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Numero do processo: 10711.721824/2011-15
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 29 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Oct 21 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 07/10/2008
OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INOBSERVÂNCIA AO PRAZO ESTABELECIDO PREVISTO EM NORMA. AUSÊNCIA DE PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO.
É obrigação do contribuinte prestar informações sobre a desconsolidação de carga dentro dos prazos previstos no artigo 22 c/c o artigo 50 da IN SRF nº 800/2007, sob pena de sujeitar-se à aplicação da multa prevista no artigo 107, inciso I, IV, alínea "e", do Decreto-Lei nº 37/66.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3302-003.455
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar arguida e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Lenisa Rodrigues Prado, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araujo.
Nome do relator: RICARDO PAULO ROSA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 07/10/2008 OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INOBSERVÂNCIA AO PRAZO ESTABELECIDO PREVISTO EM NORMA. AUSÊNCIA DE PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO. É obrigação do contribuinte prestar informações sobre a desconsolidação de carga dentro dos prazos previstos no artigo 22 c/c o artigo 50 da IN SRF nº 800/2007, sob pena de sujeitarse à aplicação da multa prevista no artigo 107, inciso I, IV, alínea "e", do DecretoLei nº 37/66. Recurso Voluntário Negado Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar arguida e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Lenisa Rodrigues Prado, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araujo. Relatório Por bem retratar a realidade dos fatos, adoto e transcrevo, no que for relevante, o relatório da decisão de piso proferida pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Fortaleza: AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 71 1. 72 18 24 /2 01 1- 15 Fl. 103DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.721824/201115 Acórdão n.º 3302003.455 S3C3T2 Fl. 3 2 O presente processo é referente à exigência de multa pelo descumprimento da obrigação de prestar informação sobre veículo, operação realizada ou carga transportada, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. O lançamento, que totalizou R$ 5.000,00 à época de sua formalização, foi contestado pela empresa autuada. Da Autuação Antes de adentrar na descrição dos fatos que ensejaram a autuação, a autoridade lançadora fez longa explanação acerca do comércio marítimo internacional, na qual esclarece quem são os intervenientes nessa atividade, a documentação utilizada, as informações a serem prestadas e seus respectivos prazos e a sistemática de utilização delas. Foram apresentados tópicos específicos sobre a obrigatoriedade de prestar informação pelo transportador e sobre a importância, para o controle aduaneiro, de os dados exigidos serem prestados correta e tempestivamente. A fiscalização expôs detalhadamente quais as informações que devem ser prestadas e os respectivos prazos estabelecidos na legislação regente. Em seguida apresentou dispositivo legal que trata da denúncia espontânea esclarecendo que, depois de formalizada a entrada do veículo procedente do exterior, esse instituto não é mais aplicável para infrações imputadas ao transportador, por força de expressa disposição do Regulamento Aduaneiro (art. 683, § 3°). Foi também comentado sobre os danos causados ao controle aduaneiro pelo descumprimento das normas referentes à prestação de informações pelos intervenientes no transporte internacional de cargas. Na sequência, a fiscalização discorreu sobre o tipo de infração verificada, inclusive no tocante a sua penalização. Depois, passou a demonstrar a irregularidade apurada que, de acordo com o relatado no tópico Dos Fatos, consistiu na prestação de informação intempestiva referente ao conhecimento eletrônico (CE) ali identificado. De acordo com a autoridade fiscal, a autuada deixou de atender ao prazo estabelecido no parágrafo único, inciso II, do art. 50 da Instrução Normativa RFB n° 800, de 27/12/2007. Assim, a fiscalização considerou caracterizada a infração tipificada no art. 107, IV, "e", do DecretoLei n° 37/1966, com redação dada pela Lei n° 10.833/2003, e aplicou a multa ali prescrita, que entende ser cabível para cada CE incluído ou retificado após o prazo para prestar informações. Da Impugnação O sujeito passivo foi cientificado da exação e, apresentou impugnação na qual aduz os seguintes argumentos. Inobservância do art. 50 da IN RFB 800/2007. Conforme disposto no caput do art. 50 da IN RFB n° 800/2007, os prazos de antecedência para prestação de informações a Receita Federal entraram em vigor apenas em 1° de abril de 2009, estando a impugnante dispensada de tal obrigação por ocasião do fato que deu ensejo ao Auto de Infração. Tratandose de dispensa do cumprimento de obrigação acessória, a lei tributaria deve ser interpretada literalmente, consoante dispõe o art. 111 do Código Tributário Nacional. Duplicidade de multa para o mesmo navio/viagem. O Auto de Infração tem objeto idêntico ao dos processos indicados, em que também é exigida multa pelo atraso na entrega de informação referente a carga transportada na mesma Fl. 104DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.721824/201115 Acórdão n.º 3302003.455 S3C3T2 Fl. 4 3 embarcação a que se refere este processo, não podendo subsistir mais de uma penalidade para o mesmo fato, conforme estabelece a legislação de regência. Assim, se infração houve, nesses casos só poderia ser aplicada multa uma única vez, consoante já decidiu a própria Receita Federal na Solução de Consulta Interna (SCI) n° 8, de 14/2/2008. Ao final a impugnante requer que seja cancelado o lançamento. A Turma Julgadora "a quo", por unanimidade de votos, julgou improcedente a impugnação apresentada pela Recorrente, mantendo integralmente o crédito constituído. Inconformada com o resultado do julgamento, a Recorrente interpôs Recurso Voluntário, reproduzindo os mesmos argumentos apresentados em sede de impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Ricardo Paulo Rosa, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302003.395, de 28 de setembro de 2016, proferido no julgamento do processo 10711.006561/201030, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302003.395): 1. Tempestividade O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, dele tomo conhecimento. 2. Preliminar 2.1 Duplicidade: Cobrança de múltiplas multas decorrente do mesmo fato gerador Em síntese apartada, alega a Recorrente que" O Auto de Infração tem objeto idêntico ao dos processos indicados em seu recurso voluntário, em que também é exigida multa pelo atraso na entrega de informação referente a carga transportada na mesma embarcação a que se refere este processo, não podendo subsistir mais de uma penalidade para o mesmo fato, conforme estabelece a legislação de regência. Assim, se infração houve, nesses casos só poderia ser aplicada multa uma única vez, consoante já decidiu a própria Receita Federal na Solução de Consulta Interna (SCI) n° 8, de 14/2/20081." 1 Trecho destacada no voto: Ora, o transportador que deixou de informar os dados de embarque de uma declaração de exportação e o que deixou de informar os dados de embarque sobre todas as declarações de exportação cometeram a mesma infração, ou seja, deixaram de cumpri a obrigação acessória de informar os dados de embarque. Nestes termos, a multa deve ser aplicada uma única vez por veículo transportador, pela omissão de não prestar as informações exigidas na forma e no prazo estipulados. Fl. 105DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.721824/201115 Acórdão n.º 3302003.455 S3C3T2 Fl. 5 4 Em relação ao primeiro ponto suscitado pela Recorrente, na parte em que ela afirma ser impossível existir mais de uma penalidade para o mesmo fato, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento decidiu da seguinte forma: "No caso sob análise não houve uma infração. Examinandose as ocorrências citadas pela fiscalização, verificase que as multas aplicadas foram decorrentes de condutas similares, porém, relativas a fatos distintos. Sendo assim, não se pode afirmar sequer que as infrações são idênticas, uma vez que são diferente seus objetos materiais." Já em relação ao segundo ponto (aplicação da solução de consulta interna Cosit nº 8/2008), a fiscalização justificou seu afastamento com base nos seguintes argumentos. "Todavia, esse entendimento não é aplicável ao caso sob exame. As informações cujos atrasos na prestação deram ensejo ao lançamento são referentes a importação de mercadorias, enquanto a citada decisão soluciona consulta relativa à exportação. Cada um desses tipos de operações envolve peculiaridades próprias, especialmente no tocante ao controle administrativo, as quais se refletem na legislação regente e não podem ser desprezadas. O caso ora apreciado diz respeito à importação de cargas consolidadas, as quais são acobertadas por documentação própria, cujos dados devem ser informados de forma individualizada para a geração dos correspondentes conhecimentos eletrônicos (CE). Esses registros devem representar fielmente as correspondentes mercadorias, a fim de possibilitar à Aduana definir previamente o tratamento a ser adotado a cada caso, de forma a racionalizar procedimentos e agilizar o despacho aduaneiro. Nesses casos, não é viável estender a conclusão trazida na citada SCI, conforme se passa a demonstrar. Pois bem. Em que pese os argumentos explicitados pela Recorrente, fato é que não houve comprovação da existência de duplicidade de cobrança por parte da fiscalização, tampouco argumentos capazes de infirmar o lançamento fiscal ou contradizer os argumentos utilizados pela turma de origem que afirmou " que as multas aplicadas foram decorrentes de condutas similares, porém, relativas a fatos distintos". Sequer um demonstrativo analítico, com os registros relativos as operações tratadas em cada processo apontado no recurso foram produzidas pela Recorrente, em total desrespeito ao artigo 16, inciso III e §4º, do inciso V , do Decreto nº 70.235/72, bem como do artigo 373, inciso II, do Código de Processo Civil. Nestes termos, considerando que a Recorrente deixou inexplicavelmente de comprovar suas alegações, não há como acolher o pedido de nulidade do lançamento suscitado pela contribuinte, restando, assim, prejudicado a análise dos demais argumentos por ela suscitado. Fl. 106DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.721824/201115 Acórdão n.º 3302003.455 S3C3T2 Fl. 6 5 3. Mérito 3.1. Ilegalidade do Auto de Infração O presente processo administrativo diz respeito a exigência de multa regulamentar pela não prestação de informação sobre veículo ou carga transportada, ou sobre operações que executar, prevista no artigo 107, inciso IV, alínea "e", do DecretoLei º 37/66, com a redação dada pelo artigo 77 da Lei nº 10.833/2003, pelo fato da Recorrente ter prestado informações sobre a desconsolidação da carga fora do preceitos e prazos previstos nos artigo 22 e 50, da Instrução Normativa SRF nº 800/2007. Em sede Recursal a Recorrente alegou que "Conforme disposto no caput do art. 50 da IN RFB n° 800/2007, os prazos de antecedência para prestação de informações a Receita Federal entraram em vigor apenas em 1° de abril de 2009, estando a impugnante dispensada de tal obrigação por ocasião do fato que deu ensejo ao Auto de Infração. Tratandose de dispensa do cumprimento de obrigação acessória, a lei tributaria deve ser interpretada literalmente, consoante dispõe o art. 111 do Código Tributário Nacional". Como se vê, a multa sob análise foi aplicada com fundamento no artigo 107, inciso IV, alínea "e", do DecretoLei º 37/66, com a redação dada pelo artigo 77 da Lei nº 10.833/2003, que assim disciplina: Art. 107. Aplicamse ainda as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) (...) IV de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) (...) e) por deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada à empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de serviços de transporte internacional expresso portaa porta, ou ao agente de carga; Do que se extrai do artigo 77 alhures, é que sua finalidade visa penalizar os contribuintes que descumprirem as obrigações acessórias, na forma e nos prazos instituídos pelo legislador e/ou pela Receita Federal, com aplicação de multa. Além disso, a obrigação do agente de carga de prestar as informações à Receita Federal do Brasil está prevista no artigo 37, §1º, do DecretoLei nº 37/66, com a redação dada pelo artigo 77, da Lei nº 10.833/2003, a saber: Art. 37. O transportador deve prestar à Secretaria da Receita Federal, na forma e no prazo por ela estabelecidos, as informações sobre as cargas transportadas, bem como sobre a chegada de veículo procedente do exterior ou a ele destinado. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) Fl. 107DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.721824/201115 Acórdão n.º 3302003.455 S3C3T2 Fl. 7 6 § 1o O agente de carga, assim considerada qualquer pessoa que, em nome do importador ou do exportador, contrate o transporte de mercadoria, consolide ou desconsolide cargas e preste serviços conexos, e o operador portuário, também devem prestar as informações sobre as operações que executem e respectivas cargas. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) Já no que tange ao prazo e forma para prestar informações à fiscalização, os artigo 22 e 50, da Instrução Normativa SRF nº 800/2007, assim dispõem: Art. 22. São os seguintes os prazos mínimos para a prestação das informações à RFB: I as relativas ao veículo e suas escalas, cinco dias antes da chegada da embarcação no porto; e II as correspondentes ao manifesto e seus CE, bem como para toda associação de CE a manifesto e de manifesto a escala: a) dezoito horas antes da saída da embarcação, para os manifestos de cargas estrangeiras com carregamento em porto nacional, exceto quando se tratar de granel; (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) b) cinco horas antes da saída da embarcação, para manifestos de cargas estrangeiras com carregamento em porto nacional, quando toda a carga for granel; (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) c) cinco (Revogado(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1621, de 24 de fevereiro de 2016) d) quarenta e oito horas antes da chegada da embarcação, para os manifestos de cargas estrangeiras com descarregamento em porto nacional, ou que permaneçam a bordo; e (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) III as relativas à conclusão da desconsolidação, quarenta e oito horas antes da chegada da embarcação no porto de destino do conhecimento genérico. § 1o Os prazos estabelecidos neste artigo poderão ser reduzidos para rotas e prazos de exceção. § 2º As rotas de exceção e os correspondentes prazos para a prestação das informações sobre o veículo e suas cargas serão registrados no Siscomex Carga pela Coordenação Geral de Administração Aduaneira (Coana), a pedido da unidade da RFB com jurisdição sobre o porto de atracação, de forma a garantir a proporcionalidade do prazo em relação à proximidade do porto de procedência. Fl. 108DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.721824/201115 Acórdão n.º 3302003.455 S3C3T2 Fl. 8 7 (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) § 3o Os prazos e rotas de exceção em cada porto nacional poderão ser consultados pelo transportador. § 4º O prazo previsto no inciso I do caput reduzse a cinco horas, no caso de embarcação que não esteja transportando mercadoria sujeita a manifesto ou arribada. (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) § 5º Os CE de serviço informados até a atracação ou registro do passe de saída serão dispensados dos prazos de antecedência previstos nesta Instrução Normativa. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) § 6º Para os manifestos de cargas nacionais, as informações a que se refere o inciso II do caput devem ser prestadas antes da solicitação do passe de saída. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1621, de 24 de fevereiro de 2016) *** Art. 50. Os prazos de antecedência previstos no art. 22 desta Instrução Normativa somente serão obrigatórios a partir de 1º de abril de 2009. (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 899, de 29 de dezembro de 2008) Parágrafo único. O disposto no caput não exime o transportador da obrigação de prestar informações sobre: I a escala, com antecedência mínima de cinco horas, ressalvados prazos menores estabelecidos em rotas de exceção; e II as cargas transportadas, antes da atracação ou da desatracação da embarcação em porto no País. Com todo respeito aos argumentos tecidos pela Recorrente, entendo que razão não lhe assiste. Com efeito, os prazos mínimos de prestação de informações à Receita Federal do Brasil (vide artigo 22, da IN 800/2007 e IN 899/2008), passaram a ser obrigatórios a partir de 1º de abril de 2009, exceção feita as hipóteses dos incisos do artigo 50, a saber: (i) sobre a escala; e (ii) sobre as cargas transportadas, que permaneceram válidas e vigentes, produzindo seus efeitos legais e jurídicos. Ou seja, embora o prazo previsto no artigo 22 não se aplique a fatos ocorridos em data anterior a 1º de abril de 2009, a Recorrente deveria ter observado as demais obrigações previstas no parágrafo único do artigo 50, sob pena de ensejar a aplicação da multa em comento. Fl. 109DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.721824/201115 Acórdão n.º 3302003.455 S3C3T2 Fl. 9 8 Assim, considerando que a obrigação do agente de cargas de apresentar as informações antes da atracação da embarcação era obrigatória, entendo legítima a penalidade imposto à Recorrente. No mais, destacase que o artigo 37, §1º, do DecretoLei nº 37/66, com a redação dada pelo artigo 77, da Lei nº 10.833/2003 define, igualmente ao previsto no artigo 2º, da IN 800/20072, o agente de carga como sendo " qualquer pessoa que, em nome do importador ou do exportador, contrate o transporte de mercadoria, consolide ou desconsolide cargas e preste serviços conexos". Ou seja, referido dispositivo equipara o agente de carga ao transportar para efeitos de aplicação da multa em comento. Este destaque se faz necessário na medida em que a Recorrente suscitou a aplicação do artigo 110, do Código Tributário Nacional, arguindo que a fiscalização ao equiparar o agente de cargas ao transportador, para efeito da obrigação tributária acessória em apreço que no seu texto normativo prevê a obrigação somente ao transportar distorce conceitos de direito privado, o que é expressamente vedado pelo referido artigo. Cita a definição de "transportar" e "agente de cargas" do Dicionário Aurélio como fonte de direito privado. O artigo 110 do CTN prevê: A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e forma de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou do Municípios, para definir ou limitar competências tributária. Ao contrário do que explicitou a Recorrente, suas razões não merecem respaldo. A uma porque a definição de "transportar" e "agente de cargas" extraída do Dicionário Aurélio não é fonte de direito privado e, a duas porque a definição de "transportar" e "agente de cargas" não estão previstas na Constituição Federal, nas Constituições dos Estados, ou nas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou do Municípios. Portanto, considerando que o Decreto 37/66 e a IN 800/2007 não alteraram definição prevista nos diplomas legais citados no artigo 110, do CTN, fica afastada a alegação da Recorrente neste ponto. Por fim, não vejo que o artigo 150, inciso III, da Constituição Federal tenha aplicabilidade ao presente caso, posto que referido dispositivo impede a cobrança de tributo antes da vigência da lei que os instituiu, ao que passo que no presente a discussão corresponde a aplicação de multa administrativa por descumprimento de obrigação acessória, institutos estes totalmente distintos e que não se confundem. O artigo 3º, do Código Tributário Nacional é claro ao definir tributo como sendo "toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituído em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada." 2 Art. 2o Para os efeitos desta Instrução Normativa definese como: § 1o Para os fins de que trata esta Instrução Normativa: IV o transportador classificase em: e) agente de carga, quando se tratar de consolidador ou desconsolidador nacional; Fl. 110DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.721824/201115 Acórdão n.º 3302003.455 S3C3T2 Fl. 10 9 Como se vê, o legislador ao estabelecer que tributo não constitui sanção de ato ilícito, faz a diferenciação fundamental entre tributo e multa, deixando cristalino que um não se confunde com o outro. Isso porque, tributo somente pode ter, por fato gerador, situação lícita, fato lícito, ao contrário da sanção, que por excelência tem o fato gerador proveniente de ato ilícito. Por todo exposto, rejeito a preliminar de nulidade e, no mérito, voto em negar provimento ao recurso voluntário. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, rejeitase a preliminar de nulidade e, no mérito, negase provimento ao recurso voluntário. Ricardo Paulo Rosa Fl. 111DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA
score : 1.0
Numero do processo: 11080.914824/2012-84
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Sep 15 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Oct 18 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2009
RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA.
Nos termos do art. 67 da Portaria MF nº 256, de 22/06/2009, só se justifica quando, em situações idênticas, são adotadas soluções diversas. Não sendo o caso, o recurso não deve ser conhecido.
Recurso Especial não Conhecido.
Numero da decisão: 9303-004.285
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer o Recurso Especial do Contribuinte.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Erika Costa Camargos Autran.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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Compensação. Recorrente VERDE ADMINISTRADORA DE CARTOES DE CREDITO S.A. Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2009 RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. Nos termos do art. 67 da Portaria MF nº 256, de 22/06/2009, só se justifica quando, em situações idênticas, são adotadas soluções diversas. Não sendo o caso, o recurso não deve ser conhecido. Recurso Especial não Conhecido. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer o Recurso Especial do Contribuinte. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Erika Costa Camargos Autran. Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto tempestivamente pela contribuinte contra o Acórdão nº 3802003.824, de 15/10/2014, proferido pela 2ª Turma Especial 3ª Seção do CARF, que traz a seguinte ementa: PER/DCOMP. RETIFICAÇÃO DA DCTF. PROVA DO DIREITO CREDITÓRIO. AUSÊNCIA. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 91 48 24 /2 01 2- 84 Fl. 230DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 14/10/2 016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 11080.914824/201284 Acórdão n.º 9303004.285 CSRFT3 Fl. 3 2 O contribuinte, a despeito ausência de retificação da DCTF, tem direito subjetivo à compensação, desde que apresente prova da liquidez e da certeza do direito de crédito. Ausentes estes pressupostos, não cabe a homologação da extinção do débito confessado em PER/Dcomp. Recurso Voluntário Negado. Crédito Tributário Mantido. No Recurso Especial, por meio do qual pleiteou, ao final, a reforma do decisum, a Recorrente aponta interpretações divergentes quanto à compensação lastreada em crédito oriundo de pagamento efetuado à maior, cuja DCTF retificadora, que aponta a existência de direito creditório, só foi apresentada após a não homologação da compensação pela unidade de origem (após a emissão do despacho decisório). Visando comprovar a divergência, apresentou dois paradigmas: Acórdãos nº 3802003.956, 21/01/2015, e 3403 003.343, de 05/01/2015. O recurso foi admitido por intermédio de despacho do Presidente da Câmara recorrida, e a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões. É o relatório, em síntese. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303004.259, de 15/09/2016, proferido no julgamento do processo 11080.914807/201247, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303004.259 ): "Presentes os demais requisitos de admissibilidade, entendemos que o recurso não deve ser conhecido. Conforme se demonstrou no exame de admissibilidade, o primeiro acórdão utilizado para comprovar o dissídio jurisprudencial, o de nº 3802003.956, 21/01/2015, foi lavrado pela mesma Turma que prolatou o recorrido, fato que obsta a sua utilização como paradigma. Já o Acórdão nº 3403003.343, de 05/01/2015, a despeito de prolatado por Turma diversa, traz entendimento que, a nosso juízo, só reafirma, por outras palavras, o mesmo adotado no acórdão recorrido. É que, neste, como se passa a demonstrar, entendeuse que, mesmo diante da não retificação da DCTF (no caso em exame, a retificação só foi realizada após a ciência do Despacho Decisório), o contribuinte, por força do princípio da verdade material, teria direito à compensação, mas desde que apresentasse prova da existência do crédito compensado, fato de que não se desincumbira a Recorrente. Fl. 231DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 14/10/2 016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 11080.914824/201284 Acórdão n.º 9303004.285 CSRFT3 Fl. 4 3 No acórdão paradigma, decidiuse que “ainda que a DCTF não aponte o referido crédito, por lapso do contribuinte, se realmente houve pagamento a maior anteriormente, existe crédito, que passa a ser do conhecimento da Receita Federal a partir da retificação da documentação e da identificação documental, ainda que por meio eletrônico, da existência real do mencionado crédito”. A decisão foi assim ementada: PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. RETIFICAÇÃO DA DCTF APÓS O DESPACHO DECISÓRIO. ADMISSIBILIDADE. O crédito tributário do contribuinte nasce do pagamento indevido ou a maior que o devido, porém ele apenas se torna oponível à Receita Federal após a devida retificação e/ou correção das respectivas Declarações, quando então o Órgão Administrativa poderá tomar conhecimento daquele direito creditório em questão. De qualquer forma, em determinadas situações, em razão do procedimento eletrônico de compensação, em que não há espaço para emendas ou correções pelo contribuinte, há que se admitir e analisar a retificação da DCTF efetuada posteriormente ao despacho decisório, sob pena de excesso de rigorismo, que não resolve satisfatoriamente a lide travada e leva o contribuinte ao Poder Judiciário, apenas fazendo aumentar a condenável litigiosidade. Recurso Voluntário Provido. A toda evidência, diante dos mesmos fatos, as decisões recorrida e paradigma chegaram à mesma conclusão: ainda que não haja retificação tempestiva da DCTF, ou seja, ainda que a retificação se dê somente após a ciência do Despacho Decisório, uma vez comprovada a existência do crédito mediante a entrega de documentação idônea, tornase possível a restituição. Não há divergência, pois. Ante o exposto, não conheço do recurso especial." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, não se conhece do recurso especial. Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 232DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 14/10/2 016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS
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Numero do processo: 13652.000107/2003-86
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Oct 25 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Jan 26 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2001
DECISÃO EXTRA PETITA - MATÉRIA NUNCA TRAZIDA AOS AUTOS.
A matéria a ser apreciada em sede de recurso está delimitada na peça recursal, sendo que a decisão que consignar matéria ali não compreendida é considerada decisão extra petita.
No caso, a dedutibilidade de despesa com previdência privada jamais foi trazida aos autos, de modo que seu reconhecimento excede os limites da lide.
LIVRO CAIXA - DESPESAS COM TELEFONIA CELULAR
Despesas de custeio, necessárias à percepção da renda podem ser deduzidas da apuração do IRPF pelo livro caixa.
Despesas com telefonia celular incorridas por advogado são dedutíveis.
Numero da decisão: 9202-004.503
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento parcial, para não acolher a dedutibilidade de despesas com previdência privada.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Gerson Macedo Guerra - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri
Nome do relator: GERSON MACEDO GUERRA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2001 DECISÃO EXTRA PETITA - MATÉRIA NUNCA TRAZIDA AOS AUTOS. A matéria a ser apreciada em sede de recurso está delimitada na peça recursal, sendo que a decisão que consignar matéria ali não compreendida é considerada decisão extra petita. No caso, a dedutibilidade de despesa com previdência privada jamais foi trazida aos autos, de modo que seu reconhecimento excede os limites da lide. LIVRO CAIXA - DESPESAS COM TELEFONIA CELULAR Despesas de custeio, necessárias à percepção da renda podem ser deduzidas da apuração do IRPF pelo livro caixa. Despesas com telefonia celular incorridas por advogado são dedutíveis.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento parcial, para não acolher a dedutibilidade de despesas com previdência privada. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício (assinado digitalmente) Gerson Macedo Guerra - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri
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A matéria a ser apreciada em sede de recurso está delimitada na peça recursal, sendo que a decisão que consignar matéria ali não compreendida é considerada decisão extra petita. No caso, a dedutibilidade de despesa com previdência privada jamais foi trazida aos autos, de modo que seu reconhecimento excede os limites da lide. LIVRO CAIXA DESPESAS COM TELEFONIA CELULAR Despesas de custeio, necessárias à percepção da renda podem ser deduzidas da apuração do IRPF pelo livro caixa. Despesas com telefonia celular incorridas por advogado são dedutíveis. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em darlhe provimento parcial, para não acolher a dedutibilidade de despesas com previdência privada. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício (assinado digitalmente) Gerson Macedo Guerra Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 65 2. 00 01 07 /2 00 3- 86 Fl. 338DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Relatório Tratase o presente de Auto de Infração lavrado para cobrança do IRPF pela constatação de omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica, glosa de despesas médicas e glosa de despesas lançadas no livro caixa, no ano calendário 2000. Inconformado com a autuação, o contribuinte apresentou Impugnação. A 4º Turma da DRJ de Juiz de Fora julgou parcialmente procedente o lançamento para eximir o contribuinte do recolhimento da parcela do imposto suplementar no valor de R$ 5.128,33 e exigir o valor de R$ 1.126,62, em virtude da omissão de rendimentos no valor de R$ 6.090,00 recebido da Prefeitura de Alpinópolis e glosa de R$ 1.904,42 das despesas de Livro Caixa assim discriminadas: INSS R$ 856,30; RS 200,00 referentes a compra de CD com informações jurídicas e R$ 848,12 referente a despesas com telefone celular. Assim sendo, tempestivamente, apresentou Recurso Voluntário. No julgamento do Recurso Voluntário, a 2ª Câmara, do 1º Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, a ele deu parcial provimento, conforme ementa abaixo: Assunto: Imposto de Rende de Pessoa Física – IRPF Exercício: 2011 Ementa: DESPESAS COM TELEFONE CELULAR – LICRO CAIXA. Os gastos com telefone celular, quando usado no exercício da atividade profissional, independentemente do horário em que é utilizado, se incluem nas despesas de custeio necessárias à percepção da receita e à manutenção da fonte produtora, de que trata o artigo 6º da Lei 8.138, de 1990. Recurso parcialmente provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os Membros da SEGUNDA CÂMARA do PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES, por unanimidade de votos, DAR provimento PARCIAL ao recurso para reduzir o imposto lançado para R$ 114,56, nos termos do voto do(a) relator(a). Apesar de não constar da ementa do julgado, a 2ª Câmara também considerou como legítima a despesa com previdência privada, conforme se pode constatar da seguinte passagem do voto vencedor: Na declaração de ajuste anual de fls. 149, o contribuinte, ao descrever as deduções, informou o valor de R$ 27,63 a título de Contribuições à Previdência Privada. Todavia, não foi incluído para dedução o valor de R$ 2.832,07, especificado no Fl. 339DF CARF MF Processo nº 13652.000107/200386 Acórdão n.º 9202004.503 CSRFT2 Fl. 339 3 documento de fls. 140, que somado aos R$ 27,63 importa em R$ 2.859,70. Desta forma, considerando a contribuição à previdência privada de de fls. 140 e restabelecendo o valor de R$ 848,12, referente às despesas com telefone celular, temse o seguinte demonstrativo de apuração da exigência tributária correspondente ao anobase 2000, exercício de 2001. Regularmente intimada da decisão a Fazenda Nacional, tempestivamente, apresentou Recurso Especial de divergência, visando rediscutir duas matérias, a saber: (i) julgamento extra petita, na medida em que a decisão a quo acolheu entendimento de que deveria haver alteração ex officio do valor da dedução da despesa relativa à previdência privada; e (ii) limite de gastos com telefonia celular. Para demonstração do dissídio jurisprudencial a União apresentou os Acórdãos 20401.199 e 10420.509. Em suas razões, no que toca à matéria ilegalidade da decisão extra petita, a União alega que não há nos autos documento que demonstra o pagamento da previdência privada. Aduz que o documento que a Câmara de julgamento se pautou para decidir na verdade tratavase de pagamento a plano de saúde da OAB. Além disso, a União alega que nem da impugnação, nem em seu recurso o contribuinte se manifestou a respeito de despesa com previdência privada, concluindo assim que a decisão recorrida julgou extra petita. Em relação às despesas com telefonia celular, a União entende que o entendimento expresso no Acórdão recorrido foi de elasticidade injustificável, apesar de ser o telefone celular ferramenta indispensável ao exercício da advocacia, não se pode afirmar que todos os gastos são inerentes ao exercício da atividade. Na análise de admissibilidade, foi dado seguimento ao Recurso Especial interposto. Regularmente intimado, o Contribuinte não apresentou contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheiro Gerson Macedo Guerra Relator Presentes os pressupostos de admissibilidade, entendo que não merece reparos a análise de admissibilidade realizada. Em relação ao reconhecimento da despesa com previdência privada como dedutível da base de cálculo do IRPF, importante inicialmente mencionar que de fato tal matéria jamais foi discutida nos presentes autos. É bem verdade que em outras ocasiões já manifestei entendimento de que matéria de ordem pública não trazida aos autos, devem ser reconhecidas de ofício pelos julgadores. De outra sorte, matérias não conceituadas como de ordem pública não podem ser reconhecidas de ofício pelo julgador. Fl. 340DF CARF MF 4 Em isso ocorrendo fica evidente que os limites da lide foram ultrapassados. No presente caso, entendo que a dedutibilidade de despesa da base de cálculo do IRPF não é matéria de ordem pública. Logo, decisão que tratou da matéria em questão de fato pode ser tida como extra petita. Nesse contexto, entendo que merece guarita a pretensão da União quanto a essa matéria. No que toca a dedutibilidade das despesas com telefonia celular da base de cálculo do IRPF, devese observar se tais despesas são necessárias à percepção da receita e à manutenção da fonte pagadora, a teor do artigo 6º, da Lei 8.134/1990, verbis: Art. 6° O contribuinte que perceber rendimentos do trabalho não assalariado, inclusive os titulares dos serviços notariais e de registro, a que se refere o art. 236 da Constituição, e os leiloeiros, poderão deduzir, da receita decorrente do exercício da respectiva atividade: (Vide Lei nº 8.383, de 1991) (...) III as despesas de custeio pagas, necessárias à percepção da receita e à manutenção da fonte produtora. A Câmara de Julgamento a quo analisando o caso dos autos assim se pronunciou: Sabidamente o telefone celular, nos dias de hoje, constitui se em ferramenta indispensável ao exercício da advocacia. Em face da tecnologia, as ligações feitas para o telefone fixo podem ser redirecionadas automaticamente ao telefone celular. A DRJ, tendo por parâmetro o artigo 48 do RIR, de 1975, que nos casos em que o contribuinte exercia suas atividades profissionais na própria casa admitia a dedução de um quinto das despesas com água, gás, telefones, condomínios etc., por analogia admitiu um quinto das despesas com telefone celular e glosou o valor de R$ 848,12, durante o ano de 2000. (...) Por outro lado, o profissional liberal, em especial os que atuam na área de saúde, mas também se incluindo os advogados, estão sujeitos, a qualquer hora e dia da semana, a receberem chamado de seus clientes. O fato do advogado receber ou fazer ligações particulares não descaracteriza o telefone celular como ferramenta imprescindível ao exercício da profissão. Por outro lado, os 20% considerados pela decisão de primeira instância, dado o baixo valor das contas, não seria possível sequer para o pagamento da tarifa básica mensal. Fl. 341DF CARF MF Processo nº 13652.000107/200386 Acórdão n.º 9202004.503 CSRFT2 Fl. 340 5 Penso de forma semelhante. De fato, o telefone celular é instrumento indispensável à profissão de advogado. Não se pode negar que estes profissionais podem ser demandados a qualquer hora do dia, em qualquer dia. Basta pensar em um advogado criminalista, que pode ser chamado a defender um cliente a qualquer hora do dia ou da noite, inclusive nos finais de semana. Indo um pouco além, hoje em dia o telefone celular se transformou em um objeto que permite a consulta de conteúdo jurídico a qualquer momento, através da internet. Assim sendo, considerando a evolução dos tempos penso que a despesa com telefonia celular é dedutível da base de cálculo do IRPF devido pelo advogado, enquanto profissional liberal, exceto se a fiscalização comprovar que seu uso foi estranho às suas atividades. Dessa forma, voto por dar parcial provimento ao Recurso Especial de Divergência interposto pela União, para não acolher a dedutibilidade de despesas com previdência privada. (assinado digitalmente) Gerson Macedo Guerra Fl. 342DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10830.727089/2012-88
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 18 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Sep 08 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2011
MOLÉSTIA GRAVE. PROVENTOS DE APOSENTADORIA OU PENSÃO. ISENÇÃO. COMPROVAÇÃO.
Para reconhecimento da isenção decorrente de moléstia grave, indicadas no inciso XIV do artigo 6º da Lei nº 7.713/1988 e alterações, os rendimentos precisam ser provenientes de aposentadoria ou pensão e a moléstia deve ser comprovada mediante apresentação de laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. A isenção se aplica a partir da data em que a doença foi contraída, quando identificada no laudo pericial.
Recurso Voluntário Provido
Numero da decisão: 2202-003.540
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso.
Assinado digitalmente
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente.
Assinado digitalmente
Rosemary Figueiroa Augusto - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antônio de Souza Correa (Suplente convocado) e Márcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: ROSEMARY FIGUEIROA AUGUSTO
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PROVENTOS DE APOSENTADORIA OU PENSÃO. ISENÇÃO. COMPROVAÇÃO. Para reconhecimento da isenção decorrente de moléstia grave, indicadas no inciso XIV do artigo 6º da Lei nº 7.713/1988 e alterações, os rendimentos precisam ser provenientes de aposentadoria ou pensão e a moléstia deve ser comprovada mediante apresentação de laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. A isenção se aplica a partir da data em que a doença foi contraída, quando identificada no laudo pericial. Recurso Voluntário Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente. Assinado digitalmente Rosemary Figueiroa Augusto Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antônio de Souza Correa (Suplente convocado) e Márcio Henrique Sales Parada. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 72 70 89 /2 01 2- 88 Fl. 100DF CARF MF Impresso em 08/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2016 por ROSEMARY FIGUEIROA AUGUSTO, Assinado digitalmente em 06/0 9/2016 por ROSEMARY FIGUEIROA AUGUSTO, Assinado digitalmente em 06/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA Processo nº 10830.727089/201288 Acórdão n.º 2202003.540 S2C2T2 Fl. 94 2 Relatório Tratase de notificação de lançamento de IRPF (fls. 08/12), relativa ao exercício 2011, anocalendário 2010, por omissão de rendimentos recebidos da fonte pagadora Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal, no valor de R$ 109.006,91, apurados com base na Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte (DIRF) da pessoa jurídica. Na impugnação (fls. 2) o Contribuinte alega que havia declarado esse montante como isento, sob a justificativa de ser portador de moléstia grave, e trouxe comprovante de pagamento (fls. 04/05), publicação de sua aposentadoria (fls.06) e laudo pericial (fls. 07). Em verificação de ofício das matérias de fato, a autoridade fiscal informa, no termo circunstanciado de fls. 31/33, que deixou de aceitar o documento apresentado às fls. 07, por não considerálo como laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. Ciente desse termo, o contribuinte, em complemento à impugnação, apresenta a manifestação de fls. 47/48, acompanhada dos documentos de fls. 49/59, na qual argumenta que o laudo apresentado é válido e reitera sua condição de portador de moléstia grave (neoplasia maligna de pele). A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) em São Paulo I (SP), às fls. 64/68, reconheceu que os proventos recebidos são provenientes de aposentadoria e que o laudo pericial apresentado (fls. 07 e 53) foi emitido por serviço médico oficial, mas negou provimento à impugnação por entender que o início da doença ocorreu em 04/2012, conforme trecho a seguir: Analisando o Documento Médico de fl. 53, emitido pelo Governo do Distrito Federal, Coordenação de Saúde Ocupacional, Gerência de Atenção à Saúde do Trabalhador, assinado em 28/06/2012 por três médicos, dentre os quais identificase a Dra. Gilvana de Jesus do Vale Campos, CRM 8248, CPF 450.227.63320, médica perita, constatase que o contribuinte é portador de Neoplasia Maligna de pele, CID10 C443, sendo referido Laudo válido para a comprovação da recidiva da moléstia. Quanto a data de início da doença, vêse através do exame patológico de fl. 50 que o diagnóstico “Carcinoma epidermóide grau II histológico” se deu em 19/04/2012, sendo esta a data a ser considerada. Notese que a data de 28/08/1996, citada no Laudo Pericial, referese à primeira ocorrência de câncer, conforme exame patológico de fl. 49, com o diagnóstico de “Carcinoma Basocelular Micronodular e sólido”. Considerando que a validade de um Laudo Médico é de cinco anos e considerando a hipótese de se ter tido um Laudo Médico emitido em 28/08/1996 (data do diagnóstico da doença), temse que o mesmo expiraria em 28/08/2001, em sendo assim, no presente caso, a data de início da doença a ser considerada é a da recidiva, qual seja, a de 28/06/2012. Fl. 101DF CARF MF Impresso em 08/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2016 por ROSEMARY FIGUEIROA AUGUSTO, Assinado digitalmente em 06/0 9/2016 por ROSEMARY FIGUEIROA AUGUSTO, Assinado digitalmente em 06/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA Processo nº 10830.727089/201288 Acórdão n.º 2202003.540 S2C2T2 Fl. 95 3 Quanto a natureza dos rendimentos, verificase que os rendimentos acrescidos à base de cálculo referemse a rendimentos pagos pelo Governo do Distrito Federal, em relação ao qual o contribuinte encontrase aposentado desde março/1994, conforme fl. 06. Dessa forma, restou comprovado que o requerente faz jus à isenção prevista no art. 6º, inciso XIV, da Lei nº 7.713 de 22/12/1988, com nova redação dada pelo art. 47 da Lei nº 8.541 de 23/12/1992, somente a partir de 04/2012, indeferindose o pedido de reconhecimento de isenção para o ano de 2010. (Grifos no original) O recorrente apresentou o recurso voluntário de fls. 75/80, não concordando com o entendimento de que o laudo médico teria validade por cinco anos, posto que a Lei não faz menção acerca da validade do laudo quando se trata de doença grave. Cita jurisprudência judicial no sentido de que, reconhecida a neoplasia maligna, não se exige, para fins da isenção do imposto de renda, a demonstração da contemporaneidade dos sintomas das doenças, nem indicação da validade do laudo ou comprovação da recidiva da enfermidade. Pede a reforma da decisão recorrida. É o relatório. Voto Conselheira Rosemary Figueiroa Augusto, Relatora. O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade. Portanto, merece ser conhecido. São necessárias duas condições para que os rendimentos recebidos por portadores de moléstias graves definidas em lei sejam isentos do imposto sobre a renda: (i) ser a moléstia atestada em laudo emitido por serviço médico oficial da União, Estados, DF ou Municípios; (ii) os rendimentos serem provenientes de aposentadoria, pensão, reserva remunerada ou reforma, conforme Lei nº 7.713/1998 e Súmula CARF nº 63, a seguir: Lei nº 7.713/1988 : Art. 6º Ficam isentos do imposto de renda os seguinte rendimentos percebidos por pessoas físicas: (...) XIV – os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida, com base em conclusão da medicina Fl. 102DF CARF MF Impresso em 08/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2016 por ROSEMARY FIGUEIROA AUGUSTO, Assinado digitalmente em 06/0 9/2016 por ROSEMARY FIGUEIROA AUGUSTO, Assinado digitalmente em 06/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA Processo nº 10830.727089/201288 Acórdão n.º 2202003.540 S2C2T2 Fl. 96 4 especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma; (destaquei) Súmula CARF Nº 63: Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão, e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. No caso em questão, a primeira instância julgadora reconheceu a natureza de aposentadoria dos rendimentos acrescidos à base de cálculo do imposto, na notificação fiscal, visto que foram pagos pelo Governo do Distrito Federal, em relação ao qual o contribuinte encontrase aposentado desde março/1994, conforme fls. 06. Observase ainda que a DRJ também considerou apto o laudo médico pericial (às fls. 07 e 53) emitido pelo Governo do Distrito Federal, Coordenação de Saúde Ocupacional, Gerência de Atenção à Saúde do Trabalhador, de 28/06/2012, para atestar que o contribuinte é portador de Neoplasia Maligna de pele, CID10 C443. Contudo, entendeu que esse laudo não produz efeitos a partir da data nele consignada como de início da doença (28/08/1996, data do primeiro diagnóstico, fls. 49), mas sim a partir de 04/2012 (data do segundo diagnóstico, fls. 50), não servindo para comprovar a moléstia no ano de 2010. Dessa forma, o litígio restringese em definir se o laudo emitido por serviço médico do Governo do Distrito Federal (fls. 07 e 53) produz efeitos em relação ao ano calendário de 2010. A DRJ fundamenta seu entendimento na tese de que um laudo médico pericial tem cinco anos de validade. Assim, considerando a hipótese de ter sido emitido um laudo quando do primeiro diagnóstico da doença, em 28/08/1996 (exame de fls. 49), esse teria expirado em 28/08/2001. Como o segundo diagnóstico ocorreu em 19/04/2012 (exame de fls. 50), entende que o laudo apresentado é válido somente a partir dessa recidiva da doença, para fins de isenção do imposto. Em que pese as justificativas da primeira instância julgadora para embasar sua decisão, não coaduno com o posicionamento por ela adotado. O Regulamento do Imposto de Renda (RIR), aprovado pelo Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999, explicita que a isenção em face de moléstia grave se aplica sobre os rendimentos de aposentadoria ou pensão recebidos a partir da data em que a doença foi contraída, se identificada no laudo pericial, conforme abaixo: Art. 39. Não entrarão no cômputo do rendimento bruto: (...) XXXIII os proventos de aposentadoria ou reforma, desde que motivadas por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia Fl. 103DF CARF MF Impresso em 08/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2016 por ROSEMARY FIGUEIROA AUGUSTO, Assinado digitalmente em 06/0 9/2016 por ROSEMARY FIGUEIROA AUGUSTO, Assinado digitalmente em 06/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA Processo nº 10830.727089/201288 Acórdão n.º 2202003.540 S2C2T2 Fl. 97 5 grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estados avançados de doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome de imunodeficiência adquirida, e fibrose cística (mucoviscidose), com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma (Lei nº 7.713, de 1988, art. 6º, inciso XIV, Lei nº 8.541, de 1992, art. 47, e Lei nº 9.250, de 1995, art. 30, § 2º); (...) § 5º As isenções a que se referem os incisos XXXI e XXXIII aplicamse aos rendimentos recebidos a partir: I do mês da concessão da aposentadoria, reforma ou pensão; II do mês da emissão do laudo ou parecer que reconhecer a moléstia, se esta for contraída após a aposentadoria, reforma ou pensão; III da data em que a doença foi contraída, quando identificada no laudo pericial. (...) (Grifouse) Na situação em análise, o único laudo médico oficial trazido aos autos é o de fls. 07 e 53, emitido em 28/06/2012, pelo Governo do Distrito Federal, Coordenação de Saúde Ocupacional, Gerência de Atenção à Saúde do Trabalhador. E esse laudo atesta que o contribuinte é portador de Neoplasia Maligna de pele, CID10 C443, a partir de 28/08/1996. Portanto, com respaldo no dispositivo do Regulamento do Imposto de Renda, acima transcrito, entendo válido para fins de comprovação de moléstia grave, em relação ao anocalendário 2010, o laudo médico pericial emitido pelo Governo do Distrito Federal (fls. 07 e 53). Logo, em face da comprovação de que os rendimentos são provenientes de aposentadoria e da condição do contribuinte de portador de doença grave no anocalendário 2010, há que se reconhecer que são isentos os rendimentos qualificados como omitidos na notificação de lançamento. Diante do exposto, voto no sentido de DAR provimento ao recurso voluntário. Assinado digitalmente Rosemary Figueiroa Augusto Relatora Fl. 104DF CARF MF Impresso em 08/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2016 por ROSEMARY FIGUEIROA AUGUSTO, Assinado digitalmente em 06/0 9/2016 por ROSEMARY FIGUEIROA AUGUSTO, Assinado digitalmente em 06/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA Processo nº 10830.727089/201288 Acórdão n.º 2202003.540 S2C2T2 Fl. 98 6 Fl. 105DF CARF MF Impresso em 08/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2016 por ROSEMARY FIGUEIROA AUGUSTO, Assinado digitalmente em 06/0 9/2016 por ROSEMARY FIGUEIROA AUGUSTO, Assinado digitalmente em 06/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA
score : 1.0
Numero do processo: 11176.000277/2007-21
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Nov 23 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Dec 08 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/1998 a 31/12/2005
AUTO DE INFRAÇÃO. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. DIFERENÇA DE CONTRIBUIÇÕES SOBRE UM MESMO FATO GERADOR. APLICAÇÃO DA REGRA DECADENCIAL. ART. 150, §4º DO CTN.
Em se tratando de lançamento de contribuições sobre diferenças de fatos geradores apurados pela fiscalização, correta a aplicação da regra decadencial a luz do art. 150, §4º do CTN.
Numero da decisão: 9202-004.564
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA
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OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. DIFERENÇA DE CONTRIBUIÇÕES SOBRE UM MESMO FATO GERADOR. APLICAÇÃO DA REGRA DECADENCIAL. ART. 150, §4º DO CTN. Em se tratando de lançamento de contribuições sobre diferenças de fatos geradores apurados pela fiscalização, correta a aplicação da regra decadencial a luz do art. 150, §4º do CTN. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 17 6. 00 02 77 /2 00 7- 21 Fl. 403DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira – Relatora Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Fl. 404DF CARF MF Processo nº 11176.000277/200721 Acórdão n.º 9202004.564 CSRFT2 Fl. 3 3 Relatório Tratase de Notificação Fiscal de Lançamento de Débito NFLD, nº 35.941.4788, lavrado contra o contribuinte identificado acima, e tem por finalidade apurar e constituir as contribuições previdenciárias, incidentes sobre: a) Diferença de retirada de pró labore efetuada pelos sócios entre os valores das folhas de pagamento e GFIP — Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social cotejados com os valores declarados nas DIPJ nos anos de 1998 a 2000; b) Retirada de prólabore indireto efetuada pelos administradores, cujos valores foram verificados em lançamentos contábeis nas contas do ativo circulante, conforme consta do relatório fiscal, fls. 62 e seguintes. O período do lançamento envolve as competências 01/1998 a 02/2000, 01/2001 10/2001, 12/2001a 04/2002, 06/2002, 08/2002 a 01/2004, 03/2004, 05/2004 a 09/2004, 11/2004 a 12/2005. A autuada apresentou impugnação, tendo a Delegacia da Receita Federal de Julgamento julgado o lançamento procedente, fls. 337. Apresentado Recurso Voluntário pela autuada, os autos foram encaminhados ao CARF para julgamento do mesmo. No Acórdão de Recurso Voluntário, fls. 365/367, o Colegiado, por unanimidade de votos, I) declarar a decadência até a competência 09/2001; e II) no mérito, negar provimento ao recurso.Portanto, em sessão plenária de 19/11/2013, deuse parcial provimento ao recurso, prolatandose o Acórdão nº 240102.544, assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/1998 a 31/12/2005 PREVIDENCIÁRIO CUSTEIO OBRIGAÇÃO PRINCIPAL DECADÊNCIA ARTS 45 E 46 LEI Nº 8.212/1991 INCONSTITUCIONALIDADE STF SÚMULA VINCULANTE De acordo com a Súmula Vinculante nº 08, do STF, os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991 são inconstitucionais, devendo prevalecer, no que tange à decadência e prescrição, as disposições do Código Tributário Nacional. Nos termos do art. 103A da Constituição Federal, as Súmulas Vinculantes aprovadas pelo Supremo Tribunal Federal, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terão efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. Decadência com base no art. 150, § 4º do CTN. REMUNERAÇÕES DE SEGURADOS CONTRIBUINTES INDIVIDUAISPRÓ LABORE Sobre as remunerações pagas, creditadas ou devidas aos segurados contribuintes individuais incidem contribuições previdenciárias. Fl. 405DF CARF MF 4 Recurso Voluntário Provido em Parte. Cientificado da decisão proferida, a PGFN interpôs, tempestivamente, em 20/9/2012, Recurso Especial, cumprindo, portanto, o prazo legal de 15 (quinze) dias estipulado pelo Regimento Interno do CARF (RICARF). Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme o Despacho fls. 378/380, da Quarta Câmara, de 02/10/2012. A recorrente traz como alegações, que: · o acórdão recorrido destoa da jurisprudência consolidada em outras câmaras do CARF, que vem determinando a aplicação do prazo decadencial previsto no art. 173, I do CTN nas situações onde não tenha ocorrido o recolhimento antecipado sobre as rubricas lançadas, não importando pagamentos afetos a outros fatos que não são objeto da cobrança. · Argumenta que os relatórios e discriminativos apresentados pela fiscalização demonstram que a antecipação do recolhimento dos tributos não ocorreu nas competências descritas no lançamento, motivo pelo qual tornase necessária a aplicação do prazo decadencial previsto no art. 173, I do CTN e não, do art. 150, § 4º do CTN. · Em face do exposto, requer a União (Fazenda Nacional) seja conhecido e provido o presente recurso para reconhecer a decadência somente para aquelas contribuições apuradas até novembro de 2000. Cientificada do Recurso Especial do contribuinte em 06/11/2012, o sujeito passivo apresentou, tempestivamente, em 19/11/2012, suas Contrarrazões, fls. 387/390, onde alega que: · não houve qualquer equivoco ou descuido na aplicação da legislação tributária, mas análise conclusiva da regra aplicável, sendo ela a prevista no art. 150, §4º, do CTN. · O v. acórdão recorrido diz textualmente tratarse de DIFERENÇAS DE prolabore, ou seja, não há inadimplemento integral das contribuições lançadas, mas sim, cobrança de contribuições concernentes à diferenças verificadas pela fiscalização. · Podese dizer, inclusive, que essas diferenças foram apuradas a partir da caracterização dos empréstimos dos sócios como prolabore, criando diferenças verificadas pela fiscalização. · Não há dúvidas tratarse de diferenças no recolhimento da contribuição devida, cabendo, sim, a aplicação do art. 150, §4º do CTN, sendo indiscutível a decadência do direito da Fazenda Nacional de exigir contribuições anteriores à competência 09/2001. · Requer seja negado provimento ao recurso especial da PGFN. É o relatório. Fl. 406DF CARF MF Processo nº 11176.000277/200721 Acórdão n.º 9202004.564 CSRFT2 Fl. 4 5 Voto Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, conforme Despacho de Exame de Admissibilidade de Recurso Especial, fls. 378. Assim, não havendo qualquer questionamento acerca do conhecimento e concordando com os termos do despacho proferido, passo a apreciar o mérito da questão. DO MÉRITO A questão objeto do recurso, referese ao acatamento da preliminar referente ao prazo de decadência, para o fisco constituir os créditos objeto desta NFLD, considerando que a Câmara a quo aplicou a regra decadência a luz do art. 150, §4º do CTN. Antes mesmo de apreciar a correta aplicação da regra decadencial no acórdão recorrido, passemos a considerações acerca do tema. O STF em julgamento proferido em 12 de junho de 2008, declarou a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei n º 8.212/1991, tendo inclusive no intuito de eximir qualquer questionamento quanto ao alcance da referida decisão, editado a Súmula Vinculante de n º 8, senão vejamos: Súmula Vinculante nº 8“São inconstitucionais os parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário”. O texto constitucional em seu art. 103A deixa claro a extensão dos efeitos da aprovação da súmula vinculando, obrigando toda a administração pública ao cumprimento de seus preceitos. Assim, prescreve o artigo em questão: Art. 103A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. Ao declarar a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei n º 8.212, prevalecem as disposições contidas no Código Tributário Nacional – CTN, quanto ao prazo para a autoridade previdenciária constituir os créditos resultantes do inadimplemento de obrigações previdenciárias. Fl. 407DF CARF MF 6 O Código Tributário Nacional, ao dispor sobre a decadência, causa extintiva do crédito tributário, nos casos de lançamentos em que não houve antecipação do pagamento assim estabelece em seu artigo 173: "Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extinguese definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento." Já em se tratando de tributo sujeito a lançamento por homologação, quando ocorre pagamento antecipado inferior ao efetivamente devido, sem que o contribuinte tenha incorrido em fraude, dolo ou simulação, aplicase o disposto no § 4º, do artigo 150, do CTN, segundo o qual, se a lei não fixar prazo à homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador, Senão vejamos o dispositivo legal que descreve essa assertiva: Art.150 O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. § 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação do lançamento. § 2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito. § 3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém considerados na apuração do saldo porventura devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação. § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. (grifo nosso) Contudo, para que possamos identificar o dispositivo legal a ser aplicado, seja o art. 173, I ou art. 150 do CTN, devemos identificar a natureza das contribuições para que, só assim, possamos declarar da maneira devida a decadência de contribuições previdenciárias. No caso, a aplicação do art. 150, § 4º, é possível quando realizado pagamento de contribuições, que em data posterior acabam por ser homologados expressa ou tacitamente. Fl. 408DF CARF MF Processo nº 11176.000277/200721 Acórdão n.º 9202004.564 CSRFT2 Fl. 5 7 Contudo, conforme descrito no relatório deste voto, tratase de lavratura de NFLD com o objetivo de apurar e constituir as contribuições previdenciárias, incidentes sobre: a) Diferença de retirada de prólabore efetuada pelos sócios entre os valores das folhas de pagamento e GFIP — Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social cotejados com os valores declarados nas DIPJ nos anos de 1998 a 2000; b) Retirada de pró labore indireto efetuada pelos administradores, cujos valores foram verificados em lançamentos contábeis nas contas do ativo circulante, conforme consta do relatório fiscal, fls. 62 e seguintes. O período do lançamento envolve as competências 01/1998 a 02/2000, 01/2001 10/2001, 12/2001a 04/2002, 06/2002, 08/2002 a 01/2004, 03/2004, 05/2004 a 09/2004, 11/2004 a 12/2005. Dessa forma, embora concorde com a tese esboçada pela ilustre procuradora de, em inexistindo recolhimento antecipado, a decadência deve ser operada a luz do art. 173, I do CTN, entendo não ser esse o caso dos autos. Neste ponto, entendo que acertada a tese aplicada pelo acórdão recorrido, tendo em vista ter sido claramente exposto pelo auditor fiscal em seu relatório que se tratavam de "diferenças de retirada de prólabore e prólabore indireto", ou seja, o próprio auditor nos leva a entender sobre a existência de recolhimento sobre parte do prolabore. Vejamos trecho do relatório fiscal que esclarece esses fatos: 6. Para a apuração dos créditos previdencidrios foram tomados por base os seguintes critérios: 6.1. No período de 01/1998 a 02/2000, conforme as Declarações de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica — DIPJ 1999, anocalendário 1998, entregue a Secretaria da Receita Federal em 22/09/1999, recibo 3042919518; DIPJ 2000, anocalendário 1999, entregue em 30/06/2000, recibo 1002113466 e DIPJ 2001, anocalendário 2000, entregue em 28/06/2001, recibo 2018162493, a empresa declarou uma retirada anual ao sócio Ariovaldo Vandrei Zampieri de R$ 6.000,00, o que corresponde a uma retirada média mensal de R$ 500,00, entretanto, constam em folha de pagamento e GFIP, uma retirada mensal de apenas 1 salário millimo no período de 01/1998 a 02/2000, assim, consta nessa NFLD a diferença mensal apurada de retirada de prólabore, tomandose por base a retirada de R$ 500,00 mensais e deduzindose o valor já lançado em folha de pagamento e GFIP, que constam da NFLD DEBCAD 35.941.4800, sendo que esses valores não foram declarados em GFIP e estão destacados no RL e DAD, no campo (BC C. Ind/Adm/Aut); 6.2. No período de 01/2001 a 12/2005, os pagamentos efetuados aos sócios, conforme lançamentos nas contas discriminadas no item 1.2 acima, foram levantadas por aferição indireta, como sendo retirada de prolabore e devidamente reconhecidas pela empresa conforme declaração firmada pelos sócios e esses valores não foram declarados em GFIP e estão destacados no RL e DAD, no campo pc C. Ind/Adm/Aut); Já com relação As contribuições dos contribuintes individuais previstos na Lei 10.666/03 foram apuradas mensalmente, por trabalhador, a Fl. 409DF CARF MF 8 partir da competência 04/2003, sobre o salário de contribuição limitado ao teto máximo da tabela de contribuição vigente a época do fato gerador, já deduzido os valores lançados na NFLD DEBCAD 35.941.4770 e estão destacados no campo (1F Contrib Indiv); 7. Tratase de diferença de valores, portanto, não houve recolhimentos apropriados para esses créditos. (grifos nossos) Ademais, não fosse apenas a descrição pela autoridade fiscal de tratarse de "diferenças" suficiente para o meu convencimento acerca da aplicação da decadência pelo art. 150, §4º do CTN, destaco, como reforço que, no período de 11/2000 e 09/2001 (período este que a procuradoria busca restabelecer em seu recurso), existem, conforme Relatório RDA, fls. 44, GPS recolhidas, razão pela qual não há qualquer reparo a ser feito no acórdão recorrido em relação a regra decadencial aplicada. Assim, no lançamento em questão a lavratura do AI deuse em 18/10/2006, tendo a cientificação ao sujeito passivo ocorrido no mesmo dia. Os fatos geradores omitidos referemse ao período de 01/1998 a 02/2000, 01/2001 10/2001, 12/2001 a 04/2002, 06/2002, 08/2002 a 01/2004, 03/2004, 05/2004 a 09/2004, 11/2004 a 12/2005, dessa forma, a luz do art. 150, §4º do CTN, encontrarseiam decadentes as multas aplicadas pelos fatos geradores até 09/2001, fato esse já considerado pelo acórdão recorrido. Isto posto, não há qualquer reparo a ser feito no julgado. CONCLUSÃO: Voto pelo CONHECIMENTO do recurso ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL, para NEGARLHE PROVIMENTO. É como voto. (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Fl. 410DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13888.904206/2009-61
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 07 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 30/04/2004
PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA.
Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do Decreto-Lei nº 288/67.
Recurso Especial do Contribuinte Negado.
Numero da decisão: 9303-004.072
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento.
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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Incidência sobre receitas de vendas a empresas sediadas na ZFM. Recorrente CRISTINA APARECIDA FREDERICH & CIA LTDA Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 30/04/2004 PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA. Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do DecretoLei nº 288/67. Recurso Especial do Contribuinte Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento. Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 90 42 06 /2 00 9- 61 Fl. 288DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13888.904206/200961 Acórdão n.º 9303004.072 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela contribuinte com fulcro nos artigos 64, inciso II e 67 e seguintes do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/09, meio pelo qual busca a reforma do Acórdão nº 3303002.494, que negou provimento ao recurso voluntário. Decidiu o colegiado a quo pela incidência das contribuições sobre as receitas oriundas de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus, no período tratado neste processo. Cientificado do mencionado acórdão o sujeito passivo apresentou recurso especial suscitando divergência jurisprudencial quanto à isenção das contribuições sobre as receitas decorrentes de vendas de mercadorias e serviços para empresas com domicílio na Zona Franca de Manaus. O recurso foi admitido por intermédio de despacho do Presidente da Câmara recorrida, e a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões. É o relatório, em síntese. Voto Carlos Alberto Freitas Barreto, Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303003.934, de 07/06/2016, proferido no julgamento do processo 10650.902444/201141, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303003.934): "A matéria, única, posta ao exame do colegiado não é nova. Com efeito, já tivemos oportunidade de nos pronunciar sobre ela em diversas ocasiões, tendo eu firmado convicção pela inaplicabilidade de qualquer medida desonerativa (seja isenção, imunidade ou alíquota zero) aos fatos geradores anteriores a julho de 2004. No relatório da Dra. Vanessa consta que o contribuinte aduziu em seu recurso: "que: (a) o DecretoLei nº 288/67 equipara os efeitos das operações de venda para a Zona Franca de Manaus às exportações para o estrangeiro, sendolhes aplicáveis as vantagens fiscais estabelecidas pela legislação para as exportações, nos termos do seu art. 4º; (b) o Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento no sentido da não incidência de PIS sobre as receitas decorrentes das vendas para empresas sediadas na Zona Franca de Manaus; (c) o Supremo Tribunal Fl. 289DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13888.904206/200961 Acórdão n.º 9303004.072 CSRFT3 Fl. 4 3 Federal, ao proferir liminar na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 2.3489, suspendeu a eficácia da expressão ‘na Zona Franca de Manaus’, contida no inciso I, do §2º do art. 14 da MP nº 2.03724/00, expressão suprimida do diploma legal pelo Poder Executivo ao editar, na mesma data, a MP nº 2.03725/2000; e, por fim, (d) não incide o PIS para os fatos geradores ocorridos em fevereiro de 2002, tendo em vista a revogação da expressão ‘na Zona Franca de Manaus’ do inciso I, §2º do art. 14 da MP nº 2.03725/2000 e a equiparação dos efeitos fiscais das vendas para a Zona Franca de Manaus às exportações para o exterior". Consideroos todos abarcados no voto que segue, proferido em sessão de 2011, no qual enfrentei ainda outros argumentos. Reconheço haver decisões do STJ em sentido oposto, mas, como nenhuma delas cumpre os requisitos do art. 62 do atual regimento interno desta Casa, peço vênia para continuar teimando. Disseo eu naquela ocasião: Vale iniciálo reenunciando o criativo entendimento da recorrente: a) não há necessidade de previsão legal expressa concessiva da isenção porque o decretolei 288 e o Ato Complementar 35/67 bastam; b) deferida isenção para exportações em geral, a vendas à ZFM está imediata e automaticamente estendida; c) tendo o Ato Complementar à Constituição de 67 a natureza de lei complementar, como pacificado em nossos Tribunais,. nenhuma lei ordinária o poderia revogar; d) a “revogação” pretendida somente vigorou entre ___ e ___, sendo de rigor reconhecer a isenção, ao menos, nos períodos anterior e posterior. Ainda que criativo, o raciocínio desenvolvido na defesa não merece prosperar cabendo a manutenção da decisão recorrida pelos motivos que se expõem em seguida. Em primeiro lugar, a premissa de que o decretolei 288 teria assegurado que todo e qualquer incentivo direcionado a promover as exportações deveria, imediata e automaticamente, ser estendido à Zona Franca de Manaus não resiste sequer ao primeiro dos métodos interpretativos consagradamente admitidos: a literalidade. É que tal extensão somente caberia se o citado decreto tivesse afirmado que as remessas de produtos para a Zona Franca de Manaus são exportação. Nesse caso, a equiparação valeria mesmo para outros efeitos, não fiscais. Poderia, para o que interessa, restringila a “todos os efeitos fiscais”. Se o tivesse feito, dúvida não haveria de que qualquer mudança posterior na legislação que viesse a afetar as exportações, no que tange a tributos, afetaria do mesmo modo e na mesma medida aquela zona. Fl. 290DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13888.904206/200961 Acórdão n.º 9303004.072 CSRFT3 Fl. 5 4 Mas já foi repetidamente assinalado que o artigo 4º daquele ato legal, embora traga de fato a expressão acima, apôs a ressalva “constantes da legislação em vigor”. Não vejo como essa restrição possa ser entendida de modo diverso do que tem sido interpretado pela Administração: apenas os incentivos às exportações que já vigiam em 1 de fevereiro de 1967 estavam “automaticamente” estendidos à ZFM por força desse comando. E ponho a palavra entre aspas porque nem mesmo o Poder Executivo – e vale assinalar que estamos falando de um período de exceção, em que o Poder executivo quase tudo podia – pareceu estar tão seguro desse automatismo, visto que fez editar, na mesma data, o Ato Complementar 35, cujo artigo 7º assegurou aquela extensão ao ICM. Aliás, da interpretação dada pela recorrente a este último ato também divergimos. Deveras, pretende ela que ele teria alçado ao patamar de lei complementar a equiparação já prevista no decretolei. A meu ver, porém, tudo o que faz é definir com maior precisão o que se entende por produtos industrializados para efeito da não incidência de ICM nas exportações já prevista na Constituição de 67. Defineos no parágrafo 1º, recorrendo à tabela do então criado imposto sobre produtos industrializados (tabela anexa à Lei 4.502). No parágrafo segundo, estende, também para efeito de ICM, aquela imunidade às vendas a zonas francas. Essa interpretação me parece forçosa quando se sabe que, segundo a boa técnica legislativa, os parágrafos de um dado artigo não acrescentam matéria ao disposto no caput, apenas esclarecem sobre o alcance daquela matéria. E ao esclarecer podem impor uma definição restritiva, como no parágrafo primeiro, ou extensiva, como no segundo. O que não pode um simples parágrafo é tratar de matéria que não esteja contida no caput e nos seus incisos. E não parece haver dúvida de que aí apenas se cuida da imunidade do ICM. Assim, o ato legal nem previu imunidade genérica, nem estendeu ao IPI a imunidade do ICM, como afirma a empresa. Ora, se a previsão do decretolei deveria alcançar “todos os efeitos fiscais” e já havia previsão de imunidade de ICM sobre produtos industrializados, para que tal parágrafo no ato complementar? Há, contudo, razões mais profundas do que a mera literalidade. É que a zona franca de Manaus não é meramente uma área livre de restrições aduaneiras, característica das chamadas zonas francas comerciais. O que se buscou com a sua criação foi induzir a instalação naquele distante rincão nacional de empresas de caráter industrial, que gerassem emprego e renda para a região Norte. Para tanto, definiuse um conjunto de incentivos fiscais que, à época de sua criação, seria suficiente, no entender dos seus formuladores, para gerar aquela atração. Tais incentivos, e apenas eles, configuram diferenciação em favor dos produtos importados e industrializados naquela área. Fl. 291DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13888.904206/200961 Acórdão n.º 9303004.072 CSRFT3 Fl. 6 5 Foi essa diferença tributária que induziu a criação do parque industrial que ali se veio a instalar e, assim, é apenas a retirada de algum daqueles incentivos que pode ser taxada de “quebra de contrato”. A contrário senso, novos incentivos fiscais que se venham a instituir podem ou não ser a ela estendidos conforme entenda útil o legislador por ocasião de sua instituição. Isso não se dá automaticamente com os incentivos genéricos à exportação cujo objetivo comum tem sido a geração das divisas imprescindíveis ao pagamento dos compromissos internacionais durante tanto tempo somente alcançáveis por meio das exportações. Por óbvio, a ninguém escapa que vendas à ZFM não geram divisas. Diferentes, pois, os objetivos, nenhum automatismo se justifica. Prova desse raciocínio é que dois anos apenas após a criação da ZFM, inventaram os “legisladores executivos” de então novo incentivo à exportação, o malsinado “crédito prêmio” posteriormente tão combatido nos acordos de livre comércio a que o País aderia. Sua legislação expressamente incluiu a Zona Franca. Fêlo, no entanto, apenas para os casos em que, após serem “exportados” para lá, fossem dali efetivamente exportados para o exterior (“reexportados”, na linguagem do declei). Em outras palavras, já em 1969 dava o executivo provas de que aquela extensão nem era automática, nem tinha que se dar sem qualquer restrição. Logo, ainda que se avance na interpretação da norma, ultrapassando o método literal e adentrandose o histórico e o teleológico, se chega à mesma conclusão: o decretolei 288 apenas determinou a adoção dos incentivos fiscais à exportação já existentes e acresceu incentivos específicos voltados a promover o desenvolvimento da região menos densamente povoada de nosso território. Nessa linha de raciocínio, portanto, há de se buscar na legislação específica do PIS e da COFINS, tributos somente instituídos após a criação da ZFM, dispositivo que preveja alguma forma de desoneração nas vendas àquela região, seja a não incidência, alíquota zero ou isenção. E não se precisa ir longe para ver que ela somente começa a existir em 2004, com a edição da Medida Provisória 202. De fato, a “exclusão das receitas de exportação” da base de cálculo do PIS tratada na Lei 7.714 e a isenção da COFINS sobre receitas de exportação prevista na Lei Complementar 70 e objeto da Lei complementar 85 não incluíram expressamente as vendas à ZFM ainda que tenham estendido o benefício a outras operações equiparadas a exportação. Um exame cuidadoso dessas extensões vai revelar o que se disse acima: todas elas geram, imediata ou mediatamente, divisas internacionais. A conclusão que se impõe, assim, é que não havia, até o surgimento da Medida Provisória 1.858 qualquer benefício fiscal Fl. 292DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13888.904206/200961 Acórdão n.º 9303004.072 CSRFT3 Fl. 7 6 que desonerasse de PIS e de COFINS as receitas obtidas com a venda de produtos para empresas sediadas na ZFM. É certo que esse entendimento não era uníssono, muita peleja tendo se travado entre o fisco e os contribuintes que pretendiam estarem tais vendas amparadas pelos atos legais mencionados. E essas divergências somente se agravaram com a edição da MP, cuja redação padece de diversas inconsistências. Com efeito, tal MP, que revogou a Lei 7.714 e a Lei Complementar 85, disciplinando por completo a isenção das duas contribuições nas operações de exportação trouxe dispositivo expresso “excluindo” as vendas à ZFM. Isso, por óbvio, aguçou a interpretação de que já havia dispositivo isentivo e que esse dispositivo estava sendo agora revogado. Defendo que não, embora seja forçoso reconhecer que o dispositivo apenas criou desnecessário imbróglio. Com efeito, ouso divergir da conclusão exposta no Parecer PFGN 1789 no sentido de que tal ressalva se destinava apenas aos comandos insertos nos incisos IV, VI, VIII e IX. A razão para tanto é que aí ventilamse hipóteses intrinsecamente ligadas ao objetivo que o ato pretende incentivar: vendas para o exterior que trazem divisas para o país. Refirome aos incisos VIII (vendas com o fim de exportação a trading companies e demais empresas exportadoras) bem como o fornecimento de bordo a embarcações em tráfego internacional (ship’s Chandler). Além disso, a interpretação não apenas retira um incentivo, ela pressupõe um desincentivo: qualquer trading do decretolei 1.248/72, exportadora inscrita na SECEX ou ship’s Chandler instalada em outro ponto do território nacional terá vantagem em relação à que ali se instale. Não faz sentido tal discriminação contra a ZFM. A interpretação dada pela douta PGFN parece buscar um sentido para o comando do parágrafo de modo a não tornálo redundante. Fêlo, todavia, da pior forma, a meu sentir, pois fixouse no método literal esquecendose de considerar o motivo da norma. Realmente, uma cuidadosa leitura do parecer permite ler o artigo, com o respectivo parágrafo segundo, da seguinte forma: há isenção quando se vende com o fim específico de exportação, desde que a empresa compradora (trading ou simples exportadora inscrita na SECEX) NÃO esteja situada na ZFM. Com a exclusão do parágrafo: há isenção quando se vende com o fim específico de exportação, mesmo que a empresa compradora (trading ou simples exportadora inscrita na SECEX) esteja situada na ZFM. Ora, o objeto da isenção versada nesses dispositivos nada tem a ver com a localização da compradora mas com o que ela faz. É a atividade (exportação com conseqüente ingresso de divisas) que se quer incentivar. O que se tem de decidir é se a mera venda à ZFM, que não gera divisa nenhuma, deve a isso ser equiparado. Foi isso, em meu entender, que o parágrafo quis dizer: não é o que o Parecer da PGFN consegue nele ler. Fl. 293DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13888.904206/200961 Acórdão n.º 9303004.072 CSRFT3 Fl. 8 7 Em conseqüência desse parecer, surgem decisões como as que ora se examinam: o pedido tinha a ver com venda a ZFM. A decisão abre a possibilidade de que tenha mesmo havido recolhimento indevido, mas por motivo completamente diverso. E mais, atribui ao contribuinte a prova dessa outra circunstância, que não motivara o seu pedido. Nonsense completo. Esse meu reconhecimento implica aceitar que o malsinado parágrafo estava sim se referindo, genericamente, às vendas à ZFM, ou, mais claramente, está ele a dizer que, para efeito do incentivo de PIS e COFINS, a mera venda a empresa sediada na ZFM não se equipara à exportação de que cuida o inciso II do ato legal em discussão. Mas, ao fazêlo, não está revogando dispositivo isentivo anterior: está simplesmente cumprindo o seu papel esclarecedor, ainda que nesse caso melhor fosse nada ter tentado esclarecer... Aliás, idêntico dispositivo esclarecedor poderia ter estado presente na LC 85 e na Lei 7.714 como já estivera no decretolei 491. Com isso, muita discussão travada administrativamente teria sido evitada ou transferida para o Judiciário. É a ausência de tal dispositivo e sua presença na nova lei que cria o imbróglio. Ele não leva, contudo, em minha opinião, à interpretação simplória de que tal ausência implicasse haver isenção. Para isso, primeiro, se tem de admitir que basta o Decretolei 288. Essa interpretação, pareceme, está em maior consonância com o espírito legisferante, pois não faz sentido considerar que uma norma que procura incentivar as exportações tenha instituído uma discriminação contra uma região (região, aliás, que sempre se procurou incentivar) em operações que produzem o mesmo resultado: a geração de divisas internacionais. A minha conclusão é, assim, de que mesmo entre 1º de fevereiro de 1999 e 31 de dezembro de 2000 há, sim, isenção das contribuições naquelas hipóteses, ainda que a empresa esteja situada na ZFM. Em outras palavras, a localização da empresa não é impeditivo à fruição do incentivo à exportação, desde que cumprido o que está previsto naqueles incisos. Mas tampouco há isenção APENAS PORQUE A COMPRADORA LÁ ESTEJA. Nos recursos ora em exame, esse foi o fundamento do pedido e a ele deveria terse restringido a DRJ. Nesses termos, só causa mais imbróglio a afirmação constante no acórdão recorrido de que “haveria direito” no período de 1º de janeiro de 2001 a julho de 2004 mas não estava ele adequadamente comprovado. Simplesmente não há o direito na forma requerida. E por isso mesmo não cabe a pretensão do contribuinte de que a Administração adapte o seu pedido fazendo as pesquisas internas que permitam apurar se alguma das empresas por ele listadas na planilha referida se enquadra naquelas disposições. Fl. 294DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13888.904206/200961 Acórdão n.º 9303004.072 CSRFT3 Fl. 9 8 O máximo que se poderia admitir, dado o teor da decisão, era que, em grau de recurso, trouxesse a empresa tal prova. Não o fez, porém, limitandose a postular a nulidade da decisão porque não determinou aquelas diligências. Não sendo obrigatória a realização de diligências, como se sabe (art. __ do Decreto 70.235), sua ausência não acarreta nulidade da decisão proferida por quem legalmente competente para tal. Cabe sim manter aquela decisão dado que o contribuinte não comprovou o seu direito como lhe exigem o Decreto 70.235, a Lei 9.784 e o próprio Código Civil (art. 333). Com tais considerações, nego provimento ao recurso do contribuinte. Com essas mesmas considerações, votei, também aqui, pelo não provimento do recurso do contribuinte, sendo esse o acórdão que me coube redigir." Aplicandose as razões de decidir, o voto e o resultado acima do processo paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso especial do contribuinte, em razão da incidência das contribuições sobre as receitas oriundas de vendas efetuadas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus, no período tratado neste processo. Carlos Alberto Freitas Barreto Fl. 295DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
score : 1.0
Numero do processo: 10830.724299/2014-86
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 27 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Dec 26 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Ano-calendário: 2010
IPI. PRODUTOS DE INFORMÁTICA. BENEFÍCIO FISCAL. REDUÇÃO. UTILIZAÇÃO INDEVIDA.
Correta a exigência do IPI relativo aos produtos comercializados antes de sua inclusão nas portarias de habilitação relativas à concessão do benefício fiscal de redução do imposto. A exigência constante da Portaria Interministerial MCT/MDIC nº 685/2007 tem fundamento no Decreto nº 5.906/2006.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2010
MULTA DE OFÍCIO. CONFISCO. INCONSTITUCIONALIDADE. EXIGÊNCIA EM DUPLICIDADE.
Alegações de que as multas legalmente aplicadas têm efeito confiscatório implicam a apreciação de sua inconstitucionalidade, o que é defeso no âmbito do julgamento administrativo. Não restou comprovado a existência de multas aplicadas em duplicidade.
SOBRESTAMENTO. PROCESSOS DE COMPENSAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.
Não há previsão legal para sobrestamento de processos de compensação cuja análise não estão sendo efetuadas no âmbito do presente processo.
Recurso Voluntário Negado
Crédito Tributário Mantido
Numero da decisão: 3301-003.071
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, [por maioria de votos, Negar Provimento ao Recurso Voluntário na forma do voto do Relator. Vencidos os Conselheiros Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões e Semíramis de Oliveira Duro]
Luiz Augusto do Couto ChagasPresidente
José Henrique MauriRedator "ad hoc"
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), José Henrique Mauri (Redator "adhoc"), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. O Conseheiro Andrada Márcio Canuto Natal, relator original, desligou-se do colegiado, tendo consignado seu voto na sessão anterior.
Nome do relator: ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Ano-calendário: 2010 IPI. PRODUTOS DE INFORMÁTICA. BENEFÍCIO FISCAL. REDUÇÃO. UTILIZAÇÃO INDEVIDA. Correta a exigência do IPI relativo aos produtos comercializados antes de sua inclusão nas portarias de habilitação relativas à concessão do benefício fiscal de redução do imposto. A exigência constante da Portaria Interministerial MCT/MDIC nº 685/2007 tem fundamento no Decreto nº 5.906/2006. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2010 MULTA DE OFÍCIO. CONFISCO. INCONSTITUCIONALIDADE. EXIGÊNCIA EM DUPLICIDADE. Alegações de que as multas legalmente aplicadas têm efeito confiscatório implicam a apreciação de sua inconstitucionalidade, o que é defeso no âmbito do julgamento administrativo. Não restou comprovado a existência de multas aplicadas em duplicidade. SOBRESTAMENTO. PROCESSOS DE COMPENSAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. Não há previsão legal para sobrestamento de processos de compensação cuja análise não estão sendo efetuadas no âmbito do presente processo. Recurso Voluntário Negado Crédito Tributário Mantido
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PRODUTOS DE INFORMÁTICA. BENEFÍCIO FISCAL. REDUÇÃO. UTILIZAÇÃO INDEVIDA. Correta a exigência do IPI relativo aos produtos comercializados antes de sua inclusão nas portarias de habilitação relativas à concessão do benefício fiscal de redução do imposto. A exigência constante da Portaria Interministerial MCT/MDIC nº 685/2007 tem fundamento no Decreto nº 5.906/2006. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2010 MULTA DE OFÍCIO. CONFISCO. INCONSTITUCIONALIDADE. EXIGÊNCIA EM DUPLICIDADE. Alegações de que as multas legalmente aplicadas têm efeito confiscatório implicam a apreciação de sua inconstitucionalidade, o que é defeso no âmbito do julgamento administrativo. Não restou comprovado a existência de multas aplicadas em duplicidade. SOBRESTAMENTO. PROCESSOS DE COMPENSAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. Não há previsão legal para sobrestamento de processos de compensação cuja análise não estão sendo efetuadas no âmbito do presente processo. Recurso Voluntário Negado Crédito Tributário Mantido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 72 42 99 /2 01 4- 86 Fl. 1320DF CARF MF Processo nº 10830.724299/201486 Acórdão n.º 3301003.071 S3C3T1 Fl. 12 2 Acordam os membros do colegiado, [por maioria de votos, Negar Provimento ao Recurso Voluntário na forma do voto do Relator. Vencidos os Conselheiros Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões e Semíramis de Oliveira Duro] Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente José Henrique Mauri Redator "ad hoc" Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), José Henrique Mauri (Redator "adhoc"), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. O Conseheiro Andrada Márcio Canuto Natal, relator original, desligouse do colegiado, tendo consignado seu voto na sessão anterior. Fl. 1321DF CARF MF Processo nº 10830.724299/201486 Acórdão n.º 3301003.071 S3C3T1 Fl. 13 3 Relatório Por economia processual adoto o relatório elaborado pela decisão recorrida, abaixo transcrito: Trata o presente processo de Auto de Infração decorrente da falta de lançamento do IPI na saída, do estabelecimento, de produtos tributados, por ter o contribuinte utilizado indevidamente do benefício do instituto da isenção, instituído pelas Leis nº 8.248/91, 10.176/2001 e 11.077/004 e Decretos nº 792/93, 3.800/2001 e 5.906/06 (lei da informática) e concedido para os produtos relacionados na Portaria MCT/MDIC/MF existentes no sitio do Ministério da Ciência e Tecnologia, na internet. Segundo a descrição dos fatos, a utilização indevida do benefício decorreu da saída dos produtos relacionados no “item 9” do Termo de Verificação Fiscal, com redução da alíquota de IPI, em data anterior a inclusão dos mesmos nas portarias que concederam o benefício. Feita a reconstituição da escrita fiscal, foi constituído o crédito tributário montante em R$ 10.885.283,32, sendo R$ 1.453.200,51 de imposto, R$ 518.082,95 de juros (calculados até 08/2014), R$ 1.089.900,39 de multa proporcional e R$ 7.824.099,47 relativo à multa sobre o IPI não lançado por cobertura de crédito. Regularmente cientificado, o sujeito passivo apresentou a impugnação alegando, em suma, o que segue abaixo: Diz que com a publicação das portarias Interministeriais nºs 107/2004, 736/2008, 319/2008 e 484/2007 o MCT/MDIC reconheceram o atendimento dela aos requisitos legais para fruição do benefício de redução do IPI dos produtos indicados nestas portarias. Aduz que a publicação das referidas portarias Interministeriais apenas declarou o direito à fruição do benefício de redução de IPI na saída dos produtos abrangidos, direito este, segundo ela, decorrente do atendimento aos requisitos previstos na Lei de Informática, mas precisamente na Lei nº 8.191/1991 e Lei 8.248/1991 e suas alterações posteriores. Acrescenta, é a lei, no caso a Lei de Informática, que constitui o direito à isenção do IPI, uma vez demonstrado o atendimento aos requisitos legais previstos. Ressalta que uma vez reconhecido o cumprimento dos requisitos legais, tem direito a usufruir da redução do IPI na saída dos produtos indicados nas Portarias Interministeriais publicadas pelos Ministérios de Ciência e Tecnologia e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Entende que contrariando a máxima do ordenamento jurídico de que somente a lei constitui direito à isenção/redução, a Portaria Interministerial MCT/MDIC nº 685/2007, vigente à época dos fatos, previu em seu art. 2º, que os novos modelos de produtos já beneficiados somente podem ser comercializados após a publicação de sua inclusão na página eletrônica da SEPIN/MCT e/ou da SDP/MDIC. Transcreveu o artigo. Fl. 1322DF CARF MF Processo nº 10830.724299/201486 Acórdão n.º 3301003.071 S3C3T1 Fl. 14 4 Diz que seu direito à isenção ou a redução do IPI decorre da lei, no caso da Lei nº 8.191/1991 e da Lei nº 8.248/1991, e suas alterações posteriores, e que quaisquer atos administrativos relacionados à isenção têm efeitos meramente declaratórios, jamais constitutivos do direito. Assevera, a inclusão de novos modelos de produtos já beneficiados no sistema eletrônico do MCT e do MDIC tem a finalidade de declarar publicamente que estes produtos/modelos estão abrangidos pelo benefício da isenção/redução concedida por lei. Acrescenta, estes atos, ao contrário do que sustenta a Fiscalização, não são constitutivos de direito e, portanto, não podem ser utilizados como marco inicial para fruição do benefício já anteriormente concedido. Lembra que a Portaria Interministerial MCT/MDIC nº 151/2006, antecessora da Portaria Interministerial MCT/MDIC nº 685/2007, previa expressamente em seu artigo 2º que a inclusão de novos modelos no sistema teria efeito meramente declaratório. Transcreveu o artigo. Entende que, admitir que ela (impugnante) tenha direito à isenção e redução do IPI tão somente após a inclusão e publicação dos novos modelos no sistema eletrônico é contrariar todos os preceitos do ordenamento jurídico, que estabelece que a lei está acima hierarquicamente de quaisquer atos administrativos. Alega que em caso praticamente igual ao presente, obteve decisão favorável proferida pelo CARF, que reconheceu o caráter meramente declaratório da inclusão de novos modelos no sistema eletrônico do MCT e do MDIC. Transcreveu trecho da referida decisão. Quanto à multa, diz, se não bastasse a nítida desproporcionalidade e caráter confiscatório da multa exigida, há ainda o fato de que, uma vez que a Fiscalização utilizou parte dos créditos oriundos de saldos credores apurados no ano de 2010 para “quitar” de ofício os valores de IPI supostamente devidos e não recolhidos, é certo que ela (impugnante) será também penalizada com a cobrança de multa sobre o valor dos débitos não compensados ante a inexistência de crédito suficiente, utilizado indevidamente de ofício pela Fiscalização. Relacionou diversos pedidos de ressarcimento e declarações de compensação e, alega, uma vez que a maior parte dos créditos utilizados nos referidos Pedidos de Compensação foi utilizada indevidamente para “quitar” de ofício o crédito apurado como devido pela Fiscalização, resta evidente a necessidade da suspensão dos referidos Pedidos de compensação até o julgamento definitivo da presente ação, a fim de resguardar o direito dela (impugnante) de não ser compelida ao pagamento em duplicidade dos débitos que foram pagos via compensação com o crédito decorrente dos saldos credores apurados no ano de 2010. Por fim, requer: a) Suspensão da análise e julgamento dos pedidos de compensação, relacionados, e as corretas compensações, até o julgamento definitivo do presente auto de infração; b) Que seja julgada procedente a impugnação de modo que seja cancelado o auto de infração; c) Que seja reconstituída a escrita fiscal nos mesmos termos como lançada por ela. Fl. 1323DF CARF MF Processo nº 10830.724299/201486 Acórdão n.º 3301003.071 S3C3T1 Fl. 15 5 Ao julgar referida impugnação a 3ª Turma da DRJ/Belém proferiu o Acórdão nº 0130.380, com a seguinte ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Anocalendário: 2010 REDUÇÃO. UTILIZAÇÃO INDEVIDA. Mantémse o lançamento do imposto quando os produtos indicados nas notas fiscais que deram lastro ao auto de infração foram comercializados em data anterior à inclusão dos mesmos nas portarias que concederam o benefício, contrariando, assim, o que estabelece a Portaria Interministerial MCT/MDIC nº 685/2007. JUNTADA POSTERIOR DE DOCUMENTAÇÃO. IMPEDIMENTO DE APRECIAÇÃO DA IMPUGNAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. O protesto pela juntada posterior de documentação não obsta a apreciação da impugnação e somente é possível em casos especificados na lei. ARGÜIÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. Argüições de inconstitucionalidade fogem à competência da instância administrativa, salvo se já houver decisão do Supremo Tribunal Federal declarando a inconstitucionalidade da lei ou ato normativo, hipótese em que compete à autoridade julgadora afastar a sua aplicação. MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO. A vedação ao confisco pela Constituição Federal é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicar a multa, nos moldes da legislação que a instituiu. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Não concordando com referida decisão o contribuinte apresentou recurso voluntário, por meio do qual aduz basicamente os mesmos argumentos de sua impugnação. É o relatório. Fl. 1324DF CARF MF Processo nº 10830.724299/201486 Acórdão n.º 3301003.071 S3C3T1 Fl. 16 6 Voto Conselheiro José Henrique Mauri, Redator "ad hoc" em face do Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal, relator original, que desligouse do colegiado para assumir o encardo de presidente de Câmara. O presente voto reflete, na íntegra, o voto consignado pelo relator original. O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais pressupostos legais de admissibilidade, por isso deve ser conhecido. Competência para a análise da legalidade de normas infralegais No primeiro tópico de seu recurso voluntário o contribuinte insurgese contra a decisão recorrida na parte em que concluiu, em síntese, pela impossibilidade da instância administrativa de apreciar questões que importem na negação de vigência e eficácia dos preceitos normativos sob o âmbito de sua possível ilegalidade ou inconstitucionalidade. Não há reparos a ser feito na decisão recorrida. Essa matéria já está até sumulada no âmbito do CARF: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Também não houve qualquer prejuízo à defesa do contribuinte, pois a decisão recorrida proferiu de forma clara o seu entendimento sobre a aplicação dos citados preceitos normativos. Mérito A fiscalização constatou que a empresa deu saída a produtos de sua fabricação, com redução da alíquota do IPI, em data anterior à inclusão dos mesmos nas portarias que concederam o benefício, contrariando, assim, o que estabelece a Portaria Interministerial MCT/MDIC nº 685/2007. O que se discute no presente processo não é se a empresa cumpriu ou não os requisitos legais da lei de informática, mas se os produtos por ela comercializados com redução do imposto (IPI) estavam inclusos na Portaria do MCT, em data anterior à comercialização, fato determinante para a redução do imposto. A impugnante não nega que comercializou seus produtos antes da inclusão dos mesmos nas portarias que concederam o benefício, limitase a argumentar que seu direito à isenção ou a redução do IPI decorre da lei, no caso da Lei nº 8.191/1991 e da Lei nº 8.248/1991, e suas alterações posteriores, e que quaisquer atos administrativos relacionados à isenção têm efeitos meramente declaratórios, jamais constitutivos do direito. Diz, ainda, que contrariando a máxima do ordenamento jurídico de que somente a lei constitui direito à isenção/redução, a Portaria Interministerial MCT/MDIC nº 685/2007, vigente à época dos fatos, previu em seu art. 2º, que os novos modelos de produtos já beneficiados somente podem ser comercializados após a publicação de sua inclusão na página eletrônica da SEPIN/MCT Fl. 1325DF CARF MF Processo nº 10830.724299/201486 Acórdão n.º 3301003.071 S3C3T1 Fl. 17 7 e/ou da SDP/MDIC, e que as portarias publicadas pelo MCT/MDIC têm caráter meramente declaratório da inclusão de novos modelos no sistema eletrônico destes ministérios. Vejamos então o que trata os dispositivos legais sobre o referido benefício fiscal. Lei nº 8.248/91 Art. 4o As empresas de desenvolvimento ou produção de bens e serviços de informática e automação que investirem em atividades de pesquisa e desenvolvimento em tecnologia da informação farão jus aos benefícios de que trata a Lei no 8.191, de 11 de junho de 1991. (Redação dada pela Lei nº 10.176, de 2001) (Regulamento) (...) § 1oA. O benefício de isenção estendese até 31 de dezembro de 2000 e, a partir dessa data, fica convertido em redução do Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI, observados os seguintes percentuais: (Parágrafo incluído pela Lei nº 10.176, de 11.1.2001) ) (...) Art. 11. Para fazer jus aos benefícios previstos no art. 4o desta Lei, as empresas de desenvolvimento ou produção de bens e serviços de informática e automação deverão investir, anualmente, em atividades de pesquisa e desenvolvimento em tecnologia da informação a serem realizadas no País, no mínimo, 5% (cinco por cento) do seu faturamento bruto no mercado interno, decorrente da comercialização de bens e serviços de informática, incentivados na forma desta Lei, deduzidos os tributos correspondentes a tais comercializações, bem como o valor das aquisições de produtos incentivados na forma desta Lei ou do art. 2o da Lei no 8.387, de 30 de dezembro de 1991, ou do art. 4o da Lei no 11.484, de 31 de maio de 2007, conforme projeto elaborado pelas próprias empresas, a partir da apresentação da proposta de projeto de que trata o § 1oC do art. 4o desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 12.249, de 2010) (Produção de efeito) Esses dispositivos legais foram objetos de regulamentação por meio do Decreto nº 5.906/2006: Art. 22. O pleito para a habilitação à concessão da isenção ou redução do imposto será apresentado ao Ministério da Ciência e Tecnologia pela empresa fabricante de bens de informática e automação, conforme instruções fixadas em conjunto pelo Ministério da Ciência e Tecnologia e pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, por intermédio de proposta de projeto que deverá: I identificar os produtos a serem fabricados; Fl. 1326DF CARF MF Processo nº 10830.724299/201486 Acórdão n.º 3301003.071 S3C3T1 Fl. 18 8 II contemplar o Plano de Pesquisa e Desenvolvimento elaborado pela empresa; III demonstrar que na industrialização dos produtos a empresa atenderá aos PPB para eles estabelecidos; IV ser instruída com a Certidão Conjunta Negativa, ou Positiva com efeitos de negativa, de Débitos Relativos a Tributos Federais e à Dívida Ativa da União e com a comprovação da inexistência de débitos relativos às contribuições previdenciárias e ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço FGTS; e V comprovar, quando for o caso, que os produtos atendem ao requisito de serem desenvolvidos no País. § 1o A empresa habilitada deverá manter atualizada a proposta de projeto, tanto no que diz respeito ao Plano de Pesquisa e Desenvolvimento quanto ao cumprimento do PPB. § 2o Comprovado o atendimento aos requisitos estabelecidos neste artigo, será editado ato conjunto dos Ministros de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovação e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que reconheça o direito à fruição da isenção ou da redução do IPI quanto aos produtos nela mencionados, fabricados pela pessoa jurídica interessada. (Redação dada pelo Decreto nº 8.072, de 2013) § 3o Se a empresa não der início à execução do Plano de Pesquisa e Desenvolvimento e à fabricação dos produtos com atendimento ao PPB, cumulativamente, no prazo de cento e oitenta dias, contados da publicação da portaria conjunta a que se refere o § 2o, o ato será cancelado. § 4o A empresa habilitada deverá manter registro contábil próprio com relação aos produtos relacionados nas portarias conjuntas de seu interesse, identificando os respectivos números de série, quando aplicável, documento fiscal e valor da comercialização, pelo prazo em que estiver sujeita à guarda da correspondente documentação fiscal. § 5o Os procedimentos para inclusão de novos modelos de produtos relacionados nas portarias conjuntas a que se refere o § 2o serão fixados em ato conjunto pelos Ministros de Estado da Ciência e Tecnologia e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. (...) Art. 47. O Ministério da Ciência e Tecnologia, ouvidos os Ministérios afetos à matéria a ser disciplinada, poderá tomar decisões e expedir instruções complementares à execução deste Decreto. Atendendo ao comando do Decreto, foi editada a Portaria Interministerial MCT/MDIC nº 685, de 25/10/2007, cujo único objetivo foi de regulamentar a inclusão de novos modelos de produtos nas portarias de habilitação. Assim dispôs: Fl. 1327DF CARF MF Processo nº 10830.724299/201486 Acórdão n.º 3301003.071 S3C3T1 Fl. 19 9 Art. 2º A comercialização, com os benefícios de que trata o Decreto nº 5.906, de 2006, de novos modelos de produto já habilitado à fruição desses benefícios deverá, obrigatoriamente, ser precedida de sua publicação na página eletrônica da SEPIN/MCT e/ou da SDP/MDIC. É fato incontroverso que os produtos objetos do auto de infração foram comercializados antes de sua inclusão nas respectivas portarias de habilitação. A defesa do contribuinte vai no sentido de que sendo a inclusão dos produtos, um mero procedimento de reconhecimento de que o produto atende aos requisitos legais, nada impede que a inclusão tenha efeitos retroativos. Até junta um acórdão do CARF em que, na mesma situação, houve o reconhecimento de mero caráter declaratório ao procedimento. Não concordo com essa conclusão. Convém lembrar que estamos tratando de um benefício fiscal, ou seja, um favor do Estado para incentivar a modernização e o uso de tecnologias de informática. O cumprimento dos requisitos legais devem ser rigorosos e não só o Estado deve ter o zelo de fiscalizar, mas o beneficiário tem a obrigação de demonstrar o seu fiel cumprimento, sob pena de ver afastado o benefício. Por essa razão o autor do procedimento fiscal fez questão de destacar o disposto no art. 111 do CTN: Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I suspensão ou exclusão do crédito tributário; II outorga de isenção; III dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias. É importante realçar que o citado art. 2º da Portaria Interministerial MCT/MDIC nº 685, de 25/10/2007, tem seu fundamento de validade no Decreto nº 5.906/2006 e não cabe interpretálo de forma a reduzir o seu conteúdo. Lá está expressamente consignado que não poderá haver comercialização de novos modelos, com os benefícios fiscais do Decreto nº 5.906/2006, antes de sua inclusão nas respectivas portarias de habilitação. Portanto, se houve a comercialização, e tal fato está provado, o contribuinte não tem direito a usufruir do benefício fiscal de redução do IPI, estando correta a exigência tributária efetuada por meio do presente processo. As exigências constantes do decreto de regulamentação e nas portarias destinamse a controles do Estado, o qual concede o favor fiscal e tem direito de exigir o cumprimento de normas que entende ser essenciais ao controle e fiscalização da utilização do benefício fiscal. Não pode o beneficiário do incentivo fiscal, de forma unilateral, amenizar ou afastar uma ou outra regra sob o argumento de que teria cumprido as principais exigências legais. Não entendo que haja qualquer ilegalidade nas exigências constantes da referida portaria. Do efeito confiscatório da multa Fl. 1328DF CARF MF Processo nº 10830.724299/201486 Acórdão n.º 3301003.071 S3C3T1 Fl. 20 10 A multa foi aplicada no percentual de 75% nos exatos termos da legislação pertinente. Consta do auto de infração que a multa aplicada está prevista no caput do art. 80 da Lei nº 4.502/64 com a redação dada pela Lei nº 11.488/2007, abaixo transcrita: Art. 80. A falta de lançamento do valor, total ou parcial, do imposto sobre produtos industrializados na respectiva nota fiscal ou a falta de recolhimento do imposto lançado sujeitará o contribuinte à multa de ofício de 75% (setenta e cinco por cento) do valor do imposto que deixou de ser lançado ou recolhido. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007. O contribuinte alega ainda que o valor cobrado, além de desproporcional, configura confisco, pois o total da multa aplicada chega a ser mais de 6 vezes maior que o valor do principal. A Constituição Federal em seu art. 150, inc. IV, abaixo transcrito, veda a utilização do tributo com efeito de confisco. Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) IV utilizar tributo com efeito de confisco; Ocorre que este dispositivo constitucional é destinado ao legislador infra constitucional. Se a lei instituidora do tributo e de seus acréscimos legais está vigente, ao aplicador da lei, no caso, as autoridades lançadoras e de julgamento, só cabem o seu cumprimento, estando vedado a esta instância administrativa de julgamento a análise de sua constitucionalidade. Nestes termos a Súmula CARF nº 2, abaixo transcrita: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Porém, a título de esclarecimento, não é verdade que a multa aplicada corresponde a seis vezes o valor do tributo lançado. O IPI exigido no presente auto de infração corresponde a R$ 1.453.200,51 e a multa correspondente a esse tributo não declarado é de exatamente 75% de seu valor, ou seja, R$ 1.089.900,39. Tal fato está perfeitamente consignado no auto de infração. No entanto foi aplicada uma multa isolada de 75% prevista no mesmo dispositivo legal, que corresponde à falta de lançamento do IPI na nota fiscal, com cobertura de crédito. Esclareçase que o valor dessa multa não tem ligação com o montante do IPI exigido no presente auto de infração, como dito, tratase de multa isolada. Multa em duplicidade O contribuinte, antes da constituição do presente crédito de IPI, havia apurado saldos credores desse tributo os quais noticia que foram objetos de pedidos de ressarcimento cumulados com declarações de compensação. Com o presente lançamento houve por consequência a reconstituição da escrita fiscal do IPI restando naturalmente reduzidos ou anulados os saldos credores relativos aos fatos geradores de que se trata. Assim ele afirma que as suas declarações de compensação não serão homologadas e ele terá que arcar com as multas de mora dos tributos não compensados. Assim, o recorrente sustenta que as multas aplicadas no Fl. 1329DF CARF MF Processo nº 10830.724299/201486 Acórdão n.º 3301003.071 S3C3T1 Fl. 21 11 presente processo estão sendo exigidas em duplicidade com as multas decorrentes da não homologação de suas declarações de compensação. As declarações de compensação do contribuinte não são objetos do presente processo. Está certo o contribuinte ao prever a possível exigência das multas de mora relativas aos tributos indevidamente compensados com provável saldo credor de IPI inexistente. Mas apesar de uma estreita ligação de causa e consequência entre o lançamento do IPI do presente processo e a não homologação das compensações, o fato é que se tratam de fatos jurídicos distintos que implicam em consequências também distintas. O fato gerador da multa do presente processo é a falta de lançamento do IPI nas notas fiscais ou a sua falta de recolhimento/declaração. Vamos supor então que a presente exigência está correta e não exista os supostos saldos credores de IPI. Daí iremos para o outro fato jurídico, não homologação das compensações pela inexistência de crédito. Hora, a consequência lógica da não homologação é a existência de débitos tributários, de outros tributos, não pagos na data de vencimento aos quais a legislação tributária prevê o pagamento de multa de mora correspondente a 20% sobre o respectivo valor. Como se vê são fatos jurídicos distintos que não comportam a alegada duplicidade. Suspensão dos pedidos de compensação O recorrente, após listar os PER/Dcomp correspondestes às declarações de compensação referenciadas no item anterior, solicita que a análise de tais pedidos sejam suspensas até o julgamento definitivo do presente processo administrativo. Não existe previsão legal para o sobrestamento pretendido, até porquê os processos decorrentes de não homologação de compensação têm ritos definidos e podem estar suspensos em face de recursos apresentados pelo contribuinte. No caso, como referida análise, não é objeto do presente processo, não tem como deferir qualquer tipo de suspensão. Diante do exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. José Henrique Mauri Redator "ad hoc". Fl. 1330DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10166.728850/2013-60
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 09 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Jan 23 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2009, 2010, 2011
MULTA QUALIFICADA
A reiterada e significativa omissão de receita perpetrada inclusive por meio do registro a menor dos valores das operações enseja a qualificação da multa de ofício.
MULTA AGRAVADA
A negativa de entregar à autoridade fiscal a movimentação financeira da empresa, a qual teve que ser obtida por outros meios e veio a servir de base para a autuação, enseja o agravamento da multa de ofício.
RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA DOS SÓCIOS
Uma vez comprovado que as condutas dolosas não foram adstritas apenas a alguns fatos isolados, mas sim ao próprio modo de operação da empresa, é legal a atribuição de responsabilidade tributária a todos os sócios administradores.
Numero da decisão: 1401-001.651
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, REJEITAR a preliminar de nulidade e, no mérito, NEGAR provimento ao recurso, nos seguintes termos: I) Por maioria de votos, NEGAR provimento para MANTER a qualificação da multa. Vencidas as Conselheiras Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin (Relatora) Aurora Tomazini de Carvalho; e II) Por maioria de votos, NEGAR provimento quanto à responsabilidade tributária dos sócios. Vencidas as Conselheira Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin (Relatora) Aurora Tomazini de Carvalho. Designado o Conselheiro Guilherme Adolfo dos Santos Mendes para redigir o voto vencedor.
Documento assinado digitalmente.
Antonio Bezerra Neto - Presidente.
Documento assinado digitalmente.
Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin - Relatora.
Documento assinado digitalmente.
Guilherme Adolfo dos Santos Mendes - Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Antonio Bezerra Neto (Presidente), Guilherme Adolfo Dos Santos Mendes, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Fernando Luiz Gomes De Mattos, Marcos De Aguiar Villas Boas, Julio Lima Souza Martins, Aurora Tomazini De Carvalho.
Nome do relator: LUCIANA YOSHIHARA ARCANGELO ZANIN
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MULTA AGRAVADA A negativa de entregar à autoridade fiscal a movimentação financeira da empresa, a qual teve que ser obtida por outros meios e veio a servir de base para a autuação, enseja o agravamento da multa de ofício. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA DOS SÓCIOS Uma vez comprovado que as condutas dolosas não foram adstritas apenas a alguns fatos isolados, mas sim ao próprio modo de operação da empresa, é legal a atribuição de responsabilidade tributária a todos os sócios administradores. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, REJEITAR a preliminar de nulidade e, no mérito, NEGAR provimento ao recurso, nos seguintes termos: I) Por maioria de votos, NEGAR provimento para MANTER a qualificação da multa. Vencidas as Conselheiras Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin (Relatora) Aurora Tomazini de Carvalho; e II) Por maioria de votos, NEGAR provimento quanto à responsabilidade tributária dos sócios. Vencidas as Conselheira Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin (Relatora) Aurora Tomazini de Carvalho. Designado o Conselheiro Guilherme Adolfo dos Santos Mendes para redigir o voto vencedor. Documento assinado digitalmente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 72 88 50 /2 01 3- 60 Fl. 5646DF CARF MF Processo nº 10166.728850/201360 Acórdão n.º 1401001.651 S1C4T1 Fl. 5.646 2 Antonio Bezerra Neto Presidente. Documento assinado digitalmente. Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin Relatora. Documento assinado digitalmente. Guilherme Adolfo dos Santos Mendes Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Antonio Bezerra Neto (Presidente), Guilherme Adolfo Dos Santos Mendes, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Fernando Luiz Gomes De Mattos, Marcos De Aguiar Villas Boas, Julio Lima Souza Martins, Aurora Tomazini De Carvalho. Fl. 5647DF CARF MF Processo nº 10166.728850/201360 Acórdão n.º 1401001.651 S1C4T1 Fl. 5.647 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto pela contribuinte em face do Acórdão nº 0361.304 2ª Turma da DRJ/BSB, que julgou procedente o lançamento contra HT INFORMATICA LTDA e manteve as sujeições passivas solidárias. O Auto de Infração foi lavrado para exigir IRPJ, CSLL, COFINS e PIS, todos os tributos relativos aos períodos de 2009, 2010 e 2011, acrescidos de juros, multa de mora e de ofício, agravada (225%) e qualificada (150%), totalizando o lançamento R$ 18.515.350,11 Transcrevo abaixo partes do Relatório do Acórdão Recorrido, que bem descreve os fatos ocorridos no feito até aquele momento: O procedimento teve início em 28/05/2012 TIAF (fls. 3 a 5) com a intimação do contribuinte, na pessoa do sócio gerente Jean Carlos Gomes Ferreira, para apresentar o seu contrato social, a escrituração contábil em papel e meio magnético, extratos bancários de todas contas correntes, aplicações financeiras e de cadernetas de poupança mantidas pela Empresa junto ao HSBC BANK BRASIL S A BANCO MÚLTIPLO e demais instituições financeiras no Brasil e no exterior, referente ao anocalendário 2009. Em 18/06/2012, o contribuinte solicitou a dilação de prazo de 30 (trinta) dias para atender na integra o TIAF (fl. 6). Sendo concedido, conforme solicitado. Em 13/08/2012, foi emitido o Termo de Intimação Fiscal 01 reintimação do TIAF (fls. 7 a 9), com a ciência do contribuinte em 15/08/2012 (fls 10 e 11). Em 20/08/2012: o contribuinte entregou o contrato social e alterações (fls.13 a 35); indicou o sócio Jean Carlos Gomes Ferreira (fl. 36) para acompanhar a ação fiscal; informou que não existe até a presente data qualquer processo de consulta quanto à aplicação da legislação tributária; informou que era optante pelo SIMPLES NACIONAL, estando assim desobrigado do cumprimento das solicitações nos itens "'D" e "E" e opta por não entregar os extratos por entender estar protegido pelo direito ao Sigilo Bancário e Financeiro (fl. 12). Em 21/08/2012, foi lavrado o Termo de Intimação Fiscal N° 02 (fls. 37 a 38), com ciência do contribuinte em 23/08/2012 (fl. 39 e 40). Em 31/08/2012, o contribuinte entregou o Livro Diário N° 005 e o livro Razão (fls. 42 a 124). No entanto, estes Livros não contemplavam a movimentação financeira e bancaria do contribuinte no período de 01/01/2009 a 31/12/2009, conforme solicitado no Termo. Diante da negativa do contribuinte em fornecer os extratos da sua movimentação financeira, foi solicitada a Requisição sobre Movimentação Financeira RMF, relativa a pessoa jurídica HIGH TECH INFORMÁTICA LTDA ME, CNPJ 02.104.469/0001 04, na forma da Portaria SRF n° 180/2001. Em 23/08/2012 foi emitida a Requisição de Informação sobre Movimentação Financeira n° 01.1.01.002012001128 (fls. 140 a 187) e enviada a instituição financeira HSBC BANK BRASIL S. A BANCO MÚLTIPLO, CNPJ 01.701.201/000189. Fl. 5648DF CARF MF Processo nº 10166.728850/201360 Acórdão n.º 1401001.651 S1C4T1 Fl. 5.648 4 A análise da documentação fornecida pela instituição financeira revelou diversos depósitos a credito na conta corrente 59717001 Agência 1347 do HSBC de titularidade do contribuinte, conforme ANEXO I (fls 128 a 138). Em 21/09/2012 foi emitido o TIF N° 03 (fls 125 a 138), com ciência em 21/09/2012, solicitando que a fiscalizada comprove quais dos valores consignados no ANEXO I não se referem às receitas operacionais cia empresa, anexando documentação hábil, idônea e coincidente em datas e valores e ressaltando que mesmo que a Empresa seja optante pelo SIMPLES NACIONAL a escrituração deverá registrar toda a movimentação das contas: caixa, bancos conta corrente, bancos conta aplicações, numerários em trânsito, entre outras. O contribuinte em 28/09/2012 respondeu o TIF N° 03 (fl. 139) informando que cumpriu normalmente as obrigações acessórias exigidas dos optantes do SIMPLES NACIONAL e quanto aos dados bancários coletados diretamente mediante requisição administrativa da RFB junto à instituição financeira informa que se reserva o DIREITO CONSTITUCIONAL de preservar o sigilo fiscal, motivo porque se fornecer às explicações solicitadas configuraria aceitação tácita da quebra desse sigilo ou até mesma renúncia à citada garantia. A fiscalização constatou que a contribuinte microempresa ME integrante do sistema SIMPLES NACIONAL, apresentou créditos bancários nos valores de R$ 14.907.706,49 no ano 2009 comprovados como recebidos dos órgãos públicos, conforme o Sistema SIAFI, de um total de R$ 17.260.195,41 apurado nos extratos bancários; excedendo, portanto, o limite de receitas estabelecido para a opção pelo sistema SIMPLES NACIONAL R$ 360.000,00, no período considerado. Assim a fiscalização procedeu à exclusão de ofício da fiscalizada do regime de pagamento de Imposto de Renda e contribuições federais SIMPLES NACIONAL (Processo n° 10166.728.526/201261), em cumprimento aos incisos II, V e VIII do artigo 29, da Lei Complementar 123, de 14/12/2006 que determina a exclusão quando a pessoa jurídica incorre pelo não fornecimento de informações sobre movimentação financeira, tiver sido constatada prática reiterada de infração ao disposto nesta Lei Complementar e houver falta de escrituração do livrocaixa ou não permitir a identificação da movimentação financeira, inclusive bancária. Como o contribuinte tinha declarado a DASN 2010 com receita bruta declarada de R$ 409.755,34 e DASN de 2011 com receita bruta declarada de R$ 17.779.873,94, e como as movimentações financeiras (DIMOFcrédito) apresentadas foram da ordem de R$ 26.275.108,00 e R$ 31.803.413,01 respectivamente para os anos de 2010 e 2011, a fiscalização foi estendida a fiscalização para os anos calendário de 2010 e 2011. Após a exclusão, intimouse a fiscalizada, por intermédio do Termo de Intimação Fiscal N° 04/2012 lavrado em 19/11/2012 (fls. 208 a 211), com ciência em 21/11/2012 (fls. 212 e 213), a apresentar Escrituração contábil elaborada de acordo com as Leis Comerciais e Fiscais Livros Diário e Razão, ou Livro Caixa (nos quais deverão estar escrituradas todas as movimentações financeiras, inclusive bancárias), relativos aos anos calendário de 2009, 2010 e 2011, nos termos do disposto no art. 16 da Lei n° 9.317/96. No mencionado termo explicitouse que: fica o contribuinte cientificado de que o não cumprimento das exigências constantes desta intimação, dentro do prazo concedido, ensejará ao arbitramento do lucro do mesmo, na forma do art. 47 da Lei 8.981/95. Fl. 5649DF CARF MF Processo nº 10166.728850/201360 Acórdão n.º 1401001.651 S1C4T1 Fl. 5.649 5 Em 04/02/2013, foi lavrado o Termo de Intimação Fiscal n° 04 (fls. 192 a 207), com ciência do contribuinte em 06/02/2013. Em 15/02/2013 o contribuinte apresentou os esclarecimentos que já tinha entregado os Livros Diários de 2009, 2010 e 2011 (fls. 231 a 352). Entregou as Notas Fiscais eletrônicas de n° 001 a 770 (fls. 391 a 1162), do período de 03/2011 a 12/2011 e não justificou porquê não entregou as demais Notas Fiscais do período de 01/2009 a 02/2011 solicitadas desde o TIF N° 04/2012, de 19/11/2012. Em 27/02/2013, foi lavrado o Termo de Intimação Fiscal n° 05/2013 (fls.1163 e 1164), com ciência do contribuinte em 01/03/2013 (fls. 1165 e 1166), solicitando novamente as Notas Fiscais emitidas pelo contribuinte. A fiscalizada não se manifestou para atender o solicitado. Em 21/05/2013, foi lavrado o Termo de Reintimação Fiscal n° 06/2013 (fls. 1167 e 1168), com ciência do contribuinte em 27/05/2013 (fls. 1169 e 1170), solicitando novamente as Notas Fiscais emitidas pelo contribuinte. A fiscalizada informou que estava com dificuldade de encontrar os talonários e solicitou mais dez dias de prazo. Em 24/07/2013, foi lavrado o Termo Constatação e Intimação Fiscal n°. 08/2013 (fls. 1178 a 1225), com ciência do contribuinte em 29/07/2013 (fls. 1226 a 1227). A fiscalizada respondeu em 08/08/2013, que em relação ao preenchimento das colunas da planilha do ANEXO I, o prazo dado foi insuficiente; no entanto, decorreu o prazo adicional solicitado e a empresa não atendeu a fiscalização. Quanto ao ANEXO II continua alegando o Sigilo Fiscal e quanto à apresentação das Notas Fiscais não se manifestou (fls. 1228 a 1229). Em 14/08/2013, foi lavrado o Termo de Intimação Fiscal n° 09/2013 (fls.1281 e 1282), com ciência do contribuinte em 15/08/2013 (fls. 1283 e 1284), reintimando o contribuinte a apresentar todas as Notas Fiscais emitidas no período fiscalizado. A fiscalizada respondeu em 26/08/2013 que não era possível atender a solicitação no prazo solicitado (fl.1285). Em 27/08/2013, foi lavrado o Termo de Intimação Fiscal n° 10/2013 (fls.1286 e 1287), com ciência do contribuinte em 28/08/2013 (fls. 1288 e 1289), reintimando ocontribuinte a apresentar todas as Notas Fiscais emitidas no período fiscalizado. A fiscalizada respondeu em 10/09/2013 que extraviou as Notas Fiscais e que tinha escriturado os livros (fl. 1290 e 1291). Diante da não entrega das Notas Fiscais emitidas pela empresa, solicitadas desde 21/11/2012 (TIF 04/2012) e reiterado nos demais, a fiscalização solicitou dos órgãos públicos que efetuaram pagamentos à contribuinte, conforme dados extraídos do Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal SIAFI, constante no sistema Dossiê Integrada da RFB, as notas emitidas pela fiscalizada em nome dos órgãos que efetuaram os pagamentos e os comprovantes dos pagamentos efetuados. Após o retorno dos documentos solicitados aos órgãos públicos, foram elaboradas as planilhas " ANEXO I OMISSÃO DE RECEITAS RESUMO ", " ANEXO II " e " ANEXO III " que foram entregues ao contribuinte através do Termo de Constatação N° 01/2013 (fls. 1292 a 1343), com ciência do contribuinte em 07/10/2013 (fls. 1344 e 1345). Fl. 5650DF CARF MF Processo nº 10166.728850/201360 Acórdão n.º 1401001.651 S1C4T1 Fl. 5.650 6 [...] Como a escrituração do contribuinte continha deficiências que a tornaram imprestável para identificar a efetiva movimentação financeira, inclusive bancária, a fiscalização arbitrou o lucro. Pois, apurara que o sujeito passivo ultrapassou o limite de receita bruta para optar pelo SIMPLES NACIONAL e; ao mesmo tempo, apresentou os livros e documentos fiscais de escrituração obrigatória, mesmo aquele exigido por quem é optante pelo mencionado regime de tributação, com evidentes indícios de fraude que a tornou imprestável para identificar a efetiva movimentação financeira, inclusive bancária. Assim, a fiscalização efetuou o presente lançamento de ofício, tendo sido todos os créditos bancários considerados como receitas de revenda de mercadorias. Importa ressaltar que, para fins de apuração da omissão de receita, da totalidade dos depósitos/créditos considerados foram deduzidos os valores referentes aos cheques depositados e devolvidos posteriormente. A CSLL incidiu sobre as omissões das receitas apuradas, conforme enquadramento legal constante no Auto de Infração CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO. A empresa está sujeita às normas do regime cumulativo de apuração de COFINS, conforme enquadramento legal constante no Auto de Infração CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL. A empresa está sujeita às normas do regime cumulativo de apuração da contribuição para o PIS/Pasep, conforme enquadramento legal constante no Auto de Infração CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. Por fim, a fiscalização efetuou os abatimentos no auto de infração dos tributos administrados pela RFB declarados nas DASNs de 2009, 2010 e 2011, conforme planilha "ANEXO V". Na determinação dos valores a serem lançados de ofício para cada tributo, após a exclusão do Simples, foram deduzidos os valores confessados/recolhidos em DAS da mesma natureza efetuados nessa sistemática, observandose os percentuais previstos em lei sobre o montante pago de forma unificada. Da referida ação fiscal foi apurado o crédito tributário abaixo descrito: [...] Fl. 5651DF CARF MF Processo nº 10166.728850/201360 Acórdão n.º 1401001.651 S1C4T1 Fl. 5.651 7 Foi aplicada a multa de 225%, no período de 01/2009 a 03/2011, (qualificada a multa de 75% para 150% e agravada a multa de 150% para 225%), obedecendo ao estabelecido no inciso I § lº e § 2º do art. 44 da Lei n. 9430/1996, sobre a omissão de receita bruta mensal na revenda de mercadorias apurada com base nos valores das Notas Fiscais emitidas pelo contribuinte, escrituradas de forma fraudulenta/dolosa ao ocultar quase que integralmente a receita auferida na revenda de mercadorias por 03 (três) anos consecutivos e pela não entrega das notas fiscais emitidas quando solicitado pela fiscalização nos diversos Termos emitidos. E de 150%, no período de 04/2011 a 12/2011, por utilizarse de meios que caracterizam evidente intuito de fraude na escrituração. Quanto aos tributos relacionados à presunção legal de omissão de receitas, depósitos bancários de origem não comprovada em todo período, o contribuinte não registrou na contabilidade a movimentação de sua conta bancária de sua titularidade. O total de depósitos nesta conta no período fiscalizado é aproximadamente R$ 75.351.332,00. Apesar de intimado a apresentar documentação hábil e idônea que comprovasse a origem dos recursos creditados/depositados na conta de sua titularidade, não entregou os referidos documentos. A conduta descrita evidenciou, segundo a fiscalização, que o contribuinte agiu com o intuito de impedir ou retardar o conhecimento, por parte da Administração Tributária, de receitas auferidas em sua atividade empresarial durante os anoscalendário de 2009 a 2011. Como tal conduta está prevista no art. 71 da Lei n° 4.502/1964 foi aplicada a multa qualificada de 150% sobre os tributos apurados com base na presunção legal de omissão de receitas, conforme determina o § Ioºdo art. 44 da Lei n. 9.430/96. DA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA A fiscalização entendeu enquadrar no art. 121, I do CTN, os sócios da empresa Jean Carlo Gomes Ferreira (CPF n° 046.409.02700), qualificado como responsável pela empresa, Mailym Neves Magalhães (CPF n° 017.937.021 95), qualificado como Sócio Administrador e Zaira Cristina Neves Magalhães (CPF n° 059.425.15670), qualificado como Sócio Administrador. Pontuou, ainda, a fiscalização que no Contrato Social (fls. 13 a 35), consta a Cláusula Nona, que afirma que todos os sócios da empresa são SóciosAdministradores. Apreciadas as Impugnações da empresa HT INFORMÁTICA LTDA ME e de seus sócios, o lançamento foi julgado procedente, afastadas as alegações quanto à ilegal quebra de sigilo bancário, utilização indevida de presunções no arbitramento do lucro e mantidas em sua integralidade as multas agravada e qualificada, bem como a responsabilidade solidária de Jean Carlo Gomes Ferreira, Mailym Neves Magalhães e Zaira Cristina Neves Magalhães de acordo com o art. 124, I do CTN, sob fundamento de serem sócios administradores de acordo com o contrato social, o que evidenciaria interesse no lucro da empresa e os benefícios advindos do seu resultado. Inconformados, os recorrentes interpuseram Recurso Voluntário com vistas a obter a reforma do julgado, repisando em suma os argumentos da Impugnação. Era o der essencial a ser relatado. Fl. 5652DF CARF MF Processo nº 10166.728850/201360 Acórdão n.º 1401001.651 S1C4T1 Fl. 5.652 8 Passo a decidir Voto Vencido Conselheira Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin A contribuinte ataca a questão das presunções utilizadas quanto aos depósitos bancários, contudo, as presunções utilizadas são presunções legais previstas no art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996. Dessa forma, não há como afastar na esfera administrativa um comando legal. questão que se coloca e que se constitui no ponto principal do recurso é se o legislador ordinário poderia ter editado a Lei Complementar nº 105, de 2001 e a Lei nº 10.147, de 2001, outorgando poderes à Administração para requisitar a movimentação financeira dos contribuintes. E mais: se o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, órgão da Administração que é, tem competência para conhecer e julgar questões afeta à constitucionalidade das leis ou, em outras palavras, deixála de aplicálas pior entender inconstitucionais. Inicialmente, observo que sancionada determinada lei ela entra no sistema jurídico e presumese constitucional até que seja declarada sua inconstitucional, retirandoa do sistema ou impedindo sua aplicação em relação ao caso concreto, isto é “inter partes”. Por outro lado, o Judiciário pode deixar de aplicar lei que a considere inconstitucional, contudo, o mesmo não se aplica em relação à Administração. A razão desta lógica é que o Estado Administração não pode avocar para si a prerrogativa de julgar a constitucionalidade ou não de lei. Tal prerrogativa, por força das previsões contidas nos artigos 97, 102, I, compete ao Poder Judiciário. À luz do artigo 103, I, da Constituição Federal, o chefe do Poder Executivo, no caso o Presidente da República, tem legitimidade para propor ação direta de inconstitucionalidade sustentando que determinada lei viola da Constituição. Contudo, nem o Presidência da República e tampouco os demais órgãos da Administração podem deixar de cumprir lei sob o pretexto de que esta viola norma Constitucional. Neste sentido, por força do artigo 26A, § 6º, I, do Decreto nº 70.235, de 1972, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, a seguir transcrito, os Conselheiros do Carf somente podem deixar de aplicar lei sob o fundamento de inconstitucionalidade após o Supremo Tribunal Federal, por seu Plenário, em controle concentrado ou difuso, por decisão definitiva, ter reconhecido a inconstitucionalidade da norma. Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). .... § 6o O disposto no caput deste artigo não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) I – que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) Fl. 5653DF CARF MF Processo nº 10166.728850/201360 Acórdão n.º 1401001.651 S1C4T1 Fl. 5.653 9 A propósito, na mesma linha dos fundamentos anteriormente expostos, a matéria resultou Sumulada junto ao Carf, nos seguintes termos: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Os fundamentos acima declinados também se aplicam à alegação de inconstitucionalidade da multa aplicada sob a alegação de que tem caráter confiscatório. Isso posto, não conheço das questões que sustentam a insubsistência do crédito tributário com base em alegações relacionadas à inconstitucionalidade das normas apontadas pela recorrente. Além disso reclama também que o arbitramento fora arbitrário, contudo, do TVF extraio que a escrituração do contribuinte continha deficiências que a tornaram imprestável para identificar a efetiva movimentação financeira, inclusive bancária, a fiscalização arbitrou o lucro tudo de acordo com o artigo 47 da Lei nº 8.981, de 1995, mesmo tendo sido oportunizado inúmeras vezes que ela produzisse a prova da legitimidade de seus lançamentos, porém sem êxito. Assim, pacificado nesse Conselho que o lançamento baseado no art. 42, da Lei nº 9.430/96, e que é legítimo o lançamento com base na presunção legal por ele instituída, desde que seguidos os procedimentos impostos no dispositivo. Como o recurso voluntário discute apenas o direito, não entrando na individualização dos depósitos de modo a comprovar suas origens, deve ser mantido o lançamento neste ponto. Do agravamento da multa no percentual de 225% e qualificação da multa no percentual de 150%. No Termo de Verificação fiscal (fl. 5137 a 5236) notase que foram imputadas à Recorrente, multa agravada (225%) e qualificada (150%), sob os seguintes fundamentos: O Recorrente reclama que são errados errada a qualificação da multa e defende que para tanto é necessária a comprovação cabal de conduta penalmente imputável prevista nos arts. 71, 72 ou 73 da Lei nº 4.502/64. A multa aplicada está prevista no art. 44 da Lei nº 9.430/96: Fl. 5654DF CARF MF Processo nº 10166.728850/201360 Acórdão n.º 1401001.651 S1C4T1 Fl. 5.654 10 Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; § 1º O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. § 2o Os percentuais de multa a que se referem o inciso I do caput e o § 1o deste artigo serão aumentados de metade, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para: I prestar esclarecimentos; II apresentar os arquivos ou sistemas de que tratam os arts. 11 a 13 da Lei no 8.218, de 29 de agosto de 1991; III apresentar a documentação técnica de que trata o art. 38 desta Lei. Ao examinar os Autos de Infração, bem como o Relatório Fiscal, verificase que a razão está com a Recorrente, posto que, neste ponto, o lançamento do gravame carece de comprovação, conforme previsto no art. 9º do Decreto nº 70.235/72: Art. 9º A exigência do crédito tributário e a aplicação de penalidade isolada serão formalizados em autos de infração ou notificações de lançamento, distintos para cada tributo ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito. Como se vê, o auto de infração deve, obrigatoriamente, ser instruído com todos os elementos de prova necessários à comprovação do fato que dará ensejo à aplicação da penalidade. Neste sentido Súmula CARF n. 14: Súmula CARF nº 14: A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo. O conceito jurídico de fraude tributária encontrase expressamente positivado no artigo 72 da Lei nº 4.502/64, cuja mensagem prescritiva é posta nos seguintes termos: Art. 72. Fraude é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do impôsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Fl. 5655DF CARF MF Processo nº 10166.728850/201360 Acórdão n.º 1401001.651 S1C4T1 Fl. 5.655 11 Tomo por empréstimo as considerações feitas pela Conselheira Aurora Tomazini de Carvaho no voto proferido no acórdão 1401001.660, que bem esclarecem as hipóteses de cabimento da majoração. A prescrição legal é de hialina clareza: todo aquele que realizar atos dolosos, comissivos, com o propósito de evadirse da percussão tributária, cometerá fraude, sujeitandose a lançamento de ofício, independente da validade comercial ou civil dos atos jurídicos celebrados. A referência ao dolo coloca em destaque o aspecto intrasubjetivo, ou seja, a inquestionável intenção de fraudar. De fato, conquanto o princípio geral, no campo das infrações tributárias, seja o da responsabilidade objetiva, o legislador não está tolhido de criar figuras típicas de ilícitos subjetivos, como é o caso da fraude. Portanto, para que se configure esse tipo legal o agente deve atuar de maneira dolosa, ou seja, com intenção de obter o resultado ou de assumir o risco de produzilo. Aplicando esses conceitos ao campo do direito tributário, concluise que se não ficar comprovado o objetivo de burlar o Fisco, de ocultar a ocorrência de fato jurídico tributário ou de fazer surgir vantagem indevida, não é possível a majoração da multa para o percentual de 150%. Neste sentido já se posicionou este E. Conselho: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Anocalendário: 2001, 2002 MULTA QUALIFICADA. Para que se possa preencher a definição do evidente intuito de fraude que autoriza a qualificação da multa, nos termos do artigo 44, II, da Lei 9.430/1996, é imprescindível identificar a conduta praticada: se sonegação, fraude ou conluio respectivamente, arts. 71, 72 e 73 da Lei 4.502/1964. A mera imputação de simulação não é suficiente para a aplicação da multa de 150%, sendo necessário comprovar o dolo, em seus aspectos subjetivo (intenção) e objetivo (prática de um ilícito). (CARF, CSRF, 1ª Turma, ACÓRDÃO 9101002.189, julgado em 21/01/2016) A lição de Paulo de Barros Carvalho esclarece o papel da aplicação da multa qualificada: É a espécie de multa que tem por conteúdo a agravação de penalidade em decorrência de dolo, fraude ou simulação na prática do ato jurídico tributário. É aplicada quando a Administração Pública demonstra, por elementos seguros de prova, no Auto de Infração, a existência da intenção do sujeito infrator de atuar com dolo, fraudar ou simular situação perante o Fisco. Para caracterizar a multa agravada, é necessário, outrossim, a existência de fato doloso, fraudulento ou simulado, devidamente provado, para se produzir a correta subsunção do fato infracional à norma autorizadora do agravamento da penalidade. (Direito Tributário, Linguagem e Método. 6. Ed. São Paulo: Noeses, 2015, p. 894). Grifei. Diante das circunstancias, tratandose de multa qualificada, é indispensável a comprovação de que o agente atuou de maneira dolosa, ou seja, com a intenção de fraudar. Pelo exame dos autos, contudo, não se identifica prova cabal do elemento volitivo, ou seja, da inquestionável intenção de fraudar. Limitase a fiscalização a alegar que houve intuito de fraude de modo generalizado. Fl. 5656DF CARF MF Processo nº 10166.728850/201360 Acórdão n.º 1401001.651 S1C4T1 Fl. 5.656 12 Quando muito, os elementos trazidos aos autos comprovam apenas a intenção de fraudar, o que não pode ser aceito de forma presumida. Em relação à multa agravada, destacase o conteúdo da Súm. CARF 97, segundo a qual: Súmula CARF nº 96: A falta de apresentação de livros e documentos da escrituração não justifica, por si só, o agravamento da multa de oficio, quando essa omissão motivou o arbitramento dos lucros. Por estas razões, voto pelo provimento do recurso voluntário neste ponto, de modo a reduzir a multa aplicada para o percentual de 75%. Da Responsabilidade Solidária. Na autuação, foi ainda atribuída responsabilidade solidária aos sócios da empresa Jean Carlo Gomes Ferreira, Mailym Neves Magalhães e Zaira Cristina Neves Magalhães, conforme constou no TVF (fl. 23), responsabilidade essa confirmada na decisão da DRJ sob argumento de que as impugnações apresentadas pelas pessoas físicas estavam desacompanhadas de procuração necessária a prática do ato. Compulsando os autos, verifiquei que as procurações outorgadas pelos sócios pessoas físicas estão localizadas as fls. 5380 (sócia Zaira), fls. 5578 (sócio Jean) e fls. 5606 (Mailym), instrumentos que embora anexados em apartado das impugnações, estão em datas contemporâneas à pratica do ato, por isso, entendo sanado o vício, sendo perfeitamente possível a análise da responsabilidade solidária objeto dos respectivos recursos voluntários tempestivamente apresentados pelos sócios. Como fundamento à atribuição de responsabilidade solidária aos sócios foi consignado no TVF: Notase portanto, que a autoridade autuante confunde os institutos ensejadores de responsabilidade tributária, fazendo necessários os esclarecimentos acerca da distinção e dos requisitos necessários à tal atribuição. Assim, dada a imprecisão na capitulação da responsabilidade tributária de terceiro, fazendo referência aos artigos 124, I e 135, III, como se dissessem respeito a mesma situação, destaco que se tratam de institutos distintos, não pode confundir solidariedade Fl. 5657DF CARF MF Processo nº 10166.728850/201360 Acórdão n.º 1401001.651 S1C4T1 Fl. 5.657 13 tributária e responsabilidade de terceiros. São figuras jurídicas distintas e como tais decorrem de situações fáticas distintas. A solidariedade tributária inserese na Seção II do no Capítulo IV do Livro II do Código Tributário, que trata do sujeito passivo. A responsabilidade tributária de terceiros, incluindo aqui os sócios de direito e de fato, está disciplinada na Seção III do Capitulo V, do Livro II, do CTN. Necessário distinguir o sujeito passivo do responsável tributário. O sujeito passivo de que trata o Capítulo IV pode ser o contribuinte (art. 121, § único I) ou o responsável, quando sem revestir a condição de contribuinte sua obrigação decorra de disposição expressa em lei. Em relação à distinção entre contribuinte e responsável atenhamo nos às normas contidas no parágrafo único do artigo 121, “in verbis”: Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz se: I contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador; II responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei. A solidariedade, que não se confunde com responsabilidade de terceiros, decorre das situações previstas no artigo 124, I e II, do CTN, sendo que o interesse comum de que trata o inciso I não se confunde com as situações contidas no inciso II em que a lei pode atribuir a condição de solidário. As hipóteses previstas no artigo 124, I, do CTN (interesse comum), tratam da solidariedade de quem tem qualidade para ser contribuinte direto ou sujeito passivo da obrigação tributária (devedor originário art. 121, I). Ex. IPTU entre coproprietários; Por sua vez, o artigo 124, II, contempla situação em que a lei pode atribuir responsabilidade solidária a pessoas que não revestem a condição de contribuintes, mas por estarem vinculadas ao fato gerador praticado pelo contribuinte podem vir a ser chamadas a responderem pelo crédito tributário, como ocorre, por exemplo, na importação por conta e ordem de terceiros (o artigo 32 do Decretolei nº 37, de 1966, com a redação atribuída pelo artigo 77 da MP nº 2.15835, de 2001), ou nos casos de retenção de imposto de renda na fonte. O interesse comum de que trata o artigo 124, I, não é o interesse econômico, mas sim na questão relacionada à prática do fato gerador. Empresas de um mesmo grupo tem interesse econômico no resultado de suas operações, mas este interesse não serve para atribuir a uma delas a condição de solidária, visto que o interesse apto a qualificar a solidariedade é o interesse jurídico na situação que constitua o fato gerador da obrigação tributária, como ocorre, por exemplo, em caso de copropriedade, com a exigência do IPTU e ITR. A solidariedade de que trata o artigo 124, incisos I e II, não está relacionada a atos ilícitos e se aplica a quem tem a qualidade para ser sujeito passivo da obrigação tributária, ainda que por responsabilidade decorrente de expressa disposição legal, como é dos exemplos já apontados (situações previstas no artigo 32 do Decretolei nº 37, de 1966, com a redação atribuída pela MP nº 2.11535, de 2001 e Lei nº 11.281, de 2006). Fl. 5658DF CARF MF Processo nº 10166.728850/201360 Acórdão n.º 1401001.651 S1C4T1 Fl. 5.658 14 A situação prevista no artigo 124, I, não pode ser confundida com as situações de que trata o artigo 135 do CTN. Nas hipóteses contidas no artigo 135 vamos encontrar duas normas autônomas, uma aplicável em relação ao contribuinte, aquele que pratica o fato gerador (art. 121, I) e outra em relação ao terceiro que não participa da relação jurídica tributária, mas que, por violação de determinados deveres, pode vir a ser chamado a responder pela obrigação) (RE 562.726/PR, j. 03/11/2010, sob a forma do artigo 543B do CPC). A responsabilidade de terceiro, por pressupor duas normas autônomas: a regramatriz de incidência tributária e a regramatriz de responsabilidade tributária, cada uma com seu pressuposto de fato e seus sujeitos próprios, nos casos de responsabilidade tributária por atos ilícitos, o auto de lançamento deve descrever, de forma direta e objetiva, a conduta do agente e a norma de incidência. Outro detalhe importante é ter presente que o terceiro ou o sócio é responsável não por ser sócio ou por constar do contrato social que exerce a gerência, mas por praticar ato que caracteriza infração descrita em lei. Ademais, em face das controvérsias surgidas em relação ato tema, diferentemente do que pensam alguns Conselheiros, entendo que “o simples fato de colocar terceira pessoa no contrato social não é o suficiente para atribuir a solidariedade ao sócio de fato”. Ao meu sentir, a solidariedade não decorre do fato de alguém ser sócio de fato ou de direito, mas sim do ato de praticar conduta que resulta no inadimplemento do crédito tributário. A título de exemplo, citase a retirada de recursos em favor dos sócios de fato, em prejuízo do pagamento dos tributos devidos. Em síntese, é preciso ter presente que a solidariedade entre uma pessoa física e uma pessoa jurídica ou entre duas pessoas jurídicas ou duas pessoas físicas somente ocorre quando ambas participam da relação jurídico tributária. Nada impede, por exemplo, que uma empresa regularmente constituída celebre parceria com profissional, pessoa física, para realizarem pesquisa encomendada por terceiro, ou ainda, que uma empresa ligada à construção civil, junto com engenheiro não integrante da empresa, se unam para executar determinado projeto. Nestes casos, em relação à receita advinda dos serviços prestados haverá solidariedade. O mesmo pode ocorrer em relação ao comércio ou à indústria. Por outro lado, em atenção aos debates que esta matéria costuma suscitar, registro que o sócio de fato não é responsável pelo simples fato de ser sócio de fato, mas sim por praticar conduta comissiva ou omissiva relacionada a fato gerador do qual decorra tributo que resulte inadimplido. Isto se aplica, igualmente, nas situações em que o sócio de fato ou de direito apropriase dos lucros da empresa sem que esta, por primeiro, tenha pago os tributos devidos. Ademais, “o artigo 135 só encontra aplicação quando o ato de infração à lei societária, contrato social ou estatuto cometido pelo administrador for realizado à revelia da sociedade. Caso não o seja, a responsabilidade tributária será da pessoa jurídica. Isto porque, se o ato do administrador não contrariar as normas societárias, contrato social ou estatuto, quem está praticando o ato será a sociedade, e não o sócio, devendo a pessoa jurídica responder pelo pagamento do tributo.” Feitas essas considerações, verificase que a atribuição de responsabilidade solidária se deu pura e simplesmente em razão dos sócios possuírem a característica de administradores, não restando demonstrada, por parte dos sócios, a prática efetiva de conduta Fl. 5659DF CARF MF Processo nº 10166.728850/201360 Acórdão n.º 1401001.651 S1C4T1 Fl. 5.659 15 comissiva ou omissiva relacionada a fato gerador do qual decorra tributo que resulte inadimplido, o que não pode prevalecer. Ante DOU PROVIMENTO PARCIAL ao recurso para a reduzir a multa aplicada no percentual de 75% e afastar a responsabilidade solidária dos sócios. (assinado digitalmente) Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin Voto Vencedor Conselheiro Guilherme Adolfo dos Santos Mendes Redator Designado Com a devida vênia à ilustre Conselheira Relatora, não comungo do seu entendimento quanto ao mérito do feito. Em primeiro lugar, a qualificação da multa, de fato, não pode ser aplicada em face de uma simples omissão de receita, nos termos da Súmula CARF nº 14. Não estamos, porém, diante de uma omissão simples, mas sim de uma qualificada pelo seu montante e reiteração. Em primeiro lugar, não podemos perder de vista que a qualificação da multa não está atrelada apenas a condutas comissivas, mas a omissivas também e estas podem apresentar caráter doloso. Além da omissão de valores vultosos e por longos períodos, houve o registro a menor de valores de notas fiscais, o que caracteriza claramente uma ação fraudulenta. Também não é aplicável ao presente feito a súmula CARF nº 96, uma vez que a razão para o agravamento não foi a falta da apresentação de escrituração, mas sim de movimentação financeira. Não podemos perder de vista que a Súmula 96 adota como premissa que a omissão do sujeito passivo milita contra ele próprio ao ensejar o agravamento. Já no caso do não oferecimento da movimentação financeira à autoridade fiscal, tal omissão obsta a fiscalização que tem que buscar outros meios para prosseguir com o seu trabalho de investigação e auditoria. Por derradeiro, a atribuição de responsabilidade aos sócios administradores é medida que se fez legal e necessária. A acusação não é relativa a um ato isoladamente considerado, que poderia ter sido praticado por apenas um dos sócios administradores em prejuízo da vigilância dos demais. A acusação é relativa ao próprio modo de gerir o conjunto das atividades da empresa por meio da omissão substancial e reiterada de receita, inclusive com o registro contínuo dos valores das notas fiscais, condutas estas que não poderiam ter sido perpetuadas por tanto tempo sem o conluio de todos aqueles responsáveis pela condução da empresa. Por todo o exposto, acompanho a ilustre relatora apenas nas preliminares, pois, no mérito, nego provimento aos recursos voluntários para manter a multa de ofício no seu patamar de 225% e para manter a atribuição das responsabilidades tributárias. Fl. 5660DF CARF MF Processo nº 10166.728850/201360 Acórdão n.º 1401001.651 S1C4T1 Fl. 5.660 16 (assinado digitalmente) Guilherme Adolfo dos Santos Mendes Fl. 5661DF CARF MF
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Numero do processo: 12782.000010/2010-54
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 23 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Sep 19 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Regimes Aduaneiros
Período de apuração: 01/03/2007 a 31/08/2007
Ementa:
DRJ. COMPETÊNCIA. CIRCUNSCRIÇÃO. JURISDIÇÃO NACIONAL.
As DRJ possuem jurisdição nacional, podendo a Secretaria da RFB dispor sobre sua competência temática e sua circunscrição territorial.
AUSÊNCIA DE TRANSCRIÇÃO INTEGRAL. PROCESSO JUDICIAL. ALEGAÇÃO GENÉRICA. NULIDADE. INEXISTÊNCIA.
A simples alegação genérica de que deveriam ter sido transcritos todos os elementos do processo judicial (e não só aqueles que o autuante julgou necessários a sustentar o lançamento) não é suficiente para ocasionar a nulidade processual.
AÇÃO FISCAL PRÉVIA INDIVIDUALIZADA. AUSÊNCIA. NULIDADE. INEXISTÊNCIA.
A inexistência de procedimento fiscalizatório prévio não constitui mácula ensejadora de nulidade processual, visto que a fase contenciosa iniciada com a ciência da autuação permite a todos os sujeitos passivos exercerem sua defesa com pleno conhecimento das condutas que lhes são imputadas na autuação, e dos elementos probatórios que o fisco utiliza com a finalidade de motivar o lançamento.
PROVA OBTIDA EM PROCESSO JUDICIAL. ADMISSIBILIDADE NO PROCESSO ADMINISTRATIVO. AUTORIZAÇÃO JUDICIAL.
A prova obtida em processo judicial penal, inclusive resultante de quebra de sigilo telefônico ou de dados, pode ser carreada ao processo administrativo, mormente quando expressamente autorizado pelo juízo competente.
VALOR ADUANEIRO. SOFTWARE. IMPORTAÇÃO. CONDIÇÕES PARA EXCLUSÃO.
A exclusão do montante referente ao software do valor aduaneiro fica permitida pela Decisão 4.1 do Comitê de Valoração Aduaneira, nas condições nela estabelecidas, tendo sido a decisão introduzida no ordenamento brasileiro pelo artigo 81 do Regulamento Aduaneiro.
DESEMBARAÇO ADUANEIRO. HOMOLOGAÇÃO DE LANÇAMENTO. INEXISTÊNCIA. "REVISÃO ADUANEIRA". POSSIBILIDADE.
É possível a "revisão aduaneira", não constituindo necessariamente tal ato mudança de critério jurídico. O desembaraço aduaneiro não homologa, nem tem por objetivo central homologar integralmente o pagamento efetuado pelo sujeito passivo. Tal homologação ocorre apenas com a "revisão aduaneira" (homologação expressa), ou com o decurso de prazo (homologação tácita).
MULTA CONFISCO. IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE ADMINISTRATIVA.
Conforme a Súmula CARF no 2, este tribunal administrativo não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (no caso, o art. 44 da Lei no 9.430/1996 e o parágrafo único do art. 88 da Medida Provisória no 2.158-35/2001).
MULTA DE OFÍCIO. MULTA ADMINISTRATIVA. CUMULATIVIDADE. POSSIBILIDADE.
Além da expressa possibilidade derivada dos comandos legais, é possível a aplicação da multa prevista no art. 88 da Medida Provisória no 2.158-35/2001 e da multa prevista no art. 44 da Lei no 9.430/1996 para uma mesma situação fática, pois as multas incidem sobre objetos diferentes, em decorrência da tutela de bens jurídicos diversos, o que é facilmente perceptível, inclusive matematicamente: (a) é possível incidir em valores significativos a multa do art. 88 mesmo em um cenário de alíquotas zero para todos os tributos devidos na importação, pois o montante de tributo que deixou de ser pago, no caso, é irrelevante; e (b) da mesma forma, é possível que, v.g., por uma classificação dolosamente efetuada de forma incorreta, seja aplicável a multa de ofício majorada referida no art. 44, sem que se configure a situação descrita no art. 88, por ser irrelevante, no caso, o preço. Contudo, se a situação ensejar discussão de preço e de tributos devidos, cabível a aplicação de ambas as multas.
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. INTERESSE COMUM.
As pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal são solidariamente obrigadas em relação ao crédito tributário. A pessoa, física ou jurídica, que concorra, de alguma forma, para a prática de atos fraudulentos ou deles se beneficie responde solidariamente pelo crédito tributário decorrente, inclusive no que se refere a infrações.
MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO. JUROS DE MORA. INCIDÊNCIA. IMPOSSIBILIDADE.
Carece de base legal a incidência de juros de mora sobre multa de lançamento de ofício.
Numero da decisão: 3401-003.199
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado em dar parcial provimento aos recursos voluntários, da seguinte forma: a) por maioria de votos, para excluir a aplicação dos juros de mora sobre a multa de ofício, vencidos os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida e Robson José Bayerl; b) por maioria de votos, para afastar do polo passivo, a pessoa jurídica CISCO do Brasil LTDA e as pessoas físicas Hélio Benetti Pedreira e Gustavo Henrique Castellari Procópio, vencidos os Conselheiros Rosaldo Trevisan, Fenelon Moscoso de Almeida e Robson José Bayerl; c) por maioria de votos, para afastar do polo passivo as pessoas físicas Carlos Roberto Carnevalli e Pedro Luis Alves Costa, vencido o Conselheiro Robson José Bayerl; d) por maioria de votos, em negar provimento para afastar do polo passivo as demais pessoas físicas que apresentaram recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Augusto Fiel Jorge D'Oliveira e Rodolfo Tsuboi; e, e) por unanimidade de votos, em negar provimento para afastar do polo passivo as demais pessoas jurídicas. Designado o Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira para redigir o voto vencedor quanto à exclusão da responsabilidade da pessoa jurídica CISCO do Brasil LTDA e das pessoas físicas Hélio Benetti Pedreira e Gustavo Henrique Castellari Procópio.
ROBSON JOSÉ BAYERL - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA - Redator Designado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado em dar parcial provimento aos recursos voluntários, da seguinte forma: a) por maioria de votos, para excluir a aplicação dos juros de mora sobre a multa de ofício, vencidos os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida e Robson José Bayerl; b) por maioria de votos, para afastar do polo passivo, a pessoa jurídica CISCO do Brasil LTDA e as pessoas físicas Hélio Benetti Pedreira e Gustavo Henrique Castellari Procópio, vencidos os Conselheiros Rosaldo Trevisan, Fenelon Moscoso de Almeida e Robson José Bayerl; c) por maioria de votos, para afastar do polo passivo as pessoas físicas Carlos Roberto Carnevalli e Pedro Luis Alves Costa, vencido o Conselheiro Robson José Bayerl; d) por maioria de votos, em negar provimento para afastar do polo passivo as demais pessoas físicas que apresentaram recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Augusto Fiel Jorge D'Oliveira e Rodolfo Tsuboi; e, e) por unanimidade de votos, em negar provimento para afastar do polo passivo as demais pessoas jurídicas. Designado o Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira para redigir o voto vencedor quanto à exclusão da responsabilidade da pessoa jurídica CISCO do Brasil LTDA e das pessoas físicas Hélio Benetti Pedreira e Gustavo Henrique Castellari Procópio. ROBSON JOSÉ BAYERL - Presidente. ROSALDO TREVISAN - Relator. ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA - Redator Designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
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ementa_s : Assunto: Regimes Aduaneiros Período de apuração: 01/03/2007 a 31/08/2007 Ementa: DRJ. COMPETÊNCIA. CIRCUNSCRIÇÃO. JURISDIÇÃO NACIONAL. As DRJ possuem jurisdição nacional, podendo a Secretaria da RFB dispor sobre sua competência temática e sua circunscrição territorial. AUSÊNCIA DE TRANSCRIÇÃO INTEGRAL. PROCESSO JUDICIAL. ALEGAÇÃO GENÉRICA. NULIDADE. INEXISTÊNCIA. A simples alegação genérica de que deveriam ter sido transcritos todos os elementos do processo judicial (e não só aqueles que o autuante julgou necessários a sustentar o lançamento) não é suficiente para ocasionar a nulidade processual. AÇÃO FISCAL PRÉVIA INDIVIDUALIZADA. AUSÊNCIA. NULIDADE. INEXISTÊNCIA. A inexistência de procedimento fiscalizatório prévio não constitui mácula ensejadora de nulidade processual, visto que a fase contenciosa iniciada com a ciência da autuação permite a todos os sujeitos passivos exercerem sua defesa com pleno conhecimento das condutas que lhes são imputadas na autuação, e dos elementos probatórios que o fisco utiliza com a finalidade de motivar o lançamento. PROVA OBTIDA EM PROCESSO JUDICIAL. ADMISSIBILIDADE NO PROCESSO ADMINISTRATIVO. AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. A prova obtida em processo judicial penal, inclusive resultante de quebra de sigilo telefônico ou de dados, pode ser carreada ao processo administrativo, mormente quando expressamente autorizado pelo juízo competente. VALOR ADUANEIRO. SOFTWARE. IMPORTAÇÃO. CONDIÇÕES PARA EXCLUSÃO. A exclusão do montante referente ao software do valor aduaneiro fica permitida pela Decisão 4.1 do Comitê de Valoração Aduaneira, nas condições nela estabelecidas, tendo sido a decisão introduzida no ordenamento brasileiro pelo artigo 81 do Regulamento Aduaneiro. DESEMBARAÇO ADUANEIRO. HOMOLOGAÇÃO DE LANÇAMENTO. INEXISTÊNCIA. "REVISÃO ADUANEIRA". POSSIBILIDADE. É possível a "revisão aduaneira", não constituindo necessariamente tal ato mudança de critério jurídico. O desembaraço aduaneiro não homologa, nem tem por objetivo central homologar integralmente o pagamento efetuado pelo sujeito passivo. Tal homologação ocorre apenas com a "revisão aduaneira" (homologação expressa), ou com o decurso de prazo (homologação tácita). MULTA CONFISCO. IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE ADMINISTRATIVA. Conforme a Súmula CARF no 2, este tribunal administrativo não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (no caso, o art. 44 da Lei no 9.430/1996 e o parágrafo único do art. 88 da Medida Provisória no 2.158-35/2001). MULTA DE OFÍCIO. MULTA ADMINISTRATIVA. CUMULATIVIDADE. POSSIBILIDADE. Além da expressa possibilidade derivada dos comandos legais, é possível a aplicação da multa prevista no art. 88 da Medida Provisória no 2.158-35/2001 e da multa prevista no art. 44 da Lei no 9.430/1996 para uma mesma situação fática, pois as multas incidem sobre objetos diferentes, em decorrência da tutela de bens jurídicos diversos, o que é facilmente perceptível, inclusive matematicamente: (a) é possível incidir em valores significativos a multa do art. 88 mesmo em um cenário de alíquotas zero para todos os tributos devidos na importação, pois o montante de tributo que deixou de ser pago, no caso, é irrelevante; e (b) da mesma forma, é possível que, v.g., por uma classificação dolosamente efetuada de forma incorreta, seja aplicável a multa de ofício majorada referida no art. 44, sem que se configure a situação descrita no art. 88, por ser irrelevante, no caso, o preço. Contudo, se a situação ensejar discussão de preço e de tributos devidos, cabível a aplicação de ambas as multas. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. INTERESSE COMUM. As pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal são solidariamente obrigadas em relação ao crédito tributário. A pessoa, física ou jurídica, que concorra, de alguma forma, para a prática de atos fraudulentos ou deles se beneficie responde solidariamente pelo crédito tributário decorrente, inclusive no que se refere a infrações. MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO. JUROS DE MORA. INCIDÊNCIA. IMPOSSIBILIDADE. Carece de base legal a incidência de juros de mora sobre multa de lançamento de ofício.
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COMPETÊNCIA. CIRCUNSCRIÇÃO. JURISDIÇÃO NACIONAL. As DRJ possuem jurisdição nacional, podendo a Secretaria da RFB dispor sobre sua competência temática e sua circunscrição territorial. AUSÊNCIA DE TRANSCRIÇÃO INTEGRAL. PROCESSO JUDICIAL. ALEGAÇÃO GENÉRICA. NULIDADE. INEXISTÊNCIA. A simples alegação genérica de que deveriam ter sido transcritos todos os elementos do processo judicial (e não só aqueles que o autuante julgou necessários a sustentar o lançamento) não é suficiente para ocasionar a nulidade processual. AÇÃO FISCAL PRÉVIA INDIVIDUALIZADA. AUSÊNCIA. NULIDADE. INEXISTÊNCIA. A inexistência de procedimento fiscalizatório prévio não constitui mácula ensejadora de nulidade processual, visto que a fase contenciosa iniciada com a ciência da autuação permite a todos os sujeitos passivos exercerem sua defesa com pleno conhecimento das condutas que lhes são imputadas na autuação, e dos elementos probatórios que o fisco utiliza com a finalidade de motivar o lançamento. PROVA OBTIDA EM PROCESSO JUDICIAL. ADMISSIBILIDADE NO PROCESSO ADMINISTRATIVO. AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. A prova obtida em processo judicial penal, inclusive resultante de quebra de sigilo telefônico ou de dados, pode ser carreada ao processo administrativo, mormente quando expressamente autorizado pelo juízo competente. VALOR ADUANEIRO. SOFTWARE. IMPORTAÇÃO. CONDIÇÕES PARA EXCLUSÃO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 78 2. 00 00 10 /2 01 0- 54 Fl. 9187DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 2 A exclusão do montante referente ao software do valor aduaneiro fica permitida pela Decisão 4.1 do Comitê de Valoração Aduaneira, nas condições nela estabelecidas, tendo sido a decisão introduzida no ordenamento brasileiro pelo artigo 81 do Regulamento Aduaneiro. DESEMBARAÇO ADUANEIRO. HOMOLOGAÇÃO DE LANÇAMENTO. INEXISTÊNCIA. "REVISÃO ADUANEIRA". POSSIBILIDADE. É possível a "revisão aduaneira", não constituindo necessariamente tal ato “mudança de critério jurídico”. O desembaraço aduaneiro não homologa, nem tem por objetivo central homologar integralmente o pagamento efetuado pelo sujeito passivo. Tal homologação ocorre apenas com a "revisão aduaneira" (homologação expressa), ou com o decurso de prazo (homologação tácita). MULTA CONFISCO. IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE ADMINISTRATIVA. Conforme a Súmula CARF no 2, este tribunal administrativo não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (no caso, o art. 44 da Lei no 9.430/1996 e o parágrafo único do art. 88 da Medida Provisória no 2.15835/2001). MULTA DE OFÍCIO. MULTA ADMINISTRATIVA. CUMULATIVIDADE. POSSIBILIDADE. Além da expressa possibilidade derivada dos comandos legais, é possível a aplicação da multa prevista no art. 88 da Medida Provisória no 2.15835/2001 e da multa prevista no art. 44 da Lei no 9.430/1996 para uma mesma situação fática, pois as multas incidem sobre objetos diferentes, em decorrência da tutela de bens jurídicos diversos, o que é facilmente perceptível, inclusive matematicamente: (a) é possível incidir em valores significativos a multa do art. 88 mesmo em um cenário de alíquotas zero para todos os tributos devidos na importação, pois o montante de tributo que deixou de ser pago, no caso, é irrelevante; e (b) da mesma forma, é possível que, v.g., por uma classificação dolosamente efetuada de forma incorreta, seja aplicável a multa de ofício majorada referida no art. 44, sem que se configure a situação descrita no art. 88, por ser irrelevante, no caso, o preço. Contudo, se a situação ensejar discussão de preço e de tributos devidos, cabível a aplicação de ambas as multas. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. INTERESSE COMUM. As pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal são solidariamente obrigadas em relação ao crédito tributário. A pessoa, física ou jurídica, que concorra, de alguma forma, para a prática de atos fraudulentos ou deles se beneficie responde solidariamente pelo crédito tributário decorrente, inclusive no que se refere a infrações. MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO. JUROS DE MORA. INCIDÊNCIA. IMPOSSIBILIDADE. Carece de base legal a incidência de juros de mora sobre multa de lançamento de ofício. Fl. 9188DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 12782.000010/201054 Acórdão n.º 3401003.199 S3C4T1 Fl. 9.026 3 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado em dar parcial provimento aos recursos voluntários, da seguinte forma: a) por maioria de votos, para excluir a aplicação dos juros de mora sobre a multa de ofício, vencidos os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida e Robson José Bayerl; b) por maioria de votos, para afastar do polo passivo, a pessoa jurídica CISCO do Brasil LTDA e as pessoas físicas Hélio Benetti Pedreira e Gustavo Henrique Castellari Procópio, vencidos os Conselheiros Rosaldo Trevisan, Fenelon Moscoso de Almeida e Robson José Bayerl; c) por maioria de votos, para afastar do polo passivo as pessoas físicas Carlos Roberto Carnevalli e Pedro Luis Alves Costa, vencido o Conselheiro Robson José Bayerl; d) por maioria de votos, em negar provimento para afastar do polo passivo as demais pessoas físicas que apresentaram recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Augusto Fiel Jorge D'Oliveira e Rodolfo Tsuboi; e, e) por unanimidade de votos, em negar provimento para afastar do polo passivo as demais pessoas jurídicas. Designado o Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira para redigir o voto vencedor quanto à exclusão da responsabilidade da pessoa jurídica CISCO do Brasil LTDA e das pessoas físicas Hélio Benetti Pedreira e Gustavo Henrique Castellari Procópio. ROBSON JOSÉ BAYERL Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Redator Designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). Relatório Versa o presente sobre autos de infração lavrados em 18/02/2010 (fls. 3 a 6, 7 a 10, 11 a 14 e 15 a 18, com ciência pessoal à empresa “PRIME” em 28/05/2010 fls. 4, 8, 12 e 161), para exigência de: (a) Imposto de Importação (no valor de R$ 73.507,26) acrescido de juros de mora (R$ 20.795,82), multa de ofício de 150% em relação ao imposto (R$ 110.260,89) e de multa pela diferença entre o preço declarado e o arbitrado (R$ 564.139,02); (b) Imposto sobre Produtos Industrializados (no valor de R$ 89.572,61) acrescido de juros de mora (R$ 25.169,16), multa de ofício de 150% em relação ao imposto (R$ 134.358,91); (c) Contribuição para o PIS/PASEPimportação (no valor de R$ 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 9189DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 4 11.252,29) acrescido de juros de mora (R$ 3.176,85), multa de ofício de 150% em relação à contribuição (R$ 16.878,43); e (d) COFINSimportação (no valor de R$ 51.828,73) acrescido de juros de mora (R$ 14.632,78), multa de ofício de 150% em relação à contribuição (R$ 77.743,09). A fiscalização conclui que restou apurada a ocultação/simulação da real adquirente da mercadoria (“MUDE”) pela importadora (“PRIME”), e que foi comprovado subfaturamento nas importações relacionadas nos Anexos 3 e 4 do Relatório de Auditoria Fiscal (RAF), sendo os preços das mercadorias efetivamente praticados aqueles encontrados nas faturas da Fabricante Cisco System INC., cf. art. 88 da Medida Provisória no 2.158 35/2001. No RAF (fls. 23 a 309), narrase que: (a) o objeto da fiscalização é a verificação do cumprimento de obrigações fiscais da empresa “PRIME”, em especial o subfaturamento em importações formalmente registradas em seu nome, mas realizadas por conta e ordem da empresa “MUDE” (Grupo “MUDE/CISCO”), de março a agosto de 2007; (b) a ação fiscal tem origem em procedimento criminal, no qual os servidores da RFB foram chamados a atuar como assistentes técnicos, tendo sido obtida autorização judicial para flexibilização de sigilo telefônico e de dados, franqueandose os resultados ao fisco; (c) com base em documentos e arquivos magnéticos apreendidos em 16/07/2007, na “operação PERSONA”, e em laudo pericial elaborado pela Polícia Federal, a fiscalização verificou que os equipamentos de telecomunicações (hardware) importados eram devidamente acompanhados dos respectivos softwares, embora esse fato não fosse declarado à RFB, objetivando reduzir indevidamente a base de cálculo dos tributos incidentes na importação; (d) os preços efetivamente praticados foram apurados a partir das faturas comerciais emitidas pela fabricante “CISCO SYSTEMS INC”, situada nos Estados Unidos da América (“CISCO EUA”), relacionandoos às Declarações de Importação (DI); (e) o esquema de interposição já foi relatado e comprovado em vários processos administrativos fiscais (autos de infração lavrados) como o de no 12782.000004/200963 (AI lavrado contra a empresa “MUDE”), e envolvia várias empresas interpostas, incluindo exportadoras situadas nos EUA, importadoras e distribuidoras brasileiras, empresas de despacho e assessoria, transportadores e o distribuidor americano da marca “CISCO”; (f) a “CISCO SYSTEMS INC” (“CISCO EUA”) é a matriz e principal estabelecimento empresarial do “grupo CISCO”, líder mundial na fabricação de roteadores, detentora de mais de 70% do mercado de tais equipamentos no Brasil, embora não exerça aqui atividades industriais, sendo sua subsidiária, a “CISCO” Brasil, um escritório de vendas; (g) o modelo de interposição está representado na figura de fl. 37, e sinteticamente é o seguinte: (1) após o pedido do comprador brasileiro, a Fl. 9190DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 12782.000010/201054 Acórdão n.º 3401003.199 S3C4T1 Fl. 9.027 5 “CISCO” indicava um revendedor de seus produtos (“MUDE”), que fazia o pedido junto à “CISCO EUA”, sendo que a “CISCO” não realizava as importações diretamente de sua matriz, mas “terceirizava” as operações via “MUDE”; (2) a “CISCO EUA” também não vendia diretamente para o Brasil, mas a um distribuidor (“MUDE USA”), que revendia a um exportador interposto (v.g. LOGCIS, GSD, LATAM, 3TECH, ROMFORD), que por sua vez exportava a uma empresa no Brasil (no presente processo, a “PRIME”, uma das várias empresas interpostas empregadas no esquema fraudulento de importações, que incluía o subfaturamento), sempre sob o controle da “MUDE”; (3) a documentação era emitida em nome do importador interposto (“PRIME”), que nacionalizava a mercadoria como se fosse seu real adquirente; (4) após a importação, a importadora interposta (“PRIME”) simulava venda transferindo à distribuidora interposta (v.g. TECNOSUL), que, no mesmo dia, simulava uma venda para o real adquirente (“MUDE”), seguindo as mercadorias diretamente do local de desembaraço aduaneiro para o real adquirente (“MUDE”); (5) os recursos para liquidação do contrato de câmbio e pagamento de tributos eram repassados da real adquirente (“MUDE”) para a distribuidora, que, por sua vez, os repassava à importadora interposta, sendo que estas duas últimas não possuíam capacidade econômicofinanceira para realização das importações; (6) no exterior, os recursos enviados ao exportador interposto seguiam ao distribuidor, chegando ao real exportador/fabricante; (7) assim, em síntese, o que ocorria de fato era um exportação da “CISCO EUA” para a “MUDE”, real adquirente e detentora dos recursos financeiros, mediante “duplo grau de blindagem” duas interpostas, tanto na importação quanto na exportação; (h) as empresas participantes do esquema formavam organização sob comando único (Grupo “MUDE/CISCO”), interagindo em uma série de operações simuladas, que permitiam o abastecimento do mercado nacional com os produtos CISCO gozando de indevida redução de tributos; (i) tais empresas, que movimentaram milhões de reais, normalmente tinham em seus quadros societários empresas offshore (sediadas em “paraísos fiscais”) ou pessoas desprovidas de recursos (“laranjas”), como pedreiros, ambulantes, operadores de “telemarketing”, auxiliares de escritório e ferramenteiros, tendo sido efetuados aprimoramentos ao esquema ao longo dos anos; (j) a “PRIME”, constituída em 05/08/2003, com capital de R$ 300.000,00 e três funcionários, e habilitada a operar no comércio exterior em 05/02/2004, importou em 16 meses aproximadamente US$ 84,5 milhões (90% proveniente da empresa “3 TECHEUA”), vendendo as mercadorias importadas à distribuidora interposta “TECNOSUL”, por R$ 293.057.623,52, e iniciou distribuição de lucros com apenas três meses de operação, à “SOFTWARE LINKS”, sócio com sede às Ilhas Bahamas, por meio de uma conta no Uruguai (no montante de R$ 42.045.571,40) Fl. 9191DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 6 valores de venda e distribuição extraídos do livro Razão Analítico da empresa; (k) apesar da movimentação, a “PRIME” não teve no período qualquer investimento em ativo imobilizado, operando em modesto imóvel alugado, sem estoques de mercadoria (cf. DIPJ/2005), tendo como despesas em 2004 R$ 10.617,70 em salários, R$ 814,66 em energia elétrica, R$ 1.202,76 em FGTS e R$ 3.361,25 em INSS – dados também extraídos do livro Razão Analítico da empresa; (l) em 17/02/2004 é criada a distribuidora “TECNOSUL”, que passa a demonstrar desempenho ainda mais assombroso: com capital subscrito de R$ 50.000,00, e sem funcionários registrados, efetuou compras, em 2004, no valor de R$ 293.000.000,00 (provenientes exclusivamente da empresa “PRIME”, e destinados quase totalmente, cf. DIPJ, à empresa “MUDE”); (m) o sócio da “PRIME” A K. Nakashima (5% do capital social e procurador da “SOFTWARE LINKS”95%) é cunhado e vizinho de M. Zenatti, da “TECNOSUL”, em residências de classe média baixa, com valor entre R$ 40.000,00 e 50.000,00; (n) o “sócio” Nakashima, em depoimento à Polícia Federal, em 31/10/2007, esclareceu que não era proprietário da empresa e que recebia salário de R$ 2.500,00 reais pela cessão de nome para compor o quadro societário excerto à fl. 68 (o que é endossado pela planilha de pagamentos apreendida na empresa “PRIME” fl. 68), e que Cid GUARDIA Filho lhe entregou os documentos da “SOFTWARE LINKS” fls. 73/74; (o) a partir de 2005, a “PRIME” deixa de importar (por ter sido sua habilitação cancelada), assumindo outra empresa em seu lugar no grupo (“BRASTEC”), cabendo destacar que cerca de 90% das importações da “PRIME” e da “BRASTEC” eram de produtos “CISCO” (tabela à fl. 46); (p) o modelo com a empresa “BRASTEC” funciona sem alterações até agosto de 2006, mês em que é deflagrada a “Operação DILÚVIO”, retirandose do esquema a empresa estrangeira “FULFILL HOLDING” (que se interpunha entre a “CISCO EUA” e a “3 TECH”“exportadora” para o Brasil) e ingressando em seu lugar a empresa “MUDE USA”; (q) em janeiro de 2007, com a corregedoria da RFB tendo identificado irregularidades na habilitação da “BRASTEC”, e com o direcionamento da empresa para o canal cinza de conferência, a empresa “WAYTEC” retoma as importações de produtos “CISCO”, surgindo ainda um novo exportador: “LOGCIS”, também sediado em Miami/USA; (r) a partir de maio de 2007, com a volta à operação da “PRIME” (por força de decisão que teria revertido a decisão administrativa inicial que levou à declaração de inaptidão da empresa), atingese em cerca de um mês US$ 12.861.449,00 em importações (tabela às fls. 75/76), restando claro a partir de documentos apreendidos e de áudios transcritos (v.g. fls. 78 a 80) que a “PRIME” era, de fato, comandada por Cid GUARDIA Filho e Ernani Bertino MACIEL; Fl. 9192DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 12782.000010/201054 Acórdão n.º 3401003.199 S3C4T1 Fl. 9.028 7 (s) às fls. 50 a 142 do RAF são apresentadas as empresas participantes do esquema, desde o “Grupo K/E” (empresas importadoras e distribuidoras interpostas comandadas por Cid GUARDIA Filho e Ernani Bertino MACIEL, que chegaram a ter despesas pagas por contas bancárias do suposto proprietário da “PRIME”, A.K. Nakashima fls. 69 a 72); “CISCO EUA” e “CISCO” Brasil (beneficiária do esquema, e definidora do cliente final e das condições de venda, repassando o cliente à “MUDE”); “MUDE USA” (gerenciada por Luiz SCARPELLI Filho, que até 2006 era sócio da “MUDE”), exportadores interpostos (“GSD”, “3 TECH”, “ROMFORD”); distribuidoras interpostas (“TECNOSUL”, com quadro societário formado por um ferramenteiro e por uma operadora de “telemaketing”, com capacidade econômica incompatível vide resumo de patrimônio declarado/IRPF, fls. 83 e 84 para compor uma empresa que movimentou, em três anos, mais de R$ 1 bilhão faturamento declarado IRPJ); empresas de logística (como a “WHAT’S UP” cf. documentos de fls. 123 a 13/ Anexo 10 do RAF, que controlava os processos de importação em andamento, e tinha no quadro societário as duas filhas de Reinaldo de Paiva GRILLO, gerente da área de importação da “MUDE”); e real adquirente (“MUDE”), que comanda todas as operações, não só financeiramente, mas operacionalmente, sendo controladora (100%) da “MUDE USA”; (t) a “MUDE” sofreu diversas alterações societárias, sendo seus sócios no momento da autuação Fernando Machado GRECCO (75%) e Hélio Benetti PEDREIRA (25%), tendo sido anteriormente sócios José Roberto Pernomian RODRIGUES, Marcílio Palhares LEMOS, Luiz SCARPELLI Filho; e as empresas estrangeiras “FULFILL” (com sede nas Ilhas Virgens Britânicas, cujo responsável perante a RFB é a própria “MUDE”, tendo como procurador o gerente financeiro da “MUDE”, Marcílio Palhares LEMOS), e “NORDSTROM” (com sede no Panamá, cujo procurador é o responsável pelo setor administrativo da “MUDE”, Gustavo Henrique Castellari PROCÓPIO); (u) as documentações judicialmente apreendidas (v.g. agenda da funcionária da “MUDE” Patrícia Saviolli Anexo 6 do RAF; e estudo de escritório de advocacia sobre possíveis fragilidades do esquema e eventuais penalidades que seriam aplicadas pelo fisco em caso de detecção de interposição Anexo 7 do RAF) revelam que a empresa era efetiva controladora financeira e operacional das atividades do esquema; (v) no email transcrito às fls. 107/108, percebese que Marcílio Palhares LEMOS (gerente financeiro e exadministrador da “MUDE”) destaca que a empresa estaria com problemas de fluxo de caixa por ter que antecipar impostos e taxas para liberação de cargas (endossando a operacionalidade descrita para o esquema fraudulento); (w) o controle financeiro, na “MUDE”, é exercido por Marcílio Palhares LEMOS, gerente financeiro, que controlava o fluxo financeiro da empresa e das interpostas, o que se comprova por documentos apreendidos em sua residência (excertos às fls. 110 a 120); Fl. 9193DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 8 (x) o controle operacional era efetuado por Reinaldo de Paiva GRILLO, efetivo gerente da “WHAT’S UP”, procurador da “FULFILL” (exsócia majoritária da “MUDE”), representante da “RAYWELL” (com sede nas Ilhas Virgens Britânicas, sócia majoritária da “FULFILL”, que tinha como sócios também dois panamenhos, que também eram sócios da “NORDSTROM”, que foi sócia da “MUDE”), exfuncionário da “PHASE2” (com quadro societário também permeado por pessoas repetidamente referidas neste autos), e efetivo “gerente de importação” da “MUDE” (como comprovam documentos como os de fls. 132 a 134 e o Anexo 16 do RAF), sendo que foi possível em transcrições de áudio confirmar que GRILLO estabelecia o conteúdo das faturas (invoices) de exportação fl. 142, e que havia nos computadores da “WHAT’S UP”/ “MUDE” arquivos magnéticos apreendidos contendo faturas do ano de 2007 da “MUDE USA” e da “FULFILL” para os exportadores interpostos, e destes para os importadores interpostos fl. 130/Anexo 14 do RAF; (y) os benefícios das fraudes são relacionados às fls. 142 a 204 do RAF (ausência ou pagamento a menor de ICMS na importação; quebra da cadeia do IPI; e subfaturamento, pela não inclusão do “software” no valor aduaneiro das mercadorias importadas exemplos concretos às fls. 191 a 204); (z) presentes a fraude, a sonegação e o conluio, como demonstrado, não restou dúvida de que o “preço efetivamente praticado na importação” era aquele consignado na invoice emitida pela “CISCO EUA” (sendo possível identificar as mercadorias ao longo das operações realizadas com as interpostas por meio de um código “referência brasoft#484”, que as acompanha em todo o percurso); (aa) a redução da base de cálculo ocorria mediante duas formas de “SPLIT”: (1) embora a “CISCO EUA” vendesse os roteadores com fatura contendo valor único, na distribuidora “MUDE USA” o grupo separava (documental, e não fisicamente) o software (programa dos roteadores) do hardware (roteador), efetuando venda separada às exportadoras interpostas; e (2) a separação entre software e hardware já aparecia nas faturas da a “CISCO EUA” (também de forma meramente documental), passando dali para diante a figurarem nas importações somente os valores de hardware (em documento transcrito à fl. 179, o grupo “MUDE” admite que possui “vantagem competitiva perante a concorrência em função do Split de Hardware e software”); (bb) o roteador é composto pelo hardware, que abrange os componentes físicos, e pelo software, responsável pelo gerenciamento das funcionalidades do equipamento; (cc) a “CISCO EUA” classifica os softwares em oito grupos, sendo o primeiro obrigatório (IP BASE) localizado dentro do roteador, acompanhandoo desde a saída da fábrica, e os outros sete opcionais (avançados); (dd) além de importações de roteadores, eram realizadas importações de software, em CD, o que reforça o dolo na obtenção de documentação Fl. 9194DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 12782.000010/201054 Acórdão n.º 3401003.199 S3C4T1 Fl. 9.029 9 comprobatória de importação regular do software, pois o software também já estava dentro dos roteadores importados (cf. se destaca às fls. 204 a 214, e cf. perícia técnica realizada em roteador retido durante despacho de importação, antes do desembaraço, por ordem da Justiça Federal, na Operação “PERSONA” Anexo 2 do RAF e fls. 224 a 230); (ee) a partir dos documentos apreendidos, foi possível reconstituir com precisão a base de cálculo das importações registradas e das já desembaraçadas (no RAF são relacionadas as provas colhidas às fls. 234 a 238); (ff) de março a julho de 2007, é comprovado o subfaturamento em 25 Declarações de Importação registradas pela “PRIME” (listadas na planilha do Anexo 4 do RAF, que detalha o tipo de fraude, sendo seguida pelos documentos comprobatórios exemplos dos dois tipos de fraude às fls. 239 a 241, e 242 a 244); (gg) são ainda, ao final do RAF, apontados outros elementos comprobatórios: (1) Roteiro intitulado “processos de compra e venda de softwares”, distribuído pelos dirigentes da “MUDE” a seus funcionários (no qual chegase a descrever que a importação do software seria “fictícia”, e que no caso de o software já estar integrado no hardware, o software é “jogado fora”); (2) anotação feita por funcionária da “MUDE” apontando riscos no split, tendo em vista o módulo ser “faturado splitado” e “físico integrado”); e (3) arquivo apreendido na residência de Marcelo Naoki IKEDA, com slides de apresentação informando que para importação, a “MUDE” precisa de fatura se part number separados, e qual a economia com isso; (hh) ao tratar da participação dos dirigentes, o RAF traz conversas que revelam explicitamente a ciência por diretores de que a “MUDE”, na expressão por eles usada, faz a separação software/hardware “na cara dura”, com proposta de “fazer uma simulação bem mais agressiva em software”, e frases como “ele vinha com um produto só, era mais cara de pau para a MUDE importar separado”; e (ii) solidariamente à “PRIME” se apresentam, além das pessoas físicas destacadas (termos individualizados indicados a seguir) as empresas “CISCO” e “MUDE”, pelo interesse comum, sendo a última também responsável solidária por expressa determinação legal (art. 32, parágrafo único, “c” do DecretoLei no 37/1966); (jj) são, assim, em síntese, relacionados no polo passivo como solidárias as seguintes pessoas: Pessoa Razões (síntese) Termo às folhas MUDE Comércio e Serviços LTDA Ocultada pela “PRIME”, é a real adquirente das mercadorias (com composição já descrita no RAF), e controladora da “MUDE LATAM LLC” USA (100%). Não apresenta recolhimentos de IPI. 2483 a 2531 Fl. 9195DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 10 Possui estreita vinculação com a “CISCO”, capitaneada por Carlos Roberto CARNEVALI. Organograma às fls. 2508/2509. CISCO do Brasil LTDA A “CISCO”, conforme documentado no RAF, define o preço e as condições do negócio em relação aos compradores finais (“end user”) dos roteadores. Participação ativa no esquema caracterizada em documentos e transcrições de áudio como a de fls. 2591 a 2593 e 2597 a 2605. Toda a cadeia do esquema é acionada a partir da negociação da “CISCO” com o cliente final. 2573 a 2630 Fernando Machado GRECCO Sócio e exsócio de diversas empresas do grupo (“MUDE”75%; “MUDE EUA”Presidente; “UNIÃO DIGITAL”3,50%; “FULFILL”3,55%, empresa com débitos de R$ 42 milhões inscrito em dívida ativa; “PHASE2”3,55% utilizada pelo grupo para ocultar mediante offshore os verdadeiros proprietários; e “ORPHEUS” 99,98%). Atua efetivamente na “MUDE”, onde ocupou o cargo de diretor de marketing, à época dos fatos. É um dos grandes beneficiários do esquema, e procurador da offshore “CANSONS”, sócia da “PHASE2” (na “MUDE” foi encontrada planilha intitulada “QUADROS SOCIETÁRIOS GRUPO” relacionando a “PHASE2”, que ocupava o mesmo endereço da “FULFILL”, que antecedeu a “MUDE” no esquema). Vários documentos apreendidos em sua residência (fls. 1334 a 1342) indicam a participação ativa no esquema. Documentos comprovam o evento denominado venda de 75% da “MUDE” pelo grupo JDTC. Após a venda, IKEDA, SCARPELLI e GRECCO (Grupo LIG) teriam 75% e o Grupo JDTC teria 25% da “MUDE”. 1322 a 1367 Marcelo Naoki IKEDA Faz parte do grupo desde a “UNIÃO DIGITAL”, tendo vinculação com a “FULFILL” (fl. 4419/4420). Os organogramas encontrados nas diversas apreensões dão conta de sua posição de diretor comercial da “MUDE” e do conhecimento do esquema (fls. 4421/4422). Assinou como responsável pela offshore “CASPIAN OVERSEAS”, que passou a deter ações da “FULFILL” (fl. 4423). Após a Operação PERSONA, retificou suas declarações de IRPF para reconhecer ser proprietário da offshore “CORDELL”. Documentos comprovam o evento denominado venda de 75% da “MUDE” pelo grupo JDTC. Após a venda, IKEDA, SCARPELLI e GRECCO (Grupo LIG) teriam 75% e o Grupo JDTC teria 25% da “MUDE”. 4417 a 4617 Marcílio Palhares LEMOS É sócio ou possui vínculo com as seguintes empresas do grupo: “PLCON” (90%); “CBFM” (56%); “MUDE” (exadministrador) e “PHASE2” (exadministrador). À época dos fatos era diretor financeiro da “MUDE”, e o mentor financeiro do grupo e de todo o fluxo financeiro do esquema, inclusive estrangeiras e offshore, cf. documentos referidos às fls. 3478 a 3536. 3474 a 3539 Fl. 9196DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 12782.000010/201054 Acórdão n.º 3401003.199 S3C4T1 Fl. 9.030 11 Moacyr Álvaro SAMPAIO Sócio e exsócio de diversas empresas do grupo, como “UNIÃO DIGITAL” e “JDTC”. Ocupava, à época dos fatos, o cargo mais elevado (CEO) na “MUDE”. Apesar de não constar formalmente do quadro societário da “MUDE”, documentos relacionados às fls. 2989 a 3039 comprovam que é um dos grandes mentores do esquema. Participa ainda do quadro societário da “MUDE EUA” e de uma exportadora interposta, a “LOGCIS”. Também retificou suas declarações IRPF após a Operação PERSONA, diversas vezes, para reconhecer participação em diversas empresas offshore, por meio das quais recebia distribuição disfarçada de lucros no negócio. 2986 a 3059 Hélio Benetti PEDREIRA Sócio e exsócio de diversas empresas do grupo, como “UNIÃO DIGITAL” e “JDTC”. Participando explicitamente do quadro societário da “MUDE” (25%), compõe os quadros hierárquicos superiores do grupo, ao lado de SAMPAIO, CARNEVALI, COSTA, GRECCO, IKEDA, SCARPELLI e RODRIGUES. Documentos relacionados às fls. 2680 a 2714 comprovam que tem pleno conhecimento, pratica atos de gestão e se beneficia do esquema. Também retificou suas declarações de IRPF após a Operação PERSONA para reconhecer participações em offshores do esquema. 2674 a 2730 Gustavo Henrique Castellari PROCÓPIO É advogado, e pertence ao grupo desde o início (“UNIÃO DIGITAL”), tendo participação em offshores como a “CORDELL” e a “NORDSTROM”. Na “MUDE”, foi promovido a gerente de operações por RODRIGUES (diretor de operações), reportandose diretamente a ele, cf. organograma de fl. 4258. Seus conhecimentos são importantes da manutenção das simulações do grupo sob investigação, e, atuando com respaldo em procuração que lhe dão plenos poderes de gestão sobre empresas do grupo, participa efetivamente do esquema, conforme documentos relacionados às fls. 4259 a 4285. 4256 a 4288 José Roberto Pernomian RODRIGUES Sócio e exsócio de diversas empresas do grupo, como “DBRO” e “MUDE”, e responsável por empresas estrangeiras. Diretor Operacional do grupo “MUDE”, é um dos mentores do esquema de interposição fraudulenta e subfaturamento. Entre os diretores, é o mais atuante, cf. organogramas de fls. 3888 e 3889 e documentos relacionados às fls. 3889 a 3917. Sua jurisdição se estende a outras empresas do grupo, além da “MUDE”. Sócio oculto da JDTC, que tem na “MUDE” um de seus investimentos no país. 3886 a 3921 Luiz SCARPELLI Filho Apresentou declaração de saída definitiva do país em 25/02/2007, constando agora como residente nos EUA. Era sócio da “MUDE” (diretor de operações, sucedido por RODRIGUES) e mentor 3591 a 3634 Fl. 9197DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 12 do esquema, ao lado de outros diretores. Até 2006, o quadro societário da “MUDE” tinha somente SCARPELLI (0,16%) e a offshore “NORDSTROM” (99,84%), cujos sócios são “laranjas” vinculados a escritório de advocacia especializado em criar offshores. Após o crescimento da estrutura fraudulenta, o grupo optou por enviálo aos EUA para defender os interesses negociais lá. Nos EUA, passou a constar formalmente como controlador das empresas utilizadas na fraude (“MUDE EUA” e “LOGCIS”). Sua participação ativa é endossada pelos documentos relacionados às fls. 3593 a 3630. Pedro Luis Alves COSTA É sócio ou foi administrador de diversas empresas do grupo, como “UNIÃO DIGITAL”, “PHASE2”, “JDTC” e “DBRO”. Assina pela empresa offshore “CANSONS”, uma das principais do esquema (entre outras, como a “ZENROSS”, e “SINBOLD”), e compõe os altos quadros hierárquicos do grupo “JDTC”. A planilha de fl. 1772 representa a participação de cada membro na venda da “MUDE”, inclusive de COSTA. A participação ativa é demonstrada ainda nos documentos de fls. 1773 a 1796. 1761 a 1799 Reinaldo de Paiva GRILLO Era procurador da offshore “FULFILL HOLDING”, exsócia majoritária da “MUDE”, e representante da offshore “RAYWELL OVERSEAS”. Foi funcionário da “PHASE2” e, à época dos fatos, chefiava a “WHAT’S UP”, formalmente em nome de suas filhas, que prestava assessoria de comércio exterior ao grupo (em verdade, tal empresa era o setor de importação da “MUDE”, que controlava os trâmites desde a compra nos EUA até a chegada nos depósitos da “MUDE”). Tinha efetiva participação no esquema, conforme documentos relacionados às fls. 1713 a 1736. 1711 a 1739 Carlos Roberto CARNEVALI Era vicepresidente da “CISCO” para a América Latina até ser demitido, após a deflagração da Operação PERSONA. Possui antiga relação com Hélio Benetti PEDREIRA, com quem montou, ao lado da “CISCO”, a “UNIÃO DIGITAL”, que em pouco tempo se tornou a maior revendedora “CISCO” para a América Latina. Assina pelas offshores “HARBORSIDE” e “PULLMANN” (que recebeu pagamentos da “CANSONS”). Mesmo após a lavratura de Auto de Infração referente a ICMS de R$ 81 milhões contra a “UNIÃO DIGITAL”, a sociedade entre eles permaneceu, na atual “MUDE”. Os principais líderes do grupo “MUDE” se reuniam com CARNEVALI (cf. fl. 1955), tratando explicitamente sobre as operações do esquema, e sua gestão, cf. documentos relacionados às fls. 1958 a 1989, apresentando fortes indícios de ser sócio oculto da “JDTC”. Havia preocupação do grupo “MUDE” em não mencionar seu nome, pois era sócio da “CISCO” (cf. documento de fl. 1965). 1950 a 1992 Fl. 9198DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 12782.000010/201054 Acórdão n.º 3401003.199 S3C4T1 Fl. 9.031 13 Cid GUARDIA Filho Conhecido como “KIKO”, é também sócio de várias empresas vinculadas ao grupo, e, ao lado de MACIEL, o controlador do grupo “K/E”, que gerencia, de fato, as importadoras interpostas “BRASTEC”, “PRIME” e “ABC”, e as distribuidoras interpostas “NACIONAL” e “TECNOSUL”. O grupo “K/E” é proprietário da cadeia logística que propicia ao grupo “JDTC/MUDE” importar mercadorias estrangeiras sem aparecer nas importações (exceto pela empresa “WAYTEC”, única importadora interposta que não pertence a “K/E”). A participação é demonstrada pelo já exposto no RAF e pelos documentos relacionados às fls. 2345 a 2383. 2343 a 2387 Ernani Bertino MACIEL Atuava ao lado de GUARDIA (KIKO), sendo também sócio de várias empresas vinculadas ao grupo, e controlador do grupo “K/E”, que gerencia, de fato, as importadoras interpostas “BRASTEC”, “PRIME” e “ABC”, e as distribuidoras interpostas “NACIONAL” e “TECNOSUL”. O grupo “K/E” é proprietário da cadeia logística que propicia ao grupo “JDTC/MUDE” importar mercadorias estrangeiras sem aparecer nas importações (exceto pela empresa “WAYTEC”, única importadora interposta que não pertence a “K/E”). A participação é demonstrada pelo já exposto no RAF e pelos documentos relacionados às fls. 1562 a 1587. 1560 a 1590 A empresa “PRIME” apresenta impugnação em 27/06/2010 (fls. 4773 a 4794), sustentando que: (a) há nulidade na autuação, por ser fundada em provas (exclusivamente) obtidas no âmbito de procedimentos criminal ainda em curso (conversas telefônicas com quebra de sigilo decretadas no procedimento criminal, depoimentos prestados perante a Polícia Federal, e comunicações telemáticas), em violação ao contraditório, à ampla defesa e ao devido processo legal (pela não definitividade dos documentos, e pelo fato de depoimentos prestados à Polícia Federal terem sido alterados quando renovados na esfera judicial); (b) há nulidade da autuação porque as alegações do fisco não se referem especificamente às operações objeto do auto de infração, sendo genéricas e referidas ao passado, configurando utilização indevida de presunção (alastrando às operações em tela fatos relativos a outras), e prova emprestada (em relação a perícia realizada em carga de terceiros)/presunção; (c) há ilegitimidade na acusação de subfaturamento, pois o software não é tributado na importação; Fl. 9199DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 14 (d) não foi observado o procedimento especial de valoração aduaneira; (e) a empresa não é responsável pela infração, vez que a própria fiscalização reconhece que ela não teve qualquer participação na prática dos atos referidos no relatório fiscal referentes a subfaturamento, apenas atuando como ocultante da empresa “MUDE”, conduta punida com a multa prevista no art. 33 da Lei no 11.488/2007, devendo a responsabilidade ser, no caso, pessoal do agente (art. 137 do CTN), inclusive pelo crédito tributário (art. 135 do CTN); (f) não há possibilidade de cumulação das multas previstas no art. 44, II da Lei no 9.430/1996 (150% sobre a diferença de tributos) e no art. 88, parágrafo único da Medida Provisória no 2.15835/2001 (100% sobre a diferença entre o preço declarado e o efetivamente praticado), conforme art. 99 do DecretoLei no 37/1966, e estas são confiscatórias; e (g) é ilegítima a forma de cálculo dos valores de IPIImportação, Contribuição para o PIS/PASEPimportação e COFINSimportação, sem levar em consideração os créditos decorrentes das entradas dos produtos no estabelecimento da empresa. As impugnações apresentadas pelos responsáveis solidários trazem argumentos comuns aos apresentados pela “PRIME” (que serão no quadro abaixo designados apenas pelas letras correspondentes aos itens da impugnação da “PRIME”, adotadas acima) e argumentos diversos (a serem relacionados sinteticamente no quadro abaixo): Pessoa Razões/argumentos da Impugnação síntese (no caso de repetição, relacionase somente a letra correspondente, entre aspas) folhas MUDE Comércio e Serviços LTDA “(b)”, no que se refere a presunções, afirmando que não há nos autos um único documento de conhecimento da impugnante que demonstre subfaturamento, e a provas emprestadas (do processo judicial, sem aprofundamento administrativo), e que a perícia foi conduzida de forma parcial, e que foram analisados somente 14 modelos de equipamento da “CISCO” (restando 3 sem análise, conforme reconhece a perícia), estendendose a presunção aos demais, sendo que nenhum deles era de declaração de importação da “PRIME”; “(f)”, seja a multa de natureza administrativa ou tributária, pela especificidade (art. 11 do DecretoLei no 326/1967), havendo ainda violação ao princípio da proporcionalidade; “(g)”, em relação aos créditos de IR/Fonte e CIDE, surgidos de eventual pagamento a maior decorrente da linha dotada pelo fisco; (h) a autuação é nula porque foi pessoal, visto que os autuantes foram assistentes técnicos no processo criminal; (i) diante da extensão da autuação, o prazo para impugnação foi insuficiente, configurando ofensa ao contraditório e à ampla defesa (destacandose que o que se deseja não é a prorrogação do prazo, mas a decretação da nulidade); (j) o auto é nulo, pois o material probatório obtido prestase somente à instrução da ação penal, não podendo ser utilizado no processo administrativo, por violar os incisos X (intimidade, 5532 a 5669 Fl. 9200DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 12782.000010/201054 Acórdão n.º 3401003.199 S3C4T1 Fl. 9.032 15 honra, vida privada...), XI (casa) e XII (correspondência e comunicações telefônicas) do art. 5o da Constituição Federal, e o disposto na Lei no 9.296/1996; (k) vários documentos e provas sequer correspondem aos períodos objeto da autuação, não podendo embasar a exigência fiscal; (l) há nulidade na autuação, por cerceamento de defesa, por não terem sido transcritas integralmente as provas judicialmente obtidas (sobretudo interceptações telefônicas, que às vezes sequer eram parcialmente transcritas, existindo apenas “resumos” elaborados pelo próprio fisco), e por não ter sido colacionada a totalidade dos documentos que embasam a autuação; (m) há nulidade na autuação por existirem contradições e equívocos; (n) nunca ocorreu qualquer antecipação de recursos por parte da empresa, para financiar importações, não devendo a expressão “antecipação de pagamentos” nas conversas telefônicas ser entendida com tal sentido, mas como antecipação do pagamento das faturas a vencer, de mercadorias já entregues e recebidas, tendo o fisco também interpretado equivocadamente a expressão “comissão”; (o) não há e nunca houve qualquer simulação, tendo sido os produtos importados e desembaraçados, com informações claras prestadas ao fisco; (p) houve erro na conversão cambial, ao tomarse a data de registro das declarações de importação, mas utilizarse taxa diferente da oficial (fornecida pelo BACEN); (q) não houve individualização dos fatos geradores dos tributos e das multas, ou dos juros/ das classificações fiscais, tendo havido detalhamento dos fatos geradores somente em planilha anexa; (r) o modelo de negócio adotado pela empresa requer a existência da figura do integrador (empresa que contata a “MUDE” para que forneça produtos “CISCO” vendidos no país a usuários finais, que sabiam que o produto seria importado da CISCO ou de suas terceirizadas no exterior), o que dava celeridade ao processo, mais eficiente e adaptado ao modelo just in time, com alavancagem da cadeia de negócios (apoio de recursos de terceiros, fabricantes ou consumidores finais), sendo decisiva a interdependência entre os agentes, embora cada um tivesse seu papel (detalhado às fls. 5587/5588), tendo sido o modelo reconhecido como lícito por renomado tributarista brasileiro (Paulo de Barros Carvalho); (s) o entendimento equivocado do fisco de que a “MUDE” controlava toda a cadeia de exportação e importação e distribuição resulta de uma falta de compreensão do modelo just in time, e a empresa não era financiadora, mas financiada (como atestam as constantes dívidas com fornecedores); (t) não houve caracterização de hipótese de responsabilidade solidária, em afronta ao contraditório e à ampla defesa, sendo que a responsabilidade a que se refere o art. 124, I é somente aplicável ao contribuinte (aquele que efetivamente pratica o verbo do Fl. 9201DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 16 critério material da hipótese de incidência tributária ou da multa), e a “MUDE” nunca teve interesse na situação que constitui o fato gerador da obrigação principal, e não há previsão de solidariedade para a multa; (u) há nulidade do auto de infração porque não houve procedimento fiscalizatório em face da “MUDE”; (v) o art. 81, § 2o do RA e a Decisão 4.1 do Comitê de Valoração Aduaneira tratam do softwarebase física e não do software licença de uso; assim, não houve subfaturamento (em verdade, subvaloração), mas má compreensão da legislação referente ao software, que distingue a base física (que pode até acompanhar o hardware ou estar em CD) do direito de uso (seja por encomenda ou “de prateleira”), que não compõe o valor aduaneiro, pelo que os softwares contidos em alguns hardwares não tinham valor sem a licença de uso, e as licenças poderiam amparar mais de um softwarebase física; (w) a Portaria MF no 181/1989 ampara o entendimento da recorrente; (x) houve ofensa ao art. 146 do CTN, por alteração de critério jurídico do lançamento efetuado (mercadoria desembaraçada), sem demonstração de erro de fato; (y) não houve importação por conta e ordem ou interposição fraudulenta, pois não houve prova individualizada das supostas antecipações de recursos, não há ativos contábeis que possam ser atrelados à aludida antecipação (fazendo a escrituração prova a favor da empresa), e a operação descrita pela fiscalização (revenda) corresponde à importação por encomenda, sendo que a empresa não é nem a vendedora nem a destinatária final do produto; (z) não houve simulação, mas ainda que houvesse, isso não bastaria para configuração das situações previstas nos arts. 71 a 73 da Lei no 6.404/1964, que duplicam o percentual da multa de ofício, pois não houve prova de dolo por parte da empresa; (aa) não há previsão legal para a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício agravada e sobre a multa equivalente ao valor das mercadorias; e (bb) a utilização da Taxa SELIC para cálculo dos juros de mora é ilegal. CISCO do Brasil LTDA “(b)”, no que se refere a prova emprestada do procedimento judicial, com violação ao contraditório e à ampla defesa; “(j)”, no que se refere à ilicitude da violação de sigilo de comunicações; “(r)”, no que se refere à incompreensão, pelo fisco, do modelo de negócios adotado (“canais de distribuição” / Doc. 11 fls. 6293); “(t)”, no que se refere a ausência de interesse comum, destacando que a enorme maioria das provas coligidas (abstraindose de sua validade) referese à “PRIME” e à “MUDE”, e que a impugnante não importou mercadoria nem adiantou recursos a outra empresa para que o fizesse, não havendo ainda motivo para responsabilizá la pela multa devida por prática de ato ilícito (não tributário, mas administrativo) por terceiro; (cc) cabia à “MUDE” no Brasil proceder à importação para o Brasil e a distribuição dos produtos fabricados pela “CISCO 6169 a 6240 Fl. 9202DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 12782.000010/201054 Acórdão n.º 3401003.199 S3C4T1 Fl. 9.033 17 EUA”, conforme modelo de negócios do grupo “CISCO”, usado em mais de 80 países e também pela maioria de seus concorrentes (não tendo a “CISCO EUA” vendido mercadorias a terceiros nos EUA, mas apenas entregue a freight forwarders da “MUDE” e da “FULFILL”, sua antecedente); (dd) em investigação efetuada pela “CISCO EUA” sobre a “MUDE”, ao receber denúncia de que o Sr. CARNEVALI (presidente da “CISCO” no Brasil) estaria por trás de offshore controladora da “MUDE”, indagouse sobre a detalhada composição da offshore, que só foi obtida depois de celebrar “acordo de não revelação de informação”, o que não constitui violação à legislação (nem conhecimento do “esquema”), mas apuração de violação ao Código de Ética da “CISCO”; (ee) não havia elementos documentais que pudessem indicar à “CISCO” (EUA ou Brasil) que empresas alegadamente sem capacidade econômica estariam sendo fraudulentamente interpostas na cadeia de importação de seus produtos, sendo que as conversas telefônicas e as negociações de preço estão em consonância com o modelo de negócios adotado; (ff) em relação à alegação específica acerca da separação do valor relativo a software e hardware, a política da “CISCO” sempre foi a de que o software embutido no hardware deve ser tratado como hardware, de modo que o preço cobrado na venda de produtos pela “CISCO EUA” inclui o valor do software, e, em todas as faturas classificadas pela fiscalização como “split pelo segundo método”, o que ocorre é mero detalhamento do preço do hardware e do respectivo software ou outro subitem nas faturas, sendo que em todas elas o preço total (hardware + software) é faturado pela “CISCO EUA” contra a “MUDE EUA” em um único documento (e não em duas faturas), e se houve faturamento em separado, este foi realizado pelo adquirente dos seus produtos, sem gerência da “CISCO”; e (gg) a “CISCO” efetivamente concedia linhas de crédito à “MUDE”, o que era comum inclusive com outros parceiros, o que não se reveste de nenhuma ilegalidade, ou comprova qualquer dependência/gestão, ou adiantamento. Fernando Machado GRECCO “(b)”; “(f)”; “(g)”; “(h)”; “(i)”; “(j)”; “(k)”; “(l)”; “(m)”; “(p)”; “(r)”; “(t)”; “(u)”, em relação à pessoa física impugnante; “(v)”; “(w)”; “(x)”; “(y)”; “(z)”; “(aa)”; e “(bb)”. 5855 a 5902 Marcelo Naoki IKEDA “(b)”; “(f)”; “(g)”; “(h)”; “(i)”; “(j)”; “(k)”; “(l)”; “(m)”; “(p)”; “(r)”; “(t)”; “(u)”, em relação à pessoa física impugnante; “(v)”; “(w)”; “(x)”; “(y)”; “(z)”; “(aa)”; e “(bb)”. 6010 a 6057 Marcílio Palhares LEMOS “(b)”; “(f)”; “(g)”; “(h)”; “(i)”; “(j)”; “(k)”; “(l)”; “(m)”; “(p)”; “(r)”; “(t)”; “(u)”, em relação à pessoa física impugnante; “(v)”; “(w)”; “(x)”; “(y)”; “(z)”; “(aa)”; e “(bb)”. 6062 a 6110 Moacyr Álvaro SAMPAIO “(b)”; “(f)”; “(g)”; “(h)”; “(i)”; “(j)”; “(k)”; “(l)”; “(m)”; “(p)”; “(r)”; “(t)”; “(u)”, em relação à pessoa física impugnante; “(v)”; “(w)”; “(x)”; “(y)”; “(z)”; “(aa)”; e “(bb)”. 6117 a 6164 Hélio Benetti PEDREIRA “(b)”; “(f)”; “(g)”; “(h)”; “(i)”; “(j)”; “(k)”; “(l)”; “(m)”; “(p)”; “(r)”; “(t)”; “(u)”, em relação à pessoa física impugnante; “(v)”; 5906 a 5953 Fl. 9203DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 18 “(w)”; “(x)”; “(y)”; “(z)”; “(aa)”; e “(bb)”. Gustavo Henrique Castellari PROCÓPIO “(b)”; “(f)”; “(g)”; “(h)”; “(i)”; “(j)”; “(k)”; “(l)”; “(m)”; “(p)”; “(r)”; “(t)”; “(u)”, em relação à pessoa física impugnante; “(v)”; “(w)”; “(x)”; “(y)”; “(z)”; “(aa)”; e “(bb)”. 5800 a 5847 José Roberto Pernomian RODRIGUES “(b)”; “(f)”; “(g)”; “(h)”; “(i)”; “(j)”; “(k)”; “(l)”; “(m)”; “(p)”; “(r)”; “(t)”; “(u)”, em relação à pessoa física impugnante; “(v)”; “(w)”; “(x)”; “(y)”; “(z)”; “(aa)”; e “(bb)”. 5958 a 6005 Luiz SCARPELLI Filho “(b)”, em relação a provas emprestadas e elementos do procedimento criminal; “(o)”, destacando que a expressão “esquema fraudulento” é indecorosa e deveria ser riscada do processo; “(q)”, visto que “a multa regulamentar versa sobre o valor comercial da mercadoria, o que não se admite na figura do arbitramento”; e “(t)”, destacando que não teve participação em qualquer fraude, que atuava como diretor na empresa “MANUS”, que prestava serviços à “MUDE”, da qual passou a ser sócio minoritário a título de bonificação, não havendo evidências de excesso de poder. No mérito, se reporta aos argumentos de defesa da “PRIME” “(a)” a “(g)”. 6465 a 6478 Pedro Luis Alves COSTA “(a)”, em relação a cerceamento de defesa e demais requisitos formais para a lavratura do auto de infração; “(k)”, em relação ao período das provas obtidas (2003); “(t)” em relação à caracterização de responsabilidade tributária tão somente com base no art. 124, I do CTN, sem que a pessoa tenha praticado atos de gerência (art. 135, III do CTN), e sobre a responsabilidade por infrações, que é pessoal, e sem prova de sua atuação nas condutas apontadas; “(u)”, em relação à pessoa física impugnante; e (hh) não há provas de que nas transcrições, a expressão “PC” se refira a “Pedro COSTA”, quando poderia se referir, v.g., a “para a contabilidade ou “por contrato”, ou prova de a ele pertença a offshore “ZENROSS”. Vários pontos desta impugnação parecem tratar de período e de valores diversos dos lançados pelo fisco. 4712 a 4748 Reinaldo de Paiva GRILLO “(b)”; “(j)”, no que se refere à ilicitude da violação de sigilo de comunicações; e “(t)”, no que se refere à responsabilidade solidária e ao interesse comum, tendo o próprio fisco concluído que o impugnante “possivelmente” teria relação com o fato (destacandose que é mero prestador de serviços em logística, jamais foi funcionário da “MUDE” ou equiparouse a participante sob o aspecto societário, jamais comprovouse má gestão de sua parte, e a “WHAT’S UP” não tinha qualquer vínculo com a “MUDE”, não podendo provas obtidas com terceiros operarem em seu desfavor), restando cerceado seu direito de defesa, pois desconhece os fatos e não tem acesso aos respectivos documentos e provas. 5048 a 5072 Carlos Roberto CARNEVALI “(a)”, em relação a cerceamento de defesa, pois não tem como avaliar as operações realizadas pela autuada, mormente pelo distanciamento operacional que existiu entre a “CISCO” e todas as empresas importadoras, distribuidoras e comerciantes; “(b)”, no que se refere a presunções e transcrições de conversas; “(r)”; “(t)”, no que se refere à responsabilidade solidária e ao interesse comum (art. 124, I do CTN), porque não existe qualquer prova de que foi ou é sócio da “PRIME” nem que se beneficiou de sas importações, e nem tampouco de que exerceu a administração / gerência (art. 135 do CTN) de qualquer empresa importadora, distribuidora ou comerciante dos produtos, tendo, no máximo, havido interesse coincidente, com convergência de vontades para 5076 a 5141 Fl. 9204DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 12782.000010/201054 Acórdão n.º 3401003.199 S3C4T1 Fl. 9.034 19 um mesmo fim, sendo as provas pretensamente carreadas aos autos resultado de análise superficial efetuada pelo fisco (v.g. em relação à participação na “UNIÃO DIGITAL” inexistente, em relação à autuação de tal empresa por falta de recolhimento de ICMS – que foi cancelada, e em relação a email trocados, que só comprovam a amizade entre os gerentes das empresas); “(u)”, em relação à pessoa física impugnante, em ofensa à verdade material; (ii) a “CISCO” (empresa que presidia) figurava como mera representante comercial da “CISCO EUA”, para divulgar projetos/produtos, sendo que no momento de operacionalizar a venda não havia qualquer interferência da “CISCO”; (jj) tinha carreira de sucesso na “CISCO” nacional e internacional, e estava afastado das atividades diárias da “CISCO” Brasil (em função de representação da “CISCO” internacional, pela qual viajava constantemente ao exterior) quando, em novembro de 2007, foi surpreendido com a comunicação de que fora dispensado da empresa por justa causa; (kk) o aporte que o fisco afirma que o impugnante fez na JDTC via fundo da empresa americana “STORM VENTURES”, na verdade, foi um aporte à própria “STORM VENTURES”, da qual ele é sócio; e (ll) apenas prestou consultoria à “MUDE”, objetivando possível venda ou abertura de capital, após o afastamento da “CISCO”, tendo a “MUDE” inclusive lhe enviado um organograma já com seu nome no Conselho de Administração (uma das propostas de emprego que analisava). Cid GUARDIA Filho “(a)” e “(b)”, em relação a provas emprestadas e elementos do procedimento criminal; “(t)”, no que se refere à responsabilidade solidária e ao interesse comum, acrescentando que há impossibilidade de figurar no polo passivo da importação, por já ter constado no polo passivo de operação no mercado interno (IPI), constituindo modificação de critério jurídico, violando o art. 146 do CTN; e que os indícios e presunções apresentados em relação ao impugnante (relacionandose alguns deles) não são claros, precisos e concordantes. 4815 a 4833 Ernani Bertino MACIEL “(a)” e “(b)”, em relação a provas emprestadas e elementos do procedimento criminal; “(t)”, no que se refere à responsabilidade solidária e ao interesse comum, a mesma linha da impugnação de “GUARDIA”. 4933 a 4952 A decisão de primeira instância é proferida em 11/06/2012 (fls. 6514 a 6606), no sentido de que: (a) sendo a prova fruto de quebra de sigilo telefônico ou de dados e tendo esta sido obtida originalmente para fins de investigação criminal ou instrução processual penal, não há impedimento para sua posterior utilização em processo administrativo fiscal, ainda mais quando expressa em manifestação do magistrado Fl. 9205DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 20 no processo judicial (excerto transcrito às fls. 6539/6540), conforme vem decidindo o CARF; (b) há independência entre as esferas administrativa e judicial, não obstando que, voltados a razões diversas, os documentos sejam analisados administrativamente durante o curso de processo judicial; (c) os documentos anexados à autuação (v.g. Anexos 3 e 4) possuem relação específica com o período e o tema referidos no lançamento, e os que não possuem relação direta se prestam tão somente a exemplificar o modus operandi utilizado pelo grupo; (d) em sede de processo fiscal tributário, são nulos somente os atos e termos lavrados por agente incompetente e os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa; (e) poderão ainda ser cominados com nulidade os lançamentos que contenham vícios formais relevantes à matéria deduzida na autuação, mas referidas hipóteses, todavia, não estão presentes nos autos (sendo os equívocos apontados inexistentes ou irrelevantes, conforme destacado às fls. 6551 a 6554); (f) a ilegalidade e a inconstitucionalidade da legislação tributária (v.g. no que se refere à vedação ao confisco) não são oponíveis na esfera administrativa; (g) o importador é sujeito passivo, na condição de contribuinte (“PRIME”), em relação aos tributos e contribuições incidentes na internação de mercadorias de origem estrangeira, independentemente do verdadeiro adquirente das mercadorias; (h) o aproveitamento de créditos é operação diversa da objetivada na autuação, por se referir à saída de mercadorias do estabelecimento da empresa (ou de situação diversa, no caso de licença de uso de software / CIDE); (i) não há negligência da fiscalização no fato de não ter intimado as responsáveis solidárias durante o procedimento de fiscalização, tendo sido assegurados a ampla defesa e o contraditório na fase contenciosa; (j) a transcrição não integral das escutas telefônicas não nulifica a autuação, sendo ônus da autuada contrapor o material probatório trazido aos autos pela fiscalização; (k) as operações de comércio exterior realizadas pela autuada por conta e ordem de terceiros, sem atender às condições da legislação de regência, caracterizam a Fl. 9206DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 12782.000010/201054 Acórdão n.º 3401003.199 S3C4T1 Fl. 9.035 21 ocultação do real adquirente das mercadorias e tipificam a figura da interposição fraudulenta (o que, no caso, é endossado pelo modelo negocial apontado, pelos quadros societários das empresas, com presença invariável de offshores controladas por pessoas vinculadas ao grupo, e de “laranjas”, e pelos elementos probatórios descritos exemplificativamente às fls. 6556/6561); (l) no caso de equipamentos eletrônicos (hardwares) importados com os respectivos softwares já instalados, inexiste previsão legal para exclusão do valor aduaneiro do custo ou valor de softwares contidos em circuitos integrados, semicondutores e dispositivos similares, ainda que este valor ou custo encontrese destacado no documento de aquisição; (m) constatado que os preços das mercadorias consignados nas Declarações de Importação e correspondentes faturas comerciais que instruíram os despachos para consumo não correspondiam à realidade das transações efetuadas, na medida em que o valor correspondente aos softwares era ocultado, mediante a simulação documental de uma separação (split) entre hardware e software que de fato nunca ocorreu, resta caracterizado o subfaturamento; (n) a prova de que os equipamentos importados traziam dentro de si softwares é efetuada a partir de informações técnicas (predominantemente do próprio sítio da “CISCO”) e documentos apreendidos (fls. 6564 a 6568), o que se comprova no laudo técnico da Polícia Federal (sendo os impedimentos opostos ao laudo incabíveis, ou resultantes de equívoco da defesa, a exemplo da informação de que não se havia analisado mercadoria importada pela “PRIME”, conforme fls. 6570/6571); (o) o Acordo de Valoração Aduaneira do GATT prevê a tributação dos direito de licença, sendo excepcionada a exigência somente nas hipóteses descritas na Decisão CVA 4.1 (trazida para o art. 81 do Regulamento Aduaneiro), entre as quais não se encontra a tratada nestes autos, o que em nada se opõe às normas e à jurisprudência indicadas na defesa, como endossa o Parecer COSIT no 22/1999; (p) caracterizado o subfaturamento, são exigíveis os tributos aduaneiros incidentes nas operações de comércio exterior, acrescidos da multa de ofício qualificada e dos Fl. 9207DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 22 juros de mora, bem assim a multa calculada sobre a diferença entre o valor real e o declarado; (q) não houve alteração de critério jurídico, pois a ocultação não detectada antes do desembaraço aduaneiro das mercadorias foi só agora comprovada em ato de revisão aduaneira; (r) não há que se falar na impossibilidade da cumulação das multas por subfaturamento (parágrafo único do art. 88 da MP 2.15835/2001) e de ofício (art. 44 da Lei 9.430/96), posto que autorizada por expressa disposição legal; (s) as pessoas que tenham interesse comum (não só econômico, mas jurídico, agindo de forma a operacionalizar o esquema fraudulento) na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal são solidariamente obrigadas em relação ao crédito tributário (detalhamento às fls. 6586 a 6606); (t) a pessoa, física ou jurídica, que concorra, de alguma forma, para a prática de atos fraudulentos ou deles se beneficie responde solidariamente pelo crédito tributário decorrente; (u) os juros de mora são calculados à Taxa SELIC, conforme disposição legal, e incidem inclusive sobre o valor das multas. Cientificada da decisão de piso em 02/07/2012 (documento de fl. 6658), a empresa “PRIME” apresenta recurso voluntário em 12/07/2012 (fls. 6677 a 6702), basicamente reiterando os argumentos expressos em sua impugnação: “(a)” a “(g)”, endossando que sua participação teria sido somente a título de ocultante (sendo as práticas de subfaturamento atribuíveis à “MUDE” e à “CISCO”. Após a ciência das decisões de piso (nas datas abaixo indicadas), os responsáveis solidários apresentam recursos voluntários contendo argumentos comuns aos apresentados em sede de impugnação tanto pela “PRIME” quanto por eles próprios (que serão no quadro designados apenas pelas letras correspondentes aos itens das impugnações) e argumentos diversos (a serem relacionados sinteticamente no quadro): Pessoa Ciência do Acórdão DRJ folhas Razões/argumentos do Recurso Voluntário síntese (no caso de repetição de argumentos da impugnação, relacionase somente a letra correspondente, entre aspas) Data e folhas MUDE Comércio e Serviços LTDA 22/06/2012 6673 (mm) a DRJ/São Paulo é incompetente para julgar o processo, vez que o domicílio fiscal da “PRIME” é Ilhéus/BA, cf. Portaria RFB no 1.916/2010, sendo a competência da DRJ/Fortaleza; “(b)”, no que se refere a aproveitamento de prova 24/07/2012 (7796 a 7915) Fl. 9208DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 12782.000010/201054 Acórdão n.º 3401003.199 S3C4T1 Fl. 9.036 23 pericial emprestada, e inconsistente; “(g)”, em relação a ressarcimento de tributos pagos por licenciamento; “(j)”, no que se refere a elementos retirados do procedimento judicial, afirmando que o compartilhamento autorizado pelo Juízo Criminal está eivado de vícios, e no que se refere à relação (temporal) entre as provas e o lançamento (prova emprestada), sustentando que os documentos relacionados pela DRJ (Anexos 3 e 4) apenas provam que houve importações da “CISCO” pela “PRIME”; “(k)”; “(l)”, no que se refere à transcrição integral das escutas; “(n)”, no que se refere à ausência de prova de antecipação de recursos; “(p)”, no que se refere a conversão cambial; “(q)”, afirmando que a fiscalização deveria ter comprovado documentalmente por meios diretos (e não presunção) que o valor do software objeto de negociação não teria sido objeto de tributação; “(r)”, no que se refere ao modelo de negócio adotado; “(t)”, no que se refere à ausência de caracterização de responsabilidade solidária e de interesse comum, e inaplicabilidade da solidariedade a multas; “(u)”, pela ausência de procedimento fiscalizatório em face da “MUDE”; “(v)”, no que se refere a inexistência de subfaturamento (devendo ser adotados os procedimentos de valoração aduaneira); “(x)”, no que se refere a alteração de critério jurídico; “(y)”, no que se refere a inexistência de importação por conta e ordem; “(z)”, no que se refere a ausência de simulação, fraude ou conluio, e à impossibilidade de cumulação entre as multas de ofício lançadas; e “(aa)” sobre não incidência de juros de mora sobre as multas. CISCO do Brasil LTDA 22/06/2012 6671 “(b)”, no que se refere a prova emprestada do procedimento judicial, com violação ao contraditório e à ampla defesa; “(j)”, no que se refere à ilicitude da violação de sigilo de comunicações; “(r)”, no que se refere à incompreensão, pelo fisco, do modelo de negócios adotado (“canais de distribuição” fls. 8397 a 8401 e Doc. 11 da impugnação); “(t)”, no que se refere a ausência de interesse comum, destacando que a enorme maioria das provas coligidas (abstraindose de sua validade) referese à “PRIME” e à “MUDE”, e que a impugnante não importou mercadoria nem adiantou recursos a outra empresa para que o fizesse, não havendo ainda motivo para responsabilizála pela multa devida por prática de ato ilícito (não tributário, mas administrativo) por terceiro; “(cc)” em relação ao papel da “MUDE” no Brasil (importação e revenda) e o papel da “CISCO” Brasil (fls. 8404 a 8408, e 8432 a 8438); “(dd)” sobre a investigação efetuada pela “CISCO EUA” sobre a “MUDE”; “(ee)”, no que se refere à ausência de prova de que a “CISCO” deveria saber da existência de empresas sem capacidade econômica interpostas; “(ff)”, dispondo que nas faturas emitidas pela “CISCO” não houve faturamento separado de hardware e software; e “(gg)”, no que se refere à 10/07/2012 (8371 a 8493) Fl. 9209DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 24 concessão de linhas de crédito à “MUDE”. Fernando Machado GRECCO 20/06/2012 6653 “(b)”; “(g)”; “(j)”; “(k)”; “(l)”; “(p)”; “(q)”; “(r)”; “(s)”; “(t)”; “(u)”, em relação à pessoa física recorrente; “(x)”; “(y)”; “(z)”; “(aa)” e “(mm)”. 19/07/2012 (7559 a 7596) Marcelo Naoki IKEDA 22/06/2012 6669 “(b)”; “(g)”; “(j)”; “(k)”; “(l)”; “(p)”; “(q)”; “(r)”; “(s)”; “(t)”; “(u)”, em relação à pessoa física recorrente; “(x)”; “(y)”; “(z)”; “(aa)” e “(mm)”. 19/07/2012 (7676 a 7713) Marcílio Palhares LEMOS 22/06/2012 7778 “(b)”; “(g)”; “(j)”; “(k)”; “(l)”; “(p)”; “(q)”; “(r)”; “(s)”; “(t)”; “(u)”, em relação à pessoa física recorrente; “(x)”; “(y)”; “(z)”; “(aa)” e “(mm)”. 24/07/2012 (7735 a 7773) Moacyr Álvaro SAMPAIO 20/06/2012 6655 “(b)”; “(g)”; “(j)”; “(k)”; “(l)”; “(p)”; “(q)”; “(r)”; “(s)”; “(t)”; “(u)”, em relação à pessoa física recorrente; “(x)”; “(y)”; “(z)”; “(aa)” e “(mm)”. 20/07/2012 (7279 a 7316) Hélio Benetti PEDREIRA 03/07/2012 6714 “(b)”; “(g)”; “(j)”; “(k)”; “(l)”; “(p)”; “(q)”; “(r)”; “(s)”; “(t)”; “(u)”, em relação à pessoa física recorrente; “(x)”; “(y)”; “(z)”; “(aa)” e “(mm)”. 20/07/2012 (7059 a 7099) Gustavo Henrique Castellari PROCÓPIO 21/06/2012 8990 “(b)”; “(g)”; “(j)”; “(k)”; “(l)”; “(p)”; “(q)”; “(r)”; “(s)”; “(t)”; “(u)”, em relação à pessoa física recorrente; “(x)”; “(y)”; “(z)”; “(aa)” e “(mm)”. 19/07/2012 (7344 a 7384) José Roberto Pernomian RODRIGUES 20/06/2012 6654 “(b)”; “(g)”; “(j)”; “(k)”; “(l)”; “(p)”; “(q)”; “(r)”; “(s)”; “(t)”; “(u)”, em relação à pessoa física recorrente; “(x)”; “(y)”; “(z)”; “(aa)” e “(mm)”. 19/07/2012 (7617 a 7654) Luiz SCARPELLI Filho 22/06/2012 6674 Não apresentou recurso voluntário, conforme se atesta à fl. 8990. Pedro Luis Alves COSTA 22/06/2012 6676 (nn) o acórdão da DRJ foi omisso em relação a diversas matérias impugnadas (apresentando 4 questões que entende não terem sido respondidas pelo julgador); “(a)”, “(k)”; “(t)”; “(u)” e (hh). 23/07/2012 (7012 a 7052) Reinaldo de Paiva GRILLO 12/07/2012 7011 Não apresentou recurso voluntário, conforme se atesta à fl. 8990. Carlos Roberto CARNEVALI 20/06/2012 6657 (oo) o recorrente foi absolvido (por ausência de comprovação da autoria) das denúncias efetuadas (ser sócio oculto da “MUDE”) no processo judicial no 000582749.2003.403.6181 (o mesmo processo do qual são retiradas as provas utilizadas pelo fisco), por sentença proferida pela 4a Vara Criminal Federal/SP; “(a)”; “(r)”; “(t)”; “(ii)”; “(jj)”; “(kk)” e “(ll)”. 19/07/2012 (6715 a 6787) Cid GUARDIA Filho 20/06/2012 6656 “(a)” e “(b)”, em relação a provas emprestadas e elementos do procedimento criminal; “(t)”, no que se refere à responsabilidade solidária e ao interesse comum, endossando o exposto na impugnação, “(v)” e “(z)”. 19/07/2012 (6951 a 6977) Ernani Bertino MACIEL 22/06/2012 6667 “(a)” e “(b)”, em relação a provas emprestadas e elementos do procedimento criminal; “(t)”, no que se refere à responsabilidade solidária e ao interesse 19/07/2012 (6981 a Fl. 9210DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 12782.000010/201054 Acórdão n.º 3401003.199 S3C4T1 Fl. 9.037 25 comum, endossando o exposto na impugnação, “(v)” e “(z)”. 7007) A empresa “MUDE” apresenta ainda, em 20/01/2014, o documento de fls. 8991 a 9008, no qual basicamente reitera os argumentos expostos em sede de recurso voluntário sobre valoração aduaneira, sustentando a ilegalidade da disposição trazida pelo art. 81, § 2o do Regulamento Aduaneiro, derivada da Decisão 4.1 do Comitê de Valoração Aduaneira. Foi dada ciência à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) em 10/02/2014, que informou que não haveria manifestação sua naquele momento processual (fl. 9024). Em 22/07/2014, a PGFN pede adiamento do julgamento (fl. 9031), deferido na mesma data. Em 11/08/2014 (fls. 9034 a 9036), a PGFN vem manifestar, diante da alegação de suspeição do presidente da turma de julgamento, durante a sessão de julho/2014, que discorda da designação do vicepresidente para presidir o julgamento, entendendo que a presidência deve recair sobre conselheiro representante da Fazenda, solicitando seja a questão, diante da omissão regimental, remetida ao Presidente do CARF, para solução. Em 22/08/2014, o presidente de turma se manifesta (fls. 9059/9060) pela inexistência de omissão regimental, também submetendo a questão ao Presidente do CARF. Em 10/12/2014, a recorrente “CISCO” se manifesta (fls. 9081 a 9085) no sentido da insubsistência da demanda efetuada pela PGFN, solicitando a determinação, pelo presidente do CARF, da continuidade do julgamento. Em 23/12/2015, o recorrente Carlos Roberto "CARNEVALI" agrega aos autos (fls. 9090 a 9098) notícia de prolação do acórdão pela Primeira Turma do TRF da 3a Região, nos autos da Apelação Criminal no 000582749.2003.4.03.618, que manteve a sua absolvição na esfera penal. O mesmo recorrente traz aos autos, em 02/10/2015 (fls. 9101 a 9109), comunicação de que ocorreu o trânsito em julgado da ação penal, com sua absolvição. Em 28/12/2015, a recorrente “CISCO” reitera (fls. 9112/9113) a solicitação para que seja dada solução à questão submetida ao presidente do CARF. O Presidente do CARF se manifesta no despacho de fls. 9120/9121, em 19/01/2016, afirmando que a questão anteriormente posta agora encontra solução expressa no Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF no 343, de 09/06/2015, precisamente no § 1o do artigo 17 do Anexo II. Assim, a controvérsia levantada pela PGFN perde seu objeto, dado que o novo julgamento será realizado sob a nova orientação regimental. Em 22/03/2016 o processo retorna a este relator, para prosseguimento (fl. 9123). O processo foi pautado para as sessões de maio de 2016, sendo retirado de pauta a pedido dos recorrentes. Em junho, foi solicitada vista pelo Cons. Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, após a leitura do voto do relator, pelo provimento parcial, e do voto do Cons. Robson José Bayerl, no sentido de negar provimento. Fizeram sustentação oral os bacharéis Flávio Eduardo Fl. 9211DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 26 Carvalho, OABDF no 20.720 representando a empresa Mude; Mário Junqueira Franco Filho, OABSP no 140.284, representando o Sr. Carlos Alberto Carnevalli; Paulo Sehn, OABSP no 158.516B, representando a empresa CISCO Brasil; e Júlio César Soares, OABDF no 29.266, representando os senhores Cid Guardia Filho e Ernani Bertino Maciel. Efetuou, ainda, sustentação oral, o Procurador da Fazenda Nacional Miquerlam Chaves Cavalcante. Em julho, houve pedido de vista pelo Conselheiro Rodolfo Tsuboi, convertido em vista coletiva. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator Os recursos voluntários apresentados preenchem os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, deles se toma conhecimento. Contudo, cabe inicialmente tratar das duas ausências de apresentação de recurso voluntário identificadas no despacho de fl. 8990. Das ausências de apresentação de recurso voluntário Cabe destacar que a autuação é lavrada em face de irregularidades cometidas pela empresa “PRIME”, apontando no polo passivo ainda outras duas empresas (“MUDE” e “CISCO”) e treze pessoas físicas. Contudo, duas das pessoas físicas (Luiz SCARPELLI Filho e Reinaldo de Paiva GRILLO), não apresentaram recursos voluntários. Reinaldo de Paiva GRILLO é cientificado do acórdão de piso em 12/07/2012 (AR à fl. 7011), no endereço informado à RFB (tela de fl. 6627). Já Luiz SCARPELLI Filho, com endereço no estrangeiro Estados Unidos da América (tela de fl. 6625), é notificado da decisão em 22/06/2012, no endereço de Luiz SCARPELLI, seu procurador no Brasil (Rua Coronel Dias, 297 ap. 51, centro, Santo André/SP, cf. termo de fl. 3591 e AR de fl. 6674). Diante da revelia configurada, restam, assim, 14 recursos voluntários a analisar, que serão, em virtude da similitude (às vezes identidade) de argumentação, agrupados por tema, a seguir. Das matérias que restaram contenciosas Preliminarmente, tratase das alegações de nulidade em relação à decisão da DRJ (1. competência para julgamento/jurisdição das DRJ: letras “mm” do relatório; e 2. omissões: letras “nn” do relatório) e à autuação (3. direito de defesa: letras “a”, “l”, “q” e “u” do relatório; 4. admissibilidade das provas: letras “a”, “b”, “j” e “k” do relatório; e 5. erros e inconsistências: letras “g”, “m” e “p” do relatório). Fl. 9212DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 12782.000010/201054 Acórdão n.º 3401003.199 S3C4T1 Fl. 9.038 27 Paira ainda controvérsia, no mérito, sobre: 6. existência de ocultação do real adquirente: letras “n”, “o”, “r”, “s”, “y”, “z”, “cc” e “gg” do relatório; 7. existência de subfaturamento: letras “c”, “d”, “v”, “w” e “ff” do relatório; 8. alteração de critério jurídico: letra “x” do relatório; 9. multas aplicadas dimensionamento e cumulatividade: letra “f” do relatório; 10. juros de mora: letras “aa” do relatório; e 11. responsabilidade dos recorrentes: letras “e”, “t”, “cc”, “dd”, “ee”, “ff”, “gg”, “hh”, “ii”, “jj”, “kk”, “ll” e “oo” do relatório. Não são reiteradas especificamente em recurso voluntário as razões de impugnação “h” (que se referia a terem os autuantes sido assistentes técnicos no processo judicial, o que eivaria de parcialidade a autuação), “i” (que afirmava ser o prazo para impugnação insuficiente, tendo em vista a dimensão da autuação), e “bb” que se refere à utilização da Taxa SELIC para cálculo dos juros de mora). A parcialidade, como sustentou o julgador de piso, não restou especificamente demonstrada, e o prazo para impugnação é expressamente previsto em lei, assim como a forma de fixação dos juros de mora. Ademais, a impossibilidade de discussão de comando legal sob o aspecto da constitucionalidade e a possibilidade de aplicação da Taxa SELIC são matérias já sumuladas neste CARF. “Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.” “Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais.” 1. Da competência para julgamento / jurisdição das DRJ Sustentase em sede recursal (letras “mm”), por diversos responsáveis solidários, que a decisão da DRJ é nula por ser a DRJ/São Paulo incompetente para julgar o processo, vez que o domicílio fiscal da “PRIME” é Ilhéus/BA, conforme Portaria RFB no 1.916/2010, sendo a competência da DRJ/Fortaleza. A Portaria RFB no 1.916/2010 (hoje revogada pela Portaria RFB no 1.006/2013), disciplinava a competência, territorial (“circunscrição”) e por matéria, das Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ), relacionando as matérias de julgamento por Turma. No Anexo I da Portaria há, como afirmam as recorrentes, a indicação da “localização” das DRJ, da “circunscrição territorial” e das “matérias”, percebendose que tanto a DRJ São Paulo quanto a DRJ Fortaleza possuem competência para o julgamento de matéria afeta à tributação no comércio exterior e penalidades decorrentes, em suas respectivas “circunscrições” (DRJ São Paulo, na 8a Região Fiscal, e DRJ Fortaleza, nas 1ª, 2ª, 3ª, 5ª e 6ª Regiões Fiscais). Contudo, equivocamse as recorrentes ao entender que a “circunscrição” indicada no Anexo I da Portaria se refere ao domicílio tributário do sujeito passivo (ou de um deles, a empresa “PRIME”). A “circunscrição” é derivada do local de lavratura da autuação (no caso, o auto foi lavrado em São Paulo pela Equipe Especial de Fiscalização Aduaneira da Superintendência Regional da RFB na 8a Região Fiscal), conforme explicado por despacho que Fl. 9213DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 28 antecede o julgamento de piso (fl. 6513), exarado pela própria DRJ Fortaleza, e alicerçado em entendimento firmado nos Pareceres COSIT no 32/2013, no 27/2002 e no 29/1999. Não se deve confundir a “circunscrição” que figura no Anexo I da Portaria do Secretário da RFB com a “jurisdição”, que é nacional, conforme se depreende da leitura de norma de hierarquia superior o art. 229 do Anexo da Portaria do Ministro da Fazenda no 587/2010 Regimento Interno da RFB (vigente à época, e hoje revogada pela Portaria MF no 203/2012): “Art. 229. Às Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento DRJ, com jurisdição nacional, compete conhecer e julgar em primeira instância, após instaurado o litígio, especificamente, impugnações e manifestações de inconformidade em processos administrativos fiscais: (...)”(grifo nosso) O mesmo regimento aprovado pelo Ministro da Fazenda dispõe, em seu art. 273, que incumbe ao Secretário da RFB (competências detalhadas à SUTRI no art. 275): “XXIII transferir processos administrativos fiscais entre as DRJ; (...) XXV estabelecer a especialização das turmas das DRJ, no tocante à matéria de competência da respectiva unidade;” (grifo nosso) Assim, as DRJ possuem jurisdição nacional, podendo a Secretaria da RFB dispor sobre sua competência temática e sua circunscrição territorial. É de se recordar ainda que a autuação de empresa da Bahia (entre outras) efetuada em procedimento do qual foi encarregada equipe especial de São Paulo não macula a autuação, seja pelo disposto no § 2o do art. 9o do Decreto no 70.235/1972, seja pelo entendimento já sumulado neste CARF de que: “Súmula CARF nº 27: É valido o lançamento formalizado por AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil de jurisdição diversa da do domicílio tributário do sujeito passivo.” E, como exposto, a autuação lavrada na 8a Região Fiscal é julgada pela DRJ São Paulo, não havendo que se falar em nulidade por incompetência. 2. Das omissões na decisão da DRJ Argumenta o recorrente Pedro Luis Alves COSTA que o acórdão da DRJ foi omisso em relação a diversas matérias impugnadas, apresentando quatro questões que entende não terem sido respondidas pelo julgador (fls. 7016/7017): “É permitido ao Fisco juntar provas do ano de 2003 para comprovar supostos ilícitos ocorridas (sic) em 2006/2007: Fl. 9214DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 12782.000010/201054 Acórdão n.º 3401003.199 S3C4T1 Fl. 9.039 29 O recorrente pode ser responsabilizado solidariamente por multa decorrente de infração tributária supostamente cometida por outro agente (artigo 124, Inciso I e artigo 137, ambos do CTN)? Não existe a necessidade de provar a prática de atos de gerência/administração por parte do recorrente para ser responsabilizado solidariamente pelo débito tributário apurado (artigo 124, inciso I interpretado conjuntamente ao artigo 135, inciso III, ambos do CTN)? Decorrente da questão anterior, o ônus da prova não é do Fisco? Todas essas questões deixaram de ser analisadas pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento, o que viola claramente o direito de defesa do recorrente.” É preciso esclarecer, nesse tópico, que a DRJ, a exemplo do que se está a fazer de forma mais intensa neste voto, buscou unir em um mesmo tópico as matérias alegadas em comum pelos então impugnantes. Logo ao início da parte do voto que analisa a impugnação de Pedro Luis Alves COSTA o julgador de piso esclareceu que “os argumentos de números 1, 2, 3, 4 e 7 do Relatório” já haviam sido apreciados no voto, excerto esse que deve ter passado despercebido pela recorrente, e resolve as dúvidas apresentadas. Sobre o argumento de número 2 (utilização de documentos/provas de 2003), que equivale à primeira pergunta do Recurso Voluntário, manifestouse explicitamente o julgador às fls. 6547/6548 do voto: “Alega a impugnante que, embora o auto de infração tenha constituído créditos tributários em relação ao período de março a agosto de 2007, muitos dos documentos obtidos e apreendidos não abrangem a totalidade, ou qualquer parte, do período objeto de autuação. Logo, não podem gerar qualquer obrigação tributária nos períodos com os quais não tem qualquer contemporaneidade. A análise dos documentos constantes do Anexo 3 revela, porém, sua relação específica com os processos de importação objeto de autuação, promovidos pela empresa PRIME, os quais foram resumidos pelo fisco no Anexo 4. Dentre tais documentos (fls.332/1.051), estão presentes planilhas de controle, faturas, extratos das respectivas Declarações de Importação, notas fiscais de entrada e saída das mercadorias, etc. Quanto aos demais documentos que extrapolam esse lapso temporal, não há qualquer óbice a que constem dos autos, haja vista permitirem concluir que o ‘modus operandi’ que ficou explícito em 2007, já vinha sendo praticado de forma reiterada em data anterior, inexistindo, portanto, a alegada incompatibilidade.” (grifo nosso) Fl. 9215DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 30 Dos argumentos de números 4/7 (multa decorrente de infração tributária e arts. 124 e 137 do CTN / relação entre solidariedade e interesse comum/econômico), e 3 (responsabilidade por atos de gerência /administração e arts. 124 e 135 do CTN), correspondentes, respectivamente, à segunda e à terceira perguntas do Recurso Voluntário, tratase no voto às fls. 6543/6544, e 6579 a 6582, onde se esclarece (juntando substancial jurisprudência) que: “Em que pese a impugnante defenda a tese de que a responsabilidade solidária prevista no art. 124, inciso I, do CTN, somente se aplica aos próprios contribuintes, assim considerados aqueles que efetivamente praticam o verbo do critério material da hipótese de incidência tributária ou da multa, temos que tal situação não caracteriza hipótese de responsabilidade tributária, mas sim de sujeição passiva direta e original. O mesmo argumento é utilizado por outros impugnantes, citando inclusive o exemplo de um imóvel com vários proprietários. Ora, nesse caso os proprietários não são responsáveis pelo pagamento do respectivo IPTU, como afirmado, mas sim contribuintes originários do mesmo IPTU, visto que todos assumem a condição de proprietários do imóvel. Essa hipótese é totalmente distinta do caso concreto, no qual as pessoas responsabilizadas não faziam parte da relação obrigacional original, mas assumiram a condição de responsáveis em função da prática fraudulenta e do interesse direto nos respectivos fatos geradores. (...) Importante repisar, todavia, que o interesse das pessoas autuadas não se restringiu ao óbvio interesse econômico gerado pela redução dos tributos devidos e aos decorrentes ganhos em nível de competitividade no mercado. Restou caracterizado que havia ainda o interesse jurídico nos fatos geradores, através do poder de controle indireto e oculto que as pessoas arroladas nos vários Termos de Sujeição Passiva Solidária exerciam sobre as empresas e sobre as operações de importação. Esse poder de comando ficará mais explícito ao analisarmos a participação de cada responsável. Por fim, há ainda a alegação de vários impugnantes, pessoas físicas, de que tal responsabilidade solidária do art. 124, I do CTN não seria aplicável, pois as mesmas nunca exerceram qualquer atividade de gerência junto à empresa MUDE. Ocorre que em nenhum momento o art. 124, I, do CTN faz tal exigência. Confundem estes impugnantes o art. 124, I, com o art. 135 do mesmo CTN, que trata de situação específica na qual as pessoas que cometem as infrações são funcionárias ou administradoras da empresa autuada. Confirmando a aplicabilidade do art. 124, I, do CTN para a responsabilização das pessoas autuadas, há vasta jurisprudência Fl. 9216DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 12782.000010/201054 Acórdão n.º 3401003.199 S3C4T1 Fl. 9.040 31 administrativa sobre o tema, além das decisões citadas pela fiscalização:(...)” (grifo nosso) Por fim, o argumento número 5, referente ao ônus probatório (tema da quarta e última pergunta do Recurso Voluntário), foi tratado no próprio tópico do voto especificamente relacionado à impugnação de Pedro Luis Alves COSTA, à fl. 6595, concluindo o julgador que o ônus da prova é do fisco, que o exerceu a contento: “No item 6, o impugnante alega que não restou provado que o mesmo (sic) tinha participação ou controle no grupo MUDE ou que tenha auferido rendimentos do mesmo (sic). Como já visto no item 5, grassam provas da participação do impugnante no grupo MUDE. A título de exemplo, citamos os seguintes: participação formal como responsável/administrador em diversas empresas da organização; planilhas e documentos apreendidos em diversos alvos da Operação Persona que o indicam como compondo o quadro hierárquico do grupo (anote se que, em muitos destes, seu nome está identificado por extenso, e não apenas com as letras “PC”); planilhas e extratos bancários que demonstram os valores recebidos nas operações fraudulentas.” (grifo nosso) Assim, e recordando que ainda não se está a analisar o mérito, mas somente a alegação de nulidade por ter o julgador deixado de analisar matéria impugnada, temse que não procede a alegação de omissão suscitada pela recorrente, não podendo se confundir o tratamento do tema pelo julgador de forma contrária à tese da impugnante com a ausência de tratamento (omissão). 3. Do direito de defesa Sustentam, entre outros recorrentes, a “PRIME” e a “MUDE” que houve cerceamento do direito de defesa. A empresa “PRIME” alega que houve violação ao contraditório, à ampla defesa e ao devido processo legal pela não definitividade dos documentos, e pelo fato de depoimentos prestados à Polícia Federal terem sido alterados quando renovados na esfera judicial. Sobre este argumento há que se destacar que o processo administrativo, no caso, tem objeto diferente do judicial. E os elementos do processo judicial carreados ao processo administrativo, por óbvio, não constituem verdades absolutas, como inclusive destacou o julgador de piso. É perfeitamente possível ao sujeito passivo contraditar / defender se em relação a tais elementos na via administrativa, na fase contenciosa, a partir da ciência da autuação. Se houve alguma alteração em relação aos depoimentos prestados que lhe favorece, ou algum evento no processo judicial em seu favor, demonstrando a precariedade de elementos anteriormente acostados, por óbvio caberia à recorrente trazêlo aos autos administrativos, e não somente mencionar sua possibilidade de existência. Isso parece não assimilado pela recorrente “PRIME”, mas o recorrente Carlos Roberto CARNEVALI Fl. 9217DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 32 demonstra como de fato isso é possível no processo administrativo, quando traz em seu Recurso Voluntário sentença que o absolve (por ausência de comprovação da autoria) das denúncias efetuadas (ser sócio oculto da “MUDE”) no processo judicial no 0005827 49.2003.403.6181 (o mesmo processo do qual são retiradas as provas utilizadas pelo fisco), por sentença proferida pela 4a Vara Criminal Federal/SP item “(oo)”, que será analisado no tópico 11 deste voto. Em suma, a defesa administrativa não foi obstada por ainda estar em curso o processo judicial, pois discute matéria distinta, e qualquer elemento superveniente do processo judicial que afetasse (ainda que indiretamente) o administrativo poderia ter sido juntado especificamente pela impugnante / recorrente. A “MUDE”, por sua vez, no que é seguida por outros recorrentes, sustenta haver nulidade na autuação, por cerceamento do direito de defesa, em virtude de não terem sido transcritas integralmente as provas judicialmente obtidas (sobretudo interceptações telefônicas, que às vezes sequer eram parcialmente transcritas, existindo apenas “resumos” elaborados pelo próprio fisco), e por não ter sido colacionada a totalidade dos documentos que embasam a autuação. Não há nenhuma determinação ou obrigatoriedade de que a integralidade dos elementos do processo judicial seja carreada ao processo administrativo. Se a recorrente é também parte no processo judicial, e identifica ali algum excerto que deixou de ser transcrito e que é relevante a sua defesa, por óbvio (como se disse em relação à alteração de depoimentos) pode trazêlo ao processo administrativo, tendo o julgador o dever de analisálo. A simples alegação genérica de que deveriam ter sido transcritos todos os elementos do processo judicial (e não só aqueles que o autuante julgou necessários a sustentar o lançamento) não é suficiente para ocasionar a nulidade processual pretendida pelas recorrentes. Sustentase ainda em diversos recursos voluntários, como o apresentado pela “MUDE”, que não houve individualização dos fatos geradores dos tributos e das multas, ou dos juros/ das classificações fiscais, tendo havido detalhamento dos fatos geradores somente em planilha anexa, o que estaria em desacordo com o art. 10, V do Decreto no 70.235/1972, que exige que o auto de infração contenha obrigatoriamente a determinação da exigência. Para concluirse sobre a improcedência desta alegação, basta a simples leitura do texto constante de todas as autuações, que afirma: “A descrição dos fatos que deram origem ao presente Auto de Infração e os respectivos enquadramentos legais encontramse no Relatório em anexo, de no MPF05105002010000040, que juntamente com os Termos de Sujeição Passiva Solidária são partes integrantes e indissociáveis deste Auto de Infração.” (grifo nosso) E as planilhas citadas pela recorrente fazem parte do Relatório, como Anexos, tendo sido a recorrente cientificada da autuação, com a íntegra do processo administrativo disponível para feitura de sua impugnação. Na leitura do Relatório (principalmente de seu Anexo 4 fls. 1069 a 1080), percebese, v.g., o detalhamento por fato gerador (colunas 19 e 20 da planilha, com explicação na legenda de fl. 1070), e dos juros de mora (colunas 42, 48, 56 e 63, com explicação do cálculo na legenda de fls. 1071/1072), já destacando que não há nestes autos discussão sobre Fl. 9218DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 12782.000010/201054 Acórdão n.º 3401003.199 S3C4T1 Fl. 9.041 33 classificação fiscal, tendo sido admitida a classificação adotada pela empresa em sua declaração de importação. Assim, resta ausente de mácula a autuação, no que se refere à nulidade apontada. A “MUDE”, assim como outras recorrentes, opõese também ao fato de não ter havido procedimento fiscalizatório específico em relação a elas. Contudo, a inexistência de procedimento fiscalizatório prévio não constitui também mácula ensejadora de nulidade processual nestes autos, visto que a fase contenciosa iniciada com a ciência da autuação permitiu a todos os sujeitos passivos exercerem sua defesa com pleno conhecimento das condutas que lhes foram imputadas na autuação, e dos elementos probatórios que o fisco utilizou com a finalidade de motivar o lançamento. Nessa linha, igualmente improcedentes as manifestações de recorrentes como Pedro Luis Alves COSTA, que afirma ser avessa aos princípios básicos da Administração e à verdade material a autuação efetuada antes de solicitados esclarecimentos, e Carlos Roberto CARNEVALI, que sustenta que teve seu direito de defesa cerceado por não ter como avaliar as operações realizadas pela autuada, mormente pelo distanciamento operacional que existiu entre a “CISCO” e todas as empresas importadoras, distribuidoras e comerciantes. Basta às recorrentes rechaçar os elementos/provas apresentados na autuação, prestandose a isso o contencioso. A inexistência de ação específica fiscalizatória em relação aos responsáveis solidários, como se percebe na autuação, deriva da conclusão do fisco de que os elementos constantes do processo bastavam à evidenciação das infrações, conclusão esta que pode ser afastada no curso do contencioso. Não há, assim, nenhum argumento externado nos recursos voluntários que demonstre haver nulidade processual por cerceamento do direito de defesa. 4.. Da admissibilidade das provas A recorrente “PRIME” afirma que é nulo “o procedimento fiscal baseado exclusivamente em provas obtidas no âmbito de processo criminal” (grifo no original), por violar o princípio constitucional do devido processo legal. A recorrente “MUDE” endossa que o material probatório obtido judicialmente prestase somente à instrução da ação penal, não podendo ser utilizado no processo administrativo, por violar os incisos X (intimidade, honra, vida privada...), XI (casa) e XII (correspondência e comunicações telefônicas) do art. 5o da Constituição Federal e o disposto na Lei n o 9.296/1996. Contudo, como esclarece o julgador de piso, as provas apresentadas na autuação, além de não serem exclusivamente derivadas do processo judicial, contaram com explícita aquiescência da autoridade judicial. Vejase a decisão judicial de fls. 320/322: “Fls. 1809/1810 (Waytec), 1824 (Brastec), 1827,1828 (Telecon) e 1836/1840 (diversos): Em relação ao requerido pela 5ª região fiscal da Receita Federal – Ilhéus e aos 03 (três) pedido (sic) formulados pela Receita Federal do Brasil em São Paulo, acerca da utilização de conteúdo de interceptações telefônicas e Fl. 9219DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 34 telemáticas por Auditores da Receita Federal para fins de instrução de procedimentos fiscais visando lançamentos tributários em autuações fiscais, abstratamente falando é legal e constitucional a utilização dos elementos desse procedimento criminal para outros fins, inclusive para fins administrativos (prova emprestada). A jurisprudência do STF já tem mais de um caso de autorização ou aceitação de utilização de provas sigilosas obtidas em processo penal para outros fins. A legal obtenção de prova para apuração de crimes, mesmo no caso de interceptações telefônicas, não inviabiliza a posterior utilização dessas provas para outros fins judiciais ou administrativos. O que precisa ficar devidamente comprovado é que a interceptação foi originalmente solicitada e deferida visando efetivamente sua utilização em apuração de crimes e isso, inegavelmente, é o caso dos autos. As interceptações telefônicas e telemáticas, bem como as demais quebras de sigilo de dados, foram regularmente deferidas para apuração de crimes de quadrilha, falsidade documental, descaminho e crimes tributários. Com isso, perfeitamente cabível, em um segundo plano, que esses elementos possam ser utilizados como provas em outros procedimentos, mesmo que administrativos (prova emprestada).” (grifo nosso) Não há, assim, qualquer ilegalidade ou inconstitucionalidade na utilização das provas obtidas do processo judicial, que, como se destacou de início, não são as únicas constantes do lançamento efetuado. Aliás, nesse sentido já há manifestação do STF e jurisprudência deste CARF, como salientado na decisão de piso. Destaquese, sobre o tema, precedente deste CARF, sob nossa relatoria: “ESCUTA TELEFÔNICA. AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. VALIDADE. É válida a prova carreada aos autos decorrente de escuta telefônica se a coleta e o repasse à RFB das informações derivadas da escuta forem judicialmente autorizados.” (Acórdão no 3403002.434, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, maioria, vencido o Cons. Domingos de Sá Filho não especificamente no que se refere a este tema, sessão de 24.set.2013) Assim, a prova obtida em processo judicial penal, inclusive resultante de quebra de sigilo telefônico ou de dados, pode ser carreada ao processo administrativo, mormente quando expressamente autorizado pelo juízo competente. E as alegações em sede de recurso voluntário não revertem/afetam o teor da autorização judicial. A afirmação da recorrente “MUDE” de que “o compartilhamento autorizado pelo Juízo Criminal está eivado de diversos vícios, seja porque a coleta das ‘provas’ foi feita sem observar o devido processo legal e o procedimento escorreito para a obtenção das interceptações, seja porque a decisão mesma que autorizou a reprodução dos documentos pelas Autoridades Fiscais é ilegal” por certo não é oponível administrativamente, em função da unidade de jurisdição. Fl. 9220DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 12782.000010/201054 Acórdão n.º 3401003.199 S3C4T1 Fl. 9.042 35 Tanto a recorrente “PRIME” quanto a recorrente “MUDE” condenam ainda a utilização de provas que se referem a períodos diversos daqueles que são objeto da autuação, ou a laudo técnico efetuado em mercadoria da “CISCO” que se destinava a terceiro, concluindo, em ambos os casos, que estaria havendo presunção (indevida) por parte do fisco. Sobre os documentos referentes a períodos diversos dos constantes da autuação, já esclareceu o julgador a quo (como destacado no tópico 2 deste voto) que não se prestaram a fundamentar o lançamento, mas a aclarar o modus operandi utilizado. E nada impede a utilização de documentos nesse sentido, para contextualização do cenário analisado na autuação, assim como nada impede que os recorrentes também apresentem elementos referentes a períodos distintos (como faz, por exemplo, Carlos Roberto CARNEVALI, ao descrever sua trajetória profissional, julgada como relevante à visualização do contexto em que se insere na situação descrita nos autos). Não há, aqui, presunção, mas análise dos documentos referentes ao período lançado (Anexos , à luz do contexto / cenário apresentado). Sobre o laudo técnico efetuado por peritos da Polícia Federal (Anexo 2 fls. 323 a 331), destacou a “MUDE” que a perícia foi conduzida de forma parcial, e que foram analisados somente 14 modelos de equipamento da “CISCO” (restando 3 sem análise, conforme reconhece a perícia), estendendose a presunção aos demais, sendo que nenhum deles era de declaração de importação da “PRIME”, ocorrendo também presunção, a partir de prova emprestada. Verificando o laudo pericial (fl. 326), percebese que foram analisados 16 tipos de mercadorias (sendo 14 da marca “CISCO”), das declarações de importação (DI) no 07/14078896, no 07/14078900, no 07/14071107, no 07/13820823, no 07/13807428, no 07/13825426 e no 07/13830934; e que não foi possível encontrar 3 tipos de mercadorias (que estariam nas DI no 07/14078900 e no 07/13832430), destacandose que todas as mercadorias foram apreendidas por ocasião da Operação “PERSONA”, na qual se investigava importação fraudulenta pela empresa “MUDE” (por meio de interpostas). Os 14 tipos de mercadorias da “CISCO” analisados possuem códigos de modelo específicos, detalhados à fl. 326, que constam nas diversas declarações de importação, antes e depois daquelas analisadas (tendo sido possível, por código específico interno de controle da empresa efetuar o rastreamento individualizado desde a venda, nos Estados Unidos, pela “CISCO”, aos distribuidores, conforme se narra no RAF). Por óbvio, as mercadorias constantes das DI em revisão não mais estavam à disposição do fisco para análise no recinto onde ocorreu o desembaraço. Mas se está a falar não de estender a conclusão do laudo a mercadorias diversas, mas de atribuir as mesmas características a mercadorias de idêntico código fabricadas por uma mesma empresa, importadas recorrentemente. Embora já houvesse a possibilidade de o fisco fazêlo, sem invocar presunções (como parece ter entendido a DRJ), a matéria foi pacificada com o advento da Lei no 10.833/2003, que em seu art. 68 estabelece: “Art. 68. As mercadorias descritas de forma semelhante em diferentes declarações aduaneiras do mesmo contribuinte, salvo Fl. 9221DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 36 prova em contrário, são presumidas idênticas para fins de determinação do tratamento tributário ou aduaneiro. Parágrafo único. Para efeito do disposto no caput, a identificação das mercadorias poderá ser realizada no curso do despacho aduaneiro ou em outro momento, com base em informações coligidas em documentos, obtidos inclusive junto a clientes ou a fornecedores, ou no processo produtivo em que tenham sido ou venham a ser utilizadas.” Assim, o papel do laudo técnico é atestar que para aqueles modelos de mercadoria havia circuitos integrados (endossando o modus operandi de partição hardware / software, matéria a ser analisada no tópico 7 deste voto), figurando ao lado dos documentos do Anexo 3 do RAF para identificar mediante rastreamento por código interno da “CISCO” as mercadorias que teriam sido objeto de subfaturamento. Por fim, há que se destacar que a acusação de parcialidade no laudo queda ausente de qualquer apontamento específico, não permitindo a análise por este tribunal. Não há, assim, ilicitude ou nulidade na utilização do laudo pericial, elaborado por autoridade competente, em relação a mercadoria analisada pelo perito e descrita de forma idêntica à mercadoria que consta da autuação, e cuja rastreabilidade é possibilitada por documentos internos ao processo comercial (por meio de um código “referência brasoft#484”, que acompanha as mercadorias em todo o percurso). Em relação às mercadorias não analisadas pelos peritos, resta clara a impossibilidade de conclusão, ao menos a partir do laudo técnico, de que são circuitos integrados ou apresentam software integrado ao hardware, sendo necessários outros elementos para que o fisco sustente seu lançamento, tema a ser aprofundado no tópico 7 deste voto. 5. Dos erros e inconsistências A primeira inconsistência apontada por várias recorrentes, como a “PRIME”, se refere à desconsideração pelo fisco, no cômputo dos tributos a pagar, de eventual crédito que seria devido a título de IPIImportação, Contribuição para o PIS/PASEPimportação e COFINSimportação, ou ainda de CIDE sobre licença de uso de software. Sobre o tema, há somente que se endossar a conclusão já externada em primeira instância no sentido de que o aproveitamento de créditos é operação diversa da objetivada na autuação, por se referir à saída de mercadorias do estabelecimento da empresa (ou ainda a situação diversa, no caso de licença de uso de software / CIDE). Não se está aqui negando o direito ao crédito, e nem confirmando o, mas apenas informando que a análise não é possível no bojo do presente processo, por estar a matéria alheia ao escopo/objeto dos autos, assim como à margem da documentação carreada por ambas as partes. A “MUDE” insurgese, por seu turno, contra a taxa de câmbio utilizada na autuação, que alega estar incorreta (diferente da oficial, fornecida pelo BACEN). Sobre o tema, o art. 97 do Regulamento Aduaneiro (Decreto no 6.759/2009), disciplinando o disposto no art. 24 do DecretoLei no 37/1966 e art. 106 da Lei no 8.981/1995 (em sintonia com o art. 143 do CTN), dispõe: “Art. 97. Para efeito de cálculo do imposto, os valores expressos em moeda estrangeira deverão ser convertidos em moeda nacional à taxa de câmbio vigente na data em que se considerar Fl. 9222DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 12782.000010/201054 Acórdão n.º 3401003.199 S3C4T1 Fl. 9.043 37 ocorrido o fato gerador (DecretoLei no 37, de 1966, art. 24, caput). Parágrafo único.Compete ao Ministro de Estado da Fazenda alterar a forma de fixação da taxa de câmbio a que se refere o caput (Lei no 8.981, de 20 de janeiro de 1995, art. 106).” E o Ministro da Fazenda fixou a taxa de câmbio por meio da Portaria MF no 6/1999: “Art. 1o A taxa de câmbio para efeito de cálculo dos tributos incidentes na importação será fixada com base na cotação diária para venda da respectiva moeda e produzirá efeitos no dia subsequente. Art. 2o A taxa de câmbio a que se refere o artigo anterior será obtida mediante acesso ao Sistema de Informações Banco Central SISBACEN, por meio da transação "PTAX800, opção 05 Cotações para Contabilidade", e divulgada por intermédio da tabela específica "Taxa de Conversão de Câmbio" do Sistema Integrado do Comércio Exterior SISCOMEX. Art. 3o Secretaria da Receita Federal expedirá as normas necessárias à implementação do disposto nesta Portaria.” E, atendendo ao comando do art. 3o da Portaria do Ministro da Fazenda, a Secretaria da Receita Federal disciplinou a matéria na Portaria SRF no 87/1999: “Art. 1o A taxa de câmbio utilizada para cálculo dos tributos incidentes na importação, de que trata o art. 1o da Portaria MF No 06, de 1999, será disponibilizada, diariamente, na tabela "Taxa de Conversão de Câmbio" do Sistema Integrado do Comércio Exterior SISCOMEX, pela Coordenação de Estatísticas EconômicoTributárias COEST da Coordenação Geral de Estudos EconômicoTributários COGET. Parágrafo único. A taxa a que se refere este artigo terá por base a taxa de câmbio para venda da moeda estrangeira, divulgada pelo Sistema de Informações Banco Central SISBACEN, por meio da transação "PTAX800, opção 05 Cotações para Contabilidade", no fechamento do dia útil imediatamente anterior àquele em que houver sido disponibilizada no SISCOMEX, e será aplicada ao cálculo dos tributos relativos às declarações de importação registradas no dia subseqüente ao da disponibilização.” O autuante, na coluna 35 do Anexo 4 do RAF, informa que está usando o valor da mercadoria, em dólar, na data do registro da declaração de importação. Tomemos, por exemplo, a taxa cambial apontada pelo autuante na primeira DI do Anexo 3 (no 07/02881575, registrada em 06/03/2007): 2,1274. A “MUDE”, na tabela trazida às fls. 8024 a 8026, usa informações oficiais do sítio web do BACEN para afirmar que as taxas usadas na autuação estão incorretas. Ocorre que o autuante utilizou as taxas extraídas a partir do SISCOMEX, na sistemática descrita nas normas acima. Ou seja, usando a taxa de fechamento do dia útil Fl. 9223DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 38 imediatamente anterior à disponibilização no SISCOMEX. Daí a defasagem de dois dias: a Taxa SISCOMEX utilizada é a do dia anterior, que, por sua vez, corresponde ao fechamento do dia útil anterior no SISBACEN. Basta efetuar o cotejamento entre a tabela apresentada pela recorrente (fls. 8024 a 8026) e a tabela da autuação (colunas 35 fls. 1075 e 1079) para verificar que não há, na verdade, um erro, mas meramente o cômputo da taxa cambial de acordo com a legislação vigente. Endossando a explicação, basta ver nas próprias declarações de importação (integralmente copiadas no Anexo 3), que as taxas de câmbio utilizadas na autuação foram exatamente as mesmas usadas nas DI (automaticamente, pelo SISCOMEX, de acordo com as normas que regem a matéria), e coincidem com as informadas pelo próprio declarante no campo “dados complementares”. A título exemplificativo, vejase novamente a DI no 07/02881575 (primeira do Anexo 3, e correspondente às linhas 1 a 5 da tabela do Anexo 4), registrada em 06/03/2007, para a qual o importador declara (fl. 345) a taxa de câmbio de 2,1274. A “MUDE” apresenta ainda em sua impugnação o que denomina de “contradições e equívocos”, matéria não reiterada especificamente no recurso voluntário. Como bem destacou a DRJ, nenhuma das situações apontadas naquele item da impugnação era ensejadora de nulidade. Embora algumas das razões externadas (e tratadas no acórdão da DRJ, fls. 6551 a 6553, a nosso ver de forma consistente, coma a qual se acorda no presente voto, por idênticas razões) permaneçam diluídas no recurso voluntário, tratálasemos cada qual no bojo do tema à qual estão relacionadas. De todo modo, para o presente tópico, insta somente destacar que nem tais “contradições e equívocos”, nem a taxa utilizada para conversão cambial (corretamente), nem a demanda creditícia são ensejadoras de nulidade processual, ou afetam materialmente a autuação. 6. Da existência de ocultação do real adquirente Sob este tópico reside a imputação de existência de um “esquema de importações com interposição fraudulenta”, no linguajar do fisco, ou a aplicação de um “modelo de negócio”, nas palavras de várias recorrentes, como a “MUDE”. Analisando o desenho das operações sob a perspectiva do fisco (autoexplicativo), temse: Fl. 9224DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 12782.000010/201054 Acórdão n.º 3401003.199 S3C4T1 Fl. 9.044 39 Onde: (A) = Fabricante (CISCO SYSTEMEUA) (B) Distribuidores interpostos – USA (v.g. “MUDE USA”) (C) Exportadores interpostos – USA (v.g. 3 TECH, LATAM, LOGCIS, GSD...) (D) Importadores interpostos (v.g. “PRIME”) (E) Distribuidores interpostos (v.g. TECNOSUL) (F) Real adquirente e beneficiário oculto = “MUDE” (G) Comprador no mercado interno: clientes do grupo “MUDE/CISCO” Como narrado no relatório, esse era o esquema fraudulento para importação de produtos “CISCO”. As mercadorias, compradas por clientes da “CISCO” brasileira junto à CISCO americana passavam por diversas empresas distribuidoras e importadoras/exportadoras interpostas, sendo o destino semifinal a “MUDE”, que não aparecia nos documentos de importação, assim como não aparecia a “MUDE USA”, efetivamente controlada do Brasil, e administrada até 2006 pelo sócio da “MUDE” Luiz SCARPELLI Filho. As empresas distribuidoras e importadoras interpostas tinham como características comuns: (a) quadros societários constituídos por interpostas pessoas, sem capacidade financeira, e/ou offhores (sediadas em “paraísos fiscais”); (b) número reduzido de funcionários.; (c) imóveis alugados; e (d) reduzidos investimentos em ativo imobilizado, como relatado ao início. As importadoras simulavam vendas para as distribuidoras, que tinham por função “blindar” a “MUDE” em eventuais cobranças de ICMS e IPI. Sob a perspectiva da “MUDE”, entre outras, a figura a demonstrar a operação seria a seguinte (cf. questionamento efetuado ao prof. Dr. Paulo de Barros Carvalho): Fl. 9225DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 40 As funções de cada empresa, ainda segundo a recorrente “MUDE”, eram as seguintes: Fl. 9226DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 12782.000010/201054 Acórdão n.º 3401003.199 S3C4T1 Fl. 9.045 41 As diferenças entre o desenho efetuado pelo fisco e o efetuado pela recorrente não são tão substanciais, e denotam que efetivamente o que havia era uma venda da “CISCO” EUA para usuários finais no Brasil, com diversos intermediários, cada qual cumprindo seu papel. A divergência se refere à licitude de tais papéis e à possibilidade de a operação ser efetuada segundo a legislação aduaneira brasileira. Mas abarca ainda um fator que parece ter passado à margem das análises efetuadas pelo prof. Paulo de Barros Carvalho, e por outros consultores/pareceristas cujos serviços foram contratados pela recorrente “MUDE”: parte substancial das empresas que faziam parte do “esquema fraudulento” e/ou “modelo de negócio” eram geridas por pessoas sem capacidade financeira, e/ou por offhores controladas por pessoas que eram relacionadas direta ou indiretamente às operações (mediante simulação, fazendo parecer ao fisco situação societária que de fato não correspondia à realidade), tal qual demonstrado no RAF, e relatado ao início. Como atesta o julgador de piso: “O conjunto probatório revela, de início, que os quadros societários dessas empresas envolvem invariavelmente empresas sediadas em paraísos fiscais (offshores representadas/geridas por pessoas com vínculos com o esquema); e/ou pessoas desprovidas de recursos econômicofinanceiros (conhecidas como “laranjas”). Dentre a extensa gama de elementos coletados, tomamos, a título ilustrativo, os seguintes relacionados com a importadora PRIME, autuada na qualidade de contribuinte no presente processo. Seu quadro societário é composto por ÁLVARO KEYITI NAKASHIMA, na condição de sócio administrador (5% de participação societária) e a empresa estrangeira SOFTWARE LINKS LIMITED, sediada nas Bahamas, cujo procurador é igualmente ÁLVARO KEYITI NAKASHIMA. Anotese que ÁLVARO NAKASHIMA é cunhado de MARCOS ZENATTI, sócio da importadora ABC e da distribuidora TECNOSUL (90% de participação societária), cuja quase totalidade das vendas é destinada à MUDE. Fl. 9227DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 42 Em depoimento prestado à Polícia Federal, em 31/10/2007, ÁLVARO NAKASHIMA esclarece que não era proprietário da PRIME e que recebia salário de R$ 2.500,00 e prêmios pela cessão de seu nome para compor o quadro societário da empresa. Referida informação foi corroborada por documentos apreendidos na sede da PRIME, como, por exemplo, planilha que registra o pagamento de salários a ÁLVARO NAKASHIMA, no valor por ele informado (fl. 68). Vejamos trecho do depoimento citado: “Em depoimento prestado à Polícia Federal em 31/10/2007, ÁLVARO KEYITI NAKASHIMA, CPF 680.082.95872 (sócio interposto da PRIME), afirma que KIKO seria sócio de fato da PRIME. 02. Que atividade ou função exerce atualmente? R: Que no papel é proprietário da empresa PRIME TECNOLOGIA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA, mas que de fato é apenas um funcionário, pois a PRIME é administrada por CID GUARDIA FILHO, vulgo KIKO, pessoa esta que de fato é o dono da empresa. Conheceu CID GUARDIA num bar e este lhe ofereceu “emprego” e em troca o depoente teve que dar seu nome para abrir a empresa PRIME. A empresa foi aberta em meados de novembro de 2003 e o depoente começou a receber R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos) reais como salário, pois como já disse não era o proprietário de fato.” Ademais, tanto ZENATTI como NAKASHIMA moram no Parque Cecap, em Guarulhos na Grande São Paulo, em residências de classe média baixa, onde os apartamentos custam entre R$ 40 e 50 mil reais. Esse fato, obviamente, não se coaduna com a realidade de uma empresa como a PRIME, que importou, apenas no ano de 2005, mais de US$ 53 milhões de dólares, segundo dados dos sistemas da Receita Federal (fl. 46).” Poderíamos seguir com as numerosas transcrições telefônicas e documentos apreendidos na operação “PERSONA” que revelam a intrincada estrutura de simulação engendrada pelo grupo (como faz a DRJ às fls. 6557 a 6559), mas a comprovação de ocultação dolosa resta patente com os elementos já narrados. Assim, envolto em um “modelo de negócios” idealizado que não corresponde à realidade fática do “esquema fraudulento” engendrado, o grupo agiu dolosamente, com conhecimento das consequências das atitudes tomadas. E a autuação que agora se analisa já era prevista no Relatório (confidencial) elaborado pelo escritório “Mesquita Neto” (fls. 1107/1160), apreendido na residência de JOSÉ ROBERTO PERNOMIAM RODRIGUES, Diretor de Operações da “MUDE”, que alerta, entre outros, para uma exposição fiscal da ordem de R$ 1 bilhão de reais, em decorrência da compra de mercadorias importadas por terceiros: Fl. 9228DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 12782.000010/201054 Acórdão n.º 3401003.199 S3C4T1 Fl. 9.046 43 “Entendemos que alguns indícios abordados a seguir poderão levar os Fiscos Federal e do Estado de São Paulo a rastrear as operações da Sociedade. Uma pesquisa na internet revela que essa Sociedade é um dos maiores distribuidores dos produtos fabricados pela Cisco; entretanto, os parceiros Brastec, Waytec, ABC Industrial, Nacional e Tecnosul, não são encontrados, na rede de computadores, como parceiros da Cisco. As importações de determinados produtos fabricados pela Cisco Systems e revendidos no mercado brasileiro por essa Sociedade são realizadas pelas empresas Brastec, Waytec e ABC, que vendem mercadorias à Tecnosul e à Nacional, que por sua vez, as revendem para essa Sociedade. As referidas empresas (exceto a Cisco) têm as suas operações totalmente comprometidas com o atendimento da demanda dessa Sociedade, o que denota a existência de um acordo de exclusividade vinculando toda a cadeia de comercialização dos equipamentos importados. Outro ponto de destaque é que desde o momento do desembarque das mercadorias até a efetiva venda final a essa Sociedade (ou seja, importação/desembaraço aduaneiro, venda aos distribuidores e revenda à Sociedade), são transcorridos aproximadamente 04 (quatro) dias, o que pode sugerir que tanto o importador quanto o distribuidor não têm estrutura física (depósito) para abrigar as mercadorias cuja real importadora seria essa Sociedade. Corrobora esse entendimento o fato de que o transporte das mercadorias no território nacional é realizado pela mesma transportadora, desde o desembaraço aduaneiro, seja este praticado pelos importadores Brastec, Waytec, ou ABC, até à revenda final à Sociedade, seja esta realizada pelos distribuidores Tecnosul ou Nacional. Dessa forma, a Receita Federal e a Fazenda do Estado de São Paulo poderão autuar a Sociedade sob a alegação de que as operações mencionadas teriam como finalidade ocultar o real importador, qual seja, essa Sociedade. (...)”(negritamos) Não se tem, assim, a mínima dúvida de que ocorreu ocultação nas operações de comércio exterior em análise, e que a interposição da empresa “PRIME” na operação de importação é fraudulenta. De fato, ocorreram sucessivas ocultações ocasionadas por empresas que apresentavam ao fisco realidade fática distinta da situação idealizada no “modelo de negócio”. Restou demonstrado que a “MUDE” determina os bens que serão comprados e a cadeia de empresas que será utilizada, e provê os recursos financeiros para pagamento das despesas aduaneiras. Sem embargo, a flagrante interposição fraudulenta caracterizada nos autos prescinde de prova de adiantamento de recursos. Não se crê que o funcionário que assume não Fl. 9229DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 44 ser o responsável da empresa “PRIME” esteja efetivamente realizando importações por conta própria. Ademais, as importações efetuadas estão em total desacordo com as normas/modalidades de importação previstas no Brasil. Assim, restam maculadas as considerações dos pareceres jurídicos que formam convicção sobre a licitude de um “modelo de negócios” que, de fato, não ocorria na forma que por eles (ou, a eles) foi narrada. Por fim, e tratando do argumento de que o “modelo de negócio” adotado pela empresa requer a existência da figura do integrador (empresa que contata a “MUDE” para que forneça produtos “CISCO” vendidos no país a usuários finais, que sabiam que o produto seria importado da CISCO ou de suas terceirizadas no exterior), o que dava celeridade ao processo, mais eficiente e adaptado ao modelo just in time, com alavancagem da cadeia de negócios (apoio de recursos de terceiros, fabricantes ou consumidores finais), sendo decisiva a interdependência entre os agentes, há que se concordar in totum com o julgador a quo, quando este afirma que: “De fato, é no mínimo tortuoso imaginar que a MUDE, que tinha como foco majoritário a distribuição de produtos CISCO, precisasse interpor três a quatro empresas entre ela e a CISCO SYSTEM dos EUA para criar uma logística de rapidez, mormente quando as provas indicam que ela realizava o pedido e determinava todos os passos da importação.” Assim, resta comprovada a ocultação de intervenientes nas operações, mediante a participação de diversos agentes envolvidos, com interposição fraudulenta e simulação de operações de fato inexistentes, que dificultaram tanto o conhecimento, por parte da autoridade fazendária, da ocorrência dos fatos geradores, quanto das condições dos contribuintes, contribuindo ainda para modificar características essenciais base de cálculo de modo a reduzir o montante tributário a recolher, o que se analisa no tópico a seguir. 7. Da existência de subfaturamento O fisco afirma que há subfaturamento, pela não inclusão do software no valor aduaneiro das mercadorias importadas, mediante separação documental do hardware. Até meados de 2007, o modus operandi do grupo “CISCO/MUDE” era o seguinte: os equipamentos saíam da fábrica da “CISCO”EUA com os softwares já instalados. Na empresa “MUDE” USA, faziase a separação (split) apenas documental entre software e hardware. Desta forma, software e hardware eram importados separadamente do ponto de vista formal, embora estivessem fisicamente integrados. Isso era feito de duas formas: (a) no primeiro caso de split, constavam das faturas emitidas pela “CISCO”EUA um valor único para cada equipamento, equivalente ao somatório dos valores de hardware e software. Na “MUDE” USA, era emitida uma fatura ao exportador interposto, em que somente se destacava a existência do hardware, enquanto o valor correspondente ao software deixava de ser mencionado; e (b) no segundo caso de split, as faturas emitidas pela “CISCO”EUA já destacavam separadamente os valores de software e hardware para cada modelo/equipamento, sendo o valor do hardware destacado o único utilizado para fins de base de cálculo dos tributos quando do registro da Declaração de Importação. Fl. 9230DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 12782.000010/201054 Acórdão n.º 3401003.199 S3C4T1 Fl. 9.047 45 Para justificar a presença dos softwares nos equipamentos vendidos ao consumidor final, o grupo promovia, conforme informa o fisco, a importação dos softwares em CD. Dessa forma, além de pagar os tributos apenas sobre o valor da mídia e não do software, também justificava o envio ao exterior do valor dos softwares, permitindo assim que a “CISCO”EUA recebesse pela venda de seus produtos (hardware mais software). A apuração dos preços efetivamente praticados na importação das mercadorias objeto de autuação foi feita a partir das invoices (faturas comerciais) emitidas pela empresa fabricante “CISCO”EUA (CSI), revelando o fisco que não restou dúvida de que o “preço efetivamente praticado na importação” era aquele consignado na invoice emitida pela “CISCO EUA” (sendo possível identificar as mercadorias ao longo das operações realizadas com as interpostas por meio de um código “referência brasoft#484”, que as acompanha em todo o percurso). A própria “CISCO” confirma que: “Em relação à alegação específica acerca da separação do valor relativo a software e hardware, repitase que a política da CISCO sempre foi de que o software embutido no hardware deve ser tratado como hardware, de modo que o preço cobrado pela CSI na venda dos seus produtos inclui o valor do software. Como já demonstrado nestes autos, todas as faturas da CSI classificadas pela d. fiscalização como comprovadoras do suposto split tratam, na verdade, de faturas contendo o mero detalhamento do preço do hardware e do respectivo software ou outro subitem, sendo que, em todas elas, o preço total (hardware + software) é faturado pela CSI contra a MUDE USA em um único documento.” (grifo no original) O principal argumento dos recursos da “PRIME” (e da “MUDE”, entre outros), no entanto, é em sentido oposto, afirmandose que o software, em tal caso, não é tributado, e que não foram observados os procedimentos de valoração aduaneira. Sobre o tema, remetese inicialmente ao Acordo de Valoração Aduaneira (Acordo para Implementação do Artigo VII do GATT, concluído no bojo da Rodada Uruguai, e, no Brasil, aprovado pelo Decreto Legislativo no 30, de 15/12/1994, e promulgado pelo Decreto no 1.355, de 30/12/1994). No acordo, afirmase o primado do “valor da transação” (primeiro método), definido no Artigo 1 como “preço efetivamente pago ou a pagar pelas mercadorias em uma venda para exportação para o país de importação, ajustado de acordo com as disposições do Artigo 8”. E nem um nem outro exclui o software. Pelo contrário, como destaca o julgador de piso, rebatendo a tese da recorrente “MUDE” de que estaria excluída o “softwarelicença de uso”, há expressa inclusão dos direitos de licença no valor aduaneiro no Artigo 8, 1, “c”. A exclusão do montante referente ao software do valor aduaneiro resulta da Decisão 4.1 do Comitê de Valoração Aduaneira: “VALORAÇÃO DOS SUPORTES FÍSICOS CONTENDO SOFTWARE PARA EQUIPAMENTOS DE PROCESSAMENTO DE DADOS2 2 O Comitê de Valoração Aduaneira aprovou esta Decisão em sua reunião de 12 de maio de 1995. Fl. 9231DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 46 Em sua Décima Reunião, celebrada em 24 de setembro de 1984, o Comitê de Valoração Aduaneira adotou a seguinte decisão: O Comitê de Valoração Aduaneira DECIDE o seguinte: 1.Reafirmase que o valor de transação constitui a base primeira de valoração, segundo o Acordo sobre a Implementação do Artigo VII do GATT (doravante denominado “Acordo"), e que sua aplicação com respeito aos dados ou instruções (software) registrados em suportes físicos para equipamentos de processamento de dados está em plena conformidade com o Acordo. 2.Dada a situação única do gênero em que se encontram os dados ou instruções (software) registrados em suportes físicos para equipamentos de processamento de dados, e dado que algumas Partes têm buscado uma abordagem diferente, estaria também em conformidade com o Acordo que as Partes que assim o desejarem possam adotar a seguinte prática: Na determinação do valor aduaneiro dos suportes físicos importados que contenham dados ou instruções, será considerado unicamente o custo ou valor do suporte físico propriamente dito. Portanto, o valor aduaneiro não compreenderá o custo ou valor dos dados ou instruções, desde que estes estejam destacados do custo ou valor do suporte físico. Para os efeitos da presente Decisão, a expressão "suporte físico" não compreende os circuitos integrados, os semicondutores e dispositivos similares ou os artigos que contenham tais circuitos ou dispositivos; a expressão "dados ou instruções" não inclui as gravações de som, cinema ou vídeo. 3.As Partes que adotarem a prática mencionada no parágrafo 2 desta Decisão deverão notificar o Comitê sobre a data de início de sua aplicação. 4.As Partes que adotarem a prática mencionada no parágrafo 2 da presente Decisão deverão aplicála com base no princípio da nação mais favorecida (NMF), sem prejuízo de que qualquer Parte possa seguir recorrendo à prática do valor de transação.” (grifo nosso) Assim, resta indiscutível que antes da existência da Decisão 4.1 o procedimento correto era tributar inclusive o software com o imposto de importação, entre outros (ainda que adotada a tese do “direito de licença propugnada em alguns recursos, como o da “MUDE”, que não afeta em nada a conclusão de que o montante deve ser incluído no valor aduaneiro, de acordo com o AVA, ainda mais porque a “CISCO”EUA já informava todo o conjunto em suas notas de venda). A Decisão não foi elaborada, como parecem imaginar alguns recorrentes, como a “MUDE”, para possibilitar a inclusão do software no valor aduaneiro, mas exatamente para permitir que os Estados Partes que o desejassem efetuassem a exclusão do software do valor aduaneiro, nos moldes da decisão. Fl. 9232DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 12782.000010/201054 Acórdão n.º 3401003.199 S3C4T1 Fl. 9.048 47 E assim fez o Brasil, ao trazer o teor da Decisão 4.1 para o art. 81 do Regulamento Aduaneiro RA (tanto o RA de 2002/Decreto no 4.543, quanto o RA de 2009/Decreto no 6.759): “Art. 81. O valor aduaneiro de suporte físico que contenha dados ou instruções para equipamento de processamento de dados será determinado considerando unicamente o custo ou valor do suporte propriamente dito (Acordo de Valoração Aduaneira, Artigo 18, parágrafo 1, aprovado pelo Decreto Legislativo n o 30, de 1994, e promulgado pelo Decreto n o 1.355, de 1994; e Decisão 4.1 do Comitê de Valoração Aduaneira, aprovada em 12 de maio de 1995). §1o Para efeitos do disposto no caput, o custo ou valor do suporte físico será obrigatoriamente destacado, no documento de sua aquisição, do custo ou valor dos dados ou instruções nele contidos. §2o O suporte físico referido no caput não compreende circuitos integrados, semicondutores e dispositivos similares, ou bens que contenham esses circuitos ou dispositivos. §3o Os dados ou instruções referidos no caput não compreendem as gravações de som, de cinema ou de vídeo.” (grifo nosso) Incoerente, assim, inquinar de ilegalidade o texto do § 2o do referido Decreto quando este mantém no valor aduaneiro softwares que estejam em circuitos integrados, semicondutores e dispositivos similares, ou bens que contenham esses circuitos ou dispositivos. Se tal comando está ao desamparo de lei, também o está o restante do artigo 81, que permite a exclusão do software do valor aduaneiro nos demais casos, e retornarseia ao status quo ante, no qual todos os softwares estavam incluídos no valor aduaneiro. E incabível ainda cogitar da Portaria MF no 181/1989, que, além de não tratar especificamente do tema, por certo não pode se opor a comando de hierarquia superior (v.g. RA/2002, vigente à época dos fatos). E, no caso das importações em análise, o software estava na situação descrita no § 2o do art. 81 do RA, devendo ser incluído na base de cálculo. Isso não é demonstrado somente pelo laudo técnico da Polícia Federal (que se afirma ser parcial, nos dois sentidos da palavra, e que teria sido estendido mediante presunção a outras mercadorias), mas pela própria especificação dos produtos importados (em regra roteadores). Recordese, do relatório, que o roteador é composto pelo hardware, que abrange os componentes físicos, e pelo software, responsável pelo gerenciamento das funcionalidades do equipamento, e que a “CISCO”EUA classifica os softwares em oito grupos, sendo o primeiro obrigatório (IP BASE), localizado dentro do roteador, acompanhandoo desde a saída da fábrica, e os outros sete opcionais (avançados). O software, então, estava presente em todos os roteadores. Assim, o laudo pericial ao qual nos referimos no tópico 4 deste voto não constitui prova órfã, que seria acompanhada de presunção indevida. Como afirma o julgador de piso (detalhando cada uma das provas às fls. 6564 a 6571): “Para demonstrar que os equipamentos importados traziam dentro de si softwares já instalados, a fiscalização alicerçouse nos seguintes elementos: (i) informações técnicas sobre Fl. 9233DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 48 roteadores e respectivos softwares; (ii) documentos apreendidos em diversos alvos da Operação Persona, onde constam principalmente planilhas de controle em meio magnético, faturas e notas fiscais emitidas pelas empresas do esquema; (iii) interceptações telefônicas; (iv) laudo pericial emitido pela Polícia Federal.” O assunto constituiria um mero caso de subvaloração (como pretendem diversas recorrentes, como a “MUDE”) se a documentação relativa à importação houvesse sido apresentada com a perfeita discriminação do hardware e do software, incluindose apenas o hardware na tributação. Pois aí se revelaria um emprego equivocado do AVAGATT, bastando exigirse as diferenças, com multas simples, sem que se cogitasse qualquer subfaturamento. Ocorre que não é isso que se vê nos autos. Além do esforço empreendido para ocultar intervenientes (descrito no tópico 6 deste voto), o grupo partia as faturas de venda originais do fabricante (“CISCO” EUA), à revelia deste (como já explicitado), simplesmente excluindo o software das operações seguintes, praticadas por interpostas pessoas do grupo. E isso está longe de constituir erro ou subvaloração. É adulteração de documento, fraude. E a fraude foi perceptível a partir do trabalho do fisco, que rastreou as vendas da “CISCO” EUA até as Declarações de Importação relacionadas no Anexo 3 (com auxílio de controle interno do grupo), permitindo verificar individualizadamente os preços adotados. Diante da fraude, seguese para o art. 88 da Medida Provisória no 2.158 35/2001: “Art.88. No caso de fraude, sonegação ou conluio, em que não seja possível a apuração do preço efetivamente praticado na importação, a base de cálculo dos tributos e demais direitos incidentes será determinada mediante arbitramento do preço da mercadoria, em conformidade com um dos seguintes critérios, observada a ordem seqüencial: I preço de exportação para o País, de mercadoria idêntica ou similar; II preço no mercado internacional, apurado: a) em cotação de bolsa de mercadoria ou em publicação especializada; b) de acordo com o método previsto no Artigo 7 do Acordo para Implementação do Artigo VII do GATT/1994, aprovado pelo Decreto Legislativo no 30, de 15 de dezembro de 1994, e promulgado pelo Decreto no 1.355, de 30 de dezembro de 1994, observados os dados disponíveis e o princípio da razoabilidade; ou c) mediante laudo expedido por entidade ou técnico especializado. Parágrafo único. Aplicase a multa administrativa de cem por cento sobre a diferença entre o preço declarado e o preço efetivamente praticado na importação ou entre o preço declarado e o preço arbitrado, sem prejuízo da exigência dos Fl. 9234DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 12782.000010/201054 Acórdão n.º 3401003.199 S3C4T1 Fl. 9.049 49 impostos, da multa de ofício prevista no art. 44 da Lei no 9.430, de 1996, e dos acréscimos legais cabíveis.” (grifo nosso) Apresentamse, assim, duas alternativas: (a) caso seja possível a apuração do preço efetivamente praticado o fisco passa a exigir com base nele os tributos devidos na importação, e aplica a multa pela diferença entre ele e o preço declarado; ou (b) caso não seja possível, determinase o preço mediante arbitramento, de acordo com os critérios externados nos incisos e alíneas do caput do art. 88, aplicandose a multa pela diferença entre o preço declarado e o arbitrado. No caso em análise, o fisco expressamente informa (fl. 159) que “quando da análise do material apreendido na empresa WHAT’S UP (Alvo SP54), não restou dúvida de que ‘ o preço efetivamente praticado na importação’ estava consignado na INVOICE emitida pela CISCO SYSTEMS INC.” Portanto, não houve, propriamente, arbitramento, mas identificação do preço efetivamente praticado a partir das faturas (invoices) emitidas pelo fabricante estrangeiro (“CISCO”EUA). Como narrado no relatório, a partir dos documentos apreendidos, foi possível reconstituir com precisão a base de cálculo das importações registradas e das já desembaraçadas (no RAF são relacionadas as provas colhidas às fls. 234 a 238). De março a julho de 2007, é comprovado o subfaturamento nas Declarações de Importação registradas pela “PRIME” listadas na planilha do Anexo 4 do RAF. É de se recordar ainda os outros elementos probatórios apresentados ao final do RAF, e que não foram objeto de refutação a contento em sede recursal: (1) Roteiro intitulado “processos de compra e venda de softwares”, distribuído pelos dirigentes da “MUDE” a seus funcionários (no qual chegase a descrever que a importação do software seria “fictícia”, e que no caso de o software já estar integrado no hardware, o software é “jogado fora”); (2) anotação feita por funcionária da “MUDE” apontando riscos no split, tendo em vista o módulo ser “faturado splitado” e “físico integrado”); e (3) arquivo apreendido na residência de Marcelo Naoki IKEDA, com slides de apresentação informando que para importação, a “MUDE” precisa de faturas e part number separados, e qual a economia com isso. Como exposto, não há a mínima margem para se tratar o caso como subvaloração, pois resta comprovada a prática de subfaturamento. 8. Da alteração de critério jurídico Alega a empresa “MUDE”, entre outros recorrentes, que houve ofensa ao art. 146 do CTN, por alteração de critério jurídico do lançamento efetuado (mercadoria desembaraçada), sem demonstração de erro de fato. Cabe, assim, analisar se o fisco poderia "revisar" elementos que afetam a base de cálculo do imposto de importação, como o preço ou o valor aduaneiro das mercadorias, após têlas desembaraçado, ou se isso constituiria alteração de critério jurídico, em violação ao art. 146 do CTN, e à Súmula no 227 do extinto Tribunal Federal de Recursos (TFR). Fl. 9235DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 50 Sobre o tema, já tivemos a oportunidade de externar entendimento em artigo publicado em 2012. Aproveitase para reproduzir excerto de tal estudo, plenamente aplicável ao caso aqui analisado (ainda que não verse sobre classificação de mercadorias):3 “O art. 638 do Regulamento Aduaneiro, com base no art. 54 do DecretoLei no 37, de 1966, com a redação com a redação dada pelo DecretoLei no 2.472, de 1988, estabelece que revisão aduaneira “é o ato pelo qual é apurada, após o desembaraço aduaneiro, a regularidade do pagamento dos impostos e dos demais gravames devidos à Fazenda Nacional, da aplicação de benefício fiscal e da exatidão das informações prestadas pelo importador na declaração de importação, ou pelo exportador na declaração de exportação”. A revisão aduaneira assume crescente importância, na medida em que se está selecionando para conferência aduaneira, no despacho, um percentual cada vez menor de declarações de importação. Chegase até a cogitar a impropriedade da denominação do instituto, visto que o termo “revisão” sugere que já tenha havido uma primeira análise, o que nem sempre ocorre nas importações. No canal verde, por exemplo, sequer houve verificação da mercadoria ou exame documental; no amarelo, não ocorreu a verificação da mercadoria; e, mesmo no vermelho, pode ser que a verificação, feita por amostragem, não tenha abarcado especificamente o tópico que venha a ser discutido futuramente em procedimento de “revisão” aduaneira. Assim, a revisão aduaneira (cuja denominação fica cada vez mais inadequada), em verdade, tornase frequentemente a primeira oportunidade em que as informações prestadas pelo importador na declaração de importação são checadas pelo fisco. São numerosas as reclassificações de mercadorias desembaraçadas em canal verde (ou seja, sem qualquer intervenção humana).” (op. cit, p. 364) Também já efetuamos considerações sobre o tema em julgamentos anteriores, com acolhida unânime da turma: "CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS. DESEMBARAÇO ADUANEIRO. HOMOLOGAÇÃO. REVISÃO ADUANEIRA. POSSIBILIDADE. É possível a revisão aduaneira da classificação de mercadorias, não constituindo necessariamente tal ato “mudança de critério jurídico”. O desembaraço aduaneiro não homologa, nem tem por objetivo central homologar integralmente o pagamento efetuado pelo sujeito passivo. Tal homologação ocorre apenas com a revisão aduaneira (homologação expressa), ou com o decurso de prazo (homologação tácita)." (Acórdão n. 3403002.555, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, sessão de 23.jan 2013; e Acórdão n. 3403002.782, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, sessão de 25.fev 2014) (grifo nosso) 3 A revisão aduaneira de classificação de mercadorias na importação e a segurança jurídica: uma análise sistemática. In: BRANCO, Paulo Gonet; MEIRA, Liziane Angelotti; CORREIA NETO, Celso de Barros. Tributação e Direitos Fundamentais conforme a jurisprudência do STF e do STJ. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 341376. Fl. 9236DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 12782.000010/201054 Acórdão n.º 3401003.199 S3C4T1 Fl. 9.050 51 O imposto de importação é tributo sujeito a “lançamento por homologação”. O sujeito passivo (em regra, o importador) detalha em uma DI (declaração de importação) as mercadorias que está importando, suas classificações e seus valores, entre outras informações, e paga os tributos devidos segundo seus cálculos, independente de qualquer ato administrativo. A declaração é então sujeita a conferência, podendo ser desembaraçada em canal verde (sem qualquer ato da autoridade fiscal), amarelo (com verificação apenas dos documentos), vermelho (com verificação dos documentos e da mercadoria, por amostragem), ou cinza (com procedimento especial de controle aduaneiro). É míope e desconectada da realidade do comércio internacional a visão de que o desembaraço aduaneiro é um ato cujo objetivo central seja o lançamento de crédito tributário, ou sua homologação. O crédito tributário é coadjuvante nesse processo, exatamente porque pode ser exigido a posteriori, mediante "revisão" aduaneira. Em zona primária (portos, aeroportos e pontos de fronteira), a principal preocupação é com o cometimento de fraudes (como a importação de mercadoria proibida), especialmente se houver possibilidade de que um procedimento de fiscalização posterior seja frustrado. É essa a realidade, hoje, no Brasil e em todos os países desenvolvidos e em desenvolvimento do mundo, que passaram a adotar parâmetros de seletividade para não obstaculizar o comércio e para não entravar os portos, aeroportos etc., fiscalizando efetivamente baixo percentual de cargas importadas, restringindo a análise àquelas que apresentem efetivo potencial de risco, não sendo o tema tributário, repitase, protagonista nessa discussão (em face de o crédito poder ser exigido a posteriori).4 Assim, aquele que invoca a Súmula no 227 do TFR, no Brasil, para tratar de "revisão" aduaneira, está meio século atrasado na análise da questão, pois está a raciocinar na realidade da redação original do DecretoLei no 37/1966, e no contexto em que todas as mercadorias e todos os documentos de todas as declarações de importação eram (ou, ao menos, deveriam ser) examinados, quando hoje, a regra é a ausência de exame. Não é preciso muito esforço para perceber que a Aduana brasileira mudou em relação àquela que existia há meio século, à época em que se consolidou o entendimento expresso na súmula no 227, inadvertidamente mantido em realidade diversa, inclusive pelo STJ. Basta uma olhadela no sítio web da RFB para que vejamos quais as preocupações da aduana, hoje:5 "Aumento na Fluidez no Comércio Exterior 4 Como não é possível (nem efetivo) fiscalizar um percentual elevado das cargas que chegam ao País ou dele saem, investese em mecanismos de seleção fundados em parâmetros objetivos previamente cadastrados, permitindo que se verifiquem em despacho as mercadorias sobre as quais recai o mais alto grau de risco, ou as mercadorias com indícios de prática de fraude para a qual a fiscalização a posteriori seja improdutiva. Algumas infrações, como as relativas a propriedade intelectual, a saúde, ou que possam resultar em contrabando, devem ser tratadas em tempo de despacho. Outras, como o simples erro de classificação fiscal, ou o simples preenchimento incorreto de campo, poderiam ser objeto de fiscalização a posteriori (a menos que haja elementos que levem à convicção de que a empresa infratora é inexistente de fato, ou não disporá de patrimônio para saldar a dívida a posteriori, v.g.). Assim, a exemplo do que ocorre em diversos países, o Brasil prioriza, em despacho, o tratamento de um quantitativo reduzido de declarações, dando maior fluidez ao comércio internacional. 5 Dados extraídos do documento intitulado "Balanço Aduaneiro 2015", disponível em http://idg.receita.fazenda.gov.br/dados/resultados/aduana#, acesso em 01 mar.2016. Fl. 9237DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 52 Na importação, a fluidez é medida pelo percentual de declarações que são desembaraçadas com menos de 24 horas (Indicador do Grau de Fluidez). No primeiro semestre de 2015, 84,73% do total dos despachos de importação registrados foram liberados pela Aduana em menos de um dia. Isto representa uma melhora da fluidez na importação de 1,4% em relação ao primeiro semestre de 2014 e de 1,9% em relação ao primeiro semestre de 2013. (...) Mais rapidez dos tempos no despacho O tempo médio bruto de despacho na importação (DI), o qual computa do registro da declaração até o seu desembaraço, tem o tempo médio de 1,60 dias no período de janeiro a junho de 2015, o qual representa a redução de 2,43% no comparativo 2015 x 2014. (...) Declarações de Importação e Exportação No primeiro semestre de 2015, a Aduana do Brasil desembaraçou 1,71 milhões de declarações de operações de comércio exterior, sendo 1,159 milhões de despachos de importação e aproximadamente 560 mil despachos de exportação. (...)" Lamentavelmente, neste último relatório disponível, de 2015, a Aduana brasileira não divulgou o número de declarações por canal de conferência. Mas no anterior, de 2014, é possível acessar os números, inclusive de forma gráfica:6 "A capacidade de conferência no despacho e a gestão de risco evoluíram nos últimos 12 anos, de forma a permitir a maior fluidez ao comércio, conforme mostram os dois gráficos seguintes e, ao mesmo tempo, a aumentar o grau de eficácia na seleção e a efetividade da atuação da Receita Federal no combate às irregularidades nas operações de importação e exportação. O Brasil hoje tem um nível de seletividade, na importação, da ordem de 11,02%, índice menor que o de 2013 (11,21%) e 9,28% na exportação. Um dos indicadores do Custom Assessment Trade Toolkit – CATT, utilizado pelo Banco Mundial, relacionado ao nível de seletividade para controle do despacho aduaneiro, estabelece como parâmetro ideal 3% de seletividade. 6 Dados extraídos do documento intitulado "Balanço Aduaneiro 2014", disponível em http://idg.receita.fazenda.gov.br/dados/resultados/aduana/arquivoseimagens/balancoaduaneiro2014.pdf, acesso em 01 mar.2016. Fl. 9238DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 12782.000010/201054 Acórdão n.º 3401003.199 S3C4T1 Fl. 9.051 53 É a essa realidade que se pretende aplicar o art. 146 do Código Tributário Nacional (CTN), imaginando que tenha sido efetuado no procedimento aduaneiro aqui descrito uma revisão como a malha do imposto de renda, ou uma fiscalização de IPI realizada na empresa. Atentese que a área em verde do gráfico corresponde ao percentual de declarações de importação para as quais não foi verificada nem a mercadoria importada nem os documentos que ampararam a importação (ou seja, declarações para as quais não houve qualquer intervenção humana). E a área em amarelo, às importações para as quais foram verificados apenas os documentos, cabendo destacar que, mesmo nas áreas vermelhas, foram verificados documentos e mercadoria por amostragem. Em síntese, a realidade e a própria legislação aduaneira hoje existentes são distintas do contexto tributário e aduaneiro do qual foram extraídas as conclusões que se informa serem amoldadas à Súmula no 227 do extinto TFR. Aliás, o período em que eram atuais e pertinentes tais discussões foi a década de 80 do século passado. E tais discussões levaram justamente à alteração do DecretoLei no 37/1966, em 1988. O Capítulo III do DecretoLei no 37/1966 (referente a "Normas Gerais de Controle Aduaneiro das Mercadorias") era originalmente subdividido em quatro seções (‘despacho aduaneiro’ arts. 44 a 47; ‘conferência’, arts. 48 a 52; ‘desembaraço’ art. 53; e ‘revisão’ art. 54), estabelecendo este último artigo (54), único a compor a Seção IV, que: "Seção IV Revisão Art 54. A revisão para apuração da regularidade do recolhimento de tributos e outros gravames devidos à Fazenda Nacional será realizada na forma que estabelecer o regulamento, cabendo ao funcionário revisor 5% (cinco por cento), das diferenças apuradas, revogado o art. 4º do Decreto lei nº 8.663, de 14 de janeiro de 1946." (grifo nosso) O Decretolei no 2.472/1988, porém, deu nova redação a todo o Capítulo III do DecretoLei no 37/1966, que passou a contar com apenas duas seções (‘despacho aduaneiro’ arts. 44 a 53; e ‘conclusão do despacho’ art. 54), dispondo, a partir de então, o artigo 54: "Seção II Da Conclusão do Despacho Fl. 9239DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 54 Art. 54. A apuração da regularidade do pagamento do imposto e demais gravames devidos à Fazenda Nacional ou do benefício fiscal aplicado, e da exatidão das informações prestadas pelo importador será realizada na forma que estabelecer o regulamento e processada no prazo de 5 (cinco) anos, contado do registro da declaração de que trata o art.44 deste Decreto Lei." (grifo nosso) Percebase que o legislador, em 1988, não desejou somente retirar dos funcionários o percentual das diferenças apuradas, mas também libertarse da tradicional visão eminentemente tributária do despacho. E desejou ainda deixar claro que o despacho não termina com o desembaraço. Por isso intitulou o antigo artigo que tratava da "revisão", na nova redação, como "da conclusão do despacho".7 Assumese, com tal comando normativo, ainda vigente, que a fiscalização não se esgota com o desembaraço, e que a "apuração da regularidade" (sem utilizar mais o texto de estatura legal a palavra "revisão") da declaração desembaraçada não é efetuada fora, mas dentro do despacho, que ainda não está concluído até que haja manifestação expressa (com a "revisão") ou tácita (com o decurso do prazo para sua realização). O termo "revisão" aduaneira, inexistente na nova redação do art. 54, continuou a ser usado pelas normas de hierarquia inferior (v.g., Regulamentos Aduaneiros de 2002 e 2009), mas deve se advertir que não se está, de fato, naquilo que ficou conhecido como "revisão aduaneira", revisando algo, mas simplesmente apurando, em continuidade das verificações efetuadas (se efetuadas) antes do desembaraço, a regularidade da operação, em seus aspectos tributários ou aduaneiros, inclusive no que se refere a restrições/proibições à importação. Estava o Brasil cada vez mais se adequando à regulação aduaneira internacional, e se distanciando da visão à época externada pelos tribunais, que ainda pareciam imaginar que nos portos, aeroportos e pontos de fronteira tudo se verificava (ou tudo se presume que teria sido verificado), e que a discussão aduaneira era, em verdade, tributária (embora se possa relacionar substancial lista de temas que podem ser objeto de revisão aduaneira e sequer produzem consequências tributárias: importação de bens sem autorização do órgão competente, contrabando, importação de bens com falsidade na documentação de amparo etc.). E, de lá para cá, com o surgimento de canais de conferência (em 1997), que expressamente dispensaram a verificação em alguns casos, tornouse absolutamente dissociado da realidade o entendimento de que se estaria, em um desembaraço, promovendo uma verdadeira homologação de lançamento (ainda mais quando em cerca de 90% deles sequer se verificou nada). Mas o posicionamento em alguns julgados do STJ, de forma aparentemente cômoda, acabou congelado no tempo, a parecer que ainda se verifica efetivamente 100% das cargas nos portos, aeroportos e pontos de fronteira brasileiros. É certo que tal posicionamento, pela impossibilidade de revisão, poderia perigosamente levar o Brasil de volta à década de 60 do século passado, quando as cargas demoravam semanas (hoje, diante da relação funcionário / declarações de importação, seriam certamente meses) para serem verificadas, pois tal visão imporia efetivamente o dever de 7 Para deixar ainda mais claro que o despacho aduaneiro não termina com o desembaraço, tal Decretolei, ao dar nova redação ao art. 102, § 1o do Decretolei no 37, de 1966, dispôs que “não se considera espontânea a denúncia apresentada: a) no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria; ...". Fl. 9240DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 12782.000010/201054 Acórdão n.º 3401003.199 S3C4T1 Fl. 9.052 55 fiscalização de 100% da mercadoria importada e dos documentos correspondentes. E aí se poderia falar que o que ocorre depois do desembaraço seria uma efetiva "revisão". Estamos certos de que o problema não reside na Súmula no 227, mas em sua extensão a hipóteses em que não houve homologação alguma, mas simples liberação de mercadorias sob condição de posterior apuração de regularidade para conclusão do despacho. O desembaraço aduaneiro não representa lançamento efetuado pela fiscalização nem homologação, por esta, de lançamento "efetuado pelo importador". Tal homologação ocorre apenas com a "revisão aduaneira" (homologação expressa), ou com o decurso de prazo para sua realização (homologação tácita). A homologação expressa, por meio da "revisão aduaneira" de que trata o art. 54 do Decretolei no 37/1966, com a redação dada pelo Decretolei no 2.472/1988, em que pese a inadequação terminológica, derivada de atos infralegais, não representa, efetivamente, nova análise, mas continuidade da análise empreendida, ainda no curso do despacho de importação, que não se encerra com o desembaraço. Não se aplicam ao caso, assim, o art. 146 do CTN (que pressupõe a existência de lançamento) nem a Súmula 227 do extinto Tribunal Federal de Recursos (que afirma que "a mudança de critério adotado pelo fisco não autoriza a revisão de lançamento"). Ademais, se o julgador do CARF está a analisar matéria aduaneira, deve tomar como vigente o art. 54 do Decretolei no 37/1966, na redação que lhe deu o art. 2.472/1988, e que não apresenta a restrição defendida pela recorrente e por julgados do STJ, não podendo o julgador administrativo negar vigência ao referido artigo 54, ainda que por afronta a dispositivo do CTN ou da própria Constituição, por determinação da Súmula CARF no 2 (que, por certo, não se refere somente a "lei tributária", mas também a lei "aduaneira, ou mesmo de outro ramo jurídico). A Súmula no 227, do TFR, tem teor irretocável: em nome da segurança jurídica, não há argumento que fragilize a afirmação de que “a mudança de critério jurídico não autoriza a revisão do lançamento”. O problema é aplicar tal súmula em casos nos quais não houve necessariamente lançamento nem homologação, como o presente. A defesa não traz, no caso, nenhum elemento que indique que houvesse efetivamente uma orientação (ou um critério) da fiscalização em relação ao tema em análise. E fracassa na tentativa de indicar que efetivamente teria havido alteração de critério pela fiscalização, e não meros atos administrativos de desembaraço / liberação de mercadorias no curso do despacho. Ademais, esta turma vem manifestando entendimento majoritário de que somente naqueles casos em que tenha efetivamente havido verificação, com exigência efetuada ao importador para adequarse ao entendimento do fisco, e posterior exigência (em autuação) cobrando do mesmo importador entendimento diverso é que se poderia falar propriamente em "revisão de critério jurídico" (Acórdãos no 3401003.107 e no 3401003.111)8. Não havendo vestígios da ocorrência de tal hipótese no presente processo, endossase a desnecessidade de diligência, que não se prestaria a impactar a conclusão do colegiado. 8 Nos referidos acórdãos, proferidos em julgamentos efetuados em fevereiro de 2016, a turma entendeu majoritariamente no sentido aqui exposto, sendo vencidos os Conselheiros Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, que entendia haver efetiva revisão de critério jurídico apenas nas declarações de importação desembaraçadas em canal vermelho, e o Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Fl. 9241DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 56 Arrematese que, no presente processo, não havia qualquer entendimento oficial e generalizado do fisco sobre o valor aduaneiro ou o preço declarado que tenha sido alterado no curso do procedimento fiscal. A fiscalização aduaneira só não teve, ao tempo do desembaraço, acesso às informações que agora figuram no processo. E isso ocasionou a "revisão", que é legítima e conforme o ordenamento, não havendo que se falar em “mudança de critério jurídico”, ou mesmo em “erro de direito”. Improcedentes, assim, as alegações de alteração de critério jurídico. 9. Das multas aplicadas – dimensionamento e cumulatividade Sustentam diversas recorrentes, entre elas a “PRIME” e a “MUDE”, que não se comprovou dolo, e que as multas são confiscatórias. A discussão sobre eventual caráter confiscatório de multa legalmente prevista extrapola as competências deste órgão colegiado, por buscar guarida constitucional para afastar a aplicação de comando legal. O tema já é, como repetido neste voto, sumulado no âmbito do CARF: “Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.” No que se refere à qualificação da multa de ofício prevista no art. 44 da Lei no 9.430/1996, é de se destacar que as hipóteses que a permitem estão intimamente ligadas à existência de evidente intuito de fraude (caracterizador das situações arroladas nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502/1964, nas quais o elemento comum é o intuito doloso). Pelo descrito nos tópicos 6 e 7 deste voto, referentes a ocultação e a subfaturamento, respectivamente, resta clara a caracterização de todas as situações descritas nos arts. 71, 72 e 73 (fraude, sonegação e conluio): “Art . 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art . 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art . 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72.” A partição de faturas, de forma deliberada e acordada, a ocultação fartamente demonstrada e a ligação de diferentes pessoas buscando o objetivo comum de cometer as Fl. 9242DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 12782.000010/201054 Acórdão n.º 3401003.199 S3C4T1 Fl. 9.053 57 referidas condutas leva à acordância com o texto do RAF, que afirma (fl. 159) que “a fraude, a sonegação e o conluio estão presentes em todas as operações analisadas ao longo deste procedimento fiscal”, seja no subfaturamento, ou na prática sistemática de ocultação dos reais intervenientes, ou na concorrência do importador e do adquirente de fato nas práticas ilícitas. Procedente, assim, a aplicação da multa de ofício no percentual majorado, sem prejuízo da multa administrativa. A recorrente “PRIME”, entre outras, sustenta ainda que não há possibilidade de cumulação da multa prevista no art. 44 da Lei no 9.430/1996 (150% sobre a diferença de tributos) e no art. 88, parágrafo único da Medida Provisória no 2.15835/2001 (100% sobre a diferença entre o preço declarado e o efetivamente praticado), conforme art. 99 do DecretoLei no 37/1966. A matéria se resolve com a simples transcrição das referidas disposições legais. Dispõe o art. 44 da Lei no 9.430/1996, com a redação dada pela Lei no 11.488/2007: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) (...) § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) (...)” (grifo nosso) É de se perceber nitidamente que a multa do § 1o, originalmente presente no inciso II do art. 44 da lei, não é incompatível com a aplicação de outras penalidades administrativas, por expressa disposição legal, que já constava tanto na redação original da lei quanto no texto da Medida Provisória no 351, de 22/01/2007 (art. 14), da qual decorre a Lei no 11.488/2007. Por sua vez, estabelece o art. 88 da Medida Provisória no 2.15835/2001: “Art.88. (...) Parágrafo único. Aplicase a multa administrativa de cem por cento sobre a diferença entre o preço declarado e o preço efetivamente praticado na importação ou entre o preço declarado e o preço arbitrado, sem prejuízo da exigência dos impostos, da multa de ofício prevista no art. 44 da Lei no 9.430, de 1996, e dos acréscimos legais cabíveis.” Fl. 9243DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 58 Impossível atingir maior grau de literalidade. A multa administrativa, que já era compatível, como visto, com a tratada no art. 44 da Lei no 9.430/1996, traz expressa disposição reafirmando a compatibilidade. Não há como sustentar a impossibilidade de aplicação conjunta das multas, de forma avessa ao teor de ambas as leis, sem tropeçar no teor da Súmula no 2 deste CARF. Além da expressa possibilidade derivada dos comandos legais, é possível a aplicação da multa prevista no art. 88 da Medida Provisória no 2.15835/2001 e da multa prevista no art. 44 da Lei no 9.430/1996 para uma mesma situação fática, pois as multas incidem sobre objetos diferentes, em decorrência da tutela de bens jurídicos diversos, o que é facilmente perceptível, inclusive matematicamente: (a) é possível incidir em valores significativos a multa do art. 88 mesmo em um cenário de alíquotas zero para todos os tributos devidos na importação, pois o montante de tributo que deixou de ser pago, no caso, é irrelevante; e (b) da mesma forma, é possível que, v.g., por uma classificação dolosamente efetuada de forma incorreta, seja aplicável a multa de ofício majorada referida no art. 44, sem que se configure a situação descrita no art. 88, por ser irrelevante, no caso, o preço. Contudo, se a situação ensejar discussão de preço e de tributos devidos, cabível a aplicação de ambas as multas. Por derradeiro, em relação a este tópico, cabe informar que o art. 99 do DecretoLei no 37/1966 é comando que, apesar de idêntica hierarquia, antecede no tempo as duas normas veiculadoras de multa aqui citadas (Medida Provisória no 2.15835/2001 e Lei no 9.430/1996), pelo que juridicamente não as supera, mas por elas é superado. Improcedentes, assim, os recursos no que se refere ao dimensionamento e à cumulatividade das multas aplicadas. 10. Dos juros de mora Sustenta ainda, entre outros recorrentes, a empresa “MUDE”, que não incidem juros de mora sobre as multas de ofício aplicadas. A decisão do tribunal a quo expressa que os juros de mora são devidos por força do caput do art. 161 do CTN. Sobre o tema, é firme o posicionamento desta Terceira Turma há mais de dois anos, externado, entre outros, no Acórdão no 3403002.367, do qual se extrai a argumentação a seguir. O assunto seria aparentemente resolvido pela Súmula no 4 do CARF: “Súmula CARF no 4: A partir de 1o de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais” (grifo nosso) Contudo, resta a dúvida se a expressão “débitos tributários” abarca as penalidades, ou apenas os tributos. Verificando os acórdãos que serviram de fundamento à edição da Súmula, não se responde a questão, pois tais julgados se concentram na possibilidade de utilização da Taxa SELIC. Fl. 9244DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 12782.000010/201054 Acórdão n.º 3401003.199 S3C4T1 Fl. 9.054 59 Seguese então, para o art. 161 do Código Tributário Nacional, que dispõe: “Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1o Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. § 2o O disposto neste artigo não se aplica na pendência de consulta formulada pelo devedor dentro do prazo legal para pagamento do crédito.”(grifo nosso) As multas são inequivocamente penalidades. Assim, restaria ilógica a leitura de que a expressão créditos ao início do caput abarca as penalidades. Tal exegese equivaleria a sustentar que: “os tributos e multas cabíveis não integralmente pagos no vencimento serão acrescidos de juros, sem prejuízos da aplicação das multas cabíveis”. A Lei no 9.430/1996, por sua vez, dispõe, em seu art. 61, que: “Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. § 1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Novamente ilógico interpretar que a expressão “débitos” ao início do caput abarca as multas de ofício. Se abarcasse, sobre elas deveria incidir a multa de mora, conforme o final do comando do caput. Mais recentemente tratouse do tema nos arts. 29 e 30 da Lei no 10.522/2002: “Art. 29. Os débitos de qualquer natureza para com a Fazenda Nacional e os decorrentes de contribuições arrecadadas pela União, constituídos ou não, cujos fatos geradores tenham ocorrido até 31 de dezembro de 1994, que não hajam sido objeto de parcelamento requerido até 31 de agosto de 1995, expressos Fl. 9245DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 60 em quantidade de Ufir, serão reconvertidos para real, com base no valor daquela fixado para 1o de janeiro de 1997. § 1o A partir de 1o de janeiro de 1997, os créditos apurados serão lançados em reais. § 2o Para fins de inscrição dos débitos referidos neste artigo em Dívida Ativa da União, deverá ser informado à Procuradoria Geral da Fazenda Nacional o valor originário dos mesmos, na moeda vigente à época da ocorrência do fato gerador da obrigação. § 3o Observado o disposto neste artigo, bem assim a atualização efetuada para o ano de 2000, nos termos do art. 75 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, fica extinta a Unidade de Referência Fiscal – Ufir, instituída pelo art. 1o da Lei no 8.383, de 30 de dezembro de 1991. Art. 30. Em relação aos débitos referidos no art. 29, bem como aos inscritos em Dívida Ativa da União, passam a incidir, a partir de 1o de janeiro de 1997, juros de mora equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia – Selic para títulos federais, acumulada mensalmente, até o último dia do mês anterior ao do pagamento, e de 1% (um por cento) no mês de pagamento.” (grifo nosso) Vejase que ainda não se aclara a questão, pois se trata da aplicação de juros sobre os “débitos” referidos no art. 29, e a expressão designada para a apuração posterior a 1997 é “créditos”. Bem parece que o legislador confundiu os termos, e quis empregar débito por crédito (e viceversa), mas tal raciocínio, ancorado em uma entre duas leituras possíveis do dispositivo, revelase insuficiente para impor o ônus ao contribuinte. Não se tem dúvidas que o valor das multas também deveria ser atualizado, sob o risco de a penalidade tornarse pouco efetiva ou até inócua ao fim do processo. Mas o legislador não estabeleceu expressamente isso. Pela carência de base legal, então, entendese pelo não cabimento da aplicação de juros de mora sobre as multas de ofício, na linha que já vem sendo adotada por esta Turma. 11. Da responsabilidade dos recorrentes Indiscutível, diante do exposto no presente voto, a responsabilidade da “PRIME”, importadora interposta, que, com quadro societário de frágil consistência, efetivamente é controlada por pessoas a ele externas (Grupo “K/E”, composto por Cid GUARDIA Filho, o “KIKO”, e Ernani Bertino MACIEL), partícipe do esquema de ocultação e “contribuinte” na declaração de importação das mercadorias subfaturadas, responsabilidade essa tanto em relação aos tributos quanto às penalidades. A “PRIME” (“e”) afirma que a empresa não é responsável pela infração, vez que a própria fiscalização reconhece que ela não teve qualquer participação na prática dos atos referidos no relatório fiscal referentes a subfaturamento, apenas atuando como ocultante da empresa “MUDE”, conduta punida com a multa prevista no art. 33 da Lei no 11.488/2007, devendo a responsabilidade ser, no caso, pessoal do agente (art. 137 do CTN), inclusive pelo crédito tributário (art. 135 do CTN). Fl. 9246DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 12782.000010/201054 Acórdão n.º 3401003.199 S3C4T1 Fl. 9.055 61 Não deve prosperar, no entanto, tal argumento, seja porque em nenhum momento o fisco afirma que a “PRIME” não teve qualquer participação no esquema, mas tão somente que era uma empresa inserida “no esquema” com a finalidade de ocultar o real adquirente das mercadorias. É de se concordar com a “PRIME” que a ela seria cabível a multa prevista no art. 33 da Lei no 11.488/2007, que pode até ter sido lavrada em autuação autônoma, mas não que tal multa afaste as aqui aplicadas em decorrência da solidariedade. Em relação aos responsáveis solidários (“t”), é preciso, de início, esclarecer que a responsabilidade imputada decorre do art. 124 do CTN, relacionandose ao interesse comum na situação que constitui o fato gerador da obrigação principal. Em relação a infrações, cabe ainda citar o art. 95 do Decretolei no 37/1996, que afirma responderem “conjunta ou isoladamente quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática ou dela se beneficie”. Ao contrário do que defendem recorrentes como a “MUDE”, a responsabilidade solidária prevista no art. 124, inciso I, do CTN, não se aplica somente aos que efetivamente praticam o verbo do critério material da hipótese de incidência tributária ou da multa, mas, como esclarece a codificação, as que tenham “interesse comum” na situação que constitui o fato gerador da obrigação principal. É de se afastar aqui ainda outra confusão frequente: “ter interesse comum” difere de “obter benefício financeiro com”. Para imputação da responsabilidade solidária basta a comprovação do “interesse comum”, não sendo requerida prova de transferência de recursos entre uma pessoa e outra (como parece se entender nas defesas efetuadas por alguns recorrentes). É com esse escopo que se busca identificar, a seguir, se houve o referido “interesse comum”. E a análise dos individualizada dos 13 Termos de Solidariedade Passiva, à luz dos elementos apresentados, deve iniciar pela empresa “MUDE”, que, ocultada pela “PRIME”, como demonstrado, é a real adquirente das mercadorias e controladora da “MUDE” USA (100%). A empresa, escondendose na estrutura de importação/distribuição fraudulenta engendrada, não apresenta recolhimentos de IPI (em que pese o volume transacionado), sendo a verdadeira coordenadora da relação de exportações da “CISCO”EUA para os clientes da “CISCO”. Seu interesse comum na realização das importações é cristalino, não só sob o ponto de vista econômico, mas como mentora, criadora da partição de faturas em sua controlada estrangeira, e presente em praticamente todas as etapas da cadeia de interpostas pessoas. A empresa não logra afastar as condutas imputadas no Termo de Sujeição Passiva Solidária (TSPS) de fls. 2483 a 2531 (principalmente a de que se interpôs na relação entre os reais partícipes da operação de comércio exterior, ocultandoos, e fugindo ao recolhimento do IPI), e os elementos ali acostados, como se percebe no decorrer deste voto, pelo que se mantém a inclusão no polo passivo da autuação. A empresa “CISCO”, de fato, é a que menos aparece no processo formal de importação, embora seja certo que tenha ciência do esquema de interposição (encarado como “modelo de negócio”), e do subfaturamento (pois a “CISCO” EUA poderia até discordar da partição de fatura, mas tal partição de fato ocorria, como demonstrado nos autos, e a “CISCO” brasileira, que encarna o papel de escritório de representação, mantendo contato com o cliente final, contribuía para a perpetração da fraude “ff”), e dele participava, embora com papel mais modesto que a “MUDE”, contribuindo para o resultado final, e com ele logrando benefício. Fl. 9247DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 62 A afirmação recursal (“t”) de que a empresa “CISCO” não importou mercadoria seria correta se nos ativéssemos somente ao aspecto formal, explicitamente mostrado ao fisco, mas já ficou bem claro neste voto que a fiscalização deve ir (e foi) além do ostensivamente mostrado, mergulhando na real transação efetuada. E nesse sentido, é inegável a existência de importação, com destino final a um cliente da “CISCO”, e com a participação da empresa em sua concretização, concorrendo para a prática do ilícito. A inserção de diversas pessoas na operação de importação, por meio do multicitado “modelo de negócio”, existente em mais de 80 países (“cc”), assim como a investigação efetuada em relação ao então presidente da “CISCO” brasileira, Sr. Carlos Roberto CARNEVALI, acusado de estar por trás de offshore controlada pela “MUDE” (“dd”), ou a justificativa de que não tinha a “CISCO” como saber que empresas alegadamente sem capacidade econômica estariam sendo fraudulentamente interpostas na cadeia de importação de seus produtos (“ee)” o que não é crível diante dos elementos acostados aos autos, ou por derradeiro, a alegação de que (“gg”) a “CISCO” efetivamente e legalmente concedia linhas de crédito à “MUDE”, não havendo qualquer dependência/gestão, ou adiantamento, não logram êxito em afastar a responsabilidade da empresa, contrapondo os elementos constantes no Termo de Sujeição Passiva Solidária (TSPS) de fls. 2573 a 2630 (principalmente de que tinha conhecimento, beneficiouse e efetivamente chegou a contribuir para a prática das irregularidades, como descrito neste voto), pelo que se mantém a inclusão da “CISCO” no polo passivo da autuação. Em relação às pessoas físicas para as quais persiste o contencioso neste processo, percebese, em que pese a independência de assuntos (criminal/administrativo tributário) e de âmbitos (judicial/administrativo), que foi oferecida denúncia pelo Ministério Público em relação a Fernando Machado GRECCO, Marcelo Naoki IKEDA, Marcílio Palhares LEMOS, Moacyr Álvaro SAMPAIO, Hélio Benetti PEDREIRA, Gustavo Henrique Castellari PROCÓPIO, José Roberto Pernomian RODRIGUES, e Carlos Roberto CARNEVALI. Resta fora do referido processo judicial somente Pedro Luis Alves COSTA, visto que na sentença de fls. 8525 a 8675 se indicava que Cid GUARDIA Filho e Ernani Bertino MACIEL seriam denunciados em ação autônoma. E, por tal sentença, notase que foram condenados a 5 anos e 2 meses de reclusão pela prática dos crimes previstos nos art. 288 e 334 do Código Penal os réus Fernando Machado GRECCO, Marcelo Naoki IKEDA, Marcílio Palhares LEMOS, Moacyr Álvaro SAMPAIO e José Roberto Pernomian RODRIGUES. Endossase o teor de tal decisão em relação ao condenado, visto que a identificação da conduta criminosa exige inclusive a presença de requisitos desnecessários à configuração da responsabilidade administrativotributária. Fernando Machado GRECCO, sócio e exsócio de diversas empresas do grupo (“MUDE”75%; “MUDE EUA”Presidente; “UNIÃO DIGITAL”3,50%; “FULFILL” 3,55%, empresa com débitos de R$ 42 milhões inscrito em dívida ativa; “PHASE2”3,55% utilizada pelo grupo para ocultar mediante offshore os verdadeiros proprietários; e “ORPHEUS”99,98%), atua efetivamente na “MUDE”, onde ocupou o cargo de diretor de marketing, à época dos fatos. É um dos grandes beneficiários do esquema, e procurador da offshore “CANSONS”, sócia da “PHASE2” (na “MUDE” foi encontrada planilha intitulada “QUADROS SOCIETÁRIOS GRUPO” relacionando a “PHASE2”, que ocupava o mesmo endereço da “FULFILL”, que antecedeu a “MUDE” no esquema). Vários documentos apreendidos em sua residência (fls. 1334 a 1342) indicam a participação ativa no esquema. Documentos comprovam o evento denominado venda de 75% da “MUDE” pelo grupo JDTC. Após a venda, IKEDA, SCARPELLI e GRECCO (Grupo LIG) teriam 75% e o Grupo JDTC teria 25% da “MUDE”. Configurados o interesse comum e a concorrência para a prática Fl. 9248DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 12782.000010/201054 Acórdão n.º 3401003.199 S3C4T1 Fl. 9.056 63 fraudulenta, o Sr. GRECCO não logra, em sua defesa, afastar as condutas imputadas no TSPS de fls. 1322 a 1367. Marcelo Naoki IKEDA faz parte do grupo desde a “UNIÃO DIGITAL”, tendo vinculação com a “FULFILL” (fl. 4419/4420). Os organogramas encontrados nas diversas apreensões dão conta de sua posição de diretor comercial da “MUDE” e do conhecimento do esquema (fls. 4421/4422). Assinou como responsável pela offshore “CASPIAN OVERSEAS”, que passou a deter ações da “FULFILL” (fl. 4423). Após a Operação PERSONA, retificou suas declarações de IRPF para reconhecer ser proprietário da offshore “CORDELL”. Documentos comprovam o evento denominado venda de 75% da “MUDE” pelo grupo JDTC. Após a venda, IKEDA, SCARPELLI e GRECCO (Grupo LIG) teriam 75% e o Grupo JDTC teria 25% da “MUDE”. Configurados o interesse comum e a concorrência para a prática fraudulenta, o Sr. IKEDA não logra, em sua defesa, afastar as condutas imputadas no TSPS de fls. 4417 a 4617. Marcílio Palhares LEMOS é sócio ou possui vínculo com as seguintes empresas do grupo: “PLCON” (90%); “CBFM” (56%); “MUDE” (exadministrador) e “PHASE2” (exadministrador). À época dos fatos era diretor financeiro da “MUDE”, e o mentor financeiro do grupo e de todo o fluxo financeiro do esquema, inclusive estrangeiras e offshore, cf. documentos referidos às fls. 3478 a 3536. Configurados o interesse comum e a concorrência para a prática fraudulenta, o Sr. LEMOS não logra, em sua defesa, afastar as condutas imputadas no TSPS de fls. 3474 a 3539. Moacyr Álvaro SAMPAIO, sócio e exsócio de diversas empresas do grupo, como “UNIÃO DIGITAL” e “JDTC”. Ocupava, à época dos fatos, o cargo mais elevado (CEO) na “MUDE”. Apesar de não constar formalmente do quadro societário da “MUDE”, documentos relacionados às fls. 2989 a 3039 comprovam que é um dos grandes mentores do esquema. Participa ainda do quadro societário da “MUDE EUA” e de uma exportadora interposta, a “LOGCIS”. Também retificou suas declarações IRPF após a Operação PERSONA, diversas vezes, para reconhecer participação em diversas empresas offshore, por meio das quais recebia distribuição disfarçada de lucros no negócio. Configurados o interesse comum e a concorrência para a prática fraudulenta, o Sr. SAMPAIO não logra, em sua defesa, afastar as condutas imputadas no TSPS de fls. 2986 a 3059. José Roberto Pernomian RODRIGUES, sócio e exsócio de diversas empresas do grupo, como “DBRO” e “MUDE”, e responsável por empresas estrangeiras. Diretor Operacional do grupo “MUDE”, é um dos mentores do esquema de interposição fraudulenta e subfaturamento. Entre os diretores, é o mais atuante, cf. organogramas de fls. 3888 e 3889 e documentos relacionados às fls. 3889 a 3917. Sua jurisdição se estende a outras empresas do grupo, além da “MUDE”. Sócio oculto da JDTC, que tem na “MUDE” um de seus investimentos no país. Configurados o interesse comum e a concorrência para a prática fraudulenta, o Sr. RODRIGUES não logra, em sua defesa, afastar as condutas imputadas no TSPS de fls. 3886 a 3921. Hélio Benetti PEDREIRA, absolvido no processo judicial, é exsócio de diversas empresas do grupo, como “UNIÃO DIGITAL” e “JDTC”. Participando explicitamente do quadro societário da “MUDE” (25%), compõe os quadros hierárquicos superiores do grupo, ao lado de SAMPAIO, CARNEVALI, COSTA, GRECCO, IKEDA e RODRIGUES. Os documentos relacionados às fls. 2680 a 2714 comprovam que tem pleno conhecimento, pratica atos de gestão e se beneficia do esquema. Também retificou suas Fl. 9249DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 64 declarações de IRPF após a Operação PERSONA para reconhecer participações em offshores do esquema. Assim, apesar de não comprovada a conduta criminosa, persistem a configuração do interesse comum e da concorrência para a prática infracional, não tendo o Sr. PEDREIRA logrado, em sua defesa, afastar as condutas imputadas no TSPS de fls. 2674 a 2730. Gustavo Henrique Castellari PROCÓPIO, também absolvido no processo judicial, é advogado, e pertence ao grupo desde o início (“UNIÃO DIGITAL”), tendo participação em offshores como a “CORDELL” e a “NORDSTROM”. Na “MUDE”, foi promovido a gerente de operações por RODRIGUES (diretor de operações), reportandose diretamente a ele, cf. organograma de fl. 4258. Seus conhecimentos são importantes da manutenção das simulações do grupo sob investigação, e, atuando com respaldo em procuração que lhe dá plenos poderes de gestão sobre empresas do grupo, participa efetivamente do esquema, conforme documentos relacionados às fls. 4259 a 4285. Assim, apesar de não comprovada a conduta criminosa, persistem a configuração do interesse comum e da concorrência para a prática infracional, não tendo o Sr. PROCÓPIO logrado, em sua defesa, afastar as condutas imputadas no TSPS de fls. 4256 a 4288. Carlos Roberto CARNEVALI, igualmente absolvido no processo judicial, era vicepresidente da “CISCO” para a América Latina até ser demitido, após a deflagração da Operação PERSONA. Possui antiga relação com Hélio Benetti PEDREIRA, com quem montou, ao lado da “CISCO”, a “UNIÃO DIGITAL”, que em pouco tempo se tornou a maior revendedora “CISCO” para a América Latina. Assina pelas offshores “HARBORSIDE” e “PULLMANN” (que recebeu pagamentos da “CANSONS”). Mesmo após a lavratura de Auto de Infração referente a ICMS de R$ 81 milhões contra a “UNIÃO DIGITAL”, a sociedade entre eles permaneceu, na atual “MUDE”. Os principais líderes do grupo “MUDE” se reuniam com CARNEVALI (cf. fl. 1955), tratando explicitamente sobre as operações do esquema, e sua gestão, cf. documentos relacionados às fls. 1958 a 1989, apresentando fortes indícios de ser sócio oculto da “JDTC”. Havia preocupação do grupo “MUDE” em não mencionar seu nome, pois era sócio da “CISCO” (cf. documento de fl. 1965). CARNEVALI é o que apresenta a defesa mais consistente a afastar sua responsabilização, tanto no que se refere à empresa “União Digital” quanto à autuação de ICMS, ou a razão das trocas de informações por email, ou ainda em relação ao fato de estar afastado das atividades diárias da “CISCO” à época dos fatos (“ii” e “jj”), em função de carreira internacional. Sobre o aporte que o fisco afirma que o impugnante fez na JDTC (“kk”) via fundo da empresa americana “STORM VENTURES”, na verdade, afirma (sem prova) que foi um aporte à própria “STORM VENTURES”, da qual ele é sócio. Compulsando os autos é crível que CARNEVALI apenas prestou consultoria à “MUDE”, objetivando possível venda ou abertura de capital, após o afastamento da “CISCO”, tendo a “MUDE” inclusive lhe enviado um organograma já com seu nome no Conselho de Administração (“ll”, uma das propostas de emprego que analisava). Não se conclui, assim, que CARNEVALI tenha provado sua ausência de relacionamento com o “esquema fraudulento”, mas tão somente que tenha gerado, na mente do julgador, dúvida, que deve operar em seu favor. Pelo exposto, voto pela exclusão do Sr. Carlos Roberto CARNEVALI do polo passivo da autuação. A dupla Cid GUARDIA Filho (“KIKO”) e Ernani Bertino MACIEL, formadora do grupo “K/E” era responsável, conjuntamente, por várias empresas vinculadas ao grupo, gerenciando de fato, as importadoras interpostas “BRASTEC”, “PRIME” e “ABC”, e as distribuidoras interpostas “NACIONAL” e “TECNOSUL”. O grupo “K/E” é proprietário da cadeia logística que propicia ao grupo “JDTC/MUDE” importar mercadorias estrangeiras sem aparecer nas importações (exceto pela empresa “WAYTEC”, única importadora interposta que não pertence a “K/E”). A participação e ambos é demonstrada pelo já exposto no RAF e pelos documentos relacionados às fls. 2345 a 2383 (GUARDIA) e 1562 a 1587 (MACIEL). Assim, e independente de eventual processo judicial autônomo mencionado na sentença, restam Fl. 9250DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 12782.000010/201054 Acórdão n.º 3401003.199 S3C4T1 Fl. 9.057 65 configurados o interesse comum e da concorrência para a prática infracional, não tendo os senhores GUARDIA e MACIEL logrado, em suas defesas, afastar as condutas imputadas, respectivamente, nos TSPS de fls. 2343 a 2387, e 1560 a 1590. E a alegação recursal de que há impossibilidade de ambos figurarem no polo passivo da importação visto que figuraram no polo passivo de autuação referente a IPI no mercado interno não merece acolhida, tendo em vista a independência entre as circunstâncias de cada autuação/infração. Por fim, em relação ao Sr. Pedro Luis Alves COSTA, que não consta no processo judicial, incumbe informar que foi administrador de várias empresas do grupo, e assina pela empresa offshore “CANSONS”, uma das principais do esquema (entre outras, como a “ZENROSS”, e “SINBOLD”), e compõe os altos quadros hierárquicos do grupo “JDTC”. A planilha de fl. 1772 representa a participação de cada membro na venda da “MUDE”, inclusive de COSTA. A participação ativa seria demonstrada ainda nos documentos de fls. 1773 a 1796. Em sua peça recursal, COSTA sustenta que não há provas de que nas transcrições, a expressão “PC” se refira a “Pedro COSTA”, ou prova de a ele pertença a offshore “ZENROSS”. Em que pese estarmos convictos de que a sigla “PC” realmente se refira a COSTA, é preciso destacar que, a exemplo do que dispusemos em relação a CARNEVALI, parece que a relação societária seria o elemento fulcral da imputação de responsabilidade para COSTA, aliada a atos de gestão (não necessariamente relacionados às condutas especificamente imputadas na autuação). De forma semelhante, não se conclui que COSTA tenha provado sua ausência de relacionamento com o “esquema fraudulento”, mas tão somente que tenha gerado, na mente do julgador, dúvida, que deve operar em seu favor. Pelo exposto, voto pela exclusão do Sr. Pedro Luis Alves COSTA do polo passivo da autuação. Pelo exposto, voto no sentido de dar parcial provimento aos recursos voluntários apresentados, para excluir a incidência de juros de mora sobre as multas de ofício aplicadas, e para excluir do polo passivo Carlos Roberto Carnevali e Pedro Luis Alves Costa. Rosaldo Trevisan Fl. 9251DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 66 Voto Vencedor Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira, redator designado Fui designado com a missão de redigir a declaração de voto que procure reproduzir, com objetividade, as razões para a decisão vencedora de excluir do polo passivo a pessoa jurídica da CISCO DO BRASIL LTDA. e das pessoas físicas de HELIO BENETTI PEDREIRA e GUSTAVO HENRIQUE CASTELLARI PROCÓPIO. Essa decisão diverge e, com a máxima vênia, é contrária à proposta pelo relator, o ilustre Conselheiro Rosaldo Trevisan, em seu muito bem elaborado e fundamentado voto. Nas próximas linhas, espero conseguir reprisar o entendimento vencedor, conforme aprovado pelos Conselheiros na sessão. Preliminarmente, pareceme necessário recordarmos, consoante a autoridade fiscal, os tipos infracionais imputados (ocultação e simulação do real adquirente e subfaturamento) e a descrição do respectivo processo de burlar as autoridades brasileiras e os direitos tributários e aduaneiros. Para tanto, peço licença para reproduzir o excelente resumo constante do relatório deste Acórdão: A fiscalização conclui que RESTOU APURADA A OCULTAÇÃO/SIMULAÇÃO DA REAL ADQUIRENTE DA MERCADORIA (“MUDE”) PELA IMPORTADORA (“PRIME”), E QUE FOI COMPROVADO SUBFATURAMENTO NAS IMPORTAÇÕES relacionadas nos Anexos 3 e 4 do Relatório de Auditoria Fiscal (RAF), sendo os preços das mercadorias efetivamente praticados aqueles encontrados nas faturas da Fabricante Cisco System INC., cf. art. 88 da Medida Provisória no 2.15835/2001. ...... a “CISCO SYSTEMS INC” (“CISCO EUA”) é a matriz e principal estabelecimento empresarial do “grupo CISCO”, líder mundial na fabricação de roteadores, detentora de mais de 70% do mercado de tais equipamentos no Brasil, embora não exerça aqui atividades industriais, sendo sua subsidiária, a “CISCO” Brasil, um escritório de vendas; · o modelo de interposição está representado na figura de fl. 37, e sinteticamente é o seguinte: (1) após o pedido do comprador brasileiro, a “CISCO” indicava um revendedor de seus produtos (“MUDE”), que fazia o pedido junto à “CISCO EUA”, sendo que a “CISCO” não realizava as importações diretamente de sua matriz, mas “terceirizava” as operações via “MUDE”; (2) a “CISCO EUA” também não vendia diretamente para o Brasil, mas a um distribuidor (“MUDE USA”), que revendia a um exportador interposto (v.g. LOGCIS, GSD, LATAM, 3TECH, ROMFORD), que por sua vez exportava a uma empresa no Brasil (no presente processo, a “PRIME”, uma das várias empresas interpostas empregadas no esquema fraudulento de importações, que incluía o subfaturamento), sempre sob o controle da “MUDE”; (3) a documentação era emitida em nome do importador interposto (“PRIME”), que nacionalizava a mercadoria como se fosse seu real adquirente; (4) após a importação, a importadora interposta (“PRIME”) simulava venda transferindo à distribuidora interposta (v.g. TECNOSUL), que, no mesmo dia, simulava uma venda para o real adquirente (“MUDE”), seguindo as mercadorias diretamente do local de desembaraço aduaneiro para o real adquirente (“MUDE”); (5) os recursos para liquidação do contrato de câmbio Fl. 9252DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 12782.000010/201054 Acórdão n.º 3401003.199 S3C4T1 Fl. 9.058 67 e pagamento de tributos eram repassados da real adquirente (“MUDE”) para a distribuidora, que, por sua vez, os repassava à importadora interposta, sendo que estas duas últimas não possuíam capacidade econômicofinanceira para realização das importações; (6) no exterior, os recursos enviados ao exportador interposto seguiam ao distribuidor, chegando ao real exportador/fabricante; (7) assim, em síntese, o que ocorria de fato era um exportação da “CISCO EUA” para a “MUDE”, real adquirente e detentora dos recursos financeiros, mediante “duplo grau de blindagem” duas interpostas, tanto na importação quanto na exportação; · às fls. 50 a 142 do RAF são apresentadas as empresas participantes do esquema, desde o “Grupo K/E” (empresas importadoras e distribuidoras interpostas comandadas por Cid GUARDIA Filho e Ernani Bertino MACIEL, que chegaram a ter despesas pagas por contas bancárias do suposto proprietário da “PRIME”, A.K. Nakashima fls. 69 a 72); “CISCO EUA” e “CISCO” Brasil (beneficiária do esquema, e definidora do cliente final e das condições de venda, repassando o cliente à “MUDE”); “MUDE USA” (gerenciada por Luiz SCARPELLI Filho, que até 2006 era sócio da “MUDE”), exportadores interpostos (“GSD”, “3 TECH”, “ROMFORD”); distribuidoras interpostas (“TECNOSUL”, com quadro societário formado por um ferramenteiro e por uma operadora de “telemaketing”, com capacidade econômica incompatível vide resumo de patrimônio declarado/IRPF, fls. 83 e 84 para compor uma empresa que movimentou, em três anos, mais de R$ 1 bilhão faturamento declarado IRPJ); empresas de logística (como a “WHAT’S UP” cf. documentos de fls. 123 a 13/ Anexo 10 do RAF, que controlava os processos de importação em andamento, e tinha no quadro societário as duas filhas de Reinaldo de Paiva GRILLO, gerente da área de importação da “MUDE”); e real adquirente (“MUDE”), que comanda todas as operações, não só financeiramente, mas operacionalmente, sendo controladora (100%) da “MUDE USA”; · a “MUDE” sofreu diversas alterações societárias, sendo seus sócios no momento da autuação Fernando Machado GRECCO (75%) e Hélio Benetti PEDREIRA (25%), tendo sido anteriormente sócios José Roberto Pernomian RODRIGUES, Marcílio Palhares LEMOS, Luiz SCARPELLI Filho; e as empresas estrangeiras “FULFILL” (com sede nas Ilhas Virgens Britânicas, cujo responsável perante a RFB é a própria “MUDE”, tendo como procurador o gerente financeiro da “MUDE”, Marcílio Palhares LEMOS), e “NORDSTROM” (com sede no Panamá, cujo procurador é o responsável pelo setor administrativo da “MUDE”, Gustavo Henrique Castellari PROCÓPIO); A autoridade fiscal e o Conselheiro relator resumem as razões para a inclusão no polo passivo da CISCO do BRASIL LTDA. e das pessoas naturais de Hélio Bennetti Pedreira e Gustavo Henrique Castellari Procópio com o seguinte texto: · Sobre a CISCO DO BRASIL LTDA. A “CISCO”, conforme documentado no RAF, define o preço e as condições do negócio em relação aos compradores finais (“end user”) dos roteadores. Participação ativa no esquema caracterizada em Fl. 9253DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 68 documentos e transcrições de áudio como a de fls. 2591 a 2593 e 2597 a 2605. Toda a cadeia do esquema é acionada a partir da negociação da “CISCO” com o cliente final. · Sobre o Sr. Hélio Bennetti Pedreira Sócio e exsócio de diversas empresas do grupo, como “UNIÃO DIGITAL” e “JDTC”. Participando explicitamente do quadro societário da “MUDE” (25%), compõe os quadros hierárquicos superiores do grupo, ao lado de SAMPAIO, CARNEVALI, COSTA, GRECCO, IKEDA, SCARPELLI e RODRIGUES. Documentos relacionados às fls. 2680 a 2714 comprovam que tem pleno conhecimento, pratica atos de gestão e se beneficia do esquema. Também retificou suas declarações de IRPF após a Operação PERSONA para reconhecer participações em offshores do esquema. · Sobre o sr. Gustavo Henrique Castellari Procópio É advogado, e pertence ao grupo desde o início (“UNIÃO DIGITAL”), tendo participação em offshores como a “CORDELL” e a “NORDSTROM”. Na “MUDE”, foi promovido a gerente de operações por RODRIGUES (diretor de operações), reportandose diretamente a ele, cf. organograma de fl. 4258. Seus conhecimentos são importantes da manutenção das simulações do grupo sob investigação, e, atuando com respaldo em procuração que lhe dão plenos poderes de gestão sobre empresas do grupo, participa efetivamente do esquema, conforme documentos relacionados às fls. 4259 a 4285. O Ilustre relator expôs os argumentos para defender a manutenção no polo passivo de todos os arrolados pela autoridade fiscal (com exceção de Carlos Roberto Carnevalli e Pedro Luiz Alves Costa). Vejamos: 11. Da responsabilidade dos recorrentes Indiscutível, diante do exposto no presente voto, a responsabilidade da “PRIME”, importadora interposta, que, com quadro societário de frágil consistência, efetivamente é controlada por pessoas a ele externas (Grupo “K/E”, composto por Cid GUARDIA Filho, o “KIKO”, e Ernani Bertino MACIEL), partícipe do esquema de ocultação e “contribuinte” na declaração de importação das mercadorias subfaturadas, responsabilidade essa tanto em relação aos tributos quanto às penalidades. A “PRIME” (“e”) afirma que a empresa não é responsável pela infração, vez que a própria fiscalização reconhece que ela não teve qualquer participação na prática dos atos referidos no relatório fiscal referentes a subfaturamento, apenas atuando como ocultante da empresa “MUDE”, conduta punida com a multa prevista no art. 33 da Lei no 11.488/2007, devendo a responsabilidade ser, no caso, pessoal do agente (art. 137 do CTN), inclusive pelo crédito tributário (art. 135 do CTN). Não deve prosperar, no entanto, tal argumento, seja porque em nenhum momento o fisco afirma que a “PRIME” não teve qualquer participação no esquema, mas tão somente que era uma empresa inserida “no esquema” com a finalidade de ocultar o real adquirente das mercadorias. É de se concordar com a “PRIME” que a ela seria cabível a multa prevista no art. 33 da Lei no 11.488/2007, que pode até ter sido lavrada em autuação autônoma, mas não que tal multa afaste as aqui aplicadas em decorrência da solidariedade. Em relação aos responsáveis solidários (“t”), é preciso, de início, esclarecer que a responsabilidade imputada decorre do art. 124 do CTN, relacionandose ao interesse comum na situação que constitui o fato gerador da obrigação principal. Em relação a infrações, cabe ainda citar o art. 95 do Decretolei no 37/1996, que afirma responderem “conjunta ou isoladamente quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática ou dela se beneficie”. Fl. 9254DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 12782.000010/201054 Acórdão n.º 3401003.199 S3C4T1 Fl. 9.059 69 Ao contrário do que defendem recorrentes como a “MUDE”, a responsabilidade solidária prevista no art. 124, inciso I, do CTN, não se aplica somente aos que efetivamente praticam o verbo do critério material da hipótese de incidência tributária ou da multa, mas, como esclarece a codificação, as que tenham “interesse comum” na situação que constitui o fato gerador da obrigação principal. É de se afastar aqui ainda outra confusão frequente: “ter interesse comum” difere de “obter benefício financeiro com”. Para imputação da responsabilidade solidária basta a comprovação do “interesse comum”, não sendo requerida prova de transferência de recursos entre uma pessoa e outra (como parece se entender nas defesas efetuadas por alguns recorrentes). É com esse escopo que se busca identificar, a seguir, se houve o referido “interesse comum”. E a análise dos individualizada dos 13 Termos de Solidariedade Passiva, à luz dos elementos apresentados, deve iniciar pela empresa “MUDE”, que, ocultada pela “PRIME”, como demonstrado, é a real adquirente das mercadorias e controladora da “MUDE” USA (100%). A empresa, escondendose na estrutura de importação/distribuição fraudulenta engendrada, não apresenta recolhimentos de IPI (em que pese o volume transacionado), sendo a verdadeira coordenadora da relação de exportações da “CISCO”EUA para os clientes da “CISCO”. Seu interesse comum na realização das importações é cristalino, não só sob o ponto de vista econômico, mas como mentora, criadora da partição de faturas em sua controlada estrangeira, e presente em praticamente todas as etapas da cadeia de interpostas pessoas. A empresa não logra afastar as condutas imputadas no Termo de Sujeição Passiva Solidária (TSPS) de fls. 2483 a 2531 (principalmente a de que se interpôs na relação entre os reais partícipes da operação de comércio exterior, ocultandoos, e fugindo ao recolhimento do IPI), e os elementos ali acostados, como se percebe no decorrer deste voto, pelo que se mantém a inclusão no polo passivo da autuação. A empresa “CISCO”, de fato, é a que menos aparece no processo formal de importação, embora seja certo que tenha ciência do esquema de interposição (encarado como “modelo de negócio”), e do subfaturamento (pois a “CISCO” EUA poderia até discordar da partição de fatura, mas tal partição de fato ocorria, como demonstrado nos autos, e a “CISCO” brasileira, que encarna o papel de escritório de representação, mantendo contato com o cliente final, contribuía para a perpetração da fraude “ff”), e dele participava, embora com papel mais modesto que a “MUDE”, contribuindo para o resultado final, e com ele logrando benefício. A afirmação recursal (“t”) de que a empresa “CISCO” não importou mercadoria seria correta se nos ativéssemos somente ao aspecto formal, explicitamente mostrado ao fisco, mas já ficou bem claro neste voto que a fiscalização deve ir (e foi) além do ostensivamente mostrado, mergulhando na real transação efetuada. E nesse sentido, é inegável a existência de importação, com destino final a um cliente da “CISCO”, e com a participação da empresa em sua concretização, concorrendo para a prática do ilícito. A inserção de diversas pessoas na operação de importação, por meio do multicitado “modelo de negócio”, existente em mais de 80 países (“cc”), assim como a investigação efetuada em relação ao então presidente da “CISCO” brasileira, Sr. Carlos Roberto CARNEVALI, acusado de estar por trás de offshore controladora pela “MUDE” (“dd”), ou a justificativa de que não tinha a “CISCO” como saber que empresas alegadamente sem Fl. 9255DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 70 capacidade econômica estariam sendo fraudulentamente interpostas na cadeia de importação de seus produtos (“ee)” o que não é crível diante dos elementos acostados aos autos, ou por derradeiro, a alegação de que (“gg”) a “CISCO” efetivamente e legalmente concedia linhas de crédito à “MUDE”, não havendo qualquer dependência/gestão, ou adiantamento, não logram êxito em afastar a responsabilidade da empresa, contrapondo os elementos constantes no Termo de Sujeição Passiva Solidária (TSPS) de fls. 2573 a 2630 (principalmente de que tinha conhecimento, beneficiouse e efetivamente chegou a contribuir para a prática das irregularidades, como descrito neste voto), pelo que se mantém a inclusão da “CISCO” no polo passivo da autuação. Em relação às pessoas físicas para as quais persiste o contencioso neste processo, percebese, em que pese a independência de assuntos (criminal/administrativotributário) e de âmbitos (judicial /administrativo), que foi oferecida denúncia pelo Ministério Público em relação a Fernando Machado GRECCO, Marcelo Naoki IKEDA, Marcílio Palhares LEMOS, Moacyr Álvaro SAMPAIO, Hélio Benetti PEDREIRA, Gustavo Henrique Castellari PROCÓPIO, José Roberto Pernomian RODRIGUES, e Carlos Roberto CARNEVALI. Resta fora do referido processo judicial somente Pedro Luis Alves COSTA., visto que na sentença de fls. 8525 a 8675 se indicava que Cid GUARDIA Filho e Ernani Bertino MACIEL seriam denunciados em ação autônoma. E, por tal sentença, notase que foram condenados a 5 anos e 2 meses de reclusão pela prática dos crimes previstos nos art. 288 e 334 do Código Penal os réus Fernando Machado GRECCO, Marcelo Naoki IKEDA, Marcílio Palhares LEMOS, Moacyr Álvaro SAMPAIO e José Roberto Pernomian RODRIGUES. Endossase o teor de tal decisão em relação ao condenados, visto que a identificação da conduta criminosa exige inclusive a presença de requisitos desnecessários à configuração da responsabilidade administrativo tributária. Fernando Machado GRECCO, sócio e exsócio de diversas empresas do grupo (“MUDE”75%; “MUDE EUA”Presidente; “UNIÃO DIGITAL” 3,50%; “FULFILL”3,55%, empresa com débitos de R$ 42 milhões inscrito em dívida ativa; “PHASE2”3,55% utilizada pelo grupo para ocultar mediante offshore os verdadeiros proprietários; e “ORPHEUS” 99,98%), atua efetivamente na “MUDE”, onde ocupou o cargo de diretor de marketing, à época dos fatos. É um dos grandes beneficiários do esquema, e procurador da offshore “CANSONS”, sócia da “PHASE2” (na “MUDE” foi encontrada planilha intitulada “QUADROS SOCIETÁRIOS GRUPO” relacionando a “PHASE2”, que ocupava o mesmo endereço da “FULFILL”, que antecedeu a “MUDE” no esquema). Vários documentos apreendidos em sua residência (fls. 1334 a 1342) indicam a participação ativa no esquema. Documentos comprovam o evento denominado venda de 75% da “MUDE” pelo grupo JDTC. Após a venda, IKEDA, SCARPELLI e GRECCO (Grupo LIG) teriam 75% e o Grupo JDTC teria 25% da “MUDE”. Configurados o interesse comum e a concorrência para a prática fraudulenta, o Sr. GRECCO não logra, em sua defesa, afastar as condutas imputadas no TSPS de fls. 1322 a 1367. Marcelo Naoki IKEDA faz parte do grupo desde a “UNIÃO DIGITAL”, tendo vinculação com a “FULFILL” (fl. 4419/4420). Os organogramas encontrados nas diversas apreensões dão conta de sua posição de diretor comercial da “MUDE” e do conhecimento do esquema (fls. 4421/4422). Assinou como responsável pela offshore “CASPIAN OVERSEAS”, que passou a deter ações da “FULFILL” (fl. 4423). Após a Operação PERSONA, retificou suas declarações de IRPF para reconhecer ser proprietário da offshore “CORDELL”. Documentos comprovam o evento denominado venda de 75% da “MUDE” pelo grupo JDTC. Após a venda, Fl. 9256DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 12782.000010/201054 Acórdão n.º 3401003.199 S3C4T1 Fl. 9.060 71 IKEDA, SCARPELLI e GRECCO (Grupo LIG) teriam 75% e o Grupo JDTC teria 25% da “MUDE”. Configurados o interesse comum e a concorrência para a prática fraudulenta, o Sr. IKEDA não logra, em sua defesa, afastar as condutas imputadas no TSPS de fls. 4417 a 4617. Marcílio Palhares LEMOS é sócio ou possui vínculo com as seguintes empresas do grupo: “PLCON” (90%); “CBFM” (56%); “MUDE” (ex administrador) e “PHASE2” (exadministrador). À época dos fatos era diretor financeiro da “MUDE”, e o mentor financeiro do grupo e de todo o fluxo financeiro do esquema, inclusive estrangeiras e offshore, cf. documentos referidos às fls. 3478 a 3536. Configurados o interesse comum e a concorrência para a prática fraudulenta, o Sr. LEMOS não logra, em sua defesa, afastar as condutas imputadas no TSPS de fls. 3474 a 3539. Moacyr Álvaro SAMPAIO, sócio e exsócio de diversas empresas do grupo, como “UNIÃO DIGITAL” e “JDTC”. Ocupava, à época dos fatos, o cargo mais elevado (CEO) na “MUDE”. Apesar de não constar formalmente do quadro societário da “MUDE”, documentos relacionados às fls. 2989 a 3039 comprovam que é um dos grandes mentores do esquema. Participa ainda do quadro societário da “MUDE EUA” e de uma exportadora interposta, a “LOGCIS”. Também retificou suas declarações IRPF após a Operação PERSONA, diversas vezes, para reconhecer participação em diversas empresas offshore, por meio das quais recebia distribuição disfarçada de lucros no negócio. Configurados o interesse comum e a concorrência para a prática fraudulenta, o Sr. SAMPAIO não logra, em sua defesa, afastar as condutas imputadas no TSPS de fls. 2986 a 3059. José Roberto Pernomian RODRIGUES, sócio e exsócio de diversas empresas do grupo, como “DBRO” e “MUDE”, e responsável por empresas estrangeiras. Diretor Operacional do grupo “MUDE”, é um dos mentores do esquema de interposição fraudulenta e subfaturamento. Entre os diretores, é o mais atuante, cf. organogramas de fls. 3888 e 3889 e documentos relacionados às fls. 3889 a 3917. Sua jurisdição se estende a outras empresas do grupo, além da “MUDE”. Sócio oculto da JDTC, que tem na “MUDE” um de seus investimentos no país. Configurados o interesse comum e a concorrência para a prática fraudulenta, o Sr. RODRIGUES não logra, em sua defesa, afastar as condutas imputadas no TSPS de fls. 3886 a 3921. Hélio Benetti PEDREIRA, absolvido no processo judicial, é exsócio de diversas empresas do grupo, como “UNIÃO DIGITAL” e “JDTC”. Participando explicitamente do quadro societário da “MUDE” (25%), compõe os quadros hierárquicos superiores do grupo, ao lado de SAMPAIO, CARNEVALI, COSTA, GRECCO, IKEDA e RODRIGUES. Os documentos relacionados às fls. 2680 a 2714 comprovam que tem pleno conhecimento, pratica atos de gestão e se beneficia do esquema. Também retificou suas declarações de IRPF após a Operação PERSONA para reconhecer participações em offshores do esquema. Assim, apesar de não comprovada a conduta criminosa, persistem a configuração do interesse comum e da concorrência para a prática infracional, não tendo o Sr. PEDREIRA logrado, em sua defesa, afastar as condutas imputadas no TSPS de fls. 2674 a 2730. Gustavo Henrique Castellari PROCÓPIO, também absolvido no processo judicial, é advogado, e pertence ao grupo desde o início (“UNIÃO DIGITAL”), tendo participação em offshores como a “CORDELL” e a “NORDSTROM”. Na “MUDE”, foi promovido a gerente de operações por RODRIGUES (diretor de operações), reportandose diretamente a ele, cf. Fl. 9257DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 72 organograma de fl. 4258. Seus conhecimentos são importantes da manutenção das simulações do grupo sob investigação, e, atuando com respaldo em procuração que lhe dá plenos poderes de gestão sobre empresas do grupo, participa efetivamente do esquema, conforme documentos relacionados às fls. 4259 a 4285. Assim, apesar de não comprovada a conduta criminosa, persistem a configuração do interesse comum e da concorrência para a prática infracional, não tendo o Sr. PROCÓPIO logrado, em sua defesa, afastar as condutas imputadas no TSPS de fls. 4256 a 4288. Carlos Roberto CARNEVALI, igualmente absolvido no processo judicial, era vicepresidente da “CISCO” para a América Latina até ser demitido, após a deflagração da Operação PERSONA. Possui antiga relação com Hélio Benetti PEDREIRA, com quem montou, ao lado da “CISCO”, a “UNIÃO DIGITAL”, que em pouco tempo se tornou a maior revendedora “CISCO” para a América Latina. Assina pelas offshores “HARBORSIDE” e “PULLMANN” (que recebeu pagamentos da “CANSONS”). Mesmo após a lavratura de Auto de Infração referente a ICMS de R$ 81 milhões contra a “UNIÃO DIGITAL”, a sociedade entre eles permaneceu, na atual “MUDE”. Os principais líderes do grupo “MUDE” se reuniam com CARNEVALI (cf. fl. 1955), tratando explicitamente sobre as operações do esquema, e sua gestão, cf. documentos relacionados às fls. 1958 a 1989, apresentando fortes indícios de ser sócio oculto da “JDTC”. Havia preocupação do grupo “MUDE” em não mencionar seu nome, pois era sócio da “CISCO” (cf. documento de fl. 1965). CARNEVALI é o que apresenta a defesa mais consistente a afastar sua responsabilização, tanto no que se refere à empresa “União Digital” quanto à autuação de ICMS, ou a razão das trocas de informações por email, ou ainda em relação ao fato de estar afastado das atividades diárias da “CISCO” à época dos fatos (“ii” e “jj”), em função de carreira internacional. Sobre o aporte que o fisco afirma que o impugnante fez na JDTC (“kk”) via fundo da empresa americana “STORM VENTURES”, na verdade, afirma (sem prova) que foi um aporte à própria “STORM VENTURES”, da qual ele é sócio. Compulsando os autos é crível que CARNEVALI apenas prestou consultoria à “MUDE”, objetivando possível venda ou abertura de capital, após o afastamento da “CISCO”, tendo a “MUDE” inclusive lhe enviado um organograma já com seu nome no Conselho de Administração (“ll”, uma das propostas de emprego que analisava). Não se conclui, assim, que CARNEVALI tenha provado sua ausência de relacionamento com o “esquema fraudulento”, mas tão somente que tenha gerado, na mente do julgador, dúvida, que deve operar em seu favor. Pelo exposto, voto pela exclusão do Sr. Carlos Roberto CARNEVALI do polo passivo da autuação. A dupla Cid GUARDIA Filho (“KIKO”) e Ernani Bertino MACIEL, formadora do grupo “K/E” era responsável, conjuntamente, por várias empresas vinculadas ao grupo, gerenciando de fato, as importadoras interpostas “BRASTEC”, “PRIME” e “ABC”, e as distribuidoras interpostas “NACIONAL” e “TECNOSUL”. O grupo “K/E” é proprietário da cadeia logística que propicia ao grupo “JDTC/MUDE” importar mercadorias estrangeiras sem aparecer nas importações (exceto pela empresa “WAYTEC”, única importadora interposta que não pertence a “K/E”). A participação e ambos é demonstrada pelo já exposto no RAF e pelos documentos relacionados às fls. 2345 a 2383 (GUARDIA) e 1562 a 1587 (MACIEL). Assim, e independente de eventual processo judicial autônomo mencionado na sentença, restam configurados o interesse comum e da concorrência para a prática infracional, não tendo os senhores GUARDIA e MACIEL logrado, em suas defesas, afastar as condutas imputadas, respectivamente, nos TSPS de fls. 2343 a 2387, e 1560 a 1590. Fl. 9258DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 12782.000010/201054 Acórdão n.º 3401003.199 S3C4T1 Fl. 9.061 73 E a alegação recursal de que há impossibilidade de ambos figurarem no polo passivo da importação visto que figuraram no polo passivo de autuação referente a IPI no mercado interno não merece acolhida, tendo em vista a independência entre as circunstâncias de cada autuação/infração. Por fim, em relação ao Sr. Pedro Luis Alves COSTA, que não consta no processo judicial, incumbe informar que foi administrador de várias empresas do grupo, e assina pela empresa offshore “CANSONS”, uma das principais do esquema (entre outras, como a “ZENROSS”, e “SINBOLD”), e compõe os altos quadros hierárquicos do grupo “JDTC”. A planilha de fl. 1772 representa a participação de cada membro na venda da “MUDE”, inclusive de COSTA. A participação ativa seria demonstrada ainda nos documentos de fls. 1773 a 1796. Em sua peça recursal, COSTA sustenta que não há provas de que nas transcrições, a expressão “PC” se refira a “Pedro COSTA”, ou prova de a ele pertença a offshore “ZENROSS”. Em que pese estarmos convictos de que a sigla “PC” realmente se refira a COSTA, é preciso destacar que, a exemplo do que dispusemos em relação a CARNEVALI, parece que a relação societária seria o elemento fulcral da imputação de responsabilidade para COSTA, aliada a atos de gestão (não necessariamente relacionados às condutas especificamente imputadas na autuação). De forma semelhante, não se conclui que COSTA tenha provado sua ausência de relacionamento com o “esquema fraudulento”, mas tão somente que tenha gerado, na mente do julgador, dúvida, que deve operar em seu favor. Pelo exposto, voto pela exclusão do Sr. Pedro Luis Alves COSTA do polo passivo da autuação. Pelo exposto, voto no sentido de dar parcial provimento aos recursos voluntários apresentados, para excluir a incidência de juros de mora sobre as multas de ofício aplicadas, e para excluir do polo passivo Carlos Roberto Carnevali e Pedro Luis Alves Costa. Como se pode ver, o digno relator adotou como critério, para propor a exclusão dos senhores Carlos Roberto Carnevali e Pedro Luis Alves Costa do polo passivo da autuação, o fato de persistir dúvida a respeito do seu relacionamento com o "esquema fraudulento". O relator explica que, apesar dessas pessoas serem (ou terem sido) sócias de uma ou mais dessas empresas listadas na autuação ou desses investimentos indicados na descrição dos fatos, ou de terem praticados atos de administração, e de haver indícios de que elas estavam presentes no contexto das práticas de ocultação, simulação e subfaturamento, elas não foram incluídas na ação judicial (ou foram absolvidos), e as informações conhecidas não foram fortes para provar em favor ou contra essas pessoas, deixando o relator em dúvida sob a sua responsabilização. E havendo dúvida, ela deveria inclinar a decisão final de forma a eles favorável. Pelo mesmo critério (que a dúvida a respeito do relacionamento com o esquema fraudulento deve operar a favor dos acusados), os Conselheiros que proferiram este voto vencedor entenderam existir dúvida razoável com relação à empresa CISCO DO BRASIL LTDA, e das pessoas naturais Hélio Bennetti Pedreira e Gustavo Henrique Castellari Procópio. Foi posto em relevo, concorrendo para justificar esse entendimento vencedor, a verificação de que para a Justiça, como apontado pelo relator, dentro da investigação e apreciação do que instruiu o processo, para a autoridade judicial não ficou comprovada a conduta criminosa dessas pessoas. Fl. 9259DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 74 Além disso, divergindo das razões do relator, parecenos insuficiente apoiar se na participação societária (de que essas pessoas tiveram ou tinham parte na composição societária dessas empresas ou desses investimentos), e/ou em ter ocupado cargo de gerência (de que essas pessoas tiveram ou tinham cargo de gerência ou chefia), e/ou na existência de procuração com poderes de gestão atribuídos ao acusado, para concluir apenas nesses elementos que estaria demonstrada a comunhão de interesses e, por decorrência direta, a participação na fraude ou a coautoria da prática fraudulenta. A nosso ver, haveria de haver a demonstração da participação efetiva na conduta reprovada. Ainda, com relação á empresa CISCO, o relator reconhece que ela é a que menos aparece no "esquema fraudulento". Para o entendimento vencedor, não é possível se formar convicção pela manutenção dessa pessoa no polo passivo apoiado apenas na constatação de que ela seria parte no processo de venda dos produtos CISCO no Brasil. O relatório não demonstrou a participação efetiva nos atos para as práticas de subfaturamento ou de ocultamento/interposição, e também não demonstrou a materialidade dos benefícios resultantes, seja pela participação ou seja pela omissão, dessas práticas ou desse esquema fraudulento. Os elementos comprobatórios indicados pelo voto do relator não foram capazes de afastar dúvida a respeito de sua responsabilização pelos fatos e pelas exigências fiscais. Portanto, o entendimento vencedor foi pela sua exclusão do polo passivo. Eloy Eros da Silva Nogueira Fl. 9260DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado dig italmente em 19/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL
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Numero do processo: 10880.929074/2010-03
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 15 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Oct 11 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2004
PER/Dcomp. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INOCORRÊNCIA. MULTA DE MORA. CABIMENTO.
Às declarações de compensação (PER/DCOMP) não se aplica a benesse da denúncia espontânea de que trata o art. 138 do CTN, uma vez que a extinção do crédito tributário por pagamento (art. 156, I, do CTN) não se confunde com a extinção por meio de compensação (art. 156, II do CTN). Sob essa ótica, cabível a exigência da multa de mora sobre o tributo extinto por compensação pleiteada após a data de seu vencimento.
Numero da decisão: 1402-002.309
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e votos que passam a integrar o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Caio Cesar Nader Quintella, Lucas Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira e Demetrius Nichele Macei, que votaram por dar provimento. Designado o Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto para redigir o voto vencedor.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto - Presidente.
(assinado digitalmente)
Caio Cesar Nader Quintella - Relator.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto Redator Designado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Leonardo de Andrade Couto (Presidente), Demetrius Nichele Macei, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Caio Cesar Nader Quintella, Paulo Mateus Ciccone, Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira e Fernando Brasil de Oliveira Pinto.
Nome do relator: CAIO CESAR NADER QUINTELLA
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 18; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2108; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T2 Fl. 172 1 171 S1C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10880.929074/201003 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1402002.309 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 15 de setembro de 2016 Matéria DCOMP DENÚNICA ESPONTÂNEA. Recorrente KIMBERLY CLARK BRASIL INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE PRODUTOS DE HIGIENE LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2004 PER/Dcomp. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INOCORRÊNCIA. MULTA DE MORA. CABIMENTO. Às declarações de compensação (PER/DCOMP) não se aplica a benesse da denúncia espontânea de que trata o art. 138 do CTN, uma vez que a extinção do crédito tributário por pagamento (art. 156, I, do CTN) não se confunde com a extinção por meio de compensação (art. 156, II do CTN). Sob essa ótica, cabível a exigência da multa de mora sobre o tributo extinto por compensação pleiteada após a data de seu vencimento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e votos que passam a integrar o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Caio Cesar Nader Quintella, Lucas Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira e Demetrius Nichele Macei, que votaram por dar provimento. Designado o Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto para redigir o voto vencedor. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente. (assinado digitalmente) Caio Cesar Nader Quintella Relator. AC ÓR Dà O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 92 90 74 /2 01 0- 03 Fl. 172DF CARF MF Impresso em 11/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/10/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/10/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/10/2016 por CAIO CE SAR NADER QUINTELLA, Assinado digitalmente em 11/10/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10880.929074/201003 Acórdão n.º 1402002.309 S1C4T2 Fl. 173 2 (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto – Redator Designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Leonardo de Andrade Couto (Presidente), Demetrius Nichele Macei, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Caio Cesar Nader Quintella, Paulo Mateus Ciccone, Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Fl. 173DF CARF MF Impresso em 11/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/10/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/10/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/10/2016 por CAIO CE SAR NADER QUINTELLA, Assinado digitalmente em 11/10/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10880.929074/201003 Acórdão n.º 1402002.309 S1C4T2 Fl. 174 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário (fls. 105 a 170) interposto contra v. Acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de São Paulo I (fls. 98 a 102) que manteve a homologação apenas parcial de DCOMP, entendendo não haver crédito suficiente para quitar o débito apontado, rejeitando os termos da Manifestação de Inconformidade apresentada (fls. 07 a 94). A compensação que o Contribuinte pretende ver totalmente homologada é para saldar débito de PIS, referente ao período de 10/2005, utilizando em sua DCOMP (fls. 01 a 02) parte de direito creditório, decorrente de pagamento a maior de IRPJ estimativa (código 2362) do período de apuração 30/04/2004, cujo recolhimento se deu por meio de DARF pago em 31/05/2004. O restante do crédito já teria sido objeto de duas compensações anteriores. Após o processamento de tal DCOMP, foi exarado r. Despacho Decisório (fl. 03 a 05) sustentado a insuficiência de créditos para a compensação ali descrita, diante de informações fiscais obtidas em levantamento interno. Em face de tal revés, foi apresentada a Manifestação de Inconformidade (fls. 07 a 94), na qual a ora Recorrente alega e explica pormenorizadamente que tal insuficiência de créditos teria origem na desconsideração pela Administração Tributária da denúncia espontânea dos valores quitados por meio do PER/DCOMP n° 34395.23065.190906.1.7.04 0346, em que se utilizou de parte do direito creditório original pela primeira vez, para quitar débitos de IRPJ e CSLL de maio de 2004. Posteriormente, utilizou parte do saldo remanescente do crédito em segundo PER/DCOMP, de n° 21712.96431.281005.1.7.041628, dessa vez para quitar débito de COFINS de setembro de 2005 e, finalmente, apresentou essa última DCOMP, ora sob apreço, liquidando o montante final daquele crédito. A Recorrente, além de documentos fiscais comprobatórios de seu crédito, traz tabelas elucidativas das compensações efetuadas, uma considerando a denúncia espontânea supostamente efetuada, bem como outra, considerando a aplicação de multa moratória, demonstrando que a controvérsia se funda exclusivamente na desconsideração pela Fiscalização do afastamento da penalidade, por tal prerrogativa do art. 138 do CTN: Fl. 174DF CARF MF Impresso em 11/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/10/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/10/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/10/2016 por CAIO CE SAR NADER QUINTELLA, Assinado digitalmente em 11/10/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10880.929074/201003 Acórdão n.º 1402002.309 S1C4T2 Fl. 175 4 Igualmente, a Coordenação Geral de Arrecadação e Cobrança CODAC, junta aos autos (fls. 96 e 97) Demonstrativo Analítico de Compensações, confirmando o cenário descrito. Ato contínuo, foi proferido o v. Acórdão recorrido (fls. 98 a 102), mantendo a homologação parcial, nos termos do r. Despacho Decisório, por não entender válida a denúncia espontânea efetuada pelo contribuinte: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Data do fato gerador: 30/04/2004 COMPENSAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INCIDÊNCIA DE MULTA DE MORA Ainda que se considere que a denúncia espontânea afasta a incidência da multa de mora, não se caracteriza como tal a Fl. 175DF CARF MF Impresso em 11/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/10/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/10/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/10/2016 por CAIO CE SAR NADER QUINTELLA, Assinado digitalmente em 11/10/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10880.929074/201003 Acórdão n.º 1402002.309 S1C4T2 Fl. 176 5 realização de compensação para extinguir o crédito tributário, sendo necessário o seu pagamento integral, acrescido de juros de mora. A transmissão de DCOMP em data posterior ao vencimento do débito a compensar implica na incidência da multa moratória, o que, no caso, tornou o direito creditório insuficiente para a homologação total da compensação. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido (...) O primeiro PER/DCOMP foi transmitido originalmente em 28.09.2005, sendo esta a data considerada para a valoração de crédito e débitos. Sendo o vencimento dos débitos em 31.05.2004, incidiram os acréscimos legais, tanto os juros como a multa de mora. Efetuei os cálculos das compensações em questão (fls. 96 e 97), chegando ao mesmo resultado veiculado pelo despacho decisório (débito não quitado de R$ 40.582,43). Ainda que se entenda que a denúncia espontânea evita a incidência da multa moratória, pensamento com o qual não concordo, no caso dos autos o contribuinte não cumpriu o requisito básico imposto pelo artigo 138 do CTN. Vejamos a redação do dispositivo: Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração. O citado artigo exige, para que se realize a denúncia espontânea, que o tributo seja pago ou depositado, não alcançando os casos em que tenha sido efetuada compensação. Apesar de ser também forma de extinção do crédito tributário, a compensação não se confunde com o pagamento. Não há como estender as hipóteses de cabimento da denúncia espontânea à compensação, por não estar tal modalidade de extinção prevista no artigo 138 como apta a afastar a aplicação da multa. Observese, inclusive, que nos julgados do STJ citados pelo contribuinte em sua manifestação de inconformidade, aquela Corte sempre se refere ao pagamento integral do débito como requisito para se configurar a denúncia espontânea. É de se concluir, portanto, que a compensação efetuada após a data de vencimento dos respectivos débitos não se caracteriza como denúncia espontânea e implica na incidência da multa moratória Fl. 176DF CARF MF Impresso em 11/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/10/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/10/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/10/2016 por CAIO CE SAR NADER QUINTELLA, Assinado digitalmente em 11/10/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10880.929074/201003 Acórdão n.º 1402002.309 S1C4T2 Fl. 177 6 Dessa forma, sem razão o contribuinte em suas alegações, e por isso voto pela improcedência da manifestação de inconformidade. Diante de tal r. Decisório, foi oposto o Recurso Voluntário (fls. 105 a 170), ora sob apreço, trazendo as mesmas alegações de seu primeiro apelo, inovando quanto à demonstração de jurisprudência administrativa que aceita a denúncia espontânea por meio de compensação. Na seqüência, os autos foram encaminhados para este Conselheiro relatar e votar. É o relatório. Fl. 177DF CARF MF Impresso em 11/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/10/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/10/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/10/2016 por CAIO CE SAR NADER QUINTELLA, Assinado digitalmente em 11/10/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10880.929074/201003 Acórdão n.º 1402002.309 S1C4T2 Fl. 178 7 Voto Vencido Conselheiro Relator Caio Cesar Nader Quintella O Recurso Voluntário é manifestamente tempestivo e sua matéria se enquadra na competência desse N. Colegiado. Os demais pressupostos de admissibilidade igualmente foram atendidos. É claro que a controvérsia deste feito se resume à eficácia ou não de denúncia espontânea, prevista no art. 138 do CTN, procedida por compensação de débito ao invés de recolhimento, para fins de afastamento da multa de mora. Nesse sentido, não há qualquer outro questionamento à conduta do Contribuinte, sendo a desconsideração de tal instituto o único fundamento do v. Acórdão recorrido. Inclusive, o cenário de créditos e débitos apontados pela própria RFB nos autos coaduna com aquilo informado pelo Contribuinte. Dito isso, o v. Acórdão adota interpretação literal, restritiva, alegando que a norma em questão exige, para que se realize a denúncia espontânea, que o tributo seja pago ou depositado, não alcançando os casos em que tenha sido efetuada compensação. Assim, sustentase diferenciação entre pagamento, em claro sentido de recolhimento, e a compensação expressa em DCOMP. Contudo, existem inúmeras normas de Direito Tributário que equiparam o pagamento à compensação, em todos seus efeitos. Dessa forma, temos, inicialmente, que considerar que o art. 156 do CTN arrola ambas hipóteses como forma de extinção do crédito tributário, sem fazer qualquer distinção entre elas1. 1 Art. 156. Extinguem o crédito tributário: I o pagamento; II a compensação; III a transação; IV remissão; V a prescrição e a decadência; Fl. 178DF CARF MF Impresso em 11/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/10/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/10/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/10/2016 por CAIO CE SAR NADER QUINTELLA, Assinado digitalmente em 11/10/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10880.929074/201003 Acórdão n.º 1402002.309 S1C4T2 Fl. 179 8 Por outro lado, é correto ponderar que existem requisitos e procedimentos formais específicos para o reconhecimento do crédito objeto de compensação, ao passo que as regras de quitação por recolhimento são mais simples e objetivas. Nesse esteira, podese alegar que o crédito compensado por DCOMP está sujeito a processo formal e especifico para sua homologação, podendo ser denegado pela Fiscalização. Voltando, agora, à analise dos efeitos da compensação, temos que o próprio § 2º, do art. 74, da Lei nº. 9.430/96, que regula a compensação por DCOMP, dispõe que a compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. Por sua vez, no que tange a tributos sujeitos a lançamento por homologação, o Parágrafo Único do art. 150 do CTN2 traz previsão muito semelhante ao regular seu recolhimento (pagamento antecipado), rezando que o pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação do lançamento. É inegável que ambos normativos atribuem os mesmos efeitos e as mesmas condições para ambas modalidades de quitação tributária, inclusive se valendo o legislador da Lei Federal de redação idêntica àquela empregada no Codex Tributário, naquele Parágrafo Único do art. 150, em relação à extinção do crédito. VI a conversão de depósito em renda; VII o pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos termos do disposto no artigo 150 e seus §§ 1º e 4º; VIII a consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2º do artigo 164; IX a decisão administrativa irreformável, assim entendida a definitiva na órbita administrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória; X a decisão judicial passada em julgado. XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) Parágrafo único. A lei disporá quanto aos efeitos da extinção total ou parcial do crédito sobre a ulterior verificação da irregularidade da sua constituição, observado o disposto nos artigos 144 e 149. 2 Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. Fl. 179DF CARF MF Impresso em 11/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/10/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/10/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/10/2016 por CAIO CE SAR NADER QUINTELLA, Assinado digitalmente em 11/10/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10880.929074/201003 Acórdão n.º 1402002.309 S1C4T2 Fl. 180 9 Diante disso, é seguro afirmar que tanto o pagamento, propriamente dito, como a compensação, por DCOMP, de tributos sujeitos a homologação, são igualmente condicionados às mesmas regras de verificação Fiscal, possuindo a mesma hipótese resolutiva e, logo, alcançam o mesmo grau de certeza creditória. Confirmando tal equiparação, presente em vários segmentos do sistema normativo tributário nacional, o art. 28 da Lei nº 11.941/2009 alterou a redação do caput e inseriu parágrafos no art. 6º da Lei nº 8.218/91, equiparando as duas condutas do contribuinte (recolhimento e compensação), para fins de quitação de tributos federais3. Não obstante, reforçando, mais uma vez, tal pensamento, ainda que não se reconheça que recolhimento e compensação são institutos idênticos de extinção do crédito tributário, em relação a tributos sujeitos a lançamento por homologação, confirase trechos da Solução de Consulta COSIT nº 110, de 07 de maio de 2015, a qual teve como objeto situação em que o consulente indagava se a apresentação de DCOMP é meio hábil para comprovar pagamento em operações de câmbio, exigido no art. 880 do RIR/99: 3 Art. 6o Ao sujeito passivo que, notificado, efetuar o pagamento, a compensação ou o parcelamento dos tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, inclusive das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, será concedido redução da multa de lançamento de ofício nos seguintes percentuais: (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) I – 50% (cinquenta por cento), se for efetuado o pagamento ou a compensação no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data em que o sujeito passivo foi notificado do lançamento; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) II – 40% (quarenta por cento), se o sujeito passivo requerer o parcelamento no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data em que foi notificado do lançamento; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) III – 30% (trinta por cento), se for efetuado o pagamento ou a compensação no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data em que o sujeito passivo foi notificado da decisão administrativa de primeira instância; e (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) IV – 20% (vinte por cento), se o sujeito passivo requerer o parcelamento no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data em que foi notificado da decisão administrativa de primeira instância. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) § 1o No caso de provimento a recurso de ofício interposto por autoridade julgadora de primeira instância, aplica se a redução prevista no inciso III do caput deste artigo, para o caso de pagamento ou compensação, e no inciso IV do caput deste artigo, para o caso de parcelamento. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) § 2o A rescisão do parcelamento, motivada pelo descumprimento das normas que o regulam, implicará restabelecimento do montante da multa proporcionalmente ao valor da receita não satisfeita e que exceder o valor obtido com a garantia apresentada. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) § 3o O disposto no caput aplicase também às penalidades aplicadas isoladamente. (Incluído pela Lei nº 12.844, de 2013) Fl. 180DF CARF MF Impresso em 11/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/10/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/10/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/10/2016 por CAIO CE SAR NADER QUINTELLA, Assinado digitalmente em 11/10/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10880.929074/201003 Acórdão n.º 1402002.309 S1C4T2 Fl. 181 10 (...) (...) Fl. 181DF CARF MF Impresso em 11/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/10/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/10/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/10/2016 por CAIO CE SAR NADER QUINTELLA, Assinado digitalmente em 11/10/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10880.929074/201003 Acórdão n.º 1402002.309 S1C4T2 Fl. 182 11 (...) (...) Fl. 182DF CARF MF Impresso em 11/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/10/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/10/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/10/2016 por CAIO CE SAR NADER QUINTELLA, Assinado digitalmente em 11/10/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10880.929074/201003 Acórdão n.º 1402002.309 S1C4T2 Fl. 183 12 O caso apresentado, apesar de possuir objeto um tanto distinto do presente, afastou a literalidade do texto do art. 880 do Decreto 3000/1999, aplicando uma interpretação sistemática das normas vigentes, reconhecendo a eficácia da compensação como prova de pagamento, no sentido de ser apenas necessária uma verificação de vedação no próprio art. 74 da Lei nº 9.430/96 ou em lei específica do tributo a ser compensado. Concluiu a Administração Tributária Federal que, no caso de não haver vedações, a compensação faria as vezes do pagamento. No presente processo administrativo, a compensação inicial, na qual a Recorrente se valeu do instituto da denúncia espontânea, foi para quitar débitos de IRPJ e CSLL (cod. 2362 e 2484) com crédito de recolhimento a maior de de IRPJ (cod. 2362). Não existe vedação específica na legislação de IRPJ e CSLL a esse tipo de compensação; e, claramente, a situação não se enquadra nas vedações expressas do art. 74 da Lei nº 9.430/964. 4 Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. (...) § 3o Além das hipóteses previstas nas leis específicas de cada tributo ou contribuição, não poderão ser objeto de compensação mediante entrega, pelo sujeito passivo, da declaração referida no § 1o: (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) I o saldo a restituir apurado na Declaração de Ajuste Anual do Imposto de Renda da Pessoa Física; (Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) II os débitos relativos a tributos e contribuições devidos no registro da Declaração de Importação. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) III os débitos relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal que já tenham sido encaminhados à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional para inscrição em Dívida Ativa da União; (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) Fl. 183DF CARF MF Impresso em 11/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/10/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/10/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/10/2016 por CAIO CE SAR NADER QUINTELLA, Assinado digitalmente em 11/10/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10880.929074/201003 Acórdão n.º 1402002.309 S1C4T2 Fl. 184 13 Ou seja, no caso em tela, o raciocínio abstrato fundamental da Solução de Consulta COSIT nº 110/2015 parece legitimar a eficácia da compensação por DCOMP para fins de equivalência de efeitos a pagamento. Pelo menos, sem sombra de dúvidas, a interpretação literal do termo pagamento do artigo 138 do CTN, da qual se valeu o v. Acórdão, cairia por terra. Superada a demonstração da equiparação normativa dos efeitos dos institutos, pagamento e compensação, e a necessidade de uma interpretação sistemática, devese frisar que a jurisprudência, tanto administrativa como judicial, já enfrentou casos idênticos, decidindo sobre a matéria em questão. O entendimento desse E. CARF não é pacífico sobre o assunto, mas há um considerável número de decisões que acolhem a compensação como via para o contribuinte proceder legitimamente à denuncia espontânea, como o Acórdão nº 3403003.628 (3ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 3ª Seção, Sessão de 18 de março de 2015, relatoria da I. Cons. Ivan Allegretti): Por fim, deve se reconhecer que tanto o recolhimento por DARF como a compensação por meio de DCOMP configuram o pagamento – ainda que, em ambos os casos, sujeitos a homologação – caracterizador da denúncia espontânea. Com propriedade, a compensação surte o mesmo efeito prático e jurídico do recolhimento: ambos surtem o efeito imediato de extinção do crédito tributário e estão sujeitos, igualmente, à homologação pela autoridade fiscal. Percebase que o recolhimento a que se está referindo não trata da hipótese de pagamento prevista no inciso I do art. 156 do CTN, mas ao inciso VII, que se refere ao “pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos termos do disposto no artigo 150 e seus §§ 1º e 4º”. Assim, caso se levasse ao extremo da literalidade o entendimento de que o pagamento a que se refere o art. 138 do CTN apenas poderia se referir à hipótese do inciso I do art. 156, então nem mesmo poderia alcançar a hipótese do inciso IV, na qual a IV o débito consolidado em qualquer modalidade de parcelamento concedido pela Secretaria da Receita Federal SRF; (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) V o débito que já tenha sido objeto de compensação não homologada, ainda que a compensação se encontre pendente de decisão definitiva na esfera administrativa; e (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) VI o valor objeto de pedido de restituição ou de ressarcimento já indeferido pela autoridade competente da Secretaria da Receita Federal SRF, ainda que o pedido se encontre pendente de decisão definitiva na esfera administrativa. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) Fl. 184DF CARF MF Impresso em 11/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/10/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/10/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/10/2016 por CAIO CE SAR NADER QUINTELLA, Assinado digitalmente em 11/10/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10880.929074/201003 Acórdão n.º 1402002.309 S1C4T2 Fl. 185 14 extinção cobina a antecipação com a homologação do pagamento pela autoridade administrativa. Ou seja, confinar obtusamente o conceito de pagamento do art. 138 do CTN ao inciso I do art. 156 implicaria em recusar a denúncia espontânea tanto na hipótese de extinção pela compensação como pelo adiantamento de valores pertinente à sistemática de lançamento por homologação, o que na prática esvaziaria qualquer utilidade ao referido dispositivo. Para o Superior Tribunal de Justiça é indiferente o fato de o pagamento acontecer por meio de recolhimento por guia DARF ou por compensação via DCOMP para a caracterização da denúncia espontânea prevista no art. 138 do CTN, conforme se pode extrair do seguinte julgado: (...) E não poderia ser diferente, pois a única diferença entre o recolhimento e a compensação está em que, na compensação, o contribuinte usa um excesso de um recolhimento que realizou anteriormente em valor maior que o devido, ou seja, utiliza parte de um recolhimento que já existe, mas que fez indevidamente ou em valor maior do que deveria. Ora, isto significa que, nesta situação, o Fisco detém em seus cofres valores que foram recolhidos a maior pelo contribuinte. O contribuinte, portanto, por meio da compensação, utiliza valores que lhe pertencem, mas que já estão nos cofres públicos, em poder do Fisco, sendo por isso de rigor que se prestigie a possibilidade de utilizálos para o pagamento, não havendo qualquer razão para que se impeça tal possibilidade, condicionando obtusamente o direito do contribuinte ao recolhimento por meio de guia DARF! Ademais, cumpre observar que no caso de a compensação apresentada vir a ser negada, o Fisco cobrará do contribuinte o pagamento do débito confessado, e assim o fará em valores atualizados, inclusive com a cobrança da multa, de maneira que, ao fim e ao cabo, será honrada a obrigação tributária, sem qualquer prejuízo para o Fisco. Entendo, enfim, que está configurada a hipótese de aplicação da denúncia espontânea no presente caso, devendo ser reconhecida a extinção da punibilidade, para o efeito prático de afastar a aplicação e exigência de qualquer tipo de multa, inclusive a multa de mora. conclusão Por estas razões, voto pelo provimento parcial do recurso para reconhecer ao contribuinte a aplicação da denúncia espontânea, cujo efeito é o de afastar a exigência de multa, devendo, pois, ser recalculado pela Delegacia de origem o aproveitamento do crédito em relação aos débitos apresentados pelo contribuinte, Fl. 185DF CARF MF Impresso em 11/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/10/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/10/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/10/2016 por CAIO CE SAR NADER QUINTELLA, Assinado digitalmente em 11/10/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10880.929074/201003 Acórdão n.º 1402002.309 S1C4T2 Fl. 186 15 mas apenas considerando em relação ao débito o valor do principal e dos juros, sem o cômputo de multa. No mesmo sentido, aplicando o mesmo entendimento, são os Acórdãos nº 1302001.673 (2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 1ª Seção Sessão de 03 de março de 2015, relatoria do I. Cons. Hélio Eduardo de Paiva Araújo), nº 3402002.530 (2ª Turmar Ordinária da 4ª Câmara da 3ª Seção Sessão de 15 de outubro de 2014, relatoria do I. Cons. João Carlos Cassuli Junior), nº 3401002.706 (1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 3ª Seção Sessão de 21 de agosto de 2014, relatoria da I. Cons. Angela Sartori), nº 1302001.408 (2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 1ª Seção Sessão de 3 de junho de 2014, relatoria da I. Cons. Marcio Rodrigo Frizzo), entre outros. O E. Superior Tribunal de Justiça, igualmente, possui decisões em sentidos opostos, inclusive da mesma C. Segunda Turma, curiosamente, publicados com muita proximidade. Ilustrando a posição favorável a utilização da compensação, confirase o seguinte julgado: EDcl no AgRg no REsp 1375380/SP EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL 2013/00776137 Relator: Ministro HERMAN BENJAMIN Órgão Julgador: SEGUNDA TURMA Data do Julgamento: 20/08/2015 Data da Publicação: DJe 11/09/2015 Ementa PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. PRESENÇA DE OMISSÃO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ACOLHIDOS COM EFEITOS INFRINGENTES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. RECONHECIMENTO. TRIBUTO PAGO SEM PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO ANTERIOR E ANTES DA ENTREGA DA DCTF REFERENTE AO IMPOSTO DEVIDO. 1. A decisão embargada afastou o instituto da denúncia espontânea, contudo se omitiu para o fato de que a hipótese dos autos, tratada pelas instâncias ordinárias, referese a tributo sujeito a lançamento por homologação, tendo os ora embargantes recolhido o imposto no prazo, antes de qualquer procedimento fiscalizatório administrativo. 2. Verificase estar caracterizada a denúncia espontânea, pois não houve constituição do crédito tributário, seja mediante declaração do contribuinte, seja mediante procedimento Fl. 186DF CARF MF Impresso em 11/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/10/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/10/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/10/2016 por CAIO CE SAR NADER QUINTELLA, Assinado digitalmente em 11/10/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10880.929074/201003 Acórdão n.º 1402002.309 S1C4T2 Fl. 187 16 fiscalizatório do Fisco, anteriormente ao seu respectivo pagamento, o que, in casu, se deu com a compensação de tributos. Ademais, a compensação efetuada possui efeito de pagamento sob condição resolutória, ou seja, a denúncia espontânea será válida e eficaz, salvo se o Fisco, em procedimento homologatório, verificar algum erro na operação de compensação. Nesse sentido, o seguinte precedente: AgRg no REsp 1.136.372/RS, Rel. Ministro HAMILTON CARVALHIDO, PRIMEIRA TURMA, DJe 18/5/2010. 3. Ademais, inexistindo prévia declaração tributária e havendo o pagamento do tributo antes de qualquer procedimento administrativo, cabível a exclusão das multas moratórias e punitivas. 4. Embargos de declaração acolhidos com efeitos modificativos. Acórdão Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da SEGUNDA Turma do Superior Tribunal de Justiça: "A Turma, por unanimidade, acolheu os embargos de declaração, com efeitos modificativos, nos termos do voto do(a) Sr(a). Ministro(a) Relator(a)." Os Srs. Ministros Og Fernandes (Presidente), Mauro Campbell Marques, Assusete Magalhães e Humberto Martins votaram com o Sr. Ministro Relator. (Destacamos) À luz de tantos elementos, a conclusão é que um sistema jurídico, então norteado pela lógica e pela dinâmica racional entre seus objetos, não deve comportar anacronismos ao contemplar efeitos distintos em relação a elementos que são manifestamente equiparados por diversas normas, algumas de amplo alcance e abrangência. Pelo exposto, voto pelo provimento do Recurso Voluntário, para se reconhecer a legitimidade da denúncia espontânea praticada pela Recorrente, afastandose a aplicação da multa de mora, outrora já saldada na primeira compensação efetuada, considerandose aquele valor da multa como crédito do contribuinte para fins de homologação total da DCOMP, agora sob apreço. (assinado digitalmente) Caio Cesar Nader Quintella Relator. Fl. 187DF CARF MF Impresso em 11/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/10/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/10/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/10/2016 por CAIO CE SAR NADER QUINTELLA, Assinado digitalmente em 11/10/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10880.929074/201003 Acórdão n.º 1402002.309 S1C4T2 Fl. 188 17 Voto Vencedor Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Redator Designado. Com a devida vênia, ouso discordar do entendimento esposado pelo i. Conselheiro Caio Cesar Nader Quintella. Reconheço que a matéria é controversa. A questão sob exame consiste na possível incidência da multa de mora nas situações em que o débito, ainda que a destempo, tenha sido quitado antes de qualquer procedimento formal de cobrança pela administração tributária. Deve ser avaliado se a quitação da dívida nesses moldes caracterizaria a denúncia espontânea de que trata o art. 138, do CTN e se, sob essa ótica, não caberia a multa de mora. A questão gira em torno da definição se a compensação, hipótese de extinção de crédito elencada no art. 156, inciso II, do CTN poderia ser equiparada a pagamento, nos termos do art. 138 do CTN. O i. Conselheiro Relator entendeu que sim. Filiome à corrente que entende que pagamento e compensação não podem ser equiparados, tanto que o legislador elencouas como hipóteses diversas de extinção do crédito tributário: o pagamento é previsto no inciso I do art. 156 do CTN, enquanto a compensação é prevista no inciso II do mesmo diploma legal. Vejase que o art. 156, em seu inciso VII, ainda elencou como hipótese de extinção do crédito tributário o pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos termos do disposto no artigo 150 e seus §§ 1º e 4º. Portanto, embora pagamento e compensação extingam o crédito tributário, cada um o faz com suas características e consequências peculiares: enquanto no pagamento não mais se discute a extinção do crédito tributário, na compensação extinguese o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação (art. 74, § 2º, da Lei nº 9.430/96), ou seja, a declaração de compensação pode ter seus efeitos revertidos pela autoridade administrativa. O art. 138 do CTN, ao dispor que a responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, a meu ver, limitou a possibilidade de sua aplicação a uma das modalidades de extinção do crédito tributário, qual seja, o pagamento. Quisesse o legislador que outras hipóteses de extinção fossem aplicáveis para fins de denúncia espontânea, assim o teria feito expressamente. Conforme abordado pelo i. Conselheiro Relator, a posição do STJ sobre o tema não é unânime. Tanto assim que, posteriormente ao entendimento firmado no julgamento nos EDcl no AgRg no REsp 1375380/SP, sessão de 20/08/2015, citado no r. voto do i. Conselheiro Relator, a mesma Segunda Turma julgadora do STJ julgadora decidiu de modo divergente na apreciação do AgRg no REsp 1461757 / RS em sessão realizada no mês seguinte, dia 03/09/2015. Vejase sua ementa: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL 2014/01481347 Fl. 188DF CARF MF Impresso em 11/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/10/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/10/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/10/2016 por CAIO CE SAR NADER QUINTELLA, Assinado digitalmente em 11/10/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10880.929074/201003 Acórdão n.º 1402002.309 S1C4T2 Fl. 189 18 Relator(a) Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES (1141) Órgão Julgador T2 SEGUNDA TURMA Data do Julgamento 03/09/2015 Data da Publicação/Fonte DJe 17/09/2015 Ementa: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. SUPOSTA OFENSA AO ARTIGO 535 DO CPC. DEFICIÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. SÚMULA 284/STF. DISPOSITIVOS APONTADOS COMO VIOLADOS. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 211/STJ. TRIBUTÁRIO. COMPENSAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA NÃO CONFIGURADA. AGRAVO NÃO PROVIDO. 1. [...] 2. [...] 3. "A extinção do crédito tributário por meio de compensação está sujeita à condição resolutória da sua homologação. Caso a homologação, por qualquer razão, não se efetive, temse por não pago o crédito tributário declarado, havendo incidência, de consequência, dos encargos moratórios. Nessa linha, sendo que a compensação ainda depende de homologação, não se chega à conclusão de que o contribuinte ou responsável tenha, espontaneamente, denunciado o não pagamento de tributo e realizado seu pagamento com os acréscimos legais, por isso que não se observa a hipótese do art. 138 do CTN". (AgRg no AREsp 174.514/CE, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 04/09/2012, DJe 10/09/2012) 4. Agravo regimental não provido. Apresentados embargos de declaração, os mesmos foram rejeitados, prevalecendo a tese de não caracterização de denúncia espontânea por meio de extinção de débito por meio de declaração de compensação. Entendo que a mesma exegese se aplica ao caso dos presentes autos. De todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto – Redator Designado Fl. 189DF CARF MF Impresso em 11/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/10/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/10/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/10/2016 por CAIO CE SAR NADER QUINTELLA, Assinado digitalmente em 11/10/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO
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