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Numero do processo: 15983.001554/2008-41
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 03 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Dec 10 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 26/12/2008
OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES CADASTRAIS, FINANCEIRAS E CONTÁBEIS DE INTERESSE DO FISCO. CFL 35.
Constitui infração às disposições inscritas no art. 32, III da Lei n° 8212/91 c/c art. 225, III do RPS, aprovado pelo Dec. n° 3048/99, deixar a empresa de prestar ao órgão fazendário federal todas as informações cadastrais, financeiras e contábeis do seu interesse, na forma por ele estabelecida, bem como os esclarecimentos necessários à fiscalização.
A inobservância de obrigação tributária acessória constitui-se fato gerador do auto de infração, convertendo-se em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária aplicada.
OBRIGAÇÕES ACESSORIAS. INFRAÇÃO. NATUREZA OBJETIVA.
A responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato. O simples fato da inobservância da obrigação acessória é condição bastante, suficiente e determinante para a conversão de sua natureza de obrigação acessória em principal, relativamente à penalidade pecuniária.
LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO. ATO ADMINISTRATIVO. PRESUNÇÃO DE VERACIDADE E LEGALIDADE. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA.
Tendo em vista o consagrado atributo da presunção de veracidade que caracteriza os atos administrativos, gênero do qual o lançamento tributário é espécie, opera-se a inversão do encargo probatório, repousando sobre o Autuado o ônus de desconstituir o lançamento ora em consumação. Havendo um documento público com presunção de veracidade não impugnado eficazmente pela parte contrária, o desfecho há de ser em favor dessa presunção.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2302-003.540
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 2ª TO/3ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário mantendo o Auto de Infração de Obrigação Acessória pela infração ao artigo 32, III, da Lei n° 8212/91 c/c art. 225, III, do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n° 3048/99, por ter o contribuinte deixado de prestar ao órgão fazendário federal todas as informações cadastrais, financeiras e contábeis do seu interesse, na forma por ele estabelecida, bem como os esclarecimentos necessários à fiscalização.
Liége Lacroix Thomasi Presidente de Turma.
Arlindo da Costa e Silva - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Liége Lacroix Thomasi (Presidente de Turma), Leonardo Henrique Pires Lopes (Vice-presidente de turma), André Luís Mársico Lombardi, Juliana Campos de Carvalho Cruz, Leo Meirelles do Amaral e Arlindo da Costa e Silva.
Nome do relator: ARLINDO DA COSTA E SILVA
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PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES CADASTRAIS, FINANCEIRAS E CONTÁBEIS DE INTERESSE DO FISCO. CFL 35. Constitui infração às disposições inscritas no art. 32, III da Lei n° 8212/91 c/c art. 225, III do RPS, aprovado pelo Dec. n° 3048/99, deixar a empresa de prestar ao órgão fazendário federal todas as informações cadastrais, financeiras e contábeis do seu interesse, na forma por ele estabelecida, bem como os esclarecimentos necessários à fiscalização. A inobservância de obrigação tributária acessória constituise fato gerador do auto de infração, convertendose em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária aplicada. OBRIGAÇÕES ACESSORIAS. INFRAÇÃO. NATUREZA OBJETIVA. A responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato. O simples fato da inobservância da obrigação acessória é condição bastante, suficiente e determinante para a conversão de sua natureza de obrigação acessória em principal, relativamente à penalidade pecuniária. LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO. ATO ADMINISTRATIVO. PRESUNÇÃO DE VERACIDADE E LEGALIDADE. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. Tendo em vista o consagrado atributo da presunção de veracidade que caracteriza os atos administrativos, gênero do qual o lançamento tributário é espécie, operase a inversão do encargo probatório, repousando sobre o Autuado o ônus de desconstituir o lançamento ora em consumação. Havendo AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 98 3. 00 15 54 /2 00 8- 41 Fl. 159DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 2 um documento público com presunção de veracidade não impugnado eficazmente pela parte contrária, o desfecho há de ser em favor dessa presunção. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 2ª TO/3ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário mantendo o Auto de Infração de Obrigação Acessória pela infração ao artigo 32, III, da Lei n° 8212/91 c/c art. 225, III, do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n° 3048/99, por ter o contribuinte deixado de prestar ao órgão fazendário federal todas as informações cadastrais, financeiras e contábeis do seu interesse, na forma por ele estabelecida, bem como os esclarecimentos necessários à fiscalização. Liége Lacroix Thomasi – Presidente de Turma. Arlindo da Costa e Silva Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Liége Lacroix Thomasi (Presidente de Turma), Leonardo Henrique Pires Lopes (Vicepresidente de turma), André Luís Mársico Lombardi, Juliana Campos de Carvalho Cruz, Leo Meirelles do Amaral e Arlindo da Costa e Silva. Fl. 160DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15983.001554/200841 Acórdão n.º 2302003.540 S2‐C3T2 Fl. 160 3 Relatório Período de apuração: 01/03/2004 a 31/12/2005 Data da lavratura do Auto de Infração: 26/12/2008. Data de ciência do Auto de Infração: 31/12/2008. Temse em pauta Recurso Voluntário interposto em face de Decisão de Primeira Instância Administrativa proferida pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campinas/SP, que julgou procedente em parte a impugnação oferecida pelo Sujeito Passivo do crédito tributário aviado no Auto de Infração nº 37.161.5054, decorrente do descumprimento de obrigação acessória prevista no inciso III do art. 32 da Lei nº 8.212/91 c.c. art. 225, III, do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Dec. nº 3.048/99, lavrado em desfavor do Recorrente em virtude de a empresa ter deixado de prestar ao Instituto Nacional do Seguro Social e à Secretaria da Receita Federal todas as informações cadastrais, financeiras e contábeis de interesse dos mesmos, na forma por eles estabelecida, bem como os esclarecimentos necessários à fiscalização, conforme descrito no Relatório Fiscal da Infração a fls. 08/09. CFL 35 Deixar a empresa de prestar ao INSS todas as informações cadastrais, financeiras e contábeis de interesse do mesmo, na forma por ele estabelecida, bem como os esclarecimentos necessários à fiscalização. A multa foi aplicada em conformidade com a cominação prevista nos artigos 92 e 102 ambos da Lei nº 8.212/91 c.c. artigos 283, II, ‘b’ e 373 do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 06/05/1999, no valor mínimo de R$ 12.548,77, já atualizado conforme Portaria MPS/MF nº 77, de 11/03/2008, conforme Relatório Fiscal da Multa Aplicada a fl. 10. Relata o Agente Fiscal que, apesar de regularmente intimada, através TIAF Termo de Início da Ação Fiscal, Termo de Continuidade da Ação Fiscal, TIAD Termo de Intimação para Apresentação de Documentos, TIF Termos de Intimação Fiscal n° 01, 02, 03 e 04; datados de 13/05/08, 02/07/08, 27/08/08, 16/10/08, 31/10/08, 24/11/08 e 18/12/2008; respectivamente, a empresa deixou de prestar à RFB – Receita Federal do Brasil todas as informações cadastrais, financeiras e contábeis de interesse da mesma, na forma por ela estabelecida, bem como os esclarecimentos necessários à Fiscalização. Aduz a Fiscalização que a empresa deixou de apresentar o Livro de Registro de Faturas para o período de 03/2004 a 12/2005; Contratos de prestação de serviços, que visavam a esclarecer as divergências entre valores constantes de folhas de Fl. 161DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 4 pagamento/GFIP/Diário/Recibos; Recibo relativo ao lançamento contábil efetuado em 10/05/05, conta: 01.03.02.002.00005 Máquinas e Equipamentos, bem como todos os documentos solicitados através do TIF Termo de Intimação Fiscal nº 01, de 16/10/2008, contendo o nome, numero, data de lançamento, valor e tipo de documento da conta, para comprovação de valores escriturados como despesa. A empresa alega que o Livro de Registro de Prestação de Serviços, de numeração 01, houvese por extraviado, juntando cópia de publicação na imprensa, porém com data de 04/11/2008, qual seja, a exata data da própria declaração. Irresignado com o supracitado lançamento tributário, o sujeito passivo apresentou impugnação a fls. 93/100. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campinas/SP lavrou Decisão Administrativa textualizada no Acórdão nº 0527.649 – 7ª Turma da DRJ/CPS, a fls. 122/128, julgando procedente em parte o lançamento, e mantendo o crédito tributário em sua integralidade. O Sujeito Passivo foi cientificado da decisão de 1ª Instância no dia 21/12/2009, conforme Termo de Intimação e Aviso de Recebimento a fls. 131/132. Inconformado com a decisão exarada pelo órgão administrativo julgador a quo, o ora Recorrente interpôs recurso voluntário a fls. 133/142, respaldando sua inconformidade em argumentação desenvolvida nos seguintes termos: · Que não houve fixação da conduta ilícita por meio de lei; · Que a Representante Fiscal desprezou a alegação da Recorrente que determinado livro fiscal fora extraviado, e que o procedimento para informar a Administração Tributária, tal como toda a sociedade foi correto; · Que a Representante Fiscal exigiu a apresentação de alguns contratos de prestação de serviços que, segundo a sua óptica, seriam os únicos documentos hábeis a comprovar as despesas da Impugnante, desprezando as notas fiscais e recibos emitidos pela Impugnante; Ao fim, requer a anulação da autuação. Relatados sumariamente os fatos relevantes. Voto Conselheiro Arlindo da Costa e Silva, Relator. Fl. 162DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15983.001554/200841 Acórdão n.º 2302003.540 S2‐C3T2 Fl. 161 5 1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE 1.1. DA TEMPESTIVIDADE O sujeito passivo foi válida e eficazmente cientificado da decisão recorrida no dia 21/12/2009. Havendo sido o recurso voluntário protocolizado no dia 20/01/2010, há que se reconhecer a tempestividade do recurso interposto. Presentes os demais requisitos de admissibilidade do recurso, dele conheço. 2. DAS PRELIMINARES 2.1. DA TIPICIDADE LEGAL Alega o Recorrente que não houve fixação da conduta ilícita por meio de lei. O Recorrente precisa ser apresentado, com a máxima urgência, e com requintes de intimidade, ao preceito inscrito no artigo 32, III, da Lei nº 8.212/91 que obriga a empresa a prestar à Secretaria da Receita Federal do Brasil todas as informações cadastrais, financeiras e contábeis de seu interesse, na forma por ela estabelecida, bem como os esclarecimentos necessários à Fiscalização. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 32. A empresa é também obrigada a: (...) III – prestar à Secretaria da Receita Federal do Brasil todas as informações cadastrais, financeiras e contábeis de seu interesse, na forma por ela estabelecida, bem como os esclarecimentos necessários à fiscalização; (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009) A violação à obrigação tributária acessória assentada no citado inciso III do art. 32 da Lei nº 8.212/91 é apenada com a multa cominada no art. 92 da Lei de Custeio da Seguridade Social. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 92. A infração de qualquer dispositivo desta Lei para a qual não haja penalidade expressamente cominada sujeita o responsável, conforme a gravidade da infração, a multa variável de Cr$ 100.000,00 (cem mil cruzeiros) a Cr$ 10.000.000,00 (dez milhões de cruzeiros), conforme dispuser o regulamento. Art. 102. Os valores expressos em moeda corrente nesta Lei serão reajustados nas mesmas épocas e com os mesmos índices utilizados para o reajustamento dos benefícios de prestação continuada da Fl. 163DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 6 Previdência Social. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.18713/2001) §1o O disposto neste artigo não se aplica às penalidades previstas no art. 32A desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). §2o O reajuste dos valores dos saláriosdecontribuição em decorrência da alteração do saláriomínimo será descontado por ocasião da aplicação dos índices a que se refere o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.941/2009) No que pertine à aplicação de penalidades, a CF/88 incorporou ao Ordenamento Jurídico o Princípio da Individualização de Penas, o qual determina tratamento diverso a infratores que se encontram em situações distintas. Cuidase, com efeito, de tratar os desiguais desigualmente, na medida de suas desigualdades, objetivandose a efetiva Justiça. No Direito Penal, o processo de individualização da pena desenvolvese em três momentos que se interligam e se complementam. O primeiro momento é o legislativo, em que o legislador ordinário, ao eleger uma conduta como típica, ou seja, contrária ao Ordenamento Jurídico, deve observar a gravidade da infração, de modo a estabelecer a pena abstrata, cominando os patamares mínimo e máximo da sanção aplicável. Segundo Rogério Greco (in Direito Penal: Lições, 2ª edição, Rio de Janeiro, Impetus, 2000, p. 71), “É a fase que cabe ao legislador, dentro de um critério político, de valorar os bens que estão sendo objeto de proteção pelo Direito Penal, individualizando a pena de cada infração penal de acordo com a sua importância e gravidade”. O segundo momento é o da individualização judiciária: “ ...tendo presente as nuanças da espécie concreta e uma variedade de fatores que são especificamente previstos na lei penal, o juiz vai fixar qual das penas é aplicável, se previstas alternativamente, e acertar seu quantitativo entre o máximo e o mínimo fixado para cada tipo realizado, e inclusive determinar o modo de sua execução”. (Luisi, Luiz, Os Princípios Constitucionais Penais, Porto Alegre, Editora Sérgio Antonio Fabris, 1997, p. 37): No Direito Penal, o poder discricionário de aplicar a pena é confiado ao juiz pelo ordenamento jurídico, conforme leciona Luiz Regis Prado: “a individualização judiciária da sanção implica significativa margem de discricionariedade, que deverá ser balizada pelos critérios consignados no artigo 59 do Código Penal e pelos princípios penais de garantia. Tratase, pois, de discricionariedade juridicamente vinculada”. (Prado, Luiz Regis. Elementos de Direito Penal. São Paulo, Revista dos Tribunais, 2012, p. 118). A terceira etapa na fixação da pena diz respeito às causas de aumento (majorantes) e de diminuição (minorantes) da pena, nos termos préfixados na Lei. No Direito Tributário não é diferente. A conduta infracional tributária e a cominação de pena correspondente encontramse taxativamente previstas na lei, conforme acima demonstrado. Todavia, as segunda e terceira etapas da fixação da penalidade houveramse por confiadas, pelo ordenamento jurídico, não ao Poder Judiciário, como sói ocorrer no Direito Penal, mas, sim, ao Poder Executivo, que mediante o Regulamento da Previdência Social, procede à individualização, para cada infração tributária cometida, em função de sua gravidade, da penalidade pecuniária a ser aplicada ao infrator, sempre dentro da cominação Fl. 164DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15983.001554/200841 Acórdão n.º 2302003.540 S2‐C3T2 Fl. 162 7 estatuída na lei, bem como os reflexos das circunstâncias agravantes e atenuantes presentes em cada caso concreto. Por tais razões, rejeitamos a preliminar arguida. Vencidas as preliminares, passamos diretamente ao exame do mérito. 3. DO MÉRITO Cumpre de plano assentar que não serão objeto de apreciação por este Colegiado as matérias não expressamente impugnadas pelo Recorrente, as quais serão consideradas como verdadeiras, assim como as matérias já decididas pelo Órgão Julgador de 1ª Instância não expressamente contestadas pelo sujeito passivo em seu instrumento de Recurso Voluntário, as quais se presumirão como anuídas pela Parte. Também não serão objeto de apreciação por esta Corte Administrativa as questões de fato e de Direito referentes a matérias substancialmente alheias ao vertente lançamento, eis que em seu louvor, no processo de que ora se cuida, não se houve por instaurado qualquer litígio a ser dirimido por este Conselho, assim como as questões arguidas exclusivamente nesta instância recursal, antes não oferecida à apreciação do Órgão Julgador de 1ª Instância, em razão da preclusão prevista no art. 17 do Decreto nº 70.235/72. 3.1. DA CONDUTA INFRACIONAL No capítulo reservado ao Sistema Tributário Nacional, a Carta Constitucional outorgou à Lei Complementar a competência para estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre as obrigações tributárias, dentre outras. Constituição Federal, de 03 de outubro de 1988 Art. 146. Cabe à lei complementar: (...) III estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: (...) b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários; Nessa vertente, no exercício da competência que lhe foi outorgada pelo Constituinte Originário, o CTN honrou prescrever, com propriedade, a distinção entre as duas modalidades de obrigações tributárias, ad litteris et verbis: Código Tributário Nacional CTN Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. Fl. 165DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 8 §1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. §2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. (grifos nossos) §3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, convertese em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária. (grifos nossos) Não carece de elevada mestria a interpretação do texto inscrito no §2º do supratranscrito dispositivo legal a qual aponta para a total independência entre as obrigações ditas principais e aquelas denominadas como acessórias. Estas, no dizer cristalino da Lei, decorrem diretamente da legislação tributária, não das obrigações principais, e tem por objeto prestações positivas ou negativas fixadas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. Nesse contexto, cabenos registrar, que são cabíveis de serem estatuídas obrigações acessórias as quais não se encontram vinculadas a nenhuma obrigação principal. Exemplo emblemático do que findou de ser dito é o caso das obrigações acessórias previstas no art. 68 da Lei nº 8.212/91, que impõe ao Titular do Cartório de Registro Civil de Pessoas Naturais a obrigação acessória de comunicar ao INSS, até o dia 10 de cada mês, o registro dos óbitos ocorridos no mês imediatamente anterior, devendo da relação constar a filiação, a data e o local de nascimento da pessoa falecida, sob pena de sujeição à penalidade prevista no art. 92 do mesmo Diploma Legal. Corrobora o entendimento acima esposado as disposições insculpidas no §3º do art. 113 do citado codex, o qual reza que, o simples fato da inobservância da obrigação acessória é condição bastante, suficiente e determinante para a conversão de sua natureza de obrigação acessória em principal, relativamente à penalidade pecuniária, de onde se conclui que a aplicação de Auto de Infração tem natureza objetiva. Tal compreensão caminha em perfeita sintonia com as disposições expressas no art. 136 do reverenciado código tributário, o qual declara que a responsabilidade por infrações à legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato, revelando assim, através de uma outra lente, o caráter objetivo e independente da imputação em realce. Código Tributário Nacional CTN Art. 136. Salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato. Dessarte, nos termos da lei, ainda que não tenha ocorrido a obrigação principal ou esta, mesmo tendo ocorrido, já tenha sido adimplida, tais fatos não são suficientes para afastar a observância e/ou os efeitos das obrigações acessórias correlatas impostas pela legislação tributária. Fl. 166DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15983.001554/200841 Acórdão n.º 2302003.540 S2‐C3T2 Fl. 163 9 As obrigações acessórias, consoante os termos do Diploma Tributário, consubstanciamse deveres de natureza instrumental, consistentes em um fazer, não fazer ou permitir, fixados na legislação tributária, na abrangência do art. 96 do CTN, em proveito do interesse da administração fiscal no que tange à arrecadação e à fiscalização de tributos. Código Tributário Nacional CTN Art. 115. Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal. No que pertine às contribuições previdenciárias, a disciplina da matéria em relevo, no plano infraconstitucional, foi confiada à Lei nº 8.212/91, a qual fez inserir na Ordem Jurídica Nacional uma diversidade de obrigações acessórias, criadas no interesse da arrecadação ou da fiscalização, sem transpor os umbrais limitativos erguidos pelo CTN. Envolto no ordenamento realçado nas linhas precedentes, o art. 32 da citada lei de custeio da Seguridade Social estabeleceu uma série de obrigações instrumentais a serem observadas pela empresa, dentre elas, o dever jurídico de prestar ao Fisco todas as informações cadastrais, financeiras e contábeis de interesse do seu interesse, na forma por ele estabelecida, bem como os esclarecimentos necessários à fiscalização. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 32. A empresa é também obrigada a: (...) III prestar ao Instituto Nacional do Seguro SocialINSS e ao Departamento da Receita FederalDRF todas as informações cadastrais, financeiras e contábeis de interesse dos mesmos, na forma por eles estabelecida, bem como os esclarecimentos necessários à fiscalização. Tal obrigação acessória evidenciase como contínua, não se extinguindo com a mera apresentação de documentos. Ela pressupõe o dever de prestar esclarecimentos à Fiscalização a qualquer tempo, de molde que, mesmo após a apresentação de documentos, caso a Fiscalização solicite novos esclarecimentos, à empresa não é concedida a faculdade de se furtar a cumprir o objeto da intimação, tampouco se escudar na pueril suposição de que eventuais documentos já exibidos anteriormente seriam suficientes e bastantes, eis que a mera exibição de documentos não supre nem exclui qualquer demanda ulterior por esclarecimentos de ordem verbal ou escrita. No caso em apreciação, faz prova o Auto de Infração em desfavor do Recorrente que este, apesar de regularmente intimado, fracassou na apresentação do Livro de Registro de Faturas referente ao período de 03/2004 a 12/2005, bem como na exibição dos Contratos de prestação de serviços, que visavam a esclarecer as divergências entre valores constantes de folhas de pagamento/GFIP/Diário/Recibos. Não foram apresentados, igualmente, os recibos relativos ao lançamento contábil efetuado em 10/05/05, conta: 01.03.02.002.00005 Máquinas e Equipamentos, bem Fl. 167DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 10 como todos os documentos solicitados através do TIF Termo de Intimação Fiscal nº 01, de 16/10/2008, contendo o nome, numero, data de lançamento, valor e tipo de documento da conta, para comprovação de valores escriturados como despesa. O Acórdão recorrido enfrentou a contento, a fls. 124/128, as questões postas em xeque pelo Recorrente. De fato, a mera não apresentação do Livro de Registro de Faturas referente ao período de 03/2004 a 12/2005 já se constitui, por si só, motivo justo, bastante e suficiente para a lavratura do vertente Auto de Infração CFL 35 ante o já mencionado caráter objetivo da apenação em pauta. O mero extravio de documentos não se configura causa excludente da obrigação tributária. Isso porque, na hipótese de extravia, o art. 10 do DecretoLei n° 486/69 determina que a empresa faça publicar em jornal de grande circulação do local de seu estabelecimento aviso concernente ao fato e deste dará minuciosa informação, dentro de 48 (quarenta e oito) horas ao órgão competente do Registro do Comércio. DecretoLei n° 486, de 03 de março de 1969, Art. 10. Ocorrendo extravio, deterioração ou destruição de livros, fichas, documentos ou papéis de interesse da escrituração, o comerciante fará publicar em jornal de grande circulação do local de seu estabelecimento aviso concernente ao fato e deste dará minuciosa informação, dentro de 48 (quarenta e oito) horas ao órgão competente do Registro do Comércio. Parágrafo Único. A legalização de novos livros ou fichas só será providenciada depois de observado o disposto neste artigo. No caso dos autos, relata a Autoridade Lançadora que a “A empresa, mediante declaração firmada pelo contador da empresa, que possui procuração para tal; alega ter sido extraviado o Livro de Registro de Prestação de Serviços, de numeração 01, juntando cópia de publicação na imprensa, porém com data atual, ou seja, 04/11/2008, data da própria declaração”. Tal circunstância revela que o Autuado descuidouse do dever imposto pelo suso transcrito art. 10 do DecretoLei nº 486/69. Mas não é só, há mais. Além de não ter feito publicar em jornal de grande circulação do local de seu estabelecimento aviso concernente ao extravio em tela e deste fato dado minuciosa informação, dentro de 48 (quarenta e oito) horas, ao órgão competente do Registro do Comércio, a empresa deixou de proceder à reescrituração e legalização de Livros Substitutos, como assim determina o Parágrafo Único do art.. 10 do DecretoLei nº 486/69 e o art. 26 da Instrução Normativa DNRC n° 107/2008: Instrução Normativa DNRC n° 107, de 23 de maio de 2008: Art. 26. Ocorrendo extravio, deterioração ou destruição de qualquer dos instrumentos de escrituração, o empresário ou a sociedade empresária fará publicar, em jornal de grande circulação do local de seu estabelecimento, aviso concernente ao fato e deste fará minuciosa informação, dentro de quarenta e oito horas à Junta Comercial de sua jurisdição. Fl. 168DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15983.001554/200841 Acórdão n.º 2302003.540 S2‐C3T2 Fl. 164 11 §1° Recomposta a escrituração, o novo instrumento receberá o mesmo número de ordem do substituído, devendo o Termo de Autenticação ressalvar, expressamente, a ocorrência comunicada. §2°A autenticação de novo instrumento de escrituração só será procedida após o cumprimento do disposto no caput deste artigo. §3° No caso de livro digital, enquanto for mantida uma via do instrumento objeto de extravio, deterioração ou destruição no Sped, a Junta Comercial não autenticará livro substitutivo, devendo o empresário ou sociedade obter reprodução do instrumento junto à administradora daquele Sistema. Como se não fosse o suficiente, a empresa deixou ainda de apresentar os recibos relativos ao lançamento contábil efetuado em 10/05/05, conta: 01.03.02.002.00005 Máquinas e Equipamentos, bem como todos os documentos solicitados através do TIF Termo de Intimação Fiscal nº 01, de 16/10/2008, contendo o nome, numero, data de lançamento, valor e tipo de documento da conta, para comprovação de valores escriturados como despesa. A conduta omissiva assim perpetrada pelo Recorrente representou ofensa direta à obrigação acessória ordenada no art. 32, III, da Lei Orgânica da Seguridade Social, a qual finca o dever instrumental de o sujeito passivo prestar ao Instituto Nacional do Seguro Social INSS e ao Departamento da Receita FederalDRF todas as informações cadastrais, financeiras e contábeis de interesse dos mesmos, na forma por eles estabelecida, bem como os esclarecimentos necessários à fiscalização. Visando a conferir máxima efetividade à obrigações instrumentais impostas, o art. 92 da Lei nº 8.212/91 estabeleceu que a infração de qualquer dispositivo constante na citada Lei de Custeio, para a qual não haja penalidade expressamente cominada, sujeita o responsável, conforme a gravidade da infração, a multa variável de Cr$ 100.000,00 (cem mil cruzeiros) a Cr$ 10.000.000,00 (dez milhões de cruzeiros), na forma como dispuser o regulamento. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 92. A infração de qualquer dispositivo desta Lei para a qual não haja penalidade expressamente cominada sujeita o responsável, conforme a gravidade da infração, a multa variável de Cr$ 100.000,00 (cem mil cruzeiros) a Cr$ 10.000.000,00 (dez milhões de cruzeiros), conforme dispuser o regulamento. Vertendo em termos mais palatáveis, a lei formal cominou às infrações a dispositivos constante na Lei de Custeio da Seguridade Social penalidade pecuniária, variável em função de sua gravidade, outorgando ao regulamento a competência para dispor sobre a forma como essa penalidade, variável em sua origem legal, será aplicada às infrações em razão da sua maior ou menor gravidade ao interesse da arrecadação ou da fiscalização de tributos. Fl. 169DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 12 Notese que, nos termos do art. 115 do CTN, o fato gerador da obrigação acessória é a situação que, na forma da legislação – não da lei , impõe a prática ou a abstenção do ato punível. Nessa vertente, atendendo à normatividade exigida pelo dispositivo legal em ênfase, a alínea ‘b’ do inciso III do art. 283 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Dec. nº 3.048/99, assim destacou: Regulamento da Previdência Social. Art. 283. Por infração a qualquer dispositivo das Leis nos 8.212 e 8.213, ambas de 1991, e 10.666, de 8 de maio de 2003, para a qual não haja penalidade expressamente cominada neste Regulamento, fica o responsável sujeito a multa variável de R$ 636,17 (seiscentos e trinta e seis reais e dezessete centavos) a R$ 63.617,35 (sessenta e três mil, seiscentos e dezessete reais e trinta e cinco centavos), conforme a gravidade da infração, aplicandoselhe o disposto nos arts. 290 a 292, e de acordo com os seguintes valores: (Redação dada pelo Decreto nº 4.862/2003) (...) II a partir de R$ 6.361,73 (seis mil trezentos e sessenta e um reais e setenta e três centavos) nas seguintes infrações: b) deixar a empresa de apresentar ao Instituto Nacional do Seguro Social e à Secretaria da Receita Federal os documentos que contenham as informações cadastrais, financeiras e contábeis de interesse dos mesmos, na forma por eles estabelecida, ou os esclarecimentos necessários à fiscalização; Art. 373. Os valores expressos em moeda corrente referidos neste Regulamento, exceto aqueles referidos no art. 288, são reajustados nas mesmas épocas e com os mesmos índices utilizados para o reajustamento dos benefícios de prestação continuada da previdência social. No presente caso, o valor das penalidades foi atualizado pela Portaria MPS/MF nº 77, de 11/03/2008, conforme Relatório Fiscal da Multa Aplicada a fl. 10. Ademais, a natureza da infração perpetrada pelo Recorrente, consistente na não apresentação à Fiscalização de documentos que contenham as informações cadastrais, financeiras e contábeis de interesse do Fisco, na forma por eles estabelecida, ou os esclarecimentos necessários à Fiscalização, é de consumação instantânea. Nessas circunstâncias, vencido o prazo consignado pela fiscalização para a exibição dos documentos exigidos, a infração se aperfeiçoa e se exaure definitivamente, não mais admitindo convalescença ou correção ulterior. Merece ainda ser enaltecido que o valor penalidade imposta através do vertente Auto de Infração é único e indivisível, sendo o quantum debeatur a ele associado independente da gravidade, tampouco do número de infrações cometidas, bastando para a sua caracterização e imputação a ocorrência de uma única infração à obrigação tributária violada. Dessarte, o reconhecimento, ainda que parcial, da procedência da autuação não implica o afastamento da imputação, tampouco modificação no valor da multa aplicada, devendo esta ser mantida em sua integralidade individual. Fl. 170DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15983.001554/200841 Acórdão n.º 2302003.540 S2‐C3T2 Fl. 165 13 4. CONCLUSÃO: Pelos motivos expendidos, CONHEÇO do recurso voluntário para, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO. É como voto. Arlindo da Costa e Silva, Relator. Fl. 171DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/12/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 09/12/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 10/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI
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Numero do processo: 10314.005976/2010-79
Turma: Terceira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 11 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Dec 18 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 24/05/2010
CRÉDITO TRIBUTÁRIO SUB JUDICE. LANÇAMENTO PARA PREVENIR A DECADÊNCIA.
É lícito ao Fisco, visando prevenir a decadência, lavrar auto de infração para constituir crédito tributário cuja exigibilidade encontrava-se suspensa por força de liminar em mandado de segurança. O crédito assim constituído deve permanecer com a exigibilidade suspensa enquanto não modificados os efeitos da medida judicial.
JUROS DE MORA. LANÇAMENTO PARA PREVENIR DECADÊNCIA. LEGALIDADE.
Os juros de mora acrescidos ao principal objeto de lançamento para prevenir decadência declaram a mora e o dies a quo da sua contagem, para fins da incidência no ato da sua cobrança, se e quando se erguer a eficácia do lançamento com o desprovimento da ação judicial.
Numero da decisão: 3803-006.651
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade do auto de infração, em não conhecer do recurso quanto à matéria submetida à apreciação do Poder Judiciário, e em negar provimento quanto aos juros.
(assinado digitalmente)
Corintho Oliveira Machado - Presidente
(assinado digitalmente)
Belchior Melo de Sousa - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Corintho Oliveira Machado, Belchior Melo de Sousa, Hélcio Lafetá Reis, João Alfredo Eduão Ferreira, Jorge Victor Rodrigues e Paulo Renato Mothes de Moraes.
Nome do relator: BELCHIOR MELO DE SOUSA
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 24/05/2010 CRÉDITO TRIBUTÁRIO SUB JUDICE. LANÇAMENTO PARA PREVENIR A DECADÊNCIA. É lícito ao Fisco, visando prevenir a decadência, lavrar auto de infração para constituir crédito tributário cuja exigibilidade encontrava-se suspensa por força de liminar em mandado de segurança. O crédito assim constituído deve permanecer com a exigibilidade suspensa enquanto não modificados os efeitos da medida judicial. JUROS DE MORA. LANÇAMENTO PARA PREVENIR DECADÊNCIA. LEGALIDADE. Os juros de mora acrescidos ao principal objeto de lançamento para prevenir decadência declaram a mora e o dies a quo da sua contagem, para fins da incidência no ato da sua cobrança, se e quando se erguer a eficácia do lançamento com o desprovimento da ação judicial.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2319; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3TE03 Fl. 288 1 287 S3TE03 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10314.005976/201079 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3803006.651 – 3ª Turma Especial Sessão de 11 de novembro de 2014 Matéria IPI/PISCOFINSIMPORTAÇÃO AUTO DE INFRAÇÃO Recorrente SOC. BENEFICIENTE DE SENHORAS HOSPITAL SÍRIO LIBANÊS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 24/05/2010 MATÉRIA SUBMETIDA AO JUDICIÁRIO. RENÚNCIA ÀS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. INTIMAÇÕES. ATOS PROCESSUAIS. PROCURADOR As normas do Processo Administrativo Fiscal não têm previsão para que a Administração Tributária efetue as intimações de atos processuais administrativos na pessoa e no domicílio profissional do advogado constituído pelo sujeito passivo da obrigação tributária. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 24/05/2010 CRÉDITO TRIBUTÁRIO SUB JUDICE. LANÇAMENTO PARA PREVENIR A DECADÊNCIA. É lícito ao Fisco, visando prevenir a decadência, lavrar auto de infração para constituir crédito tributário cuja exigibilidade encontravase suspensa por força de liminar em mandado de segurança. O crédito assim constituído deve permanecer com a exigibilidade suspensa enquanto não modificados os efeitos da medida judicial. JUROS DE MORA. LANÇAMENTO PARA PREVENIR DECADÊNCIA. LEGALIDADE. Os juros de mora acrescidos ao principal objeto de lançamento para prevenir decadência declaram a mora e o dies a quo da sua contagem, para fins da AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 31 4. 00 59 76 /2 01 0- 79 Fl. 288DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 11/12/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 2 incidência no ato da sua cobrança, se e quando se erguer a eficácia do lançamento com o desprovimento da ação judicial. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade do auto de infração, em não conhecer do recurso quanto à matéria submetida à apreciação do Poder Judiciário, e em negar provimento quanto aos juros. (assinado digitalmente) Corintho Oliveira Machado Presidente (assinado digitalmente) Belchior Melo de Sousa Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Corintho Oliveira Machado, Belchior Melo de Sousa, Hélcio Lafetá Reis, João Alfredo Eduão Ferreira, Jorge Victor Rodrigues e Paulo Renato Mothes de Moraes. Relatório O presente processo é constituído de autos de infração, lavrado para exigência de crédito tributário referente a Imposto de Importação, Imposto sobre Produtos Industrializados, CofinsImportação e PISImportação, incidentes sobre a importação de equipamentos de procedência estrangeira destinados, conforme declarado pela Interessada, à utilização nas atividades essenciais da entidade. Conforme a descrição dos fatos, os desembaraços das Declarações de Importação (DIs), foram efetuados sem o recolhimento dos tributos incidentes na importação, em cumprimento da decisão nos autos do processo judicial 2004.61.00.0289717, aviado na 22ª Vara Federal de São Paulo, em que foi determinado que se procedesse ao desembaraço aduaneiro das mercadorias importadas por esta pessoa jurídica. O objeto da ação judicial é a declaração da inexistência da relação jurídico tributária que a obrigue a recolher impostos e contribuições sociais federais devidos na importação, tendo como fundamento a imunidade de que goza em relação aos impostos e isenção às contribuições. Houve decisão favorável ao deferimento de tutela antecipada, e, posteriormente, a confirmação por meio de sentença, sem decisão definitiva transitada em julgado até a data das autuações. Ante este provimento, os autos de infração foram lavrados com o fito de prevenir a decadência, sendo informando que a exigibilidade estava suspensa até a decisão final. Em impugnação apresentada, a Autuada arrazoou, em síntese, que: a) o Auto de Infração é meio que se configura inadequado à constituição do crédito tributário, nas circunstâncias do caso. Se não houve prática de infrações por parte do Fl. 289DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 11/12/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 10314.005976/201079 Acórdão n.º 3803006.651 S3TE03 Fl. 289 3 contribuinte, não se trata o caso de aplicação de penalidade, decorrendo disso que o instrumento jurídico correto é a Notificação de Lançamento; b) os juros moratórios devem ser afastados, pois inexistem os pressupostos de fato que autorizariam a sua imposição; c) é uma entidade de assistência social, que atua na área da saúde, tendo sido declarada de utilidade pública federal, fazendo jus, portanto, à imunidade prevista na Constituição Federal; d) o Ato Declaratório n° 9/06 do Procurador Geral da Fazenda Nacional reconhece a imunidade de entidades como a da Impugnante, encerrando qualquer discussão; Em julgamento da lide, a DRJ/Florianópolis assentou, em síntese, que: a) a interessada indicou na declaração de importação não haver valor de crédito tributário a ser recolhido. O benefício que pleiteou não foi reconhecido pela Autoridade Aduaneira; b) a lavratura de Auto de Infração não pode ser considerada inadequada, visto que sob a ótica da Fazenda a interessada deixou de recolher, por ocasião do registro da declaração de importação, os tributos em questão; c) dos dispositivos do art. 9º e 10º do Decreto n° 70.235/72 tanto a exigência do crédito tributário quanto a aplicação de penalidade isolada podem ser formalizados por Auto de Infração ou Notificação de Lançamento; visto que a redação do dispositivo legal não permite estabelecer limites ao alcance de cada espécie de instrumento para formalização; d) a formalização do presente crédito tributário mediante a lavratura de Auto de Infração assegura maior benefício ao exercício do direito de defesa e do contraditório à Interessada, pois este instrumento possui não apenas a Disposição Legal Infringida, mas a Descrição do Fato; Quanto ao mérito: a) da incidência dos tributos na importação, em face de imunidade não conheceu do recurso, por ter sido a matéria levada à apreciação do Judiciário, o que implica em renúncia às instâncias administrativas. b) da incidência dos juros de mora no lançamento sustentou que mesmo inexigível o crédito tributário, o prazo de pagamento do tributo não é alterado, prevalecendo tal prazo para fins de sua incidência no caso de decisão judicial final desfavorável ao contribuinte. Considerou que, a rigor, os juros de mora não precisam ser indicados na autuação para serem exigidos, porque, como acessório, seguem o principal. O destaque dos juros de mora incidentes até a data da lavratura da autuação é apenas demonstrativo. A decisão foi ementada como segue: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Data do fato gerador: 24/05/2010 Fl. 290DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 11/12/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 4 AÇÃO JUDICIAL. EFEITOS. LANÇAMENTO DESTINADO A PREVENIR DECADÊNCIA. FORMALIZAÇÃO CABÍVEL. A discussão da matéria tributável na esfera judicial não elide o dever da autoridade administrativa de constituir o crédito tributário. A propositura de qualquer ação judicial anterior, concomitante ou posterior a procedimento fiscal, com o mesmo objeto da autuação, importa em renúncia ou desistência à apreciação da mesma matéria na esfera administrativa, porém a matéria divergente terá prosseguimento normal. Cientificada da decisão em 09/10/2013, irresignada, a Interessada apresentou recurso voluntário, em 18/10/2013, em que reitera os termos da impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Belchior Melo de Sousa, Relator O recurso é tempestivo e atende os demais requisitos para sua admissibilidade, dele conheço. Preliminar de Nulidade Auto de Infração como meio inadequado à constituição do crédito tributário A Recorrente apela para a nulidade da constituição do crédito tributário, em virtude de ter sido formalizada por meio de Auto de Infração e não Notificação de Lançamento, uma vez que o crédito constituído encontrase com a exigibilidade suspensa, não tendo cometido qualquer infração à legislação. Vista unicamente sob o seu ângulo, tem razão a Defendente quando afirma não ter cometido infração, considerando que se encontra amparada pelo provimento judicial provisório antecipatório da tutela, obtido em 29//11/2004. Sob o olhar do Fisco, porém, a subsistência da lide, o mérito da controvérsia em aberto e a possibilidade (não importa em que medida) de resultado favorável à Fazenda, são os eventos que motivaram a constituição do crédito tributário. Neste prisma, o campo Descrição dos Fatos do Auto de Infração consigna o registro tanto do fato jurídico tributário como do fato jurídico da ocorrência da infração consistente na falta de recolhimento, ao desamparo da imunidade invocada. 001 IMPORTAÇÃO NÃO AMPARADA POR IMUNIDADE II 001 IMPORTAÇÃO NÃO AMPARADA POR IMUNIDADE IPI 001 FALTA/INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DA COFINS IMPORTAÇÃO DI 001 FALTA/INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DO PIS/PASEP IMPORTAÇÃO DI 0 importador submeteu a despacho aduaneiro de importação, pleiteando IMUNIDADE TRIBUTARIA para o Imposto de Importação (II), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e para as contribuições sociais (PIS e COFINS) incidentes na Fl. 291DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 11/12/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 10314.005976/201079 Acórdão n.º 3803006.651 S3TE03 Fl. 290 5 importação das mercadorias descritas e amparadas pelas declarações de importação no 09/02330394 e 10/12642404 (anexo I). Cumpre observar que a alegada imunidade abrange apenas os impostos sobre patrimônio, renda e serviços das entidades previstas na alínea "c", do inciso VI do art. 150 da Constituição Federal. Este entendimento tem como fundamento o disposto na alínea "a" do inciso III do art. 146 da Constituição Federal, que remete a Lei Complementar a definição das diversas espécies de tributos. Esta definição, por sua vez, é tratada pelo Código Tributário Nacional (aprovado pela Lei no 5.172/66 e recepcionado pelo atual texto constitucional) em seu Titulo III. [...] Além de todo o exposto acerca da não extensão da imunidade constitucional, o importador ao pleitear a imunidade dos tributos não apresentou, no curso do despacho, documentação que atestasse o cumprimento dos requisitos necessários para obtenção da renuncia fiscal dos tributos bem como Certificado de Entidade de Assistência Social válido, documento que atesta seu caráter de assistência social, pleiteando a liberação das mercadorias com base na ação judicial preventiva supracitada. Portanto, entende esta fiscalização que o beneficio fiscal da imunidade não pode ser concedido à autuada. [...] A multa prevista no art. 44, inciso I da Lei no 9.430/96 não foi aplicada em cumprimento ao disposto no § 1º do artigo 63 do mesmo dispositivo Legal (a Decisão Judicial suspendeu a exigibilidade do crédito tributário em 29/11/2004, anterior ao registro das DI's). O registro do fato jurídico tributário implicou no lançamento, que corresponde ao valor dos tributos que deveriam ter sido recolhidos no desembaraço aduaneiro. O registro do fato jurídico da ocorrência da infração, traz na esteira a sustação do seu efeito que corresponderia à imposição da multa de ofício, em face da tutela antecipada obtida na ação judicial aviada sob o nº 2004.61.00.0289717[1]. Assim, não obstante descrita a infração, o Auto de Infração deixa de fixar apenas a relação jurídica quanto à imposição da penalidade. Dado o contorno sob o qual se lavra Auto de Infração para prevenção de decadência quando sua materialidade encontrase em discussão na esfera judicial e presente a infração, ante o não reconhecimento do direito pleiteado, pela Autoridade aduaneira , podese sustentar que este instrumento não é impróprio para a constituição do crédito tributário, pelo fato de seu conteúdo estar adstrito unicamente ao lançamento. Este entendimento encontrase bem ajustado ao que dispõe o art. 9º do Decreto nº 70.235/72, que não distingue os usos do Auto de Infração e da Notificação de Lançamento seja para tributo ou penalidade, verbis: 1 Em cumprimento ao art. 63, § 1º, da Lei nº 9.430/96. Fl. 292DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 11/12/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 6 Art. 9o A exigência do crédito tributário e a aplicação de penalidade isolada serão formalizados em autos de infração ou notificações de lançamento, distintos para cada tributo ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. (Grifos acrescidos) Entre os requisitos obrigatórios do Auto de Infração está a descrição do fato, ausente das exigências para a Notificação de Lançamento, ao tempo em que o seu inciso III aponta para a necessidade de indicação da disposição legal infringida (ainda que na condição de "se for o caso"), denotando que este instrumento pode veicular também penalidade: Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do autuado; II o local, a data e a hora da lavratura; III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de trinta dias; VI a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Art. 11. A notificação de lançamento será expedida pelo órgão que administra o tributo e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do notificado; II o valor do crédito tributário e o prazo para recolhimento ou impugnação; III a disposição legal infringida, se for o caso; IV a assinatura do chefe do órgão expedidor ou de outro servidor autorizado e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Parágrafo único. Prescinde de assinatura a notificação de lançamento emitida por processo eletrônico. A doutrina, por sua vez, apenas identifica o uso indistinto de um ou outro instrumento de que as Administrações Tributárias tem se servido para introduzir suas imposições, tanto tributárias como sancionatórias. Assim, esclarece James Marins: "O auto de infração, no âmbito da Receita Federal e a Notificação Fiscal de Lançamento de Débito (NFLD), utilizada pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), são espécies de documentos fiscais elaborados pela Administração para corporificar atos de imposição. O auto de infração ou a NFLD frequentemente engloba no mesmo suporte físico vários atos impositivos referentes a diversas relações jurídicas, ora não Fl. 293DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 11/12/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 10314.005976/201079 Acórdão n.º 3803006.651 S3TE03 Fl. 291 7 sancionatórias, como o lançamento, ou relações jurídicas sancionatórias, como aplicação de multa por Paulo de Barros Carvalho, na mesma vertente, noticia o uso do auto de infração como peça portadora não só do ato de imposição de penalidade: Em súmula, dois atos administrativos, ambos introdutores de norma individual e concreta no ordenamento positivo: um, de lançamento, produzindo regra cujo antecedente é fato lícito e o consequente uma relação jurídica de tributo; outro, o auto de infração, veiculando u'a norma que tem, no suposto, a descrição de um delito e, no consequente, a instituição de liame jurídico sancionatório, cujo conteúdo da prestação tanto pode ser um valor pecuniário (multa) como uma conduta de fazer ou não fazer. Tudo seria simples, realmente, se o auto de infração apenas conduzisse para o ordenamento a mencionada regra individual e concreta que mencionei. Nem sempre é assim. Que, de vezes, sob a epígrafe "auto de infração", deparamonos com dois atos: um de lançamento, exigindo o tributo devido; outro, de aplicação de penalidade, pela circunstância de o sujeito passivo não ter recolhido, em tempo hábil, a quantia pretendida pela Fazenda. Dáse a conjunção, num único instrumento material, sugerindo até possibilidades híbridas. Mera aparência. Não deixam de ser normas jurídicas distintas postas por expedientes que, por motivos de comodidade administrativa estão reunidas no mesmo suporte físico. Pela frequência com que ocorrem essas conjunções, falam alguns, em "auto de infração" em sentido largo (dois atos no mesmo instante) e "auto de infração"stricto sensu", para denotar a peça portadora de norma individual e concreta de aplicação de penalidade a quem cometeu ilícito tributário. A lição acima destaca a natureza distinta dos atos administrativos do lançamento e da imposição sancionatória e a decorrente autonomia destes. Uma vez autônomos e, via de regra, postos no mesmo instrumento de constituição das exigências, o Auto de Infração, não se deve ver inadequação se vier veicular apenas um desses atos: a formalização da relação jurídica tributária tendente a prevenir decadência, mesmo que inexista a penalidade. Pelo exposto, rejeito a preliminar. Mérito Da incidência dos tributos na importação, em face de imunidade Travase no processo judicial nº 2004.61.00.0289717 discussão sobre a in/existência de relação jurídica tributária que obrigue a Recorrente ao pagamento de tributos tais como os lançados no presente Auto de Infração , que não estejam classificados no rol dos impostos obre o patrimônio, na acepção restrita que dá a Fazenda a esta classe de tributos. Fl. 294DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 11/12/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 8 Corroboro o entendimento já assentado na decisão recorrida, segundo o que este debate não pode ser travado no âmbito deste processo administrativo. O provimento que aqui se der ou negar tornarseá sem efeito ante decisão superveniente em rumo diverso no aludido processo. Logo, de raso, devese aplicar a Súmula CARF nº 1, eis que presente a conexão de matérias[2]. Da incidência dos juros de mora no lançamento Cabe lembrar que o presente processo é dependente da ação nº 2004.61.00.0289717. O provimento judicial definitivo, a seu tempo, deitará por terra este processo. Alternativamente, o desprovimento referenderá a incidência prevenida, suscitará a mora e ensejará a cobrança dos tributos aqui lançados com a inclusão dos juros de mora, com amparo do art. 61, § 3º, cujo lapso de tempo de sua aplicação estenderseá até o mês do pagamento. Uma vez que é vedada a incidência somente da multa de ofício no lançamento para prevenir decadência, os juros podem ser incluídos no lançamento, sem o caráter de ser valor fixo, como o são o principal e a multa. Demais disso, considero que os juros não estão constituídos na data e na linguagem normativa do lançamento, distintamente do que se dá com o principal. Concebo que ao estarem presentes em todo e qualquer lançamento representam o conteúdo declaratório da mora até o momento em que não haja impugnação, para fins da incidência futura, na conformidade com o art. 61, § 3º, da Lei nº 9.430/96, quando se tornar eficaz o lançamento, seja com o trânsito em julgado do desprovimento do pedido em ação judicial ou com a definitividade da decisão em processo administrativo. Os juros não estão a incidir (no que entendo ser o melhor sentido jurídico deste verbo), na composição do crédito tributário pelo lançamento, porquanto seu valor não é definitivo, na hipótese de suspensão de exigibilidade, vindo a sêlo somente quando, em tempo futuro, a então Contribuinte vier a ser chamada a efetuar a quitação do crédito lançado. Nesse diapasão, os juros no lançamento são mero indicativo de sua aderência ao principal e do dies a quo do intervalo de tempo até o mês do pagamento, na ocasião da cobrança. Se se pudesse dizer que os juros têm sua constituição efetivada no lançamento, como admitir a sua fluência protraindose no tempo até a quitação do crédito tributário? Por fim, mesmo não estando configurada a mora no momento do lançamento, em face da suspensão da exigibilidade, a presença dos juros no lançamento, pela razão supra, não representa prejuízo algum à Recorrente. Pedido de intimação no endereço do advogado Quanto a este pedido, no rito do Processo Administrativo Fiscal não há respaldo legal para que a Administração Tributária efetue as intimações na pessoa e no domicílio do advogado constituído pelo contribuinte. Este entendimento é assente nos julgamentos no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF). O princípio do informalismo é próprio do processo administrativo, e nesse pressuposto os administrados detêm a capacidade de postular, sendo facultativa a representação por advogado. Em observância das disposições do art. art. 23 do Decreto nº 70.235/72, as 2 Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Fl. 295DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 11/12/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 10314.005976/201079 Acórdão n.º 3803006.651 S3TE03 Fl. 292 9 intimações devem ser feitas diretamente ao administrado, em seu domicílio tributário, não implicando em nulidade do acórdão o desatendimento deste pleito da Contribuinte: Art. 23. Farseá a intimação: I pessoal, pelo autor do procedimento ou por agente do órgão preparador, na repartição ou fora dela, provada com a assinatura do sujeito passivo, seu mandatário ou preposto, ou, no caso de recusa, com declaração escrita de quem o intimar; II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; III por meio eletrônico, com prova de recebimento, mediante: a) envio ao domicílio tributário do sujeito passivo; ou b) registro em meio magnético ou equivalente utilizado pelo sujeito passivo. [...] § 2° Considerase feita a intimação: I na data da ciência do intimado ou da declaração de quem fizer a intimação, se pessoal; II no caso do inciso II do caput deste artigo, na data do recebimento ou, se omitida, quinze dias após a data da expedição da intimação; III se por meio eletrônico: a) 15 (quinze) dias contados da data registrada no comprovante de entrega no domicílio tributário do sujeito passivo; b) na data em que o sujeito passivo efetuar consulta no endereço eletrônico a ele atribuído pela administração tributária, se ocorrida antes do prazo previsto na alínea a; ou c) na data registrada no meio magnético ou equivalente utilizado pelo sujeito passivo; IV 15 (quinze) dias após a publicação do edital, se este for o meio utilizado. § 3o Os meios de intimação previstos nos incisos do caput deste artigo não estão sujeitos a ordem de preferência. § 4o Para fins de intimação, considerase domicílio tributário do sujeito passivo: I o endereço postal por ele fornecido, para fins cadastrais, à administração tributária; e II o endereço eletrônico a ele atribuído pela administração tributária, desde que autorizado pelo sujeito passivo. Fl. 296DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 11/12/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 10 § 5o O endereço eletrônico de que trata este artigo somente será implementado com expresso consentimento do sujeito passivo, e a administração tributária informarlheá as normas e condições de sua utilização e manutenção. § 6o As alterações efetuadas por este artigo serão disciplinadas em ato da administração tributária. [grifos aqui] Pelo exposto, voto por rejeitar a preliminar de nulidade do auto de infração; por não conhecer do recurso quanto à matéria submetida à apreciação do Judiciário, e por negar provimento quanto à incidência dos juros no lançamento. (assinado digitalmente) Belchior Melo de Sousa Fl. 297DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 11/12/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO
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Numero do processo: 10950.001888/2007-05
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 15 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Jan 27 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005
REGIME DA NÃO-CUMULATIVIDADE. MÉTODO DE RATEIO PROPORCIONAL. RESSARCIMENTO.
No cálculo do rateio proporcional para atribuição de créditos no regime da não-cumulatividade das contribuições sociais, exclui-se da proporção as receitas de exportação decorrentes das aquisições de mercadorias com fim específico de exportação.
VENDAS MERCADO INTERNO E EXTERNO. CUSTOS, DESPESAS E ENCARGOS COMUNS. RATEIO PROPORCIONAL.
A determinação do crédito pelo rateio proporcional, entre receitas de exportação e receitas do mercado interno, aplica-se somente aos custos, despesas e encargos que sejam vinculados às receitas de mercado interno e exportação.
CRÉDITOS DA NÃO-CUMULATIVIDADE. COMBUSTÍVEIS. COMPROVAÇÃO.
Os combustíveis utilizados ou consumidos diretamente no processo fabril geram o direito de descontar créditos da contribuição apurada de forma não-cumulativa, todavia o reconhecimento dos créditos está condicionado a efetiva comprovação de que as aquisições de combustíveis são utilizadas efetivamente no processo produtivo.
CRÉDITO PRESUMIDO. ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL. CEREALISTA. VEDAÇÃO.
Há vedação legal ao aproveitamento do crédito presumido para as cerealistas que exerçam cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal.
VENDAS COM SUSPENSÃO. VIGÊNCIA. DO ART. 9º DA LEI Nº 10.925, DE 2004.
O art. 9º da Lei nº 10.925, de 2004 teve eficácia a partir de 4 de abril de 2006, data prevista na norma regulamentadora, in casu, a Instrução Normativa SRF nº 660, de 2006.
RESSARCIMENTO DE CONTRIBUIÇÃO NÃO-CUMULATIVA. CORREÇÃO MONETÁRIA PELA TAXA SELIC. VEDAÇÃO EXPRESSA.
É incabível, por expressa vedação legal, a incidência de atualização monetária pela taxa Selic sobre o ressarcimento de créditos de contribuição não-cumulativa.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3801-004.383
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Jacques Maurício Ferreira Veloso de Melo e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira que davam provimento integral ao recurso. O Conselheiro Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira fará declaração de voto. Fez sustentação oral pela recorrente o Contador Everdon Schlindwein - SC 018557/0 - PR.
(assinado digitalmente)
Flávio de Castro Pontes Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Paulo Sérgio Celani, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Marcos Antônio Borges, Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira e Jacques Maurício Ferreira Veloso de Melo.
Nome do relator: FLAVIO DE CASTRO PONTES
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005 REGIME DA NÃO-CUMULATIVIDADE. MÉTODO DE RATEIO PROPORCIONAL. RESSARCIMENTO. No cálculo do rateio proporcional para atribuição de créditos no regime da não-cumulatividade das contribuições sociais, exclui-se da proporção as receitas de exportação decorrentes das aquisições de mercadorias com fim específico de exportação. VENDAS MERCADO INTERNO E EXTERNO. CUSTOS, DESPESAS E ENCARGOS COMUNS. RATEIO PROPORCIONAL. A determinação do crédito pelo rateio proporcional, entre receitas de exportação e receitas do mercado interno, aplica-se somente aos custos, despesas e encargos que sejam vinculados às receitas de mercado interno e exportação. CRÉDITOS DA NÃO-CUMULATIVIDADE. COMBUSTÍVEIS. COMPROVAÇÃO. Os combustíveis utilizados ou consumidos diretamente no processo fabril geram o direito de descontar créditos da contribuição apurada de forma não-cumulativa, todavia o reconhecimento dos créditos está condicionado a efetiva comprovação de que as aquisições de combustíveis são utilizadas efetivamente no processo produtivo. CRÉDITO PRESUMIDO. ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL. CEREALISTA. VEDAÇÃO. Há vedação legal ao aproveitamento do crédito presumido para as cerealistas que exerçam cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal. VENDAS COM SUSPENSÃO. VIGÊNCIA. DO ART. 9º DA LEI Nº 10.925, DE 2004. O art. 9º da Lei nº 10.925, de 2004 teve eficácia a partir de 4 de abril de 2006, data prevista na norma regulamentadora, in casu, a Instrução Normativa SRF nº 660, de 2006. RESSARCIMENTO DE CONTRIBUIÇÃO NÃO-CUMULATIVA. CORREÇÃO MONETÁRIA PELA TAXA SELIC. VEDAÇÃO EXPRESSA. É incabível, por expressa vedação legal, a incidência de atualização monetária pela taxa Selic sobre o ressarcimento de créditos de contribuição não-cumulativa. Recurso Voluntário Negado.
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MÉTODO DE RATEIO PROPORCIONAL. RESSARCIMENTO. No cálculo do rateio proporcional para atribuição de créditos no regime da nãocumulatividade das contribuições sociais, excluise da proporção as receitas de exportação decorrentes das aquisições de mercadorias com fim específico de exportação. VENDAS MERCADO INTERNO E EXTERNO. CUSTOS, DESPESAS E ENCARGOS COMUNS. RATEIO PROPORCIONAL. A determinação do crédito pelo rateio proporcional, entre receitas de exportação e receitas do mercado interno, aplicase somente aos custos, despesas e encargos que sejam vinculados às receitas de mercado interno e exportação. CRÉDITOS DA NÃOCUMULATIVIDADE. COMBUSTÍVEIS. COMPROVAÇÃO. Os combustíveis utilizados ou consumidos diretamente no processo fabril geram o direito de descontar créditos da contribuição apurada de forma não cumulativa, todavia o reconhecimento dos créditos está condicionado a efetiva comprovação de que as aquisições de combustíveis são utilizadas efetivamente no processo produtivo. CRÉDITO PRESUMIDO. ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL. CEREALISTA. VEDAÇÃO. Há vedação legal ao aproveitamento do crédito presumido para as cerealistas que exerçam cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 95 0. 00 18 88 /2 00 7- 05 Fl. 382DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001888/200705 Acórdão n.º 3801004.383 S3TE01 Fl. 11 2 VENDAS COM SUSPENSÃO. VIGÊNCIA. DO ART. 9º DA LEI Nº 10.925, DE 2004. O art. 9º da Lei nº 10.925, de 2004 teve eficácia a partir de 4 de abril de 2006, data prevista na norma regulamentadora, in casu, a Instrução Normativa SRF nº 660, de 2006. RESSARCIMENTO DE CONTRIBUIÇÃO NÃOCUMULATIVA. CORREÇÃO MONETÁRIA PELA TAXA SELIC. VEDAÇÃO EXPRESSA. É incabível, por expressa vedação legal, a incidência de atualização monetária pela taxa Selic sobre o ressarcimento de créditos de contribuição nãocumulativa. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Jacques Maurício Ferreira Veloso de Melo e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira que davam provimento integral ao recurso. O Conselheiro Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira fará declaração de voto. Fez sustentação oral pela recorrente o Contador Everdon Schlindwein SC 018557/0 PR. (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes – Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Paulo Sérgio Celani, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Marcos Antônio Borges, Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira e Jacques Maurício Ferreira Veloso de Melo. Fl. 383DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001888/200705 Acórdão n.º 3801004.383 S3TE01 Fl. 12 3 Relatório Adotase o relatório da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, que narra bem os fatos: Trata o presente processo de Pedidos de Ressarcimentos (PER) de créditos de Cofins não cumulativa exportação e mercado interno não tributado, decorrente de saldo credor apurado pela contribuinte no 2o trimestre de 2005, resultante da não incidência desta contribuição sobre as receitas das operações de exportação e sobre as receitas de vendas no mercado interno sujeitas à alíquota zero, isenção, suspensão ou não incidência. Os pedidos de ressarcimento são os seguintes: N° PER Tipo de crédito Valor pleiteado 07133.36096.041106.1.5.09 7306 Cofins não cumulativa – exportação R$ 528.398,13 41174.98607.041106.1.1.11 0100 Cofins não cumulativa – mercado interno R$ 19.970,41 TOTAL R$ 548.368,54 Segundo o Despacho Decisório recorrido (fls. 131/165), da Seção de Fiscalização da DRF em Maringá, após discorrer sobre os procedimentos realizados e sobre a legislação pertinente aos créditos vinculados às operações de exportação, a contribuinte elegeu como método de determinação dos créditos o rateio proporcional, ou seja, a relação percentual entre a receita bruta de exportação e a receita bruta total auferidas no mês. No item “Das receitas de exportação”, a autoridade fiscal relata que a interessada declarou no Dacon como receitas de exportação do período os valores advindos de vendas de produtos para o exterior (exportação direta) e de vendas à empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação (exportação indireta) os seguintes valores: Abr/2005 Mai/2005 Jun/2006 Receita de exportação 24.641.809,10 16.309.528,23 20.163.650,92 Aduz a autoridade fiscal que nos montantes acima a empresa incluiu saídas que não podem ser acatadas como operações de exportação. Segundo informa, existem vendas que compõem essa receita de exportação cujas notas fiscais indicam vendas no Fl. 384DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001888/200705 Acórdão n.º 3801004.383 S3TE01 Fl. 13 4 CFOP 6102 (venda de mercadoria adquirida ou recebida de terceiro), que indicam destinação ao mercado interno e sem informação da quantidade vendida. Não bastasse o CFOP impróprio, relata o Auditor Fiscal que a empresa não apresentou os respectivos memorandos de exportação ou informações relativas ao Despacho e Registro da Exportação, não provando, assim, a efetiva destinação da mercadoria para o exterior. Além disso, a autoridade fiscal exibe uma relação de notas fiscais que se referem a “complemento de preço ref. nota fiscal anterior”. Aduz, então, que, segundo o art. 9o da Lei 9.718/1998, tais recebimentos devem ser considerados como variações monetárias ativas (receitas financeiras), razão pela qual não sendo receitas de exportação não se lhes aplica a possibilidade de ressarcimento de créditos. Em decorrência, os valores de exportação acatados foram os seguintes: Explica, na sequência, que o §4o do art. 6o e art. 15, inc. III da Lei n° 10.833/2003, determinam que as aquisições de mercadorias realizadas por empresa comercial exportadora com fim específico de exportação não geram os mesmos benefícios de aproveitamento de créditos afetos às demais exportações, não se autorizando apuração de créditos, básicos e presumidos, vinculados a tais exportações. A autoridade fiscal aduz que não há porque obstar ao produtor remetente de mercadorias à Fertimourão, ainda que “alegando se não se tratar esta de uma trading company todos os efeitos possíveis às operações de exportação de mercadorias recebidas de terceiros, com o fim específico de exportação, já que a documentação apresentada assim caracteriza as operações realizadas”. Porém, à Fertimourão exportadora é vedado o aproveitamento dos créditos das contribuições relacionados a tais receitas e, consequentemente, o ressarcimento ou compensação desses créditos com outros tributos. Explica que como receita de exportação sem direito a crédito têmse parte das saídas contabilizadas no CFOP 5502 e 6502 (remessa de mercadoria adquirida ou recebida de terceiro com o fim específico de exportação) e CFOP 7102 (venda de mercadoria adquirida ou recebida de terceiro). Para tais saídas diz que a requerente emitiu Memorandos de Exportação a seus fornecedores de mercadorias, elaborando quadro demonstrativo, no qual relaciona as notas fiscais de exportação e os memorandos de exportação emitidos. Fl. 385DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001888/200705 Acórdão n.º 3801004.383 S3TE01 Fl. 14 5 Diz ainda que as quantidades consolidadas em cada um desses memorandos são em geral inferiores às quantidades exportadas informadas na nota fiscal correspondente. Por conta das diferenças verificadas, a autoridade fiscal determinou qual o valor exportado corresponde aos volumes recebidos com o fim específico de exportação, adotando o “critério de proporcionalizar o volume (quantidade) verificado como recebido com o fim específico de exportação sobre o volume total exportado na nota fiscal correspondente e aplicar tal índice ao valor total exportado consignado na nota fiscal”. Concluiu que os valores obtidos foram acatados como de exportação, mas sem direito aos créditos da não cumulatividade, posto que as mercadorias exportadas foram recebidas com fim específico de exportação. Em consequência, a receita de exportação considerada para fins de rateio sobre a receita bruta total, cujo coeficiente foi aplicado aos custos, despesas e encargos comuns ao mercado interno e à exportação para determinação dos créditos da não cumulatividade vinculados às receitas de exportação, são os seguintes: Na sequência, no item “Da receita bruta total” demonstra, a partir do Dacon da contribuinte, que as receitas da interessada foram assim informadas : Explica que verificou que a contribuinte auferiu receitas com vendas de bens do ativo permanente, as quais foram excluídas, para fins de cálculo do percentual de rateio, por se tratar de receita não operacional e, portanto, afastada da base de cálculo das contribuições, conforme disposto no art. 1o, §3o, II, da Lei n° 10.833/2003 e art. 1o, §3o, VI, da Lei n° 10.637/2002. Demonstra, no item “Das relações percentuais”, os índices calculados para se determinar os créditos vinculados à receita Fl. 386DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001888/200705 Acórdão n.º 3801004.383 S3TE01 Fl. 15 6 de exportação e ao mercado interno, em relação aos insumos, custos, despesas e encargos comuns: A autoridade fiscal afirma ainda que a determinação do crédito pelo método do rateio proporcional somente é aplicável se os custos, as despesas e os encargos forem comuns a ambas as receitas (mercado interno e exportação). Isso significa dizer que quando for possível identificar que custos, despesas e encargos estão vinculados a uma receita, os créditos correspondentes devem ser vinculados diretamente a esta receita, sem rateio. A seguir, no item “Da análise dos créditos”, o Auditor Fiscal passa a analisar, especificamente, cada uma das rubricas de crédito informadas no Dacon. Relativamente à linha “bens utilizados como insumos”, a autoridade fiscal relata que os valores informados pela contribuinte no Dacon são relativos à aquisição dos seguintes produtos, adquiridos de pessoas jurídicas estabelecidas no país: Informa que as aquisições de soja foram feitas de pessoas jurídicas estabelecidas no país e estão registradas no Livro Fiscal de Entrada nos CFOP 1102 (compra para comercialização), razão pela qual tais valores deveriam ter sido informados na linha 1 do Dacon (bens para revenda) e não na linha 2 (bens utilizados como insumos). De todo o modo, informa que como isto não alterou o resultado do crédito analisado, tais valores foram aceitos na forma declarada. Explica ainda que a legislação permite calcular créditos relativamente a combustíveis e lubrificantes, quando utilizados como insumos na prestação de serviços ou na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda (art. 3o das Leis n°s 10.637/2002 e 10.833/2003). Com base no art. 8o da Instrução Normativa SRF n° 440/2004 e art. 66 da Instrução Normativa SRF nº 247/2002, dispõe a autoridade fiscal que o termo insumo não pode ser interpretado como todo e qualquer bem utilizado no processo produtivo da empresa e não incorporado ao ativo imobilizado, mas tão somente aquele que sofra alterações em função da sua ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação ou aquele que seja efetivamente aplicado ou consumido na prestação de serviços. Fl. 387DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001888/200705 Acórdão n.º 3801004.383 S3TE01 Fl. 16 7 A partir desse entendimento, a autoridade fiscal analisou o modo como esses combustíveis foram utilizados pela empresa. Em função das informações prestadas, concluiu que “os combustíveis adquiridos foram utilizados exclusivamente na frota própria de caminhões, servindo de insumos na prestação de serviços de transporte e no transporte das mercadorias comercializadas até o destino da mercadoria”. Entende, todavia, que apenas a parcela dos combustíveis aplicada diretamente na prestação de serviços de transporte gera direito ao crédito, uma vez que os combustíveis utilizados para transporte de mercadorias vendidas não se enquadram como insumos. Diz que a contribuinte informou que por não conseguir determinar com exatidão os custos integrados, os custos relativos aos combustíveis foram apropriados com base no método da proporção da receita bruta. Estão demonstrados na tabela abaixo os valores que foram rateados entre a receita com prestação de serviços de transporte e o ônus suportado pela contribuinte no transporte das mercadorias: A linha “bens utilizados como insumos” passou, assim, a apresentar os seguintes valores: Informa, também, que como a soja é destinado aos mercados interno e externo, a vinculação do crédito será feita conforme o novo índice de rateio calculado. Porém, uma vez que as aquisições de combustíveis tratamse de custos vinculados às receitas de prestação de serviços com fretes, destinados ao mercado interno, não se aplica o método de rateio proporcional, sendo a totalidade dos dispêndios vinculada às receitas de vendas no mercado interno. Relativamente às linhas “3 – Serviços Utilizados como Insumos”, “4 – Despesas de Energia Elétrica”, “5 Despesas de Aluguéis de Prédios Locados de Pessoas Jurídicas”, “7 Despesas de Armazenagem e Fretes na Operação de Venda” e “8 Despesas de Contraprestação de Arrendamento Mercantil”, os créditos foram totalmente deferidos. Entretanto, a vinculação desses valores às receitas no mercado externo, no mercado interno não tributado e no mercado interno tributado foi refeita com a aplicação do índice de rateio demonstrado no item “Das Relações Percentuais”. Fl. 388DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001888/200705 Acórdão n.º 3801004.383 S3TE01 Fl. 17 8 No tocante à linha “18 – Crédito presumido das atividades agroindustriais”, a autoridade fiscal explica que o pleito da contribuinte é disciplinado pelo art. 8o, da Lei n° 10.925/2004, que impõe, como requisito ao creditamento que a contribuinte exerça atividade econômica de produção de mercadorias destinadas à alimentação humana ou animal e classificadas nos códigos da NCM listados no caput do artigo. A autoridade fiscal analisou o processo produtivo, informado em memorial descritivo disponibilizado pela interessada, constatando que ele “consiste na aquisição de produtos agrícolas in natura (soja, milho, trigo) de produtores rurais (pessoas físicas) e, posterior, classificação, limpeza, secagem, armazenagem e venda desses produtos”. Na sequência, a autoridade fiscal explica o conceito legal de cerealista (art. 3o, §1o, inc. I da IN n° 660/2006 e art. 8o, §1o, inc. I da Lei n. 10.925/2004). Informa que “as operações de secar, limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura lá elencados configuram atividade de cerealista, não gerando crédito presumido para a empresa cerealista em si, mas para a empresa agroindustrial que vier a adquirir esses produtos dessas cerealistas, e empregálos como insumos”. Ademais, informa que a empresa “não dispõe de parque industrial para exercer atividades industriais”, além do que as vendas registradas no livro fiscal de saída somente há registros de saídas contabilizadas em CFOP típicos de revenda de mercadorias (5102, 6102, 7102, 5502 e 6502). Em função disso, entende que não há como a empresa assumir a condição de empresa agroindustrial em desfavor da de cerealista. Afirma ainda que não há como se entender que as operações executadas pela requerente nos produtos vegetais in natura (secar, classificar e padronizar) tornem esses produtos adequados ao consumo humano e animal, sendo necessários “processamentos posteriores para permitir tal destinação, além de fracionamentos para quantidades adequadas”. O relato fiscal dispõe ainda que em relativamente à lenha, mercadoria que compôs também a relação de produtos (milho, soja e trigo) adquiridos de pessoas físicas sobre os quais a interessada calculou seu crédito presumido, também não é possível permitir o creditamento. Isso porque, explica a autoridade fiscal, a lenha não está listada entre as mercadorias do art. 8o da Lei n° 10.925/2004 que dão direito a este tipo de crédito. Diz que a lenha não é um produto objeto de mercancia da interessada, mas, sim, combustível utilizado para geração de calor no processo de secagem. Porém, sendo combustível adquirido de pessoa física, não há base legal para admitir que os dispêndios realizados possam dar direito sequer ao crédito básico. Enfim, entende a autoridade fiscal que a contribuinte não faz jus a nenhum crédito presumido relativo às atividades agroindustriais. Em relação à linha “19 – Crédito presumido do estoque de abertura”, explica a autoridade fiscal que a pessoa jurídica tem direito de efetuar desconto de crédito sobre o estoque de abertura dos bens de que tratam os incisos I e II do art. 3o das Fl. 389DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001888/200705 Acórdão n.º 3801004.383 S3TE01 Fl. 18 9 Leis n°s 10.637/2002 e 10.833/2003, adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no país e existentes na data de início da incidência não cumulativa da contribuição. Afirma que a utilização desse crédito devese dar em 12 parcelas, período que se encerrou em janeiro de 2005 (Cofins), nada devendo haver de creditamento a partir de fevereiro de 2005. Afirma, no entanto, que verificou que houve devolução de vendas de produtos vendidos antes do início da incidência não cumulativa da contribuição em epigrafe (valores estão apontados nos processos relativos à analise dos dois primeiros trimestres de 2004). Devem, por isso, serem considerados como integrantes do estoque de abertura, de modo que a serem creditados em doze parcelas mensais, iguais e sucessivas a partir da data da devolução. Acatou, em consequência, os seguintes valores: Explica, porém, que as devoluções cujas vendas ocorreram ainda no regime cumulativo, por se tratarem de operações no mercado interno, não estão sujeitas a rateio para vinculação a exportações, razão pela qual o crédito acima apontado foi todo considerado como vinculado ao mercado interno. Em função das glosas apresentadas, a autoridade fiscal demonstrou que em relação aos créditos de Cofins não cumulativa vinculados ao mercado externo, passiveis de ressarcimento, a contribuinte faz jus aos seguintes montantes: R$ 2.362,06 em 04/2005, R$ 16.320,79 em 04/2005 e R$ 8.919,58 em 06/2005. Na sequência, a autoridade passa a analisar os créditos da Cofins não cumulativa vinculados ao mercado interno. Detalha, pormenorizadamente, os critérios jurídicos para apropriação deste tipo de crédito. Após, explica que para se determinar o coeficiente de rateio devese buscar as receitas de vendas da empresa no mercado interno realizadas com alíquota zero, suspensão, isenção ou sem incidência da contribuição. detalhamento extraído dos arquivos digitais apresentados, pertinente aos dados informados no Dacon, é o seguinte: Fl. 390DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001888/200705 Acórdão n.º 3801004.383 S3TE01 Fl. 19 10 Segundo o relato fiscal, as receitas financeiras, embora tributadas à alíquota zero das contribuições, não se configuram como receitas de vendas, de modo que não permitem a manutenção do crédito relacionado, segundo o que estabelece o art. 17 da Lei n° 11.033/2004. Além disso, a autoridade fiscal também não considerou os créditos vinculados às receitas de vendas com suspensão, posto que no período analisado não era aplicável o instituto da suspensão, conforme demonstrou no item “Da análise dos débitos”. Foi calculado, então, o coeficiente de rateio, conforme o seguinte demonstrativo: Na sequência, no item “Da análise dos créditos”, a autoridade fiscal deferiu os seguintes créditos da contribuição em análise vinculados às receitas não tributadas no mercado interno: Enfim, os créditos no mercado interno foram assim proporcionalizados: Fl. 391DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001888/200705 Acórdão n.º 3801004.383 S3TE01 Fl. 20 11 No item “Da análise dos débitos”, relata a autoridade fiscal que a empresa excluiu da base de cálculo da contribuição a pagar receitas referentes a vendas com suspensão. Demonstra, a partir do Dacon, que este são os valores excluídos da base de cálculo: Alerta o Auditor Fiscal, contudo, que tais receitas não podem ser excluídas, haja vista que a legislação de regência não permitia tal exclusão no período em referência. Diz que a suspensão da exigibilidade do PIS/Pasep e da Cofins, prevista no §2o, do art. 9o, da Lei n° 10.925/2004, estava condicionada ao estabelecimento de suas condições pela Receita Federal, que foi feita com a edição da Instrução Normativa SRF n° 636, de 24/03/2006, revogada pela Instrução Normativa SRF n° 660/2006, a qual estabeleceu que a suspensão da exigibilidade das contribuições entrou em vigor a partir de 04/04/2006. Explica que, nesse período, é assegurado o aproveitamento de eventuais créditos vinculados às receitas de vendas acima referidas, não se lhes impondo a vedação do inc. II, do § 4o, do art. 8o, da Lei n° 10.925/2004. Isso posto, a autoridade fiscal recompôs a base de cálculo das contribuições: Em função de se ter apurado contribuição a pagar, foram realizadas compensações de ofício da contribuição calculada com os créditos deferidos. A recomposição do tributo devido e da utilização dos créditos ficou assim: Enfim, os créditos apurados, relativos ao mercado externo, interno não tributado e interno tributado foram totalmente utilizados para deduzir os débitos da contribuição apurada no trimestre analisado, não restando saldo credor a ser ressarcido. Fl. 392DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001888/200705 Acórdão n.º 3801004.383 S3TE01 Fl. 21 12 Cientificada em 20/04/2012, a contribuinte apresentou em 17/05/2012, tempestivamente, a manifestação de inconformidade de fls. 169/232. Inicialmente, no item “I Dos fatos”, a manifestante diz que é empresa que desenvolve atividades agroindustriais e produz as mercadorias classificadas na NCM dos Capítulos 10 e 12, relacionadas no caput do art. 8o da Lei n° 10.925/2004. Afirma que efetua operações no mercado interno e realiza exportações diretas e indiretas. Explica os objetivos e a mecânica da não cumulatividade instituída para o PIS/Pasep e Cofins. Diz que para o exercício regular de suas atividades adquire de fornecedores bens e serviços utilizados como insumos para a elaboração de seus produtos. Afirma que os insumos utilizados decorrem de uma complexa cadeia produtiva, de modo a apurar créditos para abater da contribuição devida e se ressarcir do saldo remanescente, nos termos da legislação em vigor. No tópico “II – Das razões da reforma”, explica os critérios que nortearam a instituição do sistema não cumulativo para o PIS e a Cofins. Diz que no caso específico do setor agroindustrial o legislador optou, com vistas a minorar o desequilíbrio entre débitos e créditos, em conceder um crédito presumido sobre o valor das aquisições de bens e serviços de pessoas físicas, atribuindo à RFB competência para estabelecer os seus contornos. Descreve os objetivos da instituição dos créditos vinculados às receitas de exportação. Conclui que a sistemática prevista “assegura a manutenção dos créditos, de forma a respeitar o princípio constitucional da nãocumulatividade e também, evitar a incidência das contribuições quando da realização de exportações, ainda que indiretamente”. Explica os créditos vinculados às receitas de vendas no mercado interno, concluindo que não há “dúvidas quanto à possibilidade de manutenção dos créditos, bem como da recuperação dos mesmos, mediante dedução, compensação ou ressarcimento do saldo de créditos decorrentes de saídas com suspensão, isenção, alíquota zero e não incidência das contribuições para o PIS e Cofins acumulados a partir de 09 de agosto de 2004”. No item “III – Análise do relatório/despacho decisório da RFB” apresenta, propriamente, sua defesa. No subtópico “3.1 – Do critério de rateio para apropriação dos créditos vinculados à exportação”, diz que optou pelo critério de rateio de seus custos, despesas e encargos na proporcionalidade da receita bruta de exportação em relação à receita bruta total auferida. Aduz que no período analisado efetuou algumas aquisições de mercadorias com o fim específico de exportação, expedindo a seus fornecedores os memorandos da respectiva exportação. Esclarece que em relação às mercadorias adquiridas com o fim específico de exportação não apurou crédito de PIS e Cofins, observando o disposto no §4o do art. 6o da Leis n° 10.833/2004 e Fl. 393DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001888/200705 Acórdão n.º 3801004.383 S3TE01 Fl. 22 13 10.637/2002. Afirma, contudo, que tal norma não restringe a apuração de créditos sobre os demais custos, despesas e encargos elencados no art. 3o das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003. Argumenta que o Auditor Fiscal adotou critério de rateio não previsto na legislação, excluindo da receita de exportação os valores relativos às mercadorias adquiridas com o fim específico de exportação. Diz que o agente fiscal, todavia, manteve estes valores computados na receita bruta total, distorcendo a apuração dos índices da proporcionalidade da receita de exportação em relação à receita bruta total. Diz que não há previsão legal para efetuar ajustes nos valores das receitas para fins de rateio, devendo todos os custos, despesas e encargos do art. 3o das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003 serem rateados de acordo com a proporcionalidade da receita bruta auferida. Traz acórdão do CARF que em sua ementa aduz que “não existe previsão legal para excluir, no cálculo do rateio proporcional, o valor da exportação de mercadorias adquiridas com o fim específico de exportação”. Alega que é equivocado também o entendimento do agente fiscal de que o cálculo proporcional somente é aplicável se os custos, as despesas e os encargos forem comuns às receitas de vendas no mercado interno e de exportação. Argumenta que a lei só permite a adoção de um único critério de apuração de créditos, facultando à contribuinte escolher entre a apropriação direta dos custos, despesas e encargos ou o método de rateio proporcional. Sustenta, com base em acórdão do CARF, que a metodologia híbrida elaborada pelo agente fiscal não possuiu embasamento legal. Requer que o critério de rateio para apropriação dos créditos vinculados à exportação e às vendas no mercado interno tributado e não tributado seja o demonstrado no Dacon. No item “3.2 – Das aquisições de combustíveis”, a interessada argumenta que “os combustíveis adquiridos pela contribuinte são insumos utilizados na frota de veículos que tem vinculo direto nas atividades da empresa servindo para o transporte de mercadorias e insumos entre os estabelecimentos do contribuinte, e na prestação de serviços de transportes a terceiros”. Argumenta que o conceito de insumo para o PIS e Cofins deve abranger “todo custo necessário, usual e normal na atividade da empresa”. Traz aos autos Acórdão do CARF segundo o qual combustíveis e lubrificantes usados na frota de veículo ligados à atividade industrial geram direito ao crédito da contribuição. No tópico “3.3 – Crédito presumido – atividade agroindustrial – produção das mercadorias de origem vegetal classificadas nos capítulos 8 a 12 da NCM”, a interessada argumenta que apurou crédito presumido sobre insumos adquiridos de pessoas físicas e pessoas jurídicas com suspensão e que foram utilizados na produção de mercadorias classificadas nos capítulos 8 a 12 da Fl. 394DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001888/200705 Acórdão n.º 3801004.383 S3TE01 Fl. 23 14 NCM, de acordo com o inc II do art. 3o das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, combinado com o caput do art. 8o da Lei 10.925/2004. Alega que, de acordo com o inc. I do art. 6o da IN SRF 660, exerce atividade econômica de produção de mercadorias relacionadas no art. 5o, desempenhando atividades agroindustriais e, portanto, tem o direito ao crédito presumido calculado sobre as aquisições efetuadas de pessoas físicas e pessoas jurídicas com suspensão das contribuições. Afirma que como a IN SRF n° 660 (art. 6o) reconhece que o crédito presumido não é para quem planta e colhe, pois excetua as atividades rurais, questiona: “quem é que além do produtor rural poderá produzir grãos beneficiados classificados nos capítulos 8 a 12 da NCM? Lógico, claro, sistêmico e preciso, é a Agroindústria, é a Recorrente!” Preconiza que adquire produtos agropecuários (soja, trigo e milho não beneficiados), que são utilizados como principal insumo em seu processo produtivo, além de também utilizar outros, tais como lenha e energia elétrica, de onde resultarão os grão beneficiados. Aduz que, em conformidade com a Lei n° 9.972/2000, Decreto n° 6.268/2007 e instruções normativas do Ministério da Agricultura, desenvolve processo produtivo de beneficiamento, no qual se alteram as características originais, aperfeiçoando as mercadorias e resultando os grãos exportados. Conclui que as mercadorias produzidas e o beneficiamento adotado enquadram se nas disposições legais em questão (caput do art. 8o da Lei 10.925/2004), fazendo jus ao crédito presumido. Diz que não pode sofrer restrições em face de interpretações ou atos normativos internos da RFB, que lhe restrinja o benefício, sob pena de violação de seu direito líquido e certo e afronta ao princípio constitucional da estrita legalidade. Argumenta que o beneficiamento é caracterizado como processo de industrialização, nos termos do Decreto nº 87.981/82 (RIPI), uma vez que promove o aperfeiçoamento dos grãos. A seguir, define o conceito de processo produtivo, para concluir que o fato de as mercadorias serem exportadas a granel significa apenas que são comercializadas fora da embalagem, o que não quer dizer que não passa pelo processo de beneficiamento. Reafirma que “a contribuinte realiza o processo produtivo das mercadorias comercializadas / exportadas”. Alega que o Auditor fiscal, contrariando as próprias normas da RFB, desconsiderou o processo produtivo desempenhado pela contribuinte relativo às mercadorias classificadas nos capítulos 8 a 12 elencados no caput do art. 8o da Lei 10.925/2004. Na sequência, a manifestante passa a dissertar sobre o conceito de cerealista. Diz que o relatório fiscal, visando desenquadrar a contribuinte como produtora de mercadorias descritas no caput do art. 8o da Lei 10.925/2004, alega que ela somente desempenharia atividades de cerealista, indeferindo o aproveitamento do crédito pleiteado. Aduz, porém, que o Fl. 395DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001888/200705 Acórdão n.º 3801004.383 S3TE01 Fl. 24 15 legislador ao editar a Lei n° 11.196/2005, alterou o inc. I do § 1o do art. 8o da Lei n° 10.925/2004, suprimindo a palavra “secar” da redação original, por perceber que “secar” mercadorias faz parte do processo de beneficiamento realizado pelo produtor e não condiz com a atividade meramente comercial. Porém, alega que o agente fiscal interpretou ao seu modo que a contribuinte desempenharia somente atividades de cerealista, interpretação esta efetuada através da análise isolada do inc. I do § 1o do art. 8o da Lei n° 10.925/2004, e, desta forma, não faria jus ao crédito. Diz que o mais grave na transcrição da legislação pertinente é que o Auditor Fiscal, embora citando a Lei n° 11.196, transcreveu no Despacho Decisório o inciso I sem as modificações promovidas pela citada lei, querendo fazer crer que a interessada é, na verdade, uma empresa cerealista. Afirma que com base numa interpretação sistêmica dos arts. 8o e 9o da Lei n° 10.925/2004, podese concluir que: Com base do caput do art. 8o da lei a contribuinte é produtora das mercadorias milho, trigo e soja beneficiados e classificadas nos capítulos 10 e 12 da NCM, e faz jus ao crédito presumido sobre aquisição de pessoas físicas de bens utilizados como insumos; Com base no art. 9o e inc. I do § 1o do art. 8o da Lei n° 10.925/2004, a contribuinte poderá efetuar vendas das mercadorias classificas nos códigos 10.01 a 10.08 (trigo e milho) e código 12.01 (soja) para empresas no lucro real com suspensão de PIS e Cofins, no mercado interno. Em vista disso, requer que sejam consideradas, para a mensuração do crédito presumido, o valor total das aquisições efetuadas pela contribuinte. Na sequência, sustenta a interessada que é ilegítima a restrição aos créditos com base na utilização de CFOP de venda de mercadorias. Explica que a autoridade alegou que a manifestante utilizou na escrituração das aquisições de seus insumos CFOP 1.102 e 2.102, e em suas notas fiscais de saída utilizouse de CFOP 5.102, 6.102, 7.102, 5.502, 6.502, os quais indicariam que a contribuinte somente teria efetuado a revenda de mercadorias. Defendese, no entanto, relatando que atende plenamente os requisitos da lei, consoante já relatado. Afirma que o fato de a empresa ter utilizado equivocadamente os CFOP em suas entradas e saídas não pode ser determinante para que tenha seu crédito indeferido, vez que tal fato somente ocorreu por erro formal de contabilização. Afirma, outrossim, que caso a autoridade julgadora não esteja satisfeita com a descrição do processo produtivo caberia ao agente fiscal a realização de diligências in loco para conhecêlo, com base no art. 65 da IN RFB n° 900/2008 e art. 18 do Decreto n° 70.235/1972. Diz que no curso do presente processo administrativo não houve nenhuma atividade de diligência fiscal em sua sede, de modo que a autoridade fiscal não pode ignorar o Fl. 396DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001888/200705 Acórdão n.º 3801004.383 S3TE01 Fl. 25 16 processo produtivo desempenhado, devendo observar disposições do art. 2o da Lei n° 9.784/99. A seguir, a manifestante disserta sobre a destinação das mercadorias que beneficia. Argumenta que o entendimento de que não ficou evidenciado que as mercadorias produzidas pela interessada seriam destinadas ao consumo humano ou animal é equivocado, pois o art. 8o da Lei n° 10.925/2004 impõe que “o crédito não está vinculado à atividade ‘Produzir’ e sim para as ‘Pessoas Jurídicas’ que produzam tais mercadorias”, de modo que “considerando que a escrituração dáse nas aquisições, realizase o creditamento neste momento”. Afirma ainda que “a expressão ‘destinarse’ não é sinônima de ‘seja próprio’ para a alimentação humana ou animal. É fato que a soja e milho beneficiados serão destinados em larga escala para alimentação humana ou animal, pois depois de beneficiadas seguirão para indústria de óleo, farelo, alimentos, etc. No entanto não foi a intenção do Legislador condicionar o crédito ao destino final do produto”. Sustenta, também, que raciocinar no sentido da decisão recorrida lhe obrigaria a “provar a destinação concreta que seu cliente/adquirente, no Brasil e no exterior, dará à mercadoria comercializada”, o que “definitivamente não é o sentido da lei e condiciona o crédito a requisito não previsto em lei e que, por difícil desincumbirse, o inviabiliza”. Relativamente à lenha, diz que a utiliza no seu processo produtivo, sendo adquirida de pessoas físicas e como insumo na produção das mercadorias descritas no caput do art. 8o da Lei n° 10.925/2004. Afirma que existe direito ao crédito presumido para as empresas que produzam as mercadorias elencadas no referido artigo e “não para os bens utilizados como insumos classificados nas posições dos referidos dispositivos”. Aduz que o próprio fiscal reconhece a lenha como insumo, de modo a ter direito ao crédito presumido sobre sua aquisição. Na sequência, a manifestante aduz que RFB pretende também restringir a forma de aproveitamento do respectivo crédito, impedindo o ressarcimento em dinheiro ou a compensação do crédito presumido com demais débitos do contribuinte, alegando, equivocadamente, que os referidos créditos somente poderiam ser utilizados para a dedução das contribuições devidas para o PIS e Cofins. Aduz que o Ato Declaratório Interpretativo n° 15/2005 e o inciso II do §3o do artigo 8o da IN 660 interpretam, erradamente, que o crédito previsto no art. 8o da Lei n° 10.925/2004 somente podem ser utilizados para dedução dos débitos das contribuições e não podem ser ressarcidos. Alega que mesmo que seja mantida a interpretação equivocada adotada pelo referido ADI, esta só valeria para fatos geradores futuros à sua edição, ou seja, a partir de 26/12/2005. No item “3.4 – Dos créditos vinculados às receitas no mercado interno efetuadas com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência”, alega a impetrante que “o agente fiscal entendeu que somente os créditos vinculados às vendas de mercadorias com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência de PIS e Cofins poderiam ser ressarcidos, não permitindo o Fl. 397DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001888/200705 Acórdão n.º 3801004.383 S3TE01 Fl. 26 17 ressarcimento dos créditos apurados na proporção das receitas financeiras que também são tributadas a alíquota zero de PIS e Cofins”. A manifestante discorda desse entendimento, afirmando que o agente fiscal não observou “que a base de cálculo para o PIS e Cofins de acordo com o art. 1o das leis 10.637/02 e 10.833/03 respectivamente, corresponde à totalidade de suas receitas independente de sua classificação contábil, desta forma a receitas financeiras fazem parte da base de cálculo”. Aduz, porém, que o art. 17 da Lei n° 11.033/2004 foi editado justamente para esclarecer dúvidas na interpretação da legislação, contemplando as receitas financeiras, uma vez que estas fazem parte da base de cálculo da contribuição. Alega, ainda, que o agente fiscal, equivocadamente, para encontrar a proporcionalidade das receitas no mercado interno com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência de PIS e Cofins, ajustou a receita bruta total, deduzindo do total da receita, a receita de exportação. Requer que, para fins de apuração da proporcionalidade e rateio, seja considerado o total das receitas no mercado interno com suspensão, isenção, alíquota zero e não incidência em relação com a receita bruta total sem os ajustes efetuados pela fiscalização. No item “3.5 – Base de cálculo tributável das contribuições para o PIS e Cofins”, diz que a melhor interpretação da legislação sobre o assunto permite concluir que a contribuinte está autorizada a efetuar operações com suspensão das contribuições desde 01/08/2004. Diz que esta é a data a partir do qual a suspensão deve produzir efeitos, de acordo com o art. 17 da Lei n° 10.925/2004. Não bastasse isso, diz que a própria Instrução Normativa n° 636/2006 já reconhecia que os efeitos do art. 9o da Lei n° 10.925/2004 deviam vigorar, nos termos do art. 5o, a partir de 01/08/2004. Alega que a Instrução Normativa n° 660/2006 fixou outro marco inicial (04/04/2006) simplesmente pelo de que até então a matéria era disciplinada pela IN SRF n° 636/2006. Argumenta que desconsiderar a determinação da lei e da própria regulamentação emitida pela Receita Federal é violar a legalidade e criar insegurança jurídica. Relativamente às exportações não comprovadas, aduz a manifestante que as receitas advindas destas operações devem ser consideradas como vendas com suspensão das contribuições, em virtude de se tratarem de vendas classificadas nos capítulos 10 e 12 da NCM, vendidas para empresas enquadradas no lucro real, de modo que não podem compor a base de cálculo da contribuição no período. No item “IV – Dos princípios a serem observados pela administração pública” aduz que o art. 2o do Lei n° 9.784/1999 elenca um rol de princípios que devem ser observados pela Administração pública, entre eles, o da objetividade, adequação de meios e fins, simplicidade, interpretação da norma administrativa da forma que melhora garanta o atendimento do fim público, entre diversos outros. Fl. 398DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001888/200705 Acórdão n.º 3801004.383 S3TE01 Fl. 27 18 No item “V – Previsão legal para incidência da Selic”, diz que “os créditos da recorrente merecem ser corrigidos e pela SELIC, nos termos do § 4o, do art. 39 da Lei 9.250/1995 a partir do fato gerador, correspondendo no presente caso, a partir de cada período de apuração, ou seja, a partir do momento que o crédito poderia ter sido aproveitado”. Lembra os preceitos fixados pelo Decreto 2.138/97, os quais, segundo aduz, equipara os institutos da restituição ao do ressarcimento e autoriza, para ambos, a aplicação da Selic. Traz jurisprudência sobre o assunto e invoca o princípio da isonomia. No item “VI – Do requerimento”, requer a reforma total da decisão ora combatida e, especificamente, pede: manutenção do método de rateio proporcional adotado; manutenção do crédito de PIS e Cofins sobre o total das aquisições de combustíveis; reconhecimento do processo produtivo desempenhado pela recorrente e, caso a autoridade julgadora entender necessário, a realização de diligências no sentido de confirmar o processo produtivo descrito; manutenção do crédito presumido e remanescendo saldo credor, que se permita sua compensação com demais débitos do contribuinte e/ou ressarcimento em dinheiro; ressarcimento integral dos créditos vinculados à receita no mercado interno com suspensão, isenção, alíquota zero e não incidência das contribuições, inclusive na proporção das receitas financeiras tributadas à alíquota zero; exclusão da base de calculo das contribuições a totalidade das vendas efetuadas com suspensão das contribuições em conformidade com art. 9o da lei 10.925/2004; não havendo comprovação da exportação das mercadorias, pleiteia a reclassificação dessas operações para vendas efetuadas com suspensão das contribuições, de modo a manter a exclusão destas vendas da base de cálculo do PIS e da Cofins; solicita, por fim, correção dos valores pleiteados com a incidência da taxa Selic a partir de cada período de apuração. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba (PR) julgou improcedente a manifestação de inconformidade, nos termos da ementa abaixo transcrita: COMERCIAL EXPORTADORA. VEDAÇÃO AO CRÉDITO. É vedada à empresa comercial exportadora que tenha adquirido mercadorias com o fim específico de exportação a apuração de créditos vinculados à receita de exportação. RECEITA DE EXPORTAÇÃO. COMERCIAL EXPORTADORA. RATEIO. Fl. 399DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001888/200705 Acórdão n.º 3801004.383 S3TE01 Fl. 28 19 As receitas de exportação de mercadorias adquiridas com o fim específico de exportação não podem compor as receitas de exportação para fins de cálculo dos índices de rateio, uma vez que elas não geram direito ao crédito da contribuição ao PIS/Pasep e à Cofins. RECEITA DE VENDA DE BENS DO ATIVO PERMANENTE. RECEITA NÃO OPERACIONAL. Para fins de cálculo dos índices de rateio, as receitas de vendas de bens do ativo permanente devem ser excluídas da receita bruta total, por se tratar de receita não operacional. MERCADO INTERNO E EXTERNO. CUSTOS, DESPESAS E ENCARGOS COMUNS. RATEIO PROPORCIONAL. Os índices de rateio proporcional entre receitas de exportação e do mercado interno aplicamse aos custos, despesas e encargos que sejam comuns. NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITO. INSUMO. COMBUSTÍVEIS. Somente podem ser considerados insumos os bens ou serviços, combustíveis inclusive, quando aplicados ou consumidos diretamente no seu processo produtivo, não podendo ser interpretados como todo e qualquer bem ou serviço que gere despesas, mas apenas os que efetivamente se relacionem com a atividade fim da empresa. NÃO CUMULATIVIDADE. CEREALISTA. CRÉDITO PRESUMIDO. VEDAÇÃO. Para fins de apuração do crédito presumido de que trata o art. 8º da Lei nº 10.925/2004, a pessoa jurídica que exerça cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar produtos relacionados no seu inciso I é considerada cerealista, sendolhe vedado apurar o referido crédito. PIS/PASEP. COFINS. VENDAS COM SUSPENSÃO. A suspensão da incidência do PIS/Pasep e da Cofins somente ocorre nas vendas efetuadas à pessoa jurídica tributada com base no lucro real desde que atendidos os demais requisitos legais. RESSARCIMENTO. NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITO PRESUMIDO. FORMA DE UTILIZAÇÃO. O valor do crédito presumido previsto no art. 8º da Lei nº 10.925/2004, não pode ser objeto de compensação ou de ressarcimento, devendo ser utilizado somente para a dedução da contribuição apurada no regime de incidência não cumulativa. Fl. 400DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001888/200705 Acórdão n.º 3801004.383 S3TE01 Fl. 29 20 ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005 RESSARCIMENTO. CORREÇÃO MONETÁRIA. TAXA SELIC. É incabível a incidência de correção monetária e juros compensatórios com base na taxa Selic sobre valores recebidos a título de ressarcimento de créditos, por expressa previsão legal. INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE. AUTORIDADE ADMINISTRATIVA. INCOMPETÊNCIA. As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente no País, sendo incompetentes para a apreciação de arguições de inconstitucionalidade e ilegalidade de atos legais regularmente editados. Discordando da decisão de primeira instância, a recorrente interpôs recurso voluntário, instruído com diversos documentos. Em síntese, apresentou as mesmas alegações suscitadas na manifestação de inconformidade, acrescentando basicamente que: o legislador percebeu que, embora os produtores rurais pessoas físicas não sejam contribuintes de PIS e COFINS, os produtos agrícolas não são gerados espontaneamente no estabelecimento do produtor rural. Para tanto, o produtor rural, tem que adquirir insumos (sementes, defensivos, combustíveis, máquinas agrícolas, etc.) que foram onerados pelas contribuições do PIS e COFINS, nas etapas anteriores da produção; ainda cabe destacar que a nãocumulatividade do PIS e COFINS, possui sistemática de apuração própria, diferente da sistemática adotada em outros tributos como o IPI; no caso, não estamos tratando de apuração de créditos, estamos diante de créditos de PIS e COFINS, cuja materialidade é diversa, sendo que o conceito de insumos e produção para PIS e COFINS é mais amplo que o conceito adotado para o IPI, não guardando nenhuma relação a apuração de crédito de PIS e Cofins com a incidência ou não de IPI no produto produzido. Por último, reafirmou os pedidos apresentados na manifestação de inconformidade. É o relatório. Voto Conselheiro Flávio de Castro Pontes Fl. 401DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001888/200705 Acórdão n.º 3801004.383 S3TE01 Fl. 30 21 O recurso é tempestivo e atende aos demais pressupostos recursais, portanto, dele tomase conhecimento. Destacase inicialmente que as matérias em discussão nesse litígio administrativo são objeto de inúmeras controvérsias entre a Fazenda Nacional e os contribuintes. Assim, as matérias serão enfrentadas por tópicos específicos, em consonância com as alegações da requerente no recurso voluntário. 1 Rateio Proporcional – Mercado externo A interessada insurgiuse contra o critério de apropriação dos créditos vinculados à receita de exportação. Discorda da exclusão da receita bruta de exportação auferida, dos valores correspondentes ao volume de mercadoria adquirida com o fim específico de exportação, impedindo o ressarcimento do saldo de créditos nesta proporção. É incontroverso que o critério adotado tanto pela fiscalização como pela recorrente é o de rateio proporcional, assim não há litígio neste aspecto. Não se pode perder de vista que a recorrente somente tem direito ao ressarcimento de créditos apurados em relação a custos, despesas e encargos vinculados às receitas sujeitas à incidência nãocumulativa, observados os critérios previstos no § 8º do art. 3º das Lei 10.637/2002 e 10.833/2003: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a (...) § 7º Na hipótese de a pessoa jurídica sujeitarse à incidência nãocumulativa da contribuição para o PIS/Pasep, em relação apenas a parte de suas receitas, o crédito será apurado, exclusivamente, em relação aos custos, despesas e encargos vinculados a essas receitas. (Vide Lei nº 10.865, de 2004) § 8º Observadas as normas a serem editadas pela Secretaria da Receita Federal, no caso de custos, despesas e encargos vinculados às receitas referidas no § 7o e àquelas submetidas ao regime de incidência cumulativa dessa contribuição, o crédito será determinado, a critério da pessoa jurídica, pelo método de: I – apropriação direta, inclusive em relação aos custos, por meio de sistema de contabilidade de custos integrada e coordenada com a escrituração; ou II – rateio proporcional, aplicandose aos custos, despesas e encargos comuns a relação percentual existente entre a receita bruta sujeita à incidência nãocumulativa e a receita bruta total, auferidas em cada mês.(grifouse) Resta evidente que o dispositivo legal acima estabelece uma proporção entre receita bruta sujeita à incidência nãocumulativa e a receita bruta total. Destacase que não existe uma norma específica regulamentando essa matéria. Fl. 402DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001888/200705 Acórdão n.º 3801004.383 S3TE01 Fl. 31 22 O conceito de receita bruta total está estabelecido no art. 1º, das Leis nº 10.637/02 e 10.833/03, abaixo transcrito: Art. 1o A contribuição para o PIS/Pasep tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil.(Lei 10.637/02). (...) Art. 1o A Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, com a incidência nãocumulativa, tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil.(Lei 10.833/03) § 1o Para efeito do disposto neste artigo, o total das receitas compreende a receita bruta da venda de bens e serviços nas operações em conta própria ou alheia e todas as demais receitas auferidas pela pessoa jurídica.(grifouse) Assim, no conceito de bruta incluemse as receitas da venda de bens e serviços e todas as demais receitas, inclusive as de exportação, receitas com suspensão e as tributadas à alíquota zero, salientando que a fiscalização excluiu do montante da receita bruta, os valores das receitas de vendas de bens do ativo permanente. Registrese, de imediato, que a recorrente confundiu no exame do rateio os itens correspondentes ao numerador e ao denominador. A receita bruta total corresponde ao denominador e as receitas de exportação a serem consideradas para fins de rateio ao numerador. Como visto acima, o conceito de receita bruta (denominador) engloba todas as receitas, inclusive as com fim específico de exportação. Deste modo, no denominador do rateio não há alterações a serem feitas. Quanto a receita de exportação a ser considerada para fins de rateio (numerador), a principal controvérsia desse tópico cingese a interpretar o disposto no parágrafo 4º do artigo 6º da Lei 10.833/2003, “in verbis”: Art. 6º A COFINS não incidirá sobre as receitas decorrentes das operações de: (...) § 4o O direito de utilizar o crédito de acordo com o § 1o não beneficia a empresa comercial exportadora que tenha adquirido mercadorias com o fim previsto no inciso III do caput, ficando vedada, nesta hipótese, a apuração de créditos vinculados à receita de exportação.( grifouse) De acordo com a inteligência deste dispositivo, a natureza desta receita é cumulativa porque não se admite a apuração de quaisquer créditos. Não há na norma uma limitação em relação as mercadorias adquiridas com o fim específico de exportação. Pelo Fl. 403DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001888/200705 Acórdão n.º 3801004.383 S3TE01 Fl. 32 23 contrário, vedase a apuração de todos os demais créditos relacionados no art. 3º da Lei 10.833/2003. Desta forma, no item receita de exportação a ser considerada para fins de rateio (numerador), como acertadamente procedeu a autoridade fiscal, excluemse as receitas de exportação decorrentes das aquisições de mercadorias com fim específico de exportação. A interpretação é literal, afastandose assim a tese da recorrente de que como suas receitas não estão relacionadas no art. 10 da Lei 10.833/2003, faz jus a apuração e o ressarcimento na proporção total da receita de exportação de créditos apurados em conformidade com o art. 3º da Lei 10.833/2003 sobre os custos, despesas e encargos que foram onerados de PIS e Cofins na etapa anterior. Em conclusão, não há reparos a fazer no procedimento fiscal que no cálculo do rateio proporcional excluiu no numerador as receitas de exportação decorrentes das aquisições de mercadorias com o fim específico de exportação. 2 Da apropriação dos custos despesas e encargos pelo método do rateio proporcional A recorrente discorda da posição a autoridade fiscal em relação ao critério de apropriação de créditos vinculados a uma determinada receita. Transcrevo excerto da posição da autoridade fiscal para fundamentar a decisão: "Convém destacar que a determinação do crédito por esse método do rateio proporcional, entre receitas de exportação e receitas no mercado interno, somente é aplicável se os custos, as despesas e os encargos forem comuns a ambas as receitas (mercado interno e exportação). Ou seja, quando possível identificar que os custos, despesas e encargos estão vinculados a uma determinada receita, os créditos decorrentes desses custos, despesas e encargos devem ser vinculados diretamente a esta receita, sem rateio". (grifouse) A recorrente defende a tese de que a base de cálculo das contribuições para o PIS e Cofins, é a receita bruta total, e que todos os custos, despesas e encargos são comuns e necessários para o desempenho da sua atividade, assim sendo, estes custos, despesas e encargos devem ser apropriados pelo método de rateio proporcional da receita bruta de exportação, receita no mercado interno com suspensão em relação da receita bruta total. Mais uma vez não assiste razão à recorrente. Como visto, os critérios estão estabelecidos nos parágrafos 7º e 8º do art. 3º das Lei 10.637/2002 e 10.833/2003. Assim, somente se aplica o rateio proporcional aos custos, despesas e encargos vinculados às receitas de mercado interno e exportação. O critério adotado pela Fazenda Nacional é correto porque os parágrafo 2º e 3º do art. 6º da Lei 10.833/03 e o art. 17 da Lei 11.033/2004, abaixo transcritos, estabelecem que a pessoa jurídica somente poderá solicitar o ressarcimento em dinheiro em face dos créditos apurados em relação a custos, despesas e encargos vinculados à receita de exportação e as vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da contribuição . Fl. 404DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001888/200705 Acórdão n.º 3801004.383 S3TE01 Fl. 33 24 Lei 10.833/03 Art. 6o A COFINS não incidirá sobre as receitas decorrentes das operações de: I exportação de mercadorias para o exterior; II prestação de serviços para pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) III vendas a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação. § 1o Na hipótese deste artigo, a pessoa jurídica vendedora poderá utilizar o crédito apurado na forma do art. 3o, para fins de: I dedução do valor da contribuição a recolher, decorrente das demais operações no mercado interno; II compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, observada a legislação específica aplicável à matéria. § 2o A pessoa jurídica que, até o final de cada trimestre do ano civil, não conseguir utilizar o crédito por qualquer das formas previstas no § 1o poderá solicitar o seu ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria. § 3o O disposto nos §§ 1o e 2o aplicase somente aos créditos apurados em relação a custos, despesas e encargos vinculados à receita de exportação, observado o disposto nos §§ 8o e 9o do art. 3o.(grifouse) Lei 11.033/2004 Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. Destarte, não se admite o ressarcimento em relação a créditos que não estejam vinculados as vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da contribuição. A mudança deste critério resultaria no ressarcimento indevido de créditos. De sorte que os créditos não vinculados as operações citadas podem ser utilizados apenas para descontar do valor apurado da contribuição a recolher, como determinado pela fiscalização fazendária. Por essas razões, nesta matéria negase provimento ao recurso da interessada. Fl. 405DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001888/200705 Acórdão n.º 3801004.383 S3TE01 Fl. 34 25 3 Aquisições de Combustíveis A recorrente insurgiuse contra a glosa parcial dos créditos sobre despesas com combustíveis e lubrificantes. Como visto, a recorrente defende uma interpretação extensiva do conceito de insumo. Sustenta que os combustíveis adquiridos pela contribuinte são insumos utilizados na frota de veículos que tem vínculo direto nas atividades da empresa, em especial para o transporte de mercadorias e insumos entre os estabelecimentos do contribuinte e na prestação de serviços de transportes a terceiros. Com efeito, a solução deste tópico envolve o conceito de insumo. Segundo o art. 3º, inciso II, das Leis 10.637/02 e 10.833/03, a pessoa jurídica poderá descontar créditos em relação a bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) a) nos incisos III e IV do § 3o do art. 1o desta Lei; e (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) b) no § 1o do art. 2o desta Lei; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) (...) (grifouse) Destarte, o ponto central da questão é compreender o conceito de insumo estabelecido nos diplomas legais citados. Há diversas exegeses a respeito desse dispositivo, tais como: definição de insumo segundo a legislação do IPI, aplicação de custos e despesas de acordo com a legislação do IRPJ, custos de produção, etc. Para o deslinde da questão, é despiciendo examinar o método indireto subtrativo que, em regra, foi adotado para o exercício da nãocumulatividade da contribuição PIS. A respeito da interpretação das leis, Carlos Maximiliano em Hermenêutica e Aplicação do Direito, 19ª ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2010, p. 162, ensina: Por mais opulenta que seja a língua e mais hábil quem a maneja, não é possível cristalizar numa fórmula perfeita tudo o Fl. 406DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001888/200705 Acórdão n.º 3801004.383 S3TE01 Fl. 35 26 que se deva enquadrar em determinada norma jurídica: ora o verdadeiro significado é mais estrito do que se deveria concluir do exame exclusivo das palavras ou frases interpretáveis; ora sucede o inverso, vai mais longe do que parece indicar o invólucro visível da regra em apreço. A relação lógica entre a expressão e o pensamento faz discernir se a lei contém algo de mais ou de menos do que a letra parece exprimir: as circunstâncias extrínsecas revelam uma idéia fundamental mais ampla ou mais estreita e põem em realce o dever de estender ou restringir o alcance do preceito. Mais do que regras fixas influem no modo de aplicar uma norma, se ampla, se estritamente, o fim colimado, os valores jurídico sociais que lhe presidiram à elaboração e lhe condicionaram a aplicabilidade. (grifouse) A Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), por meio da Instrução Normativa (IN) nº 404/2004 (Cofins) e Instrução Normativa (IN) nº 247/2002 (PIS redação dada pela IN SRF nº 358/03), regulamentou o assunto a partir da concepção tradicional da legislação do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) e adotou uma interpretação restritiva para o conceito de insumo, conforme excerto a seguir transcrito: (IN) nº 404/2004 Art. 8º Do valor apurado na forma do art. 7º, a pessoa jurídica pode descontar créditos, determinados mediante a aplicação da mesma alíquota, sobre os valores: I das aquisições efetuadas no mês: a) de bens para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos nos incisos III e IV do § 1º do art. 4º; b) de bens e serviços, inclusive combustíveis e lubrificantes, utilizados como insumos: b.1) na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda; ou b.2) na prestação de serviços; (..). § 4º Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput, entende se como insumos: I utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: a) a matériaprima, o produto intermediário, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; Fl. 407DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001888/200705 Acórdão n.º 3801004.383 S3TE01 Fl. 36 27 b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto; II utilizados na prestação de serviços: a) os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado; e b) b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. Em que pese não vincular a autoridade julgadora, a interpretação dada pela RFB apresentase compatível e coerente com a legislação da nãocumulatividade da Cofins. Essas normas complementares não atentaram contra a legalidade, além de não terem extrapolados os limites traçados na respectiva lei. Em outras palavras, as normas acima delimitaram o direito de crédito com a especificação dos serviços que geram crédito. Posto isso, ao sujeito passivo somente é permitido descontar unicamente os créditos autorizados e discriminados pela lei. Em suma, não é qualquer serviço, custo de produção ou despesa que confere crédito da contribuição. Caso o legislador tivesse outra intenção, de tal forma que os direitos de descontar os créditos abrangeriam o maior número de gastos possíveis, teria feito constar na lei uma referência explícita ao direito de descontar créditos em conformidade com custos e as despesas necessárias segundo a legislação do IRPJ. Da mesma maneira, caso quisesse adotar o conceito de custos de produção, não teria utilizado a expressão insumos. Além disso, a lei que instituiu a nãocumulatividade da Cofins especificou outros custos de produção e despesas operacionais que geram direto ao crédito, tais como: aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa jurídica; máquinas e equipamentos adquiridos para utilização na fabricação de produtos destinados à venda, bem como a outros bens incorporados ao ativo imobilizado; edificações e benfeitorias em imóveis de terceiros, quando o custo, inclusive de mãodeobra, tenha sido suportado pela locatária; energia elétrica consumida nos estabelecimentos da pessoa jurídica. Nessa esteira, se o conceito de insumo estivesse relacionado com os custos de produção, não faria sentido o legislador ordinário enumerar uma série de outros custos passíveis de gerarem créditos. Deste modo, adotase como solução deste litígio o conceito de insumo segundo o disposto na IN 404/2004. Ademais, o conceito de insumo no âmbito do direto tributário foi estabelecido no inciso I, § 1º, do artigo 1º da Lei nº 10.276, de 10 de setembro de 2001, in verbis: Art. 1º (...) §1º A base de cálculo do crédito presumido será o somatório dos seguintes custos, sobre os quais incidiram as contribuições referidas no caput: Fl. 408DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001888/200705 Acórdão n.º 3801004.383 S3TE01 Fl. 37 28 I de aquisição de insumos, correspondentes a matérias primas, a produtos intermediários e a materiais de embalagem, bem assim de energia elétrica e combustíveis, adquiridos no mercado interno e utilizados no processo produtivo; Destarte, em tributos não cumulativos o conceito de insumos corresponde a matériasprimas, produtos intermediários e a materiais de embalagem. Ampliar este conceito implica em fragilizar a segurança jurídica tão almejada pelos sujeitos ativo e passivo. Deste modo, nos termos da posição adotada anteriormente, para se ter direito ao desconto dos créditos é necessário que os combustíveis adquiridos sejam aplicados diretamente na prestação de serviços, o que não ocorreu nas situações descritas. Confirase a posição da fiscalização: (...) concluise que os combustíveis adquiridos foram utilizados exclusivamente na frota própria de caminhões, servindo de insumos na prestação de serviços de transporte e no transporte das mercadorias comercializadas até o destino da mercadoria. (...) Dessa forma, somente a parcela dos combustíveis aplicada diretamente na prestação de serviços gera direito ao crédito, uma vez que os combustíveis utilizados para transporte de mercadorias vendidas não podem ser considerados insumos, não havendo assim, para tais valores, direito ao crédito aqui analisado. (..) Em assim sendo, acatamos como valores com direito ao crédito, os dispêndios com combustíveis utilizados como insumos na prestação de serviços de transporte com sua frota própria de caminhões, apurados pelo próprio contribuinte, mediante apropriação com base na proporção da sua Receita Bruta auferida com a prestação de serviços (receitas com fretes) (...)(grifouse) Deste modo, para descontar créditos, é necessário que os insumos adquiridos pela pessoa jurídica sejam aplicados diretamente na fabricação do produto. Dos elementos que constam neste processo administrativo fiscal, constatase que a recorrente não logrou êxito em comprovar que, de fato, as despesas glosadas com os combustíveis e lubrificantes foram aplicadas no processo produtivo. Insistase que este voto adota um conceito restritivo do conceito de insumo, de sorte que combustíveis utilizados no transporte de mercadorias vendidas não geram direito de descontar créditos da contribuição. Em remate, mantémse a glosa da fiscalização porque a recorrente não comprovou de forma adequada que as aquisições de combustíveis são utilizadas efetivamente no processo produtivo. Fl. 409DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001888/200705 Acórdão n.º 3801004.383 S3TE01 Fl. 38 29 4 Crédito Presumido – Atividades agroindustriais Esta controvérsia tem por objeto o crédito presumido decorrente de, em tese, atividades agroindustriais. A interessada alega que diante da mecânica do PIS e da Cofins não cumulativa, para o período, apurou crédito presumido sobre insumos adquiridos de pessoas físicas e pessoas jurídicas com suspensão, utilizados na produção de mercadorias classificadas nos capítulos 8 a 12 da NCM, conforme fundamentos da legislação contidos, no inciso II do artigo 3º das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003 combinado com o § 10 do art. 3° da Lei 10.637/2002, §5º, do art. 3º da Lei 10.833/2003 e a partir de agosto de 2004 no artigo 8º da Lei 10.925/2004. A solução deste conflito de interesses passa necessariamente pelo exame do disposto na Lei n° 10.925/2004, art. 8°, e alterações posteriores: Art. 8º As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos capítulos 2, 3, exceto os produtos vivos desse capítulo, e 4, 8 a 12, 15, 16 e 23, e nos códigos 03.02, 03.03, 03.04, 03.05, 0504.00, 0701.90.00, 0702.00.00, 0706.10.00, 07.08, 0709.90, 07.10, 07.12 a 07.14, exceto os códigos 0713.33.19, 0713.33.29 e 0713.33.99, 1701.11.00, 1701.99.00, 1702.90.00, 18.01, 18.03, 1804.00.00, 1805.00.00, 20.09, 2101.11.10 e 2209.00.00, todos da NCM, destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) (Vigência) (Vide Lei nº 12.058, de 2009) (Vide Lei nº 12.350, de 2010) § 1º O disposto no caput deste artigo aplicase também às aquisições efetuadas de: I cerealista que exerça cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal, classificados nos códigos 09.01, 10.01 a 10.08, exceto os dos códigos 1006.20 e 1006.30, 12.01 e 18.01, todos da NCM; (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) II pessoa jurídica que exerça cumulativamente as atividades de transporte, resfriamento e venda a granel de leite in natura; e III pessoa jurídica que exerça atividade agropecuária e cooperativa de produção agropecuária.(Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) § 2o O direito ao crédito presumido de que tratam o caput e o § 1o deste artigo só se aplica aos bens adquiridos ou recebidos, no mesmo período de apuração, de pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no País, observado o disposto no § 4o Fl. 410DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001888/200705 Acórdão n.º 3801004.383 S3TE01 Fl. 39 30 do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003. (...) § 4o É vedado às pessoas jurídicas de que tratam os incisos I a III do § 1o deste artigo o aproveitamento: I do crédito presumido de que trata o caput deste artigo; II de crédito em relação às receitas de vendas efetuadas com suspensão às pessoas jurídicas de que trata o caput deste artigo. (...) A questão central é identificar se a interessada exerce a atividade econômica de produção das mercadorias. De um lado, a recorrente em longo arrazoado insiste que exerce atividade econômica de produção das mercadorias nos termos estabelecidos no art. 5º da Instrução Normativa 660, de 17 de julho de 2006. Aduz que realiza o beneficiamento das mercadorias, (soja, milho e trigo, classificados nos capítulo 10 e 12 da NCM – Nomenclatura Comum do Mercosul) através de procedimentos próprios e necessários, no qual se alteram as características originais para obtenção do Padrão Oficial, previsto em Legislação Federal e, requisito necessário para a posterior comercialização e/ou exportação. De outro giro, a autoridade fiscal sustenta que a recorrente não exerce a atividade econômica de produção das mercadorias. A propósito, confirase o teor da informação fiscal: Segundo o memorial descritivo de folhas (...) a (...), o processo produtivo da empresa consiste na aquisição de produtos agrícolas "in natura" (soja, milho, trigo) de produtores rurais (pessoas físicas) e, posterior, classificação, limpeza, secagem, armazenagem e venda desses produtos. No corpo desse memorial descritivo, a requerente também consigna suas argumentações, explicações e embasamento para justificar seu pleito de creditamento presumido no período', na condição de empresa de atividade agroindustrial. (...) Ressaltese ainda, por oportuno, que, em visita às instalações da empresa, constatamos que ela não dispõe de parque industrial para exercer atividades industriais. É importante ressaltar, também, que dentre as operações de vendas registradas no Livro Fiscal de Saída do contribuinte somente há registros de saídas contabilizadas em CFOP típicos de revenda de mercadorias (CFOP 5.102, 6.102, 7.102, 5.502, 6.502), diversos de CFOP de saídas de produtos industrializados. Se a própria escrita fiscal da requerente informa atividade de revenda, como se assumir condição de empresa agroindustrial em desfavor de cerealista? Fl. 411DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001888/200705 Acórdão n.º 3801004.383 S3TE01 Fl. 40 31 Ainda há a questão dá destinação das mercadorias vendidas. Não há como se entender que as operações executadas pela requerente nos produtos vegetais “in natura” (como secar, classificar e padronizar) tornem esses, produtos adequados e próprios para consumo humano ou animal. Há necessidade de processamentos posteriores para permitir tal destinação, além de fracionamentos para quantidades adequadas. (grifouse) Concordase com a posição da autoridade fiscal. O inciso I do parágrafo 4º do art. 8º da Lei 10.925/2004 veda expressamente as cerealistas que exerçam cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal o aproveitamento do crédito presumido em referência. Não se pode perder de vista a conceituação de cerealista estabelecida na Instrução Normativa SRF nº 660, de 17 de julho de 2006: I cerealista, a pessoa jurídica que exerça cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar produtos in natura de origem vegetal relacionados no inciso I do art. 2º; Os elementos probatórios indicam que a atividade da interessada amoldase ao conceito de cerealista nos termos da norma citada. Assim sendo, temse, no caso vertente, que deve prevalecer a interpretação literal acima mencionada. Ademais, no presente caso não se pode adotar a linha de raciocínio estabelecida na legislação do IPI, porque trigo, milho e soja são produtos não tributados pelo IPI (NT). De sorte que a interessada não atende ao conceito estabelecido no art. 8º do RIPI, aprovado pelo Decreto 7.212/2010: Art. 8º. Estabelecimento industrial é o que executa qualquer das operações referidas no art. 4º, de que resulte produto tributado, ainda que de alíquota zero ou isento. Insistase que a interpretação é literal, portanto afastase uma eventual interpretação sistêmica com o art. 9º da Lei 10.925/2004. Não se de trata de excesso de formalismo com quer fazer crer a interessada, mas sim de adequação dos fatos à norma legal. No sentido de que a recorrente não exerce a atividade econômica de produção das mercadorias, mencionase a citada visita da autoridade fiscal as instalações, os CFOP de revenda de mercadorias constante do Livro Fiscal de Saída de Mercadorias e a destinação das mercadorias vendidas. Por evidente, o não reconhecimento do crédito presumido decorrentes de atividades agroindustriais, ficam prejudicadas as alegações em relação as aquisições de lenha e da forma de utilização do crédito presumido, em especial o disposto no Ato Declaratório Interpretativo nº 15 de 22.12.2005. Oportuno esclarecer que não se toma conhecimento desta matéria uma vez que ela foi objeto de discussão judicial, Mandado de Segurança nº 2007.70.03.0013807, conforme consta do despacho decisório e das decisões judiciais constantes deste processo. Fl. 412DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001888/200705 Acórdão n.º 3801004.383 S3TE01 Fl. 41 32 Confirase excerto da sentença, matéria mantida em segunda instância pelo TRF DA 4ª Região : Tenho que a Instrução Normativa SRF n° 660/2006 e o ADI SRF n° 15/2005 apenas reafirmaram o contido no art. 8o da Lei n° 10.925/2004, ou seja, que o crédito presumido somente poderia ser aproveitado por meio de dedução ou desconto dos tributos a pagar, na medida em que tal lei não previu a aplicação dos dispositivos das Leis 10.637/02 e 10.833/03, que autorizaram, para os casos nelas dispostos, a compensação de créditos com outros tributos e/ou o ressarcimento.(grifouse) De fato, se o sujeito passivo recorre ao Poder Judiciário, por uma questão de lógica, ele está desistindo tacitamente da esfera administrativa, visto que a decisão do Poder Judiciário é soberana. Eventuais decisões antagônicas, nas esferas administrativa e judicial, teriam uma única solução, qual seja, prevaleceria a da esfera judicial, em razão do princípio constitucional da jurisdição única, art. 5º, XXXV, da Constituição Federal. Destarte, não faz sentido a continuação da discussão no âmbito administrativo, pois o mérito da questão está decidido pelo Poder Judiciário com efeito de coisa julgada. Registrese, ainda, que as jurisprudências administrativas e judiciais colacionadas no recurso voluntário não se constituem em normas gerais de direito tributário, e produzem efeitos apenas em relação às partes que integram os processos e com estrita observância do conteúdo dos julgados. Em remate, a recorrente não tem direito ao crédito presumido decorrente de atividades agroindustriais e não se conhece das alegações em relação à forma de utilização do crédito presumido (ressarcimento em dinheiro). 5 Rateio Proporcional – Mercado interno – Créditos vinculados as receitas com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência A interessada insurgiuse contra o critério de cálculo dos créditos que podem ser objeto de ressarcimento em dinheiro relacionados às vendas no mercado interno com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência. da contribuição. Não se conforma com o entendimento da autoridade fiscal de que somente os créditos vinculados as vendas de mercadorias com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência de PIS e Cofins poderiam ser ressarcidos, não sendo permitido o ressarcimento dos créditos apurados na proporção das receitas financeiras que também são tributadas à alíquota zero de PIS e Cofins. Para melhor compreensão da controvérsia, transcrevese a posição da fiscalização federal: Para determinação do coeficiente de rateio, buscamse inicialmente as receitas da empresa no mercado interno, realizadas com alíquota zero, com isenção ou sem incidência da contribuição, e com suspensão (...); Fl. 413DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001888/200705 Acórdão n.º 3801004.383 S3TE01 Fl. 42 33 As receitas financeiras, embora tributadas à alíquota zero da COFINS, não se configuram como receitas de vendas, entende se "saídas de mercadorias, produtos, ou serviços, condição essa essencial segundo a legislação de regência, especialmente art. 17 da Lei n. 10.033, de 2004, que destacouse: Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS (...) Em outras palavras, os insumos e outros dispêndios que gerariam direito à manutenção do crédito, no caso em exame, são somente aqueles vinculados às vendas, nada cabendo relativamente àqueles créditos vinculados às demais receitas, como as receitas financeiras. Não tem razão à interessada. Conforme se verifica, a autoridade fiscal acertadamente excluiu do rateio proporcional as receitas financeiras. É de se ver, portanto, que receitas financeiras não podem gerar créditos a serem ressarcidos em dinheiro. De outro giro, a recorrente também discorda da alteração do critério de rateio proporcional sobre receita bruta de exportação em relação a receita bruta total para a vinculação dos créditos no mercado interno. Argumenta que o agente fiscal para encontrar a proporcionalidade das receitas no mercado interno com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência de PIS e Cofins, ajustou a Receita Bruta Total, deduzindo do total da receita, a receita de exportação. Essas alegações são genéricas e não merecem serem apreciadas pela autoridade julgadora. A recorrente não demonstrou o efetivo prejuízo decorrente deste rateio. Deveria apresentar juntamente com suas razões o seu cálculo. Como visto, a Fazenda Nacional de forma acertada estabeleceu uma proporção entre as receitas alíquota zero e suspensão e a receita bruta total do mercado interno, excluindose nesta as receitas de venda de bens do ativo permanente. Reafirmase que não existe uma norma específica regulamentando essa matéria. Em um exame superficial, verificase que a exclusão das receitas de exportação da receita bruta total (denominador) beneficia a recorrente. Mais uma vez, negase provimento à matéria em discussão. 6 Vendas efetuadas com suspensão – Vigência Como relatado, neste tópico a discussão concentrase em definir o início dos efeitos do art. 9º da Lei 10.925/2004. Sustenta a recorrente que no período analisado efetuou diversas vendas com suspensão das contribuições, porém entendeu o agente fiscal que a suspensão somente passou a vigorar a partir de 4 de abril de 2006, lastreando este entendimento com base no artigo 11 da Instrução Normativa SRF 660, de 17 de julho de 2006. Fl. 414DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001888/200705 Acórdão n.º 3801004.383 S3TE01 Fl. 43 34 Aduz que a razão da IN 660 fixar outro marco, qual seja, 04 de abril de 2006, é pelo simples fato de que os períodos até então, 03/04/2006, estavam regulamentados pelas disposições da IN 636, combinados com as disposições do inc. III do art. 17 da Lei 10.925/04. Para a solução deste tópico é preciso interpretar a legislação de regência, art. 9º da Lei 10.925/04: Art. 9o A incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins fica suspensa no caso de venda: (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) (Vide Lei nº 12.058, de 2009) (Vide Lei nº 12.350, de 2010) I de produtos de que trata o inciso I do § 1o do art. 8o desta Lei, quando efetuada por pessoas jurídicas referidas no mencionado inciso; (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) (...) III de insumos destinados à produção das mercadorias referidas no caput do art. 8o desta Lei, quando efetuada por pessoa jurídica ou cooperativa referidas no inciso III do § 1o do mencionado artigo. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) (...) § 2o A suspensão de que trata este artigo aplicarseá nos termos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal SRF. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) Como visto, a Lei estabelecia a regulamentação por parte da Secretaria da Receita Federal. Tratase de uma norma de eficácia contida, portanto exigese uma regulamentação para se tornar aplicável. A regulamentação ocorreu inicialmente com a Instrução Normativa 636/2006, que foi revogada pela Instrução Normativa 660/2006. A Instrução Normativa 660/2006 dispôs: Art. 11. Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação, produzindo efeitos: I em relação à suspensão da exigibilidade da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins de que trata o art. 2º, a partir de 4 de abril de 2006, data da publicação da Instrução Normativa nº 636, de 24 de março de 2006, que regulamentou o art. 9º da Lei nº 10.925, de 2004; e II em relação aos arts. 5º a 8º, a partir de 1º de agosto de 2004. Art. 12. Fica revogada a Instrução Normativa SRF nº 636, de 2006.(Grifouse) Desta forma, a efetiva regulamentação prevista na Lei 10.925/04 com a redação dada pela Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004, somente ocorreu a partir de 4 de abril de 2006. Essa interpretação apresentase coerente uma vez que antes da referida data não haviam sido estabelecidas as condições para a suspensão da exigibilidade da contribuição em referência. Fl. 415DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001888/200705 Acórdão n.º 3801004.383 S3TE01 Fl. 44 35 Assim sendo, embora vigente, a norma não teve eficácia antes de 4 de abril de 2006, data da expedição da norma regulamentadora prevista em Lei. Em remate, mantémse a posição da autoridade fiscal em relação ao início dos efeitos do art. 9º da Lei 10.925/2004. 7 Exportações não comprovadas Nesta matéria, a recorrente postula que as vendas com o fim específico de exportação em que não houve comprovação da exportação, em conformidade com o artigo 9º da Lei 10.925/2004, devem ser consideradas como vendas com suspensão das contribuições em virtude de se tratarem de vendas de mercadorias classificadas nos capítulos 10 e 12 da NCM, que por seu turno, são vendidas para empresas enquadradas no lucro real. Não tem razão à interessada. A propósito, confirase o entendimento da fiscalização: Consta na relação de vendas que compõe essa receita de exportação, saídas de mercadorias registrada em CFOP 5502, mas sem informação no campo quantidade. (...) Não bastasse ausência de informação de quantidade, a empresa não apresentou os respectivos Memorandos de Exportação, ou informações relativas a Despacho e Registro de Exportação. Não há, portanto, como se atestar a efetiva e correta destinação das mercadorias para o exterior. Não se pode, assim, acatar tais saídas nos montantes das exportações pleiteadas pela requerente. Como consta do despacho decisório, essas saídas ocorreram antes do início dos efeitos do art. 9º da Lei 10.925/2004, enquanto, nos termos da posição adotada anteriormente, as saídas com suspensão somente são viáveis a partir de 4 de abril de 2006. Assim sendo, a reclassificação fica prejudicada, pois neste período de apuração não eram admitidas as saídas com suspensão da contribuição. 8 Incidência da taxa Selic Nesta matéria, a recorrente postula a correção dos créditos pela SELIC, nos termos do § 4º, do art. 39 da Lei 9.250/1995 a partir do fato gerador. Argumenta que os créditos pleiteados nesta via não se tratam de créditos escriturais ou créditos efetivos cujo ressarcimento está em atraso, mas de créditos onde o Fisco através de ilegítimas restrições, impediu qualquer modalidade de aproveitamento (dedução/desconto de débitos das contribuições, compensação com demais tributos, e o ressarcimento em dinheiro). Um dos princípios basilares do direito público é o princípio da legalidade, segundo o qual, a Administração Pública e os seus agentes somente podem fazer o que a lei autoriza. Esse princípio encontrase positivado no art. 37 da Constituição Federal. Fl. 416DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001888/200705 Acórdão n.º 3801004.383 S3TE01 Fl. 45 36 É de verificarse que o § 4º do art. 39 da Lei nº 9.250/95 estabeleceu a aplicação da taxa Selic somente na compensação e restituição de indébitos tributários, in verbis: Art. 39. (...) §4º A partir de 1º de janeiro de 1996, a compensação ou restituição será acrescida de juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente, calculados a partir da data do pagamento indevido ou a maior até o mês anterior ao da compensação ou restituição e de 1% relativamente ao mês em que estiver sendo efetuada.(grifouse) Indubitável que esse dispositivo legal referese apenas a compensação e a restituição, não fazendo menção ao ressarcimento de tributos e contribuições. A Administração Pública está vinculada ao texto da lei e tem a obrigação de aplicála, sem questionar a sua constitucionalidade. Além disso, o art. 13 da Lei 10.883/03 veda expressamente a atualização monetária em processos de ressarcimento de contribuição nãocumulativa: Art. 13. O aproveitamento de crédito na forma do § 4o do art. 3o, do art. 4o e dos §§ 1o e 2o do art. 6o, bem como do § 2o e inciso II do § 4o e § 5o do art. 12, não ensejará atualização monetária ou incidência de juros sobre os respectivos valores. Desta forma, por expressa vedação legal não é cabível a aplicação de correção monetária, com base na taxa Selic, nos casos de pedidos de ressarcimento de contribuição nãocumulativa. A autoridade julgadora não pode inovar em matéria reservada à lei. Em casos análogos, a não incidência da correção monetária também foi acolhida em outros julgados administrativos do CARF: RESSARCIMENTO. CONTRIBUIÇÃO AO PIS E COFINS APURADAS PELO REGIME DA NÃOCUMULATIVIDADE. ACRÉSCIMO DA TAXA SELIC. VEDAÇÃO. Especificamente no caso da contribuição ao PIS e da COFINS apuradas pelo regime nãocumulativo, o ressarcimento de saldos credores admitido pelos artigos 5º, §§1º e §2º e 6º, §§1º e 2º das Leis nºs 10.637/02 e 10.833/03, respectivamente, não se sujeita à remuneração pela Taxa SELIC em virtude de expressa vedação nesse sentido, contida nos artigos 13 e 15, da Lei nº 10.833/03. (CARF. 3ª Seção, 3ª Câmara, 1ª Turma Ordinária, Acórdão 3301002.088, de 23/10/2013, Rel. Bernardo Motta Moreira , Processo nº 11065.000406/200658) Por fim, é de se ressaltar que todas as alterações pela autoridade fiscal foram legítimas e de acordo com a legislação de regência, portanto não há que se falar em restrições indevidas do fisco. Fl. 417DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001888/200705 Acórdão n.º 3801004.383 S3TE01 Fl. 46 37 Quanto à aplicação do decidido no Recurso Especial Representativo de Controvérsia nº 1.035.847, é importante esclarecer que estes fatos são completamente distintos daqueles, afastandose, assim a aplicação do art. 62A do Regimento Interno do CARF. Em conclusão, a solicitação da interessada, que tem como suporte a tese de que a Fazenda Nacional impôs restrições ilegítimas, não pode prosperar por falta de amparo legal. 9 Conclusão Em face do exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes – Relator Fl. 418DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001888/200705 Acórdão n.º 3801004.383 S3TE01 Fl. 47 38 Declaração de Voto Conselheiro Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira. Apresento Declaração de Voto ao presente processo com o objetivo de aprofundar a minha análise apresentada nos debates orais da Sessão de Julgamento. Após apreciação dos elementos que levaram a fiscalização à lavratura dos autos de infração objeto do presente processo, assim como dos argumentos levantados pela Recorrente com o objetivo de desconstituir o lançamento contra si efetuado formei convencimento diverso do eminente Conselheiro Relator. O objeto deste processo já foi devidamente esmiuçado no voto do eminente Conselheiro Relator, que narrou com fidedignidade tanto a motivação da autuação, exposta no Relatório Fiscal, como também os argumentos de defesa apresentados pela Recorrente e decisão de primeira instância administrativa, proferida pela DRJ. Seguem abaixo as razões de minha Declaração de Voto. Rateio Proporcional – Mercado externo A fiscalização determinou que fosse excluída a receita de venda de produtos destinados ao exterior da receita bruta. Ocorre que a receita bruta é composta de todas as receitas auferidas pela empresa, compondo estas a base para o cálculo do crédito presumido. Nestes termos, é coerente citar a Lei n° 9.363, de 13 de dezembro de 1996, que trata da instituição de crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados, para ressarcimento do valor do PIS/PASEP e COFINS, que em seus arts. 2º e 3º da Lei nº 9.363/96 estabelecem o seguinte: Art. 1º A empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais fará jus a crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares nos 7, de 7de setembro de 1970, 8, de 3 de dezembro de 1970, e 70, de 30 de dezembro de 1991, incidentes sobre as respectivas aquisições, no mercado interno, de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, para utilização no processo produtivo. Fl. 419DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001888/200705 Acórdão n.º 3801004.383 S3TE01 Fl. 48 39 Parágrafo único. O disposto neste artigo aplicase, inclusive, nos casos de venda a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação para o exterior. Art. 2º. A base de cálculo do crédito presumido será determinada mediante a aplicação, sobre o valor total das aquisições de matériasprimas produtos intermediários e material de embalagem referidos no artigo anterior, do percentual correspondente à relação entre a receita de exportação e a receita operacional bruta do produtor exportador.” Art. 3º Para os efeitos desta Lei, a apuração do montante da receita operacional bruta, da receita de exportação e do valor das matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem será efetuada nos termos das normas que regem a incidência das contribuições referidas no art. 1º, tendo em vista o valor constante da respectiva nota fiscal de venda emitida pelo fornecedor ao produtor exportador. Parágrafo e material de embalagem único. Utilizarseá, subsidiariamente, a legislação de Imposto de Renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados para o estabelecimento, respectivamente, dos conceitos de receita operacional bruta e de produção, matériaprima, produtos intermediários. Conforme se verifica nos dispositivos da legislação supra, os valores das operações relativas a exportação não podem ser excluídos do cálculo do valor da receita operacional bruta, haja vista que o art. 3º da Lei nº 9.363/96 determina que esses conceitos devem ser buscados na legislação que rege a exigência das contribuições ao PIS/Cofins e na legislação do Imposto de Renda. Assim, considerando a inexistência de previsão na legislação do PIS/Cofins e do Imposto de Renda no sentido de excluir da receita de exportação ou da receita operacional bruta as vendas para o exterior do coeficiente de exportação. É esta a mesma conclusão que se extrai do texto do art. 3º, § 15, II, da Portaria MF nº39/97, ao dispor que “Para os efeitos deste artigo, considerase: receita bruta de exportação, o produto da venda para o exterior e para empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação, de mercadorias nacionais”. De outro ponto, o creditamento de produto adquirido para revenda no que se refere a Cofins, mesmo que exclusivamente para o exterior, desde que estes produtos não tenham isenção, ou suspensão da contribuição, é possível nos termos do art. 3º da Lei nº 10.637: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) a) no inciso III do § 3º do art. 1º desta Lei; e (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 23 de junho de 2008 ) Fl. 420DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001888/200705 Acórdão n.º 3801004.383 S3TE01 Fl. 49 40 b) no § 1º do art. 2º desta Lei; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) § 2º Não dará direito a crédito o valor: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) I de mãodeobra paga a pessoa física; e (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) II da aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota 0 (zero), isentos ou não alcançados pela contribuição. (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) Diante do exposto, compreendese a possibilidade de creditamento na aquisição de bens exclusivos para a revenda, no caso para a exportação, independentemente de ser produto não tributado, isento ou alíquota zero, posto que compreendem a receita de exportação. Nesse ponto procede o recurso do Contribuinte. Da apropriação dos custos despesas e encargos pelo método do rateio proporcional No que se refere ao creditamento da Cofins sobre a os encargos e custos da produção, quando utilizado o método de rateio, o entendimento colacionado pela fiscalização é pela necessidade do custo estar presente tanto nas receitas provenientes do mercado interno quanto do mercado externo, excluindose as despesas cujas vendas tenham a isenção, suspensão ou alíquota zero da Cofins. Ocorre que assim como exposto pela recorrente, a base de cálculo da Cofins é a receita bruta, devendo levarse em consideração o custo e encargos sofridos independentemente da origem se do mercado interno ou externo. Aos parágrafos 7º e 8º do art. 3º das Lei 10.637/2002, verificase que não há distinção de receita vinda do mercado externo ou interno, posto que o método do rateio deverá observar o custo e os encargos sofridos, independentemente de onde provem a receita e que afetam a produção. § 7º Na hipótese de a pessoa jurídica sujeitarse à incidência nãocumulativa da contribuição para o PIS/Pasep, em relação apenas a parte de suas receitas, o crédito será apurado, exclusivamente, em relação aos custos, despesas e encargos vinculados a essas receitas. § 8º Observadas as normas a serem editadas pela Secretaria da Receita Federal, no caso de custos, despesas e encargos vinculados às receitas referidas no § 7º e àquelas submetidas ao regime de incidência cumulativa dessa contribuição, o crédito será determinado, a critério da pessoa jurídica, pelo método de: I – apropriação direta, inclusive em relação aos custos, por meio de sistema de contabilidade de custos integrada e coordenada com a escrituração; ou II – rateio proporcional, aplicandose aos custos, despesas e encargos comuns a relação percentual existente entre a receita Fl. 421DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001888/200705 Acórdão n.º 3801004.383 S3TE01 Fl. 50 41 bruta sujeita à incidência nãocumulativa e a receita bruta total, auferidas em cada mês. Nestes termos, temse que o creditamento pelos encargos e custos da produção devem ser computados independentemente da conta a que e destinada se a receitas do mercado interno ou mercado externo, já que a base da contribuição é calculada pela receita bruta que compreenderia ambas receitas. Neste ponto, igualmente, é procedente o pedido do Recorrente. Aquisições de Combustíveis Compreendo que é possível creditamento de Cofins decorrente de aquisição combustíveis, no caso dos autos, para fins de transporte da matériaprima da produção, isto porque este custo compreende parte do processo produtivo, uma vez que não se encerra na atividade de transformação da matériaprima,mas também em todos os procedimentos necessários para que a matéria prima se transforme no produto final, incluindose assim, os custos operacionais com o transporte da matériaprima. Essa compreensão extraise o art. 3º, II, da Lei nº 10.833, de 2003, que repete a redação do art.3º da Lei nº 10.637, de 2002, que ampliou o rol de dispêndios referidos aos insumos: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei nº 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) Importa, todavia que este combustível utilizado no transporte do insumo tenha efetivamente esta destinação, compondo ele a base de creditamento apenas o quantum utilizado pela operação de transformação da matériaprima em produto final, ou seja, dever ser permitido o creditamento da aquisição de combustível para fins específicos transporte do insumo, mas não para o que for utilizado, por exemplo, em automóveis destinados ao transporte dos sócios ou funcionários da empresa, privilegiandose assim a essencialidade do referido custo. Neste ponto, igualmente, é procedente o pedido do Recorrente. Crédito Presumido – Atividades agroindustriais Verifico que nos autos há menção que a contribuinte adquiria produtos agrícolas, após os padronizava, classificava, limpava, secava, armazenava e ao final os vendia. Estas atividades, sob o olhar da fiscalização, não compreenderiam a atividade agroindustrial, todavia o beneficiamento dos grãos, tal como a contribuinte explora deve ser considerado como Fl. 422DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001888/200705 Acórdão n.º 3801004.383 S3TE01 Fl. 51 42 atividade industrial, posto que se nos aspectos da industrialização ao transformar a matéria prima, como ocorre a secagem de grãos, por exemplo. Nestes termos, conferindose a característica de industrialização o procedimento de produção realizado pela contribuinte, esta tem direito a creditamento de Cofins, com base na lei nº 10.925/2004, através da forma de crédito presumido, assegurou o aproveitamento de créditos sobre as aquisições, efetuadas por pessoas físicas ou cooperados pessoas físicas, de insumos aplicados na produção de mercadorias de origem animal ou vegetal destinados a alimentação humana ou animal. Não obstante, este Conselho não utilize como embasamento o julgado dos Tribunais Federais, diversos são os acórdãos que qualificam a atividades de secagem como sendo compreendida no conceito de transformação do insumo e, portanto, geradora de crédito. Algumas, inclusive apontam que a atividade de cerealista também poderia ensejar direito a credito de PIS/Cofins. Citase a exemplo a ementa dos seguintes arestos: TRIBUTÁRIO. CRÉDITOS PRESUMIDOS. PIS. COFINS. LEI 10.925/04. INSUMOS. PRODUTOS PRIMÁRIOS (COOPERATIVA), ADQUIRIDOS DE PESSOAS FÍSICAS. INDUSTRIALIZAÇÃO. 1. O sistema de apuração não cumulativa do PIS/PASEP e da COFINS, criado pelas Leis nº 10.637/02 e n° 10.833/03, admite, em regra, a apuração de crédito nas aquisições (que a lei elenca) de bens para revenda e insumos para posterior processo industrial, mas desde que adquiridos de pessoas jurídicas. 2. A Lei nº 10.925/04 ampliou a extensão da Lei nº 10.637/02, passando, então, a permitir que o crédito presumido fosse também apurado por cerealistas que vendem os grãos in natura valendose de processo de beneficiamento (limpeza, padronização e armazenagem dos grãos). 3. Caso em que a demandante é uma cooperativa que atua no comércio atacadista de grãos e que tem como atividade preponderante a de armazém geral, não se enquadrando, portanto, suas atividades em nenhum dos incisos do art. 8º, § 1º, da Lei nº 10.925/04. (TRF4, AC 500230058.2012.404.7119, Primeira Turma, Relator p/ Acórdão Jorge Antonio Maurique, juntado aos autos em 13/11/2014) TRIBUTÁRIO. RESSARCIMENTO CRÉDITO PRESUMIDO PIS/COFINS, NA PROPORÇÃO DA EXPORTAÇÃO. LEI 12.431/2011. PERÍODO DE 2006 A 2010. PRODUÇÃO DE GRÃOS COM SECAGEM E CLASSIFICAÇÃO. AGROINDÚSTRIA. PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. MULTA. DIREITO DE PETIÇÃO DO CONTRIBUINTE. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE. ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. 1. As atividades desenvolvidas pela impetrante de limpeza, secagem, classificação e armazenagem de produtos in natura de origem vegetal enquadramse no conceito de empresa agroindustrial ao beneficiar os grãos que exporta, fazendo jus, por consequência, ao ressarcimento do crédito presumido, apurado na forma do artigo 8º da Lei 10.925/2004. 2. A multa prevista no artigo 74 da Lei n. 9.430/96, parágrafos 15 e 17, conflita com o disposto no Fl. 423DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001888/200705 Acórdão n.º 3801004.383 S3TE01 Fl. 52 43 artigo 5º, inciso XXXIV, da Constituição Federal, pois, ainda que não obste totalmente a realização do pedido de compensação, cria obstáculos consideráveis ao direito de petição do contribuinte. 3. Além disso, a aplicação da multa com base apenas no indeferimento do pedido ou na não homologação da declaração de compensação afronta o princípio da proporcionalidade. 4. A Corte Especial deste Tribunal, na sessão do dia 28 de junho de 2012, manifestouse no sentido de declarar a inconstitucionalidade dos parágrafos 15 e 17 do artigo 74 da Lei nº. 9.430/96, por violação ao artigo 5º, inciso XXXIV, alínea "a", da Constituição Federal (Argüição de Inconstitucionalidade 500741662.2012.404.0000, Rel. Des. Fed. Luciane Amaral Corrêa Münch, juntado aos autos em 03/07/2012). (TRF4, APELREEX 500780019.2013.404.7104, Segunda Turma, Relatora p/ Acórdão Carla Evelise Justino Hendges, juntado aos autos em 29/10/2014) Nestes termos, entendese pela possibilidade de creditamento da Cofins quando da realização de atividade agro industrial, nos termos no art. 8º da Lei 10.925/2004. Neste ponto, igualmente, é procedente o pedido do Recorrente. Rateio Proporcional – Mercado interno – Créditos vinculados as receitas com suspensão, isenção e alíquota zero As receitas provenientes das vendas dos produtos adquiridos com alíquota zero, isenção e suspensão, poderão gerar crédito de PIS/Cofins, quando, após a industrialização, o produto final sofrer a incidência das mesmas contribuições, como por exemplo, nas vendas para mercado interno. Isto porque não se tratam de operação que não estão sujeitas a tributação, mas possuem o benefício de que a alíquota seja zero, que a contribuição esteja suspensa passando a incidir caso não ocorre o motivo da suspensão e a partir do momento que em que a isenção não ocorra, dessa forma estas operações não sofrem o óbice previsto no artigo 3°, parágrafo 2° da Lei 10.833/03, sendo autorizado pela Lei n° 11.033/04, em seu artigo 17, a manutenção dos créditos em situações corno a presente. Vejamos: Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. Entendo correto o argumento de que a aquisição dos produtos acima gera sim o direito ao creditamento glosado, na medida em que, a despeito de terem sido realizadas mediante alíquota zero de Cofins, pois é fato incontestável que foram previamente sujeitos a incidência em cascata deste tributo nas etapas anteriores da circulação. Nesse sentido, faz jus ao creditamento mesmo que o contribuinte adquira insumos tributados com alíquota zero, eis que paga, ainda que embutido no preço, o tributo (PIS/Cofins) indiretamente em outros insumos ou produtos, a exemplo de adubos, fertilizantes, Fl. 424DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA Processo nº 10950.001888/200705 Acórdão n.º 3801004.383 S3TE01 Fl. 53 44 ferramentas, maquinários, dentre outros, adquiridos no mercado e empregados no respectivo processo produtivo. Nestes termos, havendo a aquisição de produtos com alíquota zero, suspensão ou isenção, é possível a manutenção dos créditos, bem como o seu aproveitamento. Neste ponto, igualmente, é procedente o pedido do Recorrente. Incidência da taxa Selic A Lei nº 10.883/03 apresenta expressamente a vedação da atualização monetária em processos de ressarcimento pelo princípio constitucional da nãocumulatividade. Essa regra geral é aplicada sobre os créditos de Cofins, por ausência de previsão legal. Não obstante, o STJ e o STF veem relativizando a sua aplicação no que se refere ao aproveitamento pelo contribuinte quando este decorre da demora em virtude resistência oposta por ilegítimo ato administrativo ou normativo do Fisco. Nestes casos, admitese a correção no intuito de evitar o enriquecimento sem causa e de dar integral cumprimento ao princípio da nãocumulatividade. Citase a exemplo um trecho ao acórdão de lavra do Ministro Mauro Campbell do STJ: “Desse modo, a lógica é simples: se há pedido de ressarcimento de créditos de IPI, PIS/COFINS (em dinheiro ou via compensação com outros tributos) e esses créditos são reconhecidos pela Receita Federal com mora, essa demora no ressarcimento enseja a incidência de correção monetária, posto que caracteriza também a chamada “resistência ilegítima” exigida pela Súmula n. 411/STJ. Sendo assim, realinhei a minha opinião no sentido de reconhecer o direito à correção monetária dos créditos por ressarcimento desde o protocolo dos pedidos administrativos, devendo ser aplicados os índices que constam do Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos da Justiça Federal, aprovado pela Resolução 561/CJF, de 02.07.2007, do Conselho da Justiça Federal, inclusive a taxa Selic” (Embargos de Divergência – EAg 1220942/SP, Mauro Campbell Marques Primeira Seção de Julagamento do STJ, DJE18/04/2013) Nesses termos, devese priorizar o entendimento da possibilidade de atualização monetária dos créditos em que tenha resistência da fiscalização em suas homologações. Considerando que a negativa do aproveitamento de créditos pela Administração Fiscal se considera uma forma de resistência sem base legal, cremos aplicável a atualização monetária pela taxa SELIC, nos termos do Recurso Voluntário interposto. (assinado digitalmente) Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira. Fl. 425DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 26/01/2 015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 13/01/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELL OSO DA SILVEIRA
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Numero do processo: 13900.000223/2003-26
Turma: Terceira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 15 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Dec 16 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/01/2003 a 31/03/2003
CRÉDITO PRESUMIDO. COMBUSTÍVEIS. ENERGIA ELÉTRICA. APLICAÇÃO SÚMULA CARF Nº 19.
Aplica-se a súmula CARF nº 19 ao caso: Não integram a base de cálculo do crédito presumido da Lei nº 9.363, de 1996, as aquisições de combustíveis e energia elétrica uma vez que não são consumidos em contato direto com o produto, não se enquadrando nos conceitos de matéria-prima ou produto intermediário
Numero da decisão: 3803-006.542
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em negar provimento ao recurso.
Corintho Oliveira Machado - Presidente e Relator.
EDITADO EM: 24/11/2014
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Hélcio Lafetá Reis, João Alfredo Eduão Ferreira, Belchior Melo de Sousa, Jorge Victor Rodrigues, Paulo Renato Mothes de Moraes e Corintho Oliveira Machado.
Nome do relator: CORINTHO OLIVEIRA MACHADO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/01/2003 a 31/03/2003 CRÉDITO PRESUMIDO. COMBUSTÍVEIS. ENERGIA ELÉTRICA. APLICAÇÃO SÚMULA CARF Nº 19. Aplica-se a súmula CARF nº 19 ao caso: Não integram a base de cálculo do crédito presumido da Lei nº 9.363, de 1996, as aquisições de combustíveis e energia elétrica uma vez que não são consumidos em contato direto com o produto, não se enquadrando nos conceitos de matéria-prima ou produto intermediário
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em negar provimento ao recurso. Corintho Oliveira Machado - Presidente e Relator. EDITADO EM: 24/11/2014 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Hélcio Lafetá Reis, João Alfredo Eduão Ferreira, Belchior Melo de Sousa, Jorge Victor Rodrigues, Paulo Renato Mothes de Moraes e Corintho Oliveira Machado.
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COMBUSTÍVEIS. ENERGIA ELÉTRICA. APLICAÇÃO SÚMULA CARF Nº 19. Aplicase a súmula CARF nº 19 ao caso: Não integram a base de cálculo do crédito presumido da Lei nº 9.363, de 1996, as aquisições de combustíveis e energia elétrica uma vez que não são consumidos em contato direto com o produto, não se enquadrando nos conceitos de matériaprima ou produto intermediário Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em negar provimento ao recurso. Corintho Oliveira Machado Presidente e Relator. EDITADO EM: 24/11/2014 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Hélcio Lafetá Reis, João Alfredo Eduão Ferreira, Belchior Melo de Sousa, Jorge Victor Rodrigues, Paulo Renato Mothes de Moraes e Corintho Oliveira Machado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 90 0. 00 02 23 /2 00 3- 26 Fl. 195DF CARF MF Impresso em 16/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 24/11 /2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 2 Relatório Por bem descrever os fatos relativos ao contencioso, adoto o relato do órgão julgador de primeira instância até aquela fase: Trata o presente de pedido de ressarcimento do crédito presumido apurado no período em destaque, a ser utilizado na compensação dos débitos declarados. O Despacho decisório de fls. 98/103 reconheceu parcialmente o pedido, recalculando o montante do pedido, excluindo do cálculo a aquisição de energia elétrica e combustíveis. Tempestivamente, o interessado apresentou sua manifestação de inconformidade alegando, basicamente, que a energia elétrica e combustíveis são insumos consumidos no processo produtivo e que passaram a ser inclusos no cálculo do crédito presumido pela Lei nº10.276/2001 Encerrou solicitando o deferimento da manifestação. A DRJ em RIBEIRÃO PRETO/SP julgou improcedente a manifestação de inconformidade ficando a decisão assim ementada: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Período de apuração: 01/01/2003 a 31/03/2003 CRÉDITO PRESUMIDO. PORTARIA Nº38/97. INSUMOS. COMBUSTÍVEIS. FRETES. ENERGIA ELÉTRICA. Incabível considerar como insumo os gastos com energia elétrica, combustíveis e frete. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório não Reconhecido Discordando da decisão de primeira instância, o interessado apresentou recurso voluntário, onde repisa os mesmos argumentos esgrimidos em primeira instância, exceto em relação ao frete; ao final, requer deferimento do recurso voluntário sub analisis. A Repartição de origem encaminhou os presentes autos para este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, para fins de julgamento. Relatado, passase ao voto. Fl. 196DF CARF MF Impresso em 16/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 24/11 /2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 13900.000223/200326 Acórdão n.º 3803006.542 S3TE03 Fl. 3 3 Voto Conselheiro Corintho Oliveira Machado, Relator O recurso voluntário é tempestivo, e considerando o preenchimento dos requisitos de sua admissibilidade, merece ser apreciado. À míngua de preliminares, passase desde logo ao mérito. O assunto trazido à baila é por demais conhecido deste Conselho bem como deste Colegiado, tanto que mereceu a edição de súmula específica, a de número 19, que diz: Não integram a base de cálculo do crédito presumido da Lei nº 9.363, de 1996, as aquisições de combustíveis e energia elétrica uma vez que não são consumidos em contato direto com o produto, não se enquadrando nos conceitos de matériaprima ou produto intermediário. Despiciendo tecer maiores comentários a respeito, até porque o art. 72 do RICARF diz serem tais súmulas de observância obrigatória pelos membros do CARF. Ante o exposto, voto pelo DESPROVIMENTO do recurso voluntário. CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Fl. 197DF CARF MF Impresso em 16/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 24/11 /2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 4 Fl. 198DF CARF MF Impresso em 16/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 24/11 /2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO
score : 1.0
Numero do processo: 10920.908171/2009-05
Turma: Primeira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 25 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Dec 03 00:00:00 UTC 2014
Numero da decisão: 1801-000.367
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento na realização de diligências, nos termos do voto da Relatora. Ausente justificadamente o Conselheiro Alexandre Fernandes Limiro.
(assinado digitalmente)
Ana de Barros Fernandes Wipprich Presidente e Relatora
Participaram da sessão de julgamento, os Conselheiros: Neudson Cavalcante Albuquerque, Fernando Daniel de Moura Fonseca, Fernanda Carvalho Álvares, Alexandre Fernandes Limiro, Rogério Aparecido Gil e Ana de Barros Fernandes Wipprich.
Nome do relator: ANA DE BARROS FERNANDES WIPPRICH
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento na realização de diligências, nos termos do voto da Relatora. Ausente justificadamente o Conselheiro Alexandre Fernandes Limiro. (assinado digitalmente) Ana de Barros Fernandes Wipprich Presidente e Relatora Participaram da sessão de julgamento, os Conselheiros: Neudson Cavalcante Albuquerque, Fernando Daniel de Moura Fonseca, Fernanda Carvalho Álvares, Alexandre Fernandes Limiro, Rogério Aparecido Gil e Ana de Barros Fernandes Wipprich.
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Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento na realização de diligências, nos termos do voto da Relatora. Ausente justificadamente o Conselheiro Alexandre Fernandes Limiro. (assinado digitalmente) Ana de Barros Fernandes Wipprich– Presidente e Relatora Participaram da sessão de julgamento, os Conselheiros: Neudson Cavalcante Albuquerque, Fernando Daniel de Moura Fonseca, Fernanda Carvalho Álvares, Alexandre Fernandes Limiro, Rogério Aparecido Gil e Ana de Barros Fernandes Wipprich. RELATÓRIO E VOTO A empresa recorre do Acórdão nº 0356.224 exarado pela Quarta Turma de Julgamento da DRJ em Brasília/DF, efls. 76 a 80, que julgou improcedente o direito creditório pleiteado pela contribuinte, bem como decidiu não homologar as pertinentes compensações deste crédito com débitos tributários, formalizados nos Per/Dcomp (pedidos de restituição e declaração de compensação), objetos destes autos. A empresa argumenta que procedeu a recolhimentos de tributos, via DARF, em valores maiores que os efetivamente devidos. Apresenta cópia de DIPJ, folha do Razão e DCTF retificadora pretendendo comprovar o erro cometido na DCTF originalmente entregue. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 09 20 .9 08 17 1/ 20 09 -0 5 Fl. 179DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/11/2014 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 28/11/2 014 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 10920.908171/200905 Resolução nº 1801000.367 S1TE01 Fl. 3 2 O Despacho Decisório eletrônico restringese a denegar o pedido com base no fato de o valor recolhido por intermédio do Darf haver sido inteiramente alocado no período correspondente. A Turma Julgadora de Primeira Instância entendeu serem insuficientes as provas oferecidas pela empresa para comprovar o efetivo erro de recolhimento do tributo, alegado como efetuado em valor maior do que o devido. Assim restou ementado o Acórdão: DECLARAÇÃO RETIFICADORA. PROVA INSUFICIENTE PARA COMPROVAR EXISTÊNCIA DE CRÉDITO DECORRENTE DE PAGAMENTO A MAIOR. Para se comprovar a existência de crédito decorrente de pagamento a maior, comparativamente com o valor do débito devido a menor, é imprescindível que seja demonstrado na escrituração contábil fiscal, baseada em documentos hábeis e idôneos, a diminuição do valor do débito correspondente a cada período de apuração. A simples entrega de declaração retificadora, por si só, não tem o condão de comprovar a existência de pagamento indevido ou a maior. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e a existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE CRÉDITO. A compensação de créditos tributários só pode ser efetuada com crédito líquido e certo do sujeito passivo; no caso, o crédito pleiteado é inexistente. A empresa interpôs tempestivamente1 o Recurso de efls. 84 a 176, reiterando os termos da defesa exordial e acrescentando, em síntese, que procedeu ao recolhimento a maior do tributo em razão de haver incluído como receita financeira variações cambiais ativas relativa a uma atualização cambial feita indevidamente. Esclarece que o lançamento contábil errôneo foi devidamente estornado na contabilidade em 01/12/2005 e que a DIPJ foi corretamente preenchida, enquanto a DCTF relativa ao período em que houve o lançamento contábil indevido, não. Assim que flagrouse do erro, procedeu à retificação da DCTF, a qual não foi admitida. Para comprovar o alegado, junta ao Recurso Voluntário, entre outros documentos, em cópias: extratos bancários dos meses de abril, maio e junho de 2005; folhas do Diário e do Razão relativas aos lançamentos contábeis de variação cambial ativa e passiva, bem como dos tributos a pagar (IRPJ e CSLL); planilha demonstrando os cálculos das variações cambiais; notas fiscais de liquidações comprovando as operações em abril, maio e junho de 2005, planilhas de cálculo de apuração do IRPJ e CSLL. É o suficiente para o relatório. Conheço do recurso interposto, por tempestivo. 1 AR – 18/12/2013, efls. 86; Recurso – 16/01/2014, efls. 88 Fl. 180DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/11/2014 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 28/11/2 014 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 10920.908171/200905 Resolução nº 1801000.367 S1TE01 Fl. 4 3 A recorrente pleiteia restituição do IRPJ relativo ao 2º trimestre de 2005, que alega ter recolhido com erro, a maior. Diz que informou equivocadamente em DCTF – original que o valor referente ao IRPJ do referido trimestre era da ordem de R$ 2.888,73 (pago em duas cotas), mas o valor correto é de R$ 2.097,98. Requer a devolução da diferença sobre as duas cotas. Este processo tem como objeto o DARF, segundo a recorrente, relativo a uma das parcelas, e a diferença pleiteada é da ordem de R$ 395,38. A Turma Julgadora de Primeira Instância não admitiu o pedido de restituição/compensação com fundamento no fato de serem insuficientes as provas exibidas pela recorrente, não sendo hábil para comprovar o erro alegado a apresentação de DCTF retificadora. No entanto, se houve efetivamente erro no cálculo do IRPJ devido, é direito da recorrente reaver o indébito tributário, ainda que tenha confessado anteriormente qualquer outro valor, em razão do princípio da indisponibilidade do crédito tributário. A norma tributária veda a retificação da Declaração de Compensação e Pedido de Restituição (Per/Dcomp) após o despacho decisório, mas não alcança as retificações de DIPJ (meramente informativa) ou DCTF. Ressaltese que a DCTF retificadora substitui em todos os efeitos a DCTF original e não surtirá efeitos nas hipóteses que a norma tributária estabelece. Determina o artigo 11 da Instrução Normativa RFB nº 903/08: DA RETIFICAÇÃO DE DECLARAÇÕES Art. 11. A alteração das informações prestadas em DCTF será efetuada mediante apresentação de DCTF retificadora, elaborada com observância das mesmas normas estabelecidas para a declaração retificada. § 1º A DCTF retificadora terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, substituindoa integralmente, e servirá para declarar novos débitos, aumentar ou reduzir os valores de débitos já informados ou efetivar qualquer alteração nos créditos vinculados. § 2º A retificação não produzirá efeitos quando tiver por objeto alterar os débitos relativos a impostos e contribuições: I cujos saldos a pagar já tenham sido enviados à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) para inscrição em DAU, nos casos em que importe alteração desses saldos; II cujos valores apurados em procedimentos de auditoria interna, relativos às informações indevidas ou não comprovadas prestadas na DCTF, sobre pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, já tenham sido enviados à PGFN para inscrição em DAU; ou III em relação aos quais a pessoa jurídica tenha sido intimada de início de procedimento fiscal. § 3º A retificação de valores informados na DCTF, que resulte em alteração do montante do débito já enviado à PGFN para inscrição em DAU, somente poderá ser efetuada pela RFB nos casos em que houver Fl. 181DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/11/2014 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 28/11/2 014 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 10920.908171/200905 Resolução nº 1801000.367 S1TE01 Fl. 5 4 prova inequívoca da ocorrência de erro de fato no preenchimento da declaração. § 4º Na hipótese do inciso III do § 2º, havendo recolhimento anterior ao início do procedimento fiscal, em valor superior ao declarado, a pessoa jurídica poderá apresentar declaração retificadora, em atendimento a intimação fiscal e nos termos desta, para sanar erro de fato, sem prejuízo das penalidades calculadas na forma do art. 9º. (grifos não pertencem ao original) Para comprovar o erro, todavia, mister é a apresentação da contabilidade escriturada à época dos fatos completa. A DIPJ original, cuja natureza é meramente informativa, e a DCTF retificadoras são, de fato, insuficientes. Mas, entendo que ao trazer, ainda que em fase recursal, os registros contábeis pertinentes, a recorrente faz início de prova do direito que alega fazer jus. Todavia, não prescinde o exame da contabilidade completa escriturada à época para verificarse os valores devidos de IRPJ, no caso, relativo ao 2º trimestre de 2005 e o porquê da exclusão dos valores de variação cambial ativa que originalmente foram oferecidos à tributação. Voto na conversão do julgamento na realização de diligência para que, a fim de reratificar os cálculos da recorrente, a autoridade fiscal verifique o valor da base de cálculo do IRPJ relativo ao 2º trimestre de 2005 junto a contabilidade completa da recorrente, bem como a correção do procedimento em expurgar a variação cambial ativa e Saldo do IRPJ apurado, explicitando os cálculos em Relatório Fiscal e juntando aos autos, em cópia, os registros contábeis pertinentes. A recorrente deverá ser cientificada do resultado da diligência proposta para, desejando, manifestarse em prazo regulamentar. Após, retornem os autos a esta Conselheira. (assinado digitalmente) Ana de Barros Fernandes Wipprich Fl. 182DF CARF MF Impresso em 03/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/11/2014 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 28/11/2 014 por ANA DE BARROS FERNANDES
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Numero do processo: 13005.720742/2010-37
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 15 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Dec 31 00:00:00 UTC 2014
Numero da decisão: 3202-000.298
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
RESOLVEM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. Acompanhou o julgamento a advogada Dra. Camila G. de Oliveira, OAB/DF 15.791.
Assinado digitalmente
LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI- Presidente Substituto.
Assinado digitalmente
TATIANA MIDORI MIGIYAMA - Relatora.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luis Eduardo Garrossino Barbieri (Presidente substituto), Gilberto de Castro Moreira Junior, Charles Mayer de Castro Souza, Paulo Roberto Stocco Portes, Thiago Moura de Albuquerque Alves e Tatiana Midori Migiyama (Relatora) .
Relatório
Nome do relator: Não se aplica
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RESOLVEM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. Acompanhou o julgamento a advogada Dra. Camila G. de Oliveira, OAB/DF 15.791. Assinado digitalmente LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI Presidente Substituto. Assinado digitalmente TATIANA MIDORI MIGIYAMA Relatora. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luis Eduardo Garrossino Barbieri (Presidente substituto), Gilberto de Castro Moreira Junior, Charles Mayer de Castro Souza, Paulo Roberto Stocco Portes, Thiago Moura de Albuquerque Alves e Tatiana Midori Migiyama (Relatora) . Relatório RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 30 05 .7 20 74 2/ 20 10 -3 7 Fl. 834DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BAR BIERI Erro! A origem da referência não foi encontrada. Fls. 835 ___________ Tratase de recurso voluntário interposto por DOUX FRANGOSUL S/A AGRO AVÍCOLA INDUSTRIAL contra Acórdão nº 1049.793, de 29 de abril de 2014, proferido pela 2ª Turma da DRJ/POA, que julgou, por unanimidade de votos, improcedentes as manifestações de inconformidade apresentadas. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório integrante da decisão recorrida, a qual transcrevo a seguir: “Trata o presente processo de análise e acompanhamento de PER/DCOMP transmitido pela contribuinte em 19/10/2010, através do qual pretendeu ressarcimento de valores credores de COFINS nãocumulativa vinculados à receita do mercado externo relativos ao 2º trimestre de 2010. A repartição fiscalizadora efetuou auditoria e produziu Relatório de Ação Fiscal (parte integrante do processo nº 13005.721311/201179 – lançamento de multa isolada de PIS/COFINS) onde dissecou, pormenorizadamente, os problemas encontrados, tendo apontado o valor passível de ressarcimento (Planilha PERD/COMP – fl. 3951 – anexa ao Relatório). Foi emitido Parecer em 27/06/2011 com propositura de reconhecimento parcial do direito creditório da contribuinte, sendo proferido, também, o Despacho Decisório de fl. 23, por meio do qual reconheceuse parcialmente o direito creditório relativo à COFINS nãocumulativa vinculado à receita do mercado externo (2º trimestre de 2010). Desse Despacho Decisório a contribuinte tomou ciência em 01/08/2011 (Termo de Intimação de fl. 43) e, não se conformando, apresentou, através de procurador, longa manifestação de inconformidade onde, de início, referiu aos fatos, para, a seguir, argumentar (de forma resumida): 1) Conceito de insumos: as Ins SRF nºs 247/2002 e 404/2004 interpretaram o termo insumos em sentido estrito, amoldandoo à forma prevista no Regulamento do IPI. Mas estes atos normativos não oferecem a melhor interpretação ao art. 3º, inciso II, das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, pois tal conceito não se coaduna com a base econômica de PIS/COFINS, cujo ciclo de formação não se limita à Fl. 835DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BAR BIERI Processo nº 13005.720742/201037 Resolução nº 3202000.298 S3C2T2 Fl. 836 3 fabricação de um produto ou à execução de um serviço, abrangendo outros elementos necessários para a obtenção de receita, vinculada à atividade fim da empresa. Todos os itens glosados no DD combatido encontramse perfeitamente enquadrados na concepção de insumo e de custos/despesas necessárias ao processo produtivo. Para interpretar o conceito de insumo do PIS/COFINS devese adotar não só a previsão de insumo prevista nas Ins referidas, como também albergar os custos e despesas que se fizerem necessárias na atividade econômica na empresa, conformando os arts. 290 e 220 do RIR/99. Devese admitir que todos os custos de produção e despesas operacionais incorridos pela empresa na fabricação de produtos destinados à venda, incluindo a prestação de serviços, são insumos, visto que inerentes à materialidade do tributo, isto é, à obtenção de receita. 1.1) Transporte de funcionários: para o transporte de seus funcionários, responsáveis pela mãodeobra aplicada no processo produtivo, a empresa contrata serviços de transporte de empresas de transporte privadas (fretamento) para o fim de proporcionar o transporte de seus funcionários, de suas residências às instalações da empresa e viceversa. Os serviços tomados das empresas de transporte de passageiros têm como finalidade viabilizar o acesso dos funcionários às instalações da empresa, sem os quais não seria possível a atividade produtiva. Assim, os serviços de transporte municipal e intermunicipal dos funcionários são serviços tomados com o objetivo de viabilizar a mãodeobra necessária ao processo produtivo. Por tal razão, tratase de serviço que se enquadra no conceito de insumo previsto no art. 3º, inciso II, das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003. Requer a reforma do DD para o fim de reconhecer o creditamento dos custos/despesas de transporte de funcionários, visto serem serviços de transporte tomados com o objetivo de viabilizar o acesso e o retorno dos funcionários ao setor produtivo da empresa, subsumindose, portanto, ao conceito de insumo de PIS/COFINS. 1.2) Locação de uniformes (indumentária): a empresa aluga uniformes próprios para o manuseio das carnes de aves e suínos, ou seja, indumentárias especiais. Tais indumentárias consistem em vestimentas, calçados, luvas, capacetes Fl. 836DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BAR BIERI Processo nº 13005.720742/201037 Resolução nº 3202000.298 S3C2T2 Fl. 837 4 e outros itens necessários para que os funcionários possam manusear as carnes de aves e suínos, em condições sanitárias exigidas pela ANVISA. Considerando que a empresa, para estar apta a exercer a sua atividade econômica, necessita utilizar uniformes especiais para o manuseio das carnes de aves e suínos, atendendo assim os requisitos sanitários da ANVISA, concluise que as despesas de locação desses equipamentos são custos vinculados a sua atividade produtiva. O reconhecimento da legitimidade do creditamento dos custos com locação indumentária (PIS/COFINS), conforme a inteligência dos arts. 3º, incisos II, § 3º, incisos II das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003 c/c os arts. 290 e 299 do RIR/99 deve ser feito. 1.3) Limpeza e higiene: a limpeza e a higiene sçao requisitos básicos de qualquer empresa que tenha como atividade econômica o fornecimento de produtos alimentícios. Para que seja garantida a boa qualidade dos produtos, bem como eliminado o risco de qualquer tipo de contaminação às carnes de frangos, a empresa periodicamente toma serviços de empresas especializadas em limpezas de imóveis para a limpeza e higienização de seus frigoríficos. A contratação periódica de empresas especializadas em serviços de higienização e limpeza é indispensável ao processo produtivo. A tomada desses serviços são custos indispensáveis ao processo produtivo e como tal subsume ao conceito de insumo para o PIS/COFINS, devendo ser reconhecida a legitimidade do seu creditamento. Mesmo que se entenda que a tomada de serviços de higienização e a limpeza não consistiram em custos, mas sim em despesas, ainda assim o creditamento de tais serviços estaria albergado pelo art. 299 do RIR/99. Verificase que os dispêndios com os serviços de higiene e limpeza, que preparam os frigoríficos para a atividade produtiva da empresa, se subsumemse ao conceito de insumo, com base nos arts. 3º, incisos II das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, bem como nos arts. 290 2 229 do RIR/99. Requer o afastamento da referida glosa. Fl. 837DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BAR BIERI Processo nº 13005.720742/201037 Resolução nº 3202000.298 S3C2T2 Fl. 838 5 1.4) Construção Civil: no exercício da atividade produtiva, a empresa precisa, periodicamente, contratar empresas terceirizadas ara a prestação de serviços de construção civil, seja para a ampliação de dependências de suas instalações frigoríficas, seja para realizar benfeitorias em suas instalações. Face a isso, a empresa creditouse dessas despesas para efeitos de PIS/COFINS. Todavia, o Fisco glosou essas despesas, por entender que não se subsumem ao conceito de insumo e, por conseqüência, efetuou a glosa do direito creditório pleiteado em relação a essa despesa. Ocorre que o creditamento das despesas de edificação e benfeitorias, como é o caso dos serviços contratados, e expressamente permitido pelas Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, como se percebe na dicção dos arts. 3º, incisos VII. É medida de rigos que seja reconhecida a legitimidade do creditamento das despesas de construção civil creditadas pela empresa, visto tal Possibilidade estar expressamente prevista na legislação de regência do PIS/COFINS – não cumulativo. 1.5) Tratamento de resíduos industriais: em todas as etapas do processo produtivo da empresa, seja o produto final que industrializa, há o descarte de resíduos industriais, em decorrência da transformação da matériaprima. Com os resíduos são orgânicos, por uma questão de saneamento e de procedimento sanitário, procedese a locação de células apropriadas para os resíduos sólidos, o que revela que tais dispêndios no tratamento dos resíduos industriais consistem em despesas, as quais devem ser creditadas para efeito de PIS/COFINS, por força do art. 299 do RIR/99. 2) Despesas de energia elétrica: para a carga de fio a empresa contrata prestação de serviços de energia elétrica de empresas especializadas, que, dentro do próprio porto, procedem ao resfriamento dos containeres. Face a necessidade de cargas de frio nos containeres que acondicionam as carnes de aves e produtos derivados que estão aguardando o seu embarque nos portos, para que cheguem ao Fl. 838DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BAR BIERI Processo nº 13005.720742/201037 Resolução nº 3202000.298 S3C2T2 Fl. 839 6 seu destino final com qualidade e aptas para o consumo, é medida de rigor reconhecer a legitimidade do creditamento dessas despesas para efeito do PIS/COFINS. Por esta razão, o creditamento da tomada desse serviço (fornecimento de energia elétrica) deve ser reconhecido com fulcro nos arts. 3º, II, das Leis nºs 10.637/2003, c/c o art. 299 do RIR/99. 3) Despesas com fretes: a) fretes de produtos em elaboração: nos casos em que o produto comela a ser elaborado em uma unidade e tem o seu processamento final em outra unidade, estáse diante de um processo produtivo único, apenas com etapas contínuas de industrialização em unidades diferentes da mesma empresa. Para a remessa dos produtos em elaboração, a empresa necessita contratar prestadoras de serviços de transporte para essa locomoção, o que revela que os fretes são serviços de transporte tomados com a finalidade propiciar a continuidade do processo produtivo, que, por razão de especialização e de racionalização do processo industrial, é conclupido em outra unidade. Dessa forma, o frete de produtos em elaboração se subsume ao conceito de insumo previsto nos arts. 3º, incisos II, das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, visto que são serviços contratados para proporcionar a continuidade do processo produtivo; b) fretes de produtos acabados: as carnes de aves, inteiras ou em cortes, são remetidas do frigorífico para outra unidade responsável pelo acondicionamento dos produtos nos containeres, assim como outras unidades responsáveis pela elaboração dos empanados, dos embutidos e de pratos prontos. Essa remessa de produtos acabados , é procedida de vendas aos compradores estrangeiros, de modo que os produtos acabados são transportados após concretizada a operação de venda e com a finalidade de serem exportados. Já com a saída do produto da unidade de origem, destinamse para entrega a clientes, que por serem estrangeiros se sujeitam ao trâmite da exportação em containeres. Dessa forma, essas operações Fl. 839DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BAR BIERI Processo nº 13005.720742/201037 Resolução nº 3202000.298 S3C2T2 Fl. 840 7 de fretes de produtos acabados se enquadram no permissivo legal da Lei nº 10.833/2003, que garante o creditamento de COFINS/PIS. AS despesas de fretes de produtos acabados entre filiais são despendidas com o propósito de viabilizar a atividade econômica de exportação dos produtos. Como tal, são despesas que se consubstanciam no conceito de insumo do PIS/COFINS, de modo que seu creditamento também pode ser reconhecido com base nos arts. 3º, incisos II, das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, bem como nos arts. 290 e 200 do RIR/99. Seja como frete na operação de venda, seja como despesa necessária à atividade econômica de exportação, o creditamento do frete de produtos acabados deve ser reconhecido, para que seja observada a não cumulatividade do PIS/COFINS. 4) Créditos extemporâneos /preclusos: nos períodos de apuração de janeiro, novembro e dezembro de 2010, a empresa adjudicou créditos de PIS/COFINS sobre itens do ativo imobilizado que não haviam sido aproveitados em meses anteriores. Tais créditos foram tratados pela fiscalização como extemporâneos. A empresa adjudicouse de forma extemporânea tão somente de créditos originários de cinco anos anteriores ao creditamento, observando os termos estabelecidos no artigo 1º do Decreto nº 20.910, de 1932. É ilegal a decisão do Fisco de vedar o aproveitamento de créditos extemporâneos que seriam passíveis de adjudicação – de cinco anos anteriores. A ilegalidade materializase no fato de tal decisão conflitar com a interpretação integrada do art. 1º do Decreto 20.910/1932 com os dispositivos legais e normativos (Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003 e Ins SRF nºs 287/2002 e 404/20), que autorizam que o crédito não aproveitado em determinado mês poderá sêlo nos meses subseqüentes. Nesse sentido, a empresa requer que o DD seja reformado, lhe sendo restituído o valor que lhe é de direito nos termos da legislação. 5) Crédito presumido: Fl. 840DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BAR BIERI Processo nº 13005.720742/201037 Resolução nº 3202000.298 S3C2T2 Fl. 841 8 aquisições da Conab: sobre as aquisições de milho realizadas pela empresa, apurouse crédito presumido à alíquota de 4,6%, para fim de creditamento do referido insumo adquirido da CONAB. O DD glosou o creditamento dessa aquisição, entendendo que, como a CONAB era intermediária da União, não haveria direito a crédito de PIS/COFINS ( não teria havido débito das contribuições na etapa anterior). Fundamentou seu entendimento com base no Comunicado CONAB/DIGES/SUOPE/GECOM nº 158, de 10/05/2006. Essa glosa não merece persistir, visto que o direito ao crédito de PIS/COFINS estão garantidos pelos arts. 3º, incisos II, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, não havendo limitação infralegal, quanto mais de um Comunicado que sequer foi objeto de publicação no DOU (art. 100 do CTN). O fato da CONAB ser uma intermediária da União, na quer dizer que o adquirente não faz juz ao creditamento na aquisição do milho. O fato da União Federal ser imune a incidência de PIS/COFINS, não quer dizer que não há incidência das contribuições na etapa anterior à aquisição do milho, mas tão somente que a receita da União, assim como dos demais Entes da Federação, não será tributada. Não significa dizer que a empresa não pode usufruir da não cumulatividade do PIS/COFINS e se creditar da aquisição do insumo, pois não se está diante de uma limitação de um benefício fiscal ao contribuinte, mas apenas de uma imunidade do Ente Federado. Requer o afastamento dessa glosa, assim como das demais, devendo ser reconhecida a legitimidade da aquisição do milho, visto a regularidade do cálculo do crédito presumido realizado; b) regularidade do valor da base de cálculo do crédito presumido: a empresa adquire animais para sua produção e os envia para os centros de criação. Até que os animais estejam prontos para o abate, a empresa procede à manutenção dos mesmos, enviando aos criadores, ração e outros insumos empregados na criação dos frangos. Fl. 841DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BAR BIERI Processo nº 13005.720742/201037 Resolução nº 3202000.298 S3C2T2 Fl. 842 9 Portanto, empresa a firma com os produtores Parceria Rural nos termos do Decreto nº 59.566/1966. A empresa entrega todos os pintos ao produtor integrado, bem como adquire 100% dos insumos utilizados na produção da ração, fornecendo integralmente ao integrados para a alimentação e o desenvolvimento de 100% dos animais, que posteriormente são utilizados em sua totalidade na produção da própria empresa. O produtor integrado não participa com nenhum dos insumos necessários para a criação dos frangos. Toda a ração, medicamentos e todos os demais insumos empregados na criação dos frangos são custeados pela empresa. O produtor integrado contribui exclusivamente com a mãodeobra. O percentual de 9%, mencionado no DD, representa a remuneração da mãodeobra do produtor integrado, para garantir o desenvolvimento dos animais até o momento do abate. A empresa não realiza compra de parte de produção do produtor integrado, mas sim remunera a mãodeobra despendida pelo produtor durante o desenvolvimento dos animais. O fato de remunerar o produtor com valor em torno de 9% do que valem os frangos devolvidos, não significa que tais frangos não sejam da empresa, tampouco que tais frangos pudessem ser vendidos a terceiros. Tratamse de frangos e de insumos da empresa, sendo que o emprego de tais insumos na criação destes frangos em nada retira o direito ao crédito da empresa. A empresa remunera seus integrados pela mãodeobra (cuidados e criação dos frangos), mas a totalidade dos insumos deve lhe ser reconhecida, pois 100% dos frangos são de sua propriedade. A Doux Frangosul paga pelo serviço em valor que importa em quantia em torno de 9% do valor dos frangos, mas isso não retira o caráter de propriedade dos mesmos; c) alíquota utilizada para calcular o crédito presumido: o cálculo levado a efeito pela empresa encontra guarida na legislação federal e merece ser mantido, face à estrita observância das normas de regência (art. 3º, § 10 da Lei nº 10.637/2002; Lei nº 10.833/2003; art. 8º da Lei nº 10.925/2004). Desses Fl. 842DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BAR BIERI Processo nº 13005.720742/201037 Resolução nº 3202000.298 S3C2T2 Fl. 843 10 dispositivos depreendese que a utilização das alíquotas previstas nos incisos I, II e III (art. 8º da Lei nº 10.925/2004) tem como critério o produto fabricado pela empresa beneficiária. Considerando que a empresa fabrica produtos classificados nos Capítulos 2 a 4, e nos códigos 15.01 a 15.06 da NCM, concluise que esta se encontra credenciada ao desconto de crédito presumido com a utilização da alíquota de 60% sobre os insumos adquiridos; d) procedência dos créditos objetos do pedido de ressarcimento: disse o Fisco que o total do valor do crédito presumido não é ressarcível, podendo apenas ser deduzido do PIS/COFINS. Mas é expressamente permitido o ressarcimento do crédito quando a pessoa jurídica, ao final de cada trimestre, não conseguir deduzir seus créditos com débitos próprios ou compensar com débitos próprios (art. 5º da Lei nº 10.637/2002; art. 6º, da Lei nº 10.833/2003). Além disso, a IN SRF n° 660/2006 alterou por completo a Lei n° 10.925/2004, usurpando competência de normas complementares (art. 8º); e) modificações ao texto da Lei nº 10.925/2004 pela IN SRF nº 660/2006: em momento algum o legislador ordinário determinou como condição para cálculo do crédito presumido a aquisição de insumos elaborados ou semielaborados. A IN SRF nº 660/2006 modificou indevidamente o texto da Lei nº 10.925/2004 ao estabelecer que o crédito presumido de PIS/COFINS fosse calculado com base nos insumos adquiridos pela PJ. Não merece amparo a glosa levada a efeito pelo Fisco, eis que ela se deu com base em ato de natureza complementar, que de forma indevida modificou a legislação de regência. Podese concluir que não merece amparo a fundamentação para a glosa da alíquota de 60% sobre 1,65% e 7,6% para o cálculo do crédito presumido de PIS/COFINS, visto que o critério determinado para cálculo do benefício não são os insumos e sim o produto que a empresa produz. Requer a reforma do DD, para ser reconhecido o direito creditório pleiteado na sua integralidade. Fl. 843DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BAR BIERI Processo nº 13005.720742/201037 Resolução nº 3202000.298 S3C2T2 Fl. 844 11 6) Pedidos: a empresa requer que sua manifestação de inconformidade seja recebida e acolhida, reformandose o DD combatido, deferindose totalmente os crédito pleiteados, visto a comprovação da legitimidade daqueles. Requer a possibilidade, durante o trâmite do processo administrativo, de juntada de outros documentos que possam comprovar a legitimidade dos créditos pretendidos e, caso seja entendido necessário, a determinação de diligência fiscal para comprovação dos fatos descritos. Remetido o processo a esta DRJ, foram os autos analisados. Em 14/03/2012 emitiuse pedido de diligência para, em especial, verificações quanto ao redutor aplicado nas glosas de insumos remetidos para os produtores integrados, devendo ser esclarecido se foi esta a parcela do total produzido pelos produtores parceiros que efetivamente coube a estes produtores (se pagos em dinheiro ou em frangos). Em atendimento, o Órgão preparador anexou documentos e produziu Relatório de Diligência Fiscal. Neste assentou (excertos): (...) Em consulta aos arquivos digitais contendo os documentos fiscais do ano de 2010, apresentados pelo contribuinte, verificouse entradas de produtos advindos dos integrados nos estabelecimentos do contribuinte, tendo sido registradas com CFOP 1451 (Retorno de animal do estabelecimento produtor) e CFOP 1101 (Compra para industrialização ou produção rural), de acordo com os valores constantes da tabela demonstrativa abaixo: Fl. 844DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BAR BIERI Processo nº 13005.720742/201037 Resolução nº 3202000.298 S3C2T2 Fl. 845 12 Verificase que do total das operações de entradas de produtos advindos dos integrados (CFOP 1451 + CFOP 1101), aproximadamente 9% referiramse a aquisições destes produtos (CFOP 1101). Desta forma, concluise que a parcela de, aproximadamente, 9% do total produzido pelos produtores parceiros do contribuinte no ano de 2010 coube a estes produtores parceiros, que receberam esta parcela da produção em mercadorias/produtos como pagamento pela prestação de seus serviços, tendo vendido sua parte da produção ao contribuinte fiscalizado, conforme operações de aquisições registradas com CFOP 1101, relacionados na tabela acima. (...) Cientificada do Relatório a contribuinte apresentou nova manifestação em 03/08/2012. Nela registrou (de forma sintética): 1) Valor da base de cálculo do crédito presumido atribuído pela empresa: o intuito do pedido de diligência era de verificar o entendimento do Fisco: como a ração e outros insumos adquiridos e fornecidos pela empresa são entregues aos produtores integrados, tais insumos não se destinariam integralmente à produção própria, vez que parte do resultado desta produção supostamente cabe ao produtor integrado, que realiza algumas etapas de seu processo produtivo. No entendimento do Fisco, uma parcela dos insumos entregues ao produtor integrado não constituiria produção da PJ, não se destinando à venda desta e, portanto, não se enquadrando no dispositivo legal que autoriza a geração de crédito presumido. Conseqüentemente, o valor relativo a esta parte (9%), deveria ser excluído da base de cálculo dos créditos. A empresa entrega todos os pintos ao produtor integrado, bem como adquire 100% dos insumos utilizados na produção da ração, fornecendo os aos integrados, para uso na alimentação e desenvolvimento de 100% dos animais. Esses são, posteriormente, utilizados em sua totalidade na produção da própria empresa. O produtor integrado não participa com nenhum dos insumos Fl. 845DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BAR BIERI Processo nº 13005.720742/201037 Resolução nº 3202000.298 S3C2T2 Fl. 846 13 necessários para a criação dos frangos. Toda ração, medicamentos e demais insumos empregados na criação dos frangos são custeados pela empresa. O produtor integrado, por sua vez, contribui exclusivamente com a mãodeobra. A empresa fornece 100% dos insumos, suportando o custo do produtor integrado em sua totalidade. Também utiliza 100% dos animais em sua produção. O percentual de 9% mencionado no DD representa remuneração da mãodeobra do produtor integrado, para garantir o desenvolvimento dos animais até o momento do abate. A empresa não realiza a compra de parte de produção do produtor integrado, e sim remunera a mãodeobra despendida pelo produtor durante o desenvolvimento dos animais. O fato de remunerar o produtor com valor em torno de 9% do que valem os frangos devolvidos, não significa que tais frangos não sejam da empresa, tampouco que tais frangos pudessem ser vendidos a terceiros. Tratase de frangos e insumos da empresa, sendo que o emprego de tais insumos na criação destes frangos em nada lhe retira o direito ao crédito. Protesta pela posterior juntada de outros documentos que possam comprovar a aquisição de insumos em 2010. 2) Tabela demonstrativa: no Relatório de Diligência Fiscal não há qualquer referência que possa fornecer elementos que possibilitem à empresa, ao menos, deduzir os valores que seriam correspondentes a cada glosa, o que demonstra a nulidade do referido Relatório, bem como do DD, por ausência de fundamentação. O Relatório não descreveu a fundamentação de sua decisão, ou seja, os motivos e dispositivos legais que dariam guarida a tal decisão. O DD sequer individualizou os valores das glosas realizadas pelo Fisco. Faltaram os elementos de convicção da decisão, os elementos fáticos ocorridos e o motivo pelo qual a glosa realizada pelo Fisco foi superior ao valor pleiteado. Retirouse, por consequência, a segurança jurídica e a possibilidade de defesa, visto que não há qualquer explicação, tanto no Fl. 846DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BAR BIERI Processo nº 13005.720742/201037 Resolução nº 3202000.298 S3C2T2 Fl. 847 14 DD quanto no Relatório, para que o valor das glosas, somado ao valor deferido, seja superior ao valor pleiteado. Dessa forma, além de tornarse inócua, prejudica a defesa recursal da empresa por cercear a sua defesa, vez que não foram respeitados os princípios da ampla defesa e do contraditório. Deve ser considerado nulo o ato administrativo pela falta de elemento essencial à sua formação. 3) Pedidos: a) requer seja recebida e acolhida sua manifestação complementar, reconhecendose a nulidade parcial do DD e a nulidade integral do Relatório de Diligência Fiscal, eis que não apresentaram as razões que justificassem as glosas combatidas, bem como o fato da soma das glosas realizadas, com o valor inicialmente deferido pelo Fisco, ser superior ao valor pleiteado pela empresa no período em análise; b) requer seja determinado que a autoridade fiscal de origem realize nova análise dos valores glosados, bem como reaprecie as referidas glosas, considerando os documentos juntados em anexo que demonstram a legitimidade do crédito pleiteado; c) requer, caso não seja acolhido o pedido anterior, o provimento integral de sua Manifestação de Inconformidade, com a conseqüente reforma do DD, para o fim de deferimento do total dos créditos pleiteados, vista a comprovação da legitimidade daqueles; d) requer a possibilidade de juntar outros documentos que possam comprovar a legitimidade dos créditos pleiteados, bem como, caso se entenda necessário, seja determinada diligência fiscal para comprovar os fatos antes descritos ou para contraditar as alegações que eventualmente sejam feitas. Posteriormente, em 18/10/2012, a contribuinte solicitou juntada de mídia eletrônica (CD). O processo retornou a esta DRJ.” Fl. 847DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BAR BIERI Processo nº 13005.720742/201037 Resolução nº 3202000.298 S3C2T2 Fl. 848 15 A DRJ não acolheu as alegações e por unanimidade de votos, considerou improcedentes as manifestações de inconformidade apresentadas, mantendo o crédito tributário exigido na peça fiscal em acórdão com a seguinte ementa: “ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/04/2010 a 30/06/2010 NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Não se configura cerceamento ao direito de defesa quando a contribuinte é regularmente cientificada do despacho decisório, sendolhe possibilitada a apresentação de manifestação de inconformidade, na qual revela conhecer as razões da homologação parcial da compensação declarada. PROTESTO PELA JUNTADA POSTERIOR DE DOCUMENTOS. A prova documental deve ser apresentada junto da peça de contestação, precluindo o direito de fazêlo em outro momento processual, a menos que fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna por motivo de força maior, refirase a fato ou a direito superveniente ou se destine a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. COMPROVAÇÃO DO DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. CONTRIBUINTE. No âmbito específico dos pedidos de restituição, compensação ou ressarcimento, é ônus do contribuinte/pleiteante a comprovação minudente da existência do direito creditório pleiteado. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/04/2010 a 30/06/2010 Fl. 848DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BAR BIERI Processo nº 13005.720742/201037 Resolução nº 3202000.298 S3C2T2 Fl. 849 16 CONTESTAÇÃO DE VALIDADE DE NORMAS VIGENTES. JULGAMENTO ADMINISTRATIVO. COMPETÊNCIA. A autoridade administrativa não tem competência para, em sede de julgamento, negar validade às normas vigentes. ENTENDIMENTOS ADMINISTRATIVOS E JUDICIAIS. MANIFESTAÇÕES DOUTRINÁRIAS. EFEITOS. NÃO VINCULAÇÃO. As referências a entendimentos de segunda instância administrativa ou judicial, bem como a manifestações da doutrina especializada, não vinculam os julgamentos emanados pelas Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/04/2010 a 30/06/2010 REGIME NÃOCUMULATIVO. INSUMOS. CONCEITO. Entendese por insumos utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado e sejam utilizadas na fabricação ou produção de bens destinados à venda e os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na sua produção ou fabricação. REGIME NÃOCUMULATIVO. APURAÇÃO DE CRÉDITOS. EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL EPI. Somente os bens ou serviços utilizados como insumo na produção ou fabricação é que geram direito ao crédito, sendo certo que os gastos com equipamento de proteção individual e uniformes estão fora deste universo, pois, embora sejam relevantes e até possam ser necessários, não são empregados diretamente na produção, já que se tratam de materiais Fl. 849DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BAR BIERI Processo nº 13005.720742/201037 Resolução nº 3202000.298 S3C2T2 Fl. 850 17 auxiliares, complementares ao processo produtivo e, por isso, estão fora da literalidade do dispositivo legal, ou seja, estão fora do alcance do conceito de insumo. REGIME NÃOCUMULATIVO. CRÉDITOS. SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO E LIMPEZA INDUSTRIAL. Não geram direito a crédito a ser descontado da contribuição apurada de forma nãocumulativa os gastos com serviços de manutenção e limpeza industrial, que não sejam comprovadamente empregados em máquinas e equipamentos utilizados na produção, por não se classificarem como insumos. REGIME NÃOCUMULATIVO. APURAÇÃO DE CRÉDITOS. SERVIÇOS RELACIONADOS À MANUTENÇÃO CIVIL. Não geram direito a crédito a ser descontado diretamente da contribuição apurada de forma nãocumulativa os gastos com serviços empregados na construção civil, mas apenas os encargos de depreciação dos imóveis em que foram empregados, devendo ser comprovada cada parcela deduzida. REGIME NÃOCUMULATIVO. APURAÇÃO DE CRÉDITOS. ENERGIA ELÉTRICA. Somente dão origem a crédito na apuração nãocumulativa da contribuição as despesas referentes à energia elétrica consumida nos estabelecimentos da pessoa jurídica. REGIME NÃOCUMULATIVO. CRÉDITOS PRESUMIDOS. ALÍQUOTAS. O montante de crédito presumido é determinado pela aplicação da alíquota de 60% (sessenta por cento) apenas quando as aquisições se tratarem de produtos de origem animal classificados nos Capítulos 2 a 4, 16, e nos códigos 15.01 a 15.06, 1516.10, e as misturas ou preparações de gorduras ou de óleos animais dos códigos 15.17 e 15.18. REGIME NÃOCUMULATIVO. CRÉDITO PRESUMIDO. ALÍQUOTA CONFORME NATUREZA DO INSUMO. Fl. 850DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BAR BIERI Processo nº 13005.720742/201037 Resolução nº 3202000.298 S3C2T2 Fl. 851 18 Na apuração do crédito presumido, o percentual a ser observado tem relação com a natureza do insumo adquirido, e não do bem/mercadoria produzida. REGIME NÃOCUMULATIVO. CRÉDITO PRESUMIDO. FORMA DE UTILIZAÇÃO. O crédito presumido estabelecido pelo art. 8º da Lei nº 10.925, de 2004, não pode ser objeto de compensação ou de ressarcimento, devendo ser utilizado somente para a dedução da contribuição apurada no regime de incidência não cumulativa. REGIME NÃOCUMULATIVO. DESPESAS COM FRETES. CONDIÇÕES DE CREDITAMENTO. Observada a legislação de regência, a regra geral é que em se tratando de despesas com serviços de frete, somente dará direito à apuração de crédito o frete contratado relacionado a operações de venda, onde ocorra a entrega de bens/mercadorias vendidas diretamente aos clientes adquirentes, desde que o ônus tenha sido suportado pela pessoa jurídica vendedora. REGIME NÃOCUMULATIVO. CRÉDITOS. BENS ADQUIRIDOS DA COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO (CONAB). GLOSA. Os valores referentes a insumos adquiridos da CONAB não geram créditos para o adquirente no regime não cumulativo. REGIME NÃOCUMULATIVO. CRÉDITOS EXTEMPORÂNEOS. GLOSA. AUSÊNCIA DE APROPRIAÇÃO NA ÉPOCA PRÓPRIA. DACON. DCTF. É cabível a glosa de créditos extemporâneos, quando, dentro do prazo decadencial de cinco anos, a autuada não retifica as declarações (DACON, DIPJ e DCTF) para demonstrar que efetivamente apurou e não descontou os créditos a que diz fazer jus. REGIME NÃOCUMULATIVO. INSUMOS REFERENTES À PARTE DA PRODUÇÃO PERTENCENTE AO PARCEIRO (INTEGRADO). Fl. 851DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BAR BIERI Processo nº 13005.720742/201037 Resolução nº 3202000.298 S3C2T2 Fl. 852 19 A legislação somente autoriza a apuração de créditos em relação a bens e serviços utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos próprios destinados à venda, não podendo ser estendida à parcela das aves que cabe ao produtor integrado ou parceiro. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido” Cientificado do referido acórdão em 20 de maio de 2014, a DOUX FRANGOSUL S/A AGRO AVÍCOLA INDUSTRIAL apresentou recurso voluntário em 4 de junho de 2014, pleiteando a reforma do decisum e reafirmando seus argumentos apresentados à DRJ. É o relatório. Voto Conselheira Tatiana Midori Migiyama, Relatora Da admissibilidade Por conter matéria desta E. Turma da 3ª Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais e presentes os requisitos de admissibilidade, conheço do Recurso Voluntário tempestivamente interposto pelo contribuinte, considerando que a DOUX FRANGOSUL S/A AGRO AVÍCOLA INDUSTRIAL teve ciência da decisão de primeira instância em 20 de maio de 2014, quando, então, iniciouse a contagem do prazo de 30 (trinta) dias para apresentação do presente recurso voluntário – apresentandoo em 4 de junho de 2014. Depreendendose da análise do recurso voluntário, vêse que a lide envolve valores relativos aos créditos de COFINS não cumulativo, vinculados às receitas de exportação, referentes ao 2º trimestre de 2010. Fl. 852DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BAR BIERI Processo nº 13005.720742/201037 Resolução nº 3202000.298 S3C2T2 Fl. 853 20 Para melhor elucidar as questões trazidas no recurso voluntário, importante trazer os fatos descritos pela recorrente, quais sejam, entre outros, que: · a recorrente, com base no art. 5º, § 1º e § 2º, da Lei nº 10.637/02, transmitiu pedido eletrônico de ressarcimento (PER) de créditos de COFINS não cumulativo, vinculados às receitas de exportação, referentes ao 2º trimestre de 2010, o valor de R$ 8.225.695,27; · no entanto, a Receita Federal de Santa Cruz do Sul procedeu à fiscalização na sede da empresa, através da qual decidiu em reconhecer parcialmente o direito creditório, no valor de R$ 6.077.915,70; · O despacho decisório não reconheceu parte dos créditos pleiteados, sob a alegação de supostas irregularidades fiscais, conforme breve resumo da Informação Fiscal anexada ao Auto de Infração do processo nº 13005.721311/201179; · O que, por conseguinte, fez com que a recorrente apresentasse Manifestação de Inconformidade visando o deferimento integral do seu crédito; · Sobreveio Acórdão da 2ª Turma da DRJ que julgou improcedente a Manifestação mantendo as glosas sobre os mesmos argumentos despendidos no despacho decisório. Descritos os fatos, passo a discorrer sobre as argumentações trazidas pela recorrente sobre cada questão contemplada no recurso voluntário. Quanto ao conceito de insumo para o PIS e a Cofins não cumulativos, em síntese, a recorrente diz que: · As IN´s SRF 247/2002 e 404/2004 interpretaram o termo “insumos” em sentido estrito, amoldandoo à forma prevista no Regulamento do IPI; · Os referidos atos normativos não oferecem a melhor interpretação ao art. 3º, inciso II, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, pois tal conceito de insumo não se coaduna com a base econômica de PIS e COFINS, cujo ciclo de formação não se limita à fabricaão de um produto ou à execução de um serviço, abrangendo outros elementos necessários para a obtenção de receita, vinculada à atividade fim da empresa; Fl. 853DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BAR BIERI Processo nº 13005.720742/201037 Resolução nº 3202000.298 S3C2T2 Fl. 854 21 · Cumpre trazer a baila o recente entendimento do CARF, ao julgar o recurso voluntário interposto no âmbito do processo nº 11020.001952/200622, tendo em vista que nesse julgamento, a turma ampliou o conceito de insumo que gera o direito aos créditos de PIS e COFINS na modalidade não cumulativa; · De acordo com o r. entendimento, o conceito de insumos seria mais amplo, devendose levar em conta o que é insumo segundo o Regulamento do Imposto de Renda, nos seus arts. 290 2 299 do RIR/99, e não se limitar apenas ao conceito trazido pelas Instruções Normativas nºs 247/02 e 404/04, as quais foram editadas com fundamento exclusivo na legislação do IPI; · Para que seja realizada a não cumulatividade das contribuições, na forma desejada pela Constituição, o conceito de insumo para o PIS e a COFINS também deve contemplar os custos e despesas despendidas com a obtenção de receita; · Portanto, para interpretar o conceito de insumo para o PIS e a COFINS devese adotar não só a previsão de insumo prevista nas IN´s, como também albergar os custos e despesas que se fizerem necessárias na atividade econômica, conformando os arts. 290 e 299 do RIR/99; · Tal entendimento foi chancelado na esfera judicial, por meio do acórdão prolatado no julgamento da Apelação Cível nº 0029040 – 40.2008.404.7100/RS do Tribunal Regional Federal da 4ª Região – que, descreve, entre outroz, que os critérios adotados pelo legislador para pautar o creditamento nos casos de IPI não são aplicáveis ao PIS e à COFINS; · No caso dos autos, além dos insumos glosados estarem plenamente de acordo com as INs SRF 247/02 e 404/04, gerando o direito aos créditos de PIS e COFINS na modalidade não cumulativa, tal situação fica ainda mais evidenciada, levando em consideração o conceito de insumo proposta pelo CARF e reconhecido pelo TRF da 4ª Região, visto que também existem custos e despesas estritamente vinculados à atividade produtiva e econômica da recorrente, cujo creditamento deve ser Fl. 854DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BAR BIERI Processo nº 13005.720742/201037 Resolução nº 3202000.298 S3C2T2 Fl. 855 22 reconhecido com base nos arts. 290 e 299 do RIR/99, e conforme o conceito de essencialidade ao processo produtivo. Ademais, após transparecer seu entendimento quanto ao conceito de “insumo” para fins de creditamento das r. contribuições, discorre sobre cada questão envolvendo os eventos que, por sua vez, não foram acatados pela autoridade fazendária como passíveis de instituição do r. crédito. Relativamente ao transporte de funcionários, aduz a recorrente que: · é responsável pela absorção de diversos trabalhadores residentes na Cidade de Montenegro e interior, bem como de municípios arredores; · para o transporte dos seus funcionários, responsáveis pela mão de obra aplicada no processo produtivo, a recorrente contrata os serviços de transporte privadas, chamada fretamento, para o fim de proporcionar o transporte de seus funcionários, das suas residências às instalações da empresa e viceversa; · os serviços tomados das empresas de transporte de passageiros, tem como finalidade viabilizar o acesso dos funcionários às suas instalações, sem o quais não seria possível a atividade produtiva da empresa; · ainda que se entenda que os serviços de transporte de funcionários não ser custo, mas uma despesa, ainda assim, estaria o fretamento consubstanciado no conceito de insumo, razão pela qual seria permitido o seus creditamento, com base no art. 299 do RIR/99; · tratase de atividade essencial para o processo produtivo, fato que sem ele não seria possível manter a produção da empresa. Quanto à locação de uniformes, traz a recorrente que: · o seu processo produtivo possui diversas etapas, entre as quais, a de abate, corte, resfriamento ou congelamento, para a comercialização dos produtos inteiros ou em cortes de aves e suínos, bem côo de produtos como empanados, pratos cozidos, embutidos, etc; · deve cumprir as normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, alugando uniformes próprios para o manuseio das carnes de aves e suínos; Fl. 855DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BAR BIERI Processo nº 13005.720742/201037 Resolução nº 3202000.298 S3C2T2 Fl. 856 23 · tais indumentárias consistem em vestimentas, calçados, luvas, capacetes e outros itens necessários para que os funcionários possam manusear as carnes de aves e suínos; · em outras oportunidades, a recorrente já teve os créditos decorrentes dessas indumentárias reconhecido pelo CARF – Acórdão 20181.724; · Considerando que a empresa, para estar apta a exercer a sua atividade econômica, necessita utilizar uniformes especiais para o manuseio das carnes de aves e suínos, atendendo assim os requisitos sanitários da ANVISA, Quanto à limpeza e higiene, traz a recorrente que para que seja garantida a boa qualidade dos seus produtos, bem como eliminado o risco de qualquer tipo de contaminação às carnes de frangos, periodicamente toma serviços de empresas especializadas em limpezas de imóveis para a limpeza e higienização de seus frigoríficos. O que, portanto, traz que são custos indispensáveis ao seu processo produtivo e essencial e como tal se subsume ao conceito de insumo para o PIS e a COFINS, devendo ser reconhecida a legitimidade de seu creditamento. Quanto à construção civil, argumenta a recorrente que necessita contratar empresas terceirizadas para a prestação de serviços de construção civil, seja para a ampliação de dependências de suas instalações frigoríficas, seja para realizar benfeitorias nas suas instalações, como, por exemplo, reforma de uma caldeira. Além disso, discorre que o creditamento das despesas de edificações e benfeitorias é expressamente permitido pelas leis 10.833/03 e 10.637/01, conforme art. 3º, inciso VII, in verbis: “Art. 3º. Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...]VII – edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa; Fl. 856DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BAR BIERI Processo nº 13005.720742/201037 Resolução nº 3202000.298 S3C2T2 Fl. 857 24 Relativamente ao tratamento de resíduos industriais, descreve a recorrente que: · o tratamento de resíduos industriais consiste no descarte apropriados dos materiais orgânicos, separado da matéria prima em decorrência da transformação do produto industrializado; · como os resíduos são orgânicos, a recorrente procede a locação de células apropriadas para os resíduos sólidos, o que revela que tais dispêndios no tratamento dos resíduos industriais consistem em despesas, as quais devem ser creditadas para efeito de PIS e COFINS, por força do art. 299 do RIR/99 e, também pela sua essencialidade ao processo a produtivo. Especificamente às despesas de energia elétrica, aduz que: · exporta grande parte da sua produção, de modo que as carnes de aves, em parte ou inteiras, assim como os produtos derivados como empanados, embutidos ou pratos prontos, são acomodados em containeres dotados de grande capacidade de resfriamento e/ou congelamento, para o fim de que os produtos condições próprias para consumo; · os produtos de origem animal devem ser armazenados em condições especiais para manter a sua qualidade e, principalmente,a sua aptidão para o consumo humano – o que inclui a manutenção da baixa temperatura nas câmaras frias; · nas suas exportações faz monitoramento da temperatura dos seus containeres que acondicionam os seus produtos e quando percebe a necessidade de resfriamento procede a chamada “carga de frio” nas acomodações dos próprios portos; · para a “carga de frio”, a recorrente contrata a prestação de serviços de energia elétrica de empresas especializadas que, dentro do próprio porto, procedem ao resfriamento dos containeres; · face a necessidade das “cargas de frio” nos containeres que acondicionam as carnes de aves e produtos derivados, que estão aguardando o seu embarque nos portos, para que cheguem ao seu destino Fl. 857DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BAR BIERI Processo nº 13005.720742/201037 Resolução nº 3202000.298 S3C2T2 Fl. 858 25 final com qualidade e aptas para o consumo, é medida de rigor reconhecer a legitimidade do creditamento dessas despesas para efeitos do PIS e da COFINS. Ademais, entende a recorrente que para que haja a devida exportação do produto, vêse ser indispensável que a “carga de frio” seja realizada no próprio porto, para que os produtos acondicionados nos containeres não percam a sua aptidão ao consumo humano. Quanto as despesas de frete de transferência de produtos acabados e em elaboração, a recorrente traz que especificamente aos: · fretes de produtos em elaboração, quando o produto começa a ser elaborado em uma unidade da recorrente e tem o seu processamento final em outra unidade, estáse diante de um processo produtivo único, apenas com etapas contínuas da industrialização em unidades diferentes da mesma empresa. Para a remessa dos produtos em elaboração, necessita contratar prestadoras de serviços de transporte para essa locomoção; · fretes de produtos acabados, cada unidade produtiva remete os seus produtos para a unidade responsável pela “montagem” da carga exportada no container – o que, dessa forma, as carnes de aves é remetida do frigorífico a outra unidade responsável pelo acondicionamento dos produtos nos containeres, assim como outras unidades responsáveis pela elaboração dos empanados, dos embutidos e de pratos prontos; Observa ainda que a remessa dos produtos acabados é procedida de vendas aos compradores estrangeiros, de modo que os produtos acabados são transportados após concretizada a operação de venda e com a finalidade de serem exportados. Já com a saída do produto da unidade de origem, os produtos já se destinam a serem entregues para os clientes, que por serem estrangeiros se sujeitam ao trâmite da exportação em containeres. Em relação à discussão dos créditos extemporâneos/preclusos, traz que nos períodos de apuração de janeiro, novembro e dezembro de 2010, a recorrente adjudicou Fl. 858DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BAR BIERI Processo nº 13005.720742/201037 Resolução nº 3202000.298 S3C2T2 Fl. 859 26 créditos do PIS e da COFINS sobre itens do ativo imobilizado que não haviam sido aproveitados em meses anteriores. No entanto, a autoridade fazendária considerou tais créditos como “extemporâneos”. Importante elucidar que a contribuinte adjudicouse de forma extemporânea somente os créditos originários dos 5 anos anteriores a creditamento. O que, segundo ela, seria ilegal a decisão da fiscalização vedar o aproveitamento dos créditos extemporâneos que seriam passíveis de adjudicação dos 5 anos anteriores. E que tal ilegalidade materializase no fato de tal decisão conflitar com a interpretação integrada do art. 1º do Decreto 20.910/32 com os dispositivos legais e normativos que autorizam que o crédito não aproveitado em determinado mês poderá sêlo nos meses subseqüentes. Quanto às aquisições da Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB de milho, a recorrente apurou crédito presumido à alíquota de 4,56% para COFINS e 0,99% para PIS para o fim de creditamento do referido insumo adquirido da CONAB. No entanto, a autoridade fazendária glosou o creditamento da referida aquisição, por entender que, como a CONAB seria intermediária da União, não haveria direito ao crédito de PIS e COFINS, por não ter havido débito das contribuições na etapa anterior. Sendo assim, traz que o fato da CONAB ser uma intermediária da União, não quer dizer que o adquirente não faz jus ao creditamento da aquisição do milho pois o fato da União Federal ser imune a incidência do PIS e da COFINS, não quer dizer que não há incidência do PIS e da COFINS na etapa anterior à aquisição do milho, ou seja, que o produtor não tenha adquirido e aplicado insumos tributados, mas tão somente que a receita da União Federal, assim como os demais Entes da Federação, não terá a sua receita tributada. No sistema de integração com os produtores, a recorrente adquire os animais para sua produção e envia os mesmos para os centros de criação e até que o animal esteja pronto para o abate, a empresa procede à manutenção do mesmo enviando, aos criadores, ração e outros insumos empregados na criação dos frangos. Fl. 859DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BAR BIERI Processo nº 13005.720742/201037 Resolução nº 3202000.298 S3C2T2 Fl. 860 27 A recorrente subsidia a alimentação dos animais, através do fornecimento da alimentação necessária para o desenvolvimento dos mesmos para a posterior utilização em sua produção. De acordo com o entendimento da fiscalização, tendo em vista que a ora recorrente produz na sistemática de parceria, também conhecida por integração, onde a ração e outros insumos adquiridos e fornecidos pela empresa são entregues aos integrados, no entender do fisco, tais não se destinariam integralmente à sua própria produção, uma vez que parte do resultado desta produção cabe ao produtor integrado, que realiza algumas etapas de seu processo produtivo. Traz também que a recorrente fornece 100% dos insumos, suportando o custo do produtor integrado em sua totalidade e, utiliza 100% dos animais em sua produção. Entende a contribuinte que a fundamentação encontra suporte em ato de cunho eminentemente regulamentóro, que extrapola os limites da lei 10.925/04, instituidora do benefício do crédito presumido. Como se verá, o cálculo levado a efeito pela recorrente encontra guarida na legislação federal e merece ser mantido, face à estrita observância das normas de regência. Quanto à discussão da alíquota utilizada para calcular o crédito presumido, traz a recorrente que, no que tange ao ponto acima, sustenta a Autoridade Fazendária, em síntese, que a recorrente calculou equivocadamente créditos presumidos das contribuições ao PIS/COFINS, tendo utilizado o percentual de 60%, para todos os insumos adquiridos, enquanto, que deveria ter utilizado as alíquotas 60%, 50% e 35%, dependendo da natureza do insumo adquirido. No entanto, esclarece a recorrente que fabrica produtos classificados nos Capítulos 2 a 4, e nos códigos 15.01 a 15.06 da NCM, concluise que esta se encontra credenciada ao desconto de crédito presumido com a utilização da alíquota de 60% sobre os insumos adquiridos. Fl. 860DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BAR BIERI Processo nº 13005.720742/201037 Resolução nº 3202000.298 S3C2T2 Fl. 861 28 Por fim, quanto à discussão da Selic, argumenta que, tendo em vista a Súmula 411 do STJ, o disposto no art. 62A do RICARF que vincula as decisões no STJ às decisões do CARF, a decisão do RESP 993.164 em sede de recurso repetitivo e, ainda considerando que houve vedação do Fisco ao ressarcimento tempestivo da parte do saldo credor do PIS/COFINS não cumulativa, apurado para o 4º trimestre de 2010, sobre o valor suplementar reconhecido incidirão juros compensatórios, a taxa Selic, a partir da data de protocolo/transmissão do pedido de ressarcimento (PER) em discussão até a data do seu efetivo ressarcimento. Em vista de todo o exposto, e depreendendose da análise dos documentos acostados, em homenagem ao princípio da verdade material que permeia o processo administrativo tributário, bem como para fins de clarear o anoitecer do processo produtivo, serviços e produto que aqui transitam, voto no sentido de converter o julgamento em diligência, para que a unidade de origem: · Intime a Recorrente a apresentar laudo de renomada instituição, ou perito credenciado junto a Receita Federal do Brasil, que descreva detalhadamente o seu processo produtivo, apontando a utilização dos insumos, despesas, custos ora glosados na produção do referido bem destinado à exportação, ou vinculados ao processo produtivo e/ou ao seu objeto social; Considerando também que tal laudo deverá, entre outros: o demonstrar a função de cada bem e/ou evento que pretende o reconhecimento como insumo e o motivo pelo qual ele é indispensável e essencial ao processo produtivo e/ou para fins de cumprimento do objeto social da empresa; o esclarecer o teor de cada um dos eventos observados pela recorrente vinculando ao processo produtivo ou ao seu objeto social; o quanto à construção civil, esclarecer se as benfeitorias foram realizadas nas suas instalações, bem como se foram úteis e necessárias para a atividade da empresa; o quanto ao frete de produtos em elaboração, demonstrar as etapas contínuas da industrialização nas unidades diferentes da r. empresa. Fl. 861DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BAR BIERI Processo nº 13005.720742/201037 Resolução nº 3202000.298 S3C2T2 Fl. 862 29 · Cientifique a fiscalização para se manifestar sobre o resultado da diligência, se houver interesse e caso entenda ser necessário; · Cientifique o contribuinte sobre o resultado da diligência, para que, se assim desejar, apresente no prazo legal de 30 (trinta) dias, manifestação, nos termos do art. 35, parágrafo único, do Decreto nº 7.574/11; · Findo o prazo acima, devolva os autos ao CARF para julgamento. Assinado digitalmente Tatiana Midori Migiyama Fl. 862DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 30/12/2014 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BAR BIERI
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Numero do processo: 15586.720288/2011-37
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 26 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Dec 05 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Exercício: 2008
MULTA DE OFÍCIO. QUALIFICAÇÃO. PRESUNÇÃO LEGAL DE OMISSÃO DE RECEITAS.
A presunção legal de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação de uma das hipóteses dos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/64. (Súmula Vinculante CARF nº 25)
MULTA DE OFÍCIO. QUALIFICAÇÃO. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA.
Nos lançamentos em que se apura omissão de receita ou rendimentos, decorrente de depósitos bancários de origem não comprovada, é cabível a qualificação da multa de ofício, quando constatada a movimentação de recursos em contas bancárias de interpostas pessoas. (Súmula Vinculante CARF nº 34)
Numero da decisão: 1803-002.467
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Cármen Ferreira Saraiva Presidente
(assinado digitalmente)
Sérgio Rodrigues Mendes - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Cármen Ferreira Saraiva, Meigan Sack Rodrigues, Sérgio Rodrigues Mendes, Fernando Ferreira Castellani, Antônio Marcos Serravalle Santos e Arthur José André Neto.
Nome do relator: SERGIO RODRIGUES MENDES
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Exercício: 2008 MULTA DE OFÍCIO. QUALIFICAÇÃO. PRESUNÇÃO LEGAL DE OMISSÃO DE RECEITAS. A presunção legal de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação de uma das hipóteses dos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/64. (Súmula Vinculante CARF nº 25) MULTA DE OFÍCIO. QUALIFICAÇÃO. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. Nos lançamentos em que se apura omissão de receita ou rendimentos, decorrente de depósitos bancários de origem não comprovada, é cabível a qualificação da multa de ofício, quando constatada a movimentação de recursos em contas bancárias de interpostas pessoas. (Súmula Vinculante CARF nº 34)
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ME Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Exercício: 2008 DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. HISTÓRICO DO LANÇAMENTO. “DESCONTO ESCRITURAL”. COMPROVAÇÃO DA ORIGEM. Admitemse, como de origem comprovada, lançamentos de depósitos bancários cujo histórico (“desconto escritural”) justifica a sua origem como sendo proveniente de antecipações bancárias a duplicatas enviadas a banco. ASSUNTO: SIMPLES NACIONAL Exercício: 2008 DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. HISTÓRICO DO LANÇAMENTO. “DESCONTO ESCRITURAL”. COMPROVAÇÃO DA ORIGEM. Admitemse, como de origem comprovada, lançamentos de depósitos bancários cujo histórico (“desconto escritural”) justifica a sua origem como sendo proveniente de antecipações bancárias a duplicatas enviadas a banco. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício: 2008 MULTA DE OFÍCIO. QUALIFICAÇÃO. PRESUNÇÃO LEGAL DE OMISSÃO DE RECEITAS. A presunção legal de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação de uma das hipóteses dos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/64. (Súmula Vinculante CARF nº 25) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 58 6. 72 02 88 /2 01 1- 37 Fl. 981DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 04/12/2 014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 05/12/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 15586.720288/201137 Acórdão n.º 1803002.467 S1TE03 Fl. 982 2 MULTA DE OFÍCIO. QUALIFICAÇÃO. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. Nos lançamentos em que se apura omissão de receita ou rendimentos, decorrente de depósitos bancários de origem não comprovada, é cabível a qualificação da multa de ofício, quando constatada a movimentação de recursos em contas bancárias de interpostas pessoas. (Súmula Vinculante CARF nº 34) Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Cármen Ferreira Saraiva – Presidente (assinado digitalmente) Sérgio Rodrigues Mendes Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Cármen Ferreira Saraiva, Meigan Sack Rodrigues, Sérgio Rodrigues Mendes, Fernando Ferreira Castellani, Antônio Marcos Serravalle Santos e Arthur José André Neto. Fl. 982DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 04/12/2 014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 05/12/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 15586.720288/201137 Acórdão n.º 1803002.467 S1TE03 Fl. 983 3 Relatório Por bem retratar os acontecimentos do presente processo, adoto o Relatório do acórdão recorrido (fls. 930 a 938 – numeração digital ND): Tratase da controvérsia instaurada em razão da lavratura, pelo fisco, dos autos de infração de IRPJ, no valor de R$ 8.038,43 (fls. 839/847); de PIS, no valor de R$ 5.733,93 (fls. 868/877); de COFINS, no valor de R$ 24.044,30 (fls. 858/867); de CSLL, no valor de R$ 8.013,41 (fls. 848/857) e de INSS, no valor de R$ 70.240,73 (fls. 878/887) [sic, deixaram de ser mencionados os autos de infração de fls. 763 a 810], cujas razões encontramse dispostas no Termo de Constatação e Verificação Fiscal (fls. 710/751), cujo teor a seguir se reproduz: I – Receita Não Escriturada a) Mediante circularização com diversos clientes da empresa, comprovouse a omissão de receitas por meio das chamadas “notas calçadas”. Este procedimento consiste na emissão de documento fiscal com valores diferentes nas suas vias, com o valor menor sendo informado na via da nota fiscal que serve para a escrituração das receitas tributáveis da empresa; b) Nos quadros abaixo, demonstramse as notas fiscais emitidas pela interessada, nas quais foi comprovada esta infração, excetuandose a de número 982, que não foi registrada, sendo integralmente tributado o seu valor. As demais serão tributadas pela diferença entre o valor registrado na primeira via das notas (em poder dos clientes) e o valor registrado na contabilidade; c) Tendo em vista que, no Simples Nacional (2º semestre de 2007), há alíquotas diferenciadas para apuração do valor devido, as notas fiscais serão discriminadas em grupos diversos: receita de venda de mercadorias e receitas provenientes da locação de bens móveis (representadas pelas notas cujo cliente é a Prefeitura Municipal de Cariacica – ES e se referem à locação de equipamento de reprografia. As notas fiscais foram retidas (fls. 651 e 653/668); Venda de Mercadorias Nota Fiscal Data Cliente Valor 1ª Via Valor contábil Diário Razão Diferença Total Mês Total Semestre 571 08/01/2007 IPAJM 17.889,00 1.788,90 02 52 16.100,10 577 12/01/2007 TRT 17ª R 25.968,00 2.596,80 03 52 23.371,20 578 12/01/2007 CEFET 29.520,00 2.592,00 03 52 26.568,00 66.039,30 66.039,30 782 15/08/2007 SESP 120.647,15 14.080,55 40 54 106.566,60 808 23/08/2007 SESP 25.500,00 9.489,56 41 54 16.010,44 122.577,04 982 08/11/2007 SESP 101.882,00 Não registrada 61 56/57 101.882,00 101.882,00 1103 17/12/2007 IDAF 22.000,00 2.200,00 70 57 19.800,00 1105 17/12/2007 SESP 30.065,54 6.976,11 71 57 23.089,43 1116 19/12/2007 SESP 181.285,56 3.357,14 71 57 177.928,42 1122 27/12/2007 ADAB 94.900,00 1.186,25 73 57 93.713,75 314.531,60 538.990,64 TOTAL 605.029,94 605.029,94 Fl. 983DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 04/12/2 014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 05/12/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 15586.720288/201137 Acórdão n.º 1803002.467 S1TE03 Fl. 984 4 Receita de Locação de Bens Móveis Nota Fiscal Data Cliente Valor 1ª Via Valor contábil Diário Razão Diferença Total Mês Total Semestre 132 09/01/2007 P. MUN. CARIACICA 16.389,80 1.638,98 03 57 14.750,82 14.750,82 144 01/02/2007 P. MUN. CARIACICA 17.725,00 1.772,50 06 57 15.952,50 15.952,50 150 01/03/2007 P. MUN. CARIACICA 17.725,00 1.772,50 09 58 15.952,50 15.952,50 171 03/04/2007 P. MUN. CARIACICA 17.725,00 1.772,50 14 58 15.952,50 15.952,50 185 02/05/2007 P. MUN. CARIACICA 17.725,00 1.772,50 19 58 15.952,50 15.952,50 197 01/06/2007 P. MUN. CARIACICA 13.150,80 1.315,08 25 58 11.835,72 11.835,72 90.396,54 211 03/07/2007 P. MUN. CARIACICA 25.234,80 2.523,48 31 58 22.711,32 22.711,32 224 02/08/2007 P. MUN. CARIACICA 31.930,00 3.193,00 37 58 28.737,00 28.737,00 241 03/09/2007 P. MUN. CARIACICA 29.388,20 2.938,82 44 59 26.449,38 26.449,38 262 02/10/2007 P. MUN. CARIACICA 31.813,80 3.181,38 51 59 28.632,42 28.632,42 277 05/11/2007 P. MUN. CARIACICA 34.724,50 3.472,45 60 59 31.252,05 31.252,05 317 18/12/2007 P. MUN. CARIACICA 35.480,28 3.548,03 71 59 31.932,25 319 21/12/2007 P. MUN. CARIACICA 29.184,50 2.918,45 72 59 26.266,05 58.198,30 195.980,47 TOTAL 286.377,01 286.377,01 286.377,01 II – Saldo Credor de Caixa a) A interessada não se manifestou, ao tomar ciência dos valores apurados pelo fisco mediante o Termo de Constatação de Intimação nº 03, onde foi anexada uma planilha intitulada RAZÃO DA CONTA CAIXA APÓS AJUSTES, em cuja coluna Saldo Diário estavam demonstrados os saldos credores apurados no decorrer de 2007. b) Entretanto, ao término deste prazo, em vez de apresentar qualquer alegação aos fatos narrados no referido Termo, a interessada se limitou a apresentar um pedido de prorrogação de prazo, solicitando mais trinta dias para apresentação dos esclarecimentos sobre os fatos então apurados e sobre os quais fora emitido o Termo de Intimação nº 02, inexistindo qualquer alegação de fato sobre o conteúdo do Termo de Intimação nº 03. Observase que foi concedido o prazo de mais 5 dias; c) Transcorridos mais de dois meses, a empresa não mais se manifestou sobre os fatos narrados nos termos 02 e 03, nem apresentou novos documentos, ficando justificada a tributação dos valores apurados conforme abaixo, lembrando que o Simples devido tem apuração mensal. Data Seq Maior Saldo Credor Caixa Valor Tributável Total por semestre 21/01/2007 57 10.105,47 10.105,47 28/02/2007 140 19.141,65 9.036,18 07/03/2007 168 16.468,73 0.00 23/04/2007 287 13.584,43 0,00 30/05/2007 380 33.191,04 14.049,39 29/06/2007 462 32.073,62 0 00 33.191,04 27/07/2007 545 36.221,70 3.030,66 31/08/2007 673 78.804,28 42.582,58 19/09/2007 758 79.442,27 637,99 25/10/2007 947 78.403,58 0.00 06/11/2007 999 86.006,08 6.563,81 31/12/2007 1221 200.001,05 113.994,97 166.810,01 Soma do Valor tributável no anocalendário 200.001,05 Fl. 984DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 04/12/2 014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 05/12/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 15586.720288/201137 Acórdão n.º 1803002.467 S1TE03 Fl. 985 5 III – Depósitos Bancários Não Contabilizados a) Analisando a resposta da empresa ao Termo de Constatação e Intimação n° 02, no qual foram relacionados os depósitos nas contas bancárias não escrituradas, esta fiscalização chegou às seguintes constatações: ∙ Foram aceitas as justificativas em relação aos depósitos de numero 151 (por se tratar de empréstimo bancário) e de número 197 (por corresponder a cheque devolvido que foi reapresentado conforme número sequencial 228); ∙ A alegação de recebimento de empréstimos do “colaborador Saulo” não foi aceita, por ter sido feita sem qualquer documentação que a comprovasse; ∙ A justificativa para os depósitos com histórico “desconto escritural” não foi aceita, porque a interessada não afastou a presunção legal de omissão de receitas, uma vez que não apresentou documentação que justificasse suas alegações; ∙ Com relação aos depósitos que seriam provenientes da conta caixa da empresa, ficou constatado que, nos dias em que ocorreram (23/março, 11/abril, 31/julho, 24/agosto, 21 e 26/setembro, 08/outubro, 01 /novembro e 07/dezembro), a conta caixa da empresa mostra apenas saídas para depósitos na conta bancária número 474 na Caixa Econômica Federal, a única devidamente contabilizada. Concluise que a conta caixa, de onde saíram tais recursos, não foi contabilizada, estando comprovada a omissão de receitas; ∙ Conforme já mencionado, foi aceita a justificativa da quase totalidade dos depósitos que o contribuinte alegou serem provenientes de receita de vendas contabilizadas indevidamente como recebidas no caixa, quando, na realidade, teriam sido por meio de depósito bancário. Este fato, e as suas consequências para o caixa da empresa, já se encontra devidamente esclarecido nos itens “2.5” e “3.2” deste Relatório. No entanto, cabe mencionar que algumas justificativas não foram aceitas, porque o contribuinte utilizou nota fiscal de remessa para justificálos (depósitos n° 104, 119, 126, 130, 137), nota fiscal cancelada (dep. n° 102), nota fiscal não contabilizada (dep. n° 230) e algumas situações em que a nota fiscal mencionada já servira integralmente para justificar outros depósitos (depósitos n°s 89, 91 e 122 foram justificados com as mesmas notas fiscais que já haviam justificado os depósitos n°s 77, 78 e 105); ∙ Após realizadas essas observações, os depósitos inicialmente selecionados para que o contribuinte os justificasse foram diminuídos dos valores para os quais o contribuinte apresentou alegações aceitas pela fiscalização, conforme demonstrado nos seguintes quadros demonstrativos: Caixa Econômica Federal – Conta 3181 Mês TOTAL INTIMADO JUSTIFICADOS VALOR TRIBUTÁVEL Jan 16.761,83 970,00 15.791,83 Fev 5.669,85 840,00 4.829,85 Mar 17.437,83 12.306,88 5.130,95 Abr 1.268,00 1.268,00 Mai 0,00 Jun 0,00 Jul 0,00 Fl. 985DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 04/12/2 014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 05/12/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 15586.720288/201137 Acórdão n.º 1803002.467 S1TE03 Fl. 986 6 Ago 0,00 Set 0,00 Out 560,00 560,00 Nov 0,00 Dez 2.359,80 2.359,80 44.057,31 14.116,88 29.940,43 Banco do Brasil – Conta 100.170 Banco Bradesco S/A – Conta 13.5801 DATA TOTAL INTIMADO JUSTIFICADOS VALOR TRIBUTÁVEL Jan 98.133,92 9.478,58 88.655,34 Fev 159.519,89 15.220,88 144.299,01 Mar 11.931,56 3.675,00 8.256,56 Abr 258.911,56 3.675,00 255.236,56 Mai 9.246,27 7.475,37 1.770,90 . Jun 62.384,04 9.675,00 52.709,04 Jul. 112.639,38 70.308,69 42.330,69 Ago 87.333,59 14.294,80 73.038,79 Set 33.012,94 28.606,74 4.406,20 Out 59.998,88 43.819,00 16.179,88 Nov 60.709,43 6.094,00 54.615,43 Dez 165.730,01 40.104,94 125.625,07 1.119.551,47 252.428,00 867.123,47 Quadro Demonstrativo Consolidado Mês CEF – Valor Mensal BB – Valor Mensal Bradesco – Valor Mensal Total Mês Jan 15.791,83 2.000,00 88.655,34 106.447,17 Fev 4.829,85 800,00 144.299,01 149.928,86 Mar 5.130,95 1.000,00 8.256,56 14.387,51 Abr 1.268,00 1.000,00 255.236,56 257.504,56 Mai o,oo 1.770,90 1.770,90 Jun 0,00 52.709,04 52.709,04 Mês TOTAL INTIMADO JUSTIFICADOS VALOR TRIBUTÁVEL Jan 2.900,00 900,00 2.000,00 Fev 800,00 800,00 Mar 4.600,00 3.600,00 1.000,00 Abr 1.000,00 1.000,00 Mai 1.800,00 1.800,00 Jun 1.100,00 1.100,00 Jul 1.778,60 1.778,60 Ago 380,00 380,00 Set 1.143,50 1.143,50 Out 2.529,00 2.529,00 Nov 1.850,00 1.850,00 Dez 2.437,70 2.437,70 22.318,80 7.400,00 14.918,80 Fl. 986DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 04/12/2 014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 05/12/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 15586.720288/201137 Acórdão n.º 1803002.467 S1TE03 Fl. 987 7 Jul 0,00 1.778,60 42.330,69 44.109,29 Ago 0,00 380,00 73.038,79 73.418,79 Set 0,00 1.143,50 4.406,20 5.549,70 Out 560,00 2.529,00 16.179,88 19.268,88 Nov 0,00 1.850,00 54.615,43 56.465,43 Dez 2.359,80 2.437,70 125.625,07 130.422,57 29.940,43 14.918,80 867.123,47 911.982,70 IV – Insuficiência de Recolhimentos sobre Valores Declarados a) A omissão de receitas na sua escrituração comercial determinou a apuração inexata das faixas de tributação no Simples, uma vez que elas são calculadas a partir do somatório de suas receitas em períodos anteriores (multa de ofício aplicada de 75%, artigo 44, inciso I, da Lei nº 9.430/1996); b) Com a inclusão das receitas omitidas, a interessada passou a ser tributada em faixas superiores, o que gerou a insuficiência de valores na apuração do Simples de 2007, a partir do faturamento apresentado na declaração simplificada (1º semestre) e Declaração do Simples Nacional (2º semestre); c) Ressaltase que, em dezembro de 2007, foi ultrapassado o limite de R$ 2.400.000,00 do faturamento no anocalendário, o que ocasionou a majoração em 20% sobre a última faixa de tributação, conforme previsto no § 16 do artigo 18 da Lei Complementar nº 123/2006; V Qualificação da Multa de Ofício a) No curso desta fiscalização, foram constatadas situações que autorizaram a qualificação da multa de ofício, prevista no artigo 44 da Lei 9.430/96; b) Mediante utilização do procedimento conhecido por NOTAS CALÇADAS, o contribuinte omitiu, no curso do anocalendário, o montante de R$ 891.406,95. Ao registrar valores diferentes nas diversas vias de uma mesma nota fiscal, de maneira que aquela a ser enviada para registro contábil contivesse menor valor, ficando demonstrada a inequívoca intenção de fraudar a sua contabilidade, com o objetivo único de evitar a tributação dos valores omitidos e a consequente falta de pagamento dos tributos devidos; c) Verificouse também que o contribuinte não se ateve apenas a essa estratégia para diminuir o montante devido, mas também deixou de registrar contabilmente a movimentação financeira ocorrida em três outras contas bancárias. Uma delas — a conta do Bradesco — foi utilizada para receber os valores omitidos das notas fiscais calçadas, estando, portanto, comprovado também o recebimento integral das receitas representadas pelas notas fiscais fraudadas; d) Além disso, como consequência imediata das justificativas do contribuinte em relação à parte dos depósitos relacionados, foi ainda apurada a omissão de receitas decorrente de saldos credores no caixa; e) Os fatos narrados demonstram a intenção fraudulenta do contribuinte em suprimir os tributos devidos, através da omissão de receitas, o que implicou na qualificação da multa de ofício em 150% (cento e cinquenta por cento) incidente sobre os valores dos tributos calculados a partir das receitas omitidas. A base legal encontrase no § 1º do art. 44 da Lei n° 9.430 de 27 de dezembro de 1996, com a redação dada pela Lei n° 11.488/2007; Fl. 987DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 04/12/2 014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 05/12/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 15586.720288/201137 Acórdão n.º 1803002.467 S1TE03 Fl. 988 8 f) A ocorrência destes fatos demonstra a intenção, a vontade consciente do contribuinte em praticálos e, em tese, se subsumem ao disposto no artigo 1º, incisos I a III da Lei 8.137, de 27 de dezembro de 1990, que define os crimes contra a ordem tributária, razão pela qual foi protocolizada Representação Fiscal para Fins Penais; VI – Exclusão do Simples a) No curso deste procedimento fiscal, foi constatado que o contribuinte, enquadrado no Simples na condição de microempresa, auferiu, no anocalendário de 2007, receita bruta no montante de R$ 2.860.271,50, excedente ao limite estabelecido para permanecer naquela sistemática, o que ensejaria a sua exclusão a partir do anocalendário seguinte. Conforme prevê o inciso II do caput do art. 3º da Lei Complementar n° 123/2006, o limite máximo do faturamento anual é de R$ 2.400.000,00 para que o contribuinte se beneficie desse regime tributário. Este limite foi reafirmado na Resolução CGSN n° 04/2007, que traz, em seu artigo 12, inciso I, a vedação expressa de que não poderão recolher os impostos e contribuições, na forma do Simples Nacional, a ME ou a EPP que tenha auferido, no anocalendário imediatamente anterior, receita bruta superior a R$ 2.400.000,00 (dois milhões e quatrocentos mil reais); b) A Resolução CGSN nº 15/2007 prevê, em seu artigo 3º, § 1º, inciso II, que a empresa deverá espontaneamente excluirse do Simples, mediante comunicação à Receita Federal até o último dia útil do mês de janeiro do ano calendário subsequente àquele em que se deu o excesso de receita; c) O contribuinte não realizou a devida comunicação à autoridade competente no prazo legal estabelecido, permanecendo no SIMPLES em 2008, inclusive com a apresentação da DASN referente a esse ano. Ficou tipificada, então, a possibilidade de se proceder à exclusão de ofício prevista no artigo 5º, inciso I, da Resolução CGSN n° 15/2007, que determina a exclusão de ofício da ME ou da EPP optante pelo Simples Nacional, quando verificada a falta de comunicação da exclusão obrigatória; d) O artigo 4º da Resolução n° 15 prevê que será expedido termo de exclusão do Simples Nacional pelo ente federativo que iniciar o processo de exclusão de ofício, sendo dada ciência deste termo à ME ou à EPP; e) Diante do exposto, como a empresa infringiu o art. 12, inciso I, da Resolução n° 04, de 30/05/2007, ao permanecer no SIMPLES no anocalendário de 2008, tendo excedido o limite da receita bruta no anocalendário 2007, foi realizada Representação Fiscal para Exclusão do Simples; f) Encaminhada essa representação ao Delegado da Receita Federal do Brasil em Vitória (ES), foi determinada a exclusão da contribuinte do Simples, com efeitos a partir de 01/01/2008, nos termos do inciso II do artigo 6º da Resolução CGSN n° 15/2007, com consequente emissão de Ato Declaratório. Devidamente cientificada, em 21/11/2011 (fls. 751; 764; 773; 782; 792 e 802), a interessada, em 21/12/2011, apresentou impugnação, respectivamente (fls. 891/901 e 915/920), aos autos de infração ora lançados e à exclusão do Simples a partir de 01/01/2008, cujas razões de defesa, a seguir, reproduzo: Da Impugnação aos Autos de Infração Fl. 988DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 04/12/2 014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 05/12/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 15586.720288/201137 Acórdão n.º 1803002.467 S1TE03 Fl. 989 9 a) Imputou multa de 150% aos depósitos bancários não contabilizados. Não haveria razão para qualificação da multa, eis que não foi detectada a interposição de pessoas, sendo as contas correntes do titular dos recursos; b) Quanto à infração de omissão de receita, tomando por base os depósitos bancários não escriturados, mais precisamente quanto à conta mantida no Banco Bradesco, vale ressaltar que foi incluída, no cômputo do valor tributável, a quantia de R$ 246.721,10, a título de desconto escritural, que corresponde a um empréstimo bancário, referente à antecipação de recebíveis, conforme declaração firmada pelo Banco Bradesco na pessoa de sua gerente; c) Também, da receita escriturada e declarada no valor de R$ 833.692,43, foi utilizado apenas o valor de R$ 687.763,70 para justificar depósitos nas contas correntes, isto em face de haver total coincidência de valores, não sendo aceito o valor de R$ 145.928,73, o qual deverá ser excluído do valor dos depósitos sem comprovação; d) Desta forma, o valor tributável ajustado, relativo ao Banco Bradesco S/A., após a exclusão dos R$ 145.928,73, ficaria em R$ 474.473,64; e) Aceita, portanto, após esta alteração, o valor de R$ 519.332,87, sendo que os lançamentos quanto aos valores de R$ 29.940,93 (depósitos sem comprovação da origem – CEF, conta 3181) e R$ 14.918,80 (Banco do Brasil) estariam corretos, havendo apenas o questionamento sobre os depósitos no Banco Bradesco (descontos escriturais no valor de R$ 145.928,73) (sic); f) Também não questiona a omissão de receita relativa às receitas não escrituradas nos valores de R$ 605.029,94 (receita de venda de mercadorias) e R$ 286.377,01 (receita locação de bens móveis); g) No que toca ao saldo credor de caixa (grifei), o fisco cuidou apenas de excluir da conta caixa os ingressos relativos às notas fiscais recebidas via banco, sem levar em consideração, no entanto, as saídas destas contascorrentes não registradas, como saques em espécie, o que gera uma disponibilidade financeira que, em tese, teria que ser lançada a débito da conta caixa; h) Dispondo o fisco de todos os extratos bancários, poderia ter feito uma pesquisa para constatar se houve saques em espécie; i) A defesa procedeu a um levantamento somente nos extratos do Banco Bradesco (o maior de todos) dos saques em cheques da empresa feitos na “boca do caixa”, somando R$ 393.527,33 no ano de 2007; j) O reforço das disponibilidades monetárias, via saques “boca do caixa” do Bradesco, não utilizados na recomposição do Caixa pela fiscalização, foi quase o dobro do valor apurado na recomposição como saldo credor de caixa; k) Com as disponibilidades maiores que R$ 200.001,05, não se encontra guarida para a manutenção da imputação de saldo credor de caixa; Sobre a impugnação quanto à exclusão do Simples, alega a interessada que, diante das alterações acerca das infrações apuradas pelo fisco e que foram objeto de contestação na impugnação aos autos de infração, a receita bruta não ultrapassará o limite da empresa de pequeno porte para o anocalendário de 2007 e, por tal razão, cai por terra a exclusão da sistemática simplificada formulada pelo fisco. 2. A decisão da instância a quo foi assim ementada (fls. 928 e 929 ND): Fl. 989DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 04/12/2 014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 05/12/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 15586.720288/201137 Acórdão n.º 1803002.467 S1TE03 Fl. 990 10 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007 DELIMITAÇÃO DA LIDE. RECEITAS NÃO ESCRITURADAS. As infrações que o interessado deixa de questionar através do seu instrumento de defesa se situam fora dos limites do contraditório. OMISSÃO DE RECEITAS. NOTAS FISCAIS CALÇADAS. A consignação de valores diferentes nas diversas vias de uma mesma nota Fiscal implica evasão de impostos mediante o expediente conhecido como “nota calçada”. OMISSÃO DE RECEITAS. SALDO CREDOR DE CAIXA. O saldo credor de caixa é uma presunção legal, sendo certo que a comprovação inequívoca rechaça a imputação. Entretanto, se a linha de defesa se centra em fatos diversos daquele engendrados pelo fisco durante o procedimento fiscal, cai por terra a pretensão de justificar a duplicidade de lançamentos nas vendas escrituradas. OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS SEM COMPROVAÇÃO DA ORIGEM. Os créditos depositados em contacorrente devem estar lastreados através de documentação hábil e idônea, coincidentes nas datas e valores, remanescendo lacuna documental, caso haja justificativa de rubrica bancária, sem a devida comprovação da operação nos moldes delineados pela legislação vigente. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2007 EXCLUSÃO DO SIMPLES. PROCEDÊNCIA. Ao se apurar que, em determinado anocalendário, a interessada ultrapassou o limite legal estabelecido para a empresa de pequeno porte, fazse mister a sua exclusão de ofício da sistemática simplificada, surtindo efeitos para o anocalendário subsequente. MULTA DE OFÍCIO. QUALIFICADA. Aplicável a multa qualificada de 150% quando caracterizado, pelo conjunto de infrações apuradas num mesmo anocalendário, que a interessada agiu de maneira dolosa ao omitir grande parte de sua receita bruta. ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Anocalendário: 2007 DECORRÊNCIA. PIS, COFINS E CSLL. Tratandose de tributação reflexa de irregularidades descritas e analisadas no lançamento de IRPJ, constante do mesmo processo, e dada à relação de causa e efeito, aplicase o mesmo entendimento ao Pis, à Cofins e à CSLL. Fl. 990DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 04/12/2 014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 05/12/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 15586.720288/201137 Acórdão n.º 1803002.467 S1TE03 Fl. 991 11 3. Cientificada da referida decisão em 23/04/2012 (fls. 964 ND), a tempo, em 17/05/2012, apresenta a interessada Recurso de fls. 965 a 977 ND, instruído com os documentos de fls. 978 e 979 ND, nele reiterando os argumentos anteriormente expendidos. Em mesa para julgamento. Voto Conselheiro Sérgio Rodrigues Mendes, Relator Atendidos os pressupostos formais e materiais, tomo conhecimento do Recurso. Depósitos bancários não escriturados 4. Com relação a esse item da autuação, a justificativa apresentada pela Recorrente para os créditos bancários com histórico “desconto escritural”, no valor de R$ 246.721,10, não foi aceita, pela fiscalização, porque a interessada “não apresentou documentação que justificasse suas alegações” (fls. 742 ND). 5. Sucede que a justificativa de tal crédito bancário se encontra no próprio histórico do lançamento “desconto escritural” , o qual não foi, de nenhuma forma, infirmado pela fiscalização. 6. O banco assim esclareceu referida rubrica (fls. 911 ND): DESCONTO ESCRITURAL: É UMA OPERAÇÃO USADA PELO BANCO, ONDE A EMPRESA REGISTRA AS DUPLICATAS E ENVIA PARA O BANCO FAZER AS ANTECIPAÇÕES DAS MESMAS. 7. Afirma a decisão recorrida que (fls. 939 – ND): Em que pese a declaração firmada pela funcionária do banco acerca da definição do que seria desconto escritural, vale dizer que a interessada, nesse contexto, não apresentou documentação hábil e idônea, coincidente em datas e valores, com o fim de confirmar as operações de antecipação de duplicatas, pois muitas vezes uma rubrica bancária possui diversos segmentos. E, no caso, se realmente o crédito adveio de antecipação de recebimentos de duplicatas enviadas para o banco, poderia a interessada ter juntado aos autos a relação dos respectivos documentos, bem como da contratação deste serviço junto ao banco, preenchendo, assim, as lacunas ainda remanescentes acerca desta justificativa. 8. Ocorre que, se dúvida ainda remanescia quanto a essa questão, caberia à fiscalização – e não à Recorrente diligenciar no sentido de contraditar o histórico constante dos próprios extratos bancários empregados na apuração da omissão de receitas por presunção legal. Fl. 991DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 04/12/2 014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 05/12/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 15586.720288/201137 Acórdão n.º 1803002.467 S1TE03 Fl. 992 12 9. Do contrário, estarseia, inadvertidamente, promovendo a divisão da prova – acatando as “rubricas bancárias” constantes de extratos, quando contrários à Recorrente, e pondoos em dúvida quando favoráveis (“muitas vezes uma rubrica bancária possui diversos segmentos...”). 10. Assim, devidamente comprovada a sua origem, aqueles depósitos deveriam se submeter às disposições do § 2º do art. 42 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, e não às do seu caput. 11. No que se refere à diferença de receita escriturada e declarada, no valor de R$ 145.928,73, não aceita pela fiscalização para justificar depósitos nas contascorrentes, tenho que não deve ser acolhido o pleito da Recorrente. 12. É que, se acolhido esse pleito, tal diferença de R$ 145.928,73, da mesma forma que a restante receita escriturada e declarada aceita pela fiscalização, redundaria num aumento do saldo credor de caixa, pelo equivocado lançamento a débito de Caixa, em vez de a débito de Bancos. 13. É que, como bem destacou a fiscalização (fls. 738 ND): Para se aceitar essa justificativa da empresa, ficase obrigado a aceitar que há diversas entradas fictícias na conta caixa, sendo então necessário que elas sejam estornadas, pois uma mesma venda não pode concomitantemente gerar um débito no caixa e outro numa conta bancária (em valores idênticos). Saldo credor de caixa 14. Quanto a esse item da autuação, temse que as saídas das contascorrentes bancárias, como saques em espécie, em tese, poderiam ser lançadas a débito da conta caixa, justificando eventuais saldos credores dessa conta, como pleiteia a Recorrente. 15. Sucede, porém, que, se esses saques efetuados na “boca do caixa” não foram contabilizados na conta caixa, também não o foram as posteriores saídas dessa mesma conta, quando do emprego desses recursos, o que anularia qualquer possível acréscimo em seu saldo, tornando inviável a pretensão da Recorrente, nessa parte. Qualificação da multa de ofício aplicada 16. Procede a insurgência da Recorrente quanto à indevida qualificação da multa de ofício aplicada, no que se refere especificamente aos “depósitos bancários não escriturados”. 17. É que, em se tratando de presunção legal de omissão de receitas (depósitos bancários de origem não comprovada) – e inexistindo comprovação de interposição de pessoas, entre outras hipóteses de dolo, fraude ou simulação –, não cabe essa qualificação, na forma da Súmulas CARF nºs 25 (Vinculante) e 34 (Vinculante), de seguinte teor: A presunção legal de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação de uma das hipóteses dos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/64. Fl. 992DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 04/12/2 014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 05/12/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 15586.720288/201137 Acórdão n.º 1803002.467 S1TE03 Fl. 993 13 Nos lançamentos em que se apura omissão de receita ou rendimentos, decorrente de depósitos bancários de origem não comprovada, é cabível a qualificação da multa de ofício, quando constatada a movimentação de recursos em contas bancárias de interpostas pessoas. 18. Não prevalece, destarte, o entendimento da decisão recorrida de que, nessa questão, teria que ser analisado o “conjunto de infrações apuradas num mesmo anocalendário” (ementa de fls. 929 – ND), o que caracterizaria uma “qualificação por derivação”. 19. É que cada infração deve ser considerada isoladamente, para o fim de serlhe aplicada a penalidade cabível, em face do princípio constitucional da individualização da pena, subsidiariamente aplicável ao Direito Tributário. Exclusão do Simples Nacional 20. Não obstante a redução da matéria tributável acima procedida, a receita bruta da Recorrente mantémse, ainda, acima do limite de permanência no Simples Nacional, pelo que é de se confirmar a sua exclusão do referido regime tributário. Conclusão Em face do exposto, e considerando tudo o mais que dos autos consta, voto no sentido de DAR PROVIMENTO PARCIAL AO RECURSO, para reduzir a matéria tributável relativa ao item “depósitos bancários não escriturados” em R$ 246.721,10 (R$ 17.293,20 em janeiro, R$ 39.952,51 em junho, R$ 10.431,04 em julho, R$ 37.937,42 em agosto, R$ 35.838,66 em novembro e R$ 105.268,27 em dezembro de 2007) e desqualificar a multa de ofício aplicada com relação ao mesmo item, confirmando a exclusão da Recorrente do Simples Nacional. Devem ser revistos os percentuais de apuração dos tributos do Simples e do Simples Nacional, em face da redução da matéria tributável aqui procedida. É como voto. (assinado digitalmente) Sérgio Rodrigues Mendes Fl. 993DF CARF MF Impresso em 05/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 04/12/2 014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 05/12/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA
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Numero do processo: 19647.006032/2004-83
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 07 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Feb 13 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2000, 2001, 2002, 2003
AGENCIAMENTO DE MÃO-DE-OBRA. VERBAS DE REMUNERAÇÃO DE TRABALHADORES, ENCARGOS SOCIAIS E TRABALHISTAS. COMPOSIÇÃO DA BASE DE CÁLCULO TRIBUTADA. ENTENDIMENTO DO STJ EM SEDE DE RECURSO REPETITIVO.
Quanto à composição da Receita destaca-se que no agenciamento de mão-de-obra, a despeito das notas fiscais emitidas pela autuada serem compostas pelas verbas de remuneração de trabalhadores, encargos sociais e trabalhistas incidentes sobre as remunerações dos trabalhadores, reembolso de despesas e por último o valor cobrado pela prestação de serviços (intermediação), a qual se denomina Taxa de Agenciamento (comissão), a receita bruta a ser considerada nessa modalidade são todos os valores descritos na Nota Fiscal, e não apenas a comissão, visto o entendimento do STJ que vincula essa Corte nos termos do artigo 62-A do RICARF.
MULTA ISOLADA. APLICAÇÃO DO ARTIGO 106, II, C, DO CTN. CONCOMITÂNCIA COM A MULTA DE OFÍCIO. IMPOSSIBILIDADE.
A multa isolada prevista no inciso IV foi revogada pela Lei n° 11.488/2007, e por esta razão não há mais previsão legal para sua aplicação. Aplica-se o art. 106, II, "c" do Código Tributário Nacional, que impõe a aplicação da lei mais benigna para o contribuinte, tornando insubsistente a multa isolada.
A concomitância da multa isolada com a multa de ofício é matéria já enfrentada por essa Corte, tendo como decisão remansosa a exclusão da multa isolada por critério de concomitância e aplicação do princípio da consunção emprestado do Direito Penal.
MULTA CONFISCATÓRIA. SUMULA 2 DO CARF.
Recurso conhecido e parcialmente provido.
Numero da decisão: 1201-001.035
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em DAR parcial provimento ao recurso para: (i) excluir da base de cálculo da CSLL o valor de R$ 2.943,65 para o ano de 2001, e de R$ 13.360,71 para o ano de 2002; (ii) afastar a exigência da multa isolada, vencida neste ponto a conselheira Maria Elisa Bruzzi Boechat.
(documento assinado digitalmente)
Marcelo Cuba Netto Presidente Substituto
(documento assinado digitalmente)
Rafael Correia Fuso- Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Cuba Netto (Presidente Substituto), Rafael Correia Fuso, Roberto Caparroz de Almeida, Maria Elisa Bruzzi Boechat, Luis Fabiano Alves Penteado e André Almeida Blanco.
Nome do relator: RAFAEL CORREIA FUSO
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ementa_s : Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Ano-calendário: 2000, 2001, 2002, 2003 AGENCIAMENTO DE MÃO-DE-OBRA. VERBAS DE REMUNERAÇÃO DE TRABALHADORES, ENCARGOS SOCIAIS E TRABALHISTAS. COMPOSIÇÃO DA BASE DE CÁLCULO TRIBUTADA. ENTENDIMENTO DO STJ EM SEDE DE RECURSO REPETITIVO. Quanto à composição da Receita destaca-se que no agenciamento de mão-de-obra, a despeito das notas fiscais emitidas pela autuada serem compostas pelas verbas de remuneração de trabalhadores, encargos sociais e trabalhistas incidentes sobre as remunerações dos trabalhadores, reembolso de despesas e por último o valor cobrado pela prestação de serviços (intermediação), a qual se denomina Taxa de Agenciamento (comissão), a receita bruta a ser considerada nessa modalidade são todos os valores descritos na Nota Fiscal, e não apenas a comissão, visto o entendimento do STJ que vincula essa Corte nos termos do artigo 62-A do RICARF. MULTA ISOLADA. APLICAÇÃO DO ARTIGO 106, II, C, DO CTN. CONCOMITÂNCIA COM A MULTA DE OFÍCIO. IMPOSSIBILIDADE. A multa isolada prevista no inciso IV foi revogada pela Lei n° 11.488/2007, e por esta razão não há mais previsão legal para sua aplicação. Aplica-se o art. 106, II, "c" do Código Tributário Nacional, que impõe a aplicação da lei mais benigna para o contribuinte, tornando insubsistente a multa isolada. A concomitância da multa isolada com a multa de ofício é matéria já enfrentada por essa Corte, tendo como decisão remansosa a exclusão da multa isolada por critério de concomitância e aplicação do princípio da consunção emprestado do Direito Penal. MULTA CONFISCATÓRIA. SUMULA 2 DO CARF. Recurso conhecido e parcialmente provido.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2000, 2001, 2002, 2003 AGENCIAMENTO DE MÃODEOBRA. VERBAS DE REMUNERAÇÃO DE TRABALHADORES, ENCARGOS SOCIAIS E TRABALHISTAS. COMPOSIÇÃO DA BASE DE CÁLCULO TRIBUTADA. ENTENDIMENTO DO STJ EM SEDE DE RECURSO REPETITIVO. Quanto à composição da Receita destacase que no agenciamento de mãode obra, a despeito das notas fiscais emitidas pela autuada serem compostas pelas verbas de remuneração de trabalhadores, encargos sociais e trabalhistas incidentes sobre as remunerações dos trabalhadores, reembolso de despesas e por último o valor cobrado pela prestação de serviços (intermediação), a qual se denomina Taxa de Agenciamento (comissão), a receita bruta a ser considerada nessa modalidade são todos os valores descritos na Nota Fiscal, e não apenas a comissão, visto o entendimento do STJ que vincula essa Corte nos termos do artigo 62A do RICARF. MULTA ISOLADA. APLICAÇÃO DO ARTIGO 106, II, “C”, DO CTN. CONCOMITÂNCIA COM A MULTA DE OFÍCIO. IMPOSSIBILIDADE. A multa isolada prevista no inciso IV foi revogada pela Lei n° 11.488/2007, e por esta razão não há mais previsão legal para sua aplicação. Aplicase o art. 106, II, "c" do Código Tributário Nacional, que impõe a aplicação da lei mais benigna para o contribuinte, tornando insubsistente a multa isolada. A concomitância da multa isolada com a multa de ofício é matéria já enfrentada por essa Corte, tendo como decisão remansosa a exclusão da multa isolada por critério de concomitância e aplicação do princípio da consunção emprestado do Direito Penal. MULTA CONFISCATÓRIA. SUMULA 2 DO CARF. Recurso conhecido e parcialmente provido. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 64 7. 00 60 32 /2 00 4- 83 Fl. 1674DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por RAFAEL CORREIA FUSO, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por RAFAEL CORREIA FUSO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 19647.006032/200483 Acórdão n.º 1201001.035 S1C2T1 Fl. 802 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em DAR parcial provimento ao recurso para: (i) excluir da base de cálculo da CSLL o valor de R$ 2.943,65 para o ano de 2001, e de R$ 13.360,71 para o ano de 2002; (ii) afastar a exigência da multa isolada, vencida neste ponto a conselheira Maria Elisa Bruzzi Boechat. (documento assinado digitalmente) Marcelo Cuba Netto – Presidente Substituto (documento assinado digitalmente) Rafael Correia Fuso Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Cuba Netto (Presidente Substituto), Rafael Correia Fuso, Roberto Caparroz de Almeida, Maria Elisa Bruzzi Boechat, Luis Fabiano Alves Penteado e André Almeida Blanco. Relatório Tomo como parte integrante deste relatório as transcrições quanto aos fatos narradas no relatório da DRJ. Contra a empresa acima mencionada foi lavrado o Auto de Infração de fls. 04/07 do presente processo, para exigência do crédito tributário referente aos anoscalendário de 2000, 2001, 2002 e 2003, adiante especificado: (...) O referido auto é decorrente de ação fiscal efetuada junto à contribuinte quando a fiscalização verificou falta de declaração em DCTF da CSLL a pagar e falta de pagamento da CSLL, bem como falta de pagamento da CSLL por estimativa, tendo sido realizado o lançamento da CSLL devida bem como da multa isolada por falta de pagamento da estimativa relativamente aos períodos acima mencionados. De acordo com o Termo de Encerramento de Ação Fiscal de fls. 14/22, a autoridade fiscal constatou que a contribuinte havia apresentado a DIPJ/2001 — relativa ao anocalendário de 2000, com todos os valores "zerados", tendo apresentado DIPJ/2001 retificadora em 03/05/2004 (fls. 549/594), no curso da ação Fl. 1675DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por RAFAEL CORREIA FUSO, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por RAFAEL CORREIA FUSO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 19647.006032/200483 Acórdão n.º 1201001.035 S1C2T1 Fl. 803 3 fiscal, com valores compatíveis com a sua escrituração. Dessa forma, como os valores a pagar da CSLL apresentados nesta DIPJ retificadora não haviam sido declarados nem pagos antes do início da ação fiscal, foram lançados de oficio com a consequente multa de 75%. Valendo salientar que a forma de tributação pela qual a contribuinte optou no mencionado período foi o lucro real trimestral. Quanto aos anoscalendário de 2001 e 2002, foi verificado pela fiscalização que a contribuinte havia optado pela forma de tributação pelo lucro real anual, tendo declarado a CSLL devida por estimativa com base nas receitas brutas e acréscimos (fls. 64/95 e 590/591), não tendo, no entanto, preenchido os valores da ficha relativa à apuração da CSLL mensal por estimativa, nem efetuado os pagamentos das estimativas devidas, sendo lançada a multa isolada calculada sobre o valor que deixou de ser pago prevista no artigo 44,§1°, IV da Lei n° 9.430/1996. No que se refere à CSLL a pagar anual, a contribuinte declarou, em 2001, o valor na DIPJ, porém não declarou em DCTF nem efetuou o seu recolhimento, sendo lançado de oficio. Em relação ao anocalendário de 2002, a contribuinte apesar de ter informado a apuração da CSLL mensal por estimativa com base nas receitas brutas e acréscimos, não preencheu os valores da ficha 16 e não efetuou o pagamento das estimativas, tendo sido lançada a multa isolada pelas estimativas não pagas. Também não apresentou/declarou valor devido (positivo) de CSLL no resultado anual — ficha 12A da DIPJ/2003. No que tange ao anocalendário de 2003, a contribuinte optou pelo lucro real trimestral, apurando valor positivo de CSLL nos segundo e quarto trimestres,os quais não foram pagos nem declarados em DCTF, portanto, sendo objeto de lançamento de oficio. O enquadramento legal do lançamento objeto do presente processo, consta do mencionado Auto de Infração. Inconformada com o lançamento, a contribuinte apresentou impugnação às fls. 675/696, argumentando o que segue: A contribuinte inicia afirmando ter corno objetivo social o agenciamento de mãodeobra e que, ao proceder ao lançamento em lide, a autoridade fiscal havia levado "em consideração os valores que foram declarados como receita bruta pela impugnante, mas que na prática não condiz com sua realidade." A sua inconformidade referese ao fato de que os valores de receita bruta considerados para efeito de cálculo das estimativas de CSLL em alguns meses não seriam condizentes com o somatório das notas fiscais por ela emitidas; que o valor da multa isolada aplicada seria exorbitantemente superior ao valor do tributo principal efetivamente devido e que o valor principal já havia sido acrescido de multa de 75%. Fl. 1676DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por RAFAEL CORREIA FUSO, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por RAFAEL CORREIA FUSO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 19647.006032/200483 Acórdão n.º 1201001.035 S1C2T1 Fl. 804 4 Alega, ainda, que por ser agenciadora de mão de obra temporária, as suas receitas seriam decorrentes exclusivamente das taxas de agenciamento, concluindo estarem errados todos os valores computados como sendo sua receita bruta. Argüi que os valores referentes ao pagamento dos salários e respectivos encargos sociais, que seriam repassados pelas empresas tomadoras, não constituiriam receita da empresa de trabalho temporário, e que seriam meras entradas, pertencentes a terceiros, que transitariam momentaneamente por sua contabilidade. Afirma que as notas fiscais por ela emitidas seriam compostas das seguintes verbas: Remunerações dos trabalhadores temporários; Encargos sociais e trabalhistas incidentes sobre as remunerações dos trabalhadores temporários, Reembolso das despesas e Valor cobrado pela prestação de serviços (taxa de agenciamento). Assim, a sua receita bruta seria composta exclusivamente pelas suas taxas de agenciamento, o que não havia sido levado em conta pela autoridade fiscal. Aduz que ainda que considerasse que a base de cálculo fosse compreendida pelo somatório dos valores brutos de suas notas fiscais, o lançamento ainda estaria errado por ter a autoridade fiscal tomado por fundamento uma base de cálculo inexistente a qual em algumas competências seria superior ao somatório dos valores brutos das notas fiscais emitidas, conforme faz querer provar através de planilha por ela elaborada. Argumenta ser impossível a aplicação de multa sobre as antecipações que não haviam sido efetuadas por superar o valor do tributo principal e por ter aplicado multa sobre o valor da CSI.L efetivamente devida por constituir dupla imposição tributária sobre o mesmo fato gerador. Novamente afirma que por atuar no ramo da intermediação de mãodeobra temporária, não teria suas relações regidas pela Lei Geral (CLT), mas sim pela legislação especial, qual seja, a Lei n° 6.019/1974, regulamentada pelo Decreto n° 73.841/1974, reafirmando que a receita bruta para fins de determinar as antecipações do 1RPJ consistiria apenas do valor que realmente representaria a remuneração pela prestação de serviços, ou seja, da taxa ou comissão de agenciamento, citando jurisprudência. Esclarece que não está querendo se eximir do recolhimento das estimativas da CSLL, mas sim recolher a de forma correta, e que "a tributação da forma que foi imposta à impugnante não representa a essência da CSLL. Isto porque o que está havendo é uma flagrante violação ao conceito jurídico de "faturamento/receita", onde o Fisco Federal está exigindo das empresas agenciadoras de mão de obra temporária além do que deveria, posto que a receita bruta utilizada para determinar o quantum a ser recolhido mensalmente a título de antecipações da CSLL está sendo calculada não só sobre a taxa de Fl. 1677DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por RAFAEL CORREIA FUSO, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por RAFAEL CORREIA FUSO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 19647.006032/200483 Acórdão n.º 1201001.035 S1C2T1 Fl. 805 5 agenciamento — como preceitua o artigo 9° do Decretolei n° 406/68 mas, também, sobre os encargos sociais e as remunerações concernentes aos terceiros/trabalhadores temporários." O que feriria os princípios básicos que norteiam o Direito Tributário, e que são assegurados constitucionalmente como o Princípio da Capacidade Contributiva, o Princípio da Isonomia, o Princípio da Legalidade e o Princípio da Vedação ao Confisco. Em seguida discorre sobre a natureza jurídica das empresas agenciadoras de mãodeobra temporária; as diferenças entre as atividades de terceirização de serviços e o agenciamento de mãodeobra temporária. Alega que por expressa determinação contratual (em vista de que os inúmeros tomadores de seus serviços exigem que os trabalhadores alotados nas suas dependências recebam vale transporte, ticket refeição, cestas básicas, planos de saúde etc.), adquire os valesrefeição, vales transporte, cestas básicas e planos de saúde e entrega aos trabalhadores que estão prestando os serviços a diversas outras empresas, daí resultando que emite uma nota fiscal de "reembolso de despesas de alimentação, saúde,etc" com vistas a ser ressarcida dos gastos que teve ao adquirilos. Dessa forma, conclui que o reembolso de despesas não constituiria sua receita, muito menos prestação de serviço e que tal procedimento estaria fundado na Instrução Normativa SRF n° 306/2003. Conclui requerendo a improcedência do lançamento e a realização de perícia contábil nos termos do artigo 18 do Decreto n° 70.235/72 para provar todo o alegado indicando o nome do contador Manuel de Freitas Cavalcante para atuar como perito e formulando os quesitos elencados à fl.698. A DRJ manteve o lançamento em parte nos seguintes termos: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2001, 2002 MULTA ISOLADA. FALTA DE RECOLHIMENTO DA CSLL DEVIDA COM BASE EM ESTIMATIVAS MENSAIS. É devida multa de oficio lançada isoladamente, quando constatado que a contribuinte deixou de efetuar o recolhimento obrigatório da CSLL sobre a base estimada. Esta multa não se confunde com a multa de oficio aplicada sobre a contribuição não recolhida no final de seu período de apuração, pois tais penalidades incidem sobre bases de cálculo distintas, associadas, assim, a condutas diferentes. Fl. 1678DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por RAFAEL CORREIA FUSO, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por RAFAEL CORREIA FUSO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 19647.006032/200483 Acórdão n.º 1201001.035 S1C2T1 Fl. 806 6 BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÕES. CUSTOS. MÃODE OBRA. Para fins de obtenção da base de cálculo da estimativa da CSLL, não se excluem da receita de venda de prestação de serviço de locação de mãodeobra os custos salariais, trabalhistas ou previdenciários, ao encargo da empresa prestadora. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2000, 2001, 2002 PERÍCIA CONTÁBIL: Descabe perícia quando as informações necessárias à fundamentação da autuação encontramse nos autos e os termos processuais forem confeccionados em estrita observância da legislação aplicável. APRESENTAÇÃO DE PROVA. O momento oportunizado pela legislação para apresentação de prova no processo administrativo fiscal é quando da apresentação da impugnação. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2000, 2001, 2002 DECISÃO JUDICIAL: A sentença judicial faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, e tão somente em relação ao fato a que a decisão se refere, não possuindo efeito erga opines. INCONSTITUCIONALIDADE. A Secretaria da Receita Federal, como órgão da Administração Direta da União, não é competente para decidir acerca da inconstitucionalidade de norma legal. Como entidade do Poder Executivo, cabe à Secretaria da Receita Federal, mediante ação administrativa, aplicar a lei tributária ao caso concreto. MULTA ISOLADA. RETROAÇÃO DE LEGISLAÇÃO MENOS GRAVOSA. Aplicase ao fato pretérito, objeto de processo ainda não definitivamente julgado, a legislação que imponha penalidade menos gravosa do que a prevista na legislação vigente ao tempo da sua prática. MULTA DE OFÍCIO. CARÁTER CONFISCATÓRIO. A vedação ao confisco pela Constituição Federal é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicar a multa nos moldes da legislação que a instituiu. Tratandose de lançamento de oficio, decorrente de infração ao dispositivo legal detectado pela administração em exercício de Fl. 1679DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por RAFAEL CORREIA FUSO, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por RAFAEL CORREIA FUSO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 19647.006032/200483 Acórdão n.º 1201001.035 S1C2T1 Fl. 807 7 regular ação fiscalizadora, é legítima a cobrança da multa punitiva correspondente. JUROS DE MORA TAXA SELIC. É legal a cobrança de juros de mora, calculados pela aplicação da taxa Selic, estando prevista no art. 13 da Lei 9.065/1995, dispositivo legal este não julgado inconstitucional pelo Poder Judiciário. Lançamento Procedente em Parte Inconformada com a decisão parcial da DRJ de 23/07/2009 (data da intimação, a contribuinte interpôs Recurso Voluntário em 18/08/2009, alegando em síntese: Primeiramente, a Recorrente aponta que houve erro quanto ao valor indicado no demonstrativo do Auto de Infração, pois conforme apontada por petição, parte dos valores ali apontados como débitos, foram objeto de PARCELAMENTO ESPECIAL PAES, e que este englobou tributos que tinham fato gerador ocorrido até fevereiro de 2003. Ainda sobre o assunto, quando do indeferimento do pedido de perícia, restou prejudicado o direito de defesa do contribuinte, que acabou por ser cerceado. Isto se deve pelo fato de que o fiscal incorreu em diversas irregularidades, quais sejam: o fiscal apurou as estimativas do CSLL incidente sobre a receita bruta, compreendo o somatório dos valores brutos das notas fiscais, entretanto, em algumas competências o efetivo somatório das notas fiscais emitida pela Recorrente NÃO correspondem com os valores expressos no Auto de Infração; não foi levado em consideração os valores que foram retidos pelos tomadores de serviços da Recorrente, tal como previsto nos arts. 649 e 650 do Decreto n° 3.000, de 26.03.1999; por último o valor utilizado como receita bruta para fins de determinação das antecipações mensais não condiz com a natureza jurídica da atividade exercida pela Recorrente. Conforme já demonstrado na Impugnação, os valores computados como sendo sua receita bruta foram indicados de forma incorreta, uma vez que a atividade da Recorrente é de uma empresa agenciadora de mãodeobra. Por expressa determinação legal, a Recorrente é obrigada a faturar em seu nome os valores que imediatamente serão repassados para os trabalhadores, bem como os encargos sociais e trabalhistas incidentes sobre a mencionada remuneração. Dessa forma, concluise que as notas fiscais que são emitidas pela Recorrente, será composta pelas seguintes verbas: remuneração de trabalhadores, encargos sociais e trabalhistas Fl. 1680DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por RAFAEL CORREIA FUSO, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por RAFAEL CORREIA FUSO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 19647.006032/200483 Acórdão n.º 1201001.035 S1C2T1 Fl. 808 8 incidentes sobre as remunerações dos trabalhadores, reembolso de despesas e por último o valor cobrado pela prestação de serviços (intermediação), a qual se denomina Taxa de Agenciamento (comissão). Diante disso, verificase claramente que a receita bruta da Recorrente não pode ser apurada pelo simples somatório dos valores brutos das suas notas fiscais, sob pena de se está incluindo valores que não pertencem a Recorrente e sim aos trabalhadores e ao próprio fisco e os valores que não são decorrentes da afetiva prestação de serviços, mas sim apenas a recomposição do patrimônio da Recorrente por ter suportado despesas alheias. Afirma ainda a Recorrente agencia um trabalhador que se adeque ao perfil da empresa tomadora de serviços e estipula a quantia que equivalerá à remuneração desse empregado e consequentemente, os encargos sociais e trabalhistas incidente sobre a remuneração. Sendo assim, a Impugnante através de um contrato por escrito, estabelece o valor do salário e dos encargos sociais, e determina o valor do seu serviço, ou seja, o preço cobrado para efetuar o agenciamento e a assistência ao trabalhador, durante o período em que está prestando serviços. Diante disso, verificase que a receita bruta para fins de determinação da CSLL não deve ser compreendida pelo somatória dos valores brutos das notas fiscais, mas sim sobre os valores pagos a título de Taxa de Agenciamento. Vale ressaltar de que, quando da apresentação da Impugnação, foi juntada planilha a fim de demonstrar os reais valores devidos a título de estimativa da CSLL, concluindose que a ora Recorrente comprovou o que alegou, diferente do que foi expresso no acórdão ora recorrido. Reiterando os termos da Impugnação, a Recorrente esclarece que quando da instituição da CSLL para incidir sobre a receita proveniente da prestação de serviços de qualquer natureza, apenas autorizou a incidência do CSLL sobre a remuneração recebida em face da prestação, não se permitindo que se tribute algo que juridicamente não seja serviço. O reembolso de despesas, as remunerações dos trabalhadores e os encargos sociais não devem ser tomados como "prestação de serviços", dado o fato que empresa agenciadora apenas está sendo restituída de uma despesa e nos demais casos, por agir como mera repassadora desses valores aos trabalhadores. Na decisão ora combatida, a Recorrente está sendo tratada como uma empresa de terceirização de serviços, o que não pode ser concebido, uma vez que a natureza jurídica das atividades de agenciamento de mãodeobra e das terceirizações de serviços são totalmente distintas entre si, conforme demonstrado exaustivamente na peça impugnatória. Fl. 1681DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por RAFAEL CORREIA FUSO, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por RAFAEL CORREIA FUSO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 19647.006032/200483 Acórdão n.º 1201001.035 S1C2T1 Fl. 809 9 Vale ressaltar que foram transcritas diversas decisões proferidas por este egrégio Conselho, que entendem que a base de cálculo dos tributos das empresas que auferem receitas comissionadas, devem se restringir exclusivamente ao valor da comissão, e não sobre o valor bruto da fatura. Alega ainda a necessidade da baixa dos autos em diligência, visto que a Recorrente está sendo compelida a pagar tributos que foram objetos do PARCELAMENTO ESPECIAL PAES, que inclusive encontrase devidamente quitado, e que tal procedimento englobou todos os tributos pagos que tiveram fato gerador ocorridos até fevereiro de 2003. Em nenhum momento quando da prolatação do Acórdão n° 11 26.624 da 3ª Turma da Delegacia Regional de Julgamento em Recife, este levou em consideração os argumentos trazidos pelos petitórios mencionados acima, principalmente no que se refere aos débitos incluídos em parcelamento já quitado. Dessa forma, requer a Recorrente que seja realizada as devidas diligências quanto ao que foi solicitado no decorrer do processo, o que demonstra claramente a necessidade da perícia requerida nos autos. Alega ainda que a aplicação da multa isolada prevista no inciso IV, terminou por ser revogada pela Lei n° 11.488/2007, e por esta razão não há mais previsão legal para sua aplicação. Levandose em consideração a disposição contida no art. 106, II, "c" do Código Tributário Nacional e tendo em vista que não houve o julgamento definitivo da questão, deverá ser aplicada a lei mais benigna para o contribuinte, o que implica na insubsistência da multa isolada, Dessa forma, requer o contribuinte que seja devidamente excluída a multa aplicada isoladamente, por faltarlhe previsão legal. Alega por fim que a multa de ofício de 75% aplicada é confiscatória. Em sessão de julgamento dessa Colenda Turma, este mesmo relator entendeu por bem baixar os autos em diligência, conforme voto abaixo transcrito: Primeiramente, cumpre destacar que a suspensão do crédito tributário decorre do artigo 151, inciso III, do CTN. Por isso, a interposição do Recurso já atendeu ao pleito do contribuinte. Quanto à baixa em diligência, entendo que a mesma é necessária, visto que a despeito de constar na decisão da DRJ que todas as informações encontravamse nos autos, entendo que não, considerando algumas informações trazidas nos autos no decorrer do trâmite processual, que precisam ser melhor esclarecidas e analisadas. São elas: o fiscal apurou as estimativas da CSLL incidente sobre a receita bruta, compreendendo o somatório dos valores brutos das notas fiscais, entretanto, em algumas competências o efetivo Fl. 1682DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por RAFAEL CORREIA FUSO, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por RAFAEL CORREIA FUSO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 19647.006032/200483 Acórdão n.º 1201001.035 S1C2T1 Fl. 810 10 somatório das notas fiscais emitida pela Recorrente NÃO correspondem com os valores expressos no Auto de Infração; não foi levado em consideração os valores que foram retidos pelos tomadores de serviços da Recorrente, tal como previsto nos arts. 649 e 650 do Decreto n° 3.000, de 26.03.1999; a Recorrente foi compelida a pagar tributos que foram objetos do PARCELAMENTO ESPECIAL PAES, que inclusive encontrase devidamente quitado, e que tal procedimento englobou todos os tributos pagos que tiveram fato gerador ocorridos até fevereiro de 2003. Em nenhum momento quando da prolatação do Acórdão n° 11 26.624 da 3° Turma da Delegacia Regional de Julgamento em Recife, este levou em consideração os argumentos trazidos pelos petitórios mencionados acima, principalmente no que se refere aos débitos incluídos em parcelamento já quitado. Com isso, para que esse julgador tenha total segurança na prolação de sua decisão, especificamente quanto à matéria de fundo, que pode ser afetada por informações a serem trazidas pela fiscalização, entendo pela baixa em diligência, para que a DRF: Verifique se as estimativas da CSLL incidentes sobre a Receita Bruta apurada pela fiscalização é idêntica àquela informada pelo contribuinte em sua declaração retificadora e na sua contabilidade, considerando as informações dos livros fiscais de prestação de serviços entregues aos Municípios de Recife e Salvador. Se não for, deverá a fiscalização apresentar eventuais diferenças, através de planilha comparativa, apontando o impacto no tributo cobrado; Aponte se houve retenção pelos tomadores de serviços de CSLL incidente na prestação de serviços da atividade de cessão de mãodeobra temporária, apontando eventuais valores, devendo ainda a fiscalizar realizar planilha subtraindo esses valores retidos do valor cobrado nos presentes autos, para fins de apuração do tributo objeto do lançamento, caso o contribuinte não tenha somado esse valor como saldo negativo e não tenha compensado com outros tributos; Verifique se houve pagamento integral do débito objeto desse lançamento no PAES (Programa de Parcelamento Especial), e caso positivo, deverá apresentar as informações pertinentes quanto ao pagamento; Por fim, caso essa diligência não apure pagamento integral quanto ao débito ora lançado, que informe eventual saldo devedor, se integral ou parcial, devendo os autos retornar para julgamento por essa Corte. (...). Fl. 1683DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por RAFAEL CORREIA FUSO, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por RAFAEL CORREIA FUSO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 19647.006032/200483 Acórdão n.º 1201001.035 S1C2T1 Fl. 811 11 Por fim, a despeito do Recurso Voluntário interposto nos autos do processo administrativo n° 19647.006031/200439, que trata do IRPJ sobre o mesmo fato, ter sido julgado pela Colenda 2ª Turma Especial dessa Seção, fato é que não concordo com os termos do referido acórdão quanto à negativa da baixa em diligência, especialmente quanto ao problema do PAES, determinando, tão somente que o contribuinte se acerte perante o fisco. Quanto à outra petição (fl. 733), onde a Contribuinte alega que já teria quitado os tributos ora exigidos pelo Parcelamento Especial – PAES, cabe registrar que não foi apresentado qualquer documento comprobatório deste fato. De qualquer modo, havendo pagamentos no PAES que se refiram aos débitos exigidos neste processo, basta que a Contribuinte diligencie junto à unidade de origem da Receita Federal, para que sejam ajustados os valores devidos, de acordo com os pagamentos já efetuados. Isso porque, se os valores objeto da presente lide foram quitados, há interferência direta sim no Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte, seja para declarar que houve a quitação do débito, seja para não conhecêlo pelo menos em parte, pois o interesse de agir ficará prejudicado. Nestes termos, entendo pela necessidade da baixa dos autos em diligência, como apontado acima.z Fl. 1684DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por RAFAEL CORREIA FUSO, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por RAFAEL CORREIA FUSO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 19647.006032/200483 Acórdão n.º 1201001.035 S1C2T1 Fl. 812 12 Fl. 1685DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por RAFAEL CORREIA FUSO, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por RAFAEL CORREIA FUSO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 19647.006032/200483 Acórdão n.º 1201001.035 S1C2T1 Fl. 813 13 Fl. 1686DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por RAFAEL CORREIA FUSO, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por RAFAEL CORREIA FUSO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 19647.006032/200483 Acórdão n.º 1201001.035 S1C2T1 Fl. 814 14 Fl. 1687DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por RAFAEL CORREIA FUSO, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por RAFAEL CORREIA FUSO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 19647.006032/200483 Acórdão n.º 1201001.035 S1C2T1 Fl. 815 15 Este é o relatório! Voto Conselheiro RAFAEL CORREIA FUSO O Recurso é tempestivo e atende aos requisitos legais, por isso o conheço. Primeiramente, quanto à questão do erro apontado pela Recorrente quanto ao valor indicado no demonstrativo do Auto de Infração, em razão de parte dos valores terem sido objeto de parcelamento especial, englobando tributos de fatos geradores corridos até fevereiro de 2003, conforme demonstrado na diligência os tributos pagos são dos períodos de 12/19997, 03/1998 e 06/1998, não havendo correlação com os débitos objeto de lançamento ora analisado. Se houve algum erro, como bem demonstrado no relatório de diligência fiscal, o mesmo foi corrigido, acolhendo o disposto nas planilhas de fls. 828 e 829, devendo ser dado parcial provimento ao Recurso Voluntário em relação às diferenças apontadas, devendo ser adotado o disposto no livro do ISS quando se aponta diferenças de registros de valores. Quanto à questão da Receita auferida pela empresa, cumpre destacar que no agenciamento de mãodeobra, a despeito das notas fiscais emitidas pela autuada serem compostas pelas verbas de remuneração de trabalhadores, encargos sociais e trabalhistas incidentes sobre as remunerações dos trabalhadores, reembolso de despesas e por último o valor cobrado pela prestação de serviços (intermediação), a qual se denomina Taxa de Agenciamento (comissão), não podemos aceitar que a receita bruta a ser considerada nessa modalidade seja apenas a comissão, visto o entendimento do STJ que vincula essa Corte nos termos do artigo 62A do RICARF: EMENTA 1. A base de cálculo do ISS é o preço do serviço, consoante disposto no artigo 9°, caput, do DecretoLei 406/68. 2. As empresas de mãodeobra temporária podem encartarse em duas situações, em razão da natureza dos serviços prestados: Fl. 1688DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por RAFAEL CORREIA FUSO, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por RAFAEL CORREIA FUSO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 19647.006032/200483 Acórdão n.º 1201001.035 S1C2T1 Fl. 816 16 (i) como intermediária entre o contratante da mãodeobra e o terceiro que é colocado no mercado de trabalho; (ii) como prestadora do próprio serviço, utilizando de empregados a ela vinculados mediante contrato de trabalho. 3. A intermediação implica o preço do serviço que é a comissão, base de cálculo do fato gerador consistente nessas "intermediações". 4. O ISS incide, nessa hipótese, apenas sobre a taxa de agenciamento, que é o preço do serviço pago ao agenciador, sua comissão e sua receita, excluídas as importâncias voltadas para o pagamento dos salários e encargos sociais dos trabalhadores. Distinção de valores pertencentes a terceiros (os empregados) e despesas com a prestação. Distinção necessária entre receita e entrada para fins financeirotributários. 5. A exclusão da despesa consistente na remuneração de empregados e respectivos encargos da base de cálculo do ISS, impõe perquirir a natureza das atividades desenvolvidas pela empresa prestadora de serviços. Isto porque as empresas agenciadoras de mãodeobra, em que o agenciador atua para o encontro das partes, quais sejam, o contratante da mãodeobra e o trabalhador, que é recrutado pela prestadora na estrita medida das necessidades dos clientes, dos serviços que a eles prestam, e ainda, segundo as especificações deles recebidas, caracterizamse pelo exercício de intermediação, sendo essa a sua atividadefim. 6. Consectariamente, nos termos da Lei 6.019, de 3 de janeiro de 1974, se a atividade de prestação de serviço de mãodeobra temporária é prestada através de pessoal contratado pelas empresas de recrutamento, resta afastada a figura da intermediação, considerandose a mãodeobra empregada na prestação do serviço contratado como custo do serviço, despesa não dedutível da base de cálculo do ISS. "Art. 4º Compreendese como empresa de trabalho temporário a pessoa física ou jurídica urbana, cuja atividade consiste em colocar à disposição de outras empresas, temporariamente, trabalhadores, devidamente qualificados, por elas remunerados e assistidos. (...) Art. 11 O contrato de trabalho celebrado entre empresa de trabalho temporário e cada um dos assalariados colocados à disposição de uma empresa tomadora ou cliente será, obrigatoriamente, escrito e dele deverão constar, expressamente, os direitos conferidos aos trabalhadores por esta Lei. (...) Art. 15 A Fiscalização do Trabalho poderá exigir da empresa tomadora ou cliente a apresentação do contrato firmado com a empresa de trabalho temporário, e, desta última o contrato firmado com o trabalhador, bem como a comprovação do respectivo recolhimento das contribuições previdenciárias. Art. 16 No caso de falência da empresa de trabalho temporário, a empresa tomadora ou cliente é solidariamente responsável pelo recolhimento das contribuições previdenciárias, no tocante ao Fl. 1689DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por RAFAEL CORREIA FUSO, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por RAFAEL CORREIA FUSO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 19647.006032/200483 Acórdão n.º 1201001.035 S1C2T1 Fl. 817 17 tempo em que o trabalhador esteve sob suas ordens, assim como em referência ao mesmo período, pela remuneração e indenização previstas nesta Lei. (...) Art. 19 Competirá à Justiça do Trabalho dirimir os litígios entre as empresas de serviço temporário e seus trabalhadores." 7. Nesse diapasão, o enquadramento legal tributário faz mister o exame das circunstâncias fáticas do trabalho prestado, delineadas pela instância ordinária, para que se possa concluir pela forma de tributação. 8. In casu, na própria petição inicial, a empresa recorrida procede ao seu enquadramento legal, in verbis: "Como demonstra seu contrato social (documento anexo), a Impetrante tem como objetivo societário a locação de mãodeobra temporária, na forma da Lei nº 6.019/74. Em contraprestação a essa terceirização, conforme cópia exemplificativa de contrato em anexo (documento anexo), as empresas contratantes ou tomadoras de seus serviços realizam o pagamento da remuneração do trabalhador terceirizado e o pagamento do spread da Impetrante, qual seja, a chamada taxa de administração, conforme cópia exemplificativa de nota fiscal em anexo (documento anexo). Entretanto, por inconveniência contábil e exigência ilegal do Fisco, está "autorizada" a somente emitir uma nota fiscal para receber os seus serviços, onde a taxa de administração, despesas e remuneração do terceirizado são pagas de forma conjunta." 9. O Tribunal a quo, a seu turno, assentou que: "Para melhor esclarecer a questão fazse necessário definir a relação jurídica e as partes envolvidas. 11. Verificase, pois, que existe a empresa tomadora do serviço de mãodeobra, a empresa prestadora agenciadora do serviço de mãodeobra e o trabalhador que irá prestar o serviço. 12. Em decorrência disso, existe também um contrato entre a empresa tomadora do serviço e a empresa agenciadora, bem como entre a empresa agenciadora e trabalhador. Nesse sentido, a empresa agenciadora, no caso a apelada, irá determinar ao trabalhador que execute um determinado trabalho, sendo que ele será remunerado pela execução da tarefa. Dessa forma, a empresa agenciadora de mãodeobra recebe a taxa de administração e o reembolso do valor concernente à remuneração do trabalhador, da empresa tomadora do serviço. 13. Assim, o único serviço que a empresa agenciadora de mão deobra presta é o de indicar uma pessoa (trabalhador) para a execução do trabalho e a remuneração bruta é o pagamento que recebe (taxa de administração)." 10. Com efeito, verificase que o Tribunal incorreu em inegável equívoco hermenêutico, porquanto atribuiu, à empresa agenciadora de mãodeobra temporária regida pela Lei 6.019/74, a condição de intermediadora de mãodeobra, quando a referida lei estabelece, in verbis: "Art. 4º Compreendese Fl. 1690DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por RAFAEL CORREIA FUSO, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por RAFAEL CORREIA FUSO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 19647.006032/200483 Acórdão n.º 1201001.035 S1C2T1 Fl. 818 18 como empresa de trabalho temporário a pessoa física ou jurídica urbana, cuja atividade consiste em colocar à disposição de outras empresas, temporariamente, trabalhadores, devidamente qualificados, por elas remunerados e assistidos. (...) Art. 11 – O contrato de trabalho celebrado entre empresa de trabalho temporário e cada um dos assalariados colocados à disposição de uma empresa tomadora ou cliente será, obrigatoriamente, escrito e dele deverão constar, expressamente, os direitos conferidos aos trabalhadores por esta Lei. (...) Art. 15 A Fiscalização do Trabalho poderá exigir da empresa tomadora ou cliente a apresentação do contrato firmado com a empresa de trabalho temporário, e, desta última o contrato firmado com o trabalhador, bem como a comprovação do respectivo recolhimento das contribuições previdenciárias. Art. 16 No caso de falência da empresa de trabalho temporário, a empresa tomadora ou cliente é solidariamente responsável pelo recolhimento das contribuições previdenciárias, no tocante ao tempo em que o trabalhador esteve sob suas ordens, assim como em referência ao mesmo período, pela remuneração e indenização previstas nesta Lei. (...) Art. 19 Competirá à Justiça do Trabalho dirimir os litígios entre as empresas de serviço temporário e seus trabalhadores." 11. Destarte, a empresa recorrida encarta prestações de serviços tendentes ao pagamento de salários, previdência social e demais encargos trabalhistas, sendo, portanto, devida a incidência do ISS sobre a prestação de serviços, e não apenas sobre a taxa de agenciamento. 12. Recurso especial do Município provido, reconhecendose a incidência do ISS sobre a taxa de agenciamento e as importâncias voltadas para o pagamento dos salários e encargos sociais dos trabalhadores contratados pelas prestadoras de serviços de fornecimento de mãodeobra temporária (Lei 6.019/74). (REsp 1138205 PR, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 09/12/2009, DJe 01/02/2010) Por fim, quanto à multa isolada prevista no inciso IV, terminou por ser revogada pela Lei n° 11.488/2007, e por esta razão não há mais previsão legal para sua aplicação, acolho a aplicação do art. 106, II, "c" do Código Tributário Nacional, que impõe a aplicação da lei mais benigna para o contribuinte, tornando insubsistente a multa isolada. Ademais, destacase ainda que a concomitância da multa isolada com a multa de ofício é matéria já enfrentada por essa Corte, tendo como decisão remansosa a exclusão da multa isolada por critério de concomitância e aplicação do princípio da consunção emprestado do Direito Penal. Quanto à multa confiscatória, não cabe a essa Corte afastar lei por critério de inconstitucionalidade, nos termos da Súmula nº 2 do CARF. Diante do exposto, CONHEÇO do Recurso, e no mérito DOULHE parcial provimento, para reconhecer como correta a apuração do tributo com base na diligência, que Fl. 1691DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por RAFAEL CORREIA FUSO, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por RAFAEL CORREIA FUSO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 19647.006032/200483 Acórdão n.º 1201001.035 S1C2T1 Fl. 819 19 reduziu o lançamento em razão de diferenças e acolher a exclusão da multa isolada nos termos do voto acima. É como voto! (documento assinado digitalmente) RAFAEL CORREIA FUSO Relator Fl. 1692DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por RAFAEL CORREIA FUSO, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por RAFAEL CORREIA FUSO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por MARCELO CUBA NETTO
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Numero do processo: 15586.000029/2010-13
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 14 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Jan 05 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Ano-calendário: 2005
INTEMPESTIVIDADE. INTERPOSIÇÃO DE RECURSO.
O prazo para interposição de recurso é de 30 (trinta) dias em conformidade com o disposto pelo art. 33 do Decreto 70.235/1972, constatado o decurso do prazo, impõe o não conhecimento.
RECURSO DE OFÍCIO. ERRO MATERIAL.
Constatado inclusão indevida de valor à base de cálculo da multa de ofício, impõe reconhecer o erro material diante do convencimento de que se trata de duplicidade de valores.
Recurso Voluntário não Conhecido. Recurso de Ofício conhecido e negado provimento.
Numero da decisão: 3403-003.303
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, não tomou conhecimento do recurso por intempestivo. Esteve presente ao julgamento o Dr. Frederico Souza Barroso, Procurador da Fazenda Nacional.
Antonio Carlos Atulim - Presidente.
Domingos de Sá Filhio - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Antonio Carlos Atulim, Alexandre Kern, Domingos de Sá Filho, Rosaldo Trevisan, Luiz Rogério Sawaya Batista e Ivan Allegretti.
Nome do relator: DOMINGOS DE SA FILHO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Ano-calendário: 2005 INTEMPESTIVIDADE. INTERPOSIÇÃO DE RECURSO. O prazo para interposição de recurso é de 30 (trinta) dias em conformidade com o disposto pelo art. 33 do Decreto 70.235/1972, constatado o decurso do prazo, impõe o não conhecimento. RECURSO DE OFÍCIO. ERRO MATERIAL. Constatado inclusão indevida de valor à base de cálculo da multa de ofício, impõe reconhecer o erro material diante do convencimento de que se trata de duplicidade de valores. Recurso Voluntário não Conhecido. Recurso de Ofício conhecido e negado provimento.
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INTERPOSIÇÃO DE RECURSO. O prazo para interposição de recurso é de 30 (trinta) dias em conformidade com o disposto pelo art. 33 do Decreto 70.235/1972, constatado o decurso do prazo, impõe o não conhecimento. RECURSO DE OFÍCIO. ERRO MATERIAL. Constatado inclusão indevida de valor à base de cálculo da multa de ofício, impõe reconhecer o erro material diante do convencimento de que se trata de duplicidade de valores. Recurso Voluntário não Conhecido. Recurso de Ofício conhecido e negado provimento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, não tomou conhecimento do recurso por intempestivo. Esteve presente ao julgamento o Dr. Frederico Souza Barroso, Procurador da Fazenda Nacional. Antonio Carlos Atulim Presidente. Domingos de Sá Filhio Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 58 6. 00 00 29 /2 01 0- 13 Fl. 753DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/12/2014 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por DOMINGOS DE SA FILHO 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Antonio Carlos Atulim, Alexandre Kern, Domingos de Sá Filho, Rosaldo Trevisan, Luiz Rogério Sawaya Batista e Ivan Allegretti. Relatório Cuida de Recurso Voluntário interpostos, sendo que a empresa SERVER COMPANY COMERCIO INTERNACIONAL S/A. contra a decisão que deu parcial provimento a impugnação, afastando o valor de R$ 1.484.887,73 do crédito tributário referente ao período de: 04/02/2005, 14/02/2005, 01/03/2005, 07/04/2005, 19/04/2005, 28/04/2005, 12/05/2005, 11/03/2005, 07/04/2005, 15/06/2005, 17/06/2005, 30/06/2005, 14/07/2005, 28/07/2005, 10/08/2005.11/08/2005, 22/08/2005, 13/12/2005, e, Recurso de Ofício em razão do valor do crédito desonerado. O assunto tratado aqui se refere apresentação de Dcomps com crédito de terceiros e crédito prêmio, o julgado recebeu esse fato com status de compensação não declarada. Adoto o relatório da decisão recorrida por refletir bem a situação dos autos: “Relatório Em julgamento o auto de infração de fls.173/180, que exige da contribuinte multa isolada por compensação tida em despacho decisório como NÃO DECLARADA. O enquadramento legal localizouse no art.18, §4º, da Lei nº 10.833/2003. Alcançou o crédito tributário exigido o montante de R$ 13.647.529,72. A situação fática foi descrita no Termo de Verificação Fiscal de fls.168/172: Do exame das Declarações de Compensação apresentadas nos processos administrativos fiscais n° 15374.101079/200417,. 10768.006605/200428, 10768.006203/200423,. 10768.005180/200430 e 10768.005835/200470, em que o contribuinte em epígrafe pretendia ver extintos débitos tributários sob a administração da RFB, verificouse que os créditos utilizados para compensar débitos tratavam de créditos de terceiros e "crédito prêmio" de IPI, amparado em medida judicial ainda em curso, revelandose compensações indevidas face á expressa vedação veiculada por meio do comando inserto no artigo 74 da Lei n° 9.430/96 bem como bem como no art. 30 da Instrução Normativa da Secretaria da Receita Federal IN/SRF n° 210/2002 e no art. 31 da Instrução Normativa da Secretaria da Receita Federal IN/SRF n° 460/2004. 3 Ante à expressa vedação legal, tais compensações apresentamse como indevidas e, via de conseqüência, tornase imperioso o lançamento da multa de ofício nos termos do Fl. 754DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/12/2014 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por DOMINGOS DE SA FILHO Processo nº 15586.000029/201013 Acórdão n.º 3403003.303 S3C4T3 Fl. 7 3 parágrafo 4o ,.* do art. 18 da Lei n° 10.833/2003, com redação dada pelas Leis n° 11.051/2004, [ 1 1 . 196/2005 e 11.488/2007, e o art. 44 da Lei n° 9.430/96. [compensações não declaradas] . Insurgiuse a Interessada contra o feito fiscal por meio do arrazoado de fls.204/244, que assim vai resumido: (...) não pode a Autoridade Adm. tratar os pedidos de compensação de débitos com crédito de terceiro como se fossem meros pedidos administrativos, desamparados de decisão judicial e sujeitos às restrições normativas contidas no art. 74, § 12, II, da Lei 9.430/96 e nos arts. 30 e 31 das INsSRF 210/02 e 460/04, respectivamente. Ora, o crédito da empresa cedente SAB Trading Comercial Exportadora S.A., Bem como a possibilidade de sua compensação com débito de terceiro, nos termos da INSRF 21/97, estava (à época da compensação) e ainda está amparado por decisões judiciais favoráveis àquela empresa, cujos efeitos se estendem à Impugnante por força do art.42,§3º, do CPC. Trata se de decisões proferidas nos autos do Mandado de Segurança na 99.00166582/ RJ (AMS nº 2001.02.01.0470300), impetrado perante a Justiça Federal do Rio de Janeiro e transitado em julgado favoravelmente àquela empresa desde 03/10/2005, atualmente objeto da Ação Rescisória nº 2006.02.01.0004164 e da já transitada em julgado Medida Cautelar n2 2005.02.01.0144723, ambas ajuizadas pela Fazenda Nacional. Referido mandamus garantiu à Sab Trading o direito ao amplo aproveitamento do crédito prêmio de IPI, por meio de ressarcimento ou compensação, com débitos próprios e de terceiros. Vale dizer, foi assegurado à SAB Trading o direito ao amplo aproveitamento do crédito prêmio de IPI utilizando se, nesta fruição, as disposições legais relativas à recuperação de indébito tributário, notadamente aquelas relativas à compensação, em especial as contidas na INSRF 21/97, com as alterações previstas tão somente na INSRF 73/97. Amparada nessas decisões judiciais, a SAB Trading e a Impugnante formalizaram Pedidos de Compensação de Crédito com Débito de Terceiro PCCs, perante a Autoridade Administrativa competente, nos termos do art. 15, da INSRF 21/97, o que, nos termos do art. 156, II, do CTN, extingue o crédito tributário. A sentença proferida no Mandado de Segurança nº 99.00166582 foi sucessivamente confirmada nas instâncias superiores, tendo Fl. 755DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/12/2014 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por DOMINGOS DE SA FILHO 4 transitado em julgado em 03/10/2005. Em dezembro de 2005 e janeiro de 2006, a Fazenda Nacional promoveu, respectivamente, medida cautelar e ação rescisória perante o eg. TRF da 2a Região (Processos n2 2005.02.01.0144723 e n9 200 6.02.01.0004164) Visando a suspender e a desconstituir os efeitos dessa coisa julgada formada em favor da SAB Trading. Por meio dessas medidas, a Fazenda Nacional obteve tão somente medida cautelar para a suspensão dos efeitos dos acórdãos transitados em julgado, estando impedida até o julgamento final e definitivo de sua ação rescisória de MG JUIZ DE FORA DRJ Fl. 578 4 desconstituir ou desconsiderar pedidos de ressarcimento e de compensação com débitos próprios e de terceiros formalizados antes de 19/12/05 (data da concessão da medida liminar na cautelar anteposta à ação rescisória), como é o caso das compensações sob exame. A citada ação rescisória foi julgada procedente pelo eg. TRF/2ª Região. Isso, porém, em nada altera o direito da cedente, uma vez que o julgamento ocorrido no TRF/2aR. Não é definitivo. Atualmente tal ação aguarda julgamento de Embargos de Declaração (Anexo 5). Quanto a isso, não há dúvida possível: Enquanto não houver decisão transitada em julgado na ação rescisória, prevalecerá como válida e eficaz a coisa julgada que se formou no MS ne 99.00166582, a teor do disposto no art. 489 do CPC. Não foi por outra razão que,atenta ao fato de que a decisão que julga procedente a ação rescisória somente produz efeito após o seu próprio trânsito em julgado, à 2ª Seção Especializada do eg. TRF/2â Região, na mesma sessão em que deu pela procedência da ação rescisória em questão, julgou a medida cautelar correlata, processo ns 2005.02.01.0144723, para consignar expressamente que, enquanto não proferida decisão definitiva na ação rescisória (decisão com trânsito em julgado), continuará vigorando a decisão que reconheceu o crédito da cedente e permitiu as compensações realizadas pela Impugnante. Do equívoco da autuação – a mesma compensação foi apenada duas vezes. Depreende se do auto de infração (fl. 176) e do demonstrativo de fls. 165/166, que o valor compensado pela Impugnante em março de 2005, abaixo discriminado, foi considerado duas vezes para fim da imposição da multa isolada de que se cuida. Fato gerador: março 2005 Valor Compensado: R$ 1.979.850,30 Multa: R$ 1.484.887,73 0 PCC que formaliza referida compensação também foi juntado aos autos duas vezes (o que pode ter sido a causa do equívoco) às fls. 151 e 164. Embora à fl. Fl. 756DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/12/2014 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por DOMINGOS DE SA FILHO Processo nº 15586.000029/201013 Acórdão n.º 3403003.303 S3C4T3 Fl. 8 5 151 a cópia do PCC não contenha o carimbo de recebimento do Ministério da Fazenda, como contém a cópia juntada à fl. 164, a toda evidência se trata da mesma compensação. Para elidir qualquer dúvida, a Impugnante apresenta cópia de sua DCTF do período (Anexo 8), que comprova a ausência de dois débitos de igual valor (v. pg.18 do Anexo 8). Se não foram apurados, não eram devidos e não foram declarados dois débitos idênticos, a Impugnante não fez duas compensações do mesmo valor. As duas cópias do mesmo PCC podem ter sido extraídas das vias da empresa cedente e da Impugnante, sendo que a diferença repita se, encontra se apenas no carimbo de recepção do referido documento, sendo inválida a compensação não formalizada perante o órgão da Administração Tributária (f1. 151”. Na fase recursal sustenta questão de nulidade, em que pese decorrido o prazo recursal, justifica o conhecimento por trazer matéria de ordem pública. É o relatório. Voto Conselheiro Domingos de Sá Filhio, Retor. Cuidase de Recurso Voluntário e de Ofício. O Recurso Voluntário foi interposto depois de decorrido lapso temporal de 30 (trinta) dias previsto para sua interposição contada a partir do primeiro dia útil após o dia da ciência. A Recorrente foi intimada via edital fixado na sede Receita Federal da jurisdição do contribuinte em 12 de dezembro de 2012 e desafixado em 27 de dezembro de 2012. O recurso foi interposto em 20 de dezembro de 2013. No caso em exame a justificativa trazida no bojo do recurso se revela incapaz de afastar a perda do prazo para interposição do recurso. Como é de conhecimento geral, o prazo para interposição de recurso é de 30 (trinta) dias em conformidade com o disposto pelo art. 33 do Decreto 70.235/1972, constatado o decurso do prazo, impõe o não conhecimento. Em relação ao Recurso de Ofício, presente os pressupostos de admissibilidade, a desoneração do crédito tributário ultrapassa o valor de alçada, R$ 1.000.00,00, sendo assim, tomo conhecimento. A desoneração decorreu de inclusão em duplicidade do valor de R$1.979.850,30 à base de cálculo. Ao se examinar o DEMONSTRATIVO I foi possível constatar a duplicidade alegada pelo Contribuinte quanto ao período do fato gerador, 11 de março de 2005. Fl. 757DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/12/2014 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por DOMINGOS DE SA FILHO 6 Ao elaborar o demonstrativo o senhor auditor fez incluir em dois momentos diferentes o valor de R$ 1.979.850,30, referente ao montante compensado, julgado indevido por ser oriundo de crédito terceiro decorrente de ação judicial não transitada em julgada e se referir a Crédito Prêmio de IPI. O julgador de Piso efetuou busca na DCTF do período e constatou que o débito apurado importava em R$ 2.067.585,94, o pagamento deuse em parte em moeda corrente no montante de R$ 87.735,64 e a outra parte por meio de compensações no total de R$ 1.979.850,30, esse fato assegura que o valor utilizado indevidamente se referia a compensação informada na DCTF, que foi considerada compensação não declarada. Como se vê o fato se refere tãosó à compensação referente ao fato gerador de 11 de março de 2005, portanto, não poderia constar no demonstrativo da fiscalização duas vezes. Em sendo assim, incluído no cálculo da fiscalização duas vezes, configura erro passível de correção, motivo pelo qual andou bem o Julgador de Piso em acolher o argumento do contribuinte para ajustar o valor da multa. Com essas considerações conheço do Recurso de Ofício e nego provimento. Diante do exposto, deixo de conhecer o Recurso Voluntário por ser intempestivo e conheço o Recurso de ofício e nego provimento. É como voto. Domingos de Sá Filho Fl. 758DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/12/2014 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por DOMINGOS DE SA FILHO
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Numero do processo: 19515.005662/2009-41
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 03 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Jan 07 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004
DECADÊNCIA. OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS.
Sujeitam-se ao regime referido no art. 173 do CTN os procedimentos administrativos de constituição de créditos tributários decorrentes do descumprimento de obrigações acessórias, uma vez que tais créditos tributários decorrem sempre de lançamento de ofício, jamais de lançamento por homologação, circunstância que afasta, peremptoriamente, a incidência do preceito tatuado no § 4º do art. 150 do CTN.
RELEVAÇÃO DA MULTA
Em virtude da revogação do dispositivo regulamentar que a previa, a partir de 13/01/2009, não mais é possível a relevação da multas aplicadas a titulo de penalidade por descumprimento das obrigações acessórias estabelecidas na legislação previdenciária.
JUROS DE MORA. TAXA SELIC.
Súmula CARF n° 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2302-003.528
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário do Auto de Infração de Obrigação Acessória lavrado no Código de Fundamento Legal 38, por não ter o contribuinte apresentado livros e documentos relacionados com as contribuições previstas na Lei n.º 8.212/91.
(assinado digitalmente)
LIEGE LACROIX THOMASI Presidente
(assinado digitalmente)
ANDRÉ LUÍS MÁRSICO LOMBARDI Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Liége Lacroix Thomasi (Presidente), Arlindo da Costa e Silva, Juliana Campos de Carvalho Cruz, Leo Meirelles do Amaral e André Luís Mársico Lombardi.
Nome do relator: ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI
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ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004 DECADÊNCIA. OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS. Sujeitam-se ao regime referido no art. 173 do CTN os procedimentos administrativos de constituição de créditos tributários decorrentes do descumprimento de obrigações acessórias, uma vez que tais créditos tributários decorrem sempre de lançamento de ofício, jamais de lançamento por homologação, circunstância que afasta, peremptoriamente, a incidência do preceito tatuado no § 4º do art. 150 do CTN. RELEVAÇÃO DA MULTA Em virtude da revogação do dispositivo regulamentar que a previa, a partir de 13/01/2009, não mais é possível a relevação da multas aplicadas a titulo de penalidade por descumprimento das obrigações acessórias estabelecidas na legislação previdenciária. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. Súmula CARF n° 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais. Recurso Voluntário Negado
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004 DECADÊNCIA. OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS. Sujeitamse ao regime referido no art. 173 do CTN os procedimentos administrativos de constituição de créditos tributários decorrentes do descumprimento de obrigações acessórias, uma vez que tais créditos tributários decorrem sempre de lançamento de ofício, jamais de lançamento por homologação, circunstância que afasta, peremptoriamente, a incidência do preceito tatuado no § 4º do art. 150 do CTN. RELEVAÇÃO DA MULTA Em virtude da revogação do dispositivo regulamentar que a previa, a partir de 13/01/2009, não mais é possível a relevação da multas aplicadas a titulo de penalidade por descumprimento das obrigações acessórias estabelecidas na legislação previdenciária. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. Súmula CARF n° 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário do Auto de Infração de Obrigação Acessória lavrado no AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 56 62 /2 00 9- 41 Fl. 211DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 18/ 12/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMA SI 2 Código de Fundamento Legal 38, por não ter o contribuinte apresentado livros e documentos relacionados com as contribuições previstas na Lei n.º 8.212/91. (assinado digitalmente) LIEGE LACROIX THOMASI – Presidente (assinado digitalmente) ANDRÉ LUÍS MÁRSICO LOMBARDI – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Liége Lacroix Thomasi (Presidente), Arlindo da Costa e Silva, Juliana Campos de Carvalho Cruz, Leo Meirelles do Amaral e André Luís Mársico Lombardi. Fl. 212DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 18/ 12/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMA SI Processo nº 19515.005662/200941 Acórdão n.º 2302003.528 S2C3T2 Fl. 212 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou improcedentes as impugnações da recorrente, mantendo o crédito tributário lançado. Adotamos trecho do relatório do acórdão do órgão a quo, que bem resume o quanto consta dos autos: 1.Tratase de Auto de Infração Debcad n° 37.180.0811, lançado pela fiscalização contra a empresa em epígrafe, procedimento fiscal instaurado pelo Mandado de Procedimento Fiscal MPF n° 0819000.2008.00965, no valor total de R$ 13.291,66 (treze mile duzentos e noventa e um reais e sessenta e seis centavos), lavrado em 07/12/2009, por deixara empresa de exibir qualquer documento ou livro relacionados com as contribuições previstas na lei n° 8.212/91, ou apresentar documento ou livro que não atenda as formalidades legais exigidas, que contenha informação diversa da realidade ou que omita a informação verdadeira,conforme previsto no art. 33, parágrafo 2o e 3o da referida Lei, com redação da MP n° 449, de03/12/2008, convertida na Lei n° 11.941/2009, combinado com o artigo 233, parágrafo único do Regulamento da Providência Social RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048/99. 2.Consoante o Relatório Fiscal da Infração, fls. 5, ficou constatado que a empresa: (i) apresentou Livro diário n° 12 e correspondente Razão com informação diversa da realidade ao omitir a remuneração efetivamente paga aos segurados empregados a seu serviço, declarada nas GFIP por ela transmitidas antes do início do procedimento fiscal; (ii) deixou de apresentar: * os comprovantes dos lançamentos efetuados na conta contábil: Serviços de Apoio ao departamento Comercial; * folha de pagamento referente ao 13° salário; * livros Diário e Razão dos anos 2006 a 2008. 2.1. Salienta a fiscalização que não ocorreram circunstância agravantes (...) DA IMPUGNAÇÃO 3. Dentro do prazo legal, a Notificada contestou o lançamento através do instrumento de fls. 28/55 e 98/125 e, documentos de fls. 56/87 e 126/133, onde alega: (...) (destaques nossos) Fl. 213DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 18/ 12/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMA SI 4 É de se considerar que a recorrente, no prazo de impugnação, apresentou requerimento de prorrogação de prazo de impugnação, justificando o pleito pelo fato de os documentos entregues à fiscalização não terem sido devolvidos. Após cerca de um ano do trâmite dos autos, em análise, à solicitação referida, a DRJ, deferiu a solicitação, reabrindo o prazo de defesa por mais trinta dias, tendo sido apresentada nova impugnação. Após referido procedimento, como afirmado, as impugnações apresentadas pela recorrente foram julgadas improcedentes, tendo a recorrente apresentado, tempestivamente, recurso voluntário, no qual alega, em apertada síntese, que: * decadência de todos os fatos geradores ocorridos até 10 de dezembro de 2004 (art. 150, § 4°, do CTN); * nulidade por cerceamento de defesa, na medida em que os documentos indispensáveis à elaboração das peças de defesa permaneceram com a fiscalização quando já havia decorrido praticamente todo o prazo de impugnação. Durante a defesa, também não teve acesso ao processo administrativo; * os documentos foram apresentados; * que as multas sejam relevadas, nos termos do artigo 291 do Decreto n° 3.048/99; * ilegalidade e inconstitucionalidade da aplicação da Taxa Selic. É o relatório. Fl. 214DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 18/ 12/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMA SI Processo nº 19515.005662/200941 Acórdão n.º 2302003.528 S2C3T2 Fl. 213 5 Voto Conselheiro Relator André Luís Mársico Lombardi Cerceamento de defesa. Assevera a recorrente que deve ser reconhecida a nulidade por cerceamento de defesa, na medida em que os documentos indispensáveis à elaboração das peças de defesa permaneceram com a fiscalização quando já havia decorrido praticamente todo o prazo de impugnação. Durante a defesa, também não teve acesso ao processo administrativo. Como destacado no relatório supra, a recorrente, no prazo de impugnação, apresentou requerimento de prorrogação de prazo de impugnação, justificando o pleito pelo fato de os documentos entregues à fiscalização não terem sido devolvidos. Após cerca de um ano do trâmite dos autos, em análise, à solicitação referida, a DRJ, deferiu a solicitação, reabrindo o prazo de defesa por mais trinta dias, tendo sido apresentada nova impugnação. Portanto, concluise que, com a reabertura do prazo de defesa, não se consolidou qualquer prejuízo à recorrente, razão pela qual a sua argumentação não merece prosperar. Decadência. Alega a recorrente a decadência parcial do lançamento, com base no artigo 173, I, do CTN, sendo que deveriam ser desconsiderados os fatos geradores ocorridos até 10 de dezembro de 2004 (art. 150, § 4°, do CTN). É sabido que se sujeitamse ao regime referido no art. 173 do CTN os procedimentos administrativos de constituição de créditos tributários decorrentes do descumprimento de obrigações acessórias, uma vez que tais créditos tributários originamse sempre de lançamento de ofício, jamais de lançamento por homologação, circunstância que afasta, peremptoriamente, a incidência do preceito tatuado no § 4º do art. 150 do CTN. Portanto, não assiste razão à recorrente quanto à contagem do prazo decadencial. Documentos apresentados. Aduz a recorrente que os documentos solicitados foram apresentados. Não é o que consta dos autos, no qual atestase que a recorrente: (i) apresentou Livro diário n° 12 e correspondente Razão com informação diversa da realidade ao omitir a remuneração efetivamente paga aos segurados empregados a seu serviço, declarada nas GFIP por ela transmitidas antes do início do procedimento fiscal; (ii) deixou de apresentar: Fl. 215DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 18/ 12/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMA SI 6 * os comprovantes dos lançamentos efetuados na conta contábil: Serviços de Apoio ao departamento Comercial; * folha de pagamento referente ao 13° salário; * livros Diário e Razão dos anos 2006 a 2008. Salientese que os documentos que deixaram de ser apresentados pela empresa e que foram regularmente solicitados eram necessários ao regular desenvolvimento da Fiscalização, sendo que a falta de sua apresentação caracterizou a ocorrência da conduta típica prevista em lei, razão pela qual foi lavrado o presente auto de infração Ao descumprir os seus deveres legais de exibir documento ou livro relacionados com as contribuições previstas na lei n° 8.212/91 e de apresentar documento e livro que atenda às formalidades legais exigidas, contendo informação real e verdadeira, a recorrente deu razão à inversão do ônus da prova, ensejando o lançamento por arbitramento e a lavratura de Autos de Infração por descumprimento de obrigações acessórias. Relevação da Multa. A recorrente requer sejam as multas relevadas, nos termos do artigo 291 do Decreto n° 3.048/99. Dispunha o revogado art. 291 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto 3.048/99: Art. 291. Constitui circunstância atenuante da penalidade aplicada ter o infrator corrigido a falta até o termo final do prazo para impugnação. (Redação dada pelo Decreto n° 6.032, de 2007) (Revogado pelo Decreto n° 6.72 7, de 2009) § 1 ° A multa será relevada se o infrator formular pedido e corrigir a falta, dentro do prazo de impugnação, ainda que não contestada a infração, desde que seja o infrator primário e não tenha ocorrido nenhuma circunstancia agravante. (Redação dada pelo Decreto n° 6.032, de 2007) (Revogado pelo Decreto n° 6.727, de 2009) § 2° O disposto no parágrafo anterior não se aplica à multa prevista no art. 286 e nos casos em que a multa decorrer de falta ou insuficiência de recolhimento tempestivo de contribuições ou outras importâncias devidas nos termos deste Regulamento. (Revogado pelo Decreto n° 6.727, de 2009) § 3°Da decisão que atenuar ou relevar multa cabe recurso de oficio, de acordo com o disposto no art. 366. (Redação dada pelo Decreto n° 6.032, de 2007) (Revogado pelo Decreto n° 6.727, de 2009) O dispositivo referese exclusivamente às multas decorrentes do descumprimento de obrigação acessória, sendo de se considerar que não houve o preenchimento de seus requisitos por parte da recorrente. Ademais, em virtude da revogação de Fl. 216DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 18/ 12/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMA SI Processo nº 19515.005662/200941 Acórdão n.º 2302003.528 S2C3T2 Fl. 214 7 tal dispositivo, a partir da data publicação do Decreto 6.727/2009, ocorrida em 13/01/2009, não mais é possível a relevação da multas aplicadas a titulo de penalidade por descumprimento das obrigações acessórias estabelecidas na legislação previdenciária, como é o caso do presente lançamento. Taxa Selic. Aduz a recorrente a ilegalidade e inconstitucionalidade da aplicação da Taxa Selic Especificamente quanto à aplicação da Taxa Selic como juros moratórios temse a Súmula CARF n° 4: Súmula CARF n° 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Portanto, não há qualquer viabilidade jurídica para o acatamento, por esta instância recursal, do pleito da recorrente. Pelos motivos expendidos, CONHEÇO do recurso voluntário para, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO. (assinado digitalmente) ANDRÉ LUÍS MÁRSICO LOMBARDI – Relator Fl. 217DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 18/ 12/2014 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por LIEGE LACROIX THOMA SI
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