voto Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho - Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplica-se o decidido no Acórdão 3302- 007.212, de 23 de maio de 2019, proferido no julgamento do processo 16682.903205/2012-07, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevem-se, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão 3302-007.212): O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, dele tomo conhecimento. Conforme exposto anteriormente, a Recorrente apresentou o PER/DCOMP nº .20205.64878.180112.1.7.04-2022 para compensar seu débito com crédito de COFINS apurado no ano calendário de 2008, no valor de R$ 50.146,08. O crédito apurada pela Recorrente foi indeferido e sua declaração de compensação foi considerada "não homologado", considerando que o crédito já havia sido utilizado para quitação de outros débitos do contribuinte. Irresignada com a decisão, Recorrente apresentou manifestação de inconformidade, alegando que apurou créditos de PIS/COFINS oriundos dispêndios com insumos, tais como, partes e peças de reposição, produtos utilizados para atendimento da ANVISA e pagamentos de fretes incorridos na aquisição de insumos, sendo todos passíveis de creditamento. Disse, ainda, que por uma falha não retificou na época a DCTF, realizando tão somente a retificação quando da apresentação da manifestação de inconformidade. Anexou em sua manifestação de inconformidade o seguintes documentos: (i) planilha demonstrando os créditos; recibo da DCTF retificada e recibo da DACON retificada. A decisão recorrida, por sua vez, afastou as pretensões da Recorrente, por entender que os documentos trazidos aos autos não se prestam à comprovar seu pretenso direito, cujas razões peço vênia para colacionar: No processo de restituição, de ressarcimento ou de compensação, é o contribuinte quem toma a iniciativa de viabilizar seu direito ao aproveitamento do crédito, mediante a apresentação do PerDcomp. No Processo Civil, o ônus da prova cabe ao autor quanto ao fato constitutivo do seu direito (Código do Processo Civil – CPC, art. 333). No Processo Administrativo Fiscal não há uma regra própria, por isso utiliza-se a existente no CPC. Por essa razão, cabe ao contribuinte provar a existência do crédito pretendido. A existência de crédito líquido e certo é requisito legal para a concessão da compensação (CTN, art. 170). Pelo princípio da Indisponibilidade do Interesse Público e pela vinculação da função pública, é inadmissível que a RFB aceite a extinção do tributo por compensação com crédito que não seja comprovadamente certo nem possa ser quantificado. Esse entendimento aplica-se também à restituição. Fl. 242DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 3302-007.222 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 16682.903212/2012-09 Se o Darf indicado como crédito foi utilizado para pagamento de um tributo declarado pelo próprio contribuinte, a decisão da RFB de indeferir o pedido de restituição ou de não homologar a compensação está correta. Assim, para modificar o fundamento desse ato administrativo, cabe ao recorrente demonstrar erro no valor declarado ou nos cálculos efetuados pela RFB. Se não o fizer, o motivo do indeferimento permanece. Feitas estas considerações, passemos ao exame da manifestação de inconformidade. A apuração do PIS e da Cofins é consolidada no Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (Dacon). O valor apurado no demonstrativo apresentado antes da ciência do Despacho Decisório, diverge do valor confessado na DCTF. Conforme se vê, à época da emissão do Despacho Decisório, já havia divergência entre os valores informados no Dacon e na DCTF e nas retificações efetuadas após a ciência desse despacho surgiu ainda um terceiro valor relativamente ao total do débito apurado. O contribuinte apresenta justificativas para a existência do suposto crédito, entretanto não apresenta nenhuma documentação contábil ou fiscal que lhe dê suporte. Limita-se a apresentar uma planilha com a apuração da suposta diferença desamparada de qualquer formalidade e desacompanhada da escrituração contábil fiscal. A existência de crédito líquido e certo é requisito legal para a concessão da compensação (CTN, art. 170). A divergência entre os valores informados no Dacon e na DCTF afasta a certeza do crédito e é razão suficiente para o indeferimento da compensação. As verificações efetuadas nos sistemas da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) e nos autos desse processo confirmam os fatos relatados e podem ser assim consolidadas: (...) Já em sede recursal, a Recorrente traz argumentos mais robustos sobre o direito ao crédito de dispêndios com insumos, bem como sobre o erro na base de cálculo da contribuição apurada, acompanhado de documentos para embasar suas pretensões, a saber: - fls.122: comprovante de arrecadação do valor de R$ 2.554.309,45, datado de 20.02.2008; - fls. 125-145: notas fiscais de aquisição de partes e peça e produtos químicos supostamente utilizados em seu processo produtivo; - fls. 146: planilha contendo o valor global dos insumos utilizados para apuração do crédito; - fls. 148-164: DACON e DCTF retificadoras; - fls. 166-172: razão contábil; e - 174-234: listagem dos produtos utilizados em seu processo produtivo; Contudo, entendo que os documentos carreados autos pela Recorrente, ainda que se prestem à comprovar parcialmente seu pretenso direito, já que não foram carreados cópias de notas fiscais dos fretes, tratando os documentos de custos relacionados aos outros insumos utilizados em seu processo produtivo, não devem ser considerados para julgamento do presente processo, considerando a preclusão prevista no §4º, do artigo 16, do Decreto nº 70.235/72, que assim preceitua: Art. 16. A impugnação mencionará: I - a autoridade julgadora a quem é dirigida; II - a qualificação do impugnante; Fl. 243DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 3302-007.222 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 16682.903212/2012-09 III - os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) IV - as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) V - se a matéria impugnada foi submetida à apreciação judicial, devendo ser juntada cópia da petição. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) § 1º Considerar-se-á não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) § 2º É defeso ao impugnante, ou a seu representante legal, empregar expressões injuriosas nos escritos apresentados no processo, cabendo ao julgador, de ofício ou a requerimento do ofendido, mandar riscá-las. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) § 3º Quando o impugnante alegar direito municipal, estadual ou estrangeiro, provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o determinar o julgador. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazê-lo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior;(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) b) refira-se a fato ou a direito superveniente;(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) c) destine-se a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) § 6º Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão nos autos para, se for interposto recurso, serem apreciados pela autoridade julgadora de segunda instância. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) Com efeito, os documentos carreados no recurso deveriam ter sido trazidos em sede de manifestação de inconformidade, admitindo, no caso de negativa por parte da DRJ, a juntada complementar de documentos para contrapor as razões da decisão recorrida. No presente caso, a Recorrente não trouxe em sua manifestação documentos plausíveis para comprovar seu direito, limitando-se a apresentar uma planilha com a apuração da suposta diferença desamparada de qualquer formalidade e desacompanhada da escrituração contábil fiscal. Neste cenário, não vejo como acolher as pretensões da Recorrente . Diante do exposto, nego provimento ao recurso voluntário. É como voto. Importante frisar que as situações fática e jurídica presentes no processo paradigma encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a decisão no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Fl. 244DF CARF MF http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11196.htm#art113 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8748.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9532.htm#art16§4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9532.htm#art81ii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9532.htm#art16§4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9532.htm#art81ii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9532.htm#art16§4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9532.htm#art16§4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9532.htm#art81ii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9532.htm#art16§4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9532.htm#art81ii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9532.htm#art16§4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9532.htm#art81ii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9532.htm#art16§4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9532.htm#art81ii Fl. 6 do Acórdão n.º 3302-007.222 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 16682.903212/2012-09 Aplicando-se a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário do contribuinte. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho - Relator Fl. 245DF CARF MF
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