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Numero do processo: 10215.720180/2008-43
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 16 00:00:00 UTC 2012
Numero da decisão: 2202-000.226
Decisão: RESOLVEM os Membros da 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento do CARF, por unanimidade de votos, decidir pelo sobrestamento do processo, nos termos do voto do Conselheiro Relator. Após a formalização da Resolução o processo será movimentado para a Secretaria da Câmara que o manterá na atividade de sobrestado, conforme orientação contida no § 3º do art. 2º, da Portaria CARF nº 001, de 03 de janeiro de 2012. O processo será incluído novamente em pauta após solucionada a questão da repercussão geral, em julgamento no Supremo Tribunal Federal.
Nome do relator: ANTONIO LOPO MARTINEZ
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RESOLVEM os Membros da 2ª. Turma Ordinária da 2ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento do CARF, por unanimidade de votos, decidir pelo sobrestamento do processo, nos termos do voto do Conselheiro Relator. Após a formalização da Resolução o processo será movimentado para a Secretaria da Câmara que o manterá na atividade de sobrestado, conforme orientação contida no § 3º do art. 2º, da Portaria CARF nº 001, de 03 de janeiro de 2012. O processo será incluído novamente em pauta após solucionada a questão da repercussão geral, em julgamento no Supremo Tribunal Federal. (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann – Presidente (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez – Relator Composição do colegiado: Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Eivanice Canário da Silva, Antonio Lopo Martinez, Odmir Fernandes, Pedro Anan Junior e Nelson Mallmann (Presidente). Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Rafael Pandolfo e Helenilson Cunha Pontes. Fl. 401DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 25/05/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 24/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10215.720180/200843 Resolução n.º 220200.226 S2C2T2 Fl. 2 2 RELATÓRIO Tratase de Recurso Voluntário em resistência ao Auto de Infração, fls. 309/319, lavrado em face do Interessado, já qualificado nos autos, em procedimento de verificação do cumprimento de obrigações tributárias referente ao IRPF, anoscalendários 2004 a 2006, no qual foi apurada omissão de rendimentos caracterizada por valores creditados em contas de depósito ou de investimento, mantidas em instituições financeiras, em relação aos quais o sujeito passivo, regularmente intimado,não comprovou, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Noticia o Termo de verificação Fiscal que: A ação fiscal teve origem em razão da presença de "indício de omissão de receitas, caracterizada pela elevada movimentação financeira em relação aos rendimentos declarados ". Notase, da análise cuidadosa do processo, que várias RMFs foram realizadas a instituições financeiras. É isto que interessa relatar até o momento. Fl. 402DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 25/05/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 24/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10215.720180/200843 Resolução n.º 220200.226 S2C2T2 Fl. 3 3 VOTO Conselheiro Antonio Lopo Martinez, Relator Ante de apreciar o recurso cabe discutir se o referido processo estaria sujeito a sobrestamento. Após análise pormenorizada dos autos entendo que cabe aqui sobrestamento de julgado feito de ofício pelo relator, nos termos do art. 62A e parágrafos do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF n° 256, de 22 de junho de 2009, verbis: Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. § 1º Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543B. § 2º O sobrestamento de que trata o § 1º será feito de ofício pelo relator ou por provocação das partes. Ocorre que está em Repercussão Geral o fornecimento de informações sobre movimentações financeiras ao Fisco sem autorização judicial, nos termos do art. 6º da Lei Complementar nº 105/200 (RE 601314) Recurso extraordinário em que se discute, à luz dos artigos 5º, X, XII, XXXVI, LIV, LV; 145, § 1º; e 150, III, a, da Constituição Federal, a constitucionalidade, ou não, do art. 6º da Lei Complementar nº 105/2001, que permitiu o fornecimento de informações sobre movimentações financeiras diretamente ao Fisco, sem autorização judicial, bem como a possibilidade, ou não, da aplicação da Lei nº 10.174/2001 para apuração de créditos tributários referentes a exercícios anteriores ao de sua vigência. Diante de todo o exposto, proponho o SOBRESTAMENTO do julgamento do presente Recurso, conforme previsto no art. 62, §1o e 2o, do RICARF. Observandose que após a formalização da Resolução o processo será movimentado para a Secretaria da Câmara que o manterá na atividade de sobrestado, conforme orientação contida no § 3º do art. 2º, da Portaria CARF nº 001, de 03 de janeiro de 2012. O processo será incluído novamente em pauta após solucionada a questão da repercussão geral, em julgamento no Supremo Tribunal Federal. (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez Fl. 403DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 25/05/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 24/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10215.720180/200843 Resolução n.º 220200.226 S2C2T2 Fl. 4 4 Fl. 404DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 25/05/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 24/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ
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Numero do processo: 10580.721205/2007-87
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 21 00:00:00 UTC 2012
Numero da decisão: 2202-000.389
Decisão: Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, decidir pelo sobrestamento do processo, nos termos do voto do Conselheiro Relator. Após a formalização da Resolução o processo será movimentado para a Secretaria da Câmara que o manterá na atividade de sobrestado, conforme orientação contida no § 3º do art. 2º, da Portaria CARF nº 001, de 03 de janeiro de 2012. O processo será incluído novamente em pauta após solucionada a questão da repercussão geral, em julgamento no Supremo Tribunal Federal.
Nome do relator: RAFAEL PANDOLFO
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Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, decidir pelo sobrestamento do processo, nos termos do voto do Conselheiro Relator. Após a formalização da Resolução o processo será movimentado para a Secretaria da Câmara que o manterá na atividade de sobrestado, conforme orientação contida no § 3º do art. 2º, da Portaria CARF nº 001, de 03 de janeiro de 2012. O processo será incluído novamente em pauta após solucionada a questão da repercussão geral, em julgamento no Supremo Tribunal Federal. (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann – Presidente. (Assinado digitalmente) Rafael Pandolfo Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Rafael Pandolfo, Antonio Lopo Martinez, Odmir Fernandes, Pedro Anan Junior e Nelson Mallmann. Ausentes, justificadamente, o Conselheiro Helenilson Cunha Pontes. Fl. 204DF CARF MF Impresso em 13/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 20/12/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 18/12/2012 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 10580.721205/200787 Resolução n.º 220200.389 S2C2T2 Fl. 205 2 Relatório 1 Procedimento de Fiscalização A partir de registros de movimentação financeira, foram iniciados, em 25/04/07, os trabalhos de fiscalização (Mandado de Procedimento Fiscal nº 0510100/00241/2007), sendo o recorrente intimado, em 23/05/07, a apresentar esclarecimentos e documentos referentes aos anos de 2004 e 2005 (fl. 18), a saber: a) Realização do(s) nome(s) dos bancos, nº de agência e nº de conta corrente, de todas as instituições financeiras que mantém ou manteve conta, nos períodos acima identificados; b) Extratos bancários de conta corrente e de aplicações financeiras, caderneta de poupança, de todas as contas mantidas pelo declarante junto a instituições financeiras no Brasil e no exterior, referente ao período acima especificado. Em 02/08/07, o recorrente foi novamente intimado (fl. 2228 do eprocesso) a apresentar documentação comprobatória da origem dos recursos utilizados nas operações listadas pela fiscalização referentes ao Banco Itaú (contas correntes 240987 e 270908) e ao Banco do Brasil (conta corrente 5.4720). Consta à fl. 31 do processo eletrônico Termo de Constatação e Reintimação Fiscal assinalando a omissão do Recorrente quanto ao atendimento das Intimações Fiscais, mesmo após prorrogação de prazo, e reintimando para a apresentação da documentação solicitada no prazo derradeiro de 05 dias. Em 23/04/07, foi expedido Requerimento de Informação sobre Movimentação Financeira – RMF, para o Banco do Brasil (fl. 42 do eprocesso) e Banco Itaú (fl. 45 do eprocesso). O Banco do Brasil atendeu ao RMF às fls. 69/98, e o Banco Rural às fls. 99147. 2 Auto de Infração Foi lavrado, em 29/11/07, auto de infração (fls. 1117). O crédito tributário apurado foi de R$ 436.896,44, incluídos imposto, juros de mora e multa de 75%, tendo por fundamento omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada. A descrição dos fatos, do procedimento de fiscalização, e o demonstrativo da base de cálculo e enquadramento legal encontramse no Termo de Verificação Fiscal de fls. 6/10. 3 Impugnação O recorrente apresentou impugnação tempestiva (fls. 151158), esgrimindo, em síntese, os seguintes argumentos: a) não é razoável exigir da pessoa física que comprove fatos ocorridos há mais de dois anos. Fl. 205DF CARF MF Impresso em 13/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 20/12/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 18/12/2012 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 10580.721205/200787 Resolução n.º 220200.389 S2C2T2 Fl. 206 3 b) não foram excluídos os rendimentos tributáveis, isentos ou com tributação exclusiva, o que gerou bis in idem; c) não há respaldo legal para a aplicação da taxa SELIC para os juros de mora. 4 Acórdão de Impugnação A impugnação foi julgada pela 3ª Turma da DRJ/BSB, que acordou, por unanimidade, pela improcedência da impugnação (fls. 184190), apresentando os seguintes fundamentos: a) não houve cerceamento de defesa, uma vez que ao recorrente foi franqueado pleno acesso às provas que embasaram a autuação, bem como as infrações e circunstâncias da autuação encontramse detalhadas nos autos; b) caracterizamse como omissão de rendimentos os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, regulamente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos; c) há previsão legal à aplicação de juros de mora por percentuais equivalentes à taxa Selic. O recorrente tomou ciência da decisão de impugnação em 19/02/10. 5 Recurso Voluntário O contribuinte interpôs, tempestivamente, recurso voluntário (fls. 194196), em 05/03/10, repisando os argumentos da impugnação, e argumentando, ainda, que o acórdão de impugnação padeceria de nulidade por ausência de assinatura. É o relatório. Fl. 206DF CARF MF Impresso em 13/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 20/12/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 18/12/2012 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 10580.721205/200787 Resolução n.º 220200.389 S2C2T2 Fl. 207 4 Voto Conselheiro Relator Rafael Pandolfo O recurso ora analisado foi interposto no âmbito de procedimento administrativo no qual foi constituído, contra o recorrente, crédito tributário relativo ao Imposto sobre a Renda. A autuação utilizou como fundamento a omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada. Para alcançar seu desiderato, a Fiscalização utilizou Requisição de Informações de Movimentação Financeira (RMF) (fls. 194196), após omissão do Recorrente na apresentação da documentação solicitada. A constitucionalidade das prerrogativas estendidas à autoridade fiscal através de instrumentos infraconstitucionais obtenção de informações junto às instituições através da RMF está sendo analisada pelo STF no âmbito do Recurso Extraordinário nº 601.314, que tramita em regime de repercussão geral, reconhecida em 22/10/09, conforme ementa abaixo transcrita: CONSTITUCIONAL. SIGILO BANCÁRIO. FORNECIMENTO DE INFORMAÇÕES SOBRE MOVIMENTAÇÃO BANCÁRIA DE CONTRIBUINTES, PELAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS, DIRETAMENTE AO FISCO, SEM PRÉVIA AUTORIZAÇÃO JUDICIAL (LEI COMPLEMENTAR 105/2001). POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DA LEI 10.174/2001 PARA APURAÇÃO DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS REFERENTES A EXERCÍCIOS ANTERIORES AO DE SUA VIGÊNCIA. RELEVÂNCIA JURÍDICA DA QUESTÃO CONSTITUCIONAL. EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL Conforme disposto no § 1º do art. 62A da Portaria MF nº 256/09, devem ficar sobrestados os julgamentos dos recursos que versarem sobre matéria cuja repercussão geral tenha sido admitida pelo STF. O dispositivo há pouco referido vai ao encontro da segurança jurídica, da estabilidade e da eficiência, pois ao tempo em que assegura a coerência do ordenamento, confere utilidade à atividade judicante exercida no âmbito do CARF. Assim, reconhecida, pelo STF, a relevância constitucional de tema prejudicial à validade do procedimento utilizado na constituição do crédito tributário, deve ser sobrestado o julgamento do recurso no CARF. Não se desconhece a decisão Plenária do STF no âmbito do RE nº 389.808, que acolheu o recurso extraordinário interposto pelos contribuintes. O Recurso foi pautado pelo Ministro Marco Aurélio (i) poucos dias antes da publicação da Emenda Regimental nº 42, do RISTF, que determina que todos os recursos relacionados ao tema do caso admitido como paradigma, em repercussão geral, devam ser distribuídos ao respectivo Relator, e (ii) quase um ano após o reconhecimento da repercussão geral no RE 601.314, o que gerou confusão quanto à mecânica processual de julgamento dos recursos extraordinários anteriores à Emenda Constitucional nº 45/04. Uma leitura atenta do acórdão revela que o julgamento, inicialmente adstrito à reanálise da medida cautelar requerida pela parte recorrente, desbordou para enfrentamento do mérito a partir da contrariedade manifestada pela Min. Ellen Gracie centrada, sobretudo, na ausência do Min. Joaquim Barbosa e sua consequência à apuração do quorum de votação. A atipicidade do caso, entretanto, não indica posicionamento da Corte afastando as Fl. 207DF CARF MF Impresso em 13/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 20/12/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 18/12/2012 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 10580.721205/200787 Resolução n.º 220200.389 S2C2T2 Fl. 208 5 consequências imediatas da repercussão geral, como o sobrestamento dos processos que veiculam o tema da violação de sigilo pela Fazenda. O fato é que, com exceção do inusitado julgamento ocorrido no âmbito do RE 389.808, o posicionamento do STF tem sido uníssono no sentido de sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários que veiculam a mesma matéria objeto do Recurso Extraordinário nº 601.314. As decisões abaixo transcritas são elucidativas: DESPACHO: Vistos. O presente apelo discute a violação da garantia do sigilo fiscal em face do inciso II do artigo 17 da Lei n° 9.393/96, que possibilitou a celebração de convênios entre a Secretaria da Receita Federal e a Confederação Nacional da Agricultura CNA e a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura – Contag, a fim de viabilizar o fornecimento de dados cadastrais de imóveis rurais para possibilitar cobranças tributárias. Verificase que no exame do RE n° 601.314/SP, Relator o Ministro Ricardo Lewandowski, foi reconhecida a repercussão geral de matéria análoga à da presente lide, e terá seu mérito julgado no Plenário deste Supremo Tribunal Federal Destarte, determino o sobrestamento do feito até a conclusão do julgamento do mencionado RE nº 601.314/SP. Devem os autos permanecer na Secretaria Judiciária até a conclusão do referido julgamento. Publiquese. Brasília, 9 de fevereiro de 2011. Ministro DIAS TOFFOLI Relator Documento assinado digitalmente (RE 488993, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, julgado em 09/02/2011, publicado em DJe035 DIVULG 21/02/2011 PUBLIC 22/02/2011) DECISÃO REPERCUSSÃO GERAL ADMITIDA – PROCESSOS VERSANDO A MATÉRIA – SIGILO DADOS BANCÁRIOS – FISCO – AFASTAMENTO – ARTIGO 6º DA LEI COMPLEMENTAR Nº 105/2001 – SOBRESTAMENTO. 1. O Tribunal, no Recurso Extraordinário nº 601.314/SP, relator Ministro Ricardo Lewandowski, concluiu pela repercussão geral do tema relativo à constitucionalidade de o Fisco exigir informações bancárias de contribuintes mediante o procedimento administrativo previsto no artigo 6º da Lei Complementar nº 105/2001. 2. Ante o quadro, considerado o fato de o recurso veicular a mesma matéria, tendo a intimação do acórdão da Corte de origem ocorrido anteriormente à vigência do sistema da repercussão geral, determino o sobrestamento destes autos. 3. À Assessoria, para o acompanhamento devido. 4. Publiquem. Brasília, 04 de outubro de 2011. Ministro MARCO AURÉLIO Relator (AI 691349 AgR, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, julgado em 04/10/2011, publicado em DJe213 DIVULG 08/11/2011 PUBLIC 09/11/2011) REPERCUSSÃO GERAL. LC 105/01. CONSTITUCIONALIDADE. LEI 10.174/01. APLICAÇÃO PARA APURAÇÃO DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS REFERENTES À EXERCÍCOS ANTERIORES AO DE SUA VIGÊNCIA. RECURSO EXTRAORDINÁRIO DA UNIÃO PREJUDICADO. POSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DO PROCESSO AO TRIBUNAL DE ORIGEM (ART. 328, PARÁGRAFO ÚNICO, DO RISTF ). Decisão: Discutese nestes recursos extraordinários a constitucionalidade, ou não, do artigo 6º da LC 105/01, que permitiu o Fl. 208DF CARF MF Impresso em 13/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 20/12/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 18/12/2012 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 10580.721205/200787 Resolução n.º 220200.389 S2C2T2 Fl. 209 6 fornecimento de informações sobre movimentações financeiras diretamente ao Fisco, sem autorização judicial; bem como a possibilidade, ou não, da aplicação da Lei 10.174/01 para apuração de créditos tributários referentes a exercícios anteriores ao de sua vigência. O Tribunal Regional Federal da 4ª Região negou seguimento à remessa oficial e à apelação da União, reconhecendo a impossibilidade da aplicação retroativa da LC 105/01 e da Lei 10.174/01. Contra essa decisão, a União interpôs, simultaneamente, recursos especial e extraordinário, ambos admitidos na Corte de origem. Verificase que o Superior Tribunal de Justiça deu provimento ao recurso especial em decisão assim ementada (fl. 281): “ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO – UTILIZAÇÃO DE DADOS DA CPMF PARA LANÇAMENTO DE OUTROS TRIBUTOS – IMPOSTO DE RENDA – QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO – PERÍODO ANTERIOR À LC 105/2001 – APLICAÇÃO IMEDIATA – RETROATIVIDADE PERMITIDA PELO ART. 144, § 1º, DO CTN – PRECEDENTE DA PRIMEIRA SEÇÃO – RECURSO ESPECIAL PROVIDO.” Irresignado, Gildo Edgar Wendt interpôs novo recurso extraordinário, alegando, em suma, a inconstitucionalidade da LC 105/01 e a impossibilidade da aplicação retroativa da Lei 10.174/01 . O Supremo Tribunal Federal reconheceu a repercussão geral da controvérsia objeto destes autos, que será submetida à apreciação do Pleno desta Corte, nos autos do RE 601.314, Relator o Ministro Ricardo Lewandowski. Pelo exposto, declaro a prejudicialidade do recurso extraordinário interposto pela União, com fundamento no disposto no artigo 21, inciso IX, do RISTF. Com relação ao apelo extremo interposto por Gildo Edgar Wendt, revejo o sobrestamento anteriormente determinado pelo Min. Eros Grau, e, aplicando a decisão Plenária no RE n. 579.431, secundada, a posteriori pelo AI n. 503.064AgRAgR, Rel. Min. CELSO DE MELLO; AI n. 811.626AgR AgR, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI, e RE n. 513.473ED, Rel. Min CÉZAR PELUSO, determino a devolução dos autos ao Tribunal de origem (art. 328, parágrafo único, do RISTF c.c. artigo 543B e seus parágrafos do Código de Processo Civil). Publiquese. Brasília, 1º de agosto de 2011. Ministro Luiz Fux Relator Documento assinado digitalmente (RE 602945, Relator(a): Min. LUIZ FUX, julgado em 01/08/2011, publicado em DJe158 DIVULG 17/08/2011 PUBLIC 18/08/2011) DECISÃO: A matéria veiculada na presente sede recursal –discussão em torno da suposta transgressão à garantia constitucional de inviolabilidade do sigilo de dados e da intimidade das pessoas em geral, naqueles casos em que a administração tributária, sem prévia autorização judicial, recebe, diretamente, das instituições financeiras, informações sobre as operações bancárias ativas e passivas dos contribuintes será apreciada no recurso extraordinário representativo da controvérsia jurídica suscitada no RE 601.314/SP, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI, em cujo âmbito o Plenário desta Corte reconheceu existente a repercussão geral da questão constitucional. Sendo assim, impõese o sobrestamento dos presentes autos, que permanecerão na Secretaria desta Corte até final julgamento do mencionado recurso extraordinário. Publiquese. Brasília, 21 de maio de 2010. Ministro CELSO DE MELLO Relator Fl. 209DF CARF MF Impresso em 13/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 20/12/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 18/12/2012 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 10580.721205/200787 Resolução n.º 220200.389 S2C2T2 Fl. 210 7 (RE 479841, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, julgado em 21/05/2010, publicado em DJe100 DIVULG 02/06/2010 PUBLIC 04/06/2010) Vistos. Verifico que a discussão acerca da violação, ou não, aos princípios constitucionais que asseguram ser invioláveis a intimidade e o sigilo de dados, previstos no art. 5º, X e XII, da Constituição, quando o Fisco, nos termos da Lei Complementar 105/2001, recebe diretamente das instituições financeiras informações sobre a movimentação das contas bancárias dos contribuintes, sem prévia autorização judicial teve sua repercussão geral reconhecida no RE nº 601.314/SP, Relator o Ministro Ricardo Lewandowski. Dessa forma, dados os reflexos da decisão a ser proferida no referido recurso, no deslinde do caso concreto, determino o sobrestamento do presento feito, até o julgamento do citado RE nº 601.314/SP. Publiquese. Brasília, 13 de junho de 2012. Ministro Dias Toffoli Relator Documento assinado digitalmente (RE 410054 AgR, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, julgado em 13/06/2012, publicado em DJe120 DIVULG 19/06/2012 PUBLIC 20/06/2012) Sendo assim, tenho como inquestionável o enquadramento do presente caso ao art. 26A, §1º, da Portaria 256/09, ratificado pelas decisões acima transcritas, que retratam o quadro descrito pela Portaria nº1, de 03 de janeiro de 2012 (art. 1º, Parágrafo Único). Nesses termos, voto para que seja sobrestado o presente recurso, até o julgamento definitivo do Recurso Extraordinário nº 601.314, pelo STF. (Assinado digitalmente) Rafael Pandolfo Fl. 210DF CARF MF Impresso em 13/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 20/12/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 18/12/2012 por RAFAEL PANDOLFO
score : 1.0
Numero do processo: 19515.004672/2009-69
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 23 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Tue Jun 10 00:00:00 UTC 2014
Numero da decisão: 2202-000.430
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, decidir pelo sobrestamento do processo, nos termos do voto do Conselheiro Relator. Após a formalização da Resolução o processo será movimentado para a Secretaria da Câmara que o manterá na atividade de sobrestado, conforme orientação contida no § 3º do art. 2º, da Portaria CARF nº 001, de 03 de janeiro de 2012. O processo será incluído novamente em pauta após solucionada a questão da repercussão geral, em julgamento no Supremo Tribunal Federal.
(Assinado digitalmente)
Nelson Mallmann - Presidente.
(Assinado digitalmente)
Rafael Pandolfo - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Conselheiros Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Rafael Pandolfo, Antonio Lopo Martinez, Guilherme Barranco de Souza, Pedro Anan Junior e Nelson Mallmann. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Odmir Fernandes.
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Recorrente ANSELMO RODRIGO BAPTISTA Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, decidir pelo sobrestamento do processo, nos termos do voto do Conselheiro Relator. Após a formalização da Resolução o processo será movimentado para a Secretaria da Câmara que o manterá na atividade de sobrestado, conforme orientação contida no § 3º do art. 2º, da Portaria CARF nº 001, de 03 de janeiro de 2012. O processo será incluído novamente em pauta após solucionada a questão da repercussão geral, em julgamento no Supremo Tribunal Federal. (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann Presidente. (Assinado digitalmente) Rafael Pandolfo Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Conselheiros Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Rafael Pandolfo, Antonio Lopo Martinez, Guilherme Barranco de Souza, Pedro Anan Junior e Nelson Mallmann. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Odmir Fernandes. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 95 15 .0 04 67 2/ 20 09 -6 9 Fl. 227DF CARF MF Impresso em 10/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/04/2013 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 19/04/2013 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 17/04/2013 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 19515.004672/200969 Resolução nº 2202000.430 S2C2T2 Fl. 288 2 Relatório 1 Procedimento de Fiscalização A partir de registros de movimentações financeiras incompatíveis com a renda declarada pelo recorrente, o Fisco iniciou procedimento de fiscalização (fls. 2 e 3), intimando o recorrente para comparecer à Divisão de Fiscalização IV/Defic/SPO para ciência de documentos referentes à ação fiscal instaurada através do Mandado de Procedimento Fiscal 08190.00.2009000274 (fl. 6). Em 02/04/09, o Fisco lavrou novo Termo de Intimação Fiscal (fl. 4) para que o recorrente apresentasse extratos bancários referentes à movimentação financeira dos anos calendário de 2004 e 2005, o qual foi devolvido com informe de ausente (fl. 5). O recorrente foi intimado novamente em 30/04/09, tomando ciência no dia 06/05/09 (fl. 9). Sem manifestação do recorrente, a Fiscalização lavrou Termo de Intimação Fiscal 001/09 (fl. 1022). Houve, ainda, em razão da falta de resposta do recorrente, emissão de Termo de Intimação Fiscal 002/09 (fl. 2335), do qual restou ciente em 28/09/09 (fl. 36). Em razão da inércia do recorrente, o Fisco intimou as instituições financeiras Caixa Econômica Federal (fl. 48) e Banco Bradesco S/A (fl. 49) mediante emissão de Requisições de Informações sobre Movimentações Financeiras (RMF). Tendo em vista as reiteradas intimações para que o contribuinte apresentasse documentos e esclarecimentos, a Fiscalização, após emitir Termo de Verificação Fiscal (fl.138 144), decidiu lavrar auto de infração. 2 Auto de Infração Foi lavrado, em 29/10/09 (fls. 143150), auto de infração relativo ao Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, anoscalendário de 2004 e 2005, apurando crédito tributário no montante de R$1.556.645,00, incluídos imposto, juros de mora e multa de 75%. A infração imputada foi omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários sem origem comprovada. O recorrente tomou ciência do auto em 30/10/09. 3 Impugnação O recorrente apresentou impugnação tempestiva (fls. 155162), esgrimindo os seguintes argumentos: a) o prazo máximo de procedimento fiscal é de 120 dias, de modo que a presente fiscalização é nula de pleno direito, vez que excedeu tal prazo; b) o recorrente não foi notificado da instauração de mandado de procedimento fiscal, quando ocorreu a quebra de sigilo bancário, o que configura nulidade da fiscalização, além de ofender os princípios da ampla defesa, contraditório e devido processo legal; Fl. 228DF CARF MF Impresso em 10/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/04/2013 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 19/04/2013 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 17/04/2013 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 19515.004672/200969 Resolução nº 2202000.430 S2C2T2 Fl. 289 3 c) segundo o art. 6º da LC 105/01, para ocorrer a quebra de sigilo fiscal, deve existir processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso, assim, o procedimento fiscal n° 0819000.2009.000274 só poderia ser instaurado caso tivesse ocorrido um processo administrativo anterior, do qual o contribuinte deveria necessariamente ser cientificado e desde que houvesse autorização judicial para quebra do sigilo bancário, o que não ocorre no caso. d) inconstitucionalidade da LC 105/01, uma vez que a quebra de sigilo bancário necessita de ordem judicial. Por fim, juntou termo de verificação fiscal (fl.167170) e termos de intimações fiscais (fl. 171172). 4 Acórdão de Impugnação A impugnação foi julgada improcedente, por unanimidade, pela 10ª Turma da DRJ/SP2 (fls. 183192), mantendo o crédito tributário exigido. Na decisão, foram alinhados os seguintes fundamentos: a) o mandado de procedimento fiscal é instrumento interno de planejamento de controle das atividades e procedimentos fiscais, de modo que não pode obstar o lançamento, o qual é estabelecido por força de lei; b) no caso o procedimento fiscal foi prorrogado até 02/11/09, sendo que a ciência do procedimento ocorreu no dia 30/10/2009. Assim, não houve desatenção ou não observância às regras estabelecidas pela Portaria SRF n° 11.371/07; c) o fornecimento de informações pelas instituições financeiras à Secretaria da Receita Federal não constitui violação ao sigilo bancário, nos termos do art. 11, § 2º , da Lei n° 9.311/96; d) todo o procedimento fiscal e atos administrativos, consubstanciadores do lançamento, estão revestidos de suas formalidades legais, não havendo que se falar em desrespeito aos princípios constitucionais do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa; e) verificase no texto legal que a tributação por meio de depósitos bancários deriva de presunção de renda legalmente estabelecida. Tratase de presunção relativa que poderia a qualquer momento ser afastada mediante prova em contrário, cabendo ao contribuinte, sua produção; f) em razão do Princípio da Legalidade, a autoridade fiscal possui o poder/dever de, não comprovada a origem dos recursos, considerar os valores depositados como rendimentos tributados omitidos na declaração de ajuste anual, efetuando o lançamento do imposto correspondente; g) Nos termos da Constituição Federal, artigos 97 e 102, incumbe exclusivamente ao Poder Judiciário a apreciação e a decisão sobre questões referentes à constitucionalidade de lei ou ato normativo. Fl. 229DF CARF MF Impresso em 10/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/04/2013 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 19/04/2013 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 17/04/2013 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 19515.004672/200969 Resolução nº 2202000.430 S2C2T2 Fl. 290 4 5 Recurso Voluntário O contribuinte interpôs, intempestivamente, recurso voluntário, em 14/06/11 (fl.196), após tomar ciência da decisão, em 14/04/11 (fl. 194), repisando os argumentos da impugnação. É o relatório. Fl. 230DF CARF MF Impresso em 10/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/04/2013 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 19/04/2013 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 17/04/2013 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 19515.004672/200969 Resolução nº 2202000.430 S2C2T2 Fl. 291 5 Voto Conselheiro Relator Rafael Pandolfo Trata o presente caso de lançamento baseado em omissão de rendimentos baseado em depósitos bancários, postulando o recorrente a anulação do lançamento, em razão da inconstitucionalidade da quebra de sigilo bancário em procedimento administrativo. Verificase que o recorrente, tendo tomado ciência do Acórdão de Impugnação em 14/04/11 (fl. 194), interpôs recurso voluntário apenas em 14/06/2011 (fl.196), ou seja, 30 dias após o prazo prescricional (termo de perempção de fl.195). Entretanto, no âmbito das matérias que comportam julgamento de ofício, encontrase possível nulidade de procedimento de fiscalização, sendo que para alcançar seu desiderato a Fiscalização utilizou requisição de movimentação financeira (RMF) (fls.4849). A constitucionalidade das prerrogativas estendidas à autoridade fiscal através de instrumentos infraconstitucionais obtenção de informações junto às instituições através da RMF (fls. 4849) está sendo analisada pelo STF no âmbito do Recurso Extraordinário nº 601.314, que tramita em regime de repercussão geral, reconhecida em 22/10/09, conforme ementa abaixo transcrita: CONSTITUCIONAL. SIGILO BANCÁRIO. FORNECIMENTO DE INFORMAÇÕES SOBRE MOVIMENTAÇÃO BANCÁRIA DE CONTRIBUINTES, PELAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS, DIRETAMENTE AO FISCO, SEM PRÉVIA AUTORIZAÇÃO JUDICIAL (LEI COMPLEMENTAR 105/2001). POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DA LEI 10.174/2001 PARA APURAÇÃO DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS REFERENTES A EXERCÍCIOS ANTERIORES AO DE SUA VIGÊNCIA. RELEVÂNCIA JURÍDICA DA QUESTÃO CONSTITUCIONAL. EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL Conforme disposto no § 1º do art. 62A da Portaria MF nº 256/09, devem ficar sobrestados os julgamentos dos recursos que versarem sobre matéria cuja repercussão geral tenha sido admitida pelo STF. O dispositivo há pouco referido vai ao encontro da segurança jurídica, da estabilidade e da eficiência, pois ao tempo em que assegura a coerência do ordenamento, confere utilidade à atividade judicante exercida no âmbito do CARF. Assim, reconhecida, pelo STF, a relevância constitucional de tema prejudicial à validade do procedimento utilizado na constituição do crédito tributário, deve ser sobrestado o julgamento do recurso no CARF. Não se desconhece a decisão Plenária do STF no âmbito do RE nº 389.808, que acolheu o recurso extraordinário interposto pelos contribuintes. O Recurso foi pautado pelo Ministro Marco Aurélio (i) poucos dias antes da publicação da Emenda Regimental nº 42, do RISTF, que determina que todos os recursos relacionados ao tema do caso admitido como paradigma, em repercussão geral, devam ser distribuídos ao respectivo Relator, e (ii) quase um ano após o reconhecimento da repercussão geral no RE 601.314, o que gerou confusão quanto à mecânica processual de julgamento dos recursos extraordinários anteriores à Emenda Constitucional nº 45/04. Uma leitura atenta do acórdão revela que o julgamento, inicialmente adstrito à reanálise da medida cautelar requerida pela parte recorrente, desbordou para Fl. 231DF CARF MF Impresso em 10/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/04/2013 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 19/04/2013 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 17/04/2013 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 19515.004672/200969 Resolução nº 2202000.430 S2C2T2 Fl. 292 6 enfrentamento do mérito a partir da contrariedade manifestada pela Min. Ellen Gracie centrada, sobretudo, na ausência do Min. Joaquim Barbosa e sua consequência à apuração do quorum de votação. A atipicidade do caso, entretanto, não indica posicionamento da Corte afastando as consequências imediatas da repercussão geral, como o sobrestamento dos processos que veiculam o tema da violação de sigilo pela Fazenda. O fato é que, com exceção do inusitado julgamento ocorrido no âmbito do RE 389.808, o posicionamento do STF tem sido uníssono no sentido de sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários que veiculam a mesma matéria objeto do Recurso Extraordinário nº 601.314. As decisões abaixo transcritas são elucidativas: DESPACHO: Vistos. O presente apelo discute a violação da garantia do sigilo fiscal em face do inciso II do artigo 17 da Lei n° 9.393/96, que possibilitou a celebração de convênios entre a Secretaria da Receita Federal e a Confederação Nacional da Agricultura CNA e a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura – Contag, a fim de viabilizar o fornecimento de dados cadastrais de imóveis rurais para possibilitar cobranças tributárias. Verificase que no exame do RE n° 601.314/SP, Relator o Ministro Ricardo Lewandowski, foi reconhecida a repercussão geral de matéria análoga à da presente lide, e terá seu mérito julgado no Plenário deste Supremo Tribunal Federal Destarte, determino o sobrestamento do feito até a conclusão do julgamento do mencionado RE nº 601.314/SP. Devem os autos permanecer na Secretaria Judiciária até a conclusão do referido julgamento. Publiquese. Brasília, 9 de fevereiro de 2011. Ministro DIAS TOFFOLI Relator Documento assinado digitalmente (RE 488993, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, julgado em 09/02/2011, publicado em DJe035 DIVULG 21/02/2011 PUBLIC 22/02/2011) DECISÃO REPERCUSSÃO GERAL ADMITIDA – PROCESSOS VERSANDO A MATÉRIA – SIGILO DADOS BANCÁRIOS – FISCO – AFASTAMENTO – ARTIGO 6º DA LEI COMPLEMENTAR Nº 105/2001 – SOBRESTAMENTO. 1. O Tribunal, no Recurso Extraordinário nº 601.314/SP, relator Ministro Ricardo Lewandowski, concluiu pela repercussão geral do tema relativo à constitucionalidade de o Fisco exigir informações bancárias de contribuintes mediante o procedimento administrativo previsto no artigo 6º da Lei Complementar nº 105/2001. 2. Ante o quadro, considerado o fato de o recurso veicular a mesma matéria, tendo a intimação do acórdão da Corte de origem ocorrido anteriormente à vigência do sistema da repercussão geral, determino o sobrestamento destes autos. 3. À Assessoria, para o acompanhamento devido. 4. Publiquem. Brasília, 04 de outubro de 2011. Ministro MARCO AURÉLIO Relator (AI 691349 AgR, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, julgado em 04/10/2011, publicado em DJe213 DIVULG 08/11/2011 PUBLIC 09/11/2011) REPERCUSSÃO GERAL. LC 105/01. CONSTITUCIONALIDADE. LEI 10.174/01. APLICAÇÃO PARA APURAÇÃO DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS REFERENTES À EXERCÍCOS ANTERIORES AO DE SUA VIGÊNCIA. RECURSO EXTRAORDINÁRIO DA UNIÃO PREJUDICADO. POSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DO PROCESSO Fl. 232DF CARF MF Impresso em 10/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/04/2013 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 19/04/2013 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 17/04/2013 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 19515.004672/200969 Resolução nº 2202000.430 S2C2T2 Fl. 293 7 AO TRIBUNAL DE ORIGEM (ART. 328, PARÁGRAFO ÚNICO, DO RISTF ). Decisão: Discutese nestes recursos extraordinários a constitucionalidade, ou não, do artigo 6º da LC 105/01, que permitiu o fornecimento de informações sobre movimentações financeiras diretamente ao Fisco, sem autorização judicial; bem como a possibilidade, ou não, da aplicação da Lei 10.174/01 para apuração de créditos tributários referentes a exercícios anteriores ao de sua vigência. O Tribunal Regional Federal da 4ª Região negou seguimento à remessa oficial e à apelação da União, reconhecendo a impossibilidade da aplicação retroativa da LC 105/01 e da Lei 10.174/01. Contra essa decisão, a União interpôs, simultaneamente, recursos especial e extraordinário, ambos admitidos na Corte de origem. Verificase que o Superior Tribunal de Justiça deu provimento ao recurso especial em decisão assim ementada (fl. 281): “ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO – UTILIZAÇÃO DE DADOS DA CPMF PARA LANÇAMENTO DE OUTROS TRIBUTOS – IMPOSTO DE RENDA – QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO – PERÍODO ANTERIOR À LC 105/2001 – APLICAÇÃO IMEDIATA – RETROATIVIDADE PERMITIDA PELO ART. 144, § 1º, DO CTN – PRECEDENTE DA PRIMEIRA SEÇÃO – RECURSO ESPECIAL PROVIDO.” Irresignado, Gildo Edgar Wendt interpôs novo recurso extraordinário, alegando, em suma, a inconstitucionalidade da LC 105/01 e a impossibilidade da aplicação retroativa da Lei 10.174/01 . O Supremo Tribunal Federal reconheceu a repercussão geral da controvérsia objeto destes autos, que será submetida à apreciação do Pleno desta Corte, nos autos do RE 601.314, Relator o Ministro Ricardo Lewandowski. Pelo exposto, declaro a prejudicialidade do recurso extraordinário interposto pela União, com fundamento no disposto no artigo 21, inciso IX, do RISTF. Com relação ao apelo extremo interposto por Gildo Edgar Wendt, revejo o sobrestamento anteriormente determinado pelo Min. Eros Grau, e, aplicando a decisão Plenária no RE n. 579.431, secundada, a posteriori pelo AI n. 503.064AgRAgR, Rel. Min. CELSO DE MELLO; AI n. 811.626AgR AgR, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI, e RE n. 513.473ED, Rel. Min CÉZAR PELUSO, determino a devolução dos autos ao Tribunal de origem (art. 328, parágrafo único, do RISTF c.c. artigo 543B e seus parágrafos do Código de Processo Civil). Publiquese. Brasília, 1º de agosto de 2011. Ministro Luiz Fux Relator Documento assinado digitalmente (RE 602945, Relator(a): Min. LUIZ FUX, julgado em 01/08/2011, publicado em DJe158 DIVULG 17/08/2011 PUBLIC 18/08/2011) DECISÃO: A matéria veiculada na presente sede recursal –discussão em torno da suposta transgressão à garantia constitucional de inviolabilidade do sigilo de dados e da intimidade das pessoas em geral, naqueles casos em que a administração tributária, sem prévia autorização judicial, recebe, diretamente, das instituições financeiras, informações sobre as operações bancárias ativas e passivas dos contribuintes será apreciada no recurso extraordinário representativo da controvérsia jurídica suscitada no RE 601.314/SP, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI, em cujo âmbito o Plenário desta Corte reconheceu existente a repercussão geral da questão constitucional. Sendo assim, impõese o sobrestamento dos presentes autos, que permanecerão na Secretaria desta Corte até final julgamento do Fl. 233DF CARF MF Impresso em 10/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/04/2013 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 19/04/2013 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 17/04/2013 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 19515.004672/200969 Resolução nº 2202000.430 S2C2T2 Fl. 294 8 mencionado recurso extraordinário. Publiquese. Brasília, 21 de maio de 2010. Ministro CELSO DE MELLO Relator (RE 479841, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, julgado em 21/05/2010, publicado em DJe100 DIVULG 02/06/2010 PUBLIC 04/06/2010) Vistos. Verifico que a discussão acerca da violação, ou não, aos princípios constitucionais que asseguram ser invioláveis a intimidade e o sigilo de dados, previstos no art. 5º, X e XII, da Constituição, quando o Fisco, nos termos da Lei Complementar 105/2001, recebe diretamente das instituições financeiras informações sobre a movimentação das contas bancárias dos contribuintes, sem prévia autorização judicial teve sua repercussão geral reconhecida no RE nº 601.314/SP, Relator o Ministro Ricardo Lewandowski. Dessa forma, dados os reflexos da decisão a ser proferida no referido recurso, no deslinde do caso concreto, determino o sobrestamento do presento feito, até o julgamento do citado RE nº 601.314/SP. Publiquese. Brasília, 13 de junho de 2012. Ministro Dias Toffoli Relator Documento assinado digitalmente (RE 410054 AgR, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, julgado em 13/06/2012, publicado em DJe120 DIVULG 19/06/2012 PUBLIC 20/06/2012) Sendo assim, tenho como inquestionável o enquadramento do presente caso ao art. 26A, §1º, da Portaria 256/09, ratificado pelas decisões acima transcritas, que retratam o quadro descrito pela Portaria nº1, de 03 de janeiro de 2012 (art. 1º, Parágrafo Único). Nesses termos, considerando tratarse de matéria de ofício, ainda que perempto o recurso voluntário, voto para que seja sobrestado o presente recurso, até o julgamento definitivo do Recurso Extraordinário nº 601.314, pelo STF. (Assinado digitalmente) Rafael Pandolfo Fl. 234DF CARF MF Impresso em 10/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/04/2013 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 19/04/2013 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 17/04/2013 por RAFAEL PANDOLFO
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Numero do processo: 10166.725463/2011-18
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Apr 14 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Jun 03 00:00:00 UTC 2014
Numero da decisão: 2202-000.579
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso interposto por DISTRIBUIDORA BRASILIA DE VEICULOS S/A
RESOLVEM os Membros da 2ª. Turma Ordinária da 2ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento do CARF, Por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Conselheiro Relator.
(Assinado digitalmente)
Antonio Lopo Martinez Presidente em Exercício e Relator
Composição do colegiado: Participaram do presente julgamento os Conselheiros Dayse Fernandes Leite (Substituta Convocada), Rafael Pandolfo, Guilherme Barranco de Souza (Suplente Convocado), Pedro Anan Júnior e Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Suplente Convocado), Antonio Lopo Martinez. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Fabio Brun Goldschmidt.
Nome do relator: ANTONIO LOPO MARTINEZ
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Turma Ordinária da 2ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento do CARF, Por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Conselheiro Relator. (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez – Presidente em Exercício e Relator Composição do colegiado: Participaram do presente julgamento os Conselheiros Dayse Fernandes Leite (Substituta Convocada), Rafael Pandolfo, Guilherme Barranco de Souza (Suplente Convocado), Pedro Anan Júnior e Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Suplente Convocado), Antonio Lopo Martinez. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Fabio Brun Goldschmidt. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 01 66 .7 25 46 3/ 20 11 -1 8 Fl. 373DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 30/05/201 4 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10166.725463/201118 Resolução nº 2202000.579 S2C2T2 Fl. 3 2 RELATÓRIO Trata o presente processo de vinte e duas declarações de compensação, nas quais a contribuinte, acima identificada, compensou débitos tributários diversos apurados no ano calendário 2011, ali confessados, com pretenso crédito relativo a pagamento indevido ou a maior pleiteado no processo 10166.000416/201130, protocolado no Ministério da Fazenda, no total de R$ 13.185.371,10. O citado processo 10166.000416/201130 referese a pedido de restituição. Nos autos não há informação precisa de qual seria o crédito que está sendo objeto das compensações. A fl.194, o recorrente apresenta genericamente qual seria a motivação do pedido de restituição, mas não especifica qual efetivamente a natureza do crédito a que este se vincula. Acrescentese, por pertinente, ainda que também se noticia nos autos que o referido processo foi eliminado/ cancelado, conforme fl. 195. O pleito do recorrente foi indeferido pela Delegacia de origem e a manifestação de inconformidade foi julgada improcedente, sem em qualquer momento essas autoridades terem pleno conhecimento do que versava o processo 10.166.000416/201130. É o relatório. VOTO Conselheiro Antonio Lopo Martinez, Relator Tendo em vista, a impossibilidade de identificar a natureza do crédito que foi utilizado para compensação, não há como conhecer o recurso nesta Turma de julgamento, tendo em vista a insegurança sobre a competência da mesma para o julgamento do recurso voluntário. Sobre a competência atribuída às diversas Seções: Art. 7º Incluemse na competência das Seções os recursos interpostos em processos administrativos de compensação, ressarcimento, restituição e reembolso, bem como de reconhecimento de isenção ou de imunidade tributária. § 1º A competência para o julgamento de recurso em processo administrativo de compensação é definida pelo crédito alegado, inclusive quando houver lançamento de crédito tributário de matéria que se inclua na especialização de outra Câmara ou Seção. § 2º Os recursos interpostos em processos administrativos de cancelamento ou de suspensão de isenção ou de imunidade tributária, dos quais não tenha decorrido a lavratura de auto de infração, incluise na competência da Segunda Seção. Fl. 374DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 30/05/201 4 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10166.725463/201118 Resolução nº 2202000.579 S2C2T2 Fl. 4 3 § 3º Na hipótese do § 1º, quando o crédito alegado envolver mais de um tributo com competência de diferentes Seções, a competência para julgamento será: ( Incluído pela Portaria MF nº 586, de 21 de dezembro de 2010 ) I Da Primeira Seção de Julgamento, se envolver crédito alegado de competência dessa Seção e das demais; ( Incluído pela Portaria MF nº 586, de 21 de dezembro de 2010 ) II Da Segunda Seção de Julgamento, se envolver crédito alegado de competência dessa Seção e da Terceira Seção; ( Incluído pela Portaria MF nº 586, de 21 de dezembro de 2010 ) III Da Terceira Seção de Julgamento, se envolver crédito alegado unicamente dessa Seção. ( Incluído pela Portaria MF nº 586, de 21 de dezembro de 2010 ) Desse modo, com base nos dispositivos transcritos, retorno o processo para que a Delegacia de origem, para: que esta determine a verificação junto ao processo 10166.000416/201130, qual seria a natureza do crédito tributário objeto do pedido de restituição e compensação , promovendose posteriormente o direcionamento correto e seguro deste processo para a Seção do CARF competente. (Assinatura digital) Antonio Lopo Martinez Fl. 375DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 30/05/201 4 por ANTONIO LOPO MARTINEZ
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Numero do processo: 10530.723554/2009-91
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 14 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Jun 03 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2005, 2006, 2007
IRPF - RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA
Constatada a omissão de rendimentos sujeitos à incidência do imposto de renda na declaração de ajuste anual, é legítima a constituição do crédito tributário na pessoa física do beneficiário, ainda que a fonte pagadora não tenha procedido à respectiva retenção (Súmula CARF nº 12).
ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE
O CARF não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2).
IR - COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL
A repartição do produto da arrecadação entre os entes federados não altera a competência tributária da União para instituir, arrecadar e fiscalizar o Imposto sobre a Renda.
RENDIMENTOS TRIBUTÁVEIS. ABONO VARIÁVEL. NATUREZA INDENIZATÓRIA -MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL. VEDAÇÃO À EXTENSÃO DE NÃO-INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA.
Inexistindo dispositivo de lei federal atribuindo às verbas recebidas pelos membros do Ministério Público Estadual a mesma natureza indenizatória do abono variável previsto pela Lei n° 10477, de 2002, descabe excluir tais rendimentos da base de cálculo do imposto de renda, haja vista ser vedada a extensão com base em analogia em sede de não incidência tributária.
MULTA DE OFÍCIO. ERRO ESCUSÁVEL.
Se o contribuinte, induzido pelas informações prestadas pela fonte pagadora, incorreu em erro escusável quanto à tributação e classificação dos rendimentos recebidos, não deve ser penalizado pela aplicação da multa de ofício.
JUROS DE MORA
Não comprovada a tempestividade dos recolhimentos, correta a exigência, via auto de infração, nos termos do art. 43 e 44 da Lei nº. 9.430, de 1996.
Preliminares rejeitadas.
Recurso provido em parte.
Numero da decisão: 2202-002.690
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso para excluir da exigência a multa de ofício, por erro escusável. Vencidos os Conselheiros Rafael Pandolfo e Fábio Brun Goldschmidt, que proviam o recurso.
(Assinado digitalmente)
Antonio Lopo Martinez Presidente em Exercício e Relator
Composição do colegiado: Participaram do presente julgamento os Conselheiros Dayse Fernandes Leite (Suplente Convocada), Rafael Pandolfo, Marcio de Lacerda Martins (Suplente Convocado), Fabio Brun Goldschmidt, Jimir Doniak Junior (Suplente Convocado). Ausente justificadamente o Conselheiro Pedro Anan Junior.
Nome do relator: ANTONIO LOPO MARTINEZ
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 IRPF - RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA Constatada a omissão de rendimentos sujeitos à incidência do imposto de renda na declaração de ajuste anual, é legítima a constituição do crédito tributário na pessoa física do beneficiário, ainda que a fonte pagadora não tenha procedido à respectiva retenção (Súmula CARF nº 12). ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE O CARF não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). IR - COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL A repartição do produto da arrecadação entre os entes federados não altera a competência tributária da União para instituir, arrecadar e fiscalizar o Imposto sobre a Renda. RENDIMENTOS TRIBUTÁVEIS. ABONO VARIÁVEL. NATUREZA INDENIZATÓRIA -MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL. VEDAÇÃO À EXTENSÃO DE NÃO-INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA. Inexistindo dispositivo de lei federal atribuindo às verbas recebidas pelos membros do Ministério Público Estadual a mesma natureza indenizatória do abono variável previsto pela Lei n° 10477, de 2002, descabe excluir tais rendimentos da base de cálculo do imposto de renda, haja vista ser vedada a extensão com base em analogia em sede de não incidência tributária. MULTA DE OFÍCIO. ERRO ESCUSÁVEL. Se o contribuinte, induzido pelas informações prestadas pela fonte pagadora, incorreu em erro escusável quanto à tributação e classificação dos rendimentos recebidos, não deve ser penalizado pela aplicação da multa de ofício. JUROS DE MORA Não comprovada a tempestividade dos recolhimentos, correta a exigência, via auto de infração, nos termos do art. 43 e 44 da Lei nº. 9.430, de 1996. Preliminares rejeitadas. Recurso provido em parte.
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ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE O CARF não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). IR COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL A repartição do produto da arrecadação entre os entes federados não altera a competência tributária da União para instituir, arrecadar e fiscalizar o Imposto sobre a Renda. RENDIMENTOS TRIBUTÁVEIS. ABONO VARIÁVEL. NATUREZA INDENIZATÓRIA MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL. VEDAÇÃO À EXTENSÃO DE NÃOINCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA. Inexistindo dispositivo de lei federal atribuindo às verbas recebidas pelos membros do Ministério Público Estadual a mesma natureza indenizatória do abono variável previsto pela Lei n° 10477, de 2002, descabe excluir tais rendimentos da base de cálculo do imposto de renda, haja vista ser vedada a extensão com base em analogia em sede de não incidência tributária. MULTA DE OFÍCIO. ERRO ESCUSÁVEL. Se o contribuinte, induzido pelas informações prestadas pela fonte pagadora, incorreu em erro escusável quanto à tributação e classificação dos rendimentos recebidos, não deve ser penalizado pela aplicação da multa de ofício. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 53 0. 72 35 54 /2 00 9- 91 Fl. 279DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 30/05/201 4 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 2 JUROS DE MORA Não comprovada a tempestividade dos recolhimentos, correta a exigência, via auto de infração, nos termos do art. 43 e 44 da Lei nº. 9.430, de 1996. Preliminares rejeitadas. Recurso provido em parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso para excluir da exigência a multa de ofício, por erro escusável. Vencidos os Conselheiros Rafael Pandolfo e Fábio Brun Goldschmidt, que proviam o recurso. (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez – Presidente em Exercício e Relator Composição do colegiado: Participaram do presente julgamento os Conselheiros Dayse Fernandes Leite (Suplente Convocada), Rafael Pandolfo, Marcio de Lacerda Martins (Suplente Convocado), Fabio Brun Goldschmidt, Jimir Doniak Junior (Suplente Convocado). Ausente justificadamente o Conselheiro Pedro Anan Junior. Fl. 280DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 30/05/201 4 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10530.723554/200991 Acórdão n.º 2202002.690 S2C2T2 Fl. 3 3 Relatório Em desfavor do contribuinte, MARCELO CERQUEIRA CESAR, foi lavrado auto de infração relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física – IRPF correspondente aos anos calendário de 2004, 2005 e 2006, para exigência de crédito tributário, no valor de R$65.826,78, incluída a multa de ofício no percentual de 75% (setenta e cinco por cento) e juros de mora. Conforme descrição dos fatos e enquadramento legal constantes no auto de infração, o crédito tributário foi constituído em razão de ter sido apurada classificação indevida de rendimentos tributáveis na Declaração de Ajuste Anual como sendo rendimentos isentos e não tributáveis. Os rendimentos foram recebidos do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia a título de “Valores Indenizatórios de URV”, em 36 (trinta e seis) parcelas no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, em decorrência da Lei Estadual da Bahia nº 8.730, de 08 de setembro de 2003. As diferenças recebidas teriam natureza eminentemente salarial, pois decorreram de diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para URV em 1994, conseqüentemente, estariam sujeitas à incidência do imposto de renda, sendo irrelevante a denominação dada ao rendimento. Na apuração do imposto devido não foram consideradas as diferenças salariais que tinham como origem o décimo terceiro salário, por estarem sujeitas à tributação exclusiva na fonte, nem as que tinham como origem o abono de férias, em atendimento ao despacho do Ministro da Fazenda publicado no DOU de 16 de novembro de 2006, que aprovou o Parecer PGFN/CRJ nº 2.140/2006. Foi atendido, também, o despacho do Ministro da Fazenda publicado no DOU de 11 de maio de 2009, que aprovou o Parecer PGFN/CRJ nº 287/2009, que dispõe sobre a forma de apuração do imposto de renda incidente sobre rendimentos pagos acumuladamente. A contribuinte foi cientificada do lançamento fiscal e apresentou impugnação, alegando, em síntese, os seguinte pontos extraídos do relatório da autoridade recorrida: a) não classificou indevidamente os rendimentos recebidos a título de URV, pois o enquadramento de tais rendimentos como isentos de imposto de renda encontrase em perfeita consonância com a legislação instituidora de tal verba indenizatória; b) segundo a legislação que regulamenta o imposto de renda, caberia à fonte pagadora, no caso o Estado da Bahia, e não ao autuado, o dever de retenção do referido tributo. Portanto, se a fonte pagadora não fez tal retenção, e levou o autuado a informar tal parcela como isenta, não tem este último qualquer responsabilidade pela infração; c) mesmo que tal verba fosse tributável, não caberia a aplicação da multa de ofício, pois o autuado teria cometido erro escusável em razão de ter seguido orientações da fonte pagadora; d) o Ministério da Fazenda, em resposta à Consulta Administrativa feita pela Presidente do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, também, teria manifestadose pela inaplicabilidade da multa de ofício, em razão da flagrante boafé dos autuados, ratificando o entendimento já fixado pelo Fl. 281DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 30/05/201 4 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 4 AdvogadoGeral da União, através da Nota AGU/AV 12/2007. Na referida resposta, o Ministério da Fazenda reconhece o efeito vinculante do comando exarado pelo Advogado Geral da União perante à PGFN e a RFB; e) o lançamento fiscal seria nulo por ter tributado de forma isolada os rendimentos apontados como omitidos, deixando de considerar a totalidade dos rendimentos e deduções cabíveis; f) ainda que o valor decorrente do recebimento da URV em atraso fosse considerado como tributável, não caberia tributar os juros incidentes sobre ele, tendo em vista sua natureza indenizatória; g) em razão da distribuição constitucional das receitas, todo o montante que fosse arrecado a título de imposto de renda incidente sobre os valores pagos a título de URV teriam como destinatário o próprio Estado da Bahia.Assim, se este último classificou legalmente tais pagamentos como indenização, foi porque renunciou ao recebimento; h) é pacífico que a União é parte ilegítima para figurar no pólo passivo da relação processual nos casos em que o servidor deseja obter judicialmente a isenção ou a não incidência do IRRF, posto que além de competir ao Estado tal retenção, é dele a renda proveniente de tal recolhimento. Pelo mesmo motivo, poderia concluirse que a União é parte ilegítima para exigir o referido imposto se o Estado não fizer tal retenção; i) independentemente da controvérsia quanto à competência ou não do Estado da Bahia para regular matéria reservada à Lei Federal, o valor recebido a título de URV tem a natureza indenizatória. Neste sentido já se pronunciou o Supremo Tribunal Federal, o Presidente do Conselho da Justiça Federal, Primeiro Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda, Poder Judiciário de Rondônia, Ministério Publico do Estado do Maranhão, bem como, ilustres doutrinadores; j) o STF, através da Resolução nº 245, de 2002, deixou claro que o abono conferido aos Magistrados Federais em razão das diferenças de URV tem natureza indenizatória, e que por esse motivo não sofre a incidência do imposto de renda. Assim, tributar estes mesmos valores recebidos pelos Magistrados Estaduais constitui violação ao princípio constitucional da isonomia. A DRJSalvador ao apreciar as razões da contribuinte, julgou o lançamento procedente, nos termos da ementa a seguir: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2004, 2005, 2006 DIFERENÇAS DE REMUNERAÇÃO. INCIDÊNCIA IRPF. As diferenças de remuneração recebidas pelos membros do Ministério Público do Estado da Bahia, em decorrência do art. 2º da Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20, de 2003, estão sujeitas à incidência do imposto de renda. MULTA DE OFÍCIO. INTENÇÃO. A aplicação da multa de ofício no percentual de 75% sobre o tributo não recolhido independe da intenção do contribuinte. Fl. 282DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 30/05/201 4 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10530.723554/200991 Acórdão n.º 2202002.690 S2C2T2 Fl. 4 5 Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Insatisfeita, a contribuinte interpõe recurso voluntário ao Conselho onde reitera as mesmas razões da impugnação, enfatizando os seguintes pontos: Da Responsabilidade exclusiva do Estado da Bahia, da inexistência de conduta hábil a aplicação da multa. Do efeito vinculante da resposta a consulta administrativa, tornando temerária a manutenção da multa. Da nulidade do lançamento, pela forma inadequada de apuração da base de cálculo do tributo lançado; Entende o recorrente que ao invés de ter feito o lançamento isolado em cada valor de “URV” recebido, deveria ter refeito as três Dirfs (2004, 2005, 2006) do contribuinte, a fim de apurar mês a mês os valores do imposto de renda supostamente devidos em conjunto com os salários auferidos; O cálculo do imposto de renda deve ser feito com base nas tabelas e alíquotas do imposto de renda das épocas próprias da percepção dos rendimentos; Da não incidência de IR sobre os juros moratórios e compensatórios; Da natureza indenizatórias da “URV” que se sobressai, conforme já decidiu a respeito o Supremo Tribunal de Justiça. Da ilegitimidade da União Federal, uma vez que por determinação expressa da Constituição, o produto do crédito tributário que deu origem ao presente processo é de propriedade da Fazenda Pública do Estado da Bahia; Da violação do princípio constitucional da isonomia. É o relatório. Fl. 283DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 30/05/201 4 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 6 Voto Conselheiro Antonio Lopo Martinez, Relator Os recursos estão dotados dos pressupostos legais de admissibilidade devendo, portanto, ser conhecido. O lançamento teve por base valores recebidos a título de “Valores Indenizatórios de URV”, em 36 (trinta e seis) parcelas no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, em decorrência da Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20, de 08 de setembro de 2003. Vale ressaltar que não é a denominação que se dá aos rendimentos pagos que vai determinar sua natureza tributável (ou não), mas os efeitos que esses recebimentos têm sobre o patrimônio do Autuado. De acordo com o Parágrafo 3º, do artigo 43 da Lei no. 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional (CTN), com redação dada pelo art. 1º. da Lei Complementar No. 104, de 10 de janeiro de 2001, a incidência do imposto de renda independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção. Conforme o mandamento previstos no parágrafo 6º. do art. 150 da Constituição Federal de 1988 (CF/88), com redação da Emenda Constitucional No. 3, de 17 de março de 1993, notase que a determinação expressa de que a isenção somente poderá ser concedida mediante lei específica. No caso somente a legislação do imposto sobre a renda define, de forma expressa, os rendimentos percebidos por pessoas físicas que são isentos do imposto. Acrescentese, por pertinente, que o CTN dispõe no art. 111 que se interpreta literalmente a legislação tributária pertinente à outorga de isenção. As isenções do Imposto de Renda da Pessoa Física são as expressamente especificadas no art. 39 do Decreto nº 3.000, de 1999 (RIR/99), no qual não consta relacionado como isento as diferenças salariais reconhecidas posteriormente, ainda que recebam a denominação de "indenização" ou "valores indenizatórios. No que toca a ilegitimidade ativa da União para cobrar o valor do imposto de renda incidente na fonte que não foi objeto de retenção. Urge registrar que a repartição do produto da arrecadação entre os entes federados não altera a competência tributária da União para instituir, arrecadar e fiscalizar o Imposto sobre a Renda. Em suma, o fato de o produto da arrecadação ficar para o Estado não altera a competência tributária definida na Constituição, que é da União, conforme de definido no art. 153, III. No referente a suposta inconstitucionalidade das Normas aplicadas, pela quebra do princípio da capacidade contributiva e apropriação de vantagem, , acompanho a posição sumulada pelo CARF de que não compete à autoridade administrativa de qualquer instância o exame da legalidade/constitucionalidade da legislação tributária, tarefa exclusiva do poder judiciário. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. (Súmula CARF nº 2). No relativo a Lei n° 10.477, de 2002, cabe observar, que a mesma restringe se ao abono variável aplicável aos membros do Poder Judiciário Federal. Esse abono, especificamente, foi considerado de natureza indenizatória pelo STF e, por determinação expressa do Parecer PGFN n° 529, de 2003, aprovado pelo Ministro da Fazenda, está fora da incidência tributária do imposto de renda. Fl. 284DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 30/05/201 4 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10530.723554/200991 Acórdão n.º 2202002.690 S2C2T2 Fl. 5 7 Em momento algum, houve pronunciamento do STF ou do Ministro da Fazenda acerca das naturezas jurídica e tributária dos rendimentos recebidos com fulcro na referida Lei Estadual que criou a isenção. Atribuir aos rendimentos em análise a mesma natureza do abono variável da Lei n° 10.474, de 2002, seria alargar as fronteiras da não incidência tributária sem previsão de Lei Federal para tanto. Tal entendimento é expressamente corroborado pelo Parecer PGFN/CAT n° 2.158, de 2005, e pela Solução de Consulta n° 47, da Superintendência da 7" Região Fiscal da Receita Federal do Brasil, estendendose os efeitos da Resolução STF n° 245, de 2002, tão somente ao Ministério Público Federal e à Magistratura Federal. Não se pode olvidar também que é defeso ao aplicador do Direito valerse da analogia para excluir rendimentos do campo de incidência tributária. Quanto à alegação de que, como a responsabilidade pela retenção e recolhimento do imposto é da fonte pagadora, é dela que deve ser exigido o imposto. Ocorre que, sem prejuízo da responsabilidade de reter e recolher o imposto, permanece o dever do beneficiário dos rendimentos de declarálos para fins de apuração do imposto devido, quando do ajuste anual. O Contribuinte é o beneficiário dos rendimentos, que não pode se furtar à tributação porque a fonte pagadora não procedeu à retenção do Imposto. É dizer, sendo a retenção do imposto pela fonte pagadora mera antecipação do imposto devido na declaração de ajuste anual, não há falar em responsabilidade pelo imposto concentrada exclusivamente na fonte pagadora. Este Conselho já pacificou esse entendimento, conforme verificase da Súmula a seguir: Constatada a omissão de rendimentos sujeitos à incidência do imposto de renda na declaração de ajuste anual, é legítima a constituição do crédito tributário na pessoa física do beneficiário, ainda que a fonte pagadora não tenha procedido à respectiva retenção (Súmula CARF nº 12). No que referente ao uso de alíquotas incorretas pela autoridade fiscal, da revisão do lançamento, notase que não há qualquer reparo a ser realizado no mesmo. Para conferência das alíquotas mensais aplicadas recomendase a consulta do link a seguir: http://www.receita.fazenda.gov.br/pagamentos/pgtoatraso/tbcalcir.htm, e não aquele apontado no recurso. No que toca a natureza de rendimentos recebidos acumuladamente, e a solicitação de considerar o rendimento em conjunto com os outros rendimentos do recorrente, tendo em vista aspectos das decisões do STJ (julgamentos repetitivos), o lançamento está impecável, já que cumpriu o entendimento judicial de que devem ser consideradas as tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se referem os rendimentos tributados. Os demonstrativos de fls. 8 e 19/21 são claros neste sentido que se referem a diferenças salariais de abril/94 a agosto/2001, pagas nos anoscalendário de 2004, 2005 e 2006. Enfim, não há qualquer prejuízo para o recorrente, já que os mesmos foram calculados pelo regime de competência que no geral é mais favorável aos contribuintes. O fisco adotou a forma mais benéfica no cálculo do imposto, recordandose que as decisões do CARF não podem agravar os lançamentos. No relativo a necessidade de exclusão das parcelas isentas e de tributação exclusiva, não há provas da falha apontada pelo recorrente. A alegação de que outros itens poderiam estar presentes no mesmo item de observação rendimentos isentos – deveria ser provada, confirmando uma eventual deficiência do lançamento. Fl. 285DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 30/05/201 4 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 8 Cabe adicionalmente registrar, que as parcelas relativas à conversão da URV, de rendimentos tributáveis, os juros compensatórios ou moratórios pagos em decorrência do atraso no seu pagamento, também são tributáveis, conforme disposto no art. 55, inciso XIV, do Decreto No. 3000, de 26 de março de 1999, RIR/99. Art.55.São também tributáveis (Lei nº 4.506, de 1964, art. 26, Lei nº 7.713, de 1988, art. 3º, §4º, e Lei nº 9.430, de 1996, arts. 24, §2º, inciso IV, e 70, §3º, inciso I): ... XIV os juros compensatórios ou moratórios de qualquer natureza, inclusive os que resultarem de sentença, e quaisquer outras indenizações por atraso de pagamento, exceto aqueles correspondentes a rendimentos isentos ou não tributáveis; Quanto à incidência da multa de ofício, esta tem previsão expressa em dispositivo de lei. Ainda que a fonte pagadora tenha deixado de proceder à retenção, o Contribuinte ter oferecido os rendimentos à tributação e não o tendo feito, fica sujeito à multa prevista no art. 44, I da Lei nº 9.430, de 1996, verbis: Lei nº 9.430, de 1996: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I – de 75% (setenta e cinco por cento), sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; Entretanto não pode se deixar de reconhecer que o recorrente teria sido induzido a erro pelas informações prestadas pela fonte pagadora. Incorreu em erro escusável no preenchimento da declaração, não comportando multa de ofício. A inclusão de rendimentos tributáveis sujeitos ao ajuste anual, na parte relativa a rendimentos não tributáveis, seguindo a rubrica constante do comprovante de rendimento fornecido pela fonte pagadora, demonstra que o contribuinte fora induzido a erro. Nesses casos excluise a penalidade, pois houve erro escusável por parte do declarante. Nesse sentido este conselho já tem se pronunciado, tal como se depreende do Acórdão 10421.668 : MULTA DE OFÍCIO ERRO ESCUSÁVEL Se o contribuinte, induzido pelas informações prestadas pela fonte pagadora, incorreu em erro escusável quanto à tributação e classificação dos rendimentos recebidos, não deve ser penalizado pela aplicação da multa de ofício. No que toca ao juros de mora é de se manter o lançamento, tendo em vista que o mesmo não tem a intenção de penalizar, mas de compensar o sujeito passivo pelo atraso no pagamento. Em face do exposto e da pertinência da cobrança do imposto, é de se manter o juros de mora. Urge registrar que o STJ não declarou a inconstitucionalidade do art. 39, § 4º, da Lei nº 9.250/95, restando pacificado no CARF que, com o advento da referida norma, teria aplicação a taxa Selic como índice de correção monetária e juros de mora, afastandose a aplicação do CTN, o que justifica a incidência de atualização do débito fiscal não recolhido, a partir do seu vencimento. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Fl. 286DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 30/05/201 4 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10530.723554/200991 Acórdão n.º 2202002.690 S2C2T2 Fl. 6 9 Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. (Súmula CARF nº 4). No tocante a aplicação do tratamento prescrito na Instrução Normativa RFB No. 1.127/2011 relativo aos rendimentos recebidos acumuladamente (RRA). Urge registrar que a norma citada disciplina a apuração e tributação dos rendimentos recebidos a partir de 28 de julho de 2010, não se aplicando portanto ao caso concreto. Ante ao exposto, voto no sentido de rejeitar as preliminares e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso para excluir da exigência a multa de ofício, por erro escusável. (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez Fl. 287DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 30/05/201 4 por ANTONIO LOPO MARTINEZ
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Numero do processo: 19515.000016/2008-14
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 21 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Mon Jun 09 00:00:00 UTC 2014
Numero da decisão: 2202-000.392
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso interposto por HUMBERTO CARLOS CHAHIM.
RESOLVEM os Membros da 2ª. Turma Ordinária da 2ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento do CARF, por unanimidade de votos, decidir pelo sobrestamento do processo, nos termos do voto do Conselheiro Relator. Após a formalização da Resolução o processo será movimentado para a Secretaria da Câmara que o manterá na atividade de sobrestado, conforme orientação contida no § 3º do art. 2º, da Portaria CARF nº 001, de 03 de janeiro de 2012. O processo será incluído novamente em pauta após solucionada a questão da repercussão geral, em julgamento no Supremo Tribunal Federal.
(Assinado digitalmente)
Nelson Mallmann Presidente
(Assinado digitalmente)
Antonio Lopo Martinez Relator
Composição do colegiado: Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Rafael Pandolfo, Antonio Lopo Martinez, Odmir Fernandes, Pedro Anan Júnior e Nelson Mallmann. Ausente justificadamente o Conselheiro Helenilson Cunha Pontes.
Nome do relator: ANTONIO LOPO MARTINEZ
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso interposto por HUMBERTO CARLOS CHAHIM. RESOLVEM os Membros da 2ª. Turma Ordinária da 2ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento do CARF, por unanimidade de votos, decidir pelo sobrestamento do processo, nos termos do voto do Conselheiro Relator. Após a formalização da Resolução o processo será movimentado para a Secretaria da Câmara que o manterá na atividade de sobrestado, conforme orientação contida no § 3º do art. 2º, da Portaria CARF nº 001, de 03 de janeiro de 2012. O processo será incluído novamente em pauta após solucionada a questão da repercussão geral, em julgamento no Supremo Tribunal Federal. (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann Presidente (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez Relator Composição do colegiado: Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Rafael Pandolfo, Antonio Lopo Martinez, Odmir Fernandes, Pedro Anan Júnior e Nelson Mallmann. Ausente justificadamente o Conselheiro Helenilson Cunha Pontes.
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RESOLVEM os Membros da 2ª. Turma Ordinária da 2ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento do CARF, por unanimidade de votos, decidir pelo sobrestamento do processo, nos termos do voto do Conselheiro Relator. Após a formalização da Resolução o processo será movimentado para a Secretaria da Câmara que o manterá na atividade de sobrestado, conforme orientação contida no § 3º do art. 2º, da Portaria CARF nº 001, de 03 de janeiro de 2012. O processo será incluído novamente em pauta após solucionada a questão da repercussão geral, em julgamento no Supremo Tribunal Federal. (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann – Presidente (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez – Relator Composição do colegiado: Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Rafael Pandolfo, Antonio Lopo Martinez, Odmir Fernandes, Pedro Anan Júnior e Nelson Mallmann. Ausente justificadamente o Conselheiro Helenilson Cunha Pontes. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 95 15 .0 00 01 6/ 20 08 -1 4 Fl. 686DF CARF MF Impresso em 09/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/12/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/12/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 13/12/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Erro! A origem da referência não foi encontrada. Fls. 3 ___________ RELATÓRIO Em desfavor do contribuinte, HUMBERTO CARLOS CHAIM, foi lavrado, em 11/02/2.008, o Auto de Infração de fls. 381 a 392, relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física, exercícios 2.003, 2.004, 2.005 e 2.006 (anoscalendário 2.002, 2.003 2.004 e 2.005, respectivamente), por intermédio do qual lhe é exigido crédito tributário no montante de R$ 6.023.785,18, dos quais R$ 2.555.218,51 correspondem a imposto, R$ 1.916.413,87, a multa proporcional, e R$ 1.552.152,80, a juros de mora, calculados até 31/01/2.008. Conforme Termo de Verificação Fiscal (fls. 374 a 380) e Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal (fls. 388 a 390), o procedimento teve origem na apuração da seguinte infração: 2.1 OMISSÃO DE RENDIMENTOS CARACTERIZADA POR DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA Omissão de rendimentos caracterizada por valores creditados, durante os anoscalendário 2.002, 2.003, 2.004 e 2.005, em contas de depósito ou de investimento, mantidas em instituições financeiras, em relação aos quais o contribuinte, regularmente intimado, não comprovou, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Anocalendário Infrações Multa (%) 2.002 R$ 5.798.630,33 75,00 2.003 R$ 1.356.476,50 75,00 2.004 R$ 1.403.361,40 75,00 2.005 R$ 733.235,45 75,00 Notase, da análise cuidadosa do processo, que RMFs foram encaminhadas a instituições financeiras, tal como se constata de fls.220 a 229. Urge acrescentas que a autoridade de primeira instância por unanimidade de votos, decidiram por ACATAR A PRELIMINAR DE DECADÊNCIA DO LANÇAMENTO EM RELAÇÃO AO ANOCALENDÁRIO 2.002, MANTENDO, EM PARTE, A AUTUAÇÃO REFERENTE AOS FATOS GERADORES OCORRIDOS NOS ANOS CALENDÁRIO 2.003, 2.004 e 2.005. Da parte exonerada coube recurso de ofício. O interessado também apresenta o seu recurso voluntário. É isto que interessa relatar até o momento. Fl. 687DF CARF MF Impresso em 09/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/12/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/12/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 13/12/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 19515.000016/200814 Resolução nº 2202000.392 S2C2T2 Fl. 4 3 VOTO Conselheiro Antonio Lopo Martinez, Relator Ante de apreciar o recurso cabe discutir se o referido processo estaria sujeito a sobrestamento. Após análise pormenorizada dos autos entendo que cabe aqui sobrestamento de julgado feito de ofício pelo relator, nos termos do art. 62A e parágrafos do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF n° 256, de 22 de junho de 2009, verbis: Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. § 1º Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543B. § 2º O sobrestamento de que trata o § 1º será feito de ofício pelo relator ou por provocação das partes. Ocorre que está em Repercussão Geral o fornecimento de informações sobre movimentações financeiras ao Fisco sem autorização judicial, nos termos do art. 6º da Lei Complementar nº 105/2001 (RE 601314) Recurso extraordinário em que se discute, à luz dos artigos 5º, X, XII, XXXVI, LIV, LV; 145, § 1º; e 150, III, a, da Constituição Federal, a constitucionalidade, ou não, do art. 6º da Lei Complementar nº 105/2001, que permitiu o fornecimento de informações sobre movimentações financeiras diretamente ao Fisco, sem autorização judicial, bem como a possibilidade, ou não, da aplicação da Lei nº 10.174/2001 para apuração de créditos tributários referentes a exercícios anteriores ao de sua vigência. A constitucionalidade das prerrogativas estendidas à autoridade fiscal através de instrumentos infraconstitucionais utilização de dados da CPMF e obtenção de informações junto às instituições através da RMF está sendo analisada pelo STF no âmbito do Recurso Extraordinário nº 601.314, que tramita em regime de repercussão geral, reconhecida em 22/10/09, conforme ementa abaixo transcrita: CONSTITUCIONAL. SIGILO BANCÁRIO. FORNECIMENTO DE INFORMAÇÕES SOBRE MOVIMENTAÇÃO BANCÁRIA DE CONTRIBUINTES, PELAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS, DIRETAMENTE AO FISCO, SEM PRÉVIA AUTORIZAÇÃO JUDICIAL (LEI COMPLEMENTAR 105/2001). POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DA LEI 10.174/2001 PARA APURAÇÃO DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS REFERENTES A EXERCÍCIOS ANTERIORES AO DE SUA VIGÊNCIA. RELEVÂNCIA JURÍDICA DA QUESTÃO CONSTITUCIONAL. EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL Fl. 688DF CARF MF Impresso em 09/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/12/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/12/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 13/12/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 19515.000016/200814 Resolução nº 2202000.392 S2C2T2 Fl. 5 4 Conforme disposto no § 1º do art. 62A da Portaria MF nº 256/09, devem ficar sobrestados os julgamentos dos recursos que versarem sobre matéria cuja repercussão geral tenha sido admitida pelo STF. O dispositivo há pouco referido vai ao encontro da segurança jurídica, da estabilidade e da eficiência, pois ao tempo em que assegura a coerência do ordenamento, confere utilidade à atividade judicante exercida no âmbito do CARF. Assim, reconhecida, pelo STF, a relevância constitucional de tema prejudicial à validade do procedimento utilizado na constituição do crédito tributário, deve ser sobrestado o julgamento do recurso no CARF. Não se desconhece a decisão Plenária do STF no âmbito do RE nº 389.808, que acolheu o recurso extraordinário interposto pelos contribuintes. O Recurso foi pautado pelo Ministro Marco Aurélio (i) poucos dias antes da publicação da Emenda Regimental nº 42, do RISTF, que determina que todos os recursos relacionados ao tema do caso admitido como paradigma, em repercussão geral, devam ser distribuídos ao respectivo Relator, e (ii) quase um ano após o reconhecimento da repercussão geral no RE 601.314, o que gerou confusão quanto à mecânica processual de julgamento dos recursos extraordinários anteriores à Emenda Constitucional nº 45/04. Uma leitura atenta do acórdão revela que o julgamento, inicialmente adstrito à reanálise da medida cautelar requerida pela parte recorrente, desbordou para enfrentamento do mérito a partir da contrariedade manifestada pela Min. Ellen Gracie centrada, sobretudo, na ausência do Min. Joaquim Barbosa e sua consequência à apuração do quorum de votação. A atipicidade do caso, entretanto, não indica posicionamento da Corte afastando as consequências imediatas da repercussão geral, como o sobrestamento dos processos que veiculam o tema da violação de sigilo pela Fazenda. O fato é que, com exceção do inusitado julgamento ocorrido no âmbito do RE 389.808, o posicionamento do STF tem sido uníssono no sentido de sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários que veiculam a mesma matéria objeto do Recurso Extraordinário nº 601.314. As decisões abaixo transcritas são elucidativas: D ESPACHO: Vistos. O presente apelo discute a violação da garantia do sigilo fiscal em face do inciso II do artigo 17 da Lei n° 9.393/96, que possibilitou a celebração de convênios entre a Secretaria da Receita Federal e a Confederação Nacional da Agricultura CNA e a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura ? Contag, a fim de viabilizar o fornecimento de dados cadastrais de imóveis rurais para possibilitar cobranças tributárias. Verificase que no exame do RE n° 601.314/SP, Relator o Ministro Ricardo Lewandowski, foi reconhecida a repercussão geral de matéria análoga à da presente lide, e terá seu mérito julgado no Plenário deste Supremo Tribunal Federal Destarte, determino o sobrestamento do feito até a conclusão do julgamento do mencionado RE nº 601.314/SP. Devem os autos permanecer na Secretaria Judiciária até a conclusão do referido julgamento. Publiquese. Brasília, 9 de fevereiro de 2011. Ministro D IAS T OFFOLI Relator Documento assinado digitalmente (RE 488993, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, julgado em 09/02/2011, publicado em DJe035 DIVULG 21/02/2011 PUBLIC 22/02/2011) DECISÃO REPERCUSSÃO GERAL ADMITIDA ? PROCESSOS VERSANDO A MATÉRIA ? SIGILO DADOS BANCÁRIOS ? FISCO ? AFASTAMENTO ? ARTIGO 6º DA LEI COMPLEMENTAR Nº 105/2001 ? SOBRESTAMENTO. 1. O Tribunal, no Recurso Extraordinário nº 601.314/SP, relator Ministro Ricardo Lewandowski, Fl. 689DF CARF MF Impresso em 09/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/12/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/12/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 13/12/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 19515.000016/200814 Resolução nº 2202000.392 S2C2T2 Fl. 6 5 concluiu pela repercussão geral do tema relativo à constitucionalidade de o Fisco exigir informações bancárias de contribuintes mediante o procedimento administrativo previsto no artigo 6º da Lei Complementar nº 105/2001. 2. Ante o quadro, considerado o fato de o recurso veicular a mesma matéria, tendo a intimação do acórdão da Corte de origem ocorrido anteriormente à vigência do sistema da repercussão geral, determino o sobrestamento destes autos. 3. À Assessoria, para o acompanhamento devido. 4. Publiquem. Brasília, 04 de outubro de 2011. Ministro MARCO AURÉLIO Relator (AI 691349 AgR, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, julgado em 04/10/2011, publicado em DJe213 DIVULG 08/11/2011 PUBLIC 09/11/2011) REPERCUSSÃO GERAL. LC 105/01. CONSTITUCIONALIDADE. LEI 10.174/01. APLICAÇÃO PARA APURAÇÃO DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS REFERENTES À EXERCÍCOS ANTERIORES AO DE SUA VIGÊNCIA. RECURSO EXTRAORDINÁRIO DA UNIÃO PREJUDICADO. POSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DO PROCESSO AO TRIBUNAL DE ORIGEM (ART. 328, PARÁGRAFO ÚNICO, DO RISTF ). Decisão: Discutese nestes recursos extraordinários a constitucionalidade, ou não, do artigo 6º da LC 105/01, que permitiu o fornecimento de informações sobre movimentações financeiras diretamente ao Fisco, sem autorização judicial; bem como a possibilidade, ou não, da aplicação da Lei 10.174/01 para apuração de créditos tributários referentes a exercícios anteriores ao de sua vigência. O Tribunal Regional Federal da 4ª Região negou seguimento à remessa oficial e à apelação da União, reconhecendo a impossibilidade da aplicação retroativa da LC 105/01 e da Lei 10.174/01. Contra essa decisão, a União interpôs, simultaneamente, recursos especial e extraordinário, ambos admitidos na Corte de origem. Verificase que o Superior Tribunal de Justiça deu provimento ao recurso especial em decisão assim ementada (fl. 281): "ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO ? UTILIZAÇÃO DE DADOS DA CPMF PARA LANÇAMENTO DE OUTROS TRIBUTOS ? IMPOSTO DE RENDA ? QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO ? PERÍODO ANTERIOR À LC 105/2001 ? APLICAÇÃO IMEDIATA ? RETROATIVIDADE PERMITIDA PELO ART. 144, § 1º, DO CTN ? PRECEDENTE DA PRIMEIRA SEÇÃO ? RECURSO ESPECIAL PROVIDO." Irresignado, Gildo Edgar Wendt interpôs novo recurso extraordinário, alegando, em suma, a inconstitucionalidade da LC 105/01 e a impossibilidade da aplicação retroativa da Lei 10.174/01 . O Supremo Tribunal Federal reconheceu a repercussão geral da controvérsia objeto destes autos, que será submetida à apreciação do Pleno desta Corte, nos autos do RE 601.314, Relator o Ministro Ricardo Lewandowski. Pelo exposto, declaro a prejudicialidade do recurso extraordinário interposto pela União, com fundamento no disposto no artigo 21, inciso IX, do RISTF. Com relação ao apelo extremo interposto por Gildo Edgar Wendt, revejo o sobrestamento anteriormente determinado pelo Min. Eros Grau, e, aplicando a decisão Plenária no RE n. 579.431, secundada, a posteriori pelo AI n. 503.064AgRAgR, Rel. Min. CELSO DE MELLO; AI n. 811.626AgR AgR, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI, e RE n. 513.473ED, Rel. Min CÉZAR PELUSO, determino a devolução dos autos ao Tribunal de origem (art. 328, parágrafo único, do RISTF c.c. artigo 543B e seus Fl. 690DF CARF MF Impresso em 09/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/12/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/12/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 13/12/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 19515.000016/200814 Resolução nº 2202000.392 S2C2T2 Fl. 7 6 parágrafos do Código de Processo Civil). Publiquese. Brasília, 1º de agosto de 2011. Ministro Luiz Fux Relator Documento assinado digitalmente (RE 602945, Relator(a): Min. LUIZ FUX, julgado em 01/08/2011, publicado em DJe158 DIVULG 17/08/2011 PUBLIC 18/08/2011) DECISÃO: A matéria veiculada na presente sede recursal ?discussão em torno da suposta transgressão à garantia constitucional de inviolabilidade do sigilo de dados e da intimidade das pessoas em geral, naqueles casos em que a administração tributária, sem prévia autorização judicial, recebe, diretamente, das instituições financeiras, informações sobre as operações bancárias ativas e passivas dos contribuintes será apreciada no recurso extraordinário representativo da controvérsia jurídica suscitada no RE 601.314/SP, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI, em cujo âmbito o Plenário desta Corte reconheceu existente a repercussão geral da questão constitucional. Sendo assim, impõese o sobrestamento dos presentes autos, que permanecerão na Secretaria desta Corte até final julgamento do mencionado recurso extraordinário. Publiquese. Brasília, 21 de maio de 2010. Ministro CELSO DE MELLO Relator (RE 479841, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, julgado em 21/05/2010, publicado em DJe100 DIVULG 02/06/2010 PUBLIC 04/06/2010) Sendo assim, tenho como inquestionável o enquadramento do presente caso ao art. 26A, §1º, da Portaria 256/09, ratificado pelas decisões acima transcritas, que retratam o quadro descrito pela Portaria nº1, de 03 de janeiro de 2012 (art. 1º, Parágrafo Único). Nesses termos, voto para que seja sobrestado o presente recurso, até o julgamento definitivo do Recurso Extraordinário nº 601.314, pelo STF. Diante de todo o exposto, proponho o SOBRESTAMENTO do julgamento do presente Recurso, conforme previsto no art. 62, §1o e 2o, do RICARF. Observandose que após a formalização da Resolução o processo será movimentado para a Secretaria da Câmara que o manterá na atividade de sobrestado, conforme orientação contida no § 3º do art. 2º, da Portaria CARF nº 001, de 03 de janeiro de 2012. O processo será incluído novamente em pauta após solucionada a questão da repercussão geral, em julgamento no Supremo Tribunal Federal. (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez Fl. 691DF CARF MF Impresso em 09/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/12/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/12/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 13/12/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ
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Numero do processo: 13808.002379/2001-38
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
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Data da publicação: Wed Jun 18 00:00:00 UTC 2014
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Nome do relator: FABIO BRUN GOLDSCHMIDT
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Não tendo o recorrente logrado êxito em afastar a omissão de rendimentos recebidos de pessoas jurídicas apurada pela fiscalização, deve ser mantido o lançamento. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. EMPRÉSTIMO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. A mera alegação da existência de empréstimo não é suficiente para fins de aproveitamento na evolução patrimonial do contribuinte, quando não vier acompanhado de provas inequívocas a materialidade desse recurso. DESPESAS COM INSTRUÇÃO. AQUISIÇÃO DE LIVROS. DEDUÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. Na Declaração de Ajuste Anual poderão ser deduzidos os pagamentos efetuados a estabelecimentos de ensino relativamente à educação préescolar, de 1º, 2º e 3º graus, cursos de especialização ou profissionalizantes do contribuinte e de seus dependentes, até o limite anual estipulado, não se enquadrando nesse conceito as despesas de aquisição de livros, conforme a IN/SRF nº 65, de 05/12/1996. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 38 08 .0 02 37 9/ 20 01 -3 8 Fl. 1021DF CARF MF Impresso em 18/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 09/06/20 14 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/06/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT Processo nº 13808.002379/200138 Resolução nº 2202002.679 S2C2T2 Fl. 9 2 (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez – Presidente (Assinado digitalmente) Fabio Brun Goldschmidt Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: ANTONIO LOPO MARTINEZ (Presidente), MARCIO DE LACERDA MARTINS (Suplente convocado), JIMIR DONIAK JUNIOR (Suplente convocado), RAFAEL PANDOLFO, DAYSE FERNANDES LEITE (Suplente convocada), FABIO BRUN GOLDSCHMIDT Relatório Tratase de auto de infração (fls. 727731) constituído em razão de omissão de rendimentos recebidos de pessoas jurídicas sem vínculo empregatício; acréscimo patrimonial a descoberto; dedução indevida da base de cálculo sobre a previdência oficial, despesas médicas e instrução, relativamente ao Imposto de Renda Pessoa Física – IRPF correspondente aos exercícios de 1994, 1995, 1997 e 1998, exigindo o crédito tributário na monta de R$ 462.279,77, já acrescido de multa de ofício (75%) e juros de mora. Procedimento de Fiscalização A ação fiscal foi impulsionada pelo Ministério Público Federal, através do Ofício MPF/PR/SP nº 856/00 (fl. 75/76), a fim de apurar eventuais crimes contra a ordem tributária cometidos pelo recorrente. O MPF encaminhou ao Fisco todos os documentos1 (fls. 77/148) obtidos a partir da quebra de sigilo bancário decretada pelo Judiciário no processo crime em que se apuravam os beneficiários diretos e indiretos de recursos transferidos pelas empresas do grupo Monteiro e Barros, a partir das verbas repassadas pelo Tribunal Regional do Trabalho. Em decorrência da determinação do MPF, o contribuinte foi intimado pela fiscalização tributária de “Termo de Intimação”, 12/08/2000, (fls. 13/16) para prestar 1 Cópias de cheques, extratos bancários, matriculas de imóveis, escritura de compra e venda. Fl. 1022DF CARF MF Impresso em 18/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 09/06/20 14 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/06/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT Processo nº 13808.002379/200138 Resolução nº 2202002.679 S2C2T2 Fl. 10 3 esclarecimentos e apresentar documentação comprobatória, referente às Declarações de Ajuste Anual do IRPF, dos exercícios fiscalizados2 (1996, 1997, 1998,1999 e 2000). 2 Foi requerido, in verbis, pela fiscalização: “1 Comprovar por meio de documentação hábil (escritura pública, contrato ), data e valor de aquisição e/ou alienação dos imóveis transacionados no período estipulado. 2 Comprovar, por meio de documentação hábil, os valores efetivamente pagos pela aquisição dos imóveis relacionados no item 1. 3 Discriminar a utilização de bens imóveis para uso próprio daqueles cedidos a Terceiros, com sua respectiva destinação, bem como, caso haja, apresentar contratos de locação de imóveis firmados juntos a pessoas físicas ou jurídicas. 4 Apresentar comprovação dos pagamentos efetuados para quitação do financiamento imobiliário junto à Carteira Hipotecária da CEF/ CEHAB — Zona Sul nos anos calendários estipulados (1995 a 1999), bem como cópia do contrato firmado com este agente financeiro. 5 Apresentar comprovação de dependência de Luciana Ferreira da Gama e Silva. 6 Apresentar comprovante das despesas efetuadas nos anos — calendários estipulados (1995 a 1999) com: instrução, própria e de dependentes, médicos, dentistas, psicólogos, terapeutas, hospitais, clínicas, planos de saúde, etc.; doações, lançadas como dedutíveis. 7 Comprovar, por meio de nota fiscal e/ou recibo e/ou certidão do DETRAN/Capitania dos Portos / DAC, data e valor de aquisição e/ou alienação, quando for o caso, de veículos / embarcações /aeronaves transacionados no período estipulado. 8 Discriminar e comprovar todos os valores lançados a título de rendimentos tributáveis, isentos e não tributáveis e tributados exclusivamente na fonte, mensalmente, nos anos — calendários estipulados. 9 Comprovar os valores lançados a título de dívidas e ônus reais, respaldados em documentação bancária (cópia de extrato, cheque e/ou depósito), bem como sua quitação (no caso de empréstimo recebido de pessoa jurídica, apresentar também a documentação contábil). 10 Apresentar extratos bancários de contacorrente e de aplicações financeiras, cadernetas de poupança de todas as contas mantidas pelo declarante e seus dependentes junto a instituições financeiras no Brasil e/ou exterior, referentes ao período estipulado. Como alternativa ao cumprimento deste item, fornecer autorização escrita destinada a cada instituição bancária onde o contribuinte mantenha ou tenha mantido tais contas, para que sejam fornecidas a esta Repartição as movimentações realizadas. A autorização deverá conter assinatura pessoal registrada em cartório. 11 Preencher planilha anexa de movimentação de aplicações financeiras e poupanças, informando os valores de aplicações e resgates mensais, corroborando com extratos bancários, no período estipulado. 12 Preencher planilha anexa de gastos efetivos realizados pelo contribuinte e dependentes, com documentação comprobatória. 13 Apresentar planilha referente a movimentações de ações de empresas, no período estipulado, demonstrando compra e venda destas ações, bem como suas quantidades nos respectivos anos calendários. 14 Informar, por escrito, se todos os bens de sua propriedade, no Brasil e no exterior, foram declarados. Em caso negativo, apresentar o documento de aquisição e/ou alienação (escrituras, instrumentos particulares, notas fiscais, etc.). 15 Informar, por escrito, se realizou operações nos mercados a vista de opções e futuro nas Bolsas de Valores de São Paulo (BOVESPA), do Rio de Janeiro (BVRJ), na Bolsa de Mercadorias e Futuros BM&F), ou em qualquer outra Bolsa_ Em caso afirmativo, apresentar as Notas de Corretagem do período jan/95 a dez/99, a posição do estoque em 31/12/94, bem como o formulário "Resumo de Apuração dos Ganhos Renda Variável" preenchido. 16 Apresentar cópia de contrato social ou estatuto social, atas de assembléia e alterações posteriores, referentes á(s) empresa(s), nas quais foi ou seja sócio, em caso negativo, informar por escrito a não participação em qualquer sociedade. 17 Apresentar, se for o caso, documentação contábilfiscal de todos os saldos credores declarados na(s) empresa(s) de sua titularidade, respaldados com as cópias de documentação bancária (extratos, cópias de cheques, recibos de depósitos). 18 Apresentar, se for o caso, documentação comprobatória dos rendimentos recebidos, a qualquer título, das empresas das quais seja sócio no período estipulado. 19 Comprovar receitas e despesas da atividade rural, incluindo as receitas decorrentes da alienação de rebanhos animais.” Fl. 1023DF CARF MF Impresso em 18/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 09/06/20 14 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/06/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT Processo nº 13808.002379/200138 Resolução nº 2202002.679 S2C2T2 Fl. 11 4 Em vista da inércia do recorrente em apresentar resposta, o Fisco lavrou novo “Termo de Intimação nº2” (fl. 18/20), reiterando a notificação anteriormente realizada (“Termo de Intimação nº1”). Em resposta, o recorrente, por meio de seu representante legal, protocolou vasta documentação junto à RFB: notificações da Receita Federal do Brasil (exercícios de 1996, 1997, 1998, 1999 e 2000); recibos de entrega do ajuste anual (exercícios de 1996, 1997, 1998, 1999 e 2000); comprovação de rendimentos pagos e retenção de imposto de renda na fonte; recibos de pagamento ao Colégio Visconde Porto Seguro; notas fiscais; diversos recibos de gastos médicos e odontológicos; comprovantes de doação; instrumento de alteração contratual de Sociedade Civil na qual o recorrente fazia parte; certidão de nascimento da dependente Luciana Ferreira; matrículas de imóveis; certidões do Detran dos veículos Peugeot, Honda Accord, Estratus; e xerox das cautelas de ações da Cia. Coml. Indl. e Administradora Prada (fls. 299 a 571). Ademais, esclareceu que: 1) não realizou operações no mercado financeiro nacional ou estrangeiro; 2) que já não fazia mais parte da sociedade da empresa GPA – Engenharia de Projeto e Avaliações S/C desde 1998; e, 3) quanto aos rendimentos percebidos da atividade rural, referiu que foram declarados, conforme suas Declarações de Ajuste Anual (DAA), e comprovados mediante cópias dos rendimentos recebidos da Cia. Agrícola Lorenzetti. (fl.508). Após a análise da documentação trazida pelo recorrente, o Fisco intimou o contribuinte, em 01/12/2000, de “Termo de Intimação nº3” (fl. 22/23), para prestar esclarecimentos e apresentar documentos referente aos anos fiscalizados. Em suma foi requerido: “1 Discriminar e comprovar, mês a mês, nos AnosCalendários (sic) 1993 e 1994, todos os valores lançados a título de: A) Rendimentos Tributáveis; B) Rendimentos Isentos e NãoTributáveis; C) Rendimentos Tributados Exclusivamente na Fonte. 2 Apresentar comprovante das despesas efetuadas, nos Anos— Calendários 1993 e 1994, com instrução; despesas médicas; doações lançadas como dedutíveis. 3 Comprovar, por meio de nota fiscal ou outro documento hábil, data e valor de aquisição e/ou alienação dos seguintes veículos, transacionados nos AnosCalendários 1993 e 1994: GM Monza GL ano 1989, placa LE 5060 (alienado); Fiat Tempra ano 1993 (adquirido junto à Sinal Ltda., CNPJ 57.215.097/000177); Honda Accord EX ano 1994, placa CGS 3000 (adquirido junto à H. Point Com. Ltd..); Outros veículos, se for o caso. 4 Apresentar comprovação dos pagamentos efetuados para quitação do financiamento imobiliário junto à Carteira Hipotecária da CEF/ CEHAB Zona Sul nos AnosCalendários 1993 e 1994. 5 Esclarecer as formas de pagamento dos bens adquiridos nos Anos Calendários 1993 e 1994, bem como apresentar documentação hábil que comprove tais formas de pagamento. Fl. 1024DF CARF MF Impresso em 18/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 09/06/20 14 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/06/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT Processo nº 13808.002379/200138 Resolução nº 2202002.679 S2C2T2 Fl. 12 5 6 Comprovar os valores lançados a título de "Dívidas e Ônus Reais" nas Declarações de Ajuste dos AnosCalendários 1997, 1998 e 1999, respaldados em documentação hábil (extrato bancário, cheque e/ou depósito bancário), bem como sua quitação.” Em 21/12/2000, o recorrente requereu prorrogação do prazo para cumprimento das solicitações. (fl. 572). Diante da desídia do recorrente em atender ao solicitado no “Termo de Intimação nº3”, a fiscalização emitiu novo “Termo de Intimação nº4” (fl. 25/26), em que se reiterou a intimação feita no dia 01/12/2000 (“Termo de Intimação nº3”). Em resposta, o recorrente prestou esclarecimentos (fl. 573/575) e apresentou a seguinte relação de documentos: cópia de nota promissória; cópia de instrumento particular de compra e venda; documentação referente aos veículos Monza e Honda, Acórdão da Apelação Cível nº 226.4702/0 do TJ/SP; Cópia da Correspondência da Caixa Federal ao 4º Cartório de Imóveis; cópia do Extrato da CEF p/ Imp. De renda; documentação referente ao exercício de 1994 e 1995 (declarações de ajustes anuais dos exercícios mencionados, bem como cópia dos documentos relativos a rendimentos tributáveis e a pagamentos, tais quais, despesas médicas doações e etc.). (fls. 577/711). Da análise de toda documentação juntada pelo contribuinte, entendeu a RFB em lançar o crédito tributário, conforme Auto de Infração (fls. 727/731). O detalhamento da autuação fiscal encontrase descrito no “Termo de Verificação Fiscal” (fls.712/720), literalmente: “No exercício das funções de Auditor Fiscal da Receita Federal, procedemos à fiscalização do contribuinte acima identificado, relativa ao Imposto de Renda Pessoa Física exercícios de 1994 a 1998, anos calendários de 1993 a 1997. Nos termos dos Artigos 844, 845, 927 e 928 do Regulamento do Imposto de Renda, Decreto 3.000/99, de 26/03/99, o contribuinte foi intimado conforme Termo de Intimação (folhas datado de 03/08/2000 e recebido em 12/08/2000) a comparecer a esta Divisão de Fiscalização a fim de prestar esclarecimentos e apresentar documentação comprobatória de suas Declarações de Ajuste Anual – IRPF. Fl. 1025DF CARF MF Impresso em 18/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 09/06/20 14 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/06/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT Processo nº 13808.002379/200138 Resolução nº 2202002.679 S2C2T2 Fl. 13 6 Enviamos, então, o Termo de Intimação N° 2 (folhas 16 /18), reiterando a primeira intimação, o qual foi recebido em 23/09/2000. Outros esclarecimentos e documentos necessários a esta Fiscalização foram solicitados por meio dos Termos de Intimação N° 3 (folhas 20/21 e N° 4 (folhas 23/24), os quais foram recebidos, respectivamente, em 01/12/2000 e 02/02/2001. Em atendimento às citadas Intimações, o contribuinte veio a se apresentar em 05/09/2000, por meio de Procurador legalmente habilitado (procuração à folha 273). Em 03/10/2000, o Procurador entregou a documentação conforme folhas 276/532, a qual está descrita no Termo de Constatação à folha 274. Por fim, em 20/02/2001, o contribuinte apresentou a documentação constante das folhas 536/647, conforme Termo à folha 535. Ressaltamos os seguintes pontos em relação aos anoscalendários 1993 e 1994 : A) Conforme documentação encaminhada pelo Ministério Público Federal, folhas 66/139, obtida a partir de quebra de sigilo bancário decretada judicialmente, o contribuinte recebeu, nos anos de 1992, 1993 e 1994, cheques nominais segundo a tabela abaixo, os quais perfazem o valor total de 71.654,26 UFIR. (...) B) Tais recebimentos foram todos depositados pelo contribuinte em conta bancária de sua titularidade que ele, então, mantinha junto ao Banco Real S. A. (Conta N° 4.0397500, Agência 0560), como se depreende da análise dos extratos bancários às folhas 70 / 132. C) Apenas o cheque emitido por Monteiro de Barros Escr. Imob. Ltda., CNPJ 54.218.264/000116, em 25/05/92 (folha 70), foi oferecido à tributação e declarado como "Rendimento Tributável Recebido de Pessoa Jurídica" em sua Declaração de Ajuste Anual Exercício 1993 (AnoCalendário 1992), conforme folha 30 . Intimado conforme Termos de Intimação N° 3 e N° 4, o contribuinte não se manifestou sobre estes rendimentos. A situação aqui descrita configura, em tese, omissão dolosa de rendimentos, o que nos conduz, obrigatoriamente, com base na legislação vigente, à revisão de oficio dos Exercícios 1994 e 1995 (Art. 150, § 4º do Código Tributário Nacional, Lei 5.172, de 25/10/1966 ). Fl. 1026DF CARF MF Impresso em 18/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 09/06/20 14 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/06/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT Processo nº 13808.002379/200138 Resolução nº 2202002.679 S2C2T2 Fl. 14 7 D) Para que a tributação alcance a efetiva movimentação financeira da conta bancária N° 4.0397500, do Banco Real S. A., nos períodos citados, efetuamos o levantamento dos gastos conforme planilhas às folhas 650 e 654, levantamento, este, no qual estão incluídos os referidos cheques omitidos. Portanto, da documentação disponibilizada pelo Ministério Público Federal, da documentação e esclarecimentos fornecidos pelo contribuinte, das informações disponíveis nos sistemas informatizados da Receita Federal, da documentação referente a imóveis fornecida pelos Cartórios de Registro de Imóveis e Cartórios de Notas, da documentação sobre veículos enviada pelo DETRANSP, esta fiscalização constatou os seguintes fatos: EXERCÍCIO 1994 ANOCALENDÁRIO 1993 (planilha à folha 698): 1.1) Financiamento imobiliário junto à Caixa Econômica Federal referente ao Apartamento N° 6113, situado à Rua André Fernandes, 51 ItaimBibi – São Paulo: Intimado, conforme folha 20, a apresentar os comprovantes das prestações pagas durante os anoscalendários 93 e 94, o contribuinte prestou as seguintes informações (folha537): A) O imóvel foi adquirido em 03/07/89, em condomínio com sua esposa, Lucia Marina de Freitas Ferreira, CPF 882.043.67872, com quem é casado em regime de separação total de bens (Certidão à folha 253); B) O contribuinte financiou parte do valor do imóvel junto à Caixa Econômica Federal; C) Esclareceu que a quitação definitiva do financiamento ocorreu em 1993, "ficando assim prejudicado tais pagamentos ocorridos nos exercícios de 1993 e 1994", conforme expresso no item 5 da folha 537; D) Com base nas informações do contribuinte e nos documentos às folhas 556, 554, 245/252, concluímos por: Fl. 1027DF CARF MF Impresso em 18/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 09/06/20 14 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/06/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT Processo nº 13808.002379/200138 Resolução nº 2202002.679 S2C2T2 Fl. 15 8 D1) Considerar como integralmente quitado o financiamento junto à CEF em 07/01/1993 e, conforme o documento "Comunicação Anual p/ Imposto de Renda" (folha 556), emitido pela CEF para informação à Receita Federal para o AnoBase 93, lançar, como dispêndio efetivamente ocorrido em janeiro/93, pagamento no valor de 133.839,9432 UFIR (o qual decorre da soma da parcela referente a jan/93 981,54654 UFIR — com a amortização extraordinária de 132.858,39678 UFIR); D2) Por conseqüência, não considerar como efetivamente ocorridos os pagamentos declarados erroneamente pelo contribuinte no Ano Base 94 (folha 38, verso) e no AnoBase 95 (folha 44) tendo em vista estes terem ficado "prejudicados" pela liquidação antecipada em 07/01/1993. 1.2) Aquisição do veículo FIAT TEMPRA Placa BMM3223: acatamos a informação declarada pelo contribuinte conforme folha 36 e lançamos o valor de 49.666,09 UFIR em maio/93. 1.3) Alienação do veículo da marca GM, modelo MONZA SL, Ano 1989, Placa LE5060: lançamos o valor de venda, CR$ 750.000,00, em dezembro/93. 1.4) Pagamento a Lucia Marina de Freitas Ferreira, CPF d 882.043.67872, no valor de 20.000 UFIR: o valor, declarado à folha 34 , verso, foi lançado em dezembro/93. 1.5) Análise da Evolução Patrimonial : 1.5.1) Rendimentos tributáveis recebidos de pessoas jurídicas : devido à falta de comprovação quanto ao mês de recebimento, o valor declarado foi lançado no mês de janeiro 93. 1.5.2) Rendimentos sujeitos à tributação exclusiva: consideramos os valores declarados pelo contribuinte, lançandoos em janeiro. 1.5.3) Dedução com dependentes : devido à falta de informação dos valores mensais, distribuímos o valor declarado à razão de 1/12 avos ao mês. Adotamos este procedimento para todos os anoscalendários em análise. Fl. 1028DF CARF MF Impresso em 18/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 09/06/20 14 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/06/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT Processo nº 13808.002379/200138 Resolução nº 2202002.679 S2C2T2 Fl. 16 9 1.5.6) Movimentação da conta bancária n° 4.0397500 (Banco Real ) : Os extratos bancários fornecidos pelo Ministério Público Federal, às folhas 75/139, foram utilizados para o desenvolvimento das planilhas "Levantamento dos Saldos Iniciais e Finais" (folha 649) e "Movimentação Bancária" (folhas 650 e 654) nas quais calculamos os resgates / aplicações em Fundos e os dispêndios/gastos efetuados pela emissão dos cheques. Em 24/11/2000, emitimos intimação visando esclarecer as formas de pagamento dos bens adquiridos nos anoscalendários 1993 e 1994, a fim de evitarmos duplicidade de lançamento nas planilhas de Análise de Variação Patrimonial às folhas 648 e 652, porém o contribuinte não se manifestou. 1.5.7) Conclusão para a variação patrimonial do anocalendário 1993: Procedida à análise da variação patrimonial conforme planilha à folha 08, apuramos Acréscimo Patrimonial a Descoberto / Excesso de Gastos, não justificado ou comprovado pelos Recursos, nos meses de janeiro/93 a dezembro/93, sujeito à tributação. Fundamentação legal: • Artigos 1% 2° e 3°, e parágrafos, da Lei 7.713/88; • Arts. 1° a 4% da Lei 8.134/90 ; • Arts. 4°, 5° e 6°, da Lei 8.383/91; • Arts. 43, 44, 45, 112, 114, 116, 142, 144, 149, do Cód. Tributário Nacional (Lei 5.172/66); • Arts. 37, 38, 39, 43, 55 inc. XIII, 106, 107, 108, 791, 795, 796, 797, 798, 799, 806, 807, 839, 841, 845, 846, do Regulamento do Imposto de Renda (Decreto 3.000/99). 2) EXERCÍCIO 1995 ANOCALENDÁRIO 1994 (planilha à folha 652) : Fl. 1029DF CARF MF Impresso em 18/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 09/06/20 14 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/06/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT Processo nº 13808.002379/200138 Resolução nº 2202002.679 S2C2T2 Fl. 17 10 2.1) Aquisição de veículo da marca HONDA, modelo ACCORD EX, ano 1994, Placa CGS3000, junto à H.Point Comercial Ltda., CNPJ 67.719.104/000202, em julho/94 : conforme Nota Fiscal N° 1196, à folha 548, o valor do veículo foi de R$ 40.450,00, que corresponde a 72.000,71 UFIR, ao invés do valor declarado de 53.357,31 UFIR. Lançamos, também, em julho/94, o valor pago referente ao IPVA do veículo em comento, cf. folha 547. 2.2) Análise da Evolução Patrimonial : 2.2.1) Rendimentos tributáveis recebidos de pessoas jurídicas : foram apropriados aos respectivos meses de recebimento, conforme planilha à folha 6S3 , elaborada a partir dos dados constantes do sistema IRF (folhas l Y8/ í , os quais foram confrontados com os valores declarados. Apenas os rendimentos recebidos do TRT – 2ª Região foram lançados integralmente no mês de janeiro/94, devido à falta de maiores informações. 2.2.2) Rendimentos sujeitos à tributação exclusiva: lançamos o valor como recebido em janeiro/94. 2.2.3) Despesas com instrução, despesas médicas e despesas com contribuições /doações / entidades de classe : os valores foram apropriados aos respectivos meses em que ocorreram, conforme comprovantes apresentados às folhas 626/647. 2.2.4) Movimentação da conta bancária n° 4.0397500 (Banco Real): os valores lançados como saldos iniciais e finais de cada mês, os resgates, as aplicações e os cheques compensados / gastos foram os constantes das planilhas às folhas 649 e 654. 2.2.5) Conclusão para a variação patrimonial do anocalendário 1994: Apuramos Acréscimo Patrimonial a Descoberto / Excesso de gastos, conforme planilha à folha 652 não justificado ou comprovado pelos rendimentos, nos meses de fevereiro/94 a julho/94 e no mês de outubro/94, a ser tributado conforme enquadramento legal citado no item 1.5.7. Fl. 1030DF CARF MF Impresso em 18/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 09/06/20 14 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/06/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT Processo nº 13808.002379/200138 Resolução nº 2202002.679 S2C2T2 Fl. 18 11 3) EXERCÍCIO 1996 ANOCALENDÁRIO 1995 (planilha à folha 656): 3.1) Análise da Evolução Patrimonial: Dentre os elementos analisados por esta fiscalização, e conforme planilha à folha 656, não apuramos Acréscimo Patrimonial a Descoberto/ Excesso de Gastos durante o anocalendário de 1995. 4) EXERCÍCIO 1997 ANOCALENDÁRIO 1996 (planilha à folha 660): 4.1) Análise da Evolução patrimonial : Conforme planilha à folha 660, não apuramos Acréscimo Patrimonial a Descoberto /Excesso de Gastos durante o Anocalendário 1996. 4.2) Omissão de Rendimentos Tributáveis Recebidos de Pessoa Jurídica: O contribuinte omitiu os rendimentos recebidos da pessoa jurídica Antonio Carlos da Gama e Silva, CNPJ 00.932.397/000150, firma mercantil individual de sua titularidade, constituída em 13/11/95. Esses rendimentos, conforme documento à folha 216, importaram na quantia de R$ 10.752,00, que passa, então, a ser objeto de lançamento de oficio. Fundamentação legal: • Artigos 1% 2° e 3% e parágrafos, da Lei 7.713/88; • Arts. 1' a 4° da Lei 8.134/90 ; • Arts. 3° e 11 da Lei 9.250/95. Fl. 1031DF CARF MF Impresso em 18/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 09/06/20 14 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/06/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT Processo nº 13808.002379/200138 Resolução nº 2202002.679 S2C2T2 Fl. 19 12 5) EXERCÍCIO 1998 ANOCALENDÁRIO 1997 (planilha à folha 66S) : 5.1) Aquisição de imóvel situado à Rua Inglaterra, n° 202 São Paulo / SP, em 15/09/97: O valor total do imóvel, conforme escritura do 8° Tabelionato de Notas da Capital (folhas: 498/500, foi de R$ 300.000,00, sendo este valor parcelado da seguinte maneira: R$ 30.000,00 em 01/02/97; R$ 120.000,00 em seis parcelas mensais e sucessivas de R$ 20.000,00, sendo a primeira em março/97; R$ 150.000,00 em 15/09/97. 5.2) Aquisição de veículo da marca CHRYSLER, modelo STRATUS LXC, Ano 1997, Placa CJS 6093, junto a Millenium Veículos e Peças Ltda., CNPJ 01.253.862/000240, em agosto/97 conforme Nota Fiscal N° 000562, à folha 525, o valor do veículo foi de R$ 55.300,00, ao invés do valor declarado de R$ 53.000,00. Lançamos, também, em agosto/97, o pagamento referente ao IPVA do veículo, cf. folha 524. 5.3) Rendimentos Isentos e NãoTributáveis : O contribuinte declarou, cf. folha 53, rendimentos isentos e não tributáveis classificados na Linha 1 do Quadro 3 ( Aviso prévio indenizado, indenização por rescisão de contrato de trabalho, acidente de trabalho e FGTS), no valor de R$ 26.754,39. Entretanto, intimado, não apresentou quaisquer comprovantes destes rendimentos, motivo pelo qual eles não serão considerados na presente análise. Pelo mesmo motivo, não será considerado rendimento declarado de R$ 92,10 (Linha 8 do Quadro 3), não comprovado. Quanto ao valor declarado de R$ 221.666,67 (Quadro 3, Linha 2), ele se refere à Correção de Custo/95, não implicando em recebimento de rendimentos. 5.4) Dívida no valor de R$ 250.000,00, contraída, conforme declaração, junto a Roberto Lara Nogueira, CPF 386.364.41820: Intimado repetidamente a comprovar, por meio de documentação hábil, os valores lançados a título de "Dívidas e Ônus Reais", o contribuinte manifestouse conforme o que está expresso à folha 538 e Fl. 1032DF CARF MF Impresso em 18/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 09/06/20 14 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/06/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT Processo nº 13808.002379/200138 Resolução nº 2202002.679 S2C2T2 Fl. 20 13 apresentou tãosomente uma nota promissória emitida por ele em favor de Roberto Lara Nogueira, no valor de R$ 150.000,00 (folha Som. Contudo, tal nota promissória, à luz da legislação e jurisprudência associadas ao tema, isoladamente é insuficiente para comprovar a transação, sendo necessário que o contribuinte comprove de maneira cabal, com documentação hábil, idônea e suficiente, a efetiva transferência de fundos do patrimônio do mutuante para o do mutuário. Complementamos, observando os seguintes pontos: o alegado mutuante Roberto Lara Nogueira declarou, em sua DIRPF1998, ter emprestado R$ 150.000,00 ( ao invés do valor declarado de R$ 250.000,00) ao contribuinte, mas tal declaração, sem a devida comprovação documental como já citado, quedase insuficiente. As operações de alienação e um segundo empréstimo — tomado de José Elias Diniz, CPF 378.315.85834 —, listados pelo contribuinte à folha 538, com o fito de demonstrar a obtenção de recursos para a quitação do alegado empréstimo tomado a Roberto Lara Nogueira, carecem de comprovação documental. Concluímos, por todo o acima exposto, por desconsiderar o declarado empréstimo no valor de R$ 250.000,00, na presente análise (Ac. 1° CC 1064.643/92 DO 12/01/93; Ac. 1° CC 1048.095/91 DO 11/10/91; Ac. 1° CC 10410.357/93 DO 22/08196 ; Ac. 1° CC 1049.200/92 DO 25/01/93 ). 5.5) Análise da Evolução Patrimonial : 5.5.1) Rendimentos tributáveis recebidos de pessoas jurídicas : lançamos conforme planilha à folha 666, elaborada com os dados do IRF. Os valores recebidos da Cia. Agrícola Zillo Lorenzetti e Justiça Federal de São Paulo foram considerados como recebidos em janeiro. 5.5.2) Rendimentos sujeitos à tributação exclusiva (13° salário) : lançamos como integralmente recebidos em janeiro. 5.5.3) Despesas com instrução, despesas médicas e despesas com contribuições / doações entidades de classe : as despesas foram apropriadas aos respectivos meses, conforme comprovantes apresentados às folhas 393/ 427. 5.5.4) Conclusão para a variação patrimonial do anocalendário 1997 : Fl. 1033DF CARF MF Impresso em 18/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 09/06/20 14 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/06/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT Processo nº 13808.002379/200138 Resolução nº 2202002.679 S2C2T2 Fl. 21 14 Apuramos Acréscimo Patrimonial a Descoberto / Excesso de Gastos, cf. planilha à folha 665, não justificado pelos rendimentos, nos meses de fevereiro/97 a setembro/97 e no mês de dezembro/97, a ser tributado conforme enquadramento legal citado no item 1.5.7, acrescido dos Arts. 3° e 11 da Lei 9950/95 5.6) Dedução indevida de : 5.6.1) Contribuição à previdência oficial O contribuinte declarou uma dedução de R$ 10.249,37, porém comprovou, à folha 387, o valor de R$ 8.730,13, acarretando, assim, o lançamento da diferença (R$ 1.519,24). Fundamentação legal : • Art. 11, § 3º do DecretoLei 5.844/43 ; • Art. 4º inciso IV, da Lei 9.250/95. 5.6.2) Despesas com instrução : O contribuinte apresentou apenas os comprovantes referentes a gastos com instrução do único dependente. Glosamos, portanto, o valor de R$ 1.700,00, não comprovado. Fundamentação legal: • Art. 11, § 3° do DecretoLei 5.844/43 ; • Art. 8°, inciso II, alínea "b", da Lei 9.250/95. 5.6.3) Despesas médicas: O contribuinte declarou despesas médicas no valor de R$ 33.235,40, porém logrou comprovar despesas no valor total de R$ 31.085,32 (folhas 402/414). A diferença R$ 2.150,08 será lançado de oficio no presente trabalho. Fl. 1034DF CARF MF Impresso em 18/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 09/06/20 14 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/06/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT Processo nº 13808.002379/200138 Resolução nº 2202002.679 S2C2T2 Fl. 22 15 Fundamentação legal: • Art. 11, § 3° do DecretoLei 5.844/43 ; • Art. 8°, inciso II, alínea "a", da Lei 9.250/95. 6) CONCLUSÃO: Identificamos, ao final dos procedimentos fiscais, os créditos tributários descritos neste Termo de Verificação Fiscal, de acordo com os elementos apurados. Sendo a atividade administrativa de lançamento vinculada e obrigatória, lavramos o presente Auto de Infração, com fundamento nos dispositivos legais citados. Ressaltamos que os Exercícios de 1994 e 1995 foram revisados de oficio em obediência ao ordenamento legal vigente, tendo em vista a existência de elementos materiais que, em tese, configuram omissão dolosa de rendimentos.” Impugnação Cientificado em 29/06/2001, (fl. 735) do lançamento, o contribuinte apresentou tempestivamente a impugnação (fls.736/749), juntando documentos (ficha de aluno da USP; demonstrativo de pagamentos; demonstrativo de resultado do exercício de 1996; declaração de quitação de notas promissórias). (fls. 750/761). Aduziu em síntese: a) decadência do direito do fisco em proceder o lançamento dos exercícios de 1994 e 1995; b) que o montante de R$ 10.752,00, equivalente à retirada mensal de R$ 896,00, correspondente ao exercício de 1997, nunca foi percebido pelo autuado, devendo ser desconsiderada a pretendida omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica, pois o fisco deixou de lograr êxito em comprovála; c) que os valores recebidos no exercício de 1998 a título de indenizações (rendimentos isentos e não tributáveis), foram efetivamente recebidos, conforme faz prova o informe de rendimentos fornecido pelo TCE/SP; d) que a glosa das despesas médicas é improcedente, pois consta no mesmo informe de rendimentos as contribuições feitas ao IAMSPE no montante de R$ 2.150,08; e) que as despesas com instrução foram comprovadas em sua totalidade, mediante apresentação, no curso de procedimento fiscalizatório, da matrícula do impugnante no curso de Pós Graduação da USP, sendo por todos sabido Fl. 1035DF CARF MF Impresso em 18/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 09/06/20 14 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/06/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT Processo nº 13808.002379/200138 Resolução nº 2202002.679 S2C2T2 Fl. 23 16 que em cursos dessa espécie, somente em livros, o valor de R$ 1.700,00 é ínfimo face ao elevado custo das aquisições que se fazem necessárias; f) que não merece prosperar a autuação quanto ao acréscimo patrimonial a descoberto, isso porque a fiscalização deixou de considerar como efetivamente dispendidos os valores em 1993 que serviram para quitação do financiamento imobiliário junto à CEF, devendo esses serem considerados no exercício de 1995; g) que é improcedente a glosa do empréstimo pessoal obtido de Roberto Lara Nogueira, sendo que o mútuo perfez a monta de R$ 250.000,00, diferentemente do que pretendeu o autuante, pois a Nota promissória no valor de R$ 150.000,00 não condiz com a realidade, podendo ser constatada a realidade dos fatos através da declaração acostada junto à impugnação; h) em relação ao dolo, a jurisprudência administrativa é unanime no sentido de que deve ser provado, não se prestando para tanto a presumida afirmação da autuação. Acórdão da DRJ A 7ª Turma de Julgamento da DRJ/SPO II, por unanimidade de votos, acolheu a preliminar de decadência suscitada, relativamente aos anoscalendário de 1993 e 1994, julgando parcialmente procedente o lançamento. (fls. 764 a 781). Especificamente no mérito, foi alterado o lançamento do crédito tributário, relativamente ao anocalendário de 1997, no que cerca à parcela do acréscimo patrimonial a descoberto apurado no mês de dezembro/1997 no valor de R$18.515,83, pois devidamente justificado. Ademais, foi excluída a glosa de dedução com despesas médicas no valor de R$ 2.150,08. A DRJ disse em síntese: a) que o contribuinte omitiu os rendimentos recebidos no anocalendário de 1996 da pessoa jurídica denominada Antonio Carlos da Gama e Silva, firma mercantil individual de titularidade do interessado, no valor de R$ 10.752,00, com base na IRPJ da referida empresa, conforme informações obtidas nos sistemas informatizados da SRF, isso porque, após o exame da declaração do IRPJ/97 e o Demonstrativo de Resultado, verificouse que a quantia referida, correspondia à retirada de prólabore, pois foi apropriada como despesas Fl. 1036DF CARF MF Impresso em 18/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 09/06/20 14 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/06/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT Processo nº 13808.002379/200138 Resolução nº 2202002.679 S2C2T2 Fl. 24 17 operacionais e deduzidas do Lucro Bruto apurado, motivo pelo qual não merece prosperar as alegações do impugnante quanto ao ponto; b) quanto à apuração do acréscimo patrimonial a descoberto, atinente ao ano calendário de 1997, verificase que foi realizado através da análise da variação patrimonial, mediante o cotejo mensal dos recursos com as aplicações realizadas pelo contribuinte, tendo decorrido, fundamentalmente da aquisição pelo contribuinte de um prédio sito à Rua Inglaterra, 202, Jardim América, São Paulo/SP, pelo de preço de R$ 300.000,00, tendo concorrido, ainda, para variação patrimonial a descoberto, a compra realizado do automóvel, Chrysler Stratus LX, no valor de R$ 55.300,00, portanto correta a autuação neste ponto; c) o empréstimo no valor de R$ 250.000,00 contraído junto ao Sr. Roberto Lara Nogueira, consignado no quadro de dívidas e ônus reais da declaração de ajuste anual referente ao exercício de 1998, foi desconsiderado para fins da Análise da Variação Patrimonial, por falta de comprovação da efetiva transferência de fundo do patrimônio do mutuante para o mutuário, isso porque a nota promissória apresentada, isoladamente, no valor de R$ 150.000,00 é insuficiente para a comprovação do efetivo recebimento do numerário pelo contribuinte, que deveria ter sido demonstrado a partir de documentação hábil e idônea; d) que é fato indiscutível que o tomador e o credor do empréstimo têm a obrigatoriedade de informar a declaração de empréstimo em suas declarações de bens, contudo, a consignação dessa informação não desobriga o contribuinte de comprovar a efetiva transação, sendo que mera declaração firmada pelo mutuante e pelo mutuário não tem a força probante necessária para caracterizar a existência do mútuo; e) assiste razão ao contribuinte quanto aos rendimentos isentos e não tributáveis que não foram considerados na Análise da Variação Patrimonial, em vista que, diante da comprovação de tal rendimento pelo interessado, contabilizou se R$ 26.754,39, como fonte de recursos, sendo que o acréscimo patrimonial apurado no mês de dezembro/1997 restou justificado; f) a dedução da contribuição previdenciária oficial pleiteada na declaração de ajuste anual do exercício de 1998, não foi expressamente contestada pelo contribuinte, motivo pelo qual deixouse de analisar; g) a glosa referente aos R$ 1.700,00 da dedução com despesas com instrução foi correta, isso porque, conforme a IN/SRF 65/1996, não se enquadram como despesas as aquisições com livros e instrumentos; h) por fim, a glosa referente às despesas médicas não merece ser mantida, uma vez que justificadas as despesas pelo recorrente. Fl. 1037DF CARF MF Impresso em 18/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 09/06/20 14 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/06/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT Processo nº 13808.002379/200138 Resolução nº 2202002.679 S2C2T2 Fl. 25 18 Recurso Voluntário Intimado em 25/05/02 (fl. 783), irresignado com a decisão proferida pela DRJ, o contribuinte apresentou recurso voluntário (fls. 788/797). Em síntese, repisou os argumentos trazidos em sede de impugnação. Para cumprir com o requisito de admissibilidade dos recursos voluntários, o recorrente arrolou um Relógio Vacheron Constantin, Ouro 18 K (750), modelo masculino, com pulseira em outro 18 K (750), avaliado no valor de R$ 54.000,00. O bem dado em garantia não foi aceito pelo Fisco, pois não alcançava o valor mínimo de 30% do valor do crédito consolidado. Em vista disso, o débito fiscal foi encaminhado para execução (fl. 879), tendo sido inscrito em dívida ativa (883 a 887). Em vista da situação posta, o recorrente solicitou a Procuradoria da Fazenda Nacional o cancelamento da CDA e, posteriormente, o prosseguimento do processo administrativo, tendo sido indeferido o seu pedido, conforme decisão de fls. 937 a 938. Diante disso, o recorrente ingressou com Mandado de Segurança nº 200861000197154 (fls. 951 a 955), objetivando o cancelamento do débito inscrito em dívida, bem como o prosseguimento do recurso voluntário interposto ao Conselho de Contribuintes. Intimada a se manifestar nos autos do MS, a PFN/SP concordou no sentido de acolher o pedido do recorrente, cancelando a inscrição da dívida ativa, haja vista o julgamento da ADIN nº1976/DF, em que se entendeu pela inconstitucionalidade da exigência do art. 32, § 2º, do Decreto 70.235/72. (fls. 1005/1006). Retornados os autos, o processo foi distribuído à minha relatoria. Voto Conselheiro Fabio Brun Goldschmidt Fl. 1038DF CARF MF Impresso em 18/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 09/06/20 14 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/06/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT Processo nº 13808.002379/200138 Resolução nº 2202002.679 S2C2T2 Fl. 26 19 O recurso atende a todos os requisitos de admissibilidade previstos no Decreto 70.235/72, motivo pelo qual merece ser conhecido. O auto versa sobre: (i) omissão de rendimentos do trabalho sem vínculo empregatício recebidos de pessoas jurídicas, exercício de 1997; (ii) acréscimo patrimonial a descoberto, exercícios de 1994, 1995 e 1998; (iii) dedução da base de cálculo pleiteada indevidamente da previdência oficial, exercício de 1998; (iv) dedução da base de cálculo pleiteada indevidamente de despesas médicas, exercício de 1998; (v) dedução da base de cálculo pleiteada indevidamente de despesas com educação, exercício de 1998; O acréscimo patrimonial apurado pela fiscalização, referente aos exercícios de 1994 e 1995, não será analisada, porquanto extinto o direito da Fazenda Nacional em constituir o crédito tributário pelo lançamento, já que alcançado pela decadência, consoante Acórdão da DRJ. Também não será objeto de análise a glosa referente às despesas médicas, uma vez que comprovada e considerada correta sua dedução pelo mesmo órgão julgador. Ainda, apesar do auto de infração versar, inclusive, sobre a dedução indevida da base de cálculo sobre a previdência oficial e, tendo o recorrente interposto recurso voluntário sem contestar o ponto em específico, a matéria não expressamente contestada não será considerada, conforme dispõe o art. 17 do Decreto 70.235/72. Portanto, a análise compreenderá, apenas, a tributação da omissão de rendimentos recebidos por pessoa jurídica (exercício de 1997); o acréscimo patrimonial a descoberto (exercício de 1998) e a glosa de despesas com educação (exercício de 1998). Omissão de Rendimentos Recebidos de Pessoas Jurídicas – Exercício/1997 A Fiscalização apurou com base na declaração IRPJ da empresa Antonio Carlos Gama e Silva, omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica decorrente do trabalho sem vínculo empregatício, consoante documento extraído dos sistemas informatizados da RFB (fl. 225). Fl. 1039DF CARF MF Impresso em 18/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 09/06/20 14 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/06/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT Processo nº 13808.002379/200138 Resolução nº 2202002.679 S2C2T2 Fl. 27 20 O referido vem bem descrito no “Termo de Verificação Fiscal” (fl. 717): “O contribuinte omitiu os rendimentos recebidos da pessoa jurídica Antonio Carlos Gama e Silva, CNPJ 00.932.397/000150, firma mercantil individual de sua titularidade, constituída em 13/11/95. Esses rendimentos, conforme documento à fl. 216, importam na quantia de R$ 10.752,00, que passa, então a ser objeto de lançamento de ofício.” Ao analisar o ponto, a DRJ entendeu pela manutenção da autuação, visto que: “a declaração IRPJ/1997 relativa à empresa de titularidade do interessado (fls. 205/216, vol. I) e o Demonstrativo de Resultado de fl. 717 (vol. III), verificase que a quantia de R$10.752,00, correspondente à retirada prólabore (fl. 216, vol. I e fl. 717, vol. III), foi devidamente apropriada como despesas operacionais e deduzida do Lucro Bruto apurado (fl. 210, vol. I); fato que vem desmentir a alegação do impugnante de que nunca recebeu a remuneração em tela. A aludida Declaração IRPJ/exercício 1997 (fls. 203/227, vol. I), registrese, não contestada pelo Fisco e nem retificada pelo contribuinte, faz prova de que o interessado percebeu, no anocalendário de 1996, a título de prólabore, a importância de R$10.752,00. Quantia esta omitida na declaração de ajuste anual correspondente ao anocalendário 1996 (fls. 47/51), e por isso tributada de ofício com fundamento nos arts. 1º, 2º e 3º, e §§, da Lei nº 7.713, de 22/12/1988, arts. 1º a 4º da Lei nº 8.134, de 27/12/1990 e arts. 3º e 11 da Lei nº 9.250, de 26/12/1995. A alegação de que referido montante de R$ 10.752,00 ou mensais de R$ 896,00 não constam do exame dos depósitos bancários exaustivamente manuseados pelo Autuante é deveras equivocada. Isto porque os comprovantes de extratos bancários anexados nos autos às fls. 70/139 (vol. I) dizem respeito unicamente aos anoscalendário de 1992, 1993 e 1994. Não há, outrossim, qualquer referência no Termo de Verificação Fiscal (fls. 670/678, vol. III) que denote que a Fiscalização tivesse examinado a movimentação financeira do contribuinte relativo ao anocalendário de 1996. Nem o contribuinte trouxe qualquer comprovação nesse sentido. (fls. 773 e 774). Em decorrência da manutenção do AI, o recorrente asseverou: “Do exame dos depósitos bancários exaustivamente manuseados pelo autuante não constam referidos montantes, não tendo o balancete já referido, valor probante da efetiva percepção de tal numerário, devendo pois ser desconsiderada a pretendida omissão de receita.” Entendo que não assiste razão ao recorrente, isso porque, conforme se verifica da documentação acostada aos autos (DAA/1997, fls. 56 a 60), bem como do Termo de Verificação Fiscal TVF e do Acórdão da DRJ, esse deixou de oferecer à tributação o valor de R$ 10.752,00, limitandose a alegar que esta seria indevida, sem ao menos acostar qualquer documento que comprovasse suas afirmações. Acréscimo Patrimonial a Descoberto – Exercício/1988 Fl. 1040DF CARF MF Impresso em 18/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 09/06/20 14 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/06/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT Processo nº 13808.002379/200138 Resolução nº 2202002.679 S2C2T2 Fl. 28 21 O acréscimo patrimonial a descoberto tem como fundamento legal o artigo 3º, da Lei nº 7.713/98: “Art. 3º O imposto incidirá sobre o rendimento bruto, sem qualquer dedução, ressalvado o disposto nos arts. 9º a 14 desta Lei. (Vide Lei 8.023, de 12.4.90) § 1º Constituem rendimento bruto todo o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos, os alimentos e pensões percebidos em dinheiro, e ainda os proventos de qualquer natureza, assim também entendidos os acréscimos patrimoniais não correspondentes aos rendimentos declarados. § 2º Integrará o rendimento bruto, como ganho de capital, o resultado da soma dos ganhos auferidos no mês, decorrentes de alienação de bens ou direitos de qualquer natureza, considerandose como ganho a diferença positiva entre o valor de transmissão do bem ou direito e o respectivo custo de aquisição corrigido monetariamente, observado o disposto nos arts. 15 a 22 desta Lei. § 3º Na apuração do ganho de capital serão consideradas as operações que importem alienação, a qualquer título, de bens ou direitos ou cessão ou promessa de cessão de direitos à sua aquisição, tais como as realizadas por compra e venda, permuta, adjudicação, desapropriação, dação em pagamento, doação, procuração em causa própria, promessa de compra e venda, cessão de direitos ou promessa de cessão de direitos e contratos afins. § 4º A tributação independe da denominação dos rendimentos, títulos ou direitos, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem dos bens produtores da renda, e da forma de percepção das rendas ou proventos, bastando, para a incidência do imposto, o benefício do contribuinte por qualquer forma e a qualquer título. § 5º Ficam revogados todos os dispositivos legais concessivos de isenção ou exclusão, da base de cálculo do imposto de renda das pessoas físicas, de rendimentos e proventos de qualquer natureza, bem como os que autorizam redução do imposto por investimento de interesse econômico ou social. § 6º Ficam revogados todos os dispositivos legais que autorizam deduções cedulares ou abatimentos da renda bruta do contribuinte, para efeito de incidência do imposto de renda.”. No caso concreto, verificase que a fiscalização lançou o crédito tributário após o cotejo mensal dos recursos com as aplicações realizadas pelo contribuinte, conforme as tabelas anexas às fls. 707/711, em que se demonstra a análise da variação patrimonial. Fl. 1041DF CARF MF Impresso em 18/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 09/06/20 14 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/06/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT Processo nº 13808.002379/200138 Resolução nº 2202002.679 S2C2T2 Fl. 29 22 Esse comparativo foi realizado a partir da Declaração de Ajuste Anual do ano calendário 1997, dos sistemas informatizados da SRF e dos esclarecimentos e da documentação fornecida pelo recorrente. Para a consolidação das informações, cumpre salientar que todos os rendimentos recebidos por pessoas jurídicas declarados na DAA/1997, bem como os rendimentos de aplicações financeiras sujeitos à tributação exclusiva na fonte foram considerados como recurso para análise da variação patrimonial mensal. A decisão de primeira instância foi proferida no sentido de julgar parcialmente procedente a impugnação do recorrente para considerar como recurso o valor recebido a titulo de licençaprêmio e indenização de férias FEP, na monta de R$ 26.754,39, mantendo no resto o crédito tributário lançado. O recorrente, repisando os argumentos postos em sede de impugnação, tão somente quanto ao exercício de 1998, haja vista que a discussão referente aos exercícios de 1994 e 1995 restou superada, em vista da decadência reconhecida pela DRJ, referiu que a autuação quanto ao acréscimo patrimonial a descoberto é insubsistente, haja vista a comprovação (nota promissória, no valor de R$ 150.000,00, fl. 577), do empréstimo contraído junto ao Sr. Roberto Lara Nogueira no valor de R$ 250.000,00. Ocorre que, ao se analisar os autos, verificase que o recorrente não trouxe qualquer documento novo que viesse ao encontro de suas afirmações. Quanto à alegação do empréstimo realizado, entendo que a declaração unilateral do contribuinte e a simples apresentação de nota promissória são insuficientes para fins de comprovação do recebimento do referido empréstimo. Isso porque, não servem para demonstrar a transação realizada, havendo a necessidade de comprovação da efetiva transferência de numerário do mutuante para o mutuário, o que não se verifica no caso em concreto. Aliás, mesmo a frágil prova trazida pelo recorrente (qual seja, nota promissória no valor de R$ 150.000,00 – fl. 577) traz informação (ao menos quanto ao valor) diversa da afirmada pelo contribuinte. Logo, uma vez que o contribuinte não logrou êxito em demonstrar que recebeu recursos suficientes para justificar a aquisição dos bens no exercício fiscalizado (automóvel e imóvel), surge a figura do acréscimo patrimonial a descoberto. Diante disso, já que não comprovadas as alegações feitas pelo recorrente, entendo que não merece reparos a decisão proferida pela DRJ. Fl. 1042DF CARF MF Impresso em 18/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 09/06/20 14 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/06/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT Processo nº 13808.002379/200138 Resolução nº 2202002.679 S2C2T2 Fl. 30 23 Dedução da Base de Cálculo de Despesa com Instrução O contribuinte, consoante a Declaração de Ajuste Anual, deduziu a quantia de R$ 3.400,00 a título de despesas com instrução. Destacase que tão somente a parcela de despesas com material de papelaria, livros técnicos e material de informática, na monta de R$ 1.700,00, foi glosada, sendo que a dedução da diferença foi acatada. O recorrente, insatisfeito com a glosa da parcela referida, impugnou o ponto. A DRJ, conforme demonstrado no relatório, não acatou sua justificativa. Diante disso, o recorrente repisou o argumento referente à questão em seu recurso voluntário. Vejase que de acordo com o art. 8º, inciso II, ‘b’ da Lei 9.250/95, na época do fato gerador eram dedutíveis os pagamentos efetuados a estabelecimentos de ensino relativamente à educação préescolar, de 1º, 2º e 3º graus, cursos de especialização ou profissionalizantes do contribuinte de seus dependentes, até o limite de R$ 1.700,00. A IN/SRF nº65, de 05/12/1996, estabelecia em seu art. 6º, alínea ‘b’, que os gastos com as despesas com aquisição de livros, revistas e jornais não eram passíveis de dedução. A IN/SRF nº15/2001, hoje em vigência, prevê o mesmo tratamento para as deduções desejadas. Diante disso, entendo que não merece prosperar a dedução pretendida pelo recorrente, em vista da falta de fundamento legal que a ampare. Conclusão Isso posto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. (Assinado digitalmente) Fabio Brun Goldschmidt Relator Fl. 1043DF CARF MF Impresso em 18/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, Assinado digitalmente em 09/06/20 14 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/06/2014 por FABIO BRUN GOLDSCHMIDT
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Numero do processo: 10410.004328/2008-92
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 14 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Jun 02 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2005
ILEGITIMIDADE PASSIVA. INOCORRÊNCIA.
Os lançamentos somente poderão ser considerados nulos quando provado que os valores creditados na conta de depósito pertencem à terceiro, por meio de prova hábil e idônea.
QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. PREVISÃO NA LEI COMPLEMENTAR Nº 105/2001.
A Lei Complementar nº 105/2001 permite a quebra do sigilo por parte das autoridades e dos agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente.
OMISSÃO DE RENDIMENTOS - PRESUNÇÃO LEGAL - DEPÓSITOS BANCÁRIOS - FATO GERADOR DO IMPOSTO DE RENDA.
Conforme art. 42 da Lei n. 9.430/96, será presumida a omissão de rendimentos toda a vez que o contribuinte, titular da conta bancária, após regular intimação, não comprovar, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos valores creditados em suas contas de depósito ou de investimento. Em tal técnica de apuração o fato conhecido é a existência de depósitos bancários, que denotam, a priori, acréscimo patrimonial.
Recurso voluntário não provido.
Numero da decisão: 2202-002.687
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, rejeitar a preliminar de prova ilícita por quebra de sigilo bancário, vencidos os Conselheiros Rafael Pandolfo (Relator), Fábio Brun Goldschmidt e Jimir Doniak Junior, por unanimidade de votos rejeitar a preliminar de ilegitimidade passiva e, no mérito, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso.
(Assinado digitalmente)
Antonio Lopo Martinez - Presidente.
(Assinado digitalmente)
Rafael Pandolfo - Relator.
(Assinado digitalmente)
Antonio Lopo Martinez - Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: ANTONIO LOPO MARTINEZ (Presidente), MARCIO DE LACERDA MARTINS (Suplente convocado), JIMIR DONIAK JUNIOR (Suplente convocado), RAFAEL PANDOLFO, DAYSE FERNANDES LEITE (Suplente convocada), FABIO BRUN GOLDSCHMIDT. Ausente, justificadamente, o Conselheiro PEDRO ANAN JUNIOR.
Nome do relator: RAFAEL PANDOLFO
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INOCORRÊNCIA. Os lançamentos somente poderão ser considerados nulos quando provado que os valores creditados na conta de depósito pertencem à terceiro, por meio de prova hábil e idônea. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. PREVISÃO NA LEI COMPLEMENTAR Nº 105/2001. A Lei Complementar nº 105/2001 permite a quebra do sigilo por parte das autoridades e dos agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. OMISSÃO DE RENDIMENTOS PRESUNÇÃO LEGAL DEPÓSITOS BANCÁRIOS FATO GERADOR DO IMPOSTO DE RENDA. Conforme art. 42 da Lei n. 9.430/96, será presumida a omissão de rendimentos toda a vez que o contribuinte, titular da conta bancária, após regular intimação, não comprovar, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos valores creditados em suas contas de depósito ou de investimento. Em tal técnica de apuração o fato conhecido é a existência de depósitos bancários, que denotam, a priori, acréscimo patrimonial. Recurso voluntário não provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, rejeitar a preliminar de prova ilícita por quebra de sigilo bancário, vencidos os Conselheiros Rafael AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 41 0. 00 43 28 /2 00 8- 92 Fl. 368DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/05/2014 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 30/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 29/05/2014 por RAFAEL PANDOLFO 2 Pandolfo (Relator), Fábio Brun Goldschmidt e Jimir Doniak Junior, por unanimidade de votos rejeitar a preliminar de ilegitimidade passiva e, no mérito, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez Presidente. (Assinado digitalmente) Rafael Pandolfo Relator. (Assinado digitalmente) ANTONIO LOPO MARTINEZ Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: ANTONIO LOPO MARTINEZ (Presidente), MARCIO DE LACERDA MARTINS (Suplente convocado), JIMIR DONIAK JUNIOR (Suplente convocado), RAFAEL PANDOLFO, DAYSE FERNANDES LEITE (Suplente convocada), FABIO BRUN GOLDSCHMIDT. Ausente, justificadamente, o Conselheiro PEDRO ANAN JUNIOR. Fl. 369DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/05/2014 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 30/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 29/05/2014 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 10410.004328/200892 Acórdão n.º 2202002.687 S2C2T2 Fl. 369 3 Relatório 1 Procedimento de Fiscalização Após verificar a incompatibilidade entre os rendimentos declarados pelo recorrente, nos anoscalendário 2003, 2004, 2005 e 2006, os registros de suas transações bancárias e os dados complementares obtidos através de CPMF, a Fazenda Nacional decidiu iniciar procedimento de verificação em relação ao IRPF dos referidos anoscalendário. O recorrente foi intimado do Termo de Início de Fiscalização, em 21/09/07, requisitando a apresentação de extratos bancários de todas as contas por ele mantidas junto a instituições financeiras no Brasil e no exterior, referente aos anoscalendário 2003, 2004, 2005 e 2006, especialmente quanto às contas junto ao Banco do Brasil S/A, Banco Rural S/A, Banco Itaubank S/A (fl. 48). O contribuinte requereu a prorrogação do prazo em duas oportunidades para a apresentação dos documentos solicitados pela receita (fls. 50 e 51). Posteriormente, a autoridade administrativa solicitou informações complementares, através de RMF, ao Banco do Brasil S/A (fls. 6670), ao Banco Rural S/A (fls. 7172) e ao Banco Itaubank (fls. 7475), em 26/11/07. Em 10/12/07, o recorrente apresentou manifestação acompanhada dos seguintes documentos: a) declaração de Maria Betânia Teixeira Bezerra (fls. 53); b) extratos do Banco do Brasil C/C 28.4211 (fl. 5458); c) declaração de Aldo Garcia de Azevedo (fl. 59); d) extratos do Banco Rural C/C 880018600 (fls. 6061); e) Termo de Rescisão Trabalhista (fl. 62); f) Guias de Recolhimento Rescisório do FGTS GRRF (fl. 63) e g) requerimentos de segurodesemprego (fls. 6465). A autoridade administrativa, considerando o relato do contribuinte intimouo a informar qual seria sua relação pessoal/empresarial com os contribuintes Maria Betânia Teixeira Bezerra e Aldo Garcia de Azevedo que permitiria a utilização, pelos mesmos, das contas correntes 28.4211, do Banco do Brasil S/A e 88.0018600, do Banco Rural S/A, durante os períodos de 14/02/03 a 16/06/06 e de 22/06/04 a 25/11/05, respectivamente (fl. 76). Em resposta, o recorrente, afirmou que: a) Maria Betânia Teixeira é sua irmã, e eles contraíram junto ao Banco do Nordeste o valor de R$ 124.590,86, para investimento em gado e benfeitorias de sua propriedade, o que foi devidamente informado a Receita Federal no IRPF. O restante do valor foi repassado ao recorrente, pois a mesma não estava regular com o SPC/SERASA e passava por um processo litigioso de separação. A conta, portanto, condizia com a cessão de uso e empréstimo de cheques para que ela cuidasse do seu dinheiro e seus gastos; b) tinha com Aldo Garcia Azevedo uma relação empresarial, pois o mesmo seria empresário do ramo de lutas de boxe, promovendo eventos de pugilistas de renome nacional. Pelo recorrente ser o Presidente da Federação Alagoana de Boxe, houve a aproximação para a realização de novos eventos e devido a um desentendimento no primeiro evento programado, foi solicitado ao contribuinte que fosse como uma espécie de depositário dos recursos oriundos Fl. 370DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/05/2014 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 30/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 29/05/2014 por RAFAEL PANDOLFO 4 da próxima luta a ser realizada, sob pena de definitivo rompimento dos empresários, o que acarretou na celebração um contrato de depósito voluntário gratuito (fl. 80). A fiscalização entendeu por ratificar a exigência do crédito tributário, tendo em vista a não correspondência entre os documentos apresentados e os valores glosados. 2 Notificação do Lançamento Foi lavrado de ofício, em 17/06/08, Auto de Infração (fl. 03), com crédito tributário no valor de R$ 634.928,78, incluídos imposto, juros de mora e multa de 75%, imputando infração relativa à omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários sem origem comprovada. No que refere ao ano base 2003, foi apurado o montante de R$ 23.628,83 como imposto devido, a qual se aplicou a multa de 75% e juros de mora, restando como imposto devido o valor de R$ 54.941,75. Para o ano base de 2004, foi apurado o montante de R$ 159.634,47 como imposto devido, a qual se aplicou a multa de 75% e juros de mora, restando como imposto devido o valor de R$ 346.007,71. Ao ano base de 2005, foi apurado o montante de R$ 73.975,00, a qual se aplicou a multa de 75% e juros de mora, restando como imposto devido o valor de R$ 147.691,08. Por fim, quanto ao ano base 2006, foi apurado o montante R$ 46.227,50, a qual se aplicou a multa de 75% e juros de mora, restando como imposto devido o valor de R$ 86.288,24. Desta forma, considerando os períodos apurados, o crédito tributário restou constituído no montante de R$ 634.928,78, incluídos IRPF dos anoscalendários 2003, 2004, 2005 e 2006, já incluída a multa estabelecida ao patamar de 75% para os quatros anos e juros moratórios calculados até 17/06/08. O contribuinte tomou ciência da notificação em 27/09/07. 3 Impugnação Indignado com a autuação, a recorrente apresentou impugnação (fls. 203 227) tempestiva, esgrimindo, em síntese, os seguintes argumentos: a) os valores correspondentes aos depósitos objeto da autuação pertencem a terceiras pessoas, pois o recorrente cedeu, gratuitamente, as suas contas; b) os esclarecimentos e documentos apresentados acerca da origem dos depósitos, foram desconsiderados pela fiscalização sem qualquer produção de provas acerca da falsidade ou inexatidão dos argumentos; c) diante das declarações dos titulares dos recursos, a fiscalização deveria ter aprofundado a sua investigação e têlos intimado para esclarecer os motivos pelos quais utilizaram as contas bancárias do recorrente, mas não o fez; Fl. 371DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/05/2014 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 30/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 29/05/2014 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 10410.004328/200892 Acórdão n.º 2202002.687 S2C2T2 Fl. 370 5 d) compete à Fazenda Nacional a determinação do sujeito passivo do crédito tributário, o que não aconteceu, pois os valores glosados pertencerem a terceiros e isso foi previamente comunicado a fiscalização; e) cabe à Receita Federal a produção da prova para que se tenha certeza da exigibilidade do crédito tributário, ônus do qual a administração não se desincumbiu. 4 Acórdão de Impugnação O lançamento foi julgado procedente pela 2ª Turma da DRJ/REC, por unanimidade (fls. 233248), mantendo a exigência fiscal. Os fundamentos foram os seguintes: a) o recorrente é o sujeito passivo da obrigação tributária; b) o fato gerador do imposto de renda ocorreu, embora o autuado afirme que a maior parte dos créditos pertencem a terceiros, os elementos com os quais buscou comprovar isso, não são provas hábeis e suficientes para tal; c) não há nos autos qualquer prova da origem dos recursos que o contribuinte alega pertencerem a outras pessoas físicas. As declarações anexas não provam a propriedade dos valores. Para tanto, seria necessário que cada valor tivesse sua origem comprovada, relativamente à operação que lhe deu origem e à pessoa física ou jurídica que efetuou o pagamento; d) os acordos que possam ter sido firmados entre o contribuinte e terceiros, por serem convenções particulares, não poderão ser opostos à Fazenda Pública, para modificar a definição legal do sujeito passivo da obrigação, conforme definição do art. 123 do CTN; e) caracterizase omissão de receita ou de rendimentos os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junta a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regulamente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. 5 Recurso Voluntário Notificado da decisão em 24/09/10, o recorrente, não satisfeito com o resultado do julgamento, interpôs recurso voluntário tempestivo (fls. 256293), repisando os argumentos da impugnação. 6 Sobrestamento Em 21/11/12, através da Resolução nº 2202000.388 (fls. 360367 do e processo), este processo foi sobrestado, conforme orientação contida no § 3º do art. 2º da Portaria CARF nº 001, de 03/01/12, tendo em vista que para alcançar seu desiderato, a Fiscalização utilizou RMF e que a constitucionalidade das prerrogativas estendidas à autoridade fiscal através de instrumentos infraconstitucionais – como a RMF – encontravase em análise pelo STF no âmbito do Recurso Extraordinário nº 601.314, que tramitava em regime de repercussão geral. Fl. 372DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/05/2014 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 30/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 29/05/2014 por RAFAEL PANDOLFO 6 É o relatório. Fl. 373DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/05/2014 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 30/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 29/05/2014 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 10410.004328/200892 Acórdão n.º 2202002.687 S2C2T2 Fl. 371 7 Voto Vencido Conselheiro Rafael Pandolfo 1. PRELIMINAR 1.1 Do sobrestamento O presente processo teve seu julgamento sobrestado devido ao disposto no § 1º do art. 62A do Regimento Interno deste Conselho Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. § 1º Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543B. § 2º O sobrestamento de que trata o § 1º será feito de ofício pelo relator ou por provocação das partes. No presente caso houve utilização, pela Fiscalização, de meios administrativos para quebrar o sigilo bancário do contribuinte (Requisição de Informações sobre Movimentação Financeira — RMF), sem o crivo prévio do Poder Judiciário. A análise da regularidade dessa prerrogativa, em sede de repercussão geral, é objeto RE nº 601.314, que está sendo julgado no STF sob o regime do art. 543B, do CPC. Assim, existindo o sobrestamento do tema no STF, o mesmo ocorria no CARF, corolário do dispositivo regimental acima indicado. Ocorre que, os §§ 1º e 2º do art. 62A do Regimento Interno do CARF, acima referidos, foram revogados pelo art. 1º da Portaria nº 545, de 18 de novembro 2013, que abaixo transcrevo: Art. 1º Revogar os parágrafos primeiro e segundo do art. 62A do Anexo II da Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, publicada no DOU de 23 de junho de 2009, página 34, Seção 1, que aprovou o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. Dessa forma, foi ordenada a retomada dos julgamentos dos processos que foram sobrestados com fulcro no dispositivo revogado. 1.2 Da Ilegitimidade Passiva O recorrente sustenta a sua de ilegitimidade passiva, ao alegar, de forma genérica, que a maioria dos recursos glosados pertencia a terceiros, e que seria ônus da RFB a Fl. 374DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/05/2014 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 30/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 29/05/2014 por RAFAEL PANDOLFO 8 comprovação de que os valores autuados seriam de propriedade do recorrente, do contrário violarseia o art. 142 do CTN, pois não teria a autoridade administrativa definido, de forma clara, quem eram os proprietários dos recursos. Para corroborar suas alegações, o contribuinte acostou aos autos declarações dos contribuintes Maria Betânia Teixeira Bezerra e Aldo Garcia Azevedo, no sentido de que pertenceriam a eles os valores glosados. Não assiste razão ao recorrente. Prevê o § 5º do art. 42 da Lei nº 9.430/96 que apenas quando devidamente comprovado que os recursos creditados, em conta de depósito, ou investimento, pertencem a terceiro, é que a determinação dos rendimentos ou receitas será efetuada em relação ao terceiro, e não ao titular da conta, interposta pessoa. In verbis: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 5º Quando provado que os valores creditados na conta de depósito ou de investimento pertencem a terceiro, evidenciando interposição de pessoa, a determinação dos rendimentos ou receitas será efetuada em relação ao terceiro, na condição de efetivo titular da conta de depósito ou de investimento. O Auto de Infração (fls. 0912) objeto deste litígio foi lavrado em 17/06/08, e nele figurou como sujeito passivo o contribuinte Adeílson Teixeira Bezerra. Compulsando os autos, verificase que não há, prova hábil e idônea da transferência dos valores glosados pela autoridade administrativa a terceiros. O recorrente apenas apresenta declarações dos contribuintes Maria Betânia Teixeira Bezerra e Aldo Garcia Azevedo de que os valores seriam de sua titularidade. Além da prova trazida ser unilateral, não possui firma reconhecida e não atribui origem aos depósitos alegados como pertencentes a terceiro interposto. Sendo assim, não pode ser considerada hábil a comprovar, por si só, a origem dos depósitos. Há que se destacar, a decisão da DRJ (fls. 291292 do eprocesso) ao analisar esse tópico nesses termos: “23. No que concerne as planilhas anexas as declarações prestadas por MARIA BETÂNIA TEIXEIRA BEZERRA e ALDO GARCIA DE AZEVEDO (fls.53/58 e 59/61, respectivamente), cumpre registrar que, não provam a propriedade dos valores nelas relacionados. Seria necessário que cada um dos valores tivesse sua origem comprovada, ou seja, que houvesse prova da origem de cada um dos depósitos, relativamente A. operação que lhe deu origem e a pessoa física ou jurídica que efetuou o pagamento. Nesse passo, cumpre lembrar os registros feitos pelo autuante acerca de i) grande parte dos depósitos terem sido feitos pelo próprio contribuinte (fls.134, 137, 138, 139, 141, 143, por exemplo) e ii) apesar de nas declarações prestadas por MARIA BETÂNIA TEIXEIRA BEZERRA e ALDO GARCIA DE AZEVEDO constar, respectivamente, a responsabilidade pelos depósitos no Banco do Brasil e no Banco Rural, não há provas Fl. 375DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/05/2014 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 30/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 29/05/2014 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 10410.004328/200892 Acórdão n.º 2202002.687 S2C2T2 Fl. 372 9 de tais depósitos por essas pessoas físicas (fls.134/157 e 184/193, respectivamente). 24. De fato, observase que a maior parte dos depósitos relacionados nas planilhas referenciadas foi efetuada em dinheiro e, mesmo nos casos de depósitos mediante cheques ou transferências on line, não foram trazidos aos autos as respectivas cópias nem tiveram sequer identificados/comprovados os depositantes. 25. No que se refere aos depósitos alegadamente pertencentes a MARIA BETANIA TEIXEIRA BEZERRA, que o contribuinte afirma ser odontóloga e advogada, bem assim exercer atividade rural (fls.78), seria necessário que houvesse comprovado a origem de cada um deles. No caso de depósitos decorrentes de trabalho com vinculo empregatício, a apresentação de comprovantes de rendimentos e/ou contracheques. Em se tratando do exercício de trabalho sem vinculo empregatício, ou seja, da atividade de profissional liberal, a apresentação de livro caixa escriturado, acompanhado da documentação relativa a receitas e despesas. Já no caso de atividade rural, seria necessário demonstrar o resultado dessa exploração mediante a escrituração do correspondente livro caixa, também acompanhado da documentação correspondente, quando a receita bruta for superior ao limite legal estipulado no ano calendário de 2004, por exemplo, R$ 56.000,00 ou mediante prova documental das receitas e das despesas, quando a receita bruta for inferior a tal limite, cabendo registrar que, consoante estipula o § 50 do art. 61 do RIR/99 e o art. 6° da Instrução Normativa (IN) SRF n° 83, de 11 de outubro de 2001, a receita bruta da atividade rural, decorrente da comercialização dos produtos, deve ser comprovada por documentos usualmente utilizados nessas atividades, tais como Nota Fiscal de Produtor, Nota Fiscal de Entrada, Nota Promissória Rural vinculada, Nota Fiscal de Produtor e demais documentos oficialmente reconhecidos pelas fiscalizações estaduais. 25. Já no que se tange aos depósitos alegadamente pertencentes a ALDO GARCIA DE AZEVEDO, que o contribuinte afirma ser empresário do ramo de lutas de boxe que sua conta corrente fora utilizada para a movimentação de recursos decorrentes dessa espécie de evento (fls.78/79), seria igualmente necessário que fossem apresentadas provas irrefutáveis de que os depósitos efetuados correspondiam, em datas e valores, a rendimentos relativos a essa atividade. Apesar de ter afirmado as fls.79 que ALDO GARCIA DE AZEVEDO dispunha de todas as provas da realização dos eventos, não constam as mesmas dos autos. Como já anteriormente explicitado, neste Voto, o dito "Contrato de Depósito Voluntário Gratuito com Prazo de Restituição" (fls.80/81) não comprova a origem de cada um dos depósitos efetuados no Banco Rural, no período de 22/06/2004 a 25/11/2005, como consta da declaração prestada por aquele senhor (fls.59), de insuficiente valor probante, repitase. Fl. 376DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/05/2014 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 30/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 29/05/2014 por RAFAEL PANDOLFO 10 26. Ressaltese que, em todos os casos é necessária a correspondência de datas e valores entre os rendimentos e cada um dos depósitos efetuados nas contas bancárias de titularidade do contribuinte, cujas cópias dos extratos encontramse nos autos, por força do disposto no § 3° do art. 42 da Lei n° 9.430, de 1996, segundo o qual, para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, conforme razões já declinadas neste Voto, o que não ocorreu no presente caso. 28. Observase, portanto, que, diversamente do que afirmou o contribuinte na peça de defesa, os elementos com os quais buscou comprovar serem os recursos objeto da autuação pertencentes a MARIA BETÂNIA TEIXEIRA BEZERRA e ALDO GARCIA DE AZEVEDO não são provas hábeis e suficientes para tal. E que não há, nos autos, qualquer prova da origem dos recursos que o contribuinte autuado alega pertencerem àquelas pessoas físicas. Seria necessário que o contribuinte houvesse apresentado provas incontestes — por intermédio de documentos hábeis e idôneos , que fundamentassem as alegações contidas em sua impugnação, para que fosse acatada a justificativa de que os rendimentos considerados na autuação como omitidos pelo contribuinte não lhe pertencessem e afastada a infração atinente a omissão de receitas ora em discussão.” No caso, o contribuinte se resume em apontar os valores os quais seriam de propriedade de terceiros sem jamais trazer aos autos comprovantes aptos a confirmarem com sua alegação. Dessa forma, as declarações não são suficientes para a comprovação da verdadeira titularidade dos recursos apontados pela fiscalização, uma vez que mencionam globalmente os valores, sem especificar datas, ou depósitos individualizados. Descabe, portanto, a aplicação do art. 42, § 5º, da Lei nº 9.430/96 ao caso, pois não comprovado que os valores depositados na conta corrente do fiscalizado eram de titularidade de terceiros. Neste sentido, é o entendimento desta Câmara: ASSUNTO: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural EXERCÍCIO: 2001 IRPF DEPÓSITOS BANCÁRIOS ILEGITIMIDADE PASSIVA Quando restar comprovado que os valores depositados na contacorrente fiscalizada são de titularidade de terceiros, o lançamento deve ser efetuado em face destes terceiros, e não do titular da conta. Inteligência do § 5º do art. 42 da Lei nº 9.430/96. Recurso de ofício negado. Recurso voluntário provido. (CARF. 2ª Seção. 2ª Câmara. 1ª Turma Ordinária. Ac. 2201 000.725. Julg. Em 17/06/10). Não havendo qualquer elemento capaz de descaracterizar a relação do contribuinte com a conta corrente de sua titularidade, cujos créditos foram objetos da presente autuação, prejudicada qualquer alegação de não ser ele, o real beneficiário dos créditos bancários tributados, sendo imperioso se refutar a argumentação de ilegitimidade passiva. Assim, entendo que não merece prosperar a preliminar de ilegitimidade passiva arguida, pois a fiscalização determinou corretamente o sujeito passivo. 1.3 Da Nulidade das Provas Obtidas Através da Quebra do Sigilo Bancário Sem Prévia Autorização do Poder Judiciário e da Interpretação Conforme a Constituição Fl. 377DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/05/2014 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 30/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 29/05/2014 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 10410.004328/200892 Acórdão n.º 2202002.687 S2C2T2 Fl. 373 11 O crédito tributário debatido no presente recurso tem como fundamento o art. 42, da Lei nº 9.430/95. Para chegar à comprovação da materialidade do tributo — depósitos bancários sem origem identificada — o Fisco utilizouse de Requisição de Informações de Informação Financeira — RMF (fls. 6667 e 9495), instrumento administrativo que teria como objetivo dar eficácia ao disposto na Lei Complementar nº 105/01, na Lei nº 9.311/96 e no Decreto nº 3.724/01. Ressalto que a fiscalização utilizou os dados de RMF apenas referentes ao Banco Sudameris (ao longo de todo o anocalendário 2005) e ao Banco Bradesco (do período de 01/01/05 a 28/04/05), pois o contribuinte apresentou, voluntariamente, extratos bancários das seguintes instituições financeiras: Banco Unibanco, Banco Itaú, Banco Bradesco (do período de 29/04/05 a 29/12/05) e Corretora Souza Barros Cambio e Títulos S.A. Ocorre que o PLENO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, ao julgar o Recurso Extraordinário nº 389.808/PR, decidiu dar INTERPRETAÇÃO CONFORME A CONSTITUIÇÃO a esses atos normativos, de modo a considerar imprescindível a requisição ao Poder Judiciário de permissão para violar o sigilo de dados do contribuinte. O julgamento recebeu a seguinte ementa: SIGILO DE DADOS – AFASTAMENTO. Conforme disposto no inciso XII do artigo 5º da Constituição Federal, a regra é a privacidade quanto à correspondência, às comunicações telegráficas, aos dados e às comunicações, ficando a exceção – a quebra do sigilo – submetida ao crivo de órgão equidistante – o Judiciário – e, mesmo assim, para efeito de investigação criminal ou instrução processual penal. SIGILO DE DADOS BANCÁRIOS – RECEITA FEDERAL. Conflita com a Carta da República norma legal atribuindo à Receita Federal – parte na relação jurídicotributária – o afastamento do sigilo de dados relativos ao contribuinte. (RE 389808, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 15/12/2010, DJe086 DIVULG 09052011 PUBLIC 10052011 EMENT VOL0251801 PP00218 RTJ VOL00220 PP00540) A supracitada decisão teve como objetivo tanto conciliar a necessidade do Fisco de ter acesso a dados sigilosos para conseguir atingir seu desiderato, quanto preservar o sigilo de dados dos contribuintes e a inafastabilidade da jurisdição em matérias sensíveis à violação de direitos, garantias explicitadas nos incisos XII e XXXV, do art. 5º, da CF: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindose aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XII é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; XXXV a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; Fl. 378DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/05/2014 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 30/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 29/05/2014 por RAFAEL PANDOLFO 12 O Supremo Tribunal Federal, portanto, ao enfrentar o tema ora apreciado, não declarou a inconstitucionalidade de qualquer dispositivo, nem mesmo a inconstitucionalidade sem redução de texto. Simplesmente, analisando o ordenamento tributário brasileiro, adotou interpretação conforme a Constituição, fixando aos enunciados infraconstitucionais analisados um conteúdo deôntico compatível com a Carta Maior. Transcrevese, abaixo, trecho extraído do voto do Relator (acompanhado pela maioria dos demais Ministros), que explicita a técnica de julgamento aplicada: Assentando que preceitos legais atinentes ao sigilo de dados bancários hão de merecer, sempre e sempre, interpretação, por mais que se potencialize o objetivo, harmônica com a Carta da República, provejo o recurso interposto para conceder a segurança. Defiro a ordem para afastar a possibilidade de a Receita Federal ter acesso direto aos dados bancários do recorrente. COM ISSO, CONFIRO À LEGISLAÇÃO DE REGÊNCIA – LEI Nº 9.311/96, LEI COMPLEMENTAR Nº 105/01 E DECRETO Nº 3.724/01 — INTERPRETAÇÃO CONFORME À CARTA FEDERAL, TENDO COMO CONFLITANTE COM ESTA A QUE IMPLIQUE AFASTAMENTO DO SIGILO BANCÁRIO DO CIDADÃO, DA PESSOA NATURAL OU DA JURÍDICA, SEM ORDEM EMANADA DO JUDICIÁRIO. (Destaque nosso, STF. RE 389.808/PR. Rel. Min. Marco Aurélio. Julg. em 15/12/10). A respeito do tema, deve ser repisado o conteúdo da cláusula de reserva de plenário, inserida no art. 97 do Texto Constitucional, abaixo transcrita: Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público. A decisão proferida no âmbito do Recurso Extraordinário 389.808, embora tenha sido por maioria simples (5X4), foi dotada de quorum insuficiente à declaração de inconstitucionalidade de qualquer dispositivo, que é de seis votos (maioria absoluta), conforme preceito constitucional acima reproduzido. Isso prova, matematicamente, que o desfecho do tema conferido pelo STF não implicou no reconhecimento de inconstitucionalidade dos enunciados infraconstitucionais analisados. Na realidade, conforme expresso no julgamento, o precedente referido realizou interpretação conforme a Constituição, técnica que, embora atue no mesmo plano significativo de declaração de inconstitucionalidade sem redução de texto, dela se diferencia por não afastar significados, mas compelir a aplicação de uma interpretação específica, que torna o dispositivo analisado compatível com a Constituição. A sutileza é relevante. Basta verificar que, na interpretação conforme a Constituição, não se declara a inconstitucionalidade de qualquer enunciado ou significado a ele atribuído. A interpretação conforme a Constituição, portanto, não se confunde com a declaração de inconstitucionalidade sem redução de texto, como bem aponta o Professor e Ministro Gilmar Ferreira Mendes: Ainda que não se possa negar semelhança dessas categorias e a proximidade do resultado prático da sua utilização, é certo que, enquanto na interpretação conforme à Constituição se tem, Fl. 379DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/05/2014 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 30/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 29/05/2014 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 10410.004328/200892 Acórdão n.º 2202002.687 S2C2T2 Fl. 374 13 dogmaticamente, a declaração de que uma lei é constitucional com a interpretação que lhe é conferida pelo órgão judicial, constatase, na declaração de nulidade sem redução de texto, a expressa exclusão, por inconstitucionalidade, de determinadas hipóteses de aplicação (Anwendungsfalle) do programa normativo sem que se produza alteração expressa do texto legal (MENDES, Gilmar Ferreira, Jurisdição constitucional: o controle abstrato de normas no Brasil e na Alemanha. 5 ed. – São Paulo: 2005, pp. 354355). Desse modo, concluise que: a) não existe dispositivo regimental que impeça o julgamento do tema pelo CARF, a partir da revogação realizada pela Portaria nº 545/13; b) o STF, ao enfrentar o tema em sede de jurisdição difusa, não declarou a inconstitucionalidade de qualquer enunciado, aplicando a interpretação conforme a Constituição (que dispensou, inclusive, a cláusula de reserva de Plenário exigida pelo art. 97 da CF/88); c) não incide o óbice inserido no art. 26 – A do Decreto 70.235/72, pois o deslinde do feito dispensa qualquer reconhecimento de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, conforme desfecho conferido ao tema pelo STF, ao analisar o RE nº 389.808. Pelo mesmo motivo, não se cogita de aplicação da Súmula nº 2 do CARF e do art. 62 – A do Regimento Interno do CARF; d) segundo a interpretação conforme a Constituição realizada pelo STF (RE nº 389.808), a requisição de informações financeiras é valida e seus dispositivos normativos, contidos na Lei Complementar nº 105/01, Lei 9.311/96 e Decreto 3724/01 vigentes, desde que ocorra a prévia autorização do Poder Judiciário. Reforçando uma diretiva óbvia e inerente ao devido processo legal, o art. 30, da Lei nº 9.784/99, determina que são inadmissíveis, no processo administrativo, as provas obtidas por meios ilícitos. O dispositivo busca retirar os incentivos para que os agentes públicos desviemse dos procedimentos regulares, através da inutilização de seu trabalho quando realizado de forma que contrarie o direito. A ilicitude da prova, no caso, é corolário lógico da incompatibilidade da sua obtenção com os ditames fixados pelo STF, em interpretação conforme a Constituição. A constituição válida do crédito tributário exige prova da materialidade revelada através de procedimento válido perante o ordenamento jurídico pátrio. Malgrado essa hipótese, não há obrigação tributária pela ausência de prova que, validamente, ratifique o conceito de fato previsto na hipótese normativa tributária. Ressalto a importância do tema em questão, dentro de um estado democrático de direito. A regra positivada em nosso ordenamento tem origem na doutrina e jurisprudência americanas (exclusionary rules, caso Elkins v. United States), que consolidaram o entendimento segundo o qual o Estado, enquanto defensor dos direitos fundamentais, terá como Pírrica toda vitória obtida com base na violação desses Direitos, pois, com o pretexto de Fl. 380DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/05/2014 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 30/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 29/05/2014 por RAFAEL PANDOLFO 14 vencer uma batalha contra um ilícito isolado, leva à bancarrota o próprio Estado Democrático de Direito que almeja proteger1. Ocorre que não só as provas obtidas ilicitamente são vedadas, como também aquelas que delas se derivam. A doutrina do “fruit of the poisonous tree”, ou simplesmente “fruit doctrine” – “fruto da árvore envenenada”, aplicada primeiramente na jurisprudência americana (caso Silverthine Lumber Co. v. United States), estabelece que as provas obtidas por meios ilícitos contaminam aquelas delas decorrentes. Assim, tanto as conclusões decorrentes dos dados bancários obtidos através da quebra ilegal do sigilo, quanto os outros elementos probatórios que deles originamse, são fruto da prova que restou contaminada pela ausência de requisição prévia ao poder judiciário para quebra do sigilo bancário. Como visto, a finalidade do art. 30, da Lei nº 9.784/99 é coibir os abusos estatais através da inutilização dos efeitos dos atos ilícitos cometidos por seus agentes. Dessa forma, qualquer prova que tenha sido produzida à margem do critério definido pelo STF revelase estéril ao nascimento válido da obrigação tributária. Na hipótese, somente foi possível a constituição de parte do crédito tributário (contribuinte apresentou os extratos do Banco do Brasil de 14/02/03 a 16/06/06 e Banco Rural de 22/06/04 a 25/11/05) com base no art. 42 da Lei nº 9.430/95, através das provas obtidas junto às instituições financeiras por meio de quebra de sigilo bancário sem prévia autorização judicial ou do titular da conta bancária. Ou seja, se a fiscalização não houvesse expedido a RMF, não teria concluído pela omissão de rendimentos em sua totalidade, e não teria lavrado o auto de infração sob esse argumento. Assim, entendo que deve ser acolhida a preliminar de prova ilícita por quebra de sigilo bancário, para que sejam excluídas do Auto de Infração todas as informações referentes ao Banco Itaubank, por serem ilícitas. 2. DO MÉRITO Não acolhida a preliminar de ilegitimidade passiva e vencido na preliminar suscitada (ilicitude da prova obtida através da quebra de sigilo bancário sem prévia autorização judicial), ingresso na análise dos demais argumentos suscitados pelo recorrente. 2.1 Da Omissão de Rendimentos O recorrente alega que os depósitos bancários, por si só, não constituem fato gerador do imposto de renda, uma vez que não pode ser a usada à presunção para tributar. Acrescenta que cabe à Receita Federal a produção da prova para que se tenha certeza na exigibilidade do crédito tributário, ônus do qual a administração não se desincumbiu. Não lhe assiste razão. Anteriormente à Lei n° 8.021/90, assentouse que os depósitos bancários, por si só, não representavam rendimentos a sofrer a incidência do imposto de renda. Nesta senda, o Tribunal Federal de Recursos sumulou entendimento com esta exata interpretação (Súmula 182 do TFR), bem como o art. 90, VII, do DecretoLei n° 2.471/88 determinou o arquivamento de processos administrativos que controlassem débitos de imposto de renda arbitrado com base exclusivamente em valores de extratos ou comprovantes de depósitos bancários. 1 COSTA ANDRADE, Manuel da. Sobre as proibições de prova em processo penal. Coimbra: Coimbra Editora, 1992. p. 73. Fl. 381DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/05/2014 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 30/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 29/05/2014 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 10410.004328/200892 Acórdão n.º 2202002.687 S2C2T2 Fl. 375 15 Entretanto, com o advento do art. 6°, § 5°, da Lei n° 8.021/90, autorizouse o arbitramento de rendimentos com base em depósitos ou aplicações em instituições financeiras, mediante utilização dos sinais exteriores de riqueza, quando o contribuinte não pudesse comprovar a origem dos recursos utilizados nessas operações. Porém, para incidência do imposto de renda sobre a hipótese em debate, a jurisprudência administrativa passou a obrigar que a fiscalização comprovasse o consumo da renda pelo contribuinte, representada pelos depósitos bancários de origem não comprovada, a transparecer sinais exteriores de riqueza (acréscimo patrimonial ou dispêndio), incompatíveis com os rendimentos declarados. Este cenário foi profundamente alterado pelo art. 42 da Lei n° 9.430/96, com incidência sobre os fatos geradores ocorridos a partir de 1°/01/97. O art. 42 da Lei 9.430/96 estipula, in verbis: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Tratase de presunção legal, que permite à Fazenda tributar depósitos bancários sem origem e/ou tributação justificados, cabendo prova em contrário, por parte da contribuinte. Como bem ensina Alfredo Augusto Becker, presunção é o resultado de processo lógico mediante o qual do fato conhecido cuja existência é certa se infere o fato desconhecido cuja existência é provável (Teoria Geral do Direito Tributário, 3. ed. São Paulo : Lejus. 1998. pg. 508). No caso da técnica de apuração baseada em presunção estabelecida pelo art. 42 da Lei 9.430/96, o fato conhecido é a existência de depósitos bancários, que denotam, a priori, acréscimo patrimonial. Tendo em vista que renda, para fins de imposto de renda, é considerada como o acréscimo patrimonial em determinado período de tempo, a existência de depósitos sem origem e sem tributação comprovados levam à presunção de que houve acréscimo patrimonial não oferecido à tributação; logo, omitido o fato desconhecido de existência provável. Por ser presunção relativa, é necessário que o contribuinte seja intimado regularmente, principalmente do resultado da apuração dos depósitos discriminados individualmente, de modo a possibilitar a defesa, o que ocorreu no presente procedimento. Com a novel legislação acima, a jurisprudência administrativa chancelou as autuações que imputavam aos contribuintes o imposto de renda sobre a omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada. Esse entendimento encontrase pacificado no âmbito da Câmara Superior de Recursos Fiscais. Como exemplo, por todos, vejase o Acórdão n° CSRF/0400.164 (Quarta Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais), sessão de 13 de dezembro de 2005, relatora a Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo, unânime, que restou assim ementado: IRPF DEPÓSITOS BANCÁRIOS OMISSÃO DE RENDIMENTOS Presumese a omissão de rendimentos sempre que o titular de conta bancária, regularmente intimado, não Fl. 382DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/05/2014 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 30/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 29/05/2014 por RAFAEL PANDOLFO 16 comprova, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em suas contas de depósito ou de investimento (art. 42 da Lei e. 9.430, de 1996). Quanto à forma de comprovação individualizada, é a própria Lei nº 9.430/96 que institui este dever, na redação do §3º de seu art. 42: § 3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: I os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$ 1.000,00 (mil reais), desde que o seu somatório, dentro do ano calendário, não ultrapasse o valor de R$ 12.000,00 (doze mil reais). Ou seja, conquanto possa ser considerada pelo contribuinte como desproporcional a medida, a verdade é que existe diploma normativo válido e vigente que impõe a este dever, não cabendo a este Conselho declarar a inconstitucionalidade e afastar sua aplicação. No caso, o contribuinte alega apenas, genericamente, que os valores glosados são de titularidade de Maria Betânia Teixeira Bezerra e de Aldo Garcia de Azevedo, sem informar, individualizadamente, quais depósitos correspondem a esses valores. Ademais, não há prova nos autos que sustente o alegado nas duas declarações. Igualmente, o contribuinte apresenta termo de rescisão trabalhista com o intuito de justificar a origem de depósitos, os quais não indica. Ocorre que o valor mencionado na rescisão e os valores glosados não coincidem, e não há qualquer prova de que os valores referentes ao termo de rescisão, ou ainda ao contrato de depósito voluntário gratuito foram depositados em suas contas correntes. Dessa forma, entendo que as declarações prestadas pelo contribuinte não são suficientes para comprovar a origem dos depósitos feitos na conta corrente da recorrente. Por fim, cabe ressaltar, que tal presunção poderia ser afastada através da comprovação da origem dos créditos efetuados em sua conta bancária, um a um, de forma individualizada. Ante o exposto, VENCIDO NA PRELIMINAR de ilicitude de provas obtidas através de RMF, voto por REJEITAR a preliminar de ilegitimidade passiva e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO ao recurso. (Assinado digitalmente) Rafael Pandolfo Relator Fl. 383DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/05/2014 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 30/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 29/05/2014 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 10410.004328/200892 Acórdão n.º 2202002.687 S2C2T2 Fl. 376 17 Voto Vencedor Conselheiro ANTONIO LOPO MARTINEZ. Este voto direcionase exclusivamente a preliminar de prova ilícita por quebra do sigilo bancário, ponto na qual divirjo do Conselheiro Relator. Inobstante o bem fundamentado voto do Relator, entendo que ao apreciar a questão da licitude da prova estamos essencialmente enfrentando uma questão preliminar. O sigilo bancário sempre foi um tema cheio de contradições e de várias correntes. Antes da edição da Lei Complementar n° 105, de 2001, os Tribunais Superiores tinham a forte tendência de albergar a tese da inclusão do sigilo bancário na esfera do direito à privacidade, na forma da nossa Constituição Federal, sob o argumento que não é cabível a sua quebra com base em procedimento administrativo, amparado no entendimento de que as previsões nesse sentido, inscritas nos parágrafos 5º e 6º do artigo 38, da Lei nº 4.595, de 1964 e no artigo 8º da Lei nº 8.021, de 1990, perdem eficácia, por interpretação sistemática, diante da vedação do parágrafo único do artigo 197, do CTN, norma hierarquicamente superior. Pessoalmente, não me restam dúvidas, que o direito ao sigilo bancário não pode ser utilizado para acobertar ilegalidades. Por outro lado, preservase a intimidade enquanto ela não atingir a esfera de direitos de outrem. Todos têm direito à privacidade, mas ninguém tem o direito de invocála para absterse de cumprir a lei ou para fugir de seu alcance. Tenho para mim, que o sigilo bancário não foi instituído para que se possam praticar crimes impunemente. Desta forma, é indiscutível que o sigilo bancário, no Brasil, para fins tributários, é relativo e não absoluto, já que a quebra de informações pode ocorrer nas hipóteses previstas em lei. No comando da Lei Complementar nº. 105, de 10 de janeiro de 2001, notase o seguinte: “Art. 1° As instituições financeiras conservarão sigilo em suas operações ativas e passivas e serviços prestados. (...) § 3º Não constitui violação do dever de sigilo: I a troca de informações entre instituições financeiras, para fins cadastrais, inclusive por intermédio de centrais de risco, observadas as normas baixadas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil; II o fornecimento de informações constantes de cadastro de emitentes de cheques sem provisão de fundos e de devedores inadimplentes, a entidades de proteção ao crédito, observadas às normas baixadas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil; Fl. 384DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/05/2014 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 30/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 29/05/2014 por RAFAEL PANDOLFO 18 III o fornecimento das informações de que trata o § 2º do art. 11 da Lei nº 9.311, de 24 de outubro de 1996; IV a comunicação, às autoridades competentes, da prática de ilícitos penais ou administrativos, abrangendo o fornecimento de informações sobre operações que envolvam recursos provenientes de qualquer prática criminosa; V a revelação de informações sigilosas com o consentimento expresso dos interessados; VI a prestação de informações nos termos e condições estabelecidos nos artigos 2º, 3º, 4º, 5º, 6º, 7º e 9º desta Lei Complementar. (...) Art. 6º As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. Parágrafo único. O resultado dos exames, as informações e os documentos a que se refere este artigo serão conservados em sigilo, observada a legislação tributária. (...) Art. Revogase o art. 38 da Lei n°° 4.595, de 31 de dezembro de 1964.”. Se antes existiam dúvidas sobre a possibilidade da quebra do sigilo bancário via administrativa (autoridade fiscal), agora estas não mais existem, já que é claro na lei complementar, acima transcrita, a tese de que a Secretaria da Receita Federal tem permissão legal para acessar os dados bancários dos contribuintes, está expressamente autorizado pelo artigo 6° da mencionada lei complementar. O texto autorizou, expressamente, as autoridades e agentes fiscais tributários a obter informações de contas de depósitos e aplicações financeiras, desde que haja processo administrativo instaurado. Assim, estaria afastada a pretensa quebra de sigilo bancário de forma ilícita, já que há permissão legal para que o Estado através de seus agentes fazendários, com fins públicos (arrecadação de tributos), visando o bem comum, possa ter acesso aos dados protegidos, originariamente, pelo sigilo bancário. Ficam o Estado e seus agentes responsáveis, por outro lado, pela manutenção do sigilo bancário e pela observância do sigilo fiscal. Desta forma, dentro dos limites estabelecidos pelos textos legais que tratam o assunto, os AuditoresFiscais da Receita Federal poderão proceder a exames de documentos, livros e registros de contas de depósitos, desde que houver processo fiscal administrativo instaurado e os mesmos forem considerados indispensáveis pela autoridade competente. Devendo ser observado que os documentos e informações fornecidos, bem como seus exames, devem ser conservados em sigilo, cabendo a sua utilização apenas de forma reservada, cumprido as normas a prestação de informações e o exame de documentos, livros e registros de contas de depósitos, a que alude a lei, não constitui, portanto, quebra de sigilo bancário. Fl. 385DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/05/2014 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 30/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 29/05/2014 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 10410.004328/200892 Acórdão n.º 2202002.687 S2C2T2 Fl. 377 19 Sempre é bom lembrar que o sigilo fiscal a que se obrigam os agentes fiscais constitui um dos requisitos do exercício da atividade administrativa tributária, cuja inobservância só se consubstancia mediante a verificação material do evento da quebra do sigilo funcional, quando, então, o agente envolvido sofrerá a devida sanção. Requisições de Movimentação Financeira – RMF emitidas seguiram rigorosamente as exigências previstas pelo Decreto nº 3.724/2001, que regulamentou o art. 6º da Lei Complementar 105/2001, inclusive quanto às hipóteses de indispensabilidade previstas no art. 3º, que também estão claramente presentes nos autos. Em verdade, verificase que o contribuinte foi intimada a fornecer seus extratos bancários, no entanto não os apresentou, razão pela qual não restou opção à fiscalização senão a emissão da Requisição de Informações sobre Movimentação Financeira – RMF. Desse modo, ausente qualquer ilicitude na prova decorrente da transferência de sigilo bancário para a Receita Federal do Brasil, posto que a Lei Complementar 105, de 2001 confere às autoridades administrativas tributárias a possibilidade de acesso aos dados bancários, sem autorização judicial, desde que haja processo administrativo e justificativa para tanto. E é este o caso nos autos. Ademais, a tese de ilicitude da prova obtida não está sendo acolhida pela Câmara Superior de Recursos Fiscais, conforme a jurisprudência já consolidada. Rejeito, portanto, o questionamento preliminar argüido quanto ilicitude da prova por quebra do sigilo bancário. (Assinado digitalmente) ANTONIO LOPO MARTINEZ Redator designado. Fl. 386DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/05/2014 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 30/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 29/05/2014 por RAFAEL PANDOLFO
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Numero do processo: 15956.000536/2007-98
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 15 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Jun 06 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2003, 2004
Nulidade - Depósito Bancário - Falta de intimação do Co-titular
Todos os co-titulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na faze que precede a lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento (Sumula 29 CARF)
Numero da decisão: 2202-002.640
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, Por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso nos termos do relatório e voto do relator.
(Assinado digitalmente)
Antonio Lopo Martinez (Presidente Substituto ).
(Assinado digitalmente)
Pedro Anan Junior Relator
Composição do colegiado: Participaram do presente julgamento os Conselheiros Antonio Lopo Martinez, Rafael Pandolfo, Pedro Anan Junior, Guilherme Barranco De Souza, Marco Aurelio De Oliveira Barbosa, Dayse Fernandes Leite. Ausente justificadamente o conselheiro Fabio Brun Goldschmidt.
Nome do relator: PEDRO ANAN JUNIOR
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, Por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso nos termos do relatório e voto do relator. (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez (Presidente Substituto ). (Assinado digitalmente) Pedro Anan Junior Relator Composição do colegiado: Participaram do presente julgamento os Conselheiros Antonio Lopo Martinez, Rafael Pandolfo, Pedro Anan Junior, Guilherme Barranco De Souza, Marco Aurelio De Oliveira Barbosa, Dayse Fernandes Leite. Ausente justificadamente o conselheiro Fabio Brun Goldschmidt.
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Acordam os membros do colegiado, Por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso nos termos do relatório e voto do relator. (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez (Presidente Substituto ). (Assinado digitalmente) Pedro Anan Junior– Relator Composição do colegiado: Participaram do presente julgamento os Conselheiros Antonio Lopo Martinez, Rafael Pandolfo, Pedro Anan Junior, Guilherme Barranco De Souza, Marco Aurelio De Oliveira Barbosa, Dayse Fernandes Leite. Ausente justificadamente o conselheiro Fabio Brun Goldschmidt. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 95 6. 00 05 36 /2 00 7- 98 Fl. 721DF CARF MF Impresso em 09/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/05/2014 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 16/05/2014 po r PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 2 Fl. 722DF CARF MF Impresso em 09/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/05/2014 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 16/05/2014 po r PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 15956.000536/200798 Acórdão n.º 2202002.640 S2C2T2 Fl. 602 3 Relatório Contra o contribuinte em epígrafe foi lavrado o Auto de Infração de fis.4/9, relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física, anoscalendário 2002 e 2003 que lhe exige crédito tributário no montante de R$ 2.357.993,71 sendo R$ 994.191,02 referentes a imposto, R$ 745.643,25 referentes à multa e R$ 618.159,44 são cobrados a título de juros de mora, calculados até 31/10/2007. A infração apurada, que resultou na constituição do crédito tributário referido, encontrase relatada no Auto de Infração, fls.4/9 e no Termo de Conclusão de Procedimento. Fiscal, fls.10/14 e referese a OMISSÃO DE RENDIMENTOS CARACTERIZADA POR DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. Após exame dos extratos bancários do contribuinte, elaborou a autoridade fiscal a relação de créditos/depósitos, das contas do fiscalizado, relativos aos anoscalendário 2002 e 2003 e o intimou a comprovar com documentação hábil e idônea a origem dos mesmos; O contribuinte apresentou documentos, fls. 49 a 200, e da análise dos esclarecimentos prestados pelo mesmo e dos documentos encaminhados, concluiu a fiscalização que apenas alguns depósitos questionados tiveram suas origens efetivamente justificadas, sendo tais valores expurgados da planilha que relaciona os depósitos cuja origem não foi justificada. Informa a Autoridade Fiscal que os valores não justificados pelo contribuinte, foram relacionados no "extrato de crédito — valores com origem não comprovada", fls. 489 a 498 e serão considerados como Omissão de Rendimentos Caracterizada por Depósitos Bancários com Origem Não Comprovada, nos termos do artigo 42 da Lei n° 9.430/96. Devidamente cientificado do lançamento o contribuinte apresentou tempestivamente impugnação. A Delegacia de Receita Federal de Julgamento de São Paulo, DRJ/SPOII ao analisar a impugnação, decidiu por unanimidade de votos e manter parcialmente o lançamento através do acórdão DRJ/SPOII 1731.209 de 22 de abril de 2009, consubstanciado na seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FISICA IRPF Anocalendário: 2002, 2003 PRELIMINAR. DECADÊNCIA. O fato gerador do Imposto de Renda Pessoa Física, por ser complexivo com período anual, ocorre em 31 de dezembro do respectivo anocalendário, o prazo decadencial de 5 (cinco) anos, iniciase no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado (Art. 173, I, do CTN). Fl. 723DF CARF MF Impresso em 09/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/05/2014 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 16/05/2014 po r PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 4 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. Com a edição da Lei n.° 9.430/96, a partir de 01/01/1997 passaram a ser caracterizados como omissão de rendimentos, sujeitos a lançamento de oficio, os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais a pessoa física ou jurídica, regularmente intimada, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Somente a apresentação de provas hábeis e idôneas pode refutar a presunção legal regularmente estabelecida. MULTA DE OFÍCIO DE 75%. ARGÜIÇÃO DE EFEITO CONFISCATÓRIO A multa de 75%, prescrita no artigo 44, inciso I, da Lei 9.430/1996, é aplicável sempre nos lançamentos de oficio realizados pela Fiscalização da Receita Federal do Brasil. As multas de oficio não possuem natureza confiscatória, constituindose antes em instrumento de desestimulo ao sistemático inadimplemento das obrigações tributárias, atingindo, por via de conseqüência, apenas os contribuintes infratores, em nada afetando o sujeito passivo cumpridor de suas obrigações fiscais. DECISÕES ADMINISTRATIVAS. DOUTRINA EFEITOS As decisões administrativas, mesmo as proferidas pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, não se constituem em normas gerais, razão pela qual seus julgados não se aproveitam em relação a qualquer outra ocorrência, senão aquele objeto da decisão. A doutrina transcrita não pode ser oposta ào texto explícito do direito positivo, mormente em se tratando do direito tributário brasileiro, por sua estrita subordinação à legalidade. Inteligência do artigo 150, inciso I, da Constituição Federal de 1988. Devidamente cientificado dessa decisão, o contribuinte apresente tempestivamente recurso voluntário onde reitera os argumentos da impugnação. É o relatório. Fl. 724DF CARF MF Impresso em 09/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/05/2014 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 16/05/2014 po r PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 15956.000536/200798 Acórdão n.º 2202002.640 S2C2T2 Fl. 603 5 Voto Conselheiro Pedro Anan Junior O recurso preenche os pressupostos de admissibilidade portanto deve ser conhecido. Nulidade Falta de Intimação Contaconjunta – 195.1501 A autoridade lançadora reconheceu que as contas correntes do Banco Bradesco e HSBC, tinham dois titulares, e um deles não foi devidamente intimado para comprovar a origem dos depósitos nelas referidos. A DRJ reconheceu também tal fato, e fez a exclusão de 50% do valor do lançamento. O fato é que, em momento algum, os cotitulares foram chamado aos autos para justificar ou informar a respeito da movimentação que lhes cabia em cada uma das contas bancárias, o que macula o procedimento fiscal como um todo. Não há dúvidas de que nas hipóteses de contas conjuntas, deve ser observado o comentado do parágrafo 6º, do artigo 42, da Lei nº 9.430/96, acrescentado pela Lei nº 10.637/2002. Mas, deve ele ser interpretado conjuntamente com seu caput: “Art. 42 Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. .... “§ 6º Na hipótese de contas de depósito ou de investimento mantidas em conjunto, cuja declaração de rendimentos ou de informações dos titulares tenham sido apresentadas em separado, e não havendo comprovação da origem dos recursos nos termos deste artigo, o valor dos rendimentos ou receitas será imputado a cada titular mediante divisão entre o total dos rendimentos ou receitas pela quantidade de titulares.” (grifouse) Fl. 725DF CARF MF Impresso em 09/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/05/2014 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 16/05/2014 po r PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 6 Tratase, pois, de um comando impositivo e incondicional, que prevê um critério objetivo de quantificação da base de cálculo, justamente para conferir critérios de liquidez, certeza e justiça ao lançamento. Constatese que há dois requisitos exigidos pelo dispositivo retrotranscrito: 1º. que os titulares da conta conjunta tenham apresentado declaração de rendimentos em separado, o que efetivamente aconteceu, conforme se extrai da declaração de ajuste anual do Contribuinte, 2º. que todos os titulares da conta corrente sejam intimados para, querendo, comprovarem a origem dos depósitos bancários. É dever da Fiscalização, pois, observado o prazo decadencial, intimar o outro titular da referida conta bancária para que ele, na condição de cotitular e contribuinte do IRPF, comprove a origem dos depósitos, independentemente do percentual de sua real participação em tal conta, e do motivo pelo qual participa como cotitular, o que, todavia, como visto, não foi feito no caso concreto, nas situações de ambas as contas bancárias. Aliás, esse é o posicionamento desse Conselho, como se vê das seguintes ementas: “DEPÓSITO BANCÁRIO CONTA CONJUNTA Tratandose de conta conjunta, é imprescindível que todos os titulares estejam sob o procedimento de ofício. Ademais, o lançamento com base em depósitos bancários deve ter a base tributável dividida pelo número de titulares da conta conjunta, nos casos em que estes tenham rendimentos próprios e declarem em separado.” (Acórdão nº 10421006, de 13.09.2005, Relatora Cons. Meigan Sack Rodrigues) “OMISSÃO DE RENDIMENTOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS CONTA CONJUNTA Em caso de conta conjunta é obrigatório intimação de todos os correntistas para informarem a origem e a titularidade dos depósitos bancários. Impossibilidade de atribuir, de ofício, os valores como sendo renda exclusiva de um dos correntistas. Ao atribuir a integralidade dos depósitos a um único correntista, sem que o outro tenha sido intimado, o auto de infração adotou base de cálculo diferente daquela estabelecida pela regramatriz do § 6º do artigo 42 da Lei nº. 9.430, de 1996, razão pela qual, neste ponto, deve ser cancelado. Exigência cancelada.” (Acórdão nº 10247838, de 16.08.2006, Relator Cons. Moises Giacomelli Nunes da Silva) Fl. 726DF CARF MF Impresso em 09/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/05/2014 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 16/05/2014 po r PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 15956.000536/200798 Acórdão n.º 2202002.640 S2C2T2 Fl. 604 7 “... OMISSÃO DE RENDIMENTOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS CONTA CONJUNTA A partir da vigência da Medida Provisória nº 66, de 29 de agosto de 2002, nos casos de conta corrente bancária com mais de um titular, os depósitos bancários de origem não comprovada deverão, necessariamente, ser imputados em proporções iguais entre os titulares, salvo quando estes apresentarem declaração em conjunto. É indispensável, para tanto, a regular e prévia intimação de todos os titulares para comprovar a origem dos depósitos bancários. ...” (Acórdão nº 10421419, de 23.02.2006, Relator Cons. Pedro Paulo Barbosa) Tal posicionamento foi ratificado através da Súmula nº 29 do CARF, que foi publicada através da Portaria de nº 106, de 21 de dezembro de 2009: “Todos os cotitulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na faze que precede a lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento.” Logo, entendo que não tem como subsistir o lançamento por desrespeito ao comando cogente do parágrafo 6º, do artigo 42, da Lei nº 9.430/96, supratranscrita, eis que ambas as contas correntes cujos depósitos não tidos como não comprovados são de titularidade conjunta, não bastando, apenas, reduzir o montante tributável pelo número dos titulares, na esteira da jurisprudência desse Conselho de Contribuintes. Diante, disso conheço do recurso e no mérito dou provimento. . (Assinado Digitalmente) Pedro Anan Junior Relator Fl. 727DF CARF MF Impresso em 09/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/05/2014 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 16/05/2014 po r PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 8 Fl. 728DF CARF MF Impresso em 09/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/05/2014 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 16/05/2014 po r PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ
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Numero do processo: 10580.720709/2009-41
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Oct 20 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2004, 2005, 2006
PRELIMINAR DE NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA. OMISSÃO INEXISTENTE.
Caracteriza-se omissão em um julgado,quando a decisão deixa de analisar pedido formulado com clareza pelo recorrente, devendo este pedido vir acompanhado de fundamentos fáticos e/ou jurídicos que lhe dêem suporte.
ALEGAÇÃO DE ILEGITIMIDADE ATIVA DA UNIÃO PARA EXIGÊNCIA DE TRIBUTO QUE DEVERIA SER RETIDO NA FONTE POR ESTADO DA FEDERAÇÃO. DESCABIMENTO. EXEGESE DO ARTIGO 157, I, DA CRFB.
É de se rejeitar a alegação de ilegitimidade ativa da União Federal no caso, uma vez que o contido no art.157,I, da CRFB toca apenas à repartição de receitas tributárias, não repercutindo sobre a legitimidade da União Federal para exigir o IRRF, mediante lavratura de auto de infração.
IRRF ANTECIPAÇÃO. LEGITIMIDADE.
"Constatada a omissão de rendimentos sujeitos à incidência do imposto de renda na declaração de ajuste anual, é legítima a constituição do crédito tributário na pessoa física do beneficiário, ainda que a fonte pagadora não tenha procedido à respectiva retenção." (Súmula CARF nº 12).
DECLARAÇÃO. ERRO ESCUSÁVEL.
"Erro no preenchimento da declaração de ajuste do imposto de renda, causado por informações erradas, prestadas pela fonte pagadora, não autoriza o lançamento de multa de ofício." (Súmula CARF nº 73)
JUROS. INAPLICABILIDADE DO ART. 100, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CTN.
Quando a norma complementar alegada pelo sujeito passivo não se reveste das qualidades necessárias ao seu enquadramento no art. 100 do Código Tributário Nacional, é incabível a alegação de violação ao princípio da confiança legítima e da boa fé objetiva, e, consequentemente, não pode justificar o afastamento do juros de mora.
Numero da decisão: 2202-003.521
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, rejeitar a preliminar de nulidade da decisão de primeira instância, vencidos os Conselheiros Dílson Jatahy Fonseca Neto (Relator) e Junia Roberta Gouveia Sampaio. No mérito, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso para afastar a multa de ofício, por erro escusável, vencidos os Conselheiros Dílson Jatahy Fonseca Neto (Relator) e Junia Roberta Gouveia Sampaio que deram provimento parcial em maior extensão para afastar também os juros de mora. Foi designado o Conselheiro Martin da Silva Gesto para redigir o voto vencedor, na parte em foi vencido o Relator.
Fez sustentação oral, pelo Contribuinte, o advogado Marcio Pinho Teixeira, OAB/BA nº 2.394.
(Assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente.
(Assinado digitalmente)
Dilson Jatahy Fonseca Neto - Relator.
(Assinado digitalmente)
Martin da Silva Gesto - Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antônio de Souza Correa (Suplente convocado) e Márcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: DILSON JATAHY FONSECA NETO
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CERCEAMENTO DE DEFESA. OMISSÃO INEXISTENTE. Caracterizase omissão em um julgado,quando a decisão deixa de analisar pedido formulado com clareza pelo recorrente, devendo este pedido vir acompanhado de fundamentos fáticos e/ou jurídicos que lhe dêem suporte. ALEGAÇÃO DE ILEGITIMIDADE ATIVA DA UNIÃO PARA EXIGÊNCIA DE TRIBUTO QUE DEVERIA SER RETIDO NA FONTE POR ESTADO DA FEDERAÇÃO. DESCABIMENTO. EXEGESE DO ARTIGO 157, I, DA CRFB. É de se rejeitar a alegação de ilegitimidade ativa da União Federal no caso, uma vez que o contido no art.157,I, da CRFB toca apenas à repartição de receitas tributárias, não repercutindo sobre a legitimidade da União Federal para exigir o IRRF, mediante lavratura de auto de infração. IRRF ANTECIPAÇÃO. LEGITIMIDADE. "Constatada a omissão de rendimentos sujeitos à incidência do imposto de renda na declaração de ajuste anual, é legítima a constituição do crédito tributário na pessoa física do beneficiário, ainda que a fonte pagadora não tenha procedido à respectiva retenção." (Súmula CARF nº 12). DECLARAÇÃO. ERRO ESCUSÁVEL. "Erro no preenchimento da declaração de ajuste do imposto de renda, causado por informações erradas, prestadas pela fonte pagadora, não autoriza o lançamento de multa de ofício." (Súmula CARF nº 73) JUROS. INAPLICABILIDADE DO ART. 100, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CTN. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 07 09 /2 00 9- 41 Fl. 342DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 13/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Ass inado digitalmente em 17/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.720709/200941 Acórdão n.º 2202003.521 S2C2T2 Fl. 343 2 Quando a norma complementar alegada pelo sujeito passivo não se reveste das qualidades necessárias ao seu enquadramento no art. 100 do Código Tributário Nacional, é incabível a alegação de violação ao princípio da confiança legítima e da boa fé objetiva, e, consequentemente, não pode justificar o afastamento do juros de mora. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, rejeitar a preliminar de nulidade da decisão de primeira instância, vencidos os Conselheiros Dílson Jatahy Fonseca Neto (Relator) e Junia Roberta Gouveia Sampaio. No mérito, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso para afastar a multa de ofício, por erro escusável, vencidos os Conselheiros Dílson Jatahy Fonseca Neto (Relator) e Junia Roberta Gouveia Sampaio que deram provimento parcial em maior extensão para afastar também os juros de mora. Foi designado o Conselheiro Martin da Silva Gesto para redigir o voto vencedor, na parte em foi vencido o Relator. Fez sustentação oral, pelo Contribuinte, o advogado Marcio Pinho Teixeira, OAB/BA nº 2.394. (Assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente. (Assinado digitalmente) Dilson Jatahy Fonseca Neto Relator. (Assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antônio de Souza Correa (Suplente convocado) e Márcio Henrique Sales Parada. Relatório Tratase, em breves linhas, de auto de infração lavrado em desfavor do contribuinte para requalificar rendimentos declarados como isentos. Intimado, o contribuinte impugnou o lançamento, porém a DRJ manteve integralmente o crédito tributário. Insatisfeito, o Contribuinte interpôs recurso voluntário que foi julgado procedente pelo e.CARF, para requalificar o rendimento como isento. Diante de Recurso Especial da Fazenda Nacional, a CSRF reformou a decisão deste conselho, afastando a isenção dos rendimentos, e determinou o retorno dos autos para análise dos demais pontos recorridos. Fl. 343DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 13/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Ass inado digitalmente em 17/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.720709/200941 Acórdão n.º 2202003.521 S2C2T2 Fl. 344 3 Feito o breve resumo, passamos ao relatório pormenorizado dos autos. Em 19/10/2009, foi lavrado auto de infração (fls. 3/11) em desfavor do Contribuinte, ora recorrente, para reclassificar os rendimentos inseridos como isentos na DIRPF, constituindo imposto de renda no valor de R$ 63.828,81, além de juros e multa de 75%. Os valores foram recebidos do Ministério Público do Estado da Bahia sob a rubrica "Valores Indenizatórios de URV". Intimado em 21/10/2009 (fl. 39), o Contribuinte apresentou impugnação em 21/10/2009 (fls. 41/110 e docs. anexos fls. 111/126). Analisando a impugnação, a DRJ proferiu em 24/03/2010 o acórdão nº 1523.151 (fls. 128/135), que restou assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2004, 2005, 2006 DIFERENÇAS DE REMUNERAÇÃO. INCIDÊNCIA IRPF. As diferenças de remuneração recebidas pelos membros do Ministério Público do Estado da Bahia, em decorrência do art. 2º da Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20, de 2003, estão sujeitas à incidência do imposto de renda. MULTA DE OFÍCIO. INTENÇÃO. A aplicação da multa de ofício no percentual de 75% sobre o tributo não recolhido independe da intenção do contribuinte. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Intimado da decisão de primeiro grau em 26/05/2010 (fl. 138), o Contribuinte interpôs recurso voluntário em 04/06/2010 (fls. 139/222), alegando, em síntese: · Que o Estado da Bahia atribuiu caráter indenizatório e portanto isento aos rendimentos; · Que a DRJ deixou de se pronunciar sobre a incompetência da Fazenda Nacional para cobrar IRPF constitucionalmente atribuído aos Estados, violando o art. 5º, LIV e LV, bem como o art. 93, IX da CF/1988, e que também deixou de analisar a quebra da capacidade contributiva do Recorrente, pedindo que sejam devolvidos os autos para a DRJ complementar sua decisão; · Que, nos termos do art. 157, I, da CF/1988, a titularidade dos recursos era do Estado da Bahia, não tendo a União competência constitucional para cobrálo; · Que há quebra da capacidade contributiva, uma vez que o fisco busca obter como tributo, multa e juros valor superior àquele recebido pelo próprio Contribuinte; Fl. 344DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 13/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Ass inado digitalmente em 17/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.720709/200941 Acórdão n.º 2202003.521 S2C2T2 Fl. 345 4 · Que o Contribuinte, ao declarar o rendimento em sua DIRPF, não reconheceu a validade da tributação, especialmente por têlo inserido como rendimento isento; · Que a parcela referente à diferença da URV não tem natureza salarial e sim de indenização, não podendo ser, portanto, tributada; · Que há quebra do princípio da isonomia em relação aos demais funcionários públicos, inclusive federais, que têm reconhecida a isenção de tais valores; · Que as alíquotas utilizadas estão equivocadas; · Que a autoridade lançadora não levou em consideração, quando do lançamento, as deduções que tinha direito o Contribuinte; · Que parte da base de cálculo é, em verdade, constituída de 13º salários e de férias indenizadas, rendimentos esses que são isentou ou sujeitos a tributação exclusiva, sendo incorreta a sua inclusão na base de cálculo do lançamento; · Que o Contribuinte não pode ser penalizado pela falha na atuação do Estado da Bahia, responsável legal pela retenção do imposto na fonte, devendo a administração fazendária se voltar contra este outro órgão público, e não contra o Contribuinte, nos termos dos arts. 842 e 844 do RIR/1999, entre outros, de sorte que pede a sua exclusão do polo passivo ou, ao menos, a inclusão do Estado da Bahia como responsável solidário; · Que deve ser afastada a multa de ofício, uma vez que o Contribuinte lançou em sua DIRPF as informações recebidas das fontes pagadores, havendo, portanto, boafé; · Que devem ser afastados os juros moratórios e a atualização monetária com base no art. 100, §único, do CTN, uma vez que a classificação do rendimento como isento se baseou na Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20/2003; · Que é confiscatória a imposição de IRPF sobre verbas indenizatórias, as quais visam tão somente reconstituir o patrimônio do indivíduo. Chegando ao CARF, foi proferido o acórdão nº 210201.687 (fls. 244/252), de 30/11/2011, que deu provimento ao recurso voluntário, reconhecendo a isenção do IRPF em função da Resolução STF nº 245/2002. Inconformada, a Procuradoria da Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial (fls. 254/263), alegando que a isenção não se estendia ao Contribuinte por não ser ele membro da magistratura federal nem do ministério público federal. O Contribuinte, intimado, apresentou Contrarrazões (fls. 271/283). Fl. 345DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 13/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Ass inado digitalmente em 17/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.720709/200941 Acórdão n.º 2202003.521 S2C2T2 Fl. 346 5 A CSRF, recebendo os autos, proferiu o acórdão nº 9202003.659 (fls. 329/335), que deu provimento ao Recurso Especial para reformar a decisão do CARF, afastando a isenção. Determinou, outrossim, o retorno dos autos ao CARF para análise das demais matérias tratadas no Recurso Voluntário. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Dilson Jatahy Fonseca Neto Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade. Portanto, dele conheço. Por outro lado, registrase que a CSRF já superou a questão da isenção dos rendimentos, devendo esse julgamento se restringir aos demais pontos suscitados no recurso. Dos Pontos Controvertidos · Nulidade da decisão recorrida por cerceamento do direito de defesa (omissão no tocante à ilegitimidade ativa da União e da quebra da capacidade contributiva da recorrente); · Nulidade do lançamento por inconstitucionalidades: quebra da capacidade contributiva, quebra da isonomia, confisco, etc.; · Da ilegitimidade ativa a União, vez que o IRPF, nesse caso, era de titularidade do Estado da Bahia; · Da ilegitimidade do recorrente para figurar no polo passivo da obrigação tributária; · Das alíquotas utilizadas; · Das deduções da base de cálculo a que fazia direito o Contribuinte; · Da composição da base de cálculo inclusão de 13º salários e de férias indenizadas; · Da multa de ofício boafé do recorrente; · Dos juros moratórios e da atualização monetária art. 100, §único, do CTN; Fl. 346DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 13/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Ass inado digitalmente em 17/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.720709/200941 Acórdão n.º 2202003.521 S2C2T2 Fl. 347 6 Passamos, portanto, à análise do recurso voluntário propriamente dito. PRELIMINARES: Nulidade da decisão recorrida cerceamento do direito de defesa omissão: O Contribuinte afirmou que a decisão recorrida se omitiu sobre dois pontos relevantes de sua impugnação: a ilegitimidade da União para cobrar imposto que pertence ao Estado por determinação constitucional; e a quebra da capacidade contributiva do recorrente. Segundo argumenta, tal omissão gerou prejuízo ao contribuinte, porquanto suprimiu instância administrativa. Nesse sentido, pugna pela declaração da nulidade da decisão recorrida, determinando o retorno dos autos para a DRJ. Ainda que de forma concisa, a DRJ tratou expressamente da questão da legitimidade da União, conforme se extrai da seguinte passagem: "Alem disso, cabe observar que a exigência em foco se refere ao imposto de renda incidente sobre rendimentos da pessoa física e não ao IRRF que deixou de ser retido indevidamente pelo Estado da Bahia. Portanto, tanto a exigência do tributo, quanto o julgamento do presente lançamento fiscal, é da competência exclusiva da União." fl. 134. O mesmo não pode ser dito em relação à questão da quebra da capacidade contributiva. A verdade é que a DRJ anotou expressamente em seu relatório (fls. 130/131) a alegação do contribuinte de que a atuação do Estado gerou prejuízo para o sujeito passivo e, consequentemente, quebra da sua capacidade contributiva. Ainda assim, não tratou do tema em seu voto nem no acórdão recorrido deixou de versar sobre a questão. Efetivamente, analisando a impugnação, percebese que o Contribuinte discorreu sobre a questão ao longo de aproximadamente três laudas (fls. 50/53). Nestas, explicou que o próprio Estado deixou de pagar seus rendimentos ao longo de anos; posteriormente, quando do pagamento, deixou de reter o tributo; e que, enfim, veio a ser autuado para que o fisco recebesse o imposto somado a multa e juros. Concluiu, nesse contexto, que foi o Estado da Bahia quem agiu em desrespeito à Lei e que, portanto, não pode ele se beneficiar de sua própria atuação ilegal, qual seja, pelo auferimento da multa e dos juros. Concluiu também que o valor cobrado pela autoridade fazendário superava o valor recebido pelo Contribuinte. Assiste razão ao contribuinte, portanto: uma vez que o julgamento em primeira instância foi omisso, é necessário declara a sua nulidade, determinando o retorno dos autos para novo julgamento. É o que tem entendido o CARF: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. NÃO CONHECIMENTO NA INSTÂNCIA A QUO. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. NULIDADE. RETORNO DOS AUTOS À DRJ PARA EXAME DA MATÉRIA. Havendo pontos na impugnação não apreciados pela instância a quo, esta deve ser anulada, retornandose os autos para exame da matéria, sob pena de Fl. 347DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 13/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Ass inado digitalmente em 17/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.720709/200941 Acórdão n.º 2202003.521 S2C2T2 Fl. 348 7 supressão de instância. (acórdão CARF nº 2201002.472, de 12/08/2014) ACÓRDÃO RECORRIDO NULIDADE SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. As normas que regem o processo administrativo fiscal concedem ao contribuinte o direito de ver apreciada toda a matéria litigiosa em duas instâncias é fato caracterizador do cerceamento do direito de defesa, devendo ser declarada nula a decisão maculada com vício dessa natureza. Já que impugnada a matéria referente à omissão de rendimentos caracterizados por valores recebidos de pessoas jurídicas sem a devida consideração pela DRJ, se faz necessário declara a nulidade da decisão proferida e determinar o retorno dos autos para prolação de nova decisão. (acórdão CARF nº 2202002.667, de 14/05/2014) NULIDADE DE ACÓRDÃO DA DRJ. A nulidade da decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento, implica em retorno do processo administrativo para o órgão julgador, a fim de que novo provimento seja exarado, de modo a não ensejar supressão de instância. Recurso provido parcialmente para anular a decisão da DRJ, para novo provimento pela autoridade competente da instância a quo sobre o mérito da manifestação de inconformidade. (acórdão CARF nº 3301002.872, de 15/03/2016) Em suma, ante a omissão observada na decisão recorrida, impende determinar o retorno dos autos à DRJ para novo julgamento. Diante de tudo quanto exposto, voto no sentido de dar provimento ao recurso voluntário para declarar a nulidade da decisão recorrida, determinando o retorno dos autos à DRJ para novo julgamento. Tendo sido vencido, entretanto, em relação à preliminar de nulidade da decisão recorrida, sigo o julgamento. Da legitimidade ativa: Argumenta o Contribuinte que, nos termos do art. 157, I, da CF/1988, pertence aos Estados a arrecadação do IR incidente na fonte sobre os rendimentos pagos por eles a qualquer título. Desenvolve a sua tese argumentando que o valor do IR é direito dos Estados, mesmo que não seja adequadamente retido. Nesse sentido, conclui que os Estados podem, inclusive, dispor de tais recursos. Indica, inclusive, o REsp nº 989.419, julgado em sede de recurso repetitivo. Não assiste razão ao Contribuinte. Como já anotou a CSRF, no acórdão nº 9202003.659, proferido nesses autos, a competência legislativa relativa ao imposto sobre a renda foi constitucionalmente atribuída à União, conforme o art. 153, III, da CF/1988. O simples fato de que o art. 157, I, da Carta Magna atribui ao próprio estado o produto da arrecadação proveniente do rendimentos por ele pago não garante a esse outro ente federado o direito de legislar sobre o tributo. Cabe à União, isso sim, o dever de legislar sobre o IRPF. Fl. 348DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 13/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Ass inado digitalmente em 17/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.720709/200941 Acórdão n.º 2202003.521 S2C2T2 Fl. 349 8 O CTN é expresso nesse sentido: Art. 6º. (...) Parágrafo único. Os tributos cuja receita seja distribuída, no todo ou em parte, a outras pessoas jurídicas de direito público pertencerá à competência legislativa daquela a que tenham sido atribuídos. Art. 7º A competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária, conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra, nos termos do § 3º do artigo 18 da Constituição. Outrossim, como bem estabeleceu o supracitado art. 7º, a competência para arrecadar e fiscalizar tributos pode ser delegada. Não significa que o ente delegante perca seu poder de fiscalizar e arrecadar, mas somente que outro ente também passa a poder fazêlo. Portanto, não há nulidade na atuação da autoridade fazendária nacional que fiscaliza tributo de sua competência. Por outro lado, como bem fundamentou a DRJ, o lançamento se refere ao IRPF, que é o valor apurado no ajuste final do ano, e não sobre o IRRF que deixou de ser retido pela autoridade estadual. Nesse contexto, não se aplica a Súmula nº 447 do STJ, nem o referido REsp nº 989.419, que versam sobre a legitimidade passiva nas ações de isenção ou de repetição de indébito tributário. Enfim, o CARF já julgou a matéria em outras oportunidades, concluindo que: ALEGAÇÃO DE ILEGITIMIDADE ATIVA DA UNIÃO PARA EXIGÊNCIA DE TRIBUTO QUE DEVERIA SER RETIDO NA FONTE POR ESTADO DA FEDERAÇÃO. DESCABIMENTO. EXEGESE DO ARTIGO 157, I, DA CRFB. É de se rejeitar a alegação de ilegitimidade ativa da União Federal no caso, uma vez que o contido no art.157,I, da CRFB toca apenas à repartição de receitas tributárias, não repercutindo sobre a legitimidade da União Federal para exigir o IRRF, mediante lavratura de auto de infração. Mantémse a parte dispositiva do acórdão recorrido. (acórdão CARF nº 2202 002.717, de 17/07/2014) ALEGAÇÃO DE ILEGITIMIDADE ATIVA DA UNIÃO PARA EXIGÊNCIA DE TRIBUTO QUE DEVERIA SER RETIDO NA FONTE POR ESTADO DA FEDERAÇÃO. DESCABIMENTO. EXEGESE DO ARTIGO 157, I, DA CRFB. É de se rejeitar a alegação de ilegitimidade ativa da União Federal no caso, uma vez que o contido no art.157, I, da CRFB toca apenas à repartição de receitas tributárias, não repercutindo sobre a legitimidade da União Federal para exigir o IRRF, mediante lavratura de auto de infração. Mantémse a parte dispositiva do acórdão recorrido. (acórdão CARF nº 2802003.365, de 12/03/2015) Fl. 349DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 13/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Ass inado digitalmente em 17/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.720709/200941 Acórdão n.º 2202003.521 S2C2T2 Fl. 350 9 Em suma, não é possível dar provimento à preliminar suscitada pelo Contribuinte. Da legitimidade passiva: Reclama o recorrente que atuou sempre com boafé, apresentando ao fisco todos os seus rendimentos, tal como informados pela fonte pagadora. Argumenta, portanto, que deve ser intimado a ocupar o posto de sujeito passivo da autuação o Estado da Bahia e o Ministério Público da Bahia, fontes pagadoras e responsáveis pela retenção na fonte e pela informação prestada ao Contribuinte e por este declarada à receita federal. Em suma, conclui que não pode ser responsabilizado pelo não recolhimento do tributo. A verdade é que o CARF o tem jurisprudência forte sobre o tema: IRPF. IMPOSTO DE RENDA NA FONTE NO REGIME DE ANTECIPAÇÃO. NÃO RETENÇÃO PELA FONTE PAGADORA. RESPONSABILIDADE DO CONTRIBUINTE PELO IMPOSTO DEVIDO APÓS O TÉRMINO DO PRAZO PARA ENTREGA DA DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL. A falta de retenção pela fonte pagadora não exonera o beneficiário e titular dos rendimentos, sujeito passivo direto da obrigação tributária, de incluílos, para fins de tributação, na Declaração de Ajuste Anual; na qual somente poderá ser deduzido o imposto retido na fonte ou o pago. Aplicação da Súmula CARF nº 12. (acórdão CARF nº 2202002.717, de 17/07/2014) IRRF. ANTECIPAÇÃO DO IMPOSTO APURADO PELO CONTRIBUINTE. RESPONSABILIDADE. Quando a incidência na fonte tiver a natureza de antecipação do imposto a ser apurado pelo contribuinte, a responsabilidade da fonte pagadora pela retenção e recolhimento do imposto extinguese, no caso de pessoa física, no prazo fixado para a entrega da declaração de ajuste anual, e, no caso de pessoa jurídica, na data prevista para o encerramento do período de apuração em que o rendimento for tributado, seja trimestral, mensal estimado ou anual. (acórdão CARF nº 2201003.056, de 12/04/2016) IRPF. REGIME DE ANTECIPAÇÃO. RESPONSABILIDADE. LIMITES. Quando a incidência na fonte tiver a natureza de antecipação do imposto a ser apurado pelo contribuinte, a responsabilidade da fonte pagadora pela retenção e recolhimento do imposto extinguese, no caso de pessoa física, no prazo fixado para a entrega da declaração de ajuste anual. Diferentemente do regime no qual a responsabilidade pela retenção e recolhimento do imposto é "exclusiva" da fonte pagadora, no regime de retenção do imposto por antecipação, além da responsabilidade atribuída à fonte pagadora para a retenção e recolhimento do imposto de renda na fonte, a legislação determina que a apuração definitiva do imposto de renda seja efetuada pelo contribuinte, pessoa física, na declaração de ajuste anual. (acórdão CARF nº 2202003.147, de 15/02/2016) Fl. 350DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 13/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Ass inado digitalmente em 17/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.720709/200941 Acórdão n.º 2202003.521 S2C2T2 Fl. 351 10 Em sentido similar, inclusive, já foi consolidada a Súmula CARF nº 12, segundo a qual: Constatada a omissão de rendimentos sujeitos à incidência do imposto de renda na declaração de ajuste anual, é legítima a constituição do crédito tributário na pessoa física do beneficiário, ainda que a fonte pagadora não tenha procedido à respectiva retenção. Ainda que o Contribuinte tenha declarado o rendimento, o fez sob a forma de rendimento isento. Logo, não o tributou em sua DIRPF, bem como não reteve o tributo a fonte pagadora. Nesse contexto, a cobrança do tributo deve ser feita diretamente do beneficiário do rendimento. Enfim, não é possível dar provimento à preliminar suscitada pelo Contribuinte. Da capacidade contributiva: Argumenta o Contribuinte que o lançamento, da forma como efetuado, quebra a sua capacidade contributiva, nos termos do art. 145, §1º, da CF/1988. Para sustentar seu desenvolvimento, cita doutrina que discorre sobre a capacidade contributiva em relação aos rendimentos recebidos de maneira acumulada, bem como o fato de que a suposta infração teria sido decorrente da atuação do Estado da Bahia, que deixou de pagar o rendimento no momento adequado e que tampouco reteve na fonte o tributo. Em que pese a argumentação desenvolvida pelo e.CARF, a verdade é que este órgão administrativo não pode se furtar à aplicação da Lei tributária com base em inconstitucionalidade (Súmula CARF nº 02) que, no caso, se resvala na aplicação de princípios para afastar a incidência do tributo. Efetivamente, o recorrente não apontou nesse tópico qual o motivo de direito que levaria ao afastamento da tributação, argumentando simplesmente que a tributação poderia alcançar valor superior àquele efetivamente recebido. Enfim, não é possível dar provimento ao pleito do Contribuinte. MÉRITO: Uma vez que o acórdão CSRF nº 9202003.659 (fls. 329/335) afastou os argumentos de que os recursos seriam isentos, impende analisar os demais questionamentos de mérito feitos pelo Contribuinte. Das alíquotas aplicadas: Argumenta o recorrente, subsidiariamente, que as alíquotas aplicadas no lançamento diferem daquelas publicadas na tabela progressiva constante no site da Receita Federal em relação aos anoscalendário de 1994 a 1998. Aponta, por exemplo, que no auto de infração foi utilizada a alíquota de 26,6% para o anocalendário de 1994, mas que no site consta a alíquota de 25%. Segundo o site, também seria aplicável a alíquota de 25% para o anocalendário de 1998, porém a autoridade lançadora utilizou a alíquota de 27,5%. Fl. 351DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 13/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Ass inado digitalmente em 17/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.720709/200941 Acórdão n.º 2202003.521 S2C2T2 Fl. 352 11 A informação contida no site é correta, porém equivocase o Contribuinte na sua interpretação. Conforme a tabela ali disponível e que, inclusive, foi copiada pelo recorrente no corpo de sua petição a referência aos anos é feita em relação ao exercício, e não ano anocalendário. Para fins de esclarecimento, explicamos que, para fins de IRPF, o exercício de 2016 se refere ao anocalendário de 2015. Portanto, se o recorrente busca identificar qual a alíquota aplicável para o anocalendário de 1994, deve fazêlo na coluna que indica o exercício de 1995. Conforme a Tabela Progressiva de IRPF disponível no site e copiada no recurso voluntário, para o ano calendário de 1994 / exercício de 1995 deve ser aplicada a alíquota de 26,6%, que foi efetivamente utilizada pela autoridade lançadora (fl. 10). No mesmo sentido, para o ano calendário de 1998 / exercício 1999 deve ser aplicada a alíquota de 27,5%, corretamente aplicada pela autoridade lançadora (fl. 10). Enfim, não é possível dar provimento ao pleito do Contribuinte. Das deduções aplicáveis na apuração do imposto: Alega o recorrente que a autoridade lançadora tributou os recursos provenientes de URV isoladamente, ao invés de fazêlo junto às demais rendas obtidas pelo Contribuinte, o que levou à não aplicação das deduções a que tinha direito. Por sua vez, analisando a questão a DRJ afirmou que: "nos anos calendários em questão, as bases de cálculo declaradas já sujeitavam o contribuinte à incidência do imposto de renda em sua alíquota máxima, bem como, já tinham sido aproveitadas as parcelas a deduzir previstas em tabela progressiva. Nesta situação, o imposto apurado mediante aplicação direta da alíquota máxima sobre os rendimentos omitidos coincide com o imposto apurado com base na tabela progressiva sobre a base de cálculo ajustada em razão da omissão." fl. 132. Remontando ao auto de infração, percebemos que a autoridade lançadora fundamentou bem seus cálculos em relação ao lançamento. Em primeiro lugar, calculou o imposto devido em conformidade com as regras do RRA, tributando os recursos com base nas tabelas e alíquotas vigentes à época própria (abr/1994 a ago/2001), de forma mensal e não global (vide Demonstrativo fl. 10). Apurado o valor devido, este foi dividido pelo período de três anos (jan/2004 a dez/2006), o período em que as diferenças salariais foram efetivamente pagas. Em suma, irreformável a apuração feita pela autoridade fiscalizadora, razão pela qual não se pode dar provimento ao pleito do Contribuinte. Do 13º e das Férias Indenizadas: Alega o recorrente que foram incluídas na base de cálculo os valores referentes aos 13º salários e às férias indenizadas. Contesta, também, a conclusão da DRJ, afirmando que na declaração de rendimentos do Ministério Público da Bahia o valor recebido a título de indenização de URV foi incluído num único tópico, sem distinção da origem dos recursos. Fl. 352DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 13/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Ass inado digitalmente em 17/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.720709/200941 Acórdão n.º 2202003.521 S2C2T2 Fl. 353 12 A DRJ, por sua vez, havia negado provimento ao pleito, esclarecendo que, conforme a planilha de cálculos de diferença de URV elaborada pelo MP era possível identificar os respectivos valores e que eles não haviam sido considerados no lançamento. No mesmo sentido já havia afirmado a autoridade lançadora, no auto de infração: "Não foram considerados para apuração do imposto devido as diferenças salariais devidas que tinham como origem o 13º salário, por serem tributação e responsabilidade exclusiva da fonte pagadora, e as diferenças salariais com origem no abono de férias (conversão de férias), que apesar de tributáveis, não poderá ter o seu crédito tributário correspondente constituído por força do art. 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002, com redação dada pela Lei nº 11.033, de 21 de dezembro de 2004, combinado com o despacho do Ministro da Fazenda publicado no DOU de 16 de novembro de 2006, que aprova o Parecer PGFN / CPJ / Nº 2140/2006." fl. 6 Efetivamente, às fls. 25/27 dos autos constam planilhas de "Cálculo da Diferença de URV Abril 1994 a Agosto de 2001", as quais, inclusive, foram apresentadas pelo próprio recorrente. Dessas planilhas é possível identificar os valores da diferença de URV, a sua atualização e os juros, mensalmente, bem como a origem de cada recursos, se se trata de salário, de férias, de abonos ou ainda de 13º salários. A autoridade lançadora elaborou, por sua vez, "Demonstrativo do Imposto de Renda Apurado" (fl. 10) no qual identificou e tributou individualmente cada valor. Pois bem. Na sua tabela de apuração do IRPF, a autoridade lançadora efetivamente não incluiu os valores referentes ao 13º salário (13ª linha de cada ano), tributando exclusivamente os valores referentes aos meses de janeiro a dezembro de cada ano. Outrossim, nos meses de fevereiro/2000 e janeiro/2001, nos quais o recorrente recebeu abonos, a autoridade lançadora excluiu tais valores da base de cálculo do lançamento, tributando apenas o restante. Enfim, não assiste razão ao pleito do Contribuinte. Da multa de ofício: Pugna o recorrente, ainda, pela exclusão da multa de ofício, argumentando que agiu de boafé, declarando em sua DIRPF os rendimentos, e qualificandoos como isentos em razão de informação prestada pela fonte pagadora, in casu, o Estado da Bahia, inclusive com amparo em Lei estadual. O CARF já tem Súmula consolidando a jurisprudência sobre a matéria: Súmula CARF nº 73: Erro no preenchimento da declaração de ajuste do imposto de renda, causado por informações erradas, prestadas pela fonte pagadora, não autoriza o lançamento de multa de ofício. Fl. 353DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 13/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Ass inado digitalmente em 17/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.720709/200941 Acórdão n.º 2202003.521 S2C2T2 Fl. 354 13 No mesmo sentido, diversos precedentes desse e.CARF, julgando casos idênticos ao presente (decorrentes de autuação pelo pagamento de indenização de URV pelo Estado da Bahia) chegaram à mesma conclusão. Por todos, transcrevemos a ementa do acórdão CARF nº 2202002.717, de 17/07/2014: MULTA DE OFÍCIO. ERRO ESCUSÁVEL. Se o contribuinte, induzido pelas informações prestadas por sua fonte pagadora, que qualificara de forma equivocada os rendimentos por ele recebidos, incorreu em erro escusável quanto à tributação e classificação dos rendimentos recebidos, não deve ser penalizado pela aplicação da multa de ofício. Súmula CARF nº 73: Erro no preenchimento da declaração de ajuste do imposto de renda, causado por informações erradas, prestadas pela fonte pagadora, não autoriza o lançamento de multa de ofício. A decisão foi fundamentada assim: Todavia, a existência de um dispositivo legal considera a verba não tributável foi decisiva para a conduta do requerente, que declarou o rendimento com a mesma natureza atribuída pela fonte pagadora, razão pela qual é cabível a exoneração, exclusivamente, da multa de oficio em decorrência de um erro escusável induzido pela interpretação errônea dada pela fonte pagadora, no mesmo sentido dos acórdãos 10616801, 10616360 e 19600065, cujos excertos são a seguir reproduzidos. (...) Ressaltese, por oportuno, que a exclusão da multa de ofício não implica na exigência substitutiva da multa de mora, eis que ambas possuem o caráter de penalidade, e neste voto se reconhece que o contribuinte agiu de boa fé, não podendo lhe ser imputado nenhum ilícito que merece tal imposição, na exata medida em que não se reconhece no crédito tributário natureza de pena. Em suma, assiste razão ao pleito do recorrente no sentido de ser excluída a multa de ofício do presente caso, uma vez que o Contribuinte declarou os recursos como isentos porquanto se baseava em Lei estadual. Dos juros de mora e da atualização da base de cálculo: Argumentase ainda, no recurso voluntário, pela exclusão dos juros de mora e da atualização monetária com base no art. 100, I e §único, do CTN, fiandose na tese de que Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20/2003, é um ato normativo expedido por autoridade administrativa. Em sua fundamentação, entretanto, o recorrente parece desviarse para outro pedido, argumentando pela exclusão dos juros e da atualização monetária que ele próprio fez jus pela demora que o Estado da Bahia teve em pagar a sua diferença de URV, isso é, pugna pela exclusão de parte da base de cálculo. Fl. 354DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 13/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Ass inado digitalmente em 17/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.720709/200941 Acórdão n.º 2202003.521 S2C2T2 Fl. 355 14 Não assiste razão ao pleito (em sentido estrito) feito pelo recorrente: a tributação deve incidir sobre a renda auferida. In casu, o Contribuinte auferiu os recursos provenientes da diferença de URV, propriamente dito, bem como os juros decorrentes da mora do Estado da Bahia. É o que estabelece expressamente a Lei nº 4.506/1964: Art. 16. Serão classificados como rendimentos do trabalho assalariado tôdas as espécies de remuneração por trabalho ou serviços prestados no exercício dos empregos, cargos ou funções referidos no artigo 5º do Decretolei número 5.844, de 27 de setembro de 1943, e no art. 16 da Lei número 4.357, de 16 de julho de 1964, tais como: I Salários, ordenados, vencimentos, soldos, soldadas, vantagens, subsídios, honorários, diárias de comparecimento; (...) Parágrafo único. Serão também classificados como rendimentos de trabalho assalariado os juros de mora e quaisquer outras indenizações pelo atraso no pagamento das remunerações previstas neste artigo. Em suma, ante a previsão expressa da Lei, não pode esse julgador excluir da base de cálculo os valores referentes aos juros e à atualização monetária que incidiram sobre a diferença de URV e que compuseram o pagamento recebido pelo recorrente. Por outro lado, ainda que incidentalmente, o recorrente apontou a existência da regra insculpida no art. 100, I e §único, do CTN. Analisando a regra insculpida nesse artigo, MARCIO BEHRNDT esclarece que: "Finalmente, fazse necessário analisar o parágrafo único ddo art. 100 do Código Tributário Nacional, que trata das consequências e repercussões advindas de eventual observância pelos contribuintes das normas complementares expedidas pela Administração e que, porventura, venham a estar contrárias ao texto de uma norma superior. (...) Assim, na hipótese de o contribuinte seguir determinada orientação da administração contrária à determinada lei, resultado de uma equivocada interpretação do texto legal, há de prevalecer, obviamente, os termos deste último instrumento, em respeito ao princípio constitucional da legalidade, o que, por consequência, não elide o contribuinte da satisfação da obrigação principal. Contudo, não se pode negar o fato de que o contribuinte, nessas circunstâncias, foi induzido ao erro, seguindo orientação da própria Administração para a prática do seu ato. Exatamente por isso que o Código Tributário Nacional previu, no parágrafo único do art. 100, que o contribuinte, nessa situação, mostrase isento do pagamento de penalidades, cobrança de juros de mora Fl. 355DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 13/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Ass inado digitalmente em 17/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.720709/200941 Acórdão n.º 2202003.521 S2C2T2 Fl. 356 15 e da atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo. Não seria justo, assim, punir o contribuinte, tal como um verdadeiro inadimplente, com imposição de multas e juros de mora." 1 A doutrina transcrita amoldase perfeitamente ao caso concreto. Como já restou apontado acima em relação à multa, o recorrente apenas qualificou os rendimentos como isentos como consequência da Lei Complementar do Estado da Bahia, que declarou ter, esses recursos, natureza indenizatória. Convém transcrever a legislação citada: Art. 2º As diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor URV, objeto da Ação Ordinária de nº 140.975921531, julgada pelo Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, e em consonância com os precedentes do Supremo Tribunal Federal, especialmente nas Ações Ordinárias nos. 613 e 614, serão apuradas mês a mês, de 1º de abril de 1994 a 31 de agosto de 2001, e o montante, correspondente a cada Procurador e Promotor de Justiça, será dividido em 36 parcelas iguais e consecutivas para pagamento nos meses de janeiro de 2004 a dezembro de 2006. Art. 3º São de natureza indenizatória as parcelas de que trata o art. 2º desta Lei. O Contribuinte não pode ser penalizado por agir em conformidade com o entendimento da Administração Pública, in casu, o Estado da Bahia. Pior, entendimento esse inserido no ordenamento jurídico por meio de Lei, aprovada pela Assembléia Estadual e sancionada pelo Governador do Estado. Frisase que não houve mero erro na prestação de informações pela fonte pagadora, o que é suficiente para afastar a multa mas não os juros; houve a efetiva entrada, no ordenamento, de norma legal interpretativa, norma que buscou definir a natureza dos recursos que seriam pagos. O sentido do art. 100 do CTN é exatamente criar segurança jurídica em prol do Contribuinte, "blindandoo" contra imposição de penalidades por atos ou erros que não lhe são imputáveis. Nesse sentido os acórdãos que o aplicam: "Entretanto, tendo em vista a observância, por parte da recorrente, da classificação fiscal indicada pela Nota MF/SRF/Cosit nº331, de 31/07/1997 (cópias às fls. 262 a 263), afasto a imposição da multa de ofício lançada e dos juros moratórios, conforme determinado pelo art. 100, I, e parágrafo único do CTN" (excerto do voto do acórdão CARF nº 3101 001.671, de 22/07/2014) 1 BEHRNDT, Marco Antônio Gomes, COMENTÁRIO AO ART. 100: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL, Coord. Marcelo Magalhães Peixoto e Rodrigo Santos Masset Lacombe, 2ª ed., São Paulo, MP ed., 2008, p. 895896. Fl. 356DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 13/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Ass inado digitalmente em 17/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.720709/200941 Acórdão n.º 2202003.521 S2C2T2 Fl. 357 16 De maior valia, ainda, é o acórdão da CSRF nº 9303002.300, de 19/06/2013: Vêse que a divergência alcança o próprio conteúdo do dispositivo, o que nos obriga a transcrevêlo na íntegra aqui: Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos: I os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas; II as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa; III as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas; IV os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Parágrafo único. A observância das normas referidas neste artigo exclui a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo. Dela resulta que não assiste razão ao relator do acórdão tomado como paradigmático ao afirmar que o dispositivo cuida também da observância de atos legais. Ora, por óbvio, se o sujeito passivo observar os atos legais que regem a exação não haverá exigência alguma, seja de principal, multa ou juros. Não é disso, pois, que trata o dispositivo. Com efeito, aí o que se pretendeu, me parece, foi disciplinar os efeitos da interpretação de tal legislação, matéria nem sempre fácil. Mais especificamente, o legislador previu – a meu ver, com pleno acerto – que aqueles que, nesse ato de interpretação, seguissem as orientações emanadas da própria administração tributária não seriam punidos nem estariam sujeitos a mora mesmo que o tributo se revelasse, a posteriori, devido. Esse acórdão faz a comparação entre duas possíveis interpretações para o art. 100, §único, do CTN: (i) a possibilidade de afastar as penalidades (multa, juros e atualização) inclui a Lei tributária; ou (ii) a possibilidade de afastar as penalidades estaria restrita aos casos em que se segue exclusivamente as interpretações e orientações emanadas da própria administração tributária. A CSRF afastou a hipótese (i) com base em argumento simples: se o Contribuinte segue a legislação tributária, "não haverá exigência alguma, seja de principal, multa ou juros". In casu, portanto, a Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20/2003 não pode ser tida como Lei tributária: primeiro, porque não versa expressamente sobre tributos; segundo, não é hábil para afastar a tributação, como efetivamente não afastou no caso concreto. Frisamos: a referida Lei estadual teve como objetivo dar interpretação tributária. Efetivamente, tentou dar natureza de indenização ao rendimento, o que o tornaria Fl. 357DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 13/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Ass inado digitalmente em 17/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.720709/200941 Acórdão n.º 2202003.521 S2C2T2 Fl. 358 17 isento. Acontece que o rendimento não é indenizatório, de forma que houve exação com a imposição de penalidades em desfavor do Contribuinte que, exclusivamente, seguia o ordenamento vigente. Enfim, por todos esses argumentos, entendo ser necessário excluir da base de cálculo os juros e a atualização monetária impostos até a data da cientificação, ao Contribuinte, da lavratura do auto de infração, nos termos do art. 100, I e §único, do CTN. Dispositivo: Diante de tudo quanto exposto acima, voto no sentido de conhecer do recurso voluntário para, no mérito, dar provimento parcial tão somente para excluir a multa de ofício e os juros de mora e a atualização da base de cálculo até a data da cientificação, ao Contribuinte, da lavratura do auto de infração. (assinado digitalmente) Dilson Jatahy Fonseca Neto Relator Voto Vencedor Conselheiro Martin da Silva Gesto Relator designado Data venia, venho divergir do Ilustre Relator no tocante a preliminar de nulidade por cerceamento do direito de defesa, pois teria ocorrido uma suposta omissão no acórdão da DRJ de origem, conforme razões abaixo no item "Nulidade Cerceamento do direito de defesa". Ainda, adentrando no mérito do recurso, venho também divergir quanto a afastar a multa de ofício e juros de mora, pois entendo que não seria caso de aplicação do disposto no parágrafo único do art. 100 do CTN, conforme fundamentação exposta no item "Inaplicabilidade do parágrafo único do art. 100 do CTN". Nulidade Cerceamento do direito de defesa. Conforme narrado pelo relator, o contribuinte afirmou que a decisão recorrida se omitiu sobre dois pontos relevantes de sua impugnação: a ilegitimidade da União para cobrar imposto que pertence ao Estado por determinação constitucional; e a quebra da capacidade contributiva do recorrente. Ainda, argumentou o contribuinte que tal omissão gerou prejuízo ao contribuinte, porquanto suprimiu instância administrativa. Nesse sentido, pugna pela declaração da nulidade da decisão recorrida, determinando o retorno dos autos para a DRJ. Fl. 358DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 13/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Ass inado digitalmente em 17/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.720709/200941 Acórdão n.º 2202003.521 S2C2T2 Fl. 359 18 O Conselheiro Relator entendeu que a DRJ tratou expressamente da questão da legitimidade da União, conforme se extrai da seguinte passagem: Alem disso, cabe observar que a exigência em foco se refere ao imposto de renda incidente sobre rendimentos da pessoa física e não ao IRRF que deixou de ser retido indevidamente pelo Estado da Bahia. Portanto, tanto a exigência do tributo, quanto o julgamento do presente lançamento fiscal, é da competência exclusiva da União." fl. 134. No entanto, entendeu que o mesmo não poderia ser dito em relação à questão da quebra da capacidade contributiva. Nos termos do voto do Conselheiro Relator: "A verdade é que a DRJ anotou expressamente em seu relatório (fls. 130/131) a alegação do contribuinte de que a atuação do Estado gerou prejuízo para o sujeito passivo e, consequentemente, quebra da sua capacidade contributiva. Ainda assim, não tratou do tema em seu voto nem no acórdão recorrido deixou de versar sobre a questão. Efetivamente, analisando a impugnação, percebese que o Contribuinte discorreu sobre a questão ao longo de aproximadamente três laudas (fls. 50/53). Nestas, explicou que o próprio Estado deixou de pagar seus rendimentos ao longo de anos; posteriormente, quando do pagamento, deixou de reter o tributo; e que, enfim, veio a ser autuado para que o fisco recebesse o imposto somado a multa e juros. Concluiu, nesse contexto, que foi o Estado da Bahia quem agiu em desrespeito à Lei e que, portanto, não pode ele se beneficiar de sua própria atuação ilegal, qual seja, pelo auferimento da multa e dos juros. Concluiu também que o valor cobrado pela autoridade fazendário superava o valor recebido pelo Contribuinte." Data venia ao posicionamento do ilustre Relator, venho divergir deste, pois compreendo que a alegação de que houve "quebra" de sua capacidade de contribuir do contribuinte, nos termos alegados pelo contribuinte, não possui fundamento jurídico, sendo confuso compreender o que o contribuinte pretendeu argumentar e requerer com tal alegação. Assim, não havendo pedido claro, que venha acompanhado de uma linha de argumentação que sustente tal pedido, impossível vir a considerar que houve nulidade do acórdão da DRJ que não apreciou a matéria, pois não havia matéria a ser apreciada, ou ainda pedido a ela relativo. Para uma omissão ser caracterizada em um acórdão, necessário que tenha deixadose de ser analisado pedido formulado com clareza, devendo estar acompanhado de fundamentação fática e/ou jurídica. Não se trata, portanto, do presente caso, onde sequer houve pedido em relação ao argumento de "quebra da capacidade contributiva". Aliás, caso se compreendesse que a alegação seria de que houve violação ao princípio da capacidade contributiva, estaria tanto este Conselho, quanto as DRJs impedidas de analisar tais alegações, por se tratar de matéria constitucional. Destaco que âmbito do CARF, há a Súmula 02, a qual estabelece que o CARF não é competente para se manifestar sobre constitucionalidade de lei. Assim, não há que se falar de ocorrência de prejuízo do recorrente. Fl. 359DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 13/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Ass inado digitalmente em 17/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.720709/200941 Acórdão n.º 2202003.521 S2C2T2 Fl. 360 19 Portanto, deve ser rejeitada a referida preliminar. Inaplicabilidade do parágrafo único do art. 100 do CTN Não deve prevalecer o argumento de que os que não incida juros de mora e a atualização da base de cálculo até a data da cientificação, ao Contribuinte, da lavratura do auto de infração, com base no parágrafo único do art. 100 do CTN, porque não se trata de obediência às normas complementares elencadas nos incisos I a IV desse artigo. Os quatro incisos cuidam dos atos normativos da administração tributária ou decisões administrativas com eficácia normativa, das práticas reiteradas da administração tributária e dos convênios entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Não há nos autos prova alguma de que a Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20/2003 possua o condão de afastar a imposição de imposto de renda, de competência da União. Aliás, pelo contrário, assim decidiu a 2a. Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais nestes próprios autos (acórdão nº 9202003.659): "A Lei Complementar n° 20, de 08/09/2003, do Estado da Bahia, consignaria o caráter indenizatório dos rendimentos, todavia, a competência legislativa relativa ao imposto de renda é da União, de acordo com o art. 153, inciso IV, da Carta Magna. Dessa forma, é imprescindível que se realize a análise da natureza jurídica dos valores recebidos, de forma a se determinar seu caráter indenizatório ou salarial." Assim, já estando julgado, nestes autos, esta matéria (competência legislativa da União em legislar sobre imposto de renda), não é possível a aplicação neste caso do disposto no parágrafo único do art. 100 do CTN. Portanto, deve ser mantido os juros de mora, nos moldes do lançamento realizado. Portanto, entendo que deve ser negado o recurso voluntário quanto a este pedido. (Assinado digitalmente) Conselheiro Martin da Silva Gesto Redator designado Fl. 360DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 13/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Ass inado digitalmente em 17/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
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