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Numero do processo: 10218.720560/2007-77
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 18 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Mar 16 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2005
IMÓVEL RURAL SUPOSTAMENTE LOCALIZADO EM TERRA INDÍGENA DEMARCADA.
O fato gerador do ITR é a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, como definido na lei civil, localizado fora da zona urbana do Município (CTN, art. 29). Se assim é, o ITR não incide sobre área rural cujo acesso foi interditado ao seu proprietário ou possuidor por ato do Poder Público tributante, para fins de demarcação de reserva indígena. Hipótese em que não houve a comprovação, nos termos requeridos em diligência fiscal, de que o imóvel rural encontra-se incrustado em terra indígena demarcada.
BASE DE CÁLCULO. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E ÁREA DE RESERVA LEGAL. EXCLUSÃO. REQUISITOS.
A exclusão das áreas de reserva legal ou de preservação permanente da base de cálculo do ITR reclama o atendimento de requisitos de duas ordens: substanciais e formais.
BASE DE CÁLCULO. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E ÁREA DE RESERVA LEGAL. EXCLUSÃO. APRESENTAÇÃO DE ADA. NECESSIDADE.
A partir do exercício de 2001 é indispensável a protocolização do Ato Declaratório Ambiental - ADA no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA como condição para exclusão das áreas de preservação permanente e de reserva legal da base de cálculo do ITR. A ausência do Ato Declaratório Ambiental, requisito formal necessário à concessão do benefício fiscal, obsta a exclusão de tais áreas da base de cálculo do imposto.
RESERVA LEGAL. ISENÇÃO. AVERBAÇÃO. NECESSIDADE.
Toda a compreensão da tributação territorial rural deve ser feita à luz do princípio da defesa do meio ambiente, sendo certo que o direito tributário, mormente quando consubstanciado em tributos de acentuado caráter extrafiscal, caso do ITR, pode e deve ser utilizado como instrumento de atuação do Estado na economia e na proteção ambiental. A isenção do ITR apresenta inequívoca e louvável finalidade de estímulo à proteção do meio ambiente, tanto no sentido de premiar os proprietários que contam com reserva legal devidamente identificada e conservada, como de incentivar a regularização por parte daqueles que estão em situação irregular. Inexistindo o registro, que tem por escopo a identificação do perímetro da reserva legal, não se pode cogitar de regularidade da área protegida e, por conseguinte, de direito à isenção tributária correspondente. Inteligência daquilo que foi decidido nos Embargos de Divergência nº 1.027.051/SC, julgado em 28/08/2013 pelo STJ.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2201-002.933
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. Votaram pelas conclusões os Conselheiros CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, CARLOS CÉSAR QUADROS PIERRE e ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ.
Assinado digitalmente
Eduardo Tadeu Farah - Presidente Substituto.
Assinado digitalmente
Marcelo Vasconcelos de Almeida- Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Eduardo Tadeu Farah (Presidente Substituto), Carlos Alberto Mees Stringari, Ivete Malaquias Pessoa Monteiro, Marcelo Vasconcelos de Almeida, Carlos César Quadros Pierre, Marcio de Lacerda Martins (Suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente convocada). Ausente, justificadamente, o Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior (Presidente).
Nome do relator: MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA
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O fato gerador do ITR é a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, como definido na lei civil, localizado fora da zona urbana do Município (CTN, art. 29). Se assim é, o ITR não incide sobre área rural cujo acesso foi interditado ao seu proprietário ou possuidor por ato do Poder Público tributante, para fins de demarcação de reserva indígena. Hipótese em que não houve a comprovação, nos termos requeridos em diligência fiscal, de que o imóvel rural encontrase incrustado em terra indígena demarcada. BASE DE CÁLCULO. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E ÁREA DE RESERVA LEGAL. EXCLUSÃO. REQUISITOS. A exclusão das áreas de reserva legal ou de preservação permanente da base de cálculo do ITR reclama o atendimento de requisitos de duas ordens: substanciais e formais. BASE DE CÁLCULO. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E ÁREA DE RESERVA LEGAL. EXCLUSÃO. APRESENTAÇÃO DE ADA. NECESSIDADE. A partir do exercício de 2001 é indispensável a protocolização do Ato Declaratório Ambiental ADA no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBAMA como condição para exclusão das áreas de preservação permanente e de reserva legal da base de cálculo do ITR. A ausência do Ato Declaratório Ambiental, requisito formal necessário à concessão do benefício fiscal, obsta a exclusão de tais áreas da base de cálculo do imposto. RESERVA LEGAL. ISENÇÃO. AVERBAÇÃO. NECESSIDADE. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 21 8. 72 05 60 /2 00 7- 77 Fl. 120DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 07/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10218.720560/200777 Acórdão n.º 2201002.933 S2C2T1 Fl. 121 2 Toda a compreensão da tributação territorial rural deve ser feita à luz do princípio da defesa do meio ambiente, sendo certo que o direito tributário, mormente quando consubstanciado em tributos de acentuado caráter extrafiscal, caso do ITR, pode e deve ser utilizado como instrumento de atuação do Estado na economia e na proteção ambiental. A isenção do ITR apresenta inequívoca e louvável finalidade de estímulo à proteção do meio ambiente, tanto no sentido de premiar os proprietários que contam com reserva legal devidamente identificada e conservada, como de incentivar a regularização por parte daqueles que estão em situação irregular. Inexistindo o registro, que tem por escopo a identificação do perímetro da reserva legal, não se pode cogitar de regularidade da área protegida e, por conseguinte, de direito à isenção tributária correspondente. Inteligência daquilo que foi decidido nos Embargos de Divergência nº 1.027.051/SC, julgado em 28/08/2013 pelo STJ. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. Votaram pelas conclusões os Conselheiros CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, CARLOS CÉSAR QUADROS PIERRE e ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ. Assinado digitalmente Eduardo Tadeu Farah Presidente Substituto. Assinado digitalmente Marcelo Vasconcelos de Almeida Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Eduardo Tadeu Farah (Presidente Substituto), Carlos Alberto Mees Stringari, Ivete Malaquias Pessoa Monteiro, Marcelo Vasconcelos de Almeida, Carlos César Quadros Pierre, Marcio de Lacerda Martins (Suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente convocada). Ausente, justificadamente, o Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior (Presidente). Relatório Tratase de Notificação de Lançamento relativa ao Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR por meio da qual se exige crédito tributário no valor de R$ 82.429,42, incluídos multa de ofício no percentual de 75% (setenta e cinco por cento) e juros de mora. Consta da “Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal”, à fl. 2 deste processo digital, que, após ser regularmente intimado, o contribuinte não comprovou a isenção da área declarada a título de preservação permanente e da área de reserva legal no imóvel rural, Fl. 121DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 07/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10218.720560/200777 Acórdão n.º 2201002.933 S2C2T1 Fl. 122 3 motivo pelo qual o Documento de Informação e Apuração do ITR DIAT foi alterado, conforme Demonstrativo de Apuração do Imposto Devido, acostado aos autos à fl. 3. Acrescenta a Autoridade lançadora, ainda, que, após ser regularmente intimado, o contribuinte não comprovou, por meio de laudo de avaliação do imóvel, conforme estabelecido na NBR 14.653 da ABNT, o Valor da Terra Nua VTN declarado. Por esta razão, o VTN foi arbitrado tendo como base nas informações do Sistema de Preços da Terra – SIPT da RFB. A impugnação apresentada pelo contribuinte foi julgada improcedente por intermédio do acórdão de fls. 30/38, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2004 DAS ÁREAS DE RESERVA LEGAL E DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. Para serem excluídas do ITR, exigese que essas áreas, informadas na DITR/2004 e glosadas pela autoridade fiscal, sejam objeto de Ato Declaratório Ambiental ADA, protocolado, em tempo hábil, junto ao IBAMA, além da averbação tempestiva da área de reserva legal. DO VALOR DA TERRA NUA VTN. Deverá ser mantido o VTN arbitrado para o ITR/2004 pela autoridade fiscal com base no SIPT, por falta de laudo técnico de avaliação com ART, em consonância com a NBR 14.6533 da ABNT, que atingisse fundamentação e grau de precisão II, demonstrando inequivocamente o valor fundiário do imóvel à época do fato gerador do imposto e suas peculiaridades desfavoráveis, que justificassem o valor declarado. Cientificado da decisão de primeira instância em 28/03/2012 (fl. 43), o Interessado interpôs, em 11/04/2012, o recurso de fls. 44/67, acompanhado dos documentos de fls. 68/78. Na peça recursal aduz, em síntese, que: Inexigibilidade de Ato Declaratório Ambiental e inexistência de capacidade contributiva decorrente da limitação legal ao uso da propriedade em razão da reserva legal de 80% na Amazônia Tanto a NL quanto o acórdão recorrido lastrearam o lançamento e sua manutenção na exigência de ADA para exclusão das áreas de reserva legal e de utilização limitada, mas tal exigência afronta direta e abertamente os termos do § 7° e da alínea "a" do inciso II do § 1º do art. 10 da Lei n° 9.393/1996. Por outro lado, a RFB não provou que a declaração do Recorrente não é verdadeira, conforme exige o § 7º para imputarlhe responsabilidade e refutar a sua declaração, pois se limitou a exigir o Ato Declaratório ao arrepio da Lei nº 9.393/1996. Fl. 122DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 07/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10218.720560/200777 Acórdão n.º 2201002.933 S2C2T1 Fl. 123 4 O Ato Declaratório Ambiental não é exigível no caso de Reserva Legal, tanto em razão da expressa dispensa pelo § 7º do art. 10 da Lei 9.393/1996, quanto pelo fato de que a alínea “a” não faz referência a qualquer ato administrativo, ao contrário das hipóteses de áreas de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas (alínea “b” do inciso II do § 1º do art. 10) ou comprovadamente imprestáveis, declaradas de interesse ecológico (alínea “c”), para as quais há clara exigência de ato administrativo reconhecendo o interesse ecológico e a imprestabilidade. A introdução do § 7º no art. 10 da Lei nº 9.393/1996 teve apenas o objetivo de esclarecer a inexigibilidade do ato declaratório ambiental prévio para excluirse da tributação pelo ITR as áreas de reserva legal e de preservação permanente, o que já decorria com clareza das alíneas “a” do inciso II do § 1° do art. 10. Menciona jurisprudência do STJ sobre a inexigibilidade do ADA e cita manifestações doutrinárias acerca do ônus probatório em processos administrativos. Área indígena Em Decreto de 19 de abril de 2007, o Sr. Presidente da República homologou a demarcação administrativa promovida pela FUNAI da terra destinada à posse permanente do grupo indígena denominado APYTEREWA (anexo 05). Não restam dúvidas de que a área em apreço estava, à época, ocupada por indígenas, sendo, portanto, inalienável e não possível de posse. O imóvel LOTE 14 está situado à margem esquerda do Rio Bacajá, descrito no memorial constante do Decreto de 19 de abril de 2007 que homologou a demarcação (anexo nº 04) e a planta do LOTE 54 (anexo 06). Pedido Ao final, requer a total procedência do recurso voluntário, face à inexigibilidade do ITR, como também a anulação da cobrança consubstanciada na notificação constante do presente processo. Diligência Por meio da Resolução nº 2801000.314, da extinta 1ª Turma Especial desta Seção de Julgamento, o julgamento foi convertido em diligência a fim de que o Recorrente comprovasse, exclusivamente com a apresentação de documento fornecido pelo órgão regional da FUNAI no Estado do Pará, que a área total do imóvel objeto de tributação está inserida nos limites da terra indígena demarcada (Terra Indígena APYTEREWA), devendo constar do documento a identificação do proprietário e a área do imóvel. Após ser intimado (fl. 88), o Interessado se manifestou às fls. 90/92 e juntou aos autos os documentos de fls. 93/103. Em sua manifestação, aduz, em síntese: Que não existe, atualmente, órgão regional da FUNAI no Estado do Pará. Que as emissões dos documentos denominados Atestado Administrativo e Declaração de Reconhecimento de Limites, que se referem à localização de imóvel particular Fl. 123DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 07/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10218.720560/200777 Acórdão n.º 2201002.933 S2C2T1 Fl. 124 5 em relação a terras indígenas, serão processadas de acordo com as normas estabelecidas na Instrução Normativa FUNAI nº 3, de 20 de abril de 2012. No sentido de comprovar que o imóvel objeto de tributação encontrase localizado na área indígena APYTEREWA, anexa memorial descritivo, cálculo analítico de área, azimutes, lados, coordenadas, UTM e geográficas, bem como levantamento planimétrico, elaborados pela empresa Norte Engenharia. Ao final, requer seja admitida como prova de que o imóvel encontrase situado na área indígena APYTEREWA os documentos elaborados pela empresa Norte Engenharia. Alternativamente, que seja estabelecido novo prazo de 45 dias para o atendimento das normas estabelecidas na IN FUNAI nº 3/2012, porquanto o prazo de 15 dias é insuficiente para tal mister. Nova diligência Tendo em vista que os documentos juntados pelo Interessado não atenderam ao objeto da diligência fiscal, aliado ao fato de que a Instrução Normativa FUNAI nº 3/2012 revelou a existência de um procedimento para emissão de documentos referentes à localização de imóvel rural particular em relação a terras indígenas, cujas regras, aparentemente, não eram possíveis de atendimento no prazo de 15 dias, a extinta 1ª Turma Especial da 2ª Seção de Julgamento entendeu por bem converter novamente o julgamento em diligência (fls. 108/113), a fim de que a DRF de origem intimasse o Interessado a comprovar, no prazo de 45 dias, que o Lote 14 da Fazenda Tucumanzeira, situado à margem direita do Rio Xingu, está localizado na terra indígena demarcada (Terra Indígena APYTEREWA), mediante a apresentação de documento fornecido pela FUNAI, seja pelo órgão central (Brasília), seja pela coordenação regional que jurisdiciona o imóvel do contribuinte no Estado do Pará. Após ser intimado (fls. 115 e 117), o Recorrente não se manifestou. Voto Conselheiro Marcelo Vasconcelos de Almeida, Relator Conheço do recurso, porquanto presentes os requisitos de admissibilidade. As folhas citadas neste voto referemse à numeração do processo digital. Imóvel supostamente localizado em área indígena O que importa, preliminarmente, é saber se o imóvel rural do contribuinte (Lote 14 da Fazenda Tucumanzeira) está localizado nos limites da terra indígena demarcada (Terra Indígena APYTEREWA), conforme alegado pelo Recorrente. Isto porque o fato gerador do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR é a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, como definido na lei civil, localizado fora da zona urbana do Município (CTN, art. 29). Se assim é, o ITR não incide, penso eu, sobre área rural cujo acesso foi interditado ao seu proprietário ou possuidor por ato do Poder Público tributante, para fins de demarcação de reserva indígena. Fl. 124DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 07/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10218.720560/200777 Acórdão n.º 2201002.933 S2C2T1 Fl. 125 6 Em outras palavras: não ocorre o fato gerador de ITR para imóvel situado em terra indígena demarcada, haja vista que, nestes casos, a propriedade não é mais suscetível à ocupação, ao domínio ou à posse, por força do disposto no art. 231, § 6º, da Constituição Federal, cujo teor assim soa: DOS ÍNDIOS Art. 231. (...) § 6º São nulos e extintos, não produzindo efeitos jurídicos, os atos que tenham por objeto a ocupação, o domínio e a posse das terras a que se refere este artigo, ou a exploração das riquezas naturais do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes, ressalvado relevante interesse público da União, segundo o que dispuser lei complementar, não gerando a nulidade e a extinção direito a indenização ou a ações contra a União, salvo, na forma da lei, quanto às benfeitorias derivadas da ocupação de boa fé. Bem por isso é que o julgamento foi convertido em diligência, por duas vezes (fls. 82/86 e fls. 108/113), a fim de que o Recorrente comprovasse, exclusivamente com a apresentação de documento fornecido pela FUNAI (seja pelo órgão central em Brasília, seja pela coordenação regional que jurisdiciona o imóvel do contribuinte no Estado do Pará), que a área total do imóvel objeto de tributação está inserida nos limites da terra indígena demarcada (Terra Indígena APYTEREWA). Em nenhuma das duas oportunidades o Interessado se desincumbiu do ônus que lhe foi atribuído. Embora tenha apresentado memorial descritivo, cálculo analítico de área, levantamento planimétrico e um desenho com a suposta localização do imóvel, elaborados por empresa privada, (fls. 100/103), não esclareceu a desarmonia entre a sua alegação de que o imóvel LOTE 14 está situado à margem esquerda do Rio Bacajá, conforme descrição constante do Decreto de 19 de abril de 2007, que homologou a demarcação, e o endereço do imóvel em questão constante de sua Declaração do ITR (margem direita do Rio Xingu), de modo que deve ser refutada a alegação de que o imóvel objeto de tributação encontrase incrustado na terra indígena demarcada. Alteração do VTN declarado Registro, por oportuno, que o Recorrente não se insurgiu contra a alteração do VTN declarado, o que evidencia concordância tácita com o valor arbitrado pelo Fisco. Acrescento, ademais, que a possibilidade de modificação do valor arbitrado está condicionada, em regra, à apresentação de elementos de convicção embasados em Laudo Técnico, elaborado de acordo com as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, laudo este que não foi apresentado pelo Recorrente. Glosa da área de preservação permanente e da área de reserva legal A exclusão das áreas de reserva legal ou de preservação permanente da base de cálculo do ITR reclama, a meu ver, o atendimento de requisitos de duas ordens: requisitos substanciais e requisitos formais. Fl. 125DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 07/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10218.720560/200777 Acórdão n.º 2201002.933 S2C2T1 Fl. 126 7 Os requisitos substanciais das áreas de preservação permanente encontravam se elencados nos arts. 2º (APP por efeito da lei) e 3º (APP por ato declaratório) da revogada Lei nº 4.771 (Código Florestal), de 15 de setembro de 1965. Os requisitos substanciais das APP são de dois tipos: aqueles ligados à topografia das florestas (art. 2º) e aqueles ligados à destinação das florestas (art. 3º). Ambos têm a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bemestar das populações humanas. Ilustrativamente, menciono situações de “APP por efeito da lei” em que a presença do requisito substancial (ligado à topografia), por se só, já qualifica a área como de preservação permanente: a) florestas e demais formas de vegetação natural situadas ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou artificiais (art. 2º, “b”) ou situadas no topo de morros, montes, montanhas e serras (art. 2º, “d”). Exemplificativamente, cito situações de “APP por ato declaratório” em que a presença do requisito substancial (ligado à destinação das florestas), aliada à presença de um requisito formal (declaração por ato do Poder Público), já qualifica a área como de preservação permanente: a) florestas e demais formas de vegetação natural destinadas a fixar dunas (art. 3º, “b”) e destinadas a asilar exemplares da fauna ou flora ameaçados de extinção (art. 3º, “f”). A qualificação advinda do atendimento dos requisitos mencionados, no entanto, não possibilita a exclusão automática das APP da base tributável do ITR, como se verá adiante. Os requisitos substanciais das áreas de reserva legal encontravamse elencados no inciso III do § 2º do art. 1º da revogada Lei nº 4.771/1965 (Código Florestal), de cujo teor se extrai a seguinte dicção: Art. 1º. (...) §2º Para os efeitos deste Código, entendese por: (...) III Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, excetuada a de preservação permanente, necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas;(Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) Assim, se uma área se subsume aos ditames do inciso III do § 2º do art. 1º do revogado Código Florestal (localização e destinação), qualificase como área de reserva legal, sob o ponto de vista substancial, sem que, no entanto, possibilite, de forma automática, sua exclusão da base tributável do ITR. A averbação à margem da inscrição da matrícula do imóvel, no registro competente, sempre foi, em meu entendimento, requisito formal necessário para que uma área de reserva legal ARL fosse excluída da base de cálculo do ITR, a teor de uma interpretação Fl. 126DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 07/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10218.720560/200777 Acórdão n.º 2201002.933 S2C2T1 Fl. 127 8 conjugada do artigo 10, § 1º, II, “a”, da Lei nº 9.393/1996 e §§ 2º e 8º do art. 16 da revogada Lei nº 4.771/1965, assim descritos: Lei nº 9.393/1996 Art. 10. (...) § 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: (...) II as área tributável, a área total do imóvel, menos áreas: a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas naLei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989; Lei nº 4.771/1965 Art. 16. (...) §8oA área de reserva legal deve ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, de desmembramento ou de retificação da área, com as exceções previstas neste Código.(Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) Embora a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça – STJ sobre o tema fosse vacilante até pouco tempo atrás, a imprescindibilidade da averbação da ARL, para fins de fruição da isenção prevista no art. 10, § 1º, II, “a”, da Lei nº 9.393/1996, foi confirmada nos Embargos de Divergência nº 1.027.051/SC, julgado em 28/08/2013. O STJ, no referido julgamento, pacificou o entendimento de que a averbação da área de reserva legal é dever que incumbe diretamente ao proprietário do imóvel, não fazendo sentido que este se valha da isenção legal quando em mora com o cumprimento de tal dever. O ITR caracterizase como tributo extrafiscal, que tem por finalidade desestimular a existência de latifúndios improdutivos e de incentivar práticas de uso racional dos recursos naturais e de preservação do meio ambiente. A tributação por esse imposto revestese de mais um instrumento dedicado à fiscalização das atividades potencialmente nocivas ao meio ambiente. Assim, inexistindo o registro, que tem por objetivo a identificação da área destinada à reserva legal, não se pode cogitar de regularidade da área protegida e, consequentemente, de direito à isenção tributária correspondente. Ressalto, ainda, por relevante, que a controvérsia não diz respeito à necessidade, ou não, de prévia comprovação da reserva legal por ocasião da apresentação da declaração do ITR (§ 7º do art. 10 da Lei 9.393/96), mas, sim, à própria caracterização da referida área para os fins tributários almejados. Fl. 127DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 07/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10218.720560/200777 Acórdão n.º 2201002.933 S2C2T1 Fl. 128 9 Tal como ocorre com qualquer outro tributo sujeito a lançamento por homologação, o contribuinte jamais junta prova do que pode ser glosado. No imposto de renda, por exemplo, o sujeito passivo que alega ter tido despesas médicas não precisa anexar à declaração de ajuste anual os comprovantes de despesas. Existe uma diferença entre a existência do fato jurígeno e sua prova. Quanto ao Ato Declaratório Ambiental – ADA, o § 1º do art. 17O da Lei nº 6.938/1981, na redação dada pela Lei nº 10.165/2000, espancou qualquer dúvida sobre sua obrigatoriedade para fruição do benefício fiscal, ao eleger tal ato como requisito formal necessário à exclusão das áreas de preservação permanente e de reserva legal da base tributável do ITR. Oportuna é a transcrição do dispositivo mencionado: Art. 17O. Os proprietários rurais que se beneficiarem com redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental ADA, deverão recolher ao IBAMA a importância prevista no item 3.11 do Anexo VII da Lei no9.960, de 29 de janeiro de 2000, a título de Taxa de Vistoria. (Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) § 1oA. A Taxa de Vistoria a que se refere ocaputdeste artigo não poderá exceder a dez por cento do valor da redução do imposto proporcionada pelo ADA. (Incluído pela Lei nº 10.165, de 2000) § 1oA utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória. (Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) A norma do § 1º poderia ser lida, sem qualquer alteração de seu conteúdo, da seguinte forma: a utilização do ADA, para fins de exclusão das áreas de interesse ambiental da base tributável do ITR, dentre elas as APP e as ARL, é obrigatória. Registro, ademais, que interpretação contrario sensu da Súmula CARF nº 41 permite concluir que, a partir do exercício de 2000, a apresentação do ADA é imprescindível à fruição do benefício fiscal de exclusão da APP e da RL da base tributável do ITR. Confira: Súmula CARF nº 41: A não apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA) emitido pelo IBAMA, ou órgão conveniado, não pode motivar o lançamento de ofício relativo a fatos geradores ocorridos até o exercício de 2000. Ora, se a não apresentação do ADA não pode motivar o lançamento de ofício para fatos geradores ocorridos até o exercício de 2000, por óbvio que, após o referido limite temporal, o lançamento pode ser efetuado em virtude da não apresentação do mencionado documento. No caso concreto, não houve a apresentação de ADA, não houve comprovação de averbação da reserva legal e não houve comprovação da existência de APP (seja por efeito de lei, seja por ato declaratório). Logo, o Recorrente não faz jus à exclusão de APP e de ARL da base tributável do ITR. Face ao exposto, voto por negar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Fl. 128DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 07/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10218.720560/200777 Acórdão n.º 2201002.933 S2C2T1 Fl. 129 10 Marcelo Vasconcelos de Almeida Fl. 129DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 07/03/2016 por EDUARDO TADEU FARAH
score : 1.0
Numero do processo: 10865.001438/2009-35
Turma: Terceira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 20 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Wed Sep 23 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2004 a 30/11/2008
COOPERATIVA DE SAÚDE. CONTRIBUIÇÃO 15%. NÃO INCIDÊNCIA.
Não incide 15% de contribuições previdenciárias sobre a prestação de serviço de saúde prestado por cooperativas, por não se caracterizar cooperativa de trabalho.
Numero da decisão: 2803-003.960
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. Os Conselheiros Oseas Coimbra Junior e Helton Carlos Praia de Lima votaram pelas conclusões.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos
PRESIDENTE DA SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO NA DATA DA FORMALIZAÇÃO.
(assinado digitalmente)
Marcelo Oliveira
Relator ad hoc na data da formalização.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA (Presidente), AMÍLCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR, OSEAS COIMBRA JUNIOR, GUSTAVO VETTORATO (Relator), EDUARDO DE OLIVEIRA.
Nome do relator: GUSTAVO VETTORATO
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COMERCIO E SERVICOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS PERÍODO DE APURAÇÃO: 01/01/2004 A 30/11/2008 COOPERATIVA DE SAÚDE. CONTRIBUIÇÃO 15%. NÃO INCIDÊNCIA. Não incide 15% de contribuições previdenciárias sobre a prestação de serviço de saúde prestado por cooperativas, por não se caracterizar cooperativa de trabalho. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. Os Conselheiros Oseas Coimbra Junior e Helton Carlos Praia de Lima votaram pelas conclusões. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos PRESIDENTE DA SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO NA DATA DA FORMALIZAÇÃO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 5. 00 14 38 /2 00 9- 35 Fl. 264DF CARF MF Impresso em 23/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 23/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 16/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 10865.001438/200935 Acórdão n.º 2803003.960 S2TE03 Fl. 3 2 (assinado digitalmente) Marcelo Oliveira Relator ad hoc na data da formalização. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA (Presidente), AMÍLCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR, OSEAS COIMBRA JUNIOR, GUSTAVO VETTORATO (Relator), EDUARDO DE OLIVEIRA. Fl. 265DF CARF MF Impresso em 23/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 23/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 16/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 10865.001438/200935 Acórdão n.º 2803003.960 S2TE03 Fl. 4 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário que manteve o Auto de Infração de Obrigação Acessória que manteve o crédito lançado referente à incidência do disposto no art. 22, IV, da Lei n.8.212/1991, com a redação da Lei 9876/1999, da contribuição previdenciária de 15% sobre o pagamento de cooperativas de serviços médicos (UNIMED). O período do lançamento do crédito engloba diversas competências de 01/2004 a 12/2008. A intimação inicial deuse em 18.08.2010. O Recurso Voluntário alega ser improcedente o lançamento em razão dos seguintes motivos: ilegalidade e inconstitucionalidade da contribuição cobrada. Vieram os autos para apreciação nesta turma especial. É o relatório. Fl. 266DF CARF MF Impresso em 23/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 23/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 16/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 10865.001438/200935 Acórdão n.º 2803003.960 S2TE03 Fl. 5 4 Voto Conselheiro Marcelo Oliveira Relator designado ad hoc na data da formalização Para registro e esclarecimento, pelo fato do conselheiro responsável pelo voto ter deixado o CARF antes de sua formalização, fui designado AD HOC para redigir o voto. Esclareço que aqui reproduzo as razões de decidir do então conselheiro, com as quais não necessariamente concordo. I O recurso foi apresentado tempestivamente, conforme supra relatado, atendido os pressupostos de admissibilidade, assim deve o mesmo ser conhecido. II – Primeiramente, devese atentar para o entendimento inaugural de Turma Especial, que já havia reconhecido que a contribuição prevista no art. 22, IV, da Lei n.8.212/1991, com a redação da Lei 9876/1999, não incidiria sobre a contratação de cooperativas de serviços médicos. No caso presente, reforça o meu entendimento em razão de que a Recorrente comprova nos autos de que os reais beneficiários e tomadores dos serviços da Cooperativa de Serviço Médico (Unimed)são os empregados e diretores, bem com são deles integralmente os com tal prestação de serviço, como se verifica mediante comparação do boleto/fatura e os recibos de pagamento de vencimentos dos empregados. Ou seja, a empresa além de não se beneficiar de tais serviços, ela também não é a real contratante, mas seus empregados. Peço vênia e paciência aos demais conselheiros e contribuintes para transcrever o voto vista do Cons. Amílcar Teixeira, proferido e lido no dia 21.11.2013, nos autos do processo n. 10660.721971/201138, mas que ainda está em apreciação desta turma na sessão de janeiro de 2014: Solicitei vistas destes autos objetivando realizar um estudo mais aprofundado sobre a matéria, tendo em conta que o assunto, desde a sua implementação pela Lei nº 9.876/1999, que incluiu o inciso IV ao art. 22 da Lei nº 8.212/91, vem sendo motivo de calorosos debates entre o Fisco Federal, tomadores de serviços das cooperativas de trabalho e também das próprias cooperativas do referido ramo. Os debates referidos no parágrafo anterior ocorreram e ocorrem tanto no âmbito do Processo Administrativo Fiscal – PAF, como também no âmbito do contencioso judicial. A propósito, a discussão sobre a obrigatoriedade de que trata o inciso IV do art. 22 da Lei nº 8.212/91, já chegou ao Supremo Fl. 267DF CARF MF Impresso em 23/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 23/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 16/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 10865.001438/200935 Acórdão n.º 2803003.960 S2TE03 Fl. 6 5 Tribunal Federal – STF, e é objeto de ADIN, bem como de Repercussão Geral, estando as duas situações ainda pendentes de julgamento. Em seu recurso, o contribuinte demonstra indignação em face do resultado obtido no julgamento de sua impugnação. De acordo com o relatório elaborado pelo relator originário, o Conselheiro Oseas Coimbra Júnior, “tratase de recurso voluntário interposto contra decisão da Delegacia da Secretaria da Receita Federal do Brasil de Julgamento, que manteve os autos de infração lavrados. O DEBCAD 37.286.2454 se refere às contribuições de 15% da empresa sobre o valor bruto das notas fiscais de prestação de serviços por cooperativas, no período de 05/2006 a 12/2010, compreendendo os levantamentos CT, CT1 e CT2”. Como se pode observar, a autoridade lançadora realizou seu trabalho sem qualquer investigação sobre o fenômeno da prestação de serviços por intermédio de cooperativas de trabalho, e sequer cogitou de a prestação de serviços ter sido realizada em atividade exclusiva de assistência à saúde, situação que mereceu especial atenção do próprio legislador ao elaborar a lei que dispõe sobre a organização da Seguridade Social e que instituiu o Plano de Custeio, ou seja, a Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991. Do mesmo modo, entendeu o ilustre relator quando afirma em seu voto que “demonstrada a contratação com cooperativa de trabalho, para a prestação de serviços prestados por cooperados, devida a contribuição prevista no art. 22, IV da Lei 8.212/91”. Notase, pois, que a exemplo da autoridade lançadora, o relator Oseas Coimbra Júnior também dispensou qualquer analise mais acurada dos fatos e entendeu pela manutenção do lançamento, aplicando diretamente a regra do inciso IV do art. 22 da Lei nº 8.212/91. No ponto, alerto mais uma vez, que a prestação de serviços em questão diz respeito exclusivamente à assistência à saúde, matéria que, como já mencionado, mereceu especial atenção do legislador. Mais adiante, cuidaremos da explicitação a respeito da tal atenção especial do legislador quando o assunto versar sobre assistência à saúde. Seguindo em frente, com a manutenção do lançamento pelo acórdão recorrido, o contribuinte alega, dentre vários argumentos, o seguinte: A Recorrente é simplesmente mandatária dos seus associados, não contratando diretamente os serviços da cooperativa de médicos, mas, sim, viabilizando a contratação dos serviços, Fl. 268DF CARF MF Impresso em 23/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 23/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 16/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 10865.001438/200935 Acórdão n.º 2803003.960 S2TE03 Fl. 7 6 diretamente por cada um dos seus associados, consumidores finais, e, portanto, tomadores daqueles serviços. A contribuição previdenciária de que se trata é legal sob a justificativa de que sua incidência se reporta ao rendimento pago à pessoa física que se insere numa cooperativa, mas presta serviço diretamente à empresa, a Recorrente não pode ser contribuinte da exação, pois, quem se beneficia do serviço prestado é a pessoa física associada à entidade, sendo aquela pessoa física que efetivamente paga a contraprestação financeira ao cooperado. Inexiste relação jurídico tributária entre a Recorrente e a União Federal. (grifouse e destacouse) Os argumentos do contribuinte, com se vê, estão em perfeita sintonia com a vontade do legislador, conforme se pode inferir de parte da exposição de motivos da Lei nº 9.876/1999, que incluiu o inciso IV ao art. 22 da Lei nº 8.212/91, in verbis: Proposta Propõese que a contribuição previdenciária a cargo à empresa, quando da contratação de contribuintes individuais, mesmo que por intermédio de cooperativas de trabalho, seja a mesma que aquela existente quando da contratação de segurados empregados. Notese que, no caso de autônomos com baixo valor de remuneração sujeita a contribuição, esta medida significa uma redução da carga global de contribuição (a redução da parcela do contribuinte individual mais do que compensa o aumento da parcela a cargo da empresa), estimulando a filiação do contribuinte à Previdência Social. Com isso, haverá a equalização do custo previdenciário da mão deobra para as empresas no que se refere à contratação dos contribuintes individuais e empregados, eliminandose o atual viés favorável à redução de empregos formais, exercido pela estrutura de alíquotas previdenciárias em vigor. Na proposta está prevista a majoração da alíquota patronal quando da contratação de contribuintes individuais, concomitantemente à instituição de mecanismo de compensação na contribuição do segurado. Este poderá deduzir de sua contribuição até 9 pontos percentuais da alíquota que incide sobre o seu saláriodecontribuição, de forma a neutralizar a elevação da contribuição da empresa. O referido mecanismo de compensação também inibe fraudes no sistema, pois o contribuinte individual tornase fiscal das contribuições da empresa, devido à necessidade de comproválas para obter a redução em sua própria contribuição. Além disso, há o incentivo à formalização do vínculo entre contribuinte individual e empresa, porque a prestação de serviços a empresas implica redução da carga contributiva para o contribuinte individual. No caso da intermediação das cooperativas de trabalho, a atual sistemática de contribuição, em que cabe à cooperativa a Fl. 269DF CARF MF Impresso em 23/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 23/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 16/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 10865.001438/200935 Acórdão n.º 2803003.960 S2TE03 Fl. 8 7 contribuição patronal de quinze por cento sobre os valores distribuídos aos cooperados, temse revelado frágil diante dos diferentes artifícios legais criados para evadir a contribuição previdenciária, tais como: a inclusão de pessoas jurídicas na condição de cooperadas ao lado de pessoas físicas, a criação de uma série de fundos estatutários como forma de diminuir a distribuição da retribuição pelos serviços prestados, o reinvestimento dessa retribuição e outras. Proposta Propõese estabelecer que a contribuição da empresa contratante dos serviços por intermédio de cooperativas de trabalho incida sobre o valor bruto da nota fiscal', ou fatura, cuja base de cálculo é de imediato conhecida. Tratase de uma sistemática de fácil operacionalização e que propiciará um controle efetivo sobre a contribuição desse segmento. A medida proposta encontra similitude naquela já adotada para outros segmentos econômicos, a exemplo do que ocorre com os clubes de futebol profissional, cuja contribuição incide sobre a receita bruta decorrente dos espetáculos desportivos e de qualquer forma de patrocínio, licenciamento de uso de marcas e símbolos, publicidade, propaganda e transmissão de espetáculos desportivos. O percentual proposto de quinze por cento decorre do fato de que o valor pago pelo tomador de serviços do cooperado, contratado mediante a interposição de cooperativa de trabalho, não é totalmente distribuído a ele. Parte do pagamento é destinada a despesas administrativas, tributárias e constituição de fundos de reserva. Assim, o valor distribuído ao cooperado corresponde ao valor bruto da nota fiscal ou fatura, deduzidas as parcelas antes referidas, diferentemente do que ocorre quando a empresa contrata um contribuinte individual que não é cooperado, onde a remuneração não sofre qualquer abatimento. Neste último caso, a contribuição pretendida é de vinte por cento sobre a totalidade da remuneração. Logo, o percentual proposto, quando há a intermediação da cooperativa de trabalho, a incidir sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura, deve ser tal que produza a mesma contribuição que o percentual de vinte por cento sobre a parcela destinada ao cooperado, em igualdade de condições a um contribuinte individual que não é cooperado. Partindo deste pressuposto, e analisando diversas planilhas de custos e distribuição de remunerações a cooperados em diferentes cooperativas, de segmentos variados, verificase que, em média, os valores correspondentes a despesas administrativas, tributárias e fundos de reservas correspondem a vinte e cinco por cento do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, destinandose, o restante – setenta e cinco por cento – à retribuição do cooperado. Fl. 270DF CARF MF Impresso em 23/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 23/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 16/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 10865.001438/200935 Acórdão n.º 2803003.960 S2TE03 Fl. 9 8 Assim, buscando a isonomia de tratamento entre as diferentes formas de contratação, o percentual a incidir sobre a nota fiscal ou fatura de prestação de serviços é aquele correspondente a vinte por cento sobre os setenta e cinco por cento distribuídos ao cooperado, o que resulta em um percentual de quinze por cento, conforme proposto. Em outras palavras, é um percentual que mantém constante a contribuição previdenciária, independentemente de a empresa contratar um cooperado ou outro contribuinte individual. Não cabe aqui o argumento de que se estaria instituindo uma nova modalidade de custeio, diferente daquelas autorizadas pelo art. 195 da Constituição, para o que seria necessária a edição de Lei complementar. Mesmo havendo a intermediação da cooperativa de trabalho, com contrato Armado entre esta e o tomador, o contratado é o cooperado – contribuinte individual – e não a cooperativa. Pela própria natureza jurídica da cooperativa de trabalho, esta não presta serviço a terceiros, senão aos próprios cooperados. Diferentemente das demais empresas, a cooperativa é constituída, exclusivamente, para prestar serviços aos seus cooperados e, por isso, o tomador dos serviços da cooperativa é o próprio cooperado. O terceiro que contrata a cooperativa é, na verdade, tomador dos serviços do cooperado, em igualdade de condições com aquele que contrata qualquer outro contribuinte individual. Um trabalhador, seja ele empregado ou contribuinte individual, seja diretamente ou por intermédio de cooperativa de trabalho, de tal forma a, mais uma vez, resguardarse o caráter de neutralidade da Previdência Social diante das diversas formas e possibilidades de contratação de mãodeobra. (grifouse e destacouse) Da leitura dos argumentos apresentados pelo contribuinte, em confronto com a vontade do legislador, nomeadamente nos pontos em destaque, é possível concluir que a norma impositiva (Inciso IV do art. 22 da lei nº 8.212/91) diz respeito somente à situação em que a empresa se beneficia de forma direta dos serviços que lhes são prestados por cooperados, por intermédio de cooperativas de trabalho, o que definitivamente não é o caso dos autos. Neste contexto, numa clara evolução do julgador administrativo, considerando a similitude das situações, os membros da 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção do CARF, na sessão de 20 de janeiro de 2012, no julgamento do Processo 11444.000189/200984, Acórdão nº 240102.243, assim decidiram por unanimidade de votos: Fl. 271DF CARF MF Impresso em 23/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 23/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 16/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 10865.001438/200935 Acórdão n.º 2803003.960 S2TE03 Fl. 10 9 ASSUNTO: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/03/2004 a 31/10/2007 PRESTAÇÃO DE SERVIÇO POR COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO. CUSTO RATEADO ENTRE BENEFICIÁRIOS E EMPREGADOR. EMISSÃO DE FATURA EM NOME DE SINDICATO REPRESENTATIVO DA CATEGORIA DOS BENEFICIÁIOS PARA REPASSE DOS VALORES DESCONTADOS DOS MESMOS. NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO. A contribuição incidente sobre as faturas emitidas por serviços prestados para empresa por cooperados intermediados por cooperativa de trabalho médico não incidem sobre a parcela a cargo dos empregados, quando constante de fatura emitida a parte, mesmo que o valor seja faturado em nome do Sindicato representativo da categoria dos beneficiários, quando este apenas repassa o valor descontado dos seus filiados para custeio do convênio saúde. (grifouse e negritouse) Ao tratar especificamente do fato gerador e a sua previsão legal, o Relator Conselheiro Kleber Ferreira de Araújo teve o seguinte posicionamento: Assim dispõe o art. 22, IV da Lei nº 8.212/1991: Art 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: (...) IV – quinze por cento sobre o valor da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, relativamente a serviços que lhe são prestado por cooperados por intermédio de cooperativas de trabalho (Incluído pela Lei nº 9.876, de 1999). (...) Da norma acima, podese extrair que o fato gerador da contribuição em questão é a prestação de serviços à empresa pelos cooperados, os quais tenham sido intermediados por cooperativa de trabalho. Assim, somente configurase a hipótese de incidência se: A destinatária da prestação de serviços for a empresa; Os serviços forem prestados por pessoa física; e A contratação tenha se dado por intermédio de cooperativa de trabalho (...) De acordo com a norma inserta no inciso IV do art. 22 da Lei nº 8.212/1991, dos requisitos a justificar a exação é a prestação de serviço ao sujeito passivo, o que não se verifica para o Sindicato, uma vez que os serviços não foram prestados aos funcionários do mesmo. O que ocorreu foi a disponibilização dos serviços médicos a filiados de sua base, porém, o custeio da parcela que foi faturada em nome da entidade sindical foi o valor integral descontado dos trabalhadores. Fl. 272DF CARF MF Impresso em 23/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 23/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 16/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 10865.001438/200935 Acórdão n.º 2803003.960 S2TE03 Fl. 11 10 Não se vê na espécie o Sindicato custeando qualquer parcela pelos serviços executados, mas apenas figurando como intermediário no repasse da quantia de responsabilidade dos beneficiários, seus filiados. Situação diversa ocorreria se o Sindicato estivesse suportando todo o ônus do contrato, ou mesmo se as faturas tivessem sido integramente emitidas em seu nome, Verificase, no caso em tela, que deve ser aplicada a norma do art. 293 da Instrução Normativa – IN nº 03/2005 (vigente no período do lançamento), a qual prevê que, nos contratos de plano de saúde coletivo, havendo uma fatura correspondente à parte do empregador no custeio do plano e outra vinculada ao encargo dos beneficiários, apenas deve incidir contribuição sobre o valor faturado contra a empresa, verbis: Art. 293. Na celebração de contrato coletivo de plano de saúde da cooperativa médica ou odontológica com empresa, em que o pagamento do valor seja rateado entre a contratante e seus beneficiários, deverão ser consideradas, para efeito da apuração da base de cálculo da contribuição, nos termos dos arts. 291 e 292, as faturas emitidas contra a empresa. Parágrafo único. Caso sejam emitidas faturas específicas contra a empresa e faturas individuais contra os beneficiários do plano de saúde, cada qual se responsabilizando pelo pagamento da respectiva fatura, somente as faturas emitidas contra a empresa serão consideradas para efeito de contribuição. A situação que ora se analisa pode ser equiparada à hipótese tratada na norma acima, uma vez que o valor da fatura destinada ao Sindicato é exatamente o montante descontado dos beneficiários do plano de saúde. Nesse sentido, sou forçado a admitir que, na espécie, somente caberia tributação sobre o valor arcado pela SANTA CRUZ, sendo improcedentes as contribuições lançadas contra o Sindicato da categoria profissional a que pertencem os beneficiários da prestação de serviços médicos realizada pela UNIMED DE OURINHOS. (grifouse e negritouse) A parte inicial do art. 293 da então IN SRP nº 03/2005 inova ao fazer referência à cooperativa médica ou odontológica, dispondo, assim, de forma diversa da previsão legal (inciso IV do art. 22 da lei nº 8.212/91), que fala em cooperativa de trabalho. De qualquer modo, o que se deve observar, em casos como o em discussão, é a verdade material, assunto que será tratado adiante. Fl. 273DF CARF MF Impresso em 23/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 23/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 16/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 10865.001438/200935 Acórdão n.º 2803003.960 S2TE03 Fl. 12 11 No concernente ao correto enquadramento de que trata estes autos, é de extrema importância para o deslinde da questão, verificar, também, a evolução legislativa, notadamente o art. 1º da Lei nº 12.690, de 19 de julho de 2012, que dispõe sobre a organização e o funcionamento das Cooperativas de Trabalho; institui o Programa Nacional de Fomento às Cooperativas de Trabalho – PRONACOOP; e revoga o parágrafo único do art. 442 da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, aprovada pelo DecretoLei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, in verbis: Art. 1º. A Cooperativa de Trabalho é regulada por esta Lei e, no que com ela não colidir, pelas Leis nos 5.764, de 16 de dezembro de 1971, e 10.406, de 10 de janeiro de 2002 Código Civil. Parágrafo único. Estão excluídas do âmbito desta Lei: I as cooperativas de assistência à saúde na forma da legislação de saúde suplementar; II as cooperativas que atuam no setor de transporte regulamentado pelo poder público e que detenham, por si ou por seus sócios, a qualquer título, os meios de trabalho; III as cooperativas de profissionais liberais cujos sócios exerçam as atividades em seus próprios estabelecimentos; e IV as cooperativas de médicos cujos honorários sejam pagos por procedimento. A inovação do legislador infralegal expressa na parte inicial do art. 293 da IN SRP nº 03/2005, como se pode observar, já era prenúncio de radical mudança legislativa futura. O legislador de 2012, ao cuidar especificamente da lei própria das cooperativas de trabalho, já de pronto (parágrafo único do art. 1º da Lei nº 12.690), exclui do âmbito da mencionada lei, I – as cooperativas de assistência à saúde na forma da legislação de saúde suplementar; II – as cooperativas que atuam no setor de transporte regulamentado pelo poder público e que detenham, por si ou por seus sócios, a qualquer título, os meios de trabalho; III – as cooperativas de profissionais liberais cujos sócios exerçam as atividades em seus próprios estabelecimentos; e IV – as cooperativas de médicos cujos honorários sejam pagos por procedimento. Refletindo sobre as inovações legislativas trazidas pela Lei 12.690/2012, resta totalmente evidenciado que a exclusão do âmbito da lei própria das cooperativas de trabalho abrange as cooperativas de assistência à saúde na forma da legislação de saúde suplementar. Como se pode observar, o legislador reconheceu que as cooperativas de assistência à saúde na forma da legislação de saúde complementar não são cooperativas de trabalho nos moldes previstos no inciso IV do art. 22 da Lei nº 8.212/91. Fl. 274DF CARF MF Impresso em 23/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 23/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 16/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 10865.001438/200935 Acórdão n.º 2803003.960 S2TE03 Fl. 13 12 Aliás, tal reconhecimento já tinha ocorrido em 1998, quando entrou em vigor a Lei nº 9.656, de 03 de junho de 1998, que dispõe sobre os planos e seguros privados de assistência à saúde. De acordo com o inciso II do art. 1º da Lei nº 9.656/98, a pessoa jurídica constituída sob a modalidade de cooperativa será uma Operadora de Plano de Assistência à Saúde, in verbis: Art.1oSubmetemse às disposições desta Lei as pessoas jurídicas de direito privado que operam planos de assistência à saúde, sem prejuízo do cumprimento da legislação específica que rege a sua atividade, adotandose, para fins de aplicação das normas aqui estabelecidas, as seguintes definições: (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.17744, de 2001) IPlano Privado de Assistência à Saúde: prestação continuada de serviços ou cobertura de custos assistenciais a preço pré ou pós estabelecido, por prazo indeterminado, com a finalidade de garantir, sem limite financeiro, a assistência à saúde, pela faculdade de acesso e atendimento por profissionais ou serviços de saúde, livremente escolhidos, integrantes ou não de rede credenciada, contratada ou referenciada, visando a assistência médica, hospitalar e odontológica, a ser paga integral ou parcialmente às expensas da operadora contratada, mediante reembolso ou pagamento direto ao prestador, por conta e ordem do consumidor; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.17744, de 2001) IIOperadora de Plano de Assistência à Saúde: pessoa jurídica constituída sob a modalidade de sociedade civil ou comercial, cooperativa, ou entidade de autogestão, que opere produto, serviço ou contrato de que trata o inciso I deste artigo; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.17744, de 2001) IIICarteira:o conjunto de contratos de cobertura de custos assistenciais ou de serviços de assistência à saúde em qualquer das modalidades de que tratam o inciso I e o §1o deste artigo, com todos os direitos e obrigações nele contidos. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.17744, de 2001) §1oEstá subordinada às normas e à fiscalização da Agência Nacional de Saúde Suplementar ANS qualquer modalidade de produto, serviço e contrato que apresente, além da garantia de cobertura financeira de riscos de assistência médica, hospitalar e odontológica, outras características que o diferencie de atividade exclusivamente financeira, tais como: (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.17744, de 2001) a)custeio de despesas; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.17744, de 2001) Fl. 275DF CARF MF Impresso em 23/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 23/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 16/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 10865.001438/200935 Acórdão n.º 2803003.960 S2TE03 Fl. 14 13 b)oferecimento de rede credenciada ou referenciada; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.17744, de 2001) c)reembolso de despesas; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.17744, de 2001) d)mecanismos de regulação; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.17744, de 2001) e)qualquer restrição contratual, técnica ou operacional para a cobertura de procedimentos solicitados por prestador escolhido pelo consumidor; e (Incluído pela Medida Provisória nº 2.177 44, de 2001) f)vinculação de cobertura financeira à aplicação de conceitos ou critérios médicoassistenciais. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.17744, de 2001) §2oIncluemse na abrangência desta Lei as cooperativas que operem os produtos de que tratam o inciso I e o § 1o deste artigo, bem assim as entidades ou empresas que mantêm sistemas de assistência à saúde, pela modalidade de autogestão ou de administração. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.17744, de 2001) §3oAs pessoas físicas ou jurídicas residentes ou domiciliadas no exterior podem constituir ou participar do capital, ou do aumento do capital, de pessoas jurídicas de direito privado constituídas sob as leis brasileiras para operar planos privados de assistência à saúde. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.17744, de 2001) §4oÉ vedada às pessoas físicas a operação dos produtos de que tratam o inciso I e o § 1o deste artigo. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.17744, de 2001) § 5o É vedada às pessoas físicas a operação de plano ou seguro privado de assistência à saúde. Com efeito, não há qualquer sombra de dúvida a respeito da natureza jurídica das cooperativas que atuam na área da saúde suplementar, ou seja, tais cooperativas há muito tempo já não são consideradas como cooperativas de trabalho pelo Poder Público. Nesse compasso, considerando a forma em que a fiscalização foi realizada, nomeadamente no que concerne à descrição do fato gerador da exação discutida, bem como em relação à análise do relator originário, podese afirmar com absoluta segurança que a verdade material não foi perseguida por aqueles que me antecederam. Fl. 276DF CARF MF Impresso em 23/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 23/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 16/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 10865.001438/200935 Acórdão n.º 2803003.960 S2TE03 Fl. 15 14 A verdade material, como é do conhecimento dos operadores do direito, constituise num dos princípios específicos do Processo Administrativo Fiscal – PAF. Dela ninguém pode imiscuirse. Sobre o assunto, Marcos Vinícius Neder e Maria Teresa Martínez López (In Processo Administrativo Fiscal Feral Comentado. – 2. Ed. – São Paulo : Dialética, 2004. p. 74) asseveram: Em decorrência do princípio da legalidade, a autoridade administrativa tem o dever de buscar a verdade material. O processo fiscal tem por finalidade garantir a legalidade da apuração da ocorrência do fato gerador e a constituição do crédito tributário, devendo o julgador pesquisar exaustivamente se, de fato, ocorreu a hipótese abstratamente prevista na norma e, em caso de impugnação do contribuinte, verificar aquilo que é realmente verdade, independente do alegado e provado. Odete Medauar preceitua que “o princípio da verdade material ou verdade real, vinculado ao princípio da oficialidade, exprime que a Administração deve tomar decisões com base nos fatos tais como se apresentam na realidade, não se satisfazendo com a versão oferecida pelos sujeitos. Para tanto, tem o direito e o dever de carrear para o expediente todos os dados, informações, documentos a respeito da matéria tratada, sem estar jungida aos aspectos considerados pelos sujeitos”. Vêse, portanto, que determinar o fato gerador sob a alegação de que se trata de cooperativa de trabalho e, por isso, devese aplicar diretamente o inciso IV do art. 22 da Lei nº 8.212/91, sem buscar a verdade material exposta pelos doutrinadores acima citados, data máxima vênia, é prova cabal de que a constituição do crédito tributário não atendeu às exigências previstas no CTN, em especial aquelas descritas no art. 142 do referido diploma legal. Ademais, no caso destes autos, tanto a autoridade administrativa lançadora, os julgadores de primeira instância administrativa, com também o ilustre relator originário deixaram de observar que a prestação de serviços foi realizada em atividade exclusiva de assistência a saúde, mediante convênio saúde firmado por uma cooperativa operadora de plano de assistência à saúde com a Associação dos Aposentados, Pensionistas e Idosos de Varginha e Região. Não observando importante detalhe envolvendo a prestação de serviços na área da saúde suplementar, entendo que aqueles que me antecederam falharam em seus julgamentos, pois deixaram de observar o comando inserto no § 2º do art. 22 da Lei nº 8.212/91, que remetendo o assunto para o § 9º do art. 28 do 28 do mesmo diploma legal, criou uma regra de não incidência tributária condicionada. Os dispositivos legais citados contém a seguinte redação: Fl. 277DF CARF MF Impresso em 23/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 23/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 16/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 10865.001438/200935 Acórdão n.º 2803003.960 S2TE03 Fl. 16 15 Art. 22. A contribuição a cargo da empesa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: (...) § 2º. Não integram a remuneração as parcelas de que trata o § 9º do art. 28. Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: (...) § 9º. Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta lei, exclusivamente: (...) q) o valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou odontológico, próprio da empresa ou por ela conveniado, inclusive o reembolso de despesas com medicamentos, óculos, aparelhos ortopédicos, despesas médicohospitalares e outras similares, desde que a cobertura abranja a totalidade dos empregados e dirigentes da empresa. Ora, se não integram o saláriodecontribuição os valores relativos à assistência prestada por serviço médico ou odontológico, próprio da empresa ou por ela conveniado, como é o caso dos autos, a única maneira para efetuar o lançamento em discussão, seria o enquadramento da relação contratual às disposições contidas na parte final da alínea “q” do § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91, na hipótese de a cobertura não abranger a totalidade dos empregados e dirigentes da empresa. Obviamente que os associados aposentados, pensionistas e idosos de Varginha e região não se enquadram na figura de empregados da associação. Contudo, entendo que eles se equiparam à dirigentes da empresa, tendo em vista que constituíram a associação para que ela cuide dos seus interesses associativos. Apesar de nem todos ocuparem posições diretivas ou fiscalizatórias na entidade, não existe nenhum impedimento legal para que aqueles que interessarem pela condução direta da entidade, candidate aos referidos postos. Destarte, por se tratar expressamente de regra de não incidência de tributos, concordo parcialmente com os membros da 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção do CARF, quando eles por unanimidade deram provimento ao recurso voluntário do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Energia de Ipauçu, de acordo com o que consta no Acórdão 240102.243, originário da Sessão de 20 de janeiro de 2012, que julgou o Processo 11444.000189/200984. A concordância parcial, explico, se dá pelo simples motivo de os membros da citada Turma não terem estendido o provimento também à empresa Santa Cruz. O fato de a empresa ter arcado Fl. 278DF CARF MF Impresso em 23/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 23/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 16/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 10865.001438/200935 Acórdão n.º 2803003.960 S2TE03 Fl. 17 16 às suas expensas com parte do custo com o plano de saúde firmado com a Unimed de Ourinhos, sem a estrita observância da verdade material c/c as regras da alínea “q” do § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91, para mim não atendeu os regramentos dispostos na legislação de regência. Como já referido anteriormente, no processo administrativo o julgador deve sempre buscar a verdade, ainda que, para isso, tenha que se valer de outros elementos além daqueles trazidos aos autos pelos interessados. A autoridade administrativa não fica obrigada a restringir seu exame ao que foi alegado, trazido ou provado pelas partes, podendo e devendo buscar todos os elementos que possam influir no seu convencimento, situação que, objetivamente, não foi observada nestes autos. Tendo em vista que verba constante do lançamento diz respeito à assistência à saúde, disponibilizada aos membros da Associação dos Aposentados, Pensionistas e Idosos de Varginha e Região, por intermédio de convênio saúde, sou obrigado a reconhecer que se trata de matéria abrangida pelo instituto da não incidência, conforme expressamente dispõe a alínea “q” do § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91. Desse modo, efetuar o enquadramento do fato à norma, sob a alegação de que a contração de serviços por cooperados por intermédio de cooperativa de trabalho determina o recolhimento de 15% (quinze por cento) sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura, ex vi do art. 22, IV, da Lei nº 8.212/91, sem considerar as disposições contidas na última linha do parágrafo anterior, data vênia, é fazer letra morta o instituto da não incidência prevista na Lei de Custeio da Previdência Social. Reconhecer a não incidência do tributo, nos convênios saúde firmados com operadoras de plano de assistência à saúde, constituídas sob a modalidade de sociedade civil ou comercial ou entidade de autogestão nos moldes estabelecidos pela Lei nº 9.656/98 e não enquadrar as cooperativas também operadoras de plano de assistência à saúde, na mesma situação, é a caracterização de odiosa discriminação contra esse tipo societário. Ao voto transcrito acima, filiome integralmente de forma a tornálo parte integrante do presente voto. Ainda, mesmo com o aprofundado estudo do Cons. Amílcar Teixeira, entendo apenas que deve ser acrescentado um ponto: a impossibilidade da legislação tributária, em especial a infralegal, alterar conteúdo e alcances das instituições e conceitos do direito privado. Ao caso ficou claro que a legislação privada que regula as atividades das cooperativas separa cooperativas de trabalho e cooperativas de serviços médicos, como plenamente já explanado. Inclusive cada um dos tipos tem especificações, conteúdos e regimes jurídicos próprios e diversos. Ou seja, não pode a legislação tributária, sem previsão legal específica, ser amalgamada para fins de incidência tributária, sob ofensa ao princípio da legalidade e de Fl. 279DF CARF MF Impresso em 23/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 23/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 16/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 10865.001438/200935 Acórdão n.º 2803003.960 S2TE03 Fl. 18 17 interpretação restritiva dos institutos de direito privado (art. 150, da CF/1988, arts. 97, 110 e 111 do CTN). “As empresas que operacionalizam planos de saúde repassam a remuneração do profissional médico que foi contratado pelo plano e age como substituta dos planos de saúde negociados por ela, sem qualquer outra intermediação entre cliente e serviços médicohospitalares. Nesse caso, não incide a contribuição previdenciária" (REsp 633134/PR, Rel. Min. Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 16.9.2008). Outros precedentes: EDcl nos EDcl no REsp 442829/MG, Rel. Min. Eliana Calmon, Segunda Turma, DJ 25.2.2004; EDcl nos EDcl nos EDcl no REsp 442829/MG, Rel. Min. Eliana Calmon, Segunda Turma, DJ 26.5.2004). De fato, estamos perante a mais um caso de nãoincidência, pois as cooperativas de prestação de serviços médicos não são os sujeitos passivos da regramatríz de imposição tributária obtida do inciso IV ao art. 22 da Lei nº 8.212/91. III De qualquer forma, como argumento suplementar, devese também observar que em recente julgamento do Supremo Tribunal Federal, no Recurso Extraordinário n. 595838, no dia 23.04.2013, sob os auspícios de efeitos de repercussão geral, foi declarada a inconstitucionalidade do art. 22, IV, da Lei n. 8.212/1991, justamente o fundamento principal da exação em questão: EMENTA Recurso extraordinário. Tributário. Contribuição Previdenciária. Artigo 22, inciso IV, da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99. Sujeição passiva. Empresas tomadoras de serviços. Prestação de serviços de cooperados por meio de cooperativas de Trabalho. Base de cálculo. Valor Bruto da nota fiscal ou fatura. Tributação do faturamento. Bis in idem. Nova fonte de custeio. Artigo 195, § 4º, CF. 1. O fato gerador que origina a obrigação de recolher a contribuição previdenciária, na forma do art. 22, inciso IV da Lei nº 8.212/91, na redação da Lei 9.876/99, não se origina nas remunerações pagas ou creditadas ao cooperado, mas na relação contratual estabelecida entre a pessoa jurídica da cooperativa e a do contratante de seus serviços. 2. A empresa tomadora dos serviços não opera como fonte somente para fins de retenção. A empresa ou entidade a ela equiparada é o próprio sujeito passivo da relação tributária, logo, típico “contribuinte” da contribuição. 3. Os pagamentos efetuados por terceiros às cooperativas de trabalho, em face de serviços prestados por seus cooperados, não se confundem com os valores efetivamente pagos ou creditados aos cooperados. 4. O art. 22, IV da Lei nº 8.212/91, com a redação da Lei nº 9.876/99, ao instituir contribuição previdenciária incidente sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura, extrapolou a norma do art. 195, inciso I, a, da Constituição, descaracterizando a contribuição hipoteticamente incidente sobre os rendimentos do trabalho dos cooperados, tributando o faturamento da Fl. 280DF CARF MF Impresso em 23/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 23/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 16/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 10865.001438/200935 Acórdão n.º 2803003.960 S2TE03 Fl. 19 18 cooperativa, com evidente bis in idem. Representa, assim, nova fonte de custeio, a qual somente poderia ser instituída por lei complementar, com base no art. 195, § 4º com a remissão feita ao art. 154, I, da Constituição. 5. Recurso extraordinário provido para declarar a inconstitucionalidade do inciso IV do art. 22 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99.(RE 595838, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 23/04/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe196 DIVULG 07102014 PUBLIC 0810 2014) Em recente apreciação dos embargos declaratórios apresentados pela Fazenda Nacional, em 19 de dezembro de 2015, os mesmos foram rejeitados pelo STF, mantendo integralmente a decisão supra, sem qualquer modulação de efeitos. Até a finalização do presente voto, não ocorrera a publicação da decisão de rejeição dos embargos. Entendimento esse acima, após o trânsito em julgado de tal julgamento, será cogente perante o presente Conselho (art. 62 e 62A, do Anexo II, do RICARF). IV – Isso posto, voto por conhecer o Recurso Voluntário, para, no mérito, darlhe provimento, no sentido de reformar a decisão recorrida e cancelar o crédito lançado. É como voto. Foi assim que o conselheiro votou na sessão de julgamento. (assinado digitalmente) Marcelo Oliveira Relator ad hoc na data da formalização. Fl. 281DF CARF MF Impresso em 23/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 23/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 16/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA
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Numero do processo: 10830.016663/2010-15
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 11 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Sep 22 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2005, 2006, 2007, 2008
LUCRO PRESUMIDO. CORRETORAS DE SEGURO. COEFICIENTE DE PRESUNÇÃO.
As corretoras de seguro optantes pelo lucro presumido submetem-se ao coeficiente de presunção de 32%.
MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE DOLO. IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DA MULTA QUALIFICADA. APLICAÇÃO DA SÚMULA CARF N. 25.
A demonstração de omissão de receita em decorrência de identificação de movimentações financeiras de origem não comprovada, justificam o lançamento do crédito tributário baseado em presunção, contudo, de forma isolada, não serve como fundamento para aplicação da multa qualificada que exige a demonstração inequívoca do dolo do contribuinte. Aplicação da Súmula CARF n. 25.
Numero da decisão: 1201-000.944
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em DAR PARCIAL provimento ao recurso, para reduzir a multa de ofício de 150% para 75%, apenas em relação à presumida omissão de receitas caracterizada por movimentação financeira de origem não comprovada. Vencidos o relator e o Conselheiro Roberto Caparroz de Almeida. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Luis Fabiano Alves Penteado.
(documento assinado digitalmente)
Rafael Vidal de Araújo - Presidente
(documento assinado digitalmente)
Marcelo Cuba Netto - Relator
(documento assinado digitalmente)
Luis Fabiano Alves Penteado - Redator designado
Participaram do presente julgado os Conselheiros: Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz (Presidente à época do julgamento), Marcelo Cuba Netto, Roberto Caparroz de Almeida, João Carlos de Lima Junior (Vice Presidente), Rafael Correia Fuso e Luis Fabiano Alves Penteado.
Nome do relator: MARCELO CUBA NETTO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2005, 2006, 2007, 2008 LUCRO PRESUMIDO. CORRETORAS DE SEGURO. COEFICIENTE DE PRESUNÇÃO. As corretoras de seguro optantes pelo lucro presumido submetemse ao coeficiente de presunção de 32%. MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE DOLO. IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DA MULTA QUALIFICADA. APLICAÇÃO DA SÚMULA CARF N. 25. A demonstração de omissão de receita em decorrência de identificação de movimentações financeiras de origem não comprovada, justificam o lançamento do crédito tributário baseado em presunção, contudo, de forma isolada, não serve como fundamento para aplicação da multa qualificada que exige a demonstração inequívoca do dolo do contribuinte. Aplicação da Súmula CARF n. 25. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em DAR PARCIAL provimento ao recurso, para reduzir a multa de ofício de 150% para 75%, apenas em relação à presumida omissão de receitas caracterizada por movimentação financeira de origem não comprovada. Vencidos o relator e o Conselheiro Roberto Caparroz de Almeida. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Luis Fabiano Alves Penteado. (documento assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araújo Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 01 66 63 /2 01 0- 15 Fl. 2261DF CARF MF Impresso em 22/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2015 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 10/ 08/2015 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 11/08/2015 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 12/08/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 10830.016663/201015 Acórdão n.º 1201000.944 S1C2T1 Fl. 3 2 (documento assinado digitalmente) Marcelo Cuba Netto Relator (documento assinado digitalmente) Luis Fabiano Alves Penteado Redator designado Participaram do presente julgado os Conselheiros: Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz (Presidente à época do julgamento), Marcelo Cuba Netto, Roberto Caparroz de Almeida, João Carlos de Lima Junior (Vice Presidente), Rafael Correia Fuso e Luis Fabiano Alves Penteado. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto nos termos do art. 33 do Decreto nº 70.235/72, contra o acórdão nº 0534.049, exarado pela DRJ em Campinas SP. Conforme relatado em seu termo de verificação fiscal, a autoridade administrativa acusa a contribuinte de haver cometido as seguintes infrações à legislação tributária nos anos de 2005 a 2008 (fl. 32 e ss.): a) omissão de receita caracterizada pela diferença entre o valor da receita bruta informado nas DIPJs e o valor dos rendimentos de que foi beneficiária informado pelas fontes pagadoras em suas DIRFs; b) omissão de receita caracterizada pela falta de comprovação da origem dos recursos depositados em suas contas correntes bancárias. Tendo em vista os ilícitos acima apontados a autoridade fiscal lavrou os autos de infração do IRPJ, da contribuição para o PIS, da Cofins e da CSLL, impondo sobre os valores lançados multa qualificada em razão de haver entendido estar caracterizado o evidente intuito de fraude. Irresignada com a exigência a contribuinte propôs impugnação ao lançamento sob as seguintes alegações, em síntese (fl. 314 e ss.): a) o auditor considerou que a circulação do dinheiro na conta bancária da impugnante não apurado pela confrontação das DIRFs apresentadas pelas companhias seguradores tem natureza de “receita não operacional”, ou seja, é receita tributável da pessoa jurídica que não decorreu do desenvolvimento de sua atividade fim; b) segundo o Regulamento do Imposto de Renda, são receitas não operacionais os ganhos de capital, os resultados da alienação, a desapropriação, a baixa de perdas e a depreciação do ativo permanente. Estaria subsumido, então, ao conceito de receita tributável nãooperacional, depósitos bancários os quais a contribuinte declare ser dinheiro de terceiro? De acordo com o Regulamento do Imposto de Renda, não; Fl. 2262DF CARF MF Impresso em 22/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2015 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 10/ 08/2015 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 11/08/2015 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 12/08/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 10830.016663/201015 Acórdão n.º 1201000.944 S1C2T1 Fl. 4 3 c) durante a auditoria foi amplamente demonstrado que a impugnante opera como corretora de seguros, recebendo a primeira parcela de pagamento, quando não o valor integral da apólice, e repassandoa à companhia seguradora emissora da apólice, tendo sido documentalmente demonstrado pelo livro de Registros de Apólices a identificação individualizada de cada contrato firmado entre as companhias seguradoras e os segurados, intermediados pela impugnante, de modo que era totalmente possível a verificação dos valores de cada contrato e confrontação com os depósitos, conforme demonstrado para a fiscalização; d) no entanto, decidiu a autoridade simplesmente não fazêlo, sendolhe conveniente desconsiderar os documentos e explicações dadas e lançar o tributo de oficio sobre toda a movimentação de depósitos bancários da impugnante; e) incabível a imposição da multa qualificada haja vista que a autuada não agiu dolosamente; f) a multa aplicada viola os princípios constitucionais do não confisco e da razoabilidade. Examinadas as razões de defesa a DRJ de origem julgou improcedente a impugnação (fl. 356 e ss.). Irresignada, a interessada interpôs recurso voluntário pedindo a reforma da decisão de primeiro grau, sob as mesmas razões expostas na impugnação. Voto Vencido Conselheiro Marcelo Cuba Netto, Relator. 1) Da Admissibilidade do Recurso O recurso atende aos pressupostos processuais de admissibilidade estabelecidos no Decreto nº 70.235/72 e, portanto, dele devese tomar conhecimento. 2) Da Natureza das Receitas Tributadas Alega a defesa, em primeiro lugar, que a autoridade fiscal tributou os depósitos de origem não comprovada como receita não operacional. Não assiste razão à defesa. Compulsandose o termo de verificação fiscal é possível verificar que não há ali qualquer afirmação nesse sentido. Muito ao contrário, no TVF a autoridade explica o seguinte (fl. 35 e ss.): 33. A apuração da base de cálculo do imposto de renda, em conformidade com a sistemática do Lucro Presumido, consta dos artigos 516 a 528 do RIR/99. O percentual a ser aplicado sobre a receita bruta conhecida omitida será de 32%, tendo em vista que a fiscalizada exerce a atividade de CORRETAGEM DE SEGUROS DOS RAMOS ELEMENTARES, VIDA, CAPITALIZAÇÃO E PLANOS PREVIDENCIÁRIOS. Segue transcrição dos Art. 518, 519 e 528: (Grifamos) Fl. 2263DF CARF MF Impresso em 22/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2015 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 10/ 08/2015 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 11/08/2015 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 12/08/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 10830.016663/201015 Acórdão n.º 1201000.944 S1C2T1 Fl. 5 4 Art. 518. A base de cálculo do imposto e do adicional (541 e 542), em cada trimestre, será determinada mediante a aplicação do percentual de oito por cento sobre a receita bruta auferida no período de apuração, observado o que dispõe o § 7º do art. 240 e demais disposições deste Subtítulo (Lei nº 9.249, de 1995, art. 15, e Lei nº 9.430, de 1996, arts. 1º e 25, e inciso I). (Grifamos) Art. 519. Para efeitos do disposto no artigo anterior, considerase receita bruta a definida no art. 224 e seu parágrafo único. § 1º Nas seguintes atividades, o percentual de que trata este artigo será de (Lei nº 9.249, de 1995, art. 15, § 1º): (Grifamos) (...) III trinta e dois por cento, para as atividades de: (Grifamos) a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares; (...) E o auto de infração do IRPJ foi efetivamente lavrado de acordo com o explicado no TVF, ou seja, no cálculo do lucro presumido as receitas omitidas foram submetidas ao coeficiente de presunção de 32%, correspondente à atividade exercida pela ora recorrente. Se houvessem sido considerados receitas não operacionais, os depósitos de origem não comprovada teriam sido tributados integralmente, sem a redução imposta pela aplicação do coeficiente de presunção, a teor do disposto no art. 25, II, da Lei nº 9.430/96, in verbis: Art. 25. O lucro presumido será o montante determinado pela soma das seguintes parcelas: I o valor resultante da aplicação dos percentuais de que trata o art. 15 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, sobre a receita bruta definida pelo art. 31 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, auferida no período de apuração de que trata o art. 1º desta Lei; II os ganhos de capital, os rendimentos e ganhos líquidos auferidos em aplicações financeiras, as demais receitas e os resultados positivos decorrentes de receitas não abrangidas pelo inciso anterior e demais valores determinados nesta Lei, auferidos naquele mesmo período. (...) O mesmo se diga quanto aos autos de infração da CSLL, da contribuição para o PIS e da Cofins, que igualmente foram lavrados considerando que a receita omitida tem origem na atividade exercida pela contribuinte. Ainda em relação aos depósitos de origem não comprovada, alega a defesa que era totalmente possível à autoridade tributária confrontar o valor de cada contrato Fl. 2264DF CARF MF Impresso em 22/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2015 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 10/ 08/2015 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 11/08/2015 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 12/08/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 10830.016663/201015 Acórdão n.º 1201000.944 S1C2T1 Fl. 6 5 identificado no livro de Registros de Apólices com o valor dos recursos depositados nas contas correntes da autuada. Se assim processe, o auditor constataria que tais recursos não pertencem à contribuinte, e sim às seguradoras, pois referemse à primeira parcela de pagamento da apólice, ou mesmo o seu valor integral. À contribuinte cabe apenas o valor da corretagem. Também aqui está equivocada a recorrente. É que o art. 42 da Lei nº 9.430/96, base legal da autuação por depósitos de origem não comprovada, estabelece uma presunção legal de omissão de receitas. Como é cediço, as presunções têm como efeito a inversão do ônus da prova. Basta então ao auditor demonstrar que a contribuinte não comprovou a origem dos recursos depositados em conta corrente de sua titularidade para validamente presumir que tais recursos têm origem em receitas omitidas. Caberia à contribuinte, ainda na fase de fiscalização, ou na fase litigiosa do procedimento, provar a improcedência da presunção, ou seja, provar a origem dos recursos depositados. No caso sob exame a interessada não se desincumbiu de seu ônus probatório, ou seja, não comprovou a alegação segundo a qual os recursos questionados, apesar de depositados em contas correntes de sua titularidade, pertenceriam a terceiros (seguradoras). Em assim sendo, mantémse intacta a presunção legal de omissão de receitas. 3) Da Qualificação da Multa de Ofício Quanto à qualificação da multa de ofício a recorrente alega, em primeiro lugar, violação aos princípios constitucionais do não confisco e da razoabilidade. Ocorre que, em razão de o argumento da defesa estar fundado na arguição de constitucionalidade do art. 44 da Lei nº 9.430/96, base legal da multa de ofício imposta, essa Turma não detém competência para apreciálo, haja visto o disposto no art. 26A do Decreto nº 70.235/72, e na Súmula nº 2 do CARF, que assim estabelecem: Decreto nº 70.235/72 Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) (...) Súmula nº 2 do CARF (DOU de 09/12/2010) O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Em segundo lugar contesta a interessada a imposição de multa isolada, uma vez que apresentou tempestivamente todos os elementos necessários à formação do crédito tributário. Fl. 2265DF CARF MF Impresso em 22/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2015 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 10/ 08/2015 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 11/08/2015 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 12/08/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 10830.016663/201015 Acórdão n.º 1201000.944 S1C2T1 Fl. 7 6 Quanto a esse argumento basta dizer que, como a contribuinte optou pela apuração de lucro presumido em todos os períodos objeto da fiscalização, não poderia haver, como de fato não houve, imposição da multa isolada prevista no art. 44 da Lei nº 9.430/96, uma vez que essa penalidade é aplicável somente às pessoas jurídicas optantes pelo lucro real anual, quando incorrerem em falta de pagamento das antecipações mensais do imposto. Por fim, alega a interessada que sua conduta não foi dolosa. Aqui há que examinarse as duas infrações apontadas pela fiscalização, quais sejam: (i) a omissão de receitas decorrente da diferença entre a receita bruta informada nas DIPJs e os rendimentos informados pelas seguradoras em suas DIRFs, tendo como beneficiária a contribuinte, e; (ii) os depósitos de origem não comprovada. No caso, ambas as infrações acima referidas foram cometidas em todos os trimestres dos anos de 2005, 2006, 2007 e 2008. Somese a isso o fato de ser bastante significativo o montante das receitas omitidas. Em assim sendo, a meu juízo está provado, para além de qualquer dúvida razoável, o dolo da contribuinte nas duas infrações apontadas. Pois não é crível que tenha sido fruto de mero erro ou negligência por parte da contribuinte o cometimento das mesmas infrações por um largo período de tempo (recorrência), e de elevado valor (relevância). E, no caso específico do confronto entre DIPJs e DIRFs, há ainda as informações das fontes pagadoras prestadas à contribuinte por meio do comprovante anual de rendimentos, a elevar ainda mais o grau de convencimento acerca da conduta dolosa. 4) Conclusão Tendo em vista todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (documento assinado digitalmente) Marcelo Cuba Netto Relator Fl. 2266DF CARF MF Impresso em 22/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2015 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 10/ 08/2015 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 11/08/2015 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 12/08/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 10830.016663/201015 Acórdão n.º 1201000.944 S1C2T1 Fl. 8 7 Voto Vencedor Conselheiro Luis Fabiano Alves Penteado, Redator designado. Ouso aqui discordar do brilhante voto do Conselheiro Relator no que se refere à aplicação da multa de 150% quanto aos depósitos de origem não comprovada e trago abaixo minhas razões de discordância. Analisando o presente caso e também guardando coerência com o meu posicionamento quanto às hipóteses de aplicação de multa qualificada, entendo que a multa deve ser reduzida para 75% e digo porque. Tenho firme convicção que para a aplicação da multa qualificada, é necessário que a fiscalização apresente claras evidências de que o contribuinte agiu com dolo, o que não ocorreu no presente caso, tendo sido demonstrada, sem duvida, a ocorrência de omissão de receita, o que levou à tributação por presunção, contudo, não existem elementos suficientes que permitam concluir pelo dolo da Recorrente de forma justificar a aplicação de multa qualificada. Mesmo que tenham sido demonstradas as movimentações financeiras sem origem comprovada, tal situação, por si só, não apresenta evidências e muito menos comprova a o dolo da Recorrente. Para aplicação da multa qualificada, deve ser provada a existência de sonegação ou de fraude que configuram, segundo os arts. 71 e 72 da Lei n. 4.502/64, ao atos omissivos ou comissivos que visam impedir ou retardar a constituição do crédito tributário ou respectiva satisfação. Os dispositivos acima mencionados trazem previsão expressa no sentido de que para aplicação da multa qualificada, é condição indispensável a existência do elemento subjetivo que é o dolo, de forma que reste caracterizado o intuito (dolo direto) ou risco assumido (dolo indireto) para cometimento de fraude ou sonegação. O fundamento utilizado para a autuação ora em questão foi a ausência de comprovação da origem dos recursos que ingressaram nas contas bancárias do Recorrente, somente isso. Tal situação permitiu ao Fisco presumir a omissão de receita e aplicar a conseqüente tributação, contudo, não justifica a aplicação do percentual de 150%, conforme disposto na Súmula CARF n. 25: Súmula nº 25 do CARF: A presunção legal de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação de uma das hipóteses dos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/64. Diante do exposto, voto por DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso, para reduzir a multa de ofício de 150% para 75%, apenas em relação à presumida omissão de receitas caracterizada por movimentação financeira de origem não comprovada. Tendo em vista a saída do Conselheiro Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz (Presidente à época desta sessão de julgamento), encaminho o presente acórdão pra assinatura do atual Presidente da Turma, Conselheiro Rafael Vidal de Araújo. Fl. 2267DF CARF MF Impresso em 22/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2015 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 10/ 08/2015 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 11/08/2015 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 12/08/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 10830.016663/201015 Acórdão n.º 1201000.944 S1C2T1 Fl. 9 8 É como voto! (documento assinado digitalmente) Luis Fabiano Alves Penteado Redator Designado Fl. 2268DF CARF MF Impresso em 22/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2015 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 10/ 08/2015 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 11/08/2015 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 12/08/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO
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Numero do processo: 10830.005104/2001-81
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 28 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Feb 11 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/04/2001 a 30/06/2001
APURAÇÃO DE CRÉDITO PASSÍVEL DE RESSARCIMENTO. PRECLUSÃO PROCESSUAL. INOCORRÊNCIA.
O regime jurídico-administrativo se assenta nos princípios da indisponibilidade do interesse público e da supremacia deste sobre o privado, logo, havendo conflito entre estes princípios e os institutos de natureza formal, previstos na seara do processo administrativo fiscal, tal como o instituto da preclusão processual, a força normativa dos citados princípios devem prevalecer sobre tais institutos.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Na impossibilidade de apuração do IPI devido com base na alíquota específica, apuração de eventual saldo credor do IPI, passível de ressarcimento, deve ser feito com base na alíquota ad valorem fixada no código 2202.90.00 da TIPI.
Numero da decisão: 3302-003.047
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator.
Ricardo Paulo Rosa - Presidente.
(assinado digitalmente)
José Fernandes do Nascimento - Relator.
Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá Filho, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo.
Nome do relator: JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Período de apuração: 01/04/2001 a 30/06/2001 BEBIDAS DA MARCA XTAPA. ENQUADRAMENTO TARIFÁRIO. As bebidas da marca XTapa classificamse no código 2202.90.00 da TIPI, ainda que apresentem propriedades alimentares. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/04/2001 a 30/06/2001 SUPLEMENTOS VITAMÍNICOS. PRODUTO EXCLUÍDO DA RELAÇÃO DE ALIMENTO PARA PRATICANTES DE ATIVIDADE FÍSICA. APURAÇÃO DO IPI DEVIDO COM BASE NA ALÍQUOTA ESPECÍFICA. IMPOSSIBILIDADE. Os suplementos vitamínicos, por não enquadrarem como alimento para praticantes de atividade física, nos termos da Portaria 222/1998 da extinta Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, não estão sujeitos às alíquotas específicas fixadas no Ato Declaratório SRF 12/2000. RESSARCIMENTO. SUPLEMENTOS VITAMÍNICOS. PRODUTO SUJEITO A APURAÇÃO DO IPI COM BASE ALÍQUOTA AD VALOREM. APURAÇÃO DO SALDO CREDOR REMANESCENTE DO IMPOSTO. POSSIBILIDADE. Na impossibilidade de apuração do IPI devido com base na alíquota específica, apuração de eventual saldo credor do IPI, passível de ressarcimento, deve ser feito com base na alíquota ad valorem fixada no código 2202.90.00 da TIPI. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/04/2001 a 30/06/2001 APURAÇÃO DE CRÉDITO PASSÍVEL DE RESSARCIMENTO. PRECLUSÃO PROCESSUAL. INOCORRÊNCIA. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 00 51 04 /2 00 1- 81 Fl. 313DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 04 /02/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por RICARDO PAULO ROS A 2 O regime jurídicoadministrativo se assenta nos princípios da indisponibilidade do interesse público e da supremacia deste sobre o privado, logo, havendo conflito entre estes princípios e os institutos de natureza formal, previstos na seara do processo administrativo fiscal, tal como o instituto da preclusão processual, a força normativa dos citados princípios devem prevalecer sobre tais institutos. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator. Ricardo Paulo Rosa Presidente. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá Filho, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo. Relatório Tratase de Pedido de Ressarcimento (fl. 2) de saldo remanescente de crédito básico do IPI apurado no 2º trimestre de 2001, no valor de R$ 106.509,05, acompanhado do Pedido de Compensação (fl. 4), em que pleiteada a compensação do referido crédito com os débitos do IRPJ, CSLL, Contribuição para PIS/Pasep e Cofins do mês junho de 2001, discriminados no extrato de fl. 87. Com respaldo na Informação Fiscal de fls. 84/86, a autoridade julgadora da unidade da Receita Federal de origem, por intermédio do Despacho Decisório de fl. 89, deferiu parcialmente crédito pleiteado, no valor de R$ 30.769,61, glosou o valor de R$ 75.739,44 e homologou parcialmente as compensações pleiteadas, com base no argumento de que a contribuinte dera saída a produtos de sua fabricação com classificação fiscal equivocada e sem o lançamento do imposto devido. Em consequência, fora reconstituída a escrita fiscal da interessada e o saldo credor IPI reduzido para o valor de R$ 30.769,61. Em sede de manifestação de inconformidade, a interessada apresentou as suas razões de defesa que foram assim resumidas no relatório encartado na decisão recorrida: 1. Pela impossibilidade de refazer a escrita da contribuinte relativa ao período compreendido entre abril e 18/05/2001, em virtude do prazo decadencial, o indeferimento do pedido de ressarcimento é totalmente improcedente; 2. O mérito desse processo de ressarcimento/compensação é dependente e vinculado ao processo de auto de infração de IPI n° 10830.002310/200643, assim, o exame do mérito desses autos Fl. 314DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 04 /02/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 10830.005104/200181 Acórdão n.º 3302003.047 S3C3T2 Fl. 101 3 deve ser sobrestado até o julgamento final na esfera administrativa do auto de infração relativo à mesma matéria; 3. Houve mudança de critério fiscal, pois o mesmo pedido foi deferido para a empresa Vita Alimentos; 4. Protesta contra a cobrança dos débitos compensados enquanto estiver pendente a discussão sobre a legitimidade dos procedimentos adotados pela contribuinte; requereu, ainda, seja sustada a precipitada cobrança, consignandose a suspensão da exigibilidade das parcelas indicadas nesta. Por fim, requer o reconhecimento da improcedência do Despacho Decisório. Sobreveio a decisão de primeira instância (fls. 182/196), em que, por unanimidade de votos, foi indeferida a solicitação, com base nos fundamentos resumidos no enunciado da ementa que segue transcrito: ASSUNTO: IMPOSTOS SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/04/2001 a 30/06/2001 RESSARCIMENTO DE IPI. SALDO CREDOR DO TRIMESTRE CALENDÁRIO. Reduzindose o saldo credor de IPI do trimestrecalendário, em virtude do lançamento de imposto e reconstituição da escrita fiscal, e tendo sido parcialmente deferido pelo órgão preparador o novo valor constante ao final do trimestre, indeferese o pedido de ressarcimento. Solicitação Indeferida Em 11/1/2007, a recorrente foi cientificada da decisão de primeira instância (fl. 198). Inconformada, em 8/2/2007, apresentou o recurso voluntário de fls. 199/219, em que reafirmou os argumentos suscitados na manifestação de inconformidade e reiterou que fossem considerados os créditos das mercadorias devolvidas, assim como o pedido de diligência apresentado na manifestação de inconformidade, para fim de confirmar tais devoluções. Em 31/8/2011, por meio da petição de fls. 252/253, a recorrente apresentou pedido de desistência parcial do recurso voluntário, por meio do qual renunciou às alegações suscitadas em relação às compensações e manteve as razões recursais atinentes ao direito creditório pleiteado. Na Sessão de 29 de janeiro de 2014, por meio da Resolução nº 3102000.298 (fls. 288/293), este Colegiado, por maioria de votos, conheceu do recurso voluntário, na parte em que se discutia o direito de crédito, vencido este Conselheiro Relator, que não tomava conhecimento do recurso. Em seguida, resolveram, por unanimidade de voto, converter o julgamento do recurso em diligência, para que a Unidade de Origem aguardasse a decisão definitiva do processo do auto de infração correspondente (processo nº 10830.002310/200643). Em 25/7/2014, por meio do Despacho de fl. 295, os autos foram devolvidos a este Colegiado, para prosseguimento do julgamento, tendo em vista que o recurso objeto do Fl. 315DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 04 /02/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por RICARDO PAULO ROS A 4 processo 10830.002310/200643 fora provido por este Conselho e, como não houve interposição de recurso especial pela PGFN, a referida decisão tornouse definitiva na esfera administrativa. Na Sessão de 16 de outubro de 2014, por meio da Resolução nº 3102000.326 (fls. 296/299), o julgamento do recurso foi novamente convertido em diligência, para que a unidade da Receita Federal de origem adotasse as seguinte providências: a) juntasse aos autos a decisão definitiva deste Conselho, proferida no âmbito do processo 10830.002310/200643 e demais peças processuais que entendesse necessárias para o deslinde da presente controvérsia; b) procedesse nova análise do Pedido de Ressarcimento de fl. 2 e, se fosse o caso, apurasse o novo valor do crédito a que tem direito a recorrente, tendo em conta o teor da decisão definitiva proferida no âmbito do citado processo; c) após, cientificasse a recorrente do resultado da análise do direito creditório, concedendolhe o prazo de 30 (trinta) dias, para que, querendo, apresentasse as considerações que entendesse pertinentes; e d) por fim, após expirado o prazo fixado para manifestação da recorrente, com ou sem pronunciamento desta, os autos fossem devolvidos a este Colegiado, para prosseguimento do julgamento. Em cumprimento ao pleiteado na referida diligência, foram juntados aos autos o acórdão nº 3102001.184, de 01 de setembro de 2011 (fls. 301/311), proferido no âmbito do processo 10830.002310/200643, porém, de acordo com a Informação Fiscal de fl. 312, a autoridade fiscal não procedeu a nova análise do Pedido de Ressarcimento de fl. 2 solicitada, sob o argumento de que, embora afastada a exigência expressa no auto de infração, a decisão sobre a apuração do crédito não tinha sido conclusiva, haja vista que, no âmbito do referido acórdão fora concluído que "não caberia ser refeita a reconstituição da escrita considerando as alíquotas ad valorem, e também não restou determinado qual seria a correta classificação fiscal do produto." No final, foi determinado o retorno dos autos a este Conselho. É o relatório. Voto Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Relator. O recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, todavia, em razão da formalização da desistência do pedido de compensação apresentado pela recorrente, tomase conhecimento apenas das razões de defesa restrita ao litígio concernente à parcela do direito creditório não reconhecido nas instâncias anteriores. Inicialmente, é oportuno esclarecer que, em 31/8/2011, a recorrente apresentou pedido de desistência parcial do presente recurso voluntário, com renúncia apenas das razões de defesa suscitadas em relação às compensações pleiteadas e não homologadas, mas com a manutenção das razões aduzidas em relação à parcela do direito creditório não reconhecido. Pelas razões aduzidas no voto vencido encartado na Resolução nº 3102 000.298 (fls. 288/293), este Conselheiro manifestou o entendimento de que o pedido de desistência formulado pela recorrente não se limitava apenas às compensações não homologadas, mas também implicava desistência do pedido de ressarcimento do direito creditório não reconhecido pelas anteriores instâncias de julgamento, portanto, tratavase de desistência integral do recurso voluntário em apreço. Fl. 316DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 04 /02/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 10830.005104/200181 Acórdão n.º 3302003.047 S3C3T2 Fl. 102 5 Acontece que esse entendimento foi rejeitado pela maioria dos membros deste Colegiado, que decidiu que o referido pedido de desistência limitavase apenas à parcela dos débitos cuja compensação não fora homologada, logo, as razões de defesa atinentes à parcela do direito creditório não reconhecido deveria ser conhecida pelo Colegiado, pelas razões declinadas no voto vencedor que integra o mencionado acórdão. Assim, uma vez superada a questão atinente ao alcance do pedido de desistência apresentado pela recorrente, este Relator curvase ao entendimento da maioria e passa analisar as razões de defesa suscitadas pela recorrente na peça recursal em apreço, referente à parcela do pedido de ressarcimento do saldo remanescente do crédito do IPI não reconhecido pela decisão recorrida. No recurso em apreço, a recorrente reconheceu que o desfecho do julgamento deste processo estava vinculado ao julgamento do auto de infração encartado no processo n° 10830.002310/200643, já que a reconstituição da sua escrita fiscal, ultimada no âmbito da citada autuação, acarretara a inexistência parcial do saldo credor de IPI objeto do pedido de ressarcimento em apreço, uma vez que o valor do crédito fora utilizado para amortizar os débitos do IPI apurados por conta da citada reconstituição da escrita fiscal. Com efeito, compulsando a Informação Fiscal de fls. 84/86, verificase que o motivo que levou ao não reconhecimento da parcela do crédito do IPI pleiteada nos presentes autos foi a reconstituição da escrita fiscal da recorrente mediante (i) a inclusão dos novos débitos apurados, relativos à saída da bebida da marca XTAPA, e (ii) a reincorporação dos valores de créditos estornados, referente aos pedidos de ressarcimento dos créditos glosados, que resultou na apuração dos novos valores dos saldos devedores ou credores especificados na planilha de fl. 59/60. Segundo a fiscalização, a recorrente classificou incorretamente o mencionado produto no código TIPI 2106.90.30, sujeito a alíquota zero do IPI, quando o correto seria no código TIPI 2202.90.00, sujeito à tributação com base nos valores fixos por unidade (alíquota específica), calculados sobre a saída de 12 unidades do produto, fixados no anexo do Ato Declaratório SRF 12/2000, combinado com o disposto no Ato Declaratório Executivo SRF 2/2001, que estendeu o regime de tributação com base na quantidade do produto para as bebidas enquadradas como "repositores hidroeletrolíticos" ou "como alimentos para praticantes de atividades físicas". Nesse sentido, é pertinente ressaltar que, se a bebida classificada no código TIPI 2202.90.00 não se enquadrasse nas condições estabelecido no citado Ato Declaratório, ou seja, se ela não fosse um alimento para praticante de atividades físicas, ao invés da cobrança do IPI com base na alíquota por unidade do produto (alíquota específica), ele estaria sujeito à alíquota ad valorem de 40%. No acórdão nº 3102001.184, de 01 de setembro de 2011 (fls. 301/311), proferido no âmbito do processo n° 10830.002310/200643, os membros da extinta 2ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 3ª Seção deste Conselho, tendo em conta que o produto da marca XTAPA não era um alimento para praticante de atividade física, conforme entendera a fiscalização, firmaram o entendimento de que ele não estava sujeito à alíquota específica fixada no anexo do Ato Declaratório SRF 12/2000, mas a alíquota ad valorem determinada para o código TIPI 2202.90.00, pois, na condição de suplemento vitamínico, conforme especificado na Portaria da Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde 32/1998, o citado produto classificavase no código TIPI 2202.90.00. Fl. 317DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 04 /02/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por RICARDO PAULO ROS A 6 Com base nesse entendimento, o citado Colegiado deu provimento ao recurso voluntário, sob o argumento de que a manutenção da autuação, mediante nova reconstrução da escrita fiscal da recorrente, com a utilização da alíquota ad valorem respectiva, afiguravase, como novo lançamento realizado por quem não estava habilitado legalmente a proceder, ou seja, o citado Colegiado julgador. Nesse sentido, para espancar qualquer dúvida a respeito do fundamento da decisão esposada no referido acórdão, seguem transcrito os excertos relevantes extraídos do voto condutor do referido julgado, in verbis: Neste ponto, e a despeito do acerto ou não no que tange a classificação fiscal do produto proposta pelo autuante, o que me parece absolutamente contraditório é haver este se inspirado na norma geral e abstrata da Anvisa, veiculada pela referenciada Portaria nº 222, para a identificação do produto comercializado pela recorrente como repositor hidroeletrolitico ou alimento para praticante de atividade física se, e aqui reside a contradição, o mesmo órgão do Ministério da Saúde já havia, agora em norma individualizada (Portaria nº 32/98), expedida em processo instaurado pelo mesmo contribuinte, como suplemento vitamínico. A despeito de haver concluído por enquadrar o produto na mesma posição 2200, mas não como repositor energético como pretendeu o autuante, convém atentarmos para passagem do Acórdão 320100.888, de 02 (dois) de fevereiro de 2011 (dois mil e onze), desta mesma Turma de Julgamento e de relatoria do Conselheiro Ricardo Rosa: Esclarecidos todos estes aspectos, há que se fazer uma importante ressalva na parte que tange ao enquadramento da mercadoria sub examine nos Atos Declaratórios nº 012 de 2000 e 02 de 2001, da Secretaria da Receita Federal. Conforme se depreende dos autos, ambos Atos Declaratórios fazem menção expressa aos produtos "que se enquadrem como "repositores hidroeletrolíticos" ou "como alimentos para praticantes de atividades físicas", "nos termos e condições fixados pela Portaria nº 222 da Secretaria de Vigilância Sanitária, do Ministério da Saúde". Ora, pareceme claro que o enquadramento nos termos e condições fixados pela Portaria 222 operase no âmbito da Secretaria de Vigilância Sanitária, do Ministério da Saúde, não sendo razoável que um produto analisado por aquele Órgão e enquadrado como Suplemento Vitamínico, nos termos da Portaria n° 32/98, seja mais tarde identificado pelo Ministério da Fazenda como Repositor Energético, enquadrado na Portaria 222. De fato, se, por um lado, como dito antes, nenhuma decisão tomada por outro Ministério do Poder Executivo pode afastar a competência da Secretaria da Receita Federal de determinar a classificação fiscal de um produto, também esta não poderá interferir em assuntos afetos a outros Ministérios, como é o caso da identificação do produto como sendo um suplemento vitamínico ou um repositor energético, decisão que Fl. 318DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 04 /02/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 10830.005104/200181 Acórdão n.º 3302003.047 S3C3T2 Fl. 103 7 compete à Secretaria de Vigilância Sanitária. Ademais, as próprias ordens de execução do Ministério da Fazenda remetem ao enquadramento determinado pelo Ministério da Saúde. Desta maneira, embora a classificação fiscal correta seja a defendida pelo Fisco, o cálculo do tributo devido deve ser feito pela aplicação da alíquota ad valorem e não pela alíquota especifica. Enfim, independentemente da análise incisiva quanto a correta classificação do produto em questão, para o qual me afiguraria necessário o acatamento da proposta do sujeito passivo no que tange a realização de uma diligência pericial, o que se apresenta como certo, inclusive nos termos de precedente desta turma, é que incorreta teria sido a apuração do tributo com base em valor fixo. Isto dado ao seu não enquadramento aos termos dos Atos Declaratórios SRF retro citados. Assim é que, inspirado na mesma premissa de julgamento adotada pela DRJ para afastar o lançamento sobre os produtos acondicionados em recipientes com capacidade inferior a 361 ml, também não vejo como prosperar a exigência com esteio em valor fixo sobre saídas de produtos não enquadrados como repositores energéticos. A alternativa à conclusão proposta, qual seja a manutenção da autuação mediante nova reconstrução da escrita agora com a aplicação da alíquota ad valorem respectiva, afigurase, para este julgador, como novo lançamento por quem não está habilitado legalmente a proceder (no caso, esta autoridade julgadora). E é, sim, novo lançamento porque, mesmo que se esqueça a complexidade de se empreender nova reconstrução da escrita do sujeito passivo e de todo o regime de débito crédito, a identificação do quantum devido, agora com a aplicação de alíquota ad valorem, demandaria a identificação do valor saídas, sendo esta a base de cálculo (e não apenas o volume das vendas), e da alíquota especifica. Enfim, um trabalho todo novo, inclusive valendose de interpretação jurídica diversa da original. Logo, fica demonstrado que, a classificação fiscal do produto da marca XTAPA foi expressamente determinada, ou seja, que o referido produto classificavase no código TIPI 2202.90.00 e não no código TIPI 2106.90.30, como equivocadamente classificara a recorrente, mas a apuração do IPI devido do referido produto é feita com base na alíquota ad valorem e não alíquota específica como procedera a fiscalização. Assim, embora o entendimento, esposado no referido julgado, quanto à classificação fiscal do referido produto, possa ser aqui integralmente adotada, ante a identidade da matéria discutida em ambos os processos, o mesmo não pode ser feito em relação ao fundamento da decisão quanto à forma de apuração do imposto, haja vista que, nos presentes autos, o litígio não diz respeito à cobrança do crédito tributário lançado, mas ao ressarcimento Fl. 319DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 04 /02/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por RICARDO PAULO ROS A 8 de saldo credor remanescente do IPI, apurado no final do 1º trimestre de 2001, com fundamento no art. 11 do Lei 9.779/1999, a seguir transcrito: Art. 11. O saldo credor do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, acumulado em cada trimestrecalendário, decorrente de aquisição de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, aplicados na industrialização, inclusive de produto isento ou tributado à alíquota zero, que o contribuinte não puder compensar com o IPI devido na saída de outros produtos, poderá ser utilizado de conformidade com o disposto nos arts. 73 e 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, observadas normas expedidas pela Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda. Não se pode olvidar que o regime jurídicoadministrativo se assenta em dois princípios basilares: a indisponibilidade do interesse público e supremacia deste sobre o privado. Logo, quando institutos de natureza formal, previstos na seara do processo administrativo fiscal, tal como o instituto da preclusão processual, entra em conflito com o disposto nos citados princípios, certamente, a força normativa destes devem prevalecer. No caso em tela, uma vez decidido, de forma definitiva, que o produto da marca XTapa fora incorretamente classificado pela recorrente no código TIPI 2106.90.30, a apuração do valor do saldo credor do IPI, por ela realizado, com base nessa classificação fiscal, obviamente, não pode ser aceita. Também pelas mesmas razões aduzidas no acórdão nº 3102001.184, proferido no âmbito do processo n° 10830.002310/200643, não pode ser aceita apuração do valor do IPI com base na alíquota específica do produto, fixada no anexo do Ato Declaratório SRF 12/2000, porque tal procedimento de apuração do IPI não se aplica ao citado produto, conforme decidido no âmbito do citado julgado. Assim, em consonância com as conclusões exaradas no referido acórdão e tendo em conta o disposto nos citados princípios, no caso em tela, a apuração do direito creditório deve ser feito com base na alíquota ad valorem fixada para o citado produto no código 2202.90.00 da TIPI, o que deverá ser feito pela unidade da Receita Federal de origem, em razão da competência para analisar os processos envolvendo ressarcimento de tributo administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), estabelecida no art. 302, VI, do Regimento Interno da RFB (aprovado pela Portaria MF 203/2012), bem como no art. 69 na Instrução Normativa nº 1.300, de 2012. Em relação as demais alegações suscitadas no presente recurso, inclusive pedido de diligência, obviamente, estão todas superadas, ante a decisão definitiva proferida do acórdão nº 3102001.184, em que foram rejeitadas tais questões pelo referido Colegiado julgador, o que torna despicienda a apreciação delas no âmbito deste julgamento. Por todo o exposto, votase pelo PROVIMENTO PARCIAL do recurso, para determinar que autoridade da Receita Federal de origem proceda a apuração do valor do valor do crédito do IPI com base na alíquota ad valorem do imposto fixada para o código 2202.90.00 da TIPI, na data da ocorrência dos fatos geradores, devendo ser observado o seguinte: a) a parcela do crédito já reconhecido no âmbito dos despacho decisório e da decisão de primeira instância não poderá ser revista para reduzir o valor do crédito já reconhecido, por se tratarem de decisão definitiva na esfera administrativa, em razão da não interposição de recurso de ofício, por falta de atendimento dos requisitos de admissibilidade; e Fl. 320DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 04 /02/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 10830.005104/200181 Acórdão n.º 3302003.047 S3C3T2 Fl. 104 9 b) eventual irresignação da recorrente quanto ao valor do crédito passível de ressarcimento a ser reconhecido pela autoridade competente da unidade da Receita Federal de origem deverá ser feita na forma prevista na Solução de Consulta Interna Cosit 18/2012, combinado com o disposto nos itens 61 a 80 do Parecer Normativo Cosit 8/2014, no que aplicável ao caso em tela. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Fl. 321DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 04 /02/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por RICARDO PAULO ROS A
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Numero do processo: 15771.721880/2011-69
Turma: Segunda Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 25 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Nov 17 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 30/08/2006, 21/11/2006, 08/12/2006
MANDADO DE SEGURANÇA. IDENTIDADE DE OBJETO E CAUSA DE PEDIR. EFEITOS. RENÚNCIA À INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA.
Diante do que dispõe o parágrafo único do art. 38 da Lei de Execuções Fiscais, o contribuinte que busca a via judicial para discutir determinada matéria renuncia à instância administrativa, não merecendo ser conhecido o recurso nesse aspecto. Incidência da Súmula CARF nº 01.
DECISÃO DA DRJ QUE RECONHECE CONCOMITÂNCIA. AUSÊNCIA DE NULIDADE. ACERTO DA DECISÃO.
Não é nula a decisão que, diante da prova dos autos, reconhece nulidade por identidade de objetos entre a matéria de mérito trazida em sede impugnatória e o mandado de segurança, e não conhece da defesa do sujeito passivo.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3802-004.144
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, conhecer parcialmente e negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Joel Miyazaki - Presidente da 2ª Câmara/3ª Seção.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra Redator designado ad hoc (art. 17, inciso III, do Anexo II do RICARF/2015).
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Mércia Helena Trajano D'amorim (Presidente), Waldir Navarro Bezerra, Claudio Augusto Gonçalves Pereira, Bruno Mauricio Macedo Curi (Relator), Francisco Jose Barroso Rios e Solon Sehn.
Nome do relator: BRUNO MAURICIO MACEDO CURI
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2014; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3TE02 Fl. 159 1 158 S3TE02 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15771.721880/201169 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3802004.144 – 2ª Turma Especial Sessão de 25 de fevereiro de 2015 Matéria PAF MANDADO DE SEGURANÇA Recorrente SOCIEDADE BENEFICIENTE ISRAELITA BRASILEIRA "HOSPITAL ALBERT EINSTEIN" Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 30/08/2006, 21/11/2006, 08/12/2006 MANDADO DE SEGURANÇA. IDENTIDADE DE OBJETO E CAUSA DE PEDIR. EFEITOS. RENÚNCIA À INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. Diante do que dispõe o parágrafo único do art. 38 da Lei de Execuções Fiscais, o contribuinte que busca a via judicial para discutir determinada matéria renuncia à instância administrativa, não merecendo ser conhecido o recurso nesse aspecto. Incidência da Súmula CARF nº 01. DECISÃO DA DRJ QUE RECONHECE CONCOMITÂNCIA. AUSÊNCIA DE NULIDADE. ACERTO DA DECISÃO. Não é nula a decisão que, diante da prova dos autos, reconhece nulidade por identidade de objetos entre a matéria de mérito trazida em sede impugnatória e o mandado de segurança, e não conhece da defesa do sujeito passivo. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, conhecer parcialmente e negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Joel Miyazaki Presidente da 2ª Câmara/3ª Seção. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra – Redator designado ad hoc (art. 17, inciso III, do Anexo II do RICARF/2015). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 77 1. 72 18 80 /2 01 1- 69 Fl. 159DF CARF MF Impresso em 17/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 17/11/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 29/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Mércia Helena Trajano D'amorim (Presidente), Waldir Navarro Bezerra, Claudio Augusto Gonçalves Pereira, Bruno Mauricio Macedo Curi (Relator), Francisco Jose Barroso Rios e Solon Sehn. Relatório Preliminarmente, ressaltase que nos termos do artigo 17, inciso III, do anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF/2015, fui designado como redator ad hoc (fl. 158), para formalização do respectivo Acórdão, considerando o resultado do julgado, conforme o constante da ATA da respectiva sessão de julgamento. A Recorrente SOCIEDADE BENEFICENTE ISRAELITA BRASILEIRA "HOSPITAL ALBERT EINSTEIN", interpôs o presente Recurso Voluntário contra o Acórdão nº 0733.572, proferido em primeira instância pela 1ª Turma da DRJ em Florianópolis/SC, que não conheceu a impugnação quanto à matéria de mérito objeto de enfrentamento concomitante na instância administrativa e na esfera judicial. Nos demais aspectos, conheceu do recurso e julgou improcedente a impugnação. Por bem explicitar os atos e fases processuais ultrapassados até o momento da análise da impugnação, adotase o relatório elaborado pela autoridade julgadora a quo: Trata o presente processo de autos de infração lavrados para constituição de créditos tributários no valor de R$ 668.519,19 referentes às contribuições PIS/Pasepimportação, Cofins importação e respectivos juros de mora. Depreendese da descrição dos fatos dos autos de infração que a interessada registrou a Declaração de Importação nº 06/14088318, 06/14088113, 06/10436362 e 06/14952098 em 31/08/2006, 21/11/2006 e 31/08/2006 para amparar a importação de mercadorias. Como se depreende dos documentos de folhas 127 e 128, extraídos do processo administrativo fiscal n° 15771.720274/201215 julgado nesta mesma sessão de julgamento, a interessada ingressou com Mandado de Segurança n° 2006.61.00.0108379. Conforme despacho à folhas 127, a sentença proferida pela autoridade do Poder Judiciário foi parcialmente desfavorável (não reconhecimento de imunidade para as contribuições). Não se tem notícias, nos autos, do trânsito em julgado, mas sim que se está aguardando o julgamento do agravo de instrumento. Considerando que o caso concreto não é de aplicação de “imunidade” foi lavrado o auto de infração em apreço para a constituição do crédito tributário relativo às contribuições incidentes nas importações realizadas pela interessada. Cientificada a interessada apresentou impugnação na qual alega, em síntese, que: Fl. 160DF CARF MF Impresso em 17/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 17/11/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 29/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 15771.721880/201169 Acórdão n.º 3802004.144 S3TE02 Fl. 160 3 O crédito decorrente da declaração de importação n° 06/10436362 está extinto em razão da decadência. DI registrada em 31/08/2006 e ciência da autuação em 09/11/2011; O auto de infração deve ser declarado insubsistente, pois é entidade imune, nos termos da Constituição Federal e do Código Tributário Nacional cumprindo com os requisitos por eles determinados. A jurisprudência ampara sua defesa. Requer seja declarada a insubsistência do auto de infração. Este é o Relatório.” Indeferida a impugnação apresentada, o órgão julgador de primeira instância sintetizou as razões para a procedência do crédito tributário na forma da ementa que segue: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Data do fato gerador: 31/08/2006, 21/11/2006, 08/12/2006 AÇÃO JUDICIAL. EFEITOS. AUTUAÇÃO. PREVENÇÃO DA DECADÊNCIA. FORMALIZAÇÃO CABÍVEL. A discussão da matéria tributável na esfera judicial não elide o dever da autoridade administrativa de constituir o crédito tributário. A propositura de qualquer ação judicial anterior, concomitante ou posterior a procedimento fiscal, com o mesmo objeto da autuação importa em renúncia ou desistência à apreciação da mesma matéria na esfera administrativa, porém a matéria divergente terá prosseguimento normal. TRIBUTOS. DECLARAÇÃO DE IMPORTAÇÃO. AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO NO REGISTRO. DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA. O direito de exigir o tributo extinguese em cinco anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que poderia ter sido lançado. Não houve recolhimento de qualquer valor, relacionado aos tributos lançados, por ocasião do registro da declaração de importação. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido. Cientificada acerca da decisão exarada pela 1ª Turma da DRJ de Florianópolis – DRJ/FNS, a interessada interpôs o presente Recurso Voluntário, no qual pede: (i) nulidade da decisão recorrida por ausência de renúncia à instância administrativa; e, por fim, (ii) a insubsistência do referido auto de infração. É o relatório. Voto Fl. 161DF CARF MF Impresso em 17/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 17/11/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 29/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 4 Conselheiro Waldir Navarro Bezerra, redator ad hoc designado para formalizar a decisão (fl. 158), uma vez que o Conselheiro Relator Bruno Maurício Macedo Curi, não mais compõe este colegiado e que a respectiva Turma Especial foi extinta, retratando hipótese de que trata o artigo 17, inciso III, do Anexo II, do Regimento Interno deste CARF, aprovado pela Portaria MF no 343, de 09 de junho de 2015. Ressalvado o meu entendimento pessoal, no sentido de dar a este e a outros processos nessa situação tratamento diverso. Preenchidos os pressupostos de admissibilidade e tempestivamente interposto, nos termos do Decreto nº 70.235/72, conheço parcialmente do Recurso e passo à análise de apenas parte das razões recursais. O presente Recurso Voluntário, como indicado ao final do relatório, dividese em dois itens: (i) A nulidade da decisão recorrida por ausência de renúncia à instância administrativa; e (ii) A insubsistência do referido auto de infração. Ao seu turno, o item (ii) não merece ser conhecido, dado que efetivamente há identidade de objetos entre o mérito do recurso e o mandado de segurança. Apesar de não haver sido feita a juntada aos autos da petição inicial do writ, tanto na fase de impugnação quanto no recurso voluntário, o que, por si, já seria razão para não conhecer desse item, conforme art. 16, V, do Decreto 70.235/72. No entanto, valhome da solicitação da imunidade tributária em sua impugnação e no que consta da análise e voto da DRJ, conforme a seguinte citação (grifouse): "(...) Depreendese da descrição dos fatos dos autos de infração que a interessada registrou a Declaração de Importação nº 06/14088318, 06/14088113, 06/10436362 e 06/14952098 em 31/08/2006, 21/11/2006 e 31/08/2006 para amparar a importação de mercadorias. Como se depreende dos documentos de folhas 127 e 128, extraídos do processo administrativo fiscal n° 15771.720274/201215 julgado nesta mesma sessão de julgamento, a interessada ingressou com Mandado de Segurança n° 2006.61.00.0108379. Conforme despacho à folhas 127, a sentença proferida pela autoridade do Poder Judiciário foi parcialmente desfavorável (não reconhecimento de imunidade para as contribuições). Não se tem notícias, nos autos, do trânsito em julgado, mas sim que se está aguardando o julgamento do agravo de instrumento. E segue, adentrando em seu voto: (...) Como visto, a matéria relativa à incidência dos tributos na importação em questão foi objeto de propositura, pela interessada, contra a Fazenda Nacional, de ação judicial, onde, como se depreende do documento de folhas 03, restou prolatada sentença que não reconheceu a imunidade das contribuições PIS/PASEPimportação e Cofinsimportação. Fl. 162DF CARF MF Impresso em 17/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 17/11/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 29/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 15771.721880/201169 Acórdão n.º 3802004.144 S3TE02 Fl. 161 5 De toda sorte, resta clara a identidade de objetos, o que torna inviável o conhecimento do Recurso nesse aspecto, como muito bem decidiu a decisão a quo. Assim, cabível o conhecimento e julgamento somente do item (ii) do Recurso Voluntário, relativo ao pleito de nulidade da decisão recorrida por haver reconhecido a renúncia à esfera administrativa diante da impetração do mandado de segurança pelo contribuinte. Ora, compulsando os autos fica claro que sua demanda judicial está restrita ao direito à imunidade tributária com base no artigo 150, inciso VI, alínea “c” e à isenção declarada no artigo 195, parágrafo 7º, ambos da Constituição Federal, guerreado no Mandado de Segurança nº 2006.61.00.0108379, impetrado perante a Vara Civil da Justiça Federal em São Paulo (SP). Conforme consta do documento da Alfândega da RFB em São Paulo às fls. 127/128, que "os autos retornaram ao Juízo Federal da 26ª Vara Cível de São Paulo em 13/05/2009 e, em despacho de 26/08/2009, é determinado aguardarse, no arquivo sobrestado, o julgamento do Agravo de Instrumento"(...). Diante disso, todas as suas alegações na esfera administrativa quanto ao tema deixam de ser passíveis de análise, conforme inteligência do art. 1º e 2º do DecretoLei nº 1.737/1979 e o artigo 38, parágrafo único da Lei nº 6.830/1980, dada a absoluta identidade de discussão com a matéria tratada na via judicial. Acertada, portanto, a decisão recorrida ao reconhecer a renúncia à esfera administrativa. Apenas aproveito o ensejo para transcrever o art. 38 e seu parágrafo único, da Lei de Execuções Fiscais, por serem de clareza hialina: Art. 38 A discussão judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública só é admissível em execução, na forma desta Lei, salvo as hipóteses de mandado de segurança, ação de repetição do indébito ou ação anulatória do ato declarativo da dívida, esta precedida do depósito preparatório do valor do débito, monetariamente corrigido e acrescido dos juros e multa de mora e demais encargos. Parágrafo Único A propositura, pelo contribuinte, da ação prevista neste artigo importa em renúncia ao poder de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso acaso interposto. (grifei) Não por outro motivo o CARF editou a Súmula nº 01, na qual restou consignado que: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Fl. 163DF CARF MF Impresso em 17/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 17/11/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 29/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 6 Assim, não há nulidade a ser reconhecida sobre a decisão originária que, acertadamente, reconheceu a existência de concomitância entre o argumento de mérito da impugnação e o mandado de segurança impetrado pelo sujeito passivo. Conclusão Ante todo o exposto, conheço parcialmente do Recurso Voluntário para NEGARLHE provimento. Formalizado o voto em razão do disposto no artigo 17, inciso III, do Anexo II do RICARF/2015, subscrevo o presente. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra – Redator ad hoc. Fl. 164DF CARF MF Impresso em 17/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 17/11/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 29/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA
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Numero do processo: 11080.721361/2012-17
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Jan 25 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Feb 29 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2009
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO VOLUNTÁRIO. LIMITES DA LIDE. FASES. PROCEDIMENTO.
O Decreto nº 70.235, de 1972, dispões sobre o processo administrativo fiscal e em seu artigo 33 estabelece que caberá recurso voluntário, total ou parcial, da decisão de 1ª instância. A atuação dos órgãos administrativos de julgamento pressupõe a existência de interesses opostos, expressos de forma dialética. Na lição de Calamandrei, o processo se desenvolve como uma luta de ações e reações, de ataques e defesas, na qual cada um dos sujeitos provoca, com a própria atividade, o movimento dos outros sujeitos, e espera, depois, deles um novo impulso.....
Para a solução do litígio tributário deve o julgador delimitar, claramente, a controvérsia posta à sua apreciação, restringindo sua atuação apenas a um território contextualmente demarcado. Esses limites são fixados, por um lado, pela pretensão do Fisco e, por outro, pela resistência do contribuinte, expressos, respectivamente, pelo ato de lançamento e pela impugnação/recurso.
"Procedimento é sinônimo de rito do processo, ou seja, o modo e a forma por que se movem os atos do processo (Theodoro Junior, Humberto in Curso de Direito Processual Civil, vol. I, 41 ed. Forense, Rio de Janeiro, 2004, p.303). O procedimento está estruturado segundo fases lógicas, que tornam efetivos os seus princípios fundamentais, como o da iniciativa da parte, o do contraditório e o do livre convencimento do julgador. Dispõe o PAF, artigo 17, que considerar-se-á não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante.
ACEITAÇÃO DAS PROVAS. MOMENTO PROCESSUAL DA APRESENTAÇÃO. PRECLUSÃO. ATENUAÇÃO. VERDADE MATERIAL. NÃO COMPROVAÇÃO DAS ALEGAÇÕES POR PARTE DO RECORRENTE. AUSÊNCIA DE DOCUMENTOS.
O direito da parte à produção de provas posteriores, até o momento da decisão administrativa comporta graduação, a critério da autoridade julgadora, com fulcro em seu juízo de valor acerca da utilidade e da necessidade, de modo a assegurar o equilíbrio entre a celeridade, a oficialidade, a segurança indispensável, a ampla defesa e a verdade material, para a consecução dos fins processuais, afastando-se a preclusão em alguns casos excepcionais, como aqueles que se referem a fatos notórios ou incontroversos, no tocante a documentos que permitem o fácil e rápido convencimento do julgador.
Mesmo com esse raciocínio, no caso em tela não é possível alterar o lançamento, uma vez que o recorrente não apresenta qualquer documento que suporte suas alegações sobre o valor recebido a título de rendimentos, que destoa do valor informado em DIRF pela fonte pagadora.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2202-003.085
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso.
Assinado digitalmente
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente.
Assinado digitalmente
Marcio Henrique Sales Parada - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Eduardo de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Martin da Silva Gesto, Wilson Antônio de Souza Corrêa (Suplente Convocado) e Márcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: MARCIO HENRIQUE SALES PARADA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2009 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO VOLUNTÁRIO. LIMITES DA LIDE. FASES. PROCEDIMENTO. O Decreto nº 70.235, de 1972, dispões sobre o processo administrativo fiscal e em seu artigo 33 estabelece que caberá recurso voluntário, total ou parcial, da decisão de 1ª instância. A atuação dos órgãos administrativos de julgamento pressupõe a existência de interesses opostos, expressos de forma dialética. Na lição de Calamandrei, o processo se desenvolve como uma luta de ações e reações, de ataques e defesas, na qual cada um dos sujeitos provoca, com a própria atividade, o movimento dos outros sujeitos, e espera, depois, deles um novo impulso..... Para a solução do litígio tributário deve o julgador delimitar, claramente, a controvérsia posta à sua apreciação, restringindo sua atuação apenas a um território contextualmente demarcado. Esses limites são fixados, por um lado, pela pretensão do Fisco e, por outro, pela resistência do contribuinte, expressos, respectivamente, pelo ato de lançamento e pela impugnação/recurso. "Procedimento é sinônimo de rito do processo, ou seja, o modo e a forma por que se movem os atos do processo (Theodoro Junior, Humberto in Curso de Direito Processual Civil, vol. I, 41 ed. Forense, Rio de Janeiro, 2004, p.303). O procedimento está estruturado segundo fases lógicas, que tornam efetivos os seus princípios fundamentais, como o da iniciativa da parte, o do contraditório e o do livre convencimento do julgador. Dispõe o PAF, artigo 17, que considerar-se-á não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. ACEITAÇÃO DAS PROVAS. MOMENTO PROCESSUAL DA APRESENTAÇÃO. PRECLUSÃO. ATENUAÇÃO. VERDADE MATERIAL. NÃO COMPROVAÇÃO DAS ALEGAÇÕES POR PARTE DO RECORRENTE. AUSÊNCIA DE DOCUMENTOS. O direito da parte à produção de provas posteriores, até o momento da decisão administrativa comporta graduação, a critério da autoridade julgadora, com fulcro em seu juízo de valor acerca da utilidade e da necessidade, de modo a assegurar o equilíbrio entre a celeridade, a oficialidade, a segurança indispensável, a ampla defesa e a verdade material, para a consecução dos fins processuais, afastando-se a preclusão em alguns casos excepcionais, como aqueles que se referem a fatos notórios ou incontroversos, no tocante a documentos que permitem o fácil e rápido convencimento do julgador. Mesmo com esse raciocínio, no caso em tela não é possível alterar o lançamento, uma vez que o recorrente não apresenta qualquer documento que suporte suas alegações sobre o valor recebido a título de rendimentos, que destoa do valor informado em DIRF pela fonte pagadora. Recurso Voluntário Negado.
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RECURSO VOLUNTÁRIO. LIMITES DA LIDE. FASES. PROCEDIMENTO. O Decreto nº 70.235, de 1972, dispões sobre o processo administrativo fiscal e em seu artigo 33 estabelece que caberá recurso voluntário, total ou parcial, da decisão de 1ª instância. A atuação dos órgãos administrativos de julgamento pressupõe a existência de interesses opostos, expressos de forma dialética. Na lição de Calamandrei, “o processo se desenvolve como uma luta de ações e reações, de ataques e defesas, na qual cada um dos sujeitos provoca, com a própria atividade, o movimento dos outros sujeitos, e espera, depois, deles um novo impulso....”. Para a solução do litígio tributário deve o julgador delimitar, claramente, a controvérsia posta à sua apreciação, restringindo sua atuação apenas a um território contextualmente demarcado. Esses limites são fixados, por um lado, pela pretensão do Fisco e, por outro, pela resistência do contribuinte, expressos, respectivamente, pelo ato de lançamento e pela impugnação/recurso. "Procedimento é sinônimo de ‘rito’ do processo, ou seja, o modo e a forma por que se movem os atos do processo” (Theodoro Junior, Humberto in Curso de Direito Processual Civil, vol. I, 41 ed. Forense, Rio de Janeiro, 2004, p.303). O procedimento está estruturado segundo fases lógicas, que tornam efetivos os seus princípios fundamentais, como o da iniciativa da parte, o do contraditório e o do livre convencimento do julgador. Dispõe o PAF, artigo 17, que considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. ACEITAÇÃO DAS PROVAS. MOMENTO PROCESSUAL DA APRESENTAÇÃO. PRECLUSÃO. ATENUAÇÃO. VERDADE AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 72 13 61 /2 01 2- 17 Fl. 79DF CARF MF Impresso em 29/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 24 /02/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 11080.721361/201217 Acórdão n.º 2202003.085 S2C2T2 Fl. 80 2 MATERIAL. NÃO COMPROVAÇÃO DAS ALEGAÇÕES POR PARTE DO RECORRENTE. AUSÊNCIA DE DOCUMENTOS. O direito da parte à produção de provas posteriores, até o momento da decisão administrativa comporta graduação, a critério da autoridade julgadora, com fulcro em seu juízo de valor acerca da utilidade e da necessidade, de modo a assegurar o equilíbrio entre a celeridade, a oficialidade, a segurança indispensável, a ampla defesa e a verdade material, para a consecução dos fins processuais, afastandose a preclusão em alguns casos excepcionais, como aqueles que se referem a fatos notórios ou incontroversos, no tocante a documentos que permitem o fácil e rápido convencimento do julgador. Mesmo com esse raciocínio, no caso em tela não é possível alterar o lançamento, uma vez que o recorrente não apresenta qualquer documento que suporte suas alegações sobre o valor recebido a título de rendimentos, que destoa do valor informado em DIRF pela fonte pagadora. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa – Presidente. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Eduardo de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Martin da Silva Gesto, Wilson Antônio de Souza Corrêa (Suplente Convocado) e Márcio Henrique Sales Parada. Relatório O Julgador de 1ª instância muito bem delimitou a questão, pelo que me valho, em parte, de suas disposições, como relatório, complementandoas ao final (fl. 51/52): Mediante Notificação de Lançamento, de fls. 08/12, exigese do contribuinte acima qualificado o recolhimento do imposto de renda pessoa física, acrescido de multa de ofício, multa de mora e juros de mora, totalizando R$ 14.009,60, calculados até 29/12/2011, em virtude da constatação de irregularidades na declaração de ajuste anual referente ao exercício de 2009, ano calendário de 2008. Fl. 80DF CARF MF Impresso em 29/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 24 /02/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 11080.721361/201217 Acórdão n.º 2202003.085 S2C2T2 Fl. 81 3 A fiscalização informa às fls. 09 que constatou compensação indevida de imposto de renda retido na fonte no valor de R$ 5.449,67 e, às fls. 10, omissão de rendimentos de aluguéis ou royalties recebidos de pessoas jurídicas, no valor de R$ 10.908,05. (...) A fiscalização informa às fls. 09 que os motivos que levaram a proceder à glosa do imposto de renda retido na fonte foram: a) as empresas Natureza Restaurante Vegetariano Ltda e Michele Schwantes Trapaga não apresentaram Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte – DIRF informando o IRRF declarado pelo contribuinte; b) o contribuinte não comprovou o recolhimento do IRRF nem apresentou os contratos de locação e comprovação da propriedade dos bens locados, conforme solicitado no Termo de Intimação Fiscal 2009/107329172884555. O contribuinte afirma que o imposto de renda retido na fonte objeto da glosa por parte da fiscalização foi efetivamente recolhido pelas fontes pagadoras dos rendimentos de aluguéis. Para comprovar a alegação, anexou cópia dos comprovantes de rendimentos pagos e de retenção de imposto de renda emitidos pelos locatários conforme consta às fls. 13/14. O recolhimento do IRRF por parte das fontes pagadoras dos aluguéis consta no sistema SIEF da Receita Federal do Brasil. Em vista disso, a glosa promovida pela fiscalização relativamente ao IRRF deve ser cancelada. Quanto à omissão de rendimentos de aluguéis pagos pela empresa Via Imports CD, não há contestação objetiva devendo esta parte do lançamento fiscal ser mantida. Cientificado dessa decisão em 14/03/2012, conforme AR na folha 57, o Contribuinte apresentou recurso voluntário em 13/04/2012, com protocolo na folha 59. Em sede de recurso, diz que vem recorrer da decisão da DRJ porque a Notificação Fiscal considerou que a receita recebida por ele fora de R$ 32.283,05, a título de aluguéis pagos pela empresa Via Imports CD's, o que foi mantido pela decisão recorrida. Entretanto, alega que "o comprovante" apresentado pela referida fonte "atesta que" o valor correto seria de R$ 28.048,50, "eis que o locatário informou valores de despesas condominiais, IPTU, água e outras taxas". Discrimina os valores mês a mês. Arremata que "para comprovar o real valor percebido da locatária acima, ...o Recorrente acosta cópia do Informe que lhe fora entregue..." É o relatório. Voto Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada, Relator. Fl. 81DF CARF MF Impresso em 29/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 24 /02/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 11080.721361/201217 Acórdão n.º 2202003.085 S2C2T2 Fl. 82 4 O recurso é tempestivo, conforme relatado, e, atendidas as demais formalidades legais, dele tomo conhecimento. A numeração de folhas a que me refiro a seguir é a identificada após a digitalização do processo, transformado em meio eletrônico (arquivo.pdf). Primeiramente, lendo a Impugnação que consta das folhas 02 e seguintes, concordo com o Julgador de 1ª instância de que naquela ocasião o Contribuinte não contestou expressamente a matéria relativa à omissão de rendimentos relativos à Via Import's Cd's (artigo 17 do PAF), que está muito clara na Notificação de Lançamento. Dessa feita, o Julgador a considerou não impugnada e dela não tratou. Transcrevo daquele Voto (fl. 53): Quanto à omissão de rendimentos de aluguéis pagos pela empresa Via Imports CD, não há contestação objetiva devendo esta parte do lançamento fiscal ser mantida. A outra parte do lançamento, relativa à glosa de imposto retido na fonte, já foi resolvida favoravelmente ao recorrente e por isso dela não se fala mais. Segundo Marcos Vinicius NEDER e Maria Teresa Martinez LOPÉZ: “Para a solução do litígio tributário deve o julgador delimitar, claramente, a controvérsia posta à sua apreciação, restringindo sua atuação apenas a um território contextualmente demarcado. Esses limites são fixados, por um lado, pela pretensão do Fisco e, por outro, pela resistência do contribuinte, expressos respectivamente pelo ato de lançamento e pela impugnação. A lei processual estabelece regras que deverão presidir as relações entre os intervenientes na discussão tributária. A atuação dos órgãos administrativos de julgamento pressupõe a existência de interesses opostos, expressos de forma dialética....Na lição de Calamandrei, “o processo se desenvolve como uma luta de ações e reações, de ataques e defesas, na qual cada um dos sujeitos provoca, com a própria atividade, o movimento dos outros sujeitos, e espera,depois, deles um novo impulso....” (NEDER, Marcos Vinícius e LOPEZ, Maria Teresa Martinez. Processo Administrativo Fiscal Comentado. 2ª ed,. Dialética, São Paulo, 2004, p. 265/266) À luz da melhor doutrina pátria, o processo civil, na linha do qual se encontra o processo administrativo fiscal, é um método de composição dos litígios, usado pelo Estado para cumprir sua função jurisdicional, com o objetivo imediato de aplicar a lei ao caso concreto e mediato de pacificação e paz social. Em razão de vários fatores, a forma como o processo se desenvolve assume feições diferentes. No dizer de Humberto Theodoro Júnior, “enquanto processo é uma unidade, como relação processual em busca da prestação jurisdicional, o procedimento é a exteriorização dessa relação e, por isso, pode assumir diversas feições ou modos de ser.” Ensina o renomado autor que “procedimento é, destarte, sinônimo de ‘rito’ do processo, ou seja, o modo e a forma por que se movem os atos do processo” (Theodoro Junior, Humberto in Curso de Direito Processual Civil, vol. I, 41 ed. Forense, Rio de Janeiro, 2004, p.303) Fl. 82DF CARF MF Impresso em 29/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 24 /02/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 11080.721361/201217 Acórdão n.º 2202003.085 S2C2T2 Fl. 83 5 Pois bem, o procedimento está estruturado segundo fases lógicas, que tornam efetivos os seus princípios fundamentais, como o da iniciativa da parte, o do contraditório e o do livre convencimento do julgador. Conforme os artigos 14 e 15 do Decreto 70.235/1972, que dispõe sobre o processo administrativo fiscal, é a impugnação da exigência, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, que instaura a fase litigiosa do procedimento. (grifei) A norma do PAF, Decreto nº 70.235/1972, art. 16, § 4º, estabelece que as provas devem ser apresentadas juntamente com a impugnação, precluindo o direito de fazêlo em outro momento processual. O sistema da oficialidade, adotado no processo administrativo, e a necessidade da marcha para frente, a fim de que o mesmo possa atingir seus objetivos de solução de conflitos e pacificação social, impõem que existam prazos e o estabelecimento da preclusão. A análise fria da norma chocase, prima facie, com os princípios da verdade material, sempre considerado nos julgamentos administrativos, e com a ampla defesa, homenageada no texto constitucional. A Lei nº 9.784/1999, que regula o processo administrativo em geral, no art. 3º, possibilita a apresentação de alegações e documentos antes da decisão e, no art. 38, permite que documentos probatórios possam ser juntados até a tomada da decisão administrativa. Entende abalizada doutrina, contudo, que, apesar disso, a lei específica, no caso o Decreto nº 70.235/1972, aplicarseia ao processo administrativo fiscal, em detrimento da lei geral. Entretanto, como concluem ressalvando correntes em contrário , MARIA TERESA MARTÍNEZ LOPEZ e MARCELA CHEFFER BIANCHINI, sobre o momento da apresentação da prova no processo administrativo fiscal, verificase a tendência de atenuar os rigores da norma, afastando a preclusão em alguns casos excepcionais, que indicam trataremse daqueles que se referem a fatos “notórios ou incontroversos”, no tocante a documentos que permitem o fácil e rápido convencimento do julgador. Assim, o direito da parte à produção de provas posteriores, até o momento da decisão administrativa comporta graduação, a critério da autoridade julgadora, com fulcro em seu juízo de valor acerca da utilidade e da necessidade, de modo a assegurar o equilíbrio entre a celeridade, a oficialidade, a segurança indispensável, a ampla defesa e a verdade material, para a consecução dos fins processuais. (A Prova no Processo Tributário, Coord. NEDER, Marcos Vinícius e outros – São Paulo : Dialética, 2010, p. 34 a 51) Conforme ensinou o Mestre Hely Lopes Meirelles: "o princípio do informalismo dispensa ritos sacramentais e formas rígidas para o processo administrativo, principalmente para os atos a cargo do particular.... Garrido Falla lembra, com oportunidade, que este princípio é de ser aplicado com espírito de benignidade e sempre em benefício do administrado, para que Fl. 83DF CARF MF Impresso em 29/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 24 /02/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 11080.721361/201217 Acórdão n.º 2202003.085 S2C2T2 Fl. 84 6 por defeito de forma não se rejeitem atos de defesa e recursos mal qualificados." (in Direito Administrativo Brasileiro, 32ª edição, atualizada. São Paulo: Malheiros, 2006, p.687) Contudo, no caso em tela não se pode acatar as alegações do recurso, não obstante se superasse a questão da preclusão processual e da não impugnação de parte da Notificação, uma vez que o Recorrente alega mas não anexa os documentos "notórios e incontroversos", que poderiam fazer prova a seu favor. A Notificação lançou uma omissão de rendimentos de R$ 10.908,05, percebidos da Via Imports Cd's porque o contribuinte declarara apenas R$ 21.375,00 e na DIRF a fonte informou R$ 32.283,05. Ainda na fase que precedeu ao lançamento, o contribuinte, em resposta à Intimação Fiscal, apresentou um comprovante de rendimentos, cópia na folha 22, que entretanto não contém carimbo, nome nem assinatura do responsável e não se pode conferir se foi de fato emitido pela fonte em questão. Portanto, não se coaduna com o que ele afirmara na Impugnação, referindose aos demais comprovantes de retenção na fonte (fl. 03): Considerando que a elaboração da declaração de IRPF deuse com base em documentos revestidos das formalidades legais exigidas, ... Não é o caso dessa cópia supracitada. No recurso, alterando o que havia declarado em DIRPF (fl. 25 R$ 21.375,00) ele afirma que o valor correto pago pela Via Imports Cd's seria de R$ 28.048,50 (fl. 60). Diz que "acosta cópia do informe que lhe fora entregue pela locatária..." . Mas observando os autos, não há nenhuma nova cópia de comprovante de rendimentos, salvo aquela da folha 22, acima já comentada. Assim, não se tem comprovação documental, a cargo do interessado, para alterar o valor considerado pela Autoridade Fiscal, que provém da DIRF apresentada pela fonte pagadora. CONCLUSÃO Portanto, não encontro razão para modificar o lançamento legalmente efetuado e VOTO no sentido de negar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Fl. 84DF CARF MF Impresso em 29/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 24 /02/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 11080.721361/201217 Acórdão n.º 2202003.085 S2C2T2 Fl. 85 7 Fl. 85DF CARF MF Impresso em 29/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 24 /02/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
score : 1.0
Numero do processo: 10183.722470/2011-41
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 24 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Sep 15 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2006, 2007, 2008
NULIDADE. INOCORRÊNCIA.
Estando os atos administrativos revestidos das formalidades legais e não tendo ocorrido nenhum cerceamento para a defesa do contribuinte, nenhuma nulidade ocorreu.
CONTRATAÇÃO COM FORNECEDORES DE BENS E SERVIÇOS E OUTROS.
Se a entidade pretende gozar de imunidade e isenções, a livre contratação, o princípio contábil da entidade e a ficção jurídica em que está baseada a assim chamada pessoa jurídica, dentre outros, não podem ser um manto que acoberte toda e qualquer contratação ou negócio.
ISENÇÕES. PROUNI.
Tendo havido infrações à legislação tributária que resultaram inclusive em falta de recolhimento de tributos, deve ser suspensa a isenção concedida no âmbito do Prouni.
CONTABILIDADE. DESCARACTERIZAÇÃO.
A regularidade formal da contabilidade não garante à entidade a fruição da imunidade ou de benefícios fiscais.
AUTO DE INFRAÇÃO.
Tendo havido a suspensão do gozo da imunidade e das isenções, correto o lançamento relativo ao IRPJ.
CSLL, PIS e COFINS. LANÇAMENTO.
Não tendo sido reconhecida a imunidade quanto à CSLL, ao PIS e à Cofins em processos anteriores e também neste, por descumprimento dos requisitos do art. 55 da Lei nº 8.212/91, deve ser mantido o auto de infração relativo a estas contribuições.
MULTA DE OFÍCIO. EFEITO DE CONFISCO.
Alegações que ultrapassem a análise de conformidade do ato de lançamento com as normas legais vigentes somente podem ser reconhecidas pelo Poder Judiciário e os princípios constitucionais têm por destinatário o legislador ordinário e não o mero aplicador da lei, que a ela deve obediência.
Numero da decisão: 1401-001.414
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, AFASTAR a preliminar de vinculação ao julgamento dos processos nº 10183.721592/2011-11 e nº 14098.720015/2012-11, REJEITAR as preliminares de nulidade, e no mérito, NEGAR provimento ao recurso, nos seguintes termos: 1 - Por maioria de votos, MANTER o ADE de exclusão da imunidade, vencidos os Conselheiros Maurício Pereira Faro e Karem Jureidini Dias. O Conselheiro Alexandre Antonio Alkmim Teixeira acompanhou o relator pelas conclusões, 2 - Pelo voto de qualidade, AFASTAR a alegação de isenção no âmbito do PROUNI, vencidos os Conselheiros Alexandre Antonio Alkmim Teixeira, Maurício Pereira Faro e Karem Jureidini Dias; e 3 - Pelo voto de qualidade, MANTER os autos de infração de IRPJ e CSLL, vencidos os Conselheiros Alexandre Antonio Alkmim Teixeira, Maurício Pereira Faro e Karem Jureidini Dias que cancelavam os autos pela necessidade de arbitramento.
(assinado digitalmente)
André Mendes de Moura - Presidente
(assinado digitalmente)
Fernando Luiz Gomes de Mattos Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura (Presidente), Mauricio Pereira Faro, Alexandre Antonio Alkmim Teixeira, Karem Jureidini Dias, Antonio Bezerra Neto, Fernando Luiz Gomes de Mattos.
Nome do relator: FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2006, 2007, 2008 NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Estando os atos administrativos revestidos das formalidades legais e não tendo ocorrido nenhum cerceamento para a defesa do contribuinte, nenhuma nulidade ocorreu. CONTRATAÇÃO COM FORNECEDORES DE BENS E SERVIÇOS E OUTROS. Se a entidade pretende gozar de imunidade e isenções, a livre contratação, o princípio contábil da entidade e a ficção jurídica em que está baseada a assim chamada pessoa jurídica, dentre outros, não podem ser um manto que acoberte toda e qualquer contratação ou negócio. ISENÇÕES. PROUNI. Tendo havido infrações à legislação tributária que resultaram inclusive em falta de recolhimento de tributos, deve ser suspensa a isenção concedida no âmbito do Prouni. CONTABILIDADE. DESCARACTERIZAÇÃO. A regularidade formal da contabilidade não garante à entidade a fruição da imunidade ou de benefícios fiscais. AUTO DE INFRAÇÃO. Tendo havido a suspensão do gozo da imunidade e das isenções, correto o lançamento relativo ao IRPJ. CSLL, PIS e COFINS. LANÇAMENTO. Não tendo sido reconhecida a imunidade quanto à CSLL, ao PIS e à Cofins em processos anteriores e também neste, por descumprimento dos requisitos do art. 55 da Lei nº 8.212/91, deve ser mantido o auto de infração relativo a estas contribuições. MULTA DE OFÍCIO. EFEITO DE CONFISCO. Alegações que ultrapassem a análise de conformidade do ato de lançamento com as normas legais vigentes somente podem ser reconhecidas pelo Poder Judiciário e os princípios constitucionais têm por destinatário o legislador ordinário e não o mero aplicador da lei, que a ela deve obediência.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2006, 2007, 2008 NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Estando os atos administrativos revestidos das formalidades legais e não tendo ocorrido nenhum cerceamento para a defesa do contribuinte, nenhuma nulidade ocorreu. CONTRATAÇÃO COM FORNECEDORES DE BENS E SERVIÇOS E OUTROS. Se a entidade pretende gozar de imunidade e isenções, a livre contratação, o princípio contábil da entidade e a ficção jurídica em que está baseada a assim chamada pessoa jurídica, dentre outros, não podem ser um manto que acoberte toda e qualquer contratação ou negócio. ISENÇÕES. PROUNI. Tendo havido infrações à legislação tributária que resultaram inclusive em falta de recolhimento de tributos, deve ser suspensa a isenção concedida no âmbito do Prouni. CONTABILIDADE. DESCARACTERIZAÇÃO. A regularidade formal da contabilidade não garante à entidade a fruição da imunidade ou de benefícios fiscais. AUTO DE INFRAÇÃO. Tendo havido a suspensão do gozo da imunidade e das isenções, correto o lançamento relativo ao IRPJ. CSLL, PIS e COFINS. LANÇAMENTO. Não tendo sido reconhecida a imunidade quanto à CSLL, ao PIS e à Cofins em processos anteriores e também neste, por descumprimento dos requisitos AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 18 3. 72 24 70 /2 01 1- 41 Fl. 10549DF CARF MF Impresso em 15/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/09/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/201 5 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/2015 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS Processo nº 10183.722470/201141 Acórdão n.º 1401001.414 S1C4T1 Fl. 3 2 do art. 55 da Lei nº 8.212/91, deve ser mantido o auto de infração relativo a estas contribuições. MULTA DE OFÍCIO. EFEITO DE CONFISCO. Alegações que ultrapassem a análise de conformidade do ato de lançamento com as normas legais vigentes somente podem ser reconhecidas pelo Poder Judiciário e os princípios constitucionais têm por destinatário o legislador ordinário e não o mero aplicador da lei, que a ela deve obediência. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, AFASTAR a preliminar de vinculação ao julgamento dos processos nº 10183.721592/201111 e nº 14098.720015/201211, REJEITAR as preliminares de nulidade, e no mérito, NEGAR provimento ao recurso, nos seguintes termos: 1 Por maioria de votos, MANTER o ADE de exclusão da imunidade, vencidos os Conselheiros Maurício Pereira Faro e Karem Jureidini Dias. O Conselheiro Alexandre Antonio Alkmim Teixeira acompanhou o relator pelas conclusões, 2 Pelo voto de qualidade, AFASTAR a alegação de isenção no âmbito do PROUNI, vencidos os Conselheiros Alexandre Antonio Alkmim Teixeira, Maurício Pereira Faro e Karem Jureidini Dias; e 3 Pelo voto de qualidade, MANTER os autos de infração de IRPJ e CSLL, vencidos os Conselheiros Alexandre Antonio Alkmim Teixeira, Maurício Pereira Faro e Karem Jureidini Dias que cancelavam os autos pela necessidade de arbitramento. (assinado digitalmente) André Mendes de Moura Presidente (assinado digitalmente) Fernando Luiz Gomes de Mattos – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura (Presidente), Mauricio Pereira Faro, Alexandre Antonio Alkmim Teixeira, Karem Jureidini Dias, Antonio Bezerra Neto, Fernando Luiz Gomes de Mattos. Fl. 10550DF CARF MF Impresso em 15/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/09/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/201 5 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/2015 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS Processo nº 10183.722470/201141 Acórdão n.º 1401001.414 S1C4T1 Fl. 4 3 Relatório Por bem descrever os fatos, adoto e transcrevo parcialmente o relatório que consta da decisão recorrida, fls. 1035110356 : IUNI Educacional S/A, acima qualificada, teve suspensas a imunidade e as isenções, estas últimas que seriam advindas da adesão ao PROUNI, por meio do Ato Declaratório Executivo nº 338, de 28 de julho de 2011, publicado no Diário Oficial da União – Seção I, de 9 de agosto de 2011 (fl. 1.278). Em face disso, teve lavrados contra si os Autos de Infração (fls. 02 a 27), em decorrência de insuficiência de recolhimentos de Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza das pessoas jurídica (IRPJ), inclusive adicional, e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). A autuação resultou nos créditos tributários de R$ 21.431.681.01 relativos ao IRPJ, R$ 16.073.760,73 (multa) e R$ 9.490.916,53 de juros moratórios calculados até 29 de julho de 2011, totalizando R$ 46.996.358,27. No que tange à CSLL, os créditos foram: R$ 7.732.685,17 de contribuição, R$ 5.799.513,86 (multa) e R$ 3.424.654,53 de juros moratórios calculados até a mesma data acima referida. O total do crédito tributário lançado foi de R$ 63.953.211,83. A descrição dos fatos e os respectivos enquadramentos encontramse nos autos de infração. A pormenorização dos procedimentos, bem como os motivos da suspensão da imunidade e das isenções, encontramse no Termo de Verificação Fiscal – IRPJ e CSLL acostado às fls. 1.291 a 1.302. A ciência quanto aos Autos de Infração ocorreu em 15 de agosto de 2011, conforme AR de fl. 1.306. No que tange à suspensão da imunidade e das isenções, a contribuinte recebeu a Notificação Fiscal Procedimento nº 354/2009 (fls. 462 a 484 – AR à fl. 485), tendoa impugnado por meio do documento de fls. 874 a 1.070. A decisão relativa a essa impugnação ocorreu por meio do Despacho Decisório nº 1.235 – DRF – CBA (f. 1.234 a 1.276), cuja ciência ocorreu em 15 de agosto de 2011 (AR à fl. 1.305), concluindose no sentido de suspender a imunidade e as isenções com a expedição de ato declaratório já referido supra. Em 14 de setembro de 2011, foram protocoladas as impugnações: tanto quanto àquela relativa à suspensão da imunidade e isenções (fls. 9.453 a 9.607), quanto à referente aos autos de infração (fls. 9.206 a 9.250). Conforme determina o art. 32, § 9º, da Lei nº 9.430/1996, “as impugnações contra o ato declaratório e contra a exigência de Fl. 10551DF CARF MF Impresso em 15/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/09/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/201 5 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/2015 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS Processo nº 10183.722470/201141 Acórdão n.º 1401001.414 S1C4T1 Fl. 5 4 crédito tributário serão reunidas em um único processo, para serem decididas simultaneamente”. No documento de fls. 9.453 a 9.607, firmado por procuradores (instrumento de mandato e cópia da carteira de identidade OAB dos signatários às fls. 9.610 a 9.619) após resumo dos fatos é aduzido, em apertada síntese que: a) a impugnação é tempestiva; b) o processo relativo ao IRPJ e à CSLL deve ser reunido com o referente à contribuição para o PIS/Pasep e Cofins, sendo que os argumentos e os documentos apresentados devem ser levados em conta no julgamento de ambas as autuações; c) o Despacho Decisório nº 1.235/11 é nulo porque: c.1) a decisão foi baseada em aferições sem fundamento jurídico; c.2) documentos comprobatórios das alegações foram devolvidos sob o fundamento de que eram inócuos, procedimento esse inconstitucional e ilegal; d) o Ato Declaratório Executivo nº 338/11 é nulo, pois foi produzido antes da decisão que o fundamenta; e) “as declarações realizadas no termo de adesão ao PROUNI são irrelevantes em face do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (CEAS)” e Atestado de Registro no Conselho Nacional de Serviço Social (CNSS), desde 1990; f) a Lei nº 11.096/05 autorizava que as pessoas jurídicas obtivessem a certificação mesmo após o deferimento de sua opção ao PROUNI; g) a partir do deferimento do CEAS, a impugnante se viu formalmente reconhecida como entidade de assistência social; h) “o certificado de entidade beneficente de assistência social (CEAS) tem efeitos meramente declaratórios” e, assim, o percentual de gratuidade deverá ser calculado com base no disposto no art. 11 da Lei nº 11.096/05 e não nos termos do art. 10 dessa mesma lei; i) no cálculo do percentual de gratuidade devese levar em consideração a receita anual efetivamente recebida proveniente de mensalidades escolares, não havendo que se falar em receitas de aplicações financeiras, locação de bens, venda de bens, doações de particulares e, bem assim, devem ser excluídos a inadimplência, os descontos financeiros, e os cancelamentos de mensalidade, além dos valores relativos às bolsas de estudos; j) além de tudo isso, devem ser considerados também os valores despendidos a título de projetos assistenciais, o que não ocorreu no cálculo efetuado pelos autuantes, não obstante a disponibilização dos dados a eles relativos; Fl. 10552DF CARF MF Impresso em 15/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/09/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/201 5 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/2015 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS Processo nº 10183.722470/201141 Acórdão n.º 1401001.414 S1C4T1 Fl. 6 5 k) não há norma que proíba a contratação de empresas prestadoras de serviços em cujo quadro social constem pessoas que também compõem o quadro da contratante que é entidade beneficente; k.1) os preços praticados eram compatíveis com os do mercado; k.2) os serviços foram efetivamente prestados; k.3) no âmbito privado há o direito à livre contratação; k.4) não há identidade entre a pessoa jurídica e seus representantes; l) a impugnante tem o direito de exercer atividade econômica, com o objetivo de angariar recursos para a melhoria contínua de suas atividades e geração de recursos para a consecução dos objetivos institucionais; m) as atividades promovidas pela impugnante são estruturadas em prol do benefício da coletividade e não de seus associados, sendo que os meios econômicos utilizados são apenas uma alternativa para atingir os fins para o qual foi constituída; n) a União das Escolas Superiores de Cuiabá – UNIC, enquadrase como uma associação civil, sem fins lucrativos, voltada à atividade educacional, de caráter cultural, científico e social, como se depreende de seu estatuto social; o) as decisões dos tribunais ratificam o entendimento esposado; p) não há lei que obrigue o contratante a investigar a idoneidade/aptidão de fornecedor perante órgãos federais, nem se pode atribuir àquele sanções por atos praticados por estes, conforme posição adotada pelos tribunais; q) a Preplan mantinha escrituração fiscal regular e tinha outras fontes de receita além da IUNI, sendo que os contratos firmados foram regulares; r) a permuta entre a Preplan e a Televisão Centro América Ltda., bem como “a relação jurídica que permeia a triangulação apontada encontrase lastreada de instrumento de contrato, notas fiscais, controle de inserções comerciais apresentados pela empresa emissora (apontamentos), além da escrituração de despesas capazes de evidenciar o negócio jurídico realizado”; s) foi regular a aquisição de imóvel realizada pela impugnante junto à Preplan, e a existência de benfeitorias realizadas por terceiros (posto de gasolina), mesmo que não conste sua imobilização, não impõe a sua não execução; t) a Universo Empreendimentos Ltda. prestou efetivamente os serviços à impugnante, tendo atividade econômica distinta dessa relação contratual; Fl. 10553DF CARF MF Impresso em 15/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/09/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/201 5 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/2015 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS Processo nº 10183.722470/201141 Acórdão n.º 1401001.414 S1C4T1 Fl. 7 6 u) o mesmo se diga em relação às aquisições feitas junto à Universo Comércio de Combustíveis; v) as transações comerciais com a empresa Divino Florentino Santana Júnior ME foram regulares tendo sido apresentados comprovantes de pagamento, de recebimento de mercadorias e Notas Fiscais, não obstante o apontamento da fiscalização quanto à inidoneidade de tais documentos fiscais formalizado durante a fiscalização que culminou nos atos a que se referem este processo; w) os serviços contratados junto à Pruden Comércio e Locação de Ferramentas Ltda. eram necessários e foram apresentados todos os documentos pertinentes e comprobatórios, quais sejam: Notas Fiscais e comprovantes de pagamentos, podendo ainda ser comprovada a existência das edificações por meio de diligência “in loco”; x) os valores praticados pelas prestadoras de serviços eram compatíveis com os de mercado, conforme comprova Parecer Técnico de Obra Civil elaborado pelo engenheiro, perito judicial, Sr. Edmilson Pinho de Sá; y) os eventos apontados pela fiscalização como desvio de finalidade possuem absoluta consonância com o papel social e institucional da entidade, havendo escrituração contábil demonstrativa; z) as despesas feitas junto ao Buffet Leila Malouf Ltda. estão relacionados diretamente com o objetivo precípuo da entidade, na valorização do profissional e na sua integração com a sociedade, tais como, manifestações culturais, eventos pedagógicos e atividades de integração; aa) os dispêndios com a empresa Mais Perto Mini Mercado Ltda. referemse a “coffeebreak” e café da manhã com seminários e eventos compatíveis com os objetivos da instituição, bem como com cestasbásicas relativas a projeto social desenvolvido junto à Creche São Francisco de Assis; bb) quanto à empresa Comercial Chuveirão das Tintas Ltda., o fato referese à aquisição de precatório, que não era de alto risco, “vez que o deságio na compra ... foram realizados justamente diante da necessidade de obter condições para garantir créditos tributários com meios hábeis e legalmente impostos e adequar a realidade fática enfrentada pela impugnante à época; cc) houve necessidade de contratação da empresa Unitas Consultores Ltda., em vista da dificuldade financeira da entidade; dd) no que tange à União para o desenvolvimento da Pós Graduação – Unipós, “a capacitação de profissionais de ensino que compõem o quadro docente da entidade constitui atividade precípua da entidade; Fl. 10554DF CARF MF Impresso em 15/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/09/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/201 5 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/2015 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS Processo nº 10183.722470/201141 Acórdão n.º 1401001.414 S1C4T1 Fl. 8 7 ee) muito embora a impugnante e a Unic Várzea Grande serem representadas pelo mesmo dirigente, o recurso foi utilizado para pagamento da prestação de serviço que foi empregado na sua atividade fim; ff) os valores relativos a repasses à Fundação Altamiro Galindo eram referentes a parcerias com a Fundação Banco do Brasil, para o desenvolvimento turístico do estado de Mato Grosso, o que guarda total relação com as atividades educacionais desenvolvidas pela entidade; gg) a empresa Souza e Galindo Ltda. foi constituída exclusivamente para atender os interesses da impugnante, no caso, aos estágios supervisionados, além do seu funcionamento como farmáciaescola, dentro das instalações da UNIC e os recursos advindos do objeto social foram empregados na consecução de suas atividades; hh) a aquisição de fundo de comércio de Centro de Idiomas Ltda. possui consonância com a atividade institucional da entidade impugnante, no fomento das atividades de extensão; ii) foram efetuadas doações à Associação MatoGrossense de Combate ao Câncer e à Associação Nacional dos Magistrados são relativas a convênios, o que possibilitou a realização de atividades complementares na área da saúde e de seminário na área do Direito; jj) o mesmo ocorreu quanto aos pagamentos à Associação de Proteção à Maternidade e à Infância de Cuiabá; kk) as parcerias decorrem da autonomia didáticocientífica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, de acordo com o art. 2º do estatuto da Universidade de Cuiabá, conforme prevista no art. 207 da Constituição federal; ll) essas parcerias e convênios proporcionam a formação de profissionais aptos a atender às necessidades sociais; mm) a contabilidade da impugnante em nenhum momento foi descaracterizada pela fiscalização e todos os gastos foram comprovados. Requer, ao final, a nulidade do Ato Declaratório Executivo (ADE) ou, caso isso não ocorra, a insubsistência da motivação do referido ADE, bem como dos autos de infração. Há o protesto por todos os meios de prova em direito admitidos. Na impugnação relativa aos autos de infração (fls. 9.206 a 9.250) foi aduzido: a) as instituições educacionais, bem como as de assistência social, sem fins lucrativos, estão imunes aos impostos sobre o patrimônio, renda e serviços; b) a IUNI, até março de 2008, enquadravase no disposto no art. 150, VI, “c”, da Constituição Federal, tendo obtido o Fl. 10555DF CARF MF Impresso em 15/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/09/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/201 5 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/2015 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS Processo nº 10183.722470/201141 Acórdão n.º 1401001.414 S1C4T1 Fl. 9 8 Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (CEAS), o Certificado de Registro no Conselho Municipal de Assistência Social (COMAS) e o título de Utilidade Pública Federal e Estadual; c) quer em face da imunidade, quer em face de sua adesão ao PROUNI, a impugnante não estava sujeita ao recolhimento do IRPJ; d) a impugnante estava imune ao recolhimento de toda e qualquer exação destinada ao financiamento da seguridade social (CSLL, contribuição para o PIS e Cofins), a teor do art. 195, § 7º, da Constituição Federal; e) os requisitos para o gozo da imunidade foram preenchidos, concretamente, pela impugnante, uma vez esta ter obtido o CEAS, ter sido reconhecida como de utilidade pública federal, estadual e municipal e ser portadora do Certificado e do Registro de Entidade de Fins Filantrópicos; f) a impugnante promovia, gratuitamente e em caráter exclusivo, a assistência social beneficente a pessoas carentes; g) seus dirigentes nunca receberam nenhuma remuneração, nem usufruíram vantagens ou benefícios a qualquer título; h) a entidade era isenta relativamente ao IRPJ e à CSLL, com base na Lei do PROUNI; i) o índice de gratuidade relativo ao PROUNI deve ser calculado segundo o disposto no art. 11 da Lei nº 11.096/05 e não conforme o disposto no seu art. 10; j) os débitos devem ser suspensos, a teor do art. 151, inc. III, do Código Tributário Nacional; k) a multa de 75% tem caráter confiscatório. Ao final é requerida a suspensão da exigibilidade dos créditos tributários lançados e a nulidade dos autos de infração. Às fls. 10.330 a 10.346 foi juntado Parecer nº 05/2011 do Consae. Também foram lavrados autos de infração para exigência de PIS e COFINS, originalmente integrantes do processo nº 10183.722471/201196, que atualmente se encontra apensado ao presente processo. Consta do relatório da decisão de piso, proferida no aludido processo nº 10183.722471/201196, fls. 93799380: IUNI Educacional S/A, acima qualificada, teve suspensas a imunidade e as isenções, estas últimas que seriam advindas da adesão ao PROUNI, por meio do Ato Declaratório Executivo nº 338, de 28 de julho de 2011, publicado no Diário Oficial da União – Seção I, de 9 de agosto de 2011 (fl. 1.159). Em face disso, teve lavrados contra si os Autos de Infração (fls. 04 a 29), Fl. 10556DF CARF MF Impresso em 15/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/09/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/201 5 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/2015 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS Processo nº 10183.722470/201141 Acórdão n.º 1401001.414 S1C4T1 Fl. 10 9 em decorrência de insuficiência de recolhimentos de contribuição para o PIS e Cofins. A autuação resultou nos créditos tributários de R$ 8.368.569,23 relativos à Cofins, R$ 6.276.426,82 (multa) e R$ 3.820.510,41 de juros moratórios calculados até 29 de julho de 2011, totalizando R$ 18.465.506,82. No que tange à contribuição para o PIS, os créditos foram: R$ 1.813.189,98 de contribuição, R$ 827.777,14 (multa) e R$ 1.359.892,36 de juros moratórios calculados até a mesma data acima referida. O total do crédito tributário lançado foi de R$ 22.466.365,94. A descrição dos fatos e os respectivos enquadramentos encontramse nos autos de infração. A pormenorização dos procedimentos, bem como os motivos da suspensão da imunidade e das isenções, encontramse no Termo de Verificação Fiscal – PIS e Cofins acostado às fls. 1.162 a 1.171. A ciência quanto aos Autos de Infração ocorreu em 15 de agosto de 2011, conforme AR de fl. 1.175. No que tange à suspensão da imunidade e das isenções, a contribuinte recebeu a Notificação Fiscal Procedimento nº 354/2009 (fls. 465 a 487 – AR à fl. 488), tendoa impugnado por meio do documento de fls. 877 a 1.073. A decisão relativa a essa impugnação ocorreu por meio do Despacho Decisório nº 1.235 – DRF – CBA (f. 1.115 a 1.157), cuja ciência ocorreu em 15 de agosto de 2011 (AR à fl. 1.174), concluindose no sentido de suspender a imunidade e as isenções com a expedição de ato declaratório já referido supra. Em 14 de setembro de 2011, foi protocolada impugnação aos autos de infração (fls. 9.140 a 9.188) na qual foi aduzido, em apertada síntese que: a) a impugnante estava imune ao recolhimento de toda e qualquer exação destinada ao financiamento da seguridade social (CSLL, contribuição para o PIS e Cofins), a teor do art. 195, § 7º, da Constituição Federal; b) a IUNI preenchia todos os requisitos prescritos pela legislação para o gozo da imunidade prevista no art. 195, § 7º, da Constituição Federal, tendo obtido o Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (CEAS), dentre outros, tendo sido reconhecida como de utilidade pública federal, estadual e municipal, sendo portadora, ainda, do Certificado e do Registro de Entidade de Fins Filantrópicos; c) a impugnante promovia, gratuitamente e em caráter exclusivo, a assistência social beneficente a pessoas carentes; d) seus dirigentes nunca receberam nenhuma remuneração, nem usufruíram vantagens ou benefícios a qualquer título; Fl. 10557DF CARF MF Impresso em 15/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/09/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/201 5 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/2015 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS Processo nº 10183.722470/201141 Acórdão n.º 1401001.414 S1C4T1 Fl. 11 10 e) os resultados operacionais eventualmente obtidos eram aplicados integralmente na manutenção e desenvolvimento de seus objetivos institucionais; f) a entidade era isenta da Cofins, com base no disposto no art. 6º, inciso III, da Lei Complementar nº 70/91; g) a entidade era isenta relativamente a impostos e contribuições, com base na Lei do PROUNI; h) o índice de gratuidade relativo ao PROUNI deve ser calculado segundo o disposto no art. 11 da Lei nº 11.096/05 e não conforme o disposto no seu art. 10; i) os débitos devem ser suspensos, a teor do art. 151, inc. III, do Código Tributário Nacional; j) a multa de 75% tem caráter confiscatório. Ao final é requerida a suspensão da exigibilidade dos créditos tributários lançados e a nulidade dos autos de infração. Nos autos do processo nº 10183.722470/201141, há impugnação ao Ato Declaratório Executivo nº 338, de 28 de julho de 2011, publicado no Diário Oficial da União de 9 de agosto de 2011. Nesta (fl. 9.460), a impugnante assim se manifesta: 16. De acordo com o que prescreve o art. 9º, § 1º, do Decreto nº 70.23/72, fazse necessário o julgamento desta impugnação em conjunto com àquelas apresentadas nos processos administrativos nºs 10183.722470/201141 e 10183.722471/200196, oriundos dos Autos de Infração relativos ao IRPJ, à CSLL, à Contribuição ao PIS e à COFINS, resultados da ação fiscal MPF/RPF nº 01.3.01.002009003540, prestigiandose a economia processual e evitandose eventuais decisões conflitantes. Afinal, tais autuações foram feitas em conjunto, analisando os mesmos fatos e documentos, o que implica compartilhamento de provas. 17. Sobremais, é inconteste a relação de implicação existente entre as referidas autuações. Isto porque os Autos de Infração relativos às Contribuições ao PIS, à COFINS, à CSLL e ao IRPJ foram lavrados, conforme se depreende dos respectivos relatos da infração, com base na suspensão das imunidades e isenções de que gozava a Impugnante. Assim, demonstrada a improcedência das suspensão da imunidade/isenção relativas a estes tributos, a conclusão não pode ser outra senão a do reconhecimento da improcedência das autuações fiscais. 18. Assim, sendo, todos os argumentos apresentados nesta impugnação, bem como os documentos ora anexados, deverão ser levados em consideração no julgamento das autuações relativas às Contribuições ao PIS, à COFINS, à CSLL e ao IRPJ (MPF nº 01.3.01.002009003540), pois, caso contrário, estar seá cerceando o direito de defesa do Impugnante. Fl. 10558DF CARF MF Impresso em 15/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/09/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/201 5 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/2015 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS Processo nº 10183.722470/201141 Acórdão n.º 1401001.414 S1C4T1 Fl. 12 11 De fato, conforme determina o art. 32, § 9º, da Lei nº 9.430/1996, “as impugnações contra o ato declaratório e contra a exigência de crédito tributário serão reunidas em um único processo, para serem decididas simultaneamente”. A 2ª Turma da DRJ Campo Grande, por unanimidade, julgou improcedente a impugnação, por meio de Acórdão que recebeu a seguinte ementa, fls. 1034910350: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2006, 2007, 2008 NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Estando os atos administrativos revestidos das formalidades legais e não tendo ocorrido nenhum cerceamento para a defesa do contribuinte, nenhuma nulidade ocorreu. CONTRATAÇÃO COM FORNECEDORES DE BENS E SERVIÇOS E OUTROS. Se a entidade pretende gozar de imunidade e isenções, a livre contratação, o princípio contábil da entidade, a ficção jurídica em que está baseada a assim chamada pessoa jurídica, dentre outros, não podem ser um manto que acoberte toda e qualquer contratação ou negócio. ISENÇÕES. PROUNI. Tendo havido infrações à legislação tributária que resultaram inclusive em falta de recolhimento de tributos, deve ser suspensa a isenção concedida no âmbito do Prouni. CONTABILIDADE. DESCARACTERIZAÇÃO. A regularidade formal da contabilidade não garante à entidade a fruição da imunidade ou de benefícios fiscais. AUTO DE INFRAÇÃO. Tendo havido a suspensão do gozo da imunidade e das isenções, correto o lançamento relativo ao IRPJ. CSLL. LANÇAMENTO. Não tendo sido reconhecida a imunidade quanto à CSLL e à Cofins em processos anteriores e também neste, por descumprimento dos requisitos do art. 55 da Lei nº 8.212/91, deve ser mantido o auto de infração relativo à CSLL. CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE. A suspensão da exigibilidade dos créditos tributários, no caso de haver impugnação é de lei e deve ser operacionalizada pelo órgão a quo: a delegacia ou inspetoria da Receita Federal da circunscrição do sujeito passivo. Fl. 10559DF CARF MF Impresso em 15/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/09/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/201 5 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/2015 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS Processo nº 10183.722470/201141 Acórdão n.º 1401001.414 S1C4T1 Fl. 13 12 MULTA DE OFÍCIO. EFEITO DE CONFISCO. Alegações que ultrapassem a análise de conformidade do ato de lançamento com as normas legais vigentes somente podem ser reconhecidas pelo Poder Judiciário e os princípios constitucionais têm por destinatário o legislador ordinário e não o mero aplicador da lei, que a ela deve obediência. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido No processo nº 10183.722471/201196, referente ao PIS e COFINS, foi proferido Acórdão com a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2006, 2007, 2008 NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Estando os atos administrativos revestidos das formalidades legais e não tendo ocorrido nenhum cerceamento para a defesa do contribuinte, nenhuma nulidade ocorreu. CONTRATAÇÃO COM FORNECEDORES DE BENS E SERVIÇOS E OUTROS. Se a entidade pretende gozar de imunidade e isenções, a livre contratação, o princípio contábil da entidade, a ficção jurídica em que está baseada a assim chamada pessoa jurídica, dentre outros, não podem ser um manto que acoberte toda e qualquer contratação ou negócio. ISENÇÕES. PROUNI. Tendo havido infrações à legislação tributária que resultaram inclusive em falta de recolhimento de tributos, deve ser suspensa a isenção concedida no âmbito do Prouni. CONTABILIDADE. DESCARACTERIZAÇÃO. A regularidade formal da contabilidade não garante à entidade a fruição da imunidade ou de benefícios fiscais. AUTO DE INFRAÇÃO. Tendo havido a suspensão do gozo da imunidade e das isenções, correto o lançamento relativo à contribuição para o PIS. COFINS. LANÇAMENTO. Fl. 10560DF CARF MF Impresso em 15/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/09/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/201 5 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/2015 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS Processo nº 10183.722470/201141 Acórdão n.º 1401001.414 S1C4T1 Fl. 14 13 Não tendo sido reconhecida a imunidade quanto à CSLL e à Cofins em processos anteriores e também neste, por descumprimento dos requisitos do art. 55 da Lei nº 8.212/91, deve ser mantido o auto de infração relativo à Cofins. CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE. A suspensão da exigibilidade dos créditos tributários, no caso de haver impugnação é de lei e deve ser operacionalizada pelo órgão a quo: a delegacia ou inspetoria da Receita Federal da circunscrição do sujeito passivo. MULTA DE OFÍCIO. EFEITO DE CONFISCO. Alegações que ultrapassem a análise de conformidade do ato de lançamento com as normas legais vigentes somente podem ser reconhecidas pelo Poder Judiciário e os princípios constitucionais têm por destinatário o legislador ordinário e não o mero aplicador da lei, que a ela deve obediência. Cientificada dos referidos Acórdãos em 08/02/2012 (fls. 10384 e ), a contribuinte apresentou em 09/03/2012 os recursos voluntários de fls. 1039010482 e 10483 10526, respectivamente referentes à suspensão das imunidades e isenções e às exigências do IRPJ, CSLL, PIS e Cofins. Em suas peças recursais, a recorrente reiterou os argumentos apresentados na fase impugnatória. Por ocasião do julgamento do presente processo, em sessão realizada no mês de novembro de 2014, a recorrente apresentou Memorial, onde argumenta que houve lavratura de autos de infração relativos a créditos previdenciários. Fez referência expressa aos processos administrativos fiscais nº 10183.721592/201111 e nº 14098.720015/201211, afirmando que tais processos já foram julgados pela 2ª Seção de Julgamento deste CARF, com resultado favorável à contribuinte. Afirmou, por fim, que os aludidos processos abordam matéria idêntica a que se debate no presente processo e que se referem ao mesmo período de fato gerador. Com base nestas alegações, sustenta que o presente recurso deve ser julgado procedente, com o intuito de se evitar julgamentos conflitantes. Diante desta alegação, o ilustre Conselheiro Alexandre Antonio Alkmim Teixeira achou por bem solicitar vistas dos autos, visando apreciar o inteiro teor das decisões proferidas no aludidos processos nº 10183.721592/201111 e nº 14098.720015/201211. É o relatório. Fl. 10561DF CARF MF Impresso em 15/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/09/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/201 5 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/2015 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS Processo nº 10183.722470/201141 Acórdão n.º 1401001.414 S1C4T1 Fl. 15 14 Voto Conselheiro Fernando Luiz Gomes de Mattos Relator Os recursos atendem aos requisitos legais, razão pela qual devem ser conhecidos. Preliminares De plano, considero oportuno apreciar a alegação da recorrente, apresentada em sede de memorial, no sentido de que os processos nº 10183.721592/201111 e nº 14098.720015/201211, já julgados pela 2ª Seção de Julgamento deste CARF, versariam sobre matéria idêntica à que se debate no presente processo e seriam pertinentes ao mesmo período de fato gerador. Não assiste razão à recorrente. Conforme relatado, o presente processo versa sobre os anoscalendário 2006, 2007, 2008. Por sua vez, o processo administrativo nº 14098.720015/201211 versa sobre o período de 01/01/2009 a 31/11/2011, conforme consta da ementa da decisão proferida pela 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da Segunda Seção de Julgamento deste CARF. Além disso, devese ter em conta que o aludido processo nº 14098.720015/201211 versa sobre matéria completamente diversa da que é tratada no presente processo, conforme se verifica por meio da simples transcrição do seguinte trecho, extraído do retrocitado Acórdão: Nos termos do Relatório Fiscal (fls. 24/27), a Recorrente, pretensamente beneficiária da isenção das contribuições previdenciárias patronais, utilizandose das prerrogativas estabelecidas no art. 13 da Lei nº 11.096, de 13 de janeiro de 2005 (PROUNI), passou a pagar a quota patronal para a previdência social, no período de 01/2009 a 11/2011, correspondente a 20% (vinte por cento) do valor devido, gradual e acumuladamente, via compensação declarada nas Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social GFIP. Ocorre, entretanto, que, nos termos do citado dispositivo, o benefício ali previsto foi concedido às pessoas jurídicas de direito privado, mantenedoras de instituição de ensino superior, sem fins lucrativos, que estivessem no gozo da isenção da contribuição para a seguridade social de que trata o §7º do art. 195 da Constituição Federal. Esclarece o Fiscal Autuante que a Recorrente nunca esteve isenta do recolhimento das contribuições previdenciárias patronais (jamais obteve o denominado Ato Declaratório de Isenção), possuindo, apenas, mera expectativa desse direito (o que a vincula às normas previdenciárias aplicáveis às empresas em geral). Fl. 10562DF CARF MF Impresso em 15/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/09/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/201 5 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/2015 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS Processo nº 10183.722470/201141 Acórdão n.º 1401001.414 S1C4T1 Fl. 16 15 Ressalto, outrossim, que no tocante à acusação fiscal de distribuição disfarçada de lucros, no processo nº 14098.720015/201211 somente foi apreciada a questão relativa à pessoa jurídica Tercerize Administradora de Serviços Ltda., não havendo qualquer referência às pessoas jurídicas que serão analisadas no presente processo (Preplan, Universo Empreendimentos Ltda. e Universo Comércio de Combustíveis Ltda., Divino Florentino Santana Júnior ME, Pruden Comércio e Locação de Ferramentas Ltda., Buffet Leila Malouf Ltda, Mais Perto Mini Mercado Ltda., Comercial Chuveirão das Tintas Ltda., Unitas Consultores Ltda., Unipós União para o Desenvolvimento da Pós Graduação, Unic Várzea Grande, Fundação Altamiro Galindo, Souza e Galindo Ltda., Centro de Idiomas Ltda., Associação MatoGrossense de Combate ao Câncer, Associação Nacional dos Magistrados e Associação de Proteção à Maternidade e à Infância de Cuiabá). O mesmo ocorre em relação ao processo administrativo nº 10183.721592/201111. Tal processo versa sobre matéria totalmente diversa da que é analisada no presente processo, fato que pode ser facilmente constatado pela simples leitura do seguinte trecho, extraído do Acórdão proferido naqueles autos: Tratase de Auto de Infração, que objetiva a cobrança de: DEBCAD nº 37.337.9080, referente às contribuições previdenciárias correspondentes à parte da empresa (alíquota de 20%) e contribuições relativas ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrentes dos riscos ambientais do trabalho Gilrat/SAT/RAT (alíquota de 1%), incidentes sobre as remunerações pagas, devidas e creditadas aos segurados empregados, cujas bases de cálculo foram declaradas em GFIP com incorreções no código FPAS (declaradas sob o código FPAS 639 quando o correto é o código FPAS 574) e não recolhidas aos cofres públicos; DEBCAD nº 37.337.9099, referente às contribuições devidas às outras entidades e fundos: FNDE (2,5%), INCRA (0,2%), SESC (1,5%) e SEBRAE (0,3%), cujas bases de cálculo foram declaradas em GFIP com incorreções no código FPAS (declaradas sob o código FPAS 639 quando o correto é o código FPAS 574) e não recolhidas aos cofres públicos; DEBCAD nº 37.337.9072, por ter apresentado GFIP com informações incorretas ou omissas. Também neste caso, no tocante à acusação fiscal de distribuição disfarçada de lucros, somente foi apreciada a questão relativa à pessoa jurídica Tercerize Administradora de Serviços Ltda., não havendo qualquer referência às pessoas jurídicas que serão analisadas no presente processo (Preplan, Universo Empreendimentos Ltda. e Universo Comércio de Combustíveis Ltda., Divino Florentino Santana Júnior ME, Pruden Comércio e Locação de Ferramentas Ltda., Buffet Leila Malouf Ltda, Mais Perto Mini Mercado Ltda., Comercial Chuveirão das Tintas Ltda., Unitas Consultores Ltda., Unipós União para o Desenvolvimento da Pós Graduação, Unic Várzea Grande, Fundação Altamiro Galindo, Souza e Galindo Ltda., Centro de Idiomas Ltda., Associação MatoGrossense de Combate ao Câncer, Associação Nacional dos Magistrados e Associação de Proteção à Maternidade e à Infância de Cuiabá). Fl. 10563DF CARF MF Impresso em 15/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/09/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/201 5 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/2015 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS Processo nº 10183.722470/201141 Acórdão n.º 1401001.414 S1C4T1 Fl. 17 16 Diante do exposto, concluo que os processos administrativos nº 10183.721592/201111 e nº 14098.720015/201211, já julgados pela 2ª Seção de Julgamento deste CARF, não guardam nenhuma relação de dependência ou decorrência em relação ao presente processo. Assim sendo, pode e deve este colegiado apreciar livremente os fatos constantes dos autos, sem o risco de produzir julgamentos divergentes em relação ao que restou decidido dos retrocitados processos. Passo, portanto, a apreciar as questões de fato e de direito objeto do presente processo. A Recorrente argüiu a nulidade da decisão de primeira instância, sob as seguintes alegações: a) fundamentação inadequada; b) não apreciação de todas as impugnações; c) nulidade do Despacho Decisório nº 1.235/11 e d) nulidade do Ato Declaratório Executivo nº 338/11. Nenhuma dessas alegações merece prosperar. No que tange à suposta fundamentação inadequada de decisão de piso, cumpre dizer que tal fato, ainda que resultasse comprovado, não ensejaria a nulidade da aludida decisão. Na verdade, eventual erro de fundamentação da aludida decisão ensejaria, tão somente, a reforma do Acórdão proferido pelo colegiado julgador a quo. Por esta razão, transferese a análise dessas alegações para a segunda parte do presente voto, na qual se examinará o mérito do presente processo. Improcedente, por sua vez, a alegação da Recorrente de que não teriam sido apreciadas todas as impugnações por ele apresentadas. Compulsando os autos, facilmente se verifica que as aludidas impugnações foram, sim, devidamente analisadas, nos autos nº 10183.722470/201141 e 10183.722471/201196. Ressaltese, por oportuno, que este segundo processo (10183.722471/201196) foi apensado ao presente, em cumprimento à determinação constante do próprio Acórdão recorrido. Também não deve prosperar as argüições de nulidade do Despacho Decisório nº 1.235/11 e do Ato Declaratório Executivo nº 338/11, pelas razões claramente expostas na decisão recorrida, fls. 10357: [...] nenhuma nulidade há porquanto os atos se revestiram das formalidades legais e, ainda, porque nenhum cerceamento houve para a defesa da interessada: a ciência quanto ao ADE ocorreu posteriormente à data de sua publicação e no mesmo dia daquela dos autos de infração (15 de agosto de 2011) e, a partir dessa data, começou a correr o prazo para impugnação de um e de outros, direito que foi exercitado e que é motivo desta decisão. Diante do exposto, voto pela rejeição das presentes preliminares de nulidade. Mérito Livre contratação de fornecedores de bens e serviços Fl. 10564DF CARF MF Impresso em 15/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/09/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/201 5 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/2015 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS Processo nº 10183.722470/201141 Acórdão n.º 1401001.414 S1C4T1 Fl. 18 17 Assim como procedeu na fase impugnatória, a contribuinte, ora Recorrente, alega a sua plena liberdade de contratação de bens e serviços, com base nos seguintes fundamentos específicos: a) não há norma que proíba a contratação de empresas prestadoras de serviços em cujo quadro social constem pessoas que também compõem o quadro da contratante que é entidade beneficente; a.1) os preços praticados eram compatíveis com os do mercado; a.2) os serviços foram efetivamente prestados; a.3) no âmbito privado há o direito à livre contratação; a.4) não há identidade entre a pessoa jurídica e seus representantes; b) a impugnante tem o direito de exercer atividade econômica, com o objetivo de angariar recursos para a melhoria contínua de suas atividades e geração de recursos para a consecução dos objetivos institucionais; c) as atividades promovidas pela impugnante são estruturadas em prol do benefício da coletividade e não de seus associados, sendo que os meios econômicos utilizados são apenas uma alternativa para atingir os fins para o qual foi constituída; d) a União das Escolas Superiores de Cuiabá – UNIC, enquadravase como uma associação civil, sem fins lucrativos, voltada à atividade educacional, de caráter cultural, científico e social, como se depreende de seu estatuto social; e) as decisões dos tribunais ratificam o entendimento esposado; f) não há lei que obrigue o contratante a investigar a idoneidade/aptidão de fornecedor perante órgãos federais, nem se pode atribuir àquele sanções por atos praticados por estes, conforme posição adotada pelos tribunais. Ao apreciar tais alegações, manifestouse com grande propriedade a decisão de piso, fls. 10358: A contribuinte esposa entendimento que, da forma genérica exposta, não pode ser refutado. Contudo, há que se observar a peculiaridade de cada caso. No da contribuinte, esta se consubstancia na pretensão de a entidade gozar de imunidade e isenções. Observandose esse aspecto, a livre contratação, o princípio contábil da entidade, a ficção jurídica em que está baseada a assim chamada pessoa jurídica, dentre outros, não podem ser um manto que acoberte toda e qualquer contratação ou negócio. Também, não se está atribuindo à contribuinte sanções por atos praticados por terceiros. A sanção, no caso a suspensão da imunidade e isenções está baseada em fatos praticados pela Fl. 10565DF CARF MF Impresso em 15/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/09/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/201 5 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/2015 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS Processo nº 10183.722470/201141 Acórdão n.º 1401001.414 S1C4T1 Fl. 19 18 própria contribuinte interessada, segundo a legislação pertinente, o que se verá abaixo, caso a caso, conforme impugnados. A seguir, analisamse as evidências contrárias à Recorrente, para cada fornecedor de bens ou serviços. Preplan Em sua defesa, sustentou a Recorrente que: a) a Preplan mantinha escrituração fiscal regular e tinha outras fontes de receita além da IUNI; b) todos os contratos firmados entre as partes foram regulares; c) a permuta entre a Preplan e a Televisão Centro América Ltda., bem como “a relação jurídica que permeia a triangulação apontada encontrase lastreada de instrumento de contrato, notas fiscais, controle de inserções comerciais apresentados pela empresa emissora (apontamentos), além da escrituração de despesas capazes de evidenciar o negócio jurídico realizado”; d) foi regular a aquisição de imóvel realizada pela impugnante junto à Preplan, e a existência de benfeitorias realizadas por terceiros (posto de gasolina), mesmo que não conste sua imobilização, não impõe a sua não execução. Os elementos constantes dos autos demonstram, claramente, que dois sócios da Preplan eram, concomitantemente, dirigentes da IUNI: Altamiro Belo Galindo, presidente do conselho de administração e seu fundador, e Wlademir Lovato Fragão, integrante do Conselho Fiscal da IUNI e genro do primeiro, este último também fundador da IUNI. Sem qualquer afronta à autonomia privada quanto às contratações, devese ter em conta que, em havendo vinculação entre as partes contratantes, a regularidade dos contratos não pode ser analisada puramente sob o aspecto formal. Em casos desta espécie, é fundamental que se analisem os contratos também sob o aspecto material. Com este intuito, a decisão de piso, com muita propriedade, destacou inúmeras irregularidades materiais que, por si só, justificavam a suspensão da imunidade e das isenções. Por economia processual, transcrevo aqui as mesmas irregularidades destacadas pelo voto condutor da decisão a quo, fls. 1035810360: A remuneração indireta ocorreu por meio de concessão de empréstimos e de distribuição de lucros pela Preplan, sendo o saldo absorvido nas suas operações, para que alcançasse resultado positivo ou minimizasse eventuais prejuízos. [...] Só para registro, outros membros da família, quais sejam, Abrão Antonio Sebe, administrador da IUNI, e Mário César Fernandes, conselheiro fiscal de IUNI (então genros de Altamiro), Rodrigo Calvo Galindo e Marcelo Calvo Galindo (filhos de Altamiro), Fl. 10566DF CARF MF Impresso em 15/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/09/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/201 5 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/2015 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS Processo nº 10183.722470/201141 Acórdão n.º 1401001.414 S1C4T1 Fl. 20 19 também haviam participado do quadro societário da empresa de acordo com o quadro demonstrativo retromencionado. [...] Preplan foi intimada a prestar esclarecimentos sobre a relação percentual entre a receita total e a receita de vendas com IUNI, bem assim sobre eventuais pagamentos aos sócios e apresentação dos livros razão e registro de entradas. Apresentou os elementos solicitados em 04/03/2011, esclarecendo que a relação percentual entre sua receita bruta e as vendas para IUNI foi de 31% em 2006. No livro Razão de 2006, folha 278, consta distribuição de lucros aos sócios no valor de R$ 182.000,00. Esclareceu também que em 2007 o sócio Altamiro Belo Galindo recebeu R$ 586.429,24, como empréstimo na modalidade mútuo. No livro Razão, folhas 101 e 102, a quantia foi escriturada na conta “Adiantamentos a Dirigentes”. Não consta escrituração de distribuição de lucros. Todavia, foi apurado lucro no ano no valor de R$ 147.900,41, de acordo com escrituração à folha 227 do livro razão, ficando à disposição dos sócios. [...] De acordo com as receitas declaradas nas DIPJ apresentadas por Preplan e os pagamentos efetuados por IUNI, em 2006 a relação percentual foi de 48,7% e de 1,2% em 2007. Os recursos destinados para Preplan em 2007 se referiram quase que totalmente à aquisição de terreno, de acordo com contrato firmado em 10/04/2007, por pessoas que eram ao mesmo tempo sócias da empresa e dirigentes da IUNI. O valor do negócio foi de R$ 3.200.000,00, com base em laudo de avaliação emitido por engenheiro. O valor de mercado do terreno foi fixado em R$ 1.905.359,80. As benfeitorias existentes perfizeram o restante da avaliação, sendo avaliadas em R$ 1.306.247,70. Ocorre que as benfeitorias existentes não pertencem à empresa vendedora (Preplan). Como se vê no laudo, as benfeitorias avaliadas pertencem ao posto de gasolina instalado no local, outra das empresas beneficiadas com pagamentos efetuados por IUNI: Universo Comércio de Combustíveis Ltda. [...] Considerando que as benfeitorias fossem mesmo da terceira empresa, o posto de gasolina (2ª hipótese), IUNI efetuou pagamento a mais do que o devido pelo terreno que adquiriu. [...] Fl. 10567DF CARF MF Impresso em 15/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/09/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/201 5 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/2015 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS Processo nº 10183.722470/201141 Acórdão n.º 1401001.414 S1C4T1 Fl. 21 20 Em razão dos sócios terem recebido lucros e empréstimos no anocalendário de 2006 fica reforçada a caracterização da outra infração mencionada, ao passo que recursos da IUNI, pagos para Preplan Construtora e Incorporadora Ltda., terminaram por contribuir com distribuição, de forma indireta pela primeira, aos seus dirigentes. Universo Empreendimentos Ltda. e Universo Comércio de Combustíveis Ltda. Os elementos constantes dos autos demonstram, claramente, a ocorrência de a remuneração indireta dos dirigentes da IUNI, por meio das duas pessoas jurídicas em apreço. Em sua peça recursal, a contribuinte sustenta que Universo Empreendimentos Ltda. e Universo Comércio de Combustíveis efetivamente prestaram os serviços à impugnante e que ambas exerciam atividade econômica distinta dessa relação contratual. Em relação a tais empresas, também considero oportuno transcrever os fatos destacadas pelo voto condutor da decisão a quo, fls. 1036010361, os quais demonstram de maneira inequívoca a remuneração indireta dos dirigentes da IUNI: Universo Empreendimentos Ltda., pagamentos no total de R$ 2.667.760,44, em todos os trimestres de 2006, e nos três primeiros trimestres de 2007, caracterizando infração ao art. 12, § 2º, alínea "a", da Lei n° 9.532/1997, e ao art. 55, inciso IV, da Lei n° 8.212/1991, à medida que dois dos sócios da empresa, Abrão Antonio Sebe e Wlademir Lovato Fragão, já identificados, participavam concomitantemente da administração de IUNI, de acordo com demonstrativo em anexo, baseado nos extratos do CNPJ, constante dos documentos relativos ao subitem "III.1". Dessa forma, pagamentos efetuados por IUNI serviram para beneficiar ou dar vantagem para empresa com fins lucrativos, remunerando indiretamente seus dirigentes. A remuneração indireta ocorreu com distribuição de lucros efetuada por Universo Empreendimentos, sendo o saldo absorvido nas suas operações, para que alcançasse resultado positivo ou minimizasse eventuais prejuízos. A empresa tem ainda como sócio, segundo o CNPJ, Francisco Bello Galindo Filho (irmão de Altamiro) e já teve como sócios: Regina Célia Calvo Galindo (filha de Altamiro), cônjuge de Mário César Fernandes, já identificado. Por fim, a empresa mudou seu domicílio fiscal para Rua Sinjão Curvo 100, Bairro Santa Rosa, Cuiabá/MT, mesmo endereço atual de Preplan (subitem III.1), indicando que solicitou a regularização da situação cadastral "inapta". Segundo consta na DIPJ relativa ao anocalendário de 2006 os sócios Abrão Antonio Sebe, Francisco Bello Galindo e Wlademir Lovato Fragão receberam distribuição de lucros, reforçando a caracterização da infração mencionada. Fl. 10568DF CARF MF Impresso em 15/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/09/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/201 5 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/2015 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS Processo nº 10183.722470/201141 Acórdão n.º 1401001.414 S1C4T1 Fl. 22 21 A empresa foi intimada a prestar esclarecimentos sobre a relação percentual entre a receita total e a receita de vendas com IUNI, bem assim sobre eventuais pagamentos aos sócios e apresentação dos livros razão e registro de entradas. Apresentou os elementos solicitados em 04/03/2011, esclarecendo que a relação percentual entre sua receita bruta e as vendas para IUNI foi de 77,66% em 2006 e 95,84% em 2007, ou seja, a empresa praticamente existiu em função da IUNI, indicando que operava no estrito interesse desta e de seus dirigentes. [...] III.3 Universo Comércio de Combustíveis Ltda., pagamentos no total de R$ 565.335,49, em todos os trimestres de 2006 e de 2007 e no 1º trimestre/2008, caracterizando infração ao art. 12, § 2 o , alínea "a", da Lei n° 9.532/1997, e ao art. 55, inciso IV, da Lei n° 8.212/1991, â medida que dois dos sócios da empresa, Abrão Antonio Sebe e Wlademir Lovato Fragão, já identificados, participavam concomitantemente da administração de IUNI. Dessa forma, pagamentos efetuados por IUNI serviram para beneficiar ou dar vantagem para empresa com fins lucrativos, remunerando indiretamente os sócios desta. A remuneração indireta ocorreu por meio de distribuição de lucros, sendo o saldo absorvido nas operações da empresa para que alcançasse resultado positivo ou minimizasse eventuais prejuízos. A empresa teve como sócio Francisco Bello Galindo Filho, já identificado, e tem como sócio Célia Marilena Calvo Galindo, esposa de Altamiro, conselheira fundadora de IUNI. O endereço da empresa situase no estacionamento da própria IUNI, segundo complemento informado no CNPJ (ao que parece é o terreno adquirido de Preplan). Segundo consta nas DIPJ relativas aos anoscalendário de 2006 e 2007 os sócios Abrão Antonio Sebe, Francisco Belo Galindo e Wlademir Lovato Fragão receberam distribuição de lucros, reforçando a caracterização da infração mencionada. Divino Florentino Santana Júnior ME Em sua peça recursal, repetindo o que foi alegado na fase impugnatória, a contribuinte sustenta que, em relação a este fornecedor, foram apresentados comprovantes de pagamento, de recebimento de mercadorias e Notas Fiscais, não obstante a acusação fiscal relativa à inidoneidade de tais documentos fiscais. Para maior clareza, também em relação a este fornecedor, opto por transcrever os fatos relevantes, corretamente destacados pela decisão de piso, fls. 1036110362: IUNI apresentou em seu estabelecimento as notas fiscais e as cópias de cheques internas, alegando que o material foi recebido Fl. 10569DF CARF MF Impresso em 15/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/09/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/201 5 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/2015 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS Processo nº 10183.722470/201141 Acórdão n.º 1401001.414 S1C4T1 Fl. 23 22 e imediatamente aplicado na manutenção de equipamentos de informática. A conclusão de que os documentos fiscais são inidôneos e não corresponderam a operações de compra e venda de produtos de informática foi baseada na seguinte apuração. A firma, apesar de encontrarse com a inscrição no CNPJ ativa, entregou declarações como inativa nos dois anoscalendário, de acordo com extrato do sistema IRPJ. Em razão disso, a Fiscalização compareceu ao local em 20/07/2010 e constatou que a firma não existe no endereço, tratandose de imóvel residencial. Como se vê pelo CNPJ, ela estaria estabelecida em tal endereço desde 20/10/2003. Na mesma data, foi lavrado Termo de Intimação para que apresentasse relações de vendas e de recebimentos que confirmassem as operações encontradas na escrituração comercial de IUNI. A resposta datada de 03/08/2010, supostamente assinada pelo titular da firma, cumpriu a intimação dando conta de que foram emitidas duas notas fiscais durante o ano de 2006 e duas durante o ano de 2007, todas recebidas em várias parcelas por meio de cheques. A partir desse contexto foram feitas pesquisas nas informações disponíveis nos bancos de dados da Receita Federal, a fim de determinar a capacidade operacional da representada ou detectar algum indício de que estivesse em funcionamento. Foi encontrada apenas movimentação financeira de R$ 9.586,84 em 2006 (dados da CPMF). Considerando o resultado, foi lavrado Termo de Intimação em 10/08/2010 para que a firma prestasse esclarecimentos e apresentasse os documentos comprobatórios em relação às operações e aos recebimentos junto a IUNI, que esclarecesse a contradição entre afirmar ter emitido notas fiscais e terse declarado inativa e que esclarecesse (no caso de operações com mercadorias) de qual empresa as mesmas foram adquiridas e quais os dados dessas operações. Em 08/09/2010 foi protocolada resposta, sem documentos indicativos de que a assinatura seja do titular, alegando em síntese que: As declarações simplificadas apresentadas em 27/08/2010 indicam que a firma só teria auferido receitas das vendas para IUNI nos exatos valores das notas fiscais, ou seja, só teria funcionado em função dessas supostas transações, mas não conseguiu comprovar que efetuou as compras das mercadorias que teria vendido para IUNI e que estaria em atividade. Fl. 10570DF CARF MF Impresso em 15/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/09/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/201 5 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/2015 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS Processo nº 10183.722470/201141 Acórdão n.º 1401001.414 S1C4T1 Fl. 24 23 O titular da firma consta como empregado da empresa WIMAQUINAS Indústria e Comércio Ltda, EPP, CNP 37.513.959/000130, durante o ano de 2007 quando a firma estava inativa, frisese, ano em que emitiu duas notas fiscais para IUNI EDUCACIONAL. Por fim, estando inativa e com endereço num imóvel residencial, à época em que as transações teriam ocorrido, não teria como IUNI encontrar a firma para efetuar um orçamento, como foi alegado, que culminaria na compra de materiais tão sensíveis, sem procedência e sem garantia. Não obstante a afirmação da Recorrente de que comprou, pagou e recebeu os equipamentos, os elementos constantes dos autos, acima resumidos, revelam claramente que tais fatos não ocorreram. Conforme bem apontado pela decisão de piso, a IUNI não tinha, na época, condição concreta de contatar uma empresa que sequer tinha um estabelecimento. Além disso, também não se revela plausível a hipótese de compra de material de informática sem qualquer garantia de procedência ou mesmo de funcionamento. Pruden Comércio e Locação de Ferramentas Ltda. A situação dos serviços contratados junto à Pruden Comércio e Locação de Ferramentas Ltda. guarda grande semelhança com a situação acima transcrita, referente ao fornecedor Divino Florentino Santana Júnior ME. Em sua defesa, alegou a Recorrente que: a) os serviços contratados eram necessários; b) foram apresentados todos os documentos pertinentes e comprobatórios, quais sejam Notas Fiscais e comprovantes de pagamentos. A Recorrente acrescentou que a efetiva existência das edificações poderia, ainda, ser constatada por meio de diligência “in loco”. Conforme bem apontado pela decisão de piso, a simples existência das edificações não constitui fato suficiente para comprovar a efetiva prestação de serviços por parte da Pruden. Da mesma forma, a mera apresentação dos documentos fiscais e dos comprovantes de pagamento também não comprovam a regularidade das operações, mormente no caso de a contratada não possuir capacidade operacional, conforme revelam os fatos destacados na decisão de piso, fls. 1036210363: Pruden Comércio e Locação de Ferramentas Ltda., pagamentos nos três primeiros trimestres de 2006, no total de R$ 282.228,18, caracterizando infração ao art. 12, § 2°, alíneas "b" e "d", da Lei n° 9.532/1997, e ao art. 55, inciso V, da Lei n° 8.212/1991, à medida que aplicou recursos em operação ou causa não comprovada, com base em pagamentos para quitação de notas fiscais de serviços, em contraponto ao fato de que a Fiscalização não localizou o estabelecimento da empresa, resultando inaptidão da inscrição no CNPJ, de acordo Ato Declaratório Executivo em anexo. IUNI apresentou em seu estabelecimento os comprovantes de pagamento da maioria das operações em que foi intimada, mas no que tange à efetiva comprovação da tomada dos serviços Fl. 10571DF CARF MF Impresso em 15/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/09/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/201 5 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/2015 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS Processo nº 10183.722470/201141 Acórdão n.º 1401001.414 S1C4T1 Fl. 25 24 limitouse a apresentar as notas fiscais e os esclarecimentos (aluguel de andaimes e ferramentas para utilização em obras, reformas e pintura dos prédios da Universidade) o que não é suficiente quando foi cientificada de que a empresa emitente teve a inscrição no CNPJ declarada inapta por não localização do seu estabelecimento. Tal fato (a falta da comprovação da efetiva tomada desses serviços) é compreensível, considerando que o endereço da matriz da empresa emitente situase num edifício de escritórios desde 03/10/2002, e os endereços das filiais 0002 (baixada) e 0003, no município de Presidente Prudente/SP, desde a abertura de ambas. Dessa forma, informando endereço onde não está instalada, a empresa emitente demonstra que não tinha capacidade operacional, em termos de instalações e equipamentos, para prestar os serviços constantes das notas fiscais apresentadas por IUNI e esta, por sua vez, como reflexo, não poderia ter tomado tais serviços. As notas fiscais da empresa indicam o endereço inexistente. A Recorrente, em sua peça de defesa, alegou que os valores praticados pelas prestadoras de serviços eram compatíveis com os de mercado, conforme comprova parecer técnico. Tal alegação, contudo, não tem o condão de transformar as operações em regulares, nem descaracterizam o claro indício de remuneração indireta. Buffet Leila Malouf Ltda No que tange às despesas efetuadas junto ao Buffet Leila Malouf Ltda., a Recorrente sustentou que as mesmas estão relacionadas diretamente com o objetivo precípuo da entidade, na valorização do profissional e na sua integração com a sociedade, tais como, manifestações culturais, eventos pedagógicos e atividades de integração. Sobre tal alegação, manifestouse com clareza e objetividade a decisão recorrida, fls. 10363: Essa afirmação está correta, contudo em parte apenas. Algumas das despesas foram efetuadas com atividades que não têm tais características. É o que ocorre no caso de festas juninas, aniversário de entidade ligada a uma outra associação (HGU) e festa de final de ano na sede da associação de professores. Mais Perto Mini Mercado Ltda. No que tange aos dispêndios incorridos junto à empresa Mais Perto Mini Mercado Ltda., a Recorrente alegou tratarse de “coffeebreak” e café da manhã com seminários e eventos compatíveis com os objetivos da instituição, bem como com cestas básicas relativas a projeto social desenvolvido junto à Creche São Francisco de Assis. Com relação a tais alegações, assim se manifestou a decisão de piso, fls. 1036310364: Fl. 10572DF CARF MF Impresso em 15/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/09/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/201 5 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/2015 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS Processo nº 10183.722470/201141 Acórdão n.º 1401001.414 S1C4T1 Fl. 26 25 Nesse caso, também, algumas atividades, de fato, podem ser enquadradas como eventos pedagógicos e de integração. Entretanto, não há nenhuma comprovação nos autos de que as cestas básicas, com as quais se teve maior dispêndio, foram efetivamente entregues à creche e distribuídas à população carente. Há apenas protocolos e relatórios entregues ao INSS sem que seja comprovada a efetiva destinação das referidas cestas básicas. Ademais, os pagamentos feitos pela IUNI ao Mais Perto Mini Mercado ocorreram na proporção de 60,6% em 2006 e de 85,6% em 2007 em relação às receitas deste, o que indica que o mercado tinha a IUNI como cliente quase que exclusivo. Comercial Chuveirão das Tintas Ltda. No que tange a esta pessoa jurídica, alegou a Recorrente se tratava da aquisição de precatório, que não era de alto risco, “vez que o deságio na compra dos referidos direitos creditórios foram realizados justamente diante da necessidade de obter condições para garantir créditos tributários com meios hábeis e legalmente impostos e adequar a realidade fática enfrentada pela impugnante à época”. Conforme bem apontado pela decisão de piso, fls. 10364, a citada operação, além de não se enquadrar nos objetivos institucionais da impugnante era, como se referiu o auditorfiscal, de alto risco. Por economia processual, também em relação a este tema transcrevo os fatos destacados pela decisão de piso, fls. 10364: Os cedentes dos créditos situamse em outra Unidade da Federação (São Paulo), indicado que IUNI buscou ou aceitou oferta, em atividade típica de negócio estranho às suas atividades normais. Pelos documentos apresentados por IUNI e pela empresa cedente dos direitos, verificase que houve um deságio no valor de aquisição. Essa aquisição seria de alto risco, daí talvez a origem do deságio tão significativo, considerando que nos contratos de cessão é mencionado que existe ação rescisória por parte do INCRA. Adquirir direitos creditórios não faz parte do conjunto de aplicações de recursos para manutenção e desenvolvimento dos objetivos institucionais da entidade, sobretudo com a justificativa de oferecer garantias para apresentação de embargos à execução, quando poderia apresentar seus imóveis ao invés de aplicar recursos vultosos em precatórios sob risco de ter a sentença de origem revertida. Unitas Consultores Ltda. Em relação a esta pessoa jurídica, alegou a Recorrente que a contratação de tais serviços eram necessários, em vista da dificuldade financeira da entidade. Fl. 10573DF CARF MF Impresso em 15/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/09/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/201 5 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/2015 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS Processo nº 10183.722470/201141 Acórdão n.º 1401001.414 S1C4T1 Fl. 27 26 Sobre o tema, o Acórdão de piso apontou, corretamente (fls. 10364) que estudos ou prospecções para a inserção de instituição de ensino no mercado financeiro e mobiliário não se incluem em seus objetivos institucionais. Para maior clareza, transcrevo alguns fatos, corretamente destacados pela decisão de piso, fls. 1036410365: Unitas Consultores Ltda., pagamentos no 3 o e no 4 o trimestres de 2 006, no total de R$ 251.478,45, caracterizando infração ao art. 12, § 2°, alínea "b", da Lei n° 9.532/1997, e ao art. 55, inciso V, da Lei n° 8.212/1991, à medida que aplicou recursos em operação ou causa não afeta à atividade principal da instituição superior de ensino, qual seja, honorários para empresa de consultoria com vistas à implantação e administração, para captação de recursos mencionados na ordem de R$ 55.000.000,00, de fundo de investimento em direitos creditórios FIDC, operado em bases do mercado financeiro e mobiliário. [...] Em síntese, o FIDC deveria adquirir direitos que IUNI teria a receber e esses títulos seriam custodiados por instituições financeiras, para cobrança junto aos devedores. Não está claro no contrato apresentado como esse fundo remuneraria os investidores, até porque os créditos recebíveis de IUNI em sua maioria são mensalidades que, salvo melhor juízo, não tem potencial de gerar rendimentos competitivos com qualquer fundo de investimento existente no mercado. E, se tem, isso não foi demonstrado. [...] De toda forma, IUNI esclareceu na resposta protocolada em 24/03/2011, em síntese, que os estudos foram feitos pela empresa UNITAS, a fim de equalizar seu passivo, com custo de rolagem muito alto, a partir da captação de recursos de terceiros por meio do FIDC, mas que a idéia foi abandonada pela superveniência de linha de crédito mais vantajosa oferecida por instituição financeira. Ao contrário do que afirmou na referida resposta, não apresentou os documentos relativos à rescisão do contrato com UNITAS, mas somente a descrição da operação feita pela empresa. Ao mesmo tempo em que se faziam tais estudos para encontrar saídas à alegada situação delicada do passivo da entidade, IUNI fazia, por exemplo, investimentos na aquisição de cessão de direitos, que mais tarde tornaramse precatório judicial (subitem III.7), além das outras destinações indevidas de recursos relatadas na presente Notificação, de maneira que os valores pagos para UNITAS não foram necessários para a manutenção dos objetivos institucionais de IUNI. Unipós União para o Desenvolvimento da Pós Graduação Fl. 10574DF CARF MF Impresso em 15/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/09/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/201 5 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/2015 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS Processo nº 10183.722470/201141 Acórdão n.º 1401001.414 S1C4T1 Fl. 28 27 Alegou a Recorrente que tais dispêndios destinaramse “a capacitação de profissionais de ensino que compõem o quadro docente da entidade constitui atividade precípua da entidade”. Sobre o tema, a decisão de piso destacou que, na escrituração contábil, tais dispêndios constavam como “eventos e confraternizações”. O Acórdão recorrido destacou, outrossim, a ausência de comprovação nos autos de que tais “eventos e confraternizações” se consubstanciaram em capacitação dos docentes a serviço da impugnante. Por fim, destacou a decisão de piso que a Unipós era presidida pela senhora Regina Célia Calvo Galindo, filha de Altamiro Belo Galindo (presidente do conselho de administração e fundador da IUNI) e cônjuge de Mário César Fernandes (conselheiro fiscal de IUNI). Com base nestas constatações, assim concluiu corretamente a decisão de piso, fls. 10365: Dessa forma, o pagamento incorre nas duas irregularidades: favorecimento a dirigente da IUNI, por intermédio de pagamento a pessoa jurídica da qual o mesmo é presidente; aplicação de recurso em gasto não comprovado como necessário ao desenvolvimento dos objetivos institucionais de IUNI, sendo prestados apenas esclarecimentos sem a comprovação necessária, em contraponto à escrituração da despesa na conta de "eventos e confraternizações". Unic Várzea Grande Alegou a Recorrente que tais valores foram dispendidos para pagamento da prestação de serviço empregado na sua atividade fim. A escrituração da contribuinte revela que tais pagamentos foram contabilizados na conta de despesas “outras assessorias”. Os autos demonstram que tais serviços seriam relativos a realização de processo seletivo. Os elementos constantes dos autos demonstram, outrossim, que o presidente da entidade era o senhor Rodrigo Calvo Galindo, filho de Altamiro Belo Galindo (presidente do conselho de administração e fundador da IUNI). Para maior clareza, adoto e transcrevo as razões de decidir constantes da decisão de piso, fls. 10.366: Os esclarecimentos vieram na resposta de 24/03/2011, onde os pagamentos teriam sido para realização de processo seletivo de alunos para o 1ºo e 2º semestres/2007. Os pagamentos ocorreram no 1ºo e no 2º trimestres de 2006 e no 3º trimestre de 2007, no total de R$ 353.841,65, incongruentes com a finalidade de serviços supostamente prestados no 4° trimestre/2006 com vistas ao processo seletivo do 1º trimestre/2007, como alegado, ou no 1° trimestre/2007 com vistas ao processo seletivo do 2º trimestre/2007, como alegado, caracterizando infração ao art. 12, § 2º, alínea “b”, da Lei nº Fl. 10575DF CARF MF Impresso em 15/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/09/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/201 5 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/2015 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS Processo nº 10183.722470/201141 Acórdão n.º 1401001.414 S1C4T1 Fl. 29 28 8.532/1997, e ao art. 55, incisos IV e V, da Lei n° 8.212/1991, à medida que o pagamento foi para pessoa jurídica cujo presidente também participava da administração de IUNI, caracterizando favorecimento e vantagem a dirigente, bem como não foi comprovado ou esclarecido que tal operação foi necessária à manutenção dos objetivos institucionais da entidade, sendo que valores foram contabilizados na conta de despesa "outras assessorias". Fundação Altamiro Galindo Segundo a Recorrente, os repasses efetuados em favor da Fundação Altamiro Galindo eram referentes a parcerias com a Fundação Banco do Brasil, para o desenvolvimento turístico do estado de Mato Grosso. No seu entender, este desembolso guarda total compatibilidade com as atividades educacionais desenvolvidas pela entidade. A decisão de piso, contudo, enfatizou corretamente diversas situações que ensejavam a suspensão da imunidade e das isenções, entre os quais se destacam: a) os pagamentos foram feitos a entidade cujo dirigente foi fundador da IUNI tendo como tesoureira sua esposa; b) o contrato entre a Fundação Altamiro Galindo e a Fundação Banco do Brasil não tem assinatura; c) a Fundação Altamiro Galindo, além de ser beneficiária de verbas oriundas da Fundação Banco do Brasil, utilizaria as instalações da IUNI tendo ainda recebido pagamentos desta. Souza e Galindo Ltda. Sustentou a Recorrente que a pessoa jurídica em questão foi constituída exclusivamente para atender os interesses da impugnante, no caso, aos estágios supervisionados, além do seu funcionamento como farmáciaescola, dentro das instalações da UNIC. Afirmou que os recursos advindos do objeto social foram empregados na consecução de suas atividades. A decisão de piso, fls. 1036610367, enfatizou que a própria alegação de defesa milita em desfavor da contribuinte, mormente quando se considera o quadro social da aludida pessoa jurídica Souza e Galindo Ltda. Para maior clareza, adoto e transcrevo as razões de decidir constantes da decisão de piso, fls. 10367: Já em 28/02/2005 IUNI solicitou a desocupação do imóvel o que não foi atendido pela empresa e em 06/05/2005 firmaram Termo de Acordo para essa finalidade, onde a empresa alegou insolvência nas suas obrigações já que nada recebia por estar instalada ali e IUNI se comprometeu a liquidar tais obrigações, estimadas em R$ 140.000,00. Depois disso IUNI firmou contrato com outra empresa, Farmácia Confiança, agora com ônus para despesas de manutenção e materiais necessários ao estágio, além de pagamento de aluguel pela utilização compartilhada do seu próprio espaço. Tal contrato parece ter perdurado até 2010, quando foi celebrado novo instrumento com a empresa Farmashop, nos mesmos termos daquele celebrado em 2006 . Fl. 10576DF CARF MF Impresso em 15/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/09/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/201 5 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/2015 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS Processo nº 10183.722470/201141 Acórdão n.º 1401001.414 S1C4T1 Fl. 30 29 Nesses dois contratos de 2006 e 2010 consta como testemunha Ilza Martha de Souza, que juntamente com Rodrigo Calvo Galindo, já mencionado, compunham o quadro societário de Souza e Galindo Ltda. A Sra. Ilza consta como empregada de IUNI nos períodos sob fiscalização, de forma que a empresa Souza e Galindo tinha como sócios em sua constituição o filho do presidente de IUNI e um de seus empregados, no cargo de professor. Daí a explicação de o contrato entre ambas ter sido celebrado sem ônus. No entanto, IUNI, participando indiretamente da gestão dessa farmácia, terminou por arcar com prejuízo operacional da mesma. Considerando que a farmácia era gerida por essas duas pessoas e resultou dívida que coube a IUNI assumir, fica caracterizado benefício e vantagem a dirigente, o que não se enquadra como gasto para manutenção de seus objetivos institucionais. Centro de Idiomas Ltda. Alegou a Recorrente que a aquisição de fundo de comércio de Centro de Idiomas Ltda. possui plena consonância com a atividade institucional da entidade impugnante, no fomento das atividades de extensão. A decisão de piso, contudo, enxergou tal fato sob outro ponto de vista. Por concordar com o entendimento do Acórdão de piso, adoto e transcrevo suas razões de decidir, fls. 10367: Ocorre que o Centro de Idiomas Ltda. funcionava nas dependências da própria IUNI. Assim, o mais lógico é que o prestígio comercial que detinha essa escola de idiomas decorria da IUNI e não o contrário. Portanto, não deveria a IUNI adquirir o “fundo de comércio” do Centro de Idiomas, mesmo porque o lucro não deveria ser o objetivo da IUNI. Poderia a IUNI prestar serviços de escola de idiomas sem ter de adquirir o “fundo de comércio” como alegado. Associação MatoGrossense de Combate ao Câncer, Associação Nacional dos Magistrados e Associação de Proteção à Maternidade e à Infância de Cuiabá Segundo a Recorrente, as doações efetuadas a estas entidades decorrem de convênios, os quais possibilitaram a realização de atividades complementares na área da saúde e de seminário na área do Direito. Afirmou, outrossim, que estas parcerias decorrem da autonomia didático científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, de acordo com o art. 2º do estatuto da Universidade de Cuiabá, conforme prevista no art. 207 da Constituição Federal. Acrescentou que essas parcerias e convênios proporcionam a formação de profissionais aptos a atender às necessidades sociais. No tocante às doações à Associação Matogrossense de Combate ao Câncer, assim se manifestou a decisão de piso, fls. 1036710368: Fl. 10577DF CARF MF Impresso em 15/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/09/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/201 5 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/2015 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS Processo nº 10183.722470/201141 Acórdão n.º 1401001.414 S1C4T1 Fl. 31 30 Nos esclarecimentos apresentados em 24/03/2011 IUNI asseverou que os pagamentos seriam em decorrência de Termo de Convênio com a Associação em foco, a fim de disponibilizar condições básicas para a realização de estágios e desenvolvimento de atividades de ensino em suas instalações. Esse documento não foi apresentado e a escrituração das despesas não indica a operação alegada. No que tange às doações para a Associação de Proteção à Maternidade e à Infância de Cuiabá, adoto e transcrevo as razões de decidir constante da decisão de piso, fls. 10367: [...] verificase que estas ocorreram em valor que suplantaram, e muito, o acordado em convênio, o que fez a fiscalização concluir, com exatidão, que a IUNI passou a ser, de fato, mantenedora da referida associação, inclusive com dirigentes da IUNI e seus familiares participando da administração da associação. O contido na notificação, à fl. 480, dá uma clara ideia do ocorrido: Em resumo, IUNI passou a ajudar a manter o hospital pelo qual pagava para uso, o que já fazia em excesso ao valor contratual. Ao passar, de fato e não de direito, como instituição mantenedora do hospital, IUNI passou a aplicar recursos em atividade dissociada da manutenção dos objetivos institucionais da entidade. A atividade associada é o pagamento pela cessão e uso do hospital. Para registro, consoante demonstrativo das participações societárias constante do rol de documentos do subitem "III.1", dirigentes de IUNI ou seus familiares participavam mutuamente da administração da instituição de ensino e da Associação. Isenções. Prouni. Em relação às isenções em face de adesão ao Prouni, a Recorrente apresentou, sinteticamente, as seguintes razões de defesa: a) “as declarações realizadas no termo de adesão ao PROUNI são irrelevantes em face do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (CEAS)” e Atestado de Registro no Conselho Nacional de Serviço Social (CNSS), desde 1990; b) a Lei nº 11.096/05 autorizava que as pessoas jurídicas obtivessem a certificação mesmo após o deferimento de sua opção ao PROUNI; c) a partir do deferimento do CEAS, a impugnante se viu formalmente reconhecida como entidade de assistência social; Fl. 10578DF CARF MF Impresso em 15/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/09/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/201 5 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/2015 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS Processo nº 10183.722470/201141 Acórdão n.º 1401001.414 S1C4T1 Fl. 32 31 d) “o certificado de entidade beneficente de assistência social (CEAS) tem efeitos meramente declaratórios” e, assim, o percentual de gratuidade deverá ser calculado com base no disposto no art. 11 da Lei nº 11.096/05 e não nos termos do art. 10 dessa mesma lei; e) no cálculo do percentual de gratuidade devese levar em consideração a receita anual efetivamente recebida proveniente de mensalidades escolares, não havendo que se falar em receitas de aplicações financeiras, locação de bens, venda de bens, doações de particulares e, bem assim, devem ser excluídos a inadimplência, os descontos financeiros, e os cancelamentos de mensalidade, além dos valores relativos às bolsas de estudos; f) além de tudo isso, devem ser considerados também os valores dispendidos a título de projetos assistenciais, o que não ocorreu no cálculo efetuado pelos autuantes, não obstante a disponibilização dos dados a eles relativos. Conforme demonstrado no tópico antecedente do presente voto, a contribuinte claramente cometeu infrações à legislação tributária, em especial ao art. 12 da Lei n° 9.532/1997, e ao art.55 da Lei n° 8.212/1991. Tais fatos ensejaram a suspensão da imunidade do IRPJ. Com relação a este tema, mais uma vez adoto e transcrevo as razões de decidir constantes da decisão de piso, fls. 1036910370: Paralelamente, o sujeito passivo goza do benefício da isenção do IRPJ, da CSLL, da Cofins e da Contribuição para o PIS incidente sobre o faturamento em razão de sua adesão ao Prouni. Tendo praticado infrações à legislação tributária (descumprimento de requisitos para o gozo da imunidade disposta na Lei n° 9.532/1997 e de isenções da Lei n° 8.212/1991 e da MP n° 2.15835/2001), a instituição fica sujeita à suspensão dessas isenções. Dessa maneira, formalizamos a presente NOTIFICAÇÃO FISCAL para cumprimento do disposto no art. 32 da Lei n° 9.430/1996, no § 4º do art. 55 da Lei n° 8.212/1991, e nas Instruções Normativas SRF nº 113/1998 e n° 456/2004, a fim de dar conhecimento ao sujeito passivo dos fatos que ensejam suspensão, compreendendo o período de 01/01/2006 a 31/03/2008: 1 Da imunidade constitucional do Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas IRPJ em face do disposto no art. 12 da Lei n° 9.532/1997; 2 Das isenções, acaso restabelecidas, da CSLL e da Cofins em razão do disposto no art. 55 da Lei n° 8.212/1991 e no art. 14 da MP n° 2.15835/2001; 3 Das isenções do IRPJ, da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL, da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins e da Contribuição para o Programa de Integração Social PIS, previstas no art. 8o da Lei n° 11.096/2005 Prouni. Fl. 10579DF CARF MF Impresso em 15/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/09/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/201 5 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/2015 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS Processo nº 10183.722470/201141 Acórdão n.º 1401001.414 S1C4T1 Fl. 33 32 [...] II.3 Isenção do IRPJ, da CSLL, da Cofins e da Contribuição para o PIS (Prouni). II.3.1 Art. 8º da Lei nº 11.096/2005 “ Art. 8º A instituição que aderir ao Prouni ficará isenta dos seguintes impostos e contribuições no período de vigência do termo de adesão: I Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas; II Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, instituída pela Lei n° 7.689, de 15 de dezembro de 1988; III Contribuição Social para Financiamento da Seguridade Social, instituída pela Lei Complementar n° 70, de 30 de dezembro de 1991; e IV Contribuição para o Programa de Integração Social, instituída pela Lei Complementar n° 7, de 7 de setembro de 1970. § 1º A isenção de que trata o caput deste artigo recairá sobre o lucro nas hipóteses dos incisos I e II do caput deste artigo, e sobre a receita auferida, nas hipóteses dos incisos III e IV do caput deste artigo, decorrentes da realização de atividades de ensino superior, proveniente de cursos de graduação ou cursos seqüenciais de formação específica. § 2º A Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda disciplinará o disposto neste artigo no prazo de 30 (trinta) dias." II.3.2 Art. 1º da Lei n° 11.128/2005: "Art.1º A adesão da instituição de ensino superior ao Programa Universidade para Todos PROUNI, nos termos da Lei nº 11.096, de 13 de janeiro de 2005, darseá por intermédio de sua mantenedora, e a isenção prevista no art. 8º dessa Lei será aplicada pelo prazo de vigência do termo de adesão, devendo a mantenedora comprovar, ao final de cada anocalendário, a quitação de tributos e contribuições federais administrados pela Secretaria da Receita Federal, sob pena de desvinculação do Programa, sem prejuízo para os estudantes beneficiados e sem ônus para o Poder Público.” Do exposto, resulta claramente demonstrada a ocorrência de infrações à legislação tributária, que acarretaram a falta de recolhimento de tributos, fato ensejador da suspensão da isenção concedida no âmbito do Prouni. As demais alegações de defesa, em especial a referência à obtenção de títulos e certificados não têm o condão de alterar o que restou decidido pelo Ato Declaratório Executivo. Fl. 10580DF CARF MF Impresso em 15/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/09/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/201 5 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/2015 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS Processo nº 10183.722470/201141 Acórdão n.º 1401001.414 S1C4T1 Fl. 34 33 Critério de cálculo Os critérios de cálculo utilizados pelas autoridades fiscais estão de acordo com o disposto no art. 10 da Lei nº 11.096/05, inclusive no que se refere aos projetos assistenciais cujas doações foram desconsideradas em face das diversas irregularidades descritas no corpo do presente voto. Escrituração contábil A Recorrente argumentou que a sua contabilidade em momento algum foi descaracterizada pela fiscalização e que todos os gastos foram comprovados. Conforme bem apontado pela decisão de piso, fls. 10370, de fato a contabilidade da contribuinte está regular, sob o ponto de vista estritamente formal. No entanto, os fatos de os lançamentos contábeis estarem formalmente regulares e de os gastos estarem comprovados não são suficientes para se concluir pela inocorrência de irregularidades, capazes de ensejar a suspensão da imunidade e das isenções. Na verdade, todos os gastos comprovados e contabilizados devem ser analisados também sob o ponto de vista material. Em outras palavras, é imprescindível analisar se tais gastos se coadunam com as atividades institucionais da Recorrente e/ou se as diversas pessoas jurídicas beneficiárias dos pagamentos tinham em seus quadros de direção ou como sócios, dirigentes da própria IUNI (fonte pagadora). Em outras palavras, a mera regularidade formal da contabilidade não garante à entidade a fruição da imunidade ou de benefícios fiscais. A manutenção destes benefícios requer a efetiva persecução e concretização dos objetivos das diversas entidades contratantes, fato este que efetivamente não ocorreu, conforme resultou demonstrado ao longo do presente voto. Imunidade / isenção das contribuições para a seguridade social No que tange à imunidade das contribuições para a seguridade social, a Recorrente alegou que IUNI é uma entidade beneficente reconhecida como de utilidade pública. Sobre o tema, adoto e transcrevo as razões de decidir constantes da decisão de piso, fls. 1037110372: Nessa condição de imune e cumprindo os requisitos do art. 55 da Lei n° 8.212/1991 (Lei Orgânica da Seguridade Social) o sujeito passivo poderia gozar da isenção da CSLL, pelo próprio art. 55, e da Cofins, pelo citado art. e de acordo com o art. 14 da MP n° 2.15835/2001. Tal isenção não foi reconhecida pela Receita Federal para o período em questão, estando o caso em grau de recurso, justamente por descumprimento de requisitos do art. 55, sendo tais requisitos reincidentemente descumpridos também no período abrangido pela presente Notificação. Não tendo sido reconhecida a imunidade quanto à CSLL e à Cofins em processos anteriores e também neste, por Fl. 10581DF CARF MF Impresso em 15/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/09/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/201 5 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/2015 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS Processo nº 10183.722470/201141 Acórdão n.º 1401001.414 S1C4T1 Fl. 35 34 descumprimento dos requisitos do art. 55 da Lei nº 8.212/91, deve ser mantido o auto de infração relativo à CSLL. Quanto à contribuição para o PIS e à Cofins, embora os autos de infração relativos a essas contribuições terem dado início a outros processos, como inclusive menciona a impugnante, fazse aqui menção do que foi trazido também na notificação (fl. 462), conclusivo no que diz respeito à não fruição do benefício fiscal pela impugnante: Paralelamente, o sujeito passivo goza do benefício da isenção do IRPJ, da CSLL, da Cofins e da Contribuição para o PIS incidente sobre o faturamento em razão de sua adesão ao Prouni. Tendo praticado infrações à legislação tributária (descumprimento de requisitos para o gozo da imunidade disposta na Lei n° 9.532/1997 e de isenções da Lei n° 8.212/1991 e da MP n° 2.15835/2001), a instituição fica sujeita à suspensão dessas isenções. Diante do exposto, considero que em relação ao presente tema os recursos voluntários não merecem provimento. Multa. Alegação de confisco Por fim, alega a Recorrente que a multa de ofício de 75%, aplicada por meio dos presentes autos de infração, apresenta natureza confiscatória. Tal alegação não merece prosperar. Em se tratando de lançamento de ofício, deve ser mantida a multa de 75%, a qual se encontra expressa e especificamente prevista pela legislação de regência. PIS e Cofins Os citados lançamentos constituem mera decorrência do lançamento principal, referente ao IRPJ. Por esta razão, idênticas conclusões devem ser adotadas em relação a tais lançamentos. Conclusão Diante de todo o exposto, considero amplamente demonstrado a ocorrência de infrações ao art. 12 da Lei n° 9.532/1997, e ao art. 55 da Lei n° 8.212/1991, conforme bem demonstrado na Notificação de fls. 462 a 485. Tais fatos justificam, claramente, a suspensão da imunidade e das isenções, conforme entendimento adotado pelas autoridades fiscais. No tocante aos pareceres técnicos trazidos aos autos pela Recorrente, cumpre mencionar que se tratam de opiniões não vinculativas, podendo os órgãos administrativos de julgamento decidirem segundo seu livre convencimento. Fl. 10582DF CARF MF Impresso em 15/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/09/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/201 5 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/2015 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS Processo nº 10183.722470/201141 Acórdão n.º 1401001.414 S1C4T1 Fl. 36 35 Assim sendo, voto no sentido de rejeitar as preliminares de dependência em relação a outros processos já apreciados pela 2ª Seção do CARF, rejeitar as preliminares de nulidades e, no mérito, negar provimento aos recursos voluntários. (assinado digitalmente) Fernando Luiz Gomes de Mattos Fl. 10583DF CARF MF Impresso em 15/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/09/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/201 5 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/09/2015 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS
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Numero do processo: 10980.015889/97-10
Turma: PLENO DA CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: Pleno
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Aug 29 00:00:00 UTC 2012
Ementa: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Período de apuração: 01/07/1988 a 30/06/1995
REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PRESCRIÇÃO. Quando do julgamento do RE nº 566.621/RS, interposto pela Fazenda Nacional, sendo relatora a Ministra Ellen Gracie, foi declarada a inconstitucionalidade do art. 4º, segunda parte, da Lei Complementar nº 118/2005, momento em que estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts. 150, §4º, 156, VII, e 168, I, do CTN.
Diante das decisões proferidas pelos nossos Tribunais Superiores a respeito da matéria, aplica-se ao caso os estritos termos em que foram prolatadas, considerando-se o prazo prescricional de 5 (cinco) anos aplicável tão-somente aos pedidos formalizados após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir dos pedidos protocolados nas repartições da Receita Federal do Brasil do dia 09 de junho de 2005 em diante.
Para os pedidos protocolados anteriormente a essa data (09/06/2005), vale o entendimento anterior que permitia a cumulação do prazo do art. 150, § 4º, com o do art. 168, I, do CTN (tese dos 5+5), ou seja, a contagem do prazo prescricional dar-se-á a partir do fato gerador, devendo o pedido ter sido protocolado no máximo após o transcurso de 10 (dez) anos a partir dessa data (do fato gerador).
Numero da decisão: 9900-000.699
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado
Nome do relator: Rafael Vidal de Araújo
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ementa_s : NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/07/1988 a 30/06/1995 REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PRESCRIÇÃO. Quando do julgamento do RE nº 566.621/RS, interposto pela Fazenda Nacional, sendo relatora a Ministra Ellen Gracie, foi declarada a inconstitucionalidade do art. 4º, segunda parte, da Lei Complementar nº 118/2005, momento em que estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts. 150, §4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. Diante das decisões proferidas pelos nossos Tribunais Superiores a respeito da matéria, aplica-se ao caso os estritos termos em que foram prolatadas, considerando-se o prazo prescricional de 5 (cinco) anos aplicável tão-somente aos pedidos formalizados após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir dos pedidos protocolados nas repartições da Receita Federal do Brasil do dia 09 de junho de 2005 em diante. Para os pedidos protocolados anteriormente a essa data (09/06/2005), vale o entendimento anterior que permitia a cumulação do prazo do art. 150, § 4º, com o do art. 168, I, do CTN (tese dos 5+5), ou seja, a contagem do prazo prescricional dar-se-á a partir do fato gerador, devendo o pedido ter sido protocolado no máximo após o transcurso de 10 (dez) anos a partir dessa data (do fato gerador).
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conteudo_txt : Metadados => date: 2015-11-18T11:07:01Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.5; xmp:CreatorTool: Microsoft® Word 2010; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; language: pt-BR; dcterms:created: 2015-11-18T11:07:01Z; Last-Modified: 2015-11-18T11:07:01Z; dcterms:modified: 2015-11-18T11:07:01Z; dc:format: application/pdf; version=1.5; Last-Save-Date: 2015-11-18T11:07:01Z; pdf:docinfo:creator_tool: Microsoft® Word 2010; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2015-11-18T11:07:01Z; meta:save-date: 2015-11-18T11:07:01Z; pdf:encrypted: true; modified: 2015-11-18T11:07:01Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; dc:language: pt-BR; meta:creation-date: 2015-11-18T11:07:01Z; created: 2015-11-18T11:07:01Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; Creation-Date: 2015-11-18T11:07:01Z; pdf:charsPerPage: 2431; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2015-11-18T11:07:01Z | Conteúdo => CSRF-PL Fl. 1 1 0 CSRF-PL MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10980.015889/97-10 Recurso nº Extraordinário Acórdão nº 9900-000.699 – Pleno Sessão de 29 de agosto de 2012 Matéria Repetição de indébito - Prescrição Recorrente FAZENDA NACIONAL Recorrida MAGISTRAL IMPRESSORA DIGITAL LTDA ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/07/1988 a 30/06/1995 REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PRESCRIÇÃO. Quando do julgamento do RE nº 566.621/RS, interposto pela Fazenda Nacional, sendo relatora a Ministra Ellen Gracie, foi declarada a inconstitucionalidade do art. 4º, segunda parte, da Lei Complementar nº 118/2005, momento em que estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts. 150, §4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. Diante das decisões proferidas pelos nossos Tribunais Superiores a respeito da matéria, aplica-se ao caso os estritos termos em que foram prolatadas, considerando-se o prazo prescricional de 5 (cinco) anos aplicável tão- somente aos pedidos formalizados após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir dos pedidos protocolados nas repartições da Receita Federal do Brasil do dia 09 de junho de 2005 em diante. Para os pedidos protocolados anteriormente a essa data (09/06/2005), vale o entendimento anterior que permitia a cumulação do prazo do art. 150, § 4º, com o do art. 168, I, do CTN (tese dos 5+5), ou seja, a contagem do prazo prescricional dar-se-á a partir do fato gerador, devendo o pedido ter sido protocolado no máximo após o transcurso de 10 (dez) anos a partir dessa data (do fato gerador). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Fl. 224DF CARF MF Impresso em 30/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por JOSE ROBERTO FRANCA, Assinado digitalmente em 30/11/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/11/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO 2 Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araújo - Relator "ad hoc" (assinado digitalmente) EDITADO EM: 18/12/2015 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente à época do julgamento), Marcos Tranchesi Ortiz que substituiu Susy Gomes Hoffmann, Valmar Fonseca de Menezes, Alberto Pinto Souza Júnior, Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, João Carlos de Lima Júnior, Jorge Celso Freire da Silva, José Ricardo da Silva, Karem Jureidini Dias,Valmir Sandri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Elias Sampaio Freire, Gonçalo Bonet Allage, Gustavo Lian Haddad, Manoel Coelho Arruda Junior, Marcelo Oliveira, Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Henrique Pinheiro Torres, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Júlio César Alves Ramos, Maria Teresa Martinez Lopez, Nanci Gama, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Possas, Mercia Helena Trajano Damorim que substituiu Marcos Aurélio Pereira Valadão. Relatório Trata-se de recurso extraordinário interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional - PFN, versando sobre a contagem do prazo prescricional do direito à repetição de indébitos tributários. A recorrente assevera que referido prazo seria de 5 (cinco) anos a contar da data em que ocorreu o recolhimento indevido ou a maior que o devido, consoante interpretação a ser dada ao inciso I do art. 165 do Código Tributário Nacional – CTN, interpretação essa que teria sido referendada pela Lei Complementar nº 118/2005. A discussão em causa, portanto, reporta-se exclusivamente ao prazo prescricional para requerer a repetição de indébito tributário, sendo importante ressaltar que o presente pedido foi formalizado anteriormente à vigência da Lei Complementar nº 118/2005, que passou a viger a partir do dia 09/06/2005. No presente caso, a data de protocolo do pedido de restituição/compensação foi formalizado em 18/12/1997, e se refere a fatos geradores ocorridos entre 07/88 e 06/95. É o relatório. Fl. 225DF CARF MF Impresso em 30/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por JOSE ROBERTO FRANCA, Assinado digitalmente em 30/11/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/11/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 10980.015889/97-10 Acórdão n.º 9900-000.699 CSRF-PL Fl. 2 3 Voto Primeiramente, cabe ressaltar que fui designado ad hoc para redação deste acórdão, porque o julgado anexado e assinado no e-processo pelo Conselheiro Relator Francisco Sales Ribeiro de Queiroz, que não pertence mais a este Colegiado, não foi formalizado pela falta de assinatura do então Presidente da Câmara Superior de Recursos Fiscais. Dessa forma, transcrevo abaixo o voto do documento desentranhado do e- processo, assim como, fiz com a ementa e o relatório deste Acórdão: "O recurso extraordinário interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional –PFN preenche os requisitos necessários à sua admissibilidade, consoante atesta o despacho competente, devendo ser conhecido. Conforme relatado, a questão que se põe à apreciação deste Colegiado diz respeito exclusivamente à preliminar de prescrição do direito à repetição de indébitos fiscais, merecendo ressaltar que o acórdão paradigma considerou irrelevante que o indébito tenha por fundamento a declaração de inconstitucionalidade ou simples erro, aplicando o prazo quinquenal a partir da extinção do crédito tributário, conforme se extrai da leitura da ementa transcrita no recurso extraordinário, a seguir: ACÓRDÃO PARADIGMA "Ementa: PEDIDO DE RESTITUIÇÃO- ILL- O direito de pleitear a restituição de tributo indevido, pago espontaneamente, perece com o decurso do prazo de cinco anos, contados da data de extinção do crédito tributário, sendo irrelevante que o indébito tenha por fundamento inconstitucionalidade ou simples erro (art. 165, incisos I e II, e 168, inciso I, do CTN, e entendimento do Superior Tribunal de Justiça). Recurso Especial do Procurador Provido." (grifo nosso).(Recurso n° 102-147786.Processo n° 10183.003219/2002-93.Acórdão CSRF/0400.810. Quarta Turma. Relatora Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo). Os dispositivos da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional – CTN, citados na ementa acima transcrita, estão assim redigidos: Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o disposto no § 4º do artigo 162, nos seguintes casos: I - cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido; Fl. 226DF CARF MF Impresso em 30/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por JOSE ROBERTO FRANCA, Assinado digitalmente em 30/11/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/11/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO 4 II - erro na edificação do sujeito passivo, na determinação da alíquota aplicável, no cálculo do montante do débito ou na elaboração ou conferência de qualquer documento relativo ao pagamento; III - reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória. ......................................................................................................... Art. 168. O direito de pleitear a restituição extingue-se com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados: I - nas hipótese dos incisos I e II do artigo 165, da data da extinção do crédito tributário; (vide art. 3º da LC. nº 118, de 2005) II - na hipótese do inciso III do artigo 165, da data em que se tornar definitiva a decisão administrativa ou passar em julgado a decisão judicial que tenha reformado, anulado, revogado ou rescindido a decisão condenatória. ......................................................................................................... A modalidade de extinção do crédito tributário a que se refere o supra transcrito dispositivo do inciso I, do art. 168 é o definido no inciso I, do art. 156, também do CTN, a seguir: Art. 156. Extinguem o crédito tributário: I - o pagamento; (...). Assim, contado da data da extinção do crédito tributário, pelo pagamento, teria o contribuinte cinco anos para fazer valer o seu direito à restituição, entendimento que mereceu intermináveis discussões no âmbito do contencioso administrativo tributário e nos Tribunais Superiores do Poder Judiciário pátrio. Dessa forma, em face da interminável batalha judicial estabelecida sobre o tema, e com a pretensão de pacificar e tornar definitivo um entendimento a respeito, sobreveio a Lei Complementar - LC nº 118/2005, cujos artigos 3º e 4º alteraram e acrescentaram dispositivos ao Código Tributário Nacional CTN, dispondo ainda sobre a interpretação a ser dada ao inciso I do art. 168 da mesma Lei, nos termos a seguir reproduzidos: Art. 3º- Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1º do art. 150 da referida Lei. Art. 4º - Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art. 3º, o disposto no art. 106,inciso I, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional. Por seu turno, o mencionado inciso I, do art. 106, do CTN, estabelece que: Fl. 227DF CARF MF Impresso em 30/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por JOSE ROBERTO FRANCA, Assinado digitalmente em 30/11/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/11/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 10980.015889/97-10 Acórdão n.º 9900-000.699 CSRF-PL Fl. 3 5 Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa,excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; (...). Assim, a questão já teria sido definitivamente resolvida com a edição dos suso transcritos dispositivos da LC nº 118/2005, segundo o qual a interpretação a ser dada ao inciso I, do art.168, do CTN, é a de que “a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1º do art. 150 da referida Lei.” (Lei nº 5.172/1966 – CTN) Entretanto, o Superior Tribunal de Justiça - STJ declarou a inconstitucionalidade da segunda parte do artigo 4° da LC nº 118/2005, ao entender que não se trata de lei meramente interpretativa, já que inova o ordenamento jurídico no tocante ao momento em que o crédito torna-se extinto, e que, portanto, não pode retroagir nos moldes do artigo 106, inciso I, do Código Tributário Nacional CTN, sob pena de ofender o princípio da segurança jurídica, de respeitável proteção em nosso ordenamento. Referida matéria, até a sessão de 04/08/2011 do Supremo Tribunal Federal – STF, encontrava-se submetida ao regime de repercussão geral, oportunidade em que foi negado provimento ao RE nº 566.621/RS, interposto pela Fazenda Nacional, sendo relatora a Ministra Ellen Gracie, declarando a inconstitucionalidade do acima transcrito art. 4º, segunda parte, da Lei Complementar nº 118/2005, considerando válida a aplicação do novo prazo de 5 (cinco) anos tão-somente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 09/06/2005, tendo referida decisão Suprema sido assim ementada: DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 – DESCABIMENTO – VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS – APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS AJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/2005, estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts . 150, §4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se auto-proclamado interpretativa,implicou inovação normativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Lei supostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Fl. 228DF CARF MF Impresso em 30/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por JOSE ROBERTO FRANCA, Assinado digitalmente em 30/11/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/11/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO 6 Inocorrência de violação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se submete, como qualquer outra, ao controle judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação retroativa de novo e reduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato, pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensões pendentes de ajuizamento quando da publicação da lei sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa ao princípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do acesso à Justiça. Afastando-se as aplicações inconstitucionais e resguardando-se, no mais, a eficácia da norma, permite-se a aplicação do prazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corte no enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas que tomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos. Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/05, que pretendeu a aplicação do novo prazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral, tampouco impede iniciativa legislativa em contrário. Reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC 118/05, considerando-se válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão-somente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543-B,§ 3º, do CPC aos recursos sobrestados. Recurso extraordinário desprovido Por seu turno, o Superior Tribunal de Justiça - STJ, em recentíssima decisão (sessão de 02/08/2012), ao julgar o recurso representativo de controvérsia REsp nº 1.269.570MG, entre muitas outras mais antigas, seguiu a referida posição jurisprudencial proferida do Tribunal Maior, consoante se extrai da leitura da ementa do REsp 1089356/PR, assim disposta: REsp 1089356 / PR RECURSO ESPECIAL 2008/02103521 Relator(a) Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES (1141) Órgão Julgador T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento 02/08/2012 Data da Publicação/Fonte DJe 09/08/2012 Ementa TRIBUTÁRIO. RECURSOS ESPECIAIS. JUÍZO DE RETRATAÇÃO. ART. 543-B,§ 3º, DO CPC. MANDADO DE SEGURANÇA QUE ATACA INDEFERIMENTO DE PEDIDO DE RESTITUIÇÃO DE SALDOS NEGATIVOS DA CSLL REFERENTES AO EXERCÍCIO DE 1996. PEDIDO ADMINISTRATIVO PROTOCOLADO ANTES DE 09/06/2005. INAPLICABILIDADE DA LEI Fl. 229DF CARF MF Impresso em 30/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por JOSE ROBERTO FRANCA, Assinado digitalmente em 30/11/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/11/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 10980.015889/97-10 Acórdão n.º 9900-000.699 CSRF-PL Fl. 4 7 COMPLEMENTAR Nº. 118/2005 E DO ART. 16 DA LEI Nº.9.065/95. 1. Tanto o STF quanto o STJ entendem que, para as ações de repetição de indébito relativas a tributos sujeitos a lançamento por homologação ajuizadas de 09/06/2005 em diante, deve ser aplicado o prazo prescricional quinquenal previsto no art. 3º da Lei Complementar nº 118/2005, ou seja, prazo de cinco anos com termo inicial na data do pagamento. Já para as ações ajuizadas antes de 09/06/2005, deve ser aplicado o entendimento anterior que permitia a cumulação do prazo do art. 150, §4º com o do art. 168, I, do CTN (tese dos 5+5).Precedente do STJ: recurso representativo da controvérsia REsp n. 1.269.570-MG,1ª Seção, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 23.05.2012. Precedente do STF (repercussão geral): recurso representativo da controvérsia RE n. 566.621/RS, Plenário, Rel. Min. Ellen Gracie, julgado em 04.08.2011. 2. No caso, embora se trate de mandado de segurança ajuizado no ano de 2007, houve observância do prazo do art. 18 da Lei nº.1.533/51 e a impetrante impugna o ato administrativo que decretou a prescrição do seu direito de pleitear a restituição dos saldos negativos da CSLL referentes ao ano-calendário de 1995,exercício de 1996, cujo pedido de restituição foi protocolado administrativamente em 05.07.2002, antes, portanto, da Lei Complementar n. 118/2005. Diante das peculiaridades dos autos, o Tribunal de origem decidiu que o prazo prescricional deve ser contado da data de protocolo do pedido administrativo de restituição. Em assim decidindo, a Turma Regional não negou vigência ao art. 168, I, do CTN; muito pelo contrário, observou entendimento já endossado pela Primeira Turma do STJ (REsp 963.352/PR, Rel. Min. Luiz Fux, DJe de 13.11.2008). 3. No tocante ao recurso da impetrante, deve ser mantido o acórdão do Tribunal de origem, embora por outro fundamento,pois, ainda que o art. 16 da Lei n. 9.065/95 não se aplique nas hipóteses de restituição, via compensação, de saldos negativos da CSLL, no caso a impetrante formulou administrativamente simples pedido de restituição. Na espécie, ao adotar a data de homologação do lançamento como termo inicial do prazo prescricional quinquenal para se pleitear a restituição do tributo supostamente pago a maior, o Tribunal de origem considerou tempestivo o pedido de restituição, o qual, por conseguinte, deverá ter curso regular na instância administrativa. Mesmo que a decisão emanada do Poder Judiciário não contemple a possibilidade de compensação dos saldos negativos da CSLL com outros tributos administrados pela Receita Federal do Brasil, nada obsta que a impetrante efetue a compensação sob a regência da legislação tributária posteriormente concebida. Fl. 230DF CARF MF Impresso em 30/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por JOSE ROBERTO FRANCA, Assinado digitalmente em 30/11/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/11/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO 8 4. Recurso especial da Fazenda Nacional parcialmente conhecido e, nessa parte, não provido, e recurso especial da impetrante não provido, em juízo de retratação. Nessa mesma linha, transcrevo ementa de outros julgados do STJ, nos quais o prazo prescricional é contado, em se tratando de pagamentos indevidos cuja repetição fora requerida anteriormente à vigência da LC nº 118∕2005 (09/06/2005), da data do fato gerador, acrescido de mais cinco anos, a partir da homologação tácita ou expressa: “TRIBUTÁRIO. TRIBUTO DECLARADO INCONSTITUCIONAL EM CONTROLE CONCENTRADO.REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PRESCRIÇÃO. TERMO INICIAL.LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. REGRA DOS "CINCO MAIS CINCO". PRECEDENTES. SÚMULA 83/STJ. 1. A Primeira Seção desta Corte firmou entendimento de que,"mesmo em caso de exação tida por inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, seja em controle concentrado, seja em difuso, ainda que tenha sido publicada Resolução do Senado Federal (art. 52, X, da Carta Magna), a prescrição do direito de pleitear a restituição, nos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, ocorre após expirado o prazo de cinco anos, contados do fato gerador, acrescido de mais cinco anos, a partir da homologação tácita ou expressa." 2. O entendimento jurisprudencial é a síntese da melhor exegese da legislação no momento da aplicação do direito, por isso é aceitável a sua mudança para o devido aprimoramento da prestação jurisdicional. Agravo regimental improvido.” (AgRg no Ag 1406333 / PE, Relator: Ministro Humberto Martins) “PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. IMPOSTO DE RENDA SOBRE O LUCRO LÍQUIDO (ILL). PRESCRIÇÃO.TESE DOS "CINCO MAIS CINCO". RESP 1.002.932/SP(ART.543-C DO CPC). COMPENSAÇÃO. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL. DATA DO AJUIZAMENTO DA AÇÃO. RESP 1.137.738/SP (ART. 543-C DO CPC). POSSIBILIDADE, IN CASU, DE COMPENSAÇÃO COM TRIBUTO DA MESMA ESPÉCIE. CORREÇÃO MONETÁRIA. FEV/1991. IPC. 21,87%. 1. Agravos regimentais interpostos pelos contribuintes e pela Fazenda Nacional contra decisão que negou seguimento aos seus recursos especiais. 2. A Primeira Seção adota o entendimento sufragado no julgamento dos REsp 435.835/SC para aplicar a tese dos "cinco mais cinco" à contagem do prazo prescricional, inclusive para a repetição de tributos declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal. Precedentes: EREsp 507.466/SC, Rel. Ministro Humberto Martins, Primeira Seção, julgado em 25/3/2009, DJe 6/4/2009; AgRg nos EAg 779581/SP, Fl. 231DF CARF MF Impresso em 30/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por JOSE ROBERTO FRANCA, Assinado digitalmente em 30/11/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/11/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 10980.015889/97-10 Acórdão n.º 9900-000.699 CSRF-PL Fl. 5 9 Rel.Ministro Herman Benjamin, Primeira Seção, julgado em 9/5/2007, DJe 1/9/2008; EREsp 653.748/CE, Rel. Ministro José Delgado, Rel. p/ Acórdão Ministro Luiz Fux, Primeira Seção, julgado em 23/11/2005, DJ 27/3/2006. 3. O Superior Tribunal de Justiça, em sede de recurso especial representativo de controvérsia (REsp 1.002.932/SP), ratificou orientação no sentido de que o princípio da irretroatividade impõe a aplicação da LC n. 118/05 aos pagamentos indevidos realizados após a sua vigência e não às ações propostas posteriormente ao referido diploma legal, porquanto é norma referente à extinção da obrigação e não ao aspecto processual da ação respectiva. 4. Em sede de compensação tributária, deve ser aplicada a legislação vigente por ocasião do ajuizamento da demanda. "[A]autorização da Secretaria da Receita Federal constituía pressuposto para a compensação pretendida pelo contribuinte,sob a égide da redação primitiva do artigo 74, da Lei 9.430/96, em se tratando de tributos sob a administração do aludido órgão público, compensáveis entre si". (REsp 1.137.738/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Seção,DJe 1º/2/2010, julgado sob o rito do art. 543-C do CPC). 5. Na correção de indébito tributário incide o índice de 21,87% em fevereiro de 1991 (expurgo inflacionário, IPC/IBGE em substituição à INPC do mês). Precedentes: REsp 968.949/SP, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 10/3/2011; EDcl no AgRg nos EDcl no REsp 871.152/SP, Rel.Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, DJe 19/8/2010; AgRg no REsp 945.285/RS, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 7/6/2010; REsp 1.124.456/DF, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, DJe 8/4/2010. 6. Agravo regimental das contribuintes parcialmente provido para assegurar a correção monetária no mês de fevereiro de 1991 pelo índice de 21,87%. 7. Agravo regimental da Fazenda Nacional não provido.” (AgRg no REsp 1131971 / RJ, Relator: Ministro Benedito Gonçalves) Através da Portaria MF nº 586, de 21/12/2010–DOU de 22/12/2010, foram introduzidas alterações no Regimento Interno do CARF aprovado pela Portaria MF nº 256, DOU de 23/06/2009, sobrevindo o art. 62-A, que assim dispõe: Art. 62-A.As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543-B e 543-C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Fl. 232DF CARF MF Impresso em 30/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por JOSE ROBERTO FRANCA, Assinado digitalmente em 30/11/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/11/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO 10 Sendo assim, diante dessas decisões proferidas pelos nossos Tribunais Superiores, outra não poderia ser minha posição a respeito da matéria, senão a de aplicar ao caso os estritos termos das sobreditas decisões do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça, considerando-se o prazo prescricional de 5 (cinco) anos aplicável tão- somente aos pedidos formalizados após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir dos pedidos protocolados nas repartições da Receita Federal do Brasil do dia 9 de junho de 2005 em diante. Para os pedidos protocolados anteriormente a essa data (09/06/2005), valeria o entendimento anterior que permitia a cumulação do prazo do art. 150, § 4º com o do art. 168, I, do CTN (tese dos 5+5), ou seja, a contagem do prazo prescricional dar-se-ia a partir do fato gerador, devendo o pedido ter sido protocolado no máximo após o transcurso de 10 (dez) anos a partir dessa data (do fato gerador). No presente caso, a data de protocolo do pedido de restituição/compensação foi formalizado em 18/12/1997, e se refere a fatos geradores ocorridos entre 07/88 e 06/95.Sendo assim, o direito à repetição não foi alcançado pela prescrição. Isto posto, voto no sentido negar provimento ao recurso, devendo o processo retornar à repartição de origem para que seja analisada a viabilidade do pedido quanto às questões de mérito, sua liquidez, demais matérias não examinadas e adoção das providências que considerar cabíveis, devendo o processo, posteriormente, seguir seu trâmite de acordo com o Decreto nº 70.235/1972, que rege o Processo Administrativo Fiscal-PAF." É assim que voto. Rafael Vida de Araújo ("ad hoc") (assinado digitalmente) Fl. 233DF CARF MF Impresso em 30/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2015 por JOSE ROBERTO FRANCA, Assinado digitalmente em 30/11/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 27/11/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Relatório Voto
score : 1.0
Numero do processo: 37280.000266/2004-03
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Jan 25 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Mar 15 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/03/2003 a 30/08/2003
NORMAS GERAIS. NULIDADES. AUSÊNCIA DE CIÊNCIA E POSSIBILIDADE DE CONTESTAÇÃO.
São nulos os despachos e decisões proferidos com preterição do direito de defesa.
No presente caso, antes da decisão a quo, o julgador solicitou posicionamento relevante da fiscalização, acusação, que emitiu despacho pela retificação parcial do lançamento, sem a possibilidade de ciência e contestação pela parte, acarretando prejuízo ao seu direito de defesa.
Decisão Recorrida Nula.
Numero da decisão: 2402-004.808
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, declarar a nulidade da decisão de primeira instância.
Ronaldo de Lima Macedo - Presidente
Marcelo Oliveira - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, João Victor Ribeiro Aldinucci, Natanael Vieira dos Santos, Marcelo Oliveira, Ronnie Soares Anderson, Kleber Ferreira de Araújo e Lourenço Ferreira do Prado.
Nome do relator: MARCELO OLIVEIRA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/03/2003 a 30/08/2003 NORMAS GERAIS. NULIDADES. AUSÊNCIA DE CIÊNCIA E POSSIBILIDADE DE CONTESTAÇÃO. São nulos os despachos e decisões proferidos com preterição do direito de defesa. No presente caso, antes da decisão a quo, o julgador solicitou posicionamento relevante da fiscalização, acusação, que emitiu despacho pela retificação parcial do lançamento, sem a possibilidade de ciência e contestação pela parte, acarretando prejuízo ao seu direito de defesa. Decisão Recorrida Nula.
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NULIDADES. AUSÊNCIA DE CIÊNCIA E POSSIBILIDADE DE CONTESTAÇÃO. São nulos os despachos e decisões proferidos com preterição do direito de defesa. No presente caso, antes da decisão a quo, o julgador solicitou posicionamento relevante da fiscalização, acusação, que emitiu despacho pela retificação parcial do lançamento, sem a possibilidade de ciência e contestação pela parte, acarretando prejuízo ao seu direito de defesa. Decisão Recorrida Nula. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 37 28 0. 00 02 66 /2 00 4- 03 Fl. 423DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO 2 ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, declarar a nulidade da decisão de primeira instância. Ronaldo de Lima Macedo Presidente Marcelo Oliveira Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, João Victor Ribeiro Aldinucci, Natanael Vieira dos Santos, Marcelo Oliveira, Ronnie Soares Anderson, Kleber Ferreira de Araújo e Lourenço Ferreira do Prado. Fl. 424DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 37280.000266/200403 Acórdão n.º 2402004.808 S2C4T2 Fl. 424 3 Relatório Tratase de recurso voluntário apresentado contra decisão de primeira instância administrativa, fls. 079 a 085, que julgou procedente em parte lançamento por descumprimento de obrigação tributária legal principal, nos seguintes termos: CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. EMPRESA. OBRIGAÇÃO DO RECOLHIMENTO. A empresa é obrigada a recolher, nos prazos definidos em lei, as contribuições a seu cargo, incidentes sobre as remunerações pagas, devidas ou creditadas, a qualquer título, aos segurados empregados, trabalhadores avulsos e contribuintes individuais a seu serviço – artigo 30, I, alínea "b" da Lei n.° 8.212, de 24/07/1991 e alterações posteriores. São devidas as contribuições de vinte por cento sobre o total das remunerações pagas aos empresários, a partir de 03/2000, de acordo com o inciso III do artigo 22, da Lei n° 8.212/91, acrescentado pela Lei n° 9.876/99. LANÇAMENTO PROCEDENTE EM PARTE Segundo a fiscalização, de acordo com o Relatório Fiscal (RF), fls. 015 e 016, p lançamento referese a contribuições devidas à Seguridade Social, correspondentes à parte da empresa, ao Seguro de Acidente de Trabalho (SAT) e aos Terceiros, bem como diferença de juros e multa, que foram recolhidas a menor, quando do recolhimento em atraso da competência 03/2003. Continuando, o RF afirma que os fatos geradores das contribuições previdenciárias foram retirados de documentação da recorrente. Os motivos que ensejaram o lançamento estão descritos no RF e nos demais anexos. A ciência do lançamento ocorreu em 31/10/2003, fls. 001. Contra a autuação, a recorrente apresentou impugnação, fls. 026 a 027, acompanhada de anexos, onde alega, em síntese, que: 1. Ocorreram erros de recolhimento, que devem ser considerados para cálculo de algo supostamente devido; e 2. Requer análise de documentação juntada, a fim de reconhecer o descabimento do lançamento. A DRP analisou o lançamento e a impugnação, solicitando esclarecimentos à fiscalização notificante, fls. 073. A fiscalização emitiu informação, opinando pela retificação do valor lançado, fls. 075 e 076. Fl. 425DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO 4 Não houve possibilidade de ciência, nem possibilidade de apresentação de contra razões, por parte da contribuinte. A DRP analisou o lançamento e a impugnação, julgando procedente em parte o lançamento, fls. 079 a 085, utilizando as razões contidas na informação da fiscalização. Inconformada com a decisão, a recorrente apresentou recurso voluntário, fls. 0110 e 0111, acompanhado de anexos, onde alega, em síntese, que: 1. Ao analisar o processo, a recorrente verificou que recolheu valor de Terceiros a maior, 5,8%, quando o correto seria 3,3%; 2. A recorrente confirma que a parte patronal está “em aberto”, e que aguarda a devida compensação com os valores recolhidos a maior, como citado acima, de Terceiros; 3. A recorrente junta ao processo guias de recolhimento, onde resta evidente a existência de crédito tributário em favor da recorrente, a ensejar a devida compensação; 4. Face ao exposto, requer: a) que os documentos apreciados; b) que sejam reapreciados; seja mantida a suspensão da exigibilidade do crédito tributário; e c) que seja reformada a decisão ora atacada. Por fim, a DRP emitiu contrarazões, fls. 0238 e 0240, mantendo, em síntese, a decisão proferida e encaminhando o processo ao Conselho de Recursos da Previdência Social. A Segunda Turma, da Quarta Câmara do CARF analisou a questão e decidiu converter o julgamento em diligência, para que a delegacia de origem informasse: 1 – Qual a fundamentação dos fatos geradores dos dois processos?; 2 – Se há idênticos fatos geradores, em idênticas competências, nos dois processos citados; 3 – Se há ou não motivos, e por quais razões técnicas, para a retificação de valores e/ou competências nos processo citados; e 4 – Se há direito da recorrente na compensação solicitada, devido a pagamento a maior? O Fisco respondeu aos questionamento, fls. 0318, informando, em síntese, que não houve recolhimentos em duplicidade. A recorrente não foi informada desse posicionamento e os autos retornaram ao CARF. Há informação nos autos de que o contribuinte foi cientificado, mas não há informação sobre a resposta, ou não, do contribuinte. Fl. 426DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 37280.000266/200403 Acórdão n.º 2402004.808 S2C4T2 Fl. 425 5 Ressaltese que logo após o envio da intimação sobre a diligência há várias manifestações, inconclusivas, sobre o parcelamento do presente crédito. Analisando os autos, o CARF emitiu nova resolução, a fim de que o Fisco cientificasse e possibilitasse o exercício da ampla defesa pela recorrente e para que fosse informado se o presente crédito foi parcelado integralmente, parcialmente ou que não foi objeto de parcelamento. A fiscalização informou que o débito não foi parcelado, cientificou o contribuinte de sua informação e abriu prazo para contestação. Cientificada, a recorrente, em síntese, alega preliminar de que não foi cientificada da diligência anterior à decisão de primeira instância, cerceando seu direito, motivo de nulidade da decisão, anexando várias decisões do CARF. Os autos retornaram ao Conselho para análise e decisão. É o relatório. Fl. 427DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO 6 Voto Conselheiro Marcelo Oliveira, Relator Antes de analisarmos o mérito, há questão que deve ser verificada, preliminarmente. Compulsando os autos verifico que, antes de proferida a decisão recorrida, foi determinada a realização de diligência, fls. 073, o que foi cumprido, resultando relatório conclusivo sobre a matéria, fls. 075, com retificação parcial do lançamento. Entretanto, à recorrente não foi oferecida oportunidade de resposta sobre o resultado da diligência, que prestou importantes informações, inclusive alterando o valor lançado. Considero esta irregularidade insanável, uma vez que somente no prazo para interposição do recurso voluntário conheceu dos fatos e esclarecimentos apresentados no relatório de diligência. Há vários precedentes deste órgão colegiado neste sentido. Transcrevo a ementa do Acórdão nº 10515982 (relator Conselheiro Daniel Sahagoff; data da sessão 20/09/2006), verbis: CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA CONTRIBUINTE NÃO TOMOU CIÊNCIA DO RESULTADO DA DILIGÊNCIA A ciência ao contribuinte do resultado da diligência é uma exigência jurídicoprocedimental, dela não se podendo desvincular, sob pena de anulação do processo, por cerceamento ao seu direito de defesa. Necessidade de retorno dos autos à instância originária para que se dê ciência ao contribuinte do resultado da diligência, concedendolhe o prazo regulamentar para, se assim o desejar, apresentar manifestação. Recurso provido. E a ampla defesa, assegurada constitucionalmente aos contribuintes, deve ser observada no processo administrativo fiscal. A propósito do tema, é salutar a adoção dos ensinamentos de Sandro Luiz Nunes que, em seu trabalho intitulado Processo Administrativo Tributário no Município de Florianópolis, esclarece de forma precisa e cristalina: A ampla defesa deve ser observada no processo administrativo, sob pena de nulidade deste. Manifestase mediante o oferecimento de oportunidade ao sujeito passivo para que este, querendo, possa oporse a pretensão do fisco, fazendose serem conhecidas e apreciadas todas as suas alegações de caráter processual e material, bem como as provas com que pretende provar as suas alegações. De fato, este entendimento também foi plasmado no Decreto nº 70.235/72 que, ao tratar das nulidades, deixa claro no inciso II, do artigo 59, que são nulas as decisões proferidas com a preterição do direito de defesa. Fl. 428DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 37280.000266/200403 Acórdão n.º 2402004.808 S2C4T2 Fl. 426 7 Feitas estas considerações, entendo que a decisão recorrida deve ser anulada, uma vez que prolatada sem que o contribuinte tivesse a oportunidade de se manifestar, regularmente, em relação à informação fiscal carreada aos autos pelo fisco. CONCLUSÃO: Pelo exposto, voto pela nulidade da decisão de primeira instância, nos termos do voto. Marcelo Oliveira. Fl. 429DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 29/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO
score : 1.0
Numero do processo: 10183.720473/2007-64
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 23 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Fri Sep 11 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2005
ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. EXIGÊNCIA DE ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA) POR LEI. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO.
A partir do exercício de 2001, com a introdução do art. 17 na Lei nº 6.938, de 1981, por força da Lei nº 10.165, de 2000, o Ato Declaratório Ambiental (ADA) passou a ser obrigatório para fins de exclusão da área de preservação permanente da base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR).
VALOR DA TERRA NUA (VTN). ARBITRAMENTO COM BASE NO SISTEMA DE PREÇOS DE TERRAS (SIPT). UTILIZAÇÃO DO VTN MÉDIO DITR. EM DETRIMENTO DA UTILIZAÇÃO DO VTN MÉDIO POR APTIDÃO AGRÍCOLA.
Incabível a manutenção do Valor da Terra Nua (VTN) arbitrado pela fiscalização, com base no Sistema de Preços de Terras (SIPT), utilizando VTN médio das DITR entregues no município de localização do imóvel, por contrariar o disposto no art. 14 da Lei nº 9.393, de 1996
Recurso parcialmente provido.
Numero da decisão: 2202-002.151
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, Pelo voto de qualidade, dar provimento parcial ao recurso para restabelecer o Valor da Terra Nua declarado pelo Recorrente. Vencidos os Conselheiros Pedro Anan Junior (Relator), Rafael Pandolfo e Guilherme Barranco de Souza, que proviam o recurso. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Nelson Mallmann.
(Assinado Digitalmente)
Antonio Lopo Martinez Presidente Ad Hoc
(Assinado digitalmente)
Pedro Anan Junior - Relator
Nelson Mallmann Redator Designado
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Rafael Pandolfo, Antonio Lopo Martinez, Guilherme Barranco de Souza, Pedro Anan Junior e Nelson Mallmann (Presidente). Ausente, justificadamente, o Conselheiro Odmir Fernandes.
Nome do relator: Relator
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2005 ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. EXIGÊNCIA DE ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA) POR LEI. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO. A partir do exercício de 2001, com a introdução do art. 17 na Lei nº 6.938, de 1981, por força da Lei nº 10.165, de 2000, o Ato Declaratório Ambiental (ADA) passou a ser obrigatório para fins de exclusão da área de preservação permanente da base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR). VALOR DA TERRA NUA (VTN). ARBITRAMENTO COM BASE NO SISTEMA DE PREÇOS DE TERRAS (SIPT). UTILIZAÇÃO DO VTN MÉDIO DITR. EM DETRIMENTO DA UTILIZAÇÃO DO VTN MÉDIO POR APTIDÃO AGRÍCOLA. Incabível a manutenção do Valor da Terra Nua (VTN) arbitrado pela fiscalização, com base no Sistema de Preços de Terras (SIPT), utilizando VTN médio das DITR entregues no município de localização do imóvel, por contrariar o disposto no art. 14 da Lei nº 9.393, de 1996 Recurso parcialmente provido.
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EXIGÊNCIA DE ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA) POR LEI. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO. A partir do exercício de 2001, com a introdução do art. 17 na Lei nº 6.938, de 1981, por força da Lei nº 10.165, de 2000, o Ato Declaratório Ambiental (ADA) passou a ser obrigatório para fins de exclusão da área de preservação permanente da base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR). VALOR DA TERRA NUA (VTN). ARBITRAMENTO COM BASE NO SISTEMA DE PREÇOS DE TERRAS (SIPT). UTILIZAÇÃO DO VTN MÉDIO DITR. EM DETRIMENTO DA UTILIZAÇÃO DO VTN MÉDIO POR APTIDÃO AGRÍCOLA. Incabível a manutenção do Valor da Terra Nua (VTN) arbitrado pela fiscalização, com base no Sistema de Preços de Terras (SIPT), utilizando VTN médio das DITR entregues no município de localização do imóvel, por contrariar o disposto no art. 14 da Lei nº 9.393, de 1996 Recurso parcialmente provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, Pelo voto de qualidade, dar provimento parcial ao recurso para restabelecer o Valor da Terra Nua declarado pelo Recorrente. Vencidos os Conselheiros Pedro Anan Junior (Relator), Rafael Pandolfo e Guilherme Barranco de Souza, que proviam o recurso. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Nelson Mallmann. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 18 3. 72 04 73 /2 00 7- 64 Fl. 298DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2014 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 03/03/2014 po r PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 11/03/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 2 (Assinado Digitalmente) Antonio Lopo Martinez – Presidente Ad Hoc (Assinado digitalmente) Pedro Anan Junior Relator Nelson Mallmann – Redator Designado Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Rafael Pandolfo, Antonio Lopo Martinez, Guilherme Barranco de Souza, Pedro Anan Junior e Nelson Mallmann (Presidente). Ausente, justificadamente, o Conselheiro Odmir Fernandes. Fl. 299DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2014 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 03/03/2014 po r PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 11/03/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10183.720473/200764 Acórdão n.º 2202002.151 S2C2T2 Fl. 3 3 Relatório Exigese do interessado o pagamento do crédito tributário lançado em procedimento fiscal de verificação do cumprimento das obrigações tributárias, relativamente ao ITR, aos juros de mora e à multa por informação inexata na Declaração do ITR — DITR/2005, no valor total de R$ 741.542,29, referente ao imóvel rural denominado Fazenda São José, com área total de 9.370,0 ha, com Número na Receita Federal — NIRF 1.090.8471, localizado no município de Poconé MT, conforme Auto de Infração — AI de fls. 01 a 06, cuja descrição dos fatos e enquadramento legal constam das fls. 02, 03 e 06. Inicialmente, com a finalidade de viabilizar a análise dos dados declarados nos exercícios 2003, 2004 e 2005, especialmente a Área de Preservação Permanente — APP; de Utilização Limitada — Área de Reserva Legal — ARL e o Valor da Terra Nua — VTN, o declarante foi intimado a apresentar diversos documentos comprobatórios, os quais, com base na legislação pertinente, foram listados, detalhadamente, no Termo de Intimação, fls. 07 e 08. Entre os mesmos constam: cópia do Ato Declaratório Ambiental — ADA, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis — IBAMA; Laudo Técnico emitido por profissional habilitado, relativamente à demonstração de existência da APP conforme enquadramento legal (art. 2 °, da lei n° 4.771/1965 — Código Florestal), acompanhado de Anotação de Responsabilidade Técnica — ART; Certidão do Órgão Público competente, caso o imóvel ou parte dele esteja inserido em área declarada como de Preservação Permanente nos termos do art. 3% do Código Florestal, acompanhado do Ato do Poder Público que assim a declarou; cópia da matrícula do imóvel, caso exista averbação de Área de Reserva Legal, de Reserva Particular do Patrimônio Natural — RPPN, ou outros tipos de Área de Utilização Limitada — AUL; cópia do Termo de Responsabilidade/Compromisso de averbação da ARL ou Termo de Ajustamento de Conduta da ARL; Ato específico do órgão competente federal ou estadual, caso o imóvel ou parte dele tenha sido declarado como área de interesse ambiental; Laudo Técnico de Avaliação, elaborado com atendimento aos requisitos das Normas Técnicas — NBR 14.6533, da Associação Brasileira de Normas Técnicas — ABNT, acompanhado de Anotação de Responsabilidade Técnica — ART, demonstrando os métodos de avaliação e fontes pesquisadas que levaram à convicção do valor atribuído ao imóvel, com Grau 2 de fundamentação mínima, entre outros. Foi informado, inclusive, que a não apresentação do laudo propiciaria o lançamento de ofício do VTN, conforme a legislação, substituindose o valor informado na DITR pelo VTN constante do Sistema de Preços de Terras da Secretaria da Receita Federal — SIPT. Conforme Consulta Postagem e Aviso de Recebimento — AR de fls. 09 e 10, respectivamente, a intimação foi entregue ao destinatário em 27/07/2007 e, em seu atendimento, após deferimento de pedido de prorrogação de prazo, fls. 11 a 16, com o elenco de anexo de documentos de fls. 17 e 18 foi apresentada a documentação constante das fls. 19 a 82, composta por: cópia do ADA transmitido ao IBAMA, via Internet, em 13/09/2007; cópia do Termo de Intimação; da matrícula do imóvel; de certidão imobiliária; cópia de declarações Fl. 300DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2014 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 03/03/2014 po r PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 11/03/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 4 de VTN fornecidas por corretores imóveis, sindicato Rural, cartório e técnico agropecuário da Empresa Matogrossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural S/A — EMPAER; cópia de DITR; histórico de controle de animais; cópia de ART; de Laudo Ambiental e de Avaliação, no qual se conclui que o VTN da propriedade é de R$ 44,00 por hectare e; mapa da propriedade; entre outros. Da análise dos documentos, relativamente às áreas de floresta, o fiscal explicou que não foi comprovada a isenção. O laudo não discriminou a APP conforme enquadramento legal. Dos 6.280,Oha de ARL declarados, na matrícula do imóvel consta averbação de 4.685,Oha, na proporção de 50,0% da Área Total do Imóvel — ATI. Além disso, o ADA foi entregue ao IBAMA após o prazo legal para os exercícios fiscalizados. Quanto ao VTN, o laudo não atendeu o grau de fundamentação II exigido na intimação. A maioria das amostras de pesquisa de valores se refere a opiniões, fato que caracteriza o grau I de fundamentação. Com base nessas constatações, a Autoridade Fiscal glosou as áreas isentas e, relativamente ao VTN, foi observado obediência ao artigo 14, da lei no 9.393/1996, que estabelece que em caso de sub avaliação a Receita Federal do Brasil — RFB procederá à determinação e ao lançamento de ofício do imposto, considerando informações sobre preços de terras constantes de sistema a ser por ela instituído e, ainda, a observação dos critérios de avaliação estabelecidos no artigo 12, § 1 0, inciso II, da Lei no 8.629/1993 (indenização justa em caso de desapropriação), e da consideração de levantamentos realizados pelas Secretarias de Agricultura estaduais ou municipais. Esclareceu, também, que na hipótese de não serem fornecidos os preços de terras para um determinado município, nem pela Secretaria Estadual de Agricultura e nem pela Secretaria Municipal de Agricultura, tendo em vista o comando e a competência legal para a instituição do SIPT, nos termos do referido artigo 14, da lei n° 9.393/1996, a Receita Federal do Brasil — RFB disporá, para fins de lançamento de ofício do ITR, do preço médio do hectare obtido a partir dos valores informados nas DITR, pelo conjunto dos próprios contribuintes dos imóveis localizados em cada município. Sendo assim, levando em conta as deficiências do laudo apresentado, para este exercício foi utilizada a média de VTN declarado no município, R$ 188,75 por hectare, conforme consta da Consulta do SIPT de fl. 170. Efetuadas essa modificações, bem como dos demais dados conseqüentes, foi apurado o crédito tributário e lavrada a NL, cuja ciência, conforme Consulta Postagem e AR de fls. 171 e 172, respectivamente, foi dada ao interessado em 20/12/2007. Das fls. 81 a 103 foi juntada a impugnação apresentada em 21/01/2008, na qual após tratar Dos Fatos, informando da localização do imóvel, historiandoa forma de sua aquisição, de sua proteção por gerações, da utilização racional dos recursos naturais, entre outros, bem da Intimação Fiscal e dos fundamentos da NL, sob o título Do Direito o interessado apresentou seus argumentos de discordância. A 1ªTurma da Delegacia de Receita Federal de Julgamento de Campo Grande, ao analisar o pleito, julgou improcedente a impugnação, através do acórdão DRJ/CGE 0419.286, de 04 de dezembro de 2009, consubstanciado na seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2004 Fl. 301DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2014 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 03/03/2014 po r PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 11/03/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10183.720473/200764 Acórdão n.º 2202002.151 S2C2T2 Fl. 4 5 Preservação Permanente Reserva Legal Requisitos de Isenção Para que a Área de Preservação Permanente APP possa ser considerada isenta, além da comprovação de sua existência, através de laudo técnico específico que demonstre em quais artigos da legislação pertinente se enquadra, deve ser reconhecida mediante Ato Declaratório Ambiental ADA, cujo requerimento deve estar protocolado no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBAMA dentro do prazo legal, que é de seis meses após o prazo final para entrega da Declaração do ITR DITR. Da mesma forma a Área de Reserva Legal ARL, que, além de estar devidamente averbada na matrícula do imóvel, necessita, também, do ADA tempestivo para sua isenção. Isenção Hermenêutica A legislação tributária para concessão de benefício fiscal interpretase literalmente, assim, se não atendidos os requisitos legais para a isenção, a mesma não deve ser concedida. Valor da Terra Nua VTN O lançamento que tenha alterado o VTN declarado, utilizando valores de terras constantes do Sistema de Preços de Terras da Secretaria da Receita Federal SIPT, nos termos da legislação, é passível de modificação somente se, na contestação, forem oferecidos elementos de convicção, embasados em Laudo Técnico, elaborado em consonância com as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT, que apresente valor de mercado relativo ao ano base questionado. Devidamente cientificado dessa decisão, o contribuinte apresenta tempestivamente recurso voluntário onde reitera os argumentos da impugnação. É o relatório. Fl. 302DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2014 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 03/03/2014 po r PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 11/03/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 6 Voto Vencido Conselheiro Pedro Anan Junior, Relator O recurso preenche os pressupostos de admissibilidade e deve ser conhecido. ÁREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA – RESERVA LEGAL E DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. Tratase de lançamento fiscal de ITR, exercício 2004, derivado de glosa de área utilização limitada reserva legal de preservação permanente pelo fato do recorrente ter apresentado o ADA intempestivamente, bem como no arbitramento do VTN declarado pelo Recorrente. A decisão recorrida, que confirmou o lançamento, apóiase na premissa de que o ADA foi apresentado ADA intempestivamente. A questão exige que se separe a análise da disciplina normativa que as áreas de preservação permanente e reserva legal recebem no âmbito do Direito Tributário daquela que recebem no contexto do Direito Ambiental. A Lei 9.393, de 19 de dezembro de 1996, expressamente exclui da base de cálculo tributável do ITR as áreas de reserva legal e de preservação permanente (art. 10, § 1º, inciso II, letra “a”), ou seja, estas áreas constituem elementos redutores da base de cálculo tributável do ITR. A base de cálculo tributária é a própria exteriorização econômica do fato tributável. Por essa razão, a base de cálculo está submetida à reserva legal e aos rigores da legalidade tributária, contemplada constitucionalmente como uma das principais limitações constitucionais ao poder de tributar (art. 150, I, CF). O Código Tributário Nacional (art. 97, IV), de forma mais explícita, ratifica a necessidade de lei formal para a disciplina da base de cálculo tributável. Importante destacar que o Código Tributário Nacional (art. 97, § 1º) vincula os conceitos de majoração tributária (submetida à reserva legal) ao efeito “onerosidade”, produzido em decorrência de modificação da base de cálculo tributária. Vale dizer, qualquer alteração de base de cálculo que torne o tributo mais oneroso para o sujeito passivo submetese ao regime jurídico aplicável à majoração tributária, notadamente ‘a exigência de que seja veiculada por lei formal e atenda aos interstícios temporais previstos constitucionalmente (anterioridade geral, anterioridade nonagesimal) para cada espécie tributária. O Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, de apuração anual, tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, localizado fora da zona urbana do município, em 1º de janeiro de cada ano (art. 1º, lei 9.393/96). Fl. 303DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2014 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 03/03/2014 po r PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 11/03/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10183.720473/200764 Acórdão n.º 2202002.151 S2C2T2 Fl. 5 7 A base de cálculo tributável é resultado de uma operação complexa que tem como ponto de partida o Valor da Terra Nua – VTN, o qual sofre o efeito de vários elementos redutores. Do valor do imóvel declarado pelo contribuinte (Valor da Terra Nua) devem ser excluídos (art. 10, § 1º, Lei 9.393/96) os valores relativos a construções, instalações e benfeitorias; culturas permanentes e temporárias; pastagens cultivadas e melhoradas; florestas plantadas. Outro conceito importante na definição da base de cálculo tributável do ITR é o de “área tributável”, entendida como a área total do imóvel, excluídas, ou seja, devem ser considerados como elementos redutores: as áreas de preservação permanente e de reserva legal; as áreas de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, e que ampliem as restrições de uso previstas nas áreas de preservação permanente e de reserva legal; as áreas comprovadamente imprestáveis para qualquer exploração agrícola, pecuária, granjeira, aqüícola ou florestal, declaradas de interesse ecológico mediante ato do órgão competente, federal ou estadual; as áreas sob regime de servidão florestal ou ambiental; as áreas cobertas por florestas nativas, primárias ou secundárias em estágio médio ou avançado de regeneração; e as áreas alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas hidrelétricas autorizada pelo poder público. Da multiplicação do Valor da Terra Nua (VTN) pelo quociente entre a área tributável e a área total, chegase ao Valor da Terra Nua tributável (VTNt), que á efetiva base de cálculo sobre a qual deve incidir a alíquota (variável) do ITR. Importante aferir, no entanto, o Grau de Utilização da terra, tarefa que exige a análise e determinação da “área aproveitável” e da “área efetivamente utilizada”. Considerase como “área aproveitável”, a que for passível de exploração agrícola, pecuária, granjeira, aqüícola ou florestal, excluídas as áreas ocupadas por benfeitorias úteis e necessárias e os elementos redutores da área tributável, entre os quais destacamse as áreas de preservação permanente e as de reserva legal. Por outro lado, entendese por “área efetivamente utilizada” a porção do imóvel que no ano anterior tenha sido plantada com produtos vegetais; servido de pastagem, nativa ou plantada, observados índices de lotação por zona de pecuária; tenha sido objeto de exploração extrativa, observados os índices de rendimento por produto e a legislação ambiental; tenha servido para exploração de atividades granjeira e aqüícola, ou tenha sido o objeto de implantação de projeto técnico, nos termos do art. 7º da Lei nº 8.629, de 25 de fevereiro de 1993. O Grau de Utilização – GU do imóvel rural é a relação percentual entre a área efetivamente utilizada e a área aproveitável. A base de cálculo tributável do ITR é o Valor da Terra Nua tributável (VTNt), sobre a qual incidirão alíquotas variáveis dependendo da área total do imóvel e do Grau de Utilização da terra (art. 11, caput, Lei 9.393/96). Qualquer alteração nos elementos redutores da base de cálculo tributável poderá ensejar modificação no nível de onerosidade tributária, índice que pode refletir Fl. 304DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2014 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 03/03/2014 po r PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 11/03/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 8 majoração tributária, a submeterse aos rigores da reserva legal, na forma do disposto na Constituição Federal e no Código Tributário Nacional. As áreas de preservação permanente e de reserva legal constituem, como visto, elementos redutores da “área tributável”, e por isso influenciam diretamente a base de cálculo tributável (Valor da Terra Nua tributável – VTNt), na medida em que esta é o resultado da multiplicação do Valor da Terra Nua (VTN) pelo quociente entre a área tributável e a área total. A desconsideração de elementos redutores do valor da “área tributável”, tais como as áreas de preservação permanente e reserva legal, leva inexoravelmente ao aumento do número resultante da divisão entre área tributável e área total do imóvel, resultado que repercute aumentando o valor da Terra Nua Tributável (VTNt), base de cálculo do ITR. A rigor, a base de cálculo do ITR (VTNt) é o resultado da multiplicação do Valor da Terra Nua (VTN) pelo índice resultante da divisão da área tributável pela área total do imóvel. O aumento de área tributável, decorrente, por exemplo, da desconsideração de elementos que o reduzem, como as áreas de preservação permanente e de reserva legal, conduz a um aumento na base de cálculo do ITR na medida em que aumenta o resultado da divisão da área tributável pela área total do imóvel. Ao disciplinar a base de cálculo do ITR, a Lei 9.393/96 não impôs qualquer condição para que as áreas de preservação permanente e de reserva legal fossem consideradas como elementos redutores da área tributável por este imposto. Ocorre que a IN/SRF 67/97, conferindo nova redação ao art. 10, § 4º da IN/SRF 43/97, estabeleceu que: Art. 10. § 4º As áreas de preservação permanente e as de utilização limitada serão reconhecidas mediante ato declaratório do IBAMA, ou órgão delegado através de convênio, para fins de apuração do ITR. Observado o seguinte: I as áreas de reserva legal, para fins de obtenção do ato declaratório do IBAMA, deverão estar averbadas à margem da inscrição da matrícula do imóvel no registro de imóveis competente, conforme preceitua a Lei nº 4.771, de 1965, II o contribuinte terá o prazo de seis meses, contado da data da entrega da declaração do ITR, para protocolar requerimento do ato declaratório junto ao IBAMA. Como visto, o referido ato regulamentar criou três condições relativas aos elementos redutores da base de cálculo do ITR (áreas de preservação permanente e de reserva legal), a saber: Primeiro, as áreas de preservação permanente só poderão ser utilizadas para fins de apuração da base de cálculo do ITR após o protocolo, pelo interessado, de requerimento junto ao IBAMA solicitando a expedição de ato declaratório reconhecendo as características ambientais do imóvel. Fl. 305DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2014 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 03/03/2014 po r PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 11/03/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10183.720473/200764 Acórdão n.º 2202002.151 S2C2T2 Fl. 6 9 Segundo, as áreas de reserva legal deverão estar averbadas à margem da inscrição da matrícula do imóvel antes do pleito de expedição do ato declaratório junto ao IBAMA. Terceiro, o requerimento para expedição do ato declaratório deve ser protocolado junto ao IBAMA no prazo de até seis meses, contado da data da entrega da declaração do ITR. Segundo a dicção da citada Instrução Normativa, se não cumpridas as três condições por ela criadas, as áreas de preservação permanente e de reserva legal não poderão ser utilizadas pelo sujeito passivo como elementos redutores da base de cálculo do ITR. As referidas condições foram reproduzidas posteriormente pelo art. 17 da IN/SRF 73/2000 e da IN 60/2001 e constam do Decreto 4.382/2002 (art. 10, § 1º e 12, § 1º). Como resta claro, a lei tributária, ao definir o fato gerador do ITR, estabeleceu a sua base de cálculo sem condições. Atos regulamentares editados posteriormente, a pretexto de regular o tributo, na prática, tornaramno mais oneroso, na medida em que majoraram a sua base de cálculo, criando condições (antes inexistentes) para que esta pudesse ser apurada. O Código Tributário Nacional (art. 97, § 1º) é expresso ao equiparar à majoração do tributo, submetida à reserva de lei, qualquer modificação de sua base de cálculo, que resulte em tornálo mais oneroso”. No caso em concreto o Recorrente apesar de ter apresentado o ADA intempestivamente, apresentou laudo de avaliação que atestam as áreas de preservação permanente e utilização limitada que no meu entender são suficientes para comprovar a possibilidade de exclusão do valor da base de cálculo do ITR. VTN – Arbitramento Em relação ao VTN, a autoridade lançadora arbitrou o valor em R$ 194,15 uma vez o laudo técnico de avaliação apresentado pelo Recorrente não preencheu os requisitos da ABNT, nos termos da norma de execução COSIT, 003, de 29 de maio de 2006. No que diz respeito ao Valor da Terra Nua para fins de apuração do ITR, o artigo 8º, da Lei nº 9.393, de 1996, determina que ele refletirá o preço de mercado de terras apurado no dia 1º de janeiro do ano a que se referir o DIAT, e será considerado auto avaliação da terra nua a preço de mercado. No caso em concreto a autoridade lançadora utilizou os dados constantes no Sistema de Preços de Terra – SIPT, evidenciado nos extratos, uma vez que o laudo apresentado pelo contribuinte não teria preenchido os requisitos da ABNT, válido para suportar o valor adotado pelo Recorrente. Na parte atinente ao cálculo do Valor da Terra Nua VTN, entendeu a autoridade lançadora que houve subavaliação, tendo em vista o valor constante do Sistema de Preço de Terras (SIPT), instituído pela então SRF em consonância ao art. 14, caput, da Lei n° 9.393, de 1996. Fl. 306DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2014 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 03/03/2014 po r PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 11/03/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 10 Como visto no relatório, a modificação do Valor da Terra Nua foi realizado com base nos dados cadastrais informados na correspondente DITR/2003, já que não existia um VTN apurado por aptidão agrícola declarado para efeito de comparação, consequentemente, o VTN declarado pelo recorrente, naquela declaração, foi desprezado. Em síntese, podemos dizer que o VTNm/ha representa a média ponderada dos preços mínimos dos diversos tipos de terras de cada microrregião, observandose nessa oportunidade o conceito legal de terra nua previsto na legislação de regência sobre o assunto, utilizandose como data de referência o último dia do ano anterior ao do lançamento, no caso 31 de dezembro de 1999. A utilização da tabela SIPT, para verificação do valor de imóveis rurais, a princípio, teria amparo no art. 14 da Lei nº 9.393, de 1996. Como da mesma forma, o valor do SIPT só é utilizado quando, depois de intimado, o contribuinte não apresenta elementos suficientes para comprovar o valor por ele declarado, da mesma forma que tal valor fica sujeito à revisão quando o contribuinte comprova que seu imóvel possui características que o distingam dos demais imóveis do mesmo município. Não tenho dúvidas de que as tabelas de valores indicados no SIPT, quando elaboradas de acordo com a legislação de regência, servem como referencial para amparar o trabalho de malha das declarações de ITR e somente deverão ser utilizados pela autoridade fiscal se o contribuinte não lograr comprovar que o valor declarado de seu imóvel corresponde ao valor efetivo na data do fato gerador. Para tanto, a fiscalização deve enviar uma intimação ao contribuinte solicitando a comprovação dos dados declarados antes de proceder à formalização do lançamento. Vivemos em um Estado de Direito, onde deve imperar a lei, de tal sorte que o indivíduo só se sentirá forçado a fazer ou não fazer alguma coisa compelido pela lei. Daí porque o lançamento ser previsto no art. 142 do Código Tributário Nacional como atividade plenamente vinculada, isto é, sem possibilidade de a cobrança se firmar em ato discricionário, e, por outro lado, obrigatória, isto é o órgão da administração não pode deixar de cobrar o tributo previsto em lei. Assim, sendo se faz necessário uma análise preliminar sobre a possibilidade da utilização dos valores constantes da tabela SIPT, quando elaborada tendo por base as DITR do município onde se localiza o imóvel. Ou seja, se faz necessário enfrentar a questão da legalidade da forma de cálculo que é utilizado, nestes caso, para se encontrar os valores determinados na referida tabela. Razão pela qual, na opinião deste Relator, se faz necessário verificar qual foi metodologia utilizada para se chegar aos valores constantes da tabela SIPT, principalmente, nos casos em que restar comprovado, nos autos do processo, que a mesma foi elaborada tendo por base a média dos VTN das DITR entregues no município da localização do imóvel. Esta forma de valoração do VTN atenderia as normas legais para se proceder ao arbitramento do VTN a ser utilizado, pela autoridade fiscal, na revisão da DITR? Sem dúvidas, que tal ponto não deixa de ser importante, posto que, em se entendendo que as normas de cálculo utilizadas para a confecção da Tabela SIPT, tomada como base para o arbitramento do VTN pela autoridade fiscal, não se demonstram adequadas à lei, tal situação faria prevalecer o VTN indicado pelo contribuinte em laudo técnico ou de sua Declaração. Fl. 307DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2014 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 03/03/2014 po r PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 11/03/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10183.720473/200764 Acórdão n.º 2202002.151 S2C2T2 Fl. 7 11 Este é o caso questão, onde o VTN extraído do SIPT referese à média dos VTNs das DITRs apresentadas para o mesmo município no ano de 2003 e não do VTN médio por aptidão agrícola, onde se avalia os preços médios por hectare de terras do município onde esta localizado o imóvel, apurado através da avaliação pela Secretaria Estadual de Agricultura os preços de terras levando em conta de existência de lavouras, campos, pastagens, matas. Analisando o conteúdo das normas reguladoras para a fixação dos preços médios de terras por hectare só posso concluir, que o levantamento do VTN, levando conta a média dos VTN constantes da DITRs, não condiz com o proposto pelo art. 14 da Lei nº 9.393, de 1996, verbis: Art. 14. No caso de falta de entrega do DIAC ou do DIAT, bem como de subavaliação ou prestação de informações inexatas, incorretas ou fraudulentas, a Secretaria da Receita Federal procederá à determinação e ao lançamento de ofício do imposto, considerando informações sobre preços de terras, constantes de sistema a ser por ela instituído, e os dados de área total, área tributável e grau de utilização do imóvel, apurados em procedimentos de fiscalização. § 1º As informações sobre preços de terra observarão os critérios estabelecidos no art. 12, § 1º, inciso II da Lei nº 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, e considerarão levantamentos realizados pelas Secretarias de Agricultura das Unidades Federadas ou dos Municípios Assim se manifesta o art. 12 da Lei nº 8.629, de 1993: Artigo 12 Considerase justa a indenização que permita ao desapropriado a reposição, em seu patrimônio, do valor do bem que perdeu por interesse social. § 1º A identificação do valor do bem a ser indenizado será feita, preferencialmente, com base nos seguintes referenciais técnicos e mercadológicos, entre outros usualmente empregados: I valor das benfeitorias úteis e necessárias, descontada a depreciação conforme o estado de conservação; II valor da terra nua, observados os seguintes aspectos: a) localização do imóvel; b) capacidade potencial da terra; c) dimensão do imóvel. § 2º Os dados referentes ao preço das benfeitorias e do hectare da terra nua a serem indenizados serão levantados junto às Prefeituras Municipais, órgãos estaduais encarregados de avaliação imobiliária, quando houver, Tabelionatos e Cartórios de Registro de Imóveis, e através de pesquisa de mercado. (o grifo não é do original) Fl. 308DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2014 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 03/03/2014 po r PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 11/03/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 12 Resta claro, que com a publicação da Lei nº 9.393, de 1996, em seu art. 14 dispõe que as informações sobre preços de terras observarão os critérios estabelecidos no artigo 12, § 1°, inciso II, da Lei n 8.629, de 25 de fevereiro de 1.993, e considerarão levantamentos realizados pelas Secretarias de Agricultura das Unidades Federadas ou dos municípios. Tenho para mim, que as atividades do Estado, mesmo quando no exercício de seu poder discricionário, estão vinculados a ordem Jurídica. Dai o significado do principio da legalidade para o Estado. Este só pode fazer aquilo que a lei o autoriza. Ora, se a fixação do VTNm não teve por base esse levantamento (por aptidão agrícola), o que está comprovado nos autos, já que a autoridade fiscal lançadora se utilizou do VTN médio das DITRs entregues no município, então não se cumpriu o comando legal e o VTNm adotado para proceder ao arbitramento pela autoridade lançadora não é legítimo, sendo inservível para o fim da recusa do valor declarado ou pretendido pelo contribuinte. Por outro lado, é de se levar em conta que é facultado ao contribuinte solicitar a revisão do respectivo VTNm com base em Laudo Técnico de Avaliação emitido por profissional habilitado ou empresa de reconhecida capacitação técnica, que deverá estar acompanhado de ART, devidamente registrada no CREA, além de atender aos requisitos das normas da ABNT, principalmente no que diz respeito às fontes consultadas e a metodologia então utilizada. Estou ciente que a presente matéria sempre gerou polêmica neste Conselho de Contribuintes e ainda vai permanecer ao longo do tempo, pois existem colegas que defendem a tese de que o contribuinte poderia questionar o Valor da Terra Nua (VTN) arbitrado pela autoridade fiscal lançadora, mas para tanto seria necessário a apresentação de "Laudo Técnico de Avaliação" emitido por profissional habilitado, acompanhado de ART, devidamente anotada no CREA, que atendesse, ainda, aos requisitos das Normas da ABNT (atual NBR 14.6533), principalmente no que diz respeito à metodologia utilizada e às fontes eventualmente consultadas, demonstrando, de forma inequívoca, o valor fundiário do imóvel, a preços da data do fator gerador do imposto, além da existência de características particulares desfavoráveis, que justificassem um VTN/ha abaixo do arbitrado pela fiscalização com base no SIPT. Ou seja, entendem, que de acordo com a legislação de regência, estes critérios seriam rígidos. Entretanto, particularmente, rejeito esta tese e compartilho com a opinião dos colegas, externada em diversos julgados, que a legislação do ITR não estabeleceu, em lugar algum, a exigência de confecção de laudos técnicos de avaliação de conformidade com a norma da ABNT mencionada, ou em qualquer outra, para fins de pedido de revisão do VTN mínimo sobre determinado imóveis. A lei determinou, isto sim, que o laudo técnico deve ser emitido por entidade de reconhecida capacitação técnica ou por profissional devidamente habilitado. Basta, portanto, na opinião dos colegas que compartilham esta tese, que o laudo emitido de conformidade com tal determinação demonstre, de forma inequívoca, as características que diferenciam o imóvel questionado, das demais terras do município envolvido, indicando um valor de terra nua inferior ao mínimo estabelecido para tal município. Entretanto, diante do entendimento que o VTN médio utilizado pela autoridade fiscal lançadora não cumpre as exigências legais determinadas pela legislação de regência, penso ser irrelevante continuar a discussão da questão do Laudo de Avaliação do VTN, já que compartilho com o entendimento, que nesses casos, deve ser restabelecido o VTN declarado pelo recorrente em sua DITR glosado pela autoridade fiscal. Fl. 309DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2014 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 03/03/2014 po r PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 11/03/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10183.720473/200764 Acórdão n.º 2202002.151 S2C2T2 Fl. 8 13 Desta forma, entendo que devemos acolher para o VTN declarado pelo Recorrente. Neste sentido, conheço do recurso e no mérito dou provimento. (Assinado digitalmente) Pedro Anan Junior Relator Fl. 310DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2014 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 03/03/2014 po r PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 11/03/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 14 Voto Vencedor Conselheiro Nelson Mallmann, Redator Designado Com a devida vênia do nobre relator da matéria, Conselheiro Pedro Anan Junior, permitome divergir quanto à exclusão da tributação da área de preservação permanente, acompanhado o seu voto nas demais questões. Entende o nobre relator, que no caso em concreto, no que diz respeito à área de preservação permanente, a recorrente preencheu os requisitos previstos na legislação de regência, em razão da apresentação de laudo técnico. Contudo, não posso acompanhar o raciocínio do nobre relator, já que discordo frontalmente no que diz respeito ao Ato Declaratório Ambiental – ADA, exigência mútua para as áreas de preservação permanente e de utilização limitada (reserva legal), além da exigência concomitante da averbação da área de reserva legal nos Cartórios de Registro, pelos motivos abaixo expostos. Não restam duvidas de que se confirmou o não cumprimento de uma exigência aplicada às áreas de interesse ambiental não tributáveis consideradas para fins de isenção do ITR, qual seja, que a área de preservação permanente seja devidamente reconhecida como de interesse ambiental, por intermédio de Ato Declaratório Ambiental ADA, emitido pelo IBAMA/órgão conveniado ou, pelo menos, que seja comprovado a protocolização tempestiva do seu requerimento (do ADA). Para fins de um melhor entendimento da presente matéria (isenção das áreas de interesse ambiental), se faz necessário a transcrição da Instrução Normativa nº 5, de 25 de março de 2009, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, verbis: Art. 1º O Ato Declaratório AmbientalADA é documento de cadastro das áreas do imóvel rural junto ao IBAMA e das áreas de interesse ambiental que o integram para fins de isenção do Imposto sobre a Propriedade Territorial RuralITR, sobre estas últimas. Parágrafo único. O ADA deve ser preenchido e apresentado pelos declarantes de imóveis rurais obrigados à apresentação do ITR. Art. 2o São áreas de interesse ambiental não tributáveis consideradas para fins de isenção do ITR: I Área de Preservação Permanente APP: a) aquelas ocupadas por florestas e demais formas de vegetação natural, sem destinação comercial, descritas nos arts. 2o e 3o da Lei no 4.771, de 15 de setembro de 1965, e não incluídas nas áreas de reserva legal, com as exceções previstas na legislação em vigor, bem como não incluídas nas áreas cobertas por floresta nativa; Fl. 311DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2014 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 03/03/2014 po r PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 11/03/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10183.720473/200764 Acórdão n.º 2202002.151 S2C2T2 Fl. 9 15 II Área de Reserva Legal: a) deve estar averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel no cartório de registro de imóveis competente, ou mediante Termo de Compromisso de Averbação de Reserva Legal, com firma reconhecida do detentor da posse, para propriedade com documento de posse reconhecido pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária INCRA; III Área de Reserva Particular do Patrimônio Natural, prevista na Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000; IV Área Declarada de Interesse Ecológico: a) para proteção dos ecossistemas, declarada mediante ato do Poder Público competente, que contemple as Unidades de Conservação Federal, Estadual ou Municipal, de proteção integral ou de uso sustentável, comprovadamente contidas nos limites da unidade de conservação, caracterizadas sua limitação ao exercício do direito de propriedade; b) localizada em propriedade particular e que foi nominada e delimitada em ato do Poder Público Federal e Estadual, que contenha restrição de uso no mínimo igual à área de reserva legal; e c) comprovadamente imprestável para a atividade rural, declarada mediante ato do órgão competente federal ou estadual; V Área de Servidão Florestal ou Ambiental, prevista nas Leis nos 4.771, de 1965, e 11.284, de 2 de março de 2006, averbadas à margem da inscrição da matrícula do imóvel no cartório de registro de imóveis competente; VI Área Coberta por Florestas Nativas, aquela onde o proprietário protege as florestas nativas, primárias ou secundárias em estágio médio ou avançado de regeneração, conforme Lei no. 11.428, de 22 de dezembro de 2006; VII Área Alagada para Fins de Constituição de Reservatório de Usinas Hidrelétricas, autorizada pelo poder público, conforme Lei no 11.727, de 23 de junho de 2008. Parágrafo único. As áreas enumeradas nos incisos I, II, V e VI deste artigo devem estar com vegetação natural não degradada ou as frações em estágio médio ou avançado de regeneração. Art. 3o O IBAMA, a qualquer tempo, poderá solicitar que sejam informadas as áreas tributáveis constantes do Relatório de Atividades do Cadastro Técnico Federal, quais sejam: I construções, instalações e benfeitorias; II culturas permanentes e temporárias; III pastagens cultivadas e melhoradas; e Fl. 312DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2014 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 03/03/2014 po r PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 11/03/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 16 IV florestas plantadas, área de reflorestamento com essências exóticas ou nativas. Parágrafo único. Para os fins previstos nesta Instrução Normativa, o ADA substituirá o Relatório de Atividades e poderá conter informações sobre as atividades desenvolvidas nas áreas descritas nos incisos I à IV deste artigo. Art. 4o Os imóveis rurais que possuem áreas de reserva legal, de servidão florestal ou ambiental e área coberta por florestas nativas como compensação de outros imóveis rurais, de acordo com as normas estabelecidas na legislação, farão jus à isenção do ITR sobre essas áreas. Parágrafo único. É vedada a utilização de isenção pelos adquirentes de áreas de compensação. Art. 5o O proprietário rural que se beneficiar da isenção prevista no art. 2o desta Instrução Normativa deverá recolher junto ao IBAMA, anualmente, a importância prevista no item 3.11 do Anexo VII da Lei no 9.960, de 28 de janeiro de 2000, a título de vistoria. Parágrafo único. A taxa de vistoria a que se refere o caput deste artigo não poderá exceder a 10% (dez por cento) do valor da redução do imposto, proporcionada pelo ADA, e terá como base de cálculo a área total da propriedade. Art. 6o O declarante deverá apresentar o ADA por meio eletrônico formulário ADAWeb, e as respectivas orientações de preenchimento estarão à disposição no site do IBAMA na rede internacional de computadores www.ibama.gov.br ("Serviços online"). § 1o Para a apresentação do ADA não existem limites de tamanho de área do imóvel rural. § 2o O declarante da pequena propriedade rural ou posse rural familiar definidas na Lei no 4771, de 1965, poderá dirigirse a um dos órgãos descentralizados do IBAMA, onde poderá solicitar seja efetuada a transmissão das informações prestadas no ADAWeb. § 3o O ADA deverá ser entregue de 1o de janeiro a 30 de setembro de cada exercício, podendo ser retificado até 31 de dezembro do exercício referenciado. Art. 7o. As pessoas físicas e jurídicas cadastradas no Cadastro Técnico Federal, obrigadas à apresentação do ADA, deverão fazêla anualmente. Art. 8o. O ADA será devidamente preenchido conforme informações constantes do Documento de Informação e Atualização CadastralDIAC do ITR, Documento de Informação e ApuraçãoDIAT do ITR e da Declaração para Cadastramento de Imóvel RuralDP do INCRA. Parágrafo único. Será necessário um ADA para cada número do imóvel na Receita Federal N I R F. Fl. 313DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2014 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 03/03/2014 po r PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 11/03/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10183.720473/200764 Acórdão n.º 2202002.151 S2C2T2 Fl. 10 17 Art. 9o. Não será exigida apresentação de quaisquer documentos comprobatórios à declaração, sendo que a comprovação dos dados declarados poderá ser exigida posteriormente, por meio de mapas vetoriais digitais, documentos de registro de propriedade e respectivas averbações e laudo técnico de vistoria de campo, conforme Anexo desta Instrução Normativa, permitida a inclusão, no ADAWeb, das informações obtidas em campo, quando couber. Art. 10. Deverão constar no ADA os imóveis rurais daqueles declarantes que pleiteiam autorizações ou licenças junto ao IBAMA. Não há dúvidas que, a princípio, por se tratarem de áreas não tributáveis pelo Imposto Territorial Rural, cabe destacar que as áreas assim declaradas estão sujeitas à comprovação para serem aceitas, de acordo com a situação em que se enquadrem: 1 Reserva Legal — Para a sua exclusão da incidência do ITR se faz necessário que o contribuinte protocolize o Ato Declaratório Ambiental (ADA) no prazo legal e a cada exercício e que as áreas estejam averbadas no Registro de Imóveis competente até a data da ocorrência do fato gerador (Lei n° 4.771, de 1965, art. 16, com a redação dada pela MP n° 2.166, de 2001, art. 1°). Definição: São áreas de reserva legal aquelas cuja vegetação não pode ser suprimida, podendo apenas ser utilizada sob regime de manejo florestal sustentável, de acordo com princípios e critérios técnicos e científicos estabelecidos, devendo estar averbadas à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente. (Lei nº 4.771, de 1965, art. 16, com a redação dada pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001, art. 1º; RITR/2002, art. 12; IN SRF nº 256, de 2002, art. 11). 2 Reserva Legal do Patrimônio Natural — RPPN — Para a sua exclusão da incidência do ITR se faz necessário o protocolo do ADA no prazo legal e a cada exercício; que as áreas sejam reconhecidas pelo IBAMA ou por órgão estadual de meio ambiente, mediante requerimento do proprietário (Decreto n° 1.922, de 1996 e Lei nº 9.985, de 2000, art. . 21); que as áreas estejam averbadas no Registro de Imóveis competente na data da ocorrência do fato gerador (Lei n° 9.985, de 2000, art. 21; Decreto n° 4.382, de 2002, art. 13, parágrafo único). Definição: São áreas de Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) as áreas privadas gravadas com perpetuidade, averbadas à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, destinadas à conservação da diversidade biológica, nas quais somente poderão ser permitidas a pesquisa científica e a visitação com objetivos turísticos, recreativos e educacionais, reconhecidas pelo IBAMA. (Lei nº 9.985, de 2000, art. 21; RITR/2002, art. 13; IN SRF nº 256, de 2002, art. 12). 3 Interesse Ecológico – Para a sua exclusão da incidência do ITR se faz necessário o protocolo do ADA no prazo legal e a cada exercício; reconhecimento, em caráter especifico, para determinada área, de órgão competente federal ou estadual (Lei n° 9.393, de 1996, art. 10, § 1º, II, "b" e "c"). Definição: São áreas de interesse ecológico, desde que atendam ao disposto na legislação pertinente, as áreas assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal Fl. 314DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2014 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 03/03/2014 po r PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 11/03/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 18 ou estadual, que sejam: I destinadas à proteção dos ecossistemas, e que ampliem as restrições de uso previstas para as áreas de preservação permanente e de reserva legal; e II comprovadamente imprestáveis para a atividade rural. Para efeito de exclusão do ITR, apenas será aceita como área de interesse ecológico a área declarada em caráter específico para determinada área da propriedade particular. Não será aceita a área declarada em caráter geral. Portanto, se o imóvel rural estiver dentro de área declarada em caráter geral como de interesse ecológico, é necessário também o reconhecimento específico de órgão competente federal ou estadual para a área da propriedade particular. (Lei nº 9.393, de 1996, art. 10, § 1º , II, “b” e “c”; RITR/2002, art. 15; IN SRF nº 256, de 2002, art. 14) 4 Servidão Florestal — Para a sua exclusão da incidência do ITR se faz necessário o protocolo do ADA no prazo legal e a cada exercício; que as áreas estejam averbadas no Registro de Imóveis competente na data da ocorrência do fato gerador (Lei n° 4.771, de 1965, art. 44A, acrescentado pela MP n° 2.16667, de 2001, art. 2°). Definição: São áreas de servidão florestal aquelas averbadas à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, nas quais o proprietário voluntariamente renuncia, em caráter permanente ou temporário, a direitos de supressão ou exploração da vegetação nativa, localizadas fora das áreas de reserva legal e de preservação permanente. (Lei nº 4.771, de 1965, art. 44A, acrescentado pela Medida Provisória nº 2.166 67, de 2001, art. 2º; RITR/2002, art. 14; IN SRF nº 256, de 2002, art. 13). 5 Para as áreas de Preservação Permanente – Para a sua exclusão da incidência do ITR se faz necessário que o contribuinte protocolize o Ato Declaratório Ambiental (ADA) no prazo legal e a cada exercício ou reconhecimento da área através de Laudo Técnico, firmado por Engenheiro Agrônomo ou Florestal acompanhado da ART (Anotação da Responsabilidade Técnica) e de acordo com as normas da ABNT. As áreas de Preservação Permanente são as descritas na Lei n° 4.771, de 1965, artigos 2° e 3°, com a redação dada pela Lei n° 7.803, de 1989, artigo 1°. Definição: São áreas de preservação permanente, desde que atendam ao disposto na legislação pertinente: I As florestas e demais formas de vegetação natural situadas: a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d’água desde o seu nível mais alto em faixa marginal cuja largura mínima será: de trinta metros para os cursos d’água de menos de dez metros de largura; de cinquenta metros para os cursos d’água que tenham de dez a cinquenta metros de largura; de cem metros para os cursos d’água que tenham de cinquenta a duzentos metros de largura; de duzentos metros para os cursos d’água que tenham de duzentos a seiscentos metros de largura; de quinhentos metros para os cursos d’água que tenham largura superior a seiscentos metros; b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d’água naturais ou artificiais; Fl. 315DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2014 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 03/03/2014 po r PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 11/03/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10183.720473/200764 Acórdão n.º 2202002.151 S2C2T2 Fl. 11 19 c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados “olhos d’água”, qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de cinquenta metros de largura; d) no topo de morros, montes, montanhas e serras; e) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a quarenta e cinco graus, equivalente a cem por cento na linha de maior declive; f) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues; g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a cem metros em projeções horizontais; h) em altitude superior a mil e oitocentos metros, qualquer que seja a vegetação. II As florestas e demais formas de vegetação natural, declaradas de preservação permanente por ato do poder público, quando destinadas: a) a atenuar a erosão das terras; b) afixar as dunas; c) a formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias; d) a auxiliar a defesa do território nacional a critério das autoridades militares; e) a proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico ou histórico; f) a asilar exemplares da fauna ou flora ameaçados de extinção; g) a manter o ambiente necessário à vida das populações silvícolas; h) a assegurar condições de bemestar público. 6 As Áreas Cobertas por Florestas Nativas (artigo 10 da Lei Federal n° 9.393, de 1996). Para exclusão das áreas cobertas por florestas nativas da incidência do ITR é necessário que o contribuinte apresente o ADA ao IBAMA, no prazo lega e a cada exercício, e que atendam ao disposto na legislação pertinente. (Lei nº 6.938, de 1981, art. 17O, § 1º, com a redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000, art. 1º). Definição: São áreas cobertas por florestas nativas aquelas nas quais o proprietário protege as florestas nativas, primárias ou secundárias em estágio médio ou avançado de regeneração, onde o proprietário conserva a vegetação primária – de máxima expressão local, com grande diversidade biológica, e mínimos efeitos de ações humanas, bem como a vegetação secundária – resultante dos processos naturais de sucessão, após supressão total ou parcial da vegetação primária por ações humanas ou causas naturais. Assim, verificase que uma das exigências prevista para justificar a exclusão das áreas cobertas por florestas nativas da incidência do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR/2005, qualquer que sejam as suas reais dimensões, não foi Fl. 316DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2014 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 03/03/2014 po r PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 11/03/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 20 providenciada de forma tempestiva, qual seja, não cumprimento de uma exigência genérica, aplicada às áreas de interesse ambiental, para fins de exclusão do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, sejam devidamente reconhecidas como de interesse ambiental, por intermédio de Ato Declaratório Ambiental ADA, emitido pelo IBAMA/órgão conveniado ou, pelo menos, que seja comprovado a protocolização tempestiva do seu requerimento. No tocante à apuração do imposto, de acordo com as instruções de preenchimento da DITR, podem ser excluídas, da área total do imóvel, para determinar a área tributável, as áreas de interesse ambiental. Como é de notório conhecimento, o Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR incide sobre: (i) o direito de propriedade do imóvel rural; (ii) o domínio útil; (iii) a posse por usufruto; (iv) a posse a qualquer título, tudo conforme ditado pela Lei nº 9.393, de 1996. Conquanto, este tributo será devido sempre que no plano fático se configurar a hipótese de incidência ditada pela norma (Lei 9393/96): (i) a norma dita que a obrigação tributária nasce sempre em primeiro de janeiro de cada ano uma vez que a periodicidade deste tributo é anual; (ii) o imóvel deve estar localizado em zona rural; (iii) os demais requisitos já constam acima posse, propriedade ou domínio útil. Tenho para mim que para excluir as áreas de interesse ambiental cobertas por florestas nativas e anular a sua influência na determinação do Grau de Utilização, é necessário que seja atendida uma condição essencial que a informação no Ato Declaratório Ambiental – ADA. É de se ressaltar, que em nenhum momento estou questionando a existência e o estado das áreas cobertas por florestas nativas, relatórios técnicos que atestam a sua existência não atingem o âmago da questão. Mesmo aquelas possíveis áreas consideradas inaproveitáveis, para integrarem as reservas da propriedade, para fins de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, devem, no meu ponto de vista, obrigatoriamente, atender as exigências legais. Um dos objetivos precípuos da legislação ambiental e tributária é, indubitavelmente, estimular a preservação do meio ambiente, via beneficio fiscal. No entanto, o beneficio da exclusão do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, inclusive em áreas de proteção e/ou interesse ambiental como os Parques Estaduais, não se estende genérica e automaticamente a todas as áreas do imóvel por ele abrangidas. Somente se aplica a áreas especificas da propriedade, vale dizer, somente para as áreas de interesse ambiental situadas no imóvel como: área de preservação permanente, área de reserva legal, área de reserva particular do patrimônio natural e área de proteção de ecossistema, áreas cobertas por florestas nativas, bem como área imprestável para a atividade rural, desde que reconhecidas de interesse ambiental e desde que haja o reconhecimento dessas áreas por ato especifico, por imóvel, expedido pelo IBAMA, o Ato Declaratório Ambiental (ADA) apresentado para o exercício e de forma tempestiva. Não tenho dúvidas, de que a obrigatoriedade da apresentação do ADA para fins de exclusão das áreas de interesse ambiental da base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, surgiu no ordenamento jurídico pátrio com o art. 1º da Lei nº 10.165, de 2000 que incluiu o art. 17, § 1º na Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, para os exercícios a partir de 2001, verbis: Art. 17O. Os proprietários rurais que se beneficiarem com redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental ADA, deverão recolher ao IBAMA a importância prevista no item 3.11 Fl. 317DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2014 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 03/03/2014 po r PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 11/03/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10183.720473/200764 Acórdão n.º 2202002.151 S2C2T2 Fl. 12 21 do Anexo VII da Lei no 9.960, de 29 de janeiro de 2000, a título de Taxa de Vistoria. § 1oA. A Taxa de Vistoria a que se refere o caput deste artigo não poderá exceder a dez por cento do valor da redução do imposto proporcionada pelo ADA. § 1o A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória. § 2o O pagamento de que trata o caput deste artigo poderá ser efetivado em cota única ou em parcelas, nos mesmos moldes escolhidos pelo contribuinte para o pagamento do ITR, em documento próprio de arrecadação do IBAMA. § 3o Para efeito de pagamento parcelado, nenhuma parcela poderá ser inferior a R$ 50,00 (cinqüenta reais). § 4o O inadimplemento de qualquer parcela ensejará a cobrança de juros e multa nos termos dos incisos I e II do caput e §§ 1oA e 1o, todos do art. 17H desta Lei. § 5o Após a vistoria, realizada por amostragem, caso os dados constantes do ADA não coincidam com os efetivamente levantados pelos técnicos do IBAMA, estes lavrarão, de ofício, novo ADA, contendo os dados reais, o qual será encaminhado à Secretaria da Receita Federal, para as providências cabíveis. Tal dispositivo teve vigência a partir do exercício de 2001, anteriormente a este, a imposição da apresentação do ADA para tal fim era definido por ato infralegal, que contrariava o disposto no § 1º do inciso II do art. 97, do Código Tributário Nacional. Os presentes autos tratam do lançamento de ITR do exercício de 2004, portanto, a exigência do ADA para fins de exclusão da base de cálculo daquele tributo encontra respaldo legal, pelo quê, deve ser mantido quanto a este ponto, já o recorrente não comprovou nos autos a protocolização, de forma tempestiva, do requerimento/ADA, junto ao IBAMA/órgão conveniado para as áreas de utilização limitada. Não é do desconhecimento deste Relator, que as áreas cobertas por florestas nativas, foram introduzidas especificamente nas áreas de interesse ambiental pelo art. 48 da Lei Federal nº 11.428, de 2006, verbis: Art. 48. O art. 10 da Lei no 9.393, de 19 de dezembro de 1996, passa a vigorar com a seguinte redação: Art. 10. (...). § 1o (...). II –(...). d) sob regime de servidão florestal ou ambiental; e) cobertas por florestas nativas, primárias ou secundárias em estágio médio ou avançado de regeneração; Fl. 318DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2014 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 03/03/2014 po r PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 11/03/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 22 Assim se manifesta o art. 10 da Lei nº 9.393, de 19 de dezembro de 1993: Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitandose a homologação posterior. § 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: I VTN, o valor do imóvel, excluídos os valores relativos a: a) construções, instalações e benfeitorias; b) culturas permanentes e temporárias; c) pastagens cultivadas e melhoradas; d) florestas plantadas; II área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989; b) de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, e que ampliem as restrições de uso previstas na alínea anterior; c) comprovadamente imprestáveis para qualquer exploração agrícola, pecuária, granjeira, aqüícola ou florestal, declaradas de interesse ecológico mediante ato do órgão competente, federal ou estadual; d) as áreas sob regime de servidão florestal.(Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) d) sob regime de servidão florestal ou ambiental;(Redação dada pela Lei nº 11.428, de 2006) e) cobertas por florestas nativas, primárias ou secundárias em estágio médio ou avançado de regeneração;(Incluído pela Lei nº 11.428, de 2006) f) alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas hidrelétricas autorizada pelo poder público. (Incluído pela Lei nº 11.727, de 2008) É oportuno salientar, que Conselho Administrativo de Recursos Fiscais tem entendido em suas decisões de que a dispensa de comprovação relativa às áreas de interesse ambiental, conforme redação do parágrafo 7°, do art. 10, da Lei n° 9.363, de 1996, introduzido originariamente pelo art. 3º da MP n° 1.95650, de 2000, e mantido na MP n° 2.16667, de 2001, ocorre quando da entrega da declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, o que não dispensa o contribuinte de, uma vez sob procedimento administrativo de fiscalização, comprovar as informações contidas em sua declaração por meio dos documentos hábeis previstos na legislação de regência da matéria. Fl. 319DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2014 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 03/03/2014 po r PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 11/03/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10183.720473/200764 Acórdão n.º 2202002.151 S2C2T2 Fl. 13 23 Não obstante a pretensão da requerente de comprovar nos autos a efetiva existência da área de preservação permanente no imóvel (materialidade) por meio do documento “Laudo de Avaliação do Imóvel”, cabe ressaltar que essa comprovação, no meu entendimento, não é suficiente para que a lide seja decidida a seu favor, pois o que se busca nos autos é a comprovação do reconhecimento das referidas áreas mediante ato do IBAMA ou órgão delegado por convênio ou, no mínimo, a comprovação da protocolização tempestiva do requerimento do Ato Declaratório Ambiental (ADA). Enfim, a solicitação tempestiva do Ato Declaratório Ambiental (ADA) constituiuse um ônus para o contribuinte. Assim, caso não desejasse a incidência do ITR sobre as áreas de preservação permanente e de utilização limitada/reserva legal, o proprietário do imóvel deveria ter providenciado, dentro do prazo legal, o requerimento do ADA. Portanto, não há outro tratamento a ser dada à área de preservação permanente glosada pela fiscalização, por falta de comprovação da exigência tratada anteriormente, que devem realmente passar a compor as áreas tributável e aproveitável do imóvel, respectivamente, para fins de apuração do Valor da Terra Nua tributado e do seu Grau de Utilização (do imóvel). Desta forma, não tendo sido comprovada a protocolização tempestiva do Ato Declaratório Ambiental — ADA, junto ao IBAMA/órgão conveniado, cabe manter a glosa efetuada pela fiscalização em relação à área de preservação permanente. Diante do conteúdo dos autos e pela associação de entendimento sobre todas as considerações expostas no exame da matéria e por ser de justiça, voto no sentido de negar provimento ao recurso nesta parte, acompanhando o relator nas demais questões. (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann Fl. 320DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2014 por PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 03/03/2014 po r PEDRO ANAN JUNIOR, Assinado digitalmente em 11/03/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ
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