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Numero do processo: 19515.003239/2008-25
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 08 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Jan 11 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2004
PROVAS. JUNTADA. MOMENTO POSTERIOR AO INÍCIO DO JULGAMENTO. IMPOSSIBILIDADE.
O momento de apresentação das provas está determinado nas normas que regem o processo administrativo fiscal, em especial no Decreto 70.235/72. Não há como acatar a juntada de provas após o início do julgamento.
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE DO LANÇAMENTO. VIOLAÇÃO NÃO PROVADA.
Comprovada a regularidade do procedimento fiscal, que atendeu aos preceitos estabelecidos no art. 142 do CTN e presentes os requisitos do art. 10 do Decreto nº 70.235, de 1972, não há que se cogitar em nulidade do lançamento.
PROCESSO ADMINISTRATIVO E JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA. NÃO CONHECIMENTO. SÚMULA CARF Nº 1.
Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. (Súmula CARF nº 1).
REMESSA AO FISCO POR AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. AUSÊNCIA DE ILICITUDE DA PROVA.
Eventual mácula da colheita da prova não pode ser deferida no processo administrativo fiscal, sob pena de a autoridade administrativa se sobrepor à ordem da autoridade judicial, a qual, constitucionalmente, tem o monopólio da condução do processo criminal e entendeu que a prova colhida no processo criminal poderia ser utilizada pelo Fisco.
PROVAS PRODUZIDAS A PARTIR DE LAUDO PERICIAL ELABORADO PELA POLÍCIA FEDERAL. DOCUMENTAÇÃO TRAZIDA DO EXTERIOR COM AUTORIZAÇÃO DA JUSTIÇA FEDERAL. POSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO PELO FISCO.
Válidas as informações veiculadas em relatório da Secretaria da Receita Federal, decorrentes de Laudos Técnicos do Instituto Nacional de Criminalística - INC, elaborados a partir de arquivos em meio eletrônico e documentos trazidos do exterior com autorização da Justiça Federal.
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ARTIGO 42 DA LEI Nº 9.430, DE 1996.
A presunção legal de omissão de rendimentos, prevista no art. 42, da Lei nº 9.430, de 1996, autoriza o lançamento com base em depósitos bancários para os quais o titular de fato, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
DEPÓSITOS BANCÁRIOS. PRESUNÇÃO.
A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. (Súmula CARF nº 26).
JUROS - TAXA SELIC
A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC - para títulos federais. (Súmula CARF nº 4).
Numero da decisão: 2202-003.058
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso na parte relativa à nulidade da decisão de primeira instância; na parte conhecida, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso.
Assinado digitalmente
MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA - Presidente e Relator.
Composição do Colegiado: participaram da sessão de julgamento os Conselheiros MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA (Presidente), JÚNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO, PAULO MAURÍCIO PINHEIRO MONTEIRO, EDUARDO DE OLIVEIRA, JOSÉ ALFREDO DUARTE FILHO (Suplente convocado), WILSON ANTONIO DE SOUZA CORRÊA (Suplente convocado), MARTIN DA SILVA GESTO e MÁRCIO HENRIQUE SALES PARADA.
Nome do relator: MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
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JUNTADA. MOMENTO POSTERIOR AO INÍCIO DO JULGAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. O momento de apresentação das provas está determinado nas normas que regem o processo administrativo fiscal, em especial no Decreto 70.235/72. Não há como acatar a juntada de provas após o início do julgamento. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE DO LANÇAMENTO. VIOLAÇÃO NÃO PROVADA. Comprovada a regularidade do procedimento fiscal, que atendeu aos preceitos estabelecidos no art. 142 do CTN e presentes os requisitos do art. 10 do Decreto nº 70.235, de 1972, não há que se cogitar em nulidade do lançamento. PROCESSO ADMINISTRATIVO E JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA. NÃO CONHECIMENTO. SÚMULA CARF Nº 1. 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AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 32 39 /2 00 8- 25 Fl. 586DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA 2 PROVAS PRODUZIDAS A PARTIR DE LAUDO PERICIAL ELABORADO PELA POLÍCIA FEDERAL. DOCUMENTAÇÃO TRAZIDA DO EXTERIOR COM AUTORIZAÇÃO DA JUSTIÇA FEDERAL. POSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO PELO FISCO. Válidas as informações veiculadas em relatório da Secretaria da Receita Federal, decorrentes de Laudos Técnicos do Instituto Nacional de Criminalística INC, elaborados a partir de arquivos em meio eletrônico e documentos trazidos do exterior com autorização da Justiça Federal. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ARTIGO 42 DA LEI Nº 9.430, DE 1996. A presunção legal de omissão de rendimentos, prevista no art. 42, da Lei nº 9.430, de 1996, autoriza o lançamento com base em depósitos bancários para os quais o titular de fato, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. PRESUNÇÃO. A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. (Súmula CARF nº 26). JUROS TAXA SELIC A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. (Súmula CARF nº 4). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso na parte relativa à nulidade da decisão de primeira instância; na parte conhecida, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso. Assinado digitalmente MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA Presidente e Relator. Composição do Colegiado: participaram da sessão de julgamento os Conselheiros MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA (Presidente), JÚNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO, PAULO MAURÍCIO PINHEIRO MONTEIRO, EDUARDO DE OLIVEIRA, JOSÉ ALFREDO DUARTE FILHO (Suplente convocado), WILSON ANTONIO DE SOUZA CORRÊA (Suplente convocado), MARTIN DA SILVA GESTO e MÁRCIO HENRIQUE SALES PARADA. Relatório Fl. 587DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.003239/200825 Acórdão n.º 2202003.058 S2C2T2 Fl. 586 3 Por bem sintetizar os fatos ocorridos até a decisão de primeira instância, reproduzo o relatório do acórdão de impugnação formalizado pela Terceira Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de São Paulo II (DRJ/SP2). Em ação fiscal levada a efeito no contribuinte acima qualificado, foi lavrado o Auto de Infração de fls. 167/169, acompanhado dos demonstrativos de fls. 02 e 165/166, do Termo de Verificação Fiscal de fls. 159/164 e do Termo de Encerramento de fls. 170, relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física, anocalendário 2003, por meio do qual foi apurado crédito tributário no montante de R$ 9.795.143,75 (nove milhões, setecentos e noventa e cinco mil, cento e quarenta e três reais e setenta e cinco centavos), sendo R$ 4.195.281,72 referentes ao imposto, R$ 3.146.461,29, à multa proporcional, e R$ 2.453.400,74, aos juros de mora (calculados até 30/06/2008). Conforme Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal (fls. 168/169), o procedimento resultou na apuração da seguinte infração: Omissão de Rendimentos Caracterizada por Depósitos Bancários com Origem Não Comprovada. Enquadramento legal: art. 849 do RIR/99; art. 10 da Lei no 10.451/2002; art. 42 da Lei n° 9.430/96 e art. 58, § 5° e 6° da Lei n° 10.637/2002. O procedimento fiscal que resultou na constituição do crédito tributário acima referido encontrase relatado no Termo de Verificação Fiscal (fls. 159/164). Cientificado da autuação em 31/07/2008 (fls. 171), o contribuinte protocolizou, em 27/08/2007, a impugnação de fls. 177/234 — volume 2, alegando, em resumo, o que segue: 1. requereu à autoridade autuante cópias do processo administrativo e da coletânea de documentos conhecida como "Dossier do Contribuinte", que deferiu a produção de cópias do processoadministrativo, calandose em relação as cópias do dossier; 2. instada a formalizar o indeferimento verbal quanto ao fornecimento de tais cópias, recusouse a fazêlo, o que demonstra arbítrio e cerceamento de defesa; 3. o material constante do dossier diz respeito, ou, ao menos, deveria dizer respeito apenas ao contribuinte fiscalizado, e, certamente, tais documentos comprovariam a origem e a forma irregular como a ação fiscal se desenvolveu, além de demonstrar cabalmente o desvio de finalidade; 4. certamente há no dossier algo que o contribuinte não deve tomar conhecimento; caso contrário, não haveria razão para indeferir o pedido de fornecimento de cópias; 5. o art. 2° da Lei n° 9.784/99, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública, , e o art. 13 do Decreto n° 2.134/97, que disciplina a categoria doso documentos públicos legalmente sigilosos e seu respectivo acesso, dão conta de que o administrador público não pode se negar a dar vista de documentos de interesse do administrado, como ocorreu no procedimento fiscal vertente; 6. seja em nome da limpidez (leiase: moralidade, impessoalidade, boafé, transparência) da atividade estatal, seja para garantia de direitos individuais, o Estado tem o dever da publicidade, sendo nulos de pleno direito os atos Fl. 588DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA 4 administrativos decorrentes de decisões secretas ou implícitas, como ocorre no caso dos auto de infração ora impugnado; 7. o impugnante traz à colação jurisprudência administrativa e judicial sobre o assunto; 8. os dados de que se utilizou a Receita Federal do Brasil para a elaboração do lançamento não foram obtidos nem utilizados na forma prevista pela legislação de regência e nem, tampouco, em obediência aos termos do Tratado de Cooperação Jurídica em Matéria Penal (MLAT); 9. não há nos autos do processo administrativo em discussão, qualquer referência quanto à descrição da solicitação dos dados ou quanto à existência de autorização expressa do Estado requerido para sua utilização pela Receita Federal do Brasil, embora a Coordenadora Geral de Recuperação de Ativos da Secretaria Nacional de Justiça do Ministério da Justiça faça um alerta nesse sentido no item 3 do Oficio 2103/2005/DRCISNJMJ; 10. nos termos do artigo 5°, inciso LVI, da Constituição, são inadmissíveis as provas obtidas por meios ilícitos, que consagra o principio da nulidade à prova cujo nascedouro padeça do mesmo vicio; 11. o laudo do INC — Instituto Nacional de Criminalistica, descreve determinadas operações mas não prova a efetiva realização das mesmas, devendo ser acompanhadas de outras diligências, na busca de provas de sua existência; 12. portanto, é absurda e tendenciosa a afirmação contida no Termo de Verificação Fiscal de que: o laudo traduz "evidências incontestáveis de que a titularidade da conta é de fato das pessoas físicas dos sócios..."; 13. ademais, a ação fiscal iniciouse mais de dois anos após a elaboração do laudo, não se permitindo ao contribuinte participar da elaboração dos quesitos, nomear assistente técnico, acompanhar a realização da perícia, enfim, não se permitiu à parte interessada o exercício do devido processo legal e do seu direito de defesa como garantida pela Constituição Federal; 14. a mídia magnética e o banco de dados a que faz menção o laudo jamais foram disponibilizados ao contribuinte, que se vê obrigado a aceitar a "prova" como se apresenta, e, pior, tem contra si lançada importância de tal valor a partir de tal prova; 15. nenhuma perícia grafotécnica foi efetuada pelos peritos da Policia Federal e, examinandose as respostas aos quesitos nitidamente "auto formulados", verificase que não há nenhuma demonstração cabal de que as operações tenham sido efetivamente realizadas; 16. a Receita Federal recebeu documentos, deu a eles o caráter de "evidências incontestáveis" e procedeu ao lançamento, furtandose a cumprir com seu dever legal de demonstração e comprovação de que aqueles valores constituiriam efetivamente, renda do impugnante, supostamente omitida à tributação; 17. se houve, de fato, omissão de receita, necessário e imprescindível a verificação do crescimento patrimonial do contribuinte, aferindo com legitimidade o fato gerador do tributo lançado; 18. o fisco entendeu como omissão de receita a somatória de todos os depósitos efetuados na conta Garter Trading S/A junto ao banco MTBCBC/Hudson United Bank de Nova York — NY/EUA, estabelecendo que o montante de R$ 15.271.743,73 representa a totalidade de rendimentos omitidos, constituindose, portanto, na base de cálculo para o lançamento; Fl. 589DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.003239/200825 Acórdão n.º 2202003.058 S2C2T2 Fl. 587 5 19. ocorre que, por decisão judicial de 12 de junho de 2008, oriunda da 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo, o Juiz Fausto de Sanctis, entendeu que o impugnante exercia a função de cambista, remetendo para o exterior importâncias de terceiros, remunerandose (juntamente com o outro titular da conta corrente) A. razão de 0,7% sobre cada uma das operações, tendo sido processado criminalmente e condenado; 20. a conclusão judicial condenatória da conta de que as importâncias existentes nesta ou em outras contas de cambistas no exterior não são de propriedade dos titulares da conta, mas de clientes seus que a utilizaram como veiculo da evasão de divisas; 21. o que poderia remanescer como de propriedade dos titulares da conta dos autuados, seria, no dizer da conclusão judicial, o percentual de 0,7 % sobre aquilo que a agente fiscal entendeu como rendimentos omitidos (R$ 15.271.743,73), o que corresponderia a apenas R$ 106.902,22, sendo esta, portanto, a verdadeira base de cálculo para o lançamento; 22. não se pode ir além daquilo que a sentença judicial já tipificou como atividade e remuneração do contribuinte lançado, sob pena da Receita Federal extrapolar seus limites legais de competência e legalidade; 23. não se pode igualmente manterse o lançamento, sob o rótulo de que este em nada depende da decisão do Poder Judiciário, uma vez que as ações são absolutamente conexas e interdependentes entre si; 24. nulo, por conseqüência, o auto de infração diante da ausência de liquidez e certeza do lançamento; 25. o imposto de renda não incide sobre os depósitos bancários, mas sobre os acréscimos patrimoniais, sendo os depósitos indícios que permitem à fiscalização iniciar o processo de identificação dos suportes fáticos (acréscimos patrimoniais) não oferecidos tributação, no exercício do dever de prova que lhe é imposto pelos princípios da legalidade e da motivação e pelo art. 142 do CTN; 26. indícios de renda (depósitos bancários) não podem legitimamente ser transformados, nem pela lei tributária, nem pela Receita Federal, em acréscimos patrimoniais suscetíveis de tributação, sem que previamente se exerça o dever de prova e investigação que a norma de lançamento exige, o que, em nenhum momento, ocorreu; 27. renda só pode ser tributada se efetivamente corresponder a riqueza nova, sendo necessário, para tanto, o confronto entre todas as entradas e todas as saídas; 28. a jurisprudência, tanto administrativa quanto a judicial já demonstraram a improcedência dos lançamentos tomandose por base exclusivamente os depósitos bancários, como ocorreu no caso em debate; 29. na área judicial, consoante a Sumula n° 182, do extinto Tribunal Federal de Recursos — TFR, restou averbado ser ilegítimo o lançamento arbitrado com base apenas em extratos ou depósitos bancários; 30. se a premissa da fiscalização é de que os depósitos listados constituíramse em aumento patrimonial do impugnante, é preciso comprovar isto, pois o ônus da prova é de quem alega, como expressamente dispõem o artigo 36 da Lei n° 9.784/99 e o art. 9° do Decreto n° 70.235/72; Fl. 590DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA 6 31. considerando que a finalidade precípua do processo administrativo tributário é a apuração da verdade material, temse que tal atividade deve ser estruturada segundo o principio inquisitório e não o principio dispositivo, não se admitindo a atribuição do ônus da prova ao contribuinte, com fundamento na presunção de legitimidade do lançamento; 32. a taxa SELIC é resultado das negociações dos títulos públicos e da variação dos seus valores de mercado, que são publicados diariamente, sendo uma taxa de referência calculada e divulgada unilateralmente pelo BACEN, que se utiliza, para tanto, da variação do custo do dinheiro e da flutuação desse custo no mercado financeiro; 33. reflete, pois, um autentico pagamento pelo uso de dinheiro alheio e possui natureza nitidamente remuneratória, não havendo nada que lhe confira caráter morat6rio, pois não guarda qualquer correlação lógica com a recomposição do patrimônio lesado, pela falta do tributo não pago, como se busca nos juros moratórios; 34. por isso, não permite sua utilização para qualquer outra finalidade que não seja remunerar o capital alheio, não se prestando para a indenização objetivada nos juros moratórios; 35. a Lei n° 9.065/95 não encontra fundamento no artigo 161, § 1º, do CTN, porque este dispositivo complementar autoriza a definição de outra taxa de juros, desde que contenha e reflita natureza moratória e não remunerat6ria; 36. o CTN é claro no sentido de que a Lei pode até fixar percentual superior a 1%, o que não autoriza a delegação dessa tarefa a órgão da administração federal (Banco Central do Brasil), parte interessada na cobrança do tributo e na oscilação do mercado em razão dos títulos de sua emissão; 37. o STJ, em decisão exarada no Recurso Especial n° 215.881/PR entendeu pela inaplicabilidade da SELIC; 38. isto posto, requer: i) o acolhimento das preliminares arguidas, declarando nulo o auto de infração; ii) o acolhimento integral das razões de mérito e a declaração de improcedência do auto de infração; iii) a notificação do impugnante, na pessoa de seu advogado e bastante procurador, da data e local da sessão de julgamento, para que possa assistir à sessão, entregar memoriais, sustentar oralmente, etc; iv) provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidas, inclusive a juntada posterior de documentos que, eventualmente, venha a obter especialmente por cópias de despachos e decisões judiciais já referidos nesta impugnação. A DRJ/SP2 julgou improcedente a impugnação, por unanimidade de votos, em decisão consubstanciada no acórdão nº 1735.722, da Terceira Turma, que foi assim ementado: Assunto : Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Anocalendário: 2003 NULIDADE DO LANÇAMENTO. Não restando comprovada a incompetência do autuante nem a ocorrência de preterição do direito de defesa, não há que se falar em nulidade do lançamento. CERCEAMENTO DE DEFESA. É de se rejeitar a alegação de cerceamento de defesa quando os fatos que ensejaram o lançamento se encontram corretamente descritos e tipificados no Auto de Infração e no Termo de Verificação Fiscal e estão presentes nos autos todos os elementos Fl. 591DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.003239/200825 Acórdão n.º 2202003.058 S2C2T2 Fl. 588 7 necessários à elaboração da impugnação, tendo sido oferecida ao litigante, seja durante o curso da ação fiscal, seja na fase de impugnação, ampla oportunidade de se manifestar e de apresentar provas que elidissem a autuação. ILEGITIMIDADE DAS PROVAS. São legitimas as provas advindas do exterior, que foram objeto de laudo pericial pelo Instituto Nacional de Criminalística, da Policia Federal do Brasil, uma vez constatada a sua regular disponibilização ao Fisco Federal, mediante autorização judicial, o rigor na elaboração do referido laudo, a lisura dos peritos criminais do Departamento de Policia Federal envolvidos e a confiabilidade dos dados (pela total impossibilidade de eles sofrerem qualquer tipo de alteração). JUNTADA POSTERIOR DE PROVAS. A prova documental deve ser apresentada juntamente com a impugnação, não podendo o contribuinte apresentála em outro momento a menos que demonstre motivo de força maior, refirase a fato ou direito superveniente, ou destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidos aos autos. SUSTENTAÇÃO ORAL. Não há, no âmbito da legislação que cuida do processo administrativo fiscal, previsão para a realização de sustentação oral pela defesa em sessão de julgamento administrativo de primeira instância. DECISÕES ADMINISTRATIVAS E JUDICIAIS. EFEITOS. As decisões administrativas, mesmo as proferidas por Conselhos de Contribuintes, e as judiciais, excetuandose as proferidas pelo STF sobre a inconstitucionalidade das normas legais, não se constituem em normas complementares contidas no art. 100 do CTN e, por conseguinte, não vinculam as decisões desta instância julgadora, restringindose aos casos julgados e às partes inseridas no processo de que resultou a decisão. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. A presunção legal de omissão de rendimentos autoriza o lançamento do imposto correspondente, sempre que o titular da conta bancária, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em sua conta de depósito ou de investimento. ÔNUS DA PROVA. O lançamento com base em presunção legal transfere o ônus da prova ao contribuinte em relação aos argumentos que tentem descaracterizar a movimentação bancária detectada. TAXA SELIC. INCIDÊNCIA. Os débitos, decorrentes de tributos, não pagos nos prazos previstos pela legislação especifica, são acrescidos de juros equivalentes à taxa referencial SELIC, acumulada mensalmente, até o último dia do mês anterior ao do pagamento, e de um por cento no mês do pagamento. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Cientificado da decisão, o contribuinte impetrou Mandado de Segurança contra o Delegado da Receita Federal do Brasil de Julgamento II em São Paulo Processo nº 2010.61.00.0037455 22ª Vara Federal Cível de São Paulo (fls. 362 e 363), cuja decisão em Fl. 592DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA 8 caráter liminar foi no sentido de determinar a suspensão do prazo para interposição do Recurso Ordinário ao Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda, até o julgamento definitivo da matéria, que é a realização de novo julgamento, com a presença do impetrante na sessão. Em 13/05/2010, foi proferida sentença que denegou a segurança, cassando expressamente a liminar deferida (fls. 457 a 463), cuja publicação ocorreu em 19/05/2010 (fl. 468). O recurso de apelação foi recebido somente no efeito devolutivo (fls. 473 e 474). Em 19/05/2010, o contribuinte interpôs recurso voluntário (fls. 394 a 404), no qual faz as seguintes alegações, em resumo: O presente recurso é tempestivo, pois teve seu prazo suspenso por força de liminar proferida no Mandado de Segurança nº 2010.61.00.0037455 da 22ª Vara Federal de São Paulo, de 25/02/2010, restando, da suspensão do prazo para a interposição do presente recurso o prazo de 9 (nove) dias a contar da publicação da sentença de mérito que julgou improcedente o pedido que, até a presente data, não foi publicada. Cerceamento do direito de defesa: Admitindo a existência do chamado "dossier do contribuinte" alega o Acórdão recorrido que não existe a obrigatoriedade de ser dada ciência ao contribuinte, de conteúdo interno à fiscalização, posto que poderá conter informações prestadas por terceiros em relação ao contribuinte que está sendo fiscalizado, inclusive via denúncia, o que demonstra o caráter sigiloso e interno de tais documentos, porém não se pode subtrair do interessado documentos e fatos que lhe digam respeito, sejam eles quais forem; a alegação de que o Termo de Verificação Fiscal tem suficiência de dados para a elaboração da defesa é mero exercício intelectual do relator. Somente ao contribuinte cabe essa conclusão. Não cabe ao fisco dizer o quanto é suficiente para que o contribuinte possa defenderse; o Auto de Infração não se constitui apenas da demonstração do quantum debeatur e da estipulação do prazo para defendêlo. A forma, prescrita em lei, necessária ao correto lançamento, deve igualmente ser respeitada em toda a sua plenitude eis que, no dizer de Yhering (sic) a forma é irmã gêmea da liberdade. A inobservância da forma implica em grave atentado aos direitos e garantias individuais do contribuinte; não lhe foi dado o direito de se defender nem de verificar a totalidade dos documentos existentes contra si, nem antes nem depois do lançamento. Ilegitimidade das provas: Cita decisão do Primeiro Conselho de Contribuintes, que alega ser questão absolutamente idêntica, na qual concluiu pela exoneração da exação fiscal, pois considerou imprestável a prova produzida através de Laudo do INC. Sustentação oral: Pugna pela nulidade do julgamento da DRJ tendo em vista que não lhe foi dado o direito de acompanhar, passo a passo, o julgamento naquela instância. Transcreve decisão judicial da 4ª Vara Federal de São Paulo nesse sentido, relativa a outro contribuinte. Mérito: Fl. 593DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.003239/200825 Acórdão n.º 2202003.058 S2C2T2 Fl. 589 9 Sentença proferida pelo Juiz Federal da 6ª Vara Criminal de São Paulo, transitada em julgado, tipificou o contribuinte como cambista; a conta corrente apontada como base de cálculo para o lançamento era utilizada para tal finalidade, ou seja, para remeter ao exterior dinheiro de terceiros; se a conta corrente apontada era utilizada para a atividade de "câmbio paralelo" e tal afirmação não pode mais ser discutida diante de sentença transitada em julgado, não há mais que se falar em autuar o Recorrente sobre a soma dos depósitos ali efetuados; a base de tributação deve ser a diferença entre as entradas e as saídas e não apenas as entradas; é dever da autoridade fiscal considerar para os fins de lançamento a sentença que apontou a conta corrente em referência com as características que lhe foram atribuídas; os ganhos do Recorrente, consoante a referida sentença transitada em julgado, foram apontados pelo próprio Juiz em 0,7%; transcreve a impugnação e ratifica todas as alegações nela contidas; Ao final, requer a reforma integral da decisão recorrida e a nulidade do lançamento. O processo foi colocado em pauta na sessão de 12/03/2015, quando, após a leitura do voto do relator, foi concedida vista ao Conselheiro Pedro Anan Júnior. Não houve sustentação oral. No dia 1º de abril de 2015, o contribuinte apresentou petição requerendo a juntada de documento extraído dos autos do Processo Judicial nº 2008.61.81.00813830, da 6ª Vara Criminal Federal Especializada em Crimes Contra o Sistema Financeiro Nacional e em Lavagem de Valores (fls. 481 a 584), sob o argumento de que se tratava de fato novo. É o relatório. Voto Conselheiro MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA Relator Tendo em vista a decisão judicial que havia suspendido o prazo para o recurso voluntário, o presente recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade. Portanto, deve ser conhecido. PRELIMINARES Cerceamento do direito de defesa: Não assiste razão ao Recorrente ao alegar cerceamento do direito de defesa por não lhe ter sido dado conhecimento do dossiê do contribuinte. Fl. 594DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA 10 Todas as informações relativas ao lançamento encontramse nos autos, propiciando ao Recorrente o amplo conhecimento do que lhe foi imputado. O Auto de Infração (fls. 165 a 179) e o Termo de Verificação Fiscal (fls. 247 a 252) descrevem com precisão a ação fiscal e os fatos que motivaram a autuação. A Fiscalização proporcionou pleno conhecimento da matéria fática, base de cálculo do imposto lançado e os dispositivos legais infringidos. Ou seja, o processo administrativo fiscal está acompanhado de todos os elementos de prova indispensáveis à comprovação das infrações tributárias e sempre estiveram à sua disposição durante todo o prazo dos recursos (Impugnação e Recurso Voluntário). Diferentemente do alegado pelo Recorrente, tais elementos evidenciam que o auto de infração em questão foi lavrado em conformidade com o disposto no artigo 142 da Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional (CTN) e no artigo 10 do Decreto nº 70.235/72, que regula o Processo Administrativo Fiscal, atendendo, portanto, todos os requisitos formais e materiais exigidos para a autuação. Outrossim, não se encontram presentes nos autos aspectos que implicassem nulidade do lançamento, como os dispostos nos artigos 59, 60 e 61 do referido Decreto. CTN Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Decreto 70.235/72 (PAF): Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do autuado; II o local, a data e a hora da lavratura III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de 30 (trinta) dias; VI a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matricula. Quanto à necessidade do Recorrente de ter acesso ao dossiê do contribuinte, não existe obrigatoriedade de lhe ser dado ciência, pois se trata de um documento interno, de uso exclusivo da Fiscalização, que pode conter informações sigilosas, tais como informações relativas a outros contribuintes ou a identificação de possíveis denunciantes. A falta de ciência do Recorrente do seu conteúdo em nada prejudicou a sua defesa. Se em nenhum momento há referência ao referido "dossier do contribuinte" para embasar a lavratura do auto de infração, não há porque se falar em nulidade em face da ausência de entrega deste documento ao fiscalizado. Por todas essas razões, rejeitase a preliminar de nulidade do auto de infração por cerceamento de defesa. Ilegitimidade das provas: Fl. 595DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.003239/200825 Acórdão n.º 2202003.058 S2C2T2 Fl. 590 11 Alega o Recorrente que as provas foram obtidas por meios ilícitos, pois não há nos autos qualquer referência quanto à descrição da solicitação dos dados ou quanto à existência de autorização expressa do Estado requerido para sua utilização pela Receita Federal do Brasil, assim como o laudo do INC Instituto Nacional de Criminalística apresenta diversas falhas que o torna imprestável. Entretanto, não procedem as alegações do Recorrente, uma vez que toda a documentação referente à conta bancária em exame e à empresa Garter Trading S/A foi obtida mediante autorização judicial, tanto da Justiça Federal do Paraná como da Justiça dos Estados Unidos da América (EUA), por meio de acordo de assistência judiciária firmado entre os dois países. À fl. 195 encontrase o Ofício nº 146/2004GJ, de 06/05/2004, do Juiz Federal Sergio Moro, da 2ª Vara Federal Criminal de Curitiba/PR, que informa sobre a autorização para o compartilhamento desse material com a Receita Federal do Brasil (RFB), para instrução de suas atividades específicas. Ressaltese que as provas existentes foram resultado das investigações de remessas ilegais de divisas ao exterior, no âmbito do conhecido "Caso Banestado", no qual a empresa Beacon Hill Service Corporation (BHSC), com sede em Nova Iorque, Estados Unidos da América, foi identificada como uma maiores beneficiadas do esquema fraudulento. As mídias digitais das movimentações financeiras foram analisadas pelos Peritos Criminais Federais do Instituto Nacional de Criminalistica INC , órgão técnico do Departamento da Policia Federal, que elaboraram os Laudos de Exame Econômico Financeiros, como objetivo de trazer elementos de provas necessários a identificar os relacionamentos existentes e consolidar a movimentação financeira para cada conta examinada. Todos os dados obtidos, sejam em papel (dados cadastrais) como em meio digital (movimentação financeira) foram obtidos de forma lícita, mediante autorização judicial da Justiça Federal do Paraná e da Justiça dos Estados Unidos da América. Os dados da movimentação financeira da conta bancária mantida pela empresa Garter Trading S/A foram detalhados no laudo elaborado pelos peritos do INC da Polícia Federal, que possui força probante suficiente para sustentar o presente lançamento de ofício. Rejeito, portanto, essa preliminar. Nulidade do julgamento de primeira instância: Insiste o Recorrente na tese de nulidade do julgamento de primeira instância, posto que não foi dado o direito de acompanhar, passo a passo, o julgamento naquela instância, inclusive com sustentação oral. O contribuinte já havia impetrado Mandado de Segurança nesse sentido, cuja sentença denegou a segurança, cassando expressamente a liminar anteriormente deferida. O recurso de apelação foi recebido apenas no efeito devolutivo e encontrase pendente de julgamento. Tendo a discussão dessa matéria sido submetida à apreciação do Poder Judiciário, entendo que esta instância administrativa está impedida de examinála. É o caso de se aplicar a Súmula CARF nº 1: Fl. 596DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA 12 Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. O contribuinte não pode discutir a mesma matéria em processo judicial e administrativo. Em havendo coincidência de objetos nos dois processos, é de se afastar a competência dos órgãos administrativos para se pronunciarem sobre a questão. A propositura de ação judicial, por qualquer modalidade processual, antes ou depois da autuação, com o mesmo objeto, importa renúncia às instâncias administrativas, ou seja, desistência de eventual recurso interposto. Assim, não deve ser conhecido o recurso voluntário nesse ponto. Juntada de novos documentos Sustenta o Recorrente que a conta corrente apontada como base de cálculo para o lançamento era utilizada para remeter ao exterior dinheiro de terceiros, conforme reconhecido pela sentença proferida pelo Juiz Federal da 6ª Vara Criminal de São Paulo, transitada em julgado, que tipificou o contribuinte como cambista. Quando da leitura do meu voto na sessão de 12/03/2015, afirmei que não constavam dos autos a referida sentença. Porém, com a apresentação de novos documentos pelo Recorrente em 1º/04/2015, a referida sentença foi anexada aos autos. Assim, cumpre inicialmente analisar se é cabível a apresentação de novos documentos nessa fase processual. O Decreto 70.235/72, que regulamenta o processo administrativo fiscal, limita a apresentação posterior de provas, restringindoa aos casos previstos no § 4º do seu art. 16. Art. 16. A impugnação mencionará: I a autoridade julgadora a quem é dirigida; II a qualificação do impugnante; III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) V se a matéria impugnada foi submetida à apreciação judicial, devendo ser juntada cópia da petição. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) § 1º Considerarseá não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) Fl. 597DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.003239/200825 Acórdão n.º 2202003.058 S2C2T2 Fl. 591 13 § 2º É defeso ao impugnante, ou a seu representante legal, empregar expressões injuriosas nos escritos apresentados no processo, cabendo ao julgador, de ofício ou a requerimento do ofendido, mandar riscálas. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) § 3º Quando o impugnante alegar direito municipal, estadual ou estrangeiro, provarlheá o teor e a vigência, se assim o determinar o julgador. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) b) refirase a fato ou a direito superveniente; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) § 6º Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão nos autos para, se for interposto recurso, serem apreciados pela autoridade julgadora de segunda instância. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) Alega o Recorrente que se trata de fato novo, contudo a sentença foi proferida em 16/12/2008, bem anterior à interposição do recurso voluntário, que ocorreu em 19/05/2010. É verdade que a jurisprudência deste Conselho tem abrandado o rigor dessa regra, em casos excepcionais, em prestígio ao princípio da verdade material. No entanto, esse abrandamento tem seus limites. Não se pode admitir que novos documentos sejam apresentados após o início do julgamento, quando já proferido o voto do relator, que inclusive apontou a falta da documentação que agora se pretende acostar. Do contrário, teríamos uma desordem no andamento lógico do processo, prejudicando a sua conclusão. O processo é um caminhar para frente, consubstanciandose em uma sucessão de atos que devem ser ordenados por fases lógicas para que se não se transforme em uma querela interminável. Maria Teresa Martinez López e Marcela Cheffer Bianchini no artigo "Aspectos Polêmicos sobre o Momento de Apresentação da Prova no Processo Administrativo Fiscal Federal" esclarecem: [...] iv) O devido processo legal manifesta princípios outros além do da verdade material. O processo requer andamento, desenvolvimento, marcha e conclusão. A segurança e a observância das regras previamente estabelecidas para a solução das lides constituem valores igualmente relevantes no processo. E, neste contexto, o instituto da preclusão passa a ser figura indispensável ao devido processo legal, e Fl. 598DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA 14 de modo algum se revela incompatível com o Estado de Direito ou com o direito de ampla defesa ou com a busca pela verdade material. v) O artigo 16 do PAF, em seu parágrafo 4º, estabelece limitações à atividade probatória do administrado ao determinar que a prova documental deve ser apresentada com a impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que restar demonstrada a impossibilidade de sua apresentação por motivo de força maior ou referirse a fato ou direito superveniente. (LÓPEZ, Maria Tereza Martinez; BIANCHINI, Marcela Cheffer. A Prova no processo tributário. São Paulo: Dialética, 2010, p. 50). Nos ensinamentos de Grinover e outros: O instituto da preclusão ligase ao princípio do impulso processual. Objetivamente entendida, a preclusão consiste em um fato impeditivo destinado a garantir o avanço progressivo da relação processual e a obstar ao seu recuo para as fases anteriores do procedimento. Subjetivamente, a preclusão representa a perda de uma faculdade ou de um poder ou direito processual [...] Politicamente justificase a preclusão em virtude do princípio pelo qual a passagem de um ato processual para outro supõe o encerramento do anterior, de tal forma que os atos já praticados permaneçam firmes e inatacáveis. Quanto mais rígido o procedimento como é o brasileiro, por desenvolverse através de fases claramente destinadas pela lei maior se torna a importância da preclusão. (GRINOVER, Ada Pellegrini e Outros. Teoria geral do processo.16ª ed. Malheiros: São Paulo, 2000, p. 327328. (grifos do original). Dessa forma, entendo que não deve ser acatado o pedido do Recorrente de juntada dos documentos de fls. 481 a 584, os quais não serão aqui considerados. MÉRITO O Recorrente defende que sentença proferida pelo Juiz Federal da 6ª Vara Criminal de São Paulo, transitada em julgado, tipificou o contribuinte como cambista e reconheceu que a conta corrente apontada como base de cálculo para o lançamento era utilizada para remeter ao exterior dinheiro de terceiros. O Recorrente argumenta que, se a conta corrente apontada era utilizada para a atividade de "câmbio paralelo", não se pode autuálo sobre a soma dos depósitos ali efetuados, mas apenas sobre a diferença entre as entradas e as saídas. Afirma que os ganhos do Recorrente, consoante a referida sentença transitada em julgado, foram apontados pelo próprio Juiz em 0,7%. Sustenta ainda o contribuinte que o imposto de renda não incide sobre os depósitos bancários, mas sobre os acréscimos patrimoniais e que a renda só pode ser tributada se efetivamente corresponder a riqueza nova, conforme já decidiu o extinto TFR Tribunal Federal de Recursos, que editou a Súmula nº 182, consolidando o entendimento que é ilegítimo o lançamento arbitrado com base apenas em extratos ou depósitos bancários. Ressaltese que a exigência fiscal em exame decorre de expressa previsão legal, pela qual existe uma presunção em favor do Fisco, que fica dispensado de provar o fato que originou a omissão de rendimentos, cabendo ao contribuinte elidir a imputação, comprovando a origem dos recursos. Constam dos autos diversos documentos que comprovam que os reais beneficiários dos recursos financeiros movimentados na conta nº 030100828, do MTBCBC Fl. 599DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.003239/200825 Acórdão n.º 2202003.058 S2C2T2 Fl. 592 15 Hudson United Bank, em nome da empresa Garter Trading S/A, offshore sediada no Uruguai, eram os Srs. Davy Levy e Moise Khafifm, ora Recorrente. Dentre os documentos, destacamse: a) cópias dos passaportes dos titulares da conta (fls. 95 a 101); b) documentos relativos à abertura da referida conta corrente, contendo o nome e assinatura do contribuinte (fls. 61 a 93); c) procuração datada de 28/03/1994, por meio da qual o presidente da empresa Garter Trading S/A na ocasião confere ao Recorrente e outro poder de administração, disposição e alteração dos bens da sociedade (fls. 123 a 131); d) documento intitulado "Declaratória", datado de 18/10/2002, informando o Recorrente como um dos novos acionistas da empresa Garter Trading S.A (fls. 119 a 121); e) documento designado Certification of Beneficial Ownership, de 22/10/2002, do qual constam os nomes e assinaturas de Davy Levy e Moise Khafif, como beneficiários/proprietários da conta (fl. 193). Assim, restou claro pelas provas nos autos que o contribuinte e o outro procurador da empresa Sr. Davy Levy eram os reais beneficiários dos recursos financeiros movimentados na conta nº 030100828, do MTBCBCHudson United Bank, tendo se utilizado da empresa Garter Trading S/A, offshore sediada no Uruguai, apenas para remeter divisas para o exterior de forma ilícita e para se eximir do pagamento de tributos. A ocorrência do fato gerador foi devidamente demonstrada e o contribuinte, regularmente intimado para justificar a origem dos depósitos identificados, em nenhum momento, seja durante a ação fiscal, seja na fase litigiosa, apresentou qualquer argumento ou elemento de prova que justificasse a origem dos recursos creditados em suas contas bancárias, tendo se limitado a informar, por ocasião do recurso voluntário, que exercia a atividade de doleiro, reconhecida em sentença da 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo. No entanto, não juntou aos autos nenhuma prova de suas alegações. Conforme previsão do art. 42 da Lei nº 9.430/96, é necessário comprovar individualizadamente a origem dos recursos, identificandoos como decorrentes de renda já oferecida à tributação ou como rendimentos isentos/não tributáveis. Tratase, portanto, de ônus exclusivo do contribuinte, a quem cabe comprovar, de maneira inequívoca, a origem dos valores que transitaram por sua conta bancária, não sendo bastante alegações e indícios de prova. Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. § 2° Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. § 3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: 1 — os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; Fl. 600DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA 16 II — no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$12.000,00 (doze mil Reais), desde que o seu somatório, dentro do anocalendário, não ultrapasse o valor de R$80.000,00 (oitenta mil Reais). § 4° Tratandose de pessoa física, os rendimentos omitidos serão tributados no mês em que considerados recebidos, com base na tabela progressiva vigente à época em que tenha sido efetuado o crédito pela instituição financeira. A suposta atividade de doleiro e a alegada remuneração dela Recorrente não são suficientes para afastar a infração de omissão de rendimentos, devido à ausência de comprovação por meio de documentação hábil e idônea. Caso os depósitos na conta mantida no exterior eram decorrentes de operações de câmbio, nas quais o Recorrente era mero intermediário, caberia a ele demonstrar, de forma inequívoca, as datas e valores, além de identificar os reais beneficiários. O ônus da prova cabe ao contribuinte, consoante o disposto no art. 42 da Lei nº 9.430/96, e disso ele não se desincumbiu. Ainda que fosse acatada a nova prova juntada aos autos, ou seja, a sentença proferida pelo Juiz Federal da 6ª Vara Criminal de São Paulo (fls. 481 a 584), o que se faz apenas a título de argumentação, não caberia razão ao Recorrente, pois se observa pela leitura da referida sentença, que em nenhum momento se concluiu que o lucro obtido era de 0,7% sobre os depósitos efetuados, tampouco se vinculou os depósitos feitos na conta corrente objeto deste lançamento com os ganhos do contribuinte na sua atividade ilícita de "doleiro". O que existe na sentença é uma referência ao depoimento do sr. Davy Levy, sócio do fiscalizado, no qual ele afirma que o lucro era obtido através da diferença entre a compra e a venda, ficando em torno de 0,6% ou 0,7%, e eram relativos à conta Capri e não à conta Gartner, da qual trata o presente lançamento. Ademais, estes percentuais não restaram comprovados e não há nenhuma alusão a esses valores de lucro por parte do Juiz. Outrossim, as atividades ilícitas reconhecidas na sentença são relativas ao uso de diversas contas além da Gartner (no banco MTB), como a Capri (banco BNP) e a Kramer (Bank Tree BT), razão pela qual não existe uma vinculação de cada depósito feito na Gartner com o que foi decidido judicialmente. Para que se acatasse o argumento do contribuinte, seria necessário que ele vinculasse cada crédito na sua conta bancária como a sua atividade, indicando qual cliente seria o beneficiário e em que percentual, mas isso ele não conseguiu comprovar. Quanto à necessidade de o Fisco demonstrar o acréscimo patrimonial, conforme alegado pelo Recorrente, é de se aplicar o entendimento consolidado na Súmula CARF nº 26: “A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada”. Desse modo, deve ser mantida a infração de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos com origem não identificada, pois o Recorrente não logrou comprovar a origem dos créditos em suas contas bancárias e considerados como rendimentos omitidos no Auto de Infração. Juros pela taxa SELIC: Fl. 601DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.003239/200825 Acórdão n.º 2202003.058 S2C2T2 Fl. 593 17 Por fim, quanto à improcedência da aplicação da taxa Selic como juros de mora, também não lhe assiste razão, porquanto deve ser adotado o conteúdo da Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais (Súmula CARF nº 4). Ante o exposto, voto por NÃO CONHECER do recurso na parte relativa à nulidade da decisão de primeira instância; na parte conhecida, REJEITAR as preliminares suscitadas e, no mérito, NEGAR provimento ao recurso. Assinado digitalmente MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA Relator Fl. 602DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
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Numero do processo: 10665.000141/2010-42
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 09 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Fri Sep 18 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2009
Multa isolada. Falsa declaração. Compensação não homologada. Cabimento.
Aplica-se a multa isolada, prevista no art. 18 da Lei nº 10.833/03, nos casos comprovada falsidade de declaração em DCOMP julgada não homologada.
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. Ausente, momentaneamente, o Conselheiro Benedicto Celso Benício Junior, substituído pelo Conselheiro João Carlos Figueiredo Neto.
Considerando: i) que o Presidente à época do Julgamento não compõe o quadro de Conselheiros do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) na data da formalização da decisão; ii) que a 1ª Turma da 1ª Seção foi extinta pela Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2015 (que aprova o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - RICARF); e, iii) as atribuições dos Presidentes de Câmara previstas no Anexo II do RICARF, a presente decisão é assinada pelo Presidente da 1ª Câmara/1ª Seção Marcos Aurélio Pereira Valadão que o faz meramente para a formalização do Acórdão.
Da mesma maneira, tendo em vista que na data da formalização da decisão, a relatora, Nara Cristina Takeda Taga, não mais integra o quadro de Conselheiros do CARF, o Conselheiro Paulo Mateus Ciccone, nos termos do artigo 17, inciso III, do RICARF, foi designado redator ad hoc responsável pela formalização do voto e do presente Acórdão, o que se deu na data de 15 de setembro de 2015.
(documento assinado digitalmente)
MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO
Presidente para formalização do acórdão
(documento assinado digitalmente)
PAULO MATEUS CICCONE
Redator "ad hoc" designado para formalização do voto e do acórdão
Composição do colegiado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Carlos Figueiredo Neto, substituindo momentaneamente o Conselheiro Benedicto Celso Benício Júnior, Carlos Eduardo de Almeida Guerreiro, Edeli Pereira Bessa, José Ricardo da Silva (vice-presidente), Nara Cristina Takeda Taga e Valmar Fonseca de Menezes (presidente da turma).
Numero da decisão: 1101-000.787
Decisão:
Nome do relator: NARA CRISTINA TAKEDA TAGA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2009 Nulidade. Inocorrência. Tendo sido o lançamento efetuado com observância dos pressupostos legais e não havendo prova de violação das disposições contidas no artigo. 142 do CTN e artigos 10 e 59 do Decreto nº 70.235, de 1972, não há que se falar em nulidade do lançamento em questão. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2009 Multa isolada. Falsa declaração. Compensação não homologada. Cabimento. Aplicase a multa isolada, prevista no art. 18 da Lei nº 10.833/03, nos casos comprovada falsidade de declaração em DCOMP julgada não homologada. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. Ausente, momentaneamente, o Conselheiro Benedicto Celso Benício Junior, substituído pelo Conselheiro João Carlos Figueiredo Neto. Considerando: i) que o Presidente à época do Julgamento não compõe o quadro de Conselheiros do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) na data da formalização da decisão; ii) que a 1ª Turma da 1ª Seção foi extinta pela Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2015 (que aprova o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF); e, iii) as atribuições dos Presidentes de Câmara previstas no Anexo II do RICARF, a presente decisão é assinada pelo Presidente da 1ª Câmara/1ª Seção Marcos Aurélio Pereira Valadão que o faz meramente para a formalização do Acórdão. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 66 5. 00 01 41 /2 01 0- 42 Fl. 249DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10665.000141/201042 Acórdão n.º 1101000.787 S1C1T1 Fl. 3 2 Da mesma maneira, tendo em vista que na data da formalização da decisão, a relatora, Nara Cristina Takeda Taga, não mais integra o quadro de Conselheiros do CARF, o Conselheiro Paulo Mateus Ciccone, nos termos do artigo 17, inciso III, do RICARF, foi designado redator ad hoc responsável pela formalização do voto e do presente Acórdão, o que se deu na data de 15 de setembro de 2015. (documento assinado digitalmente) MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO Presidente para formalização do acórdão (documento assinado digitalmente) PAULO MATEUS CICCONE Redator "ad hoc" designado para formalização do voto e do acórdão Composição do colegiado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Carlos Figueiredo Neto, substituindo momentaneamente o Conselheiro Benedicto Celso Benício Júnior, Carlos Eduardo de Almeida Guerreiro, Edeli Pereira Bessa, José Ricardo da Silva (vicepresidente), Nara Cristina Takeda Taga e Valmar Fonseca de Menezes (presidente da turma). Fl. 250DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10665.000141/201042 Acórdão n.º 1101000.787 S1C1T1 Fl. 4 3 Relatório Versam estes autos sobre Recurso Voluntário interposto em face do Acórdão exarado pela DRJ que manteve a multa isolada relativa a falsidade da declaração apresentada no caso de compensação julgada não homologada. Segundo consta do Auto de Infração (proc. fls. 2 a 12), a contribuinte “transmitiu, em 09/03/2009 a declaração de compensação (DCOMP) nº 36787.28080.090309.1.3.020802 (proc. fls. 16 a 31) compensando diversos tributos federais de sua responsabilidade, administrados pela Receita Federal do Brasil – RFB e um pedido de restituição (PER) nº 34077.70289.090309.1.2.023797 (proc. fl. 35), informando como crédito – o mesmo usado na DCOMP o saldo negativo do Imposto de Renda Pessoa Jurídica – IRPJ apurado no exercício de 2005, anocalendário 2004”. Em 27/07/2009, a interessada foi intimada a apresentar a DIPJ correspondente ao PER/DCOMP devendo indicar corretamente o período de apuração do saldo negativo e o detalhamento de crédito utilizado em sua composição (proc. fl. 37). No dia 19/08/2009, a autuada transmitiu um pedido de restituição retificador (nº 13822.13652.190809.1.6.029246), diminuindo a restituição pedida para R$ 0,01 (proc. fl. 36). Por meio do Despacho Decisório do dia 21/09/2009 (proc. fl. 37, verso) o pedido de restituição foi indeferido e a compensação julgada não homologada. A autoridade fiscalizadora relatou que “numa análise mais detalhada da DCOMP, verificamos que o contribuinte informou no PER/DCOMP um saldo negativo de IRPJ formado unicamente pela estimativa do mês de janeiro/2004. Esse Débito de estimativa, por sua vez, foi compensado com crédito de terceiros, pois consta como liquidado no processo administrativo nº 10166.001201/200931, de interesse da pessoa jurídica: Pirâmide Com. e Construtora Santa Fé Ltda. – CNPJ nº 52.640.968/000186”. A fiscalizada foi mais uma vez intimada a apresentar esclarecimentos e documentos fiscais, que permitissem confirmar os créditos tributários a título de IRPJ e CSLL. Em resposta, a empresa apresentou justificativa anexando “memória de cálculo de lucro presumido” para o anocalendário de 2004. Em 27/11/2009, a contribuinte foi intimada a apresentar o contrato de cessão de crédito, bem como a comprovação do pagamento ou dos pagamentos efetuados, por meio da apresentação de extratos bancários, com a compensação do(s) cheque(s) ou outro documento que comprovasse inequivocamente o pagamento. Também foram requisitados os Livros Diário e Razão ou Livro Caixa, para constatação da data em que foram efetuados os respectivos lançamentos. A empresa justificou dizendo que “houve um equívoco por parte da Fiscalização Fazendária no momento da análise e verificação da procedência dos créditos utilizados pela Peticionária, pois o processo administrativo constante do referido MPF não se refere à compensação efetivamente processada pela mesma, pois se trata de processo administrativo, protocolizado em 06 de fevereiro de 2009, em que consta como parte a Construtora Pirâmide Com. e Construtora Santa Fé Ltda. e se refere a assuntos administrativos – outros da própria empresa, não tendo qualquer vínculo ou nexo de causalidade com a compensação efetuada pela ora Peticionária”. Frente à alegação da contribuinte, foi concedido prazo de 5 dias para que a mesma apresentasse nova justificativa. Em nova resposta, a interessada alegou desconhecer o Fl. 251DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10665.000141/201042 Acórdão n.º 1101000.787 S1C1T1 Fl. 5 4 processo originário do crédito compensado e solicitou o cancelamento do MPF tendo em vista a adesão ao parcelamento previsto na Lei nº 11.941/2009. Em conclusão, a autoridade fiscal afirmou que restou claramente demonstrado que “a autuada, supostamente, adquiriu o crédito da Construtora Pirâmide Comercial e Construtora Santa Fé Ltda. na tentativa de burlar o Fisco numa operação, em tese, fraudulenta, buscando utilizarse de créditos inexistentes com a finalidade de compensar ou evitar o pagamento de seus próprios débitos para com a Fazenda Nacional, conforme descrito na segunda parte do art. 72 da Lei nº 4.502/64”. Destarte, entendeu a autoridade lançadora que tal prática constitui, em tese, fraude contra a Administração Pública de acordo com o disposto no art. 18 da Lei nº 10.833/2007. O Auto de Infração foi lavrado em 31/12/2009. Em 23/03/2010, a contribuinte apresentou Impugnação (proc. fls. 64 a 72). Em sede de preliminar arguiu a nulidade do Auto de Infração com fundamento nos seguintes motivos: 1) As intimações emitidas foram tempestivamente atendidas. 2) O processo administrativo constante do referido MPF (proc. nº 10166.001201/200931) não se refere à compensação efetivamente processada pelo sujeito passivo. Asseverou que por meio de uma escritura pública de Cessão de Direitos Creditórios entre Apollo Assessoria Empresarial Ltda. e Xodó Transportes e Serviços Ltda., referente ao processo administrativo nº 10280.00256/200863, faz jus ao crédito atualizado de R$ 51.250.962,87. Destarte, possuidor de créditos federais, o Impugnante jamais tentou burlar o Fisco sob qualquer aspecto ou meio. 3) O processo administrativo trazido à baila pela Fiscalização diz respeito a assuntos administrativos de empresa contribuinte diversa, com a qual a Impugnante não tem qualquer vínculo. 4) Arbitrariedade da autoridade fiscal em não convolar com o entendimento trazido pela Impugnante em suas manifestações. Destarte, o contribuinte não pode apresentar documentos sobre um processo com o qual não tem vínculo, como apresentado pelos auditores. 5) A adesão ao parcelamento previsto na Lei nº 11.941/2009 por si só enseja a perda do objeto do MPF e, consequentemente torna nulo de pleno direito o presente Auto de Infração ora combatido. Requereu a nulidade do Auto de Infração posto que não verificado qualquer irregularidade. Afirmou que no momento da declaração de compensação todos os documentos são apresentados e anexados ao processo, destarte, entendeu que não cabe a imposição de multa isolada em razão de nãohomologação da compensação, já que que não ocorreu falsidade de declaração apresentada pelo sujeito passivo tendo em vista os elementos comprobatórios apresentados. Em 19/05/2010, a DRJ em Belo Horizonte exarou Acórdão (proc. fls. 108 a 119) que rejeitou a arguição de nulidade e, no mérito, julgou improcedente a Impugnação. De início, manifestouse sobre o não cabimento da arguição de nulidade. Afirmou que o Auto de Infração foi lavrado por pessoa competente e que não se fez presente nenhuma das hipóteses que justificam a nulidade do ato. Ademais, asseverou que não se verificam quaisquer Fl. 252DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10665.000141/201042 Acórdão n.º 1101000.787 S1C1T1 Fl. 6 5 irregularidades, incorreções nem omissões que prejudiquem o Reclamante, ou influam na solução do litígio. Alertou que o objeto do presente processo não é a homologação de compensação, esta foi tratada no processo nº 10665.906446/200926, nem tampouco a exigência dos débitos indevidamente compensados. Versam estes autos sobre a multa isolada exigida com fulcro no art. 18 da Lei nº 10.833/2003, ou seja, aplicação de multa isolada pela não homologação da compensação quando comprovada a falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo. Destarte, a adesão ao parcelamento previstos na Lei nº 11.941/2009 é alheia ao litígio versado nestes autos. Afirmou ainda que de acordo com o disposto no art. 97, VI do CTN, somente a lei pode estabelecer as hipóteses de dispensa ou redução de penalidade, não se podendo, desta forma, falar que o pagamento ou parcelamento de imposto indevidamente compensado dispense a aplicação de multa. A compensação efetuada pelo contribuinte por meio do PER/DCOMP nº 36787.28080.090309.1.3.020802 foi julgada não homologada nos autos do processo nº 10665.906446/200926, já encerrado (proc. fl. 37, verso). Desta forma, o não reconhecimento do direito creditório fundamento do PER/DCOMP retrocitado, é fato que não comporta mais discussão na esfera administrativa. O colegiado afirmou que o procedimento de fiscalização e de lançamento não está regido pelo princípio do contraditório, mas pelo princípio da inquisitoriedade, não constituindo irregularidade o fato de a fiscalização “não convolar” entendimento, apesar das respostas dadas pelo fiscalizado. Quanto à falsidade do PER/DCOMP nº 36787.28080.090309.1.3.020802, a Turma entendeu que se deu com a utilização intencional de crédito inexistente, para extinção irregular de débitos, por compensação. A DRJ asseverou que “o contribuinte informou, no PER/DCOMP acima identificado (fl. 16, verso), que teria apurado imposto de renda com base no lucro real anual, no período que vai de 01/01/2004 a 31/12/2004. Essa Informação não se confirma. Conforme fl. 78, o contribuinte não apresentou DIPJ referente ao exercício de 2005, anocalendário de 2004. De acordo com resposta dada pelo fiscalizado (fl. 43), no ano calendário de 2004, ele teria apurado o imposto com base no lucro presumido. Conforme fls. 98 a 102, o contribuinte apresentou DCTF referentes aos quatro trimestres do anocalendário de 2004. Em cada uma delas informou débito de IRPJ. O código de receita atribuído a esses débitos pelo declarante nas DCTF é o de nº 2089, destinado ao IRPJ apurado com base no lucro presumido (fls. 93 e 103). Portanto, em relação ao anocalendário de 2004, o contribuinte apurou imposto com base no lucro presumido e não poderia ter pleiteado crédito de saldo negativo de IRPJ apurado com base no lucro real anual”. Assim, como não houve nenhum recolhimento de IRPJ referente ao ano calendário de 2004 entendeu a Turma que não há que se falar em restituição. Os débitos de IRPJ declarados nas DCTF de código 2089, não foram pagos e se encontram entre aqueles que foram indevidamente compensados. O órgão julgador afirmou que em relação ao anocalendário de 2004 não há crédito passível de restituição, mas débito inadimplido. “No ajuste anual, em relação a um dado exercício, ou se apura saldo a pagar ou saldo a restituir. Não é possível apurar as duas coisas ao mesmo tempo. A contrário senso, no PER/DCOMP em questão, o declarante usou suposto saldo negativo de IRPJ do anocalendário de 2004 (fl. 16, verso), para compensar débitos de IRPJ do mesmo anocalendário de 2004 (fl. 30)”. Fl. 253DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10665.000141/201042 Acórdão n.º 1101000.787 S1C1T1 Fl. 7 6 Ressaltou ainda que, de acordo com o disposto no PER/DCOMP nº 34077.70289.090309.1.2.023797, acostado a estes autos à fl. 35, “foi o contribuinte quem primeiro atribuiu ao processo administrativo nº 10166.001201/200931 a origem do crédito utilizado na compensação não homologada. Portanto, não foi por equívoco que a fiscalizada intimou o contribuinte para prestar esclarecimentos sobre o processo nº 10166.001201/2009 31. Não constitui erro da fiscalização intimar o contribuinte para prestar esclarecimento sobre dados por ele próprio declarado, ou seja, sobre o processo por ele próprio identificado no PER/DCOMP por ele transmitido. Depõe contra a boafé do declarante fazerse de desentendido, mesmo após os esclarecimentos da fiscalização”. Relatou ainda que a convicção de existência de máfé se reforça com o fato de idêntica manobra ter sido realizada, no mesmo dia, por três empresas dos mesmos sócios. “Nos três processos, verificase estranha identidade dos dados informados nos respectivos PER/DCOMP, na ficha de estimativas mensais compensadas com outros débitos. As três empresas distintas teriam apurado um único débito de estimativa mensal que da origem ao suposto saldo negativo do exercício de 2005; duas delas apuram tal estimativa no mês de setembro de 2004; a terceira, no mês de janeiro de 2004; contudo, o vencimento da estimativa informado pelas três empresas é de 19/11/2004. O valor da estimativa apurada pelas três empresas é idêntico: R$ 48.018.303,76; as três empresas fizeram constar no PER/DCOMP por elas apresentado a mesma inscrição referente à compensação da estimativa ‘Número do Processo Administrativo: 10166.001201/200931’”. Segundo relatou a Turma, a estimativa de IRPJ do mês de janeiro de 2004, apontada pela contribuinte como parcela que compõe o crédito utilizado, não foi informada em DIPJ nem em DCTF. “Os débitos declarados em DCTF não são de estimativa mensal, mas de IRPJ apurado com base no lucro presumido. A suposta compensação da estimativa de IRPJ do mês de janeiro de 2004, além de não declarada em DCTF, não foi efetuada por meio de nenhum PER/DCOMP. Finalmente, diferente do que consta no PER/DCOMP nº 34077.70289.090309.1.2.023797, a compensação da estimativa de janeiro de 2004 também não foi efetuada por meio de nenhum processo”. O processo nº 10166.001201/200931, indicado pela Impugnante quando da transmissão da PER/DCOMP nº 34077.70289.090309.1.2.023797, versa sobre “assuntos administrativos – outros” e tem como partes a empresa Pirâmide e Xodó Comercial Ltda., ou seja, tal processo não tem nenhum vínculo com a declarante, Xodó Transportes e Serviços Ltda., nem trata da suposta compensação da estimativa mensal de janeiro de 2004, por ela indicada como parcela que compõe o crédito usado no PER/DCOMP. Verificase que a contribuinte nunca pagou nada, desta forma, nada lhe pode ser restituído. O crédito alegado é atribuído a processo ao qual a Impugnante não integra. Portanto, entendeu a Turma julgadora que “é exatamente por se fundamentar em processo de que não é parte, que se conclui pela falsidade incorrida pela autuada”. Ainda que a autuada fosse parte do processo que deu origem ao suposto crédito, este não poderia ser utilizado já que a lei veda a compensação com créditos de terceiros (alínea “a” do inciso II do § 12 do art. 74 da Lei nº 9.430/96). Quanto à referência feita pela Impugnante de que seu crédito estaria relacionado ao processo nº 10280.002561/200863, também não tem nenhum fundamento. Tal processo versa sobre restituição de pretenso crédito de IRPJ da empresa Apollo Assessoria Empresarial não dizendo respeito à Impugnante. Ademais este crédito foi compensado por Fl. 254DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10665.000141/201042 Acórdão n.º 1101000.787 S1C1T1 Fl. 8 7 meio do PER/DCOMP nº 04768.46036.160608.1.3.020009 apresentado pela própria empresa Apollo. Verificase, portanto, que se trata de mais um processo alheio à Impugnante, razão pela qual não lhe poderia gerar nenhuma expectativa de direito. O órgão julgador ainda fez menção ao PER/DCOMP retificador apresentado pela contribuinte após a intimação para apresentação de DIPJ. Tal PER/DCOMP substituiu o pedido de restituição para constar como saldo negativo do exercício de 2005, anocalendário 2004, o valor de R$ 0,01 (proc. fl. 36) e não mais o valor de R$ 14.385.477,96 (proc. fl. 16, verso e 35). Segundo consta em tal PER/DCOMP retificador, o suposto crédito seria o recolhimento com DARF de código 2089 (lucro presumido), no valor de R$ 0,01 referente a período de apuração de 19/11/2004. No entanto, não existe nenhum DARF com esses dados. A Turma entendeu tratarse de mais uma informação falsa. Foi interposto Recurso Voluntário em 06/07/2010 (proc. fls. 123 a 137). Em suas razões, a Recorrente afirmou que ao reduzir o valor do crédito para R$ 0,01 por meio do PER/DCOMP retificador, cancelou o pedido de compensação. Ademais aderiu a programa de parcelamento dos débitos confessados antes da lavratura do Auto de Infração. Desta forma, entendeu a Postulante que com a retificação do PER/DCOMP, restaram sanadas as irregularidades que o Fisco imputou para exigir a multa isolada. Além disso, a contribuinte asseverou que readquiriu a espontaneidade durante o curso da ação fiscal já que transcorreram mais de 60 dias entre os dias 27/11/2009 e 23/02/2010, data da ciência da lavratura do Auto de Infração. Portanto, a retificação efetuada em 19/08/2009 passou a ser espontânea de acordo com o art. 7º, § 2º do Decreto nº 70.235/72. No tocante à multa, alegou que no caso dos autos, a aplicação da multa adequada somente seria aquela pelo atraso no recolhimento dos tributos, tendo em vista a retificação do PER/DCOMP. “A não homologação da compensação, mesmo que fosse considerada não espontânea a retificação efetuada, não ensejaria a aplicação da multa, porquanto se trata de uma declaração inexistente, porquanto se referiu a crédito de terceiros, quando não havia mais previsão legal para essa exigência de multa isolada”. Concluiu que, a única multa que poderia ser aplicada no caso de não homologação de compensação seria a prevista no art. 44, I da Lei nº 9.430/96 no montante de 75%. Neste mesmo sentido, entendeu que o PER/DCOMP com créditos de terceiros é considerado como compensação não declarada e não existe previsão legal de multa para esta situação. Asseverou que a compensação implica em confissão de dívida e, portanto, não há que se falar em intuito de evitar ou protelar o pagamento do tributo. Desta forma, não há motivos para se dizer que houve intenção em impedir a cobrança do tributo ou atrasar o seu pagamento. A Recorrente alegou que ao contrário do afirmado na decisão recorrida, o PER/DCOMP 13822.13652.190809.1.6.02.9246 retificou tanto o PER/DCOMP referente à restituição como a relativa à compensação, destarte, não foi efetuada qualquer compensação a partir da retificação. Por fim, fez menção à data da aplicação da multa isolada. Narrou a Postulante que segundo o Auto de Infração a data da multa é dia 31/12/2009, já no “Demonstrativo de Apuração da multa Regulamentar e/ou Multa e Juros Isolados” consta o dia 15/12/2009. Além Fl. 255DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10665.000141/201042 Acórdão n.º 1101000.787 S1C1T1 Fl. 9 8 disso, o Auto de Infração somente foi lavrado em 11/02/2010. Desta forma, questionou qual seria a data de apuração da irregularidade. Argumentou que não houve irregularidade em 15/12/2009 e nem em 31/12/2009 e que, acaso existisse, esta teria se dado em 09/03/2009, data da transmissão dos PER/DCOMP. Portanto, entendeu que o lançamento deveria ser julgado nulo já que a fiscalização indicou como data da ocorrência da infração os dias 15/12/2009 e 31/12/2009 e, no entanto, o sujeito passivo não cometeu qualquer infração nestas datas. É o relatório. Fl. 256DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10665.000141/201042 Acórdão n.º 1101000.787 S1C1T1 Fl. 10 9 Voto PAULO MATEUS CICCONE – Redator “Ad Hoc” designado. Considerando que a relatora, Nara Cristina Takeda Taga, não mais integra o quadro de Conselheiros do CARF, este Conselheiro, nos termos do artigo 17, inciso III, do RICARF, foi designado ad hoc para a formalização do presente Acórdão. Nesta condição de Redator designado, transcrevo literalmente a minuta que foi apresentada pela Conselheira durante a sessão de julgamento. Portanto, a análise do caso concreto reflete a convicção daquela relatora na valoração dos fatos. Ou seja, não me encontro vinculado, no caso aqui tratado: i) ao relato dos fatos apresentado; ii) a nenhum dos fundamentos adotados para a apreciação das matérias em discussão; e, iii) a quaisquer das conclusões da decisão, incluindose a parte dispositiva e a ementa, com as quais posso ou não concordar em situações concretas . Passo, a seguir, à transcrição do voto. Nara Cristina Takeda Taga, Conselheira Relatora O Recurso preenche os requisitos de admissibilidade, e dele tomo conhecimento. De início é importante mencionar que não versam estes autos sobre impugnação da decisão que julgou não homologada a compensação realizada. A compensação foi discutida nos autos do processo nº 10665.90644/200926, e já encerrado (proc. fl. 84). Preliminarmente, quanto à alegação de nulidade do lançamento por erro na indicação da data da ocorrência da infração, não atende razão o Recorrente. As datas mencionadas no Auto de Infração (31/12/2009), no “Demonstrativo de Apuração da Multa Regulamentar e/ou Multa e Juros Isolados” (15/12/2009), e a da lavratura do Auto de Infração (11/02/2009), não se referem à data da ocorrência da infração. O dia 11/02/2009, levantado pelo contribuinte, corresponde à data da lavratura do Auto de Infração (proc. fl. 2). Não há qualquer fundamento lógico em se pensar que a autoridade fiscalizadora lavraria o Auto de Infração objeto desta demanda, na data da ocorrência da infração, já que nesta data ainda não possuía dados suficientes para tanto. Quanto aos dias 31/12/2009 e 15/12/2009, estão relacionados à apuração do valor da multa. Como se pode depreender às folhas 11 e 14, foi cominada multa no valor de R$ 21.587.230,14 que corresponde a 150% do valor do débito indevidamente compensado (§ 2º do art. 18 da Lei 10.833/03). É sabido que a multa isolada em questão é devida por falsa declaração em compensação não homologada, ou seja, a data da infração corresponde à data em que o contribuinte transmitiu a compensação, no caso em análise: 09/03/2009. Ademais, o Decreto nº 70.235/72, que dispõe sobre o processo administrativo fiscal, versa em seu art. 59 sobre nulidades, vide: Fl. 257DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10665.000141/201042 Acórdão n.º 1101000.787 S1C1T1 Fl. 11 10 Art. 59: São nulos: I – os atos e termos lavrados por pessoa incompetente, II – os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Não se verificando nenhuma dessas hipóteses no caso em análise, não há que se falar em nulidade. O Recorrente fundou sua defesa basicamente em matérias relacionadas com a inexistência da compensação. Afirmou que a retificação feita em 27/07/2009 cancelou a compensação, e que como readquiriu a espontaneidade tal retificação é válida. Disse que o parcelamento realizado teria quitado os débitos constantes da compensação, e, portanto, não há que se falar em intuito de evitar ou protelar o pagamento. No entanto, essas matérias são alheias à presente demanda, já que relacionadas com o julgamento da compensação que, mais uma vez afirmase, foi objeto de processo autônomo já julgado. Cingese a controvérsia tão somente quanto à imposição de multa isolada com fundamento no art. 18 da Lei nº 10.833/03, que versa sobre aplicação de penalidade quando da verificação de falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo nos casos de compensação julgada não homologada. Dispõe o art. 18 da Lei nº 10.833/03 nos seguintes termos: Art. 18. O lançamento de ofício de que trata o art. 90 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001, limitarseá à imposição de multa isolada em razão de nãohomologação da compensação quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007) § 1º Nas hipóteses de que trata o caput, aplicase ao débito indevidamente compensado o disposto nos §§ 6º a 11 do art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. § 2º A multa isolada a que se refere o caput deste artigo será aplicada no percentual previsto no inciso I do caput do art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, aplicado em dobro, e terá como base de cálculo o valor total do débito indevidamente compensado. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007) (Vide Medida Provisória nº 472, de 15 de dezembro de 2009) Prevê o dispositivo legal que, caracterizada como falsa a declaração apresenta pelo sujeito passivo quando do julgamento de compensação como não homologada, será aplicada multa no percentual de 150%. Portanto, a alegação da Recorrente de que a multa cabível é a prevista no art. 44, I da Lei nº 9.430/96, não se coaduna com o caso concreto. Em 09/03/2009, a Recorrente transmitiu pedido de compensação juntamente com pedido de restituição. Indicou como crédito para compensação o valor a ser restituído, e na restituição o saldo negativo do IRPJ apurado no exercício de 2005. Intimada, em 27/07/2009, a apresentar a DIPJ correspondente, a Postulante transmitiu pedido de restituição retificador alterando a restituição de R$ 48.018.303,76 para R$0,01. Por meio do Despacho Fl. 258DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10665.000141/201042 Acórdão n.º 1101000.787 S1C1T1 Fl. 12 11 Decisório do dia 21/09/2009 o pedido de restituição, já retificado, foi indeferido e a compensação julgada não homologada. A informação que consta nas transmissões realizadas em 09/03/2009, é que o contribuinte teria apurado IRPJ com base no lucro real anual no anocalendário de 2004. Intimado a apresentar a DIPJ correspondeu o interessado não o fez, apenas afirmou que apurou IRPJ com base no lucro presumido e apresentou DCTF referente aos quatro trimestres do ano calendário de 2004, nas quais informa débito de IRPJ. Notase a primeira manobra realizada pelo Postulante: ao apurar IRPJ com base no lucro presumido, não poderia ter pleiteado crédito de saldo negativo de IRPJ apurado com base no lucro real anual. Vale mencionar, que nenhum recolhimento de IRPJ referente ao ano calendário de 2004 foi realizado, não se podendo falar em tributo a restituir. Além disso, os débitos deste imposto encontramse entre os que deveriam ser compensados por meio da PER/DCOMP transmitida em 09/03/2009 e que foi julgada não homologa. Destarte, percebese que o contribuinte intentava compensar um débito que incluiu o próprio crédito alegado. Ademais, ao ser intimado a apresentar DIPJ comprovadora de seu crédito, o contribuinte apresentou PER/DCOMP retificador nº 13822.13652.190809.1.6.029246 (proc. fls. 36 e verso), por meio do qual requer a restituição de R$ 0,01, alegando como crédito de origem o recolhimento com DARF de código 2089. No entanto, não existe nenhum DARF com esses dados. Percebese claramente a intenção do contribuinte em desconstituir o crédito usado na compensação, que lhe é sabidamente indevida, o que denota a total consciência dos atos praticados. Durante todo o curso deste processo, sempre que questionado, o Postulante alegou desconhecer o processo nº 10166.00121/200931. Vejamos: 1) Fl. 47: “Ocorre que houve um equívoco por parte da Fiscalização Fazendária no momento da análise e verificação da procedência dos créditos utilizados pela Peticionária, pois o processo administrativo constante da intimação fiscal em questão não se refere à compensação efetivamente processada pela mesma, pois se trata de processo administrativo, protocolizado em 06 de fevereiro de 2009, em que conta como parte a Construtora Pirâmide Com. E Construtora Santa Fé Ltda. e se refere a assuntos administrativos — outros da própria empresa, não tendo qualquer vínculo ou nexo de causalidade com a compensação efetuada pela ora Peticionária. 2) Fl. 57: “Ocorre que a Peticionaria não possui a documentação solicitada pela fiscalização federal em razão do desconhecimento do processo exigido no processo administrativo em questão”. 3) Fl. 69: “Ou seja, o sujeito passivo, jamais poderá apresentar documentações sobre um processo inexistente na sua relação de vínculo como ora apresentado pelos Srs. Auditores Fiscais, que nem se quer teve um cuidado de tomar conhecimento com o documento apresentado pelo sujeito passivo, mais uma vez os Srs. Auditores Fiscais demonstraram a sua forma tendenciosa de tributar indevidamente”. No entanto, em consultar ao pedido de restituição transmitido em 09/03/2009, verificase que Recorrente informa um único débito de estimativa, janeiro de 2004, que teria sido quitado por compensação, e indica o processo administrativo 10166.00121/200931 (proc. fl. 35, verso). Ora, como pode dizer que desconhece tal processo se foi o próprio contribuinte Fl. 259DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10665.000141/201042 Acórdão n.º 1101000.787 S1C1T1 Fl. 13 12 quem o declarou como sendo a origem do crédito objeto compensação? As afirmações do Recorrente só servem pra comprovar que detinha total consciência da impossibilidade de utilização do processo proc. nº 10166.001201/200931 por ele mesmo declarado como origem do alegado crédito. A título de esclarecimento, o proc. nº 10166.001201/200931 tem como interessado a empresa Pirâmide Com. Construtora Santa Fé Ltda., CNPJ nº 52.640.968/0001 86, e nos seus autos consta um contrato de cessão de crédito efetuado pela empresa Pirâmide e a empresa Xodó Comercial Ltda. De fato, tal processo não tem nenhum vínculo com o Recorrente. E mesmo que o tivesse, a legislação veda a compensação com créditos de terceiros (Lei nº 9.430/96, art. 74, § 12, inciso II). Patente intenção de fraude do Postulante ao declarar como seu um crédito alheio e depois, conhecedor da inexistência do crédito, afirmar desconhecêlo. Evidente o intuito de fraudar a cobrança do débito tributário por meio de transmissão de PER/DCOMP fundada em crédito inexistente. Portanto, por restar demonstrado o dolo na conduta do contribuinte, entendo que deve ser mantida a multa isolada. Ante o exposto, nego provimento ao recurso. Sala de Sessão, 09 de agosto de 2012. Nara Cristina Takeda Taga Relatora (documento assinado digitalmente) PAULO MATEUS CICCONE – Redator “Ad Hoc” designado. Fl. 260DF CARF MF Impresso em 18/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2015 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 18/09/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO
score : 1.0
Numero do processo: 10540.720098/2007-46
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Dec 10 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Jan 22 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2003
ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO NO CARTÓRIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS. NECESSIDADE.
A área de reserva legal somente será considerada como tal, para efeito de exclusão da área tributada e aproveitável do imóvel, quando devidamente averbada no Cartório de Registro de Imóveis competente.
ÁREA DE PASTAGENS. ÍNDICE DE RENDIMENTO.
Para fins de cálculo do grau de utilização do imóvel rural, considera-se área servida de pastagem a menor entre a declarada pelo contribuinte e a obtida pelo quociente entre a quantidade de cabeças do rebanho ajustada e o índice de lotação mínima.
Numero da decisão: 2201-002.732
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao Recurso, para considerar um acréscimo de 3.676,0 ha. na área de pastagens.
Assinado Digitalmente
EDUARDO TADEU FARAH Relator
Assinado Digitalmente
CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Presidente-Substituto.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI (Presidente-substituto), MARCIO DE LACERDA MARTINS (Suplente convocado), IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, MARIA ANSELMA CROSCRATO DOS SANTOS (Suplente convocada), CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, EDUARDO TADEU FARAH e ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ. Ausente, justificadamente, o Presidente da Turma Conselheiro HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR.
Nome do relator: EDUARDO TADEU FARAH
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AVERBAÇÃO NO CARTÓRIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS. NECESSIDADE. A área de reserva legal somente será considerada como tal, para efeito de exclusão da área tributada e aproveitável do imóvel, quando devidamente averbada no Cartório de Registro de Imóveis competente. ÁREA DE PASTAGENS. ÍNDICE DE RENDIMENTO. Para fins de cálculo do grau de utilização do imóvel rural, considerase área servida de pastagem a menor entre a declarada pelo contribuinte e a obtida pelo quociente entre a quantidade de cabeças do rebanho ajustada e o índice de lotação mínima. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao Recurso, para considerar um acréscimo de 3.676,0 ha. na área de pastagens. Assinado Digitalmente EDUARDO TADEU FARAH – Relator Assinado Digitalmente CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI – PresidenteSubstituto. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI (Presidentesubstituto), MARCIO DE LACERDA MARTINS (Suplente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 54 0. 72 00 98 /2 00 7- 46 Fl. 94DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 18/01/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 2 convocado), IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, MARIA ANSELMA CROSCRATO DOS SANTOS (Suplente convocada), CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, EDUARDO TADEU FARAH e ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ. Ausente, justificadamente, o Presidente da Turma Conselheiro HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR. Relatório Trata o presente processo de lançamento de ofício relativo ao Imposto Sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, exercício 2003, consubstanciado na Notificação de Lançamento (fls. 01/06), pela qual se exige o pagamento do crédito tributário total no valor de R$ 719.982,03, calculado até 30/12/2007, relativo ao imóvel rural denominado “Fazenda Entre Rios”, cadastrado na RFB sob o nº 3.336.3196, com área declarada de 12.500,0 ha, localizado no Município de Cocos – BA. A fiscalização efetuou a glosa integral das áreas declaradas de preservação permanente e de reserva legal de 581,7 ha e 5.160,3 ha, respectivamente, além de rejeitar o VTN declarado, de R$ 11.000,00 (R$ 0,88/ha), arbitrando o valor de R$ 1.526.500,00 ou R$ 122,12/ha, correspondente ao VTN médio, por hectare, apontado no SIPT. Cientificado do lançamento, o interessado apresentou tempestivamente Impugnação, alegando, conforme se extrai do relatório de primeira instância, verbis: faz um breve relato dos fatos relacionados com a presente notificação de lançamento; o crédito tributário apurado e lançado pela fiscalização decorreu de erro no preenchimento da correspondente DITR/2003, quanto às áreas de pastagens efetivamente utilizadas e de reserva legal, todas atestadas através de Laudo Técnico de utilização do imóvel, acompanhado de imagem de satélite, com ART registrada junto ao CREA/GO; com fundamento no art. 145, inciso I, do CTN, pede a alteração do lançamento, por ter ficado caracterizada a hipótese de erro de fato, comprovado com documentos hábeis e idôneos; o item 7.3 do Laudo Técnico destacou e classificou uma área de 581,7 ha em preservação permanente, enquadrados no art. 2º, alínea “a”, itens 2 e 3, alíneas “d” e “e” da Lei 4.771/65; também existe no imóvel uma área de preservada de 2.500,0 ha, correspondente a 20% (vinte por cento) da área do imóvel, tipificada no art. 16 e alíneas da Lei nº 4.771/65 (Código Florestal), que, mesmo não estando averbada à margem da matrícula do imóvel, no competente Cartório de Registro de Imóveis, continua impedida de ser explorada economicamente, por força desse preceito legal; não considerar essa área, apenas por descumprimento de uma formalidade legal, que visa tão somente dar publicidade ao ato para que a área continue a ser preservada pelo novo adquirente, em caso de alienação do imóvel, pune deveras o Contribuinte, inclusive, com a alteração da alíquota de cálculo aplicada no lançamento; Fl. 95DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 18/01/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 10540.720098/200746 Acórdão n.º 2201002.732 S2C2T1 Fl. 3 3 o Conselho de Contribuinte, atual CARF, vem acatando a área de reserva legal existente de fato no imóvel, quando comprovada através de documentos hábeis e idôneos, evitandose, assim, a interposição de recurso à instância superior, que há tempo vem deferindo essa área como isenta de tributação; a favor da sua tese, cita jurisprudência do antigo Conselho de Contribuintes, atual CARF (Acórdão 203063262, Acórdão 203 02969, Acórdão 20303149 e Acórdão 20303250, cujas ementas descreve); foi protocolado, em 24/11/2003, o competente Ato Declaratório Ambiental – ADA no IBAMA, doc. anexo; a área de reserva legal foi erroneamente declarada, razão pela qual será providenciada a retificação da mesma para 2.500,0 ha; não obstante incessante negativa dos órgãos de fiscalização da Receita Federal em acatar as áreas de utilização limitada, devido à falta de comprovação do ADA junto ao IBAMA, o Terceiro Conselho de Contribuinte vem acolhendo esse documento, mesmo quando protocolado intempestivamente, não sendo, no entanto, esse o caso do requerente; citando, para exemplificar, ementas dos Acórdãos 30330285 e 30330324; o item 7.1 do referido Laudo Técnico define uma área de 9.393,3 ha em pastagem nativa, classificando seu solo e identificando as principais espécies de forrageiras existentes nas áreas de pastagens nativas daquela região; nessa área, foram apascentadas 1.200 cabeças de gado, durante o exercício ora impugnado, conforme faz prova declaração expedida pelo parceiro pecuário, que teve seu rebanho apascentado na propriedade objeto da presente impugnação, bem como declaração emitida pela Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia – ACDAB; citando quanto a essa matéria, Acórdão 7999, de 23/10/2003, desta DRJ – 2ª Turma; também foi classificada no item 7.4 do Laudo Técnico anexo, uma área de 25,0 ha ocupadas com benfeitorias, sob forma de cercas e estradas internas do imóvel, e por fim, apresenta as áreas distribuídas e utilizadas do imóvel, apuradas em conformidade com o referido Laudo Técnico e a relação de documentos anexados à sua impugnação, pedindo o seu deferimento. A 1ª Turma da DRJ em Brasília/DF julgou parcialmente procedente a Impugnação, conforme ementas abaixo transcritas: ÁREA DE PASTAGEM ERRO DE FATO A hipótese de erro de fato, no que diz respeito a área servida de pastagens do imóvel, somente cabe ser acatada, quando Fl. 96DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 18/01/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 4 comprovado nos autos, com documentação hábil, a existência de animais de grande e/ou médio porte apascentados no imóvel, no decorrer do respectivo anobase, em quantidade suficiente para justificar a área servida de pastagem pretendida, observado o correspondente índice de lotação mínima por zona de pecuária (ZP). DAS ÁREAS AMBIENTAIS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E DE UTILIZAÇÃO LIMITADA / RESERVA LEGAL Cabe restabelecer, para fins de exclusão de tributação, a área de preservação permanente declarada, devidamente comprovada nos autos, observada a legislação de regência da matéria. Já em relação a área de utilização limitada/reserva legal, exige se que a mesma, para fins de exclusão da base de cálculo do ITR, tenha sido objeto de ADA protocolado tempestivamente no IBAMA, bem como esteja averbada à margem da matrícula do imóvel, em data anterior à do fato gerador do imposto. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Relativamente à decisão recorrida, destacase o seguinte excerto: Por todo o exposto, cabe apenas restabelecer, para fins de exclusão do cálculo do ITR/2003, a área de preservação permanente declarada, de 581,7 ha, com redução das áreas tributável e aproveitável do imóvel, do VTN tributável e, consequentemente, do imposto suplementar apurado pela autoridade fiscal, conforme demonstrado... Intimado da decisão de primeira instância em 28/12/2012 (fl. 71), Florentino Rossato apresenta Recurso Voluntário em 28/01/2013 (fls. 73/80), sustentando, essencialmente, os mesmos argumentos defendidos em sua Impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro EDUARDO TADEU FARAH, Relator O recurso é tempestivo e reúne os requisitos de admissibilidade. Segundo se colhe dos autos, a autoridade fiscal efetuou glosa integral das áreas declaradas de preservação permanente e de reserva legal de 581,7 ha e 5.160,3 ha, respectivamente, além de rejeitar o VTN declarado, de R$ 11.000,00 (R$ 0,88/ha), arbitrando o valor de R$ 1.526.500,00 ou R$ 122,12/ha, correspondente ao VTN médio, por hectare, apontado no SIPT. Em seu apelo, insurge o suplicante contra a glosa da área de reserva legal, além da área servida por pastagem. Fl. 97DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 18/01/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 10540.720098/200746 Acórdão n.º 2201002.732 S2C2T1 Fl. 4 5 Quanto à área de reserva legal, cumpre esclarecer que o § 8º do art. 16 da Lei nº 4.771/1965 Código Florestal, com a redação dada pela MP nº 2.16667/2001, determina seu registro à margem da inscrição de matrícula do imóvel: Art. 16. As florestas e outras formas de vegetação nativa, ressalvadas as situadas em área de preservação permanente, assim como aquelas não sujeitas ao regime de utilização limitada ou objeto de legislação específica, são suscetíveis de supressão, desde que sejam mantidas, a título de reserva legal, no mínimo: (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) (Regulamento) (...) § 8o A área de reserva legal deve ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, de desmembramento ou de retificação da área, com as exceções previstas neste Código. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) (grifei) Pelo se vê, o Código Florestal passou a exigir a averbação no registro de propriedade do imóvel, fazendo com que a partir de então, sobre aquela área, o proprietário se submeta às limitações administrativas que lhe são impostas pela lei, sendo vedada à alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, de desmembramento ou de retificação da área, com as exceções previstas no Código Florestal. Portanto, a área de reserva legal somente será considerada para efeito de exclusão da área tributada e aproveitável do imóvel quando devidamente averbada no Cartório de Registro de Imóveis competente, o que não ocorreu no presente caso. No que tange à área servida de pastagem, alega o suplicante que, embora não tenha sido objeto de glosa pela autoridade fiscal, houve um erro de fato, já que informou na DITR/2003 o montante de 1.124,0 ha, sendo que efetivamente há na propriedade 9.393,3 ha destinado a pastagem de animais. Pois bem, ainda que a área servida por pastagens não tenha sido objeto de glosa, entendo que as provas constantes dos autos indicam precisamente a área e a quantidade de animais apascentados na propriedade, embora tenha a autoridade recorrida lançado dúvida sobre a sua existência, consoante se extrai da leitura de trecho do voto: No caso, apesar de o contribuinte ter informado na sua DITR/2003, para efeito de apuração da área de pastagem calculada do imóvel, a existência de 283 cabeças de animais de grande porte (às fls. 10), o mesmo, sob a alegação de ter ocorrido erro de fato na informação desse dado cadastral, pretende que sejam consideradas 1.200 cabeças de animais bovinos, de propriedade da sociedade empresária Santa Colamba Agropecuária Ltda, CNPJ 03.785.640/000142, que estariam apascentadas na “Fazenda Entre Rios”, no decorrer do ano de 2002, para efeito de apuração da área de pastagem calculada do imóvel. Fl. 98DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 18/01/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 6 Notase que, diante da grande quantidade de animais (1.200 cabeças), seria coerente supor que existisse um Contrato de Comodato firmado em data anterior a 1º/01/2003, estabelecendo cláusulas e condições a serem cumpridas pelos contratantes, não bastando, por si só, a declaração de fls. 34, para comprovação dos fatos alegados. Além disso, constatase que essa declaração foi assinada pelo Sr. Fernando Prado, identificado como gerente da citada sociedade empresária, sem, no entanto, constar dos autos documentos, tais como, contrato social, atestando que o mesmo possui poderes de representação, para emitir tal declaração em nome da citada pessoa jurídica. Por sua vez, junta o recorrente em seu apelo, fls. 91/92, o Contrato de Arrendamento de Propriedade Rural para Exploração Pecuária, pactuado entre o contribuinte e a Santa Colomba Agropecuária Ltda, indicando a quantidade de animais apascentados na “Fazenda Entre Rios”. Além do mais, foi carreado aos autos, fls. 81/90, a 28ª Alteração do Contrato Social da Santa Colomba Agropecuária Ltda., demonstrando, de forma inequívoca, que o Sr. Fernando Prado possui legitimidade para assinar pela citada empresa. Sobre a Declaração de fls. 35, emitida pela Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia – ACDAB, entendo que deve ser conhecida, já que declara a quantidade de animais que foram vacinados contra febre aftosa e brucelose, informando, inclusive, que as vacinas encontramse em situação regular. Vejase: Declaramos para os devidos fins que Santa Colomba Agropecuária Ltda., inscrita no CNPJ/MF sob n° 03.785.60/000142, com sede na Fazenda Canguçu, Estrada Cocos/Mambai, km 90, no Município de Cocos, Estado da Bahia, encontrase em situação regular quanto às devidas vacinas contra Febre Aftosa e Brucelose. Consta em nossos arquivos o registro das vacinações realizadas no período de 2002 à 2004, declarada a relação de animais a seguir descritos: ANO QUANTIDADE DE BOVINOS 2002 1.200 2003 1.190 2004 1.441 Nesse passo, para fins de cálculo do grau de utilização do imóvel rural, considerase área servida de pastagem a menor entre a declarada pelo contribuinte e a obtida pelo quociente entre a quantidade de cabeças do rebanho ajustada e o índice de lotação mínima. A Instrução Normativa SRF n.º 256/2002, em seu art. 24, preceitua: Art. 24. Área servida de pastagem é aquela ocupada por pastos naturais, melhorados ou plantados e por forrageiras de corte que tenha, efetivamente, sido utilizada para alimentação de animais de grande e médio porte, observados os índices de lotação por zona de pecuária, estabelecidos em ato da SRF, ouvido o Conselho Nacional de Política Agrícola. § 1º Para fins do disposto no caput, é considerada área servida de pastagem a área ocupada por forrageira de corte efetivamente utilizada para alimentação de animais do mesmo imóvel rural. Fl. 99DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 18/01/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 10540.720098/200746 Acórdão n.º 2201002.732 S2C2T1 Fl. 5 7 § 2º Aplicamse, até ulterior ato em contrário, os índices constantes da Tabela nº 5, Índices de Rendimentos Mínimos para Pecuária, aprovada pela Instrução Especial do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) nº 19, de 28 de maio de 1980, aprovada pela Portaria nº 145, de 28 de maio de 1980, do Ministro de Estado da Agricultura, constantes no Anexo I a esta Instrução Normativa. Não obstante sendo a Instrução Normativa de 2002, a mesma continuou utilizando para o cálculo do Índice de Rendimentos Mínimos para a Pecuária os mesmos índices aprovados pela Instrução Especial do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) nº 19/1980, aprovada pela Portaria nº 145/1980, do Ministro de Estado da Agricultura, os quais constam do seu Anexo I. Portanto, embora o presente litígio se reporte ao exercício de 2003, os índices aplicados são os constantes do Anexo I Tabela de Municípios, Localização e Índices de Rendimentos Mínimos para Pecuária, no qual consta para o município de Cocos Bahia a exigência de um rendimento mínimo cab/ha de 0,25. No caso concreto, sendo o Índice de Rendimentos Mínimos para a Pecuária na região de localização do imóvel equivalente a 0,25 cab/ha, fl. 10pdf, com a comprovação da existência de uma média de 1200 animais no imóvel rural, no ano de 2002, fl. 35, para efeitos de cálculo do ITR, a área de pastagens a ser considerada é de 4.800,0 ha. Assim, como o recorrente já havia declarado em sua DITR a área de 1.124,0 ha (aceita pela fiscalização), fl. 05, devese considerar apenas o acréscimo de 3.676,0 ha. Ressaltese que o mesmo laudo técnico carreado aos autos pelo recorrente como foi considerado pela autoridade recorrida como prova da existência da área de preservação permanente na propriedade “... comprovada por meio de “Laudo Técnico”, doc. de fls. 36/43, elaborado pelo Engenheiro Agrônomo José César Utida da Fonseca, com ART devidamente anotada no CREA (às fls. 49/50)”. Não se pode perder de vista que o § 2º do art. 147 permite a retificação da declaração pela autoridade administrativa a que competir a revisão. Vejase: Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. § 1º. A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. § 2º. Os erros contidos na declaração e apuráveis pelo seu exame serão retificados de ofício pela autoridade administrativa a que competir a revisão daquela. Esse é o entendimento da CSRF, consoante a ementa transcrita: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – Rerratificase o Acórdão CSRF/03 04.093“ITR – VALOR DA TERRA NUA MÍNIMO – ERRO NO PREENCHIMENTO DA DITR. – Constatado de Fl. 100DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 18/01/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 8 forma inequívoca erro no preenchimento da DITR, nos termos do § 2º, do art. 147 do Código Tributário Nacional, deve a autoridade administrativa rever o lançamento para adequálo aos elementos fáticos reais (...) (Acórdão nº. : CSRF/0304.351) Deixo aqui consignado que de acordo com o princípio da verdade material, todo erro ou equívoco deve ser reparado tanto quanto possível. Ademais, o citado princípio encontrase respaldo na ordem contida no art. 142 do CTN, já que se deve evitar a formalização de créditos exorbitantes e em descompasso com aquele que realmente seria devido (voto proferido pelo Conselheiro Naury Fragoso Tanaka, no Acórdão nº 10247.457). Logo, devem ser apreciados os documentos juntados aos autos depois da Impugnação e antes da decisão de 2ª instância, mormente porque a necessidade de complementação do conjunto probatório partiu da própria autoridade recorrida. Por fim, o livre convencimento é prerrogativa do julgador na apreciação dos fatos e de sua prova, conforme preceitua o art. 131 do Código de Processo Civil e do art. 29 do Decreto 70.235/1972, verbis: Art. 131. O juiz apreciará livremente a prova, atendendo aos fatos e circunstâncias constantes dos autos, ainda que não alegados pelas partes; mas deverá indicar, na sentença, os motivos que Ihe formaram o convencimento. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) (...) Art. 29. Na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias. Ante o exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso para considerar como área de pastagem um acréscimo de 3.676,0 ha. Assinado Digitalmente Eduardo Tadeu Farah Fl. 101DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 18/01/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI
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Numero do processo: 12466.003152/2010-56
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 23 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Mar 07 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 03/08/2005 a 29/06/2006
Ementa:
DECADÊNCIA. PENALIDADE ADUANEIRA.
Em matéria aduaneira, o direito de impor penalidade se extingue no prazo de cinco anos a contar da data da infração, conforme estabelece o artigo 139 do Decreto-Lei no 37/1966.
ADIANTAMENTO DE RECURSOS FINANCEIROS PARA FINANCIAR OPERAÇÕES DE IMPORTAÇÃO. PRESUNÇÃO DE OPERAÇÃO POR CONTA E ORDEM DE TERCEIRO. LEI Nº 10.637/2002, ARTIGO 27
A operação de comércio exterior realizada mediante utilização de recursos de terceiro presume-se por conta e ordem deste, para fins de aplicação do disposto nos artigos 77 a 81 da MP nº 2.158-35/2001.
INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. DANO AO ERÁRIO. PENA DE PERDIMENTO. MULTA EQUIVALENTE AO VALOR ADUANEIRO.
Considera-se fraudulenta a ocultação intencional do real adquirente nas operações presumidas por conta e ordem, consistindo em dano ao Erário, de acordo com o artigo 23 do Decreto-lei nº 1.455/1976. A pena de perdimento será convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro, quando a mercadoria não for localizada, ou tiver sido consumida ou revendida.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Crédito Tributário Mantido em Parte.
Numero da decisão: 3302-003.058
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário para exonerar o crédito tributário vinculado às Declarações de Importação registradas anteriormente a 06/12/2005.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa
Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède
Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ricardo Paulo Rosa (Presidente), Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Walker Araújo, Jose Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 03/08/2005 a 29/06/2006 Ementa: DECADÊNCIA. PENALIDADE ADUANEIRA. Em matéria aduaneira, o direito de impor penalidade se extingue no prazo de cinco anos a contar da data da infração, conforme estabelece o artigo 139 do Decreto-Lei no 37/1966. ADIANTAMENTO DE RECURSOS FINANCEIROS PARA FINANCIAR OPERAÇÕES DE IMPORTAÇÃO. PRESUNÇÃO DE OPERAÇÃO POR CONTA E ORDEM DE TERCEIRO. LEI Nº 10.637/2002, ARTIGO 27 A operação de comércio exterior realizada mediante utilização de recursos de terceiro presume-se por conta e ordem deste, para fins de aplicação do disposto nos artigos 77 a 81 da MP nº 2.158-35/2001. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. DANO AO ERÁRIO. PENA DE PERDIMENTO. MULTA EQUIVALENTE AO VALOR ADUANEIRO. Considera-se fraudulenta a ocultação intencional do real adquirente nas operações presumidas por conta e ordem, consistindo em dano ao Erário, de acordo com o artigo 23 do Decreto-lei nº 1.455/1976. A pena de perdimento será convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro, quando a mercadoria não for localizada, ou tiver sido consumida ou revendida. Recurso Voluntário Provido em Parte. Crédito Tributário Mantido em Parte.
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PENALIDADE ADUANEIRA. Em matéria aduaneira, o direito de impor penalidade se extingue no prazo de cinco anos a contar da data da infração, conforme estabelece o artigo 139 do DecretoLei no 37/1966. ADIANTAMENTO DE RECURSOS FINANCEIROS PARA FINANCIAR OPERAÇÕES DE IMPORTAÇÃO. PRESUNÇÃO DE OPERAÇÃO POR CONTA E ORDEM DE TERCEIRO. LEI Nº 10.637/2002, ARTIGO 27 A operação de comércio exterior realizada mediante utilização de recursos de terceiro presumese por conta e ordem deste, para fins de aplicação do disposto nos artigos 77 a 81 da MP nº 2.15835/2001. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. DANO AO ERÁRIO. PENA DE PERDIMENTO. MULTA EQUIVALENTE AO VALOR ADUANEIRO. Considerase fraudulenta a ocultação intencional do real adquirente nas operações presumidas por conta e ordem, consistindo em dano ao Erário, de acordo com o artigo 23 do Decretolei nº 1.455/1976. A pena de perdimento será convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro, quando a mercadoria não for localizada, ou tiver sido consumida ou revendida. Recurso Voluntário Provido em Parte. Crédito Tributário Mantido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 46 6. 00 31 52 /2 01 0- 56 Fl. 1859DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/03 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 12466.003152/201056 Acórdão n.º 3302003.058 S3C3T2 Fl. 3 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário para exonerar o crédito tributário vinculado às Declarações de Importação registradas anteriormente a 06/12/2005. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ricardo Paulo Rosa (Presidente), Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Walker Araújo, Jose Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado. Relatório Trata o presente de Auto de Infração para aplicação da multa substitutiva de pena de perdimento, pela prática de ocultação do real adquirente mediante fraude ou simulação, inclusive interposição fraudulenta na importação, definida como dano ao erário, lavrado em face de GEMAX TRADING COMPANY S/A como importador e de HISTOGENE LABORATÓRIO DE HISTOCOMPATIBILIDADE E GENÉTICA LTDA DA, como real adquirente. A GEMAX registrou declarações de importação DI na modalidade direta (por sua própria conta e ordem) no período de 2005 a 2006. Inicialmente, foi aberto procedimento especial de controle aduaneiro e de revisão de habilitação no comércio exterior, tendo a GEMAX não apresentado documentos que demonstrassem a origem e aplicação dos recursos financeiros, razão pela qual foi instaurado o procedimento previsto na IN SRF 228/2002, de acordo com o §3º do artigo 21 da IN SRF nº 650/2006. Em procedimento especial de verificação da origem dos recursos aplicados em operações de comércio exterior e combate à interposição fraudulenta de pessoas, previsto na IN SRF 228/2002, apurouse a prática de ocultação do real adquirente HISTOGENE , mediante fraude ou simulação, inclusive interposição fraudulenta, em razão do seguinte: 1. A GEMAX não possuía capacidade financeira e econômica para fazer frente ao volume de importações por ela transacionado devido a: a. movimentação em torno de R$ 30.000.000,00 de 2005 a 2007, para capital social da ordem de R$ 50.000,00 (aumentados para R$ 400.000,00 no quarto trimestre de 2006, decorrentes de lucros acumulados); b. aumento de capital social por reavaliação de bens, adquiridos por R$ 45 mil e reavaliados para R$ 2.774.000, em datas próximas, não havendo qualquer aumento de disponibilidade financeira; Fl. 1860DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/03 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 12466.003152/201056 Acórdão n.º 3302003.058 S3C3T2 Fl. 4 3 b. lucro líquido auferido no período foi em torno de R$ 980.000,00, muito inferior ao volume transacionado; c. Inexistência de quaisquer empréstimos e financiamentos tomadas de terceiros, conforme confirmados pela recorrente; 2. As operações somente puderam ser viabilizadas mediante adiantamentos de caixa recebidos pelos reais adquirentes para liquidação de contratos de câmbio e pagamentos dos tributos pagos no registro da DI, configurando a aplicação do artigo 27 da Lei nº 10.637/2002; 3. Por várias vezes, a emissão das notas fiscais de venda era realizada no mesmo dia da emissão das notas fiscais de entrada, revelando giro imediato do estoque, indicando a encomenda da mercadoria; 4. A GEMAX é uma empresa de pequeno porte que atua, basicamente, como prestadora de serviços de comércio exterior, incluindo logística e financeiros, conforme informação colhida no próprio site da empresa, que jamais importa com ânimo próprio, mas por conta e ordem ou por encomenda; 5. As vantagens financeiras oferecidas pela GEMAX em seu site se coadunam com os objetivos pretendidos com a prática da ocultação do real adquirente: ausência de agregação de margem de lucro, implicando redução de carga tributária, redução de 33,3% no ICMS, com menor alavancagem dos tributos subsequentes (PIS, Cofins, ICMS), menor alavancagem do IPI, com recolhimento feito pela GEMAX sobre o custo da mercadoria e não sobre o preço de venda ao consumidor final. 6. Todas as vendas eram realizadas pelo custo das mercadorias pagas ao exportador, acrescido dos tributos pagos na importação e nacionalização e incidentes na venda ao mercado interno; 7. Todo o lucro obtido pela GEMAX decorre do FUNDAP que consiste em diferimento no pagamento do ICMS incidente na importação, financiamento de longo prazo de cerca de 70% do ICMS recolhido, com juros fixos a 1% a.a., com carência de 5 anos e mais 20 anos para amortização e realização de leilões de recompra de dívida, com existência de liquidação de contratos, por 10 a 15% do saldo devedor, em média; 8. A GEMAX vendia à HISTOGENE produtos com alto grau de especificidade e valor agregado, indicando tratar de venda encomendada; 9. A ocultação da HISROGENE propiciaria: usufruir indiretamente dos benefícios do FUNDAP (incentivo fiscal no âmbito do ICMS no Espírito Santo); não se submeter aos procedimentos de habilitação no comércio exterior (IN SRF 650/2006); fugir ao controle da RFB quanto à avaliação dos riscos das operações de importação (parametrização), levandose em conta o perfil histórico e cadastral artigo 21 da IN SRF nº 680/2006. Ao final foi elaborada representação fiscal para fins penais. Em impugnação, a GEMAX pediu: "a) DEVOLVA o prazo para a impugnação do presente auto de infração, a ser contado a partir do dia em que a requerente Fl. 1861DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/03 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 12466.003152/201056 Acórdão n.º 3302003.058 S3C3T2 Fl. 5 4 receber de volta todos os seus livros e documentos fiscais, ora em poder da Administração, consoante demonstrado nos itens 16/33 e doc04; b) Sucessivamente ao pedido (a) acima, RECONHEÇA A DECADÊNCIA das Dl's objeto do auto de infração, vez que este foi lavradojnais de 5 (cinco) anos após a ocorrência do fato gerador, no termos do Acórdão n° 1739091, de 13/01/2010, desta e. DRJ (transcrito no item 81, acima); d ) Sucessivamente ao pedido (b) acima, ANULE o lançamento do crédito objeto do auto de infração, por impedimento do AFRF, nos termos da Portaria RFB n° 11.371/2007, artigos 2° c/c 12 c/c 14 e 15, parágrafo único (transcritos nos itens 34/36, acima), nos termos do Acórdão n° 302 37.093, do 3o Conselho de Contribuintes (transcrito no item 47, acima) c2) Alternativamente ao pedido ( d ) acima, ANULE o lançamento do crédito objeto do auto de infração, em decorrência da impossibilidade de se estender conclusões de outros processos administrativos à todas as importações do contribuinte; c3) Alternativamente ao pedido (c2) acima, ANULE o lançamento do crédito referente às Dl's em relação às quais o auto de infração não descreve nenhuma irregularidade, considerando o disposto no artigo 10, inciso III e no artigo 59, ambos do Decreto n° 70.235/72, bem como o fato de o Fisco não ter afastado a declaração e comprovação do importador de que obteve financiamento para gerir suas atividades no período em que foram realizadas as importações objeto dos autos, nos termos do Acórdão n° 0721519, de 15/10/2010, da e. 2a Turma desta e. DRJ (transcrita no item 59, acima) e JULGUE improcedente o auto de infração relativo à Dl n° 05/03841310. d) Sucessivamente ao pedido (c) supra, julgue IMPROCEDENTE o presente auto de infração, uma vez que: d1) restou comprovado que a Impugnante tinha origem de recursos para suas operações, decorrente de receita financeira líquida de 5,8% mais lucro operacional médio de 3% (does. 14) e que o capital social das S.A. não guarda relação direta com a origem dos recursos utilizados no comércio exterior; d2) Também porque o presente restou comprovado que a Impugnante tinha origem de recursos para suas operações, decorrente de receita financeira líquida de 5,8% mais lucro operacional médio de 3% (does. 14); d3) Também porque a Receita não comprovou que houve adiantamentos por parte do destinatário em relação a maior parte das Dl's e, em relação à Dl n° 05/11386707, restou comprovado que a Impugnante tinha origem para a operação, decorrente de receita financeira líquida de 5,8% mais lucro operacional médio de 3% (does. 14); Fl. 1862DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/03 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 12466.003152/201056 Acórdão n.º 3302003.058 S3C3T2 Fl. 6 5 d4) Também porque inexistente o dolo específico de fraudar, nos termos detalhados no item 229, supra e nos termos da solução de consulta n° 05/01/2010 (transcrita no item 231, acima), assim como dos Acórdãos no S 30239.026 e 10248607 do CARF (transcritos no item 278.1, acima) d5) Também porque as operações foram feitas na modalidade por encomenda, consoante comprovado pelos Relatórios de Margem de Lucro, acostados como doe. 14, e as operações são anteriores à IN SRF n° 634/06, aplicandose, em conseqüência, o disposto no artigo 417, 418 e 483 do Código Civil c/c artigo 313 do RIPI; o princípio da irretroatividade da norma penal tributária (Acórdãos DRJ no S 0719.952, de 21/05/2010 e 08 14514, de 28/11/2008), bem como o entendimento das Soluções de Consulta n° 45, de 05/02/1999 (item 244, acima) e 05/07/ 01/2010 (item 268, acima), e da exposição de motivos da MP n° 267, convertida na Lei n° 11.281/06 (transcrita no item 245, acima); e) Sucessivamente ao pedido (d) supra, julgue IMPROCEDENTE o presente auto de infração, uma vez que a pena aplicável seria multa diversa (art. 33 da lei n° 11.488/2007), nos termos da Orientação COANA/COFIA/DIFIA (transcrita no item 292, acima) e consoante Acórdãos DRJ no S 17 25849, de 17/06/2008, e 1726798, de 13/08/2008 (item 295, acima); e, f) Sucessivamente ao pedido (e) supra, que baixe o feito em diligência solicitando esclarecimentos e/documentos à Impugnante para posterior análise desta impugnação, nos termos do artigo 16, § 4o do Decreto n° 70.235/72, considerando se em especial o cerceamento do direito de defesa e a impossibilidade de juntar os livros contábeis como prova documental, por estarem de posse do fiscal autuante. Por seu turno, a HISTOGENE impugnou o lançamento alegando: 1. Preliminarmente, a decadência de parte dos créditos lançados. 2. Violação aos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade, pois que não houve dano ao erário, em razão da inexistência de sonegação, vez que os produtos importados possuíam alíquota zero; 3. A boafé da adquirente, que atua no ramo de prestação de serviços de exames, especialmente relacionados a transplantes; 4. Que obteve habilitação para operar no comércio exterior em 03/03/2008, razão pela qual contratou a GEMAX em 2005 e 2006, uma vez que pelo site havia a possibilidade de aquisição a um custo menor devido ao incentivo fiscal; 5. Que não possuía os conhecimentos que norteavam a importação; 6. Que a empresa não é laranja ou fantasma; Fl. 1863DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/03 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 12466.003152/201056 Acórdão n.º 3302003.058 S3C3T2 Fl. 7 6 7. Da ausência de responsabilidade solidária por falta de enquadramento legal e que o art. 134 do CTN somente se aplica aos casos de mora; Em 13/01/2012, foi lavrado Termo de Ocorrência, no qual restou consignado a tentativa de devolução integral dos documentos e livros contábeis e fiscais à Sra. Maria Emília de Almeida e Souza, sócia e responsável pela GEMAX, que recebeu pessoalmente o Sr. Renato Felz de Oliveira, motorista da Alfândega do Porto de Vitória/ES, mas se recusou a receber a documentação após contato telefônico com terceiro, ficando voluntariamente com uma via do Termo de Devolução. A Vigésima Quarta Turma da DRJ/SP1 em São Paulo proferiu o Acórdão nº 1651.660, cuja ementa transcrevese: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Anocalendário: 2005, 2006 INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA NA IMPORTAÇÃO. A interposição fraudulenta na importação caracteriza a penalidade previstas no art. 23, V, § 1° do Decretolei n°1.455/76. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Cientificada em 07/11/2013, por edital, a GEMAX não interpôs recurso voluntário, conforme termo de perempção, efls. 1.819. Por sua vez, a HISTOGENE, responsável solidária, apresentou recurso voluntário, tempestivamente, alegando decadência, prescrição, nulidade do Auto de Infração, em violação ao princípio da legalidade, pois fundamentado em atos infralegais (MP nº 66/2002, MP 2.18535/2001, IN SRF nº 225/2002 e outros) diversos de lei complementar, em afronta aos artigos 150, I, da CF, violação aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, em razão da inexistência de dano ao erário, que não houve prova concreta da indisponibilidade de recursos da importadora, a GEMAX era a real proprietária do produto adquirido, que a Lei nº 11.281/2006 definiu que a importação por encomenda não configura importação por conta e ordem de terceiro e, portanto, não poderia a fiscalização assim acusar de ocorrido fraude, não houve comprovação de máfé por parte da HISTOGENE, nunca revendeu as mercadorias e as utilizava em prestação de serviços, reitera que desconhecia os procedimentos relativos ao comércio exterior, e alegou a ausência de enquadramento legal quanto à responsabilidade pela infração. Na forma regimental, o processo foi distribuído a este relator. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède. Fl. 1864DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/03 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 12466.003152/201056 Acórdão n.º 3302003.058 S3C3T2 Fl. 8 7 Inicialmente, confirmase a não interposição de recurso voluntário pela GEMAX, pois a recorrente foi intimada por edital afixado em 23/10/2013, com ciência ocorrida em 07/11/2013, findando o prazo em 10/12/2013, sem que qualquer peça recursal tenha sido interposta. Salientase que a GEMAX solicitou cópias do processo em 06/02/2015 e nada objetou quanto à perempção declarada. Passase ao recurso voluntário interposto pela HISTOGENTE, o qual atende aos pressupostos de admissibilidade e dele tomo conhecimento. Preliminarmente, a recorrente pugna pela decadência das infrações relativas às notas fiscais nº 458, 606, 625 e 717. A decadência para constituição de crédito relativo a multa por infrações aduaneiras é dada pelos artigos 138 e 139 do Decretolei nº 37/1966: Art.138 O direito de exigir o tributo extinguese em 5 (cinco) anos, a contar do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que poderia ter sido lançado. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) Parágrafo único. Tratandose de exigência de diferença de tributo, contarseá o prazo a partir do pagamento efetuado. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) Art.139 No mesmo prazo do artigo anterior se extingue o direito de impor penalidade, a contar da data da infração. O Decreto nº 4.543/2002 – RA/2002 reproduziu a mesma disposição do artigo 139 em seu artigo 669, sem qualquer ressalva: Art. 669. O direito de impor penalidade extinguese em cinco anos, a contar da data da infração (Decretolei no 37, de 1966, art. 139) A multa aplicada decorre da conversão da pena de perdimento por não ter sido a mercadoria localizada ou ter sido consumida, nos termos do §1º1 do artigo 618 do RA/2002, por ocultação do sujeito passivo a ser considerada ocorrida no registro da Declaração de Importação, documento onde são prestadas as informações pertinentes à identificação do adquirente das mercadorias importadas. Portanto, tendo a ciência do Auto de Infração ocorrida em 06/12/2010, os lançamentos referentes às infrações relativas às DI´s registradas anteriormente a 06/12/2005 devem ser exonerados. Ainda em preliminares, a recorrente propugna pela nulidade do Auto de Infração por violar o princípio da legalidade previsto no artigo 150, I da Constituição Federal. De plano, esclareçase que a argüição de inconstitucionalidade de atos normativos deve ser formulada perante o Poder Judiciário, em vista da competência constitucional prevista nos artigos 97 e 102 da Carta Magna, sendo vedado a este conselho conhecer desta alegação, 1 Art. 618. Aplicase a pena de perdimento da mercadoria nas seguintes hipóteses, por configurarem dano ao Erário (Decretolei no 37, de 1966, art. 105, e Decretolei no 1.455, de 1976, art. 23 e § 1o, com a redação dada pela Lei no 10.637, de 2002, art. 59): (Redação dada pelo Decreto nº 4.765, de 24.6.2003) [...] § 1o A pena de que trata este artigo convertese em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria que não seja localizada ou que tenha sido consumida (Decretolei no 1.455, de 1976, art. 23, § 3o, com a redação dada pela Lei no 10.637, de 2002, art. 59). (Redação dada pelo Decreto nº 4.765, de 24.6.2003) Fl. 1865DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/03 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 12466.003152/201056 Acórdão n.º 3302003.058 S3C3T2 Fl. 9 8 conforme artigo 59 do Decreto nº 7.574/2011, exceto nas hipóteses previstas no artigo 622 do Regimento Interno, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015. Neste sentido, foi publicada a Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Continuando em sua defesa, pugna pela nulidade do Auto de Infração por violação aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, em razão da inexistência de dano ao erário, pelo fato de as mercadorias importadas estarem sujeitas à alíquota zero. Neste aspecto, os artigos 23 e 24 do Decreto nº 1.455/1976 estipulam o que se considera dano ao erário: Art 23. Consideramse dano ao Erário as infrações relativas às mercadorias: I importadas, ao desamparo de guia de importação ou documento de efeito equivalente, quando a sua emissão estiver vedada ou suspensa na forma da legislação específica em vigor; II importadas e que forem consideradas abandonadas pelo decurso do prazo de permanência em recintos alfandegados nas seguintes condições: a) 90 (noventa) dias após a descarga, sem que tenh sido iniciado o seu despacho; ou b) 60 (sessenta) dias da data da interrupção do despacho por ação ou omissão do importador ou seu representante; ou c) 60 (sessenta) dias da data da notificação a que se refere o artigo 56 do DecretoIei número 37, de 18 de novembro de 1966, nos casos previstos no artigo 55 do mesmo Decretolei; ou d) 45 (quarenta e cinco) dias após esgotarse o prazo fixado para permanência em entreposto aduaneiro ou recinto alfandegado situado na zona secundária. III trazidas do exterior como bagagem, acompanhada ou desacompanhada e que permanecerem nos recintos alfandegados por prazo superior a 45 (quarenta e cinco) dias, sem que o passageiro inicie a promoção, do seu desembaraço; IV enquadradas nas hipóteses previstas nas alíneas " a " e " b " do parágrafo único do artigo 104 e nos incisos I a XIX do artigo 105, do Decretolei número 37, de 18 de novembro de 1966. 2 Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal; II que fundamente crédito tributário objeto de: a) Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 103A da Constituição Federal; b) Decisão do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos do art. 543B ou 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), na forma disciplinada pela Administração Tributária; c) Dispensa legal de constituição ou Ato Declaratório da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) aprovado pelo Ministro de Estado da Fazenda, nos termos dos arts. 18 e 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002; d) Parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, nos termos dos arts. 40 e 41 da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993; e e) Súmula da AdvocaciaGeral da União, nos termos do art. 43 da Lei Complementar nº 73, de 1973. Fl. 1866DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/03 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 12466.003152/201056 Acórdão n.º 3302003.058 S3C3T2 Fl. 10 9 V estrangeiras ou nacionais, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) VI (Vide Medida Provisória nº 320, 2006) § 1o O dano ao erário decorrente das infrações previstas no caput deste artigo será punido com a pena de perdimento das mercadorias. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) § 2o Presumese interposição fraudulenta na operação de comércio exterior a nãocomprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) § 3o A pena prevista no § 1o convertese em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria que não seja localizada ou que tenha sido consumida.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) (Vide) § 3o As infrações previstas no caput serão punidas com multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, na importação, ou ao preço constante da respectiva nota fiscal ou documento equivalente, na exportação, quando a mercadoria não for localizada, ou tiver sido consumida ou revendida, observados o rito e as competências estabelecidos no Decreto no 70.235, de 6 de março de 1972. (Redação dada pela Medida Provisória nº 497, de 2010) § 3o As infrações previstas no caput serão punidas com multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, na importação, ou ao preço constante da respectiva nota fiscal ou documento equivalente, na exportação, quando a mercadoria não for localizada, ou tiver sido consumida ou revendida, observados o rito e as competências estabelecidos no Decreto no 70.235, de 6 de março de 1972. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010) § 4o O disposto no § 3o não impede a apreensão da mercadoria nos casos previstos no inciso I ou quando for proibida sua importação, consumo ou circulação no território nacional.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) Art 24. Consideramse igualmente dano ao Erário, punido com a pena prevista no parágrafo único do artigo 23, as infrações definidas nos incisos I a VI do artigo 104 do Decretolei numero 37, de 18 de novembro de 1966. Percebese que o dano ao erário não diz respeito apenas à proteção da arrecadação de tributos, mas ao próprio controle aduaneiro. Neste sentido, a interposição fraudulenta em si, ou seja, a própria conduta é considerada dano ao erário, como expressamente disposta no artigo 23 acima transcrito. Embora a própria conduta configura o dano ao erário, podese enumerar vantagens em tese almejadas, mediante a interposição ilícita de pessoas como: burla ao Fl. 1867DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/03 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 12466.003152/201056 Acórdão n.º 3302003.058 S3C3T2 Fl. 11 10 controles da habilitação para operar no comércio exterior; blindagem do patrimônio do real adquirente ou encomendante, no caso de eventual lançamento de tributos ou infrações; quebra da cadeia do IPI; sonegação de PIS e Cofins, relativamente ao real adquirente, lavagem de dinheiro e ocultação da origem de bens e valores, aproveitamento indevido de incentivos fiscais do ICMS. Portanto, a alegação de que não houve dano efetivo ao erário, simplesmente pelo fato de não haver tributo a ser recolhido, não procede. Neste diapasão, citamse acórdãos deste Conselho: Acórdão nº 3403003.188, proferido em 20/08/2014: DANO AO ERÁRIO. PERDIMENTO. DISPOSIÇÃO LEGAL. Nos arts. 23 e 24 do DecretoLei no 1.455/1976 enumeramse as infrações que, por constituírem dano ao Erário, são punidas com a pena de perdimento das mercadorias. É inócua, assim, a discussão sobre a existência de dano ao Erário nos dispositivos citados, visto que o dano ao Erário decorre do texto da própria lei. Acórdão 3202000.635, proferido em 26/02/2013: OCULTAÇÃO DO REAL IMPORTADOR. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA DE TERCEIROS. DANO AO ERÁRIO. A ocultação do responsável pela importação de mercadorias, mediante fraude ou simulação, inclusive interposição fraudulenta, é considerada dano ao erário. Ultrapassadas as preliminares, passase à análise do mérito relativo à interposição fraudulenta. A recorrente defende, em síntese, que a GEMAX possuía recursos próprios para a realização das operações de importação e que era a real proprietária dos produtos adquiridos, que não houve comprovação de máfé por parte da HISTOGENE, que desconhecia os procedimentos que norteavam a importação de mercadorias, que a Lei nº 11.281/2006 definiu as operações realizadas como importação por encomenda, excluindoas da definição de importação por conta e ordem e que houve ausência de enquadramento legal quanto à responsabilidade da infração. Primeiramente, destacase que a legislação prevê três modalidades de importação: importação direta, importação por "conta e ordem" e importação por encomenda. Na importação direta, o destinatário da mercadoria é o próprio importador que a utilizará para consumo próprio ou para revenda, possuindo a característica de não haver um destinatário prédeterminado e atualmente normatizada pela IN SRF nº 680/2006. O excerto abaixo extraído do artigo publicado na obra “Tributação Aduaneira à luz da jurisprudência do CARF” 3 esclarece: 3 Tributação Aduaneira: à luz da jurisprudência do CARF Conselho Administrativo de Recursos Fiscais/Ana Clarissa M. dos Santos Araújo...[et al.]; coordenação Marcelo Magalhães Peixoto,Ângela Sartori, Luiz Roberto Fl. 1868DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/03 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 12466.003152/201056 Acórdão n.º 3302003.058 S3C3T2 Fl. 12 11 “I.1. Importação por conta própria A importação por conta própria é a tradicional modalidade de importação. É aquela modalidade de importação em que o importador adquire a mercadoria do exportador no exterior, fecha o câmbio em nome próprio, com recursos próprios, paga os tributos e a utiliza ou a venda no mercado interno para diversos compradores” Quanto às outras duas modalidades, o site da Receita Federal esclarece seus contornos4: Importação por conta e ordem: A importação por conta e ordem de terceiro é um serviço prestado por uma empresa a importadora , a qual promove, em seu nome, o Despacho Aduaneiro de Importação de mercadorias adquiridas por outra empresa a adquirente em razão de contrato previamente firmado, que pode compreender ainda a prestação de outros serviços relacionados com a transação comercial, como a realização de cotação de preços e a intermediação comercial (art. 1º da IN SRF nº 225/2002 e art. 12, § 1°, I, da IN SRF nº 247/2002). Assim, na importação por conta e ordem, embora a atuação da empresa importadora possa abranger desde a simples execução do despacho de importação até a intermediação da negociação no exterior, contratação do transporte, seguro, entre outros, o importador de fato é a adquirente, a mandante da importação, aquela que efetivamente faz vir a mercadoria de outro país, em razão da compra internacional; embora, nesse caso, o faça por via de interposta pessoa a importadora por conta e ordem , que é uma mera mandatária da adquirente. Dessa forma, mesmo que a importadora por conta e ordem efetue os pagamentos ao fornecedor estrangeiro, antecipados ou não, não se caracteriza uma operação por sua conta própria, mas, sim, entre o exportador estrangeiro e a empresa adquirente, pois dela se originam os recursos financeiros. Importação por encomenda: A importação por encomenda é aquela em que uma empresa adquire mercadorias no exterior com recursos próprios e promove o seu despacho aduaneiro de importação, a fim de revendêlas, posteriormente, a uma empresa encomendante previamente determinada, em razão de contrato entre a importadora e a encomendante, cujo objeto deve compreender, pelo menos, o prazo ou as operações pactuadas (art. 2º, § 1º, II, da IN SRF nº 634/2006). Domingo. 1º ed. São Paulo; MP Editora, 2013. Artigo: "Dano ao Erário pela Ocultação Mediante Fraude a Interposição Fraudulenta de Terceiros nas Operações de Comércio Exetrior", página 53. 4 http://idg.receita.fazenda.gov.br/orientacao/aduaneira/manuais/despachodeimportacao/topicos1/importacao porcontaeordemeimportacaoporencomenda1/importacaoporcontaeordem/oqueeaimportacaopor contaeordem Fl. 1869DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/03 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 12466.003152/201056 Acórdão n.º 3302003.058 S3C3T2 Fl. 13 12 Assim, como na importação por encomenda o importador adquire a mercadoria junto ao exportador no exterior, providencia sua nacionalização e a revende ao encomendante, tal operação tem, para o importador contratado, os mesmos efeitos fiscais de uma importação própria. Em última análise, em que pese à obrigação do importador de revender as mercadorias importadas ao encomendante predeterminado, é aquele e não este que pactua a compra internacional e deve dispor de capacidade econômica para o pagamento da importação, pela via cambial. Da mesma forma, o encomendante também deve ter capacidade econômica para adquirir, no mercado interno, as mercadorias revendidas pelo importador contratado. Outro efeito importante desse tipo de operação é que, conforme determina o artigo 14 da Lei nº 11.281/2006, aplicamse ao importador e ao encomendante as regras de preço de transferência de que tratam os artigos 18 a 24 da Lei nº 9.430/1996. Em outras palavras, se o exportador estrangeiro, nos termos dos artigos 23 e 24 dessa lei, estiver domiciliado em país ou dependência com tributação favorecida e/ou for vinculado com o importador ou o encomendante, as regras de “preço de transferência” para a apuração do imposto sobre a renda deverão ser observadas. Salientase, ainda, que a importação por conta e ordem foi regulamentada pela Receita Federal do Brasil mediante a edição da IN SRF 225/2002, conforme autorizado pelo art. 80 da MP nº 2.15835/20015 e impõe ao real adquirente conseqüências relevantes como a prestação de garantia como condição para a entrega de mercadorias, quando o valor das importações for incompatível com seu capital social ou o patrimônio líquido; a sujeição ao procedimento especial previsto na IN SRF 228/2002 (verificação da origem dos recursos aplicados em operações de comércio exterior e combate à interposição fraudulenta de pessoas); a responsabilidade solidária quanto ao imposto de importação; a responsabilidade conjunta ou isolada, quanto às infrações aduaneiras; a sujeição ao pagamento dos tributos relativos ao IPI de sua saída por contribuinte por equiparação; a sujeição aos pagamentos de PIS/Pasep e Cofins sob as normas de incidência sobre a receita bruta do importador. A acusação fiscal é de que a GEMAX teria simulado importação direta quando na realidade teria importado por conta e ordem por presunção do artigo 27 da Lei nº 10.637/2002, em razão de adiantamentos de recursos fornecidos pela HISTOGENE para a liquidação dos contratos de câmbio, uma vez que a GEMAX não possuía capacidade financeira e econômica próprias para suportar os custos das importações: O artigo 27 da Lei nº 10.637/2002 dispõe que: 5 Artigo 80. A Secretaria da Receita Federal poderá: I estabelecer requisitos e condições para a atuação de pessoa jurídica importadora por conta e ordem de terceiro; II exigir prestação de garantia como condição para a entrega de mercadorias, quando o valor das importações for incompatível com o capital social ou o patrimônio líquido do importador ou do adquirente. Fl. 1870DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/03 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 12466.003152/201056 Acórdão n.º 3302003.058 S3C3T2 Fl. 14 13 Art. 27. A operação de comércio exterior realizada mediante utilização de recursos de terceiro presumese por conta e ordem deste, para fins de aplicação do disposto nos arts. 77 a 81 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001. Por sua vez, os artigos 77 a 81 da MP nº 2.15835/2001 dispõem: Art. 77. O parágrafo único do art. 32 do DecretoLei nº 37, de 18 de novembro de 1966, passa a vigorar com a seguinte redação: "Art. 32. ................................................... ................................................... Parágrafo único. É responsável solidário: I o adquirente ou cessionário de mercadoria beneficiada com isenção ou redução do imposto; II o representante, no País, do transportador estrangeiro; III o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso de importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora." (NR) Art. 78. O art. 95 do DecretoLei nº 37, de 1966, passa a vigorar acrescido do inciso V, com a seguinte redação: " V conjunta ou isoladamente, o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso da importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora." (NR) Art. 79. Equiparamse a estabelecimento industrial os estabelecimentos, atacadistas ou varejistas, que adquirirem produtos de procedência estrangeira, importados por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora. Art. 80. A Secretaria da Receita Federal poderá: I estabelecer requisitos e condições para a atuação de pessoa jurídica importadora por conta e ordem de terceiro; e I estabelecer requisitos e condições para a atuação de pessoa jurídica importadora ou exportadora por conta e ordem de terceiro; e (Redação dada pela Lei nº 12.995, de 18 de junho de 2014) II exigir prestação de garantia como condição para a entrega de mercadorias, quando o valor das importações for incompatível com o capital social ou o patrimônio líquido do importador ou do adquirente. Art. 81. Aplicamse à pessoa jurídica adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso da importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora, as normas de incidência das contribuições para o PIS/PASEP e COFINS sobre a receita bruta do importador. Fl. 1871DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/03 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 12466.003152/201056 Acórdão n.º 3302003.058 S3C3T2 Fl. 15 14 Por outro lado, a partir da Lei nº 11.281/2006, foi disciplinada a figura da importação por encomenda, com regulamentação dada pela IN SRF nº 634/2006, nos seguintes termos: Art. 11. A importação promovida por pessoa jurídica importadora que adquire mercadorias no exterior para revenda a encomendante predeterminado não configura importação por conta e ordem de terceiros. § 1o A Secretaria da Receita Federal: I estabelecerá os requisitos e condições para a atuação de pessoa jurídica importadora na forma do caput deste artigo; e II poderá exigir prestação de garantia como condição para a entrega de mercadorias quando o valor das importações for incompatível com o capital social ou o patrimônio líquido do importador ou do encomendante. § 2o A operação de comércio exterior realizada em desacordo com os requisitos e condições estabelecidos na forma do § 1o deste artigo presumese por conta e ordem de terceiros, para fins de aplicação do disposto nos arts. 77 a 81 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001. § 3o Considerase promovida na forma do caput deste artigo a importação realizada com recursos próprios da pessoa jurídica importadora, participando ou não o encomendante das operações comerciais relativas à aquisição dos produtos no exterior. (Incluído pela Lei nº 11.452, de 2007) Art. 12. Os arts. 32 e 95 do DecretoLei no 37, de 18 de novembro de 1966, passam a vigorar com a seguinte redação: "Art. 32. .............................................................................. .............................................................................. Parágrafo único. .............................................................................. .............................................................................. c) o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso de importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora; d) o encomendante predeterminado que adquire mercadoria de procedência estrangeira de pessoa jurídica importadora." (NR) "Art. 95. .............................................................................. .............................................................................. VI conjunta ou isoladamente, o encomendante predeterminado que adquire mercadoria de procedência estrangeira de pessoa jurídica importadora." (NR) Fl. 1872DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/03 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 12466.003152/201056 Acórdão n.º 3302003.058 S3C3T2 Fl. 16 15 Art. 13. Equiparamse a estabelecimento industrial os estabelecimentos, atacadistas ou varejistas, que adquirirem produtos de procedência estrangeira, importados por encomenda ou por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora. Art. 14. Aplicamse ao importador e ao encomendante as regras de preço de transferência de que trata a Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, nas importações de que trata o art. 11 desta Lei. IN SRF nº 634/2006: O SECRETÁRIO DA RECEITA FEDERAL , no uso da atribuição que lhe confere o inciso III do art. 230 do Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal, aprovado pela Portaria MF nº 30, de 25 de fevereiro de 2005 , e tendo em vista o disposto no art. 16 da Lei nº 9.779, de 19 de janeiro de 1999 , e nos incisos I e II do § 1º do art. 11 e nos arts. 12 a 14 da Lei nº 11.281, de 20 de fevereiro de 2006, resolve: Art. 1º O controle aduaneiro relativo à atuação de pessoa jurídica importadora que adquire mercadorias no exterior para revenda a encomendante predeterminado será exercido conforme o estabelecido nesta Instrução Normativa. Parágrafo único. Não se considera importação por encomenda a operação realizada com recursos do encomendante, ainda que parcialmente. Art. 2º O registro da Declaração de Importação (DI) fica condicionado à prévia vinculação do importador por encomenda ao encomendante, no Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex). § 1º Para fins da vinculação a que se refere o caput, o encomendante deverá apresentar à unidade da Secretaria da Receita Federal (SRF) de fiscalização aduaneira com jurisdição sobre o seu estabelecimento matriz, requerimento indicando: I nome empresarial e número de inscrição do importador no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ); e II prazo ou operações para os quais o importador foi contratado. § 2º As modificações das informações referidas no § 1º deverão ser comunicadas pela mesma forma nele prevista. § 3º Para fins do disposto no caput, o encomendante deverá estar habilitado nos termos da IN SRF nº 455, de 5 de outubro de 2004 . Art. 3º O importador por encomenda, ao registrar DI, deverá informar, em campo próprio, o número de inscrição do encomendante no CNPJ. Fl. 1873DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/03 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 12466.003152/201056 Acórdão n.º 3302003.058 S3C3T2 Fl. 17 16 Parágrafo único. Enquanto não estiver disponível o campo próprio da DI a que se refere o caput, o importador por encomenda deverá utilizar o campo destinado à identificação do adquirente por conta e ordem da ficha "Importador" e indicar no campo "Informações Complementares" que se trata de importação por encomenda. Art. 4º O importador por encomenda e o encomendante são obrigados a manter em boa guarda e ordem, e a apresentar à fiscalização aduaneira, quando exigidos, os documentos e registros relativos às transações em que intervierem, pelo prazo decadencial. Art. 5º O importador por encomenda e o encomendante ficarão sujeitos à exigência de garantia para autorização da entrega ou desembaraço aduaneiro de mercadorias, quando o valor das importações for incompatível com o capital social ou patrimônio líquido do importador ou do encomendante. Parágrafo único. Os intervenientes referidos no caput estarão sujeitos a procedimento especial de fiscalização, nos termos da Instrução Normativa SRF nº 228, de 21 de outubro de 2002 , diante de indícios de incompatibilidade entre os volumes transacionados no comércio exterior e a capacidade econômica e financeira citada. Art. 6º Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação. A caracterização como encomendante predeterminado traz conseqüências relevantes como o cumprimento das obrigações acessórias previstas na IN SRF 634/2006; a sujeição ao procedimento especial previsto na IN SRF 228/2002 (verificação da origem dos recursos aplicados em operações de comércio exterior e combate à interposição fraudulenta de pessoas); a prestação de garantia como condição para a entrega de mercadorias, quando o valor das importações for incompatível com seu capital social ou o patrimônio líquido; a responsabilidade solidária quanto ao imposto de importação; a responsabilidade conjunta ou isolada, quanto às infrações aduaneiras; a sujeição ao pagamento dos tributos relativos ao IPI de sua saída por contribuinte por equiparação; a aplicação das regras de preços de transferência de que trata a Lei nº 9.430/96. A inobservância das condições e requisitos por parte da pessoa jurídica importadora previstos na IN SRF 634/2006 acarreta a presunção de que a operação tenha sido realizada por conta e ordem de terceiros, para fins de aplicação do disposto nos artigos 77 a 81 da MP nº 2.15835/2001, nos termos do §2º do artigo 11 da Lei nº 11.281/2006. Outro aspecto que deve ser frisado é que o disposto no §3º do artigo 11 da Lei nº 11.281/2006 “considerase promovida na forma do caput deste artigo a importação realizada com recursos próprios da pessoa jurídica importadora, participando ou não o encomendante das operações comerciais relativas à aquisição dos produtos no exterior” juntamente com a disposição do parágrafo único do artigo 1º da IN SRF nº 643/2006 "Não se considera importação por encomenda a operação realizada com recursos do encomendante, ainda que parcialmente" implicam a conclusão de que a figura da importação por encomenda não admite a antecipação dos recursos pelo encomendante, ainda que parcialmente. Fl. 1874DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/03 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 12466.003152/201056 Acórdão n.º 3302003.058 S3C3T2 Fl. 18 17 Em complemento, a antecipação dos recursos torna presumida a operação por conta e ordem, conforme disposto no artigo 27 da Lei nº 10.637/2002. Defluise que a operação por encomenda, na qual o importador realiza toda a transação comercial e revende a mercadoria a um adquirente predeterminado, e este não antecipa qualquer recurso, é sujeita a um controle aduaneiro específico e acarreta todos os efeitos já acima mencionados. Destacase que a antecipação de recursos por parte do encomendante retira a figura da importação por encomenda (parágrafo único do artigo 1º da IN SRF 634/2006 e §3º do artigo 11 da Lei nº 11.281/2006) e a desloca para a figura da importação por conta e ordem, por ficção jurídica, representada pelas presunções de que trata o §2º do artigo 11 da Lei 11.281/2006 e o artigo 27 da Lei nº 10.637/2002. Estabelecido este entendimento, retornamse às alegações. Quanto à capacidade financeira e econômica, no período de 2005 a 2007, houve aporte financeiro mediante integralização de capital da ordem de R$ 50.000,00 e lucro líquido da ordem de R$ 853.923,00 (soma do lucro do exercício do quadro 05), consideradas todas as receitas e despesas contabilizadas, para um volume de importações da ordem de R$ 30.000.000,00. Os valores referemse a receitas auferidas e despesas incorridas por regime de competência, o que, não necessariamente, corresponde ao fluxo financeiro. Entretanto, para fazer frente aos pagamentos das liquidações de câmbio com recursos próprios seria necessária uma engenharia financeira na qual os recebimentos das vendas fossem utilizados em liquidações de outras aquisições a serem posteriormente revendidas, e isto deveria acontecer em volume de R$ 29.000.000,00 dos R$ 30.000.000, operados no período de 2005 a 2007. Tal engenharia não foi provada pela recorrente, nem pela GEMAX em sua impugnação, que se limitou a alegar que o FUNDAP comprovava a origem dos recursos. Ressaltase que a fiscalização intimou a GEMAX a apresentar o Demonstrativo Sumário das Origens e Aplicações de Recursos referentes aos anos de 2005, 2006 e 2007, de acordo com o modelo do Anexo IC do Ato Declaratório Executivo Coana nº 3/2006, o qual contém um fluxo de caixa sumário. A GEMAX apresentou o quadro com informações inconsistentes com a movimentação financeira de caixa e bancos registrada nos livros contábeis, tendo sido consignado em Termo de Constatação e Reintimação, datado de 11/06/2008. Tal demonstrativo foi reintimado em termo datado de 12/08/2008, não tendo sido apresentado pela recorrente, conforme constatado no relatório fiscal. Embora reconheçase que o financiamento proveniente do FUNDAP possa servir como comprovação da origem de recursos para a realização da algumas importações, a recorrente não demonstrou quais importações teriam sido realizadas com tais recursos. Assim, considero que está devidamente provada a incapacidade financeira e econômica da GEMAX para suportar os custos da importação do volume de R$ 30 milhões entre 2005 e 2007. Ainda referente ao procedimento especial da IN SRF nº 228/2002, a GEMAX foi intimada a apresentar a condição de real adquirente, mediante a disponibilização dos instrumentos de negociação, correspondências comerciais entre comprador e vendedor, ordens, Fl. 1875DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/03 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 12466.003152/201056 Acórdão n.º 3302003.058 S3C3T2 Fl. 19 18 pedidos de compra, publicações especializadas, cotações de preço, não tendo sido apresentados tais documentos, corroborando a tese fiscal. Neste aspecto, a IN SRF 228/2002 dispõe: Art. 11. Concluído o procedimento especial, aplicarseá a pena de perdimento das mercadorias objeto das operações correspondentes, nos termos do art. 23, V do Decretolei nº 1.455, de 7 de abril de 1976, na hipótese de: I ocultação do verdadeiro responsável pelas operações, caso descaracterizada a condição de real adquirente ou vendedor das mercadorias; II interposição fraudulenta, nos termos do § 2º do art. 23 do Decretolei nº 1.455, de 1976, com a redação dada pela Medida Provisória nº 66, de 29 de agosto de 2002, em decorrência da não comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados, inclusive na hipótese do art. 10. Quanto aos adiantamentos, a fiscalização acusou que os referidos eram destinados a suportar as liquidações de câmbio e os pagamentos dos tributos devidos na importação. A tabela seguinte demonstra os valores de liquidação e datas com os valores recebidos decorrentes das vendas aos clientes: DI Dt. registro Dt liq. câmbio Valor Dt. rec. vendas Valor Nota Fiscal Valor Dt. emissão 05/1424514 29/12/05 14/12/05 90.541 14/12/05 90.054 717 136.817 3/1/06 15/12/05 944 06/0224152 23/2/06 3/2/06 170.268 25/1/06 175.700 819 237.285 2/3/06 06/0274664 9/3/06 14/2/06 81.333 10/2/06 81.763 875 119.972 13/3/06 06/0366927 30/3/06 21/2/06 161.027 21/2/06 161.754 922 250.337 4/4/06 06/0756200 29/6/06 31/5/06 146.148 31/5/06 151.606 1075 208.716 5/7/06 As informações da planilha foram obtidas nos demonstrativos mencionados no relatório fiscal que comprovam os adiantamentos de recursos, assim descritos pela fiscalização: Modelo 1: "Traz informações acerca das correspondentes Dls que estão relacionadas às "vendas" das mercadorias importadas da GEMAX para o real adquirente, tais como o n° da Dl e o n° das correspondentes Adições, a descrição das mercadorias, suas quantidades e seu posicionamento na Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), nome do exportador e valores de tributos vinculados à importação"; Fl. 1876DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/03 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 12466.003152/201056 Acórdão n.º 3302003.058 S3C3T2 Fl. 20 19 Modelo 2: " Traz as informações acerca das liquidações cambiais das obrigações junto a exportadores, relacionadas a cada uma das Dls, tais como o n° do contrato de câmbio, a data e o valor de liquidação do câmbio, o beneficiário do crédito das divisas no exterior e a /identificação do meio pelo qual a liquidação foi efetuada; Modelo 3: " Traz as informações acerca das "vendas" das mercadorias importadas no mercado interno, relacionadas a cada uma das Dls, tais como o n° e a data das correspondentes Notas Fiscais de "venda" de emissão da GEMAX, a descrição e quantidades das mercadorias, a identificação do destinatário (o adquirente), os valores de tributos e as condições de pagamento em foram celebradas as "vendas"; Modelo 4: "Traz as informações acerca dos valores recebidos em função das "vendas", tais como a identificação do autor dos pagamentos, o meio pelo qual este efetuou os pagamentos, junto com a correspondente identificação bancária, assim como as datas e respectivos valores recebidos." Comprovase, assim, que houve adiantamentos de valores para a liquidação do câmbio, o que corrobora a incapacidade financeira da GEMAX para arcar com os custos da importação, especialmente a liquidação do câmbio. Destacase, ainda, que as contabilizações dos lançamentos relativos aos adiantamentos eram registradas em conta de adiantamentos do passivo com históricos vinculando os recebimentos aos processos de importação. Exemplificando: "conta passivo 20301 Adiantamento de clien (010448) Ac Bradesco ref. rec. recursos processo GBL 593/05 (efl. 1102)". Já a quitação do câmbio e demais despesas com importação eram ativadas em contas descritas como "mercadoria p/cta e ordem", revelando que a GEMAX, pelo menos em sua contabilidade, reconhecia as operações como por conta e ordem. Sob outro prisma, a fiscalização transcreveu no relatório fiscal as informações constantes na página da GEMAX da internet, na qual constava que a empresa atuava na área de prestação de serviços na área de comércio exterior, como assessoria de importação e exportação (contratação de frete, pickup (coleta) da mercadoria na fábrica, em qualquer localidade, logística completa do transporte internacional aéreo, marítimo e rodoviário, registro Siscomex – credenciamento, emissão de licenciamentos ( LI´s s no Decex, Ministério da Saúde, Ministério da Agricultura; registro de operação financeira (ROF) no Banco Central Bacen; contratação de seguro sobre transporte internacional com cobertura ampla porta a porta, com melhores taxas do mercado e outros constantes na página), assessoria especial (importações especiais, admissões temporárias e exportação temporária), serviços relacionados ao fechamento do câmbio (assessoria; conferência e exame da documentação recebida do exterior (Bancos e Exportadores) e devida adequação às normas cambiais no Brasil; orientações nos pedidos de abertura de Carta de Crédito confirmação, negociação e discrepâncias; contratação do câmbio pré e pósembarque), serviços de logística (contratação de fretes internacionais e nacionais, seguros e acompanhamento de todo desembaraço, desde a saída da mercadoria no exterior; nacionalização e entrega/distribuição para o cliente final). Além disso, oferecia vantagens financeiras como expressamente dispostas na página da internet: custo operacional: ausência de margem de lucro; ICMS interestadual 33,3% menor; menor alavancagem de IPI. Fl. 1877DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/03 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 12466.003152/201056 Acórdão n.º 3302003.058 S3C3T2 Fl. 21 20 Todas as informações se coadunam com a condição de prestadora de serviços e não de revendedora direta de mercadorias, o que aliado à falta de capacidade financeira, aos adiantamentos recebidos, à confirmação de encomenda feita em impugnação, à forma como são contabilizadas as operações, à não apresentação de instrumentos negociais que comprovassem a condição de real adquirente revelam que as operações foram por conta e ordem, corroborando a presunção do artigo 27 da Lei nº 10.637/2002. De outro giro, a HISTOGENE alega que a Lei nº 11.281/2006, por ter excluído a importação por conta e ordem da definição de importação por encomenda, elidira a acusação fiscal de fraude. Aparentemente, a alegação seria de que as operações eram por encomenda e não por conta e ordem, o que resultaria em erro na acusação. Ocorre que a própria lei e a IN SRF 634/06 definiram que a importação por encomenda não comporta o adiantamento de recursos, caso que deve ser considerada como por conta e ordem, ou seja, justamente o fundamento da acusação fiscal. Por fim, quanto à alegação de ausência de enquadramento legal quanto à responsabilidade por infrações, verificase que no Auto de Infração, efls. 926, consta a fundamentação no artigo 95 do Decretolei nº 37/1966, que expressamente dispõe: Art.95 Respondem pela infração: I conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática, ou dela se beneficie; [...] V conjunta ou isoladamente, o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso da importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) Restou demonstrado nas razões anteriormente expostas, que a recorrente é a real adquirente das mercadorias, por ter sido a encomendante e ter adiantado todos os recursos necessários à liquidação do câmbio, embora a documentação tenha sido produzida como se fossem importações diretas, escapando assim à equiparação a industrial para efeito de IPI, ao controle aduaneiro quanto à habilitação no comércio exterior e aos parâmetros de avaliação de risco, à sujeição aos procedimentos especiais para verificação da capacidade financeira. Neste sentido, citamse acórdãos deste Conselho: Acórdão nº 3201001.876: RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. OCULTAÇÃO DO REAL ADQUIRENTE DA MERCADORIA IMPORTADA. ART. 95, INCISO V, DO DL 37/66. Responde pela infração conjunta ou isoladamente, o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso da importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importador, nos termos previstos no art. 95, inciso V, do DecretoLei nº 37/66. Acórdão nº 3202001.610: Fl. 1878DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/03 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 12466.003152/201056 Acórdão n.º 3302003.058 S3C3T2 Fl. 22 21 LEGITIMIDADE DA AUTUAÇÃO. INFRAÇÃO. RESPONSABILIDADE Respondem pela infração conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática ou dela se beneficie, bem como o adquirente da mercadoria de procedência estrangeira, no caso da importação realizada por conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora. Acórdão nº 3403002.593: RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. IMPORTAÇÃO POR “CONTA E ORDEM” DE TERCEIRO. Diante do exposto, voto para dar provimento parcial ao recurso voluntário, exonerando os lançamentos relativos às DI´s registradas anteriormente a 06/12/2005. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 1879DF CARF MF Impresso em 07/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/03 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 05/03/2016 por RICARDO PAULO ROSA
score : 1.0
Numero do processo: 10880.722420/2013-69
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Jan 25 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Feb 23 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 3201-000.604
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o recurso em diligência nos termos do voto do relator. Compareceu à sessão de julgamento o(a) advogado(a) Ana Paula Lui, OAB/SP nº 175658.
Assinado digitalmente
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente.
Assinado digitalmente
Winderley Morais Pereira - Relator.
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Mércia Helena Trajano Damorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Winderley Morais Pereira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Tatiana Josefovicz Belisario e Cassio Shappo.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o recurso em diligência nos termos do voto do relator. Compareceu à sessão de julgamento o(a) advogado(a) Ana Paula Lui, OAB/SP nº 175658. Assinado digitalmente Charles Mayer de Castro Souza - Presidente. Assinado digitalmente Winderley Morais Pereira - Relator. Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Mércia Helena Trajano Damorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Winderley Morais Pereira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Tatiana Josefovicz Belisario e Cassio Shappo.
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o recurso em diligência nos termos do voto do relator. Compareceu à sessão de julgamento o(a) advogado(a) Ana Paula Lui, OAB/SP nº 175658. Assinado digitalmente Charles Mayer de Castro Souza Presidente. Assinado digitalmente Winderley Morais Pereira Relator. Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Mércia Helena Trajano Damorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Winderley Morais Pereira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Tatiana Josefovicz Belisario e Cassio Shappo. Relatório RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 80 .7 22 42 0/ 20 13 -6 9 Fl. 5DF CARF MF Impresso em 23/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 20/02/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA Processo nº 10880.722420/201369 Resolução nº 3201000.604 S3C2T1 Fl. 6 2 Trata o presente processo de cobrança referente a pedido de compensação não homologado, que originalmente estava apensado ao Processo Administrativo nº 12585.000.286/201069. O Processo Administrativo nº 12585.000.286/201069, foi julgado pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento, que manteve o despacho decisório negando os créditos pleiteados pela Recorrente. O contribuinte irresignado com as decisões da primeira instância, interpôs recurso voluntário, posteriormente os processos foram desapensados no CARF e distribuídos a este Relator para julgamento. A turma de julgamento ao analisar o Processo Administrativo nº 12585.000286/201069 resolveu converter o processo em diligência, que ainda encontrase pendente de realização pela Unidade de Origem. É o Relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator. A teor do relatado, o pedido de compensação controlado no presente processo referese aos créditos constantes do Processo Administrativo nº 12585.000286/201069, que encontrase em diligência para cumprimento de resolução deste conselho Entendo, que a desapensação do processo foi equivocada sendo necessário a sua juntada novamente ao Processo Administrativo nº 12585.000286/201069. Confirmando este entendimento, o novo Regimento Interno do CARF determina de forma expressa, que existindo conexão, os processo deverão ser vinculados para que o julgamento ocorra em conjunto. A determinação consta do art. 6º do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015. Art. 6º Os processos vinculados poderão ser distribuídos e julgados observandose a seguinte disciplina: § 1º Os processos podem ser vinculados por: I conexão, constatada entre processos que tratam de exigência de crédito tributário ou pedido do contribuinte fundamentados em fato idêntico, incluindo aqueles formalizados em face de diferentes sujeitos passivos; II decorrência, constatada a partir de processos formalizados em razão de procedimento fiscal anterior ou de atos do sujeito passivo Fl. 6DF CARF MF Impresso em 23/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 20/02/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA Processo nº 10880.722420/201369 Resolução nº 3201000.604 S3C2T1 Fl. 7 3 acerca de direito creditório ou de benefício fiscal, ainda que veiculem outras matérias autônomas; e III reflexo, constatado entre processos formaliza dos em um mesmo procedimento fiscal, com base nos mesmos elementos de prova, mas referentes a tributos distintos. § 2º Observada a competência da Seção, os processos poderão ser distribuídos ao conselheiro que primeiro recebeu o processo conexo, ou o principal, salvo se para esses já houver sido prolatada decisão. § 3º A distribuição poderá ser requerida pelas partes ou pelo conselheiro que entender estar prevento, e a decisão será proferida por despacho do Presidente da Câmara ou da Seção de Julgamento, conforme a localização do processo. § 4º Nas hipóteses previstas nos incisos II e III do § 1º , se o processo principal não estiver localizado no CARF, o colegiado deverá converter o julgamento em diligência para a unidade preparadora, para determinar a vinculação dos autos ao processo principal. § 5º Se o processo principal e os decorrentes e os reflexos estiverem localizados em Seções diversas do CARF, o colegiado deverá converter o julgamento em diligência para determinar a vinculação dos autos e o sobrestamento do julgamento do processo na Câmara, de forma a aguardar a decisão de mesma instância relativa ao processo principal. § 6º Na hipótese prevista no § 4º , se não houver recurso a ser apreciado pelo CARF relativo ao processo principal, a unidade preparadora deverá devolver ao colegiado o processo convertido em diligência, juntamente com as informações constantes do processo principal necessárias para a continuidade do julgamento do processo sobrestado. § 7º No caso de conflito de competência entre Seções, caberá ao Presidente do CARF decidir, provocado por resolução ou despacho do Presidente da Turma que ensejou o conflito. § 8º Incluemse na hipótese prevista no inciso III do § 1º os lançamentos de contribuições previdenciárias realizados em um mesmo procedimento fiscal, com incidências tributárias de diferentes espécies. (grifo nosso) Diante do exposto, voto no sentido de converter o processo em diligência para que a Unidade Preparadora providencie a apensação do presente processo ao Processo Administrativo nº 12585.000286/201069. Assinado digitalmente Winderley Morais Pereira Fl. 7DF CARF MF Impresso em 23/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 20/02/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA
score : 1.0
Numero do processo: 10680.014974/2003-73
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 08 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Wed Jan 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/1999 a 31/12/2002
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. FALTA DE ANÁLISE DO RECURSO DE OFÍCIO. OMISSÃO CONFIRMADA.
Comprovado que não houve a análise do recurso de ofício regularmente interposto, os embargos devem ser acolhidos para sanar a omissão.
AUTO DE INFRAÇÃO. PAGAMENTOS EFETUADOS.
Comprovado que foram efetuados pagamentos da Cofins, antes da lavratura do auto de infração, os lançamentos devem ser cancelados na proporção dos pagamentos confirmados.
Embargos Acolhidos.
Recurso de Ofício Negado.
Numero da decisão: 3301-002.690
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração sem efeitos infringentes. Recuso de ofício negado em votação unânime.
Andrada Márcio Canuto Natal - Presidente e relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrada Márcio Canuto Natal (presidente da turma), Franciso José Barroso Rios, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Jose Henrique Mauri, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Luiz Augusto do Couto Chagas, , Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/01/1999 a 31/12/2002 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. FALTA DE ANÁLISE DO RECURSO DE OFÍCIO. OMISSÃO CONFIRMADA. Comprovado que não houve a análise do recurso de ofício regularmente interposto, os embargos devem ser acolhidos para sanar a omissão. AUTO DE INFRAÇÃO. PAGAMENTOS EFETUADOS. Comprovado que foram efetuados pagamentos da Cofins, antes da lavratura do auto de infração, os lançamentos devem ser cancelados na proporção dos pagamentos confirmados. Embargos Acolhidos. Recurso de Ofício Negado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração sem efeitos infringentes. Recuso de ofício negado em votação unânime. Andrada Márcio Canuto Natal - Presidente e relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrada Márcio Canuto Natal (presidente da turma), Franciso José Barroso Rios, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Jose Henrique Mauri, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Luiz Augusto do Couto Chagas, , Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
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FALTA DE ANÁLISE DO RECURSO DE OFÍCIO. OMISSÃO CONFIRMADA. Comprovado que não houve a análise do recurso de ofício regularmente interposto, os embargos devem ser acolhidos para sanar a omissão. AUTO DE INFRAÇÃO. PAGAMENTOS EFETUADOS. Comprovado que foram efetuados pagamentos da Cofins, antes da lavratura do auto de infração, os lançamentos devem ser cancelados na proporção dos pagamentos confirmados. Embargos Acolhidos. Recurso de Ofício Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração sem efeitos infringentes. Recuso de ofício negado em votação unânime. Andrada Márcio Canuto Natal Presidente e relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrada Márcio Canuto Natal (presidente da turma), Franciso José Barroso Rios, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Jose Henrique Mauri, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Luiz Augusto do Couto Chagas, , Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 01 49 74 /2 00 3- 73 Fl. 1029DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 16/ 12/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10680.014974/200373 Acórdão n.º 3301002.690 S3C3T1 Fl. 1.030 2 Relatório Tratase de auto de infração para exigência da Cofins relativa ao período de janeiro de 1999 até dezembro de 2002. A autuação decorreu de insuficiência de recolhimento da contribuição conforme apurado no Termo de Verificação Fiscal de fls. 19/23. Apresentada a impugnação, a 1ª Turma da DRJ/Belo HorizonteMG, proferiu o Acórdão nº 5.158, de 19/01/2004, fls. 361/375, por meio do qual manteve a maior parte do auto de infração, porém afastou parte do lançamento em decorrência da localização de pagamentos de Cofins efetuados e não levados a efeito no auto de infração. Em razão desta exoneração parcial, apresentou recurso de ofício ao então Segundo Conselho de Contribuintes em face do disposto no art. 34 do Decreto nº 70.235/72. Por sua vez, o contribuinte apresentou tempestivamente recurso voluntário, fls. 389/423, o qual obteve julgamento pela 1ª Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes em Sessão de 03/12/2008, conforme Acórdão nº 20181652, fls. 558/567, relatoria do então Conselheiro Maurício Taveira e Silva, que recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA 0 FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/1999 a 31/12/2002 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Inexiste cerceamento do direito de defesa quando a contribuinte tern plena ciência dos fatos que lhe foram imputados. PROVAS DAS ALEGAÇÕES. Sob pena de preclusdo temporal, consoante art. 16, III, do Decreto n2 70.235/72, junto com as alegações trazidas na impugnação devem ser apresentadas as provas que visem modificar, impedir ou extinguir a pretensão fiscal. DESCONTOS INCONDICIONAIS. Só constituem exclusões da base de cálculo da contribuição os descontos concedidos de maneira incondicional, a teor do art. 3º, § 22, I, da Lei nº 9.718/98. INCONSTITUCIONALIDADE. DECISÃO DEFINITIVA DO STF. APLICAÇÃO. Decisão plenária definitiva do STF que tenha declarado a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 deve ser estendida aos julgamentos efetuados por este Conselho, de modo a excluir da base de cálculo do PIS e da Cofias as receitas que não decorram de seu faturamento. Recurso Voluntário Provido em Parte. Fl. 1030DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 16/ 12/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10680.014974/200373 Acórdão n.º 3301002.690 S3C3T1 Fl. 1.031 3 Tempestivamente, a Procuradoria da Fazenda Nacional apresentou embargos de declaração, fls. 571 em diante, para que fosse sanada omissão do referido acórdão, uma vez que não foram analisados o recurso de ofício apresentado pela autoridade julgadora a quo. Ao analisar referidos embargos, a 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento, acatouos, porém converteu o julgamento dos embargos em resolução para diligência, fls. 620/623. A conversão da diligência foi realizada nos seguintes termos: (...) Assim, embora seja justo o procedimento da autoridade julgadora de primeira instância em considerar os valores efetivamente pagos de Cofins, é possível que a contribuinte tenha se valido desses mesmos valores em procedimentos de compensação o que ensejaria a utilização em duplicidade desses pagamentos. Ademais, embora o julgador relator do voto condutor do acórdão mencione as fls. 45/48 e 177/192 do Anexo I, como sendo a origem dos dados apurados, ou seja, dos pagamentos efetuados pela contribuinte, a ausência de dados pormenorizados dificulta a conclusão quanto aos valores que ensejaram o demonstrativo acima terem sido corretamente considerados. Destarte, entendo haver procedência nos embargos, razão pela qual proponho sejam conhecidos e convertidos em diligencia a fim de que a Delegacia da Receita Federal — DRF de origem analise se os valores que ensejaram o demonstrativo acima foram corretamente considerados e se tais valores de fato não foram objeto de pedido ou declaração de restituição ou compensação. Na seqüência, o fiscal diligente deverá elaborar relatório pormenorizado e conclusivo das análises levadas a efeito e do seu reflexo no auto de infração. Posteriormente, a contribuinte deverá ser intimada para que, no prazo de trinta dias, caso entenda conveniente, apresente manifestação, somente quanto à matéria decorrente da diligência. Por fim, os autos do processo deverão ser encaminhados ao CARF, para julgamento. A diligência foi realizada e seu relatório de encerramento consta às fls. 780/781. Em resumo, do que se extrai das informações prestadas, todos os pagamentos considerados pela DRJ, foram confirmados pela DRF de origem. Cientificado do resultado da diligência, o contribuinte não se manifestou. É o relatório. Fl. 1031DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 16/ 12/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10680.014974/200373 Acórdão n.º 3301002.690 S3C3T1 Fl. 1.032 4 Voto Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal Conforme já declinado pela 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento, por ocasião da Resolução para diligência, houve realmente a omissão apontada nos embargos de declaração propostos pela Procuradoria da Fazenda Nacional. De fato, quando da edição do Acórdão nº 20181652, em 03/12/2008, a turma de julgamento deixou de se pronunciar a respeito do recurso de ofício interposto pela DRJ/Belo Horizonte. Portanto, passase a apreciar referido Recurso de Ofício. O recurso de ofício referese ao cancelamento parcial de lançamentos em função de pagamentos efetuados pelo contribuinte realizados antes da lavratura do auto de infração. Transcrevo abaixo um pequeno trecho da decisão: (...) Apesar de não alegado pelo contribuinte em sua peça impugnatória, em homenagem ao principio da verdade material, observase, analisandose os Demonstrativos de Situação Fiscal Apurada, que o fisco, embora tenha relacionado os pagamentos efetuados pelo contribuinte na coluna "Créditos Apurados" dos demonstrativos As fls. 45/48, não os levou em consideração no lançamento das diferenças devidas quando tais pagamentos eram superiores aos "Débitos Declarados". Dessa forma, o demonstrativo abaixo indica os períodos de apuração em que foram alterados os valores devidos a serem recolhidos pelo autuado, considerando os valores efetivamente pagos de Cofins (fls. 177/192 do Anexo I): (...) Ao realizar o início do exame do recurso de ofício, a 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento, entendeu prudente transformar o julgamento em diligência para que a autoridade administrativa de origem pudesse confirmar se os pagamentos foram efetivamente realizados e se não foram objetos de pedido de restituição ou compensação com outros débitos do contribuinte. O relatório da diligência confirma a existência dos pagamentos constatando que eles não foram objetos nem de restituição e nem de compensação. Portanto não há reparos a serem feitos na decisão de origem, sendo necessário negar provimento ao recurso de ofício. Desta forma, os embargos de declaração foram acatados sem efeitos infringentes. Andrada Márcio Canuto Natal Relator Fl. 1032DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 16/ 12/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10680.014974/200373 Acórdão n.º 3301002.690 S3C3T1 Fl. 1.033 5 Fl. 1033DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 16/ 12/2015 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL
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Numero do processo: 13855.721778/2012-99
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 15 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Wed Jan 20 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 04/07/2012
AUTO DE INFRAÇÃO. CFL 68. ART. 32, IV DA LEI Nº 8212/91.
Constitui infração às disposições inscritas no inciso IV do art. 32 da Lei n° 8212/91 a entrega de GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, seja em ralação às bases de cálculo, seja em relação às informações que alterem o valor das contribuições, ou do valor que seria devido se não houvesse isenção (Entidade Beneficente) ou substituição (SIMPLES, Clube de Futebol, produção rural), sujeitando o infrator à multa prevista na legislação previdenciária.
AUTO DE INFRAÇÃO. GFIP. CFL 68. ART. 32-A DA LEI Nº 8212/91. RETROATIVIDADE BENIGNA.
As multas decorrentes de entrega de GFIP com incorreções ou omissões foram alteradas pela Medida Provisória nº 449/2008, a qual fez acrescentar o art. 32-A à Lei nº 8.212/91.
Incidência da retroatividade benigna encartada no art. 106, II, c do CTN, sempre que a norma posterior cominar ao infrator penalidade menos severa que aquela prevista na lei vigente ao tempo da prática da infração autuada.
A impugnação deverá ser formalizada por escrito e mencionar os motivos de fato e de direito em que se fundamentar, bem como os pontos de discordância, e vir instruída com todos os documentos e provas que possuir, precluindo o direito de o impugnante fazê-lo em outro momento processual, salvo nas hipóteses taxativamente previstas na legislação previdenciária, sujeita a comprovação obrigatória a ônus do sujeito passivo.
RFFP. CABIMENTO.
A representação fiscal para fins penais relativa aos crimes contra a ordem tributária definidos nos arts. 1º e 2º da Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990, será encaminhada ao Ministério Público após proferida a decisão final, na esfera administrativa, sobre a exigência fiscal do crédito tributário correspondente.
CRÉDITO TRIBUTÁRIO. RESPONSABILIDADE PELO PAGAMENTO.
O Código Tributário Nacional imputou ao Contribuinte e/ou ao responsável tributário a obrigação pelo pagamento do tributo/penalidade pecuniária, conforme o caso, sem atribuir a este ou àquele a responsabilidade exclusiva.
AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. PENALIDADE PELO DESCUMPRIMENTO. PRINCÍPIO TEMPUS REGIT ACTUM.
As multas decorrentes do descumprimento de obrigação tributária principal foram alteradas pela Medida Provisória nº 449/2008, a qual deu nova redação ao art. 35 e fez acrescentar o art. 35-A à Lei nº 8.212/91.
Na hipótese de lançamento de ofício, por representar a novel legislação encartada no art. 35-A da Lei nº 8.212/91, inserida pela MP nº 449/2008, um tratamento mais gravoso ao sujeito passivo, inexistindo, antes do ajuizamento da respectiva execução fiscal, hipótese de a legislação superveniente impor multa mais branda que aquela então revogada, sempre incidirá ao caso o princípio tempus regit actum, devendo ser aplicada em cada competência a legislação pertinente à multa por descumprimento de obrigação principal vigente à data de ocorrência do fato gerador não adimplido.
Numero da decisão: 2302-002.720
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do colegiado, quanto à preliminar de decadência, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, com fulcro no artigo 150, §4º, do Código Tributário Nacional, para excluir do lançamento as competências até 07/2007, inclusive, vencidos o Conselheiro Relator e o Conselheiro André Luís Mársico Lombardi, que entenderam aplicar-se o artigo 173, I, do Código Tributário Nacional. O Conselheiro Leonardo Henrique Pires Lopes fará o voto divergente vencedor. Quanto ao mérito, por voto de qualidade, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, devendo a multa aplicada ser calculada considerando as disposições do art. 35, II, da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 9.876/99, para o período anterior à entrada em vigor da Medida Provisória nº 449/2008, ou seja, até a competência 11/2008, inclusive. Vencidos na votação os Conselheiros Leo Meirelles do Amaral, Fábio Pallaretti Calcini e Leonardo Henrique Pires Lopes, por entenderem que a multa aplicada deve ser limitada ao percentual de 20%, em decorrência das disposições introduzidas pela MP nº 449/2008 (art. 35 da Lei nº 8.212/91, na redação da MP nº 449/2008 c/c art. 61 da Lei nº 9.430/96). Ainda quanto ao mérito, os Conselheiros Leo Meirelles do Amaral, Fábio Pallaretti Calcini e Leonardo Henrique Pires Lopes acompanharam pelas conclusões. Quanto ao Auto de Infração de Obrigação Acessória - AIOA Código de Fundamento Legal 68, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário para que a multa seja calculada considerando as disposições do art. 32-A, inciso I, da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos
PRESIDENTE DA SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO NA DATA DA FORMALIZAÇÃO.
(assinado digitalmente)
Andrea Brose Adolfo
Relatora ad hoc na data da formalização.
(assinado digitalmente)
Marcelo Oliveira
Redator ad hoc na data da formalização.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: LIEGE LACROIX THOMASI (Presidente), LEO MEIRELLES DO AMARAL, ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, FABIO PALLARETTI CALCINI, ARLINDO DA COSTA E SILVA (Relator), LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES (Redator).
Nome do relator: ARLINDO DA COSTA E SILVA
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O Supremo Tribunal Federal, através da Súmula Vinculante n° 08, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/91, devendo, portanto, ser aplicadas as regras do Código Tributário Nacional. DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PAGAMENTO ANTECIPADO. Ocorrendo pagamento antecipado, como no presente caso, aplicase a regra decadencial expressa no § 4º, Art. 150 do Código Tributário Nacional (CTN). PRODUÇÃO DE PROVAS. MOMENTO PRÓPRIO. JUNTADA DE NOVOS DOCUMENTOS APÓS PRAZO DE DEFESA. REQUISITOS OBRIGATÓRIOS. A impugnação deverá ser formalizada por escrito e mencionar os motivos de fato e de direito em que se fundamentar, bem como os pontos de discordância, e vir instruída com todos os documentos e provas que possuir, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, salvo nas hipóteses taxativamente previstas na legislação previdenciária, sujeita a comprovação obrigatória a ônus do sujeito passivo. RFFP. CABIMENTO. A representação fiscal para fins penais relativa aos crimes contra a ordem tributária definidos nos arts. 1º e 2º da Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990, será encaminhada ao Ministério Público após proferida a decisão final, na esfera administrativa, sobre a exigência fiscal do crédito tributário correspondente. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. RESPONSABILIDADE PELO PAGAMENTO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 85 5. 72 17 78 /2 01 2- 99 Fl. 5098DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 2 O Código Tributário Nacional imputou ao Contribuinte e/ou ao responsável tributário a obrigação pelo pagamento do tributo/penalidade pecuniária, conforme o caso, sem atribuir a este ou àquele a responsabilidade exclusiva. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. PENALIDADE PELO DESCUMPRIMENTO. PRINCÍPIO TEMPUS REGIT ACTUM. As multas decorrentes do descumprimento de obrigação tributária principal foram alteradas pela Medida Provisória nº 449/2008, a qual deu nova redação ao art. 35 e fez acrescentar o art. 35A à Lei nº 8.212/91. Na hipótese de lançamento de ofício, por representar a novel legislação encartada no art. 35A da Lei nº 8.212/91, inserida pela MP nº 449/2008, um tratamento mais gravoso ao sujeito passivo, inexistindo, antes do ajuizamento da respectiva execução fiscal, hipótese de a legislação superveniente impor multa mais branda que aquela então revogada, sempre incidirá ao caso o princípio tempus regit actum, devendo ser aplicada em cada competência a legislação pertinente à multa por descumprimento de obrigação principal vigente à data de ocorrência do fato gerador não adimplido. ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 04/07/2012 AUTO DE INFRAÇÃO. CFL 68. ART. 32, IV DA LEI Nº 8212/91. Constitui infração às disposições inscritas no inciso IV do art. 32 da Lei n° 8212/91 a entrega de GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, seja em ralação às bases de cálculo, seja em relação às informações que alterem o valor das contribuições, ou do valor que seria devido se não houvesse isenção (Entidade Beneficente) ou substituição (SIMPLES, Clube de Futebol, produção rural), sujeitando o infrator à multa prevista na legislação previdenciária. AUTO DE INFRAÇÃO. GFIP. CFL 68. ART. 32A DA LEI Nº 8212/91. RETROATIVIDADE BENIGNA. As multas decorrentes de entrega de GFIP com incorreções ou omissões foram alteradas pela Medida Provisória nº 449/2008, a qual fez acrescentar o art. 32A à Lei nº 8.212/91. Incidência da retroatividade benigna encartada no art. 106, II, ‘c’ do CTN, sempre que a norma posterior cominar ao infrator penalidade menos severa que aquela prevista na lei vigente ao tempo da prática da infração autuada. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, quanto à preliminar de decadência, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, com fulcro no artigo 150, §4º, do Código Tributário Nacional, para excluir do lançamento as competências até 07/2007, inclusive, vencidos o Conselheiro Relator e o Conselheiro André Luís Mársico Fl. 5099DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13855.721778/201299 Acórdão n.º 2302002.720 S2C3T2 Fl. 3 3 Lombardi, que entenderam aplicarse o artigo 173, I, do Código Tributário Nacional. O Conselheiro Leonardo Henrique Pires Lopes fará o voto divergente vencedor. Quanto ao mérito, por voto de qualidade, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, devendo a multa aplicada ser calculada considerando as disposições do art. 35, II, da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 9.876/99, para o período anterior à entrada em vigor da Medida Provisória nº 449/2008, ou seja, até a competência 11/2008, inclusive. Vencidos na votação os Conselheiros Leo Meirelles do Amaral, Fábio Pallaretti Calcini e Leonardo Henrique Pires Lopes, por entenderem que a multa aplicada deve ser limitada ao percentual de 20%, em decorrência das disposições introduzidas pela MP nº 449/2008 (art. 35 da Lei nº 8.212/91, na redação da MP nº 449/2008 c/c art. 61 da Lei nº 9.430/96). Ainda quanto ao mérito, os Conselheiros Leo Meirelles do Amaral, Fábio Pallaretti Calcini e Leonardo Henrique Pires Lopes acompanharam pelas conclusões. Quanto ao Auto de Infração de Obrigação Acessória AIOA Código de Fundamento Legal 68, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário para que a multa seja calculada considerando as disposições do art. 32 A, inciso I, da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos PRESIDENTE DA SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO NA DATA DA FORMALIZAÇÃO. (assinado digitalmente) Andrea Brose Adolfo Relatora ad hoc na data da formalização. (assinado digitalmente) Marcelo Oliveira Redator ad hoc na data da formalização. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: LIEGE LACROIX THOMASI (Presidente), LEO MEIRELLES DO AMARAL, ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, FABIO PALLARETTI CALCINI, ARLINDO DA COSTA E SILVA (Relator), LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES (Redator). Fl. 5100DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 4 Relatório Conselheira Andrea Brose Adolfo Relatora designada ad hoc na data da formalização Para registro e esclarecimento, pelo fato do conselheir responsável pelo relatório ter deixado o CARF antes de sua formalização, fui designada AD HOC para fazêlo. Esclareço que aqui reproduzo o relato deixado pelo conselheiro nos sistemas internos do CARF, com as quais não necessariamente concordo. Feito o registro. Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008 Data da lavratura dos Auto de Infração: 04/07/2012. Data da ciência dos Auto de Infração: 04/07/2012. Tratase de Recurso Voluntário interposto em face de Decisão Administrativa de 1ª Instância proferida pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto/SP que julgou improcedentes as impugnações oferecidas pelos sujeitos passivos do crédito tributário lançado por intermédio dos Autos de Infração de Obrigação Principal nº 37.249.9660 e 37.249.9708, consistentes em contribuições previdenciárias a cargo da empresa, destinadas ao custeio da Seguridade Social, ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho e a Outras Entidades e Fundos, conforme descrito no Relatório Fiscal a fls. 3512/3556. Integra ainda o presente lançamento o crédito tributário lançado por intermédio do Auto de Infração nº 37.249.9694, decorrente do descumprimento de obrigação acessória prevista no inciso IV do art. 32 da Lei nº 8.212/91, lavrado em desfavor do Recorrente em virtude de este ter apresentado GFIP com dados não correspondentes a todos os fatos geradores de contribuições previdenciárias. CFL 68 Apresentar a empresa GFIP/GRFP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, seja em ralação às bases de cálculo, seja em relação às informações que alterem o valor das contribuições, ou do valor que seria devido se não houvesse isenção (Entidade Beneficente) ou substituição (SIMPLES, Clube de Futebol, produção rural) Art. 284, II na redação do Dec.4.729, de 09/06/2003. Fl. 5101DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13855.721778/201299 Acórdão n.º 2302002.720 S2C3T2 Fl. 4 5 Relata a Autoridade Lançadora que durante os procedimento de Fiscalização na empresa Indústria de Calçados Karlitos Ltda restou constatada a utilização das empresas Barpa Indústria & Comércio Ltda – ME (Barpa) e Amjore Corte e Pesponto de calçados Ltda (Amjore), ambas optantes do Simples (até 06/2007) e Simples Nacional (a partir de 07/2007), como interpostas pessoas, com a finalidade de abrigar a contratação formal de empregados para trabalharem, efetivamente, na empresa autuada, reduzindo, assim, os encargos previdenciários mediante a opção pelos regimes tributários simplificados. Dessarte, a Fiscalização considerou, com fundamento no princípio da primazia da realidade, que os empregados formalmente contratados pelas empresas Barpa e Amjore são, para fins previdenciários, segurados empregados da empresa autuada. Do lançamento, foram cientificados os sócios da autuada Srs. José Milton de Souza e Renato Maurício de Paula, conforme Termos de Responsabilidade Tributária a fls. 3557 e 3559, respectivamente. Irresignado com o supracitado lançamento tributário, o Autuado apresentou impugnação a fls. 3570/3640. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto/SP lavrou Decisão Administrativa textualizada no Acórdão nº 1438.976 – 9ª Turma da DRJ/Ribeirão Preto/SP, a fls. 4891/4908, julgando procedente o lançamento e mantendo o crédito tributário em sua integralidade. O Sujeito Passivo e os demais Responsáveis Tributários foram cientificados da decisão de 1ª Instância no dia 06/11/2012, conforme Avisos de Recebimento a fls. 4912, 4913 e 4914. Inconformado com a decisão exarada pelo órgão administrativo julgador a quo, o Autuado e seus sócios interpuseram recurso voluntário a fls. 3570/3640; 4916/4971 e 4975/5030, respaldando suas resistências ao lançamento em argumentação desenvolvida nas alegações que se vos seguem: · Decadência parcial; · Nulidade do Auto de Infração. Aduz que somente após a efetiva exclusão das empresas Barpa e Amjore do Simples, mediante contraditório e a ampla defesa exercidos com independência, é que o Fisco poderia autuar o Contribuinte como beneficiário da simulação; · Ausência de apropriação dos valores recolhidos ao Simples Nacional pelas empresas Barpa e Amjore; · Que há um acordo entre a autuada e o Ministério Público do Trabalho visando a impingir aos contratantes de serviços terceirizados maior responsabilidade sobre a contratação de tais serviços; Fl. 5102DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 6 · Que não houve a demonstração da existência dos elementos da relação empregatícia dos trabalhadores com a Autuada onerosidade, pessoalidade, habitualidade e subordinação; · Que as contratações questionadas não violam a súmula 331 do TST, porque os serviços eram altamente especializados; · Se insurge contra a formalização da Representação Fiscal para Fins Penais; · Que a manutenção da responsabilidade pessoal pelo débito sacramenta erro procedimental na lavratura dos Autos de Infração, em razão de a responsabilidade tributária prevista no art. 135, III do CTN ser incompatível com a manutenção da empresa Contribuinte no polo passivo; · Protesta pela produção ulterior de provas; Ao fim, requerem a desconstituição integral do lançamento. Relatados sumariamente os fatos relevantes. Fl. 5103DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13855.721778/201299 Acórdão n.º 2302002.720 S2C3T2 Fl. 5 7 Voto Vencido Conselheira Andrea Brose Adolfo Relatora ad hoc na data da formalização. Para registro e esclarecimento, pelo fato da conselheira responsável pelo voto ter deixado o CARF antes de sua formalização, fui designada AD HOC para fazêlo. Esclareço que aqui reproduzo integralmente as razões de decidir da então conselheira, constantes dos arquivos do CARF, com as quais não necessariamente concordo. Feito o registro. 1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE 1.1. DA TEMPESTIVIDADE O sujeito passivo e os demais Responsáveis Tributários foram válida e eficazmente cientificados da decisão recorrida no dia 06/11/2012. Havendo sido o recurso voluntário protocolado no dia 05 de dezembro do mesmo ano, há que se reconhecer a tempestividade do recurso interposto. Presentes os demais requisitos de admissibilidade do recurso, dele conheço. 2. DAS PRELIMINARES 2.1. DA DECADÊNCIA O Supremo Tribunal Federal, conforme entendimento exarado na Súmula Vinculante nº 8, em julgamento realizado em 12 de junho de 2008, reconheceu a inconstitucionalidade dos artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/91, nos termos que se vos seguem: Súmula Vinculante nº 8 “São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário”. Conforme estatuído no art. 103A da Constituição Federal, a Súmula Vinculante nº 8 é de observância obrigatória tanto pelos órgãos do Poder Judiciário quanto pela Administração Pública, devendo este Colegiado aplicála de imediato. Constituição Federal Fl. 5104DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 8 Art. 103A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. Afastada por inconstitucionalidade a eficácia das normas inscritas nos artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/91, urge serem seguidas as disposições relativas à matéria em relevo inscritas no Código Tributário Nacional – CTN e nas demais leis de regência. O instituto da decadência no Direito Tributário, malgrado respeitadas posições em sentido diverso, encontrase regulamentado no art. 173 do Código Tributário Nacional CTN, que reza ipsis litteris: Código Tributário Nacional CTN Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extinguese definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento. Conforme detalhadamente explicitado e fundamentado no Acórdão nº 2302 01.387 proferido nesta 2ª TO/3ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, na Sessão de 26 de outubro de 2011, nos autos do Processo nº 10240.000230/200865, convicto encontrase este Conselheiro de que, após a implementação do sistema GFIP/SEFIP, o lançamento das contribuições previdenciárias não mais se enquadra na sistemática de lançamento por homologação, mas, sim, na de lançamento por declaração, nos termos do art. 147 do CTN. Ocorre, todavia, que o entendimento majoritário esposado por esta 2ª Turma Ordinária, em sua escalação titular, se inclina à seguinte tese: Se nos lançamentos de ofício não restar demonstrado e comprovado qualquer recolhimento prévio de contribuições previdenciárias em favor das rubricas que compõem os levantamentos objeto do lançamento, aplicarseá o regime da decadência assentado no art. 173 do CTN. Nenhum outro. Nessas hipóteses, apenas mediante a deflagração de procedimento formal de fiscalização, nas dependências do sujeito passivo, tem condições a Administração Tributária de tomar conhecimento da ocorrência de fatos geradores de contribuições previdenciárias e de apurar a sua matéria tributável. Por outro viés, consoante o entendimento prevalecente neste Colegiado, em relação às rubricas em que reste comprovada a existência de recolhimentos antecipados, deve ser aplicado o preceito inscrito no parágrafo 4º do art. 150 do CTN, excluindose o crédito Fl. 5105DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13855.721778/201299 Acórdão n.º 2302002.720 S2C3T2 Fl. 6 9 tributário não pela decadência, mas, sim, pela homologação tácita, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Código Tributário Nacional CTN Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. §1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento. §2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito. §3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém, considerados na apuração do saldo porventura devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação. §4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Sujeitamse também ao regime referido no art. 173 do CTN os procedimentos administrativos de constituição de créditos tributários decorrentes do descumprimento de obrigações acessórias, uma vez que tais créditos tributários decorrem sempre de lançamento de ofício, jamais de lançamento por homologação, circunstância que afasta, peremptoriamente, a incidência do preceito tatuado no §4º do art. 150 do CTN. Cumpre ressaltar que a eventual extinção da obrigação tributária principal, por qualquer de suas modalidades, seja mediante pagamento seja em razão de homologação tácita do crédito tributário, não irradia efeitos sobre as obrigações tributárias acessórias, que ainda subsistem de observância obrigatória pelo Sujeito Passivo, até que sobrevenha a decadência. Anotese que o regime do lançamento por homologação, conforme expressamente consignado no caput do art. 150 do CTN, somente ocorre quanto aos tributos (obrigação tributária principal) cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, jamais quanto às penalidades pecuniárias decorrentes do descumprimento de obrigação tributária acessória, estas, sempre formalizadas mediante lançamento de ofício. De acordo com a compreensão majoritária da Turma, também se restam excluídos do regime previsto no art. 150 do CTN os lançamentos tributários decorrentes de dolo, fraude ou simulação perpetrada pelo Sujeito Passivo visando a supressão ou redução de contribuições previdenciárias, conforme expressamente consignado no §4º, in fine, do suso mencionado dispositivo legal. Fl. 5106DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 10 De outro eito, mas vinho de outra pipa, pelas razões expendidas nos autos do Processo Administrativo Fiscal referido nos parágrafos anteriores, entende este relator que o lançamento tributário encontrase perfeito e acabado na data de sua lavratura, representada pela assinatura da Autoridade Fiscal lançadora, figurando a ciência do contribuinte como atributo de publicidade do ato e condição de eficácia do lançamento perante o sujeito passivo, mas, não, atributo de sua existência. Nada obstante, o entendimento dominante nesta 2ª Turma Ordinária, em sua composição permanente, esposa a concepção de que a data de ciência do contribuinte produz, como um de seus efeitos, a demarcação temporal do dies a quo do prazo decadencial. Diante de tal cenário, o entendimento deste que vos relata mostrase isolado perante o Colegiado. Dessarte, em atenção aos clamores da eficiência exigida pela Lex Excelsior, curvome ao entendimento majoritário desta Corte Administrativa, em respeito à opinio iuris dos demais Conselheiros. No caso em apreciação, colhemos das provas e alegações presentes nos autos que, em favor da rubrica objeto do lançamento, não se houve por efetuado qualquer prévio recolhimento de contribuições previdenciárias. Tal circunstância nos é trazida não somente pela narrativa dos fatos, mas, também, pela verificação de que, no Discriminativo do Débito, não consta qualquer crédito a favor do Autuado. Aditese que os fatos geradores ora em trato houveramse por apurados mediante procedimento de caracterização de segurados empregados formalmente vinculados a interpostas pessoas optantes do SIMPLES, com fundamento no princípio da primazia da realidade sobre a forma, uma vez que se mostraram presentes, entre os trabalhadores e a Autuada, todos os elementos da condição de segurado empregado previstos no inciso I do art. 12 da Lei nº 8.212/91. Exsurge das provas dos autos que a Autuada utilizouse das empresas Barpa Indústria & Comércio Ltda – ME (Barpa) e Amjore Corte e Pesponto de calçados Ltda (Amjore), ambas optante do Simples (até 06/2007) e Simples Nacional (a partir de 07/2007), como interpostas pessoas, com a finalidade de contratar empregados com redução de encargos previdenciários decorrentes da opção pelos regimes tributários simplificados acima citados, circunstância que demonstra e comprova o elemento volitivo do Recorrente de suprimir/ reduzir tributo, não oferecendo tais fatos geradores à tributação, mediante omissão nas GFIP, conduta comissiva essa que representa, em tese, crime contra a ordem tributária, nos exatos termos dos artigos 1º, II e IV e 2º, I da Lei nº 8.137/90, contingência que, de per se, afasta a incidência do preceito inscrito no art. 150, §4º do CTN. Mediante tal conduta, o Autuado ardilosamente omitiu fatos geradores de contribuições previdenciárias da contabilidade, da folha de pagamento e das GFIP, ao mesmo tempo em que omitiu segurados obrigatórios do RGPS das folhas de pagamento e das GFIP também. Tal conclusão é corroborada pelo fato de a Fiscalização, em razão da conduta acima referida, haver formalizado, na mesma ação fiscal, a respectiva Representação Fiscal para Fins Penais, objeto do Processo Administrativo Fiscal nº 13855.722055/201215, representando os fatos ao órgão competente para a persecução criminal. Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990 Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: I omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias; Fl. 5107DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13855.721778/201299 Acórdão n.º 2302002.720 S2C3T2 Fl. 7 11 II fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal; III falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro documento relativo à operação tributável; IV elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber falso ou inexato; V negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento equivalente, relativa a venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada, ou fornecêla em desacordo com a legislação. Pena reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Parágrafo único. A falta de atendimento da exigência da autoridade, no prazo de 10 (dez) dias, que poderá ser convertido em horas em razão da maior ou menor complexidade da matéria ou da dificuldade quanto ao atendimento da exigência, caracteriza a infração prevista no inciso V. Art. 2° Constitui crime da mesma natureza: I fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar outra fraude, para eximirse, total ou parcialmente, de pagamento de tributo; II deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo ou de contribuição social, descontado ou cobrado, na qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deveria recolher aos cofres públicos; III exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte beneficiário, qualquer percentagem sobre a parcela dedutível ou deduzida de imposto ou de contribuição como incentivo fiscal; IV deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com o estatuído, incentivo fiscal ou parcelas de imposto liberadas por órgão ou entidade de desenvolvimento; V utilizar ou divulgar programa de processamento de dados que permita ao sujeito passivo da obrigação tributária possuir informação contábil diversa daquela que é, por lei, fornecida à Fazenda Pública. Pena detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Código Penal Brasileiro Art. 337A. Suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: (Incluído pela Lei nº 9.983/2000) I omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento de informações previsto pela legislação previdenciária segurados empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este equiparado que lhe prestem serviços; (Incluído pela Lei nº 9.983/2000) Fl. 5108DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 12 Nessas circunstâncias, somente pelo desenvolvimento de uma ação fiscal específica nas dependências da empresa em questão é que os fatos geradores objeto do presente lançamento poderiam ter sido apurados, evento que atrai à espécie a incidência do preceito inscrito no art. 173, I do CTN. Cumpre focalizar, neste comenos, a questão pertinente ao dies a quo do prazo decadencial relativo à competência dezembro de cada ano calendário. O art. 37 da Lei Orgânica da Seguridade Social prevê o lançamento de ofício de contribuições previdenciárias sempre que a fiscalização constatar o atraso total ou parcial no recolhimento das exações em apreço. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 37. Constatado o atraso total ou parcial no recolhimento de contribuições tratadas nesta Lei, ou em caso de falta de pagamento de benefício reembolsado, a fiscalização lavrará notificação de débito, com discriminação clara e precisa dos fatos geradores, das contribuições devidas e dos períodos a que se referem, conforme dispuser o regulamento. Parágrafo único. Recebida a notificação do débito, a empresa ou segurado terá o prazo de 15 (quinze) dias para apresentar defesa, observado o disposto em regulamento. De outro canto, o art. 30 do mesmo Diploma Legal, na redação vigente à época da ocorrência dos fatos geradores, estabelece como obrigação da empresa de recolher as contribuições previdenciárias a seu encargo e aquelas descontadas dos segurados obrigatórios do RGPS a seu serviço até o dia 02 do mês seguinte ao da competência. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de outras importâncias devidas à Seguridade Social obedecem às seguintes normas: (Redação dada pela Lei n° 8.620, de 5.1.93) I a empresa é obrigada a: a) arrecadar as contribuições dos segurados empregados e trabalhadores avulsos a seu serviço, descontandoas da respectiva remuneração; b) recolher o produto arrecadado na forma da alínea anterior, a contribuição a que se refere o inciso IV do art. 22, assim como as contribuições a seu cargo incidentes sobre as remunerações pagas, devidas ou creditadas, a qualquer título, aos segurados empregados, trabalhadores avulsos e contribuintes individuais a seu serviço, até o dia dois do mês seguinte ao da competência; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). No caso da competência dezembro, até que se expire o prazo para o recolhimento, digase, o dia 02 de janeiro do ano seguinte, não pode a autoridade administrativa proceder ao lançamento de oficio, eis que o sujeito passivo ainda não se Fl. 5109DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13855.721778/201299 Acórdão n.º 2302002.720 S2C3T2 Fl. 8 13 encontra em atraso com o adimplemento da obrigação principal. Tratase de concepção análoga ao o princípio da actio nata, impondose que o prazo decadencial para o exercício de um direito potestativo somente começa a fluir a contar da data em que o sujeito ativo dele detentor pode, efetivamente, exercêlo. Dessarte, a deflagração do aludido lançamento, referente ao mês de dezembro, somente pode ser perpetrada a contar do dia 03 de janeiro do ano seguinte. Nesse contexto, a contagem do prazo decadencial assentado no inciso I do art. 173 do CTN relativo à competência dezembro do ano xx somente terá início a partir de 1º de janeiro do ano xx + 2. Pacificando o entendimento acerca do assunto em realce, o Superior Tribunal de Justiça assentou em sua jurisprudência a interpretação que deve prevalecer, espancando definitivamente qualquer controvérsia ainda renitente, conforme dessai em cores vivas do julgado dos Embargos de Declaração nos Embargos de Declaração no Agravo Regimental no Recurso Especial nº 674.497, assim ementado: PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. RECOLHIMENTOS NÃO EFETUADOS E NÃO DECLARADOS. ART. 173, I, DO CTN. DECADÊNCIA. ERRO MATERIAL. OCORRÊNCIA. ACOLHIMENTO. EFEITOS MODIFICATIVOS. EXCEPCIONALIDADE. 1. Tratase de embargos de declaração opostos pela Fazenda Nacional objetivando afastar a decadência de créditos tributários referentes a fatos geradores ocorridos em dezembro de 1993. 2. Na espécie, os fatos geradores do tributo em questão são relativos ao período de 1º a 31.12.1993, ou seja, a exação só poderia ser exigida e lançada a partir de janeiro de 1994. Sendo assim, na forma do art. 173, I do CTN, o prazo decadencial teve início somente em 1º.1.1995, expirandose em 1º.1.2000. Considerando que o auto de infração foi lavrado em 29.11.1999, temse por não consumada a decadência, in casu. 3. Embargos de declaração acolhidos, com efeitos modificativos, para dar parcial provimento ao recurso especial. No caso vertente, o prazo decadencial relativo às obrigações tributárias nascidas na competência dezembro de 2006 tem seu dies a quo assentado no dia 1º de janeiro de 2008, o que implica dizer que a constituição do crédito tributário referente aos fatos geradores ocorridos nessa competência poderia ser objeto de lançamento até o dia 31 de dezembro de 2012, inclusive. Assim delimitadas as nuances materiais do lançamento, nesse específico particular, tendo sido a ciência dos Autos de Infração em debate realizada aos 04 dias do mês de julho de 2012, os efeitos o lançamento em questão alcançariam com a mesma eficácia constitutiva todas as obrigações tributárias exigíveis a contar da competência dezembro/2006, inclusive, nos termos do art. 173, I do CTN, excluídos os fatos geradores relativos ao 13º salário desse mesmo ano. Pelo exposto, consoante o entendimento majoritário deste Sodalício, sendo o período de apuração do crédito tributário ora em constituição de 01/01/2007 a 31/12/2008, não demanda áurea mestria concluir que todas as obrigações tributárias objeto do vertente Fl. 5110DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 14 lançamento decorrem de fatos geradores de contribuições previdenciárias ocorridos em competências ainda não atingidas pelo instituto da decadência tributária. 2.2. DA ALEGADA NULIDADE Advoga o Recorrente a nulidade dos Autos de Infração. Aduz que somente após a efetiva exclusão das empresas Barba e Amjore do Simples, mediante contraditório e a ampla defesa exercidos com independência, é que o Fisco poderia autuar o Contribuinte como beneficiário da simulação. Razão não lhe assiste, todavia. Em primeiro lugar, cabe esclarecer que a Fiscalização tributária não promoveu qualquer desenquadramento de pessoas jurídicas do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte. As empresas optantes do SIMPLES permanecem nessa mesma condição de antes, mantendo suas obrigações tributárias perante os fiscos federal, estadual e municipal, incidente sobre o seu faturamento, na forma prevista nas legislações de regência dos sistemas simplificados em realce. Em segundo lugar, é de se alertar que a fiscalização não desprezou qualquer situação jurídica, tampouco declarou a inexistência de vínculo empregatício entre os segurados objeto do presente lançamento e as empresas optantes ora em trato. O caso ora em estudo não trata, de forma alguma, da declaração de inexistência da relação laboral entre os empregados em realce com as empresas Barpa ou Amjore, tampouco da caracterização da existência de vínculo laboral destes com a Karlitos. Tratase, outrossim, a todo saber, da caracterização da condição de segurado empregado dos trabalhadores em tela com o seu real e efetivo ente patronal, esta sim, contida no portfolio de competências da Secretaria da Receita Federal do Brasil. No caso em apreço, durante os procedimentos de Fiscalização, os auditores da RFB constataram a presença ostensiva de todos os elementos caracterizadores da relação de segurado empregado previstos no inciso I do art. 12 da Lei nº 8.212/91, entre os trabalhadores abrangidos no presente lançamento e a empresa ora Autuada. Diante de tal quadro, com fundamento no permissivo encartado no Parágrafo Único do art. 116 do CTN, e mediante os procedimentos estabelecidos na Lei nº 8.212/91, procederam à desconsideração substancial dos atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária. Anotese que na formalização do presente lançamento, houvese por operada, tão somente, a desconsideração substancial dos atos simulados, mas não a desconstituição formal desses atos, os quais permanecem produzindo os seus efeitos típicos no mundo jurídico. O permissivo estampado no Parágrafo Único do art. 116 do CTN apenas excluiu, para fins exclusivamente de constituição do crédito previdenciário, os efeitos jurídicos dos atos simulados, na seara previdenciária, sem, no entanto, desconstituílos. Fl. 5111DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13855.721778/201299 Acórdão n.º 2302002.720 S2C3T2 Fl. 9 15 Por tais razões, revelase desnecessária a exclusão formal das empresas Barpa e Amjore do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte. A situação jurídica de tais empresas perante o SIMPLES permanece inalterada, malgrado o lançamento ora em debate, estando sujeitas, ainda, a todas as obrigações decorrentes da lei nº 9.317/96 e da Lei Complementar nº 123/2006. Daí a improcedência da alegação de Ausência de apropriação dos valores recolhidos ao Simples Nacional pelas empresas Barpa e Amjore. A uma, porque a titularidade de tais créditos é da Barpa e da Amjore, não podendo a Autuada realizar compensação de contribuições previdenciárias utilizandose de créditos de terceiros. A duas, porque os valores recolhidos pela Barpa e Amjore não se configuram como indevidamente recolhidos. A obrigação pelo recolhimento em foco decorre, exclusivamente, em razão das obrigações estatuídas na Lei nº 9.317/96 e na Lei Complementar nº 123/2006. Notese que o parágrafo segundo do art. 89 da Lei nº 8.212/91 dispõe que somente pode restituído ou compensado pela empresa, nas contribuições arrecadadas pelo INSS, o valor decorrente das contribuições previdenciárias incidentes sobre a remuneração paga ou creditada aos segurados a seu serviço e as incidentes sobre o saláriodecontribuição dos trabalhadores. As parcelas vertidas ao SIMPLES não têm como fatos geradores a remuneração paga ou creditada aos segurados a seu serviço, mas, sim, a receita bruta anual da empresa, de acordo com a faixa de enquadramento assentada na lei. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 11. No âmbito federal, o orçamento da Seguridade Social é composto das seguintes receitas: I receitas da União; II receitas das contribuições sociais; III receitas de outras fontes. Parágrafo único. Constituem contribuições sociais: a) as das empresas, incidentes sobre a remuneração paga ou creditada aos segurados a seu serviço; b) as dos empregadores domésticos; c) as dos trabalhadores, incidentes sobre o seu saláriode contribuição; Art.89. As contribuições sociais previstas nas alíneas “a”, “b” e “c” do parágrafo único do art. 11, as contribuições instituídas a título de substituição e as contribuições devidas a terceiros somente poderão ser restituídas ou compensadas nas hipóteses de pagamento ou recolhimento indevido ou maior que o devido, nos termos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. (...) §2º Somente poderá ser restituído ou compensado, nas contribuições arrecadadas pelo INSS, valor decorrente das Fl. 5112DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 16 parcelas referidas nas alíneas "a", "b" e "c" do parágrafo único do art. 11 desta Lei. Repisese que as contribuições vertidas ao Simples pelas empresas Barpa e Amjore independem do número, qualificação e remuneração dos segurados a elas formalmente vinculados, sendo exatamente o mesmo para um, dez, mil ou nenhum segurado. Daí a razão que motiva determinadas empresas a instituir, em nome de “laranjas” empresas optantes pelo regime simplificado em tela para abrigar, formalmente, o registro trabalhista de segurados de empresas não optantes, visando à excluirse da tributação incidente sobre a folha de salários. Não se deve olvidar que inexiste impedimento para que um trabalhador mantenha, concomitantemente, múltiplos e legítimos vínculos empregatícios com diversas empresas, sem que isso represente qualquer irregularidade. Decerto, a condição de segurado empregado não exige exclusividade com a empresa sujeito passivo da obrigação tributária, de molde que um mesmo trabalhador pode estar vinculado previdenciariamente, nessa condição, a duas ou mais empresas, ou ser segurado empregado em relação uma determinada entidade e segurado contribuinte individual em relação a outra distinta da primeira, e assim por diante ... No caso, a Fiscalização constatou a existência de vínculo material de segurado empregado entre os trabalhadores em tela e a Autuada, e procedeu ao lançamento das contribuições previdenciárias decorrentes desse vínculo, as quais, embora devidas, não haviam sido recolhidas na forma e nas épocas próprias. Nada mais. Assim, os recolhimentos efetuados pelas empresas Barpa e Amjore, na sistemática do Simples, não se prestam à Recorrente para fins de compensação em razão de não se configurarem como indevidos, não se consubstanciarem em créditos de titularidade da Recorrente e não se enquadrarem na hipótese de compensação/restituição assentada no art. 89 da Lei nº 8.212/91. Vencidas as preliminares, passamos ao exame do mérito. 3. DO MÉRITO Cumpre de plano assentar que não serão objeto de apreciação por este Colegiado as matérias não expressamente impugnadas pelo Recorrente, as quais serão consideradas como verdadeiras, assim como as matérias já decididas pelo Órgão Julgador de 1ª Instância não expressamente contestadas pelo sujeito passivo em seu instrumento de Recurso Voluntário, as quais se presumirão como anuídas pela Parte. Também não serão objeto de apreciação por esta Corte Administrativa as matérias substancialmente alheias ao vertente lançamento, eis que em seu louvor, no processo de que ora se cuida, não se houve por instaurado qualquer litígio a ser dirimido por este Conselho, assim como as questões arguidas exclusivamente nesta instância recursal, antes não oferecida à apreciação do Órgão Julgador de 1ª Instância, em razão da preclusão prevista no art. 17 do Decreto nº 70.235/72. Fl. 5113DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13855.721778/201299 Acórdão n.º 2302002.720 S2C3T2 Fl. 10 17 3.1. DOS FATOS GERADORES O Recorrente alega que não houve a demonstração da existência dos elementos da relação empregatícia dos trabalhadores com a Autuada onerosidade, pessoalidade, habitualidade e subordinação. Houve ! Muito embora semelhantes em alguns pequenos aspectos, as legislações trabalhista e previdenciária não se confundem. Tendo como assentada tal premissa, fácil é perceber que o segurado obrigatório do Regime Geral de Previdência Social RGPS qualificado com “segurado empregado” não é aquele definido no art. 3º da Consolidação das Leis do Trabalho CLT, mas, sim, a pessoa física especificamente conceituada para fins previdenciários no inciso I do art. 12 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, em seguimentos rememorados a seguir para facilitar a compreensão da questão posta em debate. Consolidação das Leis do Trabalho CLT Art. 3º Considerase empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. Parágrafo único. Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas: I como empregado: a) aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural à empresa, em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração, inclusive como diretor empregado; b) aquele que, contratado por empresa de trabalho temporário, definida em legislação específica, presta serviço para atender a necessidade transitória de substituição de pessoal regular e permanente ou a acréscimo extraordinário de serviços de outras empresas; c) o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado em sucursal ou agência de empresa nacional no exterior; d) aquele que presta serviço no Brasil a missão diplomática ou a repartição consular de carreira estrangeira e a órgãos a ela subordinados, ou a membros dessas missões e repartições, excluídos o não brasileiro sem residência permanente no Brasil e o brasileiro amparado pela legislação previdenciária do país da respectiva missão diplomática ou repartição consular; e) o brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior, em organismos oficiais brasileiros ou internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que lá domiciliado e Fl. 5114DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 18 contratado, salvo se segurado na forma da legislação vigente do país do domicílio; f) o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado em empresa domiciliada no exterior, cuja maioria do capital votante pertença a empresa brasileira de capital nacional; g) o servidor público ocupante de cargo em comissão, sem vínculo efetivo com a União, Autarquias, inclusive em regime especial, e Fundações Públicas Federais; (Alínea acrescentada pela Lei n° 8.647, de 13.4.93) i) o empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro em funcionamento no Brasil, salvo quando coberto por regime próprio de previdência social; (Incluído pela Lei nº 9.876, de 1999). j) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não vinculado a regime próprio de previdência social; (Incluído pela Lei nº 10.887, de 2004). II como empregado doméstico: aquele que presta serviço de natureza contínua a pessoa ou família, no âmbito residencial desta, em atividades sem fins lucrativos; Olhando com os olhos de ver, avulta que os conceitos de “empregado” e “segurado empregado” presentes nas legislações trabalhista e previdenciária, respectivamente, são plenamente distintos. Esta qualifica como “segurado empregado” não somente os trabalhadores tipificados como “empregados” na CLT, mas, também, outras categorias de laboristas. De outro eito, determinadas categorias de trabalhadores tidas como “empregados” pela CLT podem não ser qualificadas como segurados empregados para os fins colimados pela lei de custeio da Seguridade Social. Exemplo emblemático do que acabamos de expor é o caso dos empregados domésticos. Malgrado este trabalhador seja qualificado como empregado pela Consolidação Laboral, para a Seguridade Social, tal segurado não integra a categoria de “segurado empregado”, art. 12, I da Lei nº 8.212/91, mas, sim, a de “segurado empregado doméstico”, art. 12, II da Lei nº 8.212/91, uma classe absolutamente distinta da de “segurado empregado”, com regras de tributação distintas e completamente diversas daquelas aplicáveis aos “segurados empregados”. Dessarte, mostrase irrelevante para fins de custeio da seguridade social o conceito de “empregado” estampado na Consolidação das Leis do Trabalho. Prevalecerá, sempre, para tais fins, a conformação dos segurados obrigatórios abrigada nos incisos do art. 12 da Lei nº 8.212/91. Portanto, para os fins do custeio da Seguridade Social, serão qualificados como segurados empregados, e nessa qualidade se subordinando empregador e segurados às normas encartadas na Lei nº 8.212/91, as pessoas físicas que prestarem serviços de natureza urbana ou rural à empresa, aqui incluídos os órgãos públicos por força do art. 15 da Lei nº 8.212/91, em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração. Não se deve olvidar que, tal qual no ramo do Direito do Trabalho, aplicase igualmente no Direito Previdenciário o Princípio da Primazia da Realidade sobre a Forma, o Fl. 5115DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13855.721778/201299 Acórdão n.º 2302002.720 S2C3T2 Fl. 11 19 qual propugna que, havendo divergência entre a realidade das condições ajustadas numa determinada relação jurídica e as verificadas em sua execução, prevalecerá a realidade dos fatos sobre a formalidade dos atos. Havendo discordância entre o que ocorre na prática e o que está expresso em assentamentos públicos, documentos ou acordos, prevalece a realidade dos fatos. O que conta não é a qualificação contratual, mas a natureza das funções exercidas em concreto. No dizer de Américo Plá Rodrigues: “em matéria de trabalho importa o que ocorre na prática, mais do que aquilo que as partes hajam pactuado de forma mais ou menos solene, ou expressa, ou aquilo que conste em documentos, formulários e instrumentos de controle. Ou seja, o princípio da primazia da realidade significa que, em caso de discordância entre o que ocorre na prática e o que emerge de documentos ou acordos, devese dar preferência ao primeiro, isto é, ao que sucede no terreno dos fatos”. Em trabalho primoroso, Mauricio Godinho Delgado leciona que “No Direito do Trabalho devese pesquisar, preferentemente, a prática concreta efetivada ao longo da prestação de serviços, independentemente da vontade eventualmente manifestada pelas partes na respectiva relação jurídica. A prática habitual na qualidade de uso altera o contrato pactuado, gerando direitos e obrigações novos às partes contratantes, respeitada a fronteira da inalterabilidade contratual lesiva” (DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho, 2ª ed. São Paulo: LTr, 2003, p.207) . No caso sub examine, o auditor fiscal acusou a presença ostensiva dos elementos caracterizadores da relação de segurado empregado (reiterese, não a de vínculo empregatício, que é irrelevante ao caso), consubstanciados na prestação de serviço de natureza urbana ou rural à empresa, em caráter não eventual, sob subordinação jurídica do contratado pessoa física ao contratante e mediante remuneração. A não eventualidade encontrase patente não somente no prolongado período em que os trabalhadores prestaram serviços ao Recorrente, mas, sobretudo, pela espécie de serviços prestados, os quais são inerentes ao atuar típico da Empresa Notificada. Cumpre alertar que a sindicância da não eventualidade se apura mais em razão da atividade realizada pelo empregador do que pelo prazo de vigência do contrato de trabalho. Nessas circunstâncias, sendo o serviço contratado uma necessidade contínua da empresa, eis que inerente à sua atividade econômica, ou essencial ao desempenho satisfatório do objeto social da pessoa jurídica, caracterizada estará a não eventualidade do serviço, independentemente do prazo em que o serviço seja executado por cada trabalhador. O trabalho eventual é o trabalho esporádico, acidental, de curta duração, numa situação casual a qual não abraça as atividades permanentes da empresa. Se a utilização da força de trabalho é necessária para o atendimento dos objetivos da empresa, não se pode falar em trabalho eventual. Nesse sentido, a lição do mestre Délio Maranhão: "Desde que o serviço não excepcional ou transitório em relação à atividade do estabelecimento, não há que se falar em trabalho eventual." ( Instituições do Direito do Trabalho, Ed. Freitas Bastos, 6ª ed., vol. I, pag. 237). No caso em debate, os trabalhadores considerados como segurados empregados pela Fiscalização inseremse na dinâmica regular da empresa autuada, que Fl. 5116DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 20 necessita do trabalho por eles desempenhado para atender às obrigações contratuais com terceiros e às múltiplas demandas inerentes ao seu objetivo social. No que pertine à subordinação, esta tem que ser averiguada em seu aspecto jurídico, não apenas no hierárquico. O conceito geral de subordinação foi elaborado levandose em consideração a evolução social do trabalho, com sua consequente democratização, passando da escravidão e da servidão para o trabalho contratado, segundo a vontade das partes. Sob tal prisma, revelase inconteste que a subordinação jurídica é intrínseca a toda a prestação remunerada de serviços por pessoa física, seja a empresas, seja a outras pessoas físicas. A subordinação jurídica configurase como o elemento da relação contratual na qual a pessoa física contratada sujeita o exercício de suas atividades laborais à vontade do contratante, em contrapartida à remuneração paga por este àquele. Irradia de maneira nítida da subordinação jurídica a identificação de quem manda e de quem obedece; de quem remunera e de quem é remunerado, de quem determina o que fazer, como, quando e quanto e de quem executa o serviço de acordo com o parametrizado. Podemos identificar no conceito de subordinação jurídica duas vestes de uma mesma nudez: de um lado figura a faculdade do contratante de utilizarse da força de trabalho do contratado pessoa física, como um dos fatores da produção, sempre no interesse do empreendimento cujos riscos assumiu, e do outro, a obrigação do empregado de sujeitar a execução do seu serviço à direção do empregador, no poder de ordenar o que fazer e como fazêlo, dentro dos fins a que este se propõe a alcançar. Para Gomes e Gottschalk (in Curso de direito do trabalho, Rio de Janeiro, Forense, 2005, pag. 134), “todo contrato gera o que denomina de estado de subordinação do empregado, pois este deve sujeitarse aos critérios diretivos do empregador, suas disposições quanto ao tempo, modo e lugar da prestação do trabalho, bem como aos métodos de execução e modalidade próprios da empresa, da indústria e do comércio”. À vista dos ensinamentos colhidos na melhor doutrina, vislumbrase que a subordinação jurídica conformase como um estado de sujeição em que se coloca o trabalhador, por sua livre e espontânea vontade, diante do empregador, em virtude de um contrato de trabalho pelo qual ao contratante é dado o poder de dirigir a força de trabalho do empregado, seja manual ou intelectual, em troca de uma contraprestação remuneratória. Dessarte, havendo prestação remunerada de serviços por pessoa física, por mais autonomia que tenha o contratado na condução do serviço a ser prestado, presente sempre estará, em menor ou maior grau, a subordinação jurídica do contratado ao contratante. Como exemplo meramente ilustrativo, mesmo a contratação de renomado profissional para a elaboração de um Parecer a respeito de matéria de sua notória especialidade, mesmo aqui presente estará a subordinação jurídica, eis que o aludido Parecer deverá atender os objetivos e interesses do Contratante e ser elaborado no tempo e nas condições por este especificado, sob pena de não se consolidar o contrato laboral. A subordinação se revela às escancaras com o Recorrente em foco, que detém todo o poder de chefia, de comando de como, o quê, quando e quanto do serviço será executado, além do poder de dispensa do trabalhador, mesmo que pela via oblíqua e indireta das interpostas pessoas. Todos trabalham, efetivamente, objetivando atingir as metas determinadas pela Autuada, ordenados pelas normas da empresa. Fl. 5117DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13855.721778/201299 Acórdão n.º 2302002.720 S2C3T2 Fl. 12 21 A remuneração foi apurada diretamente dos lançamentos registrados nas folhas de pagamento, no período de janeiro/2007 a dezembro/2008, e reproduzidas nas planilhas anexas ao Relatório Fiscal. Nesse específico particular, mostrase alvissareiro destacar que a legislação previdenciária impinge ao Contribuinte o dever jurídico de registrar em suas folhas de pagamento, em títulos próprios da sua contabilidade e nas respectivas GFIP todos os fatos geradores de contribuições previdenciárias de sua responsabilidade. Por outro viés, o art. 33 da Lei nº 8.212/91 estatui que a apresentação deficiente de documentos/informações ou a constatação, pelo exame de documentos ou escrituração fiscal, de que a contabilidade não registra o movimento real de remuneração dos segurados a seu serviço, do faturamento e do lucro, constituemse motivos justos, bastantes, suficientes e determinantes para que a Fiscalização apure, mesmo que por aferição indireta da base de cálculo, as contribuições efetivamente devidas, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 32. A empresa é também obrigada a: I preparar folhas de pagamento das remunerações pagas ou creditadas a todos os segurados a seu serviço, de acordo com os padrões e normas estabelecidos pelo órgão competente da Seguridade Social; II lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições, o montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos; III – prestar à Secretaria da Receita Federal do Brasil todas as informações cadastrais, financeiras e contábeis de seu interesse, na forma por ela estabelecida, bem como os esclarecimentos necessários à fiscalização; IV declarar à Secretaria da Receita Federal do Brasil e ao Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço FGTS, na forma, prazo e condições estabelecidos por esses órgãos, dados relacionados a fatos geradores, base de cálculo e valores devidos da contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS ou do Conselho Curador do FGTS; Art.33. À Secretaria da Receita Federal do Brasil compete planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas a tributação, fiscalização, arrecadação, cobrança e recolhimento das contribuições sociais previstas no parágrafo único do art. 11, as contribuições incidentes a título de substituição e as devidas a outras entidades e fundos. (...) §3o Ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua apresentação deficiente, a Secretaria da Receita Federal do Brasil pode, sem prejuízo da penalidade cabível, lançar de ofício a importância devida, cabendo à empresa ou ao segurado o ônus da prova em contrário. Fl. 5118DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 22 (...) §6º Se, no exame da escrituração contábil e de qualquer outro documento da empresa, a fiscalização constatar que a contabilidade não registra o movimento real de remuneração dos segurados a seu serviço, do faturamento e do lucro, serão apuradas, por aferição indireta, as contribuições efetivamente devidas, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário. No caso presente, a contabilidade, as folhas de pagamento e as GFIP da Autuada mostraramse deficientes, em razão do não registro dos trabalhadores em realce que efetivamente lhe prestaram serviços no período de apuração, restando configurado que a contabilidade da Autuada não registrava o movimento real de remuneração dos segurados a seu serviço. Por tal razão, com fulcro no permissivo encartado nos §§3º e 6º do art. 33 da Lei de Custeio da Seguridade Social, as bases de cálculo houveramse por coletadas diretamente dos assentamentos registrados nas folhas de pagamento das interpostas pessoas. A pessoalidade, por derradeiro, tem sua caracterização realçada nos assentamentos das folhas de pagamento e das GFIP colhidas nas empresas interpostas, utilizadas como albergue da mão de obra utilizada pela Karlitos, que registram, nominalmente, um a um, todos os trabalhadores utilizados pela Autuada na execução dos serviços objeto da sua atividade empresarial, inexistindo nos autos qualquer elemento fático ou jurídico de convicção que possa desaguar na ilação de que tais trabalhadores, ao seu alvedrio único, exclusivo e próprio, e sem qualquer ingerência da empresa, pudesse se fazer substituir, na execução do serviço para o qual fora contratado, por outro trabalhador qualquer, mesmo que de idêntica capacitação. Corrobora, insofismavelmente, a natureza intuitu personae dos serviços pactuados, a circunstância de os pagamento salariais serem efetuados diretamente à conta pessoal do prestador de serviços pessoa física consignado nas folhas de pagamento. A resenha fiscal a fls. 3512/3556 é rica em detalhes acerca dos elementos de convicção que deságuam, inexoravelmente, na conclusão de que as empresas Barpa e Amjore foram criadas adrede visando a abrigar formalmente os operários da Recorrente, sob os benefícios do regime tributário garantido pelo SIMPLES, trabalhadores estes que permaneceram com suas atividades inalteradas, vinculados materialmente ao mesmo empregador e subordinados substancialmente aos mesmos mandantes. Quanto à empresa Barpa, a Fiscalização logrou demonstrar que: · O quadro social é constituído pelas esposas dos sócios da Autuada; · O imóvel que a empresa ocupava era alugado, constando no contrato como fiador o Sr. José Milton, sócio da Autuada, muito embora quem assine o contrato de locação como fiador seja a própria sócia Derli Alves B. Souza, e como testemunhas, os sócios da Autuada. · Na contabilidade da empresa não constam lançamentos referentes a pagamentos de aluguéis; · Não possui maquinário próprio. Os equipamentos da Barpa eram todos de propriedade da Autuada; Fl. 5119DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13855.721778/201299 Acórdão n.º 2302002.720 S2C3T2 Fl. 13 23 · Não consta na contabilidade da empresa despesas relacionadas à manutenção do maquinário, tampouco de alugueis, donde se conclui que o maquinário foi cedido gratuitamente; · No período de apuração do débito, os serviços foram prestados, exclusivamente, para a Autuada; · A responsabilidade pela transmissão das GFIP e pelo departamento de pessoal da empresa é da Sra. Elenir Rodrigues de Souza, empregada da Autuada; · Reclamatória trabalhista ajuizada por Elisângela Alves Pereira afirma ter sido contratada pela Barpa mas que trabalhava no estabelecimento industrial da Autuada; · São idênticos ou similares inúmeros carimbos utilizados pela Barpa e pela autuada; · As assinaturas constantes nos campos de alíquota de IPI, ICMS e Valor do IPI em notas fiscais da Barpa e da Autuada são idênticas; · Confusão patrimonial entre Autuada e a Barpa, na medida em que despesas desta eram quitadas com cheques daquela, contabilizando tais operações a débito da conta “caixa” e crédito da conta “banco” com o histórico “cheques emitidos no mês”. Por outro lado, a Barpa creditava a conta “caixa” a débito da conta “outras despesas”; · Inexistência de pagamentos referentes a despesas com telefone, na contabilidade da Barpa, sendo que as contas telefônicas referentes ao endereço desta empresa são emitidas em nome da Autuada; · As despesas relativas às contas de água da Barpa eram quitadas mediante débito automático na conta corrente da Autuada, porém não constam na contabilidade desta; · Os custos decorrentes dos exames médicos admissionais e demissionais da Barpa eram pagos pela Autuada; · As despesas referentes aos serviços de contabilidade da Barpa, executados pelo mesmo escritório contábil, eram pagas em conjunto com cheques da Autuada; · O resultado operacional da Barpa, nos exercícios de 2007 e 2008, oscilou entre pequenos lucros e prejuízos, de molde a não se efetuar distribuições de lucros. Isso porque a escrituração de uma receita bruta capaz de produzir lucro para distribuição poderia excluir a empresa do regime do Simples; · Diversas outras despesas da Barpa foram quitadas com cheques emitidos pela Autuada; Fl. 5120DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 24 · Os trabalhadores formalmente registrados na Barpa figuravam entre os beneficiários do contrato firmado pela Autuada com a Unimed, não constando na contabilidade da Barpa despesas referentes ao plano de saúde; · A Barpa foi incorporada pela Autuada quando, com o advento da Lei 12.546/2011, os fabricantes de calçados passaram a recolher a contribuição previdenciária não mais sobre a folha de pagamento, mas à alíquota de 1,5% sobre a receita bruta, o quê ocasionou a perda do objeto da simulação. No que pertine à empresa Amjore, apurou a Fiscalização que: · A Amjore tem como sócios os Srs. Amilton Coelho Pedregulho, José Milton de Souza e Renato Maurício de Paula. O nome empresarial é forma pelas iniciais dos sócios AMilton, JOse e REnato. · Não possui maquinário próprio. As 61 máquinas da Amjore foram cedidas gratuitamente pela Autuada, mediante acordo verbal. Não existe contrato de locação nem de comodato. · Não consta na contabilidade da empresa despesas relacionadas à manutenção do maquinário; · No período fiscalizado, a empresa prestou serviços exclusivamente à autuada; · A Sra. Laura Madalena Pedro Modesto ajuizou reclamatória trabalhista na qual alega que a autuada procedia à terceirização fraudulenta com o objetivo de diminuir seus encargos sociais: “Ocorre que a segunda Reclamada entrega parte de suas atividadesfim, qual seja, a de produção de calçados, para serem executadas pela primeira Reclamada, que é micro empresa, não tem condições de arcar com os encargos sociais, não tem idoneidade financeira e não dispõe de condições mínimas de manutenção de seus empregados. Com a terceirização fraudulenta, a segunda reclamada objetiva diminuir os seus encargos sociais e aumentar seus faturamentos”. · São idênticos ou similares inúmeros carimbos utilizados pela Amjore e pela autuada; · O Sr. Ademir Gabiatti, empregado da autuada, assinava documentos (notas fiscais) da Amjore; · Diversos empregados das duas empresas atuavam junto a fornecedores, indistintamente, causando confusão entre as empresas; · Diversos cheques emitidos pela Autuada foram utilizados para pagar despesas da Amjore, contabilizando tais operações a débito da conta “caixa” e crédito da conta “banco” com o histórico “cheques emitidos no mês”, já a Amjore creditava a conta “caixa” a débito da conta “outras despesas”; Fl. 5121DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13855.721778/201299 Acórdão n.º 2302002.720 S2C3T2 Fl. 14 25 · O resultado operacional da Amjore, nos exercícios de 2007 e 2008, oscilou entre pequenos lucros e prejuízos, de molde a não se efetuar distribuições de lucros. Isso porque a escrituração de uma receita bruta capaz de produzir lucro para distribuição poderia excluir a empresa do regime do Simples; · A Autuada fazia aportes financeiros em favor da Amjore em datas e valores próximos aos pagamentos dos empregados desta, porém, tais transferências não eram contabilizadas desta forma por ambas as empresas; · Os custos decorrentes dos exames médicos admissionais e demissionais da Amjore eram pagos pela Autuada; · As despesas referentes aos serviços de contabilidade da Amjore, executados pelo mesmo escritório contábil, eram pagas em conjunto com cheques da Autuada; · A Amjore possuía capital social de R$ 2.000,00, o que demonstra a incapacidade econômica e financeira para gerir o negócio; · Os trabalhadores da Amjore estavam entre os beneficiários do contrato firmado pela autuada com a Unimed. Avulta da narrativa dos fatos e das provas dos autos que as empresas Barpa e Amjore não possuíam autonomia operacional, administrativa e financeira para se autogerir, sendo totalmente dependentes da Autuada, tendo sido constituídas com a exclusiva finalidade de contratar e abrigar formalmente os empregados responsáveis pela execução da atividade empresarial da Autuada, visando assim à redução dos encargos previdenciários em virtude da opção pelo Simples ou Simples Nacional. Diante de tal quadro fático, não ressobram dúvidas quanto à unidade de comando e de desígnios concentrada no âmbito de direção da Calçados Karlitos, responsável por toda a articulação fictícia composta por empresas de fachada, constituídas em nome de laranjas (esposas dos sócios da Autuada) subordinadas à empresamãe, abrigando o registro formal de trabalhadores utilizados na execução da atividade fim da Autuada, além de outras ações arquitetadas com a finalidade única de dissimular e encobrir fatos geradores de contribuições previdenciárias. Sob o olhar realístico da primazia da realidade dos fatos sobre a forma dos atos, tais trabalhadores se apresentam como segurados empregados do Recorrente, e não das interpostas pessoas propositalmente constituídas para o registro formal dos contratos de trabalho. Ante tal panorama, a Fiscalização, corretamente, considerou os empregados formalmente registrados na Barpa e na Amjore como segurados empregados da Autuada, lançando em nome desta as contribuições previdenciárias devidas e não recolhidas, incidentes sobre as remunerações de tais segurados empregados, conforme valores constantes nas folhas de pagamento e GFIP das empresas Barpa e Amjore. Fl. 5122DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 26 Corrobora tal entendimento o fato de a empresa Barpa ter sido incorporada pela Autuada quando, com o advento da Lei 12.546/2011, os fabricantes de calçados passaram a recolher a contribuição previdenciária não mais sobre a folha de pagamento, mas à alíquota de 1,5% sobre a receita bruta, desaparecendo assim o proveito econômico com a simulação. As conclusões pautadas nos parágrafos precedentes não discrepam das vigílias assentadas no Enunciado nº 331 do Tribunal Superior do Trabalho, o qual impõe, na contratação de trabalhadores por interposta pessoa, o estabelecimento de vínculo empregatício do obreiro diretamente com o tomador dos serviços, eis que o verdadeiro empregador. Enunciado nº 331 do TST Contrato de Prestação de Serviços Legalidade I A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, formandose o vínculo diretamente com o tomador dos serviços, salvo no caso de trabalho temporário (Lei nº 6.019/74). (grifos nossos) II A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa interposta, não gera vínculo de emprego com os órgãos da administração pública direta, indireta ou fundacional (art. 37, II, da CF/1988). (Revisão do Enunciado nº 256 TST) III Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de serviços de vigilância (Lei nº 7.102, de 2006 1983), de conservação e limpeza, bem como a de serviços especializados ligados à atividademeio do tomador, desde que inexistente a pessoalidade e a subordinação direta. IV O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços, quanto àquelas obrigações, inclusive quanto aos órgãos da administração direta, das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e das sociedades de economia mista, desde que hajam participado da relação processual e constem também do título executivo judicial (art. 71 da Lei nº 8.666/93). (Alterado pela Res. 96/2000, DJ 18.09.2000) Para tais situações, o Parágrafo Único do art. 116 do CTN estatui expressamente a competência da autoridade administrativa para desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária. Código Tributário Nacional CTN Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considerase ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos: I tratandose de situação de fato, desde o momento em que o se verifiquem as circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios; II tratandose de situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente constituída, nos termos de direito aplicável. Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo Fl. 5123DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13855.721778/201299 Acórdão n.º 2302002.720 S2C3T2 Fl. 15 27 ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária. (Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001) No caso ora em foco, a lei ordinária nº 8.212/91 qualifica como segurado empregado a pessoa física que presta serviço de natureza urbana ou rural à empresa, em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração, inclusive como diretor empregado, e como segurado contribuinte individual, a pessoa física que presta serviço de natureza urbana ou rural, em caráter eventual, a uma ou mais empresas, sem relação de emprego. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas: I como empregado: a) aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural à empresa, em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração, inclusive como diretor empregado; b) aquele que, contratado por empresa de trabalho temporário, definida em legislação específica, presta serviço para atender a necessidade transitória de substituição de pessoal regular e permanente ou a acréscimo extraordinário de serviços de outras empresas; (...) V como contribuinte individual: (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). (...) g) quem presta serviço de natureza urbana ou rural, em caráter eventual, a uma ou mais empresas, sem relação de emprego; (Incluído pela Lei nº 9.876/99). (...) O mesmo Diploma Legal acima invocado estabelece obrigações tributárias principal e acessórias às empresas, decorrentes da prestação de serviços que lhe forem fornecidos por segurados empregados e por segurados contribuintes individuais, assim dispondo: Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: I vinte por cento sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços, destinadas a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços, nos termos Fl. 5124DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 28 da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa. (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). II para o financiamento do benefício previsto nos arts. 57 e 58 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, e daqueles concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, sobre o total das remunerações pagas ou creditadas, no decorrer do mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos: (Redação dada pela Lei nº 9.732/98). a) 1% (um por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante o risco de acidentes do trabalho seja considerado leve; b) 2% (dois por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado médio; c) 3% (três por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado grave. III vinte por cento sobre o total das remunerações pagas ou creditadas a qualquer título, no decorrer do mês, aos segurados contribuintes individuais que lhe prestem serviços; (Incluído pela Lei nº 9.876/99). No que pertine a procedimentos e competências, o art. 33 da Lei de Custeio da Seguridade Social outorgou à Secretaria da Receita Federal do Brasil a competência para planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas à tributação, à fiscalização, à arrecadação, à cobrança e ao recolhimento das contribuições sociais previdenciárias, das contribuições incidentes a título de substituição e das devidas a outras entidades e fundos, atribuindo aos seus auditores fiscais a prerrogativa de examinar a contabilidade das empresas, ficando obrigados a prestar todos os esclarecimentos e informações solicitados o segurado e os terceiros responsáveis pelo recolhimento das contribuições previdenciárias e das contribuições devidas a outras entidades e fundos. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 33. À Secretaria da Receita Federal do Brasil compete planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas à tributação, à fiscalização, à arrecadação, à cobrança e ao recolhimento das contribuições sociais previstas no parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições incidentes a título de substituição e das devidas a outras entidades e fundos. (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009). §1o É prerrogativa da Secretaria da Receita Federal do Brasil, por intermédio dos AuditoresFiscais da Receita Federal do Brasil, o exame da contabilidade das empresas, ficando obrigados a prestar todos os esclarecimentos e informações solicitados o segurado e os terceiros responsáveis pelo recolhimento das contribuições previdenciárias e das contribuições devidas a outras entidades e fundos. (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009). §2o A empresa, o segurado da Previdência Social, o serventuário da Justiça, o síndico ou seu representante, o comissário e o liquidante de empresa em liquidação judicial ou extrajudicial são obrigados a exibir todos os documentos e livros Fl. 5125DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13855.721778/201299 Acórdão n.º 2302002.720 S2C3T2 Fl. 16 29 relacionados com as contribuições previstas nesta Lei.(Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). §3o Ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua apresentação deficiente, a Secretaria da Receita Federal do Brasil pode, sem prejuízo da penalidade cabível, lançar de ofício a importância devida. (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009). §4o Na falta de prova regular e formalizada pelo sujeito passivo, o montante dos salários pagos pela execução de obra de construção civil pode ser obtido mediante cálculo da mão de obra empregada, proporcional à área construída, de acordo com critérios estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, cabendo ao proprietário, dono da obra, condômino da unidade imobiliária ou empresa corresponsável o ônus da prova em contrário. (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009). §5º O desconto de contribuição e de consignação legalmente autorizadas sempre se presume feito oportuna e regularmente pela empresa a isso obrigada, não lhe sendo lícito alegar omissão para se eximir do recolhimento, ficando diretamente responsável pela importância que deixou de receber ou arrecadou em desacordo com o disposto nesta Lei. §6º Se, no exame da escrituração contábil e de qualquer outro documento da empresa, a fiscalização constatar que a contabilidade não registra o movimento real de remuneração dos segurados a seu serviço, do faturamento e do lucro, serão apuradas, por aferição indireta, as contribuições efetivamente devidas, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário. §7º O crédito da seguridade social é constituído por meio de notificação de débito, autodeinfração, confissão ou documento declaratório de valores devidos e não recolhidos apresentado pelo contribuinte. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528/97). Ainda em relação aos procedimentos, o art. 37 da lei ordinária ora em realce estatui o poder/dever da fiscalização de lavrar ex officio o competente Auto de Infração, sempre que constatar o atraso total ou parcial no recolhimento de contribuições previdenciárias não declaradas nas GFIP correspondentes. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 37. Constatado o nãorecolhimento total ou parcial das contribuições tratadas nesta Lei, não declaradas na forma do art. 32 desta Lei, a falta de pagamento de benefício reembolsado ou o descumprimento de obrigação acessória, será lavrado auto de infração ou notificação de lançamento. (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009). Ainda tratando de procedimentos, o inciso IX do art. 30 do Pergaminho Previdenciário determina a identificação e o lançamento do crédito tributário constituído, em Fl. 5126DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 30 desfavor das empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza, em razão da responsabilidade solidária nele prevista. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de outras importâncias devidas à Seguridade Social obedecem às seguintes normas: (Redação dada pela Lei n° 8.620/93) (...) IX as empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza respondem entre si, solidariamente, pelas obrigações decorrentes desta Lei; Encontramse presentes, portanto, os elementos essenciais caracterizadores da condição de segurado empregado insculpidos no art. 12, I da Lei nº 8.212/91, circunstância que deságua, como consequência inafastável, na observância das normas de custeio inscritas no supracitado diploma legal. Repisese que inexiste óbice a que um trabalhador mantenha, concomitantemente, múltiplos e legítimos vínculos empregatícios com diversas empresas, sem que isso represente qualquer irregularidade. A todo saber, a condição de segurado empregado não exige exclusividade com a empresa sujeito passivo da obrigação tributária, de molde que um mesmo trabalhador pode estar vinculado previdenciariamente, nessa condição, a duas ou mais empresas, ou ser segurado empregado em relação uma determinada entidade e segurado contribuinte individual em relação a outra distinta da primeira, e assim por diante ... Aqui, a Autoridade Lançadora verificou a real existência de vínculo material de segurado empregado entre os trabalhadores em tela e a empresa ora Autuada e, por força de seu dever de ofício plenamente vinculado, procedeu ao lançamento das contribuições previdenciárias decorrentes desse vínculo, as quais, embora devidas, não foram devidamente recolhidas pelo Obrigado Legal, na forma e nas épocas próprias. Só. Não procede, por conseguinte, a alegação de que as contratações questionadas não violam a súmula 331 do TST, porque os serviços eram altamente especializados. A uma, porque o preceito da súmula 331 do TST invocado pelo Recorrente referese a “serviços especializados ligados à atividade meio”, enquanto que, aqui, a contratação irregular se deu na atividade fim da Autuada. A dois, por a especialização a que se refere o Verbete clamado alude à especialização acadêmica, o que não se configura no caso dos autos. A três, porque para que incida o preceito inscrito no inciso III da Súmula 331 do TST, é imperiosa a inexistência de pessoalidade e subordinação, elementos esses que, conforme já demonstrado, encontramse ostensivos no caso em debate. Como resultado, subsistem inabaladas as obrigações tributárias principais objeto dos Autos de Infração em apreço. Fl. 5127DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13855.721778/201299 Acórdão n.º 2302002.720 S2C3T2 Fl. 17 31 3.2. DA RESPONSABILIDADE PESSOAL DOS SÓCIOS. Pondera o Recorrente que a manutenção da responsabilidade pessoal dos sócios pelo débito sacramenta erro procedimental na lavratura dos Autos de Infração, em razão de a responsabilidade tributária prevista no art. 135, III do CTN ser incompatível com a manutenção da empresa Contribuinte no polo passivo. Sem razão. A pedra fundamental sobre a qual se edifica a doutrina atinente à responsabilidade tributária encontrase assentada na Constituição Federal de 1988, cujo art. 146, topograficamente inserido no capítulo reservado ao Sistema Tributário Nacional, fixou a competência da lei complementar para o estabelecimento de normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente, dentre outros, sobre fatos geradores, obrigação e crédito tributários, conforme se vos segue: Constituição Federal de 1988 Art. 146. Cabe à lei complementar: (...) III estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes; b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários; Bailando em sintonia com os tons alvissareiros orquestrados pelo Constituinte Originário, sob a batuta do seu regente Ulisses Guimarães, o art. 121 do CTN, em performance pa de deux normativa harmônica com o regramento acima ponteado, ao escolher os atores da obrigação tributária principal, reservou o papel do sujeito passivo à figura do contribuinte ou, a critério da lei, do responsável tributário. Código Tributário Nacional Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz se: I contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador; II responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei. Fl. 5128DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 32 Conforme consignado no Codex, a responsabilidade pelo adimplemento de um tributo pode recair ou sobre o Contribuinte, ou sobre o responsável tributário, indistintamente, inexistindo qualquer dispositivo legislativo que impeça, expressa ou implicitamente, que a sujeição passiva recaia, concomitantemente, sobre os dois, Contribuinte e Responsável Tributário. Imerso em tal contexto constitucional, o instituto da solidariedade alicerçou suas sapatas de escoramento no art. 124 do CTN, o qual reconheceu a existências de duas modalidades de solidariedade aplicáveis ao direito tributário, a saber, a solidariedade de fato, verificada entre as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal, e a solidariedade legal, a qual se avulta nas hipóteses taxativamente previstas na lei. Código Tributário Nacional CTN Art. 124. São solidariamente obrigadas: I as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; II as pessoas expressamente designadas por lei. Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem. Em ambos os casos acima ponteados, o CTN honrou estatuir que o instituto da solidariedade tributária não se confunde com o da subsidiariedade, eis que excluiu expressamente, de maneira peremptória, o beneficio de ordem. No caso do inciso II do art. 121 acima citado, o próprio inciso III do art. 135 da Lei nº 5.172/66 CTN estabelece, expressamente, a responsabilidade pessoal dos diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos, sem atribuir a estes caráter de exclusividade, tampouco excluindo do Contribuinte a responsabilidade pelo pagamento dos tributos ou penalidades pecuniárias. Código Tributário Nacional CTN Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: I as pessoas referidas no artigo anterior; II os mandatários, prepostos e empregados; III os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. Do exame e análise da legislação mencionada, constatase que o CTN atribuiu ao Contribuinte e ao responsável tributário a obrigação pelo pagamento do tributo/penalidade pecuniária, sem imputar a este ou àquele a responsabilidade exclusiva. Nessa perspectiva, onde o Legislador Infraconstitucional, podendo fazêlo, não dispôs de forma expressa, não pode o operador da lei restringir a sua interpretação, sob pena de violação aos princípios da reserva legal e da isonomia. Fl. 5129DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13855.721778/201299 Acórdão n.º 2302002.720 S2C3T2 Fl. 18 33 3.3. DA REPRESENTAÇÃO FISCAL PARA FINS PENAIS Se insurge o Recorrente contra a formalização da Representação Fiscal para Fins Penais. O art. 66 do Decretolei nº 3.688, de 3 de outubro de 1941 lei das contravenções penais – qualifica como “Omissão de Comunicação de Crime” o comportamento perpetrado por servidor público consistente na não comunicação à autoridade competente de conduta que represente, em tese, crime de ação pública, de que teve conhecimento no exercício de função pública. DECRETOLEI Nº 3.688 DE 3 DE OUTUBRO DE 1941 OMISSÃO DE COMUNICAÇÃO DE CRIME Art. 66. Deixar de comunicar à autoridade competente: I crime de ação pública, de que teve conhecimento no exercício de função pública, desde que a ação penal não dependa de representação; II crime de ação pública, de que teve conhecimento no exercício da medicina ou de outra profissão sanitária, desde que a ação penal não dependa de representação e a comunicação não exponha o cliente a procedimento criminal: Pena multa. Calcando nas mesmas teclas, o art. 16 da Lei nº 8.137/90, a qual define os crimes contra a ordem tributária, estatui que qualquer pessoa, aqui incluídos, por óbvio, os agentes públicos, poderá provocar a iniciativa do Ministério Público nos crimes descritos nessa lei, fornecendolhe por escrito informações sobre o fato e a autoria, bem como indicando o tempo, o lugar e os elementos de convicção. Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990 Art. 16. Qualquer pessoa poderá provocar a iniciativa do Ministério Público, nos crimes descritos nesta lei, fornecendo lhe por escrito informações sobre o fato e a autoria, bem como indicando o tempo, o lugar e os elementos de convicção. Parágrafo único. Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou coautoria, o coautor ou partícipe que através de confissão espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delituosa terá a sua pena reduzida de um a dois terços. (Parágrafo incluído pela Lei nº 9.080, de 19.7.1995) Nessa perspectiva, revelase a Representação Fiscal para Fins Penais – RFFP mera peça processual de informações, coletadas no curso da ação fiscal, a ser elaborada pelo agente público sempre que se deparar com conduta que represente, em tese, crime contra a ordem tributária, devendo conter, dentre outros elementos, exposição minuciosa do fato e os Fl. 5130DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 34 elementos caracterizadores do ilícito; indícios de prova material do ilícito ou qualquer outro documento sob suspeição que tenha sido apreendido no curso da ação fiscal; cópia autenticada do auto de infração e de termos fiscais lavrados; termos lavrados de depoimentos, declarações, perícias e outras informações obtidas de terceiros, utilizados para fundamentar a constituição do crédito tributário ou a apreensão de bens sujeitos à pena de perdimento; a qualificação completa das pessoas físicas responsáveis; a qualificação completa da pessoa ou das pessoas físicas a quem se atribua a prática do delito, mesmo que o fiscalizado seja pessoa jurídica; A identificação completa, se for o caso, da pessoa jurídica autuada, cópia dos contratos sociais e suas alterações, ou dos estatutos e atas das assembleias; qualificação completa das pessoas que possam ser arroladas como testemunhas; cópia das declarações de rendimentos, relativas ao período em que se apurou ilícito, da pessoa ou das pessoas físicas representadas e da pessoa jurídica envolvida, no caso de crime contra a ordem tributária; etc. No âmbito da legislação previdenciária, o art. 616 da IN SRP nº 3/2005 impõe ao auditor fiscal o dever funcional de formalizar a RFFP sempre que este, no exercício de suas atribuições institucionais, tiver conhecimento da ocorrência de comportamento omissivo ou comissivo que configure, em tese, crime de ação penal pública que não dependa de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça, bem como qualquer contravenção penal. Instrução Normativa SRP nº 3, de 14 de julho de 2005 Art. 616. Por disposição expressa no art. 66 do DecretoLei nº 3.688, de 1941 (Lei de Contravenções Penais), o AFPS formalizará RFFP sempre que, no exercício de suas funções internas ou externas, tiver conhecimento da ocorrência, em tese, de: I crime de ação penal pública que não dependa de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça; II contravenção penal. Parágrafo único. Considerase, nos termos do DecretoLei nº 3.914, de 1941 (Lei de Introdução ao Código Penal e à Lei de Contravenções Penais): I crime, a infração penal a que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; II contravenção, a infração penal a que a lei comina isoladamente pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente. Art. 617. São crimes de ação penal pública, dentre outros, os previstos nos arts. 15 e 16 da Lei nº 7.802, de 1989, alterada pela Lei nº 9.974, de 2000, nos arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº 8.137, de 1990, nos arts. 54 a 56, 60 e 61 da Lei nº 9.605, de 1998, e os a seguir relacionados, previstos no DecretoLei nº 2.848, de 1940 (Código Penal):(Revogado pela IN RFB nº 851, de 28 de maio de 2008) I homicídio culposo simples ou qualificado, com previsão nos §§ 3º e 4º do art. 121; II exposição ao risco, com previsão no art. 132; III a apropriação indébita previdenciária, com previsão no art. 168A; IV o estelionato, com previsão no art. 171; Fl. 5131DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13855.721778/201299 Acórdão n.º 2302002.720 S2C3T2 Fl. 19 35 V a falsificação de selo ou de sinal público, com previsão no art. 296; VI a falsificação de documento público, com previsão no art. 297; VII a falsificação de documento particular, com previsão no art. 298; VIII a falsidade ideológica, com previsão no art. 299; IX o uso de documento falso, com previsão no art. 304; X a supressão de documento, com previsão no art. 305; XI a falsa identidade, com previsão nos arts. 307 e 308; XII o extravio, a sonegação ou a inutilização de livro ou documento, com previsão no art. 314; XIII o emprego irregular de verbas ou rendas públicas, com previsão no art. 315; XIV a prevaricação, com previsão no art. 319; XV a violência arbitrária, com previsão no art. 322; XVI a resistência, com previsão no art. 329; XVII a desobediência, com previsão no art. 330; XVIII o desacato, com previsão no art. 331; XIX a corrupção ativa, com previsão no art. 333; XX a inutilização de edital ou de sinal, com previsão no art. 336; XXI a subtração ou a inutilização de livro ou de documento, com previsão no art. 337; XXII a sonegação de contribuição social previdenciária, com previsão no art. 337A. Art. 618. São contravenções penais, entre outras:(Revogado pela IN RFB nº 851, de 28 de maio de 2008) I recusar dados sobre a própria identidade ou qualificação, com previsão no art. 68 do Decretolei nº 3.688, de 1941 (Lei das Contravenções Penais); II deixar de cumprir normas de higiene e segurança do trabalho, com previsão no §2º do art. 19 da Lei nº 8.213, de 1991. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, apreciando pedido de concessão de liminar postulado na ADIn nº 1.571, proclamou que o art. 83 da Lei 9.430/96 não estipulou uma condição de procedibilidade da ação penal por delito tributário. Consignou o STF que tal dispositivo dirigiuse apenas a atos da administração fazendária, prevendo o momento em que a notitia criminis acerca de delitos contra a ordem tributária, descritos nos arts. 1º e 2º da Lei 8.137/90 deveriam ser encaminhada ao Ministério Público. (Informativo STF n. 64, 1728 mar. 97, p. 1 e 4). Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 Art. 83. A representação fiscal para fins penais relativa aos crimes contra a ordem tributária definidos nos arts. 1º e 2º da Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990, será encaminhada ao Ministério Público após proferida a decisão final, na esfera Fl. 5132DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 36 administrativa, sobre a exigência fiscal do crédito tributário correspondente. (grifos nossos) Parágrafo único. As disposições contidas no caput do art. 34 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, aplicamse aos processos administrativos e aos inquéritos e processos em curso, desde que não recebida a denúncia pelo juiz. Ao contrário do tipo penal previsto no art. 2º, I, da Lei 8.137/90, consoante clássica diferenciação, pertence à categoria denominada delito formal, isto é, descreve o resultado naturalístico (supressão de pagamento de tributo), mas não o exige para a consumação formal do delito, os delitos previstos no art. 1º da Lei 8.137/90 são qualificados como crimes materiais, havendo a necessidade de se aguardar a decisão administrativa, para somente então poder ser intentada a ação penal. Dessarte, não havendo Notificação Fiscal ou Auto de Infração válido e/ou definitivo, não se pode dar, em tese, por caracterizado o crime, nem sequer excogitar sua materialidade, pois o artigo 142 do CTN estatui ser competência privativa da autoridade administrativa a constituição do crédito tributário pelo lançamento; Por outro lado, o artigo 5º, inciso LV, da CF, garante, ademais, a todo e qualquer contribuinte o direito de impugnar o lançamento tributário; Ademais, o art. 34 da Lei 9.249/95 concede ao sujeito passivo a alternativa de pagar o tributo devido e seus acessórios antes da denuncia, para ver extinta a punibilidade dos crimes descritos nos artigos 1º e 2º da Lei n. 8.137/90; Nesse contexto, o Pretório Excelso, por maioria, acolheu e aprovou proposta de edição da Súmula Vinculante nº 24, com o seguinte teor: “Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no artigo 1º, inciso I, da Lei nº 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo”. Diante desse quadro, constituise dever funcional do auditor fiscal a elaboração, ainda no curso da ação fiscal, da Representação Fiscal para Fins Penais, sempre que, no exercício de suas atribuições institucionais, tiver conhecimento da ocorrência de comportamento omissivo ou comissivo que configure, em tese, crime de ação penal pública que não dependa de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça, bem como qualquer contravenção penal. No caso presente, a Fiscalização apurou conduta comissiva que representa, em tese, crime contra a ordem tributária nos termos dos artigos 1º e 2º da Lei nº 8.137/90. Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990 Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: I omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias; II fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal; III falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro documento relativo à operação tributável; IV elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber falso ou inexato; Fl. 5133DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13855.721778/201299 Acórdão n.º 2302002.720 S2C3T2 Fl. 20 37 V negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento equivalente, relativa a venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada, ou fornecêla em desacordo com a legislação. Pena reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Parágrafo único. A falta de atendimento da exigência da autoridade, no prazo de 10 (dez) dias, que poderá ser convertido em horas em razão da maior ou menor complexidade da matéria ou da dificuldade quanto ao atendimento da exigência, caracteriza a infração prevista no inciso V. Art. 2° Constitui crime da mesma natureza: I fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar outra fraude, para eximirse, total ou parcialmente, de pagamento de tributo; II deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo ou de contribuição social, descontado ou cobrado, na qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deveria recolher aos cofres públicos; III exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte beneficiário, qualquer percentagem sobre a parcela dedutível ou deduzida de imposto ou de contribuição como incentivo fiscal; IV deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com o estatuído, incentivo fiscal ou parcelas de imposto liberadas por órgão ou entidade de desenvolvimento; V utilizar ou divulgar programa de processamento de dados que permita ao sujeito passivo da obrigação tributária possuir informação contábil diversa daquela que é, por lei, fornecida à Fazenda Pública. Pena detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Além disso, os fatos geradores objeto do vertente lançamento, ora apurados pela Fiscalização em razão única da ação fiscal, sequer houveramse por declarados nas GFIP correspondentes, circunstância que demonstra e comprova o elemento volitivo do Recorrente de não as oferecer à tributação, mediante a omissão de tais fatos geradores nas GFIP, e, assim, suprimir/reduzir recolhimento das contribuições previdenciárias correspondentes. Reforça a percepção da existência de fraude à legislação tributária o fato de o Autuado ter se utilizado de interpostas pessoas, optantes do SIMPLES, constituídas em nome de parentes e sem autonomia operacional, administrativa e financeira para se autogerir, sendo totalmente dependentes da Autuada, para a contratação de trabalhadores utilizados na execução de sua atividade fim, Mediante tal conduta, o Autuado ardilosamente omitiu fatos geradores de contribuições previdenciárias da contabilidade, da folha de pagamento e das GFIP, ao mesmo tempo em que omitiu segurados obrigatórios do RGPS das folhas de pagamento e das GFIP correspondentes, do que resultou a supressão/omissão de contribuição social previdenciária, comportamento doloso que se configura, em tese, sonegação de contribuição previdenciária, capitulado no art. 337A do Código Penal Brasileiro. Fl. 5134DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 38 Código Penal Brasileiro Art. 337A. Suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: (Incluído pela Lei nº 9.983/2000) I omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento de informações previsto pela legislação previdenciária segurados empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este equiparado que lhe prestem serviços; (Incluído pela Lei nº 9.983/2000) A representação penal ora em debate, instruída com os elementos de prova e demais informações pertinentes, constituem de autos apartados – PAF nº 13855.722055/2012 15, e permanecerá sobrestada no âmbito da administração tributária até decisão definitiva na esfera administrativa que paute pela procedência total ou parcial do lançamento, quando, então, poderá ser encaminhada ao órgão do Ministério Público, para a devida instauração da persecução penal. Aditese, por derradeiro, que a súmula CARF nº 28, de observância obrigatória, exclui a competência deste Conselho para se pronunciar sobre controvérsias referentes a Processo Administrativo de Representação Fiscal para Fins Penais. Súmula CARF nº 28: O CARF não é competente para se pronunciar sobre controvérsias referentes a Processo Administrativo de Representação Fiscal para Fins Penais. Cumpre ressaltar, por relevante, que a prestação da RFFP ao Ministério Público não se consubstancia em hipótese de quebra de sigilo fiscal, conforme se depreende dos termos insculpidos no art. 198, §3º, I do CTN: Código Tributário Nacional CTN Art. 198. Sem prejuízo do disposto na legislação criminal, é vedada a divulgação, por parte da Fazenda Pública ou de seus servidores, de informação obtida em razão do ofício sobre a situação econômica ou financeira do sujeito passivo ou de terceiros e sobre a natureza e o estado de seus negócios ou atividades. (Redação dada pela Lcp nº 104, de 10.1.2001) (...) §3º Não é vedada a divulgação de informações relativas a: (Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001) I – representações fiscais para fins penais; (Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001) Assim esculpido o arcabouço legislativo/jurisprudencial, podemos afirmar inexistir qualquer irregularidade da formalização da RFFP em destaque, eis que o seu encaminhamento ao Ministério Público somente se dará após o Trânsito em Julgado administrativo dos Autos de Infração em litígio, mesmo assim, na estrita hipótese da procedência total ou parcial do lançamento levado a efeito pela Autoridade Lançadora. Fl. 5135DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13855.721778/201299 Acórdão n.º 2302002.720 S2C3T2 Fl. 21 39 3.4. DA PRODUÇÃO ULTERIOR DE PROVAS O Recorrente protesta pela produção ulterior de provas. A legislação tributária que rege o Processo Administrativo Fiscal aponta que o forum apropriado para a contradita aos termos do lançamento concentrase na fase processual da impugnação, cujo oferecimento instaura a fase litigiosa do procedimento. No âmbito do Ministério da Fazenda, a disciplina da matéria em relevo foi confiada ao Decreto nº 70.235/72, cujo art. 16 assinala, categoricamente, que o instrumento de bloqueio deve consignar os motivos de fato e de direito em que se fundamenta a defesa, os pontos de discordância, as razões e as provas que possuir. Mas não pára por aí: Impõe ao impugnante o ônus de instruir a peça de defesa com todas as provas documentais, sob pena de preclusão do direito de fazêlo em momento futuro, ressalvadas, excepcionalmente, as hipóteses taxativamente arroladas em seu parágrafo primeiro. Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. Art. 16. A impugnação mencionará: I a autoridade julgadora a quem é dirigida; II a qualificação do impugnante; III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) (grifos nossos) IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) V se a matéria impugnada foi submetida à apreciação judicial, devendo ser juntada cópia da petição. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) §1º Considerarseá não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) §2º É defeso ao impugnante, ou a seu representante legal, empregar expressões injuriosas nos escritos apresentados no processo, cabendo ao julgador, de ofício ou a requerimento do ofendido, mandar riscálas. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) Fl. 5136DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 40 §3º Quando o impugnante alegar direito municipal, estadual ou estrangeiro, provarlheá o teor e a vigência, se assim o determinar o julgador. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) §4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (grifos nossos) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) b) refirase a fato ou a direito superveniente; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) §5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (grifos nossos) §6º Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão nos autos para, se for interposto recurso, serem apreciados pela autoridade julgadora de segunda instância. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (grifos nossos) Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o disposto no art. 28, in fine. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) (grifos nossos) Avulta, nesse panorama jurídico, que o Recorrente não tem que protestar pela produção de provas documentais no processo administrativo fiscal. Tem sim, por disposição legal, que produzir as provas de seu direito, de forma concentrada, já em sede de impugnação, colacionadas juntamente na peça de defesa, sob pena de preclusão. Nos termos expressos da lei, a juntada de novos documentos no Processo Administrativo Fiscal depende de requerimento da parte interessada à autoridade julgadora do lançamento ou do recurso, mediante petição escrita na qual reste demonstrado, com fundamentos idôneos e comprovados, a impossibilidade de sua apresentação no momento próprio e oportuno, por motivo de força maior, ou que os documentos se refiram a fato ou a direito superveniente, ou ainda, que se destinem a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos, pesando em desfavor do Recorrente o ônus da devida comprovação. Nesse contexto, na hipótese de o Autuado não lograr comprovar efetivamente a ocorrência de qualquer das hipóteses autorizadoras previstas no aludido §5º do art. 16 do Fl. 5137DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13855.721778/201299 Acórdão n.º 2302002.720 S2C3T2 Fl. 22 41 citado Decreto nº 70.235/72, a autorização de juntada de novas provas ou a apreciação de documentos juntados em fase posterior à impugnação representaria, por parte deste Colegiado, negativa de vigência à Legislação tributária, providência que somente poderia emergir do Poder Judiciário. 3.5. DA MULTA PELO DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL FORMALIZADA MEDIANTE LANÇAMENTO DE OFÍCIO. Malgrado não tenha sido suscitada pelo Recorrente, a condição intrínseca de matéria de ordem pública nos autoriza a examinar, ex officio, a questão relativa ao regime jurídico aplicado ao cálculo da penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício. E para fincar os alicerces sobre os quais será erigida a opinio iuris que ora se escultura, atinese que o nomem iuris de um instituto jurídico não possui o condão de lhe alterar ou modificar sua natureza jurídica. JULIET: ”Tis but thy name that is my enemy; Thou art thyself, though not a Montague. What's Montague? it is nor hand, nor foot, Nor arm, nor face, nor any other part Belonging to a man. O, be some other name! What's in a name? that which we call a rose By any other name would smell as sweet; So Romeo would, were he not Romeo call'd, Retain that dear perfection which he owes Without that title. Romeo, doff thy name, And for that name which is no part of thee Take all myself”. William Shakespeare, Romeo and Juliet, 1600. A questão ora em apreciação trata de aplicação de penalidade pecuniária em decorrência do descumprimento de obrigação tributária principal formalizada mediante lançamento de ofício. Conforme já destacado anteriormente, vigora no Direito Tributário o princípio tempus regit actum, conforme expressamente estatuído pelo art. 144 do CTN, de modo que o lançamento tributário é regido pela lei vigente à data de ocorrência do fato gerador, ainda que posteriormente modificada ou revogada. Com efeito, o regramento legislativo relativo à aplicação de aplicação de penalidade pecuniária em decorrência do descumprimento de obrigação tributária principal, vigente à data inicial do período de apuração em realce, encontravase sujeito ao regime jurídico inscrito no art. 35 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Fl. 5138DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 42 Art. 35. Sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos: (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). a) oito por cento, dentro do mês de vencimento da obrigação; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). b) quatorze por cento, no mês seguinte; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). c) vinte por cento, a partir do segundo mês seguinte ao do vencimento da obrigação; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). II Para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento: a) vinte e quatro por cento, em até quinze dias do recebimento da notificação; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). b) trinta por cento, após o décimo quinto dia do recebimento da notificação; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). c) quarenta por cento, após apresentação de recurso desde que antecedido de defesa, sendo ambos tempestivos, até quinze dias da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). d) cinquenta por cento, após o décimo quinto dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, enquanto não inscrito em Dívida Ativa; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). III para pagamento do crédito inscrito em Dívida Ativa: a) sessenta por cento, quando não tenha sido objeto de parcelamento; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). b) setenta por cento, se houve parcelamento; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). c) oitenta por cento, após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido citado, se o crédito não foi objeto de parcelamento; (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). d) cem por cento, após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido citado, se o crédito foi objeto de parcelamento. (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). §1º Na hipótese de parcelamento ou reparcelamento, incidirá um acréscimo de vinte por cento sobre a multa de mora a que se refere o caput e seus incisos. §2º Se houver pagamento antecipado à vista, no todo ou em parte, do saldo devedor, o acréscimo previsto no parágrafo anterior não incidirá sobre a multa correspondente à parte do pagamento que se efetuar. §3º O valor do pagamento parcial, antecipado, do saldo devedor de parcelamento ou do reparcelamento somente poderá ser utilizado para quitação de parcelas na ordem inversa do vencimento, sem prejuízo da que for devida no mês de Fl. 5139DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13855.721778/201299 Acórdão n.º 2302002.720 S2C3T2 Fl. 23 43 competência em curso e sobre a qual incidirá sempre o acréscimo a que se refere o §1º deste artigo. §4º Na hipótese de as contribuições terem sido declaradas no documento a que se refere o inciso IV do art. 32, ou quando se tratar de empregador doméstico ou de empresa ou segurado dispensados de apresentar o citado documento, a multa de mora a que se refere o caput e seus incisos será reduzida em cinquenta por cento. (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). No caso vertente, o lançamento tributário sobre o qual nos debruçamos promoveu a constituição formal do crédito tributário, mediante lançamento de ofício consubstanciado no Auto de Infração de Obrigação Principal nº 37.354.5193, 37.354.5207 e 37.354.5215, referente a fatos geradores ocorridos nas competências de janeiro a dezembro/2008. Nessa perspectiva, tratandose de lançamento de ofício formalizado mediante os Autos de Infração de Obrigação Principal acima indicados a parcela referente à penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal há que ser dimensionalizada, no período anterior à vigência da MP nº 449/2008, de acordo com o critério de cálculo insculpido no inciso II do art. 35 da Lei nº 8.212/91, que prevê a incidência de penalidade pecuniária, aqui denominada “multa de mora”, variando de 24%, se paga até quinze dias do recebimento da notificação fiscal, até 50% se paga após o décimo quinto dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, hoje CARF, enquanto não inscrito em Dívida Ativa. Por outro viés, em se tratando de recolhimento a destempo de contribuições previdenciárias não incluídas em lançamentos Fiscais de ofício, ou seja, quando o recolhimento não for resultante de lançamento de ofício, o montante relativo à penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação tributária principal há que ser dimensionalizado, no horizonte temporal em relevo, em conformidade com a memória de cálculo assentada no inciso I do mesmo dispositivo legal acima mencionado, que estatui multa, aqui também denominada “multa de mora”, variando de oito por cento, se paga dentro do mês de vencimento da obrigação, até vinte por cento, a partir do segundo mês seguinte ao do vencimento da exação. Tal discrimen encontrase tão claramente consignado na legislação previdenciária que até o organismo cognitivo mais rudimentar em existência – o computador – consegue, sem margem de erro, com uma simples instrução IF – THEN – ELSE unchained, determinar qual o regime jurídico aplicável a cada hipótese de incidência: IF lançamento de ofício THEN art. 35, II da Lei nº 8.212/91 ELSE art. 35, I da Lei nº 8.212/91. Traduzindose do “computês” para o “juridiquês”, tratandose de lançamento de ofício, incide o regime jurídico consignado no inciso II do art. 35 da Lei nº 8.212/91. Ao Fl. 5140DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 44 revés, nas demais situações, tal como na hipótese de recolhimento espontâneo de contribuições previdenciárias em atraso, aplicase o regramento assinalado no Inciso I do art. 35 desse mesmo diploma legal. Com efeito, as normas jurídicas que disciplinavam a cominação de penalidades pecuniárias decorrentes do não recolhimento tempestivo de contribuições previdenciárias foram alteradas pela Medida Provisória nº 449/2008, posteriormente convertida na Lei nº 11.941/2009. Tais modificações legislativas resultaram na aplicação de sanções que se mostraram mais benéficas ao infrator no caso do recolhimento espontâneo a destempo pelo Obrigado, porém, mais severas para o sujeito passivo, no caso de lançamento de ofício, do que aquelas então derrogadas. Nesse panorama, a supracitada Medida Provisória, ratificada pela Lei nº 11.941/2009, revogou o art. 34 e deu nova redação ao art. 35, ambos da Lei nº 8.212/91, estatuindo que os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas “a”, “b” e “c” do parágrafo único do art. 11 da Lei nº 8.212/91, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, seriam acrescidos de multa de mora e juros de mora nos termos do art. 61 da Lei nº 9.430/96. Mas não parou por aí. Na sequência da lapidação legislativa, a mencionada Medida Provisória, ratificada pela Lei nº 11.941/2009, fez inserir no texto da Lei de Custeio da Seguridade Social o art. 35A que fixou, nos casos de lançamento de ofício, a aplicação de penalidade pecuniária, então batizada de “multa de ofício”, à razão de 75% sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição, verbis: Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 35. Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas ‘a’, ‘b’ e ‘c’ do parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009). Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009). Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) II de 50% (cinquenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) Fl. 5141DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13855.721778/201299 Acórdão n.º 2302002.720 S2C3T2 Fl. 24 45 a) na forma do art. 8o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; (Incluída pela Lei nº 11.488/2007) b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. (Incluída pela Lei nº 11.488/2007) §1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) I (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) II (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) III (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) IV (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) V (revogado pela Lei nº 9.716, de 26 de novembro de 1998). (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) §2o Os percentuais de multa a que se referem o inciso I do caput e o §1o deste artigo serão aumentados de metade, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para: (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) I prestar esclarecimentos; (Renumerado da alínea "a", pela Lei nº 11.488/2007) II apresentar os arquivos ou sistemas de que tratam os arts. 11 a 13 da Lei no 8.218, de 29 de agosto de 1991; (Renumerado da alínea "b", com nova redação pela Lei nº 11.488/2007) III apresentar a documentação técnica de que trata o art. 38 desta Lei. (Renumerado da alínea "c", com nova redação pela Lei nº 11.488/2007) §3º Aplicamse às multas de que trata este artigo as reduções previstas no art. 6º da Lei nº 8.218, de 29 de agosto de 1991, e no art. 60 da Lei nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991. §4º As disposições deste artigo aplicamse, inclusive, aos contribuintes que derem causa a ressarcimento indevido de tributo ou contribuição decorrente de qualquer incentivo ou benefício fiscal. Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. §1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subsequente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. Fl. 5142DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 46 §2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. §3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subsequente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Como visto, o regramento da penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação tributária principal a ser aplicada nos casos de recolhimento espontâneo feito a destempo e nas hipóteses de lançamento de ofício de contribuições previdenciárias que, antes da metamorfose legislativa promovida pela MP nº 449/2008, encontravamse acomodados em um mesmo dispositivo legal, citese, incisos I e II do art. 35 da Lei nº 8.212/91, nessa ordem, agora encontramse dispostos em separado, digase, nos artigos 61 e 44 da Lei nº 9.430/96, respectivamente, por força dos preceitos inscritos nos art. 35 e 35A da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 11.941/2009. Nesse novo regime legislativo, a instrução de seletividade invocada anteriormente passa a ser informada de acordo com o seguinte comando: IF lançamento de ofício THEN art. 35A da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 11.941/2009. ELSE art. 35 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 11.941/2009. Diante de tal cenário, a contar da vigência da MP nº 449/2008, a parcela referente à penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício há que ser dimensionalizada de acordo com o critério de cálculo insculpido no art. 35A da Lei nº 8.212/91, incluído pela MP nº 449/2008 e convertida na Lei nº 11.941/2009, que prevê a incidência de penalidade pecuniária, aqui referida pelos seus genitores com o nome de batismo de “multa de ofício”, calculada de acordo com o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Por outro viés, em se tratando de recolhimento a destempo de contribuições previdenciárias não resultante de lançamento de ofício, o montante relativo à penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação tributária principal há que ser dimensionalizado em conformidade com as disposições inscritas no art. 35 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela MP nº 449/2008 e convertida na Lei nº 11.941/2009, que estatui multa, aqui também denominada “multa de mora”, calculada de acordo com o disposto no art. 61 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Não demanda áurea mestria perceber que o nomem iuris consignado na legislação previdenciária para a penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício, que nas ordens do Ministério da Previdência Social recebeu a denominação genérica de “multa de mora”, art. 35, II da Lei nº 8.212/91, no âmbito do Ministério da Fazenda houvese por batizada com a singela Fl. 5143DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13855.721778/201299 Acórdão n.º 2302002.720 S2C3T2 Fl. 25 47 denominação de “multa de ofício”, art. 44 da Lei no 9.430/96 c.c. art. 35A da Lei nº 8.212/91, incluído pela MP nº 449/2008. Mas não se iludam, caros leitores ! Malgrado a diversidade de rótulos, as suas naturezas jurídicas são idênticas: penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício. No que pertine à penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal não incluída em lançamento de ofício, o título designativo adotado por ambas as legislações acima referidas é idêntico: “Multa de Mora”. Não carece de elevado conhecimento matemático a conclusão de que o regime jurídico instaurado pela MP nº 449/2008, e convertido na Lei nº 11.941/2009, instituiu uma apenação mais severa para o descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício (75%) do que o regramento anterior previsto no art. 35, II da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99 (de 24% a 50%), não havendo que se falar, portanto, de hipótese de incidência da retroatividade benigna prevista no art. 106, II, ‘c’ do CTN, durante a fase do contencioso administrativo. Código Tributário Nacional Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Conforme acima demonstrado, a penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício, antes do advento da MP nº 449/2008, encontravase disciplinada no inciso II do art. 35 da Lei nº 8.212/91. De outro eito, após o advento da MP nº 449/2008, a penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício passou a ser regida pelo disposto no art. 35A da Lei nº 8.212/91, incluído pela citada MP nº 449/2008. Ocorre que ao efetuar o cotejo de “multa de mora” (art. 35, II da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99) com “multa de mora” (art. 35 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela MP nº 449/2008), promoveuse data venia a comparação de nomem iuris com nomem iuris (multa de mora) e não de institutos de mesma natureza jurídica (penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício). O que o Recorrente pretende, de fato, é a efetiva aplicação retroativa de penalidade prevista para uma infração mais branda (multa pelo descumprimento de obrigação principal não inclusa em lançamento de ofício) para uma infração tributária mais severa (multa Fl. 5144DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 48 pelo descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício). Tal retroatividade não se coaduna com a hipótese prevista no art. 106, II, ‘c’ do CTN, a qual se circunscreve a penalidades aplicáveis a infrações tributárias de idêntica natureza jurídica, in casu, penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício. Lé com lé, cré com cré (Jurandir Czaczkes Chaves, 1967). Reiterese que não se presta o preceito inscrito no art. 106, II, ‘c’ do CTN para fazer incidir retroativamente penalidade menos severa cominada a uma infração mais branda para uma transgressão tributária mais grave, à qual lhe é cominado em lei, especificamente, castigo mais hostil, só pelo fato de possuir a mesma denominação jurídica (multa de mora), mas naturezas jurídicas distintas e diversas. Como visto, a norma tributária encartada no art. 35 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela MP nº 449/2008, c.c. art. 61 da Lei nº 9.430/96 só se presta para punir o descumprimento de obrigação principal não formalizada mediante lançamento de ofício. Nos casos de descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício, tanto a legislação revogada (art. 35, II da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99), quanto a legislação superveniente (art. 35A da Lei nº 8.212/91, incluído pela MP nº 449/2008, c.c. art. 44 da Lei no 9.430/96) preveem uma penalidade pecuniária específica, a qual deve ser aplicada em detrimento da regra geral, em atenção ao princípio jurídico lex specialis derogat generali, aplicável na solução de conflito aparente de normas. Nessa perspectiva, nos casos de lançamento de ofício, o cotejamento de normas tributárias para fins específicos de incidência da retroatividade benigna prevista no art. 106, II, ‘c’ do CTN somente pode ser efetivado, exclusivamente, entre a norma assentada no art. 35A da Lei nº 8.212/91, incluído pela MP nº 449/2008, c.c. art. 44 da Lei no 9.430/96 com a regra encartada no art. 35, II da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99, uma vez que estas tratam, especificamente, de penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício, ou seja, penalidades de idêntica natureza jurídica. Nesse contexto, vencidos tais prolegômenos, tratandose o vertente caso de lançamento de ofício de contribuições previdenciárias, o atraso objetivo no recolhimento de tais exações pode ser apenado de duas formas distintas, a saber: a) Tratandose de fatos geradores ocorridos antes da vigência da MP nº 449/2008: De acordo com a lei vigente à data de ocorrência dos fatos geradores, circunstância que implica a incidência de multa de mora nos termos do art. 35 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99, na razão variável de 24% a 50%, enquanto não inscrito em dívida ativa. b) Tratandose de fatos geradores ocorridos após a vigência da MP nº 449/2008: De acordo com a MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, que promoveu a inserção do art. 35A na Lei de Custeio da Seguridade Social, situação que importa na incidência de multa de ofício de 75%, salvo nos casos de sonegação, fraude ou conluio, em que tal percentual é duplicado. Fl. 5145DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13855.721778/201299 Acórdão n.º 2302002.720 S2C3T2 Fl. 26 49 Assim, em relação aos fatos geradores ocorridos nas competências anteriores a dezembro de 2008, exclusive, o cotejo entre as hipóteses acima elencadas revela que a multa de mora aplicada nos termos do art. 35, II da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99, sempre se mostrará menos gravoso ao contribuinte do que a multa de ofício prevista no art. 35A do mesmo Diploma Legal, inserido pela MP nº 449/2008, contingência que justifica a não retroatividade da Lei nº 11.941/2009, uma vez que a penalidade por ela imposta se revela mais ofensiva ao infrator. Dessarte, para os fatos geradores ocorridos até a competência novembro/2008, inclusive, o cálculo da penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício deve ser efetuado com observância aos comandos inscritos no inciso II do art. 35 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela lei nº 9.876/99. Na mesma hipótese especifica, para os fatos geradores ocorridos a partir da competência dezembro/2008, inclusive, a penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício deve ser calculada consoante a regra estampada no art. 35A da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 11.941/2009. O raciocínio acima delineado é válido enquanto não for ajuizada a correspondente ação de execução fiscal. Como se depreende do art. 35 da Lei n° 8.212/91, na redação da Lei nº 9.876/99, o valor da multa de mora decorrente de lançamento de ofício de obrigação principal é variável em função da fase processual em que se encontre o Processo Administrativo Fiscal de constituição do crédito tributário. De fato, encerrado o Processo Administrativo Fiscal e restando definitivamente constituído, no âmbito administrativo, o crédito tributário, não sendo este satisfeito espontaneamente pelo Sujeito Passivo no prazo normativo, tal crédito é inscrito em Dívida Ativa da União, pra subsequente cobrança judicial. Ocorre que, após o ajuizamento da execução fiscal, a multa pelo atraso no recolhimento de obrigação principal é majorada para 80% ou 100%, circunstância que torna a multa de ofício (75%) menos ferina, operandose, a partir de então, a retroatividade da lei mais benéfica ao infrator, desde que não tenha havido sonegação, fraude ou conluio. Assim, em relação aos fatos geradores ocorridos nas competências anteriores a dezembro/2008, exclusive, considerando a necessidade de se observar o preceito insculpido no art. 106, II, "c" do CTN concernente à retroatividade benigna, o novo mecanismo de cálculo da penalidade pecuniária decorrente da mora do recolhimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício trazido pela MP n° 449/08 deverá operar como um limitador legal do quantum máximo a que a multa poderá alcançar, in casu, 75%, mesmo que o crédito tributário seja objeto de ação de execução fiscal. Nestas hipóteses, somente irá se operar o teto de 75% caso não tenha havido sonegação, fraude ou conluio. Da conjugação das normas tributárias acima revisitadas concluise que, nos casos de lançamento de ofício de contribuições previdenciárias, a penalidade pecuniária pelo descumprimento da obrigação principal deve ser calculada de acordo com a lei vigente à data de ocorrência dos fatos geradores inadimplidos, conforme se vos segue: Fl. 5146DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 50 a) Para os fatos geradores ocorridos até novembro/2008, inclusive: A penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício deve ser calculada conforme a memória de cálculo exposta no inciso II do art. 35 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99, observado o limite máximo de 75%, desde que não estejam presentes situações de sonegação, fraude ou conluio, em atenção à retroatividade da lei tributária mais benigna inscrita no art. 106, II, ‘c’ do CTN. b) Para os fatos geradores ocorridos a partir de dezembro/2008, inclusive: A penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal formalizada mediante lançamento de ofício deve ser calculada de acordo com o critério fixado no art. 35A da Lei nº 8.212/91, incluído pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. 3.6. DO AUTO DE INFRAÇÃO CFL 68 Apesar de, também, não haver sido suscitada pelo Recorrente, a condição intrínseca de matéria de ordem pública nos autoriza a examinar, ex officio, a questão relativa à penalidade pecuniária aplicada à infração em exame, em honra ao preceito encartado no art. 106, II, ‘c’ do CTN. Conforme já salientado, vigora no Direito Tributário o princípio tempus regit actum, conforme expressamente estatuído pelo art. 144 do CTN, de modo que o lançamento tributário é regido pela lei vigente à data de ocorrência do fato gerador, ainda que posteriormente modificada ou revogada. Código Tributário Nacional CTN Art. 144. O lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. §1º Aplicase ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros. §2º O disposto neste artigo não se aplica aos impostos lançados por períodos certos de tempo, desde que a respectiva lei fixe expressamente a data em que o fato gerador se considera ocorrido. Nessa perspectiva, dispõe o código tributário, ad litteram, que o fato de a norma tributária haver sido revogada, ou modificada, após a ocorrência concreta do fato jurígeno imponível, não se constitui motivo legítimo, tampouco jurídico, para se desconstituir o crédito tributário correspondente. Fl. 5147DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13855.721778/201299 Acórdão n.º 2302002.720 S2C3T2 Fl. 27 51 O princípio jurídico suso invocado, no entanto, não é absoluto, sendo excepcionado pela superveniência de lei nova, nas estritas hipóteses em que o ato jurídico tributário, ainda não definitivamente julgado, deixar de ser definido como infração ou deixar de ser considerado como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo, ou ainda, quando a novel legislação lhe cominar penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Ocorre, no entanto, que as normas jurídicas que disciplinavam a cominação de penalidades decorrentes da não entrega de GFIP ou de sua entrega contendo incorreções foram alteradas pela Lei nº 11.941/2009, produto da conversão da Medida Provisória nº 449/2008. Tais modificações legislativas resultaram na aplicação de sanções que se mostraram mais benéficas ao infrator que aquelas então derrogadas. Nesse panorama, a supracitada Lei federal revogou os §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212/91, fazendo introduzir no bojo desse mesmo Diploma Legal o art. 32A, ad litteris et verbis: Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitar seá às seguintes multas: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no §3º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). (grifos nossos) §1º Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). §2º Observado o disposto no §3º deste artigo, as multas serão reduzidas: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação.(Incluído pela Lei nº 11.941/2009). §3 A multa mínima a ser aplicada será de: (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). Fl. 5148DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 52 I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos. (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). Originariamente, a conduta infracional consistente em apresentar GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores era punível com pena pecuniária correspondente a cem por cento do valor devido relativo à contribuição não declarada, limitada aos valores previstos no parágrafo 4º do art. 32 da Lei nº 8.212/91. A Medida Provisória nº 449/2009, convertida na Lei nº 11.941/2009, alterou a memória de cálculo da penalidade em tela, passando a impor a multa de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de dez informações incorretas ou omissas, mantendo inalterada a tipificação legal da conduta punível. A multa acima delineada será aplicada ao infrator independentemente de este ter promovido ou não o recolhimento das contribuições previdenciárias correspondentes, a teor do inciso I do art. 32A acima transcrito, fato que demonstra tratarse a ora discutida imputação, de penalidade administrativa motivada, unicamente, pelo descumprimento de obrigação instrumental acessória. Assim, a sua mera inobservância consubstanciase infração e implica a imposição de penalidade pecuniária, em atenção às disposições estampadas no art. 113, §3º do CTN. A Secretaria da Receita Federal do Brasil editou a IN RFB nº 1.027/2010, que assim dispôs em seu art. 4º: Instrução Normativa RFB nº 1.027, de 22/04/2010 Art. 4º A Instrução Normativa RFB nº 971, de 2009, passa a vigorar acrescida do art. 476A: Art. 476A. No caso de lançamento de oficio relativo a fatos geradores ocorridos: I até 30 de novembro de 2008, deverá ser aplicada a penalidade mais benéfica conforme disposto na alínea “c” do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 1966 (CTN), cuja análise será realizada pela comparação entre os seguintes valores: a) somatório das multas aplicadas por descumprimento de obrigação principal, nos moldes do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009, e das aplicadas pelo descumprimento de obrigações acessórias, nos moldes dos §§ 4º, 5º e 6º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009; e b) multa aplicada de ofício nos termos do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. II a partir de 1º de dezembro de 2008, aplicamse as multas previstas no art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º, 5º e 6º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo Fl. 5149DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13855.721778/201299 Acórdão n.º 2302002.720 S2C3T2 Fl. 28 53 descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. §2º A comparação de que trata este artigo não será feita no caso de entrega de GFIP com atraso, por se tratar de conduta para a qual não havia antes penalidade prevista. Óbvio está que os dispositivos selecionados encartados na IN RFN nº 1.027/2010 extravasaram o campo reservado pela CF/88 à atuação dos órgãos administrativos, que não podem ultrapassar o âmbito da norma legal que rege a matéria ora em relevo, tampouco inovar o ordenamento jurídico. Para os fatos geradores ocorridos antes da vigência da MP nº 449/2008, não vislumbramos existir motivo para serem somadas as multas por descumprimento da obrigação principal e com aquelas decorrentes da inobservância de obrigações acessórias, para, em seguida, se confrontar tal somatório com o valor da multa calculada segundo a metodologia descrita no art. 35A da Lei nº 8.212/1991, para, só então, se apurar qual a pena administrativa se revela mais benéfica ao infrator. Entendo que o exame da retroatividade benigna deve se adstringir ao confronto entre a penalidade imposta pelo descumprimento de obrigação acessória, calculada segundo a lei vigente à data de ocorrência dos fatos geradores e a penalidade pecuniária prevista na novel legislação pelo descumprimento da mesma obrigação acessória, não havendo que se imiscuir com a multa decorrente de lançamento de ofício de obrigação tributária principal. Lé com lé, cré com cré. A análise da lei mais benéfica não pode superar tais condições de contorno pois, como já afirmado alhures, tratase de obrigação acessória que é absolutamente independente de qualquer obrigação principal. Notese que o princípio tempus regit actum somente será afastado quando a lei nova cominar ao FATO PRETÉRITO, in casu, o descumprimento de determinada obrigação acessória, penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Dessarte, nos termos do CTN, para fins de retroatividade de lei nova, é incabível a comparação entre (a) o somatório das multas aplicadas por descumprimento de obrigação principal, nos moldes do art. 35 e das multas aplicadas pelo descumprimento de obrigações acessórias, nos moldes dos §§ 4º, 5º e 6º do art. 32, ambos da Lei nº 8.212/991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009; e (b) multa aplicada de ofício nos termos do art. 35A da Lei nº 8.212/91, acrescido pela Lei nº 11.941/2009, inexistindo regra de hermenêutica que nos autorize a extrair dos documentos normativos acima revisitados interpretação jurídica que admita a comparação entre a multa derivada do somatório previsto na alínea ‘a’ do inciso I do art. 476A da IN RFB nº 971/2009 e o valor da penalidade prevista na alínea ‘b’ do inciso I do mesmo dispositivo legislativo suso aludido, para fins de retroatividade de lei tributária mais benéfica. De outro eito, mas trigo de outra safra, o art. 97 do CTN estatui que somente a lei formal pode dispor sobre a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos e tratar de hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades. Fl. 5150DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 54 Código Tributário Nacional CTN Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: I a instituição de tributos, ou a sua extinção; II a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; III a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o disposto no inciso I do §3º do artigo 52, e do seu sujeito passivo; IV a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; V a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas; VI as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades. Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Mostrase flagrante que a alínea ‘a’ do inciso I do art. 476A da Instrução Normativa RFB nº 971/2009, acrescentado pela IN RFB nº 1.027/2010, é tendente a excluir, sem previsão de lei formal, penalidade pecuniária imposta pelo descumprimento de obrigação acessória nos casos em que a multa de ofício, aplicada pelo descumprimento de obrigação principal, for mais benéfica ao infrator. Tal hipótese não se enquadra, de forma alguma, na situação de retroatividade benigna prevista pelo art. 106, II, ‘c’ do CTN, pois emprega como parâmetros de comparação penalidades de natureza jurídica diversa, uma pelo descumprimento de obrigação principal e a outra, pelo de obrigação acessória. Há que se reconhecer que as penalidades acima apontadas são autônomas e independentes entre si, pois que a aplicação de uma não afasta a incidência da outra e vice versa. Nesse contexto, não se trata de retroatividade da lei mais benéfica, mas, sim, de dispensa de penalidade pecuniária estabelecida mediante Instrução Normativa, favor tributário que somente poderia emergir da lei formal, a teor do inciso VI, in fine, do art. 97 do CTN. É mister ainda destacar que o art. 35A da Lei nº 8.212/91, incluído pela Medida Provisória nº 449/2008, apenas se refere ao lançamento de ofício das contribuições previdenciárias previstas nas alíneas ‘a’, ‘b’ e ‘c’ do parágrafo único do art. 11 dessa mesma Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a outras entidades e fundos, não produzindo qualquer menção às penalidades administrativas Fl. 5151DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13855.721778/201299 Acórdão n.º 2302002.720 S2C3T2 Fl. 29 55 decorrentes do descumprimento de obrigação acessória, assim como não o faz o remetido art. 44 da Lei nº 9.430/96. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) II de 50% (cinquenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) a) na forma do art. 8o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; (Incluída pela Lei nº 11.488/2007) b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. (Incluída pela Lei nº 11.488/2007) § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) (...) § 2o Os percentuais de multa a que se referem o inciso I do caput e o § 1o deste artigo serão aumentados de metade, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para: (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) I prestar esclarecimentos; (Renumerado da alínea "a", pela Lei nº 11.488/2007) II apresentar os arquivos ou sistemas de que tratam os arts. 11 a 13 da Lei nº 8.218, de 29 de agosto de 1991; (Renumerado da alínea "b", com nova redação pela Lei nº 11.488/2007) III apresentar a documentação técnica de que trata o art. 38 desta Lei. (Renumerado da alínea "c", com nova redação pela Lei nº 11.488/2007) §3º Aplicamse às multas de que trata este artigo as reduções previstas no art. 6º da Lei nº 8.218, de 29 de agosto de 1991, e no art. 60 da Lei nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991. Fl. 5152DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 56 §4º As disposições deste artigo aplicamse, inclusive, aos contribuintes que derem causa a ressarcimento indevido de tributo ou contribuição decorrente de qualquer incentivo ou benefício fiscal. Assim, em virtude da total independência e autonomia entre as obrigações tributárias principal e acessória, o preceito inscrito no art. 35A da Lei nº 8.212/91, incluído pela MP nº 449/2008, não projeta qualquer efeito sobre os Autos de Infração lavrados em razão exclusiva de descumprimento de obrigação acessória associada às Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social. Uma vez que a penalidade pelo descumprimento de obrigação acessória encontrase prevista em lei, somente o Poder Legislativo dispõe de competência para dela dispor. A legislação complementar, na forma de Instrução Normativa emanada do Poder Executivo, é pai pequeno no terreiro, não podendo dispor autonomamente de forma contrária a diplomas normativos de mais graduada estatura na hierarquia do ordenamento jurídico, in casu, a lei formal, e assim extrapolar os limites de sua competência concedendo anistia para exclusão de crédito tributário, em flagrante violação às disposições insculpidas no §6º do art. 150 da CF/88, o qual exige lei em sentido estrito. Vislumbrase inaplicável, portanto, a referida IN RFB nº 1.027/2010, por ser flagrantemente ilegal. Como demonstrado, é possível a aplicação da multa isolada em GFIP, mesmo que o sujeito passivo haja promovido, tempestivamente, o exato recolhimento do tributo correspondente, conforme assentado no art. 32A da Lei nº 8.212/91. Nesse contexto, afastada por ilegalidade a norma estatuída pela IN RFB nº 1.027/2010, por representar a novel legislação encartada no art. 32A da Lei nº 8.212/91 um benefício ao contribuinte, verificase a incidência do preceito encartado na alínea ‘c’ do inciso II do art. 106 do CTN, devendo ser observada a retroatividade benigna, sempre que a multa decorrente da sistemática de cálculo realizada na forma prevista no art. 32A da Lei nº 8.212/91 cominar ao Sujeito Passivo uma penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da ocorrência da infração. Assim, tratandose o presente caso de hipótese de entrega de GFIP contendo informações incorretas ou com omissão de informações, deverá ser aplicada a penalidade prevista no inciso I do art. 32A da Lei nº 8.212/91, se e somente se esta se mostrar mais benéfica ao Recorrente. Por fim, o Recorrente alega haver um acordo entre a autuada e o Ministério Público do Trabalho visando a impingir aos contratantes de serviços terceirizados maior responsabilidade sobre a contratação de tais serviços. Tais acordos, todavia, não irradiam efeitos no presente lançamento, uma vez que não possuem força jurídica para derrogar as disposições emanadas diretamente da lei, especialmente quanto a fatos geradores, qualificação de segurados, sujeição passiva, simulação e fraude, dentre outras. 4. CONCLUSÃO: Fl. 5153DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13855.721778/201299 Acórdão n.º 2302002.720 S2C3T2 Fl. 30 57 Pelos motivos expendidos, CONHEÇO do Recurso Voluntário para, no mérito, DARLHE PROVIMENTO PARCIAL, devendo o cálculo da penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal formalizada mediante o Auto de Infração nº 37.249.9660 obedecer à lei vigente à data de ocorrência de cada fato gerador. Outrossim, a penalidade a ser aplicada ao sujeito passivo mediante o Auto de Infração nº 37.249.9694 deve ser recalculada, tomandose em consideração as disposições inscritas no art. 32A, I da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009, somente na estrita hipótese de o valor multa assim calculado se mostrar menos gravoso ao Recorrente, em atenção ao princípio da retroatividade benigna prevista no art. 106, II, ‘c’ do CTN. Foi assim que a conselheira votou na sessão de julgamento, conforme registro. (assinado digitalmente) Andrea Brose Adolfo Relatora ad hoc na data da formalização. Fl. 5154DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 58 Voto Vencedor Conselheiro Marcelo Oliveira Redator designado ad hoc na data da formalização. Para registro e esclarecimento, pelo fato dos conselheiros responsáveis pelos votos vencido e vencedor não mais integrarem o colegiado, fui designado AD HOC para redigir o voto vencedor. Portanto, utilizarei do resultado da ata para redigir o voto vencedor, com razões que não necessariamente concordo. Feito o registro. O Supremo Tribunal Federal, conforme entendimento sumulado, Súmula Vinculante de n º 8, no julgamento proferido em 12 de junho de 2008, reconheceu a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei n º 8.212 de 1991, nestas palavras: Súmula Vinculante nº 8“São inconstitucionais os parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário”. Conforme previsto no art. 103A da Constituição Federal, a Súmula de n º 8 vincula toda a Administração Pública, devendo este Colegiado aplicála. Art. 103A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. Uma vez não sendo mais possível a aplicação do art. 45 da Lei n º 8.212, há que serem observadas as regras previstas no Código Tributário Nacional (CTN). A decadência está arrolada como forma de extinção do crédito tributário no inciso V do art. 156 do CTN e decorre da conjugação de dois fatores essenciais: o decurso de certo lapso de tempo e a inércia do titular de um direito. Esses fatores resultarão, para o sujeito que permaneceu inerte, na extinção de seu direito material. Em Direito Tributário, a decadência está disciplinada no art. 173 e no art. 150, § 4º, do CTN (este último diz respeito ao lançamento por homologação). A decadência, no Direito Tributário, é modalidade de extinção do crédito tributário. Fl. 5155DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13855.721778/201299 Acórdão n.º 2302002.720 S2C3T2 Fl. 31 59 No período do lançamento foram considerados recolhimentos a homologar, efetuada pelas empresas, mesmo em regimes de tributação diferenciados, SIMPLES, que devem ser considerados para o cálculo da decadência, como demonstram os autos, o relatório fiscal e a decisão a quo. O lançamento por homologação implica pagamento pelo sujeito passivo antes de qualquer atividade ou notificação por parte da fazenda (pagamento antecipado). Feito esse pagamento, compete à Administração homologálo ou recusar a homologação. No caso de recusa da homologação, o Fisco deverá lançar, de ofício, como no presente processo, a diferença correspondente ao tributo que deixou de ser pago antecipadamente e os juros e penalidades cabíveis. Esse lançamento de ofício está expressamente determinado no Código Tributário Nacional (CTN): CTN: Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos: I. quando a lei assim o determine; Lei 8.212/1991: Art. 37. Constatado o atraso total ou parcial no recolhimento de contribuições tratadas nesta Lei, ou em caso de falta de pagamento de benefício reembolsado, a fiscalização lavrará notificação de débito, com discriminação clara e precisa dos fatos geradores, das contribuições devidas e dos períodos a que se referem, conforme dispuser o regulamento. Existe a possibilidade da Fazenda não se manifestar prontamente quanto ao pagamento efetuado antecipadamente pelo sujeito passivo. Este, evidentemente, não poderia permanecer indefinidamente à mercê da potencial manifestação do Fisco. Por isso, o CTN estabelece que, salvo prazo diverso previsto em lei, considerase feita a homologação e definitivamente extinto o crédito em cinco anos, contados do fato gerador. Esta extinção do crédito pela inércia da fazenda é denominada homologação tácita e sua principal conseqüência é impossibilitar a fazenda de rever de ofício o pagamento feito pelo sujeito passivo. CTN: Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. ... Fl. 5156DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 60 § 4º Se a lei não fixar prazo à homologação, será ele de 5 (cinco) anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Essa definição, sobre a aplicação da regara decadencial acima, possui amparo em decisões do Poder Judiciário. “Ementa: .... II. Somente quando não há pagamento antecipado, ou há prova de fraude, dolo ou simulação é que se aplica o disposto no art. 173, I, do CTN. ....” (STJ. REsp 395059/RS. Rel.: Min. Eliana Calmon. 2ª Turma. Decisão: 19/09/02. DJ de 21/10/02, p. 347.) ... “Ementa: .... Em se tratando de tributo sujeito a lançamento por homologação, a fixação do termo a quo do prazo decadencial para a constituição do crédito deve considerar, em conjunto, os arts. 150, § 4º, e 173, I, do Código Tributário Nacional. Na hipótese em exame, que cuida de lançamento por homologação (contribuição previdenciária) com pagamento antecipado, o prazo decadencial será de cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador. .... .... Somente quando não há pagamento antecipado, ou há prova de fraude, dolo ou simulação é que se aplica o disposto no art. 173, I, do CTN. ....” (STJ. EREsp 278727/DF. Rel.: Min. Franciulli Netto. 1ª Seção. Decisão: 27/08/03. DJ de 28/10/03, p. 184.) Vemos, portanto, que, no caso do lançamento por homologação, não ocorre exatamente decadência do direito de realizar essa modalidade de lançamento. O que ocorre é a extinção definitiva do crédito pelo instituto da homologação tácita a qual tem como conseqüência indireta a extinção do direito de rever de ofício o lançamento. Em síntese, a homologação tácita acarreta a decadência do direito da Fazenda realizar o lançamento de ofício relativo à diferença de eventual tributo que tenha deixado de ser pago e aos acréscimos legais a essa diferença. No presente processo, há apuração de contribuições no período compreendido entre as competências 01/2007 a 12/2008, e o lançamento foi efetuado em 07/2012. Portanto, devem ser excluídas do lançamento as contribuições apuradas até a competência 07/2007, anteriores a 08/2007, pois os recolhimentos que ocorreram nessas competências já estão homologados, segundo a legislação citada acima. Fl. 5157DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13855.721778/201299 Acórdão n.º 2302002.720 S2C3T2 Fl. 32 61 CONCLUSÃO: Por todo o exposto, dou provimento parcial ao recurso voluntário, a fim de, somente no que tange à decadência, excluir do lançamento as contribuições apuradas até a competência 07/2007, anteriores a 08/2007, na forma do voto. Foi assim que votou o conselheiro. (assinado digitalmente) Marcelo Oliveira Redator ad hoc na data da formalização Fl. 5158DF CARF MF Impresso em 20/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por ANDREA BROSE ADOLFO, Assinado digitalment e em 19/01/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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Numero do processo: 13502.000108/2009-30
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 04 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Mar 18 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2005, 2006, 2007
CSLL. COISA JUGADA. RENÚNCIA A INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA.
A matéria relativa aos efeitos da coisa julgada que declarou a inconstitucionalidade da Lei 7.689/88 não pode ser discutida administrativamente no presente caso, já que importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de mandado de segurança para assegurar os efeitos da coisa julgada em ação judicial anterior.
MULTA ISOLADA.
Multa Isolada. Falta ou Insuficiência de Recolhimento de Estimativas Mensais.
Estando o contribuinte amparado por medida judicial que lhe permite não recolher a CSLL e impede o Fisco de efetuar o lançamento, indevida é a exigência da multa isolada prevista no artigo 44, inciso II, da Lei nº 9.430/1996, posto que não presentes os pressupostos fáticos para sua exigência, inclusive a necessária base de cálculo. Lançamento de multa isolada que se cancela.
Numero da decisão: 1302-001.789
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, 1) Por maioria de votos, NEGAR CONHECIMENTO ao recurso voluntário relativamente à CSLL lançada, divergindo as Conselheiras Daniele Souto Rodrigues Amadio e Talita Pimenta Félix; 2) relativamente à exigência de multa isolada: 2.1) por unanimidade de votos, CONHECER do recurso voluntário; e 2.2) por maioria de votos, foi DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, vencido o Relator Conselheiro Alberto Pinto Souza Junior que negava provimento ao recurso voluntário, votando pelas conclusões da divergência as Conselheiras Daniele Souto Rodrigues Amadio e Edeli Pereira Bessa, e sendo designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Paulo Mateus Ciccone. Fez declaração de voto a Conselheira Edeli Pereira Bessa. Esteve presente à sessão de julgamento o Procurador da Fazenda Nacional Rodrigo Moreira Lopes. Ausente, justificadamente, a Conselheira Ana de Barros Fernandes Wipprich.
(assinado digitalmente)
Edeli Pereira Bessa - Presidente
(assinado digitalmente)
Alberto Pinto S. Jr Relator
(assinado digitalmente)
Paulo Mateus Ciccone - Redator designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edeli Pereira Bessa (Presidente), Alberto Pinto Souza Júnior, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Eduardo de Andrade, Paulo Mateus Ciccone, Rogério Aparecido Gil, Talita Pimenta Félix.
Nome do relator: ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, 1) Por maioria de votos, NEGAR CONHECIMENTO ao recurso voluntário relativamente à CSLL lançada, divergindo as Conselheiras Daniele Souto Rodrigues Amadio e Talita Pimenta Félix; 2) relativamente à exigência de multa isolada: 2.1) por unanimidade de votos, CONHECER do recurso voluntário; e 2.2) por maioria de votos, foi DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, vencido o Relator Conselheiro Alberto Pinto Souza Junior que negava provimento ao recurso voluntário, votando pelas conclusões da divergência as Conselheiras Daniele Souto Rodrigues Amadio e Edeli Pereira Bessa, e sendo designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Paulo Mateus Ciccone. Fez declaração de voto a Conselheira Edeli Pereira Bessa. Esteve presente à sessão de julgamento o Procurador da Fazenda Nacional Rodrigo Moreira Lopes. Ausente, justificadamente, a Conselheira Ana de Barros Fernandes Wipprich. (assinado digitalmente) Edeli Pereira Bessa - Presidente (assinado digitalmente) Alberto Pinto S. Jr Relator (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone - Redator designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edeli Pereira Bessa (Presidente), Alberto Pinto Souza Júnior, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Eduardo de Andrade, Paulo Mateus Ciccone, Rogério Aparecido Gil, Talita Pimenta Félix.
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Recorrente DETEN QUÍMICA S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2005, 2006, 2007 CSLL. COISA JUGADA. RENÚNCIA A INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. A matéria relativa aos efeitos da coisa julgada que declarou a inconstitucionalidade da Lei 7.689/88 não pode ser discutida administrativamente no presente caso, já que importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de mandado de segurança para assegurar os efeitos da coisa julgada em ação judicial anterior. MULTA ISOLADA. Multa Isolada. Falta ou Insuficiência de Recolhimento de Estimativas Mensais. Estando o contribuinte amparado por medida judicial que lhe permite não recolher a CSLL e impede o Fisco de efetuar o lançamento, indevida é a exigência da multa isolada prevista no artigo 44, inciso II, da Lei nº 9.430/1996, posto que não presentes os pressupostos fáticos para sua exigência, inclusive a necessária base de cálculo. Lançamento de multa isolada que se cancela. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, 1) Por maioria de votos, NEGAR CONHECIMENTO ao recurso voluntário relativamente à CSLL lançada, divergindo as Conselheiras Daniele Souto Rodrigues Amadio e Talita Pimenta Félix; 2) relativamente à exigência de multa isolada: 2.1) por unanimidade de votos, CONHECER do recurso voluntário; e 2.2) por maioria de votos, foi DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, vencido o Relator Conselheiro Alberto Pinto Souza Junior que negava provimento ao recurso voluntário, votando pelas conclusões da divergência as Conselheiras Daniele Souto Rodrigues Amadio e Edeli Pereira Bessa, e sendo designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 50 2. 00 01 08 /2 00 9- 30 Fl. 3028DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/0 3/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por EDELI PEREIRA BESSA 2 Paulo Mateus Ciccone. Fez declaração de voto a Conselheira Edeli Pereira Bessa. Esteve presente à sessão de julgamento o Procurador da Fazenda Nacional Rodrigo Moreira Lopes. Ausente, justificadamente, a Conselheira Ana de Barros Fernandes Wipprich. (assinado digitalmente) Edeli Pereira Bessa Presidente (assinado digitalmente) Alberto Pinto S. Jr –Relator (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Redator designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edeli Pereira Bessa (Presidente), Alberto Pinto Souza Júnior, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Eduardo de Andrade, Paulo Mateus Ciccone, Rogério Aparecido Gil, Talita Pimenta Félix. Fl. 3029DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/0 3/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 13502.000108/200930 Acórdão n.º 1302001.789 S1C3T2 Fl. 3.029 3 Relatório Versa o presente processo sobre recurso voluntário, interposto pelo contribuinte em face do Acórdão nº 1519.216 da 2ª Turma da DRJ/SDR, cuja ementa assim dispõe: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE 0 LUCRO LÍQUIDO — CSLL Anocalendário: 2005, 2006, 2007 RELAÇÃO JURÍDICA CONTINUATIVA. COISA JULGADA. FATOS GERADORES APÓS ALTERAÇÕES LEGISLATIVAS. Nas relações tributárias de natureza continuativa entre o Fisco e o Contribuinte, não é cabível a alegação da exceção da coisa julgada em relação aos fatos geradores sucedidos após as alterações legislativas. REGIME DE ESTIMATIVA. FALTA DE RECOLHIMENTO. MULTA ISOLADA. Verificada a falta de pagamento da Contribuição Social por estimativa, é cabível a aplicação da multa isolada de 50% sobre os valores devidos e não recolhidos, por expressa determinação normativa. Lançamento Procedente A recorrente tomou ciência da decisão recorrida em 01/06/2009 (cf. AR a fls. 492) e interpôs recurso voluntário em 29/06/2009 (doc. a fls. 493 e segs.), no qual alega, em apertada síntese, as seguintes razões de defesa: a) que, analisar as justificativas da recorrente para o não recolhimento da CSLL, assim se manifestou: ‘Os valores relativos a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido anual e os referentes às estimativas mensais, do período de 2005 a 2007 não foram declarados em DCTF. O contribuinte dispõe de decisão judicial favorável, proferida no processo Ação Ordinária n° 89.01.139294, que declarou a inconstitucionalidade da Lei n° 7.689/88, tendo a mesma transitado em julgado. Informou, ainda, que a Fazenda Nacional não ingressou com Ação Rescisória, apresentando certidão do Tribunal Regional Federal da Primeira Região para justificar a afirmativa. Contudo, o Parecer n° 1.277 de 17/11/1994, publicado no DOU de 28/12/1994, expedido pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, o qual, tratando dos efeitos de decisão judicial transitada em julgado, em ação ordinária, relativamente a Contribuição Social sobre o Lucro, assim se manifesta: ".... a declaração de intributabilidade, no pertinente a relações jurídicas originadas de fatos geradores que se sucedem no tempo, não pode ter o caráter de imutabilidade e de normatividade a abranger eventos futuros". Assim, a par do transcrito Parecer, verificase que nas relações jurídico tributárias de natureza continuativa ente o Fisco e o contribuinte, não é cabível a alegação da exceção da coisa julgada em relação aos fatos geradores ocorridos após as alterações legislativas. A sentença judicial transitada em julgado que afasta a aplicação da Contribuição Social referese legislação editada em 1988, e após essa sentença ocorreram diversas alterações Fl. 3030DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/0 3/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por EDELI PEREIRA BESSA 4 legislativas, a exemplo das Leis 7.738/89 (arts. 16 e seguintes), 7.799/89 (art.42), 7.856/89 (arts 2° e 7°), 7.988/89 (art. 1°), 8.034/90 (art. 2°), 8.114/90 (art. 11), Decreto n° 332/91 (art. 41). 8.212/91 (arts. 22 e 23), 8.383/91 (arts. 44 e 45), 8.541/92 (arts. 38 e 39), Complementar n° 70/91 (art. 11), Emenda Constitucional de Revisão n° 1/94 (art. 1°), 8.981/95 (arts. 57 a 59), 9.065/95 (arts. 1° e 16), 9.249/95 (arts. 2°, 19 e 20), Emenda Constitucional n° 10, de 04 de março de 1996 (art. 2°), Lei n° 9.316/96 (todos os artigos), Lei n° 9.430/96 (arts. 9° a 14 e 28). O fato gerador objeto do Auto de Infração ocorreu nos anoscalendário de 2005, 2006 e 2007, portanto, em data posterior à ocorrência daquelas alterações legislativas. Isto posto, observase que no presente caso a sentença transitada em julgado apresentada pela Impugnante não se constitui em óbice à incidência tributária da Contribuição Social sobre o Lucro Liquido, e, conseqüentemente, inexiste impedimento que obste a Autoridade Lançadora de, no uso da competência que lhe é atribuída pelo artigo 142 do CNT, realizar o lançamento cabível, inclusive com os consectários legais — multa e juros; Entretanto, o interessado impetrou o Mandado Segurança n° 2003.33.00.0148690, contra a inscrição em divida ativa de um crédito tributário decorrente de lançamento de oficio da Contribuição Social sobre o Lucro Liquido, requerendo, ainda, que a autoridade lançadora se abstivesse de efetuar novas autuações sobre a matéria, obtendo decisão favorável quanto aos pleitos; Para sanar as dúvidas quanto ao assunto em questão, o Grupo de Ações Judiciais dessa Delegacia, emitiu o Parecer SARAC n° 29/2007, de 31/05/2007, que se manifesta no sentido de que os lançamentos por não pagamento ou confissão dos débitos de Contribuição Social sobre o Lucro Liquido — CSLL devem ser efetuados, com a suspensão de sua exigibilidade, a fim de se prevenir à decadência, fls. 92/98; Assim, procedo a constituição dos créditos tributários referentes à Contribuição Social sobre o Lucro Liquido — CSLL nos períodos sob Fiscalização — anos calendário 2005, 2006 e 2007, decorrentes da não confissão desses débitos em DCTF nem dos seus recolhimentos.’; b) que, com base nesse parecer, procedeu o auditor fiscal o lançamento do crédito tributário; c) que, com a instituição, através da Lei n° 7.689, de 15 de dezembro de 1988, da Contribuição Social sobre o Lucro das Pessoas Jurídicas, a Recorrente, juntamente com centenas, ou talvez milhares de outras empresas nacionais, pondo em dúvida a constitucionalidade da exação, ingressou no Juizo da 4a Vara Federal da Seção Judiciária da Bahia, com a AÇÃO CAUTELAR, Processo n° 89.12932 (Doc. 2 dos autos), e posteriormente com a AÇÃO ORDINÁRIA DECLARATÓRIA, Processo n° 1.8809/89 (Doc. 3, dos autos), na qual pedia a declaração de inexistência de relação jurídica que a obrigasse a recolher a contribuição social sobre o lucro das pessoas jurídicas, instituída pela referida Lei n° 7.689/88; d) que a a respeitável sentença da Ação Declaratória o seguinte dispositivo: “Diante do exposto, julgo procedente a ação. Façoo para declarar inexistente a relação jurídica que obrigue a empresa Autora a recolher a contribuição social instituída pela Lei n° 7.689, de 15.12.88, QUER NO PERÍODOBASE ENCERRADO EM 31.12.88, QUER NOS EXERCÍCIOS FINANCEIROS SEGUINTES.”; e) que, interposto o competente recurso de apelação pela FAZENDA NACIONAL (Apelação Cível n° 89.01.139294BA), foilhe negado provimento pela Egrégia Terceira Turma do Tribunal Regional Federal da lª Região, por unanimidade; f) que, interpostos, pela União, Recurso Especial e Recurso Extraordinário, o primeiro foi inadmitido no TRF1 a Região, e o segundo admitido; Fl. 3031DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/0 3/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 13502.000108/200930 Acórdão n.º 1302001.789 S1C3T2 Fl. 3.030 5 g) que, todavia, no Supremo Tribunal Federal, o eminente Ministro ILMAR GALVÃO, Relator do Recurso, lhe negou seguimento, com base no art. 38, da Lei n° 8.038/90, e no parágrafo 1° do art. 21 do RI/STF; h) que conforme certidão do Supremo Tribunal Federal constante destes autos, as decisões que garantiram à Recorrente o não recolhimento da Contribuição Social sobre o Lucro Liquido das Pessoas Jurídicas, tanto no "períodobase encerrado em 31.12.88, quanto nos exercícios financeiros seguintes", transitaram em julgado em 07 de dezembro de 1992; i) que, a UNIÃO, em momento algum, em todos esses anos que se passaram desde o trânsito em julgado da decisão que favoreceu a recorrente, jamais pleiteou a rescisão do decisório, o que aliás não poderá mais fazêlo, pela verificação da preclusão, há quase 15 (quinze) anos; j) que a regra é a imutabilidade, a indiscutibilidade, quase a sacralidade da coisa julgada material (Constituição, art. 5°, inciso XXXVI; Código de Processo Civil, art. 467 e seguintes); l) que a rescindibilidade é, praticamente a única forma de se desconstituir decisões transitadas em julgado; m) que a cobrança da multa isolada concomitantemente com outras multas é ilegal; n) que deve ser cancelado o lançamento da multa e demais consectários decorrentes da mora no recolhimento da CSLL,, por força do art. 63, § 2°, da Lei n. 9.430/96, já que o próprio Auditor Fiscal reconheceu que, no caso, o crédito tributário está suspenso por força de decisão judicial; Na Sessão de 4/12/2013, esta Turma decidiu, por maioria, vencido este Relator, converter o julgamento em diligência (Resolução nº 1302000.279), para que a autoridade preparadora intimasse a contribuinte a juntar aos autos: (i) Petição inicial do Mandado de Segurança; (ii) Sentença neste Mandado de Segurança; (iii) Eventuais Embargos de Declaração em face desta Sentença; (iv) Sentença eventualmente existente sobre Embargos de Declaração; (v) Apelação; (vi) Eventuais acórdãos do Tribunal em julgamento de apelação e dos Tribunais Superiores em julgamento de recurso especial, recurso extraordinário ou mesmo de agravo contra decisão denegatória destes recursos, se o caso; (vii) Certidão de Inteiro Teor do citado processo, mencionando o seu atual andamento. Na referida resolução, ainda foi designado que, em havendo relatório de diligência, fosse reaberto o prazo de 30 (trinta) dias para a recorrente se manifestar sobre o relatório de diligência, conforme o art. 35, parágrafo único, do Decreto 7.574/11. A recorrente foi intimada da diligência, conforme Termo a fls. 592 e, em petição a fls. 594/595, solicitou dilação do prazo para a apresentação dos documentos solicitados. Fl. 3032DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/0 3/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por EDELI PEREIRA BESSA 6 A fls. 607, consta Informação Fiscal, assim exarada: “Nos autos do PAF 13502.000560/200730, em suas fls. 925/926, foi juntado relatório datado de 05/12/2012, onde foi verificada a suspensão da exigibilidade dos créditos acompanhados naquele PAF, bem como no presente PAF de n. 13502 . 000108 /20 09 3 0 , além dos PAFs de ns. 13502.000876/200136, 13502.000702/201064, e 13502.721526/201260. Isto em função da plena vigência, até aquela data, da sentença proferida no MS 2003.00.00.0148690. Consulta ao site do TRF1, na data de hoje, mostra que foi negado seguimento ao Resp e inadimitido o RE, interpostos pela Fazenda Nacional contra a decisão que havia negado provimento à Apelação, em decisão publicada em 21/06/2013. Foram interpostos Agravos contra as duas decisões denegatórias, tendo o Agravo no Resp subido ao STJ em 03/09/2013. Quanto ao Agravo no RE, não há notícia da sua subida ao STF no andamento processual do TRF1. Consulta ao site do STJ, na data de hoje, mostra que não foi conhecido o Agravo no Resp, em decisão monocrática de 23/10/2013, decisão contra a qual foi interposto Agravo Regimental, o qual, por seu turno, teve o provimento negado por unanimidade, em decisão de 21/11/2013. Contra esta última decisão, foram interpostos Embargos de Divergência, os quais se encontram pendentes de julgamento.”. A fls. 691 a 695 dos autos, consta o Relatório de Diligência, no qual é informado o que seguinte: “Tratase de auto de infração (fls. 327340 dos autos digitais) a título de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) dos períodos de apuração de 2005 a 2007, lavrado em desfavor do interessado em epígrafe com a exigibilidade suspensa, em face dos efeitos da Ação Ordinária nº 89.00.018809 e do Mandado de Segurança (MS) nº 2003.33.00.0148690 (v. relatório de fls. 323326). Apresentada impugnação (fls. 343391), o lançamento foi julgado procedente (fls. 451488), tendo sido então interposto recurso voluntário (fls. 494546), em razão do qual o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) editou a Resolução nº 1302000.279 – 1ª Câmara / 3ª Turma Ordinária (fls. 588590), que converteu o julgamento em diligência: (...) Intimado (v. fls. 592 e 605), o interessado peticionou (fls. 594595) em 26 de junho de 2014 a dilação do prazo, “por se tratar de matéria extensa e de trabalhosa pesquisa”. Por fim, recebidos os autos, com despacho datado de 10 de setembro de 2014, da Sacat, “para análise da ação judicial citada na Resolução do Carf fls. 588 a 590” (cf. fl. 606), foi juntado por esta EAC/1 (Grupo de Ações Judiciais) o relatório de fl. 607, relatando o andamento do MS nº 2003.00.00.0148690 e reconhecendo a suspensão da exigibilidade dos créditos tributários, “em vista da manutenção dos efeitos da sentença de primeiro grau até a presente data, devendo ser atualizada a data da medida judicial no SIEF”. DO PARCIAL ATENDIMENTO DA DILIGÊNCIA Fl. 3033DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/0 3/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 13502.000108/200930 Acórdão n.º 1302001.789 S1C3T2 Fl. 3.031 7 Em homenagem ao princípio da oficialidade, fezse juntada de fls. 608 690, pois, da relação de documentos requisitados pelo CARF, dispúnhamos, em dossiê digital, de cópias da petição inicial e da sentença do MS nº 2003.33.00.014869, bem como das demais decisões proferidas na ação, obtidas nos sítios mantidos pelos tribunais na rede mundial de computadores. Tratase de ação em que o interessado pleiteou, inclusive liminarmente, sob a alegação de coisa julgada obtida nos autos da Ação Ordinária nº 89.00.018809, desonerandoo do pagamento da CSLL instituída pela Lei nº 7.689/88: (i) a determinação de cancelamento da inscrição em Dívida Ativa da União (DAU) do Processo Administrativo Fiscal (PAF) nº 13502.000632/200234 e de que não fossem efetuadas novas inscrições pelo não recolhimento da CSLL; (ii) a determinação de que não fossem efetuadas novas autuações pelo não recolhimento da CSLL; (iii) a determinação de expedição de Certidão Positiva de Débitos com Efeitos de Negativa (CPDEN); e (iv) o cancelamento de inscrições no Cadin e outros cadastros, com relação a débitos de CSLL (cf. fls. 650 651). No mérito, requereu a confirmação da liminar, com o reconhecimento da nulidade da inscrição em DAU “e dos demais procedimentos efetuados” (cf. fl. 651). (...) Com base nas peças da ação juntadas aos autos e em consultas processuais efetuadas na Internet, registramse as seguintes ocorrências relevantes: a) [25/06/2003] petição inicial autuada (fls. 608651); b) [17/07/2003] decisão indefere liminar; c) [01/08/2003] decisão autoriza depósitos; d) [13/08/2003] decisão do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região nega seguimento ao Agravo de Instrumento (AgI) nº 2003.01.00.0245133; e) [05/09/2003] sentença (fls. 652660) concede a segurança; f) [05/11/2003] certidão do TRF no AgI nº 2003.01.00.0245133 registra decurso de prazo para recurso; g) [25/04/2011] acórdão (fls. 661667) do TRF nega provimento à apelação; h) [31/01/2012] novo acórdão (fls. 668670) nega provimento aos embargos de declaração; i) [31/05/2013] uma decisão (fls. 671675) do TRF inadmite o recurso extraordinário e outra (fls. 676680) nega seguimento ao Recurso Especial (REsp); j) [23/10/2013] decisão (fl. 681) do Superior Tribunal de Justiça (STJ) no Agravo no REsp nº 393942 não conhece do recurso, determinando a Fl. 3034DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/0 3/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por EDELI PEREIRA BESSA 8 remessa dos autos ao tribunal de origem para apreciação do recurso como agravo interno; k) [21/11/2013] acórdão (fls. 682690) do STJ nega provimento ao agravo regimental interposto pelo interessado, em face da parte da decisão que determinara a remessa dos autos para apreciação pelo tribunal de origem. Continuam pendendo de julgamento embargos de divergência no Agravo no REsp, interposto pelo interessado, além de agravo de decisão denegatória de recurso extraordinário, interposto pela Fazenda Nacional. (...) Acrescidos esses elementos, retornemse os autos para intimação do interessado, com vistas à reabertura do prazo de 30 (trinta) dias, inclusive para eventual manifestação e juntada da certidão de inteiro teor do MS nº 2003.33.00.0148690, requisitada pelo CARF.” É o relatório. Fl. 3035DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/0 3/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 13502.000108/200930 Acórdão n.º 1302001.789 S1C3T2 Fl. 3.032 9 Voto Vencido Conselheiro Alberto Pinto Souza Junior. O recurso voluntário é tempestivo e foi subscrito por advogados com poderes para tal, conforme doc. a fls. 792, razão pela qual dele conheço. Inicialmente, observo que o auto de infração (a fls. 329), lavrado em 16/02/2009, constituiu: a) créditos de CSLL relativos aos fatos geradores 31/12/2005. 31/12/2006 e 31/12/2207, por falta de recolhimento do referido tributo sem imposição de multa ad valorem; e b) multa isolada por falta de recolhimento da CSLL sobre a base estimada mensal. DA CSLL No que tange à CSLL, tratase de lançamento para prevenir a decadência, já que o crédito encontrase, conforme relatório de diligência, com a exigibilidade suspensa, em razão da sentença proferida pela 14ª Vara da Seção Judiciária da Bahia, nos autos do Mandado de Segurança nº 2003.33.00.0148, cuja parte dispositiva assim dispõe (a fls. 659/660): “Por tais fundamentos, CONCEDO A SEGURANÇA pretendida a fim de determinar às autoridades Impetradas que procedam ao cancelamento da inscrição na Dívida Ativa da União concernente ao processo administrativo nº 13502.000632/2002 34, bem como se abstenham, até decisão final no presente writ, de efetuar quaisquer outras inscrições ou autuações, tendo como motivo o não recolhimento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. Determinase, ainda, que, em caso de requerimento, sejam expedidas certidões positivas com efeitos de negativas se forem os processos pertinentes à Contribuição Social sobre o Lucro único motivo de impedimento para a prática de tal ato. Tal decisão, conforme informado nos diversos relatórios, não foi reformada, embora ainda não tivesse ocorrido o seu trânsito em julgado material até o momento em que foi elaborado o relatório de diligência. Notese que a determinação para que não se efetuasse quaisquer outras autuações em razão do nãorecolhimento da CSLL estende os limites objetivos da lide para além do objeto do PAF nº 13502.000632/200234, tendo o condão inclusive de atingir o auto de infração da CSLL em tela. Normalmente, temos enfrentado, no CARF, situações em que temos que definir os efeitos das decisões judiciais com trânsito em julgado material que declararam a inconstitucionalidade da Lei 7.689/88 e, por isso, declararam também a inexistência da relação jurídicotributária relativa à CSLL. Nesse sentido, várias são as correntes intepretativas, cabendo destacar aquela que entende que se aplica o Parecer PGFN/CRJ/Nº 492/2011, em razão da ratificação dele pelo Ministro de Estado da Fazenda, como também, na outra ponta, Fl. 3036DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/0 3/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por EDELI PEREIRA BESSA 10 aqueloutra que entendem que prevalece o entendimento manifestado pelo Superior Tribunal de Justiça, nos autos do REsp nº 1.118.893, já que fora processo pelo rito do art. 543C do CPC. No presente caso, porém, há uma particularidade, qual seja, a discussão sobre os efeitos da decisão judicial transitada em julgado favorável à recorrente (proferida no processo Ação Ordinária n° 89.01.139294), que declarou a inconstitucionalidade da Lei n° 7.689/88, está sendo discutida em outra demanda judicial, qual seja, no Mandado de Segurança nº 2003.33.00.0148, cujo limites objetivos, conforme decisão retro mencionada, alcança o presente julgado. Assim, a matéria relativa aos efeitos da coisa julgada que declarou a inconstitucionalidade da Lei 7.689/88 não pode ser discutida nesta instância administrativa, por força do disposto na Súmula CARF nº 1 “Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial.” Posto isso, voto por não conhecer do recurso voluntário no ponto relativo ao lançamento da CSLL, já que toda as razões de defesa prendese à discussão sobre os efeitos da coisa julgada, matéria essa objeto do Mandado de Segurança nº 2003.33.00.0148, por ela impetrado. DA MULTA ISOLADA Com relação à multa isolada, o recurso voluntário traz matéria distinta daquela discutida judicialmente, qual seja, alega a recorrente que a cobrança da multa isolada concomitantemente com outras multas é ilegal. Ocorre, porém, que não houve cobrança da multa de ofício ad valorem, já que o lançamento da CSLL foi para prevenir a decadência. Alega ainda a recorrente que deve ser cancelado o lançamento da multa e demais consectários decorrentes da mora no recolhimento da CSLL,, por força do art. 63, § 2°, da Lei n. 9.430/96, já que o próprio Auditor Fiscal reconheceu que, no caso, o crédito tributário está suspenso por força de decisão judicial. Ora, o art. 63, § 2º, da Lei 9.430/96 trata de multa de mora, categoria na qual não se enquadra a multa isolada, razão pela qual totalmente impertinente o dispositivo legal citado pela defesa. Não obstante, há que se perquirir se caberia a aplicação de multa isolada por falta de pagamento da CSLL sobre a base estimada, se o lançamento da CSLL foi para prevenir a decadência com base no que dispõe o art. “Art. 63. Na constituição de crédito tributário destinada a prevenir a decadência, relativo a tributo de competência da União, cuja exigibilidade houver sido suspensa na forma dos incisos IV e V do art. 151 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, não caberá lançamento de multa de ofício.”. Ora, será que o dispostivo acima veda também a constituição de multa isolada? Não me parece, pois a melhor exegese do dispositivo acima leva a concluir que a multa de ofício vedada é a multa ad valorem, já que o legislador está tratando do lançamento de ofício para constituir o tributo cuja exigibilidade esteja suspensa e que teria como consequência inexorável o lançamento também da multa ad valorem. Assim, estando o tributo com exigibilidade suspensa, entendeu o legislador que deveria ser feito o lançamento para prevenir a decadência, mas se a multa ad valorem. Ao contrário da multa ad valorem, a multa isolada não é uma consequência do lançamento da CSLL Fl. 3037DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/0 3/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 13502.000108/200930 Acórdão n.º 1302001.789 S1C3T2 Fl. 3.033 11 devida no ajuste, mas da falta de pagamento das CSLL sobre as estimativas mensais, valores que não foram objeto de lançamento. Ademais, vale lembrar que, em sendo reformada a decisão que suspendeu a exigibilidade da CSLL e não e sendo pago o tributo nos 30 dias posteriores à ciência da decisão reformadora, ficaria o contribuinte sujeito a lançamento de ofício da multa ad valorem. Por sua vez, a depender de quando ocorresse uma eventual reforma da decisão que suspendeu a exigibilidade do crédito, não mais seria possível o lançamento da multa isolada, já que o seu prazo decadencial continuou correndo durante todo o trâmite do mandado de segurança em tela. Isso é mais um motivo para sustentar que o art. 63 da Lei 9.430/96 não trata de multa isolada, pois a vedação ao seu lançamento importaria na prática, em razão dos demorados trâmites das ações judiciais, a uma declaração prévia de decadência de o direito de o Fisco lançala. Não obstante o exposto acima, fui alertado na sessão de janeiro deste ano pelos meus pares que os termos da decisão proferida no mandado de segurança é muito abrangente, quando decide que: “se abstenham, até decisão final no presente writ, de efetuar quaisquer outras inscrições ou autuações, tendo como motivo o não recolhimento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido”. Por outro lado, não cabe a este Colegiado qualquer juízo acerca da existência ou não de vedação ao lançamento da multa isolada por força do referido julgado, já que as autoridades impetradas foram o Procurador da Fazenda Nacional e o Delegado da Receita Federal de Camaçari, aos quais foi endereçada a decisão a fls. 652 e segs.. Assim, só cabe a este Colegiado julgar o recurso voluntário apresentado pelo contribuinte, sendo que os dois pontos da defesa já foram enfrentados nos dois primeiros parágrafos deste capítulo. Por último, vale salientar que, em 08/12/2014, foi aprovada a Súmula CARF nº 105, cujo verbete assim dispõe: “A multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício.”. Notese que o teor da Súmula CARF nº 105 deixa claro que só cancela a multa isolada durante a vigência do art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430/96 e se houver concomitância com multa ad valorem. Ora, não houve lançamento de multa ad valorem, assim, não há que se falar em aplicação da referida súmula nem para os fatos geradores até dezembro de 2006. Assim, por todo o exposto, voto no sentido de: a) não conhecer do recurso voluntário quanto ao lançamento da CSLL; e b) conhecer do recurso voluntário quanto ao lançamento de multa isolada, para negar provimento. Alberto Pinto Souza Junior Relator Fl. 3038DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/0 3/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por EDELI PEREIRA BESSA 12 Fl. 3039DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/0 3/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 13502.000108/200930 Acórdão n.º 1302001.789 S1C3T2 Fl. 3.034 13 Voto Vencedor Conselheiro Paulo Mateus Ciccone. No que tange às chamadas “multas isoladas”, o tema foi tratado de prefácio no art. 44, I, §1º, IV da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, in verbis: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; (...) § 1º As multas de que trata este artigo serão exigidas: I juntamente com o tributo ou a contribuição, quando não houverem sido anteriormente pagos; (...) IV isoladamente, no caso de pessoa jurídica sujeita ao pagamento do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido, na forma do art. 2º, que deixar de fazêlo, ainda que tenha apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no ano calendário correspondente; Posteriormente, foi editada a Medida Provisória nº 351, de 22 de janeiro de 2007 (DOU 22/01/2007), convertida na Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007, com a redação abaixo: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: (...) b) na forma do art. 2º desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. Compulsando as alterações legislativas acima elucidadas, não se verifica, exceto em relação ao percentual a ser aplicado nos casos de multa isolada, qualquer alteração substancial nos dispositivos no que tange à hipótese de incidência e à base de cálculo da penalidade em apreço. Fl. 3040DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/0 3/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por EDELI PEREIRA BESSA 14 O objetivo do preceito contido no art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996 (com as alterações legislativas supervenientes, inclusive) foi o de assegurar o recolhimento antecipado e evitar o não pagamento da estimativa mensal de IRPJ e CSLL no curso do anocalendário e reconhecer que a base de cálculo da multa isolada sempre foi, mesmo antes das alterações legislativas, o próprio valor da estimativa que deixou de ser paga. Nesse contexto, a nova redação do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, elaborada a partir da vigência MP 351, de 2007 e da Lei nº 11.488, de 2007, ao instituir um percentual distinto e menos gravoso em relação ao aplicável ao descumprimento da obrigação tributária principal (IRPJ e CSLL devidos na apuração anual) apenas veio aperfeiçoar o preceito normativo acerca da incidência da multa isolada, por falta de recolhimento das estimativas mensais, explicitando o seu caráter de obrigação acessória. Sob a vigência da redação original da Lei nº 9.430, de 1996, e ainda atualmente, com a redação da Lei nº 11.488 de 2007, a multa isolada deve ser aplicada à pessoa jurídica, sujeita à tributação com base no lucro real, e optante pelo pagamento do IRPJ e da CSLL, em cada mês, determinados sobre bases de cálculo estimadas, por descumprimento da obrigação de antecipar o IRPJ ou a CSLL mensalmente devidos; e deve ser calculada sobre a totalidade ou diferença da antecipação do IRPJ e da CSLL, mensalmente devida e não recolhida. Temse assim que a multa isolada em questão, que decorre da falta ou insuficiência de pagamento mensal das estimativas devidas no curso do anocalendário, é aplicada em função do descumprimento de uma obrigação tributária acessória (falta de recolhimento de antecipações obrigatórias), e é completamente autônoma em relação à obrigação tributária principal a ser constituída, ou não, no final do período. Não é demais lembrar que a obrigação tributária principal, na definição da doutrina, é a “obrigação de dar” (pagar) o tributo devido, ou seja, é o “dever fundamental, consistente em prestação pecuniária, que é exigido de quem tenha realizado o fato descrito em lei”1, enquanto as obrigações acessórias revestemse de clara natureza de “obrigação de fazer” e “obrigação de não fazer”, vale exprimir, são, como o próprio nome diz, “acessórias ao principal”, que é o compromisso do contribuinte pagar o encargo tributário devido, constituindose, no fundo, em “obrigações meramente instrumentais, simples deveres burocráticos que facilitam o cumprimento das obrigações principais”2. Neste raciocínio, a estimativa mensal não pode ser considerada propriamente um “tributo” devido, a ser extinto, por pagamento (modalidade de extinção da obrigação e do crédito tributário, prevista no art. 156, I do CTN), mas apenas uma “antecipação estimada” do tributo, a ser apurado como devido, ou não, ao final do período de apuração, que é devida e deve ser recolhida apenas para validar uma determinada sistemática de tributação de livre opção do contribuinte, qual seja: o Lucro Real Anual. Pois bem, justamente porque a estimativa não é exigível como obrigação principal (tributo) é que foi instituída uma multa isolada (ou seja, exigida sem que o principal fosse exigido), para penalizar as pessoas jurídicas que, apesar de optantes pela sistemática de apuração do Lucro Real Anual, descumprem, no curso do anocalendário, a obrigação de apuração e recolhimento das antecipações mensais obrigatórias, requisito imperativo, nos termos da legislação em vigor. 1 TORRES, Ricardo Lobo. Curso de Direito Financeiro e Tributário. Rio de Janeiro: Renovar, 1993, p. 306307. 2ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário Esquematizado, 4ª. ed. São Paulo: Método, 2010. Fl. 3041DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/0 3/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 13502.000108/200930 Acórdão n.º 1302001.789 S1C3T2 Fl. 3.035 15 O único instrumento de que dispõe o Fisco para sancionar o descumprimento do dever de antecipar o IRPJ/CSLL devidos mensalmente pelas pessoas jurídicas optantes pelo Lucro Real Anual, é a aplicação da multa isolada. Concluise daí que, além de distintas naturezas jurídicas, são completamente autônomas as obrigações tributárias, relativas às antecipações mensais devidas a título de estimativas, e as relativas ao IRPJ e a CSLL devidos ao final do período de apuração anual, e tal autonomia encontra eco nas próprias disposições legislativas, quando se referem à incidência da multa isolada, ainda que apurado prejuízo fiscal e base de cálculo negativa da CSLL no período, de modo que a multa isolada é sempre exigível, desde que apurada falta/insuficiência de recolhimento das estimativas mensais, sendo irrelevante a apuração de tributo devido no ajuste anual. Nesta linha, excetuados os casos abrangidos pela Súmula CARF nº 105, aqui inaplicável, posto que não presente a concomitância com a multa de ofício, é induvidoso que a multa isolada tem pertinência e deve ser exigida de ofício, quando exteriorizados os pressupostos fáticos para tal. Entretanto, e aí reside minha divergência com o I. Relator no caso concreto aqui apreciado, inexistiu “falta de pagamento ou pagamento a menor” do principal (CSLL). Na verdade, SEQUER havia obrigação de pagamento, visto que a recorrente estava amparada por medida judicial – ainda que não definitivamente julgada, mas irradiando efeitos – que a isentava deste encargo e, mais, impedia (como continua impedindo até o momento da prolação desta decisão), que a Autoridade Fiscal efetuasse “autuações". Socorrome de excerto do voto do ilustre Relator para melhor compreensão deste tema: No que tange à CSLL, tratase de lançamento para prevenir a decadência, já que o crédito encontrase, conforme relatório de diligência, com a exigibilidade suspensa, em razão da sentença proferida pela 14ª Vara da Seção Judiciária da Bahia, nos autos do Mandado de Segurança nº 2003.33.00.0148, cuja parte dispositiva assim dispõe (a fls. 659/660): “Por tais fundamentos, CONCEDO A SEGURANÇA pretendida a fim de determinar às autoridades Impetradas que procedam ao cancelamento da inscrição na Dívida Ativa da União concernente ao processo administrativo nº 13502.000632/2002 34, bem como se abstenham, até decisão final no presente writ, de efetuar quaisquer outras inscrições ou autuações, tendo como motivo o não recolhimento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido Ora, não se submetendo a contribuinte, por força da decisão judicial retro, ao cálculo e recolhimento da CSLL, evidente, por princípio lógico, que não caberiam as “antecipações mensais”, afinal, estarseia antecipando “o quê”, se inexigível o “principal” a que estariam subordinadas tais antecipações (“acessório”)? No Estatuto Tributário, vêse: Art. 115. Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal. Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considerase ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos: Fl. 3042DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/0 3/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por EDELI PEREIRA BESSA 16 I tratandose de situação de fato, desde o momento em que o se verifiquem as circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios; II tratandose de situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente constituída, nos termos de direito aplicável. Assim, havendo (como havia e ainda há) óbice à Fazenda Pública de autuar o sujeito passivo, e, na outra ponta, sendo permitido a este mesmo sujeito passivo não calcular e nem recolher a CSLL (principal), não há que se falar em exigir “recolhimentos antecipados de estimativas” (obrigação acessória a ser cumprida), não se estampando, assim, as “circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios”, posto existir medida impeditiva para tal. Neste contexto, irracional pretender que o acessório, no caso os recolhimentos de estimativas mensais cuja base imponível é a mesma do tributo que seria devido (mas que se encontra exonerado, ainda que temporariamente, pela decisão judicial) seja exigido, porque a vedação ao principal leva à vedação do acessório. E, como consequência, sequer haverá base de cálculo para imputação da multa isolada, conforme dizer literal do artigo 44, II, da Lei nº 9.430, de 1996: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Vide Lei nº 10.892, de 2004) (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) Em suma, sendo exonerados, com suporte em medida judicial plenamente válida e eficaz, o cálculo e o recolhimento da CSLL, igual sorte atingirá as estimativas mensais. E, como resultado prático, não haverá multa isolada a ser imposta. Pelas razões expostas, DOU PROVIMENTO ao Recurso Voluntário em relação aos lançamentos de multas isoladas, cancelando as exigências impostas. No mais, acompanho o Relator no outro tema aqui tratado. É como voto. Brasília (DF), Sala das Sessões, em 04 de fevereiro de 2016. (documento assinado digitalmente) PAULO MATEUS CICCONE – Redator designado Fl. 3043DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/0 3/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 13502.000108/200930 Acórdão n.º 1302001.789 S1C3T2 Fl. 3.036 17 Declaração de Voto Conselheira EDELI PEREIRA BESSA A recorrente pede o cancelamento da multa isolada em razão do disposto no art. 63, §2º da Lei nº 9.430/96. Entende que, se de acordo com esse dispositivo legal afirma que NÃO CABERÁ LANÇAMENTO DA MULTA na constituição do crédito destinado a prevenir a decadência, como se deu no caso, parece lógico e óbvio que o Auditor Fiscal deixou de observar a lei aplicável à hipótese. Apreciando esta alegação, a autoridade julgadora de 1ª instância consignou que: Em razão de os valores da CSLL referentes às estimativas mensais não terem sido pagos, procedeuse à cobrança da multa isolada pela falta de recolhimento da Contribuição Social sobre o Lucro Liquido apurada sob o regime de estimativa, nos termos dos art. 222 e 843 do RIR/1999 c/c art. 44, § 1º, inciso IV, da Lei n° 9.430, de 1996, alterado pelo art. 14 da Medida Provisória n° 351, de 2007, convertida na Lei n° 11.488, de 15 de junho de 2007 c/c art. 106, inciso II, alínea "c", da Lei n° 5.172, de 1966. Observese que a multa isolada aplicada não se confunde com a multa de oficio cobrada juntamente com o tributo, portanto não se aplica aqui a disposição do art. 63 da Lei n° 9.430, de 1996, a qual referese apenas à multa de oficio que é aplicada conjuntamente com o tributo e contribuição. A multa isolada é o próprio objeto da obrigação principal cuja decadência se destina prevenir. Isso porque a imposição do recolhimento do imposto em base estimada tem o caráter de antecipação do pagamento do tributo e o descumprimento da referida obrigação converte a penalidade decorrente em obrigação principal, nos termos do art. 113 do CTN. Para as pessoas jurídicas sujeitas à apuração do Imposto sobre a Renda com base no Lucro Real, foram criadas duas opções de tributação: uma com base no Lucro Real Trimestral (art. 1°, caput, da Lei no 9430, de 1996); e outra, com base no Lucro Real Anual (art. 2°, § 3º da Lei no 9.430, de 1991), em que a pessoa jurídica, optando por este regime, estaria sujeita ao recolhimento mensal do tributo, pelo regime de estimativa, de forma provisória, devendo apurar, de forma definitiva, em 31 de dezembro de cada anocalendário, o Imposto sobre a Renda ou a Contribuição Social sobre o Lucro Liquido, com ajuste a ser realizado na Declaração de Rendimentos. Por estar sujeita ao recolhimento da Contribuição Social sobre o Lucro Liquido e tendo optado, nos referidos anoscalendário de 2005, 2006 e 2007, pelo Lucro Real Anual com estimativas mensais, nos termos do artigo 2° e art. 28 da Lei n° 9.430, de 1996, a impugnante estava obrigada também a recolher, mensalmente, a Contribuição Social por estimativa, na forma da legislação especifica: [...] Na espécie, a fiscalização não lançou dois ilícitos tributários como afirma a contribuinte. A exigência incluiu uma única penalidade: a multa isolada de 50% aplicada sobre uma base de cálculo que é o valor do próprio imposto não recolhido. Dessa forma, não foi aplicada a multa de oficio à alíquota de 75% prevista no inciso I do artigo 44, da Lei 9.430, de 1996, mas o que está sendo exigida, reafirme se, é a multa isolada prevista no inciso II do art. 44, incidente sobre o valor do imposto que deixou de ser recolhido pelo regime de estimativa, que deveria ter sido Fl. 3044DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/0 3/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por EDELI PEREIRA BESSA 18 pago mensalmente no decorrer dos anoscalendário 2005, 2006 e 2007, conforme previsto no caput do artigo 2°, da Lei 9.430, de 1996. [...] Todavia, apreciando idêntica temática renovada em lançamento referente ao anocalendário 2008, a mesma Turma Julgadora de 1ª instância assim se manifestou nos autos do processo administrativo nº 13502.000702/201064: [...] Ante a unicidade de jurisdição, é descabida a discussão em torno de tema já decidido pelo Poder Judiciário, o que só faria sentido se entre a sentença no mandado de segurança e o anocalendário de 2008, houvesse sido publicada lei que alterasse a base de cálculo da contribuição, tornandoa diferente daquela que motivou a coisa julgada. Todavia, destacase no Parecer SARAC n° 29/2007, da DRFB de Camaçari, o acerto quanto ao seguinte: "o dispositivo sentenciado não desobriga a Fazenda Pública do cumprimento de seus misteres. Pensar diferente seria concluir que o magistrado permitiria, de maneira incauta, a perda do objeto do mandamus em prejuízo irreparável ao erário público (sic) antes mesmo do trânsito em julgado da ação judicial, contrapondose as exigências legais". Sim, pois passado o prazo decadencial a administração tributária não mais poderia efetuar o lançamento do crédito discutido, independentemente de depósito judicial ou administrativo, o que representaria a perda do objeto do "writ", uma vez que a contribuição não poderia mais ser cobrada, independentemente de seu resultado. A característica deste tipo de lançamento é a inalterabilidade da capacidade jurídica da empresa, ou seja, da constituição do crédito tributário não deve haver efeitos que não o único de prevenir a decadência. De outra forma não poderia ser, uma vez que o procedimento adotado pela empresa está na sua esfera de direitos, reconhecidos, ainda que não definitivamente, pelo Poder Judiciário. Assim é que não estão contidas no crédito eventuais multas que seriam devidas pela Contribuinte, pois que não há punição para o exercício regular de direito. De outros votos, incluindo o deste relator, a 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento (DRJ) vem se pronunciando no sentido da manutenção da multa exigida isoladamente em casos idênticos. Peço vênia para mudar meu entendimento, uma vez que nos lançamentos preventivos de decadência, como já concluído, não procede o lançamento de multa punitiva. O crédito a ser mantido é exclusivamente o concernente ao principal, acrescido dos juros na forma da lei, e deve ter sua exigibilidade suspensa desde sua constituição. Referida decisão foi submetida a reexame necessário, mas os autos do processo administrativo nº 13502.000702/201064, distribuídos para relatoria do Conselheiro Carlos Augusto de Andrade Janier, foram levados a julgamento para apreciação, apenas, do recurso voluntário interposto pela contribuinte, decidindo a 1ª Turma desta 3ª Câmara tornar nulos todos os atos do processo desde a decisão de primeira instância, inclusive, em razão da concomitância com demanda judicial (Acórdão nº 1301001.022). Assim, o recurso de ofício relativo à exoneração das multas isoladas lançadas no anocalendário 2008 ainda pende de apreciação. De toda sorte, ciente da exoneração promovida em relação ao anocalendário 2008, a autoridade lançadora, ao constituir o crédito tributário referente à CSLL apurada nos anoscalendário 2009 e 2010, deixou de formalizar a multa de ofício isolada em razão da falta de recolhimento de estimativas naqueles períodos, assim consignando no auto de infração presente no processo administrativo nº 13502.721526/201260: Fl. 3045DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/0 3/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 13502.000108/200930 Acórdão n.º 1302001.789 S1C3T2 Fl. 3.037 19 Em consonância com o Acórdão 1524.684 da 2ª Turma da DRJ/SDR, que julgou improcedente o lançamento de multa por não recolhimento da CSLL sobre a base estimada para o mesmo contribuinte, sobre o mesmo tributo, para o ano de 2008, em função do "exercício de direito reconhecido por sentença" (mesma situação de hoje), não será efetuado o lançamento da referida multa. Penso que o entendimento manifestado pela autoridade julgadora de 1ª instância no processo administrativo nº 13502.000702/201064 deve aqui prevalecer. De fato, o procedimento adotado pela empresa absterse não só do recolhimento do ajuste anual, mas também das antecipações exigidas por lei para apuração da CSLL na sistemática anual está na sua esfera de direitos, reconhecidos, ainda que não definitivamente, pelo Poder Judiciário. Por certo, a legislação exige que tais antecipações sejam feitas caso o sujeito passivo queira diferir a apuração final para o encerramento do anocalendário. Todavia, o Poder Judiciário, ainda que precariamente, reconheceu à contribuinte o direito de assim não proceder. Aplicar a multa isolada, em tais circunstâncias, significa dizer que não foi cumprida a obrigação acessória, sendo certo que a decisão judicial permitiu que a contribuinte assim agisse, na medida em que a autorizou a reconhecer os efeitos da coisa julgada que afastou a incidência da CSLL. Frente a tais circunstâncias, é razoável concluir que o cumprimento desta obrigação acessória específica também restou suspenso. Vejase que o parágrafo único do art. 151 do CTN expressamente dispõe que a suspensão da exigibilidade do crédito tributário nas hipóteses previstas naquele dispositivo não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias dependentes da obrigação principal cujo crédito seja suspenso, ou dela consequentes. O recolhimento de estimativas, porém, é uma obrigação acessória que demanda a apuração da CSLL ao longo dos meses do anocalendário e a eventual antecipação das parcelas identificadas como já devidas. Mas a contribuinte foi dispensada, pela ordem judicial, da própria apuração da CSLL, impondo a conclusão de que o cumprimento desta obrigação acessória também foi suspenso neste caso específico. Desta suspensão decorre a inexistência de obrigação descumprida e o não cabimento da multa isolada. Outra não poderia ser a conclusão, vez que o Poder Judiciário impediu o Fisco de promover autuações, ou seja, lavrar auto de infração com aplicação de penalidade. Significa dizer que, caso judicialmente venha a prevalecer o entendimento da Fazenda Nacional em favor da incidência da CSLL nos períodos aqui autuados, a partir da eficácia desta decisão será restabelecido o prazo para a contribuinte promover os recolhimentos antecipados ou apresentar os competentes balancetes de suspensão/redução, podendo, aí sim, incorrer em descumprimento que a sujeitará à multa isolada, não alcançada pela decadência na medida em que a infração somente se verificará naquele momento, e a autoridade lançadora estava impedida de aplicar a penalidade na presença da decisão judicial em referência, inclusive sem estar em curso o prazo decadencial, que somente começa a ter fluência, na forma do art. 173, I do CTN, a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Aliás, a confirmar que pode ser conferida tal interpretação ao art. 173, I do CTN, cumpre transcrever a ementa de decisão proferida pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região nos autos dos Embargos Infringentes nº 502799911.2012.4.04.7100/RS, julgando procedente ação popular na qual se pretendia a anulação de decisão deste Conselho que declarou a decadência de crédito tributário por considerar inexistir impedimento ao lançamento antes da suspensão da isenção conferida à entidade autuada: TRIBUTÁRIO. EMBARGOS INFRINGENTES. AÇÃO POPULAR. ILEGALIDADE DE ACÓRDÃO DO CARF. PREJUÍZO AO ERÁRIO. CABIMENTO. Fl. 3046DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/0 3/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por EDELI PEREIRA BESSA 20 1. O prazo decadencial para o fisco efetuar o lançamento de ofício de tributos em face de ato cancelatório de imunidade tem início no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que proferido o ato. Assim, incorreu em ilegalidade o CARF ao emprestar entendimento contrário à regra prevista no art. 173, inc. I, do CTN, causando vultoso prejuízo ao erário, de modo que caracterizada a hipótese de cabimento de ação popular. 2. Embargos infringentes acolhidos. Referida decisão cita outras manifestações, neste sentido, proferidas pelo próprio TRF/4ª Região e pelo Superior Tribunal de Justiça: EMBARGOS INFRINGENTES. EXCEÇÃO DE PRÉEXECUTIVIDADE. DECADÊNCIA. IMUNIDADE. TERMO INICIAL. O prazo decadencial tem início com o fato gerador. Quando há imunidade, a Constituição estabelece uma limitação ao poder de tributar. Há limitação da competência de instituir o tributo estabelecida pela Constituição. Estando o fato ao abrigo de imunidade, não há fato gerador. Cancelado o ato que reconhecia a imunidade, surge o direito e a partir daí inicia o prazo de decadência. No caso em exame, o Ato Cancelatório da Isenção das Contribuições Sociais ocorreu em 19 de fevereiro de 2002, de modo que, a partir do primeiro dia do exercício seguinte, isto é, 1o de janeiro de 2003, tem início o prazo de decadência, nos exatos termos do artigo 173, inciso I, do CTN. Hipótese em que o lançamento dos créditos tributários foi realizado em 18 de novembro de 2003, razão pela qual não há se falar em decadência. Embargos infringentes acolhidos. (EMBARGOS INFRINGENTES n° 2008.04.00.0143077, I a Seção, rel. Des. Federal MARIA DE FÁTIMA FREITAS LABARRÈRE, por maioria, D.E. de 12112012) EMBARGOS INFRINGENTES. AGRAVO DE INSTRUMENTO. DECISÃO POR MAIORIA. CABIMENTO. DECADÊNCIA. IMUNIDADE. CANCELAMENTO. TERMO INICIAL. 1. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é assente no sentido do cabimento dos embargos infringentes de decisão majoritária proferida em agravo de instrumento quando decidida matéria de mérito. 2. Afastada a imunidade, mediante cancelamento administrativo do benefício em 1902 2002,somente a partir daí poderia exigirse, razoavelmente, ao órgão fiscal, procedesse ao lançamento, caso em que o prazo decadencial se iniciou apenas no primeiro dia do exercício seguinte, 1o de janeiro de 2003, nos termos do art 173,1, do Código Tributário Nacional. 3.Embargos infringentes conhecidos e, no mérito, providos. (EMBARGOS INFRINGENTES n° 2008.04.00.0132766, 1a Seção, rel. Des. Federal OTÁVIO ROBERTO PAMPLONA, por unanimidade, D.E. de 07 012013) TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. IMUNIDADE. ART. 173, I, DO CTN. DECADÊNCIA. NÃO OCORRÊNCIA. AGRAVO NÃO PROVIDO. 1. Consoante art. 173, inciso I, do CTN, à míngua de pagamento do tributo, o prazo decadencial de constituição do crédito tributário tem início no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido realizado. 2. Caso em que o prazo teve início em 1º/1/03, porquanto o Ato Cancelatório da Isenção das Contribuições Sociais que cancelou a imunidade com efeitos a partir de 1o /1/97 foi exarado em 19/2/02, e, tendo o lançamento sido Fl. 3047DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/0 3/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 13502.000108/200930 Acórdão n.º 1302001.789 S1C3T2 Fl. 3.038 21 efetuado em 21/12/05, perfazse um lapso temporal menor do que 5 (cinco) anos. 3.Agravo regimental não provido. (AgRg no REsp n° 1.128.113/RS, 1a Turma, rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJe de 27102011) Por tais razões, embora entendendo possível a exigência de multa isolada depois do encerramento do anocalendário, e ainda que conjuntamente com a multa de ofício aplicável sobre o ajuste anual ressalvadas as hipóteses alcançadas pela Súmula CARF nº 105, aqui inaplicável , concluo que no presente caso a decisão judicial autoriza a contribuinte a não cumprir as obrigações acessórias em referência e impede a lavratura de autuações e, por consequência, a aplicação de penalidades, cumprindo DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, na parte conhecida, para cancelar as multas isoladas aplicadas sobre as estimativas calculadas nos anoscalendário de 2005 a 2007. (documento assinado digitalmente) EDELI PEREIRA BESSA Conselheira Fl. 3048DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/0 3/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por EDELI PEREIRA BESSA
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Numero do processo: 15868.720223/2013-97
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Feb 01 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Mar 10 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Período de apuração: 01/10/2008 a 31/12/2008
ÁGIO. IMPAIRMENT. ATIVO DIFERIDO. AMORTIZAÇÃO. INDEDUTIBILIDADE.
Para fins de apuração da base de cálculo da CSLL, é vedada a dedução do impairment de ágio sobre investimentos e da amortização de um item do ativo diferido, contabilizados, respectivamente, por um optante do RTT em atendimento às novas regras de convergência ao padrão internacional de contabilidade e como condição de aproveitamento fiscal de ágio, na medida em que não se pode considerar que eles sejam intrinsecamente relacionadas com a produção ou comercialização de bens ou serviços.
Recurso Voluntário Negado
É ônus do contribuinte justificar e comprovar as exclusões efetuadas na apuração da base de cálculo do tributo.
RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. SOLIDARIEDADE. INTERESSE COMUM. CONFUSÃO PATRIMONIAL.
Caracteriza a confusão patrimonial de esferas pessoais típica do interesse comum previsto no artigo 124, I, do CTN, com a consequente responsabilização solidária, a transferência injustificada de itens de ativos e passivos entre pessoas jurídicas pertencentes ao mesmo grupo econômico.
JULGAMENTO. PRIMEIRA INSTÂNCIA. COMPETÊNCIA.
A distribuição dos processos para as diversas unidades de julgamento de primeira instância não é determinada pela lei, mas, sim, pelo regimento interno da Receita Federal. No uso de suas atribuições, o titular daquele órgão tem a possibilidade de transferir os processos entre essas unidades, visando à celeridade dos julgamentos.
JULGAMENTO. FUNDAMENTAÇÃO.
Inexiste obrigação de o julgador administrativo responder a todos os argumentos suscitados pelas partes quando já encontrou motivo suficiente para fundamentar a sua decisão.
DILIGÊNCIAS. CONVICÇÃO DO JULGADOR.
O artigo 18 do PAF tem natureza de cunho facultativo para a formação da convicção da autoridade julgadora de primeira instância ao conferir a esta a possibilidade de determinar a realização de diligências quando entender que são necessárias.
Numero da decisão: 1401-001.525
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em afastar as preliminares de nulidade e, no mérito, pelo voto de qualidade, em negar provimento aos recursos voluntários apresentados. Vencidos os Conselheiros Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Marcos de Aguiar Villas Boas e Aurora Tomazini de Carvalho, que afastavam parcialmente as responsabilidades tributárias das pessoas físicas nas infrações cujas multas não foram qualificadas.
Documento assinado digitalmente.
Antonio Bezerra Neto - Presidente.
Documento assinado digitalmente.
Ricardo Marozzi Gregorio - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Ricardo Marozzi Gregorio, Marcos de Aguiar Villas Boas, Fernando Luiz Gomes de Mattos, Aurora Tomazini de Carvalho e Antonio Bezerra Neto.
Nome do relator: RICARDO MAROZZI GREGORIO
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ementa_s : Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Período de apuração: 01/10/2008 a 31/12/2008 ÁGIO. IMPAIRMENT. ATIVO DIFERIDO. AMORTIZAÇÃO. INDEDUTIBILIDADE. Para fins de apuração da base de cálculo da CSLL, é vedada a dedução do impairment de ágio sobre investimentos e da amortização de um item do ativo diferido, contabilizados, respectivamente, por um optante do RTT em atendimento às novas regras de convergência ao padrão internacional de contabilidade e como condição de aproveitamento fiscal de ágio, na medida em que não se pode considerar que eles sejam intrinsecamente relacionadas com a produção ou comercialização de bens ou serviços. Recurso Voluntário Negado É ônus do contribuinte justificar e comprovar as exclusões efetuadas na apuração da base de cálculo do tributo. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. SOLIDARIEDADE. INTERESSE COMUM. CONFUSÃO PATRIMONIAL. Caracteriza a confusão patrimonial de esferas pessoais típica do interesse comum previsto no artigo 124, I, do CTN, com a consequente responsabilização solidária, a transferência injustificada de itens de ativos e passivos entre pessoas jurídicas pertencentes ao mesmo grupo econômico. JULGAMENTO. PRIMEIRA INSTÂNCIA. COMPETÊNCIA. A distribuição dos processos para as diversas unidades de julgamento de primeira instância não é determinada pela lei, mas, sim, pelo regimento interno da Receita Federal. No uso de suas atribuições, o titular daquele órgão tem a possibilidade de transferir os processos entre essas unidades, visando à celeridade dos julgamentos. JULGAMENTO. FUNDAMENTAÇÃO. Inexiste obrigação de o julgador administrativo responder a todos os argumentos suscitados pelas partes quando já encontrou motivo suficiente para fundamentar a sua decisão. DILIGÊNCIAS. CONVICÇÃO DO JULGADOR. O artigo 18 do PAF tem natureza de cunho facultativo para a formação da convicção da autoridade julgadora de primeira instância ao conferir a esta a possibilidade de determinar a realização de diligências quando entender que são necessárias.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em afastar as preliminares de nulidade e, no mérito, pelo voto de qualidade, em negar provimento aos recursos voluntários apresentados. Vencidos os Conselheiros Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Marcos de Aguiar Villas Boas e Aurora Tomazini de Carvalho, que afastavam parcialmente as responsabilidades tributárias das pessoas físicas nas infrações cujas multas não foram qualificadas. Documento assinado digitalmente. Antonio Bezerra Neto - Presidente. Documento assinado digitalmente. Ricardo Marozzi Gregorio - Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Ricardo Marozzi Gregorio, Marcos de Aguiar Villas Boas, Fernando Luiz Gomes de Mattos, Aurora Tomazini de Carvalho e Antonio Bezerra Neto.
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Despesas não comprovadas. Falta de adições. Exclusões indevidas. Multa qualificada. Responsabilidade tributária. Recorrente JBS S/A e responsáveis tributários. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/10/2008 a 31/12/2008 MPF. LANÇAMENTO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. O Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) constitui mero instrumento de controle instituído pela administração tributária. A atividade de lançamento é vinculada e obrigatória, nos termos do artigo 142 do CTN, e os pressupostos de sua validade e eficácia para surtir os efeitos a que se destina têm sede, apenas, no Decreto nº 70.235/72. LANÇAMENTO. COMPETÊNCIA. É valido o lançamento formalizado por AuditorFiscal da Receita Federal de jurisdição diversa da do domicílio tributário do sujeito passivo. FISCALIZAÇÃO. PROCEDIMENTO INQUISITÓRIO. DIREITO DE DEFESA. Considerando que a fiscalização é um procedimento meramente inquisitório, se há algum prejuízo, este se verifica justamente com relação à autoridade fiscal que busca a compreensão dos fatos para formar sua convicção quanto à ocorrência dos fatos geradores dos tributos envolvidos. O direito de defesa dos sujeitos passivos se estabelece depois da ciência dos autos de infração, com a instauração do processo administrativo. JULGAMENTO. PRIMEIRA INSTÂNCIA. COMPETÊNCIA. A distribuição dos processos para as diversas unidades de julgamento de primeira instância não é determinada pela lei, mas, sim, pelo regimento interno da Receita Federal. No uso de suas atribuições, o titular daquele órgão tem a possibilidade de transferir os processos entre essas unidades, visando à celeridade dos julgamentos. JULGAMENTO. FUNDAMENTAÇÃO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 86 8. 72 02 23 /2 01 3- 97 Fl. 14159DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 19/02/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 15868.720223/201397 Acórdão n.º 1401001.525 S1C4T1 Fl. 14.160 2 Inexiste obrigação de o julgador administrativo responder a todos os argumentos suscitados pelas partes quando já encontrou motivo suficiente para fundamentar a sua decisão. DILIGÊNCIAS. CONVICÇÃO DO JULGADOR. O artigo 18 do PAF tem natureza de cunho facultativo para a formação da convicção da autoridade julgadora de primeira instância ao conferir a esta a possibilidade de determinar a realização de diligências quando entender que são necessárias. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/10/2008 a 31/12/2008 MULTA QUALIFICADA. BOA FÉ. DESPROPORCIONALIDADE. É vedado aos membros do CARF afastar a aplicação do percentual de qualificação da multa previsto em lei em atendimento a alegações de desproporcionalidade e observância da boa fé. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. SOLIDARIEDADE. ADMINISTRADORES. É cabível a responsabilização solidária de administradores que praticam os atos ilícitos, ou seja, a conduta infratora prevista no artigo 135 do CTN. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. SOLIDARIEDADE. INTERESSE COMUM. CONFUSÃO PATRIMONIAL. Caracteriza a confusão patrimonial de esferas pessoais típica do interesse comum previsto no artigo 124, I, do CTN, com a consequente responsabilização solidária, a transferência injustificada de itens de ativos e passivos entre pessoas jurídicas pertencentes ao mesmo grupo econômico. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Período de apuração: 01/10/2008 a 31/12/2008 REORGANIZAÇÃO SOCIETÁRIA. TRANSFERÊNCIAS POSTERIORES DE RESULTADOS. As dificuldades práticas envolvidas numa reorganização societária não justificam a transferência, posterior à data do evento, de receitas e despesas referentes a uma das empresas em contas de resultado da outra. EXCLUSÕES. JUSTIFICATIVA. COMPROVAÇÃO. É ônus do contribuinte justificar e comprovar as exclusões efetuadas na apuração da base de cálculo do tributo. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Período de apuração: 01/10/2008 a 31/12/2008 ÁGIO. IMPAIRMENT. ATIVO DIFERIDO. AMORTIZAÇÃO. INDEDUTIBILIDADE. Para fins de apuração da base de cálculo da CSLL, é vedada a dedução do impairment de ágio sobre investimentos e da amortização de um item do ativo diferido, contabilizados, respectivamente, por um optante do RTT em Fl. 14160DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 19/02/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 15868.720223/201397 Acórdão n.º 1401001.525 S1C4T1 Fl. 14.161 3 atendimento às novas regras de convergência ao padrão internacional de contabilidade e como condição de aproveitamento fiscal de ágio, na medida em que não se pode considerar que eles sejam intrinsecamente relacionadas com a produção ou comercialização de bens ou serviços. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em afastar as preliminares de nulidade e, no mérito, pelo voto de qualidade, em negar provimento aos recursos voluntários apresentados. Vencidos os Conselheiros Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Marcos de Aguiar Villas Boas e Aurora Tomazini de Carvalho, que afastavam parcialmente as responsabilidades tributárias das pessoas físicas nas infrações cujas multas não foram qualificadas. Documento assinado digitalmente. Antonio Bezerra Neto Presidente. Documento assinado digitalmente. Ricardo Marozzi Gregorio Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Ricardo Marozzi Gregorio, Marcos de Aguiar Villas Boas, Fernando Luiz Gomes de Mattos, Aurora Tomazini de Carvalho e Antonio Bezerra Neto. Relatório Tratase de recursos voluntários interpostos por JBS S/A e responsáveis tributários contra acórdão proferido pela DRJ/Ribeirão PretoSP que concluiu pela procedência total dos lançamentos efetuados. Os créditos tributários lançados, no âmbito da SRRF da 8ª Região Fiscal, referentes ao IRPJ e CSLL, devidos no quarto trimestre do ano de 2008, totalizaram o valor de R$ 81.262.260,20. A autuação promoveu a glosa de despesas não comprovadas e de exclusões indevidas, bem como a inclusão de valores não adicionados. As multas referentes à glosa de exclusões indevidas e à inclusão de valores não adicionados foram qualificadas. Foram também atribuídas responsabilidades solidárias à pessoa jurídica TINTO HOLDING LTDA e Fl. 14161DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 19/02/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 15868.720223/201397 Acórdão n.º 1401001.525 S1C4T1 Fl. 14.162 4 às pessoas físicas NATALINO BERTIN, REINALDO BERTIN, SILMAR ROBERTO BERTIN, JOÃO BERTIN FILHO e FERNANDO BERTIN FILHO. Em seu relatório, a decisão recorrida assim descreveu o caso: Os Autos de Infração de IRPJ e CSLL, além dos demonstrativos e descrições de fs. 12.895/12.919, são acompanhados do Termo de Verificação de fls. 12.920/12997, em que a Fiscalização esclarece que: em diligências realizadas junto às empresas JBS S/A (sucessora da Bertin S/A por incorporação), BERTIN S/A e BRACOL HOLDING LTDA, comprovouse que houve sucessão por cisão parcial, ocorrida em 01/10/2007, entre as Pessoas Jurídicas Bracol Holding Ltda. e Bertin S/A, ensejando elaboração de relatório (referente à cisão parcial ocorrida) datado de 23/08/2011, denominado "Relatório referente à responsabilidade tributária solidária da JBS S/A, ...., quanto aos débitos fiscais da Bracol Holdiong Ltda. também foi elaborada representação fiscal para alteração cadastral, datada de 25/08/2011, a fim de que fosse efetuado, nos sistemas da RFB, o registro da cisão parcial ocorrida, dando origem ao processo administrativo nº 15868.720080/2011 51, em nome da JBS S/A, tendo em vista que esta incorporou a BERTIN S/A. Inconformada com a intimação para realizar a referida alteração cadastral, a JBS S/A impetrou o mandado de segurança nº 000380565.2011.403.6107, no qual foi proferida sentença reconhecendo o direito de o Fisco constituir crédito tributário contra a BRACOL HOLDING LTDA, imputando à JBS S/A responsabilidade solidária pelos débitos decorrentes de fatos geradores ocorridos até a data da cisão parcial, ocorrida em 01/10/2007. A sentença ressalta, porém, que a Fazenda Pública não pode executálos enquanto não ocorrer o desfecho do processo administrativo nº 15868.720080/201151. Houve interposição de apelação pelas partes nos autos do mandado de segurança, estando os recursos pendentes de julgamento no TRF da 3ª Região. São mencionados outros Mandados de Segurança sem qualquer notícia de óbice à autuação. Ressalta a autoridade autuante que a BRACOL HOLDING LTDA tinha o controle acionário da BERTIN S/A, desde a constituição desta empresa até sua incorporação pela JBS S/A, em 31/12/2009. Em 2012, a diligência junto à JBS S/A foi encerrada com a inclusão no MPFF Regional nº 08.1.90.002011034024, em aberto, de diversas operações para constituição de crédito tributário que originou os autos de infração de que trata o presente processo administrativo. Constatou a autoridade autuante que, após a referida cisão parcial, as empresas BRACOL HOLDING LTDA e BERTIN S/A transferiram entre si receitas e despesas, bem como ativos e passivos. Os créditos tributários lançados no presente processo administrativo são fruto da auditoria realizada para a apuração dos reflexos tributários gerados por essas transferências, que assim resumiu: . PARA IRPJ: . INFRAÇÃO 0001 CUSTOS, DESPESAS OPERACIONAIS E ENCARGOS DESPESAS NÃO COMPROVADAS R$ 2.174.227,60 PARA O 4o TRIMESTRE DE 2008 Reduções do lucro indevidas escrituradas, advindas de lançamentos que Fl. 14162DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 19/02/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 15868.720223/201397 Acórdão n.º 1401001.525 S1C4T1 Fl. 14.163 5 tiveram contrapartidas em outra pessoa jurídica (Bracol Holding Ltda., atual Tinto Holding Ltda.). São totalmente descabidas as transferências de contas de receitas e despesas entre duas Pessoas Jurídicas distintas. Há reflexo na CSLL (Infração 0001) com mesmo valor; . INFRAÇÃO 0002 TEXTO 01 EXCLUSÕES / COMPENSAÇÕES NÃO AUTORIZADAS NA APURAÇÃO DO LUCRO REAL EXCLUSÕES INDEVIDAS R$ 496.695.782,32 PARA O 4º TRIMESTRE DE 2008 Redução indevida do lucro real e da base de cálculo da CSLL através de exclusão indevida de valores de variação cambial ativa inexistentes, não escriturados, na contabilidade para o 4º trimestre de 2008 (vide planilha 43) que acabou revertendo totalmente o prejuízo fiscal declarado para o 4º trimestre de 2008. Há reflexo na CSLL (Infração 0003 Texto 02) com mesmo valor; . INFRAÇÃO 0002 TEXTO 02 EXCLUSÕES / COMPENSAÇÕES NÃO AUTORIZADAS NA APURAÇÃO DO LUCRO REAL EXCLUSÕES INDEVIDAS R$ 20.313.512,20 PARA O 4º TRIMESTRE DE 2008 Redução indevida do lucro real e da base de cálculo da CSLL através de exclusão indevida de valores duplicados e de valores não escriturados, na contabilidade para o 4º trimestre de 2008 (vide planilha 43) que acabou revertendo totalmente o prejuízo fiscal declarado para o 4º trimestre de 2008. Há reflexo na CSLL (Infração 0003 Texto 01) com valor diferente; . PARA CSLL: . INFRAÇÃO 0001 CUSTOS, DESPESAS OPERACIONAIS E ENCARGOS DESPESAS NÃO COMPROVADAS R$ 2.174.227,60 PARA O 4º TRIMESTRE DE 2008 Reduções do lucro indevidas escrituradas, advindas de lançamentos que tiveram contrapartidas em outra pessoa jurídica (Bracol Holding Ltda., atual Tinto Holding Ltda.). São totalmente descabidas as transferências de contas de receitas e despesas entre duas Pessoas Jurídicas distintas. É reflexo direto do IRPJ (Infração 0001) com mesmo valor; . INFRAÇÃO 0002 FALTA/INSUFICIÊNCIA DE ADIÇÕES À BASE DE CÁLCULO AJUSTADA DA CSLL IMPAIRMENT DE ÁGIO SOBRE INVESTIMENTO E AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO SI DIFERIDO RESULTANTES DOS NOVOS MÉTODOS CONTÁBEIS A Bertin S/A adicionou corretamente na determinação do Lucro Real R$ 34.838.054,37 de Impairment de ágio sobre investimento e amortização de ágio s/ diferido resultantes dos novos métodos contábeis mas não efetuou essa mesma adição à base de cálculo da CSLL, que acabou revertendo totalmente a base de cálculo negativa da CSLL declarada para o 4o trimestre de 2008. É reflexo indireto do IRPJ há correlação com IRPJ; . INFRAÇÃO 0003 TEXTO 01 EXCLUSÕES INDEVIDAS DA BASE DE CÁLCULO AJUSTADA DA CSLL EXCLUSÕES INDEVIDAS R$ 9.304.323,78 PARA O 4o TRIMESTRE DE 2008 Redução indevida do lucro real e da base de cálculo da CSLL através de exclusão indevida de valores não escriturados na contabilidade para o 4o trimestre de 2008 (vide planilha 43) que acabou revertendo totalmente a base de cálculo negativa da CSLL declarada para o 4o trimestre de 2008. É reflexo direto do IRPJ (Infração 0002 texto 2) com valor diferente; . INFRAÇÃO 0003 TEXTO 02 EXCLUSÕES INDEVIDAS DA BASE DE CÁLCULO AJUSTADA DA CSLL EXCLUSÕES INDEVIDAS R$ 496.695.782,32 PARA O 4o TRIMESTRE DE 2008 Redução indevida do lucro real e da base de cálculo da CSLL através de exclusão indevida de valores de variação cambial ativa inexistentes, não escriturados, para o 4o trimestre de 2008 (vide planilha 43) que acabou revertendo totalmente a base de cálculo negativa da CSLL declarada para o 4o trimestre de 2008. É reflexo direto do IRPJ (Infração 0002 texto 1) com mesmo valor; Fl. 14163DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 19/02/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 15868.720223/201397 Acórdão n.º 1401001.525 S1C4T1 Fl. 14.164 6 Esclarece a Fiscalização que em função das infrações acima, ocorreu a reversão de todo prejuízo de IRPJ (406.085.411,04) e de toda a base de cálculo negativa da CSLL (429.914.276,99) declarados pela Bertin S/A, CNPJ 09.112.489/000168, para o 4º trimestre de 2008, bem como ocorreu a constituição de crédito tributário (IRPJ e CSLL) que excedeu os valores acima citados. Registra a competência dos Auditores signatários do Termo de Verificação, mencionando o art. 9º, e seus parágrafos 2º e 3º, do Decreto 70.235/72. A título de Histórico das Constatações, relata a autoridade autuante que, no ano de 2008, a BERTIN S/A apurou o IRPJ pelo lucro real trimestral, tendo iniciado os registros contábeis a partir do quarto trimestre de 2007 (01/10/2007), data em que os livros registram as transferências de patrimônio entre a BERTIN LTDA (atual Bracol Holding Ltda.) e a BERTIN S/A, que se deram por meio de contas coligadas e controladas entre ambas as pessoas jurídicas. Nessas mesmas contas continuaram a ocorrer novas transferências. Elaborou a autoridade autuante, com base nos lançamentos contábeis constantes das referidas contas coligadas e controladas, planilhas em que foram listadas, de um lado, os lançamentos relativos à BRACOL HOLDING LTDA e, de outro, os correspondentes à BERTIN S/A. Elaborou, ainda, planilha com dados extraídos da anterior, que tinha apenas correlação com contas de receitas e/ou despesas transferidas entre as pessoas jurídicas, na qual foi adotado o valor de R$ 10.000,00 como corte para a amostragem. Intimados a esclarecer os fatos que deram causa a esses lançamentos contábeis, a BRACOL HOLDING LTDA e a JBS S/A informaram que se referiam à regularização de receitas e dispêndios, bem como conseqüência do fato de que clientes e fornecedores não atualizaram seus cadastros. A despeito das reiteradas intimações para tanto, nunca foram apresentados os documentos que comprovassem as alegações. Além disso, a fim de demonstrar a inconsistência dos argumentos manejados por eles, elaborou a autoridade autuante planilhas evidenciando a ocorrência de lançamentos em contas de ativo ou passivo em uma pessoa jurídica que tiveram contrapartida em contas de receitas ou despesas em outra pessoa jurídica. Ademais, a autoridade autuante tece as seguintes considerações: “9. Também não poderíamos deixar de esclarecer que o Laudo apresentado pela JBS S/A e Bracol Holding Ltda. que foi elaborado pela Pessoa Jurídica AMKS Contadores e Consultores Ltda. se baseou em um Balanço levantado com o fim específico de se transferir o acervo líquido da Bracol Holding Ltda. para a Bertin S/A (por conta da cisão parcial constatada) e nele tratou de todas as contas (de ativo e de passivo) transferidas de uma Pessoa Jurídica para outra, ou seja, não havia mais contas de ativo e de passivo a serem transferidas com base nesse Balanço. Lembramos ainda que o levantamento de um Balanço tem a exata função de encerrar as contas de resultado (receitas e despesas) em um determinado período fazendo com que seu resultado (lucro ou prejuízo) seja transferido para o Balanço, não sendo permitido em hipótese alguma que sejam transferidas receitas e despesas entre duas Pessoas Jurídicas”. (grifado no original) No curso da ação fiscal, a JBS S/A e a BRACOL HOLDING LTDA apresentaram diversos argumentos para justificar os lançamentos contábeis constantes das contas coligadas e controladas entre ambas as pessoas jurídicas. A propósito dos lançamentos relativos a movimentação de variação monetária/cambial/correção de empréstimos e financiamentos, alegaram que, por tratarse de operação de separação de bens, direitos e obrigações entre duas Fl. 14164DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 19/02/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 15868.720223/201397 Acórdão n.º 1401001.525 S1C4T1 Fl. 14.165 7 empresas em movimento, ... a geração das despesas, por conta das inúmeras atualizações de cadastros junto às instituições financeiras, ainda ocorriam na empresa inicial, de modo que houve a transferência desses débitos para que o dispêndio fosse realizado na empresa correta. No tocante aos lançamentos referentes a vendas a vista, alegaram que, por falta de agilidade na troca do cadastro do cliente, este fez o pagamento na BRACOL HOLDING LTDA, a despeito de o faturamento ter ocorrido na BERTIN S/A., razão pela qual os recursos foram posteriormente transferidos a esta empresa. A autoridade autuante tece extensas considerações acerca dos argumentos apresentados pela JBS S/A e pela BRACOL HOLDING LTDA nas respostas às intimações, merecendo destaque os seguintes excertos: Item 1) Movimentação de variação monetária / cambial... Essa alegação não procede, pois se as dívidas (passivos) tinham sido transferidos da Bracol Holding Ltda para a Bertin S/A, como ficou demonstrado no Laudo apresentado já citado – MKS, que são compatíveis com os lançamentos contábeis de transferências de contas de ativo e passivo realizados no dia 01/10/2007 no diário da Bracol Holding Ltda e a da Bertin S/A, era a Bertin S/A quem deveria alocar os juros passivos relacionados aos empréstimos transferidos que se encontram em seu passivo, nunca poderiam essas despesas ter sido lançadas na contabilidade da Bracol Holding Ltda e depois “transferidas” para a contabilidade da Bertin S/A através da conta coligada e controlada. Mas se isso ainda fosse verdade (se fosse um mero erro contábil) caberia a Bracol Holding Ltda estornálos e a Bertin S/A escriturálos totalmente, independente do cadastro da instituição bancária estar ou não atualizado. Observe que se fosse verdade as Pessoas Jurídicas deveriam apresentar comprovantes do estorno total no lado da Bracol Holding Ltda (conta de débito e conta de crédito – método das partidas dobradas) em sua escrituração e a Bertin S/A deveria apresentar o comprovante da escrituração total (conta de débito e conta de crédito – método das partidas dobradas) em sua escrituração, mas nenhuma delas os apresentou, mesmo porque eles não existem na escrituração. E ainda sim não consta em Lalur algum da Bracol Holding Ltda o estorno de uma despesa indevida de período anterior na apuração do lucro real, que corroborasse com a resposta dada por ambas as Pessoas Jurídicas, e não há escrituração de ajuste de exercício anterior relacionado á resposta alguma na Pessoa Jurídica Bertin S/A. (...) Item 5) Venda a vista – Da mesma forma que nos itens anteriores essa alegação não convence, pois seria simples apresentar a nota fiscal de venda em nome da Bertin S/A, o comprovante de depósito em nome da Bracol Holding Ltda, os lançamentos de CMV (custo de mercadoria – ou produto – vendido), de baixa dos estoques e tributos incidentes, e os lançamentos de receitas e de clientes, bem como os lançamentos de correção quanto ao que alega (só restaria a correção de baixa da conta clientes com o ingresso de recursos transferidos da conta bancos da Bracol Holding Ltda para a Bertin S/A), mas nada disso foi apresentado. Se a venda foi a vista, a Bertin S/A deveria ter lançado a receita (nota fiscal em seu nome) e registro na conta clientes, o CMV e baixa do estoque e tributos incidentes, não havendo óbice à Bertin S/A em efetuar esses lançamentos se o problema foi um pagamento à Bracol Holding Ltda. O não registro do pagamento na Bertin S/A não influencia na conta receita e sim mantém o cliente como devedor, e ao pagar teria que realizar a baixa da dívida contra a conta bancos (por exemplo) mas o recurso seria transferido da conta bancos da Bracol Holding Ltda. (grifado no original) Ressalta a autoridade autuante que os supostos lançamentos de “ajustes” entre a BRACOL HOLDING LTDA e a BERTIN S/A se deram durante todo o período de existência desta empresa (02/10/2007 a 31/12/2009). Fl. 14165DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 19/02/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 15868.720223/201397 Acórdão n.º 1401001.525 S1C4T1 Fl. 14.166 8 Concluindo ser improcedentes as justificativas apresentadas pelos intimados para os referidos lançamentos de “ajustes” entre a BRACOL HOLDING LTDA e a BERTIN S/A, a autoridade autuante expurgou os respectivos reflexos na apuração do lucro real do ano de 2008, por trimestre, desta última empresa, bem como os reflexos na apuração da base de cálculo da CSLL. Esses lançamentos de “ajustes” ocasionaram uma redução indevida do lucro real que totalizou R$ 2.174.227,60 para o 4º Trimestre de 2008 constituindo a infração 0001 IRPJ – Custos, Despesas Operacionais e Encargos – Despesas Não Comprovadas e também a infração 0001 – CSLL – Custos, Despesas Operacionais e Encargos – Despesas Não Comprovadas. Aborda, nos itens 24 a 43, a infração 0002 texto 1, que se refere a exclusões não autorizadas na apuração do Lucro Real, descrevendo a Fiscalização : a opção da Bertin S/A pelo regime de caixa, ou liquidação, em relação às variações cambiais, os registros constatados no LALUR de exclusão de valor de VCA (apurados pelo regime de competência) feitos em valor muito superior ao que consta em sua escrituração contábil;(item 26) a Intimação da JBS S/A e da Tinto Holding Ltda acerca das constatações quanto à alteração dos valores de VCA e outras contas e as respostas apresentadas sem esclarecimentos concretos (itens 32/33); Intimações quanto discrepância entre valores declarados em DCTF e DIPJ (item 34) e a resposta acerca da retificação de DCTF (item 35 e 36); o Lalur foi concebido por sistema computacional pertencente à Pessoa Jurídica JBS S/A e foi quem inseriu no Lalur os valores indevidos (VCA e outros valores excluídos) que não constavam da escrituração contábil da Bertin S/A. Concluindo que : 38) Como se observa a Bertin S/A apresentou informações falsas quando da apresentação da DIPJ em relação ao 4° trimestre de 2008, bem como foi informado um valor a maior de exclusão no Lalur que o devido de VCA, o que, além de outras exclusões indevidas (infração a seguir tratada), geraram alterações no resultado fiscal, que de positivo foi transformado em negativo em mais de quatrocentos milhões de reais. Justifica a aplicação da multa qualificada de 150% bem como a existência de exigência reflexa na CSLL (Infração 003 Texto 02) Nos itens 44 a 53, aborda a Infração 002 Texto 02, descrevendo a intimação para esclarecimentos acerca de exclusões da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, dentre as quais aquelas nos valores de R$ 86.561.200,22 e R$ 58.312.500,20, a resposta da JBS S/A informando que não teria como comprovar com segurança a composição dos valores lançados pela Bertin S/A em seu Lalur e na DIPJ, tendo contatado o contabilista da época, mas não havia memória de cálculo da sua composição, e as conclusões decorrentes da tentativa de identificar a origem das exclusões: 46) Sobre tais exclusões nada foi comprovado pela JBS S/A ou pela Tinto, nem a comprovação da composição desses valores e seus documentos. Entretanto concluímos que a diferença (R$ 86.561.200,22 R$ 58.312.500,20 = R$ 28.248.700,02) se refere à provisão da CSLL (R$ 17.239.511,60) e a exclusão (em duplicidade) da Amort. Ágio Aquis. Fl. 14166DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 19/02/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 15868.720223/201397 Acórdão n.º 1401001.525 S1C4T1 Fl. 14.167 9 Invest. Aval. PL iá excluída pela linha 46 (R$ 11.009.188.42). Vide planilha 43, obs. 01 e tab. 01 e 03. O restante dos R$ 58.312.500.20 não conseguimos relacionálo à escrituração. No livro Lalur apenas consta o seu valor total (R$ 86.561.200,22) como outras exclusões, sem detalhes. 47) Após uma análise mais detalhada constatamos que foram lançados no dia 31/12/2008 como receita (através de uma criação indevida) R$ 60.017.364,87 com o uso da conta vendas a prazo (conta n° 911010000010301) que tiveram como contrapartida (sic) a criação da conta de ativo crédito prêmio de IPI (conta n° 12110000004). Desta forma, para corrigir essa adição indevida, resolvemos manter esse valor indevido como outras exclusões (vide planilha 43, linha 11 tabelas 06 e 07). Não foi localizada na escrituração contábil nem na DRE da DIPJ o lançamento que gerou a exclusão no Lalur da Amort. Deságio Aquis. Invest. Aval. PL (Planilha 43, tabela 04, linha 46 e tabela 05, linha 39). motivo pelo gual seu valor não consta das tabelas 06 e 07 da citada planilha, foram excluídos por inexistentes (vide DRE gerada por aplicativo da RFB com base nos lançamentos do SPED contábil do período). 48) Abaixo o lançamento indevido em 31/12/2008 de crédito prêmio de IPI lançado pela Bertin S/A em sua escrituração contábil: (...) Conclui pela inserção de informações falsas pela Bertin S/A (exclusão de receita de deságio inexistentes e não contabilizadas e exclusão de valores em duplicidade, ocultadas no valor global de outras exclusões) tanto na DIPJ quanto no Lalur. Justifica a qualificação da multa (item 52) e o reflexo na CSLL como infração 003 Texto 01, mas com valor diferente (item 53). Aborda a Infração 002 de CSLL referente a valor que, embora adicionado na base de cálculo do IRPJ, não o foi em relação à CSLL (impairtment de ágio sobre investimentos item 56), a intimação para esclarecimento, a resposta no sentido de inexistência de dados e informações para esclarecer com segurança a razão da não inclusão do valor na base de cálculo da CSLL (itens 57 e 58) e a conclusão pela exigência por falta de adição com multa qualificada justificada nos itens 63 e 64). Aborda a infração 003 Texto 01 da CSLL descrevendo ser reflexa da Infração 003 texto 002 de IRPJ com valor diferente detalhadamente descrito nos itens 65 a 76 do Termo. Nos itens 77 e 78 aborda a infração 003, texto 02 da CSLL como reflexa integral da exigência de IRPJ. Nos itens 79 a 81, reportase a planilhas elaboradas e a correlação entre infração de IRPJ e CSLL. Passa, então, a descrever, nos itens 82 a 112 responsabilidade da sucessora pela multa aplicada à pessoa jurídica incorporada por ato praticado antes da sucessão bem como a atribuição de responsabilidade solidária. Afirma a autoridade autuante, a partir da interpretação sistemática dos arts. 129 e 132 do CTN, que a JBS S/A é responsável não apenas pelos tributos lançamentos, mas também pela multa de ofício aplicada. Ademais, reproduzindo excertos de relatórios disponibilizados pela JBS S/A em seu sítio na internet, conclui que: Fl. 14167DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 19/02/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 15868.720223/201397 Acórdão n.º 1401001.525 S1C4T1 Fl. 14.168 10 98) Diante do acima exposto, devemos deixar consignado neste termo que a família Bertin atualmente é sócia da JBS S/A, através da FB Participações S/A (holding controladora), e essa participação se deu com a versão do patrimônio da Bertin S/A para a JBS S/A (a atual JBS S/A é = a antiga JBS S/A + a Bertin S/A). Dessa forma, com base na legislação em vigor a JBS S/A responde pelo crédito tributário total, aí incluído o valor correspondente à multa de ofício. Frisese mais uma vez que os antigos sócios da Bertin S/A participam da “nova” JBS S/A, o que ocorreu foi uma integração, conforme consta no relatório acima transcrito. O Sr. Natalino Bertin – CPF 250.150.23834, que participou do Conselho Administrativo da Bertin S/A, foi membro do Conselho Administrativo da JBS S/A. 99) Em que pese ter ocorrido uma incorporação (ou fusão, como constou no relatório da administração já citado), no caso concreto o que ocorreu foi uma união de patrimônio e sócios. (grifado no original) Quanto à BRACOL HOLDING LTDA, afirma a autoridade autuante que transferiu ela patrimônio para a BERTIN S/A no período de 01/01/2008 a 16/12/2008, no valor de R$ 300.606.545,97 em transferências líquidas de Ativos desta para aquela e de R$ 689.060.921,79 em transferências líquidas de Passivos da BRACOL HOLDING LTDA para a BERTIN S/A., fato esse que comprova a solidariedade daquela pelos créditos tributários lançados contra esta para todo o ano de 2008. Assevera, ainda, que a análise dos lançamentos contábeis dessas duas pessoas jurídicas revelou a ocorrência de transferências de receitas e despesas entre a BRACOL HOLDING LTDA e a BERTIN S/A, ressaltando a interação e dependência entre essas pessoas jurídicas. Pelas razões acima referidas, foi imputada responsabilidade pelos créditos tributários lançados à JBS S/A, com base no art. 132 do CTN, à BRACOL HOLDING LTDA, com base no art. 124, I e 135, inciso I, do CTN. E, ainda: 108) Quanto à responsabilização dos sócios, pessoas físicas, da Tinto Holding Ltda. (e da antiga Bertin S/A) se deu por conta dos crimes, em tese, por eles cometidos (e também pela Tinto como sócia majoritária) ao fraudar informações na DIPJ e no Lalur do 4º trimestre de 2008 da Bertin S/A, beneficiandose assim, todos eles, com o não pagamento dos tributos devidos (IRPJ e CSLL), o que também não deixa de serem beneficiados indiretamente e indevidamente com o método (modus operandi) que foi criado e demonstrado acima. O enquadramento legal de suas responsabilizações é o art. 135, incisos I e III do CTN, já que suas condutas foram praticadas com infração à lei, e porque não dizer ao contrato social (que não poderia prescrever ações criminosas como estando de acordo com os ditames da Pessoa Jurídica). Os incluímos os dois incisos do citado artigo porque eram sócios (direto Silmar Roberto Bertin e indiretos outros irmãos) e porque eles (todos eles) também eram administradores, representantes e gerentes da Bertin S/A à época dos fatos: Nos itens 113 e seguintes do Termo de Verificação, aborda a Fiscalização o Mandado de Segurança 000380565.2011.4.03.6107, registrando que o mesmo não está relacionado com a exigência tributária ora formalizada. Ainda, noticia a existência de autuações anteriores relativas ao período de 2007 e aos três primeiros trimestres de 2008, a formalização de Representação Fiscal para Fins Penais (15868.720224/201331) e a existência de PerDcomp com pedido de saldo negativo de IRPJ apresentada pela JBS S/A, já que em 21/07/2010 a Bertin S/A já estava incorporada por ela, conforme processo digital nº 16306.720804/2013 57. Também foram formalizados Termos de Sujeição Passiva Solidária em face de : Tinto Holding Ltda (antigas Bracol Holding Ltda. e Bertin Ltda.), CNPJ 01.597.168/000199 (fls. 13066/13068) e Fl. 14168DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 19/02/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 15868.720223/201397 Acórdão n.º 1401001.525 S1C4T1 Fl. 14.169 11 pessoas físicas Natalino Bertin, Reinaldo Bertin, Silmar Roberto Bertin, João Bertin Filho e Fernando Antonio Bertin sujeitos passivos que eram sócios e/ou diretores, presidentes e administradores das pessoas jurídicas Bertin S/A, CNPJ 09.112.489/000168 e da Bracol Holding Ltda., CNPJ nº 01.597.168/000199 (fls. 13.069/13.073). Os interessados pessoas jurídicas JBS S/A (Sucessora de Bertin S/A) e Tinto Holding Ltda. (antiga Bracol Holdings Ltda.) e pessoas físicas Natalino Bertin, Reinaldo Bertin, Silmar Roberto Bertin, João Bertin Filho e Fernando Antonio Bertin foram cientificados da autuação por via postal em 26/11/2013 como comprovam os Avisos de Recebimento (AR) de fls. 13.081 a 13.082. Em oposição à autuação foram apresentadas as seguintes peças de impugnação: Interessado Data Fls. Tinto Holding Ltda (nova denominação de Bracol Holding Ltda.) por seu representante Natalino Bertin. 07/12/2013 Fls. 13.084/13.099, acompanhada dos documentos de fls. 13.100 a 1.139 Natalino Bertin, (subscrita pelo Impugnante) 09/12/2013 Fls. 13.142/13.162 acompanhada dos documentos de fls. 13163/13210 Fernando Antonio Bertin, por seus advogados (instrumento de procuração Às fls. 13234) 09/12/2013 Fls. 13.214/13.233 acompanhada dos documentos de fls. 13234/13283 Reinaldo Bertin e João Bertin Filho, por seus advogados (instrumento de procuração Às fls. 13307/13308) 09/12/2013 Fls. 13287/13306 acompanhada dos documentos de fls. 13307/13360 Silmar Roberto Bertin por seus advogados (instrumento de procuração Às fls. 13384) 09/12/2013 Fls. 13.364/13383 acompanhada dos documentos de fls. 13384/13.434 JBS S.A (por seus advogados (instrumento de procuração às fls.13.489). 23/12/2013 Fls. 13.442/13487 acompanhada dos documentos de fls. 13488/13/767 Na Impugnação apresentada pela JBS S/A são deduzidas as alegações a seguir resumidamente discriminadas: De início registra a tempestividade da defesa e expõe os fatos, para, em seguida, alegar Ilegitimidade da D. Autoridade Fiscal (DRF Araçatuba) para Lavrar o Auto de Infração em tela, expondo que: A Impugnante JBS S/A e a empresa BERTIN S/A, têm sede no município de São Paulo/SP, de modo que a autoridade autuante, lotada na DRF de Araçatuba, não tinha competência para realizar o procedimento de fiscalização. O MPF expedido faz referência a suposta “autorização da autoridade competente” para a realização da fiscalização, mas essa “autorização” cingese à possibilidade do reexame de período já fiscalizado, nada dizendo quanto à transferência de competência para outra região fiscal. O MPF foi emitido pelo Chefe de Divisão de Fiscalização em São Paulo, conforme consta da Portaria nº 212/2011. Porém, conforme registra o próprio documento, a “delegação” para a respectiva emissão se deu com base na Portaria de Fl. 14169DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 19/02/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 15868.720223/201397 Acórdão n.º 1401001.525 S1C4T1 Fl. 14.170 12 Delegação de Competência nº 36/2004, publicada sete anos antes da edição da Portaria nº 3.014/2011, que atualmente disciplina a matéria. Considerando que sob a égide da Portaria nº 3.007/2001 foi editada a “Portaria de Delegação de Competência”, delegando a possibilidade de emissão do MPF ao Chefe da Divisão de Fiscalização, o mesmo deve ser feito na atual disciplina da Portaria RFB nº 3.014/2011, de modo que é nula a emissão do MPF que ensejou a ação fiscal. Nos termos do art. 6º, § 4º, da Portaria nº 3.014/2011, os procedimentos de fiscalização a serem realizados na jurisdição de outra unidade descentralizada, subordinada à mesma região fiscal, devem ser autorizados pelo respectivo Superintendente. Essa norma não foi observada, pois a autorização do Superintendente foi apenas para o reexame de período já fiscalizado, não fazendo qualquer referência a procedimentos de fiscalização em outra unidade descentralizada, de modo que somente a DERAT/SP seria competente para realizar a fiscalização. O CARF não aprovou Proposta de Súmula no sentido de que irregularidade do MPF não acarreta nulidade do lançamento. Não se justifica a competência do autuante pelo § 2º do art. 9º do Decreto n° 70.235/72 quando este viola frontalmente preceitos constitucionais como o princípio da ampla defesa e do devido processo legal. Alega o impugnante que houve cerceamento ao direito de defesa por diversas razões. Em primeiro lugar, porque a ação fiscal foi desenvolvida pela DRF de Araçatuba, distante da sede da empresa. Em segundo lugar, pelo fato de que a intimação acerca do lançamento veio acompanhada apenas dos autos de infração, sem os documentos que instruem o processo administrativo, com ausência de numeração na autuação. Em terceiro lugar, pela impossibilidade de obtenção da íntegra do processo pela via eletrônica (ECAC), sendo necessário o agendamento de vistas do processo para obtenção de cópia, o que lhe teria retirado boa parte do prazo de impugnação (Doc 2). Sob o título do descumprimento do "múnus" atribuído à autoridade fiscal, entende que: A autoridade autuante não promoveu qualquer esforço no sentido de obter, junto aos administradores da BERTIN S/A à época dos fatos, os esclarecimentos que buscava. Não se valeu dos instrumentos legais de que dispõe para buscar a verdade real. A autoridade autuante deveria imputar as supostas responsabilidades tributárias a quem de direito com base no art. 135 do CTN. Apresenta a relação dos administradores da BERTIN S/A à época dos fatos e requer a intimação deles para que prestem esclarecimentos e apresentem os documentos necessários à composição dos créditos. Assevera serem inverídicas as informações existentes no Termo de Verificação Fiscal expondo que: A versão adotada pelo Fiscal autuante leva à conclusão de que houve uma representação fiscal para que fosse registrada a alegada cisão; que tal fato foi atacado por Mandado de Segurança pela Impugnante; e que esta não teria obtido êxito. Fl. 14170DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 19/02/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 15868.720223/201397 Acórdão n.º 1401001.525 S1C4T1 Fl. 14.171 13 Foi impetrado o mandado de segurança nº 000380565.2011.403.6107 a fim de afastar a ilegal caracterização de cisão, de ofício, da operação ocorrida, em outubro de 2007, entre as empresas BRACOL HOLDING LTDA e BERTIN S/A, requerendo a instauração de procedimento próprio para tanto, no qual fosse assegurado contraditório e ampla defesa, nos termos do Decreto nº 70.235/1972. Houve concessão de liminar, posteriormente confirmada em sentença, dando oportunidade de apresentação de recurso administrativo, inclusive com efeito suspensivo. A possibilidade do fisco "lavrar" autos de infração não poderia ser tolhida por aquele juízo mesmo porque não foi objeto do Mandado de Segurança, seja em razão do fisco ter a possibilidade de promover o lançamento para prevenir decadência. Reproduz excerto do Termo de Verificação para alegar que nele se encontram diversas inverdades, vez que: I. O objeto do mandado de segurança tinha por objeto afastar a atribuição de "cisão" entre BRACOL e BERTIN S/A "de ofício", o gue restou plenamente atendido pelo Juízo. II. A ressalva para a possibilidade de lavraturas de auto de infração contra a Impugnante não decorre da alegada cisão, pois em nenhum momento a decisão faz referência a cisão, mas decorre da prerrogativa de o Fisco lançar para prevenir decadência. III. Nada obstante os Fiscais autuantes já tenham sido intimados para instaurar procedimento próprio e exclusivo para fins de constatação de eventual cisão entre as empresas BRACOL e BERTIN S/A, assegurando a ampla defesa, tal procedimento não foi instaurado até os dias de hoje, e nem pode mais ser instaurado em razão da decadência para tal discussão, vez que os fatos em questão ocorreram em 2007. questão que será abordada em tópico posterior. IV. O procedimento tido pela fiscalização como o "cumprimento da medida", foi afastado por aquele Juízo, o qual entendeu não estarem pressentes os pressupostos para tanto, ou seja, ampla defesa, nos moldes do art. 33 do Decreto 70.237/72. V. A resistência propositada da fiscalização em instaurar o procedimento próprio e exclusivo de verificação de cisão entre as empresas Bracol e Bertin S/A, e a alegação destes mesmos fiscais de que a cisão restou "comprovada" demonstra inequivocamente a máfé destes, merecendo apuração de crime de desobediência, prevaricação, sem prejuízo de sanções administrativas. Defende que a responsabilidade direta e exclusiva é dos administradores à época dos fatos, reportandose ao art. 135, III, do CTN, e alegando que: Tanto a doutrina como a recente jurisprudência do STJ apontam a responsabilização exclusiva dos administradores decorrente de prática de atos com infração de lei, contrato social ou estatuto da sociedade que tenham desencadeado Fl. 14171DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 19/02/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 15868.720223/201397 Acórdão n.º 1401001.525 S1C4T1 Fl. 14.172 14 uma relação jurídica obrigacional stricto sensu entre Fisco e a pessoa jurídica por ele administrada. Se a responsabilidade pessoal não alcança sequer o contribuinte (pessoa jurídica) não há que se falar em responsabilidade do suposto sucessor, seja ela solidária e/ou subsidiária. Fazse inafastável a exclusão da Impugnante da presente autuação em razão da responsabilidade pessoal e exclusiva dos dirigentes da Bertin S/A cujos fatos tenham ocorrido até a data da incorporação pela Impugnante (Doc. 05), relacionando as pessoas físicas acerca das quais argumenta: alguns, inclusive já constam do Auto de Infração na qualidade de responsáveis solidários. embora alguns dos citados não constem na ficha cadastral completa, colacionada na presente autuação, todos exerciam cargos de administração (Doc. 07) e gerência na empresa Bertin S/A à época dos fatos, mostrandose legitimados pelo comando do art. 135, III, do CTN a responder pela presente autuação. A responsabilidade assumida pela JBS S/A em virtude do previsto no art. 132 do CTN se dá por transferência a partir do momento da incorporação. O ônus tributário foi atribuído originalmente ao contribuinte incorporado, a Bertin S/A e somente em um segundo momento é que foi transmitido para a Incorporadora. Defende que deve ser anulado o lançamento fiscal por erro na identificação do sujeito passivo, uma vez que os administradores à época somente eles são os legitimados para figurar no pólo passivo dos Autos de Infração. No mérito, argúi, de início, a ocorrência de decadência parcial para fatos geradores de outubro e novembro de 2008. Reportase ao art. 146 do Constituição Federal e art. 150, § 4º do CTN, e cita decisões judiciais e administrativas. Ainda a título de mérito, aborda a acusação de transferência de receitas e despesas entre Bracol e Bertin S/A infração 001, e alega que: a empresa Bertin S/A incorporada pela Impugnante somente no final de dezembro de 2009 adquiriu da empresa Bertin Ltda. (antes denominada Bracol Holding Ltda. e hoje chamada Tinto Holding Ltda.) diversos estabelecimentos via integralização de acervo líquido em aumento de capital subscrito e integralizado pela Bracol Holding Ltda.; tratouse de operação bastante complexa, que exigiu várias providências regulatórias, demandando razoável tempo em um país reconhecidamente burocrático; por razões alheias a vontade da Bertin S/A. por curto espaço de tempo foi necessária a continuidade de utilização de documentos fiscais em nome da Bertin Ltda. (Bracol) para cumprimento de contratos, cronograma de abate e aviso de diversos fornecedores, os quais continuaram emitindo notas fiscais em nome daquele; é contraditório com o princípio da verdade material ignorar atos praticados pelo contribuinte originário, que só assim o foram executados por total impossibilidade de se agir diferentemente, dentro do contexto em que vivemos, principalmente quando tais atos não trouxeram qualquer prejuízo ao erário. Faz menção a insumos adquiridos até a data de aquisição dos estabelecimentos pela empresa incorporada e sua utilização em datas posteriores, a contratos de fornecimento de insumos a longo prazo, e argumenta que embora Fl. 14172DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 19/02/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 15868.720223/201397 Acórdão n.º 1401001.525 S1C4T1 Fl. 14.173 15 saibamos que o balanço elaborado para fundamentar uma estruturação societária se preste a encerrar as transações entre as empresas analisadas, nada impede que após a formalização desta operação se faça necessária a realização de alguns ajustes de contas entre elas, justamente em face daquela. Porém tais práticas não revelam qualquer pretensão do contribuinte de enganar o fisco, tanto que as expôs independentemente de ser obrigada a tanto e as justificou. Reitera a grandiosidade da operação e a inviabilidade de sua operacionalização no mundo fenomênico na mesma data em que o Ato foi formalizado perante as Autoridades. Reportase à necessária abertura de inscrição perante os órgãos públicos objetivando comprovar a inviabilidade de que a Bertin S/A passasse a operar, automaticamente em seu próprio nome após o ato formal perante a Junta Comercial. Alega ainda que se tratou de transferência de estabelecimentos em plena atividade, e que não poderia a BERTIN S/A simplesmente paralisar suas atividades (i.e. cortar fornecimentos e paralisar saídas) até que conseguisse todas as inscrições e certificados em seu nome. Menciona a ocorrência em 01/10/2007 do drop down operação societária pela qual os estabelecimentos em tela passaram da BRACOL (então denominada BERTIN LTDA.) para a BERTIN S/A em troca de subscrição de ações, e indica que os valores autuados por transferências de contas de receitas e despesas entre Bertin Ltda. (BRACOL Holding Ltda.) e BERTIN S/A desde o 4º trim/2007 ao 4º trim/2008 foram diminuindo, o que atribui a reflexo, justamente, dos ajustes necessários para transferência da atividade para a Bertin S/A. E reprisa que: mesmo após o drop down, havia valores receitas que a BRACOL (BERTIN LTDA) continuou a receber em seu nome, porque a BERTIN S/A não havia conseguido, ainda, inscrição estadual, municipal e demais licenças para operar em nome próprio; o mesmo ocorreu em relação a despesas que nesse passo inicial, ainda vinham em nome da BRACOL (BERTIN LTDA.) que pagava e, posteriormente, enviava a despesa para BERTIN S/A; as operações de conta corrente são muito comuns entre empresas, o que demonstra que a ingerência de números da BRACOL (BERTIN LTDA.) perante a BERTIN S/A no caso em tela receitas e despesas encontra um racional, isto é, houve, em verdade transferência de recursos entre empresas do mesmo grupo, que pode e deve ser levado em consideração, caracterizandose um contrato de conta corrente, dada a peculiariedade da operação em questão; a prática de ajustes realizada entre a Bracol e a Bertin S/A não desrespeita o princípio da entidade, já que não houve desrespeito à autonomia do patrimônio de cada uma das empresas, pelo contrário, tanto se considerou esta distinção que se constata transferências entre eles. Quanto à imputação de exclusão indevida de valores referentes a variações cambiais ativas ("Infração 002 Texto 01" de IRPJ e "Infração 003 Texto 02" de CSLL, argumenta tratarse de acusação vaga e imprecisa o que configuraria cerceamento do direito de defesa. Menciona que, nos moldes do art. 30 da Medida Provisória 1.85810/1999, as variações dos direitos de crédito e das obrigações do contribuinte, em função da taxa de câmbio, eram consideradas, para efeito de determinação da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, quando da liquidação da correspondente operação. Fl. 14173DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 19/02/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 15868.720223/201397 Acórdão n.º 1401001.525 S1C4T1 Fl. 14.174 16 Alega que a autuação não permitiu a compreensão dos motivos jurídicos para sua lavratura. Complementa que, ainda que se entenda pelo acolhimento da acusação fiscal, a exigência não merece prosperar, pois estarseá admitindo o intuito doloso dos administradores da BERTIN S/A à época dos fatos, o que tem o condão de reforçar: (a) a responsabilidade exclusiva daquelas pessoas físicas, nos termos do art. 135, CTN; ou (b) o mínimo, afasta exigência de multa e juros da Impugnante. Aborda a Infração 002 – Texto 002 de IRPJ e Infração 003 – Texto 001 de CSLL, referente a Exclusões Indevidas na apuração do Lucro real e da Base de Cálculo da CSL, alegando que : também neste item há cerceamento do direito de defesa pois a Fiscalização deveria ter demonstrado de forma clara e precisa a infração; além do cerceamento do direito de defesa, resta caracterizada nulidade em razão da insegurança por falta de determinação da infração; ao observar a composição dos valores autuados, conforme planilhas acostadas ao Auto de Infração, não restou caracterizada com segurança, a infração. Reproduz item 46 do Termo de Verificação para argumentar que a própria fiscalização afirma que não conseguiu relacionar valores, o que reforça o aqui exposto, no sentido de ser necessária, no mínimo diligência fiscal – em razão da insegurança na determinação da infração , pela qual desde já se protesta. Em relação ao lançamento de CSLL (infração 002) por falta/insuficiência de adições à base de cálculo decorrentes de impairment de ágio, afirma o Impugnante que: O relatório admite que “os ajustes aos novos critérios contábeis ocorridos a partir de 2007, com as alterações na Lei das S/A (IMPAIRMENT)” foram realizados de forma correta, validando, assim, o ágio existente e utilizado no período; a adição de um valor a título de IRPJ não faz prova absoluta da correção do lançamento, já que cabe à fiscalização verificar a correção dessa adição; se o fisco afirma que a suposta infração apontada é reflexo da forma de apuração do IRPJ, deve apontar e comprovar tal inconsistência (cita ementa de acórdão do CARF) houve uma adição indevida de IRPJ, que deve ser corrigida no curso da fiscalização ou comprovada sua correção para fins de apuração de CSLL; não foi questionado o ágio em si, revelando que tem ele fundamento econômico, principalmente para fins da despesa de amortização do lucro real e da base de cálculo da CSLL; para fins contábeis, a Lei nº 11.638/2007 exigiu a adição da amortização contábil do ágio, de modo que tal ágio seja contabilmente baixado somente após a realização do teste da recuperabilidade (impairment), mas isso não significa, para fins fiscais, que o ágio não deveria continuar sendo amortizado; para fins fiscais, os ajustes promovidos pela Lei nº 11.638/2007 são neutros, de modo que não alteram a apuração do lucro realizada com base na legislação até então vigente, que exigia a amortização contábil do ágio; Fl. 14174DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 19/02/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 15868.720223/201397 Acórdão n.º 1401001.525 S1C4T1 Fl. 14.175 17 a própria adição da despesa da amortização da contabilidade fiscal do ágio nos períodos autuados decorreu do erro no momento de traduzir esses efeitos para fins do IRPJ, pois não há teste de recuperabilidade (‘impairment’) na determinação do lucro líquido (base do lucro real) apurado de acordo com as regras contábeis aplicáveis e vigentes antes da Lei nº 11.638/07”. a manutenção da amortização fiscal do ágio nos períodos autuados para fins da CSLL, é correto, e onde houve equívoco, foi justamente na adição dessas despesas de amortização do ágio para fins do IRPJ; não há, na legislação da CSLL, expressamente, previsão legal que respalde a exigência em tela. Embora se aplique à CSLL as disposições da legislação do IRPJ referentes a diversos aspectos, no tocante à base de cálculo e as alíquotas serão observadas as disposições previstas na legislação específica da referida contribuição (...), que não prevê a adição de impaiment de Ágio. Requer a realização de diligência a fim de que sejam analisados os documentos fiscais da impugnante, intimandose, ainda, a BRACOL HOLDING LTDA e seus dirigentes, para que apresentem documentos relativos ao período fiscalizado. Defende a impossibilidade de sucessão da multa e juros, argumentando que: A responsabilidade tributária prevista no art. 132 do CTN não alcança a multa e os juros moratórios. O sucessor, nas hipóteses previstas no referido dispositivo, não concorre de nenhuma forma para a prática da infração pelo sucedido. A responsabilidade pela multa deve ser afastada, seja porque a BERTIN S/A era empresa distinta e tinha controle distinto de sua incorporadora (ora Impugnante); ou porque a multa foi formalizada após a incorporação, sendo a Impugnante adquirente de boafé. A título de argumento subsidiário, requer a redução da multa de 150%, discorrendo acerca de seu entendimento de que referida multa fere princípios basilares do ordenamento jurídico e alegando que a boafé do contribuinte que declara regularmente os tributos devidos, mas deixa de pagálos, muitas vezes em razão de dificuldades financeiras, não pode deixar de ser considerada como fator por demais relevante para afastar tão severa penalidade, até porque, uma vez personalizada a pena, cumpre individualizála, a fim de se atender à Justiça, uma vez que exige a correspondência entre a responsabilidade e a punição. Resume suas alegações nos seguintes termos: a) A decisão é nula em razão da incompetência do Auditor Fiscal que emitiu o Mandado de Procedimento Fiscal, posto que não há "portaria de delegação de competência" editada sob a égide da Portaria RFB n° 3.014/2011. b) A decisão é nula em razão da incompetência do Auditor Fiscal que emitiu o Mandado de Procedimento Fiscal para determinar procedimentos de fiscalização em outra unidade descentralizada da RFB. Fl. 14175DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 19/02/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 15868.720223/201397 Acórdão n.º 1401001.525 S1C4T1 Fl. 14.176 18 c) Há evidente cerceamento de defesa, vez que a fiscalização foi realizada em Delegacia Fiscal situada há aproximadamente 600 quilômetros da sede das empresas envolvida; em razão da ausência de numeração dos documentos do AIIM; d) Há nulidade em razão do descumprimento do "múnus" atribuído à autoridade fiscal, que deveria exaustivamente obter informações perante os administradores da Bertin S/A à época dos fatos, em busca da efetivação do princípio da verdade material. Isto é, os administradores da Bertin S/A à época dos fatos devem ser intimados a prestar esclarecimentos acerca da composição dos créditos em questão, sob pena de crime de prevaricação. e) Deve ser realizada diligência para intimação dos administradores da Bertin S/A, à época dos fatos (já relacionados), a fim de que prestem esclarecimentos e apresentem documentos necessários à composição dos créditos requeridos, sob pena de se instar o Ministério Público para fins de apuração de eventual crime de prevaricação. f) A Impugnante é parte ilegítima para responder pelos débitos eventualmente gerados pelos ajustes praticados pela Bertin S/A, vez que em razão da infração de lei e aos Estatutos da referida empresa, a responsabilidade pelos débitos compensados é direta e exclusiva dos administradores à época dos fatos, à luz do art. 135, III, do CTN. g) há argumentos inverídicos trazidos pela fiscalização, pois não restou caracterizada a suposta cisão da empresa BRACOL (BERTIN LTDA.), que foi afastada por Poder Judiciário, que garantiu à Impugnante o exercício do contraditório e ampla defesa em processo administrativo próprio. Aliás, a menção da suposta cisão no presente processo apenas confirma o fato de que o lançamento é confuso, pois não há sequer porque se falar em responsabilidade pela suposta ocorrência de cisão. Isto porque não se está a falar de débitos da BRACOL e de responsabilidade por seus débitos, pela suposta cisão que teria ocorrido. Reforçase. assim, a impropriedade do presente Auto de Infração. h) No mérito, a autuação é totalmente improcedente, vez que: (i) Há decadência parcial; (ii) As transferências de constas de receitas, despesas e variações cambiais entre BRACOL e BERTIN S/A era necessária em razão da necessidade de alterações de sistemas, inscrições estaduais, bancárias, de clientes, etc. (ITENS 1 e 2) Fl. 14176DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 19/02/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 15868.720223/201397 Acórdão n.º 1401001.525 S1C4T1 Fl. 14.177 19 (íii) No tocante às acusações de exclusão indevida de valores referentes a variações cambiais ativas. ("Infração 0002 TEXTO 01" de IRPJ e "Infração 0003 Texto 02" de CSLL), a acusação é vaga e imprecisa de forma a caracterizar nulidade por cerceamento do direito de defesa; (iv) no que tange à acusação de redução indevida do lucro real e da base de cálculo da CSLL pela exclusão indevida de valores supostamente duplicados e de valores não escriturados na contabilidade ("Infração 0002 TEXTO 02" de IRPJ e "Infração 0003 TEXTO 01 "de CSLL), igualmente, há insegurança na determinação da infração e cerceamento do direito de defesa; (v) Suposta falta de adições à base de cálculo ajustada da CSLL Impairment de Ágio. Conforme mencionado, a adição de um valor a título de IRPJ não faz prova absoluta da correção do lançamento, ou seja, antes de verificar qualquer infração relativa ao reflexo da referida adição, deveria a fiscalização apurar sua correção. No presente caso, se a Bertin S/A adicionou parcelas da amortização fiscal do ágio no lucro real, devese indagar qual foi o motivo. Se o motivo foi a adoção das novas regras contábeis aplicáveis com a edição da Lei n° 11.638/07, então há de se considerar a possibilidade de erro na adição dessa despesa da amortização para fins contábeis apenas, conforme amplamente demonstrado. Ademais, não há, na legislação específica da CSLL a expressa previsão legal para adição, na base de cálculo, do impairment de ágio, de forma que, ainda sob o prisma do princípio da legalidade, o lançamento não merece prosperar; (vi) Para a análise mais apurada sobre o mérito é necessária a realização de diligência pela unidade fiscal situada em São Paulo, seja em razão da incompetência da Delegacia fiscal de Araçatuba, seja em razão da imparcialidade de seus Auditores Fiscais. i) Além disso, não é devida a atribuição de responsabilidade pelas multas e juros moratórios, pois, nos moldes do art. 132 do CTN, a empresa incorporadora somente responde pelos "tributos" devidos pela empresa incorporada, e, ainda que se considere responsável, somente o seria se tivesse conhecimento à data da incorporação; Fl. 14177DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 19/02/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 15868.720223/201397 Acórdão n.º 1401001.525 S1C4T1 Fl. 14.178 20 j) Por fim, subsidiariamente, caso todos os argumentos anteriores sejam afastados, ainda assim o lançamento não merece ser mantido em sua íntegra, pois a multa aplicada de 150% deve ser reduzida. Requer o provimento da impugnação, acolhendo as preliminares de nulidade apontadas, ou, ainda, que seja julgada, no mérito, totalmente improcedente a autuação. Subsidiariamente, pede que os autos sejam devolvidos à autoridade autuante para a numeração dos documentos, devolvendose o prazo para defesa. Ainda subsidiariamente, requer a realização de diligência para análise dos documentos juntados, que demonstram a insubsistência da autuação, e para que se proceda a intimação dos dirigentes da época dos fatos geradores para prestar esclarecimentos. Requer, também, que as intimações sejam efetuadas em nome do procurador que indica, inclusive para que esteja presente no julgamento a fim de que realizem sustentação oral. Na impugnação apresentada em nome de TINTO HOLDING LTDA, nova denominação de BRACOL HOLDING LTDA., são apresentadas as alegações a seguir sintetizadas: Ao expor os fatos destaca que: os Autos de Infração foram lavrados em função de atos praticados exclusivamente pela Bertin S/A, que aproveitou despesas, excluiu valores do Lucro Líquido e realizou outros atos conforme descrição dos fatos que transcreve; a BERTIN S/A no ano de 2008 teve quase 30% da totalidade de suas ações adquiridas pela subsidiária integral do BNDES, BNDESPAR, tendo esse Banco Oficial, a partir de então, atuado e acompanhado as atividades realizadas na empresa (Doc. 03); na época dos fatos geradores a BERTIN S/A foi administrada pelo Diretor Presidente Sr. João Pinheiro Nogueira Batista e outras pessoas físicas conforme Ata de Reunião do Conselho de Administração datada do dia 1º de agosto de 2008 (Doc. 04). A título de preliminar alega ilegitimidade do Impugnante porque: considerando ter sido a BERTIN S/A (incorporada pela JBS S/A) a pessoa que praticou os atos e fatos indicados nas Autuações Fiscais, somente poderia responder, com fundamento no art. 135 do CTN caso estivessem presente suas hipóteses; o Impugnante como pessoa jurídica, não foi Diretor, Representante Legal e Gerente da BERTIN S/A na época dos fatos tratados na autuação não podendo responder a esse título como pretendeu a fiscalização ao incluílo como responsável solidário; não atuou na elaboração da DIPJ, contabilidade e outros atos descritos nas autuações; os documentos foram elaborados pela BERTIN S/A e a JBS S/A conforme reconhecido pela própria Fiscalização; Fl. 14178DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 19/02/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 15868.720223/201397 Acórdão n.º 1401001.525 S1C4T1 Fl. 14.179 21 por não ter praticado nenhum ato irregular, não pode ser responsabilizado por faltar nexo de causalidade exigido pelos art.s 135, 136 e 137 do CTN. No mérito, assevera que o art. 124 do CTN não é fundamento para responsabilização, alegando que: A Impugnante foi considerada responsável por supostas atitudes fraudulentas da BERTIN S/A e por ter se beneficiado pela falta de pagamento dos tributos – situações não previstas no artigo 124, I do CTN; Há necessidade dos responsáveis tributários por interesse comum terem participado como contribuinte da relação jurídica tributária, algo que evidentemente não existe para os tributos objeto dos lançamentos. Ainda a título de mérito, argui a impossibilidade de ser aplicado o artigo 135 do CTN, alegando que: A Impugnante nunca foi sócia majoritária da BERTIN S/A, porque essa empresa por ser constituída sob o regime de Sociedade Anônima nunca terá sócios mas, apenas acionistas, titulares de ações conforme a Lei nº 6.404/76; Não é possível aplicar o art. 135, I, do CTN, porque o termo “pessoas” referido nesta disposição se refere a uma “pessoa física” e não “jurídica”, e todos os incisos do artigo 134 do CTN não seriam aplicáveis porque além de tratarem de “pessoas físicas” somente estabelece a sua aplicação para sócios de uma sociedade de capitais como a sociedade anônima; também não seria aplicável o artigo 135, inciso III do CTN, porque nunca a Impugnante foi diretora, administradora ou gerente da BERTIN S/A, uma vez que essa empresa foi gerida por uma Diretoria especializada na época dos fatos geradores não formada por nenhum membro da Família Bertin como exigência do BNDES; jamais seria possível aplicar o inciso III, do artigo 135 do CTN no caso da Impugnante porque, da mesma forma que o inciso I, o mesmo somente se aplica a “pessoas físicas”, não sendo possível aplicálos a “pessoas jurídicas”; como não foi a Impugnante que apurou, contabilizou, registrou e supostamente se omitiu no pagamento do IRPJ e CSLL, por ter sido realizado exclusivamente pela BERTIN S/A e JBS S/A, se depreende que, na realidade, a sua inclusão está baseada na falta de pagamento de tributos pela BERTIN S/A, algo que jamais poderia ter sido realizado, porque já está pacificado na jurisprudência não ser possível a responsabilização pela mera falta de pagamento; a única motivação da atribuição de responsabilidade à Impugnante foi a infração à legislação tributária algo vedado pela jurisprudência do C. STJ, conforme Súmula 430; ademais, ser apenas administrador da pessoa jurídica e/ou ter ou não se beneficiado nunca foram causas para a aplicação do artigo 135, inciso I e III do CTN porque, nos termos deste dispositivo, apenas será possível a responsabilização solidária e pessoal quando estiver provado a prática de atos contrários aos estatutos, contrato social ou infração à lei; como ... se depreende da análise dos Autos de Infração, somente ter a TINTO HOLDING sido acusada de participar pessoalmente quanto as supostas infrações relacionadas as transferências de receitas e despesas para a BERTIN S/A Fl. 14179DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 19/02/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 15868.720223/201397 Acórdão n.º 1401001.525 S1C4T1 Fl. 14.180 22 objeto dos Itens 0001 dos Autos de IRPJ e CSLL, não tendo sido indicados nos demais itens das autuações qualquer atividade por parte dessa empresa; Essa atividade não gera infração à lei, porque essa somente existirá quando o valor transferido for aproveitado e isto foi realizado pela BERTIN S/A e não pela IMPUGNANTE se realmente existisse algum tipo de irregularidade. Defende a impossibilidade de a Impugnante ser responsabilizada pela multa qualificada, alegando inexistir prova de terem realizado qualquer ato doloso ou culposo passível de se enquadrar nas hipóteses de aplicação da multa qualificada. Entende que, se exigível a multa, a mesma somente pode ser aplicada contra a pessoa jurídica envolvida nos casos tratados nesses autos, não sendo possível aplicar para terceiros sem qualquer relação com os fatos geradores das autuações fiscais. Finaliza requerendo sua exclusão como responsável tributário dos Autos de Infração do IRPJ e CSLL. Da Impugnação em nome de Natalino Bertin constam razões de defesa de teor semelhante àquelas apresentadas em nome da Tinto Holding, acrescentando o Impugnante, especificamente, que: o impugnante não foi Diretor da BERTIN S/A na época dos fatos geradores, porque essa empresa foi administrada por outras pessoas, cujo DiretorPresidente era o Sr. João Pinheiro Nogueira Batista e outras pessoas físicas conforme Ata de Reunião do Conselho de Administração datada do dia 1º de agosto de 2008. houve ofensa a Portaria SRRF 08/GAB 21/2011, pela qual criado grupo especial de trabalho para fiscalização das empresas JBS S/A e TINTO HOLDING LTDA, não contemplando a possibilidade de incluírem pessoas físicas como responsáveis tributárias. Também em sede de preliminar argui nulidade por inexistência de MPF específico para os responsáveis solidários e intimação para prestarem esclarecimentos, ofendendo disposições da Portaria RFB 3014/2011. Expõe que referida Portaria, ao descrever expressamente as hipóteses de dispensa do MPF, deve ter revogado, por incompatibilidade, o art. 2º, § 2º, da Portaria RFB 2284, de 2010, que dispensou a emissão de MPF para exigências de créditos tributários nas hipóteses de pluralidade de sujeitos passivos. Defende a ilegitimidade do Impugnante apresentando argumentos no mesmo sentido daqueles trazidos pela Tinto Holding: considerando ter sido a BERTIN S/A (incorporada pela JBS S/A) a pessoa que praticou os atos e fatos indicados nas Autuações Fiscais, somente poderia responder, com fundamento no art. 135 do CTN caso estivessem presente suas hipóteses; o Impugnante não foi Diretor, Representante Legal e Gerente da BERTIN S/A na época dos fatos tratados na autuação não podendo responder a esse título como pretendeu a fiscalização ao incluílo como responsável solidário; quanto a TINTO HOLDING LTDA., não é possível o IMPUGNANTE responder com fundamento no artigo 135, incisos I e III do CTN, por terem sido simplesmente administradores dessa empresa, uma vez que, conforme consta no Auto de Infração, os fatos geradores das autuações fiscais foram praticados pela BERTIN S/A e não pela TINTO HOLDING LTDA. Demonstrando não ser possível aplicar referidos dispositivos legais porque somente seriam aplicados caso o Fl. 14180DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 19/02/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 15868.720223/201397 Acórdão n.º 1401001.525 S1C4T1 Fl. 14.181 23 IMPUGNANTE fosse, efetivamente, diretor da BERTINI S/A na época dos fatos geradores dos tributos lançados; no caso da TINTO HOLDING LTDA., também deve ser esclarecido ser o IMPUGNANTE administrador juntamente com as outras pessoas físicas indicadas nessa defesa, não gerando disso qualquer tipo de nexo de causalidade com os atos praticados pela BERTIN S/A; nunca o artigo 135, incisos I e III do CTN poderia ter sido aplicado para responsabilizar os IMPUGNANTE porque (i) nunca foram Diretores da BERTIN S/A, (ii) Não poderiam ser responsabilizados com fundamento em tais artigos pela mera posição de administradores da TINTO HOLDING LTDA., junto com as outras pessoas físicas citadas. Ainda como causa de ilegitimidade do Impugnante alega que não atuou na elaboração da DIPJ, contabilidade e outros atos descritos nas autuações; mas que os documentos foram preparados pela JBS S/A conforme reconhecido pela própria Fiscalização. Acrescenta que, por não ter praticado nenhum ato irregular, não pode ser responsabilizado por faltar nexo de causalidade exigido pelos art.s 135, 136 e 137 do CTN. Invoca a ocorrência de cerceamento do direito de defesa, pelo que a sujeição do Impugnante como responsável solidário deveria ser cancelada, porque, da forma que foi realizada, não demonstrou quais os atos específicos teriam sido praticados pelos Impugnantes para serem responsabilizados e quais benefícios teriam auferido. E continua: ser apenas administrador não representa nos termos do artigo 135 do CTN elemento para garantir a responsabilização de administradores, representantes e gerentes de pessoas jurídicas, devendo ser apurado e provado ter efetivamente o responsabilizado pessoa física adotado posturas das quais resultaram os atos descritos no referido dispositivo legal;... especialmente quando se apura não ser o IMPUGNANTE sequer acionista da BERTIN S/A mas a TINTO HOLDING como reconhecido pela própria fiscalização, Também argúi ausência de prova e acusação precária, expondo que: a fiscalização não provou ter o Impugnante agido com infração à lei e ao contrato social, bem como terem se beneficiado de tais atos, para aplicação do art. 135, incisos I e III do CTN; também não está provado nos autos ter o Impugnante realizado ou participação dos atos das pessoas jurídicas envolvidas. No mérito argúi a impossibilidade de ser aplicado o artigo 135 do CTN, alegando que: a inclusão do Impugnante como responsável está baseada na falta de pagamento de tributos pela BERTIN S/A, algo que jamais poderia ter sido realizado, porque já está pacificado na jurisprudência não ser possível a responsabilização pela mera falta de pagamento; a única motivação da atribuição de responsabilidade à Impugnante foi a infração à legislação tributária algo vedado pela jurisprudência do C. STJ, conforme Súmula 430; Fl. 14181DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 19/02/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 15868.720223/201397 Acórdão n.º 1401001.525 S1C4T1 Fl. 14.182 24 ademais, ser apenas administrador da pessoa jurídica e/ou ter ou não se beneficiado nunca foram causas para a aplicação do artigo 135, inciso I e III do CTN porque, nos termos deste dispositivo, apenas será possível a responsabilização solidária e pessoal quando estiver provado a prática de atos contrários aos estatutos, contrato social ou infração à lei. Defende a Impossibilidade da responsabilização derivada da Tinto Holding ter sido acionista majoritária da Bertin S/A, apresentando razões já contidas na defesa em nome da Tinto Holding e expondo que: A TINTO HOLDING na condição de acionista da BERTINI S/A não tinha a condição de sócia da Sociedade Limitada, mas de uma Sociedade Anônima, bem como nunca foi como pessoa jurídica Diretora daquela outra empresa porque a diretoria, evidentemente, era formada apenas por pessoas físicas. Também defende a impossibilidade de ser exigida multa qualificada. Finaliza requerendo a sua exclusão como responsável tributário. As Impugnações em nome de Fernando Antonio Bertin, Silmar Roberto Bertin e em nome de Reinaldo Bertin e João Bertin Filho apresentam argumentos do mesmo sentido daqueles contidos na defesa de Natalino Bertin, identificandose as seguintes especificidades: na defesa em nome de Reinaldo Bertin e João Bertin Filho, acrescentam os Impugnantes que também não eram sócios da TINTO HOLDING LTDA., na época chamada de BRACOL HOLDING LTDA., porque no tempo dos fatos indicados nas Autuações eram sócios a empresa HEBER PARTICIPAÇÕES S/A e SILMAR ROBERTO BERTIN, somente figurando eles como administradores da empresa juntamente com as outras pessoas físicas indicadas acima (DOC. 05) na defesa em nome de Silmar Roberto Bertin, a ilegitimidade é atribuída também ao fato de não ter ele participado em nenhum ato como signatário, administrador ou qualquer outra coisa. Ao apreciar a impugnação apresentada, a 13ª Turma da já mencionada DRJ/Ribeirão PretoSP proferiu o Acórdão nº 1450.299, de 13 de maio de 2014, por meio do qual decidiu pela procedência total do feito fiscal. Assim figurou a ementa do referido julgado: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 31/12/2008 MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. O Mandado de Procedimento Fiscal, sob a égide da Portaria que o criou, é mero instrumento de controle administrativo. Eventual irregularidade em sua emissão, o que sequer se confirma no caso, não acarreta nulidade de lançamento. CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Fl. 14182DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 19/02/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 15868.720223/201397 Acórdão n.º 1401001.525 S1C4T1 Fl. 14.183 25 Injustificável a arguição de cerceamento do direito de defesa se os Autos de Infração e os Termos que o acompanham, lavrados com observância das formalidades legais, foram regularmente cientificados aos interessados e se lhes foi concedido prazo legal para sua defesa. Ademais, não há que se falar em cerceamento de defesa enquanto não instaurado o litígio, que, na espécie, inaugurase com a impugnação. DILIGÊNCIA. Indeferese o pedido de diligência quando, além de não serem observados os requisitos para sua realização e de se tratar de matéria passível de prova documental a ser apresentada no momento da impugnação, estão presentes elementos suficientes para formar a convicção do julgador. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Data do fato gerador: 31/12/2008 TRANSFERÊNCIAS ENTRE PESSOAS JURÍDICAS. Em observância ao princípio da entidade, são descabidos os lançamentos contábeis efetuados em contas de coligadas e controladas relativos a transferências de ativos, passivos e resultados entre duas entidades distintas, máxime quando não são apresentadas provas relacionadas às operações contabilizadas. EXCLUSÕES INDEVIDAS. Compete ao contribuinte comprovar as afirmações que importem redução, exclusão, suspensão ou extinção do crédito tributário. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Data do fato gerador: 31/12/2008 AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. FALTA DE ADIÇÃO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao contribuinte o ônus da prova da dedutibilidade de amortização de ágio. EXIGÊNCIA REFLEXA. CSLL. Relativamente à exigência reflexa que tem por base os mesmos fatos que ensejaram o lançamento do imposto de renda, a decisão de mérito prolatada no principal constitui prejulgado na decisão do lançamento decorrente. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 31/12/2008 DECADÊNCIA A contagem do prazo decadencial, segundo a regra prevista no art 150, § 4º, do CTN, tem por termo inicial a data da ocorrência do fato gerador. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. O incorporador responde pelos créditos tributários lançados contra o incorporado, nos termos do art. 132 do CTN. Fl. 14183DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 19/02/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 15868.720223/201397 Acórdão n.º 1401001.525 S1C4T1 Fl. 14.184 26 Havendo interesse comum nas situações que constituem os fatos geradores das obrigações tributárias apuradas, é cabível a imputação de responsabilidade solidária pelos créditos tributários lançados. Também cabível a imputação de responsabilidade a pessoas físicas as quais, na qualidade de administradores de sociedade por ações e/ou de representantes de outra pessoa jurídica acionista majoritária da primeira, permitiram, através de ações ou omissões, a prática de infrações tributárias, sobretudo se demonstrada pela Fiscalização a existência de confusão patrimonial entre as pessoas jurídicas. MULTA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. As multas aplicadas em lançamento de ofício estão previstas no art. 44 da Lei n° 9.430, de 996, e seus percentuais não se confundem com aqueles estabelecidos para simples inadimplemento de débitos confessados. OFENSA A PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. A apreciação de questionamentos relacionados a ilegalidade e inconstitucionalidade da legislação tributária não é de competência da esfera administrativa, sendo exclusiva do Poder Judiciário. Inconformados, os sujeitos passivos apresentaram recursos voluntários. A empresa JBS S/A repetiu a integra dos argumentos deduzidos em sua impugnação. Acrescentou, apenas, que o seu acesso ao processo eletrônico pelo eCAC não permite identificar a numeração das folhas e, por isso, haveria que se decretar a nulidade do feito por descumprimento do artigo 22 do Decreto nº 70.235/72 (PAF). A empresa TINTO HOLDING LTDA, da mesma forma, repetiu seus argumentos anteriores. Aditou, ainda, que (i) a DRJ/Ribeirão Preto é incompetente para julgar impugnações de contribuinte localizado no município de São Paulo/SP; (ii) a mesma DRJ não analisou todas as razões de sua defesa, por isso, pede o retorno dos autos para um novo julgamento; e (iii) a DIPJ foi entregue quando a BERTIN S/A já se encontrava incorporada pela JBS S/A, sendo elaborada por softwares desta mesma empresa. As pessoas físicas apontadas como responsáveis, essencialmente, também repetiram os argumentos das impugnações. Contudo, acrescentaram que: (i) a DRJ/Ribeirão Preto é incompetente para julgar impugnações de contribuinte localizado no município de São Paulo/SP; (ii) a mesma DRJ não analisou todas as razões de sua defesa, por isso, pede o retorno dos autos para um novo julgamento; (iii) inexiste Mandado de Procedimento Fiscal MPF específico para os recorrentes porque não procede o entendimento de ainda estar vigente o artigo 2º, § 2º, da Portaria RFB nº 2.284/10; (iv) não se pode responsabilizar os recorrentes só porque faziam parte do conselho de administração da BERTIN S/A; (v) é incabível a alegação de que os recorrentes deveriam conhecer as operações contábeis da BERTIN S/A; (vi) esta última empresa tinha diretoria própria com a participação do BNDES como acionista relevante (30%); e (vii) a DIPJ foi entregue quando a BERTIN S/A já se encontrava incorporada pela JBS S/A, sendo elaborada por softwares desta mesma empresa. Em suas contrarrazões, a Fazenda Nacional, em síntese, apresenta as seguintes assertivas: (i) o tema da legitimidade da autoridade fiscal encontrase superado pela Fl. 14184DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 19/02/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 15868.720223/201397 Acórdão n.º 1401001.525 S1C4T1 Fl. 14.185 27 Súmula CARF nº 27; (ii) os recorrentes demonstraram pleno conhecimento dos fatos imputados e a decisão recorrida analisou o processo com a profundidade recomendada e suficiente, de modo que não procede as alegações de cerceamento do direito de defesa; (iii) o mandado de segurança não afasta a responsabilidade por sucessão à JBS S/A e o fato de a fiscalização reportarse à operação de cisão em nada afasta as exigências do processo, nem as torna confusas, pois o Termo de Verificação é expresso em afirmar que suas constatações são posteriores ao evento da cisão; (iv) não há erro de identificação do sujeito passivo pois a JBS S/A é sucessora por incorporação da BERTIN S/A; (v) inexistia decadência do direito de lançar tributos referentes a outubro e novembro de 2008 porque o fato gerador do quatro trimestre daquele ano ocorreu em 31/12/2008; (vi) as infrações apuradas foram adequadamente detalhadas pela fiscalização e a recorrentesucessora não trouxe aos autos argumentos e provas capazes de infirmálas; (vii) ao optar pelo RTT, a BERTIN S/A não poderia deduzir da base de cálculo da CSLL o impairment de ágio; (viii) é descabido o pleito de diligência porque quando teve a oportunidade de apresentar sua manifestação acerca do mérito dos ajustes apontados, a recorrentesucessora nada apresentou à fiscalização; (ix) é cabível a imputação da multa de ofício e juros à sucessora; (x) a qualificação das multas foi motivada por declarações falsas na DIPJ e no LALUR com o objetivo de evadir tributos; (xi) quanto à alegação comum de nulidade do MPF, há que se reiterar os argumentos da DRJ; (xii) a responsabilidade solidária da TINTO HOLDING LTDA é revelada pelo interesse comum em razão da confusão patrimonial estabelecida entre ela (antes denominada BRACOL HOLDING LTDA) e a BERTIN S/A; e (xiii) a responsabilidade solidária das pessoas físicas também foi caracterizado pelo interesse comum ante os incontáveis benefícios que receberam na qualidade de proprietários da empresa autuada, bem como pelo fato de terem participado de forma direta nas É o relatório. Voto Conselheiro Ricardo Marozzi Gregorio, Relator Os recursos voluntários são tempestivos e preenchem os requisitos de admissibilidade, portanto, deles tomo conhecimento. Em sede preliminar, as recorrentes alegam a nulidade do feito por incompetência do auditorfiscal que emitiu o MPF. Apontam falhas nesse ato pelo fato de ter determinado procedimentos de fiscalização a serem realizados por unidade da Receita Federal distinta da que jurisdiciona o contribuinte e pelo fato de não ter sido editado sob a égide da Portaria RFB nº 3.014/11. As pessoas físicas acrescentam o fato de não haver MPF específico para que fossem apontadas como responsáveis pelos créditos tributários lançados. Sobre essas questões, cumpre deixar consignado que o MPF, criado originariamente pela Portaria SRF nº 3.007/01, constitui mero instrumento de controle Fl. 14185DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 19/02/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 15868.720223/201397 Acórdão n.º 1401001.525 S1C4T1 Fl. 14.186 28 instituído pela administração tributária, permitindo acompanhar o desenvolvimento das atividades realizadas pelos auditoresfiscais, e também instrumento de garantia para o contribuinte, na medida em que este poderá conferir se, de fato, aqueles que o estejam fiscalizando estão no exercício legal de suas funções. A atividade de lançamento é vinculada e obrigatória, nos termos do artigo 142 do CTN, e os pressupostos de sua validade e eficácia para surtir os efeitos a que se destina têm sede, apenas, no Decreto nº 70.235/72 (que regula o Processo Administrativo Fiscal PAF), diploma este que possui status e força de lei, consoante reiterada e pacífica jurisprudência administrativa e judicial. Portanto, eventuais falhas ou irregularidades que porventura tivessem ocorrido quanto à observância das regras pertinentes ao MPF jamais teriam força para retirar ou limitar a competência do AuditorFiscal da Receita Federal para efetuar o lançamento, que lhe é assegurada por lei (artigo 6o da Lei no 10.593/02). Ainda assim, por bem enfrentar o quanto alegado, peço vênia para reproduzir as razões de decidir da instância a quo: A JBS S/A insurgese contra o MPF emitido para a realização da ação fiscal, afirmando que houve violação a diversas disposições da Portaria RFB nº 3.014/2011. Aduz que seu domicílio fiscal, assim como o das empresas BERTIN S/A e BRACOL HOLDING LTDA localizase no município de São Paulo, de modo que a DRF/Araçatuba não tem competência para realizar o procedimento de fiscalização. Afirma, que a Superintendência da 8ª Região Fiscal da RFB apenas autorizou reexame de período já fiscalizado, nada dizendo quanto à transferência de competência para outra região fiscal, razão pela qual foi violado o art. 6º, § 4º, da Portaria nº 3.014/2011. Assevera que o MPF foi emitido pelo Chefe de Divisão de Fiscalização em São Paulo, com base na Portaria de Delegação de Competência nº 36/2004, publicada sete anos antes da edição da Portaria nº 3.014/2011, que atualmente disciplina a matéria, de modo que, após a publicação desta Portaria, novo ato delegando competência deveria ter sido editado. As alegações não procedem. O Mandado de Procedimento Fiscal – Fiscalização MPFF nº 08.1.90.002011034024 [fls. 09/11], que autorizou a realização da ação fiscal na qual foram lavrados os autos de infração de que trata o presente processo administrativo foi emitido, em 07/11/2011, com base na Portaria RFB nº 3.014/2011. Esta Portaria prescreve as seguintes regras quanto à emissão de MPFF: Art. 2° Os procedimentos fiscais no âmbito da RFB serão instaurados com base em Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) e deverão ser executados por Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil, observada a emissão de: I – Mandado de Procedimento Fiscal de Fiscalização (MPFF), para instauração de procedimento de fiscalização; e (...) Art. 4° O MPF será emitido exclusivamente na forma eletrônica e assinado pela autoridade emitente, mediante a utilização de certificado digital válido, conforme modelos constantes dos Anexos de I a III desta Portaria Fl. 14186DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 19/02/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 15868.720223/201397 Acórdão n.º 1401001.525 S1C4T1 Fl. 14.187 29 (...) Art. 6° O MPF será emitido, observadas as respectivas atribuições regimentais, pelas seguintes autoridades: (...) III Superintendente da Receita Federal do Brasil; IV Delegado da Receita Federal do Brasil; (...) § 1° As autoridades indicadas nos incisos IV e V somente poderão emitir MPF no âmbito de suas respectivas áreas de competência. (...) § 3° Somente será admitida delegação de competência para emissão e alteração de MPF nas seguintes hipóteses: I de Superintendente da Receita Federal do Brasil para Chefe de Divisão de Fiscalização, de Administração Aduaneira ou de Repressão ao Contrabando e Descaminho, da Superintendência; (...) § 4° Os procedimentos de fiscalização a serem realizados na jurisdição de outra unidade descentralizada, subordinada à mesma região fiscal, serão autorizados pelo respectivo Superintendente. (...) § 8° A autorização para reexame em relação ao mesmo exercício poderá ser efetuada pelas autoridades competentes diretamente no MPFF. (...) Art. 7° O MPFF, o MPFD e o MPFE conterão: I a numeração de identificação e controle; II os dados identificadores do sujeito passivo; III a natureza do procedimento fiscal a ser executado (fiscalização ou diligência); IV o prazo para a realização do procedimento fiscal; V o nome e a matrícula do AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil responsável pela execução do mandado; VI o nome, o número do telefone e o endereço funcional do responsável pela equipe a que está vinculado o AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil referido no inciso V; e VII o nome, a matrícula e o registro de assinatura eletrônica da autoridade emitente e, na hipótese de delegação de competência, a indicação do respectivo ato. § 1° O MPFF e o MPFE indicarão, ainda, o tributo objeto do procedimento fiscal a ser executado, podendo ser fixado o respectivo período de apuração, bem como as verificações relativas à correspondência entre os valores declarados e os apurados na escrituração contábil e fiscal do sujeito passivo, em relação aos tributos administrados pela RFB, podendo estas alcançar os fatos geradores relativos aos Fl. 14187DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 19/02/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 15868.720223/201397 Acórdão n.º 1401001.525 S1C4T1 Fl. 14.188 30 últimos cinco anos e os do período de execução do procedimento fiscal, observados os modelos constantes dos respectivos Anexos I e II a esta Portaria. (...) Art. 9º As alterações no MPF, decorrentes de prorrogação de prazo, inclusão, exclusão ou substituição de AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil responsável pela execução ou supervisão, bem como as alterações relativas a tributos a serem examinados e a período de apuração, serão procedidas mediante registro eletrônico efetuado pela respectiva autoridade emitente, conforme modelo constante do respectivo Anexo a esta Portaria, cientificado o contribuinte nos termos do parágrafo único do art. 4º. (...) Art. 11. Os MPF terão os seguintes prazos máximos de validade: I 120 dias, nos casos de MPFF e de MPFE; e II sessenta dias, no caso de MPFD. Art. 12. A prorrogação do prazo de que trata o art. 11 poderá ser efetuada pela autoridade emitente, tantas vezes quantas necessárias, observado, em cada ato, os prazos fixados nos incisos I e II do art. 11, conforme o caso. Todas as normas acima transcritas foram rigorosamente observadas na ação fiscal que resultou na lavratura dos autos de infração recorridos. Com efeito, às fls. 09/11 foi juntado aos autos o MPFF nº 08.1.90.002011034024, emitido em 07/11/2011. Sua emissão se deu pela autoridade competente da Superintendência Regional da Receita Federal do Brasil 8ª Região Fiscal. Posteriormente, em 30/05/2012, o MPFF foi alterado, também pela autoridade competente da SRRF – 8ª Região Fiscal, para incluir na fiscalização os tributos IRPJ e CSLL, para os períodos de 10/2007 a 06/2009, constando inclusive autorização para realização de novo exame em relação ao contribuinte, tributo e períodos referidos. Portanto, contrariamente ao que afirma a Impugnante, a ação fiscal foi desenvolvida com base em MPFF emitido por autoridade competente (SRRF da 8ª Região Fiscal), estando nele incluída determinação para fiscalização do IRPJ e da CSLL, abrangendo o 4º trimestre de 2008. Mais que isso, nesse mesmo documento houve autorização, pela autoridade competente, para reexame em relação ao mesmo exercício. Quanto à arguição de nulidade contida na Impugnação das pessoas físicas sob alegação de ausência de MPF específico para os responsáveis solidários, registrese a existência de expressa previsão de inexigibilidade de MPF para os responsáveis, a teor do § 2º do art. 2º da Portaria MF 2.284 de 29/11/2010: Art. 2 º Os AuditoresFiscais da Receita Federal do Brasil, na formalização da exigência, deverão, sempre que, no procedimento de constituição do crédito tributário, identificarem hipóteses de pluralidade de sujeitos passivos, reunir as provas necessárias para a caracterização dos responsáveis pela satisfação do crédito tributário lançado. ... § 2 º Na hipótese de que trata o caput , não será exigido Mandado de Procedimento Fiscal para os responsáveis. E, distintamente do que alegado, referida previsão, por integrar Portaria que dispõe especificamente acerca de procedimentos a serem adotados pela Secretaria Fl. 14188DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 19/02/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 15868.720223/201397 Acórdão n.º 1401001.525 S1C4T1 Fl. 14.189 31 da Receita Federal do Brasil quando da constatação de pluralidade de sujeitos passivos de uma mesma obrigação tributária, não pode ser considerada tacitamente revogada pela Portaria 3014/2011 que dispõe sobre o planejamento das atividades fiscais e estabelece normas para a execução de procedimentos fiscais relativos aos tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil e, em seu art. 10, relaciona hipóteses de procedimento de fiscalização para os quais não é exigido MPF. Neste aspecto, relembrese o que estabelece a Lei de Introdução do Código Civil de 1916 (LICC): Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. § 1º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. § 2º A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. ... No caso, a Portaria MF 3014, de 2011, não revogou expressamente a Portaria 2284, de 2010, não é com ela incompatível, nem regula inteiramente o lançamento no caso de pluralidade de sujeitos passivos. Referida Portaria de 2011 estabelece disposições gerais da execução de procedimentos fiscais, a par das já existentes no art. 2º, § 2º, da Portaria de 2010, não se cogitando de revogação nem modificação desta última, nos moldes admitidos no § 2º do art. 2º da LICC. Ademais, em que pese o Impugnante alegar rejeição de Súmula acerca do Mandado de Procedimento Fiscal (MPF), cumpre consignar ser pacífico o entendimento da jurisprudência administrativa de que referido Mandado, seja ele de Fiscalização, de Diligência ou Especial, prestase primordialmente a controle de natureza interna da Receita Federal, embora também permita aos contribuintes aferir se a ação fiscal que se realiza é realmente originária do órgão tributário, se o servidor é da carreira de auditoria, quais são os tributos envolvidos, período, etc. Ou seja, é regramento administrativo que dá as diretrizes do procedimento a ser levado a efeito, SEM, JAMAIS, suprir a competência legal do servidor responsável pela ação fiscal prevista no artigo 142 do Código Tributário Nacional: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. Nesse contexto, cabe ao AuditorFiscal que preside o feito elaborar os termos que entender necessários para o melhor cumprimento do trabalho fixado, sendo tais termos aqueles que iniciam, dão sequência ou encerram a ação fiscal, aí incluídas eventuais circularizações, pesquisas ou obtenção de dados, bem como o procedimento de requerer, internamente, a conversão de um MPF de Diligência em MPF de Fiscalização, se as circunstâncias e os fatos assim exigirem. Fl. 14189DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 19/02/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 15868.720223/201397 Acórdão n.º 1401001.525 S1C4T1 Fl. 14.190 32 Todavia, como dito, estas ocorrências em nada alteram a competência do servidor, fixada por lei, assim como em nada modifica a presteza e qualidade das informações que devem ser disponibilizadas pelos contribuintes sob procedimento fiscal (de diligência ou de fiscalização), máxime porque a obrigatoriedade de prestar referidas informações e exibir livros e documentos não advém de simples Portaria (e nem do MPF), mas de norma legal plenamente vigente (RIR/1999, com os fundamentos legais discriminados ao final de cada artigo): Art. 927. Todas as pessoas físicas ou jurídicas, contribuintes ou não, são obrigadas a prestar as informações e os esclarecimentos exigidos pelos AuditoresFiscais do Tesouro Nacional no exercício de suas funções, sendo as declarações tomadas por termo e assinadas pelo declarante (Lei nº 2.354, de 1954, art. 7º). Art. 928. Nenhuma pessoa física ou jurídica, contribuinte ou não, poderá eximirse de fornecer, nos prazos marcados, as informações ou esclarecimentos solicitados pelos órgãos da Secretaria da Receita Federal (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 123, DecretoLei nº 1.718, de 27 de novembro de 1979, art. 2º, e Lei nº 5.172, de 1966, art. 197). Bem a propósito, jurisprudência do CARF a respeito: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL MPF Estando regularmente emitido e, sendo mero instrumento de controle da atividade fiscal, mesmo sua ausência não constitui causa de nulidade de procedimento fiscal. 1º Conselho de Contribuintes / 3a. Câmara / ACÓRDÃO 10322.283 em 22.02.2006 Publicado no DOU em: 08.05.2007 Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 31/07/1999 a 31/03/2004 Ementa: MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. O Mandado de Procedimento Fiscal MPF se constitui de mero controle administrativo, visando, sobretudo, proporcionar segurança ao contribuinte, não tendo o condão de tornar nulo lançamento corretamente efetuado, sob pena de contrariar o Código Tributário Nacional e o Decreto nº 70.235/72, o que não se permite a uma Portaria. (Acórdão nº 20180670 – Relator Maurício Taveira e Silva) PAF MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL – MPF – PRORROGAÇÃO – VALIDADE – A competência para execução de fiscalização, delegada através de Mandado de Procedimento Fiscal, não desconhece o princípio da competência vinculada do servidor administrativo e da indisponibilidade dos bens públicos. Continuação de trabalho fiscal com prorrogação feita tempestivamente, por meio eletrônico, é válida nos termos das Portarias do Ministério da Fazenda de nºs 1265/1999, 3007/2001 e 1.468/2003. (Data da Sessão 14/09/2007 Relator Paulo Roberto Cortez –Acórdão nº 10196351). MPF NULIDADE DO LANÇAMENTO Comprovado nos autos a emissão regular do MPF bem como do MPF complementar e prorrogações, deve ser afastada a preliminar de nulidade calcada em alegada irregularidade ou inexistência de tais documentos. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL (MPF). NULIDADE DE AUTO DE INFRAÇÃO. INOCORRÊNCIA. Constituindose o MPF em elemento de controle da administração tributária, disciplinado por ato administrativo, eventual irregularidade formal nele detectada não enseja a nulidade do auto de infração, nem de quaisquer Termos Fiscais lavrados por agente fiscal competente para proceder ao lançamento, atividade vinculada e obrigatória nos termos da lei. Sexta Câmara/Primeiro Conselho de Contribuintes Acórdão nº 10615259 Data da Sessão 25/01/2006 Relator(a) Luiz Antonio de Paula Igualmente, os Acórdãos nºs 10809653, Relator Cândido Rodrigues Neuber; 10248948, Relator José Raimundo Tosta Santos; 10422515, Relator Antonio Lopo Martinez. Fl. 14190DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 19/02/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 15868.720223/201397 Acórdão n.º 1401001.525 S1C4T1 Fl. 14.191 33 Deste modo, padece de inconsistência o reclamo da defesa em relação a qualquer nulidade que pudesse estar presente nos MPF emitidos (de Fiscalização ou de Diligência), visto que, como exposto, tais documentos são meramente instrumentos de controle gerencial, não suprindo nem suprimindo as atribuições legais que cometem aos Auditores Fiscais da Receita Federal. Apesar da clareza das razões expostas pela DRJ, as pessoas físicas apontadas como responsáveis insistem no entendimento de que a Portaria RFB nº 3.014/11 teria revogado o artigo 2º, § 2º, da Portaria RFB nº 2.284/10. Nada obstante, foi perfeita a decisão recorrida quando tratou a questão como norma especial que não pode ser revogada por norma geral superveniente. Acrescentese a tudo isso o teor da Súmula CARF nº 27: Súmula CARF nº 27: É valido o lançamento formalizado por AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil de jurisdição diversa da do domicílio tributário do sujeito passivo. E, como se sabe, as matérias sumuladas são de observância obrigatória nos julgados dessa Casa por imposição do que dispõe o artigo 72, do Anexo II, do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF nº 343/2015. Confirase: Art. 72. As decisões reiteradas e uniformes do CARF serão consubstanciadas em súmula de observância obrigatória pelos membros do CARF. Depois de serem intimados sobre a decisão recorrida, os recorrentes passaram a questionar também a competência que a DRJ/Ribeirão Preto teria para julgar impugnações de contribuinte localizado no município de São Paulo/SP. Nada obstante, conforme previsão expressa do artigo 25, I, do Decreto nº 70.235/72, o julgamento em primeira instância compete às Delegacias de Julgamento da Receita Federal (DRJ), sem quaisquer limitações de caráter jurisdicional. Vejase: Art. 25. O julgamento do processo de exigência de tributos ou contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal compete: (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) (Vide Decreto nº 2.562, de 1998) I em primeira instância, às Delegacias da Receita Federal de Julgamento, órgãos de deliberação interna e natureza colegiada Fl. 14191DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 19/02/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 15868.720223/201397 Acórdão n.º 1401001.525 S1C4T1 Fl. 14.192 34 da Secretaria da Receita Federal; (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) A distribuição dos processos para as diversas unidades de julgamento de primeira instância não é determinada pela lei, mas, sim, pelo regimento interno da Receita Federal. No uso de suas atribuições, o titular daquele órgão tem a possibilidade de transferir os processos entre essas unidades, visando à celeridade dos julgamentos, conforme foi feito através das Portarias RFB nº 453/2013 e 1006/2013. E é por isso que o processo foi encaminhado para a apreciação da DRJ/Ribeirão Preto (cf. atesta o despacho de encaminhamento de fls. 13772). Um outro motivo para a nulidade do feito fiscal, segundo as recorrentes, tem por base o cerceamento do direito de defesa caracterizado por diversos fatos, a saber: a fiscalização ter sido realizada em unidade da Receita Federal distante da sede das empresas envolvidas; as cópias recebidas no ato da ciência dos autos de infração não incluírem os documentos que os embasaram; a impossibilidade de obtenção da íntegra do processo pela via eletrônica, o que teria ensejado a necessidade de agendamento para vistas reduzindo o prazo para impugnação; e não haver numeração dos documentos anexados ao presente processo. Com todo o respeito, o fato de a auditoria ter sido conduzida em local distante da sede das empresas fiscalizadas não é prejudicial para as recorrentes. Pelo contrário, considerando que a fiscalização é um procedimento meramente inquisitório, se há algum prejuízo, este se verifica justamente com relação à autoridade fiscal que busca a compreensão dos fatos para formar sua convicção quanto à ocorrência dos fatos geradores dos tributos envolvidos. O direito de defesa dos sujeitos passivos se estabelece depois da ciência dos autos de infração, com a instauração do processo administrativo. E isso, como se constata pelas impugnações e recursos interpostos, foi plenamente garantido. Não procedem também as reclamações quanto às dificuldades de acesso aos documento do processo. Nesse sentido, a DRJ esclareceu: que não há exigência legal de que todos os documentos e termos do processo sejam remetidos ao sujeito passivo; que, ainda assim, seria possível a juntada de outros elementos de defesa se observadas as condições previstas nos §§ 4º e 5º do artigo 16 do PAF; e que as folhas do processo haviam, sim, sido numeradas. Diante disso e de todo o tempo decorrido até a ciência do julgamento, se houvesse algo de novo a acrescentar, era de se esperar que as recorrentes, pelo menos, tentariam invocar aquelas condições para trazer novos elementos ao processo. Mas, nada disso foi feito. Em sede de recurso, limitaramse a repetir as mesmas alegações das impugnações. Apenas a JBS S/A acrescentou que o seu acesso ao processo eletrônico pelo eCAC não permite identificar a numeração do processo. Ora, diante de todo o tempo decorrido, essa impossibilidade, se verdadeira, poderia muito bem ser sanada no atendimento presencial do CAC. Como já lembrado pela decisão recorrida, nesse atendimento, os contribuintes têm pleno acesso aos autos dos processos eletrônicos, inclusive, com a possibilidade de retirar a quantidade de cópias que julgarem oportunas para suas necessidades. Ainda em caráter preliminar, a JBS S/A sustenta que houve descumprimento do "múnus" atribuído à autoridade fiscal em busca do princípio da verdade material. Nesse Fl. 14192DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 19/02/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 15868.720223/201397 Acórdão n.º 1401001.525 S1C4T1 Fl. 14.193 35 sentido, afirma que os administradores da BERTIN S/A à época dos fatos deveriam ter sido intimados a esclarecer a composição dos créditos tributários em questão. Contudo, o Termo de Verificação de Infração Fiscal e os documentos do processo deixam claro que os vícios levantados pela fiscalização tiveram por base as escriturações contábeis fornecidas por prepostos das empresas BRACOL HOLDING LTDA (atual TINTO HOLDING LTDA) e JBS S/A (sucessora da BERTIN S/A). A opinião das autoridades fiscais também foi externada a partir das respostas aos questionamentos contidos nas diversas intimações que foram lavradas no curso do procedimento de fiscalização. E o importante é perceber que a fiscalização entendeu que esses elementos foram suficientes para formar a sua convicção sobre os fatos constatados. O fato de a BERTIN S/A ter sido incorporada pela JBS S/A faz com que esta última esteja obrigada a responder pelas obrigações tributárias (principais e acessórias) da primeira. Por isso, os administradores da BERTIN S/A à época dos fatos poderiam até responder a eventuais questionamentos da fiscalização, se esta os considerasse necessários, na condição de terceiros. No entanto, a obrigação (acessória) original de esclarecer os atos praticados pela BERTIN S/A era, efetivamente, dos representantes da JBS S/A. Por razões semelhantes, descabe também o pedido de realização de diligências para que os administradores à época dos fatos prestem algum esclarecimento ou apresentem documentos necessários à composição dos créditos tributários em questão. Nesse sentido, confirase o que dispõe o artigo 18 do PAF: Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o disposto no art. 28, in fine. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) (grifei) A decisão sobre a realização de diligências tem natureza de cunho facultativo para a formação da convicção da autoridade julgadora ao conferir a esta a possibilidade de determinálas quando entender que são necessárias. Sua finalidade é o esclarecimento de dúvidas acerca dos fatos contido no processo e, não, a formação extemporânea da contraprova. Outra alegação é de que houve erro na identificação do sujeito passivo porque somente os administradores da BERTIN S/A à época dos fatos é que seriam legitimados para figurar no pólo passivo da autuação. Ou seja, em seu entendimento, nem a JBS S/A, nem quaisquer das outras pessoas apontadas incluídas no pólo passivo, poderiam ser responsabilizadas pelos débitos eventualmente gerados pelos atos praticados pela BERTIN S/A. Como já esclarecido pela instância a quo, a responsabilidade por sucessão atribuída à JBS S/A tem fulcro no artigo 132 do CTN, verbis: Fl. 14193DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 19/02/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 15868.720223/201397 Acórdão n.º 1401001.525 S1C4T1 Fl. 14.194 36 Art. 132. A pessoa jurídica de direito privado que resultar de fusão, transformação ou incorporação de outra ou em outra é responsável pelos tributos devidos até à data do ato pelas pessoas jurídicas de direito privado fusionadas, transformadas ou incorporadas. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplicase aos casos de extinção de pessoas jurídicas de direito privado, quando a exploração da respectiva atividade seja continuada por qualquer sócio remanescente, ou seu espólio, sob a mesma ou outra razão social, ou sob firma individual. As demais pessoas incluídas no pólo passivo tiveram sua responsabilidade atribuída na conformidade dos Termos de Sujeição Passiva Solidária anexados de fls. 13066 a 13069. A fundamentação legal dessas atribuições será analisada quando enfrentadas as razões de mérito dos recursos dos respectivos responsáveis. Isso não quer dizer que outros responsáveis pelo crédito tributário não possam ser posteriormente identificados. Como bem lembrado pela autoridade julgadora de primeira instância, outras pessoas podem ser incluídas no pólo passivo da relação tributária mesmo em sede de execução fiscal. Por isso, independentemente do mérito, o fato de a autoridade fiscal ter entendido não ser o caso de atribuir responsabilidades aos administradores da época dos fatos não afeta as responsabilidades que foram atribuídas. E, muito menos, caracteriza algum erro na identificação do sujeito passivo. Quanto ao pedido de novo julgamento na primeira instância, motivado pela suposta falta de análise de todos os argumentos apresentados nas impugnações, há que se deixar claro que a DRJ analisou com profundidade suficiente as razões de defesa e fundamentou com clareza suas decisões. Se não bastasse isso, é predominante nesta Casa o entendimento de que não há a obrigação de o julgador administrativo responder a todos os argumentos suscitados pelas partes quando já encontrou motivo suficiente para fundamentar a sua decisão. Acerca disso, confirase os seguintes julgados: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL — NULIDADE DA DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA — IMPROCEDÊNCIA— O julgador administrativo não se vincula ao dever de responder, um a um, o feixe de argumentos postos pelo peticionário, desde que já tenha encontrado motivo suficiente para fundamentar a sua decisão sobre as matérias em litígio. (Acórdão 10195.644, relator Mário Junqueira Franco Júnior, sessão de 26/07/2006, bem como Acórdão 10708.591, relator Natanael Martins, sessão de 25/05/2006). PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL DEFESA DO CONTRIBUINTE APRECIAÇÃO Conforme cediço no Superior Tribunal de Justiça STJ, a autoridade julgadora não fica obrigada a se manifestar sobre todas as alegações do Recorrente, nem quanto a todos os fundamentos indicados por ele, ou a Fl. 14194DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 19/02/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 15868.720223/201397 Acórdão n.º 1401001.525 S1C4T1 Fl. 14.195 37 responder, um a um, seus argumentos, quando já encontrou motivo suficiente para fundamentar a decisão. (REsp 874793/CE, julgado em 28/11/2006). (Acórdão 101 96.917, relatora Sandra Faroni, sessão de 18/09/2008). PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA ANÁLISE DAS QUESTÕES LITIGIOSAS 1. Não é necessário às instâncias julgadoras responder a todos os argumentos das insurgentes, mas sim a todas as questões trazidas à baila, ou seja, a todos os pontos controvertidos. 2. Não é nula nem caracteriza cerceamento do direito de defesa a decisão com fundamentação sucinta, mas a que carece de devida motivação, essencial ao processo democrático. Preliminar rejeitada. (Acórdão 10321.255, relator João Bellini Júnior, sessão de 11/06/2003). No mesmo sentido, o STJ já se pronunciou: TRIBUTÁRIO PROCESSUAL CIVIL – VIOLAÇÃO DO ART 535, II, DO CPC – NÃOOCORRÊNCIA (...) 1. A questão não foi decidida conforme objetivava a embargante, uma vez que foi aplicado entendimento diverso. É cediço, no STJ, que o juiz não fica obrigado a manifestarse sobre todas as alegações das partes, nem a aterse aos fundamentos indicados por elas ou a responder, um a um, a todos os seus argumentos, quando já encontrou motivo suficiente para fundamentar a decisão, o que de fato ocorreu. (REsp 876271/SP, relator Ministro Humberto Martins). Ainda como questão preliminar, a JBS S/A repete sua opinião no sentido de que a autuação é confusa por ter mencionado o mandado de segurança que assegurou o seu direito ao contraditório relativamente à operação de cisão ocorrida em outubro de 2007. Todavia, o Termo de Verificação de Infração Fiscal apenas relata os fatos preambulares do procedimento fiscal. Nesse contexto, confirma que a decisão proferida no aludido mandado de segurança (nº 000380565.2011.403.6107) não afeta os autos de infração deste processo ao concluir que "a cisão parcial pelo Fisco em nada interfere no presente lançamento, já que se trata de fatos posteriores à cisão, mas por conta da análise da cisão parcial é que se descobriu tais transferências" (fls. 12927). E a referida recorrente não discorda dessa conclusão. Pelo contrário, reconhece que "a possibilidade do fisco 'lavrar' autos de infração não poderia se tolhida por aquele juízo mesmo porque não foi objeto do Mandado de Segurança, seja em razão do fisco ter a possibilidade de promover o lançamento para prevenir a decadência" (fls. 13873). Ela apenas se insurge contra uma duvidosa não instauração de um "procedimento próprio e exclusivo de verificação de cisão entre as empresas Bracol e Bertin S/A" (fls. 13874). Inexiste, portanto, qualquer incerteza de que o mandado de segurança não afeta os lançamentos do presente processo. A referida recorrente, como se vê, compreendeu perfeitamente esse fato. Fl. 14195DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 19/02/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 15868.720223/201397 Acórdão n.º 1401001.525 S1C4T1 Fl. 14.196 38 Destarte, afasto todas os argumentos que propugnam pelo cerceamento do direito de defesa. No que diz respeito às questões de mérito, a JBS S/A inicia alegando ter havido decadência do direito de lançar tributos referentes a outubro e novembro de 2008. Neste ponto, não há mais nada a acrescentar além do que já foi dito pela DRJ. Os tributos lançados (IRPJ e CSLL) referemse ao quarto trimestre de 2008. Por terem períodos de apuração trimestral, seus fatos geradores só ocorreram em 31/12/2008. Portanto, o direito de lançálos, seguindo a regra do artigo 150, § 4º, do CTN, teve seu prazo encerrado em 31/12/2013. Como a ciência da autuação foi efetuada em 23/12/2013, não há que se falar em decadência. Quanto à glosa de despesas não comprovadas (Infração 001 IRPJ e CSLL), a JBS S/A afirma que as transferências de valores entre contas de receitas e despesas eram justificadas pela complexidade da operação (a cisão parcial) que envolveu a BRACOL HOLDING S/A e a BERTIN S/A. Alega que esta última precisou de um tempo razoável para operar em nome próprio e que houve a necessidade de utilização de documentos fiscais e insumos adquiridos por estabelecimentos incorporados. Essas transferências deveriam ser caracterizadas como um contrato de conta corrente em função da peculiaridade da operação. Tratarseiam de ajustes que não desrespeitaram o princípio da entidade. Nada obstante, as dificuldades práticas envolvidas na referida operação não justificam a transferência, posterior à data do evento, de receitas e despesas referentes a uma das empresas em contas de resultado da outra. A instância a quo já se manifestou com precisão sobre o assunto. Confirase: Como bem observou a autoridade autuante, “o levantamento de um Balanço tem a exata função de encerrar as contas de resultado (receitas e despesas) em um determinado período fazendo com que seu resultado (lucro ou prejuízo) seja transferido para o Balanço, não sendo permitido em hipótese alguma que sejam transferidas receitas e despesas entre duas Pessoas Jurídicas”. A operação societária ocorrida entre a BRACOL HOLDING LTDA e a BERTIN S/A foi precedida do levantamento de um balanço com o fim específico de transferência de acervo líquido da primeira para a segunda. O Laudo elaborado pela AMKS Contadores e Consultores Ltda. baseouse nesse balanço para discriminar os ativos e passivos transferidos. O rigor da técnica contábil exige que assim seja feito, independentemente de eventuais dificuldades práticas que naturalmente envolvem uma operação societária desse porte. A alegação de que as transferências de ativos e passivos discriminadas no referido laudo não se deram de maneira automática e instantânea, não é hábil a justificar a inobservância das normas contábeis. As impropriedades contábeis constatadas pela autoridade autuante foram por ela relatadas com maestria e de forma detalhada quando da apreciação dos esclarecimentos prestados no curso da ação fiscal acerca da transferência de despesas financeiras decorrentes de empréstimos, conforme se observa no seguinte excerto (fls. 12.935/12.936): Fl. 14196DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 19/02/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 15868.720223/201397 Acórdão n.º 1401001.525 S1C4T1 Fl. 14.197 39 Essa alegação não procede, pois se as dívidas (passivos) tinham sido transferidos da Bracol Holding Ltda para a Bertin S/A, como ficou demonstrado no Laudo apresentado já citado – MKS, que são compatíveis com os lançamentos contábeis de transferências de contas de ativo e passivo realizados no dia 01/10/2007 no diário da Bracol Holding Ltda e a da Bertin S/A, era a Bertin S/A quem deveria alocar os juros passivos relacionados aos empréstimos transferidos que se encontram em seu passivo, nunca poderiam essas despesas ter sido lançadas na contabilidade da Bracol Holding Ltda e depois “transferidas” para a contabilidade da Bertin S/A através da conta coligada e controlada. Mas se isso ainda fosse verdade (se fosse um mero erro contábil) caberia a Bracol Holding Ltda estornálos e a Bertin S/A escriturálos totalmente, independente do cadastro da instituição bancária estar ou não atualizado. Observe que se fosse verdade as Pessoas Jurídicas deveriam apresentar comprovantes do estorno total no lado da Bracol Holding Ltda (conta de débito e conta de crédito – método das partidas dobradas) em sua escrituração e a Bertin S/A deveria apresentar o comprovante da escrituração total (conta de débito e conta de crédito – método das partidas dobradas) em sua escrituração, mas nenhuma delas os apresentou, mesmo porque eles não existem na escrituração. E ainda sim não consta em Lalur algum da Bracol Holding Ltda o estorno de uma despesa indevida de período anterior na apuração do lucro real, que corroborasse com a resposta dada por ambas as Pessoas Jurídicas, e não há escrituração de ajuste de exercício anterior relacionado á resposta alguma na Pessoa Jurídica Bertin S/A. As ponderações acima tecidas pela autoridade autuante são também aplicáveis aos demais lançamentos de “ajuste” realizados entre as empresas BRACOL HOLDING LTDa e BERTIN S/A nos meses subseqüentes à operação societária ocorrida entre ambas. No tocante ao rigor a que deve estar sujeita a contabilidade quanto à autonomia patrimonial entre duas entidades distintas, convém citar as seguintes observações do Conselho Federal de Contabilidade (Princípios Fundamentais e Normas Brasileiras de Contabilidade, 3ª ed., 2008, págs. 25/27) sobre a definição para o princípio da entidade: O cerne do Princípio da ENTIDADE está na autonomia do patrimônio a ela pertencente. O Princípio em exame afirma que o patrimônio deve revestirse do atributo de autonomia em relação a todos os outros Patrimônios existentes, pertencendo a uma Entidade, no sentido de sujeito suscetível à aquisição de direitos e obrigações. A autonomia tem por corolário o fato de que o patrimônio de uma Entidade jamais pode confundirse com aqueles dos seus sócios ou proprietários. Por conseqüência, a Entidade poderá ser desde uma pessoa física, ou qualquer tipo de sociedade, instituição ou mesmo conjuntos de pessoas, tais como: famílias; empresas; governos, nas diferentes esferas do poder; sociedades beneficentes, religiosa, culturais, esportivas, de lazer, técnicas; sociedades cooperativas; fundos de investimento e outras modalidades afins. No caso de sociedades, não importa que sejam sociedades de fato ou que estejam revestidas de forma jurídica, embora esta última circunstância seja a mais usual. O Patrimônio, na sua condição de objeto da Contabilidade, é, no mínimo, aquele juridicamente formalizado como pertencente à Entidade, com ajustes quantitativos e qualitativos realizados em consonância com os princípios da própria Contabilidade. A garantia jurídica da propriedade, embora por vezes suscite interrogações de parte Fl. 14197DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 19/02/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 15868.720223/201397 Acórdão n.º 1401001.525 S1C4T1 Fl. 14.198 40 daqueles que não situam a autonomia patrimonial no cerne do Princípio da Entidade, é indissociável desse princípio, pois é a única forma de caracterização do direito ao exercício de poder sobre o mesmo Patrimônio, válida perante terceiros. Cumpre ressaltar que, sem autonomia patrimonial fundada na propriedade, os demais Princípios Fundamentais perdem o seu sentido, pois passariam a referirse a um universo de limites imprecisos. (grifouse) A autonomia patrimonial apresenta sentido unívoco. Por conseqüência, o patrimônio pode ser decomposto em partes segundo os mais variados critérios, tanto em termos quantitativos quanto qualitativos. Mas nenhuma classificação, mesmo que dirigida sob ótica setorial, resultará em novas Entidades. Carece, pois, de sentido, a idéia de que as divisões ou departamentos de uma Entidade possam constituir novas Entidades, ou “microentidades”, precisamente por que sempre lhes faltará o atributo da autonomia. A única circunstância em que poderá surgir nova Entidade, será aquela em que a propriedade de parte do patrimônio de uma Entidade, for transferida para outra unidade, eventualmente até criada naquele momento. Mas, no caso, teremos um novo patrimônio autônomo, pertencente a outra Entidade. Na contabilidade aplicada, especialmente nas áreas de custos e de orçamento, trabalhase, muitas vezes, com controles divisionais, que podem ser extraordinariamente úteis, porém não significam a criação de novas Entidades, precisamente pela ausência de autonomia patrimonial. (grifouse) Em resumo, à mingua de prova documental do alegado e tendo em vista a inconsistência dos esclarecimentos prestados no curso da ação fiscal e das alegações acima referidas, não há como afastar a autuação decorrente das repercussões tributárias na apuração do IRPJ e da CSLL da BERTIN S/A dos indevidos lançamentos de “ajuste” ocorridos entre ela e a BRACOL HOLDING LTDA. A alegação de necessidade de ajustes, após o balanço efetuado para fins de incorporação, e de que seus valores foram diminuindo ao longo do tempo, não é hábil a justificar a inobservância do Princípio da Entidade. Embora alegue não ter desrespeitado a autonomia do patrimônio de cada empresa, a Impugnante não apresentou provas documentais, quer no curso do procedimento fiscal quer na impugnação, hábeis a embasar os lançamentos contábeis de transferências questionados pela Fiscalização. Quanto às glosas de exclusões indevidas de valores referentes a variações cambiais ativas (Infração 002, Texto 01, de IRPJ, e Infração 003, Texto 02, de CSLL), bem como de valores não escriturados e em duplicidade (Infração 002, Texto 02, de IRPJ, e Infração 003, Texto 01, de CSLL), a JBS S/A afirma que as acusações fiscais são vagas e imprecisas, ocasionando prejuízo ao seu direito de defesa, e que, se houve algum dolo, este deveria ser imputado aos administradores da BERTIN S/A à época dos fatos. Novamente não lhe assiste razão. A fiscalização fez constar em seu Termo de Verificação de Infração Fiscal (itens 24 a 43 fls. 12947 a 12958), com riqueza de detalhes, todo o relato das inconsistências contábeis que resultaram numa exclusão indevida de R$ 496.695.782,32 a título de variações cambiais ativas. Ficou claro que esse valor correspondeu à diferença entre os R$ 765.699.515,99 lançados no LALUR e os R$ 269.003.733,67 efetivamente escriturados na contabilidade. Na DIPJ, foram propositalmente alterados valores de despesas e receitas, de modo a refletir o mesmo resultado contábil apurado na escrituração, para que não ficasse aparente a exclusão indevida. A fiscalização também elaborou uma planilha (fls. 12998 a 13004) onde fica demonstrado que, no trimestre, a conduta dolosa reverteu os resultados fiscais Fl. 14198DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 19/02/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 15868.720223/201397 Acórdão n.º 1401001.525 S1C4T1 Fl. 14.199 41 positivos, na BERTIN S/A, para um prejuízo fiscal de R$ 406.085.411,04 e uma base de cálculo negativa da CSLL de R$ 429.914.276,99. Quando intimada para se pronunciar sobre os fatos constatados, a JBS S/A afirmou que não tinha como esclarecer as divergências e que os valores corretos são aqueles que estão refletidos na Demonstração de Resultado do Exercício (DRE) gerada pelo Programa Validador e Assinador (PVA) do sistema SPEDContábil, ou seja, aqueles que foram escriturados na contabilidade. A BRACOL HOLDING LTDA, por sua vez, respondeu que não tinha condições de avaliar e prestar esclarecimentos porque todos os documentos e informações solicitados pela fiscalização estavam em poder da JBS S/A, haja vista que esta empresa era a proprietária dos estabelecimentos da empresa BERTIN S/A. Outrossim, a fiscalização também fez constar no mesmo Termo (itens 44 a 53 fls. 12958 a 12962; e itens 65 a 76 fls. 12966 a 12969) as razões pelas quais os valores de R$ 20.313.512,20 (para o IRPJ) e R$ 9.304.323,78 (para a CSLL) foram considerados exclusões indevidas. Como relatado, foram lançados como exclusões alguns valores que não haviam sido escriturados. Outros, por sua vez, foram registrados em duplicidade. Intimada para explicar essas inconsistências, a JBS S/A informou que não teria como comprovar com segurança a composição dos valores lançados pela BERTIN S/A. Apesar de ter contatado o contabilista da época, afirma que não havia memória de cálculo para sua composição. A BRACOL HOLDING LTDA, igualmente, nada comprovou. Nesse contexto, a fiscalização revela que essa conduta de não comprovação de valores excluídos, ou seja, exclusões que não têm contrapartidas de receitas nem são localizadas na escrituração contábil, já era praxe na BERTIN S/A desde o quatro trimestre de 2007, demonstrando a continuidade deletiva. Ademais, são oportunas as observações da DRJ acerca da necessidade de se comprovar os valores que foram excluídos. Vejase: Como se vê, tanto no curso do procedimento, como após a formalização do lançamento, a Fiscalização explicitou minuciosamente à interessada as exclusões questionadas. Além disso, elaborou Planilha designada pelo nº 43, constante de fls. 12998/13004, comparando demonstrações de resultados declaradas e Lalur e apontando as diferenças em questão. A dificuldade na identificação da origem da exclusão exposta pela Fiscalização no item 46 de seu Termo, distintamente do que alega a Impugnante, não reflete insegurança quanto à infração e muito menos enseja cerceamento de defesa, pois decorre justamente da falta de esclarecimentos apresentada pela Impugnante, que, na qualidade de incorporadora da pessoa jurídica Bertin S/A, tinha a obrigação legal de identificar as exclusões efetuadas na apuração dos valores de IRPJ e CSLL. De fato, pertinente consignar que incumbia à interessada o ônus quanto à identificação e justificativas de exclusões efetuadas. Todas as suas operações contábeis deveriam ser lastreadas por documentação que efetivamente comprovasse exclusões e dispêndios, os quais importaram em relevante redução do crédito tributário. A dedutibilidade de exclusões efetivadas na apuração do resultado tributável está condicionada, além de outros requisitos, à comprovação documental de sua efetiva realização e anterior inclusão na apuração do lucro líquido e a perfeita identificação. Fl. 14199DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 19/02/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 15868.720223/201397 Acórdão n.º 1401001.525 S1C4T1 Fl. 14.200 42 Nesse sentido, cabe transcrever o ensinamento doutrinário de Antônio da Silva Cabral in Processo Administrativo Fiscal, Editora Saraiva, pág. 298: Uma das regras que regem as provas consiste no seguinte: toda afirmação de determinado fato deve ser provada. Dizse freqüentemente: a quem alega alguma coisa, compete provála. (...) Em processo fiscal predomina o princípio de que as afirmações sobre omissão de rendimentos devem ser provadas pelo fisco, enquanto as afirmações que importem redução, exclusão, suspensão ou extinção do crédito tributário competem ao contribuinte” (grifouse) Neste contexto, injustificáveis se mostram as alegações de cerceamento de defesa, pois a Fiscalização identificou com detalhes a apuração dos valores tributáveis, inclusive submetendoos à análise dos interessados, sem que, no curso do procedimento, obtivesse os necessários esclarecimentos, os quais também não são apresentados por ocasião da impugnação. Quanto à falta de adição do impairment de ágio (Infração 002 CSLL), a JBS S/A afirma que a adição de um valor a título de IRPJ não faz prova da correção do lançamento, ou seja, antes de imputar uma infração reflexa dessa adição, a fiscalização deveria apurar a correção desta última. No presente caso, se a BERTIN S/A procedeu à referida adição, dever seia indagar qual foi o motivo. Se o motivo foi a adoção das novas regras contábeis aplicáveis com a edição da Lei n° 11.638/07, haveria de se considerar a possibilidade de erro na adição. Acrescenta, ainda, que não há, na legislação específica da CSLL, a expressa previsão legal para adição do impairment de ágio. Assim, sob o prisma do princípio da legalidade, o lançamento não merece prosperar. Como ressaltado pela Fazenda Nacional em suas contrarrazões, a BERTIN S/A, no anocalendário de 2008, era optante pelo RTT (fls. 14). Com isso, a legislação aplicável na apuração dos tributos devidos é aquela vigente antes das alterações promovidas na Lei nº 6.404/76 (Lei da S/A) visando a convergência das regras contábeis ao padrão internacional do IASB (International Accounting Standards Board). Portanto, em matéria de ágio contabilizado na aquisição de participações societárias (artigo 20 do DecretoLei nº 1.598/77), seu aproveitamento fiscal, isto é, sua dedutibilidade para fins de apuração do lucro real, só é permitido quando houver a extinção do investimento, seja na aferição do ganho de capital por ocasião de sua alienação ou liquidação (artigo 33 daquele DecretoLei), seja em eventos de reorganização societária envolvendo as empresas investidora e investida (artigos 7º e 8º da Lei nº 9.532/97). Enquanto não ocorrer qualquer dessas situações, o ágio amortizado contabilmente não deve ser computado na determinação do lucro real (artigo 25 daquele DecretoLei). Destarte, quando a BERTIN S/A procedeu contabilmente ao teste de impairment (redução do ativo ao seu valor recuperável) do ágio, qualquer despesa decorrente desse procedimento deveria ter sido adicionada para fins de apuração do lucro real. E haveria que fazer isso independentemente do fato de haver ou não uma comprovação para a geração do ágio na origem de sua contabilização. Por outro lado, eventual aproveitamento fiscal do ágio só poderia ser permitido nas duas hipóteses acima referidas e, neste caso, mediante a devida comprovação de sua formação. Conforme constatado pela fiscalização em seu Termo (itens 56 a 64 fls. 12962 a 12965), a BERTIN S/A lançou como despesa do período de apuração os valores de R$ Fl. 14200DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 19/02/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 15868.720223/201397 Acórdão n.º 1401001.525 S1C4T1 Fl. 14.201 43 34.332.506,58 e R$ 505.547,79, respectivamente, a títulos de "Impairment de ágio s/investimentos" e "Amortização de ágio s/diferido". No mesmo período, adicionou esses valores para fins de apuração do lucro real. Contudo, não procedeu de igual forma em relação à apuração da base de cálculo da CSLL. Ou seja, deixou de adicionar esses mesmos valores. No que tange à apuração da base de cálculo da CSLL, considerando a autonomia legislativa desse tributo em relação ao IRPJ, tanto a regra inscrita no artigo 7º, III, da Lei nº 9.532/97, quanto a regra inscrita no artigos 25, do DecretoLei nº 1.598/77, não são aplicáveis à CSLL. Afinal, seus enunciados são expressos em afirmar que tratam da determinação do "lucro real". Portanto, as despesas contabilmente associadas a investimentos e a um item do ativo diferido devem ter sua dedutibilidade investigada no comando que consolidou essa questão em matéria de apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL, o artigo 13 da Lei nº 9.249/95: Art. 13. Para efeito de apuração do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, são vedadas as seguintes deduções, independentemente do disposto no art. 47 da Lei nº 4.506, de 30 de novembro de 1964: (...) III de despesas de depreciação, amortização, manutenção, reparo, conservação, impostos, taxas, seguros e quaisquer outros gastos com bens móveis ou imóveis, exceto se intrinsecamente relacionados com a produção ou comercialização dos bens e serviços; (grifei) Tratase, assim, de uma vedação de caráter geral, aplicável no caso presente à CSLL, na medida em que não se pode considerar que o impairment de ágio sobre investimentos e a amortização de um item do ativo diferido, contabilizados, respectivamente, por um optante do RTT em atendimento às novas regras de convergência ao padrão internacional de contabilidade e como condição de aproveitamento fiscal de ágio (admitindose que tenha ocorrido a hipótese prevista no artigos 7º, III, da Lei nº 9.532/97), sejam intrinsecamente relacionadas com a produção ou comercialização de bens ou serviços. E, ainda que se admita a dedutibilidade da CSLL no caso da amortização do ágio, como bem apontou a DRJ, a JBS S/A nada trouxe para comprovar a formação original do ágio e as condições do seu aproveitamento. Quando intimada, apenas ressaltou que não encontrou nos arquivos da empresa incorporada dados e informações que permitissem informar com segurança a razão da não inclusão daqueles valores (os que foram adicionados para fins de apuração do IRPJ) na apuração da base de cálculo da CSLL. Nem se diga que inexistia na lei determinação expressa para adicionar aqueles valores na apuração da base de cálculo da CSLL. A própria sistemática de apuração do tributo sugere que uma despesa, quando indedutível, deve ser adicionada se foi lançada no resultado por ocasião da apuração do lucro contábil. Fl. 14201DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 19/02/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 15868.720223/201397 Acórdão n.º 1401001.525 S1C4T1 Fl. 14.202 44 Além disso, a fiscalização ressalta que a falta de adição de valores da CSLL, à revelia de sua opção pelo RTT, não se trata de mero erro. A BERTIN S/A já vinha praticando essa conduta desde o quarto trimestre de 2007 assim como o fazia relativamente às exclusões indevidas. Quanto ao pedido de diligência para que se faça uma análise mais apurada das questões de mérito, reportome às razões já expendidas quando se enfrentou semelhante pedido para fins de oitiva dos administradores da BERTIN S/A à época dos fatos. Isto é, a decisão sobre a realização de diligências tem natureza de cunho facultativo para a formação da convicção da autoridade julgadora ao conferir a esta a possibilidade de determinálas quando entender que são necessárias. Sua finalidade é o esclarecimento de dúvidas acerca dos fatos contido no processo e, não, a formação extemporânea da contraprova. No que se refere à qualificação das multas aplicadas (Infrações 002 e 003), a JBS S/A sustenta que o percentual de 150% fere princípios basilares do ordenamento jurídico e alega boa fé do contribuinte que declara regularmente os tributos devidos, ainda que deixe de pagálos. Ora, como se viu, as multas foram qualificadas por terem sido verificadas condutas dolosas e reiteradas concernentes à imputação de informações falsas no LALUR e nas DIPJ. Sua imposição tem previsão legal contida no artigo 44, § 1º, da Lei nº 9.430/96, com a redação dada pela Lei nº 11.488/07. Insurgências contra outras regras ou princípios do Ordenamento, como a proporcionalidade e a boa fé, não podem ser apreciadas pelo CARF mesmo que tenham caráter constitucional. É que a atuação administrativa deve ser pautada pelas normas estabelecidas pela lei. A competência desta Casa está circunscrita a verificar os aspectos legais dessa atuação. Quanto a isso, vale a pena transcrever o que dispõem o artigo 62 do Anexo II do RICARF e a Súmula CARF nº 2: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (grifei) Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Por fim, há que se tratar das questões de mérito atinentes às questões envolvendo as responsabilidade tributárias. Para começar, a própria JBS S/A questiona sua responsabilidade como sucessora da empresa onde efetivamente se verificou a ocorrência das infrações apuradas, qual seja, a BERTIN S/A. Nesse sentido, já se disse, quando as questões preliminares foram analisada, que sua responsabilidade deriva do comando contido no artigo 132 do CTN. Ainda assim, cabe enfrentar a alegação de que a sucessora não poderia ser responsável pelas multas e Fl. 14202DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 19/02/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 15868.720223/201397 Acórdão n.º 1401001.525 S1C4T1 Fl. 14.203 45 juros aplicados sobre os tributos devidos pela empresa sucedida. Sobre isso, a JBS S/A afirma que era empresa distinta e tinha controle distinto de sua incorporada. Teria havido uma aquisição de boa fé até porque a multa foi formalizada após a incorporação. Esse assunto já é matéria sumulada no âmbito do CARF. Confirase: Súmula CARF nº 47: Cabível a imputação da multa de ofício à sucessora, por infração cometida pela sucedida, quando provado que as sociedades estavam sob controle comum ou pertenciam ao mesmo grupo econômico. Assim, a responsabilidade alcança a sucessora no caso de penalidades impostas por infrações cometidas pela sucedida, quando for verificado que as sociedades à época dos fatos encontravamse sobre controle comum ou pertenciam ao mesmo grupo econômico. E, no presente caso, a instância a quo bem identificou as relações de pertinência dentro de um mesmo grupo econômico, constatadas pela fiscalização, envolvendo a JBS S/A e sua incorporada (a BERTIN S/A). Comprovese: Na situação de que trata o presente processo administrativo, a autoridade autuante cita, no item 97 de seu Termo de Verificação, excertos do relatório da administração relativo ao ano de 2011, do qual consta que o capital social da JBS S/A é compartilhado entre a FB PARTICIPAÇÕES S/A (holding formada pelas famílias Batista e Bertin, que possuía 45,7% das ações ao final de 2011), o BNDESPar (30,4%) e o mercado (20,8%), estando os outros 3,1% das ações em tesouraria ao final do exercício. Além disso, frisa a Fiscalização que o Sr. Natalino Bertin foi eleito para integrar o Conselho de Administração da JBS S/A, no período de 29/04/2011 a agosto de 2013, como segue: 98) .... a família Bertin atualmente é sócia da JBS S/A, através da FB Participações S/A (holding controladora), e essa participação se deu com a versão do patrimônio da Bertin S/A para a JBS S/A (a atual JBS S/A é = a antiga JBS S/A + a Bertin S/A). .... os antigos sócios da Bertin S/A participam da “nova” JBS S/A, o que ocorreu foi uma integração,.... O Sr. Natalino Bertin – CPF 250.150.23834, que participou do Conselho Administrativo da Bertin S/A, foi membro do Conselho Administrativo da JBS S/A. ... 99) Em que pese ter ocorrido uma incorporação (...), no caso concreto o que ocorreu foi uma união de patrimônio e sócios. (grifado no original) Destarte, está demonstrada a relevante participação de integrantes da família Bertin no capital social da FB PARTICIPAÇÕES S/A, que, por sua vez, tem importante participação no capital social da JBS S/A. Ademais, a família Bertin, após a incorporação da BERTIN S/A pela JBS S/A, passou a ter ingerência sobre a administração desta, inclusive integrando o respectivo Conselho de Administração. Também demonstrando a efetiva participação da JBS S/A nos fatos que ensejaram a autuação e sua responsabilidade pelo crédito tributário total, inclusive Fl. 14203DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 19/02/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 15868.720223/201397 Acórdão n.º 1401001.525 S1C4T1 Fl. 14.204 46 pelas multas de ofício, apresentou a Fiscalização no item 101 de seu Termo de Verificação cópia reprográfica (...) do final das folhas dos Termos de Abertura dos Livros de Apuração do Lucro Real Lalur do ano de 2007 e 2009 da Pessoa Jurídica Bertin S/A, datados de 07/08/2007 e 01/01/2009 (respectivamente), objetivando evidenciar que tal livro foi elaborado pela própria JBS S/A, através de sistemas informatizados de Pessoa Jurídica vinculada ao grupo JBS S/A (JBS Agropecuária Ltda., CNPJ nº 07.589.548/000168), ou seja, ela mesma o elaborou, e, portanto, tinha todo o conhecimento do conteúdo de tal livro e suas implicações tributárias, pelo que deve responder por todo o crédito tributário. (...) Ainda consigna a Fiscalização que todos os Livros Lalur apresentados pela JBS S/A, em que pese assinados pelo contador Sr. Gustavo Bortolan Martins e pelos srs. Natalino Bertin (2007) ou Fernando Antonio Bertin (2008 e 2009), foram todos elaborados por softwares da própria JBS S/A. Nestas circunstâncias, é possível inferir ter a JBS conhecimento da forma pela qual eram elaborados os Livros em função dos quais detectadas as infrações, pelo que a alegação de que a multa foi formalizada após a incorporação e que a Impugnante é adquirente de boafé não são hábeis a afastar a sua responsabilidade pela totalidade do crédito tributário. Quanto aos juros moratórios, tratase de mera atualização monetária dos créditos tributários lançados. Se o entendimento jurisprudencial superou a referência a "tributos devidos", contida no artigo 132 do CTN, corroborando uma interpretação sistemática que atribui a responsabilidade por sucessão para a totalidade do crédito tributário, tal como previsto no artigo 129 do mesmo CTN, nada impede que a responsabilidade alcance também os juros moratórios. Neste caso, até com maior razão, o acessório acompanha o principal. Em seu recurso, a TINTO HOLDING LTDA (atual denominação da BRACOL HOLDING LTDA) alega sua ilegitimidade como responsável pelos créditos tributários lançados porque, como pessoa jurídica, não foi diretor, representante ou gerente da BERTIN S/A na época dos fatos. Também não atuou na elaboração da DIPJ, contabilidade ou outros atos descritos na autuação. Afirma que a DIPJ foi entregue quando a BERTIN S/A já se encontrava incorporada pela JBS S/A, sendo elaborada por softwares desta mesma empresa. Haveria falta de nexo de causalidade exigido pelos artigos 135, 136 e 137 do CTN. Por outro lado, argumenta que a acusação de ter se beneficiado pela falta de pagamento dos tributos (devidos pela BERTIN S/A) não é uma situação prevista no artigo 124, I, do mesmo diploma legal. Acrescenta que o não pagamento de tributos não caracteriza infração à legislação tributária conforme jurisprudência sedimentada no STJ. Independentemente de a responsabilidade ter sido também atribuída com base no artigo 135 do CTN e de essa qualificação para pessoas jurídicas ter sido aprovada pela instância a quo, entendimento com o qual não concordo, importa notar que a autoridade fiscal foi clara ao mencionar que incluía o interesse comum previsto no artigo 124, I, daquele mesmo Código, como fundamento igualmente considerado na atribuição da responsabilidade (vide o Termo de Sujeição Passiva Solidária fls. 13066 a 13068). Confirase, então, o conteúdo desse dispositivo: Fl. 14204DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 19/02/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 15868.720223/201397 Acórdão n.º 1401001.525 S1C4T1 Fl. 14.205 47 Art. 124. São solidariamente obrigadas: I as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; O interesse comum é um conceito indeterminado que exige construção jurisprudencial. De imediato, impõese a consagrada interpretação segundo a qual ocorre tal hipótese quando duas ou mais pessoas se instalam no mesmo lado da relação obrigacional escolhido pelo legislador para a configuração da sujeição passiva tributária (exemplo clássico dos coproprietários de um imóvel em relação ao IPTU). Além disso, o STJ cristalizou o entendimento de que o fato de haver empresas que pertençam ao mesmo grupo econômico, por si só, não enseja a responsabilidade solidária (AgRg no REsp nº 1.102.894, AgRg no Ag nº 1.055.860, REsp nº 834.044, REsp nº 1.001.450). Portanto, em situações semelhantes, há que se demonstrar algo mais do que a mera pertinência dentro do grupo econômico. Entendo que caracterizase também o interesse comum quando é constatada a existência de pessoas diretamente beneficiadas por recursos financeiros ou patrimoniais fornecidos pelo contribuinte. No caso de pessoas jurídicas, normalmente essa situação vem acompanhada de uma ligação umbilical entre atividades aparentemente independentes, marcada pela confusão patrimonial, vinculação gerencial e coincidência de sócios administradores. No caso de pessoas físicas, normalmente há a apropriação direta dos recursos da empresa contribuinte, marcada pela obtenção de empréstimos ou usufruto de bens desprovidos de maiores formalidades. Essas pessoas não possuem apenas o interesse mediato no resultado econômicofinanceiro das atividades da empresa contribuinte, como é o que ocorre, de regra, com qualquer pessoa que regularmente pertença ao quadro societário de uma empresa. Têm também o interesse imediato e comum na situação que constitui o fato gerador da obrigação principal (a receita, o lucro). Isso porque se beneficiam dessas situações jurídicas diretamente, dispensando a regular distribuição de lucros, por obra da confusão patrimonial estabelecida entre suas esferas pessoais e a da empresa contribuinte. No caso presente, a fiscalização foi bastante perspicaz quanto à ocorrência dessa confusão patrimonial entre a BRACOL HOLDING LTDA e a BERTIN S/A. Vejase, nesse sentido, o que foi constatado no Termo de Verificação de Infração Fiscal (fls. 12978 a 12980): 102) Também não poderíamos de deixar de tratar do conteúdo da "PLANILHA 18 RAZÃO 2008 DAS CONTAS COLIGADAS E CONTROLADAS DAS PESSOAS JURÍDICAS BERTIN LTDA. (ATIVO) E DA BERTIN S/A (PASSIVO), APENAS COM SUAS RESPECTIVAS CONTRAPARTIDAS E COM LANÇAMENTOS QUE TEM CORRELAÇÃO APENAS EM CONTAS DE ATIVO E PASSIVO NAS DUAS PESSOAS JURÍDICAS", pois nela se constata a transferência de patrimônio da Bracol Holding Ltda. para a Bertin S/A no período de 01/01/2008 a 16/12/2008 (no valor de R$ 300.606.545,97 em transferências líquidas de Ativos da Bertin S/A para a Bracol Holding e R$ 689.060.921,79 em transferências líquidas de Passivos da Bracol Holding Ltda. para a Bertin S/A), ou seja, após a cisão parcial ocorrida e constatada em 01/10/2007. Como se verifica, esse fato também comprova a solidariedade da Fl. 14205DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 19/02/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 15868.720223/201397 Acórdão n.º 1401001.525 S1C4T1 Fl. 14.206 48 Bracol Holding Ltda. em relação a todo ano de 2008. Já a solidariedade da JBS S/A foi motivada pela incorporação da Bertin S/A. 103) A apuração das infrações e das transferências entre a Bracol Holding Ltda. e a Bertin S/A só foi possível através da análise simultânea, por sistema computacional, dos lançamentos contábeis das duas Pessoas Jurídicas entregues através do EPED Contábil Escrituração Contábil Digial (ECD) para o ano 2008. 104) Os fatos acima também demonstram que a Bracol Holding Ltda. teve (e tem) relação direta com a Bertin S/A e com a JBS S/A, pois existiram transferências de receitas e despesas entre a Bracol Holding Ltda. e a Bertin S/A, que resultaram nos lançamentos ora realizados, o que denota a interação e dependência entre as Pessoas Jurídicas citadas, bem como a questão de que a família Bertin é atualmente (ou foi) sócia coproprietária, coadministradora da JBS S/A, por meio de sua Holding, FB Participações S/A. A responsabilização da Bracol Holding Ltda. (ex sócia majoritária da Bertin S/A) se enquadra nos artigos 124, inciso I e 135, inciso I do CTN: (...) 105) Na "PLANILHA 31 COMPARATIVO DIPJS BRACOL E BERTIN S/A", onde se demonstra a incompatibilidade dos resultados fiscais negativos da Bertin S/A nos anos 2008 e 2009 em relação à justificativa dada ao Fisco Estadual quando da ocorrência da cisão parcial (01/10/2007). Também fica claro que a "criação" da Bertin S/A pela Bracol Holding Ltda (vide dados consolidados na citada planilha) alterou substancialmente o histórico de 10 (dez) anos seguidos de resultados fiscais positivos da Bracol Holding Ltda. 106) Da citada planilha ainda podemos verificar que no ano 2006 o Lucro Real da Bracol Holding Ltda. havia aumentado 63,99% (163,99%) em relação ao ano 2005, e que nos dados consolidados do ano 2007 o aumento do Lucro Real em relação ao ano de 2006 foi bem menos expressivo (17,65%). Observando apenas os dados não consolidados da Bracol Holding Ltda. para o ano de 2007 esse aumento foi mais expressivo que o consolidado (25,25%). 107) Também é nítido que de 2007 para 2009 o Lucro Real da Bracol Holding Ltda. praticamente não existe mais, passou de R$ 405.467.730,50 no ano de 2007 (que já foi influenciado pela cisão parcial) para apenas R$ 757.972,05 em 2009, um decréscimo enorme que ocorreu após a cisão parcial. Por outro lado verificase que o lucro contábil da Bracol Holding Ltda. aumentou drasticamente no mesmo período, mas esse lucro se refere à equivalência patrimonial (MEP), e por incrível que pareça esse MEP está relacionado a Bertin S/A (em que pese ter prejuízos contábeis, por exemplo, houve reavaliações patrimoniais). Por sua vez, os recursos das pessoas físicas trazem alegações semelhantes às da TINTO HOLDING LTDA com relação à falta de nexo de causalidade exigido pelos artigos 135, 136 e 137 do CTN. Nunca foram diretores, gerentes ou administradores da BERTIN S/A, nem atuaram na elaboração de DIPJ, contabilidade ou outros atos desta empresa. Afirmam que a DIPJ foi entregue quando a BERTIN S/A já se encontrava incorporada pela JBS S/A, sendo elaborada por softwares desta mesma empresa. Destacam que não se pode responsabilizálos só porque faziam parte do conselho de administração da BERTIN S/A, que não tinham como conhecer as operações contábeis desta empresa e que ela possuía diretoria própria, inclusive, com a participação do BNDES como acionista relevante (30%). Os Srs. REINALDO BERTIN Fl. 14206DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 19/02/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 15868.720223/201397 Acórdão n.º 1401001.525 S1C4T1 Fl. 14.207 49 e JOÃO BERTIN FILHO ainda acrescentam que nem eram sócios da BRACOL HOLDING LTDA. O Sr. SILMAR ROBERTO BERTIN, por sua vez, acrescenta que não participou em nenhum ato como signatário, administrador ou qualquer outra coisa. Nesses casos, não restam dúvidas de que a autoridade fiscal atribuiu a responsabilidade com base na ideia de infração de lei ou contrato social prevista no artigo 135, III do CTN (vide o Termo de Sujeição Passiva Solidária fls. 13069 a 13073). Confirase, então, o conteúdo desse dispositivo: Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: (...) III os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. Assim, os diretores, gerentes ou representantes da empresa autuada, pelo fato de terem praticado atos com excesso de poderes ou infração de lei que resultaram na obrigação tributária objeto da autuação, são considerados responsáveis pelos créditos tributários lançados. Devese, primeiro, averiguar se as pessoas apontadas como responsáveis mantinham essa condição de “diretores, gerentes ou representantes”. O Termo de Sujeição Passiva Solidária reproduz as Fichas Cadastrais das empresas BRACOL HOLDING LTDA e BERTIN S/A arquivadas na Junta Comercial do Estado de São Paulo (JUCESP). Na Ficha da BRACOL HOLDING LTDA, fica clara a participação das pessoas físicas apontadas como responsáveis no seu conselho administrativo na época dos fatos apurados pela fiscalização. Todos possuíam o cargo de administrador e tinham a capacidade de "assinar pela empresa". Na Ficha da BERTIN S/A, também relativamente à época dos fatos apurados pela fiscalização, o Sr. NATALINO BERTIN consta como conselheiro administrativo e vicepresidente, o Sr. FERNANDO ANTÔNIO BERTIN consta como presidente do conselho administrativo e o Sr. SILMAR ROBERTO BERTIN consta como conselheiro administrativo e vicepresidente. Como bem revelado no voto condutor da decisão recorrida, as atribuições previstas para o Conselho de Administração da BERTIN S/A, contidas nos artigos 7º e 15 do seu Estatuto Social, são, efetivamente, administrativas e afastam a alegação de que seus ocupantes pudessem não se responsabilizar por atos que redundam no descumprimento de obrigações tributárias. Destarte, são absolutamente incabíveis as justificativas de que os administradores não conheciam as operações contábeis da empresa, de que esta possuía diretoria própria e de que o BNDES era seu acionista com uma relevante participação. Além disso, segundo o mesmo Termo, o Sr. FERNANDO ANTÔNIO BERTIN figura como representante da pessoa jurídica na DIPJ da BERTIN S/A referente ao Fl. 14207DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 19/02/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 15868.720223/201397 Acórdão n.º 1401001.525 S1C4T1 Fl. 14.208 50 anocalendário de 2008. Este senhor, inclusive, assina o livro LALUR da empresa naquele mesmo ano. Por sua vez, na mesma DIPJ (fls. 465), a empresa BRACOL HOLDING LTDA figura como principal acionista controladora da BERTIN S/A, com um percentual de participação equivalente a 71,99% do capital votante. Nesse contexto, é evidente que os administradores da BRACOL HOLDING LTDA que não figuravam como administradores da BERTIN S/A (os Srs. REINALDO BERTIN e JOÃO BERTIN FILHO) são administradores indiretos desta última. Como ficou constatado, além das transferências de receitas e despesas que resultaram em parte dos lançamentos efetuados, durante os anos de 2007 e 2008, a BRACOL HOLDING LTDA transferiu patrimônio à BERTIN S/A, mediante transferências injustificadas de itens de ativos e passivos, que extrapolaram o momento da cisão parcial envolvendo essas duas empresas (01/10/2007). Essas transferências revelaram uma confusão patrimonial característica do interesse comum veiculado na norma que atribui responsabilidade pelos fatos geradores de obrigações tributárias apuradas nessas condições. Ademais, o relato do conjunto das operações perpetradas revela que a família BERTIN, atualmente sócia majoritária da JBS S/A por intermédio de sua holding FB PARTICIPAÇÕES S/A, sempre deteve o poder decisório sobre a estratégia e os atos empresariais que redundaram nas infrações constatadas pela fiscalização. Portanto, o que se verifica é que, apesar dos protestos das recorrentes, estes exerceram a administração da empresa autuada. A condição de "diretores, gerentes ou representantes" prevista na lei não é só de direito, mas, também, de fato. Diante disso, resta agora notar que a fiscalização apurou a "infração de lei" reclamada pela norma atributiva de responsabilidade acima citada. As condutas dolosas e reiteradas concernentes à imputação de informações falsas no LALUR e nas DIPJ, as quais resultaram na qualificação das multas aplicadas, bem ilustram essa constatação. Aliás, para a caracterização do ato ilícito exigido no artigo 135 do CTN, basta a verificação de mera culpa pelas condutas cometidas. E esse entendimento foi muito bem esclarecido no Parecer PGFN/CRJ/CAT nº 55/2009, verbis: 59. A respeito da necessidade de presença de ato doloso por parte do administrador ou da suficiência da presença de culpa, devese observar que, ao contrário do que defende parte da doutrina, a jurisprudência maciça do STJ exige tãosó a presença de “infração de lei” (= ato ilícito), a qual, pela teoria geral do Direito, pode ser tanto decorrente de ato culposo como de ato doloso (não obstante alguns poucos acórdãos referirem expressamente à necessidade de prova do dolo, em contraposição à imensa maioria que exige somente a culpa). Logo, se a lei e a jurisprudência não separaram as hipóteses de culpa em sentido estrito e dolo, tanto um quanto outro elemento subjetivo satisfaz a hipótese do art. 135 do CTN. Em verdade, o Direito Tributário preocupase com a externalização de atos e fatos, não possuindo espaço para a persecução do dolo; basta a culpa. Fl. 14208DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 19/02/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 15868.720223/201397 Acórdão n.º 1401001.525 S1C4T1 Fl. 14.209 51 Destarte, atos ilícitos, ou seja, a conduta infratora prevista no artigo 135 do CTN, com efeito, foram praticados pelos administradores apontados pela fiscalização. Portanto, é, sim, cabível a responsabilização tributária. E considero que é, de fato, solidária, à luz do que propõem o Parecer acima citado e a jurisprudência do STJ esposada no REsp nº 717.717/SP. Confirase: Parecer PGFN/CRJ/CAT nº 55/2009: 89. Em verdade, a responsabilidade tributária imposta ao administrador em decorrência da prática de ato ilícito é, no que tange ao nascimento, à natureza e à cobrança, autônoma da responsabilidade (em sentido amplo) da pessoa jurídica contribuinte pelo pagamento do crédito tributário. O dever desta decorre de ato lícito: o fato jurídico tributário propriamente dito (evento econômico – produção, circulação ou detenção de riqueza). Já a responsabilidade daquele decorre de ato ilícito: a “infração de lei” prevista no caput do art. 135 do CTN. A hipótese normativa de nascimento duma obrigação é fato lícito; a doutra, fato ilícito. Em substância, as naturezas de ambas as obrigações são distintas. A obrigação do responsável é tributária tãosó mediatamente, pois a norma que a impõe remete seu prescritor à obrigação tributária stricto sensu. Em suma, tratase de obrigações distintas, autônomas (nesses termos), atadas entre si simplesmente pelo nexo de adimplemento: o pagamento duma extingue a outra. 90. Assim, surgindo a responsabilidade do administradorinfrator, não temos uma obrigação solidária propriamente dita, senão obrigações solidárias. Explicamos. Não temos uma obrigação unitária com pluralidade de sujeitos passivos na relação jurídica. Temos, isto sim, duas ou mais obrigações, ligadas pelo vínculo da solidariedade. É o que a doutrina antiga chamava de solidariedade imprópria. REsp nº 717.717/SP: TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. DÉBITOS PARA COM A SEGURIDADE SOCIAL. REDIRECIONAMENTO. RESPONSABILIDADE DO SÓCIO SOCIEDADE POR QUOTAS DE RESPONSABILIDADE LTDA). SOLIDARIEDADE.PREVISÃO PELA LEI 8.620/93, ART. 13. NECESSIDADE DE LEI COMPLEMENTAR CF, ART. 146, III, B). INTERPRETAÇÕES SISTEMÁTICA E TELEOLÓGICA. CTN, ARTS. 124, II, E 135, III. CÓDIGO CIVIL, ARTS. 1.016 E 1.052. VIOLAÇÃO AO ART. 535. INOCORRÊNCIA. (...) 3. A solidariedade prevista no art. 124, II, do CTN, é denominada de direito. Ela só tem validade e eficácia quando a lei que a estabelece for interpretada de acordo com os propósitos da Constituição Federal e do próprio Código Tributário Nacional. 4. Inteiramente desprovidas de validade são as disposições da Lei nº 8.620/93, ou de qualquer outra lei ordinária, que indevidamente pretenderam alargar a responsabilidade dos Fl. 14209DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 19/02/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 15868.720223/201397 Acórdão n.º 1401001.525 S1C4T1 Fl. 14.210 52 sócios e dirigentes das pessoas jurídicas. O art. 146, inciso III, b, da Constituição Federal, estabelece que as normas sobre responsabilidade tributária deverão se revestir obrigatoriamente de lei complementar. 5. O CTN, art. 135, III, estabelece que os sócios só respondem por dívidas tributárias quando exercerem gerência da sociedade ou qualquer outro ato de gestão vinculado ao fato gerador. O art. 13 da Lei nº 8.620/93, portanto, só pode ser aplicado quando presentes as condições do art. 135, III, do CTN, não podendo ser interpretado, exclusivamente, em combinação com o art. 124, II, do CTN. 6. O teor do art. 1.016 do Código Civil de 2002 é extensivo às Sociedades Limitadas por força do prescrito no art. 1.053, expressando hipótese em que os administradores respondem solidariamente somente por culpa quando no desempenho de suas funções, o que reforça o consignado no art. 135, III, do CTN. 7. A Lei 8.620/93, art. 13, também não se aplica às Sociedades Limitadas por encontrarse esse tipo societário regulado pelo novo Código Civil, lei posterior, de igual hierarquia, que estabelece direito oposto ao nela estabelecido. As responsabilidades solidárias do presente caso se estendem para todo o crédito tributário lançado. O interesse comum da BRACOL HOLDING LTDA, caracterizado pela ligação umbilical entre suas atividades e a da BERTIN S/A, marcada pela confusão patrimonial, vinculação gerencial e coincidência de sócios administradores, está presente em toda a situação que constituiu o fato gerador verificado. Outrossim, a infração de lei praticada pelos representantes da família BERTIN revelase tanto na conduta dolosa das infrações que sofreram a multa qualificada quanto na conduta culposa da infração cunhada pelas transferências de receitas e despesas entre as empresas. Sendo assim, correta a responsabilização de todos os recorrentes. Diante do exposto, oriento meu voto no sentido de afastar as preliminares de nulidade e de cerceamento do direito de defesa, bem como, no mérito, negar provimento aos recursos voluntários apresentados. Documento assinado digitalmente. Ricardo Marozzi Gregorio Relator Fl. 14210DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 19/02/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 15868.720223/201397 Acórdão n.º 1401001.525 S1C4T1 Fl. 14.211 53 Fl. 14211DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 19/02/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/03/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO
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Numero do processo: 13841.000104/2007-49
Turma: Segunda Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed May 22 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Wed Sep 30 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/09/1989 a 30/11/1991
FINSOCIAL. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. PRESCRIÇÃO DO DIREITO.
O direito de se pleitear a restituição extingue-se com o decurso de prazo de cinco anos, contados da data da extinção do crédito tributário que, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, ocorre no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1º do art. 150 do CTN, inclusive na hipótese de o pagamento ter sido efetuado com base em lei posteriormente declarada constitucional pelo Supremo Tribunal Federal em ação declaratória ou em recurso extraordinário.
Direito prescrito.
Numero da decisão: 3802-001.810
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, na forma do relatório e do voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Joel Miyazaki Presidente 2ª Câmara / 3ª Seção
(assinado digitalmente)
Francisco José Barroso Rios - Redator ad hoc (art. 17, inciso III, do Anexo II do RICARF/2015)
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Bruno Maurício Macedo Curi, Cláudio Augusto Gonçalves Pereira (relator), Francisco José Barroso Rios, Jacques Maurício Ferreira Veloso de Melo, Paulo Sérgio Celani e Regis Xavier Holanda (presidente).
Nome do relator: CLAUDIO AUGUSTO GONCALVES PEREIRA
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PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. PRESCRIÇÃO DO DIREITO. O direito de se pleitear a restituição extinguese com o decurso de prazo de cinco anos, contados da data da extinção do crédito tributário que, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, ocorre no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1º do art. 150 do CTN, inclusive na hipótese de o pagamento ter sido efetuado com base em lei posteriormente declarada constitucional pelo Supremo Tribunal Federal em ação declaratória ou em recurso extraordinário. Direito prescrito. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, na forma do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Joel Miyazaki – Presidente 2ª Câmara / 3ª Seção (assinado digitalmente) Francisco José Barroso Rios Redator ad hoc (art. 17, inciso III, do Anexo II do RICARF/2015) Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Bruno Maurício Macedo Curi, Cláudio Augusto Gonçalves Pereira (relator), Francisco José Barroso AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 84 1. 00 01 04 /2 00 7- 49 Fl. 286DF CARF MF Impresso em 30/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2015 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 30/ 09/2015 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 30/09/2015 por JOEL MIYAZAKI 2 Rios, Jacques Maurício Ferreira Veloso de Melo, Paulo Sérgio Celani e Regis Xavier Holanda (presidente). Relatório Preliminarmente, ressalto que, nos termos do artigo 17, inciso III, do anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF/2015, fui designado como redator ad hoc para a formalização do acórdão, considerando o resultado do julgamento nos termos da ATA da correspondente sessão de julgamento. O Relatório abaixo foi apresentado pelo Conselheiro Cláudio Augusto Gonçalves Pereira na sessão em que houve o julgamento do feito: Tratase de Recurso Voluntário oposto com o objetivo de reformar o Acórdão nº 1431.878, 13 de dezembro de 2010, proferido pelos membros da 1ª Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto (DRJ/RPO), em que, por unanimidade de votos, julgaram a impugnação improcedente, o pedido de restituição de Finsocial, no montante de R$ 32.684,05, protocolizado em 20/04/2007, onde o recorrente requereu a restituição dos indébitos, relativos aos períodos de apuração 09/1989 a 11/1991, instruindo seu pedido com planilha de apuração do direito creditório (fls. 03), além de cópias dos Darfs (fls. 04/15). Em ato contínuo, transmitiu as Declarações de Compensação (DCOMP), utilizandose do crédito informado no presente processo para compensar débitos do Simples Federal, apurados no período de janeiro/2005 a agosto de 2008, no montante de R$ 33.000,00, conforme fls. 246/247/248, com base nos fundamentos resumidos da inconstitucionalidade declarada pelo Supremo Tribunal Federal, já que a lei majorou a alíquota do Finsocial. A DRJ entendeu o pleito, consoante ementa a seguir transcrita: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de Apuração: 01/09/1989 a 30/11/1991 FINSOCIAL. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO. DECADÊNCIA. INTERPRETAÇÃO. O direito de pleitear a restituição extinguese com o decurso de prazo de cinco anos, contados da data da extinção do crédito tributário que, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, ocorre no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1º do art. 150 do CTN, inclusive na hipótese de o pagamento ter sido efetuado com base em lei posteriormente declarada constitucional pelo Supremo Tribunal Federal em ação declaratória ou em recurso extraordinário. Cientificado da referida decisão em 10/02/2011 (conf. fls. 256), o sujeito passivo apresentou, em 24/02/2011 (v. fls. 257), recurso voluntário onde reitera os argumentos apresentados na primeira instância e requer seja dado provimento ao seu recurso. É o relatório. Voto Fl. 287DF CARF MF Impresso em 30/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2015 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 30/ 09/2015 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 30/09/2015 por JOEL MIYAZAKI Processo nº 13841.000104/200749 Acórdão n.º 3802001.810 S3TE02 Fl. 281 3 Conselheiro Francisco José Barroso Rios, redator ad hoc designado para formalizar a decisão, uma vez que o conselheiro relator, Cláudio Augusto Gonçalves Pereira, não mais compõe este colegiado, retratando, assim, a hipótese de que trata o artigo 17, inciso III, do Anexo II, do Regimento Interno deste Conselho, aprovado pela Portaria MF no 343, de 09 de junho de 2015: Abaixo reproduzo integralmente o voto apresentado pelo Conselheiro Relator na ocasião em que o feito foi julgado (sessão do dia 22/05/2013): O presente Recurso foi apresentado por parte legítima em tempo hábil, preenche os demais requisitos de admissibilidade e trata de matéria da competência deste Colegiado e que se enquadra dentro do seu limite alçada, portanto, dele tomo conhecimento. No presente caso, a grande questão é saber se, provado o crédito, o pedido de restituição do recorrente foi elaborado dentro do prazo previsto em lei. Assim entendida a questão, me parece que nenhuma razão assiste ao recorrente, já que a regra de regência determina que: Art. 168: O direito de pleitear a restituição extinguese com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados: I – nas hipóteses dos incisos I e II do artigo 165, da data da extinção do crédito tributário. Colaborando com a regra acima exposta, o tema tratado, nestes autos, teve pronunciamento da Receita Federal por intermédio do Ato Declaratório SRF nº 96, que assim determina: o prazo para que o contribuinte possa pleitear a restituição de tributo ou contribuição pago indevidamente ou em valor maior que o devido, inclusive na hipótese de o pagamento ter sido efetuado com base em lei posteriormente declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal ou em recurso extraordinário, extinguese após o transcurso do prazo de 5 (cinco) anos, contado da data da extinção do crédito. Veja: Prazo para repetição ou compensação de indébito tributário e art. 4º da LC 118/2005 5 É inconstitucional o art. 4º, segunda parte, da Lei Complementar 118/2005 [“Art. 3º Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1º do art. 150 da referida Lei. Art. 4º Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art. 3º, o disposto no art. 106, inciso I, da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional”; CTN: “Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados”]. Esse o consenso do Plenário que, em conclusão de julgamento, desproveu, por maioria, recurso extraordinário interposto de decisão que reputara inconstitucional o citado preceito — v. Informativo 585. Prevaleceu o voto proferido pela Min. Ellen Gracie, relatora, que, em suma, assentara a ofensa ao princípio da segurança jurídica — nos seus conteúdos de proteção da confiança e de acesso à Justiça, com suporte implícito e expresso nos artigos 1º e 5º, XXXV, da CF — e considerara válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão Fl. 288DF CARF MF Impresso em 30/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2015 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 30/ 09/2015 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 30/09/2015 por JOEL MIYAZAKI 4 somente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9.6.2005. Os Ministros Celso de Mello e Luiz Fux, por sua vez, dissentiram apenas no tocante ao art. 3º da LC 118/2005 e afirmaram que ele seria aplicável aos próprios fatos (pagamento indevido) ocorridos após o término do período de vacatio legis. Vencidos os Ministros Marco Aurélio, Dias Toffoli, Cármen Lúcia e Gilmar Mendes, que davam provimento ao recurso. RE 566621/RS, rel. Min. Ellen Gracie, 4.8.2011. (RE56662) Portanto, não há como reconhecer a procedência da tese exposta pelo recorrente em sede recursal, já que afronta as normas regulamentadoras da situação fática aqui experimentada. Da conclusão. Diante do exposto, NEGO PROVIMENTO ao presente Recurso, para manter exigível a cobrança dos débitos não compensados, nos termos da decisão recorrida. Este, portanto, foi o entendimento proferido pelo conselheiro relator na ocasião em que o feito foi julgado, entendimento o qual reproduzo por força do disposto no artigo 17, inciso III, do Anexo II, do Regimento Interno deste Conselho, aprovado pela Portaria MF no 343, de 09 de junho de 2015. (assinado digitalmente) Francisco José Barroso Rios Redator ad hoc Fl. 289DF CARF MF Impresso em 30/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2015 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 30/ 09/2015 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 30/09/2015 por JOEL MIYAZAKI
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