Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (29,034)
- Segunda Câmara (27,779)
- Primeira Câmara (25,078)
- Segunda Turma Ordinária d (16,745)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,780)
- Primeira Turma Ordinária (15,391)
- Segunda Turma Ordinária d (15,346)
- Primeira Turma Ordinária (15,247)
- Primeira Turma Ordinária (15,160)
- Segunda Turma Ordinária d (13,898)
- Primeira Turma Ordinária (12,753)
- Primeira Turma Ordinária (11,877)
- Segunda Turma Ordinária d (11,826)
- Quarta Câmara (11,510)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (11,146)
- Quarta Câmara (82,052)
- Terceira Câmara (63,740)
- Segunda Câmara (51,653)
- Primeira Câmara (16,799)
- 3ª SEÇÃO (15,780)
- 2ª SEÇÃO (11,146)
- 1ª SEÇÃO (6,676)
- Pleno (786)
- Sexta Câmara (302)
- Sétima Câmara (172)
- Quinta Câmara (133)
- Oitava Câmara (123)
- Terceira Seção De Julgame (116,708)
- Segunda Seção de Julgamen (109,488)
- Primeira Seção de Julgame (71,780)
- Primeiro Conselho de Cont (49,042)
- Segundo Conselho de Contr (48,734)
- Câmara Superior de Recurs (37,196)
- Terceiro Conselho de Cont (25,924)
- IPI- processos NT - ressa (4,990)
- Outros imposto e contrib (4,458)
- PIS - ação fiscal (todas) (4,040)
- IRPF- auto de infração el (3,972)
- PIS - proc. que não vers (3,958)
- IRPJ - AF - lucro real (e (3,943)
- Cofins - ação fiscal (tod (3,845)
- Simples- proc. que não ve (3,681)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (3,041)
- IPI- processos NT- créd.p (2,235)
- IRPF- ação fiscal - omis. (2,215)
- Cofins- proc. que não ver (2,098)
- IRPJ - restituição e comp (2,087)
- Finsocial -proc. que não (1,996)
- IRPF- restituição - rendi (1,990)
- Não Informado (56,803)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (4,976)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,442)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (4,269)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,256)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,314)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (3,219)
- HELCIO LAFETA REIS (3,213)
- ROSALDO TREVISAN (3,182)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,149)
- Não se aplica (2,794)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,594)
- HONORIO ALBUQUERQUE DE BR (2,473)
- WILDERSON BOTTO (2,466)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,366)
- 2020 (41,074)
- 2021 (35,800)
- 2019 (30,944)
- 2018 (26,039)
- 2024 (25,861)
- 2012 (23,620)
- 2023 (22,458)
- 2014 (22,373)
- 2013 (21,085)
- 2011 (20,979)
- 2010 (18,058)
- 2008 (17,074)
- 2017 (16,838)
- 2009 (15,829)
- 2006 (15,270)
- 2009 (69,608)
- 2020 (39,854)
- 2021 (34,153)
- 2019 (30,464)
- 2023 (25,918)
- 2024 (23,873)
- 2014 (23,412)
- 2018 (23,139)
- 2013 (16,584)
- 2017 (16,398)
- 2008 (15,519)
- 2025 (15,014)
- 2006 (14,850)
- 2022 (13,225)
- 2007 (13,014)
Numero do processo: 10630.720337/2008-30
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Feb 15 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Mar 16 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2006
OMISSÃO DE RENDIMENTOS DA ATIVIDADE RURAL. APURAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO. ASPECTO QUANTITATIVO DO LANÇAMENTO. CERTEZA E LIQUIDEZ DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO.
O artigo 142 do CTN dispõe que o ato de lançamento constitui-se na atividade privativa atinente à autoridade administrativa para: verificar a ocorrência do fato gerador e determinar a matéria tributável (antecedentes), calcular o montante devido e identificar o sujeito passivo (consequentes). Portanto, esses elementos constituem-se em aspectos da hipótese de incidência tributária.
Segundo Geraldo Ataliba, a base de cálculo ou base imponível é a "dimensão do aspecto material da hipótese de incidência" (Hipótese de Incidência Tributária, p. 97).
Quando há equívoco e insegurança na apuração do montante devido (aspecto quantitativo da hipótese de incidência) porque não se conseguiu efetivamente apurar quanto do rendimento pertencia ao contribuinte e quanto foi repassado a terceiros, o lançamento encontra-se viciado. A construção do lançamento é incorreta porque não identifica a quem pertenciam efetivamente os valores pagos pelo adquirente dos produtos, não existindo segurança quanto à base de cálculo adotada, nem tampouco quanto ao tributo cobrado, situação que enseja a nulidade.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2202-003.151
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA e EDUARDO DE OLIVEIRA, que negaram provimento.
Assinado digitalmente
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente.
Assinado digitalmente
Marcio Henrique Sales Parada - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Eduardo de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Martin da Silva Gesto, Wilson Antônio de Souza Corrêa (Suplente Convocado) e Márcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: MARCIO HENRIQUE SALES PARADA
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201602
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2006 OMISSÃO DE RENDIMENTOS DA ATIVIDADE RURAL. APURAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO. ASPECTO QUANTITATIVO DO LANÇAMENTO. CERTEZA E LIQUIDEZ DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO. O artigo 142 do CTN dispõe que o ato de lançamento constitui-se na atividade privativa atinente à autoridade administrativa para: verificar a ocorrência do fato gerador e determinar a matéria tributável (antecedentes), calcular o montante devido e identificar o sujeito passivo (consequentes). Portanto, esses elementos constituem-se em aspectos da hipótese de incidência tributária. Segundo Geraldo Ataliba, a base de cálculo ou base imponível é a "dimensão do aspecto material da hipótese de incidência" (Hipótese de Incidência Tributária, p. 97). Quando há equívoco e insegurança na apuração do montante devido (aspecto quantitativo da hipótese de incidência) porque não se conseguiu efetivamente apurar quanto do rendimento pertencia ao contribuinte e quanto foi repassado a terceiros, o lançamento encontra-se viciado. A construção do lançamento é incorreta porque não identifica a quem pertenciam efetivamente os valores pagos pelo adquirente dos produtos, não existindo segurança quanto à base de cálculo adotada, nem tampouco quanto ao tributo cobrado, situação que enseja a nulidade. Recurso Voluntário Provido.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Mar 16 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 10630.720337/2008-30
anomes_publicacao_s : 201603
conteudo_id_s : 5574872
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Mar 16 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 2202-003.151
nome_arquivo_s : Decisao_10630720337200830.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : MARCIO HENRIQUE SALES PARADA
nome_arquivo_pdf_s : 10630720337200830_5574872.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA e EDUARDO DE OLIVEIRA, que negaram provimento. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada - Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Eduardo de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Martin da Silva Gesto, Wilson Antônio de Souza Corrêa (Suplente Convocado) e Márcio Henrique Sales Parada.
dt_sessao_tdt : Mon Feb 15 00:00:00 UTC 2016
id : 6310122
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:46:05 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048122140131328
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2184; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 234 1 233 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10630.720337/200830 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2202003.151 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 15 de fevereiro de 2016 Matéria IRPF Recorrente NORTON MAURÍCIO MUNIZ Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2006 OMISSÃO DE RENDIMENTOS DA ATIVIDADE RURAL. APURAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO. ASPECTO QUANTITATIVO DO LANÇAMENTO. CERTEZA E LIQUIDEZ DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO. O artigo 142 do CTN dispõe que o ato de lançamento constituise na atividade privativa atinente à autoridade administrativa para: verificar a ocorrência do fato gerador e determinar a matéria tributável (antecedentes), calcular o montante devido e identificar o sujeito passivo (consequentes). Portanto, esses elementos constituemse em aspectos da hipótese de incidência tributária. Segundo Geraldo Ataliba, a base de cálculo ou base imponível é a "dimensão do aspecto material da hipótese de incidência" (Hipótese de Incidência Tributária, p. 97). Quando há equívoco e insegurança na apuração do montante devido (aspecto quantitativo da hipótese de incidência) porque não se conseguiu efetivamente apurar quanto do rendimento pertencia ao contribuinte e quanto foi repassado a terceiros, o lançamento encontrase viciado. A construção do lançamento é incorreta porque não identifica a quem pertenciam efetivamente os valores pagos pelo adquirente dos produtos, não existindo segurança quanto à base de cálculo adotada, nem tampouco quanto ao tributo cobrado, situação que enseja a nulidade. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 63 0. 72 03 37 /2 00 8- 30 Fl. 234DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10 /03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10630.720337/200830 Acórdão n.º 2202003.151 S2C2T2 Fl. 235 2 Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA e EDUARDO DE OLIVEIRA, que negaram provimento. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa – Presidente. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Eduardo de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Martin da Silva Gesto, Wilson Antônio de Souza Corrêa (Suplente Convocado) e Márcio Henrique Sales Parada. Relatório Adoto como relatório, em parte, aquele elaborado pela Autoridade Julgadora de 1ª instância (fl. 201/202), que bem descreve os fatos, complementandoo ao final: Em nome do contribuinte acima identificado foi lavrado o Auto de Infração de fls.01/12, com ciência pessoal do sujeito passivo em 17/11/2008. relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física IRPF exercício 2006, anocalendário 2005, sendo apurados os seguintes valores: Imposto 81.352,14 Multa de Ofício 7 5 % (passível de redução) 61.014,10 Juros de Mora calculados ate 11/2010 24.389,37 Total do crédito tributário apurado 166.755,61 Motivou o lançamento de ofício (Relatório de Auditoria Fiscal às fls. 13/20) a constatação de omissão de rendimentos da atividade rural, no valor total de R$ 1.498.094,54. Relata a autoridade lançadora ter sido o contribuinte intimado a prestar esclarecimentos sobre informações fornecidas à Receita Federal do Brasil RFB pela Cooperativa Central dos Produtores de Rurais de Minas Gerais (Itambé). que declarou ter recebido do contribuinte fiscalizado, no ano de 2005, mercadorias/insumos no valor de R$ 1.604.411,59. Em atendimento às intimações o contribuinte, para justificar tal recebimento, informou que somente uma parcela do leite comercializado no referido ano com a citada Cooperativa lhe pertencia, sendo o restante de propriedade de outros produtores Fl. 235DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10 /03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10630.720337/200830 Acórdão n.º 2202003.151 S2C2T2 Fl. 236 3 rurais de sua região, a quem teriam sido repassados os valores devidos. Não tendo a Fiscalização considerado comprovado o argumento do interessado, por falta de provas, foi emitido o presente lançamento de omissão de rendimentos de R$ 1.498.094.54. consistente na diferença entre o apurado na ação fiscal com base em documentos apresentados pelo contribuinte e pela Cooperativa de Itambé, R$ 1.609.211.59 (R$ 4.800,00 de venda de gado e R$ 1.604.411,59 de venda de leite à Cooperativa) e o informado pelo contribuinte em sua Declaração de Ajuste Anual DAA/2006, R$ 111.117,05, conforme planilha de fls. 11. Como não houve a apresentação de Livro Caixa da atividade rural, a base de cálculo foi arbitrada no percentual de 20%, resultando no valor de R$ 299.618,91 (fls. 12). Em 09/12/2008 o sujeito passivo apresentou a impugnação de fls. 168/176, por meio de procurador constituído, acompanhada dos documentos de fls. 177/186, alegando em síntese o que se segue. Reitera o argumento oferecido na fase preparatória do lançamento, reafirmando que o impugnante não auferiu para si o montante da receita apurada pela RFB, uma vez que fazia a entrega na cooperativa do leite de vários produtores rurais de sua região que não teriam como comercializar sua produção e, após o recebimento do concernente pagamento, repassava a cada produtor seu valor respectivo. Argumenta ser impossível auferir renda anual de venda de leite de R$ 1.604.411,59 explorando área de 50,10 hectares, relativa a duas propriedades rurais informadas em sua DAA/2006 (fls. 181). Alega que as declarações de alguns produtores rurais obtidas pela Fiscalização na fase preparatória do lançamento fazem prova em seu favor e não teriam sido consideradas na apuração, chamando a atenção para o depoimento de testemunha no sentido de que o procedimento de comercialização do leite que era realizado de forma improvisada hoje está formalizado com a criação da Associação dos Produtores Rurais de Engenheiro Caldas, tendo como presidente o impugnante. Combate o arbitramento da receita pela inexistência de Livro Caixa, que deveria gerar apenas penalidade pela falta de cumprimento de obrigação acessória. Prossegue requerendo que, caso não cancelado o Auto de Infração, seja reconhecida a ocorrência de cerceamento de direito de defesa, na medida em que o impugnante não foi intimado a participar de produção de prova (oitiva das testemunhas), que jamais poderia ter sido realizada sem sua presença, o que inclusive teria provocado intimidação aos produtores rurais. Fl. 236DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10 /03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10630.720337/200830 Acórdão n.º 2202003.151 S2C2T2 Fl. 237 4 Requer, por fim, que qualquer intimação/notificação seja feita na pessoa de seu procurador constituído. Ao julgar a Impugnação, a DRJ em Juiz de Fora/MG, em resumo assim dispôs: a venda de leite efetuada pelo impugnante à Cooperativa Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais (Itambé) em 2005 enquadrase no conceito de receita bruta da atividade rural. Não tendo o contribuinte escriturado o Livro Caixa da atividade, a base de cálculo foi arbitrada no percentual de 20%, conforme prevê o Regulamento do Imposto de Renda. o Contribuinte não provou as alegações de que vendia em seu nome a produção de outros, para posterior recebimento e repasse de dinheiro. Houvesse coincidência entre saques constantes em extratos bancários, que não foram apresentados, com valores recebidos declarados pelos produtores, poderia ser considerada a existência de indício de que o impugnante recebeu valores de produção de terceiros, posteriormente repassados. alguns depoentes declararam que no ano de 2005 não forneceram leite para o fiscalizado e outros, embora tivessem confirmado a entrega de leite para o interessado, prestaram informações sobre a quantidade de leite produzida e valores recebidos pelo litro de leite com. divergência dos informados nas planilhas apresentadas pelo contribuinte, sem apresentarem qualquer documento ou recibo relativos às transações. fala de ônus da prova. trata da alegação de cerceamento de defesa e entende que não restou configurado. Concluiuse então que está correto o lançamento e decidiuse pela improcedência da Impugnação. Cientificado dessa decisão em 13/07/2011 (AR na folha 211), o Contribuinte apresentou recurso voluntário em 01/08/2011, com protocolo na folha 213. Em sede de recurso, repisa as questões da Impugnação e rebate pontualmente as disposições do Acórdão recorrido. Em suma trata da: a) análise das declarações dos produtores rurais que prestaramnas ao Contribuinte e ao Auditor Fiscal. Divergências apontadas e justificativas. Validade das mesmas como prova; b) falta de razoabilidade e adequação do arbitramento do rendimento obtido com a Atividade Rural; c) cerceamento de defesa por ter sido feita a oitiva de testemunhas sem a oportunidade de participação do Recorrente; d) intimação do Procurador para todos os atos do processo; e) ônus da prova, que, no caso, deveria ser do Fisco e não do Contribuinte. Fl. 237DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10 /03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10630.720337/200830 Acórdão n.º 2202003.151 S2C2T2 Fl. 238 5 Assim, REQUER a nulidade do Auto de Infração por cerceamento de defesa ou, alternativamente, insubsistência do feito fiscal por estar "distante do conjunto probatório" destes autos. É o Relatório. Voto Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada, Relator. O recurso é tempestivo, conforme relatado, e, atendidas as demais formalidades legais, dele tomo conhecimento. A numeração de folhas a que me refiro a seguir é a identificada após a digitalização do processo, transformado em meio eletrônico (arquivo.pdf). Diz o artigo 142, do CTN: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. Colho na doutrina de Regina Helena Costa: Os aspectos pessoal e quantitativo compõem o chamado "consequente" da hipótese de incidência tributária, isto é, descrita a materialidade e indicadas as coordenadas espacial e temporal do fato no antecedente da norma, exsurge uma relação jurídica mediante a qual um sujeito possui o direito de exigir o tributo e outro sujeito o dever de pagálo (aspecto subjetivo), apontandose o valor da prestação correspondente (aspecto quantitativo).(COSTA. Regina Helena, Curso de Direito Tributário, 2ª ed. São Paulo : Saraiva, 2012, p. 205) Isso porque o artigo 142 do CTN dispõe que o ato de lançamento constituise na atividade atinente à autoridade administrativa para: verificar a ocorrência do fato gerador e determinar a matéria tributável (antecedentes), calcular o montante devido e identificar o sujeito passivo (consequentes). Portanto, esses elementos constituemse em aspectos da hipótese de incidência tributária. Segundo Geraldo Ataliba, a base de cálculo ou base imponível é a "dimensão do aspecto material da hipótese de incidência" (Hipótese de Incidência Tributária, p. 97). Paulo de Barros Carvalho, didaticamente, identifica três funções da base de cálculo, segundo transcreve Regina Helena Costa: Fl. 238DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10 /03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10630.720337/200830 Acórdão n.º 2202003.151 S2C2T2 Fl. 239 6 a) a função mensuradora, pois mede as reais proporções do fato; b)função objetiva, porque compõe a específica determinação da dívida, e c)função comparativa, posta em comparação com o critério material da hipótese, é capaz de confirmálo, infirmálo ou afirmar aquilo que consta do texto da lei, de modo obscuro. (Op. Cit p.229) Existe uma interminável discussão doutrinária sobre a natureza do lançamento. Kiyoshi Harada diz que "o legislador brasileiro ... fixouse na tese que ele tem efeito meramente declaratório da obrigação tributária, mas constitutivo do crédito tributário. (Direito Financeiro e Tributário, 24ª ed., p. 576). De qualquer forma, seja qual corrente se abrace, o lançamento deve tornar líquida, certa e exigível a obrigação que o pressupõe. Lembremonos que o artigo 139, do CTN diz que "o crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta." Salvo algumas situações expressamente previstas em lei, como por exemplo o artigo 42 da Lei nº 9.430, de 1996, que autoriza a Autoridade Administrativa a presumir a omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários cuja origem não seja demonstrada com documentação hábil e idônea pelo contribuinte regularmente intimado, havendo uma patente inversão do ônus da prova, em outros casos o Fisco deve demonstrar o seu direito ao crédito e, mais, apurar de forma líquida e segura o seu valor. Explica Kiyoshi Harada: "é que o lançamento representa um título jurídico, que confere à Fazenda a exigibilidade do crédito" (Op. Cit, p. 576) Passemos então á análise destes autos. Com base no cruzamento de informações prestadas pela Cooperativa Itambé, em Minas Gerais, que informou em DIPJ ter comprado R$ 1.609.211.59 (R$ 4.800,00 de venda de gado e R$ 1.604.411,59 de venda de leite à Cooperativa) do Recorrente, o Fisco iniciou procedimento de apuração de omissão de receitas da Atividade Rural, uma vez que o Contribuinte declarara em sua DIRPF valor de rendimentos muito inferior. No bojo do procedimento, o Contribuinte disse que a receita não lhe pertencia toda, uma vez que transportava, armazenava e vendia leite de outros produtores rurais à Cooperativa, recebendo os valores e repassandoos posteriormente. Apresentou declarações firmadas por 25 produtores rurais com essas informações. Observo que de fato há elementos insólitos em tais declarações. Destaco as quantidades de litros informadas, por exemplo, "uma média de 6.968" (fl. 98), "uma média de 5.226" (fl. 99), "uma média de 12.046" (fl. 100) e assim por diante foram todas elas. Ora, o Recorrente afirma nos autos que os signatários são produtores rurais simples e de pouca instrução, que foram coagidos pelo Auditor Fiscal, que não se lembram exatamente do valor praticado por litro de leite, que não se preocuparam em efetuar e guardar qualquer registro das transações e que prestaram essa declarações em 2008, para tratar de fatos ocorridos em 2005. Mas lembramse até das unidades? Doze mil e quarenta e seis, cinco mil duzentos e vinte e seis, seis mil novecentos e sessenta e oito, etc... para referirse a uma média? Fl. 239DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10 /03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10630.720337/200830 Acórdão n.º 2202003.151 S2C2T2 Fl. 240 7 Pareceme claro que as informações sobre quantidades que constam das declarações firmadas pelos produtores e apresentadas pelo Contribuinte estão totalmente desprovidas de validade, neste aspecto. Foi isso que também concluiu o Auditor Fiscal, ao intimar oito desses vinte e cinco produtores e colher o depoimento de seis deles, que efetivamente compareceram à Receita Federal. As quantidades informadas não conferem. A produção mensal de cada um deles era bem inferior, em 2005, e não poderiam ter entregue a Norton Maurício aqueles litros de leite todos, para que fossem comercializados em seu próprio nome, com a Cooperativa Itambé, sendolhes repassado valores, posteriormente. Mas o fato é que eles confirmaram a existência da operação, ou seja, de fato entregavam o seu produto ao Recorrente para a venda intermediada. Diz o Auditor Fiscal, em seu Relatório, fl. 17: ... todos os depoentes afirmaram não dispor de qualquer documento para comprovar essa comercialização. Apesar disso, esses depoentes, em sua maioria, confirmaram terem vendido leite, no ano de 2005, para o contribuinte fiscalizado só que em quantidades estimadas divergentes das informadas nas "Declarações" apresentadas a esta fiscalização. Com relação ao preço de venda do litro de leite praticado no ano de 2005, talvez por receio de que pudesse acarretar alguma implicação para si ou para o contribuinte fiscalizado, todos os depoentes disseram não recordar com precisão qual era esse valor. Em vista disso os valores do litro de leite comercializado no ano de 2005, informados pelos depoentes, foram bastante variados oscilando entre R$ 0,20 (vinte centavos) a R$ 0,45 (quarenta e cinco centavos).(sublinhei) Destaco ainda que o "em sua maioria" referese ao fato de que dos vinte e cinco produtores apontados pelo Contribuinte, tendo o Auditor intimado oito e comparecido seis, um apenas (Mario Tiago, fl. 148) disse que em 2005 não vendera leite para o Recorrente, o que se dera apenas a partir de 2007. Vejamse os Termos de Depoimentos, nas folhas 141 e seguintes. Bem, que existia uma comercialização entre os produtores e o Recorrente, no ano de 2005, para transporte, armazenagem e venda intermediada de leite à Cooperativa Itambé pareceme incontroverso. Mas quanto era vendido pelo Recorrente de sua produção própria e quanto era vendido de produção alheia e quanto era seu rendimento nessa última operação? Não conseguindo determinar essas respostas, a Fiscalização transferiu para o Contribuinte o ônus da prova, com a seguinte disposição, em seu Termo de Intimação Fiscal nº 02, fl. 151: ... fica o contribuinte acima qualificado INTIMADO a apresentar nesta seção de fiscalização, no prazo acima especificado, DOCUMENTOS HÁBEIS E IDÔNEOS que comprovem, de forma insofismável, todos os repasses mensais de Fl. 240DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10 /03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10630.720337/200830 Acórdão n.º 2202003.151 S2C2T2 Fl. 241 8 pagamentos que foram feitos no ano de 2005 para os seus fornecedores de leite. Devese esclarecer que a falta dessa comprovação, para fins do imposto de renda, obrigará a fiscalização considerar como sendo receita do contribuinte todos os pagamentos efetuados no ano de 2005, em seu nome, pela Cooperativa Central dos Produtores Rurais de MG relativos à compra de leite.(destaques originais)(sublinhei) Mas a quem compete privativamente apurar a matéria tributável e determinar o montante devido, conforme artigo 142 do CTN? O raciocínio empreendido, de atribuir ao contribuinte o ônus de provar que repassou o dinheiro, mesmo diante de todas as evidências, termos e depoimentos de que não vendera produção própria naquele montante informado pela Cooperativa Itambé, sob pena de considerarse que todo o rendimento fora seu, fere princípios e normas tributárias. Como disse no início, salvo disposição expressa de lei, os fatos tributários não se presumem e devem ser demonstrados e apurados com segurança, certeza e liquidez, na constituição do crédito, pelo lançamento. A construção do lançamento é incorreta porque não identifica a quem pertenciam efetivamente os valores creditados pela Cooperativa, não existindo segurança quanto à base de cálculo adotada, nem tampouco quanto ao tributo cobrado, situação que enseja a nulidade. No caso, não houve um arbitramento da receita, que em alguns casos é previsto em lei, mas uma arbitrariedade da fiscalização. Ora, se houve equívoco e insegurança na apuração do montante devido (aspecto quantitativo da hipótese de incidência) porque não se conseguiu efetivamente apurar quanto do rendimento pertencia ao contribuinte e quanto foi repassado a terceiros, o lançamento encontrase viciado. Não entendo que se trate de mero erro de forma, de inobservância de aspectos formais, mas que esteve ferida a própria substância do lançamento, na apuração do montante devido. Em face da conclusão a ser apresentada, deixo de apreciar a questão preliminar de cerceamento de defesa levantada, observando o § 3º do artigo 59 do Decreto nº 72.235, de 1972. CONCLUSÃO Dessa feita, VOTO por dar provimento ao recurso para declarar a nulidade do lançamento por vício material. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Fl. 241DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10 /03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10630.720337/200830 Acórdão n.º 2202003.151 S2C2T2 Fl. 242 9 Fl. 242DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 10 /03/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
score : 1.0
Numero do processo: 10920.723534/2012-21
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Jan 27 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Feb 11 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/09/2007 a 31/12/2011
NORMAS PROCESSUAIS -REQUISITOS PARA ADMISSIBILIDADE DO RECURSO.
Para que seja admitido o recurso especial de divergência, além da tempestividade, faz-se necessário que a matéria tenha sido prequestionada, que a divergência jurisprudencial entre o acórdão recorrido e os paradigmas seja específica. À míngua de prequestionamento ou de comprovação do dissídio jurisprudencial, não se pode abrir essa via recursal. Também não cabe recurso especial quando houver afronta à norma regimental que, expressamente, não admite o manejo desse recurso contra decisão de qualquer das turmas que tenha aplicado súmula de jurisprudência dos Conselhos de Contribuintes, da Câmara Superior de Recursos Fiscais ou do CARF. Recurso não conhecido.
Numero da decisão: 9303-003.433
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso especial, por não haver preenchido os requisitos de admissibilidade.
Henrique Pinheiro Torres - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Valcir Gassen, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: HENRIQUE PINHEIRO TORRES
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201601
camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/09/2007 a 31/12/2011 NORMAS PROCESSUAIS -REQUISITOS PARA ADMISSIBILIDADE DO RECURSO. Para que seja admitido o recurso especial de divergência, além da tempestividade, faz-se necessário que a matéria tenha sido prequestionada, que a divergência jurisprudencial entre o acórdão recorrido e os paradigmas seja específica. À míngua de prequestionamento ou de comprovação do dissídio jurisprudencial, não se pode abrir essa via recursal. Também não cabe recurso especial quando houver afronta à norma regimental que, expressamente, não admite o manejo desse recurso contra decisão de qualquer das turmas que tenha aplicado súmula de jurisprudência dos Conselhos de Contribuintes, da Câmara Superior de Recursos Fiscais ou do CARF. Recurso não conhecido.
turma_s : 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Thu Feb 11 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 10920.723534/2012-21
anomes_publicacao_s : 201602
conteudo_id_s : 5566664
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Feb 11 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 9303-003.433
nome_arquivo_s : Decisao_10920723534201221.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : HENRIQUE PINHEIRO TORRES
nome_arquivo_pdf_s : 10920723534201221_5566664.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso especial, por não haver preenchido os requisitos de admissibilidade. Henrique Pinheiro Torres - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Valcir Gassen, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto.
dt_sessao_tdt : Wed Jan 27 00:00:00 UTC 2016
id : 6272215
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:44:41 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048122144325632
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2243; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 1.118 1 1.117 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10920.723534/201221 Recurso nº Especial do Contribuinte Acórdão nº 9303003.433 – 3ª Turma Sessão de 27 de janeiro de 2016 Matéria AI IPI Glosa de crédito de IPI Normas Processuas Recurso contra decisão que aplicou súmula do CARF. Recorrente WHIRLPOOL S/A Interessado PROCURADORIAGERAL DA FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/09/2007 a 31/12/2011 NORMAS PROCESSUAIS REQUISITOS PARA ADMISSIBILIDADE DO RECURSO. Para que seja admitido o recurso especial de divergência, além da tempestividade, fazse necessário que a matéria tenha sido prequestionada, que a divergência jurisprudencial entre o acórdão recorrido e os paradigmas seja específica. À míngua de prequestionamento ou de comprovação do dissídio jurisprudencial, não se pode abrir essa via recursal. Também não cabe recurso especial quando houver afronta à norma regimental que, expressamente, não admite o manejo desse recurso contra decisão de qualquer das turmas que tenha aplicado súmula de jurisprudência dos Conselhos de Contribuintes, da Câmara Superior de Recursos Fiscais ou do CARF. Recurso não conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso especial, por não haver preenchido os requisitos de admissibilidade. Henrique Pinheiro Torres Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Valcir Gassen, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 0. 72 35 34 /2 01 2- 21 Fl. 1118DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 05/02/ 2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES 2 Relatório Tratase de auto de infração lavrado para constituir crédito tributário relativo ao imposto sobre produtos industrializados que o Sujeito Passivo teria deixado de recolher ou recolhido a menor, em razão de haver efetuado compensação com créditos que a Fiscalização reputou indevidos. A constituição do crédito foi efetuada com a exigibilidade suspensa e sem a multa de ofício, apenas para prevenir a decadência, nos termos do art. 63 da Lei nº 9.430/1996. Irresignada, a contribuinte apresentou em 17/10/2012 a impugnação de fls. 497/514, onde alegou, em síntese, que houve ofensa à coisa julgada; que o processo administrativo deveria ser sobrestado até o trânsito em julgado da discussão travada nos autos da Ação Ordinária nº 92.00.166610 e que deveria ser julgado improcedente o auto de infração Julgando o feito, o órgão julgador de primeira instância julgou improcedente a impugnação, em acórdão assim ementado. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/09/2007 a 31/12/2011 CONCOMITÂNCIA DE OBJETO ENTRE PROCESSOS ADMINISTRATIVO E JUDICIAL. A busca da tutela jurisdicional do Poder Judiciário, com o mesmo objeto da autuação, importa em renúncia ao litígio administrativo e impede a apreciação das razões de mérito pela autoridade administrativa competente. Impugnação Improcedente Contra essa decisão, o sujeito passivo apresentou recurso voluntário, onde, em apertada síntese, reeditou os mesmos argumentos expendidos na impugnação, e deduziu os mesmos pedidos. A 2ª Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção de Julgamento do CARF entendeu que a concomitância de objeto entre processos administrativo e judicial, nos termos da Súmula nº 1 do CARF, importa em renúncia à instância administrativa. A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/09/2007 a 31/12/2011 CONCOMITÂNCIA DE OBJETO ENTRE PROCESSOS ADMINISTRATIVO E JUDICIAL. SÚMULA CARF Nº 1. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE. PROCESSO JUDICIAL EM FASE DE LIQUIDAÇÃO DO JULGADO. A busca da tutela jurisdicional do Poder Judiciário, com o mesmo objeto da autuação, importa em renúncia ao litígio administrativo e impede a apreciação das razões de mérito pela autoridade administrativa competente, merecendo acolhimento o recurso do contribuinte apenas na parte em que pede seja Fl. 1119DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 05/02/ 2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 10920.723534/201221 Acórdão n.º 9303003.433 CSRFT3 Fl. 1.119 3 suspensa a exigibilidade até que seja proferida decisão judicial definitiva em sede de liquidação do julgado. Recurso voluntário não conhecido. A Contribuinte dissentiu dessa decisão e apresentou recurso especial, por meio do qual requereu o sobrestamento do presente processo administrativo, até o trânsito em julgado da discussão travada na Ação Ordinária nº 92.00166610, que impediria a continuidade de qualquer ato tendente à cobrança dos créditos tributários aqui em discussão. Por meio do despacho de fls. 1.106 a 1.108, o então Presidente da Segunda Câmara da Terceira Seção deu seguimento ao especial do sujeito passivo, por entender presentes os requisitos recursais. Cientificada desse despacho, a PGFN apresentou Contrarrazões, fls. 1.110 a 1.114, onde, em síntese, requer o não conhecimento do recurso especial interposto pelo contribuinte, face a inexistência de divergência jurisprudencial. Caso ultrapassada a preliminar suscitada, requer seja negado provimento ao apelo do contribuinte, mantendose incólume o acórdão atacado. É o relatório. Voto Conselheiro Henrique Pinheiro Torres O recurso é tempestivo, mas não deve ser admitido pelas razões a seguir expostas. A teor do relatado, o lançamento de ofício foi efetuado para prevenir a decadência e o crédito tributário constituído com a exigibilidade suspensa e sem multa de ofício, nos termos do art. 63 da Lei nº 9.430/1996, em razão de o sujeito passivo encontrarse acobertado por provimento judicial. Nestes autos, é incontroverso que o objeto da demanda judicial e a deste processo administrativo são os mesmos, fato que levou, como dito acima, à constituição do crédito com a exigibilidade suspensa e sem a multa de ofício. Essa concomitância de objeto entre processos administrativo e judicial levou o órgão julgador de primeira instância a não tomar conhecimento da impugnação e aplicar a denominada renúncia tácita à instância administrativa, cujos contornos foram traçados no Parágrafo Único do art. 38 da Lei nº 6.830, de 22 de setembro de 1980. A seu turno, o Colegiado recorrido, em compasso com o órgão julgador de primeira instância, entendeu que a busca da tutela jurisdicional do Poder Judiciário, com o mesmo objeto da autuação, importa em renúncia ao litígio administrativo e impede a apreciação das razões de mérito pela autoridade administrativa competente, aplicando ao julgamento o enunciado da Súmula CARF nº 1, conforme se pode ver da ementa do acórdão ora em exame: Fl. 1120DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 05/02/ 2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES 4 SÚMULA CARF Nº 11. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE. PROCESSO JUDICIAL EM FASE DE LIQUIDAÇÃO DO JULGADO. A busca da tutela jurisdicional do Poder Judiciário, com o mesmo objeto da autuação, importa em renúncia ao litígio administrativo e impede a apreciação das razões de mérito pela autoridade administrativa competente, merecendo acolhimento o recurso do contribuinte apenas na parte em que pede seja suspensa a exigibilidade até que seja proferida decisão judicial definitiva em sede de liquidação do julgado. De outro lado, o Regimento Interno do CARF, vigente à época da apresentação do Recurso Especial em análise, dispunha expressamente no § 2º do art. 67, não caber recurso de decisão que aplique súmula do CARF. Vejase a norma regimental: Art. 67. Omisso ................................................................................................ § 2º Não cabe recurso especial de decisão de qualquer das turmas que aplique súmula de jurisprudência dos Conselhos de Contribuintes, da Câmara Superior de Recursos Fiscais ou do CARF (...) O novo RICARF, também, trás essa norma, mas vai além, dispõe que não servirá como paradigma o acórdão que contrarie súmula do CARF. Art. 67. Compete à CSRF, por suas turmas, julgar recurso especial interposto contra decisão que der à legislação tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria CSRF. ........................................................................................................ § 12. Não servirá como paradigma o acórdão que, na data da análise da admissibilidade do recurso especial, contrariar: ......................................................................... III Súmula ou Resolução do Pleno do CARF. Diante dessa norma regimental, não há como admitir o especial apresentado pelo sujeito passivo. Há, ainda, dois outros motivos que impedem o conhecimento do recurso, quais sejam, a ausência de prequestionamento e do necessário e indispensável requisito do dissídio jurisprudencial. Esquadrinhando o acórdão recorrido, verificase que a questão do sobrestamento é retratada no relatório, mas não é abordada no voto condutor, na ementa nem na parte dispositiva do acórdão, ou seja, não foi prequestionada. Assim, nos termos do 2§ 3º do art. 67 do RICARF, o recurso especial do sujeito passivo não poderá ter seguimento. 1 Súmul CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois dolançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. 2 § 3º O recurso especial interposto pelo contribuinte somente terá seguimento quanto à matéria prequestionada, cabendo sua demonstração, com precisa indicação, nas peças processuais. Fl. 1121DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 05/02/ 2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 10920.723534/201221 Acórdão n.º 9303003.433 CSRFT3 Fl. 1.120 5 Se as razões exposta acima não fossem suficientes para se determinar o não conhecimento do recurso especial, há, ainda, a questão da ausência de dissídio jurisprudencial, que se verá linhas abaixo. No tocante à divergência jurisprudencial, o sujeito passivo fez juntar dois acórdãos, o de nº 330200.555, da Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção de Julgamento do CARF, e o de nº 10614.788 da Sexta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes. Cotejando o acórdão recorrido com o primeiro paradigma, vêse que, ao contrário do alegado pela defesa, não há divergência, mas absoluta convergência de interpretação da legislação, pois, em ambos os acórdãos a decisão foi pela aplicação da Súmula nº 1 do CARF, como se pode verificar da leitura da ementa do acórdão paradigma, transcrita abaixo. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/09/2004 a 31/12/2007 IPI. LANÇAMENTO PARA PREVENIR DECADÊNCIA. Devem ser constituídos através do lançamento, sem imposição de multa, os valores do IPI suspensos por medida judicial, conforme inteligência do artigo 151 do CTN c/c art. 63 da Lei nº 9.430/96. CONCOMITÂNCIA DE OBJETO ENTRE PROCESSOS ADMINISTRATIVO E JUDICIAL. Nos termos do princípio da unicidade da jurisdição, a busca da tutela jurisdicional do Poder Judiciário, com o mesmo objeto da autuação, importa em renúncia ao litígio administrativo e impede a apreciação das razões de mérito pela autoridade administrativa competente. Aplicação da Súmula CARF nº 1. TAXA SELIC. ALEGAÇÃO DE ILEGALIDADE. Descabe a apreciação, no julgamento administrativo, de aspectos relacionados à inconstitucionalidade ou à ilegalidade de juros exigidos com amparo em lei vigente. Aplicação da Súmula CARF nº 2. Ademais, os débitos tributários estão sujeitos a incidência da SELIC. Aplicação da Súmula CARF nº 4. JUROS. INCIDÊNCIA SOBRE CRÉDITO TRIBUTÁRIO SUSPENSO. Os juros de mora são devidos caso não haja depósito no montante integral. Aplicação da Súmula CARF nº 5. Recurso Voluntário Negado. Esclareçase, por oportuno, que o resultado desse julgamento foi no sentido de se negar provimento ao recurso voluntário que combatia a decisão de primeira instância, a qual diante de lançamento efetuado para prevenir a decadência, com exigibilidade suspensa, em razão de concessão de liminar em Mandado de Segurança também aplicou o enunciado da Súmula nº 1 do CARF e reconheceu a denominada renúncia à via administrativa em razão de o sujeito ter procurado tutela jurisdicional versando sobre o mesmo objeto do processo Fl. 1122DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 05/02/ 2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES 6 administrativo. confirase a fundamentação desse acórdão, no tocante a aplicação dessa súmula. Conforme já aventado, a incidência do IPI relativo à venda de ração para animais (TIPI 2309.1000), alvo do auto de infração, está sendo discutida judicialmente, ou seja, há concomitância de objeto entre os processo administrativo e judicial, o que implica dizer, quanto à matéria em apreço, que o exame do recurso deve permanecer sobrestado até o final do julgamento do mandado de segurança e, por conseguinte, não deve ser tomado conhecimento dessa matéria. Nesse sentido temos a Súmula CARF nº 1 a qual aqui aplicase. Destaquei Notese que, ao contrário do que quer fazer crer a recorrente, a decisão do paradigma, embora não seja um primor de objetividade, foi, indubitavelmente, no sentido de não se conhecer da matéria, como aliás, já havia decido, nesse sentido, o órgão julgador de primeira instância. Daí o resultado do julgamento ter sido por negar provimento ao recurso voluntário. Assim, tornase imperioso reconhecer que o acórdão nº 330200.555 não serve para comprovar o necessário dissídio jurisprudencial, vez que, tanto o paradigma quanto o recorrido caminharam no mesmo sentido. Em relação ao acórdão 10614.788, melhor sorte não assiste à recorrente, pois predita decisão, também, não serve para comprovar a divergência, vez que a situação ali tratada é bastante distinta da destes autos. Aqui, o lançamento foi lavrado para prevenir a decadência em razão de o sujeito passivo estar abrigado por provimento jurisdicional, já lá no paradigma, quando da autuação o sujeito passivo não se encontrava ao abrigo de qualquer medida judicial, demais disso, os objetos dos processos administrativo e judicial eram diferentes, lá não havia renúncia a ser aplicada. A demanda judicial, quando muito, poderseia ser considerada questão prejudicial ao julgamento do processo administrativo, como entendeu o colegiado. vejase a ementa desse acórdão: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. SOBRESTAMENTO Pendência de decisão judicial que influencia nos fundamentos do lançamento do crédito tributário enseja o sobrestamento do julgamento administrativo nos termos do artigo 265 do Código de Processo Civil. Recurso sobrestado. Lá, nos autos onde foi proferido o acórdão 10614.788, o sujeito passivo havia impetrado mandado de segurança para impedir que a Receita Federal utilizasse as informações da CPMF paga pelo sujeito passivo na fiscalização de imposto de renda da pessoa física, mas, até a data do julgamento não obtivera sucesso, o processo judicial estava em grau de recurso. Já o objeto da autuação era a exigência de imposto de renda da pessoa física da autuada. Portanto, os objetos dos processos administrativo e judicial eram distintos, não havendo possibilidade de se aplicar a renúncia à instância administrativa. Já a situação destes autos, há, indiscutivelmente, a concomitância, e, por conseguinte, a obrigatoriedade de se aplicar à renúncia às instâncias administrativas, como, acertadamente, fizeram os órgãos julgadores que nos precederam. Aliás, devese esclarecer que, no próprio auto de infração consta, expressamente, que o lançamento foi efetuado para prevenir a decadência, e, por conseguinte, com a exigibilidade suspensa e sem multa de ofício. Demais disso, quando do julgamento do recurso voluntário relativo ao acórdão 10614.788, não havia súmula versando sobre concomitância. Esse fato, por si só, já diferencia as situações, o que de per si, afasta qualquer possibilidade de se formar o dissídio jurisprudencial. Fl. 1123DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 05/02/ 2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 10920.723534/201221 Acórdão n.º 9303003.433 CSRFT3 Fl. 1.121 7 Diante do exposto, podese concluir que os paradigmas trazidos pelo sujeito passivo não comprovam o necessário dissídio jurisprudencial, o que impede que se conheça do recurso interposto pelo sujeito passivo. Com essas considerações, voto no sentido de não se conhecer do recurso especial apresentado pelo Sujeito Passivo. Henrique Pinheiro Torres Relator Fl. 1124DF CARF MF Impresso em 11/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 05/02/ 2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES
score : 1.0
Numero do processo: 10166.723202/2013-17
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 09 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Jan 14 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/02/2009 a 31/10/2011
SIGILO BANCÁRIO. EXTRATO BANCÁRIOS. DISPONIBILIZAÇÃO PELO SUJEITO PASSIVO.
É dispensável a prévia ordem judicial para o acesso às informações bancárias do contribuinte quando o próprio sujeito passivo disponibiliza os extratos bancários, por solicitação regular da fiscalização tributária.
COAÇÃO. CONDUTA DA FISCALIZAÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA.
A coação que vicia a declaração de vontade não se presume, exigindo prova da ameaça. Não configura coação o fato de a autoridade fiscal advertir o fiscalizado acerca das conseqüências previstas em lei para o descumprimento da obrigação de disponibilizar documentos e/ou prestar informações à fiscalização.
SIGILO BANCÁRIO. QUEBRA. COMPARTILHAMENTO AUTORIZADO PELO PODER JUDICIÁRIO.
É válido, no âmbito administrativo, o compartilhamento de provas obtidas mediante quebra do sigilo bancário, quando autorizado pelo Poder Judiciário.
INTIMAÇÕES. PRAZO EXÍGUO PARA ATENDIMENTO. NÃO CONFIGURAÇÃO. ARBITRAMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES. AFERIÇÃO INDIRETA. POSSIBILIDADE.
Constatado que os prazos concedidos pela autoridade fiscal, sucessivamente prorrogados, são mais que razoáveis e suficientes para o fiscalizado apresentar documentos e prestar esclarecimentos, o não atendimento à fiscalização respalda o arbitramento da remuneração dos segurados, por aferição indireta, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário.
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. CONTAS BANCÁRIAS. SAQUES E TRANSFERÊNCIAS EM NOME DE PESSOAS FÍSICAS. FALTA DE ATENDIMENTO ÀS INTIMAÇÕES DA FISCALIZAÇÃO.
A constatação de saques e transferências bancárias em nome de segurados empregados e de sócios, identificados em extratos de contas mantidas pela empresa em instituições bancárias, aliada à recusa injustificada do fiscalizado em apresentar os documentos que deram suporte aos pagamentos efetuados a essas pessoas físicas, bem como em prestar os esclarecimentos sobre a sua origem, autoriza a fiscalização a incluir tais valores na base de cálculo previdenciária, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário.
Por outro lado, a existência desses saques e transferências bancárias em nome de pessoas físicas, quando a acusação fiscal é desprovida de quaisquer indícios que impulsionem a probabilidade de tais valores representarem retribuição pela prestação de serviço, não autoriza a fiscalização considerá-los como remuneração paga a contribuinte individual, na condição de autônomo.
MULTA QUALIFICADA. FALTA DE COMPROVAÇÃO
Não demonstrada pela autoridade lançadora a ocorrência das condições que permitam a majoração da multa de ofício, até o importe de 150%, cabe afastar a qualificação da penalidade, reduzindo a multa para o patamar trivial em casos de lançamento de oficio, no percentual de 75%.
OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. FOLHA DE PAGAMENTO. CIRCUNSTÂNCIAS AGRAVANTES.
Caracteriza infração à legislação tributária, punível com multa, deixar a empresa de incluir a totalidade da remuneração paga a segurado empregado ou a sócio administrador na folha de pagamento.
Esta penalidade equivale a uma sanção pelo desatendimento de um dever formal tributário, a qual não se confunde com a multa de ofício pela falta de recolhimento do tributo.
Não demonstrada pela autoridade lançadora a ocorrência das circunstâncias agravante que permitam a elevação da penalidade pelo descumprimento da obrigação acessória, cabe reduzir o seu montante para o valor-base.
LEI TRIBUTÁRIA. CARGA CONFISCATÓRIA DA PENALIDADE. ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA CARF Nº 2.
Este Conselho Administrativo é incompetente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária.
(Súmula Carf nº 2)
Recurso voluntário provido em parte
Numero da decisão: 2401-003.963
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em conhecer do recurso voluntário, rejeitar as preliminares e, no mérito, dar-lhe provimento parcial para: a) excluir da tributação os valores lançados pela fiscalização, nos AIs nº 51.021.850-4 e 51.021.851-2, relativamente às pessoas físicas classificadas na CAT 13, como contribuintes individuais, tomando-se por base os dados constantes das planilhas elaboradas pela autoridade fiscal às fls. 1.478/1.480 e 1.481/1.497; b) reduzir a penalidade pela falta de recolhimento do tributo para o patamar trivial em casos de lançamento de oficio (75%); e c) afastar o agravamento da multa pelo descumprimento de obrigação acessória constante do AI nº 51.021.849-0, passando a sanção pecuniária infligida para o valor-base. Os Conselheiros Arlindo da Costa e Silva e Maria Cleci Coti Martins entenderam por manter a multa qualificada. Os Conselheiros Arlindo da Costa e Silva e Maria Cleci Coti Martins entenderam por manter a tributação dos valores lançados pela fiscalização, nos AIs nº 51.021.850-4 e 51.021.851-2, relativamente às pessoas físicas classificadas na CAT 13, como contribuintes individuais. Os Conselheiros Arlindo da Costa e Silva e Maria Cleci Coti Martins votaram por manter o agravamento da multa pelo descumprimento de obrigação acessória constante do AI nº 51.021.849-0.
(ASSINADO DIGITALMENTE)
André Luís Mársico Lombardi - Presidente
(ASSINADO DIGITALMENTE)
Cleberson Alex Friess - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros André Luís Mársico Lombardi (Presidente), Cleberson Alex Friess, Arlindo da Costa e Silva, Theodoro Vicente Agostinho, Carlos Alexandre Tortato, Maria Cleci Coti Martins, Luciana Matos Pereira Barbosa e Rayd Santana Ferreira.
Nome do relator: CLEBERSON ALEX FRIESS
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201512
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/02/2009 a 31/10/2011 SIGILO BANCÁRIO. EXTRATO BANCÁRIOS. DISPONIBILIZAÇÃO PELO SUJEITO PASSIVO. É dispensável a prévia ordem judicial para o acesso às informações bancárias do contribuinte quando o próprio sujeito passivo disponibiliza os extratos bancários, por solicitação regular da fiscalização tributária. COAÇÃO. CONDUTA DA FISCALIZAÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA. A coação que vicia a declaração de vontade não se presume, exigindo prova da ameaça. Não configura coação o fato de a autoridade fiscal advertir o fiscalizado acerca das conseqüências previstas em lei para o descumprimento da obrigação de disponibilizar documentos e/ou prestar informações à fiscalização. SIGILO BANCÁRIO. QUEBRA. COMPARTILHAMENTO AUTORIZADO PELO PODER JUDICIÁRIO. É válido, no âmbito administrativo, o compartilhamento de provas obtidas mediante quebra do sigilo bancário, quando autorizado pelo Poder Judiciário. INTIMAÇÕES. PRAZO EXÍGUO PARA ATENDIMENTO. NÃO CONFIGURAÇÃO. ARBITRAMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES. AFERIÇÃO INDIRETA. POSSIBILIDADE. Constatado que os prazos concedidos pela autoridade fiscal, sucessivamente prorrogados, são mais que razoáveis e suficientes para o fiscalizado apresentar documentos e prestar esclarecimentos, o não atendimento à fiscalização respalda o arbitramento da remuneração dos segurados, por aferição indireta, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. CONTAS BANCÁRIAS. SAQUES E TRANSFERÊNCIAS EM NOME DE PESSOAS FÍSICAS. FALTA DE ATENDIMENTO ÀS INTIMAÇÕES DA FISCALIZAÇÃO. A constatação de saques e transferências bancárias em nome de segurados empregados e de sócios, identificados em extratos de contas mantidas pela empresa em instituições bancárias, aliada à recusa injustificada do fiscalizado em apresentar os documentos que deram suporte aos pagamentos efetuados a essas pessoas físicas, bem como em prestar os esclarecimentos sobre a sua origem, autoriza a fiscalização a incluir tais valores na base de cálculo previdenciária, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário. Por outro lado, a existência desses saques e transferências bancárias em nome de pessoas físicas, quando a acusação fiscal é desprovida de quaisquer indícios que impulsionem a probabilidade de tais valores representarem retribuição pela prestação de serviço, não autoriza a fiscalização considerá-los como remuneração paga a contribuinte individual, na condição de autônomo. MULTA QUALIFICADA. FALTA DE COMPROVAÇÃO Não demonstrada pela autoridade lançadora a ocorrência das condições que permitam a majoração da multa de ofício, até o importe de 150%, cabe afastar a qualificação da penalidade, reduzindo a multa para o patamar trivial em casos de lançamento de oficio, no percentual de 75%. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. FOLHA DE PAGAMENTO. CIRCUNSTÂNCIAS AGRAVANTES. Caracteriza infração à legislação tributária, punível com multa, deixar a empresa de incluir a totalidade da remuneração paga a segurado empregado ou a sócio administrador na folha de pagamento. Esta penalidade equivale a uma sanção pelo desatendimento de um dever formal tributário, a qual não se confunde com a multa de ofício pela falta de recolhimento do tributo. Não demonstrada pela autoridade lançadora a ocorrência das circunstâncias agravante que permitam a elevação da penalidade pelo descumprimento da obrigação acessória, cabe reduzir o seu montante para o valor-base. LEI TRIBUTÁRIA. CARGA CONFISCATÓRIA DA PENALIDADE. ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA CARF Nº 2. Este Conselho Administrativo é incompetente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária. (Súmula Carf nº 2) Recurso voluntário provido em parte
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Jan 14 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 10166.723202/2013-17
anomes_publicacao_s : 201601
conteudo_id_s : 5558568
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Jan 15 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 2401-003.963
nome_arquivo_s : Decisao_10166723202201317.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : CLEBERSON ALEX FRIESS
nome_arquivo_pdf_s : 10166723202201317_5558568.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em conhecer do recurso voluntário, rejeitar as preliminares e, no mérito, dar-lhe provimento parcial para: a) excluir da tributação os valores lançados pela fiscalização, nos AIs nº 51.021.850-4 e 51.021.851-2, relativamente às pessoas físicas classificadas na CAT 13, como contribuintes individuais, tomando-se por base os dados constantes das planilhas elaboradas pela autoridade fiscal às fls. 1.478/1.480 e 1.481/1.497; b) reduzir a penalidade pela falta de recolhimento do tributo para o patamar trivial em casos de lançamento de oficio (75%); e c) afastar o agravamento da multa pelo descumprimento de obrigação acessória constante do AI nº 51.021.849-0, passando a sanção pecuniária infligida para o valor-base. Os Conselheiros Arlindo da Costa e Silva e Maria Cleci Coti Martins entenderam por manter a multa qualificada. Os Conselheiros Arlindo da Costa e Silva e Maria Cleci Coti Martins entenderam por manter a tributação dos valores lançados pela fiscalização, nos AIs nº 51.021.850-4 e 51.021.851-2, relativamente às pessoas físicas classificadas na CAT 13, como contribuintes individuais. Os Conselheiros Arlindo da Costa e Silva e Maria Cleci Coti Martins votaram por manter o agravamento da multa pelo descumprimento de obrigação acessória constante do AI nº 51.021.849-0. (ASSINADO DIGITALMENTE) André Luís Mársico Lombardi - Presidente (ASSINADO DIGITALMENTE) Cleberson Alex Friess - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros André Luís Mársico Lombardi (Presidente), Cleberson Alex Friess, Arlindo da Costa e Silva, Theodoro Vicente Agostinho, Carlos Alexandre Tortato, Maria Cleci Coti Martins, Luciana Matos Pereira Barbosa e Rayd Santana Ferreira.
dt_sessao_tdt : Wed Dec 09 00:00:00 UTC 2015
id : 6252198
ano_sessao_s : 2015
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:44:12 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048122147471360
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 22; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2374; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T1 Fl. 1.633 1 1.632 S2C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10166.723202/201317 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2401003.963 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 9 de dezembro de 2015 Matéria CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS: PARCELAS FORA DA FOLHA DE PAGAMENTO. SIMULAÇÃO/FRAUDE Recorrente NELY CONSTRUÇÕES E LOGÍSTICA LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/02/2009 a 31/10/2011 SIGILO BANCÁRIO. EXTRATO BANCÁRIOS. DISPONIBILIZAÇÃO PELO SUJEITO PASSIVO. É dispensável a prévia ordem judicial para o acesso às informações bancárias do contribuinte quando o próprio sujeito passivo disponibiliza os extratos bancários, por solicitação regular da fiscalização tributária. COAÇÃO. CONDUTA DA FISCALIZAÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA. A coação que vicia a declaração de vontade não se presume, exigindo prova da ameaça. Não configura coação o fato de a autoridade fiscal advertir o fiscalizado acerca das conseqüências previstas em lei para o descumprimento da obrigação de disponibilizar documentos e/ou prestar informações à fiscalização. SIGILO BANCÁRIO. QUEBRA. COMPARTILHAMENTO AUTORIZADO PELO PODER JUDICIÁRIO. É válido, no âmbito administrativo, o compartilhamento de provas obtidas mediante quebra do sigilo bancário, quando autorizado pelo Poder Judiciário. INTIMAÇÕES. PRAZO EXÍGUO PARA ATENDIMENTO. NÃO CONFIGURAÇÃO. ARBITRAMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES. AFERIÇÃO INDIRETA. POSSIBILIDADE. Constatado que os prazos concedidos pela autoridade fiscal, sucessivamente prorrogados, são mais que razoáveis e suficientes para o fiscalizado apresentar documentos e prestar esclarecimentos, o não atendimento à fiscalização respalda o arbitramento da remuneração dos segurados, por aferição indireta, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 72 32 02 /2 01 3- 17 Fl. 1633DF CARF MF Impresso em 15/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/01/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 10/01/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 12/01/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, As sinado digitalmente em 10/01/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 10166.723202/201317 Acórdão n.º 2401003.963 S2C4T1 Fl. 1.634 2 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. CONTAS BANCÁRIAS. SAQUES E TRANSFERÊNCIAS EM NOME DE PESSOAS FÍSICAS. FALTA DE ATENDIMENTO ÀS INTIMAÇÕES DA FISCALIZAÇÃO. A constatação de saques e transferências bancárias em nome de segurados empregados e de sócios, identificados em extratos de contas mantidas pela empresa em instituições bancárias, aliada à recusa injustificada do fiscalizado em apresentar os documentos que deram suporte aos pagamentos efetuados a essas pessoas físicas, bem como em prestar os esclarecimentos sobre a sua origem, autoriza a fiscalização a incluir tais valores na base de cálculo previdenciária, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário. Por outro lado, a existência desses saques e transferências bancárias em nome de pessoas físicas, quando a acusação fiscal é desprovida de quaisquer indícios que impulsionem a probabilidade de tais valores representarem retribuição pela prestação de serviço, não autoriza a fiscalização considerá los como remuneração paga a contribuinte individual, na condição de autônomo. MULTA QUALIFICADA. FALTA DE COMPROVAÇÃO Não demonstrada pela autoridade lançadora a ocorrência das condições que permitam a majoração da multa de ofício, até o importe de 150%, cabe afastar a qualificação da penalidade, reduzindo a multa para o patamar trivial em casos de lançamento de oficio, no percentual de 75%. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. FOLHA DE PAGAMENTO. CIRCUNSTÂNCIAS AGRAVANTES. Caracteriza infração à legislação tributária, punível com multa, deixar a empresa de incluir a totalidade da remuneração paga a segurado empregado ou a sócio administrador na folha de pagamento. Esta penalidade equivale a uma sanção pelo desatendimento de um dever formal tributário, a qual não se confunde com a multa de ofício pela falta de recolhimento do tributo. Não demonstrada pela autoridade lançadora a ocorrência das circunstâncias agravante que permitam a elevação da penalidade pelo descumprimento da obrigação acessória, cabe reduzir o seu montante para o valorbase. LEI TRIBUTÁRIA. CARGA CONFISCATÓRIA DA PENALIDADE. ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA CARF Nº 2. Este Conselho Administrativo é incompetente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária. (Súmula Carf nº 2) Recurso voluntário provido em parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 1634DF CARF MF Impresso em 15/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/01/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 10/01/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 12/01/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, As sinado digitalmente em 10/01/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 10166.723202/201317 Acórdão n.º 2401003.963 S2C4T1 Fl. 1.635 3 Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em conhecer do recurso voluntário, rejeitar as preliminares e, no mérito, darlhe provimento parcial para: a) excluir da tributação os valores lançados pela fiscalização, nos AIs nº 51.021.8504 e 51.021.8512, relativamente às pessoas físicas classificadas na CAT 13, como contribuintes individuais, tomandose por base os dados constantes das planilhas elaboradas pela autoridade fiscal às fls. 1.478/1.480 e 1.481/1.497; b) reduzir a penalidade pela falta de recolhimento do tributo para o patamar trivial em casos de lançamento de oficio (75%); e c) afastar o agravamento da multa pelo descumprimento de obrigação acessória constante do AI nº 51.021.8490, passando a sanção pecuniária infligida para o valorbase. Os Conselheiros Arlindo da Costa e Silva e Maria Cleci Coti Martins entenderam por manter a multa qualificada. Os Conselheiros Arlindo da Costa e Silva e Maria Cleci Coti Martins entenderam por manter a tributação dos valores lançados pela fiscalização, nos AIs nº 51.021.8504 e 51.021.8512, relativamente às pessoas físicas classificadas na CAT 13, como contribuintes individuais. Os Conselheiros Arlindo da Costa e Silva e Maria Cleci Coti Martins votaram por manter o agravamento da multa pelo descumprimento de obrigação acessória constante do AI nº 51.021.8490. (ASSINADO DIGITALMENTE) André Luís Mársico Lombardi Presidente (ASSINADO DIGITALMENTE) Cleberson Alex Friess Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros André Luís Mársico Lombardi (Presidente), Cleberson Alex Friess, Arlindo da Costa e Silva, Theodoro Vicente Agostinho, Carlos Alexandre Tortato, Maria Cleci Coti Martins, Luciana Matos Pereira Barbosa e Rayd Santana Ferreira. Fl. 1635DF CARF MF Impresso em 15/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/01/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 10/01/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 12/01/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, As sinado digitalmente em 10/01/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 10166.723202/201317 Acórdão n.º 2401003.963 S2C4T1 Fl. 1.636 4 Relatório Cuidase de recurso voluntário interposto em face da decisão da 13ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento São Paulo I (DRJ/SP1), cujo dispositivo julgou improcedente a impugnação e manteve o crédito tributário exigido. Eis a ementa do Acórdão nº 1656.665 (fls. 1.551/1.571): ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/02/2009 a 31/10/2011 CRÉDITO TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO DA EMPRESA. A empresa é obrigada a recolher, nos prazos definidos em lei, as contribuições a seu cargo, incidentes sobre as remunerações pagas ou creditadas, a qualquer título, aos segurados empregados, trabalhadores avulsos e contribuintes individuais a seu serviço. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. SUJEITO PASSIVO. RETENÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO DOS SEGURADOS EMPREGADOS E CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS. A empresa é obrigada a arrecadar as contribuições sociais dos segurados empregados, trabalhadores avulsos e contribuintes individuais a seu serviço, mediante desconto na respectiva remuneração, e a recolher o produto arrecadado conforme previsto no art. 30, I, “a”, da Lei nº8.212/91 e art. 4o da Lei nº10.666/03. O desconto da contribuição sempre se presume feito oportuna e regularmente pela empresa a isso obrigada, nos termos do § 5º do art. 33 da Lei nº 8.212/91. APRESENTAÇÃO DEFICIENTE DE DOCUMENTOS OU INFORMAÇÕES. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. AFERIÇÃO INDIRETA Quando o contribuinte recusase a apresentar documentos ou informações, ou as apresenta de forma deficiente, é licito à Autoridade Fiscal inscrever de ofício importância que reputar devida por meio da aferição indireta, cabendo à empresa ou ao segurado o ônus da prova em contrário, nos termos dos §§ 3º e 6º do art. 33 da Lei nº8.212/91. ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Período de apuração: 01/02/2009 a 31/10/2011 CRÉDITO TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO DESTINADA AOS TERCEIROS. As contribuições destinadas a terceiros (FNDE, Incra, Sest, Senat e Sebrae) possuem a mesma base de cálculo utilizada para Fl. 1636DF CARF MF Impresso em 15/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/01/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 10/01/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 12/01/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, As sinado digitalmente em 10/01/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 10166.723202/201317 Acórdão n.º 2401003.963 S2C4T1 Fl. 1.637 5 o cálculo das contribuições incidentes sobre a remuneração paga pela empresa aos segurados que lhe prestaram serviços, e sujeitamse aos mesmos prazos, condições, sanções e privilégios. ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/01/2008 a 31/10/2011 LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INFRAÇÃO. FOLHA DE PAGAMENTO EM DESACORDO COM OS PADRÕES ESTABELECIDOS PELA RFB. Deixar a empresa de preparar folha(s) de pagamento(s) das remunerações pagas ou creditadas a todos os segurados a seu serviço, de acordo com os padrões estabelecidos pela Receita Federal do Brasil, constitui infração à lei. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/02/2009 a 31/10/2011 QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. VIOLAÇÃO DE DIREITO CONSTITUCIONAL. INOCORRÊNCIA. A utilização de informações e documentos alusivos a operações e serviços de instituições financeiras não constitui violação do dever de sigilo quando disponibilizados pelo próprio contribuinte, ou quando prestados à Administração Tributária com base em prévia autorização judicial. MULTA QUALIFICADA. APLICAÇÃO. No lançamento de ofício das contribuições previdenciárias, quanto ao fatos geradores ocorridos a partir da competência 12/2008, é devida a multa de 75% calculada sobre a totalidade ou diferença do tributo que não foi pago, recolhido ou declarado. Cabível a imposição da multa de ofício qualificada de 150% quando demonstrado que o procedimento adotado pelo sujeito passivo se enquadra nas hipóteses tipificadas nos artigos 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/64. 2. Extraise do relatório fiscal que o processo administrativo é composto por 4 (quatro) autos de infração (AI), compreendendo o período de 01/2009 a 10/2011, assim formalizados (fls. 37/54): i) AI nº 51.021.8504, referente às contribuições previdenciárias da empresa, incidentes sobre as remunerações pagas a segurados empregados e contribuintes individuais; ii) AI nº 51.021.8512, referente às contribuições dos segurados empregados e contribuintes individuais, incidentes sobre o salário de contribuição, não arrecadadas pela empresa; Fl. 1637DF CARF MF Impresso em 15/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/01/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 10/01/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 12/01/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, As sinado digitalmente em 10/01/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 10166.723202/201317 Acórdão n.º 2401003.963 S2C4T1 Fl. 1.638 6 iii) AI nº 51.021.8520, referente às contribuições devidas a terceiros, assim compreendidos entidades e fundos, incidentes sobre as remunerações dos segurados empregados (FPAS 612 Código 3139); e iv) AI nº 51.021.8490 (obrigação acessória), por ter a empresa deixado de preparar a folha de pagamento de acordo com os padrões estabelecidos (Código de Fundamentação Legal CFL 30). 3. Dado que o procedimento fiscal abrangeu o período de 2007 a 2011, além dos créditos tributários enumerados acima, relativos aos anos de 2009 a 2011, ocorreram lançamentos referentes aos anos de 2007 e 2008, cujas autuações fazem parte de processos administrativos fiscais específicos. 4. Apurouse o crédito tributário a partir do compartilhamento pelo Ministério Público Federal de documentos apreendidos na Operação Esperança, intitulada de "Caixa de Pandora", devidamente autorizado pela Justiça Federal, na qual houve a quebra do sigilo bancário do contribuinte, complementandose os elementos de provas com documentos apresentados e informações fornecidas pelo sujeito passivo no decorrer da auditoria fiscal. 4.1 Dentre os documentos exibidos pelo fiscalizado, estão os extratos bancários solicitados ao contribuinte pela autoridade fiscal através de termos de intimação. 5. A descrição contida no relatório fiscal, assim como nos seus anexos denominados "Discriminativo do Débito (DD)", às fls. 4/14, 18/23 e 27/31, os quais são partes integrantes dos autos de infração, revela que o lançamento fiscal, com relação às obrigações principais, diz respeito às contribuições incidentes sobre: i) remunerações indiretas pagas a sócio, referente à aquisição de terras, cujos valores foram creditados diretamente nas contas dos vendedores, mediante emissão de cheques do Banco Brasil S/A (item 12 do relatório fiscal, às fls. 41/42); e ii) remunerações pagas a segurados empregados, sócios e contribuintes individuais, identificadas a partir dos extratos bancários e dados compartilhados pelo Ministério Público, e vinculadas à movimentação financeira de contas mantidas pela empresa junto ao Banco de Brasília S/A e Banco do Brasil S/A (itens 13 e 14 do relatório fiscal, às fls. 42/45). 5.1 Neste último caso, o contribuinte, conquanto intimado e reintimado diversas vezes, não forneceu os documentos que deram suporte aos pagamentos efetuados às pessoas físicas. Dada a recusa imotivada, a base de cálculo das contribuições exigidas foi aferida indiretamente, usandose como critério de aferição os valores constantes das informações obtidas a partir da quebra do sigilo bancário determinada pelo Poder Judiciário. 5.2 Ainda segundo a fiscalização, a movimentação financeira relacionada à conta do Banco do Brasil sequer foi contabilizada pela empresa. Fl. 1638DF CARF MF Impresso em 15/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/01/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 10/01/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 12/01/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, As sinado digitalmente em 10/01/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 10166.723202/201317 Acórdão n.º 2401003.963 S2C4T1 Fl. 1.639 7 5.3 Em relação às contribuições exigidas, consta o percentual duplicado para a multa de ofício de que trata o inciso I do caput do art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 (denominada de "multa qualificada"). 6. O contribuinte foi cientificado da autuação em 26/4/2013, via postal, conforme fls. 1.509, e impugnou a exigência fiscal (fls. 1.514/1.541). 7. Intimada da decisão de piso em 2/5/2014, via postal, segundo fls. 1.572/1.574, a recorrente apresentou recurso voluntário em 26/5/2014, cujos argumentos de defesa estão a seguir resumidos (fls. 1.576/1.606). i) nulidade do lançamento por quebra administrativa do sigilo bancário, sem que houvesse uma ordem judicial para obter da empresa os extratos que deram suporte à autuação fiscal; ii) os extratos bancários, embora disponibilizados à fiscalização pela recorrente, não foram fornecidos espontaneamente, mas mediante o uso de coação, tendo em vista que a intimação para apresentação dos documentos vinha acompanhada de ameaça de representação por crime de embaraço à fiscalização, caso não fosse atendida pelo fiscalizado; iii) o Fisco não poderia utilizarse, a título de empréstimo, das provas arrecadadas judicialmente, porquanto disponibilizadas ao Ministério Público apenas e tão somente para fins penais. Além disso, na medida em que as provas autorizadas judicialmente não foram submetidas ao contraditório, não poderiam ser aproveitadas para fins de constituição de crédito tributário; iv) os prazos concedidos pela fiscalização para atendimento das intimações foram escassos, o que impossibilitou a recorrente de atendêlas, de modo que se torna descabida a apuração das contribuições mediante uso de aferição indireta, sob a justificativa de haver recusa em apresentar documentos e prestar esclarecimentos no curso da ação fiscal; v) inexistência de previsão legal para lançar contribuições apuradas com base em saques de cheques e transferências bancárias, porquanto não se pode presumir saídas como pagamentos a segurados empregados e contribuintes individuais decorrentes de prestação de serviços; vi) o mero desembolso não representa fato gerador de contribuição previdenciária, que é a prestação de serviço, e não o pagamento. Diante da incerteza da ocorrência do fato gerador, o correto era a fiscalização identificar e intimar os Fl. 1639DF CARF MF Impresso em 15/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/01/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 10/01/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 12/01/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, As sinado digitalmente em 10/01/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 10166.723202/201317 Acórdão n.º 2401003.963 S2C4T1 Fl. 1.640 8 beneficiários dos pagamentos para verificar se houve ou não a prestação do serviço; vii) o arbitramento, por aferição indireta, é medida excepcional e como tal aplicável às hipóteses em que, de forma clara e inequívoca, a fiscalização comprove a imprestabilidade, a efetiva inexistência ou a recusa de fornecimento da contabilidade da empresa, ou ainda quando inexistam outros documentos que possam suprir a sua falta. Apesar de eventuais falhas e incorreções, a contabilidade não foi desclassificada pela autoridade fiscal, tendo a recorrente disponibilizado os seus livros fiscais e contábeis; viii) os créditos efetivados pela empresa em favor do sócio Osvaldino Xavier de Oliveira referemse à distribuição de lucros, e não a pagamento de remuneração a sócio. Os lucros distribuídos durante o período fiscalizado, consoante demonstram os livros razões, são mais do que suficientes para acobertar os montantes levantados da fiscalização. Porém, ainda que não fossem, a recorrente possuía lucros a distribuir, de maneira que o procedimento correto era a fiscalização intimar o contribuinte para regularizar a sua contabilidade, registrando nela os lucros distribuídos; ix) a fiscalização não logrou justificar a qualificação da multa de ofício, que somente é cabível quando restar comprovada, de forma cabal e irrefutável, a ocorrência de dolo, fraude ou conluio. Ademais, no caso de presunção, tal como foram apurados os valores das contribuições supostamente devidos, tornase imprópria a majoração da penalidade; x) não sendo devidas as contribuições exigidas incidentes sobre as remunerações das pessoas físicas, não subsiste a multa aplicada pelo descumprimento de obrigação acessória, inclusive no tocante às circunstâncias agravantes da infração (AI nº 51.021.8490); e xi) para um mesmo período e em razão dos mesmos fatos, além do lançamento quanto à obrigação principal, acompanhada da penalidade vinculada, a fiscalização aplicou também a multa pelo descumprimento de obrigação acessória (folha de pagamento), o que implica um efeito confiscatório da cobrança. É o relatório. Fl. 1640DF CARF MF Impresso em 15/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/01/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 10/01/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 12/01/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, As sinado digitalmente em 10/01/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 10166.723202/201317 Acórdão n.º 2401003.963 S2C4T1 Fl. 1.641 9 Voto Conselheiro Cleberson Alex Friess, Relator Juízo de admissibilidade 8. Uma vez realizado o juízo de validade do procedimento, verifico que estão satisfeitos os requisitos de admissibilidade do recurso voluntário e, por conseguinte, dele tomo conhecimento. Preliminares a) Violação ao sigilo bancário 9. Da leitura dos autos, depreendese que a revelação de informações sigilosas ocorreu com o consentimento da recorrente, na medida em que os extratos bancários, por solicitação regular da fiscalização tributária, foram disponibilizados pelo próprio sujeito passivo. Nessa circunstância, é dispensável a prévia ordem judicial para o acesso às informações bancárias do contribuinte. 10. Por sua vez, a recorrente alega que foi vítima de coação. A coação que vicia a declaração de vontade não se presume, pois exigese a prova inequívoca de que a ameaça exercida pelo agente externo é hábil, grave e injusta ao ponto de impedir a resistência da pessoa afetada. 10.1 Logo, a coação não fica caracterizada e assim dispõe expressamente o art. 153 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, que veicula o Código Civil pátrio, quando há "ameaça do exercício normal de um direito (...)". 10.2 De fato, segundo o inciso III do art. 32 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, está a empresa obrigada a prestar à fiscalização todas as informações cadastrais, financeiras e contábeis de seu interesse, bem como os esclarecimentos necessários ao desenvolvimento do procedimento fiscal em curso, consistindo a recusa ao atendimento das intimações da fiscalização em hipótese de imposição de sanção, na forma estabelecida na legislação tributária. 10.3 De modo tal que a autoridade fiscal que adverte o fiscalizado acerca das consequências previstas em lei para o descumprimento da obrigação de disponibilizar documentos e/ou prestar informações não pratica coação, porquanto a sanção que vier eventualmente a ser aplicada estará amparada pela lei. 10.4 Naturalmente, a ameaça de exercício abusivo de direito, mediante excesso na forma e nas circunstâncias utilizadas pelo agente público, poderá configurar um ato ilícito. Porém, não há nada nos autos que aponte ter a fiscalização ultrapassado os limites impostos pela legislação. Fl. 1641DF CARF MF Impresso em 15/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/01/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 10/01/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 12/01/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, As sinado digitalmente em 10/01/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 10166.723202/201317 Acórdão n.º 2401003.963 S2C4T1 Fl. 1.642 10 10.5 Entendo, inclusive, que a fiscalização, ao fazer advertência da ilicitude da conduta, comportase segundo padrões éticos de boafé, agindo de maneira transparente com o sujeito passivo. 10.6 Assim, estão ausentes quaisquer elementos que possam evidenciar a prática de coação durante o procedimento fiscal. 11. Por fim, quanto ao compartilhamento de provas obtidas mediante quebra do sigilo bancário, mediante prévia autorização judicial, a análise de eventual irregularidade na utilização dos dados para fins tributários, como sustenta a recorrente, é matéria estranha ao contencioso administrativo. 11.1 Isso porque o relatório fiscal, conforme destacado pelo colegiado de primeira instância, expõe de forma clara que, uma vez autorizada a quebra do sigilo bancário por solicitação do Ministério Público Federal, foilhe permitido compartilhar as informações com a Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), conforme Inquérito nº 137437.2010.4.01.0000/DF e do Processo nº 004679176.2011.4.01.0000/DF, os quais tramitam junto ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região (item 11 do relatório fiscal, às fls. 40). 11.2 Tal aspecto fáticojurídico afirmado pela fiscalização não restou desmentido pela recorrente em linguagem apropriada de provas. 12. Afastada a preliminar, passase à análise de outra questão prévia ao exame do mérito do lançamento. b) Prazos exíguos para atendimento das intimações 13. Reclama a recorrente que a autoridade fiscal concedeulhe prazos demasiadamente curtos para atender às solicitações de apresentação de documentos e prestação de informações, restando condenável a apuração das contribuições com base em aferição indireta. 14. Ao compulsar os documentos que instruem os autos, verifico que também não lhe assiste razão nesse ponto do recurso. 15. Com efeito, mediante os Termos de Intimação Fiscal (TIF) nº 009/2012, 010/2012, 011/2012 e 013/2012, recebidos em 30/10/2012, a fiscalização intimou a recorrente para, no prazo de 10 (dez) dias, apresentar os documentos contábeis e fiscais e prestar os esclarecimentos sobre os lançamentos nas contascorrentes mantidas junto ao Banco de Brasília S/A e Banco do Brasil S/A (fls. 134/143 e 147/149). 15.1 Na sequência, por intermédio do Termo de Reintimação Fiscal (TRF) nº 001/2012, recebido em 14/11/2012, a autoridade fiscal reintimou a recorrente para atender não apenas o requerido no TIF nº 009/2012, como também nos demais termos de intimação, no prazo de 5 (cinco) dias (fls. 153/155). 15.2 Ao permanecer inerte o sujeito passivo, a fiscalização novamente prorrogou os prazos, conforme TRF nº 002/2012 e TRF nº 003/2012, recebidos, respectivamente, em Fl. 1642DF CARF MF Impresso em 15/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/01/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 10/01/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 12/01/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, As sinado digitalmente em 10/01/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 10166.723202/201317 Acórdão n.º 2401003.963 S2C4T1 Fl. 1.643 11 11/12/2012 e 21/1/2013, concedendolhe, em cada reintimação, 20 (vinte) dias úteis (fls. 156/158 e 159/161). 15.3 Em 16/4/2013, decorridos mais de 5 (cinco) meses das intimações iniciais, a empresa solicitou, em atenção ao TRF nº 003/2012, um prazo adicional de 10 (dez) dias para tabular as informações bancárias recebidas e responder aos questionamentos da fiscalização. Deulhe a fiscalização o prazo de 5 (cinco) dias corridos (fls. 1.477). 16. Com base nessa cronologia, a toda a evidência os prazos concedidos pela autoridade fiscal, sucessivamente prorrogados, são mais que razoáveis e suficientes para o fiscalizado apresentar documentos e prestar esclarecimentos, não configurando os prazos cerceamento de defesa. 17. Ao descumprir os deveres impostos pelo legislador com o fim de permitir o conhecimento e a quantificação dos fatos jurídicos tributários pela autoridade fiscal, a recorrente sujeitase às imposições previstas na respectiva legislação tributária.. 18. Noutro giro, a despeito da omissão na fase inquisitória, nada impediria de a recorrente mudar de atitude e, chegada a fase litigiosa, anexar todos os documentos comprobatórios, bem como prestar os esclarecimentos relacionados à natureza e às circunstâncias das saídas de numerário destinadas às pessoas físicas, identificadas a partir do exame da movimentação bancária, na medida em que necessitava de prazo adicional, segundo afirmou, apenas para organizar os dados recebidos da instituição bancária. 19. O que se nota dos autos, todavia, é que não houve alteração significativa no comportamento do sujeito passivo, cuja conduta omissiva pode ter sua origem na desorganização contábil e administrativa da empresa ou, não menos provável, no propósito firme de deixar de colaborar com a busca da verdade material. Mérito a) Arbitramento por aferição indireta 20. Não demonstra ignorar a recorrente, até porque faz parte do Relatório denominado "Fundamentos Legais do Débito (FLD)", integrante das autuações, às fls 15/16, 24/25 e 32/33, que a fiscalização utilizou como fundamento para a constituição de parte do crédito tributário o conteúdo dos §§ 3º e 6º do art. 33 da Lei nº 8.212, de 1991, que estão assim redigidos: Art. 33. À Secretaria da Receita Federal do Brasil compete planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas à tributação, à fiscalização, à arrecadação, à cobrança e ao recolhimento das contribuições sociais previstas no parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições incidentes a título de substituição e das devidas a outras entidades e fundos. (...) § 3º Ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua apresentação deficiente, a Secretaria da Receita Federal do Brasil pode, sem prejuízo da penalidade cabível, lançar de ofício a importância devida. Fl. 1643DF CARF MF Impresso em 15/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/01/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 10/01/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 12/01/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, As sinado digitalmente em 10/01/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 10166.723202/201317 Acórdão n.º 2401003.963 S2C4T1 Fl. 1.644 12 (...) § 6º Se, no exame da escrituração contábil e de qualquer outro documento da empresa, a fiscalização constatar que a contabilidade não registra o movimento real de remuneração dos segurados a seu serviço, do faturamento e do lucro, serão apuradas, por aferição indireta, as contribuições efetivamente devidas, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário. (...) 21. Cuidamse de normas jurídicas destinadas a amparar o lançamento de ofício por arbitramento da base de cálculo das contribuições previdenciárias, na hipótese de impossibilidade de mensurarse o fato jurídico tributário, por falta de apresentação de documentos e informações pelo fiscalizado ou pela inveracidade das declarações contábeis ou fiscais prestadas pelo sujeito passivo. 22. Em outros termos, o objetivo do arbitramento é apurar o aspecto quantitativo do evento que deflagra a relação tributária. Contudo, tais dispositivos não aprovam proceder ao arbitramento do fato gerador, na sua dimensão material, devendo estar provado direta ou indiretamente. 23. Destarte, ao deixar de atender as diversas intimações para apresentação dos documentos que deram suporte às saídas de numerário em nome de pessoas físicas das contas mantidas no Banco de Brasília S/A e no Banco do Brasil S/A, está autorizada a fiscalização, segundo a Lei nº 8.212, de 1991, ou melhor, encontrase obrigada a fiscalização a utilizar métodos para a identificação dos valores correspondentes ao fato jurídico tributário, tal como o arbitramento da base de cálculo, por aferição indireta, cabendo à empresa o ônus de descaracterizar a imputação que lhe é feita. 24. Conquanto descumprido o seu dever de colaboração, a recorrente insiste que a fiscalização teria a sua disposição, por meio de outros documentos contábeis e fiscais, os subsídios necessários à constituição do fato jurídico tributário; porém, não especifica quais deles conteriam as informações pertinentes que proporcionariam o afastamento da medida extrema do arbitramento. 25. Entre outros aspectos obscuros, a autoridade lançadora identificou, ao examinar a escrituração contábil do sujeito passivo, a contabilização inadequada das transferências eletrônicas da conta no Banco de Brasília S/A, utilizandose, como contrapartida da conta "Bancos", o débito na conta "Caixa", em vez de apropriálos em contas de despesas, custos e/ou obrigações, conforme a sua natureza. 25.1 Além disso, os valores movimentados por meio do Banco do Brasil S/A não foram localizados na escrituração contábil da recorrente. 26. Ao contrário do que defende a recorrente, a legislação previdenciária não exige como pressuposto para a fiscalização lançar mão do arbitramento a desconsideração formal da escrituração contábil, bastando que existam evidências de que ela não registra a movimentação real da remuneração dos segurados a serviço da empresa. 27. Ademais, entre intimação e reintimações, decorreu um lapso temporal de quase 6 (seis) meses, em que a recorrente poderia ter organizado e apresentando os livros e Fl. 1644DF CARF MF Impresso em 15/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/01/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 10/01/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 12/01/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, As sinado digitalmente em 10/01/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 10166.723202/201317 Acórdão n.º 2401003.963 S2C4T1 Fl. 1.645 13 documentos fiscais com as correções dos eventuais erros e falhas que estariam afetando o adequado registro das mutações patrimoniais, econômicas e financeiras da empresa. b) Remuneração indireta paga ao sócio Osvaldino Xavier de Oliveira (item 12 do relatório fiscal) 28. Sustenta a recorrente que os lucros distribuídos durante o anocalendário de 2011 são mais que suficientes para acobertar os pagamentos efetivados pela empresa relativos à aquisição de terras pelo sócio Osvaldino Xavier de Oliveira. E mesmo que não fossem bastante para cobrir os valores, o fato é que a empresa possuía lucros a distribuir registrados em sua contabilidade. 29. Pois bem. Como cediço, as pessoas jurídicas devem proceder aos devidos registros contábeis de suas atividades e resultados, sempre alicerçados em documentos hábeis e idôneos, os quais assumem a feição de prova para fins do controle da Administração Tributária. 30. Dentre tais registros, no caso dos sócios, impõese a discriminação entre a remuneração decorrente do trabalho (prólabore) e a remuneração proveniente do capital social (lucro), na medida em que a falta de uma nítida separação dificulta o controle fiscal sobre as parcelas recebidas, ou mesmo tornálo inviável, o que não pode ser admitido para fins de tributação. 31. Por essas razões, a justificativa de origem em distribuição de lucros acumulados, segundo alegações produzidas pela recorrente, quanto aos desembolsos destinados à aquisição de terras pelo sócio da empresa Osvaldino Xavier de Oliveira, que presta serviços de administração para a empresa, e incluídos no lançamento fiscal, não me parece convincente. 32. Tanto que os lucros distribuídos durante o período de 2011, no montante total de R$ 8 milhões, conforme planilha acostada pela recorrente, ainda na fase de impugnação, às fls. 1.544/1.545, não correspondem a nenhum dos valores identificados pela fiscalização e discriminados no relatório fiscal às fls. 41/42. 32.1 Por sinal, a planilha apresentada pela recorrente contém uma relação de cheques relacionados à distribuição de lucro, com contrapartida na conta "caixa", ao passo que os pagamentos identificados pela fiscalização nos extratos bancários, objeto de lançamento de ofício neste processo administrativo, foram creditados diretamente pela empresa nas contas correntes dos vendedores, por meio do Banco do Brasil S/A. 32.2 Reforço que os valores pagos pela compra das glebas de terras para o sócio, sequer foram contabilizados pela recorrente na sua escrituração contábil. 33. Por sua vez, o fato de haver lucros a distribuir no período do levantamento fiscal, ainda mais quando consistente em mera afirmação desprovida de provas, é aspecto inconclusivo e, por si só, incapaz de comprovar a natureza jurídica não remuneratória dos pagamentos destinados à aquisição de bens pessoais dos sócios apurados pela fiscalização no exercício já encerrado. 34. Dessa feita, deve ser mantida a tributação sobre os valores levantados pela fiscalização. Fl. 1645DF CARF MF Impresso em 15/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/01/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 10/01/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 12/01/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, As sinado digitalmente em 10/01/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 10166.723202/201317 Acórdão n.º 2401003.963 S2C4T1 Fl. 1.646 14 c) Pagamento a segurados empregados, sócios e contribuintes individuais (itens 13 e 14 do relatório fiscal) 35. Com olhar na acusação fiscal, seu relatório e respectivos anexos, verifico que as saídas das contas do Banco de Brasília S/A e Banco do Brasil S/A destinadas às pessoas físicas, objeto de lançamento fiscal, estão individualmente discriminadas em planilha, identificadas pelo nome, montante e pela qualificação do segurado, de acordo com a classificação prevista no Manual de preenchimento da GFIP (fls. 1.481/1.497): i) segurados empregados (Código/Categoria CAT: 1); ii) contribuintes individuais: sócios/empresários (Código/Categoria CAT: 11); e iii) contribuintes individuais: trabalhadores autônomos (Código/Categoria CAT: 13). 35.1 Afora essa planilha, há outra em que se discrimina, também de maneira individual e por competência, a parcela correspondente à contribuição previdenciária devida pelo segurado (fls. 1.478/1.480). 36. Nesse contexto, analiso, inicialmente, o mérito da tributação relacionada aos pagamentos identificados pela fiscalização como feitos a segurados empregados (CAT 1) e sócios administradores (CAT 11) c.1) Segurados empregados (CAT 1) e sócios (CAT 11) 37. Como sabido, no campo jurídico das contribuições previdenciárias, constitui fato gerador da obrigação principal, em relação à empresa, a prestação de serviços remunerados tanto pelos segurados empregados quanto pelos administradores da sociedade, estes últimos na qualidade de contribuintes individuais. 38. Configurase a prestação de serviço, para o segurado empregado, por meio da realização da sua tarefa laboral com habitualidade, onerosidade, pessoalidade e subordinação, ao passo que para o empresário, na condição de responsável pela administração, mediante o exercício da direção da sociedade. 39. Em um e outro caso, ao manter um vínculo contínuo com a sociedade empresária, são devidos pagamentos a esses segurados, como regra, pela correspondente retribuição ao serviço prestado. 39.1 Inclusive, a Lei nº 8.212, de 1991, de acordo com os artigos 22 e 28, estabelece um conceito amplo de remuneração, destinada a retribuir o trabalho, de maneira que as parcelas pagas pela empresa que escapam à tributação devem estar amparadas em documentos hábeis e idôneos que demonstrem a natureza não remuneratória, elaborados pelo sujeito passivo e disponibilizados à fiscalização quando solicitados. 40. Quanto aos administradores, cabe ainda destacar que o contrato social da sociedade empresária limitada, ora recorrente, autoriza a retirada mensal de prólabore pelos Fl. 1646DF CARF MF Impresso em 15/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/01/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 10/01/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 12/01/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, As sinado digitalmente em 10/01/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 10166.723202/201317 Acórdão n.º 2401003.963 S2C4T1 Fl. 1.647 15 sócios administradores no exercício das atividades gerenciais, conforme estipulado em comum acordo, sem haver, contudo, a fixação de limites mínimo ou máximo (fls. 84). 41. Nesse cenário normativo e fático, não há que se falar em presunção do fato gerador para os segurados empregados e sócios, porquanto inerente à natureza do vínculo existente com a sociedade empresária. 42. Ao identificar as saídas de numerário destinadas a segurados empregados e sócios administradores, cujo enquadramento previdenciário não é alvo de oposição pela recorrente, a fiscalização solicitou os respectivos documentos e esclarecimentos, com a finalidade de verificar a sua natureza jurídica e, consequentemente, a incidência ou não da tributação. 42.1 Diante da recusa do sujeito passivo em colaborar com a fiscalização, a autoridade lançadora avaliou, autorizada pelo art. 33 da Lei nº 8.212, de 1991, que se trataria de possível retribuição financeira pela prestação de serviços realizados e, portanto, sujeitos à incidência da contribuição previdenciária, assegurado ao contribuinte defenderse dessa valoração quantitativa do evento descrito no fato jurídico tributário. 42.2 Em outros dizeres, assentado em regras de experiência, a natureza do vínculo laboral conduz, por forte indução, a inferir que o desembolso de valores a segurados empregados e sócios administradores por parte da empresa representa um provável pagamento pela prestação de serviços. 43. Dessa feita, uma vez que descumpridos os deveres instrumentais imprescindíveis à fiscalização dos eventos de interesse tributário e havendo ainda a impossibilidade de investigação, a partir dos demais documentos do contribuinte, quanto à mensuração do fato jurídico tributário apontado pela fiscalização, é plenamente justificável a realização do arbitramento, por aferição indireta, adotando a autoridade lançadora como parâmetro os valores indicados nos extratos bancários, os quais, teoricamente, integrariam a base de cálculo do tributo. 44. Nada obstante a realização do arbitramento, é oportunizada a avaliação contraditória pelo sujeito passivo, ainda que a lei disponha, acertadamente, sobre a inversão do ônus da prova nessa situação. 45. Significa que os desembolsos de recursos podem escapar à tributação, destinandose, por exemplo, a ressarcimento, reembolso ou indenização do segurado empregado, ou, no caso do empresário, correspondendo à distribuição de lucros ou devolução de empréstimos. 46. Porém, nessas hipóteses, é imprescindível os saques e transferências bancárias estarem acompanhadas de registros contábeis e fiscais, apoiados em documentos aptos a atestar a sua natureza não remuneratória, o que não foi comprovado pela recorrente. 47. De outra banda, a recorrente pondera que não restou comprovado o nexo causal entre os saques e as transferências bancárias e o recebimento de valores pelos segurados, visto que seria impossível afirmar que as saídas das contas bancárias não ingressaram em outra de mesma titularidade ou se referem, por exemplo, a pagamentos de empréstimos, produtos e fornecedores, ou mesmo a doações, os quais não sofrem a incidência da tributação previdenciária. Fl. 1647DF CARF MF Impresso em 15/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/01/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 10/01/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 12/01/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, As sinado digitalmente em 10/01/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 10166.723202/201317 Acórdão n.º 2401003.963 S2C4T1 Fl. 1.648 16 48. A despeito da aparente lucidez do seu raciocínio, a recorrente inverte convenientemente o ônus probatório, no sentido de que caberia à fiscalização comprovar cabalmente às circunstâncias que levaram às saídas de dinheiro, como forma de afastar qualquer natureza diversa da contrapartida laboral, quando o próprio sujeito passivo, em flagrante omissão do seu dever de colaboração, adota postura de dificultar a identificação, mediante provas diretas, da ocorrência dos fatos jurídicos tributários. 48.1 Como já esclarecido, em que pese o que foi solicitado, mediante intimação e reintimações, com prazos mais que razoáveis, para fim de elucidar a verdade quanto à origem e às circunstâncias dos lançamentos efetuados nas contas bancárias, o sujeito passivo deixou de apresentar à fiscalização os documentos que deram suporte aos pagamentos em nome dos segurados. 48.2 Por constar a discriminação individualizada dos lançamentos bancários, não haveria dificuldades de a recorrente prestar, inclusive na fase litigiosa, os esclarecimentos a respeito dos saques e das transferências relacionados aos segurados empregados e aos sócios, acompanhados da correspondente documentação comprobatória. 48.3 Diante da indiscutível falta de colaboração do sujeito passivo no procedimento de delimitação dos fatos, não me parece razoável, como sugere a recorrente, a intimação dos beneficiários dos pagamentos, nessa hipótese de segurados empregados e sócios, para verificar se os desembolsos foram decorrentes da prestação de serviço à empresa. 49. Em síntese, ao não trazer a peça recursal qualquer prova apta a abalar o lançamento efetuado quanto aos segurados empregados e sócios administradores, a decisão recorrida não merece reparo. c.2) Contribuintes Individuais (CAT 13) 50. Por outro lado, diversa é a minha conclusão acerca dos desembolsos identificados em conta bancária em nome de pessoas físicas para os quais a fiscalização considerou como pagamentos efetuados a prestadores de serviço, na condição de contribuintes individuais autônomos (CAT 13). 51. Uma vez que a fiscalização nada demonstra sobre o vínculo laboral dessas pessoas físicas com a autuada, entendo que o raciocínio da acusação fiscal é desprovido de indícios que possam impulsionar a probabilidade de que as saídas de numerário da conta bancária da empresa representem retribuição a contribuinte individual pela prestação de serviço. 52. Não tenho dúvida de que os valores disponibilizados às pessoas físicas podem significar pagamentos pela prestação de serviço à empresa. Porém, sua força probante por si só é inapta para sustentar o nascimento da obrigação tributária, a partir da existência da situação definida em lei como necessária e suficiente à ocorrência do fato gerador do tributo. 52.1 Mesmo a recusa do sujeito passivo em apresentar documentos e prestar esclarecimentos à fiscalização, bem como da falta de confiabilidade da sua escrituração contábil, não altera tal linha de raciocínio. Fl. 1648DF CARF MF Impresso em 15/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/01/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 10/01/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 12/01/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, As sinado digitalmente em 10/01/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 10166.723202/201317 Acórdão n.º 2401003.963 S2C4T1 Fl. 1.649 17 52.2 Impõese a comprovação pela fiscalização, da prestação de serviços à empresa por parte da pessoa física, ainda que por meio de provas indiretas, como condição para a incidência de contribuição previdenciária. 52.3. Nesses termos, não há como legitimar a constituição de crédito tributário escorada em prestação de serviço por parte de segurado autônomo, qualificado como contribuinte individual quando a acusação fiscal apoiase apenas na circunstância de serem pessoas físicas os beneficiários dos saques e/ou das transferências bancárias. 53. Portanto, carece o lançamento fiscal nesse ponto de aprofundamento do procedimento administrativo investigatório, de maneira tal a evidenciar, mesmo que indiretamente, a provável prestação de serviços pelas pessoas físicas identificadas, possibilitando a construção de um liame em grau bastante entre as saídas de recursos a elas destinadas e a existência de retribuição laboral, para só assim respaldar a inversão do ônus probatório, como antes examinado. 54. Exposto desse modo, a decisão de primeira instância merece reforma para afastar a tributação sobre os valores lançados pela fiscalização relativamente às pessoas físicas classificadas como segurados na CAT 13, conforme individualização constante da planilha de fls. 1.481/1.497, por meio da qual a autoridade fiscal detalha a base de cálculo relativa às contribuições exigidas no AI nº 51.021.8504, a partir do ano de 2009. 55. Relativamente a essas mesmas pessoas físicas (CAT 13), deverá ser excluída também a contribuição previdenciária a cargo do segurado apurada por meio do AI nº 51.021.8512. Contudo, aqui tomandose como parâmetro a outra planilha confeccionada pela fiscalização e juntada às fls. 1.478/1.480. d) Multa qualificada 56. Consta dos autos de infração a imposição de multa qualificada, no percentual de 150% (cento e cinquenta por cento), incidente sobre as contribuições lançadas. 57. A aplicação dessa multa no lançamento de ofício é regulada pelo art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, o qual remete aos critérios de mensuração previstos no art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Reproduzo abaixo os dispositivos: Lei nº 8.212, de 1991 Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Lei nº 9.430, de 1996 Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; Fl. 1649DF CARF MF Impresso em 15/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/01/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 10/01/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 12/01/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, As sinado digitalmente em 10/01/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 10166.723202/201317 Acórdão n.º 2401003.963 S2C4T1 Fl. 1.650 18 (...) § 1º O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (...) 57.1 Por sua vez, os arts. 71 a 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, acima mencionados, estão assim redigidos: Art . 71. Sonegação é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art . 72. Fraude é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do impôsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art . 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72. 58. Vêse que a par do critério básico de aplicação da multa de ofício, equivalente a 75% (setenta e cinco por cento) sobre o valor principal, a legislação prevê a denominada multa qualificada, em que há uma duplicação do percentual padrão, quando evidenciada pela fiscalização sonegação, fraude ou conluio, cuja gravidade do comportamento lesivo do infrator enseja um reprimenda punitiva mais severa, como forma de castigar o transgressor e desestimular condutas afins por parte de outros sujeitos passivos. 59. Para essa elevação do percentual básico é condição indispensável a acusação identificar elementos subjetivos na conduta do infrator, porquanto tanto a simulação quanto a fraude pressupõem o dolo, sendo insuficiente para cogitar da hipótese tão somente a materialidade da conduta. 60. Vale dizer que a sonegação, fraude ou mesmo o conluio devem possuir base probatória autônoma, pela qual se demonstra a vontade livre e consciente do infrator em praticar as condutas ilícitas, em prol de, ao final e ao cabo, viabilizar a supressão ou redução do tributo. 61. Pois bem. Segundo o votocondutor da decisão de primeira instância, o relatório fiscal conteria, como justificativa para a qualificação da multa, que (item 8.4 do acórdão, às fls. 1.568): Fl. 1650DF CARF MF Impresso em 15/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/01/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 10/01/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 12/01/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, As sinado digitalmente em 10/01/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 10166.723202/201317 Acórdão n.º 2401003.963 S2C4T1 Fl. 1.651 19 8.4. (...) o sujeito passivo adotou práticas fraudulentas (falta de contabilização de despesas relacionadas a fatos geradores e a contabilização inadequada de lançamentos, utilizando, como contrapartida, a conta Caixa), bem como deixou de incluir nas GFIPs mensais todos os dados correspondentes aos fatos geradores de contribuições previdenciárias, prática esta que caracteriza, em tese, crime de sonegação de contribuições previdenciárias. 62. Acontece que após ler e reler a acusação fiscal não identifiquei a presença de qualquer justificativa expressa para aplicação da penalidade qualificada, situação em que as razões que ensejam a duplicação do percentual da multa de ofício estão usualmente concentradas pelo agente estatal em um trecho ou tópico específico integrante do relatório fiscal. 63. De fato, no que tange à fundamentação legal das multas, a autoridade lançadora faz alusão apenas ao relatório "Fundamentos Legais do Débito FLD", o qual menciona os dispositivos de lei acima reproduzidos que autorizam a incidência da multa exarcebada (item 25 do relatório fiscal, às fls. 53). 64. Por outro lado, mesmo sem correlacionar diretamente com a aplicação da multa qualificada, a autoridade autuante faz referências esparsas no relatório fiscal a existência de condutas colocadas em prática pelo sujeito passivo que evidenciariam, em seu ponto de vista, o intuito sonegatório e fraudulento. 64.1 Nesse sentido, quanto aos fatos geradores identificados por meio do exame da movimentação do Banco de Brasília S/A, objeto desse processo administrativo, a fiscalização assim se pronunciou em termos de condutas ilícitas (fls. 42/43): "13.1 (...) Verificouse também, conforme Razão constante dos anexos 19 a 22, que a empresa contabilizou os valores pagos ou transferidos através de TED (transferências eletrônicas) a débito da conta "CAIXA", em vez de apropriálos em contas próprias; simulando, de forma fraudulenta, situações que não refletem a realidade das transações. (...) 13.4 Como se observa, as transferências efetivadas pela empresa foram lançadas, de forma indevida, em contrapartida da conta "CAIXA". Contabilmente, tal lançamento seria impossível por tratarse de transferências financeiras entre contas correntes. Tal manobra contábil objetiva afastar a ocorrência do fato gerador das contribuições previdenciárias (remunerações pagas a prestadores de serviços pessoas físicas)." 64.2 Já no que tange aos valores pagos através do Banco do Brasil S/A, o agente fiscal ressalta tão somente que "sequer foram contabilizados pela empresa" (item 14.2 do relatório fiscal). 64.3 Por fim, em outra parte do relatório fiscal a autoridade lançadora assim se manifesta (fls. 49): Fl. 1651DF CARF MF Impresso em 15/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/01/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 10/01/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 12/01/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, As sinado digitalmente em 10/01/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 10166.723202/201317 Acórdão n.º 2401003.963 S2C4T1 Fl. 1.652 20 "18.2.4 Conforme detalhado neste relatório, a auditoria fiscal constatou que o sujeito passivo adotou, de forma dolosa, práticas fraudulentas que caracterizam, em tese, crimes de sonegação de contribuições previdenciárias, previstos na legislação em vigor." 65. É certo que os relatos transcritos podem representar a intenção de a fiscalização demonstrar o uso de sutilezas para iludir o Fisco, tais como aquelas previstas nas hipóteses dos arts. 71 a 73 da Lei nº 4.502, de 1964, as quais, como visto antes, impõem a duplicação do montante da penalidade. 66. Todavia, penso que faltou à autoridade lançadora estabelecer, em relação aos específicos valores lançados, uma liame indubitável entre os elementos de sua convicção da conduta ilícita do sujeito passivo e o cometimento de fraude ou sonegação, mediante ação dolosa, nos moldes previstos na Lei nº 4.502, de 1964. 67. Isso porque a maior parte do lançamento não resultou da constatação direta e irrefutável de rendimentos tributáveis. Uma vez localizados pagamentos destinados a segurados empregados e contribuintes individuais, a partir de movimentações bancárias potencialmente identificáveis a rendimentos pela prestação laboral, o Fisco transferiu ao sujeito passivo, valendose da autorização do art. 33 da Lei nº 8.212, de 1991, o ônus de provar que não correspondiam a qualquer parcela remuneratória. 67.1 Mesmo na hipótese dos pagamentos referentes à aquisição de terras em benefício do sócio Osvaldino Xavier de Oliveira, a autoridade fiscal não motiva satisfatoriamente a aplicação da multa qualificada, na medida em que faz alusão, conforme mencionado alhures, tão somente a que tais valores nem sequer teriam sido contabilizados pela empresa em seus livros contábeis (fls. 41). 68. Como acertadamente destacado pela decisão de piso, os fatos narrados pela autoridade fiscal evidenciam ao menos indícios da ocorrência de conduta fraudulenta ou sonegatória, os quais são suficientes para confecção de representação fiscal para fins penais dirigida ao Ministério Público Federal. 69. Entretanto, a existência de indícios de crime tributário não autoriza sem justificativas apropriadas a imposição de penalidade de ofício qualificada, a qual demanda a comprovação minudente de uma das hipóteses de aplicação da sanção mais gravosa. 69.1 Na esfera penal, a sociedade tem o direito de ver devidamente apuradas eventuais condutas delituosas, cuja instrução probatória permitirá demonstrar, com os meios disponíveis, a verdade possível dos fatos. 69.2 Já na multa qualificada, além da descrição dos fatos ocorridos, as provas indispensáveis e contundentes para justificar a duplicação do percentual da penalidade devem ser carreados aos autos pelo agente fiscal, via de regra, no momento da formalização do auto de infração, dados os limites existentes para a produção da prova no curso do processo administrativo tributário. 70. Portanto, entendo que a autoridade fiscal não demonstrou a ocorrência das condições que permitam a majoração da multa de ofício, até o importe de 150%. Fl. 1652DF CARF MF Impresso em 15/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/01/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 10/01/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 12/01/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, As sinado digitalmente em 10/01/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 10166.723202/201317 Acórdão n.º 2401003.963 S2C4T1 Fl. 1.653 21 71. Dessa feita, devese afastar a qualificação da penalidade oficiosa, reduzindo a multa para o patamar trivial em casos de lançamento de oficio, no percentual de 75%. e) Multa pelo descumprimento da obrigação acessória (AI nº 51.021.8490 ) 72. No que diz respeito ao auto de infração pelo descumprimento de obrigação acessória, a penalidade aplicada deve ser mantida, na medida em que a recorrente não elaborou as folhas de pagamento do período fiscalizado segundo os padrões e normas estabelecidas pela Administração Tributária, deixando de incluir parte da remuneração paga aos segurados empregados e aos sócios administradores que lhe prestaram serviços. 72.1 Tal conduta caracteriza a infração prevista no inciso I do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, c/c inciso I e § 9º do art. 225 do Regulamento da Previdência Social (RPS), aprovado pelo Decreto nº 3.408, de 6 de maio de 1999. 72.2 E o descumprimento da obrigação acessória implica a aplicação da penalidade prevista na alínea "a" do inciso I do art. 283 do RPS. 73. Quanto à circunstância agravante da infração, que elevou a multa em três vezes, consta da acusação fiscal que (fls. 49) : "18.2.4 Conforme detalhado neste relatório, a auditoria fiscal constatou que o sujeito passivo adotou, de forma dolosa, práticas fraudulentas que caracterizam, em tese, crimes de sonegação de contribuições previdenciárias, previstos na legislação em vigor. 18.2.5 Pelo exposto, no presente caso, as multas previstas no inciso II do art. 283 do RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 06/05/1999, será elevada em três vezes, perfazendo o total de R$ 5.152,14 (cinco mil, cento e cinquenta e dois reais e quatorze centavos). 74. Embora a autoridade fiscal afirme a existência de circunstância apta a agravar a infração, com fundamento no inciso II do art. 290 c/c inciso II do art. 292 do RPS, dado que o infrator teria agido com dolo, fraude ou máfé, a meu sentir não ficou comprovada pela fiscalização a presença do elemento subjetivo na conduta do autuado que autoriza a graduação da multa. 75. Para aplicação da penalidade exarcebada, há necessidade da caracterização inequívoca do intuito doloso do contribuinte em ludibriar o Fisco, em face do seu comportamento objetivo, não sendo suficientes para configurar o dolo, a fraude ou a máfé a constatação de escrituração contábil deficiente e/ou omissão na apresentação de documentos e esclarecimentos. 76. Destarte, uma vez ausente a demonstração nos autos dos elementos objetivos fáticos e das circunstâncias de conduta típica que caracterizam a hipótese de agravamento da infração, a pena de multa ora examinada deverá ser reduzida para corresponder ao valorbase mínimo. Fl. 1653DF CARF MF Impresso em 15/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/01/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 10/01/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 12/01/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, As sinado digitalmente em 10/01/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 10166.723202/201317 Acórdão n.º 2401003.963 S2C4T1 Fl. 1.654 22 77. Não há que se falar, por outro lado, em multiplicidade de penalidades sobre os mesmos fatos, haja vista que os pressupostos e fundamentos legais das multas aplicadas pela fiscalização são distintos. 78. Com efeito, a multa de ofício de que trata o art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, c/c art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, representa uma sanção de caráter punitivo pela falta de recolhimento do tributo, ao passo que a penalidade constante do AI nº 51.021.8490, tratada neste tópico do voto, consiste em sanção pelo desatendimento de um dever formal tributário, relacionado à falta de elaboração da folha de pagamento mensal de acordo com os padrões exigidos pela legislação tributária. 79. Quanto à eventual carga confiscatória das multas exigidas nos autos de infração, cabe lembrar que argumentos desse jaez são inoponíveis na esfera administrativa. Nesse sentido, não só o art. 26A do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, como também o enunciado da Súmula nº 2, deste Conselho Administrativo, assim redigida: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Conclusão Ante o exposto, voto por CONHECER do recurso voluntário, REJEITAR as preliminares e, no mérito, DARLHE PROVIMENTO PARCIAL para: a) excluir da tributação os valores lançados pela fiscalização, nos AIs nº 51.021.8504 e 51.021.8512, relativamente às pessoas físicas classificadas na CAT 13, como contribuintes individuais, tomandose por base os dados constantes das planilhas elaboradas pela autoridade fiscal às fls. 1.478/1.480 e 1.481/1.497; b) reduzir a penalidade pela falta de recolhimento do tributo para o patamar trivial em casos de lançamento de oficio (75%); e c) afastar o agravamento da multa pelo descumprimento de obrigação acessória constante do AI nº 51.021.8490, passando a sanção pecuniária infligida para o valorbase. É como voto. (ASSINADO DIGITALMENTE) Cleberson Alex Friess Relator Fl. 1654DF CARF MF Impresso em 15/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/01/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 10/01/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 12/01/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, As sinado digitalmente em 10/01/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS
score : 1.0
Numero do processo: 15983.000897/2010-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 07 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Wed Jan 06 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 1402-000.151
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, resolvem sobrestar o julgamento nos termos do § 1º, do art. 62-A, do Anexo II, da Portaria MF nº 256/2009; que aprovou o Regimento Interno do CARF, até pronunciamento definitivo do STF sobre o tema. Ausente, momentaneamente, o conselheiro Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto - Presidente
(assinado digitalmente)
Antônio José Praga de Souza Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio José Praga de Souza, Carlos Pelá, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira e Leonardo de Andrade Couto.
Relatorio
Nome do relator: Não se aplica
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201211
camara_s : Quarta Câmara
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Jan 06 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 15983.000897/2010-11
anomes_publicacao_s : 201601
conteudo_id_s : 5556390
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Jan 06 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 1402-000.151
nome_arquivo_s : Decisao_15983000897201011.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : Não se aplica
nome_arquivo_pdf_s : 15983000897201011_5556390.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, resolvem sobrestar o julgamento nos termos do § 1º, do art. 62-A, do Anexo II, da Portaria MF nº 256/2009; que aprovou o Regimento Interno do CARF, até pronunciamento definitivo do STF sobre o tema. Ausente, momentaneamente, o conselheiro Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto - Presidente (assinado digitalmente) Antônio José Praga de Souza Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio José Praga de Souza, Carlos Pelá, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira e Leonardo de Andrade Couto. Relatorio
dt_sessao_tdt : Wed Nov 07 00:00:00 UTC 2012
id : 6243351
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:43:57 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048122155859968
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1566; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T2 Fl. 735 1 734 S1C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15983.000897/201011 Recurso nº De Ofício e Voluntário Resolução nº 1402000.151 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Data 7 de novembro de 2012 Assunto SOBRESTAMENTO Recorrentes C E D DISTRIBUICAO E REPRESENTACAO LTDA FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, resolvem sobrestar o julgamento nos termos do § 1º, do art. 62A, do Anexo II, da Portaria MF nº 256/2009; que aprovou o Regimento Interno do CARF, até pronunciamento definitivo do STF sobre o tema. Ausente, momentaneamente, o conselheiro Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente (assinado digitalmente) Antônio José Praga de Souza – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio José Praga de Souza, Carlos Pelá, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira e Leonardo de Andrade Couto. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 59 83 .0 00 89 7/ 20 10 -1 1 Fl. 735DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/11/2012 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 23/ 11/2012 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 19/12/2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 15983.000897/201011 Resolução nº 1402000.151 S1C4T2 Fl. 736 2 Relatorio C E D DISTRIBUICAO E REPRESENTACAO LTDA recorre a este Conselho contra a decisão de primeira instância administrativa, que julgou procedente em parte a exigência, pleiteando sua reforma, com fulcro no artigo 33 do Decreto nº 70.235 de 1972 (PAF). Por sua vez, a 2a. TURMA DA DRJ CAMPINAS –SP recorre de oficio haja vista que a exoneração ultrapassou seu limite de alçada. Transcrevo e adoto parte do relatório da decisão recorrida: Tratase dos Autos de Infração relativos ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica IRPJ, à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL e às Contribuições para o Financiamento da Seguridade Social Cofins e para Integração Social Pis, lavrados em 27/10/2010, que formalizaram o crédito tributário contra a contribuinte em epígrafe no valor total de R$ 7.185.007,94, incluindo multa de ofício, nos percentuais de 75% e 150%, e juros de mora calculados até 30/09/2010, em razão da constatação de omissão de receita e da falta de declaração do lucro apurado, no anocalendário 2006, conforme discriminado no Termo de Constatação Fiscal – Final de fls. 37/45: (...) A contribuinte foi cientificada dos autos de infração, mediante intimação pessoal ao procurador legalmente habilitado, na data de 27/10/2010. Inconformada, a interessada apresentou, por intermédio de seu representante legal, em 26/11/2010, impugnação de fls. 582/590, acompanhada de documentos de fls. 591/599. Após breve resumo dos fatos, protesta, preliminarmente, pela nulidade da autuação, diante da existência de vício formal, notadamente, no Termo de Constatação Final. (...) Requer, ainda, a apresentação de novos documentos, a qualquer tempo, diante da precariedade do procedimento fiscalizatório levado a efeito. A decisão recorrida está assim ementada: Provas. A prova documental deve ser apresentada no momento da impugnação, precluindo o direito de fazêlo em outro momento processual, a menos que demonstrado, justificadamente, o preenchimento de um dos requisitos constantes do art. 16, § 4º, do Decreto nº 70.235, de 1972, o que não se logrou atender neste caso. Nulidade. Não procedem as arguições de nulidade quando não se vislumbram nos autos quaisquer das hipóteses previstas no art. 59 do Decreto nº 70.235, de 1972. Cerceamento do Direito de Defesa. Inexiste ofensa ao princípio da ampla defesa e do contraditório quando a contribuinte demonstra ter pleno conhecimento dos fatos imputados pela fiscalização, bem como da legislação tributária aplicável, exercendo seu direito de defesa de forma ampla na impugnação. Meios de Fiscalização. O Fisco não sofre qualquer restrição de investigação e, assim, quando sua prova não estiver estabelecida na legislação fiscal, pode realizála através Fl. 736DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/11/2012 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 23/ 11/2012 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 19/12/2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 15983.000897/201011 Resolução nº 1402000.151 S1C4T2 Fl. 737 3 de todos os meios lícitos admitidos em Direito, inclusive com base em presunção simples, desde que firmada com indícios veementes. As receitas informadas pela própria interessada em seus livros de manutenção obrigatória não consistem, propriamente, em presunção, antes constituindo uma confissão da contribuinte, passível de averiguação com os elementos de que dispuser o Fisco, inclusive extratos bancários. Omissão de Receita. Constatada, em livro fiscal (Livro de Saída e Apuração de ICMS), a obtenção de receitas de vendas diferente daquela contabilizada e declarada à RFB, no anocalendário, configurada está a omissão. Falta de Declaração. A falta de declaração de receitas contabilizadas configura subtração de rendimentos à tributação. Multa de Lançamento de Ofício. A multa de lançamento de ofício decorre de expressa determinação legal, e é devida nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata, não cumprindo à administração afastála sem lei que assim regulamente, nos termos do art. 97, inciso VI, do CTN. Multa de Lançamento de Ofício. Graduação. Qualificação da Conduta. Inexistindo discriminação de conduta relativamente à receita contabilizada e aquela considerada omitida, dado que ambas receitas estavam presentes em livros de escrituração obrigatória disponibilizados à análise da fiscalização, sendo ambas subtraídas à tributação pela mesma prática da falta de declaração à RFB, resta fragilizada a motivação para aplicação da penalidade qualificada apenas em relação à parcela da receita considerada omitida, impondose o seu reajuste, do percentual de 150% para aquele equivalente a 75%, com fundamento nas disposições do art. 112, inciso IV, do CTN. Impugnação Procedente em Parte. Cientificada da aludida decisão, a contribuinte apresentou recurso voluntário, no qual contesta as conclusões do acórdão recorrido, repisa as alegações da peça impugnatória e, ao final, requer o provimento. É o relatório. Fl. 737DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/11/2012 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 23/ 11/2012 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 19/12/2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 15983.000897/201011 Resolução nº 1402000.151 S1C4T2 Fl. 738 4 VOTO Conselheiro Antonio Jose Praga de Souza, Relator. O recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos legais e regimentais para sua admissibilidade, dele conheço. Apesar de ter pautado o presente processo para julgamento, ao elaborar o voto constatei que a fiscalização obteve os extratos bancários da empresa, mediante Requisição de Movimentação Financeira – RMF, ou seja, sem autorização judicial. Em conformidade com o artigo 62A, § 1º, do /regimento Interno do CARF, “Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543B.” Assim, em face da repercussão geral atribuída ao Recurso Extraordinário nº 601314, pelo Supremo Tribunal Federal, e do artigo 62A, § 1º, do Regimento Interno do CARF, propugno pelo sobrestamento do julgamento do presente processo para aguardar a decisão do Supremo Tribunal Federal, no recurso acima referido. (assinado digitalmente) Antônio José Praga de Souza Fl. 738DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/11/2012 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 23/ 11/2012 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 19/12/2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO
score : 1.0
Numero do processo: 19515.721804/2012-16
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 18 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Mar 18 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008
AI. NORMAS LEGAIS PARA SUA LAVRATURA. OBSERVÂNCIA. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Não se caracteriza o cerceamento do direito de defesa quando o fiscal efetua o lançamento em observância ao art. 142 do CTN, demonstrando a contento todos os fundamentos de fato e de direito em que se sustenta o lançamento efetuado, garantindo ao contribuinte o seu pleno exercício ao direito de defesa.
INCONSTITUCIONALIDADE. MULTA Não cabe ao CARF a análise de inconstitucionalidade da Legislação Tributária.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2402-005.064
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário
Ronaldo de Lima Macedo - Presidente
Lourenço Ferreira do Prado - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Ronnie Soares Anderson, Kleber Ferreira de Araújo, Marcelo Oliveira, João Victor Ribeiro Aldinucci, Natanael Vieira dos Santos e Lourenço Ferreira do Prado.
Nome do relator: LOURENCO FERREIRA DO PRADO
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201602
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008 AI. NORMAS LEGAIS PARA SUA LAVRATURA. OBSERVÂNCIA. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Não se caracteriza o cerceamento do direito de defesa quando o fiscal efetua o lançamento em observância ao art. 142 do CTN, demonstrando a contento todos os fundamentos de fato e de direito em que se sustenta o lançamento efetuado, garantindo ao contribuinte o seu pleno exercício ao direito de defesa. INCONSTITUCIONALIDADE. MULTA Não cabe ao CARF a análise de inconstitucionalidade da Legislação Tributária. Recurso Voluntário Negado.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Mar 18 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 19515.721804/2012-16
anomes_publicacao_s : 201603
conteudo_id_s : 5575989
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Mar 18 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 2402-005.064
nome_arquivo_s : Decisao_19515721804201216.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : LOURENCO FERREIRA DO PRADO
nome_arquivo_pdf_s : 19515721804201216_5575989.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário Ronaldo de Lima Macedo - Presidente Lourenço Ferreira do Prado - Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Ronnie Soares Anderson, Kleber Ferreira de Araújo, Marcelo Oliveira, João Victor Ribeiro Aldinucci, Natanael Vieira dos Santos e Lourenço Ferreira do Prado.
dt_sessao_tdt : Thu Feb 18 00:00:00 UTC 2016
id : 6315412
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:46:11 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048122174734336
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1496; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T2 Fl. 2 1 1 S2C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19515.721804/201216 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2402005.064 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 18 de fevereiro de 2016 Matéria AUTO DE INFRAÇÃO:GFIP. OMISSÃO DE FATOS GERADORES Recorrente S&AA MARKETING LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008 AI. NORMAS LEGAIS PARA SUA LAVRATURA. OBSERVÂNCIA. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Não se caracteriza o cerceamento do direito de defesa quando o fiscal efetua o lançamento em observância ao art. 142 do CTN, demonstrando a contento todos os fundamentos de fato e de direito em que se sustenta o lançamento efetuado, garantindo ao contribuinte o seu pleno exercício ao direito de defesa. INCONSTITUCIONALIDADE. MULTA Não cabe ao CARF a análise de inconstitucionalidade da Legislação Tributária. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 72 18 04 /2 01 2- 16 Fl. 290DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 15/0 3/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por RONALDO DE LIMA MACED O 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário Ronaldo de Lima Macedo Presidente Lourenço Ferreira do Prado Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Ronnie Soares Anderson, Kleber Ferreira de Araújo, Marcelo Oliveira, João Victor Ribeiro Aldinucci, Natanael Vieira dos Santos e Lourenço Ferreira do Prado. Fl. 291DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 15/0 3/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por RONALDO DE LIMA MACED O Processo nº 19515.721804/201216 Acórdão n.º 2402005.064 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto por S&AA MARKETING LTDA em face do acórdão que manteve a integralidade do Auto de Infração n. 51.010.1054 (CFL 78), lavrado par a cobrança de multa por ter a recorrente apresentado GFIP sem a informação de todos os fatos geradores de contribuições previdenciárias, pois deixou de informar parte dos pagamentos efetuados a segurados empregados e a totalidade dos pagamentos efetuados a contribuintes individuais. A multa aplicada no presente caso foi aquela prevista no art. 32A, da Lei 8.212/91. O lançamento se refere ao período de 01/2008 a 12/2008, tendo sido o contribuinte cientificado em 16/10/2012. Devidamente intimado do julgamento em primeira instância, o recorrente interpôs o competente recurso voluntário, através do qual sustenta: 1. o cerceamento de seu direito de defesa, na medida em que não pode produzir prova a defenderse durante o procedimento fiscal, bem como houve a descabida inversão do ônus da prova em desfavor do contribuinte; 2. que não lhe foram fornecidas as planilhas de cálculo do fiscal durante a ação fiscal, de forma a produzir corretamente seus apontamentos sobre os termos de intimação que recebera em tal período; 3. que a autoridade lançadora deixou de fazer constar no acórdão recorrido a devida fundamentação a justificar o lançamento; 4. que a multa aplicada é confiscatória; Processado o recurso sem contrarrazões da Procuradoria da Fazenda Nacional, subiram os autos a este Eg. Conselho. É o relatório. Fl. 292DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 15/0 3/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por RONALDO DE LIMA MACED O 4 Voto Conselheiro Lourenço Ferreira do Prado, Relator CONHECIMENTO Tempestivo o recurso, dele conheço. PRELIMINARES Antes mesmo de passar as demais razões de decidir, pontuou que a recorrente utilizou como razões de defesa, as mesmas objeto dos lançamentos principais correlatos. Passo, portanto, a sua análise. Nulidade do Lançamento A recorrente sustenta ter sido cerceada em seu direito de defesa, na medida em que não lhe fora oportunizada a possibilidade de produzir prova em seu favor durante a ação fiscal levada a efeito, além do ônus da prova ter sido indevidamente invertido em desfavor do contribuinte. Em que pesem os esforços, tenho que o pedido merece ser rejeitado. Nada mais fez a fiscalização do que aplicar ao caso em concreto a legislação pertinente, atribuindo à recorrente, a responsabilidade pelo pagamento das contribuições não adimplidas, levando a efeito simplesmente aquilo que determinado pela Lei 8.212/91. Logo, ao que se depreende do relatório fiscal, verificase ter sido observado o que disposto no art. 142 do CTN a seguir: "Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional." Da análise do relatório fiscal de cada um dos Autos de Infração, verificase que estes vieram devidamente acompanhados de todos os anexos do Auto de Infração, sendo deles parte integrante, quando se percebe que todos foram concebidos em total observância às disposições do art. 142 do CTN e 37 da Lei n. 8.212/91, na medida em que todos os fundamentos de fato e de direito que ensejaram a lavratura do Auto e a imposição fiscal restaram devida e precisamente demonstrados esclarecidos, o que proporcionou e garantiu ao contribuinte a clara e inequívoca ciência e materialização da ocorrência do fato gerador e dos valores não recolhidos das contribuições sociais não informadas, conforme também restou decidido pelo acórdão de primeira instância. Fl. 293DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 15/0 3/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por RONALDO DE LIMA MACED O Processo nº 19515.721804/201216 Acórdão n.º 2402005.064 S2C4T2 Fl. 4 5 A todo o momento a fiscalização intimou a contribuinte para apresentação de toda a documentação que entendia pertinente avaliar para concluir a auditoria, tendoa intimada de todos os termos e atos seja durante a ação fiscal, seja durante o presente processo administrativo. É de bom alvitre esclarecer que durante a fase de ação fiscal cabe ao contribuinte atender todas as solicitações realizadas pela fiscalização tributária, desde que não absolutamente sejam impertinentes ao objeto da fiscalização, não havendo que se falar em cerceamento do direito de defesa, até porque a fase litigiosa do procedimento só se inicia com a impugnação do lançamento formalizado. Também não houve qualquer situação de indevida inversão do ônus da prova, pois o lançamento fora efetuado com base na documentação apresentada pela contribuinte, a saber suas GFIP´s, folhas de pagamento e contabilidade apresentadas. Por tais motivos, não se pode decretar a nulidade do lançamento, seja em face da alegação do cerceamento do direito de defesa, seja em face da ausência de fundamentação. MÉRITO Quanto a mérito, a recorrente apenas se insurge no tocante a excessividade da multa aplicada no presente caso e que a sua cobrança ofende ao princípio do nãoconfisco, não tendo impugnado o seu fato gerador, no caso eventual incorreção nas informações não constantes em GFIP. Tenho que, tais irresignações não podem ser analisadas por este Conselho, em respeito a competência privativa do Poder Judiciário, já que, o afastamento da aplicação da Legislação referente as contribuições e multas, indubitavelmente, ensejaria o reconhecimento de inconstitucionalidade de lei em vigor, conforme previsto nos artigos 97 e 102, I, "a" e III, "b" da Constituição Federal, o que é vedado a este Eg. Conselho. Sobre o tema, o CARF consolidou referido entendimento por meio do enunciado da Súmula n. 02, a seguir: “Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária" Ante todo o exposto, voto no sentido de conhecer do recurso voluntário e NEGARLHE PROVIMENTO. Lourenço Ferreira do Prado. Fl. 294DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 15/0 3/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por RONALDO DE LIMA MACED O
score : 1.0
Numero do processo: 10320.723269/2012-41
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 26 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Mar 21 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/09/2010 a 31/05/2012
AÇÃO JUDICIAL. RENÚNCIA AO CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO. MATÉRIA DIFERENCIADA.
A propositura de ação judicial, por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento, que tenha por objeto idêntico pedido sobre o qual verse o processo administrativo, importa renúncia ao contencioso administrativo, conforme determinado pelo §3º do art. 126 da Lei no 8.213/91.
O julgamento administrativo limitar-se-á à matéria diferenciada, se no Recurso houver matéria distinta daquela discutida no processo judicial.
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. COMPENSAÇÃO. CRÉDITO DECORRENTE DE MEDIDA JUDICIAL. ART. 170-A DO CTN.
É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial.
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. COMPENSAÇÃO. TITULARIDADE DO CRÉDITO.
Somente poderão ser utilizados na compensação de contribuições previdenciárias os créditos líquidos e certos de titularidade do próprio sujeito passivo em face da Fazenda pública decorrentes do recolhimento indevido ou a maior que o devido das parcelas referidas nas alíneas "a", "b" e "c" do parágrafo único do art. 11 da Lei nº 8.212/91.
CRÉDITO TRIBUTÁRIO INEXISTENTE. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. GLOSA.
É vedada a compensação de contribuições previdenciárias se ausentes os atributos de liquidez e certeza do crédito compensado. A compensação de contribuições previdenciárias com créditos não materialmente comprovados será objeto de glosa e consequente lançamento tributário, revertendo ao sujeito passivo o ônus da prova em contrário.
PENALIDADE PECUNIÁRIA. VIOLAÇÃO A PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. INOCORRÊNCIA.
Não configura violação a princípios constitucionais a imputação de penalidade pecuniária em razão do não cumprimento tempestivo de obrigação de natureza tributária, quando aplicada em estreita sintonia com as normas legais vigentes e eficazes.
Foge à competência deste Colegiado o exame da adequação das normas tributárias fixadas pela Lei nº 8.212/91 aos princípios e às vedações constitucionais ao poder de tributar previstas na CF/88, eis que tal atribuição foi reservada pela própria Constituição, com exclusividade, ao Poder Judiciário.
MANDADO DE SEGURANÇA. SUSPENSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. LANÇAMENTO. POSSIBILIDADE.
A suspensão da exigibilidade do crédito tributário decorrente de medida liminar em Mandado de Segurança não se configura óbice à constituição de crédito previdenciário, mediante o Lançamento, pela Fazenda Pública. A suspensão da exigibilidade do crédito tributário impede, tão somente, o Fisco de praticar qualquer ato contra o contribuinte visando à cobrança de seu crédito, tais como inscrição em dívida, execução e penhora.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2401-004.030
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 1ª TO/4ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, por unanimidade de votos, em CONHECER PARCIALMENTE do Recurso Voluntário para, no mérito, na parte conhecida, NEGAR-LHE PROVIMENTO.
Maria Cleci Coti Martins Presidente-Substituta de Turma.
Arlindo da Costa e Silva Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Maria Cleci Coti Martins (Presidente-Substituta de Turma), Luciana Matos Pereira Barbosa, Carlos Henrique de Oliveira, Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira e Arlindo da Costa e Silva.
Nome do relator: ARLINDO DA COSTA E SILVA
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201601
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/09/2010 a 31/05/2012 AÇÃO JUDICIAL. RENÚNCIA AO CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO. MATÉRIA DIFERENCIADA. A propositura de ação judicial, por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento, que tenha por objeto idêntico pedido sobre o qual verse o processo administrativo, importa renúncia ao contencioso administrativo, conforme determinado pelo §3º do art. 126 da Lei no 8.213/91. O julgamento administrativo limitar-se-á à matéria diferenciada, se no Recurso houver matéria distinta daquela discutida no processo judicial. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. COMPENSAÇÃO. CRÉDITO DECORRENTE DE MEDIDA JUDICIAL. ART. 170-A DO CTN. É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. COMPENSAÇÃO. TITULARIDADE DO CRÉDITO. Somente poderão ser utilizados na compensação de contribuições previdenciárias os créditos líquidos e certos de titularidade do próprio sujeito passivo em face da Fazenda pública decorrentes do recolhimento indevido ou a maior que o devido das parcelas referidas nas alíneas "a", "b" e "c" do parágrafo único do art. 11 da Lei nº 8.212/91. CRÉDITO TRIBUTÁRIO INEXISTENTE. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. GLOSA. É vedada a compensação de contribuições previdenciárias se ausentes os atributos de liquidez e certeza do crédito compensado. A compensação de contribuições previdenciárias com créditos não materialmente comprovados será objeto de glosa e consequente lançamento tributário, revertendo ao sujeito passivo o ônus da prova em contrário. PENALIDADE PECUNIÁRIA. VIOLAÇÃO A PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. INOCORRÊNCIA. Não configura violação a princípios constitucionais a imputação de penalidade pecuniária em razão do não cumprimento tempestivo de obrigação de natureza tributária, quando aplicada em estreita sintonia com as normas legais vigentes e eficazes. Foge à competência deste Colegiado o exame da adequação das normas tributárias fixadas pela Lei nº 8.212/91 aos princípios e às vedações constitucionais ao poder de tributar previstas na CF/88, eis que tal atribuição foi reservada pela própria Constituição, com exclusividade, ao Poder Judiciário. MANDADO DE SEGURANÇA. SUSPENSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. LANÇAMENTO. POSSIBILIDADE. A suspensão da exigibilidade do crédito tributário decorrente de medida liminar em Mandado de Segurança não se configura óbice à constituição de crédito previdenciário, mediante o Lançamento, pela Fazenda Pública. A suspensão da exigibilidade do crédito tributário impede, tão somente, o Fisco de praticar qualquer ato contra o contribuinte visando à cobrança de seu crédito, tais como inscrição em dívida, execução e penhora. Recurso Voluntário Negado
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Mar 21 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 10320.723269/2012-41
anomes_publicacao_s : 201603
conteudo_id_s : 5576242
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Mar 21 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 2401-004.030
nome_arquivo_s : Decisao_10320723269201241.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : ARLINDO DA COSTA E SILVA
nome_arquivo_pdf_s : 10320723269201241_5576242.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 1ª TO/4ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, por unanimidade de votos, em CONHECER PARCIALMENTE do Recurso Voluntário para, no mérito, na parte conhecida, NEGAR-LHE PROVIMENTO. Maria Cleci Coti Martins Presidente-Substituta de Turma. Arlindo da Costa e Silva Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Maria Cleci Coti Martins (Presidente-Substituta de Turma), Luciana Matos Pereira Barbosa, Carlos Henrique de Oliveira, Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira e Arlindo da Costa e Silva.
dt_sessao_tdt : Tue Jan 26 00:00:00 UTC 2016
id : 6316034
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:46:15 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048122217725952
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 23; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2390; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T1 Fl. 38.114 1 38.113 S2C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10320.723269/201241 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2401004.030 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 26 de janeiro de 2016 Matéria Contribuições Previdenciárias AIOP Recorrente INSTITUTO DA CIDADANIA E NATUREZA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/09/2010 a 31/05/2012 AÇÃO JUDICIAL. RENÚNCIA AO CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO. MATÉRIA DIFERENCIADA. A propositura de ação judicial, por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento, que tenha por objeto idêntico pedido sobre o qual verse o processo administrativo, importa renúncia ao contencioso administrativo, conforme determinado pelo §3º do art. 126 da Lei no 8.213/91. O julgamento administrativo limitarseá à matéria diferenciada, se no Recurso houver matéria distinta daquela discutida no processo judicial. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. COMPENSAÇÃO. CRÉDITO DECORRENTE DE MEDIDA JUDICIAL. ART. 170A DO CTN. É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. COMPENSAÇÃO. TITULARIDADE DO CRÉDITO. Somente poderão ser utilizados na compensação de contribuições previdenciárias os créditos líquidos e certos de titularidade do próprio sujeito passivo em face da Fazenda pública decorrentes do recolhimento indevido ou a maior que o devido das parcelas referidas nas alíneas "a", "b" e "c" do parágrafo único do art. 11 da Lei nº 8.212/91. CRÉDITO TRIBUTÁRIO INEXISTENTE. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. GLOSA. É vedada a compensação de contribuições previdenciárias se ausentes os atributos de liquidez e certeza do crédito compensado. A compensação de contribuições previdenciárias com créditos não materialmente comprovados AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 32 0. 72 32 69 /2 01 2- 41 Fl. 38115DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS 2 será objeto de glosa e consequente lançamento tributário, revertendo ao sujeito passivo o ônus da prova em contrário. PENALIDADE PECUNIÁRIA. VIOLAÇÃO A PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. INOCORRÊNCIA. Não configura violação a princípios constitucionais a imputação de penalidade pecuniária em razão do não cumprimento tempestivo de obrigação de natureza tributária, quando aplicada em estreita sintonia com as normas legais vigentes e eficazes. Foge à competência deste Colegiado o exame da adequação das normas tributárias fixadas pela Lei nº 8.212/91 aos princípios e às vedações constitucionais ao poder de tributar previstas na CF/88, eis que tal atribuição foi reservada pela própria Constituição, com exclusividade, ao Poder Judiciário. MANDADO DE SEGURANÇA. SUSPENSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. LANÇAMENTO. POSSIBILIDADE. A suspensão da exigibilidade do crédito tributário decorrente de medida liminar em Mandado de Segurança não se configura óbice à constituição de crédito previdenciário, mediante o Lançamento, pela Fazenda Pública. A suspensão da exigibilidade do crédito tributário impede, tão somente, o Fisco de praticar qualquer ato contra o contribuinte visando à cobrança de seu crédito, tais como inscrição em dívida, execução e penhora. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 1ª TO/4ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, por unanimidade de votos, em CONHECER PARCIALMENTE do Recurso Voluntário para, no mérito, na parte conhecida, NEGARLHE PROVIMENTO. Maria Cleci Coti Martins – PresidenteSubstituta de Turma. Arlindo da Costa e Silva – Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Maria Cleci Coti Martins (PresidenteSubstituta de Turma), Luciana Matos Pereira Barbosa, Carlos Henrique de Oliveira, Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira e Arlindo da Costa e Silva. Fl. 38116DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS Processo nº 10320.723269/201241 Acórdão n.º 2401004.030 S2C4T1 Fl. 38.115 3 Relatório Período de apuração: 01/09/2010 a 31/05/2012 Data da lavratura do AIOP: 04/12/2012. Data da ciência do AIOP: 12/12/2012. Temse em pauta Recurso Voluntário interposto em face de Decisão Administrativa de 1ª Instância proferida pela DRJ em Florianópolis/SC que julgou improcedente a impugnação oferecida pelo sujeito passivo do crédito tributário lançado por intermédio do Auto de Infração de Obrigação Principal nº 51.035.3256 decorrente de glosa de compensação indevida de contribuições previdenciárias, conforme descrito no Relatório Fiscal a fls. 11/15. O lançamento originário objeto do presente Processo Administrativo Fiscal era constituído pelos Autos de Infração DEBCAD nº 51.035.3240 e 51.035.3258, sendo que estes, no entanto, foram transferidos para o PAF nº 10320.720093/201356, pelo fato de os lançamentos neles aviados não terem sido objeto de impugnação por parte do Sujeito Passivo, conforme despacho da Delegacia da Receita Federal de São Luis/MA, a fl. 37.933, e extrato do processo a fls. 37.910/37.932. A impugnação e o Recurso Voluntário referemse somente à glosa de compensação. De acordo com o Relatório Fiscal, em 18/11/2010, a empresa impetrou, no Tribunal Regional Federal da 1ª Região, Mandado de Segurança em desfavor da Fazenda Nacional, requerendo a suspensão da exigibilidade dos créditos tributários referentes a valores recolhidos pelo impetrante a título de contribuição previdenciária incidente sobre os valores pagos a seus empregados a título de aviso prévio indenizado, horas extras, adicional noturno, insalubridade, férias, 1/3 de férias e salário maternidade. Conforme sentença de 17/08/2011, constante do Processo 0042052 52.2010.4.01.3700, da 6º Vara Federal, foi declarada a ausência de relação jurídica entre as partes no que se refere às contribuições incidentes sobre aviso prévio indenizado e a respectiva parcela de décimo terceiro salário sobre ele incidente, proibindo a Autoridade impetrada de exigir tal exação da impetrante, bem como reconhecer seu direito de compensar os valores recolhidos indevidamente a esse título, observado o prazo prescricional. Dispôs, ainda, a sentença que “Sobre os valores a compensar incidirá a variação da Taxa Selic, somente podendo ocorrer tal compensação após o trânsito em julgado do presente decisório e observadas as regras administrativas estabelecidas para tanto. Custas finais em rateio. Sem condenação em verba honorária, conforme art. 25 da Lei 12.016/2009. Sentença submetida ao duplo grau obrigatório”. Todavia, a Fiscalização constatou que a empresa antecipouse e procedeu à compensação de valores referentes a auxílios, férias e adicional de 1/3, salário maternidade, Fl. 38117DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS 4 horas extras, adicionais noturnos, de periculosidade e de insalubridade, além do aviso prévio indenizado. Por tal razão, a Fiscalização procedeu à glosa das compensações efetuadas nas competências 09/2010 a 13/2010, 01/2011 a 08/2011, 10/2011 a 12/2011 e 01/2012 a 05/2012, lançandoas através do levantamento GL (GLOSA COMPENSAÇÃO), código de lançamento CMP (glosa de compensação indevida) inclusas no AIOP 51.035.3266. Irresignado com o supracitado lançamento tributário, o sujeito passivo apresentou defesa administrativa fls. 37.777/37.812. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Florianópolis/SC lavrou Decisão Administrativa textualizada no Acórdão nº 0735.096 6ª Turma da DRJ/FNS, a fls. 38027/38040, julgando procedente o lançamento tributário, e mantendo o crédito tributário em sua integralidade. O Sujeito Passivo foi cientificado da decisão de 1ª Instância no dia 28/07/2014, conforme Aviso de Recebimento a fl. 38044. Inconformado com a decisão exarada pelo órgão administrativo julgador a quo, o ora Recorrente interpôs recurso voluntário, a fls. 38046/38101, respaldando sua inconformidade em argumentação desenvolvida nos seguintes termos: · Que diante do recolhimento indevido de contribuições sociais previdenciárias, ajuizou o Mandado de Segurança nº 0042053 38.2010.4.01.3700, na 3ª Vara Federal Cível em São Luis/MA, pleiteando a declaração da inexigibilidade das verbas ali discutidas a título de férias, 1/3 incidente sobre férias, auxílios doença e acidente e salário maternidade, bem como que o Fisco Federal se abstivesse de promover retaliações ao exercício do direito à compensação, previsto no artigo 66 da Lei n° 8.383/91 c/c artigo 74 da Lei n° 9.430/96, obtendo nesse sentido decisões judiciais favoráveis; · Que ajuizou a ação de n° 004205252.2010.4.01 3700 distribuída para a 6ª Vara Federal Cível em São Luis/MA, pleiteando não ser compelida ao recolhimento da contribuição social previdenciária patronal incidente sobre as Verbas Indenizatórias, quais sejam, adicional sobre HorasExtras, Adicionais Noturno, de Insalubridade, Periculosidade e de Transferência, bem como, Aviso Prévio Indenizado e respectiva parcela de 13º salário, ação esta atualmente em tramite perante o Tribunal Regional Federal da 1ª Região; · Que houve claro equivoco na autuação em tela, uma vez que foram proferidas decisões liminares, sentença e acórdão favoráveis nos citados processos, o que por si só, suspende a exigibilidade do crédito; · Que o Impugnante, por ter recolhido indevidamente as referidas contribuições previdenciárias, faz jus à compensação desses valores com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a quaisquer tributos ou contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, nos termos do artigo 66 da Lei n° 8.383/91, combinado com o artigo 74 da Lei n° 9.430/96, como bem já declarados pelo Poder Judiciário; Fl. 38118DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS Processo nº 10320.723269/201241 Acórdão n.º 2401004.030 S2C4T1 Fl. 38.116 5 · Que não incidem Contribuições Previdenciárias sobre os 15 primeiros dias que antecedem o afastamento do segurado por auxílio doença/acidente; · Que não incidem Contribuições Previdenciárias sobre as férias e sobre o respectivo adicional constitucional de 1/3; · Que não incidem Contribuições Previdenciárias sobre as verbas pagas a título de horas extras, adicional noturno, adicional de periculosidade, adicional de insalubridade e adicional de transferência; · Que não incidem Contribuições Previdenciárias sobre o aviso prévio não trabalhado; · Que a multa aplicada é indevida; · Que a multa aplicada ofende os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade; Ao fim, requer a improcedência do Auto de Infração contestado. Relatados sumariamente os fatos relevantes. Fl. 38119DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS 6 Voto Conselheiro Arlindo da Costa e Silva, Relator. 1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE 1.1. DA TEMPESTIVIDADE O sujeito passivo foi válida e eficazmente cientificado da decisão recorrida em 28/07/2014. Havendo sido o recurso voluntário protocolizado no dia 15/08/2014, há que se reconhecer a tempestividade do recurso interposto. Presentes os demais requisitos de admissibilidade do recurso, dele conheço. 1.2. DO CONHECIMENTO DO RECURSO O Recorrente alega que não incidem Contribuições Previdenciárias sobre os 15 primeiros dias que antecedem o afastamento do segurado por auxílio doença/acidente; sobre as férias e sobre o respectivo adicional constitucional de 1/3; sobre as verbas pagas a título de horas extras, adicional noturno, adicional de periculosidade, adicional de insalubridade e adicional de transferência, nem sobre o aviso prévio não trabalhado; As questões atinentes à incidência ou não de contribuições previdenciárias sobre as verbas pagas a título de férias e seu respectivo adicional constitucional de 1/3, horas extras, adicional noturno, adicional de periculosidade, adicional de insalubridade e adicional de transferência, aviso prévio não trabalhado e sobre os 15 primeiros dias que antecedem o afastamento do segurado por auxílio doença/acidente não poderão ser conhecidas por este Sodalício, uma vez que, em tal louvor, abdicou tacitamente o Recorrente de debatêla na esfera administrativa. Com efeito, dessai dos termos consignados nos autos que o Contribuinte em tela ajuizou o Mandado de Segurança nº 004205338.2010.4.01.3700 perante a 3ª Vara Federal Cível em São Luis/MA, pleiteando a declaração da inexigibilidade das verbas pagas a título de férias, 1/3 incidente sobre férias, auxílios doença e acidente e saláriomaternidade, sendolhe concedida a segurança parcial para declarar a inexistência de relação jurídicotributária que autorize a cobrança de contribuição previdenciária patronal sobre o adicional de 13 de férias e sobre os valores pagos nos 15 quinze primeiros dias de afastamento do serviço anteriores à concessão de auxílio doença e/ou auxílio acidente assim como o direito do Impetrante à compensação dos valores indevidamente recolhidos a tal título. Consta, ainda, que a Autuada ajuizou o Mandado de Segurança n° 0042052 52.2010.4.01.3700 distribuída para a 6ª Vara Federal Cível em São Luis/MA, pleiteando não ser compelida ao recolhimento da contribuição social previdenciária patronal incidente sobre as Verbas Indenizatórias, quais sejam, adicional sobre HorasExtras, Adicionais Noturno, de Insalubridade, Periculosidade e de Transferência, bem como, Aviso Prévio Indenizado e respectiva parcela de 13º salário, sendolhe concedida a segurança parcial para declarar a Fl. 38120DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS Processo nº 10320.723269/201241 Acórdão n.º 2401004.030 S2C4T1 Fl. 38.117 7 ausência de relação jurídica entre as partes no que se refere às contribuições incidentes sobre aviso prévio indenizado e a respectiva parcela de décimo terceiro salário sobre ele incidente, bem como para reconhecer o direito de compensar os valores recolhidos indevidamente a esse título. Assentado que as citadas medidas judiciais versam sobre matérias idênticas às tratadas nos ora debatido Auto de Infração de Obrigação Principal, e que a decisão proferida na Instância Judicial subjuga qualquer outra exarada na esfera administrativa, adquirindo inclusive o atributo da coisa julgada formal e material, resulta que, qualquer que seja o veredictum proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, bem como por esta Corte Administrativa, acerca da matéria objeto do litígio, será tido como letra morta diante da decisão judicial transitada em julgado. A releitura da norma encartada no §3º do art. 126 da Lei nº 8.213/91, numa interpretação sistemática e teleológica com os princípios da eficiência e da economia processual, conduz ao entendimento de que a propositura de ação judicial que tenha por objeto idêntico pedido sobre o qual versa o processo administrativo, importa renúncia dos beneficiários acobertados pelos resultados de tal demanda ao direito de recorrer na esfera administrativa e à desistência do eventual recurso interposto. Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991 Art. 126. Das decisões do Instituto Nacional do Seguro Social INSS nos processos de interesse dos beneficiários e dos contribuintes da Seguridade Social caberá recurso para o Conselho de Recursos da Previdência Social, conforme dispuser o Regulamento. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997) (...) 3º A propositura, pelo beneficiário ou contribuinte, de ação que tenha por objeto idêntico pedido sobre o qual versa o processo administrativo importa renúncia ao direito de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso interposto. Registrese, por relevante, que o Recorrente ab initio invoca em seu favor os frutos que lhe são positivos dimanados dos provimentos obtidos nas Instâncias Judiciais acima referidas. Diante desse quadro, atraindo para si o Recorrente os efeitos da demanda judicial, qualquer que seja a decisão proferida na esfera Administrativa, esta não surtirá qualquer consequência perante o provimento judicial. A celeuma em apreço já foi reiteradamente enfrentada, em situações pretéritas idênticas, por este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, dando ensejo à edição da Súmula nº 1, cujo Verbete transcrevemos adiante: Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Fl. 38121DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS 8 Diante desse quadro, versando as Demandas Judiciais invocadas pelo Recorrente sobre a incidência ou não de Contribuições Previdenciárias sobre as verbas pagas a título de férias e seu respectivo adicional constitucional de 1/3, horas extras, adicional noturno, adicional de periculosidade, adicional de insalubridade e adicional de transferência, aviso prévio não trabalhado e sobre os 15 primeiros dias que antecedem o afastamento do segurado por auxílio doença/acidente, e o consequente Direito à compensação de valores supostamente recolhidos de forma indevida a esses títulos, inviável se torna o conhecimento de alegações de idêntico naipe por esta Corte Administrativa, que restringirá sua apreciação e julgamento, tão somente, às questões não incluídas nas ações judiciais em relevo. Dessarte, pugnamos pelo não conhecimento dos temas levados à apreciação do Poder Judiciário, e reiterado nos vertente Instrumento Recursal interposto perante este Colegiado, com fundamento no preceito insculpido no art. 126, §3º, da Lei nº 8.213/91, e em atenção à Súmula nº 01 do CARF. Reiterese que a renúncia ora em voga independe de ato volitivo da parte, ou mesmo da vontade psicológica do Recorrente. Ela decorre ex lege, e de forma objetiva, independentemente do motivo ou do tempo em que a demanda tenha sido ajuizada perante o poder judiciário. Tal conclusão não colide com as diretivas positivadas no art. 35 da Portaria RFB n°10.875/2007, in verbis: Portaria RFB n°10.875, de 16 de agosto de 2007. Art. 35. A propositura de ação judicial pelo sujeito passivo, por qualquer modalidade processual, antes ou posteriormente ao lançamento, com o mesmo objeto, importa em renúncia às instâncias administrativas ou desistência de eventual recurso interposto. Parágrafo único. Quando diferentes os objetos do processo judicial e do processo administrativo, este terá prosseguimento normal no que se relaciona à matéria diferenciada. Assim, presentes os demais requisitos de admissibilidade do recurso, dele conheço parcialmente. Ante a inexistência de questões preliminares, passamos diretamente ao exame do mérito. 2. DO MÉRITO Cumpre de plano assentar que não serão objeto de apreciação por este Colegiado as matérias não expressamente impugnadas pelo Recorrente, as quais serão consideradas como verdadeiras, assim como as matérias já decididas pelo Órgão Julgador de 1ª Instância não expressamente contestadas pelo sujeito passivo em seu instrumento de Recurso Voluntário, as quais se presumirão como anuídas pela Parte. Também não serão objeto de apreciação por esta Corte Administrativa as questões de fato e de Direito referentes a matérias substancialmente alheias ao vertente Fl. 38122DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS Processo nº 10320.723269/201241 Acórdão n.º 2401004.030 S2C4T1 Fl. 38.118 9 lançamento, eis que em seu louvor, no processo de que ora se cuida, não se houve por instaurado qualquer litígio a ser dirimido por este Conselho, assim como as questões arguidas exclusivamente nesta instância recursal, antes não oferecida à apreciação do Órgão Julgador de 1ª Instância, em razão da preclusão prevista no art. 17 do Decreto nº 70.235/72. 2.1. DA COMPENSAÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS O Recorrente alega inexistir irregularidade na compensação dos créditos oriundos de verbas pagas a título de férias e seu respectivo adicional constitucional de 1/3, horas extras, adicional noturno, adicional de periculosidade, adicional de insalubridade e adicional de transferência, aviso prévio trabalhado e sobre os 15 primeiros dias que antecedem o afastamento do segurado por auxílio doença/acidente. Advoga, ainda, que o disposto no art. 170A do CTN não se aplica ao caso em concreto. No capítulo reservado ao Sistema Tributário Nacional, a Carta Constitucional outorgou à Lei Complementar a competência para estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre crédito tributário, dentre outras. Constituição Federal, de 03 de outubro de 1988 Art. 146. Cabe à lei complementar: (...) III estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: (...) b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários; Nessa vertente, no exercício da competência que lhe foi outorgada pelo Constituinte Originário, o Código Tributário Nacional CTN conferiu ao instituto da compensação os contornos jurídicos de modalidade de extinção do crédito tributário da fazenda pública em face do sujeito passivo da obrigação tributária, nos termos dos seus artigos 156, II ; 170 e 170A. CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL – CTN Art. 156. Extinguem o crédito tributário: (...) II a compensação; Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Fl. 38123DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS 10 Parágrafo único. Sendo vincendo o crédito do sujeito passivo, a lei determinará, para os efeitos deste artigo, a apuração do seu montante, não podendo, porém, cominar redução maior que a correspondente ao juro de 1% (um por cento) ao mês pelo tempo a decorrer entre a data da compensação e a do vencimento. Art. 170A. É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial. (Artigo incluído pela LC nº 104, de 10.1.2001) Notese que, ao estabelecer normas gerais em matéria de crédito tributário, através do regramento de uma de suas modalidades de extinção, o art. 170 do CTN estatuiu que a lei poderia, nas condições e sob as garantias que estipulasse, ou cuja estipulação em cada caso atribuísse à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública. Dessarte, o instituto da compensação, no Direito Tributário, depende pois de previsão legal. Em se tratando de contribuições sociais destinadas ao financiamento da Seguridade Social, a regulamentação jurídica do instituto da compensação tributária foi confiada à Lei nº 8.212/91, cujo art. 89 assim estatui: Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 89. Somente poderá ser restituída ou compensada contribuição para a Seguridade Social arrecadada pelo Instituto Nacional do Seguro Social INSS na hipótese de pagamento ou recolhimento indevido. (Redação dada pela Lei nº 9.129/95) (grifos nossos) §1º Admitirseá apenas a restituição ou a compensação de contribuição a cargo da empresa, recolhida ao INSS, que, por sua natureza, não tenha sido transferida ao custo de bem ou serviço oferecido à sociedade. (Redação dada pela Lei nº 9.129/95) §2º Somente poderá ser restituído ou compensado, nas contribuições arrecadadas pelo INSS, o valor decorrente das parcelas referidas nas alíneas "a", "b" e "c" do parágrafo único do art. 11 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 9.129/95) §3º Em qualquer caso, a compensação não poderá ser superior a trinta por cento do valor a ser recolhido em cada competência. (Redação dada pela Lei nº 9.129/95) §4º Na hipótese de recolhimento indevido, as contribuições serão restituídas ou compensadas atualizadas monetariamente. (Redação dada pela Lei nº 9.129/95) §5º Observado o disposto no § 3º, o saldo remanescente em favor do contribuinte, que não comporte compensação de uma só vez, será atualizado monetariamente. (Redação dada pela Lei nº 9.129/95) §6º A atualização monetária de que tratam os §§ 4º e 5º deste artigo observará os mesmos critérios utilizados na cobrança da própria contribuição. (Redação dada pela Lei nº 9.129/95) Fl. 38124DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS Processo nº 10320.723269/201241 Acórdão n.º 2401004.030 S2C4T1 Fl. 38.119 11 §7º Não será permitida ao beneficiário a antecipação do pagamento de contribuições para efeito de recebimento de benefícios.(Redação dada pela Lei nº 9.129/95) §8º Verificada a existência de débito em nome do sujeito passivo, o valor da restituição será utilizado para extinguilo, total ou parcialmente, mediante compensação. (Incluído pela Lei nº 11.196/2005) A redação do caput do Art. 89 da Lei nº 8.212/91 é de clareza solar ao dispor que somente os créditos do sujeito passivo em face da fazenda pública, decorrentes de pagamento ou recolhimento indevido de contribuições sociais destinadas ao financiamento da Seguridade Social, é que podem ser objeto de compensação ou de restituição. Para tornar esse entendimento o mais livre de dúvidas possível, o parágrafo segundo do mesmo art. 89 complementou o respectivo caput dispondo que somente pode ser restituído ou compensado, nas contribuições arrecadadas pelo INSS, o valor decorrente das parcelas referidas nas alíneas "a", "b" e "c" do parágrafo único do Art. 11 da Lei nº 8.212/91, ou seja, as contribuições sociais destinadas ao financiamento da seguridade social: a) A cargo da empresa, incidentes sobre a remuneração paga ou creditada aos segurados a seu serviço, nos termos do Art. 22, I, II e III da Lei Nº 8.212/91. b) As contribuições sociais a cargo dos empregadores domésticos, de acordo com o Art. 24 da Lei Nº 8.212/91. c) As contribuições sociais a cargo dos trabalhadores, incidentes sobre o seu saláriodecontribuição, conforme Art. 20 da Lei Nº 8.212/91. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 11. No âmbito federal, o orçamento da Seguridade Social é composto das seguintes receitas: I receitas da União; II receitas das contribuições sociais; III receitas de outras fontes. Parágrafo único. Constituem contribuições sociais: a) as das empresas, incidentes sobre a remuneração paga ou creditada aos segurados a seu serviço; b) as dos empregadores domésticos; c) as dos trabalhadores, incidentes sobre o seu saláriode contribuição; As disposições inscritas no parágrafo segundo do aludido art. 89 combinadas com as do parágrafo único do art. 11, ambos da Lei nº 8.212/91, excluem da compensação toda e qualquer espécie de crédito da empresa em face da fazenda pública que não sejam aquelas decorrentes das contribuições sociais instituídas pelos artigos 20, 22, I, II e III e 24, todos da Lei Orgânica da Seguridade Social LOSS. Fl. 38125DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS 12 Realçadas as normas constitucionais e legais supracitadas, deflui que a compensação de contribuições previdenciárias somente e tão somente pode ser realizada com créditos líquidos e certos de titularidade do Sujeito Passivo decorrentes de pagamento ou recolhimento indevido das contribuições sociais a que se referem as alíneas "a", "b" e "c" do parágrafo único do Art. 11 da Lei nº 8.212/91. NENHUMA OUTRA HIPÓTESE. O exercício do direito à compensação de Contribuições Previdenciárias, portanto, não se revela incondicionado, haja vista encontrarse circunscrito ao preenchimento de determinados requisitos legais, a ônus do interessado, consistentes na efetiva demonstração e comprovação da existência e titularidade de direito creditório líquido e certo em face da Fazenda Pública decorrente de pagamento ou recolhimento indevido das contribuições sociais a que se referem as alíneas "a", "b" e "c" do parágrafo único do Art. 11 da Lei nº 8.212/91, dentre outras condições específicas de cada caso. Além disso, o Interessado dispõe de prazo peremptório para o exercício do seu direito creditório, sob pena de prescrição. De outro canto, produção de outro lote, porém, há que ser demonstrada a efetiva existência de liquidez e certeza do crédito utilizado pelo Contribuinte nas compensações realizadas. Deve ser destacado, nesse comenos, que o conceito jurídico de Salário de contribuição, base de incidência das contribuições previdenciárias, foi estruturado de molde a abraçar toda e qualquer verba recebida pelo segurado, a qualquer título, em decorrência não somente dos serviços efetivamente prestados, mas também, no interstício em que o trabalhador estiver à disposição do empregador, nos termos do contrato de trabalho. Do marco primitivo constitucional deflui que a base de incidência das contribuições em realce não é mais o salário, mas, sim, a “folha de salários”, propositadamente no plural, a qual é composta, segundo a mais autorizada doutrina, pelos lançamentos efetuados em favor do trabalhador e todas as parcelas a este devidas em decorrência do contrato de trabalho, de molde que, toda e qualquer espécie de contraprestação paga pela empresa, a qualquer título, aos segurados obrigatórios do RGPS encontramse abraçadas, em gênero, pelo conceito de Salário de Contribuição. Em reforço a tal abrangência, de modo a espancar qualquer dúvida ainda renitente a cerca da real amplitude da base de incidência da contribuição social em destaque, o legislador constituinte fez questão de consignar no texto constitucional, de forma até pleonástica, que as contribuições previdenciárias incidiriam não somente a “folha de salários” como, também, sobre os “demais rendimentos do trabalho, pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício”. Dessarte, o termo “remunerações” encontrase empregado no caput do transcrito art. 28 da Lei nº 8.212/91 em seu sentido amplo, abarcando todos os componentes atomizados que integram a contraprestação da empresa aos segurados obrigatórios que lhe prestam serviços. Tais conclusões decorrem de esforços hermenêuticos que não ultrapassam a literalidade dos enunciados normativos supratranscritos, eis que o texto legal revelase cristalino ao estabelecer, como base de incidência, o “total das remunerações pagas ou creditadas a qualquer título”, à exceção, tão somente, das hipóteses de isenção previstas numerus clausus no §9º do art. 28 da Lei de Custeio da Seguridade Social. Fl. 38126DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS Processo nº 10320.723269/201241 Acórdão n.º 2401004.030 S2C4T1 Fl. 38.120 13 Por outro viés, vinho de outra pipa, entretanto, deve ser trazido à balha que todo ato normativo oriundo do Poder Legislativo ingressa no Ordenamento Jurídico com presunção relativa de conformidade com a Constituição. Dessarte, uma vez promulgada e sancionada a lei, esta passa a desfrutar de presunção iuris tantum de constitucionalidade, a qual somente pode ser infirmada pela declaração em sentido contrário proferida pelo órgão jurisdicional competente. Com efeito, a declaração de inconstitucionalidade de leis ou de atos administrativos insertas no Ordenamento Jurídico constituise prerrogativa outorgada pela Constituição Federal exclusivamente ao Poder Judiciário, não podendo os agentes da Administração Pública imiscuíremse ex proprio motu nas funções reservadas pelo Constituinte Originário ao Poder Togado, sob pena de usurpação da competência exclusiva deste. Também não deve fugir ao conhecimento daqueles que operam com profissionalismo no ramo do Direito que as decisões judiciais proferidas em sede de Controle Difuso de Constitucionalidade somente produzem efeitos inter partes, não irradiando consequências sobre aqueles estranhos ao processo judicial no qual a decisão houvese por prolatada. Assim, enquanto a Norma Tributária não for definitivamente extirpada do Ordenamento Jurídico, ela permanece produzindo efeitos sobre os Administrados, ressalvados os casos em que o Contribuinte se encontre protegido por decisão judicial favorável transitada em julgado. Daí a inafastável necessidade do Sujeito Passivo da Obrigação Tributária de ingressar nas Instâncias Judiciárias competentes para se ter declarada qualquer eventual inconstitucionalidade da lei que instituiu o tributo e, dessa maneira, adquirir o direito à compensação dos valores declarados judicialmente como “indevidamente recolhidos”. Então, somente a partir do Trânsito em Julgado do provimento judicial que lhe for favorável pode o Contribuinte se eximir da observância da Lei genérica e abstrata, nas exíguas condições de contorno da Sentença Judicial. ANTES NUNCA, como assim estatui o art. 170A do CTN. No caso presente, o Relatório Fiscal informa que a empresa autuada procedeu à compensação de valores referentes a auxílios, férias e 1/3, salário maternidade, horas extras, adicionais noturnos, de periculosidade e de insalubridade, além do aviso prévio não trabalhado, efetuadas nas competências 09/2010 a 13/2010, 01/2011 a 08/2011, 10/2011 a 12/2011 e 01/2012 a 05/2012. Consta dos autos que o Recorrente impetrou o Mandado de Segurança nº 004205338.2010.4.01.3700 perante a 3ª Vara Federal Cível em São Luis/MA, pleiteando a declaração da inexigibilidade das verbas pagas a título de férias, 1/3 incidente sobre férias, auxílios doença e acidente e saláriomaternidade, sendolhe concedida a segurança parcial para declarar a inexistência de relação jurídicotributária que autorize a cobrança de contribuição previdenciária patronal, tão somente, sobre o adicional de 1/3 de férias e sobre os valores pagos nos 15 quinze primeiros dias de afastamento do serviço anteriores à concessão de auxílio doença e/ou auxílio acidente assim como o direito do Impetrante à compensação dos valores indevidamente recolhidos a tal título, os quais deverão ser acrescidos da taxa SELIC nos termos da Lei 925095 observada a fundamentação da sentença, a qual, expressamente dispõe, ad litteris et verbis: Fl. 38127DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS 14 “Referida compensação, que está sujeita ao disposto no art. 170A do CTN, deverá ser realizada com débitos oriundos exclusivamente de contribuições patronais incidentes sobre a folha de salários, nos moldes do art. 66, §1º da Lei nº 8.383/91, do art. 89 da Lei nº 8.212/91 (Com redação dada pela Lei nº 11.941/2009) e da IN 900, de 30/12/2008, e não como pretende o Impetrante, posto que a aplicação do art. 74 da Lei nº 9.430/96 depende de requerimento administrativo prévio, junto à Receita Federal, sendo certo que a observância de tal peculiaridade não restou demonstrada nos autos” Consta dos autos igualmente que a empresa autuada impetrou o Mandado de Segurança n° 004205252.2010.4.01.3700 distribuída para a 6ª Vara Federal Cível em São Luis/MA, pleiteando não ser compelida ao recolhimento da contribuição social previdenciária patronal incidente sobre as verbas pagas a título de adicional sobre HorasExtras, Adicionais Noturno, de Insalubridade, Periculosidade e de Transferência, bem como, Aviso Prévio Indenizado e respectiva parcela de 13º salário, sendolhe concedida a segurança parcial para declarar a ausência de relação jurídica entre as partes no que se refere, tão somente, às contribuições incidentes sobre aviso prévio indenizado e a respectiva parcela de décimo terceiro salário sobre ele incidente, bem como para reconhecer o direito de “compensar os valores recolhidos indevidamente a esse título, observado o prazo prescricional nos termos indicados na fundamentação retro. Sobre os valores a compensar incidirá a variação da Taxa SELIC, somente podendo ocorrer tal compensação após o trânsito em julgado do presente decisório e observadas as regras administrativas estabelecidas para tanto”. (grifos nossos) Dessai da pletora documental presente nos autos que o recorrente, além de compensar valores referentes a rubricas não incluídas na Segurança concedida, a saber, férias gozadas, Salário Maternidade, adicional sobre HorasExtras, Adicionais Noturno, adicional de Insalubridade, e adicional de Periculosidade, ainda procedeu à indigitada compensação ao arrepio da determinação expressa contida nas Sentenças Judiciais, a qual autorizava a compensação tão somente após o transito em julgado da Ação Mandamental. No caso em apreço, o Recorrente não demonstrou possuir qualquer provimento judicial transitado em julgado apto a afastar o Poder de Império das leis tributárias que estabelecem a incidência de Contribuições Previdenciárias sobre as férias gozadas e seu respectivo adicional constitucional de 1/3, horas extras, adicional noturno, adicional de periculosidade, adicional de insalubridade e adicional de transferência, aviso prévio trabalhado e sobre os 15 primeiros dias que antecedem o afastamento do segurado por auxílio doença/acidente, não se prestando para tal fim as decisões isoladas proferidas incidenter tantum em ações judiciais das quais o Autuado não consta como parte do processo, eis que os efeitos de tais decisões operam, apenas, efeitos inter partes, jamais erga omnes. Devese ressaltar, por relevante, que o Colendo Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp nº 1.230.957RS, proferido na sistemática dos recursos repetitivos, decidiu não haver incidência de contribuição previdenciária sobre os 15 dias anteriores à concessão de auxíliodoença, sobre o terço constitucional incidentes sobre a remuneração das férias indenizadas ou gozadas e sobre o aviso prévio indenizado. Por outro viés, no julgamento do REsp nº 1.358.281, também submetido ao regime do artigo 543C do Código de Processo Civil, assentou o entendimento a respeito da Fl. 38128DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS Processo nº 10320.723269/201241 Acórdão n.º 2401004.030 S2C4T1 Fl. 38.121 15 incidência de contribuições previdenciárias sobre horas extras, adicional noturno e adicional de periculosidade. Tais decisões, todavia, ainda não se encontram ornadas com o atributo da coisa julgada, eis que são objeto de Recurso Extraordinário em trâmite no STF. O Resp nº 1.230.957 encontrase suspenso no Superior Tribunal de Justiça, por depender do julgamento do Recurso Extraordinário RE nº 593.068, com repercussão geral, circunstância que afasta a incidência do preceito inscrito no art. 62A do Regimento Interno do CARF, o qual exige decisão definitiva de mérito proferida pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C do Código de Processo Civil. Regimento Interno do CARF (Portaria nº 343/2015): Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (grifos nossos) Portanto, estando ainda pendentes de recurso as decisões judiciais acima referidas, não há que se falar em decisões definitivas de mérito, tampouco em reprodução, no vertente Recurso Voluntário, dos julgados ora em debate. Assim delimitadas as condições de contorno fáticas e jurídicas do caso em apreciação, e: · Considerando que o CTN detém competência constitucional para estabelecer regras gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre obrigação e crédito tributários; · Considerando que o art. 170 do CTN estatui que a lei só pode autorizar a compensação de créditos tributários com CRÉDITOS LÍQUIDOS E CERTOS, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública; · Considerando que o art. 66 da Lei nº 8.383/91 estatui expressamente que a compensação só poderá ser efetuada entre tributos, contribuições e receitas da mesma espécie; · Considerando que o caput do art. 89 da Lei nº 8.212/91 somente autoriza a compensação das contribuições sociais previstas nas alíneas ‘a’, ‘b’ e ‘c’ do parágrafo único do art. 11 dessa mesma Lei, nas hipóteses de pagamento ou recolhimento indevido ou maior que o devido, nos termos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil; · Considerando que o inciso XI do art. 167 da CF/88 veda, expressamente, a utilização dos recursos provenientes das contribuições sociais Fl. 38129DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS 16 previdenciárias para a realização de despesas distintas do pagamento de benefícios do regime geral de previdência social; · Considerando que a conduta dolosa se dá não somente quando o agente quer o resultado, mas também quando ele assume o risco de produzilo; · Considerando que a ninguém é dado alegar o desconhecimento da lei para se escusar do cumprimento de obrigação a todos imposta; · Deve se considerar igualmente que o Sujeito Passivo, ao informar determinada compensação de Contribuições Previdenciárias em GFIP deve ter a plena consciência de está declarando que possui Crédito Tributário LIQUIDO E CERTO em face da Fazenda Pública decorrente de recolhimento indevido ou maior que o devido das Contribuições Sociais previstas nas alíneas ‘a’, ‘b’ e ‘c’ do parágrafo único do art. 11 da Lei nº 8.212/91. No caso em estudo, o Autuado declarou em suas GFIP compensação de contribuições previdenciárias com créditos que sabia não serem certos: A uma, porque os Mandado de Segurança acima citados ainda não haviam transitado em julgado; A duas, porque os recolhimentos por ele supostamente realizados sobre as férias gozadas e seu respectivo adicional constitucional de 1/3, horas extras, adicional noturno, adicional de periculosidade, adicional de insalubridade e adicional de transferência, aviso prévio trabalhado e sobre os 15 primeiros dias que antecedem o afastamento do segurado por auxílio doença/acidente SÃO DEVIDOS, em conformidade com as leis tributárias vigentes e eficazes, não possuindo o Recorrente qualquer decisão judicial favorável transitada em julgado lhe conferindo direito creditório apto a compensação de Contribuições Previdenciárias. Nesse contexto, figurando tais rubricas no campo de incidência da exação previdenciária, inexistindo dispensa legal expressa da tributação em apreço, tampouco decisão judicial favorável ao Contribuinte, as contribuições previdenciárias eventualmente recolhidas, incidentes sobre tais verbas, SÃO DEVIDAS, não gerando qualquer direito creditório a ser utilizado em compensações tributárias Repisese que sem o Trânsito em Julgado das decisões judiciais favoráveis ao contribuinte a respeito da inexigibilidade de tributos previstos em lei, os recolhimentos efetuados a tal título não podem ser considerados como indevidos para fins de compensação tributária. Inexistindo comprovação por parte do Interessado de recolhimento indevido ou a maior que o devido das contribuições sociais de que tratam as alíneas "a", "b" e "c" do parágrafo único do art. 11 da Lei nº 8.212/91, não haverá constituição de crédito em favor do Sujeito Passivo. Inexistindo crédito líquido e certo em sua carteira, indevida será a compensação levada a efeito pelo Autuado. Procedente a glosa. Não procede, portanto, a alegação de que houve equivoco na autuação em tela, uma vez que foram proferidas decisões liminares, sentença e acórdão favoráveis nos citados processos, o que por si só, suspende a exigibilidade do crédito. Isso porque, além de compensar valores referentes a rubricas não incluídas na Segurança concedida, a saber, férias gozadas, Salário Maternidade, adicional sobre Horas Extras, Adicionais Noturno, adicional de Insalubridade, e adicional de Periculosidade, a Fl. 38130DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS Processo nº 10320.723269/201241 Acórdão n.º 2401004.030 S2C4T1 Fl. 38.122 17 suspensão da exigibilidade do Crédito Tributário não representa óbice algum à sua devida constituição formal mediante o lançamento. Nos termos do inciso IV do art. 151 do CTN, a concessão de medida liminar em Mandado de Segurança suspende a exigibilidade do credito tributário correspondente. Código Tributário Nacional CTN Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: I moratória; II o depósito do seu montante integral; III as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo; IV a concessão de medida liminar em mandado de segurança. V – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial; (Incluído pela Lcp nº 104/2001) VI – o parcelamento. (Incluído pela Lcp nº 104/2001) Parágrafo único. O disposto neste artigo não dispensa o cumprimento das obrigações assessórios dependentes da obrigação principal cujo crédito seja suspenso, ou dela consequentes. Não se deve confundir, todavia, suspensão da exigibilidade do crédito tributário com constituição do crédito tributário. Exigibilidade é a qualidade daquilo que é exigível. Exigível é a obrigação que não se encontra mais submetida a qualquer condição, termo, encargo ou outro empecilho e que pode ter seu adimplemento solicitado pelo credor ao devedor, mediante colaboração da vontade deste. Dessarte, a exigibilidade do crédito tributário configurase na aptidão que permeia o crédito constituído de se integrar no patrimônio ativo do credor e, consequentemente, no patrimônio passivo do devedor. Já a constituição do crédito tributário tratase de um direito potestativo do Fisco, decorrente da mera ocorrência objetiva do fato gerador da obrigação tributária principal correspondente, ou do descumprimento de obrigação tributária acessória, o qual direito se mantém hígido até que lhe sobrevenha a decadência. Concluise, portanto, que, enquanto exigibilidade é conceito de direito subjetivo, a constituição do crédito tributário se nos apresenta como conceito de direito potestativo. Para ser exequível é condição sine qua non que o crédito querido seja liquido, certo e exigível. A Obrigação líquida é aquela certa quanto à sua existência, e determinada quanto ao seu objeto e valor. Ou seja, a obrigação líquida existe e tem valor preciso. Fl. 38131DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS 18 A característica da certeza diz respeito à existência material de uma obrigação tributária (rectius, crédito tributário), em razão da qual o agente passivo esteja obrigado a uma prestação de dar quantia certa em benefício do agente ativo. A obrigação tributária é abstrata e concretizase no fato gerador, mas individualizase qualitativa e quantitativamente através do lançamento. Tal espécie de obrigação, por si só, não contém os aspectos da exigibilidade, da certeza e da liquidez, próprios de um crédito. Para que a obrigação tributária se revista com tais atributos, fazse necessária a realização de um procedimento de parte da administração pública fazendária, consistente no lançamento. Assim, ao ornar a obrigação tributária com as vestes da certeza e liquidez, o lançamento a transforma em crédito tributário. Portanto, é o ato do lançamento que confere certeza e liquidez à obrigação tributária. A inexistência de impedimentos jurídicos a torna exigível. A suspensão da exigibilidade, assentada no art. 151 do CTN, ataca a exigibilidade do crédito tributário constituído, desobrigando o sujeito passivo do recolhimento imediato do crédito atacado, enquanto perdurar os efeitos da suspensão ou a existência do crédito tributário. Conforme explicitado no texto legal, a norma tributária se refere à suspensão da exigibilidade do crédito tributário, não à suspensão da obrigação tributária. Para que haja a existência do crédito tributário é indispensável que este já esteja constituído, mediante a devida convolação da obrigação tributária correspondente, condição que se alcança com a efetiva formalização do lançamento, assim compreendido o procedimento administrativo levado a cabo como o objetivo de verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido e identificar o sujeito passivo. Nessa prumada, somente após a conclusão do lançamento poderseá falar em crédito tributário. Antes não. Haverá, tão somente, obrigação tributária. Registrese que crédito tributário é direito subjetivo do Fisco, em face do qual se pode opor o Devedor. O poder/dever de convolar a obrigação tributária em crédito tributário é direito potestativo da Fazenda. Nesse contexto, ao contrário do que entende o Recorrente, a suspensão da exigibilidade do crédito tributário não apõe qualquer blindagem na prerrogativa que possui a autoridade fazendária competente de efetivar o lançamento. A suspensão apenas desobriga o sujeito passivo correspondente do recolhimento do crédito constituído, seja espontaneamente, seja mediante execução forçada. Tão só. Não se deslembre que o próprio art. 140, in fine, do CTN dispõe que as circunstâncias que excluem a exigibilidade do crédito tributário não afetam a obrigação tributária que lhe deu origem. Código Tributário Nacional CTN Art. 140. As circunstâncias que modificam o crédito tributário, sua extensão ou seus efeitos, ou as garantias ou os privilégios a ele atribuídos, ou que excluem sua exigibilidade não afetam a obrigação tributária que lhe deu origem. Fl. 38132DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS Processo nº 10320.723269/201241 Acórdão n.º 2401004.030 S2C4T1 Fl. 38.123 19 Nessa perspectiva, demonstrada a ocorrência de compensação indevida de Contribuições Previdenciárias, aplicase o disposto no §9º do art. 89 da Lei nº 8.212/91. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 35. Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas ‘a’, ‘b’ e ‘c’ do parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009) Art. 89. Somente poderá ser restituída ou compensada contribuição para a Seguridade Social arrecadada pelo Instituto Nacional do Seguro Social INSS na hipótese de pagamento ou recolhimento indevido. (Redação dada pela Lei nº 9.129/95) (...) §9o Os valores compensados indevidamente serão exigidos com os acréscimos moratórios de que trata o art. 35 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.941/2009) Não procede, portanto, a alegação de que a multa aplicada é indevida. Também se revela improcedente a alegação de que a multa aplicada ofende os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. Com efeito, a Constituição Federal de 1988, no Capítulo reservado ao Sistema Tributário Nacional assentou, em relação aos impostos, os princípios da pessoalidade e da capacidade contributiva do contribuinte. Nessa mesma prumada, ao tratar das limitações do poder do Estado de tributar, o inciso IV do art. 150 da Carta obstou, igualmente, a utilização de tributos com efeito de confisco, estatuindo ipsis litteris: Constituição Federal, de 03 de outubro de 1988 Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: (...) §1º Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. (grifos nossos) Fl. 38133DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS 20 Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: IV utilizar tributo com efeito de confisco; Deflui das disposições ora revisitadas que as vedações constitucionais acima mencionadas referenciam aos impostos – espécie tributária do gênero tributo, obrigação tributária principal , e não às penalidades pecuniárias decorrentes do descumprimento de obrigação principal. Justificamse tais vedações pelo fato de os tributos serem prestações pecuniárias compulsórias, que não constituem sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. Sendo compulsória, não há como o Contribuinte, ao praticar o fato gerador lícito, se esquivar do seu recolhimento. Já a penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação principal representa sanção pela prática de ato tributário ilícito, o qual é perfeitamente evitável, além de desejável. Olhando com os olhos de ver, avulta que os Princípios Constitucionais suso realçados, além de outros dispostos na CF/88, são dirigidos, sem sombra de dúvida, aos membros políticos do Congresso Nacional, como vetores a serem seguidos no processo de gestação de normas matrizes de cunho tributário, não ecoando nos corredores do Poder Executivo, cujos servidores auditores fiscais subordinamse cegamente ao principio da atividade vinculada aos ditames da lei, dele não podendo se descuidar, sob pena de responsabilidade funcional. Não procedem, portanto, as alegações do Recorrente relativas à multa punitiva ora aplicada, eis que esta se encontra prevista expressamente no §9º do art. 89 da Lei nº 8.212/91. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 35. Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas ‘a’, ‘b’ e ‘c’ do parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009) Art. 89. Somente poderá ser restituída ou compensada contribuição para a Seguridade Social arrecadada pelo Instituto Nacional do Seguro Social INSS na hipótese de pagamento ou recolhimento indevido. (Redação dada pela Lei nº 9.129/95) (...) §9o Os valores compensados indevidamente serão exigidos com os acréscimos moratórios de que trata o art. 35 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.941/2009) Fl. 38134DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS Processo nº 10320.723269/201241 Acórdão n.º 2401004.030 S2C4T1 Fl. 38.124 21 Escapa, contudo, à competência deste Colegiado a sindicância da adequação das normas tributárias constantes na Lei nº 8.212/91 ao Ordenamento Jurídico a princípios constitucionais e às limitações ao poder de tributar veiculadas nos artigos 145 e 150 da Lei Maior. Revelase mais do que sabido por aqueles que militam com profissionalismo no Direito Pátrio que a declaração de inconstitucionalidade de leis ou a ilegalidade de atos administrativos constituise prerrogativa outorgada pela Constituição Federal exclusivamente ao Poder Judiciário, não podendo os agentes da Administração Pública imiscuíremse ex proprio motu nas funções reservadas pelo Constituinte Originário ao Poder Togado, sob pena de usurpação da competência exclusiva deste. Nesse sentido, no que é atávico ao Processo Administrativo Fiscal, determina o Decreto nº 70.235/72, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009, ser vedado aos órgãos de julgamento administrativo afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Decreto nº 70.235/72 Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009) (...) §6o O disposto no caput deste artigo não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: (Incluído pela Lei nº 11.941/2009) I – que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; (Incluído pela Lei nº 11.941/2009) II – que fundamente crédito tributário objeto de: (Incluído pela Lei nº 11.941/2009) a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei no 10.522, de 19 de julho de 2002; (Incluído pela Lei nº 11.941/2009) b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar no 73, de 10 de fevereiro de 1993; ou (Incluído pela Lei nº 11.941/2009) c) pareceres do AdvogadoGeral da União aprovados pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar no 73, de 10 de fevereiro de 1993. (Incluído pela Lei nº 11.941/2009) Ademais, perfilando idêntico entendimento como o acima esposado, a Súmula CARF nº 2, de observância vinculante, exorta não ser o CARF órgão competente para se pronunciar a respeito da inconstitucionalidade de lei de natureza tributária. Súmula CARF nº 2: Fl. 38135DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS 22 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Cumpre ainda salientar, por relevante, ser vedado aos membros das turmas de julgamento deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais afastar a aplicação ou deixar de observar o conteúdo encartado em leis e decretos sob o fundamento de incompatibilidade com a Constituição Federal, conforme determinado pelo art. 62 Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, do Ministério da Fazenda. Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015 Art. 62. Fica vedado aos membros afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal; ou II que fundamente crédito tributário objeto de: a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei n° 10.522, de 19 de julho de 2002; b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar n° 73, de 1993; ou c) parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar n° 73, de 1993. Por outro viés, trigo de outra safra, porém, sendo a atuação da Administração Tributária inteiramente vinculada à Lei, e, restando os preceitos introduzidos pelas leis que regem as contribuições ora em apreciação plenamente vigentes e eficazes, a inobservância desses comandos legais implicaria negativa de vigência por parte do Auditor Fiscal Autuante, fato que desaguaria inexoravelmente em responsabilidade funcional dos agentes do Fisco Federal. Cumprenos chamar a atenção para o fato de que as disposições introduzidas pela legislação tributária em apreço, até o presente momento, não foram ainda vitimadas de qualquer sequela decorrente de declaração de inconstitucionalidade, seja na via difusa tendo o Autuado como parte, seja na via concentrada, esta exclusiva do Supremo Tribunal Federal, produzindo, portanto, todos os efeitos jurídicos que lhe são típicos. Desbastada nesses talhes a escultura jurídica, impedido se encontra este Colegiado de apreciar tais alegações e afastar penalidades pecuniárias aplicadas nos estreitos trilhos mandamentais da lei, sob alegação de inconstitucionalidade por violação a princípios constitucionais, atividade essa que somente poderia emergir do Poder Judiciário. Por tais razões, negamos provimento ao Recurso Voluntário. 3. DECISÃO Fl. 38136DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS Processo nº 10320.723269/201241 Acórdão n.º 2401004.030 S2C4T1 Fl. 38.125 23 Pelas razões de fato e de Direito ora expendidas, CONHEÇO PARCIALMENTE do Recurso Voluntário para, no mérito, na parte conhecida, NEGARLHE PROVIMENTO. É como voto. Arlindo da Costa e Silva, Relator. Fl. 38137DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS
score : 1.0
Numero do processo: 10580.720944/2009-13
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Dec 09 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Dec 28 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2005, 2006, 2007
IRPF. VALORES INDENIZATÓRIOS DE URV, CLASSIFICADOS A
PARTIR DE INFORMAÇÕES PRESTADAS PELA FONTE PAGADORA.
INCIDÊNCIA.
Incide o IRPF sobre os valores indenizatórios de URV, em virtude de sua
natureza remuneratória.
Recurso especial provido.
Numero da decisão: 9202-003.660
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso, com retorno dos autos à turma a quo, para analisar as demais questões trazidas no recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Ana Paula Fernandes e Gerson Macedo Guerra que negaram provimento.
(Assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente
(Assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Relator
EDITADO EM: 14/12/2015
Participaram da sessão de julgamento o Conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra.
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201512
camara_s : 2ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 IRPF. VALORES INDENIZATÓRIOS DE URV, CLASSIFICADOS A PARTIR DE INFORMAÇÕES PRESTADAS PELA FONTE PAGADORA. INCIDÊNCIA. Incide o IRPF sobre os valores indenizatórios de URV, em virtude de sua natureza remuneratória. Recurso especial provido.
turma_s : 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Mon Dec 28 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 10580.720944/2009-13
anomes_publicacao_s : 201512
conteudo_id_s : 5555680
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Dec 29 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 9202-003.660
nome_arquivo_s : Decisao_10580720944200913.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
nome_arquivo_pdf_s : 10580720944200913_5555680.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso, com retorno dos autos à turma a quo, para analisar as demais questões trazidas no recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Ana Paula Fernandes e Gerson Macedo Guerra que negaram provimento. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Relator EDITADO EM: 14/12/2015 Participaram da sessão de julgamento o Conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra.
dt_sessao_tdt : Wed Dec 09 00:00:00 UTC 2015
id : 6239645
ano_sessao_s : 2015
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:43:43 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048122231357440
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1491; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 1.061 1 1.060 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10580.720944/200913 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9202003.660 – 2ª Turma Sessão de 09 de dezembro de 2015 Matéria IRPF Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado DANILO MONTEIRO DE ARAUJO OLIVEIRA ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 IRPF. VALORES INDENIZATÓRIOS DE URV, CLASSIFICADOS A PARTIR DE INFORMAÇÕES PRESTADAS PELA FONTE PAGADORA. INCIDÊNCIA. Incide o IRPF sobre os valores indenizatórios de URV, em virtude de sua natureza remuneratória. Recurso especial provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso, com retorno dos autos à turma a quo, para analisar as demais questões trazidas no recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Ana Paula Fernandes e Gerson Macedo Guerra que negaram provimento. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 09 44 /2 00 9- 13 Fl. 333DF CARF MF Impresso em 28/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 23/12/2 015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por CARLOS ALBERTO FREI TAS BARRETO Processo nº 10580.720944/200913 Acórdão n.º 9202003.660 CSRFT2 Fl. 1.062 2 (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator EDITADO EM: 14/12/2015 Participaram da sessão de julgamento o Conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra. Relatório Trata o presente processo de exigência de Imposto de Renda Pessoa Física, acrescido de juros de mora e multa de ofício qualificada, tendo em vista classificação indevida de rendimentos na declaração de imposto de renda de pessoa física DIRPF, conforme auto de infração de efls. 2 a 11, cientificado em 16/04/2009. O contribuinte teria classificado indevidamente como rendimentos isentos e não tributáveis os rendimentos auferidos do Ministério Público do Estado da Bahia, a título de "Valores Indenizatórios de URV", a partir de informações a ele fornecidas pela fonte pagadora Os referidos rendimentos decorreram de diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para a Unidade Real de Valor URV em 1994, reconhecidas e pagas em 36 parcelas iguais no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, com base na Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20, de 08 de setembro de 2003. O agente fiscal entendeu que estas verbas têm natureza eminentemente salarial e que a competência legislativa dos estados não permite que estes emitam normas sobre isenção de imposto de renda, sendo irrelevante que a lei complementar estadual denominasse essas verbas como isentas. O auto de infrações foi objeto de impugnação pelo contribuinte, em 07/05/2009, anexada às efls. 35 a 109 dos autos. A impugnação foi apreciada na 3ª Turma da DRJ em Salvador que, por unanimidade, em 25/05/2011, julgou a impugnação procedente em parte, exonerando parte do crédito tributário lançado em face de apresentação de provas, conforme acórdão de efls. 128 a 134. Inconformado, o contribuinte, em 03/08/2011, apresentou recurso voluntário, às efls. 139 a 229, no qual sustentou, em resumo: Fl. 334DF CARF MF Impresso em 28/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 23/12/2 015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por CARLOS ALBERTO FREI TAS BARRETO Processo nº 10580.720944/200913 Acórdão n.º 9202003.660 CSRFT2 Fl. 1.063 3 · a nulidade do acórdão de primeira instância que não teria enfrentado questões sobre ilegitimidade ativa da União para a tributação e sobre a capacidade contributiva do autuado, afetada por cobrança de juros multa decorrentes da ação do Estado; · a natureza indenizatória dos valores recebidos, referentes a diferenças de URV, que foi informada pela própria fonte dos pagamentos. A própria magistratura federal através da Resolução n° 245/2002, reconheceu caráter indenizatório de abono variável concedido por lei ao Poder Judiciário, nos quais se incluiriam as diferenças de URV, o que foi igualmente adotado no Parecer n ° 529/2003 do Ministro da Fazenda e mesmo reconhecido em decisões judiciais e administrativas; · a existência de quebra do princípio constitucional da isonomia entre o Ministério Público Estadual e o Federal ao qual se aplica o entendimento da citada Resolução n° 245/2002; · a incorreção na apuração dos impostos devidos, seja pela alíquota aplicada, seja pela falta de consideração do total dos valores recebidos no período e das despesas e deduções correspondentes; além disso afirma que teriam sido tributados férias indenizadas e décimo terceiro salário (tributação exclusiva na fonte); · a sua boafé bem como sua ilegitimidade passiva, pois o Estado da Bahia seria o responsável pelo pagamento do imposto; · o afastamento da multa de ofício com fulcro na Nota Técnica n° 4 – Cosit de 29/04/2009 e no Parecer PGFN/CAT n° 179/2009, bem como em acórdãos do Conselho de Contribuintes; e · a indevida tributação dos juros moratórios e correção monetária decorrentes da aplicação da URV. A 2ª Turma Ordinária da 1ª Câmara do Conselho de Contribuintes julgou o recurso voluntário em 29/11/2011, resultando no acórdão n° 210201.686, às efls. 236 a 244, que deu a ele provimento, por unanimidade. Esse acórdão recebeu a seguinte ementa: RESOLUÇÃO STF Nº 245/2002. DIFERENÇAS DE URV CONSIDERADAS PARA A MAGISTRATURA DA UNIÃO E PARA O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL COMO VERBAS ISENTAS DO IMPOSTO DE RENDA PELO STF. DIFERENÇAS DE URV PAGAS AOS MEMBROS DO MINISTÉRIO PÚBLICO DA BAHIA. NÃO INCIDÊNCIA DO IMPOSTO DE RENDA. A Lei Complementar baiana 20/2003 determinou o pagamento das diferenças de URV aos membros do Ministério Público local, dando a elas a natureza de indenização, excluindo assim, da base de cálculo do imposto de renda. O STF interpretou através da Resolução 245/2002, que estes pagamentos quando efetuados pela União aos membros da magistratura de do Ministério Público federal, não se sujeitavam à tributação, o que foi objeto também do Parecer PGFN 923/2003, endossado pelo Sr. Ministro da Fazenda, interpretação esta que por isonomia deve ser aplicada aos valores percebidos pelos membros do Ministério Público do Estado da Bahia. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 335DF CARF MF Impresso em 28/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 23/12/2 015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por CARLOS ALBERTO FREI TAS BARRETO Processo nº 10580.720944/200913 Acórdão n.º 9202003.660 CSRFT2 Fl. 1.064 4 A Fazenda Nacional interpôs recurso especial de divergência, às efls. 246 a 259, em 14/03/2012, entendendo que o acórdão recorrido merece ser reformado, tendo em vista que a concepção aludida diverge da interpretação proferida no Acórdão nº 2202 01.213 (acórdão paradigma), da 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento CARF. Por isso, a controvérsia apresentada pela recorrente ficou delimitada à tributação pelo IRPF das diferenças de rendimentos pagos aos membros dos ministérios públicos estaduais. Em 20/05/2012, o atual relator, na competência de Presidente da 1ª Câmara, da 2ª Seção do CARF, deu seguimento ao recurso, no despacho às efls. 282 e 283, por entender que a interpretação dada à lei tributária nos acórdãos recorrido e paradigma é divergente, na forma dos arts. 67 e 68 do Anexo II do Regimento Interno do CARF. Cientificado, em 30/07/2012, do provimento de seu recurso voluntário e da interposição do recurso especial da Procuradora da Fazenda, o contribuinte apresentou contrarrazões ao recurso da Fazenda em 03/08/2012, às efls. 286 a 298. Em seu contra arrazoado, o contribuinte retoma a discussão sobre a natureza indenizatória dos rendimentos; novamente invoca a resolução do STF que a reconhece e por isso não haveria necessidade de lei federal que concedesse tal isenção, pois a verba a ele paga teria a mesma natureza daquela. Ainda pela mesma razão volta a invocar o princípio da isonomia para igualar o parquet estadual ao federal, pois para este já houvera o reconhecimento da natureza indenizatória pelo Ministro da Fazenda. Por fim, diz ser ultrapassado o acórdão paradigmático esgrimido pela PGFN, que excluiu do lançamento apenas a multa de ofício pois ele ignorou que a jurisprudência recente do CARF afastara a incidência imposto de renda sobre juros moratórios. Pelas razões expostas, pleiteia a denegação do Recurso Especial da Fazenda. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Relator Pelo que consta no processo, o recurso atende aos requisitos de admissibilidade e, portanto, dele conheço. Em face do RE e do conteúdo do acórdão recorrido, cingese a discussão ao caráter indenizatório dos rendimentos relativos aos pagamentos recebidos pelo contribuinte, pois algumas matérias trazidas no contraarrazoado nem mesmo foram abordadas pela turma na decisão recorrida ou sequer foram mencionadas naquele RE. A Lei Complementar n° 20, de 08/09/2003, do Estado da Bahia, consignaria o caráter indenizatório dos rendimentos, todavia, a competência legislativa relativa ao imposto de renda é da União, de acordo com o art. 153, inciso IV, da Carta Magna. Dessa forma, é imprescindível que se realize a análise da natureza jurídica dos valores recebidos, de forma a se determinar seu caráter indenizatório ou salarial. Fl. 336DF CARF MF Impresso em 28/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 23/12/2 015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por CARLOS ALBERTO FREI TAS BARRETO Processo nº 10580.720944/200913 Acórdão n.º 9202003.660 CSRFT2 Fl. 1.065 5 Questão idêntica já foi trazida, em 03/03/2015, à 2ª Turma desta Câmara Superior, no acórdão 9202003.585. Naquela ocasião, acompanhei o voto do relator Alexandre Naoki Nishioka e por isso peço vênia para adotar aqui os mesmos argumentos como razão de decidir, assim os transcrevo: (...) Conforme dispõe o art. 2º da referida Lei, tais valores são relativos a “diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor – URV”. Da leitura do artigo, denotase que o pagamento de tais valores deveuse à necessidade de manutenção do valor real do salário, de forma a corrigir erros anteriores no cálculo da conversão da moeda nacional. A lei estadual acima citada não buscou, por meio do pagamento das diferenças, a recomposição de um prejuízo, ou dano material, sofrido pelo contribuinte, mas a compensação em razão da ausência de oportuna correção no valor nominal do salário, verificada quando da alteração da moeda. Portanto, tais valores integram a remuneração percebida pelo contribuinte, constituindo parte integrante de seus vencimentos. Estáse diante, pois, de acréscimo patrimonial tributável pelo Imposto de Renda, nos termos do art. 43 do Código Tributário Nacional, entendimento que fora inclusive salientado pelo acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador (BA). Buscando reforçar o argumento, requereu o contribuinte a aplicação da Resolução n.º 245 do STF, assim como de consulta administrativa realizada pela Presidente do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, os quais disporiam acerca da remuneração dos magistrados. No entanto, mencionadas normas não se aplicam ao fim pretendido pelo contribuinte, ao contrário do que decidiu o acórdão recorrido. Inicialmente, cumpre salientar que a dita resolução dispôs acerca da forma de cálculo do abono salarial variável e provisório de que trata o art. 2º e parágrafos da Lei n.º 10.474/2002, considerandoo como de natureza indenizatória. Neste sentido, o inciso I do art. 1º trouxe a forma de cálculo deste abono: “I apuração, mês a mês, de janeiro/98 a maio/2002, da diferença entre os vencimentos resultantes da Lei nº 10.474, de 2002 (Resolução STF nº 235, de 2002), acrescidos das vantagens pessoais, e a remuneração mensal efetivamente percebida pelo Magistrado, a qualquer título, o que inclui, exemplificativamente, as verbas referentes a diferenças de URV, PAE, 10,87% e recálculo da representação (194%)”. A própria redação da Resolução excluiu do valor integrante do abono as verbas referentes à diferença de URV, de onde se interpreta que esta não tem natureza indenizatória, mas de recomposição salarial. Tal tema inclusive já foi enfrentado pelo Egrégio Superior Tribunal de Justiça, tendo este reconhecido as diferenças entre o abono salarial tratado pela norma e a diferença da URV, conforme se verifica de voto da Ministra Eliana Calmon: Fl. 337DF CARF MF Impresso em 28/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 23/12/2 015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por CARLOS ALBERTO FREI TAS BARRETO Processo nº 10580.720944/200913 Acórdão n.º 9202003.660 CSRFT2 Fl. 1.066 6 “Na jurisprudência desta Casa, colho os seguintes precedentes, que sempre distinguiram as hipóteses de percepção das diferenças remuneratórias da URV do abono identificado na Resolução 245/STF: (...)” (STJ, Recurso Especial n.º 1.187.109/MA, Segunda Turma, Ministra Relatora Eliana Calmon, julgado em 17/08/2010) E tal também foi o entendimento do Ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, em decisão monocrática proferida nos autos do Recurso Extraordinário n.º 471.115, do qual se colaciona o seguinte excerto: “Os valores assim recebidos pelo recorrido decorrem de compensação pela falta de oportuna correção no valor nominal do salário, quando da implantação da URV e, assim, constituem parte integrante de seus vencimentos. As parcelas representativas do montante que deixou de ser pago, no momento oportuno, são dotadas dessa mesma natureza jurídica e, assim, incide imposto de renda quando de seu recebimento. No que concerne à Resolução no. 245/02, deste Supremo Tribunal Federal, utilizada na fundamentação do acórdão recorrido, temse que suas normas a tanto não se aplicam, para o fim pretendido pelo recorrido (...)” (STF, Recurso Extraordinário n.º 471.115, Ministro Relator Dias Toffoli, julgado em 03/02/2010) Concluise, portanto, pelo caráter salarial dos valores recebidos acumuladamente pelo Recorrente, razão pela qual deverão compor a base de cálculo do Imposto sobre a Renda de Pessoa Física, nos termos do art. 43 do Código Tributário Nacional. As contrarrazões apresentadas que tratam de matérias distintas do caráter indenizatório dos rendimentos são também conteúdo do recurso voluntário, assim como outras, e não foram apreciadas no acórdão combatido. Eis os motivos pelos quais voto no sentido de DAR provimento ao recurso, determinando o retorno dos autos à turma a quo, para analisar as demais questões trazidas no recurso voluntário do contribuinte. (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 338DF CARF MF Impresso em 28/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 23/12/2 015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por CARLOS ALBERTO FREI TAS BARRETO Processo nº 10580.720944/200913 Acórdão n.º 9202003.660 CSRFT2 Fl. 1.067 7 Fl. 339DF CARF MF Impresso em 28/12/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 23/12/2 015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por CARLOS ALBERTO FREI TAS BARRETO
score : 1.0
Numero do processo: 10882.003788/2003-32
Turma: Terceira Câmara
Seção: Primeiro Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Thu Mar 12 00:00:00 UTC 2009
Ementa: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Ano-talendário: 1998
DECADÊNCIA. IRPJ E CSLL. TERMO INICIAL_
No caso do regime de apuração anual para o IRPJ e CSLL considera-se ocorrido o fato gerador em 31 de dezembro do período base de apuração, sendo esse o termo inicial para contagem do prazo decadencial. Para o ano-calendário de 1998 o fato gerador deu-se em 31/12/98.
DECADÊNCIA. PIS E COFINS.
Se a irregularidade objeto da exigência envolve apuração de diferença no estoque de mercadorias apurada no final do período base, o fato gerador da obrigação deve ser considerado nessa data.
ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ
Ano-calendário: 1998
MERCADORIAS IMPORTADAS. DIVERGÊNCIAS ENTRE A FATURA
E A DECLARAÇÃO DE IMPORTAÇÃO.
Na ausência de procedimento tendente à retificação da DI, a fatura que a instruiu não se presta para comprovar a entrada no estabelecimento importador de mercadoria diversa da descrita na DI desembaraçada.
ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES
Ano-calendário: 1998
CSLL. PIS. COFINS. LANÇAMENTOS DECORRENTES
Aplica-se aos lançamentos decorrentes o resultado do julgamento proferido na autuação que lhes deu origem, pelo liame fático que os une.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 1201-000.016
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar
provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
Matéria: IRPJ - AF - lucro real (exceto.omissão receitas pres.legal)
Nome do relator: Leonardo de Andrade Couto
1.0 = *:*
toggle all fields
materia_s : IRPJ - AF - lucro real (exceto.omissão receitas pres.legal)
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 200903
ementa_s : NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Ano-talendário: 1998 DECADÊNCIA. IRPJ E CSLL. TERMO INICIAL_ No caso do regime de apuração anual para o IRPJ e CSLL considera-se ocorrido o fato gerador em 31 de dezembro do período base de apuração, sendo esse o termo inicial para contagem do prazo decadencial. Para o ano-calendário de 1998 o fato gerador deu-se em 31/12/98. DECADÊNCIA. PIS E COFINS. Se a irregularidade objeto da exigência envolve apuração de diferença no estoque de mercadorias apurada no final do período base, o fato gerador da obrigação deve ser considerado nessa data. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Ano-calendário: 1998 MERCADORIAS IMPORTADAS. DIVERGÊNCIAS ENTRE A FATURA E A DECLARAÇÃO DE IMPORTAÇÃO. Na ausência de procedimento tendente à retificação da DI, a fatura que a instruiu não se presta para comprovar a entrada no estabelecimento importador de mercadoria diversa da descrita na DI desembaraçada. ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Ano-calendário: 1998 CSLL. PIS. COFINS. LANÇAMENTOS DECORRENTES Aplica-se aos lançamentos decorrentes o resultado do julgamento proferido na autuação que lhes deu origem, pelo liame fático que os une. Recurso Voluntário Negado.
turma_s : Terceira Câmara
numero_processo_s : 10882.003788/2003-32
conteudo_id_s : 5520868
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Sep 23 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 1201-000.016
nome_arquivo_s : Decisao_10882003788200332.pdf
nome_relator_s : Leonardo de Andrade Couto
nome_arquivo_pdf_s : 10882003788200332_5520868.pdf
secao_s : Primeiro Conselho de Contribuintes
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
dt_sessao_tdt : Thu Mar 12 00:00:00 UTC 2009
id : 6123157
ano_sessao_s : 2009
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:43:02 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048122271203328
conteudo_txt : Metadados => date: 2009-10-21T11:44:51Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.6; pdf:docinfo:title: ; xmp:CreatorTool: CNC PRODUÇÃO; Keywords: ; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; subject: ; dc:creator: CNC Solutions; dcterms:created: 2009-10-21T11:44:51Z; Last-Modified: 2009-10-21T11:44:51Z; dcterms:modified: 2009-10-21T11:44:51Z; dc:format: application/pdf; version=1.6; Last-Save-Date: 2009-10-21T11:44:51Z; pdf:docinfo:creator_tool: CNC PRODUÇÃO; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:keywords: ; pdf:docinfo:modified: 2009-10-21T11:44:51Z; meta:save-date: 2009-10-21T11:44:51Z; pdf:encrypted: false; modified: 2009-10-21T11:44:51Z; cp:subject: ; pdf:docinfo:subject: ; Content-Type: application/pdf; pdf:docinfo:creator: CNC Solutions; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; creator: CNC Solutions; meta:author: CNC Solutions; dc:subject: ; meta:creation-date: 2009-10-21T11:44:51Z; created: 2009-10-21T11:44:51Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; Creation-Date: 2009-10-21T11:44:51Z; pdf:charsPerPage: 1655; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; meta:keyword: ; Author: CNC Solutions; producer: CNC Solutions; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: CNC Solutions; pdf:docinfo:created: 2009-10-21T11:44:51Z | Conteúdo => , S1-C2T1 Fl. 1 410:11\''It - t MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS Q49, PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO s.,":"*: so Processo n° 10882.003788/2003-32 Recurso n° 166.996 Voluntário Acórdão n° 1201-00.016 — 2 Câmara / 1' Turma Ordinária Sessão de 12 de março de 2009 , Matéria IRPJ E OUTROS - Ex(s): 1998 . Recorrente LUXOTTICA DO BRASIL LTDA. Recorrida 3a TURMA/DRJ-RIBEIRÃO PRETO/SP ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Ano-talendário: 1998 DECADÊNCIA. IRPJ E CSLL. TERMO INICIAL_ No caso do regime de apuração anual para o IRPJ e CSLL considera-se ocorrido o fato gerador em 31 de dezembro do período base de apuração, sendo esse o termo inicial para contagem do prazo decadencial. Para o ano- calendário de 1998 o fato gerador deu-se em 31/12/98. DECADÊNCIA. PIS E COFINS. Se a irregularidade objeto da exigência envolve apuração de diferença no estoque de mercadorias apurada no final do período base, o fato gerador da obrigação deve ser considerado nessa data. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Ano-calendário: 1998 MERCADORIAS IMPORTADAS. DIVERGÊNCIAS ENTRE A FATURA E A DECLARAÇÃO DE IMPORTAÇÃO. Na ausência de procedimento tendente à retificação da DI, a fatura que a instruiu não se presta para comprovar a entrada no estabelecimento importador de mercadoria diversa da descrita na DI desembaraçada. ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Ano-calendário: 1998 CSLL. PIS. COFINS. LANÇAMENTOS DECORRENTES Aplica-se aos lançamentos decorrentes o resultado do julgamento proferido na autuação que lhes deu origem, pelo liame fático que os une. Recurso Voltintário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autosk.., R-/ 1 — _ Processo n° 10882.003788/2003-32 SI-C2T1 Acórdão n.° 1201-00.016 Fl. 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Gd/C01-1:0v)-1,Gt, 41, ii~eo ADRIANA GOIVIES REGO residente. tk Lb LEONARDO DE ANDRADE COUTO — Relator. EDITADO EM: Q 4 SEI 2009 Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Antonio Bezerra Neto, Alexandre Barbosa Jaguaribe, Leonardo de Andrade Couto, Carlos Pelá, Regis Magalhães Soares Queiroz, Guilherme Adolfo Dos Santos Mendes, Antonio Carlos Guidoni Filho, e Adriana • Gomes Rego (presidente da turma). • • • • • 2 Processo n° 10882.003788/2003-32 SI-C2T1 Acórdão n.° 1201-00.016 Fl. 3 , Relatório Por bem resumir a controvérsia, adoto o Relatório da decisão recorrida que abaixo transcrevo: "Em ação Fiscal procedida na empresa supra, segundo consta da descrição dos fatos (fl. 457), referente ao ano-calendário de 1998, foi verificada omissão de receita operacional caracterizada pela constatação de diferenças apuradas em inventário final, em 31 de dezembro desse período. O lançamento de oficio do IRPJ e reflexos é decorrente do Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI, que culminou na formalização do processo principal n° 10882.003789/2003-87, já apreciado por intermédio do Acórdão n° 9.114, de 14 de setembro de 2005, prolatado pela Segunda Turma de Julgamento desta Delegacia, e que se encontra anexado às fls. 1521/1 533 deste processo. O presente crédito tributário lançado totalizou R$ 1.465.808,08 (um milhão, quatrocentos e sessenta e cinco mil oitocentos e oito reais e setenta e oito centavos), calculado até 31/10/2 003, conforme demonstrativo consolidado de fl.02, tendo sido lavrados os seguintes autos de infração: I — Imposto sobre a renda de pessoa jurídica (IRPJ) — fls.454/457. Imposto:R$ 381.868,20 Juros de mora:R$ 340.702,80 Multa proporcional:R$ 286.401,15 Total:R$ 1.008,972,15" Enquadramento legal: art. 195, II, 197 e ,sç' único, 207, 220, 226 e 231 do Regulamento do Imposto de Renda — RIR, aprovado pelo Decreto n°1.041, de 1994; art. 24 da Lei n° 9.249, de 1995 e art. 41 da lei n°9.430, de 1996; II — Contribuição para o PIS —fls. 458/461 Contribuição:R$ 10.552,57 Juros de mora:R$ 9.415,00 Multa Proporcional:R$ 7.914,42 k Total:R$ 27.881,99 C&I 3 Processo n° 10882.003788/2003-32 SI-C2T1 Acórdão n.° 1201-00.016 Fl. 4 Enquadramento legal: Lei Complementar — LC n° 7, de 1970, arts. 1° e 3'; Lei n° 9.249, de 1995, arts. 24, § 2'; arts.2°, I, 3°, 8°,1, e 9° da Lei n°9.715, de 1998; III — Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins) — fls.462/465 Contribuição:R$ 32.469,45 Juros de mora:R$ 28.969,24 Multa Proporcional:R$ 24.3 52,08 Total:R$ 85.790,77 Enquadramento legal: LC n° 70, de 30 de dezembro de 1991, arts. 1° e 2°; Lei n°9.249, de 1995, art. 24, § 2°. • IV— Contribuição social (CSLL) —fls. 466/469 Contribuição:R$ 129.877,82• Juros de mora:R$ 115.876,99 • Multa Proporcional:R$ 97.408,36 Total: R$ 343,163,17 Enquadramento legal: art. 2° e §§ da Lei n° 7.689, de 1988; arts. 19, e 24 da Lei n° 9.249, de 1995; e art. 29 da Lei n°9.430, de 1996; Notificada do lançamento, conforme assinatura nos respectivos autos de infração, em 27/11/2003, a interessada, por intermédio de seus representantes, Marcos Ferraz de Paiva e Márcia de Freitas Castro, ingressou, em 29/12/2003, com a impugnação de fls.473/522, solicitando o cancelamento das exigências, alegando, em suma que: A fim de atender solicitação da fiscalização, a contribuinte contratou mão-de-obra terceirizada e temporária para a preparação de arquivos magnéticos e tabelas, consoante a Instrução Normativa — IN SRF n° 68, de 1995, que foram elaborados com erros que geraram distorções nas informações prestadas ao Fisco, e, assim, erroneamente interpretadas como omissão de receitas; Mesmo percebendo a tempo as irregularidades contidas nos arquivos magnéticos entregues ao Fisco, tentou elaborar outros, devidamente sanados, cuja apreciação foi recusada, resultando na lavratura das exigências e711 pauta; É nulo o lançamento efetuado tendo em vista que, após a emissão do Mandado de Procedimento Fiscal— MPF original, a impuzmante recebeu vários informativos e não MPF Complementar, não tendo sido dado ciência de todas as prorrogações de MPF, nem tampouco em tempo hábil qual seja o prazo de sua validade, acarretando a extinção de seus efeitos 4 Processo n° 10882.003788/2003-32 S1 -C2T1 Acórdão n.° 1201-00.016 Fl. 5 e, por conseqüência, a nulidade de todos os atos praticados no curso da ação fiscal, verificando-se flagrante violação ao princípio da legalidade; Em 10/07/2002, a impugnante recebeu o MPF expedido para verificação do imposto de renda pessoa jurídica — IRPJ, relativamente ao período de 1998, sendo que, no termo de encerramento da ação fiscal, lavrado em 22/11/2003, consta que, da referida ação resultou a constituição do crédito tributário de IRPJ, CSLL, PIS e Cotins; O IRPJ, CSLL, PIS e Cofins, constituídos em 27/11/2003, relativamente ao período de janeiro a novembro de 1998, são tributos sujeitos ao lançamento por homologação, previsto no art. 150, 4°, do Código Tributário Nacional - CT1V, estando decaído o direito de a administração pública compor novo crédito tributário; • A fiscalização baseou-se em presunção e informações sabidamente erradas, que foram erroneamente prestadas pela impugnante, não buscando a verdade dos fatos ocorridos, nem tampouco fundamentou seu procedimento com documentos comprobatórios a justificar o lançamento efetuado, o que caracteriza o cerceamento do seu direito de defesa; Improcede o auto de infração, com base na presunção de omissão de receitas em razão de diferenças de estoques apontadas pelo Fisco, posto que estas inexistem mediante a retificação dos erros por ela cometidos na elaboração dos arquivos magnéticos; Conclama ao princípio da verdade material, para que sejam desconsiderados os erros materiais cometidos pela contribuinte, fundamentando sua situação em dados efetivamente corretos; A autuação é merecedora de pronto cancelamento, pois é nitidamente imotivada, bem como o procedimento administrativo que a ensejou diverge flagrantemente do princípio constitucional da moralidade; Não pode prosperar a cobrança de juros morató rios mediante a utilização da taxa Selic, que visa a remuneração do investidor e não para ser aplicada como sanção, por atraso no cumprimento de uma obrigação. Afim de afastar a alegação de cerceamento do direito de defesa e em homenagem ao princípio da verdade material, foi convertido o julgamento do presente processo em diligência, resultando na Resolução n°569, datada de 01 de março de 2005, exarada pela 2° Turma de Julgamento da DRJ Campinas. Em conseqüência, foi lavrado o Termo de Análise Fiscal, de fls.1321/1331, juntamente com as planilhas de fls.1335/1487, cuja ciência foi dada à interessada em 08/07/2005. 111 5 •• . .. . - • • - - Processo n° 1 08 82.003788/2003-32 SI-C2T1 Acórdão n.° 1201-00.016 Fl. 6 Manifestando-se às fls.1489/1496, a requerente reitera as alegações contidas na impugnação inicial e aduz que os ajustes de inventário são absolutamente normais e por isso plenamente aceitáveis e suficientes às pequenas diferenças de estoque apuradas, já que tais ajustes representam menos de I% da movimentação do referido estoque, ressaltando que trata-se de um procedimento legal e necessário no desempenho de inúmeras atividades industriais e comerciais, não podendo a fiscalização glosar tal procedimento, a não ser no caso de prova de prática ilícita. Argumenta, ainda, seja acatado erro material no preenchimento da DI referente à Invoice 268/E e respectiva NF 1414, cujas mercadorias correspondem a mostruário de óculos, tal como anteriormente por ela demonstrado, e não C01710 consta na DI, moldes para lentes, fazendo com que fossem zeradas as diferenças de peças no estoque. Solicita, finalmente, o acolhimento de seu arrazoado. É a síntese do essencial". A Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Ribeirão Preto — SP prolatou o Acórdão 14-15.101/2007 (fls. 1.534/1.544), considerando o lançamento parcialmente procedente. Acolheu integramente o resultado da diligência e cancelou a autuação em relação à parcela que teria sido demonstrado segundo o relatório daquele procedimento. Devidamente cientificado (fl. 1.555), o sujeito passivo recorre a este Colegiado ratificando a arguição de decadência e a alegação de simples erro de fato em relação à nota fiscal 1414. É o Relatório. / 6 Processo n° 10882.003788/2003-32 S1-C2T1 Acórdão n.° 1201-00.016 Fl. 7 Voto Conselheiro LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Relator Na argüição de decadência a recorrente parte de uma premissa a meu ver equivocada no que tange ao IRPJ e à CSLL . Segundo afirma, a partir da Lei n° 8.383/91 o fato gerador do IRPJ seria mensal, e a contagem do prazo decadencial deveria seguir essa premissa. Não é bem assim. Em primeiro lugar, a partir da Lei n° 9.430/96, o fato gerador do IRPJ e da CSLL passou a ser trimestral em regra, o que se aplicaria a partir do ano- calendário de 1997. Em segundo lugar essa mesmo diploma legal estabeleceu a opção para a apuração anual do imposto com recolhimentos mensais por estimativa. Exercida essa opção, a pessoa jurídica fará á apuração do lucro real em 31 de dezembro de cada ano, nos termos do § 3°, dp art. 2? dessa Lei. Ora, se na opção anual a apuração do lucro real ocorre no dia 31 de dezembro, o fato gerador só pode ser considerado nessa data. No presente caso, pelo exame da DIPJ referente ao ano-calendário de 1998 (fls. 375/442) verifica-se que a interessada optou justamente pela apuração anual do IRPJ e CSLL. Assim, considera-se ocorrido o fato gerador em 31/12/98 e a caducidade ocorreria em 31/12/2003. Com ciência da autuação em 27/11/2003, não há que se falar em decadência. Em relação ao PIS e à Cofins, não há dúvida quanto ao fato gerador mensal. Por outro lado, se a irregularidade envolve apuração de diferenças no estoque de mercadorias ao final do período de apuração, a infração deve ser considerada em 31/12/98, nos moldes do IRPJ e da CSLL. Também aqui não há que se falar em decadência. No mérito, a decisão recorrida acatou o relatório de diligência e cancelou o lançamento na parte e que a suposta irregularidade mostrou-se inexistente. Restou a parcela decorrente da nota fiscal 1414 e dos ajustes de inventário. Quanto aos ajustes a recorrente não trouxe qualquer comprovação, limitando- se a sustentar uma insignificância dos valores. Nesse ponto, o lançamento deve ser mantido. Relativamente à nota fiscal 1414, o cerne da questão envolve a correta especificação de algumas mercadorias nela relacionadas. A descrição do produto está divergente entre a Declaração de Importação (DI) e a fatura/invoice. Na impossibilidade de verificação fisica da mercadoria, caberia a comprovação de que o sujeito passivo adotou algum procedimento que demonstrasse inequivocamente a intenção de retificar o que seria, conforme suas alegações, o erro na DI tendo em vista ser esse o documento por excelência para registro das informações concernentes à importação. Não há prova nos autos de qualquer iniciativa nesse sentido. Registre-se ainda que o sujeito passivo teria sido beneficiado pelo suposto registro equivocado pois a alíquota do IPI para moldes seria, a princípio, zero enquanto para óculos seria 15%. 7 — - Processo n° 10882.003788/2003-32 S I-C2T1 Acórdão n.° 1201-00.016 Fl. 8 Nesse ponto, pelo liame fático que os une, adoto as considerações emitidas pela Conselheira SILVIA DE BRITO OLIVEIRA no Acórdão 204-03413, sessão de 04/09/2008, que trata da exigência do IPI concernente a este mesmo procedimento fiscal: "No mérito, pretende a recorrente afastar a exigência do IP1 com a apresentação da fatura ou invoice que instruiu a D1 n° 98/0163292-5, sustentando mero equívoco material na descrição e classificação das mercadorias nessa DI, visto que, com efeito, as mercadorias por ela acobertadas são aquelas relacionadas na fatura. Nesse ponto, o que se verifica são divergências entre documentos. De um lado, tem-se a fatura e, do outro, a DL Ocorre que, ademais de não ter o importador providenciado a retificação do documento que, ao cabo, é o que ampara o desembaraço aduaneiro das mercadorias, vale dizer, uma vez entregue a mercadoria ao importador, presume-se que foi entregue aquela descrita na DI, a solução dessa divergência entre os documentos somente poderia ser resolvida, a favor de um ou de outro, pela verificação física da mercadoria importada enquanto esta estivesse sob controle aduaneiro. Destarte, a fatura, nesse caso constitui mero indicio de que as mercadorias importadas e desembaraçadas para consumo não são as que, efetivamente, foram entregues ao importador, que, contudo, não adotou as providências necessárias à correção da inconsistência. Ao contrário, delas se aproveitou com a apuração e pagamento dos tributos incidentes na importação em valor inferior ao que, virtualmente seria devido". Do exposto, voto por negar provimento ao recurso. nkY ri uh- ~I Lt. 51,,,,Lai LEONARDO DEDE ANDRADE COUTO , 8 . _ __
score : 1.0
Numero do processo: 11610.014304/2002-62
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 08 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Wed Jan 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 1997
MULTA DE OFÍCIO VINCULADA.
Em face do princípio da retroatividade benigna, exonera-se a multa de ofício no lançamento decorrente de pagamento não comprovados, apurados em declaração prestada pelo sujeito passivo, por se configurar hipótese diversa daquelas versadas no art. 18 da Medida Provisória, convertida na Lei nº 10.833/2003
Numero da decisão: 1201-001.225
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
MARCELO CUBA NETTO - Presidente.
(assinado digitalmente)
LUIS FABIANO ALVES PENTEADO - Relator.
EDITADO EM: 05/01/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Cuba Netto (presidente da turma), Roberto Caparroz de Almeida, João Otávio Oppermann Thomé, Luis Fabiano Alves Penteado (relator) e Ester Marques Lins de Souza.
Nome do relator: Relator
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201512
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Ano-calendário: 1997 MULTA DE OFÍCIO VINCULADA. Em face do princípio da retroatividade benigna, exonera-se a multa de ofício no lançamento decorrente de pagamento não comprovados, apurados em declaração prestada pelo sujeito passivo, por se configurar hipótese diversa daquelas versadas no art. 18 da Medida Provisória, convertida na Lei nº 10.833/2003
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Jan 06 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 11610.014304/2002-62
anomes_publicacao_s : 201601
conteudo_id_s : 5556410
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Jan 06 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 1201-001.225
nome_arquivo_s : Decisao_11610014304200262.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : Relator
nome_arquivo_pdf_s : 11610014304200262_5556410.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) MARCELO CUBA NETTO - Presidente. (assinado digitalmente) LUIS FABIANO ALVES PENTEADO - Relator. EDITADO EM: 05/01/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Cuba Netto (presidente da turma), Roberto Caparroz de Almeida, João Otávio Oppermann Thomé, Luis Fabiano Alves Penteado (relator) e Ester Marques Lins de Souza.
dt_sessao_tdt : Tue Dec 08 00:00:00 UTC 2015
id : 6243371
ano_sessao_s : 2015
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:43:58 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048122325729280
conteudo_txt : Metadados => date: 2016-01-06T01:23:18Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.5; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dcterms:created: 2016-01-06T01:23:18Z; Last-Modified: 2016-01-06T01:23:18Z; dcterms:modified: 2016-01-06T01:23:18Z; dc:format: application/pdf; version=1.5; xmpMM:DocumentID: uuid:745ae461-2271-45f5-b121-678df3cf8df4; Last-Save-Date: 2016-01-06T01:23:18Z; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2016-01-06T01:23:18Z; meta:save-date: 2016-01-06T01:23:18Z; pdf:encrypted: true; modified: 2016-01-06T01:23:18Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; meta:creation-date: 2016-01-06T01:23:18Z; created: 2016-01-06T01:23:18Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; Creation-Date: 2016-01-06T01:23:18Z; pdf:charsPerPage: 1540; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2016-01-06T01:23:18Z | Conteúdo => S1C2T1 Fl. 2 1 1 S1C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11610.014304/200262 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1201001.225 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 08 de dezembro de 2015 Matéria CSLL Recorrente FAZENDA NACIONAL Recorrida COPEBRAS LTDA ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 1997 MULTA DE OFÍCIO VINCULADA. Em face do princípio da retroatividade benigna, exonerase a multa de ofício no lançamento decorrente de pagamento não comprovados, apurados em declaração prestada pelo sujeito passivo, por se configurar hipótese diversa daquelas versadas no art. 18 da Medida Provisória, convertida na Lei nº 10.833/2003 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) MARCELO CUBA NETTO Presidente. (assinado digitalmente) LUIS FABIANO ALVES PENTEADO Relator. EDITADO EM: 05/01/2016 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 61 0. 01 43 04 /2 00 2- 62 Fl. 261DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 06/ 01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Cuba Netto (presidente da turma), Roberto Caparroz de Almeida, João Otávio Oppermann Thomé, Luis Fabiano Alves Penteado (relator) e Ester Marques Lins de Souza. Relatório Tratase de Auto de Infração de Contribuição Social s/ Lucro Líquido (CSLL) nº 32436 (fls. 16/24), exigindo o recolhimento do montante de R$ 4.599.732,64 (quatro milhões, quinhentos e noventa e nove mil, setecentos e trinta e dois reais e sessenta centavos) correspondente a: i) R$ 1.720.608,00 (um milhão, setecentos e vinte mil, seiscentos e oito reais) à título de principal do tributo de CSLL, mais i) multa de ofício (75%) no valor de R$ 1.290.456,00 ( um milhão, duzentos e noventa mil, quatrocentos e cinquenta e seis reais), e ainda, iii) juros de mora no valor de R$ 1.588.668,64 (um milhão, quinhentos e oitenta oito mil, seiscentos e sessenta oito reais e sessenta e quatro centavos), atualizados até 31/05/2002, conforme fundamentação constante no anexo III – Demonstrativo do Crédito Tributário a Pagar (fls. 22). No Anexo I – Demonstrativo dos Créditos Vinculados Não Confirmados (fls. 20/21) foram apontados 05 (cinco) créditos não confirmados que deram origem ao auto de infração, cuja descrição dos fatos e os respectivos dispositivos legais citados por enquadramento legal constam de fls. 19 do presente processo. Foram juntados aos autos os extratos de pesquisas do CNPJ, DIPJ e DCTF (fls. 92 e 125/134), bem como as pesquisas processuais extraídas da Justiça Federal (fls. 93/124). A motivação do lançamento foi a invalidação dos créditos judiciais de FINSOCIAL (processo judicial nº 92.00157203) utilizados como compensação dos débitos de CSLL (DIPJ/99, Ficha 09, fls. 126/127) informada em DCTF (fls. 129/133). Quanto ao processo judicial nº 92.00157203 trata de ação de repetição de indébito de valores recolhidos indevidamente de FINSOCIAL que tramita pelos órgãos do Poder Judiciário, conforme extratos processuais (fls. 93/124). Regularmente intimada da autuação fiscal por via postal (AR, cópia, fls. 57), a Impugnante apresentou defesa instruindoa com planilhas de cálculos, cópias de DARF, DCTF e DIPJ (fls. 26/43), alegando, em síntese, a improcedência da ação fiscal, pois, os débitos lançados haviam sido extintos por compensação com créditos judiciais de FINSOCIAL reconhecidos pelo processo judicial nº 92.00157203. Em 19/09/2008, os membros da 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo – I, por unanimidade de votos, julgaram procedente em parte o lançamento, para cancelar a multa de ofício vinculada ao principal, lançada no percentual de 75% sobre os débitos declarados em DCTF, mantendose os demais lançamentos. Foram apresentados Recurso Voluntário e de Ofício, mas, contudo, em 29/12/2012 (fls. 221 e 222) a Impugnante noticiou nestes autos a desistência do recurso em virtude da adesão ao programa de anistia nos termos da Lei n° 11.941, de 27 de maio de 2009, regulamentada pelos artigos. 1° e 13°, § 3° da Portaria Conjunta PGFN/RFB n° 6 de 22 de julho de 2009. Fl. 262DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 06/ 01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO Processo nº 11610.014304/200262 Acórdão n.º 1201001.225 S1C2T1 Fl. 3 3 Considerando o requerimento de desistência do Recurso Voluntário da Impugnante e o Recurso de Ofício pendente de julgamento, foi procedido o desmembramento da parte não abrangida pelo Recurso de Ofício e transferido para o processo nº 15196.000006/201094 (fls. 249), restando apenas o julgamento das multas de ofício aplicadas sobre o principal. É relatório. Voto Conselheiro Luis Fabiano Alves Penteado, Relator O Recurso é tempestivo e preenche todos os demais requisitos de admissibilidade, devendo ser apreciado. Tendo em vista o desmembramento de parte do débito para o processo nº 15196.00006/201094 (fls. 249), cabe somente a análise do Recurso de Ofício com relação à aplicação da multa de ofício. A multa de ofício de 75% foi aplicada em virtude do art. 90 da Medida Provisória (MP) nº 2.15835/2001, que determinava o lançamento de ofício de todas as diferenças apuradas em declaração prestada pelo sujeito passivo, decorrente de pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, indevidos ou não comprovados. Contudo, esta normatização foi alterada com a edição da MP 135/2003 (convertida na Lei nº 10.833/2003) cujo art. 18 derrogou o art. 90 da MP nº 2.15835/2001, estabelecendo que o lançamento de ofício se limitaria à imposição de multa isolada sobre as diferenças apuradas e se aplicaria unicamente nas hipóteses do crédito ser de natureza não tributária, ou ainda, nos casos em que ficar caracterizada a prática das infrações previstas nos artigos 71 a 73 da Lei nº 4.502/1964. Notese que, diante da alteração da legislação superveniente sobre a multa de ofício, bem como do respeito ao princípio da retroatividade benigna, consagrado no art. 106, II, alínea “c” do CTN, é cabível a aplicação da lex mitior para exoneração da multa de ofício em referência, por não ter sido verificado, no caso concreto, nenhuma das hipóteses previstas no art. 18 da Lei nº 10.833/2003 (conversão da MP 135/2003). Portanto, impõese, in casu, o cancelamento da multa de ofício vinculada ao principal, lançada com o percentual de 75% sobre os débitos declarados em DCTF, independentemente de prova do efetivo recolhimento. Diante do exposto, CONHEÇO do Recuro de Ofício para no mérito NEGAR PROVIMENTO de forma a manter a decisão de primeira instância que cancelou o lançamento em relação a multa de ofício de 75% sobre o principal. É como voto! (assinado digitalmente) Luis Fabiano Alves Penteado Relator Fl. 263DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 06/ 01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO 4 Fl. 264DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 06/ 01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO
score : 1.0
Numero do processo: 10140.721270/2012-59
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 18 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Mar 04 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2008
NULIDADE. INEXISTÊNCIA
As hipóteses de nulidade do procedimento são as elencadas no artigo 59 do Decreto 70.235, de 1972.
JUROS MORATÓRIOS INCIDENTES SOBRE DÉBITOS TRIBUTÁRIOS. TAXA SELIC.
Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais.
INCONSTITUCIONALIDADE DA LEGISLAÇÃO QUE AMPARA O LANÇAMENTO.
Súmula CARF 2 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Numero da decisão: 2301-004.529
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
João Bellini Júnior
Presidente e Relator
EDITADO EM: 03/03/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Bellini Júnior (Presidente), Luciana de Souza Espíndola Reis, Alice Grecchi, Ivacir Júlio de Souza, Marcelo Malagoli da Silva (suplente), Andréa Brose Adolfo (suplente) e Amilcar Barca Teixeira Junior (suplente).
Nome do relator: JOAO BELLINI JUNIOR
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201602
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2008 NULIDADE. INEXISTÊNCIA As hipóteses de nulidade do procedimento são as elencadas no artigo 59 do Decreto 70.235, de 1972. JUROS MORATÓRIOS INCIDENTES SOBRE DÉBITOS TRIBUTÁRIOS. TAXA SELIC. Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais. INCONSTITUCIONALIDADE DA LEGISLAÇÃO QUE AMPARA O LANÇAMENTO. Súmula CARF 2 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Mar 04 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 10140.721270/2012-59
anomes_publicacao_s : 201603
conteudo_id_s : 5572195
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Mar 04 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 2301-004.529
nome_arquivo_s : Decisao_10140721270201259.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : JOAO BELLINI JUNIOR
nome_arquivo_pdf_s : 10140721270201259_5572195.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) João Bellini Júnior Presidente e Relator EDITADO EM: 03/03/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Bellini Júnior (Presidente), Luciana de Souza Espíndola Reis, Alice Grecchi, Ivacir Júlio de Souza, Marcelo Malagoli da Silva (suplente), Andréa Brose Adolfo (suplente) e Amilcar Barca Teixeira Junior (suplente).
dt_sessao_tdt : Thu Feb 18 00:00:00 UTC 2016
id : 6299197
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:45:38 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048122336215040
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1785; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C3T1 Fl. 490 1 489 S2C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10140.721270/201259 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2301004.529 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 18 de fevereiro de 2016 Matéria Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Recorrente HELIO GIUGNI DE OLIVEIRA Recorrida União (Fazenda Nacional) ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2008 NULIDADE. INEXISTÊNCIA As hipóteses de nulidade do procedimento são as elencadas no artigo 59 do Decreto 70.235, de 1972. JUROS MORATÓRIOS INCIDENTES SOBRE DÉBITOS TRIBUTÁRIOS. TAXA SELIC. Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. INCONSTITUCIONALIDADE DA LEGISLAÇÃO QUE AMPARA O LANÇAMENTO. Súmula CARF 2 “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária”. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) João Bellini Júnior Presidente e Relator EDITADO EM: 03/03/2016 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 14 0. 72 12 70 /2 01 2- 59 Fl. 117DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Bellini Júnior (Presidente), Luciana de Souza Espíndola Reis, Alice Grecchi, Ivacir Júlio de Souza, Marcelo Malagoli da Silva (suplente), Andréa Brose Adolfo (suplente) e Amilcar Barca Teixeira Junior (suplente). Relatório Tratase de recurso voluntário em face do Acórdão 0431.967, exarado pela 4ª Turma da DRJ em Campo Grande (fls. 83 a 91 – numeração dos autos eletrônicos). O auto de infração (fls. 27 a 36), referente imposto sobre a renda de pessoa física (IRPF), diz respeito ao anocalendário 2003. É exigido crédito tributário de R$1.438.701,00, dos quais R$514.998,93 correspondem a imposto, R$772.498,39 à multa proporcional de 150% e R$151.203,68 a juros de mora. A infração apontada é a omissão de rendimentos recebidos de pessoas físicas em razão do exercício da atividade de titular do 8º Serviço Notarial de Campo Grande/MA. No auto de infração é descrito que o contribuinte foi intimado, em 04/10/2011, a apresentar livrocaixa, referente ao anocalendário 2008, corroborado pelos documentos pertinentes e comprovantes de rendimentos recebidos (observando os valores recolhidos a titulo de Funjec). Em 07/12/2011, foram apresentadas cópias das guias dos pagamentos efetuados a titulo de Funjec/Tribunal de Justiça, bem como o LivroCaixa n° 16/2008. Em 08/02/2012, o contribuinte recebeu nova intimação a apresentar: (1) os comprovantes dos valores recebidos; (2) as receitas discriminadas por serviço prestado, bem como os livros que foram utilizados no ano de 2008; (3) justificativa das diferenças entres os valores escriturados no livrocaixa e os valores correspondentes aos valores pagos para o Funjec, acompanhadas de documentos hábeis que a justifiquem. Em 06/03/2012, o contribuinte informou que os documentos referentes ao ano de 2008 haviam sido perdidos. No cálculo do lançamento, foram utilizadas as receitas e despesas escrituradas no livrocaixa. Foram excluídas da base de cálculo os valores declarados na DIRPF/2009, bem como a compensação dos valores já pagos de imposto sobre a renda de pessoa física (IRPF) através de carneleão. Em sua impugnação (fls. 50 a 57), o contribuinte alegou, em síntese, que: (a) as normas legais prevêem os meios de prova para garantia de direito; (b) a prova documental é a mais utilizada no âmbito do processo administrativo; (c) sob a guarida do princípio do contraditório requer a juntada de prova documental, de forma a comprovar a ausência de infração; (d) a multa e juros de mora aplicados apresentam caráter altamente confiscatório, violando preceito constitucional e a capacidade contributiva do contribuinte; Fl. 118DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 10140.721270/201259 Acórdão n.º 2301004.529 S2C3T1 Fl. 491 3 (e) deve ser afastada a multa de 150% ante a sua abusividade; (f) deve ser autorizada a retificação do livrocaixa, ante a juntada dos documentos fiscais comprobatórios. Em “complemento à impugnação”, o autuado peticionou (fls. 74 a 76), alegando que: a intimação realizada em 08/02/2012 foi de forma não pessoal e por meio de pessoa não habilitada a receber tal documento, o que prejudicou a apresentação dos documentos exigidos; ante à ausência de intimação válida, o auto de infração sofre vício de nulidade, pois ficou prejudicado o princípio do contraditório e ampla defesa. A DRJ julgou a impugnação improcedente, em acórdão que recebeu as seguintes ementas: INTIMAÇÃO. NULIDADE. Tendo sido a intimação realizada nos ditames da legislação tributária esta é considerada válida, afastandose os argumentos de nulidade. PROVAS. JUNTADA A POSTERIORI. A juntada de provas a posteriori somente é admitida quando comprovada a ocorrência de uma das hipóteses previstas na legislação tributária. INCONSTITUCIONALIDADE. AUTORIDADE ADMINISTRATIVA. É defeso à autoridade julgadora a apreciação de inconstitucionalidade argüida nos autos do processo administrativo fiscal. MULTA E JUROS DE OFÍCIO. A multa e os juros que encontram embasamento legal, por conta do caráter vinculado da atividade fiscal, não podem ser alterados ou excluídos administrativamente se a situação fática verificada enquadrase na hipótese prevista pela norma. A ciência dessa decisão ocorreu em 21/06/2013 (fl. 97). Em 22/07/2013, foi apresentado recurso voluntário (fls. 99 a 110), no qual foram reiterados, em síntese, os termos da impugnação e foi pedida a anulação do auto de infração. O processo foi distribuído para este relator em 12/03/2015 (fl. 116). É o relatório. Fl. 119DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 4 Voto Conselheiro Relator João Bellini Júnior O recurso voluntário é tempestivo e aborda matéria de competência desta Turma. Portanto, dele tomo conhecimento. questões preliminares ausência de intimação válida De acordo com o contribuinte, haveria nulidade da intimação realizada em 08/02/2012, uma vez que o Sr. Cláudio Luiz da Silva não detinha poderes para o recebimento de intimação, uma vez que o substabelecimento foi outorgado posteriormente à intimação, e ser exigência da Receita Federal do Brasil que a procuração ou o substabelecimento estejam autenticados. Em seu entendimento, todos os atos praticados após o ato nulo de intimação realizado em 08/02/2012 devem ser nulos de pleno direito. A decisão recorrida assim se manifestou sobre a questão: O impugnante alegou que há nulidade no auto de infração lavrado em razão da ausência de intimação válida quando da solicitação de apresentação de documentos realizada em 08/02/2012 Quanto a este aspecto assim dispõe o Decreto nº 70.235/1972: "Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: (...) ...................................................................................... "Art. 23. Farseá a intimação: (...) Observandose o auto de infração lavrado constatase que se encontram presentes todos os requisitos previstos no artigo 10 transcrito acima, não vislumbrandose nenhuma hipótese de nulidade formal. Quanto à questão da intimação o artigo 23, inciso I, transcrito acima prevê que a intimação poderá ser pessoal, diretamente ao sujeito passivo ou preposto ou mandatário. O impugnante alega que a intimação realizada em 08/02/2012 2012 foi de forma não pessoal e por meio de pessoa não habilitada a receber tal documento. Observandose o documento de fls. 38 do presente processo constatase que o Termo de Intimação Fiscal nº 0002, lavrado em 07/02/2012, foi cientificado em 08/02/2012, na pessoa de Cláudio Luiz da Silva contador. Observandose, também, o documento de fls. 39 constatase que o Sr. Cláudio Luiz da Silva recebeu, por substabelecimento, os poderes de representação que formam outorgados pelo autuado ao Sr. Marco Antônio Novaes Nogueira. Por sua vez temos em fls. 40 o instrumento de Fl. 120DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 10140.721270/201259 Acórdão n.º 2301004.529 S2C3T1 Fl. 492 5 mandato onde o autuado outorgou poderes de representação perante a Secretaria da Receita Federal do Brasil ao Sr. Marco Antônio Novaes Nogueira, estando contemplada a possibilidade de substabelecimento. Com respeito à questão da ausência de reconhecimento de firma no instrumento de substabelecimento da representação, o Código Civil (Lei nº 10.406/2002), assim disciplina em seu artigo 654: "Art. 654. Todas as pessoas capazes são aptas para dar procuração mediante instrumento particular, que valerá desde que tenha a assinatura do outorgante." Como pode ser observado a ausência de reconhecimento de firma não invalida o instrumento de mandato, apenas lhe confere menor segurança. De qualquer forma em nenhum momento nestes autos houve questionamento quanto à autenticidade do referido instrumento. Pelo exposto constatase que a ciência no Termo de Intimação Fiscal nº 0002 foi dada por mandatário devidamente habilitado, resultando totalmente improcedente a argüição de nulidade. Não há reparos a fazer quantos as razões expressas no acórdão recorrido, as quais assumo como minhas. Ademais, os contadores, quando empregados das contribuintes, são seus prepostos. Tal já assentava o Código Comercial de 1850 (Lei nº 556, de 1850), art. 74: Art. 74. Todos os feitores, guardalivros, caixeiros e outros quaisquer prepostos das casas de comércio, antes de entrarem no seu exercício, devem receber de seus patrões ou preponentes uma nomeação por escrito, que farão inscrever no Tribunal do Comércio (artigo 10, nº 2); pena de ficarem privados dos favores por este Código concedidos aos da sua classe. O código civil de 2002, a seu turno, possui capítulo específico sobre os prepostos, o capítulo III do título IV (“Dos institutos complementares”) do Livro II (“Do direito da empresa”). A seção III é reservada para o “contabilista e outros auxiliares”, demonstrando claramente que os contadores, ou contabistas, são prepostos: CAPÍTULO III DOS PREPOSTOS [...] Seção III Do Contabilista e outros Auxiliares Art. 1177. Os assentos lançados nos livros ou fichas do preponente, por qualquer dos prepostos encarregados de sua escrituração, produzem, salvo se houver procedido de máfé, os mesmos efeitos como se o fossem por aquele. Parágrafo único. No exercício de suas funções, os prepostos são pessoalmente responsáveis, perante os preponentes, pelos atos culposos; e, perante terceiros, solidariamente com o preponente, pelos atos dolosos. Fl. 121DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 6 Art. 1178. Os preponentes são responsáveis pelos atos de quaisquer prepostos, praticados nos seus estabelecimentos e relativos à atividade da empresa, ainda que não autorizados por escrito. Parágrafo único. Quando tais atos forem praticados fora do estabelecimento, somente obrigarão o preponente nos limites dos poderes conferidos por escrito, cujo instrumento pode ser suprido pela certidão ou cópia autêntica do seu teor. Joaoquim Adolfo Dantas registra ser o preposto presentante da sociedade (e não mero representante): 2.3. DO PREPOSTO [...] No caso das pessoas jurídicas comerciantes, patente o equívoco dos ilustres juristas mais antigos citados, a situação é evidentemente outra: para atos praticados no estabelecimento, o preposto é presentante bastante da pessoa jurídica. Os atos que ele pratica aí são atos da própria pessoa jurídica, não existe nenhuma delegação, mas sim exercício de competência legal. O preposto é órgão da pessoa jurídica preponente que, para usar o modo de dizer de DE PLÁCIDO E SILVA, se personaliza ou age por seu ofício, recebendo o preposto seus poderes, suas normas e sua importância, para repetir VIVANTE, segundo o lugar em que os exerce. (Joaquim Adolfo Barbosa Dantas in Do sujeito passivo no mandado de segurança e da autoridade coatora como preposto da pessoa jurídica de direito público impetrada. (http://www.actadiurna.com.br/biblioteca/ doutrinaytese9.htm) Assentada essa premissa, fica fácil verificar a regularidade da intimação da decisão denegatória da compensação. O art. 23, I, do Decreto no 70.235, de 1.972, estatui que as intimações pessoais devem ser assinadas pelo sujeito passivo (o que se dá por meio de presentante – por exemplo, sóciogerente, membro do conselho de administração de S.A. e preposto) ou representante das contribuintes (mandatário), citando especificadamente o preposto: Art. 23. Farseá a intimação: I – pessoal, pelo autor do procedimento ou por agente do órgão preparador, na repartição ou fora dela, provada com a assinatura do sujeito passivo, seu mandatário ou preposto, ou, no caso de recusa, com declaração escrita de quem o intimar; (Redação dada ao inciso pela Lei nº 9.532, de 10.12.1997) O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) já pacificou o entendimento de que é valida a intimação entregue no domicílio fiscal eleito pelo, mesmo que esse não seja o representante legal do destinatário: Súmula CARF nº 9: É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário. É o caso da intimação em questão, entregue no domicílio fiscal do contribuinte (fl. 15). Fl. 122DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 10140.721270/201259 Acórdão n.º 2301004.529 S2C3T1 Fl. 493 7 Não bastasse isso, pelo ofício 081/2001, entregue em 31/10/2011, o próprio contribuinte afirma ter conhecimento do termo de início de procedimento fiscal em questão (fl. 16). questões de mérito da omissão de receitas É alegado que a omissão de rendimentos não pode prosperar, visto que terceira pessoa recebeu a intimação e prestou informações inverídicas quanto a situação fiscal e os documentos comprobatórios, sendo que o livrocaixa apresentado não reflete a realidade de sua situação fiscal. Afirma que a apresentação dos documentos, que em momento anterior estavam extraviados, é seu direito, a fim de trazer a realidade de sua situação fiscal e requer a juntada dos documentos fiscais localizados e a ratificação do livrocaixa de 2008. Respeitante à apresentação de prova documental pelos contribuintes, o § 4º do art. 16 do Decreto 70.235, de 1972, estabelece o momento da impugnação como marco preclusivo para a sua apresentação, e estabelece exceções, quais sejam: Art. 16. A impugnação mencionará: (...) III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (...) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) b) refirase a fato ou a direito superveniente; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Grifouse.) No que tange à ciência da intimação à apresentação dos documentos relacionados à fiscalização, já foi examinado que não há qualquer irregularidade e restou comprovado que o contribuinte tinha pleno conhecimento do termo de início de fiscalização (fl. 16). Além disso, até o presente momento não foram juntados aos autos quaisquer provas adicionais, pelo que podese afirmar com certeza que está precluso o direito de fazêlo. Fl. 123DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 8 Da multa de ofício de 150% e dos juros de mora O recorrente ataca a aplicação da multa de ofício e dos juros de mora. Quando a esse, tece alegações genéricas respeitantes à sua inconstitucionalidade. No atinente à multa, alega que, além dela ser inconstitucional, “não houve qualquer omissão, visto que quando intimado a prestar informação o Recorrente simplesmente o fez com a apresentação dos documentos que no momento estavam disponíveis, como também tenta por meio desta juntar documentos localizados que em outro momento não estavam disponíveis. Logo a imputação de penalidade por omissão não condiz com a realidade.” Quanto às alegações de inconstitucionalidade, o CARF não é competente para exercer o controle repressivo de constitucionalidade, conforme Súmula Carf 02, a seguir transcrita, de modo que neste voto não serão apreciadas tais questões. Súmula CARF nº 2 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. A seu turno, este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais já sumulou a pertinência da utilização da Selic no cálculo dos juros moratórios: Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia – SELIC para títulos federais. A multa de ofício recebeu a seguinte fundamentação: Diante dos seguintes fatos: 1 A diferença existente entre os valores recolhidos ao Funjec e os escriturados como receita no livrocaixa; 2 A falta de apresentação de documentação hábil e idônea que comprovem os valores escriturados; 3 A não apresentação dos livros solicitados ou de maiores esclarecimentos sobre tal situação, apenas alegação de extravio; 4 Diante da DIRPF/20009 do contribuinte apresentada, cujos os valores declarados são significativamente inferiores aos escriturados no livrocaixa; O lançamento foi efetuado com qualificação da multa, e será efetuada a Representação Fiscal para Fins Penais pelo indicio de Crime Contra a Ordem Tributária, Lei n°8.137, de 27 de dezembro de 1.990, art. 1°. A base legal do multa qualificada é o art. 44, I, § 1º, da Lei 9430, de 1996: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Vide Lei nº 10.892, de 2004) (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) Fl. 124DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 10140.721270/201259 Acórdão n.º 2301004.529 S2C3T1 Fl. 494 9 (...) § 1º O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) Os arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 1964 dispõem: Art . 71. Sonegação é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art . 72. Fraude é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do impôsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art . 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72. De acordo com Pontes de Miranda (Tratado de Direito Privado. Rio de Janeiro; Borsoi, t.2, § 177), dolo é a direção da vontade para contrariar a direito. No suporte fático, estão o ato, positivo ou negativo, a contrariedade a direito, e a direção da vontade que liga aquele a essa: § 177. Conceito de dolo Dolo é a direção da vontade para contrariar a direito. No suporte fático, estão o ato, positivo ou negativo, a contrariedade a direito, e a direção da vontade que liga aquele a essa. Não só o agente atua e contraria a direito: quer que o ato contrarie a direito; ou quer contrariar a direito, e atua para isso. Sabe que o ato (ou omissão) contraria a sua promessa, viola o direito, a pretensão, a ação ou exceção do seu credor, e pratica o para contrariar a direito. A lei vedalhe algum ato, ou omissão, e quer violála, praticandoo, ou omitindo. Não é preciso que o agente queira as consequências do ato, ainda que sejam próprias desse. Nem que as preveja. Basta querer o ato contrário a direito. Na apreciação da prova, o julgador forma livremente sua convicção (art. 29 do Decreto 70.235, de 1972). Assim se dá com a prova do dolo. Dada uma determinada infração tributária, não há outra possibilidade de que tenha ocorrido: (a) mero erro, evidenciando culpa, ou (b) vontade em praticar o ato, demonstrando o dolo. Fl. 125DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 10 Entendo que a existência do livrocaixa registrando valor significativamente menor (no exato montante do valor lançado) do que o declarado na DIRPF/20009 é prova direta da existência do dolo de retardar o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal (art. 71 da 4.502, de 1964). Também são indícios do referido dolo as demais fundamentações para a multa qualificada, ou seja: (1) a diferença existente entre os valores recolhidos ao Funjec e os escriturados como receita no livrocaixa; (2) a falta de apresentação de documentação hábil e idônea que comprovem os valores escriturados; e (3) a não apresentação dos livros solicitados ou de maiores esclarecimentos sobre tal situação, apenas alegação de extravio. Indícios concordantes podem ser aceitos como prova, na lição do Acórdão CSRF/0102.743, a qual evoca jurisprudência do Supremo Tribunal Federal citada por Hely Lopes Meirelles: “Indícios de omissão de receitas é que não faltam. A propósito, como relembra o preclaro mestre Hely Lopes Meirelles, o Egrégio Supremo Tribunal Federal já decidiu que “indícios vários e concordantes são prova” 1, com o que, de plano, este relator poderia dar o assunto por encerrado”. (Grifouse.) Voto, portanto, por rejeitar a preliminar de nulidade da decisão recorrida e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) João Bellini Júnior Presidente e Relator 1 STF, RTJ 52/140 apud Hely Lopes Meirelles in Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo, Malheiros, 22a ed., 1997, p. 97. Fl. 126DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR
score : 1.0
