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Numero do processo: 13830.903134/2012-03
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Oct 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 30/09/2009
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. INDÉBITO. PERD/COMP. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. INSUFICIÊNCIA.
As alegações constantes da manifestação de inconformidade devem ser acompanhadas de provas suficientes que as confirmem a liquidez e certeza do crédito pleiteado.
Não tendo sido apresentada qualquer documentação apta a embasar a existência e suficiência crédito alegado pela Recorrente, não é possível o reconhecimento do direito apto a acarretar em qualquer imprecisão do trabalho fiscal na não homologação da compensação requerida.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3402-004.407
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
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INDÉBITO. PERD/COMP. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. INSUFICIÊNCIA. As alegações constantes da manifestação de inconformidade devem ser acompanhadas de provas suficientes que as confirmem a liquidez e certeza do crédito pleiteado. Não tendo sido apresentada qualquer documentação apta a embasar a existência e suficiência crédito alegado pela Recorrente, não é possível o reconhecimento do direito apto a acarretar em qualquer imprecisão do trabalho fiscal na não homologação da compensação requerida. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 0. 90 31 34 /2 01 2- 03 Fl. 56DF CARF MF Processo nº 13830.903134/201203 Acórdão n.º 3402004.407 S3C4T2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face da decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento (“DRJ”) de Belo Horizonte, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela Contribuinte sobre pedido de restituição de créditos de COFINS. O despacho decisório indeferiu o pedido de restituição por inexistência do crédito pleiteado face a vinculação do DARF nele informado com a quitação de débitos do contribuinte. Em sua manifestação de inconformidade, a recorrente alega em síntese que: (...) a empresa tem seus produtos tributados à alíquota zero de PIS e Cofins, conforme determina o art. 1º, inciso XII, da Lei nº 10.925, de 2004. Faz ainda referência à legislação que autoriza o contribuinte a solicitar o ressarcimento ou restituição dos valores que resultarem em crédito acumulado ou recolhimento que se revelou indevido ou a maior. Destaca que revisou suas apurações de PIS e Cofins e constatou que apurou erroneamente os valores ao tributar receitas sujeitas à alíquota zero, tendo efetuado os pedidos de restituição, via PER/DCOMP. Diante disso, foram retificados os Dacon, revelando saldo credor das referidas contribuições. Afirma ainda que, em data posterior ao protocolo dos pedidos, efetuou também as retificações das DCTF, cujo recibo segue anexo. Diante disso, o recorrente não pode ter seu pedido de restituição indeferido sem que se analise o crédito que lhe deu origem, demonstrado no Dacon retificador que se encontra no banco de dados da Receita Federal. Também é necessário que se verifiquem as DCTF retificadoras apresentadas. Defendeu ainda o direito à incidência da taxa Selic sobre o crédito em debate. Ao final, requer: 1. seja recebida e processada a manifestação de inconformidade; 2. seja determinada nova verificação do Dacon retificador e da DCTF retificadora relativa ao período em debate, para o fim de identificar o crédito objeto deste processo; 3. seja reformado o Despacho Decisório, para o fim de reconhecer integralmente o crédito objeto do PER/DCOMP nº 19327.90131.170910.1.2.043613, que tem origem em pagamento indevido ou a maior demonstrado em Dacon e DCTF; 4. que seja determinada a atualização do crédito pela taxa Selic, nos termos fixados no § 4º do art. 39 da Lei nº 9.250, de 1995; Fl. 57DF CARF MF Processo nº 13830.903134/201203 Acórdão n.º 3402004.407 S3C4T2 Fl. 4 3 5. que seja determinado o depósito do valor solicitado e atualizado em conta corrente especificada. Sobreveio então o Acórdão 02060.670, da 2ª Turma da DRJ/BHE, negando provimento à manifestação de inconformidade da Contribuinte, devido a ausência de comprovação do pagamento indevido ou a maior. Irresignada, a Contribuinte interpôs Recurso Voluntário a este Conselho, no qual repisa os argumentos trazidos em sua manifestação de inconformidade. É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402004.394, de 26 de setembro de 2017, proferido no julgamento do processo 13830.903129/201292, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402004.394): "Como se depreende do relato acima, a lide resumese à comprovação da existência e suficiência do crédito objeto da compensação. Pois bem. A Lei n. 5.172/66 (Código Tributário Nacional), em seu art. 165, assegura o direito à restituição de tributos por recolhimento ou pagamento indevido ou a maior que o devido e estabelece os casos que configuram tal recolhimento ou pagamento, como a Recorrente afirma possuir, nos seguintes termos: Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o disposto no § 4º do artigo 162, nos seguintes casos I Cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido; II erro na edificação do sujeito passivo, na determinação da alíquota aplicável, no cálculo do montante do débito ou na elaboração ou conferência de qualquer documento relativo ao pagamento; III reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória Fl. 58DF CARF MF Processo nº 13830.903134/201203 Acórdão n.º 3402004.407 S3C4T2 Fl. 5 4 Por sua vez, o instituto da compensação de créditos tributários está previsto no artigo 170 do Código Tributário Nacional (CTN): Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. (...) Com o advento da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, a compensação passou a ser tratada especificamente em seu artigo 74, tendo a citada Lei disciplinado a compensação de débitos tributários com créditos do sujeito passivo decorrentes de restituição ou ressarcimento de tributos ou contribuições, âmbito da Secretaria da Receita Federal (SRF). Ainda, o §1º do art. 74 da Lei nº 9.430/96 (incluído pelo art. 49 da Lei nº 10.637/02) 1 determina que a compensação será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados (PER/DCOMP), como pretende a Recorrente in casu. Nesse sentido, a Recorrente processou pedido de compensação, afirmando possuir créditos relativos à COFINS, decorrente de pagamentos indevidos (receita da venda de seus produtos, queijos, que é reduzida a zero pela legislação da Contribuição). Entretanto, a partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP, foram localizados um ou mais pagamentos, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte. Assim, concluiu a Fiscalização que não restava crédito disponível para restituição, e, por conseguinte, a compensação não foi homologada. Muito embora a falta de prova sobre a existência e suficiência do crédito tenha sido o motivo tanto da não homologação da compensação por despacho decisório, como da negativa de provimento à manifestação de inconformidade, a Recorrente permanece sem se desincumbir do seu ônus probatório, insistindo que efetuou a retificação do Dacon, o que demonstraria seu direito ao crédito. Ocorre que o Dacon constitui demonstrativo por meio do qual a empresa apura as contribuições devidas. Com efeito, o Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (DACON), instituído pela Instrução Normativa SRF nº 387, de 20 de janeiro de 2004, é uma declaração acessória obrigatória em que as pessoas jurídicas informavam a Receita Federal do Brasil sobre a apuração da Contribuição ao PIS e da 1 A referida legislação recebeu ainda algumas alterações promovidas pelas Leis nºs 10.833/2003 e 11.051/2004. Atualmente, os procedimentos respectivos encontramse regidos pela IN RFB nº 1.300/2012 e alterações posteriores Fl. 59DF CARF MF Processo nº 13830.903134/201203 Acórdão n.º 3402004.407 S3C4T2 Fl. 6 5 COFINS. Em outros termos, sua função é de refletir a situação do recolhimento das contribuições da empresa, sendo os créditos autorizados por lei e com substrato nos documentos contábeis da empresa, basicamente notas fiscais os livros fiscais onde estão registradas as referidas notas, além da própria DCTF. Assim, são esses últimos documentos que possuem aptidão para comprovar o crédito. Ademais, a Instrução Normativa n. 1.015, de 05 de março de 2010, vigente à época dos fatos, estabelece que Art. 10. A alteração das informações prestadas em Dacon, nas hipóteses em que admitida, será efetuada mediante apresentação de demonstrativo retificador, elaborado com observância das mesmas normas estabelecidas para o demonstrativo retificado. § 1º O Dacon retificador terá a mesma natureza do demonstrativo originariamente apresentado, substituindoo integralmente, e servirá para declarar novos débitos, aumentar ou reduzir os valores de débitos já informados ou efetivar alteração nos créditos e retenções na fonte informados. § 2º A retificação não produzirá efeitos quando tiver por objeto: I reduzir débitos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins: a) cujos saldos a pagar já tenham sido enviados à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) para inscrição em Dívida Ativa da União (DAU), nos casos em que importe alteração desses saldos; b) cujos valores apurados em procedimentos de auditoria interna, relativos às informações indevidas ou não comprovadas prestadas no demonstrativo original, já tenham sido enviados à PGFN para inscrição em DAU; ou c) que tenham sido objeto de exame em procedimento de fiscalização; e II alterar débitos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins em relação aos quais a pessoa jurídica tenha sido intimada de início de procedimento fiscal. (...) § 5º A pessoa jurídica que entregar Dacon retificador, alterando valores que tenham sido informados na Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), deverá apresentar, também, DCTF retificadora. Conforme mencionado anteriormente, a Contribuinte não apresentou nenhum documento que comprovasse o crédito alegado. Fl. 60DF CARF MF Processo nº 13830.903134/201203 Acórdão n.º 3402004.407 S3C4T2 Fl. 7 6 Ressalto que com relação à alegação em manifestação de inconformidade que haveria DCTF retificadora, a decisão recorrida bem coloca que os valores constantes desse documento foram aqueles utilizados pela Fiscalização para a análise do PER/DCOMP, bem como que, com o exame do DACON retificador, fica evidenciada a utilização do crédito em questão. Nesse sentido, destaco o seguinte trecho do acórdão da DRJ: Quanto à alegada retificação da DCTF, registrese que o documento retificador constante dos sistemas mantidos pela Receita Federal, entregue em 28/09/2012 (conf. recibo de entrega), revela a existência do débito no valor que foi considerado no Despacho Decisório e indicado no quadro “UTILIZAÇÃO DOS PAGAMENTOS ENCONTRADOS PARA O DARF DISCRIMINADO NO PER/DCOMP. (...) Nestas condições, fica convalidado em todos os seus termos o Despacho Decisório contestado, que evidencia que o crédito postulado pelo contribuinte foi utilizado conforme especificado no demonstrativo de utilização do pagamento, não restando crédito passível de restituição. Ao não apresentar documentos indispensáveis à apreciação do alegado crédito, o interessado prejudicou a análise por parte da Administração, visto que restou impossibilitada a comprovação de certeza e liquidez do crédito solicitado, conforme preceitua o artigo 170 do CTN. Com relação a prova dos fatos e o ônus da prova, dispõem o artigo 36, caput, da Lei nº 9.784/99 e o artigo 373, inciso I, do Código de Processo Civil, abaixo transcritos, que caberia à Recorrente, autora do presente processo administrativo, o ônus de demonstrar o direito que pleiteia: Art. 36 da Lei nº 9.784/99. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei. Art. 373 do Código de Processo Civil. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; Peço vênia para destacar as palavras do Conselheiro relator Antonio Carlos Atulim, plenamente aplicáveis ao caso sub judice: “É certo que a distribuição do ônus da prova no âmbito do processo administrativo deve ser efetuada levandose em conta a iniciativa do processo. Em processos de repetição de indébito ou de ressarcimento, onde a iniciativa do pedido cabe ao contribuinte, é óbvio que o ônus de Fl. 61DF CARF MF Processo nº 13830.903134/201203 Acórdão n.º 3402004.407 S3C4T2 Fl. 8 7 provar o direito de crédito oposto à Administração cabe ao contribuinte. Já nos processos que versam sobre a determinação e exigência de créditos tributários (autos de infração), tratandose de processos de iniciativa do fisco, o ônus da prova dos fatos jurígenos da pretensão fazendária cabe à fiscalização (art. 142 do CTN e art. 9º do PAF). Assim, realmente andou mal a turma de julgamento da DRJ, pois o ônus da prova incumbe a quem alega o fato probando. Se a fiscalização não provar os fatos alegados, a consequência jurídica disso será a improcedência do lançamento em relação ao que não tiver sido provado e não a sua nulidade. A jurisprudência do CARF é pacífica sobre o tema, como se depreende das ementas abaixo colacionadas: Ementa(s) Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/06/2006 a 30/06/2006 CRÉDITO TRIBUTÁRIO. ÔNUS DA PROVA. ERRO EM DECLARAÇÃO. A DCTF retificadora apresentada após o despacho decisório que não homologa a compensação e a DACON não têm o condão de provar suposto erro de fato que aponta para a inexistência do débito declarado. O contribuinte possui o ônus de prova do direito invocado mediante a apresentação de escrituração contábil e fiscal, lastreada em documentação idônea que dê suporte aos seus lançamentos (Acórdão 3803 006.915, Relator Conselheiro Corintho Oliveira Machado) Ementa(s) NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Ano calendário: 2009 PIS/COFINS. DCOMP. CRÉDITOS DECORRENTES DE DCTF NÃO RETIFICADA POR DECURSO DE PRAZO (5 ANOS). PER/DCOMP NÃO HOMOLOGADO. INADMISSIBILIDADE DA COMPENSAÇÃO EM VISTA DA NÃO DEMONSTRAÇÃO DA LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO ADUZIDO. A compensação, hipótese expressa de extinção do crédito tributário (art. 156 do CTN), só poderá ser autorizada se os créditos do contribuinte em relação à Fazenda Pública, vencidos ou vincendos, se revestirem dos atributos de liquidez e certeza, a teor do disposto no caput do artigo 170 do CTN. A interessada somente poderá reduzir débito declarado em DCTF se apresentar prova inequívoca da ocorrência de erro de fato no seu preenchimento. A não comprovação da certeza e da liquidez do crédito alegado impossibilita a extinção de débitos para com a Fazenda Pública mediante compensação. PIS/COFINS. DCOMP. DACON RETIFICADOR Embora o DACON seja uma fonte válida de informações Fl. 62DF CARF MF Processo nº 13830.903134/201203 Acórdão n.º 3402004.407 S3C4T2 Fl. 9 8 para o Fisco, tomado isoladamente, ele não é prova suficiente do erro alegado, sendo incapaz de elidir o valor inicialmente declarado em DCTF (Acórdão 3802003.316, Relator Conselheiro Waldir Navarro Bezerra) Ementa(s) Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Data do fato gerador: 31/01/2005 RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE DCTF RETIFICADORA. A informação dos valores devidos a título de PIS prestada na DACON não enseja o direito creditório, uma vez que o crédito tributário constituise pela DCTF. No caso de divergência entre os valores declarados em DCTF e DACON, prevalece o montante constituído em DCTF. A DCTF é o instrumento hábil e suficiente para constituição do crédito tributário, por consequência lógica, que o indébito tributário pelo pagamento a maior deve ser apurado pelo confronto com os valores constituídos em DCTF e os valores recolhidos. A desconstituição da confissão depende de robusta prova e detalhada demonstração de materialidade diversa da declara. RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO (Acórdão 3101001.259, Conselheiro Relator Luis Roberto Domingo). Dessarte, não tendo sido em momento algum comprovada pela Recorrente a liquidez e certeza do crédito pleiteado, de acordo com toda a disciplina jurídica supra mencionada, não há reparos a serem feitos quanto ao Acórdão recorrido. Quanto a correção monetária do crédito, hodiernamente não restam mais dúvidas sobre a necessidade de correção monetária do indébito, desde a data em que o pagamento foi feito ao Estado. É o que consta tanto da jurisprudência do Supremo, da Súmula nº 46 do extinto Tribunal Federal de Recursos, quanto da Súmula n. 162 do Superior Tribunal de Justiça, vazada nos seguinte dizeres: “na repetição de indébito tributário, a correção monetária incide a partir do pagamento indevido.” Inclusive, merece destaque o Parecer AGU/MF01/96 da AdvocaciaGeral da União, publicado no Diário Oficial de 18.01.96, que claramente sintetizou as soluções adotadas pelos legítimos intérpretes da lei, além de enfatizar o papel da correção monetária nas ações de repetição de indébito. 2 2 Mesmo na inexistência de expressa previsão legal, é devida correção monetária de repetição de quantia indevidamente recolhida ou cobrada a título de tributo. A restituição tardia e sem atualização é restituição incompleta e representa enriquecimento ilícito do Fisco. Correção monetária não constitui um plus a exigir expressa previsão legal. É, apenas, recomposição do crédito corroído pela inflação. O dever de restituir o que se recebeu indevidamente inclui o dever de restituir o valor atualizado. Se a letra fria da lei não cobre tudo o que no seu espírito se contém, a interpretação integrativa se impõe como medida de Justiça. Disposições legais anteriores Fl. 63DF CARF MF Processo nº 13830.903134/201203 Acórdão n.º 3402004.407 S3C4T2 Fl. 10 9 Ademais, fato é que a Lei n° 8.383, de 30 de dezembro de 1991 (artigo 66, § 3º) trouxe a disciplina de forma expressa ao âmbito tributário, especificamente sobre a restituição e compensação de tributos federais. Desde então, diferentes índices foram usados para fins de atualização monetária dos indébitos fiscais, terminando com a taxa de juros Selic aplicada atualmente. Contudo, como destacado alhures, não houve a comprovação de crédito a ser utilizado pela Recorrente, de modo que resta prejudicado seu pedido acerca da correção monetária do mesmo. Dispositivo Por essas razões, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire à Lei n° 8.383191 e princípios superiores do Direito brasileiro autorizam a conclusão no sentido de ser devida a correção na hipótese em exame. A jurisprudência unânime dos Tribunais reconhece, nesse caso, o direito a ̀ atualização do valor reclamado. O Poder Judiciário não cria, mas, tãosomente aplica o direito vigente. Se tem reconhecido esse direito é porque ele existe. Fl. 64DF CARF MF
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Numero do processo: 11075.002100/2007-06
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed May 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Sep 11 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/02/1997 a 30/12/2005
PREVIDENCIÁRIO. DECADÊNCIA
O prazo decadencial para os lançamentos sujeitos a homologação obedece ao art. 150, § 4º, do CTN, quando houver antecipação do pagamento, mesmo que parcial, e ao art. 173, I, do CTN, quando não houver pagamento do tributo. Nos termos da Súmula CARF nº 99, o pagamento antecipado caracteriza-se pelo recolhimento de valor na competência do fato gerador, razão pela qual os fatos geradores devem ser considerados isoladamente.
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
Havendo lançamento apenas da obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96.
Numero da decisão: 9202-005.471
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negar-lhe provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, em dar-lhe provimento parcial, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício.
(assinado digitalmente)
Patrícia da Silva - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício).
Nome do relator: PATRICIA DA SILVA
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DECADÊNCIA O prazo decadencial para os lançamentos sujeitos a homologação obedece ao art. 150, § 4º, do CTN, quando houver antecipação do pagamento, mesmo que parcial, e ao art. 173, I, do CTN, quando não houver pagamento do tributo. Nos termos da Súmula CARF nº 99, o pagamento antecipado caracterizase pelo recolhimento de valor na competência do fato gerador, razão pela qual os fatos geradores devem ser considerados isoladamente. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Havendo lançamento apenas da obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negarlhe provimento. Acordam, ainda, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 07 5. 00 21 00 /2 00 7- 06 Fl. 499DF CARF MF 2 por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, em dar lhe provimento parcial, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Patrícia da Silva Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício). Relatório Em sessão plenária de 20 de outubro de 2010, a 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF julgou Recurso Voluntário, proferindo a decisão consubstanciada no Acórdão n° 230101.688 (efls. 431/439), que decidiu, por unanimidade de votos, dar provimento parcial em relação à decadência de parte do período com base no art. 150, §4º do CTN, cuja ementa é a seguir transcrita: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/02/1997 a 30/12/2005 Ementa: REMUNERAÇÃO DECLARADA EM GFIP Toda empresa está obrigada a recolher a contribuição devida sobre a remuneração paga aos segurados empregados e contribuintes individuais que lhe prestam serviços. DECADÊNCIA – De acordo com a Súmula Vinculante nº 08, do STF, os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991 são inconstitucionais, devendo prevalecer, no que tange à decadência e prescrição, as disposições do Código Tributário Nacional. Nos termos do art. 103A da Constituição Federal, as Súmulas Vinculantes aprovadas pelo Supremo Tribunal Federal, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terão efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. ANTECIPAÇÃO DO TRIBUTO. Fl. 500DF CARF MF Processo nº 11075.002100/200706 Acórdão n.º 9202005.471 CSRFT2 Fl. 500 3 Havendo recolhimento antecipado da contribuição previdenciária devida, aplicase o prazo decadencial previsto no art. 150, § 4º, do CTN. Recurso Voluntário Provido em Parte. O Acórdão foi recepcionado na Procuradoria da Fazenda Nacional em 27/03/2012, RM n° 14904, fl. 391, considerandose intimada 30 (trinta) dias após (§§ 7o ao 9o, do artigo 23, do Decreto n° 70.235/72, com a redação dada pela Lei n° 11.457, de 16/03/2007, D.O.U. de 19/03/2007). Recurso Especial apresentado em 02/04/2012, segundo RM de fl. 392, dentro, portanto, do prazo de 15 (quinze) dias estabelecido no artigo 68 do RICARF. O pedido foi devidamente instruído com cópia do acórdão indicado como paradigma e/ou reprodução integral de sua ementa no corpo do recurso, nos moldes dos §§ 7o a 9o do artigo 67 do RICARF. A Fazenda Nacional se insurge contra o acórdão que declarou a decadência de parte do período pela regra do artigo 150, §4° do CTN para provimento parcial ao recurso (fls. 419verso), entendendo a recorrente que o aresto merece reforma, visto que, segundo seu entendimento, negou vigência ao art. 173, I, do CTN (fls. 385), e que a aplicação dessas normas está umbilicalmente associada à verificação do pagamento parcial antecipado das contribuições e tal exame foi realizado de maneira equivocada na espécie (fls. 398). Segundo a recorrente, o acórdão recorrido diverge do paradigma que apresenta, proferido pela Quinta Câmara do extinto Segundo Conselho de Contribuintes (fls. 399). Cientificado do acórdão em 30/05/2012, consoante Termo de Entrega de Documentos acostado aos autos (efl. 456), o contribuinte interpôs, tempestivamente, em 08/06/2012, o Recurso Especial (efls. 461/464), visando a revisão do julgado pela Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF. Recurso este admitido in totum. Já o contribuinte, quando cientificado da decisão, em seu arrazoado, a alega que o acórdão recorrido teria contrariado entendimento já firmado por este com relação à aplicação da multa mais benéfica. Esclarece que o acórdão recorrido entendeu que as competências 02/1997 a 03/2001 estavam decadentes, subsistindo a exigência com relação à competências 04/2001 a 12/2005. Salienta que, em 2009 com a edição da Lei nº 11.941, foram alterados os critérios de multa aplicável aos débitos previdenciárias, portanto, deve ser revisto o crédito remanescente em cotejo com as novas normas que regulam a imposição de penalidades. Histórico Na origem tratase de crédito previdenciário lançado contra a empresa acima identificada, referente às contribuições devidas à Seguridade Social, correspondentes à contribuição dos segurados, à da empresa, à destinada ao financiamento dos benefícios decorrentes dos riscos ambientais do trabalho e aos terceiros. Conforme Relatório da NFLD (fls. 140/147), constitui fato gerador da contribuição lançada o pagamento de remunerações aos segurados empregados e contribuintes individuais, que prestaram serviços à empresa no período entre 02/1997 a 12/2005. Fl. 501DF CARF MF 4 A autoridade lançadora informa que a cooperativa remunerava os serviços prestados por pessoas físicas e não recolhia a contribuição previdenciária devida, incidente sobre esse pagamento, registrandoos nas contas contábeis Honorários Advocatícios, Comissões, Honorários dos Conselhos de Administração e Fiscal, Serviço de Vigilância, entre outras. Relata, ainda, que foram encontrados documentos de Caixa que demonstram a remuneração dos segurados por intermédio de folha complementar, que discriminava pagamento de horas extras de empregados do setor industrial, e que não foram informadas em GFIP. Esclarece que a empresa recolhia suas contribuições para terceiros no FPAS 531, quando o correto era, a partir de 03/97, no FPAS 795, o que gerou uma diferença de contribuições para Terceiros até 09/2003, data em que passou a recolher suas contribuições no FPAS correto. Consta, também, que a cooperativa se compensou de valores indevidos, decorrente de ação judicial ainda não tramitada em julgado, e que foram apurados débitos no período de 03/2000 a 04/2004, e 12/13/2004, quando somente recolheu parte das contribuições devidas. A notificada impugnou o débito e a Secretaria da Receita Previdenciária, por meio da Decisão Notificação nº 19.427.4/0137/2006, fls. 259 a 272, julgou o lançamento procedente. Inconformada com a decisão, a notificada apresentou recurso tempestivo (fls. 275 a 292), repetindo basicamente os argumentos já apresentados na impugnação. Preliminarmente, alega decadência de parte do débito. No mérito, classifica de ilegal e arbitrária a cobrança de contribuição previdenciária sobre a participação de associados em reuniões ordinárias e extraordinárias do conselho fiscal, argumentando ser inaplicável a previsão contida no art. 22, I, da Lei 8.212/91. Salienta que todos os participantes das reuniões dos conselhos deliberativos são associados da cooperativa, pois, por determinação legal, é obrigatória condição de associado, não sendo, portanto, empregados da cooperativa e muito menos trabalhadores avulsos, de onde conclui que inexiste fundamento legal para a imposição fiscal. Sustenta que os valores pagos representam unicamente reembolso de despesas, despendidas pelos associados para comparecerem nas reuniões, e são excluídos da tributação por força do disposto na letra “m”, do § 9o, do art 28, da Lei 8.212/91, uma vez que os associados residem no meio rural, e sua participação nas reuniões demanda tempo e custos. Reitera que a contribuição ao INCRA é desprovida de validade a partir da vigência da Lei 8.212/91 e que a taxa SELIC é inaplicável ao caso em tela. Requeria, por fim, que fosse revisto o percentual de multas apurado, reduzindo em 50%, eis que não existe mais omissão por parte do contribuinte, uma vez que houve a apresentação das GFIPs, protocolizadas em defesa ao AI 35.831.9366, cujas cópias estão acostadas aos autos. É o relatório. Fl. 502DF CARF MF Processo nº 11075.002100/200706 Acórdão n.º 9202005.471 CSRFT2 Fl. 501 5 Voto Conselheira Patrícia da Silva Relatora Recurso da Fazenda Nacional Na interposição do presente recurso, foram observados os pressupostos gerais de admissibilidade, inclusive o de similitude fática, razão pela qual dele conheço. A questão da decadência, a meu ver foi corretamente aplicada pelo acórdão a quo, verbis: A NFLD foi consolidada em 24/04/2006, e sua cientificação ao sujeito passivos. deu cm 25/04/2006, conforme fl. 01, do processo. Constatase que, por qualquer regra do CTN, os levantamentos FPA, HEX e FPT encontramse totalmente decadente. Para os levantamentos FP, CTB e GLO aplicase a regra do art. 150, § 4o, citado acima, uma vez que houve recolhimento antecipado de parte da contribuição devida, conforme informado no Relatório Fiscal e consignado no RADA (fls. 118/19). Portanto, para esses levantamentos ocorreu a decadência dos valores lançados nas competências compreendidas entre 02/1997 a 03/2001, inclusive. Assim conheço e nego provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional. Já no que tange ao Recurso do Contribuinte: Na interposição do presente recurso, foram observados os pressupostos gerais de admissibilidade, inclusive o de similitude fática, razão pela qual dele conheço. A lide tem como objeto a multa a ser aplicada no descumprimento de obrigações principais e obrigações acessórias previdenciárias, cujos fatos geradores ocorreram antes da entrada em vigor da MP nº 449/2008. Antes de analisar o debate em questão, importante tecer algumas considerações sobre a sistemática da Lei nº 8.212/91 no tocante à penalidade pelo descumprimento das obrigações (principais e acessórias) sob a ótica do princípio da retroatividade benigna. Como se sabe, a MP nº 449/2008 trouxe relevantes alterações na sistemática das multas aplicáveis. Antes de sua entrada em vigor, o descumprimento das obrigações principais era penalizado da seguinte forma: As obrigações declaradas em GFIP, mas pagas em atraso, eram sancionadas com multa variável entre 8% a 20%, de acordo com o art. 35, I, da Lei nº 8.212/91 (redação anterior à MP nº 449/2008); As obrigações que não tinham sequer Fl. 503DF CARF MF 6 sido lançadas em GFIP, cujos lançamentos se deram de ofício pela autoridade fiscal, eram punidas com a multa variável entre 24% a 50%, nos termos do art. 35, II, da mesma Lei. Caso os créditos fossem incluídos em dívida ativa, a multa aplicável era de 60% a 100%, conforme o inciso III. Em que pese ambas as multas serem denominadas de “multa de mora”, os percentuais diferenciavamse pela existência de uma prévia declaração do tributo ou pelo lançamento de ofício. A nova sistemática trazida pela MP nº 449/2008 estabeleceu uma distinção mais visível entre as multas, denominando de multa de mora a multa incidente sobre as obrigações já declaradas em GFIP, mas pagas em atraso, e de multa de ofício as obrigações lançadas de ofício pela autoridade fiscal, objetivando abrandar a multa de mora e aplicar uma penalidade mais severa às obrigações lançadas de ofício. Desta forma, a multa pelo pagamento em atraso das obrigações já declaradas (anteriormente prevista no art. 35, I) passou a ser de 0,33% ao dia, limitada a 20%, nos termos do atual art. 35, caput, da Lei nº 8.212/91, que faz remissão ao art. 61, da Lei nº 9.430/96. Já para as obrigações lançadas de ofício, a multa (antes prevista no art. 35, II) passou a ser fixa, de 75%, nos termos do art. 35A, da mesma Lei, que faz remissão ao art. 44, I, da Lei nº 9.430/96. Quanto às obrigações acessórias, o descumprimento das obrigações era penalizado com as multas previstas no art. 32, §§ 4º, 5º e 6º, da Lei nº 8.212/91. A MP nº 449/2009 revogou os referidos dispositivos, instituindo a multa do art. 32A, da mesma Lei, que é de “R$ 20,00 (vinte reais) para o grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas” e “de 2% ao mês calendário ou fração incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento)”. Como se observa, em determinados pontos a nova sistemática foi mais benéfica ao contribuinte, mas em outros estabeleceu multa mais severa. Assim, para o cálculo das multas incidentes sobre fatos geradores ocorridos antes da entrada em vigor da MP nº 449/2008, mas realizado após 12/2008, devese levar em conta o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106, do CTN. Assim, sob a ótica do referido princípio, as multas de fatos geradores ocorridos antes de 03/12/2008, mas aplicadas posteriormente a essa data, devem ser calculadas comparando a legislação anterior com a atual, isto porque a Lei nº 8.212/91 é clara ao estabelecer penalidades distintas para o descumprimento das obrigações principais declaradas e pagas em atraso (multa de mora do art. 35, caput), para as obrigações principais lançadas de ofício (multa de ofício do art. 35A) e para o descumprimento de obrigações acessórias ( multa do art. 32A). Todavia, a Receita Federal vem adotando posicionamento no sentido da aplicação de uma multa única quando houver descumprimento de obrigações principais e acessórias, por entender ser a sistemática mais favorável ao contribuinte, em virtude da proibição do bis in idem. Desta forma, para o cálculo das multas por descumprimento das obrigações previdenciárias, o Fisco vem adotando a seguinte sistemática, de acordo com o art. 476A, da Instrução Normativa RFB 971/2009, vejamos: Fl. 504DF CARF MF Processo nº 11075.002100/200706 Acórdão n.º 9202005.471 CSRFT2 Fl. 502 7 Art. 476A. No caso de lançamento de oficio relativo a fatos geradores ocorridos: (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1027, de 22 de abril de 2010) I até 30 de novembro de 2008, deverá ser aplicada a penalidade mais benéfica conforme disposto na alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 1966 (CTN), cuja análise será realizada pela comparação entre os seguintes valores:(Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1027, de 22 de abril de 2010) a) somatório das multas aplicadas por descumprimento de obrigação principal, nos moldes do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009, e das aplicadas pelo descumprimento de obrigações acessórias, nos moldes dos §§ 4º, 5º e 6º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009; e (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1027, de 22 de abril de 2010) b) multa aplicada de ofício nos termos do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1027, de 22 de abril de 2010) II a partir de 1º de dezembro de 2008, aplicamse as multas previstas no art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1027, de 22 de abril de 2010) § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º, 5º e 6º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1027, de 22 de abril de 2010) Observase, portanto, que ao instituir uma multa única, deixase de estipular qualquer comparação entre os dispositivos anteriores e atuais da Lei nº 8.212/91, considerando se viável a aplicação da multa de ofício de forma generalizada. Apesar de não ter sido o entendimento inicial desta relatora, após exaustivos debates sobre o tema, a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF) pacificou o entendimento de que na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdão nº 9202004.262 (Sessão de 23 de junho de 2016), cuja ementa transcrevese: Fl. 505DF CARF MF 8 AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35A, penalidade única combinando as duas condutas. Assim, é entendimento pacífico deste Colegiado que na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Diante do exposto, dou provimento parcial ao Recurso Especial Contribuinte, para que seja reformado o acórdão recorrido na parte em que determinou a aplicação da multa prevista no art. 35 com redação original da Lei n° 8.212/91, permitindo que a Fazenda Nacional realize a aferição acerca da opção mais benéfica, nos moldes de acordo com a Portaria 14/2009. (assinado digitalmente) Patrícia da Silva Fl. 506DF CARF MF
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Numero do processo: 10530.903816/2011-13
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Sep 04 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3201-001.013
Decisão: Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente substituto e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Orlando Rutigliani Berri (Suplente convocado), Marcelo Giovani Vieira e Renato Vieira de Ávila (Suplente convocado).
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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(assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente substituto e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Orlando Rutigliani Berri (Suplente convocado), Marcelo Giovani Vieira e Renato Vieira de Ávila (Suplente convocado). Relatório Tratase de Recurso Voluntário apresentado pelo contribuinte supra identificado em face do acórdão da DRJ Belo Horizonte/MG que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade manejada para se requerer a reforma do despacho decisório exarado pela repartição de origem. De acordo com o despacho decisório, o crédito informado no Pedido de Restituição já se encontrava integralmente alocado a outro débito do sujeito passivo, decorrendo daí o indeferimento do presente pleito. Na Manifestação de Inconformidade, o contribuinte protestou por não ter sido intimado para prestar esclarecimentos acerca da higidez do crédito e requereu o reconhecimento do direito à restituição da contribuição recolhida sobre receitas estranhas ao conceito de faturamento, em face da inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/1998, declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento submetido à sistemática da repercussão geral, cujo teor deve ser reproduzido pelos Conselheiros do CARF, por força do disposto no art. 62A do Regimento Interno do CARF. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 05 30 .9 03 81 6/ 20 11 -1 3 Fl. 1062DF CARF MF Processo nº 10530.903816/201113 Resolução nº 3201001.013 S3C2T1 Fl. 3 2 A decisão da DRJ Belo Horizonte/MG, denegatória do direito pleiteado, fundamentouse, a partir do confronto das informações declaradas e prestadas pelo contribuinte, na falta de comprovação da liquidez e certeza do crédito. Cientificado da decisão de primeira instância, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário, alegando o seguinte: a) a DCTF não é único meio de prova da existência do crédito passível de restituição, sendo descabida a exigência de retificação de declarações como condição à restituição do indébito tributário; b) o acórdão recorrido está em desconformidade com o princípio da verdade material, encontrandose a contabilidade lastreada em documentação idônea; c) o valor informado no campo "Receita da Revenda de Mercadorias" da Ficha 06A "Demonstração do Resultado" da DIPJ está considerando o valor da faturamento com vendas de veículos usados, ao passo que o valor informado no campo "Faturamento/Receita Bruta" das Fichas que demonstram o cálculo da contribuição ao PIS e da COFINS considera somente o valor do lucro na venda de veículos usados, conforme determina o art. 5° da Lei nº 9.716/1998, fato esse que se comprova pela planilha de cálculo juntada ao recurso, a qual esclarece a apuração da contribuição, bem como o valor do crédito devido; d) o Supremo Tribunal Federal já declarou a inconstitucionalidade do § 1° do art. 3° da Lei nº 9.718/1998, em sede de repercussão geral, devendose observar o teor do art. 26A do Decreto 70.235/72 e o art. 62A do RICARF; e) a Lei nº 11.941/2009 revogou o § 1° do art. 3° da Lei 9.718/1998. Ao final, pugna o Recorrente pelo provimento do recurso voluntário para que seja reconhecido o seu direito à plena restituição da contribuição calculada sobre receitas estranhas ao conceito de faturamento, diante da inconstitucionalidade do § 1° do art. 3° da Lei 9718/1998. É o relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução nº 3201001.004, de 25/07/2017, proferido no julgamento do processo 10530.903807/201122, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução nº 3201001.004): A questão em apreço se resolveria pela aplicação do decidido pelo Supremo Tribunal Federal em sede de repercussão geral, conforme ementa a seguir transcrita: Fl. 1063DF CARF MF Processo nº 10530.903816/201113 Resolução nº 3201001.013 S3C2T1 Fl. 4 3 "RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ de 1º.9.2006; REs nos 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006) Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98." (RE 585235 QORG, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, julgado em 10/09/2008, REPERCUSSÃO GERAL MÉRITO DJe227 DIVULG 27 112008 PUBLIC 28112008 EMENT VOL0234310 PP02009 RTJ VOL0020802 PP00871 ) Temse, então, que o § 1° do art. 3° da Lei 9.718/98 foi declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. Como sabido, a aplicação do decidido pela Corte Suprema em sede de repercussão geral é de aplicação obrigatória por parte deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, conforme se depreende da redação do art. do RICARF: "Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: (...) II que fundamente crédito tributário objeto de: (...) b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal o u do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei n º 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016)" A jurisprudência deste colegiado administrativo é pacífica em relação ao tema. Vejamos: "OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Período de apuração: 01/02/1999 a 31/03/2000 PIS. COFINS. RESTITUIÇÃO. Inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo do PIS e da COFINS e do aumento deste de 2% para 3%, instituídos pela Lei 9.718/98. Acolhimento do resultado da diligência e reconhecimento da atualização dos valores com fundamento no artigo 39, § 4° da Lei 9.430/96 (Taxa Selic). Aplicação desde a data da protocolização do pedido." (Processo 13839.001097/200580; Acórdão 3401003.778; Relator Conselheiro ANDRÉ HENRIQUE LEMOS, Sessão de 23/05/2017) "Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Fl. 1064DF CARF MF Processo nº 10530.903816/201113 Resolução nº 3201001.013 S3C2T1 Fl. 5 4 Período de apuração: 01/09/2001 a 30/09/2001 COFINS. BASE DE CÁLCULO. ART. 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718/1998. INCONSTITUCIONALIDADE DE DECLARADA PELO STF. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. APLICAÇÃO DO ART. 62 DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. OBRIGATORIEDADE DE REPRODUÇÃO DO ENTENDIMENTO. O §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/1998 foi declarado inconstitucional pelo STF no julgamento do RE nº 346.084/PR e no RE nº 585.235/RG, este último decidido em regime de repercussão geral (CPC, art. 543B). Assim, deve ser aplicado o disposto no art. 62 do Regimento Interno do Carf, o que implica a obrigatoriedade do reconhecimento da inconstitucionalidade do referido dispositivo legal." (Processo 11516.002621/200719; Acórdão 3401003.239; Conselheiro LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJO BRANCO, Sessão de 26/09/2016) Ocorre que, no caso em debate tanto o despacho decisório, quanto a decisão proferida em sede de manifestação de inconformidade informam não estar comprovada a certeza e a liquidez do direito creditório. A decisão, portanto, foi no sentido de que inexiste crédito apto a lastrear o pedido da recorrente. No entanto, entendo como razoável as alegações produzidas pela recorrente aliado aos documentos apresentados nos autos, o que atesta que procurou se desincumbir do seu ônus probatório em atestar a existência dos créditos alegados. A recorrente além das DCTF's apresentou planilha de cálculo, balancete e comprovante de arrecadação referente ao período em apreço e, por fim, juntamente com o seu recurso anexa o LivroRazão. Neste contexto, a teor do que preconiza o art. 373 do diploma processual civil, teve a manifesta intenção de provar o seu direito creditório, sendo que tal procedimento, também está pautado pela boafé. Saliento o fato de assistir razão à recorrente quando alega que a falta de retificação de declaração não tem o condão de tornar devido o que é indevido, sob pena de ofensa aos princípios da legalidade e da verdade material. Neste sentido já decidiu o CARF: "Assunto: Normas de Administração Tributária Anocalendário: 2002 CONEXÃO. IMPOSSIBILIDADE. Os processos referemse a períodos diferentes, o que ocasiona fatos jurídicos tributários diferentes, com a consequente diferenciação no que concerne à produção probatória, impossibilitando a conexão. FALTA DE RETIFICAÇÃO NA DCTF. Ainda que o sujeito passivo não tenha retificado a DCTF, mas demonstre, por meio de prova cabal, a existência de crédito, a referida formalidade não se faz necessária. Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Anocalendário: 2002 INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 3º, §1º, DA LEI Nº 9.718/1998. RECONHECIMENTO. Fl. 1065DF CARF MF Processo nº 10530.903816/201113 Resolução nº 3201001.013 S3C2T1 Fl. 6 5 Quanto à ampliação da base de cálculo prevista pela Lei nº 9.718/1998, tal fato já foi decidido pelo Supremo Tribunal Federal em regime de repercussão geral, RE 585235 QORG." (Processo 10280.905801/2011 89; Acórdão 3302003.619; Conselheira SARAH MARIA LINHARES DE ARAÚJO PAES DE SOUZA; Sessão de 21/02/2017) (nosso destaque) Recentemente, em questão similar, em processo relatado pela Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário (10830.917695/201111 Resolução 3201000.848), esta Turma por unanimidade de votos, decidiu em converter o julgamento em diligência, conforme a seguir transcrito: "Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto da Relatora." Do voto da relatora destaco: "Na hipótese dos autos, observase que não houve inércia do contribuinte na apresentação de documentos. O que se verifica é que os documentos inicialmente apresentados em sede de Manifestação de Inconformidade se mostraram insuficientes para que a Autoridade Julgadora determinasse a revisão do crédito tributário. E, imediatamente após tal manifestação, em sede de Recurso Voluntário, foram apresentados novos documentos. Ademais, não se pode olvidar que se está diante de um despacho decisório eletrônico, ou seja, a primeira oportunidade concedida ao contribuinte para a apresentação de documentos comprobatórios do seu direito foi, exatamente, no momento da apresentação da sua Manifestação de Inconformidade. E, foi apenas em sede de acórdão, que tais documentos foram tidos por insuficientes. Sabese quem em autuações fiscais realizadas de maneira ordinária, é, em regra, concedido ao contribuinte diversas oportunidades de apresentação de documentos e esclarecimentos, por meio dos Termos de Intimação emitidos durante o procedimento. Assim, limitar, na autuação eletrônica, a oportunidade de apresentação de documentos à manifestação de inconformidade, aplicando a preclusão relativamente ao Recurso Voluntário, não me parece razoável ou isonômico, além de atentatório aos princípios da ampla defesa e do devido processo legal." Ademais, em casos análogos envolvendo a recorrente, este conselho administrativo nos processos 10530.902899/201123 e 10530.902898/201189 decidiu por converter o julgamento em diligência através das Resoluções 3801000.816 e 3801 000.815. Assim, entendo que há dúvida razoável no presente processo acerca da liquidez, certeza e exigibilidade do direito creditório, o que justifica a conversão do feito em diligência, não sendo prudente julgar o recurso em prejuízo da recorrente, sem que as questões aventadas sejam dirimidas. Diante do exposto, voto pela conversão do julgamento em diligência à repartição de origem, para que possa ser apurado e informado, de modo pormenorizado, o valor do débito e do crédito existentes na data de transmissão dos PER/DCOMPs dos processos, bem como a existência do crédito postulado a partir de toda a documentação apresentada pelo contribuinte e outras diligências que possam ser realizadas a critério da autoridade competente, com a elaboração do devido relatório. Fl. 1066DF CARF MF Processo nº 10530.903816/201113 Resolução nº 3201001.013 S3C2T1 Fl. 7 6 Deve, ainda, a autoridade administrativa informar se há o direito creditório alegado pela recorrente e se o mesmo é suficiente para a extinção do débito existente tomando por base toda a documentação apresentada pelo contribuinte. Isto posto, deve ser oportunizada à recorrente o conhecimento dos procedimentos efetuados pela repartição fiscal, com abertura de vistas pelo prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período, para que se manifeste nos autos e apresente documentos adicionais, caso entenda necessário, para, na sequência, retornarem os autos a este colegiado para prosseguimento do julgamento. Importante frisar que os documentos juntados pelo contribuinte no processo paradigma, como prova do direito creditório, também foram juntados em cópias nestes autos (planilha, Balancete e livro Razão). Dessa forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, decido por converter o julgamento em diligência, para que a Autoridade Preparadora certifique a efetiva existência do crédito postulado, a partir dos documentos apresentados pelo contribuinte e por meio de outras diligências que se mostrarem necessárias, consignando os resultados apurados em relatório pormenorizado. Após a realização da diligência, concedase vista ao contribuinte pelo prazo de 30 (trinta dias) para se manifestar acerca das conclusões. Após, retornemse os autos para julgamento. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 1067DF CARF MF
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Numero do processo: 11060.000248/2011-43
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 12 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Oct 11 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2008
IRPF. GANHO DE CAPITAL. DESAPROPRIAÇÃO PELO PODER PÚBLICO. NATUREZA INDENIZATÓRIA. NÃO INCIDÊNCIA. SÚMULA CARF N° 42.
Não está sujeita ao pagamento do imposto de renda a pessoa física que possui imóvel alcançado por desapropriação pelo poder público, Súmula 42 do CARF.
Numero da decisão: 2401-005.052
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso e dar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente.
(assinado digitalmente)
Rayd Santana Ferreira - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andrea Viana Arrais Egypto, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Luciana Matos Pereira Barbosa e Rayd Santana Ferreira.
Nome do relator: RAYD SANTANA FERREIRA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2008 IRPF. GANHO DE CAPITAL. DESAPROPRIAÇÃO PELO PODER PÚBLICO. NATUREZA INDENIZATÓRIA. NÃO INCIDÊNCIA. SÚMULA CARF N° 42. Não está sujeita ao pagamento do imposto de renda a pessoa física que possui imóvel alcançado por desapropriação pelo poder público, Súmula 42 do CARF.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso e dar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier - Presidente. (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira - Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andrea Viana Arrais Egypto, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Luciana Matos Pereira Barbosa e Rayd Santana Ferreira.
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GANHO DE CAPITAL. DESAPROPRIAÇÃO PELO PODER PÚBLICO. NATUREZA INDENIZATÓRIA. NÃO INCIDÊNCIA. SÚMULA CARF N° 42. Não está sujeita ao pagamento do imposto de renda a pessoa física que possui imóvel alcançado por desapropriação pelo poder público, Súmula 42 do CARF. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 0. 00 02 48 /2 01 1- 43 Fl. 380DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso e darlhe provimento. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente. (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andrea Viana Arrais Egypto, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Luciana Matos Pereira Barbosa e Rayd Santana Ferreira. Fl. 381DF CARF MF Processo nº 11060.000248/201143 Acórdão n.º 2401005.052 S2C4T1 Fl. 3 3 Relatório RAUL HENRIQUE SOUTHALL ESPÓLIO, contribuinte, pessoa física, já qualificado nos autos do processo administrativo em referência, teve contra si lavrado o Auto de Infração abaixo declinado, concernente ao Imposto de Renda Pessoa Física IRPF, decorrente da omissão de ganhos de capital na alienação de bens e direitos, em relação ao ano calendário 2008, conforme Relatório Fiscal às efls. 263/268, e demais documentos que instruem o processo, consubstanciados no AI às efls. 260/262. Tratase de Auto de Infração, lavrado em 27/05/2011, nos moldes da legislação de regência, contra o contribuinte acima identificado, constituindose crédito tributário no valor consignado na folha de rosto da autuação, decorrentes dos seguintes fatos geradores: a) GANHOS DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE BENS E DIREITOS FALTA DE RECOLHIMENTO DO IMPOSTO SOBRE GANHOS DE CAPITAL. Falta de recolhimento do imposto incidente sobre os ganhos de capital, conforme Relatório da Fiscalização. Regularmente intimado e inconformado com a Decisão recorrida, o autuado apresentou Recurso Voluntário, às efls. 348/365, procurando demonstrar sua improcedência, desenvolvendo em síntese as seguintes razões. Após breve relato das fases ocorridas no decorrer do processo administrativo fiscal, repisa as alegações da impugnação, esclarecendo que a desapropriação do imóvel rural deuse com o fim exclusivo de promover a reforma agrária. Tal operação está abrangida pelo disposto no artigo 184, § 5°, o qual prevê a não incidência de impostos, entre eles o Imposto de Renda de Ganho de Capital, sobre as transferências de imóvel desapropriado para fins de reforma agrária. Junta a cópia do processo administrativo de desapropriação aos autos a fls. 27/217 trazendo inúmeros elementos que apontam, de forma incontroversa, a finalidade da desapropriação do imóvel rural do contribuinte, qual seja, implementar a reforma agrária. Insurgese quanto ao posicionamento da Autoridade Tributária que concluiu como o decreto de desapropriação foi embasado no artigo 5°, inciso XXIV, da Constituição, não seria possível considerar a desapropriação sub examine efetuada para fins de reforma agrária. Por conseguinte, em se tratando de suposta desapropriação por interesse social genérica, entende o Fisco Federal que haveria a incidência do IRPF sobre o ganho de capital oriundo da indenização recebida pelo Recorrente. Afirma constar do próprio decreto de desapropriação, Decreto de 04 de novembro de 2008, que foi declarado sobre o bem interesse social "para fins de estabelecimento e manutenção de colônias ou cooperativas de povoamento e trabalho agrícola" (artigo 1°), bem como que restou atribuída ao INCRA a tarefa de promover e executar a desapropriação do imóvel rural em questão (artigo 3°). Fl. 382DF CARF MF 4 Esclarece que o imóvel transmitido ao INCRA em virtude da desapropriação consiste nas frações de terra de 2.098,1664ha. e de 1.467,48ha., que fazem parte do imóvel denominado "Estância do Céu" e encontramse registradas no Ofício de Registro de Imóveis de São Gabriel (RS) sob matrículas 6.363 e 11.975. Examinando as matrículas, constatase que a desapropriação em comento foi averbada no Ofício de Registro de Imóveis nos seguintes termos: O imóvel objeto da presente matrícula foi declarado como sendo de interesse social ou utilidade pública para fins de Reforma Agrária. Aduz restar incontestável que a desapropriação do imóvel rural, registrado no Ofício de Imóveis de São Gabriel (RS) sob matrículas 6.363 e 11.975, se deu por interesse social para fins de reforma agrária. A maior prova disso é a menção expressa nesse sentido na averbação realizada nas matrículas dos bens a requerimento do INCRA. Pugna também, em atenção ao princípio da eventualidade, isto é, na remotíssima hipótese de se considerar que a desapropriação em comento não se deu com a finalidade de promover a reforma agrária, mas sim com base em interesse social genérico, cumpre evidenciar que, ainda assim, não se vislumbraria hipótese de incidência do Imposto de Renda sobre Ganho de Capital. Explicita sobre o Imposto de Renda, o signo presuntivo de riqueza alvo de tributação consiste no acréscimo patrimonial decorrente da obtenção de renda e proventos de qualquer natureza, conforme disposto no artigo 43 do CTN. Somente nas situações em que a verba recebida pela pessoa aumentar o seu patrimônio haverá a incidência do Imposto de Renda. Afigurase indispensável perquirir acerca da natureza jurídica da verba percebida pelo proprietário nos casos de desapropriação por necessidade ou utilizada pública, ou por interesse social. Transcreve o artigo 5o, inciso XXIV, da Constituição, o qual disciplina o instituto da desapropriação genérica. Desse modo, considerando que tal verba possui caráter indenizatório, ou seja, consiste em mera recomposição do valor do bem desapropriado, infirmar não haver que se falar em incidência do Imposto de Renda sobre Ganho de Capital, porquanto não se verifica acréscimo patrimonial. Este, aliás, o sentido da expressão "justa indenização" constante do texto constitucional, a qual não pode ser reduzida pela incidência do IRPF. Relata sobre a suposta ausência de desapropriação ventilada na decisão recorrida, sendo uma manifesta afronta aos fatos que embasaram o próprio lançamento tributário e às provas produzidas nos autos. Por fim, requer o conhecimento e provimento do seu recurso, para preliminarmente decretar a nulidade do Auto de Infração, tornandoo sem efeito e, no mérito, a sua absoluta improcedência. Não houve apresentação de contrarrazões. É o relatório. Fl. 383DF CARF MF Processo nº 11060.000248/201143 Acórdão n.º 2401005.052 S2C4T1 Fl. 4 5 Voto Conselheiro Rayd Santana Ferreira Relator Presente o pressuposto de admissibilidade, por ser tempestivo, conheço do recurso voluntário e passo a examinar as alegações recursais. Conforme já relatado, contra o contribuinte em epígrafe, foi lavrado o Auto de Infração às fls. 260/262 concernente ao Imposto de Renda Pessoa Física IRPF, decorrente da omissão de ganhos de capital na alienação de bens e direitos, em relação ao anocalendário 2008, conforme Relatório Fiscal às efls. 263/268, e demais documentos que instruem o processo. Por sua vez o contribuinte esclarece que a desapropriação do imóvel rural deuse com o fim exclusivo de promover a reforma agrária. Tal operação está abrangida pelo disposto no artigo 184, § 5°, o qual prevê a não incidência de impostos, entre eles o Imposto de Renda de Ganho de Capital, sobre as transferências de imóvel desapropriado para fins de reforma agrária. Junta a cópia do processo administrativo de desapropriação aos autos a fls. 27/217 trazendo inúmeros elementos que apontam, de forma incontroversa, a finalidade da desapropriação do imóvel rural do contribuinte, qual seja, implementar a reforma agrária. Afirma constar do próprio decreto de desapropriação, Decreto de 04 de novembro de 2008, que foi declarado sobre o bem interesse social "para fins de estabelecimento e manutenção de colônias ou cooperativas de povoamento e trabalho agrícola" (artigo 1°), bem como que restou atribuída ao INCRA a tarefa de promover e executar a desapropriação do imóvel rural em questão (artigo 3°). Aduz restar incontestável que a desapropriação do imóvel rural, registrado no Ofício de Imóveis de São Gabriel (RS) sob matrículas 6.363 e 11.975, se deu por interesse social para fins de reforma agrária. A maior prova disso é a menção expressa nesse sentido na averbação realizada nas matrículas dos bens a requerimento do INCRA. Pugna também, em atenção ao princípio da eventualidade, isto é, na remotíssima hipótese de se considerar que a desapropriação em comento não se deu com a finalidade de promover a reforma agrária, mas sim com base em interesse social genérico, cumpre evidenciar que, ainda assim, não se vislumbraria hipótese de incidência do Imposto de Renda sobre Ganho de Capital. Explicita sobre o Imposto de Renda, o signo presuntivo de riqueza alvo de tributação consiste no acréscimo patrimonial decorrente da obtenção de renda e proventos de qualquer natureza, conforme disposto no artigo 43 do CTN. Somente nas situações em que a verba recebida pela pessoa aumentar o seu patrimônio haverá a incidência do Imposto de Renda. Afigurase indispensável perquirir acerca da natureza jurídica da verba percebida pelo proprietário nos casos de desapropriação por necessidade ou utilizada pública, ou por interesse social. Transcreve o artigo 5°, inciso XXIV, da Constituição, o qual disciplina o instituto da desapropriação genérica. Fl. 384DF CARF MF 6 Desse modo, considerando que tal verba possui caráter indenizatório, ou seja, consiste em mera recomposição do valor do bem desapropriado, infirmar não haver que se falar em incidência do Imposto de Renda sobre Ganho de Capital, porquanto não se verifica acréscimo patrimonial. Este, aliás, o sentido da expressão "justa indenização" constante do texto constitucional, a qual não pode ser reduzida pela incidência do IRPF. Como se verifica do documento de efl. 303, área de propriedade do recorrente foi declarada de interesse social, para fins de estabelecimento e manutenção de colônias ou cooperativas de povoamento e trabalho agrícola. Consta também averbação na matrícula do imóvel, a requerimento do INCRA, a declaração da gleba como sendo de interesse social ou utilidade pública para fins de Reforma Agrária, efl. 310. Com o fito de rechaçar a pretensão fiscal, o contribuinte trouxe à colação, desde a ocasião da impugnação, o decreto e a escritura acima mencionados, bem como diversos outros documentos complementares que atestam a veracidade de suas alegações e argumentos. Neste diapasão, não obstante as razões de fato e de direito das autoridades fazendárias autuante e julgadora de primeira instância, o pleito do contribuinte merece acolhimento, como passaremos a demonstrar. Conforme entendimento doutrinário, a desapropriação é instituto que deve ser enxergado pela ótica constitucional, desprezandose qualquer outra norma, sob pena de violação ao princípio da hierarquia das leis. Pois é a própria Constituição Federal, portanto, que, no artigo 5º, inciso XXIV, assegura aos expropriados a justa e prévia indenização em função da desapropriação de bem imóvel por necessidade pública ou interesse social. Em outras palavras, os valores recebidos em razão de desapropriações são indenizações que têm por objetivo não somente ressarcir o expropriado pela perda do bem, mas também indenizálo pelos lucros cessantes e pelo atraso do poder público em ressarcilo. A justa indenização é expressão que só admite ampla interpretação, sob pena de desvirtuar os desígnios do legislador constituinte. Para a indenização ser justa, é preciso que nela também estejam compreendidos todos os valores que efetivamente repõem a perda suportada pelo beneficiário dos rendimentos. É precisamente por este motivo que a exigência do imposto de renda, na espécie, não pode ser analisada sob o enfoque das isenções. O que se deve ter em mente é a hipótese de não incidência do imposto, visto que as indenizações apenas recompõem o patrimônio, em nada o acrescem. Quanto a matéria, peço vênia, para adotar como razões de decidir o voto da lavra da Ilma. Conselheira Dra. Ana Paula Fernandes, condutor do Acórdão 9202003.772, da Câmara Superior de Recursos Fiscais, o qual transcrevo: De fato, o imposto sobre a renda, como o próprio nome está a indicar, incide sobre a renda ou proventos de qualquer natureza assim entendidos os acréscimos patrimoniais que decorrem de algo preexistente: a fonte produtora (art. 43, I e II do CTN). Todavia, na desapropriação não há ato de alienação que possa dar margem ao ganho de capital. Na desapropriação surge a justa e prévia indenização em dinheiro (art. 5°, XXIV, da CF) para recompor o patrimônio desfalcado pelo poder público. Observo atentamente que o acórdão recorrido explicita que deixou de aplicar a isenção prevista no diploma constitucional, pelo fato de que o decreto de Fl. 385DF CARF MF Processo nº 11060.000248/201143 Acórdão n.º 2401005.052 S2C4T1 Fl. 5 7 desapropriação anexado aos autos, não tinha como objeto Reforma Agrária, mas sim para fins de utilidade pública, como melhoramento de vias e logradouros públicos, execução de planos de urbanização, e/ou ampliação do campo de pouso para aeronaves. A jurisprudência acerca da matéria também é farta, tanto que no RESP 111.6460 em sede de repetitivo de controvérsia, o ministro Fux exacerba que o STJ já firmou jurisprudência no sentido da nãoincidência da cobrança sobre as verbas auferidas a título de indenização oriunda de desapropriação, seja por necessidade ou utilidade pública ou por interesse social, por não representar acréscimo patrimonial. Ou seja, ele deixa claro que o que importa é que se trate de desapropriação, não importando a qual título. TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. IMPOSTO DE RENDA. INDENIZAÇÃO DECORRENTE DE DESAPROPRIAÇÃO. VERBA INDENIZATÓRIA. NÃO INCIDÊNCIA. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC NÃO CONFIGURADA. 1. A incidência do imposto de renda tem como fato gerador o acréscimo patrimonial (art. 43, do CTN), sendo, por isso, imperioso perscrutar a natureza jurídica da verba percebida, a fim de verificar se há efetivamente a criação de riqueza nova: a) se indenizatória, que, via de regra, não retrata hipótese de incidência da exação; ou b) se remuneratória, ensejando a tributação. Isto porque a tributação ocorre sobre signos presuntivos de capacidade econômica, sendo a obtenção de renda e proventos de qualquer natureza um deles. 2. Com efeito, a Constituição Federal, em seu art. 5º, assim disciplina o instituto da desapropriação: "XXIV a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição;" 3. Destarte, a interpretação mais consentânea com o comando emanado da Carta Maior é no sentido de que a indenização decorrente de desapropriação não encerra ganho de capital, porquanto a propriedade é transferida ao poder público por valor justo e determinado pela justiça a título de indenização, não ensejando lucro, mas mera reposição do valor do bem expropriado. 4. "Representação. Argüição de Inconstitucionalidade parcial do inciso II, do parágrafo 2., do art. 1., do Decretolei Federal n. 1641, de 7.12.1978, que inclui a desapropriação entre as modalidades de alienação de imóveis, suscetíveis de gerar lucro a pessoa física e, assim, rendimento tributável pelo imposto de renda. Não há, na desapropriação, transferência da propriedade, por qualquer negócio jurídico de direito privado. Não sucede, aí, venda do bem ao poder expropriante. Não se configura, outrossim, a noção de preço, como contraprestação pretendida pelo proprietário, 'modo privato'. O 'quantum' auferido pelo titular da propriedade expropriada é, tão só, forma de reposição, Fl. 386DF CARF MF 8 em seu patrimônio, do justo valor do bem, que perdeu, por necessidade ou utilidade pública ou por interesse social. Tal o sentido da 'justa indenização' prevista na Constituição (art. 153, parágrafo 22). Não pode, assim, ser reduzida a justa indenização pela incidência do imposto de renda. Representação procedente, para declarar a inconstitucionalidade da expressão 'desapropriação', contida no art. 1., parágrafo 2., inciso II, do decretolei n. 1641/78. (Rp 1260, Relator(a): Min. NÉRI DA SILVEIRA, TRIBUNAL PLENO, julgado em 13/08/1987, DJ 18111988) 4. In casu, a ora recorrida percebeu verba decorrente de indenização oriunda de ato expropriatório, o que, manifestamente, consubstancia verba indenizatória, razão pela qual é infensa à incidência do imposto sobre a renda. 5. Deveras, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça firmouse no sentido da não incidência da exação sobre as verbas auferidas a título de indenização advinda de desapropriação, seja por necessidade ou utilidade pública ou por interesse social, porquanto não representam acréscimo patrimonial. 6. Precedentes: AgRg no Ag 934.006/SP, Rel. Ministro CARLOS FERNANDO MATHIAS, DJ 06.03.2008; REsp 799.434/CE, Rel. Ministra DENISE ARRUDA, DJ 31.05.2007; REsp 674.959/PR, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, DJ 20/03/2006; REsp 673273/AL, Rel. Ministro LUIZ FUX, DJ 02.05.2005; REsp 156.772/RJ, Rel. Min. Garcia Vieira, DJ 04/05/98; REsp 118.534/RS, Rel. Min. Milton Luiz Pereira, DJ 19/12/1997. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/2008. Independentemente da finalidade da desapropriação, importante firmar que ela se dá por ato do Poder Público, portanto, por ato de vontade externa ao contribuinte no intuito de atender ao interesse de toda coletividade. Se o contribuinte opta por fazêla de modo amigável ou não, o que importa é que o tenha feito com base em decreto de desapropriação, a fim de formalizar o ato em si, e diferenciálo de uma simples negociação de compra e venda. Insta aqui salientar que o § 2º, do art. 27 da lei básica da desapropriação, Decreto lei n.° 3.365/41, não está derrogado pela lei de imposto de renda e dispõe que: "na transmissão de propriedade, decorrente de desapropriação amigável ou judicial, não ficará sujeita ao imposto de lucro imobiliário”. Além das razões encimadas, a jurisprudência uníssona é no posicionamento pela não incidência do imposto de renda em casos de desapropriação, tendo tais posicionamentos, inclusive, motivado a elaboração da Súmula CARF n° 42, de aplicação obrigatória por parte dos Conselheiros deste Tribunal, in verbis: CARF Súmula n° 42: Não incide imposto sobre a renda das pessoas físicas sobre os valores recebidos a título de indenização por desapropriação. Desse modo, observados os dispositivos legais aplicáveis ao caso, corroborados pelas provas dos autos, afasto a aplicação de imposto de renda por ganho de capital sobre os valores advindos da desapropriação. Fl. 387DF CARF MF Processo nº 11060.000248/201143 Acórdão n.º 2401005.052 S2C4T1 Fl. 6 9 Por todo o exposto, estando a Notificação de Lançamento, sub examine, em dissonância com as normas legais que regulamentam a matéria, VOTO NO SENTIDO DE CONHECER DO RECURSO VOLUNTÁRIO, e, no mérito, DARLHE PROVIMENTO, decretando a improcedência do lançamento, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. É como voto. (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira Fl. 388DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10840.902789/2008-62
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Sep 18 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2000
COMPENSAÇÃO. CRÉDITO DE SALDO NEGATIVO ORIGINADO EM ANOS ANTERIORES. APRECIAÇÃO DA LIQUIDEZ E CERTEZA. GLOSA DE SALDO NEGATIVO SEM TRIBUTO A PAGAR. DECADÊNCIA. INAPLICABILIDADE.
Quando o crédito utilizado na compensação tem origem em saldos negativos de anos anteriores, há que se proceder com análise da apuração de cada um dos anos-calendário pretéritos, que serviram para a composição do saldo negativo utilizado como direito creditório. Trata-se de apreciação no qual não se aplica contagem de decadência, vez que se restringe à verificação da liquidez e certeza do crédito tributário.
Caso resulte em glosa de saldo negativo sem desdobramento em tributo a pagar, não se constitui em lançamento de ofício, razão pela qual não se submete à contagem do prazo decadencial. Trata-se de situação complemente diferente daquela em que a glosa do saldo negativo tem como resultado tributo a pagar, ocasião na qual o correspondente lançamento de ofício só poderá ser efetuado caso esteja dentro do prazo decadencial previsto na legislação tributária.
VERIFICAÇÃO DO SALDO NEGATIVO. LANÇAMENTO VERSUS RECONHECIMENTO DE INDÉBITO TRIBUTÁRIO.
A verificação da apuração do tributo não é cabível, apenas, para fundamentar lançamento de oficio, mas deve ser feita, também, no âmbito da análise das declarações de compensação, para efeito de determinação da certeza e liquidez do crédito, invocado pelo sujeito passivo, para extinção de outros débitos fiscais.
COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. COMPROVAÇÃO.
Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e da existência do crédito que alega possuir.
Numero da decisão: 1402-002.697
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.
( Assinado Digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto Presidente
(Assinado Digitalmente)
Leonardo Luis Pagano Gonçalves - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Caio Cesar Nader Quintella, Paulo Mateus Ciccone, Marco Rogerio Borges, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Lizandro Rodrigues de Sousa, Lucas Bevillacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo Couto de Andrade.
Nome do relator: LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES
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anomes_sessao_s : 201707
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2000 COMPENSAÇÃO. CRÉDITO DE SALDO NEGATIVO ORIGINADO EM ANOS ANTERIORES. APRECIAÇÃO DA LIQUIDEZ E CERTEZA. GLOSA DE SALDO NEGATIVO SEM TRIBUTO A PAGAR. DECADÊNCIA. INAPLICABILIDADE. Quando o crédito utilizado na compensação tem origem em saldos negativos de anos anteriores, há que se proceder com análise da apuração de cada um dos anos-calendário pretéritos, que serviram para a composição do saldo negativo utilizado como direito creditório. Trata-se de apreciação no qual não se aplica contagem de decadência, vez que se restringe à verificação da liquidez e certeza do crédito tributário. Caso resulte em glosa de saldo negativo sem desdobramento em tributo a pagar, não se constitui em lançamento de ofício, razão pela qual não se submete à contagem do prazo decadencial. Trata-se de situação complemente diferente daquela em que a glosa do saldo negativo tem como resultado tributo a pagar, ocasião na qual o correspondente lançamento de ofício só poderá ser efetuado caso esteja dentro do prazo decadencial previsto na legislação tributária. VERIFICAÇÃO DO SALDO NEGATIVO. LANÇAMENTO VERSUS RECONHECIMENTO DE INDÉBITO TRIBUTÁRIO. A verificação da apuração do tributo não é cabível, apenas, para fundamentar lançamento de oficio, mas deve ser feita, também, no âmbito da análise das declarações de compensação, para efeito de determinação da certeza e liquidez do crédito, invocado pelo sujeito passivo, para extinção de outros débitos fiscais. COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. COMPROVAÇÃO. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e da existência do crédito que alega possuir.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. ( Assinado Digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente (Assinado Digitalmente) Leonardo Luis Pagano Gonçalves - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Caio Cesar Nader Quintella, Paulo Mateus Ciccone, Marco Rogerio Borges, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Lizandro Rodrigues de Sousa, Lucas Bevillacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo Couto de Andrade.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 15; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2022; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T2 Fl. 188 1 187 S1C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10840.902789/200862 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1402002.697 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 26 de julho de 2017 Matéria IRPJ Recorrente ELBEL COMÉRCIO E PARTICIPAÇÕES LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2000 COMPENSAÇÃO. CRÉDITO DE SALDO NEGATIVO ORIGINADO EM ANOS ANTERIORES. APRECIAÇÃO DA LIQUIDEZ E CERTEZA. GLOSA DE SALDO NEGATIVO SEM TRIBUTO A PAGAR. DECADÊNCIA. INAPLICABILIDADE. Quando o crédito utilizado na compensação tem origem em saldos negativos de anos anteriores, há que se proceder com análise da apuração de cada um dos anoscalendário pretéritos, que serviram para a composição do saldo negativo utilizado como direito creditório. Tratase de apreciação no qual não se aplica contagem de decadência, vez que se restringe à verificação da liquidez e certeza do crédito tributário. Caso resulte em glosa de saldo negativo sem desdobramento em tributo a pagar, não se constitui em lançamento de ofício, razão pela qual não se submete à contagem do prazo decadencial. Tratase de situação complemente diferente daquela em que a glosa do saldo negativo tem como resultado tributo a pagar, ocasião na qual o correspondente lançamento de ofício só poderá ser efetuado caso esteja dentro do prazo decadencial previsto na legislação tributária. VERIFICAÇÃO DO SALDO NEGATIVO. LANÇAMENTO VERSUS RECONHECIMENTO DE INDÉBITO TRIBUTÁRIO. A verificação da apuração do tributo não é cabível, apenas, para fundamentar lançamento de oficio, mas deve ser feita, também, no âmbito da análise das declarações de compensação, para efeito de determinação da certeza e liquidez do crédito, invocado pelo sujeito passivo, para extinção de outros débitos fiscais. COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. COMPROVAÇÃO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 84 0. 90 27 89 /2 00 8- 62 Fl. 190DF CARF MF 2 Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e da existência do crédito que alega possuir. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. ( Assinado Digitalmente) Leonardo de Andrade Couto – Presidente (Assinado Digitalmente) Leonardo Luis Pagano Gonçalves Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Caio Cesar Nader Quintella, Paulo Mateus Ciccone, Marco Rogerio Borges, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Lizandro Rodrigues de Sousa, Lucas Bevillacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo Couto de Andrade. Fl. 191DF CARF MF Processo nº 10840.902789/200862 Acórdão n.º 1402002.697 S1C4T2 Fl. 189 3 Relatório Trata o presente processo de PER/DCOMP original, em 29/01/2004 posteriormente retificado em 05/09/2006 pretendendo a compensação de débitos de IRPJ e CSLL apurados pelo Lucro Presumido no segundo e terceiro trimestres de 2003, com direito creditório oriundo de saldo negativo de IRPJ do anocalendário 2000, no valor de R$ 295.742,37, composto, unicamente, por retenções na fonte. Para não gerar repetições, adoto o relatório da Resolução preferida anteriormente: O valor do IRRF restou confirmado em R$ 249.617,51 e foi esse o total do direito creditório reconhecido no Despacho Decisório de fl. 7. O valor reconhecido, contudo, não foi suficiente para quitar todos os débitos confessados no PERDCOMP, razão pela qual restou não quitada a parcela de R$ 58.126,81, acrescida de juros e multa. Na manifestação de inconformidade tempestivamente apresentada argüiu, a empresa, que estaria decaído do direito de a Fazenda homologar o lançamento do anocalendário 2000, eis que o Despacho Decisório denegatório foi emitido em 26/08/2008. No mérito observou que a parcela de fonte não admitida pela Fazenda, foi efetivamente retida pela Caixa Econômica Federal, cuja somatória, no valor de R$ 46.123,90, consta dos informes de rendimentos em seu poder. Atribui o indeferimento do pleito ao erro de fato praticado no preenchimento da DIPJ do anocalendário 2000, e que decorreria da diferença de R$ 0,96 entre o valor lançado na DIPJ/01 (R$ 46.124,86) com o valor efetivamente retido pela fonte pagadora (R$ 46.123 90). A Turma Julgadora de 1a. Instância indeferiu o pleito ao argumento de que a empresa não teria feito prova de que os rendimentos que deram origem ao valor de R$ 46.124,86, retido pela Caixa Econômica Federal, foram oferecidos à tributação na respectiva DIPJ. Cientificada da decisão, em 04/10/2010, apresentou a interessada, em ...., recurso voluntário. Reitera os argumentos atinentes à decadência do direito de o Fisco efetuar a revisão da apuração do anocalendário 2000 e, no mérito, em extenso arrazoado, defende que a DIPJ do ano 2000 conteria todos os elementos necessários ao deslinde da questão e que tais informações seriam, à evidência, de Fl. 192DF CARF MF 4 conhecimento pleno da Administração Fazendária, de sorte que não seria correta a afirmação do julgado recorrido de que não há comprovação do que foi alegado com a manifestação de inconformidade. Enfatiza que o cruzamento sistêmico de dados da contribuinte em poder da Fazenda é meio idôneo e necessário a revelar a veracidade das alegações, e somente a própria DIPJ do período, se contivesse elementos contrastantes com as argüições da contribuinte seria meio hábil a refutálas. Acrescenta ter anexado às razões recursais documentos que comprovariam os valores do IRRF e das receitas auferidas e pede, ao final, por um novo julgamento. Em seguida, a Primeira Turma Especial da Primeira Seção de Julgamento, proferiu Resolução decidindo afastar a decadência e converter o julgamento em diligência nos seguintes termos: No mérito verifico que a recorrente apresentou os informes de rendimentos fornecidos pela Caixa Econômica Federal contendo informações de rendimentos de aplicações financeiras auferidos pela empresa no anocalendário 2000, bem como dos valores do IRFonte incidentes sobre tais rendimentos. A Turma Julgadora de 1a. Instância, contudo, não admitiu como prova apenas os comprovantes de rendimentos, afirmando que seria necessário que a recorrente demonstrasse que os valores das receitas que deram origem àquelas retenções foram oferecidas à tributação na respectiva DIPJ. A recorrente, a seu turno, trouxe aos autos, junto das razões recursais, cópias de elementos de sua escrituração contábil e fiscal, a fim de demonstrar que os rendimentos que deram origem ao IRFonte retido pela CEF foram oferecidos a tributação. Assim, pelas cópias das páginas do Livro Diário e do Razão Auxiliar verificase que houve percepção de receitas de juros prórata sobre fundos de aplicação financeira junto à Caixa Econômica Federal, em alguns meses do ano de 2000, como fevereiro, março, abril e outubro e de retenções na fonte sobre tais rendimentos, nos meses de maio, junho, julho, agosto e outubro. A recorrente trouxe, ainda, demonstrativo discriminando os valores dos rendimentos auferidos em aplicações financeiras mantidas com todas as instituições bancárias e do IRRF incidente sobre tais valores. Contudo, as cópias anexadas aos autos digitais não se encontram totalmente legíveis, o que prejudica a análise conclusiva do litígio. A exemplo, o mencionado demonstrativo, anexado às fls., 119/120, encontrase com os totais destacados, mas na versão digital tornouse ilegível o destaque. Fl. 193DF CARF MF Processo nº 10840.902789/200862 Acórdão n.º 1402002.697 S1C4T2 Fl. 190 5 Da mesma forma, a via digital da folha do Razão Auxiliar referente à conta Juros sobre Aplicação Financeira (fl. 162) que contém a somatória dos valores a crédito encontrase com o carimbo de autenticação aposto, justamente, sobre o valor totalizado, tornando impossível a leitura. À vista do exposto proponho que o presente processo seja remetido ao órgão de jurisdição da recorrente para que, em diligência fiscal, seja auditada a escrituração contábil e fiscal da empresa a fim de que reste esclarecido se as receitas que deram origem à retenção do valor de R$ 46.124,86, constante dos informes de rendimentos da Caixa Econômica Federal, foram oferecidos à tributação. Ao final dos trabalhos DEVERÁ o agente fiscal encarregado elaborar relatório circunstanciado e conclusivo, do qual deverá ser cientificada a recorrente para aditar suas razões de defesa, no prazo de 30 dias, se assim o desejar, retornandose, posteriormente os autos, para prosseguimento do julgamento. Em seguida, veio o r. Despacho de fls. 179/181 com o seguinte teor. De início, cumpre salientar que, no tocante ao ônus da prova, em um processo de compensação, é do contribuinte o ônus de viabilizar seu direito ao aproveitamento do crédito, de tal modo que, se a Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) resistir à pretensão do interessado, não homologando a compensação, incumbirá a ele – o contribuinte –, na qualidade de autor, demonstrar o seu direito. No que diz respeito à verificação da autenticidade das provas anexadas ao Recurso Voluntário, este Seort efetuou a Intimação nº 269/2015, de 26/05/2015, fl. 175 dos autos, com o intuito de prosseguimento na análise do presente processo. A ciência da Intimação (fl. 178) ocorreu em 27 de maio de 2015 (v. documentos de fls. 177/178), tendo o contribuinte deixado transcorrer in albis o prazo para apresentação à RFB dos esclarecimentos e documentos solicitados. De acordo com o art. 210 da Lei nº 5.172/66, Código Tributário Nacional, e artigo 5º do Decreto nº 70.235/72, os prazos fixados na legislação tributária serão contínuos, excluindose na sua contagem o dia de início e incluindose o de vencimento, e só se iniciam ou vencem em dia de expediente normal na repartição em que corra o processo ou deva ser praticado o ato. Dessa forma, o prazo para apresentação dos esclarecimentos/documentos solicitados expirou no dia 01 de junho de 2015. Isto posto, conforme requerido pela Resolução de fls. 169/173, não há como comprovar a autenticidade dos documentos juntados aos autos pela contribuinte, quando da interposição de seu Recurso Voluntário, ficando prejudicada a apreciação das provas anexadas e, consequentemente, da constatação de que as receitas que deram Fl. 194DF CARF MF 6 origem à retenção do valor de R$ 46.124,86, constante dos informes de rendimentos da Caixa Econômica Federal, foram oferecidos à tributação, no anocalendário de 2000. É o relatório. Fl. 195DF CARF MF Processo nº 10840.902789/200862 Acórdão n.º 1402002.697 S1C4T2 Fl. 191 7 Voto Conselheiro Leonardo Luis Pagano Gonçalves Relator O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche todos os requisitos de admissibilidade, motivo pelo qual deve ser conhecido. Em relação a alegação de decadência, entendo que não deve ser acolhida. O PER/DCOMP foi apresentado em 29/01/2004, sendo retificado em 05/09/2006, onde se pretendeu compensar o direito creditório de saldo negativo de IRPJ do anocalendário de 2000, no importe de R$ 295.742,37, com débitos de IRPJ e CSLL apurados pelo Lucro Presumido no segundo e terceiro trimestre de 2003. A decadência nos termos do artigo 150, inciso IV do CTN não se aplica ao presente caso, eis que o crédito de saldo negativo é do anocalendário de 2000 e a Recorrente apresentou pedido de compensação em 2004, inexistindo o prazo qüinqüenal para decretação da decadência. Também é necessário destacar, que o presente processe é de compensação, com rito diferente do lançamento de ofício Auto de Infração onde se enquadraria a decadência alegada pela Recorrente. No presente caso, a Recorrente apresentou PER/DCOMP em 2004 e posteriormente à retificou em 2006, sendo que o r. Despacho Decisório (fl. 4) foi proferido em 26/08/2008. Neste caso, não ocorreu nem a decadência e nem a homologação tácita. Ademias, na hipótese remota de se admitir decadência no presente caso, seria apenas para o lançamento de ofício dos créditos saldo negativo do IRPJ com imposto a pagar após o prazo qüinqüenal. Também é importante ressaltar, que a decadência dos créditos irregulares, inconsistentes e com valores errados, não autoriza a pretensão da Recorrente de compensálos com débitos. Assim, para o caso em epígrafe, não ocorreu a decadência, por não se tratar de lançamento de ofício e também não se concretizou a homologação tácita da compensação pretendida. Fl. 196DF CARF MF 8 Mesmo que no presente caso os créditos não tenham sido totalmente homologados, restando saldo negativo e nova apuração do imposto do respectivo anocalendário, tal fato não permite a decretação da decadência. Complementando meu raciocínio acima exposto, não me parece jurídico permitir que créditos irregulares e inconsistentes; que se tentou compensar; sejam validados pela decadência após o r. Despacho Decisório que os homologou parcialmente. A decadência não pode validar crédito irregular, declarado pela contribuinte em documento fiscal (DIPJ) . A decadência nos termos do artigo 150, parágrafo quarto do CTN, é em relação ao débito (imposto a pagar relativo ao lançamento de ofício), eis que é a perda do prazo fixado pela lei para constituir o crédito tributário declarado/lançado pela contribuinte. Assim, não importa se o crédito é antigo. O que se está analisando é o pagamento do débito de imposto (imposto a pagar) que sobrou na compensação. Se o débito foi pago com crédito ruim e não ocorreu a homologação tácita, esse crédito deve ser analisado. A diferença é ilustrada com bastante precisão no voto proferido pela Conselheira Edeli Pereira Bessa no Acórdão nº 1101001.084, do qual peço vênia para transcrever excerto. O caput do art. 74 da Lei n° 9.430/96, nesta nova redação, exige que o credito indicado em DCOMP seja passível de restituição ou ressarcimento, significando que ele não pode estar prescrito. Contudo, uma vez deduzida tempestivamente a pretensão de ver extintos débitos com aquele crédito, admitir que o prazo para confirmação deste já estaria fluindo desde o encerramento do período de apuração correspondente, limitaria significativamente a eficácia do §5° do referido art. 74, pois antes de cinco anos da apresentação da DCOMP a certeza e liquidez do crédito restaria afirmada pelo decurso do prazo decadencial no qual, no entender da recorrente, o Fisco poderia questionar sua apuração. Não há qualquer ressalva na disposição legal que autorize esta interpretação. Os prazos decadenciais estão previstos para fins de lançamento de crédito tributário, ou seja, para que a autoridade fiscal: 1) discorde do tributo pago com base em apuração do sujeito passivo; 2) supra a omissão do sujeito passivo na apuração daquele pagamento; ou 3) pratique o lançamento dos tributos ou penalidades cuja constituição a Lei reserva ao agente fiscal. Esta é a dicção do Código Tributário Nacional (Lei n° 5.172/66): Art. 150 O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. Fl. 197DF CARF MF Processo nº 10840.902789/200862 Acórdão n.º 1402002.697 S1C4T2 Fl. 192 9 § 1° O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação do lançamento. (...) § 4º Se a lei não fixar o prazo à homologação, será ele de 5 (cinco) anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. (...) Art. 173 O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vicio formal, o lançamento anteriormente efetuado. Parágrafo único O direito a que se refere este artigo extinguese definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento. (negrito nosso) A decadência, nestes termos, encerra o poder dever do Fisco de formalizar o credito tributário por intermédio do lançamento, pondo fim à relação jurídica material surgida entre o contribuinte e o Estado com a ocorrência do fato gerador. Recordese que a atividade de lançamento é definida pelo art. 142 do Código Tributário Nacional como o procedimento tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Nestes termos, se a autoridade fiscal constatar divergências na apuração que resultou em saldo negativo de IRPJ, não poderá lançar a diferença apurada se o fato gerador lucro pertencer a período já atingido pela decadência. Mas pode e deve o Fisco indeferir pedido de restituição ou não homologar compensações que tenham se valido de indébito tributário inexistente conforme o ajuste realizado de oficio. É certo que nos tributos sujeitos a lançamento por homologação, há uma grande discussão doutrinária e jurisprudencial acerca de qual seria o objeto da homologação: a atividade de apuração ou o pagamento do tributo devido. Fl. 198DF CARF MF 10 Todavia, há relativo consenso no sentido de que o transcurso do prazo contido no §4° do art.150 do CTN atinge o direito de o Fisco constituir o crédito tributário, mediante o lançamento substitutivo da apuração efetuada pelo sujeito passivo, veiculada pelos instrumentos definidos na legislação fiscal. Ainda, aqueles que defendem a homologação tácita da apuração efetuada pelo sujeito passivo, consideram que o prazo decadencial tem o efeito especifico de atingir o dever/poder de o Fisco efetuar o lançamento de oficio, e não o de fazer prova absoluta de indébitos tributários, não constituídos na forma da legislação. Admitir que os saldos negativos informados na DIPJ estariam homologados tacitamente depois de transcorridos 5 (cinco) anos do fato gerador correspondente, exigiria que se emprestasse A. DIPJ o poder de constituir aquele direito creditório, o que vai contra o caráter meramente informativo daquele documento, o qual não se presta, sequer, a instrumentalizar a cobrança dos saldos devedores nele indicados. Somente se concebe como instrumentos de constituição formal de direitos e obrigações aqueles assim expressamente previstos na legislação, como é o caso, por exemplo da Declaração de Débitos e Créditos Federais — DCTF, relativamente aos tributos devidos pelos contribuintes. Já relativamente aos direitos credit6rios detidos pelos sujeitos passivos, a legislação apenas prevê, atualmente e na época em que a contribuinte argüiu seu direito, a DCOMP e o Pedido de Restituição como instrumentos para sua formalização perante a Receita Federal. É certo que o recolhimento indevido já existe, como evento, desde sua ocorrência no mundo fenomênico. Procedidas as antecipações exigidas por lei, encerrado o período de apuração e efetivados os recolhimentos que se entendeu devidos, temse do confronto destes, eventualmente, um desembolso maior que o devido. Todavia, este evento somente passa a se constituir em um fato jurídico apto a produzir as conseqüências previstas em lei quando formalizado pelo interessado em face do devedor, no caso, o Fisco. Dai porque, a partir do recolhimento indevido, deflagrase o prazo prescricional para que o sujeito passivo manifeste seu direito perante o Fisco, e a partir desta manifestação o prazo para o Fisco, em caso de compensação, reconhecer ou não aquele crédito. Alias, vejase que, à época em que este direito era deduzido apenas mediante a apresentação de Pedido de Restituição, sequer havia prazo fixado em lei para manifestação do Fisco acerca do que ali veiculado. Cabia ao interessado manter a guarda dos comprovantes necessários para prestar eventuais esclarecimentos acerca de seu direito, enquanto o crédito não lhe fosse reconhecido. Apenas com a criação da DCOMP passou a existir um prazo para que o Fisco pudesse questionar o direito Fl. 199DF CARF MF Processo nº 10840.902789/200862 Acórdão n.º 1402002.697 S1C4T2 Fl. 193 11 manifestado pelo interessado, até porque, vinculado o crédito a débitos que se pretendia ver extintos, somente haveria alguma utilidade no questionamento daquele crédito enquanto possível a cobrança dos débitos compensados, direito este que pereceria ante a inércia do Fisco por mais de 5 (cinco) anos. Impróprio, assim, tentar opor, ao Fisco, uma limitação temporal à confirmação do direito creditório deduzido pelo sujeito passivo, que em momento algum esteve prevista no Código Tributário Nacional ou em lei ordinária, sendo na sistemática instituída a partir da criação da DCOMP, e evidentemente em função da vinculação daquele crédito a débitos compensados. Interessante notar, ainda, que a formalização do direito creditório em outras declarações não é requisito para sua veiculação em DCOMP. Do caput do art. 74 da Lei n° 9.430/96, desde a redação que lhe foi dada pela Lei no 10.637/2002, não se extrai qualquer exigência de que o direito credit6rio deva estar previamente evidenciado em declarações prestadas pelos sujeitos passivos, A exceção da própria DCOMP, prevista no seu § 10. É certo que a evidenciação do credito em DIPJ ou DCTF é um elemento de prova em favor do sujeito passivo que afirma ter efetuado recolhimento a maior. Mas somente quando provocado pelo sujeito passivo acerca do seu interesse de se valer daquele crédito, mediante restituição ou compensação, passa o Fisco a ter o dever de avaliar a certeza e a liquidez daquele valor para admitir, ou não, a destinação pretendida pelo interessado. Firmadas estas premissas, recordese que, nos termos da legislação processual em vigor, o ônus da prova incumbe ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; e ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor (art. 333 do Código de Processo Civil). Assim, no presente caso, a prova do indébito tributário, fato jurídico a dar fundamento ao direito de compensação, compete ao sujeito passivo que teria efetuado o pagamento indevido ou maior que o devido. Decorre, dai, que a compensação deveria estar suportada por provas do indébito tributário no qual se fundamenta. Contudo, devese recordar que o procedimento em debate já se iniciou mediante a apresentação de DCOMP, desacompanhada, por autorização normativa, de qualquer prova do indébito ali indicado, posto que o Fisco teria ainda cinco anos para confirmálo. Em verdade, a interpretação veiculada pela recorrente confere ao sujeito passivo a faculdade de definir o prazo do qual o Fisco dispõe para homologar, ou não, a compensação declarada. Optando o sujeito passivo por utilizar seu crédito depois de transcorridos quatro anos e 11 meses do fato gerador, Fl. 200DF CARF MF 12 o Fisco teria apenas um mês para avaliar a liquidez e certeza do credito. Se utilizasse mais rapidamente seu credito, maior prazo teria o Fisco para esta confirmação. Certamente outro foi o objetivo da criação da DCOMP. Tal instrumento conferiu tratamento diferenciado aos contribuintes que, deduzindo créditos na forma da nova redação do caput do art. 74 da Lei n° 9.430/96, já poderiam, sem prévio exame do seu real conteúdo, angariar a extinção imediata dos débitos compensados, bem como a suspensão de sua exigibilidade até a decisão administrativa final acerca da regularidade de seu procedimento. Admitir que o prazo para questionamento desta regularidade seria definido pelo sujeito passivo está em evidente descompasso com a referência contida na Exposição de Motivos da Medida Provisória n° 66/2002, convertida na Lei n° 10.637/2002: 35. O art. 49 institui mecanismo que simplifica os procedimentos de compensa cão, pelos sujeitos passivos, dos tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, atribuindo maior liquidez para seus créditos, sem que disso decorra perda nos controles fiscais . (negrejouse) Argumenta a recorrente que o Fisco não poderia questionar a compensação de prejuízos fiscais acima do limite legal depois de transcorridos 5 (cinco) anos de sua apuração. E de se questionar, porém, no presente caso, que interesse fiscal existiria na revisão de uma D1PJ que, mesmo considerando a retificação necessária, ainda apontasse saldo negativo de IRPJ? Caberia ao Fisco anteciparse à pretensão da contribuinte de utilizar este valor, com vistas a convalidálo ou retificálo? E, ainda que se insista na fluência do prazo para revisão do crédito, pelo Fisco, a partir do período de apuração correspondente, do recolhimento que se mostrou indevido, ou mesmo da declaração que inicialmente informou o indébito, é licito concluir que, ao manifestar seu interesse em utilizar tal crédito mediante DCOMP, o sujeito passivo renuncia ao prazo em curso, e submetese ao prazo fixado na sistemática prevista para aquele instrumento de utilização de créditos, sob pena de retirar a eficácia do §5 ° do referido art. 74 da Lei nº 9.430/96. Por todo o exposto, resta demonstrado que a autoridade fiscal competente detinha o poder/dever de aferir a existência, suficiência e disponibilidade do crédito utilizado em compensação em até 5 (cinco) anos da entrega da correspondente DCOMP, e neste mister nenhum impedimento legal existe para confirmação, inclusive, da base de cálculo do IRPJ devido no período, mormente tendo em conta que a contribuinte equivocadamente manifestou seu direito de crédito como oriundo de retenções sofridas na fonte, sem antes confrontálo com o IRPJ devido no período, e ao adequar tal pedido As normas legais de apuração do IRPJ, a autoridade fiscal logrou identificar que o IRPJ devido no período não seria aquele originalmente indicado na DIPJ, Fl. 201DF CARF MF Processo nº 10840.902789/200862 Acórdão n.º 1402002.697 S1C4T2 Fl. 194 13 em razão da compensação de prejuízos fiscais acima do limite legal. Em síntese, concluise que o ato de verificação da certeza e liquidez do indébito, em sede de DCOMP ou pedido de restituição apresentados pelo sujeito passivo, não está limitado aos valores das antecipações recolhidas no curso do anocalendário, devendo atingir, também, a verificação da regularidade da determinação da base de calculo apurada pelo interessado. Conseqüentemente, ainda que a retificação de base de calculo do tributo para fins de sua exigência somente seja cabível mediante lançamento de oficio, a verificação também deve ser efetuada no âmbito da análise de DCOMP ou pedido de restituição vinculados ao saldo negativo de IRPJ, para efeito de determinação da certeza e liquidez do crédito invocado pelo sujeito passivo para extinção de outros débitos fiscais. Assim, uma situação é se falar em lançamento de ofício, para a constituição do crédito tributário, caso em que se aplica a contagem do prazo decadencial. Outra completamente diferente é a análise do direito creditório, cuja liquidez e certeza devem ser verificadas, razão pela qual, em se tratando de apuração de prejuízos fiscais, é dever do Fisco apreciar a sua formação desde a origem, tendo, no caso concreto, agido de maneira correta. Desta forma, afasto a alegação de decadência. Mérito: Em relação ao mérito, apensar de a parte que não foi homologada ser no montante de R$ 58.126,81, a Recorrente apresenta provas e argumentos de defesa apenas em relação ao valor de 46.124,86. Vejamos. O presente julgamento já foi convertido em diligência para que as fiscalização produzisse auditoria na escrituração contábil e na fiscal da empresa, a fim de que reste esclarecido se as receitas que deram origem à retenção do valor de R$ 46.124,86, constante dos informes de rendimentos da Caixa Econômica Federal, foram oferecidos à tributação. Em resposta a diligência, a Fiscalização constatou não ser possível confirmar que o valor de R$ 46.124,86 foi realmente oferecido a tributação. Vejamos a resposta abaixo colacionada. O presente processo tratase do PER/Dcomp nº 13116.48443.050906.1.7.02 3016, por intermédio do qual a contribuinte pretende compensar débitos de sua responsabilidade com crédito decorrente do saldo negativo de IRPJ, anocalendário 2000, no valor de R$ 295.742,37, composto, unicamente, por retenções na fonte. Fl. 202DF CARF MF 14 De acordo com o Despacho Decisório de fl. 07 dos autos, do montante supracitado de R$ 295.742,37, somente o direito creditório de R$ 249.617,51, foi confirmado e reconhecido no referido Despacho Decisório. O valor reconhecido, contudo, não foi suficiente para quitar todos os débitos confessados no PERDCOMP, razão pela qual restou não quitada a parcela de R$ 58.126,81, acrescida de juros e multa. Atualmente, os autos encontravamse em julgamento no Conselho de Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), quando foi convertido em diligência, nos termos da Resolução nº 1801000.341 – 1ª Seção de Julgamento/1ª Turma Especial. Conforme se extrai da mencionada Resolução e da documentação acostada ao processo, a recorrente trouxe aos autos, junto das razões recursais, cópias de elementos de sua escrituração contábil e fiscal, a fim de demonstrar que os rendimentos que deram origem ao IRFonte retido pela CEF foram oferecidos a tributação. Contudo, verificouse, conforme acórdão proferido, que as cópias anexadas aos autos digitais não se encontravam totalmente legíveis, prejudicando a análise conclusiva do litígio. Assim o presente processo foi convertido em diligência para realização das seguintes providências: À vista do exposto proponho que o presente processo seja remetido ao órgão de jurisdição da recorrente para que, em diligência fiscal, seja auditada a escrituração contábil e fiscal da empresa a fim de que reste esclarecido se as receitas que deram origem à retenção do valor de R$ 46.124,86, constante dos informes de rendimentos da Caixa Econômica Federal, foram oferecidos à tributação. Ao final dos trabalhos DEVERÁ o agente fiscal encarregado elaborar relatório circunstanciado e conclusivo, do qual deverá ser cientificada a recorrente para aditar suas razões de defesa, no prazo de 30 dias, se assim o desejar, retornandose, posteriormente os autos, para prosseguimento do julgamento. Isto posto, passo à análise do itens supracitados. De início, cumpre salientar que, no tocante ao ônus da prova, em um processo de compensação, é do contribuinte o ônus de viabilizar seu direito ao aproveitamento do crédito, de tal modo que, se a Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) resistir à pretensão do interessado, não homologando a compensação, incumbirá a ele – o contribuinte –, na qualidade de autor, demonstrar o seu direito. No que diz respeito à verificação da autenticidade das provas anexadas ao Recurso Voluntário, este Seort efetuou a Intimação nº 269/2015, de 26/05/2015, fl. 175 dos autos, com o intuito de prosseguimento na análise do presente processo. A ciência da Intimação (fl. 178) ocorreu em 27 de maio de 2015 (v. documentos de fls. 177/178), tendo o Fl. 203DF CARF MF Processo nº 10840.902789/200862 Acórdão n.º 1402002.697 S1C4T2 Fl. 195 15 contribuinte deixado transcorrer in albis o prazo para apresentação à RFB dos esclarecimentos e documentos solicitados. De acordo com o art. 210 da Lei nº 5.172/66, Código Tributário Nacional, e artigo 5º do Decreto nº 70.235/72, os prazos fixados na legislação tributária serão contínuos, excluindose na sua contagem o dia de início e incluindose o de vencimento, e só se iniciam ou vencem em dia de expediente normal na repartição em que corra o processo ou deva ser praticado o ato. Dessa forma, o prazo para apresentação dos esclarecimentos/documentos solicitados expirou no dia 01 de junho de 2015. Isto posto, conforme requerido pela Resolução de fls. 169/173, não há como comprovar a autenticidade dos documentos juntados aos autos pela contribuinte, quando da interposição de seu Recurso Voluntário, ficando prejudicada a apreciação das provas anexadas e, consequentemente, da constatação de que as receitas que deram origem à retenção do valor de R$ 46.124,86, constante dos informes de rendimentos da Caixa Econômica Federal, foram oferecidos à tributação, no anocalendário de 2000. Sendo assim, não é possível reconhecer este crédito, devido a precariedade do conteúdo probatório carreados aos autos pela Recorrente. Pelo exposto e por tudo que consta processado nos autos, conheço do Recurso Voluntário e nego provimento. (Assinado Digitalmente) Leonardo Luis Pagano Gonçalves Fl. 204DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13971.720207/2008-24
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Apr 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 15 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2006
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE.
Não se conhece de Recurso Especial de Divergência, quando não resta demonstrado o alegado dissídio jurisprudencial, tendo em vista a ausência de similitude fática entre os acórdãos recorrido e paradigma.
Numero da decisão: 9202-005.420
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício.
(assinado digitalmente)
Patrícia da Silva - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício).
Nome do relator: PATRICIA DA SILVA
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PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. Recorrente INDUMA S/A INDÚSTRIA DE PAPEL E PAPELÃO Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2006 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. Não se conhece de Recurso Especial de Divergência, quando não resta demonstrado o alegado dissídio jurisprudencial, tendo em vista a ausência de similitude fática entre os acórdãos recorrido e paradigma. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Patrícia da Silva Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 1. 72 02 07 /2 00 8- 24 Fl. 216DF CARF MF 2 Relatório Tratase de auto de infração lavrado contra o contribuinte por meio do qual exigese a diferença do Imposto Territorial Rural ITR relativo ao exercício de 2006, referente ao imóvel rural denominado Fazenda Carioca I, localizado no Município de TaióSC. Conforme descrição dos fatos (efl. 03) a autuação foi assim resumida pelo órgão fiscal: Área de Reserva Legal não comprovada Descrição dos Fatos: Após regularmente intimado, o contribuinte não comprovou a isenção da área declarada a titulo de reserva legal no imóvel rural. 0 Documento de Informação e Apuração do ITR (DIAT) foi alterado e os seus valores encontramse no Demonstrativo de Apuração do Imposto Devido, em folha anexa. Enquadramento Legal ART 10 PAR 1 E INC II E AL "A" L 9393/96 Complemento da Descrição dos Fatos: GLOSA DA AREA DECLARADA COMO DE RESERVA LEGAL MAS CUJA AVERBAÇÃO NA MATRICULA DO IMÓVEL NÃO FOI COMPROVADA, SENDO MANTIDO O VALOR DE 88,0 HECTARES CONSTANTE DA CERTIDÃO DO REGISTRO DE IMÓVEIS DDE(sic) TAIÓ/SC, REFERENTE LIVRO 3B, FOLHA 239, REGISTRO N ° 2405. Exercício ARL Declarado ARL Apurado Averbação ADA 2006 287,9ha 88ha 02/06/1987 (apenas dos 88ha) efls. 25/26 2008 (apenas dos 88ha) efls. 29 Irresignado com a autuação o Contribuinte apresentou Impugnação (efls. 34/55), que foi julgada improcedente conforme o acórdão n° 0420.972, proferido pela DRJ em 02/07/2010, possuindo a seguinte ementa (efls. 78/86): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2004 RESERVA LEGAL. REQUISITOS. AVERBAÇÃO Por exigência de Lei, para ser considerada isenta, a área de reserva legal deve estar averbada na Matricula do imóvel junto ao Cartório de Registro de Imóveis e ser reconhecida mediante Ato Declaratório Ambiental ADA, cujo requerimento deve ser protocolado dentro do prazo estipulado. Impugnação Improcedente Fl. 217DF CARF MF Processo nº 13971.720207/200824 Acórdão n.º 9202005.420 CSRFT2 Fl. 216 3 Crédito Tributário Mantido Devidamente intimado, o Contribuinte apresentou Recurso Voluntário (efls. 91/110). Em sessão plenária de 03/12/2014, foi julgado o recurso, prolatandose o Acórdão nº 210203.213 (efls. 126/134), assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2006 ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO. Áreas de reserva legal são aquelas averbadas à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, de sorte que a falta da averbação, na data da ocorrência do fato gerador, impede sua exclusão para fins de cálculo da área tributável. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECLARAÇÃO DO CONTRIBUINTE. COMPETÊNCIA DA FISCALIZAÇÃO. Compete à autoridade fiscal rever o lançamento realizado pelo contribuinte, revogando de ofício a isenção quando constate a falta de preenchimento dos requisitos para a concessão do favor. MULTA DE OFÍCIO. PRINCÍPIO DO NÃOCONFISCO. EXAME DE CONSTITUCIONALIDADE. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. (Súmula CARF nº 2, publicada no DOU, Seção 1, de 22/12/2009) JUROS MORATÓRIOS SELIC. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais (Súmula CARF nº 4, publicada no DOU, Seção 1, de 26, 27 e 28/06/2006). Recurso Voluntário Negado Cientificada do acórdão em 02/02/2015 (efls. 140), o Contribuinte interpôs, no dia 13/02/2015, o Recurso Especial de efls. 142/148, com fundamento no artigo 64, II c/c artigo 67 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, visando rediscutir o restabelecimento da ARL – Área de Reserva Legal declarado, alegando contrariedade à lei nº 9.636, de 1996 e ao art. 16, § 2º, da Lei nº 4.771, de 1965 (com redação dada pela Lei n° 7.803/89). Em exame de admissibilidade, foi dado seguimento ao Recurso Especial, conforme o Despacho s/n, de 30/09/2015 (efls. 176/178). O paradigma indicado pela Contribuinte possui a seguinte ementa: Fl. 218DF CARF MF 4 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2000 ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO NO REGISTRO DE IMÓVEIS. A averbação da área de reserva legal na matrícula do imóvel feita após a data de ocorrência do fato gerador, não é, por si só, fato impeditivo ao aproveitamento da isenção de tal área na apuração do valor do ITR, ante a proteção legal estabelecida pelo artigo 16 da Lei nº 4.771/1965. Reconhecese o direito à subtração do limite mínimo de 20% da área do imóvel, estabelecido pelo artigo 16 da Lei nº 4.771/1965, relativo à área de reserva legal, porquanto, mesmo antes da respectiva averbação, que não é fato constitutivo, mas meramente declaratório, já havia a proteção legal sobre tal área. Recurso especial negado. O contribuinte peticionou reiterando os fundamentos já apresentados em sede do Recurso Especial (efls. 180/182). A Fazenda Nacional apresentou Contrarrazões sustentando que “a Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989 disciplinou o instituto da reserva legal e consagrou a exigência de sua averbação ou registro à margem da inscrição da matrícula do imóvel, vedada “a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, ou desmembramento da área” (Art. 16 § 2°)” considerando, portanto, a averbação da ARL à margem da matricula do imóvel de caráter constitutivo. (efls. 192/207). Ao final, a Fazenda Nacional pede seja negado provimento ao Recurso Especial, mantendose o inteiro teor da decisão recorrida. O Contribuinte, às efls. 232/236, apresenta petição na qual apresenta argumentação de que ocorreu prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal, razão pela qual pede o reconhecimento da extinção do crédito fiscal em discussão. É o relatório. Voto Conselheira Patrícia da Silva Relatora O Recurso Especial do Contribuinte, contra decisão por maioria dos votos proferida em 03/12/2014, foi interposto na modalidade de divergência jurisprudencial previsto nos arts. 67 e seguintes do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF). Conhecimento do Recurso Em pese ser o recurso ser tempestivo, fazse necessário analisar outro requisito, qual seja o da divergência jurisprudencial. Fl. 219DF CARF MF Processo nº 13971.720207/200824 Acórdão n.º 9202005.420 CSRFT2 Fl. 217 5 Analisando mais detidamente a existência de divergência jurisprudencial entre o acórdão recorrido e os paradigmas, entendo que tal requisito não foi observado. A inexistência de divergência jurisprudencial mostrase na medida em que as situações fáticas do presente caso e do caso do acórdão paradigma são distintas. O acórdão paradigma traz a situação em que a ARL foi desconsiderada pela fiscalização pois a averbação se deu em data posterior ao fato gerador. No presente caso a ARL foi desconsiderada pois não há averbação, bem como não a ADA do quantum declarado pelo contribuinte. Portanto, caso a jurisprudência indicada pelo Contribuinte como paradigma fosse aplicada ao presente processo o Contribuinte não teria benefícios, pois segundo o posicionamento contido no acórdão paradigma a averbação deve ser considera ainda que intempestiva, contudo, na presente situação não há que se falar em intempestividade, afinal não há averbação da ARL declarada. Para que se pudesse conhecer do recurso neste ponto, deveria ter sido indicado como paradigma um acórdão onde o relator também tivesse analisado a possibilidade de isenção de ARL mesmo sem averbação à margem da inscrição do imóvel ou ADA. Importante relembrar que se trata de Recurso Especial de Divergência, e que esta somente se caracteriza quando, perante situações fáticas similares, são adotadas soluções diversas, obviamente que em face de incidências tributárias da mesma espécie. Não estou aqui adentrando ao mérito de estar ou não correto o entendimento descrito no acórdão recorrido, mas que as situações diversas impendem que se avance no conhecimento da questão por parte desta CSRF. Face o exposto, voto por NÃO CONHECER do Recurso Especial do Contribuinte pela ausência de divergência jurisprudencial entre o acórdão recorrido e o paradigma apresentado. É como voto. (assinado digitalmente) Patrícia da Silva Fl. 220DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10945.004992/2007-12
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Jun 21 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Sep 19 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 10/08/2002 a 20/12/2004
RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. SIMILITUDE FÁTICA.
O recurso especial de divergência, interposto nos termos do art. 67 da Portaria MF nº 256, de 2009, só se justifica quando há interpretação divergente para a mesma legislação tributária.
Recurso Especial do Contribuinte não conhecido.
Numero da decisão: 9303-005.272
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Luiz Augusto do Couto Chagas, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Erika Costa Camargos Autran.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 10/08/2002 a 20/12/2004 RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. SIMILITUDE FÁTICA. O recurso especial de divergência, interposto nos termos do art. 67 da Portaria MF nº 256, de 2009, só se justifica quando há interpretação divergente para a mesma legislação tributária. Recurso Especial do Contribuinte não conhecido.
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INCIDÊNCIA Recorrente EMPRESA DE ÁGUA MINERAL ITAIPU LTDA. Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 10/08/2002 a 20/12/2004 RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. SIMILITUDE FÁTICA. O recurso especial de divergência, interposto nos termos do art. 67 da Portaria MF nº 256, de 2009, só se justifica quando há interpretação divergente para a mesma legislação tributária. Recurso Especial do Contribuinte não conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Luiz Augusto do AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 94 5. 00 49 92 /2 00 7- 12 Fl. 1101DF CARF MF 2 Couto Chagas, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Erika Costa Camargos Autran. Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto tempestivamente pela contribuinte contra o Acórdão nº 3801001.640, de 29/01/2013, proferido pela 1ª Turma Especial da Terceira Seção do CARF, que fora assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 10/08/2002 a 20/12/2004 Ementa: IPI IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS Industrialização. Envazamento. Água Mineral. Incidência do IPI. Ausência de comprovação de que o produto não é sujeito ao Imposto. Imunidade não comprovada. Recurso Voluntário Negado. No Recurso Especial, por meio do qual pleiteou, ao final, a reforma do decisum, a Recorrente insurgese contra a incidência do IPI sobre a água mineral. Alega divergência com relação ao que decidido nos Acórdãos nº 30134500, 39300001 e 30238300. O exame de admissibilidade encontrase às fls. 1085/1086. A Procuradoria apresentou contrarrazões ao recurso (fls. 1088/1094). É o Relatório. Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator Presentes os demais requisitos de admissibilidade, entendemos que o recurso especial não deve ser conhecido. É de fácil percepção, o acórdão recorrido concluiu pela manutenção do lançamento, ao argumento de que a Recorrente não comprovou que os produtos por ela fabricados eram classificados na TIPI com a notação "NT" ou mesmo que eram imunes à tributação pelo IPI. Eis os parágrafos em que o tema foi enfrentado: Não se desconhece que a Tabela TIPI traz hipótese de NT para as “águas minerais naturais”. Contudo, a Recorrente não se preocupou em comprovar que o produto por ela comercializado faz juz à Não Tributação do IPI. A fiscalização, pelo contrário, demonstrou que os produtos comercializados pela Recorrente Fl. 1102DF CARF MF Processo nº 10945.004992/200712 Acórdão n.º 9303005.272 CSRFT3 Fl. 1.097 3 são caracterizados pelos NCM’s 2201.10.00 (Agua mineral com gás) e 2201.90.00 (água mineral sem gás). Importante destacar que a própria Recorrente informou à fiscalização os códigos de NCM dos produtos por ela comercializados. Já com relação à imunidade arguida pela Recorrente, cumpre destacar que, mais uma vez, não há comprovação nos autos de que o comando constitucional, que limita a competência do ente tributante, se aplica aos produtos comercializados pela Recorrente. Não há nos autos qualquer comprovação neste sentido, muito menos decisão judicial favorável à Recorrente. (grifamos) A ratio decidendi, portanto, foi a falta de provas. Já os acórdãos paradigmas apenas afirmaram que um certo produto, aquele que a Recorrente afirma fabricar, não é tributado pelo IPI. Confiramse as ementas de cada qual: Acórdão 30134500: SIMPLES. REINCLUSÃO. ENGARRAFAMENTO DE ÁGUA MINERAL NATURAL. A atividade de engarrafamento de água mineral natural não é tributada pelo IPI e, portanto, não se enquadra na condição impeditiva prevista no inciso XIX, art. 9º da Lei nº. 9.317/96. Acórdão 39300001: SIMPLES. REINCLUSÃO. ENGARRAFAMENTO DE ÁGUA MINERAL NATURAL. A atividade de engarrafamento de água mineral natural não é tributada pelo IPI e, portanto, não se enquadra na condição impeditiva prevista no art. 9º, inciso XIX da Lei nº. 9.317/96. Acórdão 30238300: SIMPLES. EXCLUSÃO. ENGARRAFAMENTO DE ÁGUA MINERAL NATURAL. A atividade de engarrafamento de água mineral natural não é tributada pelo IPI, e portanto, não se enquadra na condição impeditiva prevista no inciso XIX, art. 9º da Lei nº 9.317/96. Não resta, pois, comprovada a alegada divergência. Não basta, como se sabe, que se tenham mantido, nas decisões confrontadas, classificações ou regimes tributários diversos para o mesmo produto, senão que os Fl. 1103DF CARF MF 4 fundamentos que as embasa sejam opostos, uma vez que o recurso especial só cabe quando há interpretação divergente para a mesma legislação tributária. Ante o exposto, e sem maiores delongas, não conheço do recurso especial. É como voto. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 1104DF CARF MF
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Numero do processo: 10950.003964/2001-13
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Sep 19 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/04/2001 a 30/06/2001
NORMAS REGIMENTAIS. OBRIGATORIEDADE DE REPRODUÇÃO DO CONTEÚDO DE DECISÃO PROFERIDA PELO STJ NO RITO DO ART. 543-C DO CPC.
Consoante art. 62-A do Regimento Interno do CARF, As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543¬B e 543¬C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF.
RESSARCIMENTO DE IPI. AQUISIÇÕES A NÃO CONTRIBUINTES DO PIS E COFINS. APLICAÇÃO DAS DECISÕES DO STJ PROFERIDAS NO RITO DO ART. 543-C.
Na forma de reiterada jurisprudência oriunda do STJ, é cabível a inclusão na base de cálculo do crédito presumido de que trata a Lei nº 9.363/96 das aquisições efetuadas junto a pessoas físicas e cooperativas.
Numero da decisão: 9303-005.416
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Demes Brito - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: DEMES BRITO
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OBRIGATORIEDADE DE REPRODUÇÃO DO CONTEÚDO DE DECISÃO PROFERIDA PELO STJ NO RITO DO ART. 543C DO CPC. Consoante art. 62A do Regimento Interno do CARF, “As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543¬B e 543¬C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. RESSARCIMENTO DE IPI. AQUISIÇÕES A NÃO CONTRIBUINTES DO PIS E COFINS. APLICAÇÃO DAS DECISÕES DO STJ PROFERIDAS NO RITO DO ART. 543C. Na forma de reiterada jurisprudência oriunda do STJ, é cabível a inclusão na base de cálculo do crédito presumido de que trata a Lei nº 9.363/96 das aquisições efetuadas junto a pessoas físicas e cooperativas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Demes Brito Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 95 0. 00 39 64 /2 00 1- 13 Fl. 332DF CARF MF Processo nº 10950.003964/200113 Acórdão n.º 9303005.416 CSRFT3 Fl. 333 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello. Relatório Tratase de Recurso Especial de divergência interposto pela Fazenda Nacional com fundamento no artigo 67 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, aprovado pela Portaria MF 256, de 22 de junho de 2009, contra acórdão nº3802000.303, proferido pela 2º Turma Especial do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, que decidiu em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário, para incluir na base de cálculo do crédito presumido de IPI as aquisições de insumos de pessoas físicas. Transcrevo, inicialmente, excerto do relatório da decisão de primeiro grau: "Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão da 2ª Turma da DRJ Ribeirão Preto(fls. 207/sgs.), a qual, por unanimidade de votos, indeferiu a solicitação da recorrente, nos termos do Acórdão nº 1421.292, proferido em 5 de novembro de 2008, abaixo transcrito: ACORDAM os membros da 2' Turma de Julgamento, por unanimidade de votos, indeferir a solicitação. A contribuinte solicitou o ressarcimento de crédito presumido de IPI (f1.01) de que trata a Lei n° 9.363 de 1996, e a Portaria MF n° 38/97, no valor total de R$ 158.089,93, relativamente ao 2° trimestre de 2001. Posteriormente retificou o valor pedido para R$ 170.303,86 (fls. 87/88). Apresentou também, pedidos de compensação de tributos. O pedido foi deferido parcialmente, tendo sido reconhecido o direito creditório de R$ 104.969,26, mediante o Despacho Decisório de fls. 104/107, no qual foram efetuadas as seguintes retificações no cálculo do crédito da interessada: 1.Exclusão das matériasprimas adquiridas de pessoas fisicas; 2. Exclusão das devoluções de compras para industrialização ocorridas nos meses do trimestre em referência; Em razão do deferimento parcial do pedido foi proferido também o Despacho Decisório de fls. 131/134, homologando parcialmente as compensações pleiteadas. O acórdão recorrido restou assim ementado: CONEXÃO PROCESSUAL. Processos que tratam de pleitos individualizados, assim formulados pela requerente, concernentes a saldos credores de IPI apurados em trimestrescalendários distintos, ensejam Fl. 333DF CARF MF Processo nº 10950.003964/200113 Acórdão n.º 9303005.416 CSRFT3 Fl. 334 3 análises igualmente individualizadas e distintas dos órgãos administrativos competentes. ERRO DE CÁLCULO NA APURAÇÃO DO CRÉDITO PRESUMIDO. Deduções efetuadas em duplicidade. Não há controvérsia a ser examinada já que este ponto já foi atacado em 1a. instância. IPI. RESSARCIMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES AO PIS E COFINS MEDIANTE CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. AQUISIÇÕES DE NÃO CONTRIBUINTES. O incentivo corresponde a um crédito que é presumido, cujo valor deflui de fórmula estabelecida pela lei, a qual considera que é possível ter havido sucessivas incidências das duas contribuições, mas que, por se tratar de presunção "juris et de jure", não exige nem admite prova ou contraprova de incidências ou não incidências, seja pelo fisco, seja pelo contribuinte. Os valores correspondentes às aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem de não contribuintes do PIS e da COFINS (pessoas fisicas, cooperativas) podem compor a base de cálculo do crédito presumido de que trata a Lei n° 9.363/96. Não cabe ao intérprete fazer distinção nos casos em que a lei não o fez. INDUSTRIALIZAÇÃO POR ENCOMENDA. O incentivo denominado "crédito presumido de IPI" somente pode ser calculado sobre as aquisições, no mercado interno, de matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem, sendo indevida a inclusão, na sua apuração, de custos de serviços de industrialização por encomenda. ATUALIZAÇÃO PELA TAXA SELIC. Incabível a atualização do ressarcimento pela taxa Selic, por se tratar de hipótese distinta da repetição de indébito. Inconformada com tal decisão, a Fazenda Nacional interpõe o presente Recurso, sustentando o seguinte: "o objetivo do legislador foi ressarcir as contribuições do PIS e da Cofins incidentes sobre as aquisições de insumos aplicados na industrialização de produtos exportados, não havendo no referido texto legal qualquer restrição sobre a origem das aquisições. Como o intuito da norma é, sob certo aspecto, desonerar as aquisições daquelas contribuições sociais, minimizando, assim, o seu impacto no custo das exportações, forçoso concluir que deve haver a pressuposição da sua incidência na etapa anterior. Se tal não ocorre, como no caso em debate, não há que se falar na inclusão destes valores no cálculo do benefício fiscal". Por fim, pugna para que o Recurso seja conhecido, reformandose o acórdão recorrido, na parte objeto de irresignação, para excluir as aquisições de pessoas físicas no cálculo do crédito presumido de IPI. Para respaldar a dissonância jurisprudencial, a Fazenda Nacional aponta como paradigma o acórdão nº 20179.254, de 23/05/2006. Em seguida, por sido comprovada a divergência jurisprudencial, o Presidente da 2º Câmara da 3º Seção de Julgamento deu seguimento ao recurso, com os seguintes fundamentos: Fl. 334DF CARF MF Processo nº 10950.003964/200113 Acórdão n.º 9303005.416 CSRFT3 Fl. 335 4 "comparandose os fundamentos dos Acórdãos recorrido e paradigma, entendo que restou caracterizado o dissídio jurisprudencial, sendo inequívoca a divergência manifestada: o Acórdão recorrido manifestase pelo cabimento da inclusão, no cálculo do crédito presumido de IPI, pelo produtor exportador, das aquisições de insumo de pessoas físicas e cooperativas não contribuintes da contribuição para o PIS e da COFINS; já o Acórdão paradigma, em sentido oposto, entende não ser cabível a inclusão dessas aquisições no cálculo do crédito presumido do IPI, visto não haver incidência dessas contribuições sociais nas referidas aquisições, fls. 327." A Contribuinte não apresentou contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheiro Demes Brito Relator O Recurso foi tempestivamente apresentado e atende os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. A matéria divergente posta a esta E.Câmara Superior, diz respeito ao cabimento ou não da inclusão, no cálculo do crédito presumido de IPI, pelo produtor exportador nas aquisições de pessoas físicas e cooperativas não contribuintes da contribuição para o PIS e da COFINS. Com efeito, a matéria foi tratada nos autos do REsp nº 993.164MG, de Relatoria do Ministro Luiz Fux, cuja controvérsia foi submetida ao rito previsto no artigo 543 C do CPC, cuja ementa transcrevese abaixo: "PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. IPI. CRÉDITO PRESUMIDO PARA RESSARCIMENTO DO VALOR DO PIS/PASEP E DA COFINS. EMPRESAS PRODUTORAS E EXPORTADORAS DE MERCADORIAS NACIONAIS. LEI 9.363/96. INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF 23/97. CONDICIONAMENTO DO INCENTIVO FISCAL AOS INSUMOS ADQUIRIDOS DE FORNECEDORES SUJEITOS À TRIBUTAÇÃO PELO PIS E PELA COFINS. EXORBITÂNCIA DOS LIMITES IMPOSTOS PELA LEI ORDINÁRIA. SÚMULA VINCULANTE 10/STF. OBSERVÂNCIA. INSTRUÇÃO NORMATIVA (ATO NORMATIVO SECUNDÁRIO). CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. EXERCÍCIO DO DIREITO DE CRÉDITO POSTERGADO PELO FISCO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE CRÉDITO ESCRITURAL. TAXA SELIC. APLICAÇÃO. VIOLAÇÃO DO ARTIGO 535, DO CPC. INOCORRÊNCIA. 1. O crédito presumido de IPI, instituído pela Lei 9.363/96, não poderia ter sua aplicação restringida por força da Instrução Normativa SRF 23/97, ato normativo secundário, que não pode inovar no ordenamento jurídico, subordinandose aos limites do texto legal. Fl. 335DF CARF MF Processo nº 10950.003964/200113 Acórdão n.º 9303005.416 CSRFT3 Fl. 336 5 2. A Lei 9.363/96 instituiu crédito presumido de IPI para ressarcimento do valor do PIS/PASEP e COFINS, ao dispor que: "Art. 1º A empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais fará jus a crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares nos sete, de sete de setembro de 1970, 8, de três de dezembro de 1970, e de dezembro de 1991, incidentes sobre as respectivas aquisições, no mercado interno, de matérias primas, produtos intermediários e material de embalagem, para utilização no processo produtivo. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplicase, inclusive, nos casos de venda a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação para o exterior.”. 3. O artigo 6º, do aludido diploma legal, determina, ainda, que "o Ministro de Estado da Fazenda expedirá as instruções necessárias ao cumprimento do disposto nesta Lei, inclusive quanto aos requisitos e periodicidade para apuração e para fruição do crédito presumido e respectivo ressarcimento, à definição de receita de exportação e aos documentos fiscais comprobatórios dos lançamentos, a esse título, efetuados pelo produtor exportador". 4. O Ministro de Estado da Fazenda, no uso de suas atribuições, expediu a Portaria 38/97, dispondo sobre o cálculo e a utilização do crédito presumido instituído pela Lei 9.363/96 e autorizando o Secretário da Receita Federal a expedir normas complementares necessárias à implementação da aludida portaria (artigo 12). 5. Nesse segmento, o Secretário da Receita Federal expediu a Instrução Normativa 23/97 (revogada, sem interrupção de sua força normativa, pela Instrução Normativa 313/2003, também revogada, nos mesmos termos, pela Instrução Normativa 419/2004), assim preceituando: "Art. 2º Fará jus ao crédito presumido a que se refere o artigo anterior à empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais. § 1º O direito ao crédito presumido aplicase inclusive: I ¬ Quando o produto fabricado goze do benefício da alíquota zero; II ¬ nas vendas a empresa comercial exportadora, com o fim específico de exportação. § 2º O crédito presumido relativo a produtos oriundos da atividade rural, conforme definida no art. 2º da Lei nº 8.023, de 12 de abril de 1990, utilizados como matériaprima, produto intermediário ou embalagem, na produção bens exportados, será calculado, exclusivamente, em relação às aquisições, efetuadas de pessoas jurídicas, sujeitas às contribuições PIS/PASEP e COFINS.”. 6. Com efeito, o § 2º, do artigo 2º, da Instrução Normativa SRF 23/97, restringiu a dedução do crédito presumido do IPI (instituído pela Lei 9.363/96), no que concerne às empresas produtoras e exportadoras de produtos oriundos de atividade rural, às aquisições, no mercado interno, efetuadas de pessoas jurídicas sujeitas às contribuições destinadas ao PIS/PASEP e à COFINS. 7. Como de sabença, a validade das instruções normativas (atos normativos secundários) pressupõe a estrita observância dos limites impostos pelos atos normativos primários a que se subordinam (leis, tratados, convenções internacionais, etc.), sendo certo que, se vierem a positivar em seu texto uma exegese que possa irromper a hierarquia normativa sobrejacente, viciarse ão de ilegalidade e não de inconstitucionalidade (Precedentes do Supremo Tribunal Federal: ADI 531 AgR, Rel. Ministro Celso de Mello, Tribunal Fl. 336DF CARF MF Processo nº 10950.003964/200113 Acórdão n.º 9303005.416 CSRFT3 Fl. 337 6 Pleno, julgado em 11.12.1991, DJ 03.04.1992; e ADI 365 AgR, Rel. Ministro Celso de Mello, Tribunal Pleno, julgado em 07.11.1990, DJ 15.03.1991). 8. Consequentemente, sobressai a "ilegalidade" da instrução normativa que extrapolou os limites impostos pela Lei 9.363/96, ao excluir, da base de cálculo do benefício do crédito presumido do IPI, as aquisições (relativamente aos produtos oriundos de atividade rural) de matériaprima e de insumos de fornecedores não sujeito à tributação pelo PIS/PASEP e pela COFINS (Precedentes das Turmas de Direito Público: REsp 849287/RS, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em 19.08.2010, DJe 28.09.2010; AgRg no REsp 913433/ES, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 04.06.2009, DJe 25.06.2009; REsp 1109034/PR, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, julgado em 16.04.2009, DJe 06.05.2009; REsp 1008021/CE, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 01.04.2008, DJe 11.04.2008; REsp 767.617/CE, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, julgado em 12.12.2006, DJ 15.02.2007; REsp 617733/CE, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, julgado em 03.08.2006, DJ 24.08.2006; e REsp 586392/RN, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 19.10.2004, DJ 06.12.2004). 9. É que: (i) "a COFINS e o PIS oneram em cascata o produto rural e, por isso, estão embutidos no valor do produto final adquirido pelo produtor exportador, mesmo não havendo incidência na sua última aquisição"; (ii) "o Decreto 2.367/98 do Regulamento do IPI, posterior à Lei 9.363/96, não fez restrição às aquisições de produtos rurais"; e (iii) "a base de cálculo do ressarcimento é o valor total das aquisições dos insumos utilizados no processo produtivo (art. 2º), sem condicionantes" (REsp 586392/RN). 10. A Súmula Vinculante 10/STF cristalizou o entendimento de que: "Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta sua incidência, no todo ou em parte." 11. Entrementes, é certo que a exigência de observância à cláusula de reserva de plenário não abrange os atos normativos secundários do Poder Público, uma vez não estabelecido confronto direto com a Constituição, razão pela qual inaplicável a Súmula Vinculante 10/STF à espécie. 12. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito de IPI (decorrente da aplicação do princípio constitucional da não cumulatividade), descaracteriza referido crédito como escritural (assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil), exsurgindo legítima a incidência de correção monetária, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Aplicação analógica do precedente da Primeira Seção submetido ao rito do artigo 543C, do CPC: REsp 1035847/RS, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 24.06.2009, DJe 03.08.2009). 13. A Tabela Única aprovada pela Primeira Seção (que agrega o Manual de Cálculos da Justiça Federal e a jurisprudência do STJ) autoriza a aplicação da Taxa SELIC (a partir de janeiro de 1996) na correção monetária dos créditos extemporaneamente aproveitados por óbice do Fisco (REsp 1150188/SP, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 20.04.2010, DJe 03.05.2010). Fl. 337DF CARF MF Processo nº 10950.003964/200113 Acórdão n.º 9303005.416 CSRFT3 Fl. 338 7 14. Igualmente, a apontada ofensa ao artigo 535, do CPC, não restou configurada, uma vez que o acórdão recorrido pronunciase de forma clara e suficiente sobre a questão posta nos autos. Salientese, ademais, que o magistrado não está obrigado a rebater, um a um, os argumentos trazidos pela parte, desde que os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar a decisão, como de fato ocorreu na hipótese dos autos. 15. Recurso especial da empresa provido para reconhecer a incidência de correção monetária e a aplicação da Taxa Selic. 16. Recurso especial da Fazenda Nacional desprovido. 17. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Quanto à questão da incidência de taxa Selic sobre os valores dos créditos presumidos de IPI, neste caso, não subiu para apreciação desta E. Câmara Superior. Sem embargo, estou submetido ao artigo 62A, caput, do Regimento Interno do CARF (Portaria MF n° 256, de 22 de junho de 2009, alterada pela Portaria MF n° 586, de 21 de dezembro de 2010) o qual determina que: "As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei n° 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF". De tudo que foi exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso da Fazenda Nacional. É como voto. (assinado digitalmente) Demes Brito Fl. 338DF CARF MF
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Numero do processo: 13116.900004/2014-48
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Aug 14 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do fato gerador: 30/11/2008
PROUNI. ISENÇÃO FISCAL. INSTITUIÇÃO DE EDUCAÇÃO. TERMO DE ADESÃO. ALCANCE.
A isenção prevista no art. 8º da Lei nº 11.096/2005 é comprovada com o Termo de Adesão da instituição ao ProUni - Programa Universidade para Todos. Quanto às contribuições, alcança tão somente o PIS e a COFINS sobre receitas, excluído o PIS sobre a folha de salário.
COMPENSAÇÃO. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA. INSUFICIÊNCIA.
O reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional exige a averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior de tributo, fazendo-se necessário verificar a exatidão das informações a ele referentes. In casu, a recorrente não logrou êxito em se desincumbir do ônus de provar seu direito líquido e certo.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3201-002.888
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Orlando Rutigliani Berri (Suplente convocado), Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Renato Vieira de Ávila (Suplente convocado).
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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ISENÇÃO FISCAL. INSTITUIÇÃO DE EDUCAÇÃO. TERMO DE ADESÃO. ALCANCE. A isenção prevista no art. 8º da Lei nº 11.096/2005 é comprovada com o Termo de Adesão da instituição ao ProUni Programa Universidade para Todos. Quanto às contribuições, alcança tão somente o PIS e a COFINS sobre receitas, excluído o PIS sobre a folha de salário. COMPENSAÇÃO. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA. INSUFICIÊNCIA. O reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional exige a averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior de tributo, fazendose necessário verificar a exatidão das informações a ele referentes. In casu, a recorrente não logrou êxito em se desincumbir do ônus de provar seu direito líquido e certo. Recurso Voluntário Negado Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Orlando Rutigliani Berri (Suplente convocado), Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Renato Vieira de Ávila (Suplente convocado). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 11 6. 90 00 04 /2 01 4- 48 Fl. 41DF CARF MF Processo nº 13116.900004/201448 Acórdão n.º 3201002.888 S3C2T1 Fl. 3 2 Relatório UNIÃO BRASILIENSE DE EDUCAÇÃO E CULTURA transmitiu PER/DCOMP alegando indébito da contribuição para o PIS. A repartição de origem emitiu Despacho Decisório Eletrônico indeferindo o Pedido de Restituição, em virtude de o pagamento informado ter sido integralmente utilizado para quitação de débitos declarados pelo contribuinte, não restando crédito disponível para a restituição pleiteada. Em Manifestação de Inconformidade, o declarante informou que o direito creditório tinha por fundamento a isenção da contribuição para o PIS decorrente da adesão ao Programa Universidade para Todos ProUni, nos termos da Solução de Consulta nº 86 – SRRF/1ª RF/Disit, de 2 de junho de 2009, em que se reafirmou o direito à isenção durante o período de vigência do Termo de Adesão (art. 5º da Medida Provisória nº 213/2004). Nos termos do Acórdão nº 14053.529, a Manifestação de Inconformidade foi julgada improcedente, tendo a DRJ fundamentado sua decisão no fato de inexistir comprovação, por meio de documentação contábil e fiscal, do direito creditório pleiteado e por não ter havido a comprovação da adesão da instituição ao ProUni, nos termos do art. 8º da Lei nº 11.096/2005. Em seu recurso voluntário, a Recorrente repisa suas razões de defesa, destacando a existência a seu favor de solução de consulta da Receita Federal assegurando o direito à isenção, o que, segundo ela, tornava "legalmente desnecessária" a exigência de comprovação de sua adesão ao programa. Argumenta, ainda, que, nos casos da espécie, é "faticamente impossível" a apresentação de documentos, por se tratar o pedido de restituição de procedimento eletrônico. Na sequência, sustenta a absoluta desnecessidade dos elementos de prova exigidos pela Delegacia de Julgamento, quais sejam, folhas de salário e contabilidade, por se tratar de questão aperfeiçoada e superada ante a homologação da base de cálculo da contribuição por parte da Fiscalização, tendo em vista que constou do despacho decisório que o valor declarado encontravase exato e perfeito. Supletivamente, pugna, caso o CARF entenda necessário, pela realização de diligência junto à repartição de origem, para que a autoridade administrativa oficie o Ministério da Educação com vistas a elucidar os termos no quais se manteve a sua adesão ao ProUni no período sob comento. É o relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator Fl. 42DF CARF MF Processo nº 13116.900004/201448 Acórdão n.º 3201002.888 S3C2T1 Fl. 4 3 O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 9 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3201002.885, de 28/06/2017, proferido no julgamento do processo nº 13116.900001/201412, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3201002.885): O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade devendo, portanto, ser conhecido. O dispositivo legal que trata da isenção de impostos e contribuições às instituições de ensino que aderirem ao Prouni é o art. 8º da Lei nº 11.096/2005, reproduzido no que se aplica ao caso (grifei): Art. 8o A instituição que aderir ao ProUni ficará isenta dos seguintes impostos e contribuições no período de vigência do termo de adesão: (Vide Lei nº 11.128, de 2005) (...) III Contribuição Social para Financiamento da Seguridade Social, instituída pela Lei Complementar n° 70, de 30 de dezembro de 1991; e IV Contribuição para o Programa de Integração Social, instituída pela Lei Complementar n° 7, de 7 de setembro de 1970. § 1° A isenção de que trata o caput deste artigo recairá sobre o lucro nas hipóteses dos incisos I e II do caput deste artigo, e sobre a receita auferida, nas hipóteses dos incisos III e IV do caput deste artigo, decorrentes da realização de atividades de ensino superior, proveniente de cursos de graduação ou cursos seqüenciais de formação específica. § 2° A Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda disciplinará o disposto neste artigo no prazo de 30 (trinta) dias. § 3° A isenção de que trata este artigo será calculada na proporção da ocupação efetiva das bolsas devidas. (Incluído pela Lei nº 12.431, de 2011). A Lei foi regulamentada pelo Decreto nº 5.493, de 18/07/2005, com os dispositivos que se aplicam ao caso transcritos (grifei): Art. 1o O Programa Universidade para Todos PROUNI, de que trata a Lei no 11.096, de 13 de janeiro de 2005, destinase à concessão de bolsas de estudo integrais e bolsas de estudo parciais de cinqüenta por cento ou de vinte e cinco por cento, para estudantes de cursos de graduação ou seqüenciais de formação específica, em instituições privadas de ensino superior, com ou sem fins lucrativos, que tenham aderido ao PROUNI nos termos da legislação aplicável e do disposto neste Decreto. Parágrafo único. O termo de adesão não poderá abranger, para fins de gozo de benefícios fiscais, cursos que exijam formação prévia em nível superior como requisito para a matrícula. Art. 2o O PROUNI será implementado por intermédio da Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação. Fl. 43DF CARF MF Processo nº 13116.900004/201448 Acórdão n.º 3201002.888 S3C2T1 Fl. 5 4 § 1o A instituição de ensino superior interessada em aderir ao PROUNI firmará, em ato de sua mantenedora, termo de adesão junto ao Ministério da Educação. (...) Art. 12. Havendo indícios de descumprimento das obrigações assumidas no termo de adesão, será instaurado procedimento administrativo para aferir a responsabilidade da instituição de ensino superior envolvida, aplicandose, se for o caso, as penalidades previstas. (...) A Secretaria da Receita Federal em cumprimento ao disposto no § 2º do art. 8º acima, editou a Instrução Normativa SRF nº 456/2004, posteriormente revogada pela IN RFB nº 1.394/2013, que dispunha, no que se aplica ao caso (grifei): Art. 1º A instituição privada de ensino superior, com fins lucrativos ou sem fins lucrativos não beneficente, que aderir ao Programa Universidade para Todos (ProUni) nos termos dos arts. 5º da Medida Provisória nº 213, de 2004, ficará isenta, no período de vigência do termo de adesão, das seguintes contribuições e imposto: I Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins); II Contribuição para o PIS/Pasep; (...) § 1º A isenção de que trata o caput recairá sobre o lucro na hipótese dos incisos III e IV, e sobre o valor da receita auferida na hipótese dos incisos I e II, decorrentes da realização de atividades de ensino superior, proveniente de cursos de graduação ou cursos seqüenciais de formação específica. § 2º Para fins do disposto nos incisos III e IV do caput a instituição de ensino deverá apurar o lucro da exploração referente às atividades sobre as quais recaia a isenção, observado o disposto no art. 2º e na legislação do imposto de renda. (...) Art. 3º Para usufruir da isenção, a instituição de ensino deverá demonstrar em sua contabilidade, com clareza e exatidão, os elementos que compõem as receitas, custos, despesas e resultados do período de apuração, referentes às atividades sobre as quais recaia a isenção segregados das demais atividades. (...) O termo de adesão foi previsto no art. 5º da Lei nº 11.096/2005, in verbis (grifei): Art. 5o A instituição privada de ensino superior, com fins lucrativos ou sem fins lucrativos não beneficente, poderá aderir ao Prouni mediante assinatura de termo de adesão, cumprindolhe (...) § 1o O termo de adesão terá prazo de vigência de 10 (dez) anos, contado da data de sua assinatura, renovável por iguais períodos e observado o disposto nesta Lei. Fl. 44DF CARF MF Processo nº 13116.900004/201448 Acórdão n.º 3201002.888 S3C2T1 Fl. 6 5 (...) Art. 7o As obrigações a serem cumpridas pela instituição de ensino superior serão previstas no termo de adesão ao Prouni, no qual deverão constar as seguintes cláusulas necessárias: (...) Art. 9o O descumprimento das obrigações assumidas no termo de adesão sujeita a instituição às seguintes penalidades: (...) Art. 16. O processo de deferimento do termo de adesão pelo Ministério da Educação, nos termos do art. 5o desta Lei, será instruído com a estimativa da renúncia fiscal, no exercício de deferimento e nos 2 (dois) subseqüentes, a serusufruída pela respectiva instituição, na forma do art. 9o desta Lei, bem como o demonstrativo da compensação da referida renúncia, do crescimento da arrecadação de impostos e contribuições federais no mesmo segmento econômico ou da prévia redução de despesas de caráter continuado A recorrente alega a desnecessidade de apresentação de qualquer documento que comprove sua regular adesão ao Prouni sob o fundamento de que o documento é totalmente eletrônico e a própria Lei nº 11.096/2005 em seu art. 11, § 1º, remete a competência para tais verificações e exigências ao Ministério da Educação. Não é o que se extrai da leitura dos dispositivos acima. O termo de adesão é documento a ser firmado no qual se inserem requisitos de participação no referido Programa. Os diversos dispositivos transcritos (Lei, Decreto e Instrução Normativa) apontam para vários elementos a serem inseridos no Termo que permitiram não somente a adesão da instituição de ensino, mas o controle de sua permanência, enquanto regular e vigente, a aplicação de penalidade, e, principalmente ao que interessa ao presente litígio, a isenção de contribuições. Dessa forma, a exibição do documento "Termo de Adesão" é essencial ao gozo do benefício fiscal de isenção das contribuições para o PIS/Pasep e Cofins Ao contrário do que alega a recorrente, o termo de Adesão, ainda que eletrônico, prevê o ato de sua assinatura, para que se dê a devida validade e autenticidade. Realmente é emitido no âmbito do Ministério da Educação, o que demonstra não estar nos sistemas internos (informatizados) da Secretaria da Receita Federal; e, se de fato materializado apenas em formato eletrônico em razão de sua essencialidade, é de se presumir a possibilidade de sua impressão, típica das emitidas por órgãos públicos, com chave de segurança para confirmação da autenticidade. Ademais, documento oficial, que confere benefícios tributários de outra ordem, e firmado entre partes Ministério da Educação e instituição de ensino privada há de ser mantido pela parte interessada para o gozo dos benefícios previstos no Termo. Fl. 45DF CARF MF Processo nº 13116.900004/201448 Acórdão n.º 3201002.888 S3C2T1 Fl. 7 6 Nada obstante, o que a recorrente argumenta para a não apresentação do Termo de adesão ao Prouni outros recorrentes em situação idêntica não se escusaram do cumprimento de singelo mister. Vejase exemplo de julgado proferidos neste Conselho em que se demonstrou a possibilidade fática de apresentar e comprovar a adesão e mantença no Programa (grifei): Autoridade Julgadora de 1ª Instância bem observou ainda que o contribuinte em questão comprovou nos autos (fls. 3.325) a adesão ao Programa Universidade para Todos, trecho que merece ser reproduzido por ser de extrema valia: "60. Para comprovar a adesão ao PROUNI o contribuinte anexou aos autos cópia do correio eletrônico do MEC (fls. 3.118) e cópia do Termo de Adesão (fls. 3.119 a 3.273). (Acórdão nº 3402001.704, processo nº 19515.000260/200879, relatoria do cons. João Carlos Cassuli Junior, sessão de 22/03/2012) Não se pode concluir de outra forma, senão a que a recorrente não se dignou a comprovar a existência e aposição de assinatura no Termo de Adesão e a regular fruição do Programa que aderiu. Tenho que este fundamento é suficiente para negar provimento ao recurso voluntário; contudo, há de se tecer ainda argumentos pertinentes ao ônus probatório a cargo a de quem pleiteia direito seu. Antes, porém, analisase as demais teses suscitadas no recurso voluntário que visam seu provimento Sustenta ainda a desnecessidade de apresentação das folhas de salário e respectivamente contabilidade pois entende que no despacho decisório há o reconhecimento expresso de que a base de cálculo encontrase "exata e perfeita", além de "devidamente homologada". Quanto à exigência de apresentação de documentos fiscais e contábeis, assentou o voto condutor do acórdão recorrido que deveria também ter juntado a folha de salários, a fim de demonstrar a base de cálculo do PIS, e os livros fiscais que demonstrassem os lançamentos relativos a ela. Ora, em que pese a ressaltava da DRJ, com a qual concordo, que a isenção do PIS prevista no art. 8º da Lei nº 11.096/2005 não alcança a parcela que incide sobre a folha de salários, a Solução de Consulta nº 86 – SRRF/1ª RF/Disit, de 2 de junho de 2009 proferiu entendimento cuja interpretação errônea da contribuinte adiante será enfrentado lhe é favorável quanto à isenção do PISfolha de salários. Ad argumentandum tantum, justamente firmada no entendimento favorável que extraiu do ato expedido pela autoridade, a recorrente pleiteia a restituição do PISfolha de salários, código de receita "8301". Se há o entendimento de que faz jus à esta isenção deveras tem o ônus de fazer prova documental de seu pretenso direito, qual seja, a apresentação dos documentos e livros atinentes à rubrica "salários" para que se comprove qual sua dimensão (quantificação) na base de cálculo. Fl. 46DF CARF MF Processo nº 13116.900004/201448 Acórdão n.º 3201002.888 S3C2T1 Fl. 8 7 Por fim, assevera que a controvérsia quanto ao direito à isenção está superado pela conclusão da indigitada Solução de Consulta, que entende terlhe assegurado a isenção do PIS sobre folha de salários. Mais uma vez, sem razão a contribuinte. A Solução de Consulta expressamente consignou que a isenção alcança a Contribuição para o PIS, nada dispondo acerca do PIS folha de salários. Digase que na elaboração da peça a consulente, ora recorrente, apenas informou ter realizada a adesão ao Prouni, sem qualquer comprovação naquele autos de consulta, e apresenta seu entendimento de que a isenção alcançaria o PIS folha de salários, para ao final requerer a manifestação do Órgão quanto ao seu entendimento. Eis a cartaconsulta: Entendo que ao fundamentar a solução da consulta, a autoridade que a proferiu fez constar em seus fundamentos a legislação que trata da incidência do PIS sobre a folha de salários, à alíquota de 1%, deixando assente a tributação sobre esta rubrica, com a transcrição do art. 13 e incisos III e IV, da Medida Provisória nº 2.15835/2001. Colacionou os dispositivos que tratam da isenção do PIS sobre a receita auferida pela instituição de educação que aderir e assim se mantém no Prouni. Transcreveu os arts. 8º caput e incisos, I a IV, §§ 1º e 2º da Lei nº 11.096/2005; arts. 1º caput e incisos, I a IV, §§ 1º e 2º, e 3º caput e parágrafo único da IN SRF nº 456/2004, para em seguida enunciar no mesmo tópico "fundamentos" que: " 5. Ante os dispositivos acima expostos, verificase que a instituição privada de ensino superior, com fins lucrativos ou sem fins lucrativos não beneficente, que aderir ao Programa Universidade para Todos (Prouni) nos termos dos arts. 5º da Medida Provisória n° 213, de 2004, Fl. 47DF CARF MF Processo nº 13116.900004/201448 Acórdão n.º 3201002.888 S3C2T1 Fl. 9 8 ficará isenta, no período de vigência do termo de adesão, da Contribuição para o PIS." Conclui a solução da consulta com o enunciado: Conclusão 6. Em face do exposto, concluise que a instituição privada de ensino superior com fins lucrativos ou sem fins lucrativos não beneficente, que aderir ao programa Universidade para Todos (prouni) nos termos dos arts. 5º da Medida Provisória nº 213, de 2004, ficará isenta, no período de vigência do termo de adesão, da Contribuição para o PIS. Completase os fatos com a apresentação da ementa da Solução de Consulta SRRF/1ªRF/Disit nº 86, de 2 de junho de 2009: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Ementa: PIS. PROUNI. INCIDÊNCIA. A instituição privada de ensino superior, com fins lucrativos ou sem fins lucrativos não beneficente, que aderir ao Programa Universidade para Todos (Prouni) nos termos dos arts. 5o da Medida Provisória nº 213. de 2004, ficará isenta, no período de vigência do termo de adesão, da Contribuição para o PIS. Dispositivos Legais: art.13 da Medida Provisória n° 2.15835/2001; art.8° da Lei n° 11.096/2005; arts. 1º e 3o da Instrução Normativa nü 456/2004. Não vislumbro imprecisão no Ato que poderia dar a interpretação de que toda e qualquer incidência do PIS a que se sujeitam as entidades aderentes ao Prouni estaria isenta. A uma, os dispositivos legais da ementa da solução de consulta informam a legislação aplicada, primeiro, a que dispõe acerca do Pis folha de salários tributado à alíquota de 1% e após, a que trata do PIS alcançado pela isenção; a duas, porque nos fundamentos, a autoridade trouxe a legislação que faz distinção entre PISfolha de salário tributada à alíquota de 1%, e o PIS sobre receitas isentos nos termos e requisitos das legislação; a três, a omissão do termo "PIS sobre folha de salários" não tem o condão de fazêlo incluir na isenção pelo motivo a seguir; a quatro, nos termos do art. 111 caput e inciso II do CTN, "interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre outorga de isenção"; a cinco, não caberia a autoridade fiscal ou administrativa contrariar preceito legal. Por fim, sacramentando o entendimento do não alcance da isenção ao PIS sobre folha de salários, o Órgão Central da Secretaria da Receita Federal editou a Solução de Divergência Cosit nº 1, de 2015, publicada no D.O.U de 24/12/2015, com a ementa: SOLUÇÃO DE DIVERGÊNCIA Nº 1, DE 10 DE FEVEREIRO DE 2015. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP EMENTA: INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR. PROUNI. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP INCIDENTE SOBRE A FOLHA Fl. 48DF CARF MF Processo nº 13116.900004/201448 Acórdão n.º 3201002.888 S3C2T1 Fl. 10 9 DE SALÁRIOS. A isenção de que trata o art. 8º da Lei nº 11.096, de 2005, não se aplica à Contribuição para o PIS/Pasep incidente sobre a folha de pagamentos da pessoa jurídica que adere ao Prouni. DISPOSITIVOS LEGAIS: Lei nº 9.532, de 1997, art. 12; Decreto nº 4.524, de 2002, arts. 9º e 46; Lei nº 11.096, de 2005, art. 8º; DecretoLei nº 5.172 (CTN), de 1966, art. 111,II; Instrução Normativa RFB nº 1.394, de 2013 e Medida Provisória (MP) nº 2.15835, de 2001. O último argumento da recorrente referese à eventual realização de diligência, oficiandose ao Ministério da Educação acerca da sua manutenção no Prouni, acaso não seja superada os fundamentos ante aduzidos que entende suficiente ao direito à restituição pleiteada decorrente do pagamento indevido da Contribuição. Primeiramente, desnecessária a providência pois como assentado neste voto os fundamentos antecedentes são suficientes para negar provimento ao recurso. Não há dúvidas intransponíveis nos autos que necessitam de serem completadas para decidir o litígio. Nos processos, como o presente, que tratam de solicitação de restituição e compensação, a comprovação do direito aos créditos incumbe ao postulante. É seu dever carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes, em especial quando necessário à fruição de benefício tributário de isenção. Caso essa comprovação houvesse sido feita, e ainda restasse dúvida ao julgador quanto a permanência regular e temporal no Programa, cabível seria a diligência. Assim, incabível a solicitação de diligência dirigida ao Ministério da Educação para apresentação do Termo de Adesão, documento primário e essencial ao compromisso assumido e firmado pela instituição educacional que requer o gozo dos benefícios do Prouni e que não se dignou a apresentar aos autos. Até esse ponto, restou assente que a recorrente não apresentou o Termo de Adesão ao Prouni, folhas de salário e escrituração contábil; e não permaneceu silente quanto às exigências. Em todas as peças recursais impugnação e recurso voluntário sustentou a desnecessidade desse dever, pois entendeu que o despacho decisório e a solução de consulta reconheceram expressamente seu direito à isenção do PIS relativo ao Programa, sem colacionar qualquer documento seu aos autos. A ausência de elementos probantes viola a regra jurídica adotada pelo direito pátrio de que a prova compete à pessoa que alega o fato, conforme se depreende do abaixo transcrito artigo 16, caput, III, do Decreto n° 70.235, de 1972 (PAF), que regulamenta o processo administrativo fiscal no âmbito federal, e do artigo 373, do Código de Processo Civil,verbis: Decreto n° 70.235, de 1972: Art. 16. A impugnação mencionará: III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir. Lei nº 13.105/2015 CPC Fl. 49DF CARF MF Processo nº 13116.900004/201448 Acórdão n.º 3201002.888 S3C2T1 Fl. 11 10 "Art. 373. 0 ônus da prova incumbe: I — ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II — ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor." Cabe assinalar que o reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional exige a averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior de tributo, fazendose necessário verificar a exatidão das informações a ele referentes, confrontandoas com os registros contábeis e fiscais efetuados com base na documentação pertinente, com análise da situação fática, de modo a se conhecer qual seria o tributo devido e comparálo ao pagamento efetuado. As Declarações (DCTF, DCOMP e DACON, PER/DCOMP), os documentos fiscais e contábeis e aqueles pertinentes a benefícios tributários, celebrados com órgãos públicos, são produzidos e celebrados pelo próprio contribuinte ou com sua participação, de sorte que, havendo inconsistências ou omissões, impõe a obrigação da recorrente em comprovar os fatos mediante a escrituração contábil e fiscal, sustentada em documentos, tendo em vista que, apenas os créditos líquidos e certos comprovados inequivocamente pelo contribuinte são passíveis de compensação tributária, conforme preceituado no artigo 170 da Lei nº 5.172/66 (Código Tributário Nacional/CTN). Conclusão Por todo o exposto a recorrente não se desincumbiu do ônus de provar o alegado direito líquido e certo, decorrente de suposto pagamento a maior ou indevido de PIS. Assim, não encontro razão para modificar a decisão a quo e VOTO no sentido de NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO VOLUNTÁRIO e NÃO RECONHECER O DIREITO CREDITÓRIO. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso voluntário, para não reconhecer o direito creditório em litígio. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 50DF CARF MF
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Numero do processo: 11065.001087/2009-41
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Jun 08 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Aug 21 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2004, 2005
CONHECIMENTO. NECESSIDADE DE DIVERGÊNCIA ENTRE ACÓRDÃOS RECORRIDO E PARADIGMA.
Tanto no acórdão recorrido quanto no paradigma entendeu-se aplicável a multa qualificada quando comprovado o evidente intuito de fraude do sujeito passivo, ou seja, não divergiram. O que ocorreu é que numa situação concreta entendeu-se existir comprovação do dolo e na outra não. E isso não é a divergência de posicionamento que se requer para efeitos de conhecimento do recurso especial - confirmando que o papel do colegiado refere-se à solução de um conflito de interpretações, na busca por uma uniformização de jurisprudência. Daí porque, para se verificar se o tratamento seria diferente, se precisaria estar diante de situações fácticas bastante aproximadas e mesmo assim o critério em tese utilizado não poderia ser o de haver ou não comprovação do dolo para a aplicação da multa.
Numero da decisão: 9101-002.942
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de intempetividade do Recurso Especial e em não conhecê-lo. Votaram pelas conclusões os conselheiros Adriana Gomes Rêgo, André Mendes de Moura, Rafael Vidal de Araújo, Gerson Macedo Guerra e Marcos Aurélio Pereira Valadão, que não reconheceram a similitude fática dos paradigmas. A matéria juros de mora sobre multa de ofício restou prejudicada.
(assinado digitalmente)
Marcos Aurélio Pereira Valadão - Presidente
(assinado digitalmente)
Daniele Souto Rodrigues Amadio - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão, Adriana Gomes Rêgo, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Gerson Macedo Guerra.
Nome do relator: DANIELE SOUTO RODRIGUES AMADIO
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ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2004, 2005 CONHECIMENTO. NECESSIDADE DE DIVERGÊNCIA ENTRE ACÓRDÃOS RECORRIDO E PARADIGMA. Tanto no acórdão recorrido quanto no paradigma entendeuse aplicável a multa qualificada quando comprovado o evidente intuito de fraude do sujeito passivo, ou seja, não divergiram. O que ocorreu é que numa situação concreta entendeuse existir comprovação do dolo e na outra não. E isso não é a divergência de posicionamento que se requer para efeitos de conhecimento do recurso especial confirmando que o papel do colegiado referese à solução de um conflito de interpretações, na busca por uma uniformização de jurisprudência. Daí porque, para se verificar se o tratamento seria diferente, se precisaria estar diante de situações fácticas bastante aproximadas e mesmo assim o critério “em tese” utilizado não poderia ser o de haver ou não comprovação do dolo para a aplicação da multa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de intempetividade do Recurso Especial e em não conhecêlo. Votaram pelas conclusões os conselheiros Adriana Gomes Rêgo, André Mendes de Moura, Rafael Vidal de Araújo, Gerson Macedo Guerra e Marcos Aurélio Pereira Valadão, que não reconheceram a similitude fática dos paradigmas. A matéria juros de mora sobre multa de ofício restou prejudicada. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 5. 00 10 87 /2 00 9- 41 Fl. 866DF CARF MF Processo nº 11065.001087/200941 Acórdão n.º 9101002.942 CSRFT1 Fl. 3 2 (assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão Presidente (assinado digitalmente) Daniele Souto Rodrigues Amadio Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão, Adriana Gomes Rêgo, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Gerson Macedo Guerra. Relatório Tratase de Recurso Especial interposto pela FAZENDA NACIONAL em face do Acórdão n. 140200.498 (Efl. 01 ou efl. 537), proferido pela 2a Turma Ordinária da 4a Câmara da 1a Seção de Julgamento, que decidiu pela (i) insubsistência da multa qualificada diante da inexistência do dolo na operação de emissão de debêntures, reduzindo o percentual da multa de ofício de 150 para 75%, e (ii) incidência dos juros de mora de 1% sobre a multa, desde que a sua aplicação, entre o termo inicial e a data do pagamento, resultasse em valor menor que os juros calculados com base da Taxa Selic, para que não ocorresse reforma da decisão em prejuízo do sujeito passivo. A exigência em questão decorre de autuação fiscal (Efl. 393) que glosou despesas com a remuneração de debêntures consideradas emitidas apenas formalmente, entendendoas indedutíveis na apuração do IRPJ e CSLL porque mera liberalidade da empresa, aplicandose ainda, além da multa qualificada de 150% prevista no artigo 44, II, da Lei n. 9430/96 diante da acusão de sonegação, aquela isolada fixada em seu parágrafo 1o., IV, pelo não recolhimento das estimativas mensais, nos anos calendário 2004 e 2005. Formalizouse Representação fiscal para fins penais, sob o n. 11065.001088/200995. Como alternativa ao resumo dos pontos autuados, pedese licença para se trazer uma transcrição bastante extensa do relatório fiscal (efls 372 a 392), no intuito de facilitar o acesso ao texto àqueles interessados numa leitura mais detalhada de seus fundamentos, certamente importante para a investigação sobre a prova do evidente intuito fraudulento da contribuinte, que, adiantase, será o objeto do recurso especial mais à frente: “III. AS DEBÊNTURES EMITIDAS PELA FISCALIZADA 3.1 A la Emissão de Debêntures Em conformidade com a Ata da Assembléia Geral Extraordinária N° 20 (f Fl. 867DF CARF MF Processo nº 11065.001087/200941 Acórdão n.º 9101002.942 CSRFT1 Fl. 4 3 olhas 146 a 148), realizada às 14:30 horas do dia 31/08/2001, os acionistas da fiscalizada, com o objetivo de alocar recursos para otimizar as operações da empresa, bem como evitar a descapitalização da mesma em decorrência do vencimento das contas correntes dos acionistas, deliberaram e autorizaram a emissão de 500.000 debêntures, com as seguintes características: a) Valor nominal unitário de R$ 1,00. Portanto, o valor nominal da totalidade das debêntures emitidas corresponde a R$ 500.000,00; b) Prazo das debêntures de 24 meses, com vencimento em 31/08/2003; c) Fixação do preço total de subscrição e integralização das debêntures em R$ 4.566.626,32. Portanto, as debêntures foram subscritas com "ágio" (tecnicamente deveria ter sido chamado de prêmio) de R$ 4.066.626,32, ou seja, 813,33% do valor nominal. O motivo alegado para o "ágio" foi a perspectiva de rentabilidade futura da empresa; d) lntegralização das debêntures subscritas realizada através da conversão do passivo que a empresa tinha para com acionistas; e) Estabelecida remuneração para as debêntures de 50% dos lucros da empresa, antes dos impostos, excluídos os resultados da equivalência patrimonial; f) Remuneração devida mensalmente, no período de 1° de setembro de 2001 até 31 de agosto de 2003, com previsão de pagamento no 20° dia útil após a Assembléia Geral Ordinária de apreciação dos resultados do exercício anterior. 3.2 A 2a Emissão de Debêntures Inicialmente, cabe destacar que as debêntures objeto da 1a emissão, com vencimento em 31/08/2003, foram resgatadas de forma antecipada, em dezembro de 2002, conforme decisão tomada em reunião de Diretoria realizada em 03/12/2002 e posteriormente homologada pela Assembléia Geral de 29/04/2003 (Ata N° 23, fls. 152 a 157). De acordo com a Ata da referida Reunião de Diretoria (Ata de Reunião de Diretoria n° 154, de 03/12/02, constante das folhas 168), foi aprovado o resgate antecipado das debêntures objeto da 1a emissão, mediante pagamento do saldo não amortizado e de lucros remuneratórios devidos na data do resgate, totalizando R$ 7.539.504,35. A ata não faz qualquer referência ao motivo que levou a diretoria a decidir pelo resgate antecipado das debêntures. Foi, ainda, decidido que os créditos decorrentes do resgate antecipado das debêntures poderiam ser utilizados para conversão em novas debêntures, o que acabou, posteriormente, sendo efetivado. Em conformidade com a Ata da Assembléia Geral Extraordinária N°22 (folhas 149 a 151), realizada as 14:30 horas do dia 20/12/2002, os acionistas da fiscalizada, com o objetivo de alocar recursos para otimizar as operações da empresa, bem como evitar a descapitalização da mesma em decorrência do pagamento de juros sobre o capital próprio e do saldo da 1a emissão de debêntures, deliberaram e autorizaram a emissão de 1.000.000 debêntures, com as seguintes características: a) Valor nominal de cada debênture de R$ 1,00. Portanto, o valor nominal da totalidade das debêntures emitidas corresponde a R$ 1.000.000,00; b) Prazo das debêntures de 36 meses, com vencimento em 31/12/2005; c) Fixação do preço total de subscrição e integralização das debêntures em R$ 8.931.030,95. Portanto, as debêntures foram subscritas com "ágio" Fl. 868DF CARF MF Processo nº 11065.001087/200941 Acórdão n.º 9101002.942 CSRFT1 Fl. 5 4 (tecnicamente deveria ter sido chamado de prêmio) de R$ 7.931.030,95, ou seja, 793% do valor nominal. O motivo alegado para o "ágio" seria a perspectiva de rentabilidade futura da empresa; d) Integralização das debêntures subscritas através da conversão do passivo que a empresa tinha com acionistas e debenturistas credores; e) Remuneração estabelecida para as debêntures de 50% dos lucros da empresa, antes dos impostos, excluídos os resultados da equivalência patrimonial; f) Remuneração devida mensalmente, no período de 1° de dezembro de 2002 até 30 de novembro de 2005, com previsão de pagamento no 20° dia útil após a Assembléia Geral Ordinária de apreciação dos resultados do exercício anterior. 3.3 A Subscricão e Inteqralizacão das Debêntures Emitidas Tanto a 1a emissão como a 2a emissão de debêntures foi privada, sendo as debêntures subscritas, na sua integralidade, por acionistas da fiscalizada. Além disto, a quantidade de debêntures subscritas individualmente foi proporcional à participação de cada um dos acionistas no capital social da fiscalizada. Portanto, as debêntures emitidas pela fiscalizada foram subscritas exclusivamente pelos seus acionistas, observada a participação societária que cada um deles detinha. Em relação à 1a emissão, para integralização das debêntures subscritas e do prêmio ("ágio") pago, no valor total de R$ 4.566.626,32, os acionistas utilizaram "créditos" que detinham junto à própria fiscalizada. Esses "créditos" referiamse a dividendos a receber (num total de R$ 3.879.095,29) e a juros sobre o capital próprio a receber (num total de R$ 687.531,03). No que se refere à 2a emissão de debêntures, a integralização e o pagamento do prêmio ("ágio"), no valor total de R$ 8.931.000,00, se deu, mais uma vez, com a utilização de "créditos" dos subscritores junto à fiscalizada. Estes "créditos" se referiam a juros sobre o capital próprio a receber (R$ 1.391.526,61) e a liquidação das debêntures da 1 a emissão (R$ 7.539.504,34). Portanto fica evidenciado que por ocasião da intgralização das debentures emitidas pela fiscalizada, não houve o efetivo ingresso de "novos" recursos financeiros no ativo da empresa tendo em vista que a integraliza não se deu com "créditos" dos acionistas junto à fiscalizada. 3.4 As Despesas com a Remuneração das Debêntures nos anoscalendário 2004 e 2005 Em atendimento ao Termo de Solicitação de Informações e Documentos n° 01 (fls. 93 a 94), a fiscalizada relacionou os valores relativos à remuneração das debêntures nos anoscalendário 2004 e 2005 (fls. 95 a 98). Anexou, ainda, cópias do Livro Diário e do Livro Razão onde foram escriturados tais valores (fls.99 a 133). Examinando a documentação apresentada pela fiscalizada, constatamos que as remunerações foram contabilizadas a débito de conta de resultado — "1366 Remuneração de Debêntures" — e a crédito de conta do passivo Fl. 869DF CARF MF Processo nº 11065.001087/200941 Acórdão n.º 9101002.942 CSRFT1 Fl. 6 5 circulante — "1360 Debêntures a Pagar". (…) 3.5 O Resgate das Debêntures As debêntures a que se refere a 1a emissão foram resgatadas, de forma antecipada, em 20/12/2002. Tal decisão foi tomada pela Diretoria da fiscalizada, em 03/12/02, conforme Ata de Reunião de Diretoria n° 154, de 03/12/02 (fls. 168). Por ocasião deste "resgate antecipado" não foi feito qualquer pagamento aos subscritores das debêntures objeto da 1 a emissão, pois, na mesma data, foi efetivada a 2a emissão de debêntures para cuja integralização foram utilizados os "créditos" decorrentes do "resgate antecipado", no valor de R$ 7.539.504,34. No que se refere à 28 emissão, o resgate das debêntures ocorreu em 04/0412006, conforme deliberação na Assembléia Geral Extraordinária realizada nesta data. Em conformidade com a Ata n° 26 (fls. 160 a 162), de 04/04/2006, os acionistas da fiscalizada, em função (da Exposição Justificativa da Diretoria datada de 03/04/2006 (fls. 238 e 239) aprovaram por unanimidade o aumento do capital social de R$ 18.000.000,00 para R$ 34.000.000,00. Este aumento de capital social foi realizado mediante a incorporação dos seguintes recursos sociais: Reserva de Ágio na Subscrição de Debêntures R$ 7.931.030,95 Debêntures a Pagar R$ 7.931.028,41 Reserva Legal R$ 137.764,61 Lucros Acumulados R$ 176,03 Total do Aumento de Capital Social R$ 16.000.000,00 Verificase, portanto, que parcela do aumento do capital social (R$ 7.931.028,41) se deu por intermédio da quitação de obrigações que a fiscalizada tinha para com os subscritores das debêntures. Conforme demonstra o razão da rubrica contábil "001360 — Debêntures a Pagar" (fls.100), o saldo desta conta era de R$ 7.931.028,41, tendo sido baixado em 04/04/2006. Cabe destacar que este saldo era composto pelo somatório do valor nominal das debêntures emitidas em 20/12/2002 (R$ 1.000.000,00) e da remuneração destas debêntures (R$ 6.931.030,95). Portanto, no resgate das debêntures (tanto as da 1a emissão como as da 28 emissão), não houve qualquer fluxo financeiro. 3.6 Pagamento da Remuneração das Debêntures De acordo com as Atas das AGE analisadas (folhas 146 a 151), a remuneração aos subscritores das debêntures seria devida mensalmente, a medida em que os lucros da fiscalizada fossem sendo auferidos. O pagamento desta remuneração deveria ser efetuado até o 20° dia útil após a Assembléia Geral Ordinária que apreciasse os resultados do exercício anterior. Considerando que as AGO que apreciaram os resultados dos anoscalendário 2002, 2003, 2004 e 2005 já ocorreram, conforme comprovam as atas Fl. 870DF CARF MF Processo nº 11065.001087/200941 Acórdão n.º 9101002.942 CSRFT1 Fl. 7 6 constantes das folhas 152 a 165, os subscritores deveriam ter efetivamente recebido os valores relativos às remunerações em tela. Todavia, analisando a escrituração contábil da fiscalizada, constatamos que tais pagamentos não ocorreram, tendo sido contabilizados a crédito da conta patrimonial (passivo circulante) "001360 — Debêntures a Pagar". Em 04/04/2006, o saldo da conta do passivo "Debêntures a Pagar" (R$ 7.931.028,41) foi utilizado para aumento do capital social da fiscalizada. Fica, portanto, caracterizando o descumprimento daquilo que fora pactuado, sendo que os subscritores das debêntures não receberam qualquer parcela a título de remuneração e nem a fiscalizada fez qualquer pagamento. Tão somente foram realizados registros contábeis, sem que tenha havido qualquer fluxo financeiro. IV — AUTUAÇÃO ANTERIOR RELATIVAMENTE À REMUNERAÇÃO DAS DEBÊNTURES NOS ANOS DE 2001, 2002 e 2003 A glosa de despesas com remuneração de debêntures, contabilizadas pela fiscalizada nos anoscalendário 2001, 2002 e 2003 foi objeto da autuação consubstanciada no Auto de Infração lavrado em 20/05/2005, integrante do processo n° 11065.001117/200595. Posteriormente, em 11/12/2006, houve a lavratura de Auto de Infração complementar em função da qualificação da multa de ofício para o percentual de 150%, conforme processo n° 11065.003615/200653. Ambas autuações foram impugnadas tempestivamente pelo contribuinte. A 5a Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Porto Alegre apreciou tais impugnações, em conformidade com os Acórdãos n° 1010530, de 08/11/2006 (fls. 90) e n° 1011689, de 13/04/2007 (fls.91). Transcrevemos, abaixo, parte das ementas dos referidos Acórdãos: Acórdão n° 1010530, de 08 de Novembro de 2006. DESPESAS COM REMUNERAÇÃO DE DEBÊNTURES. Restando caracterizado o caráter de liberalidade dos pagamentos aos sócios, decorrentes de operações formalizadas apenas "no papel" e que transformaram lucros em remuneração de debêntures, consideramse indedutíveis as despesas contabilizadas, que reduziram artificialmente a base de cálculo dos tributos. Os elementos trazidos aos autos revelam que a operação foi simulada e, assim, seus efeitos não podem ser opostos ao fisco. À Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) aplicamse as mesmas conclusões, sobre a indedutibilidade das despesas contabilizadas, aplicáveis ao IRPJ. Acórdão n° 1011689, de 13 de Abril de 2007. PRESENÇA DE DOLO NA ATUAÇÃO DO CONTRIBUINTE. AGRAVAMENTO DA MULTA. Verificada a presença de dolo do sujeito passivo, não podendo ser reputado a mero erro a incompatibilidade entre a vontade declarada e aquela revelada pelas características dos atos realizados, concluise pela intenção de enganar o fisco, quanto à ocorrência do fato gerador do imposto, e, em especifico, no que se refere à base de cálculo. Assim, resta necessário o agravamento da multa. Portanto, a DRJ Porto Alegre entendeu que são indedutiveis, para fins de apuração das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, as despesas com a Fl. 871DF CARF MF Processo nº 11065.001087/200941 Acórdão n.º 9101002.942 CSRFT1 Fl. 8 7 remuneração das debêntures, cabendo o agravamento da multa de oficio para 150% em dercorrência da presença de dolo. Em função de recurso ao Conselho de Contribuintes interposto pela fiscalizada e pela DRJ em Porto Alegre, os processos n°s 11065.001117/200595 e 11065.003615/200653 encontramse, atualmente, na 7a Câmara do 1° Conselho de Contribuintes, aguardando sorteio para relator (fls. 92). V CONCEITUAÇÃO DE DEBÊNTURES E CARACTERÍSTICAS DESTES TÍTULOS DE CRÉDITO (…) VI ANÁLISE DAS OPERAÇÕES ENVOLVENDO AS DEBÊNTURES Por ocasião da emissão de debêntures, em 31/08/2001, o motivo alegado pela fiscalizada para a emissão dos títulos foi a necessidade de alocar recursos para otimizar as operações da empresa, bem como evitar a descapitalização da mesma em decorrência do vencimento das contas correntes dos acionistas. Cabe, então, analisar a origem destas "dívidas" para com acionistas (contas correntes) que, em função do seu vencimento, levariam a descapitalização da empresa. Estas "dívidas" referemse a Dividendos e a Juros sobre o Capital Próprio a serem pagos aos acionistas da fiscalizada. Ambas obrigações foram constituídas no dia 31/08/2001 (mesma data da primeira emissão de debêntures), na Assembléia Geral Extraordinária realizada as 9:30 horas, conforme fica evidenciado pela leitura da Ata N° 19 constan e das folhas 144 e 145. Inicialmente, deve ser reconhecido que, mesmo anteriormente a 31/08/2001, já existia a preocupação em evitar a descapitalização da empresa. Isto fica evidenciado pelas deliberações dos acionistas em relação à destinação dos lucros da empresa. A título exemplificativo, podemos citar a Assembléia Geral Ordinária realizada em 24/04/2001 (Ata n° 18 constante das folhas 141 a 143). Nesta Assembléia, os acionistas deliberaram a respeito da destinação do lucro líquido do anocalendário 2001, tendo sido decidido que apenas uma pequena parcela do lucro (12%) seria distribuído aos acionistas. O restante do lucro apurado (88%) seria destinado à constituição de reserva (Reserva Legal e Reserva para Aumento do Capital). Portanto, ao destinar parcela significativa do lucro da empresa para constituição de Reserva para Aumento Capital, a fiscalizada e seus acionistas demonstraram, claramente, a intenção de evitar a descapitalização da empresa. Assim, é de se estranhar que, na manhã do dia 31/08/2001, os acionistas da fiscalizada mudem radicalmente de idéia e decidam pagar Juros sobre Capital Próprio e, até mesmo, "desfazer" parcela da Reserva para Futuro Aumento de Capital e distribuir dividendos, por não haver mais intenção de aumentar o capital social da companhia (Ata da AGE n° 19 constante das folhas 144 e 145). E mais. Na tarde do dia 31/08/2001, os acionistas mudam de idéia, mais uma vez, e decidem emitir debêntures, subscritas e integralizadas pelos próprios acionistas, para evitar a descapitalização da empresa (Ata de AGE N°20, Fl. 872DF CARF MF Processo nº 11065.001087/200941 Acórdão n.º 9101002.942 CSRFT1 Fl. 9 8 constante das fls.146 a 148). Portanto, a justificativa utilizada pela fiscalizada para a emissão das debêntures alocar recursos para otimizar as operações da empresa, bem como evitar a descapitalização da mesma em decorrência do vencimento das contas correntes dos acionistas — é, no mínimo, questionável. Cabe analisar, também, a questão do ingresso de recursos financeiros no ativo que permitiram a "otimização de suas operações". Do visto no tópico relativo as características das debêntures, restou claro que, em sua essência, estes títulos correspondem a um empréstimo em que existe, em regra, a necessidade do efetivo ingresso de recursos financeiros no ativo da emissora, sob pena de que, não existindo tal ingresso, fique descaracterizada tal operação. A análise detalhada de toda a operação permite concluir que, no caso em tela, tal ingresso de "novos recursos" não se efetivou, pois, para a integralização das debentures subscritas, os acionistas utilizaram "créditos" que detinham junto à fiscalizada, sem que houvesse a entrega efetiva de recursos financeiros. Tratase de operação formalizada apenas "no papel". Sendo assim, não houve a captação efetiva de recursos e nem o ingresso, no ativo da fiscalizada, de recursos financeiros em função da emissão das debêntures. Ainda em relação à 1a emissão de debêntures, cabe destacar o expressivo prêmio ("ágio" como é denominado pela fiscalizada) pago pelos subscritores. Debêntures com valor nominal de R$ 500.000,00 foram subscritas por R$ 4.566.626,32, com "ágio" de R$ 4.066.626,32, ou seja, os acionistas aceitaram "pagar" um ágio de 813% !!! E qual foi a justificativa para o pagamento de tão expressivo "ágio"? A expectative de rentabilidade futura da empresa, supostamente "comprovada" através de laudo produzido pela empresa Audit Consultores S/C Ltda.. Analisando referido laudo, percebese que se trata de documento que nem ao menos demonstra, em termos quantitativos, qual seria esta "rentabilidade futura". Mais um aspecto importante merece ser destacado. Poderia ser aventada a hipótese de que a motivação para o pagamento do "ágio" de 813% na subscrição das debêntures fosse a expectativa dos acionistas receberem uma remuneração excepcional em função da futura rentabilidade da fiscalizada. Isto porque as debêntures previam remuneração equivalente a 50% dos lucros futuros da fiscalizada. Todavia, cabe recordar que para a integralização deste "ágio" foram utilizados "créditos" que os acionistas possuíam junto à própria fiscalizada e que a parcela mais expressiva destes "créditos" tinha origem em lucros anteriores da companhia que estavam destinados a futuro aumento do capital social (Reserva para Aumento de Capital Social). Ou seja, se referidos recursos tivessem sido efetivamente utilizados no aumento do capital social e a fiscalizada apresentasse futuramente a rentabilidade esperada, os acionistas 41) poderiam ser remunerados com 100% dos lucros futuros, não se justificando o pagamento do "ágio" na subscrição das debêntures. Para a emitente das debêntures — a empresa fiscalizada — o expressivo valor "recebido" a título de "ágio", sob o aspecto contábil, não resultou em alterações significativas na sua estrutura patrimonial. Isto porque o "ágio", no valor de R$ 4.066.626,32, foi escriturado a crédito da conta patrimonial Fl. 873DF CARF MF Processo nº 11065.001087/200941 Acórdão n.º 9101002.942 CSRFT1 Fl. 10 9 "Reserva Ágio na Subscrição de Debêntures", integrante do Patrimônio Líquido. Até o momento anterior à emissão das debêntures, parcela significativa (R$ 3.879.095,29) dos recursos utilizados no pagamento do "ágio" estava registrada, igualmente, em conta do Patrimônio Liquido da fiscalizada, na rubrica "Reserva para Aumento de Capital". Portanto, para a fiscalizada, sob o aspecto patrimonial, houve a "substituição" de uma Reserva por outra: A Reserva para Aumento de Capital foi substituída pela Reserva de Ágio na Subscrição de Debêntures. Cabe inclusive destacar que a "nova" Reserva foi, posteriormente, utilizada pela fiscalizada com a mesma destinação que receberia a "antiga" Reserva, ou seja, foi utilizada para aumento do capital social da fiscalizada. Isto fica evidenciado pela leitura da Ata da Assembléia Geral Ordinária N°23 realizada em 29/04/2003 (folhas 152 a 154), na qual foi deliberado que a "Reserva de Ágio na Subscrição de Debêntures", no valor de R$ 4.066.626,32, seria utilizada para aumento do capital social. Por oportuno, cabe resgatar que, em 31/08/2001 (Ata de AGE N° 19, fls. 144 e 145), os acionistas da fiscalizada decidiram distribuir, a título de dividendos, parcela dos lucros que, anteriormente, haviam sido destinados à constituição de "Reserva para Aumento de Capital", sob a justificativa de não haver mais intenção de aumentar o capital social da fiscalizada. Na mesma data (31/08/01), para evitar a "descapitalização"da empresa, foram emitidas debêntures com "ágio" (Ata de AGE N° 20, fls. 146 a 148), o que gerou a "Reserva de Ágio" utilizada justamente para aumentar o capital social da fiscalizada. Ora, se a intenção dos acionistas era aumentar o capital social da fiscalizada, por que distribuir dividendos, emitir debêntures, subscrevêlas com "ágio" e então utilizar a "Reserva de Ágio" para aumentar o capital social, em vez de simplesmente utilizar a "Reserva para Aumento de Capital" que já estava constituída anteriormente? O motivador destes procedimentos descortinase por completo ao analisarmos a "operação" de emissão de debêntures sob o ângulo tributário. O "ágio" recebido pela fiscalizada por ocasião da emissão das debêntures (R$ 4.066.626,32) não é passível de tributação em relação ao IRPJ e à CSLL, em função do disposto no art. 442, III do RIR/99. Por outro lado, a título de remuneração das debêntures, a fiscalizada passa a escriturar despesas, o que reduz o seu lucro contábil e, conseqüentemente, as bases de cálculo do IRPJ e da CSLL. Portanto, haveria uma "redução" da carga tributária de 34% para a fiscalizada (15% de IRPJ + 10% de Adicional do IRPJ + 9% de CSLL). Em dezembro de 2002, a fiscalizada decide antecipar o resgate das debêntures, cujo vencimento se daria somente em 31/08/2003. Tal decisão foi tomada pela Diretoria da fiscalizada, em 03/12/02 (Ata de Reunião de Diretoria n° 154, de 03/12/02, constante das folhas 168), sendo que a ata relativa a esta reunião não faz qualquer referência ao motive da decisão. Por ocasião deste "resgate antecipado" não foi feito qualquer pagamento aos subscritores das debêntures objeto da 1 a emissão, pois, na mesma data, foi efetivada a 2a emissão de debêntures para cuja integralização foram utilizados os "créditos" decorrentes do "resgate antecipado". Analisando a operação relativa a 2a emissão de debêntures, constatamos, mais uma vez, características já observadas na 1 a emissão, quais sejam: Fl. 874DF CARF MF Processo nº 11065.001087/200941 Acórdão n.º 9101002.942 CSRFT1 Fl. 11 10 a)As debêntures foram subscritas exclusivamente por acionistas da fiscalizada, tendo sido observado, na subscrição, a proporcionalidade da participação dos acionistas no capital social da fiscalizada; b) As debêntures teriam sido emitidas com o objetivo de alocar recursos para otimizar as operações da empresa, bem como evitar a descapitalização da mesma em decorrência do pagamento de juros sobre o capital próprio e do saldo da 1 a emissão de debêntures; c) Por ocasião da subscrição das debêntures, os acionistas da fiscalizada pagaram "ágio" bastante expressivo (793% do valor nominal das debêntures) por conta de perspectiva de rentabilidade futura da empresa; d) A integralização das debêntures subscritas se deu através da conversão de "dívidas" que a fiscalizada tinha para com os seus acionistas, em função da antecipação do resgate das debêntures objeto da 1 a emissão, dos rendimentos relativos a tais títulos e da decisão de remunerar os acionistas através de Juros sobre o Capital Próprio; e) Não houve, em função das debêntures emitidas, a captação efetiva de recursos junto a terceiros ou o ingresso de "novos" recursos financeiros no ativo da fiscalizada. Cabe, ainda, destacar alguns aspectos adicionais envolvendo as debentures emitidas pela fiscalizada. Analisando as Atas das Assembléias Gerais Extraordinárias que autorizaram a emissão das debêntures (folhas 146 a 151), verificamos que, tanto na 1 a como na 2a emissão, não existe a previsão de juros remuneratórios aos subscritores das debêntures. A remuneração se daria exclusivamente através da participação dos lucros futuros obtidos pela fiscalizada. A respeito do assunto, conforme destacado no item anterior do presente Relatório, Modesto Carvalhosa, assegura que a remuneração das debêntures deve, necessariamente, incluir juros fixos, por se tratar de um título que não possui caráter de incerteza, devendo, assim, ser remunerado através de juros. Para o autor, os juros fixos constituem a remuneração básica e indeclinável das debêntures, sendo as demais modalidades acessórias daqueles, como a participação nos lucros da companhia e/ou o prêmio de reembolso. Portanto, em mais este aspecto, as debêntures emitidas pela fiscalizada apresentam características conflitantes com as que normalmente são apresentadas por tais títulos. A falta de previsão de pagamento de juros e a remuneração vinculada à apuração de lucro pela sociedade, tornam o investimento realizado pelos acionistas uma operação de risco, não coincidindo com o real conceito de debêntures. Ainda no que tange à remuneração das debêntures outro aspecto chama a atenção: a falta de pagamento das remunerações aos subscritores nos prazos estabelecidos. De acordo com a Ata das AGE analisadas (folhas 146 a 151), a remuneração aos subscritores das debêntures seria devida mensalmente, a medida em que os lucros da fiscalizada fossem sendo auferidos. O pagamento desta remuneração deveria ser efetuado até o 200 dia útil após a Assembléia Geral Ordinária que apreciasse os resultados do exercício anterior. Considerando que as AGO que apreciaram os resultados dos anoscalendário 2002, 2003, 2004 e 2005, já ocorreram (Atas constantes das folhas 152 a 162), os subscritores deveriam ter efetivamente recebido os valores relativos às remunerações em tela. Fl. 875DF CARF MF Processo nº 11065.001087/200941 Acórdão n.º 9101002.942 CSRFT1 Fl. 12 11 Todavia, analisando a escrituração contábil da fiscalizada (fls.100), constatamos que os subscritores das debêntures não receberam qualquer parcela a título de remuneração e nem a fiscalizada fez qualquer pagamento. Tão somente foram realizados registros contábeis, sem que tenha havido qualquer fluxo financeiro. Conforme já frisado anteriormente, os valores referentes a remuneração das debêntures objeto da 1° emissão foi "paga" em dezembro de 2002, por ocasião do "resgate antecipado" destas debêntures. Neste evento não foi feito qualquer pagamento aos subscritores das debêntures objeto da 1 a emissão, pois, na mesma data, foi efetivada a emissão de debêntures para cuja integralização foram utilizados os "créditos" decorrentes do "resgate antecipado". Também não houve "pagamento" de remuneração aos subscritores das debentures da 2a emissão. Isto porque, em 04/04/2006, o saldo da conta "Debêntures a Pagar", no valor de R$ 7.931.028,41 foi utilizado para aumento do capital social da fiscalizada. Em conformidade com a Ata n° 26 (fls.160 a 162), na Assembléia Geral Extraordinária realizada em 04/04/2006 os acionistas da fiscalizada aprovaram por unanimidade o aumento do capital social de R$ 18.000.000,00 para R$ 34.000.000,00. Este aumento de capital social foi realizado mediante a incorporação dos seguintes recursos sociais: Reserva de Ágio na Subscrição de Debêntures R$ 7.931.030,95 Debêntures a Pagar R$ 7.931.028,41 Reserva Legal R$ 137.764,61 Lucros Acumulados R$ 176,03 Total do Aumento de Capital Social R$ 16.000.000,00 Portanto, as "obrigações" que a fiscalizada tinha para com os subscritores das debêntures decorrentes da subscrição e da remuneração destas debêntures foram "liquidadas" através de aumento do capital social. Cabe ainda destacar que a Reserva de Ágio na Subscrição de Debêntures, no valor de R$ 7.931.030,95, constituída em 20/12/2002, quando da subscrição das debêntures da 2a emissão, também foi utilizada para aumento do capital social em 04/04/2006. Todas esses aspectos nos permitem concluir que se trata de operações formalizadas apenas "no papel", não existindo qualquer fluxo financeiro (entrada ou saída de recursos), mas apenas uma série de papéis e assinaturas (atas de assembléias de acionistas, atas de reuniões de diretoria, lançamentos contábeis, etc.). VII— A INDEDUTIBILIDADE DAS DESPESAS COM REMUNERAÇÃO DAS DEBÊNTURES Feita a análise minuciosa das operações de emissão das debêntures, podese passar à avaliação da dedutibilidade das despesas decorrentes da remuneração dos referidos títulos. De acordo com o art. 462 do RIR/99, são dedutíveis na apuração do Lucro Real as participações nos lucros das pessoas jurídicas asseguradas a debêntures de sua emissão. Em função deste dispositivo legal, a partir de uma interpretação mais apressada e superficial, poderia se concluir pela dedutibilidade das despesas em tela. Fl. 876DF CARF MF Processo nº 11065.001087/200941 Acórdão n.º 9101002.942 CSRFT1 Fl. 13 12 Todavia, a legislação tributária precisa ser sempre interpretada de forma sistemática. O cerne da questão em análise demanda, sobretudo, o habitual exame acerca da necessidade e normalidade da despesa com debêntures de emissão da fiscalizada. Para tanto, em harmonia com a legislação que rege o IRPJ, não há que se contemplar como dedutível qualquer despesa com debêntures contabilizada pela empresa, mas tãosomente aquelas despesas que estejam revestidas dos predicados de usualidade e normalidade e que guardem uma natural e íntima relação com atividade da empresa e com a manutenção da respectiva fonte produtora, conforme dispõe o art. 299 do RIR/99. Portanto, para ser admitido como despesa dedutível, o gasto precisa atender, simultaneamente, aos requisites de necessidade, normalidade e usualidade. No que se refere à necessidade, o art. 299 do RIR/99 estabelece que o gasto é necessário quando essencial a qualquer transação ou operação exigida pela exploração das atividades que estejam vinculadas com as fontes produtoras de rendimentos. No caso em tela, não se podem admitir como necessárias despesas para remunerar debêntures que apresentam as seguintes características: a) Os recursos "captados" através das debêntures geraram despesas que consumiram a metade do lucro da empresa; b) Imediatamente antes da emissão das debêntures, parcela expressiva dos recursos utilizados pelos subscritores para a integralização das mesmas já pertencia a fiscalizada e estava destinada a futuros aumentos do capital social e, se fossem utilizados com esta finalidade, não gerariam qualquer custo ou despesa para a fiscalizada; c) Os recursos "captados" através da emissão de debêntures foram utilizados para aumento do capital social da fiscalizada. No que se refere à normalidade e usualidade, ainda de acordo com o art. 299 do RIR/99, despesas normais e usuais são aquelas que se verificam comumente no tipo de operações ou transações desenvolvidas pela empresa e que se apresentam de forma costumeira ou ordinária neste tipo de atividade. Consideramos que, de um modo geral, a utilização da emissão de debêntures para captação de recursos pelas companhias até possa ser considerada usual e normal, desde que presentes os requisitos e características comuns a este tipo de títulos, como, por exemplo: a) Resultar no efetivo ingresso de "novos" recursos financeiros externos; e) Utilização dos recursos captados em consonância com os objetivos pelos quais a emissão foi autorizada pela Assembléia de acionistas; c) A fixação de juros, fixos ou variáveis, para remunerar os subscritores das debêntures; e, d) Gastos, para a fiscalizada, com a remuneração dos recursos captados através das debêntures em montante inferior ao que seria devido caso houvesse a utilização de financiamentos ou empréstimos bancários. No caso em exame, nada disto ocorreu! A emissão de debêntures com as características que foram constatadas no curso da ação fiscal, já apresentadas e comentadas em itens anteriores do presente Relatório, afastam qualquer possibilidade de poder considerálas como usuais ou normais, nos termos definidos pelo art. 299 do RIR/99. Assim, pelas razões expostas, podese concluir que as despesas relativas à Fl. 877DF CARF MF Processo nº 11065.001087/200941 Acórdão n.º 9101002.942 CSRFT1 Fl. 14 13 remuneração de debêntures formalizadas "apenas no papel", relacionadas na (…) VII— DA CARACTERIZAÇÃO DE SONEGAÇÃO De acordo com o art. 71 da Lei n° 4.502/64, sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais. Examinando os procedimentos adotados pela fiscalizada constatamos que fica evidenciada a sonegação. Isto porque, para reduzir o lucro líquido e, conseqüentemente, as bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, a fiscalizada utilizouse de despesas geradas com a remuneração de debêntures cuja emissão esteve cercada de artificialismo. A emissão de debêntures sem uma justificativa plausível e sem a captação de novos recursos, com o intuído de gerar despesas em decorrência da remuneração destes títulos evidencia a intenção da fiscalizada de reduzir os tributos devidos. Analisando as operações como um todo, verificase que o que realmente ocorreu ao final do processo foi o aumento do capital social com a utilização da reserva de ágio na emissão das debêntures e do saldo da conta do passivo "debêntures a pagar". Esse aumento/ de capital, no entanto, poderia ter sido realizado diretamente com a reserva para aumento de capital já existente, sem a necessidade de emissão das debêntures, as quais não trouxeram nenhum recurso novo para a sociedade. Tal procedimento caracteriza sonegação, tendo em vista que se trata de ação intencional (dolosa), caracterizada pela adoção de providências administrativas, societárias e contábeis que tiveram por intuito impedir o conhecimento, por parte da autoridade fazendária, da ocorrência do fato gerador de obrigação tributária. Os atos realizados — contabilização de despesas decorrentes de operações ormalizadas apenas "no papel" indicam a presença de dolo e a clara intenção de enganar o fisco quanto à ocorrência do fato gerador do imposto e, em específico, sua efetiva base de cálculo. VIII INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DAS ESTIMATIVAS (…) IX — DAS MULTAS APLICADAS (…)” Insurgindose contra o lançamento de ofício, a Recorrida apresentou Impugnação (Efl. 418), alegando, preliminarmente, (a) a decadência para a constituição da multa isolada relativa ao período de 01 a 04/2004 e (b) a nulidade do lançamento porque a prescrição genérica do artigo 299 do RIR/99 não se aplicaria à questão, já que existiria a regra específia do seu artigo 462, I, para a dedutibilidade das debêntures. Fl. 878DF CARF MF Processo nº 11065.001087/200941 Acórdão n.º 9101002.942 CSRFT1 Fl. 15 14 Na sequência, esclarece, com relação aos fatos, que as debêntures foram emitidas com o objetivo de a companhia não se descapitalizar, permitindo uma novação da dívida que possuía com seus acionistas relativa à distribuição de lucros (1a. emissão), seguida de uma segunda emissão para a quitação deste novo débito surgido com a primeira e o pagamento de juros sobre o capital próprio. Nesse sentido, adentra ao mérito para afirmar que, seguindo o que autorizado em lei, (c) a operação teve como objetivo negocial a novação da dívida, evitandose descapitalizar a empresa, e assim, sem a necessidade de ingresso financeiro de novos valores; (d) não competiria à fiscalização determinar que a companhia optasse por contrair empréstimo ou financiamento no mercado, sobretudo porque na emissão de debêntures não exisiria prazo de carência, não se exigiria garantia e haveria maior flexibilidade no momento da negociaçãoo ou renovação com os acionistas; (e) no lugar de juros, a remuneração dos debenturistas foi feita por vinculação à lucratividade da empresa, com o que teria anuido o auditor fiscal, ao exigir o IRRF da pessoa física, de que resultou o processo administrativo n. 11065.001116/200541. Por fim, defendeuse a (f) inocorrência de sonegação fiscal que permitisse a qualificação da multa de ofício, (g) impossibilidade de sua aplicação concomitante com a multa isolada pela falta de recolhimento de estimativas e (h) a não incidência de juros moratórios sobre a multa de ofício. O posicionamento da Administração Tributária, no entanto, foi mantido por unanimidade pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Porto Alegre, em decisão bastante detalhada (Efl. 450), que resumidamente (a) afastou a alegação de nulidade e entendeu que o artigo 299 do RIR/99 seria aplicável às despesas de debêntures, que no presente caso não se enquadrariam nas condições de necessidade, normalidade e usualidade exigidas pelo dispositivo, consistindo em liberalidade da empresa a sua assunção; e considerou (b) caracterizado o “dolo em artifício sonegatório praticado pelo sujeito passivo” que justificasse a imputação de multa qualificada; (c) possível a concomitância das multas isolada e de ofício; (d) bem como que a autuação não teria tratado dos juros de mora sobre a multa de ofício, que só incidiriam após o seu vencimento. Em face dessa decisão, a DAIBY S.A interpôs Recurso Voluntário (Efl. 475), basicamente apresentado a mesma linha de argumentação de sua impugnação administrativa, acrescentando um pedido de baixa do processo em diligência para a realização de perícia, a fim de verificar a regularidade da operação. Na sequência, em 26 de fevereiro de 2010, a empresa protocolizou petição informando a sua adesão ao programa de parcelamento de débitos instituído pela Lei n. 11.941/2009, incluindo “os créditos tributários referentes ao imposto principal, juros e multa isolada de 50% que consta no item 9.1 do relatório fiscal. Portanto, Fl. 879DF CARF MF Processo nº 11065.001087/200941 Acórdão n.º 9101002.942 CSRFT1 Fl. 16 15 permanecerá em discussão (...) a multa de ofício qualificada de 150% aplicada pela fiscalização, conforme item 9.2 do relatório fiscal”, do que resultou o apartamento dos autos em função da desistência parcial do recurso voluntário (Efl. 525). Em 03 de setembro de 2010, a DAIBY S.A apresentou nova petição (Efl. 530) registrando que teve conhecimento de que a parcela relativa à multa isolada que pensava estar incluída no parcelamento não foi aceita, porque teria seu vencimento em 24.06.2009, ao passo que o IRPJ e a CSLL cobrados refeririamse aos anos calendários de 2004 e 2005 (artigo 5o, III, da Instrução Normativa n. 1049/2010 que regulamentou a referida lei). No seu entendimento, muito embora as multas isoladas possuíssem os seus vencimentos, de acordo com a RFB, na data mencionada, encontrarseiam vinculadas aos débitos de IRPJ e CSLL referentes aos anos calendários de 2004 e 2005. Assim, “como o art. 10, §2°, da Lei n.° 11.941/09 dispõe apenas que as dívidas sejam vencidas até 30/11/2008, logo, entendese que a Instrução Normativa n.° 1.049/10, superveniente a data da adesão ao parcelamento e a desistência parcial do presente processo administrativo, não pode restringir as multas isoladas de serem incluídas no parcelamento em questão”, explica. Requereu, então, que a multa isolada de 50% fosse reincluída no parcelamento ou voltasse a ser apreciada por este Conselho. O recurso voluntário foi julgado pelo Acórdão n. 120100.336, em que prevaleceu um voto vencedor a respeito da (a) insubsistência da multa qualificada por ausência da comprovação do dolo na operação de emissão de debêntures, reduzindo o percentual da multa de ofício de 150 para 75%, mantendo os demais termos do voto da Relatora, Conselheira Albertina Silva Santos de Lima, quanto (b) à incidência do juros de mora de 1% sobre a multa, desde que da sua aplicação, entre o termo inicial e a data do pagamento, resultasse valor menor que os juros calculados com base da Taxa Selic, para que não ocorresse reforma da decisão em prejuízo do sujeito passivo, e (c) à matéria objeto do conhecimento, considerando os débitos incluídos no programa de parcelamento, nos seguintes parâmetros: “De inicio devese delimitar o litígio, dado que a contribuinte parcelou parte dos débitos consubstanciados neste processo. A contribuinte se expressou no Anexo I do requerimento de desistência do recurso administrativo: Em relação aos créditos tributários lavrados no presente Auto de Infração, a requerente incluirá no parcelamento os créditos tributários referentes ao imposto principal, juros e multa isolada de 50% que consta no item 9.1 do relatório fiscal. Portanto, permanecerá em discussão e aguardando o julgamento da impugnação ao auto de infração a multa de oficio qualificada de 150% aplicada pela fiscalização, conforme item 9.2 do relatório fiscal. Fl. 880DF CARF MF Processo nº 11065.001087/200941 Acórdão n.º 9101002.942 CSRFT1 Fl. 17 16 Portanto, a glosa das despesas com remuneração de debêntures não mais está em discussão. A exigência da multa isolada por falta de recolhimento de estimativas também não está em litígio. Embora a contribuinte discuta a qualificação da multa de oficio, ainda está sob controle deste processo a totalidade da multa aplicada, ou seja, 150%. Tendo a contribuinte parcelado o IRPJ e a CSLL e tratandose de lançamento de ofício, incide ao menos a multa de 75%, nos termos do art. 44, I, da Lei 9.430/96. Estaria em litígio a aplicação dos juros sobre a totalidade da multa de ofício? Sim, porque permanece sob controle do presente processo a totalidade da multa de oficio. Estaria em discussão a aplicação concomitante da multa de ofício e da multa isolada por falta ou insuficiência de recolhimento de estimativas, de 50%? Entendo que não, pois, a contribuinte já concordou com a multa por falta de recolhimento de estimativas, ao parcelar o correspondente débito, sendo que no recurso voluntário argumentava que era indevida. Delimitado o litígio, passo inicialmente, à apreciação da qualificação da multa de oficio. A Procuradoria da Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial (Efl. 586) salientando (a) a inaplicabilidade da Súmula n. 14 do CARF, e defendendo (a) a manutenção da multa qualificada e da incidência da Taxa Selic sobre a multa de ofício, apresentando os Acórdãos n. 10194095 e 10323613 como paradigmas do primeiro tema e 10616.949 e CSRF/0400.651 do segundo. O Recurso Especial foi recepcionado por Despacho de Admissibilidade (Efl. 599) que, no que tange à qualificação da multa, entendeu aceitável o segundo acórdão como paradigma, excluindo o primeiro, e também admitiu as duas decisões apresentadas quanto à aplicação dos juros, não obstante tenha consignado “que a interpretação posta no acórdão recorrido não contemplou a tese esposada nos paradigmas, de cálculo dos juros de mora com base na taxa Selic, mas de aplicação do percentual de 1% (um por cento) ao mês”. O juízo exposto pode ser verificado na seguinte análise realizada no despacho: “No primeiro paradigma, a aplicação do percentual de 150% (cento e cinquenta por cento) decorreu da declaração reiterada de valores inferiores aos efetivamente escriturados: ‘(...) A infração apontada nestes autos diz respeito à falta ou insuficiência de recolhimento de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido e esta irregularidade foi apurada pela autoridade lançadora com base no confronto Fl. 881DF CARF MF Processo nº 11065.001087/200941 Acórdão n.º 9101002.942 CSRFT1 Fl. 18 17 entre a escrituração fiscal e comercial e a declaração de rendimentos. A multa de lançamento de ofício de 150% que a fiscalização aplicou e a autoridade julgadora de 1° grau confirmou, por entender que a prática reiterada de redução da receita bruta na declaração de rendimentos caracteriza conduta dolosa e justifica a multa qualificada, está consoante com a legislação tributária em vigor e jurisprudência administrativa predominante.’ Percebese que o contexto fático distinguese daquele de que cuidou o acórdão recorrido, como visto acima, não relacionado à constatação de diferenças entre valores escriturados e declarados, não havendo, portanto, se falar em dissídio jurisprudencial. No tocante ao segundo paradigma, a exasperação da penalidade decorreu basicamente do registro de operações fictícias (títulos do Tesouro americano) com o intuito de empregar tais valores como custos. Vejamos: ‘(...) Relevante o fato de o documento 26 (Laudo de Auditoria), reproduzir informações que se mostraram inverídicas, como a data de vencimento e o número dos títulos do Tesouro Americano, bem como a informação de que os títulos eram custodiados pela corretora situada no Uruguai. Assim, do conjunto dos autos, bem se vê que a recorrente, na verdade, registrou operações fictícias, com títulos inexistentes, na sua escrita contábil, o que desautoriza a sua aceitação para fins de dedução como custos. Por sua vez, reputo comprovada falsidade das operações descritas nos autos, fato que constitui prova direta do ‘evidente intuito de fraude’, requisito para aplicação da multa qualificada, no percentual de 150%, de que trata o art. 44, II, da Lei 9.430/96.’ À luz de tal decisão, podese concluir, neste juízo de cognição sumária, pela divergência de interpretação suscitada. Apesar de o acórdão recorrido não tratar de títulos emitidos pelo governo norte americano, cuidou da emissão, também supostamente fictícia, de debêntures com a consequente dedução de tais valores da apuração. Observe se que no próprio voto vencedor acima transcrito a conclusão da fiscalização, de que o contribuinte teria forjado operações com debêntures apenas para obter redução das bases de cálculo de IRPJ e CSLL, não foi infirmada pela maioria do colegiado, que conferiu destaque, para reduzir a penalidade, ao elemento subjetivo, de não haver provas nos autos de que a sociedade, no ato daquela emissão dos títulos societários, agira para impedir ou retardar a ocorrência do fato gerador. A recorrente ainda se insurge contra o cálculo dos juros de mora incidentes sobre a multa de ofício, tendo acostado os seguintes paradigmas: ‘JUROS DE MORA TAXA SELIC INCIDÊNCIA SOBRE O PRINCIPAL LANÇADO E SOBRE A MULTA DE OFÍCIO POSSIBILIDADE Na forma do art. 61, §3º, da Lei n° 9.430/96, incide juros de mora, à taxa Selic, sobre o imposto lançado a partir do mês seguinte ao vencimento Fl. 882DF CARF MF Processo nº 11065.001087/200941 Acórdão n.º 9101002.942 CSRFT1 Fl. 19 18 ordinário da obrigação, que serão capitalizados de forma simples, sendo acrescido de 1% no mês do pagamento. Em relação à multa de oficio, os juros de mora incidirão à taxa Selic a partir do mês seguinte ao trintídio contado da ciência do auto de infração, capitalizados de forma simples, e acrescido de 1% no mês do pagamento (...)” (1ºCC, 6ª Câmara, Acórdão nº 10616.949, de 25/06/08) JUROS DE MORA MULTA DE OFICIO OBRIGAÇÃO PRINCIPAL A obrigação tributária principal surge com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto tanto o pagamento do tributo como a penalidade pecuniária decorrente do seu não pagamento, incluindo a multa de oficio proporcional. O crédito tributário corresponde a toda a obrigação tributária principal, incluindo a multa de oficio proporcional, sobre o qual, assim, devem incidir os juros de mora à taxa Selic. (CSRF, Quarta Turma, Acórdão nº 0400.651, de 18/09/07) Considerando que a interpretação posta no acórdão recorrido não contemplou a tese esposada nos paradigmas, de cálculo dos juros de mora com base na taxa Selic, mas de aplicação do percentual de 1% (um por cento) ao mês, nos termos do art. 161, §1º, do Código Tributário Nacional, resta também caracterizado o dissídio jurisprudencial quanto à matéria.” Intimada do acórdão que julgou o recurso voluntário e da interposição do recurso especial pela Fazenda Nacional, a empresa opôs Embargos de Declaração (Efl. 611) em face dessa decisão com o intuito de que restasse esclarecido que parte da multa qualificada de 150%, correspondente aos 75% de ofício (art. 44, II, da Lei n.9430/96), já havia sido objeto de inclusão no parcelamento e, portanto, não mais estaria em discussão neste processo, mas com a ressalva de que, caso não se entendesse que a lide apenas se estaria restringindo aos 75% do majoramento (art. 44, parágrafo 1o., da Lei n. 9430/96), nesta oportunidade a contribuinte estaria formalizando sua desistência dessa parte. O apartamento do valor solicitado foi deferido em despacho de fls. 767. Os Embargos de Declaração (Efl. 777) foram admitidos e providos para considerar que a multa se dividiria na parte de ofício que acompanhou os débitos incluídos no parcelamento e foi transferida para o processo n. 10065.725082/201211 e na parcela referente ao agravamento em mais 75%, que foi afastada pelo acórdão do recurso voluntário, de modo que não caberia a intimação do sujeito passivo para pagar a multa. Esclareceuse, também que o pedido deduzido com relação à reinclusão da multa isolada no parcelamento ou retorno para discussão nesse processo, que não havia sido apreciado, foi equacionado com sua inclusão manual naquele programa pela contribuinte. Por fim, a DAIBY S.A ofereceu contrarrazões (Efl. 791) ao recurso especial, alegando, preliminarmente, que (a) o acórdão recorrido, ao afastar a multa qualificada com base na ausência de comprovação do evidente intuito de fraude, proferiu decisão com base na farta jurisprudência do CARF que deu origem à sua Súmula n. 14 e, Fl. 883DF CARF MF Processo nº 11065.001087/200941 Acórdão n.º 9101002.942 CSRFT1 Fl. 20 19 por essa razão, o recurso especial não poderia ser reconhecido, de acordo com o art. 67, parágrafo 2o., do Regimento Interno do órgão. Ainda em sede preliminar, argumentouse que o recurso especial também não poderia ser conhecido (i) porque versa sobre matéria fáctica e não divergência de interpretação, (ii) por falta de cotejo analítico que demonstre a divergência entre o acórdão recorrido e os paradigmas apresentados, justamente por não haver similitude fáctica entre as situações julgadas, tampouco divergência, já que os dois acórdão tiveram resultados diversos em função da prova feita da fraude nos dois casos. O mesmo se disse quanto à falta de cotejo também em relação aos juros aplicados sobre a multa. Com relação ao mérito, requereu fosse negado provimento ao recurso especial da PGFN, no que se refere à multa qualificada, (i) em face da ausência de prova material de que teria agido com o dolo de sonegar tributos, em consonância com a Súmula n. 14 do CARF, e relativamente à aplicação dos juros sobre multa, (ii) para afastálos ou mantêlos nos patamater fixados no acórdão recorrido, sob pena de reformar a decisão para pior – o que tiraria o direito recursal da PGFN. Passase, então, à apreciação do recurso. Voto Conselheira DANIELE SOUTO RODRIGUES AMADIO Relatora PRELIMINARES Tempestividade do Recurso Especial Anteriormente à análise do mérito, verificarseá a tempestividade do recurso e o preenchimento dos requisitos para o seu conhecimento. Consta na efl. 578 (a) um Termo de Intimação da Procuradoria da Fazenda Nacional de 06.07.2011, (b) uma assinatura sobre a ciência em 03.08.2011, sem o nome do procurador e (c) uma anotação manuscrita da Procuradora Mirza Andreina Portela de Sena Sousa, com os seguintes dizeres: “Ciente do Acórdão 140200498 em ‘28/09/2011’. Segue o Recurso Especial. Registrase que a assinatura acima não partiu da Procuradoria da Fazenda Fl. 884DF CARF MF Processo nº 11065.001087/200941 Acórdão n.º 9101002.942 CSRFT1 Fl. 21 20 Nacional, pois a RM de fls. 403 comprova que o processo foi enviado à PGFN em 30.08.2011. Presumindose a validade dessa certidão, que não foi inquinada pela Recorrida, como não se verifica nos autos registro da intimação pessoal do Procurador da Fazenda Nacional, entendese configurada a premissa necessária ao deslocamento da aplicação para a regra 79 do Regimento Interno do CARF. Desse modo, contandose o prazo de 15 dias (cf. artigo 68 do Regimento Interno) da intimação ocorrida 30 dias após o recebimento dos autos por meio digital (v. artigo 79), em 15.02.2011, e o extrato de movimentação do processo da PGFN para o CARF em 29.09.2011, como o recebimentodo recurso, no dia 03.10.2011, considerase o presente recurso tempestivo. Conhecimento do Recurso Especial O conhecimento do Recurso Especial condicionase ao preenchimento de requisitos enumerados pelo artigo 67 do Regimento Interno deste Conselho, que exigem analiticamente a demonstração, no prazo regulamentar do recurso de 15 dias, de (1) existência de interpretação divergente dada à legislação tributária por diferentes câmaras, turma de câmaras, turma especial ou a própria CSRF; (2) legislação interpretada de forma divergente; (3) prequestionamento da matéria, com indicação precisa das peças processuais; (4) duas decisões divergentes por matéria, sendo considerados apenas os dois primeiros paradigmas no caso de apresentação de um número maior, descartandose os demais; (5) pontos específicos dos paradigmas que divirjam daqueles presentes no acórdão recorrido; além da (6) juntada de cópia do inteiro teor dos acórdãos indicados como paradigmas, da publicação em que tenha sido divulgado ou de publicação de até 2 ementas, impressas diretamente do sítio do CARF ou do Diário Oficial da União quando retirados da internet, podendo tais ementas, alternativamente, serem reproduzidas no corpo do recurso, desde que na sua integralidade. Observase que a norma ainda determina a imprestabilidade do acórdão utilizado como paradigma que, (1) na data da admissibilidade do recurso especial, contrarie (i) Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal (art. 103A da Constituição Federal); (ii) decisão judicial transitada em julgado (arts. 543B e 543C do Código de Processo Civil; (iii) Súmula ou Resolução do Pleno do CARF; ou (2) de sua interposição, tenha sido reformado na matéria que aproveitaria ao recorrente. Pois bem, voltandose ao caso concreto, delimitase que o recurso especial apresenta dois temas para a análise de seu conhecimento: (1) aplicação da multa qualificada correspondente aos 75% não inclusos no parcelamento, afastada pelo acórdão recorrido por Fl. 885DF CARF MF Processo nº 11065.001087/200941 Acórdão n.º 9101002.942 CSRFT1 Fl. 22 21 se entender não estar comprovado o dolo de sonegar e (2) inciência da Taxa Selic sobre a multa, substituído na decisão recorrida pela taxa de 1%, ou a que for menor das duas. 1. Ausência de cotejo analítico entre os acórdãos recorrido e paradigmas Primeiramente, e de forma bastante direta, talvez justamente pela ausência da divergência apontada – já se adiantando o próximo tópico – impede o conhecimento do recurso o fato de a Procuradora da Fazenda Nacional não ter procedido ao devido cotejo analítico entre o acórdão recorrido e os paradigmas apresentados, conforme estabelecido como requisito formal pelo artigo 67 do Regimento Interno deste Conselho. Compulsandose o recurso especial, vêse que a Procuradora da Fazenda Nacional limitouse a fazer a seguinte digressão a título desse cotejo para fins de conhecimento do recurso. Com relação à MULTA QUALIFICADA: “O acórdão proferido pela 2a. Turma Ordinária da 4 a. Camara da 1a. Seção de Julgamento do CARE determinou a redução da multa de oficio ao percentual de 75%, apesar de restar claro nos autos os requisitos para a aplicação da multa disposta no art. 44, §1o. da Lei no. 9.430/96. Diferente foi o entendimento de outras Câmaras deste Tribunal Administrativo em julgamento de casos semelhantes. Vejamos: ‘Acórdão 10194095: PRELIMINAR. LANÇAMENTO. NULIDADE. Rejeição da preliminar de nulidade por cerceamento do direito de defesa quando o Auto de Infração e seus anexos descrevem minuciosamente as irregularidades cometidas pelo sujeito passivo e indicam os dispositivos legais infringidos. IRPJ/CSLL. FALTA DE RECOLHIMENTO. MULTA QUALIFICADA. A prática reiterada de infrações definidas como falta de recolhimento e/ou de declaração inexata, por diversos anos seguidos, caracteriza indício veemente da ocorrência de irregularidades definidas nos artigos 71 72 e 73 da Lei no. 4.502/64 e justifica a aplicação da multa qualificada. JUROS DE MORA. TAXA SEEIC. Os juros de mora, a taxa SELIC, está prevista no artigo 13 da Lei no. 9.065/95 e enquanto o dispositivo legal não for julgado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal e suspensa a sua execução pelo Senado Federal, as autoridades administrativas devem zelar pelo seu fiel cumprimento. Preliminar rejeitada. Negado provimento, no mérito. (Grifos nossos) (Doc. 01)’ Fl. 886DF CARF MF Processo nº 11065.001087/200941 Acórdão n.º 9101002.942 CSRFT1 Fl. 23 22 ‘Acórdão 10323613: "DESPESAS DE DEBÊNTURES — DEDUTIBILIDADE A dedução das despesas decorrentes das obrigações relativas a debêntures esta condicionada, entre outras, efetiva captação de novos recursos financeiros inerente à emissão desses títulos, circunstancia não verificada no presente caso. MULTA ISOLADA — MULTA DE OFICIO CONCOMITANCIA IMPOSSIBILIDADE A coexistência da multa de lançamento de oficio com a multa isolada no mesmo lançamento somente é possível quando as suas bases de cálculo forem distintas, o que é o caso dos autos. MULTA QUALIFICADA OPERAÇÕES COM TITULOS INEXISTENTES Comprovada a inexistência da operação de emissão de debêntures que deveriam ser integralmente subscritas por empresa estrangeira mediante a transferência de Títulos do Tesouro Americano é prova direta do evidente intuito de fraude, requisito para aplicação da multa qualificada, no percentual de 150%, de que trata o art. 44, II, da Lei 9.430/96. TRIBUTAÇÃO REFLEXA A decisão relativa ao auto de infração matriz deve ser igualmente aplicada no julgamento do auto de infração decorrente ou reflexo, uma vez que ambos os lançamentos, matriz e reflexo, estão apoiados nos mesmos elementos de convicção. Ementário publicado no DOU n" 13 de 20/01/2009. Págs. 05/09". (Grifos nossos) (Doc. 02)’ Sendo assim, a decisão recorrida diverge dos acórdãos paradigmas, cujos entendimentos retratam que é aplicável para a reiterada conduta ilícita da contribuinte, a imposição prevista no art. 44, §1o. da Lei no. 9.430/96. Dessa forma, demonstrada a divergência jurisprudencial diante das ementas anexas, encontramse presentes Os requisitos de admissibilidade do presente recurso especial.” Com relação à incidência dos JUROS SOBRE A MULTA: “Ao contrario do entendimento apresentado pela c. 2a. Turma, outras Câmaras decidiram que, em relação à multa de oficio, os juros de mora incidirão à taxa SELIC, conforme se extrai das ementas abaixo destacadas: Acórdão 10616.949: ‘Assunto: Imposto sobre a Renda dc Pessoa Física IRPF Exercício: 1999 Ementa: JUROS DE MORA TAXA SELIC INCIDÊNCIA SOBRE PRINCIPAL LANÇADO E SOBRE A MULTA DE OFÍCIO POSSIBILIDADE Na forma do art. 61, § 3o., da Lei n° 9.430/96, incide juros de mora, à taxa selic, sobre o imposto lançado a partir do mês seguinte ao vencimento ordinário da obrigação, que serão capitalizados de forma simples sendo acrescido de 1% no mês do pagamento. Em relação à multa de oficio, os juros de mora incidirão à taxa Selic a partir do mês seguinte ao trintídio contado da ciência do auto de infração, capitalizados de forma simples, e acrescido de 1% no mês do pagamento. Fl. 887DF CARF MF Processo nº 11065.001087/200941 Acórdão n.º 9101002.942 CSRFT1 Fl. 24 23 MULTA DE OFICIO PERCENTUAL DE 75% CONFISCO INOCORRÊNCIA — Incabível se falar em confisco no âmbito das multas pecuniárias. O principio constitucional do nãoconfisco se aplica, apenas, aos tributos. PRECARIEDADE DA SITUAÇÃO FINANCEIRA DA RECORRENTE — MEIO PARA ELIDIR A EXAÇÃO LANÇADA — IMPOSSIBILIDADE — A pretensão da recorrente somente poderia ser atendida se o instituto da remissão estivesse disciplinado por lei ordinária. Assim, não há base legal para deferir a pretensão vindicada. Recurso voluntário negado’. (g.n) (Doc. 03) Acórdão CSRF/0400.651: ‘JUROS DE MORA — MULTA DE OFICIO OBRIGAÇÃO MUNICIPAL — A obrigação tributária principal surge com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto tanto o pagamento do tributo como a penalidade pecuniária decorrente do seu não pagamento, incluindo a multa de ofício proporcional. O credito tributário corresponde a toda a obrigação tributária principal, incluindo a multa de oficio proporcional sobre o qual, assim, devem incidir os juros de mora à taxa Selic. Recurso não provido’. (g.n) (Doc. 04) Verificase, que diante de molduras fáticas similares, as quais se submetem à mesma disciplina jurídica, órgão recorrido e órgãos prolatores dos paradigmas chegaram a conclusões diversas. Ressaltese que em todos os casos analisados houve lançamento, acompanhado da multa de oficio. Não obstante, enquanto a Câmara a quo entendeu que se aplicava aos juros de mora incidents sobre a multa de oficio, a taxa de 1% ao mês nos termos do art. 161, §1o. do CTN, as outras Câmaras concluíram que caberia o emprego dos juros corn amparo na taxa selic. Dessa forma, demonstrada a divergência jurisprudencial diante das ementas anexas, encontramse presentes os requisitos de admissibilidade do presente recurso especial.” Acreditase que a simplicidade das colocações deduzidas no recurso especial não as torna capazes de configurar o cotejo analítico exigido para o seu conhecimento, haja vista todo o trabalho comparativo que teve que ser realizado neste voto para a verificação da existência ou não de divergência entre os acórdão recorrido e paradigmas, realizado a seguir. 2. Ausência de divergência entre o acórdãos recorrido e os paradigmas apresentados e a questão da Súmula CARF n. 14 Com relação à MULTA QUALIFICADA: Fl. 888DF CARF MF Processo nº 11065.001087/200941 Acórdão n.º 9101002.942 CSRFT1 Fl. 25 24 O acórdão recorrido teve como realidade fáctica a aplicação de multa qualificada em operação de emissão de debêntures realizada pela contribuinte para seus acionistas para novação de dívida, desconsiderada pela fiscalização para fins de dedutibilidade das respectivas despesas da base de cálculo do IRPJ e da CSLL e tomada como prática de sonegação fiscal, uma vez que em seu entender teria acontecido apenas formalmente, pelos motivos enumerados no relatório acima. Como solução à lide, no que interessa ao objeto do recurso, a turma a quo decidiu afastar a qualificação da multa sob o fundamento de que essa espécie de penalidade dependeria da efetiva comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo, não se podendo presumilo, o que não teria logrado fazer a fiscalização no caso concreto. O primeiro paradigma apresentado, acórdão n. 10194095, já havia sido afastado no exame de admissibilidade do recurso, não se vislumbrando nem aproximação entre as situações fácticas que levaram à aplicação da multa qualificada, tampouco e por via de consequência, paralelo que pudesse ser estabelecido entre as soluções conferidas nos dois casos, tornandose imprestável como paradigma para a fixação de divergência com a decisão recorrida a ser dirimida por este colegiado. Da mesma maneira, entendese que o acórdão n. 10323613 também não pode ser aceito como paradigma, desta vez porque, além de tratar de situação que num primeiro momento pudesse parecer semelhante, mas que se melhor verificada é diversa, se fossem similares, o resultado seria o mesmo, pois não há divergência entre os entendimentos de ambos os acórdãos: tanto num quanto noutro se entende aplicável a multa qualificada quando comprovado o evidente intuito de fraude do sujeito passivo, ou seja, não divergem em momento algum. O que acontece é que numa situação concreta entendeuse existir comprovação do dolo e na outra não. E isso não é a divergência de posicionamento que se requer para efeitos de conhecimento do recurso especial – confirmando que o papel do colegiado referese à solução de um conflito de interpretações, na busca por uma uniformização de jurisprudência. Daí porque, para se verificar se o tratamento seria diferente, se precisaria estar diante de situações fácticas bastante aproximadas e mesmo assim o critério “em tese” utilizado não poderia ser o de haver ou não comprovação do dolo para a aplicação da multa. Imaginese que diante (i) de duas situações fácticas próximas que se entendesse haver prova do dolo, o resultado seria a aplicação da multa qualificada e (ii) duas situações fácticas diferentes, se o critério fosse a existência de prova do dolo, o resultado também seria a aplicação da multa. A divergência existiria então, se se entendesse, de um lado, essencial a demonstração do intuito fraudulento e de outro que a aplicação da penalidade prescindiria dessa comprovação. Fl. 889DF CARF MF Processo nº 11065.001087/200941 Acórdão n.º 9101002.942 CSRFT1 Fl. 26 25 Outra possibilidade seria se analisar – caso se entendesse isso possível para fins de conhecimento do recurso especial – que duas situações fácticas aproximadas foram compreendidas de formas diferentes por duas decisões. Por exemplo, duas operações de emissão de debêntures com as mesmas características, que num julgamento tenha sido considerada fraudulenta pela fiscalização e no outro válida. No entanto, ainda que se admitisse esse raciocínio – o que inclusive foi questionado pela contribuinte em suas contrarrazões ao recurso especial –, também não caberia no caso em exame, porque os fatos relatados no acórdão n. 10323613, embora num primeiro momento possam sugerir o contrário, não se assemelham em tudo à operação realizada pela DAIBY S.A e julgada pelo acórdão recorrido. Leiase os trechos da decisão paradigma que tratam da emissão das debêntures e da multa aplicada: “Relatam as autoridades lançadoras que a contribuinte, que tem por objeto social a exploração de planejamento e assessoria de marketing, reduziu indevidamente o resultado dos períodos fiscalizados, para fins de determinação do IRPJ e da CSLL, haja vista ter registrado em sua contabilidade despesas a título de remuneração de debêntures, cuja emissão teria se dado com o fim específico de fraudar a legislação tributária, no sentido de reduzir os montantes dos tributos devidos.” “Em 30/04/1997, a contribuinte deliberou, em Assembléia Geral Extraordinária, por emissão de debêntures, no montante de R$ 10.000.000,00, com remuneração decorrente exclusivamente de seus lucros, que foram integralmente subscritas pela empresa Choy Sing Investments, com sede nos Estados Unidos, por meio da transferência de títulos do Tesouro Americano. Da data da emissão das debêntures (1997) até o final do anocalendário de 2005, a empresa subscritora foi remunerada com R$116.233.231,69, valor este que representa cerca de 86% do lucro líquido da fiscalizada. Em outras palavras, o lucro líquido da contribuinte ficou reduzido a cerca de 14% daquele efetivamente apurado. Não satisfeita com o desfecho do julgamento, a recorrente maneja o Recurso Ordinário, aonde, em síntese, repete os argumentos expendidos em sua impugnação, quais sejam: Defende a regularidade da operação, apontando como provas os documentos examinados pela fiscalização, como o laudo de auditoria emitido por P.M.P. Consultoria Contábil S/C Ltda, confirmando a validade e existência dos títulos do Tesouro Americano e o documento expedido pela empresa Choy Sing por meio dos qual autorizou o corretor Ignácio Rospide de Leon, sediado no Uruguai, a adquirir os 10.000 T'Bills em seu nome e repassálos à recorrente (fls. 491 e 492). Fl. 890DF CARF MF Processo nº 11065.001087/200941 Acórdão n.º 9101002.942 CSRFT1 Fl. 27 26 Também alega que fez endosso escritural (ordem de transferência) desses títulos para integralizar capital na empresa Brasilpar Investimentos e Participações, sediada na cidade de Funchal, Zona Franca da Madeira (fl. 496). Afirma, ainda, que os sócios da Brasilpar deliberaram sobre a aceitação do investimento e ratificação da regularidade dos títulos americanos a serem integralizados, no importe de 10.000 T'Bills, ficando o investimento pendente até que fosse feita a avaliação por um Revisor Oficial de Contas em Portugal (fls. 509 a 511 e 513 a 518). Discorre acerca da emissão das debêntures com participação em seus lucros e sobre o investimento que teria realizado na empresa Brasilpar, com o propósito de demonstrar a regularidade da operação, afirmando ter cumprido todas as formalidades legais pertinentes, e rebate as inconsistências apontadas pela fiscalização quando da análise dos documentos apresentados relativos à operação de lançamento das debêntures. Assevera não ser possível a desconsideração do ato jurídico face à ausência de lei ordinária permissiva (fl. 411), pois o parágrafo único do art. 116 do CTN, dispositivo que trata dessa possibilidade está condicionado à edição de lei ordinária ainda não editada. Além disso, referido dispositivo foi incluído no ordenamento jurídico em 11/01/2001, por meio da publicação da Lei Complementar n° 104, enquanto o ato tido como fraudulento ocorreu em 1997.” “A glosa das despesas está fundamentada no fato do fisco haver entendido que a, ora recorrente, teria agido com a intenção dolosa de reduzir tributo quando engendrou uma operação fraudulenta que envolveu a emissão de debêntures no valor de R$ 10.000.000,00 que foram integralmente subscritas pela empresa Choy Sing Investiments, com sede nos EUA, mediante a transferência de Títulos do Tesouro Americano, que provou não existirem. A análise dos autos denota inicialmente, que a recorrente, intimada e reintimada que foi para comprovar com documentos hábeis e idôneos a existência dos referidos Títulos, não logrou fazêlo. Da atenta leitura dos autos aflora que fiscalização produziu, com os documentos disponibilizados pela própria recorrente, uma análise bastante esclarecedora acerca da realidade fática que permeia o presente lançamento, tocando em pontos importantes, como é o caso do reconhecimento das assinaturas do documento 27, por meio do qual é solicitada a transferência de titularidade dos títulos do Tesouro Americano para a Brasilpar, meses depois da suposta efetivação do fato. Com isso foi constituído um conjunto indiciário robusto, como se vê no Termo de Verificação Fiscal, fl. 287 e seguintes, de onde extraio algumas passagens: ‘A contribuinte apresentou somente os documentos DOC 25, DOC 26, DOC 27, DOC 28 e DOC 29 durante o procedimento de fiscalização, com a tentativa de comprovar a operação da transferência dos títulos do Tesouro Americano, e conseqüentemente tentar comprovar o ingresso de recursos que justificasse a emissão de debêntures. Fl. 891DF CARF MF Processo nº 11065.001087/200941 Acórdão n.º 9101002.942 CSRFT1 Fl. 28 27 Esses documentos, que serão descritos e analisados, não deixam qualquer margem de dúvida de que o único motivo, ou a única intenção da contribuinte, bem assim, também, o único efeito que produziu tal operação artificial de emissão de debêntures, foi a redução ilegal dos tributos devidos. O documento 25 é uma correspondência enviada pela contribuinte a Corretora de Bolsa "Ignácio Rospide de Leon", no Uruguai, onde afirma ter recebido títulos do Tesouro Americano — ISIN US9127945433, com vencimento em 30 de junho de 1997, pelo preço unitário de 995,7129, perfazendo um total de U$10.000.000,00. Esta afirmação é falsa, visto que não existem títulos do Tesouro Americano com vencimento em 30 de junho de 1997 e muito menos existe titulo emitido pelo Tesouro Americano com o código CUS1P 912794543. De acordo com pesquisa (DOC 40) feita no "site" do Departamento do Tesouro Americano (vvvvw.publicdebt.treas.gov), somente foram emitidos títulos Treasury Bills com vencimento em 26 de junho de 1997 (CUSIP 9 I 27942R4) e 3 de julho de 1997 (CUS1P 9127945D2,). Realizando pesquisa pelo código CUSIP (DOC 41), verificamos também que não existe titulo emitido com o código CUSIP 912794543. O documento 26 é um Laudo de Auditoria, emitido por PMP Consultoria Contábil, que afirma que o montante registrado de U$10.000.000,00 corresponde ao saldo de 10.000 Treasury Bills, com vencimento em 30 de junho de 1997, 1SIN US9 I 27945433 e que os títulos estão custodiados junto a lgnácio Rospide de Leon, corretora de bolsa sediada no Uruguai. Este laudo contém as mesmas informações falsas do document anterior, ou seja, não existem títulos emitidos pelo Tesouro Americano com vencimento em 30 de junho de 1997 e com o código CUSIP 912794543. Alem disso, uma corretora sediada no Uruguai não pode custodiar títulos do Tesouro Americano. O documento 27 tratase de uma correspondência enviada pela contribuinte a Corretora de Bolsa Igná cio Rospide de Leon, solicitando a transferência da titularidade dos títulos do Tesouro Americano (T'Bills) para a empresa Brasilpar. Este documento possui diversas incoerências. A primeira diz respeito a data em que as assinaturas foram reconhecidas pelo I°. Tabelionato de Notas: 14 de novembro de 1997. Como a data poderia ser posterior ao pedido de transferência, 30 de maio de 1997? A segunda diz respeito a menção que a correspondência faz a um "Contrato de Compra e Venda de Notas do Tesouro Americano''. A contribuinte já informou, atendendo a Termo de Intimação Fiscal, que não existe tal contrato. A terceira incoerência é a inexistência na correspondência do código (et CUSIP/ISIN dos títulos do Tesouro Americano. Como a corretora poderia realizar a transferência dos títulos sem ter conhecimento dos códigos e sem receber um contrato? A quarta diz respeito ao valor atribuído aos títulos: U$10.043.055,00 e R$ 10.000.000,00. Fl. 892DF CARF MF Processo nº 11065.001087/200941 Acórdão n.º 9101002.942 CSRFT1 Fl. 29 28 Isto é impossível, uma vez que no dia 30/05/1997, U$1,00 equivalia a R$1,017. Cabe lembrar ainda que os documentos 25 e 26 mencionam um valor de R$10.000.000,00 para o titulo. O documento 29 é uma Nota de corretagem emitida pela Corretora Ignácio Rospide De Leon referente a uma ordem de compra, feita pela empresa Choy Sing, de títulos do Tesouro Americano. Este documento novamente faz menção a títulos do Tesouro Americano (T Bills) com vencimento em 30 de junho de 1997. Conforme já mencionado anteriormente, não existem títulos com vencimento nesta data. Resta claro que toda a documentação apresentada pela contribuinte não consegue comprovar a operação de transferência dos títulos do Tesouro Americano. O mais grave é que, alem de não comprovar, apresentou documentos com informações falsas. Em primeiro lugar porque não existem títulos 7 Bills com vencimento em 30 de junho de 1997 (DOC 40), em segundo lugar porque não existe título emitido pelo Tesouro Americano com o código CUS1P 912794543 (DOC 41) e por último porque nem mesmo o dígito verificador do código informado é correto.’ Como se vê não se trata de uma inconsistência isolada, mas de diversos pontos que ficam sem resposta na operação supostamente realizada pela recorrente. Relevante o fato de o documento 26 (Laudo de Auditoria), reproduzir informações que se mostraram inverídicas, como a data de vencimento e o número dos títulos do Tesouro Americano, bem como a informação de que os títulos eram custodiados pela corretora situada no Uruguai. Assim, do conjunto dos autos, bem se vê que a recorrente, na verdade, registrou operações fictícias, com títulos inexistentes, na sua escrita contábil, o que desautoriza a sua aceitação para fins de dedução como custos. Por sua vez, reputo comprovada falsidade das operações descritas nos autos, fato que constitui prova direta do "evidente intuito de fraude", requisito para aplicação da multa qualificada, no percentual de 150%, de que trata o art. 44, II, da Lei 9.430/96.” Essas transcrições são para se demonstrar que ainda que se adotasse a linha de que a divergência pudesse pautar na forma de qualificação dos fatos, as operações autuadas num e noutro caso revelamse distintas. Embora tenham alguns pontos comuns e igualmente questionados, envolvendo glosa de despesas decorrente da remuneração de debêntures, forma de remuneração dos debenturistas, dentre outros, no acórdão paradigma parece se destacar a inexistência dos títulos americanos emitidos para a subscrição, fornecimento de informações inverídicas e acusações de falsidade documental, com análise específica de vários documentos que registraram a operação. Fl. 893DF CARF MF Processo nº 11065.001087/200941 Acórdão n.º 9101002.942 CSRFT1 Fl. 30 29 Portanto, não se pode concluir que num caso o acórdão recorrido compreendeu não haver prova do dolo e afastou a multa qualificada e, no outro, a decisão paradigma reconheceu haver referida comprovação e manteve a penalidade, porque se tratam de situações fácticas com pontos comuns, mas peculiaridades que substancialmente as diferenciam e inquinam essa proximidade. Mais do que isso, o critério que define as decisões é absolutamente o mesmo: necessidade de demonstração do evidente intuito de fraude para incidência da multa qualificada, o que já é determinante para impedir a configuração da divergência necessária ao conhecimento do recurso especial, revelando, ao contrário, uma convergência de interpretações. Assim sendo, no que diz respeito à qualificação da multa, entendese não configurada a divergência para o conhecimento do recurso especial. É preciso se acrecentar que a inexistência de divergência ainda traz implicações diretas para a aplicação da Súmula CARF n. 14, tema trazido pelas duas partes no recurso especial e contrarrazões, para fins de seu conhecimento. Com efeito, dispões o verbete que “Súmula CARF nº 14: A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo.” Relendose todos os acórdãos eleitos precedentes seus (Acórdãos n. 101 94258, 10194351, 10419384, 10419806 e 10419855), extraise que, não obstante tenham como situação fática casos de omissão de receitas/depósitos bancários, mais expressa ainda na redação da súmula que numa verificação imediatista parece restringir a sua aplicação, trazem uma interpretação geral quanto à produção da prova nos casos de sonegação fiscal, nos moldes em que tipificada a conduta da DAIBY S.A. nestes autos. Vejase, ilustrativamente, trechos dos seguintes acórdãos precedentes: Acórdão n. 10194258: “Entendo que para que a multa de lançamento de ofício seja transformada de 75% para 150%, é imprescindível que se configure o evidente intuito de fraude. Nesse caso, devese ter como princípio o brocado de direito que prevê que ‘fraude não de presume’, ‘se prova’. Ou seja, há que se ter provas sobre o evidente intuito de fraude praticado pela empresa. Não é razoável se querer, simplesmente, presumir a ocorrência de fraude, ainda mais que se trata de exigência constituída a partir de receitas tempestivamente declaradas ao fisco. Agindo assim, aplicou incorretamente a multa de ofício qualificada, pois não pode prevalecer a imposição, tendo em vista que na espécie de que se cuida, a infração não denota o evidente intuito de fraudar. A prova neste aspecto deve Fl. 894DF CARF MF Processo nº 11065.001087/200941 Acórdão n.º 9101002.942 CSRFT1 Fl. 31 30 ser material, evidente, como diz a lei.” Acórdão n. 10419.806: “SANÇÕES TRIBUTÁRIAS MULTA QUALIFICADA JUSTIFICATIVA PARA APLICAÇÃO EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE Qualquer circunstância que autorize a exasperação da multa de lançamento de ofício de 75%, prevista como regra geral, deverá ser minuciosamente justificada e comprovada nos autos. Além disso, para que a multa qualificada seja aplicada, exigese que o contribuinte tenha procedido com evidente intuito de fraude, nos casos definidos nos artigos 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 1964. A não inclusão como rendimentos tributáveis, na Declaração de Imposto de Renda, de valores depositados em contas correntes ou de investimentos pertencentes ao contribuinte fiscalizado, sem comprovação da origem dos recursos utilizados nessas operações, caracteriza falta simples de presunção de omissão de rendimentos, porém, não caracteriza evidente intuito de fraude, nos termos do art. 992, inciso II, do Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto n 1.041, de 1994.” Acórdão n. 10419.855: “IRPF MULTA QUALIFICADA FRAUDE A simples omissão de receitas não representa, por si só, fato relevante para a caracterização de fraude, que não se presume, devendo ser comprovada conduta material suficiente para sua caracterização.” Entendendose que a norma jurídica contida nessa Súmula que exige que a sonegação não seja presumida, seja provada, justamente como decidiu o acórdão recorrido, se aplicaria também o artigo 67 do Regimento Interno que determina a imprestabilidade do paradigma que, na data da admissibilidade do recurso especial, contrarie Súmula ou Resolução do Pleno do CARF. Ocorre que, apesar dessa adequação, como dizer que o segundo paradigma contrariou súmula do CARF se ele se mostra justamente convergente com essa orientação? Isso seria possível se o paradigma fosse válido ao que se presta e, indo de encontro com a orientação do acórdão recorrido, se encaixaria na hipótese da súmula, impedindo o conhecimento do recurso. Mas, tal como está, impede até mesmo esse tipo de verificação, o que se entende ratificar a impossibilidade de conhecimento do recurso por inexistência de divergência. Assim sendo, pela ausência de cotejo analítico, similitude fáctica entre os acórdãos recorrido e paradigma e confronto deste com súmula do CARF, VOTA SE POR NÃO CONHECER o Recurso Especial no que tange à qualificação da multa, restando prejudicada a questão da incidência de juros de mora sobre a penalidade. Fl. 895DF CARF MF Processo nº 11065.001087/200941 Acórdão n.º 9101002.942 CSRFT1 Fl. 32 31 (assinado digitalmente) Daniele Souto Rodrigues Amadio Fl. 896DF CARF MF
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